Catolicismo 2001, Números 601 a 612

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ILICIS

Nยบ 601 - Janeiro 2001 - Ano LI

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Amissã de Catolicis

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: A realidade concisamente

1O a comemoração do cinqiientenári o de Catolicismo, transcrevemos aba ixo excertos de extenso arti go que publicamos em dezembro de 1955, no qual o Prof Plinio Corrêa de Oliveira explicita a mi ssão de nosso mensário, dentro da magnífi ca variedade de obras apostólicas suscitadas na Igreja, cada qual apresentando sua colaboração, segundo a vocação específica que lhe é própria.

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Em primeiro lu gar, o líder ca tóli co comenta os três Reis M agos que se apresentam com seus tesouros - ouro, incenso e mirra - para ofertar ao M enino Deus: " Os Reis Magos se dirigiram para a gruta com todas as suas insígnia s. Quer isto di zer que, ao pé do presépio, cada qual se deve apresentar tal qual é, sem di sfarces nem atenuações. Pois há lugar para todo s, gra ndes e pequenos, fortes e fracos, sábios e ignorantes. É questão apenas, para cada qual , de conhecer- se, para saber onde se pôr junto de .Jesus" . D epoi s observa como isso se passa na [greja, a qual oferece urn a diversidade marav ilhosa mente harmoni osa:

" A s Ordens e Congregações Reli giosas têm , em gera l, seu espírito próprio, seu feitio, sua escola de santifi cação. E por isto cada qual contempla e imita mai s espec ialmente certas perfeições do Divino Redentor. " A ss im , poderíamos co mparar o conjunto elas ob ras ca tóli cas de um país a um imenso carrilh ão, em que cada sino emite um som própri o, s j a ele grave, so lene, possa nte, seja cri stalin o, álacre, juvenil. Do fato ele loca rem todos, res ulta a harmo ni a do conjunto. " No imenso carrilhão das obras de aposto lado no Brasil, qual o papel de

Catolicismo ?"

O sim é sim e o não é não " Há verdades que aos homens impress ionam corno o ouro. H á outras que lhes são suaves e perfumadas corn o o incenso . " Quanto à mirra, é mai s modesta. A rai z etimológ ica dessa palavra se relaciona com o vocábul o rnur, que 111 árabe quer di zer amargo .... eu dor é agradável, mas um pouco p nelrante .... Diríamos que, no ca mpo i leo lógico, a grande v rcl acle representa la pela mirra o I rincíp io ele contradi ção, pelo qual o sim é sim e o não é não. To las as outras são ouro e incenso, mas só va lem se aprec iadas num ambi ente perfumado pela mirra. E é de ta mirra qu e muito largamente necess ita o Bras i 1. .... "A qu ele que veio ao mundo para prega r as Bem-Aventuranças nos dei xou por preceito que fôssemos fi éis ao princípio el e co ntradi ção : 'sej a

vossa linguagem sim, sim; não, não' (Mt. 5, 37) ....

Adoração dos Reis Magos - Giotto, Capela Scrovegni (séc. XIV), Pádua (Itália)

" N ossa ob ra é principalmente de mirra. Jornal feito para católi cos mili tantes e pratica ntes, queremos que eles Vos amem , cnhor .J sus, sem m se la 1 qua lquer outro amor. Que só sirvam a um Senhor. Q ue sejam , cada qual em seu coração, urn a c id ade sem divi são, contra a qual nada pode o inimi go. Que não olhem para trás, ao empunh ar o arado, e que, no afã de semear, não se esqueçam de arrancar a erva daninha. " De certo modo, os católicos mili tantes e praticantes são, também eles, sa l da terra e lu z cio mundo. Em parte depende da cooperação deles que o mundo não se corrompa nem ca ia nas trevas . Q ueremos que eles sejam um sa l muito e muito sa lgado, urna lu z posta no mais alto da montanha, e muito brilhante. Ne: te sentido, Senhor, é nossa cooperação. E is o presente de Nata l que acumulamos durante o ano inteiro, para Vos oferecer. Outros Vos darão o incenso de suas inúmeras obras, capazes de um bem inapreciável. Nós nos inserim os nessa grande obra queimando em abundância, no sol o bem amado do Brasil, a mirra au tera mas odorífera do 'sim, sim; não, não'. " Que M ari a Santíssima aceite essa mirra em suas mãos incli zivelmente santas e Vo- las ofcr ça. Ela terá para Vós então o enca nto do ouro e do incen ·o, co m alguma coisa a mais: e isto lhe virá ci o suor, do sa ngue ele alm a, e da lágrim as d um apostolado que t m suas horas muito amargas ... Mas na ru z slá a luí',. E n ·stc amargor, o m lhor la ai ' ,ri u 'da b lcza de nosso aposlo la lo" .

Toque de recolher imposto por bandidos, em São Paulo - Na China, persiste reeducação marxista Fast-food X Slow-food: abastecer-se ou alimentar-se

1951-2001

Nossa capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo

S.O.S. Família

12 Reivindicações

feministas não favorecem as mulheres

Internacional

Ecos de Fátima

14 Caso

Elián: castigo providencial para o Partido Democrata americano

Excertos

2

Catolicismo: "Jornal para católicos militantes"

16 Catolicismo: de luta -

50 anos breve retrospecto

4

Cruzada do século XX

Página Mariana

23 Uma

7

A fé e a perplexidade dos três Reis Magos

Escrevem os leitores

41 42

TV no Brasil : 50 anos de corrosão da moral tradicional

Lituânia

TFPs em ação

27

44 -

Lituânia: 1 O anos livre do jugo comunista

A palavra do sacerdote

Vidas de Santos

8

29 Santo

O verdadeiro significado

A condenável indiferença à Mensagem de Fátima Continua a expandir-se A Voz de Fátima

TV imoral

cruzada para a restauração da Civilização Cristã

Nossa Senhora do Boldo combate pagãos indígenas

Leitura espiritual

37 -

Capa

Carta do Diretor

5

Milhares de votos foram recontados manualmente no Distrito de Palm Beach, na Flórida

Hilário de Poitiers: "trombeta contra os arianos"

dos dogmas da Santa Igreja

Santos e Festas do mês

Atividades apostólicas no Leste Europeu Simpatizantes da TFP reúnem -se em Campos (RJ) TFP: vigília de orações em Quito

32

Ambientes, Costumes, Civilizações

Entrevista

48 São

34 Catolicismo

entrevista um de seus leitores mais antigos

José de Cotolengo: a diplomacia a serviço da caridade

Distribuição de material religioso promovido por Luci sull'Est a fiéis da cidade de Zalâu, na Romênia

e ATO LIeISMO

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Com a palavra ... o Diretor

PÁGINA MARIANA

Am igo leitor, Este é o primeiro Catolicismo cio novo mi lêni o. E este é o ano em que nossa revi sta comemora seus 50 anos ele ex istência. Sem ter cleixaclo um mês sequer ele vir a lume. I sto é para nós motivo ele alegria e gratidão a Nossa Senhora. De um lado, porque poucas pub licações, nos dias ele hoj e, duram 50 anos. Quanto mai s uma revi sta ele in spiração cató li ca, como a no. sa, que procura ser um eco fidelíss imo ela autêntica doutrina ela Igreja Cató li ca, Apostó lica, Romana, em plena civ ili zação ncopagã. Quantas publicações já apareceram e desapareceram nestes últimos 50 anos! Chegar até onde chegamos já representa significa ti va vitória, pois Catolicismo enfrentou múl tipl as aclversiclacles, inclusive econômicas. Entretanto, com o auxíli da graça divina, nunca passou por cri ses ele iclenticlacle ou cri se doutrinária. Ao comp letar meio sécul o ele vicia, Catolicismo pode afirmar, como São Pau lo: "Combati o bom combale .... guardei a Fé". Esse cunho militante e guerreiro, Catolicismo hcr lou -o cl seu in signe in spirador, o Prof. Plínio Corrêa ele O li veira. Como ele exp li ca - cm arti go que reproduzimos nesta ed ição nossa revi ta orienta o leitor, à lu z ela vcrcl aclc ira doutrin a ca tólica, a respeito do que ocorre no mundo, e não apenas lhe o ferece informações úteis e obj etiva s. A Cruzada do Século XX é o nome desse arti go, estampado na primeira edição ele Catolicismo, em j aneiro ele 195 1. Encerra lc o ideári o e as metas traçadas pelo ilustre líder católico para a rev ista. Convido o leitor a fazer uma análi se dessa matéri a, recl igicla há 50 anos, e compará-la com a trajetória cio mensári o meio século depoi s. Outra matéri a cio mes mo gênero que merece ser ressa ltada nesta edi ção é a da seção "Excertos". Nela o in spirador ele Catolicismo indica com muita acuiclacle o pape l clesempenhaclo pela rev ista no conjunto elas obras ele apostolado no Brasil. A lgumas atuali zações quanto à forma ela publi cação obviamente foram necessá rias. Quanto ao conteúdo, porém, Catolicismo manteve-se ri gorosamente fi el aos ideais propostos pelo Prof. Plíni o Corrêa ele Ol ivei ra, os quais, por sua vez, mantêm o frescor ele atualiclacle ele tudo

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r r Defensora dos Católicos contra indígenas pagãos do Chile Nossa Senhora aparece para ajudar os católicos a vencer uma batalha contra indígenas pagãos, quando a situação estava humanamente perdida, durante a conquista do Chile. O episódio histórico é pouco conhecido em nosso País

quanto é perene.

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Em comemoração ele aniversári o, é comum também se pedir orações . E estas, nós as so licitamos insistentemente aos leitores am igos, poi s nada cio que fo i rea li zado por Catolicismo teria sido possível se não fosse a retaguard a poderosa elas preces ele tantos ele seus leitores e redatores pelo êx ito cio empreendimento. Que Catolicismo possa comp letar muitos outros an iversários, na ficl eliclacle estrita aos idea is propostos por seu in spirador e sustentáculo, de pleno devota mento à causa ela Santa Igreja e ela C ivili zação Cri stã! Desejo a todos uma boa leitura e um in ício de mi lênio repleto ele bênçãos divinas - e aureolado pela fé e confiança no triunl'o ci o Imacu lado Coração ele M ari a. Cordia lmente,

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VAL.DIS

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alvez algum leitor, influenc iado pelo ambi ente naturali sta ele nossos di as - e por um a noção hi stó ri ca errônea a respei to ela conqui sta da Am éri ca - fiqu e surpreso ao saber que N ossa Senhora não perm anece indiferente ante a lu ta cios qu e defendem um a cultura cató li ca contra os que se aferram a uma cultu ra pagã, mes mo que sta sej a antiga e co m certa tradi ção . A devoção mariana narrada a seguir constitui um exempl o frisante ela interferência ela própria M ãe ele Deus em favor cios cató li cos.

"Foi Ela, foi Ela ... " N o sul cio Chi le, no século XVI, indígenas pagãos estavam ganhando abatalh a contra os conqui stadores espanhó is

católi cos e j á tinham incendi ado quase toda a cidade ele Concepción (ass im chamada em honra ela Imaculad a Co nceição ela Virgem). Fa ltava- lhes apenas conqui star a praça central, onde estava a igreja (na verd ade, uma pequena capela), único ed ifíc io que ai nela não hav ia sido queim ado. Q uando tud o parec ia perdido, ei s que os índios fogem espavoridos. Tal fu ga não era uma estratégia ele guerra , po is os pagãos corriam em co mpl eta desordem. Intri gados, os espanhó is saíram em perseguição cios nativos e conseg uiram fazer algun s pri sionei ros. C uri osamente, vári os índios estavam totalm ente cegos, o utros atemori zados ao m áx imo. Como não sabiam se os aboríg ines vol tari am ao ataq ue, os espanhóis dec idi -

GRINSTEINS

ram manter os prisioneiros na capela, por ser o único préd io ainda ele pé. Aqueles índios que hav iam fi cado aterrori zados, mas não privados ela visão, ao entrarem no edifício, di scerniram uma imagem ele N ossa Senhora que lá se enco ntrava e co meçara m a gritar: "Foi Ela,foi Ela " . Começava ass im a devoção a um a linda imagem ela Virgem Santíssima que hoje se encontra no convento elas freiras trinitári as, na cid ade ele Concepción . O no me ela devoção chama a atenção: Boldo. É um pequeno arbu sto cujas folhas são muito utili zadas para o preparo ele chás. Qual a razão cio estranho no me? N ossa Senhora havia aparecido sobre um arbusto ele boldo. Mas por que teria Ela aparec ido sobre tal vegetação e não em outra? Perguntei ao amigo

CAT O L IC IS MO

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chil eno que me aco mpanh ava, e ele me respondeu: "Olha, não sei, mas Ela desceu do boldo para pegar terra". Tão inesperada ex pli cação despertou minha curi osidade e levou-me a investigar a história ela conqui sta espanhol a no Chile, tão relac ionada com essa devoção.

Erro histórico freqüente Os mi ss ionári os católi cos, abertos a todas as raças e povos, procuraram desde o início ela coloni zação converter os índi os. M as a atitude destes em face da Reli gião Católi ca - que começaram a conhecer com o descobrim ento da América - variou muito de tribo para tribo. Al gumas, ao conhecer a verdadeira Reli gião, rapidamente a abraçara m, e juntamente foram adquirindo os háb itos da civilização cri stã a ela assoc iada. Abandonavam então costumes pavorosos como a antropofag ia, o aborto, a poligamia ele., e passava m a prosperar tanto cio ponto de vi sta espiritual qu anto materi al. Infeli zmente outras tribos rejeitavam a Reli gião, pois o vícios j á a hav iam dominado a fundo, e elas não queri am aba ndoná- los. Juntamente co m a Reli gião, rejeitavam a civili zação, pois preferiam viver na sei vageri a a obedecer norm as que os limitavam em seus depravados cos tume s. E os índios que, iso ladamente ou em conjunto, ace itara m a I grej a Cató li ca e passaram até a aj udar na sua difusão - co nstituíram-se então em grande apoio para os cató li cos. Tornaram -se porém alvo ele ód io morta l ela parte cios outros índios que se aferravam ao pagani smo. V ári os co nvertido s foram até martiri zados e subi ra m ao Céu, tendo algun s deles sido proc lamado bc maventuraclos.

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Por isso, quando se li z que a conqui sta ele América consistiu numa luta nlrc espanhóis e portugueses contn os índi os, comete-se uma grosseira simplifi cação. N a realidade, de um lado havia espanhóis ou portugueses apoiados por índios católicos ou simpatizantes do catolicismo; e ele outro índios pagãos, muitas e muitas vezes apoiando piratas calvinistas ou luteranos - hol andeses, ingleses 6

C ATO LIC ISMO

ou franceses - e arm ados por eles. Tai s índios chegaram a ter como ali ados, embora raras vezes, também espanhóis ou portu gueses que preferiram abandonar a civili zação e viver poligamicamente com várias mulheres, rejeitando a Religião em que foram ed ucados. Ninguém deve estranh ar portanto que Nossa Senhora aparecesse a fim de favorecer uma das partes no co mbate, pois não se tratava ele luta de raças, mas sim ele um confronto entre o credo verdadeiro e o erro, entre a civili zação cri stã e o pagani smo.

Terra ferozmente disputada Entre as tribo: que rej eitaram logo ele início a R li gião ató li ca figuram os arauca nos, cio sul cio hil e. Um cios líderes elas prim eira s rebeli ões fo i um índi o após tata chamado La utaro, que aba nd onara o ca tolici smo. Ele havia sido bati zado co m o nome de Felipe, e fo i o ca beça da rebelião qu e, em 1554, in cendiou pela primeira vez a cidade el e Co ncepción, fundada por Pedro ele Valclivia em 1550. M as, co mo os espanh óis estava m decididos a ficar, uma e outra vez voltaram e recon struíram a cid ade. Os pagãos, por sua vez, voltavam e queim avam tudo. Em 1570, o Cabido da cidade fez um voto para pedir a proteção ele N ossa Senhora, co mprometend o-se a edi fi ca r uma capela dedi cada à Virgem da N atividade e ce lebrar sua festa . A I m di sto, tod as as autorid ade.· civis cc l siásticas, juntamente com o povo, prometeram ir desca lços, no dia cl ·i res ta, até a ca i ela ali xistcnt c. voto f'oi fe ito, e uma im a cm d Nossa S nhora, ele ori cm dcsco nh cci cl a, f'oi co loca la na rmi la.

Estupendo milagre Em 1599, os arau canos vo lta ram uma vez mai s para atacar Concepción. cnclo um povo numeroso e guerreiro, conseg ui ram cercar os católicos na cidade. Quando iam exterminá-los, notaram uma j ovem muito fo rm osa, rodeada por extraordin ári a luz, sobre os galh s ele um boldo, perto ela ermida da Virgem. Dos galhos, E la fazia sinais viando imped ir a entrada dos índios na capel a. Mas estes, endurec idos pel o pe-

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cado e obcecados pelo vício, não qui seram deter- se diante de tão extraordin ári a apari ção e continuaram sua avançada aparentemente vitoriosa. Fo i nesse in stante que a bela j ovem desceu do boldo e, tomando terra nas mãos, atirava-a contra os atacantes, ocasionando a derrota dos pagãos. Al gun s desses índios, co mo j á foi dito, ao erem levados como pri sioneiros à capela, reconheceram na im age m ele Nossa Senhora a j ovem que lhes lançara terra . De onde a exc lamação: "Foi ela,foi ela que nosjogava terra e nos obrigou a .fúgir". Não é de estranhar que após essa vitóri a a devoção a Nossa Senhora do Boldo crescesse de form a maravilhosa.

Mesmo quanto tudo parecer perdido, confiança ilimitada Se E la antes protegeu os católi cos, não o fará em nossos dias? A hi stória da Virgem do Boldo contém vários ensinamentos para nós. E nsina-nos que N ossa Senhora não é indi ferente à luta que eus filhos travam na Terra. E se El a permite que certas situações adversas cheguem até o extremo, é para desse modo intervir de form a ainda mai s glori osa. Al ém di s. ·o, o fato le a Mãe de Deus cega r os pagãos ocorreu somente após eles a ler m vi sto e, apesar disso, não se t r m comov ido. Não é lícito, portanto, ass istir a certas man ifestações divinas e continu ar cio mesmo modo. Quem assim procede, ofende e despreza um dom ele De us, e fica sujeito ao cas ti go. E pode-se considerar alguém muito fe li z, caso a cegueira tenha se limitado apenas à visão física e não à da alma. Para concl uir, um a refl exão: em muitas oportunid ades pode parecer não term os sido atendidos, po rque nada vemos. Entretanto, nossos adversários, a exempl o dos arau canos pagãos, muitas vezes vêem perfe itamente a proteção divina que paira sobr nós. Aprendamos a confi ar na esc uridão, pois ao homem confi ante j amais fa ltará a valiosa proteção ele M aria Santíssima. ♦

Fonte de referência: Ju an Guillcr1110 Prado, Sa11111ario.1· y F'iestas Marianas e11 i,i/e, Edicioncs Pau li nas, 2' cd ición, 1993.

Fé desassombrada dos Reis Magos São Pedro Juli ão Eym ard (1811-1868, La Mure, França), fundador do In stituto do Santíss imo Sac ram ento, homem de porte altivo, palavras d e fogo e voz d e trov ão, possuía no se u and ar algo de militar. Su a pi edade profund a e luminosa atraía pessoas das m ais diversas co ndi ções soc iais e eco nôm icas a se aco nse lh ar com ele, no co nfess ion ári o e fo ra dele. Seu grande amigo, o Santo Cura d' Ars, profeti za ra a res peito dele: "O Pe. Eym ard sofrerá muito, inclu sive persegui ções de seus melhores ami gos, mas a congregação por ele fund ada (os Sacramentinos) será próspera e espalhar-se-á por todos os países, apesa r de tudo e contra todos" . O fund ado r dos Sacra menti nos li a os co rações, vi a à distân c ia, profeti zava e era exorc ista perseguid o p e l o d e m ô ni o: p assa va no ites lutand o co ntra o diabo, e p e l a m a nh ã, n o se u quarto, podiam-se ver m óve is qu ebrados ou avariados e sin ais de agressão em sua face . Os últimos anos de vida do Pe. Eym a rd fora m re pl e tos d e so frim e ntos, ca u sados em boa parte po r seus próprios reli giosos. Fal ece u em 1" de agosto de 1868 e fo i c an o ni za d o e m 9 d e d ezembro de 1962 1

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sp.iritual

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A propósito d a v iage m

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dos

ss im também, estrangeiros de boa fé, das mais remota s regiões, im aginando porventura encontrar Jesus Cristo entre nós, não se verão submetidos à mes ma prova dos Magos? O que há, hoj e em di a, em cidades de países cuj a popul ação é maj oritari amente ca tólica, que reve le a presença de Jes us Cri sto nos costumes, no ambi ente soc ial , nos modos de ser, na cultura? Quase nada.

Reis M agos, cuj a festa - a Epifania - com em o ra-se no dia 7 cio co rr e nte, São Ped ro Juli ão Eym arcl tece co mentári os penetrantes, qu e pod em se r ap li cados aos nossos di as: "Com o ho mens sá bios e prud entes, os rég ios viaj antes dirigem -se diretamente à ca pital ela Judéia, esperando deparar alvoroçada toda a c idade de Jeru sa lém , o povo anim ado e co ntente festej and o tão faustoso aco ntec im ento, e por tod as as partes sin ais ineq uívocos _ele sati sfação e el a m ais viva aleg ri a; porém ... que surpresa tão dolorosa ! Jeru sa lém enco ntra-se em sil ênc io, e nad a ali revela a grande marav ilh a. Será que se enga naram? Se o grand e Rei tivesse nasc id o, não anun c iari a todo o mund o se u n asc im e nto? N ão zo mbarão deles e os in sultarão, ta l vez, se d e i xa re m sabe r o objetivo de sua vi agem ? "Essas vac il ações e ex pressões serão talvez filhas ela prudênc ia, seg und o a sabedo ri a hum an a, po rém indi gnas, ce rtamente, da fé cios M agos. El es creram e vi eram. O nd e nasceu o Rei dos judeus? perguntam em voz alta, no meio el a assombrada Jeru sa lém, di ante cio pal ác i o d e H e rodes e el a multid ão , qu e se m dúvid a se ag lo m e ro u para pr ese n c i a r o inu sitado espetácul o da entrada de três Reis na c id ade. - Nós vimos a estre la cio novo Rei e vi em os adorá- Lo. Vós que so is o Seu povo, e qu e O deveis estar es perand o tanto tempo, eleveis sabê-l o. Sil ê n c io m o rt a l. A c id ad e perm anece indiferente" 2 •

In fe li zmente, a tônica que di stin gue tai s cidad es costum a se r o neo pagani smo. Que a fé inabal áve l dos Reis M agos e sua atitude firm e e desasso mbrada em face da população indiferente de Jerusalém sirvam-nos de modelo. Os verdadeiros católicos do sécul o XXI devem ter análoga atitude de coragem diante de populações anticatóli cas, acatólicas ou com vestígios apenas de

catolicismo, e professar destemidamente sua fé. Os Santos Reis M agos apresentaram há 2000 anos a única fórmul a autêntica de enfrentar o indiferentismo religioso e o neopaganismo hodiernos: a firmeza na fé !

Notas: 1. Cfr. Mgr Francis Trochu, l..e 1Jie11he11re11x Pierre J11/ie11 E)'111ard. LibrairieCatholique, Pari s, 1949. 2. São Pedro Julião Ey 111arcl, Obras Eucarísticas - 4· edição, M aclri, 1963 , pp. 176- 180.

eATOLIe ISMO

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Pâlavra d .

Sacerdote

Pergunta Os dogmas foram criados pela Igreja ou Ela os constatou através da Revelação?

entendidos hoje. Acontece que, dar adesão ao erro ou ao vício não é ex pressão ele liberdade, mas de escrav idão. É livre quem não aceita o despotismo cio mal. Liberdade é aceitar o "suave jugo" de N osso Senhor Jesus Cri sto e ajudá-Lo a carrega r "o seu fardo, que é leve". É escravo quem obedece a quem não tem, ele direito, qualquer senhori o sobre nós, a saber, o demônio, o mundo, a carne. Obedecer a eles é aceitar sua tirania sobre o que há ele mai s nobre na pessoa hum ana, ou seja, a inteligência, a vontade e o coração. Na rea lidade, uma liber-

Resposta

dade de opinião universal, as sim co nceb id a à moela

O consulente exprime ele modo aclequaclo uma dúvida hoj e em dia freqü ente. D e tanto ouvirem apregoar as elitas "liberdades" ela Revolu ção Francesa, muitos el e nossos contemporâneos adquiriram um a espéc ie ele birra in stintiva contra a palavra dognw - birra às vezes indu zid a pela mídia - , até mesmo ignorando o seu signifi cado. - Poi s então não tenho liberdade de opinião? Não posso pensa r o que quiser sob re qualquer assunto? Quem é que me pode impor ele ac red itar em algo com que eu não estej a ele acordo? Esta é a reação psicológ i ca qu e muito s se ntem quando tomam conhecimento de que a Igreja impõe aos fi éis a aceitação ele determinados dogmas. E logo imaginam tratar-se de uma imposição arbitrária, que lesa o direito de liberdade de opinião, o qual integra o acervo elas " liberd ades democráticas" ou " direitos humanos", tai s co mo são comumente

revolucionária, nunca ex istiu e não ex i te para ninguém, nem pode fa zer parte ele democrac ia al gum a. Pois há co nclu sões objetivas e seguras em todas as esferas cio conhec imento, que ninguém pode recusar sem grave dano para si mesmo e para a socieclacle. No campo da medicina, por exe mpl o, hoj e tem -se como certo que "o fumo fa z ,na! à saúde". Os médi cos não chegara m a essa conclu são arbitrariamente. Eles foram pouco a pouco constatando que o fumo é responsável por tais e taj s doenças, ele modo qu e se alca nçou hoj e a unanimidade, ou quase tanto, nessa matéria. Ninguém mais tem o "direito " de afirmar qu e faz bem à saúde. A ss im se passa também co m os dogmas da Igreja. O s teó logos pesqui sam e racioc inam com base nos dados ela Fé con tidos na Revelação, qu e eng loba não apenas as Sagradas Esc ritu ras co mo também a Tradi -

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e AT O LIe ISMO

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ção (a quilo qu e Imacul ada Co nnão apa rece na ce i ção era anti Sagrada Escri tu qüíssima na Igrera, mas é transmi ja. Co mo resolver tido pel a I g reja o assunto? como verdade, de Co nsiderando geração em gerae reco nsidera ndo Cônego çã o , d es de os essa tese sob seus JOSÉ LUIZ VILLAC vári os ângulos, os Apó stolos até nossos dias). Asteólogos enco nsim, pouco a pouco, os teótraram a so lução: Nossa Selogos vão deduzindo de cernhora foi preservada cio petas verdades, enun c iad as cado original ante previsa com mais clareza na Escrim.erita , co mo se lê na Constura ou na Tradição, outros titui ção Apostólica Jne.ffabiprincípios e verd ades que no lis Deus, co m que o Beato início não estavam tão elaPapa Pio IX proclamou o ros ou até eram ce rcados el e dogma ela Imaculada Co ndificuldade nem sempre fáce ição (8 de deze mbro ele ce i · de reso l ver. 1854). Isto é, M ari a foi isenUm cios exempl os mai s ta do pecado não pelos prócé lebre nesse sentido foi o pri os méritos , mas em predogma ela lm ac ul acla Convisão dos méritos de Cristo ceição ele Nossa Senhora. Há Red entor: Assim , Jes us o princípio ela universa lidaC ri sto é perfeitíssimo Rede ela Redenção ele Cri sto. dentor, cujos mérito s alcan[sto é, a Redenção era necesça m todos os homens, inclu sári a para todos os homens, sive a Sa ntíss ima Virgem; e in c lu siv e, portanto , para esta , então, por um privi léMaria Santíss ima. Mas se g io divino es pecialíss im o, Ela esteve isenta ele pecado em nenhum momento co norigi nal - argumentava-se traiu o pecado que co ntami - N ossa Senhora não prenou todo o restante el a hu cisari a da Redenção. D esse manid ade. Eis o DOGMA modo, ca iria o princípio ela da Im ac ul ada Co nce i ção ! universalidade da Redenção! Ao ser Nossa Senhora conGrandes teól ogos, co mo ceb ida no ventre matern o Santo Tomá ele Aquino e de Sa ntana, sua alma não foi São Bern ard o - ali ás , ammanchada pelo pecado ori bos devotí simos ele Maria gin al. - es taca ram di ante dessa Co mo também fo i em cl i fi cu Idade. prev isão cios méritos ele JePor outro l ado, não se sus Cri sto que puderam repodia imagin ar que Aq uela ceber graça s efi cazes ele arque o Cri ador esco lheu desrepencl i mento f'i gura s emi de toda a eternid ade para ser nentes cio Anti go Testamena Mãe cio Verbo de Deus E nto que hav iam pecado, co mo ca rn ado, e que estava assoo Pro feta David e mes mo ciad a a seu Filho para es maAdão ' Va. gar a cabeça da Serpente, puQuestões colaterais ao desse ter estado, por uma fradogma podem não ção ele segundo que fo estar definidas sob o império de Sataná .. O utro ex empl o mostra senso da f é recusava es. a hi ·0 111 0 , 111 'Smo proc lamado pótese. Ademai s, a crença na

um dogma, nem sempre todas as questões a ele atinentes ficam re so lvid as . Ou seja, aquela proposição que a Igreja define é verdade incontestável, mas pode haver outras qu estões em torno ela propo sição principal que ainda não estão claras, e que portanto não fazem parte do dogma. Tenha-se em vista outro do g ma mariano, estreitamente relacion ado com a [maculada Conceição: o de sua gloriosa Assunção aos Céus, em corpo e alma. Na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, com a qual Pio X[[ proclamou tal dogma ( 1º de novembro ele 1950), o Pontífi ce mostra que não se tratava de "criar um novo dogma", um a nova verd ade so bre Nossa Senhora, mas que esta verdade já estava na consciência e na tradição da Igreja - ou seja, nas Fontes da Revelação sendo crida por todo o povo fiel. A fórmula dogmática define pois que N ossa Senhora subiu aos Céus em corpo e alma, porém evita dizer se, antes de subir aos Céus, Ela passou ou não pela morte, que é uma questão importante mas co lateral à verdade definida. Toda uma corrente teológica dentro da I greja propenclia então para afirmar qu e Nossa Senhora não morrera , pois, em virtude de ter sido preservada do pecado original - a Imaculada Conceição-, não preci sava passar pela morte, uma vez que esta é um cas ti go decorrente do pecado original. Outra corrente, pelo contrário, admitia a morte el e Nossa Senhora, argumentando inclusive, alguns de seus

Gino Concetti, teó logo ela Casa Pontifícia, mai s conhecido como o "teólogo do

Papa" : "Assim como Cristo prese rvou Maria do pecado ,nediante urna única e singular Redenção, a preservativa, precisam.ente de igual ,nodo concedeu a Maria o privilég io único a wn ser humano, de ser subtraída, preservada da corrupçcio do sepulcro. O seu corpo não se dissolveu na sepultura, mas.foi elevado ao Céu pelos méritos e pelo poder de Cristo" ("L' Osservatore Rom ano", ed. se manal em português, 4-1 1-2000, p. 12). Porém, "até a vés-

pera da proclanwção dogmática, era muito viva uma co rrente mariológica que qfirmava a não-morte de No ssa Senhora". Tai s teólogos eram chamados el e

"im.ortalistas ". De qu alquer forma, ressa lta o Pe. Concetti: "para

Nossa Senhora a morte não foi um drama ou um traum.a, mas uma suave dormição [como a chamavam os Padres el a lgrej a], da qual f oi

A Imaculada Conceição - Escultura em madeira com acessórios de prata - Bernardo de Legarda, Museu de Arte Religiosa. Coleção da Arquidiocese de Popayán (Colômbia)

integrantes, que Ela própria tinha desejado morrer para assemelhar-se mai s a seu Divino Filho, que morrera também. Não havendo unanimidade, na refl exão teo lógica ela I grej a a respeito desse ponto, Pi o XU contornou a dificuldade, afirmando: "Decla-

ramos ser dogma por Deus revelado que a lrnaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, tendo termina-

do o curso da vida terrena, foi elevada à glória celeste, em alma e corpo". Como se vê, a frase "tendo te rminado o curso da vida terrena" deixou em aberto a questão ela morte ou não- morte ele M aria Santíssima, até que a refl exão teológica el a I greja adquira plena firmeza nesse ponto.

A dormição Esc reve a res peito o Pe.

despertada pelo Filho, que transformou o seu co rpo passível em. corpo glorioso e não mais si~jeito nem à morte nem à co rrup ção" ( loc. cit.). Como tudo isto é razoável, ponderado e sensato! E como estamos longe el a arbitrari edade impositiva que os inimi gos do nome católico insinuam quando bramem contra os dogmas ela I greja! A I greja aplica a Nosso Senhor a bela ex pressão:

"Servir-Vos, Senhor; é reinar". Assim também podemos dizer: crer absolutamente nos dogmas da Igreja é ser verdadeiramente livre. ♦

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A abertura de um Mac Donald 's na praça de Espanha (foto à esquerda), em Roma, determinou uma sadia reação culinária -

Gravura de Gustave Doré, séc. XIX. Lot e sua família evadiram-se de Sodoma, cidade destruída pelo fogo como castigo do pecado de homossexualismo, praticado por seus habitantes A fuga de Lot -

o slow-food -,

em todo o mundo

Antídoto contra o tast-tood:

o slow-tootl...

PC chinês "retresca" a memória de seus membros

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om o avanço cio livre mercado e a instal ação de empresas estrange i ras na C hin a vermelha, os chefes comuni stas temem que os chineses se esqueçam das antigas normas, modos e estilos de viver cio comuni smo .. Para lhes refrescar a memóri a, as autorid ades co muni stas estão promovendo uma ca mpanha de reeducação mar x i sta : "Sessões de estudos ideológ icos " e aul as de doutrin ação estão de volta, para o qu adros ci o partid o. E também um tratamento adequado para os suspeitos de " libera li smo", sobretud o os estudi osos que prega m a reforma política. Al ém dessas medidas, as autorid ades de Pequim deram recentemente uma ordem inédita para mais de doi s mil secret{u·ios de comi tês municipais cio Partido Comuni sta: que eles viaj assem para a capital, a fim de receber educação política . Seri a mui to salutar que diri gentes e empresári os de países capi ta1ista , entusiastas das transformações cosmética s em curso na C hi na, meditassem sobre essas med idas bem reali stas cio regime de Pequim. M as tudo indica que a cegueira e a ganância quanto às supostas possibilidades ci o mercado interno chinês - sem falar da aberta conivência com o comunismo, em muitos casos - impedem que as esca mas caiam de seus olhos .. . ♦

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pesar de vivermos numa situação anômala, sem cor e sem sabor, em que tudo vai perdendo suas características próprias e sua identidade, surgem também pessoas com personalidade e dotadas de bom senso. O jornalista italiano Cario Petrini, indignado com a abertura de um McDonald's na famosa Piazza di Spagna, em Roma, teve o louvável gesto de procurar atender pessoas de bom gosto. Disposto a combater a invasão dos fast-foods (restaurantes de comida rápida), ele fundou um movimento em prol da boa comida e do bom vinho. Assim nasceu o slow-food (restaurante de comida lenta). Com mais de 65 mil adeptos em todo o mundo, a simpática inici ativa procura "redescobrir a rique-

za e os aromas de culinárias re-

gionais, em oposição ao efeito p adroniza dor da vida rápida". O manifesto de lançamento do slowfood acentua: "O slow-food é um bastião contra a aldeia global de aromas e sabores". Segundo a antropóloga Daisy Justus, integrante do movimento no Brasil , a culin ária está diretamente ligada à cultura de um povo. A boa mesa é sempre uma ocasião importante, durante a qual as pessoas se reúnem com famili ares e amigos. Uma mesa bem arrum ada e uma comida saborosa são condições favoráveis para se manter uma conversa amena e elevada. Mas hoje a maiori a das pesso as com e para se abastecer, e não para degustar. Para consolidar a filosofia do movimento, seus integrantes promovem jantares temáticos, degustações de queijos e vinhos, bem como vi agens gastronômicas , além de ministrar cursos de educação do paladar já em mil escolas italianas. Convém lembrar que fo i a civili zação cri stã que produziu maravilhas da culinári a, como diversos tipos de queijos, vinhos, licores, inúmeros pratos típicos etc. ♦

Gênero de escravidão neopagã

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m sua vi sita a Brasíli a, o sub-secretári o das N ações U ni das para Controle de Drogas e Crim es, Pino A rl achi , d ivu lgará dados i mpress ionantes sobre o tráfico intern acional de mulheres. Esse infa me mer cado está mov imentando anualmente sete bil hões de dól ares . Cerca de um milhão de mulheres são vendidas anual mente por qu adrilh as intern aci onais, e quase a metade term ina esc ravi zada em prostíbul os da civilizadíssirna E uropa Oc identa l ! O Brasil fi gura infe li zmente entre os importantes fo rnecedores desse execrável tráf-i co. N ão é prec iso diz r qu inúmera s dessas mu lheres se prostituem volun ta ri amente, m ui tas delas procurando segui r o exemplo das chamadas "rnodelos" . Eis aí mais um sintoma - verd adeira chaga - de uma civili zação hedoni sta e neopagã. A par da desagregação fa mili ar, está se desvendando uma verd adeira escalada de fo rm as protubera ntes de corru pção, como a prostituição e o narcotráfico . E sempre é salutar lembrar: na ra iz de toda essa degenerescência moral vamos encontrar a pro funda cri se religiosa que asso la a sociedade h od i erna. ♦

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H ol anda acaba de dar um lam entável e decisivo passo para um estágio avançado de degradação moral. Foi aprovada por 107 votos contra 33 uma lei que autori za o "casamento" homossexu al , bem como permite aos parceiros homossex uai s adotar filhos e gozar de todos os direitos dos casais heterossexuais! A prática homossexual, como se sabe, é um pecado contra a ordem estabel ecida pelo C ri ador na natureza, e, segundo o Catecismo Mai-

or promulgado por São Pio X, "brada aos Céus e clama a Deus por vingança " . A lei aprovada pelo Parlamento hol andês caracteri za um pecado coletivo. N o Anti go Testamento, a

prática desse vício contra a natureza acarretou terrível casti go contra as cid ades de Soclom a e Gomorra, consumidas pelo fogo enviado por D eus, salvando-se apenas a família de Lot (Gen. 19, 23-25). Além de ser um rude golpe con tra a instituição da fa míli a, podemse presumir as nefastas conseqüências da convivênci a íntim a de homossexuais com crianças adotadas! H á dois anos, tentou-se aprovar em nossa Câmara Federal um projeto de reconhecimento de direitos civi s aos casais homossexu ai s. Feli zmente a proposta nem chegou a ser votada por aquela Casa L egi slativa. É necessário, contudo, manter uma vi gilância contínua para impedir que, num golpe de surpresa, deputados permi ssivistas do ponto de vi sta moral voltem à carga e aprovem a detestável união homossexual. ♦

operigoso toque de recolher de bandidos

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rafi cantes do Rio de Janeiro estão aterrori zando moradores e comerciantes das fa vela s e bairros vi zinhos, co m o cham ado t oque de recolher . E a fun est a ini ciativa já está fazendo escol a em São Paulo . Para h o m en agea r um e x - int e rno d a Fe b em, Thiago Teles V asco - o Buiú , de 1 9 anos, morto numa fav ela co nhecida como rua 1 3 - , os traficantes impuseram um toque de recolher aos c om erci ante s do Jardim M acedônia, na c apital paulisSegundo est es, dois hom ens armados percorreram a regi ão, intimando-os a fec har as porta s. Al ém disso, te ri am tamb ém obrigado o motorista Carlo s Alberto Moreira , da Viação Esmeralda, a levar parentes e amigos do mor-

to ao cemitério de Embu, onde o corpo foi enterrad o. Em agosto dest e ano, trafican t es igualmente haviam imposto um toque de recolher aos comercian t es em São Bernardo do Campo, após o assassinato de Wagner dos Santos, supostam ente ligado ao tráfico de drogas . É muito preocupante a repeti ção desses toques de rec olher. Constitui um indício da desagregaçã o do Estado e da instauração de um poder paralelo controlado por criminosos. So bretudo é preocupànte que as autoridades competentes, pression adas pelos chamados defensores dos direit os humanos dos bandid os , não t omem medidas enérgicas con t ra a criminalidade cres cente. Pelo contrário, a preocupa ção maior parece ser desarmar os cid adãos hon estos! ♦

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BREVES RELIGIOSAS ...J

Na Alemanha, número de católicos supera o de protestantes

Na Alemanha, país até recentemente de maioria protestante, aconteceu um fato marcante: segundo recente levantamento do Instituto Federal de Estatísticas, a partir de 1998 o número de católicos ultrapassou o de protestantes. Os católicos são 27, 15 milhões, cerca de 55.000 a mais que o de seguidores das seitas protestantes . ...J

Em Cuba, professora rasga estampa de Nossa Senhora

Em Aguada de Pasajeros, Havana, a professora Olga Lidia, responsável por uma classe do 5° grau da Escola José Echeverría, desfez em pedaços uma estampa de Nossa Senhora da Caridade , Padroeira de Cuba, que havia caído das mãos de um estudante , e proibiu seus alunos de usar imagens religiosas. O responsável pelo colégio, ao receber reclamações dos pais dos estudantes, deu uma resposta de cunho nitidamente marxista: em Cuba,

"a educação é um dever do Estado e não um direito dos pais" .. . ...J

Nos Estados Unidos, cresce o número de exorcistas

Pela primeira vez , em seus 160 anos de existência, a Arquidiocese de Chicago nomeou no ano passado um exorcista em tempo integral. Segundo especialistas, o número de exorcistas em todo o país cresceu de 1 para 10 em uma década.

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. . . . . . .. . . . . . . . . gia demonstram que o matrimônio indissolúvel é uma lenta e progress iva conquista da civilização, de que se beneficia principalmente a mulher [não o deveriam esq uecer as feministas ... ], manifestamente m.ais ameaçada do que o homem, na sua compleição e beleza mais.frágeis, pela possibilidade das separações sucessivas. A esta luz o divórcio aparece-nos como um reg resso 6. "As desventuradas que, desconhecendo estas verdades, tentam o divórcio acabam quase todas, como a triste protagoni sta de Paul Bourget, ama ldiçoando a lei crirninosa, lei assassina da vida familiar e da vida religiosa, lei de anarquia e de desordem, que lhe prometera a libe,dade e afelicidade e na qual, após tantas outras, não encontrara mais que servidão e miséria7 ".

Verdades que feministas não gostam de ouvir O movimento feminista - sobretudo a partir dos anos 60 - , erguendo a ban-

deira do divórcio, reivindicava a "emancipação" da mulher, a igualdade entre os sexos e a equiparação de direitos entre homens e mulheres. Veremos, entretanto, que as mulheres são as mais prejudicadas com tais reivindicações, rebaixam-se a uma condição inferior e tendem a cair num estado como que de servidão.

"Quanto mais estável é o matrimônio, tanto mais se eleva a mulher em poder e dignidade" 1

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m anteriores artigos, ressaltamos o quanto a le i do divórcio prejudica os filhos e os cônjuges e m gera l. Na presente matéria, ver-se-á que a mulher é quem mais perde com o di vórcio. Em primeiro lugar, convé m lembrar que fo i a partir do cristian ismo que se co nsolidou na soc iedade civil o casamento monogâmico, elevando-se assim a condi ção da mulher, enobrecendo e resgatando a sua dig nidade. Pois na Antigüidade, de modo geral, era costume a poligamia e a mulher era considerada quase escrava, ou mesmo diretamente escrava. Podia ainda ser repudi ada pelo marido, numa espécie de divórcio. A respeito desse tema é oportuno aduzir aqui, como em artigos anteriores, as judiciosas ponderações do Pe. Leone l Franca S. J .2 : "As razões destas des igualdades [entres os cônjuges] prendem -se às própri as diferenças ps icol óg icas dos sexos, contra as quais nada val erão todas as declamações, floridas ou indi gnada , dos pa ladinos do divórcio. Como se trata de ciênc ia, bom é que demos a pal avra a um médico, que sabe aliar a exatidão do saber à profundidade e delicadeza do senso moral: ' Quando o divórcio, elevem.do o instinto animal, permitir ao homem a variedade libidinosa que lhe é peculiw; a vítima será sobretudo a mulher; destruída a sua beleza em sucessivas ligações. No casamento indissolú12

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vel, a mulher donúnará pelo afeto, pelo respei!o e pela virtude, que não acabam; no divórcio ela só pode fulgurar pela beleza, que é fug az"' 3 . " Depoi s de IO ou 20 anos de casados - e as estatísticas mostram que é nesta altura que se di ssolve maior nú me ro de lares - o egoísmo masculino tem no divórcio uma arma para trocar o

Força X delicadeza "O casamento é uma sociedade natural e não uma associação comercial. As quo~as não são iguais; o homem entra com a proteção de sua força , a mulher com as exigências de sua fraqu eza. Em caso de separaç ão, não são iguais os res ultado s. O hom em sa i co m t oda a sua auto rid ade; a mulher não sa i com tod a a sua dignid ade e, de tudo que ela levou para o casam ento - pureza virginal , juventude, beleza, fe cundidade, consid era çã o, fortuna - , em caso de dissolução, só poderá retomar o seu dinheiro" (De Bonald, Du Divorce, p . 297) .

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fastio do cansaço ou o tédio da monotonia pela novidade de o utras ave ntu ras amorosas. A mulher, sem nome e sem lar, volta à casa paterna ou à caridade dos parentes, a curtir, na solidão do desamparo, as ama rguras de uma viuvez humilhante de quem tem marido a viver com outra. O número extraordinário de divorciadas que acabam loucas ou rematam com o suicídio a tragédia da vida bem mostra que gênero de surpresas reserva o divórcio às desditosas que, num momento de dor ou de despe ito, a e le se havi am apegado como a suprema tábua de salvação.

''A igualdade dos sexos é pura quimera" "Tomando por outra via, chega mos ao mes mo r sultado. " 0 111 0 há uma atração natural , as.' im há também uma luta natural entre os sexos. O divórcio tende a exacerbar este antagon is mo funesto. No lar, opõe s esposos, e m vez de aprox imá- los; arma-os, em pé de igualdade jurídica, com um libe lo de repúd io, ameaça permanente à paz doméstica. Nesta concorrênc ia, a vitória será do mais forte. Demos a palavra a uma senhora, a Mme . Arvede Barine, que Fonsegrive não hesitava proclamar incontestavelmente a

* * *

Matrimônio da Santíssima Virgem com São José - Afresco da Basílica de Nossa Senho-

ra do Bom Conselho, Genazzano (Itália) A Igreja Católica enobreceu e elevou a condição da mulher na sociedade, apresentando Nossa Senhora como modelo de autêntica feminilidade.

mai s notáve l escritora, pela extensão dos conhecimentos e pela altura da inte ligênc ia: "Sim, as mulheres apavoram-se. Elas são 'o fraco' pela lei e pela natureza. A lei poderá mudar; a mulher não muda. Serernos sempre 'o.fraco' e sempre teremos diante ele nós 'o forte'. A igualdade dos sexos é pura quimera, uma expressão sem sentido, porque os dois sexos não são a mesma coisa. O homem é homem, a ,nulher é mulher; dos dois, creio que ela é a ,nelhor, mas o homem é o mais.forte e todos os jurisconsultos do mundo não conseguirão nunca que assin1, não seja'' 4 •

Ma trimôn io i ndisso/ úvel: baluarte da dignidade feminina "O divórcio transporta as relações entre os sexos para um campo desfavorável à mulher. A indi ssolubilidade assegura-lhe o domínio do lar, fá-la espo-

sa e mãe, isto é, eleva-a no coração do homem, envolve-a numa atmosfera de respeito, de di gnidade, de grandeza. O divórcio, com a sua tendência ingênita a esteri lizar e instabilizar a família, vai aos poucos destruindo a veneração à mãe e a deferência à esposa. Fica só a mulher. "O cri stiani smo e levou-a, fazendo-a compan he ira do home m, igua l a e le, não no exercício das funções mas no valor da dignidade. Fora do cristiani smo, isto é, da famíl ia indi ssolúve l, a mulher viveu sempre numa condição de in fe ri oridade, nas humilhações da escrav idão ou nas ignomínias do harém . Para lá o divórcio há de levá- la in sensivelmente.

Constitui pois uma ilusão a pseudoe mancipação da mulher, reivindicad a pelo feminismo e pelos propugnadores do divórcio, uma vez que a antinatural igualdade entre os sexos prejudica a própria mulher. E torna-se patente que a consolidação do casamento indi sso lúve l é uma conqui sta do cri stianismo, da c ivilização cristã. Tal conqui sta reverteu em proveito da própria mulher - a maior beneficiária do Sacramento do matrimônio, embora o esposo, os filhos e a sociedade civ il também sej am favorecidos. Não acreditem , portanto, as mulheres na sinceridade do movimento fem ini sta quando prega o divórcio... ♦

Notas: L G. Fonscgrivc, Ma riage et unio11 libre, Plon,

Equívoco: considerar o divórcio um progresso "Os grandes mestres do direito itali ano afirmam contestes a mesma evidência. Salandra: O verdadeiro fundcunento da igualdade .. .. possível entre os sexos .foi lançado quan;lo se assegurou à rnulher; de modo estável, a sua qualidade de esposa e de mãe. Na família indivisível ela encontrou a dignidade, o poder e a proteção perene para a sua debilidade física e moral 5.... "H. Simonnet, professor de direito civil e m Nancy : A história e a sociolo-

Pari s, 1904, p. 86. 2. Padre Leone l Franca S. J., O Divórcio, Ri o de Jane iro , Empresa Editora A.B.C. Ltd a, 1936, pp. 53 a 60. 3. Dr. Fernando Maga lh ães, in artigo pub licado e m 1907 , no "Corre io da Ma nhã" e mai s tarde ed itado no opúscu lo O Divórcio , Rio de Jan eiro, UCB , Agosto de 19 12, nº 3, p. 1 1. 4. G. Fonsegrive, op. c it. , p. 168. A c itação de Mm e. A. Barine, extraída de um arti go do " Figa ro", de 27 de dezembro de 1902 , encontr a-se à p. 18 1. 5. Sa lan dra, // divo rzio in !ta/ia, Roma, 1882, p. 134. 6. Obra co letiva Le 111ain1ie11. et la dé(ense de la fam ille par te droit , Paris, Recc ue il Sirey, pp. 103 , 104. 7. Paul Bourget, Un divorce, p. 398.

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O Presidente e o Vice-/Jresidente eleitos Bush (esq.) e Cheney

Estados Unidos

Pleito eleitoral revela debilidade do modelo político Sérias lacunas no sistema eleitoral norte-americano. Um fator providencial: a lembrança do caso Elián, decisivo para o resultado final. Esquerdas do mundo todo tentam abalar o gigante do Norte Lu1s DurAu R

Atrito entre partidários de Gore (esq.) e de Bush n,1 Flórida

confusa apuração elas última eleiçõe pres idenciais americanas fo i encerrada, após decisão inapelável cio Supremo Tribunal Federa l, em Washington, em J2 ele dezembro. O Vice-presidente AI Gore, cio Partido Democrata, candidato elas esquerdas, reconheceu sua derrota. E o candidato conservador, o Governador cio Texas, George W. Bush, cio Partido Republicano, é o presidente eleito cios Estados Unidos. Entretanto, as tribulações eleitorais e políticas dessa poderosa nação parecem estar apenas no início. Os dois candidatos apresentaram imagens e pl ataformas políticas ele contornos imprecisos, e em muitos pontos co incidentes. Mas, por trás ela indefinição, ocultavam-se duas concepções ele vicia opostas. O candidato democrata AI Gore levava consigo a quase totalidade elas ONGs e grupos revolucionários opostos à família: aborti stas, feministas, homossexuais, antinatali stas, pró-educação sexual nas escolas etc. E também os grupos promotores cio caos social: minorias que incentivam conflitos raciais, grupos favoráveis aos chamados direitos humanos (unilatera lmente engajados em favor ele criminosos e marginais), pela liberação da droga e pelo desarmamento dos cidadãos ordeiros.

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CATO LI

eISMO

Gore representava ainda as tendências sociali zantes e estati zantes, a promoção cio esquerdi smo na política ex terna e as mais exorbitantes reivindicações cco logi tas. " 111 resumo, tudo quanto M Ts, CIMl s, PT., ONGs eco logistas radicais e PTs ele todo o mundo desejam, encontrava eco no cancliclato democrata. Isto é, uma Revolução Cu/1ural, que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira define como a /V Revolução, complemento e continuação das três anteriores: a Protestante (séc. XVJ ), a Francesa (séc. XVIII) e a Comuni sta (séc. XX) - cfr. Catolicismo, outubro/2000. De sua parte, o candidato eleito Bush atraía os americanos favoráveis à família, ao ensino religioso nas escolas, ao refo r-

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ço da . egurança nacional, à manutenção elas normas constitucionais que garantem o uso de armas aos cidadãos honestos, a maior espaço para a iniciativa privada; e também os que se opõem ao massacre cios inocentes, produ zido pelo aborto, e ao pseudo-casamento homossex ual. Quanto às relações internacionais, o candidato republicano representava uma certa tendência anticomuni sta e de combate ao narcotráfico e à guerrilha. A mídia brasi leira e internacional engajou-se abertamente, em proporções inusuais, a favor do candidato das esquerdas, AI Gore.

O caso EI ián alterou o resultado da Flórida Nos Estados Unidos, a prática federativa é mais efetiva do que no Brasil. Cada Estado mantém autonom ias bem pronunciadas. Assim, a eleição cio Presidente é indireta, e não se dá pela simples maioria dos votos obtidos em toda a Nação. Cada Estado da Federação envi a certo número ele representantes a um Colégio Eleitoral, o qual elegerá o Presidente. O número desses representantes é proporcional à população ou aos eleitores. Quem ganha a eleição num Estado, ainda que por pequena margem - seja Bush, seja Gore - obtém a seu favo r todos os representantes desse Estado, os quai s vão votar por ele no Colégio Elci1 ora l. O menino cubano E/1,-\11 11,1 c,1s.i ele parentes, em M/,1111/1 j1111to ,1 lm ,1gem Peregrina ele Noss,1 Scwhor,1 ele FMima

A di sputa fo i acirrada. O eleitorado estava clivicliclo praticamente pel a metade. Os resultados gera is levaram a um empate que só seria resolvido mediante o cômputo definitivo ela Flórida, um cios Estados de maior peso eleitoral. Mas ali , o caso Elián havia modificado os dados ... Com efeito, naquele Estado, em que se situa a famosa cidade de Miami, resi de gra nde número de cuban os exi lados. E estes - outrora clivicliclos entre os dois grandes partidos norte-americanos, o Republi cano e o Democrata - desta vez rejeitaram maciçamente AI Gore, por causa da imora l entrega cio inocente Eli án à Cuba comuni sta, fe ita pelo Governo chefiado pelo democrata Clinton. O Professor Lance ele Haven-Smith, renomado cienti sta político da Un iversidade Estad ual ela Flóricla, estimou que o caso Elián desempenhou "papel decisivo" nessa virada. Segu ndo ele, mai s ele 80% cios votos cubano-americanos fora m contra Gore O fato fo i confirmado por sondagem independente ela Robb Schrolh & Asse. 2 . Bush encerrou sua campanha no estádio ela Un iversidade Internac ional ela Flóri cla, com a segui nte promessa: "Manleremos a pressão conlra Fidel Cas/ro até que Cuba se !orne livre". Enqu anto fa lava, entre a mul tidão circul avam fotografi as ele Eli án junto a uma imagem ele Nossa Senhora ele Fátima, com a frase: "Lembre-se de Elián. Vole em. Bush" 3 . Gore, ele seu lado, 1ueimou os seus últimos cartuchos nas pra ias em Mia111i Beach, em milionári a fes ta com arti stas de Holl ywood, que durou até o amanhecer cio di a ela eleição. "A Flórida - repetia Gore - é o local onde nascerá ofi111,11v '" 1 • De nad a ad iantou. A Prov idência Di vina , que tudo diri ge, dispôs por caminhos imprev isíveis que a minori a anticomunista cubano-a meri cana desequi li brasse a eleição, infligi nclo pesada derrota às esquerdas, como conseq üência ela entrega do 1

órfão abandonado ao regime comunista cubano. Esse fato nos traz à mente as palavras cio famoso dramaturgo francês Jean Racine, na peça Athalie: "Les ,vis clans le ciel 0111un juge sévere, I'inn.ocence un. vengew; et l'orphelin. un pere" 5 ("Os reis têm no Céu um juiz severo, a inocência um vingador, e o órfão um Pai").

De repente, a mídia descobre: "O rei está nu"... A contagem cios votos logo revelou defi ciências existentes no mecani smo eleitoral ela Flóricla. E quando o resultado se inclinou para o candidato conservador, tud o se passou como se um chefe ele orquestra anônimo tivesse gritado: " O rei eslá nu". E o IV Poder (como é conhecida a mídia), em peso, subitamente apresentou ao mundo o sistema democrático americano coberto ele chagas. E se pôs a rir dele. Da África até a Rúss ia, elas Filipin as ao Peru , a mídia recorreu aos mais sarcásti cos e demo!iclores comentários, perpassados de ironi as, contra o sistema que até há pouco muitos de seus órgãos incensavam. Ambos os candidatos apelaram à Justi ça para obter vantagens eleitora is. E a mes ma mídia passou a sublinhar a posição política dos juízes e apontar suas supostas cumpl icidacles partidárias. Depois de mais ele um mês ele processos e recursos judiciári os, até a Suprema Corte Federa l de Washington torn ou-se alvo ele suspeitas enxovalhantes e de críticas desmorali zadoras. Enquanto isso, nos altos páramos das fin anças um rumor alastrou-se com força persuasiva: o futuro ela América cio Norte será marcado pela dúv ida sobre a legitimi clacle do novo presidente; seu regime sofrerá uma cri se de confi ança e autoridade; poclen1 ocorrer a instabilidade institucional e monetária. Em última análi se, a prazo médio, previsão de estremecimentos e dramas numa potência até então firme e estável. Assim , as mesmas fo rças que outrora apresentavam o modelo norte-americano reful gente de moclernicl acle e efic iência passara m a foca li zá- lo co mo cad uco e empenharam-se em desacred itá-lo.

Abalado o modelo norte-americano, qual será o futuro? A grande nação do Norte, desde a sua origem, pôs em prática ele modo moderado os pseudo- ideais ela Revo lução Francesa de 1789. Usando seus fabulosos recursos materi ais, técnicos e humanos, e movida por uma mística polÍlico-missionária, encarregou-se ela ele combater no mundo civili zado os resquícios monárqui co-a ri stocráti cos da Civili zação Cristã, formada sob o influxo ela [greja Católica. A seu tempo, constituiu pois um poderoso fato r ela Revolução anticristã. Porém, esses mesmos pseudo-ideais de 1789 geraram pelo mundo afora o comunismo, e este, por sua vez, o caos. Nos Estados Unidos, porém, essas conseqüências perversas do processo revolucionário fizeram-se sentir apenas de modo muito brando, ou mes mo não se fi zeram sentir em muitos pontos. E o modelo americano a Revolução ele ontem - tornou-se como que um freio colossal às novas Revoluções de hoje. Embora muito minados por espantosa Revolução Cultural, os Estados Unidos constituem hoje um fator ele estabilidade política e econômica, ele vigência do Estado ele Direito e de garantia de liberclacles básicas no contexto mundial. As últimas eleições norte-americanas, com suas falhas e clebiliclacles, serviram de ocasião e ele pretexto para que as esquerdas cio mundo todo se lançassem contra o gigante cio Norte, na tentativa de abalar definitivamente o modelo capitalista baseado na propriedade privada e na livre iniciativa. Até Ficlel Castro, o fracassado ditador do Caribe, sentiu campo favorável para somar seu debique à chacota universal das esquerdas. Mas, se abalado tal modelo, o que preservará os últimos resíduos de ordem num mundo que há muito se afastou ela Lei ele Deus e cio ideal ela Civilização Cristã? Muita coisa está ainda para ocorrer, e a batalha eleitora l norte-a meri ca na ele 2000 parece ter sido apenas um prelúdio de acontecimentos bem maiores que se anunciam no hori zonte. Preparemos para ♦ eles nossas almas e nossa fé.

Notas: l. Agência l?euters, 11- 11 -2000. 2. "E \ Nuevo Heralcl" , Miami , 9- 11 -2000. 3. "The Hera \cl", Miami , 6- 11 -2000. 4. "E\ País", Macl ricl , 8- 11 -2000. 5. Atha/ie, Racine, act. 4, cena VII.

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Para esta edição comemorativa dos 50 anos de existência de Catolicismo, pareceu-nos oportuno apresentar um retrospecto sucinto dessas cinco décadas de luta em prol da Santa Igreja e da Civilização Cristã EosoN Na foto, D. Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de S. Paulo, tendo à sua esquerda Plínio Corrêa de Oliveira, por ocasião de uma visita que a equipe redatorial de "O Legionário" fez ao Prelado

ual era a situação do mundo às vésperas.do lançamento ele Catolicismo, em janeiro de 195 J? a não refeitos cio susto causado pelas destrui ções elas duas Guerras Mundiai s ( 19 141918 e 1939- 1945), os homens estava m preocupados com a reconstru ção material ela Europa. Entretanto, embevec idos com a riqu eza e o poderi o bélico que os Estados Unidos haviam demonstrado em ambos os co nflitos, pouco se preocupavam com a imensa devastação moral que essas guerras causaram. Impregnados até a med ula pelo ass im chamado Americcm way of life, que se disseminou por todo o mundo, espec ialmente através elas produções cinematográficas de Hollywood, os homen, ele então julgavam bonito ser otim istas, lev ianos e , uperficiais. ontrastava com essa I osição, no Brasi l, a j uventude ca tóli a, sobretu do raças à a1uação elas Congregações M arianas e cio socla lícios congênere para o setor fem inino, que contagiavam e rev igoravam com seu dinamismo e entusias mo as demais assoc iações reli gio as.

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Ocaso da Cristandade Tal contraste vinha se fazendo sentir já desde algum tempo. Assim o descreve o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em seu arti go J 7 Anos, pu blicado em "O Legionário" de 28 de maio de 1944: "Saturados ele ceticismo, ele latituclinari smo [hoje diríamos permissivismo ], de materi ali smo,

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N EVES DA S 1LV/\

deformados pelo linguaj ar baixo e deprimente ela imprensa, pelo espírito dissoluto cio teatro e do cinema, pelo ambiente de crassa trivialidade em que se desenvolvia a juventude, aspirávamos todos por um ideal mais alto. Não tínhamos dúvida sobre esse ideal. Era o Catolicismo, plenitude ele todos os ideais verd adeiros e nobres. N a atmosfera que respirávamos, duas circunstâncias nos afastavam desse idea l. "De um lado, os inimi gos declarados da Religião: maçons, espírita.-, protestantes, ateus. De outro lado, os barateaclore, · cio espírito cristão: semi cató licos, muito rezadores e.. . muito pecadores ; gente que cri a, mas não praticava; gente que ria neste do ma, mas que não cri a nle qu onservava, com um rótunaque le; lo ele cris tão, lodos o. sintomas cio comod ismo, li spli cn ia e indiferentismo cio espírito lo s cul . at li cos, enfim, para os quais a lgr ja era um farei que carregavam sem entuiasmo, um icl ai com o qual procuravam sofismar, um espírito que proc uravam de todos os modo. a omoda r com o ela época, a fim ele terem também a sua parte, lauta e confortável, no grand e festim ele Baltazar, que foram os últimos anos ela democracia liberal. .... "Estávamos no último lusco-fu sco de um ocaso ela ri tandade. Na reação que clareou os horizontes, havia implícitas duas reações: Uma contra o adversári os da Fé, que deveriam aprender, pela rij eza dos golpes que recebessem, que o campo não estava mais aberto sem reservas à sua insolênci a, sua afoiteza, seu

cínico desprezo do Cato licismo; outra contra os cató li cos ele meias medidas - católicos café com leite, era o termo da época - que, com o escâ ndal o ele sua tibi eza, in sinuavam por toda a parte a idéia ele que o Cato li cismo morria de inani ção". Tal era o espírito que norteava o grupo ele "O Legionário", então semanári o ofi cioso da Arquidiocese de São Paulo. M as quem se entrega à luta pela boa causa deve contar com reveses em seu ca minho. Conforme escreve Plínio Corrêa ele Oliveira no artigo citado, eles tinham sido "em toda linh a os homens ela Hi erarquia, cuj as prerrogativas defendemos com ardor estrênuo, contra as doutrinas que pretendem arranca r ao Epi scopado e ao Clero a direção do lai cato ca tólico ..... Lutamos pela doutrina da I greja contra os excessos torvos do nacionali smo estatolátrico que dominou a Europa; contra o naz ismo, o fascismo e todas as suas variantes; contra o libera li smo, o sociali smo, o comu ni smo e a fa mosa politique de la rnain tendue (política da mão estendida) .... N ão houve uma só inici ativa católica genuín a que não tivesse todo o nosso entusiástico apoio". Para os inimigos ela I greja, estava claro que o combate em campo raso e aberto não os favorec ia. Falaciosamente impul sionaram en tão mov imentos afins com o nazi mo e o fascismo, para atra ir e desviar os católicos combativos. E simultanea mente instil ara m, dentro da Ação Católi ca, idéias, iniciativas e tendências sorri dentemente liberais, modernas e progressistas. Em 1943, Plínio Corrêa de Oliveira detectara e denunciara a penetração velada cios pri mei ros germ es cio esq uerdi smo cató li co no Brasil, ao lança r o livro Em. defesa da Ação Católica. Abriu ass im os olhos cios cató licos que não compreendi am o fato ele ecles iásticos adotarem idéias opostas à doutrina tradicional ela i greja, como era o caso dos ditos progressistas. M as, com isto, ele e o Grupo do Legionário entravam em rota ele co li são direta contra o progressismo nascente (oriundo cio modernismo condenado por São Pio X). E m fin s de 1947, "O Legionário" passava para outras mãos. Uma noite ele pesado ostrac ismo baixou durante três anos sobre os remane ce nte apenas nove - do ex-grupo de " O Leg ionári o": Plíni o Corrêa de Oliveira e seus amigos . O mais velho tinha 39 anos, e o mais novo, apenas 22. Entretanto, esse abandono e olvido qu e os envolveu não dispersou o pequeno grupo.

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1'1Jtl!Q COlllltA l,IE OIJVORA

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Para premiar este sacrifício, previsto e aceito ele antemão, em fin s ele 1949 a Providência Divina fez com que um seleto grupo de congregados marian os cio Colégio São Lui z, em São Paulo, procurasse o Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira e ped isse que os aceitasse em seu meio. Apesar ela detração progressista, haveriam de perseverar, ao longo ele múltiplas e duras lides. Era a boa causa que recomeçava sua expansão. Dentre esses elementos destacou-se um rapaz que seguiu a nobre trilha cio sacerd óc io. Referimo-n os ao hoje Cônego José Lui z M arinh o Vill ac , valoroso amigo a quem muito elevemos, e que atualmente esc reve para Catolicismo uma das páginas mais querid as cios leitores: A palavra do sacerdote. St:ALGUF.M

Fundação de Catolicismo Catolicismo é fund ado em janeiro de 1951 . Nasce no fragor ele uma bata lha, dentro de uma guerra sem tréguas contra os inimi gos velados ou declarados da Santa Igrej a e ela Civi li zação Cristã. Ed itado ini cialmente sob a égide de D. Antônio ele Castro M ayer, então bispo ele Campos- RJ , tinha como diretor o Pe. Antônio Ribeiro cio Rosári o. Por delegação de ambos, o trabalho ele redação fi cou aos cuidados cio grupo de Plínio Corrêa de Oliveira, e era realizado em São Paulo, desde o início, pelo saudoso Dr. José Carl os Castilho ele Andrade, auxiliado por uma pequena equipe. O Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira, além ele colaborador in~ubst ituível, era o sustentáculo, o inspirador e ori entador cios que trabalhavam no j orn al. Seus artigos davam a clave de Catolicismo. Em sua seção - não ass inada - Ambientes, Costumes, Civilizações, por meio ela análi se de quadros, pinturas, fotografias, desenhos, trajes, esculturas etc., punha em relevo os valores da Civili zação Cristã e fu stigava, por via ele contraste, os desatinos da "ci-

C ATO LIC ISMO

TIVf:SSI:

UMASÚBIH PERTURBAÇÃO NOS 01.1/0S, NOS Nl:Rl'OS OU NA Mt:NIL.

Em "Ambientes, Costumes, Civilizações" eram fustigados os desatinos da "civilização" neopagã

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vilização" neopagã, cuja implantação atinge o auge em nossos dias. Dentre os demais colaboradores cumpre destacar o Prof. Fernando Furquim de Almeida, de cuja autoria era a seção Os católicos franceses do século XIX - que mais tarde passou a intitular-se Calicem Domini biberunt - destinada a realçar a perpétua luta dos católicos fiéis contra a infiltração da heresia, ao longo da História bimilenar da Igreja. A seção Nova et Vetera competia ao polemista Dr. José de Azeredo Santos, a cuja pena férti l Catolicismo deveu também artigos sobre os mais variados temas, publicados sob o pseudônimo de Cunha Alvarenga ou C. A. de Araújo Viana. O agente geral da publicação era o Prof. Antônio Ablas Filho, conceituado médico e líder católico radicado em Santos (SP), cuja amizade com o grupo de Plínio se estreitava ainda mais com essa sua preciosa colaboração para Catolicismo, que só cessou em 1960, quando veio a fa lecer. Catolicismo destinava-se ao público católico em geral. Tinha como objetivo alertar e estimular esse mesmo público na luta contra os fatores de deterioração religiosa, moral e cultural do neopaganismo contemporâneo. E principalmente promover uma salutar reação contra o

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Revolução e Contra-Revolução proporcionou o embasamento doutrinário e histórico para a fundação da TFP

progressismo e o esquerdismo católico. Desde que o mensário foi lançado, os membros do grupo, constituindo um só todo até então con hecido como grupo do Plinio, começaram a ser chamados também, por amigos e adversários, de grupo de Catolicismo.

A Cruzada do Século XX

es se er foi o o brado de alerta no País contra a Reforma Agrária a e confiscatória

Depois de ter sua atuação antiprogressista legitimada pela carta de Pio XII (26 de fevereiro de 1949), de louvor ao livro Em defesa da Ação Católica, fo i possível retomar, nas páginas de Catolicismo, as lutas de "O Legionário". Nessas circunstâncias, Catolicismo logo se tornaria o mais importante jornal antiprogressista e de oposição ao esquerdismo católico no Brasil. Para o primeiro número, Plínio Corrêa de Oliveira escreveu o artigo programático inti tulado A Cruzada do Século XX, cujos princi pais tópicos são reproduzidos nesta edição. Alguns trabalhos de Plínio Corrêa de O liveira, Catolicismo teve a honra de publicá-! s na íntegra em primeira mão.

Revolução e Contra-Revolução Antes de findar a primeira déca la de sua 18

eATOLIeISMO

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existência, Catolicismo chegava ao seu centésimo número (abril de 1959). Um feito cronológico, que seria marcado por um feito ideológico da maior importância: sai a lume em suas páginas Revolução e Contra-Revolução - a RCR, como é mencionada abreviadamente na TFP essa obra-, que logo se tornou o livro de cabeceira dos componentes do grupo de Catolicismo. Assim, a publicação desse ensaio de Plínio Corrêa de Oliveira fundamentava a própria fisionomia do grupo, proporcionando o embasamento doutrinário e histórico para a fundação, pouco depois (26 de julho de l 960), da Sociedade Brasileira de Defesa

da Tradição, Família e Propriedade - TFP. Esse ensaio teve o mérito também de apresentar ao público uma definição dos traços essenciais do ideal que movia Catolicismo, uma exposição metódica e abrangente da luta que travava, uma enumeração dos fins que desejava alcançar e dos métodos que para tal empregava. Nele, o adversário era claramente apontado: a Revolução, ou seja, o processo já várias vezes secu lar que vem minando o edifício outrora magnífico da Cristandade, a qual tivera seu apogeu na Idade Média.

Reforma Agrária - Questão de Consciência Nenhum regime comunista ou de caráter socializante estabelece raízes em um país, se não conseguir estender seu domínio à estrutura agrária. Por isso, uma de sua metas prioritárias é sempre o confisco de todas - ou quase todas - as terras particul ares. Vale dizer, é preciso faze r a Reforrna Agrária. No Brasil especia lme nte - Nação agrícola por excelência, cuja grandeza se iniciara pela ação dos desbravadores e colonizadores, e fora se afirmando poste ri ormente com a produtividade ela grand s fazendas - a estrutura agrária era um obstác ul o quase intransponível para os que qu ri am a todo preço a socialização do País. M sm a frag mentação orgânica das propricclacles, que com o tempo veio desenhando um mosa ico equilibrado de grandes, médias e peque nas unidades agrícolas, não servia aos desíg nios social istas. O desejo febril ele impor no campo o igua1itari s mo radica l, deduzido de suas teorias marxistas ou outras, levava-os a desejar com impaciência uma Reforma Agrária que quebrasse essa estrutura tradicional baseada na propriedade privada. Estrutura essa herdada de nossos maiores, sob o bafejo sagrado da Santa

Igreja Católica, ainda que dentro dela estes ou aqueles abusos pudessem ter-se produzido. Termos como " latifúndio", "estrutura feudal" e outros foram devidamente trabalhados pela propaganda agro-reformista, na tentativa de criar na opinião pública uma antipatia para com a situação tradicional do campo brasileiro. Explorou-se artificialmente também a necessidade ele atender o agricultor pobre, prometendo-lhe mundos e fundos que jamais se concretizaram. Tal quebra de uma estrutura agrária baseada na propriedade privada e na livre iniciativa foi em larguíssima medida - embora ele modo não inteiramente confessado - o intuito das esquerdas ao jogar o Brasil na aventura da Reforma Agrária sociali sta e confiscatória. O primeiro intento ele lançar o País nessa via, por incrível que pareça, partiu de uma parcela do Episcopado brasileiro, que em seguida se revelaria um cios mais ferrenhos propugnadores ela Reforma Agrária. Em 1950, a ala agro-reformi sta do Episcopado tentou aprovar um documento red igido pelo Bispo D. Inocêncio Engelke, o qual pleiteava o apoio de seus colegas, sob a alegação de que "conosco,

sem nós, ou contra nós se fará a refonna agrária" (cfr. "O Globo", 18-10-00). D. Hélder Câmara, então Bispo-Auxiliar cio Rio ele Janeiro, enviou uma circu lar reservada a todos os bispos, propondo esse texto como projeto de Pastoral Coletiva do Episcopado Nacional. Como a iniciativa desagradou um grande número de Bispos, foi posta sumariamente de lado . Nos ambientes que viriam depois a constitui r o grupo ele Catolicismo , e la ficou conhecida como a natimorta. A fundamental atuação exercida nesse lance pelo Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira, para preservar o Brasil dessa primeira ameaça agro-reformista, foi narrada na entrevista concedida pelo Dr. Plínio V. Xavier da Si lveira à nossa revista (outubro/2000) . Em 1960, os ensaios de Reforma Agrária ressurgiram com ímpeto. Atento a e les, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira escreveu o liv ro Re-

forma Agrária -

Questão de Consciência,

para o qual contou com a colaboração ele dois Bispos então amigos, D. Antonio ele Castro Mayer, Bispo de Campos, e D . Gera ldo ele Proença Sigaud, Bispo ele Jacarezinho (promovido a Arcebispo de Diamantina logo após a primeira edição), e cio economista Luiz Mendonça ele Freitas. Quando cio lançamento do liv ro, discutiase na Assembléia Legislativa do Estado de

São Paulo um projeto de Revisão Agrária que continha em seu bojo muitas elas teses socialistas, o que contribuiu para a grande repercussão da obra. No dia 5 ele dezembro ele J 960, D. Hélder Câmara reuniu-se com o Episcopado paulista, a fim ele levá-lo a dar apoio público ao projeto de Revisão Agrária. Tornava-se assim manifesta a divisão nos meios católicos em relação ao tema. Catolicismo deu ampla cobertura aos acontecimentos, lançando-se assim na longa campanha - que já dura 40 anos - ele esclarecimento do público brasileiro sobre os malefícios ela Reforma Agrária socialista e confiscatória, a qual arruína a produção agropecuá ri a e prejudica a todos, inclusive e principalmente aos seus pretensos beneficiários , os hoje chamados sem-terra. Com efeito, é geral oreconhecimento, para quem acompanha o assunto, ele que a Reforma Agrária produz a fave li zação cio campo e não resolve a situação do trabalhador rural. Particular destaque merece o apoio que Catolicismo deu ao combate ela TFP contra a agitação rural, promovida principalmente pelo Movimento dos Trabalhadores Sem -Terra (MST), que está levando o País a uma situação pré-revolucionária, de semelhanças evidentes com o que hoje se passa em uma querida nação-irmã, a Colômbia.

A liberdade da Igreja no Estado comunista Publicado originariamente em Catolicismo (agosto ele 1963), o livro A liberdade da Igreja no Estado comunista, também ele autoria ele Plínio Corrêa ele Oliveira, foi distribuído aos 2.200 Padres Conciliares, bem como aos jornalistas do mundo inteiro que cobriam o Concílio Vaticano II. Para melhor explicitar o seu conteúdo, o autor houve por bem mudarlhe o título, em edições posteriores, para Acor-

Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição? denunciou o falacioso espírito colaboracionista do comunismo, no sentido de anestesiar os católicos

do com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição? A obra foi elogiada e recomendada em carta ela Sagrada Congregação dos Seminários e U niversiclacles, como "eco fidelíssimo dos documentos do Si.1premo Magistério da Igreja". Nela, o autor denunciava o falacioso espírito colaboracionista do comunismo, que levava os católicos a abandonarem seu combate aos regimes marxistas. 213 padres conci li ares pediram ao Concíli o a condenação cio comunismo. Catolicismo teve a honra e a alegria ele ser a primeira pu-

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bl icação cio mundo a estampar a tradução cio '' te xto integra l dessa pe ti ção.

Diálogo Em outubro ele 1. 965, a pa rece nas pág inas ele Catolicismo Baldeação ideológica inad vertida e diálogo. Esse no vo livro cio Prof. Plini o Co rrêa ele Olive ira descreve o processo sutil pe lo qu a l, através cio di álogo pacifi sta, muitos ca tó licos tran sform am-se inadve rtidame nte e m co muni stas. Um a g rande po lê mica - que se este nde u a lé m Cortina de Ferro - tra vo u-se e m to rn o elas du as últimas o bras c itadas : ele um lado, o Prof. P líni o Corrêa ele Olive ira e Catolicismo ; ele o utro, inte lectu a is e urope us, e ntre os quai s o Sr. Z. C zajkowski , me mbro destacado cio movime nto "católico" -comuni sta Pax, ela Po lônia . Interviera m ta mbé m na po lê mica as conhec idas revi stas fran cesas " L' Ho mme No uvea u" (favo rá ve l ao auto r) e "Té mo ig nage Chréti e n" (co ntrária) .

A crise pós-conciliar Baldeação ideológica inadvertida e diálogo descreve a tática de transforma r inadvertidamente católicos em comunistas

reviu, censão overno Chile

Cató licos mi litantes e inabaláve is e m suas convicções, o corpo ele colaboradores de Catolicismo a inda testemunharia, na dor, uma das épocas ma is trágicas e terríve is ela História ela Ig reja. Sobre e la, Paulo VI afirm ou e m sua Alocução Resistitefortes in .fide, ele 29 de junho ele 1972: "Referindo-se à situação d a Ig reja de hoj e, o Sa nto Padre a firma te r a sensação de que ' po r alg um a fi ssura te nha e ntrado a fumaça de Sata nás no te mp lo ele De us'. Há a dúv ida, a in ce rteza, o comp lexo cios pro bl e mas, a inqu ietação, a insati sfação, o co nfro nto . .... "Ta mbé m na Ig rej a re ina este estado ele i nce rteza. Ac reditava-se que, de po is cio Concílio, viri a um di a e nso larado para a Hi stóri a da I g rej a. Ve io, pe lo contrári o, um di a c he io de nuve ns, de te mpestade, de escuridão, d e indagação, ele incerteza ..... "Como aconteceu isto? O Papa confi a aos presentes um pe nsame nto seu: o de que te nha havido a interve nção de um pode r adve rso. O seu no me é diabo, este mi sterioso ser a que ta mbé m a lude São Pedro e m sua E písto la [que o Pontífice come nta na A locução]. Tantas vezes, por o utro lado, retorn a no E vangelho, nos próprios lábios de C risto, a menção a este inim igo dos ho mens" (/nsegnamenti di Paolo VI, Tipografi a Polig lotta Vaticana, vol. X , pp. 707-709).

Frei, o Kerensky chileno E m junho ele 1967 , nas p;1ginas desta revi sta, pela prime ira vez a etiqueta te rríve l de Ke-

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rensky fo i co lada e m Edu ardo Fre i (então pres ide nte cio C hile), de tri ste me mória, pe la ági l pena de Fábio Vicligal Xavier da Silveira. O texto previ a que a po lítica desse prócer esque rdi sta pre parava a ascensão de um gove rn o marx ista no C hi le, o que de fa to ocorre u com A lle nde. E, e m 1970, cumprido o va ti c ínio, Catolicismo reed itou e m suas páginas o livro Frei, o Kerensky chileno, clifuncliclo ade ma is pe la TFP nas ruas e praças púb licas ele todo o Pa ís.

O estudo do Prof Plínio Corrêa de Oliveira contra o socialismo autogestionário foi publicado nos maiores órgã os de imprensa de países de vários continentes

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O IDO-C e os

"Grupos proféticos"

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Em 196 9, edi ção es pec ia l ele Catolicismo de nunc ia à o pini ão púb lica o rgani s mos internacio na is semi c landestinos que promo vi a m a revo lução comuno-progress ista na Igrej a. Em 70 di as, 165 mil exemplares fo ram difundid os e m 514 c idades. Pe la prime ira vez a capa rubra ideali zada pelo Prof. P línio Corrêa de O live ira - e que logo se tornari a um símbolo da TFP - foi utili zada pe los sóc ios e cooperado res, como o rig ina l recurso ele propaga nda.

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Prof. Plinio Corrêa de O live ira - as TFPs cio mundo todo declaram-se e m "estado de resistência" face à Ostpolitik vaticana. Dos múltipl os predicados que di sting ue m essa decl aração, um há qu e esta revi sta desej a es pec ia lme nte assi na lar: é a profunda fi de lidade ao Sumo Pontífice, mantida inq ue bra ntáve l e ex ími a mes mo e m c irc un stâ nc ias tão difíce is como a ele res istir à o ri e ntação ela diplo macia vati cana face aos pa íses comuni stas .

Noite sandinista

I nício ela campanha contra o IDO-C e grupos proféticos, na praça cio Patriarca, em São Paulo, 110 ano ele 1969

"Ostpolitik" vaticana 1974 ten'í s ido qui çá o a no elas publicações ma is impo rta ntes e graves ela ex istê nc ia d e Catolicismo . Re lacio na re mos ape nas do is títulos, para que o le ito r possa te r um a noção da seri edade elas maté ri as: • Pa ulo Vl recebe pela prime ira vez um c ha ncele r ele país comuni sta. M o ns. Agos tino Casaro li , e ncarregado ela Ostpolitik ele Paulo VI, é convidado a vis ita r a Po lônia. Plinio Corrêa de O li ve ira comenta os fa tos no artigo O século de Paulo VI (Catolicismo, n.º278, março de 1974).

• A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitirse? ou resistir? (Catolicismo , n.º280, de ma io ele 1974). Com esse docume nto -

ela lavra cio

Numa tri ste no ite, na ca pita l paulista, no conhecido teatro ela Unive rs idade Cató li ca, o TU C A , Catolicismo lá esta va para registra r uma sombri a rea lidade : e ncontrava m-se re unidos Fre i Betto (o do m ini cano e nvo lvido co m a subversão ele Mari g he la) e importa ntes fi g uras ele uma Junta de G ove rn o Revo luc io nári a: o comand ante Ortega e o Pe. D ' Escoto, ex poe ntes da Revo lução ni carag üe nse. Público fre né ti co, punhos erguidos e fre iras ele mini -há bito. Compõem a mesa, co mo conv idados de ho nra, diri gentes comuni stas da Nic arág ua e o me nc io nado F re i Be tto; no clíma x d a no ite, D . Ped ro Casalclá liga, Bi spo ele São Fé lix cio Arag ua ia, recebe e veste um unifo rme de gue rril he iro sandinista (marxista), e m me io a apla usos, g ritos e asso bi os ele uma platé ia e m delíri o. À saída, uma jo ve m vendi a pôsteres co lo ridos de C he Guevara. A re po rt age m- bo mba d a í res u lta nte fo i publicada po r Catolicismo ( n.0 355-356, julho-agosto ele 1980) e clifu nclicla e m todo o País pe la TFP. Re prod uzida ta mbé m na Es pa nha e e m qu atro países d a Amé rica Latina, re pe rc utiu até na Ilh a ele Malta.

Socialismo autogestionário: uma esperança frustrada da Revolução Em 198 1, os re vo luc io ná ri os el e to do o mu ndo a i vo roçaram-se com a espe rança de q ue a última gra nde e ta pa d a impl a ntação do so c ia li smo marxi sta po r fim pudesse ocorre r. De aco rd o co m a uto pi a ele Ma rx , à med ida que o arnadurecim.ento do comuni smo se desse numa socied ade, as instituições que compõe m o Estado pode ria m min g ua r o u até desapa recer, dando luga r à mais perfe ita das "de mocrac ias", e m q ue tudo fosse ge rido po r todos: seri a o socialismo autogestion.ário. Desde a auto ridade na fa míli a até a d o pró pri o gove rn o ela nação, passa ndo pe la da escola e a ela e mpresa, deve ri am di sso lver-se na autogestão. A ascensão cio Partido Soc ia lista na França, com Fra nço is Mitterrancl , de u g rande a le nto à es perança ele rea li zação dessa uto pia. As 13 TFPs e ntão e xiste ntes desenvo lvera m o ma is a mpl o esforço publicitári o, divu lga ndo um estudo cio Prof. P lí nio Corrêa ele Olive ira intitu lado O socialismo autogestioná-

rio: em vista do comunismo, barreira ou cabeça de pon.le? - Mensagem das TFPs. Catolicismo se associ o u a ta l esfo rço pub licitári o, re produ z indo-o integralme nte na edi ção espec ia l ele j a n/fev/ 1982 (nº' 373-374) e tra nsmitindo as re pe rc ussões desse docume nto no â mbito inte rnaciona l, repe rc ussões estas que ampli a ram a proj eção intern aciona l das TFPs.

conúbio do progre com o marxismo, uma assembléia r em São Paulo

Projeto de Constituição angustia o País E stávamos e m pleno processo de abe rtura po líti ca no Brasil, e P lín io Corrêa de O live ira não se o mitiu: escreve u o livro Proj eto de Constituição angustia o País, que Catolicismo es tampou e m edição especia l. Um e xe mpla r ela revi sta foi oferec ido a cada constituinte, aco mpa nhad o de carta do a utor. Durante 19 di as de ca mpa nha na Grande São Pa ul o, a T FP difundiu uma médi a- recorde de ma is ele mi l exe mp lares diá rios. Segundo impo rtante ó rgão ele impre nsa, a o bra de Plini o Corrêa de Ol iveira foi um cios do is I ivros ma i§ vendidos cio a no de 1988, e m São Pa ul o e no Rio. O o utro: Perestroika, ele Mikh a il Go rbac he v.

Nessa Edição Extra de Catolicismo o fundador da TFP refuta os erros contidos no projeto da atual Constituição brasileira

Cortina de Ferro: dissolução prevista com quase duas décadas de antecedência Come ntando decl a rações fe itas pe lo comuni sta ita lian o Gi o rg io Amê nclo la, do Coe

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, mitê Central do PCI, assim se ex primia o Prof.

Plínio Corrêa de Olive ira, e m Catolicismo de nove mbro-dezembro de J971 : "Espera e ntão Amêndola que a Europa Oc ide ntal, diri g ida pe los governos nascidos dessas e leições, possa acelerar muito a formação dos Estados Uni dos da Europa e ina ug urar um siste ma de segura nça coletivo que supere a Cortina de Ferro. O que implica ria - comento e u - e m ex pul sar do continente os norte-ame ri canos, acabar com a Cortina de Ferro e fundir as forças da Europa O c ide nta l e Oriental num só todo." Cabe lembrar que a queda da Cortina de Ferro foi o aco ntec ime nto apresentado pe la mídia do mundo inteiro como completame nte ines perado, uma das grandes s urpresas de 1989, o que ressalta o ace rto dessa prev isão. Sem falar que j á estão em c urso atualme nte providê nc ias no sentido de incluir os países ex-comuni stas do Leste e urope u na Com unidade Européia, uma espécie de e mbri ão sociali sta dos Estados Unidos da E uropa.

Pela libertação da Lituânia ...

O Presidente da Lituânia, Sr. Vytautas Landsbergis, agradece ao correspondente de Catolicismo em Paris o oferecimento de um exemplar da revista

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Em 1990 , as TFPs desenvolveram outra campanha de alcance internacional , promove ndo um colossal abaixo-assinado que a ngariou 5 .218 .520 assinaturas, em 26 países, pela libe rtação da Lituânia das garras do comuni smo. Ta mbé m nessa ocasião, Catolicismo deu ampla co be rtura publicitária ao aco ntec ime nto Ua ne iro de 199 1). E m 1993, o Cuinness BookoJRecords incluiu sse aba ixo-as inado - que represento u um duro go lpe à e nganosa política da Perestroika, do líde r sov iético Mi chai I Gorbachev - como o maior até e ntão realizado em todo o mundo.

Sentido contra-revolucionário dos artigos de Catolicismo Co mo e nsinou o Prof. Plí nio Corrêa de Oliveira na primeira parte de Revolução e Contra- Revolução, su a obra-mestra, a Revolução é universal, una, total, domi nante e process iva. Assim, os artigos de Catolicismo têm proc urado abarcar esse ava nço onímodo da Revo lução, em todas as fren tes. Desde uma questão na aparência minú scula (mas importante),

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como o projeto de desarmamento dos c idadãos de bem (não há projeto para tirar as armas dos bandidos ... ), até os grandes temas rel acionados com o respeito à vida humana, como o direito dos nasc ituros e dos moribundos (combate ao abo rto e à e utanásia), passa ndo pela defesa da família, célula bás ica da sociedade (combate à TV imora l, ao divórcio, à uni ão c ivil e ntre pessoas do mesmo sexo etc .). Isto sem menci o nar os grandes temas espirituais e ecles io lógicos (cri se da fé e cri se da Igreja), recorre ntes nas páginas de Catolicismo. Além de denunc ia r as manobras da Revolução e o ava nço o nímodo do processo revolucion ário, Catolicismo , tornando-se o portavoz da TFP brasileira, a partir de 1982, constituiu-se num importante fator da Contra-Revolução - esforço oposto à Revo lução, que visa cortar-lhe o caminho no presente . Como se poderia conce ituar tal esforço? "Se a Revolução é a desordem, a ContraRevolução é a restauração da Ordem", explica o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. E ac rescenta: "E por Ordem entendemos a paz de

Cristo no reino de Cristo. Ou seja, a Civilização Cristã, austera, hierárquica, fundam entalmente sacral, antiigu.alitária e anti-liberal" (Revolução e Contra-Revolução, Cap. 11, J ).

Fátima e o Imaculado Coração de Maria E mbora Catolicismo não seja um a publicação especificame nte mariana, talvez ne nhuma o utra no Bras i I co loq ue Nossa Senhora tão no centro d uas co ncepções. Não há ed ição de nossa revi sta e m que E la não seja me nc io nada co m ve ne ração e amor vá ri as veze , de fo rm a que não há exagero e m afi rmar qu e e la é uma publicação fundamentalm.ente marial. Suas páginas "respiram Maria, como o corpo respira o ar ", segundo a bela expressão de São Luís Mari a Gri g ni o n de M ontfo rt (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virg em, n.º 217). Neste particular, Catolicismo de u sempre grande divulgação aos acontecime ntos de Fátima, e e nche ríamos páginas e pág in as ape nas citando os artigos que trataram do a sun to nestes 50 anos. A propósito, o que dá a le nto a todos os colaborado res d Catolicismo é a esperança - após a derrota da Rev lução - da implantação do Reino do Im acu lado oração de Mari a, profeti zado I or ão Luís Grig nion e confirmado p las pror ·ias d Fátim a. Este é sentido último de no sa Cruzada. ♦

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fjl~JJ J iJB Catolicismo, nestes 50 anos de existência ininterrupta, de luta incruenta, legal e destemida em defesa da Civilização Cristã, como um cruzado do século XX, combateu incansavelmente os adversários da Santa Igreja e da Cristandade, como outrora o fizeram os cruzados pela reconquista do Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesta aurora de novo século e milênio, sob a proteção da Santíssima Virgem, Catolicismo continua inabalável no mesmo combate, ocupando indiscutível posição de destaque na imprensa católica.

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Godofredo de Bouillon comandou a Primeira Cruzada, tomou Jerusalém e conquistou o Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo


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a Jdade,Média, os cru zados derra mara m seu , angue para libertar das mãos dos in fié is o Sepulcro de N. S. Jesus C risto, e insti tuir um Reino C ristão na Terra Santa . .... Mas o que é o Re ino de Cri sto, idea l supre mo dos cató li cos, e , po is, meta constante desta fo lha? É o que procuramos definir na enumeração de princ ípi os, marco luminar de nossa atividade.

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O Reino de Cristo

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O Reinado de Deus, em estado germinativo na Terra Deus deve ser adorado e servido sobretudo em espírito e em verdade (Jo 4, 25). Assim, cumpre que sejamos puros, justos, fo1tes, bons, no mais íntimo de nossa alma. Mas se nossa alma é boa, todas as nossas ações o devem ser necessariamente, pois que a árvore boa não pode produzir senão bons frutos (Mt 7, 17- 18). Assim, é absolutamente necessário, para que conquistemos o Céu, não só que em nosso interior amemos o bem e detestemos o mal, mas que por nossas ações pratiquemos o bem e evitemos o mal. Mas a vida terrena é mais do que o caminho da eterna bem-ave nturança. O que fa re mos no Céu? Conte mplaremos De us face a face, à lu z da g lória, que é a perfe ição da graça, e O amare mos inte iran,ente e sem fim. Ora, o homem j á goza da vida sobrenatural nesta Ter ra, pe lo Bati smo. A Fé é uma semente da visão beatífi ca. O amor de De us, que e le pratica crescendo na virtude e ev itando o mal, j á é o próprio amor sobrenatura l com que e le adorará a Deus no Céu. O Re ino de Deus se rea li za na sua ple nitude no outro mundo. Mas para todos nós ele começa a se rea li zar em estado germinativo já neste mundo. Tal como em um nov iciado j á se pratica a vida relig iosa, embora em estado preparatório; e em uma esco la militar um j ove m se prepara para o Exército, ... vi vendo a própri a vida militar.

A Igreja Cató lica fo i fund ada por N. S. Jesus C risto para perpetuar entre os home ns os benefíc ios da Redenção. Sua fina lidade se identifica, po is, com a da própri a Redenção: ex pi ar os pecados dos homens pelos méritos infi nitamente prec iosos do Homem-Deus; restituir assim a Deus a g lóri a extrín seca que o pecado Lhe hav ia roubado; e abrir aos ho mens as portas do Céu. Esta fi na lidade se realiza toda no plano sobrenatural, e com ordem à vida eterna. Ela transcende abso lutamente tudo q uanto é meramente natural, terreno, perecível. Foi o que N. S. Jesus C ri sto afirm ou, quando di sse a Pôncio Pil atos "meu Reino não é deste mundo " (Jo 18, 36). A vida terrena se dife renc ia assim , e profund amente, da vida eterna. Mas estas duas vidas não constituem do is pl anos absolutamente isolados um do outro . Há nos des íg ni os da Providê ncia uma relação íntima entre a vida terrena e a vida eterna. A vida terrena é o camiReinado de Cristo nho, a vida eterna é o fi m. O Re ino de sobre as almas C ri sto não é deste mundo, mas é neste E a Santa Igrej a Cató li ca j,1 é neste mundo que está o ca minho pe lo qu al · mundo uma imagem, e mais cio que isto, chegaremos até e le. uma verdade ira antecipação do Céu. Ass im co mo a Esco la Militar é o caminho para a carreira das armas, ou o Por islo, Ludo quanto os SanLos Evannovic iado é o caminho para o de fini tivo ge lhos nos di zem do Re in o dos Céus ingresso numa Ordem Re lig iosa, ass im pode com loda a propriedade e cxalidão a Terra é o caminho para o Céu . .. .. A vida terrena é, pois, um noviciado À direita: imagem do Belo Cristo da Catedral de Amiens (França). em que preparamos nossa alma para seu A majestade régia dessa famosa verdadeiro destino, gue é ver a Deus face escultura gótica reflete bem a figura de nosso Redentor enquanto Rei. a face, e amá-Lo por toda a eternidade . ....

:PLINlO Cormt A DE ÜUVEIRA

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ser apli cado à Igrej a Cató lica, à Fé que e la nos e nsina, a cada uma das virtudes que e la nos inculca. É este o sentido da festa de C ri sto Re i. Re i Celeste antes ele tudo. Mas Re i cuj o governo j á se exerce neste mundo. É Re i quem possui de direito a autoridade suprema e plena. O Re i legisla, di rige e julga. Sua realeza se torna efetiva quando os súditos reconhecem seu, d ireitos e obedecem às suas le is. Ora, Jesus Cri sto possui sobre nós todos os di reitos. Ele pro mulgou leis, dirige o mun do e julgará os homens. Cabe-nos tornar efeti vo o Re ino de Cristo obedecendo às suas le is ..... Pode-se d izer, pois, que o Reino de Cristo se torna efeti vo na terra, individual e social, quando os homens no íntimo de sua alma como em suas ações, e as sociedades em suas instituições, leis, costumes, mani festações cul turais e artísticas, se conformam com a Lei de Cri sto. Por mais concreta, brilhante e tangível que seja a realidade terrena do Re ino de C ri sto - no séc ul o X I II , po r exemplo - é preciso não esquecer que este Re ino não é senão preparação e

Estátua de São L11is IX, Rei de Fra nça Igreja de São Luis d'Antin, séc. XVIII (Paris). Nessa escultura o soberano fran cês porta a coroa de espinhos que ele trouxe do Oriente.

proê mio. Na sua plenitude, o Reino de Deus se rea li zará no Céu: "O meu Reino não é deste mundo .. ." (Jo 18, 36).

A perfeição cristã O E vange lho nos aponta um idea l de perfe ição: "Sede pe1/ eitos como vosso Pai celeste é pe1feito " (Mt 5, 48). Este conselho que nos fo i dado por N. S. Jesus Cristo, Ele mesmo nos ensina a realizá- lo. Com efeito, Jes us C ri sto é a seme lhança abso luta da perfeição do Pai Ce leste; o modelo supremo que todos deve mos imitar. N. S. Jesus Cri sto, suas virtudes, seus ensiname ntos, suas ações, são o ideal definid o da perfeição, para o qual o home m deve tender. As regras desta perfe ição se encontra m na Le i de Deus, que N. S. Jesus Cristo "não veio aboli,; mas completar" (Mt 5, 17), nos preceitos e co nselhos evangélicos. E para que o homem não caísse em erro no interpreta r os mandame ntos e os conselhos, N . S. Jesus Cristo in stituiu uma lgrej a in fa líve l, que te m o amparo d ivin o para nunca errar e m matéri a de Fé e moral. A fid e lidade de pensa me nto e ele ações em re lação ao Magistéri o da lgrej a é pois o modo pe lo qua l todos os homens podem conhecer e praticar o ideal de perfe ição que é N .S. Jesus C ri sto. Fo i o que fi zeram os Santos. Prati cando de modo heró ico as virludes que

a Igrej a e nsina, rea lizaram a imitação perfe ita de N.S. Jesus Cri sto e do Pai Celeste. É tão verdadeiro que os Santos chegaram à mais alta pe rfe ição moral, que os própri os inimigos ela ígreja, quando não os cega a impiedade, o proclamam. De São L uís, Re i da França, por exemplo, escreveu Vo ltaire: "Não é possível ao homem levar mais longe a virtude". O mes mo se poderi a di zer de todos os Santos ... .. Em conseqüência do pecado ori ginal, fi cou o homem com pro pensão de prati car ações contrárias à sua natureza retame nte entendida. Ass im, fi cou sujeito ao erro no terreno ela in teligênc ia, e ao mal no campo da vontade. Ta l prope nsão é tão acentuada, que, sem o auxíli o da graça, não seri a poss íve l aos homens conhecer nem praticar, durave lmente e e m sua tota lidade, os preceitos da ordem natu ra l. Revelandoos no alto do Si.nai, insti tuindo na Nova Ali ança uma [greja destinada a protegêlos contra os sofi smas e as tran sgressões do ho mem, e os Sac rame ntos e outros me ios de piedade destinados a fo rtalecê-lo com a graça, re medi ou esta insufi c iênc ia do homem. A graça é um aux íli o sobrenatural , destinado a robustecer a inteligênc ia e a vontade do homem para lhe permitir a prática da perfeição. De us não recusa a graça a ningué m. A perfe ição é, pois, acessível a todos.

A Civilização Cristã - a cultura cristã Civilização é o estado de uma sociedade humana que pos ui uma cultu ra, e que cri ou, seg undo os princípi os bás icos desta cultura, todo um conjunto de costumes, de leis, de in sti tui ções, de siste mas literári os e artísti cos própri os. Uma c ivili zação será católica se fo r a resultante fi e l de um a cultura católica, e se, pois, o espírito da [grej a fo r o próprio princípio normativo e vital de seus costume , leis, institui ções e siste mas literários e artísticos. Se Jesus Cristo é o verdadeiro ideal de perfe ição de todos os homens, uma sociedade que aplique todas as Suas leis tem de ser uma sociedade perfeita, a cultura e a civilização nascidas da Igreja de Cristo têm de ser fo rçosamente, não só a melhor civilização, ma a única verdadeira. Di-lo o Santo Pontífice Pio X: "Não há verdadeira civilização sem civilização morei!, e não A catedral de Notre Dame, em Paris - obra-prima do estilo gótico é um possante símbolo arquitetônico da Civilização Cristã medieval

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O ideal cristão da perfeição social

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Se admiti rmos que em determinada popul ação a genera lidade dos indi víduos pratica a Le i de Deus, que efeito se pode esperar daí para a sociedade? lsto equi va le a perguntar: se em um relógio cada peça traba lha segundo sua natureza e se u fim , que efeito se pode esperar daí para o re lógio? Ou : se cada parte de um todo é perfeita, o que se deve di zer do todo? .... Se hoj e em dia todos os ho me ns praticassem a Le i de Deus, não se reso lveriam rapi da mente todos os probl e mas po líticos , econômicos e soc iais que nos atormentam? E que solução se poderá esperar para eles enquanto os ho mens viverem na inobservância habitual ela Lei de Deus?

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LITUÂNIA Desfile de sócios e cooperadores da TFP no viaduto do Chá, em São Paulo, no início de uma campanha em dezembro de 1970. A foto constitui um símbolo significativo da nova Cruzada empreendida pela entidade.

nas relações de indivíd uo a indi víduo, e do indivíd uo com a sociedade. Os ambie ntes, as le is, as instituições em que vivemos exercem efeito sobre nós, têm sobre nós uma ação pedagógica. Res istir inteiramente a este ambie nte, cuja ação ideológica nos penetra até por os mose e como que pela pele, é obra de alta e árdua virtude. E por isto os primitivos cri stãos não fo ram mais admiráve is enfrentando as feras do Coliseu, do que mantendo íntegro seu espírito católico embora vivessem no seio de uma sociedade pagã. Assim , a cultura e a civilização são fo rtíss imos meios para agir sobre as almas. Agir para a sua ruína, qua ndo a cultura e a c ivi lização são pagãs . Para a sua edificação e sua salvação, quando são cató licas.

Nossa meta: a civilização plenamente católica

há verdadeira civilização moral senão com a Religião verdadeira" (Outa ao Episcopado Francês, de 28-V111- 19 1O, sobre "Le Sillon''). De onde decorre com evidência cristalina que não há verdadeira civilização senão como decorrência e fruto da verdadeira Religião.

A Igreja e a Civilização Cristã Engana-se singula rmente que m upuser que a ação da [grej a sobre os homens é mera mente individual, e que e·la

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fo rma pessoas, não povos, ne m cultu ras, nem c ivili zações . Com efe ito, Deus criou o homem natural mente sociável, e quis que os home ns, em soc iedade, trabalhasse m uns pe la sa ntificação dos outros. Por isto, também criou-nos influenc iáveis. Temos todos, pe la própri a pressão do instinto de sociabilidade, a tendênc ia a comunicar em certa medida nossas idéias aos outros, e, em certa medida, em receber a influência deles. Isto se pode afirmar

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Como vemos, o próprio da Igreja é de produzir uma cu ltura e uma Civi lização Cristã. É de produzir todos os seus frutos mima atmosfera socia l plenamente cató lica. O católico deve aspirar a uma civi lização católica como o homem encarcerado num subterrâneo deseja o ar livre, e o pássa ro apri sionado anseia por recuperar os espaços infinitos do céu. E é esta nossa fin alidade, nosso grande ideal. Ca minhamos para a civi lização católica que poderá nascer dos escombros do mundo de hoje, como dos escombros do mu ndo romano nasceu a civil ização medieval. Caminhamos para a conqui sta deste ideal, co m a coragem, a perseverança, a reso lução de enfrentar e ve ncer todos os obstáculos, com que os c ru zados marcharam para Jerusalém. Po rque, se nossos maiores so uberam morrer para reconq uistar o Sepulcro de Cristo, como não querermos nós , filhos da Igreja como eles, lutar e morrer para resta urar a lgo que vale infinitame nte mais do que o preciosíss imo Sepulcro do Salvador, isto é, seu reinado sobre as almas e as sociedades, que Ele cri ou e salvo u para O amarem eternamente? ♦ ( Catolicismo, nº 1, jan eiro d e 1951)

Lituânia, 1O anos depois Comemoram-se 10 anos da independência da Lituânia em relação à União Soviética. Uma década de indubitáveis progressos. A marca da dominação comunista, contudo, ainda permanece.

tuânia coube ao Império russo dos Romanovs. Em 1863 houve uma heróica tentativa de romper os laços com São Petersburgo (então capital da Rússia), esmagada implacavelmente pelos russos. Em contrapartida, intensificou-se a russi ti cação. A língua lituana permaneceu proibida durante mais de 40 anos.

1918-1940-1990: Independência e escravidão Em 1918 os lituanos declararam novamente sua independência. Liberdade de

Renato Vasconcelos Enviado especial Alemanha

ituada às margens do Mar Bá ltico, com uma população de 3.700.000 habitantes numa extensão territorial ele 62.000 km 2 , a Lituânia é um dos menores países do Leste europeu . Encontra-se encastoada entre duas faixas de território ru sso - ao sul e a leste - e sempre constituiu objeto de cobiça ele seu poderoso e gigantesco vizinho. A conversão do Grão-Duque Vytautas, o Grande, em fins do século XIV, arrancou a Lituânia das trevas de um pagani smo milenar e trou xe-lhe as luzes cio Cristianismo e ela Civilização Cristã. Foi a última nação da Europa a abraçar o Cristianismo, apesar dos ii1gentes e reiterados esforços apostólico-militares dos cavalei ros da Ordem Teutônica.

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1795: Perda da independência A conversão dos lituanos à Fé católi ca teve também uma conseqüência políti ca importante: o Grão-Ducado da Lituânia uniu-se à Coroa Polonesa, mantendo contudo sua independência, que ó veio a perder com a tripartição da Po lôni a em 1795. Na divisão, a parte referente à Li-

curta duração. O ominoso pacto Ribbentrop-Molotov entre a Alemanha nazista e a Rússia stalinista (que revelou a grande afinidade existente entre nazismo e comunismo) devolveu o pequeno país bá ltico à União Soviética em 1940, em plena Segunda Guerra mundial. Os cinqüenta anos seguintes, sob a bota do comunismo russo, foram devastadores para a Lituânia nos campos religioso, mora l, cu ltura l e econômico: igrejas fechadas e transformadas em celeiros ou estábulos ; as aulas de reli gião abolidas nas escolas e o ateísmo ensinado oficialmente, segundo programa marxi stas; o russo imposto novamente como idioma oficial; os contatos com o Ocidente rompidos e a intelectualidade jovem lituana formada nas universidades de Moscou. A par disso, a Rússia soviética estabe-

leceu uma formidáve l e tirânica rede de controle do povo, o sistema de espionagem dirigido pela KGB. Ademais, a deportação de centenas de milhares de lituanos para a longínqua e gélida Sibéria fez com que o país perdesse um terço de sua popu lação! A estatização da indústria e do comércio foi total, e o solo declarado propriedade do Estado. O dirigismo, substituindo a livre iniciativa privada, instituiu os planos qüinqüenais; no campo, instituíram-se as fazendas coletivas, os famigerados kolkhozes, cujas ruínas enegrecidas e cercadas de mato vêem-se ainda hoje por toda a parte, quando se viaja pelo interior do país. A Lituânia parecia estar irremediavelmente integrada ao bloco marxista soviético. Contudo, anseios de libertação cios grilhões comunistas jamais deixaram de palpitar nos peitos lituanos. A queda do Muro de Berlim , em l 989, deu inesperado e possante impulso a esses anelos.

A campanha da TFP em prol da Lituânia Foi nesse contexto que o Prof. Pl inio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP brasileira e inspirador de outras TFPs nos cinco continentes, planejou e dirigi u uma campanha de envergadura mundial , de coleta de assinaturas em apoio à declaração de independência da Lituânia, que fora proclamada no dia J9 de março de l990, mas não aceita pelo regime comunista de Moscou. O impressionante abaixo-assinado, de mais ele cinco mi lhões de assinaturas coletadas nos cinco continentes, foi entregue em dezembro de l990 em Moscou, por uma delegação de membros de diversas TFPs americanas e européias. Ele teve grande repercussão mundial e contribuiu decisivamente para que uma pressão ela

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VIDAS DE SANTOS Moscou, 6-12-90 -A delegação das TFPs diante da Catedral de São Basílio, na Praça Vermelha, após entregar no escritório de Gorbachev carta expondo a Campanha a favor da Lituânia

dirigir à torre ele rádio e televisão, onde ocorreram as dramáticas cenas que ainda permanecem na memória ele muitos: jovens esmagados por tanques ou fuzilados impiedosamente por soldados russos, protegidos por suas carapaças de aço. A reação internacional face à brutaliclacle sov iética - o emprego de tanques e metralhadoras contra jovens desarmados - atingiu um paroxismo de indignação. E Gorbachev viu-se obrigado a ceder diante das pressões das potências ocidentais, aceitando como fato consumado a independência ela Lituânia. Os soldados russos, porém, permaneceram ainda em solo lituano. Só abandonaram o país três anos mais tarde.

opinião pública ocidental se fizesse senti r em favor da libertação da simpática nação báltica. Chegou a ser reconhecido pelo Guiness Book (O Livro dos Recordes) como o maior abaixo-assinado da História. À política imperi alista da Rússia não convinha porém reconhecer a declaração de independência da Lituânia. Um mês depois da entrega do abaixo-assinado da TFP, precisamente na noite de 13 de janeiro de 199 1, caiu afinal a máscara sorridente de Gorbachev, deixando entrever sua carranca dura e impl ac,1vel. Pressionado de to- . 1991-2001: Progressos e apreensões dos os lados, ele foi obrigado a sair ele dentro elas ambigü idacles da Glasnost e da Transcorreu uma década. Que progressos fez a Lituânia nesse período? Que cliPerestroika para adm itir que não permitiria à Lituânia recobrar sua independência. ficuldacles vem enfrentando? Quais são as perspectivas que ela vislumbra para o fuDiante cio ultim ato soviético, houve uma explosão de indignação popular na turo? O país esteve imobilizado pelo sisteLituânia. Um entusiasmo patriótico arrebatou a população ele Vilnius, a capita l. ma antinatural cio comuni smo durante cinEm torno cio edifício do Parlamento e barco décadas. Atualmente ocorre com ele o mesmo que se dá com um braço engessarando a ponte sobre o ri o Neris, que lhe dá acesso, ergueram-se prontamente bardo do qual se retira o gesso: no. primeiros ricadas com material ele um prédio vizi - dia e tá atrofiado, seus movimentos são nho em construção. Entrementes, um grulentos e penosos. A Lituânia de hoje encontra-se ainda po de jovens ocupava a torre de rádio e televisão. atrofiada, mas em fase ele franca convaNuma tentativa de esmagar a insurreilescença. Há muita coisa ainda por ser ção popular, modernos tanques soviéticos co locada em ordem. Não obstante isso, os adentraram as ruas de Vilnius e dirigiramprogressos materiais são notóri os. se ao Parlamento, onde os deputados se Quem con heceu o país logo depois da encontravam em vigília. Na praça, em independência, e retorna agora, fica surfrente ao ed ifício, conglomeravam-se depreso com o que vê. Antes, era difícil conzenas de milhares ele pessoas. A opin ião segu ir até mesmo um copo de leite. Agora pode-se comprar facilmente qualquer alipública oc idental , previamente preparada pelo abaixo-ass inado ela TFP e outros famento. tores, apoiava decididamente os lituanos. Vitória comunista nas eleições Nesse quadro, os chefes comunistas não ousaram dar ordens aos tanques para que Habilmente explorando a difícil situatravessassem o rio Neris e disparassem ação sócio-econôm ica, e acusando o governo conservador ele não haver encontracontra a multidão, o que teria provocado do a verdadeira solução para os probleum massacre de proporções aterradoras. Ass im , os tanques receberam ordem ele se mas do país, a esquerda consegu iu canali28

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zar a insatisfação de dezenas de milhares de desempregados. Resultado: nas eleições comuna is de abril passado, os assim chamados neocornunistas conseguiram eleger prefeitos na maior parte dos municípios. Embora se previsse nova vitória cios neocom uni stas nas eleições parlamentares ele outubro, reinava a divisão no campo político-partidário. Os partidos de direita e ele centro, fracionados, propiciaram novos elementos favoráveis para uma vitória comunista nas eleições parlamentares de 8 ele outubro último. Os rumos do país serão ditados nos próximos quatro anos pela Coalizão Social-Democrata, sob a direção de Algirdas Brazauskas, um comu ni sta de velha guarda. É a segunda vez que a esq uerda volta ao poder, depois da declaração de independência em 1990. Mais uma prova da devastação moral e psicológica causada por 50 anos de comunismo. Os neo comunistas agirão provavelmente com tato e não "engessarão" completamente o país. Para que os eleitores não percebam a estultice que cometeram ...

Santo Hilário de Poitiers: campeão da ortodoxia no Ocidente e no Oriente Esse insigne Doutor da Igreja, cognominado trombeta contra os arianos por São Jerônimo, também qualificado como martelo dos hereges e Atanásio do Ocidente, recebeu de Santo Agostinho significativo elogio: "valorosíssimo defensor da fé contra os hereges e digno de toda a veneração"

Futuro depende do apostolado com a juventude, à luz de Fátima No campo moral , um fator de preocupação é a invasão torrencial ela imoralid ade, favorecida pela televisão, pela moda e costumes provenientes do Ocidente. Infelizmente, vai a juventude litu ana rapidamente acertando o passo com o dos países ocidentais, dominada pela busca neopagã e desenfreada do prazer. Assim, a indiferença religiosa, estimul ada por meio sécu lo de ateísmo oficial, só tende a aumentar. Uma mudança decisiva do país para as vias da Civili zação Cristã levaria ainda anos, provavelmente, dependendo cio apostolado que se faça hoje com os pequenos lituanos e supondo-se que tal apostolado fosse coroado ele êx ito. Mas quem faz esse apostolado? Assim, a grande esperança para a Lituânia está ligada ao imenso movimento de conversão mundial que se eleve esperar do desencadear cios acontecimentos previstos em Fátima. Aí sim, a Lituânia continuará a fazer jus a seu belo e multissecu lar título de Terra de Maria . ♦

PUNJO MARIA SüLIMEO

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vida ele Santo Hilário nos revela como é possíve l ao homem, pe la simples reta razão, chegar a uma apreensão da verdade no plano meramente natural; e, a partir daí, com o auxílio da graça, atingir o con hec imento ele verdades sobrenaturais. Hilário era oriundo de uma das mais distintas famílias da Província da Aquitânia, tendo nascido em Poitiers (França) no iníci o do IV sécu lo. Sendo pagãos, seus pais o educaram na ciência da antiga Grécia e Roma e em todas as práticas da genti lidade. Mas ao jovem Hilário, dotado de juízo só li do e de inte li gência robusta e penetrante, não ati faziam as superstições ridículas do paganismo. A · im descreve e le o que se passou em sua alma: "A vida presente não sendo senão uma seqüência de misérias, pareceu-me que a havíamos receb ido para exercer a paciência, a mode ração, a doçu -

ra; e que Deus, todo bondade, não nos havia dado a vida para nos tornar mais miseráveis no- la tirando. Minha alma se dirigia ass im com ardor a con hecer esse Deus, autor de todo bem, porque eu via c laramente o abs urdo de tudo o que os pagãos ensinam quanto à divindade, dividindo-a em muitas pessoas de um e de o utro sexo, atribuindo-a a animais, a estátuas e a outros objetos in sensíveis. Reconheci que não podia haver senão um só Deus, eterno, todopoderoso, imutável" 1• Na procura da verdade, caíram-lhe nas mãos as Sagradas Escrituras, que ele devorou com sofregu idão . A leitura do Evange lh o de São João, em que este explica que o Verbo era Deus e estava em Deus, e que se fez carne e habitou entre nós, acabou por tirar-lhe qualqu er dúvida a respeito da verdade. Pediu então o batismo e começou uma ca rreira de gigante. A filosofia pagã servi u-lhe de base para aden- ~

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trar-se no estudo, quer da fil osofia, quer da teolog ia dogmáti ca e da sã doutrina da Igrej a. Casado co m uma mulher de raro mérito, que co mpartilhava com ele todos seus anseios e esperanças, . tiveram uma filha, Abra. Seguindo os exemplos domésticos, esta cresceu na piedade e virtude.

Combate contra o maior flagelo da época: o arianismo Vagando a Sé de Poitiers, os sacerdotes e os fiéis escolheram para seu Pastor, como era costume da época, Santo Hilário, que já dava exemplos da mais lídi ma virtude. De comum acordo, separou-se então da mulher e filh a para servir só a Deus, foi ordenado sacerdote e sagrado Bispo. Para Hil ário, ser Bispo não era somente uma dignidade, mas sobretudo um contínuo sacri fíc io. Pois, dizia, o Bispo deve ser "um príncipe perfeito da Igreja, que deve possuir na pe1fe ição as mais eminentes virtudes. Num bispo, a inocência de. vida não é sufic iente sem a ciência; e, sem a santidade, a maior c iência não basta; com efeito, como ele é instituído para a utilidade dos outros, de que lhe servi rá esta, se ele não instrui ? E não serão estére is suas instruções, se não são confo rmes à sua vida?" 2 Naquela época tão conturbada, para ele um dos princ ipais deveres era manter íntegro o depós ito da fé e defender sua pureza contra a corrupção das heresias . Pois estava causando grandes devastações no rebanho de Jesus Cri sto a pior heresia que atingiu a Ig rej a nos primeiros sécul os: o ari ani smo. Negava este o dogma da Santíssima Trindade, dizendo que só Deus Pai era Deus. O pior é que tal heresia conqui stara o Imperador Constâncio, filho de Constantino, encontrando nesse homem fraco, mas despótico, seu maior apoio. Com isso, infectara praticamente todo o Oriente e procurava depois lançar seus tentáculos sobre o Ocidente. Dois concílios convocados por dois Bispos adeptos da heresia - Saturnino de Arles, Metro polita das Gá li as, e Maxêncio de Milão - voltaram a condenar Santo Atanásio, Bispo de Alexandri a e o maior balu arte, no Ori ente, da ortodox ia contra a infecta heres ia. Além da condenação, tais concíli os o baniram de sua di ocese. Santo Hil ário não partic ipou desses concíli os e dedicou-se a organi zar a resistênc ia dos Bispos cató-

licos do Ocidente, que mostraram muito mais coragem nessa luta do que os do Ori ente. Procl amaram a inocênc ia de Atanás io e excomungaram os bispos ari anos e semi-ari anos. E nviaram também uma delegação ao Imperador, pedindo que os Bispos exilados por causa da fé fosse m reenvi ados às suas dioceses, e que, a partir de então, a autoridade secul ar não mais interviesse em matéri a puramente espiritu al. Ass im pressionado, Constânc io autori zou Atanásio a retornar à sua di ocese. Mas os líderes ari anos voltaram à carga, convencendo o Imperador de que o va loroso Bispo de Poitiers, defendendo a verdadeira Igreja, atacava o Império. Constânc io convocou então um novo concíli o em Bézie rs, no qual, alé m de reconfirmar o exílio de Santo Atanás io, os Pre lados arianos depuseram também Sa nto Hil ário e obtiveram do Imperador que e le fosse exil ado juntamente com São Ródano, para a Frígia, na Ásia Menor.

Como exilado, lidera a luta no centro da heresia O tiro saiu pela culatra, pois com esse exílio o maior inimigo do ari ani smo no Ocidente fo i enviado para combatê- lo em seu próprio me io, o Ori ente. Santo Hilário, sem deixar de manter correspondência com os Bispos fi éis da Gáli a, dirigia também por meio de cartas sua diocese, ao mesmo tempo que escrevia obras refutando a heresia ari ana e contra ela trabalhava. Sobre a expansão do ari ani smo na época de Santo Hil ário de Poitiers, comenta um conhecido hagiógrafo: " Protegido com todo o pode r do Imperado r, o arianismo de ta l maneira havi a desolado a vinha do Senhor, que assegura nosso Santo ter encontrado some nte três Bispos que não eram total e abertamente ari anos; os demais viviam tão lastimosame nte desencaminhados, que Deus apena era conhecido pelos Pre lados das lO provínc ias da Ás ia, como e le mesmo ex pli ca e e lamenta" 3 . "Q ue meu ex íli o dure sempre - di zia Santo Hilário - conta nto que a verdade seja enfim pregada. Os inimi go da verdade podem bem exil ar seus defe nsores, ma e la, a verdade, c rêem eles exil á- la ao mesmo tempo? Exilando meu corpo, puderam eles també m encadear e deter a palavra de Deus?" 4 Em Constantinopl a, Hilário escreveu ao Imperador: " Passou o tempo de estar calado; os mercenári-

verdadeiro amor paterno. Olh ando sua fi lh a adoos fu giram e o Pastor tem de levantar a voz. Toda a gente sabe que, desde que estou proscrito, nunca deilescente, pu ra e desapegada das co isas da terra, pexei de confessar a fé, mas sem rec usar nenhum meio d iu a Deus que, se e la ho uvesse um di a de manchar sua túni ca batisma l, E le a levasse antes para Si. O aceitáve l e honroso de restabe lecer a paz ... Agora combatemos contra um perseguidor di sfarçado, conpedi do fo i aceito qu ase imed iatamente. Abra fa letra um inimi go que afaga, contra o anti cri sto Consce u docemente nos braços do pai, e é hoj e in vocada co mo santa em Po itiers. tâncio. Não nos condena a fim de nos faze r nascer para a vida, mas enriqueDepois de ter resta bece-nos para nos levar à lec ido o cato li cismo nas morte. Não nos encarceGá li as , Sa nto Hi lário passou à Itá li a para a li ra numa pri são para nos vrar desse flage lo do ari tornar livres, mas ho nranos em seu palácio para a ni s mo. Fo i a ux ili ado escravizar-nos. Não nos ness a tarefa po r Sa nto corta a cabeça com a esEusébi o de Vercei l e Fipada, mas mata a nossa lastro de B rescia. alm a co m o o uro . N ão Combatendo os erros nos ameaça com a fodo Bispo M axênc io e m gueira, mas acende secresua própria c idade epistamente o fogo do Infercopa l - Mil ão - este no. Rep rim e a he res ia obteve do Imperador Vale ntin iano q ue o ex pul para não haver cristãos; sasse de lá. honra os acerdotes para não haver Bi spos; ed ifiVo ltan do a Po iti e rs, ca igrejas para demolir a e ntrego u-se de corpo e fé ... Mas eu declaro-te, ó a lm a à in strução de se us Co nstânc io, o que teri a d iocesa nos. Recebe u de O famoso São Martinho de Tours (ilustração acima) dito a Nero, a Décio e a braços abertos São Be nfoi discípulo de Santo Hilário de Poitiers to , B ispo da Sa mari a, e M a ximi a no: co mb ates contra Deus; levantas-te co ntra a sua Igreja; perse40 discíp ul os se us, ex pul sos da Pa lestin a pe los ari gues os Santos; és tirano, não das co isas hum anas, a nos, fun da ndo estes a abad ia de São Be nto ele mas divinas" 5 Q uin cey. Enfim , cheio ele obras e ele anos, entregou H il áEnfim , fo i tanto o prej uízo que Santo Hil ário causou aos arianos no Oriente, que estes convenceram o ri o sua alma ao Cri ador no ano ele 367. Foi o grande Imperador a mandá-lo de volta à sua di ocese, onde Pio IX - recentemente beatificado - q ue o decl acriam que e le lhes seria menos prejudicia l. rou Doutor ela Ig rej a. ♦

Volta triunfal: prossegue o zelo anti-ariano

Notas:

São Martinho de To urs, que já era seu di scípul o, fo i encontrar-se com Sa nto H il ário e m Roma para acompanhá- lo em sua vo lta. A alegri a de todos os católi cos na Gáli a foi enorme. Escreve São Jerôni mo: "Foi então que a Fra nça abraçou seu grande H ilário, voltando vitorioso da derrota dos hereges" 6 . Deus fez brilhar ainda ma is a g ló ri a de seu servo po r inúme ros mil agres. U m de le refere-se ao

1. Lcs Pe tits Bo ll and istes, Vie.1· eles Sai111s, d ' apres le Pere G iry, Bloud et Ba rra i - Libra ires l~ditcurs, Pari s, 1882, t. 1, p. 292. ~- ld ., lb. , p. 296. 3. Pc. Jea n Croi ssel, Aíio Cri.,·tia110, tradução caste lh ana do fra ncês pe lo Pe. José Fra nc isco de ls la , Madrid, Sa turni no Calleja, 190 1, L 1, p. 138. 4. Lib. De Synod ., n. 78, apud Les Petits Bo ll and istes, op. c it. , p. 300. 5. Pe. José Le ite, S..I ., Sa111os de Cada Dia, Editoria l A.O ., Braga, 1993, tomo 1, p. 62 . 6. Apud Les Peti ts Bo ll and istes, op. c it. , p. 304.

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Santos ·, e festas de JA f~lilRO S ão Francisco de Sales

1 SANTA MARIA, MÃE DE DEUS (A nti ga me'nte, Circuncisão do Menino Jesus)

2 São Basílio Magno, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Cesaréia, 379. Bispo, o "Colosso da Igreja orie11tal", mereceu o título ele "Pai dos monges do Oriente" porque, com suas regras, deu forllla definitiva à vicia lllOnástica.

3 Santa Genoveva, Virgem. + Paris, 5 12. Consagrando a Deus sua virgindade aos 14 anos, elllbora vivencio na casa ele uma tia, levava vicia ele extrema penitência e contínua oração. Quando os hunos allleaçavalll invadir Paris, Genoveva saiu às ru as exortando os pari sienses à penitência; inesperadamente e se m razão natural aparente, Átila afastou-se ele Paris COlll seus bárbaros. É grande o poder ele uma Virgelll ele Deus.

4 Santo Odilon Abade. +Cl uny, 1048. Ulllclosgranclesabacles ele Cluny, cujo papel foi primordial na Idade Média. A ele clevelllse a introdução ela Festa de Finados, e, para controlar o espírito extremamente bel icoso cio tempo, a "7,'égua de Deus" que proibia ações bélicas ou pilhagelll ela qua11a-feira 11 tarde à segunda-feira ele lllanhã.

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improvisado fa lou a illlperaclores, reis, religiosos, e converteu muitos pagãos. Primeira Sexta-feira do mês.

6 Santa Rafaela Maria, Virgem. + Espan ha, 1925. Colll sua irlllã fu ndou as Escravas do Sagrado Co ração de Jesus, cleclicaclas à adoração cio Sa ntíssimo Sacramento e ao ensino, elas quais fo i a prillleira Superiora. Por iniciativa ele sua irmã, fo i cleclaracla incapaz ele govern'a r e deposta cio cargo, sendo esq uecida por mais ele IO anos. Quando faleceu , C0lllpreencleralll o grande pecado cometido ao afastá- la. A noção ela escrav idão reiigiosa, aceita por amor de Deus, é muito bonita. Primeiro sábado do mês.

7 (Neste ano): EPIFANIA DO SENHOR, OU SANTOS REIS

t São Raimundo de Penhaforte, Confessor. + Es panha, 1275. Dominicano, Prí11cipe dos ca11onistas e grande confessor, foi igualmente célebre por seus lll ilagres. Colll S. Pedro Nolasco fu nd ou a Ordem elas Mercês, para a redenção cios cativos que eram aprisionados pelos muçulmanos.

8 Batismo de Nosso Senhor.

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São Simão Estilita, Confessor.

São Pedro Tomás, Bispo e Confessor.

+ Síria, 459. Santo para ser ad mirado mais que illlitaclo, a lllenos ele Ullla vocação es pecial. Construiu para si Ullla coluna para isolar-se elll seu Lopo. Desse púlpito

+ Chipre, 1366. Carmelita, encarregado pontifício ele clelicaclas lllissões cliplollláticas, depois Bispo, e Legado uni versal para todo o Orienre.

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Santo André Corsini, Confessor.

São Félix de Nola, Confessor.

Santos Mário e Companheiros, Mártires.

+ Fiésole, 1373. Talllbélll Carmelita e contelllporâneo cio anterior, ele ullla elas lllais ilustres fa mílias ele Florença, fez-se reiigioso depois ele vicia lllunclana, ex piando suas lev iandades lllecliante gra ndes penitências. Eleito Bispo ele Fiésole, levou suas virtudes a um grau heróico.

+ 256. Sacerdote, passou por vários suplícios nas perseguições cios 1mperadores romanos Décio e Valeri ano, sa indo incó lume. Após eclificar a todos com sua santa vicia, Félix fa leceu no Senhor, recebendo o título ele mártir pelos in úllleros sofrimentos que padeceu.

+ 270. Mário, a esposa Marta e dois filhos viajaram ela Pérsia a Rollla para venerar os sepulcros ele São Pedro e São Paulo. Ao visitar depois os cristãos nos cárceres, foram t,unbém detidos e marti rizados.

10 São Guilherme de Bourges, Bispo e Confessor. + 1209. Gra nde ama nte ela solidão, entrou na Ordelll de Cister, ele onde a obediência o tirou para que ocupa. se a Sé arq uiepiscopal ele Bourges, no centro ela França.

11 Santo Higino, Papa e Mártir. + Rollla, 142. Grego ele ori gelll, por sua virtucle e coragelll fo i escolhido para suceder a São Telésforo, que sofrera o martírio. Lutou contra vá rios heresiarcas, ani lll0U os cristãos perseguidos pelos pagãos e acabo u ele mesmo dando sua vicia por Cristo.

12 São Bento Bispo, confessor. + Inglaterra, 690. Abade ele Wearmouth e ele Jarrow, na Inglaterra, buscou em Roma arquitetos, vidreiros, pintores e músicos para instruir os ingleses, trabalho continuado por seu di scíp ul o São Becla, o Veneráve l.

13 Santo Hilário de Poitiers, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. (v icie seção Vidas de Salllos, p. 29)

15 Santo Amaro ou Mauro, Confessor. + Subíaco, 584. Fi lho de um senador roma no, aos doze anos foi entregue a São Bento para ser educado. São Gregório Magno o exa lta pelo seu amor à oração e ao silêncio. Avançado na virtude, apesar de sua pouca iclacle, São Bento incumbiu-o ele di rigir monges e mosteiros.

16 São Marcelo 1, Papa e Mártir. + Roma, 309. Reorga ni zou a Hierarquia eclesiás tica e, sob Maxê ncio, fo i ex ilado e obri gado a viver num estábu lo, onde morreu em conseqüência cios maus Lratos.

17 Santo Antão Abade, Confessor. + Egito, 356. Viveu longos anos de penitência no deserto, onde resistiu como herói católico a violentas tentações cio demônio.

18 Santa Prisca ou Priscila, Virgem e Mártir. + Roma, séc. 1. É considerada por muitos como a primeira mártir cio Ocidente. Batizada por São Pedro aos 13 anos, foi marti ri zada pouco depois por não ter querido queimar incenso aos deuses.

20 São Sebastião, Mártir. + Roma, 288. Centurião da guarda pretoriana ele Diocleciano, sustentava, com zelo apostólico, os confessores ela fé e os mártires. Denunciado, fo i trespassado com fl echas; curado mi lagrosamente, fo i açoitado até a morte. Tornou-se um dos santos mais populares em toda a Igreja. Algumas grav uras, mu ito clifuncliclas, infelizmente o apresentam como um lll0Ç0 mole e selll libra, quando na realiclacle ele era um soldado firme e valente.

21 Santa Inês, Virgem e Mártir. + Roma, 304. A fo rtaleza desta menina ele 13 anos asso mb ro u mesmo seus verdugos, que no entanto a lllataram cruelmente. São Dâmaso e Santo Ambrósio cantaralll entusiasmados seus louvores.

22 Santos Vicente e Anastácio, Mártires. + 304 e+ 628. São Vicente fo i um va loroso diácono ele Zaragoza, que enfrentou toda sorte ele tormentos para provar sua ficleliclacle a Cristo. E Anastácio fo i um monge persa, decapitado com ouh·os 70 cristãos pelo rei Cosroes.

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Santo Antão Abade

Santa Inês

Santa Ângela de Merici

to Isidoro, Arcebispo de Toledo e zelosíssimo defensor ela virgindade ele Mari a contra os hereges, escreveu um livro refutando-os.

as desordens ela soc iedade ori ginam-se em grande parte ela corrupção ela família, fund ou Ulll instituto religioso, elas Ursu li11as, para a educação ela juventude fe lllinina e fo rmação ele mães cristãs.

aq uecidas a alta telll peratura, mas nada lhe acon teceu. Na pri são, converteu seus carcereiros. Finalmente, fo i decapi tado.

24 São Francisco de Sales, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. + Annecy, 1622. Bispo ele Genebra, anilllaclo ele profundo alllor ele Deus e elas almas, era dotado ele uma bondade e suav idade excepcionais no trato, sólida cultu ra e ortodox ia. É um mestre ela vida espiritual , sendo também patrono cios jornalistas e publicistas católicos. Foi llluito odiado pelos protestantes calvinistas, que não o deixaram tomar posse ele sua diocese.

25 Conversão de São Paulo Apóstolo Ao cair cio cavalo, o perseguidor cios cristãos tornou-se Apóstolo. Instruído pelo próprio Cristo Jesus, foi um cios mais ardorosos proclamadores cio Cristianismo. Submisso ao Papado, soube entretanto resistir a São Pedro, com respeito e firmeza, na questão cios judaizantes. São Pedro, clelllonsh·anclo gra nde elevação ele alma, acabou por clar·-lhe razão.

28 Santo Tomás de Aquino, Confessor e Doutor da Igreja. + Fossa Nuova, 1274. O maior teólogo ela Igreja foi, aos cinco anos, confiado aos monges beneditinos ele Monte Cassino, entrando depois para a Orclelll Dolllinicana, ela qual é a maior glória. Com razão fo i cog nominado Doutor Angélico, por sua pureza ele vicia e elevação ele do utrina, que transcende a pura inteligência humana. É o patrono das e. cola. católicas. Sua fil osofia - tomista - é a filosofia católica por excelência.

29 São Gildas o Sábio, Confessor. + Perúgia, 178. Notável pelo espírito ele mortificação e generosidade para com os pobres, aos 30 anos fo i eleito Bispo ele Perúgia. Não querendo sacrificar aos ídolos, foi colocado numas termas

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Santo Ildefonso, Bispo e Confessor.

Santa Ângela de Merici, Virgem.

+ Toledo, 667. Discípu lo ele San-

+ Bréscia, 1540. onsciente ele que

+ Viterbo, 1640. Se bem que educada cristãmente, levou vicia frívola e mundana mesmo no convento, onde entrou por ordem cio pai. Adoece ndo gravemente , o confesso r ela casa não a quis atender, di zendo que o Céu não era feito para pessoas vãs e soberbas. Um terror sa lutar levou-a ao arrependimento, remorso e depois reparação, transforlllanclo sua vicia e levando-a à honra cios altares.

31 São João Bosco, Confessor. + Turim, 1888. Exerceu enorme in fluência no campo religioso e social, tendo J'unclaclo a Sociedade Salesiana e o Instituto das Filhas ele Maria Auxiliadora. "O êx ito dessa obra - dizia São Pio X - só pode explicar-se pela vida sobrenatural e santidade ele seu Funclaclor". De alllla simples, alegre e ardente, não havia obstáculo que o deti vesse na senda cio bem.

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São Timóteo, Mártir, e São Tito, Confessor. + Ásia Menor, séc. L Dois cliscípu los ele São Paulo. Timóteo fo i seu preferido e fi el co mpanheiro, a quem escreveu duas cartas cheias ele conselhos. Bispo ele Éfeso, morreu apedrejado pelos pagãos. São Tit também acolllpanhou o Apóstolo em algumas viagens e foi depois Bispo de Creta, onde morreu.

30 Santa Jacinta Mariscotti, Virgem.

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ENTREVISTA

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Catolicismo - Como lhe chegou às mãos o primeiro número de Catolicismo? Dr. Paraguassu - Eu me bac harelara em D ireito, pela U ni ver sid ade de M in as Gera is, Dr. Júlio César em dezembro de 1955. Med iante conc urso, Paraguassu: fo ra nomeado Pro motor de Justiça da Comarca de A rcos, no Oes te de Minas, onde entra- • "logo percebi ra em exercíci o em 1º de outubro de 1956. tratar-se de uma Solteiro, morava no própri o ed ifíc io cio bem apresentada Fórum e tomava as refeições na pensão em frente, freqüentada ta mbém por um jovem adpublicação, do vogado qu e, toda terça-fei ra, vinh a de outra • mais alto nível cidade, muito maior, para atender os clientes intelectual e locai s. A lmoçávamos jun tos e co nversávamos também da sob re política, filosofia, religião etc. Ele era o que hoj e se chama um católico progress ista, melhor orientação ao passo que eu j á era co nservador, como meu filosófica, teológica pai sempre fora. • e política" Certo di a, em meados de 1957, um po uco irritado por uma discussão ma is aca lorada, ele excl amou: "O D 1'. Promotor me lembra, em.

tudo, uns extremistas que conheço, lá em São Paulo, e que a/é publicam wn j ornal!" Meu Santo A nj o da Guarda logo sussurrou: " Os inirnigos de leu ini-

migo são teus amigos!"

Dr. Júlio César Paraguassu

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ara a ed ição comemorat iva dos 50 anos, nossa revi sta esco lh eu como entre v istado um antigo e ilustre assinante : Dr. Júlio César Paraguassu . Bachare l pe la Facu ldade de Direito da Universidade de Min as Gerais, hoj e federa li zada, nosso entrevistado tornouse em 19 56 o m ais j ov em promotor de Min as, sendo nomeado pa ra a Comarca de Arcos, no Oeste desse Estado. Em sete m bro de 19 71 , prestou concurso para a M ag istratura no Estado da Guanabara, formado pelo Munic ípio do Ri o de Janeiro, Estado este fundido, em 1975, co m o Estado do Rio. Na ex -cap ital fede ral foi juiz durante 22 anos, cerca de 17 dos q uais em V aras da Família . Em 1993, foi promovido pa ra o T ri bu nal de Al çada Cív el. E, em março de 1998, to rnou -se desem ba rgado r no Tribunal de Justiça do Rio, onde se aposentou no ano de 2000. É Com endador da Ordem do M érito Judiciário e recebeu da A ssemb léia Leg islativ a Estadual o título de Benemérito do Estado do Ri o de Ja neiro. Pertence à Un ião de Juristas Cató licos do Ri o , fi liada à Union lnternationale de Juristes Catho/iques, de Roma. 34

CATOLIe ISMO

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Catolicism o - Desde quando o Sr. é leitor de Catolicismo?

Dr. Júlio César Paraguassu - Desde o nú mero 80, de agosto de 1957, o primeiro nú mero de m inha assinatura. Ne le, o Prof. Plinio Co rrêa de Oliveira ensinava: Fátima é

o Esplêndido Apelo a qu e o Mundo ele Língua Portuguesa Instaure o Reino de Maria. O sa udoso Prof. Fernando Furquim de A lmei da hi storiava : A Mort e do Papa Pio IX, hoje Bem -aventurado. E o igualmente pranteado Prof. José de Azeredo Santos, com o pseudônimo de Cunha Alvarenga, parod iando o título cio li vro Humanismo integral ( 1936), lançava mai s um ataque a: O Natura lismo Integral do Sr: Maritain, princ ipal doutrinador da esq uerda catól ica, na época . Co mo bem se vê , a lin ha de orientação nada mudou , nos 43 anos pa sacias desde então.

E le então prometeu trazer um exemplar na semana seguin te, e ass im fez - era o jornal Catolicismo ! Enca nte i- me e esc revi , para tomar minha prim eira ass inatu ra. Só un s 30 anos depo is, durante um dos primeiros Encontros de Correspondentes, é que fiq uei sabendo, através de Dr. PI ín io Xavier da Sil vei ra, que aq uele providencial advogado pertencera ao Gru po cio Dr. Plini o mas o aban donara. N ote-se qu e ain da não ex isti a a TFP, fu ndada três anos depois, em 1960.

vilizações e Escrevem os Leitores. A daquele número continha 14 ca rtas, seis delas de membros cio C lero, inclu sive Dom Helvéc io, o grande A rceb ispo de Mari ana.

Catolicismo -

Por que o Sr. se manteve consta ntemente leitor da revista? Dr. Paraguassu - Porque ela se ve m mantendo rigorosa mente fi el ao que me atrai u desde o princíp io. Observo que, até 1984, Catolicismo teve a form a de j orn al ; só então é que fo i torn ando-se um a bela e subs tanciosa rev ista.

Catolicismo - Existe alguma matéria que, nesses 50 anos, o Sr. considera memorável em Catolicismo, e que o marcou de modo especial? Dr. Paraguassu - Sim, vári as matéri as, das quais salientarei só duas: A Cruzada do Século XX, artigo de fu ndo cio prim eiro número, onde o Dr. Plini o alcançou um nível espiri tual e intelectual digno das melhores passagens cios mais elevados autores rei igiosos, di gno até de uma bela Encícl ica. Cito ta mbém a pi íss im a ecomove nte Via Sac ra (Catolicismo, nú mero 3, março de J 95 1), publi cada mai s tarde em separata e r emetid a aos ass in antes; eu costu mava rezá- la na M atri z de Nossa Senhora cio Carm o, de A rcos, co m meu Grupo de Adoração (o Grupo ele São Pedro e São Paulo) e com meus alun os, cio Gi nási o Estadual, na noi te de vigíli a que anteced ia toda pri meira sexta-feira cio mês. Só um santo seria capaz ele escrever tão be lo exercíc io.

Catolicismo - Que análise o Sr. Catolicismo -

O Sr. poderia descrever esse primeiro contato com nosso mensário? Dr. Paraguassu - Sim. Logo perce bi tratar-se de um a be m apresentada publi cação, cio mais alto nível in telectual e também da melhor orientação fil osófi ca, teol ógica e po lítica. Basta • lembrar aq ueles três artigos do pri meiro nú- • mero de mi nh a ass in atura . A lém disso, secções co mo a célebre Ambientes, Costumes, Ci-

faz das diversas mudanças por que passou Catolicismo atualizações, formatos - até chegar aos dias de hoje? Dr. Paraguassu - De j orn al em preto e branco, com oito pág inas, Catolicismo passou a uma modern a e atraente revista de 48 pág in as, agora impressas em quatro cores e rep letas de ilu strações.

Catolicismo - Alguns antigos leitores die ATOLICISMO

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zem que houve um aprimoramento contínuo. O que o Sr. pensa sobre isso? Dr. Paraguassu - S im , cada núme ro ve m s upera ndo o a nte ri o r, ta nto e m a presentação ( ma is atrae nte, ma is be la) qua nto e m conte údo, séri o mas sem perd a d e le veza e, qua nd o necessá ri o, profundo m as se m prejuízo ela acess i bi Iidad e.

Catolicismo -

Numa visão de conjunto, como o Sr. definiria Catolicismo? Dr. Paraguassu - Catolicismo é um ve rei ade iro mil ag re, um sorri so ele N ossa Se nhora. C hega a s.e r prodi g ioso m a nte r-se e le po r ta nto te mpo, num a mbi e nte tão in stá ve l e sempre ag ress ivo, sofre ndo a cad a número in speções n1inuciosas e malévolas, co nse rvand o po ré m co m ta nta fid e liclacle diretri zes tão e levadas, mas hoj e tão reje itad as.

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O pecado de indiferença em relação à Mensagem de Fátima

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Plínio Corrêa de Oliveira

Catolicismo - Que conselho o Sr. daria à •• equipe de redação de Catolicismo? Dr. Paraguassu - Só pod eri a ser um : apega re m-se, a inda ma is, a Nossa Senhora .e Lhe supli care m pe rseve ra nça e bo m ê xito , num aposto lado tão impo rta nte .

O

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• Catolicismo - E qual a crítica que o Sr. ta- : ria a essa equipe? Pode fazer várias ... Dr. Paraguassu - A revi são é boa mas, ta l co mo tudo o ma is, sempre po de me lho rar. E ac redi to q ue, be m d osad os e a presentad os, certos estudos ma is profund os e ma is exte nsos , tão freqüe ntes no passado, não afu ge ntaria m os le ito res.

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tas conseguem, especialmente no meio católico, completar 50 anos de vida. Por que o Sr. acha que Catolicismo o conseguiu? Dr. Paraguassu - Prime iro, po rque, se m clú . vicia, ve m ocorre ndo e ma nte ndo-se uma Graça 111uito espec ial. Segund o, po rque me ios escassos e incertos tê m s id o muito be m a dmini s trados, co m inte li gê nc ia viva e co m se ns ibilidade ac ura cl a.

licismo, em relação ao padrão de outras : revistas católicas do País? Dr. Paraguassu - Sem dú vida: não conhe- • ço me lho r, no gê nero. A ma ravilha ma io r, con-

eATOLIeISMO

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tanto tempo,

• •• sofrendo a cada número inspeções • •• minuciosas e : malévolas, • conservando • •• porém com tanta : fidelidade diretri• zes tão elevadas, :

Catolicismo - Como o Sr. considera Cato-

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"Chega a ser prodigioso manter-se ele

• • [Catolicismo] por •

Catolicis11zo - Hoje em dia, poucas revis... :

• tudo, é a estrita fid e lidad e ao pe nsa me nto ci o Dr. Plíni o, o u sej a , à do utrin a tradic io na l ela • Jg rej a, isto e m me io ao mundo pós-conc iliar.

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mas hoje tão rejeitadas"

• • Catolicismo •

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Em sua opinião, quem não gosta de Catolicismo? Quem são os incomodados pela orientação da revista? Dr. Paraguassu - D e Catolicismo não pocle m gos ta r os munda nos, os que não e rg ue m os corações pa ra D e us. D e po is, os filh os pródi gos, qu e vão afas ta ndo-se do la r pate rn o e ade ntra ndo na escuridão. F ina lme nte , os qu e se tra nsform ara m e m verdade iros agentes elessas trevas, e m a lg o zes ci o Corpo Místico d e C ri sto.

Veja ainda nas páginas seguintes de Ecos de Fátima": 11

: Catolicismo - E quem gosta? : D,: Paraguassu - Os fi é is, os que g uard a m • • •• • • •

pecado pio r é a i ncl i ferença e m re lação à M e nsagem de Fá tima. É extrao rd in a ri ame nte impress io nante o descaso do mundo e m re lação à Me nsagem de Fátima. Prec isa me nte na ho ra H, é o assunto esquecido. Fátima é a me nsagem esquec ida po r excelênc ia. Deve mos ped ir a Nossa Senhora graças que nos despe rte m para a constatação cio caráte r supremamente grave desta hora, e de que ne la te mos um pape l es pec ia l. Tudo isso ele ve nos levar à idé ia de que te mos que luta r ma is do que nunca, e que po r isso eleve mos te r um es pírito de luta vig il ante, aceso, contínuo (Plí ni o Corrêa de O live ira, e xpos ição e m audi tó ri o da T FP, e m 19/ 10/74).

ficl e liclacle à G raç a, à Do utrin a tradic io na l, à Fé de nossos pa is; os que, até po r simpl es bo m senso, pe rcebe m a autocle mo li ção na Ig rej a e na soc ied a de c ivil ; fin a lme nte, os puros d e coração, os qua is g o zam d a pro messa de vere m a De us, ele e ncontrare m o Ca minho e a

¼~~e.

♦ Correspondênc ia rece bida ♦ Por que Nossa Senhora c hora? ♦ Candidate-se a ser um

Peregrino de Fátima ♦

"A Voz de Fátima" , progra ma radiofônico em expansão

Participantes da Campanha recebem calendário para o ano 2001

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o Ca le ndá ri o para este ano - a Folhinha 2001 - nossa ho me nage m toma como o bje to uma arte que fa la ao coração de todos nós , po r estar profundam e nte li gada à nossa hi stó ri a: o ba rroco bras il e iro. Ali ás, nosso ba rroco é aprec iad o inte rn acio na lmente e teve partic ipação centra l e m recentes ex posições e m Pari s. Fo i co locado e m foco por ocasião das come morações d os 500 an os do Descobrime nto e reconhecido como impo rta nte expressão artísti ca. Aque les qu e a inda não recebera m sua fo lhinh a, que ira m e ntra r e m co ntato com nosso Pla ntão ele Atendime nto, que as e nvi ará pro nta me nte. Te le fo ne: ( 11 ) 3955-0660.

Relatório de atividades Ca mpanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tarde is' d ivul gará e m ja ne iro o re lató ri o ele ativid ades de 2000. Esse re lató ri o costuma ser esperado com ex pecta tiva pe los pa rtic ipa ntes ela cam panh a, po is se mpre surpreende pelo ava nço qu e ocorre a cada ano. É uma vi são de co njun to, que aj uda a ava li ar o cresc ime nto e a eficác ia de nossas atividades e m favo r ela d ivul gação ela me nsage m da Vi rge m Santíss ima. No próx imo " Ecos ele Fátima", ele fevere iro, re produ z ire mos tóp icos ele ta l re latório.

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Perseguição ao Rosário

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um ateu ou um muçulmano devem ler garantias, o nosso estado é laico". A

Algumas das cartas recebidas de emissoras de rádio que passaram o programa 1. O programa está a lcançando a glorifi cação no Yale do Paranapanema, com um índice invejável na mídia (Emissora do Paraná). 2. As cartas relatando g raças receb idas são a parte que mai s toca nos corações dos nossos ouvintes. Gostaria ele mai s uma vez parabenizar esta iniciativa. E o que nós pudermos fazer para propagar a Campanha, não hesitem em pedir. O s nossos ouvintes estão participando bastante. Enviem as fichas de colaboração, pois mui tos ouvintes querem mandar suas contribuições (Em issora cio Espírito Santo).

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Francisco e Jacinta - Eu andava mu ito preocupada com meus filhos, eles abu savam da bebida . Um dia eu peguei o meu livro de oração e olhei bem nos rostinhos lindos de Francisco e Jacinta, e disse comigo mesma: "tenho certeza de que eles vão me ajudar" . E comecei a rezar todas as noites, pedindo que tirassem esse vício deles. E isso aconteceu, graças a Deus, minhas orações foram ou vidas (M.A. - MG) . Continuem com essas visitas Agradecemos a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima em nossa res idência . Ficamos muito felizes e emocionados . Sentimos que Nossa Senhora derramou muitas graças sobre nossa famíli a e sobre as pessoas presen tes à visita. Continuem com essas visi tas, pois só farão bem a quantos as receberem (J.G.F., RN) . Milagre do terço - Antes de partici par desta Campanha, a minha vida era totalmente diferente. Vivia de farra, e não me importava com minha família. Quando chegou em minha casa o enve-

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3. Temos um público que gosta muito do programa. Estamos contando com e le para nossa programação. Seria bom transformá-lo em semanal, assim teríamos uma seqüência maior (Emissora ele Minas Gerais). 4. Pessoas que ouviram ficaram sensibilizadas, pedindo para ouvir outras vezes. Continuem com esse trabalho, pois o mundo precisa ouvir mais coisas positivas, de fé e de esperança. Parabéns pelo trabalho (Emissora do Rio Grande do Sul). 5. O programa tem uma grande audiência (Emissora do Paraná).

Escrevem nossos Participantes

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lope contendo um lindo terço e um li vrinho que exp li cava como re zar, isso me deixou muito feliz, porque nunca ninguém me havia ensi nado. Minha mãe morreu quando eu tinha apenas 2 anos, e meu pai sempre foi mu ito ocupado e distante da Igrej a. Comecei a rezar o terço, orientado pelo livrinho , e as co isas foram mudando para mim de ma neira incrivelmente inexpli cáve l. Deixei de beber e comecei a m e dedicar à minha família (M .F. M, CE).

Eu chamara por Nossa Senhora de Fátima - Semana passada escorreguei na cozinha e bati a nuca; o próprio médico disse que sobrev ivi por milagre. Na · hora em que caí, apesar do susto, eu chamara por Nossa Senhora de Fátima (G.R .F., MG). Depoimento de um peregrino de Fátima - O Sr. SC, do Paraná, tem uma irmã em Santa Catarina, Sra. LPC, que adoeceu gravemente, a ponto de o Sr. SC deslocar-se juntamente com todos os seus parentes (aproximadamente 400 km). E já foi com roupa soc ial, prevendo

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contra a Lei de Deus, trata-se de um pecado individual. Quando 1>orém é um país que faz leis protegendo o pecado e até incitando a ele, trata-se ele um pecado coletivo ele toda a nação. Como poderão essas adolescentes serem salvas da catástrofe moral, senão pelo castigo das nações previsto em Fátima?

Fiorenzuola d ' Arda (Itáli a), oresponsável pe la admin istração loca l, Franco Feclerice, proibiu a reza cio Rosário nos velórios cios hospitai s, alegando "o respeito pelos diversos cultos religiosos". Ainda segundo Federice, "até 111

I I I I I I I I I o falecimento, haja v ista o re latório pas sado por telefone, nada animador. Chegando, ele não a reconhecera, de tão anormal que se encontrava. Ele então tomou uma Medalha de Nossa Senhora das Graças que a Campanha env ia, e mais outra do Sagrado Coração de Jesus, e as colocou emba ixo do travessei ro dela, pois o médico havia dito que não havia mais nada a fazer por ela. 20 a 30 minutos após, ela já reagiu tão bem que chegou a sentar-se na cama, coisa que não conseguia fazer há uma semana, pois esta v a vivendo com ba lão de oxigênio. Ela co ntou então que teve um son ho em que o Sagrado Coração de J esus e Nossa Senhora das Graças disse ram a ela: "não chore, m inha filha, vamos cobr i-la com um lençol branco e você vai sarar". Não precisou mais do oxigênio (J .A. Barbosa).

Nota da Redação - Impossível publicar todos os agradecimentos e cartas que nos chegam. Mas tomamos conhecimen to de todas . Continuem a nos enviar suas correspondências.

proibição está provocando grande indi gnação popular.

Embriões trocados, imagem do inferno

Desde quando rezar o Rosário é uma ofensa a outros cultos'! Será que o ecumenismo ou o laicismo já começam a voltar-se definidamente contra o culto católico?

Crueldade muÇHlmana contra catolicos rossegue com grande crueldade a

P perseguição contra os cristãos, movida pelos muçulmanos cm Ambon , capital das llhas Molucas, no leste ela fnclonésia. O g rupo Laskar .lihad, com cerca ele 3 mi l integrantes, chegou às Ilhas Molucas e m maio, com o objetivo de este nder a guerra santa contra a população cristã daquele arquipé lago. E m menos ele dois anos , pe lo menos 4 mi I pessoas morreram e m co nseqüênc ia cios confli tos e m Ambon.

Enquanto no Ocidente abrem-se os braços para acolher os muçulmanos e dar-lhes toda liberdade religiosa e política, nos países muçulmanos desencadeia-se violenta perseguição contra os católicos. Não estaremos alimentando a fera que quer nos devorar?

"Pais-de-santo" e prostitutas podem ganhar aposentadoria e poi s cios pais-de-santo, o Ministério ela Previdência quer assegurar a aposentadoria elas mulheres públicas. Os representantes cio Comitê para a Estabilidade Social promoveram em Belém a primeira reunião no País para tentar convencê-las a pagar a Previdência, a fim ele te rem direito à apose ntadoria e outros benefícios do INSS. Os pais e mães-de-santo podem se cadastrar na Previdência como contri-

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comércio ele embriões humanos, que vai se tornando corre nte e m alguns países, é uma abominação moral sem precedentes. É a ciência uti lizada para práticas que nem os ma is pérfidos pagãos imaginaram. E além cio enorme pecado, ac rescenta-se também o caos com que o assunto vem sendo conduzido. O diário britâni co "The Sunclay Times" revela que, em Londres, pelo menos 100 mulheres receberam impl antação de embri ões procedentes ele outro casal, ou tiveram seus embri ões perdidos, dev ido à incompetência elas c línicas . Uma auditoria arespeito provou que freqüentemente se procede ele maneira caótica, e mbriões são jogados no lixo porque se perdeu a etiqueta, há e rros na dete rminação da cor da pele, características pessoais etc. Enfim , esse monstruoso comé rc io está se revela ndo cada vez mais ser uma imagem cio inferno.

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buintes autônomos individuais na categoria ministros de c01ifissão religiosa. As mulheres públi cas terão que se enquadrar como contribuintes indi viduais na categoria outros.

Note-se que nunca se procura dar um passo na direção da Civilização Cristã. Esta vai ficando para trás, abandonada e traída, daqui a pouco perseguida. São promovidas, pelo contrário, as práticas anticristãs e imorais. Como duvidar que nos encaminhamos 1>ara o castigo anunciado por Nossa Senhora de F~'itima?

Aborto rápido e fácil para adolescentes que queiram levar vida devassa Senado francês aprovou projeto ele lei que autoriza a distribuição ela cha mada pílula do dia seguinte nas escolas . Essa pílula impede o desenvolvi mento da gravidez, se tomada nas 24 horas seguintes à relação sexual. A nova lei perm ite que a pílula abortiva seja di stribuída ele graça e sem receita méd ica para as ado lescentes e se m necess idade ele auto ri zação cios pais. Tal ca lamidade co in_c icliu com a aprovação, na Assemb léia Nacional Francesa , de outro texto que permite a qual quer mulher aborta r livremente até 12 sema nas ele gravidez (antes o prazo da le i era ele IO semanas). Também as menores de idade poderão abortar, sem necessidade ele a utorização ele ninguém.

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Quando uma pessoa comete um ato

Mulher quer manchas de vaca no corpo paulistana Priscilla Davanzio, 22 anos, estudante ele artes plásticas, tem como projeto artístico tatuar todo o corpo com manchas pretas imitando o couro ele uma vaca holandesa malhada. Há seis meses vem se submetendo a sessões de tatuagem. "A condição humana é muito superficial, fúti l", reclama. "É

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muito chato ser hwnano, entediante". Ela quer homenagear as vacas porque

"elas digerem o bolo alimentar duas vezes" ("Jorna l ela Tarde", 9-11-2000). Antigamente as pessoas queriam elevar sua humanidade até a santidade, e assim ganhar o Céu. Hoje há quem prefere assemelhar-se aos animais. Terrível sintoma de uma época.

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Peregrinação Permanente difunde-se rapidamente Seja você também um Peregrino de Fátima A Peregrinação Perman ente das imagens de Nossa Senhora de Fátima tem atraído uma verdadeira chuva de graças para nossos participantes. Nos lares visitados, as bênçãos são impress io nantes por ocasião da estad ia elas imagens peregrinas, todas elas cópias fi éis ela [m agem que chorou em Nova Orléans.

Veja como candidatar-se a Peregrino de Fátima Muitos são os que, por esse Brasil afora, desejam essas visitas. Por isso a Campanha está selec ionando novos cand idatos a Peregrinos ele Fátima. Já começamos a admitir simpatizantes ela Campan ha, que podem reali zar ele forma remunerada esse trabalho ele aposto lado marial. Satisfazem eles ass im, ao mesmo tempo, também as necessidades pessoa is e ela família. Tal Peregrin ação nasceu ele um grupo ele doadores que se propuseram a finan ciar esse traba lho, fornecendo os recursos necessári os para expandir cada dia mai s a difu são ela M ensagem ele Fátima. O s Peregrinos ele Fátima possuem a sublime mi ssão ele levar as Imagens ele Nossa Senhora ele Fátima para visitar inúmeros lares brasileiros. E les são autênticos mensageiros ele N ossa Senhora, que além elas Imagens levam também esperança em um futuro melhor, para muitas pessoas que estava m se afastando ela verdadeira Religião . As visitas elas Imagens ele Fátima são ocas iões muito propícias para alcançarmos o importante objetivo ele difusão da M ensagem ele Fátima. E las se reali zam dentro elas residências particulares cios anfitri ões, sempre em um c lima ele oração séri a e cheia ele fé, por vezes provocando conversões e sempre fortalecendo a f é elas pessoas que participam ela rec itação cio túço. "As pessoas que recebem a visita das Imagens de Nossa Senhora de Fátima em. seus lares são muito hospitaleiras ", afirmam nossos Peregrinos. Para ser um Peregrin o de Fátima, basta escrever para a Ca mpanha informando seus dados pessoai s (nome, endereço, telefone) e envi ar uma foto 3x4. O candidato será chamado para uma entrev i sta, em que serão abordados os objetivos ela campanha. É necessário ter cartei ra ele motori sta, para dirigir automóvel durante as visitas ela l magem Peregrin a. Os interessados elevem prestar dedicação excl usiva. Ligue para nossa Campanha e peça maiores informações. O telefone é (11) 3955-0660.

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CATOLICISMO

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Expansão do programa ''A Voz de Fátima" programa radiofônico "A Voz de Fátima" vai alcançando grandé' divulgação, sob as bênçãos da Virgem Santíssima. No mês de dezembro chegamos ao 10° programa produzido por nossa Campanha. Mais de 250 emissoras em todo o País confirmaram por escrito a sua transmissão. Está previsto um grande desenvolvimento desse projeto neste ano de 2001, pois muitas são as pessoas que procuram a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! diretamente ou através das rádios , desejando transmitir o programa. Bem se vê por aí a eficácia dessa nova forma 1 de divulgar a Mensagem de Fáti ma e a devoção a Nossa Senhoréjl. É preciso inverter aquela d~sagradável situação dos católicos que, ao ligarem seus rádios, topam a todo momento com Plfgramas protestantes. "Não sejamos daqueles que apenas reclamam, vamos fazer algo para ocupar esse espaço nessa mídia", É fundamental a colaboração dos Benfeitores do Programa Radiofônico "A Voz de Fátima", que contribuem com um donativo mensal para a continuidad_ e e expansão desse projeto. Esses benfeitores estão recebendo de presente um CD especialmente produzido, contendo 16 lindos trechos sobre Nossa Senh(;)ra, de autoria de Santos, Doutores da Igreja e pensadores católicos, como o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. O CD é também uma homenagem e um estímulo à devoção a Maria Virgem , pois o mercado vai sendo invadido por inúmeras gravações sobre Salmos, 1 Evangelhos, mas nenhuma qu e fala dAquela que é a Co-Redentora do gênero humano. Este é CD para ouvir, aprender, meditar e rezar, com belíssimas trilhas sonoras acompanhando a declamação dos textos.

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Escrevem os leitores: uma seção de 50 anos Amáveis mensagens afluíram à redação de Catolicismo. Procediam elas de leitores que nos escreveram a propósito do cinqüen tenário da revista. Sensibilizados, agradecemos as felicitações e os enco rajamentos . E aproveitamos o ensejo para rogar a todos suas preciosas orações, a fim de que Catolicismo continue imperturbavelmente a marcha que empreendeu desde seus primórdios, sob a segura direção de Plínio Corrêa de Oliveira, baseado sempre na doutrina perene da Santa Igreja e em seu Magistério tradicional. A gradecemos particularmente à Santíssima Virgem por todo o amparo qu e v em, de modo maternal, nos concedendo há décadas. E sup licamos-Lhe aceita r, em humild e retribuição por tanto desvelo, nosso propósito de "não olhar para trás, após ter empunhado o arado", apesar de todas as dificuldad es que ainda tenhamos de enfrentar , no duro combate travado contra os erros do mundo atual.

*

., ,.

Na impossibilidade de publi ca r nesta pág ina as várias mensage ns acim a referidas, selec ionamos uma que nos pareceu refl etir adequadamente as demais. Ela é, de modo especial, representati va, porquanto escrita por um leito r que nos acompa nha desde as primeiras horas, Agradece mos ao missivista suas palavras de encorajamento

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ESCREVEM OS LEITORES

um

Logotipo da seçao de correspondência da revista, numa fase inicial ele sua história

e as elogiosas referências cons tantes em sua carta sobre Catolicismo. Elas, a nosso v er, foram ditadas sobretudo pela generosidade e pelo profundo apreço à revista, da parte de alguém que acompanhou praticamente toda a sua história.

Do Nº 1 ao Nº 600

l:8J Recebi o exemplar de dezembro e quero comemorar com os Srs. a chegada do N º 600 fazendo um relato sobre meu s primeiros contatos com Catolicismo, que conheci em 1957, tendo lido pela primeira vez o exemp lar nº 11. Desde então, procurei colecionar tudo, do nº J ao nº 600, ele dezembro ele 2000. O mensário teve várias melhorias. Quando possuía aquele formato um pouco grande, o que dificultava a leitura, havia algumas propagandas de livrari as . Depoi s elas foram eliminadas, o que me agraciou ainda mais. Em abril ele l 984, com o Nº 400, passou a formato ele revista. Achei que ficou melhor para a leitura, e até para encadernação. No início o papel não era tão bom , depois foi me1horanclo, até ati ng ir o nível ele hoje: uma excelente apresentação. Tenho co mparado Catolicismo com outras publi cações ele cunho religioso, e impress iona- me o fato de certas revistas, que pertencem a Congregações Religiosas, não terem escrúpulos quanto às propagandas que estampam (por i sso env io- lhes alg umas, para terem idéia cio que estou relatando). Por exemplo, a rev ista X está promovendo urna campanha contra o câncer de mama, mas ele uma maneira impublicá":'.el em qualquer órgão de imprensa, muito menos numa revista considerada católica.,, Segundo meu parecer, Catolicismo é a melhor revista que exi ste no Brasil , não só pelos ass unLos que aborda, como também

pelo cuidado quanto a erros gramaticais. Leio toda ela e nunca vi sequer uma letra errada, começando pela seção Com a palavra ... o

Diretor, Escrevem os Leitores, A Palavra do Sacerdote e notícias. E m seguida vou lendo os artigos maiores. Pensava que não tinham mais no que melhorar, mas, com o número ele novembro, constato que novos aprimoramentos apareceram, desde as cores até os artigos, todos muito bons e atuais. N ão conheço publicações católicas cio exterior, mas julgo possível que Catolicismo seja a melhor revista não só cio Brasil, mas cio mundo. Em matéria ele ficleliclacle à Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, tenho certeza; com relação à apresentação, as pecto gráfico, não posso emitir opinião. A Ed itora Padre Belchior ele Pontes e todas as pessoas que colaboram em Catolicismo estão ele parabéns por contribuir na elaboração ele uma publicação tão boa destin ada ao público brasileiro. Procuro difundi-la ao máximo, e julgo ser isso um dever ele todos os católicos. Quando converso com o utros assinantes, todos elogiam a revista. Mas obrasil eiro não tem muito o hábito de escrever, nem a favo r nem contra. A seção Escrevem os Leitores está à nossa di sposição há 50 anos, desde a época em que a publicação era o jornal Catolicismo, mas fazemos pouco uso dela. Diante do exposto, não tenho mais nada a comentar, apenas rezar por todos os que se dedicam apreparar e a aprimorar a revista, bem como para que ela nunca venha a decair, não só quanto aos arti gos publicados, mas também no referente à sua apresentação gráfica.

(1.N.F. - MG) Correspondência (cartas , fax ou ema 1l s) para as seções Escrevem os Leitores e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na p, 4 desta edição ,

C AT O L IC IS MO

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TV

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televisão brasileira completou, no a no 2000, meio sécul o de ex istê nc ia . Po rta nto nossa rev ista, que neste ano compl eta se u 50" aniversário, acompanhou de perto o desenvolvimento dessa verdadeira m.áquina ú~f'e rnal de guerra psicológ ica revolucionári a, principa l responsável por uma transformação moral da soc iedade, sem precedentes na História. Enquanto Catolicismo envidou todos os esforços nesse período co m vistas à restauração da C ivili zação C ristã, a TV brasileira contribuiu possantemente para a decadência cios va lores morais, promovendo a corrupção cios costumes e - o que é pior - operando uma verdadeira baldeação moral inadvertida na cabeça dos telespectadores que se deixaram viciar pela telinha. Estes, reduzidos a uma indigênc ia c ultural promovida pela TV, mergulham cada vez mais na terrível situação descrita pelo profeta Sofon ias, no

asto ins·a oral para a de ud ão. Um de ; .: ;-~r1ido nos ue va1 a IIfgindo o iodo século ' : - --,-:.--,-'["', de 2001

Antigo Testamento, na qual desaparece a distinção e ntre o be m e o mal, entre o certo e o e rrado, e ntre o belo e o fe io. A expressão baldeação ideológica inadvertida fo i cri ada pelo Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira e m seu conhec ido ensaio Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo, publicado em Catolicismo (o ut/nov/ [965). Nessa obra, ele descreve como, a partir ela utili zação ele uma palavra - diálogo, por exemplo - , é possível ir modificando por etapas a mentalidade ele uma pessoa ou mesmo cio público. Processo análogo, efetuado de modo preponderante pela TV nos últimos 50 a nos, pode ser co nstatado no campo mo ra l. E as vítimas desse processo , como na baldeaçüo ideológica, vão sendo a nestes iadas ou baldeadas quase sem percebê-lo ... O triste resultado prático dessa ação nefasta ela TV é a quase completa indiferença na qual foi precipitada grande parte ela sociedade brasileira, em relação à moral católi ca e aos bons costumes. Princípios mora is verdadeiros e imutáveis foram aba ndonados, tratados como se fossem esqui siti ces ele minorias. Meio écu lo apó a televisão ter e ntrado no Brasil, a moral tradicional católica - o grande pilar sobre o qual a soc iedade fundamentava o ut rora suas le is e seus costumes - fo i sendo substituída por uma chamada ética laica, que outra coisa não é senão uma espéc ie de moral de consenso, regul ada apenas pelo chavão do politicam.ente correto ou incorreto. A conhec ida moral de situação, já condenada pelos Romanos Pontífices, apresente mui tas ana log ias com essa nova concepção mora l.

Mulher pública prestigiada e mãe de família ridicularizada Há 20 ou 30 anos seria impe nsável a ex ibi ção ele uma novela degradante e abusiva como Laços de Família. Hoje e la é promovida ela maneira mais cín ica e descarada possível. E a ocieclacle assiste a esse espetáculo degradante, sem

Torres de retransmissão de TVs transformaram-se em possantes difusoras de lixo moral despejado nos lares brasileiros

vi sto com naturalidade. Fina lme nte, o mes mo comportamento é de tal forma pres tig iado pe la mídia, que passa a ser con siderado, na pe rcepção elas pessoas, como uma coisa louvável e até exemplar! Ou seja, consegue-se, por exemplo, com astúc ia e perversidade, que a mu lher decaída passe a ser considerada em pé ele igualdade ou até numa posi ção supe rior à ela mãe de fa mília ...

A cumplicidade de alguns que deveriam combater essa baldeação As orian

dailV i perfis mo

elas como

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seguidos..

med ir o mal que e le re prese nta, e m si, e os pecados que são cometidos devido a seu influ xo desagregador. Essa nove la promove ampl amente a promi sc uidade, através ele cenas ele sexo e diá logos che ios ele vul garid ade e obscenidades. Um exe mplo di sso é a exa ltação da fi gura ele mulher públi ca, a po nto de a pe rsonage m ser con siderad a exe mpl o ele boa moça. N ão seria ele estranh ar que muitas mães prefer isse m te r uma filh a como es ta mulhe r deso nesta, do que como a mãe ele fa míli a ela nove la - a1 resentacla como pessoa desagrad áve l, ridícu la e crue l que está pe rde nd o seu marido para a mulher decaíd a. Qu al a intenção ci o autor, ao apresentar como fa lsa m ' nt ' boa a mulher púb li ca , ao mes mo tempo que ex ibe co mo antipática um a senhora cio lar? Porve ntura a maiori a das mães cio Brasil pode m ser identificadas com a a ntipática? Aos poucos, nas cab ças das pessoas, o juízo grave e severo que a mora l católica faz, ela mulher que vende seu corpo e vive na lu xúria e no pecado, vai sendo substitu ído - de forma inadvertida - 1 or 'SSa moral de consenso (criada sutilm ' nt • p ·la TV), que incentiva a prostituição como s' fosse mais uma profi ssão honesta. 111 'smo acontece com o nudismo, hoje admitido por muitos pretensamente como art ', faze ndo-se total abstração cio grave p caclo que e le envo lve.

Falsos modelos de vida são idolatrados pela TV Novos perfis morai s errados ão apresentados como modelos a seguir. Basta que uma jovem - ou até uma mulher casada! - exponha sua nudez em revistas pornográfi cas, para ser exaltada e e ntrevistada por programas "prestigiosos", como se fosse uma verdadeira heroína. Tais "modelos" agridem viole ntamente a moral católica, ofendem a Deus publ icamente, mas são "canonizadas" por essa nova fa lsa moral de consenso, que considera seu pecado apenas como mais um "trabalho" . E aos poucos se vai impondo ditatorialmente a uma sociedade decadente, anestesiada e abobalhada, que trate seu despulor com respeito e consideração!

Método perverso: chocar, amortecer, acostumar Essa baldeação moral, pe rversamente programada pelos pro motores ela imorali dade e da pornografi a, é fe ita ele maneira gradual, para não chocar suas vítimas. Quando um determinado comportamento abominável é encarado com horror e repulsa, imediata mente são promovidos eventos nos quais o ass unto é levado à discussão. Aí, o comporta mento abom inável é amplamente defendido por alguém previamente escolhido, que conta com prestígio popular. Isto é, na prática, com o bafejo quase unânime da mídia. No fim do debate, aq uilo que era horrível já pode ser admitido sem o horror inicial. Ao menos como uma opi nião entre outras. Depoi s, um pouco mais à frente, são r 'a li zados outros eve ntos para qu e o comport amento em questão passe a ser

Ao anali . ar tal pano rama, natural mente um a pergunta vem à tona: o nde estão aque les que deveriam denunciar, conde nar e lançar um brado ele alerta contra tal ba ldeação moral? O nde estão os re presentantes da verdadeira moral cató li ca? Aq ue les que têm por vocação e mi ssão o dever ele defendê- la, proclamando a sua imutabi lidade? O que e les faze m para evitar que a C ivili zação Cristã seja destruída, ele forma a não restarem dela senão vestígios? O que temos tri ste mente constatado - como norma geral, e com honrosas exceções - é o silê ncio. Pior cio que o sil êncio de ta ntos eclesiásticos - quem ca la co nsente! - é a atitude de certos membros cio C lero que ace itam partici par ele programas censurávei s e imorai s sob pretexto ele evange li zação. Tais eclesiásti cos dão, dessa fo rm a, seu apoio direto ou indireto para o increme nto dessa baldeação , uma vez que prestigiam programas altamente pecaminosos. Nosso brado de a le rta es tend e-se também aos pais e mães católicos do País. Não permitam qu e a televisão seja a desedu cadora de se us fi lhos e netos! Não permitam que seus lares sejam um ponto a mai s dessa rede maldita ele di ssemin ação da imoralidade. Combatam a TV imoral , reajam , organ izem-se e façam valer se us direitos ele pais honestos junto às auto ridades! Só ass im podere mos aguarda r um futuro melhor para o nosso Brasi l, tornando-o uma Nação observante da mora l católica, única verdadeira e imutável, única capaz de pôr ordem na sociedade civil. Do contrário, em que abi smos morai s seremos precipi tados? O que será do ♦ Brasil nos próximos 50 anos?

CATO LIC IS MO

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Outra caravana:

Caravana da TFP:

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lém da_carava na qu ~ percorreu a Lituâ ni a, confo rme fo i not1 c1ado na edi ção precedente, a T FP francesa pro moveu outras duas caravanas para o Leste Europeu, com o objetivo de propagar a devoção a Nossa Senhora entre as populações daqueles países tão castigados pelo regime comunista. A segunda carava na pe rcorreu a Po lô ni a e a Ucrâ ni a, o nde fora m distribuídas 25.000 pu blicações versa ndo sobre importantes devoções mari anas : a Meda lha Mil agrosa, o Rosário e

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a prática ela comunhão nos prime iros sábados cio mês. Sem falar elas milhares de esta mpas ele Nossa Senhora, dos Bemave nturados Jac inta e F ranc isco, bem como de exempl ares ela Medalha Mil ag rosa, també m ofertados aos fi éis. E m todas as c idades por onde passara m os caravanistas com a image m de Nossa Senhora ele Fátima, tanto na área urbana quanto na ru ra l, era comum ver fa míli as inte iras ajoelhadas e m ho me nage m à celeste vi sita nte .

Chegada da imagem à cidade de Zimnowoda

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terc _ira cara~a na percorre u _a Romê ni a, a Croac1a, a Bos rn a e a Hungn a. Em a lgumas c idades desses países houve proc issões com a imagem ele Nossa enh ora ele Fátima, como nunca havia ocorrido desde a tomada cio poder pelo comu nismo, po is os reg imes marx istas não perm itiam a rea li zação ele tais mani festações reli g iosas. Co mo no.- paíse · anteriorme nte menc ionados , os carava ni stas d istri buíram abu nda nte li teratu ra re ligiosa, recebi da pe los fiéis cató li cos co m s urpreendente av idez, patentea ndo ass im a ''.fome espiritual " ele que padeciam, dev ido ao longo pe ríodo ele lominação com uni sta.

Zabreg: pelo afluxo de fiéis no primeiro sábado do mês, na igreja do Coração Imaculado, Nossa Senhora é acolhida com a fé e devoção que se observa em Fátima

A imagem é conduzida pela guarda militar da cidade de Gora

Simleu-Silvanei: os fiéis da cidade, que ainda não possuem sua igr eja, dirigem-se em procissão ao canteir o de obras onde está se edificando o futuro templo r eligioso

Procissão na cidade de lviv

O Pároco de Derventa indica o que restou de duas igrejas ap ós a guerra

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CATOLICISMO

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TFPs em Quito: preces a Nossa Senhora do Bom Sucesso

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orte fluminense mobiliza-se contra .1nvasoes -

e

ampistas aflitos com o desencadeame nto ele invasões, promov idas pelo MST na reg ião, participaram ele um paine l organi zado pela TFP: "O Brasil na rota ela Colô mbi a?" Esta era a principal perplex idade cios presentes no Hotel Antares, na c idade ele Campos cios Goytacazes, capital cio norte flumin e nse. Preocupados com a impuni dade, sobretudo com a cobertu ra que os invaso res Acima: visão parcial cio MST estão e ncontrando por parte ele autoridado público presente des civis e judic iári as, como no caso ela invasão ela ao painel. À direita: mesa que Fazenda Nossa Se nhora elas Dores, ela U s ina Ca mpresidiu os trabalhos (da bayba, e les pe rguntavam: o que fazer? Estaria se esq. para a dir.): Prof. George Pretyman, Dr. concre tizando a notícia publicada pe lo "Jo rn a l do Plínio V. Xavier da Brasil", ele 15-4-97, sob o título : Objetivo do MST Silveira, Diretor da TFP, é recriar Pontal no Norte Fluminense? e Sr. Assis lnojosa

Encontro Regional de Correspondentes e Simpatizantes da TFP

e

orresponclentes e Simpatizantes ela TFP,juntamente com propagandistas ela Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, participaram com vivo interesse ele Encontro Regional cio Norte Fluminense. J 50 pessoas lotaram o auditório principal ela sede ela e ntidade à Rua Sete ele Setembro, na cidade ele Campos cios Goytacazes. Entre outros temas tratados , o que despertou particul ar interesse foram comentários sobre o caráter profético cio segredo ele Fátima. No final , foram sorteadas imagens pequenas e um pôster ele Nossa Senhora ele Fátima.

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Abaixo: aspecto do público presente

m outubro passado, reuniram -se em. Quito 20 membros das TFPs do Bras il e dos Estados Unidos, juntamente com amigos da Colômbia, para venerar a im agem de Nossa Sen hora do Bom Sucesso * e reza r pela luta que essas entidad es desenvolvem em prol da Civilização Cristã. A bela e milagrosa im agem, que data do século XVII, foi escu lpida por ord em da própria Virgem Santíssima em aparição à M adre M ariana de Jesu s Torres, um a das fundado ras do Monasterio de la Ump ia Concepción, erigido na cap ital eq uato ri ana. M adre M ariana recebeu de Na. Sra. do Bom Sucesso imp ortant s e numero sas reve lações sobre os dias atuais, corroboradas em muitos pontos pela s profeci as de Fátim a. Ela refere -se à apostas ia geral, a castigo s e ao triunfo da Igreja Católica Apo stólica Rom ana. Os membros das T FPs, dentre os quais se destacava o Prín cip Dom Lu iz de Orléa ns e Bragança, Chefe da Ca sa Imperia l do Brasi l, em várias ocasiões pud r m perma nec er aos pés da imagem de Na. Sra. do Bo m Sucesso. Na noite de 29 de outubro, fi zeram um a vigília de orações das 20 às 6h do di a seg uinte. E, na tarde do dia 31 daquele mês , coroa ndo a estadia em Quito, foram privil gi ados co m a incumbência de trasladar a v eneráv el imagem da igreja ao coro das religio sas, ond e ela permanece durante a maior parte do ano .

E

Mesa de presidência numa das sessões do Encontro: Revmo. Pe. Davi Francisquini, Dr. Plínio V. Xavier da Silveira, Diretor da TFP, e Dr. Gregório lopes.

Membros das TFPs com a Abadessa Madre lnes Maria dei Sagraria e Sor Maria Dolores. À direita das religiosas, o Príncipe D. luiz.

Abaixo: flagrante da vigília de orações do dia 29 de outubro último

trasladação da imagem, efetuada pelos membros das TFPs

* Catolicismo publicou a xtraordin ária hi stória dessa ima gem em sua ed ição de feve reiro de 1998 .

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,..

Um diplomata "disfarçado" de padre ... ! Plinio Corrêa de Oliveira

uando vi pela primeira vez esta fi sionomi a*, le~...,.'-&'~"'"vei um susto. A surpresa que dominou 1 espmto , . e, exp1,cave · , 1: semmeu blante tão positivo, refl etindo um homem com olhar tão lúcido, tão inteligente, com tal capacidade de tocar e manejar as coisas, de fazê- las irem 1xu·a frente com tanta diplomacia, a meu ver poderi a ser qualificado como o de um diplomata "cli.lfarçado" de padre. Ele viveu no sécul o X IX, e chamava-se José Bened ito Cotolengo. Reveste sua cabeça o chapéu ec lesiástico denominado barrete, no qual se notam, cio lado esquerdo, três arcos: representação da Unidade e Trindade div inas. Lindo símbolo da Igreja. No rosto che io, a decisão. O que ele quer, desej a-o e fetivamente. O lh os ele tamanho médi o, q uase grandes. O lh ar vivo, por um lado denotando a resolução e a fac uldade de fazer o que os ilu stres patrícios dele - os itali anos - definem com a expressão "fare dai/a cornbinazione" (fazer combinações ele toda ordem); mas, por ou tro lado, revelando espírito reso luto de quem parece di zer: " Vamos para a .fi·e nte, qual-

quer complicação eu derrubo ".

*

Esse talento todo fo i ap li cado, por desígnios el a Providência Divi -

na, numa obra ele carid ade elas mais insignes que reg istra a Hi stóri a da Igrej a. Em Turim , tive a ocas ião de visitar ta l obra de caridade - um hospi ta l denom inado ll Coto/engo. O que é /l Coto/engo? O Santo formou a reso lução, inspirado pela graça divina, de que abso lutamente todos os autênticos pobres que aparecessem seri am receb idos pela sua obra, tivessem ou não dinheiro, viesse m de onde viessem. Turim era naquele tempo capital de um Reino, o Piemonte. Ele poderi a dizer: "Só recebo pobres do Piemon-

le, são lcmlos! Os outros encontrarão sacerdoles carilativos ern seus países, aqui não!" Ele, entretanto, acolhia pobres de todas as procedências. Havia uma determinação ele Nossa Senhora - porque Ela aparec ia ao Santo com freqüência - para que nunca guardasse dinheiro ele um dia para o outro. Quando anoitecia, São José de Cotol engo era obri gado ou a fazê- lo pessoa lmente, ou então · através ele algum dos seus padres a dar o dinheiro restante aos pobres. Se, por inadvertência, restasse uma moeda dentro ci o hospital, ele não co nsegui a dormir! Esse hospital cresceu tanto, que se tran sfo rm ou num a c idadez inh a dentro de Turim. São José de Cotolengo passava o dia inteiro diri gind o

o hos pital, atendendo pessoas e confessa nd o doentes. Formou padres e fu ndou uma espéc ie de in stituto reli gioso. Dentro desse co njunto monu mental , que fo i construído através ele es molas obtidas por ele, havia um apartamento, com uma mobiliazinha fran camente pobre, onde o Santo habitava. Ali existe um a cade ira, indi cada até hoje, onde Nossa Sen hora, nas aparições ma is demoradas, sentava-Se para conversar com ele! Santo de tão grande envergad ura, teve entreta nto um am igo à altu ra dele: São João Bosco. Consultavamse mutuamente.

*

*

*

Chamo a atenção para o ti1 o de obras ele carid ade praticadas por São José ele Coto lengo, pois são precisamente as que o com uni smo detesta. Marx cleblaterou contra a carid ade. Afirmava ele ser essa virtude um auxíli o prestado por uma pessoa que poss ui , a outra que não tem. Portanto, a caridade traz consigo a idéia cio ter e cio não ter; supõe uma impostação de espírito anticomuni sta. Para Marx, o certo não consi te no fato ele algum possuidor dar espontaneamente ao carente, ma. no seguinte: quem não tem deve arrancar ci o que possui, mediante a vio lência. No início, ex pusemos a posição ele um Santo. No fim , co nstata mos o arreganho do demôni o! Excertos da conferê ncia proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 17 de janeiro de 1986. Sem revisão do autor.

* Desenho de aut oria de um irmão do Sa nt o.


1j JJ1iJJJJjJJJJJjJ ral católica, aúnica verdadeira,


Lourdes, a aparição que confrrmou um dogma

1Zrtos

111 me io ao "dilú vio de rnales" que atualme nte inund a a Te rra, pode mos tocar com as mãos um "pedaço" do Céu. Trata-se de Lo urdes, um dos maio res centros de pe regrinac_:ão do mundo, o nde se reali zam inúme ros milagres e maravilhas ela graça, po r inte rcessão clAque la que a li afirm o u: "Eu sou a Imaculada

E

Conceição". Para o cente nári o elas a parições ele Nossa Senho ra e m Lo urdes ( 18581958), o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu artigo especial para Catolicismo. De le são os excertos cio presente mês, quando se completam 143 anos daquelas celesti ais apa rições .

Primeiro marco do ressurgimento contrarevolucionário "/\ 1 1 d stc mês cl f ve re i ro , tra ns ·o,r rá o · nt ná rio da primeira das a pa ri çõ ·s d ' Lou rd ·s. ra to, na si n , •lcza d ' s uas li nh as mais ess ' 11 ·ia is, nin •u 111 o i nora. Em 1854, p ·la 13 ul :i /11('. f.láli i/is, o g ra nel Pai a Pio 1 '1' d •lini a ·0 111 0 dog ma a lm a ul ada '0 11 • ·ic,:t o d • Nossa Senhora. Em 1858 , d ' 1 1 d ' feve re iro a 16 de julho, Nossa S •nllora aparecia 18 vezes, m Lo urd ' S, a uma filh a do povo, Bernacl tl . o ubi ro us, declara ndo ser a lrna ul acla o nce ição. A pa rtir dessa ocas ião, ti ve ra m in íc io os mil ag res . E a gra nde ma ravilha de Lo urdes começou a brilhar aos o lhos de todo o mundo, até nossos dias. O mil ag re confirm a ndo o dogma, e is e m resumo a re lação e ntre o acontecime nto de 1854 e o de 1858.

Século XIX: problemas análogos aos de nosso século "O que, e ntretanto, é me nos conhecido pe lo grande público é a re lação desses do is grandes fa tos com os proble mas dos meados do século XIX, tão

dive rsos cios de hoj e, mas ao mesmo te mpo tão e tão parec idos com e les . "Ao definir o dogma da lrnacul ada Conceição, o Papa Pio IX despe rtou e m todo o o rbe civili zado re pe rc ussões ao mes mo te mpo d ís pares e profund as. "De um lado, e m g rande parte dos fi é is, a defini ção do dog ma susc ito u um e ntus ias mo ime nso. Ve r um Vi gário de Jesus C ri sto e rgue r-se na ple nitude e na majestade de seu poder, para proc la mar um dogma e m ple no século XIX, e ra presenc iar um desa fi o admirave lme nte sobranceiro e a rrojado ao cetic is mo triunfa nte, que j á e ntão corroía até as e ntranhas a c ivili zação oc ide nta l. .... " Mas, pa ra g lo rifi ca r a inda melho r sua M ãe, N osso Senho r fez mais. E m Lo urdes, corno estro ndosa confirm ação do dog ma, fez o qu e nunca a ntes se vira: in sta lo u no mundo o mil ag re, po r a s im d izer, e m séri e e a

títul o pe rm a n nte. AL e ntão, o mil ag re a pa recera na Ig rej a es po radi ca me nte . Mas e m Lo urdes, as c uras ma is c ie ntifi ca me nte co mprovadas e de o ri ge m ma is aute nti ca me nte sobre natura l se dão, há ce m a nos, a be m di zer a ja to co ntínu o, à face de um sécul o co nfu so e des no rteado .. ...

* Hoje podemos felizmente dizer: o Bem-aventurado Pio IX.

S,111/,1 B1•m,1del/1• So11biro11s: 46 ,wos

Entrevista

8

27 Joseph

O Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia

Kung, sobrinho do heróico Cardeal Inácio Kung, denuncia perseguição movida contra os verdad e iros católicos na China comunista

O "casamento" na

J\ ' ~:)

seita denominada "igreja brasileira "

Moral e nrd

A realidade concisa,nente Nossa capa:

1O-

Na ilustração: à esquerda, semi-face do Santo Sudário de Turim; à direita, semi-face do quadro Santa Face, do pintor moderno francês Rouault (vide quadro às pp. 24-25)

Hora de castigo - hora de misericórdia "Estamos vive ndo uma terrível hora de casti gos. Mas esta hora ta mbé m pode ser urna admirável hora de mi seri córdi a. A condi ção para isto é que olhe mos para M aria, a Estrela do M ar, que nos gui a e m meio às tempestades. " Du ra nte 100 a nos, mov id a de compa ixão para com a huma nidade pecado ra, Nossa Senho ra te m alcançado pa ra nós os mais estupe ndos mi lag res. Esta pi edade se terá exting ui do? Tê m fim as mi sericórdi as de uma Mãe, e da me lho r das mães? Que m ousaria afirm á-lo? Se algué m duvidasse, Lourdes lhe serviri a de admiráve l lição de confi a nça. Nossa Senho ra há de nos socorre r" .

A palavra do sacerdote

A generosidade do brasileiro ainda vive Frente à guerrilha, Presidente colombiano cede . .. para perder Igualdade entre sexos: antinatural, d esastrosa na vida militar

Excertos

Discernindo

2

12 O

Nossa Senhora de Lourdes

chamado progressismo católico afasta os fiéis; a tradição os atrai.

Carta do Diretor

4

Destaque

Página Mariana

16 Reação

5

Internacional

Nossa Senhora do Val e de Catamarca, na Argentina , e a bondade mate rn a l

7

Meditação sobre algo muito sério: a morte

Santos e Festas do ,nês

32 Vidas de Santos

34 São

Jerônimo Emiliani, nobre militar e Senador da República vene z iana

Ecos de Fáti,na

37 Reali zações

em 2000 e metas para 2001

41

16 Europa

Ocidental e Rússia: e ntre a integração e possível confronto

S.O.S. Fa,ní/ia

19

31

Grandes Personagens

anti -abortista na Argentina

Leitura espiritual

Escreve,n os leitores

Gede ão, Jui z que salvou o povo israelita da amea ç a dos madi a nitas pagãos

TFPs e,n ação

44 -

Dissolvida a família, desagregam -se a sociedade e o Est ado

Capa

21

Relativi za ção da moral c atólica e dissemin aç ão da pseudo- mora l moderna

.,,,ó, \f/,I " " " ' ''• ,,,u., ., ex11111,1 ç,10, SC/1

, "''"' /111 ,,,,, 011/1 ,ulo i11con11plo. Ainda

Atividades d e OANF em 2000 e planos para 2001 Enérgi c a oposição à agitação agro -comunista Comemoraç ão do Natal atrai grande público à sede da TFP e m Jundiaí (SP)

A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

48 A

prodigiosa pintura de Nossa Senhora de Las Lajas

lwj,• "''"'' 111•1/t•ilo ,,,t,ulo, pode ser v1•11<•1,11/o 110 C1111v1•11/o f/1• S,1i11/-Gi/d,1l'd.

No hotel da rede Jolly, em Roma, o Sr. Joseph Kung concede entrevista a Catolicismo

Nossa Senhora das Aguas, do Convento de Saint-Gild,1rd, em Nevers. Segundo Santa Berna dette, esta imagem "tem alguma coisa da beleza que eu vi", mais do que a im,1gem colocada na Gruta de Lourdes .

• CATO LICISMO

Fevereiro de 2001

3


Com a palavra ... o Diretor Amigo leitor, O tema da edi ção de janeiro de Catolicismo desperto u grande interesse em nossos leitores: a televisão imoral enquanto in slrum nlo cl deseducação, produzindo uma verdadeira baldeação cios princípios morais, cl form a v lacla, gradual e, por isso mesmo, mais eficaz. Mas a televi são é apenas um dos cl mcnlos que formam ssa verdade ira guerra da qual todos nós sofremo s as conscqü Ancia s: a guerra psico lóg ica rcvo luci nária. Sua poderosa influência é de molde a levar as p ssoas a mudar seu mo lo de pen sar, sentir e agir diante cio fatos, de um a maneira sub-rcplícia.

Nossa Senhora do Vale de Catamarca, exemplo excelso de mãe O desvelo de Nossa Senhora pelos indígenas na América Latina é prodigioso, sendo atestado em

* * * Em sua consagrad a obra Revolução e Contra- Revolução, o Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira ressalta a importância da Revolução Cultural, que autores soc iali stas e marxi stas

numerosas aparições e milagres. Mas, para fúria dos indigenistas revolucionários, Ela apoia, protege e defende os índios que aceitam a verdadeira Fé, e combate aqueles que insistem em permanecer nas trevas da idolatria pagã.

consideram uma moda lidade da guerra psico lóg ica revolucionária. Ela prepara as transformações políticas e sóc io-econômicas, sendo preponderantemente psicológica e tendencial. E opera na vicia cotidian a, nos costumes, nas mentalidades, nos modos de ser e de viver. A matéria de capa da presente edi ção procura aprofu ndar essa temática enqu anto processo em curso no plano moral. Para esse efe ito, anali sa comportamentos cio início cio sécul o XX e cios di as atuais, constatando a profunda relativi zação, efetuada por nossos contemporâneos, cios princípios imutáveis da mora l cató li ca. Ta l relativi zação foi condenada na década de 50 pelo Papa Pio XII, ao denunciar a Moral Nova e a Ética da Situação, decorrentes da filosofia ex istenciali sta. Mas tal processo _acentuou-se ainda com a chamada Moral do Consenso, atingindo um áp ice na atu alidade.

*

*

V ALDIS esquerdistas, imbuídos cio espírito da luta de classes, tentam manipular os índios jogando-os contra os "brancos", e para tal procuram reviver costumes pagãos e religiões fetichistas. E isto não só no Brasil, mas também em outros países da América Latina. Daí a importância de mostrar como historicamente Nossa Senhora ajudou muitíssimo os indígenas, mas sempre no sentido de sua conversão e afervorarnento na Fé e integração na Civi lização Cristã. Vejamos um belo exemplo disto na história de Nossa Senhora do Yale de Catamarca, na Argentina.

*

E m se us 50 anos de ex istência, nossa revi sta vem alertando os leitores a respeito das manobras da Revolução Cultural no pl ano ético, para que res ista m a elas. Trata-se de uma autêntica baldeação moral inadverlida, tendente a erodir os princípios católicos presentes nas alm as. Vitimados por esse processo, muitos chega m a co nsiderar normais, hoje, atos que anos atrás reco nhec iam serem pecam inosos e até antin aturais. Fiel à sua mi ssão ele pa lad in o das verdades esquecidas, Catolicismo mais uma vez lança esse brado de alerta. Desejo a todos uma boa le itura ele Lema Lão importante co mo esse.

Cordi almente,

~~7 DIR ETOR

predileção de Nossa Senhora pelos índios é notória. Basta pensar em Nossa Senh ora de Guadalupe, no México, Nossa Senhora de Coromoto, na Venezuela, Nossa Senhora de Las Lajas, na Colômbia, e tantas outras. Por que esta predileção? Porque uma mãe sempre se desvela por aqueles de seus filhos que mais necessitam. Ora, dada a triste condição espiritual em que se encontravam nossos índios na época dos descobrimentos, imersos nas trevas cio paganismo, explica-se a solicitude da Mãe de Deus em converter e auxiliar esses seus filhos do Novo Mundo. Mas por que insistimos neste ponto? Porque, hoje em dia, certos incligenistas e

A

A imagem milagrosa prefere ficar entre os índios Por volta de 1542, começaram os espanhóis a civilizar a zona norte da Argentina, onde se encontra o Vale de Catamarca. Diversas exped ições foram percorrendo o país e fundando aldeias. Nelas, aos poucos iam se estabelecendo sacerdotes e povoadores católicos, que se empenhavam em fazer apostolado com os silvícolas. Entre os índios dessa ,~gião destacavamse os calchaquíes, muitos dos quais não demoraram em converter-se à santa Religião Catól ica. E, algum tempo depois, passaram a venerar uma imagem de Nossa Senhora que se encontrava na gruta de Arnbato, perto do povoado de Choya. Era uma imagem de mármore, de 42 centíme-

GRrNSTEINS

tros de altura, que representava a [maculada Conceição. Qual a origem dessa imagem? Isto é objeto de apaixonados debates até hoje. Alguns supõem que a tenha levado São Francisco Solano, o qual pregou missões naquelas paragens. Outros julgam que foram os padres jesuítas. Entre os índios ela região era crença geral que o próprio Deus formou a imagem e a colocou na gruta ele Ambato. Os espanhóis tomaram conhecimento ela existência da imagem em 1630, pois um cios índios comunicou o fato à autoridade daquela região, Dom Manuel de Salazar, adm ini strador do Yale e defensor cios indígenas. Este cavaleiro, bom cristão e de origem nobre, atuou como deve faze r uma verdadeira autoridade nestes casos: de íorma discreta mas eficaz. Foi verificar se era procedente a comunicação, poi s temia que os índios estivessem adorando algum ídolo. Confirmando não haver nada de pagão naquela devoção, tentou convencer os índios a levarem a imagem para a cidade dos espanhóis. Estes, contudo, não o quiseram. Chegaram até a montar guarda diante ela imagem, para evitar qualquer problema. Afinal, após verem que a imagem sorria e refletia uma luz no olhar, consentiram na trasladação. Esta foi levada para um altar na casa cio próprio Sa lazar, onde começou a operar prodígios.

CAT O LIC IS MO

Fevereiro de 2001

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ceram nela a "guerreira que vimos em 11wi1as batalhas". E ficaram apavorados. Que triste reviravolta ! Tão amados da Virgem, a ponto de Ela deixar outros fi lhos para permanecer junto a seus filhos indígenas. E depois tão infiéis, a ponto de se aterrori zarem com E la! Ta l f'at deve servir ele ponto de med itação para nós: se isso ocorreu naq uela poca com indígenas, o mesmo pode ocorrer com catól i os que apostatam de sua fé, adotando uma fal sa religião ou entregando-se ao n opagan ismo. Meditemo ni sto a tempo, para ev itarmos que tantas imagen de Nossa Senhora que protegem o Bras il se afastem de nós . E também para não chegarmos à tri stíssima situação de nos atemori zarm os em presença dEla.

Socorro materno para os filhos fiéis

Os indígenas reconheceram, olhando essa face, "a guerreira que vimos em muitas batalhas"

Mas Nossa Sen hora, com saudades de seus índios,jitgiu para a primitiva gruta. Os espanhóis primeiro pensa ram que os índios a tinh am levado, mas depois comprovaram que estes nada tinh am a ver com o desaparecimento. Levaram-na de volta a imagem para a cid ade, mas ela várias vezes retornou à gruta. Isto perdurou até que foi ed ificada uma igreja para a milagrosa imagem , tendo-se destacado espec ialmente os índi os nessa construção.

Apostasia dos índios afasta Nossa Senhora Infe lizmente, o coração humano é inconstante. Quem diria que a tribo dos calchaquíes, para a qual a imagem aparecera, tornar-, e-ia uma das mais terríveis inimigas da civi lização católica na região? Cumprir os Mandamentos divinos é difícil. Às vezes, pessoas recém-convertida à verdadeira Fé progridem na vida espiritual, mas depois abandonam a prática da vi1t ude e tornam-se

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CATO LICISMO

piores do que eram antes da conversão -

"Quan.10 maior a al!ura, maior o tombo" ... Com a perversão dos índios calchaquíes, a imagem de Nossa Senhora tornou a desaparecer da igreja, mas não para apoiá- los em sua revolta contra os católi c s. Pelo contrário, mostrou -lhes seu desgosto com a apostasia. Os documentos da época at stam que os mais terríveis combates da rebe lião indígena coincidem com novas desaparições da ima ,em, a qual retornava à igreja com o manto ·h •io d' p >, salpi cado d barro, co m pcqu ·nas !'o lhas grudadas e a f'ace ruborizada . Fo i especialmente notória a apariçao de Nossa Sen hora aos indígenas dura nl ' o ataque à cidade ele Va li Viejo e ao l'ort ' São Bernardo, em 1658. Quando, 1Oanos após esse ataque, desejando os espan h >is lembrar a vitória, levaram alguns índios pri sioneiros à igreja onde e encon trava a imagem, estes começaram a gritar e a p ,_ dir para sa ir ela l greja. Por que razão? Observando a face da imagem , r 'conhe-

Fevereiro de •2001

Mas se nos manti vermos fi éis e não relativizarmos nossa Fé, poderemos presenciar mil agres como o ocorrido com um devoto de N ossa Senhora de Catamarea. Após recuperar a saúde graças à intercessão ela Virgem, ele dec idiu fazer uma peregrin ação até seu Santuário, para agradecer-lhe o favo r. Tendo atingido a região de Salinas, seca por excelência, fa ltou-lhe água. Estava para morrer, quando encontrou um jarro de prata cheio ele água. Ficou muito surpreso, pois encontrar água já teria sido um prodígio, mas outro prodígio é encontrá- la num j arro de prata de muito va lor, em pl eno deserto. Decidiu então levá- lo ao Santuário, em agradecimento a Nossa Senhora. Qua l não foi sua surpresa quando, ao entrar na sac ri stia, tornou con hecimento ele que esse mesmo jarro havia desaparecido misteriosamente do Santuário na data em que ele o encontrara no deserto ... P nsemos n ss s !'atos: alguns tinham 1udo ' tudo p ' releram pelo pecado ; outro nada linha ' ·si avais portas ela morte; foi sn lvo p ·la d 'V()(,'UO a Nossa enhora. Sejamos rnmo ·si · fi lho confiante e fiel. ♦

Hihlloi,:ralia: 1. 1'11hln c;urcía, F.M.S., María, Reina y Madre de /11 .1 A1M1•111i11os, Editora Gram , 2a. edição, 1980. 2. Ruh~n Vargas Ugarte, S.J. , Historia dei Cu/10 dl' Mnrfo en lberoa111érica, Ta ller Gráfico Jura, Madrid, 1956. ]. lidés ia Aducci ', Maria e seus gloriosos rírulos, liditora Lar Católico, 1". edição, 1958.

Meditação sobre a morte: necessária e salutar sp._iritual -~

O Li vro do E les iástico contél17 Ul17 co nse lho funda 117enta l para nossa sa lvação:

"Em todas as tuas obras, /embra-te dos teus novíssimos, e jama is pecarás"

(Ecl. 7,40) . Assil17, se record arl170S se117pre da 1170rte, do juízo, do céu e do infern o, jal17a is peca rel17os. Se o 117undo anda tão 117al, é porque pou co se 117ed ita ou 117eS l17 0 não se cog ita seri al17ente sobre os Novíss i117os. Os Santos, no entanto, não só os tinh al17 sempre presentes, 117as tal17bél17 pregaval17 sob re les aos outros. LJ117

deles fo i o gra nde Sa nto Afonso M ari a de Li góri o, Doutor da Igreja e grande 1170ral ista. Aos 22 anos, fo rl17 ado el17 Direito Civ il e Ca nôn ico e Ul17 dos 117ais pro l17i sso res advogados de Nápol es, tudo aba ndonou após ul17 lapso in vo luntári o na defesa de uma ausa judi cial, para entrega r- se às pregações popu lares .Fundou a Congregação do Sa ntíss il17 o Red nto r e es r ve u inúl17eras ob ras. É de sua fa117osa Prepara ção para a Morte qu e xtraíl17os trechos que ve rsa117 so bre os N ovíss il17 os, co 117eça ndo hoj e col17 a 117 0 rte.

"Cº.

o vê! .... Há bem poucos in stantes aind a, não se fa lava senão do seu espírito, da sua po lidez, das suas belas ma-

nsicl era i que ,so i s pó , e que em po vos h aveis de tornar. Virá um di a em que morre-

reis e serei s lançado à podridão num fosso, onde o vosso úni co vestido serão os vermes. Tal é a sorte reservad a a todos os homens, aos nob res e aos plebeus, aos príncipes e aos vassalos. Logo que a alm a sa i a cio corpo com o último suspiro, diri gir-se-á à eternid ade e o co rpo deverá red uzir-se a pó. " Im ag in ai que esta i s vendo uma pessoa que acaba de exa lar o último suspiro; considerai esse cadáver deitado ainda no leito, com a cabeça pendida sobre o peito, o cabel os em desalinho banhados ainda nos suores da morte, os o lhos encovados, as faces descarnadas, o rosto acizentado, a líng ua e os l áb ios cor de ferro ... o corpo frio e pesado. Empa1id ece e treme quem quer que o vê. Quantas pessoas, à vista de um parente ou de um ami go morto, não mudaram ele vicia e não deixaram o mundo! "Ma i s horrível ainda é o cadáver quando principia a corromper-se. Há apenas 24 horas que esse moço morreu, e j á o mau cheiro se co meça a sentir. É

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Morte de Siio Boaventura Francisco de Zurbarán (séc. XVII), Museu do Louvre, Paris

preciso abrir as j anela~ e queimar incenso; é preciso quanto antes enviar esse corpo à igreja e entregá- lo à terra, com receio de que venha a in feccionar toda a casa ..... " No que se tornou esse orgu lhoso, es edis o lu to! A inda há pouco aco lhi do e desejado nas soc iedades, agora obj eto ele horror e ele desgosto para quem

neiras, cios seus bon s ditos; mas apenas está rnorto, j á se perdeu a lembra nça ele tudo isto ..... " Pen sa i bem que, as im como vós fizestes na morte dos vossos am igos, assim os outros agirão convosco. Os vivos entra m para aparecer por sua vez na cena, ocupando os bens e os lugares dos mortos, e destes j á não se faz ou quase não se faz caso ou menção . ... " Na morte é preciso dei xar tudo. O irmão ele Tomás de Kempis, esse grande servo de Deus, fe lic itava-se por ter constru ído uma casa magnífica. Houve porém um am igo que lhe notou um defeito . 'Onde está?' - perguntou ele. Respondeu - lhe o ami go: 'O defeito que lhe acho é terdes vós mandado construir nela uma porta'. 'O quê! Uma porta? Po is isso é defeito? ' . 'S im - acrescentou o amigo - porque um dia, por essa porta, devereis sa ir sem v id a, e ass im deixar a casa e tudo o mai s' . (Preparação para a Morte, Parceria Antônio Maria Pereira, Livraria Editora, Li sboa, 5ª. edição, 1922, pp. 10 e ss.) .

CATOL IC ISMO

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Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta

O Sr. poderia explicar por que recebemos na hora da comunhão somente o Corpo de Cristo e não o seu Sangue também? Resposta O que sobretudo importa co nsidera r na for ma de comungar é alcançarmos todo o fruto da graça da recepção do Santíssimo Sacramento. E este se obtém plenamente recebendo-O ape nas sob uma das espécies. A razão teológica disso é que Nosso Senhor Jesus Cristo está todo inteiro em cada uma das espécies sacramentais. Assim , é verdade de Fé que quem recebe a Sagrada Eucaristia apenas sob a espécie do pão, recebe a Nosso Senhor todo inteiro, a saber, seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade, e portanto todas as graças desse augustíssimo Sacramento. Infelizmente, alguns que pleiteiam a comunhão sob as duas espécies o faze m como s' o fruto do Sacramento foss · 111 ·nos pleno sob uma es-

e

CA fOLICISMO

pécie só. É um erro que nega a verdade teológica que acabamos de mencionar. Comungar apenas da Hóstia consagrada traz, de si, os mesmos frutos espirituais que comungar sob as duas espécies. Naturalm e nte, aprox imar-nos-íamos mais ao modo como Nosso Senhor instituiu esse Sacramento, se a comunhão fosse administrada sob as duas espéc ies, a do pão e a do vinho. O sacerdote, durante a celebração da Mi ssa, comunga assim. Por isso, várias tentativas foram feitas, ao lo ngo da História da Igreja, de reintroduzir no rito latino a co mu nhão sob duas espéc ies. Uma delas, por ocas ião cio célebre Concílio ele Trento, convocado para co nde nar os e rros protestantes. M as os inconvenientes de ordem prática fizeram logo cair e m desuso tal permissão. A m a neira mai s habitual no rito latino continu a sendo a comunhão somente sob uma espécie, a do pão. No ritos orientais unidos a Roma, co ntudo, a fo rm a ha bitu a l de co mun gar fo i sempre sob as duas espécies. Caberia perguntar porque no Oriente dá certo e no Ocidente não. Al ém do peso de uma tradição bimilenar e ininterrupta, talvez a razão -estivesse, também, e m que as liturgias ori entai s, de ·acordo co m a me ntalid ade mais co ntempl ativa daqueles povos, são consideravelmente mais requintadas e mais longas que a nossa, permitind o ass im di spensar ao Santíssimo Sacramento todos os cuidados que a comunhão sob duas espéc ies ex ige, de fo rma a evitar qualquer perd a de fragmentos ou di spersão de gotículas consagradas . Nós, JaFevereiro de •2001

tinos, mais práticos, mais rápidos, corremos esse ri sco. Alé m de razões mais altas, ele ordem doutrin ári a e hi stórica , também por essa razão a prudê nc ia pastoral da Igrej a latina acabo u aba ndonando as te ntativas encetadas nesse sentido. Acresce a is o que, com a invasão dos meio católicos pelo c ha mado "progress ismo" , infe li zme nte caíra m muito o cuidado e a veneração que são dev idos ao Santíss imo Sacramento, entre os fiéis, na hora ele comungar. Nessa situação conc reta, o ri sco de se di spersarem gotículas do preciosíssimo Sangue é maior. Seja como for, o que não é possível é querer mudar ex abrupto ou mecanicamente a me ntalidade cios povos e estabelecer regras - inclu sive litúrgicas - que não levem em conta essa mentalidade. Como também é de valor inapreciável, especialmente e m matéria ele liturgia, manter a tradição própria de cada ri to . Poi , seg undo afirma São Pio X, "os verdadei ros ami gos do povo não são ne m revolucionários, ne m inovadores , mas tradicionalistas" (Carta Apostólica N/Jtre Charge Apostolique, 25/8/ 1910). A Igreja, no seu conjunto, com a multipli cidade ele seus ritos - o latino e os ori entais unidos a Roma - conjuga adm iravelme nte o espírito prático e o espírito contemplativo, sem co m isso querer impor a uns que imitem os outros.

Pergunta

As pessoas que se "casam" na igreja brasileira, ou em outros templos religiosos, estão ipso facto ex-

comungadas? Como fa zer para regularizar a situação dessas pessoas? Resposta

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Exaltação da Sagrada Eucaristia Autor desconhecido, séc. XVIII - igreja de São Francisco, Bogotá (Colômbia)

É preciso considerar que gra nde núm ero ele pessoas qu e se "casam" na " igrej a brasil eira" não é ele adeptos dessa seita cismática e heré-

tica (que, aliás, tem um número reduzidíss imo de seguidores) , mas de católicos que a proc ura m por razões várias. Desde razões pecuniárias, porque lá os "casamentos" são " mais baratos", até razões muito piores, como escapar cios imped imentos canônicos que os proíbem de casar-se na Igreja Cató lica.

Assim, por exemplo, muitos dos chamados " recasamentos" - isto é, de pessoas j á casadas na Santa [greja, que se separaram de seus cônjuges, e portanto estão impedidas de contrair um segundo casamento - são realizados na chamada " igreja brasileira", que se presta a esse serviço nefasto. Estas pessoas, ao fazê- lo, cometem evidentemente um pecado mortal contra a Fé, pelo fato de soli citarem o "sacra me nto" do M atr im ôni o a mini stro de uma seita cismática e heréti ca: a "igreja brasileira". Além disso, encetam uma vida de pecados co ntra os sex to e nono Mandamentos da Lei de Deus; e permanecem nesse estado de adultério enquanto não abandonarem seu parceiro espúrio, regulari zando desse modo sua situação e, arrependendo-se de seu pecado, receberem a absolvição no sacramento da Confi ssão. Se, além disso, med iante o "casamento" ilícito, tais pessoas aderire m pessoal men te à "igreja brasileira", estarão automaticamente excomungadas, e m vista da apostas ia. Já é mais fác il de presumir que tenham apostatado os que, por análogas razões, procurem as seitas protestantes para se casarem ou "recasarem". Porque, no Brasil, é tão conhecido que as sei tas protestantes se destacaram da Igreja Católica, que o simples fato de se aceitar fazer um "casamento" numa delas implica necessariamente numa apostasia da Fé católica. Só pessoas excepcionalmente ignora ntes pod eri am alegar desconhecimento di sso. Neste caso, o simples ato de "casamento" numa seita protestante implica ria ipso facto numa apostasia, e portanto e

em excomunhão automática. O caso da chamada "igreja brasileira", de si, não é diferente. Esta até procura, astuciosamente, conservar os traços de semelh ança com a Igreja Católica, para melhor iludir e atrair os católicos. De onde o fato de muitos católicos levianos e ignorantes serem efetivamente iludido s com essas aparências. De qualquer modo, tanto num caso como no outro, o "casa me nto" de católi cos nesses templos não-católicos é ilícito e invá.lido. Assim , quem tenha feito um pseudo-casamento numa dessas seitas, se estiver livre de impedimentos para casarse licitame nte, deve procurar uma paróqui a da Igreja Católica autêntica e reali zar validamente sua união. Passará antes, obviamente, pelo sacramento da Confissão, a fim de obter absolvição de seu ato ilícito anterior, precedida da absolvição da excomunhão, se for o caso. Entretanto, se houver impedimentos canônicos que exc luam a poss ibilidade de novo casamento (como, por exemplo, vigência de um ca. sarnento anterior), a pessoa só pode regularizar sua situação perante Deu s interrompendo a vida conjugal com a outra pessoa a que se juntou. Se houver filhos da uni ão ilegítima, permanecem as obrigações civi s decorrentes dessa prole (sustentação e educação) e inclusive as obrigações religiosas (educação cristã cios filhos, por exemplo). Se se arrependerem do a.to ilícito que praticaram e se comprometerem a reatar com o cônjuge legítimo do qual se separaram, ou então a viver e m co ntin ê ncia co mpl e ta, podem inclusive receber o sacramento da Confissão. ♦

AT O LIC ISMO

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Selvageria da guerrilha colombiana não abala "generosidade" do Presidente

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inutos antes de vencer o prazo para a renovação da zona des militarizada, controlada pelas Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARCs), o Presidente Andrés Pastrana prorrogou sua vigência por mais 56 dias, portanto até 3 1 de j aneiro de 2001. Enquanto o governo colombiano trata com tanta amabi lidade os guen·ilheiros, estes agradecem essa "genemsa" atitude das autoridades ... E aproveitam a opo1tl111iclacle para engrossar suas fileiras - em dois anos conquistaram 2.800 combatentes na zana de despeje (zona desocupada), situada a

700 quilômetros ao sul ele Bogotá e perpetrar contínuos ataques à população civil e aos militares. Uma elas conseqüências dessa desastrosa po lítica governamental, ele sempre ceder e não tomar uma atitude firm e e enérgica co ntra a guerrilh a, é a fu ga de ma is de um milhão de colombianos para o Ex terior, vitimados pela fa lta de segurança. Outra é a crise econômica, que está levando o país à bancarrota. Mi lhares ele seqüestros empreendidos pela guerrilha constituem um dos pi ores f'l agelos que se abateu sobre a popu lação colombiana. Nesse contexto, é triste que lideranças políticas e Bispos católicos da Co lômbi a - favoráveis à continui dade ela área ele di sten são - tenham qualificado de "generosa e pruden♦ te" a decisão ele Pastrana.

De nada adiantou o encontro realizado meses atrás do Presidente Pastrana (direita) com o llder guerrilheiro Marulanda: a selvageria da guerrilha colombiana só aumentou

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proximadamente 4 mil mulheres trabalham nas Forças Armadas alemãs. Mas nenhuma delas tinha permissão para sequer segurar uma arma. Seu trabalho consistia basicamente no tratamento dos feridos e em tocar música. Ocupações, aliás, que se coadunam bem com a delicadeza e paciência próprias ao sexo feminino. Contudo, devido a uma recente decisão da Corte Européia de Justiça, sediada em Luxemburgo, elas poderão receber a partir de agora treinamento de combate. O Exército alemão, entretanto, poderia impedir que mulheres participassem dos serviços especiais, reservados

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/1 1 O 1 1 C I S M O

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aos soldados de elite. Mas, devido às leis alemãs sobre igualdade de sexos, Berlim não ousou invocar esse veto! Resultado: qualquer serviço no Exército alemão (com exceção de capelão católico) está aberto às mulheres. Elas podem pilotar caças, capitanear um submarino ou comandar um grupo antiterrorista! Esse nivelamento antinatural dos dois sexos trará necessariamente conseqüências desastrosas, quer para as mulheres, quer para o Exército alemão, como já ocorreu nas Forças Armadas de outros países, por exemplo Estados Unidos e Israel. Os sexos foram criados por

Um inglês resgata o passado brasileiro

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o adquirir a famo sa Casa Gramado, na cidade do Rio de Jane iro, o inglês Cristopher Freeman mal sa bia que havia tomado posse de um verdadeiro tesouro . M óveis, objetos e fotografias relativos à indú stria farmacêutica foram deixados in tocados pelos ex-proprietários . Encantado com o qu e viu , Freeman pretende montar um museu: "Com certeza o que temos aqui é um ponto da História do Bras,r, comentou. A Gramado foi fund ada pelo português José Antonio Coxito Gramado, em 1870. Ap ós 1O anos , essa prestigiosa botica tornou -se uma das fornecedoras oficiais da Corte . Com isso passou a ostentar o títu lo de Imperial Drogaria e Pharmacia de Gramado e Cia. " Temos várias fotos de D. Pedro li, pois ele se tornou muito amigo do fundador da farmácia '~ ex plica Freeman. Com uma noção clara do que representa o passado, esse filho da Inglaterra estimula-nos a res gatar nossa história e a dar valor a um dos principa is pil ares da Civilização Cristã: a tradição . ♦

Deus com características espirituais e corporais bem diferentes, com qualidades próprias a cada um. Eles devem se complementar, e nunca tender a se igualar de modo absurdo e artificial. E isto vale especialmente para a vida militar. Como as mulheres não se igualam aos homens no tocante às forças corporais, os soldados. por gentileza para com as colegas, não se esforçam devidamente, como sucede nos Estados Unidos. Conseqüência: os homens se afeminam e todo o nível das Forças Armadas decai . O mito da igualdade exige, especialmente nas atividades bélicas, o pagamento desse altíssimo imposto! ♦

Bondade brasileira: antídoto contra a luta de classes

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e acordo com uma pesquisa rea li zada pelo IBOPE, metade da populaç ão brasi leira com mais ele 18 anos faz doações em dinhei ro ou bens para instituições . I sso equival e a 44,2 milh ões de pessoas . O total de doações atinge o impressionante montante de R$ 1,7 bilh ão por ano. A pesq ui sa, encomendada por du as espec iali sta s soc iai s, a antropóloga Leil ah Landi s e a soc ióloga Mari a Ce li Sca lon, cio I nstituto de Estudos da Religicio, mostrou também que, elas fa míli as cuj a renda fa miliar não ul trapassa dois salários mínimos, 13% fazem doações em dinheiro; e dos ad ultos cujos rendimentos mal chegam a um salári o mínimo, 8% também doam. Pouco, mas doam . Esse é um sintoma ele que a bondade e a caridade cri stãs, graças a D eus, vivem ainda na alma do brasil eiro. E com preende-se também por que, apesa r do empenho dos esquerdi stas, a luta de classes, ao contrário ci o que tem ocorrido em tantos outros países, no Brasi l até agora não se arra igou! ♦

As mulheres que integram o Exército alemão, como as da foto, poderão receber a partir de agora treinamento de combate

Católicos argentinos repudiam homenagem a Fidel Castro

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ovens profissionais e universitários católicos argentinos do Centro Cultural Reconquista difundiram declaração de repúdio à proposta da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Bue-

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nos Aires, de conceder a Fidel Castro o título de "professor honoris causa ". Tão singu lar e absu rd a proposta daquela in stituição universitária parece ignorar - afirm a Recon quista - que o governante cuba no afundou seu país num a desgraça e miséria sem nome, fruto do regime comunista, imposto e mant ido por ele a sangue e fogo. O repúdio do Centro Cultural Reconquista alca nçou significativa repercussão, tanto na Argentina quanto nos Estados Unidos e países europeus. Milhares ·de cuba nos exilados enviaram mensagens no mesmo sentido ao decano da Faculdade de Ciências Sociais, Fortu nato Mallim ac i . O conhec ido "Diário Las Américas ", de Mi ami, deu amplo destaque à declaração, que despertou também a ira dos comunistas cubanos em Havana. ♦

BREVES RELIGIOSAS

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Aldeias católicas vítimas do fanatismo islamita Segundo informações da agência católica Fides, as aldeias católicas de Korfutin e Korolkin , na ilha de Teor, na Indonésia, foram atacadas por fanáticos muçu lmanos em 1' de dezembro último. Atemorizados, os católicos começaram a abandonar a ilha em pequenas embarcações. Enquanto isso ocorre no Oriente, aqui no Ocidente, ao par da indiferença ante tais perseguições, verifica-se uma preocupante imigração de muçulmanos, que não disfarçam sua hostilidade em relação à Igreja Católica . _i

Guadalupe: um milagre dentro do milagre Foi real izada na Itália uma série de estudos computadorizados sobre os olhos da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, que está no México e é Padroeira da América. Tal imagem foi milagrosamente impressa no avental do Beato Juan Diego, índio mexicano a quem a Virgem apareceu no século XVI. Estudos recentes haviam mostrado que as pessoas que então acompanhavam o índio estão refletidas nos olhos da imagem, o que é um milagre dentro do milagre. Agora, o Centro de Estudos Guadalupanos do México utilizou um processo digital, que permitiu a ampliação da imagem 2.500 vezes, e técnicas para filtrar e melhorar a fotografia a fim de analisar os personagens. Segundo o Serviço Informativo Religioso (SIR) , ao menos treze personagens se encontram visíveis nos olhos da Virgem. _i

eATOLIe ISMO

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DISCERNINDO, DISTINGUINDO, CLASSIFICANDO

Progressismo e O novo milênio abre-se - para a Santa Igreja Católica e para o que resta

de civilização cristã - carregado de perspectivas, algumas boas, outras más, que convém muito analisar. Quem não analisa, não entende o que está se passando. E quem não entende o momento atual, não saberá como conduzir-se em face dos acontecimentos que se precipitam e atropelam em nossa direção, os quais, cedo ou tarde, ·envolver-nos-ão a todos e .A.

Se

fôsse mos adotar uma perspecli va mais larga - o que não faremos neste arti go - , a análi se da situação atua l da Igrej a, no que concerne à re li gios idade dos fi é is, precisari a estender-se pelos século que no precederam. Isto nos levari a até os tempos do Renasc imento, por exemplo, quando chegava ao fi m a glori osa Idade Médi a e se orig inava, com todas suas maze las e dores, o mundo moderno em que vi vemos. Foi o que fez, a vôo ele ág ui a, numa síntese genial , o Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira em seu célebre liv ro Revolução e Contra-Revolução . A perspectiva mais curta e mais modesta, que adotare mos aqui , leva- nos apenas até o ano ele I 965, quando fi ndou o Concílio Vaticano n, evento hi stórico ao qual sucedeu, no di zer de Paul o Yl, "um dia cheio de nu.vens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza ".

O progressismo no pós-Concílio

Acima, a belíssima fachada da catedral de Orvieto (Itália), do século XIII, em estilo românico-gótico ... ... contrasta com a fachada da concatedral de Taranto · (também Itália, à direita), em estilo moderno. O primeiro templo, símbolo da tradição, refle-

te, através de dois estilos arquitetônicos, uma Civilização Cristã. O segundo, construção recente, reflete em seu

estilo arquitetônico a corrente progressista.

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C /\ T O L I C I S M O

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Trin ta e cinco anos se passara m, du rante os quais o chamado progressismo católico teve a seu di spor os mais escolhidos meios de ação no campo ec les iástico, ao menos no Ocidente. Bene fi ciou-se ela proteção e apo io dec idido ele Cardeais, Bispos e Padres, desde alguns situ ados nos mais altos escalões ela Igreja até simples coadjutores de paróqui as . Dinhe iro também não lhe fa ltou, num mundo em que a riqueza é fa tor privilegiado de ação . E - é preciso reconhecê- lo - ho uve ela pa rte dos prog ressistas um esforço contínuo, organi zado, sem desfalec ime nto, para te nta r impor suas idéias e s uas prá ti cas ao co njunto d a Ig rej a. Exemplos de tais práti cas foram certas ini c iativas da Ostpolitik do Ca rdea l Agostinho Casaroli. Devido a esse e mpenho, os prog ressistas també m a lcan çaram postos de comando em Conferências E pi scopais nacio nais, incenli vara m o ecumeni mo, allerara m a liturgia, criaram as Co munid ades ele ia is de Base (CEBs) e muitos outros rganismos congêne res de ri is.

Por sua influência, em muitas igrej as penetraram o violão, a mini -sa ia, os casais "juntados " , os mini stros protestantes, cismáti cos ou de qualquer outro culto. Ao mesmo te mpo em que, po r exempl o, a mú sica sac ra tradi cion al, a compostura de outros tempos, o reco lhimento na oração, o latim , a devoção a Nossa Senhora e aos santos, a confissão humilde e arrepe ndida cios própri os pecados feita no segredo do confess ionári o, a adoração enlevada ao Santíss imo Sac ramento, passavam a ser considerados, em igrejas progressistas, co mo valores e práti cas cio passado, que deveri am caminh ar para o o lvid o e até mes mo para a ex tinção. O Sacrifício da Mi ssa, em muitos ambie ntes, tran sform ou-se e m festa e banqu ete; para a Co munh ão não se ex ig iu mais, em certas igrej as, o estado de g raça, ao me nos na prática. Poré m não foi só no campo relig ioso que ag ira m os progressistas . S ua atuação esquercli zante ating iu a soc iedade te mpora l. Em a lg un s países, e les in centivaram o igualitari smo, propu g naram a luta de classes, promoveram invasões de faze nd as e edifíc ios, traba lh aram ativame nte pe la extinção da propri edade pri vad a. E m a lgum as regiões do Gl obo, mes mo de po is do es facela me nto dos Partidos Co muni stas, o prog ressismo católico bu scou substitu í- los com vantagem, faze nd o o mes mo tra balho soc ia li sta de de mo lição das in stituições, não mais e m nome do ate ísmo, mas da re li g ião. As proc issões devotas de outrora, prececliclas pe lo Cruc ifi xo e por uma image m de Nossa Senho ra, deram lugar às Romarias da terra, sob o signo da foi ce e do martelo, ou então a concentrações dos excluídos do neo libe ral is mo ... A pregação da ca ri dade cristã fo i substituída, em certo ambientes cató li cos, pe lo incitamento à revolução, co mo faze m ec les iás ticos adeptos da Teolog ia da Libertação. A obra desses 35 anos de pós-Concíli o fo i o que de la se poderi a esperar? São negativas as respostas dos Pontífi -

ces pós-conc iliares (não fa lamos ele João Paul o 1, pois seu curto pontificado não lhe deu tempo de pronunciar-se). Essas supremas Autoridades falam-nos de uma época de confu são e de di ssemin ação de heres ias (ver qu adro à p. 15).

Procissão de Corpus Christi em Cracóvia (Polônia). Nesse país católico ainda se conserva a tradição das belas e imponentes procissões, como a reproduzida nesta fotografia recente.

A religião (progressista) do homem afastou os fiéis A nosso ver, houve da parte dos progressistas um mo nume nta l erro estratégico. Eles qui seram construir um a reli g ião do ho mem em luga r da Re li g ião de Deus, e com isso pe rderam as bênçãos di vinas e não o btiveram o apo io dos homens. Eles se aprese ntavam fa1ando em nome do povo, e o povo não os acompanhou. Enormes parcelas do povo católi co não se sentiram mais repre entadas, em sua fé e em sua relig iosid ade, por vári os

de seus Pastores. Os que não e mpreenderam uma fuga para seitas protestantes e congêneres permaneceram na Igrej a; em mui tos casos, fri os, di stantes, pensativos. Sua atitude poderia ser interpretada medi ante as seguintes palavras da Sagrada Esc ritura: " Tornei-me um estranho para os me us irmãos" (S I 68, 9); "Os.filhos de minha mãe levantaram-se contra mim " (Cânt. l , 5). Nessa contingênc ia, entre os próprios sacerdotes começa a notar-se um a reviravo lta. Estudo do teó logo e professo r Lui z Roberto Benedetti , da Pontifícia Uni versid ade Cató li ca de Campinas (Pucamp), publi cado na Revi sta Ecl es iás tica Bras ile ira (REB ) no in íc io de 1999, mostra qu e os novos padres já não põem ênfase nos pro ble mas di tos soc iais. Algun s de les chegam a di zer: "Não ag üento m.ais esse negócio de pobre, pobre!". Por isso, segundo Be necletti , o núme ro ele semin ari stas di spostos a e mpenh ar-se e m organi zações vinculadas às ações ditas soc ia is co mo as Co munidades Ecl es ia is de Base (CEB s), a Co mi ssão Pastoral el a Terra (C PT) e as organi zações vo ltadas para os operários, os índi os e os imi grantes - ca iu cerca de 50 % e m re lação a 20 anos atrás.

Tradição: critério seguro de análise A igreja, através de seu Magistério in fa lível, poderá pronunc iar-se definiti vamente sobre o progressismo. E quando o fi zer, sua Autoridade suprema será a lu z e o gui a para todos os fi éis. Ali ás, j á houve, nesse sentido, manifes tações expressivas da Santa Sé, como a advertênc ia contra o caráter marxista ela Teologia da Libertação. Sem falar que o progressismo, de algum modo, j á nasceu condenado, e m suas raízes modernistas, pe los documentos de São Pio X, como a Encícl ica Pascen.di Dominici Greg is. Mas se a Igreja é in fa lível, E la é também prudente. E, por vezes, esses julgame ntos defini tivos de moram , a fim de que E la possa avali ar conveniente mente

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todos os matizes que uma ~eterminada situação comporta. Por exemplo, Lutero afixou suas 95 teses heréticas por primeira vez em 1517, em Wittenberg. O Concílio de Trento, que condenou definitivamente a heres ia protestante, só se reuniu em 1545, e suas sessões estenderam-se até 1563 ! Mas enquanto a Autoridade infalíve l não se pronuncia, temos nós, católicos, algum parâmetro idea l para julgar os movimentos novos que surgem? Certamente. Deus não deixa sem guia e sem luz quem L he quer ser inte iramente fi e l. É um julgamento evidentemente provisório, à espera amorosa cio definitivo, com a disposição prév ia de sujeitar-se inteiramente e até e ntusiasticamente quando a Igreja se pronunciar de modo oficial e infalível. Mas que é muito útil , e mesmo necessário, para sabermos onde pi samos e para onde vamos. Esse padrão idea l, a partir do qual podemos co mparar tudo quanto de novo surge, a própria Igreja no-lo põe à disposição. É a sagrada Tradição. Aquilo que, por séculos seguidos , a Igreja adotou como bom e mesmo como santo, é para nós um termo de comparação seguro ao qual podemos nos arrimar. Ta lvez por isso o grande · São Pio X, único Papa do século XX canonizado, até agora, afirmava: "Os verdadeiros amigos do povo não são nem revolucionários, nem inovadores, mas tradicionalistas" ("Notre Charge A postol ique", 25/8/19 10).

Tradição: "dom que passa de geração em geração" Por que a Tradição? Porque ela é que tem a chave segura que nos abre as portas da Verdade reve lada por Deus. É a série ininterrupta daquilo que disseram e praticaram os Papas, os Santos, os 1 outor s, os próprios fi éis ao longo dos s ·ul os, acl ·rindo a Jesus Cristo, sem14

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pre o mesmo "ontem e hoje; Ele o será também por todos os séculos " (Heb. 13 ,8). É com base na Tradição que se reali za o verdadeiro progresso. Alguns pensam que a Tradição se reduz ao campo da liturgia, o que não é verdade. O conceito de Tradição é mui to mais amplo e belo, é um farol sempre aceso a nos guiar. Ensina o Papa Pio XII: "A tradição é coisa muito di versa de

tín.uo, que se desenvolve ao mesmo tempo tranqüilo e vivaz, de acordo com as leis da vida .... "Por força da tradiçüo, a juventude, iluminada e guiada pela experiência dos anciãos, avança com. passo mais seguro, e a velhice transmite e consigna confiante o arado a müos mais vigorosas, que continuam o sulco já iniciado. Como indica seu nome, a tradição é um dom. que passa de geraçüo em geraçüo; é a tocha que o corredor a cada revezamento põe na müo e co14ia a outro corredo1; sem que a corrida pare ou arrefeça de velocidade. .... "Tradição e progresso reciprocamente se completam com tanta harmonia que, assim como a tradição sem o prog resso se contrariaria a si 1nesma, assim também o progresso sem a tradiçüo seria um empreendim ento temerá rio , um salto no escuro " (Alocu ção ao Patriciado e à Nobreza romana, de 19 de jane iro de J944, "L'Osservatore Romano", 20- 1- 1944).

Fátima, expressão atual da Tradição

São Pio X em solene traje pontifício (1913): reflexo adequado do supremo Magistério eclesiástico

um simples apego a um passado já de saparecido, é justamente o contrário de uma reação que desconfie de todo süo progresso. O próprio vocábulo, etimologicamente é sinônimo de caminho e marcha para a frente - sinonímia e nüo identidade. Com efeito, enquanto o progresso indica somente o fato de caminhar para a frente, passo após passo, procurando com o olhar um incerto porvil; a tradiçüo indica também um caminho para a frente, mas um caminho con-

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É fora de dúvida que, em meio à confusão dos dias que correm, notam-se com freqüência cá e lá, um pouco por toda parte, certos veios de relig ios idade autêntica, ou pelo menos de desejo de volta a um a religios idade autêntica de tipo tradicional. Esses veio tendem cada vez mai s a se unir em torno da Mensagem de Fátima, da esperança no triunfo espetacul ar cio Imacul ado Coração de Maria, ainda que após os castigos e calamidades anunciados em tal Men sagem. Pode-se mes mo perguntar se o aparecimento - inesperado, mas altamente promissor - desses veios não constitui já um início de ação da Virgem Santíssima nas almas para prepará- las, à espera de uma ação mais am1 la na oc iedacle como um todo. É mes mo, a nosso ver, a grande esperança para o rnilGnio que se inicia. ♦

Calamidades na fase pós-conciliar .da Igreja Paulo VI: a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus É de fundamental importância a declaração histórica de Paulo VI na Alocução Resistite fortes in fide, de 29 de junho de 1972, que citamos aqui na versão da Poliglotta Vaticana: "Referindo-se à situação da Igreja de hoje, afirmou ter a sensação de que 'por alguma fissura tenha entrado a fumaça de Satanás no templo de Deus'. Há - transcreve a Poliglotta - a dúvida, a incerteza, o complexo dos problemas, a inquietação, a insatisfação, a confrontação. Não se confia mais na Igreja; confia-se no primeiro profeta profano que nos venha falar, por meio de algum jornal ou movimento social, a fim de correr atrás dele e perguntar-lhe se tem a fórmula da verdadeira vida . E não nos damos conta de que já a possuímos e somos mestres dela. Entrou a dúvida em nossas consciências, e entrou por janelas que deviam estar abertas à luz .... Também na Igreja reina este estado de incerteza. Cria-se que, depois do Con cílio, viria um dia ensolarado para a História da Igreja . Veio, pelo contrário, um dia cheio de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza. Pregamos o ecu menismo, e nos afastamos sempre mais uns dos outros. Procuramos cavar abismos em vez de enchê -los . Como sucedeu isto? O Papa confia aos presentes um pensamento seu: o de que tenha havido a intervenção de um poder adverso. Seu nome é o diabo, este misterioso ser ao qual também alude São Pedro em sua Epístola". (Cfr. lnsegnamenti di Pao/o VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. X, pp. 707 -709).

Paulo VI: a Igreja é golpeada também por aqueles que tomam parte dEla Alguns anos antes, o mesmo Pontífice, na Alocução aos alunos do Seminário Lom-

bardo, no dia 17 de dezembro de 1968, havia afirmado: "A Igreja atravessa hoje um momento de inquietação. Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia que até a autodemolição. É como uma perturbação interior, aguda e complexa, que ninguém teria esperado depois do Concílio. Pensava-se num florescimento, numa expansão serena de conceitos amadurecidos na grande assembléia conciliar. Há ainda este aspecto na Igreja, o do florescimento. Mas, posto que 'bonum ex integra causa, mal um quocumque defectu', fixa -se a atenção mais especialmente sobre o aspecto doloroso. A Igreja é golpeada também por aqueles que tomam parte dEla" . (Cfr. lnsegnamenti di Paolo VI , Tipografia Poliglotta Vaticana, vai. VI, p. 1188) .

João Paulo li: foram difundidas verdadeiras heresias O atual Pontífice João Paulo li traçou também um panorama sombrio da situação da Igreja: "É necessário admitir realisticamente e com profunda e sentida sensibilidade que os cristãos hoje, em grande . parte, sentem -se perdid os, confundidos, perplexos e até desiludidos: foram divulgadas prodigamente idéias que contrastam com a Verdade revelada e desde sempre ensinada; foram difundidas verdadeiras heresias, no campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões; alterou-se inclusive a Liturgia; submersos no 'relativismo' intelectual e moral, e por conseguinte no permissivismo, os cristãos são tentados pelo ateísmo, por um cristianismo sociológico, sem dogmas definidos e sem mo• ral objetiva" . (Alocução de 6-2-81 aos Religiosos e Sacerdotes participantes do I Congresso Nacional Italiano sobre o tema 'Missões ao Povo para os Anos 80', in "L'Osservatore Romano", 7-2-81 ).

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DESTAQUE

INTERNACIONAL

Na . Argentina, ,.., vigorosa reaçao contra o aborto Acción Familia, uma iniciativa da Fundación Argentina dei Maííana, lança a obra "55 perguntas e respostas sobre o Aborto"

livro 55 perguntas e respostas sobre o aborto, de 11 O páginas, constitui um autêntico catecismo em defesa da vida humana inocente, desde a concepção até a morte. Nele, podem-se encontrar abundantes argumentos a respeito de tema tão atual. A obra vem a lume exatamente quando a Argentina está sendo vítima de forte ofensiva para legalizar o aborto e favorecer sua aceitação pela sociedade. Tal ofensiva parte de importantes setores, tanto no âmbito legislativo quanto na mídia. Ante tal ameaça, Acción Familia põe ao alcance do público um documento que, bem estudado, fornece os argumentos indispensáveis para enfrentar toda e qualquer polêmica . Constitui -se também num eficaz instrumento de persuasão daqueles que ainda têm dúvi das sobre o assunto . Os múltiplos aspectos da questão - médicos, éticos e religiosos - são abordados sistematicamen t e ao longo de vários capítulos, per-

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mitindo ao leitor conhecer com objetividade a matéria. É muito recomendado para aqueles que se sintam confundidos pelo em aranhado de falsos conceitos, mentiras e impactos emocionais , tão amplamente difundidos hoje em di a pelos abortistas . A apresentação da obra realizouse no dia 6 de dezembro último em Buenos Aires, no Auditório San Marcelino Champagnat. Ante numeroso público, composto principalmente por jovens, fizeram uso da palavra o Dr. Carlos Abel Ray, destacado pediatra argentino - que teve a seu cargo a revisão dos aspectos científicos da obra - e o Sr. Martin Jorge Viano, secretário da Fundação Argentina do Amanhã. "Desejamos que a leitura do livro - observou o Sr. Martin Viano contnbua para que cumpramos o sagrado dever de proclamar, com toda valentia, a verdade, toda a verdade. Pois do contrário, se nos acomodarmos, cederemos ao medo, à preguiça, ou chegaremos a composições por meio de omissões inaceitáveis para a consciência católica; estaríamos assim traindo a causa da vida humana inocente ".

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se subtrair à cólera e à justa indignação da grande maioria do eleitorado? Recorreram ao sistema da aprovação de afogadi lho e de última hora. O projeto de lei apresentado no Bundestag em 27 de outubro (uma sexta-feira! ) deveria ser votado já no dia 11 de novembro, duas semanas mais tarde. Assim, a opos ição e a op ini ão pública não tiveram tempo de se articu lar contra a aprovação da lei. O "casamento" homossex ual fo i aprovado, e deverá gozar praticamente de todos os direitos co nfer idos ao matrimônio legítimo, inc lu sive o de adotar crianças. Por essa mesma razão, ele é anticonstitucional.

Enquanto em nações da Europa ocidental observa-se uma distorção da representação política, na Rússia de Putin reina um clima de incerteza e de ameaças RENATO VAS CONCE LOS

Frankfurt -

As democracias ocidentai s correm cada vez mais o ri sco de irem se transformando lentamente em oligarq ui as, isto é, num sistema de governo em que poucos - não os melhores, corno na ari stocracia - mand am discricionariarnente so bre a gra nde maioria, não visando o bem com um do país. E é este o sistema vigente há décadas em países totalitári os como a antiga União Soviética, cuj a propalada perestroika não passou de operação meramente cosmética ... Em países europeus, e de modo geral no Ocidente, a tentação oli gárqui ca consiste no fato de os deputados - em tese representantes do povo - não consultarem suas bases eleitorais ao votarem em assuntos da mais alta importância para o interesse público. Vai-setornando habitual o método de votação em regime de urgência - via de regra pouco antes do recesso parlamentar - de projetos de lei que não contam com o apoio popul ar. É a ap licação pura e simples da tática do fato consumado, impingido à opini ão pública. Esse método bem pouco democrático fo i ap licado recentemente nos Parlamentos da A lemanha e da Holanda, que aprovaram leis altamente atentatóri as contra os direitos de Deus e cios homens: o chamado "casamento" homossexual e a eutanásia.

"Casamento" homossexual: aprovação sorrateira Os deputados sociali stas e verdes de Berlim aprovaram , cm mcad s de novembro último, um projeto de lei que regul ariza não ap ' IHlS o "casam.ento "

Drama pior do que a destruição de diques

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ameaças toldam o horizonte homossex ual, mas também toda e qual quer forma de união. A coalizão rubro-verde, atualmente no poder, defende de modo claro, no cap ítul o "Segurança para a Família" , que esta inst ituição "é hoje em. dia vi-

vida de modo pluriforme. A família existe onde há crianças . .... Respeitamos essa realidade e vamos nos empenhar pela concessüo dos mesmos direitos a todas as .formas de família . .... Todas as .forrnas de convivência du ra-

doura gozam para nós do direito à defesa e à segurança" . Os parlamentares soc ial istas e verdes, que se vangloriam de ser invictos campeões da liberdade, tinham consciênc ia bem clara de que estavam dando um tremendo impulso à Revoluçüo Cul!ural, aprovando uma lei iníqua e que não encontra respaldo na opinião pública alemã. E o que fi zeram os oligarcas - perdão, os deputados rubro-verdes - para

No país dos diques, a Holanda, mais uma barreira moral rompeu-se há pouco, com a introdução do assass inato legal, eufem isticamente qualificado de eutanásia (boa morte). O que representa uma tragédia pior do que a ruptura de diques materiais, que contêm a impetuosidade das águas. Dorava nte, os méd icos holandeses poderão "ajudar" pacientes em fase terminal a ter uma "boa morte". Fo i o que decidiu o Parl amento holandês em Haia, no dia 28 de novembro último. A lei terá que ser ai nda ratifi cada pelo Senado, mas nada leva a crer que os senadores a rej eitarão. Embora proibida, a eutanás ia vinha sendo to lerada desde a década de 90. Méd icos que a praticavam não eram perseguidos, e bastava que a com uni cassem às auto rid ades. Só no ano passado foram registrados 2.2 16 casos. Este número deve agora subir vertigi nosamente. Ameaça agora desencadear-se uma verdadeira perseguição reli giosa contra o médico que se mantiver fiel à doutrina da [greja. Pois negar-se a praticar a eutanásia na forma determinada pela lei poderá acarretar a condenação a 12 anos de prisão. Voltaremos aos tempos de Nero e Ca lígul a? A Holanda torna-se deste modo pioneira na introd ução de mais este atentado contra a Lei de Deus e a vida humana, a qual não recebe mais proteção em

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seu estágio inicial, atacada que é pelo aborto, nem em seu estágio final. Também o cha ma o "casame nto" homossexual foi aprovado com todas as regali as na Holanda. O reg istro de associação para casa is homossex ua is já era reconhecido no país desde 1998, mas somente um dos " parceiros" tinha dire itos sobre a lguma cri ança que vivesse com eles. A lei aprovada no Senado em J 9 de dezem bro último prevê direitos de pate rnidade a a mbos. "O casamento entre homossexuais terá as mesmas conseqüências que o casamento entre heterossexuais", dizia um comuni cado do Senado. Assim, aos po ucos, para não assustar demais, uma legislação claramente anticristã vai sendo introduzida.

Encontro do ex-KGB com o antigo ultra-esquerdista Enquanto importantes nações prósperas e do Primeiro Mundo, como a Alemanha e a Holanda, legali zam monstruosidades ta is co mo o "casamento" ho- . mossex ual e a euta nás ia, nas vastas extensões da Rú ssia reina um c lima de incerteza, indefi nição e ambi güiclacle, todo ele túmido das piores ameaças, que podem ele um momento para outro atira r o Ocidente no vórtice de um tremendo ciclone. Bem adeq uado, ali ás, para castigá- lo por pecados como os que aci ma apo ntamos. De fato, na prime ira sema na de j aneiro, por ocasião das co me morações nata linas ela igrej a cismática russa, comentaristas intern acionais se perguntavam que rumos imprimirá o todo-poderoso governante ru sso a seu país. Na ocasião, Putin - o antigo esp ião sov iético, membro da KGB - receb ia o Cha nce le r a le mão Gerh ard Schroder (em sua juventude, um esq uerdi sta exaltado).

Integração na Europa ou retorno ao stalinismo? De um lado, temos a figura de um Putin sorridente, que recebe principescamente o Chanceler alemão e sua atual mulher (a quarta!), e os leva a passear num magnífico trenó pu xado por três cava los, no parque todo coberto de neve do Palíc io Imperial de Kolomenskoje, ao sul d Moscou . Um Puti n que se 18

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mostra cordato, a ponto de declarar-se disposto a pagar à Alemanha a astronômica dívida russa de 26 bilhões de dólares ! Por outro lado, há motivos séri os de preocupação, que faze m temer a volta do urso russo às sendas do stalini smo e da Guerra Fria. Se não, vejamos:

6. Por fim, a Rú ssia não deu qualquer passo concreto no sentido de devolver os tesouros de arte roubados na Alemanha, levados para a antiga União Soviética ao término da Segunda Guerra Mundial.

1. O hino nacional russo voltou a ser o hino de Stalin, que glorifica a revolução soviética de l9 J 7 e prega a expansão do comuni smo pelo mundo _inte iro ; a bandeira vermelha tornou-se novamente o pendão das Forças Armadas do país.

Zbigniew Brzezinski, antigo conselhe iro para ass untos de segurança do Presidente norte-americano Carter, em arti go publicado no se man ári o " Die Zeit", ele 4 de janeiro, comentou que o futuro da Rús ia se chama Europa, numa clara indicação de que seria desejável uma integração russo-europé ia; e que a vi agem de Schroder daria a Putin "uma chance séria de, pela primeira vez, empreender um diálogo estrategicamente importante com um personagem de peso do Ocidente". Tal diálogo não se deu. Os te mas esp inhosos foram ev itados, tanto por Schroder quanto por Putin. Não se ousou sequer mencionar o tema Chechêni a. Nesse contexto, a viagem do Chanceler tento acabo u redu zindo-se a uma viagem turística, de alto luxo, como aliás salientou o "Frankfurter Rundschau", de 8- 1-200 1. Te mas séri os e importantes postos de lado, como cogitar e ntão de um a integração ru sso-europé ia? Porém foi projetada aos olh os do Ocidente, bem a se u gosto, a image m de um Putin co m vagos traços cristãos - muito, muito vagos - , cortês e anfitri ão de gra nde estilo. Sim, foi esse o papel que e le representou. Mas é verdade também que por detrás de le o urso ru sso afia as ga rras ... Ou, para usar outra imagem: talvez se possa co mparar a situação atua l da Europa e a da Rússia a dois vasos de flores colocados juntos sobre mesa be m perto de uma escadaria. O primeiro, de cerâmi ca, representa a próspera Europa. O segundo, de ferro, a Rússia. Permanecerão os dois vasos lado a lado, sem maiores problemas? Ou ex i te o risco ele a lguma sacudidela súbita lançar um contra o outro? Na evcntuali clacle ele um choque, não será clif"fci I im aginar qual deles ♦ leva rá a 111 lhor...

2. Boa parte dos fog uetes atô micos ru ssos está sendo transportada para Ka1iningrad (ou Konigsberg, a anti ga capital da Prússia oriental), na fronteira com a Polônia. Dali as og ivas nuc leares podem alcançar as principais capitais européias num tempo re lativamente pequeno. É o que informa o diário parisiense "Le Figaro", de 6 de jane iro último.

3. A Rúss ia possui atualmente cerca de 40 toneladas de armas bacteriológicas, segu ndo um re latório de 350 páginas da Assembléia Nacional Francesa, referido em notícia publicada pelo "Le Monde" de 8 de janeiro.

4. Em dezembro, poucos dias antes do Natal, o patriarca da igrej a cismática, também conhec ida como igreja ortodoxa (1.0.), lanço u - no velho estilo de seus predecessores, meros lacaios subservientes do Kremlin - uma rubicunda investida contra os países oc identais, acusa ndo-os de procurar única e excl usivamente a destruição da Rússia.

5. No campo econômico, não obstante o supe ráv it de mais ele 80 bilhões de dólares, aufe rido no ano passado com a exportação de petróleo, a Rú ss ia mostra-se re lutante em pagar sua imensa dívida externa de quase 200 bilhões de dólares, apesar de declarações de Putin em sentido contrári o. Quando o fa rá, não se sabe! O que se conhece é que, no presente ano, os russos mostram-se di spostos a pagar ao Clube de Paris apenas uma irri sóri a parcela de sua dívida.

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Conseqüências sociais do divórcio

Viagem de Schroder: turística, de alto luxo ...

Os povos, ao saírem da barbárie rumo à civilização e ao progresso, abandonaram a poligamia e estabeleceram a família monogâmica. A instituição do divórcio vai na contramão da História, retrocedendo da civilização à barbárie.

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elas matéri as que anteriormente publicamos em SOS-Família, ficou demonstrado - com base no livro O Divórcio, do Padre Leone l Franca, SJ - o quanto o divórcio é desastroso para os filhos e os cônjuges. No presente arti go, fundamentado ainda naq uele douto sacerdote jes uíta 1, fica acentuado que, além de arruinar a fa mília, a legislação divorcista produz a corrosão de toda a sociedade.

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"Não se toca na constituição doméstica sem provocar, cedo ou tarde, profundas repercussões na soc iedade inteira. Esterilidade conjugal estimulada; infância educada fora dos seus lares; instabilidade das fa mílias; diminuição progressiva cio senso de responsabilidade, fidelidade e lealdade; rel ações entre os sexos inspiradas mais nos instintos inferiores do que na consciência moral - são males que atingem os povos nos próprios princípios ele sua vitalidade. "Di ssolvendo a famíl ia, o divórcio dissolverá também a sociedade. Acertadame nte afirmou o nosso grande jurista Carvalho de Mendonça: 'Admitir o divórcio com a dissolução do vínculo é destruir a família, e portanto desorganizar a sociedade' 2. "Se quisermos resumir a antítese profunda entre o divórci o e o bem-estar coletivo, diríamos que o divórcio é filho cio egoísmo; e o egoísmo, a negação da vicia soc ial. Todos os arg ume ntos em prol da caducidade do víncul o ciframse na preocupação ele asseg urar a fe lici -

"Esse triângulo de verdades evidentes, de pai, mãe, e filhos, não pode ser destruído; ele destrói apenas aquelas civilizações que o desprezam" * dade dos cônjuges . Ao bem estar do próprio eu, impac iente de sacrifíci os e constrangimentos, imolam-se os direitos da prole, e com eles, todas as ex igências do bem comum. Ora, a vida social não se mantém senão a preço de abnegações contínuas; a solidariedade, que é como a a lm a desta vida, alimenta-se elas renúnc ias individuais ex igidas para a fe licidade de todos. Todas as vezes que a sociedade padece, uma diagnose justa reve lará no egoísmo a causa primeira de seus sofrime ntos. O divó rc io é, po is, eminentemente anti-social".

Declínio da civilização "É certo que, ao considerarmos as gerações passadas, o divórcio nunca é índice de um povo que entra num período melhor de progresso e civilização. Pelo contrário, coincide sempre com as vicissitudes degenerativas de povos antigos e modernos ... Degeneração e divórcio são fenômenos associados, no desenvolvimento da História". (Pasquale Pennacchio, La /egge sul divorzio in ltalia, Roma, 1908, pp. 148, 150).

Retroceder na História "E a í te mos a razão de seu aparecer nas épocas de decadência. 'A História ensina - e o dizem também os positivistas - que, só quando corrompidos, sentem os povos necessidade do divórcio, e o seu fruto é acelerar a corrupção. E corrupção quer dizer decadência intelectual, enfraquecimento fís ico, diminuição da energia procriadora, paralisia no desenvolvimento econômico, incapacidade de conservar e defender a pátria e a liberdade' 3• Se estes efeitos não se faze m sentir numa geração, é que a vida das nações descreve largas trajetórias, e por séculos se lhes pode prolongar a ago nia. "Não há dúvida, portanto, de que a introdução cio divórcio na legislação de um povo assinala um verdadeiro regresso na sua hi stória. A humanidade, em sua marcha ascensional , j á venceu a fase da poligami a, simultânea ou sucessiva. O divórcio, ele poligamia sucessiva que é, reconduzirá insensivelme nte à si mul tânea, que prepara" ....

Alicerce de nossa cultura social "A família monogâmica - escreve constituirá eternamente a pedra angular de toda a forma superior da vida pessoal e social; por isso F. W. Forster -

CATO LI

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CAPA À direita, feira livre - em que transparece a pujança e organicfdade de vida - de uma cidade medieval. Epoca em que a ordem sacia., mais se aproxima do ideal de Civilização Cristã, na qual as famílias, solidamente constituídas, eram o fundamento dos Estados

O inimaginável absurdo: o que ontem ~ra pecado hoje é exaltado

qualquer concepção da vida, concreta e séria, procurará sempre e essencialmente proteger o mais possível essaforrna de comunhão fàmiliar contra os caprichos individuais ... Por causa do valor educativo da monogamia, a sociedade humana deve sempre mais nitidamente convergir para ela. Qualquer outra espécie de relações sexuais atua corno um dissolvente do caráter; só a monogamia decidida fo rma a constância do caráte1; a concentração da vida da vontade, e por isso dá maior profúndidade a todas as outras relações humanas " 4 •• • •

ENRIQUE LARA

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Decomposição do corpo social "Consc ie nte ou inconscientemente, os operários divorcistas dão com o e n- . xadão de mo lidor na base de uma das co lun as mestras do ed ifíc io soc ial. A propaganda contra a estabi lidade das fam íli as é uma obra de anarqu ia e desordem, de destruição e de morte . "Resumindo os inconvenientes do divórcio , ass im escreve um notável juri sta italiano: 'O divórcio é um mal ab-

soluto. Por isso não tem substância alguma, como não a tem a ,norte, que outra coisa não é senão a cessação da vida. Sendo por isso uma negação mesclada de realidade positiva, não é um bem e nunca poderá vir a sê-lo. Nasce da corrupção dos costumes, é uma máscara vazia para dissúnulá-la, mas de fa to não fa z senão excitá- la. Os seus tristes efeitos atraiçoam-lhe a baixeza da origem. Não é possível justificá- lo aos olhos da religião, da moral, da fi losofia, do direito, da razão. Solapa a família , e com ela osfundamentos do Estado; é contrário à moralidade pública e particular, prejudicial aos indivíduos e à sociedade, e mu ito particularmente é uma armadilha - antes um delito - contra a mulh er. Não possuindo conteúdo de espécie alg11111a, nem religioso, nem momi, 11 e111 civil, não pode, sem violação d(I o rd/' 111 e do direito da natureza, 20

A I O 1 1C I S M O

constituir matéria de lei... O Estado, qualquer que seja a sua natureza, renha ou não religião, se se quer conservar fie l à natureza das coisas, ao direito natural, à ra zão humana, se tem a peito conservar a moralidade pública e particular e o bem estar social, não pode admitir o divórcio corno instituição civil, porque contrário à natureza e antijurídico '" 5 •

*

*

ção, do grande estadista ing lês G lad stone, podemos ap li cá- la a nosso país, referindo-nos ao dia 27- 10-1977 - data cio estabelec imento no Brasil ela fun esta le i do divórcio. De lá para cá, o que vem ocorre ndo? A crescente decadência dos costumes corrompe ndo os lares , desfazendo os laços de fam íli a e , como co nseq üê nc ia, arruinando todo o ed ifíc io socia l. ♦

*

Encerra mos com um a lerta a certos legisladores e advogados inescrupul osos , que fingem não ver que o divórcio é antijurídico e si mul am ignorar as ev idênc ias catastróficas para a sociedade, que se decompõe e m conseqüência das separações matrimonia is; que e nchem seus bolsos à c usta de infortú nios famili ares, de lares despedaçados e filhos abando nados.

"Com carvão, e não com giz, deverá se r escrito nos fastos da Inglaterra o dia em que a lei declarou dissolúvel

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o m.atrimônio " 6. Esta mesma afirma-

Notas: * G. K. Ches terton, T/J e S11persririo11 ofOivorce, Londo n, 1920, p.63. 1. Pad re Leo nel Fra nca S. J ., O Divórcio , Rio

2. 3.

4.

5.

6.

de Ja ne iro , Empresa Ed itora A.B.C . Ltda , 1936, pp. 60 a 66. Carvalho de Mendonça, O Divórcio, Ri o ele Janeiro, UC B, agosto 19 12, nº 3, p. 6. Meda , A proposi10 dei divorzio, in C ivitas, 16 de julho ele 1920. F. W. Forster, Sexua/e1/Ji k 1111d Sex11alpiida gog ik, tr. fr. Pari s, 193 0, pp. 56 , 72, 94. E. C c nni , // div orzi o co 11 sidera ro come co111ro 11 c1111rr, e 1111ri1-: i11ridico, Napoli , 1902, pp . 12 1- 122. Glea11i111-:s r!f' Po.1·1 l'e11r.1·, 1857, L V I, p. 106.

le itor deve ter notado que esta matéria, de caráter moral, é ilustrada na capa da presente edição com um contraste entre duas gravuras. Por que utilizar tal recurso, próprio ao plano estético e não ao moral? A razão é simples: as duas meias-faces - a do Divino Redentor no Sudário de Turim e a desfiguração dela na obra do pintor moderno Rouault - simbolizam muito apropriadamente a adulteração da moral católica, única verdadeira, pela di sseminação da pseudo-moral moderna no mundo neopagani zado ele hoje . A explicação mais detalhada da pintura ele Rouault encontra-se no quadro das pp. 22-23. Feita essa observação inicia l, passemos ao tema do artigo, de grande atuaJi clacle. Sempre que alguém atinge uma certa idade, se tem bom senso, é natural que o lhe para trás e faça um balanço ele sua vida sob o o lhar de Deus. O mesmo aco ntece, com mais razão, com uma civili zação. C hegamos ao fim de um sécul o, de um milênio, e co mpree nde-se que se faça um levantamento dos últimos 100 anos. Para ter um ponto de referência dos fatos ocorridos, tomei a co leção Globo 2000, publicada pelo diário cari oca "O Globo", e a na li sei as notícias do iníc io do séc ulo XX. À medida que ia le ndo, a um e ntava e m me u es pírito a sensação de espanto . Sim, poi o que esca nda li zava, com razão , a pessoas daq ue les tempos, torn o u-se natural e até corri q ue iro e m nossos dias . Apresento a seguir, a título exe mplificati vo, a lgumas dessas notícias: 1913 - "Contra o tango: [O Kaiser Guilherme II, da Alemanha, pediu]

ao Exército e .... Marinha que suas tro-

Como foi possível relativizar a moral católica a ponto de ser considerado hoje com naturalidade o que ainda no início do século se reputava abominável?

trouxe a vida real para o palco". Imagine m o que diri a tal críti co se assistisse a cenas da telev isão atual! Programas telev isivos não só tratam em público todas as mazelas e desgraças que podem acontecer na vida, mas a presentam como norma is as maiores aberrações!

1901 - "Augusre Rodin chocou crítica e público com. sua escultura de Vítor Hugo, representando o romancista francês nwnafigura seminua, emergindo de uma rocha bruta - imagem que, para muitos observadores, sugeria uma espécie de deus pagão".

pas não dançassem nem o tango nem o two-step, considerados obscenos". Se o Kaiser vivesse hoje, em rigor de lógica deveria proibir quase todas as danças mais recentes. E não só para as tropas, mas para todos, inclusive meninos e me ninas de cinco anos de idade nas escolas ! 1902 - Pelleas e Melisande, a úni ca ópera do compositor fra ncês C laude Debussy, estreou com escândalo . O Diretor do Conservatório de Paris , onde o músico havia estudado, proibiu seus alunos de a assistirem. Debussy proibido! Todas as lojas de CD hoje vendem suas composições na seção de músicas eruditas ! Qualquer diretor de conservatóri o enfre ntari a problemas caso proibisse seus alunos de ass istirem a um show_ ele música rock, mesmo sendo as letras desta explic itamente satani stas ... 1906 - Comentário de um crítico teatral sobre a peça Fantasmas, de Henri k Ibsen: " É um esgoto aberto, uma

odiosa f erida sem ataduras, um ato sit,jo cometido em público". Qual a razão ele linguage m tão violenta? " Henrik lbsen

Atualmente ninguém se escandali za diante de qualquer evocação do paganismo e de suas man ifestações. Pelo contrário, e las estão na moda. Hoje, uma escul tura com bom enso e que não seja uma obra "abstrata" é qualifi cada por muitos como con servadora! Além do mais, tal escultura escandali zava não o

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Brasil católi co, mas a Fraµ ça, já muito 1 descatoli cizada na época, e que adotara uma política abertamente anticlerical. Outra notícia refere-se à saída de Oscar Wilde da pri são. O dra maturgo inglês estivera encarcerado devido à prática do homossexualismo. Aliás, as notícias da época nem sequer usavam essa palavra. Utili zavam eufe mismos: "Preso por grave atentado .. . moral " . Hoje em di a esse pecado contra a natureza é cada vez mais apresentado com natu ralidade. No Antigo Testamento, a prática de tal vício provocou a ira divina, sendo as cidades de Sodoma e Gomorra destruídas pelo fogo envi ado por Deus (Gn 19, 24-26). Segundo o Catecismo Maior promul gado por São Pio X, esse é um dos pecados que "bradam aos Céus e clamam a Deus por vingança"! Pus de lado a coleção de notícias do início do século e examinei um a série de recortes de jornais de nossos di as, narrando casos considerados corriqueiros, os quais, há 100 anos ou menos, te- . riam provavelmente causado horror e revolta. O que pensariam as pessoas de 1910 se tomassem conhecimento destas notícias? • "Pensão para companheiro homossexual ". A Previdênc ia vai pagar pensão para o companheiro homossexual do segurado que morreu ("Jornal da Tarde", São Paulo, 9-6-2000); • " Feira livre of erece f otos pornográficas [na Internet]". Imagens podem ser encontradas em seções de bate-papo

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AT O L ICISMO

da rede internacional, abertas a qualquer pessoa ("Folha de S. Paulo, 31-1 -1999); • "Levar os namorados para dormir no quarto, uma questão que desafia os pais (liberais ou não)" . Deixar a filha dormir com o namorado no próprio quarto, ou vice-versa, era uma questão inconcebível até bem pouco tempo atrás. Mas hoj e a prática é aceita e ntre muitas famílias urbanas de classe média ("Jornal do Brasil ", 28-5-2000). Tais notíci as são ape nas algum as amostras do que pode ser e ncontrado hoje ao se abrir qualquer jornal. Vai longe a época em que a sanidade moral e psicológ ica era a norma! Hoje o antinatural, o absurdo, o non sense é erigido como normal.

"Revolução Cultural" e "Revolução dos costumes" Em sua renomada obra Revolução e Contra-Revolução, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira aborda com penetração um tema intimamente conexo com a transformação acima apontada. Eis suas palavras : "Como uma modalidade de guerra psicológica revolucionária, a partir da rebelião estudantil da Sorbonne, em maio de 1968, numerosos autores socialistas e marxistas em geral passaram a reconhecer a necessidade de umaforma de revolução prévia às transf ormações políticas e sócio-econômicas, que operasse na vida cotidiana, nos costumes, nas mentalidades, nos modos de ser, de sentir e de viver. É a eh.amada 'revolução cultural"' 1•

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Margaret Sanger liderou, desde 1916, o movimento de liberalização das mulheres, bem como o da chamada legalização do aborto, nos Estados Unidos

O insigne pensador católico ex plica a seguir que tais autores marxistas consideram essa revolução- preponderantemente psicológica e tendencial - uma etapa indispe nsá vel pa ra se chega r à mudança de mentalidade, o que possibilitari a a impl antação da utopi a iguali tári a nas instituições e nas leis. E que sem tal preparação a transformação revolucionária e as "mudanças de eslru turas" seriam efêmeras. E mbora essa "Revolução Cultural " tenha se configurado inteiramente a partir da rebeli ão da Sorbonne, em 1968, vinha ela sendo gesta.da mui tas décadas antes, medi ante a brutal modifi cação de costumes, perceptíve l já no início cio século XX. O tópico a seguir, de autoria de Zuenir Ve ntura, publicado em Globo 2000, é muito signjficativo nesse sentido, ressaltando a "Revolução dos Costumes": "E se a revolução dos costumes tiver sido a verdadeira revolução deste séc ulo? Não a soviéti ca ou a chinesa, nem a c ubana, ne m a portuguesa, muito menos a de 64, mas a que fez o homem e a mulher cio século XX mudarem seu estilo de vida e seu modo de estar no mundo, tendo ao fund o o ' rock como trilha so nora? .... Com destaque espec ial para os anos 60, essa revolução nem sempre silenciosa subverteu códigos, derrubou preconceitos e tabu s, legitimou ' desvios', rejeitou convicções estabelecidas, tra nsformou reivindicações em direito e lançou novas convenções . .. . Esse pro-

cesso ele liberação se acelerou a partir da segunda metade do sécul o, quando ca íra m as últimas resistências de pudi cícia e pudor .. ... É cl aro que tudo isso não aco nteceu iso ladamente, mas estimul ado ou causado pelas invenções da ciê ncia e da tecnologia e m geral , espec ia lme nte a da comuni cação. Co m o poder de e ntrar não só dentro das casas, como dentro de seus própri os moradores, condicionando gostos, preferências e sensações, a mídi a fo i fu ndamental na criação desse ser .. .. O corpo fo i o espaço onde se travaram as batalhas comportamentais mais significativas. Permi ssivo e hedoni sta, o século XX desenvolveu como nunca seu culto" 2 • O texto acima descreve a transformação dos costumes, mas não vai ao fundo da questão. Não é possível ocorrer uma tão profunda mudança de costumes sem a alteração cios princípi os morais que suste nta m tais costumes. Como se deu essa mudança? Desapareceram assim , simplesmente, os princípios morais? E isto e m todos os países ao mesmo tempo? Mais ainda. Como fo i possível povos católicos em sua maioria, sem querer deixar de ser católicos, aceitarem tal mudança, que em última análise é frontalmente

CATO LICISMO

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contrária à moral cató lica? No Bras il , 75 % da população se di z 'cató lica. No início do século era bem mais de 90%. Então essa mutação só se ex plica devido à rel ativi zação dos princípi os perenes da moral católica por parte dessa grande maiori a. No decorrer do sécu lo, embora se declare católica, tal maiori a de ixou de seguir os princ ípi os da doutrina moral da Igrej a e m matérias importantes como contracepção, divórc io, aborto, homossexualismo etc.

A Moral imutável da Igreja Católica A moral sempre ensinada pe la Santa Igrej a tem como base os LO Mandamentos entregues pe lo própri o Deus a M oisés, nas T ábuas da Le i, no Monte Sina i. Os M andamentos do Decálogo compreendem os preceitos bás icos da própri a Lei Natu ral. Esses Mandamentos são imutáveis, justamente porque a essênci a da natureza humana é imutável, valendo para todos os homens em . qualquer situação. Jamai s alguém, em sã lógica, poderi a di zer que os Mandamentos têm um prazo de validade, ou que eram aplicáveis só a ta is ou quais povos. E les, na

quanto para a é poca das catacumbas, como tinha vi gor no antigo Egito. E aplica-se essencialmente tanto a situações de abundância quanto de penúri a. Não é porque algué m possui milhões de dólares que terei o "direito " de invej á-lo. Os M andamentos são normas morais que devem guiar as pessoas sempre. Ora, se analisarmos os M andamentos, veremos que há dois deles dedicados especialmente a combater uma das paixões mais dinâmicas no homem: a sensualidade. O sexto, que ordena "Não pecar contra a cast.idade " , e o nono, que preceitua "Não desejar a mulher do próxúno " . Tal é o dinami smo da sensualidade no homem, que o próprio Deus estabe leceu esses do is Mandamentos para regul armos nosso comportamento em tal matéri a, de aco rdo com a fé e a razão. E estas nos ensin am que, embora dotado de alm a imorta l, o homem na vida presente caminha infa live lme nte para a morte. Portanto, deve ele viver mais em fun ção da vicia futura - a eterna - do que desta vida terre na. A Igreja, em todas as épocas, executou a difíc il tarefa de lemb rar aos homens suas limitações neste mundo e os preceitos que elevem ser seguidos, constantes do Decálogo, os quais, como fo i dito ac ima, j á pertencem, em sua qu ase totalidade, à Le i moral natural.

Moral Nova e Ética da Situação

Moisés lê para o povo o livro da Aliança Rafael (séc. XVI), Vaticano. "E Moisés, pegando o livro da Aliança, leu-o

ao povo, o qual disse: Faremos tudo o que ordenou o Senhor e Lhe seremos obedientes"

(Ex 24,7) .

rea lidade, em sua essência, valem sempre e para todos, e não pode haver re lativi zaçã de seu conteúdo. Por exemplo, od ·imo, "Nãocobiçarascoisasalheias". EI • •ss •n ·ialmente vale ta nto para hoje

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Contudo, a ânsia sempre crescente do gozo da vida e do prazeres terrenos, que j á a partir do Renasc imento recebeu um impul so inusitado , no século XX transformou-se em vendaval. Pode ser comparado a certas doenças, que e m determinado momento mani festa m-se com um dinami smo impl acáve l. O fato é que a sensualidade, mais ou menos encoberta até o início cio sécul o, transpôs todas as barreiras e apareceu em público de modo impudente. E mbora tal tendência tenha sido favorecida e fo rtemente estimul ada pela mídia, e la só progrediu porque os homens não quiseram opor uma barreira séria a tal decadência e se deixaram levar por ela. M as sendo o homem um ente racional, procurou ele uma justificativa para esse comportamento desregrado. Po is,

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"

A

moral nova afi rma que a Igreja, e m lugar ele susci tar a le i da liberdade humana e do amor, e de insistir sobre ela como justo estímul o da vida moral, se apóia ao contrário, por assim di zer exclusivamente e com uma rigidez excess iva, sobre a fi rmeza e a intransigência das le is mora is cristãs, recorre ndo freq üente mente a estes 'vós sois obrigado' , ' não é permi tido' , que têm por demais o tom de um pedanti smo avil tante. . "Ora, a Igrej a quer, ao contrári o e E la o põe expressame nte e m ev idê nc ia quando se trata de for mar as consciê nc ias - que o cristão seja introduzido nas riquezas infi nitas da fé e da graça, de um modo persuas ivo, a ponto de se sentir inclinado a penetrá-l as profundamente. "Entretanto, a Igrej a não pode deixar de advertir os fiéis de que estas riquezas não podem ser adquiridas e conservadas senão pelo preço de obri gações morais precisas. "M ais ainda que no domíni o da vida privada, muitos quereri am hoje e m di a excl uir a autoridade da le i moral na vida pública, econômica, social, na ação dos poderes públicos no interi or e no exterior, na paz e na guerra, como se Deus nestes ass untos nada tivesse a di zer, ao menos ele definitivo" . (Excertos da Alocução do Papa Pi o XII, em 23 de 'março de 1952, apud Catolicismo nº 18, junho de 1952). *

*

*

"O traço característico desta [ nova l moral é ela não se basear nas le is morais uni versais, como, por exemplo, os dez Mandamentos, mas nas condições ou circ unstâncias reais e concretas na quais se deve ag ir, e segundo as quais a consciência individual deve julgar e escolher. Tal estado de coisas é único e vale uma vez só para toda ação humana. E is por que, segundo afirmam os adeptos desta ética, a dec isão ela consciência não pode ser dirigida pelas idéias, peios princípios e pelas le is universais ..... E xpres-

Dois documentos de Pio XII condenam a Moral Nova sa sob esta fo rma, j a, que é por muia nova ética está tos d e no m ina d o 'Éti ca d a Si tu ade tal modo afasção' , e que di zem tada da fé e dos não depender dos princípios católi princípios da ética cos , que mes mo objetiva . .. .. Mui to uma cri ança, se j á sabe seu catecisdo que se acha esmo, o perceberá e tabe lecid o nesta o sentirá. N ão é 'Ética da Si tuação' está e m contradi di f íc il ver ifica r ção com a verdacomo o novo siste ma moral prode das coisas e se opõe vé m do existenao reto ditaPio XI/ ciali smo, que ou me da razão, aprefaz abstração de Deus ou simplesmente · senta indíc ios de re la,ivismo e moderO nega, e em todo caso remete o ho mem nismo, e abertamente se afasta da doua si mesmo ... .. Pergun tar-se-á como a trina católica ensinada através dos séculos. E m não poucas asserções se revela lei mora l, que é uni versal, pode bastar, e mesmo obrigar, num caso particular, o afim com di versos sistemas de moral não católi ca. qual é, concretamente, sempre único e de ' uma vez'. E la o pode e ela o faz por"Tudo isso considerado, para afasque, j ustamente graças à sua universalitar o perigo da M oral Nova de que fa lou dade, a le i moral compreende necessao Sumo Pontífice Pio XII nas alocuções de 23 de março e 18 de abril de 1952, e ri amente e ' intencionalmente ' todos os casos particul ares, nos quais seus conpara resguardar a segurança e pureza da ceitos se verifica m. E em muitos casos do utrina católica, esta Su prema Sagraela o faz com uma lóg ica tão concludenda Congregação do Santo O fíc io interte,. que mesmo a consciênc ia do simples di z e proíbe que esta doutrina da 'ética da situação' - qualquer que seja o nome fiel vê imedi atamente e co m certeza plena a decisão a tomar" . (Excertos do Dissob o qua l ela se apresente - sej a ensinada ou aprovada nas Universidades, curso ele Pi o XII aos me mbros do Congresso da Federação Mundial das JuvenAteneus, Seminários e casas de formatudes Femininas, 18 de abril de 1952, ção de Religiosos, ou seja propagada e apud Catolicismo nº 19, julho de 1952). defend ida em livros, di ssertações , conferências ou de qualquer outro modo."

Santo Ofício condena a Ética da Situação

"E m muitas regiões, e mesmo entre católicos, começa a espalhar-se um sistema ético contrário aos princípi os e às aplicações da mora l ensinada pela Igre-

(Exce rtos do Decreto do Santo Ofíci o de 2 de fevereiro de 1956, apud Catolicismo, nº 70, outubro de 1956).

como bem di z o escritor francês Paul Bourget em sua obra Le démon du Midi , "cumpre viver como se pensa, sob pena de, mais cedo ou mais tarde, acabar por se pensar como se viveu " . 3 Pio Xll condenou essa moral relativista em duas alocuções pronunciadas em 1952 (vide quadro às pp. 24-25). E a conceituou com as seguintes palavras: "O traço característico desta moral é ela não se basear nas leis morais universais, como, por exemplo, os dez Mandamentos, mas nas condições ou circunstâncias reais e concretas nas quais se deve agir; e segundo as quais a consciência individual deve julgar e escolher". Os adeptos dessa nova moral afirmam que tal estado de coisas é único e vale uma só vez para toda a ação humana. Deduzem então que a decisão da consciênci a não pode ser diri g ida pelas idéias , pelos princípios e pelas leis universais. Quatro anos após, em fevereiro de 1956, a Sagrada Congregação do Santo Ofíc io, através de uma Instrução, condenou a chamada Ética da Situação (vide quadro à p. 25). Tal ética é uma . decorrênci a da fil osofi a exi stenci ali sta e vai na linha da Moral Nova. Segundo ela, não é sufic iente o conceito tradicional de "natureza humana ", mas é necessário recorrer ao conceito de natureza humana "existente " , que gera lmente não te m va lor objetivo absoluto, mas apenas relativo e, por isso mesmo, mutável.

Moral do Consenso: nova queda Após a década de 50, acentuou-se o processo de relativi zação da moral católica, possantemente incentivado pela Moral Nova e pela Ética da Situação. Atingiu ele em nossos dias um clímax. Às características desses tipos de moral relativi sta acrescentou-se um dado, muito presente em nossa época: o chamado consenso. Desde que um novo costume não contunda demais o esquálido senso moral e o anêmico pudor da maioria, ele deve ser absorvido pela soc iedade, segundo preceitua essa fa lsa Moral do Consenso. A Moral do Consenso não se baseia igualmente e m nenhum Mandamento da Le i de Deus ou e m qu a lque r norm a moral objetiva, mas numa fórmul a inte iramente re lativi sta: "Não escandali-

CAT O LIC ISMO

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ENTREVISTA

Conjunto de punks do grupo Fréres Misere. Especialmente após o advento do hippismo, a Revolução da Sorbonne e o aparecimento dos punks, o consenso antidrogas começou a ser erodido e os entorpecentes passaram a ser displicentemente tolerados.

zar eternais ". Tal fó rmul a ma landra tende a enganar a consc iência do homem mode rno , a prese nta nd o o consenso como uma espéc ie de reg ul ador. Desde que todos, ou a maioria, aceitem algo como sendo tolerável, esse algo passa a ter foros de cidadania. E o que é hoje . intole ráve l, amanh ã de ixará de sê- lo, desde que todos, ou a maioria ele uma co letividade, adote m o novo costume. Assim, o que esca nda li zava no passado, porqu e a maioria não tolerava, passo u a ser normal e até banal quando ela se acomodou ao novo hábito. Se observarmos mais detidamente as notícias difundidas pela núclia, especialmente a partir ele 1960, verificare mos como a fórmula "ncio escandalizar demais" foi aplicada para que os homens se habituassem a comportamentos que, poucos anos antes, eram rejeitados com vigor. Tome mos o exemplo elas drogas. Houve época e m que elas eram veementemente reje itadas pela maioria. A partir ela década ele 60 - es pecia lmente com os movim entos contestatários, o hippismo, a Revolução ela Sorbonne, os punks - o consenso antidrogas começou a ser erodido e os entorpecentes passaram a ser cli plicentemente tolerados. Hoje em dia, devido à fórmula ela Moral de Consenso, a situação está se invertendo. Entramos numa fase em que o uso ele droga "ncio escandaliza mais" e tende a s r legalizado. E dentro em brev -, qu m se opuser à droga será mal visto • considerado radical e retrógrado! Naturnlmente, a decadê ncia moral 2

, A 1

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não avança igualmente em todos os pontos. Por exemplo, o divórc io já foi introduzido na legislação ele quase todos os países cio Ocidente cristão. Mas ainda se nota m reações ponderáveis e m vários desses países, para se introdu zir em suas le is a liberação completa cio aborto. E quanto à eutanásia e ao chamado "casamento" homossexual, ainda se verificam oposições não desprezíveis.

Fotografia dos três pastorinhos de Fátima, tirada logo após a visão do inferno

O dever de resistir ao processo de relativização moral Quando Nossa Senhora apareceu em Fátima, em 1917, mostrou aos três pastorinhos o inferno. Por quê? Era necessário lembrar aos homens o terrível

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destino eterno que aguarela aqueles que violam os Mandamentos da Lei ele Deus. E violam tais Mandamentos não só os que abertamente os infringem, mas também os que são cúmplices com o pecado. A cumplicidade tem graus. Uma é a cumplicidade aberta, daquele que favorece o ma l sem disfarces, promovendo o vício, elogiando o pecado. Outra é a cumplicidade ele quem não peca diretamente, mas que, podendo evitar que outros pequem , entretanto nada faz. Não é lícito viver indiferente ao lado cio mal. Aquele que, podendo, não ajuda outros a evitar o pecado, e portanto a não cair no inferno - e sobretudo a não ofender a Deus - comete uma falta contra a caridade. E uma ajuda importante ao alcance de todos nós consiste em abrir os olhos das pessoas para essa relativização da moral. A TFP, durante décadas, vem denunciando tal processo. Distinguiu-se desde os seus primórdios nessa batalha para impedir a derrocada moral. Empreendeu, sob a sapiente e prudente direção do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, duas campanhas vitoriosas contra a implantação do divórcio no Brasil, e prossegue a batalha contra a imoralidade e a decadência moral. Também denunciou o processo de baldeaçcio moral, pelo qual. muitos católicos julgam que podem ter a consciência tranqüila, mesmo quando nada fazem para opor-se ao pecado. Se a TFP vem cumprindo seu dever nesse sentido, deve-o sobretudo a graças concedidas por Nossa Senhora. Não faltaram também, em sua longa luta em defesa da moral católica, ajudas inesperadas, apoios corajosos, orações fervorosas, intervenções desinteressadas. Nessa batalha, contudo, é essencial a confiança nAquela que em Fátima mostrou o inferno, mas que também prometeu: "Por fim, o Meu. lrnaculado Coraçcio triunfará!" ♦

Notas: 1. Plíni o Corrêa de Oliveira, Revoluçcio e Con-

tra-Revoluçc7o, 4" ed . em Português, Artpress, São Paulo, 1998, p.62. 2. Z ue nir Ve ntura , Muda tudo, estilo de vida, família, sexo, moral , Globo 2000, p. 14. 3. Op. c it. Librairic Plon , Paris, 1914, Vol. li, p.375 apucl Plínio orrêa ele Oliveira, Revoluçc7o e

011.1ra-Revol11.çcio.

Sobrinho do Cardeal Kung, Prelado-símbolo da resistência católica ao comunismo na China, desvenda o calvário dos autênticos católicos desse país

r

EDELL Af I A

Catolicismo - O governo co-

A

perseguição religiosa na China comunista é constante e impla cável. E não se pode falar em perseguição aos católicos verdade iros sem mencionar a heróica figura do falecido Cardeal Inácio Kung ( * 2-8- 1901 + 13-3-2000) . Grande devoto de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora de Fátima, quando Bispo de Shangai consagrou sua diocese ao Imaculado Coração de Maria (1952). Este intrépido Prelado durante 30 anos esteve prisioneiro na China, devido à sua firme recusa às tentativas do governo comunista de controlar a Igreja Católica. Seu sobrinho mais velho, Sr. Joseph Kung, a pedido do próprio Purpurado - e também graças ao encorajamento do finado Bispo de Bridgeport (EUA), Mons. Walter Curtis - , criou em 1991 a Fundação Cardeal Kung. Participa ele com freqüência de transmissões televisivas e radiofônicas, tendo pronunciado conferências em muitas organizações católicas, bem como em organismos internacionais. Deu testemunho da própria experiência sobre a perseguição religiosa na China , diante do Subcomitê sobre os Direitos Humanos do Congresso dos Estados Unidos, em 1994 e 1996; do Parl amento inglês, em 1996; do Conselho da Cidade de Nova York e do S e nado da Califórnia, em 1997. O Sr. Kung proferiu em Roma , no dia 5 de dezembro último, importante conferência. Na manhã seguinte, no prestigioso hotel da rede Jolly, onde se hospedara na Cidade Eterna, concedeu entrevista ao enviado especia l de Catolicismo, Nestor Fonseca.

munista de Pequim não admite que tenham sido ordenadas prisões por razões religiosas na República Popular da China. Afirma que esses prisioneiros estão cativos por "motivos políticos". Ao mesmo tempo, a autorizada agência de notícias "Fides", do Vaticano, tem relatado algumas das vicissitudes pelas quais os católicos estão passando naquele país. O que o Sr. diz sobre a transparência dos acontecimentos na República Popular da China e as informações que o governo comunista dissemina no Ocidente? Sr. Joseph Kung - Dou-lhe um exemplo. Há três anos, quando o Pres id ente chin ês Jia ng C hi - Min g visitou os Estados Unidos, o Mini stério elas Re lações Exteriores ela China informou ao Departamento de Estado norte-americano que o Bispo Su Chi Ming havi a sido libertado da prisão, como gesto ele boa-vontade pe la visita do Presidente Jiang. O Bispo Su havi a sido preso várias vezes pelo governo, cumprindo uma pena total de ap rox imad a mente 25

CATO LIC ISMO

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anos. Infeli zmente, fi cou claro , que essa boa notícia não passava de uma grande mentira do govemo chinês. Na verdade, o Bispo Su nunca foi solto e ninguém sabe onde se encontra.

. • • • :

• • : •

• Catolicismo -

Como evoluiu a perseguição da Igreja na China?

Sr. Kung - Mao Tsé-Tung tinha um conhecimento muito preciso do poder da religião. No começo do regime comunista, ele disse que não seri a possível destruí-la pela fo rça. O único modo de destruir a Igreja seri a deixá-la apodrecer por dentro. Mao sabia bem que quando um galho se destaca da árvore, ele morre. Se a Igreja na China pudesse ser separada da Santa Madre Igreja, ela também fe neceria. Então, em 1957, após sete anos de perseguição, e fracassando em sua tentativa de erradicar a Igreja Católi ca, o gove rno co muni sta cri ou sua própria igreja, denomi nada Associação dos Católicos Patrióticos, vi sando substituir a Igreja Católi ca Romana na China e control á- la inteiramente. Essa igreja da Associação Patriótica recebe seu mandato do Congresso Popul ar da China, e não do Papa. O mais importante arti go dos estatutos da Associação Patriótica é a autonomia em relação ao Papa. Eles não reconhecem a suprema autoridade administrativa, leg islativa e judicial do Sumo Pontífi ce. Um conhec imento básico de teo logia nos mostra que ningué111 pode alegar comunhão com o Papa e simultaneamente negar a suprema autoridade do Romano Pontífi ce. Até hoje a Associação Patriótica conti nua a propugnar aberta mente autonomi a em relação à Santa Sé. Portanto, essa Assoc iação NÃO está em comunhão com o Papa. Os bispos da Associação Patriótica nunca deixam de manifes tar seu amor pelo Papa, mas, ao mes mo tempo, juram defender a igreja autônoma na China. Não é esta a fé que me foi ensin ada. Bi spos e padres dessa mes ma Associação Patriótica, fazendo-se passar por clérigos católicos de boa fé, viajam pelo mundo pedindo donativos. ln stitui ções católi cas mal info rmadas, algumas delas possivelmente bem intencionadas, têm doado milhões de dólares à Associação Patriótica, ao mesmo tempo em que os Bispos leais à Santa Sé, na clandestinidade, são deixados quase à míngua.

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e ATOLIeISMO

• •• : Sr. Joseph Kung: • • "Em 1957, após •• sete anos de • : perseguição, e • fracassando em : • sua tentativa de : erradicar a Igreja • Católica, 0 gover:

•• •

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• •

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A Associação Patriótica se mpre nomeou bispos sem autori zação da Santa Sé. Mas qu ando S. Exc ia. Revm a. Domini c Tang fo i nomeado Arcebispo em 1982, e quando foi anunciada a elevação secreta do Cardeal Kung ao Colégio de Cardeai s em 1991, o govern o chin ês de nun ciou o Papa com veemência, acu ando-o de in terferência nos assuntos internos da Chin a. Por outro lado, em 1• de outu bro de 2000, os bispos da Associação Patriótica denunciaram publicamente o Papa, pela canoni zação de 120 mártires chineses. Infe li zmente, as reiteradas condenações ao Papa, feitas pelo governo comuni sta chinês e pelos bispos da Associação Patriótica, parece m ter sido açodadamente desconsideradas ou mes mo descul padas por vári os membros da Hi erarqui a da Igreja, devido à desfavorável situação política.

Catolicismo - Qual a receptivi• dade que a Associação Patriótica tem en: contrado no Exterior? • Sr. Kung -

Algumas dioceses dos Estados

•• Unidos chegaram até a permitir que padres da

Associação Patriótica rezassem mi ssas e admini strassem sacramentos, inclusive o da penitência, em paróquias católicas. Muitos católicos recebem esses sacramentos a não sabendas, uma vez que não conhecem o padre. Oisseram-nos que tai s padres patrióticos podem ser considerados católi cos, por terem rec itado em privado o Credo ao menos uma vez. Não deixa de ser irôni co que, em sua ordenação, os bi spos da Associação Patriótica chin esa ao no comunista mes mo tempo rec itam o Credo e juram defender a igreja autônoma. criou sua própria Essas atitudes são mui to confusas e contraigreja, denominadi zem as orientações emanadas do Vaticano para da Associação a hina 111 1988. Além di so, têm vindo a lume muiLos r latóri os enganosos e tendenciosos sodos Católicos • brc a I rqja aLólica na China. Foi o que me Patrióticos, levou a escrever uma carta aberta à Santa Sé, visando substituir em 28 de março p.p., pedindo um esclarecimena Igreja Católica Lo, pois Lal confusão tem um preço, e este está sendo pago pelo sofrimento da Igreja subterrâRomana na China nea na China. Essa carta aberta não cri tica ou e controlá-la cul pa a Santa Sé, mas visa obter um escl arec imento cabal da po lítica vaticana no tocante ao inteiramente" procedi mento da Igreja universal com relação à • Igreja das catacumbas, na China. • : • : • : • : • : • :

O Papa Pio XII disse certa vez a um grupo de seminaristas que, além dos quatro sinais bem co nhecidos da fgreja verdadeira - una, santa, católi ca e apostólica - , há um quinto: a persegui ção. Aind a hoje os católi cos não têm igrej as abertas ao públi co na China, por serem estas co nsideradas il ega is. Missas, orações em comum , ou até rezar junto a ago ni zantes, tudo é considerado atividade subversiva se fe ito sem permissão do governo. Os serviços religiosos para a Igreja subterrânea só podem ser reali zados secretamente, em casas particul ares ou em lugares erm os . O govern o chinês considera ta is reuni ões privadas de católicos como ilegais, não autori zadas e subver ivas, puníveis co m exorbitantes multas, detenção, prisão domi cili ar, cadeias, ca mpos de traba]hos forçados, ou até mes mo com a morte. Mui tos Bispos, padres e leigos estão atualmente detidos, ou se encontram em prisão domi cili ar ou escondid os. Essa lea ldade da Igreja subterrânea ao Papa é o ponto mais importante. Caso se perca isso, não há mais lgreja. Essa é a razão da frase de Mao Tsé-Tung: "Para destruir a Igrej a, de ixemo-la apodrecer por den/ro".

: • "Ainda hoje os : • católicos não têm • igrejas abertas ao • • público na China, •• por serem estas •

consideradas

••

sobre a perseguição religiosa na China sem mencionar a heróica figura do Cardeal Inácio Kung. Após sua morte , dedicamos um artigo à sua saudosa memória. O Sr. poderia dizer-nos onde o Cardeal Kung recebeu sua extraordinária formação católica?

Sr. Kung - No seminário. Ele freqüentou um excelente serr1ipário diocesa no dirigido, se rião me epgano, por jesuítas franceses, onde recebeu boa formação. Mas quando cri ança recebeu instrução diretamente de sua ti a Martha, que exerceu grande influência sobre ele. Quando pequeno, ela ensinou-lhe o Catecismo etc. Mais tarde, na idade do curso primári o, ele fo i muito influenciado por alguns Irmãos Mari sta , que lhe deram a fo rmação espiri tual. Ele era mui to devoto de Nossa Senhora do Rosário. Fo i por isso que, ao ser nomeado Bispo, pediu espec ial permi ssão para que ua sagração fosse adi ada por cinco meses, de maneira a coincidir com a festa do Santo Rosário, no dia 7 de outubro . Ele tinha grande devoção a Nossa Sen hora de Fátima e a Nossa Senhora do Rosári o.

• mou conhecimento das aparições de Nos: sa Senhora de Fátima, e que importância • lhes deu?

: • : • •

ilegais. Missas, orações em comum, ou até

• rezar junto a • • • agonizantes, tudo ••

é considerado : •

• Catolicismo - Não se pode falar

: Catolicismo - Quando foi que o Cardeal to-

: •

atividade

subversiva se feito sem permissão do governo"

Sr. Kung - Quando tomou conhecimento, eu não sei, mas ele era grande devoto de Nossa Senhora de Fátima. Em meio à perseguição comuni sta, dedi cou sua di ocese ao Imacul ado Coração de Mari a. Isso foi em L952, quando era Bispo de Shanga i. Ele decl arou 1952 Ano Mari ano na di ocese e consagrou-a ao Imaculado Coração de Maria. Durante todo o ano houve recitação ininterrupta do Rosário por 24 horas diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, que visitou todas as paróquias de Shangai. A fim de preparar os fi éis para essa consagração, ele publicou uma Carta Pastoral. Nela escreveu: " Recomenda-se que as f amílias se unam diariamente na recitação do Rosário e tirem dali uma lição diária ele doutrina cristci. Já mostramos como as orações do Rosário lembrcun as principais verdades de nossa j"é. Desejamos que todos os dias, nas f am.ílias de nossa diocese, o pai, a mãe ou urn dos.filhos explique um para o outro o sign(ficado do 'Sinal da Cruz', outro explique a 'Ave Maria ', o "Pai Nosso', e cada um dos do ze artigos do Credo dos Apóstolos". E concluiu : "Essa renovação da vida religiosa e da devoção mariana em toda a diocese e em cada uma dasfamílias certamenle se dará pelas mãos de Maria, nossa Mãe e Medianeira, trazendovos abundantes g raças espirituais e temporais". De passage m, é interessante mencionar que na Chin a os agentes alfa ndegári os às vezes permi tem a entrada de pequenas imagens de Nossa Senhora, mas nenhuma de Nossa Senhora de Fátima. Eles realmente não gostam dEla.

Catolicismo -

Qual era o conselho do Cardeal Kung aos católicos chineses?

Sr. Kung - Certa vez, quando ele ainda se encontrava na China, em prisão domi cili ar, um seminari sta • fo i visitá-lo. Esse semin arista encontrava-se muito perturbado, porque estava indo para um • seminári o dirigido pela Associação Patriótica, que não é uma institui ção legítima. Então ele queri a um co nse lho sobre o que fazer. O Cardeal Kung respondeu com uma pergunta mui CAT O L IC IS MO

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to simpl es: " Vo cê é leal flO Santo

com uni sta chinês não com partilha de seus princípios e valores, e portanto importa fazê- lo entender que essa persegui ção reli g iosa lhe causará dano, pelo menos financeiro. Os países que adotam um regime de re lações comerc iais norm ais com a C hin a, ignorando a perseguição re lig iosa, envi am ao governo chinês uma mensagem mui to errada .

Padre e reconhece a supremacia dele na Santa Igreja Católica Romana ?" - "Sim ". "A Associação Patriótica reconhece o Papa ?" - "Não". "En tão decida por si mesmo ". O semi nari sta decidiu não ir para o semin ário da Associação Pa1rió1ica. Portanto, o que e le fez era mui to c laro, rea lm e nte e le me ntar : "Se

você quiser ser católico romano, a primeira condição é que reconheça a supremacia do Papa sobre a Igreja un iversal; do contrário não se é católico".

Catolicismo - O Sr. teria uma última palavra a ser dirigida a nossos leitores?

Sr. Kung -

Em 1991, com permi ssão do Ca rdea l Kung, la nça mos a Cardinal Kung Foundation. Seu objetivo é dar ass istência à sofrida Igreja ató li ca das catacumbas na C hi na. Ela o faz de diferentes modos. Em prim e iro lu gar, promovendo orações pela C hina. Te mos um Programa de Pa-

Catolicismo -

Quais foram os maiores sofrimentos do Cardeal Kung?

Sr. Kung - No tocante aos sofrimentos físicos, não temos nenhum a prova de que te nha sido torturado. Estava perfei tamente c iente de que poderi a sê- lo. Por causa di sso mandou seu denti sta arra ncar-lhe todos os dentes, a fim de evitar maiores problemas físicos ao ser preso. Suspe itamos que durante seus 30 anos de pri são, a lgo de mal lhe ten ham fe ito, poi s após sua libe rtação de mon strava gra nde dificuldade e m camin har. Era muito forte, atlético, e andava muito depressa. Mas, ao sa ir da pri são, mal pod ia andar. Sofreu muito por não lhe terem permi tido ler a Bíblia, rezar Mi ssa ou receber visitas. Isolamento total. Surpreendi - me co mo e le pôde s uportar isso por tantos anos , e e le di sse: "É o poder do Rosário". Ele tinha qu e rezar o Rosári o nos dedos. Sua devoção ao Rosári o era muito toca nte.

Catolicismo -

À recomendação que o Sr. dá, de que não se devem comprar coisas fabricadas na China, alguns retrucam dizendo que tal atitude não ajuda o povo simples. O que o Sr. diz a respeito?

S1: Kung -

O que recomendo aos co n ·umi dores é qu e verifiquem a etiqueta ao co mprar. Comérc io e finanças são importantes para qualq uer país. Seria ace itáve l, através ela co mpra ele produtos e serviços, apoiar um país que não tem a menor cons ideração para com os princíp ios cios dire itos humanos, tão caros a você, a seus filho s e à sua família? Freqüentemente, o baixo preço que se paga pelo made in !tina deve-se ao sangue e ao labor de pri sion iros ondenados a trabalhos pesados por causa de sua re li g ião . C laro está que o governo 30

CATOLICISMO

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trocinador de Orações (P rayer Sponsor Program.). Um patrocinador de orações promete rezar diariame nte por um determinado me mbro do C lero c land estin o, ou para que um cer"[O Cardeal Kung] to me mbro da Associação Patriótica retorne sofreu muito à Sa nta Ig reja. Em seg undo lugar, info rmar o público a res peito das perseguições à Igreja por não lhe terem Cató li ca na Ch in a. Em te rce iro lugar, ajudar permitido ler a os Bispos c landestinos em seu aposto lado e Bíblia, rezar Missa na formação de se minari stas e sacerdotes. O programa Parceiro na Vocação (Partner in ou receber visitas. Vocation) patrocina um seminarista na C hin a Isolamento fatal. através do e nvio de 600 dólares anuais. Essa Surpreendi-me quantia cobre todas as despesas de um sem i• nari sta durante um ano. Em quarto lu gar, a como ele pôde Fundação patroci na um Orfanato para cri a nsuportar isso por ças defi c ientes aba ndonadas, diri g ido por um tantos anos, B ispo da Ig reja das catacumbas. Atualmente são cerca de 100 cri anças. Em quinto lugar, e ele disse: nós envi a mos as espórtul as de Mi ssa aos pa'É o poder do dres da Ig reja subterrân ea . Espórtu las e ntre Rosário'. 15 e 20 dó lares mantê m um padre por quase um a se ma na. Ex iste m ap roximadamente 60 Ele tinha que Bis1 os c la ndestin os na China, respo nsáve is rezar o Rosário por cerca el e 120 di oceses co m IO a 12 mi nos dedos" lhões de a lm as . Todos e les necessitam de ajuda . A s ua será be m- vi nda. ♦

• •

• TH E CARDINAL KUNG FOUNDATION P.O. Box 8086 , Ridgeway Center Stamford , CT 06905, U.S.A. • WebPage: http://www.cardinalkungfoundation.org

Espírito militar brasileiro ~ Este número [novembro p.p.] está maravilhoso. A contra-capa fala de "Dois modos de ser do espírito militar bras ileiro", enrai zados na tradição de nosso povo. Mas o terceiro, apresentado na capa e representado pela militância da TFP sob a bênção do grande São Bento [foto junto ao Mosteiro de São Bento, no centro ele São Paulo, que ilustra a capa], só apareceu neste século, com Plínio Corrêa de Oliveira. Ele foi também o criador de Catolicismo, e dele este exempl ar reflete a grandeza. De tal modo que, ao recebê-lo, folheei -o longamente, apenas. Relutava em ler os artigos. Degustava previ amente a aura sagrada que se evola de suas páginas, para em seguida apreciar em seus temas uma fidelidade a doi s mil anos de Cato licismo.

(N.R.F. - França)

Reclamação ... Mesmo já tendo visto a revista Nº 600 (parabéns por ati ngirem este número !) no Site de vocês, não abro mão de colecionar os exemplares que chegam pelo correio. L i tudo e gostei de tudo, não tenho nada para rec lamar, sobretudo agora que aumentaram as cores e as págin as. Posso reclamar para aumentarem ainda mais, que sen1 bem-vindo . Feliz Natal para todos aí, que continuam pelo século XXI afora trabalhando para nos oferecer uma leitura salutar para toda a família. (P.D.D.J. - SP)

Catolicismo de Natal Estou aq ui lendo calm amente a encantadora rev ista de dezembro, melhor di zer de Nata l. É certamente nesta leitura que começo a sentir a lguma coi sa de Nata l, do aspecto espiritua l de le, porq ue por todo lado aonde vou , mesmo fora da minh a reg ião, só ob se rvo o

N atal de comércio. Cadê aq ue le espírito de Natal ? Cadê aquela alegri a de Nata l? Tudo isto está sendo afuge ntado pelo Natal comerc ial, ele compras. F ico com muita pena dessas cri anças novas que não conhecera m aq ueles Natais da minha época. Estou mostrando o Catolicismo de Natal para essas crianças e jovens ta mbém, para e les sentirem um pouco o que é Natal. Muito obri gada por nos trazer de volta essas lembranças . .... Vamos pedir a Deu s para o c umprimento do que escreveu o Professor Plíni o: "A gra nde esperança da Igreja para o sécul o XXI é a América Latina" . (V.T.H. - SC)

me com tudo o que elas contêm, fico maravilhada. As revistas me trazem um grande conhecimento de modo geral sobre todas as co isas, como os aco ntec imentos hi stóricos, não só do Brasil como também do exterior. Gosto muito de ler a vida dos santos, e fico pensando como estes santos tiveram força para suportar o sadi s mo da época. Só mesmo com uma fo rça divina, para atravessar taman hos obstáculos. Parabéns a vocês por cumpri rem tão nobre mi ssão. Será que hoj e ai nela podem ex istir santos? A fo rça ele Deus atua sempre sobre aqueles que seguem os passos cio divino modelo Jesus.

Informativa e formativa ~ Com muito prazer assino e le io a revista Catolicismo, po is além de info rmativa é fo rmativa e nos enobrece enquanto católi cos , permiti nclo- nos conhecer me lhor a nossa Igreja.

(D.M.T.C. - ES)

São Miguel Arcanjo ~ É muito importante para mim a le itura dessa co nceituada rev ista, um a vez que e la me fornece s ubsíd ios prec iosos para minha atividade de catequi sta. Lembrome daq ue le nú mero dos Anjos , em 98, do qual fa lei muito nas aul as, reverenciando principalmente o padroeiro São Miguel Arcanj o, de uma pequen a comunidade que freqüento próxim a a Goiânia. Outros ass un tos també m são valiosos para a minha fé e a minh a participação como cató li ca praticante. (M.T. - GO)

(A.M.G.R. - MG)

Generosidade

B Desde que comece i a partici par dessa campa nha, vários milag res já aco nteceram em minha vicia. Estou muito feliz em poder contribuir, sei que é pouco o que dou , mas in fe li zmente é o que no momento estou podendo dar, pois estou praticamente desempregada, mas graças a minha Nossa Senhora de Fátima nada me fa lta. Um dia poderei contribuir com mui to mais. (M.G.L.P. - BA)

Colégios católicos ...

B Gostei muitíss imo, e espero co ntinu ar recebendo a revista Catolicismo , pe lo conhecimento que e la me proporciona. Embora tenha estud ado em co lég ios católi cos, jamais tive conhecimento de dive rsos assuntos abo rdados de maneira tão interessante por esta rev ista. (A.A.C. - RJ)

Nobre missão l:BJ Lendo as revi stas Catolicismo, que todos os meses chegam

Correspondência (cartas , fax ou emails) para as secões Escrevem os leitores e ou A Palavra do Sacerdote· env iar aos endereces que f,. guram na p 4 desta ed,cão.

às minhas mãos, fi co deliciando-

CATO LIC ISMO

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Santos , e festas

de }~VJ! JJI_R(O) São Pedro Damião

·- 5 . - .

1 -·

-.......... -··· 10 ·- ..

Santa Veridiana, Penitente.

Santo Avito.

Santa Escolástica, Virgem.

+ To sca na (Itá li a), 1242. Murada irnma cela, viveu 34 anos na s ua c id a dezinha. Cumulada de favores celesti ais, obteve de Nosso Senhor compartilhar as perseguições so frid as outrora por Santo Antão, da parte dos demônios. São Franc isco de Assis fo i visitá- la por volta de 122 1.

+ Vienne (França), por volta de 525 . Descendente da nobreza romana, sucedeu ao pai Isíquio como Bispo de Vienne . Graças a e le, Si gismundo , Re i do s Borg uinh ões, abjurou a heresia ariana. Sua influ ê nc ia estendeu-se até Roma , onde ajudou o Papa Símaco a afastar o antipapa Loure nço.

+ Úmbria (Itália), 543. Irmã ele São Bento, fundou uma Ordem que chegou a ter 14.000 conventos espalhados por todo o Ocidente.

2 Apresentação do Menino Jesus no Tem pio e Purificação de Nossa Senhora.

Santa Dorotéia, Virgem e Mártir.

Esta festa é também cham ada das Candeias ou Candelária. Primeira Sexta-feira do mês

+ Cesaréia (Turquia), 320. Presa durante a perseguição de Diocleciano (284-305), preferiu morrer a renegar sua fé.

3 São Brás, Bispo e Mártir. + Sebaste (Armên ia), 3 16. Padroeiro contra as doenças da garga nta . Há uma bênção espec ia l de São Brás que é dada pe la Igrej a neste di a. Primeiro Sábado do mês

4

ATO LI

eIs

Santa Juliana de Bolonha. + (ltália) , cerca de 430. O grande Santo Ambrós io compôs mag nífico panegírico das vi rtudes desta Santa, a que m compara com a mulher prudente da Sagrada Escritura.

São Jerônimo Emiliani.

+ Nápol es (Itáli a), 16 12 . Recebe u no batismo o nome de E ufrás io. Antes dos 17 a nos tomou o háb ito de cap uchi nho, mudando o nome para José. Em 1687 fo i nomeado, a se u pedido , mi ss ion á rio e m Constantinop la, a fim de conceder alívio e instrução aos cristãos que se e ncontravam escrav iza do s pe los mao metanos. e

7 ....

8.

São José de Leonissa, Confessor.

32

-- 6

MO

(Vide seção Vidas de San tos, p. 34)

9 São Romão Ciliciano, Solitário. + Turquia, séc. IV. Du ra nte o reinado do Imperador romano pagão Gal éri o (3 05 3 1 1) , sofreu cruéis tormentos, sendo enforcado dentro cio cárcere.

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11 Nossa Senhora de Lourdes. Apari ção a Santa Bernaclette Soubirou s e m Lourdes (França), 1858. No loca l, os milagres se multiplicam sem cessar, até hoje .

12 Santo Antonio Cauleas, Patriarca. + Constantinopla, entre 895 e 90 1. Patriarca ele Constanti nopla, empreendeu os maiores esforços para restabelecer, na Igreja cio Ori ente, a paz abalada pe lo c isma ele Fóc io.

13 Santa Catarina de Ricci, Virgem. + Itáli a, 1590. Esta extraordinári a anta entrou aos 12 anos no convento das Domi nica nas em Prato, aos 13 f i no meada Mestra d Nov iças, de poi s superiora , e, aos 30, priora vita lícia .

14 São Marão, Solitário. + Síria, cerca ele 423 . Monge que viveu perto ela cidade de Cir, na Síria. Favorecido com o dom dos milagres, atra iu grande número de cli -cípulos.

São Leandro

· · 15 Santos Faustino e Jovita, Mártires. + Brésc ia (ltália), cerca de .1 20. Doi s irmãos - o pri meiro sacerdote e o segundo diáco no - foram interrogados pessoa lmente pe lo Imperador romano pagão Adriano. Após se rem s ubme tidos a torturas, foram decapitados.

16 Santo Onésimo, Bispo e Mártir. + Roma, cerca de 95. Escravo de um cristão de Co lossos chamado File mon , prati cou um roubo e f ug iu para não ser castigado. Em Roma, onde se esco ndeu, enco ntrou São Paulo , que o converte u.

17 São Silvino, Bispo. + Auchy (França), 717 . Passou os primeiros anos na corte cios re is Chi lcle ri co TI e Teodorico III. Fez v;frias peregrinações , visitou túmul os de Santos, foi até a Palestina e Roma, onde recebeu o presbi terato e fo i sagrado Bispo.

18 São Flaviano, Patriarca. + Turquia, 449. Patriarca de Co nstantinopla (446-449), tomou parte no Concílio que o Imperaclor Teodós io II convocara , o qu a l se rea li zou numa igrej a de Éfeso (Turquia) a 8 de agosto de 449. Quando se de liberava a respeito de Utiques e de sua heresia monofi sita (segundo a

São Brás

qual em Nosso Senhor Jesus Cristo não haveria as dua naturezas, divina e humana, ma s so me nte um a), uma multidão composta por monges he ré ticos , so ld ados e marinhe iros exa ltados invadiu a igreja e es pan cou os padres conc ili a res que se opu nham a Utiques.

19 São Quodvultdeus, Bispo. + Itália, aproximadamente 444. Seu nome sig nifi ca O que Deus quer. Bi pode Cartago no sécul o V, governava pac ificamente o seu rebanho, quando G e nseri co, re i dos Vâ ndal os , a pod ero u-se el a c id ade em 438. Este prín cipe ari ano atorme ntou -o por ódio à fé católi ca. Mas não conseguindo fazê- lo apostatar, colocou-o junto com outros fi é is e m barcos avariados, com a esperança de que perecesse m nas ág uas. Milagrosamente prese rvado s, c hegaram sãos e sa lvos a Campân ia, na Jtália do Sul.

21 Santo Euquério, Bispo. + Hasbain , 738. Na juventude, o Santo j á era tido como prodígio de ciência e, sobretudo, de santidade. Foi devotís s im o ela Sa ntíss im a Virgem, a quem c hamava constantemente sua querida Mãe. Foi Bispo de Orléa ns durante mai s de 15 anos até que, ca luni ado, foi desterrado para Has bain .

Santa Catarina de Ricci

21 São Pedro Damião, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. E ntrou na Ordem dos Camaldulenses . Nomeado, a con tragos to, Cardea l-b ispo de Óstia , teve de ace itar so b pena de excomu nhão; deixou mai s ele 158 cartas, 60 opúscu los, várias vicias de santos e adm iráveis sermões.

22 Cátedra de São Pedro. Anteri ormente come moravase neste dia a Cátedra (o u Cadeira) ele São Pedro, em An tioquia, e, e m 18 de jane iro, a Cátedra de São Pedro , em Ro ma. C hamam -se Catedrais as igrejas onde se encontra a cade ira ou cátedra do Mag istério epi scopal. A igrej a de São Pedro em Roma poder-se- ia chamar a catedral das catedrai s.

23 São Policarpo, Bispo e Mártir. + Cesaréia (Turquia), 104. Foi discípulo de São João Evangelista. "Policarpo - diz Santo Irineu no Tratado das Heresias - não só foi ensinado pelos Apóstolos e conversou com muitos que tinham conhecido em vida Jesus Cristo, mas deveu aos mesmos Apóstolos a sua eleição para Bispo de Esmirna, na Ásia". Por increpar sacerdotes pagãos, teve sua cabeça decepada.

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Santa Escolástica

Santa Dorotéia

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ícones ou imagens em Constantinopl a, quando lá re in ava Teófil o, iconocl asta furioso , que mandou la nçá- lo num a c loaca, de onde conseg uiu escapar, voltando depoi s a pintar. O Imperador mandou que se lhe queimassem as palmas das mãos, mas a lmperatri z Teodora escondeu -o numa igreja, tratou-o e conseguiu re tabe lecê- lo.

São Nestor, Bispo e mártir. + 25 0. Qu ando se desencadeou a perseguição do Jmperaclor romano pagão Décio, ocupava Nestor a Sé episcopal de Magidos, na Panfília. Preso, o irenarca ou ofic ial romano começou por se mostrar benévo lo para co m Nestor. Mas durante o interrogatório logo se tornou violento. Após novos interrogatóri os, foi condenado a morrer numa cru z.

25 Santo Avertano e Beato Romeu, Confessores.

27 São Leandro, Bispo. +Sev ilha (Espanha), aprox imadame nte 600 . [rm ão el e Santo lsidoro, abraçou mui to cedo o monacato e fo i e leito Bispo de Sev ilha em 579. Desempenhou pape l importantíss imo na hi stória reli giosa da Penín sul a, salvando-a cio arianismo.

+ Luca (Itáli a) , 1386. Avertano , devendo escol her seu es tado de vida, teve a ins pi ração de entrar na Ordem dos Carmelitas, na qual efetivame nte ingressou. Tendo manifestado grande desejo ele faze r uma pereg rinação a Roma, os superi ores deramlhe por companheiro Romeu, irm ão leigo do convento.

28 Quarta-Feira de Cinzas.

-0-9 9-9 Fevereiro 2001 DOM

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São Lázaro, monge. + entre 856 e 867. Pintava CAT O LIe ISMO

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VIDAS DE SANTOS

~ÍJD J31 D1JJj JJD _2_t JJJJJ=sJJJJ ~ convertido e penitente, modelo de caridade A Providência serviu-se do extraordinário espírito de penitência de

um pecador para fazer germinar prodigiosa obra de amparo aos pobres, óefãos e doentes bem como recuperação de mulheres de má vida PLINIO MARIA SüLIMEO

ara opor-se às nefastas influências do Renascimento e do protestanti smo no século XVI, a Providência suscitou uma plêiade de gra ndes Santos que agiram nos mai s variados campos da ati vidade humana. Um deles fo i São Jerônimo Em ili an i, do patriciado ele Veneza, senador ela República, militar brilhante e valoroso, que tudo deixou para amparar e dar formação cri stã aos órfãos elas inúmeras guerras e pestes do tempo. Sua festa comemora-se a 8 de fevere iro. Oriundo ele uma fa míli a nobre que havi a já dado ilustres membros à Igreja, ao Senado e às armas da Sereníss ima Repúb lica de Veneza, Jerônimo nasceu naquela cidade marítima em 148 1. Seu pai , senador, tinha pouco tempo para ded icar à sua educação, que fo i entregue à sua mãe. Pi edosa e meiga, Dona Eleonora soube incutir no coração cio meni no profundas sementes de Reli gião, que mais tarde dariam fruto.

P

Procissão de uma Relíquia da Santa Cruz na Praça de São Marcos, Veneza - Gentile Bellini, 1496. Nesta época, São Jerônimo, com 15 anos, alistava-se no exército da República Veneziana

Mas fo i o nobre amor às armas, herdado de seus antepassados, que teve a preferência do pequeno Jerônimo, de tal sorte que já aos 15 anos, pouco depois de perder o pai, ele se ali stava no exército da República veneziana. Participando de várias batalhas, fo i sempre notado por seu valor e bri o militar. Mas infe lizmente sofreu a má influ ência da vida li cenciosa, já então co mum em quartéis e acampamentos. Más ami zades ajudara m-no a desl izar insensivelmente pela rampa do víc io, e Jerônimo entregouse a muitos excessos. Um deles era o da ira, que chegava facilmente a verdadeiro furor. Se ele não caiu mais baixo, foi porque, aspirando aos mai s altos ca rgos em Veneza, necessitava ter urna conduta honrosa. O contínu o apelo às armas não lhe perm itiu formar um lar. Ou melhor, Deus não o permitiu, porque tinha desígnios sobre ele.

No cárcere, ouve a voz de Deus Contava Jerônimo 28 anos quando, em 1508, os venezianos levantaram-se em armas contra a Liga de Cambray, formada pelo Papa e pelos Reis Luís Xíl da França, Maximiliano da Alemanha e Fernando o Católico, da Espanha. A ele foi confiada a difícil defesa de Castelnuovo. Vendo a desproporção entre os doi s exércitos, o governador da cidade fugiu , deixando-o com todo o ônus da defesa. Jerônimo negou-se a render-se, e lutou até que a praça fosse arrasada. Em seguida, segundo o costume do tempo, ele fo i preso numa torre, carregado de correntes no pescoço, braços e pés. O pior, porém, era a perspectiva da morte e o lento passar do tempo. Nas interm inávei horas em que jazia no cárcere, a graça foi produzindo seus frutos em sua alma, e ele começou a lembrar-se dos ensinamentos de pi edade e virtude recebi -

dos em criança, e do bom exemplo dos irmãos e da mãe. Considerou a vida desordenada que levava, tão afastado de Deus, e acabou por julgar que era um merecido castigo aquele que lhe fora infli gido. Pediu a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora de Trev iso, que o aceitasse como ex pi ação e lhe desse uma oportunidade de reparar condignamente a vida passada.

Auxiliado por Nossa Senhora, foge da prisão Apareceu-lhe então Nossa Senhora, que lhe deu as chaves de suas correntes e do calabouço. Aux ili ou-o a sair da prisão sem ser visto e a atravessar o ca mpo inimigo, para chegar a Treviso. Lá, no altar ela Virgem , Jerônimo depôs as correntes e as chaves que lhe tinham sido milagrosamente entregues. Quis que esse ato fosse registrado por um notário público, e depois pintado por um dos famosos pintores de Veneza. Começou para Jerônimo Emili ani uma guerra muito mai s árdu a e sem quartel do que todas as outras: a luta contra seus próprios defeitos. Em busca de auxílio, procurou um piedoso sacerdote como diretor espiritual e recorreu com freqüência aos Sacramentos. Prostrava-se di ante de um Crucifi xo e supli cava: "Ó Jesus, não sejais um Juiz para mim, sede antes o m.eu Salvador". Ou, como Santo Agostinho: "Senh.01; sede para núm verdadeiram.ente Jesus' Vós só podeis ser meu Salvador".

Aos poucos foi controlando suas paixões, sobretudo a ira, pelo exercíc io da docilidade e paciência. Adquiriu assim a verdadeira hu mildade e mansidão de coração, tornando-se o homem mais afáve l e pacífi co de Veneza. O Senado ela Rainha do Adriá1ico - como era conhecida Veneza-, para recompensá- lo por seu valor na defesa de Castelnuovo, nomeou-o governador dessa cidade. Mas ele teve pouco tempo para exercer esse cargo, pois necess itou tomar sobre si a tutela dos sobrinhos, que o repentino falec imento ele seu irmão deixara órfãos. Tendolhes assegurado uma boa educação e um rendimento de acordo com sua alta categori a, ele ficou livre para cumprir então o que havia prometido. Jerônimo Em ili ani já não era o mesmo. Renunciara a todos os cargos e comod idades da vida, mesmo as mai s legítimas, às belas roupas, e afl igia seu corpo com jejuns e penitências extraord inários, passando longas horas em oraão e empregando o tempo li vre em socorrer os pobres e doentes. Em 1528 uma grande carestia assolou a Itália, com fome geral. Todos os dias a morte ce ifava inúmeras vítimas. Para socorrê- las, Emili ani vendeu até seus próprios móveis, transformando sua casa em hospital. À fo me sucedeu uma moléstia contagiosa, que fez mui -

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CAT O LI

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to mais vítimas. Jerônimo fo i atingido tão fo rtemente, que chegou a receber os últimos Sacramentos. Mas pediu a Deus saúde para poder, por uma penitência mais longa, reparar a vida passada. Foi ouvido, e redobrou de zelo no amor a Deus e ao próx imo.

Orfanato: obra precursora de uma família religiosa A fome e a peste hav iam deixado grande número de órfãos, que vagavam pelas ruas reduzidos à mendicidade e ex p9stos aos piores vícios. O Santo começou a recolhê- los em uma casa que comprara para isso; procurou mestres para ensinar-lhes algun s ofícios, e proveu sobretudo à saúde ele suas almas. Fazia co m eles as orações ela manhã e da noite. Levava-os a ass istir à Mi ssa diari amente e a alternar o trabalho manual com momentos de silêncio, o cântico de ladainhas e outras orações. Fazia-os confessarem-se uma vez por mês, e nos di as ele festa levava-os, todos vestidos de branco, a visitar os principais santuári os de Veneza, cantando ladainhas pelas rua e praças . Toda a cidade via emocionada aquele que fo ra um cavaleiro tão brilhante, agora transformado no pai dos órfãos . A caridade de Jerônimo Emili ani não se circunscreveu a Veneza, mas logo atingiu também Bérgamo, Brésc ia, Como e Somasca. Já nesse tempo havia recebido a ordenação sacerdotal, e a ele tinham se reunido mais dois santos sacerdotes, que, a seu exemplo, distribuíram aos pobres tudo o que possuíam, para abraçar a pobreza voluntária.

Congregação e depois Ordem de amparo à pobreza Jerônimo pensou logo em fundar uma Congregação regul ar para dar mai s estabilidade à sua obra. Escolheu para isso Somasca, entre Milão e Bérgamo, para estabelecer a casa-mãe e o seminári o. Daí veio o nome pelo qual fi caram conhec idos, Clérigos Regulares de Somasca. O Santo escreveu os primeiros regul amentos para essa Congregação, a base cios qu ais era a santa pobreza, que deveri a mani festa r-se em todas as coisas, desde o hábito até o mobili ári o da casa. Os alimentos mais requintados fo ram abolido de sua mesa, devendo eles contentar-se com a comida comum cios ca mponeses. Durante as refeições haveri a leitura espiritual. Observari am o silêncio e as morti fi cações ela regra. Empregari am parte da noite em oração, e durante o dia, se não estivessem atendendo os órfãos ou os doentes, deveriam entreter-se com algum traba lho manual. A fin alidade principal dos Cléri gos Regul ares era a instrução das crianças e ele jovens ec le iásti cos. Em Bérgamo, o Santo procuro u também reconduzir para o bom caminho mulheres perdidas, que ele hav ia convertido. Obteve que fosse m fec hadas as casas que serviam

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para sua libertinagem. Aumentando o número das arrependidas, reuniu-as em uma casa espec ial , com uma regra ele vida, para que perseverassem nos bons propósitos.

Um Papa e um Santo defendem Jerônimo Emiliani Sua Congregação fo i aprovada como Ordem religiosa pelo Papa Paulo m, grande amigo ele Jerônimo. Esse Pontífi ce, juntamente com São Caetano de Tienne, era um de seus mais ardorosos defensores e benfeitores. Vendo o bem que o Santo fazia, o Senado de Veneza ofereceu-lhe a direção do hospital dos incuráveis, que Jerônimo aceitou pela oportunidade que tinha de dar assistência a muitos doentes terminais. Quando via-se sem recursos materiais para acudir a tantas iniciativas, escolhia quatro de seus orfãozinhos com menos ele oito anos ele idade, portanto mais inocentes, para fazer ao Céu violência com suas orações. Entrementes, a fama lesantidade de Jerônimo atraía-lhe mui tos doadores e novos membros para sua Congregação.

Fátima: a beleza em -opos1çao à feiúra do .mundo moderno

Morte: último ato de caridade numa epidemia

Palavras do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em exposição ,zo auditório da TFP, em 19/10/74

Embora contasse pouco mais de 55 anos, Jerônimo teve cerla premoni ção de qu e seu fim estava próximo. Procurou então consolidar sua obra, vi sitando todas as casas da Ordem. la sempre a pé e não tomava outro alimento senão pão e água. Uma terrível peste afli giu Bérgamo, faze ndo inúmeras vítimas. Para lá acorreu Jerônimo Emili ani co m o mesmo ardor de sempre. Contra iu também a peste e viu que seus di as estavam contados. Alegre, repeti a co m São Paulo: "Quero a morte, para viver corn Cristo". Reuniu seus di scípulos para os últimos conselhos. Os benditos nomes de Jesus e de Mari a não lhe saíam cios lábi os. Enfim , no di a 8 de fevereiro de 1537, tendo recebido os últimos Sacramento , entregou sua alma a Deus, na idade de 56 anos. Pi o Xl o proclamou patrono universal dos meninos órfãos e abandonados. ♦

ós devemos notar qu e, em Fátima, a primeira manifes tação do interesse, da bondade e do desvelo de Nossa Senhora pelo gênero humano , es pecialme nte pela Igreja Católica, se deu com uma extraordinária manifes tação de beleza. E enquanto o mundo se preparava para entrar na Revolução Cultu ral, qu e espalha feiúra e hediondez por toda parte, essa extraordinária manifestação de beleza se apresenta como um último c ha mado, uma últim a clarinada, um último brado materno: "Meu.filho, não sejas tão louco, não te atires por lá. A beleza tem outros rumos, Lem outro sentido" .

N

Fontes de referência 1. Les Pctit s Bo ll ancli stcs, Vie.1· des 'ai11ts, cl ' apres le Pere Giry, par

2.

:1. 4. S.

M gr Paul Guérin , Paris, Bloud ct Barrai, L i braires-Éditeurs, 1882, tomo V 111 , pp 528 a 534. Pc. .1 ·an 'roissct, Alio 'ristic1110, trad ução para o castelh ano do Pe. José Fra ncisco de lsla, Mad rid , Saturnino Ca llej a, 190 1, tomo Ili , pp. 2 16,2 17. Fr. Justo Pérez de Urbcl, O .S.B ., A,io Cristiano, Ediciones FAX , Madl'i , 1945, 10 111 0 111, pp. 159 a 162. Ed c l vi vcs , E/ Sa nto de cada Día, Edi toria l L ui s Vi ves, S.A ., Saragoça, 194 , torno I V, pp 20 1 a 209. 1 . Prós pero Guéra nger, E/ A,io Lit11rgico, Editoria l A ldecoa, Burgos, 1955 , tomo I V, pp. 6 17 a 622.

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Relatório de atividades do ano 2000

Metas para 2001

l

eia nas pág inas seguintes o quanto a Campanha " Vinde Nossa Senhora de Fá1 im.a, não tarde is! " pôde rea li zar no último ano, so b a beni gna proteção ela Virgem Santíssima e a meritória ajuda de seus partici pantes. E o que ela visa para este ano de 2001. E note-se qu e não constam do Relatório muitas atividades circunstanci ai mas importantes ela Ca mpanh a. Assim , por exemplo: Em janeiro e setembro visitou as sedes el a TFP a própria imagem ori gin al de Nossa Senh ora ele Fá tim a que choro u em Nova Orl eans, padroeira ele nossa Cam panha. Gra nde era a ve neração tri butacl a pe lo Prof. Plínio Corrêa ele Oli veira a essa im age m sagrada. Diversas reuniões fora m rea li zadas durante o ano, com parti cipantes ele várias cidade brasileiras. Assim, em fevereiro , no Rio de Janeiro; em outubro, em Belo Horizonte (MG); e em Campos (RJ), em novembro. No carnaval, em São Paulo e no Rio, nossos participantes atuaram decisivamente para imped ir que imagens religiosas fossem conspurcadas por escolas de samba. Além de L efonemas, fax e emaiIs de protesto, med idas judiciais impediram a tempo que elas fossem levadas às ruas em meio ao nudismo. No dia 13 ele maio foram premiados, por sorteio, com uma viagem a Fátima, dois paiticipantes de nossa Cainpanha, por terem atuado como provedores do projeto "A Voz de Fátüna".

Houve, no decorrer ele outubro, um abençoado simpós io cios Peregrinos de Fá!ima , para receberem orientação sobre a nobre atuação que desenvo lvem, de acompanhar as imagens peregrinas. Ainda em outubro, o Pe. David Francisquini e o Sr. Héli o Brambilla, repre entanclo a Campanha, estiveram e m Fátima, Portu ga l, para levar os ped idos ele orações dos participantes.

Reunião de aderentes da Campanha de Fátima realizada no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2000

Em 27 ele novembro, di a de Nossa Se nh ora das Graças e da Medalha Milagrosa, a Ca mpanha Vinde Nossa Senho ra de Fátima, não tardeis! assoc iou-se à homenagem que foi prestada à Virgem Santíssima junto à imagem em taman ho natural , que se venera no bairro da Yarginha, em Jundi aí (SP). A referida imagem encontrase na Estrada de Santa Clara, voltada para os transeuntes e automóveis que passam ince santemente. Fevereiro de 2001

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·,

nagem Nossa Senhora teve que incutir a

Adultério múltiplo em filme infantil

seu F ilho a idéia de sua mi ssão. Quando E la d isse que o Pai clEle estava no Céu,

filme Grinch se apresenta como

Jes us repl icou dizendo que o Pai clEle

sendo para crianças. E ntretanto, na hora de contar como a "criatu ra verde"

era São José. Insinuação ma ledicente ele

O

nasceu,

o filme

que Jesus não era o Filho de Deu s, e ele que Nossa Senhora não seria virgem.

mostra o bebê Grinch

à porta de uma casa em cesti-

No diá logo entre Jesus e seu primo

nha voadora. Quem repara na movimen-

João, "o Bati sta", o personagem Jesus

tação dentro da residênci a percebe que

pergunta: "João, você me baliza?", ao

os adultos se preparavam para uma tro-

que João responde: "Se você se arrepen-

chegando

ca de casais. Há um pote rep leto de cha-

as piores heres ias e imora lid ades. Ésa-

ves de carros...

tâni co.

É a pior promiscuidade sexual sugerida num filme infantil! Um adultério múltiplo. Além do que, essa idéia de uma pequena "criatura verde" mais se· assemelha a um demônio ou tripulantes de disco voador do que outra coisa!

O personagem "Jesus esla va mais para urn hippie do que para o Messias prop riamente dito. Fi cou esquisito"

ação c lara e bl asfema de que Jesus seria um pecador.

("D iári o Popular", 9/1 2/2000).

O filme apresenta Nosso Senhor Jesus Cri sto co m es tranhos olhares "apai-

xonados" para uma m oça que se cha-

Seriado '1esus" é pura blasfêmia

A

der de seus pecados eu /e batizo" . Jesus responde: "Eu me arrependo" . In sinu-

mava Maria, fi lha de Lázaro, que por sua vez estava "apaixonada " por Cristo e

s cenas desse film e, apresentado na TV, têm a sutileza de não afi rm ar

nada exp licitam ente; utili za m -se de in-

queria se casar co m E le. Quem "começou a conscientizar" o personagem C ri sto de sua ori gem divi -

sinuações, gestos e expressões que co n-

na foi São José. Contudo, antes de Nos-

têm mensagens implícitas. Não tanto

so Senhor sa ir de sua casa para com eçar

por palavras, m as principalmente por

sua mi ssão, passou na casa dessa moça . Na morte ele São José, o personagem

i magen , leva m as pessoas a conc luir

C ri sto ficou tran sto rnad o. C horando Abaixo: no site oficial do filme, a face do Grinch - a criatura verde - afigura-se mais com a de um demônio ou de tripulante de disco voador. ..

com certo desespero, começou a ped i r a Deus Pai que devolvesse a vicia a São José. Nesse m omento ela cena, a perso-

Na foto acima: visita da imagem peregrina em Juiz de Fora-MG.

Na foto à direita: anfitriã de lar em Salvador exibem o diploma que recebeu durante a visita

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Escrevem nossos Participantes

Crítica à Rede Globo - Não poderia deixar de fazer uma crítica à rede Globo, pelo filme exibido - quatro capítulos Jesus , uma blasfêmia co ntra Nosso Senhor. Um Jesus apaixonado por M aria, fazia curas . Foi uma fa rsa com o nome de Jesus. Assistir ao fi lme é só morrer de raiva (M.F .S., MG). Suma importância - Escrevo para agradecer a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Realmente é uma experiência incrív el, que somente poderia ser proporcionada por um movimento leg iti mamente cató lico , fiel à verdadeira Religião. Vale ainda mencionar a educação dos Srs. que acompanham a Sagrada Imagem. Nos dias re correntes associei-me como membro da "Aliança de Fátima", a qual co nsi dero de suma importância para a difusão de nossa Campanha (J.N .T. J ., SP) . Menino curado - No ano de 199 2, quando eu tinha ainda 3 anos de idade, foi descoberto em mim um tumor maligno. Fiz duas cirurgias em 1O dias, mas não conseg uiram eliminar o tumor. Foi necessário quimioterapia por 1 ano e 4 meses . Perdi meus cabe los e sofri muito, pois era um trat ame nto do loroso. Continuei ind o ao hospital para contro lar a doença durante 8 anos. Hoje estou com 11 anos, e no início do ano 2000 tive alta e não prec isarei co ntrolar minha doença. Foi atra vés de orações de quem me ama, e com fé em Nossa Senhora e Jesus Cristo, que hoje posso dizer que so u

um menino norma l. Fui curado do câ ncer . Peço a todos que se encontram em dificuldades que creiam, pois Nossa Senhora e seu fi lh o J esus podem curar (H.H.S.A., PR).

Eu fui à luta - Estou entrando em con tato para contar com grande satisfação o sucesso que foi a visita da Im agem de Nossa Senhora de Fátima em minh a casa. M esmo com alguns imprevistos, como o padre de nossa Paróquia fazen do campan ha co ntra, pedindo ao povo , através da rádio, para não vir. Eu fui à luta e convidei amigos e parentes, e eles compareceram em grande número, em torno de umas 70 pessoas. No dia eu não falei nada para o acompanhante da imagem, para não deixá-lo com cons trangimento . Mas tudo co rr eu bem, gra ças a Nossa Senhora, todos que aqui vieram ficaram enca ntado s com a vi sita maravilhosa de Nossa Senhora de Fátima. Foi o dia mais feli z de minha vida. Esto u mandando fotografia. Quero agradecer a vocês o CD que me en vi aram, gostei muito, é maravilh oso. Devo to das essas maravi lha s à Virgem Santíssima, que não teria conhecido se não fossem pessoas como v ocês , de almas bondosas que tornaram tudo isso possível (M.G.S., MG). Nota da Redação - Embora diversos padres apóiem as visitas da imagem peregrina aos lares, alguns há que inexplicavelmente se sentem incomodados. Triste sintoma da atual crise que atinge até a Santa Igreja.

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Em estado de "graça" - É com grande alegria, e ainda em estado de "graça", que vou lhe contar a visita da Imagem Peregrina em minha residência. Faço parte da campanha há mais ou menos 4 anos, e sempre tinha vontade de viver tal momento! Quando recebi o telefonema, informando que eu havia sido sorteada para recebê-la, não me contive e chore i de emoção . Convidei um as 30 pessoas, entre vizinhos, amigos, freiras do hospital onde trabalho e também o Pe. Agna ldo, pároco da cidade. Chegada a hora, estávamos todos lá. E Ela entrou, linda e serena, emocionando a todos. Rezamos o terço, cantamos. No fim foi servido um coquetel aos presentes (D.M.C ., SC). Nossa Senhora de Fátima vence a voz estranha - Eu alcancei uma graça dada por Nossa Senhora de Fátima. M eu filho sentiu uma vo z que dizia que ele saísse de casa e mandava ele matar alguém. Até que ele largou tudo e sa iu sem rumo. Deixo u um bilhete à min ha filha, irmã de le, que ficou desesperada. Eu fiquei em pânico, sem saber o que faze r. Pensei em Nossa Se nh ora de Fátima. Se meu filho voltasse , eu mandaria uma ca rta para a Campanha divulgar. Com 7 dias, à noite, meu filho chegou são e salvo . O m ilagre foi de Nossa Senhora de Fátima (M .A .P., CE) . A libertaçâo da menina - [São relatadas numerosas graças recebidas por ocasião da visita da Im agem Peregrina. Reproduzimos apenas uma, por fa lta de espaço). Minha vizinha D. disse que o fil ho dela trocou de re ligião, agora o rapaz é protestante . Ele estava levando sua irmã caçu la para a igreja e a menininha estava ficando perturbada, não dormia ma is. Ela ficava variando, gritando que Jesus queria que ela pulasse da janela. D. passava toda a noite vig iando sua filha. Mas depois daquele dia em que elas vieram na visita da Imagem, em meu lar, e rezaram o terço, a menina se encantou com Maria Santíssima . Ela não mais quis ir na igreja que seu irmão vai, o pesadelo cessou, ela está tranqüila agora. D. está tão fe liz, que agradece a todo instante a libertação de sua fi lha (M.L.C ., RJ).


º) GRANDES PERSONAGENS ~',tc:,..,y

Campanha ('Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!"

RESUMO DAS ATIVIDADES DO ANO 2000 Mala Direta: 3.605. 152 correspondências pessoais diri gidas aos parti c ipantes ativos da Campanha, com o objetivo de comunicar todas as atividades rea lizadas, consultar sobre novos projeto e soli citar colaborações que tornassem possível atender soli c itações feitas e agradecimentos diversos. Con(ra o Filme "Dogma": 368.283 correspondências envi adas logo no início cio ano 2000, so li citando aos simpatizantes da Campanha que assinassem a Pet ição ao Mini stro da Ju stiça contra a exi bição desse filme no Brasil. 162 mil petições fora m entregues em Brasília. Os do nos ele sa las ele c inema sentiram a fo rça da pressão católica e recusara m-se na quase totalidade - a ex ibir essa obra satâ ni ca. Contra o nudismo: 149 .836 corres- · ponclências enviadas aos partic ipantes ela campanha para que ass inassem os cartões- protesto e os enviassem ao Governador e ao Prefeito do Ri o de Janeiro contra a liberação cio nudi smo nas praias daquele Estado.

Boletim Ecos de Fátima: 506.305 exemplares enviados durante o ano 2000. A partir do mês ele o utubro esse boletim passou a integrar também a rev ista "Catolic ismo". Revista "Catolicismo": 232.8 7 J exemplares enviados . Medalha Milagrosa: 244.892 correspondências difundindo o livreto e a devoção ela Medalha Milagrosa. Mensagem de Fátima: 200.658 correspo ndê nc ias divul ga ndo os livretos sobre a Mensagem e a Terceira Parte do Segredo ele Fátima. Medalha de São Bento: 368.9 15 correspondênc ias divulgando o livreto e a medalha exorcística de São Bento. Via Sacra: 2 13.6 11 correspondências env iadas di vulga ndo a devoção da Via Sacra . O texto foi reproduzido e m um CD e també m e m livreto ele bolso, amplamente difundidos.

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Ourante o ano 2000 foram desenvolvidos também dois projetos ele impor-

tânci a estratégica: o Programa Radi ofônico "A Voz de Fátima" e a Peregrin ação Permanente das Imagens de Nossa Senhora de Fátima.

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CATOLICISMO

eao, epada ~o,Q~~~

Programa Radiofônico "A Voz de Fátima": 579.212 correspondências e nviadas divul ga ndo o Progra ma. Na segunda metade do ano 2000 foram produzidos I O programas ele rádio, envi ados a 1050 emissoras do Brasil , sendo que 256 co nfirmaram por escrito sua tran smi ssão. Foram envi ados pelo corre io aos participantes da ca mp a nh a 50.157 CDs com esse programa, com o obj etivo ele que fossem divul gados e ntre ami gos e vizinhos. Peregrinação Permanente: Ma is ele 84.000 pessoas parti c ipara m ela vis ita el a Im age m Pe reg rin a de Nossa Se nhora ele Fátima.feita a mai s de 3.500 lares po r todo o Brasil. Essa verdadeira multidão rezou o terço diante da lm age m Pe reg rin a, ex posta na visitação pa rti c ul ar a esses lares, por ma is de 7.000 horas.

Metas para o ano 2001 ossa C ru zada em favor de Nossa Senhora ganhará ovo impul so. Pretendemos continu ar e ex pandir o rogra ma Radi ofôni co "A Voz de Fátima" (ele quinzenal para semanal) e a Peregrinação Pri vada das Imagens de Nossa Senhora ele Fátima, cuja meta é visitar 50 novas fa míli as por dia. Alé m disso, quatro projetos terão acompanhamento simultâneo: a difusão da Medalha ele São Bento, a difu são da Medalha Mil agrosa, a difusão ela Estampa de Nossa Senhora em cada Lar e a difusão do Santo Rosári o. Para isso, esperamos contar com a incansável ação de todos os participantes ela ca mpanha. E também com o apoio fina nceiro fo rnecido pe los me mbros ela Aliança de Fátima e benfeitores de "A Voz de Fátima". A Rainha do Céu sempre fez questão de que cada um de nós fizesse a sua parte pessoal. O sucesso dessas meta dependerá em grande parte dos recursos que consigamos. A comi ssão admin istrativa estimou um orçamento-base anual da ordem de R$ 5.644.500,00. Estimo que 60% desse

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valor será coberto por contribuições me nsais dos membros ela Ali ança ele Fátima, que se di spu seram a colaborar regul armente. LO% dos recursos, e pero obter com novos aderentes que vão entrar na Campanha através de eventos, contatos e correspondência ao longo do ano. Outros 15 %, espero obter com os Benfeitores do Programa Radiofônico "A Voz de Fátima" . Resta obter os 15% ue faltam, junto aos atuais arti ciantes e doadores. De nossa parte, estamos empenhados fi e lmente em aumentar a difusão da Mensagem de Fátima e m todo o B rasi l, ini ciando o ano de 200 1 com muita di sposição de trabalho, oração e sacrifíc io, e sem temer os ataques e ciladas do demô nio, pois temos Nossa Senhora ele Fátima ao nosso lado.

Marco. Lui z

are ia

Coordenador Geral da Campanha

Esse Juiz, figura saliente do Antigo Testamento - o mais valente dos homens, na expressão de um Anjo - salvou Israel da ameaça representada pelo exército dos idólatras madianitas, no século XI a. C., devido à sua confiança inabalável em Deus, fonte da coragem vitoriosa diante da avassaladora superioridade numérica do inimigo

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Gedeão e seus 300 homens invadem o acampamento dos madianitas Biblioteca Pierpont Morgan (Nova York)

S uma constante no Antigo Testamento a defecção e mes mo apostas ia do povo ele ito, justamente após receber extrao rdinários favores de Deus. Isso constitu iu uma grande provação não só para Moisés, durante todo o êxodo, mas depo is para Josué, ao estabelecer-se na Terra Prometida, e ainda para seus sue ssores, os Juízes. "Juízes f oram chamadas certos personagens insignes que, depois da morte de Josué até a constituição do reino, libertaram, em várias circunstâncias, o povo de Israel de seus inimigos" 1• Visavam tamb m levar os hebreus à observânc ia da lei divina, eram suscitados por Deus e tinham poder governativo. Após cada defecção cio povo, eram também constantes os castigos de Deus,

seguidos de perdão e de concessão de novas graças e favores . Um desses grandes favores foi suscitar o Juiz Gedeão, "o mais valente dos homens ", como o qualificou um Anjo de Deus, para livrar os israelitas do jugo cios madianitas. Transcorridos os 11 O anos da vida de Josué, que após a morte de Moisés estabelecera o povo na Terra Prometida, e extinguindo-se as gerações que tinham conhecido Moi sés , o grande Profeta, "sucederam outras que não conheciam o Senha,; nem as obras que tinha f eito em favor de Israel. [Assim] os filhos de Israel fi zeram o mal diante do Senhor e serviram aos Baals. Abandonaram o Senhor Deus de seus pais, que os tinha tirado da terra do Egito; seguiram os deuses estranhos, os deuses dos povos

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G7ue habitavam em torno dele •·,. s, e os adoravam. Por isso, provocaram o Senhor à ira, abandonando-O para servirem a Baal e a Astarte. O Senha,; irado contra Israel, entregou-os nas ,nãos dos saqueadores, que os tomaram e venderam aos inimigos que habitavam ao redor" (Juízes 2, 10-14). Entretanto, le mbrando-se da promessa fe ita a Moi sés, "o Senhor suscitou-lhes Juízes, que os livrassem das mãos dos opressores; mas nem. eles quiseram ouvi,; prostituindose a deuses estranhos e adorando-os. Abandonaram depressa o caminho por onde seus pais tinham andado, e, tendo ouvido os mandamentos do Senhor, tudo .fizeram ao contrário" (Td . ib., 16, 17). Esse "povo de dura cerviz", após cada vitória obtida por um de seus Juízes, voltava a fazer o mal diante do Senhor. Foi por isso que Ele os entregou durante sete anos nas mãos dos madianitas, que os oprimiram e humilharam. Era a desolação. "Quando Israel tinha semeado, vinham. os madianitas, os . amalecitas e outros povos orientais; e pondo as tendas junto deles, talavam tudo quanto ainda estava em erva (desde o Jordão), até à entrada de Gaza; e não deixavam aos israelitas nada do necessário à vida, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos" (Id ., 6, 3-4). Mai s uma vez Israel voltou-se ao verdadeiro Deus, pedindo auxílio. E uma vez mais Deus deixou-se comover, e envioulhes um Profeta pela boca do qual di sse a Israel: "Eu vos tirei do Eg ito e vos .fiz sair da casa da escravidão; libertei-vos da tirania dos egípcios e da mão de todos os vossos opressores; expulsei-os de diante de vós, dando-vos em posse o seu país. E vos disse também: 'Eu sou o Senhor, vosso Deus; não venereis os deuses dos amorreus, cujo país ocupais!' Vós, porém, não escutastes a minha voz" (Id. ib. , 6, 8-10). Mesmo assim o Senhor salvaria seu povo.

Retidão, pertinácia e humildade de Gedeão Na peq ue na cidade de Efra vivi a .f oás, do clã de Abiezer, ela tribo de Manass s, com seus filhos. Contaminado pela decadênc ia geral, e le tinha em sua casa um allar cleclicaclo ao fa lso deus Baa l, culLUado pelos pagãos idólatras. 42

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Um dia um ele seus filhos, Gedeão, que se con se rvara fiel ao ve rd adeiro Deu s, estava "batendo o trigo no lagar, para o esconder dos madianitas". Subitamente, percebeu um Anjo cio Senhor, sentado sob um carvalho. " O Senhor é contigo, ó homem, o mais valente dos hornens", di sse- lhe o Anjo. Surpreso ante tal saudação, Gedeão perguntou ao espírito celeste: "Se o Senhor está mesmo conosco, peço-te, senhor meu, (q ue me digas): por que nos aconteceram todas estas coisas?". E in sistiu: "Onde estão aquelas maravilhas que nossos pais nos contaran·1.dizendo: 'o Senhor não nos timu do Egito'? Porque agora o Senhor abandonou-nos e entregou-nos nas mãos dos madianitas". O Anjo olhou-o fixam ente e não respondeu a essa pergunta, cuj a resposta Gedeão deveria saber, poi s ali mesmo estava o altar a Baal , eri gido por seu pai. Passando por c ima di sso, di sse- lhe, da parte do Senhor: " Vai com. essa tua f orça e li vrarás Israel do poder dos madianitas: sabe que sou eu quem te manda". Mas Gedeão era humilde e não confiava em suas próprias forças. Por isso argumentou: "Dize-me, te peço, meu senho,; como poderei eu livrar Israel? Eis que minha família é a última de Manassés, e que eu sou o menor da casa de meu pai". O Anjo do Se nhor sossegou -o da parte de Deu s: "Eu serei contigo, e tu derrotarás os madianitas como se fossem um. só homem". Gedeão era difícil ele se convencer. Por isso retrucou ao Senhor na pessoa ele seu embaixador: "Se eu achei graça diante de ti, dá-me um sinal por onde conheça que és tu quem me falas. E não te vás daqui antes que eu volte trazendo um sacrUfcio e to ofereça". "Eu esperarei a tua volta", tranqüi li zou-o pacientemente o Anjo. Depoi s de certo tempo Gedeão voltou trazendo um cabrito cozido, seu caldo e pães ázimos. O Anjo mandou-lhe que co locasse tudo sobre uma pedra, que tocou com a ponta de uma vara. Da pedra sa iu fogo e consumiu tudo. O sina l estava dado, e o Anj o desapareceu . Parece que só então Gedeão se deu conta de que fa lava co m um Anjo de Deus, pois sentiu medo de que algo lhe aco ntecesse, pela atitude que tivera com

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Gedeão provoca o pãnico 110 acampamento dos madianitas (Biblioteca Nacional, Paris)

o e nvi ado ele Deus; e gemeu: "Ai de mim, Senhor meu Deus, que vi o cu1;jo do Senhor fa ce a face". Mas como ele não o fi zera por malclacle, o próprio Deus o confo rtou, dizendo: "A paz seja contigo; não temas, ncio morrerás" (ld. ib., 11 a 23).

"Os 300 homens tocavam as trombetas e Jeová enviou a espada em todo o campo, matando-se os madianitas uns aos outros" (Juízes 7,22)

Para começar a missão: destruição do ídolo O Senhor voltou a falar-lhe à noite, orclenanclo- lhe que destruísse o altar de Baal, fe ito por seu pai, e o bosque adjacente, e ed ificasse um a ltar ao Deus ve rdade iro, no qual imo laria um touro. Tomando consigo dez dos seus servos, Gedeão fez o que o Senhor ordenara, mas fê-lo à noite, por medo ele represál ias. Na manhã seguinte os homens ela c idade viram o altar de Baal e o bosque destruídos, e o touro sobre o novo altar que fora construído. Descobrindo qu e aq uilo fora obra de Gedeão, apelaram a Joás para que entregasse o filho, para ser morto pelo que fi zera . O pa i, seja porque já não acred itava em Baa l, seja para sa lvar seu filh o, responde u-lh es: " O quê! ? Porventura sois vós os vingadores de Baal para combaterdes por ele? Se é deus, vingue-se daquele que destruiu o seu altar" (ld .ib., 3 l).

Heróica prova de confiança, exigida por Deus E nquanto isso, os vários povos do Oriente tinham ultrapassado o Jordão e acampado no vale ele Jezrael. "O espírito do Senha ,; porém, apoderou-se de Gedecio, o qual, tocando a trombeta, convocou a casa de Abiezer para que o seguisse" (lei. ib., 34). Gente de vári as outras tribos reuniram-se a ele. Mas apesar ele haver reunido um grande exérc ito, Gedeão não estava seguro ela vitória. Ped iu a De us ma is um sinal: se o orvalho da no ite caísse apenas sobre a pele ele cordeiro que e le deixaria fora ela te nda, e a terra em volta ficasse seca, seri a a prova da aj uda divina prometida. Pac iente como um pai com um fi lho te imoso, Deus atendeu ao pedido ele Gedeão e só a lã ficou molhada pelo orvalho. Isso não bastou . Gedeão ped iu mais um sinal: que desta vez o orva lho ca ísse na terra em volta da lã, e não a molh asse. Tsso também correu.

Então, levantando-se à noite, acompanha.do pe lo grande exército que reunira, Gedeão acercou-se cio acampamento cios maclian itas. O Senhor, no entanto, queria de ixar bem provado que a vitória não vi ri a do grande número ele homens, mas ele sua mão poderosa. O rdenou a Gedeão que di ssesse aos tím idos e medrosos que volla. sem atrás. Vinte e doi s mil ho mens o fi zeram , de ixando o exército com apenas dez mil. Mas ainda era muito. O Senhor mandou a Gedeão qu I vassc os homens a beber no riacho, e só fi ass com aq ueles que levassem a ág ua om a mão à boca, deixando ele lado os qu dobrassem os joelhos para beber mai s comodamcnlc. O ra, o número dos primeiros foi apenas de trezentos homens. O Senhor di sse a cclcão que com esse número entregari a cm suas mãos os madianitas; os demai ., que rclorna sem para suas casas. Tomando trombetas e víveres, Gedeão sa iu com esse pequeno núme ro para a bata lha. Antes, poré m, por ordem divina , e le foi à noite furt ivamente, com um cri ado, ao acampa mento madianita para abcr o que lá se passava. Viu que seus inimi gos eram numerosos como bando de gaf-J nholos, e seus ca me los como as areias do mar; entretanto ouviu duas sentin elas comcnlarem um sonho

que prenunciava a vitória dos israelitas, comand ados pela "espada de Gedeão". Animado com o que ouvira, dividiu seus homens em três batalhões, deu a cada um uma trombeta e uma ânfora vazia, e dentro desta uma lantern a, ordenandolhes que fizessem o mesmo que o vissem faze r. "Quando soar a trombeta que tenho na meio, tocai também as vossas ao redor do acampamento e gritai todos à uma: Ao Senhor e a Gedeão" ([d . 7, 18).

Gedeão + 300 ( + Deus) vencem multidão de inimigos "Gedecio, pois, com os 300 hornens que o acompanhavam, entmu por um lado do acampamento, ao princípio da vigília da meia-noite, e, despertadas as sentinelas, começaram a tocar as trombetas e a quebrar as ânforas umas nas outras". Ass im, com as luzes na mão esquerda e as Lrombetas na direita, somado aos gritos, fo rmavam grande alarido, que despertou os assustados madianitas. Saindo às tontas d suas tendas, degolando-se uns aos oulros na escuridão, fug iram per eguidos pelos homens de Gedeão. Gedeão enviou mensageiros por todo o monte Efraim , com ordem de perseguir os madianitas fugitivos. Entre estes morreram 120 mil homens, inclusive doi s rei s. A tribo de E fraim aceitou mal o fato

de não ter sido conv idada para a iniciativa do ataq ue aos mad ianitas. Mas Gedeão, com palavras humildes, soube acalmá-la. Perseguindo os fu g itivos para além do Jordão, Gedeão e seus homens, cansados e fam intos, pediram o que comer aos hab itantes de Socot. Mas estes se negaram a auxili á- los. O mesmo sucedeu em Fanue l. Gedeão jurou punir as duas c idades. Ca indo outra vez de surpresa sobre o aca mpame nto inimi go - restavam ne le 15 mil homens - , os israelitas o destroçaram , poi s este tinha-se por seguro e não s uspeitava ela ação dos hebreus. Gedeão tomou pri sioneiros dois re is, Zebee e Sá lmana, que depoi s justiçou por terem morto seus irmãos. Vo ltou então às cidades de Socot e Fanuel, que lhe tinham negado apoio nas necessidades, e as castigou.

Desapego do poder e ancianidade abençoada Então, " todos os homens ele Israel di sseram a Gedeão: 'Sê nosso príncipe, tu, teu.filho e o.filho de teu.filho, porque nos livraste da müo de Madian '. E le respondeu-lhes: ' Nem eu nem meu.filho vos dominará, mas o Senhor terá domínio sobre vós"' (ld . 8, 22-23). Gedeão governou Israe l durante quarenta anos, depoi s retirou-se, falecendo numa ditosa velhice . Foi sepultado no sepulcro de seu pai Joás, em Efra 2 . ♦

Notas: 1. ( Pe. M atos Soa res, Bíblia Sag rada, Edi ções Pau lin as, São Paulo, 1980, p. 242). 2. Obras co nsultadas além elas Sagradas Escri LUras:

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Les Petits Bol lancli stes, Vies desSainrs, d'apres le Pere Cúy, Pari s, Bloucl et Barrai, L ibrairesÉcliteurs, 1882, tomo X, pp. 386 e ss . L.-CL Fil li on, La Sainte Bible co11une11tée

d'apres la Vulgate et les rexres orig i11aux,

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3".ecl ição, Paris, Letouzey et A né, Écliteurs, 1899, 101110 li, pp. 108 e ss. Stefan A nclres, 1-/isró rias da Bíblia na linguagem de hoj e, Ed ições M elhoramentos, São Pa ul o, 1996, pp. 106 e ss . John L M cKenzie, S.J. , Dicionário Bíblico, Pau Ius, São Pau lo, 1983, pp. 376 e ss .

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TfPs EM AÇÃO

OANF Firme no combate à TV imoral

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luta das famílias brasileiras contra a imoralidade na TV. Resumo das atividades de OANF contra a TV imoral no ano passado e os planos para 2001

Alerta da TFP contra foco de agitação agrária ,.

-ntigamente eles se senti am impotentes e solitários. Percebiam a necessidade de fazer al go, mas senti am-se pequenos diante de um monstro de proporções monumentais. Um dia eles descobriram que não eram uma minoria, mas que faziam parte da grande maioria da população. Da maioria das famílias decentes e indignadas contra a TV imoral, desejosas de medidas contra esta, querendo impedir que a degradação e o lixo sejam despejados diariamente em suas casas. Mas ... uma maioria silenciosa e desarticulada. Até que descobriram O Amanhã de Nossos Filhos, a campanha que concede voz e vez à maioria silenciosa, que articula milhões de isolados para dizerem BASTA a uma minoria - essa sim, uma minoria de fato - de produtores amorais, que impõem ditatorialmente uma programação de TV que é verdadeiro lixo moral. Hoje as regras do jogo mudaram. Esses amorais, que outrora trabalhavam com a tranqüilidade ele quem não esperava qualquer reação aos seus desígni os degradantes, agora pensa m duas vezes antes de lançar suas barbaridades em milhões ele lares brasileiros. Temem eles uma reação, que começo u a exi stir, promov id a pelo OANF ou inspirada de certo modo em seu sucesso. Por isso, torna-se cada vez mais importante incentivar a comunicação de OANF com todos os seus aderentes e simpatizantes. Por outro lado, é indi pensável fazer com que novas famílias também possam apoiar e paiticipardesta luta incansável contra a TV imoral.

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O ano 2000 foi marcado pela

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JJ~Jl~J ~ DD ✓J Boletim informativo -

No ano 2000 foram enviados pelo correio dezenas de milhares de exemplares do boletim informativo de OANF: "TV Debate". Este envio foi feito para os participantes mais ativos da campanha, disseminados em mais de 5.000 cidades do Brasil. "TV Debate" apresentou regularmente as iniciativas da campanha e o andamento do projeto de criação da DELETEL - Delegacia do Telespectador, que está tramitando em Brasília. Um dos projetos de OANF para o ano 2001 é aumentar ainda mais a tiragem do boletim "TV Debate", para que mais famílias possam participar desta luta contra a TV imoral em nosso País .

Ampla correspondência -

Mais de 150 mil cartas pessoais foram remetidas pelo correio, no ano 2000, para esclarecer, alertar, solicitar e agradecer o apoio recebido em favor de importantes iniciativas de OANF contra os abusos da TV imoral.

Internet -

Foram realizados, através da Internet - http ://www.oanfilhos .org .br - , milhares de contatos com os participantes da Campanha, com esclarecimentos sobre a luta contra a TV imoral. O Ranking dos Piores continua indicando on-line na Internet os programas de TV mais rejeitados pela população. Este Ranking expressa a revolta e a indignação de milhares de pais e mães de família contra os abusos das emissoras de TV brasileiras, e tem sido um importante orientador para as agências de publi cidade e anunciantes.

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Pesquisa sobre a Portaria 796 -

Dentre as iniciativas de OANF, destacou-se a pesquisa junto a milhares de famílias brasileiras, que puderam expressar suas opiniões sobre a Portaria 796, do Ministério da Justiça, que classificava os programas televisivos. Os resultados revelaram que, na opinião dos pais e mães de família brasileiros, essa Portaria não passou de uma medida inócua, sem a força necessária para combater a imoralidade na TV. Tal fato constitui uma das provas da necessidade de criação da DELETEL por órgãos do Governo Federal.

Moção de apoio ao projeto de criação da DElETEl - Enquanto o projeto de criação da DELETEL tramita em Brasília, a Coordenação de OANF continua reunin do moções de apoio, assinadas por milhares de pais e mães de família conscientes, de todas as partes do País, para dar maior força de impacto a essa importante reivindicação da maioria das famílias brasileiras . O ano 2001 apresenta-se com muitos desafios, e algumas das manobras dos promotores da imoralidade já aparecem no horizonte . OANF está atento e preparado para enfrentar novas duras batalhas .

evido a agitações promovidas pelo MST no norte Fluminense,_ ~º sentido de transforformar aquela reg1ao num novo Pontal do Paran apanema (cfr. JB , J5-4-97), a TFP reali zou nas cid ades de Campos e Cardoso Moreira (RJ), nos di as 20 e 21 de dezembro último, uma campanha públi ca de esclarecimento. Na ocasião, fo i di stribuído um manifes to* denunciando os atrevidos intuitos do MST. A população dessas duas cidades acolheu com especial simpatia a atuação dos sócios e cooperadores da TFP, que marcaram sua presença nas vias públicas com seus estandattes e capas, muito conhecidos também naquela região. No manifes to, a TFP alerta para o novo foco de agitação agro-comuni sta que o MST está procurando criar no norte flumin ense. E aponta o caráter marxista de luta de classes que anima os líderes desse movimento, os quais vão empurrando o Brasil para uma guerrilha comuni sta nos moldes da Colômbi a. No corpo do manifes to, a TFP promove uma pesqui sa sobre a opinião dos norte-flumin enses a respeito das invasões de terra, da Reforma Agrária e da participação da chamada esquerda católica nessas agitações rurais.

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A íntegra desse manifesto pode ser obtida

no site www.tfp.org .br avi Francisquini, e cooperadores io da campanha so Moreira (RJ)

Na foto circular acima e nas fotos abaixo, cenas da campanha em Campos

Participe da campanha O Amanhã de Nossos F!'lhos, amplamente apoiada por Catolicismo. Para receber o boletim "TV Debate" com informações sobre as iniciativas da campanha, ligue para ( 11) 3955-1140.

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TfPs EM AÇÃO

FP realiza evento natalino com sede cheia Cerca de 250 participantes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, · não tardeis!, bem como correspondentes e simpatizantes da TFP de São Paulo, ABCD, Maná, Jundiaí e redondezas, estiveram presentes programa natalino, realizado na sede campestre que a entidade mantém em Jundi aí (SP), ocorreu no dia 7 de jane iro último. Teve início com urna saudação dirigida a Nossa Senhora e ao Menino Jesus, seguida ele uma procissão interna pelo amplo jardim, · com a imagem de Nossa Senhora, durante a qual houve a recitação do terço. No ato seguinte fo ram cantadas conhec idas mú sicas natalinas de vári os países, bem como cânticos sacros colhi dos no amplo acervo de mú sicas gregorianas da liturgia cató li ca tradic io nal, co m acompanhamento de órgão e trompete. Era notóri o o comprazimento dos convidados. Um lanche - panetones, sorvetes,

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refrigerantes - reconfo rtou os presentes naque la ensolarada tarde de domingo. E nquanto os participantes se entretinham em animadas conversas, llrna surpresa: repentinamente entrou pelo j ardim urna be la carruagem conduzindo o personagem mai s importante ela fes ta .. . para as crianças: o Bispo São Nicolau, com sua mitra, seu báculo, capa vermelha e longa barba branca. Ele "desceu do Céu" para trazer-lhes presentes, não sem antes dar-lhes alguns "apertos" pelas artes praticadas dura nte o ano, e pedindo-lhes um propósito de emenda corno condição para entregar a lembrança. Como reza a tradição, aos meninos que não se comportam bem, São Ni colau entrega-lhes um saquinho com car-

vões ... As mães, sobretudo, agradece m muito a "São Nicolau" o auxílio que lhes dá para inic iarem o ano. Animada peça teatra l, re lac io nando problemas da atualidade com o Natal e a Mensagem de Fátima, terminou co m a mo ntagem de um Presépi o ao vivo, no qua l apenas Nossa Senhora e o Menino Jesus eram representados por imagens; os de mais personagens, como os Re is Magos, eram pessoas traj adas a caráter. Após o sorteio de quatro imagens de Nossa Senhora, cada um dos presentes pôde oscula r o Menino Jesus e Sua Mãe Santíssima, antes de se reti rar levando corno le mbrança um lindo calend ári o ilu strado do ano 2001 e um ades ivo para automóvel.

São N icol,111 r hNf,I em sua carruagem para distribuir ,-Is crianças lembranças de Natal; as menin,11, 11. , 11/n•tl, já receberam seu presente...

O C oordl'11,11I"' ,I., ,111111,11,h,1, Sr M,1rcos Garcia, sorteia entre os presentes.,~ 1111,11111 1111,1111•11, 1/t• No~ \,I Senhora de Fátima

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Cena da apresentação teatral

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V, 'º

"~~z as U (jas" que r di zer, em pO{-

C\ L

tuguês, "as lc!jes". A pintura à di reita está impressa num rochedo ex iste nte numa gruta locali zada ao sul cio te rritó ri o co lombiano, junto à fro nte ira cio Equado r, são reprodu z idas nes ta co ntraca pa as du as fi g uras prin c ipa is. É um como que quadro. Tem todas as caracte rísti cas de te r sido pintado medi ante o concurso de um Anj o. Qual é a beleza da referida pintu ra? Devemos distinguir nela dois aspectos: as pessoas de Nossa Senhora e Noss? Senhor, e o colorido. O colorido todo expressa um a idé ia de rea leza muito pronunc iada. As cores de fund o cio quadro são fa ustosas. Por outro lado, esse vermelho - que tende para o vi nho - do traje de Nossa Senhora é uma cor que nte, rica, sendo toda essa vestimenta bordada a ouro, o que reforça também a impressão de um traje de rai nha.

Nossa Senhora

* * * Quanto às pessoas de Nossa Senhora e cio Me nino Jesus, chama a atenção prime ira me nte a grande coroa na cabeça da Mãe de Deus, que não fi gurava na milagrosa pintura original. Tão grande que se diri a exagerada, se não estivesse tão be m calculada. Não fica pesada demais, mas é a maior que poderia ser. É im poss ível imaginar uma coroa ma io r ci o q ue essa para a fig ura que a porta. D eta lhe c uri oso: a cabele ira da Virgem Santíss ima. O s cabe los dE la e·stão soltos, mas de tal maneira que pa-

Po r outro lado, o Menino D eus está po rtando uma coroa - igualmente ac rescentada à pintura ori g in a l - ta mbé m mui to gra nel para a sua cabeça, mas não despro porc ionada. Ele está muito amave lme nte voltado para quem reza. Ao inv s cio quadro cláss ico - o Menino Jesus sério e Nossa Senhora ri sonha - nota-se o contrário: E le se di strai com o laço vo ltando-se para o pecador, enquanto sua Mãe está séria. O que re presenta uma tro ·a de pos ições, parecendo invert r-s' o pa pe l da Medianeira. Na r alidude, o pensamento que aí st{i ·xpresso é muito pro fund o: El ' misericordioso porque está senl ndo no trono da mi sericórd ia - nos hr:i ços de Nossa Senhora. assi111 n1i1 l fosse, Ele não exprimiria 1ul 111i seri córd ia extrao rd in á ri a, l'ssa alegri a de dar e sorrir.

* * * No Lotai, o que há cl mais in te re ante no quadro qu ·, dv pois de se ter olhado I ani o 1)ivi no lnfanteeS ua M ãe anl ss in111 , pe rcebe-se como a mal ·rn id11d · Plínio Corrêa de Oliveira dElaestáexpr ssa na pinlu l'II . P11 rece que Ela não ·st I prt·st11 11d11 uma atenção próx ima no M ·11 i110, n111s 1111 recem um manto real. Há um bo m gosto, uma intimidade enorm 111r · os h1is. N< ,s uma noção de majestade e uma arte na sa Senhora O sust m, · 0 111 0 u111 u 11 11 t· t·111 di sposição desses cabe los, que é uma coirega um filho inteira mcnl ' ·li · •11do II Hl11 , sa extraordinária . Na fi s io no mi a de N ossa Senh o ra, para deixar claro se u sent im · nt o 111 111 ·11 1<1, Senso materno, por con. guint ', voll ido me rece ser ressaltada a alta ne ri a da cabepara o pecador, de quem la tu111h 111 1 ça. Ela o lha ele cima, ele um modo sério e M ãe. investigador, de que m desej a ser obedeNossa Senhora Rainha e Ma ·: o q111· cida. É fis iono mia ele M ãe, mas de uma M ãe que foi pin tada numa hora em que expressa admi ravelme nte ess' qu adro () li \ ' eu considero verdadeirame nt · un 111olu11 não está sorrindo. Ela não está fixa ndo o prima no gênero. o lhar com expressão de ameaça ou repri me nda, mas está com a di sposição de alExcertos da conferência prof rld pc lo gué m que, se nota r qualque r coisa de e rProf. Plinio Corrêa de Oliveira poro lo rado, p assa um pito ou faz uma advertê ne cooperadores da TFP em 19 d utuhrn de 1974. Sem revisão do autor. cia. É uma realeza exercida com fo rça.

de Las Lajas.

Rainha e Mãe


No a Senhora da Ponte, Padroeira de Sorocaba

EUA:

TFP contra o aborto


d~~gi Nesta edição

Elogio à lógica de São José

Leitura espiritual

11

G

rande devoto de São José, o Prof. Plínio pronunciou uma série de palestras sobre o Pai adotivo do M enino Jesus. Numa delas, em 19 de março de 1976, festa daquele grande Santo, após tecer luminosos comentári 9s sobre suas excelsas virtudes - por exemplo, enquanto modelo de príncipe, pois era de nobre linhagem, descendente da Casa do Rei Davi - , o in signe pensador cató li co encerra a exposi ção respondendo a uma pergunta. Nesta resposta, ele di scorre sobre um aspecto pouco tratado ao se fa lar do castíss imo Esposo da Sa ntíssima Virgem. Por isso a esco lhemos para fi gurar nesta seção. O sono de São José - Escultura de Domenico Guidi (1625-1701), Capela de São José, Igreja de Santa Maria da Vitória, Roma.

Qual foi um lance da vida de São José em que ele levou a lógica até o heroísmo? " Foi o episód io muito conhec ido, quando ele viu que N ossa Senhora tinha concebido um filho do qual ele não era pai. O Evange lho abord a o ass unto. E le foi co locado diante de uma situação absurda, poi s Nossa Senhora era evidentemente santa. Di sso ele não podi a duvidar, porque a santi dade dEla relu zia de todos os modos possíveis. Mas, de outro lado, estava cri ada uma situação que ele não conhec ia, e com a qual ele não podia co nviver. Em ve z de denunciá-La como ordenava a Lei hebraica, ele pensou na única saída lógica: 'Quem está

de mais nesta casa não é essa Mãe, que aqui é a dona e rainha; nern o.fi-

lho que Ela co11cebeu. Alguém est6 d , 111ois, e esse alguém. sou eu. Vo11 abandonar a casa e sum.ú: Não compreendo tal m.istério, mas contra ele não rne levantarei. Passarei meus dias longe, vene rando o ,nistério que não entendi'.

Meditação sobre o Juízo Particular

A realidade concisá,nente

12 -

Nossa capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo Plínio Corrêa de Oliveira

"E reso lveu, quan do fo sse meia- noite, abandonar a casa, fu g ir, dei xando N ossa Senhora com o fruto de suas entranhas.

Diante do incompreensível, a lógica do castíssimo Esposo "Considerem a cal ma de São José. Essa ca lm a, só os homens lóg icos a têm. E le tinh a que aba nd onar o maior tesouro da ~ rra, que era Nossa Senhora. • iss r pr sentava um so fri m ent o im enso, inima ·ináv e l. O Eva nge lho narra qu ele estava dormindo, quand o apa rcc u o anjo em sonho e lhe deu a ex pi icação.

"A ndando ele ·0111 isto 1w pensamento, eis que u111 ai(jO do Se11hor lh e apareceu em sonhos, e l/1 e disse: José, .filho de Davi, 11ão te111as receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que nela fo i rn11 cehido é (o bra) do Espírito Sa11to. /)orrí à l11z 11111 .filho, ao qual por6.1· o 110111e de Jesus, porque Ele salvará o se11 povo dos seus pecados " (ML 1, 20-2 1). "As sim, an t s desse lance tremendo, ão .los< dormi a. Ele ia viajar e deveri a pr ' parar-se, repousa ndo para Lal via cm. V, rgado por um enorme so frim ·nt o, ·n trctanlo ele dormia. O anj o apar' ·cu - lhe e expli cou a situação . EI co nt inu ou o sono. Aman he·cu a vida prosseguiu normalm ente. Suma norma lidade, suma coerência, sum a lóg ica ! Em louvor da lóg ica de ão José, este rápido comentário que represent a um elogio à lóg ica".

Excertos

2

A perplexidade de São José

Carta do Diretor

Destaque

14 Rock :

animalização do homem e culto a satanás

Capa

16 Porto

Alegre - Davas: Duas vi as anti -Civilização Cristã rumo à República Universal

4 Página Mariana

5

Nossa Senhora, a ponte para o Céu

A palavra do sacerdote

7

Os antipapas na História da Igreja

Crimes bárbaros em hospital da Inglaterra Medida s anti -abortistas do Pres idente Bush Uso de objetos religiosos, proibidos em escolas cubanas

Santos e Festas do ,nês

30

Nossa Senhora com São Bento e Santa Francisca Romana - Mosteiro de Tor de'Specchi (séc. XV), Roma

Vidas de Santos

41

Escreve,n os leitores

32 Entrevista

33 Atuação

fecunda de Acción Familia no Chile

Ecos de Fáti,na

37 -

Perple xi dades de uma aderente da Campanha de Fátima Continua a ex pansão do Program a Radiofônico A Voz de Fátima CD: Os mais belos textos sobre a Santíssima Virgem Maria

Santa Francisca Romana: modelo para todas as idades e estados da vida

TFPs e,n ação

44 -

TFP norte- americana: Marcha Pro -Life e Congresso de Correspondentes Em Curitiba: campanha de distribuição de manifesto da TFP

A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

48 Chenonceaux:

castelo que flutua sobre as águas

Campanha em Curitiba: o público recebeu com simpatia o manifest'O da TFP

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Com a palavra ... o Diretor --------------

PÁGINA MARIANA

Amigo leitor, Catolicismo apresenta, como matéria de ·apa nesta e li ção, extensa cobertura do Fórum. Social Mundial realizado em Porto Alegr , de 25 a 30 de janeiro último. Nesse evento, 1500 organ izações não govern amentai (ON . ) cl ·unho nitidamente esq uerdista, nacionai s e intern acion ais, fizeram-se represenlar. As 14pág inasqueconsagramosaolemanão s limilam à simpl s oberlurajornalística - ele si, bastante abrangente - ele um acon le im nt o mar uni' por s u ra lica li mo revolucion ário, no proces o da globa li zação universal. ln ·lui lamb m, lo o de inf i , co n icleraçõe que ele ·venciam a profund a unid a I d obj 1i vos ·x ist '111 ·n lr ' duas reu ni õ s aparenlernenle conlrad ilórias : o Fór//11/ E ·011ôl//i ·o M1111dial , na cidad suíça I Davos, nos mesmos dias 111 qu se reali zava o F'6rn111 o ·ia/ Mundial n·i cap ilal gaúcha. Até me mo alo. ilegai s ele invasão e depreciação - simbóli cos cio modo ele atuar delituoso ele movimentos como o MST no Brasil - não fa ltaram no show ele esq uerd ismo efervescente encenado em Porto Alegre, co m a participação ele vedettes nac ionai s e estrangeiras. Em face dessa temática, o leitor poderi a perguntar: por que elevo tomar co nhecimento dela? Que relação tem isso com minh a espiritualidade, um a vez que o tema é versado por uma revista ele insp iração católica? A resposta é simples. Todo católico, corno membro ela Igreja militante, não pode desinteressar-se nem omitir-se em face cio que di z respeito à destruição ela Civilização Cristã. E as propostas, tanto ela reuni ão ele Davos quanto ele Porto Alegre, acenam para o advento ele um novo estado ele co isas anárquico-socialista, radicalmente oposto aos princípios e valores que formam uma autêntica Civili zação Cri stã. E, portanto, a uma situação que, ele si, favorece a perdi ção ela alma .. A mídia, ele modo geral, qualificou os dois fóruns como eventos antagônicos, com propostas aparentemente opostas. Na realiclacle, o dilema é fa lso.

*

*

:J:

Catolicismo é uma revista que se diferencia substancialm nle ela orientação gera l ela mídi a. Procura ela expor com coragem os falos cl modo obj etivo e profundo, abordar assuntos polêmico e desmasca rar as lram as qu visam ' limin ar os úllimos vestígios ele Civili zação Cristã presenl s na so ' i dad hodi ' rn a. 1 ssa rorma , anali sando os dois eventos, Catolicismo ressa lla o falo de ' I 'S ·onstilu ír ' m ·01110 duas p rn as do mesmo mon stro - a chamada globa li zaçi:ío - d in spiraçi:ío nitid um '11 1' sociali sla. Oferecencl a nossos lcilores inf'ormaçõ ·s pr • ·isas · s ilid a r rmação a respeito ele temas ele irnporlância vilal , e 1110 o abord ado n ·stn 11101 ri a d' capa, procuramos ser fiéis à no a missão ele e lilar urn a rev isla d inspiraç:1o uul ·n1i ·am ' nl calóli ca.

'ordi alm enle,

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IIW TOR

Nossa Senhora da Ponte, Padroeira de Sorocaba Quem não precisou, em determinado momento da vida, passar por algum obstáculo que, por suas próprias forças, não conseguiria transpor? E quem melhor do que Nossa Senhora para nos auxiliar a transpor os abismos que defrontamos em nossa vida? Assim como as pontes nos possibilitam atravessar obstáculos geográficos, Maria Santíssima é a ponte que nos conduz ao Céu. V ALOIS

GRINSTEINS

osso garantir que é natural surgir ~ devoção a Nossa Senhora ela Ponte. Já tive que passar, em minhas numerosas viagens, por mais ele uma ponte cambaia que, sujeita à erosão cio tempo, a relaxamentos etc, mantinha-se ele pé não se sabe como. Por vezes, em viagens, os minutos desagradáveis foram aqueles em que, ao transpor um rio escuro, pensei na morte que poderia chegar a qualquer momento, enquanto observava as rodas cio veículo girando sobre a macieira apoclrecicla da ponte ... Se isto acontece em nossa época ele engenharia avançada, concreto e aço, podemos facilmente imaginar, nos longínquos tempos passados, o que era atravessar uma ponte! Não falo daquelas pontes romanas ele pedra, grandiosas e imponentes, mas ele pontes em estradas meio invacliclas pelo mato. A viagem podia terminar trágica e repentinamente ... Então, era bem o caso ele invocar: Nossa Senhora ela Ponte, socorrei-me! Tal súplica surge naturalmente. Entretanto, apesar ele existir em muitos países essa invocação, quase ninguém conhece sua origem. Surgiu essa devoção devido apenas a fatos desse gênero? Ela nada mais nos ensina? Não representa algo mai s?

P

Nossa Senhora, ponte que conduz ao Céu Certas imagens servem muito bem para descrever fenômenos espirituais. Uma surpresa desagradável, por exemplo, pode assim ser expressa: "Fiquei como se me tivesse caído um raio!" Um deserto representa aclequaclamente a aridez na vicia espiritual; um vulcão em erupção, a cólera; um mar revolto, a fúria etc. E os objetos que CATO LIC IS MO

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xilia a chegar ao Céu surge espontaneamente ao espírito do católico. A idéia da ponte aparece exatamente nas ocasiões mais difíceis de nosso caminho, especialmente no momento da morte, em que horizontes opostos e definitivos abremse para nós: Céu ou inferno eternos. Comparar o inferno a um imenso e profundo rio de fogo é fácil, como também o Céu a uma bela montanha com panoramas esplêndidos. Nada mais natural que comparar Nossa Senhora a uma ponte, protegendo-nos na travessia de um rio traiçoeiro e levando-nos aos mais altos panoramas.

Nascimento de uma devoção Muitas vezes, surgem situações nas quais as pessoas pedem a proteção materna de Nossa Senhora sem pensar em realidades etéreas e metafísicas. E, por vezes, isso pode ocorrer ao se transpor uma ponte, uma vulgar e despretensiosa ponte. Por exemplo, na França medieval, no século XII, o seguinte episódio deu origem à devoção conhecida como Notre Dame du Pont (Nossa Senhora da Ponte). Em 1198 o Rei Felipe Augusto, da Fachada da Catedral de Sorocaba, França (avô de São Luiz IX), foi socorem cujo altar-mor é venerada a bela imagem barroca, que se vê na rer a cidade de Gisors, cercada por seu página anterior, Padroeira da cidade rival, o Rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão. Conseguiu Felipe Augusto nos auxiliam a vencer os obstáculos napassar entre as tropas inimigas para enturais são igualmente invocados na vida trar na cidade. Mas, no momento em que espiritual. Por isso dizemos que tal graatravessava a ponte sobre o rio Epte, esta ça recebida foi como "um copo de água cedeu sob o peso do exército e o Rei caiu no deserto"; tal idéia foi "como luz nas na água. Cair num rio portando pesada trevas" etc. Donde ser natural que uma armadura não é situação invejável... O ponte lembre os auxílios recebidos para Rei invocou Nossa Senhora e conseguiu transpor obstáculos insuperáveis ou dichegar salvo à margem. Para agradecer ficilmente superáveis. à Virgem Santíssima, mandou dourar Quis Deus, na sua sabedoria divina, uma imagem de Nossa enhora, que coque no decurso desta vida passássemos locou na nova ponte à entrada da cidapor situações de angústia e aperto realde. Nasceu assim uma devoção. mente aflitivas. Muitas vezes, uma situaDesconhecemos como terá surgido ção permitida pela Providência Divina · a invocação de Nossa Senhora da P nte visa a nos ensinar a ter confiança. Por veem Saint-Junien-sur-Vienne, na dioces zes, é para quebrar em nós o ateísmo-práde Limoges (França). Esta é antiga, pois tico e mostrar-nos que, sem Deus, sucumo Rei francês Luiz XI foi dua vezes lá bimos: "Sem Mim nada podeis fazer", em peregrinação, já em l 465. diz Nosso Senhor na Sagrada Escritura. Em Portugal existe uma cidade eh Deus estabeleceu que sua Mãe Sanmada Ponte de Lima, a qual pode bem ter nascido próximo à ermida que havia tíssima exerces e um papel-chave em nossa salvação. Por isso, a idéia de ser junto à ponte que cruza o rio. Também na cidade de Villarica, no Nossa Senhora uma ponte que nos au6

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Paraguai, exjstia uma devoção de Nossa Senhora da Ponte.

Devoção de Nossa Senhora da Ponte em Sorocaba Em 1590, foi construída uma ponte na região de Sorocaba, Estado de São Paulo, para dar passagem à e:>lpedição de Afonso Sardinha, a qual visava explorar as rninas de ferro do morro de Ipanema. A e:>lpedição acabou fundando uma cidade que não vingou. Mas a ponte ficou, e lá estava quando veio Baltazar Fernandes, de Sant' Ana do Parnafüa, com sua família, colonos e escravos. Ele fixou-se na região, surgindo então a atual cidade de Sorocaba. Baltazar Fernandes levou uma imagem de Nossa Senhora. Para a cultuar devidamente, construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Ponte. Talvez seja a mesma capela que ainda existia em 1820, junto a uma velha ponte de madeira que atravessava o rio Tietê, perto do salto de Itu. Por que essa imagem intitulava-se da Ponte? Por estar junto à ponte de madeira? Ou possuía Baltazar Fernandes uma cópia da imagem portuguesa de Ponte de Lima? Nada ficou registrado. Pode também ser ela cópia da imagem paraguaia, pois o vigário da cidade de Villarica era muito amigo do fundador de Sorocaba, cuja esposa era oriunda de família espanhola. Seja como for, a invocação a Nossa Senhora da Ponte ficou conhecida e permanece até nossos dias. Quem ainda hoje visita a atual Catedral da cidade, encontra uma imagem barroca do século XVIII, muito provavelmente de origem portuguesa, que representa Nossa Senhora de pé, tendo o Menino Jesus em seu braço esquerdo. Quantas pessoa já invocaram a Virgem Santís ima diante dessa imagem! E a quantas ela terá ajudado a transpor a ponte da eternidade! Uma caraterí tica das obras católicas é de serem bela e práticas. E se uma ponte n s lembra Nossa Senhora, o que pode haver de mais belo e mais prático? ♦

Fontes de referência: -

Marquis de la Franquerie, La Vierge Marie dans l'histoire de France, Paris, 1939. Nilza Botelho Megale, Cento e doze invocações da Virgem Maria no Brasil, Ed. Vozes, Petrópolis, 1986.

A

Palavra

sJCerdote

Pergunta

Na História da Igreja houve um tempo em que apareceram antipapas? O que vem a ser isso? Resposta Infelizmente, a existência de antipapas é um fato real na História da Igreja, e o fiel católico deve ser instruído a esse respeito, a fim de compreender, sem se escandalizar, certos episódios do passado, e quiçá - livre-nos Deus! - outros semelhantes que possam ocorrer no futuro. Na Última Ceia, no momento talvez de maior solenidade do convívio de Nosso Senhor com seus discípulos, disse-lhes Ele: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13, 35). Já no início de sua vida pública, antevendo o desencadear das paixões que conturbariam a vida de sua Igreja, proclamara no célebre Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os mansos, porque pos-

suirão a terra" (Mt 5, 5). E, mais tarde, insistiu: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração" (Mt 11, 29). Não deveria haver, pois, dissensões entre os discípulos de Cristo. E não deixamos de nos surpreender quando elas ocorrem! Sobretudo, nos escalões de governo da Igreja ... Por isso, Nosso Senhor também preveniu: "Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós vestidos de ovelhas, e por dentro são lobos rapaces" (Mt 7, 15). Acontece que, por vontade do próprio Nosso Senhor, a Santa Igreja é governada por homens, com todas as suas peculiaridades pessoais, muitas vezes legítimas, mas também com todas as suas limitações, debilidades, pecados e maldades, conseqüências do pecado original. E assim, apesar da assistência contínua do Divino Espírito Santo à Igreja, surgem, mesmo entre os homens mais eminentes que a governam, discrepâncias de pontos de vista e mesmo dissensões e oposições. Entre estas, as manifestações mais agudas são os antipapas, os cismas e as heresias. Daí a advertência feita pelo grande Papa Adriano VI (séc. XVI): "A Sagrada Escritura anuncia claramente que os pecados do povo têm origem nos pecados dos sacerdotes, e por isso, como observa Crisóstomo, nosso Divino Salvador, quando quis purificar a enferma cidade de Jerusalém, dirigiu-se em primeiro lugar ao Templo, para repreender antes de tudo os pecados dos sacerdotes; e nisso imitou o bom médi-

co, que cura a doença em sua raiz" (Ludwig Pastor, História dos Papas, Editorial Gustavo Gil, Barcelona, 1952, vol. IX). Mas nunca faltam aos fiéis graças para saberem como se comportar em tais situações. A pergunta do consu lente versa sobre os antipapas, tema sobre o qual se concentrará, pois, a nossa resposta. A conceituadíssima Enciclopedia Cattolica (edição de 1949), em seu verbete "Antipapa", assim define: "Antipapa é aquele que, elevado ao Papado de modo não canônico, atribui a si mesmo a dignidade e a autoridade papal. Trata-se, pois, de um usurpador (às vezes de boa fé) que, arrogando-se um poder que não tem, pois que privado da legítima missão para governar a Igreja, cria nEla não apenas uma cisão eleitoral, mas, em caso de obstinarse, um verdadeiro cisma entre os fiéis".

O Grande Cisma

do Ocidente Para mais fácil compreensão do leitor, vamos "filmar" em câmara lenta o surgimento de um antipapa, justamente num dos casos mais famosos, conhecido como o Grande Cisma do Ocidente, iniciado em 1378. A bem dizer, a história começa 73 anos antes, com a elevação ao pontificado do Arcebispo francês Bertrand de Got, que sob o nome de Clemente V governou a Igreja de 1305 a 1314. O conclave para a sua eleição se realizara na cidade italiana de Perúgia e, contrariame nte às praxes, o

novo Papa quis ser coroado na cidade de Lyon, na França, país de onde, por pressão do Rei Filipe o Belo, nunca mais sairia ... Depois de percorrer várias cidades francesas, em 1309 acabou se instalando em Avignon, no sul da França, que será a partir de então a residência oficial dos Papas até 1377 (excetuado um pequeno parêntese de três anos do Papa Urbano V em Roma). Os Papas, então, aí se sucediam e, como era previsível, o número de cardeais franceses foi crescendo, a ponto de se tornar preponderante, de forma a determinar o resultado dos conclaves.

As advertências de Santa Brígida Os inconvenientes dessa situação saltam aos olhos, e muitos foram os esforços de toda a Cristandade para trazer de volta o Papado para Roma. Embora sediados em Avignon, os Papas continuavam sendo Bispos de Roma, sucessores em linha reta de São Pedro. Dentre esses esforços, ocupam lugar de destaque as "démarches" de Santa Brígida, Rainha da Suécia. Ela mesma, para uma atuação mais ágil, tras1ad ou sua residência a Roma, de onde transmüia aos Papas em Avignon as severas admoestações que para eles recebia da parte de Nosso Senhor, em revelações privadas. Por fim, em 1367, depois de vencer mil empecilhos, Urbano V (que era romano) voltou a Roma, onde reinou até 1370. Neste ano, porém, recuando sobre seus passos, retornou a Avignon, contrariando a advertência de Santa Brígida, que vaticinou sua morte

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Santa Brígida A Santa Rainha da Suécia empenhou-se sobremodo em promover a volta dos Papas de Avignon para Roma

se o fizesse, o que realmente ocorreu em setembro do mesmo ano, alguns dias depois de sua chegada à cidade francesa ... Por fim, Gregório XI (francês), apenas eleito Papa em dezembro de 1370, anunciou seu desígnio de se trasladar a Roma, o que só conseguiu efetivar seis anos depois, em janeiro de 1377. Interessa registrar que entrementes falecera Santa Brígida (1373), que fora providencialmente sub tituída no difícil encargo de admoestadora dos Papas por outra célebre mística, Santa Catarina de Siena, que chegou mesmo a ir a Avignon, no cumprimento de sua espinhosa e profética missão (junho de 1376). Infelizmente, o pontificado de Gregório XI, que tanto prometia para a restauração do Papado e da

Cidade Eterna, findou um ano depois, com seu falecimento aos 47 anos de idade, em 27 de março de 1378. Avizinhava-se a tragédia do Grande Cisma do Ocidente.

O povo exige a eleição de um Papa italiano O conclave para a sua sucessão reuniu-se I O dia clepoi . , em aposento comun s cio palácio vaticano. Segui nclo a orientação cio Papa falecido, os cardeais não aguardaram a chegada dos seis cardeais que haviam ficado em Avignon, nem a cio Cardeal de Amiens, que se encontrava no exterior, em missão a ele confiada por Gregório XI. Estavam ao todo em Roma apenas 16 cardeais: 11 franceses, quatro italianos e um espanhol. A maioria de dois terços estabelecia o mínimo

de 11 votos para a validade ela eleição papal. Para chegar ao palácio apostólico, os cardeais tinham que abrir caminho entre a multidão que enchia a praça de São Pedro, e sorriam quando da turba saía um grito: "Romano lo votemo". O povo de Roma queria que ·e eleges e um Papa romano, ou ao me nos italiano, ex igi ndo-o aos gritos, às veze acompanhados de ameaças. Os cardeais respondiam que agiriam de acordo com a sua consciência, buscando o maior bem da Igreja. O colégio cardinalício estava dividido em três facções: sete cardeais franceses pleiteavam a eleição de um cardeal limusino (ela região de Limoges, França), os quatro italianos queriam um italiano, e três cardeais franceses preferiam unir-se

aos italianos para que não triunfasse o grupo lirnusino, que predominara nos últi mos quatro pontificados. Na manhã seguinte (8 de abril), um grupo de romanos armados invadiu o campanário de São Pedro e tocou os sinos a toda força, convocando o povo romano para a praça de São Pedro. Congregado o povo, gritavam em coro: "Queremos um Papa romano, ou ao menos italiano". Os mais exaltados prometiam esquartejar os cardeais franceses se isso não acontecesse. O Bispo de Marselh a, França, aproximando-se de uma janela, disse ao Cardeal Orsini e a um outro francês: "Apressai-vos, senhoAbaixo: Palácio papal que se conserva ainda na cidade de Avignon {França) . De 1305 a 1417 os Papas e a Corte pontifícia habitualmente se instalavam naquela cidade.

res, porque correis o risco de ser esquartejados se não elegerdes logo um Papa italictno ou romano". O pavor e a apreensão dos cardeais aumentava. Depois de meia hora de deliberação, decidiram acalmar os ânimos do povo com algumas palavras de esperança. O Cardeal Orsini aproximou-se ele uma janela e prometeu: "Ficai tranqüilos: amanhã ao meiodia tereis um Papa romano ou italiano".

A eleição de Urbano VI Corno nenhum dos conclavistas podia conquistar os dois terços dos votos, era preciso recorrer a alguém de fora do colégio cardinalício. As atenções se voltaram para o Arcebispo de Bari, Itália, que acabou sendo aceito, embora com restrições, pelas diversas fac-

ções. Teve ele 15 votos, pois o Cardeal Orsini, que desejava a tiara para si, se absteve. A dúvida está em se todos os votantes o fizeram com perfeita liberdade, ou por medo das ameaças, o que invalidaria a eleição. Eram nove horas da manhã. Mas era preciso chamar o Arcebispo de Bari. O Cardeal Orsi ni forneceu pela janela, ao Bispo de Marselha, uma lista com sete nomes de bispos italianos, do qua l o primeiro era o de Bartolomeu Prignano, Arcebispo de Bari. Bartolomeu Prignano tinha absoluto domínio dos negócios da cúria por seus longos anos passados em Avignon, e por ter sido Vice-Chanceler do Papado em Roma, no período de Gregório XI. Ademais, nascido em Nápoles sob os reis de Anjou, era um italiano semjfrancês, e gozava da familiaridade dos cardea.is franceses limusinos. Isso explica sua escolha. No fim do dia, por medo do povo, seis cardeais se refugiaram no Castelo de Sant' Angelo, outros cinco em residências romanas, e quatro buscaram proteção em fortalezas fora de Roma. Só ficaram no Vaticano o Cardeal de São Pedro e o novo Papa. No dia seguinte pela manhã, este convocou todos os cardeais para que viessem ao palácio apostólico para proceder à sua entronização. Reunidos na capela os 12 cardeais que se encontravam em Roma, era o momento de declarar inválida. a eleição, se algum assim o pensasse. Não obstante, o que fizeram foi notificar oficialmente a.o eleito a sua designação. Revesti-

ra.m-no dos ornamentos pontifícios e fizeram-lhe a reverência de rubrica, enquanto entoavam o Te Deum. O Cardeal Pedro de Vergne, abrindo uma janela , proclamou ao povo: "Anuncio-vos uma grande alegria: tendes um Papa e se chama Urbano VI".

As exortações de Santa Catarina de Siena No dia J 8, domingo de Páscoa, tendo voltado os quatro cardeais que se haviam refugia.do fora de Roma, o Arcebispo de Bari, Bartolomeu Prignano, foi novamente entronizado na Basílica de Latrão. E de volta a São Pedro, celebrou-se a cerimônia de coroação, sendo o Cardeal Orsini quem o cingiu com a tiara papal. Demoramo-nos nadescrição pormenorizada desses fatos para mostrar que, se alguma dúvida houve durante a eleição, esta ficou convalidada. pelo procedimento ulterior dos próprios cardeais que porventura tivessem votado sub metu (pressionados pelo medo). Tudo, pois, parecia encaminhado da melhor maneira naquelas circunstâncias difíceis, quando a inabilidade com que se houve o novo Papa reacendeu as prevenções que contra ele alguns cardeais haviam tido. Desprezava de público os cardeais, insultava-os a ponto de exasperá-los. Aos cardeais Cros e Lagier, repreendeu-os asperamente, e pouco faltou para esbofetear o primeiro em pleno consistório. Ao cardeal Orsini, chamou-o de estúpido, em frente dos membros da Cú-

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ria; ao cardeal Roberto de Genebra, de rebelde; ao de Florença, de ladrão; ao de Amiens, de traidor. Em vão Santa Catarina de Siena o exortava, em suas cartas, à moderação e à doçura próprias do Bom Pastor. Não que não houvesse muito a corrigir, inclusive entre os cardeais. Mas est modus in rebus (as coisas devem ser feitas com jeito e prudência). O cardeal de Amiens; que, como dissemos, não participou do conclave, era uma das personalidades mais relevantes do sacro colégio, hábil diplomata, mas pouco escrupuloso e imensame nte rico . Chegando ao Vatic a no , apresentou suas home nagens a Urbano VI, mas não se passaram muito s dias antes que tivesse uma altercação com o Papa, em que ambos se injuriaram fortemente. Foi quanto bastou para congregar em sua casa os inimigos de Urbano VI, entre eles os cardeais ... Estava aberto o caminho para o cisma.

deal Roberto de Genebra como papa, o qual adotou o nome de Clemente VII. Era o dia 20 de setembro de 1378. O cisma (ou sej a, a separação) estava consumado; um cisma que perduraria durante quase 40 anos, com desastrosas conseqüênci as para a Igreja. Chegando Clemente VII a Nápoles acompanhado de três cardeais, a proteção da Rainha Joana se mostrou i nsuficiente para conter o descontentamento popular, que se levantou aos brados de "Morra o anticristo! Morram Clemente e seus cardeais! Viva o papa Urbano!". No dia 22 de maio Clemente VII deixava definitivamente a Itália, e no dia 20 de junho entrava em Avignon, como antipapa. O Pe. Ricardo García Villoslada S. J. , em sua conceituada Historia de la Iglesia Católica, conclui s ua narração com estas acerta-

A eleição de um segundo papa: Clemente VII Os cardeais descontentes, que incluíam três itali anos, se reuniram em Anagni, onde emitiram uma declaração afirmando formalmente que tinham votado sob coação do povo romano, e que portanto a eleição de Urbano VI tinha sido inválida. Denunciavam a tirani a por ele instaurada e o intimava m a que abandonasse o cargo que anticanonicamente ocupava. Passando depoi s para a cidade de Fondi, no Reino de Nápoles, sob a proteção da Rainha Joana, elegeram o Car10

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das observações: "O antigo prestígio desta cidade papal foi a razão de que o novo papa avinhonês se cercasse de uma auréola de legitimidade semelhante à que Roma conferia a Urbano VI. Não tivesse ele se instalado em uma sede tão prestigiosa como Avignon, dificilmente teria sido possível manter um cisma durante tão longo tempo " (tomo III, p. 196). A Enciclopedia Cattolica c lass ifica C lemente VII co mo um autêntico antipapa. Sobre a eleição de Urbano VI, afirma que "é difícil hoje poder duvidar [de sua eleição], se se quer levar em conta desapaixonadamente toda a documentação pró e contra, e em particul a r o te stemunh o d e Santa Catarina de Siena" (verbete citado). Se as feras d e ixad as pelo pecado original no coração humano não forem

bem enjaul adas e domesticadas pela ascese e autêntica prática das virtudes, e las se exacerbam e provocam verdadeiros terremotos no convívio humano, não poupando até mesmo o santuário de Deus, que é a Santa Igreja. Mas nem por isso deixa Ela de ser a "Mater et Magistra" de todos os povo da terra. Há fa lhas hu manas, e não de instituição. Seu e lemento humano pode deteriorar-se e até perecer, mas a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo permanece, desafiando os séculos: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela... " (Mt 16, 18). O leitor certamente quererá saber como terminou a hi stória. Mas o espaço está esgotado, e o assunto fica para outra ocasião, se os le itores efetivamente manifestarem esse desejo. .. ♦

Juízo: o segundo novíssimo Tendo considerado em nossa última ed ição o primeiro dos novíssimos - a M orte -, abord aremos hoje o segundo: o Juízo. Para isto reproduzimos o texto aba ixo, de Santo Afonso M aria de Li góri o, sobre o juízo da alma culpada, na sua admiráve l obra Preparação para a morte.

Do Juízo Particular A alma culpada diante do Juiz /

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sentimento comum entre os teólogos que o Juízo particul ar se faz Jogo que o homem expi ra, e que no próprio lugar onde a alma se separa do corpo, aí é julgada por Jesus Cristo, que não manda ninguém em seu lugar, mas vem Ele mes mo para este fim. A sua vinda, diz Santo Agostinho, é motivo de alegria para o fiel e de terror para o ímpio. Qual não será o espanto daquele que, vendo pela primeira vez o seu Redentor, o vir indignado ! Esta idéia causava tal estremec imento ao Padre Luís Dupont, que fazia tremer consigo a cela. O venerável Padre Juvenal Aucina, ouvindo cantar o Dies lrae (D ia da Ira), pensou no terror que se lhe havia de apoderar da alma quando se apresentasse no dia do Juízo, e reso lveu deixar o mundo, o que efetivamente fez. O aspecto do Jui z indignado será o anúncio da condenação. Segundo São Bernardo, será então mais duro sofri mento para a alma ver Jesus Cristo indignado do que estar no in ferno. Têm-se visto crimin osos banh ados em copioso suor frio na presença de um juiz terrestre. Pison, comparecendo no senado com as insígni as da sua culpa, sentiu tamanha confusão, que a si própri o deu a morte. Que pena não é para um filho ou um vassalo ver seu pai ou o seu príncipe indignados ! Que maior mágoa não deve sofrer uma alma à vista de Jes us Cristo, a quem desprezo u

durante toda a vida! Esse Cordeiro, que a alma via tão manso enquanto estava no mundo, vê-Lo-á agora irritado, sem esperança de jamais O apaziguar. Então pedirá às montanhas que a es maguem e a furtem das iras do Cordeiro indi gnado .... . Considerai a Acusação e o Exame. Haverá do is liv ros: o Evange lho e a Consciência. No Evangelho ler-se-á o que o culpado devia faze r; na Consciência, o que tiver feito. Na bal ança da divina justiça não se pesarão as riquezas, nem a dignidade, nem a nobreza das pessoas, mas sim, somente as obras. Diz Dani el: "Fostes pesado e achado demasiadamente leve". Vejamos o comentário do Padre Alvarez: "Não é ouro nem o poder do rei que está na balança, mas unica mente sua pessoa". Virão então os acusadores, e em primeiro lugar o demônio, diz Santo Agostinho. Representará as obri gações em que não nos empenhamos e que deixamos de cumprir, denunciar-nos-á todas as faltas, marcando o dia e o lugar em que as cometemos. . Corné li o a Lapide acrescenta que Deus porá novamente diante dos olhos do pecador os exemplos dos santos, todas as luzes e inspirações com que o favoreceu durante a vida e, além disso, todos os anos que lhe foram concedidos para que os empregasse na prática do bem. Tereis, pois, de dar conta até de cada

Triunfo do Senhor - Mateo Mexia (séc. XVII) - Museu Jacinto Jijón y Caamatio, Quito (Equador)

O Divino Redentor virá, em pessoa, julgar a alma, após a morte, no Juízo Particular

olhar, diz Santo Anselmo. Assim como se funde o ouro para se separar das escórias, assim são examinadas as boas obras, as confissões, as comunhões etc. (Preparação para a Morte, Parceria Antônio Mari a Pereira, Livraria Editora, Li sboa, 5ª. edição, 1922, pp. 207 e ss.) .

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Hospitais macabros no Reino Unido Que iulgamento terão os criminosos do Khmer RouutP.

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Assemb l éi a Nac ion al do Camboj a aprovou lei que permitirá levar a julgamento os líderes da guerrilh a comu ni sta do Khmer Vermelho, responsáveis pelo extermínio de l ,7 milhão de pessoas - aproximadamente um quarto da popu lação do país - entre 1975 e 1979. Mu itos políticos em ativ idade no Camboja - entre os quai s o primeiro-ministro Hum Sem .:_ tomaram parte no Governo do Khmer Vermelho. Por isso, muitos deles temem uma investigação mais profu nda dos fatos daquela época, argumentando que isso poderia causar prejuízo à unidade nac ional. Apesar de, até agora, ninguém ter sido acusado forma lmente pelos massacres do Khmer Verm elho, dois líderes históricos da guerrilha estão detidos à espera da abertura do processo. O primeiro é o ex-Chefe do Estado- maior de Pol-Pot, Ta Mok, conhecido como o carniceiro. O outro é Kang Kek, ex-responsável pelo campo de torturas de Tuol Sleng. É um dever do Rei do Camboja, Norodon Sihanouk, e da Justiça do país levar a um julgamento sério criminosos comun istas, responsáveis por um dos genocídios mais bárbaros da História. E cabe aos que apregoam os di rei tos humanos, e à co munidade internacional, cobrar das autoridades ca mboj anas a aplicação dos mais elementares pri ncípi os de ju stiça, num autêntico processo em que os cu lpados recebam penalidades proporcionais a seus crimes. ♦ 12

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escobriu - se algum tempo atrás que dois hospitais britânicos extirpavam, sem permissão, a glândula de timo de crianç as que morriam em conseqüência de problemas cardíacos, para a venda a empresas farmacêuti cas. E que um médico abandonava os cadáveres no chão de uma capela, porque o necrotério estava em obras. Recentemente, outro fato macabro abalou os ingleses: as autoridades de saúde revelaram que o legista holandês Dick van Vezel, do A/der Hey Hospital de Liverpool, removeu sem autorização órgãos de centenas de crianças submetidas à autópsia. Inicialmente ele alegou ter guardado 845 órg ãos . No ent anto, o total de órgãos removidos no hospital chega a 100 mil, garante o governo britânico. Além de remover o coração de mais de 2 mil crianças, os patologistas do Alder Hey "extraíram e guardaram cabeças e corpos, partes de cérebros e até mesmo olhos de fetos, além de mais 15 mil fetos e natimortos ". Lendo essa sinistra notícia, comprovamos até que ponto chegou a neobarbárie em nossos dias . Época neopagã afastada do Criador e de seus Mandamentos, que vem perdendo o horror às práticas mais bestiais e pecaminosas. E diante desses fatos aberrantes, não se tem notícia de qualquer protesto proporcionado de orga nizações que se dizem defensoras dos direitos hu ♦ manos!

Delitos e blindados: qual sua causa?

Presidente Bush contra oaborto

riminalidade e segurança é tema que está na cabeça de qualquer brasileiro. É difícil encontrar alguém que não sofreu algum tipo de viol ência; ou, pelo menos, ami gos ou parentes que não tenham sido vítimas de ações desse tipo. Por isso, a indústri a de blindagem de carros é um dos setores que mais cresce. O Brasil já ocupa a terceira posição no mercado mundial de carros blindados, e o primeiro em vidros para esse tipo de proteção. Em 1997, hav ia 10 empresas de blindagem no País. Hoje, elas são 50. Há quatro anos, 20 mil carros blindados circulavam no Brasil. Atualmen te temos aprox imadamente 50 mil! Segundo o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, lb Teixeira, o País já desembolsou 37 bilhões para se proteger da violência em 1999. O mercado de trabalho na área da segurança cresce cerca de 30% ao mês. E mpresas e condomín ios empregam 1,5 milhão de pessoas nas funções de seguranças particulares. Ei s aí um tema que sugere refl exões: qual a causa profunda desse au mento espantoso da crimin alidade, que provocou a ex pansão das atividades de segurança e dos blindados? Seriam estes tão necessári os se a verdadeira Religião e a moral norteassem de fato a vida da maiori a dos brasileiros? ♦

Pres idente dos Estados Uni dos, George W. Bush, mostrou -se disposto a combater o aborto. Em seu segundo dia de governo, assinou seu primeiro decreto (o "executive order" ) proibindo o financiamento a grupos intern acionai s de pl anej amento fam ili ar que ofereçam também servi ços de aborto. Além dessa salutar medida, Bush deve rever a questão da venda da droga abortiva RU -486. Afirmou o primeiro mandatário norte-ameri cano que "toda pessoa, em qualquer estágio de vida, é cri-

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ada à irnagem e semelhança de Deus". Logo, sua existência, mesmo na fase pré-natal, é um bem inviol ável , que deveri a ser defendido em todas as legi slações do mundo. Exemplo para nossos governan♦ tes. Será seguido? Logo no início de seu governo, o Presidente Bush manifestou o desejo de combater o aborto

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Carga tributária de economia socializada

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o momento em que nos Estados Unidos o Presidente Bush bu sca red uzir os impostos, com grande vantagem para os norte-ameri canos, no Brasil se faz o contrário. A carga tributária do Brasil no ano 2000 fo i de pelo menos 3 1,75 % do PIB. Ou sej a, de cada R$ 100,00 produzidos pelos brasileiros, empresas e pessoas fís icas, R$ 32,00 destinaramse aos cofres do Estado em forma de impostos, taxas e contribuições. A inda recentemente, no Estado de São Paulo, o governo Covas fez aprovar lei na Assembléia estadual taxando vigorosamente não só a herança, mas quaisquer doações, mesmo de bens móveis, como automóveis , dinheiro etc. Num país com um sistema tributário saudável e racional , a arrecadação aumenta na razão direta do desempenho da econom ia como um todo. Nosso sistema tributário, perverso e irracional, arranca cada vez mai s do contribuin te, não se importando se os negóc ios dele corram bem ou mal. O govern o é um sóc io que só aufere lucros, mesmo quando a empresa do contribuinte teve prejuízos. Com um aparelho tributário de cunh o tão soc iali sta e devorador co mo esse, é ridícul o as esq uerdas apresentarem o sistema econômico brasileiro co mo neo libera l. .. Melhor diriam , neo-sociali sta. ♦

BalseritoElián: loto premiada em 2000

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nualmente a Fundação World Press Photo premia as melhores fotografias do ano. Em 2000, na catego ria fla grante individual, o seg undo lugar ficou co m Alan Día z, da Associated Press. Este registrou para a Hi stória a cena, que chocou o mundo, do balserito Elián Gonzalez - o menino cubano que, juntamente com sua mãe, tinha fugido do "paraíso " de Fidel Castro. A foto (à esq .) é do exato momento em que, no dia 22 de abril último, a tropa de choque do Serviço de Imigração norte-americano invade a casa onde se encontrava a pobre criança, que foi brutalmente retirad a do convívio de seus parentes e depois entregue ao tirânico regim e marxista de Cuba . ♦

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BREVES RELIGIOSAS

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Símbolos religiosos proibidos em Cuba Informa a Agência Zenit que, apesar dos protestos de pais de família junto ao Ministério da Educação de Cuba, escolas primárias de Havana proibiram os alunos de usarem objetos religiosos como cruzes, estampas, medai has, escapulários etc . Sintoma inequívoco de que continua a perseguição religiosa na ilha-prisão. _J

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Repúdio ao filme "Dogma"

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Ato de repúdio e reparação ao Divino Redentor contra a exibição do filme Dogma em Cracóvia

Em Cracóvia (Polônia) , a Sociedade pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga organizou no dia 8 de dezembro último - festa da Imaculada Conceição - um protesto contra o lançamento do filme blasfemo "Dogma" naquele país. Cerca de 100 pessoas compareceram ao ato de repúdio e rezaram um Rosário, entremeado com cânticos religiosos, em reparação a Nosso Senhor. Três jornais poloneses noticiaram o protesto contra o torpe filme, que foi lançado em 14 cidades polonesas.

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Revolução Rock'': porta iaberta para o satanismo Gerado em "laboratórios", o rock produz a animalização do homem inserido numa vida tribal e anárquica, rumo ao culto satânico

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á 50 anos uma profunda revolução de caráter cultural proclanou seu radicalismo através da música: o Rock-and-roll. Na vida de muitos daqueles que nasceram durante ou após a década de 40, no campo tendencial a música rock é algo de grande significado, como observa o eloqüente sociólogo norte-americano Malcolm Doney: "Ela tem-se mostrado, quem sabe, como a forma artística mais significativa surgida neste sé- · culo ". E acrescenta: "O Rock é o aferidor das mudanças de atitudes dos jovens para com o sexo, a autoridade, o gosto, seus contemporâneos e a ética" 1• O fe nômeno rock-and-roll , como todo acontecimento sócio-cultural revolucionário, não nasceu de geração espontânea. Foi elaborado sob cu idados extremos em laboratórios , com a finalidade de tentar quebrar, através da música, a estrutma da alma humana e decretar o império anárquico dos sentidos sobre a inteligência e a vontade. Essa animalização do homem remetê-lo-ia para um estilo de vida tribal, na qual o demônio, adorado por todos, seria o senhor. Assim o demonstram Plinio Corrêa de Oliveira em sua renomada obra Revolução e Contra-Revolução2, John Blanchard em seu livro Rock in... Igreja?! e numerosos autores citados nesta obra 3• O rock é como o rio Amazonas da música, com muitos afluentes "formados de muitos panos de fundo culturais (alemães, checos, franceses, irlandeses, espanhóis, ingleses, norte-americanos e outros), e mesmo a música da África foi moldada pelo contato mantido com Europa, Ásia e Oriente Médio " 4 . Abrindo o caminho para o aparecimento do rock, "surgiu um conjunto de 14

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homens de meia idade, que cantava música country e western, chamado Bill Haley anel the Comets; estes, enfatizemdo mais o ritmo que as palavras, gravaram o primeiro rock 'n 'rol! a entrar para as paradas de sucesso, gravado por um branco: 'Rock around the clock' (Dançando o tempo todo) e 'Crazy, Man, Crazy' (Louco, Cara, Louco)" 5•

Em 1954 aparece o "ungido pelo demônio" Elvis Aarão Presley é assim qualificado por especialistas do tema rock: "O branco bem apessoado, galã de cinema, mas que cantava, dançava e se vestia como um negro, era chocante: balançava os quadris e gemia, sugerindo o próprio ato sexual. Cresceu no Mississipi ouvindo blues, country e canções religiosas no templo da Assembléia de Deus. Chegou a pregar para os pentecostalistas e começou a ensinar [ele modo blasfemo] que Jesus Cristo havia pecado com as mulheres que O seguiam!". Tais autores, em seu acadêmico trabalho Stairway to Heaven, publicado pela Ballantines Book de Nova York, acrescentam: "Elvis disse: 'Quando o espírito move, é vão resistir; quando esse estranho feeling descia sobre mim, eu era capaz de correr sobre as teclas daquele piano como jamais o fizera. Até parecia que uma força de fora me tomava e carregava meu corpo. Tive a sensação de estar ungido pelo demônio. "'Não sei como descrever isto, pois era completamente diferente de tudo quanto experimentara na vida. Eu sabia que isto não vinha de Deus'" 6 . John Blanchard, acima referido, tece o seguinte comentário sobre Presley: "Foi adorado por uns e odiado por

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outros. Para milhões de fãs ele era o 'Rei', para outros a própria personificação do Mal. Sua aparência era arrogante, sensual e obscena. Consultava um médium espírita no Colorado e estava profundamente viciado em tóxicos". "Quando morreu em 1977, aos 42 anos, havia ganho milhões de dóla res e era apenas um moço precocemente envelhecido, tão perfurado por marcas de picadas, que não havia mais espaço para tomar injeções" 1 .

Beatles, sucessores de E/vis O mesmo autor traça um breve histórico de Elvis, do Beatles, dos hippies, dos Rolling Stones e do rock punk: "Elvis abriu as comportas para centenas de imitadores e seguidores desse estilo cru, agressivo e sensual. "Mas, swpreendentemente, a moda não durou muito tempo. No final dos anos 50, o palco foi cedido para a músicafolk, que falava de questões políticas de relevância: o legendário Bob Dylan, Joan Baez e outros cantavam músicas de protesto. "Mas tudo mudou em 1963 com a chegada dos Beatles: [o blasfemo] John

Lennon chegou a afirmar que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo. "N o final dos anos 60 surgiu o movimento hippie, e a música dos Beatles 'Sergeant Peppers' se tornou o hino oficial da cultura hippie. "Vieram os f estivais gigantescos, e o Woodstock (Nova York) recebeu um público de 500.000 fãs do rock em agosto de 1969: foram três dias de drogas, sexo e música. Assim como em Altamont, próximo a São Francisco, houve muitos crimes. "Nick Cohn afirmou: os Rolling Stones eram maus e sujos ... e emitiam barulho o mais duro, indigesto e ofensivo que qualquer outro conjunto inglês já produzira. "Surgiu o rock punk como sendo o último lixo musical produzido por nossa cultura perturbada, e seus promotores como sendo aqueles que adoram o ódio, a agressão, a apatia, a concupiscência, o álcool e a anarquia" 8 •

Balanço de três pesadelos: Rock in Rio/, // e Ili Em janeiro ú!ti mo realizou-se no Rio ele Janeiro o festival Rock in Rio lll. Cabe

aqui uma palavra sobre esse evento e os que o antecederam, pois eles constituem lances-chave do funesto histórico do Rock no País. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em palestra para colaboradores de Catolicismo sobre o Rock in Rio I, teceu a seguinte consideração em 155-1987: " .. .De um modo geral, todos tínhamos a idéia de bandos fétidos, de malucos soltos por uma terra também amalucada. Esses bandos pensavam e fà. ziam entre si coisas dessas. "Porque sempre houve duas modalidades de apresentação satânica sobre a Terra: há o satanismo histérico, barulhento, agitado, angustiado, que profere blasfêmias, que diz horrores etc. É o satanismo por excelência. Mas há também outra forma de satanismo: quando se lê sobre magia etc., alguns desses que entram em transe com o demônio, vistos na vida comum, são homens ou mulheres muito tranqüilos". A respeito do Rock in Rio II, é oportuno lembrar uma apreciação publicada na "Folha Ilustrada", de 23-1-9 1: "O Rock in Rio li aparece com todos os seus detalhes, entre todos os seus gritos, com todas as suas convulsões, com sua espetacularidade agressiva, sua f eiúra, sua monstruosidade, seu entusiasmo, sua violência e seu grotesco". A propósito desse tópico, observa aquele insigne pensador cató lico, em 27-1-1 991: "Eu considero os espetáculos do Rock in Rio li como tentativas ou ensaios do reino do demônio. ... É ofensivo contra aquilo que ainda existe no homem de são, para o destruir. .... é parecido com todo o show de caos que a política nos vai oferecendo, tentando fazer esta festa da anarquia. Trata-se de um processo. O demônio aparece nas suas.formas chiantes, gritantes, cantantes, e se exprime assim" . O Rock in Rio III, apesar de ter contado com a presença de farta música popular brasi leira e estrangeira, orquestra sinfônica, artistas e apresentadores de

rádios e TV s, não conseguiu nem de longe causar o impacto e a animação dos anteriores. O "Jornal do Brasil " , de 23-1-01, observa: "Coisa morna a apresentação do Capital Inicial no Palco Mundo do Rock in Rio. Por que será que perderam a chance de colocar 250 mil cabeças para pular?" Em outro local ela mesma edição, lêse: " O Red Hot Chili Peppers parecia com pressa de encerrar seu show no Inferno, quer dize,; na Cidade do Rock." E a respeito do término do Guns N' Roses há um registro irônico: " .... um obrigado não chegou a transformar os anjos em diabinhos" . Como disse fatigado o ex-beatle John Lennon, "o sonho acabou" . E acabou na lama, tendo como últimos mohicanos do Palco Mundo os californi anos do Red Hot Chili Peppers. Fotos absolutamente grotescas e imorais encheram as páginas de jornais e revistas, exatamente como o fizeram em shows anteriores. O desvario e o cansaço, além do vazio e ela frustração, prevaleciam nas fisionomias dos roqueiros. Mas com uma difere nça: o Rock in Rio lll tornou patente o desgaste atual dessa música degradante em relação ao ardor inicial. ♦

Notas: 1. Malcolm Doney, Swnmer in the City, apud John

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Blanchard com Peter Anderson & Derek Cleave, Rock in ... Jgreja?! (em inglês Pop goes the gospel) , Editora Fiel, s• edição.em português, 1993, São José dos Campos (SP), pp.8 e 9. Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, 2' edi ção, 1982, Diário das Leis - São Paul o (SP), pp. 22-24. Joh n Blanchard , Rock in ... Ig reja ?! (Pop goes th e gospel), s· ed ição e m português, 1993, Editora Fie l, S. José dos Campos (SP), pp.9- 1 1. Steve Law head, Rock Reconsidered, apud John Blanchard, op. cit. , p. 1O. Idem, ibidem, nota 3, p. l 1. Davin Seay e Mary Neely, Stairway to Heaven (As raízes esp iritu ais do Rock), Editora Ballantines Books, N.Y. , USA, 1985. John B lanchard, op. cit., pp. 11 , 12. John B lanchard, op. cit. , pp. 12- 14.

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Porto ·Alegre-Davos: ci•d ades-símbolo 'de manobra allti-CiViliza~ãO'.'; f ristã

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ara os espíritos superficiais, que costumam acreditar piamente em tudo quanto é apresentado pela mídia - mesmo os mitos e distorções da realidade - os fóruns realizados respectivamente na capital gaúcha ("Fórum Social Mundial") e na cidade dos Alpes suíços (" Fórum Econômico Mundial") representariam , por excelência, dois pólos internacionais antagônicos. De um lado, ter-seia congregado em Porto Alegre o "creme" da esquerda mais radical, oposta à chamada globalização; e de outro, em Davos, teria havido uma condensação da "quintessência " do capitalismo neoliberal, que está levando adiante o processo da globalização. Dilemas como esse, de tipo exacerbado, realça dos com sensacionalismo por certa mídia - com honrosas exceções - para os espíritos lúcidos e mais analíticos cheiram a simplificação, e por vezes até a cumplicidade. A História oferece exemplos sig nificativos de aparentes entrechoques do gênero, como, por exemplo : jacobinos quase comunistas , na Revolução Francesa, versus nobres e clérigos com espírito voltairiano; nazismo (nacional socialismo) versus socialismo marxista -leninista, na primeira metade do século XX . Sobre este último "entrechoque", convém ter presente que a sinceridade dele foi amplamente contestada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, à época mesma em que o nazismo atingia seu apogeu década de 30. Contestação esta confirmada espetacularmente pelo escandaloso Pacto Ribbentrop-Molotov, pouco antes da li Guerra Mundial. Ainda re centemente essa vinculação íntima entre nazismo e comunismo foi apontada em entrevista do conheci do filósofo italiano Norberto Bobbio, que assevera: "Nazismo e comunismo são irmãos ". Ele endossa a tese defendida por Paolo Bellinazzi, em sua obra A utopia reacionária, na qual este autor demonstra que nazismo e comunismo têm matrizes comuns , con t rari am ent e à opinião muito difundida de que seriam ideolog ias opostas .

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da missão de Catolicismo. Assim sendo, nossa re vista decidiu envi ar a Porto Alegre uma equipe para fa zer a cobertura do even t o: dois competentes cola boradores seus, Srs . Gon çalo Guimarães e Renato Vasconcelos, contando também com os valiosos préstimos dos Srs. José Ricardo Luzitano e Carlos Patrício dei Campo Santa Cruz, especialmente para o trabalho fotográfico. Contribuiu também outro arguto colaborador da revista, residente na França, Sr. Benoí't Bemelmans. A sólida documentação exibida no estudo do Sr. Bemelmans inclina o espírito a admitir, a propósito dos dois fóruns, o de Davos e o de Porto Alegre, um falso dilema e mesmo uma cumplicidade com vistas à destruição dos vestígios ainda existentes de Civi lização Cristã no mundo. Esses dois pólos parecem, na prática, conjugarse como duas pernas, para apressar o advento de uma Repúbli ca Universal * sem pátrias . E também sem as desigualdades proporcionais e harmônicas oriundas da própria natureza humana retamente concebida, segundo os ensinamentos tradicionais da Igreja Católica, e que devem estar presentes na estrutura de uma verdadeira Cristandade **. Um dos pólos, o de Porto Alegre - que atrai os esquerdistas de todo o gênero, parecendo clamar contra a globalização - atua no mesmo sentido em que o faz o outro. Este, o de Davos - que atrai os que, via de regra, antipatizam com a esquerda erige a globalização como um novo Moloch, ao qual devem ser sacrificados tant o as soberanias dos Estados quanto as tradições e regionalismos mais respeitáveis, apanágios da Civilização Cristã .

A Direção de Catolicismo.

* Sobre o tema Repúb lica Universa l, vide Plíni o Corrêa de Oliveira,

Revolução e Co111ra-Revolução, 4" ed. cm português, Arlpress, São Paul o, 1998, p. 85.

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Ori ntar seus leit ores a respeito de falsos dilem orno sses constit ui um dos pontos essenciais 16

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Sobre a noção de ri siandadc, vicl Plí nio orrêa de Oliveira , Cris-

tandade. Saem /idade da Orde111 7e111poml, Catolicismo nº 574, ou-

lll bro de 1998.

"H averia,

Porém, a análi se ele al gumas declarações das duas partes concerni das permite levantar a hipótese de que os dois oponentes são, na reali dade, duas pern as que nos levam ao mesmo fi m. Qual é esse fim? Parece- nos que ele se encontra bem expresso na seguin te frase que tomamos ao Prof. Pli nio Corrêa de O l iveira: "Um

de um lado, em Da vos, os propagandistas da globalização, e do outro, em Porto Alegre, aqueles que a denunciam" "Uma espécie de 'i nternacional Rebelde' nasce no Brasil, nu mesm.u momento ern. que os novos senhores do mundo encontrarn.-se outra vez em Davas, Suíça" 2 . 1

Esse modo ele resu mir os dois fó run s "pró" e "anti "-globa li zação pode ta lvez agrada r quem goste de ter diante de si uma opção simp les entre um mau, mui to mau, e um outro que, se não é bom in teiramente, torna-se obj eto de si mpatia pelo fato de ser hosti I izado pelo mau. Ta l menta l idade pode ser enco ntrada tanto entre os que consideram "os novos Senhores do Mundo" como sendo os maus, quanto entre os que vêem a " Internacional Rebelde" co mo a ameaça. Nos dois casos, o outro lado torna-se, no mínim o, um mal menor, ou até um al iado a defender.

mundo no qual as nações,fundidas em uma só República Universal, seriam apenas termos geográficos, um mundo sem. desigualdades sociais ou econômicas, dirigido pela ciência e pela técnica, pela propaganda e pela psicologia, para realizat; sem o sobrenatural, a f elicidade definitiva do homem." 3•

O aparente conflito Por-

to Alegre X Davos, aná1o go ao choque entre classes sociais durante a Revolução Francesa

Essa tese - os dois fórun s constituem duas pernas que co nduzem ao mesmo fi m - é exposta de modo bem significativo no "D iári o do Grande ABC", de Santo A ndré (SP), ed ição ele 29 ele j aneiro últi mo, em artigo intitul ado Antagonismo aparente, cujo subtítulo ainda reforça o própri o títu lo: Fóruns mun-

BENOIT BEMELMANS

diais de Davas e Porto Alegre aproximam opostos.

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~ ~.· ': Os "anti" querem também ~~ ~a gloJ;,alização, . ~ ..., .li'~ que à moda deles ... 11 ~

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Do lado dos "anti-g lobalicuj as metas e obj etivos são am p lamente documentados pelos dois artigos pub licados sobre o tema, nesta edição - apa rece, em numerosas declarações, o quanto o rótul o mediático, e à pri meira vista simpático, ele "anti-globalização" não corresponde à real idade. A esse propós i to co nvé m adu zi r aq ui alguns signifi ca ti vos comentários vei cul ados pe la imprensa francesa: O Fóru m de Porto A legre pretende "apre.,. •

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zação " -

~· '.... ~'?i:-,",.~entar propostas teóricas e práticas que permitam visualizar uma globalização de novo tipo", "num.a iniciativa que não pode deixar de ser qualificada como revolucionária"; e "o Fórum So cial Mundial irá tentar lançar os alicerces de wna outra globalização", tanC ATO LIC ISMO

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.

. quanto ''as preocupaçoes - com to mais os direitos humanos também são temas globais" 4 • O Ministro francês do Comércio Exterior, François Huwart, presente em Porto Alegre, declarou querer defender a visão do governo socialista "de uma globalização equânime e solidária"; e que se tivesse ido para Davos, ali "defenderia com a mesma determinação a visão de uma globalização solidária" 5• Segundo outro analista, a disputa se dá "entre os dois grandes modelos da chamada globalização", e Porto Alegre visa "promover uma globalização com imagem humana" 6 • Não se trata de eliminar as instituições supranacionais, mas de fazer que esses motores da globalização adotem os critérios que permitirão a construção de uma "nova sociedade"; assim, por exemplo, o Fórum Social Mundial "pretende também . Levantar alternativas às políticas do FMI e do Banco Mundial e encaminhá-Las à reunião de abril do FMI, em Washington" 7 ; ainda, na mesma linha, "o diretor nacional da ONG A1TAC, do Rio de Janeiro, Carlos Ttbúrcio, diz que o Fórum ambiciona a construção progressiva de um 'contra-poder planetário"' 8 • Enfim, Bernard Cassen, diretor do "Le Monde diplomatique", participante do Fórum de Porto Alegre enquanto dirigente da AITAC, aponta: "A anti-globalização segue em frente, porque adota a mesma lógica da globalização". E acrescenta: "Trata-se, portanto, de uma frente unitária, um novo internacionalismo que, progressivamente .... vai se firmando em escala mundial" 9. Os "novos Mestres do Mundo" confessam: "encorajados" pelos "anti-globalização", trabalham para a mesma causa De outro lado, vêm se multiplicando declarações de dirigentes de instituições mundiais no sentido de que a oposição os ajuda a caminhar, devendo a resultante do confronto constituir a direção a ser tomada. Assim, Rubens Ricupero, Secretáriogeral da Conferência das Nações Uni18

eATo LIeIs Mo

das sobre Comércio e Desenvolvimento, convidou, de Oslo, os oponentes à globalização a reformá-la 'de dentro', em vez de enfrentá-la: "Do mesmo modo que a social-democracia se resignou a trabalhar de dentro do sistema capitalista e de melhorá/o, creio que é possível reformar a globalização sem rejeitá-la inteiramente". Ricupero declarou-se "encorajado" pelos movimentos de contestação 10 • O ex-Diretor-geral adjunto do FMI, Stanley Fischer, "admitiu, no seminário anual do Banco Central americano, realizado em agosto de 2000, em Kansas City, que muitos dos ataques desfechados por adversários da globalização contra os governos, as grandes empresas e as instituições internacionais são justificáveis" 11 • "Mark Malloch e John Ruggie, ambos representando a ONU em Davos, disseram que a organização trabalha por algumas das mesmas causas da outra mesa, e lembraram que a proposta da taxa Tobin e os dados sobre desigualdade na economia mundial saíram de dentro da própria ONU" 12• Até o Diretor-geral do Fórum de Davos, Claude Smajda, "lembrou já ter advertido há muito tempo, citando artigo publicado pelo 'Herald Tribune' , para 'os perigos de um excesso da globalização '" 13, expressão esta parecida com os slogans de Porto Alegre. Enfim, o Presidente do Banco Mundial , James Wolfensohn , disse que as manifestações de protesto contra a globalização econômica, iniciadas em Seattle em 1999, estão tendo um impacto positivo nas discussões sobre os efeitos da atual estrutura da economi a mundial. 'Essas manifestações estão incluindo na agenda temas importantes e, além disso, é preciso haver mais diálogo', acrescentou Wolfensohn, que participou ontem de um seminário sobre o tema no Fórum Econômico Mundial, em Davos 14 • "E o próprio Alan Greenspan, Presidente do Banco Central norte-americano (Federal Reserve), chegou a afirmar: 'As sociedades não podem ser bem-sucedidas quando setores signifi-

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cativos entendem o seu funcionamento como injusto"' 15•

Repetição de um embate de superfície ocorrido 280 anos atrás? Tendo em vista o estabelecimento de uma República Universal igualitária, denunciada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra-mestra Revolução e Contra-Revolução, o confronto entre os chamados anti e pró-globalização parece ter um precedente histórico : o embate, na França de 1789, que opôs os jacobinos sedentos de sangue, nos Estados Gerais, à nobreza e ao Clero, classes estas já então bastante minadas pelas idéias revolucionárias. Muitas cabeças de nobres, clérigos e jacobinos foram cortadas, mas a resultante das duas correntes, que não se opunham verdadeiramente quanto ao objetivo último, foi a vitória da Revolução Francesa. Convém ainda lembrar que, em essência, a Hi stória hoje se repete, embora variem dados acidentais - os protagonistas, os lugares e as circunstân♦ cias...

Notas: 1. "Le Monde", Paris, ed itorial , 3 1- 1-200 1. 2. "Le Monde Diplomatique", Edição brasileira, ano 2 número 12, ed itori al : Pano Alegre, por lgnacio Ramonet. 3. Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Iº parte, cap. XI. 4. "Le Monde", Paris, ed itoria l, 3 1- 1-2001. 5. "O Estado de S. Paulo" , 25-1-2001, em estadão. com.br, Francês defende globalização solidária, Napoleão Sabóia. 6. Agência Estado, Davas-Porto Aleg re: um duelo ideológico, Reali Júni or, 22- 1-2001. 7. "Jornal do Brasil" on line , pasta Fórum Socia l Mundial , Uma alternativa ao neoliberalismo , José Mitchell. 8. Idem, ibide m. 9. "Jorna l do Brasil" online, pasta Fórum Soci al Mundial, Bernard Cassen. 10. " Libération" Pari s, 30-1-2001 , Les batailles de la mondialisation, François Casteran, AFP. 11. "Jornal do Brasil" o nline, pasta Fórum Social Mundial , Bernard Cassen. 12. Agência Estado, 28- 1-2001. 13. Agência Estado, Reali Júnior, 22- 1-200 1. 14. Agência E s tado , Protestos contra globalização são positivos, Jo ão Cam inoto, 29- 1-200 1. 15. "Le Monde Diplomatique", Ed ição brasileira , a no 2 número 12, Editorial: Porto Alegre, p r Ig nacio Ram net.

A

sessão inaugural do Fórum Social Mundial deuse na 5ª feira, dia 25, no auditório do Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com capacidade para 4 mil pessoas, o qual ficou lotado. O público excedente foi distribuído em outros auditórios localizados em diversos pontos da c idade, de onde pôde acompanhar o evento por um sistema de teleconferência com monitores de televisão e telões. O francês Bernard Cassen, editor-chefe do "Le Monde Diplomatique" e um dos idealizadores do evento, proclamou aos 15 mil participantes entre os quais membros das delegações provenientes de J 22 países, da Albânia ao Zimbábue - o que foi o lema do encontro: "Estamos aqui para mostrar que um outro mundo é possível" . Poucos instantes depois, quando uma prolongada ovação saudou a delegação comunista cubana e palavras-de-ordem foram se sucedendo - acompanhadas por uma platéia eufórica, em favor dos guerrilheiros zapatistas do México e da narco-guerrilha FARC da Colômbia-, tornou-se evidente qual era esse "outro mundo" de tonalidade carregadamente vermelha, desejado por boa parte dos assistentes.

o Neoliberalismo e Pela Vida" , pelo centro de Porto Alegre, promovida pelos comitês de organização do FSM, que calcularam os participantes em l 5 mil pessoas. Bandeiras com a foice e o martelo, retratos de Lenine, brados em favor de Cuba comunista, das guerrilhas colombianas e do Movimento dos Sem-Terra (MST) deram a tônica caldeada e efervescente da manifestação, que durou cerca de duas horas e contou com a presença do Governador do Estado, Olívio Dutra, e do Prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, ambos do PT .

Fórum Social Mundial de Porto Alegre: laboratório da subversão

Atriz seminua declama textos revolucionários Após diversos delegados fazerem uso da palavra, encerrou a sessão a atriz Celina Alcântara, com a parte superior do corpo completamente desnuda. Rodeada de um grupo de pessoas ap resentadas como desempregados e sem-terra, que agitavam bandeiras , e ao som de uma batucada interpretada pelo grupo Afro Tchê, ela declamou um texto do sociólogo marxista urug uaio Eduardo Galeano . O conteúdo do referido texto, de acordo com a assessoria de imprensa do FSM, interpreta fielmente o "desejo de mudança na prática das relações humanas ". Nele se descreve um mundo futuro no qual triunfarão o igualitarismo ("não haverá meninos ricos", " nin-

O denominado Fórum Social Mundial (FSM) não conseguiu esconder, desde os primeiros instantes, suas garras revolucionárias e sua verdadeira face pró-comunista. Nele tiveram marcante atuação delegados do Movimento dos Sem-Terra (MST), de Cuba comunista, das narco-guerrilhas colombianas, do PC do B, do PT, da CUT e de teólogos da libertação. GONÇALO ç;-u1MARÃES

guém morrerá de fome, porque ninguém morrerá de indi gestão:' etc.) e o permissiv ismo moral ("a Santa Madre Igreja corrigirá os erros das Tábuas de Moisés e o sexto mandamento ordenará que se festeje o corpo") .

Marcha sob retrato de Lenine Terminada a sessão de abertura, seguiu-se a denominada "Marcha Contra

Oficinas subversivas Na 6" feira, 26, tiveram 1111c10 nas amplas instal ações do Centro de Eventos da PUCRS e em outros auditórios espalhados pela cidade as numerosas conferências e as 400 oficinas (definidas pelos organizadores como painéis de "debates, apresentação de experiências, articulações orgânicas e agendas de lutas") sobre os mai s variados temas políticos, soc iai s e ecológicos, que continuaram até 2ª feira, dia 29. Não se pode afirmar que todas essas oficinas tenham tido uma orientação subversiva, pois uma parte delas abordava assuntos técnicos, educacionais ou estritamente ambientais. Mas ficou claro que as mais dinâmicas e concorridas oficinas, e as que deram o tom do evento, foram as de caráter revolucionário, como as seguintes: "Resistência armada ao neoliberalismo - Alternativas de Poder Popular na América latina e Áfi·ica " , organizada pelo Instituto Olga Benário Prestes; "Política Neoliberal e Conflito Armado", coordenada pela denominada "Vicaría dei Sur - Diócesis de Florencia"; e "Plano Colômbia", coordenada pela ONG ATTAC, do Rio de Janeiro.

Guerrilhas colombianas No sábado, dia 27, o número de participantes in scritos nas oficinas relacionadas com a "resistência armada" foi

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mas" co ntra o sistema de propriedade O guerrilheiro colombiano Javier Cifuentes fez um apelo à luta pela implantação do socialismo em toda a América Latina

Desprezo da Terceira Via Na conferê ncia "Como construir um

sistema de produção de bens e serviços para todos ?", o econom ista egípcio Sarnir Amin, diretor do Fórum do Terceiro Mundo , de Dakar, qualificou como "wn zero" a chamada Terceira Via das social-democracias européias e afi rmou que só é possível pensar e atuar "numa perspectiva socialista" . Na mesma confe rência, o econom ista argentino Jorge Berstein também atacou a Terceira Via: "Não Acima: delegado da CUT propugnou a organização de greves internacionais simultâneas, em vários continentes

tal, que os organizadores decidiram juntá-las no Teatro do IPE, que ficou com~ pletamente lotado com mais de 300 pessoas. Muitos outros não puderam entrar, por falta de espaço. A estrela do evento fo i um guerrilheiro co lo mbi a no das FARC. Apresentando-se com o pseudônimo de Javier C ifuentes, fez um apelo à luta para "a construção do único regime destinado a levar a felicidade à espécie hum.ana, que é o socialisrno". Ele afirmou que "as FARC estão completa-

mente certas de que o século 21 é o século do socialismo, é o século da Amé-

rica Latina". O guerrilhe iro, que não revela o nome registrado em seu passaporte, define-se co mo um "diplomata das FA RC" e garante que recebe tratamento diplomático no Brasil , apesar de o ltamaraty não reconhecer a representatividade das guerrilhas. Esc lareceu também que fo i "a organização do Fó rum " que convidou as FARC a partici par do mesmo.

admitimos a humanização do capitalismo, mas a sua aniquilação pelo socialismo" . E ap rove ito u para prever "a eclosão de revoltas populares na Am.érica Latina", em países como Argentina, Bolívia e outros.

Che Guevara, apologia da violência e greve internacional No painel "Os.fundamentos da democracia e de um novo poder", seu presidente, o bem con hec ido revo lucionário argelino Ahmed Ben Bella, prestou uma homenagem a Che G uevara. Deixo u c laro qual o tipo de democracia e de novo poder almejado por e le, ao afirmar que está "p ronto a pegar em ar-

privada. No painel organ izado pela Central

Única dos Trabalhadores do Brasil (CUT), com a presença de representantes si ndicais das Améri cas, E uropa e África, o vice-presidente da CUT da Bahia, Á lvaro Gomes, conclamou as entidades presentes a organi zar ações de resistênc ia simultâneas, em vários continente , propondo protestos de ru a e uma greve, ambos em âmbito internacional, ai nd a este ano.

"Renascimento" da teologia da libertação O painel "Como fortale cer a capacidade de ação das sociedades civis" fo i pres idido pelo sacerdote bel ga François Houtart, um dos principais expoentes da teologia da libertação, que durante muitos a nos as essorou Fide l Castro e continu a sendo um vis ita nte freqüente de Cuba. O Pe. Hou tart anunciou que a teologia da liber-

lação "já está experimentando um renascimento na América Latina ", beneficiada pelo ag ravamento das crises no continente. E fez um ape lo às esquerdas moderadas no sentido de qu e não adianta tentar reformar o sistema de propriedade privada, mas que a única saída é sua "destruição total". Eis s uas palavras: "Aqueles que acham

que é possíve l reformar o sistema capitalista, ao invés de lutar pela sua

destruição radical, não .fizeram até o f im o balanço do sistema. Não entenderam ainda que o capitalismo não pode mudar sua natureza". Outros teólogos da libertação que participaram em painéis e oficinas foram D. Tomás Balduino, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), li gada à CNBB, Frei Betto e o ex-frei Leonardo Boff .

Fórum Parlamentar Mundial Também no contexto do FSM, foram inaugurados do is eventos simultâneos de envergadura, gerenciados por agentes de e querda: o / Fórum Parlamentar Mundial, com mai s de 400 parlamentares representando cerca de 30 países: e o Fórum de Autoridades Locais, ao qual compareceram 150 representantes de prefeituras da América Lati na, E uropa e África. O Fórum Parlam.entar, em sua declaração fi nal, anunc iou a constituição de uma "rede internacional" de parlamentares para "sustentar" a ação das ONGs reunidas no FSM e para "agir permanentemente", de maneira que suas plataformas de esq uerda tenham "uma

qualificadas pelo jornalista gaúcho José Barrionuevo como "a maior contradição do evento ", pois trata-se de "aplausos a opressores" do povo cubano . Mas não foi essa a opinião de m11nerosos dirigentes e participantes do FMS quando solicitados a explicar essas ovações. Franc isco Whitaker, um dos principais organizadores do FSM e secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, órgão da Conferênc ia Nacional dos Bispo do Brasil (CNBB), afirmo u enquanto aguardava, num dos auditórios da PUCRS, a chegada de Ri cardo Alarcón, Presidente da Assembléia do Poder Popular de Cuba e eminência parda do regime comuni sta: "A respos-

ta a esse apoio é muito simples. Primeiro, porque Cuba é um símbolo. E segundo, por sua situação atual, que exige solidariedade". Para o ita li ano Riccardo Petrella, professor da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, as ovações à delegação comunista "são uma

verdadeira tradução legislativa".

Cuba comunista: um "símbolo" As ovações aos membros da delegação cubana, na abertura do FSM e em outras conferênci as e oficinas nas quais participaram , fora m adequadamente

Retratos de Lenine e de "Che" Guevara, cartazes e bandeiras com a foice e o martelo estiveram presentes no FSM

1

JUVENTUDE AVANç, O COMUNISMO É A JU TUDED

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centro de Euentos da PUC

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_ _ _ _ _ _ Porto Alegre RS B1'11

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Acima: Francisco Whitaker (esq.), secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da CNBB, conversa com Ricardo Alarcón, "eminência parda" do regime comunista de Cuba.

À esquerda: Ricardo Alarcón preside uma das sessões do FSM

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O Prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, do PT (centro) um dos financiadores do evento, justificou, em conferência de imprensa, o apoio do FSM à Cuba castrista

homenagem ao mito que representa, ainda que a realidade de Cuba não seja inteiramente conforme ao mito. As pessoas têm necessidade de mitos. Se ruir o mito de Cuba e o mito do Che Guevara, o que resta?" Segundo o sacerdote colombi ano Olivério Medina, representante das guerrilhas co lo mbi anas FARC no Brasil , "Cuba é a prova de que a História não acabou e é a prova de que o capitalismo não é a panacéia para a humanidade, e sim o socialismo. Cuba comunista é como uma irmã que brilha com luz própria. Posso di zê -lo, pois morei em Cuba". O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) interpretou esses ap lausos como "um sentimento de solidariedade a Cuba muito importante" . Segundo ele, em Cuba "são respeitados os direitos à educação, à saúde e às necessidades básicas". E o Prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, do PT, tentou justificar esse apoio afirmando : "Creio que há uma simpatia muito grande pelo povo cubano, que fe z uma revolução muito importante. É óbvio que há na esquerda pes- · soas que querem apoiar a revolução cubana " .

Acampamentos da Juventude e dos Povos Indígenas No marco das atividades do FMS, no Parque da Harmon ia, zona oeste de Porto Alegre às margens do rio Guaíba, foram montados dois acampamentos: o 22

CAT O LIC IS MO

Acampamento intercontinental da Juventude, onde ficaram hospedados mais de mil e quinhentos jovens dos cinco continentes; e o Acampamento dos Povos indígenas, co m 600 índios oriundos de diversos Estados do Brasil. Sob uma grande lona, chamada "Espaço Confederação dos Tamoios", realizou-se durante os di as do FMS uma programação

SISTIR ÉP

subversivo-conscientizadora, dirigida a indígenas e aos jovens presentes. Nos acampamentos, membros do PT, do PC do B, da UNE (União Nacional dos Estudantes) e outros ativistas dirig iam a programação. Segundo a assessoria de imprensa do FMS, a prefeitura, através da Secretaria Municipal de Cultura e da Secretaria Municipal de Saúde, di stri buiu LO mil preservativos, principalmente aos estudantes. E o jornalista Thomas Trautmann, da "Fo lha de S. Paul o", constatou "cheiro de maconha" no local, sem que a polícia adotasse qualquer med ida .

Nos bastidores do FSM Como surgiu a idéia do Fórum Social Mundial (FSM) e a conseqüente coordenação de suas complexas atividades, agendas e programas, durante seis dias, de milhares de representantes de ONGs

do mundo inteiro? Essa enorme estrutura poderia ter brotado da noite para o dia, de maneira espontânea, como cogumelos após a chuva? Estas são algumas das perguntas surgidas no FSM, para as quais procuramos obter respostas dos próprios organizadores. O empresário paulista Oded Grajew, 56 anos, "de esquerda e filiado ao PT", reconhece ser o inspirador do FSM e um de seus organizadores. Em fevereiro de 2000, encontrou-se e le em Paris com Francisco Whitaker, secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da CNBB. E ambos transmitiram a proposta a Bernard Cassen, editor-chefe do "Le Monde Diplomatique", uma pessoa ativa na área dos movimentos ditos sociai s. "Cassen entusiasmou-se com a idéia", conta Whitaker. Grajew explicou o objetivo do Fórum: "Enfrentar os problemas com os quais a humanidade se depara hoje, protestar contra as violações de direitos e, mais do que isso, apontar caminhos e soluções possíveis, além de mostrar experiências concretas já desenvolvidas em torno de idéias que melhorem a qualidade de vida". O petista Grajew não explicou por que razão as "experiências concretas" de Cuba comunista e das narco-guerrilhas colombianas, marcadas pela violência revolucionária e pelas mais brutais violações de direitos, encontraram tanta aceitação e realce no FSM. E tampouco explicou, que nos conste, de que maneira a "experiência concreta" e as " idéias" do comunismo cubano têm melhorado a "qualidade de vida" do povo naquela ilha-cárcere.

Porto Alegre, laboratório social: fascínio das esquerdas Acima: uma das entradas do Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica do RS, onde se realizou o FSM.

À direita: " Espaço Confederação dos Tamoios ", no Parque da Harmonia, onde se efetuaram jornadas subversivo-conscientizadoras para 600 índios brasileiros.

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E por que a escolha de Porto Alegre, sugerida por Bernard Cassen? Seu colega, o editor de "Le Monde Diplomatique", Ignacio Ramonet, respondeu , citando um artigo de Cassen: porque Porto Alegre, sob controle do PT, "transformou-se, nos últimos anos, numa cidade emblemática. Capital do Estado de Rio Grande do Sul, o mais ao sul do Brasil, na fronteira com a Argentina e o

Uruguai, Porto Alegre é uma espécie de laboratório social que os observadores internacionais olham com um certo fascínio". E concluiu, exclamando: "O novo século começa em Porto Alegre!"

Comitê Brasil, organizador do FSM Sandra Carvalho, assessora de imprensa do Fórum, lembrou que em 28 de fevereiro, após retornar de Paris, Grajew e Whitaker apresentaram seu plano adirigentes da própria Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da CUT, do MST, da

E como explicar o financiamento dos colossais gastos do evento? Além das subvenções de peso por parte do governo estadual e da prefeitura de Porto Alegre, ambos em poder dos pelistas, Sandra Carvalho mencionou entre outras: a Fundação Ford, norte-americana, a Fundação Novib, holandesa, e a Fundação Heinrich Boll, alemã.

Fórum Social Mundial e Fórum de São Paulo É importante notar que várias entidades e ONGs brasileiras, que contri-

M ilhares de membros de organizações não-governamentais (ONGs), provenientes de 122 países dos cinco continentes, participaram do FSM

Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), do Instituto Brasileiro de Análises Sócio-Econômicas (IBASE) e de outras três entidades, as quais formaram o Comitê Brasil Organizador do FSM. A partir de então, articularam-se "redes de apoio" e "comitês de mobilização" em 22 países: nove redes nas Américas, três na África, três na Ásia, três na Europa e uma na Oceania. Assim, segundo ela, em junho do ano passado, 520 ONGs internacionais e 630 ONGs brasileiras formaram o Comitê Internacional de Apojo ao Fórum, integrando uma gigantesca rede de mobilização. Foi devido a essa rede que, no dia da abertura, puderam estar presentes 13 1 delegações de 122 países. Durante as conferências e oficinas participaram 15 mil pessoas, número superior à previsão dos organizadores, que esperavam 10 mil.

buíram para a organização do FSM, foram as mesmas que se engajaram, em 1992, na organização da ECO-92 (paralela ao evento oficial), no Rio de Janeiro , marcada por clara orientação eco-revolucionária. Também merece ser ressaltado que movimentos, sindicatos e partidos como o MST, a CUT e o PT, junto com os guerrilheiros das FARC e representantes de Cuba, também fazem parte do Fórum de São Paulo (FSP). O FSP foi criado em julho de 1990, na capital paulista, pelo PT, a pedido de Fidel Castro. Tal fórum, preocupado com o desmantelamento do império soviético, pôs em relevo a necessidade de uma articulação das esquerdas revolucionárias nas Américas. Estamos, pois, em presença de uma verdadeira internacional pró-comuni sta que usa várias entidades e redes de ONGs como fachadas.

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"Arquipélago planetário de resistência" O q ue ficou claro no Fórum Social Mundial fo i a exteriori zação em grande estil o de um poder mundial, paralelo e sobreposto às nações, articulado pelas ONGs, embora sem nenhuma representati vidade comprovada. A não ser a autorepresentati vidade com que as mesmas se apresentaram, e que certos infl uentes órgãos da mídi a lhes outorgaram. Mas com poder sufic ie nte para influenciar a fund o a política mundi al. São as chamadas ONGs da 2º geração, como as denomin ou o j orna li sta Roberto Savio, diretor da agê ncia de notícias italiana IPS . Explicou ele que tais ONGs abandonaram a exclusividade dos temas ambientais para se ocuparem da política internac ional. E acrescentou que hoje já são capazes de "obri- . gar" governos a ass inar acordos e tratados sugeridos por e las. Estamos, assim , em presença de um "arquipélago planetário de resistência", como o definiu um documento oficial do FM S. N ão é a primeira vez que tal poder paralelo se manifes ta. O que se viu no Fórum Social Mundial fo i a mes ma máquina revoluc ionária atu ante na ECO-92, rea li zada no Ri o de Ja ne iro, com o acréscimo de quase urna década de experi ência. Seria grave erro de cálculo considerar que, por serem minori a, os participantes do FSM e as ONGs que o integram podem ser subes tim adas. Po is, num mundo caoti zado e frag mentado do ponto de vi sta mo ral , ideo lógico etc., uma minoria organizada, rica e atuante pode ser decisiva para impor rumos aos acontecimentos.

ONGs e "zonas liberadas" Nesse jogo, as ONGs da esquerda mais radical não prec isam - e suspe itamos que não lhes in teressa - lançarse com vi stas a to mar de imed iato o polcr po lítico neste ou naquele país. Pois isso aca rreta, entre outros aspectos, o d sgastc inerente ao poder. É políti ca e psi ·olog ica mcnte muito mais rentável, puru •las, atu ar como grupos de pressão

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A

O LICISMO

Sem a cobertura da mídia, que funcionou como potente amplificadora do evento, a influência das ONGs esquerdistas seria bem menor

sobre os governos, as e lites mora lmente depauperadas e o povo aturdido das nações conte mporâneas. Nesse quadro, teri a maior utilidade, para tais ONGS, a constitui ção de bolsões revolucionários dentro dos próprios países, espécies de "zanas liberadas", como as que existem na Colômbia em mãos dos guerrilheiros; e, no Brasil, nos acampamentos do M ST e como tendem a ser as demarcações indígenas. A par tir dessas "zanas liberadas ", pode m atuar sobre as autoridades de seus respectivos países, com similares mecanismos de pressão psicológica e po lítica com que as O NGs internac ionais atuam sobre as entidades internacio nais. Exempl o di sso foi o que aco nteceu no teledebate entre me mbros do Fórum de Porto Aleg re e os do Fórum de Davas, na Suíça. Os primeiros fig urara m corno defensores dos po bres (na rea li dade, enquanto partidários do soc ialismo e do comuni smo, são co-responsáve is pela mi séri a de milhões de pessoas em dezenas de países); e os segundos, ac uados e não sabe ndo (ou não querendo) d izer essas verdades, acabaram sendo expostos como os " vilões" do debate.

Prestidigitação e mídia É preciso dizer que, sem o apo io e a cobertura da mídia, o j ogo de prestidig itação po lít ico- ps ico lógica d as ONGs esq uerdistas j amais poderia darse. A mídi a fun ciono u como amplificadora, sem a qua l as mencionadas redes de ONGs ficari am mui to reduz idas na sua influê ncia. Também é de se pergun ta r se esse jogo de presti d igitação e chantagem seri a poss íve l se m que diri -

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gentes de governos, de grandes conglo merados econô mi cos e de organismos in tern ac ionais, como os reunidos e m Davos, se prestasse m a esse j ogo, ainda que indireta mente. É sabido que certas gra ndes fund ações e e mpresas / mul tin ac io na is fi na nc i a m ON Gs revo lucio nári as . Já me nc ionamos, por exemplo, alg um as das que fi nanc iara m o própri o FSM .

Como "furar o balão" publicitário do FSM "Fura r o balão" publi c itá rio do FSM e das O NGs revo lu cio nári as seri a relati va me nte fácil. Bastaria para isso, da parte das elites sãs ex istentes e m todas as c lasses soc ia is, um esforço de de núnc ia, dispostas a não se deixare m intimidar. Nessa de núnc ia, seri a indi spensáve l mostrar em primeiro lugar, de maneira documentada, co mo as esquerdas radi cais do minara m o FSM e outros simil ares . M ostrar ainda a artifi c ial e exagerada cobertura el a mídia, que tra nsformou essas ON Gs num mito publicitário. E m terceiro lugar, apo ntar como os membro dessa rede de ONGs mantêm um silê nc io cúmplice sobre o fracasso do comunismo enquanto siste ma sócio-político-econô mico, o q ual, com sua negação da pro pri edade privada, condu zi u à miséria os povos onde se impla nto u; tendo sido, ade ma is, respo nsável por 100 milhões de mortes no séc ul o XX ! Seria preciso a inda denunciar que hoj e o com uni mo oprime 1 bilh ão e 300 milh ões ele pessoas na Chin a, e m C uba, no Vietnã e na Coréia do N orte. Ta l como já foi mencionado, lgnac io Rarnonet, de "Le Monde D iplomatique", afirmou que em Porto Alegre nasceu o novo século ... A julgar pelo visto e ouvido no Fórum Social Mundial, se o séc ulo XXI realmente nascer desse evento de Porto Alegre, ele erá marcadamente comunista e revoluc io nário. Que Nossa Senhora dos Navegantes, Padroeira da capital do Ri o Grande do Sul, se co mpadeça cio Bras il , das A méricas e do ♦ mundo, e não o permita !

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terceiro milênio co!neçou em Porto Alegre ". E o que seouvia du ranteo / Fórum Social Mundial, que se reuniu na capital gaúcha entre os dias 25 e 30 de j aneiro, e que pretendeu ser uma antítese do Fó rum Econômico Mundial, reunido simultaneamente na cidade de Davos , nos Alpes suíços. Na realidade, não existe nenhuma antítese entre os dois fóruns; ambos ca minham na mesma direção. São as duas pern as de uma mesma revolução, e m marcha rumo à cri ação de uma ordem soc iali sta mundi al. Estiveram representados no Fórum cerca de l.500 organi zações não governamentais (ONGs), grandes e pequenas, elas qu ais 500 do exterior. Os participantes, cerca de 3.000, ti veram a oportunidade de difundir fa rta literatura aos milhares de visita ntes nacionais e estrangeiros. Partic ipara m das oficinas perto de 15 .000 pessoas. E não fa ltaram fi guras representati vas, que abrangiam um vasto espectro do hori zonte esquerdista: desde um terrorista co lombi ano, que se apresento u como "Comandante Cijúentes", passando pelo velho ex-Presidente da Argéli a Ben Bella, e até representantes do movimento PROUT (Teoria da Utili zação Progressiva) da Índi a, que promove uma fu são entre o socialismo e a tantra yoga, e que goza da simpati a do ex-frei Boff; Foto Rocha

Após quatro Internacionais de trabalhadores de cunho socialista, parece estar surgindo em Porto Alegre uma quinta, com uma carga revolucionária e igualitária mais radical do que a das Internacionais anteriores R ENATO VA SCONCELOS

lgnac io Ramonet ex plica e m "Le Monde Diplomatique" o porquê da escolha ele Porto Al egre: "A cidade desde 1989, e o Estado a partir do ano passado, colocaram em funcionamento fo r1nas de democracia participativa que são atentamente estudadas em. numerosos países. São tais iniciativas que modestamente mostram que um outro inundo é verdade iramente possível " (Cadern o de Debates do "Le M o nd e Diplomatique", nº l ). Enganar-se- ia, poré m, quem pensasse que o Fórum de Porto Al egre, um cadinho de intelectuais de esquerda, tenha se restringido meramente às reg iões da pu ra especulação científica. Não. Trato use de uma "semana de estudos" que visou cong regar seus partic ipantes num determinado espírito - "o espírito de Porto Alegre " - e encontrar novas fó rmulas que levem à vitóri a a revo lução do igualitarismo em níve l mundi al ou "planetário", como di ziam.

Na abertura: Mensagem de D. Casaldáliga e show desde R icardo Alarcón, o terceiro homem do regim e castri sta, passando por L ula e Frei Betto até José Bové, o ag itador das Ligas Camponesas da França. Também presentes a viúva de Mitterrand e a prefeita petista ele São Paulo, Marta Suplicy.

O Fórum foi aberto na tarde do dia 25, no Centro de Eventos da Pontifíc ia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com uma mensagem enviada expressamente por D. Pedro CasaldáJiga, Bispo ele São Félix do Araguaia. Em seguida houve discursos, música, teatro, vaias e um show ao som de batuques e danças indígenas, com as autoridades sentadas no chão, em frente ao palco, entre elas o governador petista Olívio Dutrn, que pronunciou um discw·so de 20 minutos. A descontração nos trajes, favorec ida pelo calor intenso e úmi do, era total. A ponto de que se chegou a fa lar que bermudas e sandá lias havaianas poderiam ser consideradas como o unifo rme do evento. É prec iso di zer também, de passagem, que o Fórum não fo i um encontro de mi seráveis e fa mintos, que estariam a se insurg ir contra as "desigualA Prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, do PT, mostrou-se inteiramente à vontade no Fórum de Porto Alegre, marcado pelo radicalismo político de esquerda

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e/ades sociais", exigindo "justiça" ou, como preferem se exprimir, "dignidade". Não. Boa parte dos participantes do Fórum compunha-se de pessoas oriundas da burguesia média e alta. O que se podia constatar facilmente. Bastava observar o estacionamento da PUC e o nível dos carros ali estacionados. Os temas em discussão no Fórum estavam divididos em quatro grandes blocos (ou eixos), expostos simultaneamente e presididos por convidados de renome.' O primeiro bloco, tratava da produção de riquezas; o segundo, do acesso a elas e de sua repartição; o terceiro, dos "espaços" na sociedade civil; e o quarto, do poder político e da ética na nova soc iedade do futuro. As exposições em cada eixo começavam às 8,30 hs e se estendiam até depoi s do meio-dia. De 14 às 18 hs realizavam-se as oficinas, nas quais cerca de 80 expositores desenvolveram temas como "Orçamento participativo", "Prostituição e violência", "Alternati-

va política à globalização liberal ", "Estabelecimento de uma dernocracia mundial", para mencionar apenas alguns dos 400 temas expostos.

A "surpresa" do MST: as costumeiras invasão e depredação Já na abertura do Fórum começaram a circular rumores de que haveria uma "surp resa" durante o encontro. E de fato ela se deu, graças ao espírito anárquico dos mentores do Movimento dos Sem Terra (MST). No final da tarde de quinta-feira, dia 25, aproveitando a saída dos funcionários, uma tropa de cerca de mil invasores do MST pulou as cercas da fazenda da e mpresa Monsanto na localidade de Não-MeToques, ao norte do Estado, e acampou dentro ele seu recinto. Pichm-ain muros e hastearam bandeiras do MST. No dia seguinte, às 10 hs da manhã chegou Stéclile, acompanhado de grande número de "convidados". E assim, montada

a encenação, foi destruído um canteiro experimental ele soja pelos neo-vândalos do MST. O agitador Bové - líder do "MST da França" - esteve presente à invasão. Uma oportunidade de ouro para auto-projetar-se. E fez questão de posar triunfante, com um ramo de vegetal arrancado do solo, para as câmaras de dezenas ele jornalistas brasileiros e estrangeiros (como ficaram sabendo estes da "surpresa"?) que haviam acorrido pressurosos para documentar o momento "histórico" ... Com tal artifício propagandístico às cu tas do direito de propriedade, o MST guindou-se desde o início do Fórum para o palco da atenção geral e esquentou suas bases, apresentando-se como um movimento radical, brilhante, com grande capacidade de ação e de empolgar. O MST organizou ainda uma visita de Danielle Mitterrand ao assentamento de Herval e uma manifestação no de Nova Santa Rita contra os transgênicos.

O marxista João Pedra Stédile, um das líderes da MST, e o pelista Luís Inácio Lula da Silva fizeram discursas de nítida cunha revolucionária

Aproveitando o embalo, promoveu mais duas ocupações de terras no Rio Grande do Sul.

Dois amigos inseparáveis: o PT e a esquerda católica Havia grande contingente de membros do PT portando bandeiras do partido, usando bonés e difundindo literatura. Ao apresentar uma proposta de "globalização alternativa" no seminário Desenvolvimento e subdesenvolvimento: Deconstrução e construção do Estado, o chamado "presidente de honra" do Partido dos Trabalhadores foi freneticamente aplaudido por seus adeptos, que bradavam a plenos pulmões: "Lula para presidente ". Nos arraiais petistas a campanha presidencial de 2002 já começou ... Das fileiras do esquerdismo católico, além da voz de D. Pedro Casaldáliga, estava presente Frei Betto, o amigo infiel de Marighela, que expôs suas idéias na oficina "Como fortalecer a conformidade de ação das sociedades e a construção do espaço público" . Alertou para o fato de que a esquerda precisaria aprender a falar a linguagem do povo e a respeitar a religiosidade popular. No Correio da Cidadania, Frei Betto dá seu testemunho de fé na vitória ela revolução: "Já não espero particinR-r çlp colheita, mas quero morrer desta semente capaz de virar o Brasil pelo avesso".

A mística e o coração nos "testemunhos" de Lula e Stédile O Fórum atingiu seu clímax com os "testemunhos" de Lula, no dia 29, e de

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João Pedro Stédile, marxista e um dos líderes máximos do MST, no dia seguinte. Em palestra no salão principal do Centro de Eventos da PUC, Lula explicou o espírito que anima o Fórum, o "espírito de Porto Alegre": " Por que estamos aqui? Mesmo não nos conhecendo, temos algo em comum que nos move, algo que moveu a Revolução Francesa, a Revolução Mexicana de 1911, a Revolução Cubana e a Revolução Nicaragüense quando ninguém mais acreditava em revoluções na América Latina. O que nos move é que somos homens e mulheres movidos (sic) sobretudo por uma coisa chamada coração". Por sua vez, Stédile traçou um breve histórico do MST, de suas lutas e de suas metas. E mencionou igualmente o fator "coração" enquanto parte da "mística" que os empolga: "Aprendemos que as pessoas se movem também pelo coração. Fomos construindo um método de trabalho que chamamos mística, e que se traduz em simbologia, em hinos, em bandeiras, como.forma de nos dar unidade. A nossa unidade não se deu pelas teses. Ela se deu pelo coração. Nós nos arrepiávamos quando v{amos as bandeiras vermelhas numa inva. ,.. tremularem ' são de terras. A simbologia tem um podç r místico para unir as pessoas no mesmo ideal. Isso aprendemos de nossos antecessores". Em sua exposição, explicou os princípios diretivos do MST, aprendidos com "nossos antepassados e com os núlitantes mais experientes": " 1. Direção coletiva: nada de presidente perene. Romper o presidencialis-

mo e o personalismo para desenvolver a militância; 2. Divisão de tarefas: quem.faz tudo, fa z mal. 3. Disciplina: respeitar a opinião da maioria e cumpri-la. 4. Amor ao estudo: nada de trabalhadores ignorantes. Lutar pelo acesso ao conhecimento científico, que nos ajuda e nos liberta. 5. Formação de quadros para poder crescer: ai da organização que abandona a .formação de seus próprios quadros!" Stédile reconheceu que o MST encontra-se numa encruzilhada. De qm lado, eles não podem recuar; de outro, não conseguem avançar sozinhos. Asolução? A "construção de um processo de alianças. Aliança de luta, não para fa zer reuniões. Aliança com ,novimentos de pequenos agricultores, com. os trabalhadores urbanos, com a pastoral da juventude, com os desempregados, com a sociedade brasileira em geral". E concluiu conclamando a uma grande aliança universal para "globalizar a luta e a esperança". Enchiam o auditório mais de mil adeptos do MST, a ala "ardita" quebradava slogans, tais como: "Reforma Agrária, urgente e necessária ", "MST, a luta é prá valer" ou "O MST é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo".

Ameaça violenta da Internacional Campesina Um primeiro passo para a formação ele uma grande aliança universal foi dado em Porto Alegre, onde estiveram presen-

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predeces ores erigiram para impedil· que a população da Alemanha Oriental fu gisse em massa para o Ocidente. E continuam, des inibidos: "A cada ano dezenas de trabalhadores imigrantes perdem a vida ao tentar atra vessar esta fronteira fortijicada. Até hoj e o gove rno norte-americano conseguiu fugir à responsabilidade pela morte daqueles que executou de forma arbitrária e ilegal ".

Discordância e desalento

O agitador José Bové, chefe da Confederação dos Camponeses Franceses (dir.), numa conversa reservada com João Pedro Stédile, do MST

tes líderes de movimentos sem-terra e de ca mponeses de mais de trinta países. Todos eles hospedados no Convento dos Capuchinhos. Eram cerca de LSO ativi stas bras ile iros, mex ica nos e indi anos pertencentes a uma ONG, a fnternacio- · nal Campesina. Um prime iro projeto comum será levado a cabo no di a 17 de abril, quando "ag ricultores de vários países pretendem fechar estradas com tratores, parar na vios nos portos e trens nasfi'onteiras com o obj etivo de protestar contra a importação de alimentos" ("Folha de S. Paulo", 28- 1-01 ).

Bové e Daniel/e Mitterrand: o testemunho de duas vedetes estrangeiras Depois de Stédile fa lou José Bové, chefe da Co11federação dos Camponeses Franceses, e que se tornou conhec ido por liderar a invasão de uma fili al da rede de la nc honetes M cDona ld 's em Millau , França. Amigo pessoal de CohnBendit, líder da Revo lução da Sorbonne e m maio de 1968, e le vem tentando capitalizar a indi gnação dos camponeses e dos criadores de gado contra a unificação econômica européia, faze ndo dessa ind ignação uma bandeira da esquerda. Bové criticou fortemente a importação de a lime ntos, defendeu a "sobe rania a.lim.enta.r" como sendo um direito humano inali enável, e conclamou todas as fo rças de esq ue rda do mundo a se unirem para levar a cabo uma revolução planetária, arrasa ndo todas as "Basti-

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lhas" do mundo de hoje, assim como outrora os sans-culottes da Revo lução Francesa destruíram a Bastilha, abrin do caminho para a derrubada da monarqui a e impl antação da repúbli ca. E terminou dizendo, à maneira de Stédi le, que era prec iso "unir as lutas, unir as esperanças". Noutro salão, Danielle Mitterrand, Presidente da Associação France Liberté, dava seu "testem.unho", afirm ando que os "ecos de Porto Aleg re vão atingir as classes que donúna.rn o capital mundial" . E criticou as camadas ricas que não têm senso de "solidariedade " .

Inexplicável inação policial ante o vandalismo de baderneiros In spirado s ta lvez no exe mpl o de Bové, que no ano passado foi preso por atacar uma filial do McDonald 's, pouco te mpo depois de terminados os "testemunhos" um grnpo de baderne iros participantes do Fórum atacou a lanchonete McDonald's no Shopp ing Cente r Bourbon. Jogaram tinta no letre iro da loj a, picharam os espe lhos, chegaram mesmo a cuspir nos pratos dos fregueses. A Brigada Militar limitou-se a observar, sem intervir, e mbora tenha sido chamada pelo gerente do Shopping. O oficial responsável pela operação alegou que tinha ordens superiores para não intervir. M ais uma vez, impunidade. Inérc ia dos poderes do Estado? C umplic idade? E os desordeiros impunes deixa-

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ra m o Shopping, vociferando: "A rroz, f eijão, para fa zer revolução" . Nesta mes ma no ite, Bové, apresentado como um novo Asterix gaulês, foi notificado pela Polícia Federal de que só poderia ficar no País por mai s 24 horas. Bové - que responde a processo em seu país - obteve habeas corpus no Brasil , tendo retornado no dia seguinte à França. Seja como for, ele se tornou alvo do interesse geral. De um lado, desviando a atenção dos temas mais graves tratado no Fórum ; e de outro, "leg itim.ando", com sua posição de "injustiçado e perseguido ", no dizer de Stédile, a Juta do MST.

Unanimid ade não houve no Fórum. Uma das vozes di scordantes partiu do " Partido Socialista dos Trabalhadores Unijicado " (PSTU), que divulgou manifesto atacando o caráter excl udente do eve nto: "São 10.000 presentes, mas a discussão se restringe aos 84 debateclores das cor(/'e rências. Nestas, que são o programa central do fó rum, não é permitida polêmica com. as posições expostas pelos conferencistas. Só são admitidas perguntas por escrito, que podem ser respondidas ou não pelos exposilores . ... A juventude fo i colocada em local dista.nle do fórum. O mesmo procedimento foi adotado com. as oficinas destina.das a negros e negras". Por outro lado, a .Ju ventude Popular Socialista. constatou desanimada a impotênc ia da esquerda em atrair os jovens,

perguntando-se: "Por que a esquerda brasileira encontra tantas dificuldades em. agregar em suas fileiras na luta por 'um novo mundo possível ', e um f estival de rock (o Rock in Rio) consegue aglutinar mais de urn milhão de jovens sob o terna 'por um mundo melhor'?"

Internacional ainda mais radical: a da 4ª Revolução A rea li zação do Fórum Social Mundial, com seu forte tom esquerdi sta, confirm a o dito de Oded Grajew, de que o conceito de esquerda e dire ita não desapareceu. Para esse empresário esquerdista, ta l conceito é uma rea lidade viva que representa duas concepções do universo diametralmente opostas. O encontro de Porto Alegre significa por certo um marco na tentativa de organi zação e avanço das esquerdas no Brasil e no mundo, após o estrondoso fracasso da União Soviética. É o co muni smo metamorfoseado. E analistas já levantam a hipótese do surg ime nto de uma nova Internacional de tipo soc iali sta a partir da "capital vermelha " do Rio Grande do Sul , caso as "esperanças" suscitadas venham a se rea li zar. Seria lícito e mesmo necessário acrescentar - utili zando a terminologia do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu

renomado ensa io Revolução e ContraRevolução, que denominou o Protestanti smo a Jª Revolução, a Revolução Francesa a 2", o Comunismo a 3" - que essa nova Internacional poderia, a justo título, ser considerada a Internacional da 4ª Revolução . Mas já agora de índole anárquica e tribalista, sucessora das quatro hi stóri cas Internacionais de Trabalhadores (surgidas entre 1864 e 1937). Revolução esta de caráter comuno-culturaJ, que representa um apogeu das três Revoluções anteriores, e que "só pode conduzir; em .seus últimos paroxismos, à pe,pétua e fantasiosa vagabundagem da vida das selvas, alterna.da, também ela, com o desern.penho instintivo e quase mecânico de algumas atividades absolutamente indispensáveis à vida" (op. cit. , Artpress, São Paulo, 2ª ed., 1982, p. 72). O próx imo Fórum j á está marcado para o ano vindouro. Em Porto Alegre. É preciso aquecer as "esperanças ". Carregado por elas, Bové e outros fi gurões do Fórum proclamaram enfáticos o surg imento de uma nova era para a esquerda mundi al: "O terceiro milênio começou em Porto Alegre". Esti veram ausentes do Fórum : Deus, Nossa Senhora, os Santos e os Anjos. C umpre saber quais são os des ígni os do Céu. ♦

Cinismo comunista: Fronteira entre Estados Unidos e México, novo Muro da Vergonha Assim como os sov iéticos de ontem, a nova Revolução tem como alvo prefere nci al os Estados Unido , a potência cons iderada imperialista e opressora. Sob o le ma "A mérica é um continente em marcha ", o Comitê Internacional pela Construção da Marcha Mundial ao Muro da Vergonha e tá convidando "todos os companheiros" para a marcha continenta l que se reali zará em janei ro de 2003 rumo ao rnuro de 3.400 km que separa o Méx ico e os Estados Unidos. Espan la o ci ni mo de comuni stas utili zando o termo "Muro da Vergonha. " , com o qual fo i rotul ado aque le que seus CATO LI

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Santos .,e festas

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São David, Bispo e Confessor.

São João José da Cruz, Confessor.

+ Menevia (País de Gales), 588. Patrono do País de Gales.

+ Nápoles, 1734. "A relente discípulo de São Francisco de Assis e de São Pedro de Alcântara, acrescentou grande glória à Ordem Será.fica. Foi admitido pelo Papa Gregório XVI no Cânon elos San.tos" (do Martirológio Romano).

2 São Chad, Bispo. + Lindisfarne (Inglaterra), 672. Irmão de São Cedei, foi educado por Santo Aidano, na Irlanda. De volta à Inglaterra , tornou-se Bispo de Mércia e Lindisfarne. São Beda, o Venerável , enalteceu suas virtudes. Primeira Sexta-feira do mês.

3 Santa Cunegundes, Viúva, Imperatriz. + Bamberg (Alemanha) 1040. Esposa de Santo Henrique, com quem vivia em perfeita castidade. Foram ambos coroados Imperadores do Sacro Império, em Roma, pelas mãos do próprio Papa. Após a morte do marido, ela empregou sua fortuna em erigir bispados e mosteiros, terminando sua vida como simples religio a num deles. Primeiro Sábado do mês.

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6 Santa Colete, Virgem. + França, 1447. Reformadora das Terceiras Franciscanas, foi das figuras mais importantes da Igreja no século XV. Com São Vicente Ferrer, aconselhou três cardeais, que reclamavam a tiara pontifícia, a renunciar e a se proceder a nova e le ição.

7 São Paulo, o Simples, Eremita. + Egito, 339. Este Santo é um patrono dos que aspiram à santidade em idade avançada. Agricultor, aos 60 anos descobriu que sua mulher o traía. Fugiu então para o deserto , e sua in sistência obrigou o grande Santo Antão a dirigi -lo.

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São José

São Ludgero

Santa Cunegundes

São Gontran Rei

desenvolveu a Liturgia Mozárabe, tendo sido um dos mai s importantes ecles iásti cos de seu tempo.

14 Santo Eutíquio e companheiros, Mártires.

Papa Alexandre II, retirou-se de sua diocese de Luca para fazer-se monge beneditino. São Gregório VII chamou-o de volta àquela Sé episcopal, onde tentou reformar os cônegos relaxados, que se revoltaram. O Papa os excomungou. Com o apoio do Imperador, os rebelados expulsaram Santo Anselmo da cidade.

Genserico, que anteriormente haviam saqueado Roma.

9 Santa Francisca Romana, Viúva. (vide seção Vidas ele Santos, p. 41)

São Longino, Mártir.

São Simplício, Papa.

+ Capadócia, Séc. I. Segundo a Tradição, ele é o centurião romano que, durante a Crucifixão, reconheceu Cristo como o Filho de Deus.

+ 483. Governou a Igreja durante 15 anos, por ocasião da invasão dos bárbaros, que procurou converter.

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Santa Teresa Margarida Redi, Virgem.

São Julião de Anazarbus, Mártir.

+ Florença, 1770. Ao s 18 anos e ntrou para o convento carme lita de Florença, onde e m pouco tempo chegou a grande santidade.

+ Cilícia (na atual Síria), 302. São João Crisóstomo faz o elogio deste mártir que, preso em virtude de sua Fé católica, sob Diocleciano, foi colocado dentro de um saco cheio de escorpiões e serpentes e atirado ao mar.

12 São Teófano, Abade. + Samotrácia, 818. Ele e a esposa renunciaram a imensa fortuna para fazerem-se religiosos. Grande promotor do culto das imagen , foi por isso exilado pelo ímpio Imperador bizantino Leão, o Armênio, morrendo vítima dos maus trato..

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São Julião de Toledo, Bispo.

Santa Eufrásia, Virgem. + Egito, 410. Da nobreza ro-

+ Roma, 254. Foi um dos ilustres presbíteros de Roma que seguiram São Cornélio ao d 'sterro, tendo sucedido a csl ' no Papado.

+ Espanha, 690. Sob sua direção, a Sé de Toledo tomou a primazia entre todas as da Espanha e de Portugal. Presidiu vários sínodos, reviu e

mana, ao falecer seu pai , fo i com a mãe para o Egito. Aos sete anos pediu -lhe licença para servir a Deu. num mosteiro próximo.

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São Lúcio I Papa, Mártir.

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+ Arábia, 741. Patrício romano, capturado pelos maometanos contra os quais guerreava, foi com seus companheiros torturado e morto, por não renunciar à Fé católica.

17 Santa Gertrudes de Nivelles, Virgem. + Holanda, 659. Filha do Bem-aventurado Pepino de Landen e da Bem-aventurada Ita. Com a morte de Pepino, mãe e filha fundam o convento de Nivelles, no qual ingressaram , Gertrudes como abadessa aos 20 anos.

18 Santo Anselmo de Luca, Bispo. + Luca, 1086. Sobrinho do

19 São José, Esposo da Santíssima Virgem, Patrono da Igreja Universal e da Boa Morte.

20 São Martim de Braga, Bispo. + Mondonhedo (Espanha), 580. Monge na Palestina, evangelizou depois a Galícia, na Espanha. Como Bispo de Braga, tornou-se metropolitano de toda a Galícia.

23 São Toríbio de Mongrovejo, Bispo. + Lima, 1660. "A rcebispo (de Lima) , por cujos labores a fé e a disciplina eclesiástica se disseminaram pela América" (do Martirológio Romano).

24 São Simão de Trento, Mártir. + 1475. Menino de dois anos e meio, seqüestrado por judeus nas vésperas da Páscoa, foi cruelmente martirizado. A Santa Sé concedeu o culto litúrgico do Santo mártir e sua inscrição no Martirológio Romano em 1588.

25 ANUNCIAÇÃO DO ANJO E ENCARNAÇÃO DO VERBO

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São Endeus ou Enda, Confessor.

São Ludgero, Bispo e Confessor.

+ Arranmore (Irlanda), 590.

+ Münster (Alemanha), 809.

Brilhante militar, irmão de Santa Fanchea, é considerado o fundador do monasticismo na Irlanda. Teve como discípulos os Santos Kleran e Brendan.

Tendo convertido muitos saxões ao cristianismo, Carlos Magno empenhou-se em sua nomeação como primeiro Bispo de Mün ster.

22 São Deogracias, Bispo. + Cartago, 457. Bispo dessa cidade, ao norte da África. Durante três anos procurou meios para redimir os cativos levados pelos vândalos de

27 São João do Egito, Anacoreta.

+ 394. Murou-se em uma ermida com apenas uma pequena janela, de onde pregava aos sábados e domingos para grande número de peregrinos.

São Toríbio de Mongrovejo

Santa Gertrudes de Nivelles

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São Gontran Rei, Confessor.

São João Clímaco, Confessor.

+ Châlons (França), 592. Rei da Borgonha, após divorciarse e mandar executar seu médico, ficou cheio de remorsos e abandonou as pompas do mundo. Empregou então sua fortuna na construção de igrejas e mosteiros e na distribuição de esmolas, vivendo na mais rigorosa penitência.

+ Monte Sinai, 605. Ingressando aos 16 anos no mosteiro situado nesse monte, abandonou-o mais tarde para viver em maior solidão. Aos 75 anos foi chamado de volta e eleito Abade. Seu livro Clímax, ou Escada da Pet.f'eição, do qual lhe veio o cognome Clímaco, foi das obras mais apreciadas na católica Idade Média.

29 São Cirilo de Heliópolis, Diácono e Mártir. + Líbano, 362. Tendo Juliano, o Apóstata, reintroduzido o paganismo no Império, esse diácono destruiu muitos ídolos, tendo sido por isso "seu fígado arrancado de seu abdômen. e devorado pelos pagãos como bestas selvagens" (do Martirológio Romano)

31 São Guy de Pomposa, Abade. + Itália, 1046. Por sua santidade e sabedoria, atraiu tanta gente a seu mosteiro, que foi obrigado a fundar outro. A seu pedido, São Pedro Damião ministrou a seus monges aulas sobre as Sagradas Escrituras durante dois anos.

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ENTREVISTA O me/flor presente ~

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Cumprimentos aos colaboradores desta mais que importante rev i sta, um brilhante trabalho. Confesso que foi o melhor presente que até hoj e recebi. Fiquei emocionado e me encheu de alegri a esta fantástica rev ista Catolicismo. Linda , muito linda, começando pela capa até o fim. Que Deus continue iluminando todos vocês. Li com muita atenção e pude perceber que todos os assuntos abordados são muito importantes. Comecei pelo artigo no verso da capa, "O último cartão de Natal do milênio" : uma lição de amor de Deus nos dá este senhor Plinio Corrêa de Oliveira. Por seu escrito se percebe a pura santidade, a sabedori a extrema da verdadeira espiritualidade, a humildade, a simpatia e muito sereno. Pelo seu modo ele olhar, tenho certeza de que, onde seu espírito estiver de ·cansando, será lugar de luz e de infinitas graças divinas. Depois vem a "Palavra do Sacerdote", é mesmo maravilho. Depois "A realidade concisamente", excelente matéria. Não vou en umerar todas as outras páginas, senão não consigo terminar minha carti nha. Meu grande desejo é que esta revista Catolicismo possa ex istir por toda vida. Se as pessoas soubessem compreender os valores que ela transmite, as coisas não anelariam tão ruin s como estão. Por isto quero com muito amor, carinho e dedicação, realizar meu trabalho de divulgação desta rev ista, junto às pessoas de minha comunidade. Elas são ele minha inLeira confiança, e sem dúvi la irão se interessar pela ass inatura ela me ma. (A.F.N. - MG)

Bem espiritual Agradeço a Nossa Sen hora tudo que recebi durante este ano [2000]. As revistas Catolicismo trazem para mim notíc ias que poderi-

am ter somente através desta rev ista. Ela é a única que leio, e faz bem para a ai ma da gente, pois está sempre renovando as nossas vidas. (J.C.D. - SP)

Coragem e firmeza Quero agradecer o recebi mento ela revista Catolicismo . Gostei muito da palavra do sacerdote, onde ex plica sobre o sign ificado da palavra Céu e Céus: "Como é

séria e bela a vida nesta terra, não fo ,nos postos aqui para brincar". A leitura sobre a palavra do sacerdote me confortou muito, deu-me esperança. Também gostei do tema sobre o patriarca José, onde ele paga o mal com o bem. U nindo as duas reportagens nos consola, nos dá coragem de fi car firme, em co nLinu armos a fazer o bem , sem olhar a quem, ver sempre o lado bom, não deixar se contaminar pela maldade, pela violência que há em nossa volta. Muito bonita a página mariana, que fa la ele nossa querida Mãe. Mãe amável, Mãe admin"ível. Agradeço a leitura agradável desta revi ta. (J.D.O. - SC)

Leitura obrigatória 12] Parabenizo esta maravilhosa e

imporlanle rev ista Catolicismo, pois , para nós cató licos, é muito importante saber que ex iste uma rev ista interessada em esc.larecer quai squer dúvidas sobre a religião cató lica. Agradeço im n a. mente a Y.Sas. p la ampanha fciLa pe la TFP c ntra o fi lme " Dogma". · la ajudou, e muiLo, para qu o fi lme não permanec sse por muilo tem po em cartaz aqu i 111 Manau s e nas locadoras. Lo uvo e agradeço a Deu s por contarm os com uma enliclade tão in tegrada com os problema da nossa I grej a e com o qu acontece no Bra il e no mundo, para esc la-

recer sobre quaisquer ass untos, pois a mídi a, a TV, põem em dúvida para que o telespectador não sa iba o que está acontecendo realmente. E a TFP escl arece publi cando arti gos sobre a real situação dos assuntos importantes para a comunidade, para que não fiquemos alienados sobre os fatos ocorridos no Brasil e no Mundo .. ... Posso dizer que todas as seções desta rev ista são muito ricas e fazem dela uma leitura agradável e obrigatóri a para seus milhares de leitores cató licos . Precisamos cada vez mais estar informados sobre nossa reli gião, que é tanto difamada. (A.C.S.M. - AM)

Graças recebidas Sinto-me muito bem, lendo a rev ista Catolicismo. Desde que me foi passado o folheto de Nossa Senhora, recebo graças. Tive muitas quedas, procurando Jesus em outros lugares, ou seja, nos lugares errados, mas me reergui e estou sa lva, perseverando sempre e todos os dias na fé e no amor ele Deus. Quero que publique, entre tantas graças que recebi , esta que passo a narrar*. (E.N.F.B. - BA)

*

Sendo li mitado o espaço de que dispomos para as cartas receb idas, ped imos escusas à est im ada mi ssiv ista por transc reve r apenas um res um o ela mencionada narração: Ela relata que seu filho, após um acidente, desmaiou e ficou internado num hosp ita l durante três dias. Nessa ocasião, ela v iu no pescoço cio fi lho a medalha de Nossa Senhora das Graças, presa por uma co rrenti nh a. Foi dec idido então rezar-se a novena ela M edalha Milagrosa, tendo o filho, a part ir dessa prát ica, se recuperado rapidam ente. Correspondência (cartas , fax ou emails) para as seções Escrevem os Leitores e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que fi guram na p 4 desta edição.

Juan Antonio Montes Presidente de Acción Familia, expõe a obra contra-revolucionária no Chile A continuidade de uma luta gloriosa

J

uan Antonio Montes dirigiu durante mais de uma década ( 1985- 1997) a Sociedad Chilena de

Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad - TFP, período no qual essa valorosa entidade lançou publicações e prom ove u campanhas da maior transcendência para esse país, denunciando as tramas esquerdistas tanto no campo

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-'íÍlíilll

religioso como no temporal. Tramas mediante as quais se tentava levar o Chile, mais uma vez, rumo ao abismo socialo-comunista e ao caos. Assim, a entidade colaborava para inibir os que impeliam a nação andina nessa direção, e dava ânimo a todos quantos queriam evitar para ela tal destino trágico. Porém, dois anos depois do falecimento do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - inspirador de tantas e tão fulgurantes lutas contra-revolucionárias em muitos países, sempre em defesa da Civilização Cristã - , eclodiu no conjunto das TFPs a dissidência que nossos leitores já conhecem (ver " TFP põe os pingos nos is ", Catolicismo nº 575, novembro/1998), a qual arrastou a outrora gloriosa TFP chilena por rumos muito diversos dos que seguira honrosamente durante mais de 30 anos. Nessa ocasi ão, como Juan Antonio Montes era um empecilho para

lenos discerniram logo o que havia acontecido e passaram a apoiá-la. Chi -

- -- · ,o1.., ,mndacoJ.00zu

• : • Sr. Juan A. Montes: : • ''Atualmente : o Chile está • sofrendo : _ do mesmo • • modo que muitas : outras nações

• :

• :

• : • :

lenos estes que con sideram os autênti cos seguidores do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira como verdadeiros paradigmas da fidelidade à Civilização Cristã. Continuamos chilenos a ver, em mãos dos membros de Acción Familia, o glorioso estandarte que os dissidentes deixaram cair por terra.

• Catolicismo - Por que foi escolhido para sua associação o título de Acción Familia? Sr. Juan A. Montes - A razão é simples. Atuai mente o Chile está sofrendo - do mesmo modo que muitas outras nações de nosso Continente - uma verdadeira revolução de caráter fundamentalmente cultural. Tal revolução pretende subverter todos os modos de viver e • • pensar denossoscompatriotas. Ora, comotais • fundamentalmente • modos se formam nos lares, ao calor das tradi-

: • • de nosso • : Continente : • _ uma verdadeira • • • revolução • : de caráter :

tal desvio, os promotores deste força- :

.

cultural"

:

ções familiares, para conseguir esse fim reva-

ram seu afastamento daquela entidade. •

• lucionário os anticatólicos procuram de início

Juan Antonio Montes iniciou as ati - :

: destruir, ou pe]o menos deteriorar, a família. • Se ela tem solidez, a Revolução Cultural não

vidades de Acción Familia -

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da TFP brasileira - , que prolonga a epopéia quase legendária de mais de três décadas da TFP chilena, em sua benemérita luta ideológica contra-revolucionária. Os dois últimos anos foram frutíferos nesse sentido. Mediante combates árduos e certeiros da nova associação - sempre legais, pacíficos e de caráter ideológico - muitos chi-

co-irmã •

CATOLICISMO

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logrará modificar fac ilmente as menta lidades . É por isso que o primeiro objetivo da Revolução Cultural consiste em acabar com a famíli a cristã. Acción Familia opõe-se categoricarnente a esses propósitos revolucionários.

: • : • :

"O aborto,

o 'casamento'

Catolicismo - O Chile, ao que parece, é um :

homossexual

dos poucos países do mundo que tem a felicidade de não contar com o divórcio em sua legislação. Houve já tentativas para implantá-lo?

• • •• :

Sr. Juan A. Montes - Efetivamente, o Chile tem a honra de ser um dos poucos países onde não exist~ a dissolução legal do vínculo conjugal, pois a sociedade chilena reconheceu sempre a necessidade de fortalecer as uniões matrirnoniais. Entretanto, há tentativas de aprovar um projeto de lei apresentado por dois deputados democrata-cristãos, o qual atualmente encontra-se em apreciação no Senado. Tal projeto já foi infelizmente aprovado pela Câmara de Deputados, com os votos de muitos parlamentares cató(jcos que não levam a sério a doutrina da Santa Igreja. Se aprovado no Senado, o Chile terá a vergonha de se incluir na extensa lista negra das nações que deixaram os princípios sagrados da moral católica, com todas as suas tTágicas seqüelas.

• 'de gênero' : • pela Revolução : Cultural no Chile. • Esses supostos : direitos são • : defendidos por • um lobby : internacional • : a partir da • ONU, em todos • •• os países" :

• •

fazem parte das exigências denominadas

: • : • : • : • : • : •

• •• : • : • : • : • : • :

Sr. Juan A. Montes - O aborto, o "casamento" homossex ual fazem parte das exigênci as denominadas "de gênero" pela Revolução Cultura.l no Chile, enquadrando-se no que chamam "direitos sexuais e reprodutivos", promovidos pela Revolução em todo o mundo. Esses supostos direitos são defendidos por um lobby internaciona l a partir da ONU, em todos os países. O Chile não está isento dessa pressão internacional. A propósito, convém esclarecer que parlamentares sociali stas apresentaram um projeto de lei denominado justamente "direitos sexuais e reprodutivos " , o qual, na prática, implica a impl antação do amor livre e do aborto. As possibilidades de que tal projeto seja aprovado são muito re motas, pois a esmagadora maioria da população rejeita tanto o aborto quanto as uniões homossexuais. Entretanto, passos menos graves vão sendo dados nessa direção. O que torna necessário manter a vigilância, pois a Revolução Cultural, à qual me referi, tenta amortecer as reações pró-família no interior das consciências, para dessa forma obter a aprovação de condutas que a Igreja Católica sempre qualificou de imorais.

• : Catolicismo - Em 1967, Catolicismo publi• cou na íntegra e em primeira mão o livro

Catolicismo - Como ocorre no Brasil, os Srs. •

: Frei, o Kerensky chileno, de autoria de nos-

também têm enfrentado problemas como a • ameaça da legalização do aborto, do cha- : mado "casamento" homossexual etc.? •

• : • : • :

so saudoso colaborador Fábio Vidigal Xavier da Silveira. Foi uma obra profética, pois, decorridos apenas três anos da publicação, os acontecimentos no Chile confirmaram o acerto de sua previsão. Qual foi a repercussão desse livro em seu país?

• : • : • : • : • : • : • : • : • : • : •

Sr. Juan A. Montes - A publicação do liv ro Frei, o Kerensky chileno foi uma ponderável contribuição histórica de Catolicismo à causa anticomunista no Chile, tendo alcançado uma importância e urna repercussão que perduram até os dias de hoje. Precisamente o Dr. Fáb io previu nesse li vro - com três anos de antecedência - a queda do Chile no abismo comuni ta. A obra foi pro ibida pelo então Preside nte Fre i, porque este não podia refutá-la. En lr tanto, passados mais de 30 anos desses a ontccime ntos, ainda repercute a fundo no panora ma nacional aq uela denúncia profética. No mês de novembro passado, foi publicada urn a biografia de Frei, escrita por um a co mis ão de hi stori adores a pedido da Fundação Frei, ou seja, um livro e ncomendado com o expresso fim de elog iá-lo . Porém, um dos autores da biografia declarou ao jornal "El Mercurio", por ocas ião do lançamento do li vro, que, desde o momento e m que Allende

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fo i eleito Presidente, em setembro de 1970, Frei não conseguiu se libertar da idéia de que passaria para a História corno "o Keren.sky chilena " , como de fato aconteceu. Isto causoulhe um trauma que precipitou a depressão nervosa da qual - segu ndo o escritor - não se recuperou até sua morte. Entretanto, ao que se sa iba, não se retratou de seus erros...

Catolicismo -

: • : • : • : •

• •

Como o Prof. Plinio Corrêa • de Oliveira é considerado nos meios cató- • • licos chilenos? •

Sr. Juan A. Montes - O Prof. Plini o sempre foi muito conhecido e admirado nos meios católicos de nosso país . Lembro que e m 1967, quando a Universidade Católica de Santiago convidou D. Helder Câmara para proferir várias conferências sobre a Igreja e o futuro da América Latina - num sentido esquerdi sta que é fácil imaginar - , houve urna polêmica pelo fato de a Universidade não ter co nvidado também o Prof. Plínio, já célebre em todo o Ocidente pela segurança com que defendia a doutrina católica. Muitos discerniram nessa atitude urna clara intenção da esquerda ec lesiástica, que dirigia a Universidade, de irnpedir que a voz destemida e e loqüente do Prof. Plinio fosse ouvida pelos estudantes católicos ch ilenos , muitos dos quais estavam sendo absorvidos pela esq uerda. Apesar desta e de muitas outras campanhas de silêncio, os li vros e artigos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ati ngiram o grande público através da rev ista "Fiducia" e foram difundidos pela TFP chilena por todo o país. Tal difusão permitiu que seu pensamento e ação fossem considerados co rno um farol orientador para os católicos e antico muni stas chilenos. Até seus detratores tiveram que reconhecer nele um verdadeiro cruzado do século XX.

: • : • : • : • : • : • : • : "Apesar de • campanhas de : • silêncio, os livros : e artigos do • : Prof. Plinio Corrêa de Oliveira • : atingiram o • grande público : • através da revista : 'Fiducia' e foram •

difundidos pela

Catolicismo - É sabido que o socialismo e •

TFP chilena em

o comunismo, para além das reformas socíaís, o que sobretudo visam é a reforma do homem, o qual desejam ver mudado de tal maneira no modo de ser, pensar e atuar, que não reflita nada de Deus. Como está se desenvolvendo essa Revolução Cultural no Chile atual?

: • : • : • •

Sr. Juan A. Montes - Atualmente o Chile está sendo governado por um presidente ocialista, Ricardo Lagos, apoiado por um conjunto de partidos de esquerda, que em ua quase totalidade foram os que apoiaramAllende. Para não repetir o insucesso sócio-econômico do governo marxista, eles estão desenvolvendo

• : • : • : •

todo o país"

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urna economia de livre mercado; e ao mesmo tempo promovem uma profunda transformação cultural no plano dos costumes. Esta transformação - que abarca todos os aspectos da vida - tende a destruir os restos de princípios cató licos e conservadores e1n 1natéria de fa rníli a, que ainda ex istem na opi nião pública chilena. Os revolucionários sabem que, destruída a famíl ia, as desigualdades sociais, mesmo as mais legítimas, tornar-se-ão efêmeras. O Govemo, através do Fondo de Arte (Fondart) e de outras instituições públicas, tem promovido a ed ição de livros de homossexuais, além de premiar e incentivar expos ições artísticas e de teatro claramente obscenas, licenc iosas e anticatólicas. Assim, há liberdade para tudo, e cada vez menos para a verdadeira prática da virtude. Essa promoção da imoralidade está sendo feita sob o pretexto de "valorizar a diversidade", slogan com o qual se pretende conceder direito de cidadania a todas as perversões morais .

• • • Catolicismo - Tolerância e não-discrimina•• ção constituem palavras-talismãs do ope• rar da Revolução Cultural em nossos dias . Foram elas porventura utilizadas também • no Chile? Em caso afirmativo, que ativida•• des desenvolveu Acción Familia para se • lhes opor?

••

: • : •

Sr. Juan A. Montes Sua pergunta indica bem até que ponto a Revolução é una e universal. Pois essas mesmas palavras-talismãs são as que a esquerda utili za no Chile. Deve-se to-

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: milia pro moveu vá ri as campa nhas contra ta l • projeto e organi zou um lobby com pa rl amen: • : • : • •

• •

lerar tudo, e por tolerância a esquerda e nte nde precisame nte a valori zação de todas as "diversidades". Isto é, não se trata de suportar um mal me nor para evitar um mal maior, como e nsina Santo Tomás de Aquino, mas de aceitar quaisquer condutas, por mais contrári as que sej am ao bom senso, ao decoro e às normas da convivê ncia cristã . Qualquer aberração mora l é considerada como um enriquecimento. Assim , segundo essa nova idéia, deve m-se valori zar as condutas homossexua is, o lesbi ani smo, a droga etc. , com o único li111ite de não violar os direitos humanos, conceito ali ás muito vago e i1npreciso, que não coíbe a manifes tação das piores condutas . No Chile j á se aprese ntaram vários projetos de lei para garantir a tole rância e a nãodi scriminação no trabalho, no colégio, na família etc . Cada um desses proj etos representa um incentivo ao vício e uma fo rte a1neaça à virtude. P or exe mplo, a não-di scriminação nos colég ios pro íbe qualquer professor de repreender um aluno por sua aparênc ia externa, baixo re ndime nto nos estudos e manifes tações indecorosas de afeto para com outros . Por esse projeto de lei, todos os professores poderão ser acusados de discriminadores pelos alunos que btcnham notas bai xas ou sejrun punidos por fa ltas à di ciplina. Foi por isso mesmo justamente qua lifi ado, por um deputado da oposição, 1110 a lei do "é proibido proibir". Acci6n Fa-

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tares cató li cos, para alertá- los sobre o pe ri go que iniciativas dessas consti tuem para o futuro cristão da nação. Muitos desses parlamentares estavam a ponto de lhes conceder apo io. Tais campanhas contribuíra m para evitar a aprovação de vários desses projetos e desvendar a ação sorrateira dos socia li stas .

: Catolicismo - A imprensa brasileira publi• ca com freqüência notícias sobre o Chile, : no sentido da existência de uma polariza• ção da luta esquerda x direita, sobretudo : em vista dos processos movidos contra o • General Pinochet e das últimas eleições : presidenciais. Como o Sr. vê in loco a situ• ação? : Sr. Juan A. Montes - Na realidade, ex iste no • Chile uma polarização ideológica que co me: çou há mais de trinta a nos, a partir do governo • democrata-cri stão de Frei e de seu processo de : Reforma Agrári a soc iali sta e contiscatóri a. A • esquerda chile na radicalizou-se como e m pou: cos países da A mé rica Latina e elegeu o pri • me iro governo marxista, graças ao a poio da : Democracia Cristã e de setores ecl esiás ticos. • O governo de Alle nde e da Unidade Popul ar "Acción Familia : levou ao parox ismo a luta de classes, o confispromoveu várias • coe a pre potê ncia estatal. Sem dúvida, tal apoio : de setores ecles iás ticos permitiu que essa precampanhas • gação do ódio de pobres contra ricos se mantecontra o projeto : nha viva até hoje e m ativas minori as ju ve nis. A • esquerda agravou tais ressentimentos por oca[que promove : sião do julgamento do General Pinochet. Ela a Revolução • tenta reescreve r a hi stóri a do C hile nestas últi Cultural] e : mas décadas, absolve ndo os terroristas de to• dos seus crimes e deixa ndo as Forças Arm adas organizou um : e po li cia is como únicas c ul padas das vio lalobby com • ções aos d ireitos humanos . Convém acentuar parlamentares : que a partic ipação destas nos referidos aconte• cimentos - eventuais abu sos postos à parte católicos, para : co nstituiu mera reação, ali ás urgente, para salalertá-los sobre • varo país. Seri a co mo que rer c ulpar o bomo perigo que : beiro pelos danos causados pela ág ua que apainiciativas dessas • go u o incênd io e esquecer os qu e o pro voca: ra m in te nc iona lme nte. E ntreta nto, é grande o constituem • número dos chil e nos que não se dei xam arpara o futuro : rastar por tal pro paganda. E isto a tal ponto cristão da nação" • que, nas últim as e leições pres ide nc iais, a a i i: ança e ntre a esque rda e os de mocrata-cristãos • quase foi derrotada pe lo cand idato do centro: direita, Joaqu ín Lavin . Este, pouco depo is, • apresento u-se às ele içõe para a Prefeitura de : Santi ago e ve nceu co m 60% dos votos, fa to ♦ • inte ira me nte inéd ito.

A devoção ao Imaculado Coração de Maria Parte essencial da Mensagem de Fátima '"[Jesus] quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono '. . . . . [Nossa Senhora então] abriu as mãos e nos comunicou [aos videntes] pela segunda vez o reflexo dessa luz imensa. . ... A frente da palma da mão direita de Nossa Senhora estava um Coração cercado de espinhos que pareciam estar nele cravados. [Os videntes compreenderam] que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação " (Segunda aparição de Nossa Senhora de Fátima na Cova da Iria, 1 3 de junho de 191 7, apud Antonio Augusto Borelli M achado, As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia, Edit ora Vera Cruz Ltda., São Paulo , 26 ª ed., 1989, pp. 4 0 -41 ).

Leia na página 40: ♦ Mais imagens peregrinas atraem graças ♦

Expande-se o programa radiofônico "A Voz de Fátima"

♦ U m CD maravilhoso:

"Os mais belos textos so• bre a Santíssima Virgem"

••

"Chama a atenção aí o que Nossa Senhora di z da devoção ao Imaculado Coração dEla. Ela promete formalmente o Céu a quem praticar essa devoção. É categórico: a quem abraçar a devoção a seu Imaculado Coração, Ela promete a salvação. "Essa promessa é feita à Lúcia, à Jacinta, ao Francisço e também à Humanidade inteira, é feita para nós. A promessa aplica-se àque les que, ao longo dos anos, tom asse m conhecimento dela. Onde quer que essa promessa ecoe pela Terra, ela está feita. Por exemplo, neste momento, mais uma vez, a todos os que aqui estão. "Mas então corramos, vamos desde logo dizer que nós aceitamos. É Nossa Senhora quem promete. [É como se Ela nos dissesse:] "Quanto mais Eu vos quererei, se fordes sequiosos em aprov~jtar esta promessa do meu Imaculado Coração. Vinde !" . .... "Nossa Senhora parece que se empenha em multipliçar os meios de nos atrair para o Céu. Mas há uma coisa qualquer, maldita, no homem contemporâneo, pela qual, diante das promessas mais magníficas, ele se interessa menos do que pelas condições de uma apólice de seguro saúde. "Agora, vejam que linda comparação de Nossa Senhora: as almas que fi zerem isto [abraçarem a devoção ao Imaculado Coração de Maria], Ela . as colocará no Céu, num trono junto a Deus, como uma Senhora coloca flores no altar junto ao próprio Santíssimo Sacramento. "É um a beleza imaginar a nossa alma colocada como uma flor junto a Deus no Céu! Haverá uma coisa comparável a essa? Mas as pessoas ouvem falar di sso e passam .. ." (Plínio Corrêa de Oliveira, exposiçã o feita em auditório da TFP, em 5-6-94) .

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Órgãos humanos para rituais satânicos Escreve uma aderente de nossa Campanha Dada a seriedade do tema abordado pela missivista, cremos que todos nossos leitores gostarão de conhecer a carta abaixo. Para facilitar a leitura, acrescentamos dois subtítulos. Aqueles que desejarem pronunciar-se sobre o assunto, podem escrever-nos.

"Sim, eu tenho a Graça de pertencer à Campanha Vinde, Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!. Uma das maiores alegrias que tenho, é receber as publica ções e CDs dessa santa campanha, para a qual não só colaboro mensalmente, mas faço questão de, a cada recebimento, enviar alguma quantia . Como explico a todos, é o dinheiro mais · bem dado' que eu dou, pois é para uma evangeliza ção que visa à salvação das almas e, por acréscimo, a um mundo melhor ....

Castidade - "O que mais me angustia atualmente é ver os padres, freiras e leigos se comportando exatamente igual aos não-convertidos . Não estou julgando nem condenando as pessoas; estou preocupada com os efeitos dessa · evangelização'. Por exemplo: castidade?! ... Os padres da minha cidade não a praticam; portanto, não a pregam!!! Até omi tem o sexto mandamento nas confissões comunitárias!!! Os poucos que são castos, também evitam falar no assunto, para · não colocar o dedo na ferida' dos confrades. Assim , os católicos daqui se sentem à-vontade para fazer o que querem, até argumentando: 'Ora, se os pa dres fazem isso, por que é que eu não posso?! .. .' . "A situação nesta cidade está muito ruim. Tenho procurado falar com os pa dres, mas a reação deles é péssima. Estou 'mal-vista'! "Tenho enviado e-mails e cartas à CNBB e a outros órgãos católicos, e, geralmente, a reação tamb ém não é · boa ... "Repito: não estou julgando nem condenando as pessoas . Estou revoltada com os efeitos dessa 'evangelizaçã o', na salvação das almas e na construção de um mundo melhor. Do pecado de omissão, não serei acusada; prefiro continuar no meu objetivo de praticar a Doutrina, a fim de poder pregá -la, e ser perseguida injustamente .

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Mensagem à CNBB e resposta recebida - "Transcrevo a seguir um dos e-mails que enviei, e a resposta do Padre responsável pela Pastoral no novo milênio da CNBB. Meu e-mail : '.... estou permanentemente evangelizando, através de palestras que faço .. .. e através de textos e e-mails que endereço a grupos ou pessoas. Estes textos e e-mails têm por objetivo lembrar que o único objetivo do Cristianismo é a salvação de almas. Tudo o mais vem por acréscimo. E ser católico é ser convertido, agir coerentemente com a Doutrina e Moral Cristãs, ou seja, praticar a caridade com castidade. Isto significa: desde trabalhar com responsabilidade e honestidade, até vestir-se decentemente (principalmente para ir à igreja e comungar). Desde 'ensinar o próximo a pescar', até desprezar programas de televisão, músicas, danças, revistas que in centivam o sexo fora do Plano de Deus para a Sexualidade Humana. Desde con formar-se com a Vontade de DEUS até orientar as pessoas solteiras, separadas, viúvas e homossexuais, a abdicarem de vida sexual; orientar as pessoas casadas a serem fiéis e praticarem o sexo como DEUS o criou, desprezando as práticas sexuais inventadas pelos seres humanos, e contrárias à função natural dos órgãos. Claro que, para tudo isso, eu preciso dar o bom exemplo. Eu e todo evangelizador... 'Preocupa-me o fato de que : com um número elevadíssimo de católicas Associações, Comunidades, Grupos, Pastorais, etc. , etc., o Brasil permaneça com um índice elevadíssimo de corrupção, violência, impunidade, mães solteiras, DST, aids, abortos, homossexualidade, bissexualidade, aderentes

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a todo tipo de sexo, compradores de revistas como Playboy, métodos anticoncepcionais não-naturais, compradores de roupas imorais, . . . . idolatria a artistas que ferem a Moral Cristã, etc. , etc., etc ... ' Vocês não acham que há alguma coisa errada na evangelização até agora praticada?!... (A.L.O .)'.

"A resposta do padre da CNBB, responsável pela evangelização no novo milênio: 'Prezada Sra. 'Paz e bem! A senhora sabe o quanto está difícil a vida da gente que usa o computador para trabalho e recebe inúmeros recados eletrônicos, sem condições de responder a todos. Peço a Deus que a abençoe, mas por favor, queira tirar-me de sua lista '.

"Sei que ' peguei pesado', mas a san tidade não pode ser 'morna' . O padre devia era saber como se comporta o brasileiro quando sai da igreja, após co mungar . .... No lazer, vale tudo: desde comprar, ouvir e dançar 'agachadinho', até beber muito; adorar as novelas; assinar revistas como Playboy; trair o côn juge; aderir aos planos para a sexuali dade de Marta Suplicy, Babi, Serginho Groisman, etc., e das revistas Cláudia, Desfile, Nova, Elle, Marie-Claire, etc.; vestir-se de modo amoral; ser favorável ao aborto; e assim por diante ... Isto, e muito mais, é o que os meus amigos católicos praticam, .. .. Ser cristão é outra coisa! "Dói ver as pessoas afastadas de Deus, achando que estão ... perto Dele!"

a cidade de Altamira (PA), foi preso o médico An ísio Ferreira de Sousa, ac usado de participação no assassinato de ] 3 crianças, e integrante de uma quadrilha especiali zada em assassinato de menores para tráfico de órgãos. Após violentar e assassinar crianças , ele utilizari a os órgãos genitais delas em rituais satâ nicos. Sousa é membro da seita Lineame nto Universal Superior (LUS), chefiada pela médium paraense VaJenti na A ndrade.

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Imagem de Anjo conspurcada em propaganda ma estranha campanh a publicitária para disseminação de preservativos foi lançada no carnaval. Numa das peças publicitárias aparecem dois preservativos, um com imagem de um diabinho, o outro com a de um anj inho, seguidos da recomendação: Não importa de que lado você esteja, use preservativo". A campanha, divulgada e m rád ios, jornais e emi ssoras de televisão, visa prevenir a AIDS ("O Globo", 3 1-1-01). Uma campanha séria para prevenir a AIDS levaria a pregar a castidade, e não a usar preservativos, que são contrários à moral católica. Porém, ademais, por que associar ao preservativo a figura de um anjo, símbolo da pureza de alma? É uma blasfêmia. A figura do demônio, pelo contrário, está bem associada!

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(A .L.O.)

Em Cuba, só o comunismo leva vantagem

Participe da Aliança de Fátima Participe você t ambém da " Aliança de Fátima". Nossa Senhora saberá recompensar quem ajuda a difundir sua Mensagem . Escrev a, telefone ou envie seu e-mail para a Campanha "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!" e peça mais informações para ser um Membro da A liança de Fátima ou participe como Benfeitor de "A Voz de Fá tima" .

Plantão de Atendimento da Campanha: Tel. : (O ** 11) 3955 -0660 . Internet: www.fatima .org.br Endereço para correspondência: Ru a M art im Franc isco, 665. CEP 01226-001 São Paulo (SP)

lo e meio de arroz e fe ij ão, medida similar para o aç úcar, um pouco mais ele um litro de óleo e alg uma outra co isinha) não cobre ma is do que o suficiente para uns poucos di as. A quantidade ele pessoas que se aprox imam dos turistas para oferecer charutos roubados, e de mulheres públi cas, indica que algo anda trágico na ilha ("Pul so Latino-americano", fev./01).

rês anos após a visita de João Pau lo II a Cuba (21-25/1/98), o porta-voz da Arquidiocese de Havana, Orlando M árquez, reconhece que o governo cubano não deu atenção às petições do Papa. A Igreja continua marginali zada e m C uba (Zenit, 26- 1-0 1). O Vigário Geral da Arquidiocese de Havana, Mons. Carlos M anue l de Céspedes, foi visitar dois c idadãos tchecos numa das prisões de C uba, a pedido cio Arcebispo de Praga, Cardea l Mil os lavV lk. Ambos fora m

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Fiéis repudiam declarações de padre-cantor padre-cantor Marco Lázaro, um dos principais representantes do movimento católico carismático da Bahia, ini ciou 2001 defendendo indiretamente o uso do preservativo, o pl anej amento familiar e o fim do celibato para os padres, práticas condenadas pela Igreja. E le se autodefi ne como "carismático-boffista" (referência ao ex-padre Leonardo Boff, que abandonou a Igreja). Afümou que, entre os cató li cos, "vêm surg indo líderes como Marcelo Rossi e o padre Zeca, por exemplo". As declarações do Pe. Lázaro causaram escânda lo entre os fiéi da igreja Nossa Senhora da Vitória, onde e le ajuda na celebração das Missas. O pároco loca l, Mons. Gaspar Sadock, se di sse impelido a dar uma resposta ao Pe. Lázaro, por conta dos fiéis que entraram e m contato co m ele, repudia ndo as decl arações do padre-cantor ("Correio da Bahia", 2 e 3- 1-0 1).

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detidos, sob a ac usação de "ajudar os contra- revolucionários" e manter "contatos subversivos" (AC/, 26- 1-0 1). Devido à pressão, foram libertados. Cente nas de professores, que ganham entre 15 e 30 dólares por mês, vêm abandonando as escolas para trabalhar como carregadores ele mala, recepcionistas, garçons ou motoristas de táxi no cresce nte setor de turi smo. Médicos , engenhe iros e cientistas estão fazendo o mesmo. E les podem ganhar em g0tjetas, num dia, o que recebiam durante um mês de trabalho. Houve uma deserção maciça ele professo res nos úl timos anos ("Folha de S. Paulo", 28- l-0 l). Os salári os do cubano médio são de 15 dólares ao mês, e a cade rneta de racionamento por família (1 fra ngo, J qui -

Numa via comercial de Havana, um velho carro americano (à frente) é usado como taxi. Em Cuba, ~ircu_lam pra~icamente só automóveis desse gênero. E professores, médicos, engenheiros e cientistas estao abandonando suas profissões para se tornarem motoristas de taxi...

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VIDAS DE SANTOS

A Voz de Fátima'' em expansão

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Contamos com seu apoio

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raças a Nossa Se nhora, vai crescendo a difusão do Programa Radiofônico "A Voz de Fátima". As repercussões junto aos ouvintes e às rádios têm sido m'uito animadoras. São numerosas as comunicações que te mo's rece bido, de apoio a essa iniciativa tão própri a a divulgar a Me nsagem trazida ao mundo na Cova da Iria. Em feve re iro foram la nçados os programas 13 e 14 de "A Voz de Fátima", e para este mês de ma rço j á estão sa indo os de nºs 15 e 16. Já passamos de programas mensai s para

quinzenais. A meta pró xima é que passe m de quin zenais para sema nais. C o nta mos para isso co m o a po io de todos os parti c ipa ntes da Campanha " Vind e N ossa Se nh o ra de Fátima, não ta rde is !" . Pa ra a po iar a difu são do prog ra ma radi ofôni co "A Voz de Fátim a", pode m in scre ve r-se co mo be nfeito res do mes mo. Basta so li c ita r as fi c has de in scri ção ao pl a ntão de ate ndime nto d a ca mpa nh a, através do te lefon e ( l 1) 3955 -0660.

Santa Francisca Romana: Santidade em todos os estados de vida

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Mais cinco imagens peregrinando. Ela já chegou a seu lar?

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randes graças vêm sendo alcançadas por todos os participantes de nossa Campanha que recebem em suas residências as imagens peregrinas de Nossa Senhora de Fátima. Em face disso, estamos ampliando a Peregrinação Privada aos Lares. Cinco novas imagens se acrescentaram à peregrinação no último mês, sendo que duas delas já haviam percorrido anteriormente inúmeras cidades dos países da ex-Cortina de Ferro, e nos foram agora enviadas pela TFP francesa para peregrinar no Brasil.

••os mais belos textos sobre a Santíssima Virgem'' Um CD à sua disposição

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o mês de fevereiro, co m a prote- . procura esconder a Virgem Maria ou negar seu papel de in.tercessora unição de Nossa Se nhora, pude mos versal do gênero humano." E acrescenlançar um CD espec ial co m "Os ta: " Os textos fo ram escolhidos em mais be los textos sobre a Santíss ima meio a uma abundante literatura de Virgem Maria". santos e de pensadores católicos, como A devoção a Nossa Senhora é mais o Prof Plinio Corrêa de Oliveira, e necessária do que nunca. Segundo o coconstitui um riquíssimo conj unto de orde nado r da Campanha, Sr. M arcos meditações, que muito auxiliará a rezar Luiz Garcia, "Nossa Senhora é nos dias de hoj e a grande sabotada, o que indi- e a aumentar a devoção à Mãe de Deus." Todos os be nfe itores do programa ca uma certa influência protestante que

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radiofô ni co A Voz de Fátim a recebe ram este CD de presente, por seu apo io generoso e con ta nte em favor da difusão da Me nsagem de Fátima no Brasil através da ondas de rádio .

Esta santa foi exemplo de donzela católica, esposa, mãe, viúva, religiosa, e um prodígio de graça e santidade. Ainda em vida teve desvendados mistérios de além-túmulo, sendo favorecida por visões do Inferno, Purgatório e Céu, bem como pela presença visível de seu Anjo da Guarda. Recebeu também a proteção de um Arcanjo, e depois de uma Potestade. P U NJO MAR IA

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ra nc i~ca, nascida em 1384 de u~a aJta__fa míli,a _do patriciado romano, recebe u a forma.çao catoltca da mãe, mas fo i diri gida nas vi as da santidade pelo Divino Espírito Santo . De pureza virg inal, não pensava senão em consagrar-se inteiramente a Deus. Aos J 2 anos fez voto de ser re li giosa. Mas não era esse o des ígni o de De us, pe lo menos naque le mo me nto. E assim , aco nselhada pe lo diretor espiritua l, teve que aceitar o matrimônio proposto por seu pai com o j ovem Lourenço Ponzia ni , també m de a lta estirpe e boa di sposição para a virtude. Apesar de sua pouca idade, a jovem esposa empenhou-se em estudar o gênio do marido, para com e le viver em perfeita harmonia conjugal. E o fez tão bem que, durante os 40 anos que durou seu casamento, jamais houve o menor desentendimento e ntre esposo e esposa . Casando-se, Franc isca fo i morar no pa lácio do marido. Lá e ncontro u um tesouro na pessoa de sua cunhada Vanossa, predi sposta a secundá- la e m tudo, na linha da virtude e do bem. As duas passaram a vi sitar os pobres, ass istir os doentes e praticar toda es péc ie ele obras ele misericórdi a. Para tal, os res pectivos maridos, reconhecendo os mé ritos e a lta virtude elas esposas, davamlhes inteira liberd ade de ação. Ass im , um di a Roma estupefata viu Francisca, a gra nde dama da ari stocracia, arrastando pelas ruas principais da c idade um as no carregado ele lenha, e ainda com um fe ixe sobre a cabeça, que ia di stribuindo aos pobres . També m fo i vista às portas das igrej as junto aos pobres, mendigando com eles para socorrer os que estava m imposs ibilitados de fazê-lo. Num ano de muita carestia, Franc isca. e Vanossa fora m de porta em porta pe-dir es mo las para os pobres . Muitos se escandalizavam em ver duas matro nas da a ri stocrac ia praticando tão modesta tarefa. O utros, pelo contrá ri o, edifi cavam-se co m tanta humildade e juntavam-se a elas. E la co nverte u várias mulheres perdidas; porém, a algumas que não quiseram faze r penitência e e mendarse, e mpenhou-se para que fosse m ex pul sas de Ro ma ou

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de asi los a que se tinham retirado, para que não pervertessem outras.

canjo. Era também muito maior seu poder contra os demô nios, pois com um só olhar os afugentava3 •

Formando os filhos para o Céu

Vítimas de violentos ataques

Sabendo que os filhos são dados para preencher os tronos tornados vazios no Céu pela queda dos demôni os, Francisca os pediu a Deus. E teve três . Ao primeiro deu como patrono São João Batista, ao segundo São João Evangeli sta, e à terceira, uma menina, Santa Inês . C uidando e la mesma de sua educação, preparou-os antes para a vida que não te m fim. Assim João Evangeli sta: que viveu apenas nove anos, progrediu tanto na virtude, que chegou a ter o dom da profecia. No mome nto ela morte, viu São João e Santo Onofre que vi nham buscá-lo. Tempos depois ele morrer, apareceu à mãe todo resplandecente de g lória, aco mpanhado por um jovem ain da mai s brilhante, di zendo- lhe que, da parte de Deus, viria logo buscar sua irmãzinha Inês, então co m cinco anos. E que Deus dava à mãe, para ajudá-la nas vici ssitudes ela vida, além de seu Anj o da G uarda, um Arcanjo para a proteger e iluminar no caminho da virtude. Francisca passou a ter a presença radiante desse Arcanjo noite e dia, de modo tal que não preci sava da lu z material para seus afazeres, po is a do espírito celeste lhe bastava.

Se é verdade que a santa tinha contínuo comércio com os anjos, não é menos verdade que também o espírito infernal não lhe dava trégua, agredindo-a muitas vezes, até fisicamente. Assim, uma vez estava ela de joelhos junto a uma religiosa doente, quando o demônio a agarrou com fúria e a arrastou pelo quarto até a porta. Outra noite, estando ela em oração, tomou-a pelos cabelos e levou-a a um terraço, deixando-a pendurada sobre a via pública. Encomendou-se Francisca a Deus, e logo viu-se em sua cela. Numa outra ocasião, Santa Francisca acendia uma vela benta. O espírito infernal pegou a vela, atirou-a no solo e cuspiu em cima. A santa lhe perguntou por que

Estado de continência na vida conjugal Como Santa Francisca viveu na tumultuada época e m que Roma estava dividida e m doi s partidos - o dos Or ini , que lutavam em favo r cio Papa, e em cuj o servi ço Lourenço tinha a lto cargo, e o dos Colo nas, que apoi avam Ladislau de Nápol es - , teve muito que sofrer. Seu marido foi grave mente fe rido e m uma das refregas e levado como pri sioneiro, e seu filho como refém; teve também a casa saqueada, sendo despojada de seus bens. Como novo Jó, apenas re petia: "Deus me deu, Deus me tirou, bendito seja Ele". Mais tarde, como o patriarca, teve seus fami liares e ben restituídos. Qu and o Lourenço fo i g rave me nte fe rido, Francisca tratou -o co m todo ;imor e ca rinh o. E a proveito u, qu and o este se res tabe lece u, para persuadi -! a vivere m dali para a fre nte e m pe rfe ita ontinê nc ia . Ele acede u, contanto que e la não o abanei nasse e co nti nu asse dirigindo s ua casa . Fe li z, Franci ca ve nde u s uas jóias e ricos vestidos, de u o dinheir aos pobres e pa ssou a andar com uma gros e ira túnica sobre á. pe ro c ilíc io. Co meço u a tomar um a só refeição por di a, e a ind a assim consi 'lindo ape nas em legumes in sípid os. Aumentou as di sc iplinas e pa sou a dedi ca r mai s te mpo à oração.

À esquerda: um menino ressuscitado pelas preces da Santa. Abaixo: visão da proteção de Nossa Senhora sobre a Congrega• ção - Afrescos do séc. XV do Mosteiro de Tor de'Specchi (Roma)

"Nele não reina nem o horro1; nem a desordem, nem o desespero, nem as trevas eternas [do infe rno]; lá a esperança divina difunde sua luz". E lhe fo i dito que esse lugar de purificação era também chamado de 'pousada de esperança '. E la lá vi u almas que sofriam cruelmente, mas anjos as. f isitavam e assistiam em seus sofrimentos" 4 • Foi levada ao Paraíso celeste, onde compreendeu algo da essência de Deus. A Paixão de Cristo era sua meditação ordi nária, sendo que algumas vezes sentia fisicamente as dores padecidas por Cristo. Era grande devota da Sagrada E ucaristia, sobre a qual fazia longas meditações diante do Sacrário. Na véspera de Natal de 1433, Francisca teve a dita de receber e m seus braços o Divino Menino Jesus.

Falecimento e elogio ímpar de Doutor da Igreja Em 9 de março de 1440, conforme havi a predito, a Santa entregou a alma a Deus. Contava 56 anos de idade, dos quais havia passado doze na casa paterna, quarenta no estado de matrimônio e quatro como religiosa. Roma chorou e exaltou aquela ilustre filha. Milagres começaram a operar-se em seu túmulo. "Quando, em 1606, estava em andamento o pro-

Elaboração da Regra de sua Ordem: orientação de Apóstolos e grandes santos Francisca via o perigo que corriam muitas damas de Roma e ntregues às frivolidades e futilidades de uma sociedade decadente, na qual já se podi am perceber os inícios fun estos do Renascimento. Por isso orava e chorava diante de Deus, pedindo re méd io para isso. Ouviu então uma voz que lhe dizia: "Vai, trabalha, reú-

cesso de canonização de Francisca, o Cardeal São Roberto Belarmino, Doutor da Igreja, juntou ao seu voto f avo rável uma declaração que consistiu num elevado elogio da extraordinária Santa. Afirmou que tendo ela vivido primeiro em virg indade, depois, uma série de anos, em casto matrimônio, tendo suportado os incômodos da viuvez, e tendo seguido finalmente a vida de perfeição no claustro, merecia tanto mais as honras dos altares quanto mais podia ser apresentada como modelo de virtude a todas as idades e todos os estados" 5• ♦

ne-as, infunde teu espírito e o espírito de Bento, opatriarca, espírito de paz, de oração e de trabalho" 1• A serva de De us começou e ntão a reunir viúvas e donzelas dispostas a viver no estado de perfe ição. No princípio formou só uma as ociação de mulheres pi edosas ded icadas ao culto da Mãe de Deus e ao trabalho da pró pria santificação. Mas depois, por inspiração de Deus, surg iram as "Oblatas de São Bento". São Pedro, São Paulo, São Bento e Santa Maria Madalena apareceram-lhe diversas vezes , instruindo-a sobre os pontos da regra. "Ela a levou depois a uma tal perfei-

Notas:

ção, que se pode dizer que nela deixou a idéia mais perj'eila da vida religiosa" 2 • Quando fa leceu seu marido, Franci sca encam inhou o futuro do filho que lhe restava, deixa ndo-lhe toda sua hera nça, e pediu admissão na congregação que fundara. Por obed iênc ia a seu confesso r, aceitou o cargo de superiora. E Deus bendi sse seu sacrifício dando-lhe por companheiro mais um Anjo cio coro das Potestades, cuja glóri a era muito mai s esple ndorosa ainda que a do Ar-

seu Anjo ao Inferno, ao Purgatório e ao Paraíso celeste. Depois de testemu nhar os horrores do Inferno, foi levada ao Purgatório. Sobre este lugar de expiação, diz ela:

1. Fr. Justo Pérez de Urbe!, O.S.B ., Aiio Cristiano, Ediciones Fax,

profanava uma coisa santa. E le respondeu: "Porque as

bênçãos da Igreja me desagradam sobremaneira".

Impressionantes visões do Inferno, Purgatório e Céu anta Francisca foi favorecida com muitas visões sobre a vida do além, tendo sido levada em espírito por

Madrid , 1945, tomo I, p.454 . •2. Les Petits Bollandistes, Vies des Sainrs , d' apres !e Pere Giry, Paris, Bloud et Barrai, Libraires•Éditeurs, 1882, tomo III , p. 3 14. 3. Edelv ives, E/ Santo de Cada Dfa, Ed itorial Luis Vives, S.A ., Saragoza, 1947, tomo II, p. 98. 4. Pe. F. X. Shouppe, S.J ., Purgarory - Explained by 1/ze Lives and Lege11ds of rh e Sai111s, TAN Books and Publishers, lnc., Rockford, Illinois, USA , 1973, p. 11. 5. Pe. José Leite, S.J., Sanros de Cada Dia , Editoria l Apostolado da Oração, Braga.

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A TFP norte-americana na maior manifestação anti-abortista da História! Diogo Waki

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Enviado Especial

Estados Unidos

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Na fato, ao alta: Cópia da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, portada par membros da TFP norte- . americana, participa da carteJo.

As demais fatos da Marcha nesta página e na segvinte atestam, pela presença das estandartes e ~e _faix~s da TFP, quanta é marcante a pa~t,c,pa~aa da entidade na grande evento ant1-abart1sta.

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ximadamente 150 mil paripantes, em sua imensa maioria católicos, fazem da March for Life (Marcha pela Vida) a maior manifestação anti-aborto do mundo. Faixas, cartazes e bandeiras de instituições, portados por um público de jovens, adultos e crianças que passam rezando o Rosário, cantando hinos religiosos e bradando slogans, "entusiasmam qualquer marujo" que, como eu, marinheiro de primeira viagem, participa dessa Marcha. Abrindo o cortejo, a bandeira norte-americana ladeada por 10 enormes estandartes auri-rubros, as capas vermelhas e a fanfarra da TFP conferem um brilho todo especial à Marcha. Partindo do Monumento de Washington, na capital do País, seus participantes percorrem a Avenida da Constituição, em direção ao edifício da Suprema Corte. Depois de um percurso de aproximadamente dois quilômetros, o cortejo atinge o Capitol Hill - o edifício do Congresso. A certa altura da Marcha, a TFP coloca-se na calçada, do lado direito da passeata, para saudar os participantes, com sua fanfarra to-

cando hinos religiosos e patrióticos que encantam a todos. É opinião generalizada que a TFP norte-americana constitui a alma da grande manifestação anti-abortista, à qual confere seu tônus mais característico: o charme grandioso.

"Great Expectations Hope for lhe New Millennium" O qu e espera a.América de seus líderes político, e dos Bispos católicos , neste novo milênio que ora se inicia? Dez nas de milhares do folheto da TFP, Gr ai Expectations - Hop e for the New Miflen.nium (Grandes Expectativas - Es peranças para o Novo Mil ênio) , qu aborda essa questão, foram di stri buídos aos participantes do evento, que o receberam com grande in teresse e muita simpatia.

Con vidados especiais Dr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira, r 'presenta ndo a TFP brasiJei ra, ' Padre Gérard Trauchessec, do Movirn ·nto Droit de Naftre, da França , vivam nte impressionados pela 111a 1 11i1ud • do evento, participaram tb M.i r ·ha.

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Em Curitiba: brado de alerta da TFP

Congresso de Supporters da TFP norte-americana s pessoas no Bras il geralmente consideram os Estados Unidos como a fin a ponta da modernidade revolucionária, o país da tecnologia que substitui o homem, do m ck-and-roll, etc. I sto é apenas uma parcel a da realidade. A par disso, há os Es tados Unidos que são qu ase a antítese da vi são revolucionária acima enunciada. Há um pulul ar crescente de pequenas e simpáticas organi zações que amam as tradições, cultu am o passado, anseiam restaurar valores que de há muito dir-se- iam mortos, como a f amília cri stã, a virgindade etc . Provam-no eventos como a j á referid a March f or L(fe, o suces o da campanha que a TFP empreendeu naquele país contra o filme blasfemo Dogma, e também contra a extradi ção do pequeno E li án para a Cuba comunista.

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E m janeiro deste ano, a TFP bras il eira, na pessoa de seu Diretor Dr. Plini o V. X avier da Silveira, foi convidada pela sua co-irmã norte-americana a participar de um Congresso de seus Supporters (Corrrespondentes). Nos dois di as que durou o evento, fo i poss ível constatar o interesse, a dedicação e o espírito con servador de america nos que, de diversos e longínqu os Estados da Federação, des locaram-se até a Pensilvânia para parti cipar do Congresso. N este, foram apresentados diversos painéis sobre temas de atualidade, anali sados sob o prism a dos princípi os ca tólicos, magistralmente expostos na obra-mestra do Prof. Plini o Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução. Acima: foto dos congressistas, no parque da bela propriedade, coberto de neve.

Acim,1,

,1 tflro1l,1,

fac-simlle 11,1 "Folh,1 do Paran,1'~ :n 1 1001, jornal que p11hflct>11 prestigiosa notlci,1 sobre a campa11h,1. As demais ilustraçoc~ da página constituem cenas da campanha, fotografadas em lot 1i · diversos <la dade.

manifesto da TFP "Ante o caos crescente, apelo da TFP às elites nacionais - Para onde vai o Brasil do Terceiro Milênio? ': lan çado na capital paulista em outu bro último, foi largamente divulga do também no Paraná. Somente na capital deste Estado, em um dia de campanha, 27 sócios e cooperadores da TFP distribuíram 18.000 exemplares do manifesto. Segundo os participantes da campanha, a acolhida ao "Apelo da TFP " foi excelente entre os cu ritibanos. Era comum ouvir deles o pedido: " Voltem sempre, a TFP aqui precisa atuar ainda mais, para esclarecer o público ". Em tal Apelo a TFP alerta: Ou há um despertar moral, e todas as forças vivas e sadias da na ção le vantam -se para combater o crescente caos, ou entraremos no século X X I numa situação ainda mais tumultuada e de conseqüências desastrosas * .

* Catolicismo, em sua edição d~ nov mbro p.p., pub licou a íntegra do rer ri do m nifesto , bem como reportagem sobr cam panha da TFP desenvolvid a n ca pita l paulist a.

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npressão que o castelo de C henonceaux causa, à primeira vista, é de e ntu siasmo! Qual é a razão pela qual ele produz esse sentimento? Imagine mos que fosse um caste lo construído e m terra, e que, em vez de correr um rio debaixo dele, passasse uma estrada poeirenta comum , permitindo o trân sito de carroça , automóveis, etc., etc. Não é verdade que o castelo perderia pelo menos ci nqüenta por cento de seu encanto? Com isso, fica claro o que seu construtor explorou para produzir essa sensação de inebriamento. Foi uma obra baseada no seguinte princípio: todas as coisas que se refletem na água ganham em beleza. Tem-se uma sensação paradisíaca vendo as águas do rio fluíre m tão plácidas, marcadas pelo azul do céu, e o castelo que nelas se reflete reproduzindo a imagem de si mesmo. Vê-se que a maior beleza do castelo consiste na concretização dessa idéia originalíssima de construir uma parte dele sobre uma ponte. E isso de maneira tal, que ele, por assim dizer, parece um eis-

ne em cima da água. Esse é um castelocisne. Ele flutu a sobre a água como se fosse uma fantasia, uma coisa irreal, um onho! *

*

*

Por outro lado, quanta harmonia foi posta, segundo o espírito fran cês, nessa porte ntosa obra de arquitetura. O castelo é constituído por três elementos distintos. O primeiro deles é a ponte com os seus arcos, em cima da qual se construiu a ala mais leve do edifício. O segundo ele mento é o corpo central do castelo. E por último, à esquerda, um torreão - que deve ser o que re tou de uma velha fortaleza medieval - sólido, atarracado, grande, e que produz a sensação de estabilidade, ao último grau. Chama a atenção o contraste entre os arcos da ponte, tão diáfanos e leves, e a base pesada da parte central. Esse misto de firmeza, de estabilidade e delicadeza forma um contraste harmônico de qualidades opostas, que acentua a sedução inerente a essa parte do edifício. São os três elementos sucessivos que dão encanto ao castelo e explicam sua beleza.

Ao fundo , nota-se um jardim csp l'\ 11 dido. Um qu adril átero aprese nt a d ' S • nhos e vegetação lindíssimos, com aqu · la grama esmera ldina da E uropa qu' aqui não se conhece. Tal jardim é arranjado e "p ,,,teodo " de tal maneira, que não o podes ' r mai s. Para compensar o extre mo cio arranja do, há ao seu lado urna arborização " r/1',1' penteada", pu ra me nte s ilves tr , qu e compl eta ple namente o panorama . E m outros termos, tudo o qu par ·n· espontâneo foi estudado com uma su 1 11 cidade extraordinária, para provo -ar· 11111 efeito de conjunto. Mas com tal pcifl'i ção, que a noção de harmonia na s 'l' st· 111 que a maior parte das pessoas ·011 si1•11 explicitá-la. O sumo da harmonia cons istr t· 11t:1 mente em que não se possa pn• ·i:-rni , \ primeira vista, no que la ·onsish·, 1· i gindo muita atenção para a dl'li 11ii Excertos de conter n Prof. Plinio Corrêa d O e cooperadores da T P, 1969. Sem revisão do

lo d

Nota: ver lumbém 111111 riu j~ p11hl k11d11 1•111 ( '11111//1•/1•. mo sobre esse 1·11111 , 1111 cdl~· o 1k• 0111111!1 11 d11 11/H 11,



tos

d~!ff! Nesta edição

Paixão de Cristo, Paixão da Igreja

A palavra do sacerdote

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Os antipapas na História da Igreja - li

A realidade concisan,ente

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ed itações sentimentais, elucubrações adocicadas, considerações apenas em tese sobre a Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, sem qualquer vinculação com a Paixão por que passa a S~nta I greja Cató lica em nossos dias, e sem referência a nossas próprias culpas, sempre foram criti cadas pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. É uma constante em suas ex posições, por ocasião da Quares ma, a ap li ·ação aos dias atuais do a 1 rado I ruma vivido pelo Di vin o 1 ·d ·111 or 116 2000 anos. D · pou ·o nos udiu111u 111 ·di1 nr so 1 r · ·ss • 1 ruma , s •111 d:i rn1 os prov:i s sim: ·rn s d ' nossu d •di ·u ·110, d ·voç:10 · • a111or a nosso Sn lvndor. l i uma !essas prova s não p ·nn,111 ·ccrm os Líbi os ' indif' ·r ·nt ·s aos so frim entos atu ais da anta Igreja (E la é o Co rpo Místico ele Cri sto), que vem sendo vi li pendiacla e esca rn ec ida por seus adversários e até por muitos de seus maus filhos, na época presente. Neste sentido, meditemos a Paixão cio Divino Redentor nes ta Semana Sa nta, com base nas seguintes consi-

clerações escritas por Plínio Corrêa ele Oliveira no " L egiom"írio" ele 6-4-4 1 há exatos 60 anos:

Domingo de Ramos " Um defeito que diminui , freqüentemente, a eficácia elas meditações qu f azemos, consist cm meditar os fa tos ela vicia de Nosso. ·nhor s ' lll qual quer ap licação ao qu • su · ·d ' ·111 1HÍS ou m torno d ' n(>s. /\ ss i111 , ·sp11n1un lS a v •rs11 tilid11d • L' in •rutidno dos jud ·us, j(i qu · ·stL'S, d •poi s d · pro ·la111ur ·111 ·0111 11 11111i s so l •n • r ' · ·pção o r • ·01111 • ·i111 •nto qu ' deviam ao Sa lvndor, pou ·o d •poi s O cru cificaram ·0 111 um ód io que a muitos chega a parecer inexplicáve l. " Entretanto, essa ingratidão e essa versatilidade não ex istiram apenas nos judeus cios tempos ela ex istência terrena ele Nosso Sen hor. Hoje aind a, no coração de quantos fi éis, tem Nosso Senhor que suportar essas alternativas ele adorações e ele vitupérios. E isto não se passa apenas no recesso geral mente inclevassáve l das consc iências. Em quantos países Nosso Senhor tem sido sucess ivamente glorifi cado e ui -

trajado, a cu rtos intervalos ele tempo? " N ão empreguemos nosso tempo exc lu sivamente em nos horrori za rm os dianl' da p ·rf'ídia d o povo d ·i ·i lu. Pnrn 11oss11 s;d vuçt os •r11os (i utilíss imo r · fl · tir111 os •111 nos sa I róp ria p ·rl'í li a. lh os pos to s na bo nd ade ele Deus, poderemos assim co nseguir a emenda ele nossa vicia.

Reparar as atuais ofensas a Nosso Senhor " Nin guém ignora que o pecado é um ultraje fe ito a Deus. Quem peca mortalmente ex pul sa Deus ele seu coração, rompe com Ele as relações fi I iais que Lhe deve como criatura, e repudia a graça. "Ass im, há um a l'risante ana logia entre o g sto dos judeus, matando o Redentor, • nossa situação quando caím os cm p' ·ndo mortal. " ra , qu:111t us • quantas vezes, é cl po is d· t ·nnos •loril'i caclo a Nosso S ·nhor ard ·nt ·11 1' Ili ', por nossos atos ou 11 0 11l l' IH lS (k•poi s de termos tomado ·0111 os liíhi os ar ·s de quem O glori l'i ·11 , que l':ll111os •111 pecado e O cru ·ili l'l llll11s l'III II OSS() coração ! ... . " NosM> Sl' llhor, ind ubitavelmente, l' 11111ito 1ilt mjrnlo ·m nossos dias. Sej11111 w, 11 0s :i l 1 u1nas daque las almas H'p111 11d111i1s q11 ',se não pelo bri lho ele 11rn,s11 i1t11 dl', ao menos pe la sinceri d 1dl· dv 11ossa hu mi ldade - hurnil d111ll' 111h·l i 'L' llle, ra zoável, só lida, e 11,h> il (ll'l>IIS humi ldade de palavróri o \ 111u 11 0 l' (ll'scoço tort o - , reparemos lll' ll'S drn s s;1ntos, junto ao trono de l >1•11 s, t1111tos ultrajes que incessante11ll 1111· l ,'1 1· sao l'citos". 1 1111 ,1

.J, < ,,,,. l , 111

1

Nossa capa: Sorte lançada sobre a Sagrada Túnica (detalhe da Crucifixão de Nosso Senhor) - Giotto (séc. XIV), Capela Scrovegni, Pádua {Itália)

Governo colombiano: rigoroso para com os camponeses, concessivo em relação aos guerrilheiros ... Omissão do Estado favorece o poder dos criminosos A União Colegial de Minas Gerais faz propaganda da subversão

Perseguição religiosa

12 Intensifica-se A perfídia dos algozes de nosso Divino Redentor repete-se nos dias atuais em relação à Santa Igreja

Carta do Diretor

4

Escreven, os leitores

20 Capa

21

Página Mariana

5

Por amor à humanidade, Nossa Senhora desejou sofrer

Leitura espiritual

7

37 -

na atualidade a perseguição aos católicos

Excertos

2

Ecos de Fátin,a

Pesquisas históricas e científicas confirmam a autenticidade da túnica de Nosso Senhor Jesus Cristo

Como num cerimonial de Corte, os Anjos precederam Nossa Senhora nas aparições de Fátima Programa Radiofônico A Voz de Fátima propaga devoção da comunhão reparadora nos cinco primeiros sábados

Discernindo

41

O fim do pudor: avanço no neocomunismo

Entrevista

TFPs en, ação

28 Análise

43 -

objetiva da escalada de rebeliões em presídios nacionais

Meditação sobre o Juízo Particular - li

Santos e Festas do n,ês

32 Vidas de Santos

34 São

Francisco de Paula: dotado de grande sabedoria sobrenatural, embora analfabeto

Ato inaugural do Congresso de Correspondentes e Esclarecedores da TFP, nas escadarias d.o Museu do lpiranga, em São Paulo

TFP reúne centenas de seus correspondentes e esclarecedores na capita l paulista Formação moral da juventude durante os dias de Carnaval

An,bientes, Costun,es, Civilizações

48 Riqueza

de peculiaridades dos habitantes de Estados brasileiros

lr11111f,1I de Jesus Cri sto

111 1 1

1O -

,

1 111 Giotto (séc. XIV), 111v1•q111, Pádua {Itália)

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Com a palavra ... o Diretor

PÁGINA MARIANA

·, Amigo leitor, Já é tradição de nossa revista oferecer aos leitores, por ocasião da Semana Santa, temas que os ajudem a meditar sobre os mistérios da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cri sto. É com satisfação, pois, que Catolicismo publica nesta edição matéria desconhecida de grande parte dos brasileiros a respeito das mais recentes pesquisas realizadas sobre a Santa Túnica usada por Nosso Senhor durante a Paixão. Freqüentemente a Sagrada Túnica é confundida com o Santo Sudário de Turim, lençol que envolveu o orpo do Salvador logo após Sua morte, e no qual mil agrosamente fi cou impressa ua imagem. A anla Túnica, por m, fo i a vcslimcnta usada por Nosso Senhor dura nte Sua vida, que O revesti a quando •I r i lraíd e aprisionado n Horl das Oliveiras. Ela ainda O ac mpanhou duranl s lan inantc. pacl cirn ntos ela Pa ixão, fi ca ndo inleiramente embebida no preciosfs imo Sangue. É incomensurável o valor dessa relíquia, só comparável ao do Santo Sudário. Os soldados romanos disputaram sua posse mediante um jogo de dados, como na.ira o Evangelho. E assim começou um longo peregrinai· da Sagrada Túnica: aparecimentos, desapai·ecimentos, dúvidas sobre a autenticidade do sagrado tecido, até chegar a uma impressionante confirmação em nossos dias. Como o Sudário de Turim, também a Santa Túnica, que hoje se encontra na cidade de Argenteuil , na França, foi sujeita à análi se fri a e obj etiva da ciência, a qual comprovou o que a fé dos católicos já acreditava: ela pertenceu realmente a Nosso Senhor Jesus Cri sto.

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Catolicismo se compraz em tratar de assuntos como esse, que deveriam ganhar muito mais espaço e destaque na imprensa brasileira e internacional. Afinal, pode haver acontecimento mais importante do que as descobertas relacionadas ao Verbo de Deus encarnado e à Santa Igreja, Seu Corpo Místico? Nós católicos sabemos que não. Apresentando esse tema a seus amigos e leitores, Catolicismo visa cumprir a meta de favorecer eficazmente o progresso espiritual de todos que o lêem. Ademais de procurar neutra lizar, na medida do possível, a verdadeira sabotagem que se faz quanto à difusão de importantes temas religiosos na imprensa atual. De modo geral, e salvo honrosas exceções, a mídia está mai s preocupada em veicul ar banalidades, quando não matérias vulgares e mesmo barbaridades como a imoralidade mais repul siva.

Merece especial menção outro artigo publi cado nesta edição, de autoria do Rev mo. Pe. Dav i Francisquini : trata-se do importante e atualíssimo tema das perseguições reli giosas, em âmbito universal , crescentes em nossos di as. É mais um assunto ele transcendência, que nem de longe a mídi a difunde como deveria. Desejo a todos uma boa leitura, aproveitando o ensejo para implorar a Deus que conceda a nossos caros leitores e suas dignas fa mílias uma Santa Páscoa, repleta de bênçãos. Em Jesus e Mari a,

~~7 DIR ETOR

"la Piedad" (séc. XVII) -

"F

alta.de ag ilidade em se esqui var dos problemas, ou má sorte". Este é o pensamento de mui tos quando to mam conhec imento de algum sofrim ento alheio. Para quem é fo rm ado segundo a mentali dade revolucionária e neo pagã, sofrer é algo absurdo, in compreensível e, sobretudo, inú til. Outrora, também eu fui fo rmado de acordo co m essa mentalidade. Parec ia- me que sofrer era, na mai beni gna das hi póteses, um a perda de tempo; e, na pi or delas, como que a enca rnação cio mal. Algo a respeito do qu al era melhor nem pensar, até porque, segundo certos supersti ciosos, poderia atrai r sobre mim co isas desagradáve is. Sofrer e fug ir do sofrimento vinh am juntos em meu pensa mento.

Mosteiro do Carmo de São José, Quito (Equador)

Exemplo invariável dos Santos De onde minha crescente surpresa, quando li a as vidas dos santos, ao constatar inteiramente o contrári o de tal mentalidade. "So.fi-er ou m.orrer " , di zia Santa Teresa de Jesus. Eu pensava que, no caso dela, ta lvez tivesse sido concedida alguma graça especial para isso. Depois, lendo a vicia de Santo Ináç io de Antioqui a, tomei conhec imento de que ele ardi a do desejo de ser mártir, e pedia: "Concedei -me ser imitador da Paixão de rneu Deus"*. Provavelmente a vida era parti cul armente má no Impéri o Romano pagão, pensava eu com meus botões. Se Santa Genoveva de Pari s faz ia jejuns terríveis, consolava- me pensando

que a culinári a fra ncesa do século rv não era req uintada co mo a atual. .. Para as vicias de São Sebastião, Santa Mari a Madalena de Pazzi, São Norberto, São Pedro Arbués etc., tentava encontrar uma "explicação pessoal ", pela qu al e les desejaram sofrer... No caso de Nossa Senhora, contudo, não encontrava explicação alguma. Ela era a Mãe de Deus, e tudo o que pedi sse a seu Filho ser-lhe-ia concedido. Se qualquer bom filho atende os pedidos de sua mãe, quanto mais Nosso Senhor Jesus Cristo atenderia, evidentemente, os de sua Mãe Santíssima. Sobretudo intri gava-me o fato de Ela não pedi r o afastamento de sofrimentos, mas, às vezes, de os procurai·. Que outra explicação haveri a para querer Ela estar ao pé da Cruz? Já seria terrível saber CATO LIC ISMO

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que seu Fi lho seria crucificadp. Muito mais trágico era ass istir à própria Crucifixão! Pareceria normal que Ela fosse poupada dessa visão dolorosíssima. Mas por que então Ela subiu ao alto do Calvário?

Sofrimento na Terra: conseqüência do pecado original Quando Deus criou o homem, deu-lhe gratuitamente uma série de dons: o homem não morreria, não sofreria, não seria vítima de doenças, habitaria o Paraíso terrestre etc. A única condição que o Criador csLabeleceu para Adão e Eva foi: não com r do fruLo da árvore do bem e do mal. Tudo no homem Lenclia ao bem, não havia nada de desregrado cm seu s r. EntrctanLo permitiu Deus que Adão fosse tentado, e ele pecou. Ta l pecado, cometido por um ente que não sentia inclinação natural para o mal - po1tanto, por pura desobediência à autoridade -, foi um pecado muito grave, o chamado pecado original. Como conseqüência Deus, por assim dizer, "mudou as. regras do jogo ". Ele concedera gratuitamente uma série de dons; por isso podia, egundo a virtude da Justiça, retirá-los. Se o homem continuasse habitando o Paraíso terrestre, iria para o Céu sem passar pela morte. Suas tendências impeliamno ao bem. Após o pecado original, tornou-se necessário ao homem lutar contra as más inclinações da natureza desordenada. Conheceria a morte, a fome, a doença, a inclinação ao mal. Sofreria pru·a comer, vcsLir-sc, cdificru· moradia etc. Teri a que vencer a tendência para os vícios, como a preguiça, o orgu lho, a cobiça, a cólera. A sensualidade solicitá-lo-ia pru·a o pecado, tendo ele que esforçar-se sobremodo para dominá-la. Além disso, no plano intelectual , ele poderia formar juízos errados, ficaria sujeito à ignorância, não saberia mais deduzir, com certeza, as conseqüências de premissas. Pior: as portas do Céu se lhe fechavam. Em resumo, sua vida tornou-se uma luta dura e implacável. Por isso, diz o Profeta Jó (7, l): mi/ilia est vila hominis super ferram (a vida do homem sobre a terra é uma luta).

A Redenção abriu as portas do Céu, após o pecado Mas Deus, em sua infinita misericór6

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dia, prometeu um Redentor que solucionaria o problema principal, pois abriria de novo o Céu aos homens. E além disto fundaria a Igreja, para guiá- los no caminho certo. Não consistia numa volta ao estado anterior ao pecado, mas o principal foi solucionado. Neste contexto, o sofrimento decorrente da luta entre a tendência má e o desejo de praticru· o bem constitui o pivô de nossa vida e uma ajuda poderosa para ir para o Céu. E um convincente meio para dcmonstrru· a D us qu O amamos cons iste justam nte cm oferecer-Lhe o padecimento - qu · tanto nos custa! - de praticar a virtude. Sofrimcnlo difícil e duro, pois é mai s fácil ser preguiçoso que diligente; avarento que generoso; sensual que casto. Deus fez ainda mais por nós: determinou que podemos ajudru· os outros mediante nossos sofrimentos e méritos. É a chamada "comunhão dos santos". Posso sofrer na intenção de atrair a misericórdia divina para outra pessoa, oferecer uma esmola para ajudru· as almas do Purgatório, enfim , sacrifi car-me para obter de Deus graças para meus semelhantes. O mérito do sofrimento torna-se, assim, a moeda com a qual conquistamos o Céu.

As excelsas razões do sofrimento de Nossa Senhora Nossa Senhora foi isenta do pecado original, devido a um privilégio único conced ido por Deus em previsão dos méritos de Jesus Cristo. Portanto, não estava Ela sujeita às más inclinações ex istentes nos demais homens, nem precisava se acrificar como nós. No entanto, Ela quis sofrer, por várias e altíssimas razões. A primeira de todas, para imitru· seu Divino Filho e clru·-Lhe glória. Quem ama deseja naturalmente mostrar ao amado que o faz, não por falta de opção, mas por verdadeira dileção. Ela procurava não só a perfeição, mas o mais perfeito, para mostrar a Deus até que ponto desejava agradá-Lo. E, dessa forma, dava-Lhe uma glória superior à de todos os homens juntos. A Virgem Santíssima quis sofrer também por misericórdia para conosco, pois desse modo obteve-nos dons e graças através ela comunhão dos santos. Sendo Ela tão bondosa, como recusaria algo para nos ajudar? Se existe um ente que

tenha verdadeira compa ixão por nós e deseje nos ajudar, este é nossa boníssima Mãe Imaculada. bom lembrar que Deus envia-nos provações e sofrim entos para ajudru·-nos em nossa santificação e facilitar a prática da virtude ela paciência, da mortificação, da e perança etc. Para as im obtermos um esplêndido lugar no éu. Enlrctanto, Nossa Senhora foi sempr santa e imaculada, podendo dispensar Lais provas para santificar-se. Se la as eles jou, foi por alLos motivos. Ela poderia pedir a Deus Loda sorte ele bens, como por exemp lo um magnífi co palácio num local belo e agradável. Não o teve. Por que razão? Para nos ensinar, dar-nos o exemplo, inclinar-nos ao desapego dos bens terrenos etc. Ela quis o sofrimento. Para a Redenção da Humanidade, bastaria urna só gota do preciosíssimo sangue de seu Divino Filho. Assim, Ela poderia ter pedido que Nosso Senhor não se submetesse a uma morte tão cruel e ignominiosa, como a morte de Cruz. Não o fez, para nos ensinar que Deus tem planos de Sabedoria infinita, que devemos amar sem compreender. Poderia Ela também, por ocasião da Ascensão de Nosso Senhor, ter pedido para subir junto com Ele ao Céu, passando logo da Terra para a glória eterna. Não o fez, a fim de permanecer na Terra com os homens , espec ialmente com os primeiros cristãos e a Igreja nascente. Ela ficou vários anos (a Tradição fala em 20) nesta Terra de exílio. Esses são os preciosos ensinamentos que Nossa Senhora nos ministrou. Devemos sofrer em conseq üência do pecado original e ele nossos pecados atuais. Ela não precisava, mas o quis por amor a Deus e a seus filhos concebidos no pecado original. Imitemo o exemplo de tão ext:remosa Mãe! Eis uma sublime lição para meditarmos especia lmente nesta Semana Santa, em que tantos entregam-se a divertimentos nestes dias santificados, caem nos piore pecados e procuram fugir, o mais que p dem , de qualquer sofrimento. ♦

* M. Sgabo ss a, // San to de i Giomo , L. Giovanninni, Ed. Paoline, 4". ed., 199 1, p. 44 1.

Do Juízo Particular II Ana li sado na ed ição de março o juízo da alma culpada, hoje - ainda reproduz indo texto da obra de Santo Afonso M aria de Ligório Preparação para a morte - meditaremos sobre o juízo da alma do homem que morreu na graça de Deus .

sp_iritual

"C om

q.ue alegria não recebe a morte o que se acha na graça de Deus e cedo es pera ver Jesus Cristo e ouvir- lhe dizer: 'Bom e.fiel servo, recebe hoje a tua recompensa; entra por toda a eternidade na alegria do teu Senhor!' Que consolação não darão então as penitências, as orações, o desprendimento dos bens terrestres e tudo o que se tiver feito em nome de Deus! Gozará então, o que tiver amado a Deus, o fruto de todas as suas obras. Persuadido desta verdade, o padre Hipólito Durazzo, da Companhia de Jesus, longe de chorar, mostrava-se alegre todas as vezes que morria algum religioso seu amigo com sinais de sa lvação. Que abs urdo - diz São João Crisóstomo - seria não acreditar na existência do paraíso eterno e chorar o que para ele se dirige. Que consolação então nos dá especia lmente a lembrança das homenagens prestadas à Mãe de Deus! - tais como rosários, visitas,jejuns do sábado e congregações freqüentada em honra sua. Virgo Fidelis se chama a Maria, e como Ela é fiel em consolar nos últimos momentos os seus servos fiéis! Conta o Pe. Binet que um piedoso servo da Santa Virgem dizia ao morrer: 'Se soubésseis o contentamento que, próximo da morte, sentimos na alma por termos procurado servir bem à Santíssima Mãe de Deus durante a nossa vida, ficaríeis admirados e consolados. Eu não posso significar a alegria do coração no momento em que me estais vendo'. Que a legria também para o que amou a Jesus Cristo, e muitas vezes O visitou no Santíssimo Sacramento e O recebeu na Santa Comunhão, ver entrar no quarto seu Senhor que vem em Viá-

O justo experimenta, ao morrer, um prelibar da alegria celestial tico, para o acompanhar na passagem para a outra vida! Feliz então o que lhe puder dizer, como São Felipe Nery: 'Eis aqui o amor do meu coração, eis aqui o meu amor; dai-me o meu amor!'. Dirá todavia alguém com receio: 'Quem sabe a sorte que me está reservada? Quem sabe se por fim lerei má morte ?' - A quem fala desta maneira, faço apenas uma simpl es pergunta: O que é que torna a mo1te má? O pecado, só o pecado. Logo, é preciso receá- lo unicamente, e não a morte, diz Santo Ambrósio. Quereis não recear a morte? Vivei bem. O Pe. de la Colombiere (Serm. 50) tinha por moralmente impossível que pudesse padecer morte má o que foi fiel a Deus durante a vida . É o que já tinha

d ito Santo Agostinho. O que está preparado para morrer não receia a morte, qualquer que seja, ainda que venha de improviso. E como só podemos gozar a Deus por meio da morte, aconselha São Cri sóstomo que de bom coração ofereçamos a Deus este sacrifíc io necessário. Compreenda-se bem que aquele que oferece a Deus a sua morte pratica para com Ele o ato de amor mais perfeito possível , pois que, abraçando de bom coração esta morte que agrada a Deus, no tempo e do modo que Deus quer, torna-se semelhante aos Santos Mártires". (Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a morte, Parceria Antonio Maria Pereira , Li sboa, 1922, 5ª. edição, pp. 82-83) .

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A

Palavra

siCerdote

Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta

Ao explicar a existência de antipapas na História da Igreja, o Sr. exemplificou com o Grande Cisma do Ocidente. Gostaria de saber como ficaria a situação desse antipapa no caso de ele estar de boa-fé, como admite a Enciclopédia Católica que o Sr. citou: ele ficaria automaticamente excomungado e excluído da Igreja? '

Resposta

Nenhuma penalidade canônica na [greja (excomunhão, interd ito, suspensão) se aplica a alguém que comete um erro ou fa lta, mesmo gravíssima, se tiver agido autenticamente de boa-fé. E isto va le ta mbém para a eventualidade de um antipapa que de boa-fé se tenha proclamado Papa. Julgar dessa boa- fé é fácil para Deus que conhece todas as coisas, até nossos pensamentos mais ínti mos - mas pode ser muito compli cado para nós homens, que temos de tomar posição perante fatos concretos nem sempre muito claros. Sir va mais urn a vez de exemplo o Grande Cisma do

• e

CATO LIC ISMO

Ocidente, que parece ter des-

pertado especial interesse entre os leitores ele A palavra do Sacerdote , publicada na edição ele março ele "Catolicismo". Em primeiro lugar, chamase Cisma do Ocidente por contraposição ao Cisma do Oriente. Porém, há uma grande diferença na natureza dos dois cismas. No caso das igrejas orientais que se separaram de Roma no ano de 1054 (Cisma do Oriente), havia a negação explícita cio primado do Papa e a pretensão de que elas podi am reger-se por si mes mas (por isso, ela. e designam como igrejas autocéfa las). Ex istem até hoje, como a igreja cismática grega, a igreja cismáti ca russa etc., co nh ec id as também co mo lgrejas Ortodoxas (LO.). No caso do Grande Cisma do Ocidente, todos estavam ele acordo em que deveri a haver um - e só um - Papa. A discordância estava em qual dos dois eleitos era o sucessor legítimo de Pedro. Se hoje praticamente não há mais dúvidas, na historiografi a católica, de que o Papa autêntico era Urbano VI, e de que Clemente VU era antipapa, para um grande número de contemporâneos a questão não era tão clara. O que explica que hav ia santos - e grandes santos - dos dois lados em que se cindi u a Igreja. Do lacl cio Papa de Roma, Santa atarina ele Siena, grande mística e vidente, ela qual já fa lamo: na edição anteri or ele Catolicismo ; com o antipapa ele Avignon estava São Vicente Ferrer, gra nde orador e taum aturgo (operava numero os milagres). Por esses dois exemplos o lei-

São Vicente Ferrer - Autor desconhecido, séc. XVII - Igreja de Santa Clara, Bogotá (Colômbia)

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tor já vê a enorme confusão que então se armou na lgreja.

A Cristandade dividida Em toda essa questão, desempenhou um papel importante o Cardeal espanhol Pedro de Luna, o qual fo i, a princípi o, defenso r intrépido ele Urbano VI. Convicto ele que sua eleição fo ra legítima, e sabedor de que os cardeais franceses estavam animados ele intenções cismáticas e queriam voltar para Avi gnon, o Cardeal de Lun aj untou-se a eles por volta cio dia 24 de junho, com o fi m de di ssuadi-los ele tal temeridade. Porém, co mo comenta o Pe. Villoslada, o pescador acabou sendo pescado. Os cardeais fra nceses o convenceram de que haviam votado sob coação do povo romano, e de que, portanto, a eleição não fora livre.

Tinha sido, pois, il eg ítim a. Entretanto, a eleição se dera em 8 de abril de 1378, e até quase o fim desse mês todos os cardeais presentes em Roma hav iam dado demonstrações inequívocas de acatamento ao novo Pontífi ce. Se alguma dúvida tives e hav ido qu anto à eleição, ela fo ra conva lidada pelo comportamento posterior dos cardeais. Nossa exposição anteri or chegara até a instalação de Clemente VII em Avi gnon, no di a 20 de junho do ano seguinte, exatamente nove meses depois do conclave que o elegeu em Fondi , no Reino de Nápoles (estávamos mui to longe ainda dos tempos da aviação e da Internet...). Co m a celerid ade, pois, que os meios de locomoção e de comunicação da época permiti am, os dois papas apressaram-se (sic!) em envi ar embaixadores aos príncipes

cri stãos, ex pondo cada qu al seus direitos e desacredi tando o adver ário. A atividade di plomática de Clemente VII era muito mais ágil que a ele Urbano VI. Mes mo assim, a parte mais ampla ela Cri standade ficara com Urbano VI.

se entre a obediência a Urbano VI e a Clemente VIL De qualquer modo, os Bispos portugueses, em especial o Deão de Coimbra, levantaram sérias objeções contra o antipapa, interpelando brilhantemente o Cardeal legado Pedro de Luna, este sempre acompanhado por São Vi cente Ferrer... Diga-se desde já que este santo desempenhou mais tarde um papel decisivo na solução do cisma, após ter-se convencido de que o Papa legítimo era o de Roma. O Pe. Vill os lada conclui es ta parte de sua exposição co m palavras mais uma vez muito acertadas : "Com tudo

O cisma nos reinos e nas almas Descrevamos para o leitor como ficou a divisão geográfi ca cio cisma. A Itália aderiu quase inteira a Urbano V[, com exceção da Sabóia, cujos duques eram parentes do antipapa Clemente. O Reino de Nápoles, governado por príncipes franceses, se uniu à França no apoio ao papa av inhonês. Porém, destronada a rainha Joana de Anjou, os napolitanos se alinharam com o Papa de Roma. Na Alemanha , fo i um grande triunfo para Urbano VI o apoio do Imperador; porém os duques Alberto da Baviera e Leopoldo ela Áustria apoiaram Av ignon. Es ta situação não perdu rou: ao cabo de poucos anos, o primeiro adotou uma pos ição neutra e, morto Leopo ldo, o partido clernentino se desfez. Luís l, da Hungria, embora parente de Carlos de Anjou, preferiu marchar com o Imperador, a favor de Urbano VI. O mesmo se diga ela Polônia e da Lituânia. As Flandres (hoje incorporadas à França e à Bélgica), cujos interesses comerciais as ligavam à Jnglaterra, inimiga da Fra nça, acabou por ficar com Urbano VI. Por suas dissensões com a Inglaterra, a Escócia abraçou o partido avinhonês. Na Irlanda , embora não completamente domin ada pela In glaterra, predominou largamente o partido urbani sta. Na França, o rei Carlos V

inicialmente prestou fili al homenage m a Urbano VI, mas co nv encid o pelos ca rd ea is franceses da pretensa ilegitimidade da eleição, determinou que em todas as igrej as de seu reino dever-se- ia reconhecer Clemente VIJ como "papa e supremo pastor da Igreja". Tal dec isão, contudo, causou escâ nd alo nas univ ersid ades francesas, sobretudo na de Pari s, que era a maior autoridade teológica e científica do mundo cri stão, e a mais uni versal, pois recebia professo res e alunos de todas as nações. O resul tado fo i que a própri a universidade fi cou dividida nessa questão eclesiástica, confo rme a procedência ele seus integrantes, a ponto de, nas disputas escolásticas, ser proibido tocar no assun to. A Espanha foi um árduo terreno de di spu ta entre os embaixadores dos dois papas. Seria longo detalhar a situação ele cada um dos diversos reinos que então constituíam a Es panha. Ali anças políti cas

com a França levavam a um alinhamento com o antipapa de Avignon. Não obstante, esse alinhamento não fo i automático. Foram enviados emissários a Roma e a Avignon, a fim de in formar-se in loco dos fatos. Assembléias de Bispos foram reunidas. Foi nesse contexto que o Cardea l Pedro de Luna desenvolveu uma atividade intensa, coadjuvado pelo frade dominicano Vicente Ferrer, já então fa moso por suas pregações e milagres. O resultado ele toda essa atividade diplomática e eclesiástica foi que os reinos de Castela, Aragão e Navarra se submeteram a Clemente VII. Isso porém não signi fica que entre os Prelados espanhóis não houvesse defensores empenhados do Papa legítimo, cujos feitos omi timos por brevidade de narração, mas cujos nomes estão inscritos no Livro da Vida. Em Portugal, as ligações políticas ora com a Inglaterra, ora com o reino de Castela, fi zeram com que o país oscil as-

que fo i dito, não é f ácil delinear o mapa eclesiástico das duas obediências, porque nem sempre estavam bem. definidos os limites geog ráficos. Houve províncias e até nações que começaram obedecendo Roma, para depois passar para Avignon, e vice-versa. Na própria França - ,nuito mais que em outros países clementinos - houve prelados, párocos e ji-ades que perseveraram f iéis a Urbano VI, às vezes até o martírio" (Historia de la lglesia Católica, BAC, tomo III,

pp. 207-208). Era nossa intenção aprese ntar hoj e o desfec ho do Grande Cisma do Ocidente,

mas nos pareceu que seria mais instrutivo para o leitor apalpar com as mãos as fi ssuras que então ocorreram na Cristandade. Assim compreenderá ele melhor as difi culdades pelas quais às vezes Deus permite que a Santa Igreja passe, e em meio às quais é preciso perseverar na Fé, crendo firmemente na promessa de Nosso Senhor, de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja: "Et portae ü1feri non praevalebunt ad versus eam " (Mt 18, 16) . ♦

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Em escola brasileira: em vez de ensino, rebelião!

N

Cresce situação de violência e insegurança

C

om a escalada da vi olência e da crimin alidade em São Paul o - fruto, em úl tima análi se, do abandono dos princípios morai s católi cos - escol as freqüentadas por estudantes de fa míli as mais abastadas são proteg idas por um verdad eiro exército de seguranças. Al ém de vi gias equipados com si stema de comunicação nas imediações, os colégios têm utilizado sensores, cercas eletrificadas, circuitos intern os de televi são e até rastreamento em tempo rea l dos ônibus que transportam os estudantes. O medo de seqüestros, assalto, e homicídios por motivos fúteis como o de um menor arm ado que, tentando ro ubar um par de têni s, acabou ti ra ndo a vida de sua vítima - tem levado pais de alunos a pedir mais segurança às esco las. Como se j á não bastassem as grades e muros com cerca eletrificada nas casas e prédi os, chegou a vez de

fortal ezas - ou prisões, se pref erirem ... Ab and o nam -se os M and amentos da L ei de D eus e col oca m-se grades em se u Resol ve? !

Omissão do Poder Público favorece ocaos tráfico de droga s na regi ão da Grand e Rio não se limita a subjugar os moradores das favelas e im ediações. Empresas nacionai s e multin ac ionai s são obrig adas não só a conviver com t rafic ant es à sua volta, como , muitas ve zes, não vêe m outra opção senão fechar "acordos de p az'~ na tent ativa de assegurar a sobrevivência de seu negócio e de seu s fun cionários. É o caso do hipermercado Carrefour. Funcionários seus da unidade de J acarepaguá são acusados de entregar a bandidos as pessoas flagradas cometendo furtos na loj a. Isto revel a a que ponto

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CATOLICISMO

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ão ,~e espan. tem, car~s leito:es: slogan "Rebe~ar-se é justo figura na carteira de 1dent1dade estudantil da União Colegial de Minas Gerais, à qual são vinculados os alunos do Liceu Imaculada Conceição de Nova Lima (MG). Essa frase está posta sobre a foto de um magote de agitadores encapuzados que brandem em suas mãos paus e foices. E acima desse grupo figura o título: " Viva a heróica resistência da Vila Bandeira Vermelha " (foto abaixo). Como explicar que um organismo estudantil pregue e apóie a revolta e a subversão, quando obviamente cabe a qualquer escola incentivar nos joven s o espírito de djsciplina, de respeito às autoridades e aos direitos do próx imo? A ss iste aos pai s desses alunos o direito de exigir da direção do mencionado Liceu o rompimento imediato com a tal União Colegial. Além disso, de denunciá-la às autoridades competentes, a fim de que tomem providências e punam um órgão estu♦ dantil que estimula a subversão!

chegou o relacionamento entre empresa s e o tráfico . Descrentes da eficácia da Polícia e do Estado, impotentes diante do fu zil do traficante, t ais empresas foram se rendendo, ao longo dos últimos anos . E muitas delas tornaram-se hoje ref éns de quadrilhas, que não apenas controlam o comércio de drogas, mas exercem, de f at o, as fun ções do Poder Público nas áreas que dominam . Os dois fatos suprac itados constituem in dícios significativos de que a soc iedade moderna ruma para o caos genera lizado, e revelam ta mbém a omissão das autorid ades ante ta is desmandos. Daí mu itos concluem que cada qual dev e defende r-se como pode ... ♦ A onde irem os parar?

Camponeses colombianos contra a guerrilha

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erca de 6 mi I camponeses colombianos bloquearam a ro-

dovi a central que liga o norte

ao centro do país. O bloqueio é um protesto contra o acordo entre o governo e a guerrilha esquerdi sta do Exército de Libertação N acional ELN . Este acordo prevê a concessão à guerrilha de uma área desmjlitari zada de 2900 km 2 , ao norte da Colômbi a. Os camponeses temem que o ELN faça recrutamento forçado de jovens na área desmilitarizada. Parte dos agri cultores aceitou liberar a rodovi a em troca de negociações com o governo. E mbora tenha recebido com otimismo o recuo, o Vice- mini stro do Interior, M aurício González, di sse que o Presidente Pastrana só negociará após a total desobstrução das estrad as. Causa indignação essa atitude desconcer tante de doi s pesos e duas medidas, por pmte do govern o colombi ano. Em relação à guerrilha esquerdi sta que mata, seqüestra e dá proteção aos traficantes de drogas, as autoridades colombianas distri buem sorri sos, fazem concessões inauditas e aplicam a política covarde do "ceder para não perder ". Já com os sofrid os camponeses - vítimas das crueldades e dos crimes praticados pelos guerrilheiros, e que o governo tem a obrigação de defe nder - a atitude é dura e inclemente! ♦

Condenado pelos Estados Unidos trabalho escravo na China. Alinall...

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ma f á~ric~ de clipes tornouse a primeira empresa chinesa a ser condenada pela alfândega norte-americana, devido a trabalho forçado de prisioneiros na China . Registros confiscados por agentes da alfândeg a dos EUA comprovaram que a companhia Al!ied lntemational Manufacturing, de Nanquim, subornou funcionários de uma prisão feminina para que eles obrigassem mais de 60 prisioneiras a trabalhar na confecção dos clipes . Nenhuma delas recebeu pagamento pelo serviço, apesar de t erem trabalhado por muitas horas consecutivas, de tal modo que os dedos de algumas chegaram a sangrar, segundo informou um funcionário federal dos Estados Unidos. Esperemos que esta não seja apenas uma boa atitude isolada do governo americano. Mas sim um passo decisivo e irreversível de boicote a todo trabalho escravo ou semi-escravo, ao qual é submetida parte considerável dos trabalhadores chineses . Eles são vítimas da crueldade do regime comunista que, há muitas décadas, oprime a ♦ população daquele país.

Ensino em casa:. porque não?

A

nápolis - O procurador da R epública em Goi ás, Carlos Vilhena, e sua esposa M árcia Vilhena brigam para implantar no Brasil a Home Schooling (ensino em casa). O método é admitido nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, M éxico e Alemanha, onde os professores são os próprios pais, ou educadores contratados pm·a dm· aulas aos alunos em sua própria residência. Os exames são prestados depois em alguma escola oficialmente reconhecida. • Com tantos problemas - drogas, v iolência, más co mpanhi as e, em muitos casos, professores que ensinam doutrinas errôneas e costumes perver tidos - , por que não permi tir tal forma de ensino, que poderá ser uma boa solução para esses mal es? ♦

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BREVES RELIGIOSAS ...J

Cardeal alerta sobre perigo da ação diabólica

Tendo em vista a preparação espiritual de seus diocesanos para a Quaresma, o Cardeal-Arcebispo de Gênova (Itália) , Dom Dionigi Tettamanzi, mandou publicar uma mensagem, em março passado, alertando sobre a ação nefasta dos anjos decaídos em nossos dias. O primeiro conselho dirigido pelo Purpurado a seus fiéis, nesse documento, é terem sempre presente o seguinte: a grande tentação incutida pelo demônio entre os homens é fazer crer que ele não mais existe. ...J

Conferência Episcopal Mexicana denuncia controle de natalidade

Em declaração prestada ao jornal mexicano "La Jornada", Dom Rodrigo Aguilar Martínez, representante da Conferência Episcopal Mexicana, fez grave denúncia contra órgãos do governo daquele país. Estes continuam exercendo enorme pressão sobre as mulheres, sobretudo as da área rural , para que aceitem os métodos artificiais de controle da natalidade, condenados pela doutrina da Igreja. ...J

Protesto anti-aborto

Contra a presença do político pró -aborto Jay O'Donovan no desfile pela festa de São Patrício, no dia 17 de março, realizado em Staten lsland (EUA) , milhares de católicos protestaram no dia 1O de março p.p. Entre os vários grupos que se uniram ao protesto, oito colégios católicos da localidade abstiveram-se de participar do desfile com suas fanfarras.

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PERSEGUI ÃO RELIGIOSA

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Sri Lanka Apaga va m-se as lu zes do ano de 1999 quando a Agência Zen.it noti ciou o massacre de 35 católicos , co m um saldo ele 60 fe ridos, numa igrej a em Sri Lanka, vítimas dos rebeldes da Frente de Liberação Tamil Tigres do Eelam - FLTIE (2 1- 11 -99).

naufrág io na Indonés ia ("O Estado ele S. Paul o", 30-6-00). • Vári os carros-bomba ~x pl ocliram em frente às cinco princ ipa is igrej as ele Jacarta e outras Joca liclades na no ite ele Nata!, ocasionando um tri ste saldo ele l O mortos e dezenas de fe ridos ("Jornal da Tarde", 25-26/1 2/00).

se negaram a abraçar o islamismo, fo ram assassinados. As vítimas cios c hoqu es entre c ri stãos e muçulm anos, desde que co meça ram as hostilidades e m jane iro ele 1999, j á atingem a 4 mil. M ais ele me io milhão ele pessoas tiveram que emi grar (6- 12-00).

Timor

Ilhas Malucas

Índia

També m no fin al de 1999 fo ram encontrados, em três vaJas comun s no Ti mor, os corpos de 25 cató licos, sendo três de sacerdotes assass inados a ti ros e facadas. A mortandade teri a ocorrido em 6 de sete mbro . "De acordo com o rela/O de testemunhas, naquele dia muitas pessoas estavam refug iadas nas igrejas de San.ta Maria e de Nossa Senhora de Fátima, em Oeuli, f ugindo de um grupo de milicianos, quando outro, n·1.ais numeroso e apoiado por policiais indonésios, invadiu os dois locais. Seg undo o Vaticano, mais de 100 pessoas morreram no ataque às duas igrejas" ("Jornal do B ras il ", 27- l l-99) .

• Pe lo menos 44 pessoas morreram e centenas fi caram fe ridas em ataques el e mu çulm a nos a po pul ações cri stãs ("Fo lha de S. Paul o", 3 1-5-00). • Em mais um ataque dos muçul manos, cerca ele 160 cri stãos, incluindo mulheres e crianças, fora m massacrados. A igreja e as casas fora m incendiadas . O total ele mortos e leva-se j á a três mil ("Fo lha de S. Paul o", 2 1-6-00). • Arrasada a alde ia cri stã ele Waa i. Há pe lo me nos 22 mortos ( 1O-7-00). • C ri stão é decapitado, e ig rej a qu eimada. Teste munhas di zem que os ataques islâmicos são diri g id os po r ofi c ia is cio Exército (16-7-00).

• O Bispo de Verapo ly denunciou que em Keral a - o Estado de ma io r população católi ca da Índi a e apontado co mo exempl o ele convivê ncia interco nfess io na l - aum e ntava m os ataques contra casas re li g iosas e esco las cató licas (2 1-3-00). • O Arcebis po ele Nova Delhi , D. Al an de Lastic, de nunciou o incremen-

Indonésia

O período da Quaresma e Semana San-

ta é o mais propício para meditarmos sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. E um meio adequado de o fazermos é considerar o que se passa com membros de seu Corpo Místico - isto é, os filhos da Igreja - disseminados pelo mundo, que sofrem perseguições e até o martírio por fidelidade à Pe. Davi Francisquini sua Lei. Perseguições cruéis, crescentes e generalizadas, evocativas daquelas que imortalizaram o mártir cristão especialmente a partir de 64 dC, no reinado do Imperador Romano pagão Nero. 12

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uma época como a nossa, na qual se afirm a estarem sendo e liminados todos os "preconceitos ", em que as minorias d iscriminadas se emancipam e adquirem seus dire itos, poucos se dão conta de um fato : em muitos lugm·es, retornou-se praticamente à época elas grandes per eguições re ligiosas. Isso não é exagero. Ba ta ler uma resenha do que está ocorrendo em vá ria partes do mundo, para que se comprove essa afi rmação. É o escopo deste arti go: leva r ao conhec imento dos le itores notíc ias que atesta m a verdade ira pe rsc )ui ção d cunho reli g ioso pro mov ida hodi crn am ntc em vári as partes do g lobo. Tais notíc ias, e m s ua maiori a, foram co le tadas no ano find o, extraídas da impre nsa di ári a , d ' agências noti c iosas fid edig nas . w1ndo não fo r me nc ionada a fo nte, tratar-s ·-á sempre de notícias da Agênc i·1 Vuti ·ana Ze11i1.

• 93 cri stãos, que

Na ilh a turísti ca el e Lo mbok, 600 cri stãos fu g iram por te mor do ressurg ime nto ela onda de vio lênc ia perpetrada pe los muç ulmanos, que res ultou na semana anterior em cinco mortos e no incêndi o ele igrej as, moradias e comérc ios ele cri stãos (23- 1-00). • Centenas de cri stãos, fu gitivos ela perseguição mao metana, morrera m em

preparam-se para a "guerra santa" nas Ilhas Malucas

Acima: Abu Bakar Wahid, líder de uma das facções anticristãs nas Ilhas Malucas

À esquerda: igreja destruída nas perseguições contra os católicos em Jacarta

to ele hosti Iidades contra a comunidade cató lica na Índia, que sofreu nas últimas semanas di versos ataques por parte de grupos radi cais nacio nali stas. "Definiti vamente há urna estratég ia e um plano em nível nacional .... estas forças buscam intimida r os cristãos", a firmou a respe ito o Pre lado, também Pres ide nte ela Co nfe rê nc ia Epi scopal Indi ana . Num ó d ia, qu atro igrej as cató li cas fo ra m o bj eto de ate ntados a bo mba e m Ancl ra Praclesh, Goa e Kar-

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nataka. Um sacerdote aparecera morto dois dias antes ("Noticias Ecles iales", 9-6-00). • No Estado de Bihar, o sacerdote Re mjz Karketta, de 46 anos, foi assassinado com um tiro e depois atropelado. "O assassinato do padre Karketta constitui o mais recente da série de atos de cruel violência que nestes meses golpearam expoentes das comunidades cristãs da Índia", exp]jca em sua pri meira pági na a eilição italiana do "L'Osservatore Romano" (14-7-00). • O Padre Victor D' Souza, Administrador diocesano de Nova Delhi, denunc ia violação de residências de sacerdotes, agressões a religiosas e profanações de locrus de culto. A Conferência Episcopal da Índia também expressou sua preocupação pelos contínuos ataques que sofrem as instituições cristãs em todo o país (] 0-9-00). • A organização fundamental ista indiana mais railicalmente anticatólica propôs que o clero rompa com Roma, . expulse os mjssionários estrangeiros e funde uma Igreja Patriótica como exi ste na China. Os Bispos indianos rejeitaram indignados tal proposta. ( 12-10-00). • O Arcebispo de Nova Delhi, em carta ao Primeiro-Min istro ind iano, denunciou os contínuos e ferozes ataques contra os católicos na Ínilia: no dom ingo, 26 de novembro, à noite, uma centena de fanáticos apedrejaram os cristãos

Dom Alan de Lastic, Arcebispo de Nova Delhi: " Forças [anticristãs) tentam intimidar os cristãos"

e m Kolar, distri to de Ka rnataka. No mes mo domingo, fa náticos armados saquearam o Convento de St. Mary, em Jwalapur, próxi mo de Haridwar, na Diocese de Merut, em Uttaranchal, depois de manter seqüestradas as monjas dessa casa reljgiosa. Em outro incidente, uma capela de pequena comunidade de 100 fiéis de uma minoria étnica em Surat, djstrito de Gujarat, foi saqueada no domingo à noite.

A milícia guerrilheira islâmica dos talibãs, que controla, a partir de 1996, quase todo o território do Afeganistão, decretou a pena de morte para todos os afegáos que se afastarem do islamismo, infligindo também duros castigos aos que divulgarem obras nâo maometanas

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De outro lado, o Bispo de Gwalior, Joseph Kaithathara, em mensagem à Conferê ncia Episcopal da Índja, revelava que o padre C. Alphonse, de 64 anos, havia sido brutalmente atacado por uma turba na terça-feira, cerca da uma hora da manhã. Segundo o Prelado, um grupo entrou na casa do sacerdote e o golpeou selvagemente com paus e varas de ferro. A víti ma foi ferida na cabeça e teve fraturas nos braços e pernas, além de quebrados vários dentes. Foi levada ao Hospital Médico Universitário de Gwalior. Por sua vez, o "Hindustan Times" in forma a ocorrência de um incidente e m Bokaro, Jharkhand, e m que "algumas dezenas de fanáticos assalta ram uma igreja de Bokaro e saquearam seu interior" ( 10- 12-00).

contra membros da lgreja Cató li ca clandestina, ta nto de Bi spos quanto de sacerdotes, reli giosas e leigos (J 8-9-00). • O governo proíbe cerimôni as públicas em honra dos novos santos canoni zados pela lgreja. Os fi éis de HongKong desafi aram o regime, reali zando as comemorações (3 1-10-00). • O reg ime co muni sta destruiu 1.200 igrejas na provínc ia de Zhejiang. O a lvo prin c ipal fo ra m as cató li cas ( 13- 12-00). • Centenas de igrejas de Wenzhou, no sul da Chin a, fo ram fechadas ou destruídas. Nessa cidade res ide uma das comunidades católicas mais importantes da China, cuja origem remonta à chegada dos mi ss ionários estrangeiros no séc ulo passado ("O Globo", 24- 12-00).

China

Filipinas

• É detido pela polícia o Bispo Han Dingx iang, bem como o sacerdote Zhao Hongx i, ambos membros da Igreja clandestina católica, perseguida pelo regime (26- 1-00). • Segundo a agência vaticana Fides, em "dezembro as autoridades chinesas incendiaram e dinamitaram duas igrejas que não tinham sido autorizadas pelo governo chinês, na Diocese de Wenzhou. Ainda de acordo com a agência, dezenas de sacerdotes fora m seqüestrados pela polícia nos últimos meses" ("O Estado de S. Paulo", 1-2-00). • Segundo a agência da Santa Sé, a perseguição na China "assumiu proporções espantosas". Dezenas de sacerdotes foram seqüestrados, seis Bispos estão "desaparecidos", as famí)jas católicas são discriminadas e seus filhos excluídos dasescolas. Membros da Igreja Católica em Hong-Kong afirmam que documento secreto do Governo revela que, se a repressão não der certo, os católicos serão sumariamente exterminados (31-1-00). • Foi detido o Arcebispo católico Yang Shudao (1 4-2-00). • Foram presos dois Bispos, um deles com 81 anos, e um sacerdote, fiéis ao Papa; a polícia torturou selvagemente outro padre, arrasou o altar, espancou fiéis e aprisionou catequistas e religiosas. A Fundação Cardeal Kung info rmou que é a terceira vez em três semanas que ocorrem prisões e maus tratos

Um sacerdote claretiano e três aco mpanhantes fo ram as novas vítimas da guerrilha is lâmi ca nas F ilipin as.

Sudão • De acordo com o boletim Corrispondeza Romana (1 8- 12-00), o governo islâmi co sudanês expulsou a Christian Solidarity International, organização que havia resgatado 15.447 escravos sudaneses (na maiori a católicos) desde 1995 . • Bo mbarde io aéreo la nçou qu atro bombas sobre esco la católica no sul do país, mata ndo 14 cri anças e fe rin-

Vietnã O Pe. Tadeo Nguyen Van Ly, da cidade de Hué, lançou um apelo público aos Bispos para que cessem as reuniões com o governo vietnamita, os peilidos sistemáticos de autorizações às autoridades comuni stas, e denunciou a falta de liberdade religiosa. Entre o período do paganismo e o advento do comunismo houve mais de 130 mi I máttires católicos no Vietnã. E mais recente mente - por ter denunciado violações à liberdade reli giosa no Vietnã - o referido sacerdote fo i preso por agentes do governo da prov íncia de Thua Thien Hue. Segundo a Agência ACl, de 8 de março p.p., o comitê do governo comuni sta do Vi etnã declarou: "O cidadão (s ic !) Nguyen Van Ly cometeu ações que violam as leis e atentam contra a segurança nacional". E mais tarde acrescentou: "Ao senhor (sic!) Ly daremos tempo para educar-se e condições favoráveis para corrigir-se de seus erros".

do inúm eras outras ("Fo lha de S. Paulo", 12-2-00). • Avi ões da Força Aérea suda nesa bombardearam mais um a esco la católica no sul do país. Foram lançadas 40 bombas de metra lh a qu and o estavam re unidos 700 alunos . Esse ataq ue fo i o quarto bombardeio e m nove meses, lançado pelas fo rças de Car tum , capital do Sud ão, que busca is lami zar todo o país ( l - 12-00). • O regime islâmico sudanês pratica larga mente a escra vidão de moças cri stãs do sul do país ("Jornal do Brasil", l0- 12-00).

Nigéria • O Estado de Kano adotou projeto instituindo a lei islâmica (25- 1-00). • Em Kaduna, norte da Ni géri a, a luta iniciada co m protestos dos cri stãos

Católicos sudaneses, perseguidos pelo regime islâmico de Cartun, reúnem-se para rezar ao ar livre, 110 sul do país

Tal dec laração merece um come ntári o. Desde qu and o pro por a cessação de reuni ões co m um Gove rno marxi sta, alé m de lançar de nún cias, con sti tue m motivo para se efetuar uma pri são? E qu e tipo de reg ime é esse qu e trata um sacerdote de "cidadão"? ! Só mes mo num país co muni sta isso sucede . E onde estão os denominados def ensores dos direitos humanos? E les não tê m sequer um a palavra de protesto contra reg imes marxi stas como o vietnamita, que vi o la m os mais eleme ntares direitos humanos? E não são eles, junto com toda a coorte de inocentes úteis, que in sistem em repetir que o comuni smo morreu? Ao que parece, o seu discernimento e sua me móri a são se leti vos : eles "ignoram " o comuni smo metamorfoseado do Ocidente e "esqueceram-se" da ex istência de países como C h ina , Vi e tn ã, Co ré ia do No rte e C uba ...

co ntra a adoção da lei islâmica em vári os Estados já deixou 300 mortos no país, em dois meses ("Jornal do Bras il", 23-2-00). • Conflito étnico-religioso entre os cristãos lbos e os muçulmanos Hausas, em guerra desde a semana passada ao norte da Nigéria, estendeu-se ontem para o Sudeste, onde pelo menos 50 pessoas morreram em tumultos na cidade de Aba ("Jornal do Brasil ", 29-2-00).

Burundi • Assass inado miss ionário leigo católico itali ano (4- 10-00). • A religiosa italiana Sor Gin a Simi onato, 55 anos, fo i assassinada no domingo passado por guerrilheiros, quando se dirigia com três frm ãs burundianas para participar da missa dominical. Nos últimos 15 di as já fora m assassinados qu atro miss ionários ita lianos ( 17- l0-00).

Ruanda O regime ruandês promoveu uma caCATO LICISMO

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çada contra sacerdotes católicos acusados de participar de "genocídio,,, (26-11-99).

Congo Guerrilheiros seqüestram o Arcebispo Emanuel Kataliko, descontentes com seu sermão de Natal ("O Globo", 16-2-00).

Egito Na véspera da chegada de João Paulo II ao país, islamitas assassinam pelo menos 19 cristãos. A um deles, de 24 anos, "os agressores disseram que parariam de espancá-lo se dissesse que era muçulmano. Ele respondeu que preferiria ser assassinado, e então esmagaram sua cabeça e depois cortaram seus braços" ("O Estado de S. Paulo", 25-2-00).

Católicos perseguidos em Cuba Não nos alongaremos em relatar as perseguições que ocorre m m uba ,

poi s o notici ário a respeito é mais freqüente. Mencionaremos ape nas algumas breves e rece ntes notícias. Uma delas, di stribuída pela Agência Católica de Infonnações (ACI), narra qu e membros do Departamento de Assuntos Religiosos do Partido Comunista Cubano, de Palma Soriano, invadiram a casa de uma católica, Elena Macías, agrediram-na e destruíram uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, lançando os pedaços desta no rosto da Sra. Macías. A Agê nc ia Zenit de nuncia que o Mini stério da Educação de Cuba proíbe que os alunos de escolas primári a usem objetos religiosos, com medalhas, :antinhos, cruze , escapul ári s utros símbolos cató li os. gunclo esse mini tério marxista, Lal medida íoi adotada com a íinaliclaclc lc que as expressões religiosas "não obstruam " o trabalho políti-

co-ideológico desenvolvido com os alunos (s ic!). Encerramos este relato com uma afirmação do Bispo de Verona, Mons. Flavio Roberto Ca1Tai·o, Preside nte da Comissâo para a Evangelizaçâo dos Povos, da Conferencia Episcopal Itali ana. Regressando de Cuba, o Prelado decl arou ao di ário itali ano "Avenn ire": "A situação ela Igreja em. Cuba é ele sofrim.ento ". Ele cita um documento confidencial do Com.itê central do Partido Comunista de Havana, do qual constam instruções para d struir o sentimento reli gioso latente em muitos cubanos. Rezemos também pela perseverança de nossos irmãos católicos perseguidos e martiri zados na ilha-pri são de Fidel Castro. Muitos deles jazem nas sórdidas mas morras co munistas, sev iciados, sem qualquer assistência espiritual, poi s em Cuba ela é proibida.

Algumas considerações sobre o martírio Em face desse sinistro quadro, uma pergunta ve m à mente: serão mártires todos os católicos mortos nessas lutas e perseguições? Pai·a responder a tal pergunta, é útil resumir breve mente aqui a doutrina católica sobre a matéria.

Noção geral A palavra "mártir" provém do grego e significa "testemunha ". E la foi empregada nos primeiros te mpos do Cristianismo pai·a indicar os Apóstolos e os primeiros discípulos que, tendo presenciado os milagres e a Ressurreição de Jesus, derramai·am seu sangue para dar testemunho disso. Posteriormente, o termo foi utilizado num sentido mai s amplo, pai·a designai· todos os cristãos que preferiram a morte a renegar sua Fé. Na linguagem eclesiástica, a palavra "martírio" refere-se, poi s, ao testemunho da verdade cristã, selada com o sangue, até o sacrifício da própria vida. Tendo sido Nosso Senhor Jesus Cristo o Mártir por excelência, mártir é todo aquele que, à semelhança de Cristo, dá 16

CATO L ICISMO

o testemunho da verdade com a própri a vida. Assim sendo, Santo Estêvão foi o primeiro mártir. "A história de Estêvão é uma repetição da história de Cristo. Ser santo (ou mártir), para os prirneiros cristãos, era morrer nâo só por Ele mas como Ele .... Assim como o batismo sign4icava morrer com Ele e ressurgir para a plenitude da vida eterna, o martírio era o selo de uma total conformidade 1 do santo com Cristo" • O martíri o constitui um ato supremo da virtude da fortaleza e o mais perfe ito ato de caridade.

Características De acordo com os teólogos, três são as condições para que haj a verdadeiro martírio: 1 - Que se sofra verdadeiramente a morte corporal. O mártir é considerado a perfeita testemunha da Fé cri stã, aq uele que deu a prova abso luta de seu amor a Cristo. Ora, a vida é o maior bem natural do homem. Logo, dar a vida por Cristo é a maior prova de a mor a Ele. Aquele que conserva a vida do 'O I'

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po ainda não demonstrou de modo abso luto que despreza todas as coisas terrenas por amor de Cristo. Assim, antes de ter dado a vida pelo Senhor, ninguém pode ser chamado verdadeiro mártir. Por isso, aqueles que sofreram torme ntos por amor a Deus, mas não até a morte, não podem ser chamados mártires no sentido perfeito e completo do termo. A Igreja não chama mártires senão aqueles que morreram por Cristo, e reserva o título de confessores àq ueles que sofreram o ex ílio, a pri são, a perda dos bens, e mesmo a tortura para confessar sua Fé. 2 - Que a morte seja infligida por ódio à verdade cristã. A verdade da Fé cristã ex ige não só a adesão interna às doutrinas reveladas, mas também a profissão externa, por meio de palavras e de atos, medi ante os quais se demonstra a própria fé. Todos os atos de virtudes, por se reportarem a Deus, são, de algum modo, profissões de fé, poi s é através da fé que sabemos que Deus premia algun s atos e castiga outros. Por isso, não somente a fé pode ser causa do martírio, mas toda virtude, con-

tanto que se relacione com Deus; assim São João Batista é honrado como mártir por haver sustentado os direitos da fidelidade conjugal. Do mes mo modo, São João Nepornuceno fo i canonizado como mártir por se recusar a viol ar o segredo da Confissão; e Santa Maria Goretti, para preservar a pureza. Requer-se, portanto, que a morte seja infligida por um inimigo da Fé divina ou da virtude cristã. Por conseguinte, não são mártires, no sentido próprio do termo: a - aqueles que suportaram a morte em virt11de de moléstia contag iosa, contraída de doentes dos quais tratavam por amor a Deus (estes podem vir a ser considerados "confessores"); b - os que sofreram a morte na defesa de uma verdade natural ; c - os que sofreram a morte na defesa da he resia. Também é necessário, da parte do perseguidor, o ódio à Fé ou a toda outra boa obra, desde que ordenada pela Fé de Cri sto. E quanto a isso, pouco importa que o perseguidor eja pagão, herege ou mesmo católico; basta que ele inflija a morte por ód io a uma virtude que se pode relacionar com a Fé; assim Santo Estanislau de Cracóv ia, São Tomás de Cantuária e São João Nepomuceno foram postos à morte respectivame nte por Bolesla u, Re i da Polônia, Henrique II da Inglaterra e Wenceslau, Rei da Boêmia, que no e nta nto eram católi cos. Contudo, não é necessário que o perseguidor reconheça expressamente que age por ód io à fé; basta que este seja seu verdadeiro motivo, mes mo qu ando ele invocar um outro pretexto. É o que confirma a História, pois Nero começou a perseguição pretextando o incêndio de Roma em 64 dC. , que ele atribuía caluniosa me nte aos cristãos. 3 - Que a morte seja aceita voluntariamente. Um ~du lto que é morto durante o sono, por ódi o à Fé, normalmente não é verdadeiro mártir. Porém, muitos autores ensinam que um adulto

que tenha abandonado tudo para seguir o Senhor, e é morto pelos inimigos da Reli gião enquanto está dormindo, em ód io à Fé c ristã, é verdadeiro mártir, porque em sua entrega total estava implícita a aceitação voluntária de tudo o que viesse em conseq üênci a dessa entrega, inclusive a morte. Na aceitação voluntária da morte está compreendida a ausência de resistência. Pois se a pessoa se defende, pode ser que tenha querido salvar a vida, não entregá- la. Defender a própri a vida é legítimo (e em muitos casos é até obrigatório), mas não cai·acteriza o martfrio. Essa exigência faz levantar uma pergunta: se o soldado que morre numa guerra em defesa da Fé pode ser considerado mártir. Santo Tomás de Aquino parece indicar que se pode considerar como mártir o soldado que morre em uma guerra movida para a defesa da Fé. Pai·a que haj a martírio, entreta nto, é necessário uma guerra entre fi éis e infiéis, não por motivos políticos, mas por causa da Religião; então aqueles que lutam em prol da Religião católica, contra os infiéis, morrem mártires, porque a morte Lhes é infligida por ódio à Fé. E sua resistência não é um obstáculo a seu título de mártir, porque, dizem os teólogos, eles lutaram primariamente não para defender suas vidas, mas por causa da Igreja e da verdadeira Fé contra os adversários de Cristo; eles não defendem sua vida senão secundai·iamente, na medida em que esta é necessária à Igreja e à Fé cristã. Pode uma criança, ainda não dotada do pleno uso da razão, ser mártir? A resposta é positiva. Para que sejam márti res, basta que seja m mortas por Cristo, e isso mes mo no seio materno. Nesse sentido, convém le mbrar o caso célebre dos Santos Inocentes, que a Igreja sempre honrou corno mártires. Nas causas de beatificação e canonização dos mártires são examinados todos esses elementos. Urna vez que eles sejam comprovados, fica dispensado o exame de heroicidade das virtudes e, algumas vezes, também a prova compleme ntai· dos rnilagres.

Eficácia e efeitos do martírio Martírio de Santo Estêvão - Anniba/i Carracci (1603), Museu do Louvre, Paris

1 - Justifica o pecador. O martírio confere o estado de graça ao pecador, CATO LIC ISMO

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um perfeito ato de caridade, o martírio destrói nos justos (ou seja, nos que estão em estado de graça) toda a culpa venial e toda a pena temporal devida pelos pecados passados. Por isso, todos os mártires entram imediatamente no Céu, sem passar pelo Purgatório. 3 - Produz um aumento na graça e na glória. O martírio confere ainda aos j ustos um aumento notável na graça e na glória. 4 - Merece especial recompensa no Céu. Por fim, o martírio merece uma recompensa especial no Paraíso celeste, a que Santo Tomás chama uma alegria, um prêmio privilegiado, correspondente a uma privilegiada vitória.

Martírio espontâneo

seja ele adulto ou criança. Para o adulto, entretanto, é preciso que venha un ido pelo menos a uma atrição ou contrição imperfeita dos pecados cometidos. Na . aceitação voluntária da morte por amor de Deus ou da virtude já está implícita a dor pelos pecados. Pessoas adu ltas não batizadas, mortas por ódio à Fé, são igualmente justificadas e vão para o Céu. Explica-se isso porque o martírio supre o batismo de água e produz os mesmos efeitos: apaga o pecado original, e os pecados atuais quanto à cu lpa e à pena. É o chamado "batismo de sangue" (cfr. Mt 10, 32 e 39). Entretanto, se o adulto é catecúmeno (em fase de preparação para ser batizado), ele deve, tanto quanto possível, receber o batismo de água antes do martírio. Se se trata de um adulto já batizado, deve ele, se possível, confessar seus pecados a um padre, ou pelo menos lamentá-los e receber a Sagrada Comu nhão, porque esses preceitos obrigam, em decorrência do direito divino, no momento da morte, e o mártir não pode ser dispensado. Ressaltamos que isso é requerido só quando há possibilidade, ou seja, no caso em que já se prevê o martírio e existem condições de se preparar para ele. Por exemplo, antes de ir a uma bata lha, numa guerra de Religião. 2 - Destrói a culpa venial e a pena temporal de todos os pecados. Sendo

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CATOLICISMO

Sendo o martírio um ato de virtude, é louvável oferecer-se espontaneamente para ser martirizado? Como explicar que a Igreja tenha visto nessa atitude uma pretensão e um perigo? A razão dada pela Igreja é que não é permitido oferecer aos outros a ocasião de agir com injustiça; seria um pecado de cumplicidade. Entretanto, a Igreja aceitava como martírio esse fato quando se tratava daq ueles que tin ham tido a fraqueza de abjurar a Fé e queriam reparar sua falta. Os teólogos admitem que uma especial inspiração do Espírito Santo pode explicar essa iniciativa, assim como mui tas outras causas, entre as quais Santo Tomás cita o zelo pela fé e a caridade fraterna .

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São Gregório Nazianzeno resume numa sentença a regra a ser segu ida nesses casos: procurar a morte é mera temeridade, mas recusá-la é covardia. Tendo isso em vista, pode-se habitualmente desejar o martírio e pedi- lo a Deus? A resposta é que o próprio Nosso Senhor nos encorajou a isso. Por outro lado, os teólogos não têm trabalho nenhu m em demonstrar que o desejo do martírio não compreende de nenhum modo a aceitação do pecado cometido pelo perseguidor, nem a menor cumplicidade com ele. Em sentido contrário, é lícito fugir da ocasião ele martírio? Sim, dizem os teólogos, e também disso nos deu exemplo Nosso Senhor Jesus Cristo fugindo dos farise us, quando queriam apedrejá-Lo . Em certas circunstâncias, uma fuga dessas não pode, de nenhum modo, ser assimi lada a uma negação da Fé; é mais bem uma confissão virtual, pois que é a aceitação .de grandes males, como o ex íl io, por apego à Fé. Entretanto, os Bispos e aqueles que têm o encargo de almas não podem fu gir, se sua fuga importa no risco de provocar a dispersão do rebanho. Não se pode também provocar os perseguidores. Por isso é que quebrar ídolos foi condenado pelo Concilio de Elvira (ano 306). A provocação é lícita, caso pareça que ela venha de uma inspiração do Espírito Santo, ou se as circunstâncias mostrarem que o servidor de Deus devia agirdesse modo pelo bem da fé e da Religião, ou por mandado da autoridade pública.

Exemplo de um grande Santo Sobre o desejar o martírio e mesmo procurá-lo, convém lembrar o magnífico exemplo de Santo Inácio de Antioquia, no século II, discípu lo de São João Evangelista. Estando preso em Roma para ser executado, soube que cristãos eminentes tentavam li bertá- lo e estavam rezando nessa intenção. Escreveu-lhes então, no sentido de que desistissem de tal intento, estas belas palavras: "Peçolhes que não dispensem uma bondade inoportuna em meu favor. Deixem que eu seja devorado pelasferas, através das quais chegarei à presença de Deus. Eu sou o trigo de Deus e é preciso que eu seja triturado pelos dentes dos animais selvagens para tornar-me puro pão de 2 Cristo" . O que realmente se rea lizou. *

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Não poderíamos terminar este artigo sem externar uma lamentação: o Coliseu , local do martírio de tantos cristãos, verdadeira relíquia da Cristandade, fo i recentemente restaurado e reaberto ... para espetáculos ! Esse imponente monumento romano, erigido pe lo Imperador Tito por volta do ano 80 dC., assistirá agora a outra sorte de espetácu los; não mais os proporcionados pelos mi lhares ele homens, mu lheres e crianças que enfrentaram as feras , derramando seu sa ngue por Cristo, mas por artistas de teatro encenando peças mu ndanas .. .3 ♦

Notas: 1. Kenneth L. Wooclwa rcl , A Fábrica de Santos , Editora Sici lia no, 1992, p. 53. 2. Kenneth L. Woodwarcl , op. c it. , p. 53. 3. Cfr. "Fo lha de S. Paulo" , 20-7-00.

Outrns obras consultadas: -

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Th e Ca tholi c En cyc lopedia , ve rb e te '·martyr" , p. 736 e ss. Diclionnaire de Th éologie Ccuholique, Li -

A Igreja não pode ficar indiferente à perseguição anticatólica A propósito de perseguições contra católicos, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira escreveu vibrante artigo, em 16 de março de 1930 no "Legionário", sobre perseguições que ocorriam então na Rússia comunista. Transcrevemos a seguir um excerto dele para ilustração dos leitores:

"Se em circunstâncias como a atual a Santa Sé não tomasse posição ao lado de seus filhos aflitos e perseguidos, se não procurasse consolá-los em suas amarguras e d iminuir seus padecimentos, ela daria grande argumento a seus adversários. De fato, por que se intitularia ela Mãe, se deixasse, indiferente, perecer seus filhos? De que lhes valeria patrocinar no mundo inteiro a fundação de hospitais, se, indiferente aos seus próprios mártires, desprezasse, soberba, o sangue derramado pela Fé Católica e que, segundo a Bíblia, brada aos Céus? Poder-se-á, é certo , objetar que a perseguição é tão pequena, que não mereceria uma tão enérgica repulsa. Tal argumento, porém, mal merece as honras de uma resposta. Admitindo (posto que não concordemos com esta asserção) que a perseguição seja minúscula, admitindo mesmo que apenas um fiel tivesse sido niorto por causa de sua Fé, perguntamos: não teria a Igreja o direito de protestar com todas as suas forças? Merecerão os seus filhos menos carinho, pelo fato de serem humildes e pouco numerosos? Não, o mesmo direito que lhe assiste, de protestar contra o massacre de um país inteiro, lhe assiste de protestar contra a morte de um só de seus fiéis, pois que por todos vela a Igreja , com igual e carinhosíssima solicitude".

bra irie Letouzey et Ané, Pari s, 1928 , tomo X, verbete "Martyre", p. 221. La Grande Encyclopédi e, Pari s, S oc ié té Anonym e de la Grande Encyclopéclie, tomo XX IJI, verbete "Martyr" , E-H.V. , pp . 350351. Les Petils Bollandistes, B loucl et Barra i, Pari s, 1882, tomo li, pp. 165. Dizion.ario di Teolog ia Morei/e , Francesco Roberti-Pi etro Palazz in i, Eclitrice Stucliurn, Roma , 1957 , verbete "Martírio" .

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CAPA "Como, ninguém fez"

18:J •Ce rto é que a revi sta Catolicismo te m sido através dos anos uma ori e ntação seg ura pa ra a alma e vida do católico tradicional (a leio desde minha juve ntude, e hoje sou mãe e avó de família), mas que ro cumprime ntar os senhores e toda a T FP, da qual ela é porta- voz, pelos núme ros de dezemb ro/2000 e j ane iro/2001 co m maté ri a reli giosa, moral e social, com a mais inteira fid elidade ao Dr. Plínio, registrando a come moração dos 2000 anos do nasc ime nto de Nosso Senhor Jesus C ri sto, as mudanças do séc ulo e do mil êni o e, ainda, os 50 anos da rev ista co m qu anta nobreza e coragem I Toda uma análi se retros pectiva e ta mbé m da atualidade, como ningué m fez ! Que a Sagrada Famíli a conceda aos senh ores o cêntuplo por todo o bem que nos fa zem! (M.C.E. - RJ)

O mesmo perfume e as mesmas bênçãos

18:J Como ass inante de Catolicismo , apresento a V. Sa. minhas felicitações pela excelente qualidade da rev ista, tanto no que se refere ao conteúdo quanto no que toca à sua apresentação e arte gráfica . A capa da última edi ção é uma verdadeira obra de arte, simbolizando magnificamente o te ma tratado e causando um impacto, e m tudo benéfico às almas, pois alterar a moral verdadeira equivale a desfi gurar a Sagrada Face de Nosso Senhor. Aproveito para di zer que ainda se pode m sentir nas páginas de Catolicismo o mes mo perfume e as mes mas bênçãos do tempo em que o Dr. Plínio estava entre nós. E isto dá uma grande confiança de que, em todos os de mais campos de atividade da TFP, este mesmo espíri to de fidelidade, tão

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presente na revi sta, propiciará a continuação da luta e m via segura, superando com sabedoria as dificuldades e esperando que Nossa Senhora conceda à Igreja o tri unfo de seu Imaculado Coração.

pela turbulência, já que a minha Santinha estava comigo . Gostaria que, se possível, publicassem parte deste texto, poi s prometi que escreveria a vocês contando o ocorrido.

(F.M.F. - MG)

(M.P.M. - RS)

Meio de comunicação para católicos

18:J A revi sta Catolicismo será um meio de comuni cação mais apropriado para nós católicos, que nos traz detalhes e relatos, que nos faz conhecer os apelos fe itos por nossa Mãe Santís ima. E nos faz aproximar cada vez mais de nossa querida Mãe de Deus. Tudo através desta sensacional revista.

Cinqüentenário

18:J 50 anos de vida que a revista Catolicismo vem identificando com seus leitores, informando sobre os assuntos mais variados, tanto políticos como sociais e religiosos. Parabenizo todos os compone ntes dessa revista maravilhosa, que dá uma aula de cidadania e filosofia a todos os leitores. (A.L.B. - SP)

(M.B.S. - PA)

Um juiz temente a Deus Medalha Milagrosa

18:J Peço parabenizar ao desem18:J Escrevo para informar que gosto muito de rece ber a revista Catolicismo, o que já faz anos. As reportagens têm uma gama de abrangência dos fatos históricos, dos santos e até os temas mai s atuais. Após ler a revista, empresto-a a vários colegas no hospital em que trabalho, e por fim deixo-a na capela para que mai s pessoas tenham a oportunidade de conhecê- la. Sou devota fervoro sa de Na. Sra. de Fátima, ass im como da Medalha Milagrosa, que não deixo de usar diariamente, e sempre qu e poss íve l presente io algun s amigos co m medalhas ou estampas que recebo dos senhores. Há poucos dias viajei em férias e passei por alguns momentos de tensão, pela avalanche de chuva até o retorno, com turbulências no avião, mas nada me desanimou ou abalou minha fé, pois em todos os momentos rezei para que Nossa Senhora nos protegesse. No final, uma passageira olhou para mim e di sse: "Tinhas razão, tua Nossa Senhora nos conduziu". Pois eu afirmara que iríamos passar muito bem

bargador do Tribunal de Justiça do RJ, Dr. Júlio César Paraguassu, pela bonita entrevista em Catolicismo Nº 601 , de janeiro deste ano. Muito me impress ionaram sua grande fé, suas convicções reli giosas firmes e perfeitas, a seri edade demonstrada! Que coi sa mai s linda! Um juiz temente a Deus e devoto de Nossa Se nhora ... fiqu e i encantada mesmo! Que seu testemunho de vida cri tã sirva de exemplo aos home ns públi cos do nosso país! Parece ser um home m sensível, pelo seu semblante sereno, olhar profundo e meditativo, voltado para as coisas superiores ! Que Deus e Nossa Se nhora derramem muitas graças para ele, sua famíli a e também para o senhor e toda equipe de redação de Catolicismo. Parabéns pelo cinqüentenário da revi sta. (E.T.D.A. - RJ) Corr espondência (cartas, fax ou email s) para as seções Escrevem os lo,tores e/ou A Palavra do Sacerdote enviar aos endereços que figura m na p. 4 desta edição.

A ciência moderna tem comprovado de múltiplos modos a autenticidade do Santo Sudário, o lençol que envolveu o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo morto. Agora, recente obra de cientista francês comprova a veracidade também da túnica usada por nosso Divino Salvador quando carregou a Cruz até o alto do Calvário, como sempre se acreditou. uem chega à cidadezinha de Argenteuil - hoje absorvida pela periferia urbana de Paris - não faz idéia do menso tesouro que sua igreja paroquial encerra. Em relicário dourado, num te mplo habitualmente deserto, nada mai s nada menos que a preciosa Túnica de Nosso Senhor Jesus Cristo! A mesma que, segundo tradição milenar da Igreja, foi tecida por Nossa Senhora para o Menino Jesus, e a piedade popular afirma que fo i crescendo com Ele no transcurso dos anos. A mesma que Ele usou na sua Paixão, quando foi entregue pelos fariseu s a Pilatos, e que portou até o alto do Calvário, e magado sob o peso da Cruz. A mesma que os cruéis algozes romanos, vendo que era inconsútil - isto é, formando uma só peça, sem costllfas lançaram à sorte, para não ter que dividila entre eles. Assim fizeram , cumprindo o que fora anunciado pelos Profeta . Na igreja paroquial de Argenteuil , o ambiente é de desolação . Os sacerdotes, há tempos, tornaram-se padres-operários, e não há quem atenda bem o visi tante ou peregrino. Já se foram os tempos - e entretan-

Q

Ciência confirma a autenticidade da Santa Túnica do Redentor da· humanidade L uís D uFAUR

to os fatos que vamos relatar pressagiam próx imo o dia em que eles voltarão - em que as multidões vinham chei as de fé, transidas de amor sobrenatural ,

venerar a Túnica encharcada do Sangue que o Cordeiro de Deus derramou em abundância para a Redenção da humanidade pecadora.

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vario. Às almas fiéis, inspirava profunda compaixão e contrição enternecida. E naqueles que tinham notícia dela - em número aliás maior do que se crê-, a graça alimentava uma esperança. Para esse abandono tão marcante, contribuía também o fato de que, no passado, haviam desaparecido as provas da autenticidade da relíquia. E sabe-se bem quanto o espírito moderno é ávido de demolir todo objeto religioso que não se cerca de atestados, até de clareza matemática ... Mas eis que, nesta passagem de milênio, lançando mão de equipamentos os mais avançados, a ciência moderna veio rasgar esse cerco de isolamento, afirmando, com Confirmado pela base em complicados exames: "Essa é ciência moderna fato a túnica com que Nosso Senhor Jesus ocorrido há 2000 anos Cristo carregou a Cruz até o alto do Calvário, como sempre se acreditou!" A Túnica permanecia em ArgenteuA tais conclusões conduz, notadail lembrando, apesar do esquecimento a que era relegada, a bondade infinita do _ mente, o trabalho intitulado "Jesus e a ciência - A verdade sobre as relíquias Redentor, desprezada por sécu los de de Crist.o", do engenheiro André Ma.ripecado e de Revolução. E, por isso mesmo, era uma increpação muda em rela- on , pesquisador do mundialmente reputado Cent.re Nat.ional de la Recherche ção a tanta recusa e dureza de coração. Scientijique - CNRS (Paris). Esse proEla, apesar de ignorada e meno prezafessor é especialista no processamento da, incomodava. Aos fautores do caos numérico de imagens, leciona na Unina Igreja - seja ele subversivo, seja lúversidade de Paris-Orsay e é autor de nudico-fe tivo - denunciava-lhes o desmerosas publicações científicas e técnicas. Ele já fez descobertas surpreendentes a respeito do Santo Sudário de Turim, com base em métodos ótico-digitais ultra-modernos. O mencionado livro pode merecer contudo um reparo: o tom asséptico de seu estilo, de praxe, aliás, na literatura científica, ma que numa obra para o grande público pode parecer pouco respeitoso. Mas vejamos os fatos como ele os descreve.

Voltaram-se contra a preciosa relíquia os protestantes, com dio furibundo. Tentou destruí-la sanha ímpia da Revolução Francesa, ébria de impiedade, ceticismo e furor anticristão. Desferiu-lhe um tremendo golpe de desprestígio o mito do progresso que, penetrando na Igreja, favoreceu o naturalismo. E com o advento do "progressismo" dito católico, adverso às devoções tradicionais, a relíquia foi relegada a um olvido ainda maior. Até que, por fim, a tendência de fazer da Religião preponderantemente uma experiência sensível, num ambiente de excitação e festa, pretendeu sepu ltar para sempre aquele despojo sacratíssimo da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Um percurso histórico com algo de milagroso Há poucos e parcos registros do destino da Santa Túnica de Nosso Senhor Jesus Cristo logo após a Crucifixão e nos primeiros séculos. Sabemos pelo Evangelho que foi tirada a sorte para indicar quem se torna.ria detentor da Túnica do Divino Redentor, 22

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tendo a relíquia ficado na posse de um dos soldados romanos. Provavelmente ela foi recuperada pelos primeiros cristãos, voltando talvez a Nossa Senhora ou aos Apóstolos. Tudo indica que a veneração da Túnica ficoll restrita aos discípulos. Com efeito, após Pentecostes, a Sinago-

ga desatou impiedosa e exterminadora perseguição aos cristãos. Nossa Senhora foi residir em Éfeso, fora da Terra Santa, com São João Evangelista. O ódio persecutório dos judeus de então - que entrou num recesso após a destruição de Jerusalém - logo cedeu lugar às perseguições romanas iniciadas por Nero no ano 64. Até que, em 312, o Imperador Constantino aboliu o cu lto pagão e passou a favorecer o Cristianismo . Em 326, Santa Helena - mãe do próprio Constantino - viajou à Ásia Menor e à Terra Santa e trouxe as relíquias da Paixão, que foram expostas à veneração pública. Assim a Santa Cruz, a Coroa de Espinhos, os pregos da Paixão, a Túnica de Nosso Senhor, o Véu da Verônica e outras relíquias de incomensurável valor foram sendo levadas a Constantinopla, nova capital do Império Romano. No início do século IX, Irene, Imperatriz do Oriente, ofereceu a Santa Túnica de Nosso Senhor como presente ao Imperador Carlos Magno, que acabara de ser sagrado Imperador do Ocidente pelo Papa São Leão III. Carlos Magno, por sua vez, confiou a custódia da relíquia à Abadia de Nossa Senhora da Humildade, localizada em Argenteuil, 30 quilômetros ao norte de Paris. Esse mosteiro estava reservado para as grandes damas da corte que se afastavam do mundo. A Abadessa Théodrade era uma das filhas do grande Carlos, e célebre por sua beleza e pelo zelo em implantar a regra de São Bento nos mosteiros do Império carolíngio.

Encontro providencial após desaparecimento Porém, mais um espectro ameaçador ergueu-se contra a Túnica embebida no Sangue redentor. Os vikings, ferozes guerreiros pagãos da Escandinávia, assolavam nos séculos IX e X as costas da França e entravam pelos Iios massacrando as populações, destruindo as cidades e pi lhando os templos. Paris foi atacada seis vezes, sendo que, em 845, por cerca de 120 navios vikings. O perigo era iminente. A Abadessa Théodrade e as religiosas tiveram que abandonar o mosteiro. Surgiu então o d!lema: o que fazer

da divina Túnica? Era arriscado às religiosas transportarem-na, pois poderiam ser surpreendidas na estrada. Solução encontrada: guardá-la num cofre, junto com os certificados de autenticidade da relíquia. O cofre, por sua vez, foi murado no interior da igreja, numa altura que não chamaria a atenção dos bárbaros. Os anos transcorreram. A princesa imperial que se tornara abadessa e as demais religiosas faleceram no exílio. E levaram consigo o segredo ... No sécul o XII, quando o Abade Suger, de Saint Denis, restaurou o antigo Mosteiro deArgenteuil, pairava um mistério sobre o local. Sabia-se que a Túnica estava lá. Mas ... em que lugar? O Abade ordenou que se efetuassem restaurações. Assim, em 1156 - em virtude de uma visão, segundo uns; devido a providencial acaso, segundo outros os pedreiros descobriram que uma prute da parede da igreja abacial era oca. Vasculhando-a, encontraram um cofre dentro do quaJ estava a Santa Túnica, com os certificados de autenticidade. Ao tomar conhecimento do fato, um frêmito de fé e devoção perpassou toda a França. No mesmo ano, os Arcebispos de Sens e Rouen, os Bispos de Paris, Chartres, Orléans, Troyes, Auxerre, Châlons, Évreux, Meaux e Sentis procederrun ao reconhecimento da relíquia e dos documentos anexos, e lavraram famoso atestado conhecido como Charte de 1156. E, numa cerimônia memorável, apresentru·am a Túnica para veneração de uma multidão de fiéis, entre os quais figurava o Rei Luís VII (pp. 146-147). Sucederam-se então séculos em que gerações de nobres, burgueses e plebeus peregrinavam em grandíssimo número, recebendo graças extraordinárias e sendo favorecidos por milagres, que indiretamente confirmavam a autenticidade de relíquia tão venerável. O Divino Redentor, quando subia ao Gólgota, deve ter considerado aquelas multidões medievais penetradas de compaixão, ternura e até de nobre indignação, repru·ando os horrendos ultrajes dos verdugos e as injúrias requintadas dos fariseus. Comove pensar que Ele então deve ter rezado especiaJmente por aquele mundo de pecadores necessitados, mas arrependidos e transidos de gratidão.

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Relíquia escapa à . destruição por parte' dos protestantes-. No fi m da Idade Média, wna perseguição ind izivelmente mais encarniçada desatou-se contra a Túnica de Argenteuil: a Revolução protestante. Em 1544 as guerras de Religião atingiram o cl ímax, e o rei Francisco I mandou fo rtificar Argenteuil. Mas não foi suficiente. Em 1567 os protestantes invadiram a cidade, incendiaram a igreja e enforcaram o pároco. Mas foi como se a Santa Túrúca tivesse desaparec ido de entre os mmos do santuário. Os huguenotes nem sequer a viram, e nada puderam fazer contra ela. Depois do massacre "ela reapareceu intacta, tão misteriosamente como tinha sumido " (p. 170). Reis e rainhas continuaram a peregrinar a Argenteuil com freqüência. Os milagres multiplicavam-se, os Papas cobriam a santa relíqui a com inúmeros privilégios, os nobres enriquec iam o santuário e os historiadores elaboravam seus primeiros estud os. A contemplação das dores inenarráveis da Paixão comunicava novas fo rças aos católi cos em luta contra os protestantes, os quais, por sua parte, preferiam a luxúria e a revolta pregada por L utero e sequazes.

Um sacerdote concessivo faz algo... que nem os verdugos haviam feito E m 1790, a Revo lução Francesa, herdeira do furo r anticatólico protestante, voltou-se contra a Sagrada Tú nica. O pároco da basílica, Pe. Ozet, procurou um meio termo em seu relacionamento com os revolucionários e jmou a Co nstituição Civil do Clero, fica ndo excomungado ipso facto. Os revolucionários radicalizavam-se, tendo então o sacerdote juramentado doado o relicário em vermeil, todo o ouro e a prata da igreja à Convenção Nacional, na ocas ião empenhada na eliminação de nobres e opositores. Em 18 de novembro de 1793, o pároco, na sua política de concessões, concebeu uma idéia desesperada e insana: rasgou a Túnica inconsútil , enterrou

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CAT O L IC IS MO

Abr il de

de 1892 fora m feitos cuidadosos trabalhos para a preservação da Túnica, estudando-se com cuidado o correto encaixe das partes, após a infeliz partilha do Pe. Ozet.

Primeiros exames científicos

Nem a Revolução Francesa, com seu feroz fanatismo anticatólico, conseguiu realizar o que o Pe. Ozet fez com a Santa Túnica

a parte principal no jardim e distribuiu outros pedaços entre alguns paroq ui anos. Aquilo que os sádicos carrascos de Nosso Senhor não fizeram, fê-lo um sacerdote de Cri sto, preocupado em estabelecer acordos com a iniqüidade ... As tentativas de se tornar simpático à Revolução de nada lhe adiantaram. O Pe. Ozet foi preso e passou dois anos no cárcere, tendo sido libertado no fi m do Terror. Logo desenterrou o pedaço principal e foi procurar os outros fragmentos esparsos. Mas só recuperou alguns ... Com eles reconstituiu a Túnica, faltando até hoje uma parte importante da fre nte. Por sua vez, as "autênticas " (documentos) da relíquia desapareceram para sempre ... Após a tormenta igualitária, o culto recomeçou. Novos e valiosos relicários foram doados por devotos agradecidos. O grande e Bem-aventurado Papa Pio IX mostrou especial devoção por ela e mandou acender um círi o perpétuo ante o reli cário. Em julho de 1882 e em março Papa Pio IX - Nico/a Bozzi (séc. XIX) - Museu Pio IX, Senigal/ia (Itália)

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Os trabalhos de 1892 permitiram efetuar a primeira investigação verdadeiramente científica, a qual constatou: a) tratar-se de túnica inconsútil; b) esteve em contato direto com a pele; e) fora marcada co m gra ndes manchas de sangue; d) era tec ida com fio de lã de ovelha, fi no como pelo de camelo, com uma trama em espinha de peixe; e) era de co r marro m esc uro avermelhado, lembrando o hábito fra nciscano ou carmelita. As análi ses do Dr. Philippe Lafon, diretor do Laboratório de Pesquisa Aplicada à Medicina e Higiene, e do Dr. J. Roussel, membro da Sociedade de Química de Paris, corroboraram que as manchas eram de sangue (pp. 198-200). E m 1893, estudos microscópicos da fa mosa Manufatura dos Gobbelins indicavam tratar-se de

tecido com todas as características dos primeiros sécul os da era cristã no Oriente Médio. O parecer foi ratificado em 193 1 por numerosos especiali stas consultados pelo Pe. Parcot (pp. 190-1 95). Na época de Nosso Senhor, a indumentária masculina compunha-se habitualmente de várias peças: a primeira, mais interior, envolvia a cintura; a segunda era uma túnica de baixo, que ia até os joe lhos [este é o caso da Túnica de Argenteuil] ; a terceira, uma túnica exterior que ia até os pés; e, por fim , o manto, ou capa, dobrada sobre os ombros, além de sandálias . A Túnica é inconsútil. Esse ti po de túnica era pouco freqüente e, de modo geral, indicava alta posição soc ial. Também sobressai a excelência do fio e a perfeição do fe itio. Ela é sedosa ao tato, a trama é tão delicada que pode até passar desapercebida. Segundo o costume da época, Nossa Senhora deve ter, Ela própria, fa bricado o fio, fia ndo continuadamente quatro ou cinco fi bras de lã de ovelha; e depois tecido a Túnica num tear caseiro. A cor avermelhada ou arroxeada da tintura é comum, não sendo própri a dos ricos, que usavam a pú rpura. Bem podemos imaginar o amor insondável com que Ela se empenhou na tarefa, quiçá já antevendo o destino sublime, trág ico e gra nd ioso que teria aquele tecido. Sob este ponto de vista, a Santa Túnica de Argenteuil também é uma relíquia indireta da Mãe de Deus.

Os rigorosos exames do Prof. Marion A Santa Túnica fica norm almente dobrada num relicário, onde pode ser vista através de um vidro protetor. Ela é desdobrada e exposta so lenemente a cada 50 anos. Por ocasião da exposição solene de 1934, ela foi submetida a exaustivo e tudo fotográfico, incluindo o uso de raios infravermelhos e ultravioletas . Em 1984 houve nova exibição pública, sendo tiradas fotos apenas por amadores. Em 1997, o Prof. Marion, que havia feito sensacionais descobertas no Santo Sudário de Tw·im com técnicas computacionais não destrutivas, solicitou ao Bispo de Pontoise, custódio oficial da relíquia, licença para praticar análogos tes-

Técnica de digitalização de imagens aplicada a chapas da Santa Túnica

Após processamento digital, aparece "mapa" das manchas do sangue de Nosso Senhor. As manchas principais estão assinaladas com círculos e uma letra respectiva.

Zonas das feridas visíveis no Santo Sudário de Turim (lado dorsal).

Na foto acima aparece o "mapa" das manchas aplicado sobre uma imagem tridimensional das costas, perfil esquerdo, de Nosso Senhor. As letras correspondem às da imagem anterior ( à esquerda). As manchas A, D e E, focalizadas sob este ãngulo, aparecem apenas parcialmente. A faixa cinza na altura dos rins corresponde ao cíngulo usado por Nosso Senhor. A faixa cinza na parte superior corresponde à grande prega que se forma naturalmente, quando se carrega um madeiro ou grande volume nas costas.

Na foto à direita, a Santa Túnica de Argenteuil foi aplicada de modo virtual sobre o Santo Sudário. Pode-se observar com facilidade a correspondência surpreendente da posição das feridas em ambas as fotos. A zona de feridas 1 no Santo Sudário corresponde às manchas indicadas com a letra B na Santa Túnica de Argenteuil; a 2 à F; 3 à G; 4 à C; 5 à H; 6 à /; 7 à J;9à K e 10à L.A zona 8 do Santo Sudário não aparece na Santa Túnica, provavelmente porque nessa parte ela não chegou a raspar as feridas. As linhas paralelas que aparecem em ambas as fotos indicam a posição da Cruz.

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tes na Santa Túnica deArgenteuil. Aresposta foi negativa. O Prof Marion encaminhou outro pedido ao Vaticano e recebeu da Secretaria de Estado igual recusa. Enquanto isso, o especialista loca li zou nos arquivos ela Diocese ele Versailles as chapas tiradas em 1934. Estavam bem conservadas. Sobre elas aplicou as técnicas ele digitalização de imagens, baseadas em scanners e computadores poderosos. É ele se salientar a precisão cio método, que chega a ser ele 10 a 20 milésimos de milímetro. Assim e le pôde mapear as manchas de sangue, que não são fac ilme nte perceptíve is num prime iro o lhar. Por fim , comparou o ,napa obtido com as manchas ele sangue - ali ás, minuciosamente estudadas cio Santo Sudário de Turim . Porém, desde logo surgia um a dificuldade. O Santo Sudário e nvolve u o Corpo de Nosso Senhor esticado e imóvel no Santo Sep ulcro, enquanto a Santa Tú nica ele Argenteuil fora portada por E le vergado sob a C ruz, cam inhando com passo camba leante, desequi I ibrando-se e caindo na rue la pedregosa, imensamente enfraquecido por desapiedadas torturas. Se ainda imaginarmos Nosso Senhor segurando com suas mãos a extre midade da C ru z na altu ra do ombro, é fác il supormos que a Túnica deve ter formado pregas. Es as pregas raspavam nas chagas abertas nas divinas costas, enquanto a parte da fre nte da Tún ica ficava so lta por efeito da curvatura geral cio corpo. Todos esses fatores fazia m com que o sangue se espalhasse no pano ele um modo irregular. O Prof. Mari011 so licito u então a aj uda de um voluntário com as proporções anatôm icas do Santo Sudário. E le simulou os movimentos da Via Cruc is, utili zando uma túni ca do mesmo tamanho cladeArgenteuil. Os movimentos foram repetidos várias vezes e em vári as formas, tendo sido sistematicamente fotografados. 26

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A seguir, com base nessas fotos e por métodos computac iona is, o Prof. Marion cri ou um primeiro modelo virtual cio corpo de Nosso Senhor Jesus Cri sto carregando a Cruz. No monitor cio computador esse modelo aparece como o ele-

Jesus Nazareno, o Cirineu e a Virgem Maria (séc. XVII) - Autor desconhecido - Museu de Arte Religiosa, Popayán (Colômbia) As manchas sangüíneas na Sagrada Túnica corresponderam perfeitamente aos ferimentos e às posições próprias ao carregamento da Cwz.

e nh ele um maneq uim . Sobre ele apli cou então as imagens ela Túnica ele Argenteuil. Dessa man ira reprodu ziu as pregas, que naturalmente se r rmam p lo aj uste ao corpo, e a cli fu são da s manchas de sangue provocada pe lo mov imentos dolorosíssimos sob a Cruz. Da mesma maneira, ap li cou a imagem da Sa nta Túnica a um eg und modelo virtual feito com base no anto Sudário ele Turim.

Concordância com as chagas do Santo Sudário!

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E e is a ad mirável surpresa!

Na primeira experiência, a distribuição das manchas sanguíneas na Túnica correspondeu perfeitamente aos fe ri mentos e às posturas própri as ao carrega mento da Cru z. Na segunda, as man chas ficaram posicionadas de modo a se superporem exatamente com as chagas do Santo Sudário. Em ambas as experiênc ias, na tela cio computador aparecem as feridas - as ma is sangrentas de todas - provocadas pelo madeiro, bem di fe renc iadas das horríveis di lacerações dos aço ites ela fl agelação, indicando com prec isão a posição da C ru z. Até pormenores históricos que intrigavam os cienti stas ficaram esc larecidos. Um deles é que os romanos - executores materi ais da Crucifixão, sob a pressão do ód io judeu - não costumavam obrigar o condenado a carregar a C ru z inteira. E les j á deixavam o tro nco principal encravado no loca l do suplíc io - no caso, o Calvário - , mas forçavam o sentenciado a levar a trave da Cruz, chamada patibulum. Em sentido contrário, os quatro Evangelhos não falam do patibulum, mas só el a C ru z: "Et baiulans sibi crucem exivit in eum" (Jo 19, 17). São Mateus , São Marco s e São L ucas menc io nam o cru zeiro no episód io em que o Cireneu foi obri gado a aj udar Nosso Senhor Jesus C risto a ca rregá- lo. Ora, na análi se c mputadorizada das r to ra fia s ela Tún ica apa recem co m toda c lareza possível as chagas e tumel"aç s provocadas por uma cru z, e não por u 111 mero patibulum. As manchas de sa ngue indi cam que na Via Sacra os do is mad iros cruzaram-se na altura do o moplata esquerdo de Nosso Senhor. Na iconografia trad icio nal, na Via acra Nosso Senhor aparece habitua lmente com um cíngulo, ou cordão c ing indo os rins. Tal cord ão não deixara nenhum vestígio conhecido. Mas, no ensai digital, a presença do cordão, de que

nos fa la a tradição, aparece perfeitamente identificada! A conclu são cio Prof. Marion é a seguinte: "O procedimento praticado foi, de longe, muito mais preciso que os que tiveram lugar no passado. Segundo nossos antepassados, era necessário acreditar que um só e mesmo supliciado tinha manchado com seu sangue a túnica [de Argenteuil] e o Sudário [de Turim]. Estas repetidas cifirmações requeriam um estudo aprofundado: desejamos então verificar, por nós mesmos, se tal comparação pode se justifica,: Os resultados aparecem entretanto pe,feitamente conclusivos. "A correspondência dasfe ridas é um argumento a favor da autenticidade das duas relíquias, que devem se referir bem ao mesmo supliciado. É muito difk il imaginar que fa lsários tenham tentado correlacionar de modo tão pe,feito os dois obj etos ..." (p. 2 12).

Da Paixão de Nosso Senhor

à paixão hodierna da Igreja Contudo, uma tão soberba confirm ação científica da Paixão do Redentor não foi recebida nos ambientes eclesiásticos com o júbilo - prudente, sem dúvida, mas cheio de reconhecimento - que e la merec ia. Pelo contrário, a descoberta do engenhe iro em digitalização de imagens teve acolh ida gélida, quando não de antipatia ma l di ssimul ada. Como explicar essa atitude desconcertante? Eis que a adorável Túnica de Argenteuil nos conduz da Paixão de Nosso Senhor Jesu Cristo à paixão da Igreja em nossos di a ... Espantado por essa aco lhida desfavorável , o Prof. Mari on - que em nenhuma parte de sua obra manifesta propensão o u aversão ao ca tolic ismo procurou uma explicação sobr as possíveis causas dessa atitude. E constatou a desconfiança de que a difusão das impressionantes concordâncias das duas relíquias prejudicasse a orie ntação do ecumenismo, no período posterior ao Concílio Vaticano II. Com efeito, tais descobertas patenteiam lumin osamente a veracidade e divindade da Igreja Católica. E isto em evidente detrimento das outras "igrejas".

Como poderiam aprese ntar-se num como que pé de igualdade representantes católicos e das re lig iões hebrai ca e muçulmana - por exemplo, em sessões ecumênicas - enquanto o Santo Sudário e a Santa Túnica de Argenteuil clamam pela veracidade das Sagradas Escrituras, da Fé e elas tradiçõeJ católicas, e em conseq üência postulam ser a Igreja Católica a única verdadeira? De que modo ap resentar-se-ão em atos ecumênicos os protestantes, acérrimos adversários do culto às relíqui as, quando nas de Turim e Argenteuil Nosso Sen hor quis deixar provas patentes do Sangue divino, para os homens adorarem? Tais relíquias evidenciam a estultice dos seguidores ele Lutero, Calvino e tantos outros he resiarcas ... Mas, para não prejudicar a "evolução atual das idéias " e a "aproximação com as outras religiões" (p . 2 19), o Sangue de valor infinito que Nosso Senhor Jesus Cri sto verteu caudalosamente para a nossa Redenção é silenciado, ignorado e, por fim , inteiramente condenado ao esquecimento por parte de setores católicos!

Relíquia especialmente importante para os nossos dias O li vro do Prof. Marion , publi cado no início do ano 2000, causou polêmica na França. Sob o impacto dela, o Bispo de Pontoise autorizou uma rápida e pou-

co publicitada ex ibição da Sagrada Túni ca. Auguramos que a ocasião ten ha serv ido, ao me nos, para mais exames científicos. Ma nossa a lm a volta-se sobretudo para o Bom Jesus subindo a áspera Via Sacra, chicoteado pe los verdugos e alvo da caudal de blasfêmias lançadas pelo populacho de Jerusalé m. Podemos imaginar o que Ele deve ter sentido, prevendo o que os homens no século XXI haveriam de faze r co m o seu Preciosíss imo Sangue inocente derramado por eles. E que tratamento deviam dar a uma Sagrada Relíquia intimamente vinculada a esse sangue adoráve l! A Túnica, entretanto, permanece e m Argenteuil co mo si na l de que, pelos mé ritos da Paixão, a Santa Igreja imo rtal por promessa divina - há de resplandecer com renovado fulgor, para uma humanidade purificada pela peni tência, nos lance terríveis e salvadores preditos por No sa Senhora em Fátima. Esperamos que em dias vindouros essa humanidade regenerada aco rrerá novamente a Argenteuil com uma piedade e um fervor aná logos àq ue les que se verificaram nos sécul os de Fé, nos esp lendores ela C ri standade medieval, e ♦ até maior.

Fonte de referência: André Mari on, Jésus et la science - la vérité sur les refi ques du Christ , Presses de la Rénai ssance, Pari s, 2000.

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ENTREVISTA O extenso e qualificado curriculum vitae do atual Comandante da Academia de Polícia Militar de São Paulo, brilhante oficial, credencia a abordar com segurança e experiência o assunto. Além dos cursos e simpósios de especialização em temas relacionados com a defesa da ordem pública, de que participou tanto no Brasil quanto no Exterior, o Cel. Paes de

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Lira exerceu importante papel de comando na operação militar que controlou a grande rebe lião do Presídio de Sorocaba, ocorrida em 31 de dezembro de 1997 e 1° de janeiro de 1998. Assim sendo, nosso entrevistado não é somente um abalizado conhecedor teórico da temática em questão: ele comprovou na ordem dos fatos a doutrina que expõe .

Catolicismo - Qual é a gênese da

A falência do sistema carcerário no Brasil O Cel. PM Jairo Paes de Lira, Comandante da Academia de

Polícia Militar do Barro Branco (SP), experimentado conhecedor desse tema, analisa-o com coragem e penetração público brasileiro já está infelizmente se habituando a um dos importantes fatores do processo de caos que vai se assenhoreando do País: a rápida deterioração do nosso sistema carcerário. Hábito esse perigoso, pois importa numa anestesia da opinião pública . Quase diariamente a mídia publica matéria sobre rebeliões em presídios, sentenciados que são mortos por seus próprios companheiros, funcionários e familiares de detentos transformados em reféns, resgates e fugas audaciosas e espetaculares praticadas por criminosos etc., etc. E também a atitude quase sempre leniente e

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concessiva das autoridades em face de organizações de criminosos, cada vez mais fortes e arrogantes. A rebelião simultânea, ocorrida em estabelecimentos penais do Estado de São Paulo no dia 18 de fevereiro último, constituiu um marco importante nessa sinistra escalada. E serviu também de ocasião para solicitarmos a nosso entrevistado - que em agosto de 1 999 já havia concedido a Catolicismo substanci osa entrevista sobre o projeto de lei de desarmamen to do Governo Federal - uma palavra esclarecedora sobre o candente tema.

rebelião simultânea em estabelecimentos penais do Estado de São Paulo, desencadeada em 18 de fevereiro de 2001? Ce/. Paes de Lira - Não tenho dúvida de que o levante generalizado, que afetou simul taneamente a Casa de Detenção cio Carandiru, 24 penitenciárias, duas cadeias púb licas e a inda dois xadrezes de delegacias de polícia, ocorreu porque a po lítica penitenciária praticada neste Estado, ass im como em outras uni dades federativas, nos últimos anos, por sua leni ência, aos poucos ofereceu condição favoráve l à instalação e ao crescimento ele facções cri minosas re lativamente organi zadas dentro cios presídios, com ramificações, simpatizantes e braços armados fora deles. O Congresso Nac ional infe li zmente tem aprovado, ate ndendo à pressão ela área de clireitos humanos do Governo Federal e das notórias organizações não-governa mentais que atuam no País, le is que cada vez mais afrouxam o Código Penal, mas principalmente a Lei de Execuções Penais. Por corolário, uma enxurrada de privilégios foi pouco a pouco incorporada ao rol de direitos mínimos que todo recluso tem ele ter, a ponto ele banir do sistema penitenciário todo resquício de exercíc io da autoriclade pública, subvertida também pelo a lto grau de corrupção entranhado no sistema. O excesso de direitos - como o ele ócio, o das eufemisticame nte cha madas vi sitas íntimas, o de receber alimentos para e tocagem nas celas, o ele não usar o indispensável uniforme distintivo dos reclusos, e outros - e li minou a di sciplina presidiária. O sentido retributivo* da pena foi completamente abol ido, por conside rar-se

•• • Cel. Paes de Lira: : "Quando a • : organização inter• na das facções : criminosas come• çou a prosperar, • •• a Administração • Penite n ciária, •• por ocasião das •• rebeliões que se • foram tornando : freqüentes; adotou • a conduta de • : negociar quase a • qualquer preço" •• •

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"contrário aos direitos humanos dos internos " :

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e à evolução hi stórica cio Direito Penal.

A par disso, quando a organi zação interna das facções criminosas co meçou a prosperar, a Administração Penitenciária, por ocas ião das rebeliões que se fora m tornando freqüentes, adoto u a eq uívoca conduta de negoc iar quase a qualquer preço, firmando posição apenas no tocante a não trans ig ir com fugas impostas mediante tomada ele reféns. Os líderes dessas facções embrionárias logo se aperceberam da tática correta a adotar, e m vista da disposição permanente em negoc iar: a obtenção de transferências planejadas, a fi m ele d isse minar lidera nças por todas as uni dades cio sistema pri siona l pauli sta. De fato, foram muito bem sucedidos nesse propósito, o que fica demonstrado pe la notável articulação do movimento maciço a que se refere a pergun ta. Por outro lado, desde a grande rebeli ão cio Presíd io de Sorocaba, contro lada a duras penas em uma operação policial militar comandada pelo Cel. Rui Cesar Melo, atual Comandante-Geral da Polícia Militar, por mim secundado, em 31 de dezembro de 1997 e l O de janeiro de 1998, fico u claro , a lé m de toda dúvi da razoável, que os detentos decidiram-se a romper uma barreira psicológica crucial, até então verdadeiro tabu : a tomada, se bem que aparente, de reféns entre os seus próprios familiares , aproveitando-se das fac ilidades proporc ionadas pela fro uxidão do sistema, em dias de visitação. Esse fato, que constou com todas as letras em relatório e ncaminhado ao Governo pela Polícia M ili ta r, deveria haver servido de a lerta para a radical mudança de posição q uanto ao suposto direito de "visita íntima", de visita de crianças em convív io estreito nos pátios e celas, e de recepção ele pacotes vindos cio ambiente exterior, com pouco ou ne nhum CATO LICISMO

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contro le. Nada acontece u ,é) a po líti ca pe nite nc iári a pe rmaneceu a mesma, e m todos os seus itens negati vos e perigosos. O que se viu e m feve re iro últim o fo i um a "Sorocaba multipli cada por c inqüenta", e m te rmos de gravidade e de número de reféns-adesistas . A Le i de Execuções Penais é, por si só, fraca, mas os efeitos da sua prática agravam-se, qua ndo a po lítica concretame nte a plicada vai além do pró pri o texto da le i. No as pecto dos direitos humanos, cuida-se muito daque les re lativos aos inte rnos, mas esquece m-se os das cri anças e ado lescentes, filhos de les, submetidos por seus pais e mães, nos di as de vi sita, à in o min áve l vi olê ncia de levá- los ao convívi o brutal com facínoras dos mais pe ri gosos, no ambiente degradante dos páti os e ce las de cade ias. C ri a nças, desde te nra idade, expostas à vi são ele bacana is, de espanca me ntos e ameaças ele morte, de tráfi co e consumo ele e ntorpecentes, da ex ibição do prestíg io arm ado das facções criminosas que mandam nas pri sões . M oc inhas de 12, l 3 anos, utili zadas pelos própri os pais, nesses di as de vi sitação que o mbre iam co m os festi vais de Sodo ma e Gomorra, co mo moeda ele troca por e nto rpecentes, c igarros o u te lefones celula res . Ou e ntão, para apl aca r a sanh a de presos mais fo rtes, que ex igem abusar dessas infe li zes n1eninas, das n1ulheres e irmãs dos ma is fracos, sob ex plíc ita ameaça de ajuste de co ntas, caso sej a recusada sua mali gna de ma nda. Tud o isso, inacreditave lm e nte, co m o patroc íni o do Estado .

Catolicismo - O Governo, a Polícia, dispunham de informações?

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Catolicismo - Qual o controle inter-

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l el. l'aes de Lira -

S in1 , o autodeno1n_inado Prime iro Coma ndo ela Capita l (PCC) tem ex isLência rea l, co1110 facção crimin osa relati va n1enLc or ani zacla. Os estudos do D r. Talli ind icam

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"No aspecto dos

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direitos humanos, : cuida-se muito • daqueles relativos : • aos internos, mas • • esquecem-se os : • • • das crianças e

Catolicis,110 - O PCC é real? Quais as suas : ori gens?

que e le começou a estruturar-se e m 1993, na pe nite nciária de segurança máxima de Ta ubaté, em que c umpriam pena os seus fund adores, mas ganhou conto rnos de organização quando e les fo ram transferidos para o complexo pe nal do Carandiru , na capital. O grupo escreveu um • "estatuto" e la nçou um manifes to lavrado de • • modo pseudopolítico, sob o le ma "Paz, Justiça e Liberdade". O estatuto impunha aos seus me mbros ríg ido comportame nto de lea ldade, sob pe na ele morte, e estabe lecia bases ele ação para a obte nção de privil ég ios, po r me io da pressão pe rmane nte contra a Administração Pe nite nc iária. A prime ira grande rebelião comandada pela lidera nça ori g inal do PCC fo i exata mente a do presídi o de Sorocaba, j á refe rida neste texto. Foi o primeiro teste quanto à uti li zação da massa de vi sitantes como s upostos reféns, a fim de inibir a ação da Força Policia l.

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Cel. f'aes de Lira - S i111 , havi a dados sufici- : entes para de mo nstrar o crescime nto da capacidade de organi zação das facções crirninosas atu antes no siste ma pri sional. Tais eleme ntos encontrava m-se, e m espec ial, em re latóri os insiste nteme nte e ncaminhados pe lo jui z a posentado Renato Laérci o Tal li , durante algunl te n1 po Corregedor da Admini stração Penite nc iária, aos seus supe riores .

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no que o PCC exerce sobre seus membros? Existe algum processo de iniciação secreta para a admissão deles? Cel. Paes de Lira - Sempre segundo a investi gação cio jui z Talli , os membros são admitidos co111 base no históri co cri111inal, reje ita ndo-se aque les que haja m praticado roubo, extorsão e violê ncia sex ual no interi or da pri são (frise-se be m, no interi or cio sistema, não fora da cadeia) . Passa m po r um rito inic iáti co denominado nada menos cio que "batismo", durante o qual juram lea ldade e fi de lid ade aos princ ípi os do "estatuto" e às lideranças, aceitando sentença de n1orte, especia ln1e nte no caso ele deixar de contribuir com os "irmãos ", quando fora da prisão.

adolescentes, • filhos deles, sub- : Catolicismo - Num manifesto do PCC hametidos por seus • via alusão a Che Guevara. Há dados que pais e mães, nos : falem em vinculação do PCC a partidos ou • movimentos de esquerda? dias de visita, : Cel. Paes de Lira - Não consta cio referido à inominável • levantame nto ele me nto algum e m favo r dessa violência de : hipótese. Alé m disso, e m minha experiência relevá-los ao • cente ele três anos e me io no trato com re be li convívio com : ões em estabelecime ntos pri s iona is, e m todo o • Estado, nunca loca li zei um só doc ume nto que fascínoras dos : fosse nesse sentido. É bem verdade que o mamais perigosos" • ni fes to cio P CC utili za-se ele bordões como " li-

: herdade, j ustiça e paz", "abaixo a opressão", • e de fin e-se co mo "o braço armado contra o

terror dos poderosos, opressores e tiranos " . : M as e les são di sparados, sempre, contra a Administração Pe nite nciária, não contra o regime ou o governo e m geral. Minha o pini ão é que a image m de G uevara está sendo utili zada ma is para confe rir à facção contornos, por assim di zer ro mânticos, de um partido o u sindi cato que suposta1ne nte lute contra u1n siste1na de poder bruta l. Trata-se ele uma fo rma de tentar atrair simpatias de certas parcelas da juve ntude, que têm na lembrança difu sa do gue rri lhe iro comuni sta um refere nc ia l equívoco ele luta pela libe rdade. Por outro lado, não te nho dú vida ele que o PCC, para organi zar-se, bebeu na mes ma fo nte do c hamado Comando Vermelho (C V), facção criminosa atuante no Ri o de Jane iro . Portanto, aprende u na cartilha dos g uerrilhe iros comuni stas das passada décadas de 60 e 70, que tra nsferiram aos criminosos co mun s a sua doutrin a de orga ni zação e as suas táticas urba nas de roubo a bancos e carros-fortes. ínsuspe ito a utor, Gore ncle r, fundador do Partido Comuni sta Bras ile iro Revoluc io nári o (PCBR), co nfirm a, na s ua o bra ele suposta a utocríti ca, Combate nas Trevas, o modo pelo qua l os criminosos co mun s he rdara m, entre os muros cio a ntigo pres ídi o Tirade ntes, as téc ni cas de o rga ni zação re ivindi catóri a e as táticas ele "expropriação" , cios partic ipantes so brevi ventes ela aventura milita ri sta da esque rd a armada.

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"Não tenho • dúvida de que •• o PCC aprendeu • na cartilha dos : g uerri/heiros • : comunistas • das passadas : décadas • de 60 e 70"

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Catolicismo - Qual é o papel da corrupção no que toca a essa crise? A corrupção no siste ma pri sio na l torna possível às facções criminosas obter, para e mprego nas re be li ões, a rmas, materi a l de resistência (barricadas, combustível e suprimento alimentar) e, princ ipa lmente, equipame nto de telecomuni cação. Esse último ite m fo i fund a me nta l para o sucesso do desencadea me nto simul tâ neo da re be li ão generali zada de feve re iro , be m como para a coordenação de la, a partir das lideranças es pa lhadas pelos diversos presícli os. O te lefone ce lul ar e ntra nas prisões por mãos de fa miliares dos presos e de advogados corruptos, assalari ados em base até sema nal do crime organizado: isso só pode ser obtido medi a nte omi ssão de fi scali zação, a peso de ouro . Às vezes - o que resta ta mbé m demonstrado nos re latórios do jui z Ta lJi - é o própri o agente penite nc iá ri o corrupto o in trod uto r, a preço

Cel. Paes de Lira -

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: maior, certa me nte, por ser maio r o ri sco a cor• rer o ma u fun c ionári o.

••

Catolicismo - Que linhas, pela sua experi• ência, podem ser adotadas para solucionar •• a crise? • Cel. Paes de Lira - A cri se no siste ma peni •• te nc iári o deve-se considera r estru tural. E xi ge• se, portan to, e cre io que a soc iedade pauli sta : fin aln1ente deixou ben1 cl ara essa de111anda, • uma reform a profunda na pró pria po lítica para : o setor. Eme rgencia lmente, devem-se adotar • certas medidas comun s em qu alquer país civi: lizado, ao me nos para reto mar o princípi o ela • auto rid ade e a di sciplina pri sio nal: : • F iscali zação eletrôni ca, e supervi sio na• ela, de pessoas e pacotes, e m caráte r permanen• te, para aca bar co m o in gresso ele armas, dro•• gas e celul ares ; • Proibição ele visitas de cri anças, exceto •• sem contato algum co m os presos; • • Proibição de "visitas íntimas"; : • Limitação de visitas, e m qu a ntid ade ele • pessoas, e m te mpo de duração e e m pe ri odi c idade; • Monitoração vi sua l e sonora das vi sitas, respeitando-se no e ntanto o sig il o da entrev ista com advogado regularme nte constituído; • Pro ibi ção de rece pção ele a li me ntos para estocage m nas ce las; • U so o brigatóri o el e uni fo rme pri sio na l; • Requalifi cação profiss io nal dos age ntes penitenc iá rios ; • Extinção das poucas masmorras ainda ex iste ntes no sistema; • Ob ri gatoriedade , para os internos, de trabalho pa ra c uste io do siste ma; • Concentração dos líderes identifi cados e m um úni co estabe lec ime nto de segurança máx ima, a fim de conter o processo ele disseminação de li derança . : A reformul ação que se impõe ex ige, é ela• ro, mudanças legislativas. M as o Congresso Na• c io nal está e m cond ições de votá- las rapicla• • mente, atendendo aos recla mos da po pul ação, • que não mais pode ser submetida à ameaça re•• presentada pe lo exercíc io da a rrogânc ia de fac• ções criminosas, de ntro ou fo ra dos estabele: cin1entos pri sionais deste Estado. ♦

.•

------• * Sentido retributivo da

pena: abrange o aspecto puniti vo, conseq üência do cri me. ( Puniturqui a peccatum est).

C ATO LIC IS MO

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Santos, e festas

de

TI São Ricardo de Chichester

Santo Estanislau

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····- ·---- 5 - ----·--

São Macário, o Milagroso, Abade.

Santa Juliana de Cornillon, Virgem.

+ Ásia Menor, 830. Abade de Pelecete, nas proximidades de Constantin opla, famoso pelos milagres que operava. Foi duas vezes exilado pelos Imperadores bizantinos contrários ao culto das imagens, fa lecend o na seg unda vez, devido aos sofrimentos que lhe foram infli gidos.

+ França, 1258. Religiosa agostiniana, grande devota da E ucaristia, Deus comunicou-lhe o desejo de ter uma festa dedicada ao Corpo de Cristo. Perseguida em sua própria com unid ade, teve que desterrar-se seis vezes até sua morte.

- - - - 2 ----··-· -·---·-

São Marcelino de Cartago, Mártir.

São Francisco de Paula, Confessor. (vide seção Vidas de Santos, p. 34)

-3 ·São Ricardo de Chichester, Bispo. + Inglaterra, 1253. Chancele r da Universidade de Oxford, conselheiro dos Arcebispos de Cantuária São Edmundo Rich e São Bonifácio, teve que lutar contra aprepotência do Rei HenJ"ique III.

- - - - 4 -·---São Benedito, o Mouro, Confessor. + Palermo, 1589. Escravo liberto, irmão-leigo e cozinheiro do convento franciscano de Palermo, por sua virtude e prudência foi escolhido como superior, apesar de analfabeto. Muito procurado pela fama de seus milagres e pelo dom de conselho, acabou, na velhice, renunciando ao cargo e voltando à cozinha.

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C A T O L 1C 1 S M O

--- 6 - + África, 413. Representante do Imperador Honór io na África, para fazer cessar a agitação produzida pelos hereges clona.tistas, os quais mandaram assassi ná-lo ao lhes impor o retorno à verdadeira Fé. Primeira sexta-feira do mês.

- 7 -Santo Henrique Walpole, Mártir. + Inglaterra, 1595. Reconci li ado com a Igreja após ter aderido ao cisma ele Henrique VIII, ordenou-se em Roma no Colégio dos Ingleses . Como jesuíta, voltou ao seu país, onde socorria os católi cos perseguidos. Primeiro sábado do mês.

--· 8 -· DOMINGO DE RAMOS Triunfal entrada de Cristo Jes us e m Jerusalém, poucos dias antes de Sua Paixão na mesma cidade. Abril de ~001

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16 -·-- -· --·-··

Santa Cacilda, Virgem. Burgos (Espanha), + 1007. Filha do rei mouro de Toledo, converteu-se ao beber a água milagrosa do poço ele São Vicente.

·-- 10 -- --- São Terêncio e Companheiros, Mártires. Cartago,+ 250. Na perseguição cio Imperador Décio, estes 40 cristãos preferiram a morte a sacrificar aos ídolos.

- - - - 11 -

---

Santo Estanislau, Bispo e Mártir. C racóvia, + 1097. Grande defensor da moral católica e santidade do matrimônio, foi assassinado pelo rei Boleslau II por increpar- lhe de levar vida desregrada.

12

São Benedito José Labre, Confessor. + Roma, 1783. Mendigo voluntário, peregrinava entre os mais célebres santuários da Europa, sofrendo humilhações e maus tratos. Ao fa lecer em Roma, as crianças espontaneamente saíram gritando pelas ruas: "Faleceu o

Santo".

17 Santos Elias e Isidoro, Mártires. + Córdoba, 856. Sacerdote e monge. Perseguidos pelos muçulmanos, ''.foram condenados à morte ao confessa-

rem sua fé cristã diante do Islamismo"(do Martirológio).

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QUINTA-FEIRA SANTA

Santo Apolônio, o Apologista, Mártir.

Instituição da Sagrada E ucaristia e do Sacerdócio

+ Roma, 185 . "Senador ro-

- - 13 SEXTA-FEIRA SANTA Paixão e Morte de Nosso Senhor Jes us Cristo. Jejum e Abstinência.

-- -- -·- -· 14 SÁBADO SANTO Jesus C ri sto no sepulcro e a So ledade de Nossa Senhora.

- ·- 15 PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO "Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!"

mano que, sob o lmperador Cômodo.foi entregue por um escravo, como cristão. Quando lhe foi pedida explicação de sua f é, compôs um famoso livro que leu no Senado" (do Martirológio Roma no).

19 São Leão IX, Papa e Confessor. + 1054. Lutou contra a simonia (venda de bens eclesiásticos) e a incontinênc ia eclesiástica (imoralidade dos clérigos) .

Santo Apolônio

- --- - 20 - - Santo Alfege, Bispo e Mártir. + Greenwich (Ing laterra) 1012. Abade, Bispo de Winchester e depois Arcebispo ele Cantuária, de grande austeridade de vida, dedicou-se muito em sua diocese a aj udar os necessitados. Durante a invasão cios dinamarqueses na Inglaterra, foi martirizado por não querer pagar seu resgate com o dinheiro ele tinado aos pobres.

21 São Conrado de Parzham, Confessor.

+ Baviera, 1894. Irmão-leigo capuchinho e porteiro do Santuário de Nossa Senhora em Altotting por mais de 40 anos. Grande devoto da Virgem, notável por sua caridade, dom de profecia e habili dade em ler os corações.

-- 22 Santo Agapito 1, Papa e Confessor. + Constantinop la, 536. E le ito para a Sé ele Ped ro já ancião, morreu em Constantinopla, onde fora tentar convencer o Imperador Ju. tiniano a não invadir a ltál ia e a remover da Sé de Constanti nopla seu Patriarca monofi sita (o monofisitismo é uma heresia que tinha força naquele tempo).

23 São Jorge, Mártir. + Lydia (Palestina) 303. Pa-

Santo Hugo de Cluny

trono da Inglaterra, Portugal, Alemanha, Aragão, Gênova e Veneza e um cios mais populare santos no mundo, dele sabe-se com certeza somente que sofre u o martírio em Lydia, devendo ter pertencido à Guarda Imperial.

24 Santa Maria Eufrásia Pelletier, Virgem. + Angers, 1868 . Nascida e m plena Revolução Francesa, conservo u intacta s ua fé e têmpera de espírito. Fu ndou o Instituto das Irmãs do Bom Pastor, para regeneração ele mulheres transviadas e amparo às que e encontravam em perigo de se perder.

25 Santo Aniano, Bispo. + Alexandria (Egito) séc. I. Discípulo e sucessor de São Marcos na Sé ele Alexandria,

Santa Cacilda

São Conrado de Parzham

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Santo Antimus, Bispo e Mártir.

Santo Hugo de Cluny, Confessor.

+ Nicomédia, 303. Bispo que

+ França, l 109. Recebido na Abadia de C luny por Santo Odilon aos 16 anos, sucedeulhe como Abade aos 25 , governando por 62 anos . Serviu a nove Papas, fo i conselheiro de [mperaclores, reis, Bispos e superiores religiosos, exerceu influência dominante na esfera política e religiosa de sua época.

"por sua confissão de Cristo, obteve um glorioso martírio por decapitação. Quase todos seus fiéis o seguiram, alguns dos quais o juiz mandou que fossem decapitados à espada, outros queimados vivos, outros colocados num. navio e afogados no mar" (do Martirológio Roma no).

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28 São Paulo da Cruz, Confessor.

Santo Eutrópio de Saintes, Bispo e Mártir.

+ Roma, 1775. Fundador cios Passi.onistas, dedicados à contemplação da Paixão cio Salvador e à pregação de missões populares. Favorec ido com os dons de profecia, milagres e curas, fo i um dos maiores pregadores cio seu tempo, convertendo crim inosos e pecadores cios mais empedernidos.

+ Fra nça, 404. Romano, acompa nhou São Dionísio à F rança, se nd o o p rim e iro B ispo ele Saintes . "Após ter

exercido durante longo Lempo o ofício de pregado,; foi decapitado em testemunho a Cristo, morrendo em triunfo" (cio Martirológio Romano).

"homem muito agradável a Deus por suas virtudes". Se-

-9-9

gundo a tradição, fora antes sapateiro.

26 Santo Estêvão de Perm, Bispo e Confessor. + Moscou , 1396. Monge russo, fo i mi ss ionário junto aos Urais e d e poi s Bispo de Perm . Por se opor às heresias de hu ssitas loca is, teve que fugir para Moscou , onde fa leceu.

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VIDAS DE SANTOS

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Francisco, embora não fosse obrigado a isso, começou a observar a regra com tanta exatidão, que se tornou modelo até para os frades mais experimentados nas práticas religiosas. Alguns milagres marcaram a vida do frade-menino no convento. Certo dia o sacristão mandou-o precipitadamente buscar brasas para o turíbulo, mas sem indicarlhe como. Ele, com toda simplicidade, trouxe-as em seu hábito, sem que este se queimasse. De outra feita, encarregado da cozinha, colocou os alimentos na panela e esta sobre o carvão, esquecendo-se contudo de acendêlo. Foi depois para a igreja rezar e entrou em êxtase, olvidando-se da hora. Quando algué m, que passara pela cozinha e vi ra o fogo apagado, chamou-o perguntando se a refeição estava pronta, Francisco, sem titubear, respondeu que sim. E chegando à cozinha, encontrou o fogo aceso e os alimentos devidamente cozidos. Os frades de São Marcos queriam conservar consigo aquele adolescente que dava tantas provas de santidade. Mas ele sentia-se chamado para outra coisa. Findo o ano, dirigiu-se com os pais a Roma, Assis, Loreto e Monte Cassino. Neste último lugar, sabendo que São Bento a li se estabelecera aos J4 anos para ent:regilf-Se todo a De us, fez o mesmo propósito. Pediu aos pais que o deixassem viver como eremita na chácara que habitavam. Os pais não só consentiram, mas passaram a levarlhe diariamente alimentos. Francisco queria mais solidão. Por isso, um dia desapareceu e subiu uma montanha rochosa, onde encontrou uma pequena gruta que transformou, durante seis anos, em sua morada. Vivendo exclusivamente para Deus, na contemplação e penitência, alimentava-se de raízes e ervas silvestres. Segundo a tradição de sua Ordem, recebeu ali o hábito monástico das mãos de um Anjo.

Profeta, Taumaturgo e Fundador PLINIO MARlA SOLIMEO

A extraordinária vida desse Santo comprova que a prática heróica da virtude pode, em certos casos, suprir uma ciência humana defectiva. Isso explica o aparente paradoxo da biografia de São Francisco de Paula: um analfabeto dotado de alta sabedoria, que o tornou conselheiro de Papas e monarcas. Fez grandes milagres e ressuscitou mortos. ifici !mente fo rma.-se um santo em lar pouco cristão, pois o exemplo dos pais costuma desempenhar importante papel na formação dos filhos. Vemo-lo claramente na vida de São Francisco de Paula, cujos progenitores eram modestos agricultores na pequena cidade de Paula, na Calábria. Tiago, o pai, ti rava do campo o sustento da família e santificava-se na oração, jejum, penitência e boas obras. Sua esposa, Viena, era também virtuosa, secundando-o em suas boas disposições. M as não tinham filhos. E, para obtê- lo , faz iam violênci a ao Céu, sobretudo ao seráfico São Franc isco, de quem eram devotos. Prometeram dar seu no me ao pri meiro filho que tivessem. O Poverello de Assis deixo use comover, e nasceu o rebento tão desejado. A alegria, entretanto, foi de pouca duração, pois o recém-nascido Francisco teve uma infecção nos olhos, qu~ lhe ameaça~a a visão. Tiag~ e Vie na recorceram de 1 ,._ l1 ... , ,l d \ f vg ag ªílf8 '; s~ :ia possível que ele tivesse atendido Vl d , ,l . Sl . seus rogos pela metade? Prometeram agora, caso o memno sarasse e tão logo a idade o permitisse, vestirem-no

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Primeiros discípulos, fundações

com o hábito franci sca no, deixa ndo-o durante um ano num convento da Ordem. A cri ança sarou e cresceu em graça e santidade, s guindo desde cedo o exemplo paterno de oração e penitê ncia at ating ir os 12 anos . Apareceu-lhe então um frade fran ciscano, lembrando que chegara a ho ra de eus pai s cumprirem a promessa fe ita . O pais ·1quiesceram e levaram o menino, com seu pequeno háb ito, para o convento franciscano ele São Marcos, no qual todo o rigor da regra era observado.

Surgindo jove ns discípulos, esse eremüa de l9 anos obteve do Bispo local licença para constru ir um mosteiro no alto de um monte próx imo a Paula. Essa foi a origem da Ordem dos Mínimos, fundada pelo Santo em 1435. Essa construção, como outras posteriores, constituiu um contínuo milagre. Dela participavam os habitantes da c idade, ricos e pobres, nobres e plebeus. E foram testemunhas de inúmeros milagres. Enormes pedras saíam do lugar à sua simples voz, pesadas árvores e pedras tornavam-se leves para serem removidas ou transportadas, alimentos que mal davam para um trabalhador alimentavam muitos ... Com isso, mesmo pessoas doentes iam participar das construções e se viam curadas.

"Não há e~p écie de doenç(ls (IU(! (! /e

nfiR (enha cu-

rado, de sentidos e membros do co,po humano sobre os quais não tenha exercido a graça e o poder que Deus lhe havia dado. Ele restituiu a vista a cegos, a audição a surdos, a palavra aos mudos, o uso dos pés e mãos a estropiados, a vida a agonizantes e mortos; e, o que é mais considerável, a razão a insensatos e frenéticos". "Não houve jamais mal, por maior e mais incurável que parecesse, que pudesse resistir à sua voz ou ao seu toque. Acorria-se a ele de todas as partes, não só um a um, mas em grandes grupos e às centenas, como se ele fosse o Anjo Rafael e um médico descido do Céu; e, segundo o testemunho daqueles que o acompanhavam ordinariq,nente, ninguém jamais retornou descontente, mas cada um bendizia a Deus de ter recebido o cumprimento (.io que desejava"*. Dentre os muitos mortos que ele ressuscitou, destaca-se seu sobrinho Nicolas. Desejava ele ardentemente fijzer=se monge na Ordem que seu tio acabava de fun dw. Mas sua mãe, por apego humano, a isso se opôs tenazmente. O rapaz adoeceu e morreu. O corpo foi levado à igreja do cmw ento, e Francisco pediu que o condu zissem à sua cel<). Passou a noite em lágrimas e orações, obtendo assill) a ressurreição do rapaz. No dia seguinte, de manhã, quando sua irm ã foi assistir ao sepultamento do filho , Francisco perguntoulhe se ela ainda se opunha a que e le se fizesse relig ioso. "Ah!" - disse e la em lágrimas - "se eu não me tivesse

oposto, talvez ele ainda vivesse". - "Quer dizer que você está arrependida ?" - insistiu o Santo. - "Ah, sim!". Francisco trouxe-lhe então o filho são e sa lvo, que a mãe abraçou em prantos, concedendo a licença que antes recusara. Outro caso famoso foi o da ressurre ição de um homem que havia sido enforcado ti-ês dias antes pela justiça. Restituiu-lhe não só a vida do corpo, como também a da alma. Mas o fato ma is extraordinário, e que segundo se sabe só ocorreu com Francisco, foi o de ter e le ressuscitado duas vezes uma mesma pessoa. Um certo Tomás de Yvre, habitante de Paterne, trabalhando na construção do convento dessa cidade, foi esmagado por uma árvore. Levado ao Santo, este restituiu-lhe a vida. Tempos depois, caiu e le do alto do campanário, espatifar1.do-se em baixo. O Santo restituiu-lhe novamente a vida. Foi durante esse tempo que lhe apareceu o Arcanjo São Miguel, seu protetor e da nascente Ordem, trazendo- lhe uma espéc ie de ostensório e m que aparecia o sol num fund o azul e a palavra Caridade, que o Arcanjo recomendou que o Santo torriassfê: como ~mble ma de ·4a Ordem.

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CATOLICISMO

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CATO LIC ISMO

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Santuário de São Francisco de Paula (séc. XVI-XVII), Paula (Itália). A ala da esquerda do edifício é recente, tendo sido construída em 1930

Franc isco passa va as no ites e m prece, mal dormin do sobre umas pranchas . Observava um a quaresma perpétua, às vezes comendo a cada oito dias, tendo mes mo passado uma quares ma toda sem alimento, à imitação de Nosso Senhor. Seu hábito era de um tecido grosseiro, que e le portava de di a e de no ite, mas que nem por isso deixava de exa lar agradável odor. Seu rosto, sempre tranqüil o e ameno, parec ia não se ressentir nem das austeridades que praticava nem dos efeitos da idade, poi s era che io, sereno e rosado. O coroa mento de todas as suas virtudes consisti a numa admiráve l simpli cidade. E le era bom, franco, cândido, serviça l, sempre d isposto a faze r o bem a qua lquer um . Fo i esse espírito que e le comuni cou a seus filh os espirituais. Ele era dotado do do m da profec ia. Segundo um de seus bi ógrafos, de le se pode di zer, co mo do Profeta Samuel, que ne nhum a de suas predi ções de ixo u de se cumprir. Assim , profetizo u qu e os turcos invad iri a m a Itá li a, como j á hav ia predito que tomariam Co nsta ntin o pl a. Os demônios não podi am res istir-lhe, e foram inúmeros os casos de posse sos que e le li vro u do jugo di abó lico. Embora analfabeto, pregava com tanta sabedori a que pas mava a quem o ouvia. E co mo tinha em grau heró ico a virtude ela sabedoria e as virtudes cardea i - 1 ru cl Ancia, justi ça, te mperança e fo rtaleza - , brilhava m e las em seu modo ele ser e agir, como també m e m suas I a lavras. Por isso, sem o menor con trang imento p dia conversar e dar conse lhos a Papas, re is e granel s d stc mundo.

ao Santo que o fosse curar. Mas foi só com ordem forma l cio Papa que Francisco partiu para aquele país. Isso seria providencial para a ex pansão ele sua Ordem não só na França, mas també m em outros países ela Europa, como Alemanha e Espanha. São Franc isco de Paula, assim que esteve com o rei , di scerniu que a vontade ele Deus não era a ele curá-lo, mas levá- lo desta vicia. E o di sse cl aramente ao soberano, prepara ndo-o para a morte. O monarca confiou- lhe seus filhos, principalmente o delfim, então com 14 anos. Francisco fo i o confessor da Princesa Joana, que depo is de repudi ada por seu marido, o futuro Luís XII, fez-se re li gio a e merece u a honra dos altares. Foi por conselho ele Francisco que o Re i Carlos VJII casou-se com Ana de Breta nha, herde ira única daque le ducado, que ve io ass im unir-se ao Reino da França. São Franc isco, entre outros grandes carismas, era dotado de uma g raça especial para obter de Deus o favor da maternidade para mulheres estéreis. Muitos milag res desse gênero, alguns em casas rea is ou principescas, fo ram re latados no processo de canoni zação do Santo em Tours. Su a devoções particul ares consi sti am em cultuar o mi stério ela Santíss ima Trindade, da Anunc iação da Virgem, da Paixão de Nosso Senhor, bem co mo os sa ntíssimos nomes ele Jesus e Maria.

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ntes das_ apar~ções de ~os~a Senhora, Lúcia, Francisco e Jac111ta tiveram tt·es visões do Anjo de Portugal, ou Anjo da Paz. Por que começou com um Anjo? Deus é o Senhor supremo - Rex regum et Dominus domi nantium, Rei dos reis e Dominador dos que possuem qualquer forma de domínio - , Ele está acima de todos. E por causa disso, em grande número de manife, tações do Céu Ele não fala diretamente, não trata diretamente, mas manda falar ou tratar por meio de emissários dEle. Emissários altíssimos são Anjos, superiores aos mais altos homens, a perder de vista - mas infinitamente abaixo do trono de Deus, com o qual ninguém tem comparação. Nós notamos esse princípio nas aparições de Fátima. Aparece primeiro um Anjo. Um Anjo que é tal, que se nós o víssemos assim poderíamos à primeira vista talvez imaginar que era o próprio Deus. Não era, e ele disse claramente que se tratava de um Anjo. Depois de aparecer três vezes o Anjo, vem Nossa Senhora, Regina Angelorum, Rainha de todos os Anjos, superior a eles sem conta, porque E la é Mãe de Deus. Mas Ela não é Deus. No fim , .de um modo maravilhoso, alguma coisa do próprio Deus aparece: é a hi erarq uia, que nos deve ser tão cara, a hierarquia de todas as criaturas, que se desdobra a partir da supremacia, da maje tade uprema dAquele que é tudo. É a ordem hierárquica do universo que se manifesta nestas aparições ordenadas de Fátima, e que me compraz acentuar, porque nos ajuda a amar esta ordenação. Nossa luta nesta Terra pode definir- e em boa medidà nestas palavras: é a luta da ordem co nlra a desordem, da Hierarquia contra a Revolução, do bem contra o mal, de Deus contra aquele que se revoltou contra Deu - e e que não queria que houvesse seres superiores a ele, Satanás." (Plini o Corrêa de Oliveira, palestra para Correspondente da TFP, em 5-6-1994).

A "segunda morte" de São Francisco de Paula O Santo falece u na Sexta-fe ira Santa cio ano de J 507, aos 9 1 anos de idade. Seu corpo permaneceu incorrupto até 1562. Nesse ano, durante as Guerras ele Reli g ião, os protestantes ca lvinistas - como o Santo hav ia predito - invadiram o convento ele Pl ess is, o nde estava enterrado, ti ra ram seu corpo cio sepulcro e, sem se comover ele vê- lo em tão bom estado, que imara m-no com a macieira ele um grande crucifi xo ela igrej a. Assim, fo i o Santo praticamente martiri zado depois ele sua morte. E ntretanto, apesar do ódio cios inimigos ela fé, sua glóri a permanece para sempre. ♦

Nota : • Lcs Pc1i1s Bo ll andi s1cs, Vie.1· des Sa i11ts, d' apres le P. G iry, Bloud c1 Barra i, Paris, 1882, tomo IV, p. 143.

Outras obras consultadas:

Na França A fa ma de suas virtudes chegara até a França , o nde Luís XI fora atacado por doença mortal. Por isso, pediu

Nas aparições de Fátima, exaltado o princípio da hierarquia

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11d l vivcs, E/ S011 10 de Cada Dia , Ed i1ori al Lui s Vi ves, S.A., ara goça, 1947, 101110 li , pp. 33 3 e ss. P •. José Lei te S.J ., Sa11tos de Cada Dia, Ed i1 ori al A. O ., Braga, 1993, pp. 4 12-4 13. Fr. Ju sto Perez de Urbe l, O.S.B. , Aiía Cristia110, Edi ciones Fax, Madrid, 1945, 3". edi ção, pp. 20 e ss.

Nesta Edição: ♦

~rograma Radiofônico "A voz de Fátima" devo propaga a çao dos cinco prim . e,ros sábados O Brasil precisa de N Senh , ossa ora, e tema de CD

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foto produzida por Renee Cox, a Liga Católica para Direitos Civis e Religiosos enviou uma carta ao museu contestando a exibição, que demonstra "o desrespeito americano pela fé católica".

Prática satânica durante a Missa de Natal Calúnias contra a Campanha confundem as pessoas - Interrompi a contribuição porque senhores de uma outra campanha me procuraram e falaram que a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! estava com seus objetivos corrompidos. Solicitaram minha colaboração, mas o valor que solicitavam estava fora de minhas possibilidades. Também me entregaram um formulário onde eu solicitaria meu desligamento. Estou um pouco confuso (L.H.O .P., Rio de Janeiro). Nota da Redação - Todos devem tomar cuidado com pessoas mal-intencionadas que procuram os participantes de nossa Campanha. Vejam só a tática que usam: primeiro lançam calúnias contra nossa Campanha; depois pedem uma alta colaboração financeira para eles; por fim, já levam pronto um formulário para que o nosso participante assine e se desligue de nossa Campanha. Lançam a confusão nas cabeças das pessoas. Estejam atentos e não recebam pessoas desse naipe. Nossa vida não agradava o Coração de Deus - Quero dizer que muitas coisas boas têm acontecido na minha vida desde quando comecei a participar da Campanha . A graça maior foi a seguin te . Eu era juntada há mais de 6 anos. Só que esta vida de adultério vivia me atormentando, pois eu sou casada e católica . Como o Sr. sabe, o que Deus uniu, o homem não separe. Pois eu vim conhecer esta verdade quando descobri esta Campanha . Aí eu comecei a pedir a Nossa Senhora que afastasse este homem de minha vida, porque nossa vida não agradava o Coração de Deus . Quando foi no dia 19- 1-2001 eu recebi a graça, pois nos separamos de vez, graças à intercessão de Nossa Senhora . Pe ço a nosso Pai que está no Céu que, enquanto vida eu tiver, nunca mais cometa tal ato que se chama adultério (V.D.S ., Ceará).

de muita fé. Me sinto feliz também por ser membro da " Alian ça de Fátima" . Agradeço em meu nome e de todos os meus familiares por estarmos incluídos nas intenções da Santa Missa celebrada todo mês (E .F.G., Espírito Santo) .

Uma vergonha - A imoralidade não é só na TV, mas em todo canto, uma verdadeira vergonha , as mulheres perderam o pudor. Só Jesus e Nossa Senhora de Fátima podem resolver (M.B.F. , Paraíba). Colaboração - A Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! é de extrema importância para a preservação de nossa fé em J esus Cristo Nosso Senhor. Al ém de minha fé em Deus, tenho o dever de colaborar com todas as forças político-religiosas que promovem o bem para a Nação, evitando a decadência da moral, da fé religio sa, da cul tura; em resumo, da decadência do homem ocidental e cristão (V .M ., São Pau lo) . Foi então que eu ajoelhei - Há 2 anos namoro um rapa z, RR, e ele sofreu um acidente de moto muito grave, à noite . Foi encontrado no dia seguinte em coma, seu braço esquerdo praticamente arran cado, sangue coagulado, ele praticamente morto. Foi feita uma cirurgi a na qual ele tinha apenas 0,5% de possibilidade de sobrevivência. Minha mãe me ajudou a rezar e me disse que se eu tivesse fé, Nossa Senhora de Fátima iria sa lvá-lo. Foi então que eu ajoelhei perante a imagem de Nossa Senhora de Fátima. E fui atendida graças a Nossa Senhora de Fátima. O RR hoje está cu rado. Sua cirurgia durou 5 horas , ele ficou 8 dias em coma, irreconhecível, sua cabeça enor-

Me sinto feliz - Foi com muita alegria · e fé no coração que tivemos o privilégio de receber em nossa casa a imagem de Nossa Senhora de Fátima, juntamente com seus peregrinos . Os momentos vi vidos por nós e todos os que estavam presentes foram muito especiais, e enquanto vivermos não os esqueceremos. Aproveito para parabenizar a todos vocês, principalmente aos peregrinos que acompanham a imagem , por dedicarem suas vidas a este trabalho tão bonito e

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me . Ficou 22 dias na UTI e 36 no hospital (L.A .Z., Mato Grosso).

O tumor desapareceu - Tenho um primo, JES, que é diabético bem acentuado e sem cura médica. Foi levado para a UTI muito grave, e eu sempre rezando o terço todos os dias. Descobriu-se que ele estava com um tumor no pulmão. Reuni pessoas amigas e parentes e fize mos uma novena pela cura dele, e que não fosse preciso cortar o seu abdômen, pois por ser diabético não cicatrizava . No 6° dia da novena foi feito já o agradecimento, pois com uma endoscopia ele expeliu algo como uma cartilagem junto com secreção . A nova radiografia constatou que seu pulmão estava sem mancha nem tumor . Desapareceu. Hoje ele está ótimo, graças ao milagre de Nossa Senhora (M.A.T.D., Rio de Janeiro). Correspondência do Céu - Imagine, Marcos Luiz Garcia , que cada vez que recebo uma correspondência desta Campanha tenho a sensação de que estou recebendo uma correspondência de Jesus e de Nossa Senhora de Fátima (D .M .S .S., Piauí) . A imagem ficou - Três rapazes que trabalham como pintores com meu marido sofreram um acidente de carro, bateram e capotaram numa altura de quase 6 metros. No vidro da frente do Fusca havia uma imagem de Nossa Senhora , que eu havia recebido de vocês . Graças a Deus e à intercessão de Nossa Senhora os três nada sofreram. O carro f icou totalmente perdido e a imagem fi cou no lugar em que o vid ro quebrou. Gostaria de outra imagem para colocar no carro (N .S.C.L., São Paulo).

fato ocorreu na catedral da famosa cidade de Trento (Itália), durante a Missa de Natal de 2000, celebrada pelo Bispo D. Luigi Bressan. Um rapaz entrou pelo portal da catedral com seu cão, um pastor alemão, mantido preso com um cinto usado como coleira. Durante a missa, na hora da comunhão, o sacerdote deulhe normalmente a Hóstia consagrada: ele a tomou, dividiu-a e deu uma parte ao seu cão pastor. Houve um clamor na Igreja, mas não consta que alguém tenha tomado qualquer atitude. O jovem virouse e sa iu tranqüilamente com o cão, deixando a todos estupefatos. Infelizmente, o comentário posterior de um sacerdote - segundo a publicação Alto Adige (27-12-2000) - foi no sentido de minimizar a importância do fato assombroso que ali se passara. "Não há sacrilégio se não há consciência da falta cometida - comentou o Pe. Cristelli . Acho que estamos diante de uma dessas exagerações, de ses hábito difüncli dos de substituir a crianças pelos cães" . Mas o horrível sacrilégio cometido contra Nosso Senhor presente na Hóstia não merece sequer um comentário? Fatos como esse, só se ouvia dizer que eram praticados em Missas Negras, realizadas em louvor do demônio em antros secretos.

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Casamento de nudistas nze casais de nudistas casaram-se num complexo turístico na baía de Runaway, na Jamaica. O evento foi promovido como "o maior casamento de nudistas do mundo". A indústria turística dos nudistas já movimenta cerca de R$ 600 milhões ao ano . Apesar dos protestos, a infau ta cerimônia, as licenças de casamento, as flores, a música e o bolo foram patrocinados pelo complexo turístico, conhecido como Hedonismo Três. O ato foi celebrado por um tal reverendo Frank Cervasio, da auto-denominada Igreja Universal da Vida, sob a cínica alegação de que assim é mais próximo da natureza. O semi-nudismo, que ganha terreno nas ruas e praças do mundo mo-

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Barbárie detento Ronaldo Sertório, o Pezão, de 26 anos, foi degolado durante a rebelião dos presos da Penitenciária 2 de Pirajuí, em São Paulo. Seu corpo foi atirado no pátio da prisão e, segu ndo relato de um dos reféns, a cabeça foi colocada dentro de um saco plástico e serviu como bola de um jogo de futebol improvisado. Outro preso foi atirado do telhado de um dos prédios e sofreu fraturas expostas nas duas pernas. Quanto mais os chamados "defensores dos direitos humanos" protegem os bandidos nas prisões e fora delas, mais estes dão largas a seus instintos de vingança e ódio, mesmo contra seus companheiros. Ignorar que existe a maldade humana, atribuindo todo o mal à sociedade, leva às maiores abominações e mesmo à barbárie.

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derno, vai preparando aberrações como essa. Lembremos o dito de Jacinta, de que viriam umas modas muito imorais. Aí estamos!

Erotismo sai dos antros e vai aos museus um museu de Madrid foram expostas todas as formas de erotismo e sexualidade, para despertar a curiosidade de turistas. Instalado num espaço de 800 metros quadrados, perto da Porta do Sol (zona central), o Museu Erótico de Madrid é triste resultado de um trabalho de três anos, envolvendo especialistas, antropólogos e artistas. Antigamente dizia-se que as manifestações mais descabidas de erotismo faziam-se em recintos ocultos. Agora, cria-se até um museu para mostrá-las. Essa insaciabilidade de erotismo só se deterá com a intervenção decidida de Nossa Senhora.

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Sacrilégio reiterado m 1999, o Brooklyn Museum of Art, de Nova York, exibi_u a exposição Sensations com uma representação sacrílega da Virgem Maria, feita com estrume e foto pornográficas. Agora é apresentada uma Santa Ceia, em que Nosso Senhor Je us Cristo é substituído por "uma mulher nua, cercada de 12 negros que representam eus apóstolos" ("Jornal do Brasil", 16-2-01). Inconformados com a

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Suiddio nacional ffler, aldeia da região do Eifel, é um exemplo da ameaça que paira sobre a Alemanha. Ali não vive uma única criança, e o casal mais jovem comemora este ano bodas de prata. O envelhecimento da população é alarmante. A tendência existe em toda a Alemanha, por causa do uso de anticoncepcionais e a prática do abo110. As estatísticas indicam que, se a tendência se mantiver, em 2050 a população alemã diminuirá de 80 para 55 milhões de habitantes. E, em 2100, para apenas 30 milhões. Esse verdadeiro suicídio nacional está afetando, em maior ou menor grau, todos os países europeus e muitos da América. O desejo desenfreado de gozar a vida sem problemas leva a odiar a existência de filhos, que, segundo a Sagrada Escritura, são uma bênção de Deus. Como verdadeiro castigo, as populações européias, outrora gloriosamente cristãs, vão sendo substituídas por povos de outra religião, outra raça, outra nação, outros costumes.

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DISCERNINDO. DISTINGUINDO. CLASSIFICANDO

Devoção a Nossa Senhora é incentivada num CD

ossa Senhora está se ndo abandonada e esquec ida. Por vezes atacada abertamente em filmes blasfemos como Dogma, ou agredida publicamente, como fez o pastor protestante que chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida em rede nac ional de televisão. M as o Brasil prec isa da M ãe de Deus! Afastar-se dEla é um verdadeiro sui c ídi o esp iritual. E aí está uma das grandes metas do demônio, para obter sucesso e m seu terrível pl ano de demo-. lição moral do Brasil : imped ir que se fa le da Virgem Santíssima.

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Por isso estamos ini ciando um pl ano de resistência re li giosa, que poderá ap ressar a tão desejada intervenção de Nossa Senhora de Fátima nos acontecime ntos presentes, a fim de que o demôni o não leve a me lhor. O que dizer da proliferação de trajes imorais, até dentro das igrejas? E as drogas que vão sendo distribuídas impunemente para a nossa juventude, colocando em grave ri sco sua saúde e seu futu ro? E o mau exemplo da TV, que para as meninas ensina até que a prostituição é uma fo rma de resolver problemas finan ceiros?!! E o te rrível número de abortos, apesar da excom unhão que pesa sobre quem os pratica? Um verdadeiro massacre de inocentes, que transformou o ventre materno num dos lugares mais perigosos para o ser humano ... E o adultério fácil, que tem destruído inúmeros lares, a ponto de ser raridade um casal

permanecer junto até o fin al de seus dias, co mo era o normal até po ucos anos atrás? E a violência, o roubo, o estupro? O Brasil rea lmente precisa de Nossa Senhora! Divulgar seu no me e sua devoção é o que de me lhor podemos fazer para conqui star do Céu um a graça de recuperação para nosso País. Foi pensando nisso que produzimos um CD contendo a leitura de 16 belíssimos textos sobre Nossa Senhora, escritos por Santos, Doutores da Igreja e pensadores cató licos. O CD "Os mais belos textos sobre a Santíssima Virgem. Maria " ficou magnífico, com fundo musical que favorece a oração e a meditação sobre as glórias de Maria. É um verdadeiro convite às almas para se unirem mais a Maria. Com a ajuda de nossos participantes, vamos distribuí-lo ao mai or número possível de famílias católicas.

A devoção dos cinco primeiros sábados, no Programa Radiofônico uA Voz de Fátima"

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oram lançados em março os programas 15 e 16, com belíssima narração de trechos escolhidos das Memórias da Irmã Lúcia, contando detalhes de como apareceu a doença que vitim o u Francisco e Jac inta, e como ambos fora m muito resignados durante essa provação, pois sabiam que em breve iri am para o Céu. Nesses programas e ncontra-se também a narração da 6ª Aparição de Nossa Sen hora de Fátima, na qual os três pastorinhos tiveram as visões sobre os Mi stérios gozosos, dolorosos e glori osos do Santo Rosário. · Logo depois dessas visões se deu o famoso milagre do sol, visto por mais de 70.000 pessoas. Para o mês de abril já estão sendo lançados os programas "A Voz de Fátima" nº' l 7 e 18, que trazem nov idades e detalhes impressionantes sobre a revelação da devoção dos c inco primeiros sábados, em reparação às ofensas fe itas

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ao Imacul ado Coração de Maria e pela sa lvação das a lmas. Contamos sempre com o apoio de todos os partic ipantes. Os que apoiarem a difusão do programa radiofônico "A Voz de Fátima" in screvendo-se co mo Benfeitores do mes mo, receberão grac iosamente os programas mensais, e no

quarto mês de participação receberão como PR ESENTE especial o CD co m " Os mais belos textos sobre a Santíssima Virgem. Maria".

Solicite as fichas de inscrição no plantão de atendimento da campanha, através do telefone (11) 3955-0660.

Participe da Aliança de Fátima Participe você também da "Aliança de Fátima". Nossa Senhora saberá recompensar quem ajuda a difundir sua Mensagem . Escreva, telefone ou envie seu e-mail para a Campanha " Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!' e peça mais informações para ser um Membro da Aliança de Fátima, ou participe como Benfeitor de "A Voz de Fátima".

Plantão de Atendimento da Campanha: Tel.: (O ** 11) 3955-0660. Internet: www .fatima.org .br Endereço para correspondência: Rua Martim Francisco, 665 . CEP 01226-001 São Paul o (SP)

quil o que é feito para ser visto por todo mundo é público; o que e faz dentro do muros de urna residência é particular. Assim, por exemplo, um show no Parque Ibirapuera ou uma sessão da Assembléia Legislativa são públicos, qualquer um pode ter acesso a eles. Já um almoço de famíli a ou a reprimenda que um pai passa no filho são particulares, não cabe a estranhos estar presenciando. No que se refere ao que é particular, existe a inda uma especifi cação ma is estrita. Há atos que, por sua natureza, devem ser praticados ape nas diante de um número reduzidíssimo de pessoas - apenas os indi spe nsáveis - ou mesmo sem qualqu r ass istente ex terno . São os atos íntimos. To mar banho, por exemp lo , é um a prática sa lutar. Mas o nudi smo c irc unsta nc ia l a que ela obri ga torn a-a próp ria a não ser presenc iada por mai s ninguém: é um ato íntimo . Outros atos há, li gados à hi g icn I ssoa l ou à procriação, que tamb m são ínti-

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mos. Pode-se fa lar também de um a conversa íntima da mãe co m a filh a ou do confe or com o penite nte.

Evangelizar é civilizar Nessa distinção - entre atos públicos, particulares e íntimos - a moral católica e a c ivilização se osculam adm irave lmente . De fato , eva ngeli zar é também civili zar, é avivar o pudor, estimular o senso das conve niê ncias, é pôr em realce as vantage ns como qu e sag radas da privacidade. É també m preparar a alm a para atuar no grande palco do mundo, com seus lances ora heróicos, ora trágicos, ora simplesmente corriqueiros. O mi sionári os que converteram os bárbaros na Alta ldade Média européia, ou os que nos Tempos Modern os se embrenharam pelas selvas da América, ao me mo tempo ensinavam a praticar o Mandamentos da Lei de Deus e a polir os hábitos e costumes. Uma coi a decorre da o utra.

O Bem-aventurado José de Anchieta embrenhou-se pela selva brasileira, evangelizou os indígenas e concomitantemente os civilizou.

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TfPs EM AÇÃO O neopaganismo moderno foi produzindo o efeito inverso. À força de ser anticristão, e portanto imoral, foi também brutalizando o trato entre as pessoas, demolindo as sagradas barreiras do respeito mútuo, apagando a consideração que se deve ter a seres humanos - os outros e nós mesmos - dotados de uma alma espiritual remida pelo Sangue Precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nunca se falou tanto em direitos humanos - e nunca eles foram tão desrespeitados - como hoje em dia! A partir daí, o que importa é expandir as "liberdades" (libertinagens), habituar-se a viver em "comunidade" (vida promíscua), ser um fanático da "igualdade" (acabar até mesmo com as desigualdades justas e proporcionais). Nesse novo contexto "globalizado", a distinção entre público, privado e íntimo tem cada vez menos força e tende a desaparecer. As barreiras morais passam a ser consideradas alienantes, o pudor é fruto de mentes doentias, a privacidade é contrária à vida "comunitária" que está em construção. Uma espécie de neocomunismo tribal, como o descrito pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Se a intimidade é agora escarrapachada aos olhos de todos pela TV, pela Internet, pela imprensa, como vai subsistir ela na vida familiar ou individual?

Exemplos de putrefação social

viam prometido o prêmio para os cinco primeiros que chegassem nus ao balcão de todas as 40 lojas da rede; 3 - A TV alemã pôs no ar a convivência forçada, durante 100 dias, de cinco homens e cinco mulheres entre 20 e 40 anos de idade. Trancados num mesmo espaço (153 rn 2 ), eles tiveram cada minuto da sua vida filmado por 28 câmeras que vigiavam todos os cantos dos aposentos , inclusive os chuveiros. Um deles declarou que trouxe um estoque de preservativos. Mais requintado foi o espetáculo montado pela TV holandesa. O requinte consistiu em que o regulamento foi feito sob medida para provocar brigas. Os participantes eram obrigados a reunir-se para urna espécie de terapia em grupo, na qual cada um critica os demais. O orçamento para refeições era estreito, e tinham que decidir em comum o que iam comer. 4 - NoBrasil, nos "realityshows", anônimos expõem seu cotidiano para as câmeras. Filmou-se, por exemplo, urna gincana de sobrevivência numa praia deserta.Uma conhecida apresentadora de TV transformou sua filha num espetáculo público; ela "praticamente deu à luz diante das câmaras da Globo" ("O Estado de S. Paulo", 23-7-00). 5 - O holandês Bart Spring tem alcançado sucesso exibindo sua vida sexual e o consumo de drogas; chegou a relacionar-se sexualmente diante das câmaras.

l - A atriz chilena Daniela Tobar Do despudor ao sadismo exibiu-se durante um mês numa casa Mas não é só a sujeira moral que é ex plorada nesses programas. Também de vidro totalmente transparente, situada na capital do país. O projeto o sadismo grotesco e rep ug nante já custou 23 mil dólares, metade dos bate às portas para entrar. Nada a estranhar nessa conduta! quais pagos pelo governo. Quem pas- · Urna pessoa que se deixa afundar nos sava pela rua observava todos os seus movimentos , até os mais íntimos, prazeres da carne, em breve estará sacomo tomar banho; ciada deles e procurará satisfazer-se 2 - Completamente nus, dezenas mediante formas aberrantes de prazer. de austríacos, homens e mulheres, en- Do mesmo modo, o fim do pudor, da frentaram o frio de três graus para intimidade e da compostura em socieganhar 385 dólares em compras grádade tendem a degenerar na exposição tis, em urna grande loja da principal pública do prosaico, do asqueroso, e, rua comercial de Viena. Os donos haem fim de linha, do monstruoso.

Aldous Huxley, em seu livro Contraponto, descreve um personagem paradigmático. Não mais satisfeito com os prazeres das práticas sexuais "normais", ele passou a freqüentar as mulheres públicas mais degradadas, mais sujas e mais feias. Depois disso rumou para uma sexualidade distorcida, até que foi encontrado chicoteando as flores de um belo jardim. A ânsia inesgotável de prazeres, sempre mais e mais absorventes , levara-o a só obter satisfação na expansão de um ódio satânico contra a própria beleza criada por Deus.

Além do limite do horrendo Mas não é só na ficção que as coisas galopam. Veja-se esta notícia ("O Estado de S. Paulo", 24-2-01) referente ao nosso evoluidíssirno (decadentíssimo) novo milênio: "Os participantes [do programa No Limite ]foram compelidos a comer galinha crua com crista e tudo, gafanhoto e, de sobremesa, lagartas vivas. O anfitrião vigiava, para ver se os aspirantes a um dia posarem nus raspavam o prato. Teve um que vomitou

"No mesmo programa, um espetáculo inesperado: no meio da noite, uma das participantes, faminta, cansada e estressada, teve um princípio de convulsão. Tudo documentado pelas câmeras. Graças a elas, o Brasil pôde ver a moça se contorcendo, com o abdome duro, achando que morreria . .. .. "E o que virá daqui a alguns anos? Talvez só seu próp rio haraquiri na sala de estar satisfaça o telespectador".

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É claro que isso tudo tem muito de induzido pela mídia. Ela é mesmo o carro-chefe dessa demolição da privacidade e da intimidade, e da abertura das portas para o horror. Mas sem dúvida há também muita conivência dos que assistem, sobretudo dos que têm por dever alertar o público e não o fazem . ♦

VI Congresso de Correspondentes e Esclarecedores da TFP capital paulista foi palco de importante evento prompvido pela TFP nos dias do último carnava l, de 25 a 27 de fevereiro, sed iando o VI Congresso de Correspondentes-Esclarecedores e Simpatizantes da entidade. Contou ele com a participação de 450 pessoas provenientes de diversos Estados da Fed ração, além de representantes de países sul-americanos. Abrind o ongresso, num clima de autêntico entusiasmo e seriedade, s us participantes concentraram-se nas escadarias d imponente ed if'í iodo Museu do Ipiranga. Ali , emoldurados pelo belo e simbóli co conjunto arquitetônico, o Conselho Nacional da TFP, os Príncipes Dom Luiz e Dom Bertrand de Orleans e Bragança, além de sócios e cooperadores da associação, com suas capas e estandartes vermelhos, vária centenas de corresponden- " tes, deram início a um ato solene. 1

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TfPs EM AÇÃO

Flashes do Congresso À direita: os congressistas colocamQuando compareceu pela primeira vez aos Congressos de Correspondentes, em 1997, o mineiro Maurício Teodoro, da cidade de Varginha, é presença garantida nesses encontros. Tendo se identificado com os ideais da TFP, disse que aprendeu a distinguir o bem e o mal nos campos temporal e espiritual. A luta iniciada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira convenceu Maurício Teodoro que abraçou a causa da entidade.

se aos pés do Monumen to da Independência, que atualmente passa por restauraçã o. Abaixo: M embros do Conselho N acional da TFP assinam o texto da súplica à Padroeira do Brasil

Fac símil e do texto da prece a Nossa Senhora Aparecida

Durante o ato, pres id ido po r um a image m de Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil , os partic ipantes bradaram slogans como: "Em Fálúna, Nossa Senhora prometeu: o prêmio e ocastigo ". "Por.fim: o Meu Imaculado Coração triiu~fará". "O Brasil é... Terra de Sa nta Cruz ". Diversos hinos re li giosos ta mbé m fo ra m e ntoados, subin do suas me lodi as até o Céu e impress ionando os freqüentadores daque le hi stórico loca l.

M onumento do lpiranga Ex pressando simbo li camenle a continuidade de nossas gloriosas trad ições cri stãs, vivas no momento presente, um desfil e partiu solenemente das escadari as do M useu ru mo o Mo nu me nto do [piranga . Loca l este onde repousam os restos morta is do Imperador Do m Pedro 1, às margens do fa moso ri acho junto ao qual fo i proclamada a Independênc ia do Bras il, e m 1822. Durante o percurso fo i rezado um terço, acompanhado de cânticos e sloga ns a lusivos ao evento.

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Esse ato inaug ura l fin a li zo u com urn a afirmação che ia de fé e de espera nça no fut uro cri stão de nosso País: uma súpli ca a Nossa Senhora Aparecida. Nela se ped ia proteção e vitóri a para o Brasil cató lico nos d ias incertos em que vivemos, be m como um porvir marcado pela in te ira fid e li dade aos princ ípios da C ivili zação C ristã. O amparo misericord ioso à TFP e a inte ira fide lidade desta aos pri ncípi os estabelec idos pe lo seu inesquecíve l fu ndador, Plín io Corrêa de Oliveira, fo ram outras das inte nções. A ma nife tação fo i encerrada co m o trad icional brado: "Pelo Brasil - Tradição, Família e Propriedade!".

Programa Du rante o VI Congresso da TFP desenvolveram-se conferências, atos de piedade, representação teatra l, projeções. Além de ani madas conversas du rante os intervalo e refeiçõe , ocasião em que os congressistas aproveitavam para se reencontrar e conhecer novos participantes, fo rmando novas ami zades. Os cand idatos a correspondentes, que vieram pela

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primeira vez, parti ciparam de palestras bás icas, como a necess idade da devoção a Nossa Senhora e noções da renomada obra Revolução e Contra- Revolução, do Prof. Plí nio Corrêa de O li veira.

Para a professora Maria Amélia Marins, da cidade de Campos dos Goytacazes, região norte fluminense, os encontros da TFP são excelentes para a formação religiosa, social e política. Garante que os princípios apresentados nas reuniões dissipam dúvidas, impulsionando as pessoas a compreender com clareza a luta da Contra-Revolução, propugnada pelo Dr. Plínio.

'Uá participei de reuniões sociais em que se rezava o terço, na sociedade carioca. Após o ato piedoso, todos com iam, bebiam e conversavam futilidades. A decepção foi inevitável. Quando conheci a TFP, me identifiquei", contou Da. Maria do Carmo Elarrat, do Rio de Janeiro. Hoje vê com clareza o desenrolar dos acontecimentos nos campos religioso, político e social.

Vânia Quimenton Vieira, natural de Londri-

na-PR, fica ansiosa nos períodos que antecedem os congressos. Sua maior dificuldade era de não encontrar, em seu círculo de amizade, pessoas de idéias conser vadora s. Nos eventos promovidos pela TFP, sente-se em casa, e adianta que o conteúdo das reu niões são de vital importância para a educação e formação do caráter dos filhos.

"M as que barbaridade, tchê! Este congresso superou as expecta tivas!", ressaltou o gaúcho, de Porto Alegre, Luiz Fernando Pereira de M atos. Disse esta r desiludido com a crise do mundo moderno. Abandonou os amigos interessei ros, quando n ada de positivo apresentavam para sua vida. Encontrou na TFP a verdadeira amizade e os parâmetros para analisar os fatos.

Das terras mineiras, a Professora Ana Maria Fiuza de Melo, natural de Teófilo Otoni, opta por temas religiosos, porém não desconsiderando os demais. Gostou da peça " Quatro dedos sujos e feios", encenada no auditório. " Sou uma grande adm iradora dos encontros", acrescentou.

A jovem paranaense Jeanne D'Arc Blanchet é entusi asta dos congressos. Comparece a todos e se impressiona com a in tegridade doutrinária e a formação católica tradicional proporcionada pela TFP. Ela tem um irmão que faz parte da associação, o qual influenciou sua aproximação à entidade.

Participante pela quarta vez de congressos da TFP, o engenheiro eletricista Ricardo M artins, de Brasflia-DF, garante que tais eventos são superados a cada ano. "A sacralidade dos atos d e piedade é marca registrada na TFP, sendo visível a presença espi rit ual do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, um exemplo de vida para todos nós. Nos encontros, mantemos acesa a certeza da vitóri a de Nossa Senhora sobre o demônio", observa M artins.

"Ó xente! Gostei enormemente desse convív io com a TFP", afirmou o cearense de Juazeiro do Norte, Francisco do Nascimento, participando pela segunda vez desses eventos. Nordestino típico, ficou impressionado com a beleza do Auditório Plini o Corrêa de Oliveira, da TFP, local das conferências, e com a organização e a seriedade dos tem,1s tratados, além da peça de teatro. " É preci so passar adiante tudo o que aprendemos e fa zer novos correspondentes", exclamou animado.

O acadêmico de Direito Hugo Siqueira dos Santos compareceu pela primeira vez a um Congresso da TFP. Impressionado com a or_ganização, palestras e o convívio entre os congressistas, afirmou que tais encontros são imprescindíveis para o progresso da vida interio r e do apostolado, além de recarregar energias para lutas fu tu ras. Hugo cursa o quinto ano de Dire ito na UNICEUB, de Brasília-DF.

Cruzada de Terços O Coo rde nado r da C ampanh a el a TF P " Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! ", Sr. Marcos L ui z Garcia, aprove itou o evento para fo rmalizar um pedido aos congress istas, de d ivul gação da recitação do te rço. A pro posta visa ating ir o ma ior número possível de pessoas, co m a in tenção de livrar o Bras il da crimin ali dade, das drogas, da Aids e suas causas; e também implora r proteção para o País contra as ma nobras do

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Diretor da entidade. Na ocasião, e le exortou a todos para uma crescente devoção aos Sacramentos e a Nossa Senhora, como forma de aumentar a disposição da luta ideológica pelos ideais preconizados pelo fundador da TFP, Plinio Corrêa de Oliveira. Ao som de órgão e trompete, o Hino Pontifício foi entoado, fechando com chave de ouro o VI Co ngresso de Corresponde ntesEsclarecedores e Simpatizantes da TFP.

neo-comunismo, bem como o triunfo, o quanto antes, do Imaculado Coração de Maria, prometi do em Fátima. Os interessados em participar dessa cruzada de terços podem entrar em contato com a coordenação da campanha, no seguinte endereço: Rua Martim Francisco, 665 - CEP01226-001 - São Paulo SP ou Tel/Fax . (0xx l l) 3824-9411 - E-mai l: correspo @terra.com.br

Embaixo: 1 - Da esq. para a direita: D. Bertrand de Orleans e Bragança, Da. Maria Teresa Vidigal, Da. Maria Antonia Zeimer, Sr. Emetério Ferres e Da. Helena Ferres; 2 - Aspecto parcial do auditório, numa das sessões do Congresso; 3 - Intervalo entre duas conferências; 4 - Sketch teatral durante uma das exposições

Encerramento Após três dias de intensa atividade, o Congresso foi encerrado por Dr. Luiz Nazareno de Assumpção Filho,

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Imoralidade e frustração carnavalesca X

Autêntica e sadia alegria juvenil

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urante os dias de Carnaval, muitos foram os jovens que infelizmente a-fundaram no pecado, nas drog , afasta ndo-se ostennte da moral católica .

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mente rea lizado , em sua sede Jundia í (SP). çara m a chegar n à noite e pera aprazível Sede Japy até a mad n ta-feira de Cinndo de palesrações em cos de estudos, e udiovisuais. O as f i rea lmente graninter um clima de de, n t 11d ani riedade no ambi nt . · m que a juv a já está pero? Não será d p ões que fav a do be m, e d aprese nte um iI de suas profun do. 1çõ e de se u de8( l ( roí rno? O .l.1111,11 Medieval rea lizado 111 11 ,çn f ira à noite, por l Xt rnpl o, loi coroado de êxi1< . l lo11p11•, tr1 icas, se rv iço da m o• 1 1 x1 1,ut,1do por pajens, 1H, 1111 11 11n o jovens . Tudo intt i, 111111 11( diverso da imor li 1 1d1 <. 111wvt1lesca. /\ :; 1OI () li dl la págin a ilustr m , til 1.c , to modo, o que for ni cH di I!, do estudo, oração s 1dl 1 111 oria juvenil.


..,Pei:egrinando por vários ~01.:i\:í' ,_, ! estilos de Brasil C\

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Plínio Corrêa de Oliveira

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pauli sta anti go- hoje quase não se tem idéia disso - era o fazendeiro, com muito sen horio. Sério, amável, de poucas palavras, com um quê de desconfiança. Di ziam outrora que Minas começava em São Pau lo ... Enqu anto no Rio de Janeiro as pessoas freqüentemente se vi sitam, entrar na casa de um pauli sta era uma dificuldade. Ele mantinha sua resid~ncia muito bem resguardada e recebia pouca gente. Eram belas edificações, muito bem arranj adas, tendo quase sempre urna sala especial, toda dourada, para receber parentes íntimos ou vi sitas de cerimônia, chamada "sala de vis itas".

A política dos gaúchos é dec lamatória. Eles têm lábia e verve. Sabem agradar as pessoas, mas falando muito, aos borbotões. lrnpolíti cos nesse sentido são os pauli stas - posso falar, porque minha mãe era de São Pau lo e eu sou pau li sta - , mas a arte da política em São Pau lo era outra: faze r fo rtuna e comparecer com dinheiro na mesa de negoc iações, di zendo o seguinte: "Nós entramos com tal orçamento e vamos tocar este negóc io". Nada de suss urro, nem de muitas palavras . * * * Bem, passemos à Bahia. Os baianos têm aquele charme que é o da primeira capital do Bras il , que foi Salvador. Eles, como os cari ocas, possuem a arte ele agradar. São leves, engraçados, dotados de uma inteligência luminosa. A par disso, deparamos com a Bahia cantante, pitoresca, poética, gastronômica, hi stórica, tradicional e mestre na arte da oratória. Co locados num púlpito ou numa tribuna, os baianos falam e arrastam ...

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Palácio dos Campos Elíseos (fundos), na capital paulista. O edifício, em estilo Renascença francesa, foi construído por Elias Antonio Pacheco Chaves, da aristocracia paulista. A edificação, concluída em 1899, é um exemplo típico de residência paulista antiga, tendo sido adquirida em 1911 pelo Governo do Estado de São Paulo.

O tipo característico da casa paulista antiga podese ver ainda hoje: é o Palácio dos Campos Elíseos [situado no bairro do mesmo nome, abriga hoje uma secretaria de Estado] . * Bem diferente era o mineiro. Há duas Minas. Uma do tempo colonial, a Minas de Ouro Preto, do Aleijad inho e dos Profetas. Minas recolhida, meditativa, inteli gente, calma, desconfiada, rica e econômica. Ao longo da época imperial, entretanto, esta Minas foi sendo subs- . tituída por outra Minas, na qual , infelizmente, o aspecto artístico deixou de ser incrementado - a Minas política, bancária, comercial , agrícola, que vai se tornando industrial , e que fornece os melhores políticos do País, que rivali zam com os gaúchos. O mineiro é rei na arte de sussurrar, de di zer a metade do que pensa e dar a entender o resto ... A arte política dele faz-se mais em observar e falar baixinho ... *

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Uma palavra sobre meus caros pernambucanos: bem inteli ge ntes, di sc ursam eles co m muita fac ilidade, conhecendo o portugu ês primorosa me nt e bem . E escrevem tão bem quan to fa lam. Têm um feiti o de espírito que tende ao aprofundamento das coisa . Mas , s bretudo, são homen ele ação: g tam ele trabalhar e produzir. É próprio a ele o dom cio mando. Em Pernambuco, cada um maneia em sua terra, e ai de quem se meter a vio lar essa norma ...

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Por fim, o Ceará. Foi o único lugar do mund o - l preciso dizer que estive em quase todos os país ·s du Europa, em vários da América Latina, e Brusil t·o nheço quase todo - no qual, andando pelas ruus, oh servando bastante, fa lando com muitos c ur ·ns •s, l'11 • guei à seguinte conclusão: não hav ia ai u lll qm• 111 o fosse muito inteligente! Excertos da conferência proferida p lo Prof. Pllnl rr u de Oliveira para sócios e cooporador d T P m 14 Cl março de 1987. Sem revisão do autor.



tos

d~li8! Nesta edição

Roldana que

leva até o Céu A Santa Igreja estabeleceu o dia 24 de maio para comemorar a invocação de Nossa Senhora enquanto Auxiliadora dos Cristãos. Festa instituída pelo Papa Pio VII, no ano de 1814, em ação de graças por seu retorno a Roma, depois de ter sido mantido preso, por cinco anos, pelo déspota Napoleão.

D

esde menino, quando estudava no Colégio São Luís, Plínio Corrêa de Oliveira nutria particular devoção a Nossa Senhora Auxiliadora . Foi diante de uma imagem dEla - que ainda hoje se conserva na igreja do Coração de Jesus, na capital paulista - que ele recebeu uma graça muito especial. Desde então até seu falecimento, sua gratidão e devoção a Ela não fizeram senão aumentar, nunca deixando ele passar qual quer dia 24 de maio sem manifestar espec ial dile ção à Auxiliadora dos Cristãos. Foi nesse dia, em maio de 1995 , que em conferência no auditór io da TFP, em São Paulo, o Prof. Plínio pronun ciou as expressivas palavras que aba ixo transcrevemos, co m le v es adaptações para a lingu age m escrita.

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Auxiliadora dos Cristãos "A idéia de auxíli o evoca a idéia de necess idade, pois só pede auxíli o aquele que

Imagem de N . Sra. Auxiliadora, existente na igreja do Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo

es tá em situ ação ele necess idade; o homem que não está em necess idade não precisa ele auxíli o. " Só é auxiliadora Aquela que tem como função normal , como mi ssão própria, como traço característico ele sua personalidade, o fato ele ser auxi liadora. E Nossa Senhora é, por excelência, auxi li adora, é Aquela que auxilia a todos, ele todos os modos, em todas as circu nstâncias e em todos os lugares. [Para isso] Ela tem que ser

· A realidade concisa111ente

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dotada d riqu eza sim ples menl l'abul osa,e de uma bondacl ' ainda mai s xlra orclin ári a do qu e sua pró1ri a riqu eza".

Auxiliadora até de filhos ingratos " De maneira que jamai s E la se cansa de dar, jamai s se ca nsa ele per- Plinio Corrêa de Oliveira doar; e o perdão é um cios seus dons tão imensamente preciosos, que, depois de ter perd oado mui to, ainda tem para aquele que A ofendeu um sorriso ele piedade, quando ele A invoca e pede misericórdia. "Ma is. Ainda que ele não A invoque, Ela o auxili a. Ela vê a co ndi ção mi serável de ta ou daqu ela alma e pede a Nosso Senhor Jesus Cri sto por ela. É a M ãe que vem em auxíl io do filho qu e não pede; que dá auxí li o ao filho qu e não vê; que dá auxíli o ao fi lho que não quer; e o soco rre, a bem di zer, pe las costas, concedendo- lh e uma gra ça qualqu er, pela qual ele seja tocado de amo r, de reverência, ele gratid ão. "Desse modo o filho começa a venerar Nossa Senhora enquanto Auxiliadora e fi ca vincul ado a Ela pela vicia inteira, porqu tal M ãe sempre o auxili a mai s e Ih dá forças para p 'd ir ai nd a mais auxílio. É uma esp cie ele roldana que leva até o Cé u, medi ante a qual, co mo que por uma corda mi steriosa, Nossa Senhora vai puxando a pessoa para o Pa raíso ce leste. É preci so, simpl es mente, que ela queira agarrar-se à cord a que foi lançada por N ossa Senhora, a Auxiliadora los ri slãos!"

Trabalho infantil e escravo na China • Guerrilheiros colombianos de mãos dadas com traficantes brasileiros

Internacional

1OA

derrota eleitoral da esquerda na França

· Aborto

12 Aprovado

Nossa capa:

sorrateiramente na Câmara Federal, projeto de Lei que favorece o aborto

Fotografia de Francisco J. Dozsa

Entrevista Excertos

2

14 Administração

petista implanta o caos na Segurança pública do RS

Quem não precisa de auxílio?

Carta do Diretor

Escreve111 os leitores

4

18

Leitura espiritual

Capa

5

19 Poderosa

Meditação sobre o Céu

arma para alcançar a salvação: o Santíssimo Rosário

A palavra do sacerdote

6

Varia de ano para ano o dia da festa de um santo? • É preciso confessar-se antes de receber a Eucaristia? Tomas MacKanna

Santos e Festas do 111ês

32 Vidas de Santos

34 Santa

Mariana de Jesus, vítima expiatória nas mãos de Deus

Ecos de Fáti,na

37 •

A aparição do Anjo aos três pastorinhos de Fátima • Em curso a Cruzada Reparadora do Santo Rosário

Dr. José Carlos Weber, Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do RS, expõe o processo em curso, de erodir a hierarquia nos órgãos de segurança pública em seu Estado

Nacional

41

Rompimento real da CNBB com o MST?

TFPs e,n ação

43 •

Bailes- funk: agora disseminados sob influxo de TVs • li Simpósio de Universitários • Simpatizantes da TFP francesa lotam auditório em Paris: conferência sobre Santa Joana d' Are

A111bientes, Costu111es, Civilizações

48 Contraste

harmonioso entre o Palácio de Versalhes e seus jardins

Santa Mariana de Jesus, falecida aos 26 anos, prodígio de virtude, vítima expiatória do povo equatoriano

C ATO LIC IS MO

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Com a palavra ... o Diretor •

Am igos leitores, A importância do Santo Rosá rio é incontes tável. A pró1 ria Mãe de Deus, ao aparecer em Fátima aos três pastorinhos, recomendou que se rezasse o Te rço todos os dias. Precisari a mais? Evide nte mente não. Só isso bastari a para nos convencer e estimular na mencionada prática de piedade. Mas há mome ntos cm que o fato de existi r ape nas uma razão pode ser ins uficiente para nos mover. Cum pre-nos pois ap ro fun da r o conhec imento sobre a te mática, despertar em nossa alma uma apetê ncia ma ior, uma devoção mai s fervorosa, um amor mais acend rado. Nas palavras do grande in sp irador de Catolicismo, o Prof. Plinio Corrêa de O li veira, fun dador da TFP, o Santo Rosári o é, por excelência, o meio para conqui sta rmos nossa salvação eterna. Segundo ele, se alguém qui ser saber como será, no termo de sua vida, o julgamento que Deus Nosso Senhor dele fará , "não indague tanlo sobre os caminhos que palmilhou ou as gotas de suor que de sua f ronte gotejaram. Indague, sim, das horas passadas de Rosário em punho, aos pés do Tabernáculo ". Ta l incomparável meio de salvação está ao alcance de todos, desde que a Mãe de Deus apareceu a São Domingos de Gusmão, no século XlII, e lhe e nsinou essa maravilhosa devoção. Como não nos valermos de tão poderosa arma espiri tual? Como entender um católi co que não reze o Rosári o, ou ao menos o Terço? Para despertar e aumenta r entre seus ami gos e le ito res o amor a essa devoção sobremaneira efi caz, Catolicismo publica a matéri a de capa da presente ed ição.

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O Brasil encon tra-se h jc, lame ntavelmente, e ntre os países nos quais a imora li dade e a corru pção dos cosw mes mais ava nçam. E o e feito disso observa-se por toda pa rte. A cri se que atravessamos é sobretudo reli giosa e mora l. Todas as outras nada mais são do que decorrências dessa g.ra nde cri se. É no combate a ela que se encontra a luz no fim do túnel que atravessamos. E para combater esse mal, nada melhor do que di spor de uma das mais poderosas armas que a Providência Divi na colocou em nossas mãos: o Santo Rosári o. Por meio do Santo Rosário os leito res podem esperar confia ntes o auxíli o divino para a solução de graves problemas, como desequilíbrios fa miliares oriundos da imora lidade contemporânea, angústias provocadas por filh os vítimas das drogas ou de más companhi as, preocupações com dificuldades finan ceiras etc. Infe li zmente, por ser o tema pouco di vulgado, mui tos católicos esquecem-se de que possuem tal proteção e deixam de reservar apenas J5 ou 20 minu tos di ári os - destin ados à rec itação do Terço - a uma devoção tão propícia a estimular a sadi a refl exão sobre os mi sté ri os de nossa Fé. E que ali a ad mi ravelmente a oração mental à oração vocal. Faço votos de que a leitura da maté ria em foco a todos estimule a pra ticar essa excelente devoção mariana. Se isso acontecer, daremos nosso tra balho por bem reco mpensado. Quantas coisas poderão muda r, com a reci tação do Santo Rosário ! Desejo a todos boa leitura. Em Jesus e Maria,

9:~7 1 l l(H'r()I{

O Paraíso Celeste Em seu li vro Preparação para a M orte, Santo Afonso trata também do último dos N o víss im os, isto é, do Paraíso Celeste, para onde vão as almas dos ju stos após sua purifi caçã o no

eitura ~ p_iritual

Purgatóri o, ou então diretamente, pelo martíri o ou por um a grandíss im a sa ntid ade. A ex istênc ia d o Céu é igualmente dogma de Fé. Dentre os vári os aspectos com que o s·anto anali sa o Paraíso, escolhemos para a leitura de hoje o ca pítul o Felicidade do Céu, qu e, jul ga mos, se rá de proveito espiri tual para nossos leitores.

Felicidade do Céu e po is de e ntrar na fe li c idade de D~us, a alm a não te rá mais nada a sofrer. No paraíso não há doe nç as, ne m po breza , ne m incô modo s. De ixa m de existir as vi c iss itude s dos d ias e das no ites, do fri o e do calo r; é um di a perpétu o, sempre sere no, primave ra pe rpétu a, se mpre de li ciosa. Não há pe rseg ui ções ne m c iúmes; neste re in o de a mor, todos os se us habi ta nte s se am am mútua e terna me nte , e cada qua l é tão fe li z da ve ntura dos outros co mo da próp ria . N ão há receios, po rque a a lma, co nfirmada na g raça, j á não pode peca r ne m perde r a De us. Tudo é novo, tud o consola, tudo sati sfaz. O s o lh os des lumbrar-se-ão co m a vi sta desta c id ade c uja be leza é perfe ita . Que maravilha não nos causari a a vi sta de uma c idade c uj as ruas fossem calçadas de crista l, e c uj as casas fossem palácios de pra ta ornad os de cortinados de o uro e de g rinaldas de fl ores de toda espéc ie. Oh , qüanto ma is be la ainda é a cidade celeste ! Que de li cioso não será ve r todos os se us habita ntes vestido s co m po m pa rea l, porque todos efe ti va mente são rei , co mo lh e s c ha ma Sa nto Ago tinh o: Quot cives, tot reges. Q ue de li c ioso não será ve r Ma ri a, que parecerá mais be la que todo o paraíso ! Que de li c ioso não será ve r o Cordeiro divin o, Jesus, o Esposo das almas ! Um di a Santa Teresa viu apenas uma das mãos de C ri sto e fi cou cheia de admiração à vi sta de seme lhante beleza.

D

C he iros suavíss imos, pe rfumes incom paráve is rega larão o o lfato. O ouvido o uvirá a rre batado as ha rmoni as celestes. Um Anjo de ix ou um di a São Franc isco ouvir um úni co so m da música ce leste, e o Sa nto julgou morrer de feli c idade. O que não será o uvir todos os Santos e todos os Anj os cantarem em coro os louvo res de De us ! O que não será ouvir M ari a ce le brar as g lóri as do Altíss imo ! A voz de Mari a é no Céu, di z São Franc isco ele Sales, o que é num bosque a do rouxino l, que ve nce a de todas as o utras aves. Num a pa lavra, o paraíso é a re uni ão de todos os go zo s que se pode m desej ar. Mas essas inefáve is de líc ias até aqui cons iderad as são a pe nas os me no res bens do paraíso . O be m, que faz o paraíso, é o Be m supre mo, que é De us, di z Santo Agostinho. A reco mpe nsa que o Se nhor nos promete não consiste unicamente nas belezas, nas harmonias, nos o ut ros e ncantos da be m-ave nturada c idade; a recompen sa princ ipal é De us, isto é, consiste e m ver D e us face a face a amá-Lo. Assegura Santo Agostinho que , para os conde nados, seri a como estar no para íso se chegassem a vc: r D e us. E acrescenta qu e se fosse dado a uma alm a, ao sa ir de ta vida, a esco lha de ver a Deus fi cand o nas pe nas do inferno, ou ser li vre das pe nas do inferno e ao mes mo te mpo pri vada da vista de De us, e la preferiri a a primeira co ndi ção. A fe li c id ade de co nte mpl a r c o m

amor a face de Deu s, não a podemos co nceber neste mundo, mas proc uremos avali á-l a, ainda qu e não seja senão pe la rama, seg undo os efeito s que co nhece mos. (Preparação para a Morte, Parceria Antônio Maria Pereira, Livrari a Editora, Li sboa, 5ª. edição, 1922, pp. 253 e ss.) .

Juízo Final - Os bem-aventurados (detalhe), Fra Angélico, séc. XV, Museu de São Marcos, Florença (Itália)

C ATO LICISMO

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A

Palavra do d Saceri ote

Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC

Pergunta Gostaria de saber se as festas dos santos, comemoradas pela Igreja, mudam de ano para ano. Porque, por exemplo, em J' de abril encontrei três santos diferentes em três calendários consultado s. A ssim, como fa zer para batizar uma criança com o nome do santo daquele dia? Em especial, gostaria de saber algo sobre São Silvano. Resposta As co me mo rações ci os santos na Igreja se faze m em di as determinados, e norm almente não variam ele ano para ano. O exe mpl o apo ntado pelo consulente - três santos em três ca lendári os consultados - pode ter vári as explicações. 1. E m prim e iro lu gar, dado o fato ele que exi ste um número muito maior ele santos cio que os dias cio ano, a cada di a correspondem vári os - ali ás, muitos - santos. Então pode acontecer que os organ izaclores cios ca lendári os faça m suas li stas selec ionando o nome ele um santo 6

C ATO L I C I S M O

para cada di a, mais ou menos arbitrariamente, ou a seu gosto particular. Isto porque, freqüentemente, no espaço gráfi co di sponível não há lugar para mais ele um , e muito menos para todos. Desse modo, obvi amente, as li stas vão ser dife rentes umas elas outras. Por exemplo , no dia 29 ele abril comemoram-se as festas ele Santa Catarina ele Siena (Virgem), ele São Wilfriclo (Bispo e Confesso r) e de Sto. Hugo de Cluny (Confessor). Pode ser que, vendo três calendários di ferentes, cada um apresente um desses santos no dia 29 de abril. 2. Al é m di sso, se nd o muitos os santos a comemorar no mesmo di a, a Santa Sé des igna ora um ora outro santo para as diversas di oceses cio mundo, conforme o patronato ou devoções loca is. Assim, por exemplo, no dia 20 de janeiro é facultativa, no Brasil, a comemoração de São Fabiano, Papa e mártir, ou São Sebastião, mártir, que é Patrono ele muitas arquidi oceses, di oceses e mesmo cidades, dentre as quai s a mais insigne é a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Nestes casos até, a solenidade da comemoração sobe de grau (a Santa Igreja designa o grau de solenid ade co m que cad a fes ta deve ser comemorada). 3. Por fim , acontece também que, ele tempos em tempos, a Santa Sé reorga ni ze inteira ou parcialmente o calendário dos Santos. O exemplo de Santa Teres inha do Menino Je us é típico: quando fo i beatificada, e depois canoni zada, designou-se para ela o Fotografia de Santa Teresinha do Menino Jesus aos 15 anos, pouco tempo antes de entrar para o Carmelo de Lisieux. A comemoração de sua festa foi transferida de 3 para 1° de outubro.

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di a 3 de outubro, porque no di a 30 ele setembro, em que ela fa lecera, já se comemorava o grande São Jerônimo, Doutor da Igreja. Numa reforma recente do calend{u·io, entretanto, fo i des ignado o di a 1º de outubro para a comemoração de sua fes ta, a fim de fi car mais próximo da data cio seu fa lecimento, ou, como se di z na linguagem ec lesiástica, do seu "natalício", porque foi nesse di a qu e ela " nasceu" para o Céu. Se o consulente teve em mãos ca lend ári os mais anti gos, pode notar di screpâncias decorrentes dessas alterações.

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Para escolher um santo do di a para nome de bati smo, o consul ente eleve procurar a edi ção mais recente do Martirológio Romano, que traz a li sta co mpl eta dos santos e mártires co me morados em cada di a do ano. Por enqu anto, o volume ó está di sponível em latim , e será preciso pedir a alguém que traduza. Mas certamente as editoras católicas devem estar provi denciando um a tradução para o português. Ou então procurar uma edição antiga em português, com o ri sco de vári as datas estarem desatuali zadas. A serventia mais imediata seri a enco ntrar lá dados

sobre os 14 sa ntos co m o no me ele Silv,1110, sobre os quais o mi ss ivi sta estava parti cul armente interessado. Em razão cio elevado número de sa ntos co m o nome ele Silvano, fi co se m co ndi ções el e fo rn ece r aqui informações mais detalhadas. Apenas para não desapontar ele todo o leitor, di go que vári os desses 14 santos foram bispos, e qu ase todos mártires !

Pergunta Gostaria que me esclarecesse sobre o seguinte ponto: é verdade que o Concílio de Trento afirma que podemos comungar sem termos confessa<lo? Resposta O Co nc íli o de Tre nto confirmou a doutrin a constante da Igreja de que, para co mun ga rm os, prec isa mos ter a co nsc iênc ia limpa el e todo pecado mortal. Se o fi el estiver neste caso, não precisa rea lmente confessa r-se a ntes de ca da co munh ão. Mas se a co nsc iência o acusa de a lg um a fa lta g rave, deve antes obter o perdão ele seu pecado por meio da Co nfi ssão sacramental. Porque, co mo di z o Apósto lo São Paul o, "todo aquele que comer este pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do Co rpo e do San gue do Senha,: Exarnine-se, pois, a si mesmo o hom.em, e assim carna deste pão e beba deste cálice. Porque aquele que o come e bebe indignamente, se não distingue o Co rpo do Senhor [de outro qualquer alimento], come e bebe a própria condenação" (1 Cor 11 , 27-29). Seg undo manda a Santa Madre Igreja, "todo o ,Fel,

depois de ter chegado à idade da discrição [por volta cios 7 anos, ou mes mo antest é obrigado a confessar fi elm.ente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano" (câ non 989). Mas isso é o mínimo que se ex ige de todo cri stão. Um a alm a mais fe rvorosa não se contentará com isso, e confessar-se-á, se possível, todos os meses, ou até mais amiúde, e mes mo que não tenha cometido pecados mortais, mas apenas veni ais. Uma confi ssão mensal, ali ás, é co ndição necessá ri a para ganhar as indulgências pl enárias (um a só confi ssão basta para todos os atos premi ados co m essa indul gência, praticados du rante o mês). Não é, pois, ele bom espírito minimi zar a importância da Confissão sacramental. É ela que nos ajuda a manter a alm a purifi cada até mes mo cio pecado veni al. Se bem que não haja obrigação de confessannos as fa ltas veni ais, é recomendável que elas sejam inc luídas na Confi ssão (cânon 988, § 2). E inclu sive é necessá ri o me nc io na rm os pelo menos uma fa lta veni al, para a validade do Sacramento, se tivermos a graça de estar isentos ele qualquer falta grave. Nestes te mpos e m qu e o mundo todo está imerso no pecado, e até pessoas qu e se di ze m católicas perdera m a noção cio pecado, elevemos nos torn ar após tolos ela Confi ssão sacra mental. In fe li zmente, poré m, qu antas vezes não encontra mos co mpreensão e até boa-vontade por parte ele sace rdotes qu e deveri am ser prestativos na admini stração desse Sacramento ! Se nos oco rrer essa infe1iciclacle - de não enco ntrarmos um co nfesso r id ô neo (hipótese prevista pelo cita-

do Co ncíli o ele Trento, Sessão XIII, cap. VII , nº 880) - faça mos um ato ele contrição per{eiw (isto é, de arrependimento ele nossos peca dos po r pur o a mo r de Deus, e não pelo simpl es temor cio inferno) co m o firme propósito de jamais ofendê-Lo, e recuperaremos imedi atamente o estado de graça, supos to o pro pós ito ele nos confessa rmos na primeira oportunid ade. Mas neste caso - repito - o arrepencli mento deve ser por puro amor de De us. Antes de fazermos a confi ssão, porém, não nos é permitido aprox im armo-nos do Sacramento da Eucari sti a, a não se r qu e oco rresse um caso de necess idade grave e urgente, confo rme estipul a o

Em nossa época, em que se perdeu, em larga medida, a noção de pecado, devemos ser apóstolos da Confissão sacramental

Código de Direito Ca nônico (câ n. 9 16). Talvez sej a a esse ponto que se refi ra, em últim a análi se , a pe rg unta do le itor. Mas toda a qu es tão da contriçcio perfeita e da necessidade grave e urgente ex igiri a um longo desdobra mento, pois não é matéri a qu e co mporte simplifi cações e re la tivi zações . Le mbre monos da advertênc ia de São Pau lo, ac im a me ncionad a: " todo a qu e le q ue co rne r este pão ou beber o cálice do Senhor indignarnente .... come e bebe a própria condenação". ♦

C ATO LICISMO

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Terror-verde: radicalismo ecológico sem máscara

Simbiose entre traficantes brasileiros e guerrilha colombiana

O

Cartel Brasil é um grupo criminoso integrado por brasileiros, descoberto pelo Exército colombiano, cujo principal representante é o propagandeado traficante carioca Fernandinho Beira-mar . Esse Cartel é o mais importante fornecedor de cocaína colombiana para Rio e São Paulo. A quadrilha foi capaz de traficar 1 ,9 toneladas de coca·em um mês, durante o ano passado . Segundo o "Jornal do Brasil" (25 -3 -01 ), a referida gang entregou aos guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), em apenas uma viagem, 1 O quilos de ex plosivos plásticos, 6000 arm as c urtas, como pi stolas e revólveres , 54 3 armas longas, em sua maiori a fuzis, além de cinco cai xa s de munição para metralhadora ponto 50, capaz de derrubar aeronaves. Eis aí uma notícia que causa as maiores apreensões . Ela deveria determinar uma enérgica ação, por parte do governo colombiano, com vistas à detenção dos membros da quadrilha brasileira. E também o abandono da política suicida e vergonhosamente capitulacionista adotada pelo Presidente Pastrana em relação à guerrilha marxista. Não é concedendo extensas regiões do território colombiano aos guerrilheiros que será extirpado o cancro da narco-guerrilha naquele país . Pelo contrário, ela se aproveita dessas conces sões para criar raízes e crescer. ♦

e

C ATO LIC ISMO

Maio de 2001 ,

N os últimos seis anos, ecol ogistas ameri canos atacaram 38 propriedades, medi ante incêndios e depredações, causando um prejuízo de 37 milhões de dólares. N a Inglaterra , certos ecol ogistas, além de depredações e incêndi os, investem contra os próprios fun ci onári os, cli ente. e acioni sta s de empresas, espanca ndo-os e ameaçando-os de morte. A ss im, para tentar estabelecer uma di sparatada igualdade entre os

Christiana Tugwell, uma inglesa de 15 anos, ecologista radie.ri, é consiclerncla um;i "guerreira da ecologia": há vários me es ol;i est, o opondo ,10 loto,1me11to de terreno situaclo num bosque de Essox

homens e os anim ais, co log is1as jul ga m necessá ri o vuln crar os homens qu e ainda e considera m superi ores aos anim ai ! E m ua manifes tações públi cas, alguns grupos verd es costumam chamar os homens e os anim ais re p ctivamente de animais humanos e n.ão-hu-

1nanos. Tal aberração não podi a deixar de ter, no campo da ação, uma conseqüência que pode ser qualificada de terror-verde. O amor pela natureza, nesse caso, não é senão pretexto para procurar impor um igualitari smo absurdo e feroz entre o homem e a natureza que o rodeia, da qual ele ente racional, criad o à imagem semelhança de D eus - · r i . ♦

Pobres estudantes chineses

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Pokémonsqueimados em paróquia mexicana

O

Pokémon suscitou polêmi cas devido à influência que suas imagens violentas e velozes exercem sobre a mente infantil. Segundo peritos em psicologia da criança, esta pode ser estimulada a imitar os personagens virtuais . O Pe. Juan Ramón Hernández, da paróquia do Espírito Santo de Pachuca (centro do México), pediu aos fi éis que iniciem "uma queima de todos os Pokémons ", visto que estes desenhos animados e as análogas revist as em quadrinhos "atentam contra a unidade da fa mília e a consciência das crianças". Segundo ele , "os Pokémons usam mensagens subliminares que têm como objetivo fundamental propagar o mal em lugar do bem ". O religioso também lembrou que, segundo estudos realizados no Japão , cerca de 700 cri anças registraram sintomas simil ares aos da epilepsia como conseqüência da grande veloc id ade das imag ens nestes desenhos animados .

Um dos Pokémons

Para a alegria desse ze loso sacerdote, pelo men os um a cente na de crianças atendeu a se u pedido, queimand o em frente à ig reja do Espírit o Santo as revistas em quadrinhos. Com a avalanche do horren do, do monstruoso e da vi olência, despejada continua ment e pelas TVs so bre nossas crian ças , defo rm ando-lh es a mente, é digna de ap lauso a atit ud e corajosa desse sacerdote mexicano . ♦

govern o centrali zador e totalitári o da Chin a co muni sta não di spõe de recursos para amparar o programa de ensino no país, pois por toda parte o co muni sm o ge ra mi sé ria . Co mo so lu ção, obri ga alun os dás regiões mais pobres a trabalhos di versos - com o fa bri car fogos de artifíc io - , a fim de conseg uir os fundos necessári os. Os estud antes com notas mai s bai xas são obrigados a trabalhar horas ex tras, se ndo assim ex pl orados, se m consideração nenhum a, pelo program a educacional chinês . Co mo conseqüência desse sistema, uma esco la - na qual se fabri cavam os referidos fogos - ex pl odiu no leste da China, tendo ocorri do pelo menos 42 mortes. Uma estudante sobrevi vente da ex pl osão, Gao Yun , de 13 anos, reve lou: "Se

não atingíssemos a meta, não podíamos ir para casa". Essa é a formação qu e, em pl eno sécul o XX l, a Chin a verm elha propi cia às suas futura s ge rações. Que podemos esperar de tal país, senão qu e sej a um flage lo e co nstitu a séria ameaça para o co nvívio mundi al ? ♦

Perfumes e Civilização Cristã

E

m 1792, um mongecartu x.odeu como presente de casa mento aos joven s esposos Mülhen s uma rece ita sec reta de uma Aqua mirabilis, que iri a transformar a hi stória da perfum ari a oc idental. Tratava-se da fam osa Água de Colônia. Quando, em l 794, os revolucionários franceses ocupara m olôni a, resolveram numerar todas as casas da rua " Gl ockengass ". Nu ma delas, que recebeu o nº 4 7 11, a /\qua mirabilis era fabri ada. Q uase um século depoi s, aqu · I • núrn ·ro serv iu de mar a r ' >islrndu du autêntica Água de 'o l/J11i/l ,

É sintomático que uma exce lência da C ivili zação Cri stã no pl ano dos perfum es, co mo o é a Água de Colônia, tenha surgido no ambiente de placidez sobrenatural de uma cartu xa. Nesta época de barbari smos em que v ive mos, convém lembrar esses requintes da civili zação fo rm ada sob o benéfico influ xo da l grej a católi ca desde a alta Idade M édi a, os quais germin aram em mosteiros. Outro exemp lo são os fa mosos li cores. D entre estes, merece menção o Chartreuse, cm alu ão à célebre Grande Cartuxa, fundada por São B runo em 1084, nos A lpes franceses. ♦

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Imagem de Nossa Senhora imune a ataque terrorista Dezenas de guerrilheiros pertencentes às Forças Armardas Revolucionárias Colombianas (FARC) e ao Exército de Libertação Nacional (ELN) atacaram covardemente a cidade de Almaguer, na Colômbia , em abril último, destruindo casas, edifícios públicos, prédios comerciais etc. O edifício da igreja local, bombardeado com dinamite, ficou reduzido a ruínas . Qual não foi o espanto dos fiéis, ao penetrar na igreja destroçada, quando notaram que o venerável retábulo de Nossa Senhora dos Milagres estava inteiramente intacto, ao lado esquerdo do altar destruído. "Foi algo divino que nos faz renascer a fé ", disse Fábio Gomez Renjifo, prefeito da localidade. _J

Harry Potter: magia negra e bruxaria para crianças Super prestigiado pela mídia, encontra-se em quase todas as grandes livrarias, no mundo inteiro, o livro para crianças Harry Potter. Não há quase vozes discordantes sobre o conteúdo desse livro, só elogios ... entretanto, surge finalmente alguém que resolve dizer a verdade , o Padre austríaco Gerhard Wagner: " Temo pela alma das crianças' , afirmou ele, acrescentando que o livro contém rituais demoníacos, magia negra, bruxaria, "entrando em conflito com a fé e a Bíblia". Assim, segundo ele é obrigação da Igreja, dos pais e professores alertar as crianças contra tal obra. _J

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INTERNACIONAL Esquerdistas varridos da cena política Sim, o povo fu giu ele uma esquerda que lhe ofereceu uma j ornada ele apenas 35 horas ele trabalho, redu ziu o desemprego a níve is insignifi cantes e concede u toda espéc ie ele libe rclacles igualitárias, como a legalização ela ho mossexualidade, a paridade e ntre homens e mulheres, a di stribuição maciça e gratuita de pílulas anticoncepc ionais nas escolas, a política ele liquidação ela fa míli a, o favorec ime nto do igualitari smo social e racial. "Essa esquerda plural (NR constituída por soc ialistas, comuni stas, ve reies, ecologistas e grupos trotski stas ele extrem a-esquerda) seduz cada vez

Revés eleitoral assusta esquerda na França W ILSON GABRIEL DA S ILVA

Em vez da "grande onda rosa" socialista, anunciada pela mídia, as eleições municipais francesas produziram no país uma "onda azul", de centro-direita. Paris - U m dito irrevere nte de certo escri to r referia que, quando a França espirrava, a Europa assoava o nariz. H á tempos isso deixou de ser ass im, mas é inegável que a influênc ia francesa continua importa nte não só no Ve lho Continente (se não fosse por outras razões, bastari a o fato de possuir o maior território dentro da União Européia), como em larguíss ima medida no mundo inteiro. Na rea- . tidade, o prestígio da França não lhe vem de valores mate riais, mas do fato de ser a "fi lha primogênita da Igreja", de ter sido no pas. ado a rea li zação hi stórica mais p rfeiLa da C ivil ização Cristã. Daí lhe vem o espíri to, a doç ura, o e ncant . Se rá prec iso r c rcla r aqu i a prof unda influê ncia fra ncesa na so i elaele bras il e ira, pa rtic ul a rme nte no s c ulo XIX e prim e ira metade ci o s c ul o XX ? Se é verd ade que ta l influê nc ia diminuiu sensivelme nte a pós a I G ue rra Mundi a l e ma is a ind a a pós a li G ue rra, é igua lme nte certo que a irradi ação c ul t ura l fr a ncesa co ntinu a a atra ir in co ntáve is bras ile iros que sonha m ma is com os caste los e pa lác ios cio que com arranha-céus, ham búrgueres e negóc ios na B o lsa. Eis aí algumas das razões pe las quais as eleições municipais na F rança reperc utem muito mais cio que a escolha ele prefeitos na Bahi a, no Ka nsas ou no Congo. Daí o fa to ele M arta S uplicy ter vindo a Pari s participar de um comício cio candidato ela esquerda, o vencedor, Be rtra nd

Delanoe, milita nte soc iali sta confessadamente ho mossex ual. A prefeita ele São Paulo di scursou em francês (é mais chique ... ), trazendo ao seu colega de Paris o apoio petista. O Partido cios Trabalhadores - como aliás també m o Presidente Fernando Henrique, que lecionou na Sorbonne e tem lá seus vínculos com a revolução de maio de 1968 - goza ele certa notoriedade nos meios de esq uerda franceses. Tal notoriedade fo i mesmo trombeteada pela mídia por ocasião cio e ncontro de Porto Alegre. Todos se lembram

elo show pro movido pelo M ST devasta ndo uma pl antação ele soja com a partic ipação ele uma vede/e fra ncesa, o bigodudo José Bové, recenteme nte condenado na França por fato análogo. Tudo isso justifica uma atenção espec ia l dos brasi leiros e m re lação à política na Fra nça . Ainda ass im , as recentes e le ições muni cipa is e canto nais poderi am te r sido vistas como banais. E não o fo ram . Por quê? "Porque a esquerda perdeu" , apesar ele te r tudo para ganhar. Era tão grande a

Principais cidades da "onda azul"

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mente, o símbo lo do Partido Socia li sta Francês), que, mesmo após as eleições, jornais ela Europa e do mundo inte iro caíram no ridículo ele apresentar como uma vitó ri a aq uilo que na Fra nça a própri a esquerda reconhece como derrota. "Pa-

A esquerda conqu i to u de fa to duas c idades importa ntes: Paris e Lyo n. No entanto, em número ele votos, nem Pari s nem Lyon caíram à esquerda. Esta ganhou o pode r graças à clivi ão da direita (se é que ass im podemos chamar aqueles que ofereceram ele bandeja a vitória aos ociali stas). Mui tos atribuem a perda ele Paris - há ma is ele cem anos em mãos cios partidos ele centro-dire ita - à in fe lizescolha do candidato Philippe Seguin , um homem que cometeu todos os erros em favo r dos socialistas. A isto se soma ad ivisão da centro-direita, decorrente cio estro ndo publicitári o contra o prefeito Jean Tiberi, que acaba ele tra nsm itir o cargo. Os votos atribuídos a Seguin e Tibe ri ,

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vontade ele que a esquerda ganhasse "de lavada", com uma anunc iada "g rande onda rosa" (a rosa é, muito inacleq uacla-

Divisão da direita favorece esquerda

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Roberto Hue, líder máximo do PC francês, praticamente aniquilado nas recentes eleições municipais de seu país, planeja mudar o nome do partido, bem como a denominação de "célula", atribuída às unidades locais da agremiação. Será que o eleitorado francês acreditará nesse engodo?

ris conquistada pela esquerda"; "A capital cai à esquerda"; "Após décadas, o povo da França se reapropria de sua capital " - di ziam algumas manchetes.

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menos as elites urbanas e o eleitorado popular", confessa a conhecida revi sta

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O mapa ao lado, apresentado na edição de 22 a 28 de março de 2001 da revista francesa "L'Express", confirma a "onda azul", indicando as principais cidades em que os partidos de centro-direita venceram

somados, dão uma ligeira maiori a sobre Delanoe. A divi são ele uma dire ita burra e des unida favorece naturalmente uma esquerda dete rminada e unida. Algo semelha nte ocorre u em Lyon e outras cidades, onde a maioria ela o posição de centro-cli reita não fo i suficiente para ve ncer a coli gação de esquerda. Excetuados esses poucos casos, a derrota ela esque rda fo i ma rcante. Das 583 c idades de mais ele l5 mil habitantes, a o posição de centro-dire ita conquistou 32 1, arrancando 40 fe udos à esquerda. E ntre as cidades de mais ele trinta mil habitantes, 23 passaram ela esque rda à direita: Orléans, Ro uen, Estrasburgo, Blo is, Ní'mes, Quimper, Ai x-en- Prove nce, C hartres, Li sie ux, Sa int-Brie uc , C hâteauroux, Argente uil. . . A re lação ele fo rças se inverte u. Antes, a esquerd a possuía 301 re presentantes contra 278 da centro-dire ita. Agora, esta te m a ma iori a ele 3 J8 contra 259 da esquerda. A "onda rosa", ele tão le nta, de u lugar à "onda azul" da o pos ição conservadora ... Nesse sentido, são significativas as ma nchetes ele algun s órgãos ela esque rda: "Apesar de vence r em Paris e Lyon,

a esquerda está na defensiva"; "Por que tantas perdas ?" ; " Lionel Jospinf ace ao revés da esquerda"; "A esquerda sem o povo" .. .

cio Partido Socialista "Le Nouve l Observate ur", ele 22-28 de março último. Esses trunfos não levara m à vitóri a, e uma vinte na ele personalidades da esquerda - entre as quais ministros ou exmini stros fa mosos como E lisabeth Guigou, Jack Lang, Catherine Trautmann e D ominique Yoynet - perde ram as e leições, a lgumas já no prime iro turno. Tais personalidades se benefi ciara m ela ime nsa public iclacle gratuita elas redes ele televisão e rádio, cios j ornais e revi stas que habitualme nte promove m os seus astros no governo. Apesar di sso, ex perimentaram o amargo sabor el a derrota . M ais. Um cios princ ipais partidos compone ntes ela esque rda plural - o Comuni sta, que no te mpo de Georges M archais como secretário-geral chegou a obter 25% dos votos - desapareceu definitivamente cio panorama político em diversas regiões. Na verdade, o PC só se manteve decentemente nos seus velhos bastiões em Cal ais, no Norte, e e m parte dos subúrbi os ele Pari s. Mesmo assim , teve nestes perdas importantes. O Partido Comuni sta Francês fracassou em todas as disputas tri angul ares de que participou no segundo turno, tendo perdido as seis cidades que tinha reconqui stado e m 1995, e não reto mou nenhuma das 12 cidades ele mais ele 20 mil habitantes que havia perdido naquele ano.

Abstenção especialmente dos jovens: aversão à política Outro dado destas ele ições, que pre-

L'l!XPRESS 22/3/2001 • U

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C ATO LIC IS MO

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ABORTO ocupa os líderes da esquerda, é a grande abstenção, espec ialmente acentu ada entre os j ovens de menos de 25 anos e nas classes popu lares, o operari ado. E les simplesmente se des in teressaram e não co mparecera m. Não os atra i nem a esquerda nem esse arremedo centrista que aqui chamam de direita. Para o futuro dos partidos de esquerda, e j á para as próximas eleições pres idenciais e legislati vas, é desastroso. Terá contri buído para essa apatia a evidência, de furar os olhos, do fracasso comuni sta na Rúss ia e países do L este europeu ? Talvez, mas não dec isivamente, porque os meios de comu nicação oc identais continuam artifi cialmente a tratar da Rú ssi a como se os horrores do reg ime comuni sta nunca tivessem ali ex istido. Sej a como for, o panora ma político mudou. Se a centro-direita continua di vidida no alto, com suas tendência suicidas, as bases em que se apóia continuam fi rmes e propensas a defender certos valores tradicionais. Embora não estivesse em causa di retamente nas eleições, é cl aro que o tema da União Européia também traz profu ndo desagrado a um número respeitável - talvez a metade da popul ação - de franceses . A perda da sobera nia nac ional em favor da Uni ão é uma rea lidade que fere profundamente o patri otismo. E ainda há mui ta gente que ama a pátria. De Gaull e, C iscarei d'Estaing, Mi tterrancl e hi rac di ssera m que a França é um país de di reita, que não vota na esquerda senão p r ac idente, e que se govern a pelo centro. Pari s, por sua vez, tem um mito ele e querel a uma hi stóri a de direita. Esse dilo d espírit o revela uma Fra nça aparente que esc nde uma França rea l, a França p rof únda , co mo se costum a dize r aqui . Nestas eleições, ao menos, a França " profu nda" desconcerto u a "aparente", es ta maqui ada pela publicidade, pela mídi a, pelas mani pulações de sondagens e pesqui sas. Não haverá algo ass im também no Brasil, prezado leitor, em seu Estado, em sua cidade? Saibamos distinguir os mitos ela rea li clacle, e veremos que muitas soc iedades são govern adas a partir de tronm cle fum ~a. ♦ 12

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N ELSON B ARRETTO

No dia 14 de março último foi aprovado, em regime de urgência urgentíssima, o Projeto de lei 605/ 99, do deputado Professor Luizinho (PT-SP), que "dispõe sobre a obrigatoriedade de os servidores das Delegacias de Policia informarem as vítimas de estupro sobre direito de 'aborto legal"'

Brasília - O PT vem se empenhando de modo incessante para legalizar o aborto no País, contrariando a índole cristã de nosso povo. Enquanto a prefeita petista de São Paulo, Marta Suplicy, à época deputada, fazia campanha abortista, João Paulo li declarava, em sua visita ao Brasil, em outubro de 1997, que o aborto constitui crime abominável, vergonha para a humanidade. Como mercadoria avariada que precisa entrar de contrabando, o projeto do PT entrou no pacote de projetos qualificados de "em defesa da mulher ". Dele ninguém falou, ninguém fez propaganda, ninguém fez alarde. A matéria sequer foi levantada para debates . Resul tado: esse incentivo ao crime abominável foi aprovado durante votação simbólica, em menos de 20 minutos! Esperemos agora que o Senado repare o erro cometido pela Câmara, ou, por último, que a Justiça o derrube por contrariar nossa Constituição, que assegura o direito à vida e à inviolabilidade da liberdade de consciência, repetindo decisão tomada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro .

Abortistas não agem à luz do dia ... Os aborti sta s já perceberam qu e não pod em aprovar o crime do abort o à lu z do di a, razã o pa ra recorrerem a ex pedient es que se diri am esc usos - e, curiosa mente, se mpre em nome da democracia - se não fo ssem contempl ados pelo Regimento Interno da Câmara dos Deputados . Ou seja, sorrateiram ente, às escondidas, devagar, usando a política de "comer o mingau pelas beiradas"... Nosso Código Penal qualifica o aborto voluntário como crim e. Apenas nos casos de estupro e risco de vida da mãe tal crim e não é punido. É claro que um crime não punido não tem o mesmo signifi ca do que uma ação legal. Infelizmente, aproveitando-se dessa brecha do Código Penal, os abortistas vêm tentando obrigar os hospitai s públi cos a reali zar o

assim chamado aborto legal. O PT, através do deputado Eduardo Jorge, de São Paulo, hoje secretário da Saúde do governo petista da prefeita Marta Suplicy, apresentou o projeto PL 20/91 que visa exatamente isso . Tal proposta foi retirada de pauta em 1997, devido ao protesto da opinião pública católica contra a oficialização de um crime, ademais a ser financiado pelo Estado. Passadas as eleições de 1997, quando a opinião pública estava desprevenida, o atual Ministro da Saúde, José Serra, baixou uma Norma Técnica com o mesmo teor do projeto do PT. Chamo a atenção que tudo é feito em nome do povo ... Por outro lado, o deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE) apresentou um Projeto de decreto legislativo para revogar a Norma Técnica abortista, mas até agora não conseguiu sua aprovação.

... e usam artifícios escusos Aproveitando a ocasião do Dia Internacional da Mulher, os abortistas deram mais um passo para a legalizaçã o do aborto no Brasil. Colocaram no meio de sete projetos - que, segundo eles, seriam do interesse da mulher - o Projeto de Lei 605 /99 do deputado petista Professor Luizinho, que obriga os Delegados de Polícia a informar a respeito do direito ao aborto lega/ as mulheres que registrarem queixa de estupro. Estamos diante de uma campanha abortista organizada e meti cul osa . Cada passo dela é estudado. Esse mesmo Proj eto foi apresentado e aprovado pela Assembléia Legi slativa do Estado do Rio de Janeiro, em 1997 . Contudo , fo i ele vetado graças à interferência do Dr. Wladimir Rea le, presidente da ADEPOL - Associação dos Delegados de Polícia que entrou com recurso na Ju sti ça arg üindo a sua inconstitucionalidade, por desrespe itar o direito à vida e a liberdade de consciência . O Dr . Wladimir, em sua entrevista a Catolicismo, edição de março/2000, acentuava : "Um particular aspecto dessa lei estadual - editada quando era governador o Sr. Marcelo Alencar - merece ser

Dr. Wladimir Reale, Presidente da ADEPOL,

Associação dos Delegados de Policia

lembrado: sua aprovação ocorreu num momento extremamente infeliz, porque naquele instante o Papa visitava o País, e a posição anunciada por ele foi a de que efetivamente o aborto é um crime abominável, uma vergonha para a humanidade. Sua Santidade fez essa declaração no dia 4 de outubro de 1997".

Um crime não remedeia outro crime Cumpre ao Estado, é claro , punir o crime do estupro e amparar suas vítimas, dando-lhes condições psicológicas e materiais para educar a criança ou então facilitar a sua adoção. Mas não se remedeia um crime cometendo outro crime. Ninguém, e muito menos o Estado, pode incentivar o crime do aborto, ·o assassinato de seres inocentes e indefesos. O Projeto abortista do PT, aprovado na Câmara às escondidas, seguiu para o Senado . Resta-nos esperar que nossos senadores rejeitem tal Projeto de lei, que favorece de modo significativo a matança de inocentes em nossa Pátria.

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ENTREVISTA

Segurança pública an1eaçada de desestruturação no Rio Grande do Sul

E a origem desta grande confu são (e, infeli zmente, a sensação ele in segurança co letiva) reside na esco lha cio Desembargador José Paulo Bisol para coordenar uma elas mais imporlantes Secretarias ele Estado. Vej am bem: o PT, legítimo vencedor elas eleições no Estado, assum iu o govern o com os olhos voltados para os sem-terra e os clesfavoreciclos pela economia. Em princípio, nada elemais. Foi em ci ma desta visão que o partido chegou ao poder. Ocorre que, na ótica pelista, o mundo (e o govern o) se resume a esse segmento ele cicladãos. Ora, é óbv io que as complexas socieclaeles em que vivemos têm outras áreas essenci ais, preocupações legítimas e inadiáveis. Essa mesma ótica (míope, acrescente-se) produziu outras "pérolas" ela ciênc ia política tup iniquim . A "lúerarquia horizontal " é um a dessas idéias mirabolantes que pretende transformar todo homem em um sábio, em um profundo e experiente profissional na segurança públi ca. E isso, nós sabemos, é uma rotu nd a bobagem, pois nem os homens são iguais, nem tiveram a mesma preparação. A "hierarquia horizontal" é, na verdade, urn a abstração produzida pela mente profundamente cu lta cio secretá ri o Biso l, mas que está longe ele ser exeqüível , e não passa ele mai s um a grande ofensa à inteli gênc ia cio cid adão com um . O resultado dessa quebra de hi erarqui a é a conf usão, com a desastrosa política que o secretário está conduzindo à frente ela Secretari a. Cito um fato que demonstra as conseq üências danosas dessa política. Atua lmente nós temos no RS um Chefe de Po líc ia, delegado ele final de carreira, mas que infe li zmente é mon itorado por um escrivão ele polícia que e tá assessorando o Secretári o de Just iça e Segurança. É ele quem dá prati camente as ordens à Po lícia C ivi l em todo o Estado. Lsso causa uma justa revo lta e unia desestruturação naquilo que para nós é muito caro: a disciplina e a hierarqui a dentro ela nossa organi zação. A conseqüência é a má gestão na admi ni stração e na política, mau atend imento cio público e di sputas entre os delegados mai s jovens. Os melhores delegados do RS estão sendo penali zados e depositados na área jud iciária ou no Conse lho Superior ele Po lícia.

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Folos: José Ricardo Luzitano

Nosso entrevistado é pessoa muito aba li zada para fazer denúncia em epígrafe . Bacharel em Direito, com pós-gradu ação em Recursos Humanos, o Dr . José Carlos Weber, foi Diretor do Departamento de Telecomunicações, Corregedor-g eral de Polícia, Delegado Regional e Diretor de Divis ão no Rio Grande do Sul. Em 1997, a convite do Governo italiano, cursou o Instituto Superior de Polícia da Itália e o da EUROPOL, em Roma. Posteriormente, estagiou junto às políc ias da Suíça, França e Estados Unidos . É delegado de última classe, tendo percorrido todos os canais normais de promoção. Exerce há nove anos (quatro mandatos) o cargo de Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul, tendo sido também Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil.

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Caloliásmo

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Que conseqüências poderão advir, para a Polícia do Estado do Rio Grande do Sul , da adoção da chamada "hierarquis horlzontaf', que o Sr. José Paulo Bisol, Secretário da Justiça e da Segurança Pública, pretende instituir nos organismos policiais dessa unidade da Federação? D,: .José Carlos Weber - Antes ele anali sa rm s a questão ela hi erarq ui a nas organi zações po li ciais, é preciso histori ar um pouco o que está acontecendo no Ri o Grande cio Sul. Estamos no in íc io cio terce iro ano desta acl mini stração, e, apesar ele todos os esforços ela soc ieclacle e - não se pode negar - cios homens públicos, a segu rança pública no Ri o Grande cio Sul encontra-se num a situação ele caos.

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•• Dr. José Carlos Weber:

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Para 576 vagas ele delegados - efetivo atualmente previsto no RS - só estão preenchi elas 370, efetivo de I O anos atrás . A violação ela hierarqui a fi cou patente no ep isód io el a qu ebra do Relógio dos 500 anos, quando uma escrivã ele polícia determinou a um ofic ial ela PM que reco lhesse sua tropa. Do epi sód io resultou um inqu érito poli ci al militar. Por o utro lado, a f uncioná ria escrivã sai u prestigiada . Na área da Brigada Militar (PMRS), consta- me que soldados estão propondo a remoção ele coronéis, tenentes-coronéis e oficiais da PM. Quebrada a hi erarq ui a, j á não há mai s disciplina. Sem esses dois pilares básicos, não há co ndi ção para um trabalho ele segurança públi ca eficaz da parte elas duas polícias. Eu ten ho afirm ado - e os fatos não me co ntradi zem - que há uma pretensão cio atual Governo cio RS ele impl antar as milícias popul ares armadas, a exempl o ele C uba, que é um a polícia voltada para a defesa cio govern o e suas forças aux i I iares, e não cio cid adão. Ora, nossa estrutura funcional se mpre foi dirigida para a defesa cio cidadão. Um exemplo dessa má política fo i, logo no início cio atual governo, o ep isód io ocorrid o em um a faze nda em Hulha Negra, perto ele Bagé. O Poder Judi ciári o hav ia determinado que as tropas retirassem os invasores nela in sta lacios, mas o sec retári o Bi so l determinou que a PM não fosse até lá. Outro exemp lo fo i a tentativa de nomear delegados de c lasse interm ed iári a para cargos ele departamentos reservados a delegados de classe final, contrariando o que determina a lei. [ngressamos com um mandado judicial e o gove rno rec uo u. Concluindo, a lu ta é incessante, o embate é diári o. Porque a pretensão cio atual govern o é desmorali zar o sistema ele segurança pública e as instituições que tên1 a força para preservar o estado ele direito. E nesse intento ele vem seguidamente - através da imprensa - nos elesmerecendo, nos ac usando ele banda podre, ala

"Há uma preten- : são do atual • : Governo do RS • de implantar • as milícias • populares armadas, : • a exemplo de : • Cuba, que é uma • polícia voltada : : para a defesa • • • •• do governo, e não do cidadão" • •• corrupla da Polícia Civil, ala arcaica da Bri• • : • •• •

: gada Militar, e, aos olhos cio grande público, • ficamos mui tas vezes sem um a resposta ade: quacla, apesar do muito bom trabalho das cor• regedori as contra os maus policiais cio Estado.

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A inte nção, repito, é des moralizar para in staurar uma nova Polícia, na linha daquelas milíci as armadas.

Bisol deu ordens e dete rminações a ofi c iai s da Bri gada Mi Iitar. E o pior: foi aca tada. O Subsecre tá ri o da Ju sti ça e da Seg urança, Dr. Lauro Mag nago, era advogado cio MST a ntes de ass umir esse cargo de alta re levânc ia e de co mando, se m ter ex pe ri ê nc ia ne m quali ficação a lg um a para exercê- lo . A Chefe ele Gabinete do sec re tá ri o Bisol, num programa de rádio, dec la rou-se me mbro efetivo do MST. Entrou co m um processo ele injúria contra mim , no qua l foi conde nada a pagar as c ustas processuai s. São essas pessoas que comandam praticame nte a Secretaria. Aliás, no iníc io do atual governo do PT, um diri gente das FARC g rupo narco-terrorista co lo mbi a no - foi receb ido com ho nras palac ianas no RS e teve esco lta policial ela Bri gada Militar durante sua estadia. Por outro lado , fa la-se de um a visita a ser realizada, e m breve, pelo subcomandante Marcos, conhecido g uerrilhe iro ele C hi apas, no M éxico, ao Rio Grande do Sul, o que é la me ntá ve l para a nossa soc iedade.

Catolicismo -

Qual a situação atual das chamadas delegacias comunitárias que, por decreto do Governo estadual do Rio Grande do Sul, devem substituir as delegacias distritais de Porto Alegre? Dr. José Carlos Weber - Apesar da determinação do governo em criar esta delegacias, elas não sa íram cio papel. É ev idente que tal idé ia encontra empec ilhos na lógica e na tradição das polícias brasileiras. Duvido que e la venha a ser implantada realmente. Uma experi ê nc ia está sendo,reali zada num distrito ela Restinga, Porto Alegre, uma á rea problem tica. A prete nsão é colocar dentro da Delegacia, ao lado do delegado e de outros funcionários, um representante do povo para dividir a gerê nci a da Delegacia. Nós não vamos pe rmitir que isso aconteça .

Catolicismo - Qual a razão dos recentes • • ataques do Sr. Secretário da Justiça e da • Segurança Pública contra os organismos • judiciais do Estado? Dr. José Carlos Weber - M es mo tendo s ido jui z e sendo hoje desembargador aposentado, Bisol volta e meia ataca o s istema Judiciário. O Secretário da Ju stiça e da Seg urança, por dive rsas vezes, ma nifestou uma pos ição desconfortáve l - para di ze r o mínimo - no referente a decisões que não lhe agradaram ou foram contra as suas idéias . É mai s uma de monstração da fo rma incompreens ível como Bisol comanda a Secretaria . É ele se perg untar se os peti stas aceitam ou não a ex istência de um Estado democrático, onde os poderes Judiciário e Leg is lativo devem ser acatados e respe itados nas suas decisões .. Catolicismo - Qual a influência que o MST exerce na Secretaria da Justiça e da Segurança? /)r. José Carlos Weber - Muito g rande . Ali ás , o Mov ime nto cios Se m-Te rra está infiltrad o m todas as atividades cio Governo estadual. Na ',u rança, infeli z mente, co m ta nta força qu -, '111 r cent e e pisódio, uma assessora ele

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mocracia cios atua is go ve rnantes, 20 vezes pior cio qu e a cio período ela " Dilaclura Mili- • • lar ", c riti cada por e les.

• Catolicismo - O que tem a ver o episódio

"Nós hoje estamos virando • o deboche dos • Catolicismo - E qual o sistema de verbas deliqüentes, • adotado pelo atual Governo estadual gaúem razão da : cho para a área da segurança pública? política de • • Dr. José Carlos Weber - A polícia de Los 'direitos humanos' Angel es gasta, em segurança pública, c inco que os protege. • vezes mai s cio que todo o Estado cio Rio GranE nossas famílias • ele cio Sul. Em 1998, tínhamos um o rçamento • • estadual para as duas polícias na ordem ele 120 e nossos filhos • milhões ele reais. Em 1999, essa verba despe nestão sendo • cou para 7 milhões, no iníc io do atua l gover• agredidos, atingi- • no. Em 2000, caiu para 5 milhões e pouco. dos na sua • Neste ano será el e ape nas 4 mi !hões . É para integridade física • matar ele inanição! • e patrimonial" Então, o que espera a sociedade gaúcha?

Bové, da invasão e destruição da lavoura da Monsanto durante o Fórum Social Mundial de Porto Alegre, com a reestruturação dos órgãos policiais no RS? Dr. José Carlos Weber - O episódio Bové é e mble mático. Seu signifi cado ultrapassa a luta por alimentos naturais e sem agrotóxicos, poi s um cidadão francês veio ao Brasil destruir uma lavoura dentro cio nosso território. E sabem o que aco nteceu a ele? Nada. Saiu livremente cio País. A ve rdade é qu e com tais pessoas no comando ning uém está tranqüilo. Cidadão nenhum pode dormir com a certeza de qu e, no dia segu inte, terá sua propriedade intacta. O episódio Bové é a prova concreta do caos que desejam cria r. Em seu país, e le acaba ele ser condenado por um crime s imil a r. Seu intuito no Brasil , • como na França, e ra o ele desestruturar aquilo • que nós mais prezamos: nossas fam íli as e a integridade de nossos patrimônios.

Catolicismo Catolicismo -

"O Movimento

dos Sem-Terra está infiltrado em todas as atividades do Governo estadual. Na Segurança, infelizmente, com tanta força que uma assessora de Bisol deu ordens a oficiais da Brigada Militar"

O atual governo estadual gaúcho, em seu plano de reformulação dos órgãos policiais, inspira-se em algum modelo do Exterior? Dr. José Carlos Weber - Sim . A idé ia elas delegac ias comunitári as e el as milíc ias formadas por cidadãos à pai sana vem de C uba. Mas a soc iedade j i:í se de u conta e não há co mo im plantá- las aqui. A pressão contra o governo é e no rme. N a rea lidade, até ago ra o governo cio PT não aprese nto u ne nhum pla no definido ele seg urança pública para o Estado. Parece desejar uma po líti ca de "terra arrasada" para o atua l s istema, e só e ntão estabe lecer uma nova po líc ia, com as milíc ias popul ares a que j á nos refe rimos. Há um c lamo r popu lar contra o comportame nto da atua l administração ela Seg ura nça Pública, a qual se rec usa a discutir, a parti c ipar efetiva me nte ela di sc ussão democrática, fi cando a usente cios e ncontros e dos debates que são pro movidos e m decorrê nc ia desse descontentamento. N ós j á desa fi a mos várias vezes o sec retá rio Bisol para um deba te, e ele se recusa a co mparecer. Isso é f'rul o da ·on ·cpção ele ele-

O Governador Olívio Outra acaba de anunciar a criação de uma universidade estadual voltada unicamente para a formação de lideranças políticas no Estado. O Sr. vê alguma relação dessa instituição com o preenchimento de cargos na área da segurança pública? Dr. José Carlos Weber - Com certeza. No último c urso que houve para escrivães e inspetores ele polícia, bem como para monitores e agentes pe nitenciários, cabos e so ldados ela Brigada Militar - g rupos de formação bas tante heterogênea - fo ram contratados in strutores alhe ios aos quadros docentes elas du as po líc ias e cio sistema pe nite nc iário. Fo i contratado pessoal ele uma fundação ela Unive rs id ade Federal. Foran1 1ninistradas en1 torno de 560 horas, não previ stas no edital ele concurso. Pre te ndi a m, na realidade, ''.fa zer a cabeça" dos parti c ipa ntes com as men sagens cio partido (PT). N esse c urso o corpo docente foi pago com ve rba sem licitação, e o Tribunal de Contas está fazendo a auditoria para conhecer e punir essas irregula riclacles.

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Em res umo, o cu rso seguiu intencionalmente um rum o "político" ele esquerda , fundos públicos foram usados delituosamente e se u resultado foi a formação defi c iente dos candi clatos ap rovados.

Se o homem de ponta é muito mal pago, se não há investime ntos sérios na área de segurança, mas apenas ele ordem política e ideo lógica de esq ue rda, o que se pode esperar? Melhora r? Acredita mos que não. Nós hoj e estamos virando o deboche dos • delinqüe ntes, em razão da política de "direitos .. humanos" que os protege. E nossas famílias e nossos filhos estão sendo agredidos, atin gidos na sua integridade física e patrimoni al. Pequenos furtos nem mais são reg istrados na de legacia. • • • • •

Catolicismo - O Sr. teria algum comentário a fazer sobre a atual legislação referente à delinqüência do menor?

Dr. José Carlos Weber Creio que também preci samos reformular o Estatuto

da Criança e elo Adolescente. Acho um absurdo o que • •• : •

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está acontecendo: hoje um delinqüente menor ele 18 anos, moço feito já, muitas vezes potencialmente mai s peri goso do que um adu lto, tem a certeza da impunidade, porque vai para de ntro ele uma FEBEM, tira ainda um PhD e m safadeza lá dentro, e, na semana seguinte, está por aí sabendo que não vai acontecer nada com e le. O s países de Primeiro Mundo es tão pen ali zando con1 pena de n1orte até menores delinqüentes. É preciso também haver investime ntos na área ♦ da recuperação cios menores delinqüentes. CATO LIC ISMO

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Afirmação , perspicaz

Desde 1963

sos dias: A bendita túnica que Ele usou nas estações ela Via Sacra. Que coisa mais interessante cio que essa? E tudo confirmado pelas técn icas modernas. E se é interessante, deveri a ser fác il encontrar li vros, j ornais e revistas, mesmo reportagens ele rádio e ele telev isão fa lando di sso. Mas não ad ianta nem procurar, pensei, porque não vou encontrar. Só mesmo no meu Catolicismo posso encontrar essas mmav ilhas perdidas pelo mundo afora, mas que você · vão procurar, encontram e trazem reportagens para nós. Por isso quero deixar aqui meu mu ito obrigado. Tenho muita coisa para pensar na emana Santa. Tamb 111 a ligação do sofrimento le Jesus ri sto com o dos catól icos que estão sendo maltratados no mundo, pelos inimigos ela Religião católica, dá muito que pensar. (A.A.G. - MA)

onheço Catolicismo desde 1963, e sempre o achei ad mirável.

Mudou a Igreja ou mudaram os fiéis?

as rev istas Catolicismo, as quais guardo como co leção, quero expressar minha satisfação pelos arti gos, com análises objetivas qu e têm, e a preocupação em tratarem de assuntos atuais. Quero ex pressar minha gratidão e também adm iração. Considero essa revi sta de excelente porte e ele utilidade para todos nós católicos. Q ue Deus sempre os protej a e abençoe eternamente. (L.A.C. - ES)

~ Gostaria de parabenizá-los pelo

Mudança de vida

~ Permi to-m e cumprim entar a rev ista Catolicismo, diri gida por V Sa. , pela divul gação ele excelente entrevista com o Sr. Coronel Jairo Paes ele L ira. Penso qu e, pela ex peri ênc ia que ten ho ele juiz penal (no Tribunal ele A lçada Crimin al ele São Paul o) e de professor de Direito Pena l, posso afi rm ar, sem receio, de que nada li com tamanha acuidade sobre a cri se cio sistema pri sional brasileiro. Aproveito a ocas ião para apresentar-lhe a continuid ade ele meu respeito e a adm iração que vem cios tempos em que tive a honra ele ser seu aluno. Atenciosa mente, (A.D. - SP)

Mas acabo ele receber o número ele março, e creio que este, juntamente com o ele fevereiro, até superou os anteriores! Estão rea lmente muito bon s1 Parabéns, e que Nossa Sen hora os aj ude muito! (E.J.T. - PR)

"Ultrapassa minha imaginação" ~ Cada vez Catolicismo me surpreende sempre mai s. Por mais que eu imagine o tema principal ela revista vindoura, ele ultrapassa minha imaginação. D igo isto porque, quando terminei ele ler o cio mês ele março, ele que goste i muito - e para dar um exemplo, posso falar cio tema ela globa li zação, que me deu muita luz para entender a questão - eu me perguntei como seri a a rev ista ele abri l. Pensei: acho que o principal vai ser alguma coisa ela Semana Santa. Mas nunca imaginei que seria a Paixão ele Jesus ligada com os nos-

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ATOLICISMO

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Agradeço o di a e hora em que tomei contato co m esta rev ista . Co nfesso que leio no tran scorrer do mês as reportagens, e aq ui em casa di sc utimos os temas, também. Se eu puder arrebanhar mais assinantes para vocês, estejam certos ele que ass im o fare i. (T.J.G. - SP)

SANTO ROSÁRIO poderosa a a de eficácia comprova

Análises objetivas e assuntos atuais

HELVÉCIO ALVES

Meio de salvação dos mais poderosos e eficazes nos é oferecido pela Divina Providência contra Satanás e seus sequazes, que procuram perder as almas. O Rosário soluciona inúmeros problemas, assegura a salvação eterna e antecipa a implantação no mundo do Reino do Imaculado Coração de Maria.

~ Desde que co mecei a receber

Catolicismo. Tomei contato com esta excelente revi sta no final do ano passado. Foi uma bênção, ce1tamente. Como católico praticante, sinto que nossa dita Igreja da Teologia da Libertação deixa mu ito a desejar no atinente a sua função primeira, isto é, no que concerne ao campo espiritual , haja vista o que se vê e se ouve nas Santas M issas. Nada mais se fala nos Novíssimos do Homem (Morte, Julgamento, Purgatório, Céu e Infern o). Mudou a I greja ou mudaram os fi éis, que não querem mais ouvir isto? Sinto que uma grande parte de fi éis, a meu exemplo, se ressentem deste mal espiritual que, graças a Deus, é denunciado por vocês. Já tive oportunidade de ser assinante de outras ditas rev ista s católi cas, mas que se dedi cam somente a batalha pelo social, esquecendo-se por comp leto ele que o que nos interessa, em sua maior parte, é o espiritual.

~ Muita coisa mudou em minha vicia. Novas cons iderações foram tomadas e outras aspirações foram refei tas. Tudo eleve-se it leitura ele Catolicismo. O conteúdo ela revi sta modelou fundamenta lmente o modo pelo qual passe i a pautar minha vici a. Prin cipal mente no que diz respeito aos efeitos noc ivos e alienaclores ela telev isão, tão alertados e combatidos pela TFP. Ca usou-me prazer com seu conteúdo fat imi sta, bem como seu caráter ilu strativo. A lém ela amp li tud e cios ass untos, Catolicismo pareceu-me bastante consistente nos pontos ele vistas defendidos. (R.C. - MG)

Correspond ênc ia !ca rtas, f ax ou email s) para as seções Escrevem os Leitores e/o u A Palavra do Sacer dote env iar aos endereços que fi. gura m na pági na 4 dosta ediçã o.

Q

uanclo Lúcia perguntou à Santíssima Virgem, na apa ri ção ele 13 ele outubro ele 19 17, em Fátima, o que desejava, Ela respondeu:

como poderemos recusá- lo? Imposs ível seria! Atendendo- A , seremos atendidos e alca nçaremos todas as graças que supli carm os com fé e confiança.

"Quero dizer-te quefaçam aqui uma capela ern ,ninha honra; que sou a Senhora do l?osário; que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias ".

Fátima e a devoção ao Santo Rosário

N o fina l dessa apari ção houve o co nhec ido milagre ci o so l, e desenrolara m-se sucessivamente, aos olhos ci os videntes, três quadros simboli zando primeiro os mi stéri os gozosos cio Rosári o, depoi s os dolorosos e por fim os glori osos. Apareceram, ao lado do sol, São José com o M enino Jes us, e N ossa Senhora do Rosário'.

"Rezar o Terço todos os dias" Que conselho mai s excelente que es te? Que cri atura mai s elevada que a Virgem Santíss ima poderi a tran smiti - lo? Sendo que a própri a M ãe de D eus - e também nossa M ãe - nos faz esse pedido,

Em várias outras apari ções Nossa Senhora recomendou a devoção ao Rosá ri o, mas especi almente em Fátima Ela insistiu nessa prática marial como meio para se obter a co nversão cio mundo. Apresentando-se como a Senhora do Rosário, E la veio alertar o mundo para os terríveis castigos que ocorreri am caso não se desse uma conversão gera l; caso os homens não deixassem de ofender a D eus com seus pecados e não houvesse uma reparação por esses pecados. I sto se passou no in ício ci o sécul o XX. N este início do séc ulo XXI, quem se atreveria a dizer que tais pedidos fo-

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ram atendidos? C laro qu e nin guém! Basta olhar um pouco em toh10 de nós, para ver justamente o contrári o: a decadência moral acentua-se dia a dia ; os M andamentos de Deus são abandonados; os pecados aumentam; as ofensas a N osso Senhor tornam -se ainda mais agressivas. Basta abrir os j orna is, para constatar a alarmante di sso lução da famíli a, as modas imora is, o nudi smo, o aborto, a prostitui ção, as drogas, o homossex uali smo etc. A cri se reli giosa e mora l acentuouse incomparave lmente, em todos os aspectos e universa lmente. Para citar apenas um ponto, entreta nto dos mais dolorid os: a tremenda cri se que abala a Santa I greja Católica nos presentes dias2 . Em vi sta disso, a Senhora de Fáti ma pede-nos oração, penitência e reparação. fn siste na recitação diária do Terço, para a conversão das almas e do mundo e a impl antação do rein ado de seu Imacul ado Coração, ou seja, a restauração da C ivili zação Cri stã com um vi gor ainda maior que no passado. Se os homens atenderem a tal ped ido, esta rão antec i-

pando esse reinado, embora precedido pelos grandes castigos também previstos em Fátima. Para quem verdadeiramente ama a Deus, puni ção libertadora! Bastaria o pedido de Nossa Senhora, ac ima referid o, "Rezar o Terço todos os dias ", para disso não nos esquecerm os j amais. Mas para estarm os ainda mais convi ctos da importâ ncia, da razão dessa devoção marian a, e para convencermos nossos próx imos a rezarem também eles o Santo Rosá ri o, passaremos agora a outras considerações .

reges, após conqui star muitas almas, destruir muitos altares e derramar muito sa ng ue cató li co, parec iam de finitivamente vitoriosos. São Domin gos (mais tarde fundador da Ordem Domini ca na) intrepidamente empenhou-se no combate à seita albigense, não conseguindo, porém, sobrepuj ar o ímpeto dos hereges, que continuavam pervertendo os fi éis católicos. E os que não se pervertiam eram massacrados. Desolado, São Domingos suplicou à Virgem Santíss ima que lhe indicasse um a efica z arma espiritual capaz de derrotar aq ueles terríveis adversários da Sa nta l greja.

Haverá devoção mais importante? Quem nos responde tal pergunta é o próprio São Luís Maria Gri gni on de M ontfort ( 1673- 17 16), grande apóstolo de M ari a Santíssima, ao escrever:

"A Santíssima Virgem revelou ao Bem.-aventurado Alain de la Rache que, depois do San to Sacrifício da Missa, que é o primeiro e mais vivo mem.orial da Paixão de Jesus Cristo, não havia devoção n·1.ais excelente e rneritória que o Rosário, que é corno que um segundo

Siio Luís Grignion de Montfort

memorial e representação da vida e da Paixão de Jesus Cristo" 3• Há inúmeros documentos pontifíci os exa ltando a exce lência do Sa ntíss imo R osá ri o. N eles os Papas reco mendam empen hadamente essa devoção. L eia algun s exemplos no quadro da página 2 1.

Devoção ao Rosário: maravilhoso histórico Segundo res peitosa tradi ção, Nossa Senh ora revelou a devoção ao Rosário a São Domin gos de G usmão, em 12 14, co mo meio para sa l var a Europa de urna heres ia. Eram os albi ge nses, que, como um a ep idemi a maldi ta , contagiava m co m seus erro s outros países, a partir do norte da Itáli a e da reg ião de Albi , no sul la Fra nça. De onde o nome de albigenses atribu ído a esses hereges, onhccidos tarnb 111 co mo cátaros (do rc o: 1 uros), pois assim soberbament ' s auto- nomeava m. Eram lobos disfarçados com pe le de ov ' lhu, infi ltrara m-se nos meios ca tólicos I ara me lhor enganar e captar simpat ia. Tais hereges pregava m, entre outros erros , o panteís mo, o amor I ivre, a abo li ção das riqu ezas, da hierarqui a social e da propri edade particular - sa lta aos o lhos semelhança com o com unismo. Várias reg iões da Europa do século X III ficaram infestadas pela heres ia albi gense, e toda a reação ca tólica visando contê- la mostrava- e inefi caz. Os he-

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Rosário esmaga heresia albigense Quando tudo parec ia perdi do, Nossa Senhora interveio nos aco ntec imentos para sa l var a Cristand ade desse mal. O Bem-aventurado Alain de la Roche ( 1428- 1475), céleb re pregador da Ordem Dominicana, no livro Da dignidade do Saltério, narra a apari ção de N ossa Senh ora a São Domingos, em 12 14. Nessa apari ção, E la ens ina aq uele Sa nto a pregar o Rosá ri o (também chamado Sa ltério de Maria, em lembrança dos 150 sa lmos de D avi) para sa lvação das almas e conversão dos hereges. Na obra de São Luís Grigni on de M ontfo rt ac ima citada, ele tran screve tal narração: " Vendo São Domingos que os cri mes dos homens cri avam obstáculos à conversão dos albi genses, entrou em um bosqu e próx imo a Tou louse e passou nele três di as e três noites em contínua oração e penitência, não cessando de gemer, de chorar e de macerar seu corpo com di sc iplinas para ap lacar a có lera de Deus, até ca ir meio morto. A Sa ntíssima Virgem, acompanhada de três prin cesas do Céu, lhe apareceu e di sse:

- 'Sabes tu, meu querido Domingos, de que arrna se serviu a San tíssima Trin dade para reforma r o mundo ?' - 'Ó Se11hora! - respondeu ele Vós o sabeis melhor do que eu, porque depois de vosso Filho Jesus Cristo.fostes o prin cipal instrumento de nossa salvação'. - 'Sa iba - Ela acrescentou - que a peça principal da bateriafoi a sauda-

Os Papas recomendam o Rosário ■

Pio IX : "Assim co mo São Domingos se valeu do Rosário como de uma espada para destruir a nefanda heresia dos albi genses, assim também hoje os fi éis exerc itando o uso desta arma - que é a reza cotidi ana do Ro sário facilmente co nseg uirão destruir os monstruosos erro s e impiedades que por todas as partes se levantam" (Encíc lica Egregiis, de 3 de dezembro de 1856). ■ Leão XIII : "Qu eira Deus é este um ard ente desejo No sso que est a prática de piedade re tome em toda parte o seu antigo lu ga r de honra' Nas c idad es e aldeias, nas fa mília s e no s loca is de trabalho, entre as elites e os humild es, seja o Rosári o amado e v enerado como insigne distintivo da prof issão cristã e o auxílio mais eficaz para nos propici ar a divina c lem ência" (En cíclic a Jucunda semper, de 8 de sete m bro de 1894) . ■ São Pio X : "O Rosário é a mais bela e a mais preciosa de todas as orações à M ed ianeira de to das as graças: é a prece que mais toca o coração da M ãe de Deus. Rezai-o todos os dias" . ■ Bento XV : "A Igrej a, sob retudo por me io do Ro sá ri o, se mpre encontrou nEla a M ãe da graça e a M ãe da misericórdia, precisa mente conforme tem o costume de saud á-La. Por isso , os Romanos Pontífices jamais deixaram passar ocas ião alguma, até o presente, de exaltar com os maiores louvores o Ros ário mariano, e de enriqu ecê-lo com indulgênc ias apostólica s". ■ Pio XI : "Uma arma poderosíssi ma para pôr em fuga os demôni os .. .. Ad emais, o Rosário de M aria é de grande valor não só pa ra derrotar os que odeiam a Deus e os inimi gos da Reli g ião , como

também estimula, alim enta e atrai para as nossas almas as virtudes evangélica s" (Encíclica /ngravescentibus m a/is, de 29 de setembro de 1937). Pio XII : "Será vão o esforço de rem ediar a situação deca dente da sociedade c ivil, se a família, princípio e base de toda a sociedade humana, não se ajustar diligentem ente à lei do Evangelho . E nós afirm amos que, para desempenho cabal deste árduo dever, é sob retudo con ven iente o costume do Rosário em família" (Encíc li ca lngruentium malorum, de 15 de set embro de 1951) . João XXIII : "Como exe rcício de devoção c ri stã, entre os fi éis de rito latino, .. .. o Rosário ocupa o primeiro lugar depois da Santa Mi ssa e do Breviário, para os ec les iásticos, e da parti c ipação nos Sacramentos, para os lei gos" (C arta Apostólic a // religioso convegno, de 1 9 de setem bro de 1961 ). Paulo VI : "Não deixeis de incul ca r com toda a diligência e insistência o Rosário m arial, forma de oração tão grata à Virg em Mãe de Deus e tão freqüentemente recome nd ada pelos Romanos Pontífi ces, pela qu al se proporc ion a aos fiéis o mai s exce lente meio de cump rir de modo sua ve e ef icaz o preceito do Divino Mestre : 'Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e abrir-sevos-á' (Mt. 7 , 7) " (Encíclica Mense maio, de 19 de ab ril de 1965). João Paulo 11 : "O Ro sário, lentamente recitado e meditado - em família, em comunidade, pessoalmente - vos fará penetrar pouco a pouco nos sentimentos de Jesus Cristo e de sua M ãe, evocando todos os acontec imentos que são a cha ve de nossa salvação" (Alocução de 6 de maio de 1980) .

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ção angélica, que é o fundam.ento do Novo Teslcunento; e portantêJ, se queres ganha r para Deus este.s•corações endurecidos, reza rneu Sal!ého '. "O Santo se levantou muito consolado e abrasado ele zelo pelo bem daquela gente; entrou na igreja catedral ; no mesmo momento os sinos tocaram, pela intervenção cios anjos, para reunir os habitantes. No princípio ela pregação, formou-se uma espa ntosa tormenta ; a terra tremeu, o so l se obsc ureceu, os repetidos trovões e os relâmpagos fizeram estremecer e empalidecer os ouvintes; e aumentou seu terror ao ver uma imagem ela Santíssima Virgem, ex posta em lugar proeminente, levantar os braços três vezes ao Céu para pedir a Deus vingança contra eles, se não se convertessem e não recorresse m à proteção ela Santa M ãe ele Deus. "O Céu queria por esses prodígios aumentar a nova devoção cio santo Rosáio e torn á- la mai s notória. "A tormenta cessou por fim , pelas orações ele São Domingos. Ele continuou seu serm ão, e explicou co m tanto fervo r e entusiasmo a excelência cio , anto Rosário, que os moradores de Toulouse [um dos principai s focos da heresia] o abraçaram quase todos e renunciaram a seus erros, vendo-se em pouco tempo uma gra nde mudança na vicia e nos costumes ela cidade" 4 •

Melhor artilharia contra o demônio e sequazes Empunhando a potente arma cio Rosário, São Domingos retornou ao combate, pregando incansavelmente na França, Itália e Espanha a devoção que a própria Senhora cio Rosário lhe ensinara, e por todas as partes reconquistava as almas: os católicos tíbios se afervoravam, os fervorosos se santificavam; as ordens reli giosa. floresciam; converti a os hereges, que, abjurando seus erros, voltavam à I greja aos milhares; os pecadores se arrepend iam e fazia m penitência; expulsava os demônios ele possessos; operava milagres e curas. Somente na Lombardia, o ardoroso cru zado do Rosário converteu mais ele 100 mil hereges albigenses. Tudo por meio ela melhor artilharia contra o demôn io e seus seguidores: o ant o Rosá ri o.

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Simão de Montfort Mas restavam ai nda aq ueles hereges em pedernidos, que não se convertiam ele nen hum modo, e procuravam reverter a derrota fazendo estragos em algun s outros países. Para resolver o prob lema, Nossa Senhora, além cio heróico São Domingos, susc itou outro herói para erradicar ela Europa a heresia : o adm irável Conde Simão ele Montfort. O primeiro empunhou co mo arm a o Rosário, o segundo empunhou a espada. Uma combinação perfeita: o espírito ele oração com o espírito ele cru zada em defesa da Fé Cató lica . A hi stóri a de Simão ele M ontfo rt é, além de adm irável, extensa. C itemos a propósito, apenas ele passagem, um trecho extraído do li vro de São Luís Grignion de M ontfort (o sobrenome ele ambos é o mesmo, embora, segundo parece, não fossem parentes - pelo menos não há dados conc ludentes a respeito) :

"Q uem poderá contar as vi16rias que Simão, Conde de MonJ,fort, obleve contra os albig enses sob a proLeção de Nossa Senhora do Rosário? Foram tão notáveis, que jamais se viu no mundo co isa parecida. Com quinhentos ho1nens, desbaratou um exército de dez mil hereges. Ou/ra vez, com trinta hom.ens, venceu a três mil. Depois, com mil infantes e quinhentos cavaleiros, f ez ern pedaços o exército do rei de Aragão, composto de cem nú/ homens, perdendo somente oito soldados de infànlaria e wn de cavalaria" 5• Livre a França ela furibunda heres ia albigense, a devoção ao Santo Rosário atravessou as fronteiras. São Domingos pregou inca nsavelmente, até o fim de seus dias, esta mil agrosa e efic ientíssima devoção nos países vizinhos, colhendo neles semelhantes frutos. Atravessou não somente as fronteiras européias, mas os continentes e também os séculos, uma . vez que, até os presentes dias , o Rosá ri o é rezado com grande fruto em todos o. países do mundo.

Inimigos internos e externos vencidos pelo Rosário Como acabamos de ve r, São Domin gos, com a cru zada ele orações que empreendeu por meio do Rosário, derrotou os inimi gos intern os da I g reja

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Felipe li, Rei da Espanha (com o rosário na mão) - Sánchez Coei/o, Museu do Prado, Madri (Espanha) Dom João d'Áustria, que comandou a esquadra católica contra os muçulmanos na Batalha de Lepanto

À esquerda, Batalh a de Lepanto (1571) Afresco de A. Vicentino, Coleção particular Embaixo, no círculo, o Papa São Pio V

vence ndo a se ita albi ge nse infiltrada entre os cató li cos. Veremos agora um exemplo hi stóri co de co mo o Santo Rosário derrotou inimi gos extern os da Cri sta ndade. No sécu lo XVI, o poderio otomano (sobretudo o Império turco, de rei igião muçulmana) cresc ia espantosamente e tudo empreendi a para an iquil ar e domi nar a Europa cristã. Os turcos já havia m conq ui stado Consta ntinop la e ocupado a ilh a ele Chipre, de onde pretendiam marchar em direção ao Oc idente. Em face do iminente peri go para a Cri standade, o Sumo Pontífice de então, o Papa São Pio V, conc lamou os príncipes europeus a se unirem numa frente co mum contra o in im igo. Reuniu uma p quena esq uadra composta com o apoio cl Feli pe li da Espanha, elas Repúbli cas ele Veneza e ele Gênova e cio Re ino ele Nápoles, além ele um contingente cios Estados Pontifíc ios . São Pio V não desanimou ante adesproporção elas forças, pois confiava mais na proteção de Deus e de sua Santíss ima Mãe. Entregou ao genera líss imo D . João cl ' Á ustri a o comando ela esquadra deu- lhe um estandarte com a imagem de Nossa Sen hora, ped indo- lhe que partisse logo ao encontr do inimi go.

Batalha de Lepanto: vitória salvadora Há 430 anos, em 7 el e outubro ele

1571 , a esquadra cató li ca, composta de aprox imadamente 200 galera., concen trou -se no go lfo de L epanto. D. João d' Áustri a mandou hastear o estandarte oferecido pelo Papa e bradou: "Aqui venceremos ou ,narremos " , e deu a ordem de bata lha contra os seguidores ele Maomé. Os primeiros embates foram favo ráveis aos muçulmanos, que, formados em meia- lua, desfecharam violenta

carga. Os católi cos, com o Terço ao pescoço, prontos a dar a vida por Deus e tirar a dos infiéis, respondi am aos ataques com o máx imo v igor possíve l6 . Mas, apesar ela bravura dos soldados de Cri sto, a numerosíss ima frota do Islã,

comandada por Ali - Pac há, parec ia ven cer. Após 10 horas de enca rni çado embate, os batalhadores cató licos receavam a derrota, que traria graves conseqüências para a Civ ili zação C ri stã europé ia. Mas, ó prodígio! Ficaram surpresos ao perceberem que, inexpli cave lmente e de repente, os mu çulmanos, apavorados, bateram em retirada ... Obtiveram mais tarde a exp li cação: ap ri sionados pelos ca tólicos , algun s mouros co nfessaram que uma brilhante e maj estosa Senhora apa recera no céu, ameaçando-os e incutind o- lh es tanto medo, que entraram em pânico e começaram a fu gir. Logo no início da retirada cios barcos muçulmanos, os catól icos reanimara mse e reverteram a batalha: os infiéis perderam 224 navios ( 130 capturados e mais ele 90 afundados ou incendiados), quase 9.000 maometanos foram capturados e 25.000 morreram. Ao passo que as perdas católicas foram bem menores: 8.000 homens e apenas 17 galeras perdidas 7 .

Vitória alcançada pelo Rosário Enquanto se travava a batalha contra os turcos em águas de Lepa nto, a

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Rosári o, comemorada pela [grej a no di a 7 de o utubro de cada ano. Ainda co m o mes mo o bj etivo, de de ixar gravado para sempre na Hi stóri a que a Vitóri a de Le panto se deve u à in te rcessão da Senhora do Rosári o, o senado veneziano mandou pinta r um quadro re presentando a batalha nava l com a seguinte in c ri ção: "Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii victores nos f ecit" . (Nem as tropas, nem

as armas, -nem os comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória).

Outra intervenção providencial Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Lepanto que se encontra na igreja de São Domingos, em Granada (Espanha)

Cri standade rogava o auxílio da R ainha do Sa ntíss im o Rosári o. E m R o ma, o Papa São Pi o V pediu aos fi éis que redo brasse m as preces. As Confrari as do Rosári o pro moviam procissões e orações nas igrej as, s uplicando a vitóri a da armada cató li ca. O Pontífi ce, gra nde devoto do Rosário, no mome nto e m que se dava o desfec ho da fa mosa batalha, teve uma vi são sobre natu ra l, na qual e le to mou conhec ime nto de que a armada cató li ca acabara de obter espetac ul ar vitóri a. E imedi ata me nte, ex ultand o de a leg ri a, voltou-se para seus aco mpanhantes exclamando: " Vamos ag radecer a Jesus Cristo a vitória que acaba de conceder à nossa esquadra". A mil agrosa visão fo i confirmada somente na noite do di a 2 1 de outubro (duas semanas após o grande acontec ime nto), quando, por fim , o correio chegou a Roma com a notícia. ão Pi o V tinha meios mais rápidos para se info rmar. .. E m memóri a da estupe nda inte rve nção de M ari a Santíss im a, o Pa pa diri giu-se e m procissão à B as ílica de São Pedro, onde cantou o Te Deum Laudamus e introdu ziu a invocação Auxílio dos Cristãos na Ladainha de Nossa Senhora. E pa ra perpe tu ar essa extraordin ári a vitória da Cri standade, fo i instituída a festa de Nossa Senhora da Vitóri a, que, dois a nos mais tarde, tomou a de nomi nação de fes ta de Nossa Senh ora do

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CATO L ICISMO

Consumado o milagroso triunfo em Le pa nto, outro prodígio salvo u a armada cató li ca: um a furi osa te mpestade ameaçava levar ao fund o do mar todas as naus. M ais parecia uma tempestade dese ncadeada pe los de mô ni os, como vingança pela de rrota que acabavam de sofrer, po is vi am escapar de suas garras a Euro pa C ri stã que os seg uido res de Mao mé te ntaram conqui star para o domíni o muç ulmano. Em meio à fú ria das ág uas, o navegantes começaram a rezar à Santíss ima Virgem, Rainha do Santo Rosári o, e a tempestade sere nou mi lag rosa me nte .

Brasil salvo do calvinismo pelo Rosário De outra ameaça de do minação dos inimi gos da Fé Cató lica - desta vez, não dos seguidores de M ao mé, mas dos de Ca lvino-, o Santo Rosári o sa lvou nossa Pátri a. No século XVI, saiu-se e la vitori osa em vá rias bata lhas, graças à devoção ao Rosári o ensin ada pelos mi ssio nári os em todos os rincões de nosso terri tó ri o-continente. Apenas dois fa to : a expul são dos ca lvini stas f'ran cs s do Ri o ele J·1ne iro, cidacl que te ntaram o nqui star para a h r sia prol stantc; e, um s c ul o d 'pois, d 'Sta vez por a mes ma seita ca lvini sta me io de he reges h la ndeses - ro i escorraçada do cató li co e ag uerrido Nordeste brasil e iro. Em tais bata lhas, os intré pidos ·o idados brasile iros rezaram o Rosá ri o antes dos e mbates, muitos deles pe ndurando-o ao pescoço du ra nte as pe lejas. O u

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então, numa das mãos levava m a a rma, e na o utra o Santo Rosário.

Rosário também salva as Filipinas do calvinismo Esse país coloni zado pe los espanhóis e conve rtido pe los pregadores domini canos recebe u muita influê nc ia da Igrej a Católi ca, sendo seu povo pa rti c ul arme nte devoto da rec itação do Terço. Como no Brasil , os ho landeses calvinistas tentaram conqui star aque la nação para a seita protestante. Numa das batalhas, qua ndo as fo rças cató licas parec iam s uc umbir ao pode r das armas ho la ndesas, os cató licos impl oraram a inte rcessão de Nossa Senhora do Rosári o e ve nceram, apesa r da supe ri oridade numé ri ca da fo rça herege.

Novo triunfo do Rosário contra maometanos Outra vitóri a ass inalada, a C ri standade a o bteve graças à devoção ao Sa nto Rosário: em 17 16, os turcos, numa nova te ntativa de subjugar a C ri standade e conqui star a Europa para a re li gião do Islã, fo ram derrotados em Peterwarde in, na Hungri a, pe lo Prínc ipe Eugênio de Sabó ia ( 1663- 1736). Esse fervoroso prínc ipe, no comando dos exércitos cri stãos, portava sempre seu prec ioso Te rço, e o recitava sobretudo nas horas de pe ri go. Seus soldados co me ntavam que, se não fosse pe las orações dele, a vitóri a seri a dos ma-

o metanos. Costum avam di zer, qu ando o viam de Rosário em punh o, e m orações: "O Príncipe eslá rezando 111 ui10, islo é sinal de que logo teremos balalha! ".

Milagre: tropas soviéticas retiram-se da Áustria Jmpress io nante fato hi stórico ocorrido em nossa época co mprova ad mi rave lme nte a sa lvação de um país med iante um a C ru zada do Santo Rosá ri o. Tra ta-se da simpática e acolhedora Áustri a. Catolicismo, em s ua ed ição de ma io de 1998, pu bli cou em deta lhes ta l fato . Em vista di sso, resumiremos aq ui a maté ri a in titulada: Expulsos pelo Rosário - Sern armas e sem sangue, Áuslria se liberla dos cornunistas. Após a ll G uerra Mu nd ial, parte do te rri tó ri o austríaco fico u sob domíni o comuni sta. Tudo fo i fe ito para que os ru ssos se retirasse m, todos os meios di plo máticos foram emp regados. Contudo parecia imposs ível obter a retirada dos tira nos sov iéticos q ue opri miam o cató lico país. Através da rec itação do Rosá ri o, a nação austríaca inte ira imp lorou a li bertação a Nossa Sen hora de Fát ima, pois só um milagre a salva ri a. Fo i consti tuído um mov ime nto chamado Rosenkranzsühnekreuzz.ug (Cru zada Re paradora do Santo Rosá ri o), por ini c iativa cio Pad re capuchin ho Petrus Pav li cek ( 1902- 1982). E m todas as c idades, vilas e aldeias c resc ia o número

À esquerda, imagem da Magna Mater Austriae, no Santuário Nacional austríaco de Mariaze/1. Aos pés desta imagem, o Pe. Petrus Pavlicek (foto acima) teve a inspiração de criar a campanha Cruzada Reparadora do San to Rosário. Em atendimento aos rogos da Cruzada, Nossa Senhora liberou a Áustria da ocupação comunista.

de pessoas que aderiam ao mov ime nto, comp ro mete ndo-se a rezar o Rosá ri o numa determ inada hora. De ta l modo q ue, 24 horas por dia, sempre hav ia austríacos rezando, rogando à Virgem Santíss ima pela li bertação do país do j ugo comu ni sta. Mu itas procissões foram organizadas nessa intenção. A maior delas ta lvez Lenha sido a rea lizada em 12 de setembro ele 1954: um a e norme procissão "aux .flarnbeaux" (com tochas) em ho menagem a Nossa Sen hora ele FMima, ela qua l partic iparam mui tas autoridades. 500 mil a ustríacos já haviam aderido a essa Cruzada de orações em 1955. A Senhora cio Rosário atende u as insistentes súpl icas, e o impossível - naturalmente falando - ocorreu: em maio de 1955 as tropas soviéticas abandonaram o te rritório austríaco . U 111 autêntico mil agre! Mil agre reco nhec ido pelo prime iro ministro a ustríaco, num d iscu rso, com estas pa lavras fina is: " Hoje quere111os nós, que ternos o coração cheio de f é, enviar ao Céu uma oração aleg re, e essa oração nós a encerramos com eslas pa/avms: Nós estamos-livres. Maria, nós Te agmdecemos". Ca ro leitor, pense nisto: a parte ori ental da Alemanha - também subj ugada pelos com unistas - somente há poucos anos, em 1995 , f'o i defin itivamen te abandonada pe los russos. Foi ou não uma intervenção de Nossa Senhora a

desocupação sov iética ela Áustri a e m 1955 (40 anos antes)?

Necessárias novas Cruzadas de Orações Em nossos di as, ta mbém so fremos ameaças de todos os lados. Os prob lemas nos afli gem, a crimin al idade aumenta ass ustadoramente, o caos contemporâneo nos angustia, tri bul ações de toda orde m nos inq uietam, experimentamos nós mesmos, ou nossos próx imos, dificu ldades espiritua is e materiais. Nosso País é ameaçado consta ntemente e as crises se avo lumam d ia a d ia. A Santa Igreja Católica sofre investidas avassaladoras do de môni o e de inimigos in te rnos e externos, que desejam desfiguráLa e, por fim , destru í-La. Entretanto, onde estão as novas Cruzadas do Rosário para s uplicar a proteção div ina? O nde se encontra m os novos Cruzados do San /o Rosário, a empunha r seus Terços roga ndo a Nossa Senhora que nos socorra? É com esse espíri to que a TFP lançou ju nto a seus Corresponde ntes e Esclarecedores uma "Cruzada irresistível

de terços pela família e pelo Brasil", que Catolicismo noticiou em sua últim a ed ição, às pp. 44 e 46. Não necess itamos de novos mil agres? C laro que sim, e logo 1 Para tal precisamos ped i-los insi stentemente. E por q ue não nos valermos da poderosa ar-

C ATO LIC IS MO

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!ilharia do Santo Rosário, que, como vi-

O Terço ini cia-se com a recitação do

mos, por séculos tem salvo a Cristandade e os cató licos nos piores apuros? Rezemos, pois, o Rosário, muito e com confiança. Com essa finalidade passaremos a explicar no que cons iste a providencial devoção do Santíssimo Rosário. Uma oração simp les, breve, tão agradáve l quanto eficaz.

Credo (resumo elas principais verdades

O Terço: no que consiste Cada Terço (a terça parte ele um Rosário) compõe-se ele cinco Mistérios , ou cinco dezenas; cada dezena corresponde a um Pai-Nosso, dez Ave-Marias e um Glória ao Pai (é aconselháve l que se reze após o Glória a oração "Ó 111eu Jesus ", que Nossa Senhora recomendou aos três pastorinhos ele Fátima) . Antes ele iniciar cada dezena, enuncia-se o Mistério correspondente (ver quadro na página 29) e nele elevemos meditar, ou seja, pensar, enq uanto rezamos as Ave-Marias. No final ele cada Terço (que eq uival e a 50 Ave-Marias) , é recomendáve l rezar uma Salve Rainha ou um Lernbrai-Vos.

os Gloriosos (os triunfos de N osso Senhor e ele Nossa Senhora). (ver quadro na página 29). Quando a pessoa reza apenas um Terço (e não o Rosário inteiro), o costume é, nas segundas e quintas-fei ra s, meditar os Mistérios Gozasos; nas terças e sextas-feiras os Dolorosos; e nas quartas, sábados e domingos os Glorio-

cri stãs, nas quais todo cató li co deve crer), mas antes ele começar a rezá- lo co nv ém enun c iar as intenções pelas quais estamos ped indo. Pode-se colocar quantas intenções se desejar, bem como pedir a graça de orar com piedade, fe rvorosamente e sem di strações.

sos.

Qual o conteúdo do Rosário? O Rosário é a so ma ele três Terços, portanto de 15 Mistérios ou 15 dezenas, o que equiva le a 150 Ave-Marias (lembram os 150 sa l mos - poemas reli gio o. - ele Davi , co mo já se menc ionou ac im a). Q uando rezar o Rosário, pode-se e por vezes é até conveniente - rec itar os três Terços separadamente, como, por exemplo, rezando um Terço no período ela manhã, outro à tarde e o terceiro à noite. No fina l recomenda-se recitar a

Ladainha lauretana. No primeiro Terço contemp lam-se os Mistérios Gozasos (as alegrias da Virgem Santíssima), no segundo os Dolorosos (as dores de Nosso Senhor Jesus Cristo na Paixão e Morte) e no terceiro

Esses 15 M islérios correspo ndem aos principais acontecimentos da Vida, Paixão, Morte e Ressurreição ele N osso Sen hor e aos principais acontecimentos ela vicia ele sua Santíssima Mãe.

Rosa das rosas, Rainha das rainhas

das.flores e a Rosa das rosas, como é a Rainha das rainhas. Cada Ave-Maria é uma rosa espiritual que oferecemos à Virgem cio San-

"Bendita sois Vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre"; e com o acréscimo in serid o pela [greja, "Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém". Em poucas

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*

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"Em Fátima, Nossa Senhora recomendou duas devoções, de modo rodo particulc11: A elas há de se apega r o Brasil, com o maior f ervor: uma é a do Coração Imaculado de Maria; outra é a do San to Rosário. "Se o Brasil quiser ser a grande na ção de cru zados e rnissionários, é

por rneio de uma ardente piedade rnarial que conseguirá essa graça. E se quiser essa graça, há de implorá-la pelos meios que a própria Virgem. indicou" 1•

*

"ISe I quiser saber como será julgada sua vida no Ti·ibunal Eterno, não indague tanto sobre os ca111i11hos que palmilhou ou as gotas de suor que de sua.fiwue gotejarc11n. Indague, sim, das horas passadas de Rosário em punho, aos pés do Ta bernáculo" 2• l. "Legionário", 7- 10- 1945. 2. " Leg ionári o", 8-7- 1934.

"Nãofalar só da boca p 'rafora ",

Ave-Maria Sem dúvida, uma elas mais belas orações é a Ave-Maria, composta com a saudação cio Arcanj o São Gabriel, "Ave, ó cheia

tíssimo Rosário.

eleve glorifi car seu Criador. O que eq uivale ao nosso dito popular:

O Rosário ens in ado diretamente por Nossa Senhora compõe-se elas mais subi i mes orações. A começar pelo Pai-Nosso, ensinado pelo próprio Nosso Senhor Jesus C ri sto aos Apóstolos, quando estes pediram: "Ensinainos a reza r" (Lucas 1 1, 1). O Divino Redentor pronunciou as palavras cio Pai-Nosso, indicando-nos o meio ele glorific ar a Deus. É claro que Ele não dei xar::í ele ouvir-nos, um a vez que suplicamos co m as próprias palavras que Ele nos ensin ou.

Nossa Se nhora é a Rosa Místi ca (como é invocada na Ladainha Lauretana), e em sua homenagem o nome Rosário, que vem ele rosa. Rosarium, em latim medieval, significa jardim de rosas. Ela é o Jardim. de rosas, a Rainha

Um grande apóstolo do Rosário Apesar de suas inúmeras ocupações, Plínio Corrêa de Oliveira, devotíssimo do Santo Ro sário , reservava um bom período do dia - geralmente na parte da tarde - para calm amente re zar seus três Terços diários, contemplando os 1 5 mistérios. Transcrevemos aqu i alguns comentários desse ilustre pensador católico a respeito:

Pai-Nosso

de graça, o Senhor é convosco"; com as palavras ele Sa nta Isabel,

palavras essa oração encerra as princi pais grandezas ele Nossa Senhora. "A saudação angélica - diz São Luís Grignion ele Montfort - resum.e

na mais concisa síntese toda a teologia cristci sobre a San.tíssima Virgern. Há nela um. louvor e urna invocação: encerra o louvor da verdadeira grandeza de Maria; a invocação contém tudo que devernos pedir-Lhe e o que de sua bondade podenws alcança r" x_ Este mesmo santo, e grande apóstolo do Rosário, conta que os hereges têm horror à Ave- Maria. El es podem até aprender a recitar o Pai-Nosso, mas nunca a Ave-Maria: "Todos os hereges que

são filhos do diabo .. .. prefeririam. carregar sobre si urna serpente antes que urn rosário".

Como rezar bem Agora que já tomamos con hecimento ela importância cio Santo Rosário, ele sua maravilhosa hi stória e em que orações consiste, veremo não apenas como rezá- lo - o que é muito fác il - , mas

Anunciação - A/essandro Allori detto il Bronzino (1535-1607) - Mosteiro di Tor de' Specchi, Roma

como rezar bem, o que não é muito cli fíci l, bastando um pouco ele atenção. Rezar bem o Rosário é simples e está ao alcance ele todos. Não é necessário ser um sáb io ou um doutor em teo logia. A lém elas sin ge las orações ac ima indi cadas, precisamos apenas contemplar os mistérios, algo que até cri anças podem fazer.

Oração vocal e oração mental A oração vocal é a recitação piedosa elas cinco dezenas ele Ave-Marias (no caso do Terço), ou elas 15 dezenas (no caso cio Rosário). No início ele cada conjunto ele 10 Ave-Marias reza-se o PaiNosso, e no final o Glória ao Pai. A oração mental cons iste, enquanto se pronunc ia as orações, em pensar ou co ntemplar os Mistérios (pode-se também meditar nas palavras ela Ave-Maria, elo Pai-Nosso ou cio Glória) . O Rosário é um colóqui o (uma conversa) com Deus e Nossa Sen hora. Enquanto com a voz Os louvamos, com a mente meditamos nos sublimes mistérios, pois, sendo o homem composto ele corpo e alma, com a boca e com a mente

ou sej a, sem amor, sem coração, sem meditação. C laro que tanto mai s eficácia terá essa arma quanto co m maior devoção a utili za rmos. Assim, ev itar de rezar o Rosári o despachada mente e distraído; procurar recitá-lo piedosamente e co m atenção, se possível ele joelhos diante do Tabernáculo ou ele uma imagem ele Nossa Senhora. Podese, porém, rezá- lo também sentado ou ele pé - até mesmo deitado, em caso ele enfermidade , muito cansaço ou outra causa proporcionada - , mes mo anelando, mas ev itando o quanto possíve l as distrações. Entretanto, a distração involuntária, mesmo freqüente, não invalida o valor ela oração. Nunca se deve deixar ele rezar o Terço por causa ele di strações. Pelo contrário, se temos dificuldade ele rezar com perfeição, rezemos ainda mai s, para compensar um tanto pela quantidade o que faltou à qualidade. Nosso Senhor elogia no Evangelho a oração insi stente. O demônio inventar::í artifícios para nos distrair com bobagens, mas prec isa mos reje itá- las e co nce ntrar nossa atenção. Se fi ze rm os esforços para reza r bem, aind a que não o consigamos inteiramente, isto já é agraciável a Nossa Senhora. Para isto os qu adros (pág ina 28) dos 15 Mistérios podem nos aux i I iar.

Indulgências Devoção tão recomendada pelos Papas e tão aprovada pela I greja, é o Rosário da Virgem Santíssima cum ulado de indulgências. Indul gênci a é uma remi ssão da pen a temporal cios pecado . Com a confissão que fazemos ele nossos pecados, somos perdoados ele nossas culpas, mas perm anecem as penas tempora is devidas ao pecado. O cumprimento ela penitência imposta pelo sacerdote, após a absolvição, sati sfaz parcialmente as penas temporai s. Os sofrimentos que padecemos aj udam também a pagar tais penas. Con(con1. p. 30)

CAT O LIC ISMO

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Mistérios Dolorosos

Credo (reza-se de pé)

Creio em D eus Pai todo-poderoso, Cri ador cio Céu e ela Terra; e em Jes us C ri sto, seu único Filho, N osso Senhor, que fo i co nce bid o pelo poder ci o Espírito Santo, nasceu ela Virgem M aria ; padeceu sob Pôncio Pil atos; fo i cru cificado, morto e sepultado; desceu à mansão cios mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus, está sentado à direita ele Deus Pai todo-poderoso, ele onde h,1 ele vir julgar os vivos e os mortos. C reio no Espírito Santo; na Santa l grej a Cató li ca ; na comunhão cios Santos; na remi ssão cios pecados; na ressurreição ela ca rne, na vida eterna. Amém.

Os 15 MISTÉRIOS oo SANTO ROSÁRIO Mistérios Gozosos 1 -

234-

S-

Pai-Nosso Pai nosso que es tais no éu, santificado sej a o vosso nome; venha a nós o vosso reino, sej a fei ta a vossa vontade ass im na Terra co rno no Céu. O pão nosso ele cada di a nos dai hoj e; perdoai-nos as nossas ofensas, assim co rno nós perdoamos a quem nos tem ofendido; e não nos deixeis ca ir em tentação, mas livrai -nos cio mal. Amém.

Ave-Maria Ave M aria , cheia de graça, o Senhor é co nvosco; bendita sois V ós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa M ari a, M ãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora ele nossa morte. Amém.

Glória Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. A ssim co rno era no prin cípi o, agora e sempre e por todos os séculos cios séculos. Amém.

Ó meu Jesus Ó meu Jesus, perd oai -nos, li vra i-nos do fogo cio in fern o, levai as almas todas para o Céu, prin cipalmente as que mais precisarem.

N o primeiro mi stério co ntemplamos a Anun ciação do anjo e a Encarn ação cio Verbo. No segundo mistér io co ntemp lamos a Vi sitação ele Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel. No terce iro mi stéri o contemplamos o Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cri sto em Belém. No quarto mi stério contemp lamos a Apresentação do M enino Jesus no Templo e a Puril·i cação de Nossa Senhora . N o quinto mi stério co ntempl amos a perda e o enco ntro cio M enino Jesus.

Mistérios Dolorosos Salve Rainha Salve, Rainha, M ãe ele mi seri córdia, vici a, doçura e esperança nossa, sal ve ! A vós bradamos, degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste va le de lágrimas. Eia, pois, ad vogada nossa, esses vossos olhos misericordi osos a nós vo lvei, e depois deste desterro mostrai -nos Jesus, bendi to f ruto el e vosso ventre, ó clemente, ó pi edosa, ó doce sempre Virgem Mari a. Roga i por nós, Santa mãe ele Deus. Para que sej amos dignos elas promessas ele C ri sto. Amém.

1-

23-

Mistérios Gozosos

Mistérios Gloriosos 4-

S-

Mistérios Gloriosos 1-

2-

Lembrai-Vos L embrai- Vos, ó piíss ima Virgem M aria , que nunca se ouviu di zer que algum daqueles que têm recorrido à Vossa proteção, implorado a Vossa assistência e reclamado o Vosso socorro fosse por V ós desamparado. Anim ado eu, pois, de igual co nfiança, a V ós, ó Virgem entre todas singul ar, co mo a M ãe recorro, ele V ós me valho, e gemendo sob o peso de meus pecados, me prostro a Vossos pés . N ão desprezeis as minhas súpli cas, ó M ãe ci o Filho ele D eus humanado, mas dignai-Vos ele as ouv ir pro pícia e ele me alca nça r o que Vos rogo. A ssim sej a.

No primeiro mistéri o co nte mplamos a A goni a ele Jesus no Horto das Oliveiras . No segundo mi stério co ntemplamos a Flagelação ele Nosso Senhor Jesus Cri sto. No terceiro mi stéri o co ntemp lamos a Coroação ele es pi nhos de Nosso Senhor. N o quarto mi stéri o co ntemplamos Nosso Senhor ca rregando penosamente a Cru z até o alto ci o Cal vá rio. N o quinto mi stéri o co ntemplam os a Cru cifi xão e morte de Nosso Senhor Jesus Cri sto.

34-

S-

N o primeiro mi stéri o co ntemp lamos a Ress urreição ele Jesus Cri sto. No segundo mi stéri o contempl amos a Ascensão ele Jesus aos Céus. No terce iro mi stéri o contemp lam os a descida cio Espírito Sa nto sobre Nossa Senhora e os Apóstolos no Cenáculo. No quarto mi stéri o contempl amos a A ssunção ele Nossa Senhora aos Céus. No quinto mi stéri o co nte mplamos a glori osa coroação el e M aria Santíss ima como Rain ha cio Céu e ela Terra.

Nota: Após enunciar cada um dos Mistéri os: Pai-Nosso, 1O Ave-Marias, Glória, Ó meu Jesus ... Para quem reza apenas um Terço po r dia, meditam-se os: - Mistérios gozosos às segundas e quintas-feiras; - Mi stérios dolorosos às terças e sextas-feiras; - Mi sté~ios glori osos às quartas-feiras, sábados e domingos.


tudo podem ainda ali viar as ,penas temporai s as indulgências que a Igrej a concede às almas em estad o de graça, pelos méritos ele Nosso Senhor e ele Sua Sa ntíssima M ãe e cios santos. M as as indul gências são conced idas, sob certas cond ições, por determ inados atos ele piedade. Um deles é a rec itação cio Rosário. Quando o rezamos em igreja, em oratóri o público ou em família, ou ainda em co munidade reli giosa, lucramos uma indulgência plenária (libera no todo a pena tempora l), e quando rezamos o Rosário em outras circu nstâncias, lucramos indulgência parcial (libera em parte a pena). M esmo rezando apenas um Terço cio Rosári o podemos lucrar a indul gência plenária, mas as ci nco dezenas elevem ser recitadas (oração vocal) sem interrupção e meditando (oração mental ) cada um dos cinco mistéri os 9 .

Nossa Senhora do Rosário, terror dos demônios Por impos ição ele Deus, o próprio de111ônio, em algumas circunstâncias, fo i obri gado a confessar - muito a contra-

gosto .. . - que a Santíss ima Virgem era sua maior inimi ga, pois E la conseguia sa l var alm as que estavam já em suas garras, praticamente condenadas ao inferno. Nossa Sen hora é o Terror dos demônios, Aqu ela que esmaga a cabeça ela serpente infernal , como é representada em muitas ele suas imagens - na Medalha Milagrosa, por exemplo. Em seu famosíssimo Tra!ado da Verdadeira Devoção , São Luís Maria Grignion ele Montfort escreve: "Maria é a mais ter-

rível inimiga que Deus armou contra o demônio" 10• E, ainda nesse mes mo sentido: "A rrnai-vos, pois, com eslas arrnas de Deus, armai-vos do santo Rosário e esmagareis a cabeça do dernônio, e vivereis lranqüilos conlra todas suas tentações. Daí vem que o Rosário, mesmo o objeto material, seja ião terrível ao diabo, que os San/os se tenham servido dele para encadea r o demônio e expulsá-lo do corpo dos possessos, segundo testemunham várias histórias 11 • -

De onde se vê que é excelente ter sempre cons igo o Terço no bol so, du rante o dia, e à noite ao pescoço ou sob o travesse iro.

Arma por excelência da vitória sobre o mal Uma arma secreta Deus co loca nas mãos ele se us fiéi s so ld ados, na I uta contra Satanás e se us sequa zes que andam pelo mundo para perder as almas. Esta poclerosíss i ma arma está à dispos ição de todos os cató li cos devotos cio Ro sá rio ela Santíss im a Virgem. Com ela receberemos proteção nos assa ltos cio demônio e estaremos pron tos a enfrentar toda s as dificuldades desta v ici a. Quem nos ga rante isto é o próprio São L uís Grignion ele Montfort: "A inda que vos enconlrásseis à hei-

ra do abismo ou já tivésseis um pé no i11ferno; ainda que tivésseis vendido vossa alma ao diabo, ainda que.fôsseis um herege endurecido e obstinado rt=· corno um demônio, cedo ou , --,.~ -~-:-,:·· . )l,fi '. 1'1ifi . . _ tarde vos converteríeis e salc~•-:cn.~' ' -· ' L ' varíeis, desde que (vos repii• '·;t' .i •·,!/:r'5i:.,· · lo, e notaiaspalavras eos ter. '· / ·.:-; mos de meu conselho) rezeis devotamente todos os dias o Santo Rosá rio até a mor/ e, para conhece r a verdade e obter a conlrição e o perdão de vossos pecados" 12•

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Exemplo do velho soldado

le di a em diante, reza ria quantos Rosário s lhe fosse poss ível enqu anto durasse sua vicia. E mai s. Pediu a Nossa Senh ora um pouco de saúde para que, no espaço ele dois anos, pudesse reza r todo s os Rosários qu e comp letassem o número equiva lente ao qu e ele teria obtid o, se desde menino tivesse rezado diariamente os três Terços. Ca lcu lou então quantos dias correspondiam à sua idade de 60 anos. O resultado: 2 1.900 dias. Depois ca lcu lou quantos Rosári os haveri a de rezar cada dia para atingir esse número em doi s anos. Resultado: 30 Rosários diários! Apesar ele enferm o, mas com a têmpera de militar, não se assustou com o alto número. E passou a rezar até completar, depoi s de 2 anos, os 2 1.900 Rosários, ou seja, 65 .700 Terços! Completada a conta, completou-se também o tempo ele sua ex istência terrena, indo receber o prêmio ela glóri a etern a no Céu, junto à Sen hora cio Rosári o e seu Divino Filho, deixando s us conhec idos comovidos com seu exem plo . Exe mplo também para todos nós, que podemos desde já não dei xar passar nen hum d ia se m rec itar o Rosário, ou ao menos um Terço. Que tal também nós fazermos nossas contas? Melhor fazêlas já, antes de prestar nossas contas a Deus... Quanto tempo perdemo deixando de rezar o Rosá ri o? A pa rtir cio presenle, façamos o propósito de rezar

Benefícios e graças que podemos conseguir rezando o Santo Rosário com a meditação dos mistérios: • Eleva-nos insensivelmente ao peefeito conhecimento de Jesus Cristo;

• purifica nossas almas do pecado; • permite-nos vencer a nossos inimigos;

• facilita-nos a prática das virtudes; • abrasa-nos no amor de Jesus Cristo;

• habilita-nos a pagar nossas dívidas para com Deus e os homens; • por fim, obtém-nos de Deus toda espécie de graças. São Luís Grignion de Montfort (Obras de São Luís Grignion de Montfort, E/ Secreto admirable dei Santíssimo Rasaria, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1954, p. 353)

pelo menos um Terço todos os dias. Que são 15 minutos? N ão gastamos mu ito mais tempo para nós mes mos? Empreguemos esses minutos para Deus Nosso Senhor e sua Santíss ima Mãe, e seremos, sem dúvida algum a, abundantemente recompensados.

"Quem reza se salva, quem não reza se condena" Que oração será a mais eficaz a fim de alcançar Ioda espécie de graças para nós, tão necess itados? E para a humanidade, tão depravada? Os Papas, os Santos e a Igreja em gera l incentivam de todos os modos esta devoção, que a própria Medianeira de todas as graças nos ensinou. Rezar o Santo Rosário é ser atendido com seg urança, pois o Divino Filho de Maria Santíssima sempre ouve os rogos ele sua Mãe. Boníssima Mãe nossa, que é tam bém a Mãe cio Jui z que nos julgará em nosso últi mo dia. Assim sendo, nada melhor que termos como advogada Aquela que nos obterá toda espécie ele graças para chegarmos bem diante do supremo Juiz. Está portanto em nossas mãos a arma para a sa lvação, tanto nossa como deste caótico e clesmora l izado mundo de hoj e. ♦

lodos podem participar da Cruzada de Terços. Os interessados poderão pedir instruções no seguinte endereço: Rua Martim Francisco, 665

-Ce1>01226-001-São Paulo(SP) - lei/ Fax (0**11) 3824-9411 e-mail: correspo @terra.com.br

Notas:

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1. Cfr. Anto ni o A ugusto Borc lli Machado. As aparições e a 111e11sage111 de Fá1i111a co1(/r1r111e os 111c11111sl-ri1os da Irmã Lúcia, Edi tora

4. Op. cit. , pp. 3 14-3 15. 5. Op. eit.. pp. 366-367 . • 6. C rr. A ndré Damino, Na Escola de Maria, Ecl.

Vera C ruz Lida. , 46" ed ição, São Pau lo, 1997, p. 56. 2. c rr. Catolici.rn10, nº 602, revereiro/200 1, pp. 12- 15. 3. Obra s ele San Lu i s Ma ri a Gri g ni o n el e Mon tfort . CI secre/0 ad111 imhle dei Sa111issi1110 Rosa rio, Bib li ot eea ele Auto res C ri stian os, Madrid, 1954, p. 35 6.

Paulinas. 4' edição, São Pau lo, 1962, p. 193. 7. C fr. William Thomas Wa lsh. Felipe li, EspasaCalpe, Madrid , 195 1. p. 575. 8. Obras el e San Lui s Maria Grig ni on ele M ontfon, E/ secrero ad111iroble dei Sa111issi1110 l?osa rio, Bib lioteca de Auto1·es C ri stianos, Madrid, 1954, pp. 334-33 5. 9. fr. Ant nio Au gusto Bore ll i Mac hado, Ro-

.,·ário - A gra nde so/11çüo para os proble111as de 11osso 1e111po. A npress lnd. G ráfica e Ecl. Ltda , 1994, pp. 59-61. 10. São Luís Maria Grigni o n ele Montfon , 'fra -

1ado da \/ereladeira Devoção à Sw11f,si11,a \lirge111 , Vozes, Pet rópo li s, T ed. , 1971 , pp. 54. 11. Obras ele San Luis Maria G ri g ni o n ele Montfon, E/ secrero ad111imble del Sw11issi1110 Rosario, B ibli oteca de Autores C ri stian os , Madrid, 1954, pp. 354-355. 12. Op. cit. , p. 3 10.

CATO LIC IS MO

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Santos e festas

de 1YJ1lJ r

São Beda

1

5

São José, Esposo da Santíssima Virgem. Ao mesmo tempo de estirpe real e operário.

Santo Hilário de Arles, Bispo.

t

São Sigismundo Rei, Mártir.

2 Santos Exupério, Zoé, Ciríaco e Teodolus, Mártires. + Panfília (Ásia Menor), 140. Esta família de escravos, pai s e filhos, foi severamente açoitada e queimada viva, por se recusar a participar de ritos pagãos.

+ Fra nça, 449. De famí li a pagã, da alta nobreza, exercendo elevado cargo no governo , renun c i o u a t uclo , quando foi convertido por seu parente Sa nto Honorato, a quem seguiu no Mosteiro de L erin s e depois sucedeu no Bi spado de Arles . Primeiro sábado cio mês .

6 Domingo do Bom Pastor

7

3

São João de Beverly, Bispo.

Santos Timóteo e Maura, Mártires.

+ In glaterra, 72 1. Monge beneditino e depois Bispo ele York, o nde sucedeu a São Bosa. N otável por sua co ntemplação co ntínua, santidade ele vicia e dom de mil agres, teve sua biografia escrita por São Bcda, o Veneráv el , a quem ordenara sacerd ote.

+ Eg ito, 298. Marido e mulher, "após vários tonnenlos,

o prefe ilo Ariano o rdenou fossem pregados 11u111a cru z., onde perman ece rarn vivos por no ve dias, confinnwrdo um ao oulro 11afé, e alcc111 çando assi111 o martírio" (do Martirológio Romano). (Anteriormente: Invenção da Santa Cru z)

4 São Roberto Lawrence, Abade, Mártir. + Tyburn (Ing laterra) , 15 35. Abade da Cartu xa de Beau va le, em Nottin ghamshire. Tendo recusado o Ato de Supre111acia , pelo qua l o heréti co Henrique VIII se nomeava cabeça da Igreja na lnglat ·rra , foi barbaramente tortu rado ' •nl"orcado.

Primcirn sexta-feira do mês. 32

C /1 T O L I C I S M O

8 São Vítor, o Mouro, Mártir. + Mil ão, 303. Mouro da Mauritâni a, converteu-se ao Cri sti ani smo ainda cri ança. So ldado na G uarda Pretoria na, por não querer sacrifi car aos ídolos foi torturado e decapi tado sob Max imi ano.

9 São Beato de Vendôme, Confessor. + França, séc. 111. Mi ss ionário na Gá li a antiga. Por suas palavras, exemplo e sa ntida-

Maio de 2001

de de vida, converteu inúmeros pagãos.

10 Santo Antonino de Florença, Bispo e Confessor. + F lorença, 1459. Antonio, conhecido pelo diminutivo por causa de sua estatura, tornou -se cé lebre por sua doutrina e obras . Defendeu o Papado no Co ncíli o de Basi léia, e a sã doutrina cató lica no de Florença, contra os autores do cisma grego.

11 São Francisco de Girolamo, Confessor. + Nápo les, 17 16. Pregado r popular, j es uíta , passou a vida evan ge li za ndo o sul da Itáli a, onde se us se rm ões atraía m multidões. " Mos/rou

maravilhosa. caridade e pa ciência e111 procurara sa lva çc7o das al111as" (do Martiro lóg io Romano) .

12 São Domingos de la Calzada, Confessor. + Espanha, 1 109. Este erem ita teve a singular vocação de tornar menos rude o caminho dos inúmeros peregrinos que iam a Compostela, construin do para eles uma es trada (calz.ada) , um a ponte e uma hospedaria.

13 Primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima, em 1917.

São Fernando Ili de Castela

Santo Antonino de Florença

São Pascoal Bailão

Santa Maria Mazzarello

14

18

Santa Maria Mazzarello, Virgem.

São João 1, Papa e Mártir.

ru ssos cismáticos, com tantos req uintes de maldade, que a Sa grada Congregação dos Ritos afirma ter sido o martírio mai s cru el j á apresentado àque la Sagrada Congregação.

ing lesa . Nele a c iência e a piedade estava m a par com a simplicidade e amor ele Deus.

São Cirilo de Cesaréia, Mártir.

22

(Vide seção Vidas de Santos p. 34)

São Desidério

+ Ni zza Monferrato, 1881.

"Co-Fundadora do Instituto das Filhas de Nossa Senhora Auxf/io dos Cristüos. Ilustre por sua humildade, prudência e caridade" (do Martirológ io), foi grandemente elogiada por São João Bosco.

+ Ravenna (Itália), 526. "Aí

aprisionado por Teodorico, rei ariano da itália, por causa de suafé ortodoxa,foi longa111ente afligido na prisão até morrer: Seu corpo foi levado a Rorna e entel'l'ado na Basílica de Sc7o Pedro" (do Martirológ io Romano).

15

19

Santo Isaías de Rostov, Confessor.

Santos Pudêncio, Mártir, e Pudenciana, Virgem.

+ Rússia, 1090. Monge, Abade do Mosteiro de São Demétrio , em Ki ev. Por fim , Bispo de Rostov. Traba lhou para converter os pagãos.

+ Roma, séc. Jl. Puclêncio era um Senador romano bati zado pelos Apóstol os e martirizado por sua fé, orte qu e coube também a uma de suas filhas , Santa Praxecles . A outra filha, Pudenciana, após ter rever entemente sep ultad o muitos m,1 rtires e distribuído sua fortuna entre os pobres, fa lece u sa ntamente aos 16 anos ele idade.

16 São João Nepomuceno, Mártir. + Praga, 1393. Co nsagrado a Deus pelos pai s desde o nascimento, tornou -se con fcssor da rainha e "cônego da cate-

dral. Tentado em vão (pelo rei Wenceslau) a trair o sig ilo co,~f'essional, foi lançado ao Rio Moldáv ia, me recendo assirn a palma do marlírio " (do Martirológ io Romano) .

20 Santo Austregésilus, Bispo e Confessor.

17

+ Bourges, 624. Abade em São Ni zier, Lyon , lcpois Bispo de Bourges. Já era honrado como santo em vida, tal o bri lh o de suas virtudes.

São Pascoal Bailão, Confessor.

21

+ Val ência, 1592. Irm ão leigo franc i scano , de pureza angéli ca, passava hora diante do Santís imo Sacramento. Recebeu aí a profunda ciência com qu e refutava hereges e cx pl icava sabiamente os mi stérios de nossa Fé.

Santa Humilitas, Viúva. + Vallumbrosa (ltál ia), 13 1O. Casada aos 15 anos, perdendo dois filhos e o marido, reso lveu entrar para o duplo convento de Santa Perpétua. Fundou depois o ramo femi nino de Vallumbrosa.

23 São Desidério, Bispo e Mártir.

+ França, 607 . Por reforçar a di scip lin a ecl es iástica, combater a simonia e denunciar a cond uta imoral da Rainha Bruni lda, esta o acusou de paga ni smo ao Papa. Exonerado e banido, retornou quatro anos depoi s, sendo assassin ado por ordem cio Rei Teodorico, a quem também ti nha publica mente censurado.

24 Nossa Senhora Auxiliadora. Apareceu durante a batalha de Lepanto, espalhando terror entre os muçulmanos.

Santo André Bobola, Mártir.

25

+ Po lônia, 1657. Oriundo de uma das mai s anti gas famíli as da Po lôni a, entrou para a Co mpanhia ele Jesus, dedi ca nd o-se à pregação na Lituânia, e depois na Polôn ia. Foi martiri zado por cossacos

São Beda, o Venerável, Confessor e Doutor da Igreja. + Wcarmouth -Jarrow ( Inglaterra), 735. Um dos hom ens mai s sábios de seu tempo, é considerado o Pai ela hi stória

26 Santa Mariana Paredes, a Açucena de Quito.

29 + Ásia M enor, 25 1. M enino ainda, abraçou o Cristianismo sem o conhecimento do pai. Este o expulsou de casa e o denunciou. Como se negou a renunci ar à Fé, foi decapitado.

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ASCENSÃO DO SENHOR

São Fernando Ili de Castela, Confessor.

28

+Sevi lha, 1252. Primo-irmão de São Luís de França, expul so u os mouro s de Ubeda , Córdoba, Cádiz e Sevi lh a. Sábio governante e excelente ad mini strador, fundou a Universidade ele Sa lamanca, reconstruiu a catedra l de Burgos e converteu a mesquita de Sevilha em Catedra l. Plan ejava uma incursão na África, para dali desalojar os mouros e expandir o C risti ani smo, quando veio a fal ecer.

São Bernardo de Montjoux, Confessor. + Aosta, 1081. Vi gário Geral da diocese de Aosta, durante mais de 40 anos trabalhou como mi ssionário na região dos A lpes. Fundou duas hospedarias nos passos chamados Pequeno e Grande São Bernardo, onde esta beleceu um mo st eiro de mon ges agostin ianos qu e se dedicaram a soco rrer, co m se us grandes cães, viajantes ex traviados na neve.

31 Visitação de Nossa Senhora

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CATO LICISMO

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VIDAS DE SANTOS

Prodígio de penitência e mortificação, essa Santa foi dotada do dom dos milagres e da profecia, chegando a ressuscitar duas pessoas. Vítima expiatória, faleceu aos 26 anos, oferecendo sua vida para que Deus livrasse a cidade de Quito da peste e dos terremotos que a abalavam. P LI NIO M ARJA S ü LI MEO

F

o i na ilustre Quito, então pertencente ao Vice-Reino do Peru, que nasce u M ari anita a 31 de outub ro de 1618. Oitava filh a do Capitão Dom Jerônimo de Paredes y Fl ores, orig in ário de To ledo, e Dona M ari ana de Granobles de Xamarillo, descendente dos pri me iros co nqui stadores do país, que aliavam a nobreza do sangue à das virtudes. O modo excelente pe lo qual praticou as virtudes durante sua vida deve ser altamente admirado, embora não seja de mo lde a ser imitado pelo comum dos fi é is. Aos quatro anos perdeu o pai . A mãe, acabrunh ada d clor, resolve u passar a lgum tempo numa casa de ca mpo. Montada numa mul a, levava sua filhinh a ao colo.

Quando fo ram transpor celere me nte um ri ac ho, a mul a tropeçou e a cri ança caiu . Mas seu anjo da guarda a amparou no ar até que fo se reco lhida pe la aflita mãe. Pouco tempo depo is a menina fi cava dupl ame nte órfã, pois fa leceu sua virtuosa mãe. Mas, antes, esta a havia confi ado à filha mais ve lha, casada então com o Capitão Cosme de Casso. Esse jovem casa l já tinha três filhas mais ou menos da idade de Mari ana, e de u-lhes a mai s esmerada fo rmação. De uma inteligência muito viva e alerta, Mari anita aprendia com fac ilidade tudo quanto lhe ensinavam, mas sobressaiu-se sobretudo na música e canto. Dotada de bonita voz, entretanto só queri a util izá-la para entoar cânticos relig iosos e louvores de Deus.

De urna piedade precoce, com suas sobrinhas da mesma idade orga nizava procissões, a Via-Sacra, e rezavam juntas o Rosári o. Entretanto, a pi edade de Mariana ia mais além. Desde os seis anos, por penitência, deixo u de comer carne, peixe e laticínios. Di sciplinava-se (castigava.se) com folhas de ur tiga, e urna vez sua irmã mais ve lha descobriu que ela usava um cilício de ás peras fo lhas. Um dia e m que as qu atro cri anças brincavam em determinado local cio quintal, subitamente M ariana fez co m que suas jove ns sobrinhas saíssem rapidamente. Apenas tinham-no fe ito, urna parede des moronou exatame nte onde elas se encontrava m. A irmã e o cunhado, ve ndo que e la tinha uma piedade muito acima ele sua idade, procurara m conseguir que e la fi zesse a P rime ira Comunhão aos sete anos, quando o costume era então aos 12. Um jesuíta chamado para examiná- la surpreendeu-se com a maturidade ela meni na e seu adi anta mento na vi a ela virtude . Deu-lhe a Prime ira Co munhão e passou a diri gi-la espiritua lmente. Foi e ntão que la acrescentou o nome "de Jesus", para mostrar qu e só a Ele pertencia. E, ilumin ada por urna luz interi or, fez o voto ele castidade perpétua. Inflamada pelo amor de Deus, Marianita queri a que todos partic ipasse m de se u ardor. Nasceu-lhe ass im o deFachada da bela igreja da Companhia, em sejo de evangeli zar os índios estilo jesuítico Mainas, e convenceu suas so(gravura do século XIX) brinhas a segui-la nessa empresa. Tinha já conseguido a chave da casa para saírem à no ite, mas, contra seu costume, adormeceu até a manhã seguinte, e o plano gorou. Pe nsou então e m sere m ere mi tas j unto a um orató ri o aba nd o nado no mo nte Pi c hin c ha, e ri gi do o utrora a Nossa Senhora para que E la prese rvasse a c idade d as erupções desse vul cão. Mas, estando j á a ca minho, fora m detidas por um touro qu lhes impediu o bstin ad a me nte a passagem.

No próprio lar: reclusão e vida religiosa Quando M ariana co mpl eto u 12 ano , seu cunhado e a irmã, ve ndo o tra ba lho qu e a g ra a operava na menina, qui seram e ncaminhá- la a um co nve nto o nde pudesse desenvo lver todos os pe ndore de s ua a lm a. E la

esco lheu o das franc iscanas. Por duas vezes, estando o e nxoval pro nto e, como era costume na época, os pare ntes convidados para aco mpanhá- la, c irc un stânc ias imprevi stas impedi ra m a reali zação cio pl ano. Mari ana e ntão co muni cou a seu co nfesso r que De us lhe reve lara q ue a queri a vive ncio reco lhida, mas no mundo. O confessor fa lo u co m seus respo nsáve is, que concordaram co m isso. Mais ainda - e isso mostra um aspecto daquela época ele fé -, o casal separou três cômodos ela casa para a adolescente levar sua vicia de rec lusa. Isso na idade ele 12 anos ! E mobiliaram os aposentos de aco rdo com a pos ição da famíli a. Mari ana, contudo, fez tirar os móveis e mobili ou os aposentos a seu modo: um leito fo rrado com pranchas de macie ira de fo rm a tri angul ar, uma cruz coberta de espinhos, um caixão de defunto com um esqueleto de macie ira e uma cave ira. Uma das salas fo i transformada e m cape la, co loca ndo ela no altar as im agens cio Menino Jesus e ela Virgem Mari a. M ariana adotou então uma túni ca negra ci o mesmo tecido ela batin a cios jesuítas, com uma fa ixa à cintura e a cabeça coberta com um véu ele lã também preta. Depo is ele se trancar nos novos aposentos, renovou o voto de castidade e fez os votos parti cul ares de obedi ê nci a e po breza. Não sa ía senão para ir à igrej a e - a fim de praticar a hurnilclacle e mortifi cação - servir as refe ições para a famíli a. Só que não tocava nos deli cados pratos servidos, mas clava sua parte aos pobres, conte ntando-se com água e um pedaço ele pão . Al gum as vezes passava di as só com a Sagrada Eucaristia. Mariana não dormia mais que três horas po r no ite, sendo que às sextas-feiras dormi a no caixão. Levantava-se às 4 horas da manhã, tornava longa di sc iplina, e depois fa zia medi tação e recitava parte cio Ofíc io Divino. Diri gia-se então à igreja para confessar-se e ass istir à Mi ssa. Mui to devota elas almas cio Purgatório, dedicava-se di ari amente, das 8 às 9 da manhã, a ganhar indul gênc ias a fa vo r de las. Rec itava depo is o terço, fazendo em seguida a algum trabalho manual em fa vor

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dos pobres. Ser via então a refeição da famí li a, e, vo ltando a seus aposentos, recitava V ésperas e fazia seu exame de consciência. Trabalhava de novo até as 17 horas, quando fazia sua leitura espiritual e depois rezava as Completas. D as 18 horas à I da manhã ocupava-se de co isas diversas, em geral fazia outra meditação e leitu ra da vida dos santos. Seu amor aos pobres era se m limites. Co mo não possuía nada pessoa l, pediu li cença ao cun hado para darlhes es mol as com víveres da casa. E o fa zia generosamente. Mas como Deus não se deixa vencer em generosidade, à medida que Mariana clava aos pobres, Ele aumentava as provi sões da família. É claro que essa vida tão penitente e o j ejum quase contín uo de Mariana dei xaram-na muito fraca e mac ilenta. Isso atraiu o elog io do povinho, que via nela uma sa nta. Ela supli cou então a N osso Sen hor que lhe mu dasse a aparência, para ev itar tai s comentári os. E rea lmente ficou co m aspecto saudável, rosto corado, o que não levava a supor a severid ade de suas penitências. Estas, entretanto, não lhe tiravam a alegri a, que ela demonstrava toca ndo sua gui tarra e ca ntando para consolar e di strair os infe li zes. Al ém das penitências proc uradas, Mariana queria sofrer ainda mais por amor de Deus. Recebeu então como dád iva diversas moléstias dolorosas, o que a obrigava a ser sa ngrada muitas vezes. U ma empregada pegava esse sangue e j ogava num buraco no jardim, onde ele permanec ia rubro como se estivesse fresco. Depois da morte da sa nta, nele brotou um líri o de admi rável be leza. Mariana, por causa da alta febre, era freqüentemente devorada pela sede; mas, para imitar o Divino M estre, que teve sede na Cru z, passava às vezes até 15 di as sem beber.

Perseguição diabólica, profecias, milagres e ressurreições A esses sofrimentos acrescentem-se as persegui ções cio demôni o, que queria levá- la algumas vezes ao desânimo, outras ao desespero. Mariana de Jes us fez diversas profec ias, que se reali zara m tai s como ela hav ia pred ito. Por exemplo, que a casa de seu cunhado seri a tran sform ada em convento, e qu e o lugar de seu aloj amento seria ·o coro das reli giosas . Co m efe ito, mai s tard e as carmelitas desca lças ali se estabeleceram. A Serva de Deus recebeu o dom cios milagres, entre os qua is referem -se duas ressurre ições. Sua sobrinh a Joana, viaj ando, confi ou- lhe sua filhinha. Um dia em qu a criança brincava perto de umas mulas, uma destas lhe deu um co ice na cabeça, fraturando-a mortalmente.

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M ari ana fez com que a levassem à sua ce la e rezou sobre ela, restituindo- lhe a vida. Um outro caso aconteceu com a mulher de um ín dio, empregado da fa míli a. Supondo ele injustamente que sua mulher lhe era infi el, arrastou-a para a floresta, surrou-a sel vagemente, estrangul ou-a e jogou o corpo num prec ipício. Tudo isto M ari ana viu mil agrosamente. Chamou um comerciante amigo da família e pediulhe em segredo que fosse buscar o corpo e o trouxesse sigilosamente para sua ce la. Tendo-o junto a si, começou a es fregar- lhe pétalas de rosa. Imediatamente a ín dia vo ltou à vida. Depois reve lou que, no meio de seu suplício, viu M ari ana di zendo- lhe que tivesse coragem.

Primeira aparição do Anjo em Fátima "Alguns momentos havia que j ogávaa fron le até o chão. Levados por mos, e eis que um vento forte sacode as um movirnento sobrenatural, imiárvores e fa z-nos levcmtar a vista para ver tamo-lo e repetimos as palavras o que se passava, pois o dia estava sereque lhe ouvimos pronunciar: no. Então começarnos a ve1; a algurna dis- Meu Deus! Eu creio, ad[!ro, tância, sobre as árvores que se estenespero e arno-Vos. Peço-Vos perdiam em direção ao nascente, uma . -~~ dão para os que não crêem, nüo adoram, não esperam e Vos não luz mais branca que a neve, corn aforma de um jovem transpaamam. ,: · rente, mais brilhante que um "Depois de repetir isto três Y cristal atravessado pelos · vezes, ergueu -se e disse: raios do sol. , ' "À m edida qu e s e aproxirnava, íamos -lh e distinguindo as fei ções: um j ovem dos seus 14 a 15 anos, de uma grande beleza. Estávarnos surpreendidos e meio absortos. Não dizíamos palavra. 11\ "Ao chegarjunlu de nús, disse: - Não lernais. Sou o Anjo da Paz. Orai co111igo. "E qjoelhado e111 /erra, curvou

Oferecendo-se como vítima, salvou Quito do terremoto e da peste Em 1645, uma terrível ep id emi a abateu-se sobre Quito, fazendo inúmera s vítimas, ao mesmo tempo que ocorri am terríveis tremores de terra . N o dia 25 de março, assistindo à Missa, M ari ana ouvi u seu confessor referir-se, durante o serm ão, à necessidade de se aplacar a có lera de Deus com sacrifícios e penitências. Movida pelo Divino Espírito Santo, fez ela oferec imento de sua vicia pela população da cid ade. N o dia seguinte, fo i atacada por diversas doenças, ao mesmo tempo em que cessavam os tremores de terra e a peste. Mas a população ficou consternada ao tom ar conhec imento ci o estado de saúde desesperador em que se encontrava aq uela que veneravam como santa. Todos queri am vê-Ia, tocá- la, informar-se de seu estado. M as só o B ispo fo i adm itido. M ari ana recebeu os últimos Sacramentos com verdadeira aleg ria, e qui s receber a Co munhão de j oelhos, apesar da fraqueza em que se encontrava. Para morrer sem nada de seu, pediu para ser tra nsportada ao quarto de sua sobrinha, a fim de morrer em cama emprestada . No dia 26 de maio de 1645, aos 26 anos, aq uela que era chamada, em vicia, a Açucena de Quito entregou sua alma a Deus. Logo uma multidão acorreu para venera r seu sagrado corpo e obter alguma relíqui a. M ari ana de Jesus Paredes y Flores fo i beatificada por Pio IX em 1850 e canon izada, 100 anos depois, por Pio X[l. A República do Equador proclamou-a f-lemína

Nacional.

&··•.,- -

Irn ' li

ii

Nesta Edição:

♦ Participe ativamente d "Cruzada Reparadora d: Santo Rosário" (p. 4 o)

Obras Consultadas: Lcs Pct it s Bo llandistcs, Vie.1· des Sa i111s. Bloucl et Barra i, Pa ri s, 1882. torno V 1, pp. 229 e ss . John J. Delaney, Dictio11ary o/' Sai11 1s, Do ubl ecl ay, New York, 1980, p. 445. Pc . José Le it e, S. J ., Santos de Cada Dia , Ed it orial A. O ., Braga, 1987. pp . 147 e ss.

♦ Programa R~~iof~,nico "A Voz de Fat1ma 4 denunc1·a TV imoral (p. o)

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- Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria esteio atentos à voz das vossas súplicas. "E desapareceu ". (Antonio A. Borelli Machado, As Aparições e a Mensagem de Fátima , Editora Vera Cruz, São Paulo, 35ª ed., 1993 , pp. 3 1 e 32).

Comentário do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira "[A apa ri ção do Anjo] foi uma primeira man ifestação de beleza, a primeira clarinada dessa série de graças num mundo decadente - e que decaiu até onde está agora. "Três criancinhas num prado. Diz aí "jogávamos". "Jogávamos" é uma exp ressão daquela zona para indi ca r que brincavam com jogos infanti s. "Elas brincavam quando o vento sop rou , e levantaram a cabeça para ver o que era. Ao levanta r a cabeça, um ce rto núcleo lumin oso começou a lh es apa recer no fundo do horizonte e foi ficando ma is perto, de maneira tal que, em determinado momento, puderam ver que aqu il o tinh a uma fo rm a hum ana. Tinha a forma hum ana de um jovem de uma extraord in ári a formosura. Não fei to de carne, não fe ito de osso; parecia feito de uma matéria que se diria quase sobre natura l. A descrição está muito bem fei ta: era como se ele fosse de cristal. "Pod e-se conceber mais ade' quada descrição de um Anjo do que im agi ná-lo de cristal? Puro como o cristal, leve como o cri stal , encan tador como o cristal, mas essencia lmente transpare nte . De maneira ta l que é como o cristal, feito para se ver além dele. O Anjo é um cri stal, um a lupa para se ver mais de perto a Deus, para se ter uma melhor id éia de Deus " (Plínio Corrêa de Oliveira, palestra para Correspondentes da TFP em 5-6-1994). Maio de 2001

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1111114111111i-11■11111H11a1711,,,,1i • Agradecimento - É para agradece r tudo que tenho recebido este ano da Campanha " Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!", que estou escrevendo. A revista "Catolicismo" traz para mim notícias que poderia ter somente através dela, faz bem à alma da gente (J.C .D., São Paulo). Momentos celestiais - Foi um dia todo especial. Às 8 horas e pouco chegava o Sr. José Luís à minha casa com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Que noite linda! Qu anta alegria! Sinto dificuldade para descrever, relatar esses sentimentos. Foram momentos tocantes, felizes, celestiais mesmo. A Rainha, Mãe de Deus, represent ada pela lindíssima Im agem Peregrin a, em minha humilde casa! (A .G.C ., Bahia). Calendário e CD - Recebi sua carta juntamente ao maravilhoso Calendário, rico em mensagens e obras de artistas barrocos. Agradeço também as orações e o CD do programa radiofônico "A Voz de Fátima" (I.C.L.B., São Paulo). Maravilhada e honrada - Estou escrevendo para agradecer a visita da Imagem de Nossa Senhora de Fátima. Eu nunca vou me esquecer deste dia, lindo, maravilhoso. Eu me sinto maravilhada e honrada por participar desta Campanha "Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!" há 6 anos . E cada dia que passa me sinto mais feliz ainda (A.L.F ., Distrito Federal). Visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima ao apartamento de uma participante da campanha em Belo Horizonte

Igreja é pressionada para aceitar o erro - Uma participante de nossa campanha envia-nos cópia da seguinte mensagem que endereçou à CNBB: "Dom Raymundo, li, angustiada, na capa da paganíssima revista 'Cláudia', nº 4 73, a seguinte manchete: De novo no altar: a Igreja Católica dá uma segunda chance aos divorciados.' Não comprei a revista, porque faço solitária mas ferrenha cam panha contra essa revista e as outras que, mensal e obrigatoriamente, pregam a amoralidade. Essa revista é de muito bom agrado de cató licas senhoras que comungam até diariamente, mas adoram seguir as orientações esotéricas e sexu ais da revista ... É mais uma forma de pressionar a nossa Igreja para aceitar o erro, de term inar de acabar a Civilização Cristã ... Que poderá a CNBB fazer para desmanchar largamente essa mentira? Muito obrigada" (A.LO ., Rio Grande do Norte) . Um rio de água límpida - Sou mesmo uma verdadeira amiga da causa de vocês e compreendi muito bem os apelos de Nossa Senhora de Fátima. Quero aproveitar para agradecer também as Medalhas que recebi , de São Bento e Nossa Senhora das Graças. Senhor Marcos Garcia, não tenho mais nada a dizer a não ser agradecer a Nossa Senhora e à TFP, de maneira especial ao Senhor que é coordenador, pela promo ção desta Campanha que tanto bem tem feito às almas dos brasileiros, pois não consigo vê-la senão como um rio de água límpida, correndo e purificando os corações e as almas dos católicos que a aco lhem com boa vontade (R .G.S., Minas Gerais).

Carnaval mistura nudismo e "bênçãos" o último desfile de Carnaval, "Valenssa Valéria, a mulata globeleza, e suas irmãs, desfilaram nuas, cobertas por pinceladas de tintura brilhante. E as três ainda estavam fazendo sucesso na Praça da Apoteose, quando o padre Marcelo Rezende começou a esquentar a bateria da Mocidade da maneira mais estranha já vista na avenida: com a oração de São Francisco. Uma bênção que parece ter voltado a escola de maneira um tanto diversa da imaginada" (JB, 27-2-01 ).

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Feroz perseguiçã.o religiosa em Cuba Rádio Vaticana denunciou que as autoridades cubanas continuam negando a ass istência espiritual pedida por Arturo Suárez Ramos, preso e m Havana. Suárez Ramos, de 37 anos - informa a agênc ia de notícias cató lica ACI - é um cató li co que tem pregado o Eva nge lho nas diferentes prisões para as quais foi trasladado. Ele é um dos presos políticos cuja libertação foi solicitada em vão por João Paulo II a Fidel Castro, durante sua visita a Cuba (janeiro/ 1998). Por sua vez, em declarações ao jornal Avvenire, o Bispo de Verona (Itália), Mons. Flavio Roberto Carraro, revela que "a situação da Igreja em Cuba é de sofrimento".

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No bairro de Caucaia, em Fortaleza, numeroso público foi venerar a imagem de N. Sra. de Fátima, em sua peregrinação pelo Ceará

Pedi com muita fé - Durante 1 2 anos de casada havia feito vários tratamen tos e não conseguia engravidar. Pedi com muita fé a Nossa Senhora de Fátima e hoje tenho um lindo garotinho que nasceu um dia antes do 13 de maio (M .B.G.C ., Minas Gerais). Firme e forte - Aprov eito para enviar o comprovante da Aliança de Fátima. Maria tem me consolado muito nos momentos difíceis, de crise, de perseguição. Ela me mantém firme e forte na minha missão como mãe e ficar junto do meu esposo, que é contrário à doutrina cristã. Tenho certeza que ainda seremos uma família cató lica praticante. Eu confio em Nosso Senhor Jesus Cristo e M aria (J.O., Santa Catarina). Sempre propagar - É com imensa sat isfação que escrevo para mais uma vez elog iar seu dinamismo e perfeição com que administra a belíssima Campanha. Fico muito engrandecida cada vez que incentivo as pessoas a participarem desta magnífica Campanha. Estou procurando semp re propagar o bem que faz a um ser humano poder ajudar com tão pouco - a Alian ça de Fátima - pois a recom pensa é imen sa (L.O.P .D.A., Bahia).

Minissaias, decotes e travestis uso de minissaias e blu sas decota-

O das estava causando proble mas no ed ifício do Poder Judiciário da Província argentina de Formosa, o que não é difícil imaginar. Por isso, as mulheres que trabalham no Poder Judic iári o foram proibidas de usar esse tipo de vesti menta. A decisão foi anunciada pelo Presidente da Suprema Corte provincial, Héctor Tievas, que classificou os trajes vetados como indumentária inadeq uada.

Por sua vez, no Chile, o Prefeito de Santiago, Joaquín Lavín, disse que vai "e rradicar" os travestis de San Camilo, tradicional bairro comercial da cidade e abrigo para a comunidade [homossexua l] . Católico conservador, Lav.ín tomou a medida "antes que San Camilo se torne um bairro vermelho", isto é, com um comércio sexual legalizado.

Clonagem e demonismo o desejo sacrílego de querer substituir-se a Deus, o homem está chegando a pecados nunca antes imaginados. Vão sendo levados adiante processos para a fabricação de seres humanos em laboratório, quer por meio da chamada fecundação in vitro (e mbriões formados pela junção artificial das células masculina e feminina), ou mais recentemente pela c lonagem (a partir de uma célula, procurar fazer um outro ser semelhante àq uele do qual foi extraída a célula). O resultado disso tudo tem muito de demoníaco. Seres humanos embrion ários são mortos em quantidade, há uma produção de seres deformados e monstruosos etc. Ex istem atua lm e nte nos Estados Unidos cerca de 100 mil embriões humanos congelados (e esquecidos) em ,clínicas de fertili zação in vitro . A quase total idade desses seres humanos é depois de 'truícla. Alguns são comprados

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(como se fossem escravos) por casa is e implantados numa mulher. As chances de implantar um embrião com sucesso são de uma em cinco. Um grupo de médicos e pesquisadores, coordenados pelo ginecologi sta itali ano Severino Antinori e pelo andrologista norte-americano Panayiotis Zavos, deu início recentemente ao primeiro projeto de experiências de clonagem humana. O anúncio foi feito em Roma, durante um encontro intern ac ional sobre o tema, organizado pela Sociedade Ita liana de Medicina Reprodutiva. Até agora, na clonagem de animais, tê m surgido problemas graves - malformação, envelhecimento precoce dos clones, graves alterações genéticas, morte prematura, abortos espontâneos, diabetes , excesso de peso, e têm sido produzidos verdadeiros mon stros. A taxa de êxito é baixíssima. Para que a ovelha Dolly viesse ao mundo , 247 outras morreram. O diretor da cátedra de gi necologia da Universidade de Roma, Ermelando Cosmi, criticou a reuni ão dos que agora querem clonar humanos, definindo-a como inoportuna e infame. De outro lado, o pesquisador Rudolf Jaenisch, um dos pioneiros da clonagem no Whiteh.ead lnstitutefor Biom.edical Research em Massac hu setts (EUA), referindo-se à clonagem de humanos afi rmou : "O que esses caras estão fazendo, ou pelo menos dizem que vão fazer, é criminoso". "A clonagem de um ser humano é um ato grotesco contra a humanidade, pois viola a dignidade e os direitos do homem", di sse o bispo Elio Sgreccia, diretor cio In stituto de Bioética João Paulo II. O Vaticano c lassificou essa prática de imoral. Um mundo que vai chafurdando na imoralidade, na criminalidade, na demolição da propriedade privada e de todos os valores da família e da tradição, tinha que afu ndar també m no demonismo. Estamos ni sso! Nossa Senhora de Fátima apresse o dia bendito em que tudo isso acabe de uma vez, e possa, por fim, raiar a aurora do Reino de Mari a!

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Cruzada, Reparadora do Santo Rosário

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Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! lançou no mês ele abriI a Cruzada Reparadora do Santo Rosário. Todos os participantes ela Campan ha estão conv idados a rezar o terço todos os dias, ou todas as sema nas, ele modo a que se possa completar uma vigíli a ele contínua recitação cio Santo Rosário. A intenção desse Terço contínuo é a ele salvar o Brasil ela decadência moral e religiosa na qua l está se prec ipitando. Para àtencler os in sistentes ped idos ele rec itação cio Rosário fe itos por Nossa Senhora ele Fátima, vamos conseguir que durante todo o tempo haja alguém rezando um Terço em reparação pelas ofensas ao fm ac ulaclo Coração ele Maria cometidas em nossa Pátria. É preciso

alimentar com orações um verdadeiro fogare iro, cujas chamas subam aos Céus e im plorem a Deus, por meio ele Ma ri a Santíssima, que mude os rumos deste País.

Horária e intenções Inscreva-se nesta Cruzada, ligue imediatamente para a Ca mpanha Vinde Nossa Senhora de Fát ima, não tardeis! e in -

fo rme o horário no qual se compromete a rezar diari amente ou semanalmente um Terço. Ou mesmo os três Terços cio Rosáio. O Terço cio Sa nto Rosário será rec itado nas segu intes intenções: 1) em desagravo e reparação pelas ofensas fe itas co ntra o Sagrado Coração ele Jesus e o fm ac ul aclo Coração ele Ma ri a; 2) pe la conversão cios pecadores; 3) pe las famí lias; 4) para atender os apelos ele reza cio Rosário feitos por Nossa Se nh ora em Fátima; 5) pe lo cumprimento elas profec ias ele Fátima; 6) para que Nossa Senhora recond uza o Brasil às vias ela ficle l idade aos princípios imutáveis ela Sa nta Igreja Cató1ica, afim ele que ass im ele chegue a seu magnífico porvir, no futuro Reino ele Maria.

Na Voz de Fátima, entrevista sobre a Deletel

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m abri l, com a graça de Nossa Senhora de Fátima e a ajud a de nossos partic ipantes, pudemos lançar os Programas Radiofônicos A Voz de Fátima, nºs 17 e 18. Contêm uma be líssim a narração de deta lhes que antecederam à morte de Francisco e os sofrimentos heróicos de Jacinta. Narram também as aparições de Nossa Senhora e do M enino J es us, ocorridas em 1925, pedindo à Irmã Lúcia que divulgasse a importa nte devoção dos 5 primeiros sábados, para desagravar o Imacul ado Coração de Maria e sa lvar mu itas almas. O programa tem sido muito ouvido, princ ipa lmente nas rádios regiona is, e é grande o número de li gações recebidas no plantão da Campanha a respeito do mesmo. Se alguma rádio de sua cidade aind a não está transmitindo o programa, faça lh e uma vis ita, proc ure os respo nsá veis pe la rádio e recomende-lhes que também transm itam A Voz de Fátima. Isso será um benefíc io enorme para todos os ou vintes, além de aumentar a audiência da rád io . Para o mês de maio já estão sendo lançados os programas A Voz de Fátima nºs 19 e 20. Além da narrativa das memórias da irmã Lúc ia e de interessante notic iári o, trazem ai nda uma entrevista

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com o Coordenador-Geral da campanha O Amanhã de Nossos Filhos, da TFP, Dr . Pau lo Corrêa de Brito Fi lho . Ele fala sobre o projeto de criação, no âmbito da Po líc ia Federa l, da Delegac ia do Telespectador - DELETEL, que to rnará possível aos pais e mães de família registra rem suas queixas contra os programas e novelas imorais exibidos na TV. Contamos sempre com o apo io de todos os participantes. Os interessados em ajudar a difusão do programa radiofônico A Voz de Fátima, que se inscreverem como Benfeitores do mesmo, receberão todos os meses gratuitamente os novos programas. E no quarto m ês

de participação serão beneficiados com um PRESENTE especial: um CD com Os mais belos textos sobre a Santlssima Vir-

As negociações entre Governo e MST chegaram a um impasse; CNBB declara desistir da intermediação

gem Maria. É muito importante apoiar a difusão da mensagem de Fátima através das rá dios, para conter a onda de programas protestantes e anticatól icos que invadem as emissoras. O Brasi l não pode se esquecer de Nossa Senhora - se não, o que será dele? E de nós? Para to rnar-se benfeitor do Progra ma Radiofônico A Voz de Fátima, basta so li citar as f ichas de in scrição no plan tão de atend imento da Campanha através do te lefo ne ( 11 ) 3955-0660.

Participe da Aliança de Fátima Participe você também da "Aliança de Fátima". Nossa Senhora saberá recompensar quem ajuda a difundir sua Mensagem. Escreva, telefone ou envie seu e-mail para a Campanha " llinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!" e peça mais informações para ser um Membro da Aliança de Fátima, ou participe como Benfeitor de "A Voz de Fátima".

Plantão de Atendimento da Campanha: Tel.: (0 ** 11) 3955-0660. Internet: www .fatima.org.br

Endereço para correspondência: Rua Martim Francisco, 665 . CEP 01226-001 São Paulo (SP)

PUNJO VIDJCAL XAVIER DA SILVE IRA

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ecentemen te a imprensa noti ciou que a "CNBB desiste de c1judar o MST ern negociações", ressaltando que o MST pode ter perd ido um grande aliado ("O Estado ele S. Pau lo, 30-3-200 1). A mesma notícia afi rma que "a CNBB é uma das poucas 01ganizações que ainda dava apoio aberto ao MST, nas negociações com o governo. Era urna ligação histórica, uma vez que parte dos líderes do MST saíram da Comissão Pastoral da Terra (CPT)". Há quase 20 anos o MST (Mov imento cios Trabalhadores Sem Terra) deu início em grande escala às invasões de propriedades, visan lo forçar os sucess ivos governos - "docemente constrangidos" - a promover em seguida as respectivas desapropri ações para a im1 lantação da Reforma Agrária. Em um grande número ele invasões, a Justiça, atendendo a ped idos ele reinte-

gração ele posse, obrigava os oc upantes a se retirar, ou a serem ex pulsos por força ela ação elas Polícias Militares. Apesar ela má vontade com que alguns governos estaduais atuava m para fazer cumprir a lei, e até se opondo ao cumprimento ela ordem judicial, muitas propriedades fora m desocupadas.

CNBB considera a "missão cumprida" O Pres idente ela CNBB, D. Jayme Chemello, ao anunc iar em Brasília que a entidade se afastava ela in termed iação entre o Ministéri o de Desenvolvimento Agrário e o MST, declarou: "Saímos porque nossa missão estava cumprida " (OESP, 30-3-0 l). Como interpretar essas pa lavras? À primeira vista não fica claro qual é a "missão" que o Bispo ele Pelotas considera cumprida. Teri a sido fazer nascer e

crescer, para depoi s desprezar o MST, como se fosse um filho bastardo? Como res ultado em boa medida ela pressão cio MST, segundo cá lcu los ela Comissão ele Agricultura ela Câmara cios Deputados, em seis anos foram di stribuídos l8 milhões ele hectares para 430 mil famí1ias e ex istem 3.500 projetos ele assentamentos em fo rmação (cfr. "Correio Braziliense", 12-3-01 ). A área total desapropriada é superior à soma elas áreas rura is cios Estados ele São Paulo, Rio ele Janeiro e Esp írito Santo. Um caos generali zado se estabeleceu no campo. Esta foi a "mi ssão" cumprida pe la CNBB? ~ Na fotografi,1 acima, reunião entre representantes do Governo federal e líderes do MST, na sede da CNBB: D. Raimundo Damasceno, Secretário dessa entidade, Padre Hernandes, Gilberto Portes, líder nacional do MST, e D. Jaime Chemello, Presidente do organismo episcopal

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TfPs EM AÇÃO Ainda numa tentativa de.j1ustificar sua tomada de posição, o Presidente da CNBB ,.. - para quem as invasões são normais, quando se trata ele "mov imento social" afirmou: "O MST atira um. pouco para ver se pega uma parte" ("Correio Brasili ense", 30-3-0 1). Acresce observa r qu e, nos últimos anos, a imprensa, que criara para o MST a imagem ele um mov imento altamente popular, ele repente, como que por um toque ele uma varinha mágica, passou a criticar a sua radicali zação e a afirmar que a opini ão públi ca o via com maus olhos. Na reali clacle, era evidente a impopul aridade desse movimento perante a população. É por esse motivo que a CNBB parece estar abandonando o MST?

Há quem diga que estando o MST em decadência e franca decomposição, e rejeitado pela grande maioria da população, dentro em breve teremos o restabelecimento da ordem no campo. Mas haverá algum otimista que acredite seriamente nessa hipótese? Se, pelo contrário, o MST estiver a caminho de levar o País para um regime de guerrilhas ma is ou menos generali zadas, teremos uma desordem crescente no campo. Haverá algum otimi sta que rejeite essa hipótese?

O Brasil na rota da Colômbia? A essa altura cios acontec imentos, é compreensíve l que qualquer brasileiro se pergunte: estará o MST realmente em decadência? Passará ele a ag ir sem o apoio, pelo menos ostensivo, cio clero progressista? Ou este continuará apoiando da mesma maneira as invasões? O MST - hoje espalhado por quase todo o territóri o nac iona l e co m meios de ação pouco conhec idos tenderá a constituir uma como que guerrilha, levando o Brasi l a uma situação semelhante à da Colômbia (cfr. Catolicismo, novembro/ 1999; ao lado, capa dessa ed ição que publi cou extenso arti go, no qual se estabelece um para lelo en tre a situação colombiana e a brasileira). Estaremos a caminho de conviver, no Brasi l, com algo semelhante às Forças /\n11adas Revolucionárias da Colômbia (FAR )? Na resposta a todas essas perguntas reside talvez o esc larecimento para grande incógnita sobre a situação do Brasil. Com o apoio mais ou menos ostens ivo de sucess ivos governos federais e estaduai s, o MST tornou-se um grave problema que preocupa diversas ca madas de nossa população. Os proprietários rurai s grandes, médios ou pequenos, que apesar de todas as dificuldades vão produzindo safras cada vez maiores, gerando um superávit anual de 10 bilhões de dólares na balança comercial, continuam a desenvo lver suas atividades a despeito de uma queda estimada em 50% no valor da terra. 42

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Entre essas duas hi póteses extremas, várias outras intermediárias poderão acontecer. Mas uma coisa é certa: nos próxi mos anos, não se vê como o Brasil poderá voltar a ser um País com uma organi zação ru ra l harmôn ica, em qu e os problemas sociais ex istentes venham a ser resolvidos sem ocasionar graves cri ses e tensões.

Emenda pior do que o soneto Quando este artigo já estava redi gido, a imprensa publicou a seguinte dec laração de D. Jayme Chemello: "essa notícia não foi fiel ao que eu disse. Na verdade, não nos l!f"a.1·to11ws. O que ocorreu fo i que ambas as partes (Governo e MST) 11ão conseguiam sentar à mesa de diálogo. Então, pediram a qjuda do CNBB para sentarjuntos e conversw: Queríamos apenas aproxim.ar o diálogo. E, quando nós .fizemos isso, havíamos achado que havíarnos (s ic) concluído nossa tarefa. Chegou o ponto em que achamos que nc7o nos competia mais continuar '".

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Segundo o Presidente da CNBB , "que uma ou oulra vez o movimento dos sen·,.terra mostre ao governo que há propriedades nc7o produlivas e de repen/e invada para criar urna busca dessas terras nüo é tc7o grave, porque terra improduliva nüo devia ler também.... " Quanto à invasão sistemática, como meio de pressão: "Nüo aceilamos, acha1nos que é errado", disse. "Vamos supor que o povo, para corne,; cornece a invadir sisternaticamenle todos os lugares de venda de comida. Vai acontecer o caos no país, um caos an1idemocrá1ico, perigosíssimo." ("Folha de S. Paulo", 3-401 ). Ora, a invasão sistemática de terras tem sido apoiada pela CPT, e portanto pela CNBB, da qual a CPT é uma das pastorais mai s atuantes. Fica claro que a "missüo cumprida" só di z respeito à retirada da CNBB nas negociações entre Governo e MST. Mas o apo io siste mático do clero progressista no Brasil às invasões, além de contrastar co m o Magistério tradicional ela Lgreja, também não respeita as diretrizes de João Paulo Il aos Bispos brasil eiros da Regiona l Su l 1 - Estado de São Paulo - em 2 1-3-95 : " Recordo as palavras do meu predecessor Leüo XIII quando ensina que 'nem ajustiça, nem o bem cornurn consentem em dani:ficar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum. pretexto' (Rerum Novarum, 55). A Igreja nüo pode estimula,; inspirar ou apoiar as iniciativas ou m.ovim.entos de ocupaçüo de ferras, quer por invasões pelo uso daf'o rça, quer pela penetraçüo sorrateira das propriedades agrícolas" (Acta Aposto li cae Sed is, 10-11 -95). A emenda de D. Chemello parece ter ficado pior que o soneto. *

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Roguemos a Nossa Sen hora Aparecida que ilumine nossas autoridades eclesiásticas e civi s, e ev ite para o País esse cli ma de guerrilha ru ral que tantos temem. Será, talvez, pedir o milagre. Mas Nossa Sen hora, que tantas e tantas vezes socorreu nossa Pátria - como, por exemp lo, ao sa lvá- la das invasões cios holandeses protestantes em Guararapes - não poderá voltar a intervir? É o que deseja mos, e com especial empenho pedimos à Rainha do Brasil. ♦

Bailes funk: explosão da imoralidade Mais uma vez a TV imoral colabora para a destruição dos valores morais das famílias brasileiras, ao exibir vários programas nos quais toda a perversão do chamado funk é amplamente promovida unk é um ritmo pervertido que vem sendo muito explorado pelas emissoras da TV imora l. Diversos programas exi bem mulheres e homens dançando com uma coreografia torpe, ao som de músicas repl etas ele obscenidades. A explosão ele tal modismo corrompido atingi u seu ápice no carnaval e prossegu iu com os bailes.fitnk. A Justiça tem procurado reprimir a reali zação ele tais eventos, principalmente depois que diversos órgãos de com uni cação divulgaram que nesses bailes estariam sendo praticadas orgias, além ele promover e incentivar a prostituição entre menores ele idade, com abusos de toda espécie.

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TV imoral é incoerente O jornal "Folha de S. Paulo" de lO de março publicou matéria sobre a proibição dos bailes funk em Fortaleza. Segu ndo o superintendente da Polícia Civ il , José Al berto, "as músicas estimula,n a violência". O governo nada faz para reprimir es, e tipo de abuso. A Portari a 796 resu ltou em verdadeiro fracasso, já que as emi ssoras desrespeitam abertamente suas determinações, ex ibindo funk e diversos programas pornográficos a qualquer hora do dia, sem se importar com fa ixas etári as. E o fazem a pretexto ele noticiário. Estranh amente, várias emi ssoras da TV imoral veiculam notíc ias contrárias ao funk e promovem debates nos quai s esse ritmo é julgado imoral. Essa mes ma midia que promove os bailes funk também os condena, ou seja, atira para os dois lados ao mesmo tempo. Tal fato só comprova a incoerência da TV, que se permite

ex ibi r todo tipo de abuso e achincalhar a consc iência moral do povo brasileiro sob pretexto ele promover notícias e debates sobre o com portamento de minorias.

Destruição de valores morais Infe li zmente, esses fa tos somente comprovam a total falta de compromi sso da TV com a moral, pois tai s notícias apenas popularizam comportamentos inaceitáveis, ex ibindo-os quase como se fossem praticados pela totalidade ela popul ação, o que é uma enorme mentira. Tais em issoras nunca perdem a oportunidade ele incentivar perversões e vulgaridades, pois o efeito da TV imoral é corrom per a sociedade, destruir as fam íli as e seus autênticos valores morais.

Portaria 796: inoperância completa Poucos meses depois de sua implantação, a Portaria 796 enfre nta duas ações na Justiça e não tem mais o poder de impor às emi ssoras os horários de ex ibição dos programas. O que comprova sua total inu ti lidade, já prev ista pelo boletim TV Debate, ela campanha O Amanhc7 de Nossos Filhos. Confor me a "Folha de S. Paulo", de 12 de março, "os planos do governo de disculir com as emisso·ras e a sociedade para procurar uma maneira de melhorar a qualidade da programaçüo na televisüo também foram. adiados". A Secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussek.ind , entrevistada pela "Folha de S. Paulo" em outubro cio ano passado, afirmara que o Mini stério da Justiça reali-

zaria em dezembro ou janeiro deste ano um seminário para discutir a televisão. Segundo o jornal , o se min ári o não aconteceu e a negociação entre governo e em issoras tran sformou-se em batalha judicial.

Medida ineficaz O Superi or Tribunal de Justiça concedeu em dezembro último liminar à Abert - Associaçüo Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão liberando a ex ibição cios programas em qualquer horário. Esse fato só demonstra que a Portaria 796 foi uma med ida completamente inútil. Os programas imorais continuam sendo ex ibidos a qualquer hora do dia. Além de dois processos, um movido pela Abert e outro pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, ex iste uma ação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) contra o artigo 254 do Estatuto da Criança e do Adolescente, com o objetivo de conceder liberdade à programação das emissoras. Tal ação contra o artigo 254 do Estatuto ela Criança e do Adolescente deixa clara a estratégia perversa de fazer com que seja incentivada legalmente a degradação moral promov ida pelas emi ssoras ele TV

Imoralidades liberadas Enquanto as ações não são julgadas, as em issoras de TV poderão ex ibir seus programas imorais em horários diferentes dos indicados pelo Mini stério da Justiça. E batalhas judiciais desse tipo levam quatro ou cinco anos para chegarem ao fim ... Em sua edição de outubro último, o boletim TV Debate alertou para a ineficácia da Portaria 796. Como o leitor pode perceber, a medida estava condenada ao fracasso desde o início. A conclusão é óbv ia: ao promover a Portaria 796, o governo perdeu um tempo precioso no combate à TV imoral. Para obtermos resultados realmente eficazes, a única solução é a criação da DELETEL - Delegacia do Telespectador. Enquanto isso o cabri to - ou seja, as emi ssoras de TV - co ntinu a tomando conta da horta... ♦

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TFPs EM AÇÃO

Simpósio de Universitários

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"Eu não tenho ilusões. A Faculdade é corno terra de missão", observo u Fábio Honório Cassimiro, a lun o do segun do ano ele Filosofia da PUC/São Paulo. Para e le, "é necessária

uma boa form.ação, desde que se deseje.fa zer apostolado nas faculdades, dando urna orientação sadia para aqueles que serão, em breve, o futuro do Brasil ". Catolicismo - Qual a sua impressão a respeito cio Simpósio?

"Ele está sendo muito bom, porque não há, no âmbito universitário brasileiro, este tipo de fo rmação. Um assunto como o da Reforma Agrária, por exemplo, com todos os dados que.foram apresentados aqui, os universitários não conhecem. A mídia cria uma ilusão em suas informações, que acaba deixando as pessoas completamente fora da realidade".

* * * Lucas Gontijo Pires, também a luno ele uma Universidade ató lica, a PUC ela cidade mineira ele Arcos, onde cu rsa o segundo semestre de Direito. Catolicismo - O que estão lhe parece nd o as palestras do Simpósio?

Os participantes do Simpósio na foto de despedida

ranqü ilidade cio amb iente e o be lo panorama que se descorti a ele um a aco nchega nte e espaçosa sede da TFP, loca li zada na Serra cio Ja py, nas cercan ias el e Juncli aí (SP), tornam o loca l apropriado para estudo, reflexão e consideração de grandes hori zo ntes. Tai s pred icados favo receram a rea li zação do II Simpósio de Universitários promovido pela entidade, que reuniu 35 estudantes prove nientes ele c inco capitais de Estado e das cidades de Campos (RJ ), Arcos (MG) e Alfenas (MG) nos dias 17 e 18 de março passado. Ao estudo somou-se a oração, uma vez que a vicia ele piedade deve estar na base ele toda a atividade cio cató li co, e, portanto, ele seus estudos uni vers itári os. Foram dois dias ele pa lestras e debates sobre temas da atualidade, anali sados sob a ótica do li vro Revolução e '011tm-Revolução, cio Prof. Plini o Corrca d' li vcira. As ex pos ições ele 50

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CATO L ICIS MO

minu tos s uced iam-se, inte rrompidas apenas para cafezinho e discussões sobre os temas tratados. O Prof. Paulo Corrêa ele Brito Filho, coorde nado r cio e ncontro, abriu o Simpósio esc larece ndo que a Hi stória e os fatos ela at ua l id ade só podem ser exa min ados, e m s ua dim e nsão mai s profund a, na medida e m que os princípios cató li cos sej a m uti Iizaclos co mo critéri o ele análi se. E a obra que cons ubstanc ia, ele mo lo adm iráve l, a dou trina ela Santa Igrej a para ta l aná li se, é o mencionado e nsa io do Prof. Plínio Corrêa ele O li veira , fundador ela TFP. O conju nto elas dec larações co lhidas pe la reportage m ele Catolicismo d ura nte a reali zação desse S impós io dará um a noção cio interesse que os ideai s pere nes ela C ivi li zação C ri stã estão des pe rtando

Maio de 2dot

no meio uni versitário brasileiro, apesar ele estar este profundamente afetado pela decadência moral e pelo caos intelectual.

Falam participantes do Simpósio Jean Charles Blanchet, aluno cio quarto ano de Hi stó ri a da

Universidade Integrada Tuiuti , ele C uritiba: "Estou achando excelente, e gostaria que fossem reaIizados simpósios corno este mais vezes. Corn isso, cresceria o número de participantes provenientes de regiões mais dive,:~i/icadas do País ".

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"Achei muito interessante mostrar o que foi a Idade Média, em contraste com a falsa história que nos é ensinada, uma Lucas Gontijo Peres opinião distorcida que prevalece em muitos ambientes. É irnportante conhecer o verdadeiro lado da ,noeda. A irnportância da Igreja, a relação da Igreja com o Estado, através da História. "Os confer,ncistas são profundos e capacitados. Lançam. um alerta para o que realmente a ·onl c no mundo. Pois, no mais das vezes, estamos de olhos ven dados para ver a realidade.

.

Aqui aprendemos a desvendar urn grande panorama a partir de um. pequeno sintorna ".

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De modo geral, os participantes do II Simpósio de Universitários conheceram a TFP ele modo diferente. Alguns através de amigos, de parentes ou de ca mpanhas e publicações e, agora, da Internet. Foi o caso de Marco Antonio Fortes Rodrigues, aluno cio terce iro ano de Direito da Fa-

culdade Cândido Mendes, ele Niterói (RJ):

"Conheci a TFP através de uma paroquiana que me indicou o site de Lepa nto, chamando minha atenção para a parte referente à apologética. Acessei o s ite, cadastrei-me, e, pouco tempo depois entrei em. contato com membros da TFP. Catolicismo - Qual está sendo a utilidade deste Simpósio?

"Ele tem servido para cristalizarem mim o que tinha ouvido e lido sobre o processo revolucionário e a devoção à Santíssima Virgem.. O ambiente do Simpósio convida ao estudo, convida à oração e à contemplação. Quando retornar ao Rio, terei uma posição doutrinária n,ais solidificada, que permitirá defender minhas idéias com mais aj-inco e de maneira mais contundente. Eu estava urn pouco morno, mas com tudo que li e ouvi aqui, recobrei novo ânimo".

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No c lima ele neopagani. mo predomjnante no ambiente uni¾'ers itário atua l,

Fábio Miguel Manhães , a luno cio segundo ano da Faculdade de Odontologia de Campos (RJ), observou um fato curioso : na entrada da Faculdade há um crucifixo e, freqüentemente, co-

legas seus faze m o Sinal da Cruz di ante de le. Na Secretaria da Escola há um quadro de Santa Apol ô nia, Padroeira dos de ntistas. São os únicos sinais religi osos ex istentes na Faculdade. Catolicismo - Qual o seu comentário sobre o Simpósio?

"Noto, com alegria, que vem aumentando bastante o número de participantes, pois compareci ao I Simpósio realizado em julho úllimo. O ambiente daqui está excelente. Conseguimos parar e pensar em muitas coisas que realmente interessam para a vida. O lugar proporciona a realização de estudos sérios, ir ao fundo dos problemas e tirar conclusões verdadeiras. O interessante das reuniões é que elas nos dão uma visão religiosa,.filosófica, histórica, política dos acontecimentos e.fatos".

* * Mauro Alves Corrêa,

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aluno do quinto semestre do curso de Direito da Universidade Católica ele Brasíli a. Catolicismo - Qual o proveito que o Simpósio está lhe proporcionando?

"Ele é uma opo rtunidade muito boa, muito útil, poisforneceu aos participantes argumentos para a defesa dafé católica. E também in c ulcou-nos a idéia de que não estamos sós, mas que formamos um grupo contrário ao avanço da Revo lu ção, hoje apresentada falsamente como solução para os problemas da humanidade. "A Revolução oculta seus obj etivos finais, para engana r as massas. Nós saímos do Simpósio com alento para novos embates e revigorados para combater o.falso dilema globali zação x esq uerda, bem como para denunciar a Revolução Cultural nas universidades" . ♦

CATO LICISMO

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TfPs EMAÇAO

Prestigiosa conferência em Paris A TFP francesa reúne amigos em torno de Santa Joana d'Arc Benoit Bemelmans Enviado Especial Fran a

i :f!

Follpo dei Campo

O Prof. Georges Bordonove durante sua conferência S()bre Santà Joana d'Arc

Paris - No sábado, 1O de março, 300 pessoas ass istira m à conferência promov ida e organizada pela Société Française pour la Défense de la Tradition, Famille et Propriété - TFP, proferi da pelo famoso hi stori ador Georges Bordonove, cujo tema foi uma evocação da vida heróica e da epopéia de Santa Joana d' Are. O evento realizou-se no Salons Mon cea u, prest i gioso centro de convenções situado na avenue Hoche, a dois passos ela Place de l'Étoile, em Pari s. O auditóri o apresentava, de modo saliente - como se pode observar nas fotos - a nota característica cio charme grandioso ela TFP, devido aos estandarte ele ca mpanha e às capas ru bras com o leão dourado usadas

pelos sócios e cooperadores ela entidade. Uma linda estátu a em bronze ele Sa nta Joana d' Are - reprodução feita no ateliê ele Fremier, o próprio arti sta que esculpiu e fundiu a escultu ra que orna a Praça ao lado das Tuilerie - presidiu a sessão.

569 anos depois Georges Borclonove, histori ador famoso pela série de biografi as intituladas Os reis que fizeram a França, fez rev iver para o auditório a epopéia ele Joana d' Are, 569 anos depois. Segunc\o o conferencista, esta Santa continua viva na alma dos franceses e sobretudo cios católicos, pela fé e pela confiança inquebrantável em sua missão. Todo o mundo reconhece sua coragem política e militar, sua sabedori a sobrenatural, sua virtude heróica. Mas isso não basta para explicar o porquê ela luz que se irradia ele sua figura, luz ao mesmo tempo suave e vibrante ele fi clel idade. Aos olhos ele nossos contemporâneos, imers s num a civili zação tão dessacrali zada como a hodierna, anta Joana d' Are é a resposta ela Fé, cio dar-se por int iro ao serv iço da causa ele Deus. Ela é a resposta à dúvida ao desânimo quando tudo parece perdido e quando os homen ·, esquecidos ela Providência Di vina, pensam que Esta os esqueceu. Antes ele se tornar uma legenda e personagem provi dencial da História ti'l França, Joana foi uma donzela humilde, cuja úni a ambição era fiar a lã de suas ovelhas. M as porque li sse sim ao chamado de Deus, porque aceitou, com generosidade e en levo, dar-se por inteiro, realizou, nu m primeiro ano, uma epopéia militar e política sustentada p lo sobrenatural. Ao qual se seguiu outro ano ele so l'rimentos e ele perseguições, ele pri são e morte na ro )uei ra. Os amigos da TFP que lotavam o aud itóri o, acompanharam a bela evocação d famoso historiador, ora co m um silêncio comovido, ora com o ca loroso entusiasmo elas pa lmas. Em sua brilhante con r rência, o orador recor lou as pa lavras ela santa Donzela ao D I fi 111 - hes itant em aceitar a co roação - anun iando que ela vinha para libertar a França "por ordem de Deus, q11e é o verdadei-

ro Rei da França". E o Prof. Borclonove encerrou sua exposição afirmando que sabia não serem poucos, na França profunda, aqueles que hoje cm dia continuam certos de que "Deus é verdadeiro Rei da França". E para eles, portanto, quando tudo parec r perdido, é a hora ela Prov idência. ♦ N .is quatro fotografias à direita, flagrantes da conferênci,1 11 0 imponente auditório do Salons Monceau.


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7.Jersalhes

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o i -· Plinio Corrêa de Oliveira

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\ i ªs ilustrações abaixo, do célebre pal~cio_de Ve~sal~ies, na França, ~ a pnme1ra coisa interessante de se notar é como o edifício, em seu conjunto, olhado de relance, causa a seguin te impressão: é be lo, agradável. Não oferece mistéri os. Aliás, o próprio da arte da época em que o palácio foi construído é apresentar-se sem mi stérios, de tal modo que Ludo eslá ex plicado. Os jardins ex ibe m uma extraordinári a riqueza de coloridos e de formas. São linhas sinuosas formadas por flores - o e lemento fl oral é muito carregado - , folhagens e gramados, entrecortados por cam inhos de pedregulho. Contrasta ndo com o que os j ardin s poderi am ter de muito raso, nota m-se pontas e m c iprestes, rigorosamente aparados, que se multiplicam mais ou menos por toda parte. As fo ntes, com bordas de mármo res, contê m chafarizes em vários pontos; de maneira que, quando é ligada a água, C r-

mam-se arcos com esgui chos variados, criando uma fantasia de movimentos. Todos e les muito harmoniosos e sóbrios, dando origem a uma espécie de castelo de água em frente ao caste lo de pedra. Chamo a atenção antes de tudo para a cor do pal ác io. É uma cor me io indefinível, um pouco dada a creme. Ela é tão discreta, que se nota ser bela, e depois não se pensa ma is no ass unto. A idé ia da cor passa como que desaperceb ida. O palácio ostenta em relação aos jardins um contraste fl agrante. Enquanto estes caracteri zam-se pe las sinuosidades, quase o excesso de sinuoso, o ed ifício é todo constituído de ângulos, quase o excesso de ângulos. Exatamente esses quase excessos que se tocam descansam a vista, e causam a impressão de ham1onia. E m outros termos, há um contraste muito inteligente, muito bem pensado, e m que no palácio refulge o retilíneo imponente, majestoso, séri o, fo rte, coere nLe, de uma oerê nc ia carl ·iana e quase

hirta. E nos j ardin s reside o oposto, ou sej a, o sinuoso ri sonho, amáve l, afável, aprazíve l, convidando o observador a fi car à vontade junto a tanta grandeza. No pa lác io vemo. expressa a gra ndeza. Nos jardin s, o orri so que co nvida para a grandeza. Tudo isso caracteri za bem a ép ca em que Versalhes foi ed ifi cado, o Ancien Régime (A ntigo Reg ime), ou seja, era ela naturalidade diáfana, leve, ri sonha, ultra bem pensada, e que, depois de produzir uma obra-prima, di z co m nalura liclad : "Eu sou assirn!" É a última expressão da e legânc ia dentro da concepção francesa. Ningu 111 poderá qualificar como medíocre ta l oncepção. Poderão dizer dela tudo quanto queiram, medíocre não é ! Ela é propriamente extraordinária! Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 1O de junho de 1969. Sem revisão do autor.

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· ~tos

"Eis o Coração que tanto amou os homens,,

1

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A realidade concisa,nente

1O• O Papa Clemente XIII instituiu, em 1765, a celebração

oficial da festa do Sagrado Coração para todos os países e igrejas que o pedissem. E o Bem-aventurado Pio IX, em 1856, estendeu-a à Igreja universal. devoção ao Sagrado Coração de Jesus praticada por Plínio Corrêa de Oliveira remonta à sua mais tenra infância. Ele contava que, antes mesmo de aprender a pronunciar as palavras papai e mamãe, a senhora sua mãe, a tradicional dama paulista Da. Lucília Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira, lhe ensinara quando lhe perguntassem onde estava Jesus - a apontar para uma piedosa imagem do Sagrado Coração que se encontra num oratório de seu quarto (foto ao lado). Sendo o corrente mês consagrado ao Sagrad o Coração de Jes us, selecionamos para esta página alguns comentári os do Prof. Plínio a respeito do assunto. A dificuldade foi a escolha ... eles são muitos! O texto escolhido foi escrito durante a li Guerra Mundial, precisamente há 60 anos:

A

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própri a ordem das co isas, mas de um dever que a tragéd ia contemporânea torn a mais tragica mente premente. N ão há quem não se alarme com os extremos ele crueldade a que pode chegar o homem contemporâneo. Essa crueldade não se atesta apenas nos cam-

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O Sagrado Coração de Jesus " Insistentemente têm os an1 os Pad res recomendado que a humani dade intensifiq ue o cul to que presta ao Sagrado Coração de Jesus, a fi m de que, regenerado o homem pela graça de D eus, e compreendendo que deve ser D eus o centro de seus afetos, possa reinar novamente no mundo aquela tranqüilidade da ordem, da qual tanto mais di stantes estamos quanto mais o mundo descamba pel a anarqui a. A ss im, não poderi a um j ornal católico deixar desapercebida a fes ta do Sagrado Coração. N ão se trata apenas de um dever de pi edade imposto pela

pos de bata lha. Ela transparece a cada p_ asso, nos grandes e nos pequenos incidentes da vida de todos os dias, através da extraordinária dureza e fri eza de coração com que a generalidade das pessoas trata seus semelhantes".

O coração, símbolo

do amor de Deus "Assim, é só aumentando nos homens o amor de D eus, que se poderá

Europa: um continente d e velhos • No "paraís o" de Fidel , ini c iativa privada para fugir da misé ria

co nseg u· um a profun da nsüo cl se us I v r om o próx imo. Ler o gofs mo que impli ca necessari amente em "dilata r os

Ciência

12 Apenas

na Terra há vida inteligente ?

espaços do amo r de Deus", segundo a belíssim a frase de Santo

Grandes Personagens

Nossa capa: O adágio popular "Errar é humano, persistir no erro é diabólico" que figura na capa, deriva de um Sermão de Santo Agostinho (164,14), cuja formulação foi retomada posteriormente por São Bernardo (Serm. 1,11,5): "Não é humano mas diabólico perseverar no mal".

Plinio Corrêa de Oliveira

A gostinho. Ora, a festa do Sagrado Coração de Jesus é, por excelênci a, a festa do amor de D eus. N el a a I grej a nos propõe, como tema ele meditação e o alvo ele nossas preces, o amor tern íssimo e invari ável de I us qu , feito homem, morr u por nós. M ostrando-nos o Coraçã d J sus a ard er ele amor, a desp ilo dos spi nhos om que O circundamos por nossas of nsa. , a [greja abre 1ara nós a pers1ecli va de um perdão mis ri corcl i soe largo, de um amor inli niLo e perfeito, ele uma alegri a compiela e imaculada, que devem constitui r o encanto perene da vida espiritual de todos os verd adeiros católi cos. A memos o Sagrado Coração de Jes us. Esforcemo- nos para que essa devoção triun fe aute ntica mente em todos os lares, em todos os ambientes, e, sobretudo, em todos os corações . Só assim conseguiremos reformar o homem contemporâneo". 2

Notas: 1. Sa nta Margarida M ari a A lacoque ( 1647 1690) rezava dianLe do Sa nLfssi mo Sacramento, em 1675, quando Nosso Senhor lh e aparece com o oração à mostra e lhe di z:

Fotomontagem do ateliê artís tico de Catolicismo.

17 Samuel:

Sacerdote , Juiz e Profeta

Capa

20 A

Reforma Agrária de Jango a Jungmann: obstinação no fracasso

Entrevista

29 Músi c a

bra sileira da era colonial : tesouro artístico ainda pouco conhecido

Excertos

2

O amor infinito e p erfe ito do Coração d e J es us

Santos e Festas do ,nês

Carta do Diretor

32

4

Vidas de Santos

Página Mariana

5

A Sagra d a Esc ritura proíbe im agens de Nossa Senhora?

Leitura espiritual

7

34 Nobreza

e pureza conju gam-se em São Luís Gonzaga , patrono da juv entude

Ecos de Fáti,na

37 •

Fátim a e a ação contra-revolu c ionária • Lançamento de CD sobre o S anto Ro sário • N a falt a do "elo intermediário", falsific aç ão dos evolucionista s

M editação sobre o Inferno

A palavra do sacerdote

8

Qual a relação entre alma e espírito? • "Ch e " Gu ev ara e M arighell a: "modelos" para os c ri st ãos, segundo a T eologia da Lib ertação

Escreve,n os leitores

No centro das galáxias, cheio de estrelas, a freqüência de supernovas pode impedir o desenvolvimento de vida animal. Na foto acima, uma galáxia espiral, NGC 2997.

TFPs

e,n

ação

42 •

TFP norte-americana: c ampanha sobre o perigo do comunismo chinês • TFP paraguaia: campanh a contra a Reforma Agrária • TFP brasileira: campanhas contra projetos de "casamento" homossexual, aborto e d esarmamento

A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

48 Falsa

concepção de santidade

41

"Eis o Coraçcio que tanto a111ou os ho111ens, que ncio poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para lhes teste111.1.111lw r seu amor; e por reco11hecime11to não recebe da maior parte deles .1·e11cio ingratidões ". (Sa inte M argueritc M arie, Sa vie écrite par ellemê111e, l~di tion s Sai nt Paul , Par is, 1947, p. 70).

2. "Legioná rio", 22-6- 194 1.

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Com a palavra ... o Diretor

PÁGINA MARIANA

Amigo leitor, A observância do 7º mandamento da Lei de Deus - "Não roubarás" - é uma questão muito mais séria e complexa do que o modo como é compreendido pela generalidade dos fiéis. Não diz respeito apenas aos particulares, mas também ao Poder Púb lico. As ·im , quando um governo efetua qualquer desapropriação de terra sem respeitar os princípios da moral católica, por exemplo, aplicando uma lei de Reforma Agrária sociali sta, comete um atentado contra o direito de propriedade privada, violando, em conseqüência, o 7º mandamento do Decál go. Essa é a razão capital pela qual os católicos devem se opor à Ref nna Agrária de cunho soc iali sta e confiscatório. Imaginemos, porém, só para argumentar, que tal Reform a fosse uma qu stil inteiramente alheia à moral católica - em outros termos, consistisse num 1:c m·1 meramente opinativo, podendo qualquer católico livremente apoiá-la u rcj · itá-la, sem c mpr met ,, c m isso a própria salvação. Ainda ass im , o estrondoso fracasso da Reforma Agrária no País, cio ponto de vista sócio-econômico, seria ele sobejo sufi ciente para que não se continuas e a implantá- la. A consideração aci ma ex posta fica largamente comprovada na oportuna e candente matéria de capa desta edição. Nela se reproduz, inclusive, a sintomática declaração de um notório esquerdista, o deputado federa l Francisco Graziano, ex-presidente do INCRA: "Os números que refletem os resultados da Reforma Agrária são trágicos .. .. não dá para corrigir os desvios". O artigo ressalta uma constante no processo de implantação da Reforma Agrária no Brasil , desde seu início, há quatro décadas: investida contra a propriedade rural. As várias fases desse

processo, ostentando rótulos diversos, poderiam ser comparadas às variações em torno de um só tema numa composição musical. Enquanto na música tais variações constituem uma das formas de manifestar o belo artístico, no processo da Reforma Agrária, elas visam encobrir o mesmo sini stro tema: investida contra a propriedade rural. Parece haver uma pertinácia dos agro-reformistas, incluído o governo, em prosseguir a política de desapropriações para a constituição de novos assentamentos - sistema fa lido que vem faveliza ndo largas extensões do território nacional. Isso evoca ao espírito do, homens de bom senso o conhecido adágio popular que figura em nossa capa: "Errar é humano, p •rsislir 11 0 •rm é diabólico". Há ainda o absurdo favorecime nto do MST. O processo de a ituç, o a •ro-r form ista, executado principalmente por esse movimento, está hega nd a uni ponto ta l, qu I va o spfrito naturalmente a estabelecer uma analogia cada vez mais próxima ntr o MS1' · os movim nt os guerrilhei ros da Colômb ia e cio Méx ico. O arti go faz ainda um br ve apa nhado da vo luçilo hi st ri ·a · or 1ni ' 1do ager brasileiro: das capitanias hered it árias e da co lonizaç o no usucapi, ... até che m·rnos ~ ·hurnada grilagem atual. O modo tendencioso como a questão da grilagem está sendo l 'v11 111Hdn I or aut riclades públicas e pela míd ia coloca-a como a mais recente vari ação cio mencio n11do 11101101 ·ma agro-reformi sta. Nesse ri tmo, poder-se-á chegar a um novo e corrosivo aforismo jur di ·o: "/\ lé q11.e se prove o contrário, todo indivíduo é ladrcio " .. . Caro leitor, as considerações apresentadas acima, por · rt o, s o d · 111 Ide a prosseguirmos a campanha de esclarecimento do público a respeito da Ref'orrnu A r 1riu 11 0 Pa ís, e a redobrarmos nossas preces a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasi l, p111'11 qu • ve le particularmente pela Terra da Santa Cruz. Em J sus · Muria,

Imagens de Nossa Senhora são proibidas pela Bíblia? Apresentamos a nossos leitores algumas considerações que podem auxiliá-los a defender o culto de imagens da Santíssima Virgem contra uma das falsas e mais freqüentes acusações lançadas por protestantes V ALOIS GRINSTEINS

lguém vai debater com protestantes o te ma Nossa Senhora. Eles então, com freqüência, despejam uma enxurrada confu sa de textos bíblicos fo ra do contexto e mal interpretados, apresenta ndo-os com ar de ve ncedores de concursos inex istentes. E fi ca m especialme nte surpresos (e furiosos !) quando encontram um católico be m instruído nessa matéria, que os refuta usando também argumentos bíblicos. O que não é difícil, ali ás. Os que debatem com protestantes sabe m que eles se concentram es pec ialme nte no ataque a Nossa Senhora e seus privilég ios. Hoje não está mais na moda atacar o Papado e o Clero, como anti gamente; o alvo preferido é diretamente a Mãe de De us, conside rada por esses hereges como sua principal adve rsári a. Ora, nós católi cos dispomos de respostas para todos os fa lsos argumentos que eles apresenta m para atacar Nossa Senhora. E seria um lindo presente oferec ido a E la e mpenharmo-nos nesse estudo, com a fin alidade de defender nossa Fé.

Acusação e réplica Norma lme nte as discussões sobre Nossa Senhora começa m com uma ac usação fe ita por algum protestante: "Deus proíbef azer imagens, e vocês, católicos, não apenas fa zem imagens de Nossa Senhora, mas, pior: adoram-nas". Vejamos bem co mo é isso. Lê-se no livro do Êxodo (20, 4-5): "Não f arás para ti imagem de escultura, nem.figura alguma do que há em. cima no céu, e CATO LICISMO

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do que há nas águas debaixo da terra. Não adorarás tais coisas, nem lhes prestarás culto ". Portanto, à primeira vi sta, pareceri a que os protestantes têm razão. Mas, para confusão deles, em outros trechos da Bíblia o mesmo Deus ordena faze r imagens. Por exemplo, no próprio livro do Êxodo (25, 18-1 9) está escrito: "Farás também dois querubins de ouro batido nas duas extremidades do oráculo. Um querubim esteja dum lado, o outro do outro ". Notese bem, o próprio Deus ordena a confecção desses dois anjos, como também colocá- los nas laterais da Arca da Aliança. Outro trecho no qual Deus manda faze r uma imagem encontra-se no livro dos Números (21 , 8): "E o Senhor disse-lhe [a Moi sés]:fáze uma serpente de bronze, e põe-na por sinal; aquele que sendoferido olhar para ela, viverá ". Ou seja, Deus ordena a Moi sés, servo fiel , faze r uma imagem, não para destruí-la, detestá-la ou mostrá-l a como mau exemplo, mas para que aq ue les que tinham adoecido pe lo pecado a olhasse m e assim se curasse m.

Deus não é contraditório 0 111 0 xp licar essa apare nt e ont radição? Deus, ao 111 s mo tempo, proíb e manda fazer im a ns? A re. po, ta qu faz r i ma ns não constitui pecado m sim •smo, mas pocl sê- lo, depenei nclo da li na lida 1 elas são esculpidas . Por isso, 1 be terminanteme nte produ r.ir uma imagem com a finalid ade ele ado rá-la, ·0 111 0 se fosse um deus. Isto s cxp l i ·a porque, naque la época, o isracl itas ·sta va m cercados por nações pagã idó latras (o u seja, que acred itavam serem deuses as estátuas, ou dotadas de propriedades cl ivinas; por isso, as adoravam) , e e ram tendentes a imitá-las. M as quando se trata de algo bom, que seja um símbolo cio poder e da bondade cio Criador, E le mesmo ordena a confecção de image ns. Há vários trechos cio Livro III cios Re is, nos quais Sa lo mão, ao edificar o Templo de Jerusalém, por ordem expressa de Deus, co locou image ns que servi am de adorno e instrução ao povo (ver III Re is 6, 23-32; 7, 25-30). Assim sendo, é louvável a atitude cios fi éis quando mandam faze r ou rezam an-

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te uma image m de Nossa Senhora. Tal im age m é uma re presentação que nos ajuda a lemb rar-nos dEla, amá-La e invocá-La. O mes mo se pa ssa quan lo guardamos uma pintu ra, fotog ra fi a ou escultura de nossos pai s o u parentes. Temos gosto e m vê-l as, recordando as pessoas. Acusar alguém de "adorar" uma fotografi a de sua mãe, só porque a osculou , seri a agir ele modo protuberante contra o bom senso. O mesmo acontece com uma imagem de madeira ou gesso representando Nossa Senhora.

Imagens para quê? Toda imagem é uma representação ou símbo lo. Na mesma Bíblia encontramos símbolos que nos ajuda m a entender o próprio Deus. Por exempl o, o Profeta Daniel refere-se ao anci ão cheio ele dias, para fazer e ntender a eternidade ele Deu s. Lemos em Daniel (7, 9- 10): "Estava eu atento ao que via, até que.foram postos uns tronos, e o ancião dos (m.ui ·tos) dias sentou-se; e o seu vestido era branco com.o a neve, e os cabelos de sua cabeça como a pura lã; o seu trono era de chamas de.fogo, e as rodas deste trono de fogo ardente " . qui sé, sem s im a inar como Deus , pocl ríamos reprcs ntá-Lo ap roveitando ssa image m 1 scri ta p lo próprio profeta. De modo s mc lh antc pode-se ag ir e m relação a Nossa enhora. Faríamos uma imagem que nos auxili asse a imaginar uma pessoa bondosa, doce, santa, puríss ima etc. Não é ·e m razão que a grande maioria das imagens ele Nossa Senhora representam- na enqu anto mãe, levando nos braços o M nin Jes us, e ass im lembramonos mai s l'a ·ilmcntc de que Ela é tamb 111 Mfi · nossa.

O católico não adora Nossa Senhora, mas presta-lhe um culto especial O cató li co adora so m •111 • n 1 ·us. Todos os tipos ele cult os 1u ' pod •111 ·x istir estão infinitame nte abaixo da adornção (latria ), devida úni ca e exc lu sivame nte a Deus. A Jesus C ri to , 1 or s ·r verdadeiro Deus e verdade iro hom m, tributa-se o culto de adoração. Assim , os Reis M agos O adoraram. Aos santos devemos simpl es mc nl veneração (dulia ), pe la alta virtude ele

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que deram provas. Dentre os santos, considera-se geralmente São José como sendo o prime iro deles, pela excelênc ia de suas virtudes e pelo fato insigne ele ser o Pai adotivo ele Nosso Senhor Jesus Cristo o Esposo castíss imo da Virgem Santíss im a. Assim , a veneração (dulia ) que se presta a e le como sendo o primeiro (proto ); ele onde o culto a São José ser des ignado de protodulia . A Nos a Senhora presta mos um c ulto diferente - ac ima dos santos, embora, ev ide ntemente, abaixo ele De us que vai além (hiper) ela clulia, por isso chamado na Teologia de hiperdulia . O,u seja, é a própria veneração, mas e levada a um grau tão excelso, que fo rma um culto à parte, úni co e ad mirável. Tal cul to a Nossa Senhora é supe rior à espec ial veneração que se eleve a São José e está incomensuravelmente (não infinitamente) acima ela veneração aos de mais santos . Isso devido ao fato de E la ser a M ãe ele De us, e também por sua exce lsa santidade, que sobre puj a ime nsamente a de todos os anjos e sa ntos, a ponto ele ter s id o c hamada pe lo A rcanj o Ga brie l, emba ixado r do De us altíss im o, "cheia de graça" (Lc 1, 28).

Não é um exagero haver diversas imagens da Virgem Santíssima? Todos conhecemos mães que possuem nume rosas fotografias de seus filhos, mesmo que estes habite m na mesma casa e elas os vejam di ari ame nte . A razão disso sa lta aos o lhos: elas apenas desejam ter algo junto a si que sempre lhes recorde seus entes amados . É apenas um a das man ifestações cio amor mate rno. Por que e ntão um católico não pode ter vári as im·~gcns ou representaçõe de Nossa nh ora c m s ua ca. a ? Ass im ·orn o a mft ap rec ia as fotogra fia s de seus l"ilhos quando meninos, quando se formaram , se asaram etc, ass im tamb 111 n6s, ·ató licos, entimos prazer em r •I ·rnbrar as diversas graças e virtudes d· Mari ·1Santíssima, e nos rej ubil amos ·m r pr sentá-La como M ãe, R ainha, A ux il iadora, Consoladora, Imacul ada ct . Nada há de exagerado nessa atitude, apenas uma fo rma de externar nosso li lial a mor. ♦

O Inferno sp.iritual

Já abord arn os os tern as da M orte, do Juízo e do Paraíso Ce leste. Tratarern os hoje do terce iro dos Novíss irnos, isto é, o In fern o. H á vári os ângul os sob os qu ais se pode anali sa r o Infern o. Esco lhernos urna penetrante análise desse lu gar de torrn ento, para onde vão as alrn as daq ueles que rn o rrerarn na inirni za de de D eus, ex traíd a d a renorn ada ob ra Preparação para a morte, de Santo Afon so M ari a de Li góri o.

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" Diz São Boaventura que o corons icle remos a pe na cios po ele um condenado, se acaso fosse sentidos. É de fé que ex isatirado à Terra, bastaria com sua in~ te o inferno . E no centro fecção para fazer morrer todos os hoda Terra se acha esta hormens. E ainda há insensatos que se rível prisão destinada a punir os que atrevem a di zer: 'Se for para o infe rse revo ltara m co ntra Deu s. no, não me hei de achar só !' lnfeli" O que é o infe rn o? Um lugar zes ! Quantos mai s lá encontrarem, de torme ntos (Lc 16, 28), como lhe tanto mai s sofrerão, como assegura chama o mau rico que a e le fo i conSão Tomás. Tanto mais se sofrerá, den ado : lu gar de tormen tos, onde digo eu, por causa da infecção, cios todos os sentidos e todas as facul gritos e cio aperto, porque os réprodades cio condenado devem ter o bos estarão no infe rno tão juntos uns se u to rm e nto próprio, e quanto dos outro , como rebanho de ovelhas ma is se tiver ofe ndido a Deus com encerradas no curral durante a temalgum cios sentidos, tanto mai s terá pestade; ou, para melhor di zer, sea sofrer este mes mo sentido. rão como uvas esmagadas no laga r "A vi sta será ato rme ntada peela cólera de Deus. las trevas. De qu a nta co mpaixão "Daí nasce o suplíci o ela imonos possuiría mos se soubéssemos bi I idade: Fiant inunobiles qu.asi a qu e ex isti a um in fe li z e ncerrado lapis (Exod. 15 , 16). Pela maneira e m esc uro cárcere por toda a vici a, como o condenado ca ir no infe rno o u p o r qu a re nta o u cinqü e nta no último di a, dessa mane ira viveanos! O inferno é um abi s mo ferá ali constrang iclamente, sem nunchado de toda a parte, onde nun ca ca mudar de situ ação, e sem nunca pe netrará ra io ele sol o u ele qualO Juízo Final (detalhe) - Fra Angélico (séc. XV) - Museu de São Marcos, Florença poder mexer pés ne m mãos enquer o utra .lu z. Nes te mund o o qu anto Deus fo r Deus. fo go ilumina; no inferno, deix ará "O ouvido será continu amente atormentado pelos rug iele ser luminoso. dos e que ixas desses infe li zes deses perados. A este barulho "Segundo São Basílio, o Senhor separará cio fogo a luz, de contínuo acresce ntarão sem cessar os demônios ruídos pavotal sorte que este fogo arderá sem iluminar, o que Alberto o rosos. Quando deseja mos dormir, é co m o maior desespero Grande exprime mai s brevemente nestes termos: "Dividet a que ouvimos o lastimar contínuo de um doe nte, o ladra r de ccilore splendorem" !separou cio calor a luz]. O fumo que sa ir um cão ou o choro de uma c ri ança. Qual não será o tormento dessa fornalha fo rmará o dilúvi o de trevas ele que fa la São cios co nde nados obri gados a ouvir incessantemente, durante Judas [Tadeu], e que afli girá os olhos dos condenados. São toda a ete rnidade, esses ruídos e cla mo res in suportáve is ' Tomás diz que os condenados só terão a lu z suficiente para • "Pelo que diz respeito ao gosto, sofrer-se-á fome e sede . serem mais atormentados; a esta sini stra cl aridade, verão o O condenado sentirá uma fo me devoradora, mas nunca terá estado horrendo cios outros réprobo e dos demônios, que tonem uma só mi ga lha ele pão . Além di sso, será atorme ntado marão diversas formas para lhes ca u are m mais horro r. de tal sede que nem todas as ág uas cio mundo bastariam para "O olfato terá també m o seu suplíc io. Q uanto não sofrelha apagar. Apesar desta terrível sede, não te rá um a só gota . ríamos se nos metêssemos num q uarto o nde jazesse um caO mau rico pediu -a, mas nunca a obteve e não a obterá nundáver em putrefação ! O conde nado deve fi car no me io de ca, nunca !" milhões e milhões ele condenados, cheios de vicia com re lação às pe nas que sofrem, mas verdadeiros caclávere enquanto (Preparação para a Morte, Pa rceri a Antônio Maria Pereira, Livraria Editora, Lisboa, 5ª. edição, 1922, pp. 224 e ss.). ao mau che iro que exalam.

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Palavra do d Saceri ote

é no rma lme nte invi síve l s imbo li zava para e les o espíri to. A própria Sagrada Escritura, ao na rrar a mo rte de Nosso Senhor Jesus C ri sto, se acomoda a essa ling uagem, dizendo: "E Jesus, claman-

do ou/ra vez com voz forte, emisit spiritum ", is to é , "emitiu [ex pe liu , la nçou fora de si] o espírito " (Mt 27, 50). Atentos ao significado último da expressão, os a utores costuma m traduzi-la por "entregou" o u "rendeu o espírito". Despediu-se do Corpo a sua Alma Santíss ima.

A alma humana é imortal Pergunta Qual a relação entre alma e espírito? Temos alma e espírito ou a alma é o espírito?

A alma é que dá vicia ao corpo. A palavra alma vem cio latim animam, porque é e la que anima o corpo. E ass im, quando e la abando na o corpo, este fica inanimado,

Resposta Q uem p r un ta provavelme nte r fere- e à arta le São Paulo ao. ll eb r us, o n 1~ di z o Apóstolo q u 'a pala -

vra de Deus é viva e mais penetrante do que toda espada de dois gumes; chega até a separação da alma e do espírito" (Hb. 4, 12). O ho me m é um ser composto de corpo e alma, e portanto é ao mesmo tempo um ser materi al e es piritu a l. N es te se ntido , quando se fa la de espírito do homem , esta mos querendo nos referir à sua alma. E portanto, nesta ace pção, alma e espírito são uma só e mes ma coisa. Quando um ho mem mo rre, se diz que e le expirou. Esta pa lavra vem cio fato ele que, ao morre r, o último a r que restava nos pulmões é ex pelido. Os a ntigos viam ni sso o s inal de que o es pírito cio homem o aba nd o nava nesse momento, porque o a r - que

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isto é, desfalec ido, morto . As coisas ina nimadas são as que não têm a lma. O s vegetais, que também tê m vicia, têm uma alma vegetativa (que faz as plantas vive re m e crescere m). Os animais , por s ua vez, tê m uma alma sens itiva (ma is pe rfeita que a vegetativa, po is os animais têm ademai s uma sensibilidade física). Mas ta nto a alma vegetativa quanto a sens itiva são puramente corpó reas e materiais, e po rtanto pe recíveis. N ão são espiritu a is . C hamam-se princípios vitais. Ao contrário dos vegetais e dos animais, a alma humana é uma substância espirituO Apóstolo São Paulo afirma que a palavra de Deus "chega até a separação da alma e do espírito". São Paulo - Autor desconhecido (séc. XIX) - Igreja de São Francisco, Bogotá (Colômbia)

ai, daí o ser chamada também espíri to . M a s e la ass um e ig ualmente o governo das funçõe vegetativas e sensitivas cio ho me m. o ntuclo, transcende essas fun çõe · merame nte corpóreas, porque ao mesmo tempo ela é racional, isto é, dotada de inte li gê ncia e vontade. Acrescente-se a sensibilidade espiritual, mediante a fantasia e a me móri a. Por ser espiritu al, a alma do homem é imortal: tem começo, mas não te rá fim . Ela é criada por Deus no insta nte mes mo e m que é infundida no corpo gerado pelos pais; po ré m, depois ela dissolução cio corpo, a alma não cessa de exi stir. E la se separa do corpo, é julgada (Juízo particula r) e fica ag ua rel a nd o no Céu, no Infe rno o u no Purgató rio a ressurre ição deste, no fim dos temp s. A ress urre ição dos corpos é o q ue professa mo no reclo quando di zemos "cr io na ressurreição ela ca rne". ( Para nos ajudar a c re r n 'ssa r 'ss urr ição geral que s' d11 r6 no 11111 ci os te mpos, 1) ·us 1' lll produ zido, ao 101110 da l li sl ri a, diversas ressurr •içõcs individuais, por int ·r ·essão ele seus santos. É o ·aso, por exemplo, do filho da viúva ress usc itado pelas o raçõe s cio Profeta E lia s. Ta mbé m nos te mpos mode rnos vários santos obtiveram ress ur reições po r meio de suas orações, como é o caso ele Santa M a ri a na de Jes us (séc . XVII; cfr. "Cato li c ismo", maio/200 l ), São Francisco Xavier (séc. XVI), São João Bosco (séc. XIX) e muitos o utros}.

Pergunta A ntigamente, "Che" Guevara e Marighella eram considerados revolucioná-

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rios, inimigos da Igreja. Agora, aqui na secretaria da nossa paróquia, foram colocados os quadros desses dois personagens, em destaque. Gostaria de um esclarecimento do Sr. sobre isso. 1

Resposta Evidentemente, a co locação e m destaque cios quadros de "Che" Guevara e M arighella na secretaria ele uma paróqui a católica te m o sig nificado que o consulente be m intuiu: e les não seri a m m ais cons iderados como inimi gos da Ig rej a. Di ga-se desde logo que,

aos olhos dos que introduziram esses quatlros , o fato de

os dois personagens sere m revolucionários não é um mal, mas um be m. Poi s, para eles, o verdadeiro cri stão eleve ser um revoluc io ná rio, e não um conformado co m a s itu ação atua l; e muito menos algué m que ad mire a g lórias anti gas ela Cri standade. Portanto, eles

foram entronizados na secretaria da paróquia exatamente por serem revolucionários, e ainda que não tenham professado a Fé cristã, eles teriam sido - segundo essas pessoas que os entronizaram - projimda e fundamentalm e nte cristãos! ... Para essas pessoas, maus católicos seríamos nós, propug nadores ela do utrin a tradicional ela Igreja.

O marxismo instiga a luta de classes Procuremos e ntende r essa fenomenal inve rsão de conceitos. Segundo o co muni sta Karl Marx e seu sequazes teó ri cos o u práticos, vivemos hoje numa soc iedade fundame ntal me nte dividida em A doutrina comunista, propugnada por Karl Marx (foto abaixo), é víscera/mente atéia, tendo sido diversas vezes condenada pela Igreja.

Marighella, marxist,1 brasileiro que praticou atentados terroristas (foto acima) e "Che" Guevara ainda encontram simpatia em certos ambientes católicos do Pais, de cunho esquerdista.

duas parce las: a cios que possue m be ns, ele um lado; e os despojados ele be ns, cio o utro lado. O meca ni smo soc ia l e eco nô mi co que leva a essa divi são de bens é profundame nte viciado, pois a lg un s (poucos) se apodera m ilegitimamente de uma quantidade maio r ele bens cio que lhes se ri a necess,'í ri o, de forma que não sobra para os o utros (a gra nde 111aio ria), os qu ais vivem nu111a s ituação de mi séria indi g na e injusta. Levados, poi s, por esse meca ni smo social vi c iado, os poucos possuidores de muitos bens consti tuíra m - às vezes até sem terem pl ena consc iê nc ia di sso - uma sociedade que o prime os me nos afortunad os. Logo, e les tornam -se opressores ele seus irmãos, po rque estão num a soc iedade que ele si mes ma é opressora. Naturalme nte, o quadro se agrava quando eles se a pega m desorde nada me nte a esses be ns possuídos e m excesso, e se recusam a partilha r com os clesposs uíclos aquil o que lhes é supérflu o. O resul tado é que, consc ie nte me nte o u n ão - dizem e les criou-se uma soc iedade e m que impe ra um a injustiça institucionalizada , contra a qual não só é u111 direito, mas um dever lutar. Portanto, seg undo essa falsa concepção, elevemos ser todos revoluc io nários, para restabe lecer a justiça no mundo ...

A Teologia da Libertação desfigura a doutrina católica • O marxismo é visceralmente ate u, e e nquanto tal, bem como e m seus princípios a ntinaturais, fo i dive rsas vezes conde nado pela Jg reja . A mais célebre dessas condenações foi a ele Pio XI, na e ncícl icaDivini Redemptoris,

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ele 19 ele março de 1937, sobre o comunismo ateu. A ins istênc ia com que a Igreja se viu obrigada a sa li entar ocaráter ate u elas do utrinas comuni sta s o bnubilou e m a lg uns católicos mal o rie ntados a oposição e m que o ma rxismo se colocava também contra os princípios ele Direito natural refere ntes à família e à pro priedade. Daí excogitare m eles um comuni smo niío ateu, isto é, um comunis1110 que não re negasse ofic ia lme nte a Deus, mas se opusesse aos referidos princípios cio Direito natural (fa111ília e propriedade), confirmados pelos Manda me ntos cio Decá logo. Tal foi a obra da malfadada Teo log ia ela Libe rtação ! Assumindo totalme nte a visão ma rx ista el a soc iedade, segundo a qual vige uma situação de violência institucionalizada, como ac ima desc revemos, a Teologia ela Libertação tentou passar um verniz c ri stão nessa teori a. Segundo seus partidá rios, Jesus Cristo veio efetiva me nte libe rtar o ho me m cio pecado, poré m não cio pecado ori ginal, segundo e nsina a doutrina católica trad icional, e s im cio pecado social, que produz a tal violência instituc ionalizada, a qual po r sua vez gera a "l uta de classes" . Nessa concepção, Jesus Cristo te ri a sido o primeiro e o 111oclelo dos revolucionários. O ve rdade iro c ri stão deveri a poi s imitáLo .. ., ser um "guerrilheiro ". Assim fica fácil ele e nte nde r po r qu e os qu adros ele "Che" Guevara e Marig hella fora111 instalados na secretaria de uma pa róq ui a cató li ca. Dia nte dos esclarec i111e ntos acima, não seria te merári o dedu zir que os res pon sáveis por essa decisão são pa rtidários ela Teologia da Li♦ bertação.

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Em Cuba, oque rende... é a iniciativa privada

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om a moda de viajar à antiga

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Eutanásia na Holanda: Lei sinistra, pioneira no mundo

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Senado da Holanda aprovou, em 10 de abri l último, um projeto de l ei, j á referendado pelos deputados ho landeses em novembro de 2000, que legaliza a eutanásia sob certas cond ições. O referido país fo i o primeiro do mundo a autori zar oficialmente essa prática gravemente contrária à moral católica, a qual deverá entrar em vigor na segu nda metade do corrente ano. Os menores entre 12 e 16 ano terão a possibiliclacle ele recorrer à euta ná ia, clescle que haja o consen timento dos pai . Para os jovens de mai de I anos, tal con ·entimento não será necessári o. No exterior, houve críticas veementes à nova lei holandesa, em consonância com o Vaticano, que havia condenado a aprovação cio projeto em novembro cio ano passado, considerando-o um "triste início" ocor♦ rido nos Países Baixos.

vIsItar suas praias e museus, ou observar seus "êxitos econômicos", uma nova classe está lucrando naquele país. É a dos conta-propistas, ou cubanos que trabalham por conta própria. Alugando quartos a turistas, conseguem ganhar muito mais do que trabalhando para o governo com unista. I sso só se tornou possível porque, há sete anos, Ficlel Castro, diante do fracasso de seu regime, abriu novas opo1tuniclacles para pessoas trabalharem por conta própria. Vivem estas à margem da econom ia cubana, e mui tas afirmam sofrer pressões e embaraços por parte das autoridade . Dono de re. taurantes particulare , por exemplo, ai ga m que sã muitas vezes obri aclos pelos funci onários governam 11t·1is a fechar a portas, para não fazer c ncorrência com o restaurantes estatais . O sa lári o comum na ilha-prisão é extremamente baixo. Um con.tapropista, que alu ga dois quartos para turistas, revelou que chega a obter uma renda anual de 3 mil dól ares, o que representa 20 vezes mais do que costum ava ganhar como geólogo em repartição gover♦ namental.

Cadeia: um grande negócio?

Suécia, que atualmente ocupa a presidência da União Européia, lançou uma campanha expondo seu programa social, que incentiva as mulheres a terem mais filhos , e o apresentou aos outros 14 Estados integrantes. Tal campanha representa uma ceita reação contra a prática de limitação da natalidade no continente eu ropeu. Para cada novo bebê, os pais ganham 100 dólares por mês, até que ele complete l 8 anos. E a partir do terceiro filho o valor aumenta proporcionalmente. A ONU , em recente publicação intitulada Perspectivas da População Mundial - Revisão 2000, re-

velou uma combinação assustadora ele duas catástrofes para os países europeus: envelhecimento da população e queda na taxa ele fecundidade. No ritmo em que esse duplo e desolador fenômeno tem-se apresentado no cenário europeu, as tradicionais famílias italianas e espanholas, com mesas de almoço repletas de filhos, serão lembradas apenas em filmes. Até 2050, Itália e Espa nha sofrerão - como conseqüência trágica da limitação ela natalidade - redução populacional ele 25% e 21 % re pectivamente, os ín♦ dices mais altos ela UE.

Cel. PM José Vi cente da Silva, do Instituto Fernand Braudel, fez uma declaração muito pertinente a respeito da atual situação carcerária do País: "Mediante a 'falsa ' impressão de que concedendo consegue-se ter o controle da situação, o governo começou permitindo a visita íntima e hoje tolera celular e drogas. Os presos exploram lojas para venda de comida, cigarros e mercadorias. Nas celas há TV, rádio e som. Parece que, para muitos, cumprir pena não é um sofrimento, mas um grande negócio. Cadeia é cas♦ tigo e não colônia de férias ".

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Excomunhão para guerrilheiros Um grupo de guerrilheiros colombianos das FARC, ao atacar a localidade de Almaguer, em 31 de março último, destruiu com uma carga de dinamite o altar da igreja, juntamente com o Sacrário e as Hóstias consagradas que ali se encontravam . Destruíram também a casa paroquial , anexa à igreja, para melhor atingir um quartel de polícia próximo. O Arcebispo da Arquidiocese colombiana de Popayán , D. lván Antonio Marín López , excomungou oficialmente o mencionado grupo. Guerrilheiros comunistas cometem atrocidades na Colômbia. Ao menos lá existe um Arcebispo católico que os excomunga. O que se faz no Brasil contra o MST, que invade impunemente o alheio, saqueia e mata, e se mostra ligado às FARC colombianas? _J

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Bispos escoceses condenam pílula abortiva Ante a deliberação do governo inglês de permitir a venda da chamada pílula do dia seguinte a mulheres maiores de 16 anos, sem necessidade de prescrição médica, os Bispos da Escócia condenaram essa iniciativa, explicando que sua posição "se baseia não simplesmente no repúdio aos métodos anticonceptivos, mas também em nossa radical oposição ao aborto". É sabido que a pílula do dia seguinte pode levar à morte do embrião, mesmo ainda não implantado, causando um aborto induzido quimicamente. É digna de elogio a atitude desses Prelados, opondose decididamente a medidas governamentais que atentam contra a moral católica . _J

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epo is ele ouvir um categórico não por parte dos d inamarqueses , a Uni ão Européia (UE) recebeu a mesma resposta do pacato povo suíço. A grande maioria dos suíços (77,5%) manifestou-se contra o início de negociações para o ingre so do país na União Européia. Até nos cantões franceses , tradicionalmente europeístas, venceu o não. Interpretando o resultado do referendo, o governo suíço declarou que não se trata de recusa a uma fu-

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BREVES RELIGIOSAS

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UE derrotada agora na Suíça

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tura adesão. E a oposição considerou a votação apressada, por entender que "o povo não está preparado

para esse passo". Pelo visto, tanto o governo quanto a oposição não perceberam que o povo suíço é mais esperto do que eles imaginam. Os suíços sabem que, ingressando na Comunidade Européia, a soberania de seu país sofrerá rude golpe. E também estão cientes ele que terão que se submeter a leis cada vez mais absurdas, as quais já estão sufocando os países que aderiram à UE. ♦

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esde o momento cm qu e o pri meiro hom em co ntempl ou as estrelas, até hoje, a prorusão telas tem sugerido muitas cogitações . D entre estas, em muitos espíritos afl orou a seguinte indagação: nós, seres racionai s, estaremos sós no Universo Sideral? Por um lado, parece difícil imag inarm o- nos sós, quando sabemos que as numerosíssimas estrelas visívei s a olho nu são apenas parcela ínfima das incon táveis ga láx ias com bilhões de estrelas. Por outro lado, de quando em quando são difundidas novas descobertas que sugerem hipóteses sobre a ex istência de outros sistemas solares com pl anetas, se não com vida igual, ao menos semelhante à da Terra. N ão seri a uma pretensão descabida nos imaginarmos os únicos habitantes vivos dotados ele inteli gência e vontade, no Universo Sideral ?

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Pul'O ilu stl'ilr u111u 1•1HI · 11 ·i:1 1 •11 ·1·11 li zadu •111 · ·rios 111eios ·i ·11t íli ·os 11tunis, tom ' lllOS :i s • 1 ui 111 · 11 01 ·iu : l ' lm w /(1 ,\'

todo u golrixia queimam grandes quemtidades de f erro, um indício da presen('ll de plane/as rochosos como a Terra".

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/\ crcscenta o coord enador do estud o, Norman Murray: "É mais uma indica-

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·stad od • S. 11:1 111 0", 1-M-0 I). N ela se afirma : 1. A strônomos dn Univ ·rsidadc ele Toronto , c m r uni ao da /\ ssoc iação Americana I ara o /\ va nço da iência, em ão Fran ·is ·o , 1111unc iaram que

láxia ("

"mais da 111etode da s 100 bilhões de estrelas da Via V ícrea podem ser orbitadas por plane/0 .1· de /a111anho súnilar ao da Terra " . 2. ls o ''.f'a vorece a tese de que pode haver vida ab1111da111e em outros sistem.as planetários ". Porque, tendo os cienti sta ca nadenses estudado a luz em itida por e trela · seme lhantes ao Sol,

"concluírarn que pelo menos metade delas - e possivelmente até 90% - em

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ção de que a vida pode ser comum. na nossa galáxia" (os destaques nesta e nas dema is citações são nossos). 3. Um dado concreto que pareceri a confirmar essa tese: "A equipe anali-

sou a luz de 640 estrelas e encontrou evidências de queima de f erro em 466 delas. Os resultados.foram então extrapolados para abranger toda a galáxia ". Como se sabe que para haver vicia é necessário ág ua, a notíc ia prossegue:

"Um outro grupo de cientistas anunciou ter encontrado moléculas de carbono e grandes quantidades de vapor d 'água - dois dos principais ingredientes para a vida - próximo de reg iões de.forma-

ção de estrelas. 'Isso .fortalece bastante a possibilidade de existir vida além do nosso sistema', disse o pesquisador Martin Kessle1; da Agência Espacial Européia".

com potencial para abrigar a vida", ainda que "apenas 1% das estrelas da Via Láctea tiver planetas rochosos à sua volta" (OESP, ib. ). Que crecl ibiliclacle

Vida banal em toda nossa galáxia?

Obras científicas contracorrente: silêncio da mídia

Quer di zer, ela Ca lifórni a à Europa a com unidade científi ca pareceria afirmar que a vida poderia ser al go recorrente em toda a nossa ga láx ia e, portanto, banal. Eq uivocar-se-iam, pois, os que pensam que nosso mundo tenha algo de espec ial e único. N ós, na rea lidade, seríamos como ervas que brotam em qual quer lu gar, suj eitos à extinção ou a " nascer" por impacto ele asteróides ou cometas, como certos cienti stas acred itam ser o modo como se ori ginou a vida em nosso pl aneta. A notícia não nega uma divindade criad ora nem uma Providência divina. Ela ignora inteiramente a questão. E se a rea lidade for como a descrita, a grandeza do drama que se desenrola sobre a Terra, ele um a humanidade cri ada para glorifi ca r a D eus, decaída pelo pecado ele nossos primeiros pai s e red imida por N osso Senhor Jesus Cri sto, pareceria enormemente redu zid a. Essa impressão se forma , ainda que difu sa mente, em quem lê notíci as simil ares à citada. Desfazer impressões difusas é extremamente árd uo. Co ntribu em para isso múltipl os fato res, um cios quais convém analisar: o triunfo da ciência sobre a "ignorância". Essa impostação pod eri a . er red uzida a uma regra el e três: ass im co mo, no passado, as teori as ele Copérnico e Ga lil eu "venceram" a ignorância e eles ri zeram o mito de que a Terra era o centro cio Universo, também ago ra, quem não co ncorda co m a vi suali zação sugerida pelas descobertas c ientíficas atuais arrisca-se a ter, no futuro , ele reco nhecer seu err pedir perd ão ... Consideremos, porém, a citada notícia : ex iste alguma prova apresentada em favor da tese de que há vida abun dante no Universo? Nenhuma. N a realidade, os cienti stas em questão base iam-se em indícios e extrapolações para chegar à conc lusão (apressada) ele que ex istiriam "bilhões desistem.as solares

Há algo ele novo nos próprios meios científicos - dentre os mais qualificados - e que abala as "certezas " midiáticas. Como era previsível , esses novos estudos e publicações têm pouca ou nenhuma repercussão junto à mídi a brasileira. Esta, ele modo espec ial, só tem

dar a isso? É o que veremos a seguir.

"olhos" para aquilo que ela quer ver. E vendo, silencia fatos que lhe são desfavoráveis, apresentando apenas o que lhe convém . Não fosse assi m, já teríamos repercussões a propósito cio que ocorre nos meios científicos e ed itoriais dos Estados Unidos e da Europa - conforme noticiamos em artigo anterior sobre evo luci onismo e criacionismo (cfr. Catolicismo, nº 596, agosto de 2000) - , onde um número crescente de cientistas vem publicando estudos, livros e artigos contestando dogmas evolucionistas. Recentemente veio a lume um livro que trata exatamente desse tema: Rare

A Lua e suas fases: "A Terra é o único planeta com uma lua de tamanho considerável quando comparada com o planeta que ela orbita".

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me registram os autores de Sós no Universo, dois astrônomos, Frank Drake e Carl Sagan, no · ano 70, já levantavam essa mesma hipótese, e iam além: a vida inte ligente deveria ser com um e difundida por toda a galáxia. "Carl Sagan estimou, em 1974, que um milhão de civilizações poderiam existir apenas em nossa Via Láctea. Dado que nossa galáxia é uma em centenas de bilhões de galáxias no Universo, o número de vida inteligente de espécies diversas seria enorme" (p. XIV). " Isso é crível ?" - perguntam os autores de Sós no Universo. A equação de Drake, prosseguem, "supõe que uma vez que a vida exista num planeta, ela e volui cada vez mais rumo a maior complexidade, culminando, em muitos planetas, no desenvolvimento da cultura " (p. XIV). Mais uma vez, mera suposição!

Características indispensáveis para a vida: especialíssimas no Universo

Earth: Why Complex Life Is Uncommon in the Universe (Sós no Un iverso: Por que a vida comp lexa é inc mum no Un iverso), 333 pp., pub licado p la editora Copernicus, em 2000. s autores são dois cienti tas norte-america nos, Pc1cr D. Ward e Donald Brown lee, amb s prof°'ssores ela Un iversidade cio Estado d Washington, em Seattle. O pa leontó logo Ward é professor de Ciênc ias Geológ icas e especialista em extinções maciças. Brownlee é professor de Astronom ia, e lidera a missão Stardust (Poeira de Estrelas) da NASA, e é especiali zado no estudo das origens de sistemas solares, de cometas e meteoritos. É membro da Academia Nacional de Ciências. O enfoque adotado pelos professores Ward e Brow nlee é mui to origi nal. Convencidos de que a vida no Universo é menos disseminada do que se supõe, reso lveram exp licar o po rquê . Com franqueza adm item: " Não podemos provar" que a vida ani ma l seja rara no Universo. "Prova é algo raro em ciência. Nossos argumentos são post hoc, no seguinte sentido: examinamos a história t rrestre e procuram.os chegar a 14

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generalizações a partir daquilo que vimos aqui" (op. cit. p. IX).

Contraponto à mediocrização da Terra (e do homem) E prosse u m: " Nós ma11 ifestr1111os 11111a posiçrio 11111ito po11co odollldCI, 1110s cor/({ ve z 11 /(/is ru·<1 itr111or 11111 i10s o.,·tm bió logos. For11111 lt1111 0.1· 111110 /1 ip1ítese zero já ·, às r11ido.1·C1.1· c1/im1Ct('rie.1·, q11er por parte de m11ito.1· ·ie11ti.1·tr,.1·co11t0 p , fa mídia, de que a vida - .... quer de alta ou baixa inteligência - está por a{, ou mesmo que anirnais simples como vermes sejam .freqüentes por toda parte. Talvez, apesar da s incontáveis estrelas, nós sejamos os únicos animais ou, pelo menos, estamos entre os poucos escolhidos. Aquilo que tem sido qualificado de Princípio de Mediocridade - a idéia de que a Terra é apenas uma entre m iríades de mundos semelhantes que contêm vida - merece um contraponto. D IÍ a razão do nosso livro" (pp. IX-X). A notícia que citamos acima apresenta como novidade as estimativa ele que bi lhões de estrelas em nos a ga láxia teriam planetas. Entretanto, confor-

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Os professores Ward e Brow nlee ao longo do li vro enumeram características próprias ao nosso sistema olar e planetário, bem como da pr pri a Terra, favoráveis ao surgimento e manutenção da vicia , e qu e d ifi cilmente se rep tiriam no Uni verso. D ntre essas cara I rfsli ' as , d 'S la am : "Nosso pla11 eto te111 11111 tr1111a11lw adequado, urna co111110.1·içrio q11 f111ica e uma distância do So l ('()11 ve11ie11te para pernútir o surgi111e11to do vicio " (p. XXII), bem como a quantitl a I ' de água em es tado líquid . Ap ' nas um clcla lh e: se a Terra estiv 'S~' 5 ¾ mais próx ima do Sol, "conti1111r1111e111 ' teria o 'e.feito estufa '" e o horn ' m não poderia sobreviver; e se es1iv 'SS' 15% ma is di stante, "continua111 ,111e teria g laciação" e, igua lmente, o homem não suportaria. "Ambos os já tores são considerados irreversíveis " (pp. 18- 19). A órbita da terra está , portanto, no ponto exato para a vida hu mana.

Júpiter, como pára-raios, protege a Terra dos impactos siderais " Outro fator que claramente está envolvido no surgimento e na manulen-

ção de .formas de vida superiores na Terra é a raridade relativa de impactos de asteróides e cometas . .... O que controla este baixo índice de impactos ? A quanlidade de material deixado num sistema planetário após sua forma ção pode influenciar nesse índice: quanto mais cometas e asteróides há entre as órbitas dos planetas, maior é o número de impactos e há mais chance de extinções maciças devido a eles. Mas não só isto. Os tipos de planetas num sistema podern também afetar o número de impactos, e assim desempenhar um papel inapreciável na evolução e manutenção dos animais. No caso da Terra, há sinais de que o gigante planeta Júpiter atua como um 'pára-raios de cometas e asteróides' . .... Assim ele redu ziu a .fi·eqüência de extinções maciças, e talvez seja esta uma razão especial de por que foi possível surgir e manter-se em nosso plane ta formas superiores de vida. Qual a.fi·eqüência de planeias do tamanho de Júpiter ?" (p. XXU) .

Terra mostraram que os pólos do planeta são cobertos com gelo. O planeta está ,nuito próximo do Sol, mas visto dos pólos, o Sol está sempre no horizonte. Contrastando com Mercúrio , que não tem inclinação, o planeta Urano possui uma inclinação de 90 graus, e um dos pólos está exposto por rneio ano fano de Urano = 84,01 anos da Terra] de luz solar, enquanto que o outro lado experimenta uma temperatura baixíssima" (pp. 223- 224).

Localização periférica na galáxia possibilita a vida na Terra "Talvez até a localização de um. planeia numa região particular de uma galáx ia desempenhe um importante papel. No centro das galáxias, cheio de estrelas, a.fi·eqüência de supernovas * e a proxúnidade entre as estrelas podem

ser muito elevadas, a ponto de não permitir as condições estáveis e longas que são aparentemente requeridas para o desenvolvimento da vida animal. As regiões mais qfastadas das galáxias podem. ter uma baixa percentagem de elementos pesados necessários para a construçâo de planetas montanhosos e de combustível radioativo para aquecer o interior dos planetas . .... Até a massa de uma galáxia em particular pode afetar as chances do desenvolvimento de vidas complexas, uma vez que o tamanho da galáxia é correlato com seu conteúdo de metais. Algumas galáxias, então, podem ser muito mais fa voráveis do que outras ao surgirnenlo da vida e sua evolução. Nossa estrela e nosso sistema solar são anômalos, pelo alto conteúdo de metais. É possível que nossa própria galáxia seja incomum " (p. XXIII).

Tamanho grande da Lua: condições para as quatro estações Há outras caracterí ticas especiais no nosso sistema olar: "a Terra é o único planeta (excetuado Plutão) com uma lua de tamanho considerá vel quemdo comparada com o planeta que ela orbita " (p. XXIl). Com efeito, o nos ·o satéli te exerce uma infl uência crucia l na estab il ização da incl inação da Terra , mantendo-a num ângu lo que permite a exi stência das quatro estações . Como se sabe, a Terra po sui uma inclinação de aproximadamente 23 graus . Essa incl inação é conhec ida como "obli qüidade", e tem permanecido prati camente constante graças ao fato de nossa Lua ser grande, impedindo variações maiores na inc linação da Terra lev ido à força da gravidade de la. Para ilustrar a importânc ia desse fato , os autores observam: " O planeta Mercúrio forne ce um exemplo espeta cular do que pode ocorrer num planeta cujo eixo é quase perpendicular ao plano de sua ó rbita. Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, e a m.aior parte de sua superf[cie é infernalmente quente. Ma s imagens de radar da CATO L IC IS MO

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GRANDES PERSONAGENS Centro geométrico do Universo ou centralidade do homem? Os autores ele Sós no Universo comentam: "Desde que o astrônomo Ni-

colau Copérnico tirou-a do centro do Universo e a pôs numa órbita em torno do Sol, a Terra tem sido periodicamente trivializada. Saímos do centro do Universo para um planeta pequeno, orbitando uma pequena e indistinta estrela numa reg ião secundária da galáxia Via láctea - uma visualização formali zada pelo assim. chamado Princípio da Mediocridade, que sustenta não serm.os um planeta único com vida, mas um entre muitos. As estirnati vas para o número de outras civilizações inleligentes variam de nenhuma a 10 trilhões" (pp.

XXIII, XXIV). A "tri vialização " ela Terra tem como efeito, na cabeça ele muito , a diminuição ela importância cio próprio hom m, que não deveria mais ver-, e como um ser todo especial no Universo. Pelo contrário, ele deveria ter a humildade ele reconhecer que não está no centro ele todas as coisas, como pen ava. As im , ele bancada a Terra cio centro cio s istema solar, cairia a tese correlata ela centrali dade do homem no Universo. Trata-se, poré m, de um engano: as duas teses não são correlatas! Quando se pe nsava que a Terra estava no centro cio cosmos, era fáci I associar essa central idade de nosso planeta com a centra li dade el a posição cio homem. Mas, de fato, a centra lidade do home m na obra ela ria ão r s uita ele muitas outras con id raçõ s d toda o rei 111 , que nada tê m a ve r co m a posiç10 ela '~ rra no Uni ver o. A g ranel ',,a do hom ·m como único ser, sobre a face da 'l' ' rra , dotado de inteligê nci a raciona l e d' vontade, resulta da observação mai s co mezi nha de tudo quanto nos cerca, e sempre foi ev idente para todos os povos. Por isso, o mandado divino a nossos primeiros pais - "Crescei e multi-

plicai-vos, e enchei a Terra, e sujeitai-

ª, e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu, e sobre todos os animais que se movem sobre a Terra" (Gen. l , 28) - foi seguido com naturalidade por todas os povos, em todos os tempos . 16

C AT O L IC IS MO

Acontece que a C iência também dá cambalhotas - e quantas! - , e eis que agora vêm esses dois cientistas, c uj o livro estamos comentando, advertir-nos de que, se é verdade que a Terra não está no centro do U niverso, há uma quantidade muito grande de fatos, aceitos pela Ciência, que acenam ser e la um planeta abso lutamente incomum, possivelmente o único a oferecer cond ições para a vici a humana. Tudo se passaria, pois , como se Deus tivesse projetado um planeta único para possibilitar a ex istênc ia do homem. E, neste caso, a Terra, em certo sentido, voltaria a ocupar o centro do Unive rso, e o homem retomaria sua centralidade na obra da Criação, da qual procuraram desbancá-lo quatro sécul os de c iê ncia atéia. É o que dizem os professores Ward e Brown lee em seu livro: "Se for conside-

rada correta, entretanto, a hipótese de Sós no Universo, reverteremos essa tendência de descentralização. O que dizer

se a Terra, com sua carga de animais adiantados, f or virtualmente única neste quadrante da galáxia - o· planeta mais diverso num perímetro, digamos, de 10.000 anos-luz? O que dizer se ela for extremamente única - o único planeta com vida animal nesta galáxia e até no Universo visível, um bastião de animais num mar de mundos ú1festados de micróbios ?" (p. X.XIV).

Doutrina católica, vida extraterrestre e Redenção Os c ientistas, no primeiro capítulo do livro, admitem a pos sibilidade de ex istir vida em o utros planetas. Mas vida de mi cró bios, capazes de enfrentar condi ções extre mamente adversa , co mo as que xiste m em lugares alta111 ' Ili • inós1 it os da Terra . Estas l"ormas res , pod ' riam s ·r muito rr ·qO •111 'S , E, quanto~ ex ist ·n ·ia d · vida sup •rior l"oru da Te rra, a hip >t •s' dos autor ·s d ' molde a excluí-la. Mas, se porventura houve r vidu inteli gente além da nossa no Universo Sideral , como a doutrina cató li ca ex pli caria tal fato? Antes de mais nada, é preci o le mbrar que tanto a Encarnação do Ve rbo Divino quanto a Redenção repr ·e n-

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tam privilég ios para nós. Ass im, na hipótese - cada vez mais remota - de se comprovar a exi stência de vida fora da Terra, não fa ltariam lu zes do Espírito Santo à Igreja para exp li ca r, com verdade e objetivid ade, a nova situação co nh ecida e tudo quanto dela decorresse.

Desânimo de cientista: buscas infrutíferas ... Em e ntrev ista recente, o astrônomo acima c itado, Frank Drake, presidente do Instituto Seti (sig la em inglês para

Busca por inteligências extraterrestres), reconhece que essa procura de seres inteligentes pode levar um sécu lo. Em 40 anos, "as buscas ainda não captaram nem um 'oi' interplanetário" , destaca o entrev istador C láudio Ângelo. "Estou envergonhado. E mais cauteloso ", admite o astrônomo Drake. Perguntado sobre o livro Sós no Universo, Drake admite que "a questão é

quão .fi'eqüentemente a vida inteligente surge. Ward e Brownlee apresentam uma série de argumentos que dizem que isso pode ser raro". E persiste na sua bu sca: "A inda vai levar muitas décadas. Pode levar cem anos . .... Mas é tão importemte que vale a pena, porque os resultados finais seriam a coisa mais valiosa que já se viu" ("Folha de S. Paulo", 18-3-0l). Ele não explica por que pensa assim, mas percebe-se seu desconforto diante do fato de estar ficando cada vez mais claro que realmente há algo de especia l e único nesta Terra ... Quem diria que, depoi s de ter sido desbancada, há 400 anos, por Copérnico e Ga lileu, do centro "geométrico" do unive rso , a Te rra no vam e nte "se movimenta ", desta vez para reocupa r, aos olhos da pr6pria ciência, uma pos ição e nlra líssima , e ta lv z úni ca, para a ~x ist ' n ·ia da vida - sobretudo inteli 1 ' nt ' no ni v rso? ! (;; b · 111 o ·aso de di zer, co m Ga lil e u: " l ~'t11m1· si 111110v ' ..." rumo ao centro dos H ' O11I ' ' il11 ' IHOS!

*

S11pcr11ovns : A s estrelas, ao envelh ecerem,

qt• ·i1t111n1 lodo o seu hidrogênio e terminam por •n1rar cm co lap so. A lguma s ex plodem ·0111 uma rorça es pantosa, o qu e, co m 111ui1a probabilidade. esterili za ri a a v ida num raio de I a 30 anos- lu z.

Criado no Templo desde seus primeiros anos, esse grande Profeta governou o povo eleito como juiz - espécie de líder político, militar e religioso - até sua velhice, no século X a.C., quando instituiu a monarquia entre os israelitas a pedido destes. Homem superior, increpou o povo hebreu e seus governantes por suas defecções

u

Sacerdote, P tL e úftimo Juiz Israe(

lcana, homem do país de Efra im , na anti ga Palestina, naquele tempo eni que a polt gam1a era tolerada, tinha duas mulheres: Fenena e Ana. A primeira dera-lhe vários filhos, a segunda era estéril. Como soía acontecer nesses casos, a primeira de prezava e ridicularizava a segunda. Um dia esta, acabrunhada de dor, só chorava e não comia. O marido animou-a, dizendo: "Por

E

que se aflige teu coração? Porventura não sou eu melhor para ti do que dezfilhos?". Não. Poi s, para a mulher, a plenitude natural reside na maternidade. E para os israelitas daquele tempo a esteriI idade era considerada um opróbrio, pois impedia que ele sua descendê ncia nascesse o Prometido das Nações, o Messias. Por isso Ana prostrava-se di ante do Senhor, pedindo o fim daquele opróbrio, prometendo que o fruto de suas entranhas seria inteiramente consagrado a Deus. E foram ouvidas suas preces, po is e la deu à luz Samuel, que pouco depoi s de seu nascimento foi levado ao Templ o, fi cando sob a custód ia do Sumo Sacerdote Heli. Lame ntável figura a desse Heli , que se tornou um símbo lo ela pe rniciosa tolerânc ia pate rn a e m re lação à má conduta dos filhos. O s fi lhos de Heli praticavam no Templo toda sorte de desordens, abom inações e sacril égios. O pai, já velho, a lertado por um ho me m de De us, limito u-se a re preendê-los co m

palavras brandas e estéreis. Portanto, inútei s. Enquanto isso, o povo de Israel e ntregava-se freqüente mente ao c ulto dos ídolos, abandonando ass im as práticas re li g iosas que Deus lhe e nsinara.

"Entretanto, o menino Samuel crescia e era agradável tanto ao Senhor como aos homens" (1 Sam. 2, 26).

Desde a infância, Deus prepara o futuro juiz Samuel dormi a junto à tenda do Tabernác ulo, pois era seu dever guardar,

J OSÉ MARIA DOS SANTOS

~

du rante a noite, a lâmpada acesa diante da Arca do Senhor. Certa noite, o menino acordou co m uma voz qu e o chamava pelo nome :


chão. Todo o Israel ... conheceu que Samuel era um .fiel profeta do Senhor. O Senhor continuou a aparecer em Silo, porque em Silo é que o Senhor se manifestava a Samuel, segundo a palavra do Senhor. E a palavra de Samuel chegou a todo o Israel" (Id. 3,19-21).

Perda da Arca da Aliança: punição de Israel e seus dirigentes "Aconteceu naqueles dias" que os inimigos dos israelitas, os fili ste us, prepararam-se para combatê- los. "Travada,

porém, a batalha, Israel voltou as costas aos .filisteus". E naquele combate Israel perdeu qu a tro mil ho me ns. O s ve nc idos resolveram impl o rar e ntão o aux ílio do Senhor D e us dos Exércitos, faze ndo vir a Arca da Aliança para o campo de batalha. "E os dois .filhos de

Heli, Ojhi e Finé ias, estavam com a Arca da Aliança do Senhor". (Id. 4 ,J-4) Com grande ímpeto, travou-se nova batalha. "Combateram, pois, os filisteus,

e Israel.foi derrotado efugiu cada um para sua tenda. A derrota .foi sobremaneira grande, e .foram mortos de Israel trinla mil homens. A Arca de Deus.foi tomada, e também os dois filhos de /-Jeli, Ofiú e Finéias, foram mortos " (1 1. 4, L0- 11).

O menino dormia junto à tenda do T.1bemftcu/o e acordou com uma voz que o chamava: "Samuel, Samuel" -

New York, Biblioteca Pierpont Morg,,n

"Samuel, Samue l" . Obedie nte, leva ntou-se imediatamente e foi ter com o S umo Sacerdote, dizendo-lhe : "Eis-me aqui, pois tu cham.aste-me ". "Não, não te chamei; volta e dorme ", responde u He li. E o me nino foi dormir. Mas uma segunda e urna terceira vez sucedeu o mesmo. Então Heli , percebendo naquilo uma ação sobre natural, recome ndou ao me nino que, quando o uvisse a voz, res pondesse: " Fala, Senhor, porque o teu servo ouve" (ld. 3-9). E assim sucedeu. E Deus revelou a Sam ue l o castigo que preparava para os fi lhos de Heli por sua conduta indigna, Lambé m para este, porque, sabendo d isso, não os corrigia. Na manhã seguinte, o S umo Sacerdol ' •xi iu de, amue i, sob obediê ncia, 18

CATOLICISMO

q ue lhe dissesse Ludo o qu · o c nho r lhe hav ia comuni cado. Dianl da narra1i va, qual foi ua reaçã ? m vez de prosternar-se diante de De us pedindo mi sericórdia, e depoi procurar os fi lhos e increpálos duramente e expul sá- los do Templo, o velho sacerdote tomou uma atitude espantosa. Disse somente: "Ele é o Senhor;

fa ça o quefor agradável aos seus olhos" .(ld. 3,18). E continuo u na sua passividade .. . Ora, se Deus fazia-o saber de antemão o que aco nteceria, era certamente para dar-lhe ocasião de se corrigir. Quanto tempo decorreu entre a ameaça da punição e sua execução? A Sagrada Escritura não o diz. Mas acrescenta logo e m seguida que, entrementes,

"Samuel crescia e o Senhor era com ele, e nenhuma das suas palavras caiu no

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Assim c umpri a-, e parte do castigo predito por Deus para os fi lhos de He li. Quando um me nsageiro trouxe a nova a S il o, ho uve grande a lvoroço popular. Hc li , te ndo j á noventa e o ito anos, estava praticamente cego. Perguntou e ntão ao mensageiro sobre seus filhos. Respondeu- lhe este que tin ha m sido mortos, e que a Arca da Alia nça tinha ca ído nas mãos dos fili ste us. Ao o uvir isto, He li, que estava sentado, "caiu da ca-

deira para trás junto da porta, e quebrando o pescoço, expirou" ( Ld. 4, 18).

Samuel leva o povo à conversão e à vitória Samuel fo i c nLão reconhecido como verdadeiro jui z. d Israel, ou seja, seu g ui a tanto espiritua l q uanto político e milita r. R up rnd a milagrosame nte a Arca da A li a nça , " 'a111uelfalou a toda

a ase, de lsmel dizendo: 'Se vos tornais de !orlo o vosso coração para o ,11!,01; li mi do meio de vós os deuses eslra11/ws, as imagens de Baal e Asta-

rot, preparai vossos corações para o Senhor, servi a ele só, e ele vos livrará das mãos dos .filisteus"'. O s israelitas e ntão lançaram fora todos os ídolos que sacrilegamente g uardavam, purificaramse e jejuaram, e disseram: 'Pecamos contra o Senhor'" (Id. 7, 3-6). A ss im estava m prontos para a vitória. E a obtivera m com o auxílio do Céu.

"Samueljulgou Israel durante todos os dias da sua vida" (Id. 7,15). "Ora, aconteceu que tendo Samuel envelhecido, constituiu os seus .filhos juízes de Israel. ... Porém seus filhos não seguiram suas pegadas, mas deixaram-se arrastar pela avareza, receberam. presentes e perverteram ajustiça" (Id. 8, 1-3).

Instituição da realeza e rejeição da Teocracia Ora, o governo dos juízes era teocrático, ou sej a, inspirado diretamente por De us. Mas os israeli tas queriam ser govern ados co mo os povos pagãos que os rodeavam e que tinha m seus reis. E ntão, tendo-se reunido os anciãos de Israel, fo ram ter com Samuel e pediram para apontar-lhes um rei, "como têm todas as nações". Samuel dirigiu-se ao Senhor e este lhe respondeu:

ungiu por príncipe sobre a sua herança, e tu livrarás o seu povo das mãos elos seus inimigos, que o cercam" (Id., LO, l).

Abdicação do ofício de juiz e unção do novo rei E nquanto Saul governava vitoriosame nte Israel, Samuel, sentindo-se velho, chamou todo o povo e abdicou sua função de jui z. Disse-lhes: " O Senhor é tes-

temunha hoje contra vós, e também o seu ungido é hoje testemunha de que vós não encontrastes na minha mão coisa alguma ... Agora, pois, apresentai-vos para eu vos acusar diante do Senho,; ele (tão mal q ue tendes correspondido a) todas as núsericórclias que o Senha ,; que vos f ez a vós e a vossos pais" ([d. 12,5-7). Mas estava escrito que Samuel não descansaria tão cedo. Depoi s de um fel iz reinado, Saul desobedeceu ao Senhor e

muel ir ter com ele e dizer-lho. Depoi s do que, Samuel não viu mais Saul. Mas chorava ai nda Sau l pela amizade que com ele tivera, e por e le ter sido ungido. Cabia- lhe agora ungir um novo rei. E foi Davi , conforme já re latado no artigo publi cado em sete mbro de 1999, o novo esco lhido de Deu s. Então, Sa muel podia descansar e m paz no Senhor. Samuel esteve aparente mente alheio a todas as vicissitudes que ocorreram entre Saul e Davi. Embora paiticipando de algum modo da perseguição que o novo rei sofri a, sempre conservou uma grande influência nos negóc ios públicos de Israel.

"Entretanto morreu Samuel, e todo o Israel se juntou a chorá-lo, e sepultaramno na sua casa em. Ramata " (ld . 25, l). Com essas simples palavras, a Sagrada Escri tura na rra o fim do grande juiz e profeta Samuel, que teve sua alma sempre ♦ abe rta pai·a o que vinha de Deus.

Samuel, ainda menino, servia diante do Senhor trajando um efó, feito de linho - Florença, Biblioteca Nacional

"Não é a ti que eles rejeitaram, mas a mim, para eu não reinar sobre eles. É assim que eles têm f eiro desde o dia que os tirei do Egito até hoje. ... . Ouve, pois, a sua voz, rnasfaze-os compreender bem e declara-lhes o direi/o do rei ele governar sobre eles" ([d. 8,5-9). Isto

.

fez Samuel de uma maneira vivíssima, "mas o povo não quis dar ouvidos a Samuel", porque queria ter um rei como as o utras nações Linham, em vez de serem dirig idos diretamenle p r Deus mediante um governo teocrático. Ora, devido à vocação especial do povo ele ito, para este a teocracia era o regime polític que lhe convinha, e não a monarquia . A escolha do Sen hor, para Re i, reca iu sobre um descende nte da Lribo ele Benjamim, Saul. Era de grande estalura: " Não havia entre os israelitas quem

o ultrapassasse; do ombro para cúna sobressaia a todos" (Id. 9, 2). Samuel "tomou um pequeno vaso de óleo, derramou-o sobre a cabeça de Saul, beijou-o e disse: 'Eis que o Senhor te C AT OL IC IS MO

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CAPA

Reforma Agrária: variações em torno do combate à propriedade privada ·r -.-~J~~t,j r,\ ?--f. ' 'i

,1

,

.

1 Engenho de açúcar no Estado de São Paulo. A propriedade era sobretudo familiar, e nela conviviam harmoniosamente avós, pais, filhos, netos e bisnetos, e mesmo agregados e empregados

Com teimosia despropositada, agro-reformistas não desistem da investida contra a propriedade privada, apesar do óbvio malogro da Reforma Agrária e dos rios de dinheiro desperdiçados GRE

"

riações em torno de um, tema " , s um interessante modo de apresentar uma compos ição musical. Ao redor de um mesmo tema de fundo, vãose fazendo novas combinações em tonalidades diversas, destilando harmonias várias, entrelaçando filigranas musicais etc., de modo a produzir um conjunto harmonioso, agradável ao ouvido, sobretudo agraciável ao espírito humano. Por vezes, também a moderna Revolução ig ualitária serve-se desse método, j á não mai s para compor algo de belo, mas de horrendo; não para construir, mas para demolir o que ainda resta de ivi lização Cristã em nossos dias. Acompanhando o modo pelo qual v 'm s ' ndo impingida aos brasileiros a Reforma A ,rária durante as últimas quatro 20

AT

1 1C I S M O

décadas, tem-se a nítida impressão ele estar ass istindo a variações deste último tipo. As aparênc ias do processo de Reforma Agrária têm mudado constantemente, de 1960 para cá - sendo a perseguição aos chamados "grileiros" a mais recente dessas mutações, como veremos ad iante. O fundo entretanto permanece sempre o mesmo: INVESTIDA CON.TRA A PROPRLEDADE RURAL. Para se poder formar uma idéia mais exata cio significado profundo dessa investida anti -propriedade rural - fato básico, em torno do qual vêm-se fazendo as sini stras variações agro-reformistas - é necessári o um ráp ido retrospecto histórico, que nos leva aos primórdios da História do Brasil. Já no final ela era quinhe nti sta deu-

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RIO VIVANCO LOPES

se a expansão ela pecuária e o povoamento do sertão, que muito ajudaram , inclusive, a incorporação cio índio, o qual se se ntira desambientado no c ultivo ela cana, mas não depois, no pastoreio. Tal expansão - que tinha como pri meiro fundo de quadro as capitanias hereditárias e as sesmari as - orig inou naturalmente as gra ndes e até imensas propriedades, como única alternativa válida para a co loni zação do Brasil. Tais extensõe de terra foram depois organicamente se dividindo e subdividindo, pe la repartição entre os filhos , pela venda, pelas doações, pelo advento de novos posseiros, e nfim pela conqui sta cio o ste. Esse Brasil que assim nascia, profu ndamente cristão, autenticamente bras ile iro, teve ntretanto seu curso desv ia-

cio radicalmente por um tufüo de idéias anti c ri stãs, originadas da Revolução Francesa de 1789 e de outros movi mentos ig ualitários germinados na Europa. Tal desvio, para o qual concorre u depois certa influência norte-americana do fim do sécu lo XIX e, posteriormente, o cine ma de Hollywood no começo do XX, acabo u produzindo artifi c ialm e nte o Brasil moderno: laico, caótico, gozador da vida. Também frenético e egoísta.

A coexistência de dois "Brasis" antagônicos Entretanto, como um rio subterrâneo ele águas límpidas, muito do Brasil autêntico contin uou a co rrer I or debaixo elas instituições de cunho libera l-igua li tário que, ao sopro inclemente cio igualitari smo, se constituíam na superfície da sociedade. Ass im , a reli g ios idade cio povo, por exemp lo, afi rmou-se muitas vezes, de modo sil encioso mas pertinaz, contra as inovações trazidas por cl éri gos ditos "esclarecidos" ou "progressistas". Ass im também as sa udades de uma sociedade orgân ica, com a lgo de patriarcal, e m que o patrão era ao mesmo te mpo um pai, um ampa ro e um modelo. Sociedade esta fundada na famíli a em prime iro lugar, mas também na propriedade, como afirmação ele que as desigualdades, quando proporc io nadas e harmôn icas, não só são justas mas

necessárias ao bom funcionam ento soc ial e à fe licidade dos indivíduos. A esse propósito, é oportuno recordar o ensinamento de um Papa santo, que governou a Igreja nos primórdios do séc ulo XX: "Seg undo a ordem estabelecida por Deus, deve ha ver na sociedade príncipes e vassalos, patrões e proletários, ricos e pobres, sábios e ignorantes, nobres e plebeus, os quais todos, unidos por um laço comum. de amo,; se ajudam muluarnente para alcançarem o seu.fim. último no Céu e o seu bem-eslar moral e malerial na terra" (São Pio X, Motu Proprio F in dalla Prima, ele 18- 12- 1903). A famíl ia patriarcal , pelo número avantajado de filhos e pelo re lacionamento íntimo e constante com primos e parentes em vários grau s, constituía por si só, independente de sua riqueza ou posição soc ial, uma esti rpe. A propriedade, por sua vez, era sobretudo familiar, e nela co nvivi am ha rmon iosamente e ex pandiam sua personalidade avós, pais, filhos, netos e bi snetos, e mesmo agregados e empregados, enquanto Deus lhes desse vicia, unidos todos pelos laços da afeição, cio amparo mútuo e ela cato lic idade. Era o Brasi l da calma, da bondade, dos hori zont s largos e generosos. Formou-se assim uh1 amálgama heterogêneo entre o Brasi l tradicional e o moderno, os qu ais, no caminhar cé lere dos anos, passaram a ter um convívio forçado na in stitui ções , nas leis, nos costumes e com refl exos na a lma dos brasileiros. De tal modo foram vivendo juntos os dois " Brasis " , ai nda que opos-

tos, que na maioria dos casos tornou-se muito difícil separá- los, embora fossem facilmente distinguíveis um cio outro. Como uma mistura de azeite e vinagre remexida por uma colhe r. Mas esse amálgama não podia subsistir por muito tempo, pois o elemento igualitário e revolucionário que o compunha sentia profundo mal-estar com a vizinhança do Brasil tradicional, orgânico, familiar e baseado na propriedade estável. Assistimos então no País, sobretudo na história cios sécul os XIX e XX, a uma verdadeira investida do p,vgressismo contra a trad ição, cio dito moderno contra o dito arcaico, à mane ira da investida de um câncer contra as partes sãs ele um corpo que e le ainda não dominou.

Reforma Agrária: golpe contra a estrutura tradicional do campo Partindo dessa origem, a estrutura agrária brasileira na primeira metade do século XX guardava ai nda importantes traços cio que fora outrora a sociedade patriarcal , muito ma is cio que as grandes c idades, já afetadas pela mani a da veloc idade e cio ganho fácil. Dessa for-

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soc iedade orgânica, herdada dos séculos anteri ores. O B ras il pré-getuli sta fora um Brasil tradic io na l e ag ríco la, com classes soc iais estáve is mas não estanques. O Bras il getuli sta torno u-se in dustri a l e febri citante, fac ili ta ndo a concorrê ncia e o arri vismo, porta nto a instabil idade soc ial. Ja ngo, por sua vez, rumava decididamente para um Bras il socia li sta, do tipo República Popular de cunho marxista, em que a propriedade privada era atacada de fre nte.

A renúncia de Jânio Quaclros (foto à direita) deixou a bandeira da Reforma Agrária nas mãos do Vice-presidente João Goulart (à esquerda) . Em 9 de junho de 1962, os autores do livro Reforma Agrária - Questão de Consciência, enviaram ao novo presidente uma carta ressaltando os malefícios que tal Reforma acarretaria.

ma, o campo, quer pe lo seu sentido profundame nte re li g ioso, quer por sua organi zação pejorativa mente qua lificada de.feudal pe los vanguardeiros da Revolução, consti tuía um obstác ulo considerá ve l ao prog resso desenfreado do iguali ta ri smo radi cal. Este vinha incubado nas novas idé ias soc iali stas, importadas em larga medida da Rúss ia co muni sta, a qual I vara até eu parox ismo os princíp io. rev lu c io nári os do ilum ini smo fra ncês d século X VllT. Ta is id ias, cli ss min adas po r um a propaga nda abun da nt - ,, poca é de grande desenvo lvim nto la mídi a - e por ho mens di tos ele vw 11-:1,1mtla (c l ri gos e le igos), consubstan ·inrn m-s' na ·o nl'is ·aReforma Agrári a soc iali sta tóri a, apresentada como pri riclad · ubsolu ta para o País. Por que pri oridade? Muitas são as razões de superfíc ie, que vêm endo a legadas desde 1960. Por exemplo, ajuda ao camponês necessitado, combate ao latifúndi o improdutivo, dar auto nomi a ao pequeno agricultor, construção de uma sociedade mais justa, os bens fo ram cri ados po r Deus para todos , integração social do trabalhador rural etc. , etc. São variações a que se te m prestado o tema Refo rma Agrári a. A razão de fu ndo, embora sempre a mes ma, poucas vezes fo i abertamente confessada. Trata-se de um a ofensiva d mo lidora contra a propri edade privala no ca mpo - qui tes a depo is liquidá22

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la ta mbém nas c idades - com vistas à construção de um novo estado de coisas igua li tá ri o, de tipo soc ia lo-comuni sta. Ninguém nunca negou que, considerada a situação existente e m J 960, muitas medidas poderi am e deveri am ser tomadas para aperfe içoar a estrutu ra ag rári a e corrig ir abuso ex istentes. Dessas medidas, que constituem uma sadi a política agrícola, ocuparam-se vários dos livros publicados pe la TFP. Mas daí a propugnar uma Reforma Agrá ri a socia1ista e confi scatóri a há um abismo.

Década de 60: início da grande investida A grande investida agro-reformi sta co meçou na década de 60. A renúncia - até hoje não in teira mente esclarec ida - d Pres idente Jâni o Quadros fez r ·t >rn ar à. pr sa para ass um ir a presic1 -i n ·ia, th hina co mun ista o nde então s' •n ·0111 ru va , o Vi · -presidente J ão ou larl, h ·rd •iro no tó rio, n( Brasi l, el a. idé ias ·o muni slns . A ba ncl ira da R ·f'or mu /\ •ró ria , q u • j á se anunc iava com .1''\ nio, f'oi lo 1 0 ·mpunhada com slr pi to 1 •lo novo Pr·s idente. Tratava-se d de m lir os r ·stos ainda consideráveis da estrutu ra 1rncl i ·ional do campo bras ileiro, fo rte menl abalada durante o govern d itatori al de etúl io Vargas ( l 930- J 945). Este havia favo rec ido de modo intenso a in lú tria, os arri vistas, os imi gra nte , e m c laro detrimento da fa míli as tradi c ionais e da

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Desde os primórdios, a TFP defendeu o direito de propriedade Fo i então que uma campanha, co ndu zida com sabedori a e efi các ia pe lo Prof. Plínio Corrêa de Oli veira, teve o dom de des pertar os brasile iros para o verdade iro significado das transfo rmações q ue se atro pe lavam. Essa campanha cristali zou-se sobretudo em torno do seu livro "Refo rma Agrária Questão de Consciência" (RAQC)* , que de nunc iava a investida agro-reformi sta em sua verdadeira dimensão. Ou sej a, de moli dora quanto ao passado cri stão e inovadora qu anto aos rumos soc ialo-comunistas q ue proc urava imprimir ao País. Co nstituía po nto sa lie nte do li vro mostrar que a propriedade pri vada está amparada em dois Manda mentos da Lei

ele Deus (o 7° - Não roubar; e o I Oº Não cobi çar as co isas alhe ias). E que, por isso, ta nto constituíam graves proble mas ele consc iência confisca r a terra alhe ia (pape l cio Estado) como recebêla como possuidor (pape l do assentado). O caráter sagrado cio direito ele propriedade fi cou e ntão de mon strado de modo irretorquível. Toda a TFP nascente empenhou-se na d ifusão da obra, a qual se to rnou e m pouco tempo das mais vendidas no Brasil , a lcança ndo quatro edições sucessivas. A cam pa nha desdobrou-se em múltipl os as pectos: manifes tos, abaixo-assinados, pro nunciamentos, debates, carava nas pe lo Bras il etc. Para citar um exemplo, teve grande re percussão a Carta que os autores de RAQC enviaram ao Pres idente João Goulart, datada de 9 de junho de J962, mostra ndo os male fícios que traria a Reforma Agrári a. M ui tos desses malefícios, então previ. tos, ostentam-se na atual Refo rma Agrária (vicie quadro à p. 27). A campanha anti-ag ro-reformi sta da TFP teve de prossegui r durante o governo mili ta r, o q ua l promulgou o Estatuto da Te rra, lei rad ica l de Reform a Agrári a. O leitmotiv utili zado então pela TFP fo i o combate ao Janguismo sem Jango. Em 1980, a CNBB lanço u um doc umento ag ro-reformista ex plos ivo intitulado " Igrej a e Problemas da Terra"

(IPT). Diante di sso, era

necessári o reavi va r na o pinião pública - j á um tanto esquec ida das pugnas da década de 60 o autê ntico sentir católico e m face do confisco d a propri ed ad e alhe ia. "Sou Católico: posso ser contra a Reform.a Agrária?" fo i o títul o que o P rof. Plí nio Corrêa de Oliveira esco lhe u para seu li vro, la nçado co m gra nde sucesso e m 198 1, em co laboração com o economista Carl os Patríc io de i Campo. A obra anali sava a fundo o !PT e seu ca ráter fo rte mente oposto à doutrin a tradic ional da Igrej a em matéri a soc ial e econô mica. Mostrava ade mais que o documento da CNBB não contava com a unanimidade do E piscopado nac io na l. Na chamada Nova República ( 1985), o "Plano Nacional de Reforma Agrária", editado pelo Mini stro Nelson Ribeiro (um ardido paladino elas teses agroreformi stas da CNBB ), era profund amente desastroso para a economia, para a orga ni zação soc ial brasile ira e entrava e m choque com a moral cató lica. Foi o que provou abundantemente o li vro "A Propriedade Privada e a Livre Iniciativa no Tufão Agro-reformista", cio Prof. Plín io Corrêa de Oliveira, cuja parte econômica esteve mais uma vez a cargo do co mpetente economista Carl os Patríc io de i Ca mpo. Pro seguiu então a fogo lento a Reforma Agrária. Seus primeiros resultados desastrosos foram anali sados em 1986, pe lo Prof. Plínio Corrêa de O liveira, no opúsc ul o "No Brasil: a Refo rma Agrária leva a miséria ao campo e à cidade". O estudo a lertava ainda para as hordas de invasores que começavam a circular insistentemente pelo nosso interior, devidamente industri ados e organi zados, sob influxo de uma dàs mais atuantes pastorais da CNBB , a tristemente fa mosa Comi ssão Pastoral da Terra (CPT). Posteriormente, durante os debates da Constituinte , muitos daqu e les q ue eram ou se di z iam re presenta ntes da elas e dos proprietári os ru ra is levaram seu apoio aos dispositivos agro-re formi s-

Plínio Corrêa de Oliveira, após a publicação de Reforma Agrária, Questão de Consciência, proferiu numerosas conferências nas principais capitais do País, alertando a opinião pública sobre o perigo da comunistização do campo, em decorrência de uma Reforma Agrária socialista e confiscatória

tas de caráter soc ia li sta e confiscató rio, hoje inscritos na Co nsti tuição. A TFP preveniu insistente mente a classe rural contra a política sui cida do "ceder para não perder", que vinha sendo largamente praticada por certos líderes ru rais. O 1ivro-denúncia "Proj eto de Constituição Angustia o País", do Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira, fo i um marco nesse sentido. À Constituição segui ra m-se as le is de desapropriações, o rito sumário etc., e começou a apli cação inte nsiva da Refo rma Agrári a, com todas as ca lamidades que lhe são própri as: fa mílias inte i-

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ras de fa zende iros arruin adas do di a para a no ite, aume nto brutal da tei~são e da vio lê nc ia no campo, neg ciatas. A mi séri a este nde-se po r todo nosso inte rio r, os asse ntam e ntos fracassa m rotund ame nte, a pa isage m ag rícola fi ca coa lhada de fave las rura is. Ante as pe rspectivas ruin osas que se apresentava m para o B ras il ag ríco la, 1. 128.966 bras il e iro s firm a ra m um abaixo-ass in ado da TFP, e m ago. to/92, pedindo um pl e bi sc ito nac io nal sobre a Reform a Ag rári a. O povo queria o pl e bisc iLo, mas o pl eb isc iLo não fo i fe ito. E a Reform a Ag rária co ntinu o u sua ma rc ha inexorá ve l rumo à de mo li ção da propriedade ru raL

Em nome da Igreja, posição doutrinária contrária à Igreja ... Com isso, o perou-se uma espetac ula r inversão ela pregação re li g iosa no Bras il , que te m a lgo ele a poca lípti co. B ispos, sacerd otes, fre iras e le igos cató li cos passara m a inculcar, e m no me da Ig rej a, um a do utrina que não e ra mais aq ue la sempre e ns in ada pe los Papas, mas s im um a o utra co nde nada pe los

MST, poderosa linha-auxiliar da Reforma Agrária Não só a Reforma Agrári a continuo u, mas fo i se servindo cada vez mais ele uma poderosa linha-auxiliar: as invasões de propriedade. Desde o início da década ele 80, a CPT, braço ag rári o ela C N BB, passo u a revo luc io nar o ca mpo, junta ndo desco nte nte e fo rm ando um g ru po de pessoas d ispostas a ag ir d modo viol nto contra a propri edade a lhe ia. A clo utrinaç'io da PT era de índo le comunitá ri a (o u c.;om uni s1a) e apresentava a te rra como s ' ndo dada por De us a todo. os ho m ' ns indi stinta me nte, e só podend o s ' r trabalh ada e m co mum . A Lris tcme nte fa mosa ex pressão ele Pro uclho n, "A propriedade, eis o rou bo", se não era inc ul cada explic ita me nte, estava ao me nos na base da pregação fe ita nas Ro mari as da Terra, missas e sermões. Uma soc iedade de ig uais num mundo sem pro priedade, e ra o idea l a ser ati ng iclo . Ta mbé m a ambição de possuir a propriedade alhe ia vi a-se aç ul ada pe lo fato ele certos clé ri gos apresenta re m os "latijúndiários" como un s ladrões que se havi am apossado injusta me nte ele um a propriedade que e ra ele todos. "Malditas todas as cercas", bradava D. Casa lcláli ga, o tri ste me nte fa moso B ispo ele São Féli x cio Arag uaia (MT).

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form a Ag rá ri a sociali sta e confisca tóri a, pois te m levado um número grande de inocentes úteis a achar que de fato o ruim é o MST, e que a Reforma Ag rári a feita através da lei é boa e deve ser apo iada. Co nfirma-se o antigo ditado: "Bobo é

gabundo e a prove itado r. N o ling uaj a r dos cl é ri gos agro-reformi stas, po ré m , justiça passo u a ser sempre sinô nimo de igualdade. Se ri a justo aquilo que acaba com as des igualdades, mesmo as que são ha rmô nicas e proporcio nai s. Essa mudança a rbi trári a de sentido é alta me nte pe rni c iosa, po is leva, ainda que po r e tapas, ao co muni smo mai s radical, e portanto à mi séria de C uba o u à escravidão da C hina verme lha . O fato conc reto é que dessa rai z broto u, co mo e rva da ninha, o MST (e seus congêne res), que c resceu regado com abunda nte dinheiro destin ado à Reforma Ag rári a e com a po ios vindos dos po ntos ma is inesperados da estrutura po líticosoc ia l- mecli á tica do Bras il e do E xteri or. E o mai s inc ríve l é que o MST age tranqiiila me nte à margem da le i e contra e la, certo de uma impunidade que faz inveja a qua lque r ladrão de ga linha o u batedor ele carte ira, pa recendo contar para isso com a s impati a de auto ridades civi s e eclesiás ticas.

cavalo do demônio". So me-se a isso o fa to espantoso de que, e mbora as pesqui sas de o pinião apresentem co nstante me nte um repúdio ao MST da orde m de 70% ou mais, esse movime nto continua gozando das be nesses cio gove rno, que lhe reconhece até o rótulo privilegiado de movimento social. E estamos numa de mocrac ia, na qual suposta me nte a vo ntade do po vo é le i!

Fracasso dos assentamentos é denunciado O malogro dos assentame ntos ia mar alto. Rios de dinheiro continuava m a ser lite ralme nte ente rrados numa R eform a Ag rá ria, c uj o fruto pró prio e comprovado estava sendo o ele di sseminar a mi séri a para o traba lhado r e a promj scuiclade moral e soc ia l. A TFP já havi a prev isto esse insucesso e adve rtido o p úbli co para tal peri go. Foi mes mo e se o te ma de um li vro de g rande va lor, publicado e m 1987 por um sócio da e ntidade, Dr. Atílio Guilhe rme Fao ro, intitul ado "Reforma

As duas pinças da tenaz agro-reformista

"M ,1ldlt,1• tod ,1~ , I H e rc,,s", em o brado l,wça<lo .r11roxi111,1<l,11111•11 fl.! h,i cl11<1s déca das, pelo triste1111•11i(• f,1111oso Bispo de São Félix do Ar,1q11,1i,1 (MT) D. Pedro Cas,1ldá liga

Pontífi ces Romanos com o no me ele soc ia li smo , comun ismo, igua litarismo e tc . A própria idé ia de justiça d istribu tiva sofreu um a torção, pe la qua l ela passou a ter um si g nilicaclo oposto ao seu sentido r a i. Resumindo mui to, justiça sig nifi ca da r a cada um o que é seu. Po rta nto supõe a idé ia de d ire itos des ig uais, aos q ua is é preciso sati sfazer ele modo des ig ua l. Um é o d ireito ele que m trabalha e se esforça, o utro o de que m é va-

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A pa rtir de e ntão a Refo rma Ag rári a pas o u a atuar como um a te naz, com suas luas pinça a aperta r os prop ri etá ri os rura is. U ma pinça vio len ta, insole nte, destruidora , o Lej a ndo sa ng ue , il ega l, ameaçadora, e ra o mo vime nto ele invasões. A outra pinça, este rili zada, lega l, pac ífica, mas não aperta ndo me nos que a prime ira, e ra a apli cação da leg islação ag ro-reformi sta, soc iali sta e confi scató ria. Mais a inda. Po r uma o rquestração muito be m condu zida na mídia, as pinças às vezes pa rec ia m o po r-se um a à o utra: por exe mplo, bate-bocas entre líderes sem-te rra e me mb ros g raduados do gove rno; às vezes ficava m de ma l, depo is se reconcili a va m e fic ava m de bem ; brigas ve rbais. E no me io di sso tudo, qua ntias fa bul osas do dinheiro cios co ntribuintes eram canali zadas para a Reform a Agrári a, seja através do M ST, seja po r o utros condu tos. Essa ma no bra não fo i e m vão. Ela te m prestado um e norme serviço à Re-

Uma reportagem altamente conc/11dente sobre o fracasso agro-reformista sai ,1 l11me em 1996. Ela comprovo11, de modo espetaC11lar, as previsões do Prof Plinio Corrêa de Oliveira feitas com muita anterioridade.

Agrária: terra prometida, f avela rural ou kolkhozes? Mistério que a TFP desvenda" . Ne le se comprovava, de modo irre to rquíve l, qu e a Refo rm a Ag rá ri a prejudicava ma is os trabalhado res do que os pró pri os faze nde iros. Todas as previ sões fo ra m se co nfirma ndo . E m J 995, num a te nta tiva extrema de abrir os olhos das elites do País para o descalabro que nos ating ia, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira o rga ni zou uma pesqui sa e m asse nta me ntos, e nvi a ndo pa ra ta l do is destacados me mbros da TFP, os Srs. Paul o He nrique Chaves e N elson Ra mos Barretto. D esse levantame nto res ulto u uma reportage m altame nte co nc lude nte so bre o fr acasso agro- refo rmi sta. Sa iu e la a lume e m J. 996, sob o expressivo título "Reforma

que refletem os resultados da Reforma Agrária são trágicos .. .. não dá para corrigir os desvios .... o INCRA perdeu o controle do barco"; "o governo FHC já distribuiu 12 milhões de hectares e gastou mais de R$ 12 bilhões" para ''.lazer a maior e a pior reforma agrária do planeta"; "o MSTestá rico, muito rico" ("O Estado de S. Paulo", 22-5-00). Tai s de núncias, vindas de fo nte in teirame nte in suspeita - pois Graziano di z ia de s i mesmo : "eu sou um cara de

esquerda, que continua de esquerda" ( idem, ibide m) - , co mprova ra m de modo espetac ular as previsões do Prof. Plíni o C orrêa de Olive ira, fe itas com muita a nte ri o rid ad e (cfr. " Ref orma

Agrária semeia assentarnentos - Assentados colhem. miséria e desolação". Para mascarar um po uco a realidade brutal desse malogro, j á se proc ura, cá e lá, impl a ntar centros c ulturai s ou de educação (marxistas !) e m asse nta me ntos . É uma te ntati va de justificar tanto dinhe iro aplicado nesse e mpreendimento, mas nada indica que vingará. Por o utro lado, o fracasso da Reforma Ag rá ri a e m te rmos eco nô micos e soc ia is c hegou de tal modo a furar os o lhos ele todo mundo, que o ex-pres ide nte do IN CRA, atual de putado Fran c isco Grazia no, saiu-se com uma série de de núncias muito be m fund ame ntadas a respeito desse fracasso: "Os números

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Agrária no Brasil: .fi·acasso reconhecido e teimosamente sustent 1.do ", Catolicismo , agosto/00).

Da Reforma Agrária à guerrilha Ante essa situação, algumas perguntas continuam a rondar as cabeças de todos os brasileiros que ainda não abdicaram da condição de seres racionais: Se a

Reforma Agrári a é feita supostamente para o bem do trabalhador rural, mas de fa to não o benefici a, pe lo contrário o lança na miséria e na desolação, então por que e la continua a ser aplicada? Por que prosseguir gastando bilhões e bilhões num processo falido, quando a toda ho ra se aumentam os impostos sob pretexto de que o orça mento nacio nal está apertado? Algumas respostas vêm sendo esboçadas para tentar explicar esse mistério. Uma das mais insistentes tem por base a profunda semelhança entre o MST e os movimentos guerrilheiros da Colômbia e do México. E m determinado momento de convul são social, a extensa rede de assentamentos poderia ser utili zada como base de apoio para uma guerrilha forte mente armada. Eis aí uma explicação - que ao menos teri a lógica - para a proliferação dessas favelas rurais. Nessa hipótese, pouco importa que e las constituam centros de miséria material e moral, pois eu objetivo verdade iro s ri a formar uma rede (um Gulag) que possibilitari a a entrada e o intercâmbi o de hom ·ns e d arm as, cm aso ele possíveis t nlati vas lc to mada do I oder, u da fo rm ação de uma eri sipe la guerrilheira a rasgar o B ras il de Norte a Sul , de Leste a Oeste. E m meados do último ano, manifesto da TFP alertava exata me nte para a poss ibilidade de quebra da unidade na-

cional , sob o título: Em def esa ela unidade nacional ameaçada pelo MST (Catolicismo , junho/2000). E m tal situação, o absurdo prosseguimento da Reforma Agrári a tornouse um dos fa tores mais dinâmi cos da caoti zação do País, ao lado do avanço da criminalidade (cfr. Ante o caos crescente, apelo da TFP às elites nacionais - Para onde vai o Brasil do Terceiro Milênio?, Catolicismo , nov./2000). Caos, guerrilha e criminalidade são situações ou atuações muito afin s umas com as o utras. Daí a as pi ração manifestada pe lo líder do MST, José Rainha: "Esse país só vai ser sério quando os portões das cadeias f orem abertos. Temos que tirar quem está lá dentro ecolocar lá esses vendilhões da pátria" ("Jornal do Brasil ", 27-7-00).

Colonização lato sensu, usucapião ... e "grilagem" É à lu z de tudo quanto fi cou dito, que a atua l campanha publicitári a-jurídicopo lic ia l co ntra os cham ados grileiros pode ser cl aramente entendida. Segundo o senso comum , a grilage m de terras é, fund amentalme nte, a ap ropriação de uma terra pública, fe ita em prove ito próprio. Q uando e la é rea li zada me li ante fa lsificação de escri turas ou in tc nçõc ma lévo las, ev ide nte mente é concl návc l. ntrctanto, a co loni zação no Brasil , como vimos acima, em larga medida efetuo u-se por um processo que, lato sensu, poderi a ser chamado de usucapião, ou então de grilagem. Ou sej a, as terras devolutas, que j aziam inertes ao longo desse nosso território-continente, fo ram sen-

do apropri adas por gente disposta a fazêlas produzir, numa magnífica expansão cio li toral para o in terior. Para isso, enfre ntaram com galhard ia a mata virgem, as feras, as doenças, os incômoclos ele toda ordem, quantas vezes a morte ! A esses heróis o Bras il é grandemente devedor. O bviame nte, o probl e ma da regulari zação carto ri al elas terras ass im ocupadas só fo i sendo fe ito ao longo das décadas e mes mo cios séculos. Os registros, ini cia lm ente in ex iste ntes, fo ram sendo instituídos aos po ucos e aperfe içoados, com a lentidão inerente ~14uilo q ue cresce o rga ni ca me nte. A próp ri a imensidão de nosso território, q ue clava para todos e ai nda so brava, fa vorec ia essa prática se m pressa. A larg ueza da alma bras ileira também contribu ía para o lhar com benevo lênc ia esse processo de expansão, alheia q ue era a mesqui nh ari as, sabendo perdoar mui ta coisa em pro l da gra ndeza cio Brasil. As terras assim aprop ri adas, de iníc io exten ões enormes, com o te mpo vie ra m send o d ivididas e subdiv idid as através da herança, el as doações, das vendas, dos loteamentos, de novas posses. E a escri turação das mesmas nem semp re obedeceu a um pr ce. so retilíneo e homogêneo, mas fo i sendo levada com bono mi a - com um pouq uinho ele des le ixo ta mbé m - q ue r pe lo Poder P úbli co, quer pe los donos ele ca rtório, quer pe los q ue cedi am ou adquiri am terras. Todos confiantes, no fundo, na largueza da alma bras ile ira, q ue sempre encontrava um je iti nho para regul ari zar, quando necessário, aq uil o que ne m sempre fo ra pr im orosamen te acertado do ponto ele vi sta notarial, de modo a favorecer a todos, grandes e peq ue nos, ricos e pobres.

Caça aos "g rileiros": a nova face da Reforma Agrária Mas eis que penetrou no Brasil, um novo espírito fr io, ca lculi sta , odiento. Como um fa ntas ma a meaçador pod e adentrar uma faze nda de estilo patriarcal, em que todos se quere m bem e estão di spostos a perdoar-se mutuamente, esse espírito começou a fa lar e m direitos humanos, a brand ir cód igos de le i po r ele mesmo insp irados, a lançar o empregado contra o patrão, o fi lho con-

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Previsões de 1962: impressionante confirmação Em carta enviada ao então Presidente João Goulart, em 9 de junho de 1962, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - e com ele os demais autores do livro RAQC - aponta os males que adviriam da Reforma Agrária (R.A.) .

As previsões então feitas impressionam pelo acerto, quando comparadas aos resultados hoje em dia obtidos pelo processo agro-reformista. Eis alguns exemplos:

Texto da Carta de 1962

Confirmação atual

A R.A. será "perigosa para a integridade do território nacional':· pois se "chegamos ao ponto de preferir os riscos de uma revolução social, ao aproveitamento de nossas próprias selvas, não sentirão outros povos levantarem-se em si cobiças perigosas para a soberama nacional?"

Enquanto vão sendo divididas as propriedades part icu lares, imensas vastidões de terras do Pod er Público ficam à mercê da cob iça de ONGs e governo s estrangeiros, que também deitam "olho gordo" nas reservas indígenas, praticamente abandonadas pelos próprios índio s, nas fronteiras .

AR.A. será "ineficiente"; "contrária ao progresso do Pals "; "perigosa para a prosperidade agropecuária do País".

É impressionante o fracasso dos assentamentos como módulos de produção e como fatores de ascensão social.

A R.A. "introduzirá a incerteza e o caos em nossa vida rural".

Total in segurança entre os produtores rurais, pois dupla espada de Dâmocles paira sobre suas cabeças: a desapropriação e as invasões . De outro lado, a situação dos agri cultores pobres tornou -se cada vez mais incerta e dependente de um Estado sociali zante e inepto .

Devido à R.A. , "entraremos em um penado de agitação rural".

As in vasões se transformaram em agitação : ameaças, destruições, crimes etc . E também vi nculação a forças guerrilheiras de outros países.

A R.A. levará ao "estabelecimento de uma estrutura agrária constante de miríades de pequenas propriedades".

Recentemente, Jungmann proclamava que o "latifúnd io" (gr ande propriedade) acabara. Agora, há um projeto para reduz ir o tamanho de todas as propriedades agrícolas médias.

Com esse imenso projeto de R.A. , "como o Estado pode prometer assistência adequada a milhares ou milhões de propriedades novas?"

Nos assentamentos, faltam estrad as, condições de plantio, assistência etc. Tornaram -se f avelas rurais. A todo moment o, o M ST invade sedes do INCRA, agências bancárias etc., pedindo mais crédito e li beração de verbas. Nada é suficiente .

Com a R.A. , "quem ganhará? O proprietário espol!ado? Nunca. Também não o p obre trabalhador rural, escravo de uma agricultura deficitária, dirigida por uma burocracia 1i1capaz ".

Fam íli as inteiras de produtores rurais têm sido lançadas à miséria por causa de desapropriações inju stas ou invasões c rimin osas. O emprego redu ziu -se drasticamente no campo e, praticamente, a única opção oferecida ao trabalhador rural é tornarse invasor.

"Se a Reforma Agrária não respeitar os direitos dos proprietários, será anticristã e socialista':· "altamente injusta".

Os legítimos proprietários são confundidos com usurpadores, e o próprio direito de propriedade, uma das co lun as da Civi lização Cristã, encontra-se fra gil izado e cambaleante.

A R.A. será "inutilmente onerosa ".

Segu ndo dados recentes da Com issão de Agri cu ltura da Câmara dos Deputados, nos últimos seis anos foram investidos R$ 16 bilhões na R.A. Para quê? Com que fruto?

CATO LIC ISMO

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ENTREVISTA tra o pai , a promover a luta df classes e a luta de raças. E no bojo de todas as reivindicações que prop~nha, de toda a justiça que ex igia, esco ndia ele o mito soc ial o-co muni sta da soc iedade se m classes, profundamente egoísta, total mente igualitári a, contrári a ao ensinamento e ao espírito tradicional da Santa lgrej a Cató lica em matéri a soc ial. Em face dessa nova mentalidade, a propriedade dei xou de ser vi sta como um direito natural do indivíduo e ela famí-

por isso mesmo, portador ele direitos inalienáveis, dos quai s o Estado não pode dispor a seu talante - ficou esquec ido, sabotado, rotundamente negado nas entrei inhas. Deco rrera m então as vári as formas ele introm issão indev ida do Estado na propri edade parti cul ar, elas quais a Refo rm a Ag rária tem sido a mais virulenta. E agora a nova Reforma A grári a usa o slogan el e co mb ate à "g rilagern " (q uase um palavrão, no j argão agro-refo rmi sta) para des penca r em cima ele quem não tenha suas terra s reg istradas segundo todos os ef es-e-erres ex igidos por não se sa be bem qu e leis nem que autorid ades. Voltamos a di zer: não estamos advogando a impunidade ele quem quer que tenha agido ele má fé ou por meios escusos. Estamos mostrando apenas que esse novo "zelo" pela lei está sendo aplicado tão-só aos chamados "grileiros", mas não aos esbu lhaclores cio MST e congêneres; e aplica-se dentro ele um contexto ele persegui ção à propriedade parti cul ar, que serve aos interesses ela internac ional comuno-soc iali sta e não aos cio Bras il.

Até que se prove o contrário, todo indivíduo é ladrão?

A pretexto de "grilagem", o Ministro Jungmann resolveu recadastrar todos (sim, todos) os imóveis rurais no Brasil. Se algum apresentar irregularidades, será passível de desapropriação ...

li a, decorrente ela própria ordem normal ela soc iedade, baseada no mai s alto Código que a humanidade conhece - a Lei ele Deus, consubsta nciada no Decálogo - e ficou reduzida quase a uma concessão cio Estado. Este arrogou -se então o direito ele desapropri ar a seu bel -prazer, segundo leis por ele mes mo elaboradas, à reveli a ela moral e cio bom senso. O princípi o natural e cristão ele que o indivíduo é anterior ao Estado - e,

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eATOLIeISMO

De tal modo isso é ass im que, apretexto ele grilagern,já outras med idas vão sendo tomadas, ele uma rad ica lid ade in audita. Começou-se cri ando um clima emoc ional co ntra indivíduos que, no Norte do País, teri am se apossado indevidamente ele extensões consideráveis ele terras para espec ulação ou outras vantagens pessoa is. A partir daí, deu-se um passo elegigante na senda tenebrosa cio socialismo. O M ini stéri o do Sr. Jungmann reso lveu recadastrar TODOS (sim, todos) os imóveis rurais no Brasil , grandes e peque. nos. Calcul a-se que são 4,8 milhões ele propriedade rurais, e o processo eleve ser feito a toq ue ele ca ixa, com prazo para term inar em 2003. E se na esc ritu ra ele algum co itado fa ltar uma vírgul a ou um acento, ele que se cuide, po is ela pode ser considerada irreg ul ar e a terra "reverter à Coroa", ou sej a, ao todo-poderoso Estado ... Para isso haverá um Sistema Públi -

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co ele Registro ele Terras (SPRT), que vai unifi car os bancos ele dados cios cartórios ele reg istros ele imóveis com os cio INCRA e ela Receita Federal. Um proj eto ele lei nesse sentido j á foi aprovado na Câ mara cios Deputados em 14 ele março último, e só depende ela ratificação cio Senado para ser sancionado pelo Presidente ela República. Quem não se recadastrar perderá o certifi cado e ficará excluído cio SPRT, o que impede a vencia ou qualquer transferência ela propriedade ru ral. N a práti ca, perde a propri edade. Jungmann "não

acredita que será necessário cancelar os Certificados de Cadastro de todas as propriedades rurais" ("O Povo", Fortaleza, 16-3-0 1), ou seja, paira ademais a ameaça ele que todos os certifi cados sejam sumari amente cancelados. E m outros termos, todo proprietário rural é, em princípio, culpado ele ter adquirido irregularmente sua terra, até prova em contrário. Seria como dizer que todo indivíduo é, em princípi o, um ladrão, até que prove que não o é. A prova passa a ser obri gação cio acusado, e não cio acusador, invertendo princípio ele ordem natural arrai gado em nosso sistema jurídi co.

Despertar o Brasil autêntico Esse processo ele soc iali zação (o u comuni zação, como se preferir) cio Brasil poderá aind a ser detido. Uma reação lega l, mas esclarec ida e fi rm e, ela op ini ão pública pode obri gar a reverter o quadro. Se o B ras il autêntico se levantar, tudo ainda poderá ser salvo. Este arti go vi sa contribuir para tal esc larec imento. Se a bênção ele N ossa Senhora Aparecida pousar sobre aq ueles que o lerem, e sobre inúmeros outros bras il eiros descontentes com os rumos pelos quais vai sendo condu zida a N ação, então tudo se pode esperar. Vi giemos e rezemos. E, em toda med ida cio possível, atuemos. ♦

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Lançado e m dezembro de 1960, aind a no período Jâ ni o Q uadros, o livro alca nço u todo seu êx ito de 196 1 a 1964. Fora m co-auto res da obra o Bispo de .lacarez inho , D. Geraldo de Proe nça S igaud, o Bispo de Ca mpos, D. A nto ni o ele Castro Mayer, e també m o econom ista Lui z Mendo nça ele Fre ita s, aut or el a parte econô mi ca.

Música colonial brasileira: tesouro d Brasil a tênti o até há pouco ig ra o O renomado Maestro e compositor mineiro Carlos Al.berto Pinto Fonseca, entrevistado por Catolicismo, fala sobre esse tema, inédito para muitos brasileiros

G

rand e con hecedor da músic a coloni al brasileira, e desde 1962 Regente -t itu lar do Ars Nova, Coral da Universid ade Federa l de Minas Gerais, conseguiu o Maestro Pinto Fon seca transformá-lo em um dos melhores con juntos vocais da atual idade . Diplomado como professor pela refe rida Universidade, e co mo regente pel a Escola de Música da Universidade Fed eral da Bahia, nosso entre vistado fez, en tre os anos 1 960- 1 966, cursos de regência na Alemanha, França e Itália, com emine ntes mestres europeus. E, no Brasil, com o afamado Regente Eleazar de Carvalho . Criado em 1959, o Ars Nova é o cor al brasile iro que obtev e mais prêmios no País e no Exterior. Realizou cerca de 22 excursões a várias nacõe s da Europa, Ásia e Am érica, participando de co~cursos internacionais , ond e sem pre obteve as melhores c lass ificações, tais como: os primeiros prêmios na Espanha e na Suíça em 1985, o terceiro prêmio na Al emanha em 1991, o prim eiro prê mio na categoria folcl ore em Arezzo (Itália), em 1994, o primeiro prêmio e o Grand Prix em Atenas, em 1 998. Participou ainda de v ár ios fes t ivais não comp eti ti vos nos Estados Uni dos (1975), nas Filipinas (1979), na Grécia (1981), na Áustri a ( 1 987) e na Coréia do Su l (em 1988, por ocasi ão dos Jogos Olímpi cos de Seu l). O trabalho executado pelo M aestro Carlos Alberto Pinto Fonsec a e as apresentações do Ars Nova são particul armente meritórios, pois difund em no Brasil e no Exterior verda deiras obras-prim as de autêntica arte musical, até há pouco desconhecid as ou desprezadas pelo falso Brasi l do rock e outros ruído s do gê ne-

ro; falso porque perdeu a sua identidade e atrelou se aos mito s revolu cio nários contemporâneos mais desvairados; um Brasil postiço e mimetista, ávido em sorver as últimas moda s , m as que, devido ao atraso e m sua implanta ção aqu i , elas c h ega m freqü entem ente como as penúltimas novidad es ... O Brasil real, o Brasil brasJ/eiro, fiel a suas raízes e tradi ções cató li cas , intenc ionalmente esquecido por certa mídia, precisa não raro ser exumado por alguns especialistas ou pessoas desassombradas, para aparecer à lu z do sol. Foi o que f ez, por exemplo, no plano artístico, com admirável empenho e pertinácia, o mu sicólogo alemão, n atu rali za do uru guaio , Francisco Curt Lange, a partir da década de 40, redescobrindo a música erudita do período co ton ial, especialmente na Capitania Geral das Min as Gera is. Para ilu strar a af irm ação ac ima, transcrevemos no quadro da p. 31, trecho de um artigo desse benemérito musicólogo Um fabuloso redes cobrim ento - , bastante sintom ático, publicado na Revista de História da Univers id ade de São Pau lo, em 1976.

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ncon ro ne 17 a 20 de junho de Teacro Sesi ·

Catolicismo - O musicólogo alemão Francisco Curt Lange afirma que o mais grave erro do século passado e de boa parte do atual, em matéria de música brasileira, consistiu em crer que os meios culturais da América, especialmente nos séculos XVII e XVIII, eram carentes de informação do que se realizava nas respectivas metrópoles. O Sr. concorda com essa apreciação? Carlos Alberto Pinto Fonseca - Concord o. A s caravelas tra ziam partituras do que se compunha na E uropa nesse período, espec ialmente no séc ul o XVI[[.

Catolicismo - José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, cuja vida transcorreu entre o Arraial do Tejuco, atual Diamantina, e Vila Rica, terá sido o maior dos compositores mineiros do século XVIII? É admissível a tese de Curt Lange de que sua obra pode figurar condignamente ao lado da dos grandes compositores europeus? Sua Missa em Mi Bemol pode ser considerada a composição mais perfeita do repertório que nos legou? Fonseca - A Missa em Mi Bemol, a Grande Missa é maravi lhosa, porém o Magnificat de Manuel Dias de O liveira pode ser comparad o à obra de qualqu er compositor contem porâneo europeu ele "primeira água" !

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Catolicismo - Que valor atribuir ao Pe. Caetano Melo de Jesus, Mestre de Capela da • Catedral da Bahia, no século XVIII, autor da obra Escola de Canto de Órgão. Música Pra- • ticada em Forma de Diálogo entre Discípulo e Mestre? Fonseca - Conheço a obra e a considero de va lor didático e verdadeira escola. Catolicismo - Em sua Pequena História da Música, Mário de Andrade considera o Pe. José Maurício Nunes Garcia o pri.meiro nome ilustre da música nacional. E praticamente ignora compositores importantes de vários Estados brasileiros, como Pernambuco, Bahia, e, especialmente, Minas Gerais, que se distinguiram por uma rica criação musical de estilo barroco, predominantemente rococó, comparável à dos mestres europeus da época. Como explicar tal ignorância e mesmo menosp rezo por essa fase da música colonial brasileira? Fonseca - Fa lta de inrorm ação. urt Lange fo i quem "redescobriu " o fi Ião la música colonial. Nomes como Lobo de M esquita, Manoel Dias de O li veira, Fra ncisco Gomes da Rocha e M arcos Coelho N eto - mes mo João de Deus de Castro Lobo - eram então tota lmente desconhecidos, ass im como Á lvares Pinto, de Perna mbuco. Catolicismo - Bruno Kiefer, em sua História da Música brasileira, considera como músicos e compositores de maior destaque em Pernambuco o Pe. Inácio Ribeiro Nóia (séc. XVII) e Lu ís Álvares Pinto (séc. XVIII). Qual a importância deles na história da música colonial do Brasil? Ftm.w•rn - Nóia não conheço. Á lvares Pinto l' u1n )randc con1positor.

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Maestro Fonseca: "Curt lange

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pesquisa de campo: vasculhou os arquivos de

tania Geral de Minas Gerais, especialmente no século XVIII, Francisco Curt _Lange afasta a hipótese de terem eles vindo de Portugal, ou de centros mais adiantados do Brasil, como Bahia e Pernambuco. E defende a tese de que tal florescimento se deve ao grande número de músicos profissionais livres, em geral mulatos, que se formavam, desde meninos, na Casa do Mestre de Música ou Conservatório, onde residiam e recebiam meios de subsistência, bem como instrução musical. O que pensar a respeito desse parecer? Fonseca - Vál ido. Curt Lange fez profunda pesquisa de campo: vascu lhou arquivos de irmandades, igrejas, arqui vo púb li cos, fez verdadeiro levantamento sobre a época, anali sou rec ibos de contratação de mú sicos, enco menda de obras para ocasiões fest ivas, eventos etc .

irmandades, igrejas, arquivos públicos, fez verdadeiro levantamento sobre a época"

• Catolicismo - Qual a importância do músi• co português André da Silva Gomes, que se radicou em São Paulo de 1774 a 1823? O Sr. acha que o Kyrie e o Glória de sua afamada Missa revelam um estilo de transição do barroco para o rococó, podendo • ser equiparados às melhores criações do Pe. José Maurício, seu contemporâneo? • Fonseca - É muito bom , mas não gosto de • comparações . Cada um tem s u valor. Mas o Pe. José Maurício é o maior ompositor brasi • leiro do período.

ser feito sobre os outros dois maiores compositores mineiros do século XVIII: Marcos Coelho Neto, autor do hino Maria Mater Gratiae, e Francisco Gomes da Rocha, do qual nos chegou apenas a bela Novena de Nossa Senhora do Pilar? Fonseca - Também ão muito bons. Já apresentei com o Ars Nova essas obra s: são verdadeiras j óias do colon ial brasileiro.

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um grande compositor"

Catolicismo - Tem fundamento a tese de Bruno Kiefer, de que as obras dos campo .. sitores mineiros do século XVIII pertencem ao Rococó-Classicismo, e não ao Barroco? E que alguns vestígios do estilo barroco na música desses compositores não alteram essa classificação mais precisa de seu estilo musical? Fonseca - Concordo em parte com a tese; são mais pré-clássicas, se m os maneirismos que carac teri zam o rococó europeu; barroco, não !

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rício na história da música no Brasil? Podese considerar, como afirma Mário de Andrade, sua Missa de Réquiem como "a obra-prima da música religiosa brasileira''? E que, como assevera Bruno Kiefer, apesar de sua indiscutível musicalidade, " Lobo de Mesquita não atinge a altura do Pe. José Maurício ''? l~nseca - O Pe. José M aurício é o n1aior con,positor de seu período. Conheceu a obra de M ozart, fo i o regente do Réquieni de M ozart na primeira versão brasileira. Lobo de Mesquita é a nte rio r, cron o log icamente. Foi ta1nbé m um grande compositor. - Para que compará-los? - Pode-se comparar B ach e M ozart? - Mozart e Beethoven? Poderíamos dizer, de ambos, que L obo M esq uita foi o H aydn e o Pe. José M auríc io o Beethoven da música religiosa no Brasil, apesar de não chegarem à altura dos dois gênios europeus.

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O fabuloso redescobrimento'' de um musicólogo alemão "Hoje, a musicologia universal considera que a ex istência de uma intensíssima atividade musical na Capitania Geral das Minas Gerai s e a presença de compositores de não imag inado vulto - movimento que se achava exclusivamente cm mãos de mulatos - representa o maior descobrimento feito nos últimos 180 anos, suscitando ao mesmo tempo motivo bastante para aprofundar a formação sociológica neste Estado, meltingpot [cadinho para fusão] violento de diversas raças. Apesar do reconhecimento no Exterior dos valores mineiros, no Brasil estamos ainda longe lc compreender, no seu verdadeiro alcance, esta afirmação, para a qual tenho contribuído, proferindo, por cima, mai . de 2000 conferências e dando cursos de extensão em Universidades, Aca-

demias, Conservatórios, rádio-emissoras e outras instituições, dedicando-me à gênese da música mineira, em 23 países europeus e em quase todo o hemisfério americano. Organizei concertos das obras restauradas para conjuntos de notória importância que tiveram em muitos casos uma repercussão apoteótica, e para cantores, instrumentistas, coros e regentes, as mais elevadas satisfações, culminando sempre num verdadeiro deslumbramento com as obras dos egrégios mulatos". (Excerto do artigo Um fabuloso redescobrimento - Para justificação da existência de música erudita no período colonial brasileiro, Francisco Curt Lange, Presidente do Instituto lnteramericano de Musicologia, Montevidéu, Revista de História da Universidade de São Paulo, ano XXV II, Volume LIV, 1976, pp. 45 a 67).

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Santos ·e festas

de JUNHO São Medard

1 São Panfílio e Companheiros, Mártires. + Cesaré ia (Pa lestina), 309. O maior dos exegetas cio seu tempo, Panfíli o fundou uma escola bíb lica, centro ele saber e virtude. Encarcerado e torturado pe la Fé, fo i depoi . martiri zado com alg uns discíp ul os e companhe iros ele pri são. Primeira Sexta-feira do mês.

2 São Nicolau, o Peregrino, Confessor. + Tra ni (Itá li a), l094. Jovem g rego, visitava os santuários do sul da Itá li a a pé, ca rregando pesada cru z e ca nla nclo o Kyrie Eleison . Faleceu aos 19 a nos ele idade. Mui tos milagres se operaram cm seu túmulo. Primeiro Sábado do mês.

3 DOMINGO OE PENTECOSTES

t

São Carlos de Luanga e 22 Companheiros, Mártires. + Uganda, 1886. Carlos, ofic ial do Re i de Uganda, convertido com outros funcionários pelos Padres Brancos, fo i com e les que imado vivo.

dos Clérigos Regulares Menores" (do Martirológio Romano). Tinha o dom de profecia, sendo favorecido com êxtases.

e le ito para a diocese de Noyon , à qual Tournai foi unida mais tarde.

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Beato José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, Confessor. + 1597 . Converteu inúmeros índios à Fé católi ca, arrancando-os às trevas do pagani s mo. Ope rou numerosos mil agres.

São Bonifácio, Bispo e Mártir. + Dokkun (Ho landa), 754. Ing lês de nasc imento, fo i o apóstolo da Alemanha. Resignou a sua Sé para trabalhar os últimos anos de sua vida reconvertendo os frielandos (ho landeses), que haviam recaído no paganismo, sendo por eles martirizado.

6 São Norberto, Bispo e Confessor. + Magd burgo (A le manha), 11 4. vertido I or caus·i d um raio, Lornou-s' preguei r itincran t , fundando dcpoi , os ô11egos R •guiares (Prcmonst:ratenses). F i n meado posteriormen te Are bispo de Magdeburgo.

7 Santo Antônio Gianelli, Bispo e Confessor. + (Bobbio) Itá li a, 1846. Empenhou - se no ca mpo das mi ssões e da ed ucação. B ispo de Bobbio, governou com sabedori a e prudênc ia sua Sé ep iscopal.

4 São Francisco Caracciolo, Confessor. + Ag no ne (Itá lia) , 1608. De nobre famí li a napolitana , ''.fundador da Cong regação 32

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8 São Medard, Bispo e Confessor. + França, 558. Irmão de São G ildard, Bispo de Rouen, foi Junho de 2001

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t

São Columbano, Confessor. + lona (Escóc ia), 597. Irlandês de nascimento , fundou vári os mosteiros e m seu país antes de mudar-se para a ilha de lo na, o nde fundou um mosteiro que em pouco tempo se tornou o maio r da Cristandade. Considerado apó to l ela Es eia.

10 DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

t Santo Itamar,

São Norberto

São João Batista

São Bonifácio

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pela madrasta. M orreu aba ndonada e m seu le ito de palhas no celeiro de seu pai, aos 22 anos.

entrou num moste iro. Fu ndador da Ordem dos Camaldule nses.

16

Beatas Sancha, Teresa e Mafalda de Portugal + Portugal , século Xlll. Filhas de D. Sancho I, renunciaram às g ló ri as do mundo para entregar-se a Deus na vida re li g iosa.

São João de Sahagum, Confessor. + Salamanca (Espanha), 1479. Da Ordem dos Eremitas ele Santo Agostinho. Por denunciar o mal existente nos mais altos postos da sociedade onde vivia, sofreu vários atentados, se ndo por fim envenenado pela concubina de um nobre.

13 Santo Antônio de Pádua, Confessor e Doutt>r da Igreja. + Pádua (Itáli a), 123 1. Chamado de "Arca do Testamento " e "Martelo dos hereges", esse grande taumaturgo foi um a das g ló ri as da Ordem Franc isca na.

14 SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE OE CRISTO

t

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São Metódio de Constantinopla, Bispo e Confessor. + Constantinopla (Turqui a), 847. Itali ano de nascimento, tocado pe la graça, fez -s e monge. Valente opositor dos iconoclastas, devido à interferê ncia da Imperatriz Teodora foi nomeado Patriarca de Constantinopla.

São Parísio, Confessor. + Trev iso (Itá li a), l267. Aos 12 anos entro u para a Ordem dos Camaldulenses. Exerceu o cargo ele capelão das monjas do mosteiro de Santa Cristina por 77 anos.

Santa Germana Cousin, Virgem. + Pibrac (França), 160 1. Pobre, escrofu losa, neg li ge nc iada pelo pa i e ma ltratada

Bispo e Confessor. + 656. Nativo de Kent, fo i o prime iro anglo-saxão a ser nomeado B ispo de uma Sé ingl esa, s ucedendo a São Paulino como Bispo de Rochester.

15

São Cyro e Santa Julita, Mártires. + Síria, séc. JY. Julita, por não querer re negar a Fé, estava sofre ndo o martírio quando eu filho Qui rico, o u Cyro, de apenas três anos, q ue lhe fora arra ncado dos braços, se lhe juntou para morrer, afirma ndo que também era cristão.

17 Santa Teresa de Portugal, Viúva. + 1250. Filha do Rei Sancho l de Portugal. Sendo declarado nul o seu casamento por moti vo ele consangüinidade, fun dou um convento cisterciense.

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21 São Luís Gonzaga. (Vide seção Vidas de Santos, p. 34)

22 FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO OE JESUS

23 FESTA DO IMACULADO CORAÇÃO OE MARIA (neste ano).

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Santos Marcos e Marcelino, Mártires. + Roma, 287. De acordo com a tradição, na pc rsegu ição movida por Dioc lec iano esses dois irmãos gêmeos "tiveram. o lado traspassado por lanças, entrando assim no Reino dos Céus pela glória do m.artírio" (do Martiro lógio Romano) .

FESTA DO NASCIMENTO OE SÃO JOÃO BATISTA

19 São Romualdo Abade, Confessor + (Itá li a) 1027. De nobre família de Rav na, aos 20 anos

São Francisco Caracciolo

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Santos João e Paulo, Mártires. + Roma , 362. "O primeiro era o governador de palácio, e o segundo o camareiro da virgem Constância, .filha do Imperador Constantino. Ambos obtiveram a palrna do m.artírio sob Julian.o o Apóstata, morrendo pela espada" (do Martirológio Romano).

São João Southworth, Mártir. + Tyburn (Inglaterra), 1654. O rdenado sacerdote na Fran ça e enviado à missão na Ing laterra, fo i várias vezes preso, e libertado pela intercessão da Rainha Henriqueta, esposa ele Carlos L Após a exec ução desse re i, sob o reg ime d i ta to ri a I e herético d e C ro mwe ll , fo i apri sionado e martirizado.

27 São Ladislau da Hungria, Confessor. + Nitra (Boêm ia), l095. Cons ide rado um dos heróis da Hung ri a, esse re i derrotou sucess ivamente os poloneses, russos e tártaros. Pela morte da irm ã, anexo u ao reino a Da lm ác ia e a Croácia . Apoiou São G regó ri o VII contra o Imperador Henrique lV, incentivou o trabalho missionário em seus territórios, construiu vários mosteiros e igrejas.

29 (A Comemoração de São Pedro e São Pau lo passa para o domingo, dia l ele julho)

30 São Teobaldo de Provins, Eremita, Confessor. + Salonigo (Itáli a), 1066. Filho dos Condes de Champagne, trocou a carreira militar pela vida eremítica. Depoi s de uma peregrinação a Roma, entrou para a ordem dos Camaldulenses em Sa loni go.

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25 São Próspero de Aquitânia, Confessor. + França, 463. Le igo e casado, devotou-se ao estudo da teo logia, correspondendo-se co m Santo Agostin ho, a quem adm irava. Com e le combate u a do utrina herética dos semi1 e lag ianos sobre a graça. Indo a Ro ma, tornouse sec re tário do Papa São Leão Magno.

Beato José de Anchieta

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VIDAS DE SANTOS ·1

São Luís Gonzaga: modelo de pureza, coerência e desapego PLINIO MARIA SOLIMEO

Marquesa de Castiglioni, Laura de Gonzaga, estava em trabalhos de parto, com grande perigo de vida para si e para a criança qu e ia nascer. Todos já desesperavam de vê-la a sa lvo, quando e la resolveu fazer uma promessa a Nossa Senhora de Loreto, de consagrar-Lhe esse primeiro filho de suas e ntranhas e de levá- lo em peregrinação ao seu santuário, tão logo ambos se recuperassem. Imediatamente deu à luz o primogênito de seus oito filhos, a quem pôs o nome de Luís. Esse feliz acontecimento foi providencialmente comemorado em Castiglione com o júbilo de um nasci mento rea l. E muito a propósito, pois o recém-nascido haveria de ser a maior glóri a da dinastia dos Gonzaga, uma das mais ilustres de toda a Itália. Com domínios de Mântua a Bréscia, e de Ferrara à fronte ira da Lombardia , ao longo cios anos a dinastia acumulara riquezas, a lt s cargos ec lesiá. ticos e princ ipados em sua aristocrática linhagem. Dona Laura era casada com um dos mais salientes membros dessa estirpe, Fernando, M arq uês ele Castiglio ne e Príncipe cio Sacro Império. Conhecera-o na corte ela Espanha, onde era dama ela Rainha Isabel de França. Esta soberana, secundada por seu esposo, o grande Fe1ipe II, estimando a virtude e as qualidades morais ele Dona Laura, a escolhera para sua dama. Se o Marquês tinha no sangue o espírito combativo e militar de seus ancestrais, a Marquesa completava a belicosidade do marido com uma profunda piedade. E Luís recebeu a influência cios dois. Desde muito pequeno, gostava ele ouvir, falar e pensar em Deus. Teve assim, quase desde o berço, um dom muito elevado ele oração, sendo Deus seu único mestre.

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Patrono da juventude, São Luís Gonzaga aliou a nobreza de sangue à santidade, comemorando-se suafesta no dia 21 deste mês. Fez voto de virgindade aos nove anos e morreu como noviço da Companhia de Jesus aos 23, vitimado por sua assinalada caridade para com os empestados de Roma

"Conversão" aos sete anos ... Unido a essa fe li z propensão de seu caráter e à sua piedade precoce, podia-se perceber ne le o borbulhar belicoso do sangue ancestral. Assim é que o Marquês

deu-lhe uma pequena armad ura, elmo, espadinha e um pequeno arcabuz ele verdade. E o levou ao acampamento ele Casa l-Major, o nde deveria passar em revista as tropas que levava consigo para a guerra do rei espanhol contra Túnis. Um dia Luís, disparando seu arcabuz, chamuscou o rosto. O pai então proibiu-o de utili zar pólvora. Mas e le, travesso e valente, noutro dia, na hora do repouso após o almoço, consegui u escapar à vigilância ele seu tutor, aproximar-se ele um canhão e acender-lhe o pavio. O acampamento todo foi despertado com o estrondo, e encontraram o pequeno príncipe estirado ao so lo, vítima do coice que recebeu da possante arma. Luís gostava de estar junto aos tercios espa nh óis das mais famosas tropas de infantaria então existentes - imitando seu passo marcial. Mas muitas vezes repetia seu jargão e as palavras às vezes inconvenientes de alg uns de les. Seu tutor chamou-lhe a ate nção, dizendolhe que aq uela não era a linguagem de láb ios limpos. Embora o menino de cinco anos não entendesse seu sentido, chorou amargamente essa involuntária fa lta, que ac usará sempre como uma das mais graves de sua vida. E disse que a partir desse episódio teve início sua "con-

versão " !

Objetivo: alcançar vida de perfeição Desde então, essa criança começou um processo de sério afervoramento espiritual. Segundo o parecer de outro Santo, São Roberto Belarmino, Doutor da Igreja e futuro confessor do primogênito do Marquês de Castiglio ne, "na idade de sete anos é que Luís começou a

conhecer mais a Deus, desprezar o mundo e empreender uma vida de pe1:feição. Ele rnesmo comfi·eqüência me repetia que o sétimo ano de sua idade marcava a data da sua conversão". Aos o ito anos o pai levou-o com seu irmão Rodolfo para viverem na corte do Grão-duque ela Toscana, Francisco de Méclicis. Já não se estava mai s na auste ridade vivida pelos príncipes medievais, poi s a decadência renascentista invadia tudo. Em meio aos divertime ntos mundanos e às soli citações dessa brilhante corte renascentista, Luís buscava aux íli o nAquela. a que m fo ra consagrado ao nascer. Aumentou então seus atos de devoção à Santíssi ma Virgem, de tal modo que fez , aos nove ano de idade, voto de castidade perpétua. Quando tinha 10 anos, numa ausência do pai, recebeu certo di a em Castig li o ne o Ca rdea l-Arcebi spo de Mi Ião, ão Carlos Borromeu. Este ficou encantado com s ua pureza e santidade, tendo declarado "que jamais

enconlraro j ovem que em tal idade atingisse tão eleva-

Altar de São Luís Gonzaga na Igreja de Santo ln,icio, em Roma

da perfeição". E le mesmo ad mini strou- lhe a Primeira Comunhão, aconselhando-o a praticar a comunhão freqüente e a le itura do Catecismo Romano. Sua in fânc ia transcorreu de castelo em castelo, de corte em corte, ele festa e m festa, mantendo, contudo, sempre o coração ancorado em Deus. Provou, assim, que era perfeitamente possível cultivar a sa ntid ade em meio aos esplendores da nobreza. Com efeito, aos 12 a nos já atingira alta contemplação. Para isso lhe fora de muita aj uda um liv ro de São Pedro Canísio, apóstolo da Alemanha . A meditação contínua tornou-se para ele quase uma segunda natureza. Um ele seus criados poderá afirmar: "Todos seus pensamentos estavam.fixos em Deus. Fugia dos jogos, dos espetáculos e das festas. Se dizíamos alguma palavra menos decente, cham.ava-nos e repreendia-nos com toda doçura e gentileza" . Luís afi rma.ri a mais tarde: "Deus me deu a graça de não pensar senão no que quero". E pQr isso tinha um domínio total de si mesmo. Vivendo em plena época do Renascimento, estudou as línguas clássicas, chegando a escrever e legantemente em latim. Foi nessa língua que fez um discurso de saudação ao monarca espan ho l Felipe LI quando suas armas foram vitoriosas em Portugal. Espírito a lerta, perspicaz e sério, triunfou facilmente nos estudos. E le ali a-

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va mag nificamente a nobreza, a cultura, a inteligência e a santidade.

Para o cumprimento da vocação, vitória sobre sérios obstáculos Em 1581 Luís foi levado pelo pai para a Espanha, para ser paj em dos infa ntes naquele país. Mas D eus ti nha sobre ele outros des ígni os. N a corte de um dos mais poderosos soberanos da Terra, afirm a-se no coração de Luís o desejo de apartar-se do mundo e dedi car-se totalmente a D eus. Tendo cumprido j á os 16 anos, decidiu fa lar sobre i sso com seu pai. O marquês, que encantado com as qu alidades do filh o augurava- lhe um brilhante porvir no mundo, respondeu- lhe com um rotundo não. Para di ss uadi - lo di sso, enviou-o de vo lta à [tália, com mi ssão junto a vári os príncipes. Esperava que, em meio àquela v ida brilhante da Itáli a renascenti sta, arrefece se no filh o o desej o de fazer-se reli gioso. Luís des in cumbiu -se co m tanto êx ito das vári as tarefas, que o pai mais e firm ou no desej o de tê-lo como seu sucessor. M a , à fo rça de muitas súplicas, o marquês cedeu. E Luís - tendo também, como príncipe do Sacro- [mpéri o, obtido a permi ssão do Imperad or - pôde abdicar de todos seus direitos dinásticos em favor de seu irmão Rodol fo, e assim entrar no noviciado da Companhi a de Jesus em Roma, aos 18 anos incompletos.

Alto grau de santidade em plena juventude Dentro do nov iciado j esuíta, Luís continuou a ser motivo de edifi cação para to los, como sucedera quando estava no sécul o. Seus superi ores não tiveram senão que moderar o seu fervor e pôr limites à suas grandes penitências. Para ele, era uma alegri a sair pelas ru as de Roma, com um saco às costas, pedindo esmolas para o convento. Era também envi ado a ajudar na cozinha e na limpeza da casa. A alguém que lhe perguntou se não senti a repugnância em fazer atos tão humilde , respondeu que não, pois tinha diante dos olhos a Jesus Cri sto humilhado pelos pecados dos homens, e a recompensa etern a que •I dá àqueles que se rebai xam por amor a D eus. Vi sitava os doentes e os encarcerados. M e mo nessas ocas iões, mantinha seu reco lhimento em Deu e cumpri a seus atos ele devoção. Di zia que "aquele que

não é homem de oração não chegará jamais a um alto grau de santidade nem triunfará jarnais sobre si mesmo; e que toda a libieza e f alta de morlijicação que se via em alrnas religiosas não pmcediam senão da negligência na rneditação, que é o meio mais curto e eficaz para se adquirir as virtudes" . A tal ponto se torn ara se-

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nhor de sua imaginação, que no espaço ele seis meses, segundo ele mes mo reconheceu, suas di strações não haviam durado o tempo de uma Ave-M aria. Um a de suas devoções espec iais era a Paix ão de N osso Senhor, a qual torn ou-se obj eto contínuo de suas meditações. Sua devoção à Santíss ima Virgem era tern a e fili al. T inha também espec ial devoção aos Santos An j os, espec ialmente a seu Anj o da Guard a, e escreveu mes mo um pequeno estudo sobre eles. Também o Santíss imo Sacramento era obj eto de suas afeições. Passava horas diante do tabern ácul o, entretendo-se co m o Deus escondido sob as aparências eucarísticas. Caso seus superi ores não o tivessem moderado, as penitênc ias f ísicas que praticava teri am abrevi ado seus di as. A lguns di ziam que ele lamentari a, na hora el a morte, esse excesso. B em pelo contrári o: nesse momento ele fez questão de di zer a seus irmãos, reunidos em torno de seu leito, que se ele tinha alguma co isa a lamentar nesse sentido eram as penitências que ele não havi a fe ito, e não as que fi zera . Seu pai, que levara uma vida muito voltada às coisas do mundo, preparou-se tão bem para a morte, que atri buiu esses sentimentos às orações do filh o.

Na morte, caridade heróica Pouco depois do falecimento de seu progeni tor, Luís teve que ir a Casti glione resolver uma áspera di sputa entre seu irmão Rodolfo e seu ti o, a propós ito de terras. Sua mãe, que o venerava muito, e com sentimentos de verd adeira nobreza, recebeu-o de j oe lhos. Quando estava hospedado no colégio da Companhi a, em Mil ão, teve a revelação ele que em breve morreri a. Ex ultante, voltou para R oma e empregou seus últimos di as cuidando dos empestados numa terrível epidemi a que devastava a Cidade Eterna. Com isso, ganhou mais méritos . Vítima do contág io, fa leceu sa ntamente a 2 1 de junho de 159 1. Que São Luís Gonzaga interceda por nós, em meio ao neopagani smo e à decadência moral de hoj e em dia, e nos obtenha do Cri ador pelo menos um a parce la de s u abrasado amor de D eus e zelo apostóli co, bem como de sua pu reza angéli ca. ♦

Comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Obras consul tadas: L ·s P ·tits Hol la11tlist ·s, Vil•.1· eles Sa ints, d' apres le Pere Giry, 1 loud et Barru l, Libruircs- (l tliLcurs, Pari s, 1882, Lomo T , pp. 192 a 20 3. Pe. Jea n roi ss ·t, S..I. , A,io Crist iano , trad ução espa nh ola, Saturni no all ·ja, Madri d, 190 1, torno 2", pp. 907 a 9 19. Fr. Ju sto Pérez de Urbcl, O.S .B ., A,io Cristiano , Ed iciones Fax, M ad ri d, 1945 , Lorno 11, pp. 665 a 675. Pe. José Le it e, S. J. , Sa111os de Cada Dia, Edi Lo ri al A.O., Braga, 1987, to rn o li , pp. 275 a 278.

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Na realidade, a Irmã Lú ia conclui que a presença de Deus (Deus nã apareceu, mas deixou sentir sua presença), a simples presença de Deus naq uelas cri anças - entretanto muito criancinhas, e portanto ignorantes de tudo quanto é um pouco mais desenvolvido de nossa Religião produ ziu um tal efeito, que elas compreenderam que era para não contar a ninguém, s bem que a aparição não lhes tenha recomendado o segredo. N ão recomendou, mas fez muito mais do que recomendar. Impôs? De algum modo, sim.

Elas não con eguiriam fa lar, porque a prese nça de D eus estava de ta l maneira marcando as suas almas, que elas entendiam qu e sobre essa prese nça não se fa la com ning uém. M ais ain da: o q ue está dado a entender é que, se sobre isto as três c ri anças fal aram uma s co m as outras, fa lara m muito pouqu i nh o. A voz do sil ênc io era o melho r comentári o para aq uil o que se tinh a passado. Era um primei ro ful gor. Do quê? Contra a revo lução ela feiú ra, do hedi-

ondo, do pecado, era [um primeiro ful gor da] contra-revolução da castidade, a contra-revolução da pureza, a contra-revolução de tudo que é transparente para D eus, e através do que a luz de D eus se comunica aos homens. Haverá coi sa mai s bela, mais convi dativa do que isto, para fo rm ar o espíri to num sentido contrári o à Revolução que estamos presenciando atualmente, a Revolução Cultural ? (Plinio Corrêa de Oliveira, palestra para Correspondentes da TFP em 5-6- I 994).

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Nossa Senhora falou comigo - Pedi a Nossa Senhora de Fátima que Ela me desse um teto para morar com minha família, pois eu não podia mais continuar do jeito que estava, morando de favores. Eu pedi a que me desse a graça de comprar uma casa, mas eu ganhava muito pouco , e sabia que para eu conseguir isso era só através de uma graça. Numa sexta-feira, após eu e minha esposa termos rezado o terço, como fazemos todos os dias, fui dormir. E em uma visão Nossa Senhora falou comigo: olha, filho, o que você me pediu eu estou dando; ao amanhecer, voc ê vai fic ar sabendo de uma casa que est á à venda, e esta vai ser sua. Nossa Senhora ainda me disse: vai ser co m muita dificu ldade. E tudo aconteceu como Ela falou! Ao sair, de manhã, fui na casa de um amigo e ele m e disse: olha, José, aquela casa está à venda . Eu fui e co nversei com a dona, e ela me mostrou a casa, que esta va alugada. Eu pensei: não é para mim, não, minha M ãe. E Ela me disse: é esta que Eu estou te dando , mas lembre-se que vai ser com dificuldade, não vai ser fácil. Negociamos e eu comprei a casa, marcamos a data para mudar. Mas o inquilino não saiu , tive que procurar casa para eles . Eles me disseram que se não arrumasse uma casa para eles, não sa iriam . Eu não ca nsei de pedir a Nossa Senhora, e então consegu i uma casa para eles e entreguei as chaves nas mãos deles . Mas ele disse que eu tinha de ajudar a fazer a mudança deles, se não, eles não sairiam. Ajudei a eles, e assim encerrouse o sofrimento. Dia 19 de março fez um ano que estou morando na minha casa . Agradeço a você, M arcos Luiz Garcia, que fez com que esta bênç ão entrasse em minha casa (JGL, Minas Gerais) . Receber a imagem de Nossa Senhora foi a maior honra de minha vida - Vi que era chegada minha vez de receber a imagem de Nossa Senhora de Fátima em minha casa. Espero que Nossa Senhora de Fátima me ensine a amar como Ela. Que este amor faça cresce r em mim a co nfiança em Deus. Cada pessoa fez um pedido e todos participaram das orações . Fiquei surpresa comigo m esma , porqu e orava como uma cri ança, foi uma emoção e muita aleg ri a. A s pessoas que foram convidadas se emocionaram. Foi tudo mu ito lindo ! Os Peregrinos que trou xeram a imagem de Nossa Senhora foram atenciosos e simpáticos. M eus agradecimentos por esta alegria, e espero que vocês lembrem de mim mais uma vez, quando a imagem de Nossa Senhora vi er outra vez à minha cidade. Foi a maior honra de minha vida (ADM, Rio de Janeiro) .

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Gosto muito desta obra - Querido amigo M arcos Luiz Garcia , é com muita alegria qu e eu te escrevo esta pequena carta, só para lhe dizer qu e eu gosto muito desta obra , sinto -me muito feliz em fazer parte desta Campanha " Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!". Sr. Marco s, fiquei muito alegre de o Sr. me convidar para fazer parte da Aliança de Fátima. Vou contar um pequeno testemunho . O ca rro vinha em alta veloci dade e o motorista perdeu o jeito de dirigir as marchas e não passava . O carro virou umas três ve zes. Uma mulher quebrou um braço , outra teve alguns feri mentos no rosto, e eu não tive nada. No momento em que saímos , agradeci a Deus e disse: foi Maria Santíssima que me segurou, para que eu não ferisse nem uma unha. Sr . Marcos, muito obrigado pelo calendário (DJS, Bahia) . Morri e voltei a mim - No dia 2 de fevereiro, em meu sítio, fui acometido de um derrame cerebral e socorrido no Hospital São Cristóvão , em São Paulo . Fiquei internado por 9 dias. Re ce bi alta, porém, no momento de sa ir sofri outro derrame muito mais forte . Levado para a U .T .I. , fiqu ei em coma por 48 hora s. Fui novamente transferido para o quarto, permanecendo mais 8 dias. Aí tive flebite no braço esquerdo. Voltei para o meu sítio, e depois de 6 dias precisei voltar ao hospital, pois fui acometido de trombose na perna direita , ficando mais 6 dias internado . Eu era, e agora sou outra v ez , um homem forte aos 65 anos, e tive que passar de uma hora para outra por todos esses sofrimentos . Eu estava vivo, morri, e após 48 horas voltei a mim . Nesse período de minha doença, minh a esposa colocou minh a ca mi sa e o t erço sobre a nossa cama, e chorando pedia a No ssa Sen hora de Fátim a pa ra que não deixasse eu morrer. E se Ela ate ndesse aq uel e pedido , escreveria para o coorde nador da Cam panha para divulgar este milagre alcan çado através de Nossa Senhora de Fátima. Ap ós 2 meses de sofrimento, gra ças a J esus e Nossa Senhora de Fáti. ma, estou curado e sem nenhuma seqüela (UL, São Paulo) . Pedido de orações aos participantes da Campanha - Qu ero alca n ça r uma graça : conseguir ganhar um di nheiro e co mprar uma casa para morar co m meu s filho s e minh a esposa. Peça a No ssa Senhora de Fátima que olhe para este pobre co itado, que sempre a tenho como minh a padroeira (EJP , Di strito Federal) .

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Depois do aborto e da eutanásia, as drogas

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omo todos os horrores do mun do moderno, també m o uso de drogas vai sendo legali zado aos poucos. Depo is da Suíça, Alemanha, Espanha e Holanda, agora a Austráli a está inaugurando o primeiro centro lega l do país para consumo de drogas, na zona de prostituição da capital Sydney. As Irmãs da Mi seri córdi a, uma ordem de freiras católicas, iri a gere nc ia r o local, mas fo ram impedidas por ordem vinda do Vaticano . O pretexto é oferecer um ambie nte hi giênico e seguro, onde os dependentes de heroína possam inj etar a droga e m si mesmos e recuperar os sentidos antes de aíre m para a rua. O centro de consumo de heroína terá uma fil e ira de ca bines de meta l, um a sala para ressusc itação e uma área de ventilação. Depois do aborto, da eutanásia e outras formas de assassinato, o mundo moderno vai legalizando também as drogas. E o mais incrível é que freiras católicas estivessem dispostas a colaborar para essa abominação, sendo necessária uma ordem direta da Santa Sé para que não o fizessem. Em que situação está o mundo! Em que situação está a Igreja! Como é atual a Mensagem de Fátima!

Freiras em "sintonia" com rockeiros

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atorze fre iras da Congregação das Irmãs Carm.elilas Mensageiras do Espírito San/o freqüe nta m, há 2 meses, a EMT, Esco la de Música e Tecnol ogia, notório reduto de roqu e iros pau li tanos. E las mo nLaram uma ba nda e m 1997, chamada Ministério Chama Viva , e visam ago ra aprim orar o ca nlo e as técn icas in strume nta is. A banda Lem um baixo, um a g ui Larra, um Lec laclo, um a bateria e

dois violões. A g uitarrista, irm ã Anne Eleanor Gomes, divide os vocais co m as irmãs Sandra Bandeira, Ed il e ne Moreira e F lávi a Me lo. O repertório inc lui sucessos dos padres ca nto res e compos ições das próprias carme litas. Os estilos passeia m do baião e do samba às ba lad as. Em ce na, exibe m coreografia repleta de saltos, acenos e volteios. Não descartam gravar um disco ne m aparecer na televisão. Antes elas apresentações e las rezam, e não raro mi sturam às orações uma séri e ele frases in co mpreensíve is. "É a língua dos anj os, que repetirnos por inspiração do Espírito San.to", afirma a madre . As fre iras estão e m sinto ni a co m "o c li ma" ela esco la, opin a o guita rri sta Wancler Taffo, um dos sóc ios da EMT e ex- integ rante do Made in Brazil, Joelho de Porco , Cang 90 e o utras célebres bandas de rock. Como isso tudo é diferente da imagem tradicional da freira dos Conventos Carmelitas, de Santa Teresinha do Menino Jesus, por exemplo! Que juízo faria dessa congregação das Irmãs Carmelitas Mensageiras do Espírito Santo a grande Santa Teresa de Jesus, reformadora do Carmelo no século XVI?

Volta ao canibalismo m Rib irão Preto (SP), durante uma cm 29 ele março último, presos assa sina ram doi s o utros co legas, deceparam-lhes as ab ças e as mãos. De uma das vítimas, arrancaram o coração e o comera m a. , ado. É a volta ao canibalismo, existente entre os índios pagãos na época do Descobrimento do Brasil. Por enquanto é nas prisões, daqui a pouco poderá ir sendo legalizado, como na caso das drogas. Tais práticas parecem .issociadas ao satanismo, que vai invadindo esta nossa sociedade neopagã cada vez mais distante de Jesus Cristo e ele Noss.i Senhora. Contra isso nada dizem os defensores dos direitos humanos , tão prontos a criticar os policiais.

Erebeliã

Libertinagem afeta adolescentes estudo Situação da Saúde do Ado-

O lescente n.o Estado do Rio de Ja-

neiro, e laborado por equipe da Secretari a Estadual de Saúde, mostra um aumento assustador de mães e avós jovens. No período de 1993 a 1998: l) o número ele partos entre mulheres de 20 a 29 anos ca iu 5%; 2) na fa ixa de l5 a J 9 anos, cresceu de 20%; 3) na faixa de IO a 14 anos, cresceu 54% ! Ou seja, toda essa libertinagem sexual incentivada pela TV, pela propaganda dos preservativos etc. está levando à formação de uma legião de mães-meninas, imaturas, entregues precocemente aos vícios sexuais ele toda espécie e sem marido que asampare. Como estranhar que cresçam a criminalidade, a insegurança, as doenças?

Fo,j_ado mais um "elo perdido"

outros bichos. Faltam poré m as provas . De fato, o nde estão esses seres intermediários, esses elos perdidos que provari am a passagem do macaco para o homem, ou então ele uma espécie animal para outra ? Não encontra ndo na natureza esses e los, os evoluc ioni stas têm fabricado alguns deles, o que constitui uma farsa indecente. Já há várias comprovações de farsas desse tipo. Recentemente apareceu mai s uma. O A rchaeoraptor foi assunto ele capa da "National Geographic" em novembro ele 99. O caso era sensacion al: um fóssil de dinossauro, descoberto na Chi na, apresentava uma "com.binação drarn.ática" de características de pássaro e ele dromeossauro, um clino carnívoro. Era, defi nitivame nte, o "elo perdido " entre aves e répteis. Evoluc ioni stas do mundo todo comemoraram a descoberta. Em outubro do ano passado, no entanto, a rev ista foi forçada a admitir que ha vi a "co mprado gato por le bre". Descobriu-se que a tal "cornbinação dramática" não fora moldada pela evolução, e sim por contraband istas de fósseis chineses. Agora, a revista britânica " Nature" publicou a análise de tomografia computadorizada do Archaeorapto1; feita pelo paleontólogo Tim Rowe, da Universidade do Texas, e m Austin (EUA). Mostra que o f-óss il é o mosa ico de pedaços ele uma ave e quatro dinossauros dife rentes. Os fa lsários juntaram metade do co rpo de um pá sa ro fóssi l com a cauda e as patas traseiras de um dromeossauro.

esde o século passado há uma verdade ira conspiração para negar que Deus tenha criado direta mente os seres existentes, confo n ne atesta a Sagrada Escritura. Trombete ia-se que houve uma evolução para chega r a té o ho me m, passan do pe lo macaco e, antes dele, por

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Um CD especial sobre o Santo Rosário Nossa Senhora em Fátima pediu insistentemente que se rezasse o Rosário (três Terços) ou ao menos um Terço. Precisamos atender a esse pedido ele nossa Mãe do Céu. Por isso iniciamos em abril a Cruzada Reparadora do Santo Rosário, conforme ex plicamos em nosso último boletim. Para incentivar ainda mais a rápida difusão dessa Cruzada por todo o País, está sendo lançado em junho um CD especial sobre o Santo Rosário. * * * É uma forma ele estimular todos os participantes ela Campanha a rezarem o Terço todos os dias pela salvação cio Brasil e em reparação dos pecados cometidos contra o Sagrado Coração ele Jesus e

o Imaculado Coração de Maria. O CD contém a história cio Rosário e uma explicação sobre as principais graças que se podem alcançar rezando o Rosário. Também o modo ele bem rezálo e de meditar cada mi stério. A meta da campanha é constituir o maior grupo de oração cio País, com a finalidade específica ele suplicar a Nossa Senhora ele Fátima graças para o resgate moral cio Brasil. Lembramos aqui as intenções ela Cruzada: l) em desagravo e reparação pelas ofensas feitas contra o Sagrado Coração ele Jesus e o Imaculado Coração ele Maria; 2) pela conversão cios pecadores; 3) pelas famíl ias; 4) para atender aos apelos ele reza do Rosário feitos por Nossa

Senhora em Fátima; 5) pelo cumprimento elas profecias ele Fátima; 6) para que Nossa Senhora reconduza o Brasil às vias ela fidelidade aos princípios imutáveis ela Santa Igreja Católica, e assim ele chegue a seu magnífico porvir, no futuro Reino ele Maria. As pessoas que qui serem se inscrever na Cruzada Reparadora do Santo Rosário elevem ligar para a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! (O** 11 ) 3955-0660 - solicitando o Form.ulário de Adesão" e comprometendose a rezar o Terço todas as semanas. Os participantes dessa Cruzada recebem ele PRES ENTE um Terço ela Cruzada Reparadora e um Livreto com o método para rezar com fruto o Santo Rosário.

A Voz de Fátima, um verdadeiro rádio no domicílio Conforme anunciado anteriormente, foram lançados em mai o os programas A Voz de Fátima n'". 19 e 20, que noticiam o lançamento ela Cruzada Reparadora do Santo Rosário . Trazem ademais a narrativa ela frm ã Lúcia sobre a aparição de Nossa Senhora, ocorrida em 1929, e também uma entrevi sta com o oordenador-Gera l da campanha O Amanhã de Nossos Filhos, Dr. Paulo orrêa de Brito Filho, sobre o projeto de cri açfto, no flmb ito da Polícia Federal, da Dele ac ia do Telespectador DELET L. e st proj to se transformar em Lei , s rá possfv I aos pa is e mães de fa míli a reg istrar m suas queixas, nos mesmos moldes do DE N e do PROCON, contra os pro ramas ' novelas imorais ex ibido na TV. Para o mês de junho estão sendo lançados os programas A Voz de Fátima nº' 2 1 e 22. Eles nos falam da necess idade de uma amp la difusão da

.creverem como Benfeitores do programa A Voz de Fátirna passa m a receber todos os meses gratuitamente os novos programas, e no quarto mês de participação recebem como PRESENTE especial um CD com Os mais belos textos sobre a Santíssima Virgem Maria.

Al ém de ser ouvida principalmente nas rádi os regionai s, A Voz de Fátima tem-se tornado também uma verdadeira rádio em domjcílio, pois os parti cipantes da campanha têm adq uirido os programas gravados em CD e fe ito sua divul gação entre parentes e amigos e junto a serviços de difusão local. É muito importante apoiar a difu-

Cruzada Reparadora do Santo Rosário de norte a sul do Brasil. Trazem

também notícias da atuali dade comentadas à lu z da Mensagem de Fátima, trechos das memóri as da Irmã Lúcia, além ele ca rtas dos parti cipantes da campan ha. Contamos sempre com o apoi o de todos os participantes. Os que se ins40

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são da Mensagem ele Fátima através das rádios, para conter a onda de programas protestantes e anticatólicos que invadem as emi ssoras. Essa difusão é uma forma excelente de atrair para nossas fa mílias e o País as graças necessárias para se enfrentar os terríveis castigos prev istos em Fáti ma, bem como para conter a onda de pecados gravíssimos que vem invadindo cada vez mais o Brasil. Para tornar-se benfeitor do Programa Radi ofônico A Voz de Fátima, basta so li citar as fi chas de in scrição, no plantão de atendimento da campanha, através do telefone (O** 11) 3955-0660.

Participe da Aliança de Fátima Participe você também da "Aliança de Fátima". Nossa Senhora ab ró recompensar quem ajuda a difundir sua Mensagem . s r vo, t I fon ou -nvie seu e-mail para a Campanha "Vinde Nosso S nhom d Fótim 1, nlio tardeis/" e p ça mai informações para ser um Membro d Ali nça d étimo. Ou participe como Benfeitor do Programa Radiofôni o "A Voz do Fátima", ajudando assim a propagar a Mensagem de Fátima p la · mis or d todo o Brasil.

Plantão de Atendimento da Campanha: Tel.: (0 ** 11) 3955 -0660. Internet: www .fatima.org.b r Endereço para correspondência: Rua Martim Francisco, 665 . CEP 01226-001 São Paulo (SP)

Desfiguração da moral

Excelente sob todos aspectos

os

181 Acuso o receb imento ela maravilhosa revista Catolicismo , nº 602, fevereiro/2001, Ano LI. Deleito-me com os seus esc ritos .. .. A capa di z bem da desfi guração da moral em nossos dias. O que temos hoje é uma fa lsa mora l que no ag rid e co nstante me nte. A pas os largos, cada vez mais asociedade e desmora li za. Não sei o que há de ser de nós, os morali stas. Deus nos dê fo rças para co nserva r a moral católica, úni ca verd ade ira. Sinto bastante não po ler e nvi ar algo em dinh eiro para tão útil rev ista. Minhas co ndiçõe. financeiras estão péssimas. Logo que as coisas melhorarem para mim, enviarei algum dinh eiro para a ua divulgação. Reze por mim , e tou muito nece itada do apo io div ino. (M.C.P.B . - PB)

Católico verdadeiro 181 Antes de as in ar o Catolicismo, pens i que seri a apenas mai s uma assinalura de rev ista para fi car ro lando pela minh a ca a. Mas depois falei: Bom , eu vou ass in ar para incentivar essa boa intenção da nossa sa nta Rei igião. Mas agora eu penso: não foi apenas mais uma assinatura não, é a úni ca assinatura de rev ista que va leu a pena e que nos traz lucro, claro que estou fa lando do lucro esp iritu al. Paz tempo que estou para diz r islo, ma, agora, recebendo a rev ista d maio, esta be leza do mês de Mari a, não posso ficar sem comuni ar o meu agradec ime nto, p rqu não s u eu que es tou in cn ti vand um a boa in tenção, ão vo cs que csLão me ince ntivando a s r ada vez mais cató li co verdadeiro e ajL1d ar os outros a serem também , na medida de minha capacid acl . (V.S.D.J. - MG)

pois não há revi sta melhor que Catolicismo. (A.B.R. - RS)

181 A rev ista Catolicismo é excelente sob todos os aspectos, desde a capa, muito bem confeccionada, até os seus arti gos nela enfocados. Artigos bem preparados e publicados no melhor estil o para compree nsão de todos os leitores, muito boa mesmo. Destaco também as seções "A Palavra do Sacerdote", "Grandes Personagens" e a "Entrevista". Oxalá todos os lares pudessem recebê- la para melhor se ori entarem. Melhor do que muitas publicações banais que por aí se faze m. (R.C.R.M . - PA)

Não me decepcionei l2l Não teri a como expressar minha satisfação em receber a rev ista Catolicismo. Desde muitos anos sou assinante e, até o momento, não me decepcionei. Suas matéria são atuais, documentadas, preocupadas com a situação do mundo, da Santa Igreja e deste nosso Brasil , cinco vezes sec ular, qu e muitos insistem em denegrir e perturbar com suas manifestações pseudo-populares. Espero que continuem sempre ass im, sempre procurando o que de melhor ex iste para nós: a divulgação do Santo Evangelho.

Por que Nossa Senhora chora? 181 Co nheci o traba lho rea li zado pela revista Catolicismo em meu trabalho e ao acaso. A partir do momento em que tomei contato com as entrev istas, enchi-me de interesse pelos assuntos, despertando em mim uma nova vontade ele entregar-me a Cri sto. Esto u esc revendo-lh es para parabeni zá-los pelo excelente trabalho de evange lização e info rmação sobre os mais vari ados assuntos, destaco em espec ial a págin a reservada a "Por que Mari a Chora?". (P.A.L.S. - PR)

Religião e política 181 A rev ista Catolicismo é excelente, pois abrange um conhec imento geral da atualidade, principalmente re li giosa, políti ca e social. Que o Divino Espírito Santo abençoe e ilumine a direção e toda equipe desta marav ilhosa revista para que ela cresça cada vez mais. (M.S.N. - BA)

Fonte de orientações

(D.0.M. - RJ)

Sete presentes l2l É com muito prazer que estou escrevendo esta carta. Como já estou ~ss inando Catolicismo desde o ano de l 997, da qua l não vou desistir até o fim da minha vida, dei ass inaturas de presente para meus sete filh os, Carlos - Ce lso - leda - Lui z - Sérgio - Dolores - Realda. Todos goslaram ela revista Catolicismo. Para mim t dos os números das rev istas que já recebemos merecem nota IO,

l2l Continuo enviando minha pequena oferta mensa l e assinando o Catolicismo , o qual tudo fa rei para continuar, pois é uma rev ista co mpleta para nós católicos, onde encontramos uma fonte de conhecimentos e orientações. (1.C.L.B. - SP)

Correspondência (cartas, fax ou emails) para as seções Escrevem os Leitores e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.

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CATO LIC ISMO

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A propósito da recente e grave crise entre os Estados Unidos e a China comunista, a TFP americana lançou oportuno manifesto, publicado nos jornais "Washington Times", "Miami Herald" e "The Wanderer"; e saiu às ruas em campanha, para difundi-lo em importantes cidades daquele país. Excertos do mencionado documento são transcritos a seguir para conhecimento do público brasileiro.

enriquece à custa daqueles que compram tais objetos baratos, produ zidos à base ele trabalho escravo ou semi-escravo, por detrás ela "Cortina de Bambu."

ação, pois estará não só adquirindo um produ to geralmente ordinário, ele péssima qualidade, mas colaborando com o governo comunista ele Pequim . Este se

*** A queda de um mito Shatt erin g Myths

A Reality Check on China

Hora da verdade na China

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e ufo ri a causada pelo retorno ela tripul ação cio avião ele reconhecimento EP-3 acabou. À medi da que ba ixa a poeira sobre a tensa situ ação por que passo u nosso País po r 11 lo ngos di as, so mos colocados di ante ela fund a me nta l necess idade ele refl etir sobre essa tra umatizante ex periênc ia . .. .. ma lição deveri a .'er tirada cio hoque cio avião chinês com o nort -americano. O fato, ele si, é m ui to a lequaclo para sacud ir no Ocide nte a indol ê ncia otimista face ao comun ismo, que mui tos insistem em afirma r - apesar elas ev idê nc ias em contrário - q ue " morre u". A ntes ele comprar qualquer mercadori a provenie nte ela China comuni sta (que abarrotam nossas lojas), nosso público deveria refl etir nas conseq üências ele sua

U

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eATOLIeISMO

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Abrindo todas as portas Desde a viagem cio Pres idente N ixo n à C hina em fevereiro de 1972, os sucess ivos governos norte-a me ricanos estabe lec · ram com relação a e la uma po lítica basea la na ilusão ele que através cio di álogo poderíamos ganhar a simpati a dos comuni "tas chineses 1• Du ra nte esse, anos todos, abrimos as portas ele par em par, na esperança de que nossos sorrisos e clólare pudessem

abrandar os fr ios corações cios ideólogos cio Partido. De tal maneira abrimos nossos mercados, que nossas lojas estão abarrotadas de produtos chineses bara tos, a ponto de causar desemprego no País. Absorve mos um terço cio total das exportações chinesas, ao mesmo te mpo que nosso défi c it co me rcia l anual é nada menos ele 86 bilhões de dó lares . Tra nsferimos à C hin a fá bricas inte iras e tecno logia ele ponta. Nossas un ivers idades e esco las técni cas estão lotadas ele estudantes chineses, que se aproveita m ele nossas pesquisas e infra-estrutura educac iona l.

Esperanças frustradas E m nosso esforço otimista para promover democrac ia e livre mercado na China, fi zemos o possíve l e o impossível para conte mporizar, a fim de não

C ATO LIC ISMO

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atrapalhar a Lão sonhada - e nunca ating ida - tra nsição à democracia. Isso chegou ao ponto escandaloso de fazermos vi stas grossas aos abusos de dire itos humanos e às desumanas práticas traba lhi stas adotadas na Chin a .. ... E ntretai1to, a desfaçatez demonstrada pelo governo chinês durante todo o incidente só pode reforçar, na opinião pública, a crescente impressão de que a China faz !abula rasa das le is e padrões internacionais. E, fi cou claro, o faz não somente com relação aos direitos humanos, como também em assuntos militares. Os fatos demonstram clara mente que o contínuo "diálogo" com a China precisa descer das nu vens para a realidade. A tão almejada "nova China" não passa de ilusão.

O comportamento da China Embalados por esperanças ot imi stas e lucros fáce is, fize mos, por te mpo excessivo, vi stas grossas a essa perturbadora reali dade. O flu xo maciço ele cap ital ocidental não foi suficiente para arrancar o governo chinês de seu obstinado apego à ideologia comuni sta, que causou a morte de dezenas ele milhões ele c idadão · chineses. Tampouco imped imos, com ta l flu xo, que o governo chinês continuasse a violar dire itos humanos e m grande e cala. Doze anos após o sang rento episódio da Praça da Paz Celestial, a im placável opressão não dá sinal ele diminuir. De fato, num informe ele fevereiro, a Anistia Internacional analisa alegações de tortura por parte não somente de policiais, como também ele age ntes coletores ele impostos e outros, entre os quais funcionários do Mini stério ela Saúde, que obrigam brutalmente mulheres grávidas a abortarem. O informe conclui : "Tortura e maus tratos a detentos e prisioneiros na China são generalizados e crônicos" 2. Podemos simplesmente continuar a ignorar os gemidos dos milhões de católicos chincs selas catacumbas? A Fé ca-

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CATOL I C I SMO

tólica é proibida, as igrej as são demolidas e os párocos aprisionados. Bispos idosos são roti neirame nte presos e espancados. Segundo a bem-informada Cardinal Kun.g Foundation, essa perseguição intensifi cou-se ai nda mais nos últimos anos 3. A própria tec no log ia, que deveri a tran sformar a C hina num Estado ele di re ito moderno e civi li zado, acaba sendo utili zada e m programas militares q ue fazem parte ele seu agress ivo esforço armame nti sta. A China prepara-se para a guerra e produz mísse is ba lísticos ele longo alcance apontados às bases militares e cidades norte-ame ricanas. O mínimo que se poderia d izer é que, com esse inc ide nte, a China ultrapassou todos os limites. O que deve ri a abrir nossos o lhos à crescente ag ressividade chinesa e convencer-nos de que é hora de pararmos de investir a inda mais, na vã esperança de salvar um capita l ma l empatado . .. .. O fato é que, por detrás do inc idente do EP-3, reside o prob le ma muito mai s grave da empedernida ditadura comuni sta chinesa .... . Não podemos pretender ser sóc ios estratégicos, concorrentes ou ali ados de um reg ime que nos trata como inimi gos.

A hora da verdade A American Societyfor the Defense ofTradition., Family anel Property (TFP) apela a nossos governantes e ao públi co em geral para que adotem um a fund amental mudança de atitude e m relação à C hin a. A descida repe ntin a do EP-3 rumo ao mar do sul da China deve chocar-nos para que caiamos na rea lidade. E esta, como o incidente deixou cl aro

de maneira contunde nte, é que não se pode confi ar nos comuni stas chineses . Trata-se de um regime que, mais um a vez, acaba de mostrar sua verdadeira face. E esta não é a de um amigo, mas de um adversário. É prec iso que nossos govern antes adote m atitudes políticas e econômicas que reflitam essa dolorosa realidade, ao invés de ingênuas ilu sões. E que todos os norte-ameri ca nos te nha m gravado este episód io em sua memóri a e o tenham em vi sta toda vez que fo rem a um shopping center: .. .. Que Deus Todo-Poderoso, pela intercessão de Sua Mãe Santíssima, conceda a cada norte-americano, e especialmente aos nossos governantes, a força para tomare m medidas enérgicas e resolutas diante da crescente ameaça chinesa. Que E le proteja os EUA nos dias difíce is que se aprox imam.

A TFP americana 16 de abril de 2001 Aq ueles que desejarem a íntegra do mani festo podem co pi á- lo no site da TFP americana: www.tfp.org

Notas: l. Segundo o Prof. Plí ni o Corrêa de Oli veira, "pode-se dizei; sem exagero, que desde a época da bolchevização da Rússia o co111111Ji.1w o não teve vitória comparável " à que lhe propo rcionou a détent e . "A té mesmo as catastr6_ficas concessões de Roosevelt em Yalta não foram. /Cio perniciosas quanto os proJúndos resultados da 'qu eda de barreiras ideológ icas' promovida p e la equip e Nixon Kissinger na China" (Crise Louca, em " Folh a de S. Paul o", 18-8-74). 2. Erik Ec kholm, China Beg ins to Turn Light on Wide Use o/ Torture, "The New York Tim es",

13-2-0 1. 3. Ver http://www. carcl in alkun gfo undation.org

A TFP é a m,sma de sempre . . ~

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jor1pobilizada p{ ra IJ.1tar a fim de que não se aprove Jes~e -proj{ to, que{ [?O<!_é1"<Í(h~r a cólera de Deus para o nal is~a iniciou sua notípia, publicada num sjte_fla n-; _)3.1· s· se_fof tran s{or ac!.b m ei. ,,..(...::, , 1 ternet e reproduzida no "Jp rnal ~ .;'l_ í r' {_/' (;( Brasília" e na "Folha de ondrina'' "Aborto imp19ido no Senado ,

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do dia 6-5-01. Terá sidor co m a in-r ,,,.. t-q, lad ii!r_ro ,1-pa ; uta de votaçã~ na 'comissão tenção de criticar a TFP?'Entretanto, •de Assunt i s J•yiais (CAS), presidiei pelo Senador Romeu ta lvez sem o desejar, ele fez à entii:ladet m \ Hma, um projeio de lei que favorece a prática do aborto, grande elogio, pois é uma honra para e la permanecer a mesaprovado às pressas na Câii lJl do peputados a pretexto de ma. Graças a Deus, fi I aos ensinamentos de seu fundador, homenagear o dia da mulher. Tal p ~eto, sem levar em conta Prof. Plínio Corrêa ele O live ira, combatendo sempre e sema consciência das autoridade JilOt iais, obriga-as - sempre pre-combatida pelos inimi gos da ,Santa Igreja e da Ci½ I~ g_ p 1nulhe :es vítimas de estt1pí-Õ derem queix a na polícia ,,..çao c r .sta.- J., ,,. a esc lare e-las i , , • ,,.. sobre seu "direito" cle procurar hospitai s pú1 lsso n s a2 lembrar qaé na ]?raça de s- o Pedro, em Roma,( 15 icos, que p aticarão gratuitamen e o aborto. 1 1_ . 1 . .. ~ . .., I um obellsco em CUJ O cume sobress 1/ uma Cruz com a A TF , obi)1zot1 r seus sócios , ,._..,, ooperadores ' correspon,_; ,:_51:ição: ". at C~ .t dum volvitur ~rbis'',(Enquan_t. o mu  ç!e tes r ~i n~paf -ia tes_, diss~minad9s_pelas diversas unidades ede ·, çao, o quais-"ênv1ara m milhares de protestos aos d_o g)ía, a-Crn P.l& maneoe de pé e 'li ne) ..,E uma glona para a J:!:P 'p~n!!.a neaér ,.illm~sma enquanto' ◊' mmdo gifá:"...- senadores daquel'a co1 issão. , 1 ./ 'f//. - J (. (, ' D .d ' t ' d vR T . . . 1 r=:TFPwobil!za-se cdntJ;a .,_ ( (--, ~ ✓ ~ _ ev1_O a orte pressao_, O ena O omeu uma 1111CIOU a " ( ,,rh " I sessao dizendo que o proJeto do aborto, por se tratar de um 1 [ ~ ª5 9 exaa tema muito polêmico, seria retirado da pauta ... !,Ai referi a notícia '<ilt!tdia à ca mpanha/q ue a entidade vem empreendendo contra o projeto de "casa mento" homos .exu- ,,..Protestos contra o desarmamento dos h~mens honesto~ _ _....__~ _,;al, da ex-deputada M arta Suplicy. Nã muda a atitude a TFPa respeito, porquant , esta é a p_osi ao ela Santa Igreja Ca(ó li Apos um ano de tentativas m tradas _para aprovar,proje-."' morai --~ . mut á ve1. Narra a grada Escritu ra que o ca, Jª tos de lei de desarmamenro dos homens ho nestos, neste ano -......., pecado ,ii 1~omossexualis foi casti. ado com fog6do céu --" foi tenta('.la, simultaneamente em comissões da Câmara e o em Sodoma e Go1 'bfra, E,1Íe acordo G 111 o cate ismo tradi Sen ado, , aprov çãõ da proposta do Se~ador Pedro Piva e a r ciona da Ifereja, .,, I pe/ ao "6'iaaa aos1 Céus ecl~1na a Deus do Deputado L tiz(Antonio Fle tÍry. Ambas podem ser consi(':! por vingahç'd" . ._,/ , r,. .J deradas ri:;:j eitáveis. A primeira ue , pior ---: proíbe a aqui~ A 'e ' t·a' equipa . da pará ,) 'JP bt. tz . ço,es-re l ampago, ' ç.r.--. _ , es usansição e o porte, e até prevê\) confi sco de annas legalmente do métodos ult.ramodernos, corno a Internet, al ém de e mpr adqdiridas; e a segu nda ínviabiliz pratícaméÍ1te o porte de gar evidentemente métodos tradicionais, como o insubstitrníarmas. ( ( vel co1,1tato pessoal e as campanhas de rua. A ssim, no éuí:fo_..,. Ante essa dupla investidar.a TFP, através dá (fompanha espaço ele um a semana, a associação mobilizo u seus memPró Legítima Dêfesa , mobiliz&u seus ader nt { para uma -./ bros e simpatizantes contra o mencionado proj eto. ca anha de e-mails, faxes e telefonemas aos senadores e / 1 Chegaram ao. cl putados aproximadamente 30.000 e-mails d~pyrados. Somen e em rn aio í,lfimo, mai s de 20.000 mensa::::::1 de protesto, alé m de milhares ele faxes e telefonemas. Foram gens for,Yn encaminhadas aos parlameot e ue debatiam o { / - - -·7 . r......._,, também estabelecidos co ntatos d membros da TFP, e Bratema. , / 1 __ ,--J ' ~ sília, com os parlamentares. , ' No dia 15/de ma· , , obe -5,G..t;;do à veljha tática do "cedey ) r 'Sentindo a forte pressão, o Dcput"ldo R berto Jéferson, para n~o-pft'.'der", o proj\,tO foi aprovado ha CCJ da Câfuarn. ._. relator do proj eto do "c(lsamen.to " homossexua l, prometeu Resta a votação em plénári . Se aprovado, sub. irá 'ar l o Seque o retiraria da pauta. Por um desr-;cs artiff ios do regulanado. mento interno da Câmara dos Deputados , no mom ato em A campanha Bró Legftim efesa c011ti rnará mobi ·zah / que publicamos este artigo ele ainda não foi retirado. Ma. a do seos ad"eRtes ,pruca impedi, ;~e a o _ ( ,

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TfPs EM AÇÃO

TFP paraguaia: vigorosa campanha contra a Reforma Agrária Alerta lançado no Paraguai contra radical projeto de lei de Reforma Agrária socialista eJu1..10 confiscatória RI CARDO B oN ILLA

ESPAaO RfSlRYADO

Frente• a una R e1orma ~ Ag . oc1alista y C fi rar1a S Apelo ·ª nuestros legislad on iscatoria Evitemos la injusticia, el cao~r~s ~ dingentes agrarios ,.,_... . Y a m1sena en el Paraguay ::=:. ilfflcho,

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que8/lleftot a 61 Yemana de la Ley

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bm.sikim Plinio Co,rêo de 0/i,eira - /{der eot6Liea intecnaeional, fundador e Presidente da TFP b,a.,flúm e insph·adD' dos outras ,spa/hados pelo m,ndo" - , a TFP parnguaia levaota o prnblema de consciência criado por uma Refmma Agâr•;a socialista e confiscatória. Citando aquele il ustr·e brasileirn, o documento ,~ssaltac "Uma Reforma Agrária q"' viok o 7" e 10" mandawntos, Não Roubac e Não cobiça, os bens alheios, eon,tituiria pecado awtal coletivo, capaz de a,,ai,• sobre o Pais não somente os casligos remporais, mas tambim , e principa/me,rte, ama retração

noeseKigíblef)Ol'~~deredlo yqueot rectouso~::! EISocialhn-o

elas graças O manifesto, ele Deus".publicado em página inteirn do diãrio "ABC" de Assunção (fac-s/mi\e ao lado) e divulgado em campanha de ma pelos jovens cooperndo•~S da TFP pa,agua;a (fotos abai,o e na p. 47), aoalisa o infeliz parado>• de que o prnjeto em debate - lesivo à prnp,·iedade e à \iv..e iniciativs - seja de autor;a

e1 Pl'O)'eclO c:dediva. ala quelec:onc.ede propiedadru,aifflllf™rial adopca el

~=ª:': :r! ~

, en abSdutamente ~

associ.ados, parece que optaram pela capiwlação diante ela ameaça". Assim agindo. "oferece111 a corda com que se enforcarão os proprietários e se escravi zarão os camponeses ". Após denunciar as graves concessões feitas à doutrina socialista nesse projeto agro-reformista, apontar para seus resul tados inevitavelmente desastrosos e mostrar que idêntica política levou o Chile ao comunismo e encaminha o Brasil pru• a "co/ombiaaização", a TFP paraguaia conclama os di,;gentes ag,tcolas a

~~ .=-:..= :::s enla di~~~ procedmen10~e:~~i m;,,-

. . . ,~'""-:. == dt ln ~'9rousUullont,ttlotconJ:: por mecHo dt

muy lejos de ser alarnú l'lt9fl EI sinple fectnO una paMCOa para los pparte:p&lsy al O s ~ ~)q)tOl)iar y ,epa,tir

~dela igualmente en B Eslado poclrâ entrometerse

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. no oonslgue mamener vida ios. campamtnlOS de

, sopreteldodefundón

:=u::social.S:~IOdo

conseguirâhaoerel nuesb'o.

lo humano tleno una lundón soóawla su:soeptiblo de e ~todo llpo

~ que e1 ~ ~ :!en t'livel mlnlmo de ~ de lados. mucho menos lo

COIIClUIION

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loslolel,ete C:1abs"11nlecho· 1e10cerht~~ y unpeso Ot~,tqariaalaRaforma\Jlba vlviendasy asclav1tud complet po,eslart11T91sellaga~íla'I Ealado a dai homb,e y ai IOlaltlarism:ª!

P a r a g = : = ~ ~ el BicnCooV!del MllieS para que vuotwn atros pabiolismode bs dlrigenla,

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para no r,«óllt'yparalOdoel Pals La nisfnapolitie& - - ~ - , . . los slembfa et caos en :.S,C1X1Cesiones nevó"ci:'ai

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de classes empresariais do Paraguai: " Umaagrícolas ação psicológica, destinada a amedrontar a classe rural, levou dirigentes rurais a deixarem-se iludir pela política cio ceder para não perder, adotada por proprietários chilenos e brasileiros, que acarretou tão fun estos resultados" . O documento acrescenta: "Em vez de defender os di reitos e os interesses ele seus

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Assunção - Invocando o péss;mo exemplo da Refo,ma Ag,á,;a no Brns;1, a TFP parngua;a faz um apelo aos leg;sladores e d;,;geotes agrádos do pais ;,mão parn se ev;ta,· "a f,rju,liça. o ,aos

d4dtll.: JC1r. Art.105

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"não se dobrarem dionie d, am soóafümofracassodo, ,emfo,ça, mas a d,f" uJ,r , a favo,eeer os principias fa adam , atais do atividade ,arai - 1ais como o di«ito de prnpriedade p,ivada, a \iv,~ iniciativae o p<incipio de subs;diariedade do Estado. E acrescenta: "O Paraguai não eleve e1ttra r pelo

cami.nho desas troso ela Reforma Agrária socia/is/CI e cmifiscatória; Deus não o quer; a Ju sti.ça não o exige, o ciclndêío co111 w11 - ordenado, pacífico e trabalhador - não o deseja ".

O documento conclui invocando a Santíssi ma Virgem de Caacupé, Padroeira cio Paraguai, diri gindo-Lhe urna súplica: que Ela "ilumine e dê força aos dirigentes rurais e a nossos

parlamentares para ag ire111 seg 1111do a Lei ele Deus, o bem da Nação e a e.xperiên ·ia /1i st6ri ·a".

e A To LI e I s MO

Junho de 2001

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tos Santo Elias, pai espiritual

da Ordem do Carmo

A realidade concisa,nente

1O• •

A Ordem Carmelitana, a mais antiga comunidade religiosa consagrada de modo especial a Nossa Senhora, teve como berço o Monte Carmelo (Palestina), e como pai espiritual o Profeta Elias (980 a.C.) o· dia 16 deste mês transcorrerá o 750° aniversário da entrega, pelas mãos virginais de Maria, do Escapulário do Carmo a São Simão Stock, em 1251 . Mas a Ordem do Carmo é de origem muito mais remota , pois fundada pelo Profeta Elias, que quase nove séculos antes do nascimento da Virgem Santíssima já prestava culto Àquela que viria ser a Mãe do Messias esperado, simbolizada pela "nuvenzinha" (ver pág. 27) . Em comemoração desta grande festa carmelitana , tra nsc revemos abaixo uma apreciação sobre Elias, pater et dux carmelitarum (Pai e eh fe dos carmelitas), extraída de uma xposição proferida em 27-10-90 po r le próPlínio Corrêa de Oliveir prio, durante muitos anos, Prior do Sodalício Virgo Fios Carmeli, d Ordem Terceira do Carmo. (A Ord m li rceira congrega os leigos, nqu nto a Primeira congrega os Sace rdot s Segunda, as Freiras) .

N

*

*

*

O Prof. Plínio comenta o . cguint c trecho do renomado exegeta e teólogo j esuíta Pe. Cornéli o a Lápide:

"Após o reinado de Salornão, en./re os heróis e ilustres varões de Israel !ornou-se eminente Elias, que e.xlinguiu com seu zelo e força de alm.a a ido/ai ria e a impiedade introduzidas por Salomão .... Deus suscilou Elias que, como fogo, ardia em zelo por Deus e pela ver-

Imagem do Profeta Elias, que se venera na Sede da TFP, na Serra do Japy, em Jundiaí (SP)

dadeira religião. ... Efetivamente o zelo de Elias matou m.ais idólatras do que converteu". (Co mmentari a in Scripturam Sacram, in Ecclesiasticum, XVIII, 1)

alólica " no tra a "A çã tempo em que cu a presidia. Infeli zmente, naqu · la época eu não conhecia o Cornélio a L ápide. Mas o Cornélio, cuj a autoridade faz lei, trata di sso perfeitamente bem e elogia Elias: Matou mais idóla-

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12 Homossexualismo

Nossa Senhora do Carmo - azulejo português da Missão São Carlos Borromeu, Califórnia (EUA)

Plinio Corrêa de Oliveira

zer: 'Mas não sei corno justificar esse elog io a Elias, porque não é melh or converter do que combaler?'

Quem ama a Deus, odeia e combate seus adversários "Está no espírito dos homens com mentalidade cen.lrista dizer que é mais próprio ao católico construir do que destruir. Portanto, também é mais própri o 1 or a ele converter do que combater. causa di ·s , mai s vai a p na t r um spírito d concili ação, d ' amabi lid ad ', d afabilidad , um 'Spírit o d ' ·onfusi o, d' ' ntr ' 'ª porqu' d(i ni sso ' n; o ·ombat ·r o adv ' rs:'i ri o ·0 1110 d ·v · s ' r ·ornhal ido. " Lista foi uni a ohj ·çao qu , s' muit o ·ont ni < · '! ,<' 1 ir111rírio' !jornal ·at ili ·o io orr' a

r,z

Atualidade condenado no Antigo e Novo Testamento

Nossa capa:

tras do que converteu. "Al guém poderia di -

E~ Dí -

"Eu respond : é ev idente! Se se puder convcrt r uma pessoa por um bom argumen to, m vez ele lhe rachar a cab ça om a spacla , leve-se preferir converter. Isso uma coisa que entra pelos o lhos, pr ciso s rum bárbaro para não p ' nsa r ass i 111 . Mas a questão é que há num 'rosos ·asos lc pessoas que ficam 'spalhando o mal de todos os modos, e qu •, se não se c nvcrt.crcm , é necessári o co mbatê- las , porqu e ci o contrári o fêlrão mal a outros. " Nas épocas ele muita maldade, de muita decadênci a, os corações dos homens torn am-se duros, tornam -se refratári os a qualquer argumento, a qualquer boa ação, e passam a espa lh ar o mal. Para impedir qu e eles continuem a di sse minar o mal - portanto , por ódio ao mal que eles fazem e por amor aos bon s que ele vão perd endo - é prec iso combatê- los . N ão há outro reméd io. " O culpado ela repre são não fo i Eli as, foi Salomão, que favoreceu o pecado, que introduziu o pecado no seio ele I srael. Então, se um cen.lrista fi car indi gnado com a everid ade ele Eli as, podem refutá- lo di zendo: indi gne-se com o prevari cação de Salomão. Elias fo i o médi co, foi o cirurgião que, por meio da amputação, cortou a gangrena que alomão tinha in stil ado em I srael. Essa é a questão !"

Um castelo europeu no Brasil Na Irlanda : "não" à União Européia

SOS

14 Transgredida

a ordem natural, ela se vinga

Faixa exibida na praça de São Pedro, em Roma, por aderentes de Luci sull'Est, em 8 de outubro de 2000

Ecos de Fáti,na

37 •

7V

16 Em

lugar do oratório, hoje, a televisão

Excertos

Escreve,n os leitores

2

18

Elias Profeta: um varão de fogo suscitado por Deus

Carta do Diretor

19

Associação norte-americana pelo direito à autodefesa

Página Mariana

Capa

5

22 Escapulário

Padroe ira dos n ece ssitados

Leitura espiritual

7

do Carmo: devoção qu e atravessa os séculos

Internacional

29 Socialismo

europeu

em crise M editação sobre o Purg atório

Santos e Festas do ,nês

A palavra do sacerdote

32

8

Vidas de Santos

• •

Jesu s Cristo teve irm ãos? Nos Evang elhos, o tratamen to "Mulher" é desrespeitoso ?

Entrevista

4 Madonna dei Bisognosi:

34 São

Francisco Solano: apóstolo no Per u, Argentina, Bolívia e Paraguai

Aparição do Anjo em Fátima e a noção de sofrimento Liberdade n ão pode se confundir com libertinagem Multiplicam - se as pereg rinações com imagens de Nossa Senhora de Fátima

TFPs e,n ação

41 •

Reino Unido - TFP defende valores ameaçados pelo Partido Trabalhista • Itália - Uma década de atuação de Luci sull'Est em países da antiga

Cortina d e Ferro •

Alemanha - Manifesto contra a lega li zaçã o do homossexualismo

: A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

48 Moda :

ontem, costura discreta; hoje, costura aparente e grosseira

C ATO LICISMO

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3


Com a palavra ... o Diretor

PÁGINA MARIANA

Amigos leitores, Neste mês de julho, comemoram-se os 750 an s ele uma d v ção ele grande importância para os católicos do mundo inteiro: o Santo sca1 ul 1ri o lo Carmo. Quando a Sa ntíssim a Virgem revelou essa devoção a São imã. t e k, fez- lhe um a grande promessa: todo aq ue le que morresse com o Escapul ári o não 1 ·1cleceri a do fogo eterno. E completou suas palavras dizendo: "Ele é, pois, um sinal de

salvação, seguro nos perigos; aliança de paz e de pacto sempiterno". Com essa grandi osa revelação do Santo Escapulário, Nossa Senhora nos concedeu um e norme apo io, uma arma eficaz para alcançarmos a salvação. Tal apoio é espec ialmente precioso e até indi spensável para todos os homens de nossa época, na qu al proliferam o neopagani smo, a impiedade, o ocultismo, as superstições etc. Era em que tantas pessoas abandonam a verdadeira Religião e renegam os princípios da autêntica doutrina cató li ca para consultar gurus, adivinhos, usar amuletos e praticar cultos demoníacos ele toda espécie, assumindo um a atitude de c lara revolta contra Deus. Infe li zmente, nos dias de hoje, poucos co nhecem verdadeiramente e se beneficiam dessa poderosa arma que a própria Mãe de Deus nos ofereceu para auxili ar nossa salvação. E muitas pessoas usam o Santo Escapul ári o co mo ·e este fosse mais um modismo - ou superstição! - dos dias atuais , desconhecendo totalmente suas virtudes e os inúmeros benefícios que tão piedosa devoção pode lhes trazer. Com o intuito ele co ntribuir para exorciza r essa mentaliclacle frívola , que se afasta cada di a mais el a verdade, Catolicismo tem a rata sa ti sfação ele publicar, co m exclusivid ade, substanc iosas co labora õ s eonl ndo dados sérios e seguros sobre o Santo Escapul ário. Para isso onvocou aha lií'.ados p sq ui saclores e reclatore , a fim de que ·1borclassem te ma tão i111portan1 ' 111 ·smo imprescindível para a vici a sp iritual, d vicio, 1 mo lo parli ·ul nr, no n •opa 1 an ismo em voga. Catolicismo si ará s ' mpr' d ' porias ah ' rim, para todos os seus leitores que eles jarem aprofun lar 'SS' ass unto, ou qui s ·r ·111 •nviar co mentários sobre o tema e pedidos cl se lar ' ·im 'n lo. Desejo a todos um a boa l ·ilu ra .

E111 .1 ·sus ' Mari a,

Nossa Senhora dos Necessitados Uma devoção esquecida, mas quão necessária! V ALD fS

GRINSTEfNS

a maioria das vezes, as pessoas que recorrem a Nossa Senhora o fazem impl orando seu auxíli o por ocas ião de doença, pe rda de emprego, desejo de conversão etc. Muitos porém , esquecem-se de pedir por aqueles que mais necess.itariam da ajuda de Maria Santíssima: os que nada pede m a Ela. Na Itália, cuja população é teológica por excelência, surgiu uma devoção à Mãe de Deus com essa intenção. im aginemos uma pessoa doente, por exe mplo, um parente nosso. Chegamos determinado di a em sua casa e percebemos que e le sofre aguda dor na perna, caminhando com dificuldade. Nossa primeira (e óbvia) pergunta será: ele já consulto u um médico? Co mpreende-se a indagação, poi s somente pessoas que se dedicaram a estudar determinada doença saberão me lhor combatê- la, diagnosticar a enfer midade e ind icar o remédio ma is adequ ado para sua c ura. De tal modo isto é ev ide nte que, ao fazer a pergunta, ninguém vai exp licar ao doente por que assim age. Salta aos olhos.

Preocupa-se com a saúde do corpo, esquece-se da saúde da alma O ra, com as doenças da alma ocorre exatamente o mesmo. Apenas certas pessoas tê m ma is cond ições de nos aj udar, e, em a lguns casos, somente alguém com muitís ima capac idade. E por isso mesmo seri a absurdo não pedir o auxilio delas. Se e las estão pro ntas para isso, se quere m nos aj udar, se para nós é um alívio ser por e las auxiliados, então, por que não recorrer a esses especialistas? Mas (e aq ui está o contraditório da

situação) isto que todos adm item em relação às doenças corporais, muitos têm dificuldade e m aceitar quanto às doenças da alma! Quando surge uma grave doença corpora l ou uma epidemia, mobili zam-se o governo, a mídia, entidades de caridade etc. Aparecem propagandas: "Cuidado! Tal doença tem cura! Use o remédio indicado! " Ou então: "Tal doença pode ser preventivamente detectada e assim debelada!"; "Atendimento gratuito nos postos de saúde do governo " etc. Tom ar-se-á co nhec ime nto do perigo e muitos atenderão à advertência.

Como explicar essa assombrosa contradição? Por que então esta diferença: preocupação pe la saúde de corpo e negli gência pela da a lma? Porque não se tem di fundid o sufi ci e nte me nte a devoção a Nossa Senh ora, q ue está velando por todos e cada um de nós a cada segundo. E la pode curar doenças corpora is e, sobretudo, as da alm a. Seu poder de curar é maior que o ela soma de todos os governos do mundo. Sejamos honestos, caro le itor. A tal ponto isto é ass im , que mesmo bons católicos talvez fi cassem surpresos se encontrassem numa rua um cartaz co m os dizeres: "Não se dmgue! Reze confiemtemente e Nossa Senhora o livrará do vício ". Ou e ntão: "Não pense em suicídio! Aquilo que você considera impossível resolve,; Nossa Senhora solucionará, para Ela nada é impossível! ". Ora, num país de maioria cató li ca como o nosso, isso não deveria nos surpreender; entretanto causaria estra nheza. Alguns católi cos até julgariam errado empreender uma carn pan ha pú bJica de devoção a Nossa Senhora como meio para solucionar os problemas. Consideram que não se deve misturar vida privada com vida pública. De tal modo o laicismo contem porâneo penetrou em nossas vicias, que tendemos a separar inteirnmente as convicções religiosas da esfera pública. Somos católicos interiormente, mas na vida prática ag imos como ateus. C ATO LIC IS MO

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O Dogma do Purgatório

goza m os be m-aventu rados no Céu, representados ac ima dos co nde nados. Aí tudo é orde m e harmo nia. Cantam ou reza m todos juntos, não passa m por q ua lq ue r necess idade, é a fe li c idade etern a.

O Pe. Franc isco Xavi er Schouppe S.J. , mi ss ionári o jesuíta que viveu em fin s do século XIX e início do XX , fo i um profícuo autor de obras de ca ráter teo lógico e exegéti co bíblico. Deixo u vári os li vros popul ares, dentre os quais destaca-se um sobre o Purga tório, do qual extraímos os textos aba ixo. Da? obras que escreveu, esta é a mais conhec ida e recomendada.

O dever de rezar por quem não reza

Acima: vista do Convento e do Santuário de Nossa Senhora das Necessidades.

Ao /,,do: vista ,,órc,, do mesmo

conjunto arquitetónico.

Portanto, não fiqu emos só na I ri a. Muitos pode rão se p r unta r: mas que posso e u faze r? Rcs1 osta: rezar a No sa Senh ora d s Necess itados, o u sej a, à cnhora daq ue les q ue mais necess itam ele aj uela, tão miseráveis que ne m eq ue r faze m o pedid o. Se uma ca mpan ha de saúde pública ressalta a necessidade ele se levar ao médico aquele que por ignorância não o proc ura, façamos agora uma campanha e m pro l ela saúde espiritual daqueles que não pedem por si mesmos a ajuda segura ele Nossa Se nhora.

As olvidadas origens de uma devoção mariana Ta is re fl exões vê m à me nte quando se vi sita o santuári o da Madonna de i Bisognosi (Nossa Senhora dos Necessitados) na Itáli a. Numa isolada locali dade da Provínc ia de L' Aquil a, uma anti ga cape la de ntro de um convento acolhe o pe regrino. Logo à e ntrada, de para mo-nos com afrescos e m todas as paredes, re presenta ndo epi sódios da vida de Nosso Se nhor, Nossa Se nhora e de Sa ntos. No altar, uma image nz inha de made ira mui to tosca, representando Nossa Senh ora com o M e nino Jes us ao co lo, provavelmente do sécul o XII. A capela e cs a devoção datam do século 6

CATOL IC IS MO

VI, mas a im age m hoje vene rada é poste rior. O Pa pa São Bonifácio IV foi mi rac ul ado por intercessão de Nossa Se nhora e nquan to representada na referida imagem. Para agradecer sua c ura, vi sitou o Santuári o no dia 11 de junho de 6 10, deixando uma cru z, que até hoj e se conserva. E ntrando no rec into, chama especialmente a ate nção uma parte da capela. Nela vemos, ainda em bo m estado de conservação, um afresco pintado por volta do a no 1440, representando uma cena terrível: o Ju ízo Universal, no qual fi gura, na parte infer ior, o inferno. Vêemse ali demô ni os torturando os pecadores que lá ti veram a desgraça de cair. Mas com um detalhe: o pin to r decid iu colocar os no mes de alguns pecados q ue levam homens e mulheres ao in fe rno. A sim , o vício da invej a, representado por Judas, que se e ncontra pre o no pr pri . braço de Satanás; o vício da gula, re presentado por um pecador que e. tá send comido pelo demônio; o víc io da impureza, represe ntado por um pecado r a que m o demônio tortu ra o corpo inte iro por toda a eternidade. Terrível quadro, espantosa situação ! M as ocas ião para excele nte meditação, com v istas a se evitar a queda. Aume nta o contras te comparar o sofrime nto dos condenados com a paz que

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Pareceu- me espec ia lme nte fe li z a colocação de ta l afr se na capela de Nos a Senho ra do Necess itado . Realmente, qu ão necess itados estão de nosa raçõ s, sa ri fí i s e boas ações toei s os pecadores, para não te rem a desraça terna ele caírem no inferno ! Pensa-se pouco neles. Contudo eles c ustaram o sa ngue infi ni ta me nte prec ioso ele Nosso Senho r Jesus Cristo. Pe nsa-se tão po uco ni sso que, na apari ção ele Nossa Se nhora em Fátima, Ela pede aos home ns rezar por eles. Assim, ao fi na l ele cada dezena do terço, reza-se a jac ulatória: "Ó meu Jesus, per-

doai-nos, livrai-nos do f ogo do ü1ferno, levai as almas todas para o Céu e socorrei principalmente as que mais precisarem". Notem que a oração está no plura l. Não se di z "livrai-me", mas livrai-nos, porque te mos o dever, lemb rado de fo rma tão clara por Nossa Senhora, de pedir uns pe los outros. Imagine mos certa mãe com do is fi lhos. U m de les ate nde aos pedidos da mãe, o outro mal se lembra de que e la ex iste . Certamente essa mãe está contente com o prime iro e triste com o segundo . M as imagi ne mos que o primeiro faz tudo o que pode para que o segundo pase a obedecer à mãe. Ajuda o irmão, procura levá-lo junto a e la etc. Não ficará a mã spe ialmentegrataae sefi lho, que nãos Ih obecl cc, ma procura ajuda r s u irn11 la mb 111 a obedecer? Por assim d iz r, o amor e a gratidão ela mãe se mulli pli ·am. Isso a 0 111 • crá conosco se procuramos aj udar nossos irmãos doe ntes esp irilu alm nlc. 01110 prem10 por essa cari la 1 , Nos a Sen hora ate nde rá com ma i r presteza nossos pedidos. 1 czcmos, portanto, a Nossa Senhora do Necessitados, pelos doentes de alma - verdadeira leg ião neste nascen♦ te sécul o XXI.

D og ma ci o Purgatór io é mui to esquecido pela maiori a dos fié is; a Igreja Padecente - onde há tantos irmãos para socorrer, e para onde sabem q ue um di a deve m ir - , parece-lhes terra estranha. Esse ve rd adeira me nte de pl o rá ve l esqu ec ime nto constituía um grande sofrime nto para São Francisco d e Sa les : " Hélas", di sse esse pio Douto r da Ig rej a,

º

"nós não nos lembramos siificientemente de nossos carosfalecidos; sua memória parece esvanece r-se com o somfúnebre dos sinos" .

ou Purgatório . Essa tríplice Igreja constitui o Corpo Místico de Jesus Cri sto, e as almas do Purgatório não são menos seus membros que os fié is na Terra e os e le itos no Céu . .. .. Essas três igrejas- irmãs mantê m incessantes relações entre si e uma contínua comunicação, que de nominamos a Comunhão cios Santos.

*

*

*

Reza r pe los fa lec id os, faze r sacrifícios e sufrág ios por e les, fo rma parte do c ul to cri stão, e a devoção pe las almas do Purgatório é a que o Es pírito Santo infunde com cari dade nos corações dos fi é is. "Santo e salutar

As pr inc ipa is ca usas di sso são ignorânc ia e fa lta pensamento é rezar pelos de fé; nossas noções sobre mortos", di z a Sagrada EsA Virgem do Rosário e o Purgatório, o Purgatóri o ão mu ito vacritura, "para que sejam puManuel Sepúlveda, 1781 - Óleo sobre tela, Museu de Arte Religiosa, gas, nossa fé é muito fraca. rijicados de seus pecados" Coleção da Arquidiocese de Popayán (Colômbia) E ntão, para q ue nossas (II Mac. 12, 46). idé ias se tornem ma i precisas e nossa fé vivificada, deveA Ju stiça ele D e us é te rríve l, e pune com extremo ri gor mos olhar ma is ele perto essa vicia a lé m tú mulo, esse estado mes mo as fa ltas ma is tri viais. A razão é que tais fa ltas, leves in termedi ário das almas j ustas ai nda não di gnas ele entrar na a nossos o lhos, não o são diante de Deus. O menor pecado Ce leste Jerusa lém. desagrada-O infinita me nte, e, por causa ela infi nita Santidade que é ofendida, a menor transgressão ass ume e norme pro* * * porção e ex ige e norme ex pi ação. Isso ex pli ca a terrível seveO Purgatório ocupa um impo rta nte lugar em nossa santa ridade das penas da outra vicia, e deveri a nos pe netrar de sanRe li g ião : fo rma uma das princ ipa is partes ela obra de Jes us to te mor. C ri sto, e representa um pape l essenc ia l na economia da salvação do ho mem. Lembremo-nos de que a Santa Igrej a ele Deus, consideraPurgatory- 11/ustra ted by the Lives and Legends of the Saints, verda como um todo, é composta de três partes: a Igreja Mi lita nte são norte-americana da TAN Books and Publishers, lnc., Rockfo rd , [nesta Terra], a Igreja Triunfa nte [no Céu] e a Igreja Padecente Illinois, 1973, pp. V e ss.

CATO LICISMO

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7


A

Palavra Sacerdote · do

.

Pergunta

Segundo as Sagradas Escrituras, Jesus era o primogênito de Maria (Mt 1, 25 e Lc 2, 7). Portanto, dizer que Maria não teve outros filhos não condiz com a palavra de Deus, pois primogênito significa que nasceu primeiro; logo, E la teve outros filho s. Para confirmar isso, em outro trecho da Bíblia está escrito que durante os 30 anos em que Jesus não tinha começado a pregar, teve qu e co 1111iver com seus irmãos (Jo 7 5).

Resposta

É falsa a interpretação de que Jesus não seria o único fi lho da Virgem Maria. O leitor poderia citar várias outras passagens da Bíblia em que se fala dos "irmãos de Jesus", inclusive o célebre trecho de São Mateus ( l3, 55-56) em que se dão os nomes desses "irmãos", e se fa la também das "irmãs" de Jesus. Não o fez, certamente po r quere r apresentar essa objeção de modo abreviado. Se fosse válida essa objeção

e

CATOLICISMO

- tipicamente protestante - , Nossa Senhora não teria sido Virgem. Importa muito, para nós católicos, esclarecer esse ponto, uma vez que a virgindade perpétua de Maria é um dogma católico (cfr. Denzinger, Enchiridion Symbo lorum, n. 256). Ademai s, é uma das virtudes mais belas e mais admiráveis da Mãe de Deus, e por isso mesmo odiada especialmente pelo demônio. Comecemos, poi s, pelos "irmãos" e "irmãs" ele Jesus, abundantemente menci onados no Novo Testamento: Mt 12, 46-47; Mt 13, 55ss.; Me 3,31-32; Me 6,3; Lc 8,19-20; Jo 2,12; Jo 7,3.5.10; Jo 20,17; Act. 1,14; Cor. 9,5; Gal. 1,19. A elucidação dessa questão é simples: tanto o hebraico como o-aramaico (línguas habitualmente faladas na Palestina na é poca de Jesus) usam a palavra "irmão" para designar toda espéci e de parentesco, e mesmo pessoas de relacionamento muito próximo, como era o caso dos discípulos de Jesus. Por exemplo, ao narrar a aparição ele Jes us ressusc itado a Santa Maria Madalena, o E vangelho d ão João assim descrev ' o li na I da ena: "Disse-lhe ./(•s 11.1· 1li Maria Mada le na] : N<1o ""' t11q11c1s, porq11e ainda 11r o ,w/Ji Jlfll'a 111e11 Pai; mas vai r, 11/l 11 .1· irnll os, e dize-ih •.1·: S11/Jo /H1rr11111•11 t>r,i, e vosso Pai, 111 ,,, / 1·11.1· , , , osso D eus. Foi Maria Modoll' na dar a nova aos discfpulos : Vi o SenhOr, e ele di. se-11, e estas coisas" (Jo 20, 17- 18). Nestes versículos do Evangelho, irmãos equivale evidentemente a discípulos . Como dito acima, São Mateus chega a mencionar os nomes dos " irmãos de Jesus": "E indo [Jesus] para a sua pátria, ensinava nas suas si1

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nagogas, de modo que se admiravam e diziam: Donde lhe vem esta sabedoria e estes milagres? Porventura não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago e José e Simão e Judas? E suas irmãs não vivem todas entre nós ? D onde vem pois a este todas estas coisas?" (Mt 13, 54-56). Note-se que não são mencionados os nomes das "irmãs" de Jesus. De outro lado, ao falar das mulheres presentes no Calvário, São Mateus e São Marcos nomei am especificamente: "Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e José, e a mãe dos filhos de Zebedeu" (Mt 27,56); "Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé" (Me 15,40). Comparando os textos acima, ficam identificados doi s dos "irmãos de Jesus": Tiago o Menor e Jo é, filhos ele uma outra Maria, cli tinta da Mãe ele Jesus. Eram, poi , parentes ele Jesu . A alomé, mencionada por São Marcos , é a mulher ele Zeb deu nomeada por São Mateus, mãe de Tiago o Maior e de São João, o evangeli sta. Salomé fi cou célebre por ter reivindi cado junto a Jesus um lugar privileg iado para seus fi I hos no se u futuro reino (cfr. Mt 20,20-23; Me 10,35-40). Tal r'ivindi ação indi a vi le n1 •111e n1 · um a "SSO l'ó il dela j un( ( li .1 'S US. St1o .lo1 o ·nn si 1 11:i ta111 b 111 11 pr ·s · n c,: 11 du s v rin s Mari as, di s1i11 >ui11do ·laru mc nl a M1 ' d · .J ·s us l11s oulras: " /.:-'.1•to vr1111 de ,, j1 111 to à ruz d • J •.1·11s s11a M r1e, e a irmã de sua M<1e, Mo rio mulher de I ofás, e Moria Madalena" (Jo 19, 25). bserve-se de pas. ag 111 qu e aqui igualmente ser gislra o

us o jud e u de c ha mar de "irmã" el e Mari a uma sua parenta, pois, como é universalmente admitido, Maria era filha única. Por outro lado, sabe-se que essa " Maria, mulher de Cleofás " é a mãe de Simão (cfr. Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, IIl 2,32). Resulta claro, portanto, que a palavra "irmãos" não corresponde a uma irmandade ele sangue, mas a um parentesco - ou até a um relacionamento - mais ou menos próx imo. Quanto à palavra "primogênito ", era aplicada ao primeiro nascido, ainda que depois não se segui ssem outros filhos, por causa elas implicações legais que trazia consigo. Isto é, o primeiro nascido era o herdeiro do direitos e das obrigações dos pais, em particul ar cio patrimônio da família. Um siste ma de morgad io, portanto, que dava segura nça e estabilidade à família, o que ex plica a generalidade ele sua aceitação por praticamente todos os povos no mundo inteiro, tendo vigo rad o no Ocide nte até o Código Civil de Napoleão (1804), e mesmo depoi s. Entre os judeus, no princípio os primogênitos eram os que exerc iam o sacerdóc io. Quando e. se privilégio se adjudicou à tribo de Lev i, permaneceu para as outras tribos a bri ação de "resgatar " sim bo li amente os primogê11iLos ( fr. Num 3,12-l3; l8, 15- 16; Ex 13, 2; 24, 19). De onde a e nternecedora cena descrila por São Lucas: "E, depois que foram concluídos os dias da purificação de Maria, segundo a lei de Moisés, levaram -no [o Menino Jes us] a Jerusalém pa ra o apresentarem ao Senhor, segundo o que está escrito na

l, 19). São Ti ago o Menor, como foi lembrado acima, era parente ele Nosso Senhor. A falsa afirmação protestante não tem, pois, nenhuma sustentação na Sagrada Escritura nem na Tradi ção.

Pergunta Nosso Senhor se refere a Maria, em várias passagens da Sagrada Escritura, chamando-a " mulher". O Sr. poderia explicar o porquê desse tratamento?

Resposta

Cena da Crucifixão (séc. XVIII) - Igreja de Santo Agostinho, Quito (Equador)

Nosso Senhor, na cruz, encomenda a São João Evangelista (à direita) sua Mãe Santíssima (à esquerda)

lei do Senhor: Todo o varão primogênito será consagrado ao Senhor; e para oferecerem em sacrifício, conforme o que está escrito na lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos " (Lc 2,22-24). É óbvio que a apresentação cio pri mogênito se fazia logo depois que este nascia, sem esperar que nascessem outros filh o:. E m outros termos, a obrigação lega l se impunha, mesmo qu e depois não nascesse m outros filho ! O primeiro nascido já era imediatamente chamado primogênito, mes mo que nunca viesse a ter irmãos de sangue. É falso concluir, poi s,

como fazem os protestantes, que a ex pressão de São Lucas - "e deu à luz o seu filho primogênito" (Lc 2,7)implica em que Maria tivesse tido depois outros filhos. Aliás, que Mari a não teve outros filhos, a Bíblia o manifesta e m outras passagens. Limitemo-nos a le mbrar a pungente cena do Calvário: Cristo, moribundo, encomenda Maria Santíss ima a São João, o qual, a partir de então, a recebeu em sua casa (Jo l 9, 26-27). Se a Virgem Mari a tivesse tido outros filhos, Je us não teria por que se preocupar com o cuidado temporal ele sua Mãe, pois este dever corresponderia aos demai s filh s. Tanto mais quanto, muitos anos depois, São Paulo comenta que ainda vivia em Jerusa lém "Tiago, o irmão do Senhor " (Ga l

No trato habitual dos nossos di as, no Brasil , o te rmo "mulher " pode parecer pouco res peitoso no relacionamento familiar. Não se passa o mesmo em Portugal, onde o povo é extremamente afetuoso, porém muito mais vigoroso em suas ex pressões. Lá, um marido chamar a esposa de "mulher" nada te m de desrespeitoso, mas, pelo contrário, indica uma intimidade carinhosa. Isto era assim pelo menos até algum tempo atrás. De então para cá, os ventos da modernidade começaram a varrer também Portugal, destruindo princípios e modos de ser tradicionais, com o que a s ituação vai se modificando bastante. De outT0 lado, em alguns países latino-americanos, até hoje, um amigo dirigir-se a outro amigo usando a palavra hombre (homem) constitui um trato afetuoso e varonil. • Porta nto, para a correta avaliação do significado elas expressões, é preciso levar em conta, como se costuma dizer, não só a cultura local , como a época em que foram usadas. Este procedimento é muito valorizado hoje em dia

- até o exagero - nas ciências soc iais, inclu s ive em adaptações que se fazem da liturgia católica às diferentes culturas, denominado na linguagem eclesiástica e sociológica atual de inculturação. Feita a necessária reserva quanto aos abusos freqüentes a que esse procedimento tem dado lugar, trata-se no caso ela presente consulta de analisar o que significava no tempo de Nosso Senhor o tratamento de "mulher ", que em mais de uma ocasião Jesus dispensou a sua Santíssima Mãe (nas bodas ele Caná e no alto da Cruz). Retomemos a narração ele São João da cena da Crucifixão em que Jesus encomenda sua Mãe ao discípulo amado: "Jesus, pois, tendo visto sua Mãe e o discípulo que ele amava, o qual estava presente, disse a sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho . Depois, disse ao discípulo: Eis ai a tua Mãe. E, desta hora em dian te, a levou o discípulo para sua casa" (Jo 19, 26-27). É preciso ter um coração de pedra para não se emocionar diante desta cena ao mesmo te mpo sole ne e tocante. E é justa mente a solenidade da ocas ião que comunica ao tratam e nto "Mulher" uma grandeza que a própria palavra " Mãe" , nesse contexto, não teri a. Deixamos ao cuidado do leitor repassar o episódio da Ceia de Caná (Jo 2, 1-1 1), em que Nosso Senhor também chamou sua M ãe de "Mulher", para constatar qu e nada havi a ali ele menos respeitoso. Antes, pelo contrário, era sumamente adequado ao momento. Tal exercício valerá como sa borosa meditação sobre a imensa ternura e intimidade do relaciona me nto de Nosso Se nhor com sua Mãe Santíss ima. ♦

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Irlandeses dizem "não" à Europa unida

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Venezuela trilha a desditosa senda de Cuba

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O Presidente Hugo Chávez está estreitando cada vez mais suas relações com o regime marxista cubano

cada dia que pa ssa, a Venezuela estreita mais seus laços comerciais, ideológicos e culturais com a ilh a-prisão do Caribe . Basta ler, com um pouco de atenção, notícias veiculadas pela imprensa, para constatar como o Presidente Hugo Chávez vem promovendo mudanças radi cais nos programas econômicos, educativos, políticos, sanitários e até esportivos, tomando direta ou indiretamente como 1 modelo planos do fracassado régime marxista de Castro . A Venezuela transformou-se no principal parceiro comercial do regime de Havana, firmou importantes acordos com a China comunista, aceitou assumir o papel de nação-chave para a estratégia da Rússia de Putin na América Latina e deu seu apoio à proposta cubana para a formação de um bloco político-econômico com o Irã, a Rússia e a Índi a. O Episcopado venezuelano, por seu lado, em relatório apresentado à Comi ssão Episcopa l Latin oamericana (C ELAM) , qu stionou a própria "vigência do Estado de Direito " em seu país . O Bispo cubano D. José Ciro González, da Diocese de Pinar dei Rio, presente à reunião da CELAM, apontou semelhanças existentes entre Chávez e Fidel Castro.

m plebiscito realizado no dia 7 de ~unho último, a Irl anda disse "não" ao Tratado de Nice, bloqueando mai uma vez a unifi ação européia. Aprovado em dezembro nes a cidade fran esa, o referido tratado estabelece novas diretrizes para o funcionamento da União Européia e é o primeiro passo concreto para a expansão do bloco em direção ao Leste europeu. O tratado precisa ser ratificado por todos os 15 países-membros para entrar em vigor em 2002. Mídi a, gra nd es partidos políticos e o Epi scopado católi co irlandês engajaram-se

Escolas não-mistas estão voltando

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pel.o "sim", ou seja, a favor da união. Porém, julgando com lucidez que a tentativa de se criar um só Estado europeu ameaça a soberania nacional e contribu i para promoção do divórcio, do aborto e da corrupção moral, 56% do el eitorado do país, cuja população é formada por 95 % de católicos, rejeitaram o tratado. Dois terços se abstiveram, o que indica a desinformação e desinteresse pela União E uropéia. O "não " irlandês causou cal afri os nos gabinetes políticos de toda a Europa. A li ás, representou ele o ter-

onstruído em meados do sécu l o XIX, para ser a residê ncia do Barão de ltaipava, o belo castelo está localizado numa fazenda de 360 hectares, em Itaipava, nas proximidades de Petrópolis (RJ). idade que, na época da monarquia, abrigava a ramília imperi al nas r rias d' v 'rão. Co111 4 ·(\modos distribuídos por Ir s andar ·s 'duas torres , o ·asl · lo poss ui 19 qu11r1os, se is sa l e 's, s ·1· hunht iros, ala de música, bib liol , ·as, 1a lerias, t rraços e d ·p 'nd n ·ius para hóspedes. A edificação foi l ilcra ln1•nte traz ida da Europa: os blocos de pedra, os portões e as portas de jacarandá vieram de P riu -

ceiro "não " popular à unificação européia nos plebiscitos realizados em menos de um ano. Os eurodeputados reclamam, agora, referendos nos seus países. Para o analista po1ítico François Bayrou, na França o Tratado de Nice também seria recusado. As esquerdas, confusas e desanimadas, recusam as consultas populares, enquanto cresce a sensação de que a União Européia está sendo forjada por círc ul os fechados, que sistematicamente escondem do povo o objetivo último vi ado por eles. ♦

gal; o telhado de ardósia é proveniente da França; as ferragens são i nglesas, as cortinas francesas e os vitrais austríacos. Até os operários e artesãos, que construíram o castelo e esculpiram suas peças, vieram da Europa. A partir de junho, os portões desse reri nado di fício foram ·1b ·rtos ao públ ico ,'ívido do maravilhoso, tio bom gosto e da ·ultura . 1 1tli g1n de aplauso essa h ·la ini ·ialiva dos descendentes do Bar. o de llaipava, que adenwi s stão proporcionando aos visitanl 's um concerto de músi♦ ·a cláss ica, às tardes. • Visitas aos sábados e aos domingos, das 10,30 às 15,30h.

preferível que meninos e meninas sejam educados separadamente. Os colégios só para meninas estão ressurgindo na Inglaterra. No ano passado aumentaram 13%, afirma o jornal "The Times" (25/4/01 ). O Colégio Bruton, só para meninas, em Somerset, tinha 600 alunas matriculadas; agora conta com 200 novas inscritas. A diretora do col égio, Barbara Bates, declara: "As meninas traba-

lham melhor quando estão longe dos meninos. Por outro lado, elas amadurecem antes que os meninos". N os Estados Unidos, um estudo mostra as varitagens de se separar os alunos das alunas nas escolas. Numa escola pública adstri ta à Un iversidade de Memphis, a práti ca do ensino de primeiro ao sexto grau está sendo feita com meninos

separados das meninas. No ano passado, os pais dos alunos do quarto grau puderam escolher entre classes mi stas e separadas para seus filhos. De 56 pais, 49 preferi ram classes separadas. Os funcionários da esco la afirmam que tiveram que enfrentar menos problemas de disciplina, e os resultados acadêmicos são promissores, conclui o "Washington Times"

(26/2/01 ). Em Ontário, no Canadá, segundo o j orn al "Globe anel M ail" (19/4/ 01 ), das 16 escolas secundári as mais bem classificadas, 10 eram col égios não-m istos. O Ministro da Educação da Austrália, John Aq uilina, está igualmente empenhado em cri ar mais colégios não-mistos. "Os pais afirmam que querem escolas separadas" - comentou ele. Os fatos fal am por si... ♦

Apesar do descaso governamental, safra recorde no País

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eunidos em Alvorada do Sul - MS, cerca de 2000 produtores rurais de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Goiás protestaram contra as invasões de fazendas, efetuadas pelos sem-terra , e contra o governo do Mato Grosso do Sul, qu e não está fazendo cumprir os mandados de reintegração ·de posse. Eles se queixaram também do governo federal, que destina poucos investimentos para o setor da agricu ltu ra . Apesar do descaso do Poder Públi co e das invasões de terra, a safra agrícola nos últimos 1 O anos saltou de 57 ,8 milhões de toneladas de grãos para 94,3 milhões. Dado s estes que provam como é dinâmica e eficiente a propriedade privada , mesmo enfrentando gran♦ des dificuldades.

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RELIGIOSAS '

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Impopularidade da Teologia da Libertação

D. Waldyr Calheiros , Bispo emérito de Volta Redonda (RJ) , um dos enérgicos defensores da Teologia da Libertação, tem um sonho: escrever suas memórias e publicá-las. Entretanto, segundo declaração do Prelado à "Gazeta Mercantil" (11 -12-13/5/01), as editoras não têm manifestado interesse por esse tipêi de literatura, dizendo que, por exemplo, as biografias de D. Hélder e D. Arns estão encalhadas nas prateleiras . Esse "encalhe" de biografias de expoentes da chamada Teologia da Libertação é mais um sintoma do salutar declínio de uma doutrina que tentou, em vão, "batizar" o maocismo.. . _J

Uma década de reabertura da Igreja Católica na Rússia

Segundo a Agência Zenit, em toda a Federação Russa a Igreja Católica restringia-se , em 1991 , a apenas dez paróquias , oito sacerdotes , quatro igrejas e duas capelas . Com a derrocada da União Soviética foi possível reestruturar o movimento cató1ico naquelas paragens, existindo hoje, segundo Mons. Tadeusz Kondrusiewicz, Arcebispo de Moscou , 220 paróquias, 215 sacerdotes e cerca de 230 religiosas . Apesar de décadas de ateísmo comunista, cresceu na Rússia a tome de Deus.

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ATUALIDADE Santo Tomás de Aquino equipara o homossexualismo ao canibalismo

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ntro u em pauta no Congresso um projeto para lega li zar o dito "casamento" homossexual , pleiteado pela ex-deputada e atual Prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Ai nda não está claro se vai ser aprovado ou rejeitado pela maioria de nossos deputados. No ínterim, convém estudar o que representaria sua aprovação aos o lhos de Deus. Para isso, temos duas fontes: as Sagradas Escrituras e os comentários dos Padres da Igreja e dos Papas. Na le itura desses textos , duas coisas saltam aos olhos: a clareza com a qual a homossex ualidade é definida como uma aberração antinatural; e a energia com que sua prática é punida por Deus. Já no Antigo Testamento afirma-se que "aquele que pecar com um homem,

Santo Tomás de Aqu ino chega a colocar a prática ela homossex ualidade no mesmo plano de pecados torpíss imos - como o de canibali smo - por ser, como eles, um atentado contra a própria natureza. E o grande São Pio X, e m pleno ' século XX, ensina em seu catecismo que a homossex uali dade, por seu caráter antinatural, está entre os pecados que provocam a ira de Deus e c lamam por vingança. A exigüiclacle deste artigo me impede citar a inda outros testemunhos, mais recentes, da enérgica reprovação ele Deus e ela Igreja à sodomia. Mas esses poucos já permitem constatar à sac iedade que Deus não ficará indiferente diante de uma eventual aprovação do dito "casamento" homossexual no nosso tão amado Brasil , o maior país católico do mundo . Se as coisas continuarem a correr do jeito que vão, manterá o Brasi l essa condição ele católico? ♦

como se ele fosse uma mulher, ambos cometeram uma coisa execranda, sejam punidos de morte, o seu sangue ·aia sobre eles" ( Lev. 20, 13 ). Essa ameaça divina nã lic u no ar. Todo ab m s como Deus fez "chover

sobre Sodo111a e Gomorra enxoji-e e fogo lvincl I do céu; e destruiu estas cidades, e todo o país em roda, todos os habitantes das cidades, e toda a vegetação da terra" (Gen. 19, 24-26). No total, foram cinco as cidades punidas, as quais estão ainda submersas ao su l cio Mar Morto, como se pôde constatar recentemente em trabalhos arq ueo lógicos. Ali ás, o Mar Morto leva esse nome por não haver nele sina l de vida, e porque, nas regiões circunvizinhas, o deserto testifica a maldição de Deus sobre as c idades criminosas que lá se encontravam. A energia desse castigo divino fico u tão firmemente regi strada na memória da humanidade, q ue ainda hoje a prática cio homossexua li s mo é conhec id a como "sodomia", precisamente em lembrança do castigo bíblico a Sodoma.

Não apenas o Antigo Testamen to condena o homossexualismo l lá, co ntudo , quem pense que no Novo 'f:•slamento o vigor dessa reprovnçao di vina da prática homossex ua l foi fl'111p ·rado p •la mi sericórdia da Lei da 12

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Santo Agostinho - Autor desconhecido, (séc. XVIII), Museu de Arte Religiosa, Popayán (Colômbia)

São Judas Tadeu - Escola quitenha, Igreja de São Domingos, Quito (Equador)

com elas, e se abandonaram ao prazer i,~fame, foram postas por escarmento, sofrendo apena dofogo eterno". (Jud, 7)

Santo Agostinho vitupera o pecado contra a ordem natural Graça trazida por Nosso Senhor Jesus Cristo. Engana-se rotundamente. Leia-se o que diz o Apóstolo São Paulo, descrevendo os fr utos ela idolatria: "Po rque as suas próprias mulheres

,nudaram o uso na/ural, em outro uso, que é contra a natureza. E do mesmo modo, também os homens, deixando o i,so natural da rnulher, arderam nos desejos mutuamente, cometendo homens com homens a to,peza, e recebendo em si mesmos a paga que era devida ao seu desregramento. E, como não procuram. conhecer a Deus, Deus abandonou-os a um sentimento depravado, para que .fizessem o que não convém, cheios de toda iniqüidade, m.alícia e fornicação" (1 Rom., 26 e ss.).

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E a condenação do Apóstolo não se limita aos que praticam a sodomia, mas até às pessoas que a aprovam complacentes: "As quais, tendo conhecido a

São Pedro e São Judas Tadeu condenam a sodomia

"Não vos enganeis: nem mesmo osfornicadores, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, ... possuirão o reino de Deus" (I Cor. 6, 9- L0). Ou seja, irão

Hoje está na moela afirmar que São Paulo dizia es ·as coisas porque era um espírito radica l demai s, misógino, influenciado pelo legali mo ro mano etc. Para desmentir esses curi o os exegetas, no que toca à homossexua li dade, basta citar o que dizem outros doi s Apóstolos. O próprio Príncipe dos Apóstolos, São Pedro, nos diz que Deus condenou a uma total ruína as c idades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza , para serv irem de exemp lo àq ue les que venham a viver impiamente (cfr. I Petr. 2, 6-9). E São Judas Tadeu em sua epístola afirma que "Sodoma e Camorra, e as

para o Inferno .

cidades circunvizinhas que fornicaram

justiça de Deus, não compreenderam que os que fa zem tais coisas são dignos de morte; e não somente quem as faz, mas também quem aprova aqueles que as fa zem " (idem, 32). E a morte com que ele ameaça esses pecadores não é nem sequer desta vicia, mas é a morte eterna! Veja-se:

A Tradição multissecular da Igrej a recolheu e m seu magisté rio a mesma rej e ição a qua lque r condescendência com a sodomia. Po r exemplo, Santo Agostinho, grandíssimo Doutor da Igreja, afirma que "as devassidões contrárias à natureza devem ser condenadas

em toda a parte e sempre, como o foram. os pecados de Sodom.a ". E ai nda agrega um pensamento que deveri a faze r refletir os brasileiros inç linaclos a imi tar servi lmente os países supostamente mais

"p'raji-ente " : "Ainda que todos os povos as cometessem [as devassidões contra a natureza] , cairiam. na mesma culpabilidade de pecado, segundo a lei de Deus que não fez os homens para assim usarem. dele [o instinto sexua l]" (cfr. Confissões. C. lll, pág . 8). C ATO L IC IS MO

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••• •• ••• ••••••• provedor - é sonho acalentado por inúmeras. Pergunte à sua vizinha. Não há dúvida, existe um desejo no ar". Certas feministas poderiam qualificar essa tendência como um comportamento medievalista, o retrocesso a um estado de vida inferior. E, na tentativa de conter a aptidão inata cio sexo femi nino - a de mãe de família-, gostariam certamente de organizar novas manifestações pe las ruas, bradando slogans pela completa liberação ela mulher, pela igualdade e ntre os sexos, pelo direito de trocar o ambiente do lar pelo de trabalho etc. Tai s rebeliões feministas são, aliás, muito do agrado e muito impulsionadas por partidos de tipo comunista. Em abono dessa afirmação, basta recordar aqui um ultrajante trecho ele Lênin, no Congresso Comunista de 16 ele novembro de 1924: "Para que a Revolução triunfe, precisamos da mulher; para tê-la é preciso fazê-la sair do lar; é preciso destruir nela o sentimento egoísta e instintivo do amor materno. A mulher que ama os seus filhos não passa de uma cadela, de uma fêmea".

O retorno à ordem natural

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á uma expressão francesa que sintetiza muito apropriadamene o assunto de SOS Família deste mês: "Chassez le naturel, il reviendra au galop" (expu lsai o que é natural, e ele retornará a galope). Quando a ordem natural é violada, ela se vinga. Pode demorar, mas seu dia chegará. É o que vem à mente ao ler algumas interessantes e eloqüentes reportagens indicando que o papel tradicional da esposa - dentro do lar e maternalmente dedicada aos filhos - está em alta. E está em baixa o modelo de mulher dita emancipada, trabalhando fora, numa empresa - numa fábrica de automóveis, por exemplo - em trajes masculino. e com cigarro nos lábios. 1. so já esteve no vento da modernidade, ma. vem perdendo o prestígio.

O extremismo feminista Em larga medida propulsionado por homens, o Movimento Feminista, - que se dizia favorável às mulheres, mas no fundo lhes causava danos - protagonizou, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, várias reivindicações igualitárias e antinaturais. Dizia querer

Uma sadia tendência se esboça entre mulheres que trabalham fora do lar: ao invés da disputa pelos postos no mercado de trabalho, impulsionada pelas feministas, nota-se certa propensão à volta da tradicional situação de dona-de-casa, em seu nobre papel de esposa e mãe colocar a mulher no mesmo nível do homem - manifestações de rua, direito aos mesmos trabalhos, aos mesmos trajes, liberação sexual, controle de natalidade, direito (sic) ao aborto etc. Promovia agitações reivindi cando uma ordem socia l contrária à nalureza da · coisas estabelecida por Deus, segundo a de crevem documentos pontifícios. Femini tas mais radicais sonhavam com uma total inversão de valores: a instituição dos donos-de-casa . Ou seja, o homem de avental, junto ao fogão, cozinhando, limpando a casa, lavando e passando roupas, trocando fraldas , tomando conta das crianças etc. E a mulher emancipada, trabalhando numa indústria ou dirigindo seu próprio negócio; e ao chegar tarde, de volta à casa, encontrando a mesa posta pelo marido. Uma inversão de valores, uma aberração da natureza.

Em boa hora, o caminho de volta Entretanto, na aurora deste novo sécu lo, percebem- e, cá e lá, movimentos no enticlo de restabelecer a ordem naLura l numa ociedade mais orgânica. Como exemplo, vejamos o que diz uma reportagem do suplemento "Domingo", do "Jornal do Brasil" de 29-101, com o sugestivo título: De volta para Casa: "Fraldas, mamadeiras, espanadores, pias, tanques, fogões: eis o novo paraíso. Dito assim, três décadas depois da consagração do feminismo, pode causar arrepios e soar até como deboche ou piada. Mas é fato: um número cada vez maior de mulheres está trocando as mazelas do mercado de trabalho e percorrendo o caminho de volta ... ao lar-doce-lar. O que já é realização para muitas - e para isso há que se ter um

Na contramão dos ventos da modernidade

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CATOLICISMO

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Mas a natureza tem falado mai s alto e o amor materno vai reafirmando seus direitos. Outras reportagens análogas à do "Jornal cio Brasil" têm sido publicadas, nas quais mulheres muito bem colocadas no mercado de trabalho, e que tudo fizeram para percorrer o caminho do lar ao trabalho, agora estão trilhando o caminho de volta ao lar, ou pelo menos man ifestanclo esse desejo. Não é raro encontrar entrevistas até mesmo com jovens universitárias, cujo ideal não é o de eguir carreira, mas casarem-se e terem vários filhos, pois cuidar da casa também é um trabalho; e, assim, sentirem-se mais reali zadas e contentes. Nesse mes mo sentido, o "Estado de S. Pau lo", ele 4-2-01, publicou matéria

pel de mater, com sua delicadeza, seu afeto natural , sua bondade de coração e zelo pelos filhos, tem função incomparável e insubstituível dentro do lar. Nada mais triste que um lar monoparental, onde um dos dois fa lta. Grande é a missão para a qual a Providência destinou a mulher: a de esposa, mãe e rainha do lar, o que é in comparavelmente mais nobre e elevado do que administrar uma fábrica, um escritório ou uma cidade, por maior e mais rica que esta seja. Querer inverter ou igualar esses papéis constitui uma revolta contra a própria natureza humana, a qual dá sinais de estar-se vingando e levando a mulher, por fim , a recuperar sua verdadeira vocação e felicidade. Grande é a missiio para a qual a Providência destinou a mulher: a de esposa, mãe e rainha do lar

intitulada: Profissionais brilhantes viram donas de casa. A jornalista Gláucia Leal assim iniciou o tema: "Corajosas, elas navegam na contramão dos apelos do mercado de trabalho e da mídia. Poderiam ser profissionais de sucesso - váriasforam educadas para isso. Mas decidiram ser donas de casa. Apesar dos preconceitos, pressões sociais e até dos próprios questionamentos, optaram por interromper a carreira e dedicar-se à rotina doméstica e a cuidar dos filhos". Também a revista "Veja", de 16-020 L, publica um artigo assinado por Tatiana Chiari com o título: Dona de casa e ... com muito orgulho, na linha das matérias acima mencionadas .

Rainha do lar, e não fora do lar Não se trata aqui de discutir a questão de quem é superior, o homem ou a mulher, pois ambos têm missões difere ntes e complementares. O homem desempenha o papel de pater, impondo o respeito, a obediência, e tratando do provimento da casa. Isto dá estabilidade e segurança à família. E a mulher, no pa-

Após um século, a volta do natural Antes de finalizar, parece conveniente inserir uma ressalva: vemos esta propensão natural da mulher - a troca do ambiente de trabalho fora do lar pelas ativ idades domésticas - com muita simpatia. Mas compreendemos que, devido à espantosa desagregação da família no mundo atual, muitas mães sejam obrigadas a trabalhar fora. Hélas! Isto se deve, muitas vezes, a uma imposição de uma civi lização neopagã, que se distancia cada vez mais dos princípios católicos. Estamos longe de afirmar que essa é uma tendência generalizada e existente em todos os países. Estamos apenas chamando a atenção para um fato novo : a apetência por autênticos valores familiares e uma repulsa pela luta dos sexos, uma como que luta de classes igualitária da mulher contra o homem. E isto é um sinal que aponta para um bom começo; pois quem poderia imaginar que aqueles valores tradicionais - tão combatidos pelos movimentos comunista e feminista do sécu lo XX estariam hoje sendo restaurados, em pleno século XXI? ♦

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TV

Do ·oratório à televisão: quem perdeu? PAULO HENRIQUE CHAVES

oucos jovens hoje conhecem aque1a mini atu ra de santuário junto à qual, no recesso sagrado do lar, nossos antepassados se recolhi am à noite, em oração. Fosse para agradecer a Deus os benefícios espiri tuais e materi ais recebi dos dura nte o di a ou para encomendar as almas cios fam iliares que parti ram desta vicia. Ou ainda para ped ir e encontrar a solução para seus problemas e dific uldades neste peregrinar pela Terra e recobra r a paz depois das tribulações.

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O anti-santuário da TV Mas, a partir de meados do século passado - o XX -, o oratório fo i sendo substituído por outro, muito pouco piedoso, que por vezes ex iste em qua e todas as dependências ela casa, e cujo "santos", com seus maus exemplos, vêm norteando - melhor se diria desnorteando - o comportamento ele milhões de pessoas. Esse novo "santuário" encontrn-se entre as invenções, ditas revolucion{u-ias, que mais contribuíram para transform ar as mentalidades de nossos pais e educadores e das próprias crianças. Com a telev isão, Deus e sua moral fora m postos de lado, nu ma tentativa ele operar uma "redenção" do homem através ela ciência e da técnica, a fi m de torná- lo "li vre", numa sociedade atéia e dessacrali zada. Mas Deus não tardou a rir-se desses artífices da substituição. Diante da desagregação ela in stituição fa miliar e do conseqüente aumento do amoralismo, da agressividade, ela violência e do caos, os cientistas sociais, em nome da mesma ciência tida por redentora, demonstram, como se fosse um teorema, a má infl uência ela televisão enquanto ditando comportamentos.

Um cardápio televisivo envenenado Assim, a Profn Pa ul a Inez Cunha Gomide, do Departa mento ele Psicologia ela Uni versidade Federa l cio Paraná e pesqui16

C ATO LIC IS MO

Pesquisadora paranaense apresenta resultados impressionantes quanto aos efeitos deletérios da televisão sobre as mentes de crianças e jovens brasileiros sadora do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas), med iante sucess ivas monografias sobre os efeitos da tele- ~__, •. visão em cri anças e adolescentes, vem mostra ndo a in- , ,, fluência deletéri a dos programas violento e im rais que \ enchem o cardápio dos programadores da TV brasileira. "Cerca de 3.500 pesquisas - segundo a professora - relativas aos efeitos da violência na TV sobre os espectadores.foram. conduzidas nos Estados Unidos nos últimos 40 anos". Segundo ela, um número considerável de pesqui sadores vem estudando os efeitos ele film es violentos no desenvolvimento de com portamentos agressivos das pessoas (Azrin et alli , 1965; Berkow itz e Ali oto, 1973; Eron et alli 1972; Bandura e Ifíesta, 1975; Geen, 1990; Ifíesta , 1975; Friedr ich-Cofer e Houston, 1986; Liebert e Sprafkin, 1988; Medd ni ck t alli , 1988 ; Snyder, 199 1, 1995; ti fma n ta lli , 1966; Tulloch, 1995; Widom, 1989; Wor hei el alli , 1976). Desde 1997 a Prof". Pau la om id · ·desenvolve pesq ui sas, acompa nhando estudos de especial istas mundiais, c m s citados acima. Descreve ela sua recentes experiências, fe itas separada mente co m base em quatro gru pos de ado lescente e outros quatro de crianças (em ambos os casos, 50% masculinos e 50% fe mininos). Foram medidos e comparados os comportamentos agressivos de cada um deles em partidas de futebol de salão, antes e de-

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pois de assistirem a filmes com diferentes graus ele violência. A pesquisadora chegou a significativos resultados, estatística cientificamente estudados e analisados: "Em dois grupos experirn.entais as l!ferenças entre os sexos foram signijicalivas, ou seja, após assisti1-e111 aosjilmes TIM ECOP e KIDS (com alto I or d • violên ·ia), os adolescentes apresenwram comportamentos agressivos bem suf) •rio,-,,1· aos índices apresentados pelas adotes ·entes. Porém, no que se refere tanto ao grupo de controle (que jogou sem assistir a nenhum.filme) quanto aos sujeitos que assistiram a ÁGUAS PERIGOSAS (t eor baixo de violência), a média dos comportamentos agressivos para os dois sexos.foi semelhante." E prossegue: "Comparadas as médias dos compor/amentos agressivos do gru-

po controle fem inino com os três grupos experimentais do mesmo sexo, as diferenças entre elas não eram significativas para dois grupos, a saber: ÁGUAS PERIGOSAS e TIMECOP No enlan/o, quando a comparação foi feita com as adolescentes que assistiram ao filme KIDS, a diferença mostrou-se estatisticamente significa tiva."

Pediatra sugere "livrar-se do aparelho" A pesq ui sadora mostra ainda que, analisando gru pos das crianças nos jogos de futebol em que fora m observadas, antes e

qui sadora mostra que o grupo anali sado fi ca, em médi a, 26h46 m semanais diante do te lev isor. Isso equi va le a passar mais horas di ante do vídeo do que nas sa las de aul a. Benjamin Spock, pediatra americano citado pela pesquisadora, chega a afirm ar: "A té que a TV venha a ter programas interessantes e úteis para as crianças, os pais podem simplesmente se livrar do aparelho. Isto evitará que seus filhos sejam brutalizados pela violência e que se tornem passivos por longas horas de im.obilizada atenção". A pesq ui sadora lembra que a maior infl uência ela TV no comportamento humano é indireta, sutil e cumul ativa. Cita Strasburger (1999): "Toda televiscio é televisão com.fins educativos. A única questão é: O que ela está ensinando?" E conclui: "A tragédia da televisão é que ela é 90% potencialmente prejudicial a cricmças e adolescentes, e apenas 10% útil socialmente". Avalie, leitor, o percentual e o tipo de influência que o tradicional oratório poderia exercer sobre as mesmas pessoas ... "Os norte -americanos têm a taxa mais alia de assassinatos que qualquer outra nação do mundo. Entre os j ovens, o homicídio é a segunda causa de morte, sendo a de número um para os neg ros. Os adolescentes são responsáveis por 24% dos crimes violentos. Paralelo a este fato, uma criança norte-americana comum terá visto, ao terminar o primeiro grau, mais de 8.000 assassinatos e mais 100 mil outros atos de violência na TV (Wa rtella, Olivarez & Jennings, 1999)."

após assistirem a fi lmes violentos e não violentos, "as meninas não alteram. seu nível de comportamento agressivo emfitnção de .filmes violentos que envolvam lutas, mesmo que existam modelos femin inos nestas encenações. Já para as cricmQuando o aparelho "quebra", ças do sexo masculino, o .filme violento renasce o convívio tem um e.feito positivo, estatisticamente signfficati. vo, no que se refere ao aumento Consta também dos trabalhos da Prof Paula Gomide uma apreciação sobre os da agressividade ". programas preferidos por 825 cri anças e Embora a autora não tenha ressaltado o porquê da difere nça de comportamento adolescentes brasileiros; de idades entre 7 mascul ino e fe mi ni no, fica evidente a dee 17 anos. Os referidos programas foram sigualdade psicológ ica natural entre os analisados por professores, mestres e doutores com formação na área ela educação dois sexos, coisa que o fem ini smo procue da famíli a, de cujos pareceres tra nscrera negar. Em outro estudo - Crianças e adovemos alguns trechos: lescentes em frente à TV: o que e quan- \ • Programa do Ratinho : "Os conteúdos tendem a ser explorados deforma sensato assistem de televisão - nossa pes-

cionalista, procurando expor cenas chocantes que sensibilizem. o público . .... Toda situação tem múltip las face tas, mas o apresentador acenlua apenas o lado mais chocante e pesado do fato, o tempo todo estimulando reações de revolta e indignação dos telespectadores em. relação ao tema, ao apresentar a sua opinião sobre o assunto, bem como conclamando a que se posicionem contra 'esta barbaridade' (um dos clichês verbais do apresentador)". • Programa Angel Mix : Entre outros problemas, "são conhecidos casos de crianças bem pequenas que se limitam a repetir os 'teleLubbies' sem avançar (em seu desenvolvimento natural)." Como fecho do seu trabalho sobre a influência ela TV sobre as crianças e adolescentes, a autora narra: "Uma mãe americana, preocupada com o papel que a televisão ocupava em sua.família, 'quebrou' propositadamente o aparelho por uma semana, buscando allera,; assim, as relações familiares já estabelecidas em torno da televisão. Para sua surpresa e contentamento, após uma semana sem televisão, ela observou que um de seus filhos havia começado a praticar piano, a outra.filha lia revistas, e cunbos brincavcunjuntos, criemdo novas.formas ele brinca,: À noite, ao janLar eles conversavam, depois ouviam música, liam, e então perceberam que a vida continuava independentemente da televisão. Removeram o apa,-elho para a garagem e acostumaram-se a ler mais, ouvir rádio, ir ao cinema, assistir a jogos e.falar sobre eles mesmos; e perceberam, sobretudo, quanto tempo a mais eles tinham para conviver (Richards & Sandy, Cambridge University Press, New York, 2000, p.45)." Os dados apresentados são altamente signi ficati vos e fa lam por si. Para term inar, um comentári o sobre o oratório antigo e o novo "oratório" eletrônico. Ao invés de unir e elevar, como faz ia o oratório, a telev isão rebaixa e destrói; ao invés de harmo nizar e ed ucar os filhos para Deus e para a sociedade, levaos à discórd ia, à revo lta, à depravação mora l, à violência e à comp leta subversão ela fa mília. O novo "oratório", us urpador e irreverente, expul sou para antiquários e museus os antigos oratórios que atraía m as graças. Abo letando-se em seu lugar, começou a dissem inar desgraças... ♦

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ENTREVISTA "Por del(lais maravilhoso"

Absurdo projeto

12] O º 605, de maio-2001 dessa revi sta, traz um documentário sobre o Santo Rosário que é por de mai s maravilhoso. Tirei xerox do mesmo e enviei para amigos de Juiz de Fora, Campinas, Parnaíba, São Roque e outras, pois o seu conteúdo é muito proveitoso. Quero felicitá-lo por trabalho tão bem feito e pela belíssima capa da revista, que é de um valor extraordinário. Devemos intensificar mais e mais a difusão desta santa devoção, pois somente ela poderá nos sal var deste caos em que chegamos. Estamos numa hora dec isiva, da qual dependerá. o futuro do Brasil e, enb·etanto, todos dormem. (A.M.R.G.C. - SP)

12] Sou assinante da revista Catolicismo e venho parabeni zá.- los

A Sagrada Túnica de Nosso Senhor 12] Dizer da excelsa qualidade de nosso Catolicismo é, co rno se di z no jargão popular, "chover no molh ado". Ass inante que ·ou dessa tão valiosa rev ista há muitos ano , sempre apreciei a riqueza ex plícita em seus artigos, ilu strações e acabamento, colocando-a como a mais requintada e perfeita ele todas as revistas católicas brasile iras e quiçá do mundo. O a rti go que versa sobre a " Sagrada Túnica de Nosso Senh or", publicado na edi ção de abril , deixou-me pas mo e, confesso, maravilh ado ! Sem pre o uvi falar ele outras tantas re líquias ela Paixão, mas j amais o uvi referências acerca do destin o das vesti mentas cio Redentor. E agora me defronto, feliz e muito surpreso, com este artigo ele Catolicismo informando sobre a Túnica de Argenteuil. E ma is assombrado fiqu ei de poder ler, por três vezes, a gloriosa e ao mesmo tempo trágica saga ele tão importante herança de Nosso Senhor. (F.C.B.B. - SP)

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pelo excelente trabalho que a TFP vem fazendo, como no caso cio absurdo projeto do casamento homossex ual. (G.M. -SP)

Melhor revista cristã do Brasil A rev ista é ótima, contém tantos assuntos importantes que refrescam tantas pessoas de mentes exaustas. É uma le itura excelente. Se alguém a mim perguntar qual a melhor revi sta cristã do Brasil , eu com firmeza responderei: Catolicismo. Porque é uma revi sta vari ada, onde come nta ass un tos políticos, sociais, re iigio. os e econô micos. Para mim , a rev ista é perfeita. corno posso sugerir a lgo mai s a esta enca ntado ra revista? Direi o seguin te: "Seri a muito bom se fosem co locadas a lgumas orações cios santos nessa revista; orações leves e eficazes que impul sion assem a gratidão a Deus por tudo". (E.J.A.B. - MA)

Leitura e meditação 12] Foi com muita alegria e satisfação que receb i o CD. E mbora não tenha o apare lho de tocar, as sobrinhas e amigas têm . E u peço para ligar e fico a esc utar. Como ta mbém tenho recebido a rev ista Catolicismo , a qual gosto muito ele ler e meditar; tudo isso e u agracleç -vos e tran smito para as ami gas e par ntes para lerem. (M.A.O. - BA)

recursos financeiros para renovar esta ass inatura a cada ano, e espero e m nosso Bom Deus continuar merecendo esta graça. É por demais gratificante para mim ter o privilég io ele receber Catolicismo em minha casa, por seu conteúdo rico, principalmente em artigos que contribuem para o nosso cresc imento espiritual. Sinceramente gosto ele todos os artigos que mensalme nte cada edi ção da revi sta mostra, e todos merecem destaque. (M.S.A. - PB)

"Ao lê-la, é como se fizesse oração" Há te mpos ele ejo manifestarme obre esta revista, que só conhec i em junho de 1987, e não pense i duas vezes: fiz a assinatura e recebi o primeiro número em agosto daque le ano. Quanto mai s leio, mais fico encantado. Nota da redação : O missivista envia-nos uma bela poesia, em quatro estrofes, na qual exprime sua generosa apreciação sobre Catolicismo. Os versos revelam a característica veia poética de nossa querida e tradicional Bahia. Por razões de espaço limitado, segue apenas a transcrição da primeira estrofe: Jamais gostei de termos em ismo, Falo sincero e de coração. Exemplos: consumismo, casuísmo, egoísmo Palavras de verdadeira. neg ação. Trala.ndo-se, porém, de Catolicismo, Ao lê- LCt, é com.o se fi zesse oração! (D.S. - BA)

Merecido destaque 12] Sinto-me imensamente fe li z e m assinar há do is anos a maravi lhosa revista Catolicismo. S in to que é uma graça divina conseguir

Correspondência (cartas, fax ou e· mails) para as secões Escrevem os L!Jttores e/ou A Palavra do Sacerdote· enviar aos endereços que f iguram na página 4 desta edição

Proprietários de armas norte-americanos pedem apoio do Vaticano direito à vida dos O Presidente da Sociedade Catolicismo - Como o Sr. nascituros , e o da descreve sua organização São Gabriel Possenti, queles que podem em relação a grupos similados Estados Unidos, auto -defender-se legitimares nos EUA? mente, podem ser vistos Sr. John Snyder - A SociedaSr. John Snyder, que propugna o como dois lados de uma mesde São Gabriel Posse nti direito à autodefesa, concede ma moeda. Fala-se mais do (SSGP) é urna e ntidade interdireito dos primeiros, enquanentrevista a Catolicismo nacional, sem fin s lucrativos, to o direito à autodefesa é estabelecida e m 1989 so b as pouco focalizado. le is do Estado da Virgíni a, com Recente acontecimento em a finalidade de atrair a atenção Roma, patrocinado pela Socipública para a vida e as ativiedade São Gabriel ?assenti, dades de São Gabriel Possenti, procurou sanar essa lacuna. A bem como para ince ntivar o mencionada sociedade, sediaestudo e a exposição das bases da nos Estados Unidos, sushistóricas, teológicas e filosótenta o direito de guardar e fic as da doutrina da legítima transportar armas, que assisautoclefesa. te aos cidadãos obedientes à A SSGP não é um lobby, lei . Seu presidente e fundador, como o termo é entendido pela Sr. John Michael Snyder, esle i americana, não apóia oficiteve em Roma para pedir ao al mente e nem se opõe a partes Vaticano o reconhecimento específicas da leg islação, ou a oficial de São Gabriel Possenti candidatos para funções públi( 1838- 1862) como padroeiro cas. Não há conexão orgânica dos propriet ários de armas. com a National Rifles AssociaNessa ocasião fo i entrevistation of Am.erica (NRAA), emdo, em nome de Catolicismo, bora a lgun s membros dessa aspelo Sr. Alberto Carosa, admisociação tenham recebido orerador de nossa re vista. conhecimento da SSGP. Para facilitar o intento do Muitos dos que criticam o Sr. John Snyder, no dia 27 de poder do g rupo fa vorável ao fevereiro último, festa d aquearmamento não entendem a sile Santo, um editor associado tuação. Milhões de pes soas, da publicação mensal The eleitores nos Estados Unidos, American Rifleman, da National Rifles Association dos possuem armas por vá.rios motivos leg ítimos; porém, meEstados Unidos, proferiu uma conferência para pessoas nos de 10% desses elementos perte ncem às organizações escolhidas, sob os auspícios da Basílica de São Pedro. interessadas pe lo armamento. Segundo o Sr. Snyder, o direito de autodefesa deve ser Os assim chamados lobbies de arma mento constituem visto preferencialmente com um enfoque positivo, como realmente um lobby do povo, e comumente os políticos e uma extensão do direito à vida. Em sua opinião, a Igreja publicistas devem ser lembrados di sto, corno o foram no Católica é a mais consistente e genuína defensora da vida, dia das eleições presidenciais em novembro passado. O die por isso é de toda conveniência propugnar o legítimo reito ele autodefesa e o direito aos meios necessários para direito de autodefesa, quando se proclamar o direito à vida. exercê-la estão sob uma tremenda pressão . É, pois, muito

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conve ni e nte e mes mo necessári o a presentar São G abri e l Possenti como um exe mplo hi stó ri co de santo para o exercício d esse es pe cífi co d ire ito e dessa específica fin al idade.

Medalhão da Sociedade São Gabriel Possenti

Catolicismo - Por que o Sr. decidiu denominar sua organização pelo nome de um santo, particularmente de São Gabriel Possenti? Sr. Snyder - H á vári as boas razões para re me morar o santo. Em 1860, e le - também conhec ido como Sa n G abrie le de li ' Addo lorata (São Gabri e l d a Mãe D o lo rosa) sa lvo u os morado res de Ísola de i Gran Sasso, na região de Abru zzo, de uma gang ue de 20 re negados armados , e de u uma de mo nstração de pe ríc ia no uso ela arma de fo go. O e pi sódio ocorre u qu ando os re negados, após uma batalha e m Caste lfidardo, perto ele Pesaro, invadira m a a lde ia de Í o la. Incide ntal.mente estavam ligados ao exé rcito pie mo ntês, que havia então derro tado as tropa pontifíc ias, e m sua vio le nta invasão dos Estados da Igreja, como pa rte de um mov imento ig ua litá ri o e marcadame nte anticri stão, c hamado Risorgimento. Seu objetivo, como me info rmaram bo ns e a máve is a mi gos ita li a nos, e ra unifi car a Itália a todo c usto, incluindo a derrubada pré via de seus mo na.rcas e govern antes legítimos. Armados, os re negados começaram a lançar fogo na alde ia, a ro ubar os be ns po pulares e a mo lestar as mulheres. Possenti , naqu ela época, e ra um semina ri sta pass io ni sta. Ele, que fora um pe rito ati rado r com armas de fogo antes de e ntrar para a vida re lig iosa, perg unto u ao se u reitor se pode ria te nta r faze r a lg uma co isa pelos ha bita ntes de Ísola. O reito r concord o u, e Possenti diri g iu-se a pressad a me nte à vil a. E le o bservo u um sargento prestes a vi ola r uma jo ve m. O rde no u- lhe que parasse, erapiclame nte retirou a arma do soldad o, de seu co ld re. Os o utros soldados, ve ndo o acontecime nto, aprox ima ra m-se do semina ri sta e te ntara m de rrubá- lo. Fo i nesse mo me nto que um laga rto corre u, atravessa ndo a ru a e m fre nte a Possenl i, a ora a rmado co m du as pi sto las, um a e m cad a mão. O sa nto, co m uma po ntari a certe ira, atiro u no la a rto, q ue ro lo u mo rto pe lo so lo. Posse nti apo nt o u e ntão s uas armas para os soldado ·, que es tava m ago ra ate rro ri zados po r se vere m di a nte ele um exce le nte atirado r.

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: • : • : • : • • • • • •• • •• • •• : • • : • • • • •• • •• • : • : • : • : • : •

•• • : • : •

Sr. John Snyder:

: •

"É muito conveniente e

: •

: mesmo necessário •

apresentar São Gabriel Possenti

: • •

como um exemplo •• histórico de santo : para O exercício • •

desse específico direito [de autodefesa]

: • •

. •

e dessa específica •• finalidade • [direito aos meios •• •

necessários para exercê-la]"

: • : • : • : • : •

M ando u-os a pagar os incê ndios que havia m inic iado e a devolve r o que tinham roubado. De po is os expulsou, sob a mira d as armas, ordenando-lhes jama is vo lta r a Íso la. O ag radec ido povo d a vil a aco mpa nh o u Possenti na volta a seu mosteiro, em triunfante proc issão. O Pe . Go dfrey Poage, CP, informa e m sua bi ografi a de Possenti , " Filho da Paixão ", que tal ação concedeu ao santo o título de Salvador de Ísola. E mbora São Gabrie l Possenti te nha mo rrici o há a prox im ad a me nte um séc ul o e me io ( 1862), e se be m te nha sido cano ni zado pe lo Papa Bento XV e m 1920, ele é um santo para a nossa época . Te rrori stas estão difundidos po r todo o mundo, atua ndo criminosamente, co mo os j o rn a is diári os o u TVs, comprovam muito clarame nte . O estati s mo radica l també m ainda ex iste e ntre nós. E ntreta nto, certos grupos agem junto a governos, no sentido ele proibir o direito à a utodefesa, ele proteger a pró pria vida, po rta ndo armas, o u s implesme nte de g uardá- las e m casa para proteção d e seus e ntes queridos . Sim , São Gabriel Possenti é verd acle ira me nte um santo para nossa época . Co m g ra nde co· nto dasa 1vaçao ragem e um nota, ve 1 con11ec1me e be m-estar d as almas, e le de mo nstro u sua perícia como atirado r. E m nossos di as, a Igrej a C ató li ca luta para preserva r o dire ito à vida . Co ncomita nte mente a este co mbate, a Socied acle São Gabriel Possenti trabalha para preservar o dire ito de defender a vida e a propried ade, be m como o dire ito de usar os me ios ne cessários para ta nto. Armas nas mãos de pessoas de be m pode m ser usad as pa ra pre ve nir o crime. E las també m pode m ser utili zadas na luta contra a ti ra nia. O po vo compreende u a va lidade dos princ ípi os professad os po r São Ga bri e l Possenti naque le dia de 1860 , qu ando e le mato u lagarto !

Catolicismo - Até onde foi a reação da parte do Vaticano, se alguma houve, quanto à aprovação de S. Gabriel Possenti como padroeiro dos proprietários de armas? Sr. Snyder N ssa via, o Vaticano não aquiesce u ao I ed i lo cl nossa Soc iedade . Um des-

pacho da Associated Press, datado de 28 de feve re iro de 2001 , citou a Sala Stampa (local da impre nsa oficial do Vaticano) como te ndo info rm ado que a concessão de um patrono para o grupo dos d efe nsores d as a rm as não e ra "oportuna " . Alg uns an os atrás, foi -me comunicado no Vaticano que eu precisava contar co m uma li sta de Bi spos, e m todo o mundo, favoráveis à minha causa. De qualquer forma, e u não seria desencorajado no meu inte nto. Mais rece ntemente, e m l 997 , o C ardea l Ro ge r E tch egaray, Preside nte do Co nse lh o Pontifício para a Justiça e Paz, dirigiu um ataque público contra a posse privada de arm as de fogo de peque no calibre, afirmando, e m aig un s doc ume ntos do C on selho, que a limitação d a co mpra de "armas de f ogo não úi i·ú1-

: • : • : • : "O professor John • R. Lott Jr. da Esco: la de Direito da • Universidade de : • Yale (EUA), em seu : livro Mais armas • : - menos crimes, • demonstrou que :

gíria certamente os direitos de qualquer um ", • e que todas as a rm as de fogo "devem perma- : necer sob o estrito controle do Estado ". •

• "abençoados são os pacíficos, porque eles se : rão chamados .filhos de Deus". E le e log io u • també m "os promotores da paz", e não os que : "cunani a paz". • Indicam as estatísticas, e be m c la rame nte, : que a capacidade de cid ad ãos observadores da • le i possuir armas de fogo é dissuasória cio cri-

: me e salvadora de vidas. Nos Estados Unidos, • 31 de nossos 50 estados a uto ri zam o tra nspo r-

: • : • : • : • estados [ norte: americanos] que • : permitiram o • transporte de : munição, testemu- • nharam reduções : • drásticas de cri: mes violentos" •

te oculto de arma para c idadãos cumprido res ela le i; e outro estado pe rmite tal transpo rte sem o po rte de armas . O professor John R. L ott Jr. (d a Escola de Dire ito da Univers idade de Ya le (EUA ), e m seu livro More Guns - Less Crime (M a is armas - menos c rimes), publicado pe la Editora d a Unive rsidade de C hicago, de mo nstrou qu e aque les estad os qu e permitiram o transpo rte de munição teste munharam reduções drásti cas e m reg istros de c rimes vi o le ntos . A ]greja Cató lica, co1110 defe nsora genuína cio dire ito à vida, ta mbé m pode ri a pregar a favor cio dire ito à autodefesa, do dire ito aos me ios necessários para tal , do dire ito de guardar e transpo rtar armas. Ao adotar essa atitude, a Ig rej a pode ri a co ntar com o apo io de cente nas de milhões de pessoas, e m todo o mundo, que a reconheceria m como uma coraj osa instituição. ♦

Ao lo ngo dos a.nos, preocupei-me com a posição te merosa adotada por homens da Igreja a respeito da atitude de Possenti quanto à legítima defesa. Inic ialmente, a lguns de les afirmaram q ue o inc idente do lagarto nunca sucedera, quando a evidê nc ia do fato foi relatada e m "Filho da Paixão" (livro com lmprimatur), de autori a do Pe. G odfrey Poage, C P (Milwaukee, Wi sconsin , USA , Bruce Publi shing Company, 1962). U ltima me nte e les estão afirm ando que, se aq uilo aconteceu, não deve ter 111uito s ignificado. Qu anto ao Cardeal E tchegaray, a prese ntei num a carta o bjeções a suas teses, di ze ndo q ue nos Estados Unidos aproximada me nte 80 mi-

: • : • :

lhões de pessoas respe itado ras da le i possue m cerca de 200 milhões de armas. E u era e co ntinuo contrário à idé ia de armas contro ladas pe lo Estado, te ndo e m vista que o desarma me nto c iviI está se constituindo num dos maio res fa to res de genocídi os perpetrados, e m pe lo me no o ito casos : na Turquia oto ma na, na Uni ão Soviética, na Alemanha Nazista, na Euro pa ocupada pe los nazistas, na C hina comuni sta, na Guate mala, na Uganda e no Camboj a. Tod os os ge nocídi os ocorridos nesses países fo ram precedid os pe lo desarma me nto c ivil.

: é,rquivo f dila E]!ib, f ovorlos Fe11"!!)00lo, Ajydo • 1~End ;;er :;e.; ço~ =h=llp= ://~ww ~w= .p~o,~,.= nti= , oc=i.= ly.=co__; m/~ =___;;===========~ = = = == l h = , t : • i\ n Orgruuz.ation O.xiu:nh..'d to Promouni; St G.ibnel Po>"i ....,,11 as 1hc P:nron $:uni of l landaunn~r.1 : • Welcome l o lhe St. Histoty : Gabriel Possenti Society. Here at lhe • Soci ety, we are dedicated l o promoting : Society SL Gabriel Possent i as Publications lhe Patron Saint of • Handgunners. : Suppott the tJHAT' S N EW - May Society •

• : • : • : • : •

Nota: Para in fo rmar-se mais detalhadamente • acerca ela Sociedade SGP, visite seu website: • http://www.posscntisociety.com .

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: Abaixo: página de abertura do site • da Sociedade São Gabriel Possenti

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Catolicismo - O Sr. se referiu a bases filo- • sóficas e teológicas em favor da doutrina da legítima autodefesa. Poderia dar alguns exemplos? Sr. S,zyder - Nosso Se nho r e Sa lvado r Jesus C ri s to decl aro u, de acordo com o Evangelho de S ão Lucas (Lc 22, 36) : " O homem sem uma

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: • : • :

• espada de ve vender seu ,nanto e co,np rar : uma! ". Al é m di sso, N osso Se nhor di sse que •

2 000

Self-Defense & the Bit?le Contact the Society

• Viewthe

Possenti Society Medallion and lhe presentalion of the Medallion lo Possenli biographer. Fath er Poage

Copyright 1999 • St. Gabriel Possentl Society, Jnc., 501 c{3) P.O. Box 2844, Ar1ington, Virginia , USA

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CAPA

750º Aniversário do R u1. aVAI. ~utfOO P LINIO MARIA SOLIMEO

No dia 16 de julho, há 750 anos, o mais extraordinário penhor de salvação jamais dado ao homem - o Escapulário do Carmo - era entregue a São Simão Stock. Por isso, os carmelitanos declararam 2001 '~o Mariano" para toda a Ordem. erto dia, que já vai longe, andando pelas ruas de Roma, encontraram-se três insignes homens de Deus . Um era .._..._,,,, Frei Domingos de Gusmão, que recrutava membros para a Ordem que fundara, a dos Pregadores, mais tarde conhecida como dos "dominicanos". Outro era o Irmão Francisco de Assis, o Poverello , que havia p uco reunira alguns homens para servir ao qu chamava a Dama Pobreza. O terceiro, Fre i Ângelo, tinha vindo de longe, do Monte Carmelo, na Palestina, chamado a Roma como grande pregador que era. Os três, iluminados pelo Divino Espírito Santo, reconheceram-se mutuamente, e no decurso da conversa fizeram muitas profecias. Santo Ângelo, por exemplo, predisse os estigmas que seriam concedidos por Deus a São Francisco. E São Domingos profetizou: " Um dia, Irmão Ângelo, a Santíssima Virgem dará à tua Ordem do Carmo uma devoção que será conhecida pelo nome de Escapulári o Castanho, e dará à minha Ordem dos Pregadores uma devoção que se ·harnará Rosário. E um dia Ela sal-

vará o mundo por meio do Rosário e do Escapulário". No lu ·1r d sse e ncontro construiuse uma capela , que ex i te até hoje em Roma 1• Em s ua edi ção de ma io último , Catolicismo j á tralou xt nsamente da importância e dos be ne fíc ios do sa nto Ro-

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sário, tão insistentemente recomendacio por Nossa Senhora em Fátima para a salvação do nosso mundo afundado no pecado. O tema do Escapulário foi também largamente exposto em nossa edição de fevereiro ele 1999 - Escapulário do Carmo: tábua de salvação oferecida por Maria Santíssima. Porém, em virtude da grande data que agora comemoramos , e ela suma importânc ia cio E ca pulári o, re lembrare mo a lg un ponto bá icos ele s prec io o e maternal dom da Virgem Santíss ima , con cedido à hum anid ade.

Mãe e esplendor do Carmelo Foi no celebrado Monte Carmelo, no litoral palestino, que o Profeta de fogo, Santo Elias, viu a nuvenzinha que, num período de grande seca, prenunciava a chuva redentora que cairia sobre a terra ressequida. Por uma intuição sobrenatural, soube que essa simples nuvem, com forma de uma pegada humana, simbolizava aquela mulher bendita, predita depois pelo Profeta Isaías '("Eis que uma virgem conceberá e dará à luz umjilho"), que seria a Mãe cio Redentor. Do seu seio virginal sairia Aqueleque, lavando com seu sangue a terra ressequida pelo pecado, abriria aos homens a vida da graça. Dos seguidores ele Elias e seus continuadores, ele acordo com a tradição, nasceu a Ordem do Carmo, da qual Maria Santíssima é a Mãe e esplendor, segundo

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São Simão participou do Capítulo Geral da Ordem na Terra Santa, em 1237. Em um novo Capítulo, em 1245, foi eleito 6° Prior-Geral dos Carmelitas.

as palavras também de Isaías "A glória do Líbano lhe será dada, o esplendor do Carmelo e de Saron" (Is 35, 2). Da Palestina, os eremitas do Monte Carmelo passaram para a Europa, radicando-se em vários países, entre eles a Inglaterra, onde vivia São Simão Stock.

A Grande Promessa: não irás para o fogo do inferno

São Simão Stock: nobre e santo Sim ão nasceu no ano de 1165 no caste lo de Harford, no condado de Kent, Inglaterra, em atenção às preces de seus piedosos pais, que uniam a mais alta nobreza à virtude. Alguns escritores julgam mesmo que tinham parentesco com a família real. Sua mãe consagrou-o à Santíssima Virgem desde antes de nascer. Em reconhecimento a Ela pelo feliz parto, e para pedir sua especial proteção para o filhinho, a jovem mãe, antes de o amamentar, oferecia-o à Virgem, rezando de joelhos uma Ave-Maria. Bela atitude de uma senhora altamente nobre! O menino aprendeu a ler com pouquíssima idade. A exemplo de seus pai s, começou a rezar o Pequeno Ofício ela Santíssima Virgem, e logo também o Saltério. Esse verdadeiro pequeno gênio, aos sete anos de idade iniciou o estudo das Belas Artes no Colégio ele Oxford , com tanto sucesso que urpreendeu os professores. Foi também nes a época admitido à Mesa Eucarística, e consagrou sua virgindade à Santíss ima Virgem.

Perseguido pela inveja do irmão mais velho, e atende ndo a uma voz interior que lhe inspirava o desejo ele abandon ar o mundo, de ixou o lar paterno aos 12 anos, encontrando refú g io numa floresta onde viveu in teiramente isolado durante 20 anos, e m oração e penitência.

A Ordem Carmelitana Nossa Senhora reve lou-lhe então seu desejo de que ele se juntas e a certos monges que viriam do Monle Carmelo, na Palestina, à Inglaterra, "sobretudo porque aqueles religiosos estavam consagrados de um modo especial à Mãe de Deus". Simão saiu de sua solidão e, obedecendo também a uma ordem do Céu, estudou teologia, recebendo as sagradas ordens. Dedicou-se à pregação, até que finalmente chegaram doi s frades carmel itas no ano

de 1213. Ele pôde então receber o hábito da Ordem, em Aylesford. Em 1215 , tendo chegado aos ouvidos de São Brocardo, Geral latino do Carmo, a fama elas virtudes de Simão, qui s tê- lo como coadjutor na direção da Ordem; em 1226, nomeou -o VigárioGeral ele todas as províncias européias. São Simão teve que enfrentar uma verdadeira tormenta contra os carmelitas na Europa, suscitada pelo demônio através de homens ditos zelosos pelas le is da Igreja, os quais queriam a todo custo suprimir a Ordem sob vários pretex tos. Mas o Sumo Pontífice , mediante uma bula, declarou legítima e conforme aos decretos de Latrão a ex istênc ia legal da Ordem cios Carmelitas, e a autori zou a continu ar suas fundações na Europa.

Se a bula papal aplacara momentaneamente o furor dos inimigos do Carmelo, não o fizera cessar de todo. Depois de um período de calmaria, as perseguições recomeçaram com mais intensidade. Carente de auxílio humano, São Si- . mão recorria à Virgem Santíssima com toda a amargura de seu coração, pedindo-Lhe que fosse propícia à sua Ordem, tão provada, e que desse um sinal de sua aliança com ela. Na manhã do dia 16 de julho de 1251, suplicava com maior empenho à Mãe do Carmelo sua proteção, recitando a bela oração por ele composta, Fios Carmeli2 . Segundo ele próprio relatou ao Pe. Pedro Swayngton, seu secretário e confessor, de repente "a Virgem me apareceu em grande cortejo, e, tendo na mão o hábito da Ordem, disse-me: " 'Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma

salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno'" 3•

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Essa graça especia líss ima ·, foi imedi atamente difundida nos lugares o nde os carme litas estavam estabelecidos, e autenticada por muitos milagres que, ocorrendo por toda parte, fizeram ca lar os adversários dos Irmãos da San.tíssima Virgem do Monte Carmelo. São Simão atingiu extrema velhice e altíss ima santidade, operando inúmeros milag res , tendo també m obtido o dom das línguas; entregou sua a lma a Deus e m 16 de maio de J265.

Privilégio Sabatino: livre do Purgatório no primeiro sábado após a morte Alé m dessa graça específica da salvação ete rn a, li gada ao Esca pul ári o, Nossa Senhora concedeu outra, que ficou conhec ida como privilégio sabatino. No século seguinte, apareceu Ela ao Papa João XXrI, a 3 de março de 1322, com uni cando àq ue les que usarem seu

O Papa João XXII recebeu de Maria Santíssima o Privilégio Sabatino

Escapulário: "Eu, sua Mãe, baixarei graciosamente ao purgató rio no sábado seguinte à sua morte, e os lavarei daquelas penas e os levarei ao monte scuito da vida eterna" 4 . Quai s são, então, as promessas espec íficas de Nossa Senhora? 1°. Quem morrer com o Escapul ári o não padecerá o fogo do infe rno. Que desejava Nossa Senhora dizer ·om estas palavras?- Em primeiro luar, ao fazer a sua promessa, Mari a não qu r di zer q ue uma pessoa que morra ' 111 p 'cado morta l se salvará. A morte ' m p · ·rido mortal e a conde nação são u1n 11 • .i m 's ma oisa. A promessa de 24

A f

1 1C I S M O

Maria traduz-se, sem dúvida, por estas outras palavras: "Quem morrer reves-

tido do Escapulário, não morrerá em pecado mortal". Para tornar isto c laro, a Igreja insere, muitas vezes, a palavra "piamente" na promessa: "aquele que morrer piamente não padecerá do fogo do inferno" 5 . 2°. Nossa Senhora livrará do Purgatório quem portar seu Escapul ário, no primeiro sábado após sua morte. Embora freqüentemente se interprete este privilégio ao pé da letra, isto é, que a pessoa será livre do Purgatório no primeiro sábado após sua morte, "tudo que a Igreja, para explicar estas palavras, tem dito oficialmente em várias ocasiões, é que aqueles que cumprem. as condições do Privilégio Sabatino serão, por intercessão de Nossa Senhora, libertos do Purgatório pouco tempo depois da morte, e especialmente no sábado" 6 . De qualquer modo, se formo fi éi em observar as pal avras da Virgem antíssima, . la será muito mai s fi e l em observar as suas, como no mostra o seguinte exemplo: Durante umas mi ssões, tocado pela graça divina, certo jovem deixou a má vida e recebeu o Escapul ário. Tempos depois recaiu nos costumes desregrados, e de mau tornou-se pior. M as, apesar di sso, conservou o santo Escapulário. A Virgem Santíssima, sempre Mãe, ati ngiu-o com grave enfe rmidade. Durante e la, o j ovem viu-se em sonhos diante do justíssimo tribunal de Deus, que devido às suas perfídi as e má vida, o condenou à eterna danação. Em vão o infe li z alegou ao Sumo Juiz que portava o Escapu lário de sua Mãe Santíssima. - E onde estão os costumes que correspondem a esse Escapulário? - perguntou- lhe Este. Sem saber o que responder, o desdito. so voltou-se então para Nossa Senhora. - Eu não posso desfa zer o que meu Filho já f ez - respondeu-lhe Ela. - Mas, Senhora! - exclamou o jove m - Serei outro. - Tu me prometes? - Sim. - Pois então vive. Nesse momento o doente despertou , apavorado com o que vira e ouvira, fa -

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Elias,

zendo votos de portar doravante mais seriamente o Escapulário de Maria. Com efeito, sarou e entrou para a Ordem dos Premonstratenses. Depois de vida ed ificante, entregou sua alma a Deus. Assim narram as crônicas dessa Ordem 7.

o Profeta de fogo RE NATO V ASCONCELOS

O Escapulário e Fátima Tem o Escapulário alguma re lação com Fátima? Sim. Após a última aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria, surgiram aos olhos dos três videntes diversas cenas. Na primeira, ao lado de São José e tendo o Menino Jesus ao colo, Ela apareceu como Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, junto a Nosso Senhor acabrunhado de dores a caminho do Calvário, surg iu como Nossa Senhora das Dores. Finalmente, gloriosa, coroada como Rainha do Céu e da Terra, a Santíssima Virgem apareceu como Nossa Senhora do Carmo, tendo o Escapulário à mão. - Que pensa da razão por que Nossa Senhora apareceu com o Escapulário nesta última visão? - perguntaram a Lúcia em 1950. - É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário - respondeu e la. "E é por este motivo que o Rosário e o Escapulário, os dois sacramentais marianos mai s privilegiados, mai s uni versai s, mais anti gos e mai s valiosos, adquirem hoje uma importânci a maior do que e m nenhuma passada época da ♦ História" 8.

1.

1

l

fr. John Haffert , Maria na sua pro111.essa do Escaput6rio, Edições Carmelo, Aveiro, Por-

Destemida increpação ao rei idólatra

tu gal, 1967, pp. 265 -266. 2. E111 lati 111, diz essa be la oração: " Fios Car111eti,

Viti s jlorige ra, Sp lendo r Coeli , Virgo puerpera, Singularis; Mater mitis, sede viri nescia. Car111eli1is da privilegia, Stelta 111aris!

3. 4.

5. <i. 7. K.

(Flor do Ca rm elo, vide florffera, Espl endor cio Céu, Virgem inco mparável , Sin gular! Ó M ãe amáve l e se mpre v irge m, dai aos Carmeli tas os privil ég ios le vossa proteção , Estrela do M ar! ). Les Petits Boll andi st s, Bloud et Barrai, Pari s, 1882, p. 592. Pe. Si111 6n Ma . B ·sulduch, O D, E11cic/opedia dei E,H'O/Jlliario dei ar111e11 , L uis Gi li Editor, l,ibr ·ría ut. Barcelona. John l luff ·n , op. ·it. , p. 34 . ld. ih., p. 11 , E11 clclo1n•rlio dei Escap11/ario, p. 167. John l l11ff •r1 , op. cit. , pp. 272, 269.

A

stória da humanidade em seu centro na hi s. tória da sa lvação. Seu eixo consubstanc ia-se na luta entre o bem e o mal , entre os fi lhos da luz e os filhos das trevas, entre os que são de Deus e os sequazes do demônio, conforme ensina São Luís Gri gnion de Montfort. Nesta luta que va i durar até o fim do mundo, ocupa o Profe ta E li as um lugar único. Lutador indô mito contra os idó latras de seu tempo, arrebatado por Deus num carro de fogo, e le vi rá no fim do mundo para combater o Anticri sto, segundo a interpretação de conceituados exegetas e tradição imemori al. E lias fo i, di z São Bernardo, "modelo de j ustiça, espelho de santidade, exemplo de piedade, o propugnador da verdade, o defensor dafé, o doutor de Israel, o mestre dos incultos, o refúgio dos oprimidos, o advogado dos pobres, obraço das viúvas, o olho dos cegos, a língua dos mudos, o vingado r dos crimes, o pavor dos maus, a glória dos bons, a vara dos poderosos, o martelo dos tiranos, o pai dos reis, o sal da terra, a luz do orbe, o Prof eta do Altíssimo, o precursor de Cristo, o terror dos baalitas, o raio dos idólatras" (De Consideratione, lib. IV, in fine, apud Cornelii a Lapide, Commentaria in Scripturam Sacram, In Librum III Regum, Cap. XVII).

1

E m tempos de Eli as, meados do séc ul o lX a.C., a terra ocupada pe los hebreus - a mesma originariame nte prome tida por Deus a Moi sés - estava di vidida e m doi s rein o : Israel e Judá. O rein o do Norte, lsrael, caíra na idolatria e adorava Baal, o deus da sensua lidade, servido por 850 sacerdotes por ordem do rei Acab e de sua mulher Jezabel, e la de origem fenícia. Tomado de ze lo pe la causa do Senhor, Eli as levanta-se e incre pa o re i idólatra: " Viva o Senhor Deus de Israel em

cuja presença estou, que nestes anos não cairá n.ern. orvalho nem chuva, senão conf orme as palavras de minha boca ([[[ Rei s, XVII, 1). E m seguida se retira para o deserto, onde corvos levam-lhe mi lagrosamente o alimento. O céu se fecha e torna-se pesado como chumbo, a terra fica árida, rios e ribe iros seca m-se, até mesmo o riacho

no qual E li as se dessedenta . E o profeta sente e le mesmo o peso do terríve l castigo imposto a [srael.

A primeira ressurreição de que se tem notícia na História Refugia-se então em Sarepta, junto a uma viúva que, por ordem de Deus, deve alimentá-lo. Paupérrima, e la só tem um pouco de farinha, com a qua l coze um pão para o profeta. Contudo acontece algo inesperado. Morre o fi lho único da viúva, a qual, em seu desespero, in cre pa duramente o ho mem de De us. E li as porém lhe diz: " Dá-me o teu filho. E tomou-o do seu regaço e levouo à câmara onde ele estava alojado, e o pôs em cima do seu leito. E clamou ao Senhor e disse: Senhor m.eu Deus, até a uma viúva que me sustenta como pode, qfligiste, matando-lhe seu filho ?" Re-

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clinando-se três vezes sobre o menino, pede a Deus: "Senhor, meu Deus, faze, te rogo, que a alma deste menino volte às suas entranhas. E o Senhor ouviu a voz de Elias" (III Reis, XVII, 22-23). O filho da viúva de Sarepta volta à vida. É o primeiro caso de ressurreição que a História relata.

Profetas de Baal exterminados por Elias Entrementes a seca vai se tornando cada vez mais insuportável. O momento de agir em grande estilo se aproxima. O rei Acab, o perseguidor dos profetas de Deus e dos varões fiéis, vai ao encontro de Elias e o interpela: "Porventura és tu aquele que t.razes perturbado Israel?" E Elias responde: "Não sou eu que perturbei Israel, mas és tu e a casá de teu pai, por terdes deixado os Mandamentos do Senhor e por terdes seguido Baal. Mas não obstante, manda agora, e fa ze juntar todo o povo de Israel no monte Carmelo, e os quatrocento · e cinqüenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas dos bosques que comem da mesa de Jezabel. Mandou pois Acab chamar todos os filhos de Israel, e juntou os profetas no monte Carmelo" (III Reis, XVIII, 17-20). Diante dos profetas de Baal, E lias increpa o povo: "Até quando claudicareis vós para os dois lados? Se o Senhor é Deus, segui-o; se, porém, o é Baal, segui-o . .... Eu sou o único que fiquei dos profetas do Senhor, mas os profetas de Baal chegam a quatrocentos e cin26

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qüenta homens. Contudo dêem-nos dois bois, e eles escolham para si um boi, e, fa zendo-o em pedaços, ponham-nos sobre a lenha, mas não lhe metam fogo por baixo; e eu tomarei o outro boi, e o porei sobre a Lenha, e também não lhe meterei fogo por baixo. Invocai vós os nomes dos vossos deuses, e eu invocarei o nome do meu Senhor; e o Deus que ouvir, mandando fogo, esse seja considerado o verdadeiro Deus". Os profetas de Baal sacrificam o boi, colocam-no sobre a lenha e clamam, horas a fio, por seu fa lso deus. Baal não lhes responde. "Gritai mais alto, porque ele é um deus, e talvez esteja falando, ou em alguma estalagem, ou em viagem, ou dorme, e necessita que o acordem" - escarnece E lias. Desesperados, os falsos profetas cor-

tam-se com esti letes, oferecem sangue ao ídolo. Tudo em vão. O sangue idólatra corre, mas do céu não desce fogo. Elias então constrói um altar de doze pedras, simbolizando as doze tribos de Israel. Empilha a madeira, molha tudo com água, e sobre o altar coloca o boi sacrificado. E então se dirige a Deus: "Senhor, Deus de Abraão e de Isaac e de Israel, mostra hoje que és o Deus de Israel e que eu sou teu servo, e que por tua ordem fi z todas estas coisas. Ouveme, Senhor, ouve-me para que este povo aprenda que tu és o Senhor Deus, e que converteste novamente o seu coração" (III Reis, XVIII, 36). E ntão desce fogo do céu e consome o holocausto, não só o boi, mas a lenha, as pedras e até mesmo a água! Ao povo - que exclama, de rosto por terra, "o Senhor é o Deus, o Senhor é o Deus" ordena Elias: "Apanhai os profetas de Baal, e não escape deles nenhum só" (III Reis, XVIII, 40). Os falsos profetas de Baal são trucidados junto à torrente do Cison. Em parte pelo povo, em parte por Eli as, estuante de ardor pela causa do verdadeiro Deus. De onde comentar Cornélio a Lápide: "Verdadeiramente ígnea foi a sua mente, ígnea a sua palavra, ígnea a sua mão, com que converteu Israel".

Fim da terrível seca, fuga e nova missão do Profeta E E li a se diri ge ao rei Acab, prometendo-lhe o fim da terrível seca: "Vai, come e bebe, porque já se ouve o ruído

de uma grande chuva". Acompanhado de um criado, Elias sobe ao alto do monte Carmelo, prostra-se e reza pedindo a chuva, até que o servo lhe comunica o apareci mento de uma pequenina nuve m. Nuve m precursora de uma grande tempestade, que interrompeu a seca que já perdurava por três anos, como castigo pelo pecado de idolatria em que caíra o povo eleito. Jezabel, porém, fica sabendo da morte de seus profetas e jura matar Eli as: "Os deuses me tratem com toda severidade, se eu, amanhã a esta mesma hora, não te fizer pe reler a vida, como tu a fizeste perder a cada um deles" (III Reis, XIX, 2). A ameaça de Jezabel enche Elias de temor. Elias que fechara os céus, que enfrentara o poderoso rei Acab, que ressuscitara um morto, que desafiara e vencera

os profetas de Baal; Elias, cujo nome significa "o Senhor é poderoso", estremece com a ameaça da rainha. Contudo, comenta Cornélio a Lápide, seu temor não vinha tanto pelo medo da morte iminente quanto pelo receio de que, caso morresse, a verdadeira fé se extinguisse em Israel e Baal saísse vitorioso. E lias foge para o deserto, onde um anjo o alimenta com pão e água e lhe ordena que se dirija ao monte Horeb. Quarenta dias e quarenta noites leva Elias para chegar ao Horeb. E chegado ao monte do Senhor, Deus o interpela: "Quefazes aqui, Elias?" - "Eu me consumo de zelo pelo Senhor Deus dos exércitos - responde Elias - porque os fi lhos de Israel abandonaram a tua aliança, destruíram os teus altares, mataram os teus profetas e eu fiquei só" (lll Reis, XIX, 10).

Deus fala com Elias, não no terremoto, mas ao "sopro de uma branda viração". E lhe dá uma tríplice missão: Ungir Hazael como rei da Síria; a Jehu como rei de Israel; e a Eliseu como profe ta "em teu lugar". Elias encontra Eli seu arando a terra e lança sobre ele seu manto. E desde então Eliseu é outro homem. De camponês torna-se seguidor de profeta e profeta ele mesmo.

Morte de Jezabel, a perseguidora do Profeta Entrementes a poderosa Jezabel confiscara a viva força a vinha de Nabot e o mandara matar. Caso típico de espoliação indébita de terra, ao arrepio do direito de propriedade. O castigo divino não se faz esperar. Deus ordena a Eli as aparecer diante

H

aifa, cidade portuária ao norte de Israel. Uma urbe moderna como tantas outras . Com o bulício, o trânsito agitado, os viadutos e arranha-céus de uma mini-São Paulo . Porém, na parte superior do promontório que se adentra pelo mar, a atmosfera é outra. O bulício cessa, as ruas são mai s limpas e as residências aprazívei s. No alto do monte que leva o nome Carmelo, (em hebraico, "Jardim de Deus"), encontrase indubitavelmente um dos lugares mais abençoados da Terra Santa . No mosteiro dos carmelitas, o peregrino pode visitar sob o coro da igreja, escavada em pedra e envolta pelas sombras acolhedoras do edifício sagrado, a gruta de Elias, pequeno e austero refúgio de um dos varões mais brilhantes da História da humanidad e. Foi aí, nessa humilde gruta, longe e acima do mundo, no silêncio e na contemplação, que Elias rezou com o rosto inclinado por terra, pedindo a Deus que mandasse chuva e terminasse com a tremenda seca que assolava Israel. Sete vezes ordenara o grande Profeta a seu servo divisar no horizonte, para as bandas do mar, o aparecimento de nuvens. Na séti·

A Gruta de Elias ma vez, o criado voltou dizendo que vira uma nuvenzinha do tamanho de uma pegada, surgindo no horizonte. Era afinal o prenúncio da chuva vindoura. Era mais do que isso. Era a promessa da vinda de Nossa Senhora, a Mãe do Salvador do mundo. Assim como a nuvem subia das águas do mar, porém não lhe tendo o sal, assim a Mãe do Redentor surgiria, imaculada, de uma humanidade concebida no pecad o original. Desta nuvenzinha cairia uma chuva regeneradora, símbolo de Nosso Senhor Jesus Cristo,

Redentor do gênero humano. E assim, na antevisão do nascimento, nove séculos mais tarde, da Santíssima Virgem, tornou-se Elias o primeiro devoto de Maria, o cabeça de uma plêiade de varões que - através de uma impressionante sucessão, que daria na Ordem do Carmo - iriam louvar Maria ao longo de toda a História . E coube a um filho espiritual de Santo Elias , São Simão Stock, receber no ano de 1251 o Escapulário, esse meio ímpar de salvação.

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INTERNACIONAL

de Acab e exprobá-lo: "Neste lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabot, lamberão eles também. o teu scmgue" (HI Reis, XXI, 19). O profeta anunc ia ainda o castigo de Jezabel: "Os cães comerão Jezabel no campo de Jesrael". Apavorado, Acab faz penitência. E Deus não o castiga . Mas a cólera divina cai verticalmente sobre a cabeça da ímpia Jezabe l. Jogada de uma janela de seu pal ácio, ela é esmagada por cascos de cavalos e devorada por cães. Quando servos vão pegar seu corpo para enterrá- lo, só encontram o crânio e alguns ossos. Acab é suced ido pe lo rei Ocozias, o qual, adoecendo pouco tempo depois de subir ao tro no, manda consultar um orácul o de Belzebu. Elias ncontra-se com os men sageiros do re i e os interpe la: " Porventura não há um Deus em Israel para vós virdes consultar Belzebu, deus de Acaron? " (IV Reis, I, 3). E anunc ia que o rei não se levantará mais da cama. Irritado, Ocozias manda um capitão e 50 ho mens para prenderem o profe ta. E Iias faz descer fogo do céu, que consome os so ldados. O re i manda novamente outro capitão com cinqüenta homens, por sua vez consumidos também por fo go do céu. Pela terceira vez, e nvi a Ocozias um cap itão com c inqüe nta soldados. Desta vez, o cap itão pede mi sericórdia a Eli as, que o poupa e a seus comandados. • Ocozias morre após o urto r ' Ínado ele um ano. 28

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Elias não morre, mas é arrebatado por Deus, para retornar no fim do mundo Elias executa o tríplice encargo divino . Aproxima-se então o mome nto de ele abandon ar a Terra. Para o comum dos homen s isso significa pura e simples mente morrer. Porém, para Elias, o Profeta das grandes exceções, a Provi dê ncia tem outros planos. Arrebatado num carro de fogo e levado por Deus para lugar desconhec ido, o Profeta de i-

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xa seu manto a Eli seu, seu discípulo e sucessor. Cerca de 900 anos se passam e, no Monte Tabor, na cena empolgante da transfiguração de Jesus, Elias aparece, juntamente com Moi sés, ao lado de Nosso Senhor. Do mi sterioso lugar onde prese ntem e nte se encontra, contempla ele o desenrol ar da hi stória da sa lvação, à espera do mo mento de voltar a intervir diretamente nos acontecimentos da Terra e preparar a segunda vinda de Cristo antes do Juízo Final. E então, mai s do que nunca, aplicarse-á a Elias o elogio que dele faz o Espírito Santo: "E quem pode pois, ó Elias, gloriar-se como tu ? Tu que fi zeste sair um morto do sepulcro ... , que precipitaste os reis na desgraça e desfizeste sem trabalho o seu poder. .., que ouviste sobre o Sinai o juíza do Senhor, e sobre o Horeb os decretos de sua vingança; que sagraste reis para vingar crimes, e fizeste prof etas para teus sucessores; quefoste arrebatado num redemoinho de fogo ... ; tu, de quem está escrito que virás para abrandar a ira do Senhor, para reconciliar o coração dos pais com os filhos, e para restabelecer as tribos de Jacó. Bem-aventurados os que te viram e que foram honrados com a tua amizade" (Ecles. XLVIII, 4-11). ♦

A difícil alternativa para o socialismo europeu: derrocada ou désfiguração Após o desastre sofrido pelo Partido Socialista nas eleições municipais da França, o socialismo europeu despencou na Itália. No Reino Unido, obteve uma vitória de Pirro*. Luís DuFAUR a Itáli a, a coa li zão de centro-direita, liderada pelo mag nata da mídi a Sílvio Berlusconi , obteve vitóri a arrasadora. Tratou-se de uma virada à dire ita de dimensões hi stóricas, com o bem o bservou o substanci oso boletim "Correspo ndan ce européenne" 1• O centro-direita obteve 49,6% dos sufrágios contra 35,4% da co li gação socialo-comunista. Com isso gara ntiu fo lgada ma iori a e m ambas as Casas leg islativas: 367 cadeiras no Parl ame nto e l 77 no Senado, contra 248 e 128 respectivamente, da frente das esquerdas. Em suma, um êx ito de uma coli gação conservadora, sem paralelo e m mai s de meio século.

N

A esq ue rd a e uropé ia "rasgou as vestes ". A imprensa soc ialo-co munoprog ress ista do mundo inte iro, hirta e irritada, trovejou contra a Itáli a. O chanceler da Bé lgica advertira antes da eleição que, se os itali a nos esco lhesse m Berlusconi, sofreriam represáli as, como ocorreu com a Áustria quando votou e m H a id e r. Em Bruxelas, a direção da União E uropé ia mani festo u "g randes apreensões" pe lo fato de os itali anos te re m optado de mocratica me nte pe la direita. Contudo, evitou o "tratamento de ca valo " e a "quarentena agressiva" 2, que aplico u à Áustria. Afinal de contas, a [tá l ia representa um peso econômico e populacional muito mai s impo r-

tante do que a g lo ri osa mas peque na nação austríaca. A vitóri a centro-direiti sta, entretanto, veio carregada de intri caclas impli cações. Não é em vão que a ltália é a pátria de Maqui avel. .. Por um lado, véu s obscuros envolvem a trajetóri a do mag nata que ga lgou o poder, eq uilibrando-se na onda direiti sta. De outro lado, causa espéc ie que a mesma imprensa de esq uerda, que vocifera contra o arguto e leitorado italiano, faz sibilinos elog ios ao líder e le ito. O que há por trás dessa atitude?

* Pirro, rei do Ép iro, na Gréc ia, famoso por ter a lcançado uma vitó ri a extrema mente árdua contra os romanos em Asc ulum (Itália), no ano de 279 a.C. Feli c itado após o êxito militar por se us ge nerai s, res po ndeu-lhes malic iosamente: "Se e u obtiver mais um a vitória como esta, estou perdido".

À esquerda: eleitores da coalizão de centro-direita comemoram a vitória Acima: Sílvio Berlusconi: da especulação imobiliária a magnata da TV

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No Reino Unido, uma vitória de Pirro

O brumoso passado do império miventude, Berlusconi ganhava o pão candiático de Berlusconi o deixa à mercê tando em navios que faz iam cruzeiros investidas político-midiáticas de futuras pelo Mediterrâneo. E depoi , obviamente, passava o pires entre os passageiros. e nxovalhantes. As esquerd as poderão tentar abater as tendências conservadoOs anos 60 e 70 vi ra m-no e m Mil ão, deras da Penínsul a, identifica ndo-as com dicado à especul ação imobili ária. E na o novo primeiro-ministro e despejando década de 80, então ali ado do primeirosobre o conjunto desse império um dimini stro ociali sta Bettino Crax i, fa bulúvio de lama, com escândalos e divilosos créd itos bancários estatais to rnasões, qu ando julgarem chegado o mora m-no do no dos canais de TV que o mento. gabinete sociali sta privatizara. O povo italiano - tão sutil e inteliO semanário esquerdi sta "Courrier gente em política como no pl ano artísti Intern ational" relembra esses fa tos. E co - deixar-se-á lograr e esmagar por pede aos leitores de esquerda não se essemelhante manobra? É a pergunta-chaquecerem de que Sílvio Berlusconi parve que servirá de base para anali sar os ti cipo u, de e modo, da tentativa de fatos vindouros. constitu ir uma gra nde rede midiática sociali sta européia. Tal e mpreendimento tiAgruras do socialismo europeu nha e ntão o apo io de Mi tterra nd, na Si ngular nova via a desse sociali sFrança, e do soc ialista Crax i, na ftáli a, mo ! Moral e ideo logica me nte ele não além de ser res paldado pelo bili onári o co nseg ue co nve ncer os ele itores, os Robert Maxwell , elemento próx imo el a quais fog 111 para posições o postas. E KGB soviética 3 . ta rn p u o a rticul a um mov im e nto qu e O perigo itali ano, ex plica o "Courindique c lara n e nte suas metas, p is, rier International", consistia no fato ele se o fi z ·ss ·, ·s pantar ia a o pini ão pú que o eleitorado pe nin sul ar estava se bli ca. polarizando em torno de posições cada Qu a l é c nt ,o a vi·1 qu o so ·iuli svez mais radicalme nte opostas aos obmo te m esco lhid o? Ern bnru lh ur todus jetivos cio socialismo. E isso ocorria, as peça. do ce nári o polfti ·o- id ·o i , ipara cúmulo das desgraças das esquerco, introdu zind o rótul os po lfl i ·os ' fi das, quando estas afundavam num "fraguras des pistant s ou ·0 111 nid it órias , casso moral e intelectual ". Na ótica do "Comrier", ex ibindo uma · co nfu~dind o ho me ns, id ias ' pos ições, caotizando at as in ' nt ·s e tenimagem de Berlusconi como capitalista tando cobrir os adve rsá ri os com lama liberal e conservador, toda ela criada pela mídia, esta teria e m vi sta galvani zar tal e desprestígio. Por que meio? Pel J ode r qu e cada sadia reação com o objetivo de reconduvez mais se ergue contra h mens imerzi-la para o "bom caminho". "Berluscosos no caos e na decompos ição geral das ni - acrescenta a revi sta fra ncesa instituições. Por uma força cada vez mais prestou mais bem um serviço à democraavassaladora: o macro-capita li smo pucia italiana, impedindo o nascimento de bli citário. uma direita verdadeiramente dura" 4. 30

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As difere nças históricas, e sobretudo psico-políticas e religiosas, entre a Itália e Grã-Bretanha são muito grandes. Mas o sociali smo atua de modo idêntico em ambas nações, com sua mesma metafísica igualitári a. E também com sua incapacidade de persuadir doutrinariamente, bem como de propor alguma via - nova, terceira, ou como queiram chamá-la - que interesse à opinião pública. Esta última, por sua vez, com crescente intensidade, responde às propostas das esquerdas com uma atitude de entedi ada indiferença. Na encruzilhada das últimas eleições gerai s, o trabalhi smo optou por uma solução pragmática: bancar o conservador! E a tal ponto fez essa opção, que o professo r de História das Finanças da Uni versidade de Oxford , Niall Ferguson , pôde anunciar antes da eleição, no "New York Times": "A iminente vitória esmagadora do conservadorismo nas eleições gerais britânicas não de ve surpreender ninguém. Sim, vocês ouviram bem: eu disse vitória do conservadorismo e não dos conservadores". Fazendo contínuos paraleli smos com a situação itali ana, ele explica: "O partido da esquerda o Trabalhista - deslocou-se tanto para a direita politicamente, que já quase deixa irrelevante o próprio Partido Conservado r" 5 . Tony B lair fo i o candidato dos fin ancista. e e rn pr sá ri s liberais, que sustenta m o I art ido onservador. A revi sta "T h • b ·onom ist", porta-voz do liberali smo, pouco antes da votação estampou um a montagem fotog ráfica de Blai.r enf'itado com a cabeleira e os brincos de Margaret Thatcher, convidando: " Votem no conservador, mas escolham o direitista ambíguo [Blair] ao invés do mole lo can did a to do Partid o Co nse rvador]!" 6• Também o "Courrier lnternational" consagrou-lhe arp.pla cobertu ra sob o título: "Tony Blair: rei da hipnose e príncipe da anestesia" . Como se pudesse haver genuína democracia num país de hipnotizados-anestesiados por um príncipe que imergisse as inteli gências de seus seguidores no adormecimento! Qual é a poção mágica medi ante a

qual o trabalhismo (comentari stas agora chamam-no de tribalismo) e nfeitiça e entorpece? Segundo o "Courrier", ela consiste no fato de o socialismo inglês apresentar-se como tendo abandonado a sua ideologia e adotado "os valores populistas dos mass-mídia". Blair - escreve ainda o "Sunday Independent", de Dublin - "renegou todo o passado, tornandose o lambe-botas dos órgãos da mídia, propriedade de Rupert Murdoch " 7, o magnata da imprensa britâni ca. Até o quotidiano ce ntro-direiti sta "Dail y Te legraph" desculpou sua opção por B lair com um ditado cínico, extraído de umacomédia de Moliere: "Eu vivo da boa sopa e não de belas palavras" 8. E o mago-rei da hipnose oferece sopa ... A anestesia parece ter sido eficaz, pois Blair conseguiu reeleger-se co m uma vitória que poderia ter sido avassaladora, não fosse a abstenção de 41 % do eleitorado. Triste reco rde de ausências, superado apenas em J9 18, quando milhões de homens estavam mob ili zados pela I G uerra Mundial. Na presente abste nção, própria de co nflag ração uni versal , 18 milhões de ingleses se abstiveram, enquanto o "trabalhismo-conservador" recolheu apenas 10,74 milhões de votos. A v.itória não fo i tão grande como a esperada. O socialismo não conseguiu

aume ntar suas cadeiras no Parlamento, mas diminuiu para 4 13 as 41 9 que detinha. Enquanto os conservadores passaram de 165 para 166, e os liberais de 46 para 52. Em sufrágios, o trabalhismo perdeu 2,77 milhões de eleitores em relação a 1997, i. é., 20,54% dos seus votantes. Também caiu em term<?S percentuais, de 44,33 % para 40,7 % do conj unto do eleitorado.

Esquerdas européias: cobra em processo de desconjuntamento Tudo tem o seu preço. A ve lhaca reciclagem de posições operada, pelo Partido Trabalhi sta custou-lhe dra mática cri se interna. E m voz baixa, fora m fe itas pro messas aos militantes socialistas: "Shut! o partido não abandona suas doutrinas, trata-se de genial passa-moleque político!" M as o Partido Trabalh ista internamente está se cindindo. Sempre segundo o "Courrier International", cresce o ódio interno contra Blair. Os militantes esmorecem ou ex igem soluções extremadas e imprudentes. Se prosseguir pela via do conservadorismo aparente, o trabalhi smo acabará liquid ando aq ue les que são o motor do Partido. E m outros termos, fará um haraquiri e deixará de ex istir. Mas se, por outro lado, exibir as suas idéias, a opini ão pública abando-

ná-lo-á enojada, com o amargo ressentime nto de quem se sente traída. O que fará ele então? O problema não é só do trabalhismo. Segundo o Prof. Neill Ferguson, essa é a via que escolherão as esque rdas européias para não morrere m. Para não sucumbirem logo - acrescentamos nós. Pois, o que acontecerá quando a opini ão pública exi gir-lhes ainda mais na linha da direita? As esquerdas trucidarão seus próprios militantes, já tão desale ntados? Ou, e m vez disso, defenderão seu verdadeiro pensa mento ante a opinião pública, extinguindo-se politi camente? O dilema traz-nos à mente uma imagem que hauri mos da pe netra nte - melhor diríamos profética - análise da realidade política fe ita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: a cri se das esquerdas assemelha-se a um a cobra cuj a cabeça deseja ir para frente, enquanto sua cauda não quer avançar, pois julga que caminhou demais; e até quer parar ou voltar um pouco para trás. Essa te nsão cabeça-cauda é de molde a destroçar a serpente. O caos contemporâneo empana nos home ns o co nhec ime nto dessa cri se. Mas não a soluciona. Apenas adi a o desenl ace fin al. De que servirão, a prazo médio, as artimanhas políticas e midiáticas para manter unida a cobra que se desconjunta? Realmente, as esquerdas contemporâneas não se encontram numa pos ição mais cômoda que a de Belzebu , sentado sobre seu célebre trono de fum aça... ♦

Notas: 1. Cfr. ltalie: la victoire historique du centre-

2. 3.

4. 5. 6.

7.

8.

dro ite, "Corresponde nce européen ne", 10-52001 , nº 6 1. Cfr. UE não prevê sanções contra Berlusconi, "O Estado de São Paul o" , 12-5-200 1. C fr. De Mussolini a Be rlusconi, "Co urri er lnternali onal", 3-5-2001 ; Les casseroles du Cavaliere, "The Eco nomi st", apud "Courri er ln tern ati onal" , id., ibide m. "Courri er lntern atio nal", ibide m. Blair vencerá com 'conservadorismo trabalhista' , OESP, l-6-200 1. Questão ew v péia divide Blair e conservadores, OES P, 6-6-200 1. To ny Btai r: Roi de l 'hypnose, prince de l 'anesthésie, "Courrier internati onal", 30-5200 1. Apud "Courri er lntern ati o nal", ibidem.

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Santos e festas de JlJJILll [(Q) 1

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(Neste ano)

Santo Antonio Maria lacearia, Confessor.

COMEMO~AÇÃO DE SÃO PEDRO ESAO PAULO

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Santo Olivério Plunkett, Bispo e Mártir. + Londres, 168 1. Irl andês, fo i ordenado sacerdote em Ro ma. Depois e le ito Bispo e Prim az d a Irl a nd a. Fo i martiri zado em Lond res .

+ Itáli a, 1539. Dos gra ndes santos que se empenharam na restauração da Igreja na Itáli a antes do oncíl io ue Trento. Fundo u a Co ng regação dos C lé rigos Reg ul a res de São Paulo, ou "Barnabitas".

6 Isaías, Profeta e Mártir.

2 São Bernardino Realino, Confessor. + Lecce (ltália) , 1619. Formado e m D ire ito C ivil e Canô nico, advogado fisca l de Alessa nclri a, no Pie monte, tudo abandonou para servir a Deus na Companhia de Jesus.

3 Santo Anatólio, Bispo e Confessor. + Laod icé ia (S íri a), Séc. III. Natu ra l de Alexa ndria, brilhava nas ciências profanas. Diri g iu-se para a Ás ia Menor (hoje Turqui a), onde fo i ac lamado Bispo ele Laod icéia.

4 Santo Ulrico, Bispo e Confessor. + Augs burg (A le manh a), 972. Ze lo u pela d isciplina cio clero em sínodos anuais, rea fe rv o ro u o povo po r meio da pregação e visitas pastora is, protegeu os pobres e fundou mosteiros.

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eAToL Ie Is Mo

Séc. VIII a.C. Prev iu que o Messias nasceria ele uma Virgem, bem como os sofrim entos de Nosso Senhor na Paixão.

Primeira Sexta-feira cio mês.

7 Beatos Rogério Dickenson e Raul Milner, Mártires. + Winc hester (In g laterra), 159 1. Raul , agricultor analfabeto, abjurando o protesta ntismo, fo i preso no dia de sua Prime ira Comunhão. L iberado, passou a auxili ar os cató licos persegu idos. Para isso uniu-se ao Pe. Rogério, ajudando-o em seu min istéri o ocul to entre os cató licos. E ncarcerado com o menc ionado sacerdote, recu ou-se a abju rar a verdadeira fé, sendo executado com e le.

Primeiro Sábado cio mês.

8 São Quiliano, Bispo e Mártir. + Wurtz burg (A le ma nh a), 689. Jrl andês de origem, partiu para evangeli zar a BavieJulho de 2001

São Bernardino Reafino

Santo Ulrico

ra. Q uando seu aposto lado ia ser coroado ele sucesso com a co nve rsão d o D uq ue de Wurtzburg, a cunhada deste, qua l nova Herodíacles, mandou assassiná- lo na ausênc ia cio Duq ue.

fa míli a cató lica galesa, João Jones entrou na Orde m Franc iscana e m Ro ma. Enviado para a mi ssão inglesa, acabou sendo preso, decapitado e esqu a rtej ad o po r ódi o à Fé . João Wall , também franciscano, traba Ihou na ela neles tini dade du ra nte 22 anos no Condado ele Worcester, onde fo i executado.

9 Beata Paulina do Coração de Jesus Agonizante, Virgem. + São Paulo, 1942. Oriunda da Itália, aos dez anos emigrou com a fa mília para Santa Catarina. Fundou a primeira congregação re li g iosa fe minina bras ileira, das Irmãzinhas da Imac ul ada Conceição.

10 Beato Pacífico, Confessor. + Bé lg ica, 1230 . Trovador, converteu-se aos 50 anos o uvindo pregar São F rancisco, que o recebeu em sua Ordem e enviou-o depo is para estabe lecê- la em Pari s.

11 Santa Olga, Viúva. + Kiev (Ucrânia), 969. Esposa do Príncipe Igor, Grão-duque de K iev. Com a morte do marido ass umiu a Regênc ia, recebe ndo o ba ti s mo c m Consta nlinop la. Teve a a legri a de ver o ato lic ismo estabe lecido co mo Religi ão do Estado por seu neto São V ladimir.

12 Beatos João Jones e João Wall, Mártires. + Ing laterra, 1598 e 1679. De

13 Santo Henrique li e Santa Cunegundes + Al e ma nh a, 1024 e 1033 . Sa nto He nrique e ra Duque ela Bavi era, qu a ndo recebe u ci o _Papa a co roa ci o Sac ro Impé ri o Ro ma no- Al e mão por seu ze lo pe la propagação el a Fé e por sua vida profund a me nte re li g iosa. Su a es posa, Sa nta C un egundes, após a morte ci o marido, ingresso u num moste iro po r ela fund ado.

Santo Henrique li

Santa Margarida

São Quiliano

São Cristóvão

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râ nea cios Apósto los e irm ã ele Sa nta P rude nc ia na, foi de s um a ge ne ro sid ade pa ra co m os cri stãos, mani festando intre pidez e m auxili ar os mártires.

conhece, tendo sido martiri zado por ser cri stão.

mais turbul e ntas é pocas el a Igreja, em que a ftá l ia era invadi da pelos godos e pela heres ia pe lag ia na. Co nde no u esta úl tima a pedido de Sa nto Agostinho.

Nossa Senhora do Carmo

t

São Sisenando, Mártir. + Córdoba (Espanh a), 85 J. Português ele origem. Pregado r audaz e fogoso, fo i lançado ao cárcere e depo is martiri zado.

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+ Veneza, 1493. Do minicano,

Beata Teresa de Santo Agostinho e Companheiras, Mártires.

apresentado como mode lo ele pac iê nc ia e humil dade e m meio às dores e às doenças.

+ 1794. Essas 16 ca rme li tas ele Co mpi eg ne, na França, fo ram guilhotinadas em Pari s po r ódi o à Fé, oferecendo suas vicias "pela paz da Igreja e pela França".

18 São Filastro, Confessor. + Bréscia (Itá li a), 386. Acérrimo inimi go cios arianos, fo i no meado pároco ele Bréscia.

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Santo Arsênio, Confessor.

São Francisco Solano, Confessor. (Vicie seção Vida de Santos, p. 34)

+ Mênfis (Eg ito), 41 2. Ro mano, reti rou- e para deserto no Eg ito, a fim ele fu g ir elas cil adas cio mundo.

15

Santo Elias

São Donald, Confessor. + Ogil vy (Escóc ia), Séc. VII. Ao mo rre r, a es posa recome ndou-lhe que encontrasse bo ns maridos para as nove filhas. Como todas mani festar a m vocação re li g iosa, transformou a casa num mosteiro, do qual fo i superior.

22 Beato Agostinho Fangi, Confessor.

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t Santa Margarida, Mártir. + Co nsta ntin o pl a, séc. III. Pouco se sabe da vicia dessa már tir. Seu culto fo i trazido ao Oc idente pelos cruzados.

21 Santa Praxedes, Virgem. + Ro ma, ée. li.. Contempo-

23 Santo Apolinário, Bispo e Mártir. + Da lmác ia, séc. I. Discípul o ele São Pedro, fo i por e le sagrado B ispo ele Rave na, de o nde fo i exp ul so pe los pagãos, sendo martiri zado na Dalmác ia.

24 Santa Luíza de Sabóia, Viúva. + Orbe (S uíça), 1503. Descendente do Beato Amadeu lX ele Sabó ia, casou-se com H ugo ele Châlons. Perde ndo o marido JO anos depo is, e ntro u num convento fra nc iscano.

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26 Santa Bartolomea Capitanio, Virgem. + B résc ia , 1833 . S ua paixão

Santo Olavo Rei, Confessor. + Noruega, 1030. Estabeleceu o cato li c ismo como Religião oficial cio Estado.

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Santa Natália e Companheiros, Mártires.

São Justino de Jacobis, Confessor.

+ Córdoba, 852. Natáli a e o marido, de origem muç ulmana, converteram-se ao cri sti ani smo, sendo imitados por Fé li x e L ili osa, ta mbém cri stãos oc ultos . Todos fora m co nde nados à mo rte jun to co m um mo nge pa lest in o, Jo rge, a que m davam abri go.

+ Etióp ia, 1853. Lazari sta itali ano, fo i Vigário Apostó lico na Abi ss ín ia.

28 Santo Inocêncio 1, Papa. + Ro ma, 4 l 7. Papa numa das

31 São Germano de Auxerre, Bispo e Confessor. + Rave na (Itá lia), 450. Douto r e m D ire ito Ca nô ni co e Civil. Ao morrer Sa nto Amador, B ispo daq ue la c idade, Germano fo i ele ito para seu lugar.

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São Cristóvão, Mártir. + íria, séc. III. Segundo a trad ição, era um g igante de estatura. Atravessou cauda loso rio leva ndo o Men ino Jesus e m se us o mbros, e aí se converte u. Por e e motivo to rnou-se o Patrono cios motori stas. De sua vi da pouco se

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era servir aos necess itados de corpo e a ima, faze ndo-o no hospi tal ela c idade, nas escolas e em suas casa . F undou o In stituto que leva seu nome.

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VIDAS DE SANTOS

São Francisco Solano Música e penitência a serviço da catequese

mente à pregação. Sua palavra era persuas iva e penetrava profundamente os corações. Em breve passou a ser conhec ido como o frade santo. Quis fugir dessa popularidade e, por humildade, ir pregar em terras de infiéis, em busca do mattírio. Não obteve licença de ir para a África, mas de evangelizar o Novo Mundo. Assim paitiu para a América do Sul em 1589. Nas costas do Peru , o navio encalhou num banco de areia durante uma tormenta e ameaçava partir-se. Grande parte da tripulação salvou-se em botes; mas não havia lugar para todos. Frei Francisco escolheu ficar com os remanescentes, para prepará-los para a possível morte. Animou os pobres colonos espanhó is a bordo e falou-lhes da vida eterna. Ensinou a.os escravos que estavam a bordo os rudime ntos da Relig ião, e batizou-os. O navio não suportou o embate das ondas, e no segundo dia partiu- e em dois, levando para o fundo do mru· grande parte dos escravos. Os que tiveram a dita de permanecer na patte do navi o presa à areia reuniram-se em torno do mi s ·ionário, aguardando a futura sorte. Ele os animou e predi ·se que uma chal upa voltaria para pegálos. E as im sucedeu no terceiro dia após o desastre.

AFONSO DE SOUZA

São Francisco Solano, cuja festa comemoramos no dia 14, santo genuinamente franciscano a quem obedeciam as feras, as aves e os mais ferozes indígenas; tinha alma de poeta em corpo de asceta, anima d o por ardente devoção mariana e zelo apostólico oi no pequeno povoado de Montilla, perto de Córdoba, na Espanha, que nasceu Francisco Solano, filho de pais católicos exemplares. De temperamento pacífico e bondoso, atraía a todos por sua modéstia e suav idade. Ma era dotado de uma vontade ele ferro e de muita d terminação. abenclo que a virtude não se adq uire senão com muit . forço, freqüentava assiduamente os acramentos, prin ipalm nt os da confissão e comunhão, e procurava domar os maus impulsos da carne por meio da oração e ri gorosa p nit ·n ia. Mas isso não impedia que fos e um rapaz a i g r prestativo. Estudante no colégio dos jesuítas, nas h ras vagas cultivava o jardim de seu pai, cantando enquanto trabalhava.

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Aos 20 anos entrou para o nov iciado dos :franci canos de sua cidade, onde aumentou suas penitências. Como diz um seu biógrafo, "quis realizar o tipo perfeilo elo fran-

ciscano, juntando a doçura de São Francisco com. a austeridade de São Pedro de Alctlnlara " (*). Dorm ia sobre sarmentos, tendo como travess ir um p claço de madeira. Durante o Adv nto a uaresma quase não com ia, e tomava disciplina (fia •elava-s ) at o sangue. F ita sua profissão r li io a, cursou filosofia e teolo ia r b u assa raclas ordens, dedicando-se ao aposto lado la palavra. •m I ouco temp fo i no meado mestre de nov iços de um convento, depois superior de outro, mas pedia dispen a de qualquer cargo para poder dedicar-se inteira-

Apaziguador, harmonizou colonizadores com índios O grupo de franci canos do qual fazia paite Franci sco Solano chegou a Santiago dei Estero em novembro de 1590. Durante 10 anos deveria ele percorrer aquela região levantando igrejas, forma ndo municípios, catequizando, batizando, civilizando. Catequizou o Peru, grande paite da Argentina, da Bolívia e do Pai·aguai. Realizou tudo isso andando a pé e desca lço através das fl orestas, desertos, rios, pântanos, mataga is cheios de insetos maligno e enervantes. Além disso, o maior trabalho de Francisco era fazer conviver espanhóis e índi os como bons cristãos. Dificultavam o relacionai11ento a escravidão, que estava nos hábitos da época, e os costumes bárbaros dos silvícolas, bem como a cobiça pelo ouro, que por vezes se sobrepunha aos sentimentos cristãos. Uma coi. a ingular nesse santo jovial é o papel desempenhado pela mú sica e m seu apostolado . Com o vi o lino (alguns aut res d ize m harpa ou uma espécie de viola), que e le tocava com m uita elevação e sentimento, apaziguava os espírito , inclusive os instintos selvagens dos indígenas. Com e le também cantava louvores à Virgem ou ao Santíssimo a ramento. Certa vez em que acompanhava o Santíssimo em uma proci ssão, seu espírito elevou -se, num entusiasmo tão ardente pelo Deus ali presente na H stia, que começou a tocar e a dançar. Isso fazia també m freqüentemente diante de imagens de Nossa Senhora.

A catedral de Lima, cuja construção foi iniciada pelo fundador da cidade, Francisco Pizarro, no século XVI. Ela foi consagrada em 1627, tendo S ão Francisco Solano assistido em parte sua edificação.

Dom das línguas e dos milagres Aprendeu milagrosamente em 15 dias o dialeto de uma tribo indígena. Adquiriu também o dom das línguas, falando e m castelhano a índios de tribos difere ntes, sendo entendido como se estivesse expressando-se no dialeto de cada um . Uma vez, por exemplo, estando em San Miguel dei Estero durante as cerimônias da Quinta-Feira Santa, veio uma terrível notícia: milhru·es de índios de diversas tribos, ru·mados para a guerra, avançavam para atacar a cidade. A balbúrdia fo i geral. Só Frei Francisco, calmo, saiu ao encontro dos selvagens. Estes, que o respeitava m, pararam pai·a o ouvir. E cada um o entendeu em sua própria língua. Ficaram tão emocionados, que um número enorme deles pediu o batismo. No di a seguinte, viu-se essa coisa portentosa: ao lado dos espanhó is, esses índios convertidos paiticipavam da procissão da Sexta-feira Santa, flagelando-se por causa de seus pecados. Em outra ocasião, soube que os índios queriam mudar-se, por falta de água na região. Isso pori a fim ao apostolado que o Santo estava faze ndo com eles, pois se dispersariam. Franci sco chamou-os e lhes disse que não hav ia motivo pai·a mudar-se, porque ali perto havia uma fonte. Foi com os índios incrédulos até uma área árida, e designando um lugar com o seu bastão, man dou que cavassem . Jorrou uma fonte tão abundante, que com o tempo fo i possível , com sua ág ua, tocar simultaneamente do is moinhos. Em 1559, Francisco Solano foi nomeado custód io de toda a região de Tucumã. l sso o faz ia viajar quase sem parar, o que significava também pregar quase incessantemente. Certo dia, estando o Santo num a alde ia, surgiu um tõuro furi oso. Cada um fugiu pai·a seu lado; só Franci sco permaneceu calmo à espera do anima l. Quando este ia agred i-lo, fa lo u-lhe com voz suave mas firme , repreendendo-o por sua ma ldade. O touro abaixou a cabeça e lambeu os pés descalços do franci scano. Devido a esse fato, São Franci sco Solano foi declarado patrono dos toureiros .

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Na "Lima de los Santos"

a quem obedeciam os elementos da natw·eza. Os espanhóis o veneravam corno santo.

São Francisco fo i nomeado superi or do Convento de Lima. Nessa cidade deu-se o fato surpreendente e sem precedentes, de presenc iar-se a morte de cinco santos num espaço de 39 anos: São Toríbio de Mo ngrovejo (1606), São Francisco Solano (1610), Santa Rosa de Lima ( l617), São Martim de Porres ( l639) e São João Macias ( 1645). Por isso, a capital peru ana é também chamada Lima de los San.tos . Quando pregava na cidade de Trujill o, de repente pr rrompeu em amargos soluços. Acabava de prever o terremoto que destruiri a a cidade alguns anos mais tarde. Outra vez, em Lima, pre-

Santa morte e glorificação póstuma

Santa Rosa de Lima -

Gregório Vásquez (séc. XVII),

Segunda aparição do Anjo

Sua última doença durou dois meses, durante os quais ele mantinha tocantes colóqui os com o Crucificado, com Maria Sa ntíssima e com os Santos. S ua habitu al doç ura não o abandonava um só momento. Ele aceitava todos os incômodos da fe bre em lugar da cliscip Ii na, que não podi a usar. Quem passasse pela enfermaria o ouviria exclamar jubiloso: "Glória a Deus!", e outras piedosas jacul atórias. No mo me nto da últim a agoni a, os frades cantavam o Credo. Às palavras "Nasceu de Maria Virgem", e quando sino tocava indicando o rno-

egunda aparição do Anjo aos pasto rinhos de Fátima de u-se no erão de 19 16, e nq uanto as c ria nças brincavam . A ss im narra a Irmã Lúcia o que o Anj o lhes disse:

"- Que f azeis? Orai! Orai muito! Os Corações Santíssimos de .Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacr(ftcios. - Como nos havemos de sacrificar? - perguntei. - De tudo que puderdes, oferecei a Deus um sacriflcio em ato de reparação pelos pecados com que Ele é of endido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim sobre a vossa pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar. E desapareceu ". (Antonio A. Borelli Machado, As Aparições e a Mensagem de Fátima).

gava a reforma de vicia, am~aMuseu de Arte Colonial, Bogotá O ça nclo com os castigos e vmEssa grande Santa foi contemporânea de São Francisco Solano rnento da Elevação, durante a ganças celestes a c1·c1 ade, por causa cios víc ios de seus habitantes. E o fez com tanta Mi ssa conventual, ele rendeu sua alma a Deus. .. · áSua mo1te, ocorrida a 14 ele julho de 1610 - festa de fo rça, que isso provoco u urna corri da aos con,ess10n, rios e às igrejas, comovendo toda a cidade. Al guns o São Boaventura, a quem tinha muita devoção - foi um denunciaram ao Vi ce-rei e ao Arcebispo por provocar acontecimento público. Multidões faziam fil a para poder aq uele alvoroço. Mas O Vi ce-rei conhecia muito bem passar diante de seu caixão. Os índios acorreram para ver seus arrebata mentos e linguagem, e O Arcebi spo era um mais urna vez o pai bem-amacio. Todos queriam urna relíSanto que co mpreendia mui to bem outro Santo. guia sua, e foi preciso cortar em pedacinhos vários hábitos Sua linguagem tornava-se severa quando era prec inele tocados - para atender os pedidos. Urna mulher não so, pois O Santo vivia arrebatado com as belezas de Deus. se contentou em ter uma relíquia indireta, e, num excesso, Urna fl or, uma bela pa i agem, uma palavra que fosse, com os dentes arrancou um dos artelhos do Santo. ·· O caixão do humilde frade fo i levado, du rante o coràs vezes eram capazes de levá-lo ao extase. F requentemente, du ra nte seus sermõe , de repente permanecia tejo fú nebre, pelo Arcebispo ela cidade, sucessor de São imóvel e como que arrebatado cm Deus. , Toríbi o, e pelo Vi ce-rei. Certo di a perguntou a um doente corno se sentia. A Os mil agres sucederam-se em seu túmulo ou por . ua simples resposta - "Já estou bem, graças a Deus " - , intercessão. Somente para o processo de beatifi cação entrou numa alegri a tal, que pegou dois bastõ . que hafo ram apresentados mais de IOO. E para o de ca noni zavia perto e começou a dançar, numa alegria toda celeste. ção, ocorrida em 1726, mais 30. ♦ Passava horas e horas à noite di ante cio altar, rezando, cantando e tocando. Ele compreendi a bem o dito * Fr. Ju sto Pérez de Urbel, O.S.B. , Ed icioncs rax, Madrid, 1945, popular de que "cantar é rezar duas vezes". Conhec ia tomo Ili , p. 184. uma gra nde séri e de hinos litúrgicos e popul ares, e ca nOutras obras consultadas: tava-os, freqüentemente acompanhado de seu violino. L es Petits Boll andi stes, Bl oud ct Barra i, Pari s, 1882, tomo IX, Sua candura e sua bondade atraíam homens e até anipp. 8 e ss. mais. Os pássaros pousavam familiarmente em seus omEnriqueta Vi la, Santos de A111ericc1, co leção Panoramas de la Historia Universal, Edicioncs Morei n, S.A. , Bilbao, 1968, pp. 93 e ss. bros ou em sua cabeça. Para os índios, era quase um deus,

Comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

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vid nl mente é uma preparação par·i o sofrimento, po rque tudo h la de sofrimento nesta aparição. N a prime ira vez, apareceu um Anjo espl endo roso; nesta segunda, apareceu a lg d mais esple ndoroso do que um Anjo, mas por detrás d e vé us. O qu apareceu? Apareceu a C ruz. Na primeira apari ão, o Anjo na sua pulcritude, na s ua be leza, prep ara as almas com aleg ri a para um grande ideal. É o ideal da sa ntid ade. Na seg unda apari ção e tá dito: "R ealme nte, é belíssimo. M a , pr sta i a te nção, D e us vos am a d e um m od e. peci al , e por isso te m o lha-

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dição:

♦ Grande expansão ~a peregrinação particular das imagens de Nossa S enhora de Fátima (p. 40)

res de mi sericórdia sobre vós". Na primeira aparição, o Anj o co meçou di zendo: "Não temais". É que esse Anjo era tão esplê ndido, a natureza angé li ca é tão esplê ndid a, qu e pode incutir te mo r. Qua ndo o Anj o G abriel apa receu a Nossa Se nhora e falo u-Lhe - a E la, que e ra pe1feitíssima ! - a Virgem Santíssima te ve uma reação que levou o Anjo a dizer-L he: "Não temas, ó Maria". Quer di zer, proc urou di ssuadi -La do temor. Ta l é a g randeza e o esplendor do Anj o ! Só aí e le disse q ue m ele era e qua l a mensagem de q ue estava encarregado . E m Fátima també m , as c ri anças não ficaram propri am e nte a medrontadas, mas ficaram "impone nti zadas", por assim dizer. A imponência do Anjo, o espl e ndor do Anjo fê-]as sentire m-se

pequeninas . Sem fi car em humilhadas, ficaram "humildificadas". A humildade as e nche u, o recolhime nto abate u nelas a natural distração e supe rficialid ade da infâ ncia. O Anjo fala a respeito de vári as co isas: D eus quer isto, que r aquil o, qu e r aqu ilo o utro . É o preço qu e D e us pede. E le começo u dize ndo tudo quanto dá, mas d epois co mpl eto u: "Mas eu peço algo ". Pede o quê? Em última aná lise, é a C ruz. O d ia inteiro estare m pensando nessa M ensagem ; nos pecados dos ho mens, que levaram a to rnar necessária essa reparação; o quanto Deus é ofendido; e, porta nto, no va lor q ue tem todo ato de reparação que uma pessoa pode ofe recer. (Plinio Corrêa de Oliveira , conferência para correspondentes da TFP, em 5-6- 1994) .

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ta fé. E daquele dia em diante meu marido não bebeu mais, e disse que nunca mais vai beber, já faz mais de um mês . Obrigada por vocês existirem e nos fa zerem conhecer melhor esta tão bondo sa e milagrosa Mãe, Nossa Senhora de Fátima (IM, SC) . Ele foi aprovado - Tenho um fi lho que havia tentado diversos vestibulares, sem conseguir aprovação . Na semana passa da , antes de nova tentativa, pedi a Nossa Senhora a sua proteçã o, para que meu filho lograsse êxito em seu intento de cursar uma universidade. Para alegria minha e de toda minha família ele foi aprovado. Gostaria de receber a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima em nosso lar (MRC, CE). Obrigado mesmo - Prezado Sr . Marcos , através desta dirijo-lhe toda a minha gratidão e a mais sincera admiração e estima. Confesso que ainda estou em est ado de graça , e devo tudo isso ao Sr., por ter enviado a meu humilde lar a visita da imag em da Mãe de Jesus, a Virgem de Fátima. Creia , nem t enho palavras para expres sar . Só posso lhe dizer que a minha emoçã o foi tão grande. Ali em frente da imagem eu não consegui a nem falar, a voz embargava , eu soluçava bai xinho na presença dos convidados . Obrigado Deus, obrigado mesmo. Confesso que fico f eliz ao receber as mensa gens da Virgem de Fátima que o Sr . me manda. Suas pal avras faze mme bem. Obrigado (BVS, PR). Parabéns e agradecimento - Venho parabenizar -lhes pelo sucesso q ue a Campanha v em tendo, assim como o programa ''.A Voz de Fátima ': e agradecerlhes por tudo que têm feito em prol de minha família e das famílias brasileira s em geral (DG , AM). Pedi com muita fé - Minha vida mudou completamente depois que recebi um poster de Nossa Senhora de Fátima, com aquela mensagem tão importante para a nossa vida . Então resolvi f azer uma promessa a ela para que meu mari do largasse a bebida, que há 18 anos vivia atormentando a vida de todos na minha família. Como eu não tinha mais a quem recorrer, foi que um dia, muito desesperad a, fi xei m eus olhos nos olhos dEla, ali naquele poster, e pedi com mui-

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Não foi confirmado o câncer - A belíssima imagem de Nossa Senhora esteve na minha cidade . Ela veio exatamente numa hora de muita necessidade de

Visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima num lar em Apucarana (PR)

bênção . É que eu fiz um exame de prevenção de câncer e não deu muito bom. Est ava à espera do resultado quando vi a im agem, pedi com todas as forças do meu cora ção e falei que mandaria meu testemunh o. Recebi o resultado e não foi co nf irmado o suposto câncer, somen. t e uma lev e inflamação. Por isso dou louvores em agradecimento a Deus e Nossa Senhora. Gostaria que me m ande dizer com urgência como contribuir com essa t ão maravilh osa Campanha. A guardo ansiosa a respo sta (A FS, CE). A oração tem mais poder que o dinheiro - Que Deus nos proteja nesta batalha para que tenha pa z o mundo . Jesus, em nome do Pai Eterno , acabe com as forças destes imorais que vivem

uma vida má, não pensam em Deus , só pensam em acabar com a inocência das crianças. Maria Santíssima no Calvário acompanhou seu Filho até o fim, vendo pregá-lo na Cruz por nossa salvação. Eu sempre penso neste sofrimento desta Sofredora, Mãe pura , imaculada, sem pecado original, que foi e é Mestra das mães sofredoras. Não sou mãe, mas penso nos sofrimentos das mães . Com orações e penitências alcançamos muitas graças. Eu já recebi diversas graças de Jesus e Maria , com jejum e penitência . Temos fé que venceremos esta batalha com a graça de Deus e de Nossa Senhora . A oração tem mais poder do que muito dinheiro, porque Deus é infinito . O Menino Jesus veio para nos livrar do Inferno e amarmos a Ele para sempre na outra vida (ANP, PB). Acreditar no Santo Rosário - Vocês estão ajudando muitas famílias que estavam se destru indo por falta de fé . Graças a essa Campanha tão maravilhosa, famílias voltaram a ter fé em Jesus Cristo, através de Nossa Senhora . Com a vol ta da fé em Nossa Senhora, as famílias voltaram a acreditar no seu Santo Ros ário, que é tão importante, que é o nosso terço (MLRF, SC) . Gosto muito de pensar Estou escrevendo esta c arta para lhes agradecer o CD . Eu gostei muito, adorei, fiqu ei tão contente . Foi meu esposo que recebeu . Quando o carteiro chegou , eu estava pensando na vid a e também pensando em Deus e em Nossa Senhora , eu gosto muito de pensar. Meu esposo m e entregou o envelope . Ficamos t ão fe lizes e emocionados. Também agradeço a folhinha de pedidos . Gosto muito de mandar meus pedidos de graças a Nossa Senhora (RBL, SP) . Visita da imagem ele Nossa Senhora de Fátima na região do ABC (SP)

Bonecas nojentas s bonecas sempre constituíram um modo católi co de entreter as meni nas e ao mes mo tempo educá-las cri stãmente para uma futura maternidade. Por isso, procurava-se fabri cá- las bonitas e atraentes, às vezes dizendo " mamãe". Agora, pelo contrário, as bonecas estão sendo utilizadas para deformar as mentes infantis, tornando as meninas co-naturais com o horrendo e o nojento. É o caso das bon ecas c hamadas " nojenti nhas", que liberam excrementos, têm crises de flatulê ncia e ficam com o nari z escorrendo. Mani fes tam também doenças como o sarampo e sen ações desconfortáveis. Al gumas tê m o pé quebrado e engessado, outras têm a fo rma de sapo e cheiram horrivelmente mal.

tam por que sofrem assédio sexual. Di sse que as meninas precisam recuperar a modéstia para evitar os abusos sexuais. Ela relatou sua experiência no parque de diversões Bush Gardens, de Williamsburg, Virgínia, onde "as j ovens que aí passeavam estavam vestidas de uma tal forma que, fran camente, os estrangeiros poderiam concluir que 20% da população f eminina vive da prostituição".

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Escola Parque surgiu como uma proposta inovadora de educação, um oás is de liberdade para os filhos de artistas e intelectuai s de esquerda, onde a postura crítica era permitida e incentivada. Pelo jeito, os resultados da tal "liberdade" foram desastrosos.

Além da imoralidade, manchas de graxa são enfeite im ora lidade norm alme nte gera o desleixo, a extravagância e mesmo a suje ira. Às modas imorais têm-se seguido roupas com remendos enormes, rasgões etc. A nova campanha de John Galli ano para a Dior traz o "luxo do lixo " . A coleção é exibida por modelos vestindo roupa com estampa de camufl agem, em cima de adill acs e imundas de graxa.

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Alunos fumam maconha

AEscola Parque,

na Gávea (RJ), promoveu para seus alunos uma viagem a Ouro Preto, em Minas Gerai . Um dos alunos contou que a maioria dos meninos e meninas com idades entre 13 e 15 ano fumou maconha nos quartos do hotel onde o grupo estava hospedado. Quatro confessaram e fo ram expul sos. Na mes ma série dos alunos expulsos, estudam duas netas do Presidente Fernando Henrique. Fundada e m 1970, a

Vestem-se como mulheres públicas modo de vestir, entre as escolares, é cada vez mais atrevido, con statou a Sra. Charen, uma especia]jst:a em relações sociais nos Estados Unidos. Ela lamentou que as meninas se vistam como mulheres de má vida, e depois ainda pergun-

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Na terra onde Nossa Senhora apareceu! m Portugal vêm sendo legalizadas Epráticas contrárias à moral católica, como a pílula abortiva chamada do dia seguinte, as uniões de fato, as salas de inj eção para dependentes de drogas. Na União Européia vão sendo universalizados o uso de preservativos, o aborto e a eutanás ia. É a imagem de um mundo em decomposição, como anunciou Nossa Senhora e m Fátim a. Pelo me nos e m Portugal os Bispos declararam que os católicos não estão obrigados a seguir essas leis. Oxalá em todos os países do mundo se levantassem vozes epi scopais no mesmo sentido, alertando os católicos.

Uma bela reação a ser imitada Além das campanh as promovidas pela TFP contra o aborto, contra o chamado "casamento" hom ossexual e contra o desarmamento dos homens honestos, algumas entidades tê m demonstrado reações salutares. É o caso da Associação dos Farmacêuticos Católicos da Espanha, que exprimiu sua completa recusa à distribuição da pílul a abortiva . Um porta-voz da associação declarou: "Estamos totalmente indignados pela venda ao público da pílula do dia seguinte, que é abortiva ". Informou que os me mbros da associação comprometeram-se a exercer a "obj eção de consciência" , não vendendo esse produto em suas farmácias .

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DIE ~~WELT

TfPs EM AÇÃO

Vamos expandir a peregrinação das imagens de Nossa Senhora de Fátima Mensagem do Coordenador Marcos Luiz Garcia

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tos trágicos sempre ocorreram na Hi stória da humanidade. M as eles nunca foram tão numerosos quanto hoje em dia. E sobretudo fa lta a conformidade cri stã, que é um bál samo para as feridas de alma e uma esperança do Céu. Por que fa lta? Porque N ossa Senhora não é mais a Rainha cios lares. São muitas as armas que o demôni o utili za para destruir nossos lares. Ele é, sem dúvida, o maior inimigo de nossas famílias. Por vezes, ele utiliza a televi são para atrair nossas crianças e destruir-lhes a inocência; ou se esconde dentro de uma revista imoral; ou então gera o desentendimento entre pessoas que deveriam se querer bem; e assim por diante. E fo i esse um dos motivos que levou a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fálima, não tardeis! a lançar a Pereg rinação Pri vada aos l ares, da imagem de Nossa Senhora de Fátima. Essa peregrin ação tem fe ito um bem enorme a inúmeras famíl ias, solu c ionand o probl emas e renovando suas vicias. Por outr lado, a peregrinação está sendo realmente uma excelente oportunidade de conqui star novas almas para Nossa Senhora. As cartas que recebemos de nossos participantes são impress ionantes, no sentido de narrar graças recebid as durante a visita da imagem. Essa ação benéfica das imagens peregrinas estende-se por toda a vizinhança cios lares visitados. E a simpl es lembrança dessa visita continua servindo de alento por vári os meses. Por isso estamos procurando, com o auxíli o cios parti cipantes de nossa Campanha, estender o mai s poss ível o âmbito dessas peregrin ações, levando

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a imagem aonde quer que seja solicitada, até mes mo aos limites da selva amazôn ica, a todos os necessitados. Iniciamos as peregrinações com apenas cinco imagens. D epoi s aumentamos para 10. Ma para conseguir atender os pedidos e chegar a novas regiões, novas cidades e novos lares, prec isamos urgentemente de mais IO imagens peregrin ando de norte a sul do Brasil. E este é o objet i vo de nossos esforços presentes, para os quais contamos com a parti cipação de todos. Cada imagem visita três lares por dia. Se multiplicarmos esse número por 20, teremos 60 fam ílias visitadas por dia. Em cada lar com pm·ecem em média 20 pessoas, que rezam o terço em cada visita. A s imagens vi sitarão, portanto, 1200 pessoas por dia. São católicos de todas as classes sociais e dos mai s distantes pontos cio País, que rezarão o Terço pedindo a Nossa Senhora também pelos benfeitores dessa peregrinação. Ao final de um mês, terão sido rezados 36 mil Terços. Unamos pois nossos esforços nesse sentido!

Notícias da Campanha 1 - Foram lançados em junho os programas A Voz de Fátima n°•. 21 e 22, que narram a aparição do Anjo de Portugal aos três Pastorinhos de Fátima e contêm um alerta sobre a importância da Cruzada Reparadora do Santo Rosário. Também divulgam notícias do mundo católico e cartas dos participantes da campanha relatando graças alcançadas. 2 - Para o mês de julho já estão sendo lançados os programas n°•. 23 e 24. Contamos sempre com o apoio de todos os participantes, para que entrem em contato com a rádio de sua localidade e promovam a transmissão do programa na região . 3 - Expansão da peregrinação particular das imagens de Nossa Senhora de Fátima aos lares dos participantes, para o total de 20 imagens. 4 - Cresce a cada dia o número de pessoas que rezam o Terço nas intenções da Cruzada Reparadora do Santo Rosário . Para inscrever-se, ligar para a campanha solicitando o Formulário de Adesão e comprometendo-se a rezar o Terço todas as semanas. Os participantes re ce bem um Terço da Cruzada Reparadora e um livreto com o método para rezar com fruto o Santo Rosário.

Participe da Aliança de Fátima Participe você também da Aliança de Fátima . Nossa Senhora saberá recompensar quem ajuda a difundir sua Mensagem . Escreva, telefone ou envie seu e-mail para a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! e peça mais informaçõe s para ser um Memb ro da Aliança de Fátima . Ou participe como Benfeitor do Programa Radiofônico A Voz de Fátima, ajudando assim a propagar a Mensagem de Fátima pelas emissoras de todo o Brasil.

Plantão de Atendimento da Campanha: Tel. : (0 ** 11) 3955 -0660 . Internet: www .fatima.org .br

Endereço para correspondância: Rua Martim Francisco, 665 . CEP 01226-001 São Paulo (SP)

APPEU AN FRIEDRICH MERZ Fraktlonsvorsitzenden der COU/CSU.F Jctl 0

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Alemanha:

Jfomo•Ehc im Bun':; ~:~ndct man darobcr, da! mnn mitaJachcn u.G antktuisthcbe Und ruch1 verfi Besttzt hat Tncks und clnc N11eht-w1 • m lc, wic dic l'O(grClnc KoaJJuoo dic i?u11cr dcull1chcr D1c ror rOnllSS\ut~onformc Projckt der Bcvõllc;c d Nebel-A.l:t1on wa.rcn nõtig. um d1 2;,:trorterc.n Eincs wird d.1duC: cm, der alie Minei Olllnut!, ~ ~~ion - d,c s1ch tbr libcntl htllt Dltter Neomac:hl 11· crstrcb1c •dcolog1schc Z1cJ 7.ll gclanscn IISChland cincn poh115ehc11 Stil

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pes de esperteza, e ação conduzidos à sorrel fa, No final do ano passado, a coalizão governamental vermelho-verde (formada pelo Partido Socialista Alemão e pelo Partido Verd e) aprovou, em regi me de urgên c ia , uma lei concedendo aos "casais" homossexuais direitos que são exclusivos da instituição familiar. Contra essa lei, que brada aos céus e clama a Deus por vingança , a DVCK (Deutsche Vereinigung für eine Christliche Kultur - Associação Alemã por um a Cu ltura Cristã), entidade co-irmã da TFP brasileira, publicou em diversos jornais e revistas da Al emanha - entre eles o prestigi oso "Die Welt", com tiragem de 280 .000 exemplares - um manifesto do qual apresentamos ao lado alguns excertos.

u:ho11 om /O JJ lllr Al,sti r ~ l!ln Bu11desrag tu,r 11,JO lO(){) (d,, H>tnü dr, Oppos,tion 1tnd >f't!rtkn, also nur Í, T4Ktt ~t!:r;;at() "º'8t!I~ und ,fOlltr IJa- R tt!htsausscl,u_J e t! ne Zrit, licl, #ffitknJ • e rotgron • Kn4 /Jtlon ai, Ahstimnutn(f, Da, : ; Bu,, de.r1ag t!rltidt dlr Ganu~o grgn, túu Ganz UI artlk11 J/tl'ffl. ,: 111 11 1 I st Vctfal,rensm4,,llt!I ::,. ,,. " "i/l dut l/nion ous p,.0 ;::,ird:, : :.... aLro t.H-,e1 Tag# Ih, Kru,t!t' dr, ilUGt!S4Jttt acJ,1 6t!tdl rJJ llnd wo,f dr, S PD

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Pare o "casamento" homossexual!

Indignação e horror é o que se sente, ao ver com o a coalizão rubroverde fez aprovar no Parl amento Federal a lei autorizando o "casamento" hom ossexual. Gol-

tSmu, wurde im PaJI d U Das Gesa:, ''" llomo-,.EJ,~ H'U d, d cr omo-E:hc JcnaJlhart •ntt'Jt'1nd1:

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Apelo a Friedrich Merz, Presidente da bancada da União CDU-CSU no Parlamento Alemão

Prezado Sr. Merz!

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Empõrun3 UOd En

combate à legalização da chamada união homossexual" Tem encontrado excelente acolhida junto à opinião pública alemã o manifesto de associação co-irmã da TFP brasileira denunciando táticas escusas para aprovação de lei que equipara os "parceiros homossexuais" aos casais legitimamente constituídos

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foram necessários para impor ao povo esse proj eto de caráter anticristão e inconstitucional. Um ponto, porém , fica cada vez mais cl aro: a coal izão rubro-verde, que se tem por liberal , está introduzindo na A lemanha u\11 estilo político que se utiliza - segundo os princípios m aquiavélicos - de todos os meios para atingir seus objetivos i deol ógicos. .... ·

O texto continua com explicações dos métodos "neo-maquiavélicos " empregados por parlamentares alemães para apressar a aprovação do chamado "casamento" homossexual, demonstra a inco nstitucionalidade de ta lei e conclui com uma denúncia e um pedido : "A coalizão rubro-verde empreende sorrateiramente uma revolução cultural radical segundo as máximas da revolta estudantil de 1968. Esta jamais escondeu sua hostihdade à família, e sempre exigiu alternativas novas: amor livre, comunas, m ães e pais solteiros etc. Ora, a

coalizão rubro- verde está se propondo ancorar institucionalmente essas novas "formas de parceria " na Alemanha, e assim empurrar sistematicamente para o fundo a família cristã tradicional. "Por isso, pedimos-lhe que esgote todos os meios parlamentares e recursos de opinião pública, no sentido de barrar a lei sob're o "casamento" homossexual e impedir outras iniciativas da coalizão rubro- verde de introduzir na Alemanha outras alternativas para a instituição familiar. " ♦

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TfPs EM AÇÃO

Na Inglaterra, intrépida atuação pública da TFP Manifesto da TFP britânica denuncia vazio ideológico no recente debate eleitoral realizado no Reino Unido

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que nos tratar como uma nação que só tem estômago ? O

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esse processo acelerou-se no governo trabalhi sta, com sua legislação até ia. Ta l processo é o sorrateiro tributo que realmente mina os alicerces do bem-estar nacional. Agora esta mos co lhe ndo seus frutos amargos. O primeiro passo para resolver os problemas sociais é a volta à observância inte ira ela Lei de Deus e aos valores morai s sadios, baseados e m ta l Le i. "Buscai, pois, em primeiro luga,; o rei-

alocução à Nobreza e ao Patriciado Romano: "A História j á pro vou cruelmente que toda sociedade humana, sem f imdamentos religiosos, corre inevitavelmente para sua dissolução e termina no erro."

Para evitar as crises: invocar bênçãos divinas e não aplicar medidas atéias

A carência de fundamentos religiosos ficou notóri a recentemente, nas re)!TI tJ-.., ~ comendações das autoridades go_vernam_entais e ele líderes da Igr~'"""""", ,,........ Jª Anglicana para que fossem evitadas as cerimônias reli giosas dominicais por causa da epidemia da fe bre aftosa. E m o utros te mpos, sempre que havia uma praga ou uma cri se nacional, o povo aflu ía às igrej as e fazia procissões para implorar o auxílio de Deus. E a Hi stória atestou a eficác ia dessas ações. Como é triste, e sintomático do estado de nossa sociedade até ia, o fa to de que os líderes nac ionais proponham ele fo rma ostensiva o rumo oposto. Esperamos, de todo coração, que o povo in glês não se de ixará iludir pelas vantagens econômicas do atual governo, nem pelas pro messas vazias de todos os partidos políticos. Mas que exij a, do vencedor da e le ição, que repo nha no centro das urgentes reformas legislativas, soc iais e morais a Lei de Deus e os valores mora is, baseados na orde m natura l. Só ass im nossa nação obterá a verdadeira prosperidade e a verdade ira paz. Nesse sentido, aplaudimos o recente docume nto da Confe rênc ia Epi scopal da Inglaterra e País de Gales, intitulado Voto pelo Bem Comum. Acima: Fac-simile do "The Daily Te/egraph". Num a época ele incertezas e de deEsse prestigioso diário londrino estampou sestabilização unive rsa is, M aria, a Mãe o manifesto da TFP britânica à p. 3 de seu de Deus, cuj os numerosos santuári os primeiro caderno, no dia 31 de maio último. adornam a Pátri a, ajude- nos a restaurar a nação como um farol de santidade e no de Deus e a sua j ustiça, e todas estas estabilidade, mante ndo vivas nossas tracoisas vos serão dadas de acréscimo" (Mt, 6,33) . dições cri stãs e guia ndo- nos, com segul so el eve aco ntecer e m todos os rança, ao lo ngo cio novo milênio. âmbitos , no govern o, na sociedade e m Sociedade de Defesa da 1 gera l, na fa mília e na vida pessoa l. Com Tradição, Família e Propriedade razão Pio XII, em 1947, afirm ou e m

C!rJte~ JIQJ«~ ~tlt..9-r.a-ttJi

or ocasião das eleições gerais efetuadas na Inglaterra, a TFP desse país lançou um manifesto intitulado Por

documento foi publi c ado no "The Daily Telegraph" (com ti ragem de 1, 1 milhão), no "The Daily Mail" (2,3 milhões), e no "The Daily Express" ( 1 milhão), perfazendo o total de 4.400.000 exemplares. Além da difusão pela imprensa, a TFP fez campanha no centro de Londres - na Victoria Station, local de grande movimentação a qualquer hora do dia - distribuindo cópias do docum ento diretamente aos passa nte s, ocasião em que os coo perad ores da entidade receberam ca loro sas congratula çõ es por sua atuação. Oferecemos a seguir alguns trechos do referido manifesto, que continu a despertando muito interesse por parte de pessoas preocupad as com os novos e caótico s rumo s qu e o Reino Unido vem t om ando .

M as não tem ido assim! Trabalhistas e co nservadores, e m a mplíss im a medida, 1imüa.ram suas plataformas ele itorais a ass untos de produção e consumo . .... Pretender que a economia e os serviços públicos - por mais importantes que possa m ser - sej am os as untas centrai s, é tratar o povo in glê co mo se e le tivesse apenas estômago e fosse pri vado de dimensão moral o u ideológica. O sa udoso Professo r Plíni o Corrêa ele Olive ira, fun dador da Soc iedade Bras ile ira ele Defesa ela Tradição, Famíli a e Propriedade (TFP), e m e u li vro Nobreza e elites tradicionais análogas, ressa lta: "As f'át uas teses de que a prosperidade é sempre o principal esteio da ordem e do bemestar dos povos, e a pobreza a principal causa das crises que estes atravessam, desmentem-se f acilmente à vista do que sucedeu. na Europa do segundo pósguerra."

Tributo sorrateiro mina

os alicerces do bemestar nacional

Por que nos tratar como uma nação que só tem estômago? Convocadas pelo Primeiro- ministro as eleições gerais para o dia 7 de junho, a Soc iedade de Defesa da Trad ição, Família e Propriedade apresenta à opinião públi ca inglesa algumas considerações re lativas à fa lta de co nte údo mora l e ideológico no debate e le itoral. Tem-se a impressão de que os vários partidos políticos de liberadamente procura m evitar a causa verd ade ira cios pro ble mas de nossa nação, ao mesmo tempo que levam adiante reformas que a prejudicam. Ning ué m nega que está e m curso uma grave cri se soc ia l e moral. A im pre nsa di ári a está repl eta ele notícias a respe ito: o cresc ime nto cios crimes viole ntos; o aumento cios probl e mas ele alcoo li smo e drogas na juventude; cri-

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anças que ma ltratam o u até matam outras c ri a nças; o fim da institui ção da fa míli a e da vida fa mili ar; a abolição ou reforma de leis re lativas à mora li dade pública; os procedime ntos terapêuticos de cl o nagem; a liberação da pílula do di a seguinte. A li sta a in da poderi a ser ma io r.

Por que o problema real não é colocado no debate eleitoral? O cao mora l e social é o pro blema real subj acente a todos os outros, e é e le que deve ser enfrentado, se queremos ver no so país pr gred ir. O povo inglês te m o dir ito ele esperar que as so luções para essa· qu stõe gravíss imas estej am no centro cio debate e lei torai.

Presenc iamos nas última décadas um abandono quase tota l da mo ra l idade fu ndada na ordem natural, testada pelo tempo, e na Lei ele Deus. E

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Na TFP,

"É preciso que se arrependam e se emendem de seus pecados." "Os pecados que mais levam almas para o inferno são os pecados da carne."

destaque especial ao primeiro 13 de maio do milênio e homenagem

"Deixem de ofender a Nosso Senhor, que já está bastante ofendido". "Virão modas que ofenderão muito Nosso Senhor".

Paladina na divulgação da Mensagem de Fátima, a TFP, seguindo os passos de seu inesquecível fundador, Plínio Corréu de Oliveira, quis marcar de modo particular o primeiro aniversário, neste novo milênio, do ciclo de aparições da Virgem Santíssima, ocorridas no ano de 1917 em Portugal

ampanha Vinde Nossa SenhaFátirna, não tardeis ' , empreendida pe la TFP, promoveu nas cercan ias de São Paul o uma cerimôni a que deixou enormes saud ades cm seus 320 participantes: uma comemoração do 13 de maio. Iniciou-se às 19 h com um audiovi sual sobre Nossa Senhora, deno minado Invoque Maria, dese nvolvendo be lo tema de uma oração de São Bernardo. Após o audiovisual, os prese ntes puderam contemplar um solene cortejo, encabeçado por doi s grandes estandartes da TFP, seguidos por vários jovens portando tochas. Ao som da histórica marcha ele Santa Joana d' Are por ocasião de sua entrada na c idade de Orleans , uma imagem peregrina ele Nossa Sen hora ele Fátima chegou numa be la carruage m ornamentada co m flores,

"ª de

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CATO LIC ISMO

"Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!"

Na foto superior: chegada da imagem de Nossa Senhora de Fátima, numa carruagem, junto com os três "pastorinhos" Foto inferior: cortejo com a imagem de Nossa Senhora, precedido pelos três " pasto rinhos"

Momento ai gre, porque os que crêe m inte iram e nlc qu e Nossa Senhora cum prirá o qu prometeu, os autênti cos devotos dE la, estão convencidos de que o ma l não vencerá . Poi s, ainda que chegue o mo mento 111 que os ma us pareçam vencer inLe iram •nte, serão derrotados por um a intcrv ·11ç, o espetac ular de Nossa Senhora . Em outras palavras, os fi é is devotos da Vir ' 111 de Fátima estão animados pela só lida 'Sperança de que, quanto mais o mal avança, mais se aproxima e le de sua inexoráve l derrota.

Re tom a ndo sua expos ição, o S r. Marcos Lu iz Garci a exa ltou a incomparável mi ssão das mães católi cas, de educa r filh os segundo as Le is de Deus. Lembro u que cada cri ança que nasce é uma im agem ele Nosso Senhor Jes us Cristo. Ele teria sofrido toda a Paixão por cada uma delas. A mãe cató lica aj uda ass im a povoar o Céu. E la é também um símbo lo da Santa Igrej a Cató1ica Apostó li ca Ro ma na e , e m ponto peq ue no, uma representação de Nossa Sen hora, conforme o tex to de um a poes ia dec lamada na ocas ião por duas crianças presentes. Foi ta mbém rezado um Terço impl orando a Nossa Sen hora que apresse ao máximo o cumprime nto de sua Mensagem, intervindo para tanto nos acontecimentos e proclamando o triunfo de seu Imaculado Coração.

Uma das mães rezou, em nome dos presentes, uma bela oração, rogando a proteção mariana para as famí]jas de todos.

Flores para a Mãe das mães Inesperadamente, uma cena de conto ele fadas . Entrou um marajá de sete anos, "rica mente" traj ado, seguido ele uma mini-charrete arti sticamente carregada ele flores, puxada por um mini-pônei e guiada por um pajem de c inco anos, vestido como num sonho. Trazi am lembranças para as l 00 mães presentes. Os filhos entregaram às respectivas mães duas rosas, numa cena de singela alegri a e afeto filial. Em seguida as mães prestaram homenagem a Nossa Senhora, oferecendo-Lhe uma de suas rosas, como símbolo de sua entrega e a de seus fi lhos a Ela. Este momento fo i marcado por parti cul ar emoção. Simboli zando o triunfo do Imaculado Coração de Maria, ao som do cântico ele Nossa Senhora - o Magnfficat-, o céu negro fo i iluminado por belíss imos fogos de artifício, enq uanto a Virgem Santíssima, representada por sua imagem, era calorosamente aplaudida. Um bolo de 80 quilos, decorado com motivos lembrando a Cova ela Iri a, serviu para a confratern ização fin al. Foi como uma prelibação cio ambiente ele elevação e virtu osa alegri a que hão ele prevalecer nos dias que deverão seguir-se aos nossos, tão carregados de tri steza e fru stração. ♦

Palavras de Nossa Senhora em Fátima a ·ompan ha la de três cri anças representando os pasLori nhos e ladeada por guar. das ele ho nra.

Tristeza e alegria Colocada a imagem sobr uma azinheira, e os pastorinhos li sposl s cl maneira a evocar o ambiente da ova da Iria, o coordenador da Ca mpanha, Sr. Marcos Lui z Garcia, proferiu algumas pa lav ras sobre o sentido, ao me mo tempo tri ste e alegre, ela comemoração. Mome nto tri ste, po rque vivemos

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di as caracterizados po r uma indifere nça qu ase co mpl eta quanto aos apelos, adve rtênc ia · e ameaças feitos por Nossa Se nhora c m Fátima. Leis profunclamcnlc contrárias aos Mandamentos ele Deu s foram aprovadas e vigoram no Brasil e e m todos os países da Cristandade. Aí estão a criminalidade, a droga, a a id s e o vertiginoso avanço de princípios marxi stas e soc ia li stas em nossa soc iedade, para comprovar este enorme distanciamento dos homen s em relação a Deus.

A essa altura, os Pastori11/w.1· interromperam o fluxo da expos iç10 verbal para recitar, de memória, frases que ouviram de Nossa Sen hora:

"Quero que rezem o terço todos os dias" "Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoçt o ao meu Imaculado Coração."

CATO L IC IS MO

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• Via Sacra

Luci sull'Est:

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CATO LICIS MO

Leitura altamente recomendável

• 155.000 para a Ctá l ia

1O anos de atuação no Leste Europeu

F

undada em Roma, e m 1991, a assoc iação Luci sull'Est ("Luzes sobre o Leste"), inspirada na obra de P linio Corrêa de O liveira, conta com a paiticipação de cooperadores da TFP do Ufjicio Tradizione Famiglia Proprielà e atua em colaboração com a TFP francesa. Uma de suas principai s finalidades é aj udar espiritua lme nte aque les povos que viveram escrav izado durante décadas pelo comuni smo e impedidos de prati car a verdadeirn Reli g ião Católi ca. Co m a queda da Co rtina de Ferro , começara m a chega r à TFP inúmeros ape los - como e te: "Não nos deixem sós, façam algo por nós" - vindos de países ex-comuni stas. Isto a partir de1991, após a campanha da TFP promovida pe lo Prof. Plinio, na qua l foram coletadas mais de 5 milhões de ass inaturas pela libertação da Lituâni a do jugo comuni sta . Aba ixo-ass inado que mereceu ser incluído no Guiness Book, o li vro dos recordes. Por inspiração de Plinio Corrêa de Oliveira, algumas associações de leigos fora m fund adas - dentro das fac uldades co nced idas pe lo Códi go Canôni co aos le igos católi cos - para auxili ar na re-e va nge li zação e co ncede r ampa ro àq ue les povos oprimido . Um dos meios pai·a concretizar esse auxílio tem sido o envi o de caravanas de cooperadores da TFP àqueles países ain da devastados, para tomar contatos, di stribuir objetos relig iosos e livros, sobretudo pai·a a boa formação daqueles que padeceram nas densas trevas da ig norânc ia e do ateísmo. Diversos Pre lados tê m incentivado essa obra meritória. E m sua ação ao longo destes últimos 10 anos, Luci sull'Est di stribuiu - incluindo a Itália - a impress ionante cifra de livros catalogados, nesta e na página seguintes, levando ass im conforto espiritual àque las almas traumatizadas pelo sofrimento suportado durante três gerações sem ori entação re li g iosa.

Plínio Corrêa de Oliveira

Revolução e Contra-Revolução Plínio Corrêa de Oliveira

. • 3.000 para a lt;'í li a

Mais de 2 milhões de livros religiosos distribuídos em países além da antiga Cortina de Ferro, até há pouco dominados pela tirania comunista

Tratado da Verdadeira Devoção · à Santíssima Virgem São Luís Maria Grignion de Montfort

• 5.000 para a Itá li a

Dom Jean-Baptiste Chau tard

• 2.000 para a ltál ia

*

*

*

• Distribuição de pequenas imagens de Nossa Senhora de Fátima História de Jacinta

• • • • • • Fátima: Mensagem de tragédia ou de esperança? Antonio Augusto Borelli M achado (Livro sobre as aparições de Nossa Senhora em Port11gal)

• • • • • • • • • •

550.000 exemplai·es para a Rúss ia 110.000 para a Litu ânia 70.000 para a Ucrâni a 10.000 para C uba 180.000 para a Itáli a 5.000 para a Estôni a 40.000 para a Letôni a 10.000 para a Pol ôni a 30.000 para a Croác ia 5.000 para a Romêni a

Livro da Confiança Padre Thomas de Saint-Laurent

• 110.000 para a Rússia • 50.000 para a Lituânia • 40.250 para a Itáli a

Livro sobre o Santo Rosário

• • • • • • •

15.000 para a Rúss ia 135.000 para a Itá li a 30.000 para a Lituâni a 10.000 para a Albâni a 5.000 para a Croácia

História Sagrada São João Bosco

• 10.000 para a Ucrânia • • 60.000 para a Rú ssia • 25.000 para a ftália

5.000 para a Est Ani a 10.000 para a Ucrânia 10.000 para a Letô ni a 20.000 para a Litu âni a 30.000 para a Rússia 85.000 para a Ctá l ia

• • 62.000 Distribuição de estampas grandes de Nossa Senhora de Fátima

• 12.000.000 Distribuição de Medalhas • Milagrosas de Nossa Senhora das Graças

• 90.000 Distribuição de Terços • (Co11111111 op1Ísc11l0 sobre o modo de rezar e 111editar o l?os6rio)

• 5.000 1 ara a Rúss ia • • 20.000 para a Litu âni a • 70.000 para a Itá lia

História de Francisco de Fátima

• 20.000 e m itali ano

• •

Catecismo

• 50.000 para a Ucrâni a

P

/inio Corrêa de Oliveira: Previsões e Denúncias - em defesa da lgreia e da Civilização Cristã. Este é o título da obra de Juan Gonzalo Larraín Campbe11, lançada pela Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. O referido livro contém uma coletânea de artigos do autor, já publicados em nossa revista. Gonzalo Larraín mostra como o Prof. Plínio fez "sobre os mais varia-

A Alma de todo Apostolado

Procissão promovida por Luci sull'Est em Lviv (Ucrânia)

Publicado livro sobre o discernimento político providencial do fundador da TFP

A lé m di sso, Luci sull'Est te m rea li zado I regri nações com uma cópia da Image m Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, a q ua l é recebida em muitas cidades por milhares de fié is q ue hav iam sido pe rseguidos pelo antigo regime comuni sta. Nota: Aqueles que desejarem maiores informações sobre Luci sull'Est podem obtêlas no site: www.lucisullest.or_g

dos assuntos, incontáveis prognósticos e previsões - os quais constituíam freqüentemente brados de alerta ou denúncias oportunas sempre em defesa da Igreja e da Civilização Cristã. "O curso da História foi-se encarregando de confirmar essas predições, consignadas em livros ou publicadas nas páginas primeiramente do "Legionário" ( 1929- 194 7), e em seguida nas de Catolicismo (1951-1995), da "Folha de S. Paulo" (1968-1990) ou de outros jornais". Catolicismo aconselha vivamente, aos leitores que queiram melhor conhecer diversas dessas excepcionais previsões de Plínio Corrêa de Oliveira, a aquisição da mencionada obra, de 87 páginas e com ilustrações. Pedidos podem ser feitos à Artpress: Rua Javaés, 681 - 01130-010 São Paulo - SP Fone : (011) 220-4522 Fax: (O l l) 220-5631

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C ATOLIC IS MO

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No quadro de Agnolo Bronzino (à direita), o vestido não exibe nenhuma costura aparente (Nationalgalerie, Praga) Detalhe da pintura de Luís XIV - Hyacinthe Rigaud, Museu do Louvre, Paris

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Civilização de outrora versus

civitiz~t}a(J fn(J~ern~ Plinio Corrêa de Oliveira

Para se compreender bem a difere nça entre a civilização de outrora e a moderna, podemos anali sar, por exe mplo, o pape l da costura na moda francesa do Ancien Rég ime* e na moda norte-americana. N a mod a fr a ncesa, quanto me nos a costura aparece, mais bonito é. Porque as coisas devem dar impressão de inteiras e não modeladas, porta nto espontâ neas. E quando não há remédio senão aparecer a costura, na moda antiga co locavam-se sobre e la al a. mares de ouro e de prata, para dar a entender que aque la roupa não tinha sido costu rada, que era um tecido homogêneo no q ual, de modo natural , o nobre tinha e nLrado. Tudo se passava co m toda a natu ra lidade.

O mes mo princ1p10 ap li cava-se na co nfecção de ca lçados: sapatos de verni z, com sa lto a lto e verme lho, adorn ados co m five las de ouro ou de prata. O verdade iro e ra dar a idéia de que o sapato não tinha costu ra, de maneira tal que a única que aparecia era atrás, porque inevitáve l. E a me nor poss ível, ele fo rma que só urna pessoa com olhar ag udo percebesse ...

* * * A moda norte-americana transformou a costura, não di go em adorno, mas numa pretensão de ado rno. O bolso das ro upas é posti ço por fora, para tornar a costura aparente. O que outrora se escondi a, hoje é tran sformado numa tentativa inábil de enfe ite. • Quanto aos calçados, observamos es-

ses sapatos - essas "chanca " d nossos di as - e m que a costura é exibida no p ·il o cio pé, de fo rma bi ante, e a inda ·0 111 11111 babado ! [E, a f ortiori, esse co m nl (t ri o Sl' aplica aos atua is têni s, tão gen •ra li :1,11dos l 1 Assim , através da moda, li ·n 111 ·111·11 · teri zados dois mundos, du as po ·us. A cio Ancien Régime a po ·11 d11 1111 turalidacle di áfana, leve, ri sonh o • ul11·11 pensada. A outra ... Excertos da conferência prof rlcl p1 1 1 Prof. Plinio Corrêa de Ollv Ir p r e cooperadores daTFP, m 10 d junh cl 1969. Sem revisão do autor. hama-sc A 11 ci1'11 N11,i/11w o 11 11111'1111')!11111• p11

(*)

lít ico-sociul v i •(· 111 ,· 11 11 1-'1 11 11,11. 1111 1 p11,·11 a nte rior i.\ Ri.:vo lu,1111 d1· I /K 11 l<1•l1 •il11d11 ,, 11 essa <po ·a. 111 11 1'1 ·11 11 • ~ 1111 d111111 11• 1•111111•1111111 "

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1951 2001


A maravilhosa Assunção de Nossa Senhora A realidade concisamente

1O•

Doping de atletas da antiga Alemanha comunista • Jospin agora reconhece: manteve relações com organismos trotskistas

'11. Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso

de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial"

e

om essas imorredouras palavras, o Santo Padre Pio XII definiu o dogma da Assu nção da Santíssima Virgem ao Céu em corpo e alma, solenemente proclamado no dia 1' de novembro de 1950, pela Constituição dogmática "Munificentissimus Deus". A mais importante festividade mariana deste mês é a celebração dessa gloriosa subida ao Céu. Em recordação do grandioso acontecimento, oferecemos a nossos leitores o seguinte excerto de uma palestra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 14-8-65:

*

*

*

"O dogma da As unção de Nos a Sen hora fo i ardentemente desejado pelas al mas cató licas do mundo inteiro, porque é mais uma das afirmações a respeito da Mãe de Deus que A coloca completamente fora de paralelo com qu alquer outra mera criatura e justifica o culto de hiperdulia que a I greja lhe tributa. " Nossa Senhora teve uma morte suavíss ima, tão suave que é qualifi cada pelos autores, com uma propriedade de linguagem muito bonita, a "Dor-

mição da Bem-Aventurada Virg rn Maria" ( Dorrn.itio 13 •a !Cf? Morioe Virgin.e), indi ando qu ' Ela 1 ·v' unw . morte ião suav ', IH) pr >Xi 11111 du r ·ssu1riçiio qu ', up ·surd ' ·onstituir v ·rdud ' ira 111ort ', ·nt r ·lunt o 111 ais par ' ·ida u um sirnpl •s so no. Nossu S '· D1•f,1IIH• ,to l'<•I.Hm/o 1111'/llcv,1/ ria lqrt'},1 r/1• No~~., S 11hor,1, Cr,, óvl,1 (Po/611/,1) Vcll Slos~ (1440-1533). Na pMte conll',11 do rnl,ib11/o, a representação d,1 Dormiçao <la Santfssima Virgem e de Sua Ass1111çfío.

nhora , d p is ela morte, ressuscitou como Nosso Senhor Jesus Cri sto, fo i c ham ada à vida por Deus e subiu aos Céus na presença de todos os Apóstolos ali reunidos, e de muitos fiéis.

Internacional

12 Que

Nossa capa:

rumo seguirá o governo Bush?

Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo Plinio Corrêa d Oliveira

O gáudio da Igreja triunfante (no Céu), da Igreja militante (na Terra) e da Igreja padecente (no Purgatório) "Essa Assunção representa para a Virgem Santíssima um a verdadeira glorificação aos olhos dos homens e ele toda a hum anidade até o fim do mundo, bem como proêmio da glorificação que E la deveria receber no Céu. "A I greja triunfante inteira vai recebê-la, com todos os coros de anjos; N osso Senhor Jesus Cristo a acolhe; São José assiste à cena; depois E la é coroada pela Santíssima Trindade. É a glorifi cação de N ossa Senhora aos olhos de toda a Igreja triunfante e aos olhos de toda a I greja militante. Com certeza, nesse dia, a Igreja padecent e também r ·ceb u uma efu são d ra ·as 'x l raord in árias. E não tc111 ·r6rio p ' nsar qu • quas todas a. al11111s qll · 'stava 111 no I urgatório foram 'n t t o I i lntadas por Nossa Senhora n ·ss • dia , de maneira que ali houve igualmente uma alegria enorme. Assim podemos imaginar como foi a glória de nossa Rainha. "A l go disso repetir-se-á, creio, quando for in staurado o Reino de Maria, quando virmos o mundo todo transformado e a glória de N ossa Senhora brilhar sobre a Terra".

Na parte inferior da capa, à esquerda, fac símile da capa do livro Harry Potter e o Cálice de fogo de J. K. Rowling, Editora Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2001

Nacional

14 Nova

tentativa para engajar jovens na esquerda católica

Atualidade

São Bernardo - Nuits - St-Georges, Abadia de Cister (França)

16 O

"apagão" da luz da inteligência ...

Excertos

2

A glorificação de Maria Santíssima com a Assunção

Carta do Diretor

4

Capa Potter: o crepúsculo das fadas - a aurora dos bruxos

cubano devolve a menina Sandra a seus pais, no Brasil

TFPs em ação

29 São

Bernardo - Pilar da Cristandade medieval

Nossa Senhora de Aglona e a resistência ao comunismo na Letônia

7

34

A palavra do sacerdote

Diferença entre a Lei de Deus e as leis dos homens • Graus de malícia nos pecados

Pal estras no Hotel Glória, Rio de J an e iro, sobre Segredo de Fátima e atividades da TFP • Encontro de fim de semana na Fazenda de Amparo (SP)

32 Escrevem os leitores

Os três primeiros manda mentos do Decálogo

43 •

Santos e Festas do mês

Leitura espiritual

8

39 Governo

Vidas de Santos

Página Mariana

5

Entrevista

19 Harry

Ecos de Fátima

35 •

Em Verona, fiéis pedem retorno à Missa tradicional • Sacrílega representação de Nossa Senhora • Avança a Cruzada do Rosário

Ambientes, Costumes, Civilizações

48 Imagem

de Nossa Senhora realça noção de maternid ade

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PÁGINA MARIANA

Com a palavra ... o Diretor Amigo leitor, Poderi a alguém imaginar, há 10 ou 20 anos, que os contos de fadas não mais fari am sucesso, suplantados que seri am pelos contos de bru xas? E que a luta entre o Bem e o Mal, representada na maior parte das histórias infa ntis de outrora, seri a substituída pela exaltação do Mal... contra o Mal? Os contos de antigamente constitu ía m poderosa aj uda para a edu cação das crianças, incutindolhes ensinamentos preciosos, vários dos quais influenciava m beneficamente suas condutas durante toda a vida. E seus autores tinham em gera l a noção de estar tra tando com um tesouro precioso, que exigia toda espécie de cuidados: a inocência infa ntil. Mas a avassaladora e generali zada decadência moral e espiritual dos dias de hoje não poupou nem os contos de fadas. Assim, a Cinderela, a Branca de Neve, o Chapeuzinho Vermelho fora m sendo substituídos por monstros como os Pokérnons, Shrek, elo film e prod uzido no estúdio de Steven Spielberg, denominado Dream Works, as hi stóri as do bru xo Harry Potter e outros. Os personagens e os enredos são rebarbativos e até ignóbeis, opostos à boa fo rmação mora l a que têm direito crianças e jovens, principais vítimas atuais dessa onda degrada nte. Através de imagens, maldosa quando não diabolica mente elaborados, as cri anças, de modo parti cular, absorvem os horrores neles contidos, como se consti tuíssem um novo mundo encantado, na escala negativa, desenvolvendo em seu subconsciente o gosto pelo sórd ido e pelo horripilante. Os mestres da espiritualidade dizem que a vida espiri tual nunca estaciona. Ou progri de ou regride. Então, a que se reduzirá a vida es piritual de cri anças que entram em contato com li vros do gênero Ha.rry Potter, nos quais a bruxa.ria, as coisas macabras, horrívei · e nojentas são apresentadas como normais e até mesmo como padrões ideais de aperfeiçoamento espiri tual? Que conseqüências tremendas, convém ressaltar, tal desvirtuamento acarretará para a for mação moral e espiritual das crianças ! Ao mesmo tempo em que são boicotados os tradicionais e inocentes contos infantis, a míd ia, em uníssono, proclama e propaga a onda negra de Harry Potter, estimulando o consumo maciço de tais livros. E a autora desses anticontos de fadas, até há pouco uma desconhecida, tornou-se em tempo recorde, como que por um passe de mágica (ou de bruxedo?), uma personali lade mundial, fascinando multidões ... Tal notoriedade faz lembrar certas mani festações hi stéri cas em torn o de alguns pop stars que, saídos do anonimato, tornam-se de um di a para o outro ído los ele multidões frenéticas que gritam, estertoram, agüenta m fil a in t rm ináveis ele bilh t ria, m ntam plantão nos hotéis onde eles e hospedam, e se entregam a um tipo ele cul to idolátri co em relação a eles. Não ser ia lícito levantar a hipótese até de uma fo rte influência pretern atural (ou seja, di abó lica) em tud o isso? A coleção Harry Potter, que so b di sfarces de aventu ras difunde a bruxari a e a magia negra num contexto de histórias infa ntis, entrando em choque aberto com os princípios cató licos, já ocas ionou imensas fil as às livra ri as em alguns países. Milhares de pessoas enfre ntara m o fr io euro peu das madru gadas para comprar tais livros, quando de seu lançamento ! Na matéri a de capa desta edição, o leitor encontrará valiosas info rmações que o ajudarão a refletir seri amente sobre a questão Harry Potter e as verd adeiras causas desse alvoroço ela mídia em relação a uma obra tão rejeitável. E também tomar conhecimento de uma anMi se crítica sobre o tema, que lhe fo rnecerá orientação segura, dificilmente apresentada em qualquer outra rev ista. E m Jesus e M ari a,

9~7 Paulo Corrêa de B rito F ilho D IRETOR

Durante o mês de agosto, é muito comum realizarem-se peregrinações na parte leste da Letônia. Num país de maioria luterana e atéia, não deixa de ser surpreendente observar grupos de 50, 100, 500 e, muitas vezes, milhares de peregrinos católicos rumo ao Santuário da Mãe de Deus de Aglona.

P

oderi a causar estranheza q ue num país de ma io ri a lute rana como a L e tô ni a a popul ação a inda tenha o rg ulho de denominar sua pátria como Terra Mariana - títul o dado pe lo Papa Inocêncio III, e m 12 15. De tal for ma um título co nced ido pe lo Papa é ho nroso , que até por org ulho os não católicos (comuni stas, protestantes, ate us etc.) não aba ndo na m esse no me , e mbora contrári o às suas convicções ! O mesm o aco rre na I nglaterra, o nde a R a inha, de re lig ião a ng licana, oste nta o título de Defensora da Fé, d ado pelo Papa q uando aquela nação era cató lica ... A ma ior man ifestação reli g iosa na Terra Mariana de Letôni a é a festa da Assunção da Virge m, di a em q ue E la é cele brad a so b a invocação de Aglona.

Vej a mos como nasceu essa devoção, que tanto marca aque la nação a inda nos prese ntes di as.

País nascido de uma cruzada Q ua ndo se fa la e m c ru zada, to do mundo pe nsa na Te rra Santa. É natu ra l, poi s as c ruzadas mais impo rta ntes vi sara m rec uperar o Santo Se pulc ro de Nosso Senho r Jesus C ri sto e m Jeru salém . O q ue po ucos sa be m é g ue houve cru zadas vito ri osa s e m duas reg iões fo ra da Terra Santa, da ndo orige m a vários países. U ma de las é a P e nín sul a I bé ri ca, o nde a cruz ada da Re conqui sta te ve com o conseqüê nc ia a formação da Espanha e de P ortu ga l. A o utra reg ião fo i a do mar Báltico, onde a s cru zadas de ra m o ri ge m à fo rm ação das a tua is Le tôni a e

Igreja e Mosteiro de Nossa Senhora de Aglona. No destaque: quadro de Nossa Senhora de Aglona.

Estô ni a. Esta última c ru zada é praticame nte desconhec ida hoj e fo ra da Europa, estando e la na o ri ge m da devoção de Nossa Senhora de Ag lo na. Q ua ndo o Bi spo Albe rto de Buxhoeved ini c io u seu a postolado para a conve rsão dos povos bá lticos, deparou-se com pagãos obstinados e muitas vezes bru tai s. Para defe nde r os cató licos nati vos da vingança dos pagãos, fund o u uma o rd e m mili tar, os Cavaleiros Porta-espadas. Teve e le o apo io dos Papas, que co locaram essa cru zada sob a proteção d a Virge m, concede ndo a todos os te rri tóri os conqui stados o título de Terra Mariana. Aos po ucos, com a ajuda de Nossa Se nhora e muita sagacidade, fo i o B ispo Alberto derrotando sucess ivame nte as tribo s, que fo rmaram o que hoj e é a Letô ni a. De ssas c inco tribos, só uma, a do s látga les, aux ili o u de form a ple na os cru zado s, e fo i a que me lhor assimi lo u o c ri sti anismo . M as com a apostasia dos cava le iros da O rde m Teutô nica para o luteranismo, e m l 525, todo esse esfo rço fi cou com-

eAToLIe Is

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prometido. Todas as tribos 1tornaram-se luteranas, seguindo o exemplo de seus governantes. Porém os látgales mal assimil aram a "nova religião". Ficaram nominalmente luteranos, mas com muitos costumes católicos, a ponto de serem os únicos que então conservavam com veneração o títu lo de Terra Mariana. Tão infeliz estado de coisas prolongou-se até que a Polôn ia católica, no fina l do século XVI, dominou a parte leste do país, onde moravam os JátgaJes. Sob o impulso de destacados jesuítas, a nobreza polonesa decidiu recatolicizar essa região. E, para obter esse objetivo, foi decis iva ad ifu são da devoção a Nossa Sen hora.

Na origem, quadro pintado por São Lucas Liderou essa verdadeira reconquista espiritual a nobre Jeta-Justina Sastod icka. Proprietária de numerosas terras, ela trouxe padres dominicanos da Lituânia para que pregassem e m toda a região. Doou-lhes um mosteiro com uma peque-. na igreja anexa, num lugar tão isolado que era chamado de Aglona, que no dialeto loca l significa Floresta ele Pinheiros. E mandou trazer um quadro hi stórico do Mosteiro de Trakai para ti rar uma cópia e colocá-la na igreja. Esse quadro da Virgem era uma pintura executada no século I pelo Apóstolo São Lucas, que o Imperador Manuel lJ de Bizâncio tinha enviado ao Grão Duque de Lituânia Vytautas, o G rande, como presente de sua conversão ao catolicismo. Até hoje não se sabe o que realmente aconteceu: se o quadro original vo ltou a Trakai ou permaneceu em Aglona, como é voz corrente no país. Muito se discute a respeito. O curioso é que ambas as imagens realizaram numerosos milagres. Porém, os partidários do quadro de Ag lona arg umentam que, de fato, essa imagem é a mais conhecida e popular, atraindo peregrinações dos russos e bielorussos católicos. Com os numerosos milagres - atestados pela lembranças colocadas atrás do altar aumentou a devoção, e em pouco tempo todo o povo da região, desccnd 'nt · dos antigos látgales, torno u-se ma ·içam •nt · católi o, permanecendo assim at hoj ·. 6

CATO LICI

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Mas a pintura ganhou uma importância maior ao tra n fo rmar-se em símbolo da res istência nacional. Com efeito, primeiro os czares ortodoxo (c ismáticos) e depois os co muni stas te ntaram eliminar a devoção à Santíss ima Virgem, mas não o con eguiram.

Nossa Senhora de Aglona: símbolo da resistência anti-atéia As dua deva tacl ras guerras mundiais que ocorreram durante o século XX afetaram profundamente a Letôn ia. Esse paí foi campo ele batalha em ambos os conflito , tendo perdido neles muitos de seus filhos. P ior que isso: durante a Segu nda Guerra Mundial a Letônia foi anexada à União Soviética, a qual lançou uma virulenta campanha para erradicar o catolicismo do país. Vários bi spos e padres foram aprisionados, alguns martirizados, e as peregrinações a Aglona foram proibidas por constituíre m, segundo os comunistas, "superstições do passado". Não hav ia lugar para Nossa Sen hora no Estado satânico da União Soviética. Porém, a devoção à Virgem e as peregrinações continuaram. Era uma fo rma de manifestar oposição ao comuni mo. Primeiro os sov iéticos expropriaram o loca l, transformaram o terreno e m Kolkhoz (*) e o convento em estábulo. Mas as peregrin ações não cessaram. Depois, em finais da década de 50, os vermelhos bloquearam as ruas, fec hando o trânsito. Mesmo isso não impediu que muitos continuassem a ir ao local. Para med ir a coragem desses resistentes, basta recordar o fato de terem os comunistas deportado, naq uela época, cerca de um terço da população para a Sibéria. E muitos dos que tentavam a peregrinação term inavam nas prisões. Depois eram deportados ou mortos. Reduziu-se o número de peregrinações, mas elas prosseguiram.

Comunismo impotente para extinguir a fé católica Em J 96 1, o governo comunista decidiu endurecer ainda mais a repressão. Expul sou as freiras que tinham conseguido sobreviver no local e chegou a queimar a valiosa biblioteca do antigo coo-

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vento. Mas uma oposição surda continuava. A atitude varonil dos católicos, especialmente do Bispo, Mons. Dulbinskis, despertava a admiração no resto ela população, mesmo entre luteranos ou ateus. A tal ponto que eles começaram a dar nomes católicos a seus filhos, mudando totalmente o costume-vigente até 1940 - de dar- lhes nomes pagãos. Também o o tum cios católicos de denominar o país de Terra Mariana fo i adota.do pelo restante da população. Os com uni stas, não co nseg uindo dobrar os católicos, mudaram de tática. Nos dias e m que as peregrinações eram maiores (sobretudo na festa da Assunção), distribuíam produtos em fal ta, com a finalidade de segurar os peregrinos nas cidades. Nesses dias, permitiam a ex ibição de filmes ocidentai s - o que era proibido nos outros dias. Ordenavam às escolas e universidades atividades obri gatóri as, sob pena de expul são. Mesmo ta.is exped ie ntes não detiveram as peregrin ações. Quando, em J980, come morou-se o 800º anive rsári o cio início da cato li cização da Letônia, a festa fo i celebrada e m Aglona. A polícia soviética. fico u quase sem meios para imped ir a comemoração, devido a.o enorme número de pessoas que se dirigiam ao Santuári o de Nossa Senho ra ele Aglona. Finalmente, em 1991, ruiu o Império Sov iético, mas o costume de visitar a Imagem ele Nossa Senhora de Aglona. permanece de pé. Por isso vemos, ainda hoj e, especialmente na fes ta da Assunção, multidões a ca minho da antiga Floresta. de Pinheiros, onde a Mãe de Deus os espera para abençoá-los e atender seus ♦ pedidos.

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Kolkhoz: kolleti vnoe kl,ozya Rstvo, fazenda coletiva diri gida por co muni stas na União Soviética.

Obras consultadas: William U rb an, The Balti c Crusade, L ith uani an Resea rch anel Stucli es Center, Chi cago (USA), 2· edição, 1994. Erik Christi ansen, Les Croisades Nordiques , Ecl. A lerion , 1996. Domenico Marcucci, Santuari Marian i d'Eu ropa , Milão, Ecl. San Pao lo, 1993. Valclis Veilancls, Latvija Kabata, Riga, Ecl. Preses Nams, 1995. Ro ger William s, Ba lti c S tates, ln si g ht Guicles, Lo ndres, 1995.

Os Mandamentos da Lei de Deus (1) O cód igo de compo rtame nto de todo c ri stão, que deveria ser o de toda a soc i, -.Jl.-~ edade, está consubsta nc iado nos 1OMa nd a me ntos da Le i ele Deus. Por isso, nunca é demasiado ne les in sistir, sobretudo numa época como a nossa, e m que as noções mais básicas da doutrina c ri stã estão quase esq uec id as . Essa é a razão pela qu a l aborda re mos nesta página tão impo rta nte assunto. Pa ra esse fim, utili zare mos o Ca tecismo Maior, promulgado por São Pio X e m 1905,

_,,,._,~!,'!!~~-=-==-=-~ = ~

spiritual

11que conserva ainda hoje um sólido valor doutrinal e

ascético1 e bem se adapta à estrutura atual do ano litúrgico1 não diferente do antigo em suas linhas fundamentais11. Rea lme nte 11constitui ele um documento histórico de perene valor exemplar para toda exposição do conteúdo doutrinal da fé 11 *. Trataremos ho je dos três pr im e iros Mand amentos, qu e são aq ue les que se refe re m m a is d iretamente a Deu s. Nesta e di ção e nas duas seguintes (nas quais serão tratados os se te o utros mandam e ntos), expo re mos exce rtos prin c ipa is desse famoso catec ismo, e laborado por ini c iat iva daqu e le Sa nto Pontífice .

Primeiro Mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas

" No início dos Mandamentos se diz 'Eu sou o Senhor teu Deus', para que conheçamo que Deus, send o o nosso Cria.dor e Senhor, pode ordenar o que quiser, e que nós, suas criaturas, somos obrigados a obedecer-Lhe. "Com as palavras do primeiro mandamento - 'não terás outro Deus diante ele mim' - Deus nos ordena que reconheçamos, adoremos, amemos e sirvamos só a Ele, como nosso supremo Senhor. "Cumpre-se o primeirn mandame nto com o exercício do culto interno e externo. O culto interno é a honra que se re nde a Deus com as fac uldades da alma, ou seja, com a mente e a vontade. O culto externo é a home nagem que se rende a Deus por meio dos a.tos exteriores e de objetos sensíveis. "Não basta adorar a Deus somente com o coração, in terna.mente, mas é necessário ainda adorá-Lo externa.mente, ao mesmo te mpo com o espírito e com o corpo, porque Ele é C riador e Senhor abso luto de um e de outro. "Do mesmo modo não pode haver de forma alguma o culto externo sem o interno, porque aq uele, desacompanhado deste, permanece privado de vida, de mérito e de eficácia, co mo um corpo sem alma".

Segundo Mandamento: Não tomar seu Santo Nome em vão

Es te ma nd amento proíbe: " 1º) de pronunciar o nome de Deus sem respei-

to ; 2º) de blasfemar contra Deus, contra a Santíssima Virgem e contra os Santos; 3°) ele jurar falsa ou desnecessariamente ou de qualquer modo ilícito. "Pronunciar o nome de Deus sem respeito quer dizer pronunciar este sa nto nome e tudo que se refe re de um modo especial a.o mesmo Deus - como o nome de Jesus, de Maria e dos Santos - no momento de có lera, por escárn io ou de algum outro modo pouco revere nte".

Terceiro Mandamento: Guardar domingos e festas

Por este mand amento devemos "honrar a Deus com obras de culto nos dias de preceito". "O bom cristão santifica. as festas: J") participando da Doutrina cristã, da pregação e dos ofícios divinos; 2°) recebendo freqüentemente e co m boa di sposição os sacramentos da Penitência e da Eucaristia; 3°) exerc itando-se na ora-

São Pio X observa peregrinos com paternal cordialidade, ladeado por dignitários pontifícios, do balcão central do pátio de São Dâmaso. Persuadido da grande necessidade da instrução religiosa, promulgou ele em 1905 o Catecismo Maior, redigido em fórmulas concisas.

ção e nas obras da caricia.de cristã com relação ao próximo. "As obras servis que são proibidas nos dias de festa são aq uelas ditas manuais, isto é, os trabalhos materiais nos quais trabalha mais o corpo do que o espírito, como aqueles que ordinariamente fazem os servidores, os operários e os artesãos". ♦

Nota

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Advertência prév i a cio Compendio dei/a

Do/trina Cristiano prescritto da S11a Santità Papa Pio X, al ie Diocese clella Província cli Roma . A ed ição or ig in al dessa obra foi lançada pela Tipografia Vat icana, Roma, em 1905. Ta l Advertência fi gu ra na 2" edição desse co mpênd io, publicado pela Tipografia Ares, Milão, 1979.

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Pergunta Por que, na lei dos homens, todos os tran sgressores são considerados criminosos, ao passo que na Igreja Católica são tratado s co mo pecadores? Qual é a diferença?

Resposta Nem toda transgressão da lei dos homens constitui necessa ri a mente um crime. Ultrapassar um farol verme lho, por exem plo, é um a infração qu e pod e acarretar perda de pontos para a man utenção da carteira de motori s ta, alé m de uma multa, mas de si não é um crime. E m Teolog ia Moral é chamada le i " meramente penal", e em lin g uage m jurídi ca corrente c hama-se contravenção. Poderia ser crime se resu ltasse em acide nt grave, co m danos pessoais ou materia is para outrem (e quiçá para si mes mo).

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Neste caso ele realmente seria responsabili zado por crime c ulposo perante a Justiça dos homens (e também de Deus, pelo pecado de imprudê ncia que cometeu). Importa fazer esta distinção, po rqu e à med id a que a lei de Deus vai sendo deixad a de lado p los homens, a tendê ncia da legislação c ivil é configurar como crime ações que de si nada têm de delituosas perante a Moral católica. E, de outro lado, graves faltas contra a Moral cató1ica são me nos prezadas pela legislação civil. A pergunta do leitor tem, pois, todo o cabimento e nos proporciona ocasião para de nunciar esse grave desvio ideo lógico que o processo de secularização introduziu em nossa sociedade. Secularização - para quem não está fa miliari zado com o termo - é exatamente esse processo pelo qual a Igreja, ua Doutrina e sua Moral são postas de lado e me nosprezada , quando não ridicularizadas, adotando- e conceitos, princípio e normas de conduta inspirados em uma nova ideologia totalmente oposta ao Evange1ho . " Direitos do Horn m"? ... E os "Direitos de Deus"? ! E o pior é que , muitas vezes, mesmo católi cos pensam assim.

As leis dos homens devem estar de acordo com a Lei de Deus Para dar um exemplo, as norma que, segundo a Agosto de 2001

Igreja, devem reger a instituição da famí li a, vão sendo o tensiva ou sorrateiramente combatidas, e em seu lugar e ntram as relaçõe ex uai antes docasa m nto , d ivórc io , a c ntrace pção, o reconhec imento de e fe itos lega is ao conc ubinato, a permissão cio aborto e - horror dos horrores - a lega li zação do c hamado "casamento" hom ossex ua l! C hegará o mome nto em · que serão punidos os que ma ni festarem rep údio a essas aberrações, pela alegada prática do "crim e" de ... "discrimin ação"! Um campo em q ue essa mentalidade se man ifesta do modo mais fa nático é o de certa ecologia radical. Pôr fogo em folhas secas que caíram das árvores de um j ardim é punível com multa, por pol ui r o meio ambie nte. Arrancar lasca de uma espéc ie rara d árvore, a fim ele fazer chá para a e posa doente, resultou e m algun s dias ele cadeia para um pobre infe li z que não sabia que aquela árvore era rara. O fato aconteceu alguns meses atrás no nordeste brasileiro e foi amp lamente noticiado pela imprensa. Quer dizer, arrancar uma casca de árvore leva à prisão, mas uma mulher arra ncar de suas entranhas e matar o filho que concebeu, simplesmente porque ela não o quer, é considerado um "direito" da mulher emancipada do século XXI! Apontada pois essa

di screpância crescente, na soc iedade atual, e ntre a le i dos ho m e ns e a le i d e De us, cumpre e ntretanto ponderar que a Igreja e o Estado têm campos próprios de atuação, onde podem legislar a uton o mam e nte. Não cabe, por exemplo, à Igreja leg islar sobre trân sito; ou sobre qualquer as unto que diga respeito exclusivamente à o rd e m temporal. Nesse terreno, a Igreja se limita à indicação dos princíp ios gerais de moralidade. Outros campos há em q ue a autoridade do Estado e a da Igreja incidem sim ultaneame nte . O mal está em que o Estado não respeite nesses campos as normas da Igreja, ou avoq ue para si legis lar so bre temas que competem, por tradição ou por instituição divina, à Igreja, como a educação e a família. Mas este é um assunto c ujo desdobramento nos desviaria muito ela pergunta do cons ul ente, que pressupõe mais bem uma harmonia e ntre a le i de Deus e as leis dos homens. Suposta essa harmonia, é compreensível que um infrator da lei dos homens sej a considerado, nos casos espec ifi cados pelo Cód igo Pena l, como um criminoso. A Igrej a, de seu lado, vê esse crime como uma transgressão da lei de Deus, e portanto como um pecado, e seu autor como um pecador. No tribuna l dos homens , o criminoso pagará a pena estipu lada pelo Cód igo Penal. No tri-

bunal da Igreja, o criminoso pode receber imediatamente o perdão do seu pecado - desde que se arrependa e seriamente se proponha a emendar-se- no Sacramento da Confissão, que é o tribunal de Deus. Como é mais rápida a perfeitíssima Ju stiça de Deus

do que a Justiça dos homens! Mas a inteira remissão do pecador supõe uma penitência proporcional à gravidade do pecado cometido, que em geral o homem não consegue completar nesta Terra e terminará de pagar no Purgatório. E aí sim as penas me-

reciclas pelo pecador serão cobradas com um rigor que nenhum tribunal humano seria capaz de aplicar! "Ab omni peccato, libera nos Domine" , rezamos na Ladainha de Todos os Santos. Livrai-nos, Senhor, de todo pecado, pois se a Misericórdia de Deus é infinita, também o é a sua Justiça.

Pergunta Quais são os pecados de iniqüidade, dentro da Lei de Deus?

Resposta Todo pecado contém em si um grau maior ou menor de iniqüidade. O consulente quer provavelmente se referir aos pecados que implicam numa malícia toda especial, e que em razão disso se destacam dos outros. O Catecismo tradicional catalogava duas espécies de pecados que se distinguiam pelo seu grau de malícia: os pecados contra o Espírito Santo e os pecados que bradam ao Céu, clamando por vingança. Limitamo-nos a elencá-los aqui:

O enforcamento de Judas "Les tres riches heures du Duc de Berry", séc. XV, Museu Condé, Chantilly (França) A morte de Judas lscariotes, o Apóstolo que traiu o Redentor, é exemplo do pecado de impenitência final. Dele disse Nosso Senhor: "Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido" (Mt 26,24).

Pecados contra o Espírito Santo 12 Desesperação da salvação; 2 2 Presunção de se salvar sem merecimento; 32 Contradizer a verdade conhecida como tal; 42 Ter inveja das mercês que Deus faz a outrem; 52 Obstinação no pecado; 62 Impenitência final. Comentava o Catecismo: "Estes pecados chamam-se contra o Espírito Santo, porque se cometem só por malícia, o que diretamente repugna à bondade divina, que se atribui ao Espírito Santo." O pecado de Judas Iscariotes, por exemplo. Pecados que bradam ao Céu e pedem a vingança de Deus

12 Homicídio voluntário; 22 Pecado sensual contra a natureza [homossexualismo]; 32 Oprimir os pobres, órfãos e viúvas; 42 Negar o salário aos que trabalham. Comentava o Catecismo que esses pecados são assim denominados "por-

que é tão grande a malícia que eles encerram, que clamam e pedem vingança ao Céu contra quem os comete". O pecado de Caim, o pecado de Sodoma e Gomorra, por exemplo. Essa explicação sucinta pediria evidentemente um desdobramento, para ser bem compreendida, o que não nos é possível fazer aqui. De qualquer modo, o leitor tem aí uma prelibação do interessante tema. ♦

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Confeitaria Colombo: resgatando hábitos do início do século XX

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Vítimas de doping na Alemanha comunista

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ara impress ionar o Oc idente capitalista, num a j ogada de arketing, os países comuni stas se mpre ''.fabricaram" superatletas nas competições esporLivas. Não eram entretanto claros os métodos utili zados por el es com tanta eficác ia. Vejamos algum as notíc ias reve ladoras: "O Parlamento A lemão decidiu indeni zar os ex-atletas prejudicados por terem sido obrigados a ingerir doping entre as décadas de 50 e 80 na exti nta República Democrática da A leman ha (RDA). "A RDA começo u a aparecer como fenômeno do esporte após a cri ação da Deutsche Hochschulefür Korpekultur, , fundada em 1950. A escola fechou as portas em 1990. E não fo i a reunificação das duas A lemanhas que determin ou o seu fim, mas sobretudo a suspeita, confirmada pouco depois pela revista "Stern " , de que a Hochschule fabricava recordes através de métodos fantásticos de dopagem , como, por exemplo, o processo da autotransfusão de sangue ultra-oxi genado às vésperas das competições. Os alunos eram obrigados também a 300 horas de marx ismo- leni n i mo e oulras 100 de aprendizado do idioma ru sso. " Uma das vítimas desses métodos, a nadadora ath rin M enschner, recebeu anabo li zant s duranle vários anos, acreditando tratar-se de vitaminas. Os suces o. imedialos dei xara m, mai s tarde, profundos efeitos colaterai s. A começar por di stúrbios hormonais, como voz grave e barba. Hoj e com 30 anos, ela j á sofreu cinco abortos involuntários ! " ♦

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arta de assaltos e criminalidade, a popu lação ca rio ca agoa tem um lugar para se refu giar da vul garidade moderna e relembrar os tempos ca lmos e aristocráticos do Rio da Bel/e époque. A confeitari a Colombo, no centro da antig a capita l do País, ao comemorar seus 1 07 anos, está resgatando os hábitos do início do século XX, constata o diário carioca "O Globo" de 26 de junho. A cé lebre confe itaria incluirá em seu cardápio pratos servidos há um século, em baixelas de prata e saboreados pela intelectualidade, po líticos e ce lebr id ades, como o Rei da Bé lgica em 1920. Também estarão de volta especialidades como o pão-de-ló em fo rmas de barro e os biscoitos Leque. Após a revitali zação da casa, a priorid ade se rá o restaura nte Cristóvão, no segundo andar, onde serão oferecidos pratos que eram servidos a M achado de A ssis e Rui Barbosa. Du as fil iais serão abe rta s em Copacabana e Ipanema, no mês de setembro próximo . ♦

trotskista, mas este boato surgiu devido a uma confusão com meu irmão Olivier". Agora ele confessa: "É vetdade que nos anos 60 manifestei interesse pelas idéias troskistas e manti ve relações com uma das organizações desse movimento". A esse propósito, Bori s Fraenkiel, um dos fundadores da Organi-

zação Comunista Internacionalis ta (OCI), declai·ou que era o encarregado da formação de Jospin como

Bebê de proveta e clonagem

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ameaça da clona1ten1. Minha e.xperiê11 ·ia diz que, dentro de cinco anos, casais que perderam o.filho logo após o parto já vão podet; legalmente, clonar esse filho. Fomos ensinados na infâ ncia que Deus é o Criador da vida, e logo teremos esse poder nas rnãos. Acredito que os médicos sérios vivem um grande conflito moral." A lém da clonagem, outro dilema que o Dr. Brinsden aponta é o

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ausou s.ensação na França o fato de o primeiro-m ini stro Lionel Jospin ter um passado trotski sta. Essa militância era sistematicamente negada pelo primeiro-m ini stro fra ncês. Por ocas ião de sua disputa eleitora l com Jacques Chi rac, em 1995, ele negara peremptoriamente tal passado. Sabia bem que todas as fo rm as de com uni smo são repudiadas pelo grosso da opini ão pública. Então, afirmava: " Nunca fui

A clarabóia que encima os salões da Colombo é um dos elementos que compõem o seu charme.

médico inglês Peter Brin sden, um dos pais do bebê de proveta e um dos mais renomados especialistas em fertiljzação aitificial - prática condenada pela Igreja Católica - , vê com preocupação o impacto da tecnologia reprodutiva no relacionamento humano e aponta alguns problemas: "Um é a

Jospin: réu confesso de militância trotskista

descarte de embri ões. São milhai·es em todo o mundo, conge lados e abandonados pelos pai s. Estes pagam para ter um filh o, e após o parto não pensam mais nos outros embri ões que também foram gerados, e depois descartados. Quando se diz que "médicos vi vern um conf lito pessoal ", nada mais é que um problema grave de consciência, um problema moral. Entretanto, os médicos que executain a queima de embriões encai·ai11 a vida humana apenas como um "negócio " ou mrus uma "e.xperiência". Eis aí fatos impressionan tes que revelam a frieza e a neobai·bárie de nossa civi lização neopagã, em que são violadas a L ei de D eus e a própria L ei natural. ♦

militante a ser infi ltrado na soc iedade, pai·a cumpri r o idea l trotski sta de destruir de dentro o apai·ato do Estado burguês.

"Eu o preparava clandestinamente: um futuro alto fun cionário não podia manifestar-se como revolucionário ", di z Fraenkiel, referindo-se ao fato de não convir a Jospin ser exposto publicamente co mo radical de esquerda. A gora que essa incômoda verdade vem à ton a, veremos que conseqüências ela trará para a atual campanha de Jos pin à pres idênci a da República. Se ainda houver l óg ica nas cabeças de muitos fran ceses, o normal é que Jospin sej a rejeitado. ♦

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BREVES RELIGIOSAS Ressurgimento do satanismo na Itália: alerta do episcopado Os Bispos italianos estão alarmados com o "ressurgir de um interesse ma/são na esfera do demoníaco. Assistimos atualmente a um renascimento das adivinhações, sortilégios, malefícios e magias, muitas vezes mesclados com um uso supersticioso da religião", afirmaram os Prelados em um comunicado, ao rever a tradução do ritual da Igreja destinado aos exorcismos. Para eles, em vez de procurar na Religião Católica a solução para seus problemas, os italianos crêem que estes são decorrentes de malefícios e sortilégios. Eis aí mais um sintoma da intensa neopaganização do mundo moderno, que conduz ao satanismo. A prática da verdadeira Religião é o melhor antídoto contra o demonismo. Como faz falta a pregação das verdades católicas , que antigamente se ouvia dos púlpitos e nos confessionários! _J

Massacres de cristãos continuam na Índia e nas Molucas Três religiosos salesianos foram assassinados a tiros por separatistas da região de lmphal, na Índia, a 15 de maio; seis cristãos foram mortos e 17 ficaram feridos nas ilhas Molucas, devido à ação de forças fundamentalistas islâmicas. Esses fatos têm se repetido amiúde diante da indiferença da opinião pública internacional e dos defensores dos direitos humanos. Infelizmente, também da indiferença dos que mais tinham o dever de protestar. _J

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INTERNACIONAL

Para onde vai o Presidente Bush? e. PREsrnN NoELL m

Embora o Presidente norte-americano George W. Bush mereça elogios por muitas de suas iniciativas desde que se tornou o 43° mandatário supremo dos Estados Unidos, algumas áreas entretanto causam apreensões Washington - Ao longo da campanha eleitoral, o Pres idente Bush propôs uma redução de impostos de l,2 trilhão de dólares, enquanto seus adversários não desejavam nada disto. Empossado na presidência, Bush apresentou ao Congresso um projeto para redução de 1,6 trilhão. Após a tramitação legislativa, o Presidente aca- . bou assinando a lei de redução dos impostos em l ,3 trilhão de dólares no decurso de 10 anos. Uma significativa vitóri a para os conservadores, uma vez que se trata da primeira redução de impostos em 20 anos. No que se refere ao escudo antim íssil , Bush está empenhado em obter a aprovação de um múltiplo sistema de defesa contra o ataque de mísseis balísticos de que a Rúss ia e a China dispõem, e que Estadosterroristas como Iraque, Líbi a e Coréia do Norte estão desenvolvendo. A escolha de Donald H. Rumsfeld para Secretário de Defesa já está começando a dar resultados no sentido de fo rtalecer a defesa do País, de suas tropas e de seus ali ados contra ataques de misseis balísticos. Princípio de subsidiariedade e senso de honra A vi são de Bush relativa ao governo, como postulada em seu di scurso para a sessão conjunta do Congresso em fi ns de fevereiro, revela uma perspicaz compreensão do pri ncípio de subsidiariedade. O Prof. Plin io Corrêa de Oliveira afirmava que, assim como o telhado de uma casa deve ser suficientemente fo rte para não ser levado pela primeira tempestade, embora não pesado a ponto de destruir 12

CATOLICISMO

suas paredes, ass im também deve o governo ser protetor e benevolente. Nesse sentido, dec larou de modo pertinente o Chefe do Executivo norte-americano: "O governo deve ser ativo, mas limitado; engajado, mas não opressivo." Sua afirmação - "se trabalharmos j untos, poderemos provar que o serviço público é nobre" - favorece a restauração da noção

equilibrada do Estado como uma instituição benéfica e necessári a. Por outro lado, sua explícita intenção de reduzir os ressentimentos em Washington, modi ficar o tom do debate público e restaurar o senso de honra e dignidade na Casa Branca não passou desapercebida e está sendo atendida. Ternos e gravatas para homens e trajes equivalentes para senhoras, por exemplo, são agora de rigor nos escritórios do Poder Executivo, onde não se encontram mais caixas vazias de pizzas espalhadas por todos os lados - o que era comum durante a administração anterior.

I niciativas louváveis que merecem aplauso Sendo a reforma educacional considerada pedra-de-toque de sua administração, o Presidente afirmou que "nenhuma criança seria deixada para trás". E procurou tornar as escolas mais responsáveis e foca lizar mais a obtenção de resultados. Entretanto sua tentativa de instituir um "vale-ensino" (que tornaria possível transferir estudantes matriculados em escolas públicas para outras, de caráter público ou particular, de escolha dos pais) infelizmente fracassou, devido a manobras da opos ição no Congresso.

Agosto d e 'JzOOt

No que se refere à eliminação do "imposto que penaliza os casais" (uma vez que duas pessoas legalmente casadas pagam mais impo tos do que se vivessem juntos sem se casar) e ao imposto sobre a herança, Bush merece elogios. Isto porque os mencionados tributos são elementos-chave do socialismo, que prejudicam tanto a família quanto a sociedade. O imposto sobre a herança (lei de cunho marxista, que despoja os filhos dos bens de seus pais) constituiu uma nódoa quanto ao direito de propriedade privada, e deve ser eliminado, ou reduzido, como quer o Presidente. O "imposto que penaliza os casais"

discrimina a fa mfli a tradicional e encoraja homens e mulheres a coabitarem sem casamento. Cercear esses dois objetivos ajudará a restituir a famíli a autêntica o lu gar de honra que lhe cabe, e consistirá num golpe de morte para o marxismo em nossa Pátria. A importância de se eliminar essas duas "vacas sagradas" da Revolução não pode ser subestimada.

Em contraposição, iniciativas censuráveis Infelizmente, nem tudo vai bem quanto à agenda de programas sociais do novo governo cio país. Recentemente, o Presidente nomeou Scott vertz, ativista homossexual, para diretor cio Secretariado da Política Nacional ele AIDS ela Casa Branca. Tal nomeação foi feita sem nen hu ma consul ta ou av iso prévio às várias organizações prófamíl ia, que têm aj udado o governo a alcançar seus objetivos. É realmente motivo de preocupação o

Que futuro espera o governo Bush? A Hi stória poderá ser uma mestra impl acável e reverter a tendência geral para a esquerd a, no campo cultural, havid a mes mo durante os governos Reagan e Bush (pai). Mas esta deverá ser uma tarefa hercúlea. Nos 12 anos prévios ao governo Clinton, os conservadores ocuparam a Casa Branca e, na prática, o Congresso também. Apesar di sso, a revolução cultural avançou enorm emente. O aborto torn ou-se, para todos os efe itos práticos, fato consumado, e a homossexu alidade ganhou foros de cidadania política. E hoje assisti mos à atuação de uma administração de modo gera l conservadora, que fraqueja ao nomear ativistas homossex uais para postos políticos ele alto nível. É evidente o peri go que representa esse enfraquecimento da cultura: ela irá se degradando cada vez mais, na medida em que caiam as barreiras do horror que sempre existi ram contra a homossexualidade, de assistente especial do secretáaté o dia em que um artigo como rio" ("Human Events", 23-4-01 ). este seja considerado não apenas Ati vista homossex ual de longa "politicamente incorre/o", mas até data, Herbi ts confirmou que "vai criminoso. selecionar candidatos civis para os Por outro lado, porém, podeprincipais cargos do Pentágono" se ter certa esperança quanto à mu(idem). Sua lu ta em favor ela agendança ela cultura para melhor, e de cia homossex ual, segundo reportamodo mais durável cio que se pasgem da "Human Events", é ampl a sou na época do governo Reagan. e de longa data. Graças à pressão À medida que um maior número de organi zações pró-família, como de fa míli as educar seus filhos em a TFP norte-americana, o Sr. Her- A escolha de Dona/d H. Rumsfeld para Secretário da Defesa casa ou constituir suas próprias esbits fo i demitido. consistiu num fortalecimento bélico dos Estados Unidos concolas ; cursos favorecendo a castitra ataques de mísseis balísticos dade tornarem-se populares; a virApesar de zonas de gindade rec uperar seu lu gar de atrito, movimento fa míli a, pró-va lores trad icionais, próhonra na soc iedade; espetáculos bl asfeconservador favorecido defesa mili tar e anti -soc ialistas, da qu al mos fo rem pelo menos objeto de protesUma área que tem despertado bastan- a TFP norte-a meri cana faz parte. Con- tos mais efi cazes; as boas maneiras e a te interesse é o modo como o governo tudo, a nomeação ele Eve rtz e Herbi ts, bondade voltarem à vida de todos os dias; Bush está cortejando os conservadores. Ao bem como a fraqueza do novo governo anti-abortistas constituírem fa mílias nucontrário do que muitos pensavam - que em face de tentati vas visa ndo manter merosas, nas qu ais os Mandamentos do ele seria moderado, centrista e até ligeiraas pesadas leis que reg ul am o meio-a m- Decálogo sejam ensinados, respeitados e mente esquerdista-, sua equi pe não tem biente, cri ara m zo nas de atrito nas reamados; então poderemos constatar a cripoupado esforços para auscultar idéias e lações geralmente boas entre os con- ação de condições para a regeneração ela opiniões de pessoas que haviam sido igervado res e a Casa Branca. É certo, po- sociedade. noradas durante a campanha presidencirém, que a admini stração Bush co meA batalha ideológica e espiritual está al: os conservadores reli giosos, sem os terá um erro se ignora r aqu eles que, na delineada nos Estados Uni dos. Sigamos quais a chapa republicana não teria chesoc iedade, criara m as condi ções para avante e levantemos bem alto o estandarte gado ao poder. Merece menção o fato ele sua vitóri a eleitora l. ♦ da Civilização Cri stã!

fato de uma pessoa que fez declarações a favor da di stribuição ele seringas para drogados, bem como de "reduzir o estigma da homossexualidade", ser colocado em uma pos ição de tanta relevância. Pos ições ele alto nível, como a que fo i concedida a Evertz, trazem conseqüências além dos pronunciamentos públicos. O que ele irá dizer e pl eitear pri vadamente nos conselhos governamentais, também é causa de muita apreensão. Vivendo Evertz com outro homem e a fi lha deste, é difíc il imaginar como ele será capaz de tornar-se propulsor efetivo dos prin cípi os em pro l da fa míli a tradicional, que o Pres idente Bush em outras áreas defende, inclusive opondo-se à legali zação de "casamentos" de homossexuais. Outra gra nd e preoc up ação deve-se à nomeação de um outro ativi sta homossexual com o encargo de selec ionar candidatos civis des tin ados ao Departamento de Defesa. Com efeito, o Secretári o Rum sfe lcl co ntrato u Stephen E. Herbits "como consultor no cargo

eco logistas de esquerda terem sido recentemente bem recebidos na Casa Branca. Mas, em sentido contrário, os conservadores que defendem o escudo antibalístico, as iniciativas pró-famíli a e a nomeação ele juízes favoráveis à tradição, bem como os que combatem abusos da biogenética e os desejosos de restmu·ar a civilidade na vida pública, têm encontrado uma aco lhida simpática por parte dos funcionários do governo. Ta l aprox imação tem-se mostrado proveitosa para a coa li zão de grupos pró-

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NACIONAL

A esquerda católica esforça-se por mobilizar a juventude brasileira FREDERICO ABRANCJ-JES V!OTTI

Após o fracasso do socialismo, procura-se ressuscitar, sob novas roupagens, a antiga Juventude Universitária Católica (JUCJ, apelando-se para a "mística" esotérica, rumo a uma sociedade tribal ealizou-se na Universidade de São Paulo (USP), entre os dias 29 e 31 de maio último, o / Encontro de

R

Mística e Militância.

O evento foi organizado pelo MIRE (Mística e Revolução), movimento de esquerda católica, objetivando dar vida à extinta JUC ( 1) na linha do Fórum Mundial Social de Porto Alegre (cfr. Catolicismo, março/2001). O organizador e principal coordenador do evento foi o tristemente . famoso domjnicano Frei Betto. Para os três djas de exposição, foram convidados agentes conhecidos da esquerda católica, como João Pedro Stéilile (um dos líderes do Movimento dos Sem Terra - MST) , o próprio Frei Betto, Plinio de Arruda Sampaio, antigo corifeu do progressismo católico, além de representantes da esquerda laica, como Yicentinho (ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores - CUT), Alfredo Bosi, professor esquerilista da USP etc. As palestras desenvolveram-se iliante de um público muito heterogêneo: professores e alunos de nível universitário, pesquisadores, simples curiosos e mjlitantes de diversos movimentos alternativos, como hippies, anarquistas, punks, além de elementos do MST, PC do B, PT etc. Essa heterogeneidade refleti u-se sobretudo no momento em que foram apresentadas as perguntas, ocasião em que o auditório, composto por cerca de 200 pessoas, demonstrou um grande leque de concepções e psicologias diversas.

"Tem livros comunistas aqui... " Com essas palavras, pronunciadas sem o menor entusiasmo, um aluno da USP comentou a presença de livros do MST, de Marx, "Che" Guevara ... 14

CATO LIC IS MO

CORREIO D!fmADA Semana de 26 de maio a 02 de junho de 2001 DI RETOR: PLINIO DE ARRUDA SAMPAIO

Ano VI - Nº 246 - R$1,30

Programação 29 de maio, 19-22 h Tema: Espiritualidade da Ação Abertura: Candomblé Frei Betto Ângelo Antônio Vicentinho

30 de maio, 19-22 h Tema : Fé e Política Abertura: Budismo Pllnio de Arruda Sampaio João Pedro Stédile Alfredo Bosi

31 de maio, 19-22 h. Tema: Testemunho de Vida Abertura: Cristianismo Chico Pinheiro Renato Teixeira Lucila Pizani (vereadora SP) Beto Custódio (vereador SP)

Facuidade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU - USP) Rua do Lago. 876 - Cidade Universitária - São Paulo. SP Informações pelo telefone: (11) 3813-6755 . Haverá ônibu$ gratuito saindo da estação Vila Madalena do metrô todos os dias. às 18h00 e 18h30. O semanário "Correio da Cidadania", dirigido por Plínio de Arruda Sampaio, publicou a programação do Encontro

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Outro participante, diversamente do primeiro e "comunista de carteirinha ", dizia não entender como se poderia unir a Igreja (segundo ele hierárquica, patriarcal e moralizadora) com o socialismo anárqui co e libertário. Não foi por acaso que Frei Betto afirmou: "Não existe, hoj e, nenhum grupo cristão progressista para j ovens" (2), reconhecendo a dificuldade que as esquerdas estão encontrando para mobilizar uma juventude tão heterogênea. E asseverou ainda: "Queremos criar um movimento espiritual que una todos os movimentos políticos".

Qual era, então, o ponto de unidade entre participantes tão diversificados? Parece ter sido o combate à doutrina católica tradicional e a defesa de uma nova mística igualitária e relativista. Mística que tem sido a mai s recente alavanca na tentativa de rearticular a esquerda católica e dar unidade ao esvaziado movimento comunista na América Latina.

O tribalismo "místico" das

esquerdas Fábio Luís, jovem univers itário e um dos organizadores do evento, apresenta seus objetivos: "O Encontro não será um seminário, mas uma troca de experiências de vida. Os participantes serão convidados a sentar nos espaços da FAU para ouvir as histórias e as experiências de gente que está em busca de luta e de paz. Será como nos tempos de intimidade tribal, quando a juventude senta para ouvir o que os mais velhos têm a ensinar".

Ele apenas se esqueceu de mencionar que não haveria cadeiras no auditório ou melhor, havia apenas JO, para 200 pessoas - , obrigando quase todos a se sentarem no chão, forma ndo círcu los. Preci-

sarnente como sucede nas tribos, cujos membros, sentados no solo em torno do chefe, desfrutam da "intimidade tribal ". E acrescenta Fábio Luís: "Os encontros serão abertos cada noite com o sabor de uma tradição espiritual, e sempre por uma mulher: o candomblé, o budismo e o cristianismo".

Apenas para se ter uma idéia ele um dos "cultos", vejamos o exemplo cio "cristianismo " (quede cristão nada tinha): apagam-

se as Iuzes (e boa paite delas permanece apagada durante todas as palestras), velas são acesas e uma mulher, supostamente representando o Cri stianismo, afirma que não ex iste "nem o bem nem o mal", "verdade ou erro" , "certo ou errado". Ao som ele uma melodia sem letra, pede para cada um da platéia repetir com seu colega: "Feche os olhos e quebre a alteridade, como homem e como mulhet; como ladrão e como honesto. Pense que seu colega pode ser seu pai, seu irmão. Eu me reconheço em você, vejo o divino em você, eu sou um outro você".

Eis um exemp lo bem significativo da nova "mística" esotérica que a esquerda católica parece trilhar. Uma "mística" prevista, com im pressionante clarividência, pelo Prof. Plin io Corrêa de Oliveira, em 1970, após levantar a possibilidade da derrocada dos reg imes comu nistas (fato que ocorreu apenas em 1989) e o surgimento de um novo tipo de revolução: o tribalismo. Tendo analisado então como se dava a extinção dos antigos padrões de reflexão e raciocínio, escrevia aquele insigne pensador católico: "Da razão, sim, outrora hipertrofiada pelo livre exame, pelo cartesianismo, etc, divinizada pela Revolução Francesa, utilizada até o mais exacerbado abuso em toda escola de pensamento comunista, e agora, por fim, atrofiada e feita escrava do totemismo transpsicológico e parapsicológico" (Revolução e Contra-Revolução, Artpress, São Paulo,

4ª ed., 1998, p. 182). Era exatamente o que se via na USP durante aquelas exposições!

"Mudar o homem antes de tomar o poder" Reconhecendo o fracasso do comunismo internacional, vários dos expos itores defenderam a tese de que era preciso "mudar o homem" antes de "tomar o

poder " . Em outros termos, trata-se da revolução cultural, que esta revista tantas

vezes tem denunciado em numerosos ai·tigos. Uma verdadeira transformação das mentalidades para ser aplicada no mundo inteiro, como ficou claro nas manifestações contra a reunião da Organização Mur;, dial do Comércio (OMC) realizada no ano passado em Seattle (EUA) e no Fórum Mundial Social de Porto Alegre.

Dilema entre a "mística" e a Revolução Conseguirá a esq uerda engajar a juventude nessa nova mística igualitária? É difícil prever. Os revolucionários sociali stas da escola anti ga, materialistas em sua grande maioria, rej eitam a mística. E os místicos esotéricos não costumam ser adeptos da política ... Todavia, é certo que uma rnjnoria organizada é capaz de grandes mobilizações em um país cujas elites se encontram desarticu ladas e cujo tecido social está fragmentado (basta analisar a lamentável situação da fa mília hoje em dia). Exemplos da influência de minorias, encontramos às centenas em todos os países que sucumbiram diante da tirania vermelha da foice e do maitelo. Cabe a nós, cató licos, estudai· e denunciar o perigo marxista que, renovado nas águas da mística, volta agora suas vistas para o ambiente universitário nesse encontro da USP, sob a pele de ovelha do esquerdismo católico.

E peçamos a Nossa Senhora Aparecida que proteja o Brasil dessas novas investidas da Revolução gnóstica e igualitária, magistralmente denunciada e refutada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em diversas de suas obras. ♦ Notas: 1. A JUC era um ramo da Ação Católica, consti-

tuído por uni versi tários católicos. Muitos membros dessa associação, no Brasil, perderam a fé, nas décadas de 50 e 60, e aderiram ao comu ni smo. Para rea li za r esse pro cesso de apostasia da fé católica entre tantos jovens universitários, desempe nhou importante papel a Ação Popular, entidade co mposta por jovens ativistas , que visavam subverter a ord em estabelecida e implantar um regime marxista no País. 2. "Jornal do Brasil", 4-6-0 1.

Após

longa enfermidade, faleceu no dia 29 de junho último, em Piacenza, norte da Itália, aos 91 anos, o Eminentíssimo Cardeal Sílvio Oddi. O ilustre Purpurado nasceu em Morfasso, no ano de 191 O. Após ter concluído seus estudos no Ange/icum de Roma, ingressou na Pontifícia Acad emia Eclesiástica . A serviço da Secretaria de Estado, o ainda muito jovem Padre Oddi começou uma brilhante ca rreira na diplomacia vaticana. Dominava vários idiomas e foi um dos eclesiásticos que melhor conhecia a comp le xa realidade do Oriente Médio, onde exerceu fun ções diplomáticas junto a governos de diversos países. Cumpriu, ademais, delicadíssimas missões na Iugoslávia e em Cuba, nos anos imediatos à ascensão do regime comunista. Em 1969, enquanto era Núncio Apostólico na Bélgica, recebeu a comunicação de sua ele v ação ao cardinalato. Desde então, passou a residir em Roma , ocupando altos cargos na Cúria V aticana . Em 1979, S.S. João Paulo 11 confiou -lhe a Prefeitura da Sagrada Congregação para o Clero, na qual permaneceu até o ano de 1985. O Cardeal Oddi admirava o fundador da TFP, o Prof . Plínio Corrêa de Oliveira. Dirigiu, em 1993, uma carta de elogio a esse insigne pensador cató lico por sua obra sobre a Nobreza. Dela extraímos os parágrafos que seguem: "Ilustríssimo Professor "Li com vivo interesse a sua obra Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana ..... "A través dos comentários e da documentação com os quais V. Exa. propicia uma mais completa compreensão de todo o alcance do magistério de Pio XII, patenteiam-se uma grande erudição e segurança de pensamento, postas justamente em relevo pelo conhecido historiador francês Georges Bordonove no seu prefácio a esta obra".

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CAPA

Um mundo de horrores, dominado pela magia, está sendo proposto em escala universal a dezenas de milhões de leitores de Harry Potter - uma antevisão do inferno. Principais vítimas dessa leitura: as crianças e jovens. Frankfurt - Em fi ns do ano passado deu-se no mundo inteiro um dos mais espetaculares lança mentos de uma obra literári a para cri anças e j ovens. Trata-se da edição do quarto liv ro da série Ha rry Potter. A obra, com nada menos que 767 páginas, intitulada Harry Potter e o cálice de .fogo, da autora escocesa Joan ne Rowling', despertou um interes e estrondoso, cri ando me mo aqui lo que se chamou de "pottermania". Só na Alemanha esgotara m-se em te mpo recorde centenas de milhares de exemplares da obra. Em Frankfurt, mas també m e m outras grandes cidades, j á

de madrugada, enfre ntando o fri o cortante do inverno incipie nte, fil as enormes de leitores fo rmavam-se junto às portas das livrari as, ansiosos por serem os primeiros a ter em mãos o " prec ioso" livro ... Imensa fo i a orque_stração mediática em torno dessa obra destinada ao pú bli co infanto-juvenil : tema tratado praticamente por todos os j ornais, rev i tas e televisões, os quais por sua vez atiçaram a curiosidade geral2 . A autora, cujos quatro livros tornara m-se best-sellers co m uma tiragem superior a LOO milhões de exemplares eATo

em todo o mundo, perfila-se hoje entre os escritores mais lidos do mundo. Um mês depois do apoteótico lançamento do quarto volume de Harry Potter, Rowling recebia da Universidade de Exeter o título de Doctor honoris causa em fil ologia. Sucesso vertiginoso, quando se considera que há apenas sete anos ela chegava a Londres, divorciada de um jornalista português, com uma filha de um ano, uma mala che ia de manuscritos e sem um centavo no bolso. Hoje, Joanne Rowling vai ganhando prêm ios de literatura um após outro. E já é a terceira mulher mais rica da Inglaterra. L I

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Na . rigem dessa meteórica ascensão encontra-se, sem dúvida, a propaganda torrencial ela mídia. Porém, o apoio public itário não exp li ca tudo. Parte importante no sucesso da escritora escocesa advém, infelizmente, ela apeJoanne tência de numerosos Rowling leitores por um mundo tenebroso, oculto e misterioso, que se desvela ao longo das peripécias de Harry Potter e seus am igos 3 • Tal apetênc ia também parece exp licar o extraordinário sucesso ele bilheteria alcançado nos Estados Unidos pelo fi lme Shrek, produzido no estúdio do cineasta Spielberg, que apresenta um gigante ogro monstruoso. Apesar de repelente, Shrek vem atraindo leg iões de espectadores!

Adeus ao mundo maravilhoso das fábulas e contos de fada A li teratura infantil cios últimos séculos caracterizava-se por alimentar nos jovens leitores a apetência do maravilho o, incrementar nasal mas o senso de

contradição entre o bem e o mal , despeitar o horror pelo hed io ndo e o amor pelo sublime. Mostrar ainda que, apesar de todos os sofrimentos, de todos os reveses desta vida, ele todas as armadilhas preparadas pelos maus contra os bons, a fe licidade alcançável nesta terra é a que resulta da prática ela vi rtucle, ela perseverança nas vias do bem; é esta sempre a melhor opção. Cand ura, inocênc ia, desejo ele um mundo fabu loso - uma espéc ie ele pré-fi gura do Céu - que venha ao encontro das mais puras e elevadas aspirações do coração. Por outro lado, o mundo dos maus, com sua fealdade, seu hediondo, suas trevas e traições, seus ódios e invejas, tudo isso lembrava o horror ela "societas scelerum" (sociedade dos celerados), que é o inferno. E assim e levava-se para as crianças um grande ideal ele vicia: amar o bem e odiar o mal, praticar a virtude e execrar o vício, abrir-se ao sublime e, nesta ascensão de perfeição em perfeição, de maravilhoso em maravilhoso, ao fim desta invisível escada ele Jacó, encontrar a Deus, supremo Bem, infinita Perfeição.

À esquerda, o cão fiel olha seu dono, Júlio, do pitoresco conto Os Três Cachorros Encantados,

através da grade da prisão

Deste modo, sem mencionar seq uer um a frase do Catecismo, era m os contos ele fada um possante instrumento para preparar as jovens almas a abraçarem o bem e rejeitarem o ma l, em s uma, a a mar a Deus e odiar o demônio.

Da Condessa de Ségur a Rowling: uma queda vertiginosa Esse a lto valor pedagógico dos contos infantis representou , na Alemanha do sécu lo XVI, uma poderosa arma da ContraReforma católi ca no combate à obra destrutiva da pseudo-reforma luterana. E no século XIX os irmãos Grimm tornaram-se famosos por sua obra de compi lar e difundir os contos de fada, que até então em grande parte circulavam de boca em boca. Co ncomitantemente, na França os escritos da Condessa de Ségur - que aliás não eram contos ele fadas - exerceram influência igualmente benéfica na formação de sucessivas gerações. Fazendo com que o enredo e os personagens ele seus livros trata sem ele espin hosos prob lemas da vida diária do pequeno mundo infa ntil , numa linguagem atraente, leve, elevada e nobre, ela convida-

A série de Harry Potter constitui uma preparação do espírito para o ingresso no mundo da magia e do ocultismo

va impli citamente seus jovens leitores a tomarem um perfil moral, cujas notas tônicas eram a honestidade, a lealdade, a nobreza ele caráter, a cortesia no trato, a elevação de espírito, a inocência em suma. Talvez muitos leitores se recordarão ainda de O albergue do anjo da guarda, O general Durakine, Os dois bobinhos, As memórias de um asno, para c itar apenas algun s de seus livros mais famosos.

O mundo hediondo do demônio Ora, nada dos elementos de formação do caráter, que abundavam na antiga literatura infanto-juvenil, encontramos na série de Hany Potter. O que nela se encontra é bem exatamente o contrário. É a iniciação no mundo cio preternatural , da bruxaria e da mag ia, dos seres hediondos e repelentes. A série de Harry Potter revela-se assim uma possante preparação elas almas e das mentes para inicialmente tomar como natural um mundo anticri stão, e depois abri.r-se a um mundo de horror e trevas, que configura o re ino do demônio. Reino este almejado pela Revolução gnóstica e igualitária que há séculos vem minando a Civili zação Cristã, como descreve o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra-mestra Revolução e Contra-Revolução4 • Aliás, a própria Joanne Rowling confessa implicitamente este caráter anticristão de sua obra ao afirmar a importância

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à esco la (de bruxari a, bem entend ido) 9 , partic ipa de jogos, escreve cartas a seus conhecidos, sofrendo porém, continu amente, in síd ias e ataq ues pérfidos de bruxos das trevas, os comedores da morte, comandados por Lord Yo lclemo rt. Assi m se apresenta na obra a perspectiva da suposta lu ta entre o "bem e o mal" , po r o nde Potter e seus amigos seriam bru xos do bem. Os bruxos cio mal são vio lentos e od ientos; os do bem , o mais das vezes, benévolos e pacífi cos . S im, porque às vezes Harry se deixa levar pelo ód io. Em relação ao professor Snape, um ele seus piores inimi gos, "ele imagina como as coisas mais

Menina segura o espesso livro da edição alemã do 4º volume de Harry Potter: 767 páginas!

to o segundo vo lume, Harry Potter e a Câmara dos Segredos, quanto o tercei-

que atribui ao elemento "magia". Numa entrevista concedida na cidade de Tiiginben, Rowling afirmou sem rebuços: "As

ro , Harry Potte r e o Prisioneiro de Azkaban7, têm seu ponto alto em en-

frentamentos de Potter com seu antagoni sta Yoldemort. No quarto volume, crianças necessitam da magia, porque · Harry Potter e o Cálice de Fogo, a fa ntasia das peripéc ias não encontra limielas mesmas são muito fracas" 5. tes e o grau de preternatural de mo níaO enredo co va i se acentuando cada vez mais, cu lminando na cena da reencarnação A série de Harry Potter comportará de Lord Vo ldemort. sete volumes, quatro dos quai s já publi Num a ação h rripi lante, durante a cados. No primeiro, Harry Potter e a noite e num cemitéri o, o bruxo malé fi Pedra Filosofal 6 , pode-se ler como Ha.rco - que eslava red uzido a uma espéry, órfão de um ano de idade, é adotado cie de esquálido e hedi ondo er feta l, de por tios que o desprezam por ser um bruo lhos verme!hos e p le escamosa - rexin ho ~ o tratam com bruta lidade. Conadqu ire seu corpo inte iro a partir de um tam-lhe q ue seus pa is morreram num elixir. Os ingred iente deste são ossos ac idente de carro. Porém, quando comr tirados do túmulo de seu pai , de carne pleta J1 anos, fica sabendo que, de fato , da mão (decepada no mo mento) de Rabo seus pais não morreram num desastre, de Verme, o único servo que lhe restara, mas assassinados por um bruxo ma léfi e o sangue retirado das veias de Harry co, Lord Voldemort. Harry só escapou Potter, que, amarrado numa pedra sepulda morte graças ao sacrifício de sua mãe, cral, assiste impotente à cena, enquanto que o protegeu com eu corpo. Restoua cobra Nagini, igualmente servidora e lhe, porém, impres a na testa uma c icacompanheira inseparável de Vo ldemort, triz em forma de ra io, a qua l Ih provoarrasta-se célere em torno do sepulcro 8 . ca dores cruc ia ntes sempre que Lord Volclemort está em eu enca lço. onvi A luta entre o mal ... e o mal dado a freq iienta.r a Escola d reitiçaria Potter surge ao longo da obra - toda de Hogwarts, torna-se am igo de Ron y e ela túmida de preternatural e de cenas Hermione, dois bruxin hos de mes ma horripilantes, onde seres hediondos apaidade, e com eles experimenta toda esrecem a cada instante - como um mepécie de aventuras. nino eleito. Sim, porque não se trata de Tais aventuras, q ue ocorre m ao loncomo os outros. É um aprenum menino go dos sucessivos anos letivos na Esdiz de feiticeiro, mas bonzinho. Com cola de Bruxa.ria de Hogwa.rts, vão cresseus amigos, igualmente brux inhos, vai cendo gradualme nte em suspense. Tan-

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terríveis poderiam ating i-Lo .. . Se ele pelo menos soubesse como .fúnciona a rnaldição Cruciatus, .. . esmagaria Snape no chão, como esta aranha, e o fa ria debater-se" 10 • Ademai s, trata-se aqu i de bruxos bons, que convivem em harmonia plena com toda espéc ie de horro res e mo nstruos idades. Um exemp lo: L upin , um dos professores preferi dos de Potter, mestre de "Proteção

co ntra Artes Mág icas " , aca ba se revelando lobisome m, e por isso é obrigado a aba ndonar a esco la . Para grande pesar de Potter. ..

Confusão entre

a noção de bem e de mal Esse é um dos aspectos ma is graves e deletérios da obra de J. Rowl ing : a relativização do conceito d e bem e mal. Com efeito, a luta entre um e outro e desenvolve:

a) não no pl ano dos princípios da mo. ral, m as no da violência/não-violênc ia; b) num mundo sem De us, dife rente daque le onde vivem os trouxas, ho mens profanos à bru xari a, ou sej a, os cristãos. Por outro lado, a despretensão e a corage m, a sim plic idade e a intrepidez de Potter, um menino desvalido e perseguido à outrance por um bruxo maléfico e poderoso, ademais do enredo che io de surpresas e de momentos de grande suspense, são uma isca poderosa que prende o le itor j ovem e encadeia-o na le itura de textos absolutamente repugnantes, introdu zindo-o e adaptando-lhe a mente ao mundo da bruxaria e da magia. É o mundo no qual ex iste uma reversibili dade contínua entre o bem e o mal, o be lo e o ho rrendo. Ora, essa reversibili dade não é outra coisa senão a doutrina gnóstica em estado puro, doutrina essa re iteradamente condenada pe la Igrej a Cató li ca des de os prim órdi os do '4 C ri stianismo. \1 A exigi.iidade deste arti go não pe rmite longas e exaustivas c itações . Poré m, alg un s trechos tirados dos quatro volumes de Harry Potter ta lvez possam tra nsmitir uma idé ia do teor da obra e de seu cará te r pe rni c ioso, sobretud o para as crianças 11 •

Bruxari a de Hogwarts manda vir os temíveis guardas da pri são de bruxos de Azkaban, os assim chamados dementadores, para que vi giem o castelo. O pequeno bruxo toma contato com um dos guardas numa viagem de trem, quando se dirig ia à escola para o iníc io do ano leti vo: "Encontrava-se de pé junto à porta, iluminada pe las chamas bruxuleantes que vinham das mãos de Lupin , uma fi gura envolta num manto e que chegava até o teto. Sua face estava totalmente escondida sob o capuz. Os o lhos de Harry vo ltaram-se para o alto, e o que ele viu fez seu estômago revirar. Havi a uma mão saindo da capa, e e la brilhava, cinzenta, gos me nta e esca lavrada, como algo morto que tivesse apodrecido na água .. .. E a coisa envo lta pelo capuz, qua lquer que ela fosse, respirou longa e ma.traqueadamente, como se estivesse tenta ndo sorver algo mais do que o ar ambiente. Um frio intenso envo lveu a todos . Harry sentiu a respiração presa em seu peito. O frio lhe atrave ava a pe le, estava dentro de seu pe ito, dentro de seu próprio coração" 12 • O s "dementadores" es vazia m a mente de seus vigiados. Daí o nome. O pavor que o "dementador" de Azkaban incutiu foi de tal modo intenso, que Harry caiu desmaiado. É como se tivesse contempl ado um demônio. De fato, um de môni o e sua ação não

seriam descritos de modo diferente. L upin , o lobisomem, explica a seus alunos que os "dementadores" "estão entre as cri atu ras mais malignas que vagam pela terra. Infestam os lugares mais escuros e imundos, se compraze m com a decompos ição e o desespero, ti ram a paz, a esperança e a fe lic idade do ar à sua vo lta. Até os trouxas sente m sua presença, embora não possam vê-los. ... Se puder, o deme nta.dor se a limentará de você o tempo suficiente para transform á- lo em a lgo semelhante a e le, um ser sem alma e pérfido" 13 •

O padrinho de Harry Harry descobre por fim que Sirius Black não estava à sua procura para lhe fazer mal. Pelo contrário, é seu padrinho e fo ra um dos me lhores amigos de seu pai . Assim Rowling traça o perfil de Si rius Black - um bruxo que, quando

Os "dementadores": esvaziadores de mentes Acima: os famosos irmãos Grimm. Seu trabalho de compilação e difusão de contos de fadas, feito no século XIX, influenciou até há pouco gerações inteiras de crianças em todo o mundo. Ao lado, o pequeno conto O Ganso de Ouro, belamente ilustrado.

Do cárcere escapara um prisioneiro tido como assassino impl acáve l. Sirius Black, o clelinqiiente foragido, estaria à procura de Potter para matálo. Preocupado com a segurança deste, o d ire tor d a Esco la d e

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necessário, toma a forma de, um imenso cachorro -, com o qual Potter deseja doravante morar: "Uma massa de cabelos imundos e emplastrados lhe caía até a altura dos cotovelos. Se os olhos não estivessem brilhando do fundo das escuras covas oculares, ele bem que poderia ser tomado por um cadáver. A pele ensebada estava de tal modo esticada sobre os ossos de sua face, que esta parecia uma caveira. Um sorriso irônico fazia aparecer-lhe os dentes amarelados. Era Sirius Black" 14 •

calma, modicamente farta, da vida doméstica popular. Louçania de alma, temperança, largueza, bemestar sensato na própria mediania, tudo aí se exprime. Vem depois a literatura malfazeja. Apresentamos um entre mil. Murros, tiros, assaltos, agressões, vibração exagerada, narração melodramática, correcorre, sangue, morte, "superhomens" que manipulam raios toda uma sinistra e ridícula contextura de inverossirnilhanças, de crueldades, de grosseiros artifícios de sensacionalismo. Com isso não se forma um homem, e muito menos um

() <Yltaravi(lioso, o rea( e o horrendo na llteratura i'!:fanti{

Harry e o diálogo com as serpentes

PLINI O C ORRÊA DE ÜLIVEIRA

Um dos animais que mais horroriza o homem é a serpente. Foi sob a forma deste réptil que o demônio tentou Eva. E desde a queda original a cobra simboliza o malignq. Por isso mesmo, a representação da serpente encontrase em todos os ritos satânicos. Porém, quando se trata de Potter, o aspecto tenebroso do trato com as cobras como . que desaparece. E vem apresentado pela autora como uma qualidade a mais de Harry, ofidioglota à maneira de Lord Voldemort, o bruxo das trevas que domina a "língua das cobras " e com elas conversa. O que faz de Harry um bruxo muito especial. Seus colegas o interpelam a respeito: "- Um ofidioglota! - disse Rony. - Você é capaz de falar com as cobras! - Eu sei. Quero dizer, é a segunda vez que faço isso. Uma vez no zoológico eu açulei, por acaso, uma jibóia contra o meu primo Dudley, uma longa história ... ela estava me contando que mmca tinha estado no Brasil, e eu meio que a soltei sem querer" 15 •

Universo de coisas asquerosas: plantas purulentas... O asqueroso - e não mais a contínua procura do bonum, verum, pulchrum (bom, verdadeiro, belo), que deve ser o objeto de uma sólida educação - está igualmente presente nas aulas a que Harry assiste em Hogwarts. A professora Sprout, "uma bruxinha atarracada que usava um chapéu remendado sobre os cabelos soltos, que geral mente tinha uma grande quantidade de terra nas roupas, e cujas unhas fariam tia

s histórias, todos o bem, são os primeis contatos das crianças com a vida. Através delas, a inteligência infantil transpõe os limites do ambiente doméstico e apreende as noções iniciais sobre a sociedade humana, com as inúmeras diferenciações que comporta, as atrações que oferece, os deveres que impõe, as decepções que traz, e o jogo complicado das paixões nos altos e baixos desta grande luta que é a existência. "Militia est vita hominis super terram" [A vida do homem sobre a terra é uma luta], diz a Sagrada Escritura (Job 7,1). "Militia ", sim, em que uns lutam por seus interesses pessoais, legítimos ou ilegítimos, e outros lutam contra o mundo, contra o demônio, contra a carne, para a maior glória de Deus. Daí haver importância essencial, para uma civilização católica, em proporcionar às crianças uma literanua profundamente e sadiamente religiosa. Não falamos apenas do curso de Catecismo e História

Sagrada, que deve ser o centro de n1do, mas de histórias que fossem como que o comentário, o prolongamento, a aplicação do que a Religião ensina. Isto, em termos de boa doutrin a, é o normal. Quanto é ev idente, porém, que a caudal da literatura infantil moderna está longe disto! Desejando tratar hoje da literatura infantil nesta seção,

WILHELM BUSCH

e

que não é de crítica literária, fazemo-lo analisando algumas destas ilustrações.

imaginação, está aqui expresso com um tato e um gosto notáveis.

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Antes de tudo, uma composição de Walt Disney. É a Cinderela, que vai com seu Príncipe rumo ao castelo encantado. É o maravilhoso na literatura infantil. Haveria restrições a fazer. Em princípio, o que se oferece à criança deve tender a amadurecêla, sob pena de não ser inteiramente sadio. Alguma coisa no cocheiro, no lacaio, na estrutura do morro e dos edifícios dá idéia de coisa feita não só para crianças, mas por crianças. E isto se nota, embora menos claramente, nos outros elementos da cena. Mas, feita esta reserva, como não elogiar o gosto, a delicadeza, a variedade desta composição? O maravilhoso, indispensável nos horizontes infantis como meio de apurar o senso artístico, elevar o espírito, abrir o descort:inio, estimular sadiamente a

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Passemos agora do maravilhoso para uma representação da vida quotidiana, com seus aspectos calmos, caseiros, simpáticos - outro elemento essencial nos horizontes da literatura infantil, para despertar a atração, o interesse pela realidade e pela virtude. Aqui está uma conhecida ilustração do Juca e Chico. No alto do telhado, os dois meninos das "sete travessuras" estão "pescando" as galinhas da Viúva Chaves. Junto ao fogão, ladra assustado o fiel cãozinho. Os "dois meninos malcriados, esses dois endiabrados" que "põem toda a gente maluca", representam com real expressão a traquinagem tão freqüente na vida caseira. Traquinagem tratada aliás, no livro, não sem uma exemplar severidade: "lede esta história e vereis a sorte dos dois". Exceção feita dos traquinas - e talvez nem isto - , tudo evoca a atmosfera feliz,

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cristão. O produto próprio desta literatura é o neobárbaro ...

Catolicismo nº 40 - abril 1954, Excertos da seção Ambientes, Costumes, Civilizações

Nota da Redação: Se na década de 50, comentando uma cena de hi stória em quadrinhos da época, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira previu que o " produto próprio" de tal " literatura é o neobárbaro" , pode-se imaginar o juízo muito mais severo que ele faria das aventuras de Harry Potter! Esta literatura é própria a criar na a lm a infantil e juve nil uma conaturalidade co m algo muito pior que a barbárie: o monstruoso, o horre ndo e, por fim, o diabó lico e infernal.

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~ Petúnia desmaiar"

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, mostra/ 'aos alunos as plantas mais horríveis que Harry jamais houvera visto. De ato, elas se pareciam menos com plantas do que com gigantescos caramujos que se elevavam verticalmente do solo, contorcendo-se e dobrando-se. E m suas hastes traziam pústulas grandes e brilhantes, cheias de uma substância líquida. - 'Essas plantas são os Bubotubler, disse-lhes vivamente a professora Sprout. 'Elas devem ser espremidas. Aí vocês podem recolher o pus ... - ' O quê?' , perguntou Seamus Fi nnigan com nojo. - 'O pus, Finn igan, o pus ', respondeu a professora Sprout, 'e ele é altamente valioso, portanto não o joguem fora. É preciso recolhê-lo'. Espre mer os B ubotubler fo i uma tarefa asquerosa, mas que produzia de certo modo contentamento. De cada uma das pústulas , que espremiam, cor ri a um a grande quantidade de líquido

verde-amarelo, que recend ia fortemente a gasolina ..." 17 •

... Rony e as lesmas O nojento está presente ao longo de toda a obra. Rony, o grande am igo de Harry, lança um feitiço contra um colega que o odeia. Porém, sua varinha de condão bate-lhe no corpo e o efeito volta-se contra ele. E passa a vomitar ininterruptamente vermes: "Rony abriu a boca para fa lar, mas não saiu nada. Em vez disso, soltou um poderoso arroto e várias lesmas caíram de sua boca para o colo. O time da Sonserina ficou paralisado de tanto rir. ... Draco caíra de quatro, dando murros no chão. Os alunos da Grifinória agrupavam-se em torno de Rony, que não parava de arrotar lesmas enormes" 18•

Banquete na masmorra: macabro aliado ao nojento Em Harry Potter o repugnante não encontra barreiras nem limites. Assim Harry descreve um banquete para o qual ele e seus am igos haviam sido convidados . Na descrição do banquete, que se realiza nas masmorras docastelo de Hogwarts, nota-se novamente a mistura do belo com o hediondo, q uando a auto ra se refere por exemplo aos peixes podres servidos em travessas de prata: "A masmorra continha centenas de pessoas esbranquiçadas e translúcidas, a maioria deslizando por uma pista de dança, valsando ao som medonho de trinta serrotes musicais, tocados por uma orquestra reu nida em cima de uma plataforma drapeada de negro ... . Parecia que estavam entrando numa câmara frigorífica .... Passaram por um grupo de freiras soturnas , um homem vestido de trapos que usava correntes e o Frade Gordo, o alegre fantasma da Lufa-L ufa, que conversava com um cavalheiro que tinha uma flec ha espetada na testa. Ha.rry não se surpreendeu ao ver que os outros fantasmas se distanciavam do Barão Sangrento, um fa ntasma da Sonserina, muito magro, de

olhos arregalados e coberto de manchas de sangue prateado . ... Do lado oposto da masmorra hav ia um a longa mesa, também coberta de veludo negro. Aproximaram-se pressurosos, mas no instante seguinte pararam de chofre, horrorizados. O cheiro era bem desagradáve l. Grandes peixes podres estavam di spostos em belas travessas de pratas; bolos carbonizados arrumados em salvas; havia uma grande terrina de picadinho de miúdos de carneiro cheio de vermes ... e o orgulho do buffet, um enorme bolo cinzento em forma de sepultura, com os dizeres em glacê de asfalto" 19•

Um "fogo agradável" e uma língua imensa e gosmenta de serpente Com a permissão de seus parentes trouxas , Potter deve passar parte de suas fé rias em casa de uma fa mília de bruxos, seus am igos. Esses chega m através da lareira. Na saída, um dos colegas de Harry deixa cair de propósito um a bala enfe itiçada, logo engolida por se u primo trouxa, o guloso Dudley. Aqui, ao nojento une-se o horror. A língua do menin o cresce e incha, a ponto de ficar como uma imensa serpente píton go menta. ~ Na infância o aprendizado se faz pela imitação, dizia Aristóteles. Vendo as duas meninas à esquerda e à direita, quem não sente saudades da infância iluminada pelo maravilhoso dos contos de fadas?

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VIDAS DE SANTOS " 'Até logo', disse Harry, f colocou os pés nas chamas verdes. Eram agradáveis e transmitiam uma sensação de um sopro quente. Neste momento, porém, ouviu-se um horrível som de engasgo, e a tia Petúnia começou a gritar. Harry voltou-se. Dudley ... estava ajoelhado junto à mesa de café, engasgado com urna coisa comprida, avermelhada e gosmenta que lhe saía da boca. Harry viu logo que esta coisa gosmenta era a língua de Dudley" 20 .

Os diabretes da Cornualha:

espírito diabólico de destruição Em meio a toda espécie de seres estranhos que aparecem ao longo dos quatro volumes já editados, como os animagi (homens que se transformam em ani mais), os hipogrifos (seres meio cavalo, meio águia), as aranhas do tamanho de cavalos e árvores que chicoteiam etc., entram em cena também diabretes. Uma maneira eufemística de falar do demônio. Assim, Lockhart, professor de Proteção contra Artes Mágicas, traz um dia para a sala de aula diabretes de cor azulelétrico, diabolicamente ast.utos, de vinte centímetros de altura: "Foi um pandemônio. Os diabretes disparavam em todas as direções como foguetes. Dois deles agarraram Neville

pelas orelhas e o ergueram no ar. Vários outros voaram direto pelas janelas, fazendo cair uma chuva de estilhaços de vidro. Os demais se puseram a destruir a sala de aula com mais eficiência do que um rinoceronte desembestado. Agarraram tinteiros e salpicaram a sala de tinta, picaram livros e papéis, arrancaram quadros das paredes, viraram a cesta de lixo, pegaram as mochilas e os livros e os atiraram cont:ra as vidraças quebradas; em poucos minutos, metade da classe estava abrigada embaixo das carteiras, e NeviJJe pendw-ado no teto pelo lustre de ferro" 21• Se a autora quisesse preparar seus jovens leitores para uma real aparição do demônio, poderia perfeitamente ter escrito o que escreveu.

Antítese entre antecâmara do inferno e pré-figura do Céu Tal é o mundo de horrores proposto - com base numa gigantesca máquina de propaganda mediática - a dezenas de milhões de leitores de Harry Potter nos cinco conti nentes da Terra. Um mundo dominado pela magia, hab itado por seres que parecem brotados de uma mente alucinada, no qual, por assim di zer, todos os sentidos são agredidos pelo monstruoso, de modo tal que já se vai tendo uma antevisão e um antegosto do que possa ser o inferno .

Os grossos volumes de Harry Potter procuram de modo sutil incutir no leitor a idéia de que o mundo real é invisível e mágico, no qual vivem os bruxos. Aí é que as coisas de fato importantes se decidem. A sociedade dos tmuxas, dos homens comuns, constituiria um mundo de segunda classe, estúpido, sem graça, banal. A obra da escritora Joanne Rowling toma ass im um caráter de iniciação nos mistérios da feitiçaria, da magia e do ocul tismo, enquanto porta de acesso a este novo mundo anticristão, que não é outra coi a senão uma pré-figura do reino do demônio. Objetar-se-á que o reino de bruxos e feiticeiras desvendado em Harry Potter não passa de mera fantasia de literatura infanto-juvenil. Sem dúvida. Mas também é indubitável que tal fantasia prepara - e de modo possante - as almas para um estado de coisas que se enco ntra bem exatamente nos antípodas do Reino de Maria previsto por Nossa Senhora em Fátima. E anelado por grandes santos como São Luís Grignion de Montfort e eminentes pensadores católicos como o Prof. Plinio Corrêa de O li veira. Sim, do Reino de Maria, futuro ápice da Cristandade, quando Nossa Sen hora reinará sobre os corações, fazendo da sociedade humana uma antecâmara do Céu. ♦

São Bernardo de Claraval Glória da Igreja e da Cristandade PUNIO MARIA SOLIMEO

De tempos em tempos a Providência faz surgir homens providenciais que marcam todo o seu século, como São Bernardo, o Doutor Melífluo, cantor da Virgem, grande pregador de cruzadas, extirpador de cismas e heresias, pacificador exímio e um dos maiores místicos da Igreja

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família privilegiada, e grande fortuna e poer, nasceu Bernardo, no final do século XL Sua maior riqueza, porém, era uma arraigada fé catól ica. O pai , Tecelim, grande senhor, era bom e piedoso; e a mãe, Alícia, seria venerada como bem-aventurada pela Igreja na França. Quando nasceu Bernardo, o terceiro de sete fi lhos, além de o oferecer a Deus, como fazia com toda sua pro le, ela consagrou-o ao serviço da Igreja. A ciência dos santos, Bernardo a aprendeu com os pais; e a do mundo, co m os padres da igreja de Châti ll on-surSei ne. O menino era extremamente bem dotado. Além de boa aparência física, tinha Bernardo uma inteligência viva e penetrante, elegâ ncia de dicção, suavidade de caráter, retidão natural de alma , bondade de coração, uma conversa atraente e cheia de encanto. Ao par disso, uma modéstia e uma propen são ao recolhimento, que o faz iam parecer tímido .

Notas: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ __ 1. Títul o or igin al in glês: Harry Potter and ih.e Goblet ofFire . As citações deste volume no pre-

so. Pois esses livros são todos eles um exercício

and the Chan,ber of Secrets, Harry Potter and the Prisoner ofA zkaban. 8. Cfr. Hany Pouer 11nd der Fe11erkelch, pp. 667 ss. 9. No currículo esco lar elas esco l as sec un dárias constam matérias como Hi stória, Geografia, Ing lês, Mate mática, Física e tc. Poré m, na Esco la de Bruxaria de Hogwarts os jovens alunos cursa m disc ip li na s ta is como Ciênc ia elas Ervas, C ria ção de Seres M ág i cos, Pred i ções, Aritmâ ntica , Hi stóri a da Feiti ça ri a, Au la de Transformação (em outros seres), Parsel , ou a habilidade de fa lar com cobras, Curso de Poções Mágicas (o qual se revela uma verdadeira " tortura": "A s aulas de Poções M ágicas eram sempre uma experi ência horrível, porém agora transform ara m-se numa verd adeira tortura. Es-

em matéria de assombro. E o assombro é o veíc u /o que tran.sporlC/ as fábulas" (Stern, Hamburg, 41./2000) " Di6rio das Lei s", São Pau lo, 2a . edição, 1982 " Frnnkfurtcr Rundschau", 20- 11 -2000. Tí tul o o ri g in al : H a rry Pot1 e r an.d th e Phi/0.wpher '.1· Stone Títu los ori ginui s r spcc tivamente: flarry Potter

tar durante uma hora e meia trancado num calabouço com o professor Snape ..." idem, p. 3 10). 10. Idem, p. 3 14. 11. O crítico li terári o de fama internacional Harold Bloom , professor da Un iversidade de Ya le, considera que Potter não é aconselhável para quem esteja interessado em literatura, e muito menos para crianças: "O livro é uma massa de clichês

sente arti go foram extraídas da ed ição alemã Harry Po tte r und d e r Feu.erkel ch , Ca rl sen, Hamburg, 2000. 2. Ver por exemplo: " O Estado de S. Pau lo", 23-6200 1, Caderno 2. 3. Engana-se rotundamente quem pensar que a leitura de Harry Potter atrai somente cri aoças e j ovens. De fato, pessoas de todas as idades estão lendo essa obra. Norbert B ium , ex-Mini stro do Traba lho da A lemanha e membro do CDU, referindo-se ao sucesso da série, dec larou : "Depois que devorei os três primeiros volumes, não es1ou de modo alg um surpreso com o seu. suces-

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que não pode fa zer nenhum bem às crianças. Tiido isso começo" por causa de Stephen King, que é wn autor horrível. Ele escreveu uma resenha dizendo que os leitores de Han y Potte1; com 12, 13

anos, esrariam. prontos para ler os livros dele aos 16 ou 17. E esta é exatamente a verdade" ("Jornal do Brasi l", 3/2/200 1). Stephen King escreve livros de horror pesado. Tanto seus livros quanto os ele Rowling estari am desde há muito no lnclex Librorum P.-ohibitorum do antigo Santo Oficio (hoj e Congregação para a Doutrina da Fé), ca o ele ainda esti vesse vigente. 12. Harry Potter anel th e Prisoner of A zkaban, Bloomsberry, London, 1999, pp. 93-94 13. Idem, p. 203 14. Idem, p. 365 15. Harry Potter e a Câmara Secre ta, Rocco. Rio de Janeiro, 2000, p. 168 16. Idem, p. 18 1 17. liarry Po!ter 1111 d der Feuerkelch, pp. 404-405. 18. Harry Pouer e a Câmara Secreta , p. 100 19. ldem, pp. 11 6- 117) 20. Harry Potter und der Peuerkelch , pp. 53-54 21. Harry Potter e a Câmara Secreta , pp. 9 1-92

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Radicalidade na prática da pureza Com tantas qualidades naturais e urna posição social invejável, ao crescer poderia ter-se faci lmente desv iado para o mundanismo. Mas Bernardo provou que a alta condição social, se vivida com fé, pode até ajudar a prática da virtude. Seu temperamento, inclinado à meditação, abriu-se à ação da graça, que o levava a escol her empre a virtude ao

prazer, as coisas de Deus às do mundo. Aos 19 anos era alto, bem proporcionado, com profundos olhos azuis iluminando um rosto varonil, emo ldurado por uma loira cabeleira. Seu porte era ao mesmo tempo nobre e modesto. Um dia, numa recepção social, a figura de uma jovem o atraiu e o perturbou . Imediatamente, para afastar aquela visão que se lhe tornou quase obsessiva, arroj ou-se num tanque de água fria e ali permaneceu até que o tirassem. Fez então o propósito de consagrarse totalmente a Deus.

Povoou a Abadia de Cister No ano de 1098 São Roberto fundara, num vale chamado Cister, um ramo reformado da famosa abadia de Cluny, já então em decadência. A severidade de sua regra foi afastando os candidatos, enquanto seus monges antigos iam morrendo. Santo Estevão Harding, sucessor de São Roberto, pensava em fec har definitivamente as portas da abadia, quando um dia trinta nobres cavaleiros apareceram, pedindo para entrar na Ordem. Eram Bernardo com irmãos, um tio e amigos, que ele tinha convencido a acompanhá- lo. Mais tarde seriam seguidos pelo irmão mais novo e o próprio pai , enquanto a única irmã também se dedicaria a Deus, morrendo em odor de santidade. Era tão intenso o dom de persuasão que possuía esse homem cheio do amor de Deus, que, ao pregar, as mulhe-

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ffi resseguravam os maridos e as mães escondiam os filhos, por medo de que o seguissem.

Comunicação contínua com Deus Bernardo entregou-se à prática da regra como monge consumado. Posto que, nos caminhos da virtude, há várias vias para se atingir a santidade, Bernardo embrenhou-se com total radicalidade na bela via para a qual se sentia chamado por Deus. Dominou de tal maneira seus sentidos, que comia sem sentir o sabor, ouvia sem ouvir. Dominou o paladar a tal ponto, que uma vez bebeu sem perceber um copo· de azeite, em vez de água. Formou para si uma cela interior, na qual vivia tão recolhido que, depoi s de doi s anos, não sabia se o teto da abadia era abobadado ou li so, e se hav ia janelas na capela. Sua comuni cação com Deus era contínua, de maneira que mesmo enquanto trabalhava não perdia seu recolhimento interior. Pensava que o monge devia ter o domínio de si, mesmo durante o sono; e mai s tarde, quando ouvia roncar algum dos irmãos, dizia que isso era dormir de um modo carnal e no estilo dos secul ares. Fugia do sono como de uma imagem da morte, concedendo-lhe tão pouco tempo que mal podia dizer-se que dormia. Bernardo queria santos em sua milícia. Por isso dizia amiúde a seus noviços: "Se desejardes viver nesta casa, é necessário deixar fora os corpos que trazeis do mundo; porque só as almas são admitidas nestes lugares, e a carne não serve para nada ".

Fundador de Claraval, atraía as almas para Deus Santo Estevão Harding via maravilhado aquele jovem com maturidade e prudência de ancião. E apenas doi s anos depois de sua entrada em Cister, envia-o corno superior de um grupo de monges para fundar a abadia de ClaravaL Bernardo tinha apenas 25 anos de idade. A nova abadia ficava num lugar inculto e agreste, sendo por isso chamada de Vale do absinto. São Bernardo transformá-la-ia em Vale Claro , ou Claraval, espalhando sua fama por toda a França e, depoi s, pela Europa. Muitos eram os nobres que iam vi sitá-lo e acabavam ficando seus discípulos. A pobreza da abadia nos seus inícios era espantosa: não tinham para comer senão ervas silvestres; mal se vestiam , sofrendo todas as intempéries. Essa era a riqueza desses verdadeiros herói s, que tudo tinham abandonado por Cristo. Bernardo atingira um grau supereminente de amor de Deus e de união com a vontade divina, mas faltava-lhe ainda compreender bem a humana fraqueza de seus subordi nados. Tinha escrúpulos de dirigi-los pela palavra, crendo

que Deus lhes falaria no íntimo da alma muito melhor do que ele. Estava nessa tentação, quando um di a apareceulhe um Menino todo envolto numa luz divina. Com grande autoridade, este ordenou-lhe dissesse tudo quanto lhe viesse ao pensamento, porque seria o próprio Espírito Santo que falaria por sua boca. Ao mesmo tempo Bernardo recebeu uma graça especial de compreender as fraquezas dos outros e de se acomodar ao espírito de cada um , para ajudá-los a vencer suas mi sérias. O modo como Bernardo atraía vocações para Claraval era milagroso. Por exemplo, todo um grupo de nobres, que por curiosidade quiseram um dia conhecê-lo. Atuava como se fosse um poderoso ímã para atrair almas a Deus. A atração mais estrondosa foi a de Henrique de França, irmão do Rei Luís VII. Esse príncipe foi a Claraval tratar de um importante ass unto com São Bernardo. Quando ia sair, pediu para ver todos os monges, a fim de se recomendar às suas orações. Bernardo di sse-lhe que logo experimentaria a eficácia dessas orações. No mesmo dia Henrique sentiu-se tão tocado pela graça que, esquecendo-se de que era então o sucessor da coroa, quis ficar em Claraval. Mai s tarde foi Bispo de Beauvais, e depoi s Arcebispo de Reims. Com isso Claraval cresceu tanto, que habitualmente seu número era de 600 a 700 monges. Apesar disso, cada um mantinha isolamento interior e silêncio, como se esti vesse só. Jamais um monge estava inativo, tendo sempre algum trabalho manual para fazer, se não estivesse em oração no coro ou em sua cela. Com o tempo e o número crescente de vocações, Bernardo pôde fundar 160 casas de sua Ordem, não só na França mas também em outros países da Europa.

Extirpador de cisma A mi ssão pública de São Bernardo quase não teve similar na História. Foi ele, por exemplo, chamado para combater o cisma do antipapa Anacleto Il (*). Percorreu então a Europa, conquistando reis e reinos para a justa causa. Foi a alma dos Concílios de Latrão, de Troyes e de Reims, convocados pelo Papa para tratar dos negócios da Igreja. Opôs-se ao Imperador alemão Lotário II que, aproveitando-se do cisma, queria receber as investiduras das igrejas. Bernardo não só o fez di sso desistir, mas também o convenceu a reconhecer o Papa verdadeiro. Bernardo tentou - juntamente com São Norberto ganhar o antipapa. Mas em vão: este foi renitente e recusou-se a ouvir qualquer argumento. A pregação de São Bernardo era em geral acompanhada por grande número de milagres. Livrava possessos do demônio, restituía a vista a cegos, movimentos aos paralíticos, voz aos mudos, audição aos surdos. O cardea l

d' Albano, preso a fortes febres, foi curado bebendo a água que foi passada em um prato onde comera o Santo. Ele praticamente não podia andar sem ser seguido por uma multidão de doentes e de sãos que nele queri am tocar. Precisava falar à multidão de urna janela, para proteger-se. Estava na Itália quando a morte repentina do antipapa Anacleto fez cessar o cisma, que havia durado sete anos. Elegeram um sucessor, mas Bernardo o convenceu da iliceidade dessa eleição, do risco de sua eterna sa lvação, e o levou arrependido aos pés do verdadeiro Papa. Com isso terminou o cisma. Por toda parte o santo era olhado como "o pai dos fiéis, a Coluna da igreja, o apoio da Santa Sé, o Anjo tutelar do povo de Deus".

__________ I_

Franqueza apostólica

com poderosos Além da questão do cisma, não houve ponto importante na Igreja, naquela época, em que Bernardo não tivesse intervindo. Esse intrépido batalhador foi o árbitro de todas as disputas de seu tempo . Ass im , reconciliou o Conde da Champagne com o Rei Luí VII, que queria assenhorear-se de suas terras, evitando uma guerra fratricida. Tendo o Rei da França Luís VII, expulsado de suas dioceses o Arcebispo de Tours e o Bispo de Paris, Bernardo repreendeu-o vigorosamente por cartas, ameaçando-o com o Juízo de Deus. Nem a liberdade apostólica com que Bernardo falou ao Rei , nem o cumprimento de uma de suas previsões - a morte do primogênito desse príncipe - levaram-no a censurar o Santo.

Aniquilador de heresias e pregador da li Cruzada Bernardo foi o protetor da fé contra as heres ias de Pedro Abelardo e Arnaldo de Bréscia, que queriam renovar os antigos erros de Ario, Nestório e Pelágio. Combateu também os erros de Gilberto de la Porée, Bi spo de Poitiers. Mas a principal heresia que o santo combateu foi a de um monge apóstata, Henrique, que no Languedoc movia guerra cruel à Igreja, atacando os Sacramentos e os sacerdotes fi éis. O santo abade foi também chamado a pregar a U Cruzada, o que ele fez com a força de sua eloqüência e o poder de milagres. Conta seu secretário que na Aleman ha ele curou, num só dia, nove cegos, dez surdos ou mudos, dez mancos ou paralíticos. Em Mayence, a multidão que o rodeou foi tão grande, que o Rei Conrado foi obrigado a tomálo em seus braços para tirá-lo ileso da igreja.

Vista parcial da Abadia de Cister, na Borgonha, da qual partiu São Bernardo com um grupo de monges para fundar a Abadia de Claraval.

Cantor da Virgem A devoção de Bernardo para com Nosso Senhor Jesus Cristo e a Virgem Maria eram incomparáveis. Certo dia, quando entrava na catedral de Spira, na Al emanha, em meio ao Clero e povo, ele ajoelhou-se por três vezes, dizendo na primeira: "Ó clemente!"; na segunda: "Ó piedosa! "; e na terceira: "Ó doce Virgem Maria!". A Igreja acrescentou depois estas invocações ao final da Salve Rainha. Enfim, muitíssima coisa mai s poder-se-ia di zer deste Santo excepcional. Estando para morrer, seus filhos espirituais faziam violência aos Céus para segurá-lo na Terra. Ele lamentou-se docemente: "Por que desejais reter aqui um homem tão miserável? Usai de misericórdia para comigo, eu vos peço, e deixai-me ir para Deus". O que ocorreu no dia 20 de agosto de 1153. ♦ * A respeito da noção de cisma e ex istência de antipapas na Igreja, ver: "Catolicismo", ed ições de março e abri l/200 1, "A Pa lav ra do Sacerdote".

Obras Consultadas: -:__ Les Petits Bollandistes, Vi es des Saints, Bloud et Barrai, LibrairesÉditeurs, Paris, 1882, tomo X, pp. 50 e ss. - Frei Justo Pérez de Urbe!, O.S.B. , AFío Cristiano, Ediciones Fax, Madrid , 1945, tomo Ili, pp. 388 c ss. - Edelvives, El San to de ca da día , Ed itori al Luis Vi ves, S.A. , Saragoça, 1948, tomo IV, pp. 5 II e ss. - Pe. José Le ite, S.J ., Santos de cada dia , Editorial A.O. , Braga, 1987, vol. II, pp. 557 e ss.

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Santos ,e festas

de 1 Santo Etelvoldo, Bispo. + Winchester, 984. Monge beneditino, àbade e depois bispo de Winchester, "foi um dos principais reformadores da vida monástica em seu país, depois da grave crise do séc. TX" (do Martirológio RomanoMonástico).

2 Santo Estêvão 1, Papa e Confessor. + Roma, 257. "Opôs-se energicamente ao costume africano de rebatizar os hereges quando estes retornavam à Igreja Católica" (do Martirológio ), sendo nisso apoiado por Santo Agostinho.

3 São Pedro de Anagni, Bispo e Confessor. + Anagni , 1105. De família nobre, t~ndo entrado ainda jovem num mosteiro daquela cidade italiana, foi nomeado seu Bispo pelo Papa lá exilado, e por ele enviado a Constantinopia como embaixador junto ao Imperador bizantino. Primeira Sexta-feira do mês.

4 Santo Aristarco, Mártir. + Séc. 1. Nascido em Tessalônica (Macedônia), foi convertido por São Paulo, de quem se tornou inseparável companheiro de viagem, correndo os mesmos riscos e prisão: "A ristarco, meu companheiro de caliveiro, saúda-vos", escreve de 32

CATOLICISMO

Roma, aos Colossenses , o Apóstolo.

Primeiro Sábado do mês.

5 Santo Abel de Reims, Bispo e Confessor. + Lobbes (Bélgica), séc. VIIl. São Bonifácio, chamado por Pepino, o Breve, para reformar a Igreja na Gália, escolheu Abel para Bispo de Reims. Impedido de tornar posse dessa diocese, refugiou-se na Bélgica, onde morreu entregue à oração e penitência por suas ovelhas.

6 Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo

7 São Sisto li, Papa, e Companheiros, Mártires. + 258. O perverso Imperador Valeriano estabelecera a pena de morte no Império Romano "sem julgamento, só com verijicação da identidade", contra Bispos, padres e diáconos cristãos. Sisto li foi executado na Via Ápia, no mesmo lugar em que celebrava clandestinamente os Santos Mistérios. Com o Pontífice foram martirizados seis diáconos que o assistiam.

8 Beato João Felton, Mártir. + Londres, 1570. Sua esposa, por ser amiga da pérfida Rainha Isabel I, obtivera o privilégio de ter um capelão em casa. Mas isso não impediu que seu marido, o admirável João Felton, por afixar na porta do BisAgosto de 2001

Santa Radegunda Rainha

São Fiacre

po de Londres a bula mediante a qual São Pio V severamente excomungava a soberana, fosse esquartejado vivo.

tário I, rei dos francos, por sua virtude exerceu grande influência na corte. Retirou-se depois para um mosteiro que fundou em Poitiers.

9 Santos Juliano, Mariano e Companheiros, Mártires. + Constantinopla, séc. VIII. Esses 10 eclesiásticos, por terern defendido o culto das imagens, sofreram "inúmeros tormentas e foram mortos pela espada" (do Martirológio).

10 São Deodato, Confessor. + Roma, séc. VI. Era sapateiro. "Segundo São Gregório, ele distribuía no sábado tudo quanto havia ganho na sem.ana precedente" (do Martirológio).

11 Santa Susana, Mártir. + Séc. IIl. Matrona romana, foi decapitada por ódio à fé em sua própria casa, transformada depois, no século VI, em igreja dedicada ao seu culto.

12 Santo Euplúsio, Mártir. + Catânia, séc. IV. Este intrépido cristão, movido pela graça, apresentou-se à entrada do tribunal da cidade e gritou : "Desejo morrer, porque sou cristão". Depois de diversa, torturas, foi decapitado.

13 Santa Radegunda Rainha, Viúva. + Poitiers, 587. Esposa de Cio-

14 Santa Anastácia, Abadessa. + Egina (Grécia), séc. IX. Por duas vezes teve que se casar contra sua vontade. Mas o segundo marido, com o qual se dedicava às boas obras, resolveu fazer-se monge, e ela fundou, no deserto de Tímia, um mosteiro que governou até sua morte.

15 (Neste ano a festa da Assunção foi transferida para o dia 19)

São Tarcísio, Mártir da Eucaristia. + 257. Jovem romano, "levava os mistérios de Cristo quando rnüos criminosas se empenharam em profaná-los. Preferiu deixar-se chacinar a entregar aos cães raivosos o corpo do Salvador" (da inscrição de São Dâmaso, Papa, segundo o Martirológio Romano).

16 São Roque, Confessor. + Montpellier, séc. XIV. Per<lendo os pais, aos 20 anos, partiu em peregrinação para Roma, passando pelos lugares empestados para tratar dos enfermos. Voltando à sua cidade natal, foi tomado como revoltoso e levado à prisão, onde mo1rnu de miséria ao cabo de cinco anos.

São Roque

São Luís, Rei de França

São Paulino de Tréveris

São Pio X

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morava-se a 31/5. E no dia 22 de agosto celebrava-se a festa do Imaculado Coração de Maria).

lrmcizinhas dos Idosos Abandonados" (do Martirológio Romano - Monástico), que logo se espraiou por toda a Espanha e também par·a o exterior.

de Essex, dele di z São Beda, o Venerável: "Era homem muito dado a Deus. Pref eria uma vida isolada de caráter monástico a todas as riquezas e todas as honras elo reino.

São Jacinto, Confessor. + Polônia, 1257. "Depois de ter estudado em Cracóvia, tornou o hábito dos frades pregadores em Roma, das mãos do próprio Süo Domingos. Fundou a província dominicana da Polônia e estendeu seu apostolado para a Rússia e Prússia" (do Martirológio).

18 Santo Agapito, Mártir. + Palestina, séc. III. Com apenas 15 anos, mas já inflamado pelo amor de Deus, foi duramente flagelado com nervos de boi, depois entregue aos leões, que não o tocaram, e finalmente teve a cabeça cortada.

19 ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AOS CÉUS (neste ano)

20 São Bernardo, Abade (VideSeção VidadeSantos,p.29)

21 São Pio X, Papa e Confessor. + 1914. O lema do seu Pontificado era Restaurar tudo em Cristo. Foi o grande Papa da Eucaristia, do Catecismo, do Direito Canônico e do Canto Gregoriano, bem como, e sobretudo, o grande batalhador contra os erros da heresia modernista.

22 NOSSA SENHORA RAINHA (Antigamente esta festa come-

23 São Felipe Benício, Confessor. + Florença, 1285. Jovem médico, ingressou na Ordem dos Servos de Maria, recém-fundada, que governou até a morte. Empenhou-se em resolver o conflito entre os partidos dos Güelfos e dos Gibelinos, que dilacerava a cidade de Florença.

27 Solenidade de Nossa Senhora dos Prazeres Um de seus santuários mai s famosos , no Brasil , é o dos Montes Guararapes, onde se deu a batalha decisiva dos brasileiros contra os hereges calvinistas.

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Santa Emília de Vialar, Virgem. + Marselha, 1856. "Fundadora da Congregaçüo das lnnüs de São José da Aparição, que se dedicam ao serviço dos doentes e dos pobres" (Do Martirológio Romano - Monástico).

São Juliano, Mártir. + Séc . III. "Companheiro de São Ferreolo, seguia secretamente Cristo sob o un!forme militar. Durante a perseguiçcio de Diocleciano, foi detido e teve o pescoço cariado" (Do Martirológio).

25 São Luís, Rei de França, Confessor. + África, 1270. Árbitro entre reis da Europa, e depois mesmo entre infiéis, quando empreendeu a VI Cruzada. Foi pai de seu povo, juiz para os ímpios e defensor da fé contra os muçulmanos. Morreu vitimado pela pe te nas costas da África.

26 Santa Teresa de Jesus Jornet-e-lbars, Virgem. + Líria (E panha), 1897. "Nascida na Catalunha ele uma família de agricultores, consagrou-se inicialmente ao ensino, e depois fundou o Instituto das

29 São Seba Rei, Confessor. + Essex (Inglaterra), 700. Rei

30 São Fiacre, Confessor. + França, 670. Fi lho de um Rei da Escócia , in stalou-se na França, onde construiu um mosteiro. Monge desbravador, foi muito venerado pelos jardineiros e horticultores, tornando-se muito popular na França.

31 São Paulino de Tréveris, Bispo e Confessor. + Tréveri s, 358. Defensor da fé no Concílio de Nicéia e grande partidário de Santo Atanásio, foi por isso exilado pelo Imperador ariano Constâncio para a Ásia Menor, onde morreu entre não católicos, vítima de sofrimentos e fadigas.

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Vendas ,em bancas

Lepanto

Recuperação da Fé

181 Sugiro uma difusão em larga escala da revista Catolicismo. Vendas em bancas pode ser um modo de propagar mais e colocar ao alcance de pessoas que não têm certeza sobre as co isas da Igrej a. Meus colegas são assim, e acho que eles gostariam dessa leitura, são católicos mas sem conhecimento da Igreja. A seção Vida de Santos foi-me um pouco especial, ass im como a matéria sobre o rosário, que foi apresentada de forma a iluminar as mentes ainda duvidosas.

181 Excelente revista, sem dúvida. Se não for a melhor, ao menos está entre as melhores revistas católicas do pais. Parabéns pelo seu trabalho! Apreciei muito o artigo mariano, principalmente a referência à Batalha de Lepanto.

181 Peço que Deus e Nossa Senhora derramem muitas bênçãos a todos vocês, que vêm lu tando todo esse tempo juntos, ajudando muitas famílias que estavam se destruindo por fa lta de fé. Com a recuperação da fé em Nossa Senhora, as famílias voltam a acreditar no seu Santo Rosário, que é o nosso terço tão importante. Tudo graças a Nosso Senhor Jesus Cristo, à sua mãe Maria e a todos vocês.

(L.V.G. - RS)

Recomendação 181 A coerência é uma marca registrada da revista e uma encadernação de primeira. Achei excelente o artigo sobre o "Rosário", pois sou devoto de Maria. Todos os outros temas são, ta mbém , de muito interesse e atuais. Problemas que nossa sociedade enfrenta e que dizem respeito a todos nós, tais como o aborto, segura nça pública, crimes, imorali dade, etc. Eu recomendaria a todos os católicos esta revista, que acredito ser um elo para nos aproximarmos mais do mundo e pensamento católicos.

(J.G. -SP)

A forma coroa o conteúdo ~ O motivo desta é apenas para emitir um elogio "rasgado" à pu bli cação Catolicismo, pois como designer gráfico ei que a importância da forma é impresc indível para coroar o conteúdo, que, por sinal, demonstra muita seriedade e coragem. Sin to-me obrigado, en tão, a externar minha satisfação ao ver um trabalho tão capric hado, em todos os aspectos exigidos para uma revi sta de qualidade superior: diagramação, arte, qualidade cio papel, im pressão ... Num momento difíc il , de grande inversão de valores, no qua l vivemos, o cri stianismo agradece essa representação.

(H.H. - RN)

Releitura

181 Durante um encontro de quarteirão, realizado em nosso apartamento esta semana, pude mostrar a revista do mês de maio, e uma colega participante ficou superinteres. ada em saber como poderia passar a receber, se pode fazer ass inatura, ou como deve proceder. Solicito que enviem informação pelo meu e-mail , que retransmitirei a ela.

~ Ainda não tive tempo de ler o Catolicismo deste mês, pois estou recebendo-o neste momento, mas já em passar uma rápida revista, chego a parabenizá- lo e a toda a equipe por todo os artigos que ele contém. O conteúdo da revista é profundo e de grandes ensinamentos. Meus filhos e eu apreciamos muito. Ainda ontem, minha fill1a (casada, três filhos) e eu estávamos comentando um dos aitigos escritos pelo Dr. Plínio de O liveira (de saudo a memória) sobre a Fé. Estou sempre relendo esta mai·avilhosa revista.

(J.G.B. - SP)

(1.C.L.B. - SP)

(V.S.F. - MG)

Super-interessada

(M.L.R.F. - SC)

Rosário no mundo atual Gostaria de ad quirir outro exemplai· da revista Catolicismo, maio-2001, pois apreciei bastante a reportagem sobre o Santo Rosário e sua importância no mundo atual. É para enviar para uma amiga que reside na França (brasileira, muito católica). (V.E.C.B. - PE)

Vermelho-rosa ... Felicito- lhes pela revista, pela luta, pelo trabalho, pela ação denunciativa de proposições manhosas que a esquerda tenta incu lcar nesse nosso bom povo, mas ingênuo. A ação esclarecedora da TFP torna-se imprescindível para talhar a perfídia da propaganda vermelha que, hoje, toma coloração rosada . .... Penso que até mesmo este simulacro de apagão é mais uma manobra para criar revoltas e facilitar a subida de partidários marxi tas. (F.V.L. - PR)

Correspondência (cartas, fax ou ema ils) para as seções Escrevem os Leitores e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição

Segunda Aparição do Anjo

A iniciativa é da misericórdia de Deus PLINIO CORRÊ/\ DE ÜLIVEIRJ\

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m sua segunda aparição aos pastorinhos de Fátima, o Anjo lhes diz: "Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia ". O Anjo deixa bem claro esse ponto da misericórdia, que tem um sentido psicológico profundo. E le mostra às crianças que elas têm na reparação um papel profu ndo, tê m muito que ajudar a reparar. Mas é porque elas são muito boas? É porque elas têm grandes qualidades? Dir-se-ia que o Anjo teme o orgulho delas. É Deus que, através cio Anjo, conhecendo a fraq ueza humana, sabe quanto o homem é sujeito a toda forma de megalomania. E por causa disso, Pastor eterno e vigilante, lembra-se de dizer as

coisas de maneira a evitar os delírios de orgulho da mente do homem, nascido no pecado original. Então deixa bem claro que Deus tem os olhos voltados sobre eles, mas por desígnios de misericórdi a por bondade de Deus. Não dá co mo razão que elas são muito puras, nem que são muito piedosa , nem que guardaram a inocência. Não! É porque Deus é bom, que olhou para elas. As outras razões existirão, e vê-se que existem. É ev idente que Deus amou a pureza delas, amou a inocência, amou nelas tudo quanto é patente que amou, mas não quis dizer-lhes isto. Disse a elas que é da bondade de Deus que vem a escolha delas , o que nos convida muito mais a amá-Lo.

Com efeito, se e u dissesse "Deus é bom para mim porque eu.fiz muito por Ele" - suposto que eu tivesse feito muito - e u estaria dizendo: "Comecei por se,; nas relações com Deus, o bom; eu .fi.z muita coisa. Agora, como Deus é bom, me agradeceu e me ficou querendo bem. O benfeitor inicial .fúi eu, e aí seguiram-se as minhas relações com Ele". É um absurdo! O benfeitor inicial é sempre Deus, e nossa atuação é uma co nseqüência, nós somos um ressoar daquilo. Isto fica dito muito ligeiramente pelo Anjo, mas fica patente nesse diálogo. (Plinio Corrêa de Oliveira, palestra para Correspondentes da TFP, em 5-6-1994).

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m Verona - informa "II Gazzetino", diário de Veneza - cerca de 69 personalidades políticas gostariam de ter novamente a Missa como era celebrada antes da reforma do Concílio Vaticano II. Entre os qu~ solicitam o retomo à tradição estão parlamentares, assessores, conselheiros comunais e provinciais. Eles se dirigiram ao Bispo local, D. Flavio Roberto Carraro, considerado muito chegado a João Paulo II. O Bispo já havia anteriormente concedido a possibilidade de celebrar a Missa em latim, aos domingos, na Paróquia de Santa Toscana. O pedido agora é para estender bem mais a celebração tradicional.

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1111114-■li•■■l!llllllfflR!1 1 1 1 1 1 1 Ansioso por participar da Cruzada do Rosário - Desde o dia 13 de maio de 1998, rezamos o terço diariamente, quando nos inscrevemos na Campanha. Sim , eu estou ansioso de participar da Cruzada Reparadora do Santo Rosário (T.S. - SC) . Doçura, serenidade e paz - Venho expressar a enorme satisfação que senti ao ter recebido em minha residência a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Fiquei muito emocionada e feliz, não pensei que fosse assim tão forte e penetrante sua presença. Não dá nem para descrever tudo o que senti no

momento em que a imagem de Nossa Senhora entrou em minha casa. Eu, meu marido e meus filhos fica mos encantados com tamanha doçura, serenidade e paz que ela traz consigo . Havia momentos em que parecia que somente ela estava presente, que não havia mais ninguém ali . Mas não! ... a casa estava cheia. Eu estava tão emocionada, que não sabia nem o que fazer. Inclusive na hora de re zar o terço, parecia que minha voz não queria sair. No momento em que consegui rezar, tive uma vontade imensa de chorar, e tremia como uma vara verde . Gostei muito , est ou at é agora muito feliz, e às vezes ch eg o a pensar que foi um lindo sonho . Sabe, o que também achei intere ssa nt e é que das pessoas que convidei, vieram somente duas vizinhas qu e chamei quase na hora de Nossa Senhora

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CATOLICISMO

chegar . E, no entanto, a casa ficou cheia de gente, assim num abrir e piscar de olhos. Foi maravilhoso, quem sabe um dia ela torne a vol tar (S .G.S . - BA) .

Defendendo a Campanha Peço-lhe que, se for possível, en vie-me as revistas Catolicismo de fevereiro e abril, pois as minhas eu as dei (têm artigos sobre os Novíssimos); a de fevereiro, a uma pessoa que escutou o "bendito" Monsenhor Lucas falar mal da Campanha, e a de abril, eu a dei ao Arcebispo de Natal. Eu marquei uma audiência e fui lá, muito gentil, di ze r-lhe qu e escutei o Mons . Lucas ,

e pedir-lhe que a Arquidiocese re visse esse conflito, pois as pessoas da Campanha, tudo que elas querem, é a Salvação das Almas, e por extensão, um Brasil melhor. Expliquei qu e ninguém havia me mandado, nem ninguém havia me autorizado, pois não pedi licença a ninguém; qu e as pessoas da Campanha nem me conheciam, eu era apenas um nome na relação dos que fazem doação para a Campanha. Ele só me conhecia de vista, mas o secretário dele deve ter dito que eu era colaboradora do jornal que faz parte da estrutura da Arquidiocese e do Grupo de Amigos do Seminário. Também falei a ele da angústia de ver o mundo tão afastado de Deus. Dei-lhe também o CD com os textos sobre a Virgem Maria. Me senti bem de praticar mais uma ação contra-revolucionária (A .L. - RN).

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O demônio e a inveja por detrás das críticas à Campanha - Sabemos que o demônio é inimigo de Nossa Senhora. Todas as obras sérias e autênticas da Igreja (especialmente aquelas que colocam Maria Santíssima à sua frente, como é o caso desta Campanha), o demônio quer envenenar porque, como nós, ele sabe que a devoção a Maria é porta segura de entrada para a conversão e para o Céu . Ela nos conduz até Jesus. Vejo pessoas católicas criticarem e colocarem em dúvida os propósitos desta Campanha (inclu sive padres). Instintivamente, o demônio quer usar-nos para envenenar e denegrir a devoção e as boas obras . É por isto que eu não me preocupo quando alguém fala contra esta Campanha. Até Jesus, o Deus vivo, foi criticado e não aceito. O que dizer de nós? Sigamos de cabeça erguida e não demos ouvidos para "lorotas" que venham a falar. O meio mais eficaz de ir a Jesus é por meio de Maria. E o monstrengo sabe disto e procura de todos os modos (usando às vezes até católicos insensatos e despercebidos) impedir este meio, mas não conseguirá . Sabemos que a batalha é árdua, mas sabemos que a guerra já está vencida . Maria quer nos conduzir à vitória que é certa, e esta vitória tem nome: Jesus. Satanás está com seus dias contados, e o golpe final em sua cabeça será dado: "Meu Coração Imaculado triunfará" . Isto o apavora . Quer nos afastar, por inveja, do nosso destino que é ir a Jesus por Maria. Reitero mais uma vez minha adesão à Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, n ã o tardeis! (M .C.M. - RS) . TFP é um povo bom - Sr. Marcos Garcia: Tudo que aprendi sobre a vida religiosa, dou graças a Nossa Senhora, mas o senhor também me orientou muito. Porque a gente para chegar ao Céu por si própria é muito difícil, é preciso ser orientado por pessoas iguais ao senhor. Eu dei duas revistas para o Padre Cezarino, e ele me disse que continuasse assinando as revistas, porque o pessoal da TFP é um povo bom (AC, São Paulo).

Nossa Senhora ofendida publicamente pretexto de "arte", uma versão sacrílega da Virgem M ari a, em que sua imagem é apresentada de biquíni , está sendo ex ibida no Museu Internacional de Arle Folclórica da cidade ameri cana de Santa Fé.

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Por essa exibição sacrílega, podese medir o ódio que existe no mundo moderno contra a pureza imaculada de Nossa Senhora. A melhor reparação à Santíssima Virgem será termos, de nossa parte, um amor entranhado à virtude da pureza.

ção", leva-nos a pedir insistentemen-

Forças operam dentro da Igreja para desagregá-la A todo momento, participantes de nosI l .sa Campanha nos escrevem relatando escând alos que el es vêem dentro da própri a I greja. Agora, um dos mai s im portantes Card eais do B ras il fez uma denúnci a estarrecedora . N ão se trata apenas de casos esparsos, mas ex istem verd adeiras "forças" operando dentro da I grej a com o fi m de desagregá-La. Ao chegar de Roma, após o Consi stóri o que reuniu o Papa com os Cardea is de todo o mundo, D . E ugêni o Sales, Card eal Arcebi po cio Rio de Janeiro, foi muito cl aro no que di sse, embora não tenh a es pec ific ado os C ardea is, B ispos, Padres ou leigo que fazem parte dessas "forças". Com o expressivo títul o de " Consistório e Realidade" , eis o que ele escreveu para a imprensa diári a: " Vê-se, com tristeza, a existência de f orças que desagregam e operam no interior da própria Igrej a" (" Jorn al cio Brasil", 2-6-01). Ante tal calamidade, um católico jamais deve desanimar. Pelo contrário, deve permanecer firme na fé ; vigiar para evitar de tomar o mal pelo bem; combater o mal, com prudência mas com decisão; e pedir em tudo a ajuda de Nossa Senhora. A atual situação pela qual passa a Igreja, e que Paulo VI qualificou de "autodemoli-

te a Nossa Senhora que cumpra o quanto antes a magnífica promessa feita em Fátima: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!". Ela é a nossa grande esperança, que não falhará.

Para atender os homossexuais, suprime-se o dia das maes m centro esco lar de N ova York pro ibiu a ce lebração ci o D ia das M ães, ao que tudo indica, para atender ao pedido de "casais " de homossexuai s masculinos que temiam que "suas crianças" se sentissem margin alizadas por não terem mãe, info rm a a Agência Zenit. A rtigo publicado pelo " N ational

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Review", tratando dos chamados "casamentos" homossex uais, di z que "cada vez mais e mais fundamentos de nosso mundo, que damos por evidentes, serão questionados: monogamia, a verdadeira existência do casamento como estado privilegiado e, por suposto, as diferenças entre mães e pais". Como se pode facilmente constatar, o avanço do homossexualismo faz. se por etapas bem estudadas. Numa primeira etapa, trata-se "apenas" de regularizar os "direitos civis" dos ditos parceiros homossexuais, mas não se lhes dá direito de adotar crianças. É o caso do projeto Marta Suplicy. Numa segunda etapa, como já existe na Holanda, podem inclusive adotar ''filhos", e passam a ser considerados iguais aos casais normais, sendo que a lei não se preocupa mais com que as crianças sejam pervertidas. Na terceira etapa, a que alude a notícia acima, os tais "casais" passam a ser considerados, de fato, superiores aos casais normais, chegando mesmo a ditar normas para estes, como a proibição do dia das mães. Chegaremos a uma quarta etapa, em que se desencadeie uma perseguição contra os casais normais? Estaria na lógica das coisas, e há o exemplo histórico de Sodoma e Gomorra. A intervenção de Nossa Senhora dar-se-á antes ou depois de o mundo ter chegado a esse ponto? São perguntas que um coração católico aflito mas confiante não pode deixar de fazer.

Participe da Aliança de Fátima Participe você também da Aliança de Fátima . Nossa Senhora saberá recompensar quem ajuda a difundir sua Mensagem . Escreva, telefone ou envie seu e-mail para a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! e peça mais informações para ser um Membro da Aliança de Fátima. Ou participe como Benfeitor do Programa Radiof ônico A Voz de Fátima, ajudando assim a propagar a Mensagem de Fátima pelas emissoras de todo o Brasil.

Plantão de Atendimento da Campanha: Tel.: (0 ** 11) 3955-0660. Internet: www .fatima .org.br Endereço para correspondência: Ru a Martim Francisco , 665 . CEP 01226-001 São Paulo (SP)

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lübttmktl·&lffiúii·Súúhl

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Cruzada do Rosário divulga-se rapidamente

resce a cada dia o número de pessoas que desej am participar e rezar o Terço nas intenções da

Cruzada Reparadora do Santo Rosário, e com isso atraem as graças necessári as para suas fa mílias e pela sa lvação do nosso País. Até o momento j á temos o compromi sso por escrito de numerosos parti cipantes, que j á estão rezando 12.479 terços por semana. Até o prese nte atingiu-sé o total de 76.916 terços por mês. Este número inclui os terços re-

zados durante a Peregrinação Privada da Imagem de Nossa Senhora de Fáti ma aos lares. I sto representa muito, e ao mes mo tempo pouco. Afinal o Brasil tem mais de 160 MILHÕE S de habitantes. E se todos rezassem o terço, certamente a situação de nosso País seri a compl etamente diferente. Os 50 terços rezados todas as noites na vigíli a feita di ari amente no Oratório da sede da campanha, das l 9 horas às 6 da manhã, por duas ou mai s pessoas, também estão incluindo as in-

A imagem peregrina visita seu lar

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ex pansão da Peregrinação Privada das Imagens de N ossa Senhora de Fátima aos lares é um fato. I sto foi possível graças ao apoi o maciço dos participantes da Campanha. Já temos 20 imagens peregrin ando por vári os Estados brasileiros. São 60 famíli as vi sitadas di ariamente. Al gumas unidades de peregrin ação ainda estão sem veículo apropriado para peregrinar pelas estradas do interi or do País. M as, com o apoio de todos, em breve estaremos em condições de fazer com que essas imagens vi sitem os lares com veículos seguros e adequados. Durante a visita das imagens peregrinas aos lares, em média são rezados 24.000 terços por mês, pelos benfeitores da peregrinação, pelos benfeitores do programa A Voz de Fátima, pelos membros da Aliança de Fátima e também pelas intenções da Cru-

zada Reparadora do Santo Rosário. Todos os benfeitores e participantes da Campanha se benefi ciam dessas orações, que sobem aos Céus como um verdadeiro clamor a D eus, através da intercessão de N ossa Senhora de Fátima.

tenções da Cruzada Reparadora do Santo Rosário. I sto representa mais de 3.000 terços rezados por mês , pelas intenções da Cru zada Reparadora. A s pessoas que quiserem se inscrever na Cruzada Reparadora do Santo Rosário devem telefonar para a campanha, solicitando o Formulário de Adesão e comprometendo-se a rezar o Terço todas as semanas. Os pa1t icipantes recebem de PRESENTE um Terço da Cru zada Reparadora e um Livreto com o método para rezar com fruto o Santo Rosário.

Uma peregrinação auditiva por meio de 11A Voz de Fátima"

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oram lançados em julho os programas A Voz de Fátima n°• 23 e 24. Tais programas são muito originais. Levam o ouvinte para uma verdadeira peregrinação auditiva aos locais de Fátima onde se deram as aparições do Anjo de Portugal e de Nossa Senhora aos três pastorinhos. Tratam ainda das obras de misericórdia - 7 espirituais e 7 corporais - com comentários práticos para nosso dia-a-dia . Na parte informativa, apresentam notícias que põem em realce a necessidade existente no Bras il de hoje, e no mundo todo, de se conhecer cada ve z mais a Mensagem de Fátima . Uma carta relatando especial graça alcançada através da intercessão e Nossa Senhora de Fátima é comunicada aos ouvintes. Para agosto, estão sendo lançados os programas n°• 25 e 26, com novos temas de interesse geral para as famíli as_ católicas. Impressiona o fato de terem os program as A Voz de Fátima alcançado expressivos índices de audi ênci a nas rádios regionais . Caso alguma rádio de sua cidade ainda não tenha recebido esse programa, envie para a Coordenação da Campanha o nome e ende- . reço comp leto dessa emissora, que tomaremos todas as provid ências necessárias para o envio. Para tornar-se benfeit or do Programa Radiofônico A Voz de Fátima, basta solicit ar as fi chas de inscrição no plantão de atendimento campanha, através do telefone ( 11) 3955-0660.

Após quase cinco anos de cruel retenção em Cuba, menina cubana r eúne-se a seus pais, no Brasil caso da meni na c uba n a Sandra Becerra Jo v a, de 11 ano s, ret id a durante qu ase m eia déc ada em Cuba pelas autoridades comunistas, cont ra a vontade de se us pais qu e a recl am av am, comoveu a op ini ão públi ca brasil eira, torn ando patente a c ru eld ade c om que atuou o regime de Hav ana no episódio. Sandrita, como ficou co nhec id a em n osso País, é filha dos enge nh eiro s c ubanos V icente Becerra e Za id a J o v a , ambos de 38 anos, que realizam estudos de pós-graduação na Universida de de Ca m p in as (Uni camp) . O casa l dec idiu rad icar- se d efinit ivamente no Brasil após o nasc im ent o de um novo f ilh o , Dan iel, hoj e com t rês anos, fato q u e automat ica ment e concedeu a toda a fam íli a o direit o d e resid ênci a no País. Nosso en v iado especi al, Sr. Gon ça lo Guimarães, entre v ist ou o c asal em sua residência, no ba irro Pro ença , em Cam p in as, sobre os fa tos ocorri d o s a prop ós it o de Sandra .

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Catolicismo - O que aconteceu com Sandra?

Sandrita: "Minha maior felicidade é poder estar novamente com meus pais e meu irmãozinho"

Fra ncisco J. Dozsa

Da. Zaida ]ova - Chegamos ao Brasil em 1996 para fazer cursos de pós-gradu ação na Unicamp, meu es poso em telecomunicações e eu em quími ca. L ogo depois, co meçamos a reali zar os trâmites para que Sandra pudesse vi aj ar também a este País, para residir conosco. Começou então nosso drama famili ar, pois percebemos que as autori dades cubanas foram colocando todo tipo de pretextos e obstácul os, estabelecendo delongas para impedir a reunifi cação de nossa famíli a. Sr. Vicente Recerra - Estava sendo negado a nós o direito natural que gozam os pais, de viverem com seus filhos e poder educálos. Durante quase cinco intermin áveis anos, nossa filh a Sandra fi cou retida em Cuba, contra nossa vontade, apesar dos numerosos, custosos e humilhantes trâmites efetuados, dos quais tivemos o cuidado de guard ar a documentação probatóri a.

Catolicismo - Podem dar alguns exemplos dos trâmites infrutíferos?

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Da. Zaida ]ova - Meu esposo , e eu chegamos a vi ajar a Cuba três vezes cada um , para trazer Sandra, mas foi em vão. M inha última viagem a Cuba reali zou-se em maio de 1999, tendo sofrido, na ocasião, as piores humilhações de minha vida. No Escritório de Imigrações da Província de Santa Clara, de onde somos oriundos, após intermjnáveis e custosos trâmites burocráticos, disseram-me que, se eu queria levar Sandra, me casasse com um brasileiro, sabendo eles perfeitamente que estou ( casada com Vicente desde 1986.

. • • : • : • •

• se entrei em desespero. Foi tal minha angústia de mãe, que pensei que meu coração não ia • resistir. Consegui superar o trauma, e disse a •• meu esposo que nos restava apenas tornar pú• blico o caso de Sandra. Mas não sabíamos como • • fazer e em que portas bater. Em abril de 2001, • um amigo nosso enviou uma carta aos meios • • de comunicação social importantes do Brasil. : A partir de então, televisões e jornais passa• ram a dar cobertura a nosso drama, tornando-o • conhecido em todo o País.

••

• •

: Catolicismo -

Que outros apoios recebe• ram em nossa Pátria?

• • • • • • •••

Sr. Vicente Becerra - Com especial gratidão mencionamos a solidariedade do Conselho Universitário da Unicamp, incluindo professores, colegas, funcionários e alunos; e o apoio da Câmara de Vereadores de Campinas, que solicitou oficialmente a intervenção do Itamaraty.

• Catolicismo - Em que momento o caso de : Sandrita alcançou notoriedade internacio• nal? • • ••• • •

Catolicismo - Foi também em 1999 que o governo cubano organizou gigantescas manifestações para pedir o retorno a Cuba do menino balseiro Elián González, alegando a "reunificação familiar".. . Da. Zaida ]ova - Sim , eu sentia noj o de ouvir os discursos pronunciados em Cuba, alegando a reunificação fa mili ar no caso de Eli án, pois era esse mesmo regime, numa ocasião coincidente, que com crueldade nos mantinha separados de nossa filha.

: • : • •

: • :

Da. Zaida Jova:

• "Ficou demonstra- •

• • do, neste doloroso : caso, que teria • • sido pior se perma• • necêssemos cala-

:

dos, receosos de

Catolicismo - Sr. Vicente, qual foi sua última • viagem para tentar trazer Sandra ao Brasil? •• possíveis represáSr. Vicente Becerra - Foi em fins de 2000, também em vão. Após aproximadamente um mês de trânutes , quando chegou a hora de eu voltar, minha filha não entendia por que eu a deixava lá. Tive que levá-la ao Escritório de Imigração, para que ouvisse pessoalmente a negativa por parte dos funcion ário .

• lias por parte do : governo cubano. A verdade e a • • : justiça triunfaram. • O medo e a : in'j·ustiça foram

• Catolicismo - Em que momento os Srs. : decidiram tornar público o drama familiar? • Da. Zaida ]ova - Quando, em dezembro de :

2000, Vicente chegou com as mãos vazias, qua- •

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Da. Zaida ]ova - No domü1go, 3 de junho último, o jurista cubano no exílio, Dr. Claudio Benedí, denunciou o caso ante os chanceleres das Américas reunidos na Costa Rica, durante a Assembléia Geral da OE A, e também diante da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos. No mes mo dia, a agência CubDest difundiu comunicados em vários idiomas a órgãos da mídia do mundo inteiro. Sr. Vicente Becerra - Foi a gota d'água que fez transbordar o copo. Consta-nos que os pedidos de explicação à embaixada cubana em Brasília, por parte da imprensa, se multipbcaram. Na 3ª. feira, 5 de junho, o porta-voz da embruxada tentou desqualificar a denúncia do Dr. Benedí, dizendo que se provocara em nível internac ional um "escândalo desnecessário", e acrescentou declarações falsas a nosso respeito. Da. Zaida ]ova - As declarações contraditór·ias da e1nba1·xada t1·ve1·a1n como resultado um aumento da pressão do meios de comunicação, o que levou o governo cubano, na 5ª. feira, 7 de junho, a comunicar ao Itamaraty que Sandra seria finalmente liberada.

: • Catolicismo - Convém notar que, antes des: se anúncio, na tentativa de desacreditá-los, • o conselheiro de imprensa da embaixada

derrotados"

: cubana em Brasília tentou minimizar o epi• sódio, afirmando que a retenção de Sandra

: não tinha " nenhuma finalidade política". • Da. Zaida ]ova - Sem embargo, uma c~

Miami: Dom Bertrand divulgou o caso de Sandra

O

Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Braga nça - irmão do Chefe da Casa Imperial brasileira, Dom L ui z de Or lea ns e Bragança - de cendente direto de D. Pedro II e destacado sócio da TFP brasileira, em visita a Mi ami , em mai o últim o, divul gou o caso da meni na Sandra na comunidade de ex ilados cubanos na Flórida, integrada por cerca de l milh ão de pessoas. Nas numerosas entrevistas conced idas a jornais, rádios e televisões da Flórida, Dom Bertrand contribuiu , de maneira decis iva, para tornar con hec ida a inju stiça que o reg ime cubano estava cometendo em relação à fa mflia Becerra Jova . Entre os órgãos de comunicação que o entrevistaram, e que mais interesse mostraram pelo caso da menina transformada em refém pelo regime de Castro, merece destaque a TV Martf, cuj as transmissões atingem o território cubano. É interessante notar que, segundo fontes da ilha consultadas pela agência CubDest, oca o da menina Sandra correu como um rasti lho de pólvora entre a população, apesar da censura exercida pe lo governo cubano, que tentou ev itar que ele se tornasse conhecido.

"O caso da menina Sandra Becerra Jova, de 11 anos de idade, a quem o regime comunista cubano não permite sair do pais para reunir-se a seus pais residentes no Brasil, constitui um autêntico seqüestro de uma menor de idade", denunciou em 3 de junho o jurista e exilado cubano Dr. Claudio Benedí Beruff, na Assembléia General da Organização dos Estados Americanos (OEA), reunida em São José da Costa Rica, com a participação dos chanceleres das Américas . Imediatamente, a agência de notícias CubDest, especializada em assuntos cubanos e latino-americanos, distribuiu através da Internet comunicados em português, espanhol e inglês a órgãos da mídia do mundo inteiro, o que contribuiu decisivamente para tornar conhecido universalmente o caso de Sandra. E também para aumentar a pressão sobre o regime cuba no, a fim de que a menina fosse liberada. Milhares de e-mails, igualmente, foram enviados a Cuba.

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ofic ial do Mini stéri o da lqdústri a Bás ica de Cuba, de 22 de junho assado, a nós dirigida, confessa o te mo r de que a vi agem de nossa fi lha ao Brasil pudesse "criar um mau precedente" em re lação a outros "profissionais que estudam fo ra do país". Ou sej a, um pretenso mau exe mplo para outros casais cubanos no exteri or, cujo incrível delito seria solicitar també n1 a presença de seus filhos. Sr. Vicente Becerra - É importante notar que a carta desse ministério cubano representou uma inclébita interfe rência no direito dos pais de dar aos filhos a educação que acreditam ser mais conveniente para eles, pois acrescentava que a mudança de Sandra para o Brasil poderia prejudicá-la. Isto porque ela seria 'forçada a uma mudança educacional, que não é necessária, num meio escolar d(fe rente". Tal inaceitáve l interferência, na prática, extingue o pátrio poder dos pais e o cede ao Estado. Aliás, é o que consta tanto na própria Constituição quanto no Código da Infância e da Juventude de Cuba.

: • : • : • : • : • : • : • : • : • : • : •

Em Portugal, ca111panha e111 defesa da família atingida pelo telelixo'' 11

Acção Família, associação de jovens portugueses, lança manifesto em defesa da instituição familiar

• prova de que suas a legações não passavam de

•• um pretexto.

Catolicismo - Consta-nos que a embaixa- •

da cubana também acrescentou outras con- • • siderações para desacreditá-los... •

Da. Zaida ]ova - Sim. Mas graças a Deus, numerosos me ios de comunicação brasile iros e ntraram e m contato co nosco, pedindo qu e ex puséssemos nossa versão a respe ito dos fatos. Assim , pude mos escl arecer que a embaixada estava desvi ando a atenção do problema fundamental, que era a prolo ngada, cruel e arbitrári a separação de uma menina de seus pa is e do irmãozinho. E para tal, apresentava subterfúgios sobre uma suposta situação "irregular" nossa, alegando, por exemplo, que teríamos abandonado a bolsa de estudos concedida por Cuba; e que, por isso, deveríamos "regularizar" nossa situação antes de as autoridaeles cubanas permi tirem a viagem de Sandra.

: • : • : • : • : • : • : • :

• Catolicismo "bo/sas"?

Qual é a verdade sobre as : •

Sr. Vicente Becerra - Negamos categoricamente que tivéssemos recebido qualquer boisa das autoridades cubanas para vir ao B1·asil. Aproveitamos então a oportunidade para mostrar a docume ntação que provava que essas bolsas de estudo fora m oferecidas pelas enti dades brasileiras CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Essa e o utras afirmaçõc. cios diplo matas cubanos eram, portanto, contrárias à verdade, e constituíra m mais um a 42

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• Da. Zaida ]ova - Ainda concedendo, merame nte para argume ntar, que houvesse algum • probl e ma admini strativo o u legal pend ente, Sr. Vicente Becerra: : seri a justo que isso interfe risse no direito dos • pais de te re m a seu lado seus próprios filh os? "Queremos : Por fi m, se ex istissem tais supostas irregulari externar nosso • dades, por que então as autoridades cuban as profundo agrade- : não info rmaram a chancelari a bras il eira a res• pe ito disso, ao invés de guardar prolongado cimento ao povo : silêncio ante o requerimento desse órgão para brasileiro por sua • que Sandra pudesse vi ajar ao Brasil ?

••

hospitalidade, bondade e senso de justiça. Que Deus e Nossa Senhora abençoem esta querida nação

• • brasileira, que nos • : concedeu tão • generoso apoio. •• ,, Muito obrigado! • : • : • : •

• •

• Catolicismo - Gostariam de dirigir algumas : palavras finais aos leitores de Catolicismo? • • •• • ••

: •

: •

•• • : • : • : •

Da. Zaida ]ova - Ficou de monstrado, neste doloroso caso, que teria sido pior se permanecêssemos calados, receosos de possíveis represálias por parte do governo c ubano. A verdade e a justiça triunfaram . O medo e a injustiça fora m derrotados. Sr. Vicente Becerra - Neste mo me nto de emoção, e m q ue após q uase c inco longos anos de arbi trariedade nossa fa míli a pôde se reunir fi nalmente, nu m am bi ente de liberdade, neste momento em que nossos braços estreitam Sandrita e podendo ela beij ar seu irmãozinho Dani el, nascido no Brasil , queremos externar nosso profundo agradecimento ao povo brasile iro por sua hospitalid ade, bo ndade e senso de justiça. Que Deus e Nossa Senhora abençoem esta querida nação bras ile ira, que nos concedeu tão generoso apoio e acolhi da. M uito obrigado! ♦

<W Acção Família Rua Filipe Terzi, 55 _3' Dir. 3030-014 Coimbra

jovens:

"A o contrário do que se quer fa zer crer, a televisão não atende os anseios mais profundos do público. Ela cria, isso sim, uma linguagem própria, primária, manipuladora de inf ormações e defo rmadora de valores, que visa orientar asociedade numa certa direção". ♦ eATo

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TfPs EMAÇAO

XXII Encontro Regional Rio de Janeiro

T

rezentos aderentes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! lotaram, no dia 16 de junho último, o Salão Ouro do Hotel Glória para ouvir a TFP analisar o segredo de Fátima e a atuação da entidade no Brasil e no mundo. A sessão, presidida pelo diretor da TFP, Dr. Plínio V. Xavier da Silveira, iniciou-se com uma saudação aos presentes feita pelo Dr. Júlio César Paraguassu, desembargador emérito do Tribunal de Justiça do Rio. Em seguida falou o Sr. Marcos Luiz Garcia, Coordenador-geral da Campanha, sobre a grande atua-

tidade do Segredo de Fátima. Ele baseou sua exposição nas Memórias da Irmã Lúcia e nos documentos que relatam as visões particulares de Jacinta, a qual foi recentemente beatificada, com seu irmão Francisco. "Apoiei-me também nas análises feitas pelo nosso fundador, Prof Plinio Corrêa de Oliveira, o qual foi grande

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A TFP realizou, no Hotel

Glória, o XXII Encontro Regional dos Participantes da Campanha Vinde

Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!

paladino da Mensagem de Fátima no mundo ", explicou o palestrante. Afirmando que os "autênticos devotos de Nossa Senhora de Fátima são homens defé", o Coordenador-geral da Campanha manifestou a convicção de que, "para além do panorama caótico e borrascoso que marcou o século XX e continua marcando o século XXI, as promessas de Nossa Senhora enunciadas em Fátima cumprir-se-ão, e o seu Imaculado Coração triunfará". A conferência de encerramento coube ao coronel do Exército (Rl) Carlos Antonio E. Hofmeister Poli, diretor da TFP, o qual falou sobre a defesa cios valores cristãos da Tradição, da Família e da Propriedade e sobre a íntima relação dessa trilogia com a Lei de Deus e a Civilização Cristã. No desenvolvime nto de sua exposição, o Cel. Hofmeister Poli demonstrou que a lgreja Católica é a fonte única ele todo o bem moral, e condição para o reto aproveitamento dos bens naturais. E que, por isso, sem a Civilização Cristã não pode existir verdadeira justiça, verdadeira paz verdadeiro progresso. Daí a contínua vigilância, as co nstantes lutas que caracterizaram a atuação inL ligcnte, arguta e planejada da TFP em prol da Civilização Cristã. Salientou também que, seguindo a ori ntação e direção do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, os êxitos alcançados pela entidade em todo seu passado glorioso decorreram de nunca ter pactuado, ainda que em proporções insignificantes, com qualquer forma de mal.

CATO LIC ISMO

Acima, à esquerda: imagem de Nossa Senhora de Fátima é objeto de veneração dos participantes do Encontro; à direita: flagrante do público durante o lanche servido na ocasião.

À esquerda e abaixo: aspectos parciais da sessão do Encontro.

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TfPs EM AÇÃO

Correspondentes da TFP reunidos em Amparo

~ww;ll'p,t

••e1asfêmia não é arte!'' TFP norte-americana promove manifestação pública de protesto e reparação contra exposição blasfema em Nova York

um E ncontro de fim de semana, a TFP reuniu 90 aderentes em sua sede da Fazenda Morro Alto, em Amparo, a 120 q uil ômetros de São Paulo. Na palestra e ntão realizada, o advogado Gregório Vivanco Lopes discorre u sobre o papel dos heróis católico q ue marcaram a História da Igreja, ressaltando o esquecimento e m que caíram algumas virtudes, como a da combatividade, em certos meios católi cos.

N

D

ois quadros que, segundo seus a utores, representar iam Nosso Senhor Jesus C risto, foram expostos no Mu se u de Arte de Brooklyn , em Nova York. Num dos ultrajantes quadros aparece uma mulher nua oc upando o lugar de Nosso Senhor na Santa Ceia, e no o utro uma mulher de topless na cruz. A Sociedade Americana de

"Com esse esquecimento, muitas pessoas f ogem da prática religiosa por

Defesa da Tradição, Família e Propriedade, qu e j á rea li zo u

julgar que ser católico significa tornarse um homem mole e sem fibra, quando o contrário é que é verdadeiro", afirmou o palestrante. Houve também uma rápida encenação teatral , seguida de um aud iov isual sobre atividades da TFP. O Encontro, que contou com a honrosa participação de S.A.I.R. o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, C hefe da Casa Imperial do Brasil, e do Diretor da TFP, Dr. P linio V. Xavier da S ilveira, foi encerrado com um churrasco ao ar livre, no amplo pátio da fazenda, antiga propriedade rural cafe ira do século XIX, construída ♦ p la família do Barão de Campinas.

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As quatro fotos desta página apresentam flagrantes diversos do evento

numerosas e brilhantes campanhas para denunciar a "onda " de blasfêmias nos Estados Unidos, sabe bem mobilizar o público. Durante mais de um mês, organi zo u um a ca mpa nha de cartas de protestos, com o slogan "Bla.~fêmia não é arte!", enviando cente nas de milhares de protestos, pelo correio e pela Internet, ao referido Museu , bem como um apoio ao prefeito de Nova York, que desaprovou publicamente essa grotesca expos ição. A campanha da TFP contou com o aplauso caloroso de numerosas autoridades eclesiásticas, e terminou com uma manifestação pacífica diante do Brooklyn Museum of Art. Mons . Francisco Garme ndia, Bi spo-Auxiliar de Nova York, rezou em reparação pela blasfêmia um terço com os participantes, proferiu um discLu-so e coroou a imagem de Nossa Senhora de Fátima que presidiu ♦ à manifestação.

As fotos desta página retratam a pujante manifestação da TFP americana diante do Brooklyn Museum of Art, em Nova York

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a imagem de Nossa Senhora, a meu ver, causa gra ne impressão. A idéia que a imagem suscita em meu ·s píri10, :1 idéia central, é a de placid ez mu.ito o rd ena la, mL1i1 0 ·:1s1:1 portanto, e ao mesmo tempo materna. A Virgem Santíssima não está lhand o I i1r:1 o l\ 1(·1111 111 Jes us. E la pocLia até nem ustc ntar o M ·nin o 111 > lir:u,ll; 1> gesto dE!a, o modo co mo rc 'b · o < hs ·rv:1( 11,r, v 11 111 Mãe, é verdadeiramente mal ·mal. Po d ·r Sl' i:i d iZl'I q111· sua atitud e é materna cm r ·la i"ío a Iudo l" :1lodos. 1•'. :d .1v1 1, casta, misericordiosa, a o lh ·dorn · M:i · d · todos 1>11 1111 mens. Notem sua extr ·11111 1 h1 r id '%. Pia ·icl ·z 11 0 o lhar, pl.u 1 dez no rosto, placid ez no modo d · ·s u1r s ·n1 a h1. ' l'v1n , 1· ,1 impressão de qu · l1la fi a s· 111 ada horas s·m ·s 1a1· ('11111 v ntad d mov -r.s ·, s · 111 n ·nhuma n • ·ssid ad · dl' Sl' 11111 vim n1ar, · tJ LI · pa ssa 111ui10 1 ·mpo assim , dentro do p1 11 prio 1 · 111 - ·s ta r 1· sua I la ·id ·z. O gesto cio braço é m io abe rto, com qu ·m vs L1 dl' posta a acolh er a pessoa que olh a para a im ag<.:m. 1)(,, , ,1 atitude extraio uma noção de pJacidez, scrcnid adl', \":i'H h l.1 de materna, a saber, idéia de Mãe. O movimento todo do véu e também da sa ia r11 l:il 111 1d para confirmar a noção de sua rnaterniclaclc. U111 Vl 'II 111111 to ab und ante, posto sem nenhuma pretensão. () 11rii~L1 •,1111 be muito bem utUi zar o véu para causar tal imp1·1·sH1111. A posição da cabeça e do pescoç aind:1 c11 11 H11 l1d ,11 11 essa co ncepção muüo materna, muito bondos:1. A moldura gó tica em torno das fig uras dv N1,. •1,1 , 1 nb ora e do Menino J esus concorre para h11r1111 1111. ,11 1.11 idéias. O gótico presta-se mui to a entra r cm IH1r11111111.1, 11111 essas concepções.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Pllnlo ,or, , d Oliveira para sócios e cooperadores da TFP, m Ili cl 11111l0 de 1963. Sem revisão do autor.

Nota : A imagem de Nossa Senhora que flgu1 1 11111111 1111111111 111111 encontra-se na sala que foi de despacho do P10I , 1'1111l11 1 1111 11 ili Oliveira, da Sede do Conselho Nacional cio 111 ', 1111 capita l paulista. Foi adqu irida de um col clon 1!1111 , constando ser uma escultura sacra esp nh lo 1111 século XV .



Setembro de 2001 Nº 609

São Miguel Arcanjo

Nesta edição

./

Durante a peregrinação da imagem de Nossa Senhora de Fátima na Sibéria, os fiéis da região promoveram encenações referentes às aparições de 1917

· A realidade concisamente

1O•

Camboja, antes as~olado pelo Khmer Rouge, agora é devastado pela AIDS • Na China - execuções sumárias sem protestos do Ocidente • Também no Zimbábue fracassa a Reforma Agrária • Revelação: Putin pertenceu à ala mais sórdida da KGB

Gloriosíssimo Príncipe dos Exércitos Celestes - Modelo dos que combatem sob o estandarte da Cruz

á precisamente 50 anos, em memorável artigo estampado na edição de setembro de 1951 de Catolicismo,

H

o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira descrevia o Arcanjo São Miguel como modelo de várias virtudes. Por exemplo, a humildade e o espírito hierárquico. Apresenta odestemido Arcanjo como modelo de combatividade, virtude sobremaneira esquecida em nossa época relativista, encharcada de pacifismo entreg uista. Segue um tr h significativo do rtigo.

" No li a 29 d ) ·o rr ' nl ', a . anLa I reja · 1 brará a l' 's la d tio Mi g u I Arca nj o. ul rora, sl a data era mui to vivamente a ·sinalada na piedade do fiéi . Hoj e em dia, infelizmente, pouco são o que a tomam com o ocasi ão especi al para tributar culto ao Príncipe da Milícia Celes te. E ntretanto, como veremos, o culto de São Miguel , atu al para todos os povos em todos os tempos, tem títulos muito especiai s para ser I raticado com particular fervor m nossos dias" . ....

Modelo de combatividade

Imagem do Arcanjo

São Miguel que se encontra na capela da Abadia do Mont Saint Michel, na França.

" São M iguel é motl •lo do guerreiro cri stão, p la f'orlal •:,,,a d · que deu prova atirando ao i11 1'r 1· no as legiões de spfrit os 11111 ld i tos. É ele o guerr iro d · 1 ·us, Ili · não tol era que cm sua pr 'Sl' rH,;11 11 M aj estade di vina s ·ja ·011I L'S lada ou ofendida, qu • ·st6 pro nt o a emp unhar '3 qual 1u ·r 1110 111 ·nto o

gl ádio, a fim de esmagar os inimigos do Altí ss im o. E nsin anos ele que não basta ao católico pr oceder

Nossa capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo Plinio Corrêa de Oliveira

bem : é seu dever combat r também o mal. n<i ap nas um mal abslrato , ma s o mal nqu anto xisl ' nl ' nos rn1 ios ' p adores. 1 oi s~' o Mi •u ·I nn o ai irou ao inr ·mo o mui ·nq u11 nl o um princípi o, u111:1 m ·ru ·on · 'P ·ão ela in1•l i, n ·i 11 , • 11 ·111 pr i ncíp ios e ·on ·pr,.:õ ·s suo sus · ·1 v 'is de ser m qu ' im adm: pelo l'o 1 0 eterno. Foi a Lú ·i h · · 11 s ·us s ·quazes que I aliro u 110 i nl' ·rno, pois odi ou o mal ·1HIu:1 11 10 ·xistente neles ' amudo por· ·ll'S. " Vi v •mos v I11 11111 l ·rnpo de pro f'un lo lil w l'lll is1110 r ·ligioso. Pou 'OH s: o OH vr ist1 os que têm id ia d · qu • J l'l ll'll 'l'lll a urna I grej a 111ilil n11l l', llll> 111ilit 1111ti: na Terra qu a11l o 11 1i l i1 11 11l t·1-, lornm no Céu Sao Mip11•I e o. /\111os li is . Tamh m nos d('Vl' II H>H sn lwr •smagar 11 i11Hn l 1wi11 d11 i11 1pit•d11lk' . '1; 1111h 111 11(1s dl'Vl' II H>Hopor 111 1111 r sist 11l'i11 111 1111'/, 110 ndwr'Híll'io, atacálo v rt•ch1 1i l11 1 i111pol ·nc i·1. " S1\o Mi •u ·1, nesta l uta, não 1kv1· Hl'I' ap ·nas nosso model o, t11t1Hll0HH0 auxílio. A luta entre São Mi •ucl e Lúcifer não cessou, m as s • ·stcnde ao longo dos século . Ele auxilia todos os cristãos nos nt ra combates que empreendem o poder das trevas."

Vidas de Santos

34 O

heroísmo de São Pedro Claver, missionário junto aos escravos na Colômbia

Excertos

Internacional

Ecos de Fátima

2

12 Investida

35 •

O Príncipe da Milícia Celest e: São Migu el

do neocomunismo anárquico em Gênova

Carta do Diretor

Entrevista

4

16 Reforma

do Código Penal favorece a crim inalidade

Página Mariana

5

Secular devoção a Nossa Senhora do Milagre (A rge ntina)

20 •

04 º ,5 º ,6 ºe 9 °

A palavra do sacerdote

Estado de graça: defesa contra malefícios diabó licos • Espi riti sm o é co ndenado pela Igreja

: Atualidade

Es tatuto da Cidade:

a Reforma Urbana vuln era seriam ente o direito de propriedade • Após as invasões das faz end as, o Estatuto da Cidade abre caminho para as invasões das casas

m andamentos do Dec álogo

8

Cruzada Repa radora do Santo Rosário

Capa

Leitura espiritual

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Desatinada política facilita a propagação de drogas • Escolas dão má educação na Grã- Bretanha • A expansão d a

Escrevem os leitores

29 Brasil Real

30 Brasil:

m oldado pela bo ndade portu guesa

Santos e Festas do mês

32

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Shrek: invasão do hediondo

-

extinç ão do m aravilhoso

TFPs em ação

43 •

Atu ação da TFP na Feira Agropec uári a de Campos • Peregrina çã o com Imagem de Nossa Senhora de Fátim a na Rússia • Reaç ão da TFP norteamericana contra outra exposição blasfema nos Estados Unidos

· Ambientes, · Costumes, Civilizações

48 A Por ocasião da Conferência do G-8, em Gênova, manifestantes anarquistas atacam um jipe. da polícia

verdadeira fisionomia de Santo Antonio de Pádu a

CATO LIC ISMO

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PÁGINA MARIANA

Com a palavra ... o Diretor A mi go leitor, A agitação e a v io lência decorrentes do social i ·mo a rári ·on fis ' ai rio stá em v ia de alastrarse para os centros urbanos do País. Aconteceu para o Bras il mais um d 'S ·nlnbro, herdado dos antinatura is e moribundos regi mes comuni stas: a R eforma U rba na socia li s111 • ·on fiscatóri a. Por força de tal reforma, co nsubstanc iad a na Lei nº 10.257, aprova da r · · nt ·m nt no Congresso N acional e sa nc ionad a em I Ode julho último pelo Presidente d a Repúb li ·a, as f'am íl ias não terão mai s direito pleno sobre a própria casa, apartamento ou terreno urbano . A nova legis laç, represe nta, na rea lidade, grave v io lação do dire ito de propri edade, e, por ta nto, séria ameaça à estabi l idade ele cada fa mília brasilei ra. E la tende a levar, mai s cedo ou m ai s tarde, os propr ietários urbanos, os inquilin os e até os trabalhadores manuais à ruína. Com o nome anódino de Estatuto da Cidade, a Reforma Urbana chega ao ponto de ob ri gar o propri etário a fazer o parce lamento, a ed i ficação e até m es m o a utili zação co m pulsóri a do so lo urbano não edi ficado. Estabe lece aind a o direito de preempção, que significa dar às prefei turas a absurda opção preferenci al na compra de gr ande número de imóveis urbanos, antes que a reali zação da venda possa ser efetu ada entr e parti cul ares. Imaginem só que bo m co mprador, e sobretudo pagador, será o Poder Públi co muni cipa l ... Catolicismo , fie l à sua m issão de denunc iar sempre os ataques ao d ireito de propri edade em todos os terrenos, apresenta com exc lu siv iclacle, na matéri a ele capa desta edição, uma aná l i se sé ria e profunda cios as pectos dessa lei que mai s agridem o proprietário urbano e sua família . Todos nós ouv i mos falar freqüentemente na necessidade de reformas. A pr pria população deseja algum as delas, na espera nça ele uma melhora gera l ele vida. Mas mo pod mos 'Squ cerque, antes de tudo, é neces ária uma ampl a reforma qu rcstau r a práti ·a da m orn l ·111 l i ·n 110 Brasil , tão vil ipend i-

Nossa Senhora do Milagre, de Salta, poderosa intercessora nas ·catástrofes V ALOJS

acla em nos os dias. não p demos a itar o absurdo d · r •foi mus d • l'1111ho so ia li sta, cio tipo da Reforma Agrá ri a ela R fo rma rbana , qu · t ·nd ·111 11 pr · ·ipi 1u1· o I n s int ·iro no caos. Cabe aq ui pergunlar: o Esta/1110 da idorl<' vis11 li ·ubnr ·0 111 u pobr •z.n'I ( 11 vi sn d • 1'1110 ·x tin guir as propriedades urba nas I g flimus ? N si · ú l1 i1110 ·nso, rcdu:r. i1· 1 todos à mis riu , ·om o 11 11 ( '11h11 ·omunista. Por qu os prop u 1nudor ·s d ·ss11s ·11l ami 1osas r f'orn1as 111o •s111h11lt·n• 111 ·01110 prioridade, por exemp lo, a rea li zaçt o d· u111n r forma tribu tária que d i m i nua 11 ·11r ,n ·s 11111p,11dora de impostos que está su fo an lo ·1 e on mi ·1 bra si leira? O lei tor poderá co nstatar, pe las páginas ele nossa ma l ria d · ·11p11 , o 111odo sub- reptíc io e per verso co mo estão sendo promovidas essas reforma , e suas mu i l1 c11s l' OII Sl'll 1 11 ·ias para as famíl i as bras ilei ras. E também toma r co nhec i mento ele u m fato surpr ·e nd •llll' : 1111titud • omi ssa, quando não festiva, daquel es que deveriam representar uma li derança nu oposl~• o 11ov11 1·gislação, alta mente l es iva ao d irei to de propriedade urba na. Catolicismo não pode pactuar com esse cl i ma gcn ru liindo til' dt•s l111't1111 1111,:1o, omissão e anestesia. Por isso, apresenta co m exclu sivi laele uma anál is · 111 •1i ·11los11 d 1s t'OllM'q!lrncius nefastas que o Estatuto da Cidade poderá acarretar pa ra o Brasil , aso •le Vllll h ll 11 s1•1 11 pl irndo. Ele é ele molde a promover confli tos soc iais nas cidades, e mesmo favor ·· ·1· o 11 plll'lTl 11111111 0 d' pu ·rrilha urbana, que, eventualmente, poderi a vir a ser praticada pe l s ,1·e 111 -/1'l11 . ll •s111111 11 111•1lo n rn111po para que os sem.teto repitam nas cidades as invasões , meclianl as quai s os ,1·1•11, 1, •11fl i 11hw1 t •1·11111 a ordem e eliminaram, em boa medida, o sossego ela v icia rurn l. Desejo a todos uma boa leitu ra. l 1111 .J •s 11 l' Milllll,

1'111110 C'orr ·a de Brito Fi l ho DIRETOR

Profunda devoção mariana manifesta-se em setembro, ao norte da Argentina; também se venera nesse mês, na mesma região, bem como ao sul da Bolívia e do Peru, uma imagem do Santo Cristo, tradição esta que perdura há mais de três séculos

GRlNSTEINS

lhares de peregrinos enche m os camin hos para participar, o dia 15 de setembro, da proc issão que percorre as ru as da c idade de Sa lta (norte da Argentina), chegando a oc upar 11 quarte irões. Como expli car que, neste in íc io caótico do sécu lo XXI, até 200 mil pessoas se mobili zem para isto? O que move tantas pessoas a essa peregrinação? Na casa da fam ília Alarcón, em Sa lta, no sécu lo XVII, ve nerava-se uma imagem da Imacul ada Conceição, traz ida da Espanha. Imagem de bo m gosto, com cerca de um metro de a ltura. Uma entre as nu merosas imagens q ue o povo católico venerava em suas casas ou fazendas. Portanto, nada hav ia nela de espec ial a assin alar que não existisse de modo semelhante em outras imagens.

M

pa i castiga o fil ho para ev itar que ele se degrade inteiramente. No dia 13 de setembro de 1692, um terrível terre moto devastou toda a região. A vi zinha c idade de Esteco fi cou arrasada, préd ios destru ídos, fa mílias inteiras sepul tadas. Comp letando a desgraça, o ri o Las Piedras transbordou, fica ndo as ru ínas da loca li dade submersas pelas ág uas de um lago, e assim permaneceram por mais de oito anos. Portanto, uma terrível catástrofe, após a qual aque la cidade passou a ser apenas uma referênc ia histórica. A própri a c idade de Salta fo i viole ntamente atingida. O terre moto pro lo ngou-se po r me ia hora, du ração in te ira me nte in co mum, pois normalmente os abalos sísmicos duram segundos ou poucos minutos, mesmo na hi pótese de se repetirem vári as vezes.

Imagem esquecida e um terremoto

No próprio castigo, uma misericórdia

Essa fa míli a costumava, cada ano, pagar as des pesas de uma proc issão que se reali zava com essa imagem. Por isso, no dia 8 de setembro a imagem era cond uzida à Matriz da cidade, sendo depois levada em proc issão pelas ruas, e logo em segu ida devolv ida à casa da família Alarcó n. Inexplicavelmente, no ano de 1692, term in ada a festa , não reto rnou a imagem, que permaneceu esq uecida no templo mais algun s dias. Este fato simboli zava, a liás, a decadê nc ia esp iritual em q ue se encontrava a região. Quando tudo corre bem na vida, com freqüê nc ia o homem se esq uece de Deus. E com o olvido advém o relaxamento es piritua l. Começam então as conte nd as, causadas pe lo o rg ul ho, e afrouxam-se o laços da moral. Os pecados aumentaram na região, que mereceu ser ca tigada por Deus, pois um bom

Após o terre moto, os habitantes de Salta qui seram entrar para rezar na igrej a, que norma lmente estava fec hada nesse horário, cerca do meio-dia. Ao fazêNave principal da igreja Matriz de Salta, na qual são veneradas as imagens de Nossa Senhora do Milagre e do Santo Cristo

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lo, encontraram ca ída ao so lo a imagem que hav ia sido ali deixada após a procissão realizada dias antes. O nicho onde ela se achara ficou totalmente despedaçado, encontrando-se fra gmentos del e por todos os lados. Mas a imagem , mes mo tendo caído, permanecera intacta e voltada para o tabernáculo, como que implorando mi sericórdia para os moradores da ci dade. Estes consideraram o fato um sinal de proteção, e, temendo a repetição do sismo, decidiram levá- la à !?raça, a fim de que fosse venerada pe los que a haviam abandonado . Os tre mores de terra repetiram-se à noite, cessando, contudo, ao amanhecer do di a 14. Entretanto, à tarde desse mesmo di a houve novas trepidações, provocando terror na população.

Imagem do Santo Cristo totalmente esquecida C urio amente, só então os moradores se lembrara m de outra image m - a de um C ri sto - qu havia sido nvin ln ela Esrrnnha por n111 i 1 0 1 is po ti· Sn l1 11 , O na vio qu • 1r:inspor1nu u im11 1 ·,n p11rn li A11 11,i ' li 11 11 ul'm i: 11·t1 11 11 coslt1 do Pl'ru , 1 ·11do c l:i 11p111 'L· ido hoit111do nas 1•uus do po1 top ·n1n110 d · ('11 ll ao. 1 · hí l'ora a i11H1 'L'III trnn sladaclu por 1'rra para al 111, s ·u v •rdadciro destino, segundo a in1' ll<;tlo do referido Prelado. Tendo chegado a essa cidade, inexpli cavelmente a imagem, ficara esquec ida du rante um sécul o na igrej a Matriz, dela restando apenas vaga lembrança. Na tarde do dia 14, por inspiração divina, o padre jesuíta José Carrión, conhecido e fervoroso pregador, assegurou que, caso se fi zesse uma procissão com esse Santo Cristo, cessari a o castigo. Os padres jesuítas expuseram então a imagem na praça existente di ante de sua ig reja. F icara m ass im as im age ns de Cristo e a da Virgem Santíssima a poucos metros uma da outra. Na manhã do dia 15 foi rea lizada, com ambas as imagens, uma proci ssão, apó a qual cessara m os tremores e se restabeleceu a ca lma. E começou-se natu ralmente a falar de mil agre. 6

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Imagem milagrosa do Santo Cristo

O terr moto tinha sa ·ud ido 11: o s6 a te rra, ma s as ·011 s ·i 11 ·ius 11dorn1 • ·idas de nu111 ·ros11s pcsso11s. Muitos s • co nl'•ss11rn ,11 , outros r • 1 ul11ri :,,,arum seu ca1,11111 ·1110, vt , ios r ·sti1ufra111 objeto r uhlldos ·t ·. Sob s ' US o lhos era recente a visao da pavorosa destruição da vi zinha ·idad ' de Estcco, cuj os moradores não ti veram te mpo de faze r penitência, pois que foram co lhidos repentina mente p la justa cólera de Deus. E aos habitant s de Salta poderia ter sido reservada exatamente a mesma sorte ... Por isto estes dec idi ra m iniciar uma novena para agradecer ao Divino Redentor e a Nossa Senhora, por terem percl ado a c idade. Após a novena, fi cou dec idido que as duas imagens seriam I vadas em procissão.

Procissão que perdura no tempo Nasceu ass im uma trad ição que já dura 309 anos. Ano após ano, as duas image ns (que permanecem na catedral, uma de cada lado) são condu zidas em proci ssão pelas ruas da cidade, protegendo-a contra novos abalos sís micos e outros males . Aliás, esses mesmos terremotos tê m contribuído para preservar a pr ci. são.

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Em 1844, por vários motivos, as restas do anto Cristo e da sua exe Isa Mã não puderam realizarse cm sct mbro, sendo adiadas. Na no il do di a 18 de outubro ac idade foi sacudid a I or violentos terremotos. L mbrando-se dos fatos ocorridos c m 1692, os sa ltenhos imediatamente prom vcram uma procis são de pe nitê nc ia co m as duas imagens. Como conseqüência desse fato , mediante juramento a procissão foi ratificada. Em 1948, pouco mais de um século depois, novo terremoto assolou a cidade. Na madrugada desse dia o movimento telúrico foi tão forte , que fez soar os ·ino das igreja . Durante um minuto oscilaram todas as construções. Pareceria qu ·, após tamanho tremor, d 'V ' riam sobr 'vir numerosas cles'l'll ·us. Entr ' tanto ninguém morr ·u, · nl' ll\ sequ ·r uma casa ruiu. Pro111ov ·u-s · ·111 , o um a grande procissão d • . Omil li is, qu • ·xtcrnaram seu agrad ·cirn ·nt) uo Santo C ri sto e à Virgem do Mila r •. No pr ·s ·111 • uno haverá mais uma procissão. Nu111 ·rosas caravanas deverão ·h ' •a r, mil hares de índios descerão das monlanh as rumo à cidade, romeiros o b · rtos d • pó lotarão as ruas, peregrinos ca minhar, o ele joelhos, cumprindo prom ·ssus . Aprov ' itand as ad miráve is lições 0 111 ida s '111 tais fatos hi stó ri cos, peça rn os à Vir c m cio Milagre a graça de nun ca nos ·squ ccrmos dos benefícios rc bicios. Não sejamos filhos in ratos, que só se recordam e invoca m D us qu a ndo a mão da justiça divina os casti ga. ♦

Nota: Agradecemos a va li osa co laboração pres lada pelo Sr. Juan Manuel Jallés, da ci lad de Sa lta, Argentina, na redação deste arl ig.o.

Bibliografia: Pe. Francisco .lavi ·r F ·111 111111\-1 Nm•1•11a dei Sei'íor y de la Vir!{<'II t/1 •/ A/1/118"'• 1-.11. S1111Luar io dei Milagro, S11 lI 11, 1'1 11., Pe. Pnblo ( la , d11 , A/111 /11 , li1•i1111 1• Madre de los Arge111i11m, hl ( 1111111 11111•111 1 /\in:s, 1980. P,• , R11l11•11 V111v11 l Iµ111I1 1 lli.l"toria dei (' 11/1 11 ,t,, M,11 /,1 ,,,, //,, ,,,,,,.,, 111·<1, Madr id , I ') e,

Os Mandamentos da Lei de Deus (li) Continu amos nesta edi ção a expor os M andamentos da Lei de Deus, publi ca ndo a tradução portugu esa de excertos do Catecismo Maior, promulgado por São Pio X em 1905 (*). Apresentamos a seguir o 4', 5', 6' e 9" preceitos do Decá logo.

Quarto Mandamento: Honrar pai e mãe Esse Mandam ento "o rdena-nos a respeitar o pai e a mãe, obedecer- lhes em tudo que não é pecado e ajudá-los em suas necessidades espirituais e temporais. "Esse Mandamento, sob o nome ele pai e de mãe, compreende ainda todos os superiores, tanto eclesiásticos quanto secu lares, aos quais portanto devemos obedecer e respeitar." Por sua vez, "os genitores têm o dever de amar, alimentar e manter seus filhos, ele prover à s ua educação religiosa e civil , de lhes dar bom exemplo, de os afastar das ocasiões de pecado, de corrig i-los em suas faltas e de aj udá- los a abraçar o estado ao qual são chamados por Deus". Também "elevemos respeitar todas as leis que a autoridade civi l nos impõe, contanto que não sejam contrárias à lei ele Deus, segundo ordenou e disso nos deu exemplo Nosso Senhor Jesus Cristo". "Aqueles que fazem parte ela sociedade civil têm, além da obrigação de respeito e obediência às leis, o dever de viver em concórdia e de empenhar-se, cada um com seus meios e com a própria força, para que essa s~ja virtuosa, pacífica, ordeira e próspera, para o proveito comum."

Quinto Mandamento: Não matar "O quinto M andamento proíbe dar a morte, bater, fer ir ou fazer qua lquer outro dano corporal ao próximo, seja por si ou por intermédio de outra pessoa; como proíbe de ofendê- lo com palavras injuriosas e desejar-lhe mal. Deus proíbe também neste Mandamento dar a morte a si próprio, ou seja, suicidar-se." É pecado g rave matar o próximo, "porque o que mata usurpa temeraria-

mente o direito que Deus tem sobre a vicia do homem; porque destrói a segurança cio consórc io humano e porque tolhe ao próximo a vida, que é o maior bem natural que há sobre a Terra" .

Sexto Mandamento: Não pecar contra a castidade; Nono Mandamento: Não cobiçar a mulher do próximo "O sexto Ma ndame nto proíbe qual quer ato, qua lquer olhar, qualquer pa lavra contrária à castidade, e também a infidelidade no matrimônio. "O nono Mandame nto proíbe expressamente qualquer desejo contrário à ficleliclade que os cônjuges se juraram ao contrair matrimôniõ; e proíbe també m qua lquer pensa me nto ou desejo culposo de ação vedada pe lo sexto mandamento. "A impureza é um gravíss imo e abominável pecado diante de Deus e dos ho mens; avi lta o homem à condição dos brutos, arra ta-o a muitos outros pecae

A Sagrada Família do Passarinho, - Bartolomé Esteban Murillo {1650), Museu do Prado, Madri

O Menino Jesus foi o excelso modelo da prática do quarto Mandamento

dos e vícios e provoca os mais terríveis castigos nesta e na outra vida. "Os maus pensamentos, mesmo sem atos, são pecado quando culposamente lhes damos motivo ou ne les consentimos, ou se nos expomos ao perigo próximo ele ne les consentir. "Para bem observar-se o sexto e o nono mandamentos, devemos rezar freqüente mente e de coração a Deus, ser devotos ela Virgem M aria, Mãe da pureza, recordar-nos de que Deus nos vê, pensar na morte, nos castigos divinos, na Paixão de Jesus C ri sto, guardar nossos sentidos, praticar a mortificação cristã e freq üentar com as devidas dis♦ posições os Sacramentos."

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Ed ição orig inal italiana do Compendio dei/a D011rina Cris1ia11a prescrillo da Sua Santità Papa Pio X, T ipografia Vati cana, Roma, 1905.

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A

Palavra do d Saceri ote

Pergunta Existem em nosso País muitas casas de macumbas ou trabalhos do mal, como são chamados. Esses "trabalhos" podem realmente intervir na vida do ser hwnano ? Que problemas podem causar? Someule a orarão f, que pod(• Ili (' <fl'. /<•11der'! Roapo1tn () ·splrilo tl /1 1HÍSli ·o, llo dil\111dido l ' lll nossos dias, ·uro ·1 ·ri :t.ll u so ·i ' dttd ' mod •rnn ' s ' ·ularizada, basead;i no al ' Ísmo I rático (isto é: "e11 1u7o sei se Deus existe ou não existe; então vou proceder como se Ele não existisse"). Tal espírito deveri a levar incontáveis pessoas a rir des es "trabalhos" ou macumbas. Pois quem duvida da ex istência de Deus, normalmente deveri a duvidar também da ex istência dos demôni os, a quem são oferecidos esses "trabalhos" em troca de algum benefíc io para si mesmos e, em contrapartida, de malefícios para os outros. Para um católico os demô-

e

eAToLICISMO

nios ex istem realmente e podem causar espantosos prejuízos aos homens. E mesmo quando trazem inicialmente algum traiçoeiro proveito ou favorecimento, o preço desse "benej(cio" é a entrega da alma ao demônio. Isto signifi ca di zer que a pessoa abdica da fe licidade eterna no Céu em troca de riquezas, cargos ou prestígio nes te mund o. Vantagens que, de qualquer maneira, chegam ao fim com a morte, à qual se segue a condenação ao infe rno por toda a eternidade, pois tal foi o "trato" que ela fez com o demônio. Péssimo negócio, portanto, o pior que se poderi a fazer.

O demônio é o pai da mentira Os tais "trabalhos", "despachos", feitiços ou macumbas costumam ser co locados em encruzilhadas ou nas 'squinas das nns, ·10 f) d · u11w árvor ou d' u111 poslL' <k 111:r,, Si o u11 111 or •rl'11do 110 d ·111 11 io puru q11 · l'k' ·uus · duno u Il i ' lil l l dl'S11i' •IO , Oll Ili 'S lllO l·li111i 1w os ohsl:i ·ulos qu • a 1wsso11 L' ll ·ontru · 111 s ' u cami nho pul'll obt ' ruma honraria, bom 'mprego, ca samento vantajoso, ou até a satisfação de paixões li bidinosas. Quem fo r tentado a fazer esse torpe trato com o demônio deveria lembrar que o diabo é o pai da mentira, e que ele nunca dá o que pro mete. E mesmo que o homem alcance o pseudo-benefício que almeja, em geral este vem acompanhado de tantas desgraças e prejuízos, que o saldo vai ser negativo ainda neste mundo (quanto mais no outro!).

O estado de graça é a melhor defesa contra malefícios diabólicos A pergunta que o consulente põe é se esses "trabaSetembro de ,2001

Lhos" atingem rea lmente os o utros, sob ret udo pessoas inocentes, e co m se li vra r deles. Algumas vezes Deus permite que isso aconteça, a começar pelos que riem desse. fe itiços, por não acred itarem neles nem no demônio. E não ac redita m nesses pode res maléfi cos como conseq üência de duvidarem da ex istência de Deus. "Se Deus não existe, então o demônio também não existe" - pensam eles. Há pessoas que, para mani fes tar sua desc re nça, chegam até a se servir dos alimentos ou bebidas oferecidos nesses "trabalhos" ou "despachos" aos es píri tos infe rnais. Não é de e tranhar qu e De us pe rmi ta , nessa s condições, que o ma l rr ·io os

perm ite que uma alma habi tualmente em estado de graça (liv re cio pecado mortal) seja presa dos malefíc ios do demônio. Por isso, a melhor ma neira ele evitá-los é a freqü ntação cl s Sacramentos da Co nlissã e ela Eucaristia, que no ma ntêm a alma limpa de pecado. Recomenda-se igualmente o rec urso contínu o à oração, sobretudo o Rosário bem rezado, que possui alto efeito exorcíst ico (afugenta o demônio). Nossa Senhora vela espec ialmente pelos seus devotos, cercandoos com os seus Anjos, que impedem a aproximação do demôni o. A I reja põe à dispos ição cios l'i is uma infinidade de outros recursos para nos pres ' rvar das in síd ias do demô-

Resposta

Escapulário de Nossa Senhora do Carmo

objetos religiosos, tornados pela Igreja "sacramentais", quand o consti tuíd os co nfo rme o cerim oni al do Ritu al Romano. Muito excepcionalmente, Deus permi te que almas virtuosa sejam também vítimas das investidas do espírito do mal, para prová- las, purif icálas e santificá-las ain da mais. Neste caso a conformidade com a vontade de Deus deve prevalecer ac ima de tudo. Aí se aplica o princípio de que Deus tira o bem cio próprio mal , ao contrário do demônio, que promete o bem e só faz o mal! Pergunta

atinj a. E são num erosos os fatos narrados nesse sentido. Po r isso, bo ns teó logos reco me nd am qu e se passe longe desses "trabalhos" . Mesmo porque nem sempre estamos com a alma tão li mpa quanto deveria estar, e o pecado em nossa alma é um ponto de impéri o do demônio, através cio qual ele adq uire o poder de de, e ncad •.ir sobre nós o mal íí io quL· lhl' fo i so li cita lo. Norma lm ·nl •. lku , 111111

Filhas-de-santo numa sessão de candomblé, prática religiosa que predispõe a alma para receber a

ação diabólica

nio, tai · como os sacnmentais (por exem pl o, a á 1 ua benta, o sal e o a:1. •i1 ' h ' ntos), as meda lh as (rnl rL· as 111ais conh ' ·ida s l'S t110 11 Meda lha Mil:wrrn,11l' 11111(•d:1 lha de São lh-1110) l ' 11 l',l np11lários (o 111111 , 11111111• 11 l o de Nossa . 'l•11h111 1dn <': 111110). São ele111 •11111 d11 1111l111 l'l.a ou então

Uma pessoa vai quase todos os sábados ou domin gos à Mis sa, e às segundasfeiras visita os cemitérios, onde acende velas e reza p elas A lmas. Mas acontece qu e um dia por semana essa m esma pessoa vai consultar o espiritismo. Para mim, ela está dividida, não sabe que rumo tomar. Vale rezar a toda hora, mesmo em casa, e acreditar na outra coisa ? Esp ero que o Sr. me esclareça.

Nossa Senhora anunciou em Fátima uma grave crise da fé, que atingiri a quase toda a humanidade, a tal ponto que constituiri a um a exceção o Dogma da Fé se manter em Portugal! A situação que o mi ssivista descreve é exatamente a de uma cri se de fé : um a pessoa qu e manifesta reli gios idade não pequena para os dias de hoje, mas não vê incompatibilidade entre os dogmas e diretri zes da Igreja católica e os princípios errôneos e as práticas ilícitas cio espiritismo. As norm as da Igrej a a esse respeito são claras. Em 19 17, fo i submetida à Sagrada Co ngregação do Sa nto Ofício a seguinte pergunta: "Se é lícito, através do que chamam médium, ou sern o médium, utilizado ou não o hipnotismo, assistir a quaisquer Locuções ou manifestações espíritas, ainda que tenham a aparência de honestidade ou de piedade, sej a

interrogando as al,nas ou os espíritos, seja ouvindo suas res postas, sej a ap enas olhando, e ainda que hqja a protestação tácita ou expressa de não querer ter parte alguma co m os es píritos malignos" . A res pos ta ci o Santo Ofício, datada de 24 de abri I de 19 17, foi peremptória: "Negativa em tudo".

O espiritismo é condenado pela Igreja Assim, mesmo que as sessões espíritas tenham aparência de honestidade, é gravemente ilícito e proibido parti cipar delas . Porque a "comuni cação co m as alm as cios mortos" no centro espírita, em não sendo charlatanice, só se dará com a intervenção do demôni o, que atuará diretamente ou por meio dos chamados mécliuns. Ora, um católico jamais pode recorrer ao demônio para o que quer que seja. É verd ade qu e De us às vezes permite, e m so nh os ou de outra maneira - mas não em um ce ntro es pírita!

- , qu e um a alm a do Purgatóri o apareça a um ente vivo, para pedir orações ou algum outro fa vor. Ou então para faze r algum a comunicação para o bem da própria pessoa ou de outre m. Co nta-se, por exemplo, o caso muito anti go de um sacerdote fa lec ido, que aparece u a um co nfrade pedindo-lhe qu e rezasse, em nome dele, uma Mi ssa que ele em vicia se esquecera de ce lebrar, apesa r de ter recebido a correspondente espórtul a. Faltava-lhe remir essa dívida para se r levado do

Medalha de São Bento

Purgatóri o para o Céu. Mas esta são situações absolutamente exce pcionais, e não algo que se dê normalmente e m "ce ntros" o u "te rre iros", como os espíritas papagueiam. Infe lizmente, não é raro encontrar pessoas como as descritas pelo consulente, que se consideram católicas, e até "bons católicos", e que procedem de uma maneira totalmente condenada pela Igreja católi ca. Isso faz parte da co nfusão religiosa de nossos di as. ♦ À esquerda: Medalha Milagrosa

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Golpeartone. a sinistra campanha do comunismo chinês

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AIDS no Camboia: mais mortífero que o Khmer vermelho/1

O

sofrido Camboj a, que passou por três décadas de guerras e assass inatos em massa dev ido à tirani a comunista, está diante de um novo peri go: a AIDS. Especialistas na doença acredi tam em sua di sseminação devastadora no país. É o que noti cia o j ornal "The N ewYork T imes". N ão é raro ver fi guras csp ·tra is, pareci las 111 as víti mas famint as dos tempos do •ov ·mo ·0111u11i sta <.lo Khmcr V ·nn •lho ( 1975 - 1979), dur:int • o qua l nwi s d · um milhão d · p ·sso:1s morr ·ram. Estima-s' qu ', cm todo o Camboja , 170 mi I p ssoas estejam infectadas, aproximadamente 3 % da popul ação ad ul ta, por enqu anto ... "Nos rneus

dias mais pessimistas, eu temo que nos p róxim os anos mais pessoas morrerão de AIDS do que na época de Pol Pot ", afirmou

Vírus da AIDS

10

o sacerdote católi co Ja mes N oo man, do proj eto H[V / AIDS Arbusto da Esperança, de Marykn o ll. O povo do Ca mboj a, li berto da ditad ura comuni sta, terá agora de co mbater as principa is causas dessa terríve l ep idemi a: os pecados contra a casti dade, inclu sive o pecado contrári o à natureza - o homossex uali smo. ♦

CATO LI

eISMO

Se tembro d,e 2001

ar a combater a crimin alid ade e garan tir a estabilidade ocial, a campanha anual Golpear f orte, cri ada pelo govern o da China comuni sta, j á executou mais penas de morte do que os demais países do mundo. Num período de três anos, nos 27 países onde a pena de morte vigora, fora m executadas 175 l pessoas, enquanto na China, em apenas três meses, j á fo ram condenados à morte 2960 pessoas e exec utadas 1783 ! N essa macabra campanha moralizadora, não são apenas executadas pessoas que cometeram cri mes v iolentos, mas também os acusados de fraudes, suborn os, roub de gaso lina, e até de proselitismo ideológico, v isando o s parati smo ou rad i alismo r •li 1 ioso . Gntr ' a pri s, o ' o julgamento, o núm 'ro I · dias e rcduziclís imo. "A

rapidez dos processos combinada com a pressão sobre a polícia e as autoridades ampliam o número de erros judiciais, sentenças arbitrárias e execuções de inocentes", diz ocomunicado da Anistia Internacional. A pós o fu zil amento cio condenado com um tiro na nuca (a bala fi ca por conta da fami li a, que é obrigada a pagar), seus órgãos - como rin s, fígado e córneas - são retirados, a fi m de alimentar um sórdid o e lucra tivo tráfi co de órgãos para tran spl antes, segundo o depoimento do médico chinês Wang Guoq i a um comitê do Congresso dos Estados Unidos. Ta is execuções - co ntra as quai s não se ouve levantar vozes autorizadas - são rea li zadas em e. tádios que serão palco de j ogos esportivos nas O limpíadas de 2008, quando se celebrarão a paz e a har♦ moni a entre os povos.. .

Pulin: passado nada recomendável na KGB

O

jorn al ita liano "La Reppublica " publicou - na form a de fac -símile de uma carta, endereçada por um ex-colaborador da KGB à revi st a "Soverchenno Sekretno" - re velações interes santes sobre alguma s atividades do Presid ente Putin , na época em que ele fa zia parte dos quadros da sinistra polícia sec ret a da então União Soviéti ca. Na KGB havi a um departam ento mais light - a Primeira Direção, orientada pa ra tarefas ext eriores. E outro , a Quinta Direção, mais brut al, enca rregada de t rat ar dos diss identes e seus simpatiza ntes. Putin começou exe rce ndo suas ativid ades durante un s quatro anos na Quinta Direção (cont ra a chamada sabotag em ideológica ), ou seja, nos porõ es, perseguindo di ssidentes e espionando os grupos de inconformados com o reg ime soviético . Nesses lug ares, quais seriam os métodos empregados? Não é difícil imaginar. Tais revelações não figuram nas biografias oficiais do presid ente ru sso, e ne m tampouco no pequeno livro "hagiográfico ", distribuído a tod as as crianças do país para lhes most rar as "qualidades e virtudes " de Vl adimir Put in. .. ♦

----===:-----=-=-=-=-=-=-=----===========:::a Em delesa do verdadeiro matrimônio

A

Aliança pelo Matrimônio, coa-

1i zão ele líderes religiosos e perito em política ela fa míli a, dos Estados U ni dos, proc ura obter a aprovação de um a emenda consti tucional dec larando que ocasamento só pode efetuar-se entre um homem e uma mulher. O diretor executivo de tal coali zão afirm ou que seus membros decidi ram propor a chamada Emenda Matrimonial Fede ral dev.ido ao temor de que uma lei v igente há um ano no Estado de Verm ont - que concede a pe soas do mesmo sexo o direito ele matrimônio - se propague pelo re to do país. É sa lutar que 34 Estados da Federação ameri cana tenham adotado as chamadas "leis de defesa do matrimônio" , definind o-o como a uni ão entre um homem e uma mulher. Seria desejável que tal medi da se propagasse não apenas em todo o território norte-ameri ca no, mas nos outros países cio Globo, tendose em v ista a ameaça que paira sobre o casa mento tradicional. ♦

Coréia do None em ruínas

A

República Popular Democrática da Coréia passa por uma das piores secas dos últimos 80 anos. A penúri a alimentar, agravada pelas inundações dos anos ante ri ores , não fez senão revelar a fa lência do regime coletivista baseado num a planificação rígid a. O sist ema estatal de distribuição de produtos alim entícios faliu . Perito s do Programa Alimentar Mund,al ca lcul am que a maioria dos norte-co reano s sobrevive com menos de 200 gramas de arro z ou cereais por dia. Parte da população morre ou te nta f ugir. Na ca pita l Pionguiang, prete nsa vitrine do regime, a t emperatura nos aparta mentos é gelada no inverno, sendo comum ver cadáveres serem removidos enreg ela dos. Na década de 70, os investidores estra ngeiros no país sàfreram vultosos prejuízos por dívid as jamais sa ldadas. Hoje, a fome , o frio, a água conta minada e a fa lência do sistema sa nitári o dizi mam silenciosamente a população. Eis aí o sini stro saldo de um dos reg imes comuni stas ainda existentes em nossos dias . ♦

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BREVES REllGIOSAS Bispo de Como (Itália) deplora atual situação da Igreja D. Alessandro Maggiolini, Bispo da cidade italiana de Como, em livro lançado recentemente, denuncia .a profunda e contraditória "renovação" feita pela Hierarquia eclesiástica com base no Concílio Vaticano li, mostrando os efeitos corrosivos de tal reforma: "Hoje registram-se pouquíssimas conversões ", verificando-se "a queda das vocações missionárias" e o "abandono do sacramento da penitência, sinal claríssimo de que algo' não funciona". Tudo isso feito de forma superficial, um verdadeiro suicídio - conclui o autor. _J

_J

Vaticano confirma:

Nossa Senhora realmente apareceu em Ruanda Em declaração contendo o juízo definitivo sobre as aparições de Kibeho, distribuída na Sala de Imprensa do Vaticano, lê-se que Nossa Senhora realmente apareceu a Alphonsine Mumureke, Nathalie Mukamazimpa e Marie Cleire Mukangango. Segundo o relato das videntes, Nossa Senhora apareceu triste, contrariada , verdade iramente "em cólera ". Afirmaram ter visto depois "um rio de sangue, pessoas que se matavam reciprocamente, cadáveres abandonados sem quem os enterrasse, uma árvore toda em fogo, um abismo escancarado, um monstro, cabeças decapitadas". Tais visões parecem prefigurar aquilo que ocorreu alguns anos depois, durante o genocídio ruandense. Mas, pela sua afinidade com a Mensagem de Fátima, talvez possam prenunciar também aGontecimentos mundiais futuros.

CATO LIC ISMO

Setembro de 2001

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INTERNACIONAL

De Gênova, reboa em todo o mundo o brado de revolta Luís DuFAUR

Neocomunismo anárquico e caotizante insurge-se contra a ordem

país, a nco rado próx imo do po rto genovês .

Moderados e radicais

articulados na rebelião A fre nte a mpl a do caos convocou

150.000 contestatári os para te ntar im-

dadc de Gê nova serviu de pa lco a ra a e ncenação de um trág ico trai ler de fut uros aco nLecime ntos. Para os ente ndidos, fo i um novo maio de 68 mundi al. Os fig ura ntes princ ipa is fo ra m os cha mados adeptos da anti -globali zação: uma fre nte a mpl a de radicais e moderados que e mpurra m o mundo rumo ao caos. U m mito de fund o ma rxista ide ntifica-os com os desempossados, marg ina li zados, ho mossex ua is, a idé ti cos, g uerrilhe iros, índi os, invaso res de te rras e de prédi os, idealistas dos dire itos humanos, libe rtári os ate us o u religiosos. Face a e les estava m os c hefes de governo dos sete países mais indu stri ali zados (Grupo dos Sete, o u G-7), q ue representara m naquele pa lco o ves tígio de o rde m ainda ex isLente no mundo. 12

e

ATO LIC IS MO

A manipulação midiática dos termos inverteu a realidade: na foto acima haveria manifestantes "pacíficos" prestes a se "defenderem" do "ataque " policial... Na foto superior: um integrante do exacerbado Black-Bloc porta a bandeira preta dos anarquistas.

A re união do G-7 é pe ri ódica. N ela trocam-se o pini ões, e poucas resoluções são to madas. Parn tal re uni ão é convi dado - oh contradição ! - o país mais e ndi vidado da Te rra: a Rús ia de P utin. Com essa "som.a" rea li za-se o G-8. O loca l esco lhido fo i o Pa lác io dos Doges da a nti ga Re públi ca ari stocrática genovesa. Para hospedage m, um navio-c ru zeiro . Nada fa ltava do lu xo ilu sóri o das gr!ffes e capri c hos da moda 1. O P res ide nte dos E UA , mais sensato, hospedo u-se num po rta-avi ões do s u

Setembro de .2001

pedir a re uni ão. Foram eles a rtic ul ados pe lo Fórum Social de Gênova - CSF, o rgani zação pres idida por um ati vista anticapi ta li sta dito cató li co e moderado. De fato, q uando a políc ia vasc ulho u sua scd e ncontrou toda espéc ie de instru mc n1 os para a prática da violênc ia e da subversão, s ndo deti dos na ocasião vá ri s g ue rrilhe iros. O rnode rado GSF cedeu aos radicais o esLádi o arl ini, q ue lhe fora e mpre tado pe lo governo itali ano. O local torno u-se o q uartel general da subve rsão. N a g rade extern a e nfiaram o ito cabeças de po rco decepadas, com as lín g uas ele fo ra, nas qua is fora m pintadas as cores los países me mb ros do G-8. E ra m de pl ásLico, mas o gesto evocava as j o rnadas da Revo lução Francesa, e m q ue as cabeça dos no bres era m cravada nas la nças dos sans-culotte. No e Láclio, ensa io u-se o ataque. Os milita nlcs ela Liga por uma revolução comunista internacional gritava m:

-

"Qual solução?" "Revolução!" (outros respondiam) "A polícia ataca" "Nós contra-atacamos! "

Bloco de guerrilheiros urbanos aguarda sinal para o ataque

Os veículos não escaparam à sanha destruidora anarquista

Depredação de lojas

zavam com g uerrilhe iros mex icanos . O dra m a estava para co meçar. Al g ué m e ntoou a lnternacional comuni sta, causando excitação e o brado: "Eles cau-

sa do Smash Capitalism (Esmag ue o capitalismo) . Se us compo ne ntes carre-

Destacou-se també m o mo vime nto " não- viole nto" Tute bianche (Macacões brancos) . Seu lado pac(fico consiste e m investir contra a polícia, fa ntasiados de palhaços, e invadir locais interditados . Quando os agentes de segurança os repele m, considera m-se agredidos e desencadeia m vi ole nta pancadari a, para a qual j á estão devidame nte equipados. O quebra-quebra fo i brutal e generali zado : cente nas de fe rid os g raves, loj as saq ueadas, dezenas de carros ince ndi ados, a s ina li zação pública despedaçada. E os destroços do va nda li s mo fora m la nçados contra a po líc ia. Observa ndo a cena de rua e m Gênova, ve m à mente a ada ptação bl asfema de um hino cató li co fe ita pe lo satanista ita li ano Carducci: " Vexilla infe rni

sam a miséria, nós.fazemos a hist.ória" 3• Ana rqui stas diri gi ra m-se à pri são de Gê nova para libe rtar os presos.

A violência dos pacíficos "Macacões Brancos" O Black-Bloc (B loco Negro) apresento u-se co mo um dos g rupos mais ex acerbados . S upe ro u e m ba rbári e as bri gadas .tro tskistas fra ncesas da Liga Comunista Revolucionária e as ing le-

gava m bandeiras e vesti a m-se de preto e ve rme lho - cores da anarqui a. Re peti a m os velhos c havões nihili stas e m to m de rock e partia m pa ra a vio lê nc ia, de preda ndo ba ncos e inves tindo contra as fo rças da orde m. O Black-Bloc afirma-se não-violento e explica: "A propriedade privada -

e o capitalismo por extensão - é intrinsecamente violenta e repressiva e não pode ser reformada ou mitigada . .... quando quebramos as vitrines, querem.os destruir o tênue véu de leg itimidade que envolve o direito de propriedade" 4 • Composto de anglo-saxões, nórdicos e alemães, ri valizou e m selvage ri a com seus congêneres ita lianos, os autônornos. Estes são ado lescentes sem-leto, sem família e sem De us, que invadem prédios e in stalam neles a autogestão. Tais locais são o reino dos sem-le i: a norma é a violação da norma, o crime, a droga, a prosti tuição, o ho mossex ual ismo e ... a AIDS. Presidindo a tudo, o ódio à orde m, o espírito do Non serviam de Lúcifer. À esquerda e abaixo: cenas significativas do anarco-niilismo em Gênova novo rosto do comunismo metamorfoseado

regis prodeunt " - "os eslandartes do rei do inferno avançam ".

Antiglobalistas:

radicais da globalização O s chamados antiglobalistas na realidade desej am a g lo ba lização co m inte nsidade ig ual o u maio r que os globalistas, po ré m numa c lave anarco-comuni sta. Por exemplo, Ludo, po rta- voz dos Macacões brancos, dec laro u ao "L e

Os manifes tantes recobri ra m-se com vários tipos de proteções capaceles, preve ndo que a po líc ia usa ri a os cassetetes2. N o degra us d:1 Basíli ca de Santa M ari a de a ri ,m11 10, h1111deiras vermelh as, cubarws, hnlm•s l'l'O logislas co loridos ' f'olos dl' "( 'l1t •" C.uevara m istu ra vam Sl' , 1111111 11 11t111os lera de carnaval , ,d io, 1·11 q1 111 11 t11 l1•sh1 l·:1s con frate rni -

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Monde": " Não gostamos da palavra [anti-mundialização]. Nós queremos a globalização dos direitos e a partilha das riquezas" 5 • E les estão estreitamente vinculados, via Internet. O site dos Ma cacões brancos abre-se com um blasfemo diálogo fictício: "Jesus disse a Pedro: '... mas você acha que esse que está aí é um guerrilheiro, com essas mãos delicadas?' E Pedro respondeu: 'um verdadeiro guerrilheiro não se distingue pe-

Participação católico-progressista: preciosa para a atuação subversiva efetuada em Gênova

las mãos, mas pelos pés ... pelo fato de caminhar tanto ... "' . Numa outra página do site, tal movimento pacífico divulga espa lh afatosa "decla ração de guerra aos potentados da injustiça e da miséria": "A nunciamos formalm ente que nós também estamos em pé de guerra. Iremos a Gênova, e nosso exército .... desobedecerá as vossas imposições. Nós somos um exército nascido para vos dissolver". Num outro manifesto, seus membros proclamam que o ano 2001 não pertencerá a mais nenhum senhor. "Nós somos o exército da desobediência", acrescentam. C itando o Pe. Milani, ainda afirmam: "A obediência já não é mais 11111a virtude" 6. 14

C A T O 1 1C I S M O

Facção progressista do Clero fomenta o quebra-quebra O site Rede contra o G-8 fornece manuais para a guerri lha urbana: como ag ir contra a polícia, quai s os crimes previstos pela lei, penas ap li cáveis, como ev itá-las etc. Entre os documentos de apoio, reproduz artigo de elogio aos Tute bianche, ass in ado pelo Cardeal Silvano Piovanelli, Arcebispo de F lorença: "Por fidelidade ao Evangelho, colocamo-nos ao lado dos macacões brancos e dissemos: Não ao G-8!" ~ escreveu o prelado 7 • Várias paróquias de Gênova ho pedaram manife tantes. O Pe. Andrea Gal lo, da Comun idade de São Bento no Porto, dec larou : " Por que dar importância a uma vitrine quebrada? A violência exercida pelos poderosos é decididamente mais grave". O Pe. Vitaliano Dei la Sala avançou na vanguarda dos baderneiros com batina de assalto, e declarou à TV que o quebra-quebra de Gênova era símbolo da queda das barreiras da ordem no mundo. Obedecia ass im - segundo ele - à orientação pastoral anticonsum ista e anti- hedonista predominante. Em posição aná loga colocou-se o Pe. L uig i Ciotti, líder da assoc iação Libera. Os mesmos vio lc nLos não-violentos sentiam-se rcconforlados por um co ng resso mundial de movimcnLos caló lic · - "desde ajunta diocesana de Justiça e Paz até os Focolarinos" - , celebrado em Gênova poucos dias antes 8• O Cardea l de Gênova, D . Dio ni gi Tettamanzi, garantiu impunidade aos sacerdotes que participassem dos protestos9 . Em e ntrevista, ele saudou o movimento pseudo-antiglobali zação e se insurgiu "contra a nova colonização dos mais pobres pelos mais ricos" 10 .

Comunismo católico . mostra as garras Segundo o jornalista Gilles Lapouge, "os mais perigosos entre os 120 mil manifestantes .... não serão necessariamente os anarquistas, os libertários dos "macacões brancos", os trotskistas. Talvez sejam os católicos. Com certeza, .... não estarão na primeira fila das provocações e distúrbios de rua, nos coquetéis molotov. Mas, em razão ele

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seu número, de seufervo,; da autoridade moral co,~fúida por Deus, a Igreja e o Papa João Paulo li, eles terão uma força de ataque espiritual provavelmente ,nais rnortífera do que as granadas dos arruaceiros." E acrescenta: "A Assembléia Episcopal [italiana] entrou nessa luta com toda decisão e energia e adotou a fórmula contundente: "Esta globali zação é o novo nome do co loniali smo" .... Outrora, freqü entem ente um jovem europeu entrava na política e se filiava às alas exLremistas, p elo canal do anticolonialismo" 11• Os moderados manifestantes cató1ico-progress istas constituíram, de fato, um guarda-ch uva de " respeitabilidade", sob o qual os radicais e violeritos nãoviolentos puderam agir à vontade. A ferocidade dos pseudo-antimundialistas fo i inaudita. Um jovem guerrilheiro urbano, com numerosas passage ns pela delegacia por delitos mú 1tiplos, acabo u morrendo, atingido por um po licial, quando atacava uma viatura da polícia junto com uma gangue de cúmplices . Ante tais desmandos, a opini ão púb li ca italiana não co ub e em s i de indi g nação. Segundo sondagens naciona is, 85% dos ita lianos aprovaram a ação po li c ia l. Em Gênova, as donas-decasa chegara m a jogar vasos de flores de sacadas e janelas contra os arautos do caos. Face à imensidade do vandalismo, e do sangue derramado, o Cardeal Piovanelli e outros eclesiásticos moderaram suas atitudes. "TI Corriere della Sera" elogiou o mesmo Cardeal por reconhecer o erro cometido. Porém, ressalvou ser "menos compreensível que diversos altos Prelados, homens experimentados e sábios, não tenham visto aquilo que já se delineava semanas antes da cúpula do G-8, claro para qualquer olho político minimamente experimentado: o fato de que, nas praças de Gênova, nada seria celebrado de compatível com o magistério da Ig reja . .... Deu-se u111 aval de legitimidade aos co111e.1·1adores .... Deuse uma contribui('<io à ,1,10111ada daquele fenôm •no, c·o11hl'l'ido ,·omo comunisrno ca!(ílico. <1111' /(111/0 dww causou na !,islrírio do 11os.1·0 11<1 f.1· • .... Forçou-se, fi11ul1111•1111•, o f.lO l't'/'1111 italiano a comeLer

Grupo dos 7

o erro de procurar um diálogo impossível com o Fórum Socia l de Gênova. Provavelmente o gove rno não teria dado esse passo sem esse registro de tão maciça adesão do mundo católico" 12 •

O grande beneficiado: o (ex-)agente da KGB, Putin O presidente dos Estados Un idos, George W. Bush, e o Prime iro- mini stro italiano, Berluscon i, foram os a lvos prefer idos dos manifesta ntes. Os governantes socia li stas fo ram poupados ... Mas o grande beneficiado politicamente fo i o Presidente russo, Vladimir Putin, fo rmado numa seção da polícia sec reta sov iética dedicada à repressão e tortura de dissidentes 13 • E le tem "um pé em cada canoa": participou da reunião do G-8 mas se identifica naturalmente com os contestatários. Rockeiros, líderes de uma associação anti -G-8, foram visitá-lo no nav io-hospedagem . A adm iração pe lo líder russo substituiu então a beligerância. "As acusações ídos contestatários] não atingem a Putin, e por esta mesma razão lhe são favoráveis", declarou A lexand re Kabakov, editor ialista do cotidiano russo de negócios "Kommersant" 14 •

Comunismo metamorfoseado: caótico, violento e anárquico Sepultada a fórmu la sov iética depois de seu fracasso, ficou aberto o espaço

+ Rússia (GB)

para a metamorfose do com uni smo. Sinais disso eram perceptíveis desde a queda do muro de Berlim. Mas o termo final era um mistério. A exp losão de Gênova desvendou sufi cientemente o oculto: a larva virou nova borboleta. Esta abri u suas asas de maldição e o mundo fico u estarrecido. O fato traz-me à memória que, j á nos idos de 1968, o Prof. Plínio Corrêa de Ol iveira anunciava com clarividênci a, a sóc ios e cooperadores da TFP, o rumo que hoje toma o mundo: "Todos os acontecimenlos - dizia ele então- estão centrados sobre o plano da proclamação da república universal. Não como um super-Estado, mas como uma situação de coisas que é a fraternidade universal, anárquica e nudista. Eles prometem uma situação que qualificamos de desordem caótica, mas que eles qual!ficam de sadio terremoto .... mas que não é mais a nossa ordem. Isso traz consigo um reino de violência, .... uma violência omnímoda, recíproca, geral, sob o sopro de um Leviatã qu~ se agiganta e que tenta devorar o universo, para a pior forma de mal possível " . E a inda, em 15-5-7 L: "A Revolução de Maio lde 68], derrotada, foi refugiar-se nas sacristias e nutrir-se do prestígio delas até fa zer uma contra-ofensiva para a conquista do mundo . .... É questão de deixar maturar mais um ran-

to os fatos para que exploda. Depende apenas de uma certa maturação, que o próprio curso das coisas levará adiante fata lmente, se não houver uma inJervenção da Providência ". É a conclusão que se tira do triste espetácu lo de Gênova. Os e rros comunistas espalharam-se pelo mundo e geraram o neocomunismo anárq ui co e caotizante, defen so r de um paroxismo de im orali dade. É doloroso , mas necessári o, sub linh ar que e le não teria a importância que tem se não fosse o apoio do prog ress isrno ca tólico. Os fatos genoveses tiveram ao menos esse lado positivo: pate ntear a fo rte v in culação ex istente entre os d iversos agentes do caos, que atuam no mundo e no B rasil. ♦

1. Cfr. "Jorna l do Bras il " , 17-7-200 1 2. AFP, 20-7-200 1 3. AFP, 19-7-200 1

4. http://fla g.b la cke n e d n et/ ~ g l oba l / l 299bbco111111unique.h1111

5.

« Le Monde », 20-7-200 1.

6. http://www.tuLebian che.org/ 7. http://www.controg8.o rg/piova . htm . 8. h ttp :/ /www.qwerg .com/tu Leb ia nc he/ i t/ 111aggio/con1em11i/cor030601 a.h 1111 9. "li Corriere de lt a Sera", 2 1-7-200 1. 10. "Le Monde" , 19-7-200 1; " li Corri ere de i la Sera", 2 1-7-2001. 11. " O Estado de S. Pau lo, 19-7-200 1. 12. " Co rri ere cle ll a Sera" , 30-7-200 1. 13. C fr. "O Estado ele S. Pau lo" , 14-7-2001 14. AFP, 21 -7-200 1.

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ENTREVISTA

Se for aprovado o atual Projeto de refor111a do Código Penal, este tornar-se-á ainda 111ais frouxo O Dr. Ricardo Dip, juiz do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, denuncia o favorecimento da impunidade e a liberalização descabida contidos na

proposta legislativa penal enviada pelo Governo ao Congresso Nacional imprensa tem veiculado algumas notícias a respeito do Projeto de Lei 3.743/00, que visa alterar a Parte Geral do Código Penal brasileiro. O assunto é de relevância óbvia, e mesmo candente, se atentarmos, por exemplo, para o aumento assustador da criminalidade no seio de nossa sociedade, as deficiências clamorosas do sistema carcerário do País, as fre qüentes e sangrentas rebeliões de presos em praticamente todo o território nacional. Catolicismo julgou oportu no , em f ace desse quadro, entrevistar um co nceituado magistrado, Dr . Ricardo Dip, jui z do Tribunal de Al çada Criminal de São Paulo, titular da Academia Paulista de Direito. O ilustre entrevistado é também professor de Direito Penal na Faculdade de Direito de Alphaville (Universidade Paulista) e professor convidado do curso de doutoramento da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Buenos Aires . É ainda autor de vária s obras, entre as quais se destaca Direito Penal: Linguagem e Crise (ed. M1Jlenium, Campinas, 2000).

A

Catolicismo - A imprensa vem noticiando mais uma reforma do Código Penal. A primeira indagação que lhe fazemos é acerca da conveniência dessa reforma para o Brasil de nossos tempos.

1

! j

Dr. Ricardo Dip - A mudança de leis acarreta,

~ freqüentemente, uma instabilidade jurídica, ain-

~ da que transitória. Algumas vezes, entretanto, não ~ é po sível ev itar a alteração do direito positivo. 16

CATOLICISMO

Setembro do 2001

Para o caso brasileiro atual, uma reforma legislativa que estivesse dirigida a consolidar as normas penai s esparsas - ou seja, juntar num só Código leis penais ele diferentes épocas e difere ntes enfoque - fac ilitando seu conhec imento e apli cação, esta s ri a uma reforma benfazeja. Adema is, não e. laria mal se ela se clestinass ainda a descriminalizar/despenali zar certas ações. Refiro-me a deixar de considerar como crime (e, portanto, não mai s serem pass íveis de pena) determinada s ações que, em rigor, ficariam melhor qualifi cadas se fossem castigadas exclusivamente com sanções de Direito civil ou de Direito admin istrativo. Co ntanto qu e se pensasse, ao mesmo tempo, em aumentar as penas para algumas tantas ações gravemente atentatórias do bem comum. Por exemplo: a) aumentando as penas relativas ao crime de roubo - hoje uma realidade in suportável no Brasil ; b) afastando a impunidade de que goza atualmente o mal designado "aborto terapêuti co"; c) penali zando mais seriamente os ataques à mora lidade fami li ar.

Catolicismo - Mas a reforma que está em tramitação (Projeto de Lei 3.473/00) segue por essa trilha?

Dr. Ricardo Dip - Quem quer que compare, de um lado, o tex to do Pr ~elo de Lei 3.473/00, que vi sa à alteração da Parte Geral do Códi go Penal brasil iro, com, ele outro lado, a ex posição de molivos (. 18/00) apresentada pelo Senhor Mini slro da Justiça para justificá-1 , fi ·a rá surprl'l'lldido por um contraste. D fal o, ·ss11 •x posi~·ilo di.: motivos refere, e d modo l'X prl'sso li 1111 u1 "i'rngerada libera-

lização de situações" e ao ''.forte sentimento de impunidade" co mo "retrato da legislação penal atual". Mas o Projeto, em confronto com essa ex pos ição ele motivos, vai na linha ele maior liberali zação ! Rea lmente contraditório! * Delmas-Marty, em Leflou du droit ("A imprecisão do direito"), refere-se à idéia ele um direito penal mágico, um exorci smo legislativo: a lei an1aria como um vudu, que só pelo fato de ser promulgada co ibiria os males e os crimes, sem que fosse necessári o aplicar penalidades. Assim , uma proclamação lega l do tipo "é proibido usar armas" teria o dom de prontamente realizar-se com a queima de todas as armas, mesmo as cios bandidos. A ex peri ência, porém, revela que os criminosos não dão a mínima importância a esse cli scurso político-de litu al. Tal efeito "mágico" ela lei é apenas um enunciado do mundo verbal, que não se tras lada à realidade das coisas. Sua fun ção, do ponto de vista de penali zar o infrato r, se é mág ica, é vazia, embora o simples fato de se aprovar uma lei, enunciando que tal ato é crimi-

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• prida) também em favor dos acusados (ou, quan•• do o caso, condenados) pela prática de crimes • hediondos.

• Catolicismo - Mas o projeto, eliminando o : regime prisional aberto, não se tornou mais • rígido nesse ponto?

noso, possa nu111 primeiro rnoIn ento gerar uni :

sentimento de alívio, que mitiga o desconfo rto da consc iência que todos temos da insegurança pública em que estamos a viver. Como a popul ação, de modo geral , deseja uma punição mais efi caz para o crime, eu co mpreendo que o Governo não queira dizer que vai faze r exatamente o contrário, ou seja, liberalizar ainda mai s o, de fato, já frág il sistema penal. O que não compreendo é a razão de o Governo, no plano da prudência leg islativa, não transferir para os artigos ele lei que propõe, aqu ilo mesmo que ex pl anou , com inegável prudência, na apontada passagem ela ex pos ição ele motivos.

• Dr. Ricardo Dip: : Dr. Ricardo Dip - É verdade, o projeto elimina : "O Projeto de • o regime prisional aberto - em que o prisionei• : ro sai do cárcere durante o dia e volta à noite : Lei 3. 743/00, • alterando o art. 12 • para dormir -, cuj a fa lência a aludida expos i•• ção de motivos admitiu. Contudo, ele reforçou a : do Código Penal, • pos ibilidade de aplicação ele penas re tritivas • • a permite • (que apenas obriga m a praticar ou a deixar ele : • praticar determinados atos, em certos períodos) • concessão de •• em substituição de penas corporais (perda ela li: anistia, graça e • berdacle, por exemplo) com prazo inferior a qua• indulto, fiança e • : • tro anos. Note-se, a propósito, que nem sequer liberdade • se manteve a atual proibição dessas penas subs• : tituintes quando se tratar de cri1nes perpetrados provisória, bem • com violência contra a pessoa ou por reincidenCatolicismo - O Sr. poderia dar alguns exem- • como a pios dessa liberalização que mencionou?

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Dr. Ricardo Dip - Indico alguns pontos, a títu- • lo exemplificativo, registrando que haveri a mui tos mai s a referir. Dentre eles, foca li za mos os chamados crimes hediondos. Pela atua l legislação penal , há diversas vantagens ou faci lidades que os acusados de crimes (ou mesmo os condenados) podem obter em certas circunstâncias, mas que não são aplicáveis se os crimes de que são acusado. (ou pelos quai s foram condenados) pertence n1 à categoria dos chamados crimes hed iondos. Ora, o proj eto, aiterando o art. 12, CP - isso já vários juristas observaram - permite, em linh a de princípio, a concessão de ani stia, graça e indulto, fi ança e liberdade provisória, bem como a progress ividade pres idiári a (o regime carcerário vai se torn ando mai s brando, à med ida que a pena vai sendo cum-

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progressividade presidiária também em favor dos acusados (ou condenados) pela prática de crimes hediondos"

: tes. Dou-lhes un1 exen1plo: nuIn caso de tentati-

• va de roubo qualifi cado por uso de arma, cometi: do por crin1inoso reincidente, pelo projeto será

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admissível a mera limitação de fim de semana do condenado. Fico a imagi nar con10 se daria que um audacioso assaltante ele bancos participasse, aos sábados e don,ingos, de cuividades de co,nplementação artística (§ l°, art. 48 do projeto), ou que um condenado por rufiani smo - isto é, viver a expensas de prostituta - a título de pena ouvisse aul as sobre aplicações de seus lucros habi tuais na bolsa de va lores.

• Catolicismo - E no que se refere à reincidên: eia num delito, o projeto abrandou o texto do • atual Código?

: D,: Ricardo Dip - Sim. Afastando-se das mai s • autorizadas investigações ela Prognose Criminal CATO LIC IS MO

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(prevenção do crime), a reincidência num delito, segundo o projeto, deixará de ser circunstância legal de aumento de pena, para redu zir-se a mera circunstância judiciári a, que, só facultati va mente, majorará a pena.

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: Catolicismo - Essa mesma tendência verifi- : ca-se no caso de crime continuado?

Dr. Ricardo Dip - Tratando-se ele crime conti nuaclo, o projeto torna leve a punição para cada ato doloso (no qual entra a intenção má) praticado naquela seqüência criminosa, pois adota expressamente a inocuidade do dolo unitári o para o crime continuado (art. 71 ); permite a sim que, não importa qu antos crimes "que of endam. o mesmo bem jurídico", desde que praticados sob circunstâncias o~jetivas semelhantes, sejam brandamente punidos, com mero acréscimo da pena de um sexto a dois terços. Quer di zer: em certos casos, p.ex ., 1Ocrimes, cometidos por um astuto profi ss ional do crime, poderão punir-se mais levemente do que dois, cometidos por um descui -

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dado iniciante...

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Poder-se-ia seguir por aí afora, indi cando a • linha de leniência, isto é, suavidade, adotada pelo projeto no abrandamento das penas. ·

: Catolicismo - O Sr. poderia aprofundar mais

liberdades das vítimas, o criminoso atenta contra os direitos humanos - e, quero observar, não necessariamente os direitos humanos entendidos na linha do pensamento tradicional, mas até mesmo segundo a Declaração cios direitos cio homem e do cidadão (1789), que con stitui a profissão de fé do ilumjnismo. Desse modo, mesmo adotando essa teoria dos direitos humanos, os direitos das vítimas deveriam ser mai s e melhor defendidos.

• a línha ideológica a que se referiu, e que ser: ve de base a esse tipo de política criminal?

Catolicismo - Que critérios o Sr. sugeriria •

é sobre o que dizer acerca das "opor/unidades sociais" d'honnêtes gens (das pessoas honestas) que, no uso de sua liberdade, resistem às mesmas tentativas delituais a que sucumbem os criminosos .. . Em termos mai s chãos, se a sociedade é que cor• rompe, por que ela só corrompe os criminosos e : não o homens honestos?

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"O Projeto parece influenciado pela teoria, já tantas vezes desmentida pela realidade, de que todo indivíduo é bom, a sociedade é que o corrompe"

• D,: Uicardo Dip - Seria decerto uma simplifica: • : • : • : • : • : • : • •

Catolicismo - É possível discernir uma doutrina subjacente nessa aludida tendência de abrandamento da pena inviscerada no projeto? Dr. Ricardo J>ip criam ·n

te, pode-se disc rn ir a pr 'scn ça de uma teoria. Ao condena r um r u com base na va ri dadc das I enas fac ultadas pelo ódigo para o crime com tido - o ju iz tem que aplicar àquele réu em concreto a pena que julga cabível, ou seja, tem que indiv idualizar a pena. Ora, ao prever circunstâncias para a individualização judiciári a das penas, o projeto se referiu expressamente às oportunidades sociais oferec idas ao agente delituoso (art. 59). Trata-se de um slogan, de um standard, que, em ri gor, vru na senda da inculpação da sociedade. Ou seja, o projeto parece influenciado assim pela teoria, já tantas vezes desmentida pela realidade, de que todo indivíduo é bom, a soc iedade é que o corrompe. O que me indago 18

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ção passar ao largo das variações do Direito Penal liberal, rótulo com que se podem abarcar as tenciências hoje dominantes na política criminal de muitos países. Em todo caso, mesmo considerando as variações ex istentes, não parece demasia di zer que o projeto corresponde à tônica de uma ideologia ilumjnista, a qual gerou a Revolução Francesa de 1789. Tal ideologia tem sabido apego ao normativi smo jurídico e uma propensão de utili tarismo ou in t:rumentali smo penal (como hoje está na moda dizê- lo, garan1is1110 penal). Tenho registrado que parte d seus ideólogos são, por isso, tardo-modernistas, uma vez que se dedicam a repi sar, ai uma vez implicitamente, as fantasias de Rouss au, ref'crentes ao contrato social e ao estado d' natureza. egund tais fantasias, ao homem vivendo cm . oc icclacle se contraporia o homem vi vendo no estado ele natureza pura. A passagem cio estado de natureza (no qual o homem era completamente li vre e feli z) para a condição de participante ele uma sociedade ter-se-ia dado mediante um contrato social, o qual não só limitou as liberdades como tornou o indivíduo passível de ser corrompido pela sociedade. Aplicando esse mito rousseauniano ao campo da legislação penal, temos a conseqüente liberalização: quanto mais liberto de deveres e ele penas, melhor será o indivíduo (a sociedade o corrompe ... ).

Catolicismo - Nesse quadro, - - -- --- - - como o Sr. situaria as vítimas? Dr. Ricardo Dip - Aí está: na realidade dos fatos, o deli nqi.iente viol a, com o crime, as liberdades das vítimas ele viver, de preservar a in ·olumidade corpora l, de honra objeti vu 'subj •tiva, de ir, vir, p 'l'lnttn ·ccr e fi car, de ter um domicílio privado, de ll'I' lwns patrimoniais, etc. Pw isso, maltratando as

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para uma reforma eficaz do Código Penal : brasileiro? •

Dr. Ricardo Dip - Em primeiro lugar, precisamos recuperar a idéia de que a pena tem fi nalidade retribuliva; o que a pena faz é retribuir o crime, para restituir a ordemjurídi ca. Assim sendo, a idéia de repressão, legítim a se m dúvid a, é apenas metafót:ica. Também a prevenção de novos crimes - geral ou específi ca - é somente um efeito eventual da pena. O que ela vi sa basicamente é restituir a justiça violada. Depois, cumpre que restabeleçamos a idéia de um verdadeiro "direito penal mínimo". Não na linha do garanti smo ilumini ta, mas na do que já havi am indi cado, em seu tempo, Fra ncisco Suárez e, antes· dele, Santo To más ele Aq uino, e que voltaram al gun s autore de nos o di as a referir. Para isso, ternos de encontrar um a base materi al a que se limi te o leg islador hum ano: Baumann , que é um jurista de nossos tempos, di z que a essência do Direito Penal concorda com os Dez Mandamentos. Ali ás, os Dez Mandamentos não caracteri za m uni ca mente um monumento religioso, mas compendiam, de certa fo rm a, as normas fund amentais de vida em sociedade. Nada mais. natu ral, pois, que se reco rra a eles co mo base da legislação pos itiva. Finalmente, devemos considerar que se há um garantismo adequ ado, é aquele que também garante as vítimas. Francesco D' Agostin o, na ]táli a, referiu -se grafi camente a um "garantisrno coexistencial", que não se unilaterali za ern dar garanti as aos criminosos. Isto contrasta co m certos pregadores hodiernos dos direitos hu,nanos, que parecem entender que tais direitos só se aplican1 aos que se entregan, a práticas delituosas, e se esquecem das vítimas. Outro dia, li uma frase que me chamou a atenção: "A insegurança conslilui uma desigualdade social. É por isso que a luta contra a delinqiiêneia é a nossa prim.eira prioridade depois do emprego". Poderia alguém pen ar que esse registro - por certo verdadeiro -, de que a in. egurança

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: atenta contra a chamada igualdade social, viesse • das pregações de William Bratton e de Rudolph • Giuli ani , o prefeito de Nova York, referindo-se à • • tolerância zero (slogan com que se costuma de•• • signar que o crime deve ser puni do com todo o : rigor da lei, sem qualquer tolerância); seriam, pois, ''A leniência • • conservadores e direitistas a di zê- lo. Não: quem que suaviza a : • fez essa afirm ação fo i o primeiro-mini stro da Franpena acaba por • ça, o sociali sta Lionel Jospin ! tornar trivial • . A relaxação penal, que abranda todas as penas • e corriqueiro • - herança do páleo-preventismo e cio otimi smo : • róseo das metanóias (transformações fu nclameno crime, • • tais do caráter) espontâneas (o criminoso não pecontamina •• nali zado se converteri a espontanea mente) - co•• hierarquicamente • • loca em perigo toda a sociedade. A leniência que •• •• suav iza as penas acaba por tornar trivial e corria sociedade, • • queiro o crime, contamina hierarquicamente asobanaliza a •• •• ciedade, banali za a barbárie, leva à letargia das barbárie, leva à • • consciências; numa palavra: revoluciona... ♦ letargia das · ------: • • * Nota da Redaçã o: Co nt ra di ção se melh an te a esta, apo n• conciências; • tada pelo nosso ilustre entrev istado, encontra-se no Pa: numa palavra: • recer do deputado L ui z A nt on io Fleury (PTB-SP) , rela• • ti vo ao proj eto de lei que di spõe sobre compra, reg istro revoluciona... " • e porte de arm as (nº 2.787/97), tra mitando na Câ mara : • de Deputados. A expos ição de moti vos do referi do Pare• • cer apresen ta bons argumentos para most rar a nocividade • do desarm : amento dos homens honestos. Porém, as pro• • • pos tas concretas do mesmo Parecer fac ilit am ex traord i• nariamente a aprovação fin al de um projeto ru im, dano: • so ao bem comum e à segurança cios cidadãos bras il ei• • ros (cfr. " In formati vo Rura l" , ela TFP, maio/ju nho/200 1, • Cadern o Especi al). Como explicar que tai s con tradições : • - in admi ssíveis até há pouco tempo - venh am inva• • dindo o sistema leg islati vo brasil eiro, torna ndo-o p,1rt i• ci pa nte do caos que mi steriosamente vai se generalizan: • • • do por toda pa rt e?

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CAPA

Estatuto

da Cidade: passo radical rumo • ao comunismo Plinio Vidigal Xavier da Silveira Abel de Oliveira Campos PESQUISAS: Nilo Fujimolo DIREÇÃO:

REDAÇÃO:

Depois da Reforma Agrária, a Reforma Urbana socialista e confiscatória. Mais um sério golpe contra o direito de propriedade no País. ~

E

nuito importante o le itor to1arconhecimento de mais este olpe devastador contra o die ito de propriedade no Brasil : a Reforma Urbana. O Brasi l está sendo assolado, há décadas - especialmente nos últimos oito anos - por uma catastrófica Reforma Agrária, que lançou as sementes de uma guerrilha rural, possibilitando e mesmo incentivando a disseminação do Movimento dos Sem-Terra (MST) em todo o País. Agora, com a apli cação do Estatuto da Cidade, será implantada a Reforma Urbana. Bastaram as notíc ias da recente aprovação da Lei nº I0.257 para haver um recrudescimento das invasões promovidas pelo Movimento dos Sem-Teto, de molde a ocasionar o caos urbano. E com a apli cação efetiva das Reformas Agrária e Urbana, irá sendo extinto em nossa Pátria o que resta da propriedade privada, a qual , juntamente com a fam ília, é um dos fundamentos da Civili zação Cristã. *

*

Desabam sobre nossa popu lação os ri gores de uma lei draconiana de Refor20

CAT O LICISMO

ma Urbana de caráter profundamente dirigista, social ista e confiscatório, denominada Estatuto da Cidade. E la irá provocar um verdadeiro terremoto no so lo urbano, onde o brasileiro pisa, e e m um dos mai s e lementares direitos: o de ser dono da própria casa ou terreno. O que trará conseq üências para toda a fam íli a. Estamos diante de urna verdadeira revolução, fe ita sem derramamento de sangue (ao menos enquanto os sem-teto não imitarem a vio lência dos sem-terra), que será ruinosa tanto para os proprietários urbanos corno para os inquilinos e trabalhadores manuais . E, de modo geral, para toda a vicia urbana, com reflexos na vicia econômica e social cio País.

Paga-se duas vezes o terreno e depois fica -se sem ele Pela Lei nº 10257, sancionada em 10-7-01 pelo Presidente ela República, o proprietário de um terreno urbano poderá ser OBRIGADO a fazer "o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou nao utilizado" (art. 5° do Estatuto da Cidade) .

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Fotos: Luis Guillermo Arroyave

À esquerda: "O reino do Cortiço" prédio perto da Prefeitura da cidade de São Paulo invadido há anos e convertido, talvez, no maior cortiço da América Latina. Com a aplicação do Estatuto da Cidade as grandes cidades correm o risco de uma epidemia de invasões urbanas. Além dos cortiços existe o perigo da multiplicação de favelas como a da foto acima, surgida recentemente ao lado do viaduto da av. Rudge, também em São Paulo.

Ou seja, o pobre propri etário, que tem um terreninho de reserva para quando a filha casar, ou espera que ele valorize um pouco para vendê- lo e pagar uma dívida, estará fora da lei. Se ele não atender às ex_igências de um Plano Diretor do Município, ficará sujeito a um pesadíssimo imposto - lPTU progressivo no tempo - , que poderá obrigálo a pagar de novo o valor do terreno, em impostos, ao fim ele cinco anos. Se, no fim desses cinco anos, ele ainda não con eguir recursos para construir, a prefeitura poderá pura e simplesmente proceder à desapropriação do terreno, pagando- lhe - não em dinheiro, mas em títulos da dívida pública - ao longo de 10 anos. Em outros termos , depo is de cinco anos, além de a prefeitura tê-lo obrigado a pagar o valor do terreno, em impostos, obri ga-o também a entTegar-lhe o terreno, mediante uns títulos desvalorizados ... O direito de propriedade vai pelos ares . Outro dispositivo dessa Lei de Reforma Urbana - o chamado direito de preempção - não permitirá, em áreas delimitadas por lei munic ipal, que o proprietário venda li vremente o seu terreno a um terceiro de sua esco lha. Antes de-

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verá oferecê- lo à prefeitura, que terá prefe rência nessa compra. O que poderá facilmente transformar-se em fo nte de negociatas, ou então fazer com que o fu turo comprador desi sta da compra. O que achar dessa Reforma Urbana, que irá modificar profundamente a fis ionomia não apenas das cidades, mas de todo o Brasil, avizinhando-o dos regimes dos países com unistas como Cuba, China, Coréia do Norte e Vietnã? * * * Fiel à mi ssão que lhe foi legada pelo Prof. Plini.o Corrêa de Oliveira, de alertar a opin ião pública para todas as tentativas de amesquinhar, minar ou derrubar os valores básicos da Civili zação Cristã, Catolicismo apresenta nesta edição uma rápida análise dos pontos dessa Lei que ma is atingem o direito do proprietário urbano e sua família.

É importante apontar o espírito que Ambos foram concebidos dentro de move tal legislação, a doutrina que a insuma mentalidade hostil à propriedade pira, a mentalidade subjacente que lhe · privada e à livre iniciativa. Nos dois credá vida e as graves conseqüências que pitam velhas e profundas tendências do ela trará, não só para o proprietário urantigo comuni smo fracassado*. bano, mas também para toda a populaTal como o Estatuto da Terra, tamção das cidades, caso venha a ser ap li - bém o Estatuto da Cidade investe, em cada integralmente. última análi se, contra dois princípios da Numa atmosfera caractc;ri zada por ordem natural, consagrados pela doutri inexpli cável otimismo, o Estatuto da na social da Igreja e arraigados na sociCidade está sendo festejado com loas e edade brasileira: o da propriedade prialeluias pela maiori a dos órgãos de im- vada e o da livre iniciativa. prensa do País e apresentado como a E m nome de conceitos vagos - que solução para os problemas urbanísticos, mais parecem slogans - co mo qualihabitacionais e ambientais das cidades dade de vida , j ustiça social e desenvolbrasileiras. Inclusive jornalistas considevimento das atividades econômicas (cfr. rados de centro ou até com tinturas de art. 39), o Es tatuto atrofiará de tal fo rdireita não têm fugido a esta regra. ma o direito de propri edade urbana, que e ta se verá quase confundida com a sua Estatuto da Cidade: seu perfil funçci.o social. Como se o direito de prosocialista e confiscatório pri edade não vi sasse, em primeiro pla"Tomara q'ue o Estatuto possa ter no, o bem do indivíduo .e de sua famíefeitos similares aos efeitos que têm ocorli a! rido no campo, onde a reforma agrária, E quem definirá o que signifi cam hoje,já não é apenas um desejo". Assim esses conceitos vagos? O diktat de um festejou a ass inatura da Le i nº 10257 do Plano Diretor, obri gatório para todos os Estatuto da Cidade o Sr. Pres idente da municípios com mais de 20 mil habiRepública (cfr. Gil se Guedes, "O Estatantes. Ou seja, é a burocracia municido de S. Paul o", 11 -7-200 1): pal que vai contro lar a propriedade das O Presidente apontou um a analogia famílias. rea lmente ex istente entre o Estatuto da Esse Plano Diretor Municipal será o Terra e o da Cidade. De fato, se aplicaprincipal instrumento a ser usado na indo em toda a sua rad ica lidade, o Estatuvestida contra a propriedade urbana no to da Cidade trará ao geral cios brasileiBrasil. ros que moram em cidades as mesmas tox in as de insegurança, ag itação e instab ilidade geradas na zona rural pelo seu * Um est udo prim o roso so bre os aspectos primo-irmão, o Estatuto da Terra. soc ialo-comuni stas cio Estatuto ela Terra, o À esquerda: Conjunto habitacional no bairro do Pari, na capital paulista, invadido meses atrás. O Estatuto da Cidade privilegia as iniciativas do Estado, deixando desprotegido o proprietário particular.

leitor poderá encontrá-lo no li vro "A Reforma Agrária Socialista e Co11fiscatória - A propriedade privada e a livre iniciativa no tufão agro- reformista", ele Plíni o Corrêa ele Oli veira e arlos Patrício dei Ca mpo, Ed. Vera Cru z, S. Paulo, 1985.

Se aplicado em toda a sua radicalidade, o Estatuto da Cidade trará ao geral dos brasileiros que moram em cidades as mesmas toxinas de insegurança, agitação e instabilidade geradas na zona rural pelo seu primo-irmão, o Estatuto da Terra.

O proprietário, um malfeitor? O pressuposto que parece animar a mentalidade dos que elaboraram essa Lei é de que o proprietário urbano é incapaz, mau ad mini strador, conspirador contra o bem comum. Em sum a, um malfeitor. Por causa disso, precisa e.le ser vigi ado pelo Estado, tutelado pelo Poder Público, corri gido, perseguido e punido ri gorosamente por este, sempre que andar mal. Punição esta que se encaminha quase sempre para a pena máx im a: a perda da propriedade, sem ajusta e prévia inden ização. E isto numa época em que se ev ita a punição dos maus alunos nas esco las e se defendem os direitos humanos dos bandidos nas penitenciári as. Mas contra o propri etário é prec iso aplicar medidas rigorosas! Explica-se, po is, que o art. 2°, inciso VI do Estatuto da Cidade insista no

"controle do uso do solo" para evitar "a utilização inadequada dos imóveis urbanos" (alínea "a"). Só o Estado-patrão tem vi são suficiente para imped ir o "parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados" em relação à infra-estru tura urbana (alínea "c"). E apenas ele é todo-poderoso para ev itar a "retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização" (alínea "e"). É ameaçador esse conceito de subutilização urbana, em tudo semelhante ao de propriedade improdutiva no campo, que, definido arbitrari amente pelo IN-

CRA, tem sido pretexto para verdadeira perseguição aos proprietários rurai s e desapropri ações absurdas, inclusive lançando muitos na miséri a.

O Estatuto da Cidade: traços essenciais Uma análise breve do Estatuto da

Cidade nos aj udará a apa lpar seu caráter sociali sta e confiscatório. • Contra o direito de não construir

O Poder Público poderá determinar, mediante notifi cação, o parcelamento, a edificação ou utilização compul sóri a(!) da propriedade não construída ou não utili zada, ou mesmo da subutili zada (art. 5°, caput). Não atendida essa determinação nos prazos estabe lec idos, ap li ca-se co mo pena o IPTU progress ivo no tempo. No prazo máx imo de cinco anos se não forem cumpridas as determinações do Poder Público, este poderá desapropriar o im óvel, pagável em títul os da dívida pública (art. 8°) resgatáveis em JO anos (art. 8º, § l º). • Contra o direito a uma indenização justa Ademais, o chamado "valor real da indenização" nada terá de real. Ele refletirá apenas "o valor da base de cá/-

Satanização .~

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culo do IPTU" (art. 8°, § 2°, inciso J). Pior ainda: serão descontados, para efeito dessa ava liação, o "montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público" na área onde o imóvel se loca li za, após a notificação fe ita... cinco anos antes ! Ou seja, para pagar o IPTU, vale contra o proprietário o cá lculo da valorização decorrente de obras públicas. Mas quando se trata de indeni zá- lo, não se leva em conta a valori zação para a qual ele contribuiu com o seu imposto ! É a "parte do leão" dessa fábula, melhor dizendo, desse pesadelo chamado Reforma Urbana sociali sta e confi scatóri a.

• Dividir a casa com estranhos O Plano Diretor é que vai definir o que é um imóve l subutili zado (art. 5, parágrafo 1). Portanto, se sua casa não seguir os critéri os cerebrinos que vierem a ser impostos, pode ser que o Plano Diretor proponha a introdução, dentro de sua casa, de moradores de ru a ou outros, para ocupar os quartos "subutili zados". E sua fa míli a terá de conviver com estranhos, para a plena utili zação do imóvel. É o com unismo prático que vai se introduzindo.

• Contra o direito de vender ao compmdor de sua preferência: "Direito de preempção" N a venda de um terreno em áreas delimitadas por lei municipal, a prefeitura terá preferência (!) sobre qualquer com prador, para a sua aqui sição. É o chamado "direito de preempção" (arts. 25 e 26). Para tal efeito, o vendedor é obrigado a notificar a prefeitura de sua intenção de alienar o imóvel (art. 27, caput), anexando a "proposta de compra assinada por terceiro interessado na aquisição" (art. 27, § 1º). A prefeitura terá prazo de trinta dias para manifestar sua deliberação de comprar o terreno (art. 27, caput) . Somente se a prefeitura não manifestar dentro desse prazo o interesse pela compra é que o proprietário ficará livre para fazer a venda ao candidato apresentado. Mas, se o proprietário qui ser desistir do negócio, j á não poderá fazê- lo! Só poderá vender o imóve l "nas condições da proposta apresentada" anteri rm ente à prefe itura! (art. 27, § 3°) . ri cará obri gado a apresentar ao muni ·ípio, no prazo ele tri nta dias, cópia

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JJ~J -~1 Jj -~~J esde que fundou a TFP, em 1960, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira previra que, cedo ou tarde, o agro-reformismo suscitaria movimentos análogos em matéria imobiliária e urbana, como no âmbito das empresas industriais e comerciais. No livro Reforma Agrária Questão de Consciência, assim escreve o grande pensador e líder católico: "Se hoje se admite que ao Poder Público compete decretar arbitrariamente a abolição da propriedade rural média e grande, é lógico que amanhã ele se sinta no direito de abolir todas as outras formas de propriedade, no campo como nas cidades, quer seja imobiliária, industrial ou comercial. Uma coisa convida, aliás, à outra , pois o regime exclusivo de pequenas propriedades sujeita virtualmente todas ao Esta do . Munido ele desse poderio político e econômico imenso, ficarão automaticamente à sua mercê os patrimônios urbanos industriais, comerciais e imobili ários" .

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E concluía assim o seu comentário: "Talvez haja comerciantes e industriais desavisados que pleiteiem a 'Reforma Agrária', sem perceber que abrem mão do princípio da propriedade privada, base de toda a prosperidade. Se não o amor à justiça, pelo menos o instinto de defesa de seus próprios interesses deveria levá-los a maior circunspecção".

Da previsão à ação Porém, não bastava prever e denunciar. Cumpria também reagir. A TFP o foi fazendo na medida do possível e do necessário.

Em 1987, alerta da TFP contra o embrião do Estatuto da Cidade Assim, por ocasião da caótica Constituinte de 1987-88, Plínio Corrêa de Oliveira denunciou, em

seu livro Projeto de Constituição angustia o País (Artpress, São Paulo, 1987), as proposituras esquerdistas de Reforma Urbana inseridas no projeto Cabral, as quais depois vieram a se transformar nos arts . 182 e 183 da Constituição atual, e que são a base do Estatuto da Cidade. A TFP divulgou 70 mil exemplares desse livro, em campanha desencadeada nas principais cidades do País.

Em 1992, a TFP denuncia o projeto de lei do Estatuto da Cidade e pede plebiscito Quando, em julho de 1992, o Projeto de Lei do Estatuto da Cidade foi colocado repentinamente na pauta da convocação extraordinária, juntamente com um não menos radical projeto de Reforma Agrária, a TFP lançou-se às ruas colhendo assinaturas para um documento pedindo aos parlamentares que não aprovassem esse projeto sem ouvir antes, em plebiscito, a opinião pública brasileira, nos termos do art. 11, § único, e art. 14, incisos I e li da Constituição. Realizada essa campanha, o projeto de Estatuto da Cidade sumiu da pauta, e durante nove anos não se ouviu mais falar dele.

Estatuto da Cidade: reaparecimento repentino, aprovação sub-reptícia De repente, esquivando-se pouco democraticamente do plebiscito pedido por mais de um milhão de brasileiros, esse Projeto de Lei foi aprovado no Senado por mero voto de lideranças, e em seguida passado ao Presidente da República, que o sancionou no dia 1O de julho último. Mas essa história não pára aqui. Tudo dependerá do grau de aceitação ou rejeição que tal Lei vai encontrar. Com a palavra os brasileiros de escol. À esquerda: Plinio Corrêa de Oliveira discursa no Pátio do Colégio, na capital paulista, por ocasião da Missa pelas Vítimas do Comunismo, em dezembro de 1972

Com a estatização decorrente do Estatuto da Cidade, veremos casas dos bairros de classes A, B e C virarem cortiços, como esta residência, os cortiços virarem favelas, e os favelados disputarem aos mendigos um pequeno espaço debaixo dos viadutos e das pontes ...

do in strum ento públi co de alienação do referido imóvel. E se a venda for fe ita em condições diferentes da proposta apresentada à prefe itura? Esta será "nula de pleno direito" (art. 27, § 5°), podendo então o municípi o "adquirir" (entenda-se desapropri ar) o imóvel pelo valor da base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada, se este for in feri or àq uele (art. 27, § 6º). As negociatas a que tal dispositivo poderá dar ori gem são sem fim.

• Contra a valorização dos imóveis A natural valorização dos imóveis também será dificultada de numerosos modos. Estabelecendo um dirigismo estatal exacerbado, o projeto permite ao Poder Público in terferir no sentido de: a) controlar a natural "expansão urbana" (art. 2°, inciso VIU); b) constituir "reservafundiária" (art. 26, inciso III), para o "o rdenamento e

direcionamento da expansão urbana" (art. 26, inci so IV); • c) alterar praticamente todas as formas normai s ele atuação do mercado imobiliári o, ao distorcer gravemente os mecani smos ele formação dos preço dos imóveis, segundo a lei da oferta e da procma; d) cri ar os conceitos de "subutilização " ou "não utilização" como forma

ele pressão contra a "especulação", sem considerar que pode ser legítimo gmu·dar um terreno para vendê-lo depois ou deixá-lo para os filh os ; e) reduzir ele maneira drástica as li berdades de co mprar, vender e construir, temas estes já abordad os acima.

• Contra inquilinos e demais possuidores de imóveis Prejudicados não serão apenas os grandes e médios proprietários urbanos, mas os peq uenos proprietários e até os atuais inquilinos que comprem lotes à espera ele dias melhores para reali zar seu sonho de casa própri a. Estes não terão vez! Podem ser inti mados a construir no prazo de doi s anos, tenham ou não recursos para isto, ou serão obri gados a pagar um IPTU extorsivo, eventualmente seguido de confisco do imóvel fruto de suas economi as. Se a lei permite que um banco acumule bilhões em dinheiro para fazer negóc ios, por que não pode um pobre homem guard ar um peq ueno terreno, que comprou com o fruto de seu trabalho honesto, com a mesma finalidade? Ademais, dificultando a construção, a venda e a locação em inúmeras circunstâncias, o Poder Público produzirá desequilíbrios que acabarão por prejudicar também os mesmos inquilinos. As medidas draconianas do Estatu-

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to da Cidade hão de aviltar os preços no setor imobili ário. Com isto; haverá fo rçosamente fu ga dos capitais desse mercado, o decréscimo do número e da qualidade das construções e a conseqüente de manda de residê ncias, maior que a oferta. Resultado: alta dos aluguéis e cri se habi tacional generali zada. E ntão, o Estado-patrão responsável por essa cri e, e como sempre incapaz de lhe dar solução eficaz, ca irá e m cima do que ainda resta de propriedade parti cular urbana, estatizando o sistema de habitação do País. Vere mos então os bairros de classes A, B e C virare m cortiços, os cortiços virare m fave las, e os fa velados di sputarem aos mendigos um peq ueno espaço debaixo dos viad utos e das pontes ... Isto sem fa lar dos efeitos do usucapião especial de imóvel urbano, prev isto na Seção V, arts. 9º e ss. O art. 9° di z: "Aquele que possuir como sua área urna ed!ficação urbana de até du zentos e cinqüenta metros quadrados, po r cinco . anos, ininterruptamente e sem. oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua fam ília, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural" . Ora, isto evide ntemente estimul ará - a não se sabe que ponto de explosão ! - a invasão de terrenos urbanos particulares (já que esse usucapião não se aplicará aos terrenos públicos). E não é de se afastar a hi pótese de que o prazo de cinco anos seja encolhi do por outras leis que venham a mod ificar esse usucap ião, por pressões de movimentos sem-teto e congêneres.

versus O soberano

deve obedecer à Lei de Deus e respeitar escrupulosamente a família, a propriedade, todos os direitos que o homem desfruta pelo fato de ser homem e que o Estado não lhe pode tirar. As leis que extravasem desse limite ,., ., suo 1n1quas.

Estatuto da Cidade - embora possa ser apresentado como mera regulamentação dos artigos 182 e 1 83 da Constituição federal - tem a sustentá-lo toda uma doutrina subjacente, abeberada em fontes profundamente impregnadas da mentalidade socialista, dirigista e confiscatória, inculcada em meios brasileiros e mundiais não tão distantes do comunismo de sempre . Oferecemos a seguir algumas proposições que refutam tal doutrina e mentalidade. Foram elas tiradas , com as adaptações cabíveis, do livro Reforma Agrária - Questão de Consciência, best-seller em que Plinio Corrêa de Oliveira, em coautoria com dois Bispos e um economista, rebateu, com base na doutrina social da Igreja, os principais sofismas da mentalidade socialista.

º

Direito de propriedade: nasce da ordem natural das coisas e não do Estado O direito do proprietário legítimo te m como fundamento último a ordem natural das coisas, a qual é anterior e superior ao Estado . Este não pode , pois, suprimi-lo, a não ser quando o bem comum o exija . E, ainda assim, mediante indenização justa e imediata. Obrigar por pressão tributária draconiana a utilização dos terrenos urbanos não-utilizados ou subutilizados, ou fazer a desapropriação com pulsória dos terrenos urbanos vazi os, sem justa causa nem justa indenização, constitui a afirmação de que a propriedade privada está inteiramente à mercê do Estado que, amanhã, pelo mesmo princípio , poderá decretar pura e simplesmente a sua abolição.

Direitos adquiridos Todo país civili zado repousa sobre uma ordem ju rídica. E toda ordem jurídi ca repousa por sua vez

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Estatuto da Cidade

sobre certos princípios básicos. Um destes é o da intangibilidade dos direitos adquiridos . Se os proprietários urba_n os têm direitos adquiridos, a lei não os pode suprimir sumari amente.

Remediar, melhor que destruir O bem comum, na atual situação das cidades brasileiras, absolutamente não exige a abolição da propriedade privad a urbana, nem seu retalhamento compulsório . Se, examinado este ou aquele caso concreto , fi casse comprovado que determinadas propriedades urbanas estão prejudic ando o bem comum, a função do Est ado .con sistiria em estimular os proprietários desses imóveis - e não sobrecarregá-los com pesados impostos - a que espontaneamente fi zessem o loteam ento ou aproveitamento da área, em lugar de o impor a todos. Deveria in clusive proporc ionar-lhes incent ivos para alcançar tal fim .

Função subsidiária do Estado · A doutrina social católica ensina que a ação do Estado deve resp eitar o princípio de subsidiariedade, isto é, deixar aos indiv íd uos o que eles podem fazer po r própria iniciativa, e sucessivamente aos grupos interme diários o que eles podem prover por si mesmos em sua esfera própria. Pelo ·contrário, há, no caso concreto da Lei do Estatuto da Cidade, manifesto abuso do Estado em atacar desde logo o direito de propriedade se m esgotar tod os os seus recursos para chegar a uma solução menos violenta.

Valorização por progresso coletivo Cumpre salient ar que a conc epçã o segundo a qual os particulares tê m que devolver ao Estado os benefícios que event ualmente rece beu (calçamento das ruas, canali za- ·

ção etc) estabelece uma dissociação monstruosa entre o Estado e os particulares. Os interesses destes nada teriam de comum com os daquel e. Ser-lhes-iam até contrários. O Estado seria indiferente ao interesse dos indivíduos. Só traba lharia para si. E cobraria avidamente, até o último centavo, o bem que aos indivíduos acidentalmente fizesse. Ora, a verdade é o contrário. O Estado tem por fim o bem comum. E o bem comum está numa indissociável conexão com o bem de todos os particulares. Há interesses particulares legítimos qu e representam um papel funcional de primeira grandeza para o bem comum. É este o caso dos proprietários, já que a propriedade é uma das bases da família, da sociedade, do Estado e da civili zação .

Base da gestão democrática da cidade: a absurda "soberania popular" Sem dúvida, é legítimo e necessário às autoridades procurar ouvir a opini ão do povo que el as governam . Assim poderão apalpar as suas necessidades e dificuldades, o que certamente contribuirá para atos de governo mais sábios . Muito diferente é a gestão democrática tal como o Estatuto da Cidade a entende . Participa da idéia de que o povo é inteirament e soberano na forç a do .termo, isto é, senhor absoluto, precisamente como um sultão, um cacique ou outros chefes cong êneres o eram em relação a seus desditosos súditos, em regim es políticos pag ãos. Assim, um ato da "vontade popular" poderá privar ama ri hã inú meras pessoas de propriedades honestamente adquiridas, exatam ente como um ato de vontade de um sultão podia, de um momento para outro, incorporar ao erário

público os bens de qualquer infeliz particular . Ademais, camarilhas que saibam habilmente infiltrar-se em "comissões de bairros" e outras associações do gênero poderão exercer sua tirania em nome da "gestão democrática".

Origem do poder: noção católica Já para a doutrina católica, o poder do soberano - seja este encarnado por uma pessoa ou por um grupo, receba ele sua investidura por via hereditária ou por via eletiva - é sempre circunscrito. O soberano deve obe.decer à Lei de Deus e respeitar escrupulosamente a família, a propriedade, todos os direitos que o homem desfruta pelo fato de ser homem e que o Estado não lhe pode tirar. As leis que extravasem desse limite são corrupções de lei. E é em virtude do sábio princípio da limitação natural dos poderes do Estado que a Reforma Urbana dirigista, socialista e confiscatória, c ontida no Estatuto da Cidade, deve ser tida por contrária à Lei de Deus. A esse propósito, parece-nos oportuno apresentar a seguir dois elucidativos textos do Magistério pontifício: Pio IX: "Alguns, pondo de lado os santíssimos e certíssimos princípios da ra zão, ousam dizer que 'a vontade do povo, manifestada na chamada opinião pública ou por outro modo, é a suprema lei, livre de todo direito divino ou humano"' (Pio IX, Encíclica "Quanta Cura", de 8 de dezembro de 1864 - Vozes, Petrópolis, pág . 6) .

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Leão XIII: "A origem do poder público deve atribuir-se a Deus e não à multidão" (Leão XIII, Encíclica "lmmortale Dei" , de 1° de novembro de 1885 - Vozes , Petrópolis, pág. 22) .

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Sovietes Urbanos: objetivo velado do Estatuto da Cidade?

D iJijJ.Jj 1 J3j JjiJ::j P iJj J1j-Jj ijJiJ::j

Além de j ogar assim por terra o patrimônio e a estabilidade da vida familiar e eco nômica do infe li z proprietário urbano bras il eiro, o Estatuto da Cidade atira-o às garras de um a infrene demagogia, que vai red undar numa tirania. Em outros termos, o Estatuto da Cidade estabelecerá a chamada "gestão democrática da cidade", obri gando por lei a participação de "associações repre-

sentativas.dos vários segmentos da comunidade" (art. 2°, inciso II). Essas "associações representativas" , tudo indi ca que serão de uma representativid ade muito duvido a, não co nseg uirão reunir senão uma ínfim a parcela da "comunidade" que dirão representar. Serão recrutadas certamente em militâncias ideo lóg icas e/ ou políti cas, em centros co muni tários de paróquias ou em CEBs bafej adas pela Teo log ia da Libertação. Ou ainda em ONGs financiadas por brum osos recursos financeiro s vindos de dentro ou de fo ra do País. É o caso de se perguntar: a nova lei não propiciará, na rea lidade, com a adoção dessa "gestão democrática" e dessa participação de "associações representativas", o estabeleci mento de uma espécie de sovietes urbanos como os da anti ga Uni ão Sovi ética, ou de associações de quarteirão como as ex istentes em Cuba?

Conclusão Esta é a fisionomia com que se apresenta a Reforma Urbana dirigista, socialista e confiscatória que bate à porta dos brasileiros. Com o campo conturbado pel a Reforma Agrária, com as cidades postas de cabeça para baixo pela Reforma Urbana, só fa ltará a Reforma E mpresarial que coloq ue nas mãos do Estado - ou dos grupos por ele control ados - o domínio de toda a economi a do Paí . Desta forma o Brasil terá feito a tríplice reforma - Reforma Agrária, Reforma Urbana, Reforma E mpresari al qu' o d ixará a dois milímetros de um r ·•i111•co111unista, etanto. ♦

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CA

OLICISMO

Direito de propriedade depende da própria natureza das coisas Direito de propriedade: distinto de seu uso Pio XI: "Note-se em primeiro lugar o fundamento assente por Leão XIII, de que o direito de propriedade é distinto do seu uso (Encíclica Rerum Novarum) . Com efeito, a chamada justiça comutativa obriga a conservar inviolável a divisão dos bens e a não invadir o direito alheio, excedendo os limites do próprio domínio; mas que os proprietários não usem do que é seu, senão honestamente, é da alçada não da justiça, mas de outras virtudes, cujo cumprimento ' não pode urgir-se por vias jurídicas'" (Enc. Rerum Novarum)" (Pio XI, Encíclica Quadragesimo Anno de 1 5-5- 1931 - Vozes, Petrópolis, pág. 18) .

Intervenção estatal: jamais regra normal Pio XII: "Não há dúvida que a Igreja também - dentro de certos limites justos - admite a estatização e julga 'que se pode legitimamente reservar aos poderes públicos certas categorias de bens, os que apresentam um tal poderio que não seria possível, sem pôr em perigo o bem comum, abandoná-los às mãos dos particulares" (Encíclica Quadragesimo Anno - A.A .S., v. XXIII, 1931, pág. 214). Mas fazer desta estatização como que a regra normal da organização pública da economia seria subverter a ordem das coisas. A missão do direito público é com efeito servir o direito privado, e não absorvê-lo. A economia aliás, como qualquer outro ramo da atividade humana - não é por natureza uma instituição de Estado; ela é, ao invés, o produto vivo da livre iniciativa dos indivíduos e de seus grupos livremente constituídos" (Pio XII, Discurso de 7-5- 1949 à IX Conferência da União Internacional das Associações Patronais Cató-

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licas - "Discorsi e Radiomessaggi ", vol. XI, pág. 63).

A verdadeira liberdade encontra no direito de propriedade garantia e incentivo João XXIII: "O direito de propriedade privada, mesmo em relação a bens empregados na produção, vale para todos os tempos. Pois depende da própria natureza das coisas, que nos diz ser o indivíduo anterior à sociedade civil e, por este motivo, ter a sociedade civil por fi nalidade o homem . De resto, a nenhum indivíduo se reconheceria o direito de agir livremente em matéria econômica se não lhe fosse igualmente concedida a faculdade de escolher e de empregar os meios necessários ao exercício deste direito. Além disto, a experiência e a História atestam que, onde os regimes políticos não reconhecem aos particulares a posse mesmo de bens de produção, aí é violado ou completamente destruído o uso da liberdade humana em questões fundamentais. De onde se patenteia, certamente, que a liberdade encontra no direito de propriedade proteção e incentivo (Encíclica Mater et Magistra, de 1 5 de maio de 1961, Catolicismo nº 129, setembro de 1961, pág. 4) .

É dever principalissimo do Estado assegurar a propriedade particular João Paulo li: "Nem a Justiça nem o bem comum consen -

tem em danificar alguém nem invadir sua propriedade sob nenhum pretexto", disse o Papa, quando de sua visita ao Brasi l em 1991 . "Ao Estado - prosseguiu o Pontífice - cabe o dever principalíssimo de assegurar a propriedade particul ar por meio de leis sábias" (" Folha de S. Paulo", 15-10-91).

"Não se deve dar aos cães o que é destinado aos filhos"

Bl Eu trato com carinho os três cachorros e um gatinho que tenho, porque eles gostam de mim e, por i sso, não concordo com as críticas que esta revista faz ao modo mimoso de tratar cu idadosamente dos ani mais. Acho que vocês deveriam maneirar nessas críticas, pois, certamente, outros leitores, como eu, deixem de assi nar a revi sta só por causa das críticas. Elas podem colaborar para que as pessoas judiem ainda mai s dos pobres animais. (L.J.F. - PR)

Nota da Redação: A leitora pode ficar tranqüila, pois não incentivamos ninguém a tratar com crueldade os animais e censuramos qualquer comportamento desse gênero. O que criticamos é a tendência moderna de se colocar homens e bichos no mesmo nível, o que revela, no fundo, uma contestação a Deus. Este, ao criar o mundo, dispôs cada coisa em seu devido lugar, numa ordem hierárquica. Obedeceu a tal princípio a criação do gênero humano e dos reinos animal, vegetal e mineral. Tratar bem os animais domésticos é coisa inteiramente razoável. O ruim é querer igualar o animal ao homem, o que constitui, além de irracionalidade , uma revolta contra a ordem natural estabelecida por Deus. O que portanto deve ser condenado não é que se cuide razoavelmente dos animais, mas sim certa tendência atual de dispensar aos bichos um excesso de afetos e cuidados que são próprios aos filhos, como por exemplo os que foram recentemente noticiados pela mídia, por ocasião de uma festa de aniversário (sic) pelos 12 anos de uma cadefinha (com "direitd' a presentes,

bolo e Parabéns a Você). Ou ainda de outra festança para o casamento (sic) entre dois cães, à qual compareceram 300 convidados e até um cantor lírico, para interpretar afamosa Ave-Maria de Gounod! É verdade que esses são exemplos extremados, mas existem muito mais '1otós'1 do que se imagina, tratados de modo semelhante: comem ração importada, tomam sorvete de carne, usam roupinhas e fraldas especiais, são lavados com xampus e tratados por cabeleireiros e dentistas ... Animais cuidados como requintados seres humanos, enquanto crianças vivem desamparadas e pais negligenciam a formação que deveriam dar a seus filhos. E, pior, seres humanos que são mortos antes de nascer, sendo jogados em latas de lixo após o aborto, cuja prática se alastra assustadoramente em nossa sociedade neopagã e decadente. Como a missivista poderá observar, nossa posição a respeito do assunto baseia-se no ensinamento tradicional da Igreja Católica. Este não é outro senão o de Nosso Senhor Jesus Cristo, que advertiu no Evangelho de São Marcos: "Não se deve dar aos cães o que é destinado aos filhos" (Me. 7, 27).

Escapulário para as vítimas de terremoto

Teologia da Libertação encalhada

Bl Leio com entusiasmo a página 11 de Catolicismo [julh o/ 2001], que nos informa do "encalhe" de biografias de nomes altamente prestigiados da Teologia da Libertação, como D om Helder e D om Paulo Evaristo. I sso me entusi as ma, pois que, ao mes mo tempo, verifico que o Fundador da TFP, o Professor Plíni o Corrêa de Oliveira, tão i nju stamente atacado pelos integrantes da dita Teologia de Libertação, teve sua biografia [escrita pelo Professor de Mattei] amplamente difundida por editoras de alto prestígio, com o a Piemme de Roma e a Civilização de Portuga l, publicada em vários idiomas e com perspectivas de outras edições, sendo que a primeira, na Itália, teve seu l ançamento prestigiado por altos dignitários ec lesiásticos, al gu ns até da Cúria Rom ana. Certa mente não há nenhum problema de "encalhe" com a biografia da vida do Fundador da rev ista Catolicismo, que é o faro l de tantos católicos, e, graças a Nossa Senhora, estou entre esses irmãos na Santa Fé católi ca. (J.L.V.B. - SP) Acredite ou não

Bl Escrevo para fel icitá-l os pela revista Catolicismo , particu larmente pela ed ição sobre o escapu lário do Carmo. Justamente se deu uma providencial coincidência aqu i no Peru. Iniciamos uma difusão do escapulário no sul do país - zona afetada pelo violento terremoto no dia 23 de junho p.p. - com a finalidade de auxiliar espiritualmente as populações atingidas . E a matéria da revista ajudou para promover a devoção ao escapu lário do Carmo. (J.F.B.P. - Peru)

Bl Agradeço profundamente pel a revista Catolicismo. Chegou numa hora em que a leitura da matéria sobre o Rosári o me ajudou muito. Acredite ou não, consegui uma pequena graça. (R.R. - SP)

Correspondência !cartas, fax ou ema1ls) para as seções Escrevem os Leitores e/ou A Palavra do Sacer dote enviar aos enderecos que fi guram na página 4 desta edição.


Brasil: vocação de síntese, recebida de Portugal

IBGE prevê novo recorde na safra de grãos Apesar de extremamente penali zada pelo governo - que se omite em combater seriamente as invasões de terras, prestigiando o MST e outros movimentos invasores - a.agricultura nacional vem, ano após ano, atingindo recordes de produção. Embora não tenha aumentado a área pl antada 300 mil hectares, a mes ma há l O anos - a agricultu ra apresentará, segundo previsão do Instituto Brasil eiro de Geografia e Estatísti ca (IBGE), neste ano, uma safra de grãos de 97, 9 milhões de toneladas. Nela destacam-se a produção de tri go, com aumento de 71 ,7%, e a de algodão, com acréscimo de 30% em relação à do ano passado. Há anos o Brasil vem apresentando recordes na safra agrícol a.

e

ompreende-se melhor como é o modo de penetrar da brasilidade, sem miscigenação - que entra e muda algo, mas altera acrescentando, muda somando - , através da imagem de uma gota de azeite sobre uma folha de papel. Ela cai e se espalha. Ela tirou algo do papel? Nada! Toda a substância do papel permanece intacta. O papel nem sequer ficou mais grosso com aquela gota de azeite, mas a gota tornou-o transparente, como que transformou-o em cristal. Entrou por ali o "azeite" e tudo mudou. A Europa, no passado, não compreendeu inteiramente Portugal e empurrou-o para o canto. Portugal, ao mesmo tempo que plantava olivas e uvas - para produzir seu esplêndido vinho - , dentro de sua própria alma "produzia azeite" . E esse azeite foi "derramado " no Brasil inteiro: é o povo brasileiro, povo "azeitado " por excelência, povo suave, povo amável, povo compreensivo, voltado a admirar os outros, ·que aprecia encontrar em outro povo uma qualidade. Fica encantado quando aprende de out:ro uma moda nova, um estilo novo, um arranjo novo, não pensando em se comparar com ninguém . Dispondo de uma tal vastidão de tenas, que abriu para todo mundo com toda naturalidade, como quem não está fazendo favor. Esse povo recebe aqui as mais variadas raças do mundo, às quantidades, e penetra a todas por um lado da alma, que é o que ela tem de ma is íntimo. E é curioso: pode-se pegar qualquer povo vindo ao Brasil; se não se miscigena, ele embrasileira. Isso é o mais característico: em alguma coisa no cerne de sua alma penetra o tal "azeite", de tal forma que ele continua inteiramente pertencente a seu povo, mas, na essência, algo se acrescenta - sem tirar nada - e põe ordem em tudo. É essa ação de presença do povo brasileiro que torna as coisas afáveis., e, assim, voltadas para a síntese.

Ruínas de glorioso passado evangelizador Acabam de ser descobertas as ruínas de uma antiga igreja, construída entre os sécul os XVTI e XVIII por mi ssionários francisca nos. Situa-se na ilha de Jnhahum , arquipélago cio Ri o São Francisco, a 20 quilômetros de Santa Mari a da Vista, locali zada na Di ocese de Petrolina, em Pernambuco. Essa igreja faz ia parte de um dos maiores conjuntos arquitetônicos construídos pe los coloni zadores portugueses e mi ssionários franciscanos que chegaram à reg ião. O templo denominava-se de Nossa Senhora da Piedade. Era um grande centro de onde os evangeli zadores franciscanos admini stravam parte de sua missão, e fo i destruída por uma inundação em 1792.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP, em 17 de abril de 1980. Sem revisão do autor.

Os vilões do desmatamento

Políticos em baixa Recente pesquisa do lbope/ TGI, efetuada em julho último com 10.625 pessoas entre 12 e 64 anos, de todas as classes sociais, revelou que somente 6,27% das pessoas , em todo o Brasil, acredita m que nossos políticos se preoupam com o bem -estar da popu1 ção ...

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CATOLICISMO

O último relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (lnpe), publicado em maio último, mostrou um aumento de 1 5% no desmatamento da Amazônia no biênio 1 999/ 2.000, revelando uma mudança no perfil do desmatador: antigamente eram as grandes empresas, mas agora são os assentados do INCRA e do Movimento dos Sem-Terra (MST) . Ao mesmo tempo, dados divulgados pelo M i-

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nistério do Meio Ambi ente indicam que as maiores devastações na mat a Atlântica do Paraná e de Santa Catarina foram fei tas também pelo MST durante invasões e assentamentos. O MST alega "interesse social" para a derrubada das matas ...

Invasor urbano com casa própria e piscina ... Marco Aurelio França Moreira mora em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, em casa própria, com piscina e automóvel na garagem. Entretanto, isso não foi empecilho para que ele liderasse 650 famílias, no início de julho último, na invasão de um terreno particular na Gardênia Azul, no mesmo bairro. Ele não vive com os 5.800 integrantes da recém-formada Comunidade Novo Rio, pois afirma: "Eu não preciso disso aqui não, s6 organizo para não virar bagunça". Moreira apresenta-se como evangélico, embora não freqüente uma igreja específica, dizendo que vai a todas ...

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LI

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Santos · i e festas

de

i1riMiffiJRO

1

Santa Hi/degarda

Santo Emerano

São Gabriel

Santa Tecla

Santo Eustáquio

10

13

Santa Pulquéria Imperatriz, Viúva. + Bizâncio, 453. Batizada por

Santo Amado, Confessor.

res e, como e le, dominicano , e mbora em outro convento ele Lima. Foi perfeitíssimo e m todas as virtudes, principalmente na obediência e pureza .

de ap licá-los no Convento de São Faustino, que fundara.

ram outro cognome, o de Maravilha do século, por sua ciência e virtude.

Os parentes paternos, como não conseguissem persuadir seus consangüíneos a abraçar sua seita, denunci aram os dois rapazes ao governador islâmico, que os fez executar.

São Bertino

1 Santa Margarida de Riéti, Virgem. + Florença, 1770. De abastada família, grande mística, entrou para o Carmelo aos 19 anos, vindo a falecer aos 23 incompletos. Pelo seu e mpenho em não aparecer, ficou conhecida corno a Santa da Vida Oculta. Primeiro sábado do mês.

2 Santo Antônio, Mártir.

beu de Deus a missão de libertar o povo de Israel oprimido no Egito pelo Faraó. Falava com Deusfáce-a-face como se fá/a a um amigo" (do Martirológio Romano Monástico).

5

São Bertino, Confessor. + Luxeuil (França), 700. E te Patriarca fundou com Santo Omer a Abadia de Luxeuil, da qual 22 monges foram elevados às honras dos altares.

+ Síria, séc. IV. "Jovem cris-

6

tão de 20 anos, cortador de pedras por profissão, quebrou em pedaços ídolos pagãos. Por esse motivo, foi condenado a morrer na própria construção de uma igreja em que estava trabalhando" (do Martirológio Romano - Monástico).

Seis Bispos Africanos, Mártires.

3 São Remáculo, Bispo e Confessor.

+ África, séc. VI. Estes Prelados, "co mo verdadei ros pastores, ofereceram suas vidas por seus rebanhos durante a perseguição do Rei Hunerico" (do Martirológio Romano).

7 Santa Regina de Alésia, Virgem e Mártir. + Borgonha. Seu culto na Bor-

+ Stavelot, 664. Natural da Aquitânia, em sua juventude converteu Bourges num centro de vida cristã e de piedade. Santo Elói, ministro do Rei merovíngio Dagoberto, indicou-o para a Sé de Maastricht, cujos cristãos eram tão bárbaros que assassinavam seus Pastores. Para apaziguá-los, Remáculo convenceu o Rei de que a solução seria estabelecer lá vários mosteiros.

gonha "é documentado desde o século V por urna basílica edificada sobre seu sarcófago. Uma tradição designa assim o lugar do martírio de Alésia: 'Aqui César venceu a Gália; aqui uma virgem venceu César'" (do Martirológio Romano - Monástico). Primeira sexta-feira do mês.

4

9

8 NATIVIDADE DE NOSSA SENHORA

Patriarca Moisés, Profeta.

São Pedro Claver

+ Palestina, séc. XIII a.C. Prol' 'la e Legislador. "Rece-

(vide seção Vidas de Santos, p. 34)

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São João Crisóstomo, ainda jove m fez, com suas duas irmãs mais novas, o voto de virgindade. Aos 15 anos sucedeu ao pai e m lugar do irmão, Teodó io n, dois anos mais moço . Tendo que se afastar da corte devido aos ciúmes da cunhada, a ela voltou a pedido cio Papa São Leão, a fim de combater as heresias ele Eutiques. Com a morte cio irm ão, tornou-se imperatriz. Para estabelecer sua autoridade, casou-se com o ge ne ra l Marciano , co m quem viveu em continência.

11 São João-Gabriel Perboyre, Mártir. + China, 1840. Depois de haver trabalhado na formação da juventude em várias escolas católicas da França, foi e nviado para a mis são da China. Deus atendeu seu pedido, concedendo-lhe a graça do martírio numa inesperada perseguição.

+ França, 627. Primeiro eremita, entrou depois para o mosteiro de Luxeuil, de onde saiu com São Romárico para fundar o mosteiro dúplice de Remiremont. Estabeleceu enlTe as monjas o ofício perpétuo, dividindo-as em sete coros que se revezavam dia e noite, cantando o louvor divino.

14 EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

15 NOSSA SENHORA DAS DORES

16 Santa Edite, Virgem. + Wilton (Inglaterra) "Filha do Rei Edgw; da Inglaterra. Consagrada a Deus desde a mais tenra infância (no Mosteiro de Santa Maria, em Wilton), morreu aos 23 anos, pranteada unanimemente por suas irmãs" (do Martirológio Romano - Monástico).

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Santa Hildegarda, Virgem.

Beata Maria Vitória Fornari, Viúva.

+ Alemanha, 1179. Grande mística, ficou célebre devido a suas visões, palavras e escritos, sendo a glória ela Ordem beneditina na Alemanha.

+ Itália, 1617. Envi uvando quando esperava o sexto fi lho, Nossa Senhora prometeu-lhe ser seu auxílio. Quando todos seus filhos entraram em religião, fundou a ordem das Anunciadas Celestes, ele vicia contemplativa, para honrar a Anunciação.

18 Beato João Macias, Confessor. + Li ma, 1645 . Co ntemporâneo ele São Martinho de Por-

19 Aparição de Nossa Senhora em La Salette (França) Em 1846, a dois pastorinhos, Maximin o e Melânia, recomendando a oração quotidiana e a santifi cação dos domingos . Denunciou e m termos candentes os pecados do Clero.

20 Santos Eustáquio e Companheiros, Mártires. + Roma, 120. Eustáq uio foi um dos maiores generai s do exército romano imperial e notável por sua caridade, apesar de pagão. Numa caçada, o cervo que perseguia voltouse para e le com uma cruz entre os chifres. Eustáqu io converteu-se e sofreu o martírio com a esposa e doi s filhos, assados dentro de enorme estátua de metal aquecida.

21 São Castor, Bispo e Confessor. Apt (França), séc. V Bispo de Apt, localidade próxima de Avinhão, incentivou a vida monástica. Pediu ao famoso anacoreta Cassiano que lhe escrevesse a respeito cios exercícios e usos monásticos ela Tebaida, no Egito, a fim

22 Santo Emerano, Bispo e Mártir. + Alemanha, séc. VIL Apóstolo ela Baviera, foi martiri zado pelos pagãos. Sobre o seu túmulo foi erguida a Abadia beneditina de Kleinchelfenclorf, que se tornou lugar de peregrinação.

23 Santa Tecla, Virgem e Mártir. + Selêucia (Turquia), séc. 1. Convertida por São Paulo, sofreu inúmeras perseguições para conservar seu voto de virgindade, sai ndo incólume do tormento da fogueira, dos leões e das serpentes. Embora depois disso a tenham deixado livre, ela é considerada pelos Padres da Igreja como a "primeira das mulheres mártires", e "semelhante aos Apóstolos" (do Martirológio Romano).

26 Santa Te resa Courdec, Virgem. + Lião, 1885. Fundadora ela Congregação ele Nossa Senhora do Cenáculo, dedicada à obra dos retiros espirituais para senhoras, sofreu toda sorte de humilhações, ingratidões, rivalidades, sendo mesmo destituída do cargo de Superiora da obra que fundara, sendo-lhe negado o título ele Fundadora.

28 Santa Eustóquia, Virgem. + Palestina, 418. Virgem romana que, com sua mãe Paula, mudou-se para a Palestina a fim de se tornarem religiosas sob a direção ele São Jerônimo.

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Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael

Santos Adulfo e João, Mártires. + Córdoba, 852. Filhos ele pai

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maometano ele alta estirpe ele Sevilha e de mãe cristã, que os criou na verdadeira Religião. Com a mmte do marido, esta resolveu mudar-se com os fi lhos para Córdoba, onde os cristãos gozavam de liberdade.

Santo Honório, Bispo e Confessor. + Cantuária, 653. Discípulo e sucessor de Santo Agostinho na Sé ele Cantuária, seguiu-lhe os passos na evangelização dos anglo-saxões.

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Nossa Senhora das Mercês

25 Beato Hermano Contractus, Confessor. + Baclen, l054. Filho de Condes, foi vítima de um traumatismo obstétrico ao nascer, e teve que ser carregado no colo durante toda sua vida. Daí o cogn me de Contractus ou Entrevado. Mas a Providência compen ou essa laCLrna corporal co m don s de inteligência, que lhe merece-

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VIDAS DE SANTOS

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São Pedro Claver, o apóstolo dos escravos PLINIO MARJA SOLIMEO

Discípulo de Santo Afonso Roc;lrigues, Pedro Claver tornou-se escravo dos escravos para conduzi-los ao Céu. Sua insigne caridade inclinou-o a atender toda necessidade espiritual e combater qualquer miséria moral. Sua festa comemora-se no dia 9 do corrente. erto dia Afon so Rodri gues - porteiro do Colégio da Companhia de Jesus na ilha espanhola de Palma de Maiorca, já então com fama universal ele santidade - estava em oração, quando foi arrebatado em espírito e levado aos Céus. Viu ali , di spostos em círculo, muitos tronos de glória, ocupados por santos vestidos com brilhantes trajes reai s. Em meio a eles havia um trono mais elevado, ainda vazio. Desejando compreender o significado dessa vi são, o santo irmão leigo ouviu uma voz dizerlhe que aq uele trono estava preparado para Pedro Claver, como prêmio das muitas almas que ele, na América, deveria ganhar para Deus. A partir de então, Afonso Rodrigues procurou incutir em seu di scípulo o desejo das mi ssões, para que realizasse seu grande destino 1•

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Congregado Mariano antes do noviciado Uns di zem que os pais de Pedro Claver eram da mai s alta nobreza, outros que não passavam de camponese . Mas todos concordam em que eram muito virtuosos e receberam aquele filho como resposta às suas-insistentes preces, prometendo consagrá- lo ao serviço ele Deu s. Também se diz que o pequeno Pedro "amava a virtude antes ainda de a conhecer". Alma predestinada, quando chegou a época de continuar seus estudos em Barcelona, no colégio dos jesuítas, entrou para a Congregação Mariana, a fim de obter a proteção de sua amada Senhora. Encontrando entre os filhos de Santo Inácio aqu il o que sua alma procurava, pediu sua

admi ssão na Companhia,. sendo enviado a Tarragona para o nov iciado. Desde o primeiro dia mostrou determinação de ser Santo e de fazer-se missionário, escrevendo em seu diário: "Quero passar toda minha vida trabalhando pelas alm.as, para salvá-las e morrer por elas ".

Foi então que, enviado a Palma de Maiorca para estudar filosofia, encontrou Santo Afonso Rodrigues. "Apenas cruzau o umbral, o porteiro caiu de joelhos diante dele, beijoulhe os pés e os cobriu de lágrimas. Turbado e confuso, o estudant'i ajoelhou-se também e, estreitando nos braços o leigo, o abraçou ternamente" 2 . "ln.Leriormente esclarecidos sobre os méritos um do outro, eles se olharam com. mútuo respeito, com. a mesma confiança, o mesmo amor" 3• Pedro pediu aos superiores para tomar o humilde irmão leigo, então com 73 anos, como seu diretor espiritual, e assim estabeleceu-se entre os dois um parentesco espiritual que marcaria por toda a vida o futuro apóstolo dos escravos. Foi por conselho de Afonso que Pedro pediu aos superiores para seguir como missionário para a América do Sul. Para dirigir-se a Sevilha, ele onde deveria partir, Pedro passaria muito perto da casa dos pais. Mas quis privar-se da alegria que teria em vê-los uma última vez, oferecendo a Deus o sacrifício pelo fruto de seu aposto lado. Durante os vários meses da incômoda viagem maríti ma, o futuro missionário quis cuidar dos doentes da tripulação. Sua humildade e bondade leigo ganharam o coração ele todos os marinheiros, ele maneira que foi possível fixar uma hora por dia para explicar- lhes o catecismo e rezar depois o terço. Cessaram as blasfêmias, as más conversas, as rixas entre os rudes homens do mar.

Anjo protetor dos escravos üutagena de Índias, na atual Colômbia, era então um cios mais importantes cenb·os comerciais espanhóis no Novo Mundo e principal po1to negreiro. Nele chegavam mais de 1Omi I escravos por ano, que eram confinados em verdadeiros pardieiros até serem adquiridos por algum senhor. Sua mi séria material só enconb·ava símile na miséria moral. A escrav idão era considerada inteiramente normal na época. Eram vendidos nas costas da África, às vezes por gente de sua própria tribo, ou de outras das quais haviam se tornado escravos, como prisioneiros de guerra. Ao vir para a América, tinham uma vantagem que superava todos os infortúnios que sofriam : no novo continente poderiam conhecer a verdadeira Religião e salvar ass im suas almas. Fo i aos negros que Pedro Claver dedicou-se desde o início de seu apostolado, auxiliando o Pe. Sancloval, que já fazia esse trabalho. Aos poucos tornou-se pai, consolador, enfermeiro e evangelizador desse povo sofredor. Para ele mendigava nas ruas de Cartagena sem o menor respeito humano, di stribuindo depoi s, de acordo com as necessicledes de cada um , o que tinha angariado.

Caridade apostólica vence a repugnância natural Não é fáci l em nossos dias aquil atar a heroicidade desse aposto lado. Muito primitivos, vivendo numa degradação moral e perversão de costumes muito grande, além ela

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brutalidade das paixões, esses negros viajavam de nav io para o Novo Mundo em condições sub-humanas, como bestas. Além disso, parte deles contraía doenças durante a viagem, chegando cobertos de pústul as e maus odores. Pode-se compreender o estado de espírito rancoroso e arredio com que chegavam. O Santo prestava-lhes os serviços mai s repugnantes à natureza, com um amor, uma paciência e uma caridade de verdadeira mãe, em meio a um odor fétido , um calor insuportável e uma promiscuidade sem nome.

numa casa. Lá encontra todos em pranto junto a uma moribunda prestes a expirar. O Santo tem tempo de ouvi-l a em confissão e ministrar-lhe a última unção. Certa vez, porém, ele chegou tarde e a doente já havia falecido. Entristecido, começou a rezar fervorosamente junto ao cadáver. Instantes depois seu olhar ilumina-se, e ele diz aos presentes: "Uma /a[ morte é mais digna de nossa

Conversão de centenas de milhares de escravos

Condenados à morte: solicitude

Por meio de um intérprete, ensinava a esses infe li zes o cam inho da salvação, bati zava-os, e depois empregava todos os meios para manter contato com eles, a fim de perseverarem no bom cam inho. Segundo o própri o Santo dec larou antes de morrer, em 40 anos desse apostolado bati zou mais de 300 mil negros. Nos dias de preceito, Pedro Claver ia procurar esses filhos gerados por ele para a lgreja e os levava para assistir aos ofícios divinos. Encontrando-os na rua, nunca deixava de lhes dizer alguma palavra ed ificante, algo que lhes fosse diretamente à alma. Aos velhos costumava dizer: "Pensa, 1neu amigo, que a casa já está velha e que ameaça arruinar-se. Conf essa-te enquanto tens tempo e facilidade".

Quarto voto: ser escravo dos escravos E essa fac ilidade tinham os negros, pois São Pedro Claver, ao pronunciar seus votos de profissão, acrescentou um quarto, heróico, de se tornar o escravo dos escravos. Era todo deles. Por isso seu confess ion{u·io estava a eles reservado. Quando, devido à fa ma de . ua virtude, nobres espanhóis conseguiam de seu superior uma ordem para que os ouvi sse em confissão, ele os faz ia esperar até terminar de atender a todos os escravos. E às vezes seu apostolado se fazia em condições tão incômodas, que chegava a desmaiar, sendo preciso reanimá- lo com vinagre. Por uma e pécie de cari sma div ino, tinha um conhecimento sobrenatural do perigo que corriam seus negros em agon ia, e do destino de suas almas após a morte.

Ressurreição para receber o batismo Assim, certo di a chega a uma casa onde uma negra acabava ele morrer sem o batismo. O Santo se ajoelha junto dela e começa a rezar, dirigindo suas lágrimas ao Céu para fazer-lhe violência. De repente, a negra volta à vida durante o tempo suficiente para ser disposta a receber o batismo, tornando a fa lecer logo depois de purificada por esse Sacramento. Outra vez, passando por uma rua com um companheiro, subitamente pede-lhe que espere um pouco, e entra

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inveja do que de nossas lágrimas. Essa alma foi condenada a apenas vinte e quatro horas de Purgatório; procuremos abreviar sua pena pelo ardor de nossas preces".

Não eram só os negros que merec iam sua atenção, mas todos que estivessem em grande perigo de corpo ou de alma. Assim, interessava-se pelos encarcerados destinados à morte, preparava-os e os acompanhava até o lugar do suplício. Certa vez, acompanhava ao último suplício um certo Estevão Melão, condenado por homicídio e furto. Mas como o cargo ele carrasco estava vacante, mandaram para executá-lo um maometano condenado às galés. Com a falta de prática, a corda rebentou três vezes, causando grande dor ao sentenciado. Pedro Claver acorreu cada uma das vezes, para reconfortá-lo com vinho e biscoitos. Depois também socorreu o maometano, confortando-o da mesma maneira. No dia seguinte este fo i procurá-lo no colégio, para agradecer sua caridade, e de lá sai u convertido4 • Também os condenados pela Santa Inquisição, os piratas e os hereges experimentavam seu zelo e comprovavam sua imensa caridade. Sua ação se exercia espec ialmente junto aos maus, para convertê- los. Ninguém podia resistir ao seu ardente apostol ado.

Sofrer para reparar pelos pecados, a mensagem do Anjo

Comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

O Anjo de Portugal, durante sua segunda aparição aos pastorinhos ele Fátima, di sse- lhes: "Oferecei cons-

Lúcia faz a pergunta: - Mas como nós havemos ele fazer sacrifícios? A resposta é: - De todos os modos. É a idéia ele que a reparação, sendo muita, pode obter ele Deus uma ate nu ação, uma dulcificação dos casti go que Ele prepara para a Humanidade. Não fala propriamente em perdão. Ela é muito discreta, fa la ele clulcificação. Pede a eles que concorram, que contribuam, e que contribuam ele todas as maneiras e a todos os instantes (Plinio Corrêa de Oliveira, palestra para Correspondentes ela TFP em 5-6- 1994).

tantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios ". Ao que a Irmã Lúcia,

que era a porta-voz das três crianças, perguntou: "Como nos havemos de sacrificar?" O Anjo respondeu: "De tudo que puderdes, oferecei a Deus um sacr!f'fcio ern ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim sobre a vossa pátria a paz . .. .. Sobretudo aceitai e suportai com submissão o soji-imento que o Senhor vos enviar".

Poço da casa de Lúcia, onde o Anjo de Portugal apareceu aos videntes

Aflição pela imodéstia feminina Uma elas desordens que mai s o afligia era a imodéstia das vestes femininas. E isso com os longos vestidos do século XVII! O que diria ele do semi nudismo de hoje, com freqüência até na casa de Deus? Apesar dessa imensa atividade em prol do próximo, sua regul aridade na vida conventual não sofria detrimento. Era dos mais observantes e modelo para os outros. Nos últimos quatro anos ele sua vida foi atacado pelo mal de Parkinson, ficando com pés e mãos semiparalisados. Mesmo assim pedia que o carregassem até o confessionário. São Pedro Claver fa leceu em 8 de setembro de 1654, aos 74 anos. ♦

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ministro da Saúde da Turquia, Osman Durmus, decidiu que as enfermeiras e estudantes das escolas técnicas de Saúde e Faculdades de Medicina do país terão de ser virgens. Para Durmus, que é médico, o novo código vai "garantir a segurança das mulheres contra a prostitujção ". O regulamento se aplica às alunas de 13 a 17 anos, bem como às enfermeiras e parteiras. Elas são proibidas de "ter relações sexuais e prostituir-se'~ As infratoras serão expulsas da escola. Em outro continente, na África, o presidente do Quênia, Daniel Arap Moi, fez um apelo à população em favor da abstinência sexual, como meio seguro de evitar a AIDS, que está causando 700 mortes por dia no país. Também nos Estados Unidos, o Presidente Bush deseja pedir aos norte-americanos que pratiquem a abstinência sexual como único método contra a concepção. Para o Presidente - informou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer - "é importante ensinar a abstinência" como método "para se prevenir a AIDS e as gravidezes não desejadas•~

Notas: 1. Cfr. Pe. José Leite, S.J. , Sa ntos de ada Dia, Editorial Apostolado da Oração, Braga, 1987, p. 33. 2. Frei Justo Pérez de Urbcl, O.S .B., A1io Cristiano , Ediciones Fax , Madrid, 1945, tomo Ili , p. 575 . 3. Les Petits Bol/andistes, Bloud Cl Barrai, Paris, 1882, p. 605 . 4. Cfr. Enriqueta Vil a, Santos de América, Ed iciones Moreton, S.A., Bi lbao, 1968, p. 135.

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1 11 11 Podia-se ver a alegria no rosto de cada um - Escrevo-lh e para expressar minha grande alegria em receber a visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima . Eu não sei como agradecer a Deus por tamanha graça, não tenho nem palavras. E também a voc ês pelo trabalho maravilhoso que fazem. Fiquei contentíssima , foi uma maravilha, compareceu muita gente aqui em casa e juntos louvamos a nossa querida Mãe do Céu . A gente podia ver a alegria no rosto de cada pessoa que aqui estava . Foi um dia inesquecível para mim, até hoje sinto saudade (MJB, Minas Gerais) .

Visita da Imagem ao Hospital São Sebastião, em Alvarenga, MG

Como os três macacos? - Tenho dois filhos, 1 O e 6 anos, e muito me preocupa a situação atual. Fiquei "abestada" ao ouvir na Rádio Transamérica moças discutindo a forma de relação sexual que têm, os detalhes e formas de fazê-lo ... Ora, nina guém tem mais vergonha??? Fiquei "abestada" quando enviei e-mail à CNBB, questionando o assunto [imoralidade na mídia) e ação junto a políticos, e me responderam que não caberia a eles tal procedim ento. Caramba! Vale só o Pe. Marcelo arrastar milhões de fãs por -ra zões qu e realmente questiono? É pela música mesmo? Por que a Igreja não fa z nada? Anda como os três macacos, cega, surda e muda? Tudo isto me revolta, penso que não haverá mais família ou moral daqui a poucos anos. Nossos 'filhos já têm deturpado o sentido de família, até entre os

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colegas de sala de aula é raro encontrar alguém com pai e mãe com casamento original. Que terão nossos netos? Será um bordel completo! Continuem sua campanha . Ela precisa ex istir e dar resultados (MCSR , Paraná).

As famílias se encantam çom a estampa - Quero lhe comunicar que já rezávamos o terço todas as 4 as feiras . Como surgiu a Cruzada Reparadora, vamos acrescentar os outros dias da semana para rezar nas casas das famílias . Nós, da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, visitamos as famílias todas as 3 as , 4 as e 5 as . Com esta Cruzada completamos a semana e esta mos tendo muito resultado .nas famílias. As famílias se encantam com a estampa de nossa mãe de Fátima . .Se Deus quiser, conseguiremos mais pessoas também para contribuir (GHL, Minas Gerais). Grande diferença no comportamento - Uma grande graça rece bemos através de . Nossa Sen_hora de Fátima. Tenho uma filha com 46 anos, que há 28 anos sofreu um acidente e ficou com problemas neurológicos. Fez várias cirurgias mas pouco recuperou, continua dependente . Não anda so zinh a, não come com suas mãos , e sempre muito nervosa, não aceitando os irmãos, somente eu podia fa ze r as coisas para ela . Já estou com 86 anos e me sentia preocupada, por-

que não tenho m ais forças para cuidar dela. No di a 1 6 de jan eiro , recebi em minha casa a visita da imagem de Nossa Senhora de Fáti ma, através desta Campanha. Neste dia pedimos a graça para que Fátima (este é o nome dela) ficasse mais calma, e que aceitasse os demais familiares para ajudá -la. Após este dia notamos uma grande diferença no comportamento dela. Estava muito quieta, quase não fala va. Levamos a médicos e for am fei tos vários exames. Não foi encontrado nada de anorma l, nem receita médica foi fornecida. Hoj e aind a ela encontra -se ca lm a. Acr ed it amos qu e foi uma grande graça rece bida (MV A, Santa Cata rin a).

Trouxe-nos mais forças - Rec ebi o CD com os mais belos te xtos sobre a Santíssima Virg em M aria e estou muito grata. Já emprestei a várias amigas e todas gostaram muito . Por motivos de sa úde não tenho freqü entado a Igreja e não saio de casa para visitas . Não estou me lamentando, não , é para expor porque eu não fa ço mais pela Campanha . Recebemos a visita da Virgem de Fátim a Pereg rina. Foi um a grande emoção e nos trouxe mais forças para enfrentar as lutas do dia-a-dia . Meu marido até hoje chora, quando fala nela, e mandou colocar no quadro uma das estampas que recebi. Agradeço ao senhor e a todos os que nos proporcionam tanta f elicidade (ATP, São Paulo) .

Drogas vão sendo liberalizadas stá sendo feito, a respeito das drogas, o que sistematicamente se faz co m os pecados que se quer disseminar. Primeiro fala-se das drogas como sendo um mal, mas fala-se constantemente, mais do q ue seri a r azoáve l. A presenta-se como um mal em crescim ento, e não se tomam medidas efi cazes para sanar esse mal. Numa segunda fase da propaganda, di z-se que o mal cresceu tanto, que j á não dá mais para contê-lo, e é preciso habituar-se a conviver com ele. Numa terceira etapa, começa-se aos poucos a liberalizar a droga. Em Portugal, desde 1º de julho último, o consumo de drogas deixou legalmente de ser considerado crime, e seus usuários não serão mais levados para a prisão. O pretexto - absurdo! - é que essa medida ajudará a prevenção. N o dia

porqu e esse tipo de linguagem era prontamente censurado no ambiente fami liar e na escol a. L iberar o uso do palavrão, achando que uma mera explicação - não seguida de punição para os reincidentes - pode levar ao abandono desse linguaj ar imprópri o e imoral, é pelo menos fari saísmo.

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Funerárias prosperam em Botsuana otsuana é um país da África austral, maior que a França, co m J ,6 mi lhão de habitantes. A epidemia de AIDs que assola o mundo - e que se propaga incessantemente devido à imoralidade galopante - tem ali sua apresentação mais trágica. Botsuana tornou-se uma espécie de vitrine para o mundo do que é um país devastado pela AIDs. Pessoas precocemente envelhec idas, deprimidas , se m perspectivas. Possui a mais elevada taxa de infecção de HIV do mundo: 35,8 % da popu lação adulta em 2000, segundo a ONU. A esperança de vida, que havia chegado a 65,3 anos entre 197 J e J99 I , caiu para 46,2 anos em 2000. A capital, Gaborone, contava uma única empresa funerária em 1996. Hqje elas são quatro a disputar esse mercado próspero. Se no Brasil a imoralidade continuar tendo rédeas so ltas, como até agora, chegarem os a constituir uma imensa Botsuana?

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Escolas promovem palavrão entre crianças ez escol as da Grã-B retanha estão adotando uma " nov idade": uma vez por semana, os alunos com idades entre 11 e J6 anos poderão falar palav rões, sem receber qualquer punição. A nova "pedagog ia" faz parte de um programa ex perimental para ed ucação, do governo do primeiro-m inistro Tony B lair. Dizem que o objetivo é fazer com que as crianças sejam instruídas sobre o sign ificado das palavras, e assim convencidas a abandon ar algumas delas. N ão ex iste boa educação que não inclua moderadamente o castigo para as ações más. Até há pouco, as cri anças logo sabiam que era mau fa lar palavrões,

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Participe da Aliança de Fátima Participe você também da Aliança de Fátima . Nossa Senhora saberá recompensar ·quem ajuda a difundir sua Mensagem. · Escreva, telefone ou envie seu e-mail para a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! e peça mais informações para ser um Membro da Aliança de Fátima . Ou participe como Benfeitor do Programa Radiofônico A Voz de Fátima, ajudando assim a propagar a Mensagem de Fátima pelas emissoras de todo o Brasil.

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Plantão de Atendimento da Campanha: · Tel. : (0 ** 11) 3955-0660. Internet: www .fatima.org .br Endereço para correspondência: Rua Martim Francisco, 665. CEP 01226-001 São Paulo (SP)

seguinte, 2 de julho, o governo britâni co de Tony B lair aboliu a pri são para quem for pego fumando maconha no bairro Lambeth, em Londres, que assim atrai rá os viciados. O pretexto, no caso, é que fica mais econômi co, pois serão evitados os processos que eram abertos contra os maconheiros. Na Hol anda, há mai s de um ano o Parlamento autorizou os agricultores a plantar e vender a maconha sem punição. CATO LI

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ATUALIDADE

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Shrek,

Comentando artigos do Credo Ouvintes do programa "A Voz de Fátima" nos pediram. E nós atendemos. Passamos a tratar, nos progra mas nºs 25 e 26, das verdades da Fé católica, praticamente esquecidas . Por isso esses programas noti cia m e co mentam os artigos do Credo, também chamado de Símbolo dos Apóstolos. Trazem ainda

cartas dos participantes e notícias da atualidade comentadas à luz da mensagem de Fátima, a qual põe em evidência que a única solução para as calamidades do mundo moderno só poderá vir de Nossa Senhora de Fátima. Os programas nºs 27 e 28, que estamos lançando e m setembro, reprodu-

zirão temas de grande interesse para a fo rmação elas fa míli as católicas e marianas. Torne-se be nfe itor do P rogra ma Radiofôni co "A Voz de Fátima", so licitando as fic has ele inscrição no plantão de atendimento da campanha através do telefone (J 1) 3955-0660.

monstro destruidor da inocência e disseminador do horrendo

Devoção ao Rosário nas peregrinações A peregrinação das imagens de Nossa Senhora de Fátima aos lares tem incentivado mui to a devoção ao Santo Rosário, confo rme pedido da Virgem Santíss ima na Cova da Iria. Nesse sentido, as peregrinações exercem uma influência benéfica e poderosa junto às fa míli as brasil eiras para conte r o avanço cio protestantismo. Como é sabido, cató licos fracos na fé tê m acorrido aos barracões protestantes, em busca da reli gião que não encontram , muitas vezes, em ambientes paroqui ais católicos.

Nas visitas ela imagem, reza-se o terço pelos benfeitores da peregrinação, pelos benfeitores do programa "A Voz de Fátima", pelos membros da Ali ança de Fátima e também pelas intenções da Cruzada Reparadora do Santo Rosário. Natu ralmente todos os participantes da Campanha se beneficiam dessas orações, que sobem diariamente aos Céus como um verdadeiro clamor a Deus, através da intercessão maternal de Nossa Senhora de Fátima. A peregrinação aos lares cios aderentes da Campanha é ele caráter privado.

Cruzada Reparadora, esperança para o Brasil A Cruzada Reparadora do Santo Rosário continua e m expansão. Com as bênçãos de Nossa Senhora ele Fátima, cresce a cada dia o número de pessoas que desejam parti cipar, rezando o Terço nas intenções desta Cruzada pela salvação do Bras il. Já estão sendo rezados 18.5 83 terços por se ma na, o qu e re prese nta 74. 332 por mês. Se incluirmos também os terços rezados na vigíli a perpétua que se rea li za no Oratório ela sede da campanha (mais de 3.000 terços por mês) e os terços rezados durante as pe-

F ERNAN DO A NTÚN EZ A LDUNAT E

regrinações das imagens de Nossa Senhora aos lares (mais de 24.000 terços por mês), teremos o total ele 101.332 terços rezados por mês nas intenções da Cru zada Reparadora. Se todas as fa míli as brasileiras rezassem o terço habi tualmente, os Mandamentos da Lei de De us certamente seri a m cumprid os e res pe itados e m nossa Pátria. Através da rec itação contínua do Rosário, estamos atra indo as graças necessárias para nossas fa míli as e para salvação do nosso País, sobretudo para

o momento em que se derem os acontecimentos terríveis e mi sericordiosos anunciados pela Virgem ele Fátima aos pasto ri nhos. As pessoas que quisere m se inscrever na "Cruzada Reparadora do Santo Rosário" deve m ligar para a campanha solicitando o "Formul ário ele Adesão", compro metendo-se a rezar o Terço todas as semanas. Os participantes ela Cruzada recebem ele presente um Terço da Cruzada Reparadora e um livreto com o método para rezar com fru to o Santo Rosário.

CD especial sobre O CD do Rosário foi enviado no mês de rádi os de todo o País. A transmissão desse CD, hi stórias sobre o Rosário e as graças obtidas voção, é uma iniciativa indispensável para do protestantismo nas emissoras de rádio l:i sil é de Nossa Senhora, e nada melhor p ma Virgem as graças necessárias para cum tade de Deus em nossas famílias, do que r o Santo Rosário .

Desenho animado produzido no estúdio Dream Works, de Steven Spielberg, constitui uma tentativa de extirpar o maravilhoso do mundo infantil A pectos marav ilhosos da ex istê ncia, indi spensáveis sobretudo aos horizontes infa ntis, como meio de elevar o espírito, abrir o descortino e estimular sadiamente a imaginação estão sendo espantosamente atacados em um filme que conta com o apoio maciço da mídi a. Trata-se de um desenho animado produzido e m computador, que exibe como herói um monstro verde, malfa zejo e mal-cheiroso, vivendo numa espécie de pânta no situado nu ma fossa. A film agem co meça com as páginas de um be lo li vro lc ontos de fada, que vão sendo viradas: "Era uma vez" ..., mas a úl tima dessas belas páginas é destruída por Shrek, que se serve dela como se fosse pape l hi giê ni co ! No território onde habita Shrek ogro vegetariano, grosseiro, monstruoso, que expele gases da man ira mais vulgar e bar ulhenta - existe m p rsonagens dos verdadeiros contos de f'aclas , como Branca de Neve, Pinóquio e Chapeuzinho Vermelho. O monstro os cl testa. Por isso, estabelece um pacto com o senhor de ta l lugar - Lord Fa rquaad - o qual deseja apossar-se de uma princesa pri . ioneira de um dragão. E para ta nto e mpreende um a viage m, acompa1

,

nh ado de um asno ne uróti co qu e usa uma linguagem do mai s baixo calão. Nada, absolu tamente nada nesse enredo le mbra os contos de fada: a princesa é uma karateka que arrota, o Lord é um sádico anão, o dragão é uma fêmea de dragão que corteja o as no ... Segundo a crítica - da mídi a avançada , bastante benevolente e m rel ação ao fi lme-, Shrek e ncontra uma "f orma de expressão perfeitamente adaptada à sua matéria " (os contos para a infâ ncia!), os res ultados seriam "extraordinários", a encenação seria até refi nada, teria tudo o que se encontra normalme nte nos grandes contos de fada2 .

Explosão destruidora da beleza, extinção do mundo dos contos Os encenadores desse desenho ani mado reconhecem que seu objetivo é de ''.faze r explodir os mltos, como o da beleza, e maltratar os heróis dos conlos de.fada". Jcffrcy Katzenberg, o produtor do estúdi o Dream Works, criador de Shrek, confessa que ·ua in tenção foi a de "torcer o pes ·oço das convenções, ser irreverente e subversivo". Ele se jacta de e

pôr de pernas para o ar os mitos, revelando mau espírito, e isso de modo muito lúdi co 3 . Para formação ela criança, é indi spensável que ela conheça históri as seja a Sagrada, seja de outros gêneros - que lhe ensinem a ex istência do belo e do fe io, do bem e do mal; e que haja uma relação entre os conceitos de belo e de bem. Notam -se, há te mpos, esfo rços no sentido de influenciar desde a mais tenra idade a criança para o mal, com vi stas a destruir a inocência infa ntil. Nosso Senhor Jesus Cristo exorta no Evangelho à necess idade de se defender a inocência: " Deixai vir a mim os pequeninos, e não os embaraceis, porque o Reino de Deus é dos que se parecem com eles " 4 • E a meaça implacavelmente os que agem para destruir sua inocência: "Melhor seria que se lhes pendurasse ao pescoço a mó [pedra de moinho] que um asno f az gira,; e se os lançasse no fundo do mar" 5 .

"Imagem e semelhança" do hediondo Almas infa nti s que, conforme disse N osso Se nh or a Santa Madalena de

AT O L IC IS MO

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TfPs EM AÇÃO Pazzi, devem conservar-se na "perfeição primitiva, na qualfoste criada conform e Minha idéia, imagem e semelhança da Santíssima Trindade." 6 Mas hoje a criança e o adolescente convive m cada vez mais com esse mundo de horror, diametralmente oposto à boa e reta formação indispensável para que a soc iedade caminhe nas sendas do bem e da virtude. Há anos o filme Thriller, de Michael Jackson, prenunciava esse horrendo uni verso no qual j á se planejava nos mergulhar: um cemitério à noite, mortos que c9meçam a sa ir, e uma dança macabra se inici a ... Além de um filme sobre Harry Potter7, será lançada em dezembro a versão cinematográfica da trilogia Senhor dos Anéis, na qual magos, homens de estatura diminuta e grandes pés peludos, guardiães do anel mali gno, povo de anões e mi Ihares de seres ho rrendos participam de cenários si ni stros8 • Merece ainda menção o já anti go e daninho jogo e letrôni co Caverna do Dragão. Hoje, e m livros, filmes e sites da Internet, seu e nredo não esco nde mais o fato de que as aventuras do game teria m lugar no infe rno, e que o Mestre dos Magos seria o próprio demônio 9 .

Exaltação do paganismo Por último, a influente rede de TV a cabo dos Estados Unidos, TNT, acaba de lançar a minissérie Os mistérios de Avalon, com a finalidade de apresentar o cris-

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e AT OL ICIs Mo

tianismo como uma Religião maléfica, e o paganismo como "uma alternativa melhor". "Não se trata de dois tipos lutemdo pela moça que amam - declarou o diretor executivo da minissérie, Mark Wolper- , mas de duas religiões lutando pelo mundo que amam ", num "e~forço consciente para representar o paganismo como uma reliRião cálida, terrena, e o cristianismo como uma religião dura ". 10 Por que tal empenho nessa campanha anti cristã, de caráter satânico, para a propagação do horror, da vulgaridade, qu e vem oprimindo, como onda avassaladora, nossa juventude? Aonde se pretende levá- la? A que excessos ainda maiores que os desvarios já ex istentes se tentará lançá- la? Freud , o grande propugnador da revolução psicológica e psiquiátrica moderna, profeta desse mundo de horrores, chegou a propor que as cri anças brincassem com os próprios excrementos! C ivili zação sem moral , civilização do hediondo e do horripil ante. Vamos sendo introduzidos na era prevista pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em que a Revo lução moderna tende a desembocar no prete rn atural 11 • E tudo o que representa beleza, pureza, retidão - e m uma palavra, a C ivilização C ri stã surg ida como fruto magnífi co do sa ngue derramado por A delicada princesinha, despojada injustamente de seu reino, à esquerda, é ajudada pela bondosa anciã. Cena clássica dos saudosos contos de fada. Um forte contraste com a princesa do filme Shrek, à direita, karateka e auto-suficiente...

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Nosso Senhor Jesus Cristo, o Lumen Christi - vai sendo enxotado da Terra. Será poss ível que se chegue a expul sar inteiramente esse tesouro incalcul ável? Temos certeza de que não, poi s a Provi dência Divina não o permitirá! Mas até que ponto poderemos ainda chegar nesse caminhar de horrores? ♦

TFP norte-americana em campanha contra blasfêmia

Notas: 1. Cfr. Plíni o Corrêa de Oliveira Ambientes, Cos-

tumes, Civilizações, in Catolicismo, abril/ 1954 nº 40. 2. Cfr. " Lc Monde", Pari s, 4-7-200 1. 3. Cfr. "Le Fi garo", Paris, 4-7-2001. 4. Lc 18, 16. 5. Mt 18, 6. 6. P. Laure nt Marie Brancaccio, Oeuvres de St. Marie Madeleine de Pazzi, , l. 1, pp.277 a 279, Pari s , 187 3 - Vi c to r Pai mé , Libraire Ed ite urs. 7. Catolicismo nº 608, agosto/2001 . 8. Cfr. " Veja" , 11 -7-2001. 9. "Jornal do Brasil", 19-7-2001. 10. ACI, 23-7-2001. 11. "Omne.1· dii gentium daenwnia" (Todos os deuses pagãos são demônios), di z a Sagrada Escritura . Nesta perspetiva .... , em que a magia é apresentada como forma de conhec imento, até que ponto é dado ao católico divi sar as ful gurações enganosas, o cântico a um tempo sini stro e atraente, emoliente e delirante, ateu e fetichi stica mente crédulo com que, do fim do dos abismos em que eternamente jaz, o príncipe das trevas atrai os homens que negaram Jesus Cristo e sua Igreja?" - Revolução e Contra -Revo lu ção, 4' ed ição e m portu g uês, Artpress, São Paulo, 1998, p. 182.

Exposição blasfema nos Estados Unidos: mais um horrendo ultraje a Nossa Senhora

O

Mu seu Internacional de Arte Folclórica, da cidad americana de Santa Fé (Novo M xico), realizou exposição d um ·1 estampa representando Nos sa , •nhora de Guadalupe com se u tradi ional manto , mas vestindo por d ba ixo um imoralíssimo biquíni . orno se não bastasse tal in fâmia , a stampa é sustentada por um a mulher semi-despida fazendo o papel de anjo. A T FP dos l~stados U nidos tem promovido r ·parações e protestos contra mais ·sta blasfema e insultuosa repr ·s ·ntaç,'io da Virgem de Guaclalup '. Num desses atos, a TFP reuniu · ·r ·a de mi l correspondentes ' simpatizantes diante do menc io nado museu para protestar, e para d ·sa iravar a Padroeira da Am ri ·a Latina pela gravíssima ofensa d ' que foi obj eto (fotos ao lado). A TFP promov 'li , s imultaneamente, um e nvi o •111 massa de emails ao referid mu s •u, manifestando o repúdio cios cat ó licos em relação à grosse ira apr ·sentação blasfema contra um a das devoções marianas mais difundid as no orbe ♦ católi co.

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TfPs EM AÇÃO

Imagem de Nossa Senhora de Fátima

na

Mem~ros das TFPs da Europa peregrinam com imagem de Nossa Senhora por cidades da Rússia, após percorrerem a Romênia, a Croácia e a Ucrânia

Si ~, -

Cooperadores das TFPs da Europa levaram a imagem a escolas

De pass<1g<'l11 f) Or Moscou, antes de os coopcr,llfor••~ elas TFPs européias seguirem com ,, 1111,1gem para a Sibéria

fez pari · 1·ssa peregrinação, prestou a seguint ' d • ·l11raçao a Catolicismo: "É i1111m•,1•,1·io11a11te observar que nes-

co nvite d o Admini s trado r Apos tó li co para a Sibé ri a Or ie nta l, Mons. Jerzy Manzur, estabe lec ido na cidade de Irkutsk (a 4 mil km de Moscou, próx ima do famoso lago Ba ikal), voluntári os de Luci sull'Est ("Luzes sobre o Leste"), associação itali ana inspirada na obra do fund ador da TFP brasileira, Plin io Corrêa de Oliveira, levaram àq uela re mota região russa uma réplica da Imagem Peregrina de Nossa cnhora de Fátima. Esta im agem percorre várias cidades siberianas, desde o dia 13 de maio último até o dia 13 de outubro próximo, datas da primeira e da

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CATO LICIS MO

Fac-símile do jornal russo "Luz do Evangelho", de Moscou, edição de 27-5-01, com reportagem de Nata/ia Galetchina (em duas páginas), sobre a peregrinação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima na Sibéria.

Se tembro d e 2001

última apari ção de Nossa Senhora em Portugal. Algu ns cooperadores das TFPs ela Europa, que aco mpanham a be la e piedosa imagem, distribuem aos fiéis objetos religiosos, como medalh as, estampas de Nossa Senhora, bem como livros sobre Fátima e o Rosá ri o. Ademai s oferecem ao pú blico terços e um livreto em ru sso, com um método ele meditação do Santo Rosário. Em todos os lugares onde a imagem fica exposta à vis itação, os cató licos afl ue m em numerosos grupos. O S r. M athi as von Gersclorff, da DVCK (associação co- irmã da TFP), que

tas longfn(flf(l ,1' ri•gi<Jes, castigadas por um rigomso l11vemo, podemos notar muitaf, c•111,~• 0,1· rnt6licos; eles sãofervorosos, 11111ilo,1· 11ive111 na pobreza quase extre111n, rl1•1•ido às décadas de opressão co1111111i.1·1a, mas se esforçam por educa r .1·1•11,1· .f1/lws na verdadeira Religião. lú ttlo 11111ito agradecidos pela atividade 0110,1·toli('{/ marial que temos desenvolvido 1111111wlos paragens. " I or/1•1110,1 1·011statar a alegria que eles - 1ul11/t11,1·,j1111('11s e crianças - sentiam ao r1•1·1•l1t·1 11 visita da imagem em suas cr,.1·11,1·, Nos tombém tínhamos muita aleg ri11 1•111 /1t//ler auxiliar esse povo soji·ido; 11111 1•11·1111,lo, dava-nos alegria, ao entm r 1•111 ,·asl'i,res de madeira transformado,\' 1•111 ,wml11s, levar àqueles pequenos 1•,1·111t!1111/1•,1· a Imagem de Nossa Senhom tf, , Ft111111a ". ♦

Representação teatral, que encena como se deram as aparições de Nossa Senhora, em Fátima (nas fotos, cenas com os três pastorinhos)

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Feira Agropecuária de Campos: atuação da TFP O stand da TFP na 42ª Exposição Agropecuária e Industrial do Norte Fluminense transforma-se em pólo de atração anti-agro-reformista

Acima: jornalista Wilson Renato de Carvalho Júnior, Diretor do canal de TV a cabo, filmando o stand

À direita: o Deputado Federal Paulo Feijó (de vermelho) conversa com o Sr. Hélio Brambilla, representante da TFP Abaixo: Dr. Silvino Amorim Neto (no centro), Diretor do Pesagro, e Dr. Nelson Nahim (à sua esquerda), Presidente da Câmara Municipal de Campos e irmão do Governador Garotinho (de vermelho), ladeado por cooperadores da TFP

TFP. Tradição, Falllília e 40 anos em d

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CATOLICISMO

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a da propriedade rural

A gricultores e pecuaristas, preocupados com a fermentação agrária promovida pelo MST na região, aglomeraram-se junto ao stand montado pela TFP, ávidos de informações sobre os meios necessários para se defenderem dos invasores de terras. Além de fazendeiros, foi também enorme o afluxo de autoridades civis e militares, bem como de estudantes e comerciantes, inclusive o Governador do Estado e deputados federais. O stand transformou-se em pólo de atração e ponto de encontro de proprietários rurais, para trocarem idéias e adquirirem material informativo a respeito da TFP e do grave problema gerado pela Reforma Agrária socialista e confiscatória. É generalizada a preocupação da população norte-fluminense com a fermentação rural promovida pela esquerda na região. O MST tem organizado agitações no campo e nas cidades, tendo o marxista João Pedro Stédile chegado a anunciar, no início do ano, que o Norte Fluminense seria transformado em breve em um "novo Pontal do Paranapanema ". Muitos confiam na ação es♦ clarecedora da TFP.

Acima: Sr. Hélio Brambilla, representante da TFP, cumprimenta o Governador do Rio de Janeiro, Antony Mat heus Garotinho, e a primeira dama, D a. Rosinh a M ath eus (à direita, de amarelo) Abaixo: membros da TFP junto a o Juiz da Vara de Família, Infância e Juventude, D r. Pedro H enrique Alves, e o tabelião Dr. André Castro, respectivamen te o quarto e o quinto d a esquerda p ara a direita.

iFp Acim ,,, ,\ ,, 1111 H'1, Srs. Gilberto Ghiotto e Hélio Brambilla convers,1111 , ·0111 1 ,11,meira da m a do município de Cardoso Moreira, Da. R1 11/11 ,, ueira. N o centro, de bra n co, o diretor da Rádio CardoNo M w ,r, À direita, Sr. M ário N eto com o Prefei to de Cardoso M w, 1, ~ (:,ilson Siqueira (de jaqueta preta).

·iedade

Abaixo: , 111.,1.. ,ir/ores da TFP no stand ela en ticlade

" 'l'l''l' TI ud1c,10. Fan\ília e Propriedade

.o , 11 0 , ,m dctua d,1 proprkdadc

rural e urbana no Brasil

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Santo Antonio de Pádua: pintura fiel e santinho açucarado... Plinio Corrêa de Oliveira

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"Lembro-me de que vi numa coluna o quadro de um frade franciscano possante, forte talvez até tendente ao obeso - com fisionomia séria. A posição de sua mão era a de quem ensina."

stando em Pádua, na Itáli a, vi site i a famosa Bas ílica de Santo Antonio. E lembro-me de que vi , numa coluna de seu interior, o quadro de um frade franciscano possante, forte - talvez até tendente ao obeso - co m fi sionomia séria. A pos ição de sua mão era a de que m ensina. E pergunte i a um dos encarregados de ate nde r os fi é is: "De quem é aquele quadro?" A resposta fo i: "Bem, este quadro é a pintura mais antiga que se conserva de Santo Antonio de Pádua, que alguns chamam de Santo Antonio de Lisboa ". Parece ter sido ele pintado por Giotto, ou por algum di cípul o seu. É o que há de ma is próx imo, hi storica mente, da fi sio nomia do anl o. Diri i-m à sa -risli a, o nd havia uma cxlcnsa fil a d I rc •rinos co mpra ndo rosá rios obj ·los de pi 'dad de 10 la csp c ic. Num box v ndiam-sc cópias d ssc qu adro; e c m utro I cq ueno box, sanlinhos impresso e m nossos di as, do mesmo Santo. Adquiri a tal cópi a e um dos santinhos, para comparar as du as representações do fa moso Santo franciscano. O santinho apresentava um Santo Antonio coradinho, cuja fi sionomia ostentava muscul atura que j a mai s fora te nsa, sej a pe la dor, seja pe la indig nação, seja pela preocupação ou risco, ou mesmo pe lo esforço. Quase imberbe, a face aparentava ser de porcelana, com lábios que nunca di sseram nada. E les apenas se abri riam para ingerir uma papinha qualquer... Os olhos fix avam sem atenção algo diante de si, que rea lmente não merec ia atenção. Figura de uma sensabori a sem nome. Mas era ta l santinho que se vendi a em quantidade ... As fo tografias do autêntico quadro do Santo, porém, era m pouco adquiridas pe lo público. Essa desproporção cau soume profunda impressão. Em reunião rea li zada com ami gos, mais tarde, an:ili s11 mos e conferimos as duas ilustrações. Consolidoum nosso espírito a tese de que há uma velada esco la e pirilu nl qu · procura deformar a piedade católica, segundo um 111 0 d •lo adocicado e sentimental, do qual o santinho de ,1111 0 /\ 111 0 nio era um exemplo arquetípico !

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vm11/i11 1•111 Excertos da conferência proferida pelo Prof. Pllnlo C rr d Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 21 d m I d 1983. Sem revisão do autor.

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~fJ~i! Nesta edição

A Batalha de Lepanto e o heroísmo de São Pio V

A realidade concisa,nente

12 •

Em Cuba, quem melhora sua casa ... a perde • Atuantes jovens austríacos Pró-Vida • Terroristas estrangeiros treinam guerrilh e iros colombianos

Neste mês cumprem-se 430 anos da maior vitória naval da Cristandade sobre o Império muçulmano

o dia 7 de outubro de 1571 , o enfrentamento das esquadras católicas contra as do Islã, no golfo de Lepanto, salvou a Civil ização Cristã de terrível dano: a invasão cujas conseqüências seri am incalculáveis - do continente europeu pelos mouros. Por inte rcessão de Mari a Santíssima, apesar da enorm e desproporção de forças, a armada católica saiu mag nificamente vencedora (cfr. Catolicismo, maio/2001 ). Para esta importante data ressaltamos um comentário de Plínio Corrêa de Oliveira, feito em 7-10-75, dia em que também se comemorou o triunfo da Cristandade na Batalha naval de Lepanto.

N

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*

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Vou destacar aq ui um herói da bata lha de Lepanto, a respeito do qual pouco se fala. Esse herói foi o Papa São Pio V. O Pontífice vi a bem o poder otomano crescer cada vez mais, e o perigo de os otomanos se j ogarem sobre a Itáli a ou sobre qualquer outra parte da Europa, e operarem uma invasão que poderi a ter efeitos tão ruin osos ou talvez mai s ruinosos do que teve a inva. são dos árabes na Espanha, no começo da I dade Média. N essa situação, ão Pio V tinha que apelar naturalm nte pa ra o var ão que era o apoio tempora l da Igreja naq uele tempo : Fe lipe li , R ida spanha. O I mperado r do a -ro l mp rio Ro mano A lemão nüo ti nha ·ondiç< 'S, por ausa dn divi s, o r ' 1i i sa no imp rio I m razão da r ·vol uç· o prol stan t ' 1, d ' lutar cri ·az111 · nt contra os mouro ..

Batalha de Lepanto Veronese, óleo sobre tela (1572), Galeria da Academia, Veneza (Itália)

A França estava corroída por uma cri se reli giosa mui to grande, guerra de religião etc.

A união do poder espiritual com o poder temporal

Nacional Nossa capa: O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em conferência pública na década de 80 Plinio Corrêa de Oliveira

O Papa só podi a contar, dentre as grandes potências cató licas, com Felipe II de um lado, e, de outro, com Veneza, que dispunha de grande poder maríti 1110. Caso Feli pe Use retraísse, a horda maometa na ele ataria . obre a ltá1ia, e clc1ois atingiria toda a Cristandade. cria o fim da iv il ização Crislé 11 0 cidcntc. Não ser ia o fi m da 11 r ·ja, porque ela é imortal; mas, ao qu a Igreja poderia ficar red uzida, ninguém sabe. Se não fosse a pressão de São Pio V, não se teri a rea lizado a Batalha ele Lepanto, porqu e a Espanh a não teri a mandado sua esqu adra. Esta era o grande contin gente dec isivo dentro das esq uadras aliadas que lutaram e vencera m em L epanto. Ass im se compreende melhor por que razão houve a fa mosa aparição a São Pio V: ele estava nu ma reun ião de cardeais, em Roma, e em certo momento levantou-se e rezou um terço pela vitória dos cató li cos ·obre os maometano , deci iva para a Cri standade. E nquanto o Papa rezava o terço, teve a revelaçã ela vitória das esquadras cató li cas. São Pio V f i um verdadeiro herói, co mo D m João d' Á ustria e os outros gra nel s guerreiros que venceram cm Lcpanto.

14 As

for ç as da ordem e os ag entes da subversão

Capa

Participantes da Jornada de Estudos para universitárias, realizada pela TFP em Ouro Preto (MG) nos dias 4 e 5 de agosto

17 Resumo

biográfico inédito de Plínio Corrêa de Oliveira

Excertos

2

Há 430 anos , vitória da Cristandade em Lepanto

28 Uma

coluna da Santa Igreja: o Pover ello de Assis

Carta do Diretor

4 Atentado

5

O hediondo ataque terrorista que abala o mundo

A palavra do sacerdote

39 Delegacia

do Telespectador: novo projeto de lei visa sua implanta ç ão

Leitura espiritual

Santos e Festas do ,nês

31 07 º ,8 ºe 10 º mandam entos do Decálogo

42

Internacional

TFPs e,n ação

32 O

44 •

TFP promove jornada de universitários em Ouro Preto • Em Olímpia, congregam -se ad ere ntes da Campanha d e Fátima • Atividad e s fil antrópicas da TFP

Muro d a Vergonha ,

40 anos d epois

1 O Um

ser humano " c lonado " t eria alma?

Entrevista

Vidas de Santos

Escreve,n os leitores

34 Ecos de Fáti,na

35 •

T e ntativas prot estante s para aboli r a invocação a Nos sa Senhora Aparecida • Notícias da Campanha • Até bon ecas são u sa das p ara corromp er cri anças • Fec ham -se os olhos ao c omérc io de drogas

A,nbientes, Costu,nes, Civilizações

48 Um

c astelo d e sonho : Neuschwanstein

O prédio Woolworth se destaca atrás do entulho do World.Trade Center desmoronado.

C ATO L IC IS MO

Outubro de 2001

3


Com a palavra ... o Diretor Amigo le itor, Neste mês de outubro transcorre o sexto aniversári o de fa lec imento de nosso querido e inesquecíve l Prof. Plinio Corrêa de Olive ira, inspi rador e sustentác ul o de Catolicismo . E m homenagem a este grande pensador e líde r cató lico ímpar, dedi camos a matéri a de capa desta edição. Catolicismo te m publicado - em vári os anos anteriores, nas edi ções ele outubro escritos inéditos cio Prof. Plinio. Pareceu-nos que, na presente come mo ração, seri a proveitoso para os leitores estampar excertos mais significativos de uma bi ografi a a inda inédita do fundador ela TFP, redigida por E lo i de Maga lhães Tave iro, na década ele 70, a pedido de ami go nosso do E xterio r. Tal escrito te m o mérito ele focali zar alguns aspectos menos conhecidos cio in spirador de Catolicismo , como, por exe mpl o, sua form ação desde os primeiros anos, no ambiente fa mili ar; e a inda o iníc io de seu combate ao esp írito revo luc ionári o, j á bas tante acentuado na época de sua infâ nc ia e juventude. De tal resumo bi ográfi co, merece ser destacada aqui a descri ção penetrante desse espírito superi or, como também o processo mental de le e nquanto ado lescente e j ovem - co mo um " pensador" entre os 1O e 20 anos - que to rnar-se-ia posteri ormente o inte lectual e ho mem de ação dos ma is possantes da época atu al. Sua ascensão como líder cató lico, j á com projeção po lítica quando muito jove m, é outro ponto muito bem descrito nessa bio ra ri a. Na Parte Ill é ex posto, ele modo , uc into m·1s substa nc ioso, seu perfil ini gualáve l ele lutador cató li co do séc ul o XX. O aparecime nto do progress ismo, cm suas pri m iríss imas ma ni festações , fo i ocasião para q ue o P rof. Plini o orrêa de li v ira manif ·stass s u cl sassombro e m defe nder a Igrej a contra os inimi •os dE la, se li aclos de ntro la pr pri a c idade la cató li ca. A nota biográfica encerra-se e m a desc rição de uma verdadeira po1 é ia: a fo rmação ela "famflia de almas " c m to rn o ele Catolicismo ; e, a partir ela década c1, 60, a fundação da TFP bras ile ira e a constitui ção de uma nova e puj ante ''.família de almas ": a elas TFPs e entidades afin s, q ue se propagara m por diversos países ele todo o mun do. Plini o Corrêa ele Oliveira definiu o estil o co mbativo da T FP com as segu intes pa lavras: "Na luta, altaneria e coragem. E pela coragem, vitória". É cl a ro que somente o homem que personifica de modo exími o esse estilo poderi a propô- lo como um progra ma à g loriosa entidade por e le fund ada. E, igualme nte, foi esse programa ele luta qu e le propôs a Catolicismo , ao escrever o primeiro artigo da revi sta - A Cruzada do .1· cu/o XX - há 50 anos ! Desejo a todos uma boa le itura de matéria tão recomendáve l própria a causar grande edificação aos espíritos ele nossos contemporâneos. E m J sus

Maria,

9~ 7 Paul o Corr ·a d · Bri to Fi lho Ü IRll'l'OR


O raio que mata, mas esclarece!

se por Prudência e Temperança a capac idade de di scernir e empregar os meios adequados, e na medida exata, para a consecução dos objetivos legítimos que se têm em vi sta. Se esses me ios implicarem em sofrimentos, aceitemo-los por amor de Deus; se chegare)TI até a guerra contra o terrorismo, que não se recue diante dela. Essas co nsiderações nos fazem refletir di ante de poss ível tragédia: "Podese esperar que Deus onipotente a poupe aos povos que saibam amá-Lo mais do que à vida; como pode ser que não a poupe aos que amam a vida mais que a

Esse o título do manifesto que a TFP norte-americana lançou por ocas ião do bárbaro atentado, praticado em 2-9-83 pela então URSS , que derrubou o Jumbo da Korean Air Lines e mato u 269 pessoas. Assim se iniciava tal documento: "O crime perpetrado há poucos dias por um avião caça soviético contra o jumbo sulcoreano produziu no povo norte-americano o efeito de um raio noturno: matou infelizmente a vários, mas - precisamente como f azem tais raios - iluminou com uma claridade terrível um panorama então enco.berto de densas trevas". Em term os análogos, pode ríamos comentar a tragédi a que se abateu recentemente sobre os Estados Unidos. Porém, com uma diferença fl agrante: o ataque contra o avi ão da Coréia do Sul fi ca minúscul o, em comparação com os recentes ate ntados te rro ri ta co ntra o Worlcl Tracle entcr ele Nova York e o edifíc io cio Pentág no, m Wa. hingLon: du as c idades fora m alingiclas; psic lo-

Ele" (Comentário cio Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira, incorporado no luminoso manifes to da TFP norte-a mericana, ac ima referido).

Objetivo: destruir os últimos vestígios da Civilização Cristã Isto posto, o trágico do ocorrido nos impele a faze r uma avaliação mais abarcativa. Para tal recorremos aos ensinamentos deixados pelo ilu stre fundador da TFP, o Prof. Plín io Corrêa de Oliveira. Inic ia lmente, nossa atenção deve in cidir no alvo desse ataq ue. Num prime iro plano fora m os Estados Unidos, evi dentemente; mas, em profundidade, esse ataque vi sou todo o mundo ocidental, em suas raízes e instituições cristãs . Com efeito, a Civili zação C ri stã, que ex istiu e hoje ago ni za, ainda enco ntra resquíc ios ele vicia em vári os países, entre os quais os Estados Unidos, onde o direito ele propriedade privada e a livre ini c iativa co nstitue m uma reali zação social de dois preceitos da Le i ele Deus (T e I o· Mandamentos), pil ares fundamentais de sua imensa pros peridade.

Des morona o primeiro prédio...

Ora, esse mes mo mundo ocidental vem sendo minado, há séculos, pelos agentes da subversão e cio caos, através ela manipul ação de duas paixões humanas - o orgulho e a sensualidade. [sto porque o o rgulho, co mo ve m sendo in strumentalizado, leva ao ódio a toda autoridade e a toda le i, sej a divin a ou humana, bem como a todas as legítimas desigualdades postas por Deus entre os ho mens, e susci ta revoltas de pobres contra ri cos, ele países e m desenvolvimento contra países desenvolvidos. Tanto no pl ano internacional quanto no contexto das diversas nações, usando ela violênc ia, da intimidação, da persuasão e da propaga nda, as forças da

"Plínio Corrêa de Oliveira .... fez uma palestra para jesuítas em 1940 .... dizendo que o grande problema do cristianismo era o islamismo. Há 50 anos foi profético .... o fato é que se confirma o que ele intuiu" São admiráveis o senso de honra, a detcrminaçao ele colocar alguns valo-

(Pe. João B. Libânio, SJ).

res acima da própria vida e a altanel'ia com que o povo americano recebeu esse afrontoso e doloroso atentado.

gicamente, porém, os c inco continentes fi caram abalados.

O criminoso ataque terrorista de 11 de setembro Inúmeros co me ntari stas qu a lifi cara m esse ataqu e co mo apocalípti co, não ó pe las proporções do que aco ntece u, co mo espec ialme nte pe las possíve i co nseq üê nc ias que traz e m se u boj o. São admi ráveis o senso ele ho nra, a determinação de colocar algun s valores acima ela própri a vida e a alta neri a com qu e o p vo a me ri ca no recebe u esse afrontos e clo loro, o atentado. Ass im , os 6

CATO LIC ISMO

Estados Unidos erguem-se de le engrandec idos e enobrecidos. Junta me nte co m nossas orações em sufrág io das a lm as dos milh ares ele mortos, deve mos roga r ao Al tíss imo, por me io de Nossa Se nhora da Im ac u_lada Co nce ição de Guada lupe, Pad roe ira dos Estados U nidos, que os responsáve is pe la condução cios aco ntec ime ntos futu ros te nh am sa bedo ri a e aj am de acordo com as virtudes cardea is ela Prudê nc ia, da Ju sti ça, da Tempe rança e da Fortaleza. Pois as virtudes cardeais, segundo a doutrina católica, são as que orienta m o reto procedimento humano, entendendo-

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f ez uma palestra para jesuítas em 1940 .... dizendo que o grande problema do cristianismo era o islamismo. Há 50 anos foi profético .... o fato é que se confirma o que ele intuiu" ("Indústria e Comércio", Curitiba-PR, 26-27 de agosto de 1996).

Extraordinária previsão do perigo muçulmano

O Pentágono, antes e depois do atentado

subversão e do caos não recuam diante do crime, qualquer que seja a sua proporção. Esse ódio a toda superioridade implica, em última instância, no ódio a um Deus pessoal, infinitamente superi or a todas as criaturas. E conseqüentemente também a toda hierarq ui a humana, porque reflexo da superioridade de Deus e condição para que o homem O reconheça como Ser supremo.

O ódio revolucionário e a dinâmica do caos Es e ódio é a causa mai ativa lo desejo de eliminar os últimos v stígi s de uma civilização que se formou , se de envolveu e atingiu sua plenitude no seio da Igreja Católica Apostólica Romana. Tal foi a Cristandade medieval. Infelizmente, essa civi lização foi injustamente denegrida, menosprezada e perseguida, a ponto de restarem dela apenas vestígios no mundo neopagão de hoje. É tal ód io que, em profundidade, explica o criminoso ataque terrori sta perpetrado no dia 11 de setembro. Forças da subversão e do caos, assim devem ser class ificados os agentes que promovem a destruição da Cristandade. E isso por razões muito fundadas. Com efeito, a Cristandade medieval "não foi uma ordem qualquer, possível como seriam possíveis muitas outras ordens. Foi a realização, nas circunstâncias inerentes aos tempos e aos lugares, da única ordem verdadeira entre os homens, ou seja, a civilização cristã .. .. "Assim., o que tem sido destruído, do século XV para cá, aquilo cuja destruição j á eslá quase inteiramente consum.ada e111 nossos dias, é a disposição dos

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C ATOLIC ISMO

homens e das coisas segundo a doutrina da Igreja, Mestra da Revelação e da Lei Natural. Esta disposição é a ordem por excelência. O que se quer implantar é, per diametrum, o contrário disto" (Plini o Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Patte I, Cap. VII, 1-E, Artpress, São Paulo, 1998). Portanto, uma subversão total.

Paraíso de delícias e inferno de tormentos ubvcrsão total ssa que visa la nça r o muncl o m um caos tamb m total , n qual os eleme ntos constitutivos de qualquer rde m estejam e m confli to co ntra si mes mo e façam de. ta Te rra não mai um paraíso tecnicamente delicioso - a utopia revo luc ionária com que a subversão iludiu o Ocidente até há pouco. Pelo contrário, em vez de paraí. o, o

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grande subversivo, o eterno subversivo, inspirador e fautor de todas as subversões - o de mônio - com tal caos quer lançar a Terra em um inferno de tormentos e de discórdias. A Hi stória registra várias manifestações desse ódio revolucionário. Não é o momento de recordá- las todas aqui. Poré m, não se p d squcccr que uma das mai s ativas se ncontrou freqüentement ' m certos setores beli cosos do mundo muç ulman , cm relação ao qual o ocid nl n 01a ão vem tendo compl acn ias ' onivênc ias inex plicáveis. Já na cl cada de 40, o Prof. Plinio Corrêa de li v ira alertava para essa cegueira, co nfo rme ate ta o padre jesuíta João B. Libâni o: " Plinio Corrêa de Oliveira ....

Fotografia tirada no momento em que ruiu a segunda torre do World Trade Center, em Nova York

A indiferença otimjsta e hedonista, com que o Ocidente cristão viu crescer o perigo muçulmano, também poderia, a seu modo, ser qualificada de apocalíptica. "Reunir-se-á dentro de algum tempo - escrevia Plinio Corrêa de Oliveira em 1944 - no Cairo a famosa conferência destinada a congregar em um todo político os povos de idioma árabe e cultura muçulmana. Por enquanto o perigo deste empreendimento parece uma [simples] quimera .... Entretanto dia virá em que se notará o gra víssimo erro em que incidem as potências ocidentais, consentindo na formação desse moloch bem às portas da Cristandade" ("Legionário", 16-1-1944). Um pouco antes afirmara ele: " O perigo muçulmano é imenso. O Ocidente parece fe char-lhe os olhos .... Nos dias de hoje, com homens, armas e dinheiro, tudo se fa z. Dinheiro e homens, o mundo muçulmano os possui à vontade. Adquirir armas não será difícil; e, com isto, ficará uma potência imensa em todo o Oriente, ativa, aguerrida, cônscia de suas tradições, inimiga do Ocidente" (Plini o Corrêa de Oliveira. A questão libanesa, "Legionário", 5-121943). Alguns anos depoi s - após tratar da ameaça que então representavam para o Ocidente a URSS e suas nações satélites - Plinio Corrêa de Oliveira aponta mais uma vez o perigo islâmico: " O aparecimento de mais este inimigo [os maometanos] só pode ser indiferente aos políticos imediatistas e de vistas curtas. Por tudo isto, a questão maometana, que, se não é ainda inteiramente uma questão de hoje, já é indiscutivelmente uma grave questão de amanhã, nos interessa e nos preocupa" ("Legionário", 19-10-1947).

Em foco a Mensagem de Fátima Otimista e hedonista, e também apocalíptica, foi a indiferença em relação à Men sagem de Fátima de 1917. Com efeito, Nossa Senhora apareceu em Portugal a três pastorinhos e deplorou profundatnente não só as modas imorais que - já naquela época - tanto afrontavam a Deus Nosso Senhor, como também os eLTos do comunismo, que constituem um auge de orgulho e sensualidade. Nossa Senhora fa la em penitência e oração, e ameaça a humanidade se não houver a necessária conversão; pede a consagração da Rússia pelo Papa, com todos os bispos do mundo, ao Imaculado Coração de Maria; atesta a veracida-

Essa realidade foi reconhecida por Paulo VI, o qual chegou a afirmar que, após o Concílio Vaticano II, penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a "fumaça de Satanás", que se vai dilatando, com a terrível força de expansão dos gases, e o corpo místico de Cristo entrou no sinistro processo da como que "autodemolição".

Do que depende o futuro? Muito mais poderíamos dizer sobre a situação apocalíptica em que se encontra a humanidade. Assim, em última análi se, o futuro depende, de um lado, da sabedoria com que os altos dignitários conduzirem a guerra já enunciada, inclusive pelo Presidente Geor-

(Plinio Corrêa de Oliveira, em 19-10-1947)

de de sua Mensagem com mjlagres impressionantes e colossais. Assume, pois, um caráter apocalíptico o fato de que o mundo ocidental, além de não se ter convertido, tenha aprofundado sua degradação moral com o divórcio, o homossexualismo, o aborto etc., alcançando padrões de sensualidade espantosos.

A crise na Igreja Apocalíptica ainda - e sobretudo é a imensa crise que ati ngiu a Santa Igreja Católica Apostólica Romana com o Modernismo e o Progressismo, heresias estas que trouxeram para o interior dos meios católicos os erros do mundo moderno, especialmente o orgulho igualitário e a sensualidade permissivista.

ge W. Bush. Mas depende também de todo o mundo católico, na medida em que levar a sério as proféticas palavras de Nossa Senhora em Fátima. Palavras essas que contêm uma ameaça, um castigo e um prê mio. Para participarmos do triunfo de seu Imaculado Coração, para contarmos com a tão necessária misericórdia durante o castigo, a própria mensagem de Fátima nos ensina o caminho. Não se deve alegar que já é tarde pat·a a conversão. Nossa Senhora é Mãe, é a melhor de todas as mães. Para uma mãe nunca é tarde o pedido de perdão do filho extraviado, sobretudo quando esse pedido é feito com o espírito contrito e humilhado e com o propósito sério de emenda. ♦

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A

Palavra do d Saceri ote

Pergunta

Se o homem realmente clonar um ser humano (parece que, infelizmente, poderá acontecer), esse ser terá alma/espírito? Ou, sendo obra humana, será uma "coisa"? Resposta A alma humana é criada diretamente por Deu s, toda vez que se constitui um ser humano pela conjunção natural de um homem e de uma mu lhe r. O pais da criança fornece m os elementos corporais para a geração de um homem, mas a alma é cri ada e infundida diretamente por Deus. Discutiu-se entre os teólogos e m que momento do desenvolvimento cio feto isso se dá, mas a tendência atual defe nd e qu e es sa in fu são ocorre no mome nto mes mo ela co ncepção, e m que o e mbrião co meça a ser formado. O Bispo vice- pres ide nte da Academi a Pontifícia para a Vida, da Santa Sé, e diretor do Instituto de Bioéti ca João 10

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Paulo TI, Mons. Elio Sgreccia, ao conde nar a utili zação de em briões humanos para experiências científicas, disse: "Neto é necessário ter f é

para reconhecer que o embrieto é, antes de tudo, um ser humano". Assim , a alma estaria presente desde as primeiras etapas do desenvolvimento do ser humano, governando esse desenvolvimento. Seja como fo r, o aborto provocado, desde o instante seguinte à concepção, é sempre pecado mortal e passível de excomunhão. No caso de um ser humano clonado - suposto que isso seja realmente reali zável - o mesmo fato poderia darse? A alma seria criada e infundida por Deus no ser asi m con stituído? Se ndo tal processo le clonação aberrante e mon struos , pod ria o res ultado não s ruma " oi sa", mas sim um ser hum an dotado de corpo e alma? Se De u não infundir a a lma, poderemos ter, não uma pessoa humana, mas um "mo nstro", eve ntu a lme nte até um boneco dirigido pelo demôn io. O futuro e a Igreja o dirão.

Co mpreende-se perfeitamente a repugnância profunda que o leitor sente - e, como ele, milhões ele almas be m formadas - diante dessa hipótese que, por enquan to, não passa ele uma poss ibilidad e teórica co ncebida por a lg un s ge netic istas e alardeada com furor pela impre nsa.

Riscos inimagináveis Por outro lado, a imprensa tem dado conta também das reações sadias qu e, um pouco por toda parte, vão se levantando contra essa aberração. Porém, os argumentos contrários, embora importantíssimos e legítimos , ne m sempre chegam aos motivos mai s alto pelos qua is e d v rejeitá- la. Fa la- e cl alt íncl ice ele ex I eriências fa li las, nas tentativa, ele cl nagem de animai s, que, no caso do h me m, ignificaria um elevado número de seres humano clesapiedadamente abortados em seu desenvolvimento . Chegou-se a fa lar na proporção de 300 tentativas malsuced idas para um a que vingou, no caso de certa ovelha que ficou fa mosa. Mesmo o

cientista britânico Ian Wilmut, responsável pela clonagem da ovelha Dolly, disse que este tipo de experiência com humanos não deve ser realizada, por "trazer riscos

inimagináveis". Submeter seres humanos a essa experiência fatal e imoral é umame nte degradante e pecaminoso, nestes tempos em que tanto se fa la da dignidade do homem. O Japão já proibiu a clonagem humana (ou híbrida home m-animal), como contrária à dignidade humana.

Aberrantes monstruosidades Te m-se alegado ig ual mente que, mesmo as experiências que chegam a seu término produzem seres com debilidades genéticas incomensuráveis, tornando o ser clonado suscetível de contrair toda espécie de doenças, e de ap rese nta r deformações e malformações orgâni cas. É uma objeção de peso, que por si só tornaria condenável tão monstruo a experiência. Imagine-s um ser vagamente parecido com um homem , mas que tem um a orelha no lugar

do nariz, cabelos nascendo de dentro dos olhos, e coisas semelhantes, como se pode ver comumente em quadros da chamada arte moderna ... M e mo o pesq uisador Robe rt Edward s - responsável por algo já muito antinatural, como seja o primeiro be bê de proveta - falando sobre a clonagem, disse que "as experiências f eitas

até agora com animais foram desastrosas: apresentam uma quantidade impressionante de anonnalidades, e, além disso, 97% deles morrem. Não há justificativa para enfrentar esse risco com humanos". Também autoridades religiosas têm se pronunciado. A clonagem de embriões humanos para a investigação médica "é imoral e desnecessária", afirmaram os Bispos da Inglaterra e Gales , pedindo aos me mbros do Parlamento inglês opor-se a essa di sposição.

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Da parte da Santa Sé, o já citado Mons. E lio Sgreccia di sse que a clonagem de um ser humano é um ato grotesco contra a Humanidade. Ele elogiou á deci são da Câmara de Representantes dos Estados Unidos por proibir toda forma de clonagem humana, tornando-a crime federal.

Investida contra o Criador Dessas objeções arquiconcludentes, que têm seu ponto de mira nos aspectos morais e médicos - aliás gravíssimos - conviria passar a um patamar ainda mais elevado. Trata-se, em certo sentido, de o homem querer colocar-se no lugar de Deus, para fazer as coisas segundo seus pensamento ou capricho , contrariando a sabedoria divi na. Com efeito, o que essas experiências têm de pior é o des ígnio de alterar a própria ordem estabelecida por Deus para a propagação da e pécie

humana. Em vez de acompanharem o jogo natural dos relac ioname ntos humanos, que cria personalidades ímpares - não há duas pessoas a bso lutam e nte ig ua is no mundo, nem na História os propugnadores dessas experiências pretendem clonar seres para a perpetuação das mesmas características genéticas. Seria uma nova forma de racismo - como tem sido apontado por algun s - visando a fo rm ação de um a raça de s upe r-hom e ns (o u super-mon stros !), possivelmente todos iguais . Trata-se, portanto, de uma invest id a contra o próprio plano criador de Deus, que, pela variedade e dessemelhànça entre os seres, quis que fosse m dessa maneira mais amp lamente representadas as pe rfe ições divinas. Pois, como está escrito no Gênesis (1 , 26), Deus criou o home m à sua imagem e semelhança. E cada homem espelha - em CATO L IC IS MO

seu ser, na sua co nduta uma parcela, por ínfima que seja, de alguma perfeição divina. Qu a nto mais home ns dessemelhantes houver, maior número de perfeições di vinas serão refletidas, dando assim glóri a ao Senhor; e aos de mais home ns, um a idéia mais completa do mesmo Deus. O proj eto de clonagem humana se in surge pois contra o plano criador de Deus e contra o desígni o divino de es pelhar s u as perfeições através da infinita vari edade de seres criad os. Como não ver atrás disso a mão do demônio, que permanentemente tenta, por pouco ou muito que lhe seja permitido, deslustrar a obra magnífica da Criação? Nisso está a objeção mais alta que um católico deve levantar contra essa monstruosidade, e explica a rejeição categórica que provoca nas ♦ almas retas. Outubro de 2001

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Na Inglaterra, congressista discriminado por ser católico

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Austria: Jovens católicos contra oaborto

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o país de Mozart surge um belo exemplo para a juventude atual: o movimento de jovens católicos contra o aborto, Jovens Pró- Vida, com sede na cidade de Linz. A diretora do movimento, Jutta Lang, explica: "Nós defen-

Em Cuba: casa reformada, casa confiscada

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a ilha-prisão de Cuba, Fidel Castro segue a cartilha comu, ni sta ao pé da letra. D epois do turi smo, a maior fonte de renda é proveniente de remessas de dinheiro dos exilados cubanos de Miami a seus parentes na ilha. Os que têm a felicidade de receber tal ajuda procuram reform ar, ou pelo menos pintar, as suas tão deterioradas habitações, E ntretanto, o govern o cubano não vê essa melhoria com bons olhos, poi s é sinal de "ostentação" e estabelece uma relação de de i gualdade. Por isso, c nfisca o imóvel de quem se esforça para ter uma moradia mai s digna. A ordem é ni vel ar, o que só é possíve l por baixo. A melhori a na qualidade de vida é considerada um privilégio, que só ao governo cabe outorgar... N os últimos 18 meses, o regi me cas trista confiscou 1.400 imóveis, expul sou 548 moradores acusados de ocupação ilegal e arrecadou o equivalente a 1,5 milhão de dól ares em multas. A ju stificativa oficial é que os imóveis passaram por reformas sem autorização ou foram vendidos, prática pro ibida pelo regime comunista. ♦

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e acordo com a Agênc ia Cató lica de Informações (ACI), Edward Leigh, congressista católico do Partido Conservador, foi forçado pelá maioria do Partido Trabalhista a retirar sua candidatura a um importante c argo no Comitê de Desenvolvimento Internacional da Câmara dos Comuns, "porque suas opiniões pró-vida (como católi c o) podem afetar suas decis ões ". O governo britânico, por meio de seu Departamento de Desenvolvimento, proporciona fundos

demos a vida desde a concepção até a morte natural. Estamos organizados em toda a Áustria, Começamos nossas atividades em 1989, e hoje contamos com cerca de 3000 aderentes, dos quais 300 militantes de rua". Em julho passado foi realizada uma "Semana próvida", da qual constou uma marcha silenciosa em memória das crianças abortadas, da Catedral de Linz até um hospital da cidade. Na rua, apesar do intenso calor do verão europeu, os jovens abordavam os transeuntes e difundiam folhetos com mensagens anti-abortistas, Num folheto, distribuído junto com um biscoito de chocolate, lia-se: "Parabéns! Você venceu! Desde 1975 (data da lei abortista), apenas uma de cada duas crianças teve a sor-

te de você, que não foi abortado!" O movimento Jovens Pró-Vida organiza palestras, distribui livros e ♦

brochuras contra o aborto.

Para oKhmer Vermelho. Julgamento complacente

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á pouco foi assi nada pe lo Rei do Camboja Norodom Sih anouk, uma lei in stit uindo a criação de um t ribun al especial encarregado de julga r, por cri mes contra a hum anidad e, os líderes do grupo guerrilheiro Khmer Vermelho, responsáveis pela morte de quase dois mi lhões de cambojanos durante o governo comunista do ditador Po l Pot ( 19751979) . Ess e tribunal será composto por cambojanos e juízes nomeados pela ONU . Lamentavelmente, as coisas começam mal. Um dos réus que certamente deveria ir a julgam ento, leng Sary, ex-número 3 do Khmer, foi previamente beneficiado por um indulto real. Hun Sem , primeiro-ministro cambojano e ex-comandante do Khmer, manifestou-se contra o julgamento de leng Sary , Resta saber se entidad es defensoras dos direitos humanos que tanto fi zeram pela condenação do general Pinochet e nada di zem contra Fid el Castro - prot estarão com furor co ntra es e risível início de julg amento . ♦

Instrutores estrangeiros na guerrilha colombiana

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os tempos da guer ra fri a, Cuba era conhecida como um centro de formação de guerrilheiros de esquerd a para a América Latina, Recentemente, mais uma escola de formação de guerrilheiros ganhou novo endereço: a Colômbia, país vizinho nosso. E, ao que parece, freqüentada por gente ligada ao MST brasileiro, Segundo o jornal de B ogotá "El ... sp ctador", tal centro dc instrução fi ca loca li zad na região de Remolin os dei Caguán, na zona desmilitarizada ccdi du p ·lo governo colombiano ao grupo guerrilheiro das Forçns Armadas Revolucionári as da ' ol0111hia (FARC), Lá eles são t:reinudos por mercenários, guerrilheiros L' lerroristas americanos, israelenses, ·spanhóis e norte-irlandeses,

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Membros do Movimento Jovens Pró-Vida planejam atuação anti-abortista, em sua sede na cidade de Linz (Áustria)

Segundo as autoridades mi litares co lombianas, esses terrori stas estrangeiros ingressam na zona desmilitarizada fazendo-se passar por membros de ONGs. A pri são de três supostos membros do movimento terrorista norteirlandês IRA, na Colômbia, evidenci a sua conexão com as FARC. O exército colombiano concluiu , por vários indícios, que eles estavam instruindo os rebeldes das FARC a manej ar e fabri car bombas em troca de grandes quantidades de cocaína moeda de troca no mercado negro de armas - ou de dinheiro. Chama a atenção que, até agora, o govern o colombi ano não deu um basta a essa situ ação, nem tomou medidas enérgicas em rel ação às guerrilhas de esquerda, que semei am o terror e causam a morte de mi lhares de col ombianos inocentes. ♦ Fac-símile da revista colombiana "Cambio"

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Edward Leigh

a numerosas agências que promovem o aborto, inclusive à criminosa política de "um só filho " da China comunista, O mesmo governo, em 1999, destinou 29 milhões de dólares para o Fundo de Popula ção das Naç ões Un idas (UNFPA) e 8 milh ões para o IPPF. Ambas organizações destinaram 6 milhões de dólares para o programa c;: hin ês, o que te m redundado na promoção do inf anticídio! É claro que essa inqualificável posição do governo inglês só pod eri a entrar em choque com os princípios cató li cos de Edward Leigh. Reze mo s para que ele per♦ m aneça firm e.

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BREVES REllGIOSAS _J

Igreja no "teto do mundo"

Dedicada a São Pedro Apóstolo, foi lançada a pedra fundamental da igreja que será construída no Himalaia, a 5.000 metros de altitude, A cerimônia, dirigida pelo Bispo de Jammu-Srinagar (Índia), Mons. Peter Celestine, em agosto último, foi presenciada por numerosos sacerdotes, religiosos e leigos. _J

Na Argentina, o padroeiro dos desempregados atrai multidões

Em 7 de agosto último, festa de São Caetano, pouco depois da meia noite, o pároco da igreja dedicada a esse santo no bairro de Liniers, em Buenos Aires, viu-se obrigado a mandar abrir as portas do templo, pois a fila de fiéis desejosos de oferecer as suas orações ao santo padroeiro dos desempregados estendia-se por mais de 20 quarteirões . _J

Restaurada Basílica de Santa Clara, em Assis

Seriamente danificada pelos terremotos que abalaram a cidade de Assis (Itália) em setembro de 1997, a Basílica de Santa Clara esteve durante meses fechada para restauração, Aberta ao público em 1998, só agora, em agosto último, quatro anos após os abalos sísmicos, foi possível apresentála aos fiéis inteiramente renovada, inclusive os afrescos da escola do famoso pintor medieval Giotto.

eIsMo

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NACIONAL

Soberania, legitimidade e repressao ao crime #'Ili

C EL. C ARLOS A NTONIO

As nações são desejadas por Deus, devendo as forças militares e policiais ser prestigiadas e apoiadas epercutiu amplamente na mídia a inusitada diligência de "busca e apreensão" conduzida por procuradores da República, no dia 25 de junho, em instalações do Grupo de Operações da 23ª Brigada de Infantari a de Selva (Marabá-PA). Vi savam tais elementos obter material referente à repressão com a qual o Exército Nacional debelara a guerrilha comunista dos anos 70, impedindo-a de tornar a região do Araguaia, que signi fica.ria a uma situação semelhante a fl agelo que as FARC constituem, atualm nte, para a olômbi a. Não s d sse momentos assunto que a mídi a v m . e o upand : logios ( !) e críticas a m vimento qu atua de modo cri mino , chamado dos " trabalhadore "sem-terra, o MST; operações de encarcerados, dentro e fo ra de pres ídios; greves de policiais militares; a epidemia da AIDS ; projetos de lei para legali zar o "casamento" homossexual e o aborto; a pedofili a; escândalos perpetrados por altas personalidades; a situação econômica nacional; a di sparada do dólar; apagões; etc. sem fal ar em calamitosos ataques terrori stas.

R

O Brasil modelou, ao longo de seu passado, instituições, entre as quais as Forças Armadas, as Polícias Militares e as Polícias Civis. E através delas garantiu, de modo eficaz e próprio, a segurança necessária à sua soberania e à manutençao da ordem interna.

E.

H oFMETSTER P o u (R)

Esse e lenco constitui uma pequena amostra, retirada de um contexto incomparavelmente maior apresentado pelo noticiário cotidiano. Faz pensar que estamos em um mundo vulcânico, cujas lavas podem causar, a qualquer momento, os mais indesejáveis e danosos efeitos. Por isso, há quem relegue ao português arcaico a expressão cordial com que até há pouco

as pessoas se cumprimentavam: "o Sr. (ou a Sra. ) está pas,1·a11do be111 ?" Para que m m o pro ·ede à maneira de avestru z, põ -s u pergunta: como entender, na r a li lud ', essas mu itas cri ses - do stado, da l'amflia, da economia, da cultura ' I ·. que abalam o mundo moei rno ' qu ' concernem também às f rças 111ilit11r•s 'policiais?

Raiz da crise contemporânea: a crise moral Plini o orrêa de O liveira, o querido fund ador da TFP, nosso modelo e mes1r ' s · mpr · lembrado e seguido, aborda ) ass unto ·111 seu livro Revolução e Con1ra -Nevol11 ção: todas essas cri ses não

constituem senão múltipl os as pectos de uma só cri se moral , a qual tem sua raiz nos proble mas de alma mais profundos do homem contemporâneo'. Procurar sol uç ã◊ para essa cri se fora do campo moral equivale a deixar-se tragar gradualmente por ela. Quando se fal a seri amente em moral , fal a-se sobretudo em reli gioso, poi s qualquer moral laica baseia-se em funda me ntos e fê meros e co ntraditórios, como também vãos e ridículos. Assim , à luz de Re volução e Contra-Revolução, con siderare mos um aspecto da crise atual, objeto deste artigo: a Defesa Nacional, com seus principais desdob ra me ntos.

Segurança pública é alta missão do Estado Com efeito, além de legítima, a Defesa Nacional é uma alta missão do Estado. E nvolve, bas ica mente, a defesa da soberania e integridade (Defesa do Estado) de um lado, e a manutenção da ordem interna (Segmança Pública), de outro. Isso porque a existência ele Estados soberanos é um bem em si, como instr umentos destinados a assegurar a legitimi dade de toda ordem social. Tal legitimidade social ocorre com a disposição de todas as coisas segundo a doutrina de Nosso Senhor Jesus Cri sto, modelo e fo nte da legitimidade de todos os poderes, instituições e ambientes humanos 2 • "As nações - ensina Plinio Corrêa ele OIiveira - têm uma traj etória comum parecida com a de um homem. O hom.em tem sua infância, com sua inocência, com seus esplendores; tem a adolescência, com. as incógnitas que nascem, os desdobramentos que se estabelecem, os maravilhamentos diante de novos horizontes que aparecem, mais projimdos, mais nutritivos, mais possantes. " O homem, é verdade, não se nutre mais do nobilíss imo leite materno; ele descobre outros elementos, como o vinho e o trigo: a robustez vai entrando nele e ele vai produzindo de si. " Depois ele atinge um certo ponto ápice: ele inteiro deve empenhar-se numa f unção de j ulgamento - o que é bem, o que é mal; a verdade e o erro ... - Quando ele inteiro julgou, ele tem a sensação de que sua história chegou à maturidade.

"Se ele soma idades, ele caminha pa ra a Sabedo ria Eterna através da velhice. E quando ele m.o rre, seus lábios expirantes dão o ósculo da sabedoria que deixa a Terra e oscula a Sabedoria Eterna. É assim o caminhar do homem. É assim o caminhar também de u,n povo. "Um povo nasce na História, como nasceram os romanos, os germanos e tantos outros, em determinado momento. É um nascimento misterioso como a germinação de uma semente, como o nascim.ento de um. homem: é wn mistério. De repente aparece - delimilado dos parentes mais próximos, e às vezes até de punhal contra eles - um povo que nasceu. Nasceu de outro povo ou de outros povos. "Em. certo momento ele diz: 'eu não sou mais minhas raízes, eu sou eu mesmo'. E a partir desse momento começa sua caminhada, de maturação em maturação, de verdade em. verdade, ele bern em bem, de pul chrum em pul c hrum, para aquilo a que ele fo i cham.ado por Deus a exprimir e a realiza r dentro da Histó ria" 3.

Portanto, o conceito de nação envolve uma caracteri zação própri a que a individu ali za das de ma is, a qu al se vai definind o através dos te mpos rumo a cumprir uma mi ssão hi stóri ca. Quando essa caracteri zação é elaborada e m observância à Lei de Deus, o povo conta com bênçãos para ua prosperidade e sua fe lic idade.

Tradição e progresso Dessa for ma, cada nação va i gerando costumes e mode lando instituições. Por is o a trad ição é a base ele um povo e condi ção ele seu progresso: não de qualque r evo luir, mas do prog resso autê ntico que lhe é peculiar e m razão de sua indi vidu alização - de sua soberani a e integridade, portanto - e de sua destinação hi stórica. Considerado sob este prisma, o Brasil modelou in sti tui ções, ao longo de seu passado, entre as quais as Forças Armadas, as Polícias Mili tares e as Po lícias C ivis. E através de las garantiu , de modo efi caz e próprio, a segurança necessária ..,


CAPA A fim de evitar qualquer equívoco, é úti l salientar que reação legítima e legal não significa omi ssão ou inércia. Pelo contrário, si gnifica eficiência e operosidade, como se verá em seguida. Bem anali sada a situação da cri se atual, verifica-se que ela tem progredido "à

Plinio Corrêa de Oliveira Um resumo biográfico

custa de ocultar seu vulto total, seu espÍ· rito verdadeiro, seus fins últimos." Por isso, o meio mais eficiente de refutá-la consiste em mostrá-la inteira, quer em seu espírito e nas grandes linhas de sua ação, quer em cada uma de suas manifestações ou manobras apa· rentemente inocentes e insignificantes. Arrancar-lhe, assim, os véus é desferirlhe o mais duro dos golpes" 5 • É essa Em Santa E/ena de Uairén, Fernando Henrique, Hugo Chá vez, da Venezuela, e Fidel Castro, de Cuba, em foto oficial da inaugura• ção de uma subestaçlio elétrica

à sua soberania e à manutenção da ordem intern a. Geradas ao l ongo de um processo histórico, coerentes com el , essas institui ções integram preci o a tradição, que a tornou re peitávei aos olh o de seus componentes e do público em geral . N ão são elas mero fruto de elucubrações teóricas ou de "penadas" arbitrári as de uma autoridade passageira. É conveniente insistir, nasceram, desenvolveram-se e modelaram-se como partes importantes do processo de formação nacional. Se prestigiadas e apoi adas como merecem, no exercício de suas árdu as e nobres funções, as Forças Armadas, as Polícias M ilitares e as Polícias Civis têm ampl as cond ições de promover a segurança de que necess itamos. A H istória dá di sso testemunho eloqüente.

O bem deve ser promovido;

e o mal, reprimido Por outro lado, o Estado cumpre sua função de assegurar a ordem interna aplicando o princípio de que se deve dar toda liberdade ao bem e restringir o mal quanto possível. Assim, não é lícito nivelar os direitos dos bons com as pretensões dos maus; mais ainda, é também obrigação do Estado - e obrigação grave! - apoiar e

prestigiar os elementos legítimos de repres• são ao mal, de modo ef etivo e ef icaz. 16

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D e si, o mal é insidioso, cavi loso, traiçoeiro. Aqueles que o combatem são homens de carne e osso, e não anjos do Céu. Por i sso São Pio X, Papa de 1904 a 1914, ensinou que a l uta contra o mal é uma necessidade imperiosa, e nela não se podem condenar todos os excessos que venham a ser praticados pelos bons. Ensinamento precioso - de um Santo ca noni zado pel a I gr eja, portanto exemplo de equilíbrio e de imparci alidade - que faz res oar a ábi a máx ima do Direito R mano: "vulnera non datur ad mensuram " (o g lpe não ·e dá sob medida). Porém, o agente da subversão e do caos pensa de modo di ferente. Ele "pou-

co se importa com a liberdade para o bem. Só lhe interessa a liberdade para o mal. Quando no poder, ele f acilmente, e até alegremente, tolhe ao bem a liberdade, em toda a medida do possível. Mas protege, favorece, prestigia, de muitas maneiras, a liberdade para o mal. No que se mostra oposto à civilização católica, que dá ao bem todo o apoio e toda a liberdade, e cerceia quanto pos• sível o mal" 4•

Reação legítima e legal: desmascarar o mal H á, pois, um dever a cumpri r: r a• gir, imbuídos da certeza ele qu a rea ·ão contra a subversão é de uma import ância e muito nobre. Reação que s será inteligente, arguta e bem plan jad, . e f r conforme a L ei de D eus e a lei do homens; i sto é, legítima e legal.

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tarefa, pois, da maior importância. Três exemplos entre muitos: (a) o intuito de i ndu zir o Brasi l a apostatar do ideal cri stão - o qual só é autêntico se for católico - e seguir um caminho como o da Cuba de Fidel Castro ou da Venezuela de Chávez; (b) a guerrilh a do Araguai a, acima referida, o que foi ? o que visava? qual o espírito que a animava? há quem a queira ressuscitar ? Ou ainda há pessoa indiferente. à unidade nacional e ao perfil cri stão ele nossa Pátria, que a pretex to d um p. eud humani tari smo para c 111 ri minosos (ou tra idore ) queiram d negrir a coraj osa e eficiente operação mi l itar que a debelou? (c) Analoga ment , o MST: o que é? o que vi sa? o que ani ma? Evidentem nt que uma análise inteligente, meti ulosa e ampla desses exempl os - com d utros casos - não poderi a omitir as rrelatas conseqüências para a estrutura mi li tar e pol icial. orn o se vê, desmascarar é uma tarefa a que lodo verdadeiro bra ileiro deve se clecl i ar ou apoiar, em seu âmbito pró1 ri o ou no de suas responsabil idades. ♦

Notas: 1.

2. 3.

4. 5.

fr. Plín io Corrêa de O li ve ira, Revolução e onrra-Revolução, Parte 1, Cap. I e VII , 4' ed., Artpress, São Paulo , I998. Op. cit. , Pa rte 1, Cap. VII , 2. An otações pessoa is do autor deste arti go, de Conferê nc ia do Pro f. Plí nio Corrêa de O liveira para sóc ios e cooperadores da T FP, em 16-5-8 1. Plínio Corrêa de Olive ira, op. cit. , Parte 1, Cap. VII , 3 B. Op. cit. , Parte II , Cap. V, 3 A.

ELOI DE M AGALHÃES

TAVEIRO

Em face de um mundo revolucionário, igualitário e ateu, um varão católico, todo apostólico, plenamente romano

Da. Lucília e Dr. João Paulo, pais de Dr. Plínio

or ocasião do sexto aniversário do falecimento do querido e saudoso Prof . Plinio Corrêa de Olivei ra ( 1908- 1995), inspirador e principal colaborador desta revista , nascido em 13 de dezembro de 1908, oferecemos a nossos leito· res uma matéria inéd ita. Na década de 70 , um amigo do Exterior so licitou à TFP brasileira uma biografia de Dr . Pl inio . A redação coube a Eloi de Magalhães Tave iro , que apresentou um texto sintético, mas bast ante denso , fided igno e objetivo. Por ra zões circunstanciais não foi ele publicado, tanto no Exterior quanto no Brasil , const ituindo, pois, matéria inteiramente inédita . Embora a biog rafia - da qual reprodu zi mos aqu i substanciosos excertos - se encerre na primeira metade da década de 70, constitu i ela val ioso documentário, pois expõe com f elicidade e graça o am biente em que se formou, desde tenra infância, Pl i· nio Corrêa de Oliveira . E reve la também, com muita autenticidade , lances marcantes da luta empreend ida pelo insigne líder católico em defesa da Igreja e da Civ ilização Crist ã. Por parte de pa i - o advogado João Paulo Corrêa de Olivei ra - o Prof. Plinio pertencia a uma famíli a da aristo· crac ia pernambucana , de senhores de engenho . E a famíl ia de sua mãe, Dona Lucíl ia Ribeiro dos Santos , era int egrante da aristo· crac ia paul ista. Ass im, sua ascendênc ia consistia na f el iz conjugação de duas aristocracias que desempenharam papel relevante na história do Brasil : a aristocracia do açúcar e a do café. Essa ilustre ascend ência , como é natural , constituiu ponderável fator na formação da personalidade e no modo de ser do Prof. Pli nio Corrêa de Ol iveira. Para se compreender esse modo de ser, é oportuno lembrar como o Prof . Plinio defi niu o estilo de v iver, de ag ir e de lut ar da TFP: "No idealismo, ardor; no trato, corte-

Dr. Plínio no Rio de Janeiro, na década de 30

sia; na ação, de votamento sem limites ao ideal,· na presença do adversário, circunspecção; na luta, altaneria e coragem. E pela coragem, vitória!" Ora, tal estilo, t ão sapiencialmente enunc iado que se t ransformou em norma básica da TFP - foi antes de tu do plename nt e v ivido por seu assinalado fundador . É o que res salt a do texto de Magalh ães Taveiro . Esta mos certos de que o conhe'ci mento des· te resumo biográfico será de grande proveit o para nossos leitores. E que os aspectos da vida do Cruzado do Século XX , nele descritos, constitu irão obj eto de edificação para t od os. A divisão em três partes, o subtítulo geral e os intertítulos são desta Redação . A Direção de Catolicism o

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Parte 1

O processo mental e social de formação de um líder contra-revolucionário

Plínio, recémnascido, nos braços de sua mãe

P/inio possuía uma atração bem definida e fora do comum pelo maravilhoso e o sublime, transmitida pela tradição

mília [Ribeiro dos Santos) de sua mãe, Dona Lucília, em cujo meio Plinio viveu, era uma seleção de pessoas as mais conservadoras e tradicionais das famílias de São Paulo. Por sua vez, Dona Lucília era um dos membros mais conservadores de sua família. Espírito sério, inclinado para a observação e inspirado por convicções religiosas profundas, Dona Lucilia, mãe extremamente dedicada, orientou o espírito de seus filhos numa direção similar. Assim, já antes de eles saberem como dizer "mamãe" ou "papai", eram ensinados a reconhecer uma imagem do Sagrado Coração de Jesus . Juntamente com suas tendências religiosas, Plinio possuía uma atração bem definida e fora do comum pelo marav ilhoso e o sublime, transmitida pela tradição . Mesmo antes de poder ler extensamente livros tratando ele matéria doutrinária, Plinio tinha vivo interesse pelos assuntos religiosos, políticos s ciais. E ntretanto, sua mente não concebia essas idéias co mo escondidas em livros poeirentos e e mbolorados, mas sim inseridas na realidade da vida humana. Para P lini o, o contexto social animava as idé ias , as quai.s, por ' ua vez, agiam nas diferentes mentalidades.

Oposição decidida contra os "espíritos fortes" que blasonavam seu ateísmo Embora as tendências de alma de Plinio correspondessem favoravelmente à tradição e ao ambiente que teve em casa desde sua mais tenra idade, a questão que se põe é: essas inclinações são o resultado, ou não, de uma aceitação passiva dos valores do establishment por um menino sem personalidade, discernimento ou capacidade de auto-afirmação? Os fatos dissipam completamente essa questão. Plinio era muito precoce. Ele pronunciou as primeiras palavras aos seis meses, e estava falando francês e alemão aos quatro anos. Sua personalidade mostrava as características típicas do povo de Pernambuco e São Paulo: era surpreendentemente lógico numa tenra idade, e demonstrou cedo afeição para o debate de idéias e a oratória. O ambiente na casa de Dona Lucilia, como em outras casas em São Paulo, per18

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Dr. Plínio, no Colégio São Luís

maneceu ideologicamente dividido devido à controvérsia sobre o futuro político d Brasi1. Contra os católicos, os "espíritos fortes" orgulhosamente ostentavam seu ateísmo; e, como ·ntu siastas republicanos com decisivas tendências socialistas, criticavam os monarqui . ta,. Os " 'S J íritos fortes" e os adeptos republicanos se mpr apareciam nas conversas no papel de vitoriosos profetas do futuro, enquanto os tradicional istu s pareciam confusos e na defensiva. Como Dona Lucilia não participava dos debates político-id oló licos da família, é certo dizer que o ambi nl da casa de Plinio lhe oferecia um sério convii-e a tom ar uma posição ideológica contrária às suas in ·!inações. Ele entretanto se recusou, csc Ih ·ndo d ·fender a tradição.

O fim da "belle époque" e o processo de mudanças

denominado "democratização" Depois tia I ucrra Mundial , todos os países passaram por um período de rápidas mudanças,

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Fraulein Mathilde, governanta de Plínio e de sua irmã

particularmente agudas durante a década de 1918 a 1928. A ascensão do comunismo na Rússia e a onda de agitações que se espalhou pela Europa Central foram sentidas também em São Paulo, onde as lutas de rua e agitações de classe eram com freqüência muito violentas. Gradualmente, o tônus da vida social e cultural de São Paulo se foi transformando, e muito do esplendor e brilho que caracterizavam a belle époque da metrópole do café começou a dissipar-se. Esta mudança foi denominada "democratização" *. A crescente mecanização da vida favoreceu esse processo. Naquele tempo, São Paulo estava começando um vertiginoso crescimento industrial que transformaria a pequena, rural e aristocrática cidade dos anos vinte no maior centro industrial da América do Sul, com mais de oito milhões de habitantes atualmente [década de 70). O lançamento do movimento feminista, a promoção de modas masculinas para mulheres e a introdução das mais espontâneas maneiras "esportivas" começaram a criar um "mundo novo", cada vez mais avesso às tendências de Plínio. O prestígio das primeiras auto-estradas, das primeiras estações de rádio e das primeiras comunicações aéreas se somava ao enorme prestígio do cinema. Filmes de Hollywood fascinavam literalmente as multidões e apresentavam as transformações do após-guerra como fato consumado. A euforia da paz, prosperidade e progresso deixou praticamente todas as almas - de um público ingênuo e sem vigilância - vulneráveis ao insidioso processo de "democratização", ignorando os graves problemas que ele trouxe e os amargos frutos que o século XX está começando a experimentar. Aos 10 anos, Plinio já observava os acontecimentos que estavam começando a transformar São Paulo, e enquanto ele se tornava mais maduro, sua rejeição à tendência de "democratização" se aprofundava. Adquiriu o costume de se e ngajar em polêmicas , inicialmente contra os "espíritos fortes" nas reuniões de fa mília, e sobretudo começou a desenvolver o hábito de reflexão, com o propósito de analisar o significado dos acontecimentos que se passavam em torno dele. Quanto mais a vida se transformava, mais Plínio tornava-se persuadido de que certas coisas não deveriam nunca mudar, e que outras deveriam mudar numa direção diametralmente oposta à da tendência do tempo. Em resumo, arejeição de Plínio ao processo de "democratização"

começou a cristalizar-se numa consciente resistência, linha de conduta que ele deveria manter durante a vida.

No colégio, choque com a atmosfera "hollywoodiana" Em 1919, aos 11 anos de idade, Plínio entrou para o Colégio São Luís, dirigido pelos padres jesuítas, onde experimentou uma súbita ampliação de panoramas e horizontes, que lhe serviram para aprofundar ainda mais o seu ponto de vista. O São Luís era o primeiro colégio que ele freqüentava, e a maioria dos estudantes que lá encontrou eram recrutados no seu próprio meio social, juntamente com elementos que compunham um novo mundo para ele: os filhos dos novos ricos imigrantes. Até sua entrada no São Luís, Plinio e sua irmã estudavam sob a direção de uma governante bávara, Fraulein Mathilde Heldmann, dotada de excelente experiência e de um especial dom para ensinar. Ela se dedicava a seu trabalho de um modo quase inexistente hoje. Antes de entrar ao serviço dos Corrêa de Oliveira, Fráüein Mathilde havia trabalhado na Europa com várias famílias de posse e educação, sendo algumas da nobreza. Tinha vindo para o Brasil em 1913, convidada por Dona Lucília, e trouxe consigo as memó* Nota da Redação - A ex pressão "democratização", neste resumo biográfico, não se refere necessariamente ao regime político democrático, mas sim a um conjunto de hábitos, costumes e modos de ser que foram se espalhando no Ocidente após a Primeira Guerra Mundial, sobretudo a partix da influência do cinema norte-a mericano. A respeito do regime político conhecido como "democracia", a posição da TFP foi lap idarmente expressa por Plínio Corrêa de Oliveira: "Extrapartidária por definição, a TFP não opta por formas de governo. Ela aceita o ensinamento de Leão XIII, confirmado por São Pio X, de que nenhuma das três formas de governo - monarquia, aristocracia ou democracia - é intrinsecamente injusta" ("Projeto de Constituição Angustia o País", Vera Cruz, 1987, pág. 20).

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Mais ainda, decidiu inabalavelmente não dizer ou fazer nada que fosse contrário a essas convicções. Reservou para si, contudo, o direito de manifestar suas idéias e de combater, sempre que houvesse uma chance de vitória. No colégio, Plínio se engajava apenas em discussões limitadas e ocasionais. Ele refletiu profundamente sobre essa linha de conduta, e seguiu-a fielmente até os 20 anos. Como todo lutador sério deve fazer, Plínio estava aprendendo estratégia.

No período de 1918 a 1928, começou a estudar História seriamente, em particular a da França Aguardando a carruagem Salvador Sanchez

O espírito de Santo Inácio de Loyola, transmitido pelos seus professores no Colégio São Luís, foi um importante fator em sua formação

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rias da Europa, que eram inteiramente as da aristocrática e brilhante belle époque, destruída depois pela Grande Guerra. Assim era o mundo que Fraulein Mathilde descrevia para Plinio e sua irmã, durante as longas reuniões de entretenimento destinadas a ensinar-lhes conversação em francês e alemão, sempre acompanhadas de reflexões sobre aquele período de cerimônias aristocráticas e bom gosto. No colégio, Plinio teve o choque de uma atmosfera completamente diversa daquela cultivada pela Fraulein e pela sua família. Os alunos que ele encontrou formavam um vasto mundo de pequena gente nesciamente e.ntregue ao processo promovido tão vigorosamente pelos filmes de Hollywood, que estavam "democratizando" a vida brasileira. Para os colegas de Plínio, a palavra "americano" envolvia o mais alto elogio: significava modernidade, dinamismo, capacidade para auto-realização, pragmatismo, desdém pela cultura e reflexão, entusiasmo pela agitação e aventura, igualitarismo e sensualidade. A pal avra "americano" adquiriu este sentido da imagem simplista e deform ada dos Estados Unidos, apres ntacla nos filmes de Hollywood, de cuja autenti cidade mundo pueril brasil eiro, d meninos ele col égio, nunca duvidou. O colégio ofereceu entretanto, para Plini , a mesma opção que sua família: u ele res istiria heroicamente como um lutador, ou apitu laria interna e externamente, aderindo para sempre às transformações que sua alma repudiava. Seus esforços para encontrar colegas que estivessem em total acordo com ele sempre terminavam com a mesma conclusão melancólica: não havia nenhum. Compreendendo que ele estava só, em sua convicção, Plinio sentiu a impossibilidade de lutar quixotescamente contra tudo e contra todos. Adotou eµtão uma linha de conduta que lhe permitiu permanecer fiel, tanto interna quanto externamente, às convicções que amadureciam em sua alma.

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ele e seus circundantes encorajou-o a voltar a atenção para a análise e o pensamento abstrato, com vistas a definir com maturação a objetividade e o valor lóg'ico de todos os seus pressupostos básicos. Para ajudar nessa meta, começou a estudar História seriamente, em particular a da França, e a dedicar-se ao estudo da doutrina católica acessível a rapazes de sua idade. Por suas leituras da história européia, Plínio tinha algum conhecimento da Civilização Cristã do passado; e em torno de si ele encontrou alguns vestígios daquela civilização como ainda existindo. Mas sobretudo viu a Igreja Católica, ainda incontaminada pela poluição da nova ordem e ainda brilhando com uma luz celeste e régia. O esforço intelectual de Plínio voltou-se agora para uma tarefa positiva: começou a compor um quadro global do que a Igreja era e o que a Civilização Cristã havia sido. A questão idealista e prática que ele procurava responder era: o que poderia ser feito para conter a onda de destruição que está avançando em todas as frentes? Em seguida ele se interessou pela pergunta positiva: como um mundo fiel à doutrina e à tradição do Ocidente cristão, fortalecido e renovado, poderia ser reconstruído? Ele estava investigando qual o processo de renovação que preservaria os valores perenes da Igreja e da tradição, e a expansão de seu espírito sobre toda a terra, num aperfeiçoamento que atingisse todos os homens.

Uma tarefa positiva: reconstruir a civilização cristã No São Luís, Plinio encontrou-se pela primeira vez com o que seria um importante fator em sua formação: o espírito de Santo Inácio de Loyola, transmitido por seus professores, os padres da Companhia de Jesus. Ele era atraído pela profundidade, seriedade e coerência com as quais o método de Santo Inácio ensina e convida as almas a praticar a religião até as suas últimas conseqüências. A influência religiosa que Dona Lucília exercera sobre Plínio encontrou no método inaciano os elementos lógicos necessários para tornar sua convicção ponderada e madura, amada com entusiasmo. A partir daí, tornou-se mais observante das práticas religiosas e da freqüência aos Sacramentos. Aprofundou também sua devoção à Bem-aventurada Virgem Maria, que gradualmente se transformou no principal pilar de sua formação espiritual. Plinio compreendeu assim, no Colégio São Luís, que a batalha pró ou contra Deus e a Igreja é a razão de todos os acontecimentos que sucedem na Terra. Na fidelidade a essa Igreja, o mundo tem os meios de ancorar seus melhores ideais numa rocha firme e rejeitar toda forma de erro e de mal; pelo contrário, se ele rejeita Deus e a Igreja, os costumes sociais, as instituições, os povos e toda a civilizações marcham de modo insopitável para a destruição. A nova ordem de coisas que o rodeava, baseada n secularismo, era vazia, inconsistente e fadada à destruição. Na ivili za ã ri stãele vi aaúnica ordemperfeita, uma ordem justa e capaz de inspirar um progre so autêntico,judicioso, completamente diferente do galopar demente para a prosperidade e o prazer, proclamado como tal pela nova ordem.

Estudo da História e da doutrina católica O período de 1918 a 1928 foi de frutuosa interiorização para Plinio. A crescente oposição entre

Características do processo mental de um "pensador" de 10 a 20 anos Relembrando as características do processo mental de Plínio, apresentadas acima, talvez seja necessário fazer aqui alguns esclarecimentos sobre os traços que emergiram de tudo o que foi dito. Primeiramente com relação ao espírito positivo de síntese, que se vê desenvolver-se na mente de Plínio, é necessário compreender as limitações óbvias, inerentes a uma tentativa de construir corajosamente uma síntese original e grande com os elementos incompletos à disposição de um "pensador" de dez a vinte anos de idade. Segundo, é necessário saber que, aprendendo a construir sua síntese, Plinio usou tanto o erro quanto o mal como elementos de contraste, para melhor saber avaliar o verdadeiro significado da Igreja e da Civilização Cristã. Através do erro e do mal, especialmente em sua perspectiva histórica, Plínio tornou-se mais profundamente cônscio da verdade e do bem. Assim, a partir dos 13 anos, Plínio orientou suas leituras de História mais ou menos em torno da Revolução Francesa, e começou a estudar a Revolução Russa a partir dos 17 anos. Ambas as revoluções forneceram inesgotável matéria para os contrastes entre as trevas e a luz, dando-lhe os meios para esboçar contornos mais definidos para seu próprio pensamento e síntese. Revolução e Contra-Revolução e a TFP estavam, pois, começando a germinar cada vez mais vigorosamente em sua mente.

Parte li

Proeminente líder católico com destacada atuação nacional

E

ssa germinação do ideal de plena restauração da Civilização Cristã parecia estar se debatendo contra os recifes da futilidade. O que poderia um só homem fazer? Onde estavam os "outros"?

Em busca dos "outros" É verdade que, na Congregação Mariana do Colégio São Luís, Plinio encontrou colegas diligentes em suas orações e na recepção dos Sacramentos; entretanto, em nenhum deles alcançava ver horizontes religiosos que se estendessem além da preocupação individual da salvação da própria alma. Essas pessoas não acompanhariam Plínio ao longo

da extensa, luminosa, mas terrível via pela frente. Ainda procurando os "outros", Plínio concluiu seu curso secundário e ingressou no primeiro ano da prestigiosa Faculdade de Direito de São Paulo. Aqui, Plinio encontrou um corpo docente totalmente marcado por um secularismo jurídico; e o corpo estudantil, predominantemente de pequena e média burguesia, manifestando as mesmas tendências que as dos estudantes do Colégio São Luís, apenas acentuadas com o passar do tempo. "Mais eles mudam, mais continuam os mesmos" - pensou o perplexo Plínio. Não obstante, permaneceu fiel em sua decisão e esperou, em seu isolamento interior, pelos "ou-

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Da esquerda para a direita: Faixa colocada diante da igreja de Santo Antonio, convidando os jovens para o Congresso da Mocidade Católica Sessão do Congresso realizada no interior da igreja de São Bento, na primavera de 1928 Dr. Plinio com a bancada de constituintes paulistas, da qual ele foi o deputado mais jovem e o mais votado para a Assembléia Nacional constituinte de 1934 Plinio Corrêa de Oliveira e redatores do "Legionário" com D. Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo, na escadaria do palácio Arquiepiscopal Dr. Plinio e alguns dos membros do grupo do "Legionário" na Sede da Rua Martim Francisco

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tros" que ele sabia que viriam. E quando a espera parecia sem fim e inútil, os "outros" vieram. E vieram de um modo e em número totalmente inesperados. Devido à influência dos "espíritos fortes" e dos "americani ta "sobre a opinião pública brasileira, o consenso popular era de que as mulheres, para corresponder à sua missão na vida como filhas, esposa e mães, necessitavam de sua fé e de sua religião. Ao mesmo tempo, esses mesmos sustentavam - contraditoriamente - que a religião destruía no homem a masculinidade. Se um homem católico quises e praticar seriamente a religião, a opinião pública o compelia a fazê-lo secretamente, ou então a enfrentar sarca mos de descrédito. Como todos os erros populare , e sa concepção falsa e contraditória continha um fragmento de verdade. Implicitamente esse erro dava te temunho da influência da Religião Católica como adversária per diametrum dos erros que Plinio tinha tanto em vista. A realidade oculta por esse erro era de que o processo de "democratização", modelando e formando a opinião pública brasileira, estava compelindo subrepticiamente os homens, não as mulheres, a se tornarem seguidores militantes da Revolução. Deste modo, na primavera de 1928, quando Plinio viu ostentada, numa praça central de São Paulo, uma faixa convidando os homens católicos a assistirem a um congresso a realizar-se proximamente, ele a viu corno símbolo de uma audaciosa quebra da conformidade à influência dos "espíritos fortes" e "americanistas". Inscreveu-se imediatamente, e nesse congresso, ao qual compareceram centenas de jovens fervorosos, encontrou os "outros" que vinha esperando. A partir daí, o ritmo de pensamento e estudo ele Plinio acelerou-se, e ele começou a incorporar ambas as atividades na vida de ação, requerida do líder católico que imediatamente se tornou.

CATOLICISMO

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Juventude católica: Plinio emerge como líder

O Brasil em crise; reação dos meios católicos

Durante a década de 1928 a 1937, quando Plinio Corrêa de Oliveira emergiu como líder católico, um intenso movimento católico brotou entre os jovens brasileiros, particularmente entre os de baixa e média burguesia. O Congresso da Juventude Católica, ao qual Plinio assistiu em setembro de 1928, foi a afirmação inicial desse movimento nascido das Congregações Marianas de jovens em São Paulo e espalhado por todo o imenso território brasileiro. Dentro de dez anos, as Congregações Marianas se tornaram uma força nacional de primeira magnitude. Este movimento se caracterizava por uma intensa sede de e piritualidade católica e por sérias preocupaç e. sociais, com uma decidida atitude anticomunista. Al ém di sso, de uma maneira efetiva, embora difusa, es. e m vimento era ho til a todas a facetas anticristãs da Revolução Francesa e de seus fruto ideológicos culturai s. O crescimento de sua influência expandiu o trabalho das Congregaçõe Marianas, dando origem a um inten o pr grama de conferências e palestras em concentrações públicas de todos os tipo . Imediatamente dedicou-se a essas novas responsabilidade , começando na Congregação Mariana da Paróqui a de Santa Cecília, em São Paulo, e logo em seguida estendendo sua atividade por todo o Estado de São Paulo e todo o Brasil. Com eu ardor, seu talento para falar e discursar, e sua capacidade para organizar, Plínio rapidamente tornou-se o mais proeminente líder mariano do Brasil. Na Faculdade de Direito de São Paulo, quando em 1929 o corpo estudantil tornou-se receptivo à renovação religiosa, Plinio iniciou a Ação Universitária Católica, que rapidamente veio a ser uma força dentro dos círculos acadêmicos.

Entrementes, enquanto Plinio estava preocupado com suas responsabilidades de líder católico, o Brasil atravessava grandes crises. Em 1929, uma quebra no mercado do café criou uma dramática crise financeira, na qual grande parte da aristocracia rural, inclusive a família materna de Plinio Corrêa de Oliveira, perdeu a maior parte de sua fortuna. Em 1930 explodiu uma revolução liberal, fortemente apoiada pelo comunismo incipiente, depondo o Presidente da República Washington Luís e infligindo irreparável golpe contra o poder político da aristocracia rural de São Paulo e de outros Estados. Politicamente, as grandes cidades, formadas em torno de concentrações industriais e comerciais já em avançado estágio de desenvolvimento, começaram a empurrar as regiões rurais e seus antigos líderes para um segundo plano de influência. Assim, com uma ditadura militar trabalhista instalada no Governo Federal, sob a proteção e liderança de Getúlio Vargas, o Brasil sentiu-se deslizar para uma aventura de esquerda. Em 1932, as classes dirigentes do Estado de São Paulo, numa tentativa de deter o curso dos acon tecimentos, se revoltou. Este movimento, embora fracassado, forçou Getúlio Vargas a convocar uma Assembl éia Constituinte que renovaria a organização política do País. Compreendendo que a ação da Constituinte poderia decidir o fu turo político, Plinio e dois bons amigos - o escritor recentemente convertido Alceu de Amoro o Lima, e o arquiteto Heitor ãa Silva Costa, que projetou a mundialmente famosa estátua de Cri to Redentor no morro do Corcovado, no Rio - conceberam a idéia de uma Liga Eleitoral Católica destinada a orientar os eleitores católicos a escolher os candidatos políticos mais favoráveis à causa católica. O Cardeal Sebastião Leme, Arcebispo do Rio de Janeiro e líder natural do Epis-

copado, aceitou a sugestão e em pouco tempo a Liga florescia por todo o País.

Papel decisivo para o triunfo da Liga Eleitoral Católica Plínio Corrêa de Oliveira foi o secretário geral da Junta Arquidiocesana da Liga em São Paulo. A qualidade do serviço que ele prestou levou o Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, a escolhê-lo como candidato a deputado na coalizão de partidos e forças sociais formadas então. Quando vieram as eleições, Plinio, com apenas 24 anos, surpreendeu a si mesmo e a todo o Brasil recebendo 24 mil votos, mais do que qualquer outro candidato no país! O candidato que mais se aproximou dele em São Paulo recebeu pouco mais de 12 mil votos. Esse surpreendente triunfo conferiu a Plinio uma projeção em todo o Brasil, que foi além dos círculos especificamente católicos. Contudo, não sem certa malícia, muitos brasileiros se perguntavam como um inexperiente advogado, recém-saído dos bancos acadêmicos, se apresentaria no meio de experientes políticos, a maior parte dos quais eram diametralmente opostos às idéias sustentadas pela Liga. A plataforma da Liga Eleitoral Católica advogava o restabelecimento do ensinamento religioso obrigatório nos colégios estatais, a proibição do divórcio, o reconhecimento de efeitos civ is para o casamento religioso e a introdução de capelanias nas Forças Armadas e nas prisões. O desempenho das funções parlamentares de Plinio foi decisivo, tanto na tribuna quanto nos entendimentos pessoais com outros deputados, para que a plataforma completa da Liga Eleitoral Católica fosse inscrita na nova Constituição, promulgada em 16 de julho de 1934. Tornou-se então manifesto que Plinio Corrêa de Oliveira fora um dos mais brilhantes e eficientes líderes católicos da Assembléia Constituinte. eATo

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A nova Constituição, promulgada em nome de Deus, permitiu a fundação de universidades particulares reconhecidas pelo Estado. Esta cláusula abriu para Plinio as portas do magistério universitário . Em 1934, o governo de São Paulo nomeou-o professor de História de Civilização Contemporânea do Colégio Universitário da Faculdade de Direito de São Paulo, onde apenas cinco anos antes ele havia sido aluno. Pouco tempo depois, Plinio

foi nomeado professor de História Moderna e Contemporânea nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras "Sedes Sapientiae" e "São Bento", que foram reconhecidas pelo Governo Federal e setornaram o núcleo inicial da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Finalmente, em acréscimo a suas outras honras, Plinio foi nomeado diretor do prestigioso semanário católico "Legionário". Suas possibilidades para a ação ficaram então enormes.

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O primeiro livro de Plínio Corrêa de Oliveira recebeu carta de louvor de Mons.J. B. Montini, Substituto da Secretaria de Estado, futuro Papa Paulo VI, escrita em nome do Papa Pio XII

freu um golpe do qual jamais se recobrou. Mais ainda, é duvidoso que o progressismo pudesse terse recuperado e adquirido a influência de que goza hoje no Brasil, não fossem certos acontecimentos posteriores à eleição de João

XXIII.

cio, os círculos católicos do Brasil foram estremecidos pela surpreendente elevação do Pe. Sigaud à posição de Bispo de Jacarezinho. Mal começavam a acalmar-se as especulações em torno da designação do Pe. Sigaud, os católicos brasileiros tomaram SECUTEl lA OI $TATO conhecimento da nomeação . SUA SA NllTÀ de Mons. Antonio de Castro <1: Mayer para Bispo de Cam, 1111 llkffjo plet1t, JM'rMoh11 BHII Ufmo ,..,, . a:o. pos. Plínio Corrêa de Oliveift cur o ,t d lllg t11llo ,ra. ,ar11 ... . ra e seus fiéis amigos eram loi,c:mu rn,,. ACIIOIUtll ti '"º""' d,w,lt u,1.,uull 011111ub1u op0,. agora defendidos e reconheIrra oppor1ot llahmn od l 1u,,.1,rllloci opo1 lolC1 hu cr11nlf1. rc111 /ormarn o,q vr p,, Pf n.dl d pretvthl . ro•t11J•~ ,z º"'"'º "°'º cidos por Roma como defendu,110 mah,,ouru /n,clu ti pavn com,{IJ: /toe sores da Fé*. OH oburvcv1flG ,11 , ''º""º' Tlbl Em 1948, Plinio recebeu a seguinte carta, assinada por Mons. João Batista Montini, então substituto da Secretaria de Estado, e escrita em nome do Santo Padre Pio XII:

Devido ao extraordinário acerto de seu lance, Plínio Corrêa de Oliveira tornou-se alvo de uma violenta campanha de calúnias, emanadas de círculos progressistas enragés. De incontestável líder católico de proeminência, tornou-se então uma das mais controvertidas figuras católicas em todo o Brasil. Um vácuo começou a se desenvolver em torno dele, ao mesmo tempo que os convites para discursos e conferências começaram a desaparecer, e a circulação do "Legionário" a decair, com a debandada de muitos de seus colaboradores medrosos. Finalmente, Plinio ficou com apenas um pequeno núcleo de amigos, menos de dez, que se tornaram conhecidos como "Grupo do Legionário". Em 1947, quando o "Legionário" mudou de mãos, Pli-

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Lutador católico do século XX

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co no Brasil, Mons. Bento Aloisi Masella, futuro Cardeal e Camerlengo da Santa Igreja, escreveu o prefácio para o livro "Em Defesa da Ação Católica"

Progressismo divide a opinião católica Plinio Corrêa de Oliveira decidiu lutar contra ele desde o seu nascedouro; e ainda continua a fazêlo, com intensidade cada vez maior (década de 70). O progressismo começou no Brasil em 1935, quando o episcopado nacional, por mandato coletivo, fundou a Ação Católica brasileira. Tristão de Athayde foi nomeado Presidente Nacional da or-

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CATOLICISMO

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ganização e Plinio Corrêa de Oliveira foi feito Presidente do setor correspondente ao Estado de São Paulo. Desde o início, Plínio notou que padres e freiras recentemente chegados da Europa injetavam estranhas doutrinas, avidamente recebidas por certos grupos fanáticos nas fileiras da Ação Católica. Os esforços que envidou para desmascarar esses elementos subversivos não encontraram senão indiferença, mesmo entre os bispos. A crescente apreensão de Plínio Corrêa de Oliveira pela crise que havia começado na Ação Católica provinha de sua certeza de que, muito mais do que uma escaramuça local, pelo contrário, ela envolvia toda uma estrutura de solidariedades mais ou menos veladas, em níveis nacional e internacional. E prometia transformar-se na maior heresia do século, ou talvez da História, dentro da Igreja Católica. Em vista disso escreveu, em 1943, Em def esa da Ação Católica, um brado de alerta contra a insidiosa infiltração progressista. O livro contou com expressivo prefácio do Núncio Apostólico no Brasil, Mons. Bento Aloisi Masella, futuro Cardeal e Chanceler da Santa Igreja. Plinio nunca foi um intelectual movido por razões meramente especulativas e nunca escreveu livros restritos a uma audiência de autores. Ele se tornou, pelo contrário, um lu tador que usa da ideologia como de um gládio. Em menos de meio ano depois de sua publicação, Em defesa da Ação Católica tinha dividido a opinião católica brasile ira do cume até a base: bispos e clérigo manifestaram- e publicamente a favor ou contra o livro, e a Ação Católica, transformada numa fortaleza de idéias progressistas, so-

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ma profunda divisão na opinião pública católica começou a pôr obstácu los à importante influência das atividades de PJinio. Essa divergência o separou de muitos católicos que eram os mais qualificados para colaborar com ele.

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PALÁCIO oo VATICANO, 26 de fevereiro de 1949 Preclaro Senhor, Levado por tua dedicação e piedade filial, ofereceste ao Santo Padre o livro "Em defesa da Ação Católica", em cujo trabalho revelaste aprimorado

nio e seus amigos perderiam até a denominação

cuidado e aturada diligência.

pela qual o grupo era conhecido.

Sua Santidade regozija-se contigo porque explanaste e defendeste com penetração e clareza a Ação Católica, da qual possuis um conhecimento completo, e a qual tens em grande apreço, de tal modo que se tornou claro para todos quão importante é estudar e promover tal forma auxiliar do apostolado hierárquico. O Augusto Pontífice de todo o coração faz votos que deste teu trabalho resultem ricos e sazonados frutos, e colhas não pequenas nem poucas consolações. E como penhor de que assim seja, te concede a Bênção Apostólica. Entrementes, com a devida consideração, me declaro teu muito devotado,

No ostracismo, intervenção da Providência e da Santa Sé

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No pequeno núcleo de corajosos e persistentes amigos de Plínio havia duas figuras de destaque do clero mais jovem do Brasil naquele tempo: Mons. Antonio de Castro Mayer e o Pe. Geraldo de Proença Sigaud. Ambos endossaram Em defesa da Ação Católica, e em conseqüência sofreram represálias: Mons. Mayer foi transferido de Vigário Geral para vigário administrativo de humilde paróquia de São Paulo, e o Pe. Sigaud foi enviado para a Espanha. Entretanto, a grande agonia para Plínio e seus amigos não era a perseguição injusta que sofreram em conseqüência de sua defesa da Fé. Pelo contrário, o que os mortificava era a aparente indiferença da Santa Sé, cujos ensinamentbs esses homens todos defendiam, e pelos quais morreriam se necessário. Plínio, o lutador católico e seus amigos, sentiam-se abandonados e desamparados por sua própria Mãe, a Santa Igreja Católica Romana. Mas nem a Providência nem Pio XII estavam dormindo. Após alguns anos de completo silên-

(a) J. B. Montini, Substituto

Reagrupamento da "família de almas" em torno de "Catolicismo" Entretanto, era tal a influência de certos elementos progressistas, que, não obstante a aprovação de * Nota da Redação - Muitos anos depois dos fatos aqui narrados, os dois bispos citados tomaram, cada um a seu modo, rumos diferentes, afastando-se do Grupo de Plínio. CAT OLICISMO

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I Congresso Latino-Americano de Catolicismo, realizado em Serra Negra (SP), em 1961. Dele participaram 350 brasileiros e 20 hispanoamericanos. Escritor brilhante, Plínio Corrêa de Oliveira sempre colocou sua pena a serviço da causa católica. Ei-lo na biblioteca da sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Pará, na capital paulista, na década de 60.

Roma, o ostracismo de P linio conti nuou. E le começou a d]ssipar-se em 195 1, qua ndo Dom Antonio de ütstro Mayer* fundou o mensário de cultura "Catolicismo" e convidou todos os antigos me mbros do "Grupo do Legionário" a colaborarem. "Catolicismo" espalhou-se rapidamente pelo Brasi l inteiro, urna vez que Plinio Corrêa de Oliveira tinha ainda muitos amigos, apesar de serem isolados e desencorajados. An imados e esperançosos com a promessa da rápida aceitação do "Catolicismo", Plínio e seus amigos novamente se preparavam para fazer "guerra" contra os inimigos ela Igreja. O tempo livre proporcionado ao Grupo pelo ostracismo dera-lhe excelente oportunidade para sérios estudos. Mais ainda, o convívio d iário e ntre os membros fortalecera seus laços espirituais e a mútua compreensão, a ponto de se tornarem urn a verdadeira família de almas. Em 1949, um grupo de jovens pertencentes às principais famílias de São Paulo, não encontrando clima para continuar na Congregação Mariana do Colégio São Luís, devido à sua adesão aos princípios sustentados pelo "Legionário", veio tomar parte e aumentar o número da familia de almas, agora dedicada a resistir contra todos os esforços para a destruição da Igreja. Entusiastas e de ré militante, esses jovens começaram a percorrer as principais cidades do Brasil, para conseguir outros jovens que difundissem

A partir de 1961, tornou-se necessário substituir a "Semana de Estudos" anual por reuniões reg ionais, distribuindo- se os vários grupos de acordo co m a idade, de forma a acomodar melhor o grande número de participantes que afluíam para a defesa dos ideais de "Catolicismo". A presença de participantes argentinos e chilenos em "semanas de estudos" brasileiras resultou diretamente do entusiasmo e avidez dos veteranos e novos membros do "Grupo do Catolicismo", de descobrirem outros membros de sua família de almas em toda a América do Sul. Em Buenos Aires eles encontraram um excelente grupo de jovens católicos, associados à revista "Cruzada". Em Santi ago do C hile descobriram outro proeminente grupo, ligado à revista "F iducia" . A compatibilidade e mútua compreensão entre os colaboradores dessas três publicações foi tão rapidamente manifesta, que nenhum deles duvidou em momento algum que pertenciam a uma só fanu1ia de almas , unidos em Cristo. Enquanto passavam os anos, a fanu1ia de almas crescia de modo simil ar, através da descoberta de novos membros e grupos no Uruguai, Colômbia, Venezue la, Eq uador, Peru e Bolívia. E m breve, o processo que estava se desenvolvendo na América do Sul começou a ter repercussões nas velhas nações ibér icas mães, Espanha e Portugal. A partir de 1968, membros da mesma fa míli a de almas começaram a aparecer na Espanha, e logo depois em Portugal. O mesmo fenômeno ocorreu nos Estados Unidos, Canadá e França. O crescimento da família de almas tornara necessário dar um fund amento definitivo e jurídico a toda essa e trutura de relações. Conseqüentemente, em J 960 foi fundada a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, indicando por seu título os três objetivos imediatos da organização. E m 1967, os grupos argentino e chileno, juridicamente autônomos, constituíram-se também em associações TFP. Outros grupos se seguiram, sendo o mais recente deles a TFP norte-americana, fundada em 1974.

"Eco fidelíssimo do Supremo Magistério da Igreja" "Catolicismo" e se ·aliassem a eles na defesa da Fé. Para coordenar seus esforços em âmbito nacional, começaram a promover anualmente "Semanas de Estudos" em São Paulo. A primeira delas realizou-se em 1953. Em l 961, a "Semana de Estudos" tinha crescido o bastante para poder chamar se Congresso Latino-americano de "Catoli cismo", recebendo 400 participantes do Brasi l, bem l'OlllO <:ontingentes ela Argenti na, cio Ch il e, e de out rns pa fscs latino-americanos . 26

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Assim, o trabalho, a bata lh a e a mentalidade de P linio Corrêa de Oliveira. são todos perfeitamente consoantes e harmo ni osos. Em 1974, Plinio atin-

* Nota da Redação - Dom Ant oni o de Castro Mayer, juntamente com o Arcebi spo rran ·Gs Ma rcel Lefebvre, foi excomungado medi ant e dcct"'IOda Sunia Sé, cm 1° de julho de 1988. E já nesta épocu ·ru público l.l notório o dista nciamento, ocorrido vári os anos unt ·s, do Prof. Plin io e da TFP em relação aos do is preludos, ·onfo rt1t t.) fo i amplamente noti ciado pela im1 rcnsa por ocas i11o dnq uelc rumoroso decreto (cfr. "Folha de S. Pa ul n", 2 • 17 7-88;" orrcio Braziliense", 3-7-88; "O Globo", 9 7 88 • ''O Estudo de S. Pa ulo", 2 e 17-8-88).

Desfile após

a Missa em sufrágio das almas das vítimas do comunismo, promovida pela TFP, em novembro de 1967, por ocasião do cinqüentenário da revolução bolchevista

giu seus 66 anos, enfrentando grandes desafios com entusiasmo crescente e uma profunda sabedoria adquirida em meio a tragédias, e obtendo vitórias gloriosas na contínua batalha em defesa da Igreja contra seus inimigos. Ele não tem, contudo, nenhuma ilusão sobre a magnitude do mal que afeta hoje todo o gênero humano, As trevas que circundam a pequena luz de seus modestos sucessos cresce cada dia mais. As maiores aflições para Plinio Corrêa de Oliveira e a TFP são causadas, no entanto, pela cada vez pior crise progressista na Igreja, o processo de autodemolição pelo qual Ela está passando e a difusão universal da abominável e pestilencial fumaça de Satanás dentro dEla, segundo fórmula muito expressiva utilizada pelo Pontífice reinante [PauloVI] *, A instrução de Plínio, sua vida espiritual e seus estudos fizeram dele acima de tudo um servidor do Papado, Carta enviada oficialmente pelo Cardeal Giuseppe Pizzardo, prefeito da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades, elogiando o ensaio de Plinio Corrêa de Oliveira intitulado A liberdade da Igreja no Estado comunista, a el e se referiu como sendo "um eco fidelíssimo dos

Documentos do Supremo Magistério da Igreja". Lendo a carta, Plinio ressaltou que "eco fidelíssimo" era o título que ele mais desejaria para si. À medida que se sucedem os anos, o amor de Plinio e sua obediência incondicional ao Vigário de Cristo e à Santa Sé intensificam-se. Pode-se portanto imaginar a enorme tribulação que lhe causou a détente de Paulo VI com os regimes comunistas . Esta política criou um estado de coisas diante do qual ele e todas as TFPs enfrentaram a supremamente dolorosa alternativa: cessar a luta contra o comunismo ou se declararem publicamente em estado de desacordo e resistência em relação à détente do Vaticano . Plínio Corrêa de Oliveira escolheu a resistência, e expôs sua posição num documento que é um poema de fidelidade ao Papa e ao Papado.

Endossada por todas as TFPs, a "Declaração de Resistência" foi publicada na íntegra em importantes diários da.América do Sul, dos Estados Unidos e do Canadá, e muitos católicos sentem que seu próprio pensamento está expresso no histórico documento. Embora várias autoridades eclesiásticas, no mundo inteiro, tenham manifestado seu desacordo pessoal com esta tomada de atitude elas TFPs, nenhuma delas contestou a legitimidade do estado de resistência, do ponto de vi sta canônico. O que, evidentemente, não teriam deixado de fazer se houvesse a mínima falha nessa posição. Ê claro que a batalha em defesa da Igreja, contra aqueles que querem destruí-la, ainda não terminou . Os esforços furibundos de Lúcifer para destruir a obra redentora de Cristo não terminarão até o dia do Juízo Final, quando a parte do gênero humano que se tiver salvo proclamará Cristo como Soberano Senhor da História, título que Lúcifer ambiciona para si mesmo, Até então, a humanidade deve batalhar para defender aquelas verdades pelas quais o próprio Cristo fez o Sacrifício Supremo. Ê o que Plinio Corrêa de Oliveira, um lutador católico do século XX, vem fazendo. Se ele enfrenta com serenidade um futuro incerto, é porque se colocou ao serviço de seu Senhor, como escravo de Nossa Senhora, a autora de todas as suas realizações. Em todos os seus esforços ele não quer senão ser instrumento dEla. Sua confiança provém da absoluta certeza de que a batalha atualmente travada sobre a face da terra - a batalha entre Lúcifer e o Coração Imaculado de Maria - continuará através dos calamitosos dias de punição e catástrofes previstos em Fátima, e terminará com a aurora de uma nova era histórica, o Reino de Maria, também predito por Nossa Senhora em Fátima, quando Ela disse:

"Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará",

* Notada Redação -Cfr. Alocução "Resisti te fortes in fide", de 29 de junho de 1972.

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VIDAS DE SANTOS

servo perfeito da Dama Pobreza PuN10 MARIA SouMEo

Uma das maiores vocações da História da Igreja, o fim.dador da Ordem Franciscana recebeu os estigmas do Redentor e tornou-se um sustentáculo da Igreja universal; modelo de despojamento total, não desprezava os ricos; possuía a alegria que deriva da pureza do coração e da constância na oração ão Francisco de Assis, um dos santos mais populares do mundo, marcou profundamente não só a vida da Igreja, mas também a sociedade tempora l de sua época. Comemoramos sua festa no dia 4 deste mês. Poucos antos exerceram uma influência tão determinante na história civil e ecles iástica le seu tempo como o Poverello de A. sis. poucos terão levado as máximas evangélicas tão longe quanto esse homem que se identificou tanto com Nosso Senhor Jesus Cristo crucificado, que mereceu receber em seu corpo os sagrados estigmas da Paixão. Francisco nasceu em l 182 na pequena e poética cidade de Assis, situada nos Apeninos. Seu pai foi Pedro Bernardone - que se tornará famoso por sua usura e cegueira em relação ao filho - e sua mãe uma dama de origem francesa, de nobre sangue e grande virtude, chamada Pica. Narra uma lenda que esta, sentindo as dores do parto, não conseguia dar à luz, até que se trasladou à estrebaria da casa, nascendo assim Francisco, à semelhança do Salvador, sobre a palha, entre o asno e o boi.

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Alegre, esbanjador, mas temente a Deus Nada sabemos da infância do Santo. Na Legenda de São Francisco (ou Dos Três Amigos), escrita por três de s ·us primeiros discípulos, lemos: "- Já crescido, como era dotado de inteligência viva, dispôs-se a continuar o <!/leio patemo, isto é, a mercancia, porém com outros ent,•11rli111c'11tos, f)Oi.l' ele era muito mais alegre e liberal do q11e o /){li ; w>,1·tava de andar em festiva companhia, quer d11ro11te o dia q11er durante a noite, pelas estradas de As-

Afresco de São Francisco em Subiaco. Segundo antiga tradição, esta é sua verdadeira fisionomia.

sis, em divertimentos e cantos, e era tão grande esbanjado,; que gastava em reuniões e banquetes tudo quanto ganhava" 1• Ao que acrescenta São Boaventura, terceiro geral dos franciscanos, contemporâneo e póstero do Poverello: "Mas, com o auxílio divino, jamais se deixou levar pelo ardor das paixões que dominavam os jovens de sua companhia" 2 . O próprio Francisco confessa: "-Eu verdadeiramente creio nunca haver, por graça de Deus, cometido falta sem ter feito disso expiação, confessando o meu pecado e arrependendo-me da minha culpa" 3• Alegre, jovial, desprendido, genti l, afável, "- o Senhor incutia em seu coração um sentimento de piedade que o tornava generoso com os pobres. Este sentirnento foi crescendo em seu coração; e impregnou-o de tanta bondade, que ele decidiu, como ouvinte atento que era do Evangelho, ser generoso com quem lhe pedisse esmola, sobretudo a quem pedisse por amor de Deus " 4 , de modo a dar até parte de seu vestuário, se não tivesse mais dinheiro. A popularidade que Francisco adquirira até então entre seus conterrâneos devia-se mais às suas qualidades morais que às físicas, pois "- era pequeno e de aspecto miserável" 5, atraindo pouco a atenção daqueles que não o conheciam.

"Despreza o que amaste" entrega à Dama Pobreza Levava ele essa alegre e despreocupada vida, quando teve as primeiras revelações divinas que o chamavam para uma vida mais elevada. Rezando um dia na igreja de São

Damião, ouviu o Crucificado pedir-lhe que restaurasse Sua casa, que estava em ruínas. Tomando as palavras literalmente, empenhou-se na reforma não só desse templo, mas de dois outros mais. O Divino Redentor, porém, pediu que sobretudo restaurasse não os edifícios das igrejas, mas a própria Igreja enquanto instituição. Mas disse-lhe o Salvador: "Se queres conhecer minha vontade, precisas desprezar todas as coisas que até aqui materialmente amaste e desejaste. Quando tiveres feito isto, ser-te-á agradável tudo quanto te é insuportável e se tornará insuportável tudo quanto desejas" 6. Foi então que interveio Pedro Bernardone, pois o filho dava de esmola tudo o que tinha e passou a levar uma vida considerada insensata pelo mundo. Ocorreu nessa época o conhecido episódio de o pai apelar ao Bispo para fazer cessar as "extravagâncias" do filho; este se apressa em despojar-se até da roupa do corpo, para satisfazer a ganância do pai. Depois disso Francisco entregou-se inteiramente ao que chamou a Dama Pobreza, segui ndo ao pé da letra os conselhos do Evangelho. Fundação dos Frades Menores

"Como outro Elias, começou Francisco a anunciar a verdade, no pleno ardor do Espírito de Cristo. Convidou outros a se associarem a ele na busca da perfeita santidade, insistindo para que levassem uma vida de penitência. Começaram alguns a praticar a penitência, e em seguida se associaram a ele, partilhando a mesma vida, usando vestes vis. O humilde Francisco decidiu que eles se chamariam Frades Menores" 7• Surgiram assim os primeiros l2 discípulos que, segundo registram os Fioretti, ''.foram hom.ens de tão grande semtidade que, desde os Apóstolos até hoje, não viu o mundo homens tão maravilhosos e santos " 8 . "Aqueles que vinham abraçar esta vida distribuíam aos pobres tudo o que tinham. Contentavam-se só com uma túnica, uma corda e um par de calções, e não queriam mais", dirá mais tarde Francisco em seu Testamento 9 . Os novos apóstolos reuniram-se em torno da pequena igreja da Porciúncula, ou Santa Maria dos Anjos, que passou a ser o berço da Ordem.

O Santo sustém a Igreja Católica Para obter a aprovação de sua incipiente Ordem, Francisco dirigiu-se a Roma. E o Senhor era com ele, pois,

pouco antes de chegar, e para preparar-lhe o terreno, "o Pontífice Romano viu em sonho a basílica de Latrão, prestes a ruir; mas um pobrezinho, homem pequeno e de aspecto miserável, sustentava-a com seus ombros, impedindo que ruísse" 10 • Quando o Sumo Pontífice viu em sua presença o Poverello de Assis, reconheceu-o, abraçou-o, e disse a ele e a seus companheiros: "Irmãos, ide com Deus e pregai a penitência, segundo vos será inspirada. Quando tiverdes crescido em número e o Senhor aumentado suas graças a vossofavo,; tomai a nós, que vos concederemos o que desejardes e ainda mais" 11 • Munidos dessa aprovação pontifícia, os novos religiosos saíram para pregar, em duplas, percorrendo as cidades da região e mostrando aos seus habitantes, pela palavra e pelo exemplo, o cam inho da salvação. Espírito e força de Elias Certa noite os frades viram um carro de fogo de um esplendor maravilhoso, com um globo brilhante, parecido

Monte Afverne, onde Francisco recebeu a maior graça de sua vida: os sagrados estigmas da Paixão de Nosso Senhor

com o sol, entrar pelo aposento em que estavam, dando três voltas no recinto. Compreenderam que Deus quisera mostrar-lhes, por aquela figura, "que seu pai Fran cisco viera 'no espírito e naforça de Elias '. Desde então [Francisco] penetrava os segredos de seus corações, predizia o futuro e realizava milagres. Estava patente para todos que

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Os Mandamentos da Lei de Deus (Ili) o espírito de Elias, duas vezes mais poderoso, viera habitar nele com tal plenitude, que o mais seguro para todos era seguir sua vida e ensinamentos " 12• Francisco manifestava seu amor a Deus por uma alegria imensa, que se expressava muitas vezes em cânticos ardorosos. A quem lhe perguntava qual a razão de tal alegria, respondia que "ela deriva da pureza do coração e da

constância na oração". Essa divina loucura da cruz, que assomou Francisco e lhe angariou muitos discípulos, devia atrair também uma jovem, filha do Conde de Sasso Rosso, Clara, de 17 anos. Desde o momento em que ouviu o Pobrezinho pregar, compreendeu que a vida que ele indicava era a que Deus queria para ela. Francisco tornou-se seu guia e pai espiritual de sua alma. Como os pais tinham outros planos para Clara, foi preciso que ela fugisse para a igrejinha da Porciúncula, onde Francisco cortou-lhe os cabelos e fê-la vestir um simples hábito. Nascia assim a Ordem Segunda dos Franciscanos, a das Clarissas. Duas semanas depois, Inês, irmã de Clara, a seguia no claustro, e mais tarde uma terceira, Beatriz.

Não desprezar os ricos Apesar de pregar sobretudo aos pobres e com eles identificar-se, "Francisco tinha o hábito de alertar seus discí-

pulos, exortando-os a não condenar e não desprezar 'aqueles que viviam na opulência e vestiam com luxo'. Dizia que 'também esses têm a Deus por senho1; e que Deus pode, quando quer, chamá-los, como aos outros, e torná-los justos e santos"' 13• Um desses nobres deu ao Poverello o Monte Alverne, onde ele receberia a maior graça de sua vida.

Encontro de dois homens providenciais Em 1217, indo a Roma, Francisco encontrou-se com outro luminar da Igreja da época, Domingos de Gusmão, que também havia fundado uma Ordem religiosa para combater a decadência dos costumes. Os dois santos se abraçaram, estabelecendo uma amizade solidificada pelo amor de Deus. Pouco depois Francisco recebia em sua Ordem um dos que seriam sua maior glória e se tornaria um dos santos mais popu lares do mundo, Frei Antônio de Lisboa - mais tarde, também "- de Pádua".

Dissabores e fundação da Ordem Terceira Uma das maiores dores de Francisco foi ver surgir uma nova tendência entre seus frades, chefiada pelo Superior Frei Elias, que dava uma orientação diferente da cio Santo, prin ·ipalmente em relação aos estudos e ao modo de se obs ·rvar a pobreza. Francisco chegou a amaldiçoar Frei P 'dro d • la ia, um dos frades da nova tendência.

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Por outro lado, eram tantos os leigos que, ligados pelos laços do matrimônio ou com outros encargos terrenos, não podiam observar inteiramente as regras franciscanas, mas queriam pertencer à sua família de almas, que Francisco fundou uma Ordem Terceira para abranger a todos. Muitos grandes personagens - como São Luís, Rei de França, e Santa Isabel, Duquesa da Turíngia - a ela pertenceram.

Co nc luímos hoje ~ estudo sobre os Dez M andamentos ela Lei de Deus, s gundo 0 Catec ismo M aior de Sao Pio X, apresentando o 7", 8" e 1O" mandamentos. texto aba ixo é re~p landecente ele doutrin a ca tóli ca sob re o dire ito ele propriedade, e quase se diri a escrito pa ra refutar os erros que hoj e co rrem nos meios ca tó li cos sobre esse ass unto.

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Sétimo Mandamento: não roubar " O sétimo mandamento proíbe tomar e reter inju ·tamente a propri edade alheia, e de prod uzir da no ao próximo em s ua prop ri edade de qualquer outro modo". É proibido ro ubar "porq ue se peca contra a justiça, e fazse injúri a ao próximo tomando e retendo, e ntra seu d ireito e sua vontade, aq uilo que lhe pertence". Comet -se também injusti ça contra o bem do próximo: "faze nd o-o perde r inju sta mente o que tem; danificando-o e m suas prop ri edades; não trabalhando conforme o dever; não pagand o, por malíc ia, as dívidas e mercadorias; ferindo ou matan lo ani mais que lhe pertençam ; danific a ndo ou c uid and o mal das coisas deix adas em custódia; impedindo alg ué m le obter um justo lucro; a ux iliando ladrões ; recebe ndo, escondendo ou compra ndo bens roubados . " Quem pecou contra o sétimo mandame nto, não basta que se confesse, mas é necessári o que faça o possível para restituir o bem roubado e sanar os danos causado . "A reparação dos danos é a co mpensação que se deve dar ao próxi mo pelos frutos e lucros perdido por causa do furto, e das o utras injustiças cometidas em seu prejuízo".

Recepção dos estigmas Dois anos antes de sua morte, tendo Francisco ido ao Monte Alverne em companhia de alguns de seus frades mais íntimos, pôs-se em oração fervorosa e foi objeto de uma graça insigne. Na figura de um serafim de seis asas apareceu- lhe Nosso Senhor crucificado que, depois de entreter-se com ele em doce colóquio, partiu deixando-lhe impressos no corpo os sagrados estigmas da Paixão. Assim, esse discípulo de Cristo, que tanto desejara assemelhar-se a Ele, obteve mais este traço de similitude com o Divino Salvador.

Cantando os louvores da "Irmã Morte" Em sua última doença, e já próximo à morte, queria Francisco que Frei Ângelo e Frei Leão permanecessem junto a seu leito para cantar os louvores da "Irmã Morte". Àqueles que se escandalizavam com essa atitude, respondia: "Por graça do Espírito Santo, sinto-me tão profunda-

mente unido ao meu Senhor Deus, que não posso deixar de me alegrar nEle" 14• "Por fim, tendo-se realizado nele todos os planos de Deus, o bem-aventurado adormeceu no Senhor, rezando e cantando wn Salmo" 15, no dia 4 de outubro de 1226, aos 45 anos, sendo canonizado apenas dois anos depois.

Notas: 1. Legenda de Seio Francis co, escrit a pelos três humildes irmãos

franciscanos Leone, Rufino e Angelo, no Ano da graça de 1246", transcrição li vre de Brasi l Bandecchi, São Paulo, 1957, p. 13. 2. São Boaventura, Legenda Maior e Legenda Menor - Vida de Seio Francisco de Assis, Vozes, 1979, p. 21. 3. Specumlum Perfectionis, in Johannes Joergensen, Seio Fran cisco de Assis, Vozes, 1957, p. 316, nota 345. 4. São Boaventura, id, ib. 5. ld. ib. , p. 174. 6. Legenda de Seio Francisco, p. 25. 7. São Boaventura, op. cit., p. 173. 8. Las Floreei/las, Zeus, Mad rid , 1963, p. 22. 9. Joergensen, op. cit., p. 137. 10. São Boaventura, op. cit., p. 174. 11. Legenda de São Fran cisco, pp. 66,67. 12. São Boaventura , id ., p. 175 . 13. Joergensen, op. cit., p. 2 16. 14. Id . ib. , p. 393. 15. São Boaventu ra, op. cit. , p. 200.

Oitavo Mandamento: não levantar falso testemunho

ffi CAT O

ICISMO

Outubro

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" O o itavo mandamento nos proíbe atestar falsamente em juízo ; e proíbe ainda a detração ou mu rmu ração, a ca-

lúni a, a adul ação, o juízo e a suspe ita temerários , e toda sorte ele mentiras. "A ca lúnia é um pecado que consiste em atribuir ma lig na me nte ao próxi mo c ulpas ou defe itos que e le não tem.

"Que m pecou co nt ra o oitavo man damento, não basta que se conf'csse, mas é obrigado ainda a retratar-se de tudo quanto disse ca luni a ndo o próx imo, e a reparar, cio melhor modo possíve l, os danos que lhe causou. "O o itavo mandamento nos orde na dizer sempre a verdade e interpretar no bom sentido, o quanto possamos, as ações ele nosso próximo".

Décimo Mandamento: não cobiçar as coisas alheias

Morte de Ananias - Gravura de Gustave Dorée (séc. XIX) . "Disse Pedro: Ananias, por que tentou Satanás teu coração, para mentires ao Espírito Santo a respeito do preço do campo? Ouvindo essas palavras, Ananias caiu e morreu" (Atos, 5, 4 e 5).

" Não é nunca lícito mentir, seja por brincade ira, seja para proveito, seja para vantagem de outrem , sendo a mentira co isa má em si. "A mentira, quan do é por gracejo ou ofic iosa (pa ra utilidad e própria ou alhe ia, se m prejuízo para ning uém), é pecado venial; porém, quando é danosa, é pecado mortal se o dano que causa é grave.

Este mandamento "proíbe o desejo de privar outrem ele seus bens e proíbe o desejo ele adquirir bens por meios injustos". Por quê? "Deus proíbe os desejos desregrados dos bens cio próximo, porque Ele quer que, mesmo internamente, sejamos justos e nos mantenhamos cada vez mais lon ge das obras injustas. "O décimo mandamen to nos ordena que nos contentemos com o estado cm que Deus nos colocou, e sorrer com paciência a pobreza, quando Ele nos quer nesse estado. "O cristão pode estar con tente, mesmo no estado ele pobreza, considerando que o maior bem é a consciência pura e tranqüila, que a nossa pátria verdadeira é o Céu, e que Jesus Cristo l'ez-se pobre por nosso amor e prometeu um prêmio especial a todos aque les que suportam com paciência a pobreza". ♦ ( ''' ) Edição original italiana do Con1pendio dei/a Dotlri1w Cri.1·1ia11a prescrito da S110 Sw11i1à !'opa Pio X. Tipografia Vaticana, Ro111a,

1905. Aqu i publ ica111os u111a tradução c111 1íngua portuguesa ele excertos do 111cncionaclo Catecismo.

CATO LIC IS MO

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INTERNACIONAL

Há 40 anos era erguido o Muro da Vergonha

RENATO VAS CONCELOS

No último dia 13 de agosto completaram-se quatro décadas da construção do Muro de Berlim, o qual condenou milhões de alemães do setor oriental da cidade a viverem durante 28 anos num imenso cárcere comunista ~

LW I L U ll

Fletscher padeceu durante mais de mei a hora, caído junto ao muro. Os soldados deixaram-no impiedosamente esvair-se em sangue. Do lado ocidental, aterrados e sem nada poder fazer, os circunstantes ouviam-lhe os gemidos e pedidos de socorro. Só foi retirado de junto ao muro depois de morto.

M uralha para proteger um paraíso?

Frankfurt - Era 13 de agosto de 1961 , um tranqüilo domingo de verão . A foto tirada por um repórter, naquele início de tarde, tornar-se-ia famosa a ponto de ser considerada uma das mais espetacul ares do século XX. Ela iria permanecer na memória de todos os que acompanharam a divisão brutal de Berlim. Nela se vê um jovem sub-oficial (foto · ac ima), rifle a tiracolo, saltando o rolo de arame fa rpado nas imediações da Porta de Brandenburgo. No último instante, um a dramática fu ga do cárcere comunista para a liberdade. Sim, para a liberdade que o paraíso de Marx e Lenine, impo to a uma parte de Berlim, iria negar e asfi xiar. A exemplo de Schumann - este sub-oficial de 32

C A T' O L I C I S M O

19 anos , que alcançou com seu corajoso salto a liberdade - é incontável o numero de pessoas que procuraram fugir do cárcere erigido por Walter Ulbricht e Erich Honnecker. Seja tentando pular o muro ou lançando-se de prédios adjacentes (como os da Bernauer Strasse), seja por via aquática, cruzando a nado o Spree ou o Mar do Norte, ou mesmo subterrânea, através de túneis engenhosa e afanosamente construídos. Ou ainda por via aérea, com balões rudimentares, feitos em casa e às escondidas. Igualmente famosa ficou a série de fotos que documentou a morte atroz de Peter Fletscher, jovem operário de 20 anos que, na tentativa de pular o muro, foi fuzil ado por guardas comunistas.

Outubro ti• 2001

O que levou Walter Ulbricht e seu sucessor, Erich Honecker, a erigirem o Muro da Vergonha? Terminada a Segunda Gue rra Mundi al, e m 1945, a Ale manha derrotada fora dividida e m quatro zonas de ocupação sob a vigil ância das Potê nci as Ali adas: Estados Unidos, Ingl aterra, França e Uni ão Soviética. Os americanos fi caram senhores da Baviera, os ingleses de parte do Norte, os franceses com a regi ão limítrofe de seu país, e os ru ssos, grosso modo, com o Leste alemão . Dos quatro setores, o me nos devastado era precisamente o oriental, em mãos dos comunistas russos . O número de indústrias destruídas no setor ocidental pelos bombardeios aéreos era incomparavelmente maior do que do lado oriental. Nessas condições, Stalin resolveu criar na Alemanha oc idental condições objetivas (para utilizar o j argão de Marx) para a ex plosão de uma revolução social que favorecesse a tomada do poder pelos comunistas. Vi sando agravar a penúri a do Oeste, enxotou para lá 10 milhões de alemães dos Sudetos e da reg ião do Oder-Neisse. Contava com i o criar, na Alemanha livre, desempre-

go em grande esca la e mi séria inaudita. Pari passu começou a implantar na zona ru ssa o sistema soviético, com a tríplice reforma comuni sta: a agrária, a urbana e a e mpresari al. O que provocou , por sua vez, novo flu xo de fu gas para o Ocide nte. Depois, para "proteger" seu paraíso proletário ele presumíveis ataques dos esfaim ados alemães ocidentais, construiu a Cortin a de Ferro, essa reedi ção moderna da muralha chinesa, com uma ex tensão ele mais de 1.300 km .

Separação entre a prosperidade e a miséria Berlim, incru stada nesse Eldorado soviético, estava cliviclicla igualmente em quatro setores. Não era difícil pas ar ele um setor para outro. Bastava tomar um tre m, pagar uma passagem ele 20 centavos e andar duas estações. Desta fo rm a, a cidade constitu ía um a espécie de válvul a de e cape para todo os descontentes e inconfo rmes co m o novo reg ime totalitári o vermelho, que substituíra o marrom de Hitler. Stalin morreu e m 1952. Veio a era de Kruchev. Os anos corriam. E enqu anto na DDR (Repúbli ca Democ rática Alemã) o paraíso comunista permanecia uma utop ia, a Alemanha ocidental (a partir de 1949, República Federa l Alemã), apoiada na e nergia de seu povo e no Pl ano M ars hall , reergui a-se, curava suas fe ridas e transformava-se a olhos vi stos numa nação que trilhava as vias da pros pe ridade. Fatores estes que só contribuíam para aumentar o desejo ele fu ga de milhões ele infe li zes oprimi dos e prisioneiros do lado oriental. Nessas circunstâncias, a válvul a ele escape que era Berl im acabou se tra nsfo rmando num verdadeiro rombo, por onde fugira m do regime comuni sta, até a construção do muro, mais ele três mi lhões de pessoas. E o número ele fu giti vo não parava ele aumentar. Só em julho de 196 1, ele ascendeu a 60 mil. Uma vez no lado ocidental ele Berli m, os fugitivos podi am fa il mente se dirigir para a Ale manha ocidental por via aérea. Ulbri cht considerava imperio o pôr fim a esse sangramento. Numa manobra tipi camente cliversioni sta, ao responder a uma interpelação de um a jorn alista do "Frankfurter Rundschau", duran-

te uma conferência de imprensa em junho de 1961 , decl arava: "Há pessoas na Alemanha Ocidental que desejam que mobilizemos os trabalhadores da Capital da DDR para erigir um muro. É- me totalmente desconhecido que uma tal intenção exista . .. .. Ninguém tem intenção de construir um muro" ("Junge Freiheit", 2. 08.01 , p. 2). Dois meses depois, o muro era uma triste realidade ...

porcionaclas e as liberdades individuais, minou a fa míli a e golpeou a fundo a propriedade, criou um sistema de vigilância onipresente, promove u espoli ações, assassinou, torturou física e mentalmente milhares de concidadãos, produziu o caos econômico e levou uma população inteira à miséria, mantendo tudo isso durante mais ele quatro décadas ! Responsáve l por toda essa calamidade fo i o SE D (Soz iali sti sc he E inheitspartei Deutschl ancls), o partido Culpados pelo muro tentam comuni sta ela antiga Re públi ca Democoalizão com o Governo crática Alemã (DDR). Di sso lvida esta, O Mu ro da Vergonha não está mais o SED desapareceu. Desapareceu mesele pé. Derrubaram-no o fracasso do como? Não, porqu e deixo u herdeiros . Estes, aninh ados no atu al PDS, cuj o munismo e a indignação popul ar em oulíder e deputado de maior expressão é tubro de 1989. Na alma nacional ele deiGregor Gysi, não poupam esforços e xou, porém, uma imensa cicatri z. E, ele certa forma, continua vivo na mente dos propaga nda para co nqui star cargos de ale mães que não se esquecem - e como projeção. Concreta me nte, vão dispu tar a prefeitura de Be rlim nas eleições ele poderiam esquecer-se? - de um regime outubro próx imo. comunista instalado em seu país, de um governo títere de Moscou, que suprimiu Herdeiros ideológicos - e também as des igualdades justas e pro~.-.da ime nsa fo rtuna, faraô nica mes mo, a mea lh ad a pe lo SED - os deputados do O Muro da Vergonha PDS evi ta m c uid adosasímbolo do fracassado regime comunista mente qualquer críti ca, erigido por Walter por menor que sej a, aos Ulbricht e Erich Honnecker (à direita) crimes cometidos por ruiu em outubro se us p redecessores. de 1989 Não movem um dedo seq uer para que as víti mas cio SED sej a m dev id ame nte inde ni zadas (por exemplo, os mi lhares ele espoli ados pelas reformas agrári a, urbana e empresari al). E proc uram a todo o custo uma coali zão com o SPD, o partido socia li sta do Chanceler Schréicler, e ass im obte r postos no atual govern o. Uma eve ntual co laboração do PDS com o SPD seri a um escânda lo sem par na história da Al emanha, e poderá provocar, se houver lóg ica, ondas insuspeitadas ele indi gnação. Tal indi gnação é, ali ás, prev isíve l. O "Muro da Vergonha" tornou-se um caso que pesa a fun do na consciê ncia nacional. Uma eventual participação dos comunistas do PDS numa coa li zão govername ntal poderi a sac ud ir e despertar essa consc iê ncia. E o que acontecerá se a cicatri z vo ltar a sa ngrar? ♦ CATOLI

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Comunicação , esclarecedora

ma que D. Castro Mayer - Bispo que antecedeu D. Navarro, na Sede episcopal de Campos (RJ)

Mensagem da Vereadora Clênia Maranhão

C8l Não faz muito tempo recebi, de uma amiga de São Paulo, xerox de uma notícia do jornal "O E stado de São Paulo", que tratava dos possíveis sucessores de D . Eugenio Sales, para nossa arquidiocese [do Rio de Janeiro]. Entre vários, a notícia falava da possibilidade de vir a ser o Arcebispo de Niterói, D . Carlos Alberto Navarro, e que este, quando fora Bispo de Campos, conforme as palavras do j ornal, "cumpriu a espinhosa missão de reenquadrar a diocese, após a remoção de D . Mayer, que se rebelou contra o papa Paulo VI e contra o Concílio Vaticano II, apoiando a Sociedade Tradição, Família e Propriedade (TFP)". Como minha farru1ia conheceu D. Mayer (um pouco antes de ele ficar partidário do Bispo francês Monsenhor Marcel Lefebvre), e agora estamos com a TFP, gostaria, se possível, de um comentário que retransmitirei à minha amiga, que e tá desej osa de um .

- "se rebelou contra o Papa Paulo VI e contra o Vaticano li, apoiando a Sociedade Tradição, Família e Propriedade (TFP)."

C8l Acusamos e agradecemos o recebimento da Revista Catolicismo , nº 605, de maio de 2001. Na oportunidade, gostaríamos de cumprimentá-los pelas matérias publicadas, que abordam uma temática variada, e pelas excelentes entrevistas, que vêm proporcionar uma leitura agradável, interessante e informativa. No ano em que é comemorado o cinqüente nário da Revista Catolicismo , queremos expressar nossa admiração e desejar que o sucesso alcançado conti nue atraindo o interesse e a atenção de seus Leitores.

(K.D.S.V. - RJ)

Nota da Redação: A informação do matutino paulista distorce os fatos e, por isto, o Serviço de Imprensa da TFP enviou àquele diário, em 27/7/2001 , uma nota de retificação, pedindo sua publicação. Como o jornal, até o momento, não atendeu a essa solicitação, transcrevemos abaixo a retificação mencionada para esclarecimento de nossos leitores: "Em sua edição de 22 de julho, esse diário fez uma referência à Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP , à página A 11 , que merece reparo. Em dados biográficos referentes a D. Carlos Alberto Navarro, Arcebis po de Niterói , a notícia afir-

Ora, muitos anos antes do decreto de excomunhão da Santa Sé do Arcebispo francês D. Marcel Lefêbvre e de D. Castro Mayer (1 ° de julho de 1988), já era público e notório o distanciamento da TFP em relação aos dois Prelados, conforme foi amplamente lembrado por ocasião daquele rumoroso decreto (cfr. "Folha de S. Paulo, 2 e 17-7-88"; "Correio Braziliense", 3-7-88; "O Globo", 9-7-88 e o próprio "O Estado de S. Paulo", 2 e

(Porto Alegre - RS)

17-7-88) .

Ademais, o motivo dessa excomunhão, como é de conhecimento geral, não teve nenhuma relação com a TFP". Paulo Corrêa de Brito Filho Diretor de Imprensa da TFP

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Como se pode notar, "O Es tado de S. Pa ulo" a lte rou a realidade dos fatos . E, a lé m do mais, entrou e m contradição com o que ele mesmo havia comentado em anterior ocasião. Com efeito, em 1988 o jornal informara que a TFP não havia acompanhado a atitude de D. Mayer e dele se distanciara, baseando-se numa declaração do então Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns: "No Brasil, Lefebvre tem poucos seguidores. Até os adeptos da Tradição, Família e Propriedade se afastaram dos conceitos pregados pelo arcebispo francês. 'A cisão com a TFP aconteceu com o afastamento do próprio dom Antonio de Castro Mayer da organização, quando o ex-bispo de Campos aderiu à pregação de Lefebvre' ", disse D. Paulo ("O Estado de S. Paulo", 2-7-88) .

Fé e política C8l Quero parabenizar pela bela matéria "Nossa Senhora da Ponte " ! Sou criado em Sorocaba e conheço bem essa cidade, bem como sua Padroeira ! Gostei muito da maneira como foi elaborada, mesclando a hi storicidade com a Igrej a (fé). É assim mes mo que devem fazer aqueles que têm o dom da evangelização! Catolicismo, publicando matérias que envolvam a nossa fé com as coisas da Igreja de Pedro, bem como alertando a nossa intelectualidade para as coisas do mundo, que também nos diz respeito. Está ótimo o estilo editorial da Rev ista ! Também sou jornali sta e posso emitir um j uízo de valores a respeito. O conteúdo apresentado mexe não só co m a fé do leitor, mas também com sua condição política! (J .A.V. - SP)

Corrospondônc1a (cartas, fax ou e· mails) para as seções Escrevem os Leitores e/ou A Palavra do Sacer· dote: enviar aos endereços que f1 gurnm na página 4 desta edição.

Investida contra a Padroeira do Brasil o Brasil, o ódio contra a Igreja Católica e a Civilização Cristã e nconb·a um ponto de conde nsação no ataques que se fazem a Nossa Senhora Aparec ida. A simples menção do nome da Virgem Aparecida tem para certas pessoa o efeito que produz no demô ni o um a g ta ele ág ua benta. Ele estrebucha e se contorce todo. Já te nta ram destru ir a imagem da Padroeira, reduzindo-a a cacos. Depois di sso, uma cópia da imagem foi chutada diante das câ meras de TV por um pastor protesta nte em delíri o. Os protestantes obstina m-se em recusar Nossa Senhora por mãe. A conseqüê nci a disso é que, confo rme ensina o grande São L uís Maria Grig ni o n de Montfort, "quem não tem Maria por mãe, não tem Deus por pai" (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, Vozes, p. 35). Já entrm-am, algum tempo atrás, com

N

um projeto na Câmara Federal para destronar a Virgem Aparecida de sua qualidade excelsa de Rainha do Brasil , e de cancelar o fe riado nacional de 12 de outubro, em homenagem a Ela. Este feriado foi instituído, em boa hora, pela Lei 6.802, de 30 de junho de 1980 . E agora estão pedi ndo, na Justiça, uma indenização por danos morais "só porque a Padroeira do Brasil é um símbolo católico" ("Jornal do Brasil", 108-01). Ou sej a, além do mais, são espertalhões que estão querendo dinheiro fácil às custas dos católicos. O advogado dos protestantes, um tal de Eurípedes José de Farias, confessa que a imagem de Nossa Senhora deixa os evangélicos com "a moral abatida" . Chama a atenção a semelhança disso com certos fatos que ocoITem nos exorcismos, quando o exorcista invoca Nossa Senhora. Nós, da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, repudia-

mos completamente todas essas tentativas blasfemas de p1ivar o Brasil do patrocínio público e oficial da Senhora da Conceição Aparecida. O que seria de nossa Pátria se mais esse pecado se cometesse?! Manifes te sua adesão a Nossa Senhora Aparecida escrevendo-nos uma carta, mandando um e-mail ou por meio de uma ligação telefônica.

M.tbttM&tl•%1ffiiiii•tiiú&i 1 - Os programas "A Voz de Fáti ma" nºs 27 e 28 tratam de verdades da Fé católica praticamente esquecidas, apresentando comentários obre os artigos do Credo. Estão obtendo muito boa acolhida. Os programas difundem também cartas dos participantes, relatando graças alcançadas, sendo uma delas a cura de uma doença grave, obtida com a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Em outubro, estão sendo lançados os programas nº' 29 e 30. Os novos temas são de interesse geral para a formação das farruu as católicas e devotas de Nossa Se-

nhora. É a can1panha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, utilizando o rádio para levar fo1mação católica aos ouvintes. Seja um benfeitor de "A Voz de Fátima" . Fone: (0** 11) 3955-0660.

2 - A Cruzada Reparadora do Santo Rosário torna-se cada vez mais urgente para nosso País, principalmente em vista dos recentes acontecimentos internacionais. Na Peregrinação Privada das Imagens de Nossa Senhora de Fátima a.os Lares e nas vigílias fei tas na sede do oratório da campanha, estão sendo re-

zados milhares de terços nas intenções da Cruzada Reparadora. É importante que todos incentivem parentes e pessoas amigas a participarem. Assim estaremos atraindo as graças necessárias para suportar os terríveis castigos previstos por Nossa Senhora nas aparições de Fátima. Para participar, basta telefonar para o nosso Plantão de Atendimento e solicitar o "Formulário de Adesão". Os participantes receberão de PRESENTE um Terço da Cruzada Reparadora e um Livreto com o método para rezar com fruto o Santo Rosário.

CATOLIC IS MO

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A Aliança de Fátima no céu - É com muita satisfação que estou lhe escrevendo esta carta para lhe contar um pouco da visita da Virgem de Fátima na minha casa . Foi uma coi sa tão lind a, que nunca irá se apagar na minha mente enquanto eu viver . O dia em que eu recebi a notícia foi uma alegria tão grande, que eu me sentia como se meu corpo flutuasse no ar. Eu voltei do trabalho e meu sogro, que tinha atendido o telefone, me falou que eu ia ter uma visita . Logo pensei que fosse um dos m eus irmãos. Ele disse: é uma visita muito mais importante.

Eu ia ter a visita de Nossa Sen hora . Fo i bom demais. Naquela semana fazia mu ito ca lor, um sol de rachar . Todos os di as eu pedia a Nossa Senhora e a Jesus que viessem umas nuvens no dia, que escondessem um po uco o sol, que ass im os convidados se se ntiriam melhor. E foi o que aco ntece u. Um pouco antes da chegada da Virgem o so l se escondeu, refrescan do o di a. Os co nvidados fi ca vam mais à v ontade. Quando ela chegou, o so l voltou a aparecer e logo se escondeu novamente, e du rante a reza do terço uma garoa descia do cé u como uma bênçã o . Na quele momento, foi maravilh oso , foi divino, que só posso dizer "muito obrigada, Nossa Senhora", "muito obrigad a, m eu Deus": o arco-íris apareceu no céu , ele quis homenagear também , em sinal de A li ança que Deu s f z com o povo . Eu me emoc ifa l i para que olh asonei muito sem o arco íri s. A A li ança de Fátima no céu . Eu chor i muito naquele dia,

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CATOLICISMO

muita gente chorou um choro de alegria (NDF, Santa Catarina) .

A maioria não pede perdão de seus pecados - Deus fez o mundo bom , mas os humanos ficaram piores que os bichos . Eu fiz 76 anos, nunca vi tanta barbaridade como hoje, na minha mocidade. Homossexualismo, prostituição, está cada vez mais horrível. Sabe, Sr. Marcos , eu acho que Deus Nosso Senhor está cansado do po vo, porque rezar, pedir a Deus perdão de seus pecados , a maioria não faz. Deus mostra o caminho do bem e fazem tudo ao contrário. Sobre o aborto, é muito triste que uma vida é assassinada . Se ti vesse uma lei severa que punisse os que fazem o aborto, talvez isso não aconteceria. Se uma mulher que fosse fazer o aborto fosse processada , com o méd ico, o Sr. não acha que pensaria duas vezes antes de fazer? (AV C, São Paulo) . O terço em família - Todos os dias rezo o Rosário na minha casa, também todo s os dias rezo o terço nas famíl ias. Sempre nas m inhas orações in cluo vocês desta Campanha tão belíssima e importante , para que continu em f irme e não desistam (MN, Al agoas ). Não foi preciso operar - Estava com sofrimento nos rins e pensava que ia ser operada. Na mesma sem ana em que eu fui ao médico, comece i a rezar o terç o e pedir a Nos-

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sa Senhora que Ela me enviasse o remédio para que eu ficasse boa sem precisar ser operada . Na primeira dose eu me senti melhor. Foi uma grande bênção que eu recebi de Nossa Senhora das Graças da Medalha Milagrosa (BGR, Pará) .

Passou no vestibular - Tenho um filho que já tinha tentado o vestibular diversas vezes, sem conseguir aprovação. Lembrei -me então de Nossa Senhora e pedi a sua intervenção, sendo prontamente atendido. Gostaria de receber em minha residência a imagem peregrina , para que eu pudesse divulgar o poder da Virgem Santíssima (MRC , Ceará) . Conseguiu emprego - Há alguns dias atrás deixei um pedido registrado no livro de orações para Nossa Senhora de Fátima [na Internet], pedindo sua intercessão porque estava desempregado! Sinto-me no dever de avisá-los que Nossa Senhora ouviu minhas preces e que já consegui um emprego (MAN, São Paulo) . Espero receber outras vezes Recebi a visita da imagem peregrina da Santíssima Virgem, o que foi muito bom. O peregrino falou muito bem sobre o objetivo da Campanha . Foram duas horas excelentes ao lado da imagem da Virgem . Fiquei muito feliz . Espero poder receber outras vezes . Parabéns pelo sucesso e objetivo alcançado com a Campanha (LOS, Ceará).

Agressão erótica contra a imaginação infantil

trabalho honesto de menores de 16 anos. Se alguma empresa contratar um menor, cairão sobre ela todos os rigores da lei. Enquanto isso, a droga rola solta por toda parte, entre menores e maiores, e ninguém faz nada. Eles a distribuem, vendem, ingerem, e fica tudo por isso mesmo. Que hipocrisia é essa !

boneca barbi e, muito populariza-

A da pela propaganda, será destina-

da a ensaios eróticos no estado norteamericano de Utah. O fotógrafo Tom Forsythe vai tirar fo tos da boneca nua, em poses e situações imorais. O fabricante quis impedir, mas o fotógrafo obteve uma decisão judicial a seu favor, em nome da "li berdade de expressão do artista". Os atentados contra a inocência infantil vão mar alto. Até as bonecas são apresentadas como uma espécie de prostitutas. Pois é claro qu e essas fotos serão depois distribuídas para as crianças que possuem bonecas desse tipo. E cada vez que uma menina pegue sua boneca no colo, vai lembrar-se das poses e dos atos que ela viu nas fotos. O sistema é diabólico. Peçamos a Nossa Senhora de Fátima que intervenha logo em defesa da inocência infantil.

Vale tudo para fazer engolir o homossexualismo azern -se grandes esforços para ir derretendo a ad ia barreira de horror que exi te ntra o pecado ele hornossexual idad . Ag ra inve ntaram mais urn a. Um clu b em que os homens (obrigatoriamente não-homossexua is, diz a notícia) e vestem de mulher, pelo prazer mórbido de se vestirem com roupas feminina ·. É achamada moela do "cross dressing". A última reunião, chamada Holliday en Femme, foi realizada num hotel em Serra Negra (SP), com 20 adeptos. São médicos, engenheiros, escritore e :fiscais da Receita, usam unhas postiça e trocam de roupa várias vezes ao dia . A notícia ("O Globo", 15-8-2001) faz propagand a do fato, diz que há um clube com I O participantes em todo

F

O homem

quer tomar

o lugar ae Deus

xiste uma di sputa atualmente so-

o Brasil, e que este tipo de clube j á é popular na Inglaterra. É uma evidente tentativa de ir habituando as pessoas ao convívio com os homossexuais. Diz a Sagrada Escritura: "A mulher não se vestirá de homem, nem o homem se vestirá de mulher; porque aquele que tal fa z é abominável diante de Deus" (Deut. 22,5).

Droga vendida em feira livre 'T' raficantes

cri aram uma verdadei-

.1 ra fe ira livre das drogas na Favela da Grota, no Rio de Janeiro. Imagens exibid as pelo "Jornal Nacional", da Rede G lobo, mostram bandidos oferecendo haxixe, maconha e cocaína a quem passa por um dos acessos da favela. Na gravação, os traficantes anunciam os preços aos gritos: "Promoção no pó de 5 !", grita um deles; "Maconh a de 2! ", anuncia outro; "Pó de 8, vai maco nh a?", diz um terceiro. As imagens mostraram que os traficantes recrutam para a tarefa jovens entre 12 e 20 -a nos, que trabalham em plena lu z do dia oferecendo as drogas. Um menino, com uma caixa no colo, oferece cigarros de maconha que são cons umidos por um grupo de menores no meio da rua. O Brasil acaba de ratificar um Tratado Internacional proibindo o

E bre se vão permitir ou não a clonagem de seres humanos , bem como sobre a utilização de embriões para experiências. Quando se chega a falar em disputa, é porque ninguém mais segurará essas experiências, ainda que cl andestinas. A conseqüênc ia é que sairão monstros das mãos dos homens que querem brincar de Deus. "Toda a comunidade cientifica sabe que a clonagem é uma técnica extremamente ineficiente, com índice altíssimo de insucesso" , diz o professor do Núcleo de Genética Médica de Minas Gerais (Gene), Sérgio Pena. Não há como antever todas as possíveis deformações nos embriões, afirma a especiali sta Mayana Zatz, professora do Instituto de Biociências da USP. No episódio bíblico da Torre de Babel, Deus castigou os homens por causa de seu orgulho de querer fazer uma torre que chegasse até o céu. Como esse orgulho é ingênuo perto deste outro, de querer criar seres humanos por meio da clonagem e da manipulação de embriões! Que seres monstruosos serão fabricados em laboratório? Matá-los-ão depois? O que farão com eles? Assim sendo, de que porte será o castigo merecido por essa soberba? Se temos fé e amor de Deus, como não desejar a intervenção divina prevista em Fátima?

e AToLIe Is Mo

Outubro de 2001

37


ENTREVISTA

A Penitência pedida em Fátima

Combate à imoralidade na TV: uma preocupação nacional, segundo o Deputado federal Severino Cavalcanti

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

m dos pontos mais insistentes na Mensagem de Fátima é a necessidade de uma grande penitência para reparar os pecados dos homens. Eu pergunto: para nós, que queremos praticar fielmente a doutrina católica, no que consiste essa penitência? Se os senhores prestarem atenção em torno de si, vão notar o seguinte: se a todos os momentos procederem de um modo completamente reto, em pouco tempo todos perceberão que são católicos. Não se trata aqui de católicos de água de barrela, destes que se encontram muitas vezes à saída das missas, com as familias trajadas indecentemente, eles próprios com umas roupas que degradam a natureza humana. Aproximam-se da Mesa Eucarística nesses trajes inconvenientes, saem, e lá vão se espichando pelas delicias da vida de um dominguinho momo. Não é desses que eu quero falar. Eu quero falar de outra coisa. Por toda parte onde os senhores se manifestarem católicos declarados, vão encontrar gente que lhes será inimiga. Alguns serão inimigos ostensivos, outros por detrás. Por exemplo, uma mãe verdadeiramente católica diz: - "Eu proíbo os meus filhos de assistirem televisão". Logo uma outra senhora responde:

U

- "Ah, não diga! Coitadinhos, já tão pequeninos, recebem uma proibição!" - "Mas a proibição é para o bem deles." - "Eu não penso assim de meus filhos. Eu penso que eles são tão inocentinhos, que podem ver qualquer coisa, e por isso não privo a eles desse prazer". O que equivale a dizer: "Você, mãe católica, é ruim, atrasada, rançosa, enquanto eu sou boa, liberal e arejada. Felizes os filhos que têm uma mãe como eu, e infelizes os filhos que têm uma mãe como você". No fundo é a acusação de que a mãe católica segue uma religião antiga e rançosa que já acabou, que já não existe mais; e que sofre, portanto, o jugo da moral. Qual é o sacrifício que a gente tem que oferecer aí? Qual é o ato de reparação? Aquela pessoa, pen sando de um modo revolucionário como pensa, faz uma injúria a Deus, porque ataca a doutrina católica verdadeira, a doutrina católica tradicional. Então Deus quer que nesta hora uma pessoa que O ama tome a posição oposta, e diga com coragem: "Eu não penso assim. A Sagrada Escritura diz: 'Aquele que poupa a vara, quer mal ao seu filho; mas o que o ama, corrige-o continuamente' (Prov. 13, 24)".

• : • : • • • • • • • • •• •

: DELETEL.

38

CATOLIC I SMO

O combativo parlamentar - pessoa particularmente indicada para abordar o • tema em epígrafe - concedeu a entre: vista em seu gabinete , na Câmara dos • Deputados .

••

A consideração que eu faço para mim, e que os senhores devem fazer para si, é: "Eu estou atraindo sobre mim ódios? Estou. Então estou imitando Nosso Senhor Jesus Cristo. Vamos para a frente". Quando os senhores quiserem à noite fazer seu exame de consciência, perguntem-se quantas vezes enfrentaram assim a Revolução moderna. Ofereçam a Nosso Senhor, por meio de Nossa Senhora, o sacrifício de, em todas as ocasiões em que encontrarmos o demônio encastelado atrás de um pretexto, nós dispararmos a nossa resposta. Uma resposta polida mas inteligente, que vara mesmo, e que ajuda a afugentar o adversário (Plinio Corrêa de Oliveira, palestra para Correspondentes da TFP em 5-6-1994).

Participe da Aliança de Fátima Parti cipe você também da Aliança de Fátima. Nossa Senhora saberé rec ompensar quem ajuda a difundir sua Mensagem. Escreva, telefone ou envie seu e-mail para a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis/ e peça mais informações para ser um M embro da Aliança de Fétima . Ou participe como Benfeitor do Programa Radiofônico A Voz de Fátima, ajudando assim a propagar a M ensagem de Fétima pelas emissoras de todo o Brasil.

portanto contra o aborto. Como católico , tem se empenhado em combater no Congresso Nacional todas as propostas que contrariam os princípios da moral cristã . Coerente com essa posição, o Deputado Severino Cavalcanti há anos vem dando incisivo apoio às iniciativas da Campanha "O Amanhã de Nossos Filhos", especialmente a que visa criação da Delegacia do Telespectador -

Plantão de Atendimento da Campanha: Tel. : (0 ** 11) 3955 -0660 . Internet: www.fatima.org.br Endereço para correspondência: Rua Martim Francisco, 665 . CEP 01226-001 São Paulo (SP)

• •

• Catolicismo - Deputado, como surgiu a : idéia da criação de uma Delegacia para de• fender o telespectador?

T

ornou -se opi niã o praticamente unânim e entre os brasileiros a idéia de que a TV, em nosso País, ui. trapassou to d os os imites quanto à imo' d à v10 · lênc1a · e à vu 1garidade de seus ra l.d I a e, programas. E que é preciso dar um basta a esses abusos. Mas como fazê- lo? Para respond er a essa questão , Ca. · ·1n cum b.1u o en carre ga d o d o t o 11c1smo escritório da TFP em Brasília, Sr. Nelson Barretto, de entrevistar o deputado federal Severino Cav a lcanti (PPB-PE). Ele ito deputado federal em 19 95, chegou ele ao cargo de 2º Vice -Pres idente e Corregedor da Câm ara em 1997. Sendo reeleito deputado em 1998, foi reconduzido àqueles cargos para o biênio 1999 / 2000. Em 15 de fe vereiro de 2000, foi e leito para o cargo de Primeiro-S ecretário da Câmara, com o voto da maioria abso luta dos membros da Casa. O ilustre parlamentar tem se desta eado na luta em defesa da família , dos microempresários e do direito à vida, e

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Dep. Severino Cavalcanti:

: "Eu simpatizei • logo de início com • •• a idéia de se criar : uma Delegacia do • Telespectador, •

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Dep. Severino Cava/canti - Eu simpatizei logo de início com a idéia de se criar uma Delegacia do Telespectador, a DELETEL, quando ela me foi apresentada pela coordenação da Campanha "O Amanhã de Nossos Filhos". De fato, a TV exerce um papel imp01tante em nossa sociedade; e, se mal utilizada, pode causar devastações na educação da população, especialmente das crianças. Essa iniciativa foi louvável, e ela me interessou bastante, pois recebi uma quantidade enorme de moções de apoio de pais e mães de família de todo o Brasil.

a DELETEL, quando ela me foi apresentada pela coordenaç_ão da Campanha

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'O Amanhã de Nossos Filhos' "

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Catolicismo - Como foi a tramitação desse projeto?

Dep. Severino Cavalcanti - Após eu ter protocaiado tal projeto no Ministério da Justiça, o Ministro encaminhou-o ao Chefe do DepartamentodaPolíciaFederal,queapesardeter simpatizado com essa idéia, limitou-se simplesmente a notificar o Ministro de que seria necessário, antes de se criar a referida Delegacia, elencar os crimes que ela deveria apurar. A partir desse primeiro obstáculo, foi necessário reestudar a questão para que o projeto pudesse

Outubro de , 2001

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Outubro de 2001

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tornar-se viável dentro ela estrutura burocrática do Governo. A seguir, foi dado início, juntamente com representantes ela Campanha "O Amanhã de Nossos Fil hos", a um estudo meticuloso sobre esse assunto. Verificamos então que seria necessário elaborar um novo projeto, a fim de dar suporte necessário para assegurar a eficác ia da DELETEL. Tratava-se de um projeto para alterar um artigo do Cód igo Penal, pennitindo dessa forma enquadrar como crime a imoralidade ex ibida pe las concessionárias de televisão em nosso País. Eu já conto com proposta semelhante em tram itação na Câmara. Apresentei então um novo projeto tratando especificarnente dessas n1udanças no Cód igo Penal.

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Catolicismo - E qual foi a justificativa do Sr. para apresentar esse projeto? Dep. Severino Cavalcanti -A justificativa foi óbvia. O projeto atende a um anseio da maioria da população brasileira que está cansada de ser agredida, em sua instituição familiar, por programas de televisão que têm em vista sobretudo pregar o amor livre, incentivar a rela-

- moral... com bate na questao Dep. Severino Cavalcanti - Essencia lme nte moral. Isto não quer dizer que, combatendo a imoraliclacle na televisão, nós vamos também resolver o problema ela corrupção no Brasil. Mas q uer dizer que é indi spensáve l me lhorar e e1evar o nível de ed ucação dos j ovens ele hoje, políticos ele amanh ã neste País. Isso deveria ser fe ito independe ntemente da ex istênci a ou não

Catolicismo - Mas por que o Sr. considera que a partir da Constituição de 1988 a imoralidade na TV só piorou? Dep. Severino Cavalcanti - Porque e permitiu, em nome de um a fal sa noção ele liberdade artística e cultural, prati car todo tipo de abusos, nocivos especialmente à formação da mentalidade moral sadia da família brasileira. Quero deixar claro que mecani mos de contro le da informação existem e m todas as democracias do mundo . Não se trata ele censura, mas de defesa dos princípios éticos, morai s e c ulturais de um povo.

: • : • "O projeto atende •• a um anseio da • : maioria da popula• ção brasileira que : está cansada de • ser agredida, em : sua instituição • familiar, por :

Catolicismo - Sobre o que trata especificamente esse projeto de alteração de artigo do Código Penal que o Sr. encaminhou recentemente para votação na Câmara dos Deputados? Dep. Severino Cavalca11ti - Segundo o projeto, o Códi go Penal passará a vigorar acrescido do "arti go 234-A", que tipifica como crime a exibição, por emissora de televisão aberta, em qualquer horário, de programas ou anúncios que contenham cenas de nudismo ou de relações sexuai , ou que estimulem o sexo precoce.

: televisão que têm • em vista sobretu: do pregar O amor • livre, incentivar • : a relação homos: sexual e a afronta • aos preceitos : morais e • religiosos" : •

eATOLIeISMO

Outubro de 2001

discussão do

Catolicis1110 - Então o Sr. quer focalizar seu :

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: • •. "De tempos em • tempos aparece •• um político que • : consegue colocar • na pauta de vota: ções novamente a

Catolicismo - Por que o Código Penal não previa isso como crime? Dep. Severino Cavalcanti - Por dois motivos. Primeiro, porque o Código Penal foi e laborado em 1940, e previa apenas penalidades para os abusos cometidos por emissoras de rádio . As emissoras de TV só seriam criadas no Brasil a partir de 1950. O outro motivo fo i que, da década de 50 até a Constituição de 1988, a imoralidade na TV era bem menor do que hoje em dia. É inconcebível o nível de imoralidade que pre enciamos atualmente e m quase todas as emi ssoras de TV.

'casamento' • : homossexual. Ele é absolutamente • : fora de propósito e • não tem nada de : emergencial; • : muito pelo • contrário,

da corru pção na política, mas, infelizmente, a : corrupção está aí para mostrar que educação • moral é um a necessidade. :

• Catolicismo - O Sr. tem esperança de que :

• •

formação moral dessas pessoas que, depois de terem sido maus filhos, foram maus jovens, maus pais de fa mília, e se transformaram também em maus políticos. Portanto, a crise fun· moe1amen ta I de nossa soc1·e c1 ade e, uma cnse ral. O que leva um político a ser desonesto e a ser corrupto é a ausência ele princípios morais. Uma ausência da noção da responsab ilidade inerente ao cargo público.

programas de

: ção homo exuaI, a sensualidade desenfrçada • e a afronta aos preceitos morais e religiosos. • Além do mais , diante da escalada de violência : ex ibida pelas TVs, as autoridades governamen• tais não podem ficar inertes, sob pena de pac•• tuarem com tais programas. O projeto procura : essencialmente preservaros valores morais cris• tãos de nossa sociedade. Discordamos aberta• mente da fo rma de expressão perniciosa e no: c iva [da atividade intelectual ou artística] como • vem ocorrendo atualmente. Combater esse abu: so é para nós também uma prioridade.

• : Catolicismo - Por que o Sr. acha que com• bater a imoralidade na televisão é também : uma prioridade, tendo em vista que nosso • País enfrenta tantas outras crises? : Dep. Severino Cavalcanti - Porque nós te• mos que iniciaro combate aos defeitos do País, : nas origens. Hoje se fala muito de corrupção, • de políticos corruptos etc. Esta é urna realida: de que a imprensa não cansa ele noticiar. Mas, • se analisarmos bem, a origem de tudo está na

esse projeto seja votado? Dep. Severino Cava /canti - É claro! Eu tenho certeza. Mas vai ser preciso fazer muita pressão, porqu na fil a dos projetos a serem votados há um a quantidade enorme ele projetos emergenciais. •, além cio mais, tenho notado que existem lobbies poderosos, que faze m com que certos projetos sem importância sejam votados em primeiro luga r.

Catolicismo - Por exemplo... Dep. Severino Cavalcanti - Por exemplo, o projeto cio "casamento" homossex ual. No Brasi l há muitas questões e mergent s, com caráter de urgência, para serem resolvi las, como as de ordem política e fiscal. Entretanto, ele temposem tempos aparece um político que consegue co locar na pauta ele votações novame nte a discussão do "casamento" homossexual. E le é absolutamente fora de propósito e não tem nada ele e merge ncial; muito pelo contrário, e le só será abso lutamente noc ivo para a Nação. Mas estamos prontos para votar, derrotar e sepul tar esse proj eto de uma vez por todas. Catolicis1110 - Que outro exemplo o Sr. indicaria? Dep. Severino Ca11alca11ti - Outro projeto daninho, qu n, o te m o menor cabimento, é o ela lega li zaç;c o do abort , po is não se eleve elaborar lei para malar cri anças indefesas. Não

ele só será absolutamente nocivo para a Nação"

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é lícito. Nós necessita mos leis que preservem a vida das cria nças, que diminuam os altos níveis de mortalidade infantil, especialmente nas regiões menos favorecidas . Preparar leis contrárias à vio lê ncia praticada contra as crianças, que muitas vezes ocorre dentro da própria fa míli a. Por isso, eu considero um absurdo o fato de políticos tentarem colocar como prioridade para votação a instalação ela violênci a no lugar que deveria ser o ,nais seguro para um a criança: o ventre materno. Estou absol utamente convencido de que a ori gem disso tudo é a corrupção dos costumes, é a corrupção moral , pois infeli z me nte muitas pessoas perderam a noção do bem e do mal, do certo e do errado. Perderam a noção de injustiça, e ne m se dão conta mais da violência inaceitável que consiste e m tirar a vida de uma criança inocente.

Catolicismo - O Sr. é considerado o Deputado da Família. Por que esse título? Dep. Severino Cavalcanti - Penso que o título é muito generoso, e muito me honra enquanto • atribuído a mim. Na realidade, todo deputado

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deveria ser deputado ela fam íli a. Eu não faço mais do que a minha obrigação. Não deveria have r deputado que não fosse pró-família. Parlamentar que não seja pró-família não está em condições de representar ningué m na Câmara ♦ dos Deputados. CATOLIC ISMO

Outubro de 2001

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Santo~ , e festas

de 1

t

Santa Teresinha do Menino Jesus, Virgem.

Santas Donina e filhas, Mártires.

t

+ S iria, 302. Esta heróica mãe

São Bavão, Confessor. + Gand (Bé lgica), 650. "Nobre pe lo nasc imento, renunc iou a um a vida pouco edi fi ca nte e à sua fo rtuna para seguir Sa nto Amâ ndi o (do

Martirológio Romano - Monástico) .

2 SANTOS ANJOS DA GUARDA

t

São Tomás de Ereford, Bispo e Confessor. + Inglaterra, 1282. Descendente de uma das mais ilustres famílias da Inglaterra, após ser ordenado sacerdote fo i Chanceler da Universidade de Oxford, e depois Arcebi spo de Ereford.

3 São Francisco de Borja, Confessor. + Roma, 1572. Vice-Rei da Catalunha e Duque de Gandi a, renunciou às atrações do mundo ao ver o cadáver da outrora belíssima rainha Isabe l. Enviuvando aos 40 anos, ingressou na Companhia de Jesus, da qual foi depois Superi or Geral.

e duas filhas, para evitar a desonra com que as ameaçavam os soldados que as vinham prender por serem cristãs, na fuga atiraram-se a um rio.

5 Santa Flor ou Flora, Virgem. + Beaulieu (França), 1347. Filha de pais nobres, ingressou muito cedo como religiosa na hospedaria dos Cavaleiros de São João de Jerusalém para cuidar dos doentes e peregrinos. Primeira Sexta-feira do mês.

6 Santa Maria Francisca das Cinco Chagas, Virgem. + N áp o les , 17 91. A os 16 anos, entr u para a Ordem Te rceira de São Franc isco, entregando-se à oração, jejum e penitência, s ndo vi sitada por seu Anjo da uarda, que a animava. Foi retirada do convento pelo pai, que a encarregou dos cuidados da família. Primeiro Sábado do mês.

7 NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

São Lucas Evangelista

Beato Antônio Sant'Ana Galvão

Santo Antonio Maria Claret

São Luís Beltrão

São Geraldo Majela

Santa Teresa de Ávila

conduzi-la ao bom caminho. Ela queimou seus vestidos e jóias e foi para um moste iro no deserto.

13 Santos Fausto, Januário e Marcial, Mártires.

ção do Redentoristas como irmão le igo, tornando-se modelo ele humildade, pac iênc ia e mortificação.

tudar em Alexandri a, converte u-se e partiu para o deserto, onde foi dirig ido por Santo Antão.

vivos por se terem converti do ao Cristianismo, disseram ao juiz: "É a glória dos cris-

nobres e ricos que a desej avam casar, cortou os cabelos para dedicar-se inteiramente a De us, reti ra ndo-se para a solidão.

9 São Luís Beltrão, Confessor. + Valência, 1581 . Sacerdote dominicano, aos 23 anos era mestre de noviços. Seu extraordinário zelo levou-o a desejar combater os protestantes. Mas a Providência encaminhou-o para a Colômbia, onde durante sete anos evangelizou os índios.

10 São Paulino de York, Confessor.

+ Inglaterra, 644. Envi ado por São Gregó ri o Ma g no para evangelizar a Inglaterra, realizou frutuoso apostolado nas regiões de Kent e da Nortúmbri a, converte u o Re i Edwin e fund ou o Bispado de York.

11

inglês convertido pelo célebre exegeta, o jesuíta Cornélio a Lápide. Entrou para a Companhi a ele Jesus, vo ltando a seu país para socorrer os católicos perseguidos. Depois ele converter muitos hereges, fo i traído e entregue ao arcebispo protestante. Na pri são teve, dura nte três dias, o corpo constantemente perfu rado por agulhas e esti letes, sendo depois xecutado em ódio à fé.

15

16

hom ,,n qu , tenha pecado, reconh •ce sse pecado e fa z penitência, a um que não tenha pecado e se conside re justo".

Santa Taís, Penitente.

12

Confessor. (vide seção "Vidas de Santos", p. 28)

+ Egito, Séc. IV. Inspirado

NOSSA SENHORA APARECIDA, RAINHA E PADROEIRA DO BRASIL

Outubrode2001

+ Glasglow, 16 15. Calvinista

·fp ul o de a nt o Antã , fo i m rto p I s sa rracenos por cli o à f . izia: "Prefiro um

São Francisco de Assis,

C ATOLICISMO

14 São João Ogilvie, Mártir.

São Sármata , Mártir. + Tebaida ( gito), 57. Di s-

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42

mãos increparam o novo governador ro ma no da Espanha, Eugênio, por sua crue lclacle para com os cri stãos. Em res posta sofreram o suplíc io do cavalete e depo is o da fog ueira.

Santa Teresa de Ávila, Virgem, Reformadora do Carmelo.

4

por Deus, São Pafúncio deixou seu retiro no deserto para

+ Córdoba, 307. Esses três ir-

Santa Margarida Maria Alacocque, Virgem. Teve revelações maravilhosas sobre o Sagrado Coração ele Jesus.

t

17

22

Santa Mamelcta, Virgem, Mártir.

Santa Maria Salomé, Viúva. + Palestina, Séc. I. Segundo

+ Pé rsia, 340. "Sacerdotisa do te mplo pagão de Artemi s, fo i convertida à Fé por uma ele suas irmãs, que era cristã." (do Martirológio).

18 São Lucas Evangelista, Mártir.

19 Santos João de Brébeuf, Isaac Jogues e Companheiros, Mártire . + A mé ri ca do No rt ', éc . XVII. Jes uítas franceses que evangeli zavam o então anadá (atu al norte dos Estad s Unidos), regaram essas terras co m seu sa ng ue ao se r 111 martiri zados pelos índios ir queses.

20 São Pedro de Alcântara, Confessor. + Arenas (Espanha), l 562. Padroeiro I ri ncipal do Brasil, foi admiráv ·I por suas mortificações e p ' nitências. Reformador d s Frnn ·iscanos ela Espanha, ·w xiliou ' incentivou Santa Teresa nu r •forma cio Carmelo 111 ' di 11 11 tl' ·onselhos.

seguir o apelo ele Deus, fu giu de casa. Entrou na Congrega-

23 Santo Inácio, Bispo, Confessor. + Síri a, 877. F ilho do Im perador Miguel, tornou-se monge aos 14 anos, e depois A bade, fund ando três moste iros. Patri arca de Antioq ui a.

24 Santo Antonio Maria Claret, Bispo e Confessor. + Fontfro icle (França), 1870. Pregador popul ar, fun dou a ongregação Miss ionária dos •ilhos cio Coração [maculado d ' Maria. Foi Arcebispo ele anti ago de Cuba, confessor e conselheiro da rainha Isabel li , da Espan ha. No Concílio Vati cano 1, destacou-se como intr pido defenso r ela infa libi lidacl pontifícia.

Beato Antônio Sant' Ana Galvão

Santo I til,1 ri, o, Abade. + Pale tina , S ·. IV. Filho ele

Santos Luciano e Marciano, Mártires. + Ni comédia, Séc. 11 l. on-

pagãos, qu · o ·11 vi11ra111 a es-

clenados a sere m que imacl s

30

27

São Marcelo Centurião, Mártir.

Santos Vicente, Sabina e Criseta, Mártires. + Ávila, Séc. IV Vicente, de-

+ Tanger, 298. Pai cios santos mártires Cláudio, Luperco e Vitóri o, esse centurião espanhol foi decapitado por haver decl arado que era cri stão e servia a Jesus Cri sto.

po is ele defende r coraj osamente a Fé diante ele Daciano, governador ro mano, em Talavera, fu giu com as duas irmãs para Ávil a. Sendo aí apri sionados, louvaram o Senhor até tere m suas cabeças esmagadas a pedradas.

31 Santa Joana Delanoue, Virgem. + Fra nça, L736. Herdou do

28

+ Meldert (Bélgica), Séc. VI.

pai um modesto bazar, que com habilidade fez prosperar. Começou a dedicar-se també m a obras ele caridade, a ponto ele ser chamada mãe dos pobres. Fundou um asilo ao qual denominou "A Pro-

Ado le sce nte, filh a de pa is

vidência" .

Santos Simão e Judas Tadeu, Apóstolos.

29 Santa Ermelinda, Virgem.

Outubro 2001 DOM

25 26

São Geraldo Majela, Confessor. + Deliceto (Itália) , l 755 . Para

a trad ição, pr ima da Santíssima Vi rgem e mãe ele São Tiago e São João Evangeli sta, era uma elas Santas Mulheres que estava m ao pé da Cruz.

tãos ga nhar a ve rdade ira vida eterna ao perde r aquilo que tu crês ser vida".

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CATOL IC ISMO

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TfPs EM AÇÃO

Jornada de Estudos para universitários em Ouro Preto ando prosseguimento às Jornadas regionais para estudantes, a TFP realizou mais um encontro de universitários, nos dias 4 e 5 de agosto, desta vez na cidade hi stórica de Ouro Preto, em Min as Gerai s. A Jornada realizou-se na Estalagem das Minas Gerais, hotel situado num belo parque a 5 quilômetros de Ouro Preto. Localização aprazível, que contribuiu para o bom aproveitamento dos estudos e o êx ito do encontro. Contando com a participação de jovens univ e rs itá rio s provenientes da Bahia, Ri o de Janeiro e do próprio Esta- . do de Minas, a jornada, presidida pelo Dr. Pau lo Corrêa de Brito Filho, diretor ela TFP, consistiu num aprofund amento da Hi stóri a do Brasi l, com estud os doutrinários seguidos de passe io, culturais, que torn ara m viva a expos ição teóri ca. Foram abordados tema como Re volução cultural, Princípios de vida espiritual e a Vocação do Brasil, que despertaram vivo interesse. Destacou- se a últim a exposição , mediante a qual muitos cios estudantes tomaram contato pe la prime ira vez com a mú sica barroca mineira, redescoberta na década de 40 pelo musicó logo alemão Francisco Kurt Lange.

D

Após a teoria, conhecimento prático No segundo dia, reservado às vi sitas culturais, foi poss ível conhecer pormenori zadamente a lguns cios monumentos Nas refeições do restaurante do hotel, animadas conversas costumavam versar sobre temas tratados nas exposições

Caravana da entidade realiza campanhas em 12 cidades, durante um mês, e visita hospitais

T

emos fa lado com certa freq üência ela ação da TFP em defesa da tradição, da família e ela propriedade, contra o comunismo, o caos e eus derivados. Nesta página destacare m.os um aspecto pouco comentado ela atuação da entidade, mas que também constitui importante capítulo: sua atividade filantrópica. Além elas campanhas de rua, que caravana ela TFP têm realizado em diversos Estados, em sua passagem pelas cidades elas vi sitam hospitais, creches, asilos e in títulos beneficentes em geral. Os sócios e c operadores ela TFP fazem visitas aos nf rmos, a fim de levar-lhes consolo espiritu al, e na medida do possível material , pura enfre ntarem com coragem e resigna ·ão os sofrimentos. Normalmenl ·, após um breve colóquio, os cloe n1 ·s fi ·a m reco nfortados pelo estímu l qu r ·ebem para confiar na Providê nc ia I ivina, que nunca abandona seus filhos auxilia particularmente aque les sofredor ·s que muitas vezes se sentem e ·que ·i los at por parentes e amigos. São incenlivados a recorrer a Nossa Senhora, que a onsol adora dos Aflitos e a Saúde dos •11 h ·mos.

Participantes do encontro tenclo como fundo a imponente fachada da Igreja do Carmo (acima) e o prédio da Antiga Câmara e cadeia da Capitania de Minas Gerais, em Ouro Preto (direita), autêntica jóia da arquitetura colo nial brasileira.

ele Ouro Preto, como a antiga Câmara Municipal (atual Museu da Inconfidência) , a Casa dos Contos e várias igrejas (Pilar, São Franci sco de Assi s e a Matri z de Nossa Senhora da Conceição). O ambiente, as reuniões, a música barroca, a arquitetura, a gastronomia, tudo convidou a uma boa conversa, que se estendeu até altas horas ela noite. Mas o que é passar horas conversando, quando se contemplam os séculos ele Ouro Preto? Mai s cio que uma Jornada de Estudos, o encontro foi uma ocasião para refletir sobre a hi stória de um país chamado a ser lu zeiro para o mundo nos séculos futuros, irradiando a Fé cató lica

Cidades visitadas São Paulo (SP) Bom Jesus do lguape (SP) Caraguatatuba (SP) Curitiba (PR) Parati (RJ) Barroso ( MGI Matias Barbosa (MG ) Belo Horizonte (MG) Sabará (MG) Caeté (MG) Cordisburgo (MG) Três Marias (MG)

Ação épica e beneficente

apostó lica e romana, como profetizou o Bem-Aventurado José ele Anchieta, em seu poema épico escrito em latim , De Gestis Mem de Sá. Os di as tormentosos que vivemos são iluminados por essa esperança, que e ncontra toda sua rea lidade na Mensagem ele Fátima. ♦

Assim, durante o mês ele julho últi mo, uma caravana da TFP cio Distrit Federa l, composta por 12 coop raclo rcs, percorreu 12 cidades nos Estados de P, PR, RJ e MG. No intervalo entre uma campanha e outra - dedicada à divulgação cl • 'atolicismo - visitava alguma Casa d ' Saúde (fotos ao lado) com a fi nalidad ' li ·ima exposta. Em todos esses lugares, os ·onperadores voluntários da TFP di slrih11 rnm objetos religiosos (folhetos ·om 1l'n1:1s religiosos, terços, medalhas ·s111 1npns d ' Nossa Senhora). ♦

CATOLI

e

ISMO

Outubro de 2001

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XXIII Encontro Regional Em Olímpia (SP) reuniram-se participantes da Campanha de Fátima, promovida pela TFP eal izou-se no dia 25 de agosto último, no Auditório da Associação Comercial de Olímp ia, o XXIII Encontro Region al dos participantes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! com a presença de 160 pessoas que lotaram o recinto. O evento iniciou-se com a entrada o le ne da im agem de Nossa Sen horn de Fátima e a recitação de um terço do Santo Ro ári o. As confe rê nc ia fora m profe ridas pelo coo rde nado r-ge ra l da refe rid a Campanha, Sr. Marco Lui z a re ia, e pelo Cel. Cario Antonio E. Hofm i ter Poli (R), dire tor da TFP. O primeiro orador falou sobre o Segredo de Fáti ma na entrada deste novo milênio, e o segundo d iscorreu a respeito da TFP enquanto defensora dos va lores da Civilização Cri stã. ♦

R

Evento Cultural no Château du Jaglu A assoc iação "Avenir ele la ulture" (Futuro ela C ultu ra) , que atua na França e m estreita co labornção com a TFP, abriu sua . ede, o Château du Jaglu , para visitação pública. /\o ato compareceram mai s de 500 visitantes - entre simpatiza ntes e vi zinhos - que, antes de 1tdl't1lrarem no Castelo para conhecer o encantador ambi ente, foram brindadas com um concerto 11 111sica l. ♦


O corpo princ ipal lo caslc lo, consli Luído ele vári os an lares, o Lraço de uni110 nlr dois ou lros edifíc ios que Lerminum Lambem c m lorr s, mas des iguais.

As fotos nos m os lram o castelo conslruíd o pelo Rei Luís II da Bav iera (A lem anha, século XIX), famoso no mundo inteiro . Corresponde a uma concepção que poderíamos qualifi car de romântica e wagneri ana da Idade M édi a.

Em seguida, a cnlracla cio casLclo, qlll' rcmala e reco lhe Loda a almosfera d• •rn n deza que se vê, e fecha essa g ran k :,,,11

Possui ele esta nota característica: o homem que o imaginou qui s construir um castelo que refleti sse todo o espírito medieval , ou seja, o senso do combate e da

numa como que taça, represenlada 1w l11 pátio i nterno ci o edifício. Trala-s · til- 111 1111 construção ele pedra ou de Lij o lo IIVl'1 11 1t lhaclo, com um portal magnrri ·o. '1h1 1 , 1·

di gnidade afidalgada do homem daquela era hi stórica. O caste lo está situado num panorama extremamente favoráve l: um extenso movimento montanhoso, que se prolonga e vai descendo. De maneira que o castelo se loca li za numa espécie de pín caro em re lação a tod as as circ unj acênci as imediatas, tendo como fundo d e q uadro do is aspectos bonitos da nature-

a idéi a el e algo hierárq ui co. Yislo o 1•di lf cio de baixo para cima, há ulll 1•1· 1111h• 11'1 raço, de onde se domina u 1111111H·111 O castelo espelha um uspl'l'lo 111 111111•11

za: os l agos - no alto da montanha, sempre co m água puríss im a - e um a flores ta. Não flores ta virgem, embora ela sej a tão densa e vi gorosa que ficamo s com toda a sensação de se es tar diante de fl o resta virgem .

*

*

*

O Rei Luís li da Baviera

A primeira impressão que o castelo sugere, a m eu ver, é cau sada pelo jogo das torres, sobretudo a torre m ais alta, que parece desafiar os mo ntes atrás, como quem diz: "Eu estou no píncaro do orbe,

mais do que eu não há ninguém".

te hierárq uico ela grand •:,,,11 , (Jll l' 1l•111 f" 111 · e que neles se desdobrn , 11 ll' lol·111 rn, 1111 mens m enores. f' ·ret·t• t·o11 10 q111• 1111 1 afago a quem nc l ' qm•r l'lll1·11 1 l'0111 boa in tenção, · ·x pri111 · 11 111 11 am eaça para a p •ssott qtll' d • , 1 sej a entrar CO l11 lll (Í ill((' ll l,'IHI. '/, Porque esle ·.isl ·lo rl' w l11 1tl pn ele forta leza , • ·sl11 l' p1 i 11H' 11 1 •o de pri são. S ·nl · Sl' 11 l·xi~ll 1w 1111•11111 11•111 ou possív I tl t· si11i.~11·11~ 111 11 1111111 11 111 parle de bai xo, p11 1·11 ·11.~l i)'111111111111• Assim , N eusl· hw11 11 11 ·1 11 l 11111, 11~11 111 allam nl • si mhol i ·o.

xc rtos d conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP m 2 de julho ti< 1 J/0, 811111 11 vii lo !lo 111 11111

{'



Nod~f~H Nesta edição

Uma reflexão muito esquecida

: A palavra do sacerdote

8

• •

"Se morremos com Cristo, temos fé de que também viveremos com Ele" (Rom. 6,8)

e

orno em todos os anos, no dia 2 deste mês a Igrej a Católica comemora o dia de Finados, depois de celebrar na véspera o dia de Todos os ·Santos, ou seja, de todos os homens que estão no Céu. Como Mãe, a Igreja festeja a glória dos Santos no Céu e depois volta seu matern al e misericord ioso olhar para aquelas almas que padecem no Purgatório. Como filhos da Santa Igreja, devemos procurar aliviar as penas, e mesmo obter do nosso Divino Redentor o livramento das almas do Purgatório, rezando e sofrendo por elas, pedindo a intercessão de Maria Santíssima para que leve as almas dos fi éis defuntos o quanto antes à glória eterna. Nessa intenção devemos orar todos os dias do ano, mas especialmente no dia de Finados, de modo particular pelas almas daqueles que nos foram mais próximos. Daí o costume de se vi sitar nesse dia os cemitérios e rezar junto à sepu ltura de nossos parentes e conhecidos. Os que o fizerem do dia 1º ao dia 8 de novembro

A realidade concisan1ente

podem ganhar uma indulg nci pi nária aplicável somente s lmas do Purgatório, nas condiçõ s st b 1 das pela Santa Igreja. Infelizmente, em nosso vez mais se procura dis morte tem de pungent cada passo a morte roç um parente, um amigo, se vai -, mas nós tend viar os olhos dela como s dissesse respeito. atitude católic . A fim d m dit rmos n t m , u um tr eh . hoje tão esqu cldo, de um rtigo do Prof. Pllnlo Corr a d Oliveira, public do em nossa revista há 50 anos - em novembro de 1951.

*

Posição da Igreja em relação ao suicida O Purgatório termina com o Juízo Final?

*

*

"A lgreja nos ensina que a morte é um castigo imposto por D eus aos homens em conseqüência do pecado origin al. O próprio do casti go consiste em produ zir a afli ção e a dor. E como Deus é infin itamente sáb io e poderoso, e fa z pois com perfeição todas as

suas obras, este casti go in stituído p r E le há de ssari amente caprodu zi r mu ita muita dor. "S ' a mort ' l'az. sof'r ·r, '- 1• ,ftimo qu ' 1urPlinio Corrêa de Oliveira 1i ·ip ' 111 d 'S ta dor os qu ' uIrn1111 o mort o. /\ 1 •r·j u se mi re aprovou, pois, os ·ostu1n ·s soc iais tenden1 ·s 11 · ·r ·ur u rn ort ' '0 111 as mani feslu '( 'S 'X I ·ri or 's du dor. E por isto sua pr >priu litur >ia para ·om os defun tos ussun, ' todos os sinai s da tri steza. Ela, qu · · " m 'Slra ' a I r61 ri a fo nte ela irn ortalidad \ nuo d 'Sd nha de parti cipar 1, nossas l{t rinn s, ele se revestir d nosso lut o. 0 1110 M estra, a l grej aju sli li a nossa dor; 0 1110 M ãe, a ela se assoc ia. Por isto também, incita ela a cari dade ci os fi is a que se manifeste generosamente a propós ito ela morte. " Velar os cadáveres, participar cios funera is, vi sitar as famíl ias enlutadas, comparecer à Mi ssa em sufrág io da alma do morto, são atos prati cados hoje, muito freqüe ntemente, num espírito absolutamente mundano e naturali sta. Este espírito eleve ser abolido. N ão porém estes atos, em si mesmos excelentes e ri gorosa mente coerent es co m o qu • a 1,r •ju ' nsinu a r 'S· 1 ' ito dn 111 ort ' ..... " Por q11 · 1·st11 di )• l'l'SSII(> sobre n IIHH'l l''I l'mq111· L' lll l 'L' rl o srntido, oqu' h1í dl' 111 ii s i 111portnlllL' nu v ida é a 1iltll 11·. 1i11q (1111110 os homens não tiven·11 1 11111 11 utit11d • rela, equi librada e L' I ist11 pl'l'lllll ' a morte, não serão cap11 Z,l'S d · ter uma alil ucle reta, equ ili hrnda e cristã perante a vida" .

1O•

Rússia: situação sanitária calamitosa • 71 % dos alemãs desaprovam o Euro • São Paulo: ca mpe ão e m seqüestros

Nossa capa: Imagem de Nossa Senhora das Graças (foto Roger Luís), na Sede da TFP norteamericana, em Spring Grove (Pennsylvania); fotos do verso e reverso da Medalha Milagrosa. Ao fundo, foto do atentado terrorista contra o edifício cio World Trade Center, em Nova York (11-9-2001) Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo

SOS Fan1ília

12 O

caráter antinatural das reivindicações feministas

14 •

Raízes e perigo do fundamentalismo maometano • A Medalha Milagrosa, escudo protetor nos trágicos dias atuais

Excertos

2

A celebração de Fin ados

Carta do Diretor

4 Página Mariana

5

Nossa Senhora, vítima do ódio terrorista na Colômbia

Leitura espiritual

7

O Credo: res umo do que todo católico deve crer

Aspecto da ruína do World Trade Center, em Nova York, após o atentado ele 11 de setembro último

Capa

Grandes Personagens

41

Josu é introduz o povo eleito na T e rra Prometida

Escreven1 os leitores

Entrevista

31

44 A

Santos e Festas do n,ês

c ris e energética do País: causas e perspectivas para o futuro

32

TFPs en, ação

Vidas de Santos

46 •

34 São

Martinho d e Porres

Ecos de Fátin,a

37 •

Distribuição de 300.000 M eda lhas Milagrosas • M édicos Católicos condenam propaganda de preservativos • A Voz de Fátima analisa os recentes atentados terroristas

TFP norte -americana: programa de formação para a juv entude • Encontros de propagan dista s de Fát ima no Hotel Hilton, em São Paulo • Congres so de universitários promovido pela TFP francesa

An1bientes, Costun1es, Civilizações

52 A

nobreza do

Numeroso público compareceu ao Encontro promovido pela Campanha Vinde Nossa Senhora, não tardeis!, no Hotel Hilton, em São Paulo

Morte de São Nicolau, Tríptico de Perugia

(detalhe), Fra Angélico, séc. XV, Ga/cri,1 Nacional ela Umbria, Perugia (ltá li,1)

eATOLIe ISMO

Novembro de 2001

3


Com a palavra ... o Diretor

.

PÁGINA MARIANA

Am igo leitor, O dia 11 de setembro de 2001 ficará registrado na Hi stóri a da humanid ade co mo uma data sini stra e simbólica, cm que se verificou uma alteração ponderável no rum o dos aco ntec imentos. Foram ceifadas milhares de vidas nos Estados Unidos. O mundo inteiro encontra-se atônito e perpl exo ante a vulnerabilidade de toda s as nações frente à investida sorrateira, homi cida e sui cida cio fanatismo islâmi co. De repente, o homem moderno, que se acostumara com o sonho otimista de uma paz es táve l, sem limites, co m a vida dedicada ao mero prazer, sente-se frágil, impotente, peq uenino e amedrontado. Não há quem não comente, não se preocupe e não acompanhe com interesse os acontecimentos decorrentes do bárbaro atentado de 1 1 de setembro último. Conjectura s, que no ocaso do século XX pareciam sepultadas, sobem à tona: a Tercei ra Guerra Mundial estará começa ndo? Depois da des trui ção co mpleta das duas torres do World Trade Cen1er, em Nova York, e da demolição parcial do Pentágono, símbolo da segurança e def esa da nação ameri cana, propagou -se em escala universal um clima geral de insegurança: os fato s vindouros poderão fi car fora de co ntrole. A possibilidade de novos atentados terrori stas e de guerra bacteriológica, por exemplo, representam , na psicologia mundial , séri o aba lo que atinge mesmo a economia e a segurança do Ocidente. A comp lexidade dos problemas co ntemporâneos é tal , que eles vão se tornando humanamente insolúvei s. A soc ic Jade contemporânea, mov ida por seu próprio dinam ismo de incred ulidade neopagã e de co rrupção moral , pratica dcs inibidamente a tran sgressão generalizada dos Mandamentos do Decá logo e dos princípi os ca tólicos. Qual a escola política, social ou econôm ica capaz de ev itar, sem o socorro da vcrdacl ira Reli gião, a ex plosão final ? Di ante da gravidad e dos problemas atuai s é oferecida, contudo, ao homem contemporâneo, uma segura tábua d sal va<,;, o: r corr r ao au xí lio la San tíss ima Virgem e aos meios indi cados diretamente por Ela, a J'im d ' obt ' rm is de Deus as graças necessá ri as para enf'r ntar a terríve l tormenta que já se l'or111 a no hori zont • das nações . É sob esse pri sma 1uc l •v •mos ·onsid ·ra ra matéria de ca pa leste mês. Uma aná li se inédita e b m documentada da ori 1cm ' metas do J'undamcnta li smo islâmico leva -nos a co nc luir que dias co nturbados nos a >uardam num futuro próx imo. Di as es tes em que - mai s do qu nunca - d v mos co locar nossa confiança na M ãe de Deus , lançar mão da devoção qu e b la própria mi seri co rdi osa mente revelou a Santa Catarin a Labouré no século X IX: a ela Medalha Mi lagrosa. Dev ido à importância qu e ta l devoção assume na co njuntura aluai, julga mos oportun o abordar também esse lema na presente edi ção. Tal arti go permitiní ao leitor co nhecer detalhadamente a efi các ia dessa ex traordin ária devoção, baseada numa grandiosa promessa de Nossa Sen hora: aque les que usarem a Meda lha Mi lagrosa ao pescoço receberão graças in signes. Que todos os leitores de Catolicismo possa m redobrar sua confia nça filial em tal promessa ela Santíssi ma Virgem, recorrendo a E la continuamente para obter de Deus as graças necessá ri as para enfrentar, com confi ança inaba láve l, os dias ainda mai s difícei s que estão por vir. Desejo a todos um a boa leitura. Em Jes us e Maria,

O ódio comunista conseguiu destruir tudo, exceto a imagem de Nossa Senhora V ALDJ S

Mesmo em nossa época neopagã e materialista, ocorrem fatos prodigiosos, destituídos de explicação natural

A.

ler os diversos milagres opeados por Nossa Senhora, narrados nas páginas de nossa revista, uma ou outra pessoa poderia por vezes se perguntar: "Será que ainda hoje acontecem prodígios desses? Nesta seção narram-se milagres de séculos passados, mas nada, ou quase, dos presentes dias. Pareceria que Nossa Senhora não mais atua como antes".

Entre as explicações possíveis para esse fato estão as segu in tes. Por um lado, a Igreja Católica sempre leva algum tempo para examinar o acontecimento considerado milagroso e eventua lmente aprová-lo. E la é uma instituição séria, de caráter divino, que não tem pressas descabeladas. Justamente por isso, ana li sa meticulosamente os fatos ocorridos.

Chegou-nos às mãos um despacho da agênc ia CubDest relatando justamente um fato ele natureza milagrosa, ocorrido na conturbada Colômbia de nossos dias. Como é de conhecimento gera l, essa nação vem sendo palco de uma verdadeira guerra civil, na qual guerrilheiros e narcotraficantes unidos desejam demolir as estruturas do Estado e implantar um regime com uni sta. Para isso, atacam pequenas cidades, estabelecem barreiras nas estradas com a finalidade de seqüestrar pessoas e destruir o comércio; saque iam propriedades rurais; forçam a popu-

orrêa de Brito Filho Ü IRllTOR

P.S . T • J' • •

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Em segundo lugar, o milagre muitas vezes é um prêmio concedido por Nossa Senhora àque les que têm fé . Numa época em que a fé diminui como por excelência é a nossa - não surpreende que ocorram menos milagres cio que em outras eras, em que vicejou intensa piedade. Finalmente, devemos levar em conta as patrulhas ideológicas estabelecidas nos meios ele comun icação hodiernos, que publicam até notícias sem qualquer importância, mas costumam ignorar sistematicamente os fatos sobrenaturais, como, por exemplo, os milagres ele Lourdes que continuam a ocorrer. Não interessa aos promotores ela imoralidade, atuantes em grande parte da mídia, narrar as maravilhas produzidas por Nossa Senhora.

Terrorismo comunista não poupa vilarejo inteiro

?~7 Paulo

GRLNST EINS

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lação contrária a fugir das re~iões por eles dominadas etc. Ao mesmo tempo se beneficiam com diálogos de paz, conduzidos por um governo mole e complacente, iludido pela fa lsa esperança de que, sorrindo ao adversário, este fique enternecido e comece a comportar- se amigavelmente. O resu ltado é o caos crescente, em cuj a vigência os guerrilh eiros comu ni stas vão revelando sua verdadeira face: promotores do crim e organ izado, tentando estabe lecer a anarquia. Entre ou tras ações criminosas, no dia 3 1 de março deste ano, terroristas atacaram pela quinta vez o sofrido povoado de Almaguer, na província do Cauca (sudoeste da Colômbi a), conseguindo dominar por várias horas a população. Poder- se- ia pensar que um grupo guerrilhei ro, interessado em c nquistar o país, trataria bem a população loca l, tentaria convencê- la a adotar sua posição ideológica, e praticaria represáli as somente contra os que se lhe opuse sem. Triste ilusão! Os marxistas querem dominar, seja pelo medo, seja mediante a persuasão. Como não têm conseguido convencer a população elas "vantagens" cio regime que propõem, passam a aterrorizá- la, visando imped ir qualquer resistência. Por isso os guerrilh eiros passaram a devastar meticulosamente o povoado. Centenas ele casas foram destruídas, a maioria delas dinamitadas.

Sanha comunista anticatólica A lm agu r não é um povoado recent . Fundado 111 155 1, estava preparando a 0111 moração dos 450 anos de sua fundação. Na i r 'ja co loni ·il do vilarejo , o altar, trazido p los 'S panhóis, datava de quatro sécul os atrús. Nada disto sen ·ibili zo u os terroristas . Dinamitaram o altar, sob re o qual se encontrava a im agem de Nossa Senhora do Milagre (ass im con hecida desde muito tempo), o templo intei ro e até a casa paroquial. Após a nefanda profanação sacríl ega, os marxistas fugi ram para as montanhas. 6

C ATO L IC ISMO

Alguém poderi a perguntar: mas por que quiseram eles destruir uma im agem de Nossa Senhora? Afinal, se eles são ateus, por que destruir algo em que não acreditam? Os comunistas percebem perfeitamente que os cató li cos vêem Maria Santíssima como um modelo a imitar. M ode lo de Mãe, de Esposa, de F ilh a. Excelso exemp lo ele bondade, pureza, firmeza, carid ade, justi ça. Ju stamen te por isso ele A o I iam , tentancl destruir tal mode lo. Po is nã qu rem pessoas casta ou piedosas, ·ari dosas ou sincera ·, mas sim r vo ll aclas, in conformes, invejosa s, tend nt es a lo 1 tipo ele desord m. Para os v rm lhos, N ossa Senh ora dotada las virtudes que, por ex c IAn ·ia, les não qu rem praticar, uma vez qu rej itam brutalmente a Deus. toei s aceitassem as provações desta vi i'l, à e. pera do prêmio etern o . no éu, nin guém se revoltari a para fom ntar uma nova estrutura soc ial que favorecesse o igualitarismo, a inveja e a imoralidade, como o faz a doutrina marxista! Logo, não há lugar para Nossa Senhora em qualquer Es tado co muni sta.

No meio dos escombros,

a imagem intacta! Após a fu ga dos guerrilheiros, voltaram os desolados habitantes do vilarejo para verificar o que tinha dele restado. A igreja transformara-se em montanha de ruín as. O sacrári o destruído e as Sagradas Partícu las Eucarísticas misturadas com os destroços. "ss ato ignóbi I e perv rso b 111 111 r e ·u , para os que o p rp Iraram , a 'X ·omunhfío lanc,,:ada p •lo /\ r · bispo d' Popayán , 1 0111 Juan An tônio Marfn Lóp ' Z. alt ar havia desapa r · ·ido, tal a vio lAncia da exp losão. Mas ... ó su rpresa! prodígio! A imagem da Virgem cio Milagre, Padroeira cio povoado, encontrava-se i ntacta no meio do escombros! Foi uma comoção geral! Como exp li ca r que, apesar ela terrível exp losão, que arrasou as venerá-

Novembro de 2001

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veis e fortes paredes cio templo, tivesse restado intacta uma im agem? N atural mente falando, el a deveria ter sido red uzida a pó, como ocorreu com outros obj etos piedosos. Deus, entretanto, não permitiu esse efei to sac rílego. Do mesmo mod o co mo, em sua Paixão, Jesus Cristo aceitou ser flagelado, cru ci fi cado e até morto, mas não consentiu que sua puríssima M ãe fosse atin gid a! Assim também N osso Senhor permitiu, em A lm aguer, que até a Sagrada Eucari stia - verdade iramente Corpo, Sangue, A lm a e Div indade de Nosso Senh r - íosse profanada pelos terroristas. M a não tolerou que tocassem na imagem ele sua Mãe virginal. O maravilhamento da população rap idam ente transformou -se em clamor: " Milagre! Milagre! Milagre!"

O prodígio: lição de confiança Diante do ocorrido em Almaguer, convém observar que, muitas vezes, Deus permite que aconteça m fatos espantosos, seja por castigo, seja por provação. E E le permite que os católi cos se encontrem numa situação ele impotência, justamente para que não se possa duvidar ela interferência di vina, quando ela se der. Os guerrilh eiros, em Almaguer, atuaram sem encontrar res istência: tomaram o vilarejo, dinamitaram o que quiseram. Eram senhores da situação. Eram mes mo? N ão. Deus, mediante o prodigioso evento, provou a vacuidade cio poder cios maus. Para castigo da população, ou para prová-la, permitiu aq uela ca lami lade, mas decidiu que a im agem ele sua M ãe ficasse il esa. E assim s rez. Li çã o d oníiança para os homens atua is ele pouca fé. Devemos confiar, mesmo em face das maiores tragédias. F icamos à espera cio vered icto da Igreja, que, após cuidadosa verificação, poderá vir finalmente a declarar o milagre, caso não encontre nenhuma explicação natural - pouco provável ♦ para o acontecimento.

, O Símbolo dos Apóstolos - Introdução spiritual

Depois de termos anali sado os 1O M and ame ntos da Lei de Deus, ini c iamos outra importante série, sob re os 12 arti gos do Credo . Por q uê? Porque neles estão compend iados os principais mi stérios da nossa Fé. H oje trata remos da fundamenta l impo rtânc ia do Símbo lo dos Apóstolos (ou Credo), ass im sa li entada pelo co nh ec ido auto r ecl esiástico Pe. Francisco Spirago (1 ):

"Todo cri stão é obri gado a saber o símbolo dos Apóstolos de cor (Santo Agostinho). Quem não se empenha em aprendê- lo, torna-se gravemente culpado (São Tomás). Recitai todos os dias o vosso símbolo, nas orações da manhã e da noite, a fim de refrescar a vossa fé (Santo Agostinho). O símbolo é a renovação do pacto conc luído com Deus no batismo (São Pedro Cri sólogo); é um a couraça que nos protege contra os nossos inimigos (Santo Ambrósio). Os alimentos corpora is só nutrem quando os tomamos co m freqüência; ass im também a fé não alimenta a vicia da alm a se não repetimos freqüentes vezes os seus atos. "A lém do símbolo dos Apóstolos que se recita no batismo, a I grej a serve-se também do símbolo de Nicéia (composto nesse concíli o em 32 1, e completado pelo de Consta ntinop la em 38 1) e do símbolo dos concílios de Trento e Vaticano I (publi cado, o de Trento, por Pi o LV em 1564, completado pelo concíli o do Vaticano I em 1870). O símbolo de Nicéia, diz-se na Missa, antes do Ofertório. A profissão ele fé do conc íli o de Trento é obri gatóri a no ato ele posse de uma função ecles iástica e na conversão ele um herege.

"O símbolo dos Apóstolos contém, em resumo, o que todo católico é obrigado a saber e a crer. "As suas poucas palavras encerram todos os mistérios (Santo Isidoro). O símbolo assemelha-se ao corpo de uma criança, que é pequeno mas possui todos os membro ; ou a uma se mente que, apesar da sua pequenez, contém toda a árvore com todos os seus ramos. "Chama-se símbolo (sinal pelo qual se di stingue alguém), porque na primi tiva I grej a serv ia para distinguir os cri s-

tãos. Para poder ass istir à Mi ssa era preciso saber o símbolo, sob pena ele ex clusão. Era proibido com uni cá- lo àq ueles que não eram batizados; co mo é proibido em tempo de guerra com uni car a senha.

ração, isto é, crer; são o pão espiritu al que nos é oferec ido à entrada da lgreja, isto é, no batismo; transformam o nosso coração num altar sobre o qual oferecemos a Deus as nossas orações e boas obras". ♦

"Chama-se símbolo dos Apóstolos porque tem ori gem apostó li ca. "Os Apóstolos, segu ndo refere Sa nto Agostinho, esta ndo para se separa r, fix aram uma regra segura ele pregação, a fim de que, sem embargo ela separação, estivessem unidos na doutrina. Isto não quer dizer que as próprias palavras vêm dos Apóstolos; trata-se cio f undo. Até o VI sécul o foram!he acrescenta das diferentes exp li cações; por exempl o, à palavra Pai, a ele Criador ... ; à palavra Jesus, a de concebido do Espírito Santo ... ; às palavras Santa Igreja, a ele católica ... , etc.; foram motivadas pelo aparecimento ele certos hereges. M as, assim co mo o homem, pelo cresc imento, não adqu ire membro algum novo, ass im o símbolo não admitiu verdades novas. "São Pedro exerceu sobre a redação do símbo lo um a influ ência decisiva, porque nele se encontram os pensamentos fundamentais cios seus discursos em Pentecostes e na cura cio paralítico no Templo, e das suas duas defesas no sinédrio. N a primitiva l greja o símbolo não era mais que uma fórmula de profissão de fé, que era ,iecessári o rec itar antes do batismo, e que dava em compêndio a doutrina cios Apóstolos e a in strução reli giosa que tinha sido mini strada antes. "Os 12 artigos do Credo são 12 gemas que es palham o fulgor da lu z e da verd ade, e que devemos trazer no co-

1. Catecis1110 Católico Popular, versão portuguesa cio Dr. Artur Bivar, Uni ão Grál'i ca, Lisboa, 5". ecl ição, 1950, I". parte, pp. 103 ss.

CAT O LI

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Na rea lidade, antes do ato

~ cri ador de Deus não ex istia o

te mpo, co mo ta mbé m não ex isti a o espaço. É um erro imaginar que antes da C riação havi a um enorme espaço vaz io, que De us preencheu colocando ne le as coisas cri adas. O tempo, bem como o espaço, são noções ligadas ao universo materi al: como explica a sã fil osofia, e os cienti stas modernos admitem, o tempo e o espaço começara m a ex istir no " instante zero" ela C riação, isto é, no mome nto em que Deus pro nunc io u o

seufictt!

Pergunta

Sr. Cônego, Lendo sua secção no n. 608 [de Catolicismo], fiqu ei sab endo que em geral o homem não consegue pagar nesta Terra sua penitên cia, te1tdo que completá-la llO Purgat6rio. Mas o que aco1ttecerá conosco no dia do Ju ízo Final, quando o Purgat6rio provavelmente deix ará de existir? Resposta Quando chegar o di a do Juízo Fina l, todas as almas que estão no Purgatóri o deverão estar com a suas "contas pagas", a fi m de apresentar-se purifi cadas diante do Senhor. Como ajustar a cronologia desses eventos, sendo qu e certam e nte have rá então pessoas recente mente fa lec idas, que poss ivelmente não te rão tid o "te mpo" de " paga r as s uas contas"? Essa a pergunta do leitor, a qua l parte do press uposto de que o te mpo nesta Terra e o do Purgatório corre m paralelamente.

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CATO LI C I S M O

Ass im , te mpo e es paço prosseguirão até que o mundo aca be, qu ando e ntão se reali zará o Juízo F inal. Qu a nd o a lg ué m mo rre, seu corpo é sepultado e sua alma va i para o Pur ató rio (s mo rre u na graça cl D us), ond passa por u 111 1 ro · ·sso purifieadorquese r ali za fora do " t mpo" co mo o ·on · · b ·mos aqui na -~·1-ra. Esta I uri fi cação tin a! dos lei to. é ab. o lula me nte d istinta d casti go aplicado aos conde nado · ao infe rno. Com base em certos textos da Sagrada Escritura (por exemplo, l Cor 3, 15; I Pt 1, 7), a Tradição da lgrej aexplica que as almas do Purgatório sofrem o efeito de um fogo purificador, "até que

lhes seja fi'anqueado o acesso da Pátria celestial, onde nada de impuro pode entrar" (Catecismo Romano, Parte I, cap. VI, 3). As almas ass im purificadas são pois levadas imediatamente para o Céu, de o nde vo lta rão à Terra para reunirem-se aos seus corpos e terem suas sentenças de salvação confirmadas no Juízo Fina l. Esse processo de purifi cação das almas é sem dú vida mi ste rioso, ta nto ma is para nós que temos dificuldade em Novembro de 2001

conceber algo sem as noções de espaço, te mpo e matéri a; de onde também termos difi c uld a de e m c o mpree nd e r esse "fogo purificador", que não é materi al e atua sobre as a lmas, que são espirituais ! De qu a lqu e r m o d o, é certo o que o le ito r di z: no di a do Juízo fin a l o Purgató ri o não te rá ma is razão de ex istir.

Pergunta

Em minha família tivemos um ente querido que cometeu suicídio, era irmão de minha esposa, e llO seu 11e/6rio o Padre se recusou a rezar por .ma alma. Eu e minlw fam ília f icamos extremamente chocados. Gostaria <le saber se o senhor poderia me explicar a atitude do Padre. Se foi uma atitude iso/(1(/(I 011 se , sempre assim. Podemos mandar rezar Mi.,·sas em intençcio ,ta alma de meu cunhado? Resposta Nada justifi ca o suicídi o porque, por mais árduas que sejam as condições de ex istência de uma pessoa, o homem fo i fe ito para enfrentar durante a vida situações adversas, às vezes duríssimas . E Deus nunca recusa ao home m os auxíli os de que precisa para cumprir seus deveres famili ares, profissionais e socia is e para superar todas as provações. Au xílios esses qu e a lca nça mos d e De us

Juizo Universal (detalhe) Fra Angélico (séc. XV), Museu de São Marcos, Florença (Itália) Por ocasião do Juízo Final, todas as almas que estiverem no Purgatório deverão já ter expiado suas penas e apresentar-se-ão purificadas diante de Deus.

muito especialmente através da oração: "Em verdade, em

verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa a meu Pai em meu nome, Ele vo-la dará", di sse N osso Se nh o r Jes us C ri sto (Jo 16, 23). "Tudo que

pedirdes, cornfé, na oração, o recebereis" (Mt 2 1, 22). O desespero do suic ida é uma negação pecaminosa da mi seri cordi osa pate rnidade de Deus e da promessa infalível de Jesus C ri sto. O suicídio é um pecado escanda loso, que ate nta contra os dire itos de Deus, supremo e único Senhor da vida e da morte . É um pecado que agride brutalmente o convívio famili ar e socia l, privando os fa miliares e os ami gos da presença ele um e nte querido, e muitas vezes de um

sustentáculo materi al, afeti vo e espiritual. É um pecado gravíssimo que prec ipi ta a alma direta mente no in fe rn o. Por esta razão, as le is da Santa [grej a (cânones 11 84/5) ved a m co ncede r exéqui as ecles iás ti cas aos "pecadores 111an(fes1os" - corno é o caso dos s ui c idas - "a não ser

que anles da mor/e ti vessem dado algum sinal de arrependimen lo " . O íte rn 3° do câ non 11 84 introdu z a prec isão de que a privação das exéq ui as e lces iás ti cas deve ser aplicada aos

"pecadores manif'eslos, aos quais não se possam conceder exéquias eclesiásticas sem escânda lo público dos fiéis " . O sacerdote, ao recusarse a rezar pe la alma da pes-

soa que co meteu o suic ídio, presumi velmente examinou a situação concreta para, confo rme di z o íte m ac ima referido, ev ita r o "escândalo público dos f iéis". Compreende-se, po is, a atitude ass umi da por e le. Convém ainda acrescentar que não basta a mera supos ição de que ta lvez, nos últimos in stantes (entre o ato s ui c id a e a mo rte e feti va), pe la infini ta mi sericórdi a de Deus, ter-se-á arrependido de seu ato tres lo ucado e obtido o perdão. É prec iso que haja a lgum teste munho fid edi g no de qu e o s ui c id a, a ntes de exp ira r, te nh a por exe mpl o be ij ado devotame nte um crucifi xo ou alguma imagem ou objeto pi edoso, tenha batido no pe ito dando mostras de

arrependimento de seu pecado, te nha pedido que lhe levassem um sacerdote, ainda que este não ti vesse chegado a tempo etc. Sem estes sin ais, o sacerdote não pode dar-lhe "sepultura ec les iástica", o u sej a, reza r publicame nte pe lo defunto, ·e ncome nd ar-lhe a a lm a, be nzer s ua sepultu ra etc., ne m ce lebrar as Mi ssas de exéquias. De qualquer modo, como resta a poss ibilidade de Deus te r concedido in extrenús ao sui c id a a graça do pe rfe ito arrependimento, sem que e le o te nh a podido mani fes tar publi ca me nte, é pe rmitid o rezar privadamente pelo defun to, e mesmo enco mendar Mi ssas e m sua inte nção, desde que estas sejam celebradas pri vadamente e ass istidas só

pe los fa mili a res e a mi gos mais íntimos, sem comuni car ao ato ne nhum caráter soc ial (co mo anún c ios e m j orna l, por exempl o). Infe li zmente, essas sábias e razoáveis dispos ições ecles iás ti cas, que anti gam e nte era m be m co nh ec id as d os fié is, hoje não ma is o são, o que ex plica que o consulente e sua fa míli a te nham fi cado extremamente chocados com a atitude do sacerdote. Em vista disso, teri a sido conveniente, ta lvez, que e le desse uma ex plicação à família. A tri ste rea lidade de nossos di as é que vive mos numa soc iedade que se di stanc iou de Deus. Noções como a da extrema seriedade da vida, na qua l devemos, pe la honesti dade de nossos atos, ganhar o Céu, e po rtanto evitar qualq uer tra nsgressão dos Mandamentos da Le i de De us e da Ig rej a, não fa ze m ma is parte das cog itações habitu ais ele um núme ro eno rme de nossos co n te mp o râ neos. Restam ape nas algun s fi apos de tradições cri stãs, co mo a de reza r pe los defuntos no ve ló ri o, c ha mar um Padre para que e nco me nde a s ua alma etc. E a inda é forçoso reconhecer que mesmo esses fi apos es tão d esa pa rece nd o . Contudo, a reação do consulente e de s ua fa míli a, de fi care m chocados com a recusa do sacerdote de rezar publi ca me nte pe lo s ui c id a, compreende-se em função do desejo ele o bter para e le a salvação. Q ue e les rezem, po is, pe lo seu e nte querido, po is Deus, em sua infinita miseri có rdi a, na prev isão dessas orações, pode ter dado ao defu nto a graça do arrepe ndi me nto in ex/remis . Até lá pode c hegar a mi seri córdi a ♦ divina !

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Na Rússia: crise reduzirá população

Na Alemanha, rejeição ao euro

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inguém nunca perguntou nada para nós, ou pediu o nosso vo to. Eles sabem pe1'.f'e itarnen/e bern que se tivesse ha vido um plebiscito sobre o euro, os alernães teriarn votado conl ra " .

ONU reconhece: não existe explosão demográfica

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urpreendentemente, só agora um informe da Divisão de Povoamento do Departam ento de A ss untos Econômi cos e Soc iais das N ações Unidas rej eitou as teori as de ex plosão demográfi ca, tão difundid as an te ri o rm ente pelas agências da ONU, e mostrou que tais pos ições são infund adas . O estudo anali sou os ef' itos do cresc imento demográfi co sobre o ambiente, e seu in fo rm contradi z as idéias mai propagadas do ontrole demog ráfico, utili zadas para ju stifi ca r a esterili zação, o aborto e a anti concepção. O pretex to que mais comumente v inha sendo usado co ntra o crescimento da popul ação é o de que a Terra tem uma capac iclacle de manutenção determin ada, a qual, uma vez superada, condu ziri a a civili zação à f ome crônica, a enfe rmidades, pobreza e guerra s civi s. Um daclo dos mais importantes apresentados pelo in forme é o seguinte:

"Enlre 1900 e 2000, a população mundial cresceu de 1,6 bilhões para 6, I bilhões de pessoas. A população 111u/1ipli ·ou-se por quatro, o produlo brulo 111u11dial real cresceu entre 20 e 40 vezes, permilindo não só que o inundo sus/en/e qualro vezes sua população, ,nas que o f aça com os melhores padrões de vida". Apesar dessa ev idência, nada indica que cessarão os pecados de aborto, contracepção, esterili zação etc., pois eles corres pondem ao desej o neopagão e desenfreado de gozar a vida sem probl emas . ♦ 10

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ATO LIC IS MO

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A sim desabafou o vendedor aposentado K arl Eickmeyer, refl etindo a opini ão de 7 1% dos alemães, segund o recente pe. qui sa rea li zada pelo instituto alemão FORSA. Ê c lara a di fe rença de opini ão entre a es magadora maioria dos I íderes po líti cos e econômicos qu e apó iam a adoção da moeda europ ia - o euro - e a popul ação, qu a rej eita, ou pelo menos tem

sé ri as desconfi anças a res peito do ass unto. Quando o euro entrar em vi gor, parte da identidade nac ional de cada país europeu vai literalm ente virar fumaça, pois os bancos centrai s terão de queimar bilhões de pesetas es panho las, liras itali anas, francos fran ceses etc. Ce rtamente na Al emanha, onde o marco se torn ou um símbolo de orgulh o nac ion al, os políticos terão que travar árdua luta contra a sadi a rej eição da opini ão públi ca ao euro. ♦

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Rú ss ia vive hoj e um verdadeiro pesadelo, enfrentando sua pior cri se de saúde pública. A popul ação está ameaçada de chegar, ao final do século XXI, reduzida a quase um terço dos atuais 145 milhões, ou seja, para 55 milhões em 2075 , segundo estimativas da ONU. Os motivos dessa ca tástrofe sanitári a são muitos, e a cri se eco nômica expli ca apenas parte do drama, que passa pelo desmantelamento do servi ço de saúde em meio às incertezas do país como heran ça da era comuni sta. Velhas doenças como tubercu lose, sífili s e hepatite atin g iram números alarmantes . O s suicídi os

prati ca mente tripli ca ram. A fertilid ade é das mai s baixas do mundo, e cerca ele 30% das ru ssas j ovens são estéreis, a maiori a delas devido a sucess ivos abortos. Flagelos como a AIDS crescem mais rapi damente do que em qualquer outrq lugar do orbe, incluída a Á fri ca . O alcooli smo sempre foi um probl ema de saúde pública na Rúss ia. Porém, hoj e a situ ação está mais grave, pois dois terços da força de trabalho ru ssa estão afetados pelo alcooli smo e por doenças assoc iadas ao álcool. Essa situação dantesca é o preço que a Rússia paga hoj e pelos 70 anos de regime comunista. ♦

A

janeiro a junho deste ano houve 120 casos no Estado, representando um crescimento de 60 % em relação ao mesmo período de 2000. Tudo isto seria bem diferente se a soc iedade atual fosse fiel aos ensinam entos contidos nos 1 O Mandam entos da Lei de Deus . Com t oda ce rte za não seríamos vítim as de todos esses males que nos aflig em!

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ais uma vez o Presidente da Col ômbia, Andrés Pastrana, cedeu ante o mo vim ento g uerrilh eiro das FARC e prorrogou o prazo de vigência da zona desmilitari zada até 20 de j aneiro de 2002. Nem mesmo o seqüestro e brutal assass inato da ex-mini stra da ultura e esposa ci o Procuraclor-Geral ela República, onsuelo A ra-

újo N oguera, que cau sou comoção no país, impediu que o governo colombi ano tomasse essa atitude nefasta, insistindo num absurdo diálogo cuj os resultados têm sido seqüestros, mortes e saques. M as agora os guerrilheiros se "comprome/eram " - mais uma vez ! - a cumprir a palavra dada e suspender os seqüestros mac iços de civis; e o Presidente Pa. trana "ad vertiu " que, se o compromi so não for "honrado", a zona desmilitarizada será extinta. Até quando prosseguirá essa tragicomédia, que aflige de modo atroz o povo colombiano? ♦ Presidente Pastrana: mais uma capitulação diante das FARCs

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Na Colômbia, nova capitulação diante das FARC

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São Paulo é recordista em seqüestros violência que toma conta do Estado de São Paulo não só se manifest a nos assaltos, estupros e homicídi os , mas t ambém, e com grand e inte nsidade, em seq üestros, prática que já se tornou banal. Pelo segundo ano consecutivo, São Paulo bat eu o record e em número de seqüestros . Entre 1999 e 2000, o aumento foi de 250 %. De

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oluxo da "vida dtJ cachorro"2001...

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m Copacabana, Rio de Jan eiro , será aberta a primeira joalheria ex clusivamente dirigida aos cães e gatos . Os preços salgados das jóias vão variar entre 1 70 e 340 dólares. E quem vai pagar a conta são pessoas das classes média , alta e rica, que não poupam esforços para agradar seus animaizinhos. Na franquia da Pet From Ipanema, uma loja de 1 40 metros quadrados, com ar condicionado, funcionarão também uma pequena biblioteca especializada em animais e um Pet café, com petiscos para humanos e seus bichos.

"Não existem Pet Shops mais lux uosas que as nossas", diz o vet erin ári o Luiz Pereira , dono da franqui a, que já tem filiais em outras ca pita is e pretende abrir 1O lojas no exterior, inclusive em Paris, Londres e Nova York. Pereira já introduziu no Brasil chocol ate e sorvet e para cac horro . No final do ano, lançará uma cesta de Natal para cães ! Em um mundo neopagão, em que o igualitarismo vai nivelando tudo, chegou -se a um novo patamar de desatinos : animais ostentarem os mesmos luxos dos seres humanos mais agraciados pela fortuna. ♦

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BREVES RELIGIOSAS _J

Lord inglês converte-se ao catolicismo

Sir Nicholas Windsor, de 31 anos, filho mais jovem da Duquesa de Windsor, seguiu os passos de sua mãe, convertendo-se ao catolicismo, ao que parece por ocasião da Páscoa. A Duquesa de Windsor abandonou o anglicanismo, tornando-se católi ca em 1994. Ao tomar essa decisão, Sir Nicholas renunciou ao 25' posto na linha sucessória do trono inglês. Que um alto nobre se converta à verdadeira Religião de Nosso Senhor Jesus Cristo é ar puro, nesta época de mistura caótica de religiões. _J

Advertência oportuna do Bispo de Esmirna (Turquia)

Falando com a experiência de 44 anos na Turquia, país de esmagadora maioria muçulmana (99%), o Bispo de Esmirna, Mons . Giuseppe Bernardini , em entrevista concedida à imprensa, adverte o Ocidente : "O mundo islâmico tem uma mentalidade diferente da nossa, e na linguagem deles certas palavras possuem significado diferente. Para o Islã, religião e política são a mesma coisa ". Portanto, para eles guerra religiosa e guerra política se identificam.

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(Provérbio francês)

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A quimérica igualdade de direitos entre homens e mulheres, reclamada por movimentos ditos feministas, é contrária aos próprios interesses da mulher A propós ito do te ma abordado em SOS-Família de julho último, intitul ado O retorno à ordem natural (que versou sobre certa tendênc ia atual de mães de fa míli a, de não dare m pri oridade ao trabalho fora do lar, mas, ao contrário, dedica rem-se mais aos filh os e às ati vidades do mésti cas) , recebemos uma carta da le itora Raquel, qual destaca mos o

seguinte tópi co, por julg{i-lo de interesse gera l: " .. .. Realm ente a vida, como está organizada a1ual111enre, empurra a mulher para.fora Ido larj , para trabalha ,: Mestno porque há casos de os maridos esrarern lese111pregados. Enlrelanto, a mulh er 11ão deveria ler a mesrna carga -horária dos ho111 ens nem o mesmo tipo de

Mas eu sabia que ela tinha muito tempo para laze1; viagens e até para cuidar e passear com seu cachorrinho".

trabalho. Mas o que não posso aceitar é a opinião que ouvi de uma conhecida: - Deveríamos ter acesso aos mesmos trabalhos dos ho me ns, pois, a fin a l, não somos todos iguais? Arrematando bruscmnenre a conversa, ela disse: - Não tenho filhos , porque não tenh te mpo para cuidar de les.

*

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Estimada Da. Raque l, Concordamos com a senhora em gênero, número e grau na apreciação que faz sobre a atitude da sua conhecida. Não aprovamos a lamentável opinião dela, e poderíamos perguntar: pode haver ocupação mais nobre e prazerosa para uma mãe cio que dedicar-se a proteger e educar os fi lhos, a preservá-los na inocência e formálos na vi1tude? Haverá tempo mais bem empregado cio que esse? Ou seja, mães dispostas a sacrificar inclusive seu lazer, ou prute de le, por causa cios filhos? Infeli zme nte, a soc iedade moderna não está organi zada em função cios a ltos va lores morai s cató licos, mas sim de conceitos hedoni stas (conceber comofi nalid acle da vida a bu sca do prazer). Nasce ass im a ambição desenfreada pru·a ganhar muito dinheiro, e com e le "aprove itar" a vicia. Para isto, trabalhai· - e muito-, po is quanto ma is se traba lha, mais se "fatura". Da í o fato de ser considerado um obstác ulo ter filh os, uma vez que isso " rouba" o te mpo de lazer, do gozo da vida etc.

Sociedade "anti-filhos" Outro fa tor, ori ginado sobretudo no sécul o XX, foi a urbani zação e a industrial ização, que produziram profundas tran sformações na instituição familiar, forçando e incentivando a co nstitui ção da chamada "famíli a nuc lear" (composta apenas pe lo casal, um ou do is filh os e - segundo Da. Raque l - " um cachorinho" ...). Um estilo de vida be m di verso da "famíli a patri arcal" (pro le numerosa, com muitos parentes convivendo intensame nte, visitas recíprocas etc.). Nesta última, a formação das criança · se dava numa atmosfera de muito convívio social , desde os av 'ós , ou mes mo bisavós, até os primos de diversas idades. A mulher permanec ia em casa, com a no bre e elevada missão de mãe de jàmília, zelando pe las cri anças, incutindolhes as prime iras noções da fé católica, a admiração pe los feitos di gnos de nota dos antepassados, e cuidando das tarefas domésti cas.

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"Pede a ordem natural das coisas que todos os valores particularmente ricos em graça e delicadeza estejam a serviço da mulher. Pois eles constituem o ambiente próprio à sua frag,hdade, o meio adequado para que na alma feminina se expandam as mais nobres qualidades de esposa, de mãe e de filha. "E por isto mesmo, nada nos é mais desagradável do que ver uma mulher incumbida de serviços cuja rudeza é incompatível com a sua delicada natureza: carregadora de fardos, mecânica, 'soldada ' ... " (Plinio Corrêa de Oliveira in Catolicismo, Nº 93, setembro de 1958) .

Se a mulher deve ser igual ao homem, este deve ser igual à mulher. E o homem efeminado é fruto genuíno das mesmas tendências e idéias igualitárias, mais ou menos subconscientes, que deram origem à masculinização da mulher. "Mulher masculina, homem efeminado, índices seguros de decadência e corrupção da família e, pois, da Civilização " (Plínio Corrêa de Olivei ra in Catolicismo, Nº 86 , fevereiro de 1958) .

De passage m, ressa lva mos qu e a vida, como hoje está organi zada - ou desorganizada - , muitas vezes, devido a ex igênci as econômi cas, obri ga a mulher ao trabalho fora do lar. Freqüe ntemente ela é mai s vítima do que autora de uma situação da qu al não gosta . Mas, neste caso, o trabalho deveri a ser de li cado, condizente com a natureza fe minina. A mulher não te m vocação para trabalhos pesados como, por exemplo, os de carregadora de fard os ou motori sta de caminhão etc. (Ve r quadro acim a). É prec iso ainda acrescentar que deveri a ser um labor suave, que desse à mulher condições de exercê-lo sem extenuar-se; que lhe proporcionasse te mpo para também cuidar do lar e desve lar pe la pro le; que não ex igisse dela ausenta r-se o di a inte iro ; que não a obri gasse a c hegar e m casa de ta l modo esgotada que não pudesse dar a dev ida atenção aos filh os.

Harmonização entre trabalho e família Já que tanto se fal a em direitos das mulheres, por que não e mpreender uma ação que lhes fac ilitasse o exercício de sua e levada mi ssão de mães de família - e não a utili zação de seus braços para tra ba lhos exte nuantes - incentivando dete rminados trabalhos mais leves, horári os mais fl ex íveis e ma is apropri ados aos de mães de fa míli a? Por que não obter, po r exemplo, um a po líti ca de go-

vem o que as auxili asse a concili ar famíli a e trabalho, não cri ando dificuldades à permanência da mãe junto aos fi lhos, fa vorecendo-as parti cu larmente o que é tão indi spensáve l - durante os prime iros anos de vida de les? Não ve mos, entretanto, movirnenros f eminislas defendendo esses autênti cos dire itos, mas sim re ivindi cando a equi paração da mulher ao ho me m, a libertação da mulher e o dire ito ao trabalho, como se e la pude se mais contribuir pru·a a soc iedade enquanto trabalhadora do que e nquanto mãe. Tais reivindicações seri am mais apropri adas a um movimento de masculinização da mulher cio que a um 1novim.en1o f erninista. Há, portanto, um grande equívoco nessa "briga" de fe mini stas pela igualdade entre homens e mulheres. Po isesta s sae m prejudi cadas, uma vez qu e mereceri am mais respe ito e proteção. Se ndo consideradas igua is, e las perdem. Nesse f emin ism.o ve mos embutida, al ém de um a reivindi cação antinatural , uma revolução igualitári a contra as desigua ldades naturai s e comple mentares estabe lec idas por Deus entre os sexos.

* Agradecemos a Da. Raquel a pennissão para publicar o trecho de sua carta e a nossa resposta, po is poderá ajudar a e luc id ar certas perpl ex idades que não ♦ poucos têm.

C ATO LIC IS MO

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A verdade sonegada sobre o fundamentalismo islâmico

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:::JJJ Jji)jJJ D HiJJJJl J~D Como reagir diante de um inimigo pouco visível, que espalha o terror e quer erradicar da face da Terra todos os vestígios de Civilização Cristã? O drama dos católicos contemporâneos face à ameaça islâmica indica que a hora do milagre pode ter chegado mundo ocidental assiste atônito ao desenrolar da guerra declarada pelos Estados Unidos ao terrorismo islâmico, após o atentado de 11 de setembro último . Não há na face da Terra quem não se sinta concernido pelos aconteci mentos . Como em toda guerra , doi s contendores se defrontam. De um lado, um inimigo pouco visível, com a si lhueta de um ser miserável, subnutrido, mas que tem uma arma terrível nas mãos: a disposição de suicidar-se para ver implantada sua fal sa religião. Disposição essa fundada num fanatismo de conotação diabólica, que vai do atentado homicida e suicida à guerra bacteriológica que dissemina a doença, a dor e a morte. De outro lado, a civilização moderna, super-equipada, com armas, aviões e sistemas de informação de última geração, mas padecendo de uma terrível crise moral, sem precedentes na História . Os cru zados, amparados por Papas e por Santos - Não seria esta a ho ra de cruzados como Godofredo de Bou illon, que conquistaram Jerusa lém no século XI? Homens sem os delírio s t étricos do suicídio ritual, mas_ ca pazes de sacrificar a própria vida polo Deus verdadeiro e por sua Santa Igreja? Esses novos cru zados do séc ul o XX I pode ri am utilizar método s e arm as mode rn as , mas deveriam ter, se m dúvi da, o mes mo perfil religioso o moral daq ueles antigos cruzados, cuj a sim ples prese nç a ate-

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ATO LICISMO

mori zava o mouro infi el, di scípulo de Maomé . Os t empos se passaram e o Ocidente, desagreg ado por secular processo revolu cion ário (veja-se Plínio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução), entregou-se ao prazer e ao pecado, permitindo que a decadência moral se instalasse em todas as camadas da sociedade. Hoje, as simbólicas cimitarras, sem encontrar as espadas eficazes de outrora, que impediam o seu caminho, acalentam o sonho de levantar o Crescente sobre a derrubada da Cruz sacrossanta de Nosso Senhor Jesus Cristo . Foi também o espírito de cruzada que animou os combatentes cristãos sustentados pela pregação de fogo de São João de Capistrano, na ad mirável vitória contra os muçulmanos em Belgrado, no ano de 1456. Também a armada cristã, em 1571, convocada e amparada pelas preces fervorosas de um santo Pontífice , São Pio V, obteve grande triunfo em Lepanto, após a miraculosa intervenção de Nossa Senhora Auxi liadora. Tal espírito combativo propagouse 30 anos depois entre os batalhadores católicos, comandados pelo Arquiduque Mathias. Movidos pela ardente palavra de São Lourenço de Brindisi, venceram os islamitas turcos na memorável batalha de Alba Real, na Hungria, em 1601 . A última grande vitória das forças católicas contra o Islã teve lugar

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em Kahlemberg, no ano de 1683, por ocasi ão do cerco de Viena. Fator decisivo para esse magnífico triunfo contra os turcos foi a heróica atuação de João Ili Sobieski, Rei da Polônia, e seus guerreiros. Nossa Senhora das Graças, o socorro necessário - Em todos os gloriosos feitos suprac itados, a interferência sobrenatural, especialmente através da ação de Nossa Senhora e de Santos, tornou -se patente. Não seria compreensível e altamente desejável, transcorrendo a festa da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças em 27 de novembro, que Ela interviesse agora nos acontecimentos? É oportuno recordar as palavras da Mãe de Deus a Santa Catarina Labouré, em sua primeira aparição, no dia 19 de julho de 1830: "O mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem. Tudo parecerá perdido. A,; eu serei convosco ". Tais palavras tomam significado especial se nos lembrarmos d a previsão de Nossa Senhora de Fátima, numa de suas aparições , em 1 91 7 : caso a humanidade não se convertesse, ela seria punida com severos cast igos . E desde aquela época até nossos dias, a imoralidade se agravou imens amente e os homens atolaram -se cad a vez mais no pecado. Em vista dessa dramática situação , uma pergunta se impõe a todos os espírito s: a tragédi a ocorrida a 11

Lu ís DuFAUR

O vírus da revolução anticristã ocidental inoculado Os exércitos católicos, sob as muralhas de Viena, obtêm esplendorosa vitória sobre as forças turcas, em 12 de setembro de 1683. Esse triunfo aniquilou definitivamente o plano dos muçulmanos de vencer a Europa cristã pelas armas.

de setembro último e a guerra em curso, que se lhe seguiu, farão parte da série de castigos, mediante os quais, a Providência Divina está punindo a humanidade pecadora? A interferência da Virgem San tíssima nos conturbados dias atuais traria também, por certo e tal vez previamente , a transformação do espírito dos católicos. Faz-se necessária uma conversão moral como a pedida em Fátima, para que eles tenham o discernimento e o espírito de cruzada que animaram aqueles grandes combatentes do passado. O artigo A verdade sonegada sobre o fundamentalismo islâmico, que publicamos a seguir, poderá ser valioso contributo para abrir as almas, com vistas à com preensão desses altos horizontes. E o artigo Um socorro que vem do Céu, desejamos que contribua para incrementar a tão necessária devoção mariana. Para vencer as dificuldades incomensuráveis que afligem os católicos contemporân eos e obterlhes o espírito de cru zada, confiemos na milagrosa interc essão da Virgem Potentíssima! A Direção de Catolicismo

no maometanismo gerou o monstro fundamentalista

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esde os atentados de 11 de seLembro, o grand e assunto da mídi a é o Islã. Suas mú ltipl as correntes - enorm emente subdi v ididas são citadas e comparad as . De fo rm a superfi cial, espec ula-se sobre as modera das e as radica is, e se investi ga m suas compl ex as rachaduras étnicas e cultu rais. Sumidades islâmi cas, na verdade tota lmente desconhec id as, são apresentadas ao Oc idente e os term os árabes são utili zados co mo se todo mundo os en-

tendesse. Depois desse bo111ba rdeio psicológ ico, o leit or fec ha o j orn al - ou des li ga a T V - com a sensação ele não ter recebido uma in fo rm ação objeti va e clara ela rea lidade. Um aspecto capital da Lemática parece ser meti cul osamenle oc ultado: o que é, na reali clacle, esse fundamenta lismo islâmi co? Identifi ca-se co m M aomé e co m o Corão? Caso não se iclenti fi que, o que é, então? De outro lado, por que a esquerd a

A mesquita de Meca num dia de peregrinação, vendo-se ao centro a Kaaba, pequeno edifício cúbico recoberto com seda preta, o qual data de fins do século VII. Esse local é considerado pelos muçulmanos o mais sagrado, tomando-se um símbolo religioso para os seguidores de Maomé em todo o mundo, os quais formavam um magma secularmente esclerosado até o inicio do século XX


mais ardid a no Ocidente, parti cul armente a chamada esquerda católica, di sfarça mal sua simpati a pelos talebans fund amental istas? Por qu e 23 Bispos católicos do Brasil , Argentina e M éx ico criti caram du ramente os ataques anglo-ameri canos ao Afega ni stão, comparand o-os a atos terrori stas, com a agravante, di zem eles, de serem praticados " por governos que se apre entam como democrátic9s, civi lizaclos e cri stãos"? ("O Estado ele S. Paulo", 23- 10-01 ). Afinal, por detrás elas aparências, ex iste um fundo comum que une a esquerda progressista ao fundamentalismo islâmico?

Islã: mundo até há pouco desconhecido e pouco significativo para o Ocidente O [slã, enqu anto crença reli g iosa , está espalhado por uma imensidade ele povos que vão ele ele o Atlântico até a Polinés ia. O fatali smo e a sensualidade exacerbada da reli gião ele M ao mé lançaram essa parte la humanidade, em larga medi la, no mi serabili smo mais racli À direita: Hassan el-Turabi, o ideólogo do fundamentalismo no Sudão, diplomou-se em Oxford e na Sorbonne Abaixo, Ossama Bin Laden: foto extrafda de vídeo difundido pela TV AI-Jazira, do Qatar. O terrorista islâmico declarou, na ocasião, a jihad (guerra santa) contra a Cristandade.

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CATO LIC IS MO

cal. Até há pouco, o seu multi ssecul ar torpor era perturbado apenas por di sputas loca is. O afluxo de petrocl ólares, que deveri a signifi car um avanço cio progresso modern o nos domínio cio Islã, parece não ter elimin ado es a para li sia. Apenas um punhado de emires,. heiks e sultões esbanj a milhões em lu xo. ex ibicioni stas, em gera l de mau gosto e freqüentemente imora is, enquanto a massa elas popul ações - seguindo os ensinamentos cio " pro feta" - vegeta à sombra cio festim cio · hiper-ri caços. Torn ou-se abi smal a desproporção entre a orga ni zação e a puj ança cio Ocilente na ciclo da Civili zação Cri stã embora hoj e profundamente apodrec ido pelo neopagani smo - e a desordem e imobili smo da pesada heran ça de M aomé. No sécul o XlX , quase todas as terras muçulmanas estavam sob o controle de nações européias, ri cas e dinâmicas.

Se a paralisia não gera movimento, de onde veio esse dinamismo? N o iníc i o do séc ulo XX, nesse magma secularmente esclerosado, eclodiu uma tendência nova chamada fund amentali smo. Ela é ativa, agressiva, moderni zada nas suas técnicas, muitas vezes terrori sta. E, subitamente, pasou a ameaça r a ord em mundial ocidental neopagani zacl a, ex -cri stã, "senhora cio universo". Di z o adág io popul ar qu " 11ing11é111 dá o que não 1e111 ". orn o a parali sia não g ra o mov imento, din ami .- mo só poderi a vir ele quem o ti vesse . Um rápido giro pelas bi ogra fi as dos I ícleres islâmi cos fund amentali . tas mostra qu e eles, em sua maiori a, fo rm aram-se em universidades ci o Ocidente ou em equivalentes escolas ocidentali zadas no Oriente. Seus escritos reproduzem as mes mas idéias que corroem as bases cri stãs das nossas

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soc iedades oc identais. É como se o víru s revolucionári o oc idental tivesse sido aplicado num caldo de cultura estagnado, produzindo uma infecção explosiva, com característi cas própri as, mas com a mes ma ori gem oc idental. O chefe terrori sta Bin L aden é um exemplo característi co desse processo de laboratóri o da Revolução. Filho de mi lionários, foi educado no seletíssimo colégio Le Rosey, na Suíça. Sua juventude fo i a de um p/ay-boy elo jet-set, em meio a luxos e escândalos nas capitais oc identai s e na Arábia Saudita Sim , do jet-set, tão a gosto das esquerd as, até das tupiniquins. H assan el-Turabi , o ideólogo do regime perseguidor dos cri stãos cio Sudão, diplomou-se em Oxford e na Sorbonne. Ali Benadi e Abasi Madani, líderes fundamentali stas da Argélia, aprenderam suas doutrinas e técnicas subversivas na Europa. Os sequazes imediatos de Bin L aclen também provêm de ambientes cultos e abastados. A lista é interminável... O estudi oso francês Roger du Pasquier con stata: " Os teóri cos ele maior autoridade no seio dos movimentos integri stas e ativi stas engajados cio mundo muçulm ano, apesar de sua recu sa form al e superfi cial ci o Ocidente, manifestam na realidade uma contaminação de pensamento das concepções oc identai s modern as". Que concepções? Ele esclarece: "A s das forças subversivas que há doi s sécul os têm provocado tantas revo luções e violênci as no Ocidente e no Oriente, até na China" 2• I sto é, o sociali smo e o comuni smo, não em suas fórmulas j á fracassadas, mas em versões mais atuali zadas, como veremos. Retenha e a idéia, leitor, e verá que ela pode ser a chave para . e compreender muitos cios acontec imentos atuais. 1

Promotores destacados da Revolução anticristã no Ocidente vêm se tornando islamitas H á anos, fi guras engaj adas na Revolução político-soc ial e cultural que abala os alicerces cri stãos do Ocidente vêm passando para o I slã, sem renunciar às

À esquerda: Ma/com X, líder do movimento filo-marxista Black Muslims, também tomou-se islamita

saíra m os pais cio Paqui stão (o pais dos puros). Um outro Sir inglês, form ado em

suas idéias . Por exempl o, Roger Garaudy, antigo responsáve l cio Partido Co muni sta Francês para a relação co m as re1igiões, agora prega o islami smo como via superi or para atingir as metas utópi cas de M ar x e Lenine. Cat Stevens, popstar elo rock, também perverteu-se e fi nancia uma ONG islâmica3. O mesmo fi zeram, entre outros, o ecologista Jacques Cousteau, o coreógrafo M aurice Béjart, os cantores Richard e Linda Thompson, o campeão mundi al de boxe Cassius Clay, que ingressou nos Black Muslims, movi m ento fil o- mar x i sta lid erad o por M alcolm X , outro converso muçulmano.

Oxford , Heiclelberg e Munique; admirado r ele H ege l , Ni et zc he e Bergso n, Muhammacl lqbal ( 1873- 1938), fo i quem formul ou a idéia e o nome cio atual Paqui stão. Ele elogiava o marxismo e tentou rea lizar a síntese cio sociali smo com a doutrina de M ao mé. Seu di sc ípul o, Abclul Al a M aucludi ( 1903- 1979), fortemente moderni sta, pregou uma terceira vi a entre capitalismo e comunismo, sendo considerado o pai cio fundamenta li smo paqui stanês hodiern o4 •

Da noite para o dia: de Marx a Khomeini N a famosa revolução de Kh omeini , no Irã, ini ciada em 1979, numerosos militantes ele esquerd a torn aram -se fun damentali stas. O intelectual cri stão-marxista Gahli Chuckri narra: "Entre os as-

Primeiras tentativas de inoculação revolucionária no Islã N os sécul os da estagnação, houve tentati vas de reacender o furor anticri stão islâmi co. Mas não passa ram de casos restritos. Por exempl o, Muh amm acl lbn Abcl el Wahhab ( 1703- 1787) fo rm ou uma confraria radica l - o waabismo que teri a fi cado desconhec ida se, por ocas ião da Primeira Guerra M undi al, os se us escas os seguidores não se ti vesse m ali ado à Inglaterra contra a T urq ui a. Após o conflito, receberam como recompensa o reino da Arábi a Saudita . Foi no fim cio século XIX e no sécu lo XX , que cresceu a penetração das idéias revo lu c ionári as oc identais no mun do mu ç ulm ano. Dj amal ed-Din A fg hani ( 1839- 1897), a partir de L ondres, atiçou a insurreição irani ana. Muhammad A bcluh ( 1849- 1905), seu continuador, pregou idéias progressistas européias, ele tipo anticoloni alista. Na Índi a, Sayecl Ahm acl Kahn ( 18 17- 1898), que ostentava o título de Sir inglês, cri ou o centro ele pensamento nac ionalista muçulmano, lo qual

A figura sombria do aiatolá Khomeini, mentor e propulsor da revolução iraniana de 1979 shiita do ponto de vista religioso, mas de cunho claramente marxista

Logo após retomar de seu exílio a Teerã, em 1979 (foto abaixo), Khomeini fundou a organização terrorista Hezbollah

pectos que ainda estão presentes ante nossos o lhos, fi gura o f ato de se ver pensadores conhec idos pelo seu passado mar xista transform arem-se, num abrir e fechar ele olhos, em islamitas convictos. Sim , pensadores que pertence m pela sua ata ele bati smo - ao Cri stiani smo, transform aram -se, da noite para o dia, em muçulman os ex tremi stas; pensadores que pertencem, pela cultura, ao Ocidente e ao moderni smo, viraram ori entali stas fa náticos sem nenhuma f ormalidade nem restri ção '" 5 • O Partido Comuni sta Irani ano (Tu deh ) aprovou a revolução ci os aiatolás : " O conteúdo ci o processo da evolução hi stóri ca toma hoj e um aspecto religioso. Para os marxistas, é per fe itamente natu ra l. Esta revolução anti -imperiali sta, antiditatori al e popul ar fo i feita segundo as palavras ele ord em cio Islã e sob a direção de um chefe religioso célebre no Irã, o ímã Khomeini " 6 • Voltando ele Pari s, Kh omeini cri ou a organi zação terrori sta Hezbollah. O discurso de fundação cio organi smo foi uma paráfrase ci o satânico brado de Marx e Engel s - "Prolelários do mundo, univos": "Até hoj e - afirmou - os opri midos esti veram desunidos, e nada se consegue na desuni ão. Agora que f oi dado um exempl o ela efi các ia el a uni ão ci os oprimidos em terra mu çulm ana, esse modelo eleve ser difundido por toda parte. ... e tomar o nome ele ' partido dos opri midos', sinônimo ele ' Partido ele Deus', 'H ezbollah '. Os oprimidos devem reinar sobre a terra, essa é a vontade ci o Altíss imo, de Al á" 7 . Como se vê, é o velho marxismo vestido ele muçulmano. Bruno Éti enne, professor ele islami smo na Universidade de Ai x-en- Provence, na Fran ça, ex plica a afinid ade entre Marx e o fund amentali smo: "A lu ta ele cl asses, como Engels a tinh a prev isto, não dese mboca na revo lu ção se não quando ela pode se apresentar em termos reli giosos; a fin aliclacle do islami smo radica l é bem terrena: cri ar um reino igualitári o que derrube a arrogância cios proprietári os" 8 •


El islamismo, relevo dei comunismo

Desvendando as profundezas do fundamentalismo Nada pesou tanto na gênese do fundame ntali s mo quanto a assoc iação egípcia Fraternidade Muçulmana, ou Irmãos Muçulmanos. Ela fo i fundada em 1928 por um modesto professor, Has an alBanna ( 1906- 1949). "A ressurreição islâ mica que se manifesta hoje no mundo

O atual líder dos Irmãos Muçulmanos Mustafá Machbour, tendo atrás a foto de Hasson al-Banna, o fundador dessa organização egípcia, que desempenhou papel capital na consolidação do fundamentalismo islâmico

Charge publicada pela revista egípcia "AI Ahram Hebdo", de 16-22/8/1995

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CATOLICISMO

árabe provém direta ou indiretamente da organização cios Irmãos Muç ulmanos", expli ca um site islâm ico americano que publica a sua biografia 9 . Numa obra-chave, al-Banna e nsina que o dever dos Irmãos é "expandir o Islã a todos os recantos cio Globo até que não haja mais tumulto nem opressão e que a re li gião ele Alá prevaleça". E que o slogan deles eleve ser: "A morte nas vias ele Alá deve ser a nossa mai s prezada aspiração" 10 • Na Fraternidade, sunitas e shiítas se acotovelam e mantêm uma unidade ele ação. Em 1989, o regime de Teerã divul go u um opúsc ul o que acumu lava exemplos ele concord ância e colaboração ele sun itas e shiítas radicai s, no seio dos Irmãos. Ele reprodu z e log ios rasgados da Fraternidade a Khomeini e, viceversa, exa lta al - Banna como grande artesão dessa uniclade 11 • Em seus primórdios, a orga ni zação inc linou-se pe las idéias nazi-fascistas, nac iona lis tas, anti capita lis tas e antijudaicas, em moela na Europa ele então. Tal componente nunca deixou ele existir no movimento fundamentalista , em gera l sendo ac resc ido ele outros elementos 12 •

Sayyid Qutb - o 'Gramsci' do fundamentalismo - faz a releitura revolucionária do Corão Ninguém marcou tanto a Fraternidade Muçulrnana quanto Sayyid Qutb (1906- 1966). E le representou para o fundamenta li smo o que o ita li ano Gramsc i fo i para o com uni smo. Fez com Maomé o que o pensador peninsular fez com Marx : uma releitura revolucionária. Nos Estados Un idos, Qutb con heceu o renasc ime nto pentecostali sta pro. testante, baseado num retorno aos chamados fundam entos. Daí o fato de o te rmo fundamentalismo ser aplicado ao novo islam ismo, embora este jamais o empregue. Qutb revestiu ele palavreado corân ico as utopias revolucionári as ocidenta is. É preci so, segundo ele, que o Islã volte à sua essênc ia primeira, aos seus fundamentos. E reformulou tais fundamentos,

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Lenin (foto acima) propôs a criação de uma organização pouco visível - a Vanguarda do Proletariado - para atingir os objetivos da revolução bolchevista. Qutb - o Gramsci do fundam entalismo sugeriu a fundação de um organismo análogo para atingir a meta final do Islamismo. Charge publicada no diário "EI País", de Madri, em 1992. Pensadores socialo-comunistas há tempos anunciam que o fundamen talismo islâmico sucedeu o marxismo na Juta de classes.

parafraseando a doutrina anárq ui ca da clesalienação (ninguém eleve estar submi sso a ninguém). Em seu livro-base, e n. ina: "O Islã é uma declaração geral pela libertação do homem no mundo ela dominação por parte de seus semelhantes; a recusa completa cio poder ele toda criatura, sob todas as formas; a recusa ele toda situação de dominação por organi zações e situações sobre seres humanos, sob qualquer forma que seja. Quando o poder está em mãos ele seres humanos, e les personificam o C ri ador e, em conseqüênc ia, seus se me lh a ntes os ace itam . Agora isto é desconhecer e expropriar o poder ele Al á, devendo ser expu lsos esses usurpadores. l to significa a negação do re inado cios seres humanos, para sub tituí-lo por um re inado divino sobre a Terra" 13 • Qutb sab ia que um re inado direto de Alá sobre os home ns não é praticável. Propunha então um regime intermediário, e m que um a organização pouco visível co ndu zisse os povos até a hora em que todo governo cessari a e os homens viveriam em contato direto com Alá. Portanto, um a concepção análoga à ela "vanguarda do proletariado" el e Lenine.

As semelhanças entre o progressismo católico e o fundamentalismo islâmico Segundo o Corão, Deus revelou-se primeiro a Abraão. Tendo os judeus prevaricado, comunicou-se a Jesus. Os cri stãos também falsificaram a reve lação divina . Então, Deus ma ni festou-se a M aomé. O Corão seri a a mensagem definitiva insofismável , e Maomé o último cios profetas. Estátua do Imperador Constantino (séc. IV), Basílica de São Jo ão de Latrão, Roma. Para Sayyid Qutb, autor fundamentalista, membro dos Irmãos Mu çulm anos, o triunfo histórico do Cristianismo foi a maior calamidade . Isto sucedeu, seg undo ele, quando Constantino converteu-se à nova Religião.

Qutb expli ca a "apostasia " cios cri stãos seguindo o pensamento cio progressismo oc idental. As primeiras com uni dades cristãs, segundo ele, teriam tido um contato direto com Deus, sem inte rmediários, auto ridades ne m doutrinas racionais. Mas o reconhecime nto ele autoridades hi erárq uicas e ele um Mag istério teológ ico e pastoral racional trouxe a catástrofe. E acrescenta: "A maior ca lam id ade fo i o triunfo hi stórico do C ri stian ismo. Jsto aco nteceu quando o Imperador Romano Constantin o abraçou a ' nova re lig ião"'. Alé m cio mais, segundo Qutb, sucessivos concíli os definiram verdades ele fé e reforçaram a autoridade pontifícia 14 • Qutb via defe nsores ela "verdadeira religião " nos heréticos arianos, monof-isitas e jacobitas, que foram excom un gados pela Igreja. A "apostas ia", ele aco rdo com sua tese, culminou na Idade Méd ia. Qutb se enfurece contra o monaquismo medieva l, a obediênc ia e a castid ade praticadas pelos monges e frade . "Foram introduzidos no Credo acrescenta - dogmas abstratos incompreensíveis, inconcebíve is e incríve is, o mais surpreende nte cios quai s fo i o dogma relativo à E ucaristia, co ntra o qual se revo ltaram Martinho Lutero, João Ca lvin o e Zw ing li o, lança ndo as bases cio protestantismo". Ele também execra a Inqui sição, que puniu Giorclano Bruno com a morte, e Galileo Galilei com censura eclesiástica 15 • Nas heresias e nas co ntestações à Igreja Cató lica, ele vê sinais precursores de um retorno à rnensagern primitiva do Cristian ismo, que estaria na íntegra no Islã. "A Eu ropa rebelou-se contra o C ri stian ismo; a Europa rebelou-se contra os arbítrios cios homens ele Igrej a", regozij a-se e le. M as a E uropa revoltada ficou tão marcada pela Igreja, que dela não se pode espera r a "salvação" . O e uro peu , segundo e le, em todos os

ass untos racioc ina logicame nte, fa z distinções , por in flu ênc ia ela pervertida Igreja 1ri.

Missão do fundamentalismo: completar a Revolução anticristã Essa é um a elas c haves para se entender todo o fenômeno cio fundamentalismo islâmico. Estamos diante ela etapa cu lminante cio processo revolucion ário, denunciado e anali sado por Plínio Corrêa ele Oliveira em Revolução e Contra-Revolução. Qutb reverenc ia os " princíp ios ela Revolução Francesa e os direitos ela liberdade individu al, no iníc io ela experiênci a de mocrática norte-ameri cana". Porém , lamenta que "esses valores jamais se desenvolveram plenamente e jama is foram rea l izaclos por inteiro. Eles são insufi cie ntes para enfrentar as ex igências ele um a humanidade em evolução". A salvação, conclui o ideólogo cios Irmãos Muçulm.anos, não virá cio Ocidente, mas cio Islã. Ele completará o que a rebeli ão contra o C ri stianismo não conseguiu fa zer 17 • "Isto ex ige uma operação de ressurre ição [islâmica que] será seguida mais cedo ou mai s tarde pela tomada da direção cio destino humano no mundo" 1~. "O [slã está destinado para todo o gênero humano: seu campo ele ação é a Terra, toda a Terra" 19 , numa República lslâm i-

Foto de Nossa Senhora do Atlas, na Argélia, mutilada em 1973, por fundamentalistas islâmicos. Atentado sacrílego simbólico do ódio anticatólico dos muçulmanos, bem como da tendência de erradicar da Terra qualquer vestígio de Cristandade

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ca Universal, sob os eflúvios de a utoridades re lig iosas encobertas pelo segredo.

Erradicar da Terra qualquer vestígio da Cristandade Eis a finalidade cio "retorno aosfundamentos ": e nxotar da Terra o último perfume da C rista ndade que a inda paira nos países o utrora católicos. isto é, os últimos reflexos sobre naturai s na orde m tempora l, que se contam e ntre os frutos ma is precíosos atraídos à Terra pelos méritos da Paixão e Morte de Nosso Senho r Jesus Cristo. Qutb expõe uma visão bastante clara cio processo revo lucionário que, de de a decadênc ia da Idade Média, vem corroendo a Civ ili zação Cristã. Poré m, acrescenta-lhe um desenlace trá g ico que muito poucos e ntrev iram: no final da Revolução a nti c ri stã não v igorará um mundo de prazeres e libe rd ades , no qual a ciê ncia e a téc ni ca e limina ri am as doenças e a g uerra, mas um es pezinhame nto s ini tro, material e mental, sob o látego cio fa natismo fundamen tali sta is lâmico.

"Então, a História deter-se-á após essa liberação, e todas as potencialidades e o impul so novo do homem cleperecerão". Para ev itar que a evolução pare, expli ca o a iato lá, é preciso um horizonte novo que empolgue os homens para irem além cio comuni smo.

Uma Teologia da Libertação para o mundo islâmico Esse horizonte novo tem que ser re1igioso. Diz as-Saclr: "Pôr Alá como objetivo da marcha evo lutiva constitui a única estrutura ideológica que pode oferece r ao movimento huma no uma energ ia inesgotá vel" 2 1• Nesta perspectiva, os com uni stas clássicos representam um

Libertação.

Das "Mil e uma noites" às trevas infernais

A revolução que ultrapassa o esclerosado comunismo Quanto à propriedade privada, o professor Olivi e r Ca rré ass im resume as máximas de Q utb: " No lslã, o proprietári o jamais tem o dire ito de usa r o u de abusar cio seu bem. No lsl ã, a propriedade privada é um me io soc ia l a serv iço das utilidades comu ns" 2º. Mas, então, como expli car o fato de fundamentalistas is lâm icos se declararem a nticomuni stas? O aiatolá Baqir as-Saclr - apelidado o Khorneini iraquiano, executado em 1980 - resolve a dificuldade. E le sintetiza a doutrina comunista: "O objetivo inconsciente que o marx ismo atribui ao movime nto da História cons iste na e li minação cios e ntraves no cam inho cio desenvolvimento das forças produtivas. Este objetivo alcançar-se-á pela abo li ção da propriedade privada e pela construção da soc iedade comunista". E , a seg uir, introd uz a crítica fundamentalista:

esclerosa me nto e devem ser e liminados. A tarefa agora será feita por religiosos. De quebra, o novo horizonte tem o utra utilidade. No mundo muçulmano, a a uto ridade natural e religiosa cios c hefes de c lãs, tribos e etni as é levada e m gra nde consideração. Para os revo luc ionários era impossível destruir esse resto de ordem natura l apelando para doutrinas la icas modernas, "porqu e ma is cedo o u mais tarde o movimento novo mostrará a sua verdadeira face de inimigo declarado da Religião. Isso trará um gra nde desperdício de e nerg ias e exporá a obra em curso aos perigos que provêm da maioria cios conservadores cio mundo islâmico" 22 . Essa tarefa só seria viável sob vestes re lig iosas. Aliás, mutatis mutandis, o mesmo sucede com o progressismo católico, que, para obje tivos análogos aos cios fundamentalistas muç ulmanos, lançou mão da Teologia da

Mausoléu Taj-Mahal (Índia) Estandarte muçulmano conquistado pelos cristãos na Batalha de Navas de Tolosa, Mosteiro de las Huelgas Reales, Burgo (Espanha). O fundamentalismo não visa restaurar os lados de alma positivos dos povos islâmicos, enquanto tendentes à arte, ao belo e maravilhoso, como pode se notar no famoso edifício do Taj Mahal (foto acima) e no pendão abaixo

O funclamentali mo não visa reacende r o mundo das Mil e uma noites, cios tapetes fascinantes, cios míticos emires e she iks cio deserto, cios m inaretes esgu ios e e lega ntes, das mesqui tas douradas , cio Taj-Mahal. Esse uni verso de maravilhas reflete lados positivos desses povos que hoje languescem sob o jugo da fa lsa re li g ião de Maomé. Pelo co ntrário, o fundamentalismo visa também exti nguir essas potencialidades de a lma que poderiam desabrochar em c ivili zações de fábula , caso se convertessem à única Igreja verdade ira, a San ta Igreja Cató li ca Apos tó li ca Romana. E le v isa um a te rra proletarizada, miserabi li sta , e m contato com os ab ismos inferna is. E para isso, por conveni ê ncia, recobre-se de apa rê nc ias a nti gas e re i ig iosas.

Revolução igualitária ocidental inoculada no maometanismo: gerado o monstro fundamentalista Roger Garaucly, o ex-dirigente cio PC francês que se tornou is lâm ico, narro u

O ditador líbio Muhammad Khadafi (foto acima) ensinou a Roger Garaudy a "tradução política" do versículo 11-136 do Corão

suas conve rsações com o ditador líbi o Muhammacl Khadafi, cons iderado no Ocidente sustentác ulo cio terrorismo internacional. Khadafi ensi nou- lh e a "tradução política " cio versícu lo II- J 36 cio Corão: "É uma democracia direta sem delegação de poder e sem a li e nação. N ada há de se substitu ir ao povo, ne m por meio de partidos ne m de parlamentos. Democ rac ia d ireta através de co mitês e cong ressos populares, que são e manação direta das e mpresas, das cooperativas agríco las, das un ivers idades, das a lde ias, dos bairros" 23 . Em poucas palavras, uma atuali zação cio modelo que os sov ietes não realizaram, e que as esq ue rdas As idéias do escritor marxista francês Roger Garaudy, "convertido" ao islamismo, encontrou grande acolhida na impresna muçulmana

Capa da obra de Roger Garaudy Rumo a uma guerra de religião? - O debate do século, edição francesa original. O livro, que foi prefaciado pelo ex-frade franciscano e teólogo da libertação Leonardo Boff, anuncia uma luta de classes, dos revoltados de todas as religiões contra toda a ordem e autoridade.

recicladas tentam alcançar sob diversas formas de a utogestão. E m 1995, Garaucly publicou a obra Rumo a uma guerra de religião ? - O debate do século24, com prefácio cio exfrei e teólogo da libertação, Leonardo Boff. O ex-religioso franciscano e logiava Garaucly como profeta que, com D. Hélder Câmara, teria colocado as bases de uma convergência cristão-marxi sta anticapitali sta. E acrescentava que o fundamentalismo islâmico vive cio mesmo fogo libertário da Teologia da Libertação. Garaucly anunciou uma "guerra de religião", não entre a Igreja Cató lica e o Islã, mas cios revoltados das re li g iões contra toda forma de autoridade, porque esta seri a intrinsecamente cúmp lice cio capitali smo consumi sta e hedoni sta. Efetivamente, o fundamentalismo islâmico integra um vasto movimento que ultrapassa os limites do maometanismo histórico. O clocumentaclíssimo Atlas Mundial do Islã Ativista constata que "o renasc imento islâ mico não é um fenômeno isolado, mas se inscreve num movimento g lobal de recusa cio materia lismo me rcador e micliático, que invade o Planeta há LTês décadas. E se movimento te m uma dimensão natural: o da ecologia; e uma relig iosa: o retomo ao fundamental" 25 • O fundamentalismo é obj etivame nte a liado das forças cio caos , que se manifestaram no Fórum Social Mundial rea li zado em Porto Alegre 26, nas arru aças de Seattle e Gênova27 e na subversão eclesiástica progressista. O fundamentalismo - um fruto cio que há de pior no Ocidente - tenta reali zar uma síntese com o A lá de Maomé, ao qual se aplicam as palavras da Escritu ra: "Ornnes dii gentium daemonia " (S I 95-5), (Todos os deuses cios genti os são demônios). Essa s ini stra convergência le mb ra a te se de um histórico art~go publicado em Catolicismo, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "Se Oriente e Ocidente se unirem fora da i greja, só produzirão monstros" 28 . O fundamenta lismo islâm ico e o pavoroso atentado de 11 de setembro constituem uma espantosa confi rmação dessa tese.

Notas: J. C fr. " O G lobo" . 25 -9200 1; " O Estado de S. Paulo", 30-9-200 1. 2. Roger du Pasqu i er, Le Réveil de l'lsla111, Cerf, Pari s, ca l. Bref, p. 34. 3. h t t p :/ /w ww. ca t st e ve n s.c omia r i i c l es /00009/ index .htrn l 4. C fr. clu Pasquier, op. cit. , pp. 56-64. 5. Gha li C huckri , "A I Bayad ir", nº 11, 1-2-82, in A I H ocla - Tehe ra n b r an c h , E/ s111111is111 0 y el

shii.rnw: 1.111a q11erella art(ficiol y 1111a provocaci611 pérfida , Teerã , 1989, p. 34. 6. Ehsan Tabari, Le rôle de la religio11 da11s 1101re révol11tio11 , " La Nouvelle Revue lnterna ti onale" . nº 12 (292), dezembro 1982, pp. 88-89. 7. ln Atlas 111011dial de l'isla111 activiste, La Tab le Rond e, Pari s, 199 1, p. 234. 8. Bru no Êt ienne, L'isla111is111e radical, Hacheue, Pari s, 1987. p. 327. 9. http://www.jan nah .org/a rt ic les/ hassan .hl rn 1. IO. Six 1ra c1s of f-!asa11 AI-Ba1111a , lnt ern ati o nal l sl arn i c Federation o r Stud ent O rgani zati o ns. Kuwait , s/d , pp. 16- 18. 11. A I Hocla, op. cit. 12. Veja- se po r exempl o: Shayk h Abd ul Qacler A IMurabit , Para e/ ho111bre que vieue , Edi c i ones Ribat , Gra nada-M éx ico-Chicago, 1988 . O au tor se auto-intitu la sheik, mas é um escocês chamado l an Da l la s. El e fund o u em N o rwi ch o Movi111e1110 Morabitw, , nom e de uma hi stó ri ca confrar i a míst i co -g ue rr c i ra do No rt e ela Áfr i c a os a/morá vidas. Seus membros são, em significati vo número, ex-hippies e cul tuaclore s fru strad os da droga. No li vro , Abdu l Qader j ustifica o 111 Reich , e jul ga que não este não obt eve a "liberrnçr7o"' to tal do homem, devido à oposiçflo juda ica-capi tal ista -usurária. Não criti ca o comunismo pe lo seu lado igua litário e nivel ador, mas porq ue ter ia sido excog itaclo por judeus. A "libenação 'º cio homem ex ige, segu ndo ele, a ex tinção do consumi smo ca -

pital ista. E a via para isso, agora, seria o lsW. 13. Say y icl Qu tb , Jalons s11r la ro111 e de l '!s/a,11. ln tern at i onal l sl arn i c Fed c rat i o n of Stucl ent O rgan izations, Kuwait , s/cl. 293 pp. , pp. 96-97. 14. Sayy icl Qutb , li .fú111ro sarà del/"lsla111, ln terna ti ona l l slam i c Fedcrat i o n o f Stu cl en t O r g ani zat i on s ( Kuwai t ) / Thc Ho l y C oran Pub li shing House (Be irut), 1980, 42-44. JS. ld . ibid. , pp. 5 1-57. 16. ld . ibid ., pp 63-64. 17. ld . ibid ., pp. 63-67. 18. ld. ibid. , p. 15. 19. ld. ibid., p. 100 20. O li vi er C arré, Mys1iq11e et poli1iq11e - Lec111re

révol111io1111aire d11 Corc111 par Sa yyid Q111b Frêre M11s11l111a11 radical , L es Êd i tio ns clu Cerf / Presses

21.

22. 23. 24. 25.

26. 27. 28.

ele l a Fo ndation Nati ona lc des Scienccs Po li tiques, Pari s, 1984. p. 149. Baqir as-S aclr, se m título , A I- H o da Te hernn branch, Teerã, 1989 , pp. 9- 1O. Baq ir as-Sadr, icl. ibi d. , p. 27. Roger Garaudy, Appel a11x viva111.,, Seuil , Pari s, 1979, pp. 294-295 . Desclée ele Brouwer, Pari s, 1995. Atlas Mondial de l '!sla111 Ac1ivi.1·1e. Insti tui ele C r i rni no log i e ele Par i s - Centre ele Rec her che sur l a Yi o lence Po li ti qu e. La Tabl e Ronde , Pa ri s, 199 1, p. 14. C fr. Catolicismo , nº 603, março 200 1. C fr. Catolicismo. nº 609, se tembro 200 1. c rr. Catolicismo , nº 106. outubro 1959.

eATO LIeISMO

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Islamismo:

"Essa

medalha é milagrosa mesmo!" E is a afirm ação textual de uma senhora cearense, cujo filho era alcoólatra e se embri agava continuame nte. Aflita, e la resolveu apelar para Aquela que é Mãe de todo o gênero humano, que é Mãe dos filhos como também das mães. Sabendo dos g ra ndes prodíg ios e graças a lcançados pela Meda lha Mil agrosa, deu uma ao filho, pedindo-lhe que a levasse sempre na carte ira. O rapaz obedeceu e, para surpresa de todos, deixo u imediatamente ele beber, regenera ndo-se por inte iro cio vício. O re lato emocionante nos fo i envi ado por um conhec ido ela família.

a.

slamismo (Islã significa submissão) foi fundaos nas coisas divinas e experimentados nestas e nas o por Maomé (570-632 d.C .), na península humanas, mas pessoas incu ltas, habitantes do deser. rábica. Guarda de camelos, analfabeto e su to, ignorantes de toda doutrina divina. E só mediante a multidão destes, obrigou os demais, pela violência persticioso, Maomé casou-se com uma rica viúva hebréia de nome Kadija e adotou a crença numa divindadas armas, a aceitar a sua lei. Nenhum oráculo divino dos profetas que o precederam dá testemunho dele; de única, de tipo judaico. Segundo a tradição islâmica, teve revelações numa caverna, em Hira . Reuniu ao contrário, ele desfigura totalmente o Antigo e Novo Testamento, tornando-os um relato fantasioso, como seguidores e apoderou-se de Medina, próspera cidade o pode confirmar quem examina seus escritos. Por vizinha de Meca. isso, proibiu astutamente a seus sequazes a leitura do O fundador do islamismo difundia cânticos que misturavam elementos da Bíblia com textos dos evangeAntigo e Novo Testamento, para que não percebeslhos apócrifos, do Talmud, de lendas do deserto e da sem a falsidade dele" ("Summa contra Gentiles", L. 1, c. 6). própria vida. Foram eles reunidos no Corão (Livro) em 657, sem ordem lógica nem cronológica . Existe ainda No seio do maometanismo proliferam centenas de a sharia (lei), não escrita e secreta, e os hadits (ditos seitas, sendo duas as principais: a sunita (que significa ou feitos de Maomé). Khomeini, o aiatolá líder da retradição, a qual congrega 90% dos islâmicos) e a shiita volução iraniana iniciada em 1979, reuniu mais de um (que significa partido de Ali; e reúne 10%). Essa divimilhão desses ditos, uns verdadeiros, outros falsos, são principal nasceu de uma disputa pela sucessão de mas todos geralmente aceitos pelos adeptos de todas Maomé . Em 656, Ali, discípulo e genro de Maomé, foi as correntes do islamismo . eleito quarto califa (líder supremo da comunidade islâImpôs cinco obrigações básicas: 1 - Profissão de mica, após Maomé), mas acabou sendo deposto e refé; 2 - Jejum anual de um mês (o Ramadã); 3 fugiou -se na Pérsia, onde criou o shlismo. Peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida; 4 No Ocidente, identifica-se impropriamente shiita - Cinco orações diárias; 5 com fundamentalista e su- Esmo la ritual. Ainda há o nita com moderado. Na readever da jihad, ou guerra lidade, há fundamentalistas santa. (no sentido de radicais) e É oportuno citar aqu i a moderados nas duas corren opinião de Santo Tomás de tes. Bin Laden e a corrente Aquino, o grande Doutor da radica l que domina politicamente a Arábia Saudita são Igreja, sobre o fundador do islamismo: "Maomé seduziu sunitas. No Irã, a revolução os povos prometendo-lhes iniciada por Khomeini foi radeleites carnais ..... Introdudical durante vários anos . ziu entre as poucas coisas Nas duas últimas eleições verdadeiras que ensinou presidenciais, venceram os muitas fábulas e falsíssimas moderados. O Presidente doutrinas . Não aduziu prodímoderado Khatami governa gios sobrenaturais, único à sombra do supremo líder testemunho adequado da espiritual radical Khamenei . inspiração divina ..... AfirO islamismo, por sua mou que era enviado pelas natureza, é violento, intolearmas, sinais estes que não rante e invasor. As Cruzafaltam a ladrões e tiranos. das, algumas delas convoMaomé em seu tapete de oração - Iluminura persa Desde o início, não acredicadas por Papas, Santos e taram nele os homens sábiConcílios, puseram-lhe freio.

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CATO LICIS MO

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Foi em 1830 que Nossa Senhora apareceu, em Paris, a Santa Catarina Labouré, e ntão jovem reli g iosa, e lhe ens inou a devoção ela Medalha Mil agrosa 1

À esquerda: imagem de Nossa Senhora das Graças, que se encontra no altar-mor da ca pela das aparições (abaixo), na rue du Bac, em Paris

Um socorro que vem do Céu ARMANDO A LEXANDRE DOS SANTOS

A Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças, cuja festa é comemorada no dia 27 deste mês, é um poderoso recurso oferecido pela Mãe de Deus aos homens, especialmente adequado a épocas de crise como a atual CATO LI

eIS

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e começaram, e m séri e, os prodígios que e m po ucos anos torn ariam a Medalha Milagrosa mundi a lmente cé lebre. O Arcebispo ele Paris, que autori zara a c unhage m ela M ed a lha e recebera logo a lg um as elas primeiras, a lcançou imed iata me nte uma graça ex trao rdinári a po r me io delas, e passou a ser propaga ndi sta entusiasta e protetor ela nova devoção. També m o Papa Gregório XVI recebe u um lote ele meda lhas, e passou a di stribuí-l as a pessoas que o vi sitava m. Até 1836, ma is ele 15 milhões ele medalhas tinham s ido cunhadas e distribuídas, no mundo inte iro. Em 1842, essa c ifra ating ia a casa cios 100 milhões. Dos ma is remotos países chegavam relatos ele graças extraordin árias alcançadas po r meio ela medalha : curas, conversões, proteção contra perigos imine ntes etc.

Prodigiosa conversão

Na cadeira que se encontra na capela das aparições, Nossa Senhora sentou-se para conversar com Catarina, na noite de 18 de julho de 1830

"Fazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança" - prometeu a Santíss ima Virge m. A promessa efetivame nte se c umpriu. Quando iam ser c unhadas as prime iras mccla lhas, uma terrível e pide mi a ele có l ra , prove ni e nte ela E uropa oriental , a ting ia Pari s. O fh gclo se ma nifestou a 26 ele ma rço ele 1832 e se estendeu até meados cio

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CATOLICISMO

ano. A Jº ele abril , fa leceram 79 pessoas; no dia 2, 168; no dia seguinte, 216, e assim foram aumentando os ó bitos, até atingirem 861 no dia 9. No total, faleceram 18.400 pessoas, ofi c ia lme nte; na rea liclacle, esse número foi maio r, dado ·q ue as estatísticas ofic iais e a impre nsa diminuíram os números para ev itar a inte nsificação cio pânico popular. No dia 30 ele junho, foram e ntregues as primeiras 1500 meda lha que haviam sido e nco me ndadas à Casa Vac hette, e as re li giosas Filhas ela Ca ridade começara m a di stribuí- las e ntre os flage lados. Na mesma hora refluiu a peste

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M as, e m janeiro ele J842, a conversão espetac ula r cio jude u Afonso Ratisbo nne - que apresenta notáve l ana log ia com a conversão cio Apóstolo São Paul o na estrada ele Damasco - c hama ri a ainda mai s as ate nções sobre a Meda lha Mil agrosa. Rati sbonne, jo ve m ba nqueiro ele Estrasburgo, c he io ele preconceitos e antipatias contra a Ig rej a Cató li ca, estava viajando por Ro ma quando aceitou, me io a contragosto, uma M edalha Mil agrosa que lhe ofereceu um nobre francês. Poucos dias depois, inesperada e mil agrosa me nte, a Virge m lhe aparece u na Igreja ele Sant' Anclrea clelle Fratte, e e m poucos segundos o a nti go inimigo ela Igreja transformou-se no apóstolo ard o roso que viri a a fundar, juntamente com seu irm ão Padre Teodoro Rati bonn e, a Co ngregação cios Miss io nários ele Nossa Senhora ele Sion , clecli cacla à co nve rsão cios jude us. Em 1876 , a no ela morte ele Santa Catarina Labouré, mais ele um bilhão ele M edalhas Milagrosas já espalhavam graças pelo mundo. Em 1894, a Santa Igreja in stituiu a festa litúrg ica ele Nossa Senhora ela M edalha Milagrosa, a ser celebrada no dia 27 ele novembro.

Graças extraordinárias

Em 1980, quando se co me moravam 150 anos ela reve lação ela M eda lha Mi lag rosa, o própri o João Paulo II, compa receu como peregrin o ao loca l elas aparições.

N ão pretendemos, é claro, afi rma r que todos esses impressionantes re latos sejam mil ag res propriamente ditos; somente a Igreja tem a uto rid ade para declarar se um determinado fato.excepcio nal fo i rea lmente milag roso, e Ela só costum a fazer um a declaração dessas após minuc iosas e severas investigações. C ha me mos a esses fatos , po is, sim plesmen te graças. São graças que fiéis narram ter a lca nçado, e que le mos com respeito e espírito ele fé . Possam esses depoimentos nos animar a, e m clificulclacles seme lhantes, faze rmos também

La Salette, Lourdes, Fátima Para os devotos e pro pagandi stas ele Fátima, a M edalha Milag rosa tem um s ig nificado muito es pecia l. A s aparições ele Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré, e m 1830, marcaram o iníc io ele um ciclo ele gra ndes revelações mari ais. Esse c icl o prosseguiu em La Salette ( 1846) , e m Laureies (1858) e c ulmin o u em Fátima (1917). Desde 1830 Nossa Senhora se mani fes ta deplorando os pecados cio mundo, oferecendo perdão e mi sericó rdi a à hum a nidade pecado ra e prevendo severos castigos caso e la não se convertesse. M as também a nunc iando que, após esses castigos, viria um triunfo esple ndoroso do Bem. E m novembro ele J876, um mês antes ele sua morte, Santa Catarina Labouré afi rm ou: " Virão grandes catástrofes .... o sangue j orrará nas ruas. Por um rnomen.to, crer-se-á tudo perdido. Mas ludo será ganho. A San.tíssima Virgem é quem nos salvará. Sim, quando esta Virgem, oferecendo o m.undo ao Padre Eterno, for honrada, seremos salvos e teremos a paz" . E em 13 de julho ele 1917, N ossa Senhora prometeu fo rma lme nte em Fátima: "Porfim, o meu. Imaculado Coração triunfará".

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nós uso devoto ela Medalha Mil ag rosa e invocarmos co m co nfian ça a proteção ele Nossa Senhora elas Graças . É importante no ta r que a M eda lha Mil agrosa não eleve ser usada à ma neira ele um talismã, como se tivesse força e eficácia mág icas. O fiel cató li co eleve usá-l a com verdadeiro espírito ele fé, tendo presente que o melhor modo ele a lcançar graças e favores ele Deus é não ofendê-Lo, cumprir seus M a ndame ntos, praticar a o ração e freqüentar os Sacramentos.

Conjunto escultural existente numa parede do interior do Convento das Filhas da Caridade, na rue du Bac, em Paris

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O le ito r que r ter uma idé ia ela abundância e variedade cios dons co ncedidos por me io ela Medalha Milagrosa? Quer ter uma compreensão viva ele como e la é atual nos dias difíceis que estamos vivencio? Pois e ntão le ia os impress ionantes depoimentos a seguir - todos documentados e recentes, pois se referem ao período ele ou tubro ele 1993 a novembro ele 1997. São depoimentos ele homens e mulheres elas ma is variadas reg iões cio ·" Brasil, os quai s alcançaram graças por me io ela Medalha Mil agrosa 2 .

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i-------••-•~---•----------...,•-------, e ATOLIe ISMO

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A graça

Depoimentos de graças alcançadas ~

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COMENTÁJ~IO OE PUNJO CüRRÊA DE ÜLIVEIRA

Para vencermos as dificuldades de nossa vida e enfrentarmos as graves calamidades que afligem o mundo atualmente: devoção à Mãe da Divina Graça

\\---~Proteção enfermos -~. .. ~. aos .. .. ~. .. ~. .. ,.

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H

oje é festa el e No ssa Senhora elas Graças - um a invocação lindíss ima. A palavra graça tem dois sentidos na lin guagem cató lica. Num sentido e la quer dizer favor. Por exe mpl o, se um a pessoa está co m uma doença, pede para ser c urada e recebe a c ura , e la pode dizer: Eu recebi uma graça. É um favor qu e pediu ao Céu e foi ate ndida. Ma há um sentido muito ma is alto ela palavra graça. É um favor tão grande, tão exce lso, que é a graça por excelê nc ia: a participação na vicia divina. Deus, na sua misericórdia infinita e a rogos de Nossa Senhora, concede a todas as almas uma ajuda, urna força espiri tual que é uma participação na própria vicia clEle. Recebendo essa participação na própri a vida d Ele, nós recebemos uma força ele alma, uma elevação, uma coragem, que ca racterizo u inte iramente a inumeráve l qua ntidade ele santos e sa ntas, beatos e beatas que há no firm ame nto ela Santa Igreja Cató li ca Apostólica Romana.

"U m amigo me disse que seu pai estava desenganado pelos méd icos devido a um probl ema no pulmão. O médico chegou a aconselhar uma re união ele todos os parentes, no quarto do hospital , para ass istirem aos últimos mome ntos daquele senhor. Ve ndo o pai naque la angústia, sem poder respirar, me u amigo tirou a meda lha cio pescoço ecolocou-a no pescoço cio pai, dizendo:

Papai, não se preocupe. Quern vai cuidar do senhor é Nossa Senhora. Imed iatamente o pai começou a resp irar norma lme nte e adormeceu. No dia seguinte estava c urado. O méd ico não soube dar exp li cação e o pai nunca mai s qui s devolver a medalha". (J.N. - SP)

"A graça de Deus , ,':steve,presei:i_te aí"

;,,.;1_~~,Wi!í.~~~~~M,,l-~~~~(J,

"U ma ami ga estava muito preocupada com a saúde ele sua ti lha que estava esperando bebê. Ela me disse que lhe deu a M eda lha Mil agrosa para que a usasse, e que hav ia começado a novena. O problema foi se agravando, pondo em ri sco a vicia ela gestante e a do be bê que estava para nascer. Então, o médi co reso lveu operá- la. Nascera m gêmeos três n eses antes ela data prevista, sendo imediatame nte batizados ; e se fortalecem a cada dia que passa. Constituiu surpresa 1 ara o próprio médico, que afirmo u: A

graça de Deus esteve presente at'.

Exemplo do enxerto num vegetal

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CATOLIC ISMO

Proteção num desastre automobilístico

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" Um rapaz buscava e mprego há muito tempo. Embora seus esforços fossem constantes, nada conseguia. Um dia veio me visitar, e e u aca bara ele receber as meda lhas. Coloq uei uma em seu pescoço, dizendo-lhe que Nossa Senhora lhe conseguiria o emprego. M a l c hegou em casa, encontrou um a carta convocandopara um serviço público. E le nunca mais se separo u ela medalha" .

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(M .H.A.S. - SP)

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(E.M.B.P. - SP)

" Meses atrás , quando voltava ele um passeio, tivemos um a forte coli são com um ônibu s que, desrespeitando o sina l, havia parado no me io da avenida. Todos os que olhava m nosso carro pensavam que havía mos mo rrido, tal o impacto sofrido. Na realidade e u sofri apenas uma pequena pancada na cabeça, sem maiores conseq üênci a , e o nosso motori sta, me ros arranhões. Nós dois

Isto é fruto des ta participação criada na vicia incriada ele Deus. No sa vicia é criada, nós fo mos criado por Deus, mas pela g raça nó temos um a parti cipação na vicia incriada clEle. É um a participação altíss ima, é algo que vagamente - para dar uma idéia - poder-se-ia comparar com um e nxerto. Numa árvore comum - na qual se e nxerta uma parte viva ele outra árvore que dá frutos preciosíssimos - no te mpo ela frutificação nascerão frutos !.excelentes] na árvore comum . Assim também é a graça. A graça seria como que um enxerto ela vicia incri ada ele Deu em cada um ele nós. Se correspondermos, e levar-nos-emo não sei a que alturas.

Como se corresponde à graça? É não pecando, é praticando a virtude. Assim se corres ponde à graça. Nesta Terra não tem importâ ncia se a gente é muita coisa ou pouca coisa, tem importânci a saber se a gente cumpriu o que De us mandou ou não cumpriu. A graça, assim explanada, é um grandíss imo favor de Deus a todos os batizados, desde que não seja recusada. Até o mome nto ele o home m morrer, a graça o acompanha, o convida, o chama, o atrai . M es mo cio fundo dos piores pecados a graça nos chama.

Nossa posição junto a Deus é uma posição privilegiada Imag ine m que uma pessoa seja ac usada ele um crime. Está corre ndo processo, a acusação é inju sta, mas sabe-se que o jui z está mal impress ionado e vai condená-la. Ela fi ca, evidentemente, muito aflita. Mas se a pessoa souber que a mãe cio jui z é, por exempl o, irmã ela própria mãe, e la pode dizer: Ah, que

alívio! Mamãe falará com o juiz e obterá qualquer coisa dele. O mesmo se passa e m re lação a Nossa Senhora. Nós não me recemos ser atendidos por De us - o Supremo Jui z - , mas Ela é Mãe ele todos nós, e como M ãe Ela faz tudo pelos filhos. O valor clEl a é tal , que todas as orações que fizermos por meio cl Ela serão atendidas; mas nenhuma oração qu e façamos se m ser por me io clEla será atendida . É Nossa Senhora elas Graças que obtém para cada um de nós as graças necessárias, a graça da participação na vida divina que nos poderá levar ao Céu. Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP, em 27-11-94. Sem revisão do autor.

CATO LIC IS MO

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po rtáva mos a M eda lha Milagrosa. N a hora do impacto e u ia bater a cabeça no vidro, mas senti como se fosse uma mão o u uma asa me leva ndo para trás". (C.V.1. - SP)

"foi a medalha que nos salvou" ,: .. •

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.. . . I'. ., •

c uráve l que o de ixo u na ma is ex tre ma desolação. Quando estava prestes a mo rrer, cha mara m um Padre. Ele o e xpulsou duas vezes, po is não queri a se confessar. Te ntou vári as vezes o suicídio, cha mava o de mônio e ato rme ntava que m de le cuidava. Certo di a recebe u a vis ita de uma re lig iosa, que pre nde u e m seu braço uma M ed a lha Mil agrosa . Dias de po is e le mandou cha mar o Padre, confesso u- se, rece be u os S acra me n tos . M orre u tranqüilo e e m paz". (A.F.V. - SC)

"M e u filh o é e nge nhe iro e j á fo i sa lvo pela med a lha. De i uma med a lha a seu moto ri sta e lhe ex plique i a devoção. Ele, e ntão, adquiriu mais med a lhas e um livrinho expli cativo que iri a de ixa r na sa la dos motori stas d a e mpresa. Vo lta ndo a Be lo Ho ri zo nte com me u filh o, o carro derrapou, bate u e m uma estaca e fo i cair, de rodas para c ima, num ba rranco. Logo adia nte havi a um prec ipíc io. Sa íram rápido do carro pe las ja nelas, po is havia perigo de incêndi o. N ão sofreram nad a; e o motori sta, tira ndo a meda lha do bolso, di sse: "foi ela que

nos salvou!" (M .B.A. - MG)

O alcoólatra , ,P.ªr':'_~ ,~e l>e_~~r

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" Um a senhora portu g uesa conto u-me que um pare nte seu fo i para a g uerra e m A ngola. A ntes de partir, sua mãe lhe de u a med a lha, que e le pôs devota me nte no pescoço. D isse que a medalha o protegeria na gue rra, e que vo ltari a vivo à fa mília. De fa to, e le sobrevive u e m me io a tiroteios, gra nadas e e mboscadas, vo lta ndo são e sa lvo". (S.R.H .M. - SP)

Conversão de um moribundo " Um parente, depois de levar uma vida péssim a, da ndo todo tipo de ma us exem plos, fo i vítima de uma doe nça in-

28

e AToLICISMO

" Uma colega de tra ba lho conto ume que o pa i de la, de po is que se aposento u há do is anos, e ntregou-se ao víc io da be bida, trazendo muitos sofrime n. tos para a fa mília. Todo tipo de tratame nto fo i te ntado e m vão. Fale i-lhe, e ntão, da meda lha e lhe de i uma de presente, junta mente com a no ve na. Oferecida ao pai, e le não se o pôs, e no me mo d ia passou a usá- la ao pescoço. Desde e ntão paro u de beber e voltou a ser o home m case iro e a migo q ue sempre fo i".

Divórcio evitado __,, .. . . . , .. "Minha filh a começou a ter proble mas com o marid o. Ambos brigavam muito e resolvera m se d ivo rc iar. O marid o volto u a morar com seus pa is e mi nha filh a fi cou soz inha com o filh o de 3 a nos. Ao receber as Meda lhas Mil agrosas, coloque i-as no me u pescoço e nos das minhas filh as, e começamos a rezar a no ve na. Uma se ma na de po is fui visitar minha filh a. Ela me conto u que depo is que começou a rezar a N ossa Senho ra e a usar a meda lha, a lg uma coisa estava muda ndo dentro de la. Disse estar pe nsando o di a inte iro no marido, e q ue que ri a reata r o casame nto. H oje, minha filh a e o marido estão novame nte juntos. Acabara m-se as brigas e vive m fe li zes . Ela te m certeza de que fo i a Vir-

Novembro de 2001

(*** - MG)

oferec i, d izendo que Ela protegia as pessoas. E le re po nde u: Me dê logo essa medalha! Ass im que a pegou, d isse que ia e mbo ra e partiu" .

"Ela nunca se sentiu tão bem" "De i a meda lha a uma moça e e la me di sse que se sentiu tão be m, que agora reza sempre a oração e, com uma imagem de N ossa Se nho ra d as G raças, reza o te rço di ário junto com o utras a mi gas . Conto u- me que o ne rvos ismo passo u, e que e la te m ex pe rime ntado uma profunda paz es piri tual". (S.R.H.M. - SP)

(J.M .R.F. - MG)

Sobreviveu a tiroteios. granadas e.. . emboscadas .. ., .,..... .. ,,... .. .. .. ...

gem da M ed a lha Milag rosa que m salvo u o casame nto".

Seqüestradores devol~~_ra1t1 _~ --m~n!~º "Conto u-me uma senho ra o seg uin te fa to: Há uns 15 dias um menino

f oi seqüestrado. Ele estava sob os cuidados do avô, pois seus pais tinham viajado para os Estados Unidos. Quando os seqüeslradores pegaram o m.enino elas m.ãos elo avô, este tirou wna medalha ele Nossa Senhora elas Graças que linha consigo, apertou-a na mão e se pôs a rezw: Já dentro elo carro com. o menino, os seqüestra.dores não conseguiram sait: Após alguns momentos descerarn do carro e devolveran·,. o m.enino, dizendo que na .fi·ente do carro havia uma Senhora que não os de ixava sair de jeito nenhum".

(A.M.M .M. - SP)

O movimento ocultista foi embora

Medalha Milagrosa afu,~~n~a ,~acu~ba .. "Em fre nte à minha casa moram pessoas que faze m mac umba todas as sextas-feiras. Não me confo rma ndo com isso, coloq ue i uma Med a lha Mil agrosa e m c im a do mu ro e na fresta. A lg umas sema nas depo is a casa estava à venda". (R.L.C. - SP)

"Instalo u-se pe rto de minha casa um movimento ocultista. Freqüe nte me nte e u passava po r a li e quase sempre estava m as luzes acesas, have ndo basta nte mo vime nto na ca a. Duas vezes j ogue i M eda lhas Mil agrosas po r c ima do mu ro e co mecei uma novena pedindo a Nossa Senhora que afastasse da li aque la ge nte. Alg uns d ias depo is note i co m a legri a que não hav ia ma is ning ué m na casa, e que a pl aca do ta l mov ime nto havi a sido re tirada". (F.B.H. - RS)

" Nosso filh o hav ia fe ito, du ra nte do is a nos, vestibul a r para M edi c ina e apesar de fa lta re m poucos po ntos não consegui a ing ressar na fac uldade. Na terceira vez, in screveu-se e m quatro fac ul dades. Foi re provado e m duas de las. Na terceira fac uldade não havi a se saído be m . Fa lta va a úl tim a o po rtunid ade. An tes de e le sair para as provas, coloque i uma M e da lha Mil ag rosa no seu

pescoço. Fo i a provad o, e hoj e es tá c ursando o primeiro a no de M edic ina, e tudo vai indo maravilhosame nte be m, g raças a De us e à M ed a lha Milagrosa". (M .R.S. - SP)

*

*

*

Como vimos, são depo ime ntos que atesta m as ma is diversas graças recebidas por me io da M ed a lha Milagrosa de N ossa Senho ra das Graças: proteção aos e nfe rm os, c uras, alívi os nas doenças; proteção a desempregados e a pessoas com pro ble mas econô micos; proteção contra acide ntes e pe ri gos vári os; conve rsões, graças de regene ração mo ral , afervoramento es piritual, recuperação de vici ados; proteção contra a ação d o de mô ni o; proteção e m casos de assaltos, ro ubos, seqüestros; resolução de pro blemas com vi zinhos . E nfim, os ma is di ve rsos au xíli os a lcançados são aqui re-

Relicário na parte de baixo do altar erigido no local da aparição de Nossa Senhora, na capela da rue du Bac: o corpo incorrupto da Santa repousa nessa urna

(F.S.L - MG)

"Estando só e m minha casa, apareceu e m me u quinta l um ho me m po rta ndo um revó lve r, dize ndo que fu g ia da políc ia. E ntrou, trancou a po rta e pediu dinhe iro. D e i-lhe o dinhe iro e comecei a rezar j ac ul a tó ri as. Oi s e-me que o dinhe iro era po uco e começou a andar de um lado para o utro como um lo uco, com a mão tre me ndo e segurando o revólve r. Lembre i- me da Meda lha Mil agrosa e lhe

CATO LI

e

ISMO

Novembro de 2001

29


Um raio de luz

latados, e mui tos o utros ainda podem ser vistos no li vro aba ixo me nc io nado na nota 2. Possa m estes re latos assombrosos ajudar-nos também a nós. A Meda lha Mil agrosa não de ixo u de mul tiplicar seus prodíg ios até os nossos d ias. Todos nós necess itamos de grandes graças, sobretudo nos tempos d ifíce is e críticos q ue estamos vivendo. Po is peçamo- las a ·Nossa Senhora das Graças, com confia nça, fi li almente. Não estará també m o prezado le itor prec isando ele uma g ra nde graça? O u alguém da s ua famíli a, ou elas suas re lações de am izade? Fo i pe nsando em pessoas necess itadas como nós q ue a Virgem , a melho r ele todas as mães, na sua miser icó rd ia in sondáve l nos trouxe a Medalha M il agrosa, este prov idencia l auxíli o vindo cio Céu. ♦

Abaixo: cama onde morreu Santa Catarina, em 31 de dezembro de 1876

Bibliografia utilizada: A Meda lho Mira culoso - suo orige111. his tória , difi ,.,·cio e resultados - ou Nossa Senhora das Graças. e os Acto.1· da sua Misericôrdio. Ediçcio revista e a11111e11tado sobre o do Padre A/ode!. da Congregaçcio da Misscio, pre.fúc iado e vertida e111 portu g uês por Fran cisco d'A~eredo Teixeira d'A guilc11; Conde de Sa111odcies, Imprensa Co mm ercial, Porto, 1884. Pe. Henri qu e Machado C.M. , A Medalha Mi lagrosa, sua his1ôria, si111bolis1110 e lições, T ip. Fo nseca, Porto, 1930. A rma ndo A lexan dre cios Santos, A verdadeira histôria da Medallw Milog,vsa , A rtp ress, São Pau lo, 1998.

2. Os depo imentos aq ui reprod uz ido s são tra nscritos cio li vro A

verdadeira história da Medalha Milagrosa, ele A rmando A lexandre cios San tos, publi cado pela Ecl i1 ora A rt press, de São Pau lo, em 1998. co m mensagem de apoio e es tímulo do Ex mo. Rev mo. Sr. D. Ge ral do Ma r ia el e Morais Penido, Arcebispo Emérit o de Aparec ida.

Notas: 1. Sobre as apari ções a Santa Catari na La bouré e sobre as cli l"icu lclacles que esta enfrentou pa ra co nsegui r ele se u co nressor qu e fo ssem cunhada s as medalha s co mo Nossa Senhora hav ia orclenaclo, Catolicismo j á publico u diversos artigos: cl'r. A nton io Aug usto Bo relli Machado, Sa, 1ta Catarina Labo11ré - A noviça q11e viu Nossa Se11hora , in Cawlici.1·11w nº 3 12, dezembro ele 1976; Prediçrie.,· de Nossa Sen hora a Sa nta Ca tarina Labo11ré, in Ca toli c i.r nw nº 3 59 , nov emb ro el e 1980;

l2J É com grande conso lo que lhes escrevo para comun icar-me com a Rev ista Catolicismo. E m matérias nas quais não sou muito entendido, fico à espera das esclarecedoras pa lavras de Catolicismo , q ue sempre dissipam as dúvi das , graças à fiel interpretação do pensamento do Prof. Plínio Corrêa ele O liveira. O artigo O atentado que destrói, mas esclarece foi para minha família um raio ele luz, que inte rpreta os acontec imentos futuros fundame ntados em Nossa Senhora de Fátima. (F. J. B e Família - Argentina)

ado de Deus; e mui tos que pensam que estão no cami nho certo são gu iados por alguns que se passam por ministros cio Senhor, mas são fa lsos ministros , falsos gu ias. Rep ito o meu ped ido urgente. Q ue Deus lhes pague. (S.F.C. - RN )

Furo jornalístico [8] A aprese ntação da revista Catolicismo é primorosa . M inha pre-

ferênc ia recai sobre os temas político-econômicos. Mas artigos de fundo fi losófico e comentários sobre atua lidades também são ele meu interesse. G rande "fu ro" foi a e ntrevista com o De legado de Po lícia do RS.

Consonância de pensamento [8] Não tinha co nhec imento ela existência de Catolicismo, considero uma verdadeira dádiva ter feito a assinatura, pois achei o pensamento acertado sobre o que vem acontecendo na Igreja, no Brasi I e no exterior, por exemplo os inesperados ataques anti-americanos, que atingiram os Estados Unidos, mas que nos atingem a todos no momento atua l. Enfim, em llido que Ji nesta revista até agora eu penso do mesmo modo, os pontos de vista devocês batem com os meus. Registro aq ui o meu muito obrigado.

/11tra11 sigê 11 c ia dos Sa11tos: fidelidad e inarredável à s11a missão - A.firmeza i11qu ebrallfáve/ de Sa nta Catarina Labouré 110 defe sa do verdadeiro si111/Jo/i.1·1110 da Medalha Milagrosa , in Cato/ici.1·11w nº 5 15, novembro d e 199 3. C fr. tamb ém Jo sé Fra nc i sc o Gouveia, A Medu/lw Milug1 v.1·a co11serva ai11 da .rna at11alidade?, in atolici.1·11w nº 445, janeiro ele 1988.

(N.L. - DF)

Brilhante meio de comunicação [gJ A preciosa rev ista Catolicismo é, rea lmente , um bri lhante

meio de comun icação cató lico. Gostei espec ia lmente da matéria principal. Não tenho nada a propor para que possa me lh orá-la, poi s está num dos me lhores padrões de qualidade. Ta lvez seja a melhor revista relig iosa que já li .

30

eATOLIeISMO

Novembro de 2001

"Vício"... r8J Amigos . Vocês já me viciaram (no bom sentido) , estou ansioso por receber a minha revista que até agora não me chegou (é a deste mês !setembro] que está terminando). Espero que não tenham cortado o meu nome. Favor mandar uma outra com prioridade, e se chegar uma revista a mai s, estejam seguros ele que fare i um bom uso. Ela ilumin ará outros amigos a irem no caminho certo nes ta no ite terrível do mundo d istanc i-

(A.P.P. - RJ)

Maravilhosa mesmo! Q uero dizer que estou mui to grato pe la atenção e pela revi sta Catolicismo, q ue eu ac he i sim plesmente marav ilhosa. Marav ilhosa mesmo, de mais! Com reportage ns mui to in teressantes. M ui to obr igado, o bri gad o mesmo. Q ue Deus continue dando mu ita fo rça e graças a todos vocês. (M_M.8.0. - SP)

Oásis

18] Ten ho gostado mu ito dos temas abordados na revista. Sal iento a " Palavra do Sace rdote" e "Vida dos Santos", entre outros. Te mas de inte resse gera l que a imprensa diária descarta para dar espaço a baboseiras vul gares; e parece que quanto mais vu lgar, mais espaço ocupa. De lic io-me co m a le itura ele Catolicismo.

rB! Sou assina nte dessa rev ista, a qual considero um verdadeiro oás is na secura esp iri tua l dos nossos tempos, te nho a fir me esperança de permanecer fi e l à Causa Cató li ca e à Contra-Revolução, em prol da qual ta nto luto u o saudoso Sr. Dr. Plini o Corrêa de O li veira. Ac red ito q ue a rev ista está co mpleta, perfe ita em todos os aspectos, e gostari a de dar os parabéns aos Srs., por fazere m o que fazem e, sobretudo, agradece r profu ndame nte por tere m a coragem e a a lta neria de lu ta r pela Verdade.

(P.M .E. - GO)

(T.O.M.J. - PE)

(J .L. - SP)

Leitura "deliciosa"

(A.C.V. - MA) Acima: mesa e cadeira da portaria do Asilo de Enghien, em Paris, onde Catarina foi porte ira

munas, que esconde m vergonhosamente o passado, im agin ando que fac il mente esq uecere mos a mili tâ ncia revo luc ionári a q ue ta ntos ma lefíc ios produziu ..... O bras il e iro não é bobo e não se deixará enganar por fig uras camufl adas q ue, por exemplo, age m para desarmar os homens ho nestos, q ue conde na m aq ue les q ue agem cumprindo o dever, e só fac ili tam munições a band idos "co itad inh os".

Passado vergonhoso ~ Vamos em fre nte nesta luta para livrar nossa Pátria desses co-

Correspondência (cartas, fax ou emails) para as seções Escrevem os Leitores e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que fi guram na página 4 desta edição . 1


Santos e festas de r ~ v.UR 1 TODOS OS SANTOS

. 2 FINADOS Primeira Sexta-feira do mês.

3 São Martinho de Porres, Confessor. (vide seção Vida de Santos, p. 34) Primeiro Sábado do mês.

po de Echternach, de o nde seus mi ss io nári os partia m para evangelizar a Re nâni a. Seu zelo chego u até a Dinamarca .

5 Santos Zacarias e Isabel, Pais do Precursor, São João Batista.

t

Santa Sílvia, Viúva.

+ Roma, Séc. VI. Patrícia, da mai s alta soc iedade romana e mãe do Papa São Gregório Magno .

8 São Claro, Confessor. + Tours, 386. Pertencente a família de a lta nobreza, fo i ordenado sacerdote ainda j ovem , deixando tudo para ir viver junto ao grande Bispo ele Tours, São Martinho.

9 Dedicação da Basílica de São João de Latrão, Roma. Catedra l d os Bispos el e R oma, foi elas prime iras basílicas dedi cadas po r Co nsta ntin o ao culto cris tão , consagrada por São Silvestre em 324.

10 São Leão I Magno, Papa e Confessor.

6

11

Beato Nuno Álvares Pereira, Confessor.

São Bartolomeu Abade, Confessor. + Grotaferrata, 1065. a labrês, muito jovem entrou para um moste iro ítalo-grego, colocando-se sob a direção d seu fundador, seu compatri ota São Ni lo .

+ Armado cavaleiro aos 13 anos, Condestável de Portu gal aos 25, a ele D. João I deveu seu trono e Portuga l sua indepe ndênc ia, pe la retumbante vitória em Aljubarrota.

7 São Vilibrardo, Bispo e Confessor. + A le ma nha, 739. Nasc ido na Irl a nda, foi sagrado Bis32

CATO LICISMO

São Carlos Borromeu

São Vilibrardo

São Leão I

Santo Alberto M agno

Santo Odon

Igreja", fez do mosteiro bizantino ele Stuclios, que contou até com mil monges, um centro ele santos e sábios.

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fi zeram co m o Pe. Afon so Rodríg uez. O Pe. Juan de i Castillo tinha s ido martirizado a nteriormente, na missão ele Pirapó.

co nstitui ção h ie rá rqui ca ela Igrej a.

ções romanas" (do Martiro-

Santa Isabel da Hungria, Viúva.

13

4 São Carlos Borromeu, Bispo e Confessor.

No dia 2 de novembro, celebrada pelo Revmo. Padre Davi Francisquini, Missa de Finados nas seguintes intenções:

12 São Teodoro Studita, Confessor. + Constantinopla, 826. Considerando as ordens monásticas co mo "os nervos da

Novembro d if 2001

Santo Estanislau Kostka, Confessor. + Roma, 1567. Perte ncente a família el as mais nobres da Polônia, sua vida é pa lmi lhada ele maravil has. Recebido po r São Pedro Canís io no nov ic iado da Com panhia ele Jesus na Ale manha, fo i e nviado a Rom a e pate rnalme nte acolhido por São Franc isco ele Bo,ja.

14 São José Pignatelli, Confessor. + Roma, 18 11. Nobre espanho l ele origem italiana, entro u aos 15 anos para a Companhi a ele Jes us. Ordenado sacerdote, dedicou-se ao mag istéri o e mini stérios apostóli cos.

15 Santo Alberto Magno, Bispo e Doutor da Igreja. + Colôni a (A lemanha), 1280. Pouco dotado para o estudo , ma grande devoto de Ma ri a, clEla receb u a c iê nc ia que lhe va le u de seu contemporâ neos o título ele Doutor universal. Foi profe sor ele Sa nto Tomás ele Aquino.

16 Santa Gertrudes, a "Magna", Virgem.

t Santa Hilda, Virgem. + l ng late rra, 690. Fi Iha cio primeiro rei cri stão da Nortúmbria (Ing laterra), de po is de viver 33 anos na co rte , querida e cortejada por todos , retirou-se com a irmã e algumas compa nh e iras para as ma rgens de um ri o, para viver reli g iosame nte.

18

20 Santa Inês de Assis, Virgem.

+ Itá li a, 1254. frm ã mais nova de Santa C lara. Quando esta partiu para a habitação elas Be neditinas, Inês, que tinha some nte 15 ano , seguiu -a. A fa mília fez de tudo para arrancá- la de lá, maltratando-a fi sica mente.

Santo Odon, Confessor.

21

Abade ele CJuny, moste iro considerado a a lma da Idade M édi a, pe la g ra nd eza das virtudes que de le se irradiaram para toda a sociedade da época.

APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA

t

Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo Na prim e ira , no Vati ca no, e ncontra-se o túmulo ele São Pedro, o primeiro Papa; a segunda, na Vi a Óstia, fo i constru ícla no loca l cio sepu ltame nto de São Paul o.

22 Santa Cecília, Virgem e Mártir.

+ Ro ma, Séc.

m. Uma

das mai s veneradas mártires da Igrej a primitiva, Cecíl ia tinha feito voto ele castidade qua ndo o pai a casou co m Va leriano, a quem e la converte u junto com o c unhado Tibúrcio. Os três sofrera m o martíri o pela fé.

lógio Romano) .

24

27

Santos André Dung-Lac e Companheiros, Mártires. + Vietn ã, Séc. XVI. Vi etnamitas "convertidos pelos nús-

Santa Catarina Labouré, Virgem.

sionários dominicanos que haviam começado a evangelizar a região, foram martirizados sob a acusação de estarem introduzindo no país uma religião estranha" (cio Martiro lóg io Romano).

25 NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI. Festa instituída em 1925 por Pio XI, para proclamar a realeza social ele N osso Senhor Jesus Cristo.

t

Santa Catarina de Alexandria, Virgem e Mártir.

19

23

+ Séc. IV. Uma el as sa ntas mais popu lares dos primeiros séc ulos, aos 17 anos tinha receb ido o dom da sabedori a, de tal mane ira que era tida como a mais sábia das jovens cio Império.

Santos Roque González e Companheiros, Mártires.

São Clemente 1, Papa e Mártir.

26

+ Rio Grande cio S ul, 1628. Mi ss ionár io s j es uítas que eva nge li zara m a reg ião das Missões. Na ele Caaró (RS ), quando o Pe. Roque terminava a Mi ssa, índ ios sublevados pe lo pajé partiram-lhe a cabeça com a c lava. O mes mo

+ Roma, Séc. I. Tercei ro sucessor ele São Pedro, conheceu os Apóstolos e conviveu com e les . Sua carta diri gida aos Coríntios é docume nto fundamenta l para comprovar as teses do primado universal cio Bi spo ele Ro ma e da

t

FESTA DE NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA ( vicie p. 23)

28 Santo Estêvão e Companheiros, Mártires.

+ Constantinopla, 764. Monge do M oste iro de Studios (vide dia 12), foi martiri zado com centenas de outros companheiros por te rem defend ido o cu lto às imagens.

29 São Francisco Antonio Fasani, Confessor.

+ Itália, 1742. Franciscano no convento dos Frades Me nores Conventuais de Lucera, doutorou-se em Teologia, tornando-se ex ímio pregador, diretor de almas, conselheiro, defensor dos pobres e humi Ides.

30 São Pedro de Alexandria, Bispo e Mártir. + 3 1 l. "O historiador Eusé-

bio saudava-o como um desses pastores divinos pela vida virtuosa e por sua sagrada eloqüência. Foi uma das últimas vítimas das persegui-

• Em sufrágio das almas do Purgatório. • Pelas almas dos assinantes e leitores de Catolicismo, bem como dos participantes da Aliança de Fátima já falecidos. • Pelas vítimas do bárbaro atentado terrorista perpetrado nos Estados Unidos, no dia 11 de setembro p.p ..

Santo André Apóstolo, Mártir.

t

São Zózimo, Confessor. + Pa lestina, Séc. Vl. M onge na Palestin a, era considerado por São Teodoro Studita ( vide dia 12) como "a jóia da hu-

Será celebrada a Missa do Natal nas seguintes intenções: • Pelos assinantes e leitores de Catolicismo. • Por todos aqueles que têm acompanhado e auxiliado a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! durante o ano de 2001. • Pela conversão dos pecadores . • Para que Nossa Senhora reconduza o Brasil às vias da fidelidade aos princípios imutáveis da Igreja Católica, Apostólica, Romana . • Para que o povo norte-americano saiba enfrentar com ânimo forte os sofrimentos decorrentes dos atentados terroristas.

mildade". C ATO LIC IS MO

Novembro de 2001

33


VIDAS DE SANTOS

... Desde o primeiro dia M artinho dedicou -se de corpo e a lma a se rv ir seus irmãos nos ofíc ios mais baixos e humilhantes. Sempre animado por um profundo espírito sobrenatural , para ele era não só uma alegri a, mas uma graça mesmo, faze r isso pelo amo r de Deus. Após o primeiro ano de prova, recebeu o hábito de doado. M as isso não agrado u ao orgulhoso pai, de quem levava o sobrenome. Dom João pediu aos superi o res dominicanos que recebessem Martinho, de tão ilustre estirpe pelo lado paterno, ao menos na qualidade de irmão le igo . Ora, isso era contra as constituições da época, que não permitiam receber na Ordem pessoas de cor. O Superi or qui s que o próprio Marti nho decidisse. "Eu estou contente neste estado - respo nde u e le - porque

São Martinho de Porres,

no serviço de Deus não há irtf'e riores nem superiores, e é meu desejo imitar o mais possível a Nosso Senhor, que se.fez servo por nós". Jsso fechou a questão.

Na escola da humilhação

PLJN IO MARIA SOLIMEO

Nesta época impregnada de ódio social, de lutas de classes e raças, o exemplo desse santo mulato comprova como um espírito verdadeiramente católico e abrasado pelo amor de Deus e do próximo pode chegar aos píncaros da santidade, até nas mais adversas condições sociais ilho ilegítimo de João de Porres , nobre espanho l pertencente à Ordem de Alcântara e descendente de cru zados, e de Ana Ve lásq uez, negra alforriada , Martinho nasceu no princípio de dezembro de 1579. De tempera me nto dócil e piedoso, desde pequeno fo i e ns inado pe lo Espírito Santo na escola dos santos. Ainda na infâ ncia seu pa i o legitimou, bem como à s ua irmãzinha Joana, levando ambos para Guayaquil , onde ocupava alto cargo no governo. M artinho teve assim a cha nce de apre nder a le r e escrever. Quatro anos depois, no meado governador do Panamá, João de Porres devolveu o filh o à mãe, de ixando a filh a ob os c ui dados de outros parentes. De volta a Lima, Martinho e ntrou na quali dade de apre ndi z na botica de Mateo Pastor, que exercia o ofíc io de ci rurg ião, denti sta e barbe iro. Fo i ali que o jove m mestiço apre nde u os rudimentos de medicina, q ue depois lhe seriam tão úte is no convento.

E

Se Martinho progredia no ap re ndizado do ofíc io, ainda muito mais avançava na ciência dos santos. Foi o que o levou, aos 15 anos, a pe nsar em serv ir somente a Deus, num convento. Naquela fe li z época de fervo r reli gioso, a cap ita l do Vice- Reino do Peru abrigava praticame nte cinco santos e m seus vá ri os conventos, sendo dois de dom inicanos - o da Madal e na e o de Nossa Sen hora do Rosário - , conta ndo cada um de les com quase 200 re li g iosos.

O "doado" Foi no convento de Nossa Senhora do Rosário que Martinho quis e nlrar na qua lidade de doado, isto é, quase escravo. Comprometia-se a servir toda a vida, sem nenhum vínc ulo com a comunidade, e com o ún ico benefício de ve. tiro hábito re ligioso. Ana Velásq uez, num ato de despre ndimento admirável, não só permitiu ao filho dar esse passo, mas quis ela mesma entregá- lo no convento.

E se ato de humildade fo i um dentre os inúmeros que di stinguiram o santo nesse período. Encarregado da e nfe rmar ia do convento, não lhe fa ltavam ocasiões de humilhar-se diante da impac iênc ia que muitas vezes se apodera dos doentes, ainda mai s e m uma comunidade tão numero ·a. E le não bastava para atender a todos, o que provocava crises de mau humor em a lgun s mais impac ientes. Num momento desses um r lig ioso, que se e ntia mal ate ndido, o chamou de "rnulato cachorro". Apó o prime iro choque, Martinho domino u-se. Ajoelhando-se junto ao le ito do enfermo, disse chorando: "Sirn., é ve ,dade que sou um cão mulato e mereço

que me reco,dem disso, e mereço muito mais pelas núnhas maldades" . Outro doente que julgo u ser mal ate ndido lhe disse:

"Assún é a tua caridade, ern.busteiro hipócrita! ? Agora é que eu te conheço bem!" Mas fico u edificado com a humildade e doçura com que o ofendido o tratou , e pediu-lhe perdão. Apesar dessa. atitudes, a virtude cio doado foi sendo reconhecida por todos e ultrapasso u os muros cio convento. Isso levou os . uperiores a abrir exceção e receber M artinho como irm ão leigo, liga ndo-se ass im à Ordem pelos três votos.

Virtude heróica Seu desapego ele si mes mo foi heró ico. Ouvindo um dia dizer que o convento estava em ap uros financeiros , fo i ao superior e disse que poderia ajudar a resolve r o problema. Como? " Padre, eu pertenço ao convento.

Disponha de mim como de um escravo, porque algo quererão dar por este cão mulato, e eu ficarei muito

contente de ter podido servir em algo aos meus irmãos" . Emoc ionado com tanta virtude, o supe ri or lhe responde u: "Deus te pague, irmão; mas o mesmo Deus que te

trouxe aqui encarregar-se-á de dar um remédio ao caso". Nunca oc ioso e proc urando sempre servir aos outros, o tempo parecia aume ntar para Frei Martinho. Além ele cuidar ela e nfe rmari a, varria todo o convento, c uidava da rouparia, cortava o cabelo cios du zentos frades, e era o sineiro, di spensando ainda de seis a o ito horas por dia à oração. Chegou a adq uirir algumas vezes as qualidades dos corpos g loriosos, e entrava através das portas fec hadas ou mesmo das paredes, em aposentos onde sua presença era ncesssári a. Aparecia aqui , ali e acolá repentinamente, para satisfazer à sua caridade . Ti nha uma horta na qual ele mesmo c ultivava as plantas que utili zava para suas medicinas . Com elas operava verd ade iros milag res. Di zia ao enfer mo: "Eu te medico, Deus te cura". E isso ocorri a. Mas às vezes se valia das coisas mai s diversas para comunicar sua virtude de c ura, como vinho morno, faixas de pano para li gar as pernas quebradas de um menino, um pedaço de sola para c urar a infecção de que sofria um outro doado, que era sapateiro. Esta ndo doente o Bispo de La Paz, ele passagem por Lima ma ndou que chamasse m F rei Martinho para que o c urasse. O si mples contato da mão do doado e m seu peito o livrou de grave mo léstia que o levava ao túmulo. Entre os inúmeros mil agres que se atribuem a Martinho, está o dom da bilocação (foi visto na mesma hora e m lu gares e até países diferentes) e o de uma ressurreição. Conta-se também que estava com outros dois irmãos longe do conve nto, quando soou a hora para reentra re m; a fim de não fa ltarem à virtude da obed iênc ia, deu ele a mão aos outros do is, e os três levantaram vôo, chegando assim ao convento no mome nto previsto.

A caridade supera a obediência Fre i Martinho transformou a enfe rmaria no seu centro de ação. A e la levava todos os enfe rmos que e ncontrava na rua, mesmo aq ue les com maior perigo de contág io. Isso lhe fo i proibido pelos superiores. Mas a caridade do santo não tinha limites. Por isso, preparou na casa de sua irmã, que vivia a duas quadras do convento, un s apose ntos para receber esses doentes . E lá os ia tratar com suas mãos até que sarassem ou e ntregassem a a lma a Deus. Certo dia, entreta nto, aco nteceu que um índio foi esfaqueado às portas do convento. Frei M artinho não tinha tempo para levá-lo até a casa de sua irm ã. Diante da urgê ncia do caso, não teve dúvidas e c uidou do índio na enfermaria do convento. Quando este estava melhor,

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levou-o então à casa da irmã. Di sso o superior não gostou, e re preendeu-o por Ler pecado contra a obediência. " Ni sso não peque i" , res po nde u Ma rtinh o. "Como não? !", perguntou o superior. "Assirn é, Padre, porque creio que contra a caridade não há preceito, nem mesmo o da obediência" , respondeu o Santo. Al ém de todas essas atividades, Fre i Martinho saía também cio convento para pedir es mo las para seus pobres e para os sacerdotes necessitados. Conhecendo sua prudênc ia e caridade, muitos o encarregavam de di stri buir suas esmo las, inc lusive o Vice- Re i, que lhe clava l 00 pesos mensais para isso.

Dom da sabedoria e do conselho O dom da sabedoria era ne le tão grande, que as mais altas personalidades de Lima recorriam a seu conselho. Também o futu ro não lhe era desconhec ido. Certa vez, um homem que ia para um ato pecaminoso fo i retido por ele na porta do convento, em agraciáve l e ed ificante conversação, levando-o a esquecer-se cio tempo. Quando

continuou seu caminho, soube que a casa aonde ia hav ia ruído, ferindo gravemente a mulher que nela estava. Como fruto de seu a lto grau ele oração, Martinho tinha êxtases freqüentes, à vi sta de todos. Sua uni ão co m De us era contínua. Para do minar suas inclinações, fl age lava-se até ao sangue três vezes por di a, e durante os quarenta e cinco anos que permaneceu no convento jejuo u a pão e ág ua. Gostava de ajudar a Mi ssa e era grande devoto da Eucari stia. Quando ca minhava, ia desfi ando as contas de seu Rosári o. É fác il supor que o inimi go cio gênero humano não pudesse suportar tanto bem, fe ito pelo humilde do minicano. Persegui a-o sem trégua, às vezes faze ndo-o ro lar pe las escadas, outras veclanclo-lhe o caminho quando ia socorrer algum necess itado. Fre i M artinho costumava repeli -lo com o símbo lo ela C ru z. Até mes mo os animais mais repelentes ate ndi am à sua voz. Quando os ratos tornara m-se probl ema para o conve nto, porque ro íam todos os produtos armazenados com sacrifíc io, Fre i Martinho pegou um de les que ca íra na ratoeira e lhe di sse: " Vou te soltar; m.as vai e dize a teus companheiros que não sej am molestas nern nocivos ao convento; que se retirem para a horla, que eu lhes levarei comida todos os dias" . No di a seg uinte todos os ratos estavam qui etinhos na horta, esperando a co mida que Fre i Martinho lhes levava! Fina lme nte Frei Martinho, com o corpo gasto pe lo excesso de trabalho, jejum contínuo e penitênc ia, sucumbiu aos 60 anos. Ao seu le ito de moribundo aco rreram o Vi ce- re i, B ispos, eclesiásticos e todo o povo que conseguiu entra r. Seu funeral foi uma g lorifi cação. Todos queri am venerar aque le santo mul ato que nunca procurara sua própri a g lória, mas some nte a ♦ de Deus.

Os graves acontecin1entos internacionais nos fazen1 recorrer a' Medalha Milagrosa e os aco ntecimentos internacioais inic iados em J1 de sete mbro com os bruta is e sangre ntos ataques terro ri stas ocorridos nos Estados Unidos, nossa Campanha enviou para seus partic ipantes, no mês de outubro, a Meda lha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças juntame nte com a novena. A idéia é promover rapidamente a distribuição de 300 mi l medalhas e novenas até o fim deste ano, tão conturbado pelas graves conseqüênci as internacionais trazidas pe los atentados terroristas . Muitos se perguntam se não estamos

ass istindo ao início dos castigos previ stos po r Nossa Senhora na Cova da Iri a. Nesse caso, os presentes aco ntec imentos seri am ao mes mo tempo trág icos e es pera nçosos, pois ao fin al de les teríamos o espetacu lar triunfo do Imac ulado Coração de M aria. Triunfo parti cipado por todos aque les que fo rem fi éis a Nossa Senh ora neste momento de incertezas, como ens inava o Prof. Plínio Corrêa de O live ira. A ampl a di stribu ição de medalhas é fe ita para pedir a intercessão de Nossa Senhora das G raças, co nsiderando que os aco ntec ime ntos tomara m proporções

que apenas a Providê ncia Divina pode contro lar. C umpre, po is, pedir a Nossa Senhora que atue no sentido de que sej a qual fo r o rumo que os fatos tomem - tudo res ulte para a glóri a de De us e exa ltação da Santa Ig rej a. E també m para pedir à Virgem Santíss ima que nos proteja e às nossas fa mílias, bem como a todos que desej am permanecer fi éis. Para a pl ena consecução desse importante lance de di stribuição de medalhas, enviamos carta aos caros parti cipantes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, soli citando uma ajuda fin anceira.

Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós! (J acul atóri a da Novena de Nossa Senhora elas Graças)

Obras consultadas: Enriqueta Vil a, Santos de América , Ecliciones M oretón, Bil bao, 1968, pp. 69 a 87. L es Petit s Bo ll ancl i stcs , Vi es des Sa int .,·, cl ' apres le Perc G iry, Bloucl et Barra i, LibrairesÉcl iteurs, Pari s, 1882. tomo X III , pp. 206 a 208. Pe. José Leit e, S..I ., Santos de Cada Dia, Ecli tori al A . O., Braga, 1987, tomo Ili , pp. 259 a 26 1.

À esquerda: claustro do secular Convento dominicano de Lima, onde viveu São M artinho. Ao fundo, vê-se a bela torre da igreja de São Domingos, anexa ao convento.

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Imagem de Nossa Senhora das Graças -

Parque da Sede da TFP norte-americana, Spring Grove (Pennsylvania-EUA) CAT O LIe IS MO

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Escrevem nossos Participantes Carta dos Correios à Coordenação da Campanha justifica aumento das tarifas - No dia 11 de setembro, a Gerência Comercial dos Correios enviou carta à Coordenação de nossa campanha informando que o reajuste das tarifas teve o objetivo de "fazer frente aos novos custos operacionais e de infra-estrutura", além da expansão da rede de unidades operacionais e de treinamento dos Correios. O Correio disponibilizou para nossa Campanha o serviço de Mala Di reta Postal, o que nos permite melhores condições de postagem. A carta diz ainda que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos agiu dessa forma objetivando proporcionar-nos "a continuidade da nobre missão da propagação da fé cristã". Milagre da Medalha Milagrosa Minha filha fez uma cirurgia e nela houve um erro médico : ele furou a bexiga dela. Fiquei muito desesperada, porque minha filha não tinha condição de pagar a cirurgia. Ela m e mandou falar que não tinha como operar, pois o médico disse que ela teria que pagar. Foi quando eu coloquei a Medalha Milagrosa sobre a foto dela, e dias depois eu fiquei sabendo que um médico teria canse-

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I Pornografia para doentes mentais

não renovou o co ntrato ele uma professora ele Reli g ião, que se "casou" co m um divorciado. Sua atitude foi apoi ada também pelo Bispo de M álaga, Mon s. Antonio Dorado Soto, o qu al ressa ltou que, quem se divorcia, diante ela moral co ntinua como casado. N ão se pode "relativizar a situação

a Dinamarca, a clíni ca Thorupgaarden , de Copenhague, ex ibe filmes pornográficos para doentes mentais. M aj Britt Auning, que há 20 anos trabalha na clínica, asseg urou que os pacientes - tanto cio sexo masculin o como cio feminino - são freqüentadores assíd uos elas sessões.

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desta professora, .. .. que a Moral católica sempre qualifica como um adultério" , exp licou ele. Enquanto isso, no Brasi 1, um ci os progra mas ela Pastoral

Em lugar de oferecerem conforto religioso aos pobres doentes, inoculam neles pornografia. Visita da Imagem Peregrina em Alvarenga {MG) .

guido a operação, e hoje ela está curada. Foi o milagre da Medalha Milagrosa (TMS, Pernambuco).

Imagem Peregrina e Cruzada Re. paradora - É sempre uma graça de Deus poder me comunicar com alguém da Campanha de Fátima, pois sinto-me falando com a própria Virgem M aria. Prim eiro quero dizer que ne ste ano e neste mil ênio eu recebi o maior presente que um v erdadeiro filho de Maria pod e rece ber, que foi a visita da Mãe de Deu s, a Rainha de Fátima . Toda a minha fa mília reunida, mãe, irmãos, cunhados, sobrinhos, vizinhos, grupos marianos e o Padre Elmo. Quando o Sr. Paulo Okabe ligou para mim, dizendo que já estava chegando no bairro, eu o orientava sobre o acesso a minha casa. Então não tive mais paciência de esperá-lo, e corri até o outro lado da rua para encontrá-lo. Naquele momento eu virei uma criança, e não me continha de tanta felicidade. Nós estamos rezando o Terço todos os dias , e exatamente no dia 13, após ler a carta dos senhores , eu, como faço parte da equipe na paróquia, peguei o microfone e pedi a toda a comunidade que re zasse todos os dias o Terço, fazen do a Cruzada Reparadora do Santo Rosário. E assim já estamos particiVisita da Imagem Peregrina à residência de Julieta A11geli11a de Araújo Moura Fé, 110 dia 08/ 6/ 01 em Picos, Piauí.

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panda, em comunhão com os senhores, da Cruzada pedida. Eu li para a minha comunidade paroquial e comunidade de bairro a carta que o senhor me enviou. Eu rezo todos os dias o Terço, e quando posso rezo o Rosário, além de fazer minhas orações pessoais . Jesus é o maior presente que Nossa Senhora me deu, nas minhas horas mais amargas (MLP , Bahia) .

Responsabilidade dos pais e mães e do governo - Recebi o CD, lindo, graças a Deus e vamos lutar pela nossa Campanha. E no assunto da pouca vergonha que está ocorrendo, não tem jeito, porque os próprios governos são os cabeças, apoiando tudo que dizem ser errado . Quanto mais baixo o nível, mais tem valor. Agora até um tal de baile funk apareceu, e as autoridades, em vez de cortarem o direito, estão deixando tomar conta. E mesmo alguns pais e certas mães já gostam de ver as filhas andando semi -nuas, e nem procuram saber de onde estão chegando as filhas nem com quem. No fim da história, sobra mais uma criança sem pai. A um homem que tira a vida de um pai de família para rou bar, não dão o castigo merecido . Isto só serve para aumentar o desprezo pela Lei de Deus. Pela lei dos homens, os bandidos comem e dormem melhor do que nas casas deles e sem precisar trabalhar (OFL, Espírito Santo) .

Strip-tease até

no noticiário

um noticiário da lnternet brasileira, as apresentadoras vão tirando a roupa à medida que dão as notíc ias cio dia, ele modo a ficarem nuas no final cio programa.

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Daqui a 1>ouco essa imoralidade estará também na televisão. Parece

um desígnio de querer fazer entrar a imoralidade até pelos poros. Nossa Senhora ele Fátima advertiu contra a imoralidade.

Na Espanha ... e no Brasil

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B i spo de Almería, na Espa nha, Mons. Rosenclo Alvarez Gastón,

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o 3º ongr sso L atin o- Ameri ca no de Médicos Católicos, rea li za do em meados ele setembro no Ri o, o presidente ela Federação das A ssociações M éd icas Católicas Latino-Am eri ca nas, Dr. Fra nc isco Díaz Herrera, criti cou o uso el e preservativos como meio de prevenção contra a A icls. " Pode falha,; e estimula a pro-

miscuidade. A m.elhor solução é educa,; em valores éticos, a fidelidade no rnatrimônio e a castidade até chegar a ele ", argumentou. Reprovou também a atitude dos meios ele comuni cação, autorid ades e profissionai s d saúde, de apontar o uso cios preservativos como melhor man eira ele ev itar o vírus. É conveni ente acrescentar que a principal razão para

de Assistência Ca rcerári a (organizada por Bispos e Padres) esti mul a e facilita enco ntro ele novos casais entre presos, presas e parceiros em liberdad e. Depois ele passarem por exa mes ele saúde, mulheres e hom ens livres recebem carteirinha com foto, que os credencia a visitas íntim as.

Ou seja, a preocupação é apenas com a saúde do corpo. A alma que se dane!

se condenar os preservativos consiste em que seu uso viola gravemente a moral católica. Entre todos os co ngress istas, predominaram críticas ao aborto em qualquer circunstância, à manipulação de emb ri ões em pesquisas científicas e à engenhari a genética como meio para ''. fábri car" bebês idea li zados pelos pai s. Díaz H errera considerou "ataques ji·ontais contra a fcunília " as lega li zações do aborto, cio divórcio, ela difusão ele métodos anticoncepcionais entre os jovens e da esteliri zação em hosp itai s públicos. Condenando o aborto nos casos de má formação do feto, um dos representantes do Vaticano, o médico Renzo Paccini, disse que "a formação genética (de um feto) não nos autoriza a tirar a vida" ("O Estado de S. Paulo", 14-9-01).

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GRANDES PERSONAGENS

Progra111a Radiofônico

Conquistador da

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A Voz de Fátima''

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Expansão de ''A voz de Fátima" Estado Cidade SP 35 MG 28

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Locais do Brasil, onde rádios já difundem o programa "A Voz de Fátima".

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O número cresce constantemente.

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Total de Cidades: 183 Total de Rádios: 258

s programas "A Voz de Fátima" nºs 29 e 30 comentam, com horror e rejeição, apretensão de protestantes de querer eliminar o feriado de 12 de outubro em honra a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Trazem também reflexões profundas sobre os quatro novíssimos do homem - morte, juízo, inferno e paraíso - e ainda cartas dos participantes relatando graças alcançadas pela intercessão de Nossa Senhora. AJgumas notícias da atualidade são comentadas à luz da Mensagem de Fátima. Em novembro estão sendo lançados os programas "A Voz de Fátima" nº' 31 e 32, abordando de modo especia] os mais recentes acontecimentos internacionais, sob a perspectiva das profecias de Fátima. Ajude a expandir a Mensagem de Fátima nas rádios, seja um benfeitor do Programa Radiofônico "A Voz de Fátima". Solicite as fichas de inscrição. Fone (11) 3955-0660.

Participe da Aliança de Fátima Participe você também da Aliança de Fátima . Nossa Senhora saberá recompensar quem ajuda a difundir sua M ensagem . Escreva , telefone ou envie seu e-mail para a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! e peça mais informações para ser um Membro da Aliança de Fátima. Ou participe como Benfeitor do Programa Radiofônico A Voz de Fátima, ajudando assim a propagar a Mensagem de Fátima pelas emissoras de todo o Brasil.

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Plantão de Atendimento da Campanha: Tel. : (0 ** 11) 3955-0660 . Int ernet : www .fatima.org.br E-mail : fidei@sti.com.br Endereço para correspondência: Rua Martim Francisco, 665 . CEP 01226-001 São Paulo (SP)

J OSÉ M ARI A DOS SA NTOS

Filho espiritual de Moisés, após a morte deste conduziu o povo de Israel para a tão ansiada Terra Prometida e conquistou todos os territórios reservados por Deus ao povo eleito do Antigo Testamento

V.

ori gem e j uventude desse homem com mi ssão tão prov idencial, nada se sa be. A Bíbli a só nos diz que é ''.filho

de Nun ", "da tribo de Efi·aim" . Su a entrada n enário bíbli co, que ele iri a engra nclc cr com sua presença, é aprese ntada co mo fato co nsumado: "Escolhe homens", diz-lhe Moisés, "e vai combater contra A111alec" (Ex. 17, 9); o qu e mostra que Josué era mui to chegado ao grande Profeta. Aliás, pouco depois é chamado ele "111inistro de Moisés" ( lei ., 24, 13), com quem . ubiu o M onte Sinai . Sabemo. também que, quando o grande legislador entrava no tabern ácul o para fal ar com D us ''./ace

a fa ce, como um anúgo costuma fa lar com seu amigo", "quando voltava para os acampamentos", o seu j ovem servo Jo sué,.filho de Nun , não se apa rtava do tabernáculo" (lei ., 33, I I ). " Valente na guerra, penetrante e sábio no conselho, manejando os espíritos com destreza e a pala vra corn eloqüência, ele tinha f ixado a atenção de Moisés: f oi eleito do Alto para continu -

ar a obra desse grande homem, e sustentou a honra de uma tal escolha pela f irmeza de seu caráter e heroísmo de seu de votamento" *.

"E no sétimo dia os sacerdotes tomem as sete trombetas de que se usa no jubileu e vão adiante da Arca da Aliança" (Jos. 6,4) (Paris - Biblioteca Nacional)

Jos ué era pois um filh o es piritual , discípulo ele M oisés, e estava sempre a seu lado. Este chegou mes mo a mudarlhe o nome, ele Oséias, para Josué (Num . 13, 16), que quer di zer "Javé é a salvação", quando o mandou com outros recon hecer a terra de Can aã . Quando se tratou ele esco lher um suces or para M oisés, uma vez que ele não entrari a na terra prometida, di sse- lhe o Senhor: "Toma Josué, f ilho de Nun, ho-

mem no qual reside o (meu) espírito, e põe a tua mão sobre ele. Ele estará diante do sacerdote Eleazar e de toda a multidão; e tu lhe darás os preceitos à vista de todos, e uma parte da tua glória, para que toda a congregação dos fi lhos de Israel o ouça" (lei ., 27 , 18 a 20). Pouco depois Deu s começará a falar diretamente a Josué: " O Senhor di sse a Moi sés: eis que se avizinham os

dias da tua morte; chama Josué e apre-

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sentai-vos no tabernáculo do testemunho para eu lhe dar as minhas ordens".

Israelitas atravessam o Jordão a pé enxuto

De po is de dadas as diretrizes, "o Senho r o rde no u a Josué, filho de Nun, e disselhe: tem coragem e sê forte, porque in-

N o terceiro dia, quando os israelitas c hegara m ao Jordão, o Senhor ratificou o pacto com Josué, dizendo-lhe: " Hoje

troduzirás os filhos de Israel na terra que lhes prometi, e Eu serei contigo"

começarei a exaltar-te diante de todo o Israel, para que saibam que, assim. comojiti com Moisés, assim sou contigo" (Id. 3, 7).

(De ut. 31, 14 e 23). À morte de M oisés, "Josué,jilho de

Nun, foi cheio do Espírito de sabedoria, porque Moisés lhe tinha imposto as suas mãos. Osjilhos de Israel obedeceram-lhe e fizeram como o Senhor tinha mandado a Moisés" (Id. , 34, 9). Pouco de poi s o Senhor diz a Josué :

" Meu servo Moisés morreu; levantate e passa o Jordão, tu e todo o povo contigo, entra na terra que eu darei aos filhos de Israel. Todo luga r onde pisar a planta do vosso pé, eu vo- lo darei, como disse a Mois és. Ninguém vos poderá resistir em todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem desam pararei. Tem ânimo e sê f orte ... e reveste- te de grande fo rtaleza para observar e cump rir toda a lei que Moisés, meu servo, prescreveu ... não tenhas medo nem temo,; porque o Senhor teu Deus está contigo em, qualque r parte para onde fores" (Jo . J, 2-9). Confortado assim com as promessas do C ri ado r, Jos ué ma ndou a le rtar o povo que fizesse provisão de ma ntime ntos, porque dentro de três d ias passari a m o Jordão para e ntrar na posse da te rra reservad a pe lo Senhor. E ntre me ntes, e nvio u dois espiões a Jericó para verificar as fo rtifi cações. Estes entrara m numa casa junto ao muro da c idade, pertencente a uma mulhe r de má vida, que os esconde u quando fo i dado o a larme. Os soldados do rei loca l não os e ncontrara m e saíram à sua proc ura a lé m das mura lhas; a mulher di sse e ntão aos es pi ões israelitas que sabia que Deus estava com e les, e que conquistariam o país. E que, como e la tinha usado de mi sericó rdi a para co m e les, que usassem e ntão de mi sericórdia para com ela e os seus, poupando s ua família e be ns quando entra sem na c idade. O s israelitas deram-lhe um cordão vermelho para amarrar à janela de sua casa e ne la re unir todos os seus parentes, que seriam poupados .

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Por orientação de Deus , Josué mandou que os sacerdotes, levando a Arca da Aliança, atrave. sassem o rio. Assim que e les molharam os pés nas ma rge ns a lagadas do Jo rdão, as ág uas interromperam seu c urso e co meçaram a levantar-se verticalme nte, e nqua nto o resto seg ui a seu leito norma lme nte; de mane ira que e m pouco tempo aparece u o le ito do ri o, que os israe litas passaram a pé e nxuto como o utrora hav iam fe ito no Mar Vermelho . Esse estupendo mil ag re serviu para conso lidar a confi a nça dos hebre us em seu novo c hefe, dev ido aos prodígios por ele operados, como o utrora os de · M o isés. Ao mes mo tempo e nc he u de terror as popul ações vizinhas. Seguindo ai nda as recome ndações divinas, para comemorar o milagre, Jos ué mando u pegar 12 pedras do le ito do ri o e as di spor na margem , como um monumento eterno do ocorrid o. Com o mes mo intuito, pôs també m o ut ras 12 no le ito do ri o, no luga r o nde tinha parado a Arca da Aliança. Por ordem de Deus , Jos ué mandou c irc unc ida r todos os varões, po is os que hav iam nasc ido no Egito e tinham sido c irc uncidados haviam mo rrido no deserto; e os que neste hav iam nascido não tinham s ido a inda c ircunc idados. Como já ti nha m os frutos da terra para come re m, parou també m de cair o maná. Celebrara m aí a primeira Páscoa na Te rra Pro metida.

Trombetas derrubam as muralhas de Jericó Estando Josué examinando as muralhas de Jeri có, apareceu- lhe um Anjo do Senho r com a espada desem bai nhada. Pergunto u- lhe Josué que m era, e e le respondeu-lhe: "Sou o príncipe do exército do Senhor, e agora venho" ; quer dizer: venho, da parte do Senho r, auxili a r-vos na batalha.

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Je ricó estava be m fort ificada e parec ia inexpug nável. M as o Sen ho r expli cou a Josué como tomá- la: " Dai a volta à cidade, vós todos os homens de guer-

Era le i comum na é poca que os ve nc idos ele g uerra fossem mortos o u esc rav izados. Ademais, no caso dos hebreus , tendo e les receb ido preceitos d ivinos, poderi a m fac ilme nte conta minarse co m as abo min ações praticadas por aqueles povos pagãos, caso co nvi vessem com e les. Foi, a li ás, o que ocorre u em mai s de um e pi sódi o relatado na Bíbli a.

ra, uma vez por dia; assimfareis durante seis dias. E no sétimo dia os sacerdotes tomem. as sete trombetas de que se usa no jubileu, e vão adiante da Arca da Aliança; e rodeareis sete vezes a cidade, e os sacerdotes tocarão as trombetas. E quando o som das trombetas se fi zer ouvir mais demorado e penetrante e vos f erir os ouvidos, todo o povo à uma levantará um grande clamo,; e cairão os rnuros da cidade até os fundamentos, e cada um entrará por aquele lugar que lhe ficar deji-onte" (ld., 6, l a 5). Isso seguido à risca, deu-se o milag re da queda das muralhas, e Je ricó fo i conqui stada. Como aco nteceria depois co m todas as cidades subjugadas, sua população fo i passada a fio de espada me nos a mulher que escondera os es pi as, be m como seus fam iliares - e a c idade queimada. A fa ma do mil ag re do Jordão, visto de muito longe, e o da queda das muralh as e subseq üe nte conqui sta da c idade, divul gou-se por toda a reg ião e fez tre me r os povos viz inhos. Mas ne m tudo corre u para os is rae1itas como es pe ravam . U m de les vio lo u o mandame nto e apossou-se de pa rte dos despojos . Com isso atra iu a ira de Deus, o que fez com que numa pró xi ma campanha, contra a cidade de Hai, os israe litas voltassem as costas e perecessem qu ase Lodos. O Senhor com unicou a Josué a causa da de rrota: "- Israel não poderá ter-

se diante dos seus inimigos e fitgirá deles, porque se manchou corno anátema; eu não serei mais convosco enquanto não exterminardes aquele que é réu desta maldade" (lei . 7, 12). Descobe rto o c ulpado, e le, sua fa míli a e pe rte nces, inclus ive gado - seg undo as ri gorosas leis do Anti go Testamento - fora m dilapidados e e us pe rte nces q ue imados. Aí, outra vez a lentado po r De us, Josué e os seus, usando de um estratagema, conqui stara m a c idade de Ha i e passaram todos os seus habitantes a fio de espada. A uxiliados por Deus, e dirigidos por um ge neral hab ilíssimo como Josué, os

Terra Prometida dividida entre as 12 tribos Assim Jos ué conq ui stou "todo o país montanhoso e meridional, a terra de Gosen, a planície, a parte ocidental, o monte de Israel, as suas campinas" (lb., 16) e muitas o utras terras. Ve nceu també m os re is da Transjordânia e os de Canaã, li bera ndo assi 111 toda a te rra prometida por Deu s a Moi sés. De aco rdo com o estipul ado pe lo Senhor, Josué fez a divi são dessas terras pe las tribos dos hebreus, sendo que já as tribos de Rube n e Gad e a meia tribo de Ma nassés hav iam tomado posse da terra que lhes hav ia s ido dada por M o isés , na o utra margem do Jordão.

"O Senhor Deus deu a Israel toda a terra que tinha prometido cornjurarnento a seus pais que lhe e/a ria, e eles possuíram-na e habitaram nela " (lei . 2 1, 4 1). Josué "estava velho e avançado em idade". Ca lc ul a-se que e le tinha quaJosué voltou-se par,1 o céu e ordenou: "Sol, detém-se sobre Gabaão" (Jos. 10, 12) Biblioteca N acional, Florença (Itália)

israe li tas prossc uiram a série de campanhas vito ri osas para a co nquista de toda a Terra Prom Li la . omcçando pelo sul , com a to mada cl Jc ri ó e ele Hai , venceram também 111 abom c inco re is a morreus co ligados contra e les, Quando parte deste exérc ito fug ia dos is rae litas, Deu s mandou forte c hu va de raúdos gra ni zos, que mato u mui tos cios so ldados inimigos.

Josué manda parar o sol Como estava escurecendo e a batalha não havia te rminado, Josué, sabe ndo que tinha o ava l de Deus, vo ltou-se para o céu e o rd e no u: "Sol, detém-te

sobre Gabaão; e tu, lua, sobre o vale de Ajalão" (lei. 1O, 12). E opero u-se esse mil ag re estupe ndo, que perm itiu aos is-

rae litas te rmina r sua bata lh a e m plena c laridade. Ass im , vencidos os exércitos, os hab itantes elas c inco c id ades foram mo rtos e as c idades incendiadas . Outras cidades da Pa lestin a me ridi o nal caíram també m nas mãos dos inve ncíve is israeli tas ele e ntão. Jos ué e mpreend e u a co nqui sta da Palestina cio norte. Houve também uma co li gação ele re is de várias c idades, fo rmando contra os hebreus "uma multidão

tão num.erasa como a areia que há sobre a praia do ,nw; um número irnenso de cavalos e carroças". Mas o Senhor di . se a Jos ué: "- Não lJs temas, porque amanhã a esta mesma hora Eu os entregarei todos a Ti, para sere,n passados à espada à vista de Israel" (lei. 11, 4-6) . E foi o que sucedeu. Jos ué "tomou, feriu e devastou as cidades circunvizinhas, os seus reis, como lhe tinha ordenado Moisés, servo do Senhor " (lb. 12).

re nta a nos, quando começou o Êxodo; passou mai s qua re nta no dese rto. Com o ite nta, começou a campan ha de co nqui sta ela Terra Prometid a, vive ndo mais tr inta. Estava po is co m cento e dez anos qu a ndo mo rreu. "Israel serviu ao Se-

nhor duran te todo o tempo da vida de Josué e dos anciãos que viveram muito tempo depois de Josué, e que sabiam todas as obras que o Senhor tinha/eito em Israel" (ld. , 24 3 1). ♦

Notas: * Le.,· Petit,1· /30/la11distes , B loucl ct Barra i.

Pari s.

1882, torno X , p. 379.

Outras obras consultadas: -

Abb é L. - CL. Filli o n , La Saint e Bible co111111e111ée d 'apre.,· la V11 /gate, Letouzey ..:t Ané, Écl itcurs, Paris, 1899, Livro de Josué.

-

Di cti o1111 ai re de Tl, éologi e Ca 1!,o/ iq11 e . Librair ie Letouzey et Ané, Pari s, 1925 , 101110 8, verbete Josué, co ls. 1548 e ss.

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Catolicismo -

As verdadeiras causas técnicas da atual crise energética do País O economista Marcel Domingos Solimeo põe os pingos nos is

a respeito da momentoso questão Folos: Roberlo Tamaki

Catolicismo -

O Presidente da República afirmou ter sido surpreendido pela crise energética. Justifica-se essa surpresa? Dr. Marcel Solimeo - Quem ficou surpresa foi a nação brasileira, não apenas ao tomar conhecimento da cri se como com a afirmação do Pres idente. A cri se foi anunciada por diversos setores téc nicos e empresariai s, mas o govern o não acreditou nas advertências.

Catolicismo - Qual a causa - ou causas da crise de energia?

Dr. Marcel Solimeo -

atolicismo convidou um conceituado economista para analisar uma das questões que mais preocupam o dia~-_,, a-dia do brasileiro : a crise energética, com todas as suas pesadas conseqüências para a vida tanto dos indivíduos quanto da sociedade. O racionamento de energia elétrica afetou obviamente todas as camadas da população e, direta ou indiretamente, os vários setores da produção econômica, alterando sensivelmente padrões de vida anteriores. Como explicar esse grave transtorno, que apanhou de surpresa setores majoritários da população pouco informados? O Dr. Marcel Domingos Solimeo, economista e consultor, di retor do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo, é pessoa plenamente habilitada para esclarecer as raízes do problema e fazer prognósticos. Bacharel em economia pela Faculdade de Economia e Admi nistração da Universidade de São Paulo (1963), com pós-gradu ação em economia pública pela mesma faculdade em 1965/66, o entrevistado é coeditor dos livros O plano real pára ou continua? e O plano real acabou?, lançados pela Editora Makron Books. É também coordenador de diversos cursos de formação para consultores econômicos e assessor econômico do Clube de Diretores Lojistas - SP, desde 1967.De 1983 a 1990, ocupou cargo equivalente na Confederação Nacional de Diretores Lojistas. 44

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A cau sa principal foi a insuficiência dos investimentos no setor, que cresceram a uma taxa média anual de 2,6% entre 1991 e 2000, contra uma expansão do con sumo de energia da ord em de 4,1% ao ano, no mes mo período. Outros fatores podem ser relacion ados, como a falta de coord enação com que se deu a mudança do modelo do setor, de es tatal para co mpetiti vo; a ausência de um marco regul ador adequado ao funcionam ento do novo modelo, que desse segurança para a realização dos investimentos privados; e a fal ta de arti culação entre as agências envolvidas nas diversas formas de energia. Finalmente, a forte estiagem que asso lou o País foi o fator desencadeador de uma cri se anunciada, mas que poderi a ter sido retardada por chuvas abun dantes.

Catolicismo - Quem pode ser considerado o maior responsável pela crise? Evidentemente o Governo. Tanto o Mini stéri o de Minas e Energia como as agências regul adoras, mas não se pode deix ar de assinalar a própri a inconsistênci a do model o, ao co loca r as di ferentes form as de energia sob control e de di stintas agências regul adoras, sem qualquer mecani smo de coordenação entre elas. Também o atraso da privati zação das geradoras foi de responsabilidade do Governo, embora tenha havido obstáculos jurídicos e políti cos que dificultaram o processo.

Dr. Marcel Solimeo -

Pode-se atribuir à privatização alguma responsabilidade pela falta de energia? Dr. Marcel Solimeo - N ão. O probl ema da falta de energia é de geração, e 80% do segmento continua nas mãos do Governo.

Catolicismo - Alguns atribuem ao FMI a responsabilidade pela falta de investimentos em energia. Procede essa interpretação? D,: Marcel Solimeo - Essa é uma interpretação di storcida por desconhecimento ou má fé. O acordo com o Fundo prevê limite para os gastos públi cos, mas não di z onde cortar. É o Governo que estabel ece as pri orid ades quanto • aos investimentos. Se não inves tiu em geração de energia, foi por não a considerar prioritári a.

Catolicismo -

A extrema dependência da energia de origem hidroelétrica constitui um risco? D,: Marcel Solimeo - O Brasil é dos poucos países do mund o que poss ui gran des di sponi bilidades de geração de energia de ori gem hi droelétri ca, que é a forma mai s barata de energia. I sto se co nstitui em uma vantagem com parativa para o País, que vem expl orando setores indu stri ais intensivos em co nsum o de energia, como a produção de alumíni o, por exempl o. ssa vantage m não deve ser de prezada, embora as disponibilidades ex istentes para a construção de grand es usin as se encontrem cm regiões ma is di stantes, o que implica em maiores custos de tran smi ssão, mas aind a ass guram competitivid ade em relação às outra s altern ati vas. E xi ste aind a um granel pot n ial pa ra as usina s de pequeno e médi o port .

Dr. Marcel Solimeo: : •

• •

• Catolicismo - A energia termoelétrica pode ser uma solução para a crise? Dr. Marcel Solimeo - A energia term oelétri ca pode ter um pap I co mpl mcntar, mas não substitutivo à energia hidroe létri ca, porqu e depende de combu stível importado, o que i mplica não apenas no di spêndi o de di v isas, que são escassas, com o cria uma indesej ável dcpend~ncia de um in sum o estratég ico.

Catolicismo - E é viável a biomassa, ou seja, a utilização do bagaço de cana e outros produtos orgânicos para a produção de energia? Dr. Marcel Solimeo - A biomassa pode desempenhar um papel importante na matri z ener- • gética do País, co m a vantagem ele incentivar o •

"Tanto o Ministério de Minas e Energia como as agências reguladoras podem ser consideradas responsáveis pela crise energética, embora não se possa deixar de assinalar a inconsistência do modelo. Também o atraso da privatização das geradoras foi de . responsabilidade do Governo"

desenvolvimento cio campo. Al ém di sso, não ex ige grand e volume de recursos, e tanto o setor sucro-a lcooleiro como o ele produção de equipamentos dominam a tec nologia e têm capacidade in stalad a, que ex ige apenas investimentos complementares.

Catolicismo - Qual a semelhança da crise brasileira com a da Califórnia? A s analogias entre as cri ses el a Califórni a e cio Bras il não fazem sentido, porque naquele Estado ameri cano a geração de energia j á era pri vada, e o que precipi tou a cri se fo i um a intervenção do Governo nos preços ao co nsumid or, co m a liberd ade no atacado, além ele aum ento do preço dos combustíveis e ele maiores restri ções ambientais à construção ele usin as.

Dr. Marcel Solinzeo -

Catolicismo -

Quais são as perspectivas para o futuro no campo energético? Dr. Marcel Solimeo - Prova velmente, o País deverá conviver por dois a três anos com insufi ciência ele energia, embora a cri se deva ser atenu ada com a oferta adicional de energia termoe létrica , redução do consumo e possível volta das chuvas. Existem, no entanto, muitos probl emas regul atórios e ele inconsistência do modelo de privati zação que, além ele incompl eto pela falta ela vend a das usin as gerad ora s, não di spõe ele meca ni smos ele arti cul ação entre as di versas agências regul adoras. Também a ca rência ele recursos para investimentos torna o setor dependente de capitais externos, em um período ele dificulclades no mercado finan• ceiro intern ac ional. ♦

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TfPs EM AÇAO

XXIV Encontro Re ional

XXV Encontro Regional - São Paulo Correspondentes-esclarecedores e simpatizantes da TFP de São Paulo, bem como participantes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, reunidos no Hotel Hilton, no centro da capital paulista

E

Se nhora de Fátirna, não /arde is ' , Sr. M arcos Lui z Garc ia, que abo rdo u o palpitante te ma O Segredo de Fátima e a

xpl a nações a res peito dos recentes· ate ntados terrori stas ocorridos nos Estados Unidos, a nali sados sob a pe rspecti va da M e nsagem de Fátima, pre ndera m a ate nção de ma is de 400 adere ntes da TFP e da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!. O eve nto reali zo u-se no Audi tó ri o Bandeirantes, do Hotel Hilton, no di a 13 de o utubro, fes tividade da úl tim a aparição da Santíss ima Virgem e m 19 17. Após a sole ne e ntrada da Image m de Nossa Se nho ra de Fátima, que pres idiu

entrada do Terceiro Milênio.

Três crianças participaram da sessão com trajes típicos, inspirados nos usados pelos três videntes de Fátima

Ambos confe re ncistas fa laram com muita vivac idade e ilustra ram suas palestras co m slides, ca tiva ndo muito a ate nção do públi co presente. N o fin a l ho uve um sorte io de vá ri as peque nas image ns de N ossa Senho ra e um be lo c ruc ifi xo, como le mbra nça do E ncontro. O s partic ipa ntes saíram com muita determinação de atu are m na difusão da Me nsagem de Fátim a e dos valores da C ivilização C ri stã, hoje tão atacados po r mo vime ntos inte rnos no Oc ide nte, e até por fund ame ntal is tas is lâ♦ micos .

te ma da prime ira co nfe rê nc ia, proferi da pelo dire to r da TFP, Ce l. de Exérc i. to Carl os A ntô ni o Es pírito Hofme iste r Po li ( R). Um la nc he com animada conversa serviu de in te rvalo, seguido da segunda co nfe rê nc ia, desenvolvida pe lo Coordenado r-geral da Ca mpa nha Vinde Nossa Na foto da esquerda, ao alto: O Sr. Marcos Luiz Garcia, Coordenador da Campanha Vinde Nossa Se-nhora, não tardeis! durante sua conferência. À esquerda: aspecto parcial do público durante a sessão do Hotel Hilton

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Campos dos Goytacazes (RJ) Mesa que presidiu os trabalhos, da esquerda para a direita: Sr. Oberlaender Bianchini, Sr. Fernando Bianchi, Pe. Davi Francisquini, Dr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira, Cel. Antonio E. H. Poli, Diretores da TFP, e Sr. Marcos Garcia

o a uditó ri o d a Câ mara de Diri ge ntes Loji stas de C ampos (RJ), realizou-se o XXIV E ncontro Regio nal de Corres po nde ntes e Propaga ndi stas d a Campallha Villde

N

Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, pro mo vido pe la TFP. O evento atra iu 250 pessoas dos municípios de Campos do Goy tacazes, São Fidélis, Itaocara, Bo m Jesus de Itaba poa na, Card oso M o re ira e São João da Barra. O ato teve início co m a rec itação do te rço, d iri gida pe lo Pe . D avid Franc isquini , da fg rej a do Im ac ul ado Coração de M ari a, de Cardoso M o re ira. As princ ipai s questões debatidas fora m o Seg redo de ♦ Fátima e a c ri se do mundo mode rno.

imposio de correspondentes da TFP em Amparo (SP) Abaixo: aspecto de cerimônia organizada durante o evento.

o brilha nte eve nto, fo ram rec itados os mi sté ri os g lo riosos do Santo Rosário. A seguir, o Dr. Plíni o Xavi e r da S il veira, dire to r da T FP, exa ltou a fi g ura ímpar de Plini o Corrêa de Oliveira e a alta mi ssão confi ada po r e le aos pa rtic ipantes de nossa Campa nha.

A Cristandade ameaçada: o ataque terrorista de 11 de setembro - fo i o

-

Ao pé da página: cortejo desloca-se com estandartes da TFP

Acima: Imagem de Nossa Senhora de Fátima presidiu a sessão Abaixo: Entrega de imagem de Nossa Senhora a uma aderente da campanha, que foi sorteada

e

e rca de J 00 correspo nde ntes da TFP re uniram-se numa propri edade rural pró xima à simpática e tranqü il a cidade de Amparo (a 120 quilômetros da capital pa u I ista), nos di as 7, 8 e 9 de setembro último, a fim de di sc utire m te mas da atu alid ade no Bras il , ta is como o ava nço das le is soc iali stas, a decadê nc ia cios costumes e da mora l, a cri se da institui ção fa mili ar e sua desag regação através ela pro life ração das droga , do abo rto e cio c ha mado "casamento" ho mossex ua l. As pa lestras proferidas sobre tais temas fo ram a nimadas p<i>r sketches teatra is, e ncenados por me mbros do seto r

Círculo de estudos durante o Encontro

estud antil da TFP. Nesses três di as de s impós io, a coorde nação das confe rê nc ias e círc ulos de estudos esteve a cargo cio diretor da e ntidade, Dr. Plíni o Xavi e r da S ilve ira. Co mo convidado ele ho nra, o Prínc ipe D. B e rtrand de Orl eans e B raga nça e nalteceu o va lo r da ação dos correspo nde ntes ela TFP no a tua l mo me n♦ to hi stó ri co.

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TfPs EM AÇÃO

A juventude não

foi feita para o prazer

Entre jovens norte-americanos cresce a apetência por temas medievais e pelo heroísmo,assuntos que se diriam ultrapassados, sobretudo no país considerado protótipo da "modernidade" os Estados Unidos, como ocorre todos os anos du ra nte o verão, j o ve ns prove ni e ntes ci os quatro ca ntos do pa ís part1 c1param na sede da TFP, locali zada em Spring Grove, na Penn sylvani a, do Summ.er Progrcun. Essa Programação de Verão consta ele confe rênc ias, passeios c ultu ra is, orações, peças teatrais e jogos vari ados . O evento deste ano reuniu , nos di as 1O a 19 ele agosto, jovens de Connecticut, Cali fó rni a, Illino is, Ka nsas, M aryl a nd , Mi ssouri , N ova Yo rk, O hi o, Pennsylvania e Texas. Ao lo ngo dos I O di as de estudo e sadi o e ntretenimento, o que ma is despertou o e ntusias mo desses estudantes fo ram as confe rênc ias sobre o hero ísmo cató lico, as C ru zada , a orde m medieval, a importâ ncia do Rosári o, o prob lema do igualitari smo modern e a neces-

N

Acima: aspecto de urna refeição no Summer Program

Acima: parte dos jovens que se reuniram na Sede da TFP. À esquerda: corrida durante os jogos. Abaixo: diante do estandarte da TFP,

formação dos participantes do Summer Program

Acima, cavaleiro e seu pajem: habilidade e coragem

sidade ele boas maneiras, be m como os j ogos rnedievais. No penúltimo dia houve um "torneio", como os da Idade Médi a, no qua l um cavaleiro vestido de arm adu ra, e seu paj e m, a mbos mo ntados e m cava los bra ncos, parti c iparam de di sputas em que tinham de demonstrar habilidade e coragem. O a mpl o campo de luta estava decorado com bandeiras e estandartes . O progra ma encerro u-se com a Santa Mi ssa, ce lebrada na Igrej a de Santo Afonso ele Ligóri o, seguida de um banque/e medieval. À esquerda: nos dias de hoje, no país associado prototipicarnente à "modernidade", jogos medievais atraem jovens norte-americanos!

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Áustria, Brasil, França, Estados Unidos, Itália, Polônia, Portugal, Ucrânia

Congresso universitário 1

Os participantes seguiram com grande atenç,io e interesse as conferências NIVERSITÉ o'ÉTÉ é co mo se deno min am na França ce r tos congressos rea li zados dura nte o recesso de verão. Para melh or conhecer o espl endor medieva l d tru íclo pela Revo lução, melhor deg usta r a ord em aind a ex istente no Ancien Rég im e e constatar os horrores perpetrados pela Revo lução Fra ncesa de 1789, a TFP daqu ele país promoveu, entre os d ias 3 e 9 de setembro último, um curso deverão para universitári os ami gos da enti dade, proveni entes de vári os países. Um e-mail redi gido por um dos participantes relata bem a progra mação dessa semana de estudos. É de autori a do j ove m uni versitári o portu guês Nu no Q ueiroz A lves. O relato, além de interessa nte, é exChurrasco servido nos jardins do castelo

U

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Durante o Congresso, visita à Galeria dos Espelhos, em Versalhes

tenso . A ss im, selec ionamos apenas algun s trechos mais signifi ca tivos para nossos leitores.

Os partlclp,111/es c/,1 Un iversité d'Été diante da Catedral de N otre Dame, em Paris, cuj a fachada é explic,1da pelo Dr. N elson Frag elli

A Un iversilé d 'Été, organi zada pela TFP aqui na Fran ça, co nto u co m a presença de j ovens norte-a meri canos , austríacos, franceses, itali anos, poloneses, ucra ni anos, portu gueses e, claro, brasil eiros . Reunimo- nos du rante uma semana no castelo " Le Jaglu -Pie IX " - charm osa sede da A ssoc iação Avenir de la Cufture, para estudos doutri nári os, debates e vi sitas culturai s. Esta s torn aram mais lumin osas as ex posições teóri cas. " Para o bom êx ito de uma Semana de Estudos deste porte, a escolha do lo-

ca l fo i vital: nada melhor que uma semana ele estudos rea li zada na Fran ça. E mais: num anti go château, em meio a um a fl oresta onde vicej am exclu sivamente carva lhos plantados nos tempos dos reis. N a verdade, quando chega mos, quería mos fi car em silêncio e dei xarm onos embeber pelo ambiente, mes mo tendo por perto velhos ami gos com quem desej aríamos matar saudades, ou então travar novas ami zades. "Estudamos diversos temas . Atenção espec ial fo i co ncedid a a Revolução e Contra- Revolu ção - co nferênc iamodelo f eita pelo Dr. Plíni o Corrêa de Oliveira para fo rm ação hi stóri co- reli giosa da juventude; a Revolução Cultural nos Estados Unidos; a Igrej a perseg uida na China; um a v i são m ai s

abrangent ' ' prol"unda da Mensagem de Fátim a; as T r ·s R 'voluções; o mundo modern o o sa tanismo; a devoção a nhoru , s' 1 undo São L uís M aN o sa ri a G ri gni on d · Monll'orl; as guerras na Yandéia I l"i m do scculo XY ll fl ; as ati v idades das 'l'FPs cm diversos países ; e a bi ogra fi a do rund ador - este úl timo tema expos to por um diretor da TFP bras il ira , 1 r. Eduardo de Barros Brotero. "~ rmim1111 os com chave de ouro, tendo co mo ·onvidado espec ial D. L ui z de O rl eans • lfrn 1unça, Chefe da Casa Imperi al do Hrusi l. Que dizer ele sua conferência, q 11 • l"oi u1 t1 ap-lo ao heroísmo? Admi rar ! "No en · ' rr,1111 ·nto, a Santa M issa fo i ce lebra la por sa · ·rdot ' bened itino. Ela

marcou-me sensive lmente, po is fo i ofi ciada nu ma igrej a do sécul o X II, em típi co vil arejo da ve lha Fra nça. Na vo lta da M issa, um jantar de ga la. "O glamour ela França, as reuni ões doutrin árias, as v isitas cul turai s, tudo convidava a entretidas conversas não só às refeições, mas também no aconchego das sa las do caste lo. " Foram reservados três dias para v isitarm os as esp lendorosas catedra is de No tre Dame e de Chartres, o palác io de Versa lhes, luga res hi stóricos da ép ica Yandéia e ele outras regiões. A seu modo, eles co mo que ilu stravam as conferências - como o túmulo de São L uís G. de Montfort. Ali, junto aos restos mortais desse grande Apósto lo da devoção mari al, um dos participantes, recém-con-

do do lodo, na noite e sob a tempes/ade ', chamado Tradição, Família e Pro♦ prietlade".

Participante toca gaita de fole

Junto a objetos de S. Luís Grignion de Montfort

Universit,irios /Jr,1s//1•/ros dur,111 /e uma refeição

Vis ita à Catedral de Notre Dame

Refeição servida sob um toldo

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CATOLI

vertido ao cato licismo, fez sua consagração a Nossa Senhora. "E nce rra mos a to urnée co m um chu rrasco nos jard in s do Le Jag fu -Pie IX" e com uma apresentação de cors de chasse - instrumento de som agradavelmente ru de, vi ndo de tempos imemoriais, uti lizado nas caçadas para orientar seus participantes, em meio à fl oresta . "Ac ima de tudo, a Unive rsité d'Élé fo i uma ocas ião propícia para ali mentar es pera nças de um novo es pl endor da Cri standade, agradecer a Nossa Se nhora por todas as bênçãos co nced idas à TFP em seus combates, e re fl etir sobre o prodígio ela ex istência 'do lírio nasci-

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PLJNIO CORRtA DE ÜLlVE IRA

s dois soldaclinhos de chumbo que se vêem nas fotografias são peças de coleção e representam dois soldados de cavalaria do tempo de Luís XV Um espírito moderno, o que objeta.ria contra eles? Primeiramente diri a: "São muito orgulhosos. Estão vestidos ricamente e como que para uma.festa. No modo de estarem vestidos, de bater no tambor e de tocar a corneta, dão a impressão de que desprezam quem não se veste assim. E, portanto, eles não têm a caridade cristã". Uma segunda objeção seria: " O hom.em deve ser sério e não se errfeitar tanto assim. O próprio para o homem. verdadeircunente varonil é o macacão. Esses soldados estão enfeitados de um modo como nem as rnulheres se enfeitam mais nos dias de hoj e. Portanto não são varonis".

O

Réplica às objeções O que a Hi tória registra a respeito deles? Que os guerreiros desse tempo eram ele uma coragem simples mente prodigiosa na guerra, a ponto de deixar as pessoas até hoje assombradas. Uma coragem que não temi a a morte. Tais soldados avançavam assim para a morte, vestidos com esses trajes. Qual é a vantagem ele irem à guerra desse modo? É

que rea lça a grande nobreza de oferecer a vicia pela pátri a. 1isl i mula o her ísmo, dan lo a.o combatente a ensação e a vivência d · como é glori oso lutar e não temer a morte. Não é verdade que 11111 so ldado vestido dessa maneira sente muito mais a glória du ut·r ra do que um so ldado ca muflado? Por outro lado, é preciso di zer que esses trajes não cn1111 11 ~11 dos apenas por eles. Não se deve imaginá- los vestidos assi111 t', em torno deles, os outros combatentes trajados como n ,s. 'l\1cl11~ as classes mais letradas e mais cul tas ela época usava m trujl's t·~ peciais esp lêndidos. 1

Análise dos soldadinhos de chumbo Um dos soldados enverga. um traje verm 'lho · clrn11 11do t' 11 ~1 1 uma cabeleira branca. Tudo bordado e de 1uulicl11clt· l'\l't-il-11h•, Seu porte é ereto, e ele segura a corneta ·01n a :dti vl'I til' q11 t·111 .i toca. verdacle.iramente. O chapéu é muit o sé rio t' p1\• lo, 11111~ o 11 ' grume dele é compensado por uma p ' nu, ·111 hrnnrn . ( 'l11 qw11 11•1 to para cumprimentos: leva a. mão no " tl'{1,,· /Jic-11,\'" l' 1'111. 1111 111ll'Vl' rênci a; passando diante de um bi spo ou ck- 11111 prí11l· ip1·, 1in1 o chapéu e diz: "Monseigneur". O ·u1npri111ento lllilit :1r dt· hojt·, 11 continência, não era de uso. A espada. do soldadinho, a rn r do ·lwpéu, li rn r cio hol 11 tudo é harmônico. Tem-se a imprcssao d · qu • o ·av11lo 1qH t• 11dt•11 elegância com o cava leiro. Quanto ao outro so ld ado, o mesmo se pod ·riu ·0111v11t 111 , /\pl' nas chamo a atenção para os tambores: •lcs pod ·ri,1111 tm·li111l'11il· parecer uma coisa pesadona. Entretanto, os ta111horl's 1111n t·11111,11111 tal impressão, poi s, revestidos com os tec idos qu1· 0~1t• 111 :1111 , 11 cam leves, de muita beleza. Eles cava lgam majestosos. toca ndo os i11 stru111 t· 11to.~ l' 1u1 11hgria de viver.


NQ 612 - Dezembro 2001 - Ano LI

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en1no Jesus Praga


DeJ~~H

O prelúdio das grandes vitórias

: A realidade concisamente

8

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É de noite que é belo acreditar na luz!

Neste primeiro Natal do terceiro milênio, as alegrias· e as luzes, tão próprias aos dias natalinos , estão profundamente ofuscadas pela memória persistente da tragédia do dia 11 de setembro. Tragédia de conseqüências tão graves, que ficará para todo o sempre gravada na História da humanidade. Nessas circunstâncias, mais do que nunca devemos desejar o triunfo da Civilização Cristã em todo o seu ésp lendor. Para isso, faz-se necessário atravessar a longa noite deste caótico mundo neopagão. Atravessemo-la confiantes, na certeza de que raiará a aurora com a vitória da Santa Igreja Católica Apostólica Romana . Fala-nos dessa vitória uma Mensagem de Natal, enviada em 1990 pelo Prof. Plínio a seus amigos e simpatizantes, inspirando-se na invocação a Nossa Senhora de Nicopéia. Embora redigida há 11 anos, ela é de uma atualidade extraordinária . Tão adequada para os conturbad os acontec imentos deste fim de ano, que resolvemos transcrevêla abaixo.

ça o ano [1990], ao olhar apreensivo e fatigacl d s hom n: 1 século XX se apresentam em número cada vez mai os fracassos, as ruínas . Entretanto, é preciso esperar. Exatamente nos 111 0 111 nLos mais difíceis, a Providência ajuda o homem ele fé com intervenções mais admiráveis. De maneira que as clen as brum as co nsLitu em , para ele, o prelúdio das granel s vitórias.

Vitórias, sim, sobr os incontáveis faLorcs de lcsagregação e d d sLru i , o que, ele todos os lados, assedi am o restos ela ivil ização Cristã e, n tacla mcnte, a tradi ção, a família e a propriedade. É e ·te o mo menlo cl vo ltarmo · os o lh os , co m mais confi ança ci o que nunca, para N os a Se nh ora , como fazedora de vitórias. São essas vitóri as, obtidas pela Santa M ãe de D eus - sem cuj a intercessão nenhuma prece so be ao seu Divino Fi lho, e nenhuma graça baixa desse Fi lho para os homens - que cumpre pedir a Ela, com confiança de serm os atendidos. A mediação vitoriosa da Santíssima Virgem, eu a pcç em favor daqueles para quem desejo um A no N ovo cheio de gra ·as e de aj udas. Igualmente a desejo para suas famíl ias e para Lodos s que lhes são caros".

Nicarágua repudia novamente candidato marxista Ligação entre a China comunista e o regime Taleban

Nacional

Nossa Senhora de Nicopéia "Nicopéia - essa palavra grega signifi ca " riadora " ou "fazedora de vitórias ". N as densas e obscuras brum as com que co m -

Nesta edição

1 O Fórum

Mundial da Educação em Porto Alegre : manifestação da esquerda

Nossa capa:

Capa

Imagem do Menino Jesus de Praga. Ao fundo, a referida cidade

Plínio Corrêa de Oliveira

12 A

mais famosa Imagem do Menino Jesus

O Deputado Severino Cavalcanti (esquerda) na recepção da menina cubana Anabel Soneira (centro) e ele sua avó {direita), no aeroporto internacional de G11arulhos (SPJ

Atualidade

42

Tradição

18 Popularidade

do Imperador Francisco José na Áustria de hoje

Excertos

2

Nossa Se nhora, criadora de vitórias

Carta do Diretor

4 Leitura espiritual

5

O Credo -

Primeiro artigo

A palavra do sacerdote

6

Por que não há refe rência à Gruta de Be lém dos Evangelhos

Santos e Festas do mês

Mensagem

20 Há

44

20 anos: Campanha

publicitária internacional das TFPs neutralizou o modelo de socialismo autogestionário

Vidas de Santos João Evangelista, custódio da Santíssima Virgem

Ecos de Fátima Impostação da alma para uma boa comunhão • Mulher-mecânica: termos contraditórios • Tatuagens : rituais selvagens tornam -se moda • Campanha de Fátima organiza investida contra a imoralidade

Entrevista

39 AIDS :

Escrevem os leitores

46 TFPs em ação

47 •

32 São

35 • Ao fim da Marcha dos Sem, queima de um boneco com efígie de Bush

Final feliz: pais cubanos residentes em Pernambuco recuperam filha retida pelo regime fidelcastrista

Encontro organizado pela TFP no RJ analisa ataques terroristas de 11 de setembro • Evento da TFP francesa reúne 450 pessoas em Paris • Manifestação contra o aborto em Brasília • A questão islâmica: tema de Congresso da TFP norte-americana

Ambientes, Costumes, Civilizações

52 O

castigo divino devido à espantosa corrupção moral do mundo?

cedro do Líbano, exaltado pela Sagrada Escritura

CAT OLICISMO

Dezembro de 2001

3


Com a palavra ... o Diretor

Primeiro artigo do Credo Caro le itor, Neste ano de 2001 , que agora fi nda, estaremos come morando o Sa nto Nata l e m condi ções muito especia is. Os te mas tratados nas úl timas ed ições de Catolicismo apo ntam as causas e conseqüê ncias do recrudesc imento do terrorismo inte rnac io nal, vincul ado ao fun da mentali smo islâmi co, demo nstra ndo c laramente que nos encontra mos na pe rspectiva de di as a inda ma is difíceis e imprevi síve is do q ue os atuais. Poré m, para o verdade iro cató lico, tais perspectivas oferecem, de modo especia l, a o po rtunidade ele praticarmos a virtude ela confia nça, depos itando ca lmame nte nossas preocupações e nossos te mores nas mãos da Prov idê nc ia Di vin a. É necessári o nutrir e m nossas a lmas um a sólida confi ança e m Deus e e m sua Mãe Santíss ima. Mas devemos entender a confi ança no sentido cató lico da palavra, ta l como a conce itu a magistralmente Santo Tomás,cle Aquino: " Uma esperança forta lecida por sólida convicção". E essa co nfiança que desejo aos le itores ele Catolicismo d ura nte todo o ano 2002. E proponho que neste mês de dezemb ro, sem deixa rmos de o lha r para o fu turo, reserve mos um te mpo ma is ampl o para a meditação cios méri tos e elas graças ime nsas que podemos obte r neste te mpo de Nata l. É co m esse in tui to q ue Catolicirnw pu bli ca nesta ed ição, co m exc lusiviclacle, atraente matéri a sobre o Menino Jesus de Praga, e re lata ele maneira viva a orige m, os mil ag res e fatos inéd itos sobre ta l devoção. A le itu ra dessas pág inas será excele nte ocasião de intensificar a pi edade e a devoção ele toda a fa míli a pa ra co m o Me nino Deus.

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Neste mês, Catolicismo co me mora o vi gésimo aniversá ri o cio lançamento ela mag istral Mensagem elas TFPs , ele auto ri a cio Prof. Plini o o rrêa d livc ira , O socialismo autogestionário em vista tio co11umismo: barreira ou cabeça-de-ponte? Essa Mensagem cl sfcriu um 1 o lp · 1 ta l no so ·ia lismo au1 ogcstio nári o, então propugnado pa ra a Fra nça e pa ra o mun do p ·lo Pr ·si k nl · rra n ·1 s firanço i. Mitterrand. O documento ap resenta uma rad iogra fi a ·ompl la do pro 1 ra 1rn1 I • ação cio socia li smo autoges tionári o e denunc ia seus abs ur los. •oi publi ·ado na f11t ' ,ra 'm 45 diá ri os dos mais influentes no mundo, além de um resumo ter sido cs1ampado ·m 49 países, alca nça ndo uma tirage m tota l de 33,5 milhões de exempl ares. Conc luindo, fo rmul o votos ele um Sa nto Nala l n 10 los aq ue les, bem como a seus fa mili ares, que nos permi tira m reali zar, com seu apoio, o lraba lho apostólico da boa imprensa no presente ano.

Em Jesus e M ari a,

9~7 Paul o Corrêa de Brito Filho D IRETOR

"Creio em Deus Padre todo-poderoso, criador do Céu e da Terra" " Es tas pa lav ras qu erem dize r: Creio com toda a certeza, e sem nenhuma hesitação confesso a Deus Pai, a primeira Pessoa da Santíss ima Trindade, que pe la virtude de sua oni potência cri ou do nada o própri o Céu, a Terra, e tudo que se contém em suas dimensões; que sustenta e govern a todas as co isas cri adas. E não só de co ração o creio, e ele boca o confesso, mas co m o maior afeto e fili al pi edade a Ele me entrego, por se r o bem sumo e perfeito.

"N este lu ga r, a palavra 'creio' não tem a significação de 'pensa r', 'jul ga r', 'dar opini ão' . Conforme a doutrina da Sagrada Escritura, significa uma adesão abso lutamente certa, pela qu al a in te li gência aceita, co m firm eza e constânc ia, os mi stéri os que Deus lhe manifesta. Só crê propri amente quem está certo de alguma verdade, se m a menor hes itação. Q uem d iz 'creio ' exprime a ínti ma aquiescência da alma, que é o ato in teri or da fé. Deve, porém, extern ar em pú b li ca profi ssão a fé qu e lhe vai na alma, e manifestá-la co m a maior expansão de alegri a" 1•

De Deus Padre e da Criação 2 Sabemos que há Deus porque a nossa razão no- lo demo nstra e a fé no-lo confirma. Deus é Pa i: 1°) porque é Pai, por natureza, da segunda Pessoa da Santíssima Trindade, isto é, do Filho por Ele gerado; 2°) po rque é Pai de todos os homens que crio u, conserva e govern a; 3°) porque fina lmente é Pai , pe la graça, de todos os bo ns cristãos, os quai s, por isso, se c hamam filh os adotivos ele Deus. O Pai é a prime ira Pessoa da Santíss im a Trindade porque não procede de outra Pessoa, mas é o princípio elas outras duas, isto é, cio Filho e do Espírito Santo. Deus é todo poderoso po rque pode faze r tudo o que quer, embora não possa pecar nem morrer, po rque poder pecar ou morrer não é efe ito de potência, mas de fraqueza, a qual não pode ex istir em De us, que é perfe itíss imo. Deus é Criador do Céu e da Terra. Criar que r di zer faze r cio nada; porta nto, Deus di z-se Cri ado r cio Céu e da Terra porque fez cio nada o Céu e a Terra e todas as coisas que no Céu e na Terra se contê m, isto é, no universo. O mundo fo i cri ado ig ua lmente pelas três Pessoas divinas, po rque tudo aquil o que uma Pessoa faz re lativamente às criatu ras, o faze m, num mesmo ato, ta mbém as outras. A cri ação é atribu ída particularmente ao Pad re porque é efeito da onipotência divina, a qual se atribui especialmen-

te ao Pai, como se atribui a sabedoria ao Filho e a bondade ao Espírito Santo, se be m que as três Pessoas têm a mesma onipotênc ia, sabedori a e bo ndade. Deus cuida do mundo e de todas as coisas que cri ou, conserva-as e governa-as com a sua infinita bondade e sabedori a, e nada sucei:le no mundo se m que Deus o queira ou permita, porque há co isas que Deus quer e manda, e outras que Ele não quer, poré m não impede, como o pecado. E Deus não impede o pecado porque sabe ti ra r um be m até do abuso que o home m faz da libe rd ade que lhe co n-

cede u, e ass im faze r respl a ndecer sempre ma is a sua miseri córdia ou a sua justiça. ♦

l. Catec ismo dos Párocos, red ig ido po r dec reto do Co ncílio Trident ino, publi cado por ordem cio Papa São Pi o V, d ito vulga rme nte CATECISMO ROMANO, versão fi el da ed ição a utêntica ele 1566, com notíc ia histórica e análi se crítica pelo Pe. Yaldo mi ro Pires Martin s, Ed itora Vozes, Petrópo lis, 1962, 2". ed ição, p. 77.

2. Todos os textos a presentados sem aspas fora m ex tra ídos ci o Ca techism o Magg io re promulgato da San Pio X, Roma, Ti pografi a Vati ca na, 1905, Ed izione Ares, Mi lão.

CATOLI

e

IS MO

Dezembro de 2001

S


A

Palavra do d Saceri ote

Pergunta

Nas igrejas-, na residên, eia de católicos e mesmo em lugares públicos costuma-se, no período do Natal, montar presépios em que o Menino Jesus aparece deitado numa ma,~jedoura, com sua Mãe Santíssima e São José dentro de uma gruta. Em nenhum lugar dos Evangelhos, entretanto, há qualquer referência a essa gruta. Também nada se diz na Escritura sobre o dia do nascimento de Jesus. Gostaria de saber de onde surgiu a data de 25 de dezembro.

traram Ma ria e Jo sé, e o Menino deitado na Ma,~jedoura ". Se o primeiro berço do Me nin o De us fo i um a " manjedoura" - como está exp lic itamente reve lado - e se a manj edoura é o di spos itivo onde é servido fe no aos anima is, estas estão norm almente locadas e m estábul os. Como nas cercanias de Belém, para abrigo de seus rebanhos, valiam-se os pastores de grutas como estábulos, pode-se e ntão razoavelmente dedu z ir que fo i em um a g ruta que o Me nin o .J es us nasceu. Trata-se de um dado da Revelação impl ícita. Assim o interpreta a Tradição da Igrej a.

A voz da Tradição Poderia até corroborar esta conclusão o texto do Profeta Isaías (J, 3), quando j á no Antigo Testamento exc lamava: "Ouvi, céus, e tu, ó terra, escuta porque o Senhor é quem.

Em que consiste Não caberia dar aq ui uma resposta cabal, de caráter filosófico, a essa questão. Limitamo-nos a uma ex pli cação genérica, em termos comuns, o bastante para enquadra r no seu contexto histórico a pergun ta que nos foi feita. O racionalism.o faz uma a plicação obtu sa, hirta e inadeq uada da razão ao estudo cios seres e acontec imentos da realidade. Procura red uzir a realidade - que é semp re muito sutil - a esq uemas ríg idos, "geométricos", " matemáticos", como se tudo na natureza tivesse de ter obrigatori amente contornos definidos por linhas e fi guras re-

É be m verdade que a palavra "gruta" não a parece explícita no texto sagrado. Mas, de modo implícito, insere-se perfeitamente no capítul o 2º de São Lucas, o Evangelista por excelência da infânc ia do Me nino Jes us. Ele nos revela nos versículos 12 e 16 que, avisados pelos Anjos, os pastores foram "com grande pressa e encon-

e ATOLIe ISMO

cintos a respeito, cabe pergunta r se não houve um intuito divino nes ·a conc isão. E a resposta natu ra lmente te m que ser "sim". Vejamos por quê. A cultu ra oc idental vem sendo marcada, nos últimos séculos, pelo espírito racionali sta, cujo representante mais c itado costuma ser o filósofo francês Re né Descartes (I 596-1650), mas qu e teve predecessores famosos e influentes, dentre os quais destaca-se o frade franciscano inglês Guilherme de Ockham ( 1300- 1350), verdadeiro pai do racio na li smo moderno. Por suas posições doutrimfrias e políticas prejudiciais à fé e à vicia da Igrej a, acabou e le sendo condenado pela Jgrej a. Não obstante, influenc iou largamente todo o movimento de idéias que se lhe seguiu, e está na raiz dos erros que infecc ionara m a Crista ndade com o protestantismo, cerca de duzentos anos depois.

o racionalismo?

Resposta

&

falou .... O boi conhece o seu possuidor e o jum.ento o presépio do seu dono, mas Israel não o conheceu .... ". O Pe. Co rn é li o a Lapide S.J. príncipe dos Exegetas - ao co me ntar a Adoração dos Magos (Commentaria in Mathaeum, li, 1 1) ad uz textos de aba li zados Padres da Ig reja, como São Jerônimo e Santo Agostinho e ntre o utros, os quais reportam-se ao "estábulo" e ao "presépi o" o nde o M e nin o Jes us nasceu. De novo, é a voz da Tradição. Todos nós gostaríamos que os Eva nge lh os tivessem s id o mui to mais explícitos e abundantes sobre os fatos da vida de Nosso Senhor e de Nossa Senhora. Como teria sido interessante saber como fo i a fuga para o Eg ito, como viveu a Sagrada Famíli a num país estrangeiro, como era a estrela que orientou os Reis Magos etc. M as , posto q ue os Evange lhos foram muito su-

À esquerda: René Descartes (1596-1650), um dos mais importantes autores racionalistas

Dezembro de ,2001

Epifania -

Giotto di Bondone (1276-1337) -

guiares. A natureza, e ntreta nto, não é ass im , e para dar-se conta disto basta o lh ar um panorama qualquer, uma cacle ia ele montanh as, po r exempl o . Muito raramente e la apresentará contornos geométri cos regulares. O racio nali sta gostari a que a reali dade se ajustasse a seus esquemas me nta is pretensamente c laros, definidos e prec isos, e por isso acaba d istorcendo a realid ade, apresen tando-a como e la não é. O rac iona li smo, não raro, encontra campo para sua expansão e m espíritos afeitos à preguiça mental, os quais não querem se dar ao trabalho de analisar a rea lidade em todos os seus matizes . Simplificam tudo, partindo em gera l de uma prem issa mal analisada,

Museu Metropolitano de Arte, Nova York

raciocinando muitas vezes de guém é ass im, e a maioria dos modo lógico, em linha reta, nossos passos fica lo nge para chegar a uma conc lusão graças a Deus! - de uma descrição carto ria l. simples e falsa. Não se dão conta de que galoparam no ar, Os Evangelhos não e não no chão firme ela realiabarcam toda a vida dade. E mpobrecem assim o de Nosso Senhor co nh ec im e nto humano, e mes mo o deformam, am puNa concepção racionalistando-o, por exempl o, de imta, os Evangelhos deveri am portantes aspectos impondete r sido esc ritos por hi sto ri ráveis ou mesmo misteriosos ado res como os fo rm ados da vida nesta Terra. hoje, di gamos, na Sorbonne Em concreto, no caso da o u em Harvard , que tivessem pergunta que estamos responfe ito pesquisas exa ustivas dendo, o racionalista gostari a junto às testemunh as ainda que cada passo da vida de • vivas, tudo d evida me nte a no ta d o e documentado. Nosso Senhor Jesus Cristo tivesse s id o obj eto de um Mas os Eva nge lhos não foram feitos ass im . As verda"processo verbal", com um tabelião reg istrando minucides da nossa Fé se transmitiram ini c ialme nte de fo rma osa me nte todos os fatos , ora l, e so me nte depois de a lco mo se faz numa ata de cartório. Só que a vida de nin g um te mpo os discípulos

sentiram a necess idade de fixar por escrito esse ensinamento oral. Seus autores puseram então por escri to o que testemunharam diretamente (de visu), ou o que ouviram (de auditu) da pregação dos Apóstolos, de uma mane ira viva. Daí as pequenas di screpâncias, que sempre aparecem qu ando se faz a o utrem o re lato de a lgo que se viu o u ouviu . É de fé, entretanto, que os autores sagrados esc reveram sob a ass istênc ia e inspiração do Espírito Santo. De modo que a di screpância de pa lavras ou detalhes não compromete a unicidade e veracidade cios fatos hi stóri cos narrados e da doutri na por eles tran smitida, que é, no fund o, o que importa. Na ve rd ade, ne m tud o que Nosso Senhor di sse ou fez foi colocado nos Evangelhos, o que aliás diz expressa me nte o Apóstolo São João, no final do seu Evangelho: "Muitas outras coisas há que fe z Jesus, as quais, se se escrevessem uma por uma, creio que nem no mundo todo poderiam caber os livros que seria preciso escrever" (21, 25). O que não fo i escrito, entretanto, continuou a se transmitir oralmente pelos sucessores dos Apóstolos, e nos chegou até hoje pelo que se c ha m a a Tradição, e que constitui , ao lado da Sagrada Escritura, a o utra fonte viva no Mag istério da Igreja - da nossa Fé.

C AT OLIC ISMO

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Continuarei a desenvolver este importante ponto na próxima edição, na qual espero, com a graça de Deus, responder também à segunda parte da pergunta, ou sej a, a respeito do di a e m que nasceu o Menino Jesus. ♦ Dezembro de 2001

7


Bélgica legaliza a eutanásia

A

Nova derrota eleitoral sandinista na Nicarágua

g

uando apurados apenas 13,03 % dos votos na eleição para Presidente d epública, já o candidato esquerdista Daniel Ortega (sandinista) admitiu mais uma derrota - a terceira seguida - desta vez para o candidato liberal Enrique Baianos (foto abaixo), empresário e engenheiro que durante a ditadura sandinista teve suas terras confiscadas e foi preso duas vezes. De nada valeram as promessas de Ortega, durante a campanha eleitoral, de respei tar a livre iniciativa e a propriedade privada, pois o povo nicaragüense guarda vivas na memória as injustiças, as perseguições e os assassinatos ocorridos durante o regime marxista, que lá vigorou no início da década de 80. ♦

e

CATOLIC ISMO

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Dezembro de 2001

o contrári o do que vem sucedendo na Holanda e na Bélgica, os Estados Unidos tomaram uma atitude digna de aplausos. O secretário de Justiça norte-americano, John Ashcroft, anunciou uma decisão que obrigará o Oregon - único Estado americano que permite a eutanás ia - a suspender essa crimi nosa prática. A decisão, válida para todo o país, prevê processo e perda do direito de exercer a profissão para todos os médicos que prescrevam medicamentos letais (s ic) para pacientes em estado terminal. ♦

John Ashcroft, secretário de Justiça

Chineses aliados dos taleban

F

oi notic iada por diversos jornais no Ocidente e pelo site do Debka - um serv iço de notícias sobre espionagem - a morte de pelo menos 15 guerrilheiros chineses que lutava m ao lado da milícia taleban, em decorrência dos bombardeios da aviação norte-ameri cana sobre a cidade afegã de Kandahar. Há anos que os chineses vêm se relac ionando com Bin Laden. egundo o diário inglês " T he Gu<1rclian", a China comprou do terrori sta saudita, por milhar s ele dólares, mísseis america nos que não exp lodiram , nos ataques lan ça dos em 1998 às suas bases. O " Washington P st" informou que Pequim e o reg ime talebã assinaram um documento de cooperação, e que a C hin a era o país nãomuçulmano mai s próx imo daquele governo. Por coincidência, o acordo foi ass inado em 11 de setembro, dia do atentado ao Wor/d Troe/e Center e ao Pentágono. Durante os bombardeamentos anglo-ameri ca nos ao Afeganistão, o governo ch inês di sse apoiar os Estados Unidos. Tudo muito dúbio ... ♦

M

ais um país acaba de seguir o funesto exemplo da Holanda, aprova ndo a lei da eutan ás ia, trata-se da Bélgica, de maioria católica, mas cujos governantes afastam-se infeli zmente dos mandamentos do Decálogo e da Lei natural com essa decisão. O Senado belga aprovou a mencionada lei por 44 votos contra 23 e duas abstenções. A "morte por piedade ", nova denominação hipócrita da eutanásia, vem ganhando força em países como França, Itália e Reino Unido. Certamente, logo procurarão impingi-la ao Brasil. Nossa Senhora predisse em Fátima: "Muitas nações serão aniquiladas!" Um pecado coletivo como esse, cometido por um país como a Bélgica, não merecerá uma punição ♦ de Deus ainda nesta terra?

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A

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C hina foi admitida formalmente na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 10 de novembro último, na reuni ão rea li zada em Doha (Catar). A China é um dos maiores exportadores do mundo. Seus produtos, em geral de baixa qualidade, provêm de trabalho escravo, executado por pre sos políticos em campos de trabalho forçado, ou de labor semi -escravo, resultante de trabalho pago com salári os irri sórios. Assim, mais uma vez países capitalistas do mundo livre relegaram ao segundo plano princípios morais, e mesmo os chamados "d ireitos humanos", para dar prioridade a supostas vantagens que adv iriam da abertura econômica e do ingresso da China comu ni sta na OMC. ♦

advertidos todos os cidadãos de que, se um muçulmano afegão aceita as crenças cristãs, ou se converte a essa religião abolida, ou é visto professando o cris-

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A

Abdul Hai Mutmeae n, antigo porta-voz desse governo, esclarecia o teor do decreto: "Sejarn

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catolicismo = mone

"Qualquer C!fegão que se converta ao cristianismo, ou propague de qualquer modo outras religiões d(ferentes da muçulmana, será condenado à morte".

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Decreto taleban: conversão ao

o fechar esta ed ição, oregime ta leban já se esboroou em quase todo o terri tório do Afeganistão e comandos americanos caçam Bin Laclen no país. E ntretanto, parece significativo e oportuno reproduzir aqu i um dos últimos decretos persecutórios antes da debac l e do governo taleban:

China na OMC: vitória do comunismo

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• tianismo, ou o judaísmo, distribuindo a literatura religiosa ou.fazendo publicidade deles, será condenado à morte". Resta saber se o novo regime que se instala no país prosseguirá a perseguição ao cristianismo, como ocorre em outras nações muçulmanas, como Sudão e Arábia Saudita. Convém lembrar que o ódio ao cristianismo não é uma característica exclusiva do terrorismo islâmico, como o praticado por Bin Laden e sua AI Qaeda, mas é apregoado no próprio Corão.

No Ocidente, os seguidores da religião de Maomé gozam de liberdade religiosa, podem inclusive construir suas mesquitas. Nos países muçulmanos, porém, os católicos são implacavelmente perseguidos, proibidos de ostentar qualquer símbolo do catolicismo. E se algum maometano se converter, ser á um homem morto! Apesar disso, devido à deterioração moral, há ocidentais que apóiam Bin Laden e o funda♦ mentali smo islâmico.

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BREVES RELIGIOSAS _i

Bispo sudanês adverte Ocidente

"Não comprem petróleo do Sudão. É petróleo ensangüentado e serve apenas para comprar armas" e perseguir os católicos . Foi este o tocante apelo de Mons . Erkolano Lodu Tombe, Bispo de Yei, diocese daquele sofrido país africano. Tal pronunciamento, feito durante o sínodo realizado em Roma no mês de outubro último, constituiu uma grave denúncia da "campanha sistemática de islamização" dos povos cristãos, levada a cabo pelo governo sudanês . _i

Círio de Nazaré: 2 milhões de pessoas na procissão

A tradicional procissão de Nossa Senhora de Nazaré, realizada anualmente no mês de outubro, em Belém do Pará, atraiu neste ano a cifra de 2 milhões de peregrinos. Como tem ocorrido em várias ocasiões similares, políticos quiseram aproveitar-se do acontecimento para fazer pronunciamentos de cunho eleitoral. Esqueceram-se eles de que essa é uma festa de Nossa Senhora, cujo sentido é antes de tudo sobrenatural , e que o aspecto político é aí extemporâneo . _i

Comunistas chineses destroem igreja católica pela terceira vez

Segundo informações da agência Noticias Eclesiales de 6 de novembro último, autoridades chinesas destruíram uma igreja católica na província de Zhejiang pela terceira vez, em 18 meses . O motivo alegado para tal brutalidade é de que os católicos dessa região se recusam a aderir à igreja patriótica, permanecendo fiéis ao Papa ... Essa é a forma de os comunistas retribuírem os generosos benefícios recebidos do Ocidente!

• C AT OL IC IS MO

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NACIONAL A ex posição mai s propal ada foi a de João Pedro Stédile, líd er máximo do MST. Exaltado como sempre, convidou seus ouvintes a estarem "permanenten·1.ente indignados" e ma nifesto u sua sati sfação com o Fórum, poi s "quando

Fórum Mundial da Educação

A moderação e o radicalismo de esquerda de braços dados

o povo começa a discutir educação em campos de futebol, é porque a semente está dando ,li-utos".

GUILl·IERME DA PENHA

Conluio da esquerda

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· POLÍTmA AGRíc'oLA EREFORMA AGRARIA , EMPREGO EOS DIREITOS DOS ·PO R .... ...__., ,. ,.

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O Fórum Mundial da Educação uma avant-premiere do próximo Fórum Mundial Social a se reali zar e m fevere iro de 2002 - deveria dar lugar a mais um encontro de dirigentes e membros da nova rede socialo-comuni sta, que se vai formando pe lo mundo afora. Porém, ao contrári o do que aconteceu no FMS, não foi ex press ivo o número de de legados de países estrange iros. Desta vez, não havi a cubanos ne m guerrilhe iros colombianos. Assim, a ausência de ele mentos da esquerda radical contribuiu para que o FME tivesse um caráter mai s moderado. A nota radical veio de fora das paredes do Cigantinho: a direção do PT, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Movimento dos Sem-Terra (MST) não deixou passar a excelente oportunidade, criada pela presença dos participantes do Fórum, para promover A rnarcha dos sem.

Ponto alto CONftTf DE ORGMIIZA{:ÀO DO

F" ME Marcha dos Sem. Da direita para a esquerda: Ramonet, Tarso Genro, Eliezer Pacheco e J oão Felício (presidente nacional da CUT)

Na esteira do Fórum Social Mundial {FSM) - matéria de capa de nossa edição de março último-, realizou-se em Porto Alegre, de 24 a 27 de outubro, o Fórum Mundial de Educação {FME) 1O

C AT O L IC IS MO

Porto Alegre -

CovN no® 1?10 Grand. cio Sul bf da Porlic1paç O p0 llkir

A abertura do Fórum Mundi al de Educação (FME) ocorreu na no ite do dia 24 de outubro no Gigantinho, estádio fec hado do Internacional de Porto Alegre. Cerca de 10 mil participantes ocuparam o espaço, com capac idade para 15 mil pessoas. No início da . essão, dois acrobatas de um grupo cujo nome a moral nos impede de publicar, de virilidade bastante duvi dosa, "esvoaçaram" sobre a platéia, pendurados em cabos de aço. Ma is pareciam morcegos ou anjos maléficos, a espargirem fluidos sobre os assistentes. O FME retoma o slogan do FMS, de que "um novo mundo é possível". Vi sa ndo compor uma fre nte única de

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ONGs li gadas à educação popul ar, ataca com veemência o chamado neolibera li smo econômico por "estabelecer re-

lações de mercado em escolas e universidades, transformando o ensino em mera mercadoria, objeto de compra e venda, produzindo desigualdades e exclusões". Esse foi o leitrnotiv e m torno do qual g iraram todas as conferênc ias.

Insuflação da revolta Um dos principais ex positores do FME foi Bernard Cassen, diretor da revi sta francesa "Le M o nde Diplomatique", que atacou duramente o atual sistema de e nsino por ser "anti-igualitá-

rio, meritocrata e excludente".

A "Marchados sem" - dos sem-terra, dos sem-teto, dos sem-educação - , ponto alto do FME, nada tinha a ver com problemas educacionai s. Na sexta-feira, di a 26, por volta das I Oh da manhã, enquanto a mex icana Rosa Torres expunha idé ias que todos já conheciam, começaram a juntar-se, fora do Gigantinho, magotes de membros da CUT, do MST, do PT, do PC do B, do PSTU e outros grupúsculos de esquerda, para a caminhada que começaria uma hora depois. Boa parte dos que ali se enco ntravam eram modestos trabalhadores rura is, arrebanhados para protestar contra a lgo de que não tinham a menor idéia. Eram in sti gados pe la voz estridente e carregada de ódio de uma mulher que, do alto de um caminhão de som, berrava, incansáve l, slogans comuni stas. Os organizadores da Marcha dosaram c uidadosa mente o número de ban-

de iras dos vários movimentos de esq uerda, para dar realce às do PT. Militantes do PC do B e da CUT levavam some nte duas bandeiras grandes de sua sigla; as cio MST eram peq ue nas e poucas.

Inflação dos números A Marcha saiu do Cigantinho e diri giu-se à Praça da Alfândega, no centro da cidade. Havia cerca de 15 mil manifestantes, aumentados generosamente para 30 mil pelos animadores. Um deles, num auge de arrebatamento, anunciou triunfante que o número dos "sem" alcançava a cifra dos 50 mil! Exageros do ofício ... Na Praça da Alfâ ndega, a pequena multidão aglomerou-se em frente a um palco montado sobre um caminhão, bradando slogans contra a guerra no Afeganistão, contra FHC, o FMI etc. Enquanto os manifestantes iam enchendo uma quarta parte da praça (e não passou di sso), um cantor nordestino subiu ao palco e pediu

"um minuto de silêncio pelas vítimas do World Trade Center e um século pelas

vítimas da globalização". Levantando retratos de C hé Guevara e de Lenine, um magote promove u então a queima da bandeira dos Estados Unidos e de um boneco representando Bush, sob os ap upos do populacho .

Durante a Marcha, alçados retratos de Ché Guevara e Lenine

Encerrando a "Marcha dos sem ", fa lara m, entre outros, o prefe ito de Porto Alegre, Tarso Genro, e João Antonio Felício, presidente nac io nal da CUT. Genro ataco u o "neuliberalismu e seus governos autoritários" que "serneiam

guerras e desesperança, enquanto nós semeamos sede de justiça e de igualdade. Enquanto eles semeiam bombas e violência, nós semearnos a paz". Felíc io, por sua vez, conclamo u os presentes a colocarem na "Casa Grande" um operário vindo da Senzala.

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No Cigantinho falaram os moderados. Nas ruas, os radicais. Porto Aleg re viu ass im a moderação de braços dados com o radicalismo. Enfim, são aflu entes de um mes mo rio que ruma para o mar. A diferença res ide ape nas na tonal idade. Umas correntes são mais turvas do que outras. Porém, a meta dessesesquerdistas é sempre a mesma: a construção de um "novo mundo possível". Então, como as águas de um rio que se mesclam com as do mar, desaparecerão as diferenças entre as corre ntes e surgirá, nessa ocasião, a verdadeira face totalitári a e atéia da nova orde m social que vi sam implantar. ♦


CAPA

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O Pequeno Rei''

Divino Menino Jesus de Praga PL! NIO MARJ A S ü LIMEO

A imagem do Menino Jesus de Praga, a mais famosa do Divino Infante, tornou-se objeto de veneração universal, com réplicas disseminadas em todo o orbe, inclusive no Brasil mbora muitos te nham ou- · ido falar do M e nino Jesus e Praga, poucos conhecem ados concretos a respe ito essa devoção à divina infâ nci a do Salvador do mundo'. Transcorrendo neste mês a comemoração do nasc ime nto do Divino Rede nto r - a data máxima da Cristandade - julgamos oportuno a presentar a nossos le itores o admirável histórico dessa devoção ao De us- menino. Desde tempos ime moriai s, os justos do Anti go Testa mento ansiava m pela vinda do Prometido das Nações, que viria e ndire itar os caminhos tortuosos, a pl a in a r os mo ntes, e nc he r os vales. Numa pal avra, abrir o Céu para a humanidade pecadora. O Profeta por exce lênc ia desses futuros acontecimentos, Isaías, sete séculos antes da vinda do Divino Rede ntor, anunciou que Ele nasceria de uma Virgem. Nos primeiros séculos da era cri stã, muitos foram os santos que abordaram o tema do Deus Menino e seu nascimento, especialmente o Papa São Leão Magno 2 . Coube à Idade Média a g ló ri a de corporificar e expandir essa devoção. Vári os sa ntos foram e ntão cha mados pe la graça divina a manifestar especial

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e

ATOLICISMO

e nl evo pe la divina infânc ia de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual se chega por meio de Nossa Senhora. São Franc isco de Ass is, ao meditar ente rnec ido a respeito do grande De us que se tornou frágil Menino numa manjedoura, montou o primeiro presépio para representar esse divino mi stério. Santo Antônio de Pádu a (ou de Li sboa), seguindo o exemplo de seu mestre e fund ador, encantava-se com o Deu s-Me nino, e mereceu recebê-Lo várias vezes milagrosamente em seus braços. E é desse modo que o grande santo fran cisca no é comumente re presentado. Outros santos tiveram a mesma graça. E ntretanto, foi na Espanha da Contra-Reforma, durante o chamado "século de ouro", que o divino Menino Jesus passou a ser venerado e m image ns em que aparece de pé, manifesta ndo um ou outro de seus atributos. A grande Santa Teresa de Ávila introduziu essa devoção e m seus conventos, e a partir deles espraiou-se por toda a Espanha e depois pe lo mundo. Seu discípulo e co-fundador do ramo carme lita masc ulino reformado, o s ublime São João da C ru z, e ntus ias mava-se tanto com esse mi stéri o de um Deu s feito homem , que, durante o período de

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Ela fundou a Família do Menino Jesus, convidando todos os que dela qui -

Raízes de uma

sessem parti c ipar a ce lebrare m com fervor os dias 25 de cada mês, e m le mbrança da Santa Natividade, e a rezarem a Coroinha do Menino Jesus (três PadreNossos e 12 Ave-M ari as) em ho nra dos 12 primeiros anos de sua vida. Do is séculos ma is tarde; outra carme lita, Santa Teresinha do Menino Jesus (+ 1897), honrou de modo espec ial o Deus-Menino, não só ao escolhê-Lo para seu nome em religião, mas inic iando a via da "ln/ancia Espirilual". Foi numa noite de Natal, a de 1886, que e la recebe u a maior graça de sua vida, segundo disse, isto é, a de sair da imaturidade da infâ nc ia para entrar na grande via dos santos. Ela se abandonava ao Deus-Menino com toda doc ilidade, como uma bola nas mãos de uma cri ança. Quando recebe u o e ncargo de adornar uma imagenzinha do Me nino Jesus que havia no c laustro, e la o fa zia com grande devoção. Além di sso, mantinha pro lon gados colóquios com o Deus-Menino di ante da imagem do M enino Jesus de Praga que se encontrava no coro do novic iado.

No século XVII , no primeiro período da sangrenta Guerra dos Trinla Anos, o Geral dos Carmelitas Descalços, Venerável Frei Domingos ele Jesus Maria, havia se destacado, exortando os exércitos católicos na vitóri a do imperador alemão contra o príncipe eleitor cio Palatinado, o calvinista Frederico. Em sinal ele gratidão a e le, em 1624 o Imperador Fernando II chamou os carmelitas a Praga - então capital do Sacro Império Romano Alemão - e concedeu-lhes a igr~ja rebatizada com o nome de San.ta Maria da Vitória, pela ajuda concedida pela Mãe de Deus ao exército católico naque la batalha. No ano de 1628, Frei João Luís da Assunção, e ntão Prior dos carmelitas descalços da cidade, comunicou a seus re lig iosos que havi a sentido uma moção interior no sentido de que ve nerassem de um modo especia l o De us- Menino, para que Ele protegesse a comunidade, e a fim de que os noviços a pre ndessem com Ele a ser peque ninos para entrarem no reino dos Céus. Quase simultaneamente a Providência inspirou a Princesa Polyxena de Lobkowicz - que então enviuvara e ia se retirar para seu castelo ele Roudinice nad Labem - a doar ao convento carmelita uma image m ele cera do Menino Jesus, que possuía. Ele era re presentado de pé, portando trajes reais, com o Globo na mão esquerda e a direita em atitude ele abençoar. Tal image m e ra querida recordação de família, pois sua mãe, Da. Maria Manrique de Lara, a recebera como presente de núpcias quando se casou com Vratislav de Pernstein , e a dera à filh a também como presente de bodas. A Princesa Po lyxe na di sse ao prior, ao entregar-lhe a imagem: "Eu vos of e-

Maravilha de Praga: o Pequeno Rei Nata l, levava a image m do M enino Jesus e m procissão, e ba ilava co m e la ao co lo. Compôs també m toca ntes poes ias sobre a Nativid ade. Ass im , surg iram nos conventos ca rme litas várias invocações do M e nin o Jesus, co mo El Peregrinito, El U oron-

cito, El Fundador, El Tornerito e El Sa lvador. Mas tal devoção não se limitava aos claustros. Já Fernão de Magalhães, quando descobriu as Filipinas, levava consigo uma dessas im age ns de Jesus Me ni no, e lá a deixou , endo ela ve nerada até hoje na ilh a de Cebu.

Carmelita Venerável: confidente do Divino Infante Coube porém a uma filh a de Santa Teresa ser a confidente do Menino Jesus e a propagadora da sua devoção. Trata-se da Ve neráve l Margarida do Santíssi mo Sacramento ( 16 19-1648), carme1ita do convento de Beaune, na França.

O Menino Jesus em seu altar no Santuário de Nossa Senhora da Vitória, em Praga

Esta fre ira, fa lecida aos 29 anos, e ntrou para o convento aos 1 1 anos como pensioni sta. Tinha grande familiaridade com os Anjos e Sa ntos e o privilégio de participar de todos os grandes mi stérios da Vid a do Sa lvador, como seu Nascimento, Tran fi guração e Paixão. Entretanto, recebeu a mi ssão especial de venerar e propaga r espec ialmente a devoção à di vina infâ nc ia de Cristo.

"Eu te escolhi para honrar e !ornar visível em ti núnha ü1fância e minha inocência, quando eu jazia no presépio", disse-lhe o Menino-Deus, quando ela rezava diante de uma imagem s ua existente no convento, conhecida como O Rei da Glória. A Irmã Margarida do Santíssimo Sacramento recebia muitas graças extraord inárias, med iante as quais o Menino Jesus fa zia-lhe compreender de um modo ma is profundo esse mistério 3.

Praga , capital da at ua l Re públi ca Checa, é considerada, ajusto título, uma das mais belas capita is da Europa. O visitante não se cansa de a pe rcorrer, se mpre descobrindo co isas novas e maravilhas não suspeitadas. Sua topografia conco rre muito para s ua beleza, e o ri o Mo ldava, que a corta, tornou-se quase legendário. A arquitetura de Praga reflete os vários pe ríodos de s ua hi stória. Ne la se vêe m desde fundações românicas, belíssimos exempl os do gótico re lig ioso e c ivil , edifíc ios renasce nti stas, barrocos e clássicos. E até um exempl o da chamada "arte" moderna, como infe li z concessão ao espírito do tempo. Entre os inúme ros préd ios dignos de menção nessa cidade- privilegiada, fi gura a ig reja de Nossa Senho ra das Vitóri as, primeiro santuário barroco loca l, eri g ido de 16 13 a 1644. Perte ncente aos carme litas desca lços, ne la es tá a gra nde maravilha de Praga: a encantadora imagem do Pequeno Rei, como é co nhecido o Menino Jesus de Praga.

devoção providencial

reço, querido padre, o que mais quero no mundo. Honrai este Menino Jesus e assegurai-vos de que, enquanto O venerardes, nada vosfaltará". Frei João Luís agradeceu o presente, que vinha tão milagrosamente ao encontro do seu desejo, e ordenou que a imagem fosse colocada no altar do oratório do noviciado. Ali os carmelitas se reuniri am todos os dias para louvar o Divino Infante e recomendar-Lhe suas necessidades. De poi s de um prime iro momento de

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um répro bo, so frendo as penas do infe rno. Nada o consolava ou apaz iguava. O pri or, notando-o maca mbú zio e abatido, perguntou-lhe o que estava aco ntecendo. Fre i Cirilo abriu-lhe o coração, contando todas as suas penas. " Uma vez que o Natal se aproxirna, di sse- lhe o prior, por que não se põe aos pés do Santo Menino e lhe cor1/ia todas as suas penas? Verá como Ele o ajudará". Obedecendo, Fre i C iril o diri g iu-se à im age m do Me nin o Jes us : " Querido Menino, olhai ,ninhas lágrimas! Estou

pânico e ntre os imperi ais e a angústia do minou os habi ta ntes da c idade. Mui tos fu g iram. F rei João Maria, por prudê ncia, mando u seus frades para Munique, permanecendo e le na cidade para custodiar o conve nto com apenas mai s um re li gioso. P raga capitulou. Os soldados protestantes invadiram igrej as e conventos, profan ando e destruindo os obj etos do culto católico. Pusera m na pri são os dois frades carme litas e começaram a depredar o convento. Vendo no oratório dos no vi ços a imagem do Me nin o Jesus, começaram a rir e a zombar de la. Um dos so ldados, desejoso de mostrar-se di a nte dos outros, co m a espada decepo u as mãoz inhas da im age m sob os apl ausos dos co mpa nhe iros. De po is, e mpurrou-a para o me io dos escomb ros a que fi cara redu z ido o altar. Ali o Menino Jesus fi cou esquec ido. Ass in ada a paz em 1634, os carmelitas pude ram regressar a seu convento.

Fre i C iril o não volto u com os outros, e ninguém ma is se le mbrou da im agem do Menino Jes us. Três anos ma is tarde chegou Fre i C iril o e logo deu pe la fa lta. Procurou a preciosa im age m, mas não a encontrou . Não havi a o que faze r. A paz, entretanto, não fo ra durado ura . Os suecos, rompe ndo os aco rdos, sitiaram outra vez Praga, que imando em seu caminh o caste los e povoações. O pri or recome ndou a seus frad es que rezassem, pois só a o ração podia sal vá- los desta vez. Então Fre i C iril o s ugeriu que se recomendasse m ao Pequeno Rei, e pôs-se a procu ra r novamente a image m. Depoi s de muito trabalho, e ncontrou-a finalm e nte atrás do altar, coberta de pó e suje ira. Por inc rível que pareça, ninguém havia mex ido na<.Juele loca l durante aque les atribul ados te mpos . Com a legria, levo u-a ao pri or. Di ante da imagem co m as mãos decepadas, os frades oraram fe rvo rosa mente pe la sa lvação da c idade, o que realmente se de u. Os suecos levantaram o cerco.

À esquerda: Dona Po/yxena de Lobkowicz entregando a imagem do Menino Jesm, aos Carmelitas de Praga

Milagrosa restauração da imagem

Abaixo: Dona Polyxena, pequena, junto à sua mi1e Dona Maria Manrique de Lara (Sanchez Coelho, séc. XVI)

Santuário de Nossa Senhora da Vitória, em Praga

pros peridade e m Praga, os carme li tas fi caram redu zidos qu ase à mi séri a. O pri or e seus súditos recorreram ao Menino Jesus, pedindo- Lhe que lhes fosse propíc io. Essa co nfi ança não fo i infundada. O [mperador Fern ando li, Re i da Boêmi a e da Hungri a, co nhecendo as necess idades pe las quais passava a comunidade carme lita, concedeu-lhe uma re nda anual de mil fl orins e um auxíli o sobre as rendas imperiai s. Ao mesmo tempo, sucedeu outro fato extraordinári o que comprovava o quanto o Menino Jesus de Praga não de ixava de socorrer aque les que a Ele recorressem. 14

CAT O LIC IS MO

Ex istia no convento uma vinha, a qual hav ia tempos estava completamente estéril. De repente, da forma mais imprevi sta, começou a fl orescer e a frutifi car, sendo seus frutos mais doces e esplêndidos do que se podi a imaginar.

Frei Cirilo: de miraculado a apóstolo do Menino Jesus Habitava esse conve nto um j ovem sacerdote, Fre i C irilo da Mãe de Deus, que , te ndo de ixado o ra mo ca rme lita miti gado, abraçara a reforma de Santa Teresa . Porém, em vez de encontrar a paz que tanto esperava, senti a-se co mo

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a vossos pés, tende piedade de mim 1" No mes mo instante, sentiu como que um ra io de lu z penetra r e m sua alma, faze ndo desaparecer todas as angústi as, dú vidas e so frim entos. Comovido e sumamente ag radecido, Fre i C iril o to rn o u-se um ve rd ade iro apóstolo do Divino Infa nte.

Ataque sacrílego de protestantes Entretanto, os protestantes se reagrupara m e m novemb ro de 163 1, sob o comando do príncipe e le itor da Saxô ni a, e assedi ara m nova me nte Praga . Ho uve

Quando a imagem foi de novo entro ni zada no oratóri o dos novi ços, os be nfe itores do conve nto, que durante esses difíce is anos havi am também sumido, vo ltaram a trazer sua ajuda. Certo dia Fre i C irilo estava em oração di ante do Me nino Deus, pedindo pe la co munidade, quando Este lhe di sse tri ste mente: " Tende piedade de mún, e eu terei piedade de vós. Resliluí-rne as ,não s que rne co rta ram. os hereges. Quanto mais me honrardes, mais vos favo recerei" . Por motivos ignorados, o frade até então, não tinha se e mpenhado e m restaurar a imagenzinha. Apressou-se a narrar ao prior o sucedido. M as este parece não lhe te r dado muito créd ito. E por cau sa da indigênc ia e m que se encontrava o co nvento, di sse que era necess,'íri o espe rar di as me lho res, po is havi a necess idades mais pre mentes. Profund ame nte afli to, Fre i C iril o ped iu a Deus que lhe desse os meios de restaurar a imagem, e a ajuda ve io de ma ne ira inesperada. Um nobre estrange iro pediu àque le re lig ioso para se confessar, e de po is disse- lhe: " Reverendo

Padre, estou convencido de que o bom Deus me conduziu a Praga para me preparar para a ,norte e f azer- vos wn pouco de bem" . E entregou-lhe uma es mo la de ce m florin s. O frad e procurou o prior, entregan do- lhe a impo rtâ nci a e pedindo pe lo me nos um fl orim para restaurar a imagem. Mas o prior, apesar desse pequeno milag re, di sse que isso não era tão premente e podi a esperar. Pior: mandou que Fre i C irilo ti rasse a image nzinha do oratóri o e a levasse para s ua cela até que pudesse ser restaurada. Com lágrimas nos olhos, o frade obedeceu, pedindo ao Pequeno Rei perdão por sua incompreensão. Apareceu-lhe então a Santíssima Virgem e o fez compreender que o Menino Jesus deveri a ser restaurado o quanto antes, e ser ex posto à ve neração dos fi é is e m uma cape la a Ele dedicada. É sempre Nossa Senho ra que m co nduz a Jesus ! Uma c ircun stânci a propíc ia surg iu quando fo i e leito novo pri or, pouco tempo depois. Fre i C irilo fe z-lhe o mesmo pedido, e este respondeu: "Se o Menino nos der antes sua bênção, então f arei reparar a imagem". Bateram à porta, e um a senh ora desconhecida entregou a Fre i C irilo um bom donativo. O prio r, e ntretanto, deu-lhe só me io florim para a restauração, dizendo- lhe que tinha que bastar. À insig nificante importância somou-se logo generoso donativo de Dani e l Wo lf, funci o nári o da corte agraci ado pe lo M enino Jesus. A imagenzinha fo i assim re taurada e colocada dentro de um a urna de cri sta l próx ima à sacri sti a. C umpria-se assim o desejo ex presso por Nossa Senhora a Frei C irilo, de que o Me nino fosse exposto à ve neração pública.

Cura miraculosa e aumento do culto Um fato ines pe rado iri a ter muita influê nc ia no culto ao Pequeno Rei. Certo di a, e m 1639, Fre i Ciril o, tido j á por muitos como um santo, fo i procurado pelo Conde de Ko lowrat, Enrique Liebsteinski , cuj a esposa estava gravemente doente. O Conde pediu ao carme lita que levasse a image m do Menino Jesus à cabeceira da enfe rm a, al egando que

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esta era prima da Princesa Polyxena, q ue hav ia doado a image m ao' Conve nto. Como vários médicos já a hav iam desenganado, a única esperança que restava era o Santo M en ino. Frei C iril o não podia deixar ele atender tão justo pedido. C hegando ao quarto da moribunda, disse-lhe o marido:

"Querida, abre os olhos. Vê, aqui está o Menino Jesus para curar-te". Com mui-

Coroa do Menino Jesus de Praga

Novas provações, altar definitivo Novamente em J648, em outra batalha durante a G ue rra dos Trin ta Anos, as tropas dos protestantes suecos invadiram a c idade e tran sformaram o convento ca rme li ta em hospita l ele campo. Mas nenhum dos 160 so ldados fe ridos a li tratados atreveu -se a escarnecer do Santo Menino. Pelo contrário, o próprio

clacle cio c ulto à sagrada imagenzinha, que fo i afixada na porta da cape la cio Men ino Jesus. Em 1655, graças à contribuição cio Barão ele Ta l lembert, a milagrosa imagem foi colocada e m magnífico a ltar na igreja de Santa Maria da Vitória e solenemente coroada pelo Arceb ispo ele Praga, D . José de Co rti . Ainda hoje se ce lebra uma festa solene no dia ela Asce nsão, em lemb rança dessa coroação. No ano ele 1675, Frei Ciri lo ela M ãe de Deus e ntregou sua a lma _a Deus em odor ele santidade, aos 85 a nos ele idade. A devoção ao Divino Menino continuou alastrando-se por todas as camadas soc iais . A grande impe ratriz cio Império Austro-Húngaro, Maria Teresa, qu is confecc ionar em 1743, com suas própri as mãos, uma rica veste para o Pequeno Rei.

to esforço a e nfer ma abriu os o lhos, seu rosto ilumino u-se, e e la exclamou: "Oh!

O Menino está aqui no meu quarto!" E ergue u os braços para e le, a fim de osc ul á- lo. Y~nclo isso, o marido exclamou ex ulta nte: "Milagre! Milagre! Minha

mulher está salva !" A a legri a fo i geral. Apenas restabelecida, a condessa foi ao convento e ofereceu ao M e nino uma coroa de o uro e objetos preciosos em sinal de gratidão. Este fo i um cios mil agres mais célebres atribuídos ao Pequeno Rei. Tornado conhecido esse prodígio, é natural que sua fama começasse a di sseminar-se não só na corte, mas também e ntre o povo ela cidade e redondezas. E diante do a lta r do Menino Deus começaram a afl uir, cada vez em maior núme ro, peregrinos de todas as partes. Isso fez com que uma ri ca clama ela corte, levada por devoção indi screta, furtasse a imagem . Mas esse sacril égio fo i castigado por Deus, e o Pequeno Rei retornou aos carme litas. As muitas doações em dinheiro e em espéc ie, com as quais os fiéis agradec iam graças recebidas cio Divino Infante, to rn aram possível construir a ca pela destinada à mil agrosa imagem . Para sua so le ne consagração, e m 1648, fo i conv idado o Arcebispo ele Praga, Cardeal Ernesto Adalberto ele Harrach , q ue concedeu aos frades a mais amp la fac uldade de celebrar missa nessa ermida cio Santo M e nino Jesus. Com essa so lene confi rm ação cio Arcebispo, a cape la do Pequeno Rei ela Paz converteu-se num luga r ele c ul to oficial e muito freqüentado .

A imagenzinha do Menino Jesus sem os trajes com que habitualmente é adornada.

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CATOL IC IS MO

Imagem preservada durante tiranias nazista e comunista

comandante cios invasores, o Genera l Koni gs mark , d urante um a in speção, prostrou-se diante da milag rosa imagem, dizendo: "Ó Menino Jesus! Não sou ca-

Em 1744, mai s uma vez as tropas cios protestantes, agora prussianos, cercavam Praga. As autoridades ela cidade acorreram ao convento dos carmelitas, pedin do ao prio r que o Pequeno Rei fosse levado em proci ssão so lene pela c idade, a fi 111 ele a I iv rar ela destruição dos he reges.E realme nte c hegou-se a uma capitul ação honrosa, sem bata lhas; poucos meses depoi s os pru ss ianos deixaram Praga, e todos seus co movidos habitantes acorre ram à ig reja ele Nossa Senhora ela Vitória para agradecer ao Menino Jesus mais essa g raça. Entretanto, o utro perigo maior ameaçava a devoção ao Divino Infante. Em 1784, o ímpio Jmperaclor José II suprimiu o conve nto dos carmeli tas e confiou a igreja ele Nossa Sen hora da Vitóri a à Ordem de Malta. E assim, sem a assistência contínu a cios carme li tas, o cu lto ao Menino Jesus decaiu. Já no sécu lo XX , durante a ll Guerra Mundial , houve a ocupação ele Praga

tólico, mas tarnbérn creio em lua infância e estou irnpressionado ao ver a fé das pessoas e os milagres que fa zes em. seu favo,: Eu te prometo que, no que me for possível, farei levantar o aquartelamen10 do convenlo". E e ntregou aos frades um donat ivo ele 30 ducados. Pouco depo is os suecos levantaram o asséd io ele Praga, e todos atribuíram a libe rtação à proteção cio Peq ue no Re i.

Confirmação e expansão do culto Com a volta à norma lidade, chegou a Praga em 165 1 o Superior Gera l dos Carmelitas, F re i Francisco do Santíssimo Sacramento, que aprovou a devoção cio Divino Infante, recome nclanclo aos frades que a d ifundissem pelos o utros conventos a ustríacos e e ntre os fi éis. Deixou esc rita uma carta, reconhecendo a legitim i-

pelos nazistas, e depois o flagelo com unista abate u-se sobre o país durante quase 50 anos. Mas nem um nem outro inimigo da fé católica atentou contra a milagrosa imagem, que continuou em seu trono na ig reja de Nossa Senhora ela Vitória. De Praga, o c ulto ao Me nino Jesus já se hav ia estendido por toda a E uropa, e daí para a América Latina (inclusive Brasil), Í ndi a e Estados Unidos. Neste país, isso se deu graças à devoção ele Santa Franc isca Xavier Cabrini , que o rde nou a entroni zação, em cada uma das casas cio in stituto por e la fundado, ele uma imagem cio Pequeno Rei.

Devoção expande-se

a Arenzano Em 1895, os carmelitas ele Mil ão pediram ao Cardea l Ferrari li cença para introd uzi r a devoção ao M e nino Jesus ele Praga em sua ig reja ele Corpus Domini. O Cardeal não só auto rizou a entronização, mas quis e le mesmo fazê- la em presença ele três mil fiéis. N a ocasião, consagro u todas as cria nças de Milão ao Menino Jesus de Praga. A partir de então, essa devoção conquistou o coração cios itali a nos. No co nvento carme lita de Arenzano, fundado em 1889 pelo irm ão cio fundador de Corpus Domini, su rgi u a idéia ele se expor um quadro representando o Menino Jesus de Praga na igreja do convento. Os habitantes ela c idade logo se mostraram mui to sens íve is ao novo cu lto, e o Pequeno Rei atende u suas orações e pedidos com muitas graças e bênçãos. N o ano de 1902, para substituir o quadro, a Marquesa Delfina Gavotti, ele Savona, presenteou os frades com uma image nzinha do Menino, cópia exata ela de Praga. A enorme afl uê nc ia dos fiéis ante o a ltar do Menino Jesus conve nceu os frades a constru írem um santu ário expressamente cleclicaclo a E le. A primeira pedra foi co locada e m outubro ele 1904, e quatro anos mais tarde o temp lo era solenemente consagrado. O cro ni sta do convento carme lita a notou então: "Para todos foi claro que só o cul!o à infância divina, venerada

com o tílulo do San.to Menino .Jesus de Praga, deu origem, clesenvolvim.ento e eATO

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feli zfinal à nossa empresa de construir esta igreja, para quejosse para os fiéis de toda Itália o centro propulsor desta devoção". No dia 7 de setembro de J 924, Sua Santidade o Papa Pio XI e nvi o u espec ia lme nte o Cardeal Merry dei Vai para coroar so le nemente a sagrada imagem. Assim, a devoção ao Menino Jesus de Praga receb ia a aprovação ofi c ia l da Ig reja.

Em Praga: proibição do culto pelos comunistas Enqu anto em Arenzano florescia a devoção, em Praga, transformada em cap ita l da então C hecoslováq ui a, o reg ime com uni sta impedia o liv re exercíc io ele c ulto, propugnando o ateísmo do Estado. Em 1968, uma tentativa de livrar-se do regime ímpio fo i sufocada com sangue na c hamada Primavera de

Praga. A devoção ao Menino Jesus conti nuava restrita aos que freqüentavam a igreja o nde estava exposto, e também ao fru to do apostolado das monjas carmelitas que, deportadas para lo nge de Praga, pintavam estampas co m o Santo Menino e as e nvi avam clandestinamente a o utros conventos e urope us. Fina lme nte, em 1989, com a queda do Muro ele Berlim , e depoi s, com a Revolução do Veludo, cessou a ditadura comuni sta na C hecos lováquia, que se transformou na República C heca, independente e soberana. Foi restabe lecida a liberdade c ivil e religiosa, e o novo Arcebispo de Praga, que fora também vítima da repressão com unista, quis que reflorescesse a devoção ao M en ino Jesus. A co nvite dele, dois frades carmelitas, justamente de Arenzano, fora m para Praga reabrir o convento e estimul ar a devoção ao Divino Menino Jesus. ♦

Notas 1. Este art igo foi baseado na excelente obra E/ PequeFío Rey, ele Sorell a Giovan na del la Croce, C.S.C, tradução cio italian o para o castelhano pelo Pe. Juan Montero Aparício, AGAM , Madonn a dell ' Olmo, Cun eo, lta li a. 2. Vicie, por exemplo, suas Homilías sobre e/ aFío litúrg ico, BAC, M ad rid , 1969, pp. 99 ss. 3. Cfr. Les Peti ts Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barrai , Libraires-Éditeurs, Pari s, 1882, tomo 15, p. 379.

LIC ISMO

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O aniversário do Imperador Carlos Eduardo Schaffer Correspondente

Austria

Austríacos de diversas regiões comemoram o aniversário de seu inesquecível Imperador Francisco José Viena - No conjunto das nações européias, a Áustria é talvez a mais conservadora, sob vários aspectos. Sua vida cultu ral e artística está repleta de manifestações de amor às trad ições. Um exempl o típico fo i a comemoração, no dia 18 de agosto último, do 17 1° an iversári o de nascimento do Im perador Francisco José, falecido em 19 16, durante a J G uerra Mundi al. Em diversas partes da Áustria essa data fo i lembrada. Em Vi ena, as comemorações fora m organ izadas na sua maioria por estudantes universitários. O regime republicano fo i imposto ao povo austríaco durante o período de caos político que se seguiu à I G uerra Mundi al, sem prév ia consulta popular, mai s ou menos como aconteceu com a proc lamação da repúb lica no Brasil. Os políticos que se in stalaram no poder bem sabiam que se fi zessem um plebiscito certamente não teriam chances, pois a nação era majoritariamente monarquista.

A força do sentimento monárquico O receio de uma reação monarquista era tão grande, que logo fo i votada uma lei proibindo qualquer ativ idade em favor da restauração do antigo regime. Todos os nobres foram proibidos de usar seus títulos, e nos seus nomes as partículas indica18

C ATOL ICISMO

mo imperador coroado em Viena, foi também objeto de muita veneração. Em segu ida dirigiram-se os presentes aos jardins do palácio imperial no centro de Viena, chamado !-lo.fburg, para depositar uma coroa de flores aos pés de uma estátua do tão querido Imperador. Lá os esperava m membros de regimentos históricos, não mais pertencentes ao atual exército, mas perpetuados pelo entusiasmo ininterrupto de austríacos que não querem permitir o desaparecimento dessas antigas instituições imperiais.

Um povo que honra seu passado

Acima: No parque do Palácio Hofburg, em Viena, diante de uma estátua do Imperador Francisco José, foi depositada uma coroa de flores e vários ora• dores lembraram os fatos marcantes de seu longo reinado. As associações estudantis apresentaram-se com suas bandeiras e seus uniformes.

À esquerda: o Imperador ainda jovem

tivas de s ua qualidade, co mo o tão con hec id o "von". Muitos tiveram seus bens confiscados, e os que não aceitaram a república se viram obrigados a sair do país. A família imperial foi banida. Que crimes haviam cometido? O fato de te re m servido à pátria durante vários sécul os e lutado por ela em muitas guerras, inc lu sive naquela que terminara pouco antes. Mas o povo austríaco, durante esses 83 anos de regime republicano, parece não ter esquecido os glori osos tempos do Lm pério, pois não deixou de festejar o a ni versário de F rancisco José, seu grande imperador.

Cerimônias evocam glorioso passado Em Viena, para marcar esse augusto nasc imento, foi celebrada uma Mi ssa na igreja dos capuchinhos, a conhecida Kapuzinerkirche, na cripta da qual estão sepultados os corpos de muitos imperado-

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res e imperat:rizes, bem como arq uiduques e arquiduq uesas - mais de 170 pessoas da casa d ' Áustria, no total. A igreja ficou inteiramente lotada, não havendo em seu interior lugar para todos os que vieram participar da cerimônia. Diversas assoc iações de estuda ntes unive rsitári os cató li cos compareceram com suas bandeiras, seus esta ndartes e seus uni fo rmes de gala. Durante a leitura do Evangelho, foram desembainhadas as espadas em sina l da disposição de defender a fé com risco da própria vida, se necessário. No momento da consagração, curvaram-se as bandeiras e estandartes até o c hão, em sinal de adoração do Cordeiro de Deu s imo lado. O a nti go hino imperia l, composto por Haydn , foi cantado no final da cerim ô ni a. Após a Missa desceram todos os fié is à cripta da igreja, dirigindo-se ao túmulo do Lmperador, o nde lhe fo i prestada mais uma homenagem. O túmulo da Lmperatri z Zita, esposa de Carlos, últi-

As homenagens não pararam aí. À noite, os estudantes uni versitários reuniram-se na Jose.finische Verbindung uma antiga associação estudantil , ass im chamada em homenagem ao Imperador José I - para cantar e beber em honra do soberano. Esse evento tem o pitoresco nome de Kaiserkneipe, ou seja, bodega do Imperador. Assim, matam as saudades do te mpo do Império jovens e velhos austríacos, que dele só tiveram conhec imento através da História, dos inúmeros monumentos que séc ul os de monarquia deixaram no campo e na cidade, de pinturas e fotografias, de músicas, canções e relatos que um avô ou uma avó lhes te nham fe ito em um serão fami li ar. Quem teve a fe li cidade de conhecer de perto o povo austríaco, de passear pe las ruas da Vi ena atua l, nas q ua is encontro u, no percurso de três ou quatro quarteirões, vários conjuntos musicais formados por estudantes tocando música clássica para os passantes, à espera de uma peque na retribuição que lhes permita continuar nos estudos; quem aí viu outros estudantes vestidos com roupas do Ancien Régime, vendendo entradas para o concerto de uma orquestra que só executa obras de Mozart, e cujos componentes também e nvergam trajes de época; quem viu um conjunto de camponeses e camponesas do Tirol, cantan do e dançando di ante da cated ral de San to Estêvão as alegres músicas típicas de sua região, e m trajes tão coloridos e formosos quanto simples e recatados; quem observou a tranqüilidade dos famosos cafés vienenses, onde se pode saborear

uma de li ciosa torta enq uanto se lê o jornal do dia ; quem viu a lguma festa de aldeia para agradecer a Deus uma boa colhe ita; quem viu uma procissão de Corpus Christi atravessar os ca mpos de trigo, pedindo a proteção divina para os trabalhos do campo; quem viu o 171 ° e

aniversário de Francisco José ser festejado por est ud antes universitários ... Quem teve a fe lic idade de presenciar tudo isto, por certo ficou com a impressão ele que a Áustri a ainda não se deu inteiramente conta ele que a república fo i ♦ instaurada décadas atrás.

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a le mb ra nça da vitóri a e leitora l de há duas décadas, reeditando este ano o número de 12 de maio de 198 1.

Autogestão: disfarce para socialismo envelhecido Nasc ido da unificação de vári as correntes socia li stas no Congresso de Epi nay, em 197 1, o PS fran cês e labo rou um " Proj eto socialista para a França dos anos so·", aprovado por uma convenção nac ional do partido e m 13 de j aneiro de 1980. Esse Projeto, somado ao programa comum de governo - ini c ia lmente e laborado a quatro mãos por soc iali stas e comunistas - e às .15 teses sobre a autogestão adotadas pe lo PS em l975 , constituiri a a base do programa de governo de esyu erda a ser adotado po r Mitterrand . Por que esse esforço de renovação? Porque que as pa lavras "socialisrno " e "socialista" estavam em franco processo de e nve lhec im ento . O soc iali smo, decrépito ele tantas e tantas décadas, ia fi cando co mo uma senhora cuja ve lhice se estampa forçosa me nte no branquear dos cabe los. Ou nas rugas da face ! Era preciso sustar esse processo med iante uma maqu ilagem o u disfarce qualquer. Fo i o que fez o soc ia li s mo, c hama nd o-se "autogestionário ". Era o modo de tentar rev ita li zar-se e rej uvenescer. Começou então um a espéc ie de

primavera propaganclística mundia l da ex pressão "socialismo autogestionário ", ele mane ira a to rn ar-se moda nos ambi entes ela esquerda. Assim , todo inte lectual que se qui sesse mostrar atualizado di zia-se soc ia li sta autogesti onári o. O home m da rua estava pouco informado o u ignorando de todo o caráter ideológico mono lítico do Partido Soc iali sta e seus objetivos fin a is de tipo tota lmente anárquico. Assim sendo, deixou-se levar, em boa medida, pe las táticas de di ss imulação sofi sticadas e pe la estratégia da manipul ação gradu al através dos meios de comuni cação e outros agentes de pro paga nd a políti ca. Uma Prof. Pfinio Corrêa de Oliveira

Com uma tiragem total de 33,5 milhões de exemplares, a magistral denúncia foi publicada em 45 dos mais influentes diários de 19 países da América, Eu• ropa e Oceania. A seguir, um resumo foi estampado em 49 países dos cinco continentes.

ra uma vez o 10 de ,naio de 1981, suas esperanças e suas ilusões" ... Foi esse o títul o esco lhido pelo di ário " Le Monde" 1 para comemorar os 20 anos da vitória do Sr. François Mi tterrand nas e leições presidenc iais e o conseqüente domínio sociali sta na França. Insinua com finura como as espera nças da esquerda se frustrara m: "Era uma vez... " Restaram as ilusões ... O jo rnal, da inte lectua lidade ele esquerda, proc ura reav ivá- las ao máx imo com

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vi são ingê nua, ilusóri a e fal sa cio soc iali smo le vo u a inda mui tos ce ntri stas a vota r e m Mitte rrancl . Tudo isso, somado a clefecções e ntre po líti cos ele centro-dire ita, condu ziu à vitó ri a ela esque rda na França naque le ma io ele 198 1. U ma vez no poder, o Partido Soc iali sta pod ia contar la rga me nte com os poderosos me ios ele influê nc ia vinc ul ados aos ó rgãos cio Estado.

são do docume nto ating iu uma ti ragem to ta l ele 33,5 mi !hões de exemplares e recebe u re pe rc ussões proveni e ntes de 1 14 nações, talvez um dos ma io res esfo rços publi c itários j a ma is o usados no mundo po r o rga ni zações ele c unho nãocomerc ia l, mas de caráte r cívi co- re li gioso como são as T F Ps. No que cons iste, substanc ia lme nte, a de núnc ia- bo mba?

Denúncia-bomba estoura em 114 nações

Programa socialista: implantação da anarquia

Tudo pa rec ia, po is, corre r às mil ma ravilhas para o soc ia li smo autogesti o ná ri o francês quando, a 9 ele dezembro ele 198 1, apa rece e m seis pág inas in teiras ele do is im porta ntes jo rna is ela Alem a nh a e cios Estados U nid os - o "Frankfurter All geme ine" e o "Was hingto n Post" - a magistra l de núnc ia ele auto ri a do Prof. P linio Corrêa de O li veira : O socialismo au1oiestionário ern

As TFPs suste nta m, pe la pe na autori zada do Prof. Plíni o Corrêa de Olive ira, que o progra ma autogestio nári o visa a desagregação da soc iedade atua l e m corpúsculos autôno mos dotados ele uma quase soberani a, o que redundará fo rçosame nte na impl a ntação ela utopia a nárq ui ca na França. Com o ex pli ca o próp ri o a utor da M e nsagem2, e ntr tanto, o soc ia li smo não reconhece essa utopia co mo deso rde nada e caótica. Verdade ira esco la filosófica - substanc ia lme nte marxista, e po rta nto ta mbé m evoluc io ni sta - o sociali s mo francês espe rava pro move r, com a gradua l apli cação ela reforma a utogesti o nária, uma tra nsformação fund a menta l, não só da e mpresa ind ustria l, comerc ia l e rura l, como ta mbém ela fam íli a, ela esco la e ele toda a vicia soc ia l. O soc ia li s mo visa - e procura pô r e m prá ti ca esse pl a no - a bo lir, po r exempl o, o e ns ino privado re lig ioso, ele

vista do comunismo: barreira ou cabeça de ponte? Ass umid a e patroc in ada pe las 13 assoc iações de defesa da Tradição, Famíli a e Propri edade e ntão ex iste ntes, essa a mpl a aná li se crítica cio programa ele Mitte rrancl fo i pu blicada na ín tegra nos ma io res e ma is influe ntes d iári os 45 no tota l - de 19 pa íses ela A mé ri ca, Euro pa e Oceania. A lé m di sso, um substa nc ioso resumo do estudo fo i esta mpado a seguir e m 49 países dos c inco contine ntes, e m 13 idio mas. Ass im , a d ifu-

ma ne ira a restar apenas a esco la a utogestio ná ri a la ica. Ma is a inda, prete nde influir a fund o na pró pria vida ind ividua l, mode la ndo a seu gosto os lazeres e o pró pri o arra nj o inte ri o r das casas. O proje to socia li sta evide nte me nte não po upa a fa mília, e por ex te nsão toda a soc iedade. Substanc ia lme nte, e le propug na o seguinte : • Degradação cio casame nto, equi pa ra ndo-o ao amor-li vre; • Libe rdade sex ua l compl eta; • Reconhec ime nto legal e soc ia l ela ho mossex ua l idade; • Livre acesso e g ra tuid a de ci os me ios a nticoncepc io na is; • Favo recime nto cio abo rto, permi tindo-o incl usive a me nores de idade; • Estrang ul a me nto e extinção cio ens ino privado; • Ed ucação pelo Estado a parti r cios do is a nos de idade. Apli cado no seio da fa mília, o modelo autogestio nário socialista fo me nta a revo lta dos filh os em re lação aos pais (luta de cl asses) e a fun ção autogestionári a das c ri anças no lar; e o mes mo no re lacio name nto e ntre a lunos e professores. Aplicada à vicia econô mica, a autogestão favorece a nac io na li zação el as e mpresas urbanas, a socialização o u coletivização elas pro priedades ru ra is, o fome nto da luta ele c lasses etc. É ele le mbrar ainda q ue, no fi na l da evo lução autogesti o nári a, a e mpresa não te m patrão. A d ireção desta cabe, e m última instâ nc ia, à asse mblé ia cios traba lhadores, que é soberana e te m o d ire ito de tomar period icame nte conhec ime nto de todas as atividades e mpresaria is. Ne m sequer o segredo ind ustrial lhe pode ser ocultado . A denúnc ia fe ita pela Mensagem das TFPs vai ma is fu ndo q uando mostra o o bjetivo socia li sta de cri a r, com ta l soc iedade a utogestionári a, um novo tipo humano ag nóstico, a moral, escravo de um Estado que pla nej a tudo, até suas ho ras de laze r. A aná lise apo nta a inda para as conseqüê nc ias contu ndentes da apli cação rad ica l ela tril og ia revo lucionári a Libe rclacle- lgualclacle-Fraternidade: o nivelaEnquanto houver alguma autoridade - seja ela o pai como chefe de família, ou o patrão como chefe da empresa - o socialismo odiálos -á como a Revolução de 1789 odiou o Rei.

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me nto elas classes socia is (núxilé sociale) , a posterio r desagregação do Estado, a pro liferação ele mic ro-comunidades te nde ntes ao mode lo triba l. E m suma, e nquanto ho uver a lg um a auto ri dade - sej a e la o pa i como c hefe de fa m íli a o u o patrão como c hefe ela e mpresa - o socia li smo os odi ará como a Revo lução ele 1789 od io u o R e i.

Perestroika:

nova maquiagem? Essa é, e m linh as muito gera is, a de núnc ia mu ndi a l contra o sociali smo autogesti o nário. Ela fo i ele ta l po rte e o bte ve ta l efeito, que as pa lavras autoges tão e a utoges ti o ná ri o sa íra m el e mo ela. E o soc ia li smo não pô de, e m seu processo ele e nvelhec ime nto, continuar a recorrer à tintu ra cios cabelos esbranquiçados, que entretanto lhe estava propo rc io na ndo tão bo ns resultados pro paga ncl ísticos, confo rme noto u o Prof. P lí ni o Corrêa ele Oli veira em seu auto- retrato fil osófi co 3 • A partir ele e ntão, o soc ia li smo in te rnac io na l só o bteve escassos sucessos. E não ape nas na França. A perestroika ele Go rbac hev, por exempl o, fo i apenas nova maqui age m na te ntativa ele lhe renovar a face. Po r moti vos que escapam aos li m ites deste arti go, Gorbachev fracassou na sua te ntati va ele libe rali zar o comunis mo para mantê- lo no poder: o Mu ro ele B erlim ruiu , a Cortina ele Ferro desa bo u, e com ela o impé rio sov iético. Vie ra m à to na docume ntos de nunc ia ndo as c um pli c idades e ntre os soc iali stas ocide nta is e os carrascos comu nistas. Tudo isso contri buiu para com pli car a inda ma is o processo ele e nvelhecime nto do soc ia lis mo fra ncês, reconhec ido até pelos seus própri os dirige ntes e pa rtidá ri os.

"Não há pânico"... e reação inexistente Co mo co nfissão cio a ba lo sofri do pe lo soc ia li smo co m a pu b li cação el a Me nsagem elas T F Ps, va le a pe na recordar a reação reg istrada pelo " lnternationa l He ra lcl T ribune", prestig ioso q uotidi a no ele líng ua ing lesa edi tado e m Pari s conjun tame nte pe lo " N ew Yo rk Times" e pe lo " Washing to n Post", e cl ifun cliclo no mundo inte iro. Em 12 ele ele-

zembro ele L98 I , a penas três d ias após a pub licação e m Fra nkfu rt e Was hingto n da Mensagem ele q ue estamos trata ndo, ass im descreve u o " Herald T ri bune" a reação do govern o fra ncês face à a lud ida a ná li se sobre o Proj eto Socia lista

para a França dos anos 80: "Em Paris, fon tes governamentais autorizadas disseram que não estavam preparadas para reagir a essa publicação, mas que a eslavam estudando. 'Absolulamente não há pânico, e estamos bem mais interessados em saber quem ou o que se encontra por trás dessa publicação', declarou quintaJeira wn poriavoz do Eliseu, acrescentando que 'rnais tarde' poderia haver alguma reação". Se por "reação" se e nte nde resposta, e la inexistiu .

"Enorme desilusão" e "desespero superior à esperança" É po rta nto compreensível que, naquele iníc io ela década ele 80, uma "enorme desilusão" tenha grassado nos me ios soc ia li stas e quiçá e m o utros me ios a ná logos. Com efeito, a afi rmação que segue, e ntre as pas, é cio S r. A lain Bauer - mili ta nte cio Partido So ia li sta desde os 15 a nos, hoje grão-mestre do Grande Orie nte da França - ao re latar o desale nto nas fil e iras da maço naria no iníc io dos anos 80. Naque la época, seus companhe iros "acreditaram que as idéias maçôni-

cas, sociais, f ilosóficas, suas pesquisas, seus lrabalhos, podiam constiluir um pm-

O Muro de Berlim ruiu (foto acima), a Cortina de Ferro desabou, e com ela o império soviético. Vieram à tona documentos denunciando as cumplicidades entre os socialistas ocidentais e os carrascos comunistas. Tudo isso contribuiu para complicar ainda mais o processo de envelhecimento do socialismo francês, reconhecido até pelos seus próprios dirigentes e partidários.

grama eleitoral. Nada disso aconteceu, e o desespero fo i mil vezes superior à esperança. Em todas as lojas nós nos perguntávam.os então: uma vez que nossas idéias não podem. se exteriorizar numa ação política, para que servimos?" 4 Inserida no contexto da publicação ela Mensagem de autoria cio fund ador ela T FP brasil eira, a c uriosa confi ssão cio Sr. Baue r, militante socia li sta co mo di ssemos, to ma e ntido. E sua "enorme desilusão" to rna-se perfe ita mente explicável. Sej a mos caute losos qu a nto a essa des ilu são. Ela está lo nge ele s ig nificar a des istê nc ia cio socia li s mo, que be m o u ma l conseguiu mante r-se ininterru ptame nte no poder d uran te esses 20 a nos. Ao lo ngo desse período, o PCF te nto u aplicar o qua nto pôde, o Projeto de nunc iado pe la M e nsagem das T FPs. Le mbre mos a lg un s po ntos.

As torres abatidas No campo re lativo à fa míli a, estabeleceu-se na prática a ig ua ldade e ntre casame nto, concubinato e a mor li vre. O Pacs fo i imposto na França, e e m vários o utros pa íses se co nfe riu c idada ni a ~1

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homossexualidade, um pecado que, segundo o Cateci smo M aior, dama a Deus por vin gança, tendo sido a cau sa ela destruição ele Socloma e Gomorra. A homossexualidade para os dois sexos torn ouse tema banal na publicidade. Por outro lado, os filhos nascidos ele uniões ileg ítim as tiveram seus direitos igualados aos cios filhos leg ítim os, o que representa mais um golpe contra a famíli a cri stã, ou sej a, monogâmi ca e indi ssolúvel. A autorid ade paterna está reduzida ao ridículo. Já se fa la em punir judicialmente até as palmadas que algum pai zeloso aplique no filh o para corri gil o ele al guma fa lta. Uma lei estabel ece a

rum o à "mixité sociale", que obriga as comunas (equiva lentes às prefeitu ras) a promover a igualdade ele riqueza, ele raça e ele cultu ra entre os moradores. O ri co burguês terá ele contentar- se em morar ao lado cio imigrante árabe. O culto professor terá ele suportar calado os barbari smos ele um vi zinho que mal consegue fazer-se entender em fra ncês. A senhora ele educação fi na terá de conviver com a mulher ele hábitos soc iai s, sanitári os ou fa mili ares cios mais di scutíveis, para não di zer bárbaros. A j ovem recatada e direita terá ele suportar o assédio cio drogado insolente e imoral. A s cri anças de uma fa míli a cristã terão ele apren-

Frustração -

remédio amargo

Entretanto, se é verd ade que a devastação descrita ac ima corresponde à apli cação cio proj eto sociali sta, é igualmente verd ade que o govern o francês teve de agir o mais das vezes na surdina ou através ele bem arti cul adas manobras de opini ão pública, a fim ele evitar reações demas iado fortes . A mídi a j oga aí um papel fund amental. Por fim , lembremos que os soc iali stas se atribuem uma vocação intern ac ionali sta. E les gostari am ele ter não só subido ao poder, mas proc lamar e impor aos quatro ventos os seus princípi os. Para tal , nada mais útil do que um triunfo indi scutível na França, para se servirem cio rayonnement - ela irradi ação cul tural desse país no mundo inteiro. O ra, o mai s elas vezes eles tiveram ele esconder suas intenções para manterse no governo. Esta é sem dúvida uma grand e fru stração que a esquerd a teve ele engolir, como um remédi o amar go que lhe ti ra o gosto da vitóri a. Esse remédio amargo é a mensagem O socialisrn.o autogeslio-

nário em. vista do comunismo: barreira ou cabeça-de-ponte? lançada por Plini o

Mesmo abalado seu Projeto, os socialistas ainda se mantiveram no poder durante 20 anos. Após Mitterrand, alguns de seus sucessores como o atual primeiro-ministro Lionel Jospin (à esquerda) tentaram aplicar as reformas sociais mais radicais.

iguald ade entre ho mem e mulher, ele manei ra que as des igualdades da natureza, que enobrecem e diferenciam um e outro sexo, são calcadas aos pé . E i sto em favor ele um novo tipo humano, segundo o qual o homem eleve efemin arse e a mulher masculinizar-se. A s marcas (g riffes) ela alta costu ra incumbemse ele difundir a nova moela, cuj os fi gurinos in sinuam ou presti giam ex plicitamente tendências horripil antes : sadomasoqui smo, besti aliclacle, inces to .. . Quanto à propriedade privada, basta dizer que está em curso na Fran ça um projeto ele lei que corresponde a uma verdadeira e devastadora reform a urbana. N o tocante à igualdade social, o governo cio Primeiro-mini stro francês Jospin , soc iali sta, avançou largos passos

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der na rua os palav rões ele vi zinhos ateus e estudar nas mesmas sa las de aula freqüentadas por meninos ele religi ão islâmi ca . N egar essas "ig ualdades " será considerado pelo regime soc ialista ter o in suportá vel espíri to sectári o, de gueto, proibi do por lei. Todos sses pontos, em eu conjunto, correspondem a mu ra lhas ou ed i fíci os intei ros ela C idade de Deus que foram abatid os. Cada um deles va le muito mais do que as torres do World Trade Center, por mais dol orosos e indignantes que tenham sido os se lvagens atentados perpetrados pel o terrori smo islâmico contra so Estados U nidos . Se os basti ões ela ordem moral estivessem fi rmes, teri a sido muito mais difícil abater as torres ela ordem econômica.

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Corrêa ele Oli veira. O soc iali smo, como o comunismo, vive de oc ul tar seus pl anos. Quem sabe essa denúncia-bomba não fez ir pelos ares os planos ele um socialismo de face humana, que ta ntos gostari am de ver triunfante em nossos dias, não apenas na França, mas em muitos países? Pois o socialismo autogestionário era proposto como um modelo para o mundo, mas isso não se deu. Ta lvez só a ameaça ele um a guerra bacteri ológica ou atômica consiga pôr o mundo ele j oelhos ante os p lanos sini stros ele uma república mundial iguali tári a, atéia e ditatori al, fund amenta lmente anticri stã. M as este j á seri a outro capítul o de uma hi stóri a que teve início a I J de setembro de 2001... ♦

Notas: L Ed ição de IO de maio de 200 1, aco mpa nh ada de fac-s ímil e do número de 12-5-200 1, que anunciou a v i1 6ria de Minerrand. 2. C fr. Plíni o Corrêa de Oli veira - Autogestão, dedo e .fi,xico, in Catolicismo nº 372, dezembro de 198 1. 3. ln Catolicismo , oulu bro de 1996. 4. Dec larações de A lain Ba uer a "Figaro M agazin e" de 20 de se1embro de 2000.

Qual o efeito da Mensagem das TFPs na marcha posterior da autogestão? Prof. Plí nio Corrêa de Oliveira abo rd ou o assu nto em dois art igos sucessiv os para a " Folha de S. Paul o" 1 . Deles é extraída a m aior parte da análi se qu e segu e2 • Antes da Mensagem das 13 TFPs, a equipe de Mitt errand caminh av a despreocupad a. Baseada nos sucessos eleitorais de 1 981 , ela se punha co m passo res oluto rumo à depredação da propri edade individual , no ca mpo inte rno; e no ca m po ext erno , à expansão id eol ógica e ao interv encionismo políti co, sobretudo no assim chamado Terceiro Mun do . A aura publicitá ri a em torno d a autogestão atingia seu zê nite. O prim eiro documento que se ergu eu com publicidade internacional , se ergueu contra a contaminação autogestionária foi a Mensagem das 13 TFPs. Saíra a lume quando aind a os tenores e as prima-donas de esquerd a entoavam, por tod a parte, a ári a da autogest ão. Eles e elas logo diminuíram um tanto a voz porque, mais sutis que M it terrand e sua equipe, perceberam que na mati zação político-ideológica do Ocidente, t omado como um todo, alg o est ava mudando. E que, no público, havia gente que já não os ia acompanhando .

O

Teses da Mensagem: ponto de referência

m ais comp acta e mais indign ada dos fran ceses, como aind a dari a impli citamente ra zão à denúncia que as 13 TFPs foram as prim eiras a fa zer pela vo z seren a, lú cida, séri a, mas retumbante, do Prof . Plínio Corrêa de Oliveira à opini ão mundi al, posta até então em profundo let argo .

Socialismo recua para evitar naufrágio M as Mitte rrand foi prud ente. Não só não quis avan ça r, como recu ou. Em 1984, substit uiu Pierre Mauroy pelo m ai s di sc reto Laurent Fabius , no c argo de prim eiro- mini stro . Nov amente batido nas urnas em 1986, fo i obri gado a ac eitar um primeiro-ministro da oposição . Mitterrand teve a habilidade de compreender qu e, um a vez qu e o navio socialista ia soç obrando a olhos vi sto s, ele devi a tentar salvar-se , levando a band eira. Assim , f ez ele t odo o neces sário para ser apresenta do como hom em t alvez socialista, mas de um soci ali smo t ão róseo, t ão moderado , que equivaleri a a um programa de paz, sem ideologi a. Com esse artifício , con seg uiu se ree leger em 1988, enquanto ia dec linando a nomeada de seu partido. Os socialistas do mundo inteiro - e notadamente os fr anceses - não apresentaram razões suficientes para ex plicar t ão profund a rot ação. E Gorbachev, a part ir da Rú ssia verm elha, acenou para o Ocidente com a autog estão, qu e está na medula de sua perestroika, embora esta característi c a do reformi smo qu e sopra de Moscou , por ra zões pouco claras , t enha sido insufi cientemente divulgad a no Mundo Livre4 • A queda do Muro de Berlim e o desmoronamento da Cortina de Ferro, que se seguiram , selaram o fr acasso de mais ess a t entat iva, enquanto na França cessava definiti v amente o "estado de graça " com o qual os meios de c omunicaçã o procuravam nimbar o Presidente , apesar de seus recuo s táti cos rumo à direita e do sil êncio geral a respeito do socialismo autogestionário . Tudo parecia indica r que a bandeira do socialismo fran cê s e europeu era a de condu zir o mundo à autogestão pela via pacífica. Chegar-se-ia assim à anarqui a? Sem dúvida, mas a uma anarquia controlada (ma1trisée, dir-se-ia em fr ancês). Se esse era o plano, tudo parece indi car que ele fracassou . ♦

Por toda parte começa-se, então, a qu esti onar Mitterrand e seu program a autogestion ário "de face humana ". E o interessante é qu e muitas dessas c ontest ações, at é mes mo vinda s de conhecidos homens de pensa.menta e de ação , quer pela imprensa, quer em conferências internac ionais de repercussão, são notoriamente inspirad as na M ensag em. Sobretudo os argumentos e as análises mais penetrantes. Uma apreciável quantidade de ref erências na imprensa o prova, sem deixa r a esse respeito nenhuma margem à dúvida. Tais rep eti ções pouquíssimas vezes citavam a fon t e. Pois hoje são ca da v ez mais freqüentes os autores de idéias dos outros ... Em muitos casos , pode-se conceber que os argumentos t enham entrado nas memóri as por osmose, sem que as pessoas se dessem c onta de onde os havi am colhido. Se assim foi, nada é mais indi cativo de sucesso em mat éri a d e prop agand a. A M ensagem destin ava -se just amente à "criação de opinião ': como re conheceu um jorn al italiano 3 • E uma opinião diametralmente opost a à maré da grand e pub licidad e. Notas: Intern amente, na França, o brado de al erta tam 1. No itine rário de A L!ende (2-4- 1982) e Jeito, trejeito e estertor ( 16bém produ ziu seu s fruto s, não se sabe bem por que 4- 1982). condutos. Nas eleições ca ntonais de março de 198 2 , 2 Publi cada no li vro U111 ho111e111, uma obra, w11a gesta - homenaa opini ão públic a fran cesa rejeito u a autog estão soei- • · gem das TFPs a Plinio Co rrêa de Oli veira, Ed . B ras il de A maalist a, proporcionando ao bloco de ce ntro-di reita um a nhã, São Pa ul o, pp. 296 ss. vitória espet acul ar sobre o bl oco soc ialo-comunist a. E 3. " li Giorno", Mil ão, 20- 1- 1982. o govern o, surpreso, encontrou diante de si a m aiori a 4. Cfr. Mi ka il Gorbachev, Perestroika - Nuvas idéias para o 111eu dos france ses barrando -lh e o caminh o. país e o mundo , Ed. Best-Sell er, São Paul o, pp. 35, 50, 5 1, 124 etc.; Octubre y la perestroika, la revolución contimía, Novosti, Se Mitterrand continu asse no cam inho dos confisMoscou, 1987, p. 43. cas, não só lev antari a contra si a maioria ca da vez

C ATOL I

eISMO

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O pu11ho estrangulando a rosa ... O punho cerrado do

socialismo estrangulou a flor da pretensa liberdade que o partido anuncia or ocasião de manifestações ou asse mbléias de soc iali stas, co mo também de comuni stas e de outros militantes da esquerda, é comum e les se exprimire m com o gesto característi co de erguer o braço com o punho fechado. Sinal de ameaça, de brutalidade, de vio lênc ia pronta a desencadearse caso os aco ntecimentos não corram na linha que desej am. Por outro lado, quando ganhou as ele ições presidenciai s em IOde maio de 198 1, Mitterrand levou ao Pantheon, em passeata da vitória, uma rosa, símbo lo do soc iali smo . É flagrante a contradição dos signi ficados desses dois símbo los: a brutalidade do punho fec hado e a de li cadeza da rosa.

P

Repúdio à liberdade de expressão A Mensagem das TFPs " O socialismo autogestionário em vista do comunismo: barreira ou cabeça de ponte?", de autori a do Prof. Plíni o Corrêa de Olive ira, fo i publi cada em ce rc a d e 50 d os ma is impo rta nte j o rn a is de to d o o ,J mundo, sem qualquer cerceamento à liberdade de expressão. Não o foi , poré m, na Fran- ~_...,_.. ça. E is co mo a pró pri a TFP francesa re lata o ass unto: "A princípio, o j ornal "Le Figaro" aceita a publicação do

A

serção do texto das TFPs contra o sociali smo autogesti onário . Só o "lnternati onal Herald Tribune" (20 mil exempl ares), editado em Paris em língua inglesa pelos jornais " Washington Post" e "The New York Times".

France: The Fist Crushes the Rose

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A mensagem proibida

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Vári os artigos da impre nsa esquerdi sta de ixam tra nsparecer c laramente a

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Essa difusão, embora limitada, despertou numerosas e expressi vas manif estações de adesão. Vários candidatos às eleições cantonais serviram-se da Mensagem das TFPs para desmontar a propaganda socialista. Representantes da TFPfiwicesa f oram convidados por

Na República da "liberdade, igualdade e fraternidade", domi11ada pelos socialistas, a mídia se negou a publicar a Me11sagem das TFPs. O livro Autogestion Socialiste: les têtes tombent, cuja capa figura abaixo, e co11tracapa à direita, lançado 11a França em 1983, de11uncia esse bloqueio

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Fac-símile da publicação no Washington Post

acabava de vir a lurne com. o ef eito de uma bomba no ' Frankfurter All geme ine' e no ' Washington Post' (9-12-81) " 1

Comentado nas atual idades te levi sivas da TF I e da A2, o fa to desencadeia incontáve is chamadas de j ornali stas à sede da TFP francesa. Mas a publicação, que põe os me ios de comunicação e m efervescênc ia , é c uidadosamente mantidafora doalcance do público francês. Co m efeito, a pesar de todos os es forços fe itos pe la TFP francesa, e não obstante o aco rdo concluído com do is grandes di ,íri os para a publi cação da Mensagem, confirmado e m anúnc io esta mpado nas suas próprias colunas, nas terras do "soc ia li smo ... e m liberdade" todos os jo rna is parisie nses de língua francesa com tiragem superior a 100 mil exemplares rec usam a in-

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documento, como publicidade paga. Mas no último instante a direção do j ornal rompe unilateralmente seu contrato com a TFP Essa atitude não pode explicar-se senão por uma pressão do governo para impedir a publicação, que

imprensa e ro mper o cerco da inconfessada censura sociali sta, a TFP francesa só teve um recurso: envi ar o tex to " proi bido" da Mensagem das TFPs pelo corre io a mai s de 300.000 destinatários de seus fi chári os .

entra novamente e m ação para impedir a divul gação desse segundo documento. Só o c itado " Herald" ( 10-3- 1982) e o semanário "Rivaro l" ( 15-4-82) ace itam publicá-lo. Em fin s de 1983, a TFP francesa lançou em Pari s a obra Autogestão socia-

lista: as cabeças caem na empresa, no la,; na escola, de autoria do P rof. Plíni o Corrêa de Oliveira. Ne la ta mbém era reprodu z ido o comuni cado esta mpado pe lo " Herald" e pelo " Rivaro l". Essas novas publi cações, por sua vez, ocas ionaram outra avalanche de cartas de adesão, de manifestações de simpatia p,u-a com a TFP francesa. Tudo isso criou sérios obstác ulos à aplicação do programa soc iali sta, que não pôde furtar-se ao choque de uma impopularidade crescente e a numerosos movimentos de descontentame nto, a partir do iníc io de 1982. O título em epígra fe, como vimos, é uma alusão ao símbo lo do PS fran cês: um punho - mais be m fe ito para o boxe - que segura uma rosa. Um punho agress ivo e brutal, incompatíve l com a de licadeza da fl or. Uma rosa que, caso se vi sse segura po r esse punho, no mesmo instante começaria a murchar. Esse símbolo, na verdade, ex prime be m as re lações antagôni cas entre o soc iali s mo e uma autê nti ca e harmo niosa liberdade. O sociali smo pode tranqüilamente prometer a liberdade, mas acaba

sempre por estrang ul ,'í- la. É bem isto o que estava sucede ndo 7 •

Por que o PS ostentou o punho e não a rosa? Po r qu e o estud o do Prof. Plínio Corrêa de Olive ira foi censurado? Tudo leva a crer que aos soc iali stas não restava outra saíd a. Uma vez que não pudera m refutar o doc umento das TFPs, a solução estava em impedir-lhe a divul gação, recorrendo à poderosa influênc ia dos órgãos governamentais. Dito de outra fo rma, o governo francês e o PS entnu-ain num silênc io contrafe ito, e - ao que pru·ece - infligiram ru·bitrari amente uma inaceitável restrição de liberdade aos que divulgavam objeções por eles consideradas incômodas. Tudo dentro cio melhor estilo soviético ... Aí está uma breve hi stóri a "de um

dos supremos esforços empreendidos 'in signo Crucis', a f im de evitar à civilização ocidental agonizante o soçobro fin al para o qual esta se vai deixando rolar" 8. ♦ Notas: J. C fr. Aperçu , novem bro de 1997 . 2. 11 de dezembro de 198 1. 3. 19 e 29 ele dezembro de 198 1, 12 ele março ele

1982, 4. Órgão do Partido Comuni sta Francês, 1 1 de dezembro ele 198 1. 5. 8 de j aneiro de 1982. 6. O comun icado, co m data de 1 1 ele fevereiro de 1982, fo i reprod uzido em 24 j ornai s ele 11 países, a partir de 25 de fevereiro de 1982. 7. Cf. 1/111 homem, 11111a obra, u111a ges1a , p. 295. 8. Na França, o punho es1ra11g11/a a rosa .

diversas associações a proferir conf erências ou participar de reuniões.

O punho estrangula a rosa ... indig nação dos socia listas e m re lação a essa campanha da TFP. C ite mos por exempl o " Le Ma tin " 2, " Libé rati on" 3 , "L' Humanité" 4 e um arti go particularmente significativo de Max G all o e m " L' Unité" 5, órgão do Partido soc ialista. Para se contra po r a esse bo mbarde io di fa mató ri o d a

A imprensa francesa fun cionou, po is, co mo um bloco movido por um pensame nto único. Esse bloco, particulannente estranho num país onde pareceri a have r liberdade de ex pressão, conduziu as T FPs a re plicarem por me io do comuni cado a que aludimos ini cia lmente: " Na

França, o punho estrangula a rosa " , igualmente publi cado na grande imprensa intern ac io nal6 . A censura soc ialista li)

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eATO LIe ISMO

Dezembro qe 2001

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Partido Socialista francês: futuro comprometido L uís DuFAUR

Um socialismo fanado e sem charme à espreita de ocasião favorável para sobreviver PS francês está e laborando o Proj eto 2002, isto é, a base de

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sua futura atuação. " Os textos bás icos ~m fo rma de caderno estão di sponíve is, em avançada fase de redação, no site ofic ial do partido ' . E m re lação ao programa de 20 anos atrás, a metafísica igualitári a continua como o ponto de referê ncia absoluto . M as o charme e a verve desertaram das centenas de fo lhas que o partido de bate, ali ás desanim ada me nte . Ne las não se descobre nenhuma fórmula cogente nem mesmo para o conjunto dos soc iali stas 2 .

Voto-sanção contra o PS A introdução do primeiro caderno diag nostica o ma l de fu ndo: o partido perde as bases. "Cada eleição - afirm a -

conj,-onta-nos corn a realidade da abstenção, do voto-sanção, da desconfiança, especialmenle dos j ovens" 3. E o caderno dedicado à juventude acrescenta :

"Os úllimos vinte e cinco anos .... nos co11frontam com a instalação de uma ruplura entre as gerações esta ruptura resulta da nossa inconseqüência histórica". Os jove ns se de interes a m da

ta l e o capitali smo de Estado, comuni sta . A autogestão deveri a ter sido a síntese na qual se teria baseado a hoj e chamada g lobali zação. Porém, falida a manobra, as aspirações do PS agora se cifram na exploração da vitalidade da g lobali zação conduzida pelo seu inimigo di alético: o neoliberali smo capitalista de tipo ame ricano. O caderno sobre a g lobalização inicia-se com uma constatação da inversão da iniciativa: "No começo do século XX,

os socialistas escolheram para o seu partido o nome de Seção Nacional da Internacional [Socialista]. O movimento socialista, mais internacionalizado que o capital, não concebia a sua eslratégia fo ra da dim.ensão internacional. Mais de um século depois .... o movirnento sociaLisla, 11~/inilamenle menos internacionalizado que o capital, pena para.formular uma estralégia original sobre a mundialização". E citando o fa lecido carrasco marxista chinês Deng Hsiao Ping, afirma que os "gatos liberais são os que correm mais rápido. O problema é que se

supõe que nós representamos os ratos" 5•

po lítica, julgam equi va le ntes dire ita e esquerda, mas consideram "os ex/remos

como sendo as únicas forças políticas a partir das quais se estrutura o debate". E, entre os ex tremos, a preferênc ia mais surpreendente é pela dire ita4 •

Ontem, modelo do futuro; hoje, rabeira da globalização Foi obj etivo do PS fo rnecer o modelo do futuro , o paradigma da convergênc ia entre o capi ta li smo privado oc idenExemplo significativo do "voto-sanção" anti-socialista: a vitória do candidato direitista Nicolas Perruchot nas eleições municipais francesas de 18 de março p.p., derrotando o ministro da Edução socialista Jack Lang, que até então acumulava o cargo de prefeito da cidade de Biais

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e AT OLIeISMO

Dezembl'o de 2001

República Universal à sombra da globalização O PS espera rea li zar "a aspiraçcio pela república universal" por meio da g lobali zação: "Percebem-se bem todas as razões de desejar .... mais mundialização ainda" .. .. [que] pode contribuir para a realização dos nossos valores .fúndamentais" 6• Mas as circunstâncias impõem ao PS uma humilhante tática: e le se res igna a ser um singul ar companheiro de viagem do neoliberali smo . Ele festej a a derrubada das fronteiras econô micas nacionais, cultu rais, até ideológicas e morais, que a atu a l globa lização propici a. E, a lém do mais, adota o credo neoliberal econô mico que, entretanto, contesta. Tal companheirismo tem dupl a di men ão. Primeiro, vi sa acentuar a g loba li zação em tudo q uanto e la possa ter de da noso para as tradições multi sseculares dos povos . E, em segundo lugar, propagar o sociali smo como argume nto para estender a g lobali zação ao pl ano po lítico, cultu ra l e soc ial. Isto se faria instaurando um gover-

Um sintoma da rotação na opinião pública francesa

no universa l na ord e m internac io na l. Governo esse que o PS concebe como um aumento de "coescio" dos organi smos mundi ais que a g lobali zação ve m gerando. "O objetivo, portanto, é cla-

ro: instaurar .... uma espécie de governo global " 7 • Para ta l efe ito espera mui to da União E uro péia: "O que nós queremos é socializar a mundialização para dar vida ao socialismo democrático no mundo todo . ... . a União européia é .... a principal alavanca" 8• Ele espera outro tanto dos blocos que, como o Mercosul , copi am a UE: "Estes co11jun1os

regionais, geralmente construídos na base do livre intercâmbio, seio os lineamentos de estruluras políticas supranacionais, pelo rnenos a manifestação de um certo multilateralismo que contribui para o exercício participado das soberanias nacionais tradicionais" 9.

O PS quer manter os Estados nac ionais só enquanto sirvam para aplicar as normas g lobali zantes aos países que, no fin a l, acabarão absorvidos e dissolvidos. Espera ta mbé m vale r-se dos rec ursos gerados pe lo neoliberalis mo para aplainar as desigua ldades individu ais e sociais de fo rtuna e de educação.

Partilha niveladora dos bens dos países Também pl aneja nive lar as riquezas das nações: "Nada de mundia lizaçcio

sem redistribuição. Es!e princípio sim-

pies deveria ser o primeiro da política dos socialislas em escala internacional " IO_ Para isso, o PS excogita cri ar uma intrincada tra ma de burocracias e impostos internac ionais que, somados a medidas loca is, transfiram bens dos países ricos para os pobres. O PS parece entrever alguma modifi cação ela alma humana que não explica adequadamente, e que tornaria possível esse igualamento antinatu ral. Com efeito, os " ricos", muitas vezes, no esforço para obter suas riquezas, contam com um fato r de fund o cristão, fa vorecedor do din ami smo de alma que os leva a gerar novos recursos e novos modos de crescer e progredir. Enquanto há " pobres" que caem na pobreza, não necessari amente pe lo efeito de dificuldades mate ri ais, cli máticas ou congêneres, mas sim porque carecem des e impulso ascensional, chegando por vezes até a desperdiçar o que recebem dos "ricos". Haja vista a miséri a russa, malgrado os bilhões despejados pe lo Oc idente. N ão adi anta lançar moedas a um chapéu fu rado, para tentar enriquecer o dono. Tal redistribuição ni veladora só seria posslve l numa humanidade psíquicamente estag nada, como em larga medida se apresenta na ex-URSS em decorrência de 70 anos de experi ência socialista soviética. Os textos bás icos para o projeto ex ibe m múltiplas contradições. E ntretanto, elas tê m uma ex plicação: a adoção ob-

E m 12- 12-88, a T V fra ncesa encenou uma reconstituição do p rocesso do Re i Luís X VI e pediu aos telespectadores seu juízo. M anifes taram-se mais de J00 mi l pessoas: • 55,5% a fa vor da abso lvição • 17,5% pelo ex íli o • 27% pela condenação à morte E m 3- 1-89, o utro progra ma de TV encenou o processo de M aria A ntoni eta: • 75% a conside raram inocente • 25%, culpada O PS julga-se - e com razões - o fiel herdeiro da Revolução Francesa considerada em bloco. Mas fo i sob seu governo, nas celebrações do bi centenário daque la Revo lução, que a opi ni ão fran cesa mostrou-se ma is simpáti ca aos re is crue lme nte guilhotinados, e não aos carrascos, precursores do soc iali smo e do co munismo .. .


sessiva da metafísica ig ualit~ria. O "Proj eto internacional", a rovado e m 6 de outubro de 200 l , põe a causa mais profunda dos atentados terroristas de 11 de setembro na desigualdade de bens e ntre as nações. A so lução do terrorismo seri a "uma ação resoluta contra as injus-

tiças maisflagrantes na partilha das riquezas" 11 • À luz da fo rtuna de Bin Laden e das c ifras co lossais que manipula o terrorismo assoc iado ao narcotráfico, não se sabe se é o utopi s mo o u o fanatismo igualitário que inspira os redatores sociali stas.

perseguir todos aq ue les que não aceitem a igua ldade total (exceto as nomenclaturas soc ia li stas, é claro) e resistam à marcha rumo ao sociali smo g lobal. Onde haj a desigualdades legítimas, o PS sonha destruí- las. Mas se ho uve r desigualdades antinaturai s, geradas pelo socialocom uni smo e até pelo neopagan ismo anticristão, o PS mostrará a sua magnanimidade soi-disante democrática e hu-

Complacência com desigualdades antinaturais

nas ru as de Gênova? E se por acaso tivesse estado, não teria perdido a estreitíss im a margem e le itoral que ainda o mantém no governo após pesados sacrifíc ios feitos nas suas doutrinas e métodos de ação? Eis o drama do PS : em Gênova e le não estava, mas se estivesse, provavelmente teri a perdido continge ntes e le itorai s centristas que lhe são indi spensáveis. E le quer a autogestão, mas se o declara, afunda. O PS não sonha mai s em ser um modelo mundial, e olha para fora procurando exemp los. Achou , a li ás, um que, em nível latino-americano, luta com os mesmos problemas: o PT.

Na necessidade de conter a hemorragia de votos, o PS adotou, na última década, várias bandeiras da dire ita política. Entre e las, a da segurança e do combate à crimina lidade e conexos, como droga, prostituição, imigração clandestina, tráfico de armas e divisas etc. Entretanto, o PS não ataca as verdadeiras fontes desses males, mas os toma como pretexto para promover sua filosofia igualitária. Filosofia esta que inspirou inúmeras facilidades legais e adm ini trativas que o crime encontra p,u-ct se desenvolver hoje em dia.

"No contexto do Brasil, a questão da relação entre contestação, movimentos de lutas sociais e ação política encontrou um início de resposta na cidade de São Paulo e no Estado do Rio Grande do Sul, com o PT" 15•

"Todos os tráficos proliferam a partir das desigualdades de desenvolvimento econôrnico, social e político" 12,

ma ou revolução? Eu tenho vontade de dizê-lo .... sim, revolução". E acrescentou : "violenta ou pacífica, a revolução é antes ele tudo uma ruptura. Quern não aceita a ruptura .... com a ordem estabelecida .. .. com a sociedade capitalista, esse, eu digo, não pode ser aderente do Partido socialista! " 16• Hoje o esboço do Projet 2002 avança

Espantosa mudança facial Comparadas as atuais propostas social is tas com as de 1981 , nota-se que a opinião pública impôs ao PS uma muda nça espantosa. Por exemplo , no Con g resso de funda ção do partido, Mitterrand declarou: "Refor-

insiste inesgotavelmente. No plano inte rnac ional exige "po-

líticas de sanção contra os Estados autoritários" e, "neste espírito, a promoção de uma justiça internacional contra os atentados e as violações mais graves da dignidade humana " apo iada e m ações concretas da ONU e do Tribuna l Penal Internaciona l 13• Aplicará o P tais políticas contra seus camaradas soc iali stas c hineses, norte-coreanos o u c ubanos ? Seria infantil ac red itá- lo. Aplicálas-á contra os regimes fundamentalis-· tas muçulmanos que martirizam os católicos? Ou tais políticas servirão para dar-lhes polpudas aj udas sob pretexto de saírem do subdesenvo lvimento? Promove rão uma Nuremberg a respe ito dos crimes do com uni smo e de seus cúmpli ces intelectuai s? N ada mais longe da rea lidade do que imaginar isso ... O PS tem um critério se letivo único:

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e

ATO LIC IS MO

Mitterrand (i1 direita) saiu da cena. O PS precisou mudar de aparência para nao repetir o estrondoso fracas o eleitoral de seu comparsa, o Partido Comunista Francês

manitária. O PS vê outro precioso e lemento pa ra a implantação da utopia igualitária mundial no movime nto dos mal-chamados antig lobais . Na rea lidade, e les e ncarnam o que o esc lerosado PS desejaria ter ido: a ponta de lança da luta de classes planetária. Entretanto, o porta-voz do PS , Yincent Peillon , reconheceu com tristeza que o seu partido "deveria ter estado em. Gênova" nas mani festações anarco- libertárias, porque

"os valores que defendem os manifestantes são os nossos " 14 • M as um partido sem vitalidade e com hemorragia de e le itores, o que teria podido apresentar

Dezembrb de 2001

nas pegadas do odiado adversário dialético capitali sta ... No 20º aniversário da asce ns'ão de Mitterrand , o jornal " Le Monde" escreveu , contri ·tado : "Chegado o ano 2001,

olhando a França tal qual ela é, os contornos da rnudança não correspondem aos que François Mitterrancl tinha esboçado .... sem dúvida, nacionalizarwnse os bancos e as seguradoras, mas não há quen·1.não considere hoje esse m.ovimento econôm.ico senão como uma longínqua lembrança, uma espécie de ,nonumento arqueológico de uma posição econômica que logo ficou caduca" 17•

Socialismo desgastado com maquiagem A mudança de retórica do PS significa que o ódio revolucionário de outrora esfriou e que as doutrinas mudaram? Não. Elas continuam acesas nos recônditos do social ismo. O que mudo u foi a opini ão públi ca francesa. Assim, ou o PS trocava de aparência, ou estava fadado a um pífio resultado eleitora l, como seu colega, o partido comun ista francês. Nos 20 anos que se seguiram à Men sagem das TFPs, desmascarando os obj etivos do PS francês , este nunca mais conseguiu reaver a fo rça sed utora ele sua fórmula autogestionária. O partido soc iali sta está mofado, sofre o desgaste cios escânda los político-administrativos, perde as bases, não sedu z a juventude e se enrola em inté rminos debates que conc lu em e m impress ionantes propostas de ... aumentar a burocracia nacional e internac iona l 1 É o que ded uz quem se ave ntura paciente mente pelas longas e aliás pesadas - páginas do esboço de projeto do PS para o ano 2002. Tal conc lu são , se m e mba rgo, não exc lui que esse partido possa ainda vir a ter um pape l-chave na tentativa de derrocar o Ocide nte ex-cristão. Depoi s ele 1 1 de setembro, tudo parece poss ível. E da leitura do esboço do projeto soc iali sta para o próximo ano se des prende uma hipó tese: que o PS este-

ja esperando uma crise de gra nde porte que aba le o c hamado neolibe ralismo, e até pretenda trabalhar subreptic iamente nesse sentido. Então, se r-lhe- ia possível dar um gra nde sa lto sobre as ruínas do odiado e e logiado "companheiro de viagem ". Nesse dia - esperaria e le - a g loba li zação te rá deixado estabe lecidas as bases para erig ir a ve lha utopia que Marx e Engels sonh aram, que o PS ten tou e fe tivar em 198 1, e que a Me nsagem das TFPs denunciou no mome nto oportu no aos o lhos do mundo. ♦

Notas: 1. http ://www. parti -socia l iste. l'r/ homc.htm . 2. C fr. " Le Mond e", Paris 1 1-5-2001 . 3. Parti Soe iali ste - Sec ré tari a t National du Proj ct, Une nouvelle a,11bitio11 dé111ocratiq11e, Les cahi c rs du Proje t nº 1, 67 p. , p. 6. 4. Parti Soc ia li ste - Secrétariat National du Proje t, Je1111 esse: /' âge de 1011.1· les possibles, Les cahi e rs du Proj e t nº 3, 3 1 p., p. 5 e 12. 5. Parti Socialiste - Sec réta riat na ti o na l du proj e t, La 111011diatisatioJ1 , Lcs ca hi e rs du Proj e t nº 2, 51 p., p. 14. 6. Les cahi e rs du Proj et, nº 2, p. 15, 14 e 5. 7. Les ca hi e rs du Proje t, nº 2, p. 5. 8. Les ca hi ers du Proj et, nº 2, p. 5. 8. Les cahi e rs du Proj et, nº 2, p. 7. lO. Les ca hi e rs du Projet, nº 2, p. 19. 11. Le Proj e t int.e rnational des soc ia li stes Doc ume nt adopté pa rl e Conse il National du sa medi 6 octobre 2001 , 29 p., p. 8. 12. Le Proj e t inte rnati o nal eles socialistes, p. 8. 13. Le Proj e t inte rnatio nal des sociali stes , p. 9 . 14. "Le Monde", 26-7 -2001 . 15. Les cah ie rs du Projet, nº 2, p. 16. 16. " Le Monde", 4 -5-2001. 17. " Le Mo nde", 9-5-2001.

Depois que a Mensagem das TFPs denunciou os objetivos últimos do PS francês h,í 20 anos a realizaçao do velho sonho de Engels (esq.) e Marx tornou-se ainda mais 1:tópica. '

ln Memoriam

Fervoroso apóstolo de Fátima

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aleceu piedosamente nos Estados Unidos, no dia 31 de outubro p.p., o Sr. John M. Haffert, ardoroso difusor da Mensagem de Fátima e co-fund ad or do movimento Apostolado Mundial de Fátima. Ele expirou aos 86 anos, logo após assistir à Missa e enquanto rezava o Rosário diante da milagrosa Imagem Peregrina Internacional de Nossa Senhora de Fátima. Da mesma imagem entalhada em 1947 pelo artista português José Tedim, a pedido seu e sob orientação direta da Irmã Lúcia, e que se tornaria famosa a partir do momento em que verteu lágrimas em Nova Orleans (EUA), em 1972. Até o momento, essa Imagem Peregrina já percorreu mais de 1 00 países. Amigo das TFPs norte-americana e brasileira durante três décadas, o Sr. Haffert destacou-se desde jovem como escritor e fiel com zelo apostóli co, tendo publicado seu primeiro livro - Sinal de Seu Coração - aos 25 anos, prefaciado pelo Arcebispo Dom Fulton Sheen. Ao longo de sua vida, escreveu 20 obras relacionadas com Fátima.


VIDAS DE SANTOS

São João Evangelista, o discípulo amado AFONSO DE SOU ZA

São João Evangelista, o Apóstolo Virgem, é sem dúvida um dos maiores santos da Igreja, merecendo o título de "o discípulo a quem Jesus amava". Junto à Cruz, recebeu do Redentor Nossa Senhora como Mãe, e com Ela - como Fonte da Sabedoria - a segurança doutrinária que lhe mereceu dos Padres da Igreja o título de "o Teólogo" por excelência. Comemoramos sua festa no dia 27. abemos pelos Evangelhos que São João era filho de Zebedeu e ele Mari a Salomé. Com seu irmão Tiago, auxiliava o pai na pesca no lago ele Genezaré. Pelos Evangelhos sabemos também que seu pai possuía alguns barcos e empregados que trabalhavam para ele. Maria Salomé é apontada como uma elas santas mulheres que acompanh avam o Divino Mestre para O servir. Como seus outros dois irmãos Simão e André, também pescadores, era discípulo de São João Batista, o Precursor. Oeste hav iam recebido o batismo, ze losos que eram, preparando-se para a vinda cio Messias prometido. Certa vez, estavam João e André com o Precursor, quando passou Jesus a alguma di stância. O Batista exc lama: "Eis o

S

Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". No dia segu inte repetiu-se ames-

ma cena, e desta vez os cloi di scípulos segui ram Jesus e permaneceram com Ele aquele dia (Jo, l, 35 a 39). Algumas semanas depois estavam Simão e André lançando as redes às águas, quando passou Jesus e lhes disse: " Vinde após mim. Eu vos farei pescadores de homens". Mais ad iante estavam Tiago e João

numa barca, consertando as redes. "E chamou-os logo. E eles deixaram na barca seu pai Zebecleu, com os empregados, e O seguiram" (Me 1, 16 a 20).

A partir de então passaram a acompanhar o Messias em sua mi ssão pública. Logo se lhes juntaram outros, que perfariam o número de doze, completando assim o Colégio Apostólico.

Preeminência de três - Apóstolos sobre os demais Desde logo, Pedro, Tiago e João tomaram preemjnência sobre os outros Apóstolos, tornando-se os "escolhidos dentre os escolhidos". E, como tais, participaram de alguns cios mais notáveis episódios na vida do Salvador, como a ressurreição da filha de Jairo, a Transfiguração no Tabor e a Agonia no Horto das Oliveiras. São João foi também um cios quatro que estavam presentes quando Jesus revelou os si nais da ruína de Jerusalém e do fim do mundo. Mai tarde, com São Pedro, a quem o unia respeitosa e profunda anúzade, foi encarregado de preparar a Última Ceia. São Pedro amava ternamente São João, e essa amizade é visível tanto no Evangelho quanto nos Atos dos Apóstolos. Por sua pureza de vida, inocência e virgindade: João tornou-se logo o discípulo amado, e isso de um modo tão notório, que ele sempre se identificará em seu Evangelho como "o discípulo que Jesus am.ava". São João Evangelista - Tríptico de Cortona (detalhe), Fra Angélico (séc. XV) - Museu Diocesano de Cortona (Itália)

Apesar de os Apóstolos não estarem ainda confirmados em graça, isso não provocava neles inveja nem emu lação. Quando queriam obter algo de Nosso Senhor, faziam-no por meio de São João, pois seu bom gên io e bondade ele espírito tornavam-no querido de todos. "Mas esta serenidade, esta doçura, este caráter recolhido e amoroso [de João Evangeli sta] são algo diferente da inércia e da passividade. Os pintores nos acostumaram a ver nele um não sei quê de feminino e sentimental, que está em contraste com a energ ia varonil e o zelo júlgurante que se descobre em. algumas passagens evangélicas" 1•

Se Nosso Senhor amava particularmente São João, também era por ele amado de maneira especialíss ima. Com seu irmão Tiago, recebeu de Cri sto o cognome de "Boanerges", ou ''.filhos do trovão ", por seu zelo. Indignaramse contra os samaritanos, que não quiseram receber o Mestre, e pediram-Lhe para fazer descer sobre aqueles indóceis o fogo do céu. Foi por esse amor, e não por ambição, que ele e o irmão secundaram a mãe, Salomé, solicitando que um e outro ficassem à direita e à esquerda do Redentor, em seu Reino (um tanto equivocadamente, pois imaginavam ainda um reino terreno). Quando Nosso Senhor perguntoulhes se estavam dispostos a beber com Ele o mesmo cálice do sofrimento e da amargura, com determinação responderam afirmativamente.

O primeiro devoto do Coração de Jesus Entretanto, uma elas maiores provas ele afeição de Nosso Senhor a São João deu-se na Última Ceia. Quis o Divino Mestre ter à sua direita o Apóstolo Virgem, permitindolhe a familiaridade de recostar-se em seu coração. Diz Santo Agostinho que nesse momento, estando tão próximo da fonte de lu z, ele absorveu dela os mais altos segredos e mistérios que depois derramaria sobre a Igreja. A pedido de Pedro, perguntou a Jesus quem seria o traidor, e obteve a re posta. São João teve porém um momento de fraqueza - e das mais censuráveis - quando os inimigos prenderam Jesus , tendo então fu gido como os outros Apóstolos. Era o momento em que Nosso Senhor mais precisava de apoio! Logo depois o vemos acompanhando, de longe, o Mestre ao palácio do Sumo Sacerdote. Como era ali conhecido, fez entrar também Simão Pedro. Pode-se supor que ele tenha permanecido sempre nas proximidades de Nosso Senhor durante toda aquela trágica noite, e que não sa iu senão para ir comunicar a Maria Santíssima o que se passava com seu Fi lho. Acompanhou-A então no caminho do Calvário e com Ela permaneceu ao pé da cruz. Era o sinal evidente de seu arrependimento.

Custódia da Mãe de Deus ao Apóstolo virgem Foi então que, recebendo-A como Mãe, obteve o maior legado que criatura humana jamais podia receber. Diz São Jerônimo: "João, que era virgem., ao crer em Cristo permaneceu sernpre virgem. Por isso foi o discípulo amado e reclinou sua cabeça sobre o coração de Jesus. Em breves palavras, para mostrar qual é o privilégio de João, ou melho,; o privilégio da virgindade nele, basta dizer que o Senhor virgem pôs sua Mãe virgem nas mãos do discípulo virgem" 2 .

Ensi nam os Padres da Igreja que esse grande Apóstolo representava naquele momento todos os fiéis. E que, por meio de São João, Maria nos foi dada por Mãe, e nós a Ela como filhos. Mas João foi o primeiro em tal adoção. Foi ele também o único dos Apóstolos a presenciar e a sofrer o drama do Gólgota, servindo de apoio à Mãe das Dores, que com seu Filho comparti lhava a terrível Paixão. Quando, no Domingo da Ressurreição, Maria Madalena veio dizer aos Apóstolos que o túmulo estava vazio, foi ele o primeiro a correr, seguido de Pedro, para o local. E depois, estando no Mar de Tiberíades, aparecendo Nosso Senhor na margem, foi o primeiro a reconhecê-Lo.

Uma das três colunas da Igreja nascente Nos Atos dos Apóstolos, ele aparece sempre com São Pedro. Juntos estavam quando, indo rezar no Templo junto à porta Formosa, um coxo pediu-lhes esmola. Pedro curou-o, e depois pregou ao povo que se reuniu por causa de tal maravilha. Juntos foram presos até o dia seguinte, quando corajosamente defenderam sua fé em Cristo diante dos fariseus. Mais adiante, quando o diácono Felipe havia convertido e batizado muitos na Samaria, era necessário que para lá fosse um dos Apóstolos a fim de os crismar. Foram escolhidos Pedro e João para a mi ssão. São Paulo, em sua terceira ida a Jerusalém, narra em sua Epísto la aos Gálatas (2, 9) que lá encontrou "Tiago, Cleofas e João, que são considerados as colunas", e que eles, "reconhecendo a graça que me foi dada [para pregar o Evangelho], deram as mãos a rnim e a Barnabé em sinal de pleno acordo".

Depois disso os Evangelhos se calam a respeito de São João. Mas resta a Tradição. Segundo esta, ele permaneceu com Maria Santíssima durante o que restou ele sua vida mortal, dedicando-se também à pregação. Depois da intimidade com o Filho, o Apóstolo virgem é chamado a uma •estreita intimidade de alma com a Mãe que, sendo a Medianeira de todas as graças, deve tê-lo cumul ado delas em altíssimo grau. Que grande virtude deveria ter alguém para ser o custódio ela Rainha do Céu e da Terra! Assim, teria ele permanecido com Ela em Jerusalém e depois em Éfeso. " Dois m.otivos principais deveriam ter ocasionado essa mudança de residência: de um lado, a

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vilalidade do crislianismo nessa nnhre cidade; de oulro, as perniciosas heresias que começa vam a germina,: Jocio queria assim empenhar sua autoridade aposlólica, quer para preservar quer para coroar o glorioso edifteio construído por Seio Paulo; e sua poderosa influência não conlribuiu pouco para dar às igrej as da Ásia a surpreendente vitalidade que elas conserva ram duranle o século li " 3 . Após a do rmiçcio de Nossa Senhora - que é co1110 a

lgreja chama o fim de sua vida terrena - e a Assunção d' Ela aos Céus, fundou ele muitas comunidades cri stãs na Ásia menor.

Após a morte de Domiciano, o Apóstolo voltou a Éfeso. É lá que, segundo vários Padres e Doutores da Igreja, para combater as doutrinas nascentes de Cerinto e de Ebion que negavam a natureza di vina de Cristo - escreveu ele seu Evangelho 4 • Ordenou antes a todos os fi éis um jejum que ele mesmo observou rigorosamente, para em seguida ditar a seu di scípulo Prócoro, no alto de uma montanha, o monumento que é seu Evangelho. Transportado em Deus, com um vôo de águia, ele o começa de uma altura sublime: "No

Terceira aparição do Anjo em Fátima

O Anjo ensina a co111ungar be111

princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus". Este Evangelho, dos mais sublimes textos

jamais escritos, era tido em tanta veneração pela Igreja, que fi gura no ordinário da Mi ssa promulgada por São Pio V, pela fundamental doutrina que contém. Segundo São João Cri sóstomo, os próprios Anjos aí aprenderam coisas que não sabi am. São João escreveu também três Epístolas, sempre vi sando estabelecer a verdadeira doutrin a contra erros incipientes que se infiltravam na Igreja. Segundo uma tradição, o discípulo que Jesus amava teria morrido em Éfeso, provavelmente em 27 de dezembro do ano 101 ou 102. Mas alguns exegetas levantam a hipótese de ele não ter fal ecido, com base na seguinte passagem do Evangelho: logo após a pesca milagrosa no lago de Tiberíades - depois da Ressurreição de Jesus - Nosso Senhor confi ou mai s uma vez a Igreja a São Pedro. Este, vo ltando-se a Nosso Senhor, perguntou-lhe, referindo-se a São João: "E este? Que será dele?" Respondeu-lhe Jesus: "Que te imporia se eu quero que ele.fiqu e até que eu venha?" O próprio São João comenta: "Correu por isso o boato entre os

Antes das aparições de Nossa Senhora, e como preparação para elas, os pastorzinhos de Fátima receberam três aparições do Anjo de Portugal. Na primeira, o Anjo lhes ensinou uma oração; na segunda, os incitou a fazer penitência; na última - ocorrida no lugar chamado Loca do Cabeço, no fim do verão ou começo do outono de 1916 - o Anjo inclusive lhes deu a Sagrada Comunhão. Eis como narra a Irmã Lúcia essa última aparição do Anjo: "Logo que aí chegamos, de joe lhos, co m os rostos em terra, começamos a repelir a oração do Anjo: 'Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos, etc.' Não sei quantas vezes tínhamos repetido esta oração, quando vimos que sobre nós brilhava uma luz desconhecid a. Erguemo-nos para ver o que se passava, e vi mos o Anjo trazendo na mão esquerda um cá li ce, e suspensa sobre ele uma Hósti a da qual ca íam dentro cio cá lice algumas gotas de Sangue. "Deixando o cá lice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra junto ele nós e repetiu três vezes a oração: "- 'San 1íssi111a Trindade, Padre, Filho, Esp írilo Sa11to, adoro- Vos pro.fitnda111e11 1e e of ereço-Vos o preciosíssimo Co rpo, Sangue, Alrna e Divi11dade de Jesus Cristo, presenle em. lodos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrqjes, sacrilég ios e indiferenças com que Ele 111es1110 é of e11dido. E pelos mérilos infinilos do seu Sa111 frv imo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a co11 versão dos pobres pecadores '.

irmcios de que aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse 'não morrerá', mas 'que te imporia se quero que ele fique assim até que eu venha?'" (Jo 2 1, 15 a 23). ♦

Notas: A Última Ceia (detalhe) São Marcos, Florença

Fra Angélico (séc. XV), Museu de

Vivo após o martírio Ocorre então o marlírio de São João, que é comemorado no di a 6 de maio. O Im perador Domiciano o fez prender e levar a Roma. Na Cidade Etern a, ele fo i fl agelado e colocado num ca ldeirão de azeite fei·vendo. Mas o Apóstolo virgem saiu dele rejuvenesc ido e sem so frer dano algum . Domiciano, espantado com o gran de mil agre, não ousou atentar uma segunda vez contra ele, mas o desterrou para a ilha de Palmos, que era pouco mais do que um rochedo. Foi ali , segundo a Tradição, que São João escreveu o mais profético dos livros das Sagradas Escrituras, o Apocalipse.

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"Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cá li ce e a

L Frei Ju sto Pérez de Urbe!, OSB, A,i o Cristiano, Ed iciones Fax , Madrid , 1945, torno IV, p. 614. 2. Ap ud Fre i Ju sto Pérez de Urbe!, OSB, op. cit. , p. 6 12. 3. Abbé L. CI. Fillion, La Sainte /3ible avec co111111entaires, Évangile se/on S. Jean, P. Lethi ell eux, Libra ire-Êditeur, Pari s, 1897, Prefácio. 4. Les Petits Boll andistes, Vi es des Saint.,· d'apres le Pere Giry, Bloud et Barrai, Librai res-Êd iteurs, Pari s, 1882, torno X IV, p 489.

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" - 'Tornai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelm ente ultrqjado pelos hornens ingrato.1·. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus'.

"De novo se prostrou em terra e repetiu conosco mais três vezes a mesma oração: 'Sa111íssinw Tri11dade... ele.', e desapareceu. "Levados pela força cio sobrenatural , que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando-nos como ele e repetindo as orações que ele dizia. A força da presença de Deus era tão in tensa, que nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporai s por um grande espaço de tempo. Nesses dias fazíamos as ações materiais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e a felicidade que sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento fís ico que nos prostrava também era grande" (Antonio A. Borelli Machado, As Aparições e a Me11sagem de Fâlima, pp. 34/5).

Comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

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Outras obras consultadas: Pe. M.-J. Lagrange, Évangile selon Saint Jean, Librairi c Leco!Tre, Paris, 1936, 6'. ed ição, lnt rod uction, pp. VI a XII . Pe. Jean Cro issct, SJ, A,i o Cristiano, Saturnino Call cja, Mad ri d, 190 1, torno IV, IJP. 963 a 969. Ecle lvives, E/ Sa nt o de Cada Día , Ed it or ial Luis Vives , S.A. , Saragoza, 1949, to rno VI , pp. 573 a 58 1. Pe. José Leite, SJ, Sa11tos de Cada Dia, Ed it ori al A. O., Braga, 1987, pp. 490 a 495.

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Hóstia e deu-me a Hóstia a mim ; e o que continha o cá lice, deuo a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo ao mesmo tempo:

is a descrição de uma coisa sublime que é a preparação, fe ita por um Anj o, de três alm as incumbi das de uma mi ssão pro fét ica para o mundo co ntemporâneo. Ele as preparou por esta fo rma, di zendo tais coisas, aparecendo dessa maneira. E ele mesmo, por mi ssão di vina, deu a primeira comunhão àquelas almas inocentes. Está indi cado ass im qual é o ca minho pelo qual as almas devem prepararse para a vicia eucarística. Devem pre-

parar-se para a vida eucarísti ca todos os di as, pela idéia do sofrimento, pela idéia da luta. E não é só pela idéia, mas é pela luta efetivamente reali zada, pelo que eu chamari a de corpo-a:corpo invencíve l contra a Revolução moderna. Se em todos os lugares do mund o onde se ama a Deus se lutar também contra a Revolução, o perfume destesacrifício oferecido tem di ante de Deus um bom odor tal, que a Contra-Revolução pode vencer (Plinio Corrêa de Olivei-

ra, palestra para correspondentes da TFP em 5-6- 1994). Nota da Redação - O Prof. Plínio emprega aqui os termos "Revolução e Contra-Revolução" no sentido que lhes dá em seu Iivro de mes mo nome, no qual a luta não significa necessariamente uma luta física ou armada, mas sobretudo uma luta das almas - moral e espiri tual - contra a avalanche anticri stã de nossos dias.

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Escrevem nossos Participantes Obrigado, Maria! - Foi um prazer enorme receber a visita de Nossa Senhora de Fátima em minha casa. Fiquei tão emocionado, que não tenho palavras para agradecer . Só Nossa Senhora pode saber como fi quei feliz. Foi uma grande graça esta vinda em minha casa . Todos os dias eu louvo a Deus e sua Mãe por tudo que me acontece em minha vida. Foi o maior presente que recebi. Espero que Ela também tenha ficado feliz por ver vários filhos seus aqui em minha casa. Foi grande a emoção dos convidados, muitos choravam em ver tão linda imagem diante de uma família simples e humilde que somos . Obrigado , Maria! Despeçome prometendo que continuarei re zando todos os dias meus terços a Nossa Senhora e fazendo orações para vocês, que trabalham incansavelmente pela salvação de todos os irmãos do mundo inteiro. Que yo.cês tenham força e coragem para lutar em prol desta campanha de Fátima (AFP, Mato Grosso do Sul) A Virgem Santíssima nos salvou - Fiquei muito contente em rece ber outra c arta . Um mês atrás nós sofremos um acidente de carro, eu, minha filha, meu marido e mais duas pessoas . Estava chovendo muito forte, e meu marido foi desligar o carro e pisou no freio , o carro per-

deu o controle e rodopiou na pista até que bateu. A Virgem Santíssima nos salvou da morte, porque do jei to que nosso carro ficou era para ter morrido todo mundo. Nós começamos a pedir socorro a Nossa Senhora na hora em que ele começou a rodopiar, e me lembrei que estava com a Medalha Milagrosa no pescoço, segurei com muita fé e gritava para nos socorrer . E Ela atendeu nossos pedidos. Eu quebrei as duas pernas e tive um corte no braço di reito, e meu sobrinho cortou a testa. O teto do carro se partiu. Surgiu socorro, acho que ninguém estava acreditando no que tinha acabado de acontecer. O pessoal que conversava com a gente falava que ti nha que ser milagre, porque do jeito que o carro ficou ... (DJVO, Paraná).

O cano da arma estava trancado - Eu também gostaria de receber a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Tentei ligar, mas não foi possível. Vou contar uma graça . Eu estava andando na rua sozinha, sem perceber que havia um carro me perseguindo . Era um carro cheio de rapazes, devem ser drogados . Um deles, muito rápi do, pegou a arma, apontou para mim e não disse nada . Eu, com muita fé, pedi socorro a Nossa Senhora , pois eu não queria morrer. Eu olhei para

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a arma e vi que não havia lugar por onde sair as balas, o cano estava trancado com uma tampa . Eu sei que foi Nossa Senhora que trancou, para as balas não me matarem. Nossa Senhora das Graças não me desam para nunca, essa medalhinha milagrosa que trago comigo me salvou. Chorei muito (MM, Paraná).

Obrigado por existirem - Que a paz de Jesus e o amor de Maria estejam com vocês . Tive a bênção de receber a imagem em minha casa, é indescritível a emoção sentida . Estou na campanha há algum tempo e confesso não imaginar que pudesse receber a visita. Já consegui algumas graças, a última há dois anos, exatamente no dia 13 de maio. Um garoto de 14 anos conseguiu o transplante de rim exatamente nesse dia, após alguns meses do meu pedido, e hoje com 1 6 está curado e saudável. Não posso deixar de comentar sobre o peregrino que esteve em casa, um exemplo de fé, amor e confiança e um jovem que tem uma vida para usufruir, mas aproveita da melhor maneira. Não se comenta outra coisa na cidade, que hoje com certeza não é mais a mesma. Só tenho que agradecer a Deus e continuar pedindo a Deus que essa Campanha cresça cada vez mais. Obrigado por existirem (MABC, São Paulo) .

Rio de Janeiro

sangue corri.a dos ferimentos"

que cm Fátima Nossa Senhora mostrou a grande quantidade de almas que iam para o inferno.

ma cena chocante aconteceu no Rio de Janeiro em 30 de setembro último, no encerramento da Ta too Fest, convenção internaci onal que reuniu 300 tatuad ores na Fundição Progresso, na Lapa. Deitado sobre uma maca colocada em um patamar, vestido apenas com uma calça com prida , o j ovem catarin ense conhec ido como Lagartixxxa deixou que Snoopy, especiali sta em piercings, fi zesse c inco inc isões em suas costas com um bi sturi . N os buracos, Sn.oopy in se riu ga nchos se mel bantes aos de açougue, feitos de material cirúrgico. Pelos ganchos presos a cord as, Lagartixxxa foi elevado a quatro metros do chão e fi co u suspenso lá em c im a por dez minutos. O sa ngue corri a dos ferimentos. Muita gente fo i embora horrori zada, e outros passaram mal com a cena. "Teve gente até desnwiando ", conta I sa Boechat, produtora executiva da Fundição. M as boa parte do público aplaudiu intensamente a ex ibição. Chocada com o que chamou de "circo de horrores", depois de I O minutos Isa fo i até os organi zadores e ex igiu que encerrassem a apresentação. Após retornar ao chão, Lagartixxxa foi tratado pelo próprio Snoopy. Em cada um dos buracos abertos na pele hav iam se formado bolsas de sa ngue coagulado,

A mulher mecânica, um símbolo de nossa época

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que teve de ser espremido com massagens. Trata-se de uma suspensão, ritual que, segundo seus adeptos, teri a se ori ginado entre os índi os brasileiros.

Quando os missionários católicos chegaram ao Brasil no século XVI, encontraram entre os índios rituais de can1ter diabólico. Zelosos pela glória ele Deus e salvação das almas, tais missionários esforçaram-se por extirpar esses rituais e converter os índios à prática ela verdadeira Religião. Hoje cm dia, à medida que vão desaparecendo os últimos vestígios de civilização cristã no Brasil, retornam as práticas pagãs aparentadas ao clcmonismo. O que talvez seja mais impressionante na notícia acima é que "boa parte do público aplaudiu". embramos

ma ofi cina mecâni ca em São Paulo só contrata mulheres. Di z uma de-

las: "As unhas, não adianta fa zer, pois a graxa e a gasolina cormem tudo. Após o expediente a gente tem de passar uma pasta para limpar os dedos, e lá se vai todo o esrna/Je". A Éloile é uma concessionária da Citroen no bairro lnterl agos, em que o servi ço é feito excl usivamente por 32 mulheres. Muitas delas, ainda adolescentes, executam até mesmo a pesada tarefa de trocar o câmbio dos carros.

O feminismo, ao procurar uma falsa igualdade da mulher com o homem, acaba roubando da mulher suas características próprias, que a fazem inigualável na obra da Criação. A mulher é naturalmente delicada, sensível e chamada a completar admiravelmente o papel cio homem no lar. Ao abrir para as mulheres inclusive profissões pesadas, como a de mecânica, a sociedade moderna tende a degradar o papel ela mulher, cm vez de elevá-la. O símbolo próprio da mulher foi realizado de modo excelso por Nossa Senhora, rainha ele todas as delicadezas.

Imagem de Fátima visita Superintendência da Polícia Federal

Aderentes da Campanha dão novo impulso às peregrinações apelo aos aderentes da Campanha Vinde Nossa

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Senhora de Fátima, não tardeis! para que colaborassem

Dia 1º de outubro: a imagem de Nossa Senhora de Fátima entra nas dependências da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, numa caminhonete, e é recebida por delegados, detetives e funcionários perfilados. Durante a cerimônia de chegada, rezaram-se três Ave Marias e uma Salve Rainha, ao findar das quais estrugiu uma salva de palmas .

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C A T O L I C 1S M O

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A imagem peregrina permaneceu dois dias na capela da Superintendência da Polícia, recebendo visitas e oraçôes. Da esquerda para a direita, Sr. Fábio Cardoso, cooperador da TFP e peregrino de Fátima, Dr. Marcelo ltagiba, superintendente da Polícia Federal no Rio, e a Sra. Zélia Navarro Soares, assistente social.

para o aumento das unidades de peregrinação, feito em outubro pelo Coordenador da campanha, Marcos Luiz Garcia, obteve excelente repercussão.

Isso nos permitiu iniciar uma renovação na frota de veículos, principalmente aqueles não adequados para a peregrinação. Com esse apoio poderemos planejar o ano de 2002 com um aumento de unidades de peregrinação pelo Brasil. Tem sido muito grande o in-

teresse das famílias em receber em seus lares as imagens pere grinas. A espera tem sido lon ga, pois ainda não temos condições de atender a todas as solicitações. Muitos aguardam ansiosos essa visita, e a solução desse problema será uma das prioridades para 2002.

C A T O L 1C 1S M O

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Campanha de Fátima combaterá . imoralidade na TV á muito enfraquecida pela doença que a levari a desta vici a, Jacinta fo i transferida para Li sboa, fi ca ndo algum tempo no Orfa nato ele N ossa Senh ora ci os Mil agres. C uid ou dela a M adre M ari a ela Purificação Godinho, que teve o cuidado ele anotar o que ouv ia ela privilegiada v idente. Foi nessa ocas ião que Jacinta di sse:

J

vem para rea lçar cio que para esconder as fo rm as que a modéstia mandar ocul tar. Sobre tais moelas, Jacinta fo i incisiva:

"As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. A Igreja não

"Os.pecados que levam. m.ais almas para o Inferno são os pecados da carne. Hão de vir umas 1noda.1· que hão de of ender rnuito a Nosso Senhor". A imoralid ade rea lmente vem tomando conta cio mundo moderno, numa comprovação impress ionante cio que N ossa Senhora de Fátima revelou à pequena Jac inta. Aí temos a liberação cada vez maior elas práticas homossex uai s, a ex pansão ci o amor livre, a proliferação ci o aborto e a busca desenf reada ci o prazer, que freqüentemente leva à limitação artificial ci o número ele filhos. E tudo isso serv ido por moelas imoralíssimas, um semi-nudi smo cada vez mais próx imo ci o nudi smo total, uns farrapos ele roupas co locados sobre o corpo ele modo tão apertado, que mais ser-

tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo." A TV vem se encarregando ela abomin ável tarefa ele propagar tudo isso. Pelas imagens que traz, pelas novelas que encena, pelo modo co mo se apresentam as atri zes. Por isso, compreendemos perfe ita-

mente as recomendações que nos chega m ele nossos parti cipantes, para que

a Carnpanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, nüu tardeis! proteste junto às emi ssoras ele TV e ao Mini stéri o ela Ju stiça a fim ele que cesse tanto incitamento à imoralidade. Ante tais pedidos, a coord enação da Campanha está estudando um a ação efi caz, em parceri a com a Ca mpanha " O Amanhã de Nossos Filhos", ela TFP, coordenada pelo Dr. Paul o Corrêa ele Brito Filho. Trata-se ele fortalecer no próx i mo ano a luta contra a TV imora l, e dessa forma atender aos apelos fe itos em Fátim a relati vos à moral católica. Quando N ossa Senhora fa lou dos erros do comuni smo, evidentemente estão aí inc luídos os erros morai s que vi sam à destruição ela famíli a cri stã. A campanha Vinde Nossa Senhora de Fátim.a, não ta rdeis! vai trabalhar para que a imoralidade nos meios de co muni cação, na educação e na fa míli a sej a fortemente refreada. Rezemos a Nossa Senhora de Fát ima para que esses objeti vos sej am plenamente alcançados.

Encontros regionais A Ca mpanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não ta rdeis! está promovendo uma séri e de encontros regionais, nas principais cidades do País em que se concentra maior número ele aderentes. Esses encontros têm se mostrado extremamente formativos. Neles são anali sados os acontecimentos recen-

tes, ele maneira clara e objeti va à lu z el a Doutrin a Católi ca, e mais espec ifica mente à lu z ela M ensagem de Fátima. É ainda uma excelente ocasião para os parti cipantes poderem conhecer outras pessoas que compartilh am os mesmos ideai s.

Participe da Aliança de Fátima Participe você também da Aliança de Fátima . Nossa Senhora saberá recompensar quem ajuda a difundir sua Mensagem . Escreva, telefone ou envie seu e-mail para a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! e peça mais informações para ser um Membro da Aliança de Fátima . Ou participe como Benfeitor do Programa Radiofônico A Voz de Fátima, ajudando assim a propagar a Mensagem de Fátima pelas emissoras de todo o Brasil.

Plantão de Atendimento da Campanha: Tel.: (0 ** 11) 3955 -0660 . Internet: www.fatima .org .br E-ma il: fidei@sti .com .br Endereço para correspondência: Rua Martim Francisco , 665 . CEP 01226 -001 São Paulo {SP)

O vírus da AIDS e o castigo divino O Dr. Rubens Riotorto, conceituado médico uruguaio participante de entidade afim com a TFP no vizinho país, apresenta abalizada e esclarecedora análise da epidemia da AIDSsua origem, seus sintomas e difusão universal - relacionando esse flagelo com os castigos previstos por Nossa Senhora em Fátima

v::

isitou a TFP brasileira o Dr . Rubens Riotorto, médico clínico cancerologista de Montevidéu. Católico militante, fiel à outrina tradicional da Igreja, leitor e amigo de Catolicismo, ele conheceu e admirou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que desempenhou importante papel na sua sadia formação moral e cultural. Durante a vida do fundador da TFP brasileira e inspirador das demais TFPs , nosso visitante colaborou com as TFPs uruguaia e chilena . Atualmente faz parte de Tradição e Ação por um Uruguai Autêntico, Cris tão e Forte, entidade co-irmã da TFP brasileira que realiza importante trabalho contra-revolucionário no país vizinho. Durante sua passagem por São Paulo, proferiu o Dr. Rubens interessante, instrutiva e esclarecedora palestra para sócios e cooperadores da T FP sobre as origens, o desenvolvimento e as perspectivas desse flagelo mundial que é a AIDS. Catolicismo aproveitou a visita do Dr . Rubens Riotorto para entrevistá -lo sobre o tema.

Catolicismo -

Por que o Sr. atende pacientes portadores da AIDS, quando a sua especialidade é a cancerologia clínica? Ih: Riotorto - Isto se deve ao fato ele que, entre os portadores da A IDS, ex iste maior incidência de certos tum ores do que entre a população em geral. Por exempl o, 6 fr quente que certas doenças tumora is, como o sarcoma de K apos i, ocorram nos pacientes que so frem da A IDS. Por isso atendo em meu consultóri o esse tipo de pacientes , razão pela qual elevo atuali za r perman entemente as in fo rmações que tenho sobre essa enfermid ade.

• •• • : •

Catolicismo - Em última análise, o que significa AIDS e HIV? Ih: Riotorto - A AIDS (Síndrome de lmunodefi ciência Adquirid a) é uma enfermid ade in fectocontagiosa, reconhec ida como entidade clínica nova em 198 1 - portanto, h,í 20 anos - prod uzida por um víru s, o da imunodefi ciência hum a-

• • • • •• •

na. Daí seu norne.

• • • •• •

CATO LICIS MO

''A AIDS é uma enfermidade

infecto-contagiosa, reconhecida como entidade clínica nova em 1981 • produzida por •• um vírus, 0 da

Também se des igna o víru s pelas letras HIV, •

• 38

Dr. Riotorto:

imunodeficiência humana"

pois corresponde às ini ciais do seu nome em in• • glês (Human lnmunodefi ciency Viru s) . Ex istem • dois tipos de vírus da imunodefici ência: o HIV• 1, que é o mai s difundido, e o HIV-2, que é da mai or importância epidemiológica na Á fri ca Ocidental.

• Catolicismo -

Como surgiu esse vírus, e por que ele se difunde atualmente?

• Dr. Riotorto - Ex istem três possibili dades: uma, : que o agente etiológ ico - quer di zer, o causador • ela enfermidade - tenha aparec ido por um a mu• tação mai s virulenta ele um microorgani smo que : ex isti a em estad o latente na popul ação, mas sem • causar qualquer doença. Essa mutação, ca usad a • por um fator que desconhecemos, teri a tran sfor•• macio o microorgani smo, tornand o-o ativo. Outra poss ibilidade é que o víru s ela AIDS tenha : ex istido numa popul ação isolada que tivesse ele• senvolv ido resistência ao referido agente, mas que • recentemente se tenha introdu zido em um ambi •• ente sem res istências; e por isso teri a se propa• gado de maneira tão devastadora. Finalmente -

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CATO LIC ISMO

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é a terceira hipótese - poder-se-ia ex plicar a introdução do víru s da AIDS entre os homens a partir de outras espéc ies.

logo regressaram a seus países de ori gem foi o que induziu alguns espec iali stas a levantar esta hipótese. Eu mes mo ouvi sustentá- la um cienti sta elas Nações Un idas que visitou o Urugua i há alguns anos.

Catolicismo - No estado atual das investigações, a qual dessas explicações a comunidade científica se inclina? Dr. Riotorto - Para o HlV-2, a terceira hi pótese é considerada a mais pl ausível. M as também para o HIV- I ela é ava li ada cada vez mai s como provável. Ou seja, o mais prov áve l é que venha ele outras espéc ies, especialmente cio sími o.

Catolicismo -

Como pôde esse vírus contaminar o homem? Por que meio? D,: Riotorto - Ex iste um víru s nos símios, o SIV, que é muito semelhante ao HIV, mas que aos ditos animais não cau sa qua lquer doença. Investigar como o SIV pôde tran sformar-se no HIV eleve ser mui to importante para o desenvolvimento de futuras drogas ou vacinas que combatam o mal.

Catolicismo -

• •

• • • • •• •

• Catolicismo - Então, na origem da AIDS poderá estar um pecado contra a natu,eza ... Dr. Riotorto - É bem verdade. Não se pode descartar a hipótese de que tenha sido por un1 infamante pecado ele bestialidade que o víru s se tenha tran sferid o cios símios para os homens. Nesse caso, a conotação mora l fi cari a ainda mai s elara, pois na causa ci o mal encontraríamos a bestiali dade, e em sua propagação a homossex ual idaele. Duas gravíss imas desordens morais, dando origem a um terrível fl agelo. Catolicismo - Que indícios existem a favor dessa explicação? Dr. Riotorto - Embora seja uma hipótese, ela se baseia em fatos bem conhec idos de como fo i o início e a posteri or propagação da enfermi clade. Esta estari a vinculada às obras ele infra-estrutura que se rea li zaram em países da Á fri ca Central , onde participara m operári os prove nientes do H·aiti e de outros pa íses do Ca ribe. Na clécada de 70 e no in íc io da ele 80 eram muito f re-

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"O vírus ataca o sistema

imunológico em um ponto central para seu normal funcionamento, transformando em caos esse sistema maravilhoso de reconhecimento e defesa"

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qüentes e i111portantes e1n nún1ero as exc ursões :

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ele comunidades ele homossex uais, provenientes ela Europa e ci os Estados Un idos, a hotéis dessa região. Saía m ele N ova York , Los Angeles, São Francisco, Pari s, Berlim e outras grandes cidades. l sso coincide co n1 a epiclen1io log ia da enfermidade, que se propagou ela África para as cicl aeles j á mencionadas, onde apareceram os primeiros casos. Além di sso, o f ato ele os símios dessas regiões africanas serem portadores cio SlV - e de que era conhec ida a prática da bestialidade entre os que traba lharam nessas zonas, os quais

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• Catolicismo -

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Quais são os sintomas e como é sua evolução? Dr. Riotorlo - Do ponto de vista clínico, a doença passa por três etapas. Na primeira, após haver contraído a infecção, 50% cios pac ientes desenvolvem sintomas parec idos com os da gripe. N essa etapa o sistema imunológ ico não consegue eliminar o víru s, mas o control a de modo bastante eficaz. Na segunda fase, o vírus permanece aparentemente inerte por longo tempo. O paciente não nota qualquer sinal extern o. Apesar di sso, a couraça imunitária encontra-se seri amente debilitad a. O organi smo lu ta por manter o equilíbri o. É um a luta titâni ca. Cada di a são produz idos e destruíd os mais ele 10 bilhões de víru s e um bil hão de célul as CD4. Na terceira fase, o vírus ga nha a bata lha. A s defesas do o rgani sn1 0 estão deb ilitadas e 111 extremo. Este estágio é conhec ido como A I DS. A contagem ele cé lul as CD4 ca i aba i xo ele 200 e o orga ni smo se encontra à mercê dos agentes ca usadores ele enfe rmid ades, como bactéri as, víru s, fun gos e parasitas. Além di sso, aumenta muito o ri sco de desenvo lver enfe rmid ades tumorai s, como o sa rco ma de Kaposi e os lin fomas. Record emos que os linfóc i tos CD4 são muito importantes, entre outros, na luta co ntra as bactérias intrace lul ares e na ativação cios linfóc itos B, que são os qu e produ zem os anticorpos. Portanto, o víru s ataca o sistema i muno lógico en, u111 ponlo central para seu norn1a l fun cionamento, transformando em um caos esse sistema marav ilhoso ele reconh ec imento e defesa. N ão deixa ele ser in sinu ante o pa ra leli smo do processo ele degeneração rum o ao caos, que provoca a A I DS , co m o processo de desorgan ização que se observa na soc iedade. Creio que a obra Revolução e Cont ra- Revoluçc7o, do Prof. Plínio Corrêa ele O li veira, descreve um processo soc ial análogo.

: • : • • : •

Como evoluiu a enfermidade , desde a década de 70 até agora? D,: Riotorto - A pergunta é interessante, porque em certo sentido essa epidemia tem ca racterísticas que a fazem única. Os primeiros casos, que chamaram a atenção elas autorid ades sa ni tári as, dera m-se em jovens homossex uais homens. Estes apresentava m sa rcoma ele K apos i e pneun1onias por Pneu,nocystis carinii. En1bora essas enfe rmid ades se observassem em dis-

tintos subgrupos ela população , sua ocorrência • em pessoas j ovens previame nte sad ias não ti - : nha precedentes. •

• Catolicis1110 -

Então parece haver uma clara : relação entre a AIDS e o pecado contra a na- • • tureza. • Dr. Riotorlo - Os primeiros casos se verifi ca- • ram , efetivamente, em homens homossexuais, o • • que levou a pensar que estavam li gados ao estilo • de vicia homossex ual dessa popul ação. Sem eles- • 1ne ntir essa dedução, logo se verificara1n casos : ele AIDS também em outros grupos humanos, • como hemofíli cos e viciados em droga. Em se- : guicla apa recera m out ras três ca tegori as ele pac i- • entes da AIDS: receptores de tran sfu sões, ad ul - • tos da África Centra l e crianças cujas mães ti - : nham AJDS ou usavam drogas in travenosas. As- • sin1 vê-se que , un1a vez desatada a epide1nia da : A IDS , há também outras formas de propagação • cio mal, distinta da homossex ualidade. :

Catolicismo -

Pelo visto, a terrível enfermidade poderia atingir grande parte da humanidade, e não apenas os homossexuais. D,: lliotorlo - Si111 , e não é fáci l ev itá- la. O HIV se transmite pelo sa ngue contaminado - com o uso promíscuo ele ser ingas, co mo ocorre entre os viciados em drogas - e ele outras formas. A observação ele pac ientes com ALDS , presumívelmente contagiad s p r tran sfu ões recebidas no três anos anteri ores ao in ício da manifestação cios sintomas, pode servir de alerta. Porque ex iste o chamado períoclojane/a, ou sej a, um período em que o vírus da A I DS está no sangue, mas não é detectado pelos exa mes que nele se rea lizam. Não sendo detectado pelas análi ses ele laboratóri o, é possíve l qu e o sa ngue reco lhido pelos bancos de sangue, aparentemente sadio, esteja ele fato transmitindo o víru s. O qu pode levar-nos a uma expansão ad iciona l do víru letal.

Catolicismo -

Qual é a extensão da en-

fermidade?

Dr. Riotorto -

Vou dar algumas cifras publi cadas pelos organismos intern acionais. Ca lcul a-se que fora m 5,3 milh ões as pessoas infectadas co m HIV no ano 2000, elas quai s 600 mi I eram menores de 15 anos. A s pessoas que vivem com o HIV são 36, 1 mi lhões. O total de mortos ele AIDS desde o co meço da epidemia é ele 21,8 milhões de pessoas . O tota l ele órfãos em igual período é de 13,2 milhões. Atualmente, o número de infectados em alguns países da África é ele tal mag nitude que, caso não se descubra um med icamento ou uma vacina eficaz, vá ri as nações desaparecerão. O que inevita-

• velmente nos faz pensar na advertência da Vir: gem em Fátima, quando afi rm ou que "várias na-

• ções desaparecerão".

• : Catolicis,110 • : • :

"Calcula-se que foram 5,3 milhões • • as pessoas : infectadas • • com o HIV no • ano 2000, : das quais • • 600 mil eram : menores de • 15 anos . : • As pessoas • • • que vivem •• •• com o HIV • • : são 36, 1 milhões. : • • O total de : : mortos de AIDS • • • desde o começo • •• • da epidemia é de • • • 21,8 milhões" : •

• : • • : • : •

.

Em face desse terrível flagelo universal , perguntamos ao Sr. como católico com conhecimentos médicos, antes que como médico: como o Sr. vê e que significado pode se atribuir à difusão dessa epidemia? Dr. Riotorto - Como católico, e com base nos conhec imentos científicos atuai s, ded uzo que a re lação e ntre bestialidade, ho rn ossex ua lidade e AIDS é possíve l e inqui etante. Faz- me pensar em Sodoma e Gomorra e se estamos diante ele um castigo di vi no. A M ensagem ele Fátim a fa la de um cas ti go, se os homens não se convertere m. E os pecados de besti alidade e homossex ualidade são de molde, segundo nos ensina o Catecismo, a c lan1a r ao Céu e pedir a vingança divina.

Catolicismo -

Poderia precisar um pouco mais a relação entre homossexualidade e AIDS? Dr. Riotorto - Os dados cio CDC (Center for Di sease Contra i) cios Estad os Unidos indicam que 60% dos casos ele AJDS e111 ad ultos naquele país estão vinculados a relações homossex uais masculin as, 7,3% a heterossex uais, e 6,6% acli cionais a casos ele homossexua lidade mascu lin a e uso ele drogas intravenosas . A Organi zação Munclial da Saúde fez um a di stinção entre os países nos quai s predom in a a tran smi ssão homossex ual e o uso de drogas in travenosas (padrão 1) ci os • países nos quais predomina a transmi ssão het.e: rossex ual (pad rão 11). Muitos países, especialmen• te na América Latina, ex perimentaram uma troca no padrão ele tran smissão, do l ao 11 .

• •

• Catolicismo -

A relação parece ser uma evi-

• dência.

••

D,: Riotorto -

Jsso, ao que pa rece, atestam os fatos. Ad emais, gostaria ele fazer outra consideração que, enquanto cató li co, pai , esposo e cid adão, causa- me grande preoc upação. É o fato de que, a propósito cio víru s, montou-se uma imensa ca mpanha ele propaganda de comiseração e aceitação ela homossex ualidade, e até de discrim in ação contra quem não é homossex ual. O ensino trad icional da I greja Cató lica, M estra e tutora ela moral , em matéria ele homossexualidade vem sendo com batido dos mais diversos modos. Estamos chegando a uma situ ação de ace itação moral genera li zada da homossex uali dade e da promiscu idade sex ual. Em outras palavras, uma mentalidade homossex ual di fusa percorre toda a soc iedade, inclusive naqueles que não são homossex uai s. ♦

CAT OLI

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ATUALIDADE à llI Conferênc ia lberoameri ca na de

Mini stros e Altos Responsáveis pela Infânc ia e Juve ntude, que se rea li zava e m Lima, Peru. No dia 30 ele o utubro, o Deputado Severin o Cava lca nti marcou audiê ncia com o emba ixador Jorge Pérez, ele Cuba. Do lado ele fora, e m plena avenida, a TFP juntame nte com associações de c uba nos desterrados organizou uma manifestação com faixas e a recitação cio terço junto a uma im agem ele Nossa Sen hora de Fátima . Fato inédito : fo i a primeira mani 1·estação reali zada diante ela e mbaixada ele C uba, em Brasília.

Escapando do inferno comunista NasoN BARRETTO

No dia 4 de novembro último, chegava ao Aeroporto de Guararapes, em Recife, procedente de Havanq. com escala em São Paulo, a menina cubana Anabel Soneira, até então retida em Cuba pelo governo comunista eque na c ubana Anabel Soneira Anti g ua esteve por ma is de três anos retida em C uba, apesar de e nf re ntar sério problema de saúde. Seus pais, o médico gastroenterologista Mi g ue l Soneira e Le tícia Soneira, fora m tachados de traidores do regime a partir cio momento em que trocaram a ilha-p ri são ele Fide l Castro pelo Brasil , ao nde tinham vindo a trabalho e m 1997. Após sucess ivos fracassos e m te ntar trazer a filha, atualme nte co m 14 a nós, os pais, radicados em Catencle (PE), finalmente apelaram para in stituições cubanas no exílio. Estas, em contato com a TFP e contando com o apoio cio Deputado federa l Severino Cava lcanti e cio lta maraty, fizeram as gestões que c ul minaram na liberação ele Anabel. De Recife, um he li cóptero transportou a menina até Catencle, a 13 1 quilô-

metros da capita l pe rna mbucana, o nde a aguarelava uma recepção apoteótica por pa rte ela população: 100 motoc icletas abrindo um cortejo com carro aberto pelas ruas, alé m de fl o res, músicas, fogos de artifício etc. O povo pernambucano compreendeu perfeitamente o que significa livra r-se cio comuni smo!

Campanha pela libertação de Anabel Ao tomar conhec imento do drama dessa fa mília cubana, o Deputado Severino Cava lcanti, representa nte do Estado de Pe rnambuco e prime iro-sec retário da Câmara cios Deputados, pronunc iou um discurso e m que denunciava o caso d a ado lesce nte, retida em C uba contra a vo ntade cios seus pais . Como estes tê m també m uma filha brasileira, N icole, hoje com um ano e

me io, puderam obter residência permane nte no Brasil, e a partir de e ntão procurava m trazer ele C uba a filh a mais velha.

Acima: Junto à família do Dr. Miguel Soneira, o Sr. Gonçalo Guimarães (centro), representante de Direitos Sem Fronteiras (DSF) e o Deputado Severino Cavalcanti foram receber Anabel 110 aeroporto de Guarulhos

"Dou a público este caso lamentável de violação do direito de ir e vil; dos direito.1· de uma adolescente, dos direitos de uma .fàmília e dos direitos humanos, que /em como principal responsável o ROverno de Cuba", afirmou em seu dis-

À esquerda: Da. Letícia Soneira com suas filhas

c urso o De putado Severino Cavalcanti . Seg undo o parlamentar, "este é um

dramafamiliar que merece toda a atenção dos governos do Brasil e de Cuba, pois o pátrio poder é um direito sagrado de todos os pais e mães defarnília, e esse direito precisa ser respeitado por todos os países do mundo". Cavalcanti re lembro u, mui to a propós ito, que este mesmo princípio fo i a legado por Cuba para exigir o retorno do pobre me nino Eli án Gonzá lez há cerca ele um a no. Apelando para a "urgente e imediata libertação de Anabel ", para colocar fim a uma "situação de injustiça", o prime iro-sec retari o ela Câmara advertiu :

"Esle episódio desgasta cada vez mais o governo cubano, a cada dia que passa, a cada hora que transcorre e a cada minulo que o relógio registra ".

Três anos de calvário Cava lcanti recebeu cios pais ele Anabel um comovedor pedido ele interceder pela liberação da adolescente e sua urgente vinda para o Brasil.

"Desde 1998 estamos tentando in.fr·uJif'eramenle trazer nossa.filha, mas as autoridades de Cuba não a deixam sa ir da ilha ", afirmam os pais e m carta clisManifestação a favor da viagem da menina Anabel para o Brasil, diante da Embaixada de Cuba, em Brasília, em 30-10-2001

A mãe recebe ameaças

tribuícla à imprensa. Eles ainda revelaram q ue, devido ao estado ele tensão a que estava submetida, Anabel sofreu recente me nte uma c rise depressiva grave, levando os próprios espec iali stas cio Hospital Santos Suárez, ele Havana, a reconhecer que a vicia da adolescente corria ri sco, e recome ndaram

''.fá ci/itar a reunião co111 a .figura 11w1erna para conseg uir a recuperaç:üo e111ocional da menor". "Mas 11e111 isso conseguiu comover as autoridades de Cuba ", comenta a mãe, Letícia. Ela c hegou a fazer três viagens a Cuba, em 1999, 2000 e 200 1 para tentar trazer a fi lha. Os pa is ela adolescente també m e nvia ram cartas às ma is altas a utoridades ele uba, inclusive a Fidel Castro, e também a arl os Lage, Vi ce- pres idente cio Co nselh o ele Estado, ao Mini stro do In terior, ao Mini stro da Saúde, à Pres ide nte ela Federação de Mu lhe res C uban as, ao d ire to r cio jornal "G ranma" e a outras instâ nc ias c ubanas, sem nenhum resu ltado. O proc sso fi cou re tido no Departam e nto ele lmi ração Nac iona l, e m Hava na.

A última vis ita de Da. Letícia a Cuba, e m julho de 2001, teve um caráter parti c u larmente dramático. Nessa ocasião ela ficou sabendo da grave doe nça depress iva da fil ha, mas teve que abandonar Hava na com urgê nc ia, dev id o às ameaças que sofreu de um oficia l cio Departame nto de Imigração Nac io nal , de que e la mes ma seri a retida e m C uba, caso conti nu asse a in s istir na saída da filha. Esse mes mo ofic ial afirmo u que a proibição ele sa ída ela filha e ra um castigo ao Dr. Mig uel Sone ira, considerado pe lo governo de Havana um "desertor e 1midor", pelo fato de ter decidido fixar residê ncia no Bras il. O médico traba lha atua lme nte na Pre fe itura de Catencle, onde recebeu recenteme nte ela Câmara Municipa l o título de "cidadüo honorário ", pelos serviços prestados à comuni dade e por ser muito querido na c idade.

Repercussão internacional No dia 22 ele outubro, o "caso Anabe l" passou a reperc utir nos me ios ele comuni cação nac iona is e inte rnacionais. Fo i publicacla matéria de g rande destaque no " Diario de Las Américas" , de Miami . O utro deputado pe rn a mbu ca no, Luc iano Bivar, e nviou me nsagem

Desfecho rápido No dia seguinte saiu a liberação cio visto para a viagem <le Anabel, após várias tratativas e ntre o ltamarati e o governo c ubano, pressionados pelo deputado pe rn ambucano. O caso Anabel tivera repercussão e m cadeia nac io nal de te lev isão. Não inte ressava para a esq uerda brasileira, que tantos e logios faz ao regi me co muni sta cubano, prolongar o notic iári o sobre um fato tão vergo nhoso, próprio ele um reg ime tirânico. Já no sábado, dia 3 de novem bro, no primeiro vôo ele Havana para São Paulo, Anabel viaj ou juntamente com sua avó. No aeroporto internacional de G uarulhos ag uarelavam-na seus pais Miguel e Le tíc ia, sua irmã Ni co le, o Deputado Severino Cava lca nti , bem como membros das assoc iações ele cuba nos desterrados e da TFP.

Recepção festiva De poi s de três lo ngos a nos imped ida de se integra r à fa míli a no Brasil, Anabel Soneira Anti g ua chegou finalme nte a Catencle, o nde vai morar com os pais e a irmã nasc ida no Brasil. Joaquim ela Si lva, serralheiro na Usina Catende, a propósito do caso Anabel, declarou ao diário carioca "O Globo" , edição 5 de nove mbro último: "A

gente recebe essa rnenina de braços abertos. Ela eslá vindo porque lá não é bom. Se fosse bom, eu até ia para lcí. Mas lcí nüo presla, é pior do que Pernambuco, e é por esse motivo que os cubanos vêm trabalhar aqui. Lâ não tem eleição, o regime é militar e o dono de lâ é Fidel Cas1ro ". ♦

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Santos, e festas

Dezembro: Será celebrada pelo Revmo. Padre Davi Francisquini uma Missa de Natal nas seguintes intenções:

de I[))JEZJE=vll!ffii 1

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Santos Edmundo Campion, Roberto Southwell e Companheiros, Mártires. + In g late rra , e ntre 15 8 1 e 1679. Destes I Ojesuítas, o ito eram ing leses e dois do País de Gales. Fora m todos marti ri zados por ód io à Fé. Primeiro Sábado do mês.

São Nicolau, Bispo e Confessor.

2 São Cromácio, Bispo e Confessor. + Itá li a, 407. Bispo de Aquiléia, no Vêneto, desenvo lve u em sua Sé uma vida c lerical e m com unidade. São Je rôn im o de nom in o u-o " o mais santo e o mais douto dos Bispos".

3 São Francisco Xavier, Confessor.

4 Santa Bárbara, Virgem e Mártir. + ?, Séc. 1Il ou IV. Desta Santa não foi possível precisar o lugar do nascimento e martírio. Padroeira ela Artilharia , é invocada contra raios, morte súbita e impen itência fi nal.

7 Santo Ambrósio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.

t

Santa Maria Josefa Roselho, Virgem. + Savana, 1880. Fundou a Congregação das Fi lhas de Nossa Senhora da Misericórdia, destinada ao amparo ele moças aba nd o nadas, que logo se difundiu na Itáli a e América Latina. Primeira Sexta-feira do mês.

8 FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM

9 São Pedro Fourrier, Confessor. + França, 1640. Entro u para a Congregação dos Cônegos Regulares, à qual deu novo vigor por s ua vi rtude e tale nto.

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Trasladação da Santa Casa de Loreto

São Sabas, Confessor. + Palestina, 532. Cognom inado a Pérola do Oriente, após vida eremítica nos clesfi ladeiros do Cedro n reuniu e diri g iu numerosos eremitas, fundando o mosteiro que levou de poi s seu nome.

São Daniel Estilita, Confessor. + Constantinop la, 493. Depois ele visitar os Lugares Santos, fixou-se numa coluna às margens cio Bósforo, aí

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Santo Edmundo Campion

Santa Bárbara

vivendo como esti lita por 33 anos.

to ridade e energia foi des ignado como Bispo para governar a reg ião a inda bárbara ele T hé rouanne (norte da França).

12 Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira Principal da América Latina

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Santa Joana de Chantal, Viúva.

13 Santa Luzia, Virgem e Mártir.

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Santa Otília (ou Odília). + França, Séc. VII. Esta santa , quando comp leto u 15 anos, cega de nascença, fo i levada a um mosteiro o nde fo i bati zada, recebendo nessa ocasião a vi são.

14 São João da Cruz, Confessor e Doutor da Igreja.

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São Venâncio Fortunato, Bispo e Confessor. + F ran ça, 600. Trovador ve neziano, tendo ido vi sitar o túmulo de Santo Hilário, em Poitiers, a ra inha Santa Radegu nda e a Abadessa Santa Inês convenceram-no a deixar a vicia nômade, ordenarse e compor hinos relig iosos.

15 São Folcuíno, Bispo e Confessor. + França, Séc. IX. Primo-irmão do g lo ri oso lm peraclor Carlos M agno, por s ua au-

16 Beata Maria dos Anjos, Virgem. + Turim, 171 7. Uma cios li filhos do Conde ele Santena e Baldissero, cuj o pai era pri mo de São Luís Gon zaga . Maria dos Anjos entrou aos 16 anos para o Carme lo ele Turim.

17 Cinqüenta Soldados de Gaza, Mártires. + Eg ito, 630. Ao genera l árabe que os inti mava a apostatar sob pena de morte, responderam: "Ningué m poderá nos separar do amor de Cristo; nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem as riquezas do mundo, pois somos serv idores de Cristo, Fi lho do De us Vivo, e estamos prontos a morrer por Aquele q ue morreu e ressusc itou por nós" (do Martirológio).

18 Nossa Senhora da Esperança ou Nossa Senhora do Ó

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São Gatiano, Bispo e Confessor. + Tours (Fra nça), Séc. IV. Primeiro a ir pregar o Evangelho na região ele Tours, da qual fo i Bispo.

São Nicolau

Santa Joana de Chantal

Santa Luzia

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São Nemésio, Mártir. + Alexandria, Séc. Ili. Absolvido de uma fa lsa acusação de roubo durante a perseguição de Décio, qu ando saía foi denunci ado co mo c ri stão e co nd e nado pe lo jui z a ser queimado vivo , recebendo assi m a coroa cio martírio.

São Sérvulo, Confessor. + Roma, 590. São Gregório Mag no re lata s ua vicia em seus Diálogos: paralítico, vivia de esmolas sob o pórtico da igreja de São C lemente em Roma.

FESTA DOS SANTOS INOCENTES, MÁRTIRES

20 São Teófilo de Alexandria e Companheiros, Mártires. + Séc. III. "Estes so ldados cris tãos do tribunal im peri al, vendo um de ·eus irmãos na fé vacilar diante cio jui z, fizeram-lhe sina is para e ncorajálo. Ao perceber os seus gestos, o juiz os in timou e eles não hesitaram em confessar sua fé, sendo imedi ata mente condenados à morte" (do Martirológ io).

21 São Pedro Canísio, Confessor e Doutor da Igreja.

22 Santa Juta, Virgem. + Al emanha, Séc. XI. Foi ter com ela a futura Sibi la e Profet iza cio Re no, Sa nta Hilclegarda, aos o ito anos de idade. Ju ta in struiu-a, dandolhe noções ele latim , med ic ina e História Natural, fa mili ari zando-a tão bem com os textos li túrg icos e a Sagrada Escritura que, ao fa lece r, Hildegarcla a substituiu como Abadessa.

24 São Charbel Makhlouf, Confessor.

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São Delfim, Bispo e Confessor. + França, Séc. ]V. Paladino e intrépido defensor ela [greja, fo i Bispo de Bordeaux e participou do Concí li o d e Saragoça, onde muito contribui para a condenação cios hereges priscilianistas.

25 NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

26 Santo Estêvão, Protomártir.

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São Dionísio, Papa. + Roma, 268. "Eleito após as perseg uições de Val e ri ano, que hav iam fe ito numerosas vítimas entre o clero romano, teve que reorganizar sua Igreja. M anteve relações epistolares com as igrejas do Ori ente, sobretudo a ele Alexandria" (do Martirológ io).

27 São João, Apóstolo e Evangelista. (v ide seção Vicia ele Santos, p. 32)

29 Santo Davi, Profeta. + Judéi a, séc. X a.C . Escolhido pelo próprio Deus para s uced er Saul , prime iro Re i de lsrae l, e nt ro u a servi ço deste como tocador ele cítara e derroto u o g igante Go l ias. Subin do ao trono, in sta lo u a A rca el a A liança e m Sion, q ue tran sformou na cap ita l de Is rae l.

30 FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA

• Pelos assinantes e leitores de Catolicismo. • Por todos aqueles que têm acompanhado e auxiliado a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! durante o ano de 2001. • Pela conversão dos pecadores. • Para que Nossa Senhora reconduza o Brasil pelas vias da fidelidade aos princípios imutáveis da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. • Para que o povo norte-americano saiba enfrentar com ânimo forte os sofrimentos decorrentes dos atentados terroristas.

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Santo Anísio, Bispo e Confessor. + Macedônia, 407. Discípulo ele Santo Ascó li o e seu sucessor na Sé de Tessa lônica, fo i nomeado por São Dâmaso e seus s ucessores como Vigári o Pontificai na flíri a.

31 São Silvestre 1, Papa e Confessor.

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Santa Melânia a Jovem, Viúva, e São Piniano, Confessor. + Palestina, Séc. V. Me lânia casou-se muito jove m com Piniano. Tendo- lhes morrido os fi Iho s, fi zeram voto de continência, li bertaram os escravos e distribuíram parte de seus bens aos pobres. CATOLI

e

IS MO

UJL "8Ji ,&li~ 2; j)8 1G e:J 0 -: 1J~8 ~VÜ;,;::;"' e a ]8naJ1

Será celebrada a Missa nas seguintes intenções: • Pelos assinantes e leitores de Catolicismo. • Pelos participantes da Aliança de Fátima. • Pelos benfeitores do Programa Radiofônico A Voz de Fátima. • Pelos participantes da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! • Pela união e santificação de todas as famílias católicas em torno da Sagrada Família.

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TfPs EM AÇÃO Nossa ·,comovida homenagem 12] Não sou assinante desta ma-

ravilhosa revi sta, mas sou le itor assíduo da mesma há muito te mpo, pois sou caseiro de uma senhora que há muitos anos é ass in ante e devota de Na. Sra. de Fátima. Através dela, to mei conhec imento de Catolicismo. Apesar da idade ava nçada, ela mantém uma verdade ira devoção e carinho por Nossa Senhora. Tenho o prazer de testemunhar todos os dias de manhãzinha seus dedos frágeis desfi ar pelas contas do Santo Rosário. As fo tos que e la recebe da rev ista são cuidadosamente emo lduradas e espalhadas pe la casa. As doações para a Campanha Vinde Na. Sra. de Fátima são eparadas como re líqui as sagradas. E todo mês eu as levo ao corre io. Ela faz coleção de Catolicismo . Posso levar a revi sta para ler em minh a casa, mas depo is prec io devolver para e la guardar. Assim que e u puder vo u fa zer uma ass inat ura, po is a revi sta tocou meu coração ! A pro teção da Sa ntíss im a Virgem a essa senhora é vi síve l. É impress io nante como e la se organi za no di a-a-di a. Aos 86 anos e la coz inha maravilhosa me nte be m, costura, mantém a casa completamente em di a nos mínimos detalhes, escreve e manté m uma letra leg ível e bonita. Peço através desta simpl es carta que faça m uma homenagem a e la através da rev ista. Se publi carem uma parte da carta na revista, fi care i imensa mente grato e e la fi cará imensame nte fe li z. Podem ter certeza. (E.R.F. - MG)

Imprensa teleguiada 12] F ique i bastante impressionado com todos os temas abordados

em Catolicismo . A seriedade colocada nesta revi sta não se e nco ntra em outras , pois a imprensa não é séria e é te leguiada e controlada por forças ocultas ao interesse do povo, po is o povo não deve (segundo e les) saber a verdade. Agradeço vosso interesse em mostrar a ve rdade, ta mbé m no vosso site. A revi sta está excelente. Como cató li cos, devemos valorizar nossa Reli gião e preve nir as pessoas daqueles que a quere m ver pe las costas. (R.B.T. - RS)

Indicação

l:Bl Gostei muito de receber a revi sta. Quero parabe ni zá- los pe lo be lo tra ba lho qu e, co m certeza, usare i e m minh a homepage cató li ca, e ta mbé m indicare i a revi sta para me us ami gos aqui de Min as. (A.T. - MG)

A vigilância da TFP 18] É com imensa honra que recebo em minha casa o Catolicismo , porta- voz desta respe itabilíssima Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Pmpriedade. Em outra oportunidade, pude le r a lg umas co isas sobre a T FP, verdade ira trinche ira de lutas e m prol da moral e dos valores da nação bras il e ira, tão aviltada pe los po líticos e pe la corrupção. E ago ra e m ma is um mo me nto so mbri o da vida nac io nal, em que un s po ucos te nta m , reviver esta doutrin a inefi ciente e mofada do ma rxi s mo . E is qu e, vi gil a nte co mo sempre, levanta-se a TFP para certamente se fazer ouvir pela sociedade e produzir tremores nos que almej am o exotismo de um sistema sórdido, que ruiu mundo afora, alé m de ser responsáve l por uma das ma is cruentas ditaduras do sécul o anterior. (E.M.V. - RJ)

Errata 12] Recebo mensalmente esta publicação de grande valor e qualidade, pela qual gostaria, de antemão, de parabenizá- los. Sou estudante de medic ina e, ao le r o exe mplar (Nº 609) de setembro de 2001 , observe i um assunto que gostari a de co mentar. Trata-se do subtítulo: "Funerárias prosperam em Botsuana", à pág. 39, onde ve mos uma ilustração cuja legenda é "Freira católica administra vacina contra AIDS a ó1fâos em Gaborone". A observação que faço é no sentido de a lgo que cre io j á ser de conhecimento de todos: que não há, até o momento, vacina que previna a infecção pe lo HIV o u mesmo a síndro me da imun odefi c iê nc ia humana (AlDS). Cre io que a legenda publi cada não passa de um leve engano. Espero que a contribui ção seja útil , sem de ixar de ser humil de. Grato pe la ate nção e ma is um a vez co municando os parabéns pelo trabalho evangeli zador.

TFP francesa promove encontro

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Correspondência (cartas, fax ou ema ils) para as seções Escrevem os Leitores e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que fi guram na página 4 desta edição.

Enviado especial Fran a

Prestigioso evento reúne 450 pessoas na capital francesa

(L.L. - RJ)

Nota da Redação: Co ntribui ção muito útil , sim , e agradecemos a correção. Ta is o bse rv ações são se mpre be m-vindas, particul arme nte neste caso concreto, po is a retificação pro vé m de um futuro médi co. De fa to, houve um lapso de nossa parte, um a vez que a fre ira está apli ca ndo um re médi o contra a lguns dos efeitos causados pe lo HIV, e não " vacina contra AIDS", como eq ui vocadamente publica mos.

Benoit Bemelm ans

Ao m icrofon e, o Sr. Jean Goy,1r<I, tendo à sua dire ita Dom Luiz <!e Orl<'ans e Bragança

Paris - No sábado, 6 de outubro último, a TFP fran cesa e a Associação Aven.ir de la Culture promoveram e m Pari s um encontro de seus ami gos e simpatizantes, os quais lotaram o auditóri o do Salon Monceau , a do is passos do Arco do Triunfo. Usa ram da palavra o Príncipe Dom Lui z de Orl eans e Bragança, Chefe da Casa Jmperi al do Brasil , Monsenhor Gi lles Wac h, Superior do In stituto Cri stoRe i Sumo Sacerdote e o Sr. Jean Goyard, da T FP francesa. Dom Lui z de Orlea ns e Bragança, exprimindo-se com e legânc ia na prime ira língua que aprendeu, o francês, comoveu o auditório com a profundidade de suas convi cções de príncipe cató lico e co ntra-revo lu c io nári o . Re le mbrand o princípios ex postos pelo Prof Plínio Corrêa de Olive ira, conclamou o auditóri o a agir cada vez mais em defesa da Civili zação Cri stã, lutando com resolução e sagacidade contra a desagregadora tril ogia revo lucionária liberté, égali!é,.fi·aternité, propugnada pela Revolução de 1789.

Monse nhor Gill es Wac h dese nvo lve u oportunas conside rações sobre a a tua lid ade, ress alta ndo qu e a San ta Igrej a é Mater et Magistra. E fri sou aind a qu e, nos piores mo me ntos da Hi stória, deve-se ter presente a promessa de Nosso Senh o r Jesus C ri sto, seg undo a qual as portas do infe rno não preva lecerão contra Ela. Esteve a cargo do Sr. Jean Goyarcl a introdução e a conc lusão das exposições, tendo ele destacado a o portunid ade da publicação pe la TFP fran cesa do fa moso artigo do Prof. Plíni o intitulado /\ cruzada do século XX, o qua l fo i distribuído a cada um dos presentes, sob a fo rma de um caderno ilu strado. Esse texto foi publicado há 50 anos no número I de Catolicismo . Traça com pal avras lumi nosas o programa a ser desenvolvido pe lo grupo de redatores da revi sta, reunidos e m torno de Plíni o Corrêa de Olive ira, os quai s viri am a fund ar mais tarde a Sociedade Brasileira de defesa da Tradição, Família e Proprie<lade. O cock-tail que se seguiu às exposições fo i ocasião de um contato pro longado dos parti c ipantes com os ex pos itores e co m sóc ios e cooperadores das entidades pro moto ras do eve nto. Vári as mesas e mostruári os ofereciam os livros e boletins das mencion adas assoc iações, tendo sido difundidos exe mpl ares das obras 'Revolução e Contra- Revolução' e 'Nobreza e elites tradicionais análogas, nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana ', do Prof. Plini o Corrêa de Olive ira, be m como cio livro O Cruzado do século XX, do Prof. Roberto de Matte i. ♦


Congresso da norte-a111ericana

Un1a guerra psicológica contra a orden1

Análise dos acontecimentos mundiais e da verdadeira natureza do Islã

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m outu.bro último, a TFP no rte-am . e ri ca na promoveu em sua sede de Spring Grove (Pennsy lvania) um congresso para J50 correspondentes da e ntidade. O objetivo fo i ana li sar os recentes acontec imentos que aba laram os Estados Unidos e o mundo, em especia l as conseqüênc ias previsíveis dos ate ntados ao World Trade Center e ao Pentágono. O e ncontro contou com a presença de Mons. Schmitz, Vi gário- Gera l do Instituto de Cristo Rei Sumo Sacerdote, e de D. Bertrand de Orleans e Bragança, príncipe impe rial brasileiro. Este último proferiu a confe rê nc ia inaug ura l, na qual ressalto u a impo rtânc ia da Mensagem de Nossa Sen ho ra de Fátima para e ntendermos os aco ntecimentos deste início de milên io.

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O Sr. John Horvat, diretor da TFP no rteamericana, qualificou o brutal atentado de 11 de setembro como "o corneço de um.a f?uerra pós-moderna ". Segundo o orador, esse ato c ri minoso visou destruir as estruturas da o rdem aind a ex istente no país, simboli camente atingida em dois impo rtantes a lvos. Em seguida fa lo u o coorde nador da Campanha de Fátima nos Estados Unidos, Sr. Norman Fulkerson , destacando a impo rtâ nc ia da confi a nça na Providê ncia Divina, nas circ unstâncias atuais, lembrando o exemplo hi stórico de Santa Joana d ' Are. A conferênc ia final coube ao escritor Joseph d ' Agostino, que ana li sou aspectos da Revolução C ultural e a natureza do Is lã, fornecendo importantes subsíd ios para a compreensão do atua l e nfrenta mento e ntre o fundamentalismo islâmico e a C ivilização Cristã. ♦

e

Acima: fac símile do documento publicado no "Washington Times".

Eles nos atacam.por causa dos resíduos de ordem que representamos

0111 o títu lo e m epígrafe, a TFP norteame ri cana denuncia a "g uerra psicológica" incuba la no ataq ue do terrorismo is lâm ico contra os Estados Unidos, e m documento pub li cado no quotidiano " Was hin gto n Times" de 7/ 11/2001. Nc l são ressa ltados impo rtantes aspectos desse aco ntecimento que abalou o mundo, d modo geral sile nc iados pelos órgãos de co municação social. A títul o ele xcmplo de tais aspectos, cita mos os s uintes tópicos da me ncionada publicação: "Na verdade, homens educados à moda ocide ntal , como Bin Laden, não devem ser vi stos ap nas como herdeiros do Islã med ieva l. ão també m revolucionários pós-modernos, 0 111 telefones celulares e ' site ' na lnt rn l. cu fundamentalismo não se rcp rta a1 cnas a um passado di t:111te, mas também a um Is lã reconst:ruído e novamente mi stificado, r ito sob medida para constitui r uma p d ro. a rejeição de tudo o que é ocide ntal. "Os Bin Ladens de hoje ão os di scípulos de uma nova geração de id ó logos revolucio nários que rei nterpretaram o passado do Islã. Em seu brado enra ivecido contra a hegemonia ocide ntal , convocaram todos os povos oprimidos a se re belarem . Em suas tiradas contra o cap ita li smo, exa ltaram os mé ritos de um soc iali smo mai s radical. Quando cleb]ateram contra a sociedade secularizada, in sufl am doutrinas religio. as esoté ricas". ♦

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Marcha Pró-Vida'' em Brasília Aberração: matança de inocentes sustentada por regulamentação ministerial P e várias organi zações a ntio rto rea li zara m uma caminhaª ela Catedral ele Brasília até o Ministéri o ela Saúde, no dia 9 ele novembro último. Portavam faixas, estandartes e bonecos, e encenaram uma representação teatral, tendo como tema a matança ele inocentes orde nada pelo sanguinário rei Herodes. Os manifestantes ocuparam três faixas ela pista principal da Esplanada cios Mini stérios, na Capital federal. Nesse dia completaram-se três a nos ela assinatura pelo Ministro ela Saúde, Sr. José Serra, ele uma Norma Técnica instruindo o Sistema Único ele Saúde (SUS) a praticar o aborto e m mulheres vítimas ele estupro o u com ri sco de morte. Tal Norma Técnica con traria a mora l católica e é inconstituc io na l. Foi um go lpe planejado pe los aborti stas para driblar o Congresso Nacional, que vem rejeitando os projetos de lei visando liberar, em larga medida, a prática cio abor-

to. Mediante uma canetacla, abriu-se a possibilidade ele se reali zar abortos na rede pública de hospitais financiados com nosso imposto. A Marcha terminou diante do Mini stério da Saúde, tendo os man ifestantes ex ig ido a revogação dessa iníqu a Norma Técnica abortista. Resposta do Mini stério? Limitou-se a fechar suas portas e janelas! Somente uma funcionária do protocolo recebeu a carta dirigida ao Mini stro. ♦

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Simpósio para a juventude

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urante o feriado de Finados, a TFP promoveu em sua sede na Serra do Japy, em Jundiaí, um s impós io para 30 jovens estudantes sec undários de São Paulo. Além do programa de formação, cons istente em uma série de palestras histó rico-culturai s ministradas e ntre os dias l º e 3, os j ovens participaram, com grande e ntu siasmo, de debates e círculos de estudos, como também de jogos e entretenimentos próprios à sua idade. O variado programa comportou ainda a ap resentação de espetác ul os de "sombra chinesa", bem como de sessões de audiovisua is ilustrativas das conferências. ♦

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XXVI Encontro Regional - RJ Os atentados dos terroristas islâmicos contra os Estados Unidos aproximam o mundo dos acontecimentos previstos em Fátima esar da chuva torrencial, mai s de 00 participantes da campanha " Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!" e da "Cruzada de Terços pela Família" reuniram-se no Hotel Glória, do Ri o de Janeiro, para comemorar o 84º aniversário da sexta aparição de Nossa Senhora em Fátima, ocor~ j rida em 19 17. A sessão foi presidida pe lo Dr. Plinio Vidi gal Xavier da S il veira. Prime irame nte fez uso da palavra o Desembargador Dr. Júli o César Paraguassu , que mostrou a im portâ nc ia da Mensagem de Fátima na presente conjuntu ra nac iona l e internacional. Em seguida o coordenador da Ca mpanha, Sr. Marcos Luiz Garcia, anal isou os atentados terroristas de 11 de setembro à luz da Mensagem de Fátima: "Todos estão preocupados com as conseqüências sombrias desses atentados, e sou levado a crer que o inundo aproximou-se mais do que nunca das perspecli va.1· anun ciadas pela Virgem em Fálim.a", disse. O Prof Diogo Shogo Waki apresento u a atuação de TFPs em vários países, visando a difusão dessa profética Mensage m. O cicl o das expos ições foi fechado com chave de ouro pe lo Padre Davi Francisquini , que concitou os presentes a aumentar cada vez mais sua adesão a Fátima e às TFPs, em seu bene mérito esforço de difundir com fidelidade e constâ ncia a Mensagem de ♦ Fátima no Brasil e no Exteri or. Nas fotos desta página, cenas do Encontro Regional

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ma pessoa poderi a olhar para o cedro e não perceber bem que ele apresenta uma arquitetoni a: um desenho comparáve l a um como que "bailado" imóvel de fo lhas . Caracteri za-o uma elegância, um a di stinção, uma classe, enfim uma superi ori dade que, elevando-se do chão para o céu, ele dá a impressão de dizer o seguinte: "Elevei-me tão formoso pelos ares, que passei a ser um a beleza integrante do céu - eu, cuj a semente obscura nasceu e germinou nas profundezas também obscuras da terra. " Olhai para a minh a base: é uma coluna. Olhai para esta coluna, e vereis que ela entra coraj osamente terra adentro. N ão renego o meu passado. Se é verd ade que enfrento tantas tempestades, tantos vagalhões; que sou res istente ao so l mais lu zidio; que desafi o os homens e vivo mais do que eles; e, na minha longevidade mais do que secul ar, posso di zer ao homem que acaba de me pl antar: 'durarei mais do que tu '; é verdade também que tudo isto estava contido numa semente primeira, num broto primeiro que fo i fincado na terra. "Esse elemento continha dentro de si toda a min a beleza, continha toda a mi -

nh a longcv icl adc, continh a toda a minha di gnidade. Tudo o que cm mim é feito para a lu z germinou nas obscuridades lo chão, e eis que aqui me alteio, mais alto do que as construções que me cercam, mai s venerando do que o passado de todos os homens que descansam à minha so mbra. " Quem sou eu? Eu sou o cedro. Qualquer cedro? N ão, o cedro do Líbano ! D aquele Líbano cantado pela Sagrada Escritu ra, obra de D eus louvada pelo próprio D eus".

*

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*

Se imag in ássemos um cedro dcss s que fosse capaz de pensar e ele fal ar, e que em determin ado momento um agri cult or ex peri ente metesse a pá na terra junto , rai z de sa árvore e fo se até aquele bulho ini cial, o separasse sem dano do própri o vegetal, e o apresenta se a ele, o cedro ·spontaneamente inc lin ar-se- ia al o chão ' diri a: "Ó Patri arca, tu és a minha ca usa! " " Tu continhas em ti mesmo Ludo aqui lo de que eu sou a explic itação. l lá ·111 ti uma ciência, uma sabedoria ela qual •u 11usci. H á uma form a de conhc imcnt o ' 111 ti que eu levarei dezenas de anos, ou m 'S llll l século para adquirir. " Se é belo o pensam ento •x plf ·it o, qu ão belo é também o pensa m ·nto qu1111 do ele rol a dentro do espírito, ·1ind:i s •111 ex plic itação, mas j á contend o toda sua ri queza à procura da lu z. e b •lo o ·l' •ito que se desdobra, como tamb m h ·lo 'SSl' efe ito qu ando ele dorm e obscuram ' Ili ' 1111 causa. " Se é belo ser e dro do Lfh11no , qu • g lória se r um bulbo p •qu ·110 ass im , 11111 s que co ntém dentro d· si todo ·ss · 1'11111 ro. A consc lh a- m , bulbo . Eu te l"l'Vl' renc io".

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 28 de dezembro de 1985. Sem revi s o do autor.


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