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Intrépida Paulicéia 450 anos
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CARTA oo D11mTOR
A grandeza e a glória das terras de PiraLininga
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e de seus heróicos desbravadores bandeirantes
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m 16: 7 - 1935, Plinio Corrêa de Oliveira, então com 27 anos, pronunciou, enquanto líder católico, discurso de saudação ao então prefeito da capital paulista, Fábio da Silva Prado, em nome dos 15 .000 jovens Congregados Marianos concentrados na área junto à Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Desse discurso selecionamos o trecho no qual o orador - descendente, pelo lado materno, dos paulistas denominados "de quatrocentos anos", isto é, originários dos fundadores ou dos primeiros habitantes da "Vila de São Paulo" - exalta os extraordinários talentos que a Divina Providência prodigalizou ao povo paulista . Parece-nos oportuna a transcrição desse texto, tendo em vista a comemoração no presente mês do 450° aniversário de fundação da capital paulista.
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"Exce lentíss imo Senhor Prefeito Municipa l. Incumbiu-me a mocidade que aqui se congrega, de homenagear, na pessoa ele V. Exa., a gloriosa capital pauli sta. Nada de mais grato para nossos corações cio que celebra r, na festiva data de hoje, a grandeza e a glóri a da nossa Paulicéia, tão digna ele todas as homenagens, pela só lida catoli cidade que a di stingue e pel o valor ele sua atuação na vicia naci onal. Consagrando ao Apóstolo elas Gentes a cidade que acabava ele fu ndar, Anchi eta impl orou e obteve, para a raça que dela brotasse, o ideali smo abrasador, a energia inexaurível, a co mbatividade invencível, a audácia viril e reali zadora que Paulo ele Tarso soube pôr a serv iço ela maior das causas, a ca usa de Cri sto e da sua fgrej a. [ ... ] Não é apenas no ideali smo candente e no vigor da ação, que os filhos . CATO LICI SMO
desta cidade se têm mostrado di gnos do Patrono qu • Ih s deu Anchieta. É também pela universalidade ele sua aç, o. São Paulo, o Apóstolo das Gentes, não on · ·bia li mites para a sua doutrinação. O mundo inteiro ra p ·qu ·no pa ra a grandeza de seu ardor apostó li co. A ss im também a ação vi gorosa ' f · ·1111d11 dos pau li stanos se destaca pela sua uni v •rsn lid11d •. N ·ma distância dos lugares, nem a lifi ·1ild11d · dns ·0111unicações foram cliques ca paz s d · ·011 1.,. 11 11·t o da gente bandeirante, que s t m d ·rn111111do l ' III in l'luxos benéficos sobr o Ornsi l i111·im. li d ·sde 11s bandeiras até à re onstitu ·io 11 11 li:,,,11, o do País, Lodos os ep isódios d • 1H>ss11 hlsl()liu 1 111 sido um transbordam 11l 0 do ·or11~•f10 l' du ·nergia de São Pau lo, p11 1'11 11 1 111 dl• 11ossas fronteiras cm b ' li -f ·io dl' IIOSSO / l'l ll Hk Brasi l. 1
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Atos de Pk•dade
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O encanto da "SãoPaulinho " de outrora
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A Missão de Nóbrega e Anchieta
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O caótico 2003 e a Mensagem de l•átima
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36 VmAs 8 o P111ilo 11110 1 p,11111dl' por ser rica. M11s 8 o P1111l0 1• 1 c11, porqu • o paulista r 1·1111d1•, No, s11 1 q1H :,,,11 loi urrancacla ao so lo vlrr1•111 d1• 1101-11-1 , ll'l l'II di:pois de uma lut 11 til 111\'111•111111' 111 1111u1 1•:,,,11 bravia. Noss11 ·npl l li 11 11 , 1· 1·011,~l111 111 l' l l\ r rti l e luminos11 plt111 l'il' , •111h1•h•11ul 11 por Iodas as graças dn 11111111 1•:,,11, 11o ·dl Ill' 1d111 1111 ·, r ·no montanhoso l' soh 11111 1·1111 !'111•10 d1• 1111111111s, ·m que tudo 110 11111hh·11h• 1111 h·11d11 11, co11sl11111emenle, avo·11ç o do p111 il L~l 1, p111qrn• IIH hrnmas nos dizem /111111· 1· o olo 111• 1d1•1111d11110s brada subir. • '1• 110, M> l t 111do ti próspero e nossa · q1l1 1il I lu •l11, 11110 o d ·vemos nós, por11111 0,, 11110 1 II H'l\'l d' Deus e à fibra d1• 1111 11 p1•11h• Po,qu • !'oram sempre a 11 u 11· d1 l >1•11~1•oviilorde nossafi bra a 111 11111 11 JI 11•111 vo1n que contamos". • (" <> l.q•i11116rio", 2 1-7- 1935)
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Nossa Senhora ele K ibeho
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Santa Jacinta de Mariscotti
36 Vidas de Santos
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42 D1sc1mN1NDO Truculência do MST contra làzendekos 44 TR/\Dl<,:Ao EUA: revi vendo costumes tradicionais 46
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A sereniclacle representada na ar/oração dos três Reis Magos
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Nossa capa:
A11tu11lo l{up o Tavares
Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo
48 TFPs em Ação
JA N EIRO 2004 -
As aparições de Kibeho, o aviso e o castigo
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o n 311 6 Redação: R. Dr. Martinico Prado, 246 CEP 01 224-010 São Paulo · SP Tel: (0xx1 1) 221-8755 Administração: Rua Armando Coelho Silva, 145 Sala 3 - Pq. Peruche CEP 02539-000 São Paulo • SP Tel: (0xx 11) 3856-8561 Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (0xx 11 ) 3858-1053 Fax (0xx1 1) 3858-1499 Correspondência: Caixa Postal 1422 CE P 01065-970 São Paulo · SP Impressão: Prol Editora Gráfica E-mail: epbp@ uol.com.br Home Page: http://www.catolicismo.com.br ISSN 0008-8528 Preços da assinatura anual para o mês de JANEIRO de 2004: Comum: Cooperador: Benfeitor : Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PA DRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
O que se pode esperar para 2004? P r unt as ·0 111<) eslu, as p ssoas normalme nte se fa zem por ocas ião do princípio de um novo an o. 11o mais provável é q ue mui tos não te nham facilidade para encontra r uma r·s posla s:i tis l'a t lria. /\ dific ul dade de compreender o verdadeiro sentido dos a ·011 1 • ·im ·nt os atuais aum ' nt a, especialme nte em razão cio rápido processo de dccad'l n ·ia r ' li 1 iosa · mora l que se alastra e m todos os a mbie ntes. No e ntanto, e nqu anto a mídi a gera lme nte pro ura apresentar ape nas uma visão retrospectiva e descritiva, de c unho j ornalísti co, dos fatos ocorridos e m 2003 , Catolicismo ofe rece ao le itor, com exclu sividade, uma análi se profunda dos acontec imentos do ano que f-indou . Am'í li se feita à luz da Mensagem de Fátima e da autê nti ca do utrina católi ca, que ressa lta o verdade iro sentido dos acontecime ntos atu ais e descreve as etapas de uma Revolução políti ca, cultural e social em curso. As molas propul soras desse processo revolucionário, como bem di ag nosticou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua obra-mestra Revolução e Contra-Revolução, são as paixões desorde nadas do orgulho e da sensualidade. Na te rceira aparição de Fátima, e m 19 17, a Santíss ima Virge m apresentou as condições para a solução dos proble mas e da cri se da humanidade: "Se a fenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo.. .". . . Será que os homens ate nde ram os apelos fe itos po r Nossa c nhora ? lnfeltzmente, não. A penitê ncia, a o ração e a conve rsão são ignoradas e desprezadas siste matica me nte em quase todos os ambi entes. Como conscq üên ia, proliferam a imo ralidade, o homossexual ismo, a aids, a vi olência, os atent ados terroristas, as gue rras etc. . , . Os acontec imentos desagregadores de 2003 encontram , no lundo, uma uni ca expli cação: esta mos j á vivencio, de certo modo, os tc rrívei~ dias pr: vi stos pe la Mãe de Deus e m 19 17. Mas, infe li zme nte, poucas pessoas disso se da o conta. O le ito r poderá notar ta mbém que os fa tos vê m se su cdcndo numa velocidade crescente e cada vez mais destruidora. Nesse senti do, é inc >lível que a televisão, a impre nsa e a internet tê m contribuído dec isivame nt e para acclcr_a r a degradação re li giosa e moral. Despejam continuamente info rmaçõ ·s d mane ira cles_ordenacl a, e muitas vezes distorcidas, sem oferecer nenhum ·ril •rio para um a aná li se acerta. da e obj eti va cios aco ntecime ntos atuais. A razão de ser da matéri a de ca pa des ta ed ição < justame nte proporcionar um exame prec iso e rea li sta do q ue ocorre u cm 200. , b ' 111 como ressaltar a urgênc ia de se ex pandir a Me nsagem de Fá tima m nosso País. obretudo, divulgar a necessid ade ele se atender aos ape los de Nossa Senhora. Neste ano que se inic ia, ane la mos para o I itor que , Je possa continuar, com as bênçãos da Santíss ima Virge m, acompanhando atentamen te as matérias desta publicação de inspiração católica e d cunho profundamente mariano. De n~ssa p~r. te bu scamos ser, para todo. q ue nos honram com sua preferênci a, um referencial seguro para sua sólida fo rmação e fo nte informativa confi á c l de toda a fam íli a. Desej o a todos um a boa leitura! •m Jesus e Maria,
D IRETOR
Catolicismo@ terra.com.br
E m muitas manifestações sobrenaturais, Nossa Senhora alerta, como Mãe, sobre a proximidade da punição; mas Ela não pode opor-se à justiça divina, quando os pecadores não cessam de ofender a Deus. Não correspondendo à advertência, o castigo se descarrega sobre os homens.
1J V ALD IS GRINSTEINS
S
ão 12:3 5 h do dia 28 de nove mbro de 198 1, na loca lidade el e Kibeho, em Ru anda, peque no Estado locali zado be m no coração da África. No refe itóri o da escol a re ligiosa que freqüenta, Alphonsine Mumure ke, de 17 anos, ouve uma voz: "Minha .filha! ". Julgando estranho esse chamado, a adolescente di rige-se ao corredor do edi fício e encontra uma linda Senho ra . Esta aparece toda vestida ele branco, com um véu e m torno do pescoço, as mãos juntas sobre o peito como em oração. Alpho nsine pergunta- lhe: "Quem é a Senhora ?". - "Ndi Nyina Wa Ja mbo" (responde e la na língua nati va) - "Sou a Mãe do Verbo". E continu a: " Vim para te acalmat; porque tenho escutado tuas orações. Quisera que tuas amigas livessem muita fé, porque elas não crêem com. fé suficiente" [nicia-se a extraord in ária hi stória de uma das po ucas aparições cio séc ul o XX reconhec idas até agora pe la Ig rej a. Com efe ito, das cerca de 400 aparições mari anas registradas no século XX, cerca de 12 tê m reconhec imento do Vatica no o u dos bi spos com j uri sdição no loca l da aparição. Este reconhec imento de u-se e m 29 de junho pe lo bi spo Augustine Mi sago, numa mi ssa na catedral de G ikongoro, na qual estavam presentes os o utros bi spos do país e o núncio apostó lico e m Ki ga li , Mo ns. Sa lvatore Penn acchi o. No mesmo di a o Vatica no publicou a notíc ia da ap rovação, dando ass im respaldo à dec laração episcopal 1•
(l) Alphonsine Mumureke, uma das videntes, fala das aparições aos habitantes de Kibeho; (2) O bispo Augustine Misago, numa missa da catedral de Gikongoro, reconheceu a veracidade das aparições; (3) Vista aérea de Kibeho, em Ruanda; (4) Multidões em fuga , por ocasião das matanças profetizadas por Nossa Senhora nas aparições.
Confusão: a,,wício cio demônio Que m pe la prime ira vez to ma conhec ime nto das aparições de Ki beho nota que e m torn o delas se apresenta uma caracte rística comum : a confusão. Em Ki beho, após ter aparec ido a Al pho nsine, Nossa Se nho ra aind a ma ni fes tou -se a outras duas moças, Natha lie Muka mazimpaka (entre jane iro de 1982 e 3 de dezembro de 1983) e Maria Clara Mukangango (que viu Nossa Senhora vári as vezes e ntre 2 de março e 15 de sete mbro ele 1982). A pró pri a Alpho nsine teve várias aparições até 1989. Estas, e as aparições às outras duas videntes, foram confirmadas pe la auto ridade eclesiástica. É freqiiente porém que, havendo verdadeiras apari ções em determinado lugar,
o demônio procure multiplicar o número de " videntes" e ele fal sas aparições para desacredi tar as verdade iras. Assim, surgiram pouco depois outras pessoas di zendo ter sido favorecidas por aparições sobrenaturais, começando então a circul.u· todo tipo de supostas mensagens "celestes". Houve até pessoas que, seguindo fa lsos visionários, chegaram ao suicídio coletivo ... As primeiras aparições - as verdade iras - ocorreram na escola o nde as j ove ns estudavam, despertando reações diversas, favoráveis e contrári as. No iníc io, numerosas pessoas zo mbava m de Alpho nsine. Uma elas mais desconfi adas e ra Mari a C lara, que depois, ela própri a, fo i fa vorecida po r numerosas ap.u·ições. Com o passar cio tempo, e tendo ocorri -
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ci o vári as conversões, fo i aumeri'tanclo a ace itação cio fato sobrenatural.
Noção cio p ecaclo coletivo Em tão numerosas apari ções, o que N ossa Senhora comunicou? Essencialmente E la pediu orações, a renúncia ao pecado, o arrependimento e confi ssão destes. E, ponto importante a ser notado, mostrou as conseqüências cio pecado. H oj e em dia, a maiori a elas pessoas considera que ser católico consiste em assistir à missa aos domingos e, quando muito, praticar em parti cu lar ou em pequenos grupos alguma ação religiosa ou social. A idéia ele que Deus eleve ser reconhec ido e cultu ado pelos homens não só individualmente, mas pelo conjunto ela soc iedade enquanto tal, e ele form a pú blica, está infe li zmente desaparecendo. E a par di sso vai se ex tinguindo em nossos contemporâneos a noção ela gravidade cio pecado co leti vo. É por isso que numerosos católi cos mani festam-se indi ferentes qu anto ao combate aos pecados coleti vos, como a adoção lega l cio aborto, cio homossex uali smo, cio laicismo, ci o ateísmo etc. Pensam eles que, não cometendo tais pecados parti cul arm ente, não têm outras obri gações, e com isso estari am isentos ele qu alquer casti go divino. Entretanto, N ossa Senho ra nessas apari ções revelou as graves conseqüência s cios numerosos pecados co leti vos que se cometi am em Ruanda. Por exempl o, pouco antes el as apari ções, houve no país uma onda ele destrui ções ele imagens reli giosas . Não consta que tenham sido praticados atos públi cos em reparação por tais pecados. Por isso, têm espec ial importância as apari ções ocorrid as no di a 19 ele agosto ele 1982, em que as videntes viram Nossa Se nh o ra c hora nd o. El as tamb ém acompanh aram o pranto ela M ãe ele Deus. M ais ele um a vez, alguma delas chegou a des maiar. No total, fo ram oito horas seguid as ele vi sões.
J/isão terrificante Segundo as j ovens, N ossa Senhora apareceu tri ste, contrari ada, verd adeiramente "encolerizada". Alph onsine Mumureke contou que a Sa ntíss ima Virgem chorava. E as três j oCATOLI CISMO
vens foram vi stas tremendo, bat nclo os cientes e ca indo por terra co mo mortas. Di ssera m elas ter vi sto "um rio de san-
gue, pessoas que se matavam umas às outras, cadáveres abandonados sem alguém que os enterrasse, wna árvore toda em fogo , um abismo escancarado, um monstro, cabeças decapitadas" . E contaram ter ouvido cios l.:'ibi os ela belíssi ma Senhora, envolta num traj e esplendoroso, f rases ci o tipo: "Os pecados são mais
numerosos que as gotas do mar. O mundo corre em direção à ruína. O mundo está cada vez pior" 2 . Nesse di a, milhares ele pessoas esti veram presentes no loca l elas apari ções. Todas sa íra m sob uma forte impressão ele medo e tri steza.
aprox im a lamente 4.000 pessoas - l"oi e r ·ad o p los mili cianos hutu s. Es t s lança ram ,ra naclas dentro ci o templ o, matara m os sob rev iventes a mac hadalas qu i111 ·1ra m os restos cio edifício agraci o. Um a d as v id ·ntcs , M ari a C l ar a Mukangango, fo i mort a 0111 o marido no povoado ele By um ba. N o decorrer ele três meses, mi Ih are. ele pessoas foram massacradas. Até hoj e o número exa to é controvertid o. Al gun s fal am em 250.000, outros chegam a ca lcul ar um milhão. A cifra mais provável gira em torn o ele 800.000 mortos. Verdadeiro massacr e, c lass ifi cado co mo "o
,naior genocfdio q/ricano dos tempos modernos" 3 •
Confirmação elas visões
Advertência 11a1'a toe/o o mundo
A úl tima apa ri ção ele Kibeho, em 28 ele novembro ele 1989, ocorreu exatamente oito anos após a prim eira. O bi spo local 110111 ou uma comissão mécl ica e out ra teológica para investi ga r os fatos. U m sa ntuári o fo i construído no loca l elas apari ções, torn ando-se ponto ele peregrin ações. M as não se operou a conversão ci os pecad ores co mo N ossa Senh ora pedira e, menos ele cinco anos após a úl tim a apari ção, ca iu o tremendo cas ti go sobre aquela infe li z nação afri ca na. Entre abril e junho ele 1994, ocorreu uma onda ele massacres cuid adosa mente pl anej ada. Em Ru anda, onde quase metade ela popul ação se dec larava ca tóli ca, fo i sendo culti vado, sob diversos pretextos, o ódi o entre as duas raças principais que compõem o país: a ci os hu tus e a ci os tu ts is. Invoca ndo a morte cio pres idente cio país em um atentado, 30.000 facínoras, ag lutin ados em torn o ele um partid o, lançara m-se numa cruel caçada aos adversá ri os. Aldeias inteiras fora m massacradas, sendo a maiori a elas vítim as morta a machadadas. Ta ntos corpos fora m lançados no ri o Kagera, que este f icou conhec ido co mo Rio do sangue. Pi or. Num a terra j á devastada por numerosas matanças, a. igrej as hav iam sid o refú g ios respeitados, o nde as pessoas podi am se pro teger para esca par às ca rni fic in as. M as desta vez i sto não aconteceu. O própri o sa ntu ári o edificado em Kibeho, repl eto ele refu g iados -
Num a el as apari ções, N ossa Senhora comuni co u a uma elas videntes, M aria C lara: "Quando .falo contigo, não estou
rne dirigindo só a ti. Mas estou fa zendo um apelo a todo o mundo ". A vidente narrou qu a Virgem descrev ia o mundo como e. tanclo "em revolta" con tra Deus. Difi ilmcntc algu 111 pocl negar tal afirm ação. Os p cacl os cios quais Nossa Senh ora se quei xou 111 Ruanda são cometi dos - e qu antos até mais graves em t ci o o mun do. Basta p nsar na pro li fe ração las I islaçõcs aborti stas, e as do chamado "casa ment o" homossex ual. Se em Ru anda os p caclos descritos por Nossa cnhora rora m punidos com tanta scvcri laclc, os pecados coletivos que e co metem m nosso País não elevem ta mbém atra ir, no ri gor ela lógica, tremendos ca. tigos di vin os? Seriam então Lais co nsiderações motivo para desâ nim o? Pelo contrári o ! Devem ser elas moti vo para anim ar- nos a atu ar com mais empenho em prol da restauração cl uma sociedade p lenamente ca tólica. e o cas ti go divin o nos surpreender em meio a essa beneméri ta atuação, a mi seri córd ia ele Deus tomará isso em co nsideração, em nosso fa vor. • E-mail do autor: va ldi s r
Notas: 1. crr. " Radi o Va Licana'',
ahoo.br
30-6-01. 2. "Avveni rc", Mil ão, 30-6-0 1. Sim, Ma ria rea /m enle apa receu e111 R11m 1da. 3. " BBC"on line, Lond res, 7-6-0 1, R wa11da , l10w 1he genocide happened.
Capítulo \ lll
Dos exercícios piedosos que se aconselham ao cristão para cada dia
U
m bom cri stão, de manhã, ape nas des pe rtado, deve fazer o sin al da santa Cruz e oferecer o coração a Deus, di zendo estas o u outras palavras seme lhantes: Meu Deus, e u vos dou o meu coração e a minha a lma. Levantando-nos do leito e vestindo-nos, deve mos pe nsa r qu e Deus está presente, que esse dia pode ser o último de nossa vida; e levantar-nos e vestir-nos co m toda modésti a poss íve l. Um bom cri stão, apenas levantado e vestido, deve pôr-se na prese nça de De us e ajoelhar-se, se pode, di ante de alguma imagem devota, dizendo com devoção: "Eu vos adoro, meu Deus, e vos amo com todo o coração; rendo-vos graças por me haverdes cri ado, fe ito cristão e co nservado nesta noite; ofereço-vos todas as minhas ações, e peço- vos que me preserveis neste di a do pecado e me livreis de todo mal. Assim seja". Reza depois o Padre- nosso, a AveM aria, o Credo e os atos de Fé, Esperança e Caridade, acompanh andoos com vivo afeto do coração. O cri stão, podendo, deve cada di a: assistir com devoção à Santa Missa; 2" - fazer uma visita, ainda que brevíssima, ao Santíssimo Sacramento; 3" - recitar um terço do Santo Rosário.
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Antes de trabalhar, deve-se oferecer o servi ço a Deus, ex primindo de
have is dado ; faze i-me di g no de participar da mesa celeste".
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coração o seguinte: "Senhor, ofereçovos este trabalho: dai-me a vossa bênção". Deve-se trabalhar para a glóri a de Deus e para faze r a sua vontade. Antes da refeiç~o, esta ndo de pé, convém fazer o sinal da Cru z e dep ois dize r co m devoção: " Se nhor De us, dai vossa bê nção a nós e ao alime nto que va mos tomar para mantermo- nos no vosso serviço" . Depois da refe ição, convém fazer o sinal da Cru z e di zer: "Senho r, eu vos agradeço pe lo alimento que me
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Quando a lg ué m se vê a to rmentad o por qu alqu er te ntação, deve invocar com fé o Santíss imo Nome de Jesus ou de Maria, ou di zer fe rvorosamente alguma j ac ula tó ria, co mo po r exe mpl o : " Da i- me g raça, ó Se nhor, para qu e e u nunca vos ofe nd a", o u então fazer o sinal da C ru z; evitando, no e ntanto, que, pe los sinais exterio res, os outros suspe item da tentação. Quand o uma pessoa reconhece qu e pecou ou duvid a se houve pecado, deve fazer de imedi ato um ato de contri ção e procurar confessar-se o ma is depressa poss íve l. Quando , fora d a ig rej a, se o uve o sinal da e levação da hósti a na Mi sa so lene, ou da bênção do Santíssimo Sacramento, devese fazer, ao menos de coração, um ato de adoração, di zendo, por exempl o: "Graças e lo uvo res sej a m dados a todo mo mento, ao sa ntíssimo e divi níss imo Sacra mento". • Nota: Trad uzi do cio Cc11 echis m o M agg iore pro mu/gc110 da San Pio X, Roma. T ipografia Vati ca na, 1905 , Edizione A res , M il ano, pp. 2 18-22 1. O capítul o VII dessa obra trala do tema cios Novíss imos e ele out ros meios principa is para evit ar o pecado, que om iLi mos por ter sido abordado nes ta mesma seção cm fevere iro, março, abril , maio e j unh o ele 200 1.
JAN EIRO 2 0 0 4 -
Superando expectativas Uma delícia o tex to de Natal do Prof. Plínio. fmperd íve l. Co mecei a le r já sabendo de ante mão que seri a uma co isa boa, pois vindo do ilu stre mestre. Mas superou todas as minhas expectativas. Feli z Natal e um grande abraço. (M.U.N. - RJ)
O divino modelo PJ Gostari a de ter fe li citado o Dr. Plínio Corrêa de Oliveira pelo brilhante arti go A luz brilhará nas trevas, pe la lógica do seu proceder me nta l. Mas nesta impossibilidade, felicito os plinianistas por essa publicação me nsa l. Rea lme nte, Dr. Plínio fo i um deslumbrante articulista. Ele não escreveu para homens que viviam nas nuve ns, e le fa lou de Jes us Cri sto não como um ser inimitáve l que vivia nos Céus, mas fa lou de Cri sto como um homem perfe ito que deveria ser imi tado e que, para isso, veio à Terra trazer o seu exemplo. (C.K.P. - SC)
Elicaz solução ,lc fündo Ve nho c umprim e ntá- lo - e a toda equipe da rev ista - pe la fe li z escolha dos temas tratados com concisão e profundidade nos núme ros de 2003, espec ialme nte na seção A Palavra do Sacerdote, a cargo do cu lto e dedicado Cônego José Luiz Vill ac. Alguém, fo lhea ndo os números de
-CATOLICISMO
2003, indagou-me: "Por que a revi sta não ap resenta soluções para probl emas graves e urgentes, como a fome e a mi séri a, a violência e a criminalidade?" Res pondi -lhe: "Tais problemas são efeitos do pecado (ód io, inveja, ganânc ia, egoís mo, fraude, corrupção) . Pregando a virtude, os valores morais e espirituai s, a revi sta promove efic ie nte campan ha para erradicação desses males". Pe rcebendo qu e, dessa form a, a TFP está empenhada na lu ta contra a mi séria e a fome, a viol ência e a crimin alidade, o interl ocutor preferiu ca lar-se. Com os me lhores votos de um Fe1iz Nata l e um Próspero Ano Novo, extensivos a todos da TFP, e com a certeza de minhas orações pe lo triunfo de seus idea is, sob a proteção da Sa nt íssima Virge m, despeço - me. (L.C.P. - BH)
Ji'rutos dura,louros ~ Tenho vindo a aprec iar muito a vossa revi sta e a acção que desenvolve m em prol de tanta gente por este mundo afora, (gente que anda) tão lo nge do verdadeiro espírito cri stão. Parabéns a todos os responsáve is, e que a Me nsagem dê frutos duradouros . l ... ] A medalhinha que me ofereceu anda sempre com igo. Um ab raço, a desejar a si e a todos o maior êx ito. (M.A.B.O. - Portugal)
Desmascal'amento [8 Achei o documento da TFP [so-
bre o PNRA] pertine nte, e parabeni zo essa entidade pelo esforço e m desmascarar aque les que tentam desestru turar o País à custa de ditas e malfe itas reform as soc iais. Sou solidário com a defesa inconteste da Tradição, da Famí li a e da Propri edade. (M.G.P.G. - SP)
Ação universitária ~
Primeiramente quero parabenizar os senhores da TFP pelo excelente artigo publi cado na "Fo lha de S. Paulo", o qual só tive a oportunidade para lê- lo hoje. Também soube da ex istência de sua e ntidade hoje, e é com gran-
de alívi o no coração que tomei conh cim nto da organi zação séri a que é a de vocês. Fico alivi ado e m saber que ainda há pessoas cristãs e não-co muni stas no Brasi1, ·stou disposto a aj událos a propagarem suas idéias. Sou estudante do prime iro ano de Direito e faço parte da atu al estão admini strativa do Centro Acadê mico. É preocupante a situação na nossa íacu ldade : estudantes com uni stas propagam suas idéias de reforma agrária e de ateísmo, tendo inclusive já "convertido" diversos estudantes, que antes diziamse cristãos. Estes estudantes comuni stas fazem parte do partido acadêmi co, que este ano pe rde u a e le ição . Nosso partido com unga com muitos dos ideais da TFP, e lutamos diari amente para evitar a lavagem cerebra l q ue há nas univers idades, mas a lu ta é difícil. Usando a retóri ca, e o princ ípi o de que "a juventude é revol ucioná ri a" (Che Guevara), estão transformando pessoas que no começo do ano e ra m cri stãs, mas que agora, após conhecere m Marx e Gramsc i, duv idam de sua fé. Por isso, peço que entrem e m contato comi go, para que possa di stribui r o artigo pub licado na "Folha de S. Pau lo", assim como outros que deseja re m, para que juntos tentemos mudar essa degradação q ue está ocorrendo na univers idade brasi leira. (R. B. - PR)
Cruzaria a11ti-socialista ~ Esta rei muitíss imo ocupado nos próx imos dias, quando co me ntare i me lho r este man ifesto lde autoria da TFP !. No e ntanto já o li , goste i muito e es to u pronto para ingressar nesta cruzada contra o sang ue, o ód io e o soc iali smo . (A. L. S. F. - SP)
Engo,lo e uto[Jia ~ Agradeço- lh es pelo documento da TFP. Confesso que a situação é bastante preoc upante, princ ipalmente pelo fato de não se saber se as divergências apo ntadas entre as tendênci as do Governo Lul a e do MST são reais o u s impl es me nte um engodo
para atrair as atenções e sugerir que o Governo não vai tomar este rumo esperado. Essas artimanhas, às vezes, mascaram as melas e leva m a grande massa a traçar rumos inte ira mente dive rsos. A reform a agrária preco nizada pe lo MST é utópica, porque, combate ndo o latifúndio improdutivo, seme ia minifúndios im produtivos e a faveli zação do campo. Para as lideranças do M ST, a reforma agrári a não é um fim , mas um me io para a tomada do poder, no qual a propriedade será toda do Estado, como acontece em C uba. (W - SP)
Alerta contl'a cegueira ~ Gostei da matéria da TFP. Espero que mais pessoas te nham acesso a este assunto, poi s é um ale rta ao povo bras ileiro, que anda tão ocupado e não percebe a transformação da nossa real idade. Parece que a cegue ira tomou co nta de nossa Nação. (S.S. - RO)
/?alar de Mal'ia 11ão sacia
t>A Alegra-me ler ou ouv ir fa lar da Nossa Mãe do Céu. Que alegri a para todos nós os que amam a Ma ri a e a respeitam como Mãe de Nosso Sa lvador! Não podi a deixar de di zer algo sobre o que sinto e di zer que estou de acordo com o que nos falam da Virgindade da Nossa Mãe. Eu não estou de acordo quando fazem filmes do nascimento de Jesus e apresentam Maria com dores de parto. Nossa Mãe concebeu por obra do Espírito Santo. Maria não podia ter dores para dar à luz, pois as dores foram o riginadas pe lo pecado, e nossa Mãe do Céu foi pura antes de nascer e depo is de ser Mãe. Nós, co mo humanos , não te mos palavras para exaltar a purificação da Nossa Mãe, mas, às vezes, nossos corações podem transmitir melho r, e mbora muito po bres, o quanto a a ma mos e o quanto mai s a q ueríamos amar. Q ue Deus os bendiga, e fa lem sempre de Maria e da Sua Virgindade. Isso é uma bênção de Deus. (M.F. - RJ)
Mediação w1iversal de Maria 181 Transcrevo belíssim o trecho do erudito Abade cisterc ie nse Elredo de Rievaulx, no sécul o XU, pensamento profundo que ainda é mais impress io nante por ter antecedido, em 700 anos, às grandes aparições e milagres de Mari a nos séc ul os XIX e XX: "A grandeza do amor de Maria pelos homens comprova -se pelos muitos milagres e muitas visões pelos quais o Senhor digna-se mostrar como Ela intercede junto a seu Filho por todo o gênero humano. É inútil eu até mesmo tentar mostrar como é grande a sua caridade: nenhuma rn.ente hurn.ana é sequer capaz de tentar mostrar como é grande sua ca ridade; nenhuma mente humana é capaz de co ncebê -la" (Migne, Patrilogia, Serrnon 20, Tom ; crcv co l. 522-24). (H.C.T.C. - SP)
Em de/'csa da tra,lição 181 Goste i muito da reportagem de Cid Al e ncastro sobre a tradi ção na Ig reja Cató lica, canto gregoriano, incenso , vitrais, etc. Gostaria que me envi assem mais artigos refere ntes a essa tradição, que não pode ser perdida. Obrigado. (C.F.B. - RS)
Esmola não, doutor ~ Não restava dúvidas sobre o objetivo do governo em copia r o sistema c ubano de controle da população. Esse sistema de bol sa-fa mília, distribuição de cartões do Fome-Zero são meios para obter uma espécie de fili ação forçada ao Partido dos Trabalhadores, por onde apenas recebem aj uda os filiados ao PT. É o siste ma do Estado paternalista, que dá sua esmola aos que votam ne le [ ...]. Um amigo, ex-empresári o, contoume que um antigo empregado de sua firma pediu para ser readmitido, pois estava desempregado. Meu am igo respondeu que não tinha condições, pois estava com muitas dificuldades financeiras (sobretudo dev ido à excess iva carga tributária), mas que dari a uma fo rça ao operário com R$ 100,00 mensa lmente, sem precisar trabalhar.
- Doutor, agradeço sua bondade em querer ajudar a gente, mas esmola não. Quero alimentar minha famíli a, mas co m a força de meus braços. Essa dignidade do operário comoveu o meu am igo que acabou, doi s meses depois, arranj ando um emprego para o operário na firma de um filho. Mas o governo do PT quer acostumar os brasil eiros à esmola comesses cartões-esmola . Eles o que deveri am dar era e mprego, para ass im aume ntar a produção. Mas é o que os pelistas não qu ere m, porque desse modo as pessoas ficam inde pendentes do gove rn o e não vota m ne les. (F.R.C.C. - RJ)
Crescimento zero 181 O artic uli sta do " Wa shin gton Post", Robert J. Samuelson, confirmo u: "O cresc im e nto da econo mi a americana cresceu a um índice anual de 8,2% no terceiro trimestre. Os empregos aume ntaram de 286 mil desde agosto . A produtividade ava nçou a quase 5% desde o final de 200 1" . Isto sim , é um espetáculo do cresc imento. E um grande e surpreendente espetác ulo, mas que grande parte da mídia não foca li za muito, poi s está na moda criticar os Estados Unidos. No Brasil , muito pelo contrário, quase todos os índ ices "cresceram" para baixo. Nos 12 meses, só uma coisa aumento u: o desemprego e os impostos escorchantes. Cadê o prometido "espetáculo do cresc imento"? Uma patota. Um fiasco esse tão notici ado "espetáculo". (M.M.S.D. - MG)
Solidez na ,1outl'i11a catálica Quere mos agradecer-lhe por seu constante es forço e dedi cação frente à re vi sta Catolicismo. Com isso conta mos com uma grande quantidade e vari edad e de conteúdo, tudo co m uma do utrin a só li da e co nfi áve l. (M.F. - Argentina) Cartas, fax ou e-mails poro as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: , enviar aos endereços que figuram , .. no pagino 4 desta edição. '
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JANE IRO 2004 -
_ Cônego JOSÉ LU IZ VILLAC:
Pergunta 1 - Sou leitora assídua da revista Catolicismo e tenho me socorrido muitas vezes, na coluna de Vossa Reverendíssima, quando me deparo com dúvidas sobre pontos da doutrina da religião católica. Sinto-me, por isso, muito reconhecida e agradeço penhoradamente os vossos esclarecimentos. Nos últimos dias fui confrontada com o problema que gostaria de ver analisado nas colunas de Catolicismo: sou estudante do último ano de medicina. É tradição em Portugal que no último ano haja a cerimônia da bênção dos finalistas, normalmente com a celebração de uma Santa Missa pelo Cardeal Patriarca de Lisboa. Resolvi participar da organização neste meu derradeiro ano, e qual não foi a minha surpresa ao participar da primeira reunião, na qual foi proposto, em substituição da Santa Missa, algo que chamaram de celebração da palavra. A minha primeira reacção foi de perplexidade, mas diante da argumentação cios res pons,'íveis pela proposta, ou seja, de que assim não haveria exclusão dos não católicos, fiqu ei sem saber o que responder. Gostaria de perguntar a Vossa Reverendíssima qual deveria ser a minha posição perante esta situação e também o que vem a ser a celebração da palavra. Resposta 1 - Sua reação de perpl ex id ade di ante do fato que relato u é plenamente ju stifi cada: a man utenção ela traCATO LI C ISMO
clicional cerim ôni a ela bênção dos fin ali stas na Fac uldade de M edicina é a única condi ze nte com a nossa cond ição ele cató li cos, c não haveri a por que sacrifi cá- la para ev itar a exc lusão cios não católi cos. Se estes não qui sesse m parti c ipar, por serem ateus ou agnósticos, muito provavelm ente membro s el e suas fa míli as gostari am ele estar presentes, por serem eles mesmos catóI icos. E se entre o não católi cos se in cluem adeptos ele alguma reli gião minoritári a em
Portugal, não seria isto razão suficiente para impedir que os católi cos impl orassem as bênçãos ele Deus e ela Igreja no momento mesmo em que são declarados hab i I itacl os para exercer um a profissão muito leg itim amente co mparada , sob vários aspecto s, a um sacerd óc io, co mo é a med icina. Tanto mais quanto provavel mente, além ela cerim ôn ia reli giosa, eleve haver comemorações mera mente civi s, como a entrega ci o ce rtifi cado de conclu são ci o curso, co m clis-
À direito : Maria Antonieta , curso ele paraninfos, ele representantes ci os fo rm andos etc. Pelo menos é ass im no Brasil , e algo ele análogo, e até mais requintado, eleve haver em Portu ga l. A eventu al exc lus ão ci os não ca tó li cos se dari a poi s apenas na cerim ônia religiosa cató li ca, à qual os não cató li cos poderi am se di spensa r ele compa rece r (caso não o ex ig isse m suas famílias, co mo bem poderia suceder. .. ). Nada ju stifi ca,
Rainha de França , recebe o sagrada Comunhão após sua iníqua condenação, pouco antes de ser guilhotinada
pois, em princípio, o abandono dessa tradi ção secular. Vivemos entretanto novos tempos, em que a condição ele catól ico deixou ele ser reivindicada como motivo ele ufania e passou a ser exibida timidamente, quase como um labéu que se tem vontade ele esconder... Surgem então essas fa lsas soluções consistentes em di sfarçar nossa condição de ·~ católicos em cerimônias de re- o.
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ligio~id~'cle nãbo clefin idda, com o ·~~ as tai s ce1e rações a pa Ia- :: vra". Para servir ao gosto dos -3 não católicos, deve-se supor 6 o que serão proclamados trechos e a ela Sagrada Escritura e/ou ele J: outra procedência, que falem genericamente ele paz e amor, Pergunta 2 - Gostaria de A po ss ibilidad e el e co e que se podem aplicar a qu alsaber com que freqüência munga r mai s de uma vez no quer concepção ele Deus, aceise pode comungar, já que mesmo dia é estabelecida pelo tável até por induístas, budi saprendi no Catecismo que atua l Código ele Direito Catas, muçulmanos etc. De onde se pode apenas uma vez ao nôni co em determin adas cirnão seria ele surpreender que dia. Por outro lado, na micunstâncias , e não pelo sacerenxertassem também trechos nha comunidade se ensina dote ou pelo pároco, cios livros védicos, xintoístas que se pode comungar O cânon 9 17 diz ex presetc. , para não fa lar cio Alcorão, duas vezes e até três vezes, samente: "Quemjá recebeu a tão no ce ntro das ate nções com autorização do padre. santíssima Eucaristia pode mundiais em nossos dias ! recebê-la de novo no mesmo Nestas condições, sinceraResposta 2 - O fato el e o dia somente dentro da celemente não recomendaríamos consulente ter aprendido no bração eucarística da qual a uma universitá ria cató li ca Catecismo que se pode coparticipa, salva a prescrição que desse sua colaboração a mungar apenas uma vez ao dia do cem. 92 1 § 2". essa ini ciativa. explica-se pela razão ele que É o caso, por exemplo, de Um sacerdote católico não era essa a diretri z da I greja quem já comungou no sábado pode recusar sua orientação a antes el a promul gação, em fora da Missa, e assiste a uma qualquer alma que o procure 1986, cio atual Código ele Di Mi ssa vespertina (a partir ci o com um problema de conscireito Canônico. O Código an mei o-dia), a fim ele cumprir o ência grave, e que hoje em dia, teri or, em seu cânon 857 , de- • preceito dominica l na véspera, com o progresso da técnica, terminava: "Não é lícito receconforme é facultado pelo mespode provir, em questão ele ber a sagrada Eucaristia, a mo Código (can. 1248 § 1). segundos, de qualquer parte do quen-1.j á a tenha recebido no Os comentaristas aventam mundo. É por isso que estou mesmo dia". O cânon exceoutros casos em que se poderespondendo a sua con sulta. tuava apenas os casos de "peri a lançar mão desta prerrogaEnviando-lhe minha bênrigo urgente de morte ou netiva do can. 917, como sejam ção sacerdotal , recomendocessidade de impedir a proa segunda Mi ssa do dia de me também às suas orações. fana ção do Sacramento " . Páscoa ou do di a de Natal ,
e
uma Mi ssa ele exéqui as a que se tenha ele co mparecer etc. Outros vão mais lon ge e in terpretam o "de novo" cio cânon 9 17 (iterum em latim, que signifi ca " um a segunda vez, outra vez, ele novo" e, num sentido mai s largo, " reiteradamente, repetidamente") como aplicável a quantas mi ssas se ass ista m no mes mo dia. Sincera mente nos parece uma interpretação ampl a demai s, tendente a banali zar o Santíssimo Sacramento, pelo qu e não a recomendamos a ninguém. Quanto à prescrição cio cânon 921 § 2, a que se refere o can. 917 , trata-se cio caso de alguém que se encontre em peri go de morte, situação na qual é ele fato recomendável ad mini strar novamente a sagrada Eucari sti a. E é, ali ás, um costume imemorial da I grej a. • -rn ail cio autor: Ca to licis111o@ 1erra .co111.br
JANEIRO 2004 . . . .
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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' Padre apóstata lan~a o Haiti no caos
Banditismo em São Paulo: 11 guerra permanente1 '
jogo u o pa ís na violê nc ia e no cao s .
S
"Nosso povo quer que A ristide se demita, porque já não dá para suportar a injustiça que sua administração está implantando ao Haiti", d isse um membro da Hierarquia cató lica do Ha iti, que te me ser identificado .
O
Haiti , governado há anos por Aristide (foto ac ima), um sace rd o te a pós tata, defe nsor fa náti co da
Teolog ia da Libertação, encontra-se subme rso nu ma ve rd ad e ira co nv ul sã o . A corrupção do governo
"De f ato, o governo de Aristide é uma anarquia. Cada dia ver(fica-se a morte de pessoas inocentes e assaltos a ônibus", ac rescentou o prelado. Po r tod a pa rte a esq ue rda, sobretudo a q ue se d iz católica, multiplica as mes mas desgraças. Ela não dá o que promete, e colabora para pi o ra r a s ituação. •
Jovens são mais anti-abortistas do que os adultos
"A tropa quer ir para cim.a,
P
esqu isa rea lizada pe lo instituto Gallup reve lo u que a ma ioria dos ado lescentes nos Estados Un idos conside ra o aborto in aceitá ve l. 72% destes afirmam que e le é mora lme nte incorreto. E 32% de todos os consultados deseja m q ue o abo rto sej a cons ide rado il ega l, e m q ualquer c irc unstânc ia. E m se nt id o co ntrári o , o ut ra sondage m mostrou que só 17% dos adu ltos a pó ia m a pro ib ição do
aborto . E que 55 % o aprova m e m certas c ircun stâncias, e 26% concorda m com sua lega li zação. Verifica-se nessas porcentagens uma inversão surpreendente, em comparação às dos anos 70. Naquela época, a ju ventude encam inhava-se para o hippismo, a droga e a anarq uia sexual. Hoje os hippies envelheceram, embora continuem imorais, e os jovens tendem para o conservadorismo e a prfüica da mora l. .. •
Quase 2 bilhões de dólares para Fidel !hões de dó lares à Arge nti na - sem levar-se e m co nta a atua lização dos juros - , a política empregada é diametralme nte oposta. O mini stro das O presidente Kirchner (esq.) e Castro Re lações Exteriores argentino propôs perdoar 75% da d ív ida cubana presidente da Argentina, Kirch- · e aceitar o restante e m remédios e ner, deu um calote nos particulaserv iços médicos. Serviços e re méres que investiram nos títulos da díd ios sabida me nte não confiáveis. vida pública: o novo governo argenO mini stro platino estabe leceu tino pretende devolver apenas 25 % um pré-acordo em Havana com o do valor real.. . e num prazo de 30 pres ide nte d o Ba nco C e ntra l de a nos. E ntretanto , para C u ba, q ue C uba, Francisco Soberón, e o chandeve há décadas 1 bilhão e 900 m iceler da ilha-prisão, Felipe Pérez Ro-
O
CATO LI CI SMO
ó nos pri me iros IO meses do atua l go ve rno pa ul ista , 175 P Ms foram mortos em serviço o u em período de fol ga, co ntra 180 em todo o ano passado. 45 de les foram assassinados na capital. Nos últimos q uatro a nos, mo rre ram 780 po lic ia is, o eq uiva le nte a um batalhão. As c ifras são as de um pa ís e m guerra. A partir dos presídios, a organização crim ino sa Primeiro Comando da Capital (PCC) mandou me tra lhar IO bases - fix as o u móveis - e co mpan hias, a lém de um prédio da Guarda Civil Metropolitana da capita l paul ista. O saldo foi de do is mortos, o ito fe ridos e mui ta destru ição.
que, durante uma visita em que reato u as re lações diplo máticas com o regime castri sta. Recorda-se que Fi dcl havia qua lificado algu m te mpo at rás o go ve rn o arge ntino c o mo
"lambe-boi.as dos ianques". A notíc ia causou espanto na opinião pública argentina, que vê o novo governo aplicar uma política socializa nte, sob pretexto de crise econômica , enq uanto presente ia com q uase 2 bi lhões de dóJares um reg ime marxista - o mai s anguinário do Continente. •
produzir, quer limpa,; pegar os responsáveis pelos ataques. A t.urma está com sede de bot.ar para quebrar" , di sse o pres ide nte da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar de São Paulo, Wil son de Mo ra is. "Em vez da polícia correr atrás do bandido, é o bandido que está correndo atrás da polícia", ressa ltou. O governad or Gera ldo A lc kmin afirmou : " Isso é urna guerra". E acrescentou que e la é "per-
manente" . Se a autoridade púb lica reconhece que o ba nditismo e m São Paulo ating iu o níve l de "guerra permanente", seri a de espe rar que fossem to madas med idas das mais enérg icas. •
Moda da tatuagem: sintoma de neopaganismo e satanismo
O
costume das trib_?s pagãs mais primitivas da A fri ca, o u da Po linés ia, de tatuare m o pró prio corpo, sempre ca usou ho rror aos povos civ il izados. Alé m dos seus significados fe tichistas, a tatuagem deforma o corpo de modo contrário à própria natureza hu mana, tornando-o fe io e por vezes repugnante. E ntreta nto - s ina l dos tempos - realizou-se e m São Paulo a 7ª
Convenção Internacional de Taluagem, com a presença de 17 mi l pessoas. Parti ciparam 500 tatuadores, 50 de les estra ngeiros. A vu lgaridade do evento levou homens e mu lheres a ab rirem suas vestes para ex ibir desenhos, mu itas vezes co m a lusões se nsua is, ocultistas o u satânicas. Um dos sucessos foi o método de ta tuage m j apo nês tebori, que uti liza hastes de bambu , madeira o u marfim, e até l 2 ag ulhas sim ul tanea me nte. O tebori, no Japão, servi a para marcar o corpo de crim inosos, como punição. Hoj e é usado até como
ide ntifi cação pe los ma fiosos da
Yakuza, a maior organização deli tuosa daque le país. Sob pretexto de liberdade e orig in a lidade, o ho me m revo lucionári o mode rno embrenha-se no un ive rso do hed io nd o, no ambi ente próprio ao crime e à neo-barbá rie pagã. • Tatuagem típica dos aborígines da Polinésia
Bispo iraquiano: povo prefere a coalizão ocidental
O
bispo de rito caldeu católico de Kirkuk (Iraque), D. Luís Sako, denunciou que fundamentalistas muçulmanos estrangeiros estão por trás dos atentados terroristas, desejosos de impedir que o país se torne uma nação estável. O Iraque, explicou ele, "é uma nação que está emergindo após 35 anos
de ditadura, em que o povo ficou privado de tudo[. .. ]. Agora, após uma situação desastrosa, o pessoal está satisfeito com a mudança, com a renovada possibilidade de liberdade. Nada disso existia com Saddam!" O prelado insistiu que os terroristas não têm "nenhum apoio popular". En tretanto, certa esquerda no Ocidente, particularmente a "esquerda catól ica", atuo decididamente no sentido de sabotar a janela de esperança aberta no Iraque para seu povo, com a queda de um ditador socialista e cruel como Saddam Hussein .
Na China, aumenta perseg uição anticatólica
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oze sacerdotes católicos da Igreja do Silêncio na China comunista, fi-
éis a Roma , foram detidos pela polícia em Pe quim. Agentes do regime tam bém demoliram um templo catól ico na província de Hebei. Segundo a Fundação Cardeal Kung, a polícia irrompeu no recinto onde se realizava um retiro espiritual de padres e seminaristas, conduzindo-os à força para uma delegacia . O pretexto para a medida fo i que o retiro não estava aprovado pela Associação Patriótica Católica, igreja cismática a serviço do regime comunista . A Igreja Católica verdadeira, que é clandestina, tem mais de oito milhões de fiéis. Ela mantém sua fidelidade a Roma, apesar da perseguição movida pelo governo comunista e da antipatia o ela votada pelo progressismo católi co no Ocidente. Este último prefere aju dar a igreja cismática chinesa .
JA N EIRO 2004 -
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'Cartas do Palácio
D uas cartas de Frei Bctto dão o tom da orientação assurnida pela "esquerda católica" no governo Lula GREGÓ RI O VIVANCO LOPES
urante o período e m que esteve e ncarcerado, por razões ligadas a ati vidades subve rsivas, Frei Betto escreveu abundà ntes cartas, as qu a is depo is publi cou sob o título Cartas da Prisão. Já vão lo nge os dias e m que o frade do minicano esteve e nvo lvido com o terro ri sta Carlos Marig hela. H oje em dia, Frei Betto é um ho me m importante. Ele despacha num Palácio, e logo o Palácio do Pl a na lto! Mas um costume e le não pe rde u: o ele escrever cartas. Suas cartas adq uiriram um rea lce que antes não tinham. E las não pa rte m ma is ela pe na ele um pobre frade, co locado à ma rge m el a soc iedade por razões que e le co ns id erava injustas, mas trata-se agora das cartas ele um "assessor espec ial " ela Presidência ela Re públi ca. Representam portanto, ele um modo o u ele o utro, o pensamento cio gove rno . Sobretudo pe lo fato de tratarem de temas atine ntes à política gove rnam e ntal. Co me nto duas de las.
Em "col'<la bamba " A primeira é dirigida ao esc ritor e ex-m ini stro da Cultura da Espanha, Jorge Semprún 1, pouco conhec ido do público brasileiro, mas cons iderado uma no tabilidade nos arra ia is de esq uerda inte rnac io na l. Acontece que Semprún resolveu levar a sério a questão dos c ha mad os "d ireitos huma nos". E se declarou escanda lizado com o fato, a liás c la moroso, de o presidente Lula ter visitado C ub a (ma is propriamente Fidel Castro), e m viagem da qual participou Frei Betto, e não ter defendido aq ue les direitos na ilha dos
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CATOLICISMO
fuzi lamentos e dos co nfinamentos de opos ito res. Que eq uilíbri o difícil esse a que Semprún obriga F re i Betto: ter que defender os "d ire itos humanos" (afi na l, o nosso frade foi , e le pró pri o, pri s io ne iro); ter que e log iar um govern o ditatorial e sangui nário, como o do Com.andante Fidel; ter que mostrar-se solidário com o presidente Lu la, numa viagem que gra nj eou re pe rcussões negativas um pouco por toda parte. Realmente, esse Semprú n eleve ser muito mau para co locar o frade, seu colega de ideo logia socia li sta, nessa corda bamba! Como se sa iu Frei Betto da e nrascada? Na carta a Semprún e le co meça por
ser lad ino. Evitando o problema centra l de saber se o socia li s mo ad mite fuzilamentos , cárceres e perseguições, ele desvia o assunto para uma hipotética luta de c lasses que ex istiri a e ntre a Europa e a América Latin!l. É a tática da esq uerda, várias vezes den unciada por Plínio Corrêa de Oliveira, de promover a luta de c lasses em níve l he mi sférico , jogando o s ul contra o no rte.
Uma inversão <le papéis Assim , Frei Betto se e ri ge de repente e m representante dos latino-americanos (onde a procuração para isso?) : "Nós,
latino-am.ericanos, conhecemos o tamanho de nossa do,: Como seria alentador ver os europeus pagarem a enorme dívida social contraída com o Terceiro Mundo". De m odo que , como bom prestidigitador, Frei Betto puxa o tapete debaixo dos pés de Semprún e faz com que os papéis se inve rtam . Em vez de ser Semprún quem cobra coerê nc ia Iibertária ele Lula, é Fre i Betto quem cobra uma "dívida social" de Semprún . A partir daí, tendo esco lhido com perfe ição o fio de navalha sobre o qua l tem que anda r, o frade passa a disserta r professoralmente sobre uma visão da História con truída nos laboratórios do marxismo. A Europa é o vilão. A América, a vítima. O le itor conhece bem essa hi stória da qual nossos cursos escola res hoje e m dia estão cheios, infe li zme nte. Os heróis que e le aponta são revoluc ioNa carta ao escritor espanhol Jorge Semprún, Frei Betto evitou a acusação principal deste contra o regime castrista, desviando o assunto para suposta luta de classes que existiria entre Europa e América Latina
nários como C he Guevara, Sandino, Martí, e assim por di ante .
Que <lemocracia é essa? Numa contradição espantosa, o frade a firma: "Aqueles que lutaram anos para
que, hoje, o Brasil fosse um país democrático[... ] bem sabem o que significa a Revolução Cubana para nós latino-americanos. Cuba é um símbolo de resistência". Como assim? A ditadura, mais do que quarentona, de F icle l Castro é um símbolo de resistência democrática? Será contradi ção mesmo? Ou será que a pa lavra democracia e ncobre je itosame nte o velho comuni s mo sov ié tico, do qua l Fidel Castro se mpre fo i ardoroso defensor? É esta a democracia que Frei Betto quer para o Brasil? Após tecer loas à Revolução Cubana (assim, com maiúsculas ... ), nosso prestidigitador, o u melhor, nosso frade, mais uma vez escapa pela tangente na questão dolorida dos fuzilamentos, defende ndo que o me lhor modo de ser contra a pe na de morte é promover campanhas contra a fome. Esperto, s im. Convincente, não.
O<le ao guerl'illleÍl'o Numa segunda carta , dirigida a Che Guevara2, Frei Betto canta louvores ao g uerrilhei ro comuni sta, escolhido como ícone pelas esq ue rdas lati no-americanas. Reconhecendo e mbora "o fracasso
de nossos movimentos de libertação" e criticando os revo luc ionários que "barganham utopias por votos", o frade dominica no insiste e m dizer que C he Guevara era "incandescido pelo amor". Esqueceu-se talvez de que, ao escrever ele Cuba para s ua mãe, Guevara declarou estar "sedento de sangue" 3 • A julgar pela ode irrestrita que Frei Betto canta ao g uerrilheiro, é de se supo r que concorde também com essas pos ições nada a morosas ele C he Guevara. Para o assessor presidencial, o importante é ser ator na "construção do socialismo" . Entre as "conqui stas" obtidas nesses 30 a nos, Frei Betto e numera a orga ni zação das mulheres, dos camponeses, dos operários, dos índios, dos negros. Para bom e nte ndedor, fica claro que esses vári os movimentos obedecem a uma mesma direção revolucionária que os insufla por detrás.
Na visão marxista de Frei Betto, "heróis" da América Latina seriam guerrilheiros como o nicaragüense Sandino (1) e Che Guevara (2) ; "heroísmo" que gerou miséria em Cuba, simbolizada pelo velho carro de Havana (3)
Que vocação é essa? Ao dizer que extrai u "consideráveis lições das guerrilhas urbanas dos anos 60", confessa que as ag itações urba nas desse período co nstituíam a utê nti cas "guerrilhas". Não valerá o mesmo para os sem-teto e sem-te rra de hoje? Pro seg ue: "No Brasil, o PT chegou ao gover-
no con·t a eleição de Lttla. [. .. ] Comcinclada por Fidel, a Revolução Cubana resiste ao bloqueio imperialista". O frade dominicano, que se mostra mui to categórico e m seu artigo, apresenta e ntretanto uma única hes itação. Ela a parece quando se trata de apo ntar o lu gar o nde está presentemente a a lma de C he Guevara. Aí a pena de Frei Betto ti tubeia, e e le escreve : "De onde estás, Che, abençoes (sic) todos nós que co-
munganws teus ideais". Sem qualquer referênci a a Nosso Senhor Jesus C ri sto, a Nossa Senhora, aos santos, aos luminares da Ordem dominicana, o frade conclui sua inflamada carta dizendo que é sua vocação "revolucionar sociedades e continentes". E nós pensávamos que a vocação de um frade dominicano fosse pregar a Jesus Cristo ... • E-mail do autor: gv ivanco @sti .com.br
Notas: J. Carta aberta a Jorge Sempn.í11, "Folha de S. Paulo" , 10- 10-03. 2. Carta a Cite Gue vara, " Correio Brasi li ense", 9- 10-03. 3. Ernesto Guevara Lynch (pai do guerri lheiro), Mi hijo. e/ Che, Editorial Planeta, Barcelona, 1981.
JANEIRO 2004
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São Paulo: de aldeia a metrópole, da simplicidade ao requinte
Divertimento frenético
O
tumulto começou às 22h30m, em São Paulo, no Espaço das Américas, no bairro da Barra Funda, onde se deu o festival Hip Hop na Veia. Seguiu-se o quebra-quebra, que só terminou por volta das 2h. Um rapaz morreu , após ser baleado na cabeça por uma pessoa no meio da multidão. A confu são se espalhou pelas ruas vizinhas, c hegando à Avenida Francisco Matarazzo, o nde carros estacionados foram atacados, tiveram vidros quebrados e lataria amassada; um posto de gasolina teve as bombas depredadas, e lojas que funcionam dentro de um supe rmercado foram saq ueadas. Todo esse frenesi deucse em decorrência de um show de rap. " De repente, um monte de gente veio correndo e
quebrando tudo. Fiquei com medo e me escondi den tro da garagem", afirmou um manobrista. "Eu e minha mulher saímos da Vila Country e encontramos nosso Golf destruído. Um PM nos disse que, se ele não tivesse dado tiros para cima, os vândalos iam tacar fogo no carro ", contou um transeunte. Festivais que excitam os nervos e açu lam as paixões só podem levar ao crime, às drogas e até ao satanismo. Estes são os divertimentos que o mundo hod ierno oferece à juventude. É de se lamentar a omissão crescente daqueles que deveriam ensinar a mora l cristã aos adolescentes, dar-lhes sólida fo rmação e encaminhá-los para alegrias sãs, temperantes e ordenadas, próprias da idade. •
E pisódios familiares da antiga "SãoPaulihho", revelam a vocação da cidade para um auge grandioso, numa sociedade aristocrática impregnada pelos princípios da Igreja Católica e pelo perfume da civilização européia
E
A criminalidade dos não-criminosos sanha egoísta de certos setores ditos avançados }\ ou progressistas do mundo moderno é de estarrecer. Sobretudo no que diz respeito ao 5° Mandamento da Lei de Deus: "Não matarás". Tais setores, que não raro se dizem pacifistas, mostram-se favoráveis a leis e procedimentos que matam muito mais do que qualquer guerra. O Parlamento Europeu vai financiar pesqui sas que implicam na destruição de embri ões hum anos . Como se sabe, o embrião é a primeira manifestação viva do ser human o. Contra essa dec isão cr imin osa pronunciaram-se os bispos do Velho Continente através do secretário da Comissão de éJJiscopados da Comunidade Européia, Mons. Noel Treanor: "Consideramos que toda vida humana começa desde sua concepção, e que não deve ser violada independentemente dos eventuais benefícios que traga. Opomo-nos, portanto, por princípio, à destruição de embriões humanos " ("Agência Zenit", 19- 11 -03). Outro canal de mortandade em massa é o aborto. Milhões de cria nças são sumari amente ex termi nadas no se io materno, por iniciativa de pais, médicos, juízes e outros. Por sua extrema gravi dade, o aborto é fulminado na Lei da Igreja com a pena máxima: excomunhão; ou seja, expu lsão da Igreja. "Quem provoca o aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae" (cânon 1398). Comentando esta lei, o Pe. Jesús S. Hortal, S.J., diz: "Advirta-se que o cânon não fa z nenhuma exceção quanto aos motivos do aborto. A excomunhão atinge, portanto, também os que realizam o aborto no caso de estupro da mulher, de deformidades do feto ou de perigo de vida da mãe". CATOLICISMO
Na lista dos atentados criminosos contra a vida humana, não podemos deixar de vituperar também a e utanásia (assassinato de velhos ou doentes), cada vez mais difundida na sociedade neopagã de nossos dias . Como estranhar que Nossa Senhora se ponha a chorar sobre o mundo moderno? Como estranhar os castigos previstos em Fátima? •
O Parlamento Europeu (abaixo), em Strasburgo (França), vai financiar pesquisas que implicam em destruição de embriões humanos
sta revista não poderia ficar alheia à comemoração dos 450 anos da fundação de São Paulo, pois faz parte de sua história . Com efeito, foi aqui que nasceu o grupo de católicos militantes de escol formado por Plínio Corrêa de Oliveira . Diretor de "O Legionário" durante mais de uma década, Dr. Plínio tornou - o conhecido por toda a elite religiosa do País . Esse mesmo grupo, enriquecido por nova geração de jovens católicos, em sua maioria exalunos do Colégio São Luís, veio a constituir o núcleo ini-
to Inácio foram ensinar os índios, em uma das metrópoles mais populosas do mundo?
cial de redatores de Catolicismo e, mais tarde, a direção
da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP . Entre esses jovens encontrava -se Eduardo de Barros Brotero, trineto do Conselheiro José Maria de Avelar Brotero, primeiro lente dos cursos jurídicos instituídos por Dom Pedro I em 1827. Tanto os descen dentes do Conselheiro Brotero quanto os ancestrais de Dr. Eduardo pelo lado materno pertenceram àquela sociedade que Dr. Plínio chamou de "nobreza da terra", em seu livro Nobreza e elites tradicionais análogas . Ele está, portanto, bem situado para transmitir aos nossos leitores algumas recordações significativas da antiga "SãoPaulinho".
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Catolicismo - Neste aniversário da cidade de São Paulo, como o Sr. vê a transformação da aldeia, onde jesuítas contemporâneos de San-
Dr. füluanlo de Dal'l'os Bl'otcro:
' ..-1 primitiva aldeia de São Paulo, pela atuação do l'e. Manuel <la Nób,·ega e do Pe. Anchieta, to1·110u-se um centl'o cultural incipiente. Em uma vida rmle que exigia muita m,,·a. E' nossos piOlleÍl'OS a tiveram"
Dr. Eduardo de Barros Brolero - Como a própria pergunta sali enta, essa transformação foi enorme. Ela pode ser co ns iderada sob vários ângu los. Um dos mais interessa ntes seri a do ponto de vista soc ial. A primi tiva alde ia , pela atuação do Pe. Manuel da Nóbrega e do Pe. José de Anchieta, tornou-se um centro cu ltura l in cipiente. Naquele tempo não hav ia estradas, ape nas tr ilh as de índios e os rios - no caso, o Tietê - que cond uziam ao interior. Pode mse im ag in ar as d i ficu Idades: a mata virge m, os invernos úmi dos, as feras, as doenças ... Era uma vida rude q ue exigia mui ta fibra . E nossos pioneiros a tiveram. Mas aos poucos a vi la se fo i c ivilizando. Em 1765, chegava de Portugal para governar a capitania D. Luís de Sousa Botelho Mourão, o morgado de Mateu s - g loriosamente conhecido como defensor e benfeitor do Bem-aventurado Frei Ga lvão na fundação do Convento da Luz. Foi o Morgado de Mateu s que imaginou, anos depois, o serviço postal te rrestre entre São Paulo e o Rio de Janeiro: assim os pauli stas podiam enviar suas cartas aos cariocas ... seis vezes por ano! O primeiro censo revelou então que a cidade tinha 20.873 habitantes. Durante muito tempo, a vida social na cidade caracterizou-se pela nota patriarcal marcada pela simp licidade e até certa rusticidade. No meio rural, essa nota perdurou até o séc ul o XX. JAN EIRO 2004 -
Catolicismo - Haveria exemplos? Dr. Eduardo - Sem dúvida.Meu tri savô, o Comendador Luiz Antonio de Souza Barros, possuía fazenda em Piracicaba, on<le a família ia passar longas temporadas. Uma filha dele, minha bisavó, Da. M ari a Paes de Barros, deixou memórias nas quai s conta como eram feitas as viagens ao interior. Quando levavam cri anças, as senhoras iam de bangüê - uma espéc ie de cabina de made ira, muito simples, carregada por qu atro homens fortes a pé. Para ir a Campinas, a úni ca hospedari a ex istente no cam inho era a Estalagem da P<?nte, situada à margem do ri o Jundi aí. Minha bi savó a descreve e fala de seu proprietári o: "o homem mais prazenteiro e popular". Dizià que a maior parte cios viajantes, rumo ao interi or, se aco lhi a à sua casa. Era conhec ido como o Barão da Ponte. Quando lhe perguntavam por que decreto havia recebido o título, respondia, com a conhecida frase cio Antigo Regime: "Pela
unânime aclamação do clero, nobreza e povo !". Em seu livro, No tempo de dantes, essa minha bisavó narra: "Naquela noite na hospedaria, as meninas dormiam. no chão e as ,nanas acornodavam-se nas camas da alcova. Pela rnadrugada, a voz dos pqjens pegando os animais e encilhando os cavalos vinha a todos desperta,: Depois de pequena refeição, conlinuavcun a jornada. Lá pela tarde a grande comitiva atravessava Lentamente a cidade de Campinas, outrora pequena e silenciosa, com seus vastos casarões de fa zendeiros ricos. Ao sair da cidade, passava-se pela vendinha situada à beira de um riacho. Se tivessem. sido grandes as chuvas, a água transbordava.formando ali um grande Lamaçal. Mau pedaço. Praguejavam os
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Dr. Eduardo - Sim. A vicia paulistana era calma,
Locadores de bangiiês. As senhoras, inquietas e medrosas, moviam-se cautelosamente para evitar os espirros de lama. Como a fa zenda ficava a pequena distância da cidade, dali a pouco estavam chegados, a gozar do descanso e do prazer de se acharem em casa após tão longa viagem". Catolicismo -
Era tudo tão difícil as-
sim?
Da . Maria Paes de Barros
"Em 1876 São Paulo ganhou seu primeil'O palacete (l'oto abai,m, à esq1,e1•cla). Construiu-o Rafael 'J'obias de Aguiar Paes de Barl'OS, segumlo Barão de Piracicaha e cunhaclo ele minha bismró "
Dr. Eduardo - Sim, mas já começava a se del inear uma tendência a aprimorar a maneira de viver. Favorecida pelo sucesso da cafeicultura, São Paulo progredi a rapidamente, a tal ponto que, em L876, a cidade ganhou seu primeiro palacete. Construiu-o R afael Tobias ele Aguiar Paes de Barros, segundo barão ele Piracicaba e cunhado ele minha bi savó. O primeiro palacete paulistano era o que podia haver ele mais suntuoso. O sobrado, construído ai nda co m paredes muito grossas, possuía um se m nú mero de salões, salas e saletas pintadas ele cores diferentes ou revestidas ele papel , com pisos trabalhados em macieira ou mármore, e que estavam ri ca mente mobili ados com os costumeiros móve is ele macieira e palhinha, mas também com móvei s estilo Luís XVI, segundo a descrição de uma neta cios B arões ele Pi racicaba. Que diferença com a estalagem da Ponte! Catolicismo - Diferença colossal! Tais exemplos são tão ilustrativos daquela época, que pergunto se o Sr. teria outros fatos desse tempo. Dr. Eduardo - Os fatos narrados por minha bisavó já revelam a preocupação com a decoração interi or das casas. E la narra epi sódi os famili ares mostrando como era despretensiosa a vicia naq uela São Paul o ele uns 25 mil habitantes. Mas também como já brotava nas gerações mais novas a apetência ele algo melhor, gu teve seu auge na Belle Époqu.e. É a conclusão de quem ouve ou lê descrições da sociedade que se reuni a em palacetes como o cios Ca mpo. Elíseos, o ele Dona Yericliana Prado (atual C lube São Paul o) ou o cio Conde Penteado, entre outros. Para se ter uma idéia cio tipo humano que essa sociedade destilou, seri a preciso conhecer a esplêndida pintura de Dona Gabriela Ri -
Na foto acima , almoço no Parque da Cantareira (191 O) . No primeiro plano , da esquerda para a direita, na 2° e 3° posições: Gustavo e Georgina Paes de Barros (ele filho de Da . Maria Paes de Barros), avós maternos de Dr. Eduardo .
"l'al'a se ter uma icléia <lo tipo humano que essa socic(lacle clesti1O11, Sel'ia IJl'eCÍSO
conhecei' a es11/ênclicla JJilll,lll'a ele Dona Gabl'iela Ribefro cios
Santos, awj <le
D,: 1-'linio. 1t um exemplo ele senhOl'iO, 1•equi11LC e linum. ,. (foto à clircita)
Bangüê de Da . Felicíssima de Souza Barros, trisavó de nosso entrevistado
CATOLICISMO
beiro dos Santos, avó ele Dr. Plíni o. É um exemplo ele senhori o, requinte e f-inura.
Catolicismo - Que outros fatores contribuíram para tal aprimoramento? Dr. Eduardo - Para res ponder, recorro ao comentári o - a meu ver, muito perLin ente - ele uma autora, Julita Scarano, no li vro Memórias da gen/ e paulista. Ela, es tudando memórias ela ari stocracia cio ca fé, obser va que os fazendeiros pri mava m em po ss uir be l as moradas , Lanto rurais como urbanas. Ela discerne mesmo "um momento ele inlensa europeização" em que se mani festa a idé i a el a Fran ça como mode lo. " É a época em que o fauslo e o lu xo passam a ter im enso valor", em contraste com anteri ores ge rações " ele grand e pobreza". "O café prop iciou toda essa nova riqu eza , e o desejo ele emu lar as ricas moradas fran cesas influenc iou na esco lha ci o mobi I i,1ri o e ele objetos ele prata e ele cri sta is", co nclui a autora, notando ainda como tais memórias, embora destaquem a simpli c idade cios costumes , " não deixam ele mencionar um a busca ele enobrec imento e o desejo ele ostenta r costumes req uintados". Trata-se portanto ela busca ele certa perfeição, ele certo est ilo de vicia, um sonho de aprim oramento e requinte que ve io co mo co nseqüência <la riqu eza proporcionada, prim eiro, pelo ca fé; posteriormente, por um a indústria incipiente.
Catolicismo - O "sonho", portanto, era de inspiração européia?
pausada, cerim oniosa, muito influenciada pelo ambiente rural. O contato com a vida do campo em geral aguça o bom senso, mas pode embrutecer um tanto e acanhar os horizontes. A sociedade de São Paulo soube defender-se di sso, haurindo o que havia de melhor ela cultura européia. À medida que as fa mílias brasileiras foram se enriquecendo, passaram a enviar os filh os para estudar em Coimbra, Pari s e outros lugares. Por outro lado, muitos europeus vieram para o Brasil: modi stas, comerciantes, reloj oeiros, médi cos, engenheiros, etc. Em determin ado momento, as melhores fa mí1ias passaram a con tratar governantas de origem francesa, alemã ou inglesa para educar seus filhos. Mas o gosto fran cês preponderou no estil o ele vicia e nas moelas. Por exemplo, a Força Públi ca ele São Paulo - hoj e Polícia Militar - , co mo o Exército, teve formação militar francesa. A esse respeito, nada mais conclusivo que o comentário cio chefe ele governo francês Georges Clemenceau, depois ele sua visita ao Brasil em 1911 . Consta em suas Notes de Voyage dans L'Amérique du Suei - XIII, na rev ista francesa " l' lllustration" :
"A cidade de São Pau.Lo é tão curiosamente .ft'Cllicesa em alguns de seus aspectos, que durante toda urna semana não tive a sensação de ,ne encontrar no estrangeiro. [.. .] A sociedade paulista[.. .] apresenta o duplo f enômeno de se orientar resolutamente para o espírito fran cês e de desenvolver paralelamente todos os traços de individualidade brasileira que detennincun o seu caráter: Tende por certo que o paulista é paulista até o mais fundo de sua alma, pau li sta tanto no Brasil como na França ou em qualquer outro lugar" . A influência fran cesa só desapa r ece u d epoi s d a I Gu erra Mundi al, quando o american way of L!fe, difundido pelo cinema de Holl ywood , triun fo u em todo o Ocidente. Time is money triunfo u sobre a douceur de vivre.
Catolicismo - Como se manifestava essa "doçura de viver"?
Dr. Eduardo -
Ainda con hec i confeitarias, salões ele chá, casas ele fa mília, onde o ambiente, a culin ári a, a conversação, a gentileza lembravam a amenidade ele outros tempos. Ouvi também mui-
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450° ANIVERSÁRIO
num sentido pejorativo, era no entanto um a realidade profunda, positiva. Porque essa soc iedade que prezava o luxo ainda estava banhada de certa inocência. Por isso, mes mo os pobres e escravos eram tratados com be nevolê ncia. A própri a D". Maria Paes de Barros conta a cena da mãe extraindo um espinho do pé de um escravo, e como eram tratados os doentes. Era a caridade cri stã e o perfume da lgreja Cató lica que impregnavam profund amente todos os as pectos da vida. É de se notar que essa soc iedade era de tal maneira cató lica, que a virtude era praticada mesmo por aque les que não professa vam os princípi os da Santa Igreja.
Catolicismo - Disso tudo, resta algo? Dr. Eduardo - Infe li zmente, é prec iso di zer que pouco restou daquela época. Teatro Municipal de São Paulo
"O 1'catro Municipal, inspirado 110 Opém de Paris e inaugm·a do cm 1911, dá uma idéia do nível cultural do começo do século XX, cm que toda pessoa de elite /'alava francês, i11glês ou alemão. Ali se reprcse11tavam as melhores óperas italianas 011 peças clássica s da
Comédic Franç,aisc. "
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tos fatos na mes ma linha, contados por Dr. Plínio Corrêa de Olive ira. Nasc ido e m 1908, ele conservava e ntre suas melhores recordações de in fâ ncia os passe ios ao Jardim da Luz e ao parque Antarcti ca, e m companhia da irmã e de uma prima, sob a vi gil ância de uma governanta alemã. Nesses passeios, as crianças entregavam-se a toda sorte de di strações inocentes que c ulminavam nas delícias de uma confe itari a, se merecessem o prêmio pelo bom comportame nto. Por ocasião do Natal, sua mãe Da. Luc íli a levava as cri anças às lojas de presentes para escolhe re m o que iri am pedir. Du as lojas importavam brinquedos marav ilhosos e muito fo rm ati vos: a Casa Lebre e a Casa Fuchs. Enca ntadas com os brinquedos, as cria nças indi cavam fac ilmente os seus pe ndores. Os brinquedos e contos de fadas de então nada tinha m a ver com os de hoje. Eram rea lme nte belos e contribuía m pa ra a fo rmação do caráte r. A vida soc ial, o teatro, as reuniões de fa míli a constitu íam para os adul tos a douceur de vivre. O Teatro Municipal, inspi rado no Opéra de Paris e inaugurado em 191 1, dá uma idéia do nível cultural do começo do sécul o XX, e m que toda pessoa de eli te falava fra ncês, inglês ou ale mão. Ali se representavam as melhores óperas ita li anas ou peças clássicas da Comédie Française. Até a década de 1950 as apresentações de bom nível eram freqüe ntes. Depois escasseara m.
Catolicismo -
Aquela "SaoPaulinho" era uma cidade mais humana.
Dr. Eduardo - Sobretudo, mais cri stã, mais católica. Minha bisavó considerava a pequena São Paulo de sua infância " monótona, ca lma e simples, com hábitos um tanto fe udais e aparê ncia medi eval". O que ela chamou de " fe udal" e " medieval", ta lvez CATOLICISMO
Catolicismo - Por quê? Dr. Eduardo - Porque as pessoas fora m abandonando a Sa nta Igreja. Aquela soc iedade baseada nos princ ípios católi cos como que se autodi sso lve u. Os princ ípi os iguali tári os, o crescime nto desorde nado, o e nriquec imento rápido e anorgânico, a luta de c lasses, a imora lidade modifi cara m co mpl etame nte a fis ionom ia de São Paul o. O marco dessa transformação, mui to mais que a proclamação da República, fo i a Revolu ção de 1930, que colocou Getú Iio Vargas na pres idê nc ia do País, in a ugurand o uma repúbli ca populi sta que apoiava as mudanças sociais reclamadas pe la esquerda. Já combalida economi came nte pela fo rmidável cri se do café de l929, a ari stocrac ia ru ra l, que liderava a sociedade pauli sta, perdeu-se no anoni mato e no tum ulto de uma São Paul o cada vez ma is rica, mas cada vez mais difere nte do que fo ra. No entanto, um paul ista houve que, recolhendo com amor o antigo e abençoado legado do Be m-ave nturado Pe . Anchi e ta, seg uind o os exemplos da virtude q ue di stinguiu Frei Ga lvão, animado pela ve lha e só lida fi bra dos bandeirantes, seus antepassados, resistiu ! Contra ventos e te mpestades, Dr. Plínio Corrêa de Oliveira fun dou e m São Paul o a TFP, que combate a Revolu ção e propugna uma soc iedade sacra! e hierárqui ca baseada nos princípi os perenes da doutri na católi ca. Alé m de sua luta intran sigente, de seu trabalho infatigável, de sua ação vi gorosa como pensador católico, Dr. Plínio deixou-nos e m sua última obra, Nobreza e elites tradicionais análogas, o caminho a percorrer para uma autênti ca restauração, não só da sua querida São Paulo, mas da C ivili zação Cri stã no Oc idente. •
B reve visão de conjunto da cidade desde a fundação, considerando sua inigualável vocação, seu grandioso passado, sua incorrespondência e as promessas de um futuro ainda mais esplendoroso r:.
WI LSO N GABRIEL DA S ILVA
a véspera do Natal de 1553, a peque na vila de São Vicente alvoroçava-se com a c hegada de mais alguns novi ços da Companhi a de Jesus. Quando o superi or dos jesuítas no Brasil , Padre M anuel da Nóbrega, recebeuos no porto, distinguiu e ntre eles o jovem José de Anchi eta, que conhecera em Coimbra como estudante notável por suas virtudes e qualidades. Anchi eta, canarino de nobre ori ge m basca, nasc ido e m 19 de março de l5 34, fora estuda r na Universidade de Co imbra, onde, e m 155 1, a braço u os idea is da Co mpanhi a fund ada por Ln ác io de Loyo la, c uj as regras havi am sido apro- .~ vadas pelo Papa e m 1540 . 1 O nov iço ti- ~-s: nha portanto 19 a nos quando ve io para Beato José de Anch ieta o Bras il.
N
A lime/ação, a primefra Missa - 2 5 de janeiro ele 1554 Ao des ignar Anchieta para ensin ar os índios e nov iços no planalto de Pi ratininga, o Pe. Nóbrega teve certamente duas intuições proféticas: uma, a respeito do futuro daq uela simples alde ia; outra, a propós ito do jove m noviço, que viri a a ser chamado o Apóstolo do Brasil. Tendo como superior o Pe. Manuel de Paiva, os novos mi ss ionários não perderam tempo e m galga r a Serra do Mar, para inaugurar, em 25 de janeiro de 1554, o que viri a a ser o Colégio de São Paulo, ponto de partida para a futura cidade. A glória que coube ao francisca no F rei He nri que de Coi mbra, ao reza r a primeira Mi ssa no Bras il , te m seu paralelo na do Pe. Paiva ao ce lebra r a Mi ssa de inauguração do colégio, e m homenagem à conversão do Apóstolo São Paulo, JAN EIRO 2004
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escola, a enfermaria, o do nnitório, o refe itório, a cozinha, a despensa; todavia, não invejamos as espaçosas habitações de que gozam em outras parles os nossos Irmãos". 3 Sainte-Foy co nta que a li e le tinha por leito uma simples rede, e no máx imo fazia, de te mpos e m tempos, um pouco de
fes tej ado naque le di a 25 . Afirmava-se assim mais uma vez a vocação cristã do País que então co meçava a dar seus primeiros vagidos.
Obrns apostólicas do infatigável jovem missionário Confo rme narra o próprio Anchi eta, estabeleceram-se em São Paulo de Pi ratininga uma dúzia de j esuítas, sendo três sacerdotes e os de mais irmãos le igos algun s destes estudantes, como Anchieta - e algun s curumins ou neófitos indígenas trazidos de São Vicente. E m menos de dois anos, Anchieta pôde operar o prodígio de redi gir a Gramática da língua mais usada na costa do Brasil. O Pe. Nóbrega tratou logo de enviar a obra à Bahia, onde fo i de extre ma utilidade no apre ndizado da língua geral dos índi os, por parte dos novos mi ssionári os que chegavam da Metrópole. Aperfeiçoada ao longo de 40 anos, fo i publicada em Coimbra (15 95) e - de acordo com o Pe. Hé lio Abra nches Yiotti S.J., em que m nos baseamos quanto a estes dados - é considerada "a melhor de todas as que se
IIIIIIIES
CATOLICISMO
escreveram nos tempos coloniais e a que mais corresponde às exigências cient(ficas modernas". 2 Anchieta co mpôs igualme nte Diálogos da fé e m líng ua tupi , que p asso u a ser usado e m São Vi ce nte desde 1557. Escreve u també m três in struções sobre o batis mo, a ass istência aos índi os e m pe ri go de mo rte e o sacrame nto da confissão. Zelo na co11ve1'são e na salvação das almas i11díge11as Tais obras fa la m po r si da ass istência do divino Espírito Santo e do zelo apostó li co do j ove m mi ss io nári o. Mas é prec iso imag in armos as circ un stâ nc ias co ncretas e m que se reali zou esse trabalho. O pró prio Anchi eta o revela em ca rta de agosto de 1554 a Sa nto Inácio de Loyo la: " De janeiro até o presente tempo permanecemos, algumas vezes mais de vinte, em uma pobre casinha fe ita de barro e paus, coberta de palhas, tendo catorze passos de comprimento e apenas dez de largura, onde estão ao mesmo tempo a
Acima: pintura do Pótio do Colégio (séc. XIX); à direita, Av. Higienópolis nos anos 20
fogo para se aquecer.4 É preciso pensar co ncretame nte o que seria o inverno na mata atlântica, outro ra muitíssimo mais úmida do que em nossos dias, e sem qualquer confo rto da vida modern a. M as a adversidade não estava apenas na natureza. Convé m recordar que os mi ss io nári os tinham de viver em meio a uma po-
pulação selvagem, com traços de barbárie por vezes crué is. O citado hagiógrafo ressa lta o método empregado pelo be m-aventurado para converter os índios: catequi zava primeiro as cri anças que vinham à escola e, através destas, influenciava os pais, sej a para aproxim á- los e convertê- los, sej a para corrig ir- lhes os vícios. Alé m di sso, de tempos em tempos enviava seus companhe iros pelos campos e fl orestas vi zinhas pa ra faze r aposto lado e sa lvar alm as. Como resultado, "os bárbaros convertidos nessas incursões apostólicas ern breve eram tão numerosos que j á não havia lugar para alojá-los. Sem se desencorajar com isso, dilatava a caridade na propo rção das necessidades que a solicitavam, e empreendeu, com a ajuda dos alunos, a construção de diversas casas para servirem aos novos convertidos, fa zendo-se, conforme a necessidade, arquiteto, pedreiro, carpinteiro ou servente, até estarem providas as novas fa mílias do indispensá vel para viver".
Formação <la ci<lade ao 1·edor <la igreja de Piratini11ga
"Os neófitos, ouvindo contar as maravilhas que Deus operava por seu Servo, sentiam vivo desej o de assistirem à celebração solene dos santos Mistérios. Anchieta construiu então da mesma forma uma igreja maio,; e quando ela f oi dada por concluída, f ez com que nela se of erecesse o santo Sacri,f'ício com grande pompa. 5 Le ndo tais maravilhas operadas pe la graça divina, é fác il compreender como c resceu o núcleo inicial de São Paulo, sobre a colina entre o rio Tamanduate í e o ri acho do Anhangabaú. Em 1560, o governador-geral Me m de Sá suprimiu a vil a de Santo André da Borda do Campo e crio u a de São Paul o, vindo os antigos moradores andreenses estabe lecer-se junto à igrej a de Piratininga. Tudo isso j á supõe certa organi zação política, co m a prese nça de co lo nos e funcionári os. À esquerda: Avenida Paulista, em 1902 JAN EIRO 2004
&Ili
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Parque da Luz em 1911
Salve, Virgem Formosa, Mãe da Santa Esperança
[mpério a cidade enriqueceu-se prodigiosamente com a cultura do café, e sua ascensão só se deteve na crise que cu lmi nou com o crash de J 929 e a revolução de 1930 encabeçada por Getúlio Vargas. Mas já nascera então outra São Paulo, a da indústria e do comércio, a São Paulo dos imigrantes, que cresceu francamente na desordem. "São Paulo não pode parar", dizia-se por ocasião do seu 4° centenário. E não parou. Lamentavelmente o desenvolvimento matou a tradição. Destruíram-se os palacetes, ergueram-se fábricas e arranha-céus. Hoje, apesar do progresso material , a c idade apresenta aspectos caóticos. Se é verdade que em São Paulo nem tudo é mau, sobretudo se pode ver que pouco restou daquele glorioso passado. *
O estandal'te ela Cruz de Cl'isto
e o "No11 d11co1; duco" Em 156 l , o colég io dos jesuítas foi transferido para São Vicente, mas Anch ieta ainda permaneceu em São Paulo cerca de três anos. Já no ano seguinte, teve de enfrentar um ataque dos tupis do sertão contra a vila.6 Era o começo das dificuldades com os índios, oriundas de fatores humanos e preternaturais, que perduraram ao lon go de extenso período em vários pontos do Brasil. Já não é o que quis escrever a mão de Deus em nossa história, mas a mão demônio ou a do homem , tantas vezes levado pelo pecado. Apesar de permanecer durante muito tempo simp les vi larejo num ambiente selvagem, São Pau lo continuou a crescer em importância. Não é o caso de tratar aq ui das bandeiras, de im portância cap ita l no povoamento do País. Basta lembrar que São Pau lo foi sempre o motor de uma expansão desbravadora que entrou pelo Paraná e Santa Catarina, chegando até os pampas do Rio Grande; penetrou os sertões do inte rior, atravessanCATOLICISMO
do o pantanal matogrossense até ating ir as selvas da Amazônia; bateu os cerrados de Go iás e chegou até o Piauí. Isso não se realizou sem fibra e força de alma, que tem muito a ver com o braço de ferro empunhando o estandarte da Cruz de Cristo e o lema da c idade de São Paulo, Non ducor, duco - não sou conduz ido, conduzo.
Cidade enca11tadora X metl'ópole i11d11stl'ializada Está configurada aí uma vocação de liderança, de menosprezo do ri sco, de epopéia. Mas só é verdadeiro herói quem lu ta por uma causa justa e nobre. A fibra da_São Pau lo de o utrora muitas vezes desviou-se para objetivos não nobres. Alguns, francamente vis. Em todo caso, São Pau lo passou a ser sede d a capita ni a de São Vice nte em 168 1. Em 1709 sucedeu às capitanias de São Vicente e Santo Amaro com o nome de capitania de São Paulo e Minas do Ouro; em 1722, simplesmente capitani a de São Paulo, e província em 1821. 7 Palco do brado da Independência, no
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Neste simples apa nhado, insisto na importância daquele su rto inicial, porque ele deixa tra nsparecer c laramente o caráter providencial , uma espécie de vocação para a expansão da fé cató li ca, certamente não alhe ia ao Padroeiro da cidade, que é nada menos que o grande São Paulo, o Apóstolo dos Gentios. Sem dúvida a c idade se desviou desse rumo, a ponto de tornar-se hoje quase o oposto. Mas, assim co mo um homem pode cair do cavalo e converter-se, como sucedeu com Sau lo, igualme nte o pode uma cidade e até uma nação. Q ue os paulistas vo ltem seus o lhos para o desígnio heróico a serv iço da fé (e não do interesse pessoa l), é o que de me lhor podemos desejar neste 450º anivers,'u-io da metrópole. •
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E-mail do autor: wgabrieldasilva@yahoo.com.br
Notas:
1. Cfr. Charl es Sa intc-Foy, Anchieta, o Santo do
Brasil, Artpress, São Pau lo, 1997, pp. 3 1, 33, 40, 46.
2. C rr. Pc. Hélio Abra nches Viotti S.J., José de Anchieta, Tenenge, São Paulo, 1987, p. 24. 3. Charles Sai nte-Foy, op. cit. p. 53. 4. Ide m, ibidem. 5. ld. p. 51. 6. Héli o Abranc hes Viotti , op. c it. , p. 28. 7. Para todas as prec isões doc umentárias a respeito, c fr. Aluísio de Almeid a, Vida cotidiana da capitania de São Paulo (/ 722 - 1822) in Ca rl os Euge nio Marco ndes de Moura, Vida cotidiana em São Paulo 110 século XIX, p. 9.
E
sse é o tema do belo Calendário 2004 da Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, cuidadosamente e laborado para levar aos lares dos participantes da Campan ha o esp lendor da grande obra de sa lvação e de amparo à Civi li zação Cristã realizada pela Santa [greja. Com fotos de vitrais e frases extraídas de orações e cânticos tradicio nais da Igreja, tal calendário também será para todos ocasião de e levar di ariamente um louvor à Santíssima Virgem Maria. Mais de l 00.000 ca lendários foram enviados aos participantes. E a Campanha pretende ainda env iar o mesmo calendári o para mais 50.000 famíli as, no iníc io deste ano. "É
No local das aparições em Fátima, pedidos de orações
N
este mês, pelo sétimo ano consecutivo, o Coordenador da Campa nha
Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, Marcos Luiz Garcia, levará a Fátima, Portugal, os pedidos de orações feitos pelos participantes dessa iniciativa, durante o ano que passou. O Coordenador, além de ser portador de todos os pedidos de orações recebi dos ao longo do ano, levará também os nomes e as intenções particulares dos participantes da Campanha, que deverão ser introduzidos para sempre numa das imagens peregrinas que percorrerá o País. Todos aq ueles que têm acesso à Internet puderam enviar seus pedidos de oração, por meio do site www.fatima.org.br. Tais pedidos foram impressos e também serão depositados, neste mês, aos pés da Imagem da Santíssima Virgem, na Cova da Iria, local das aparições. Na próxima edição, será apresentada uma cobertura comp leta sob re a entrega desses pedidos. •
muito importante colocar um Calendário de louvor a Nossa Senhora no maior número possível de lares católicos, sobretudo porque os calendários que normalmente são distribuídos no comércio nem sempre aproximam os homens de Deus, chegam até a ser esotéricos ou totalmente imorais", afirma Marcos Luiz Garcia, Coordenador da Campanha. •
Aderentes da Aliança de Fátima: Cartão de Participação Ativa
Âliança de Fátima
omo forma de reconhecimento, a Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! enviou aos aderentes da Aliança de Fátima o novo Cartão de Participação Ativa para 2004. Tal cartão, a lém da foto da imagem milagrosa de Nossa Senhora de Fátima, também apresenta no verso a maravilhosa oração composta por São Bernardo, o Lembrai-Vos. Essa prece ATENÇÃO: sou católico Em será para todos os participantes meio eficaz para . peço que cham~m u'::~~:~eacidente, O htular deste cart.ã d . meditar e reforçar a inda mais a confi ança e m Maria Participan te da At estaca-se como •ança de Fatima Santíssima. len1hr•l-Vo 6 ..• Maria. que nuoc~ se P11ss1mJ V1re<'rn aleuém qtJc ccnt ouri,J dizer qlH!' A Coorde nação da Campanha espera também que J)f'OCCÇAo 1 ia reco,rkJo ;) VOs.sa <' reclarr~~~avossa.lSISl:slfflCta o mencionado cartão seja uma recordação permanenVósdCsanlfaado SOco,ro, fOS&c P<>f te dos apelos feitos por Nossa Senhora aos três pasto~:'°cu, P0is.cornigu.tlconfia , ó Virgem f'ntrc todas singu{a~: rinhos de Fáti ma, durante as aparições. •
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www.fa t,ma.org.br
JAN EIRO 2004 -
Luís DuFAUR raça estava coberta de bandeiras vermelhas. Que local era esse? lmag ine o le itor. Teria sido num país distante do nosso? Não. Esse fato ocorreu na esplanada dos Mini stéri os e m Brasília, na posse cio preside nte L ul a, e m janeiro de 2003 (foto 1). Nesse mar ele símbolos verme lhos - e ntre os quais a foice e o marte lo da bandeira cio PC cio B - quase não se via o verde-a mare lo da bande ira nacio nal.' O fato não constituiu um símbo lo ela difusão cios erros ela Rú ss ia? Parece que sim. Em l9 l 7 , Nossa Senhora advertiu a hum anid ade que os erros da Rússia se espa lharia m, caso os homens não rezassem e não fi ze~sem pen itê nc ia. Isto não foi fe ito, e tai s ·e rros fora m propagados no Brasil pe las esquerd as soc iali sta e co muni sta e, ele modo mui to espec ia l, pe lo prog ressismo católi co.
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Passagem <le ano: ocasião /)ara exame atento cios fatos "Deus criou o tempo, e quis que, para os homens,fosse ele dividido em anos. Esta duração anual, unidade sempre igual a si mesma, é admiravelmente proporcionada à extensão da existência hurnana e ao ritmo dos acontecimentos terrenos. Quis a Providência que a inexorável cadência dos anos proporcionasse aos homens, nos dias que servem de ponle entre o ano velho e o ano novo, a ocasião para wn exame atento de Ludo quanto neles e em torno deles se foi mudando, para uma análise serena e obj eliva dessas mudanças, para uma crítica dos m.étodos e rumos velhos, para a.fixação de métodos e rumos novos, para uma reafirmação dos métodos e dos rumos que não podem nem devem mudar.[. .. ] De algum modo, pois, cada .fim de ano se parece com um Juízo, em que tudo deve ser medido, contado e pesado, para a rejeição do que foi mau, a confirmação do que f oi bom, e o ing resso em uma elapa nova".
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Assim se exprimiu, em artigo publicado em janeiro ele 1959, nas páginas ele nossa revista, o seu inspi rador e principal colaborador, Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira. 2
Um meio /)ara se c11tcmle1· o caótico 2003 M as quem anali sa o ano de 2003 pode desanimar e desistir de fazer tal exame. Pois 2003, à primeira vi sta, aparece como uma imensa confusão. Contudo, os fatos cio ano, bem observados, apresentam uma unidade. Para descobri -la, basta atentarmos para o ângulo de vi são certo, que se encontra nos anúncios proféticos comunicados aos homens por Nossa Se nhora em Fátima. É à sua luz que a Babel contemporânea torna-se inteligível, mesmo naquilo que não é senão caos, ruína e perdição. Alé m elas bande iras vermelh as, outra, com as cores cio arco-íri s, fo i levada e m passeata pelas capitais do Ocide nte. Era a in síg nia dos homossex uai s, e ao mesmo tempo ta mbém ele um pacifismo sem mora l, ou da suma imoralidade. Sob pretexto de paz., procura-se ev itar a derrocada de uma elas piores ditaduras soc ialistas, a do [raque, satélite da ex -União Sov iética, res pon sáve l por ge noc ídi os análogos aos de Sta lin na Rússia 3 • Na ftália chegou-se a co locar tal bandeira junto ele a ltares nas ig rejas. Um exempl ar de e normes proporções foi estendido na Via delta Conciliazione até a Praça ele São Pedro (foto 2), po r ini c iativa ela esquerda calólica e organi zações anarco- mar-
Na página ao lado, da esquerda para adireita: ataque terrorista no Iraque contra a mesquita Chií de Najdaf; bandeiras do movimento homossexual e do partido comunista desfilando juntas na Itália; o ministro Miguel Rossetto e José Genoíno, presidente do PT, dão apoio ao MST (foto Antônio Cruz/ ABr); guerrilheiros moistas no Nepal.
JAN EIRO 2004 -
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TFP Committee 011 Amerlcan lssucs
IHAVE xistas 4 • Dessa maneira, a imoralidade suma - também erro da Rússia comunista - simbolicamente invadia até o coração da lgreja e da Cristandade.
"Pacilismo" a todo custo e a c,·ise na Igreja Face ao caso do Iraque, o Ocidente cindiu-se profundamente. A rachadura remexeu um problema psicológico e moral que dói como uma chaga viva: a discussão sobre a existência de bem e de mal , e se o mal deve ser punido. Ou se, pelo contrári.o , como costumam dizer os "pacifistas" a todo custo e os relativistas, não há nem bem nem mal, nem verdade nem erro. Para estes, obviamente, a aparição de Nossa Senhora em Fátima não significa nada. Pois se não há nem bem nem mal, o apelo da Santíssima Virgem carece de sentido. Mas Nossa Senhora apareceu para apontar o mal e convocou os católicos sinceros a expulsá-lo de si mesmos e do mundo. Essa disputa engajou a fundo o orbe católico. E - dói dizê-lo - esse pacifismo foi pregado até por altos dignitários da Hierarquia eclesiástica. Houve inúmeros atos religiosos e romarias "pacifistas ". Os padres combonianos, na Ltália, até cancelaram a missa de Epifania, em protesto contra a coalizão ocidental anti-Saddam. O "Corriere della Sera", de Milão, ficou espantado pelo virtual silêncio da Santa Sé face aos crimes de genocídio praticados por Saddam Hussein . E acrescentou que a mobilização católica pelo "pacifismo", que se faz só quando o prejudicado é o Ocidente, especialmente os Estados Unidos, "é suficiente para configurar uma
forte e objetiva unilateralidade". 5 Esta edição já estava fechada, quando foi noticiada a captura de Saddam por forças especiais norteamericanas. A mídia internacional difundiu fotos do prisioneiro, com fisionomia abatida e longa barba (ver capa desta edição).
Escândalos ocorl'idos 110 período pós-conciliar da Igreja Em 2003 os católicos totalizavam 1.061 milhões. E a lgreja Católica foi abalada por imensa crise de escândalos de pedofilia praticados por membros do clero, sobretudo nos Estados Unidos. O bispo de Tucson, Arizona, renunciou, embo-
CATOLICISMO
WEATHERED OTHER STORMS
ra tivesse feito acordos econômicos para encerrar os casos. 6 O mesmo fez o bispo de Phoenix, Arizona, o qual, para cúmulo de infelicidade, assinou um acordo anticanônico e ilegal para se livrar dos escândalos; atropelou um homem - que faleceu por falta de auxílios - e fugiu após o acidente, sendo preso logo depois. 7 A Arquidiocese de Louisville, também nos Estados Unidos, aceitou pagar 25,7 milhões de dólares. 8 Também na Irlanda, o governo deverá desembolsar, por conta da Igreja, indenizações de 1,2 bilhão de dólares, pelas mesmas razões.9 Os escândalos envolvem a maioria das dioceses americanas, e os casos - reais, questionáveis ou falsos - são do período pós-conciliar, em que o progressismo católico revolucionou a dis~iplina e a doutrina da Santa Igreja. 10 E o desdobramento mais grave dessa crise foi que entidades e grupos ultra-progressistas, maciçamente apoiados pela mídia, aproveitaram a ocasião para tentar, especialmente nos Estados Unidos, destruir a constituição . hierárquica da Igreja. E estabelecer uma pseudo-igreja totalmente igualitária, em que os leigos enfeixassem em suas mãos os poderes que, por instituição divina, foram concedidos ao clero. A valorosa TFP norte-americana denunciou esse propósito desagregador, particularmente mediante a obra Eu enfrentei outras tempestades (foto 3), que alcançou enorme repercu ssão, tanto nos ambientes católicos quanto na opinião pública em geral. No Brasil, há poucas décadas os católicos somavam mais de 90% da população. Em 2003 só eram 74%, e segundo pesquisadores da PUC do Rio, em 201 O diminuirão para 65%. 11 As vocações reli g iosas fem ininas caíram 71 % em 40 anos, e a idade média das religiosas está na casa dos 60 (foto 4). 12 Na prática relig iosa, os mai s altos números de recepção de sacra mentos remontam ao período pré-conciliar, 13 quando a população brasileira era a metade da atua l. No ano passado, o Brasil assistiu a uma onda inédita de profanações, destruições, furtos e incêndios sacrílegos contra igrejas históricas (foto 5) e pessoas de eclesiásticos. Os responsáveis foram protestantes exacerbados, ladrões comuns e a crescente prática do satanismo. 14
Se os acontecimentos seguirem o rumo constatado em 2003, até quando se poderá dizer que o Brasil ainda é católico?
lmomlidade atinge auges antes inimagináveis A descrição pormenorizada do progresso devastador da imoralidade em 2003 encheria vários volumes. Basta considerar que só três países não admitiam ainda o divórcio; mas num deles, o Cliile, a campanha divorcista fez progressos. Até fins de 2002, a Aids havia matado 26 milhões e os a idéticos somavam 42 milhões . Em 2003, novo lúgubre recorde: mais três milhões de mortos e mais cinco milhões de contagiados. 15 Apareceram também novas formas do HIV resistentes aos remédios (foto 6). A passeata do orgulho homossexual - apoiada pela prefeita de São Paulo, Marta Suplicy - atraiu cerca de um mi lhão de pessoas (segundo os organizadores), na Avenida Paulista. 16 Evidente exagero! Mas, para efeito de propaganda, foi o que constou. No Rio de Janeiro, passeata análoga teria congregado cem mil na Avenida Atlântica. 17 No Canadá, as Províncias de Québec e Columbia Britânica aprovaram o chamado casamento homossexual. 18 O mesmo rea lizou a municipalidade de Buenos Aires. 19 A cidade de Nova York criou a primeira escola pública para homossexuais e transexuai s.20 Quando o Congresso americano aprovou lei que desqualifica como casamento a união contra a natureza, a Suprema Corte de Massachusetts declarou tal leg islação incon stituciona l, gerando inéd ito atrito entre poderes. 2 1 Ainda nos Estados Unidos, os anglicanos nomearam um bispo homossexual. O escândalo abalou essa seita protestante no mundo (foto 9). 22 Nem o espetác ulo apavorante de milhões de mortes de aidéticos, por causa desse pecado que "brada aos Céus e pede a Deus vingança ", sustou a imoralidade. Dir-se-ia que mai s nada a contém.
York, 23 e outras 750 mulheres pacifistas na Austrália. 24 Em maio, partiu de Miami o primeiro vôo para passageiros inteiramente despidos.25 Em Abricó (RJ), o nudismo foi liberado por decisão judicial. 26 Os casos de pessoas que repentinamente massacram colegas, e a seguir suicidam-se, repetiram-se em ritmo chocante. Edmar Aparecido Freitas, em Taiúva (SP), entrou na escola atirando contra alunos, professores e empregados, e depois se matou .27 Também tornaram-se mais freqüentes crimes dos mais macabros cometidos por crianças e adolescentes, imitando cenas de TV. Foi o caso, entre outros, de dois irmãos, na Califórnia, que estrangularam a mãe, arrancaram-lhe a cabeça e as mãos e abandonaram o corpo numa floresta. 28 As modas juvenis do ano atingiram extremos de perversão sexual, crime e satanismo. Os adolescentes da classe média brasileira começaram a adotar "a estética dasfavelas", usando roupas, di aleto e violência dos jovens envolvidos com o tráfico e transformando em ídolos bandidos como os do filme Carandiru. 29 Nos Estados Unidos, cresceu assustadoramente a prostituição de escolares pertencentes às classes abastadas. 30 Figurinhas de rituais satânicos mon struosos, demônios e convites para ir ao cemitério encontravam-se à venda, destinadas às crianças, em bancas brasilei ras de jornais (foto 8) .31 Em outubro, a Noruega começou a subsidiar a bruxaria de modo escancarado. 32 No Alto Rio Negro (AM), médicos e pesquisadores ini ciaram a procura de pajés (foto 7), vi -
Quando a c01·1·upção mo1·al u,,e ao maca/Jro
se
Em 2003 consolidou-se ainda a degradante atitude do desnudamento e m público, como protesto político, econômicosocial ou cultural. Agiram assim 30 mulheres pela paz no Central Park de Nova
JANEIRO 2004 _ ,
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j sando rev ita lizar o curandeirismo, quase desaparecido graças à pregação de décadas dos padres salesianos. 33
Muçulmanos e comunistas e a pel'seguição anticatólica As perseguições contra a Igrej a Católica recrudesceram especialmente nos países muçulmanos, comunistas e ex-comunistas. Na Rúss ia, após a ex pul são de D. M azu r, Bis po de Irkutsk, capita l da Sibéria Ocidental, foram banidos pel o menos mais quatro padres.34 Na China, as detenções de_sacerdotes e seminaristas fi éis a Roma chegaram a dezenas, tendo o governo comuni sta demolido vári as igrejas.35 Nos últimos anos, o número de católicos martiri zados atingiu uma média anual de cerca de 100.000 vítimas, na sua maiori a assassinados por muçulmanos .36 No incitamento à perseguição, destacou-se o patriarca da Igreja O1todoxa (cismática) de Moscou, Alexis Il. Ele foi, como o atual presidente russo Vladimir Putin, agente ativo da polícia política soviética. Alex is II encolerizou-se com o crescimento do número de católicos, com a criação de quatro novas dioceses e a difusão da mensagem de Fátima na ex-URSS .37 Em Cuba perdu ra o temor do pared6n para quem se oponha ao regime fidelista e m razão da sua fé. Não obstante isto, em Hava na a Abadessa da Ordem de Santa Brígida condecorou Fidel Castro, na presença do Cardeal de Guadalajara, Méx ico, e do Cardeal C rescenszio Sepe, prefe ito da Congregação para a Evangelização dos Povos, que foram à ilha ex pressamente para essa ceri mônia. O Cardeal de Havana e o episcopado cubano recusaramse a comparecer ao ato e deploraram a "excessiva afabilidade" e m relação a Castro (foto 10). Pouco depoi s, este ordenou a crue l execução de três jovens que tentaram fu gi r da ilha-prisão. 38
El'l'OS da Rússia convulsionam também nosso País O setor mai s avançado do progressismo católi co, que há décadas vem revolu cionando a Igreja Cató lica, ganhou pree minênc ia no atual governo. Por sua vez, setores ditos conservadores e progressistas da CNBB uniram-se na sua defesa. 39 De início, o govern o la nço u o bo mbástico pl a no Fome Zero, aprese ntan -
CATOLICISMO
do c ifras de muitos milhões de supostame nte mi seráveis e fa mintos. Po ré m não havi a estatísti cas prec isas sobre a pobreza no Pa ís40 , e a pe rcentage m de mo rtes atribuíveis à des nutri ção é infinites im a l.41 M as o Plano parece te r contribuído para a onda de invasões e para mo ntar máquina pa rtidári a aná loga à dos Com.itês de Defesa da Revolução, nos quais se apóia o regime castri sta. E m nove meses, o número dos sem-terra cresceu 25 l %, aprox imando-se de um milhão. 42 Notic ia-se que a mai oria dos sem-terra só co mparece para levar cestas bás icas e os be nefíc ios do Fome Zero, constitu indo uma das ma iores fa rsas do ano.43 Em ape nas quatro meses o PT afi I io u 125. 123 novos me mbros, tendo c rescido 30%. 44 MST, CPT, Contag, Fetape e movime ntos congêneres (fotos 11 e 12) lançaram-se contra as propriedades parti culares, intensificando as convul sões sociais: invasões de faze ndas, com destruição d as pl a ntações, roubo e abate de gado, pilhagem, depredação de equipame ntos e insta lações, incêndio de casas, seqüestros e violências morais e físicas contra patrões e empregados; bloqueios de pontes, interdições de estradas, saques de cam inhões e depósitos, invasões de agê nc ias bancárias e o rga ni s m os gove rnam e ntai s, in c luídos o Incra e asse ntame ntos; ocupações de praças de pedágio, invasões de préd ios e terrenos urbanos, vandalismo contra edifícios históricos, ape los à guerra contra os faze nde iros, c idades em clima bé lico, sublevações sil vícolas, policiais transformados em reféns, enfrentamentos por causa de demarcação de reservas indígenas, agressões. Durante todo o ano, tais epi sód ios infe rni zaram o dia-a-di a do Brasil honesto e traba lhador. Houve também chacinas, e até um assassinato de repórter. E membros do clero progressista, adeptos da Teologia da Libertação, incitavam ou coonestavam agitações. Em agosto, o número de invasões já s upe rava o total dos anos 200 1 e 2002. 45 Até novembro, as mortes no campo superaram e m 60% as de todo o ano passad o. 46 Aca mpa me ntos viraram terra sem-le i. A polícia raras vezes pode entrar ne les .
1 Para as c idades, o governo petista fo i preparando uma reforma urbana aná loga à agrária. O mini stro das Cidades, Olívio Outra, excogitou tal reforma, que na fase ini c ial ex propria rá mai s de 4 milhões de prédi os públicos e privados; "desocupados", segundo e le. 47
Processo de empobrecimento e "cubanização" <lo Brasil Entre 1997 e 2002, as c lasses médias perderam mais de 30% de s ua renda. 48 E sob um véu de confusão, o PT vem impulsionando uma reforma tributária de cunho marxi sta, capaz de desestruturar a econo mia brasileira, segundo re nomados tributari stas. 49 O mini stro Palocci chegou a propor que o imposto de herança seja de 50%. 50 Em julho, a voracidade fisca l e ngolia 51,48 % do PIB , pe nalizando espec ialmente a méd ia e mpresa e o comérc io. 51 Tal porcentagem, convé m prec isar, refe re-se ape nas às em presas que pagam todas a suas obrigações tributárias. Isto s ig nifica que, se todas pagasse m tudo, a carga tributária efetiva seri a dessa magnitude. Co mo ex iste g ra nde in fo rma lidade e m questão fiscal, a carga g lobal atualmente está e m cerca de 38% do PIB . O bras il e iro trabalha, e m via de regra, 133 di as do ano só para pagar impostos, 52 e a s ua re nd a ca iu todos os meses do a no, atin gi nd o - 15 ,2%. 53 Os tributos sobre a produção bateram recorde mundial , com 29,8%, o dobro da média do resto do mundo. 54 Ass im , não causou estra nheza que a econo mia brasil eira ca ísse de 8" para 15ª no ranking mundi al. 55 Apenas uma categoria aumentou suas posses de modo fab uloso: a dos índios ! Em setembro, 15% do País pertencia a 0,2% dos brasileiros: os indígenas. Cada caiap6 possui e m média 15 .400 hectares, e 740 índios denis vagueiam num território que lhes foi conced ido, equivalente à metade da Bé lg ica! 56
"Dil'eitos huma110s" que só fa vorecem os Cl'iminosos E nq ua nto o c idadão co mum ia se ndo cada vez mais e mpo brecido e co ntrolado, o crime prog red iu e m número e o usad ia. Em nome dos direitos humanos, os criminosos ganharam mais im -
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punidade; e os c rimes hedi o ndos, que revo ltam a popul ação, vão fi cando sem punição proporcionada. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasi l é o pa ís o nde há mai s assassinatos no mundo: 45 .000 ho mic ídi os por ano, um a cada 12 minutos. No Rio de Jane iro, a c idade mais afetada, só 1% das mortes são escl arec idas. 57 O poli c ial freqüentemente tem que esconder sua profi ssão para não ser morto, quando se dirige à sua casa ou ao local de trabalho. 58 O crime organizado ataca as de legac ias e m operações de tipo g ue rrilhe iro , a po nto de se falar que " Bagdá é São Paulo". 59 M as o governo do PT empenha-se e m deixar indefeso o cidadão honesto, med iante o Estatuto do Desarmamento. E quando um líder de invasões foi flagrado com porte ilegal de armas, o coro esquerdi sta dos direitos humanos c lamou e ns urdecedorame nte por sua libertação. 60 Pelas fronteiras, notic ia-se que há infi !tração d as FARC colombianas - que contam co m gra nde s amizades no PT 61 - e do Sendero Luminoso peru ano. Tais mov ime ntos guerrilheiros, marxistas e narcotrafi cantes visam unir esfo rços com mov ime ntos simil ares bras ile iros. Especial furor alcançou a campanha contra o Poder Judic iário. Este, mal grado as notóri as deficiências que procura sanar, a inda constitui uma defesa para os dire itos fundam enta is dos c idadãos.
ResistêJ1cia <lo /Jrnsil p1·ot'umlo às investi<las desag,.egadoms Contudo, a realidade do Brasil foi aparecendo em contraste com a atuação dos fautores da rebe li ão e do caos. Impulsionou-se a agitação agrária, mas o Brasil autêntico, o rde iro e trabalhado r bate u recordes de produção. A super-safra de ma is de J 24 milhões de to neladas de grãos (fotos 13 e 14) consistiu num desmentido es petac ul a r à de magogia agro-reformista. E m 2003, o Brasil tornou-se o maior ex portador mundia l de carne (foto 15)62 . Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e a ONU , a agri cultu ra brasileira poderia superar a americana em alguns a nos 63. Caso a Reforma Agrária sociali sta e confiscatória não conseguir generaJANEIRO 2004 -
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li li zar os seus assentamentos, faveli zados e improdutivos, é claro .. . ,,. A imagem publicitári a do Lula paz e amor desvaneceu-se pouco a pouco, sobretudo a partir do momento e m que ele colocou o boné do MST (foto 18).64 Foi e ntão torn ando-se patente que a ali a nça de esque rdi stas e teólogos da libertação defrontava-se com um Brasil pacato e sensato, mas que não se deix ava intimidar. O bólido das esque rdas teve que diminuir a velocidade, susc itando incompreensões e revoltas, sobretudo na esquerda católica.<,5 Ass im , nos últimos meses do a no, os partidários de um processo revo lucionário rápido e radical começaram a dar sinais de desânimo e até de desespero.
Luta ele classes: lidera11ça atrihuida ao Brasil rnvolucio11ário As esquerdas latino-a me ricanas come moraram a ascensão do pres ide nte Lul a. Fide l Castro, segundo o e mbai xador brasil eiro e m Havana, o padre apóstata Tilde n Santiago (foto 17), t:ransmitiu a me nsage m: "Achei um sucessor para liderar a América Latina". 66 Eleições e revoluções em países vi zinhos rumara m num mesmo sentido ideológico. Na Argentina, o novo pres ide nte, Nestor Kirchner, reacendeu a querela e m torno de guerrilhas urbanas dos anos 70. Na Bolív ia, o governo dito neoliberal foi derrubado por um movimento diri gido por chefes da droga e partidários de um comuni smo indígena primitivo - e mbora ao estilo cubano-sovi ético ! - , como o sonhado pe la Teologia da libertação. Ali ás, consonante com as metas mais incendi ári as de João Pedro Stédile, do assessor pres ide ncial Frei Betto, da C PT e do C IML Não fo i e m vão que o MST exportou o seu modelo para a Amé rica Latina ... 67 O alinhamento com Cuba deu-se em todos os níveis, alcançando um pico simbólico e e motivo na vi sita de Lula, e m outubro, à ilha- pri são, e no pranto de José Dirceu (foto 18), c hefe da Casa C ivil , abraçado a Fidel, seu anti go mestre de guerrilha.68 Nas relações internacionai s, o governo brasil eiro seguiu os mes mos princípi os da luta de classes a nível de nações. CATOLICISMO
Apresentou-se como líder dos países ditos pobres contra os países qualificados ricos. O velho sonho marxi sta de um conflito de classes fin al entre ricos e pobres renasceu sob a bande ira da luta do Sul contra o Norte, agora liderada pelo Brasil , segundo se di z. Em Canc ún , a dipl o mac ia brasile ira orquestrou o fracasso da reunião da Orga ni zação Mundi a l do Co mé rc io (OMC), e m nome dessa luta de classes pla netári a. De fato, os países mais pobres fi caram privados de medidas que a reuni ão desejava aprovar vi sando auxi li á-los.69 O mes mo espírito de conflito de c lasses Norte x Sul ori e ntou a pos ição bras il eira sobre a ALC A. Mas esta ori e ntação não atraiu co nsensos duráve is. A fre nte de nações arti c ul adas pe lo Brasil - o G-22 - logo fo i pe rde ndo me mbros. Ao mes mo te mpo, a popul arid ade dos líde res sul -ame rica nos que afinavam com a linha do governo peli sta foi ca indo . Paradoxalmente, o pres ide nte da Colômbi a, Álvaro Uribe (foto 19), que trata manu militaria narcogue rrilha, continua com uma aprovação de quase 80 % do seu país. 70 E isto apesar de uma cri se mini sterial , que ocasionou a renúnc ia, e m novembro último, de quatro de seus mini stros. No fim do ano, é compreensível que a esperança das esquerdas internacionais em Lula fosse murchando .. .7 1
Co11vulsão atinge todo o orhe e surgem 11ovos perigos A po líti ca inte rnac io na l, e m la rga medida, centrou-se em torno da questão do [raque e do terrori smo islâmico. As a meaças ass umi ra m aspectos novos e aterradores. E a Babel hodierna, cada vez mais afastada de De us, foi aparecendo co mo um colossa l prédi o inacabado, percorrido por espectros que bra nde m instrume ntos de morte e ruín a coletivas. Numa das mãos, home ns-bomba e artefatos bacteriológicos, na outra a ameaça atômica. Mal os construtores preveni am os perigos potenciais num canto, os espectros surg iam no outro. As pág inas dos jornais e os vídeos de TV tingiram-se de sangue. E os rígidos controles antiterrori stas te nde m a tornar o mundo um ime nso campo policiado.
A Coréia do Norte anunciou possuir a bomba atômica e testou mísseis alvejando o mar do Japão. O mini stro da Defesa nipônico respondeu que, se um míssil for posic ionado contra o Japão, este "considerará que um ataque começou, e tem o direito de revidar" (foto 20).72 No Golfo Pérsico, cujo petró leo representa poderoso fator econômico mundial, a situação tornou-se extremamente perigosa. O lrã decidiu tocar adiante seu plano nuclear. Contrariou assim frontalmente os Estados Unidos, que o qualificam de "país terrorista". Porém os clé rigos iranianos, que dominam a nação, obtiveram um aval da União E uropéia e da Rússia. Na Arábi a Saudi ta, crescem os rumores de uma revolução fund amentali sta. A Síria, a qual o Preside nte Lula recenteme nte vi sitou e apoiou em vários pontos de sua políti ca externa, é co nsiderada como um país que apóia ativa me nte o le rrori smo. Na Turquia, o is lami smo revoluc ionário constitui a maior força política, e e m virtude do separatismo curdo a sorte do país está vinculada profundame nte à s ituação iraqui ana.
Europa: gloriosas nações em via de desaparecimento A nova moeda comum, o eu,v (foto 21), acarretou uma carga e norme para os países e uropeus: a renúncia, ao me nos parcial, às sobe ranias nacionais. E isso representou o holocausto moral e cultu ra l daquelas nações nascidas sob as bênçãos da Igreja. Praticamente não houve plebi scitos ne m referendos, sa lvo na Dinamarca, onde a vontade popul ar di sse não. Em 2003, o governo socia li sta britânico, fa voráve l ao euro, adi ou sem data fix a a adesão à moeda comum, percebendo que o povo britânico também a rec usaria. Na Suécia, novo plebi scito res ul to u e m outro não históri co.73 Nos países que adota ram o euro, generali zaram-se as queixas de que a nova moeda trouxe carestia, diminuiu o poder aquisitivo e reduziu as exportações. Em síntese, o euro não de u o que prometeu, mas acele rou a desaparição das nações euro péias soberanas. E m j unho, uma Convenção Européia abriu mais uma rachadura na UE. Tal conve nção a presento u um proje to de Constituição que di ssolve as nações euro pé ias nu m mag ma úni co . O tex to é
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acintosamente anti cristão. Ele recusa até qualquer menção a Deus ou ao cristi anismo e entroni za o ímpio ilumini smo.74 Em 2003, a Europa seguiu se despovoando de europeus, em virtude do antinatural controle da natalidade, e continuou recebendo imigrantes do Norte da África e da Turqui a, quase todos muç ulmanos. C resceram també m os corredores de tráfico humano que vêm do Leste e uropeu. Já se apontam estatisticame nte as datas e m que os europe us e cató li cos serão minoria face a afri canos e muç ulmanos. Nesses dias as nações e uropéias te rão afundado, como o Impé rio Romano do Ocidente em meio às invasões bárbaras ...
J)ivisão cio mundo ocide11tal: bem-vista por Moscou
EIJ
A aliança entre a América do Norte e a E uropa desapareceu quando o presidente da França, Jacques C hirac, e o chanceler alemão, Gerhard Schroeder (foto 22), opuseram-se à política da coa lizão liderada pelos Estados Unidos, por ocasiãodaguem1 do Iraque. Logo estourou outra divi são: a maioria dos países da UE não seguiu a França e a Alemanha, engajando-se com os Estados Unidos. 75 Reacenderam-se velhas rivalidades culturais e históricas entre os países europeus, bem como entre estes e os Estados Unidos, descendo elas, por vezes, ao xingatório mais reprovável. 76 Secretamente comprazida, a Rúss ia estimulou as divi sões. O presidente russo Vladimir Putin, cauta e astuta me nte, apoiou a Fra nça e a Alemanha. E eslas, isoladas, voltaram-se para o novo amo do
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Kre mlin , que lhes oferecia um, abraço ... de urso. M ais a inda. Enquanto o Oc ide nte se partia, Putin (foto 23) foi recompo ndo o siste ma stalini sta. Eliminou e le me ntos moderados do reg ime e reforçou os poderes dos me mbros da antiga políc ia secre ta soviética, a KGB . Po líticos oposito res estranha me nte apareceram mortos. A mídia libera l foi liquidada e o e mpresari ado começou a ir para o ex ílio o u para as prisões ... (a foto 24 mostra Mikhail KJ1odorkovsky, o ho mem mais rico da Rúss ia, na pri são de Moscou). 77 O Kremlin chegou a a meaçar a NATO com mísseis atô micos e aiiexou à sua área de influê nc ia militar as ex-re públicas soviéticas. 78
No pomo ela cliscól'dia: co11scn1adorismo 11ortc-ame1·icano Jamais nação a lg uma teve uma supremac ia mate rial sobre a Terra toda, como os Estados Unidos de hoje. Até há pouco, tudo lhes sorri a. Centri stas, esque rdi stas moderados e até dire iti stas concess ivos saudava m ne les o pre núnc io de um mundo ig ualitá ri o, ele frouxa o u nula moralidade, des interessado dos valores do espírito e voltado para os prazeres da fa rtu ra mate ri a l. Po ré m, nesse país, ne m todos concordavam com tal rumo. H avia saudades da ordem, da tradição e da religião. Avolumouse então um mov ime nto conservador, que levou ao poder o presidente George W. Bush e influenc ia a fundo a po lítica americana. As reuniões na Casa Branca, em 2003, começavam com uma oração. 79 O Congresso restring iu o aborto (foto 25 , anti-abortistas aplaude m Bush ass inando a le i) 80 e impediu os casamentos homossex ua is. Foram cortados impostos que amputavam ou debi litavam a propriedade privada (foto 26), especia lme nte a herança. ONGs e mov ime ntos pelo contro le da nata lidade no Exterior perderam verbas oficia is. Nas universidades, renasceram o patriotismo, o mi li tari smo e a re ligião, sendo os professores pacifistas vaiados pe los alunos. 81 E ntão o esq uerd is mo, mes mo apa re ntando moderação, passou a tratar os Estados Unidos co mo o g ra nde inimi go. Antigos a i iados voltaram-se contra esse país. A mídia inte rnac io na l ap resento u-o metodi ca mente de modo desfavorável. Também na E uropa c resceram as correntes de op ini ão que não desejam o caos
CATOLICISMO
e se pe rg unta m se não seria me lho r um a volta à tradição e à re li g ião. Essas corre ntes inclinara m-se para a direita e a té para a ex trema-d ire ita, nas votações e m qu ase todo o Contine nte. Será tal te ndê nc ia unive rsa l conservadora uma indi cação ini c ia l para conversão anunciada nas promessas da Cova da Iri a? Qualquer que seja a resposta a essa pe rg unta, se a Santíssima Virge m estivesse pre parando essas a lm as para a conve rsão, bem pode ri a ser que as e ncaminhasse po r essa senda.
Rumo ao clese11/ace fi11al, predito em Fátima? Um a supe r-pne umo ni a - a Sars vinda da C hina (foto 27, na página ao lado) causou centenas de mo rtes, e os espec iali stas da Organização Mundial da Saúde julgam que novas epide mias ele força expansiva e ex plosiva são inev itáveis num mundo g lobalizado.82 Já falamos do crescimento da a ids. Uma o nda de calor causou 15.000 mortes na França e derreteu as neves eternas da Suíça. 83 No último trimestre, foram observadas no sol as maiores explosões em mil anos, as quais geraram auroras boreais excepcionais (foto 28 na página ao lado).R<1 É como se a ira de Deus diante dos pecados da humanidade se manifestasse também na natureza físi ca. Assim , o mundo - na esfera temporal e espiritua l - atravesso u 2003 como uma aeronave que se afastou do seu rote iro e ruma ve rtig inosa me nte para um desastre. Nossa Senho ra em pessoa veio ale rtar seus tripulantes e m 19 17, mas, confiados nas inebriantes capacidades da nave, e áv idos de prazer, não quiseram o uvi-La. Alguns tentaram diminuir a ve locidade da aeronave, enquanto o utros a aceleram. E la foi sacud ida, desprenderam-se dela algumas peças, e seu rumo tornou-se imprev isível. Certos comparti me ntos da nave incendiara m-se, mas e m outros o ar condic io nado a inda funciona ... Entre os passageiros, uns, talvez a ma io ria, não querem refletir sobre o que está acontecendo, o utros entram e m pânico e a inda outros comemoram o fato ele sua cabine individual continuar incólume. Alguns, porém, dãose conta da sit1iação, preocupa m-se, le mbram o apelo ele Nossa Senhora à oração, à conversão e à penitê nc ia, aglu tinam-se, puxam o Rosári o e começam a rezar.
E m face desse quadro apocalípti co, o qu e sucederá em 2004? O castigo à hum a nid ade afastada de D e us? Uma gra nde penitência e oração, a magna conversão? Num c lima de caos, nada é tão in certo quanto a prev isão mera me nte huma na. Porém , uma coisa é certa. Aconteça o que aco ntecer, a ind a que a nave venha a se des integrar, c hega rá um mome nto e m que aq ue les que não se afas taram ele Nossa Senhora de Fátima, e conservaram um coração contrito e humilhado, exc la ma rão: "Não sei explicar o que
se passou, mas, por .fim., o Imaculado Co ração d'Ela triw·ifou! " • E-mail do a utor: Lui sDufaur @11e1sca pe. ne1
Notas: 1.
2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
9. 10. 1 l.
l2. 13. 14.
15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28.
Cfr. "O G lobo", 3- 1-03. Cfr. Ca tolicis1110, janeiro/ 1959. Cfr. "O Estado de Sao Paulo", 13-4-03, 2 1-403, 29-4-03, 22-7-03; "O G lobo" 26-4-03. Cfr. AgênciaAdista, Roma, l-3-03;0ESP, 6-3-03. "Corri ere dei la Sera", Milão , 7- 1-03. Cfr. OESP, 8-3-03. Cfr. "Folh a ele São Pau lo", 19-6-03 . Cfr. FSP, 12-6-03. C fr. OESP, 1- 10-03. C fr. OESP, 13- 1-03. Cfr. OESP, 2-5-03. Cfr. FSP, 13-7-03. Cfr. OESP, 30-9-03. Cfr. FSP, 18-7-03, 25 -7-03, 14-9-03; O G lobo, 19-7-03. Cfr. OESP, 26- 11 -03. Cfr. OESP, 23 -6-03. C fr. "O G lobo", 30-6-03. Cf'r. FSP, 16-6-03 . Cfr. OESP, 18-7-03. Cfr. OESP, 29-7-03. C fr. FS P, 19- 11-03. Cfr. FSP, 23-6-03, 10- 10-03. C fr. OESP, 8-2-03. Cfr. O SP, 9-2-03. fr. O SP, 17- 1-03. C fr. "Jorna l do Brasi l", 2 1- 10-03. Cfr. FSP, 28- 1-03. Cfr. "O Globo", 28- 1-03.
29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38.
39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56.
Ide m, 1 1-5-03. C fr. " .I ornai da Tarde,.. 1 1-8-03. C fr. Idem, 6-6-03. Cfr. "O G lobo" 22- 10-03. Cfr. FSP. 9- 1 1-03. Cfr. Adista. 3-5-03. Cfr. J B, 28- 1U-03. Cfr. Anto ni o Socc i, / 1111 ovi perseg 11ita ti , Piem me, 2002, 159 pp. C fr. AC I, 20-5-03; " La C roi x", Pari s , 2 1- 1 l - 02. Cfr. AC I, 11 -3-03; EFE, 22-4-03; Ze11it 29-403; FSP, 12-4-03. Cfr. FSP. 2-5-03. Cfr. J B, 13-8-03. Cfr. FSP, 4-3-03. Cfr. .113 . 14-9-03 . C fr. OESP, 28- 10-03. Cfr. FSP, 10- 10-03. Cfr. OESP, 16-8-03. Cfr. OESP, 12-6-03 . • Cfr. JB , 7- 10-03. Cfr. FSP, 17-6-03. Cfr. OESP, 25-8-03. Cfr. FSP, 9-8-03. Cfr. OESP, 1-7-03, 8-6-03. fr. OESP, 23 -5-03. Cfr. OESP, 28- 11 -03 . C fr. OESP, 7- 1 1-03. C fr. "O Globo", 2- 10-03. C fr. OESP, 9-9-03.
57. 58. 59. 60. 61. 62. 63. 64. 65. 66. 67.
68. 68. 70. 71. 72. 73. 74. 75. 76. 77. 78. 79. 80. 81. 82. 83.
84.
C fr. FSP, 6- 12-03. C fr. FSP, 9- 11-03. Cfr. JB , 5- 11 -03. Cfr. OESP, 12-7-03, 19-7-03. Cfr. FSP. 14-9-03. Cfr. OESP, 9-7-03. Cfr. ÓESP. 25-6-03. 1O- 7-03. Cfr. FSP, 3-7-03. Cfr. OESP, 29-9-03. "O G lobo", 1- 10-03. Cfr. FSP, 20-7-03, 30-7-03; OESP, 16- 10-03, 2- 11 -03. C fr. FSP, 27-9-03, 30-9-03; OESP, 28-9-03. Cfr. OESP, 15-9-03, 16-9-03. Cfr. FSP, 8-8-03 . C fr. "Le Monde", Pari s . 12-9-03; FSP, 15- 11 -0 3. Cfr. .I B, 16-9-03. Cfr. OESP, 15-9-03. Cfr. FSP, 27-5-03; " O Globo", 29-5-03; "Le Mond e", 13-6-03. Cfr. OESP, 20-3-03. Cfr. OESP, 20-7-03; FSP, 19-9-03. Cfr. FSP, 23-6-03, 26- 10-03, 27- 10-03. Cfr. "O G lobo", 3- 10-03. Cfr. FSP, 23-2-03. Cfr. FSP, 22- 1-03; "O G lobo", 22- 1-0-03. Cfr. " li G iorna le", Mil ão, 7-4-03. Cfr. "O Globo" , 20-5 -03. Cfr. OESP, 7-8-03 . .113 . 29-8-03. Cfr. "O G lobo", 6- 1 1-03.
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li . . .
À
-Santa Jacinta de Mariscotti, Padroeira de Viterbo Avós uma vida frívola e mundana, Jacinta de Mariscotti converteu-se radicalmente, transformando-se numa grande santa dotada dos dons de milagre e de profecia 11 PU NIO M ARIA SOLIMEO
e
Na página ao lado : Palácio dos Papas, em Viterbo, vendo- se à esquerda a Basílica
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CATOLICISMO
larice de Mariscotti - como se chamava Jacinta antes de entrar e m re li gião - era filha de Marcanto ni o Mari scotti e Otávia Orsini , condessa de Vignanello, locali dade próxima de Vite rbo, na Itália, onde a santa nasceu provavelmente no dia 1. 6 de março de 1585. De seus pais muito virtuosos, recebeu profunda formação religiosa, correspo nde ndo aos a nseios dos progenitores. Entretanto, atingindo a adolescência, Clarice tornou-se vaidosa e mundana, buscando apenas divertir-se. Sua preocupação passou a ser vestidos, adornos, entretenimentos.
Tal s itu ação fez co m que o pai se preocupasse muito com a sa lvação de sua filha. Como reméd io, resol veu mandar a va idosa para o co nvento, o nde estava sua irmã mais velha, que lá era um exemp lo de virtude. C larice obedeceu de má vontade. Enqu a nto permaneceu no convento, a lime ntava o desejo de sai r dele o mais rap id a me nte possível para vo ltar à vida despreocupada e mundana de antes. [n s isti u ta nto, que o pai acabo u cedend o .
O mundo não dá o (/lle Pl'Omcte Mas no mundo, para onde voltara, não encontrou o que esperava. Os anos
corri am, as vai.dades passavam , e ela não e ncontrava quem lhe proporcionasse a felicidade esperada. Nenhum dos julgados "bons partidos" da região dava atenção àq ue la moça tresloucada. C larice viu ainda sua irmã mais nova, Hortê ncia, casar-se com o marquês romano Paulo Capizucc hi , e ela ficar para trás. A família insi stiu então com e la para que voltasse ao convento, desta vez como freira . A contragosto retorno u àquele mesmo em q ue estava sua irm ã, das re li giosas da Ordem Tercei ra Franciscana regu lar. Nessa Ordem tomou o nome de Jacinta . Infe li zmente ela não deixou o mundo atrás de si, mas o trouxe para a vida re ligiosa. Jul gando as ce las das freiras muito pequenas e pobres, mandou construir uma es pecial para si, de acordo co m sua posição social, e o rnou-a com luxo principesco, co locando cortinas, tapetes, objetos de ouro e prata, bem como uma mesa de mármore. Tudo isso, que poderia ficar bem num palácio, destoava do ambiente de pobreza própri o daquele convento. Com tédio e má vontade, participava dos atos com uns da casa religiosa.
Yoz da Pl'OVidê11cia, mediante sofrimento Num gênero de vida mole e e nganoso, passou JOanos, até qu e foi atingida por grave doença. Então os bons pensamentos da infâ ncia voltaram à tona. Considerou o fogo do purgatório e do inferno e tremeu de terror. Começou, aos gritos, a chamar pelo confesso r. Ora, estava passando nessa ocasião pelo convento o Pe. Antônio Biochetti, virtuoso sacerdote, mu ito enérgico e categórico. Foi ele instado a atender a doente. Mas, entra ndo naque le quarto luxuoso, mais próprio de um palácio do que de um conve nto, recusou se a atender a confi ssão da fre ira, dizendo que o Paraíso não era fe ito para os soberbos. Jacinta, desesperada, c hora ndo amargamente, perguntou-lhe: "Então não há mais salvação para mim?". "Sim - respondeu o religioso contanto que deixe esses vãos adornos, essas vestimentas suntuosas, e se torne humilde, piedosa., esqueça o mundo e pen.se só nas coisas do Céu". No dia seguinte, tendo Jacinta trocado sua ro upa de seda por um pobre hábito, fez sua co nfi ssão geral com ta ntas lág rim as e gemid os, que manifestavam um verdadeiro arre pe ndimento. Depois fo i ao refe itóri o e aplicou-se forte disciplina e m frente às irmãs, pedindo-lhes perdão pe los ma us exemp los que lhes hav ia dado.
i\ gmça da convel'são completa Mas Jacinta ainda não hav ia rompido com tudo. Restava-lhe deixar o luxuoso quarto, ao qual estava muito apegada. Nova enfermidade - durante a qual viu Santa Catarina de Siena, que lhe deu vários conselhos - fez com que, desta vez, a ruptu ra com a vida antiga fosse total. Entregou tudo o que possuía à superiora e revestiuse com a mortalha de uma freira que aca bava de morrer. Fez o propósito de não ver mai s seus parentes e amigos, a não ser por ordem da superiora, a fim de romper com tudo aquilo que lhe lembrava a antiga vida. Quis ser chamada, desde então, de Jacinta de Santa Maria, e não mai s de Mari scotti. Sua conversão foi dessa vez radical: trocou sua cama por um fe ixe de lenha, tendo uma pedra como travesseiro. Mortificava-se dia e noite, tomando tão ásperas discip linas, que o solo de sua cela ficava manc hado de sangue. Em memória das chagas do Divino Salvador, fez nos pés, nas mãos e no lado chagas que reabri a freqüenteme nte, e que só deixo u c icatrizar por obedi ê ncia. Prática esta que, numa vocação espec ial de penitê ncia, podese compreender, embora não seja para ser imitada. Às sextas- fe iras, em memória da sede que Nosso Senhor sofreu na Paix ão, colocava um punhado de sal. na boca. Sua alimentação passou a ser pão e água. Durante a Quaresma e o Advento, vivia de verduras e raízes apenas cozidas na água.
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Após sua conversão, passou a te r uma tão ba ix a o pini ão de s i mes ma, que a torn ava um exempl o de humild ade . Co ns ide rand o-se co mo a pi or pecad o ra , esco lh e u para patro nos santos qu e tinha m ofe ndido a Deus antes de se converterem, como Santo Agostinho, Sa nta M a ri a Eg ipc íaca e S a nta Margarida de Cortona.
Subp,·iora e Mestra de Noviças Jacinta procurava toda ocas ião para se humilhar. Freqüentemente ia ao refeitório com uma corda ao pescoço, e ajoelhando-se diante de cada freira, beijava-lhe os pés pedindo perdão pe los maus exemplos passados. Fazia os trabalhos mai repugnantes no convento, varri a as celas, geralmente de joelhos, e suportava alegremente as injúrias de algumas irmãs · que a chamavam de louca e de alucinada. Ela pedi a a todas que rezasse m por ela. Escreveu a uma religiosa: "Há 14 anos que eu rnudei de vida.
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Duranle esse tempo eu rezei algumas vezes quarenta horas seguidas, assisli todos os dias a várias missas, e rne encontro ainda longe da pe,j eição. Quando poderei servir meu Deus com.o Ele rnerece? Reze por ·1nim, minha amiga, para que o Senhor me dê ao menos a esperança ". Apesar de tudo que faz ia para ser desprezada, sua virtude brilhava aos o lhos da ma ioria da co munidade, que a escolhe u para subpri o ra e M estra de Novi ças.
Evita naufrágio, converie cl'imi11oso
irrnã Jacinla, venha em nosso socorro ou pereceremos ". No mes mo instante os passageiros viram um a fre ira franciscana de hábito branco, que apl ainava as vagas e dirig ia com força sobre natural a e mbarcação ao porto. Te ndo um de les ido depo is ao convento para agradecer ta manho benefíc io, a superiora mandou chamar a lrmã Jac inta: "Foi ela que nos salvou". A santa fu g iu do parl atóri o para não ser louvada . Para converter pecadores e la se tornava de uma e loqüênc ia irres istíve l, que ia direto ao coração dos mais empedernidos. Uma das conversões operadas por ela, que mais ruído ocas ionou, foi a de um soldado de fortun a cha mado Franc isco Pac ini , tri stemente célebre por sua insolência, crue ldade e fa lta de pudor. A santa havi a ouvido fa lar de le e resolveu convertê-lo. Para isso, fez orações e jejuns especia is durante vários di as. Depois escreveu ao celerado, pedindo- lhe para vir ao convento tratar de ass unto da mais alta importâ nc ia. Ao receber a mensagem, Pac ini respondeu com desprezo que havi a jurado j amais pôr os pés num convento. Mas Jacinta não se deu por vencida . Pediu a um pecador convertido, que fora amigo de Pac ini , que o fosse procurar e tentasse convencê- lo a ir ao convento. Como Pac ini se recusasse peremptoriamente, o outro, com fi no senso psico lógico, lhe di sse: "Como você
está rnudado! Não ousa nem mesmo e1irentar o olhar de uma mulher!". Temendo ser ridi cul ari zado
como covarde, o bandido resolveu ir ao convento, prometendo faze r a A fa ma de sua virtude ultrapas- . o usada fre ira arrepender-se de sua sou os muros do convento e propate meridade . Mas não contava com a gou-se por toda a região. Deus a dograça de De us. Apenas pôs os pés tou do dom dos milagres . Certo di a, no parlatório e viu aquela pobre freira, começou a tremer. E à med ida por exemplo, alguns seus conterrâneos faziam uma viagem em alto mar, que e la lhe fa lava do horro r de seus quando foram surpreendidos por tercrimes e do casti go que mereciam rível tormenta. Na iminência de sode Deus, e le fo i se transformando, çobrarem, um deles exclamou: "Ó caiu de j oelhos e pro meteu confes-
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CATOLICISMO
sa r-se. O que fez no domingo seguinte, que era o da Pai xão, com os pés descalços e uma corda no pescoço, po ndo-se be m no meio da fgreja e pedindo perdão a todos por seus crimes e escândalos. M ais tarde revestiu o hábito de peregrino e consagrou sua vida a Deus.
Zelo rel'ormador e a1'<l01·0sa carie/ade Do mes mo modo, e la re form ou muitos conventos com cartas escri tas às superioras re laxadas, admoestando-as dos castigos que as ameaçavam. Fo i por sugestão sua que a Duquesa de Farnese e de Save ll a fund ou do is moste iros de clari ssas, um em Farnese, outro em Rom a. A caridade de Jacinta para co m os pobres era proverbi a l. Não tendo voto de cl ausura, e la saía para vi sitá-los e m seus próprios tugúri os, levando- lhes sempre o auxíli o espiritu a l, alé m do material. Seu gra nde apreço pe la nobreza se pate nte ia na ass istê nc ia que proporc io nava especia lme nte aos nobres empobrec idos e envergonhados. Ela tinha grande devoção à Santíssima Virgem e a São Miguel Arcanjo, que a assistiu várias vezes com seu poder contra os embustes do demôni o. Venerava es pecialmente o santo sacrifício ela Mi ssa, vendo nele, como de fato é, a renovação incruenta do sacrifíc io do Calvário. Al é m do do m dos mil agres, foi ela dotada também do de profec ia. Santa Jac inta de Mari scotti entregou sua alma a De us no dia 30 de j ane iro de 1640, sendo canoni zada e m J 807 pelo Papa Pio VII . •
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E-ma il do autor: pmsoli meo @uol.com br
Fontes de referência: -
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Les Perits Boll a ndi stes, Vie.,· des Sai111s, d ' ap res le Pe re G iry, Pari s, Bloud et Barra i, Libra ires- Éditeurs, 1882, to mo li , pp. 348 a 356. Ma nu e l d e Ca s tro, O.F. M ., Sa 111 a Ja ci 111 a d e M a ri sco /li , in Sa lll o r a l Fra11cisca11 0.
INFORMATIVO RURAL
Respingos ácidos da Reforma Agrária Violências do MST - Ag ri-
nuo não pe rce be que é o ve lho e fracassado co muni s mo.
c ultores que pl a ntavam soj a e jornalistas foram agredidos por militantes armados do MST e m Lui z iana (PR). As máquinas fotog ráficas foram qu ebradas e o s disquetes roubados. Um dos jornali stas foi cus pido e obrigado a ficar de joe lhos.
Tortura - Ex-acampados e m Arroio dos R a tos (RS) que ixaram -se à políc ia ele te rem sido vítimas de extorsão , to rtura, cárcere privado e tra balho escravo nos a ca mp a m e ntos do MST. Houve até afoga me ntos e m bacias de água e que imaduras co m tocos de c ig arro. A po líci a de u uma batida no local , recolhe u farto mate rial , pre nde u um semte rra ; oito líde res tê m mandado de pri são decre tado.
Insensíveis à dor alheia - Em Mato Grosso , o s se m terra interditaram a BR- 163 , nã o só oc as ionando tra ns to rn o pa ra cerca d e 5 mil ve íc ul o s que por ali trafegava m , mas deix a ndo se m alim e ntos c ri a n- g ll ç a s, jove ns e idoso . V á ri os .s .g dos de tidos na barre ira neces- e: " :, s itav a m diri g ir-se a C ui a bá para tratamento médi co. e
Polícia não entra - Func ionári o da Fazenda Bela Vista, e m
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Inércia cara - A de mo ra no i
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c umprimento do ma ndad o de ~ :r: re integ ração d e posse d a Faze nda Contestado, e m [taún a cio Sul (PR), de u ocas ião a que os invaso res depreciassem a propri ed ade. E m con seqü ê nc ia , o govern o ci o Es ta d o d o Paraná foi co nde nado pe lo T ribunal de Justi ça a ree m bo i a r o pro pri etá ri o pelos d a nos ma te ri a is e mo rai s so frid os. A inde ni zação mo ra l fo i estipul ad a e m R$ 40 mil.
Internacional da invasão Doi s militantes do MST parti c ipara m na B o lívi a cio Encontro Soc ia l AL!erna ti vo pa ra e ns inar os bo li v ia nos a relomar terras d os la tifun d iá ri os. N a Argentin a, um re presenta nte do Mo-
vimento de Camponeses da P ro víncia de Santiago dei Estero - qu e integ ra o s c ha mados piqueteiros - di sse que "o M ST é um pa radigma interesscuite. Há vários anos trocamos idéias e
pa rticipam os de seminá rios junlos ". Va i fi c and o tran s par e nte a m e ta d e produ z ir um a revo lu ção soc ia l latin o a m erica na.
Mais dinheiro - O govern o fede ra l va i co mprar antecipad a me nte parte da produção agríco la d os asse nta me ntos de Pe rn a mbuco. O mes mo pl a no será d e po is a pli cad o e m o utros Estad os. Como a té ago ra os asse nta me ntos nada produze m, para onde irá esse dinheiro? Para o MST?
Ideologia, sim senhor - O líde r do M ST, José R a inha, acabo u confessa ndo que atua po r ideo logia. Ao sa ir da prisão, la me nto u o te mpo pe rdido e ac rescento u: "Mas quem tem causa e ideologia não tem tempo pe rdido" . Qua l sej a essa ideo log ia , s6 um ingê-
Ca mpo Azul (MG) , inform o u que 20 líderes do MST, ao invadir a fazenda, portavam espingardas e revó lveres . O s polic iais que fo ram confirmar a denúnc ia vi ram-se impedidos de entrar, pelos sem-te rra que bl oquearam o acesso.
Dinheiro ilegal - O Mini sté rio Públi co Federa l pediu a be rtura de ação contra o s upe rinte nde nte e três fun c ioná rios do INC RA e m S ão Pa ulo, ac usados ele arma r um a fraude pa ra re passa r il ega lme nte ma is de R$ 191 mil à Cooperali va de A ssenlados do Pontal (SP), li gada ao MST.
Amigos do Presidente - Faland o a um g rupo d o MST e m Brasíli a , o pres idente Lul a da Silva qua lifi co u-se como " verdadeiro amigo" dos mo vi mentos soc iais e afirmou que vai "morrer" ao lado de les ("Folha ele S . Paulo", 22- 11 -0 3). Pesqui sa nacional el a OAB revelo u que 75 % dos brasile iros di scorda m to ta lme nte das invasões ele te rras pe lo MST. JAN EIRO 2004 -
Agredidos pela realidade
horror, e que a TFP, fie l a si mesma, sempre pregara. *
ffll DOM BE RTRAND DE Ü RLEANS E BRAGANÇA
anive rsári o do 11 de Setembro trouxe-me à memória o docume ntário dos irmãos franceses Jules e Gedeon Naudet, no qual reg istraram o atentado que abalou o mundo há pouco mais de dois anos. Enquanto a civili zação ocidental era atingida com fúri a destruidora pelos arautos sui cidas de um mundo fa nátÍco, anárquico, igualitári o e mistico, a câmera dos doi s irmãos fixava para a posteridade primeiro a surpresa, depois o desconcerto e, por fim, a estupefação dos que naquele di a estavam no centro de Manhattan. De tal documentário, gravou-se de modo muito vivo e m meu espírito o depoimento de um jovem e dec idido bombeiro que vira de perto a tragédia e perdera centenas de seus colegas: "De repente percebi o que sempre procurara negar. a existência do mal". A aftude psicológica e a transformação operada no espírito do jovem bombeiro são exemplo candente do fe nômeno para o qual os próprios norte-a meri canos cunharam a expressão "agred ido pela rea idade". A realidade o faz ia ver aquilo que ele se esforçara sempre para não enxergar, emba lado por uma ilusão confortável para seu espírito. A me encontrar recente mente com uma figura de destaq ue do empresari ado nacional, indagou-me ela se, diante das transf rmações profundas nas leis ecostumes da sociedade e da desagregação moral da mesma, a TFP ainda encontrava espaço para sua atuação ou se, pelo contrário, o amb iente era cada vez mais asf xiante para ela. Ao me u interl oc utor, deixou vi vamente interessado saber que a TFP, diferentemente do que tudo levava a crer, conta com muitas dezenas de milhares de aderentes em todo o Bras il , e que o mensário Catolicismo, inspirado no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira, tem hoje mais de 50 mil exemplares de tiragem. Isso se deve, em considerável parte. ao fenôme no a que me referi acima, dos "agredidos pela realidade".
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CATOLICISMO
Exemplo de modernismo artístico dentro da Igreja: a capela da Pampulha, em Belo Horizonte
Essa ex pressão fo i c ri ada por Irv ing Kri sto l para definir, es pec ifi carnente, os neoconservadores ameri canos, esquerdist_as contundidos pelos efeitos perversos cio com uni smo. Mas, posteri ormente, acabou por ser e mpregada para definir situações simila res . Boa parte de nossos contemporâneos, emba lada pelos avanços do progresso material e técnico, desfrutando das múltiplas co mod id ades da ex istê ncia atual, não via ou procurava não ver que a soc iedade cam inhava, a passos le ntos mas decididos, para uma clegenerescên-
"Os modos e os costumes foram se tornando cada vez mais arrojados na extravagância e na imoralidade"
eia à medida que se dava a subversão paulatina dos valores de ordem natural e moral. Entretanto a marcha ela degradação ace lerou-se. As mod as, os modos e os costumes foram se tornando cada vez mai s a rroj ados na ex travagâ nc ia e na imora lid ade . Até os arrojos das doutrinas e das práticas teológicas e pastorais do progressismo "católico" c hegaram a extre mos impensáve is. A par dessa ma rc ha ace lerada, o aco ntecer hum ano passou a se _asseme1har, cada vez mais, a uma e ngrenagem de desgraças e catástro fes, co mo se uma mão mi steri osa e malfazeja o impul sionasse por um princípio caótico. Os avanços dos meios de comunicação, que nos colocam e m contato quase in stantâ neo com qualque r parte do mundo, potenc iali zara m os efeitos dessa engrenagem. S intoma e loqü e nte foi a lgun s jornais passarem a incluir e m suas pág in as a "boa notícia". Agredidos por essa realidade ele conjunto, a qual co meçava a ating ir os extre mos que julgavam ou queriam julgar impossíveis, muitos de nossos contemporâneos, no íntimo de seus esp íritos, reagiram: "Até lá não vou" . Outros passaram mesmo a co nsiderar co m simpati a as disposições de alma e os valores soc iais, c ultu ra is, religiosos e mora is que até há pouco viam com a ntipati a ou
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Permita- me o leitor um exempl o. Até a ruína do mundo sovi ético, ocomuni smo influenciava uma grande faixa de pessoas sit1iadas entre a extrema esquerda e o centro. E incrementava nelas o sentimento de antidireitismo. Tais pessoas se sentiam atraídas, sem prevenções, pelos acenos que o comunismo lhes fazia à distância, de uma vida idílica numa sociedade "perfe ita" porque igualitária. Com a queda do Muro de Berlim e a conseqüente ruína do " império" soviético, esca ncarou-se o grande cortejo de desolação, de crimes e de mi séria cio comuni smo, que o cardea l Ratzinger qualifi cou como "a vergonha de nosso tempo". Diante desse pa norama, o edifício psicológico e me ntal de muitos desses nossos conte mporâneos, a maior parte das vezes frouxam e nte ideolog izados, sacudiu-se. Junta me nte com o surgime nto das estra nhezas, das objeções e do horror ao comuni smo com o qual ainda on tem simpatizavam, esses "agred idos pela reali dade" viram desaparecer dentro de si os mecanismos inte ri ores que os imped iam de simpatiza r com a direita e até de rumar para ela. Isso explica, e m boa med ida, a aceitação da TFP pelo público. Isso ex plica també m por que hoje a esq uerda, envergonhada por esse monumental fracasso , camufla-se, disfarça-se de mi 1 modos para iludir o público e, urna vez ascendida ao pode r, reto mar sua velha " revolução soc ial". O que certas esq ue rd as bras ile iras amplamente coadjuvadas pelo progress ismo "católico" parecem não compree nder é esse fe nômeno profundo na opini ão pública. E, com sua marcha desenfreada rumo a uma utopia já tantas vezes fracassada, vão engrossando, inexoravel me nte, as fileira s dos "agredidos pe la rea lidade". •
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(Tra nscrito da "Folh a de S. Pa ulo", ed ição de 2- 12-2003 , p. 3) * Dom Bertrand de O rl eans e Braga nça, Príncipe Impe r ia l d o Bras il , é diretor de Re lações Institucionais da Socie,ta,Le Brasileira de Defesa da Tra,Lição, Família e Propriedade - TFP (www. tfp.org.br ).
JANEIRO 2004 -
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. Levantando o véu do que ocorre no sul do Pará F ala-se da truculência dos fazendeiros locais nessa região, da necessidade de desarmá-los. Para ali são enviados ouvidores do INCRA, efetivos da Polícia .Federal, políticos. A CPT clama contra a impunidade dos donos da terra ... Cio
A LEN CASTRO
m as pecto d a realid ade do que ocorre no sul do Pará não aparece na gra nde impre nsa nac ional , ou, se aparece, é e m po ucas linhas . Trata-se, entretanto, de um as pecto capi tal para se entender o que está se passando naquela parte so frid a de nosso B rasil. O s tex tos aba ixo são do di ário "O Liberal" , Belém, edições de 16 e 17- 11 -03.
U
Dinhefro público jogaclo /'ora " O dinhe iro públi co da reform a ag rári a est,1 sendo jogado fo ra de mane ira irres ponsáve l no sul do Pará. Em uma área desme mbrada da fa zenda ' Boa Sorte' , em Para uape bas, o IN C RA construiu há três
anos 50 casas de alvenari a para famíli as de lavradores sem-terra, adquiriu um caminhão novo, trator, gerador de lu z, máquin as para estimul ar a produção agríco la, além de montar uma casa de fa ri nh a co m todos os equipame ntos , mas tudo foi a bando nado . "As casas estão cobertas pe lo mato, o ca minh ão a podrece no ga lpão co m o moto r fundid o e as outras máquinas estão e nferruj ando a cé u aberto. As famíli as que seri a m benefi ciadas de ixaram há muito o loca l e foram s ubstituídas por outras que vive m acampadas numa área dentro da fa zenda. As casas e os ve ículos ning ué m que r, po rqu e não se rvem para nad a [ .. .l"Na área cedida pe lo fa zende iro [ao
INCRA , e m 1996] , foi criado o projeto de assentame nto 'Alto Bo nito', de 480 alque ires . De bonito, poré m, restou apenas o pa pe lão fe ito pe lo órgão público com o dinhe iro do contribuinte . A vila dos assentados, antes habitada, transformou-se num loca l deserto . Tudo foi de ixado para trás. Os assentados abandonaram as casas e os lotes e invadiram outras áreas. í ... ] Durante a recente vi sita do mini stro do Desenvolvimento Ag rári o, Mig ue l Rossetto, a Marabá, para parti c ipar de uma audi ênc ia públi ca - que na verdade mai s pareceu pa la nque e le itoral - o caso foi a bafado" .
Rostos cobertos e armas Essa, a impress ionante descri ção da parte da fa zenda que foi cedida ao INCRA. E como está a parte que fi cou com o faze nde iro? Prossegue o re lato: "De po is de ter a sede da fa zenda 'B oa So rte ' invadida por uma mil ícia armada e ver seu gado sendo roubado e abatido di ari amente , além de receber constantes ameaças de morte, o fa zende iro Va ldemar Ca mil o de Lima dec idiu contratar uma empresa de segurança para proteger seu patrimô ni o. [ .. .-1 Ele e o fi lho Alessandro conseguiram na Ju sti ça duas li minares de manute nção de posse, que nunca fo ram cumpridas pe la po lícia. " F unc io nári os da fa zenda [ ... ] le mbram a invasão da sede, e m julho passado, e os mo mentos de pavor que passaº.g ram . 'Naquele dia eu pensei que ia mor" rer e pedi a Deus que me protegesse ' re-
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C ATOLICISMO
Os sem -terra manifestam júbilo : mais uma fazenda invadida por eles no Pará
corda [a func io nári a I Mar Iene de Jes us S il va , 33 a nos , sa li e nta ndo qu e nunca hav ia sido tão humilhada na vida . Ela e Vald o mi ro A mara l Me ndo nç a fi caram re fé ns na sede da faze nda, e nquanto o grupo armado saq ueava tudo o que enco nt rava pe la fre nte . l...J " O S indi cato dos Produtores Rurai s de Parau ape bas (S iprodu z) enviou ofíc io ao pres idente Lula ela Sil va , pedindo providê nc ias imedi atas sobre os fa tos, mas passados cinco meses nenhuma prov idê nc ia fo i to mada.[ ...J No ofíc io o Siproduz a lerta que a fa lta de cumprimento das li m inares de manutenção de posse [ ... ] está ocasionand o conflitos e ntre propri etários e invasores de terras, co m a ocorrênc ia de mortes de gado, crimes de tortu ra, espanca mento e cárcere pri vado contra e mpregado das fazendas e co lonos. l-- -1 Os invaso res derru bam árvores, serra m made iras das áreas de reserva fl orestal e provoca m que imacias, praticando cri mes ambientais, a lém de q ue imar cercas , cortar arames e de preda r im ó ve is. [ .. .-1 O utras áreas sob tensão são as faze ndas ' Uni ão', ' Sa nta Rosa' e 'Tapete Verde "'. O de legado de Paruape bas, Fra nc isco E lide Sousa O li veira, re lata: " Os in vaso res estão pre parados para um confro nto ar mado, po is pudemos observa r que hav ia trinche iras pre paradas na estrada da faze nd a e qu e vários ho me ns arm ados co m esp in gardas e esco petas, com os rostos cobertos por panos se e mbrenh aram na mata e tom aram pos ição de co mbate, o que nos imped iu de avan çar co m todo o c l'e ti vo" .
Rouba m/o até U'abalhatlOl'CS "Ainda re perc ute cm Marabá o ataq ue à fa zenda ' M utamba ' por integ ran te.' do MST. I.. . 1 O ass unto fo i tema de a mpl o de ba te cm sessão da Câmara Muni cipa l. Os vereadores aprovara m o envio de um ofíc io ao min i. lro da Ju sti ça T ho maz Ba tos. O documento pede providê nc ias imedi atas co ntra a o nda de invasões q ue vêm ating in do pro priedades rura is no sul e sudeste do Pará . Muitas das invasões acontecem com requi ntes de vio lênc ia .! .. . 1 Dos dezessete vereadores da Casa , ape nas o petista Ra imun do Gomes el a C ru z Neto se absteve de vota r.[ ... ! Na s ua justil'icativa, e nfat izo u 1... 1 que não ass in a nada co nt ra o MST. 1--- 1
" Segundo o teste munho das pessoas qu e vive ram mo me ntos de ve rd ade iro te rror, nessa madrugada , os invasores usaram táti cas de guerrilha. í ... ] No confli to, do is militares sa íram feridos, sendo que o 3° sargento Portil acabou perdendo a vi são dire ita e corre a inda o risco de fi car completa me nte cego. " Presos o ito integrantes do grupo de qu ase 50 ho mens qu e invadira m a ' Mu ta mba ' , e les mes mos con fess aram que perte nc ia m ao MST [ .. .] d o aca mpame nto de no min ado 27 de março, á rea invadid a na Faze nd a 'Cabace iras' . [ .. .-1 Há que m ac redite, no e nta nto , qu e e ntre o g rupo que in vadiu a ' Muta mba' havi a integ rantes do MST v ind os provave lme nte do Po nta l do Para napa nema para co manda r o ataque: 'o rnodus
nperandi fo i de guerrilha e de ge nte experiente' , co me nto u um po lic ia l.[ ... ] Na verdade , um ataq ue seg uid o de rou bo , qu a ndo fora m saq ueados gê ne ros a i i me ntíc ios , ro upa s, obj etos pessoai s e dinh e iro de traba lh ado res do imó ve l rura l" . Alé m dessas notíc ias ve ic ul adas pe lo di ári o "O Liberal", merece ser menc ionada a invasão da sede do INC RA e m M arabá (PA) .
Invasão da sede do INCRA em Marabó (PA)
Roubo, armas e c/J'ogas Há, nos asse ntamentos, " pessoas que estavam vive ndo da especulação de terras destinadas à reforma agrária", co nstata a própri a superinte nde nte loca l do IN C RA , Bernardete Caten. "O negóc io estava endo tão fácil e rendoso que, de ntro do Assenta,nento ! º de rnarço, j á havi a até esc ri tó ri o de corre tagem" . Nesse mes mo loca l, fo ram presos do is asse ntados por porte ilega l de armas, um de les, o Chula, també m ac usado de tráfi co de drogas. Ele di sse que todos no assentamento andam arm ados . Corre ainda a inform ação ele que no 1° de março " fi ca a ba e ele uma quadrilha de assaltan tes, que age tanto nas estradas q uanto e m agê nc ias bancá rias". Seg undo leva ntamento da Po líc ia Federa l, "e m muitos proj etos de assentame ntos da reg ião, o co lono trocou o pl anti o de arroz, mandi oca, feij ão, pela maconha" . N ão é verdade, le itor, qu e esse noti ciári o nos é gera lmente oc ultado? • E-mai l do autor: cidalencastro @adv.oabs ~
JAN EIRO 2004 -
• questionando se a tradição não é prefe rível a um porvir iguali tá ri o e ameaçador. Tais apetências ma nifestam-se tam bém na re li gião, na famí li a, no mov imento pró-vida, no retorno da disciplina e da mora l em escolas e uni vers idades, no renascer do patriotismo e na admi ração pela condição mili tar. Elas não resumem todas as te ndê ncias atuais do país, mas são sufic iente-
cl
mente numerosas e ativas para condicionar a fundo a política inte rna e externa norte-americana. As esque rdas do mundo todo horrori zam-se diante delas. Prefe riri am que os Estados Unidos rumassem para o imprevi sível dos mitos soci ali stas, talvez para o sórdido e caótico regime de ti po cubano. Mas, no país da modernidade, setores cada vez mais m11nerosos inclina m-se para valores como be-
leza, ordem, hierarqui a, harmoni a, honra, compostura e tradição. No fundo, para princípios de orde m natural e católi ca, que voltam a sedu zir os espíritos com seus atrativos anti gos, mas sempre novos porque pere nes. •
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E- mail do autor: sa 11Ji ai;:fernandes@ netsca1~
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A nti go Regime: época hi stórica que se estende do Renascimento à Revo lução Francesa ( 1789).
Protundas aspirações pela tradição int1uenciam atualmente os rumos dos Estados Unidos, paradoxalmente chamado o país da modernidade lj'I SANTIAGO F ERNANDE Z
a bruma matinal, rufa m os ta mbores, soa m os pífaros, re luzem bri lhantes unifo rmes do Ancien Régime*. O ofi cial, vestido de veludo verde mu sgo, colete verme lho com ga lões e botões dourados, c ulotes, peruca e tri córni o, pu xa a espada e ordena avançar. Segue m-no um batalhão e alguns voluntários recobertos de couro e peles à David Crockett. Do lado adversário, soldados e ofi ciais portam capacetes com peles de urso, casacas de cor vermelho-fogo, faix as e calças brancas, botas altas pretas. A fu zilaria enche o ar de fumaça. Trovejam os canhões, batalhões escoceses entram na luta. Os brasões das bandeiras são britâni cos, mas a cena ocorre nos Estados Uni -
C ATOLICISMO
dos. Ali multiplicam-se as assoc iações que todo a no apresentam, ante um públi co admirativo, encenações de batalhas hi stóricas do país. Como esta da batalha de Saratoga ( 1777), travada durante a guerra de independê ncia (fotos 1 e 4).
Saudades <lc uma socicda,Jc 01·dcnada e llicrál'q11ica Al ém di sso, merece menção o fato de milhares de pessoas revivere m as batalhas da G uerra de Secessão dos Estados Unidos ( 186 1- 1865), como Pe rryvill e ( 1862) (foto 2), Gettysburg ( 1863) ou New Markct ( 1864) (foto 3). A encenação exprime algo de um desabafo, expressando saudades de uma orde m sócio-econômica impregnada de valores patri arca is, ari stocráti cos e fa miliares, marcada pelos ri tmos de uma soc iedade e m gran-
de parte orgânica e ele tipo ru ra l, aconchega nte, afável, com requintes c ul turais, que exi stiu no velho Sul do país. Tais encenações expressa m també m uma nota de recusa da sociedade urbano-industri a l - devorada pela veloc idade, pe la máquina, pe la maté ri a, pe los e nriquec ime ntos e fa lê ncias verti gin osos - que im prime o rumo dos Estados Uni dos após a vi tóri a do Norte . O utra va ri ante da mes ma tendê ncia de saudades da tradi ção: damas e cortesãos recompõem o a mbie nte da Re nascença (foto 5).
No país da modcmidadc, Cl'CSCCl1tc amor à Uadição Não se e ntende os Estados Unidos de hoje sem considerar estas apetê ncias profund as, de reje ição ao caos hodi ern o, JAN EIRO 2004 -
1 SANTA MARIA, MÃI•: DI<: DEUS (anti ga me nte, Circuncisão)
2 São Macário ele Alexandria, Anacoreta
+ Egito, 394. Jovem ainda, fugiu para o deserto vncle passo u mai s de 60 anos e m j ejuns, penitênc ias, oração e luta contra o demô nio. É chamado o Jovem pa ra não ser con fundido com São M acá rio do Eg ito, o Velho. Primeira Sexta-Feira do Mês
a Santa Bertila De Mareuil , Viúva
+ França, Séc. VIII. De nobre
N ápo les, recebe u as o rd e ns sacras torn ando-se professor de teologia na célebre Universidade de Salamanca. O Pa pa São Pio V nom eo u-o bi s po dessa c idade aos 30 anos.
Maria , sa ntifi co u- se co mo pároco de um porto pesq ueiro e de veraneio. Ded icou-se de corpo e alma à conversão dos infi é is e pecadores, e à instrução in fa ntil.
7
1:i
São Raimundo de PenilaforLc, Confessor + Espanha, 1275. Duminica-
Santos Gumercindo e Scr·video, Mártires + Córdoba, 852. Originário de
no, " Príncipe dos Canonistas" e gra nde confessor, foi igualmente célebre por seus mil agres. Com São Pedro No lasco fund ou a Ordem elas Mercês para a redenção dos cati vos.
Tol edo, Gumercindo foi des ig nado para uma paróquia perto de Córdoba. Abderramán U, que dominava acidade, promul gara uma lei pe la qual qualqu e r mu ç ulm a no podia mata r um c ristão que atacasse M ao mé. Tendo Gume rc i nclo ido àq ue la c idade acompanhado do monge Servideo, muçulmanos os denunc iaram co mo cri stãos, decapitando-os por ód io à fé.
a Santo Apolinário, Bispo + Frígia, 179. Sua fama em refutar as heres ias valeu-lhe o cognome de o Apologeta. Segundo testemunha São Jerônimo, escreveu contra os hereges, patenteando a origem filosófi ca dos erros ele cada seita.
9 Santo Adriano Abade, Confessor + Ca ntu ári a, 71 O. Itali a no,
família, com o marido dedi cava-se inteiramente ao socorro de pobres e e nfermos. Após a morte do esposo, construiu uma ig reja e m Mare uil , com uma cela ao lado, passa ndo a viver a li em oração e recolhimento. Primeiro Sábado do Mês
no mead o por São Vitali a no para a Sé de Cantuári a, s upli cou ao Pa pa que no me asse São Teodoro e m se u lu ga r, di spondo-se a secundá-lo nos traba lhos mi ss ionários.
4
São Pedro de Urséolo. Confessor + Ro uss ilf on (Fra nça), 987.
l<:PWANIA DO SE IIOR, OUSA TOS REIS (Neste ano)
5 São ,João Neuman11, Confessor + Filadélfia, 1860. Natural da Boêmia, foi para os Estados Unidos co mo mi ss ion ário dos imi granLes de líng ua a le mã. No meado por Pio IX Bispo ele F il adé lfia, promoveu a educação católica das cri anças.
10
Comandante-e m-chefe ela esquadra de Veneza aos 20 anos, obteve vitórias contra os piratas que infes tavam o Adriático. Envo lvido na luta que culminou com a morte do Doge Candi ani IV, fo i eleito em seu lugar.
14 São Sabas, Bispo e Confessor + Bulgária, 1237. Filho de Estêvão J, fundador da dinastia e do Estado inde pe nde nte da Sérvia, aos 17 anos retirouse para um moste iro do M o nte Athos. Seu pai seg uiu-o d e po is de abdi ca r o trono . Juntos fundaram um mosteiro para os sérvi os.
15
16 São Bernardo e Companheiros, Mártires
Duque de Alcalá e Vi ce- re i de
Co ng regação dos Servos de
cismático juramento constitucio na l imposto pe la ímpi a Revo lução Francesa, inc itou os à paciênc ia e pe rseverança. Intimados outra vez a prestar o juramento, todos se rec usaram, sendo condenados à guilhotin a.
22 São Vicente PalloUi, Confessor · + Ro ma , J 850. Doutor e m Teologia, famoso confesso r e exorc ista, seu programa foi o ele levar os cató licos a participar intensa mente do trabalho apostó li co. Para isso, fundou
a Sociedade do Apostolado Ca tólico.
2~J Santa Emerencia11a, Virgem e Mártir
19
+ Roma, 304. De acordo com
São Canuto Rei, Confessor + Dinamarca, 1086. Filho il e-
o Martiro lóg io R o man o, Emerenciana era irm ã de le iLe ele Santa fn ês . Após o martírio desta, foi rezar junto a sua tumba. A catecúmena recebeu o bati smo ele sa ngue ao ser morta ali mes mo a pedradas pelos pagãos.
g ítimo cio Re i Sweyn, da Dinamarca, sobrinho de seu homônimo que conqui sto u a Ing laterra, s ubiu ao trono após a morte ele seu irmão. V ítim a ele um a re be lião, Ca nuto fu g iu para a ilh a ele Funem, o nde pre parou-se para a morte.
20 go e foi e leito para suceder o Papa Santo Antero. Durante a e le ição papa l, um a pomba pousou sobre s ua cabeça, in di ca ndo ser e le o esco lhid o cios Céu ·. Fo i ma rti ri zado du rante a persegui ção do Imperador Déci
por São Francisco ele Assis para converter os mouros de Sev iIha, sendo estes expul sos da cidade, dirigiu-se São Bernardo e quatro outros religiosos francisca nos para o Marrocos como capelães de mercen{u-ios cri stãos do exército marroquino.
Santo Antônio Maria Pucei, Confessor + Viareggio, Itáli a, 1892. Da
sagrar-se ao estud o, pas sou seus bens ao irmão e foi viver na contemplação pe rt o d e Tours, sob a clir ção cl São Gregório, Bi spo dessa cidade. Deus concedeu-lhe o dom dos mil ag res e o conhec imento do di a ele sua morte.
e rem itas, tornou-se órfão aos 14 anos. Aos 20 a nos, durante a perseguição do Imperador ro mano pagão Décio, fu g iu para um a g ruta no dese rto. Mil agrosame nte um corvo trazia- lhe um pão a cada di a.
BATISMO DI•: NOSSO Sl~NI IOR JESUS CRISTO
São João ele Ribera, Bispo e Confessor + Val ê nc ia , 16 11. Filho cio
18 São l.eobarclo Recluso, Confessor + França, 593. De po is de on-
São l"abiano, Papa e Mártir + Roma , 250. Era simpl es le i-
+ Marrocos, 1302. Enviados
12
Santo Ambrós io, parLi c ipou de vá ri os concílios e foi e nv iado pelo Papa São Dâmaso ao Orie nte, por ocas ião ci os distúrbios provocado pe los arianos em Antioquia . Combateu també m outros hereges.
São Paulo Eremita, Confessor + Eg ito, 342. O primeiro dos
11
(l
17 São Sabino Bispo, Confessor + Pi ace nza, 420. Ami go ele
21
24 São l<'r ·a ncisco ele Sales, Bispo, Con fessor e Doutor ela Igreja + Annecy, 1622 . Bispo el e Ge ne bra, animado ele profundo amor ele Deus e das a lmas, dotado ele uma bondade e suav idade excepcionais no trato, ele sólida cultura e ortodoxia, fundador e diretor de incontáveis almas. É patro no dos jorna l is Las e publ ic istas cató li cos. Foi impedid o de entrar em sua diocese pelos calvini stas.
Santa Inês, Virgem e Mártir
25
ffi
Co11versüo ele São Paulo Apóstolo
E nvi ado para reformar o ele São Yann e, restaurou ta mbé m os ele Beaulieu e Arras. E leito Abade ele Stavelot , foi con, e1he iro cio Imperado r Santo He nrique fl.
26 Santa Paula, Viúva + Palestina, 404. Matro na romana da mai s a lta ari stocrac ia. Tendo fa lec ido seu esposo, foi convenc ida por Santa M arcela, também viúva, a entregar-se totalmente a Deus.
27 São Vitaliano, Papa e Confessor + R o ma, 672. Sucessor ele E ugêni o r no Sólio Pontifíc io, e nvi ou à fn g late rra São Teodoro de Tarso pa ra a Sé de Cantm1 ri a, e Santo Adri ano co mo Abade de Santo Agostinho.
2H Santo Tomás ele Aquino, Confessor e Doutor da Igreja + Fra nça, 1274. O ma ior teólogo da Igreja foi, aos cinco anos, confi ado aos monges em Monte Cassino, entrand o depois para a Ordem do mini cana, ela qual é das ma io res g lórias. Com razão c h a mad o Doutor Angélico, por sua pu reza de vida e e levação ele doutr ina, a qu al tran scende a pura inte ligência huma na . Éo patro no das esco las cató li cas.
2H São Sulpício Severo, Bispo e Confessor + França, 59 1. São Gregório ele Tours refere-se a e le co m muito respeiLo, e log iando suas virtudes. Fo i no meado para a • Sé de Bourges em luga r de ca ndid atos sim oníacos.
Beato João Balista Turpin ele Cormier e Companheiros, Mártires + Fran ça, 1794. Pá roco ele
São Popo Abade, Confessor· + Paíse Baixos, 1048. F la-
SanLa Jacinta de MariscoUi (Vicie p. 36)
Lava i, co m sua co nstânci a e valor ncorajou outros 13 sacerd tes a não prestarem o
mengo el e o ri.gem, deixou o exército para servir a Deus num mosteiro perto ele Reims.
Siio ,João Bosco, Confessor
ffi
ao 31
Intenções para a Santa Missa em janeiro Se rá ce lebrada pe lo Revm o . Padre Davi Francisquini, na s segu intes intenções: • Pa ra o novo ano que se ini c ia, pedirem os, pe la int ercessão da Sa nta Mã e de Deu s e pe los méritos da Epifa nia de Seu Divino Filho, que Deus N osso Senhor conceda aos leitores de Ca tolicismo, aos parti c ipantes da
Alian ça de Fátima
e
suas res pectivo s famí li as, toda s as gra ça s necessárias para enfrentar os difi cu ldad es qu e surgirem ao lo ngo de 2004, indi can d o lh es os melhores cami nh os e soluções . • Também pedindo ao Apó stolo Sõo Paulo que alcan ce da Div ino Prov idência abundan tes graças de co nversão para o Bra si l, a fim de que o País perseve re na verdadeira Reli gião e no cumprim ento fi el dos Mandam entos da Lei de Deus.
Intenções para a Santa Missa em fevereiro • Suplicando a Nossa Sen hora de Lourdes que preserve o Bra sil e as família s brosil eira s da viol ência social das invasões e dos cil adas do demôni o. Bem co mo que Ela proteja es pecia lm ente os jovens que nos são mais próximos, da influência do tráfico de droga s e da im ora li dade .
JA
www.tfp.org .br
Campanha da. TFP.americana .,, . entre un1vers1tanos J uventude dos Estados Unidos rejeita categoricamente decisão da Suprema Corte que favorece o vício homossexual r,, FLÁVI O M ATIHARA
image m que se divul ga do s unive rs itá rios ame ri canos é mai s própri a a considerá- los um bando de drogados , adeptos de rock e esportes viole ntos, indi sc iplinados e pervertidos pe los mai s diversos víc ios morais. Se tal imagem te m algo de real , ne m de longe corres ponde à situação da maioria, e mpe nhada e m adquirir conhec imentos úte is para si mes mos e para a soc iedade. Uma comprovação di sso constitui as recentes ca mpanhas empreendidas nas Univers idades George Washington, Penn State, George Mason e Georgetown por estudantes da TFP americana. A propós ito de recente dec isão da Suprema Corte, concedendo proteção ao vício homossex ual - sentença no processo Lawrence x Texas - , foram distribu ídas ma is de 3.000 cópi as de um fo lheto intitulado Ainda somos 'urna nação submissa a Deus'?, e laborado e largame nte difundido no país pe la TFP. Ao mesmo te mpo, os universitários era m convidados a assin ar um pro testo dirig ido à Suprema Corte. (fotos ao lado)
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A receptividade entu siástica de numerosos unive rsitári os foi descrita e censurada no boletim da universidade por uma professora favo rável à mencionada sentença:
"Eu vi os estudantes, um atrás do outro, assinando o protesto deles ,·oru..--.. 1da TFP], e meu estômago começou a embrulhar. Até então eu tinha a impressão de que a maioria dos estudantes universilários tivessem. a mente aberta e aceitassem diferentes culturas, opiniões e estilos de vida. Fiquei verdadeiramente desapontada ao constatar quão cheios de preconceito e ódio nós sornas corno nação".
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CATOLICISMO
Acima : aspectos do XLV Encontro Regional no Salão Nobre do Hotel Glória, no Rio de Janeiro
2003: ano profícuo para os Encontros Regionais Amplo leque de atividades e extensa programação, ao longo do ano, para Correspondentes-Esclarecedores e Simpatizantes da TFP 1J Ü SCAR VI DAL
omente no ano que recém-term ino u, a TFP e a Campanha Vinde
Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! reali za ram , de norte a s ul do País, 17 Encontros Regionais. Houve também um Encontro Nacional com lideranças de Correspondentes da TFP, ocorrido nos dias 2, 3 e 4 de março (v ide Catolicismo, abril/2002).
É um fenômeno que vai se afi rmando cada vez co m mai s c lareza: os ma is j ovens são mais conservadores que os mais ve lhos, e mais abertos a seguir as pos ições aute ntica me nte cató li cas. •
Tais eventos são rea li zados desde 1997 e têm por finalidade atualizar seus partic ipantes sobre os principais aconteci mentos que a fetam a causa católi ca no Bras il e no mundo. Be m como inform álos a respe ito das mais recentes ações desenvo lvidas na defesa dos princípios básiros da Civ ili zação Cristã - a trad ição , a família e a propriedade - linha mestra de atuação da TFP desde sua fundação, c m 1960, pe lo Prof. Plinio Corrêa d ' Oli veira.
E-mail cio autor: fla1 a111a1 @ho1111ail.co111
(con1inua na página 50)
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f02tJ 2581-3480/ 9CJ05..63U1 com ot S,a. Fât>io Ca,ÚOlõ 00 Ma~ Machado
Fac símile de um dos vários convites usados nos Encontros
JANEIRO 2004 -
www.tfp.org.br
entrada so le ne da im age m de Nossa Senh ora de Fátima e da recitação de um terço do Santo Rosári o, seg uiram- se as palestras. A primeira, que versou sobre a in stitui ção fa mili ar enqu anto pilar ela sociedade, fo i proferida por Abel de O li veira Ca mpos (foto à esquerda), veterano sóc io da TFP. A segunda, referente à fundamental promessa de Fátim a, que asseg ura o triunfo do Imaculado Coração de Maria sobre os erros disse min ados no mund o in teiro pe la se ita co mu ni sta, ficou a cargo ele M arcos Lui z Garc ia, coorde nador d a Ca mpanh a Vinde
Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! Encontros Regionais seme lhantes a
Na ed ição de dezembro último noticiamos o Encontro rea lizado no auditório do Circolo Italiano, na cap ital pauli sta, em J8 de outubro. Desde essa data até o final de 2003, ocorreram mais seis eventos aná logos. Para não nos alongarmos demasiadamente, a seguir apresentamos a nossos leito res um sintéti co elenco dessas últimas rea li zações. N a c id ade do Rio de Ja ne iro, no d ia 8 de novembro, o Salão Nobre do Hotel Glória uma vez mais ficou repleto com 900 corresponde ntes e simpatiza ntes da TFP, bem co mo participantes da referida Campa nh a. O motivo fo i a rea li zação do XLV Encontro Regional. Após a
~
este foram rea li zados no C lube Co mercia l, em Sa lvador - BA (foto 1) e no C lube de Diretores Loji stas, em Aracaju - SE (foto 3) , nos dias l J e 12 de novembro para 170 e 220 partic ipantes, respectivamente. No dia 23 do mes mo mês, o evento ocorre u e m Jtu, cidade do interi or pauli sta, no Colonial Pla za Hotel, para cerca de 75 pessoas. (foto 2) E ncerra ndo o mês, nos dias 29 e 30 fora m efetuados Encontros Reg ionais e m mais duas importantes c id ades do Estado de São Paul o: O límpi a, no audi tório do Clube Velha Guarda, com 280 assistentes (foto 4) e Jaú , no Hotel Re-
sidence (foto 5). • E- mail do autor: OscarY ida l @1erra.co111. br
Jornada Cristo Rei Com um programa diferente dos anteriores, a TFP empreendeu, numa propriedade ru ra l próxima à cidade de Amparo , a Jornada Cristo Rei, em 16-11-03. Trata-se ele uma reunião de simpatiza ntes da entidade para atuali zá- los acerca de te mas ati ne ntes ao Brasi l, e que mais causam preocupação no momento. Nessa programação ta mbém há lugar para um sadio e ntretenime nto, co mo competições de arco e flecha , e ainda para uma boa e lauta feijoada (fotos ao lado). •
CATO LI C I SM O
Nossa Senhora das Graças Na festividade de Nossa Senhora das Graças, dia 27 de novembro, centenas de pessoas - entre correspondentes, simpatizantes e am igos da TFP - reuniram-se no bairro Varg inha (Jundiaí-SP), para homenagear a Virge m Santíssima da Meda lha Milagrosa, junto à sua imagem que se localiza a pouca distância ela estrada de Santa Clara. Na ocasião, foi rezado um terço pedi ndo especia lmente pelo Brasil, nesta difícil quadra de sua hi stóri a, e pelas famílias dos presentes ao ato marial (fotos acima). •
JANEIRO 2004 -
••
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Adoração dos Reis Magos Tranqüilidade sobrenatural e oração diante do Menino-Deus PUNIO C O RR ÊA DE ÜUVEIRA
s Reis M agos, de acordo com a Tradição, vieram do Oriente traze ndo seus prese ntes para o Menino Jesus. Nesse afresco - de autoria do famoso pintor ita liano Gio.tto* - Nossa Senhora, tendo seu Divi no F ilho no colo, a parece se ntada num a espéc ie de troneto colocado sobre • um estradozinho ricamente • • ata petado, e ri came nte vesti• • da. Para recebe r os Reis, co m• preende-se que Ela se vestiu com aparato. Atrás de Nossa Senhora aparecem um anjo, São José, sa ntos e outras pessoas do Templ o que o autor quis representar. Ou ta lvez sejam pessoas qu e algum di a no fu turo haveri a m de co nte mpl ar ta l cena em espírito e em oração. C hama a atenção o seguinte: um dos re is está adorando o Me nino Jesus e osc ul ando seus pés. Os dois outros mo narcas estão tranqüilos, comprazidos em oração diante de Nossa Senhora e cio M enino-De us, vendo seu co mpanheiro de viagem, seu irmão na realeza, adorar o Di vino Infa nte. E estão contentes com tudo o qu e se passa, aguarda ndo chegar a vez deles. Mas se m impaciênc ia, co m a tranqüi lid ade e a sere nid ade medi eva l, qu e ex primi a bem a presença de Deus, o espírito e a graça divinos na alma desses personagens. Logo atrás dos doi s Re is, nota-se um homem, que está freando ou subjugando o came lo, a fim de que este não crie prob lemas. Esse perso nage m é um animalis homo, se m nada de sobrenatural , de tranqüi lo e sere no. É um ho me m bruto, ag itado e prestando atenção e m tudo, de nari z po ntudo, de o lhos saltados e mandão . Está be m à altura de um tratador de came los. •
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A rresco pintad o cntn.: 1 02 · 1306, por Giotto di Bonclon ·, que se encontra na ap ·111 de[.:li Scroveg11.i - Pádua (It áli a).
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 30 de novembro de 1988. Sem revi s o do utor.
,
UMARI
PUNI O C ORRÊA DE ÜUVE IRA
F'evcreil'O de 2004
Cátedra de São Pedro
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Excmn·os
4
CARTA DO DumToR
P alavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: "E eu digo que
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PAGINA MARIANA
tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (M t 16, 18)"
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CommSPONDl~:NCIA
N
o dia 22 do corrente mês, celebra-se a sede, trono ou cátedra de São Pedro, enquan to símbolo do ministério de Supremo Pastor da Igreja, conferido por Nosso Senhor Jesus Cristo ao chefe dos Apóstolos . Nesta comemoração, homenageia-se especialmente o primeiro Papa, venerando-o e reconhecendo a autoridade do Vigário de Cristo sobre toda a Igreja . Em recordação desta data considerada uma das mais importantes da Santa Igreja - transcrevemos comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, proferido em 23-2-93 num congresso para Correspondentes e Esclarecedores da entidade por ele fundada.
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"A TFP vive, no que ela te m de mais interno, da fé cató li ca, apostó li ca, ro mana; e nesta fé a TFP tributa uma ve neração toda es pec ial e um amor todo espec ial à Cátedra de São Pedro. Quer di zer, ao papado in stituído por Nosso Senhor para ·s er a coluna da Igrej a, a luz ela [g reja, e a res pe ito cio qua l Nosso Senhor, quando o in stituiu , di sse a São Pedro: Tu
Nº 63B
Nossa Senhora ultrajada
10 A
PAl,AVRA DO SAc1mooT1•;
12 A
R1•:A1 ,IDADE CoNc1sAM1wn:
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NACIONAL,
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IN'flmNACIONAl,
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L..:1nJRA
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EN'lUEVIS'l'A
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POR QllE NOSSA SENHORA CIIORA?
25 Ecos m:
5 Página Mariana
PNRA: perseguição à agropecuária O enforcado compra a própria corda ...
EsPUU'l'llAI, A tos de piedade (cont.) MST n ão quer t erras p ar a trabalhar
FÁTIMA
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CAPA
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VmAs DE SANTOS
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IN1•·m~MAT1vo
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GRANDES P1mSONA<a:NS
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Lornmr,:s Recente milagre r econhecido oficialmente
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SANTOS E FESTAS DO
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AMBJ1W1'1,;s, CosnJMJ<:S, C1v1uzAç(ms
Relutação de objeções protestantes Beato Estêvão B ellesini
Rrnu1.
o h eróico Rei Balduíno IV
Mf.:s
39 Informativo Rural
Majestade cio Capitólio em Roma
es Petrus, el super hanc petram aedificabo Ecclesiam m.eam el portae ir!/eri non praevalebunt adversus eam (Tu és Pedro, e sobre es ta ped ra edifi ca re i a minha Igrej a, e as po rtas cio infe rno não prevalecerão co ntra e la (Mt 16, 18). So bre São Pedro Nosso Se nho r edi fi cou a Igrej a. Ele nomeou São Pedro o prime iro Papa, e as portas cio Inferno não prevalecerão". • CATOLICISMO
43 Lourdes Nossa capa: Pregação protestante em praça público do capital paulista. Foto : Paulo Roberto Campos
FEVEREIRO 2004 ~
Ami go le itor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o n2 3116 Redação:
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Aquel es que em sua vida j á sentiram o sabor amargo de um sofi sma, uma tapeação ou uma fa lác ia protestante, por não saber refutá- los adequadamente, por certo regozij ar-se-ão com a matéria de capa desta edi ção. Não é a prime ira vez que atende mos a ape los de le itores da revi sta, preocupados di ante do avanço de dezenas (ou centenas) de seitas ditas eva ngé li cas. Eles nos so licita m a publi cação de argume ntos para re futar algumas das principais obj eções fe itas por protestantes. Esse pedido de socorro muito nos apraz e ho nra. Revela a confiança do leito r de Catolicismo na o rtodox ia exposta e m nossas pág inas e na segurança doutrin ária daquele. que co mpõe m o qu adro redatori al desta que tem sido considerada por muitos como das me lhores - senão a me lhor - revi stas de in spiração católi ca cio País. É claro que, nos limites de um arti go, não di sporía mos de es paço para abarcar todas as obj eções. Alé m do mais, como vári as delas j á fora m tratadas em nossa edi ção de sete mbro de 1999, a presente matéria constitui prec ioso e oportuno co mpl e me nto. Essa refutação a ataques lançados à Re li gião cató lica se faz partic ularmente necessári a, po is o chamado livre exame da Sagrada Escritu ra, adotado pelos protestantes, acaba promove ndo e multipli cando fa lsas do utrinas re li giosas que invadem de modo lamentáve l muitos ambi entes ca tó li cos. Infeli zmente, um núm ero conside rável de paróqui as católi cas não proporciona mais aos fi éis os e nsiname ntos admirávei e pe re nes da Sa nta Igrej a, ma limita-se a abordar proble mas ditos sociais. Com isso, mui tos católicos sente m-se abandonados, e nessa situação de orfandade espiri tual são abordados por integra ntes de seitas protestantes, que lhes oferecem, mas de modo di storcido, aquil o q ue e les gostari am de e ncontrar e m suas paróquias: te mas re li g iosos. Esta é uma das principais razões do cresc imento das de no minações protestantes no Brasil , c uj os adeptos têm se tornado cada vez mais ousados e pers istentes e m abordar os católicos, a fim de os alic iar para as fa lsas doutrinas que pregam. Sua argumentação é cheia de sofi . mas e repl eta de citações da Bíblia, que e les repete m se m penetra r seu sentido autêntico, dando- lhes freqüente mente as mais absurdas interpretações. Por outro lado, a maiori a dos católi cos e m nosso País é carente de sólida e ortodoxa formação do utrin ária, desconhecendo, por exemplo, que Martinho Lutero, um dos principais heresiarcas do protestanti 1110, lançou blasfê mi as horríve is e in fa mes contra Nosso Senhor Jesus Cri sto e Mari a Santíss ima. Almej amos ass im a nossos le itores que, po r meio destas pág inas, possam aume ntar e fo rtalecer seus conhecimentos a respeito da a utênti ca doutrina cató lica, para responder com segurança às múltiplas e descabidas investidas protestantes, especialmente contra o próprio Divino Redentor, a Santa Igreja e Maria Santíssima. Desejo a todos uma boa le itura!
Em Jesus e Mari a,
CATOLICISMO
DIR ETOR
Publicação mensal da Editora
Cato li cismo@ terra.com.br
PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
Esquerdistas profanam imagens de Nossa Senhora N a Venezuela, ataques sacrílegos contra imagens da Virgern Santís~ sima, efetuados recentemente por seguidores do Presidente Chávez, tornam patente a vinculação entre comunismo e ódio satânico
e
VALD IS GRINSTEINS
aso não esti vesse tudo fartame nte doc umentado - ex iste até um docume nto ofi c ial da Co nfe rênc ia dos Bispos da Venezue la conde nando os atos acima me ncionados - poder-se- ia duvidar da sua autenti cidade, de tal modo e les são c hocantes. Que ocorrem atos satani stas, ninguém pode negar. Poré m, e les costumam serrealizados secreta mente, por pequenos grupos, à sorre lfa . Dificilmente seus protagonistas deixar-se-iam film ar, sobretudo quando tais atos são passíve is de puni ção legal. Então, como explicar que na própria capital venezuelana, Caracas, numa das praças principais da cidade, centenas de vândalos tenham efetuado um verei a-
cieiro carnaval satani sta, de ixando-se fil mar e fotografa r? "Nonnalmente os prof anadores atuam na sombra, envergonhados pelo que estão fa zendo. Aqui aconteceu numa praça pública, à luz do dia, com testemunhas, e os obscenos ,nanff'estan.tes posando orgulhosos para as câmaras ", comenta uma conhec ida j ornali sta É de tal forma mon struoso o ocorri do, que Catolicismo vê-se na obrigação de repudiar veemente mente os aberrantes atos praticados nessa ocas ião e ex ternar seu profundo desagravo a Mari a Santíssima. 1
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Seguidores de Hugo Chávez Sábado, 6 de dezembro de 2003. Uma manifestação de partidários do pres idente Chá vez realiza marcha em Caracas para
come morar os cinco anos do governo deste. Entre e les fi guram grupos motori zados de pessoas arm adas, conhecidos na Venezue la como os motorizados da morte. São me mbros cios Círculos Bolivarian.os, versão nac ional dos C DR (Comitês de Defesa da Revolução) cubanos. Constituem agrupamentos encarregados de intimidar pela força os opos itores políti cos. C hegando perto da Praça Altamira - bastião da opos ição a Chávez - , 250 desses motori zados adi anta m-se e dominam o local. Pouco depois chega o restante da manifestação, que devi a continuar rumo a outro lugar da capital. A Praça Al tami ra tornou-se fa mosa na é poca da greve contra Chávez. Lá se reuni am pessoas que não concordam com a políti ca co muni sta do pres ide nte. Es te
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costuma aparecer em público com crucifi xos, bíbli as, cita ndo frases de Nosso Senhor Jesus Cri sto, etc. Aliás, convém recordar, Fidel Castro também costumava apresentar-se ostentando meda lhas religiosas e o terço, antes de tomar o poder. Para se opor a esse uso enganoso de símbolos reli giosos pelo presidente, e tornar patente na Venezuela quem rea lmente acredita em Deus, a oposição começou a colocar imagens de Nossa Senhora e m lugares públi cos para veneração. Organi zaram-se procissões com imagen s, rezou-se em conjunto o rosário em diversos bairros da capital. Na Praça Altamira, e m concreto, fo ram co locadas numerosas imagens da Santíssima Virgem, a maior de las de Nossa Senhora das Graças, toda dourada. Além desta, havia imagens de Fátima, de Coromoto, da Rosa Mística, da Caridade do Cobre (padroeira de Cuba), etc.
Gigantesca manifestação contra Chávez em Corocas
Imagem de Nossa Senh pelos ímpios esquerdista
l/orre11clas prol'a11açõcs Te nd o to mado co nta da praça, os manifes tantes pró-Chávez começaram a profanar as im agens. E m me io a gritos, danças, ri sos, pintaram com grafite verme lha a maio r de las; "sim.ulavam atos lascivos e até.fizeram suas necessidades sobre ela" 2 • A imagem fo i "colocada no chão, e lá fa ziam suas necessidades sobre ela, cuspiam.-na" 3 • Abo min ações sacríl egas ainda pi ores fo ram prati cad as, mas o sentimento de ve neração e respeito nos im pede de narrá- las . Uma imagem da Rosa Mística ''.foi colocada no chão, e num ritual, em meio a danças, gargalhadas macabras e violências, um dos participantes, de um só golpe, decapitou a Virgem com um pau" 4 • "A tensão na praça se prolongou por meia hora " 5• Ao partir, os satânicos vândal os ro ubaram "urna imagem da Virgem de Co romoto, uma da Ca ridade do Cobre, um Menino Jesus e uma réplica pintada da Rosa Mística " 6 • Não se pense que os sacrílegos tentara m ao menos esconder a ideo logia. "No chão e nas paredes da praça, bem. como ao longo da Avenida Francisco de Mi randa, também pintaram grc!fites que diziam Viva Chávez". 7
Govcn10 e mídia: abal'aclorcs Tais atos fo ram condenados po r um comuni cado da Confe rê ncia Epi scopal8 ,
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o qual continha ta mbém uma oração para ser rezada e m reparação pelo fato. O in críve l é que o gove rno C há vez não só não negou q ue te nh am ocorrido tais aberrações - ali ás, seri a impo síve l fazê- lo - , co mo ainda te nto u justifi cá- las da fo rm a mais c íni ca poss íve l. Ass im , o vi ce- pres ide nte do país, José Vice nte R a nge l, afirm o u q ue "o que aconteceu na Praça Altamira [... ] não f oi um ato de provocação nem de desrespeito à religião (s ic) " 9 . Te m s ido ce nsurado o que lá aco ntece u. Todo o mund o o sabe, todo mun do o co me nta, mas o que fo i apresen-
tado pe la te lev isão const ituiu la me ntave lm e nte uma versão q uase tão pac ífica e di storc ida co mo a desc rita po r R a ngel. Segundo a visão cíni ca da C NN, "os man.i,f'estantes tomaram a praça simbolicamente, durante uma hora, e danificaram alguns adornos de Natal" 10 • Não é novidade que órgãos da mídia favo ráveis à esquerda ocul tem o que não lhes convém .. .
Dcsagrn vo ele 11/Jws liéis Não cessaram então as de predações anti -reli giosas. No d ia 9 de deze mbro,
deto nou-se um ex plos ivo diante de uma ig rej a na cidade de Los Teques , destruin do várias imagens do seu interi or. No di a 1 1 de dezembro, três imagens de Nossa Senho ra fo ram destruídas na cidade de Cardó n, e, no di a seguinte, mais duas imagens da Virgem no mes mo loca l. No dia 15, voltara m os sacrílegos a atacar a mesma igrej a, que j á tinha sido objeto de ag ressão e m Los Teques. Estare mos e m face de um a expl osão de vi olência anticatóli ca como a ocorri da na Rússia comuni sta, o u na Espanha du rante a g uerra civil de 1936 a 1939? Ante tai s sac ríl egos ultrajes co ntra a
me lh or e a mais sa nta da mães - a Mãe de De us ! - deve mos, a ntes de tud o, ma ni fes tar nossa indi g nação . De pois, rea li zar algum desagravo po r essa o usadi a satânica. E, fin alme nte, deve mos to ma r todas as provid ê nc ias cab íve is para que atos co mo estes , apare nte me nte imposs íve is de sere m rea li zados hoj e no B ras il (ass im como o nte m parec ia m impe nsáve is na Ve nezuela), não ve nha m a acontecer por falta de previ são nossa, de não atuar a te mpo co ntra os fo me ntadores de do utrin as a té ias e a nti ca tóli cas. • E-mai l cio autor: Valcli sg r@Yahoo.com
Notas: l. Maruj a ·rarre, Lo de A lta111ira, " EI Uni versal " , Caracas, 12- 12-03. 2. Mi gcla li s Caíi izales, E/ q ue se m ete co,11 santos es po rque 110 tie11 e co razó11 " , " EI Uni versa l", 8- 12-03, 3 . Eleo nora Bru zual , Sa ta 11 6s s e c o m p /a ce, " Miami Heralcl " , 13- 12-03. 4 . Eleonora Bru zua l, idem, ibi dem. S. Ojic ia /i s la s ca 1,1sa 11 d es tro zos e11 A lta mira, " Globov isión" , 6- 12-03. 6. Migclalis Caíi iza les, E/ q ue se mete co 111 santos es porque no tiene corazó11 " , idem, ibidem. 7. Migcla li s Caíi izales, idem, ibidem. 8. Agência Ze nil, 9- 12-03. 9. Ra11gel responde, "EI Uni versal", 9- 12-03 1O. Maruj a Tarre, Lo de A ltam ira, idem, ibidem.
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Orações para 2004 Bl Dizem por aí qu e e m 2003 até Saddam saiu do buraco. Va mos ver se e m 2004 també m o mundo sa i desse des med id o buraco onde se e nco ntra, na fossa de dive rsas crises, princ ipa lmente nosso querido B ras il. Sai r é d ifíc il. Sa ir é fác il. Basta os home ns vo ltarem-se para seu C ri ador, para o exemp lo de perfeição de v ida que Ele ve io trazer a toda hu man idade. Em 2003 Cristo foi novame nte cruc ifi cado, e leve mos nossas orações à Virgem de Fátim a para que isso não se repita nesse novo a no que ve m de nasce r. Rezemos e rezemos muitos rosá rios, E la nos ate nde rá. (T.G.O. - MG)
"Coloque as barbas <le 1110/110"... Bl Vendo a foto de Saddam Hussein , barbudo, desgre nhado, saído do fundo do buraco, mais parec ia um ho me m das cavernas. Uma li ção para mu ito d itador, inclu sive de nosso con tinente, que ainda está com suas barbas alinhadas e não no fundo do bu raco , mas no alto do poder, num a ilha caribenh a e países próx imos . É melhor e les por conta própria se e ntregare m, a esperar, mai s cedo ou mais tarde, o mesmo destino do déspota iraq ui ano. O u, o que lhes será me lhor, d e ixarem o d es poti s mo d e lado. (C.F.D. - RJ)
CATOLICISMO
Sauela<les ela SãoPaulinho Bl Quão lo nge a nossa São Paulo atual está da grandeza e da g lória da Paulicé ia dos bandeirantes e dos fun dadores Anchieta e Nóbrega. Lendo as reportagens da rev ista sobre os 450 anos de nossa c id ade, fui faze ndo o cotejo e topei com um mon te de difere nças. É verdade que os edifíc ios subiram muito em direção aos céus, mas não nós paulistas. Nós descemos, decaímos muito, moralmente fa lando, apesar do e nriquecime nto mate ri al da c idade . Precisamos de mais reportagens sobre aq ue la saudosa época em que a c idade era pequena, mas o pauli sta era gra nde de alma, de personalidade, de caráter. Hoje? Para responder, é só ver quem fo i co locada para adm ini strar esta c id ade. Ótim as as re portagens sobre as tradições perdi das, isso faz nosso povo desejar rec uperá- las. (D.F.D.C. - SP) Cho<111e ele ci11ilizaçõcs Na c idade de São Paulo de nossos dias, temos melrô. Na peq uena São Pau lo de antiga mente, tinha-se o bangi.iê, a charrete, ou ainda um rio T ietê navegáve l e lím pido. Agora percorremos em poucas horas o que naque le tempo demorava-se um dia in teiro. Mas naquel a época constru íamos um Teatro Municipal e casas parec idas, com aq ue le estilo e ncantador. Hoj e construímos prédios como os da Av. Pauli sta e casas parecidas (estilo COHAB). Q ue choque ! Q ue espanto! Eu não tenho dúvidas de que a cidade era muito melhor com aq ue le antigo estilo. Ah, q ue boas lembranças, pena que passadas. (R.C.M. - SP)
Se é santo, é católico ... Gostaria de saber qual a fonte que
Catolicismo usou pa ra publicar na ed ição de setembro, na pág in a de Ca le ndário e Sa ntos, que no dia 1° se festejava São Lobo, Bispo e Confessor. Fiz um q uadro desse Santo, e os padres e o bi spo não querem benzêlo . Por quê? Não ex iste? Vocês publi cam santos não cató li cos ou inventados? (P.B.B.L. - PE)
Nota da redação: Nem todo católico é santo, mas todo sa nto é católi co. Estra nha a atitude do sacerdote e do bispo que não quiseram benzer seu quadro de São Lobo. Os Bola ndi stas - considerados auto ridades máx im as e m hagiografia - dedicam três pág in as e me ia a esse Santo ("Sa int Loup o u Le u, Archeveque de Sens", Les Petits Bollandistes, Vies eles Sa ints, Bloud et Barrai, Libraires-Éditeurs, Pari s, 1882, vol. X , pp. 397 a 400). Também o Martirológio Romano, "ed itado por ordem do Papa Gregóri o XTJI; revisto po r a utorid ade de Urbano Vlll e Cle mente X ; corri gido e a mpli ado mais ta rde, por obra e e mpe nho de Bento XIV, no ano de 1749", e m sua " terceira Edição Vaticana, ca lcada na Primeira Ed ição Típica de 1922, aprovada por Bento XV; ampliada com os precôni os próprios dos Santos e Ofícios mais recentes ; impressa, e m 1948, por incumbê ncia da Sagrada Cong regação dos Ritos" (Ed itora Vozes Ltda, Petrópoli s, RJ , 1954, p. 202), di z, no texto refe rente ao d ia 1º de setembro: "Em Sens, o bem-aventurado Lobo, bispo e Cor1fesso1; do qual se conta que, um dia, ao celebrar Missa em presença do Clero, lhe caiu do céu uma pedra preciosa dentro do sagrado cálice". També m o Martirológio RomanoMonástico, de auto ri a da Abadia de S. Pierre de So les mes, na França, tradu zido e adaptado para o Brasi l pelos monges do Moste iro da Ressurrei ção, 1977, à página 287, dia 1° de sete mbro, traz: "No ano do Senhor de 625, São Lobo. Natural de Orléans, f oi eleito para o serviço da Igreja de Sens e teve de sofrer efeitos da política malévola dos merovíngios da época. Foi enterrado no mosteiro de Sainte-Colom.be de Sens, que havia fundado com Clotário li ". Como o missivi sta pode notar, são fo ntes inte irame nte fidedignas. Fo i assim com c uid ado qu e in cluím os esse Santo e m nos sa relação , e de modo nenhum fo i e le fruto de nossa imag in ação.
Nossa Senhora cio ó Bl Estava já faz tempo com vontade de lhes enviar meus sinceros parabéns pel as edições da rev ista Catolicismo , sobretudo a coragem na denún c ia de todo o desrespeito às leis do País por parte do MST e quejandos . Aproveito o e nsejo para lo uvar a excele nte aprese ntação gráfica de Catolicismo. Ouso ass inal ar um peq ue no erro na ed ição de dezembro, à página 45: no dia l 8 se come mora a Expectação do Parto de N ossa Senh o ra o u N ossa Senhora do Ó - e não do S, co mo fo i publi cado - devido ao in íc io das antífo nas Ó: Ó Oriens , Ó Emmanue l etc., do di a 17 até o N ata l. O restante está correto: é mesmo a a legri a de Nossa Senhora pela aproximação do Nasc imento de Nosso Sen hor. Espero que minha colaboração não seja considerada ousada, e lhes desejo todas as bênçãos do Divino Infa nte por ocas ião do Nata l e por todo o Ano Novo de 2004. (C.C. - SP)
do a o utros for madores de o pini ão, qual a sugestão para refrear esses aco ntec ime ntos, e a méd io prazo (ta lvez) poder revertê- los. (S.M. - SP)
Nota da Redação: O me lhor a faze r é denunciar: fa lar, escrever, usar todos os me ios lícitos para mostrar o que está sendo fe ito no Brasil. A coragem na denúncia freia o mal, atra i os bons e produz sua uni ão. Estejamos unid os. O mais é co nfi ar e m Deus, que a seu te mpo fa rá justi ça. Guerrilhas penetram 110 Brasil Bl Parabéns pela reportagem [com o títul o em epígrafe] , gostaria de outros noti c iári os a respeito dos g uerri lh e iro s infiltrando-se no Brasil. O auto r foi nota 10. Parabéns! (N.V. via Internet)
Infiltração guerrilheira
Nota da Redação: O prezado le itor
A publicação des tas maté ri as ve m a lertar a população do grave ri sco que corremos no futuro bem próximo. (J.L.K. - via Internet)
tem toda razão, fo i um lapso nosso. Agradecemos a retificação.
O e/irnito no banco <los r éus
l)a 1/J,a ele Malta Bl Uma breve me nsagem de fe licitações pelo Nata l, na certeza de que a Contra-Revolução fund ada pelo nosso bem amado Doutor Plínio triunfará segu ndo a promessa feita pela Santíss ima Virgem em Fátim a. Continuem com este esplê ndido traba_lho em defesa da C ivili zação Cristã. ( P. M. B. - Malta)
Um combate sem quartel Bl Sou tota lmente antico muni sta, e percebo estarrecido o quanto esses desadjetivados crescem e se estruturam no Bras il. Percebo isso no a li ciamento descarado que aco ntece em nossas unive rsidades, o nde pessoas co nvi dam a lunos a ir visitar e cooperar com as escolas marx istas do MST. Prati camente estamos e ntregando o País de "mãos beijadas" a esses grupos terrori stas e fil osoficamente eq uivocados. Pergunto, como tenho pergunta-
INMEMORIAM
Bl A soc iedade brasileira precisa reagi r, se fo rtalecer. Estou experime nta ndo o di ssabor da ag ressão rural e m minha própria fa míli a, frag ili za ndo o dire ito de prop riedade, e presenc iando a fa mília sendo transportada do lugar de vítim a para o ro l de culpados. (S.M. - MT)
C1·11el<la<le Bl Peço a Deus que o lhe para meu pai de 79 anos e irmãos, que foram presos a lge mados, pe la polícia federa l, ac usados pelo MST de fo rmação de quad rilha. Por fa vo r, me u Deus, que is so não ab revi e a vida de meu pai , nos dê fo rça para continu ar e nos defender, tire o ódio e revolta de nossos corações. Se mpre trlltamos nosso pai com tanto ze lo, e hoj e não ac red ito no que vejo: o braço mag rinho do pai todo machucado pe las a lgemas, passou 5 horas em pé. Ele está ca nsado e tri ste, não merecia isso, meu Deus. (Via Internet)
Fernando Bianchi dos Guaranys
S
ócio da TFP campista, casado com Da. lvette Miranda dos Gua.ranys, faleceu aos 70 anos, no clia l l de janeiro, em Campos (RJ), deixando cinco filhas e numerosos netos. Sofreu, com autên tica confo rmidade cristã, os incômodos do câncer que o conduziu à morte. E m 1972, Plínio Corrêa de Oliveira, estando em Campos, hospedou-se na residência do Sr. Fernando B ianchi, o nde escreveu o artigo Comunismo: a grande mudança de tática, publicado na "Folha de S . Paulo" em 23- 1-1972. Ao despedir-se no aeroporto, para tomar o avião de volta a São Paulo, o Prof. Plinio comentou: " O Sr. Bianch.i é um am.igo certo nas horas incertas". Assistido pelos Sacramentos da Santa Igreja e pe las orações de seus parentes e amigos, deixou em todos um sentiinento de adm iração e um a recordação che ia de afeto e saudades.
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Cône o JOSÉ LUI Z VILLAC
Pergunta J - Por que Santo Tomás de Aquino não é chamado São Tomás de Aquino? Os outros santos Tomás também gozam desse "privilégio"? Quando, por que e por quem isso se iniciou? O costume de diferenciar São de Santo é somente brasileiro? Resposta 1 - A ques tão é mais de índole lingüística do que re li giosa. Usa-se Sa nto antes do nomes que principi am por vogal ou H: Santo Agostinho, Santo [n ácio, Santo Hil ário, etc. Nos outros casos, usa-se a fo rma apocopada São: São Pedro, São Paulo, São João, etc. Seg und o o Dicionário Aurélio, a única exceção, ri -
gorosamente, é Santo Tirso, pois as outras exceções comumente citadas apresentam as duas formas: é o caso de Santo To más ou São Tom ás. O uso de Santo Tomás, em substituição a São Tomás, é apenas por razão eufô nica, poi s para que m ouve, São Tomás pode soar como Santo Más. Fato análogo se passa no espanhol: usa-se San antes dos nomes próprios de quaisquer Santos - San Agustín , San Ignacio, San Pedro, San Juan mas há também exceções: Santo Tomás, Santo Tomé, Santo Toribio, Santo Domingo. Em itali ano, di ze m: San To mm aso d ' Aquin o. Nes ta língua, as regras de eufonia são um poL1co mais complexas que no português e espa-
nhol, o que evidentemente não é o caso de pormenori zar aqui . Apenas, como parti cul aridade, pode-se mencionar a elisão da voga l fin al de Santo di ante dos nomes começados por vogal : Sant ' Agos tin o, Sant' l gnazio; mas di ante de nomes fe minin os, só qu ando iniciados pela letra A, e rarame nte po r o utra voga l: Sant' Anna, Sant' Orso la. Ali ás, a e li são da voga l também é prati cada em portu g uês, qu a nd o di ze mos Sant' Ana, escrevendo-se, neste caso, Santana. Ass im , não parece certo di zer que o uso de Santo Tomás de Aquino seja um pri vilég io para esse Sa nto. Em todo caso, se fosse, seri a mais que merec ido, por ser ele o príncipe dos teólogos católi cos, o "Doutor Angélico".
Pergunta 2 - Gostei muito do texto A luz brilhará nas trevas, da edição elo mês ele dezembro. É muito difícil ver todos os erros e pecados deste mundo e não saber como agir para tentar, ao menos um pouco, detê-los. Gostaria de receber uma resposta sobre o seguinte. Confio plenamente na verdade das palavras ditas na igreja, durante as missas, e em tudo que me foi ensinado desde pequena. Mas outras religiões, também cristãs, proclamam coisa s diferentes. Correm hoje em dia muitas histórias sobre o Apocalipse, que nos levam a ter medo ele tudo que há no mundo atual. O mais recente que li foi sobre um chip que seria implantado na pele humana, na mão
CATOLICI SMO
direita, e que seria o sinal de Lúcifer. Os que tivessem esse sinal não seriam salvos. Como devo agir diante de tal situação? Acreditar ou não? Como distinguir o que é certo do que é fanatismo? Eu preciso de respostas, e já não sei onde procurá-las. Por isso pensei que a 1·evista Catolicismo é o melhor caminho para achá-las. Resposta 2 - Nosso Senhor Jesus Cristo disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14, 6). Devemos, pois, procurar a verdade somente em Jesus Cristo e na única Igreja que Ele fund ou exatamente para nos guiar no caminho da verdade. E mesmo se um clérigo vier com uma doutrina diferente daquela que sempre fo i ensinada pela Igreja, não devemos segui -lo. É esta a límpida e severa advertência de São Paulo Apóstolo (UTes. 2,2). O utras " igrej as" qu e se vanglori am do nome de cri stã abandonaram os ensinamentos evangélicos, apesar de se intitul arem elas mesmas de "eva ngélicas". Catolicismo traz neste número um apanhado das principa is obj eções que os ditos "evangélicos" faze m à Igreja Católica. Ali a leitora encontrará a resposta que os teó logos católicos dão a essas objeções. De modo que essa parte de sua pergunta fi ca largamente respondida pelo estudo em questão (ver pp. 26 a 35). Um mune/o al'asta<lo <le Deus Quanto às histórias ligadas ao Apocalipse que correm o
mundo, são realmente, com freqüência, assustadoras. Resta saber se são verdadeiras ou fal sas. O mundo de hoj e está de fato afas tado de Deus - mas muito, muito, muito afastado de Deus ! De modo que não seri a de surpreender se desabassem sobre ele os casti gos desc ritos no livro do Apocalipse. Como a leitora deve saber, as revelações de Fátima, em 1917 , fal am justa me nte de casti gos apoca lípLi cos qu e ameaçam a humanidade, se esta não se converter. Percorrendo com os olhos os confins do mundo, vemos com alegria surgirem, em vári as partes, movimentos - mes mo que sej am minoritários - de pessoas e associações que lutam contra o perrnissivismo moral, em favor da castidade, contra o aborto, contra o homossexual ismo, que rejeitam os experimentos monstruosos com embriões humanos etc. É verdade que, embora se perceba nesses movimentos um empuxo asce nsion a l qu e os faz crescerem e se multiplicarem além do que se podi a prever há alguns anos, de outro lado . a avalanche do mal é muitíssimo mais avassaladora. E assim , nada faz crer que os movime ntos bons, por si mesmos, cheguem a adquirir força s ufi c ie nte pa ra de te r a onda do mal e levar a humanidade à verdadeira co nversão, corn o pediu Nossa Senhora em Fátima. E a Virgem Santíss ima, naquela ocas ião, também predi sse que, sem tal conversão, sobreviri am grandes casti gos para a hum anidade pecadora . De qualquer modo, levantando-se obstác u los ponde ráve is ao progresso do mal, isso pode pre-
judi cá- lo em s ua ma rcha. M as sobretu do pode fa ze r com que Deus, em atenção ao esforço - embora insuficiente - dos bons, apresse sua intervenção em favor deles, em meio a assin alados casti gos e milagres, dando-lhes a vitóri a contra a impiedade. Aliás, isto está explicitamente prometido por Nossa Senhora em Fátim a, quando di sse: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará[ ... ] e será concedido ao mundo algum tempo de paz" (terce ira aparição, julho de 19 17). Assim, é bom o desejo da rni ss ivista de, em face de "todos os erros e pecados deste rnu nd o", " tentar, ao menos um pouco, detê- los". Corno fazê- lo? - As pág inas de Catolicismo estão cheias de sugestões nesse sentido, e descrevem atividades
e êxitos alcançados por urna benemérita entidade como a TF P - Trad ição, Famíli a e Pro pri edade . Aco nse lh o de coração à rnissivi sta que entre em contato com seus representantes. A s profecias do Apocalipse Quanto à questão do chip a ser implan tado na mão di reita, a respe ito do q ual se ouvem de vez em quando notícias, não é de todo estapafú rdi o ligá-lo a certas passagens do Apocali pse. Mas aqui •é preciso tomar cuidado. Em tese, um progresso científico autêntico - ou seja, que em nada co lida com a ordem natural e os Dez Manda mentos - se usado com sabedori a, não pode ser censurado. Invenções do gênero já estão em uso, segundo se diz, para con-
trole do gado e outros ani mais. Fala-se também em impl antações semelhantes para control e de doentes e idosos, e inclu sive se menciona a possibilidade de controle das crianças por esse processo, para evitar, po r exe mplo, qu e se perca m. Aqui o método j á choca, e mui to mais chocará se se generali zar para toda a popul ação adulta. É tratar o ser humano como mero ani mal ou peça de máquina. E ntão o mínimo a dizer é que será preciso co nsiderar tais novidades com ex tremos de c ircun specção e prudê nc ia, para nada fazer contra a Fé e o direito natu ral. Será esse o sin al da besta de que fal a o Apocalipse (Ap 19, 20)? Pode ser, e nesse caso a c ircun specção se tr a nsfo rm a rá na rej e ição mais categóri ca e indi gnada desse tip o de s uj eição ao de mô ni o e ao Anti cri sto. Seja o que fo r, o fa to é que o mundo atual adentrou uma época de convul sões tão inimag ináve is - das qu ais os atentados terrori stas de l l de setembro de 2001 , nos Estados Unidos, são uma manifestação irreto rquíve l - , qu e cog itar e m aco ntecim entos apocalípticos que estejam por vir deixou de ser sintoma de espíritos a lurnbrados (ta mbém os há nessa matéria). Vi g il â nc ia, sabedori a e prud ê nc ia, a li ad as a um a grande confiança em Deus e na in tercessão pod erosa da Santíss ima Virgem, são as virtudes mais indicadas nas atuais circunstâncias. É o que viva me nte reco me nd a mos à nossa leitora. Deus não deixará de dar luz e fo rça a quem Lhe pede. • E-mail do autor: Ca to lic is111 o @terra.co m.br
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-,J
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A REALIDADE CONCISAMENTE Vitória eleitoral de Putin ao estilo soviético
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istas e le itorai s manipuladas, resultados subtraídos ao controle ou fal sifi cados, mesas e le ito rai s exclus iv a m e nte diri g id as por membros cio partido cio novo cza r à soviética Vl adimir Putin . Essas são a lg um as elas conclusões estarrececloras ela ONG russa Golos (A Voz), cujos 5.000 membros observaram as e le ições parlamentares russas reali zadas e m deze mb ro. Pa ra Li I ia Shibanova, pres ide nte ele A Voz, o governo fal seou ta m-
Subnutrição cai, expectativa de vida aumenta
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bé m as cifras para que os partidos ele dire ita não ingressassem na Duma, isto é, na A sse mbl é ia N ac io nal.
" Voltamos ao velho sistema de voto à soviética! " - di sse outro observado r. A opos ição política clen un c iou un a nim e me nte a fraude. Em ma is ele do is terços elas urn as, os resultados verificados no loca l não correspondem às cifras ofi ciais. O s 500 o bse rva d o res cio Co nse lho ela E uro pa e da OSCE (Organi zação para a Segurança e Cooperação na Euro pa) co ncluíram que as e leições que dera m ma ioria parl amentar a Putin sig nificaram uma " regressão" em te rmos democráticos. Se a fraude tivesse ocorrid o num reg im e não-esquerdista, o establishment po líti co- micli ático ocide ntal certamente teri a bradado aos qu atro ve ntos a sua inconfo rmid ad e. M as, co mo o vencedor é um ex-agente da KGB , os protestos foram pífi os e como que submetidos a um abafad or de som. •
Permissivismo leva ao canibalismo satânico
J\ rmin
M e iw e , d e 42
.t\. anos, confessou ante o tribuna l ele Kassel, Ale manha, te r prati cado caniba li smo, com requintes de pe rvers idade que estarreceram o mundo. Ele recrutava vítimas pe la Internet, oferec ia um gui a prático para "cor-
tar a carcaça humana para consumo humano" e sugeria receitas de molhos, inc luindo uísque, mo lho inglês e a lho picado. Me iwes pôs o macabro anúnc io numa sa la de batepapo na Internet sobre cani balismo e atra iu o engenheiro Bernd-Ju rge n B randes, de B e rlim. Este assi no u u m contrato dand o pleno consentimento ao ritual macabro, o qu al fo i fi lm ado. As
cenas mostram Me iwes cortando os ó rgãos sex uais do e ngenheiro, usa ndo anestesia loca l, e de po is comendoos jun to com a própri a víti ma. Po r fim o ca ni ba l esfaq ueou-lhe o pescoço e retalho u o cadáve r, g uarda ndo os pedaços dele na geladeira e devorando-os de pois. E is aí um sini stro resultado cio princípio a moral ele que cada um pode fazer o q ue quer. Os estudantes revo luc io nári os da Sorbo nne c unharam, em 1968, o dito "é proibido proibir". O caso do cani ba l a le mão indi ca para que extre mos ca minh a ta l permi ss iv ismo mora l. E, no fi m dessa senda execrável, já se pode ouvir a garga lh ada cio in fe rno. •
Crescem grupos universitários conservadores
N
as universidades nort_e-americanas, mul~iplicam-se grup?s de estudantes conservadores que di scordam dos professores esquerdistas. Os alunos reje itam pregações antipatrióticas nas aulas a propósito da guerra no Iraque, ou da política externa do país. Em apenas dois meses, 45 grupos conservadores universitários inscreveram-se nà Campus Leadership Program, entidade de Washington que, no momento, reúne mais de 2 L6 associações do gênero. Elas editam mais de 80 jornais em diversos institutos de altos estudos. Na Universidade do Texas, a maior do país, o grupo Jovens Conservadores do Texas elaboro u uma lista dos professores que usam a cátedra para pregar idé ias revolucionárias ou simplesmente anti-americanas. Os mestres denunciados estão numa posição defensiva, não sentindo a mbiente para mobilizar uma reação ponderável de esquerda a seu favor. •
CATOLICISMO
Universitários conservadores em Washington
egundo o último re latório da FAO , o rga ni s mo mundi a l para a alime ntação, e ntre J 992 e 2001 os subnutridos no Brasi I caíra m ele 18,6 milh ões para 15 ,6 milhões, a saber, ele 12% para 9% ela popul ação. Fre i Betto ex ultou quando tomou conhecimento superfici al do re latório: "É um prêmio por apontar o Brasil como exemplo", di sse. Po ré m, quando se inte iro u dos dados, decl arou qu e e les estavam errados. " O país tem entre 44 mi-
lhões e 50 milhões de f anúntos", recl a mo u. Comentando ·a imprec isão dos núme ros desse teólogo da libertação, o j o rnali sta Aug usto Nunes observou: e le "anda ca valgando
nuvens na estratosfera". O fato conc reto é que, e ntre 1990 e 2003, a di sponibilidade de carne bovina em quilos anuais por pessoa passo u de 26 para 36,5
(+40%). Entre 1996 e 2003, a carne ele frango di spo níve l subiu ele 22, 1 para 3 1,2 (+41 % ), e a de porco ele 9,8 para 13,6 (+38,8%). E ntre 1990 e 2000 a produção de le ite subiu 36,5%. As co lhe itas de feij ão, milho e soja cresceram, respect iva me nte, 16, 1%, 96,6% e 238,2% e ntre 1990 -9 1 e 2 0022003. O crescimento da colheita de arroz foi de 4,3%. O superávit do agronegóc io ultra passou 20 bi lhões de dó lares e m 2003, e as co mp ras ex te rn as tradi c io na is, como a de trigo, te ndem a dimi nuir. E nqu a nto isso, seg und o o IBG E, e m 2003 a expectativa de vicia cio brasile iro subiu para 7 J anos, isto é, três meses a ma is do que a estimativa de 2001. De 1980 para cá, a ascensão fo i de 8,5 anos. No Brasil , fa lar em fo me generali zada, mais che ira a de magog ia do que outra co isa. •
Abortista condenado por abusos sexuais
O
utrora, o Dr. Brian F inke l e ra acl amado como herói nacional pe los mov imentos aborti stas norte-a m e ri ca nos, e m virtude ele sua "coraj osa" prática do aborto. Recente me nte, fo i e le conde nado à pri são po r 24 casos de abu so sex ua l. Finke l fora de nunc iado e m 60 abusos do gênero co ntra 35 mulheres, cometidos e m sua cl íni ca desde 1986. Finke l costumava pe rm a nece r e m s ua c líni ca a bo rtis ta agora fec ha d a usand o um co le te à prova de ba las e um a a rm a para se pro te-
ger, segundo e le, cios ma nifes ta ntes próvida. O médi co a bo rti sta ac usa va-os d e
intencionados e cheios de ódio, engaj ados num a gue r ra de guerrilhas".
"chantag istas religiosos", "cristãos mal-
Aind a hoj e, F in ke l pavoneia-se ele ter interro mpido mais de 2 0 mil gravid ezes, num período de quase 20 anos. A im oralid ade e o crime andam de mãos dadas, embora, por vezes, esse fato sej a ocultado o u di sfarçado pela ação pró-abortista d e ce rta mídi a. • Dr. Brian Finkel na prisão
Mais anglicanos desejam converter-se ao catolicismo
T
oda uma diocese episcopaliana (anglicanos dos Estados Unidos), escandalizada pela nomeação de um bispo homossexual nessa confissão religiosa, pediu a admissão na Igreja Católica. A informação é do Arcebispo de Seattle, Mons. Alexander J. Brunett. O prelado acrescentou que o Vaticano vem recebendo "muitas mostras de
mal-estar por parte dos bispos anglicanos de todo o mundo", por causa daquela nomeação. Os anglicanos romperam com a sucessão apostólica, e há séculos não ordenam nem sagram verdadeiramente padres ou bispos. A nomea ção de sacerdotisas provocou muitas conversões dessa seita protestante ao catolicismo, inclusive de sacerdotes e
bispos. A propósito desse movimento para a conversão ao catolicismo, cabe uma observação : se a Igreja Católica não estivesse imersa na crise atual, quan tas almas acorreriam a Elo e não só anglicanos - , encontrando assim a único via de salvação!
Comunismo chinês ameaça católicos de Macau
O
bispo emérito de Macau, D. Arquimico Rodrigues da Costa, manifes tou sua preocupação pelo futuro dos católicos de Macau sob o domínio da China comunista. Portugal entregou Macau ao regime de Pequim em 20 de dezembro de 1999.
"Se o regime atual continuar no poder, não vejo que o Igreja Católica possa ter um futuro no China, a não ser como Igreja perseguida", afirmou o prelado em Fátima durante um seminário sobre a Cristandade na Chino . D. Rodrigues da Costa advertiu que o governo comunista "desejo controlar tudo, inclusive os religiões".
FEV EREIRO 2004 -
Ü novo Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) golpeia a fundo a propriedade privada agrícola e pode afetar gravemente a produção nacional 1.,
GREGÓRIO ViVANCO LOPES
PNRA , c ujo texto o governo ando u distribuindo para alg umas c úpulas ru rais e m forma de proposta, provocou da parte de las reações apenas mode radas, ao me nos as noticiadas na impre nsa. Tais reações não acentuam o po nto-chave, que é a de moli ção da propri edade, e detêm-se às vezes numa defesa infl a mada cio agro negóc io. Argumentam que o PNRA usa um pal av reado que opõe, ele modo abs urdo, o agronegócio à propriedade clitafamiliar. Nisso e las tê m razão, mas o governo pode rá facilmente mud a r o palavreado, para agraciar as c úpulas agrárias, e o PNRA ne m por isso de ix ará de ser soc ia lista e confisca.tório. Lembremos a afi rmação de M a rx e Enge ls e m seu famoso Mani;festo
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1
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CATOLICISMO
Comunista ele 1848: "Todo o comunismo pode ser resumido num só princípio: abolição da propriedade privada". A experiê ncia dos a nos e das décadas tem mostrado, porém, que a posição elas cúpulas rurais e m face da Reforma Agrária costuma ser muito mais branda cio que aquela tomada pe las bases agrícolas. Ou seja, o faze nde iro que efetivamente produz, o agric ultor o u pecuarisLa que lida diretamente com seu negócio ru ral, estes costuma m ser mais reativos aos pl anos ele confisco do que os dirigentes das organizações que os re presentam. E les sentem na pró pria pele as injustiças da Reforma Agrária, e quando sua reação se afirma de modo mais contunde nte e o rganizada, j á te m aco ntecido que as pró prias c úpulas se vêem obrigadas a tomar uma posição mais firme, e os agro-reformi stas recuam.
A TFP, por sua vez, seguindo a esteira lumin osa deixada por seu fundador, o Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira, não age e m função de inte resses destes o u daqueles, mas pauta sua atuação pe los princípios perenes da doutrina católica. A e ntidade vem constantemente esclarecendo a op inião pública nac io nal , e as pessoas ligadas à agric ultura e m parti c ul ar, sobre os graves males inerentes às diversas Reformas Agrárias que têm s ido propostas desde a década de 1960.
Pocleria se,· assinaclo por Mal'X Oll Lênh1 O novo PNRA não faz exceção aos princípi os socia listas e confiscatórios que e ncontramos nas outras Reformas Agrári as. Seja na ele João Goulart, sej a no Estatuto da Terra do regime militar, sej a
no PNRA do governo Sarney ou no pragmati s mo de Fernando Henrique Cardoso, para citar só as mai s conhecidas. Todas elas fracassaram como fator de produção e promoção social, e só contribuíram para a favelização do campo e para gastos faraônicos inúte is, porque o cerceamento ela propriedade privada necessaria me nte le va ao fracasso 2 . Cuba é o exemplo prototípico, depois da falência da União Sov ié tica. No mesmo es tilo soc iali sta se e nquadra a Reform a Ag rária propug nada pela CNBB, cujo doc umento mais salie nte intitula-se Igrej a e Problemas da Terra, publicado em 19803. Só razões ideo lógicas de esque rda, ferrenhamente enraizadas nas almas dos que promove m a Reforma Agrária , é que pode m explicar essa insistê ncia descabida numa política que j á de u tantas provas de não fun c iona r e j á custou tanto dinhe iro sacado dos bol sos dos contribuintes. Costuma-se di zer que errar é humano, mas pe rseverar no erro é diabólico. "O documento - di z um vespertino pauli sta a respeito cio PNRA - é uma
1. D eve crescer a "demanda por alimentos e produtos agrícolas que deverá ser suprida pela produção da ag ricultura familiar e dos assentamentos de Reforma Agrária ". A uto pia elas esquerdas -
mistura mal-intencionada de fantasias ideológicas com pesadelos políticos" '1• O novo PNRA - que parece adota r
3. "O predomínio dos assentamenlos isolados explica sua pouca efetividade e a geração de um passivo ambiental, produtivo e social ". Esta frase, no seu con-
a idé ia, cara à luta de cl asses, de que o fazendeiro é se mpre um malfeito r, e o sem-terra sempre um pe rseguido - ocupa 30 pág inas, das qu ais apenas uma traz propostas concretas. As dema is constitue m um esforço ele justificação da Reforma Agrá ri a, todo ele baseado e m cons iderações e princípios, muitos dos qu ais pode ri a m ser assinados por M a rx o u Lênin . Os dados que pe rmeiam essa apresentação do utrin ári a são gené ricos e tota lme nte insufic ie ntes para justificar uma transformação tão asso mbrosa do ager brasileiro, como a propugnada pela Refo rma Agrária. O PNRA é "um misto de
sempre a léguas da realidade - aparece muito cl ara mente neste inc iso. Até agora, as vári as Reformas Agrá1-i"as feitas no Bras i I não supriram as de ma ndas de ning ué m, ne m mesmo dos ditos beneficiários de la. Como supo r ass im, gratuitame nte, que e la vai suprir qualque r coisa que seja? 2. O PNRA vi sa a "superação de toda f orma de desigualdade". Está aí um o bje tivo claramente soc ialista. Que se combata m as des igualdades injustas, está be m e me rece aplau sos. Mas po r que não manter e incentivar as des ig ualdades ha rmônicas e propo rcio na is, características de uma c ivilização cristã, e que faze m o re to progresso e be m-esta r de uma soc iedade? Tais des ig ualdades e ncontra m-se defe ndidas nos documentos po ntifíc ios, co mo benéficas e decorre ntes da pró pri a natureza humana6 .
texto, acena para a in e rção dos asse ntados e m cooperativas. É claro que, de s i, a união livre me nte procurada de agri c ultores e m cooperativas pode ser, confo rme as c irc unstâncias, um modo ele pro-
dução e progresso muito considerável. Mas quando essas cooperativas passam a ser impostas - ou quase ta nto - pe lo Estado, caminhamos para os detestá ve is kolkhozes russos, s is te mas de produção coletiva des umanos e fracassados, e m que o diri gis mo esta tal se faz sentir de modo tirâni co.
4. "Os pobres do campo são pobres porque não têm acesso à terra sufi.ciente e políticas agrícolas adequadas". O desejo des mes urado ele impla nta r um ig ualitaris mo sociali sta leva a s implificações totalme nte descabidas . Como essa ele atribuir a po breza no ca mpo unicame nte à falta ele acesso à te rra e à qualidade de políti cas ag rícolas, ig norando numerosos outros fatores , como po r exempl o as des ig ua ldades naturais de capac idade, de esforço, e mesmo s ituações inesperadas que se apresenta m durante a vida. E neste vale ele lágrimas e m que vivemos, a pobreza não pode ser totalmente e rrad icada, como ensinou o Divino Salvador: " Pobres sempre os tereis entre vós" (Jo, 12,8). Ademais, por que considerar a pobreza como uma espécie de estigma cio qual é prec iso fu g ir a qualque r preço? Se levada com res ignação, por a mor de De us, e la pode constituir-se numa verdadeira bem-aventurança. É a caridade cristã que pode diminuir os sofrime ntos da pobreza e levar a alegria aos lares necessitados, e não um utópi co ig ua litari s mo que só produ z ódio, invej a e luta ele c lasses.
Karl Marx poderia assinar muitos dos princípios básicos do PNRA
conceitos ideológicos e concepções econômicas discutíveis ", define o economista José Guilherme Lobo Cavagnari5.
Justificações baseadas na icleologia socialista Não nos é poss íve l, num s imples artigo, a nali sar essas quase três dezenas ele páginas de justificação do PNRA , moti vo pe lo qu al nos limita mos a alguma poucas co ns iderações . O s textos e ntre aspas são do PNRA . FEVEREIRO 2004 -
Medi<las assusta<loras do "110vo pla110 " Com pressupostos desse naipe, bem se pode imaginar o que são as "medidas propostas" pelo PNRA. Se apli cadas, teremos o fim da propri edade privada no campo, ou ao menos sua redução à mera sombra de si mesma. Vej amos alg umas dessas "medidas".
a - Desapropriação de propriedades particulares Como "instrumento prioritário" ela ReformaAg rá1:ia, foi ele ita a desapropriação ele terras partic ulares, tão cara ao MST. É um perfeito absurdo. Suposto que haja pessoas realmente necessitando de o terras, po r que não é prioritário conceder-lhes as terras públicas, por defi nição CQ as que mais deve m servir a fins soc iais? " ~ Continuará às moscas o imenso latifún- ;li di o estatal, totalmente improdutivo ou quase tanto, enqu anto os partic ulares que árvore, plantar vegetação não autori zada estão trabalhando suas terras serão os pelo IBAMA, a produção ele g rãos em onerados pe la Reforma Agrária? IÍJgar de rabanetes ou alhos, serão motiE as imensas extensões de terras que vos para desapropriação? estão sendo demarcadas como reservas Porout:ro lado, o que é um "coeficiente indígenas, sem que se ex ija de seus ocude aproveitamento trabalhista "? U ma pantes o mínimo traba lho prod utivo? ação trabalhista sofrid a pe lo pro pri etári o Nada temos contra os índios , pe lo conjá é suficiente para desencadear um protrário. Quere mos seu be m, sua evangelicesso ele desapropriação? Ou um caso artific ialmente cri ado na faze nda, por um zação e sua in serção na soc iedade. M as não podemos concord ar com essas le is agitador que se faça passar por trabalhasoc iali stas abs urdas, anti-c ivili zatórias e dor ru ral? que, na fímbria do hori zonte, deixam as Alega-se a função social, aproveitanreservas ind íge nas como terras a serem do uma ambi gi.iidade in serida na Consticob içadas por estrange iros, ao erigirem tuição de 1988 pela esq uerda, e que os as tribos indígenas à categoria de nações rurali stas na época de ixaram passar, apedistintas da brasileira, com território prósar de alertados pelo Prof. Plinio Corrêa pri o. Sem qualquer prej uízo para os índe Oliveira. Mas a função de um órgão dios, aliás, relativamente pouco numeronão pode destruir o órgão ne m debilitásos no Brasil , poder-se- ia destinar gra nlo. A função soc ial da propriedade não de parte das atuais reservas para a proex iste para go lpear a propri edade, e a dução de alimentos. Constitui ção não pode ser inte rpretada contra o Direito natural. b - Meio ambiente e leis trabalhistas c - Exige grande produtividade O PNRA q ue r ainda inserir "coeficisó de quem já produz entes de aproveitarnento ambiental e traO PNRA propõe uma "atualização balhista " como critérios de desapropri - dos índices de definição de improdutiviação. Poucas coisas são tão elásticas e dade de terras passíveis de desap ropriasüjeitas a inte rpretações variáveis como ção". Em outros termos, grande parte das o conceito de "aproveitamento ambienterras atualme nte consideradas produtital". Ainda mais tendo e m vista as le is vas passari a m a ser estigmatizadas com cada vez mais coerc itivas que vão sendo o rótul o ele improduti vas e seri am desapropriadas para fin s de assenta mentos. ap rovadas nessa direção. O corte de uma
~
!
CATOLICI SMO
Tal medida fac ilmente poderia ocas ionar um a queda co nsideráve l da produção nac io nal, com a diminuição e m grande escala das faze ndas produtivas, transformadas e m assentamentos, alé m da injusti ça flagrante que e la constitui. Inju stiça, sim. Por que exigir, daqueles que estão produzindo, q ue produzam cada vez mais, numa espéc ie de galope desenfreado, sob o chicote do Estado, enquanto o governo manté m improd utivas as terras públicas, nada exige das reservas indígenas e investe bilhões em assentamentos improd utivos, a pretexto de ação social? Ali ás, convém não esq uecer que a propriedade particular está clefenclicla por doi s Mandamentos ela Lei de Deus: Não
roubarás e não cobiçarás as coisas alheias. E que os Mandamentos elevem ser c umpridos não só por indivíduos, mas também por coletividades e pelo próprio Estado. S ua transgressão pode atrair a có lera divina sobre pessoas corno sobre nações. Daí a insistê ncia da doutrina social católica em defender a propriedade privada contra as investidas cio soc iali smo e cio comuni smo 7 •
d - O que entendem por "trabalho escravo"? O PNRA quer ainda a desapropri ação das propriedades e m q ue foi comprovada a utili zação ele trabalho escravo. À primeira vista - dir-se-ia - nada mais
justo. Mas o que é trabalho escravo? A onda agro-reformista tem jogado muito com palavras, dando- lhes um sentido diferente daquele que elas correntemente tê m, a fim faci litar a obsessão clesapropri ató ria. Por exemplo, o uso do vocábulo improdutiva é aplicado à propriedade que não atinge os altos índi ces ele produtividade estabelec idos pelo INCRA. O comum elas pessoas ouve falar em terra improdutiva e crê tratar-se ele terra que nada produ z. Ledo engano! Ela pode até estar produzindo muito bem, mas como não alcança os índices do INCRA , é chamada de improdutiva, numa pirueta verbal que vi sa tornar mais ace itá ve l, pe lo público não-espec iali zado, a desapropri ação. Não estará ocorrendo o mesmo com a expressão trabplho escravo? Ela lembra o pobre camponês acorrentado e trabalhando de so l a sol debaixo da chibata. Quem não quer uma punição para o proprietári o malvado que ma ntém essa situação? M as é isso mesmo que o PNRA ente nde por trabalho escravo? Ou é outra coisa? É prec iso usar termos que definam as situações, e não que as embaralhem e confundam, para assim pescar em águas turvas.
e - Confisco de propriedade à vista Também se quer diminuir os "custos finais da indenização". Ou sej a, como o INCRA de mora anos para pagar (quan-
do paga !), se o propri etário, ao fin al, não receber ne m mesmo os j uros e correção normai s referentes a esses anos, terá sido o bjeto de um confisco brutal. É para lá que aponta o PNRA. As chamadas "ações discriminatórias" que vão levantando dúvidas sobre a propri edade e posse da te rra, algumas serão razoáveis , outras tê m se mostrado instrume ntos de perseguição, exi gindo prova documental inteiramente regulari zada, por vezes desde o século XIX. Tudo para arrecadar terras para o Estado, que se mostra um ogro insac iável, passando inclusive por cima de direitos adquiridos. A proposta do PNRA é qu e as atuai s ações di sc rimin ató ri as te nha m caráte r preferencial sobre outras ações . E que, ele futuro, a União, o Estado e os Municípios possa m abrir novas ações di scriminatórias de modo concorrente, ou sej a, s imultanea me nte ou em ig ua ld ade ele condições. O pobre proprietá ri o se verá assim ameaçado de pe rder sua propri edade, ao mesmo tempo, para o governo federal, estad ual e muni cipal. Desgraça pou ca, é bobage m! De outro lado , o IN C RA te m demo nstrado enorme má vontade e m cumprir a le i que manda notificar o propri etário antes de vi storiar o imóvel, o que tem ocasionado, em algun s casos, a anu lação judicial do decreto desapropri atório . Ora, se a vítima resiste, simplifiquese o proble ma corta ndo- lhe a cabeça. É a
Notas: L Segund o notíc ias veic ul adas pela impre nsa, uma primeira versão furibunda do PNRA teria sido red igid a pelo economi sta Plinio de Arrud a Sampaio, ligado à "esquerda ca tóli ca" e conhecido pela rad ica lidade de suas idéias soc iali stas. Ta l versão teri a sido "mitigada" posteri ormente, res ultando um documento mai s "moderado": o atual texto do PNRA. Anali sa ndo objetivamente esse notic iári o, vê-se qu e seu efeito natura l é fazer passa r o governo Lula por moderado e co nc ili ador, perante os so frid os e inju stiçados produtores ru ra is cio País. De onde é difícil escapa r à im pressão ele que estamos diante de um a manobra pa ra, ass im, mai s fac i lmente fazê- los "engolir" o novo plano acentu adamente soc iali sta e confi scatór io ... 2. Sobre o es petac ul ar fracasso dos assentamentos , ver o livro cio encarregado cio Escritório ela TFP em Brasíli a, o j orn ali sta Nelso n Ramos Barrello, Reforma Ag rária, mito e realidade, (A rtpress, S. Paulo, 2003). Seguindo a trilha ele Barretto , ta mbém o eco nom ista Xico
3.
4. 5.
6.
Grazian o prom ete lança r um livro sobre o f racasso dos assentamentos. O citado documento ela CNBB fo i objeto ele lúcida e ex tensa refutação no l ivro de Plinio Corrêa de O li ve ira e Ca rlos Patrício dei Ca mpo, Sou Ca tólico, posso ser contra a Reforma Agrária? ( 198 1). Após a difusão da ob ra, o agro- reformi smo ecles iásti co encolheu-se por um tempo considerável. Em novembro último, o Conse lh o Perm ane nte da CNBB vo ltou à carga, desta vez pa ra apoiar o PNRA do Presidente L ul a, antes mesmo que este fosse ele conhec imen to público . Um manifes to ela TFP, publi cado em numerosos órgãos da imprensa brasi leira e largamente diFundido em campan has de rua por todo o Brasil , pôs em rea lce o ca ráter soc ialista e co nfi scatório cio tex to el a CNB B, bem co mo a indev id a intro mi ssão da entidade ep iscopal em assun tos temporai s (cfr. Catolicismo, dezembro/2003). " Jornal da Ta rde", SP, 10- 12-03 . Co nsultor ele assuntos fundi ári os da Federação da A gricultura do Estado cio Para ná, in " Bol etim ela FAEP", 15 a 2 1- 12-03. Em texto lapid ar, o grande São Pi o X ensinou:
le i elas ditaduras. O PNRA propõe uma obscura notificação por via documental. O que é isso? Bastará, para que o INCRA possa vistori ar o imóvel, um a comunicação cartorial, mes mo que não se encontre o proprietário para recebê- la? Na lógica do PNRA , é para onde caminham as coisas.
Fome e inquietação, li·utos <la demagogia Escrevendo e m 1986 - mas dir-seia que é para nossos dias que suas palavras se reportam - o Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira di zia: "O que a TFP não pode deixar pas-
sar sem os protestos que sua consciência lhe impõe e a lei lhe f aculta, é que, com base em dados que não conduzem a tal, se preconize para nosso País a ef etivação de uma Reforma Agrária cuja aplicação em pequenas parcelas de seu território [hoje, em 2004, pode mos falar em e normes parcelas] já conduziu a desastres. "A análogos desastres em escala imensamente maior arrastou a Reforma Agrária outros países, nos quais foi imposta mediante a promessa de que saciaria a f ome e aquietaria a indignação social (exagerada até o folhetinesco pela demagogia) e que os conduziu à escravidão miserabilista reinante na Rússia, ou quase tanto" 8 • • E-mai l do autor: gvivanco @sti. com.br
"Segundo a ordem estabelecida por Deus, deve haver na sociedade príncipes e vassalos, pai rões e proletários, ricos e pobres, sábios e igno ran te.1·, nobres e plebeus, os quais todos, unidos por 1.1111. laço comum. de am.01; se aj1.,da111 111.,.111.,amente para alcançarem o seu fim ,í/ti1110 no Céu e o seu bern -estar moral e 111aterial 110 terra" (São Pio X , Motu Proprio Fi11. dai/a Prima, de 18- 12- 1903).
7. São tantos os tex tos do M ag istéri o Pontifício qu e defendem a propri ed ade particul ar, que o difícil é a esco lh a. Bastem doi s exemplos: a)
" Fiqu e bern asse11.te que a primeiro.fitndamento a estabelecer para todos aqueles que querem s in ce ram e nt e o b em do povo é a in violabilidade da propriedade particular" (Leão X III, Enc. Rerum Novarwn); b) "O direito de propriedade privada, 1n.esmo e,n relação a bens empregados na produção, vale para todos os tempos. Pois depe11.de da própria natureza das coisas" (João XX II! , Enc. Mater et Ma gistra). 8. Plinio Corrêa de O li veira, No Brasil: a Refor111.a Agrária leva a miséria ao campo e à cidade, Eclit. Vera Cru z, S. Paulo, 1986, p. 20.
FEVEREIRO 2004 -
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Fórum Social Europeu, Lenine e enforcamento "Üs capÍtalistas nos venderão a corda com a qual os enforcaremos", declarou Lenine. Mas esta frase não contém o último extremo de seu pensamento. É o que se desenvolverá neste artigo. ! 1 FERNANDO
ANTUNEZ
Paris - Atual mente na França, a direita e a esq uerda se unem para financiar o Fórum Social Europeu, com dinheiro do contribuinte. Tal Fórum é um organismo da esquerda mais radical , sem di sfarces, que serve de fo le para manter acesa a chama dos CATOLICISMO
contestatários de todo gênero. Nele convergem trotskistas, anarq uistas, baderneiros , homossexuais e lésbicas, membros de associações de caridade católicas esquerdistas, grupos rad icais esquerdistas, sindicalistas que constantemente tentam parar o país, etc. São os mesmos que articulavam as violentas desordens ocorridas em Seattle (EUA) e Gênova, em 2002 *.
Objetivo último desses esquerdistas Uma coisa é clara nesses revolucionários de última hora: eles desejam o fim do sistema capitalista e de todos os resquícios de civilização ocidental e cristã. Em última análi se, desejam a instauração de uma ditadura totalitária e de uma economi a co letivizada.
A cidade de Paris presenteou-lhes um milhão de Euros ( 1,2 milhões de dólares) provenientes dos contribuintes; a cidade de Saint Denis, localizada nos arredores de Paris, com 570 mil Euros ; três Departamentos vizinhos de Paris, com 600 mil; e mais meio milhão foi concedido pelo primeiro ministro francês Raffarin, de "direita". Bela "esmola" de mais de 2.650.000 Euros (3.300.000 dólares)!
Denú11cia ,le 11,n escrito,· francês No diário parisiense "Le F igaro", de 24 de novembro, Maurice Druot, ela Academia Francesa, assi m comenta esse triste espetáculo: "A grandeza da democracia consiste em deixar em. liberdade aqueles que desejam assassiná-la. Mas sua estupidez começa quando, ademais, ela lhes paga o punhal". Mai s ad iante, observa: "[Estes agitadores] querem matar a sociedade na qual vivemos; e com um ar paternalista não hesitariam, no momento oportuno, em assassinar aqueles dentre nós que ainda estamos vivos". Druot assi nala muito bem que tai s esquerdistas estão preparados, organizados e estruturados, tendo estud ado, de longa data, a técnica lenini sta da tomada do poder. Estudaram também como uma minoria dura pode manipular ou adormecer uma maiori a mole. Decadência atuai regozijaria Lenine Hoje, Lenine se regozijaria e m constatar que, devido à decadê ncia de nossa sociedade, a parte não freqüentemente citada ele sua frase se concretizou : "Adiai a operação até que a desinteg ração moral do inimigo faça com que o golpe
mortal se torne possível e fácil; os capitalistas nos venderão a corda com a qual os enforcaremos ". Em virtude ela desintegração mora l da sociedade, que c hega a financiar esses fóruns sociais, é favo rec ido o avanço de todo tipo de esquerda, até a mai s radica l, tornando " poss ível e fác il" o "go lpe mortal " preconizado por Lenine. A propósito dessa temática, é oportuno lembrar o comentário cio Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em artigo publicado na "Folha de S. Paulo", já em I 977, que denuncia uma frouxidão dos capitali stas não prevista por Lenine: "Em um ponto, apenas, Lenine se enganou. Os seus sucessores não têm a necessidade de comprar essa corda. Os capitalistas lhes estão dando. Mais. Estão lhes pagando dinheiro, e muito dinheiro, para que a aceitem" . Nada melhor do que um olhar perscrutador e clarividente, co mo o desse pensador e líder católico, para desvendar e denunciar as táticas cio inimi go. • E- mail cio autor: passer @cs i.com
(*) A respe ito cios propalados Fóru11s Sociais, é altamente esc larecedor ler: A pretexto do combate à globa lização, Renasce a Luta de Clas-
ses - Fórum. Social Mundial de Porto Aleg re, berço de uma neo-revo lução andrquica, ele G regório Yi va nco L opes e José Antonio Ureta, Editora Cru z ele Cri sto, São Paulo, 2002.
FEVEREIRO 2004 -
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ENTREVISTA
A última coisa que o MST
Capítulo VIII (cont.) ,.
Dos exercícios piedosos que se aconselham ao cristão para cada dia
A
toq ue das Ave-Marias - de manhã, ao meio-dia e à arde - o bom cristão recita o Anjo do Senhor com três Ave•Marias (v ide quadro abaixo). À noite, antes do repouso, convém pôr-se, como pela manhã, na presença de Deus, recitar devotamente as mesmas orações, fazer um breve exame de consciência e pedir perdão a Deus pelos pecados cometidos no dia. Antes de adormecer, farei o sinal da Cru z, pensarei que posso morrer nessa noite, e darei o coração a Deus, di zendo: "Senhor e Deus meu, eu vos dou todo o meu coração; Santíssima Trindade, dai-rne a graça de bem viver e de bem morrer; Jesus, José e Maria, eu vos recomendo a minha alma". * * * No decurso do dia, pode-se rezar a Deus freqüentemente com outras breves orações que se chamam jaculatórias. Algumas jaculatórias: Senhor, ajudai- me; Sen hor, seja fe i-
ta a vossa santíss ima vontade; Meu Jesus, eu quero ser todo vosso; Meu Jesus, mi sericórdia; Coração de Jesus que tanto me amais, faze i que eu vos ame cada vez mais. É coisa utilíss ima dizer durante o dia muitas orações jaculatórias, e podem dizer-se também mentalmente, sem proferir palavras, cam inhando, trabalhando , etc. Além das orações jaculatórias, o cri stão deve exerc itar-se na mortifi cação cri stã. Mortificar-se quer dizer privar-se, por amor de Deus, daquilo que agrada e aceitar aq uilo que desagrada aos sentidos e ao amor própri o. Ao ouv ir sin ais da morte de alguém, procurarei dizer um De Profundis ou Réquiem pela alma daquele defunto e renovarei o pensamento da morte. • Nota:
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Traduzido do Catechis1110 M agg io re pro11111/gato da San Pio X, Roma , Tipografia Vaticana, 1905, Edi zione Ares, Milano, pp. 22 1- 233.
quer é teITa para trabalhar Ü s autênticos ruralistas, o que desejam é produzir nas terras que lhes pertencem, e para isso precisam apenas que os deixem trabalhar em paz, sem as agitações que conturbam a vida no campo
E
m entrevista concedida a Catolicismo, Dr. Alceu Proença, conhecido fazendeiro em Montes Claros (MG), fala do vocação dos ruralistas, que - apesar dos dificuldades e dos injustiças que sofrem - não abandonam o terra. O entrevistado denuncia também a atuação "terrorista" do MST, que, com os invasões de terras, abole a necessária paz no campo.
licia l, e que, além de dezenas de del itos, é indiciado por tráfico de drogas flagrante. E continua so lto e in vadindo propriedades. Mesmo diante desse quadro , as autorid ades não to mam nenhuma providê ncia , pois eles não são co nsiderados cidadãos comuns, por pertencerem ao MST. Esse mov imento paira ac ima da justiça ... O MST pode tudo, está ac im a da lei! Catolicismo -
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Quais seriam, no seu entender, as providências cabíveis da parte do governo diante dessas ameaças?
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Catolicismo V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria. R. E Ela concebeu do Espírito Santo. Ave Maria .. .
V. Eis aq ui a escrava do Senhor. R. Faça-se em mim segundo a vossa palavra. Ave Maria ...
V. E o Verbo de Deus se fez carne. R. E habitou entre nós. Ave Maria ... V. Roga i por nós, Santa Mãe de Deus. R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos: Infundi , Senhor, em nossos corações a vossa graça, Yo-lo suplicamos; a fim de que, conhecendo, pela embaixada do Anjo, a Encarnação de Jesus Cristo, vosso Filho, pelos merecimentos de sua Paixão e Morte de Cruz, cheguemos à glória da ressurreição. Pelo mesmo Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Glória ao Padre... (trê. vezes)
Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a pi edade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém.
~ CATOLICISMO
O que o Sr. nos diz sobre as últimas ameaças dos dirigentes do Movimento dos Sem Terra, de intensificar as invasões por todo o Brasil?
Dr. Alceu Proença - Acho um abs urdo. Trata-se de um ato terrorista. Eles não estão querendo terra, esse é um movimento político, apoiado pelo PT, Incra, a ala esquerda da Igreja cató lica e alguns promotores públicos que atuam na única vara agrária do Estado, com apenas um juiz para responder por toda Minas Gerais. E mesmo ass im, os processos são conduzidos de maneira espec ial para proteger o MST, incentivando assim as invasões, que devem crescer assustadoramente com todo esse apoio fantástico. Além disso , há os líderes do MST, como os que estão atuando na região norte de Minas. Jo rge Augusto Xav ier, além de uma ficha policial extensa, já é assentado e conti nua promovendo invasões. Ele se orgulh a em dizer que já invadiu dezenas de propriedades, e que va i invadir mui to mais. Juntamente com o seu braço direito, Jairo Amorim, que igualmente possui ficha po-
Dr~Alceu Proença: "Se um cicladão comum não pocle invaclir· propl'iedades e casas à mão armada, sàquem; l'azer telTOl'ÍSmo, os líderes cio MS'l' aqui na ,·egião também não podel'iam "
Dr. Alceu Proença - A obrigação do governo é fazer cumprir a lei. Um país sem lei vira anarquia. É o que está acontecendo com o Brasil. Se um cidadão comum não pode invad ir propriedades e casas à mão armada, roubar gado, destruir propriedades, saquear, ameaçar, fazer terrorismo e até traficar droga, os líderes do MST aqui na região - por exemp lo, o Sol e o Jorge - também não poderiam. Penso que a obrigação do governo é esc larecer sobretudo o seguinte ponto: ex iste uma lei estabelecendo que faze nda invad ida não pode ser desapropriada durante dois anos e os seus invasores não mais terão direito às terras desapropriadas pelo governo. E ai nda in fo rmar as características, condições, etc. sobre possíveis candidatos a terras. Catolicismo - O Sr. tem acompanhado o noticiário sobre o fracasso de assentamentos de Reforma Agrária por todo o Brasil, com grave prejuízo inclusive, e talvez principalmente, para os assentados?
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ses valores. O Sr. acha viável um trabalho de esclarecimento da opinião pública a esse respeito? Dr. Alceu Proença - Sim. Muito importante. Quem gosta de terra e trabalha a terra com garra e prazer é o ruralista, que sofre todo tipo de inju stiça mas não larga a terra. Quer, gosta da terra, não invade e não destrói . Trabalha em paz e produz.
Dr. Alceu Proença - Com certeza. O MST quer terra, casa, ág ua, luz, fe ira bás ica, cooperativa de crédito para plantio, e quando acaba o dinheiro, a terra é abandonada ou vendida para te rceiros. E seus militantes entram 1~a fila para invadir o utra propriedade produtiva, próxima da cidade; e les não q uerem terra lá longe. O go verno não tem nenhum contro le sobre os assentame ntos. E le entrega as terras para fazer média e abandona. os assentamentos. Este é uma farsa: sofrem os invadidos e os invasores. O governo deveria ir cadastrando, assentando e financiando a lo ngo prazo e com juros baixos, não os invasores, mas sim pessoas que têm condi ções de trabalhar a terra. Pessoas escoihidas por uma comissão municipal juntamente com vários ó rgãos li gados à terra. E primeiramente utilizar as terras do governo. Portanto, a reforma deveri a iniciar-se em casa, doando as suas próprias terras, e não ince ntivando invasões armadas em terras a lheias. Em seguida, se necessário, o governo negoc iaria. Se fosse interesse do proprietário, compraria e pagaria de imediato as terras de terceiros, pois a maioria está à ve nda. Pagando ig ua lmente como faz todo cidadão comum, que compra e paga. Depois poderia fazer seus assentamentos.
Catolicismo -
O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira costumava mostrar a importância de haver autênticas elites rurais para o Brasil. Elites de proprietários rurais que trabalhem, propulsionem a produção, mas também representem os valores tradicionais da nacionalidade. Isso daria ao País outra força moral e material. A atual Reforma Agrária age na contramão des-
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CATOLICISMO
"O MS'l' quer terra, casa, água, luz, feira básica, cooperativa de créclito para plantio, e qua11do acaba o <li11heil'o, a terra é abamlonada ou vell(/icla parn teJ'Ceil'os. E seus milita11tes e11tram 11a 11/a para i11vadil' outra propl'Íeclade proclutiva, próxima ela cidade. O governo .11ão tem ne11hum controle sobre os asse11tamentos"
Catolicismo - Os decretos presidenciais autorizando a desapropriação de terras para fins de Reforma Agrária têm prosseguido. E agora o Incra está estudando não dar aos assentados título de propriedade, nem de posse, apenas uma concessão de uso. Na sua opinião, o que se pretende fazer com tanta terra estatizada? Dr. Alceu Proença - Como já di sse, a reforma deveria ser rea I izada nas terras do governo. Quanto a desapropriar terras para o MST, a co nseqüência. é que estas, desapropriadas e entregues ao MST, quase em sua totalidade já não são mais produtivas . Pois o MST é um movimento político, e seus líderes são treinados em Cuba para invadir e destruir, e não para produzir. Assim, essas terras e ntregues ao MST, que já foram destruídas e se encontram improd utivas, deveriam ser re-desa.propriadas e re-assentadas . Ao meu ver, a última coisa que o MST quer é terra para trabalhar. Catolicismo -
Como o Sr. considera o papel da "esquerda católica" apoiando a Reforma Agrária e as invasões? Por exemplo, a atuação de D. Tomás Balduíno, da CPT, etc.? Dr. Alceu Proença - Sou contra. A igreja deveri a estar c uida ndo do seu papel, que é ed ucar, informa r e formar os seus fiéis , e não transformálos em band idos e invasores, fora da lei.
Catolicismo -
O que o Sr. pensa da utilização que tem sido feita do Programa Fome Zero, para alimentar os acampados do MST? Segundo o superintendente do Incra no Estado do Piauí, Padre Ladislau João da Silva, a distribuição de cestas "é uma ajuda para que os trabalhadores e trabalhadoras resistam na luta pela terra". Dr. Alceu Proença - O governo já sabe . Os militantes do MST, em sua maioria q uase absoluta, principalmente os seus líderes, não têm noção do que é trabalhar uma terra e fazê-la produzir. Nos acampamentos e les fazem um barraco de lona, recebem cesta básica, e só ficam nos fina.is de semana fazendo festas e barulho, pois a maioria tem casas e até comércio nas c idades.
Catolicismo -
Qual a sua avaliação a respeito do encontro do Presidente Lula com líderes do MST? D,: Alceu Proença - Muito produtivo ... E le até usou o boné do MST!
Catolicismo -
Tem causado estranheza entre muitos proprietários a posição tomada por algumas cúpulas nacionais de produtores rurais em apoiar a Reforma Agrária do Presidente Lula, desde que não haja invasões. Qual sua posição a respeito? Dr. Alceu Proença - Se o governo quer terra de ruralista, que respeite a lei e o direito de propriedade, que respeite a Constitui ção, compre e pague primeiro; depois faça seu asse ntamento.
Catolicismo - Como está a situação na região de Montes Claros, no que se refere à produtividade das propriedades? Dr. Alceu Proença - Aqui na reg ião chove muito pouco, mas os ruralistas têm muita ga rra e produzem, susten tam-se e pagam impostos. Estão apavorados, porém, com o terrorismo que o MST está causando na região: seus milita ntes estão invadindo, roubando e saqueando fazendas. E para amp li ar o terrorismo, e les vão à televisão, a rádios e jornais, dando os nomes das pró xi mas faze nd as a serem invadidas, compietando ass im os seus atos terroristas.
Catolicismo -
Soube que sua propriedade foi invadida. O Sr. poderia nos dar algumas informações sobre o fato? Dr. Alceu Proença - Sim, foi invadida no dia 24 de abril de 2003. No dia 30 houve aud iê ncia em Belo Horizonte, onde estava presente o promotor de justiça Dr. Afonso Henriques, que não é promotor de Justiça e sim promotor do MST. Estava presente também o técnico do Incra, José de Ass is, o qual tinha feito um laudo falso re lativo à minha fazenda, dizendo que sua produtividade era "zero". Esteve presente ainda a procuradora do Incra Drª Ana Cé li a, que com este la ud o em mãos - laudo que não ha via ainda s ido julgado, nem mesmo terminado o rec urso - disse que minha fazenda iria ser desa-
"Na vara agrál'ia, colocam o proprietário ela fazenda frente a frente com os milita11tes cio
MS1; que i11vacliram sua propriedade. Como se 11ão bastasse tama11ha humilhação, a vara agrá1'ia propõe aconlos abSUJ'dOS: de vítimas, somos trn11sl'ormados em réus"
propriada pelo Incra para o MST, se e u não fizesse acordo com o Incra e o MST. Esta vara agrária foi montada para proteger o MST, e não para fazer justiça. Nesta audiência, como não havia o utro jeito, ga nhe i a reintegração de posse. Mas nesta vara, você gan ha mas não leva. Este s imples processo de rei ntegração de posse foi transformado pela vara em um processo múltiplo, ou seja, uma verdadeira sa lada que vai se arrastando, com imensos prejuízos financeiros , morais e psicológicos para o proprietário. A reintegração de posse fo i confirmada pelo Tribunal ele Alçada , em 6-5-2003, concedendo I 5 dias para o MST desocupar a fazenda. Mas a luta contin uou e a Vara Agrária marcou nova audiência para o dia 9-7-2003, o nde estava também um Padre da Pastoral da Terra, defendendo as invasões à mão armada do MST, acompan hado de um vereador do PT em Montes Claros. Estão dando tempo para o MST destruir, roubar, saquear, queimar, fazer tráfico de drogas e muito mais.
Catolicismo -
O Sr. gostaria de acrescentar
algo?
Dr. Alceu Proença - Sim. Eu só queria fazer um pedido às autoridades competentes, como os corregedores da promotoria pública, para que fiscalizem a conduta desses promotores do MST, pois isto é um absurdo. E também do Incra, que deveria ser um órgão justo, que pelo menos info rm asse os produtores ru ra is corretamente sobre a le i e fizesse c umprir a lei. E não ameaçar, prejulgar e defender invasores e saqueadores. E quanto à vara agrária, que seus corregedores a ftscalizassem para que cumpri sse a le i e não retivesse o processo, dando tempo, e assim incentivando os invasores a efetuarem mais invasões e destruírem propriedades. E a inda que, nessas audiênc ias, co locassem a lgum órgão para defender o produtor rural , o u pelo menos um promotor público de verdade. Pois, colocam o proprietário da faze nda frente a frente com os militantes do MST, que invadiram a sua propriedade à mão armada na calada da noite. Como se não bastasse tama nha humilhação, a vara agrária propõe acordos absu rdos: de vítimas, somos transformados em réus. Tais audiê nc ias são desumanas, tendenciosas e injustas. •
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O crime a serviço da revolução social
E
m memorável artigo publicado em 16 de novembro de 1983, in titulado Quatro dedos sujos e feios, Plínio Corrêa de Oliveira mostrava que o cresc imento do banditismo favorecia a esq ue rda. M a is ainda, previa e le que, em certo momento, ambos formariam um só bloco e m prol da revolução social. A prev isão vai se confirm ando de modo alarmante, sem que a maioria da população se dê conta disso. Todos reclamam da violência e da in segura nça. Todos c ulpa ni o governo po r não tomar medidas s ufi c ie ntes para coibir o crime. Poucos e ntreta nto vêem que essa inércia govern ame nta l tem como efe ito ir confluindo a esquerd a e os c riminosos para uma fu são. Já temos um setor na soc iedade brasile ira em que a experiê ncia ele tal confluênc ia e ntre a esquerda e a crim inalidade vai to mando corpo. Trata-se dos movimentos ele invasão ele terras (e também de imóveis urbanos), para os quais se achou o pomposo e fa lso nome ele movirnentos sociais. Que os movimentos de invasores são ele esq uerda, é ev idente: buscam go lpear a propriedade privada, tomar o poder, implantar o soc iali smo, têm o apo io da esquerda católica e do PT. De o utro lado, freqüentemente utili zam métodos próprios aos bandidos mai s rad icais: matam , faze m reféns, roubam gado, incendeiam propriedades, não c umprem a lei.
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e modo crescente, os costumes pagãos vão tomando conta de nossa civilização decadente, trazidos nas asas malfazejas da moda. Não bastasse a proliferação de tatuagens, piercings e outros, agora cada vez mais mulheres estão sucumbindo a cirurgias que cortam parte dos dedos de seus•pés, para usar bico fino e sa lto dez. Além de submeter-se a sofrimentos deformidades, cortar partes do corpo sem necessidade, só para ex ibi r-se, é pecado contra o quinto mandamento da Lei de Deus. Tudo para estar na moda! Não é à toa que a Bemave nturada Jaci nta, vidente de Fátima, previu: "Hão de vir umas modas que hão de
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CATO LICISMO
crime organizado é o maior vencedor com a aprovação deste projeto", disse Saulo ("O Estado de S. Paulo", 5-12-03). Para ele, bandidos como Fernandinho Beira-Mar serão os únicos beneficiados pelo ROO. Informou que essa le i vai "engessar " a luta da polícia contra o crime. "Era o único instrumento que tínhamos para
combater o crime o,ganizado, e nos tiraram". De outro lado, a nova le i de desa rmamento deixa os home ns honestos sem condi ções de defenderem adeq uada me nte a si e suas famíl ias ante os cri minosos . Razão tinha o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira! E quanta ... Nossa Senhora de Fátima nos aj ude a transpor estes tempos te nebrosos, para chegar a ver a aurora fulgurante do dia e m que seu Coração Imaculado triunfará. •
Mensagem de Fátima para Crianças
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á ficou pronto o CD com a M ensage m de Fátima contada para crianças. O re lato das se is aparições de Nossa Senhora e das três aparições do Anjo foi fe ito de fo rma leve e própria a despertar o interesse das crianças. As dificuldades técnicas e operacion ais para realizar a gravação e produção deste CD não foram peq ue nas. Basta citar, por exemplo, a dificuldade para se e ncontrar pessoas com timbre de voz adequado para interpretar papé is difíceis, como os de Nossa Senhora de Fátima e do Anjo de Portugal. Isso sem fa lar na necessidade de se incluir todo esse conteúdo no reduzido espaço de apenas um CD. "Não foi nada
fác il. E por melhor que tenha ficado, sabemos que semp re esta remos muito aquém do que foi a maravilhosa aparição de nossa Mãe Santíssima aos três pastorinhos. Tenho certeza de que todos, inclusive os adultos, vão gostar muito de ouvir o CD, que sign(fica um novo passo em nossas metas de divulgação da Mensagem de Fátima", afi rmou M arcos Luiz Garcia, Coorde nado r da Campanha. Os interessados poderão solic itar o CD, ligando para o Plantão de Atendimento da
Campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis: (11) 3955-0660. •
A moda é cortar parte dos dedos
ofender muito a Nosso Senhor." •
Quando presos e mesmo condenados pe los cri mes que prati cam, a esq uerda sa i em sua defesa para afagá-los e libertá- los. Por sua vez, os chamados defensores dos direitos humanos, li gados à esq uerda, põem entraves cada vez maiores à ação poli cia l e reiv indica m regali as crescentes para os bandidos. Assim sendo, não estranha a declaração fe ita pe lo secretário da Segurança de São Paulo, Saulo Abreu, a res pe ito do proj eto, sancionado pe lo presidente Lula, de Regime Disciplinar Diferenciado (ROO), que benefic ia criminosos de a lta periculosidade. "O
pateiro que, por meio ela fé, superou uma grande dificuldade financeira. Este belíss imo conto també m está e moc io nando a todos. Afina l, quem é que não passou - o u passa - por dificuldades fin anceiras? •
Reserve já a visita da Imagem Peregrina /\ equipe responsável pela expansão da Imagens de Nossa Senhora de Fátima aos Lares está faze ndo o pl anej amento do roteiro por onde passarão, no primeiro semestre de 2004, as 32 image ns de Nossa Senhora de Fátima que estão peregrinando pelo Brasil. Os parti c ipantes d a Campanha interessados, e que desejem rece ber a visita ela Imagem Peregrina em seus lares, podem li gar para o Pl antão de Atendimento, pe lo telefone (11) 3955-0660, e pedir para serem incluídas suas residências na li sta elas destinadas a receber prioritariamente a imagem de Nossa Senhora de Fátima. •
.t\. Peregrinação Privada das
de São João dei Re i (foto abaixo, nes ta co lun a), ga nhou a be líss im a image m ele Nossa Senhora ele Fátima, com 70 c m de a ltura. Da. M aria Celeste j á participa da Campan ha há um bo m tempo, e disse que vai reali zar visitas e reza r o terço na vizinhança co m a im agem que ganhou. Em dezembro foram sorteadas c inco imagens cio M enino Jesus. No Rio Grande do Norte, dois aderentes fora m contemplados com imagens. As outras três im age ns do M e nino Jesus fo ram para Minas, São Paulo e Brasília. Neste ano serão reali zados novos so1te ios para os partic ipantes da Ca mpanha. •
Resultados dos sorteios de 2003
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m novembro e dezembro de 2003 foram reali zados dois sorteios entre os doadores da Campa nha. E m novembro, Da. Maria Celeste Sette C. Gomes,
Devoção ao Sagrado Coração de Jesus
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programa radiofônico A Vo z de Fátima - e nvi ado e m janeiro a 295 e missoras de rádio brasileiras - ince ntiva a devoção ao Sagrado Coração de Jesus corno forma de atrair as graças necessárias para a proteção e rege neração das fa mílias. Esta devoção é indi spensáve l para todos, principalmente em vista da crescente o nda de violência que ve m se alastra nd o em nosso País nos últimos meses. O programa nº 83 aprese nta com destaque a hi stóri a do Escudo do Sagrado Coração de Jesus e sua importâ ncia nos dias atuais, e tem ocasion ado excele nte repercussão e ntre os o uvintes. O programa nº 84 apresenta a surpreendente hi stória de um pobre saFEVEREIRO 2004 -
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Resposta a algumas objeções de protestantes contra a Igreja Católica
,. AFO NSO DE SO UZA
uase 500 anos se passaram, desde que Lutero deu seu brado de revolta contra Roma, em L517. Fruto de um espírito racionalista - vale di zer, desprovido de bom senso - a doutrina luterana constitui um co njunto de desvios que se traduzem num grande número de objeções à Igreja Católica. Evidentemente, quando form uladas pelos seus segu idores mais instruídos, são acompanhadas de argumentos teológicos que a Igreja refutou sob retudo no Concílio de Trento ( 1545-1563). Mas, dessas camadas mais instruídas, tais objeções vazam para as camadas mais populares, e se concretizam em formulações simples que o vulgo protestante vem matraqueando ao longo desses 500 anos. São essas objeções mais vulgares que atingem os católicos simples, deixandoos às vezes impressionados e confusos. É, pois, uma obra útil para um bom nú mero de leitores de Catolicismo mostrar como a Igreja desfaz essas objeções. Não se trata, portanto, de elaborar uma refutação cabal dos desvios teológicos protestantes, mas apenas de dotar o católico comum dos meios para se defender contra as importunações corriqueiras do público protestante, em geral incapaz, ele pt'óprio, de compreender os sofismas teológicos profundos que estão por detrás dos erros que professa m. Essa obra será tanto mais útil na medi da em que um número considerável de instituições católicas - paróquias, sobretudo - deixou, infelizmente, de proporcionar aos fiéis um ensinamento completo e coerente da doutrina da Santa Igreja, preferindo abordar os problemas ditos sociais. Com isso, muitos fi éis católicos ficam indefesos perante os adversários da Igreja, ao mesmo tempo que se sentem frustrados em sua busca por alimento espiritual.
Magisté1'io inl'alível baseado na Bíblia e na 1'radição Nessa situação, ao serem abordados por integrantes de seitas protestantes, ou "evangélicas", que lhes oferecem religião, são, em muitos ca os, aliciados por essa promessa Esta é uma das principais razões que vêm sendo apontadas para o crescimento das denominações protestantes no Brasil.
Com isso, seus adeptos têm-se tornado cada Foi por isso que Jesus Cristo dotou vez mais ousados e persistentes em aborsua Igreja de um Magistério infalível, dar os católicos a fim de os arrastar para com a assistência do Divino Espírito Sansuas falsas crenças religiosas. to, mediante o qual temos a garantia de A argumentação que apresentam é que a Igreja nos proporciona uma interpretação autêntica da Revelação, quer a che ia de sofismas e regada a citações da escrita, quer a ora l. Bíblia, as quais repetem à saciedade, sem penetrar seu sentido verdadeiro, não raro Esse Magistério se tem exercido durante os dois mil anos de vida da Igreja, dando-lhes interpretações absu rd as e de modo a delinear um conju nto de doumesmo incoerentes com outras passagens trinas e práticas inteiramente seguras, da Sagrada Escritura. fundad as na Sagrada Escritura e na TraNosso Senhor Jesus Cristo, ao fundar sua Igreja - Una, Santa, Católica e Aposdição. E é esse mesmo Magistério infalítólica - deixou-lhe a Revelação divina vel que define a canonicidade dos livros sagrados, isto é, quais livros pertencem como base da Fé. Mas esta Revelação se exprime não apenas por escrito, a Bíblia a utenti camente ao cânon bíblico (com- como dizem os protestantes - mas põem efetivamente a Bíblia) e quais os também pela transmissão oral: a Tradique devem ser rejeitados como apóc rição. Grande número de ensinamentos que fos (não insp irados). Arrogando-se uma Nosso Senhor deu aos Apóstolos e Discíautoridade e uma in falibilidade que só a Igreja possui, Lutero excluiu da Bíb lia pulos não foram então escritos, mas transalguns livros, justamitidos ora lmente de mente aq ue les que geração em geração. contra ri ava m ce rtos Aos poucos, ao longo de séculos, os chamapontos de sua doutridos Padres e Doutores na errônea. da Igreja foram escreSão num erosos vendo esses ens in aos exegetas e estudiomentos, quer para fixar sos católicos das Saa pregação, quer para gradas Escrit ura s que, com o ava l da refutar os hereges. Igreja, ana li sam o Ao adotar ape nas a Bíblia como fonte da texto sagrado, exp li Verdade revelada, e ca nd o-o e esc la recendo- lhe as dificulnegar a Tradição, os protestantes praticam dades à lu z da TradiOriginal da tradução alemã da Bíblia uma amputação arbi- feita por Lutero . Ele excluiu dela al - ção e do Magistério trária que desfigura a guns livros que contrariavam certos infalíve l da Igreja. pontos de sua doutrina errônea . Pelo co ntrá ri o, Revelação. e ntre os protestantes "Livre exame" protesta11te: - que adotam o princípio do livre exa"cada cabeça, uma se11tença" me da Sagrada Escritura, pelo qual cada Ademais, a própria Bíblia tem passafiel se sente ilumin ado diretamente pelo gens de interpretação difícil , que só se esEspírito Santo, e dá a interpretação que clarecem à luz da Tradição. Uma compabem lhe parece - ocorre praticamente o ração pode elucidar o assunto. Quando um fenôme no "cada cabeça, uma sentença" . orador pronuncia um discurso de improviIsto é, as divisões doutrinárias entre eles so, e depois esse discurso é passado por multiplicam-se ao infinito. Assim, não é escrito, quem mais tarde o for ler, pode não de estra nhar que nem todos expressem entender certas passagens. Alguém que esnos mesmos termos suas objeções à lgrej a Cató li ca. Portanto, neste artigo, ao teve presente e viu os gestos do orador, coligir e formular de forma resumida tais percebeu suas inflexões de voz, ouviu seus comentários anteriores e posteriores, pode objeções, não pretendemos dizer que elas estar em cond ições de elucidar certas pasexprimem exatamente o pensamento de sagens obscuras que a simples transcrição cada protestante, que, como acabamos de mostrar, é vário*. por escrito não perm ite resolver. FEVEREIRO 2004 -
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As objeções protestantes / A refutação católica J" Objeção: A Bíblia diz que Jesus teve irmãos. Portanto Maria não permaneceu virgem, como dizem os católicos.
Resposta: Tanto no he brai co como no aramaico, a palavra " irmão" pode ter vários significados: a) os filhos do mes mo pai , podendo ser ela mesma mãe ou de outra mãe (cfr. Gn 20, 5); b) e, em sentido mais largo, " irmão" desig na també m os pare nte próximos; ou amjgos; ou vizinhos; ou mesmo seguidores, o que se pode comprovar e m nume rosos lugares ela Bíbli a. Um exemp lo ele pa re ntesco está bem c laro no Livro de Tobias. Acon e lhaclo pelo Arcanjo Rafae l a casar-se com Sara, filha única _de Rag uel e de Ana , parentes próximos de se u pai , Tobias ass im rezou a De us: "Senha,; sabeis que não é
por motivo de luxúria que recebo por mulher esta minha irmã" (Tb 8, 9). També m Abraão di sse a Lot: "Nós somos irmãos". Ora, Abraão era fi Iho de Taré; e Lot filho de A rão, irmão de Abraão (cfr. Gn 13, 8). Nada ma is natural, portanto, que os evangelistas se conformassem a esse ling uajar juda ico. Assim , por exemplo, ao na rrar a apari ção de Jesus ressuscitado a Santa M ari a Madalena, o E vangelho de São João descreve deste modo o final da cena: "Disse-lhe Jesus [a Maria Madale na]: Não me toques, porque ainda não subi para meu
Pai; mas vai a meus irmãos, e dize-lhes: Subo para meu Pai, e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Foi Maria Madalena dar a nova aos discípulos: Vi o Senha,; e ele disse-me estas coisas" (Jo 20, 17-18). Nestes ve rs ículos do E va nge lho, irmãos equival e ev ide nte me nte a discípulos . Tomemos agora o E van gelho de São M ate us, que me nci ona os nomes dos " irmãos" de Jes us : "E indo [Jesus] para a
sua pátria, ensinava nas suas sinagogas, de modo que se admiravam e diziam: Donde lhe vem esta sabedoria e estes milag res? Porventura não é este o filho do carpinte iro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago e José e Si mão e Judas? E suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde vem pois a este todas estas coisas?" (Mt 13, 54-56). Tam bé m São Marcos c ita os mes mos nomes dos "irmãos" de Jesus (cfr. M e 6,3). Nenhum dos doi s eva ngeli stas menciona os nomes das "irmãs" de Jes us . O s exegetas procuram identificar esses "irmãos" de Jesus, e por isso saem à proc ura de outros textos da Sagrada Escritura o u de ele me ntos ela Tradição que possam trazer esc larecime ntos. Assim , ao fa lar das mulhe res presentes no Ca lvário, São M a teu s e São M a rcos no meiam espec ificamente : "Maria Ma-
dalena, Maria, mãe de Tiago e José, e a mãe dos filhos de Zebedeu" (Mt 27 , 56) ; "Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé" (Me 15, 40). Ficam assim identificados doi s dos "irmãos" de Jesus, Tiago o M e nor e José, fi lhos de uma outra M aria, di stinta ela M ãe ele Jesus. Era m, poi s, parentes de Jesus. A Salomé, me ncionada por São
CATOLICISMO
Marcos, é a mulher ele Zebecleu nomeada por São Mateus, mãe de T iago o Maior e de São João, o evangeli sta. Salomé ficou cé le bre por te r reivindicado junto a Jesus um lu gar privilegiado pa ra seus filhos no seu futuro rei no (cfr. Mt 20,20-23; Me 10,35-40). Tal re ivindi cação parece indicar que o parentesco lhe clava libe rdade de fazer tal pedido a Jesus. São João cons ig na também a presença elas várias M arias durante a Cruc ifi xão, di sting uindo claramente a Mãe de Jesus das outras: "Estavam de pé junto à Cruz de Jesus sua Mãe, e a irmã [prima] de sua Mãe, Maria mulher de Cleof ás, e Maria Madalena" (]o 19, 25) . Observe-se ele passage m que aq ui ig ualme nte se registra o uso judeu de c hamar de "irmã" de Maria uma sua pare nta , po is como é universalmente admitido, Maria e ra filh a única. Po r outro lado, sabe-se que essa "Maria, mulher de Cleofás" é a mãe de Simão (cfr. Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, III 2,32). A ss im , dos quatro nomes c itados por São Mateus corno "irmãos" ele Jesus, só não fo i indubi amente ide ntificado o último, Judas, nome a liás comum naquele te mpo (do is dos Apóstolos tinham esse nome: São Jud as Tadeu e Judas l sca riotes, o traidor). Mas não há por que supor que esse não ide ntificado Judas tivesse um g rau de parentesco com Jesus diferente dos o utros três me ncionados. Al g uns pensa m tratar- e de São Judas Tadeu , baseados em São Luca (6, 16), mas a inte rpretação é incerta. Resul ta claro, porta nto, que a palavra "irmãos" não corresponde a urn a irma nd ade de sa ng ue, mas a um parentesco - ou até a um relacionamento - mai s ou menos próximo.
Aliás, que a Virge m Mari a não teve o utros filhos , a Bíblia o manifesta e m outras passagens. Limitemo-nos a le mbrar a pungente cena do Calvá ri o: Cristo, moribundo, e ncomenda Maria a São João, o qual, desde então, a recebe u em sua casa (cfr. Jo 19, 26-27). Se Maria tivesse tido outros filhos, Jesus não teri a por que se preocupar com o c uidado te mporal de sua M ãe, poi s este deve r corresponde ria aos de mai s filhos ... Tanto mai s quanto, muitos anos depois , São Paulo come nta que ai nda vivia e m Je ru sa lé m "Tiago, o irmão do Senhor " (Ga l 1, 19). São Tiago o Menor, como fo i lembrado ac ima, e ra pare nte de Nosso Senhor. A objeção protestante fica , poi s, re futada por dive rsas passagens da Sagrada Escritura e por a lg un s e lementos co lhidos na Tradição.
2" Objeção: Nosso único mediador junto a Deus é Jesus Cristo, como afirma /Jeremptoriamente o apóstolo Paulo (cfr. l Tim 2, 5). Não temos 11eces.~idade de outros mediadores. Os católicos erram ao proclamarem Maria medianeira entre Deus e os homens. Resposta: É certo que São Paulo afirmo u, e m sua primeira Epísto la a Timóteo (2, 5), que "há um só Deus e há wn só mediador
À esquerdo , mosaico representando o Apóstolo São Paulo . Em suas Epístolas aos Romanos e aos Coríntios, ele rogou orações dos fiéis em suo intenção.
entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo homem". M as esse mediador único e insubstituível não exclui que po sa haver o utros mediadores sec und ár ios, poi s o próprio Apóstolo dos Gentios é o prin1eiro a pedir a ~ o':! inte rcessão de o utros junto a Deus . Ass im , vi diz e le e m sua EpísLo la aos Romanos : "Rogo- -:;" ·• . · <,
Os exegetas deixam claro: a expressão "irmãos do Senhor" nos Evangelhos não tem o significado de uma irmandade de sangue
Os protestantes rejeitam intermediários que intercedam por nós diante de Deus e, portanto, a poderoso Mediação de Nossa Senhora.
vos, pois, irmãos, por Nosso Senhor Jesus ~ Cristo e pela caridade do Espírito San /o, que "' · me ajudeis com as vossas orações por mim a Deus" ( Rom 15 , 30). E na segunda Epísto la aos Corínti os, di z que es pera que Deus o livrará de futuros grandes pe ri gos, "se nos ajudardes também vós com orações em nossa intenção" (Ir Cor 1, 11). Se simples fi é is pode m inte rceder po r nós, exercendo ass im o papel de mediado res nossos junto a Deu s, q uanto mais aq ue les que prati cara m as virtudes e m gra u he ró ico, como são os Sa ntos - que os protestantes reje iLa m - , e sobreludo Aquela que teve a dita de ser M ãe de Nosso Senhor Jes us Cri sto, e é, por isso, ig ua lme nte Mãe dos me mbros ele seu Corpo Místico, que é a Igrej a. Os católi cos esLão pois certos e m recorre r a Ma ria Santíss ima como nossa g ra nde Medi a ne ira junto a seu Divino F ilho. E essa medi ação não é ape nas poss ível, mas necessária, co mo e ns in a m g randes douto res ela Igreja . Não se trata de uma necess idade absoluta, e s im hipotéLica, ele aco rdo co m a te rmi no logia dos teó logos. Isto é, necessá ria porque Deus quis que assim fosse, e não porque estivesse obri gado a isso. Expli ca-o com sua habitu a l c lareza e ca lor apostó lico São Luís Mari a Grig nion ele Montfort, o grande do utor ma ri a no, em seu cé le bre Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem (Vozes, Petró polis, 4" edi ção, 1949):
"Co11fesso com toda a Igreja que Maria é wna pura criatura saícla das mãos do Altíssimo. Cornparada, portanto, à Majestade ú1finüa ela é menos que urn átomo, é, antes, um nada, pois só Ele é 'A quele que é' (cfi: Ex 3, 14) e, por conseg uinte, este grande Senha ,; sernpre independente e bastando-se a Si mesmo, não tem nem teve jamais necessidade da Santíssima Virgem para a realiwção de suas vontades e a manUestação de sua glória. Basta-lhe querer para tudofaze1: "Digo, entretanto, que, supostas as coisas como são, já que Deus quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem, depois que a formou, é de crer que não mudará de condu!a nos séculos dos séculos, pois é Deus imulável em sua conduta e em seus sentimentos" (o p. cit. , nºs 14- 15). E mai s adiante e le se põe a perg unta: " Nosso Senhor é nosso advogado e medianeiro de redenção junto de Deus Pai; r... ] é por intermédio dele que obtemos acesso junto de • Sua Majestade, em cuja presença não devemos jamais apa recer, a não ser amparados e revestidos dos méritos de Jesus Cristo.[ .. . ] Mas temos necessidade de um medianeiro junlo do próprio medianeiro ? [... l Digamos [... J ousadamente, com São Bernardo, que temos necessidade de um medianeiro junto do Medianeiro por excelência, e que Maria Sanlíssima é a única capaz de exercer esta fun ção admirá vel. Por ela Jesus Cristo veio a nós, e por ela devemos ir a ele. L... J Ela não é o sol, que pela f orça de seus raios nos poderia FEVERE IRO 2004 -
deslu,nbrar em nossa .fraqueza, mas é bela e suave como a lua (cfr. Cant 6, 9), que recebe a luz do sol e a tempera para que possam.os suportá- la. É tão caridosa que a ninguém repele, que implore a sua intercessão, ainda que seja pecador; pois, como dizem os santos, nunca se ouviu dize,; desde que o mundo é mundo, que alguém que tenha recorrido à Santíssima Virgem, com. co,~fiança e perseverança, tenha sido desamparado ou repelido" (Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, nºs 84-85). Co mo se vê, ao exa ltar a tal ponto a medi ação de Nossa Senhora junto a seu Divino Filho, a doutrina da Igreja não diminui em absolutamente nada a Med iação única e insubstituíve l de Jesus Cristo junto ao Pai celeste.
3" Objeção: O sacrame,zto da Confissão é uma invenção <Los católicos . .Jesus nunca mandou confessar os pecados a outra pessoa. Basta professarmos nossa fé diante de Deus, e Ele cobrirá nossos pecados com os méritos infinitos <le Jesus Cristo. O padre não tem nenhuma interferência nesse processo, e a co,~fissão dos pecados é imítil. Resposta: Os protestantes cons idera m inútil o sacramento da Confissão porque têm uma idé ia completa mente errada da remissão dos pecado . Eles considera m que, se Jes us Cristo já pagou, de uma vez por todas, os nossos pecados, a ap licação a nós desses méritos in fi ni tos se dá exc lu sivamente por nossa adesão à Fé, mais prec isame nte pe lo dom gratuito da fé que recebemos. Mas, segundo e les, não há verdadeira remissão - isto é, apagamento ou limpeza de no. sa a lma - desses pecados. Nossajusf!ficação perante Deus se dá ape nas porque Jesus C ri sto nos cobre com o manto de seus méritos. Por baixo desse manto, continu amos os pecadores de sempre, imundos por efe ito de nossos pecados. Porém, vendo-nos Deus cobertos pelo manto de seu Div ino Filho, Ele nos considerajustijicados, "não vê" os nossos pecados, que permanecem inde léveis sob esse manto, e nos acol he na vida eterna do Céu. É por essa mesma razão que os protestantes não vêem necessidade do Purgatório (ver objeção nº 4): não há nada a purgar depois da morte, porque tudo já fo i antec ipadamente pago por C ri sto. A única cond ição é a demonstração de nossa fé, a qual, esta sim , não pode vacilar. Tem que ser inte iramente firme. A tal ponto que, se por causa de nossos pecados começarmos a duvidar de nossa salvação eterna, isso indica urn a vacilação de nossa fé nos merecimentos de Jesus C ri sto e pode pôr tudo a perder. Neste caso, o remédio que Lutero recomendava a seus seguidores era pecar novamente, para demonstrar a confiança em Cristo. E se a dúvida persistisse - insistia e le - "peca ainda mais.fartem.ente", para mostrar a firmeza de sua fé em C ri sto!
11111m
Pe la doutrina católica, o pecador deve confessar as suas culpas, de modo circunstanciado, ao sacerdote CATOLICISMO
Como se vê, toda esta doutrina é um desvario do começo ao fim. De acordo com a doutrina cató lica, o perdão de nossos pecados começa com nosso arrepend imento, que de s i já é um fruto da graça de Deus atuando e m nós. M as o arrependimento norma lmente não basta para obtermos o perdão: é preciso nos ac usarmos de nossos pecados perante o mini stro de Deus - o sacerdote - e pedirmos que e le, em no me de Deus, nos perdoe. Aí sim , o padre, munido do poder - a e le dado por C ri sto - de perdoar os pecados, no- los pe rdoa efetivamente em nome de Cristo, apli cando- nos os méritos infinitos do Filho de Deus feito homem. Então nossa alma fica rea lmente limpa de seus pecados e alva como a neve, diante de Deus e dos homens. É essa limpeza de alm a que exp li ca a alegri a e leveza com que tantas vezes nos levantamos do confessionário, após recebermos a abso lvi ção do sacerdote. Em que ocas ião Jesus Cristo conferiu aos seus ministros esse poder de perdoar os pecados? Foi pouco antes de . ubir aos Céus, quando disse aos Apóstolos: "Assim como o Pai me
enviou, também eu vos envio. E tendo dito isto, soprou sobre eles, dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20, 2 1-23). Ora, para que o sacerdote exerça esse poder de perdoar, ou de reter os pecados - segundo o mandato de C ri sto - é prec iso que o pecador confesse ao sacerdote as suas cu lpas, no-
meando-as c ircunstanc iadamente, a fim de que o sacerdote as julgue, as perdoe, se fo r o caso, e estipul e a penitência que o pecador deve c umprir. A contri ção perfeita - isto é, aq ue le arrepend imento de nossos pecados por excl usivo amor de Deus, e não pelo temor elas penas do in fe rno - nos obtém ele imediato o perdão cios pecados. M as permanece a obrigação ele confessá- los ao sacerdote na primeira oportunidade e, e m todo caso, antes de receber qualquer outro Sacra mento.
4ª Objeção: Na Bíblia não está escrito que exista o Purgatório. Isso é outra invenção dos católicos. Resposta: A pa lavra Purgatório não está escrita na Bíb li a, mas a rea lidade cio Purgatório a li está cons ig nada. E, co mo foi dito na introd ução deste trabalho, a regra próxima ela Fé é o Magistério vivo ela Igreja, que nos exp lica a Bíblia e a Tradição. Ora, a ex istênc ia do Purgatório é um dogma definido por três Conc íli os Ecumênicos: o II Concíli o ele Lião ( 1274), o Co ncíli o de Floren ça ( 1438- 1445) e o Co ncíli o de Trento (1545-1563). Este últim o declara que "a Ig reja Católica, [... ] apoiada nas Sagradas Escriluras e na an1iga tradição dos Padres [i sto é, daqueles grandes esc ritores da A nti g üi dade c ri stã], [ ... ] ensinou[ ... ] que existe o Purgatório e que as almas ali detidas são ajudadas pelos SL(f'rágios dos .fiéis". Assim, na Bíblia estão os e lementos sufi cientes para se concl uir que o Purgatório ex iste. Confo rme o comentário do Pe. Jav ier ele Abárzuza , OFM , sobre o segundo Livro dos Macabeus ( 12, 38-46), ".Judas Macabeu,feita a coleta de dois mil dracmas, a enviou a Jerusalém, para oferecer sacrif1cios pelo pecado dos rseus so lclaclos] mortos, obra digna e nobre, inspirada na esperança da ressurreição; de onde se vê que Judas creu que os que tinhan·1. morrido não estavarn nem no 'seio de Abraão' 1isto é, no L im bo, como os antigos Patriarcas, à espera do Rede ntor que os levari a para o CéuJ, nem. no i~f'erno, ,nas em um estado em que tinham que satisfazer por faltas cometidas na vida anterior, e que podiam ser aliviados com os sacri,f'ícios de expiação. [... ] E o autor inspirado [desse livro ela Bíbli a] termina a narração aprovando deste modo o proceder de Judas: 'Obra santa e piedosa é rezar pelos mortos "' (Teologia dei Dogma Católico, Stuclium Ed ic iones, Madrid, 1970, nº 1451 ). Esta passagem cio segu ndo L ivro cios Macabeus contrad iz de tal maneira a doutrina protestante que, como já se pod ia prever, Lutero arbitrariamente reso lveu cons iderá- lo apócrifo, não o adm itindo entre os li vros canônicos da Bíblia.
A existência do Purgatório é um dogma definido por três Concílios Ecumê nicos. Entre e les, o Concílio de Trento (1545- 1563), representado à esquerda .
Por o utro lado, em São Mateus ( 12, 32), lemos: "Se alguém falar contra o
Espírito Santo, não alcançará perdão nem. neste século nem no século vindouro ". Esta fo rmulação - "nem. no século vindouro" - seri a supér flu a e inepta, se não se supõe que, após a morte, ele a lg um modo é possível a remiss ão ele pecados. Pois se há pecados que no século vindouro se perdoam, com razão se conc lui a possibiliclacle ele • tal ex piação post mortem. A isso a Igreja c hama de Purga tório, no qual ficam confinadas as a lm as qu e tê m a lgo a pagar por seus pecados. Também na primeira Epístola ele São Paulo aos Coríntios (3, 12- J 5), os exegetas vêem uma alusão ao fooo do Puroatóº b rio, no qual purgarão s uas cu lpas os pregadores que não cumprirem dire ito sua missão. Co mo a passagem requer uma explicação teo lógica mais profunda, apenas a mencionamos para con hec imento cios leitores eruditos.
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5" Objeção: A Igreja, na época de Lutero, praticava o comércio dos bens espirituais, vendendo indulgências. Lutero manteve-se fiel a Jesus Cristo, separando-se dessa falsa igreja e fundando a crença protestante, denominada luteranismo.
Resposta: É uma distorção com pleta da prática de concessão das indulgênc ias apresentá- la como comé rc io de bens espiri tuai s. Hi stori came nte pode te r hav ido abusos nesta matéri a e ai nda os há hoje e m maté ri as corre latas - da parte destes ou daqueles pregadores cató licos, com o objetivo ele angari ar mai s fac ilmente as esmolas dos fi é is. E estamos cansados de ver abusos e normes, e m matéri a de dinheiro, també m e m várias seitas protestantes ... Lutero, apa rentando indi gnar-se contra esses abusos, foi mais longe y condenou a própria doutrina católica sobre as
indulgências. Segundo Lutero, so mente a fé conta para a sa lvação. As boas obras não contam para nada , porque - como já foi explicado e m resposta anterior (cfr. nº 3) - segundo a doutrina protestante somos salvos excl usivamente pe los méritos de .Jes us Cristo, sem ne nhuma necess idade de nossa cooperação pessoa l. Daí que tanto fa z pratica rmos boas obras o u pecados , porque a nossa salvação já foi comprada superabundante mente pela Paix ão e Morte de Jes us Cristo. A doutrina cató li ca ap resenta difere nças essenc ia is em re lação a essa teo ri a falsa. Porque, e mbora a nossa sa lvação já tenh a sido co mp rada pe lo sacrifíc io rede nto r de Jes us Cristo, é prec iso que esse mérito nos sej a aplicado indi vidu alme nte, o que ex ige a nossa cooperação pessoal. Sem dúvida , essa cooperação de s i també m é fruto el a graça qu e Cr isto nos me receu, porém não é sem algum mérito de nossa parte, mérito infinitame nte pequeno, mas que, por d ispos ição divin a, te m de ser necessari a mente assoc iado aos mé ritos infinitos de Cristo. Daí a necess idade das boas obras, co mo salie nta São Tiago e m sua epísto la: " O que aproveitará, meus irmãos, se al-
guém diz que tem f é e não tem boas obras? Porventura poderá salvá-lo tal f é?" (Tg 2, 14). Não é po is sem razão que Lutero se negava a aceitar a canoni c idade da epístol a de São Tiago - que nega tão rotundamente um ponto essenc ia l da doutrina que e le queri a pô r e m voga - considerando-a um livro apócrifo, e portanto exc luin do-o da Bíblia ... Por contrapos ição, fi ca fác il co mpreender a do utrin a católi ca das indul gênc ias. O tesouro espiritual da Igreja é constituído essenc ia lme nte pe los méritos infinitos de Jes us Cristo, aos quai s se somam os mé ritos supe rabundantes de Maria Santíssima e os dos dem ai s Santos e pessoas virtuosas . É desse tesouro es pi ritua l qu e a Ig rej a retira o mé ritos qu e nos di spe nsa através CATOLIC ISMO
das indulgências, que serve m para alivi ar as penas temporai s devidas pe los nossos pecados. Pe lo sac ramen to da Co nfi ssão, o ho me m fica livre ela culpa do pecado, poré m não da pena temporal (castigo) a e le dev id a (a pena eterna correspo nde nte ao pecado morta l nos é re rniticla pe lo sacramento ela Confissão). A penitência imposta pelo sacerdote na Confi ssão sati sfa z tão- só parcialme nte as penas temporais merec id as pe los nossos pecados. Po r isso deve mos recorre r às boas ob ras, às pe nitê nc ias e às indul gê nc ias, a fim de a livi armos qu anto possíve l essas pe nas temporai s. O que sobrar, será pago no Purgatório. Coere ntes com seus princípios fa lsos, os protestantes nega m a necess idade das boas obras, das indulgênc ias e cio Purgatóri o ! Cabe di zer um a rá pida pa lavra sobre a prete nsa fide lidade ele Lute ro a Jesus Cri sto. A hi stóri a de sua vida registra as blasfêmi as horríveis que e le lançou contra Deus, contra Nosso Senho r Jes us C ri sto, o Santíss im o Sacramento e a Virge m Mari a. De Deus, diz e le de modo blasfemo : "Certamente
Deus é grande e poderoso, born. e rnisericordioso r... l mas é estúpido" ( Propos de table, nº 963, ed. de Weimar 1, 487 , ap ud Frantz Funck-Brentano, Luther, Grasset, Paris, 1934, 4ª tirage m, p. 23 1). D e us - dizia e le - "é um
À esquerdo : Mortinho Lutero. Coerentes com seus falsos princípios, os protestantes negam o necessidade dos boas obras, dos indulgências e do Purgatório. Abaixo : peregrinos sobem de joelhos o Escada Santa em Roma . A Igreja, maternalmente, concede indulgências, o fim de aliviar o quanto possível os penas temporais .
tirano. Moisés agia movido por sua vontade, como seu lugar-tenente, como carrasco que ninguém superou, nem mesmo igualou ern assustar, aterrorizar e martirizar o pobre mundo" (Propos de table, nº 2 11 5 B, ap ucl op.
" Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela"
(Mt 16,18).
Confiando o São Pedro o missão de Pastor, Nosso Senhor o constituiu seu representante visível no Terra .
c it. , p. 231). A respeito de Nosso Senhor Jes us Cristo, o heres iarca não poupo u infames blasfêm ias. Transcrevemo-las a contragosto, só pela necessidade de esclarecer os le itores: "Cristo cometeu adultério
pela primeira vez com a mulher da fonte, de que nos fala João. Não se murmurava em torno dele: 'O que fez, e ntão, com e la?' Depois com Madalena, em seguida com a rnulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim Cristo, tão piedoso, també,n teve quefornicc11; antes de morrer" (Propos de table, nº 1472, ed. de We im ar H, 107, apud op. c it. , p. 236) . Para terminar, uma c itação sobre o que Lutero pensava que se dev ia fazer co m o Papa. Fa lava Lutero ela g uerra que os protestantes moviam contra os cató licos. E exclamou : "Punimos os ladrões à espada. Por que não havemos de agarrar o
papa, cardeais e toda a gangue da Sodoma romana e La var as mãos no seu sangue ?" (op. cit., p. 104). Tal a doutrin a, ta l o homem que a concebeu!
6ª Objeção: Os católicos consideram o Papa como autorülade suprema na Igreja, alegando o primado de Pedro. Mas isto não tem base suficiente nas Escritura.~. Resposta: A preeminê ncia de São Pedro no Colég io apostóli co não é um fato iso lad o no Evangelho. Co m efe ito, o Prínci pe dos Apóstolos é c itado J 7 J vezes no Novo Testame nto, se·guido ele São .João, que o é ape nas 46 vezes. E invari ave lme nte os Evange li stas, qua ndo fazem a e numeração dos Apóstolos, citam e m primeiro lugar São Pedro. Mesmo e m c ircunstâncias das mais solenes da vida de Nosso Senhor, corno na ressurreição ela filha de .Jairo, e m sua tran sfig uração no Tabor e em sua agonia no Horto das Oliveiras: três Apósto los foram teste munhas desses fatos, mas São Pedro é c itado sempre em prime iro lugar (cfr. Me 5, 37; 9, 2; 14, 33). · vezes e m que São Pedro é citado para encabeçar a E
há
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nência, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se"
me nção ao conjunto dos Apóstofos: "Sirnão e os que estavam com ele... " (M e 1, 36). ., As passagens e m que Nosso Senho r indica a supre mac ia de Pedro sobre os de ma is Apósto los são be m conhec idas: No prime iro e ncontro cio pescado r ela G a lilé ia com Nosso Se nho r, di sse- lhe Jesus: "Tu és Simão, f ilho de Jonas; serás chamado Cef as (que quer di ze r Pedro)" (Jo 1, 42). Logo depo is que São Ped ro exprimiu sua fé na divindade ele Jesus C ri sto, disse- lhe o Divino M estre: "Feliz és tu, Si-
(I Cor 7 , 6-9). E continu a di ze ndo : "Estás ligado a uma mulher? Não
procures desligar-te. Estás desligado de mulher? Não procures mulher. Mas, se quiseres casa,; não pecarás; e se uma virgem casar, não peca. Todavia, padecerão a tribulação da carne; e eu quisera poupar-vos" (I Cor 7 , 27-28). Q ua nto aos escânda los mo ra is que têm s ido noticiados ultim a me nte e ntre me mbros do c lero ele di versos países, a verdade ira causa de les de ne nhum modo é o celibato - estado, como vimos, ma is per fe ito, recome ndado po r N osso Se nho r. A cau a ma is profun da desses escâ nda los está no desfa lec ime nto da fé, e mesm o perda ela fé, ele muitos me mbros do clero, que e m conseqüê nc ia ca íra m no re laxa me nto espiritua l e no pe rmi ss ivi s mo m o ra l. É conve ni e nte le mb ra r que e ntre os pagãos da Antig üidade não tinh a v igê nc ia o ce libato . No e nta nto, o víc io da homossex ua l idade a las tro u-se escand a losame nte, e ntre ho me ns e mulhe res ... Q ua l fo i a causa desse a lastrame nto? São Paulo no- lo di z na Epístola aos Ro ma nos : po rq ue e les rec usara m-se a conhecer o ve rdade iro D e us e adorara m ído los (cfr. R o m 1, 23). Dev ido a esse gravíss imo pecado ele ido la tri a, " Deus os
mão, fi lho de Jonas, porque não fo i a carne nem o sangue quem te revelou isto, mas ,neu Pai que está nos céus. E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as. chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra, será Ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra, será desligado nos céus " (Mt 16, 17- 19) . A afirm ação do primado ele São Ped ro e do poder das chaves a e le confe ri do não podi a ser ma is cl a ra. E m o utra ocas ião, confi rm o u o Di vino M estre a mi ssão de Ped ro : "Simão, Simão, eis que satanás te procurou para te joeirar como trigo, mas Eu roguei por ti, a .fim de que tua fé
não desfaleça; e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos" (Lc 22, 3 1-32).
entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo tam.bém os hornen.s, deixando o uso natural da mulher; arderam em desejos uns para com. os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario" (Ro m . 1, 27).
Isto ve m prati came nte repetido nas úl timas recomendações que N osso Se nhor fez aos Apósto los antes ela Ascensão: "Je-
sus perguntou a Simão Pedro: Simão, .filho de João, amas-me rnais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou-lhe outra vez: Simão, fi lho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te am.o . Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Perguntou- lhe terceir.a vez: Simão, .filho de João, amas-me ? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Am.as-me ?, e respondeu-lhe: Senho1; sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta minhas ovelhas " (Jo 2 1, 15- 17). Ora, confo rme o uso corre nte das lín g uas orienta is, a pa lavra apascentar s ig nifi ca governar. Apasce nta r os corde iros e as ove lhas é, porta nto, gove rnar com autoridade soberana a Igreja de C ri sto; é ser o c hefe supre mo; é ter o primado. A lé m di sso, a imagem de pastor des igna, na Sagrada Escritura, o M ess ias e sua o bra (cf. Mq 2, 13; 4,6s; Sf 3, 18s, Jr 23,3; 3 1, 19; Is 30, LI ; 49,9s). Confi a ndo a São Ped ro a mi ssão de pastor, Nosso Senho r o constituiu seu re presenta nte visível na terra. Depo is el a A scensão, a p rim az ia de juri sd ição el e P edro sobre os o utros ma ni fes ta-se c lara me nte qu a ndo e le : 1) P res ide e diri ge a esco lh a el e M a ti as pa ra o lu gar ele Judas (At l , 15-25); 2) É o prime iro a a nunc iar o Eva nge lho no di a de P e ntecos tes ( At 2, 14 ss.); 3) Teste munha, d ia nte do S in édri o, a me nsage m el e Cristo (At 4, 5 ss.); 4) Aco lhe na I g rej a o prime iro pagão (A t LO, J ss.); 5) Fa la e m prime iro lugar no Co nc íli o d os A pósto los, e m Je ru sa lé m, e dec id e sobre a questão el a c irc un c isão: "Então toda a assembléia silenciou" ( At 15, 7- 12). Como S ucessor de Ped ro, o Papa exerce na Igrej a as fun ções de Pastor S upre mo. Co mo pode ri a Jesus Cristo fun da r sua Ig rej a - Una, S anta, Católi ca e Apostó li ca - se m prove r
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CATOLICI SMO
Jesus Cristo apresentou o celibato como um estado mais perfeito e mais apto a merecer o Reino dos Céus.
à sua contin uidade através dos te mpos com base numa autoridade uni versal e única?
7" Objeção: Para que essa verdadeira violência contra a uatureza, que é o celibato eclesiástico? Não há nenhum fundamento na Bíblia para tal imposição tirânica, fruto de cérebros ,,aranóicos. Não é de espantar esse festival de escândalos que vemos ocorrer no clero católico. Afrontaram a tu:ttureza: como conseqüência, surgiram os escândalos ...
Resposta: Bem ao contrário ele ser uma vio lê nc ia e uma afro nta contra a natureza huma na, a castidade pe rpé tu a é preco ni zada pe lo próprio Jesus C ri sto como sendo um estado de ma io r perfe ição huma na e espiritu a l. Com efeito, após haver procl a mado a ind issolu b ilidade cio ma trimô nio, apresento u E le a conti nê nc ia como um e taclo m a is perfe ito e ma is apto a merecer o Rei no cios Céus. Ass im , lê-se no evange lho ele São M ate us: "Seus discí-
pulos disseram-lhe: Se tal é a condição do homem a respeito
da mulher, é melhor não se casar! Respondeu- lhes Ele: Nem todos compreendem estas palavras, mas somente aqueles a quem fo i dado. Porque há eun ucos que assiln nasceram do ventre de suas mães; e há eunucos a quem. os homens .fizeram tais; e há eunucos que a si mesmos se fi zeram eunucos por amor do Reino dos Céus. Quern puder compreende,; compreenda " (Mt 19, 10- 12). Cabe aqui uma ráp ida exp li c itação cio fina l desse texto:
"e há eunucos que a si mesmos se.fizeram eunucos por amor do Reino dos Céus". Tais eunucos, ev idente me nte, são os sacerdo tes e o re i igiosos que, po r um c ha mado espec ia l ele Deus, leva m um a vici a consagrada, ma nte ndo o celi bato. O ad mi rável equilíbrio da do utrina cató lica nessa matéria e ncontra-se formulado já por São Paulo, na primeira Ep ísto la aos Corín tios: " Isto digo como concessão, e não como ordem. Pois quereria que todos fossem corno eu [cel ibatário]; mas
cada um tem de Deus um dom partícula,; uns este, outros aquele. Aos solteiros e às viúvas digo que lhes é bom se permanecerem assim, como eu. Mas, se não podem guardar a conti-
Os ído los que são a dorados e m nossos di as são os ído los do mundo moderno: o secul ari smo (o ateísmo de toda a vicia soc ia l e po lítica), a luxú ri a e toda essa pas mosa clecaclênc ia de costumes, q ue afasta m nossos conte mporâ neos de Deus, num processo multissecula r qu e be m descreveu o Prof. Plínio Corrêa ele O li veira e m sua obra máx ima, Revolução e Contra- Revolução . Q uando os ho me ns e as nações vo ltare m ao regaço mate rno el a Santa Ig reja, e Nosso Senh o r Jesus C ri sto e sua M ãe Santíss ima re ina re m na soc iedade, o celibato ecles iástico de ixará ele ser um espa ntalho e se rá e ncarado com a tranqüil a natura lidade de quem vive nu ma soc iedade sacra li zada, sem as excitações e devassidões do mu ndo moderno. • E-mai l do autor : RevCatoli cismo@ uol.com.br
Nota :
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Como fo i sali en tado de in íc io, apresentamos nes ta matéri a apenas respostas a algum as das obj eções mais co mun s de protestantes contra a I grej a Ca tó lica. Não abarcam elas a doutri na protestante em sua tota lidade, nem seria possíve l fazê- lo num si mples arti go. Uma abo rdagem análoga j á fo i fe ita cm nossa ed ição de setembro ele 1999, nº 585 , em artigo cio Padre Dav i Fra ncisq uini - A D0111ri11a Ca16/ica fa ce a obj eções de prolestcll!tes - ao qual reme temos o leitor. Ta mbém o Cônego José L ui z Yi llac, em sua seção nesta revista - A f)a tavra do Sacerdote - tem tra tado co m freq üência, e com sua habitual profu ncl iclacle, vá rios aspectos ela doutrin a protestante (cfr. Nº 607, j ulho ele 200 1; nº 620, agosto de 2002; nº 623, fevereiro de 2003; nº 63 1, julho de 2003; nº 634, outubro ele 2003). Ver ai nda a Pág i11a Ma ria11a ele Catolicismo (nº 606, jun ho de 200 1) e Leitura espiritual (nº 607, julho de 200 1). Em todas essas fontes co lhemos materi al pa ra a elaboração das respostas que seguem.
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Beato Estêvão Bellesini, modelo de pároco santo B eatificado por São Pio X oito dias antes do Santo Cura d' Ars, foi o primeiro pároco na História da Igreja a ser elevado à honra dos altares
Fo i encarregado e ntão da sacri stia e da pregação, o que fa zia com unção e zelo, sendo seus sermões mui to aprec iados e co ncorrid os. G rave e nfe rmid ade o prego u ao le ito na época de sua o rde nação; e como e le desej ava arde nte mente recebê- la, esta ndo a inda mui to dé bil , na data marcada fez-se levar e m maca até a igrej a para a cerimô ni a, que teve lu gar no di a 5 de novembro de 1797. Como sacerdote, co ntinuo u suas pregações ainda com ma is fruto, confluindo público de toda a redo ndeza para aco mpanha r se u catecismo e seus sermões. A Revo lução, entretanto, chegou a Trento com a vitó ri a das armas de Napo leão, e os conventos fo ram a li fec hados. Para poder prosseg uir s ua pregação, o Padre Estêvão precisaria prestar um juramento ím pio, seme lhante ao da Co nstitui ção Civ il do C lero, na Fra nça. Obvia me nte, recusou-se de modo peremptóri o a faze r tal juramento.
ças pôde, de ambos os sexos, especialmente da classe pobre". 1 Ini c ia ass im sua Scola per gente (Escola para as gentes, como a passara m a cha mar os meninos), o nde os a lunos pobres recebi a m tudo, desde li vros até o pão. As cl asses e ram separadas para meninos e meninas. O fim que o Beato se havi a proposto, ao abrir tal esco la, era o de educar cri stã me nte e no santo temor de Deus a juve ntude. Por isso, a lém de
Zelo para salvar a juventude da corrupção Não podendo mais ded icar-se
t '
este ano comemora mos o 230º ni versári o de nasc ime nto do Beato Estêvão Bellesi ni, celebrando-se sua festa a 3 de fevereiro. Filh o de José Bellesi ni , notári o em Trento desce ndente de a ntiga famí1ia espanho la, e de Maria Orsola M eich lpeck, de ilustre casa belga, esse be m-aventurado nasceu na c idade de Trento, ao norte da Itália (então te rri tório au tríaco), no d ia 25 de nove mb ro de 1774. Recebe u no bati smo o no me de Luís. Alegre , saudável, aplicado, piedoso, L uís passou a infâ ncia e parte da adolescênc ia j un to aos pais , estuda ndo e m esco las locais. Dele só temos notíc ia quando, aos 17 anos, consegui u convencer o pa i a deixá- lo entrar no nov ic iado agostin ia-
N .ª
Acima : urna contendo o corpo incorrupto do Beato. No página seguinte: miraculoso afresco de Nosso Senhora do Bom Conselho de Genozzano .
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CAT OLICISMO
PUNIO MARIA SOLIMEO
no do convento de São Marcos, no q ua l seu tio matern o e ra s uper ior. Mu do u então seu no me para Estêvão. De Trento fo i para o novi ciado e m Bolo nha. U m ano depo is fez s ua profissão so lene.
Catequese e pr egação cm 1'J•cnto Depo is de breve estada em Ro ma, Estêvão retorno u a Bolonha, onde estudou filosofia e teo logia. Ali recebeu o subd iaco nato. Porém, a tormenta revo luc io nári a q ue sac ud ia a Fra nça penetro u nos Estados Pontifíc ios com as tropas de Napoleão . No fi na l de 1796 fo i proc lamada a rep úbli ca em Bolo nha. Os frades fora m expul sos, e seus be ns co nfiscados. Estêvão Belles ini vo ltou para seu co nvento em Trento, onde ainda rein ava a tranq üili dade.
à pregação, vo lto u-se então para
de Deus, nesses ternpos calamit.osos, observado que os polílicos tinham-se dedicado a corromper e subverter a j uventude, e que para isso tinham introduzido nas escolas públicas professores e ,nestres suspeitos de pertencer à seita maçônica, os quais insinuavam aos escolares suas máx imas contra a Religião, ele, para impedir do melhor ,nodo que podia esta destruição, em.pregou toda a sua atividade, indústria e caridade, recolhendo quantas crian -
Após a perseguição, reconhccimcnto ele suas virtudes As escolas dos concorrentes andava m vazias. O que fez co m que se inic iasse uma ca mpanha de difa mação contra o Padre Estêvão. Ca luni avamno, injuriavam-no quando passava pelas ru as, chegando a atirar-lhe pedras. Denunc iaram-no por fim ao governo, mas este, que conhec ia be m o Pe. Bell es ini , aprovou e louvou seu trabalho. Aos poucos as outras esco las ti veram que fechar, permanecendo como única escola comunal em Trento a do Beato. Em 18 12 o governo no meouo diretor gera l de todas as Escolas do Tre ntino, compreendendo inc lu sive as Escolas Norm ais. O Pe. Estêvão estabeleceu que e m cada cl asse de s ua esco la ho uvesse do is livros: um Livro de Ouro e outro Livro Negro. No pri me iro, deveri am ser inscri tos os no mes dos a lunos mais capazes e ma is hábe is, mas - deta lhe singul ar - também o daq ue les que, apesar de fracos no estudo, "pela
sua diligência e fadiga, fi zeram tudo o que podiam ", po is ta nto
a juventude. Obri gado a retornar
à casa paterna, que era mui to espaçosa, pensou logo em tra nsformá-la em esco la gratuita para j ovens que tinham ficado à marge m dos estudos, de todas as c lasses soc ia is, princ ipa lmente as mai s pobres . Dec lara seu irmão Ângelo, no processo de beatificação: "Tendo o servo
co nfi a r muito na Providê nc ia Di vina, a fim de conseg uir os me ios necessários para manter sua casa.
ap render a ler e a escrever, os a lunos receb iam també m aul as de catec ismo. Em pouco te mpo, passa ram a freqüe nta r sua esco la quatrocentas a qui nhentas cria nças. Estêvão Be ll esini não era um santo triste. Seus conte mporâneos o descrevem co mo "jovial e alegre", "ri-
sonho e aprazível", "sempre longe das duas extremidades - severidade e condescendência". Ele !lão tinha e m vi sta senão a ma ior g lória de Deus e o bem material e esp iri tual das cri anças. Num te mpo de convul são, com a casa sempre cheia ta mbém de so ldados a quem dev ia a lime ntar, o Beato tinh a q ue desdob rar-se e sobretudo
un s qu anto outros de mo nstraram exempl aridade de condu ta . E por isso merecia m ser ho nrados. No Livro Negro, deve ri am ser reg istrados os que ti vessem má conduta, sobretudo os que profe ri ssem palav ras indecentes ou q ue ro ubassem a lgo do vi zinho. Estes, se re inc idi ssem na fa lta, seri am expul sos.
/\pelo da vocação de r eligioso e exímia aceitação Quase tudo corri a a co nte nto para o Beato Be lles ini . Mas ne m tudo. Entrara e le pa ra a O rde m dos agostini anos vi sando, sobretudo, to rn ar-se um re li g ioso. E isso não e ra poss íve l e m Tre nto, o nde o convento de São Marcos pe rmanecia fec hado. Soube e le,
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entretanto, que Pio Vil voltara a Roma, e que a maioria dos reli giosos também haviam retornado a seus conventos na Cidade Eterna. Ele decidiu dirigir-se para lá, a fim de viver sua vocação de filho de Santo Agostinho. Para evitar que o retivesse m, fez tudo em segredo. Quando chegaram as férias de 1817, ele partiu sem dizer a nin guém para onde vi ajaria. ,Ao tomar conhecimento da " fu ga" do Beato, o governo austríaco , para tê -lo de volta, fez- lh e várias promessas de cargos honoríficos e altos salários. Mas o coração de Estêvão já estava noutro lugar. Em Roma, no convento Sanlo Agostinho - o princ ipal da Ordem - foi ele des ignado Mestre de Noviços, cargo que exerceu depois também em Città della Pieve, na Umbria e mais tarde em Genazzano. Um de seus noviços declarou : "Era amável com todos; a sua mansidão, sua afabilidade e j ovialidade, unida à graça no dizer; o tomavam caro e querido de quemtos dele se aproximavam". E assim o descrevem na época: "É de alta estatura, grave no comportarnento, olhos neg ros, bela face, simpático de fisionomia, com uma palidez que deixava conhecer quão débil era o invólucro corpóreo no qual, no entanto, habitava tão grande espírito ".
Junto à Mãe do Bom Conselho de Genazzano Finalmente, tendo sido restabelecida a vida comum no convento de Gen azza no, Estêvão Be ll esini nele fo i admitido, sendo des igna-
do Mestre de Noviços. Acumulou ao mesmo tempo, por gosto, a função de sacristão. Demonstrou aí um empenho amoroso pela be leza e decoro do santuário e do culto. Em 1831, tendo 57 anos de idade, foi des ignado pároco . Como tal , "prega, ensina o catecismo, assis-
Nove central do Santuário de Nosso Senhora do Bom Conselho de Genozzono
te os doentes, visita as famílias, pede cijuda aos amigos de Roma e de Trento para a população pobre, fanúnta , sobrecarregada pelas taxas e tributos". 2 Tornou-se o sustentáculo da vida comum , o pai dos pobres, o consolador dos afl itos. Era cena muito comum na cidade de Genazzano ver-se o Beato com um feixe de lenha às costas, dirigindo-se a algum tugúrio. Chegava a dar a própria vestimenta aos destituídos da fortuna , quando não tinha outra coisa à mão. Belles ini tinha feito um compêndio do catecismo, fácil de ser memorizado, com todos os artigos da fé. Junto à ajuda material, dava assim também aos necess itados a espiritual.
Devotíss imo do Santíssimo Sacramento, era diante do tabernáculo que hauria a força necessária para seu apostolado. Sua outra terna de-
voção era para com a Mãe do Bom Conselho, a Quem ele recomendava todos seus paroquianos.
l)esenlace do sel'vo fiel à Santíssima Jlirgem O Beato Bellesini foi vítima de sua caridade para com os empestados. Depoi s de uma visita a um deles, se ntiu -se depauperado e febril. Mas continuou suas funções até uma se mana antes de entrega r a Deus seu espírito. Qu ando, na tarde do dia 2 de fevereiro, sentiu chegar o últim<:, momento, pediu a vela benta e quis pôr-se de joelhos, para recitar as últimas orações: o terço, a coroinha da Madonna della Cintura e a Novena da Purificação. A alguém que lhe di sse ser melhor não se fatigar, respondeu: "Como?! Hoje devo apresentar-me para be!jar os pés de Maria Santíssima sem ter rezado o terço, a coroinha, e feito a meditação apropriada?" Ao canto do Magnijicat, entrou em agonia, e pouco depoi s comparec ia para oscular os pés de sua Augusta Senhora. Foi beatificado pelo gra nde Papa São Pio X, em 27 de dezembro de 1904. 3 •
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E- mai l do autor: Jm so lim -o
Notas:
uol.com .br
l. Vi co Ste lla , Una vita per gli a/1ri - Bea10 S1efa no Bellesini, pároco agos1i11.iaSantuário Madre dei Bu o n Consigli o, Genazzano, Picco le Arti Grafiche, Ro ma, p. 10. 2. D. Ric c a rdi , Un San.lo Ji-c1 pove ri e ragazzi - Vita dei B. Stefa no Bellesin i, Ancora, Milano, 1970, apud Vico Stell a, op. c it. , p. 3 1. 3. Pe. José Leite, S.J ., San/o.~ de Cada Dia, Ed itorial A.O. , Braga, 1993, vol. l, p. 171. 110,
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INFORMATIVO RURAL Justiça coíbe ilegalidade na Reforma Agrária
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Reservas indígenas ameaçam habitantes de Roraima
No caso das desapropriações de terras, o INCRA habitualmente só paga muito depoi s ... quando paga. O resultado é que os precatórios se acumu lam un s sobre os outros. A fim de evitar favorecimentos ilícitos, existe uma determinação legal de que os precatórios sejam pagos na ordem cronológica em que são contraídos. Entretanto, um fazendeiro goiano descobri u que estava havendo uma quebra na ordem cronológica de pagamentos, e que ele estava sendo preterido. Entrou na Justiça e ganhou . Por determinação da 6" Vara Cível da Justiça Federal de Goiás, foi-lhe concedida medida li minar contra o INCRA , em 11 de novembro suspendendo o pagamento dos demai s precató~ rios ex istentes e a emi ssão de novos Títulos da Dívida Agrária (TDAs) em todo o País, enquanto não fosse pago seu precatório. O INCRA entrou com recurso (agravo de instrumento), mas o Superior Tribunal de Justiça manteve a liminar e negou efeito su. pensivo ao rec urso. 1 Segundo o advogado do fazendeiro, o problema maior para o órgão da Reforma Agrária é que possivelmente existam outros casos de preterição de pagamento em vários Estados, o que pode ocasionar uma enx urrada de ações contra o INCRA, que não vai ter como pagar tudo de uma vez. O que há por detrás dessa inversão da ordem de pagamentos? Favorec imentos ? Caos no INCRA? Não sabemos. Mas o certo é que empreendimentos altamente estati zantes, como a Reforma Agrária, podem faci lmente gerar uma e outra coisa.
"A sobrevivência de milhares de cidadãos de Roraima está ameaçada, em fun ção da política de demarcação e desocupação de terras indígenas promovida pelo governo f ederal ", alertou a deputada Maria Helena (PPS-RR), falando na tribuna da Câmara 3 • Ela informou que, em decorrência das ações movidas pela FUNAJ, Ministério Público e Advocacia Geral da União, deverão ser desocupados lOO estabelecimentos comerciais de Pacaraima, município que fica dentro de uma reserva indígena. O número de ações previstas para 2004 é de mil , visando retirar os não-índios. A situação ficará ainda mais grave caso as reservas Raposa e Serra do Sol sejam demarcadas em área contínua, pois os habitantes não-índios de Normandia, Uiramutã e Vila Surumu também serão retirndos. Como bem advertiu Plinio Corrêa de Oliveira em seu famoso livro Projeto de Constituição Angustia o País (1987), os índios se transformaram, pela atual Constituição, em "um grupo privilegiado, a verdadeira 'aristocracia' do Brasil de nossos dias", diante da qual todos os interesses devem curvar-se, ainda os mais legítimos. 3. Cfr. "Jorna l ela Câmara", 26- 11 -03 .
.,..,....
1. Cfr. Suple mento Agrícola ele "O Estado ele S. Paulo" , 17- 12-03.
Invasões de Lerras levam a assassinatos A Comi são Pastora l da Terra (CPT) chegou à conclusão de que no último ano Uaneiro a novembro) houve o maior número de assassinatos já reg istrado no campo nos últimos 13 anos, um acrésc imo de 77,5 % em rel ação ao mesmo período de 2002. Houve simultaneamente um recrudescimento das invasões de terras, que cresceram 86,3% comparando os mesmos períodos. A própria CPT aponta como causa da intensificação dos assass inatos as ações dos semterra, que provocam a reação dos fazendeiros .2 A conclusão óbvi a é que seria preciso tomar medidas drásticas contra as invasões. Mas essa conclusão não se tira! Por quê?
..;
Índios lonomânis
2. C fr. Folha ele S. Paulo", 18- 12-03.
CATOLICISMO
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Já aos 15 anos e leproso, <lel'l'ota islamitas De 26 de junho a 29 de julho do ano de 1176, o sul tão Sa lad in o assedi o u a c idade de A le po. Balduíno IV, que na ocas ião contava ape nas 15 a nos e a lepra não hav ia ainda minado suas e nerg ias, partiu em socorro daque le bastião cri stão, coadjuvado pelo Conde de Trípoli , Ra imundo lJl. Juntos, conquistaram g rande vitó ria sobre os muç ulmanos. "Assim, mesmo sob o reino do pobre
Balduíno Iv,
E sse jovem monarca, quase desconhecido na História, foi entretanto dos mais heróicos cruzados e protótipo de soberano virtuoso, comparável a São Luís IX 1 JOSÉ M ARIA DOS SANTOS
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CATOLICISMO
Fé e h eroísmo: causas <le vitól'ia i11imagi11ável
adolescente leproso, mesmo em presença da unidade muçulmana quase inteiramente reconstituída, a dinastia f ranca da Síria manteve os inimigos em. cheque. Apesar de sua e,~f'ermidade - logo ele não viajará mais senão em liteira - , Balduíno IV, precocemente amadurecido pela dor, demonstrou uma força de alma diante da qual a História deve se inclinar com respeito " 3 •
de Jerusalém, O Rei Leproso
alduíno, filh o de Amaury l de Jerusa lém e de ]nês de Courte nay, nasceu no ano de 1160 na C id ade Sa nta, Jerusa lé m. Apesa r de o casa me nto de Am aury te r sido anul ado por questão de parentesco, os filhos dele nascidos, isto é, Amauri e S ibila, fora m considerados legítimos herde iros da Coroa. Um di a e m que Ba ldu íno brincava de guerra com outros me ninos de sua idade, seu precepto r noto u que, enquanto os de mais gritavam quando eram atingidos, e le parec ia nada sentir. Perguntando- lhe a razão d isso, o me nino respondeu que os outros não o fe ri am, e po r isso não manifes tava do r e não gri tava. Mas, re parando o precepto r e m suas mãos e braços, percebe u que estavam adormec idos. O re i fo i in fo rm ado e ma ndou vir os me lho res méd icos, que mini straram e mpl astros, ungüentos e outras medi c in as à c ri a nça, sem alca nça r e ntretanto resul tado a lgum . Era o começo de uma doença que iri a progredir à medi da q ue Balduíno fosse crescendo. Em suma, esse me nino tão be lo, tão ajuizado e j á tão sábio fora atingido po r um mal terríve l, que se reve lo u logo: a lepra, que lhe vale rá o trág ico cognome de o Leproso.
fracassar a ali ança e compro meter ainda mais os inte resses cri stãos na Terra Santa.
Dilicul<la<les: <loença, <livisão intema e I slã
Morte de Balduíno IV, Rei de Jerusalém
Com a morte pre 1i1atu ra de Amaury, Ba lduín o fo i ac lamado rei aos 13 anos. Nessa época e le era um ado lescente e nca ntador, o ma is cultivado dos prínc ipes de sua fa míli a, "dotado de uma grande
vivacidade de espírito, se bem que gaguejando ligeiramente corno seu. pai, e de um.a excelente memória", escreve seu hi storiado r e preceptor, Guilherme de Tiro 1• "O reino desse infeliz jovem, de J 174 a 71 85, nãofoi senão uma longa
agonia. Mas uma agonia a cavalo.face ao inimigo, toda enrUecida no sentimenlo da dignidade real, do dever cristão e das responsabilidades da coroa nessas horas trágicas em que o drama do rei correspondia ao drarna do reino" 2 . Com efeito, o clima deste era de
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"O reino desse infeliz jovem não foi senão uma longa agonia, toda enrigecida no sentido da dignidade real, do dever cristão e das responsabilidades da coroa"
Progredindo a lepra, Ba lduíno viu a necess idade de asseg ura r sua sucessão. Para is o só havi a suas duas irmãs, Sibila e [sabe i. Esta última era filha do seg undo casa me nto de seu pa i. Sobre Sibila, a mais velha, repousava em partic ular o futuro da clinastia, po is, segundo o costu me do país, seu esposo seria rei de Jeru sa lém. A esco lha do esposo reca iu sobre o príncipe piemonLês G uilh e rm e Lon ga-Espada , um dos mais nobres da C rista ndade, primo do Imperador Frederico Barba rroxa e do Rei da França, Luís V I 1. Tal casamento, q ue se rea lizou cm l 177, foi efêmero, po is Gui lherme fa leceu três mesc.· depois, deixando sua 0 jovem esposa à espera de um .g he rd e iro, o íuluro Ba lduíno V. Esse nascime nto póstu mo, tra- 0 zendo como conseqüênc ia para o reino uma nova regência, só poderia enfraquecê-lo a inda ma is. E nquanto isso, Balduíno IV apresso u-se em re no va r a alian ça com o Imperado r bizantino M anue l omc no para, juntos, invadirem o Egito. As c irc un stâncias pareciam favo ráveis, em virtude das hoslili cladcs que Salacl ino estava sofre ndo na Síri a naq uela ocasião. Entretanto, como a lepra impedi a Balduíno ele comanda r a exped ição, e le ofereceu o comando ao Conde Fe lipe de A lsác ia, que se ncontrava e m Jerusa lé m com seus ho me ns. Mas este, para surpresa gera l, não aceito u o convit . Julga- e que Felipe queri a suceder ao re i leproso, sendo se u primo. Sua rec usa fez
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insubordinação, mu itos procurando seguir apenas seus interesses pessoais. Foi • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • essa funesta di visão entre os cristãos que levou, pouco depois, à perda de todos os re inos que hav iam sido conqui stados pelos cruzados na Pa lestina.
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Duzentos cavaleiros cristãos, liderados pelo Rei Balduíno, vencem 20 mil sarracenos
E m J 177 Balduíno, cede ndo às instânc ias do Conde de Fla ndres, emprestou-lhe grande parte de suas tropas para que este te ntasse um a ex pedi ção contra Ha mas. Sabendo que Jerusalé m estava ass im desguarnecida, Saladin o reuniu todas suas tropas para invadir o re ino cri stão. A situação neste era trágica. Ba lduín o não di spunha senão de 500 cava le iros. Po r o utro lado, o Condestáve l Onfroi de Toro n, que o pod ia ajuda r na direção da defesa, caiu graveme nte doente. Nessas ci rc un stânc ias qu ase desesperadas, o j ovem re i le proso fo i heróico. À aprox im ação do inimigo, reunindo tudo que pod ia e nco nt ra r de co mbatentes, saiu co m a re líqui a d a Santa C ru z e chegou a Ascalo n. Mando u uma orde m a Jerusalé m e a todo o re ino, convocando todos os ho me ns capazes de portar armas a re unirem-se a e le. Mas, qu ando o refo rço se aproximava da C idade San ta, fo i ca pturado por Sa ladin o. Julga ndo-se j á dono da situ ação, o sul tão ismaeli ta permitiu que suas tropas se d ispersasse m, pilhando, matando, faze ndo pris io ne iros por toda parte. Ébri o pe lo sucesso, Saladino mostrouse de um a c rue ldade in a ud ita. Mando u reunir os pri sio ne iros e lhes es mago u a cabeça. Certo de que os fra ncos estava m reduzidos à impotênc ia, o sul tão protegeuse atrás das mu ralhas de Ascalo n, qua ndo viu aparecer subitamente o rei le proso e seu pequ eno exército. Tinham eles anteri ormente perseguido os muç ulmanos esparsos, derrotand o-os.
Após a batalha, ação de graças no Sa11to Sepulcro Os cruzados caíram como um raio sobre o exérc ito de Sa ladino. "Ágeis como lobos, ladran-
do como cães, atacaram.em massa, ardentes como a chama" 4, com a re líquia el a Santa Cru z à fre nte, portada pelo bispo de Belé m. Os cri stãos tiveram a impressão de que a C ru z cresc ia até tocar o céu. O croni sta siríaco Mi g ue l, Patriarca da Igrej a j acob ita, co nte mporâneo dos acontecimentos, assi m descreve u a mil agrosa bata lha ele Mo ntgiFEVEREIRO 2004 -
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sard: "O Senhor teve piedade dos cristãos. Todo
mundo tinha perdido a esperança, porque o mal da lepra começava a aparecer no jovem rei Balduíno, que enfi"aquecia, e desde então cada um trem.ia. Mas o Deus que fazia aparecer sua força nos fracos inspirou o rei doente. O resto de suas tropas reuniu-se em torno dele. Ele desceu de sua montaria, prosternou-se com a face contra a terra diante da Cruz e rezau com lágrimas. À vista disto, o coração de todos os soldados se enterneceu. Eles estenderam todos a mão sobre a verdadeira Cruz e juraram jamais fugir; e, em caso de derrota, olhar como traidor e apóstata quem fugisse em vez de morrer. Montaram. de novo nos cavalos e avançaram contra os turcos, que se regozijavam, pensando já os ter derrotado. Vendo os turcos, de quem a força parecia um mar, os francos deram-se mutuamente a paz e pediram uns aos outros um mútuo perdão. Em seguida engajaram a batalha. No mesmo instante o Senhorfez cair violenta tempestade, que levantava a poeira do lado dos francos e a lançava no rosto dos turcos. Enteio osfrancos, compreendendo que o Senhor havia aceito seu arrependimento, tomaram coragem, enquanto os turcos deram. meiavolta e fugiram. Os francos os perseguiram, matando e massacrando durante o dia todo" 5 • Somente a fidelidade dos mamelucos salvou Saladino de morte certa. Balduíno IV retornou a Jeru salém como triunfador e foi re nder graças ao Deus dos Exércitos na igreja do Santo Sepulcro. "Jamais vitória
cristã mais bela tinha sido infligida ao Levante, e todo o mérito voltava-se ao heroísmo do rei, cuja juventude [tinha então 17 anosJ, triu,~fando por um instante do mal que corroía o corpo, igualouse em maturidade a um Codo.fredo de Bouillon ou a um Tancredo" 6 •
Coragem e resignação ante a devastação ela lepra Balduíno continuou a infli gir derrotas aos islamitas, embora não pudesse vencer a luta que se travava em seu próprio corpo entre a lepra e as partes sãs. Aquela o deformava de tal maneira, que assim é descrito por um hi stori ador, e m 1183:
"Do belo menino louro, que nove anos antes havia recebido com fausto a coroa, não restava senão um inválido, um ser decaído, repugnante. O belo rosto não era senão placas de carne marrom.fechando três quartas partes das órbitas, das quais todo olhar fugira para sempre, cortando-o do mundo, mergulhando-o numa noite eterna. Suas mãos elegantes estavam reduzidas ao estado de cotos. Seus dedos amortecidos haviam caído uns após outros, putrefatos. Seus pés haviam CATOLICISMO
tido a mesma sorte e estavam como encolhidos pelo mais cruel dos torcionários chineses. Cobe rto de placas e bolhas, o resto do corpo não estava d(/er~~te para se ver. {. .. ] Ao preço de esforços por vezes espantosos, ele continuava a assumir seu papel de rei. Jamais havia faltado a um combate, jamais fugido a uma responsabilidade" 7 • Balcluíno lV, o rei heróico e virtuoso, semelhan-
Saladino, sultão do Egito, enfrentou Balduíno IV várias vezes, sendo sempre derrotado
Ü mais recente milagre de Lourdes reconhecido pela Igreja leva-nos a uma reflexão sobre a grande conversão prometida por Nossa Senhora de Fátima em 1917
te ao admirável monarca francês São Luís IX, e cuja vicia não foi senão uma lenta agon ia, entregou a Deus sua alma pura no mês de março de l l 85, aos 24 anos ele idade. "Tendo mantido até seu últi-
mo suspiro a autoridade monárquica e a integridade do reino, soube também. morrer como rei" 8 • • E-ma il do auto r : RevCato lic is mo@ uo l.co m.br
Notas: 1. René Gro usset, Histo ire des Croisades et du Royawne
2. 3. 4. 5.
6. 7. 8.
Fnm c de .lérusa/em, Pari s, Librairi e Plon , Les Pe tits-F il s ele Plon et Nourrit, 1935, p. 610. ld. , ib., pp. 6 10-61 1. ld. ib., pp. 632-633. ld. ib., p. 658. Michel te Syrien, Ili , p. 375. apucl René Grou sset, op. ci t. , p. 657. Re né Grou sset, op. c it. , p. 663. Domin ique Pa ladi lhe, Le Roi Lépreux, Perrin, Paris, 1984, apud Gregório Lopes, Catolicismo , abril/1 992. René Grousset, op. c it. , p. 744.
Luls DuFAUR que sente o .doente quando é objeto de um mila gre co mo os de Lourcles? Uma consolação? Uma lu z? Uma dor? O le itor já imaginou? Sem dúvida, as impressões variam muito em funçã o ela s doenças e elas situações. Contudo, a descrição cio último milagre ele Lourei s oficia lme nte reconhecido pela Igreja chega até nós co m detalhes que arrepiam , comovem e in spiram uma refl xão . Em 1987, Jea n-Pierre Bé ly (foto à direita) era um parap lég ico em fase te rminal. Hoje esbanja saúde. Ele descreveu sua miraculosa cura nos mínimos detalhes, com uma singe leza toca nte.
O
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Primeil'os sh1tomas <le grnve enl'enni<la<le Bély mora e m La Couronne, perto de Angoulême, no inte ri or da França. Na entrada da s ua casa, uma gruta de Lourdes em miniatura recebe o visitante. A mobília é discreta e tradicional, típica da pequena burguesia provinciana. Há uma imagem de Nossa Senhora e duas fotos: uma de Santa Bernadette e outra de Santa Teresinha. Tudo está arranjado despretensiosamente. O amb iente nada tem de comum com o de m.isticos, visionários, ou alumbrados, os quais, infelizmente, não são poucos nestes conturbados dias de fa lsas aparições, pretensos prodíg ios e pseudo-revelações. E le nasceu em l 936. É casado e pai de dois filhos. Trabalhava como enfermeiro no hospital de Angoulême quando, em 1972, a doença manifestou nele seus primeiros sintomas. Começou a sentir fadiga , formigamentos nas mãos e nos pés. Numa manhã de 1984, acordou com todo o lado direito do corpo paralisado. Era a esclerose em placa, enferm idade degenerativa do sistema nervoso que conduz a uma dolorosa morte. "É uma doença desmoralizadora - narra e le - , que avança aos pulos. A pessoa acredita sentir-se melhor, e depois, subitamente, ó estado de saúde piora. Por .fim eu linha os punhos tão deformados , que já não podia mexer mais as mãos " 1• Em 1987, seu quadro clín ico era desesperador. O sistema de saúde público CATOLICISMO
o tinha declarado 100% inepto a título definitivo, e pagava um assistente para suas necess idades básicas como a lime ntação, higiene, etc. Ele era transportado em maca. Em 5 de outubro daquele a no, Bély peregrinou a Lourdes. Quatro dias depois, tudo ia mudar.
A unção <los e11l'ennos e a paz intel'ior Bély estava no fim da peregrinação, e só piorava. Seus aco mpanha ntes temiam que morresse antes de voltar. Deixemos o miraculado descrever o que sentiu. "Eu estava sobre a esplanada diante da Basílica, deitado numa maca. Era a cerimônia da unção dos doentes. O ambiente era extraordinário. Eu tinha a impressão de viver intensam.ente o momento. Após receber a extrema-unção, senti uma paz, uma alegria, uma serenidade extraordinárias. Como se tudo o que havia de m.au na minha vida me tivesse sido tirado: meu esgotamento, minha ansiedade, meus escrúpulos ... Eu estava exultante, desligado do mundo. Tinha a impressão de .flutuar: Sentia-rne alheio ao mundo. Meu corpo não interessava. Posso dizer que recebi a cura do coração antes que a do corpo. Essa paz, essa se renidade não me deixaram ,nais. E todos os dias tenho a impressão de reviver esse momento. "Os maqueiros me levaram para o quarto. Quando me deitaram na cama,
Milhares de doentes (foto acima , à esquerda) como Jean- Pierre Bély (acima) procuram a cura aos pés de Nossa Senhora de Lourdes
voltei aprestar atenção no meu cmpo. [... ] Senti frio. Não era um frio que vinha de fora, mas a impressão de afundar num buracofrio. Parecia-me que ia morre,: [... ] Mas depois, de uma só vez, senti um. calor nos artelhos, como uma luz longínqua que cresce, aquece e devolve a vida. Esse calor subiu progressivamente pelos rneus pés, pelas minhas pernas, pelos meus músculos, por todo o meu corpo. À medida que ele ia subindo, era como se a vida voltasse. Eu tive a impressão de que era puxado pela pele das costas e tirado fora daquele buraco _ji-io. Tudo isso deve Ler sido muito rápido, mas eu não tinha noção do tempo. Num instante senti-me como que puxado para cima, e vi-me sentado à borda da cama, perguntando-me o que é que eu .fazia lá. Meticulosa <lescrição <lo impl'essio11ante milagre
"À tarde, conduziram.-me de m.aca à cerimônia de encerramento da peregrinação. Lá, fui dominado por uma vontade irre.fi·eável de me levantar e de caminha 1: Mas, vendo em torno de mim todos os outros doentes de maca, tive medo de chocá-los. Desde aquele momento, decidi agir discretamente" 2 . "Naquela noite fui acordado delicadamente. Senti que alguém me tocava.
Julguei que era a enfenneira da noite, que queria colocar-me o coberto,: Então aco,dei e não vi ninguém. Ouvi o sino da Basílica tocar três vezes. Mais tarde, interroguei a e,~ferrneira sobre o fato, m.as ela disse não se lembrar de me ter coberto durante a noite... "Com.ecei então a relernbrar todos os acontecimentos da pereg rinação, quemdo me veio uma idéia inesperada, e que se apresentou a rneu espírito como uma ordem, um convite: 'Levanta-te e caminha!' Eu julgava esta r irnaginando coisas; além disso, levantar-me em plena noite, quando eu não tinha nenhuma necessidade! Eu estava bern. aconchegado e não sentia nenhurn incômodo... Virava-me na cama, tentando afastar essa idéia de m.eu espfrilo. Fechei os olhos, tentando voltar a don·1·1i1: Mas era impossível. O apelo voltava, mais insistente, mais premente que a prim eira vez. Tudo isso me deixava ,na/ à vontade ... Viravame e revirava-me no I •iro ... O apelo tornou-se firm e. O que eu ouvia não eram palavras, m.as era como se alguém rne f alasse sem. dizer palavras. É diffcil explica,: 'Vamos, levanta-te, é a hora, caminha!'" 3 "Vendo que eu 111e movia no leito, a e,~fermeira do noit , perguntou-rne o que eu tinha. Disse-lhe que desejava leva111ar-me para ir à toilcllc . /E caminh ei pela primeira vez. ma simplesmente segurava -11,e pelo braço. Dei os meus primeiros passos na noite, como urn bebê que aprende a carninlw r" '1•
nóstico, mas confessa que a cura é inexplicável. Na paróquia, as pessoas choraram quando o viram voltar com suas próprias forças. Raymond, o carteiro, declarou à imprensa loca l: "Agora eu serei obrigado a acreditar no Bom. Deus! "
Pol'me110,'iza<lo e i11<lispe11sá, 1el inquérito mé<lico O bispo de Angoulême in sisti u para que Bély voltasse ao Bureau Médico de Lourdes um ano após a c ura . O inquérito durou 1 1 anos e consisti u numa lon ga série de exames médicos e psiquiátricos. "Queriam. ver se meu juízo era nonnal, se eu não era um iluminado ou urn místico". Cada ano, ele co mparecia diante de um auditório composto de 60 a 80 membros do Com.iLê Médico Internacional e respondia a um pinga-fogo de perguntas. "Alguns lentavam colocar cascas de banana - co nta Bély. Certa vez, um deles me disse: 'Então o S,:, desse jeito, viu a
Gra11llc s111·1u·,:sa ,m ci<la<le cio 111inu;11lmlo Bély narra c m s ·guida: "Eu nãoquisiraoBur·auM di code Lourdes. Mininti zei volu11/oria mente as coisas. N(I e.1·tr1çfio de trem de Angou/0111e, Of.:ltUrdei minha esposa nurno codcim de meios. No carro que me conduzir, à casa, expliqueilhe que meu estado cf , .w11íde li11/w melhorado. Quando me vi11 ,l'llbiros degraus da escada, ela entendeu" \ O Dr. Patrick Fonlanaud , qu cuidava de Bély, passou mal quando o viu sentado na sa la de espera. Fonlana ud a -
nheceu publicamente em nome da lgreja o caráter autêntico do milagre 8 • Singular paradoxo: o Estado francês, herde iro da Revolução de 1789, é ostensivame nte ag nóstico e laic ista. Essa posição face à Religião explica que mantenha a pensão e benefícios e m favor de Bély, pois prefere pagar qualquer preço a ter de reconhecer a ocorrência ele uma c ura inexp li cável. ..
Antece<lente <lo triun/'o <lo Imaculado Coração <le Mat'ia? A cura cio corpo, ins iste Bély, foi precedida de uma cura da alma. Uma como que conversão. Seu caso permite supor, guardadas as devidas proporções, como poderá transcorrer a imensa ação a ser efetuada por Nossa Senhora, que resul tará no triunfo do seu Imaculado Coração sobre a humanidade. Esta é a grande enferma da Terra. E e la não padece de uma doença qualquer, mas sofre as conseq üências de um espírito igualitário, de revolta e de sensuali dade - a Revolução - capaz de lançá- la numa ruína extrema , próxima da morte. Em meio a crises e padecimentos inenarráveis, a graça tirará do abismo moral as almas que se voltarem para a penitência, a oração e os sacramentos. E las poderão até resistir à graça, mas ouvirão de alguma maneira, o "levanLa-te e caminha", que JeanPierre Bély escutou tão imperativamente. E a humanidade regenerada voltará à se nda bendita da Santa Igreja e da Civi lização Cristã, no Reino do Imaculado Coração de Maria, profetizado por Nossa Senhora em Fátima. É um a ana log ia que o extraordinário caso de Jean-Pierre Bély sugere. • E-mail do autor: Lu is Du faur@netscape.ne t
San tíssima Virgem'. Respondi-lhe: 'É o S,: que o diz, não eu'" 6 . Em 14-1 1- 1998, o Comitê Médico /n/ernacional de Lourdes conc luiu tratar-se de "cura inesperada " e ' fato inabitua/ e inexplicá vel emfunção dos dados da ciência " 7• Em 9-2- 1999, o bispo de Angou lême, D. Claude Dagens, reco-
Notas: 1. " Le Monde", Paris, 22- 12-02. 2. lei ., ibid. 3. " Lourdes Magazine", nº 76, nove mbro de 1998. 4. " Le Monde", ibid. 5. lei. , ibid . 6. lei. , ibid. 7. http://www.lourdes- france.org/fr/frsa002 l .htm 8. http://www. lourdes- france.org/fr/frsa0085.htm
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6 São Guarino, Bispo e Confessor
+ Bolonh a, 115 9. Cô nego
1 Santo Henrique Morse, Márt ir
+ Inglaterra, 1535. Estudante em Londres, fugiu para a França para tornar-se católico, ordenando-se sacerdote em Roma. De volta a seu país como missionário, foi preso com o Pe. John Robinson, que o recebeu como jesuíta, fazendo ele seu noviciado durante os três anos de cative iro. Ex ilado, retornou à Inglaterra sob um pseudônimo e obteve muitas conversões. Preso e ex ilado mais uma vez, ainda retornou à sua pátria, tendo sido preso,julgado e esquartejado por ódio à Fé.
2 APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO E PURIFICAÇÃO DE NOSSA SENHORA (Nossa Sra. elas Ca11deias 011 Candclál'ia)
3 São Brás, Bispo e Mártir
ffi Beato Estêvão Bellesini (Vide p. 36)
4 Santo André Corsini , Bispo e Confessor
+ Fiéso le, 1373. Conve rtido pe las lág rim as da mãe, tornou-se grande pregador carmelita, depois Bispo de Fiéso le. Sua caridade para com os pobres fo i extrema.
5 Santa Adelaide de Bellicll, Virgem + Alemanha, 1015. Fundou e governou os mosteiros de Bel1ich e de Santa Maria, em Colônia. Sua virtude e prudência levaram Santo Heriberto, Bispo de Colônia, a consu ltá-la em todas as suas dificuldades.
agostiniano da Santa C ru z, renomado por sua santidade, fu g iu pela jane la do conve nto quando quiseram fazê-lo Bispo de Mortári a. Tendo passado 40 anos no conve nto de Mortária, em edificante observância re lig iosa, o Papa obrigo u-o a aceitar o Arcebispado de Palestrina. Primeira Sexta-Feira do Mês
7 São Lucas, o Jovem ou o Taumalw,go, Confessor
+ Grécia, 946. Só aos 18 anos a mãe pe rmitiu -lhe ir viver como ere mita num monte perto de Corinto. Co meçou então a atra ir multidões. Devido aos inúmeros milagres que operava, ficou conhecido como o Taumaturgo. Primeiro Sábado do Mês
8 São Nicetas, Bispo e Confessor
+ França, 61 L Amigo de São Gregório M ag no, restabeleceu a Sé de Besançon, para a qua l fora nomeado. Após a destrui ção da cidade pelos hunos, e la fora trasladada para Noyon, na Suíça.
9 São Nicéf'oro, Mártir + Antioquia, 260. Leigo, teve uma desavença com um sacerdote, Sabrício. Embora procurasse várias vezes obter o perdão do sacerdote, este sempre o recusou, mesmo na hora do mart íri o. Isto fez com que Sabrício fraq uejasse e, apesar das admoestações de Nicéforo, apostatasse. Nicéforo então declarou-se cri stão e morreu e m seu lugar.
sou qualquer adorno que pudesse ressaltar-lhe a beleza. Foi decapitada em ód io à Fé sob o Imperador Diocleciano.
11 NOSSA SENHORA DE LOURDES
12 São Bento de Aniane Abade, Confessor
+ Alemanha, 821. Abandonou a corte de Carlos Magno, torna ndo-se mo nge beneditino. A este santo deve-se principa lmente a redação dos câ nones para a reforma dos monges no Concílio de Aquisgrán, em 817. É conhec ido como o restaurador ci o monaquismo no Ocidente e co mo um segundo Bento.
13 Santa Catarina de Ricci, Virgem
+ Itália, 1590. Esta extraordi nüria santa entrou aos 12 anos no convento das Dominicanas em Prato; aos 13 foi nomeada M estra de No vi ças, depois s upe ri ora; e, aos 30, priora vitalícia.
14 São ,João Balista da Conceição, Conressor
+ Córdoba, 1613. Ingressando na Ordem dos Trinitários, co nstatou co m tristeza que suas regras primitivas estavam em decadência. Por isso, fundou um a casa de Descalços Reformados e m Valdepeí'ías, com aprovação de Roma, o que lhe causou perseguição e agressões físicas por parte de confrades relaxados.
16 Santo Onésimo Bispo, Miirli r + Ro ma, séc. I. Escravo de F ilemão, depois de roubar seu amo, fugiu para R oma, o nde encontro u São Paulo na pri são. O Apóstolo, após tê- lo convertido, mandou-o de vo lta a Filemão, pedindo a este que não o recebesse como escravo, mas como um irm ão (cfr. Col. 4, 7-9). Segundo São Jerônimo, Onésimo tornou-se pregador cio Evangelh o e B ispo ele Éfeso, sendo lapidado em Roma.
17 Sete Santos l•'11nclaclores cios Servita:,, Confessores + Florença, séc. X III. Estes comerci antes fl rcntinos tudo deixaram para seguir a Cristo, fundando para isso a Orde m dos Servos de Maria. Fora m tão uni dos cm vida , que são co memorados juntos depois ele sua morte.
21 São Roberto de Southwell, Má rt il'
+ Inglaterra, 1595. Grande poeta ing lês, tornou-se heróico missionário, coroando sua obra apostólica com o martírio. Prefe ito de estudos no Colégio Inglês de Roma, foi enviado a seu país como cape lão da Condessa Arme de Arundel, atendendo secretamente todos os cató1icos de Londres, inclusive alguns apri sionados na Torre ele Londres. Denunciado, passou três anos na prisão, sofrendo torturas e escrevendo seus pungentes poemas para encorajar os companheiros de cárcere. Foi enforcado e esquartejado em Tyburn.
J8 São Simão, Bispo e Confessor + Jerusalém, 107 . Fi lho de M aria C leofas, 1 rimo ele Nosso Senhor, sucedeu a Santiago Menor na Sé ele J rusa lém. Foi martiri zado sob o Imperador Trajano.
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São Cláudio de la Colombi61·c, Confessor
Santo Euquério, Bispo e Confessor
Santa Sotera. Virgem e Márt ir·
+ Paray-le-Monial, 1682.
+ Orleans, 743. Logo após ser
+ Roma, 304. Parente de San-
Confessor e Diretor espi ri tua l de Santa Margarida Maria Alacoque e Apóstolo do Sagrado Coração de Jesus.
nomeado B ispo ele Orleans, condenou abertamente Carlos M a rtcl po r seu costume de apode rar-se dos bens da Igre-
ministério sacerdotal por algum tempo, mas logo retirou-se a um lugar ermo para entregar-se à contemplação, jej um e penitência. Sua fama de mil agres logo atraiu-lhe visitantes ilustres, entre os quais o rei. Era o tempo em que os chefes ele Estado prestigiavam a santidade.
27 São Leandro, Bispo e Confesso!'
+ Sevilha, 596. lrmão de Santo Isidoro, "encarregado da formação do rei dos visigodos arianos, trouxe de volta toda a Igreja da Espanha para a verdade e unidade católicas" (do M artirológio Romano).
+ Worcester (Inglaterra), 992. M onge beneditino, indi cado p ara a di ocese de Worcester pelo Re i Edgar, por recomendação de São Dustan. Co mo Bispo, auxili o u este sa nto e Santo Ethelwolcl a revivescer a Re ligião católica na Inglaterra, encorajou a vida monástica e escolar. Fundou o mosteiro de Westbury-on-Trym e a Abadia de Ramsey, em Huntingdonshire. Nomeado também Bispo de York, ocupou ao mesmo tempo as duas dioceses, a ped ido de seus diocesanos.
+ Alemanha, 307 . Jard ine iro "vivia na solidão, santificando seu trabalho manual com orações e penitências, até ser preso e decapitado por causa de sua Fé" (do M artirol ógio Roma no) .
24 São Montano e Companheiros, Mál'til'eS
+ Cartago, 259. Estes sete di scípu los de São C ipri ano, quase todos sace rd otes, fora m aprisionados um ano após seu mestre, torturados e decapitados por ódio à Fé, sob o procurador romano So lon.
Intenções para a Santa Missa em fevereiro Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre Dav i Francisquini, nas se gu intes intenções : • Sup licando a N ossa Senhora de Lourdes que preserve o Bras il e as famí li as brasi leiras da violência socia l das invasões de terrenos ru rais e urbanos e das ci ladas do demôn io. E também que Ela prote ja especia lmente os jo vens que nos são mais próximos, da influ ência do tráfico de drogas e da im ora lid ade.
28
Festejar o trono de São Pedro é venerar, na pessoa de Pedro, os desígnios providenciais ele Deus, que o esco lhe u para chefe dos Apóstolos e primeiro pastor de sua Igreja.
São Sereno, o Jardineiro, Mártir
10
+ França, 6JO. Dedicou-se ao
Cátedra de São Pedro
+ Espa nh a, 798. Quand o o
20
26 São Vítor de Areis, Confesso!'
Santo Osvaldo, Bispo
23
Bispo de Toledo começou a pregar abertamente a heres ia nestoriana, o monge Beat , cio mosteiro de Liébana , e se u am igo, sacerdote Etcrio , depois Bispo de Osma, saíra m a campo para atacá- lo pela palavra e po r escritos. A santidade ele Beato brilhou na luta contra o Bispo heréti co.
25 QUARTA-FEIRA DE CINZAS Jejum e Abstinência, inicio da Quaresma
22
São Beato de Liébana, Conl'cssor
15
to Ambrósio, ainda jovem havia fe ito voto de virgindade; para melhor preservá-la, recu-
ja para suas guerras. Foi por isso ex il ado para Co lô ni a, Liege, e finalmente para o mosteiro de Saint-Trond, o nd e terminou santame nte seus di as.
29 São Gregório de Narck, Confessor + Narek (Turquia), 101 O. Arinênio, um dos grandes poetas da literatura universa l, ain da jovem e ntrou no mosteiro de Narek. Acusado de heresia, ressuscitou dois pombos assados com os quais queriam que e le quebrasse a abs tinê nc ia numa sexta-feira, o que provou s ua inocência.
Intenções para a Santa Missa em março • Q ue, pe los méritos da Anunc i ação do An jo e da Encarna ção do Verbo no seio pu ríssimo da Virgem Maria - festa ce lebrada neste mês - , Deus Nosso Senhor conceda todas as gra ças necessárias para a educação e preserva ção mora l das crian ças. • Que o g lorioso São José, protetor da Sa grada Família, proteja as famílias cató li cas, preserve e guarde de modo especia l as famí lias dos participantes da Aliança de Fátima e dos leitores de Catolicismo.
FEVE
www.tfp.org.br
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DiScordância respeitosa A TFP, mediante campanha de rua e documento publicado em diversos órgãos de imprensa, manifesta seu desacordo quanto à interferência indevida da Comissão Permanente da CNBB em assuntos temporais
Aspectos da campanha na capital paulista
Ü SCAR V iDAL
m plena Av. Pauli sta, de repente, ouvem- se gritos: " Fora TFP! Que
absurdo! Ser contra a Ref orrna Agrária! Onde estamos?' Eles são nazistas, não peg uen·1. o f olheto deles! ". A ss im esbravej ava, a todo pulm ão, um desgrenhado indivíduo, vestindo cami seta com a estampa de Che Guevara . E le procura va indi spor os transeuntes contra a T FP que, naquela reg ião da capi tal pauli sta, !'azia uma campanha de escl arec imcnl o sobre o novo Plano Nacional de Ref or/lia Ag,âria (PNRA) que se quer impor ao Bras il. Ao mes mo tempo, a entidade denunciava a posição agro-reformista da " o mi ssão I er manente da CNBB" e a arl icul ação ele fo rças da esquerda que vi sa m mprccnclcr uma radica l transformação da 'si rutu ra agrária do País. Curiosamcnlc, apesa r dos gritos do frenético fã de Che ucvara, aumentou ainda mai s o número ele pessoas que ped iam exemplares do manif' ·sto divu lgado pela TFP. O cheg uevaristo, percebendo que qu anto mai s gritava, mai s aumentava o interes_se e a simpati a para com a TFP, berrou desesperado: " Vi va Fidel Castm! " " Então vá prá '11ba!", replicou um jovem. O arruaceiro so llou um pa lav rão e sumiu clefinitivam cnt ', clcsccnclo a Ru a B ela C intra.
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Os membros fa TrP, cm diversos pontos centrai s ele São Paulo, fazia m di fu são ci o manifesto in titulado: Bispos
encaminham o País para a luta de classes e a revolução social? O documento foi pu bli cado prime i- · ra mente na " Folha de S. Paulo", em l 9 ele novembro, e depoi s m 27 periódicos (até o fechamento desta edição - vide relação ao lado) ele 12 es tados. D ispensamo- no ele res umir aq ui o tema cio mencionado man i fcsto, pois Catolicismo, em sua edição ele dezembro, reproduziu -o nas pp. 22 a 25. E pub lica na presente edição, às pp . 14- 17, matéri a apo nt ando alguns cios mai s desastrosos tópi cos do novo PNRA que, se integra lm nt c aplicado, poderá quebrar a extraorclin,í ria prod ução agrícol a no Bras il e levar o País à miséri a. • H-n111il do au tor: OscarVidal@terra.co
CATOLICISMO
1
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Manifesto da TFP reproduzido em órgãos da imprensa JORNAL
CIDADE
UF
DATA
"Folha ele S. Paulo" "Monitor Ca mpi sta" "O D iári o" "Fo lha ele Pa lmas" "Jornal cio Oeste" "Tribun a cio Vale" "Oeste Notícias" "O D iári o" "Gazeta de Toledo" "O Paraná" "D iário Catarinense" "Zero Hora" "O Repórter cio Para ná" "Jorn a l de Uberaba" "D iár io do Norte do Paraná" "A Ta rde" "Jorn a l cio Estado" "Corre io do Sul" "Gazeta do Povo" "Diário da Manl'lã" "Fo lha do Estado" "Corre io do Estado" "C inform" "Jorna l cio Toca ntins" "O X ingu" "O Povo" "Agora" "Jorn a l de Notíc ias"
São Pau lo Campos Ca mpos Palmas Toledo Sto. An to ni o ela Plat ina Presidente Prudente Ribe irão Preto Toledo Cascavel F loria nópoli s Porto A leg re Guarapuava Uberaba Marin gá Sa lvador Pouso Alegre Varg inh a Cu ritiba Ponta Grossa C ui abá Ca mpo Gra nde Aracaju Araguaina Go iânia Forta leza Teófilo Oton i Montes C laros
SP
l9- I 1-03 20- 11 -03 20- 1J-03 20- 11 -03 20- 11 -03 20- 11 -03 24- 11 -03 27- 11 -03 30- 1 1-03 2- 12-03 2- 12-03 4- 12-03 6- 12-03 l 2- l2-03 13-12-03 15- 12-03 19- 12-03 20- 12-03 20- 12-03 20- 12-03 2 1- 12-03 22- l2-03 22- 12-03 23- 12-03 1- 1-04 9- 1-04 16- 1-04 17- 1-04
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FEVEREIRO 2004 -
www.tfp.org .br
, MST é derrotado em júri simulado Emoutros tempos seria impensável: discussão sobre a legalidade ou não de invasões de terra - um crime previsto em lei - numa Faculdade de Direito
FÁBIO C ARDOSO DA C O STA
o final do ano passado, mais de uma centena de estudantes de Direito, na cidade de Duque de Caxias (RJ), um dos berços do MST, participaram do 4º júri simulado promovido pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) , que vem levantando temas polêmicos para formação de seus alunos. De um lado, defendendo o direito de propriedade, alunos cio 2° período. De outro, os colegas cio 8º e 9º períodos, parti dários da Reforma A grária. Cada lado tinha direito a duas testemunhas, uma de caráter científico e outra ele opinião. O MST levou um mili tante, invasor contumaz de propriedades, e uma advogada. Os defensores ela propri edade, cursando ainda o 1° ano, estavam perp lexos com a desproporção cio debate - a luta era ele Davi contra Golias. Entraram em contato com a TFP pe l o site (www.tfp.org.br) , pedindo ajuda ele argumentação e ele testemunh as , no qu e foram atendidos . Dr. Gregório Vivanco Lopes, advogado espec iali sta em assun tos agrários, e o j ornali sta Nelson Ramos B arretto - testemunha ocul ar cio fracasso ela Reforma A grária em mai s ele 60 assentamentos e autor do livro Ref orma Agrária, o mito e a realidade - fora m indicados pela TFP.
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A s testemunhas cios sem.-terra argumentaram, contrariamente à evid ência cio s fatos, que as invasões eram ocupações pacíjfr as de terras desoc upadas . Negaram todas as violências, agressões
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CATOLICISMO
e saques pra ti cados nas invasões. N ão convenceram ... Por outro lado, os ju rados fi ca ram impress ionados com a expli cação dada pelo advogado Vivanco L opes sobre os fundamentos ci o direito de propriedade e o verdad eiro sentido de sua função social, que consiste no bom uso ela propri edade e da livre iniciativa, gerando riqu ezas para o bem comum. Exatamente o
contrári o das propostas soci ali stas e igualitári as, que ó geram mi séri a. Exemplos de tal mi séria foram apresentados através de slides, pelo jornali sta Nelson Barretto, demon strando o fracasso dos assentamentos de Reform a A grária. Furibundo, o militante cio MST começou a vituperar e, juntamente com seu advogado, tentou interromper a exposição do jorn ali sta. O outro lado respon-
deu: "S,: Juiz, é a verdade que eles não querem ouvir! " O árbitro restabe leceu a ordem e assegurou a palavra à testemunha Nel son Barretto, para que continuasse sua exposição sobre a rea lidade dos assentamentos, ou seja, o surgimento de verdadeiras favel as rurai s em território naciona l.
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pois d ouvi las as testemunhas, cada lado di spôs d O minutos. O defensor do MST mi sl urou argumentos senti m nlai s sobr ' pobr za, excluídos, escravidão dos n ' •ros ' rn 1850, quando foi promul ' adu a l ·idas t rras no Império. Tentou confundir n ornpação pacífica do usucapi;.o ·0111 a aluai onda de invasões do M T. O cl ,f ,nso r do dir ' ito d propri edade com çou 1 ·mhrando o fat hi stóri co da invasão do l111p ·rio Romano no sécu lo JV pelos b:írhuros, qu ' saqu aram , destruíram os ·ampos ' as idades , matando se us huhi111n1 •s . 'o mparou aqu ela época ·om II siIu11c,;110 ulu al, cm que assistimos a un:í lo •u s in vasões, com uma di fcrcnçu: 0111 rnru ·ru111 bárba ros que se aprcscnlu v:im ·omo ltli s, hoj são bárbaro.- aulod •nomin udos s ·rn terra, di sfarçados ' nl mov im •111 0 socio /. A vio l ·n ·iu d11s inv11s< ' S foi ilustrada com 111111 rin s jorn 11 1ís1i ·as, denunci ando os 111 ·111bros do M ST por form ação de quadrilh11 111·11111<1 11, p •la violação ele domi cíl io, por ·011sll'lln ,i m ' ntos , r ubo qualiri ·11do · porl · il • •u i d ' arm as. r ' PI' 'Sl' I11 II111 · do M ST saiu antes ela scnl •I1c,:11 fin11I , d ·i x11 11do umu ·ari a ele prol ' slo 1111 qu 11 I urirn1ou qu • n· o teri a 1arti ·ipudo do jliri , ·uso 1i v ·ss • 'Onhc·im ·1110 pr vio d11 pr ·s •11ça da TFI . Sinal vid ·111 · d · l'rnqu ·zu! rcsu Ita do do a ·a lol'H lo d ·bal ', d mai s ele quatro horas, surpr ' ·nd ·u alguns, mas foi reve lador d ' umu r ·tdid·1de profunda exi stente para ai 111 dos r ' cintos acadêmicos: o verediclun, final d u a vitória, por cinco votos a doi s, à tcs' favorável ao direito de propri edade con tra as invasões . Era impensável, para os esquerdistas, qu ' s ' r ·pctisse em nossos dias a vitória I ' 1 nvi sobre Go l ias. E logo na diocese d ' D. M 11 11 ro Morelli ... • 11 11111il do aulor: fabcarcl @bol.com.br
Simpósios para jovens da 'fFP P rogramas de fé ria s para o setor juvenil da entidad e, realizados no mê s de dezembro, em apraz íveis local idades de Amparo e Jundia í, cidades do interior paulista BERNARDO M ARTINS / CARLOS ALBERTO PEREIRA
ovens da TFP, provenientes das cidades ele São Pau lo, Rio de Janeiro, Campos, Curitiba e Brasília, participaram, nos últimos dias ele 2003, ele um simpósio na Fazenda Morro A lto (Amparo-SP) . Os partic ipantes dedicaram-se ao estudo aprofundado de textos de reuniões, proferidas pelo fundador da entidade, Pl inio Corrêa de O l iveira, a respeito ela natureza, objetivos e métodos de ação da TFP, bem como sobre o papel histórico que a caracteriza, sua importânci a e a eficácia de suas atividades. O evento transcorreu num clima de reco lhimento, sendo o programa constituído por reuniões, pela manhã e à tarde, culminando com o cântico do Ofício Parvo de Nossa Senhora, ao fin al do dia. Esses di as de estudo encerraram se com chave de ouro: uma palestra cio Chefe da Casa Imperi al cio Brasil, S.A.J.R. Dom Luiz de Orleans e Bragança (foto acima).
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Nos mesmos dias, não longe daquele local, na sede campestre da TFP localizada na Serra do Japy (Jundiaí-SP), a entidade promoveu outra programação. Esta dirigida também a jovens, mas que apenas recentemente entraram em contato com a associação. Foram estudantes provenientes de diversos estados ela Federação. Eles parti ciparam ele um programa marcado, ao mesmo tempo, pela seriedade e pela inconfundível alegria que só um ambiente sadio pode proporcionar. Houve diversas paleslras, visando dar uma boa orientação neste sécul o ele crises (foto à dircila); ademais de peças de tea1ro, jogos como a "caça ao tesouro", e anim adas conversas. O programa encerrou -se com um interessante j antar em estilo medieval e rogos ele artifício. • E-mail para os auLorcs: catolicis111o @1erra.co111 .br
FEVERE IRO 2004 -
Majestade multissecular PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
O Capitólio é um dos ed ifícios mais belos que conhec i em minh a vida. Ele apresenta uma altura muito adequada. A proporção das janelas e das portas é muito bonita. Ao fundo sobressai a torre, no centro da qual figura o relógio. Não se pode ter idéia da - não recuo di ante da ex pressão majestade multi ssecul ar desse palácio. É uma verdadeira beleza ! Pode-se ficar horas di ante dele, ad mirando-o. No centro da praça e frente ao palácio, fo i co locada um a elegante estátua eqüestre do Imperador Marco Aurélio ( 12 1- 180) . Na praça, cuj a pl anta é de Mi che lange lo, vêem-se harm ôni cos desenhos no so lo - uma série de linhas ci-uzadas, co m certa fantasia. A apli cação de pedra sobre pedra ev ita o piso de uma só cor. Caso ass im não fosse, a impressão seri a monótona, e a harmonia da praça desapareceria. A escadaria enorme, de um lado e outro do Capitólio, é caracteristica mente romana . Embaixo dela há várias figuras em pedra, para dar a ilusão de vida, e uma fo nte. Roma é rica em águas, encontrando-se fo ntes numerosas. *
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É o caso de perguntar se São Paul o, Ri o de Jane iro e outras gra ndes cid ades bras il eiras possuem muitas fontes . Por que faço comparações de Roma com São Paul o, com essa ou aq uela cidade do Brasil? Não é antipático? Não se diri a que tai s comparações, desfavoráveis a nós, seria melhor que se ev itassem? Não, porque a pessoa com cri tério deseja conhecer seus defeitos para corri gi-los. E se foram comet idos erros no urbani smo de São Paulo, Ri o ou qualquer outra cidade bras ileira, é preciso que seja m apontados. Cri a-se ass im o estado de espírito para que esses erros não se repitam. Nessa linha de pensamento, ev itar-se- iam em nossas cidades a perpétua linha reta, a ausência de arbori zação ou a arbori zação raquítica, pobre, retorcida, que se preferiri a não ver. Todos es tes são defeitos urbanísticos grav íss imos que nossas cidades ap resentam. Talvez um pouco pela fobia do mato, que é própri a ao desbravador. O desbravador embrenha-se pelo mato e sente vontade de estar na cidade. Por isso, quiçá, procura construir ac id ade dentro do mato. Assim , para ele, a primeira coisa a ser feita é derrubar as árvores ... Ora, não há raciocínio mais simplista do que esse. Pois é a síntese entre a cidade e o ca mpo que convém faze r. As grandes cap itais da Europa são todas construídas segundo essa concepção. E é o que devemos exigir de nossos urbani stas e admini stradores. • Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 9 de novembro de 1988. Sem revisão do au tor.
,
UMARI ·
PUNI O C O RRÊA DE ÜUVEIRA
Março de 2004
Tribalismo Indígena
Nº 6~3H
2
EXCERTOS
N óbrega e Anchieta tudo fizet'am para catequizar, civiliímt' <'
5
PAGINA MARIANA Polônia: Na. Sra. de Bolszowiec
salvar os índios. Entretanto, ncomissiornír·ios tudo l'azcm pan1 que os indígenas retrocedam a seus antigos vícios. ao pt'imitivismo l,r•ibal.
7
Lm'rul~A EsPIRt'l'UAr, A
8
CoRJmSPONm~:NCIA
Salve Rainha (Introdução)
ues_ t ão indíge_na hoje in~endeia o País. Par_a da~-se conta da gravidade da situação, basta abrir os 1ornais. Esse "incêndio" foi previsto com impressionante acerto por Plinio Corrêa de Oliveira, em seu profético livro Tribalismo Indígena, ideal co-
1O A
PALAVRA oo SAcmmoT1•:
12 A
REAl,IDADE CONCISAMlWl'E
14
NACIONAi , D esarmamento: l ei que não atinge o objetivo
muno-missionário para o Brasil no século XXI, Editora Vera Cruz, S. Paulo, 1977 *, cuja capa vê-se
16
IN'l'ERNACIONt\l, UE: Europa descaracterizada
19
Nfü>PAGANISMO
Transcrevemos expressivo trecho dessa obra :
20
ENTREVISTA
"Quornodo obscura/um esl aurum! Como chegou a
23 Pcm
à direita .
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*
tornar-se escuro o ouro! - exc lama o profeta Jeremi as (L m . 4, 1). Desde Nób rega e Anchi eta, a lumin osa atuação dos missionári os em nosso País co nsistiu em eva nge li za r, ed ucar, civili za r nossos irm ãos sil víco las. M as o ouro inestimáve l, ao qual a ação mi ss ionári a tradi cional pode ser comparada, obscurece u-se. Em nossos d ias, uma poderosa corrente mi ss ionári a, influenciada pelo progress ismo cada vez mai s difundido em nossos meios ecl es iás ticos, visa precisamente o contr,frio: proclama o estado dos silvíco las co mo a própria perfeição da vida hum ana, opõe-se à integração do sil víco la na civili zação, afi rma o caráter secundári o - quando não a inu tilid ade - da cateq uese, e não poupa críti cas à ação dos grand es mi ss ionário s de outrora, nem mesmo a de Nóbrega e Anchi eta, os quais o Brasil todo venera. Do fundo de nossas se lvas, esses neo mi ss·ionários lançam ape los em prol da luta de classes, que desej am ver corroendo, até às entranhas, o Bras il civili zado. O estudo do pensamento dessa corrente neomi ssiológica é indi spensáve l para quem qu eira co nhecer a grande cri se da Igreja no Brasil. E compreender de que maneira essa cri se tende a contagiar o País, transformandose, de crise da Igreja, em cri se do Brasil". •
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E111 janei ro de 1978, sóc ios e cooperadores da TFP saíram em carava na s de propa ganda cio livro, tend o percorr ido, parn •ss11 dl v ul /'ill,'1111, 1,1/(l I c idatk:s e111 todos os qu adran tes do Brasi l. Sete edi ções sucess ivas to tali zara m 76 mil exe mplares , além da publicaç~o em Calolic i.1·11111(110v1•11 1h111 d1·11•111 hrn tk 1977).
- C A T O L I C I SMO
Macabro "negócio da China"... comUilÍSta
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24
OUE
CAPA
35 Ecos 36 VmAs 39
O movimento pique teiro na Argentina
NossA
S1,:N110RA CmmA?
A questão indígena e a nova missiologia 01-: i<'Ã'l'IMA DE SANTOS
Santa Catarina da Suécia
INFORMATIVO RtJl~AI,
40 D1scmtNINDO Anchieta e n eomissionários: inconciliáveis
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ATUAl,IDADE
46
SANTOS ,,: FES'l'.I\S DO M,~:s
48 'l'FPs 52
t~M
Harry Potter e a deformação das crianças
AçAo
CosT1 1Mr,:s, Crvn.,zAçfms Dom Chautard: vigoroso abade cistercience
AMn11w1•1,:s,
48 TFPs em Ação
Nosso copa: Índio suiá . Os integrantes da etnia suiá são conhecidos como Beiços de Pau (devido ao bárbaro costume de alargar seus beiços com rodelas de pau) . Agência Stock Photos.
MARÇ02004-
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o nº 3116 Redação: R. Dr. Martinico Prado, 246 CEP 01 224-010 São Paulo - SP Tel: (0xx11) 221-8755 Administração: Rua Armando Coelho Silva, 145 Sala 3 - Pq. Peruche CEP 02539-000 São Paulo - SP Tel: (0xx11) 3856-8561 Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (0xx 11) 3858-1053 Fax (0xx 11) 3858-1499 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfica E-mail: epbp @uol.com.br HomePage: http://www.catolicismo.com .br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de MARÇO de 2004: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Por que condenar todo um povo a viver à margem da ca lcq ucsc crisi-ã e da influência civilizadora? Esse povo não teria o direito de ser c ivil izado? Por que então condená-lo a permanecer confinado em reservas, vivendo em estado de barbárie? Essa é a du ra e triste realidade a que estão submetidas di versas tribo$ indígenas no Brasil , sob a ação de organismos religiosos, ONGs e órgãos públicos, influen?iados por uma mentalidade contrária aos princípios da autêntica doutrina ca.tólica e à ordem estabelecida por Deus na natureza. Sob o falso pretexto de preservação cultural, não estarão tais povos indígenas sendo condenados ao pagani smo, à barbárie, à marginali dade e a viver em condições piores que a escravidão? Uma nova mi ssiologia, impulsionada pela esquerda católica, ONGs e antropólogos da FUNAI , favorece a reclusão de nossos índios em reservas que equivalem a um apartheid tribal. Quais as razões para marginalizá-los dessa fo rma? Porventura eles teri am sido cri ados por Deus para permanecer para sempre num regime coletivista e primitivo, devendo atrofi ar suas capacidades, especialmente no plano moral e intelectual? Não têm eles também o direito de faze r parte da civilização, de conhecer e praticar os Mandamentos da Lei de Deus, e assim salvar suas almas? Essas e outras questões polêmicas são tratadas com penetração e coragem em nossa matéria de capa, que permite ao leitor ficar ciente de importantes revelações sobre os bastidores da chamada questão indígena no Brasil. Com o importante trabalho publicado nesta edição, cumprimos o compromi sso de levar a nossos leitores e aos participantes da Aliança de Fátima uma análise profunda e segura dos acontecimentos indigenistas atuais. O Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira, já em 1977 , hav ia publicado o livro Tribalismo Indígena, ideal com11110-missio11ário para o B rasil 110 séc11lo XXI, que denunciava, com ampla documentação, uma realidade que a opinião cató lica de então não suspeitava. Realidade esta que estava sendo preparada discretamente nos cenáculos progressistas. O autor denunciava a tendência e a doutri na dominantes em certos ambientes mi ssionários, que levam a preferir a vida selvagem à civ ilizada. Tal mentalidade estava sendo favorecida, desde o início daquela década, por congressos internacionais ecumênicos. Defendi am eles que não se devia procurar obter a conversão dos indígenas, mas, pelo contrário, dever-se-ia "converter" o mundo dos brancos às crenças superstic iosas e às práticas fetichistas daqueles. Por outro lado, laboravam esses neomissionários para lançar os povos aborígines numa derivação da luta de classes marxista: a luta de raças. Peçamos a Deus, pela intercessão da Virgem Santíssima e pelos méritos do Pe. José de Anchieta, Apóstolo do Brasi l, que nossa Pátria não seja desviada de sua grandiosa mi ssão hi stórica. E que proteja nossos irmãos indígenas, concedendo-lhes todas as graças necessárias para sua conversão à fé católica, como já ocorreu com inú meros deles devido à admirável ação catequizadora e civilizatória que se iniciou com o Bemaventurado Anchieta. Desejo a todos uma boa leitura! Em Jesus e Maria,
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7 DIR ETOR
Catolic ism
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Nossa Senhora de Bolszowiec E ste artigo é o primeiro que publicamos sobre devoções marianas na Polônia. A maior dificuldade foi a escolha, pois, nessa católica nação, tais devoções são numerosas e muito populares !] V ALDIS GRINSTEI NS
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ara que m mora no Brasil , por vezes não é fác il e ntender q uanto algun s povos tiveram que lutar para mante re m-se católicos. Graças a Deus, toda a Amé rica Latina sempre fo i pre d o min a nte me nte cató li ca, o qu e constitui um fator para explicar o peque-
no núme ro de guerras travadas e ntre as nações dessa zona d~ mundo. É ve rd ade que ho uve as invasões de calvini stas fra nceses e ho landeses no Brasil. Mas após sere m ta is hereges heroicamente repe lid os, nosso Pa ís co nheceu lo ngos períodos de paz re li giosa. O que teria acontecido se os invaso res franceses e ho la ndeses não tivessem sido ex pulsos?
Não se in sta laria no Bras il um perpétuo confli to re ligioso? É ali ás o que a meaça acontecer de futu ro, com o decrésc imo do número de católicos. Abando nados à própria sorte por párocos d itos progress istas, muitos cató licos vão eq ui vocadamente se bandeando para seitas di versas. Po is bem, na Euro pa ta l situação conMARÇ0 2004 -
fli tiva torn ara-se habi tual. Rodeadas por países dominados por religjões fa lsas e agressivas, vári as nações católi cas européias tiveram como mi ssão serem continu amente os basti ões da Cri stand ade, para evi tar que a fé cató lica fosse perseguida, ou mesmo suprimida à fo rça. Nos séculos XV[ e XVlI tal situação fo i especialmente notóri a. Portugal combatia no norte da África; Espanha e Veneza enfre ntavam os turcos e os pi ratas muçulmanos no mar; Áustria, Croácia e Polôni a protegiam as fronteiras do catolicismo contra os turcos, tártaros e outros povos infiéis e pagãos. Foram séculos de luta sem quaitel; que forjai·am o caráter dessas nações. Foi em meio a essas prolongadas batalhas que nasceu a devoção de Nossa Senhora de Bolszowiec. Milagroso e11contro da imagem
No in ício do século XVII , os tártaros fora m encarniçados inimigos dos católicos. Habitando o sul da Rúss ia e professando a relig ião muçulmana, reali zavam terríveis ataques contra pequenas cidades, queimando igrejas, martirizando sacerdotes. Matava m os homens e levavam mulheres e cri anças como escravos. Destacavam-se pela feroc idade, impiedade e rapidez dos ataques. O país que mais sofreu com tais agressões foi a Po lôni a. Nesta nação, morar em reg iões de fronteira era não apenas perigoso, mas heróico. Para faze r cessar este deploráve l estado de coisas, o rei enviou um exérc ito sob as ordens do comandante Martin Kazanowski, a fi m de cortar o caminho dos tártaros que atacavam a zona de Halicka, na atual Ucrâni a, na época pertencente à Po lônia. Quando ele chegou com seu exérc ito ao ri o Dniester, um cão reti rou da água um quadro que representava Nossa Senhora com o Menino Jesus. Co mo tal pin tura fora parar no rio? Teria sido jogada na água, após a destruição de alguma igreja? Ou caíra da bagagem de alguém ao atravessar o rio? Ta lvez alguma inun dação o teri a levado? Im possíve l sabê- lo. Seja como for, os católicos não deixaram de ver nesse surpreendente en-
CATOLI C ISMO
contro da imagem, em local ermo e despovoado, um sinal de proteção de Nossa Senhora. E, de fa to, a ex pedição mili tar derrotou os tártaros e a paz fo i restabelecida, ao menos temporariamente.
Na. Sra. oferece seu Fil/10 Após vencer os tártaros, o comandante Kazanowski colocou o quadro numa capela do acampamento e o cercou de grande veneração. De vez em quando ele o levava consigo em suas ca mpanh as militares. Mas ao mesmo tempo, para fixar um loca l definitivo de ve neração, começou a construção de unia igreja e de um convento e m Bo lszowiec, hoje B il shivtsi, na Ucrâ ni a. Daí provém o nome da imagem. O quadro mede 83cm por 102cm, e representa Nossa Senhora Corredentora oferecendo seu Filho ao mundo, em atitude de quem está di sposta a ouvir os pedidos que se diri gem a Ele. No ano 1632 os padres carmelitas estabeleceram-se no convento, tomando a posse deste e da imagem. As acirradas guerras mantidas com tártaros, cossacos cismáticos e turcos obrigaram muitas vezes os carmelitas a fugirem do convento. Nessas ocasiões, eles sempre levavam a imagem. A igreja e o convento fo ram várias vezes destruídos, e outras tantas reconstruídos. Somente no século X VI 11 foi construída uma igreja de pedra, na qual fo i reali zada uma gra nde cerimôni a de coroação, no dia 15 de agosto de 1777, celebrada pelo bispo da cidade de Lvov, Kryspi n Cieszkowski , após um estudo sobre os milagres realizados pela imagem. lti11erário: Cracóvia e Gda 11sk
Durante a prime ira guerra mundi al, Bolszowi ec passou por mo mentos dramáticos, pois situava-se perto da fro nte ira e ntre Áustri a- Hun g ri a e Rúss ia, então em guerra. A igreja e o convento fo ram parcialmente destruídos . Querendo salvar o quadro mirac ul oso, os carme litas levaram -no para a cidade de Lvov, onde perm aneceu até 1930. Nesta ci dade, continuou a devoção popular à im agem. A Segunda Guerra Mundial
trouxe, porém, novas mudanças. A c idade passou a faze r parte da Uni ão Soviética, onde a relig ião era severamente persegui da. Nu merosas igrejas católicas foram entregues aos c ismáti cos da chamada igreja ortodoxa, os quais apoiavam o co muni smo. Por isso os padres cai·me li tas j ul gara m me lhor tra nsportála para a Polô ni a. Embora a Igreja também fosse ali terri velmente perseguida, hav ia entreta nto me lhores oportuni ~ades de defesa, porquanto a imensa maiori a do povo era católica. Assim , a imagem fi cou em Cracóvi a por al guns anos. Em 1966 ela foi transportada para a cidade de Gdansk, nacosta do mar Báltico, sendo colocada na igreja de Santa Catarina, onde atualmente se encontra. Em 1977 fo i efetuada uma cerimônia para comemorar os 200 anos da coroação da imagem. Como sucede com vári as imagens no B ras il ou na Améri ca hi spâni ca, a de Nossa Senhora de Bolszowiec está coberta por uma fin a capa de prata. Este costume era muito popul ar na época em que ela fo i encontrada. *
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Observando a imagem , lembra ndo sua hi stóri a vinculada a guerras e perseguições, aflorou logo a nossos lábios um pedido: livrai-nos, Senhora, dos inimi gos muitíssimo mais perigosos de hoje do que os antigos tártaros e turcos. Estes escravizavam e matavam, mas eram ini migos abertos. Atualmente, muitos dos piores in imi gos da fé cató li ca escondem-se às vezes dentro dos próprios muros sagrados, e trabalh am para destru ir a Sa nta Igreja por outros meios: medi ante a televi são imoral, a aprovação de leis contrári as aos bons costu mes ou através do ensino nas própri as escolas ou universidades católicas. Se no século XVII os católicos armai·am-se de heroísmo pai·a enfre ntar aqueles inimi gos, hoje Vos ped imos heroísmo e sab doria, tendo em vista descobrir vossos inimigos escondidos ou camuflados, para denunciá- los e reag ir vigorosamente contra eles. • E- mail do autor : Va ldisgr@Yahoo.com
A Salve Rainha A tendendo a pedidos, iniciamos nesLa edição a apresentação de comentários extraídos de abalizado autor sobre a sublime oração·Salve Rainha
epois do Padre Nosso e da Ave Maria, não há oração tão profund a, fo rmosa e sim ples como a Salve Rainha, que desde os primeiros momentos de sua aparição, em fin s do século X, fo i recebida pela Igreja e adotada pela Cri standade, e se reza a cada di a em todos os lares e em todos os templ os católi cos, desde os mais suntuosos até os mais humildes. Nada há de estranho que assim seja, pois esta prec iosa oração reúne as condi ções de toda oração para ser perfe ita, segundo a doutrina do Anj o das Escolas [São Tomás de Aqu ino]: pedir co m in stância uma graça determin ada e estar ela ordenada à vida eterna (cfr. Suma Teológ ica, li a ll ae, q. 83, a. 17). Por meio dela, sempre que nos sentimos angustiados pelas provas e amarguras da vida, recorremos ao trono celestial da Vi rgem, tesouro inesgotáve l de proteção e de conso lo, sa ud ando-a prime ira me nte com aquelas invocações de Rainha e Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, que resumem todos os motivos que temos para acudi r a e la co m fi li al e ilimitada confia nça; ex pondo-lhe depois nossa tri ste condição de desterrados
Nota: O texto ac im a fo i ex traído do pró logo da seg uin te obra: Pe. Dr. Jav ier Va les Fa il de, La Salve Explicada, T ipogra li a de "E I Eco Fra ncisca no'", Sa nt iago de Co mpostela, 1923.
'fexto da oração Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos os degredados filhos de Eva; a vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
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Nota da red açã o: Segund o uma tradi ção surgida no séc ul o X VI , São Bernardo , mov ido por insp iração d ivi na, teri a acrescentado as três invocações fina is "Ó clemenle, 6 piedosa, 6 doce sempre Vi rge,n Maria ". Mas há cont ra isso o silênc io dos contemporâneos do sa nto, e
neste vale de lágrimas, através do qu al caminhamos do lorosamente, como Ela caminhou um dia; pedindo- lhe, por úl timo, que nos proteja com o dulcíssimo o lhar dos seus olhos misericordi osos, e no fin al de nossa peregrinação mostre-nos Jesus, que é a ressurreição e a vida eterna. [... ] Tantas são, com efeito, as belezas desta peregrina oração, tão profun dos seus pensa mentos, tão feli zes suas expressões, que os hi stori adores da ídade Médi a, mais arti stas que críti cos, tais como João Ere mita e Alberico de Tro is Fontaines (aos quais mais tarde segui ram-se o gra nde canoni sta Alpi zcueta e a Venerável Maria de Ágreda), acreditaram que tivesse origem angélica. L...J Vári as nações re ivindi caram sua paternidade, apresentando seus filhos mais prec laros como autores da grande oração mariana. Mas, rev isados pela crítica os títulos apresentados, foram se desfaze ndo mui tos deles, e na hora presente não há mais que três escri tores que podem as pirai· à honra de terem composto a Salve Rainha: o germânico Hermann Contractus, o fra ncês Aymar de Puy e o espanho l São Pedro de Mezonzo*. •
o fa to de q ue o arg ume nto da oração e sua conc lusão sugerem um mesmo autor. (Cfr. H. T. Henry, Salve Regina , T he Catholic Encyc lopedia, Vo lume X III, Copyright © 19 12 by Robert App let.o n Company, O nl ine Ed iti on Copyright © 2003 by K. Kni ght).
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de volta junto com Nossa Senhora. De coração, fico imensamente agradecido pelas respostas do Catolicismo. É aquilo mesmo. Viva a Igreja Católica! (W.C.K.S. - PR)
Vma santa indignação
"Não caiam nas ratoeiras" ~ Confesso, com uma pe netrante dor no coração, que já freqüentei igreja protestante (não desejo essa desgraça para ninguém, nem para meus piores inimigos), e eu tenho obrigação de prevenir o máximo de pessoas para que não caiam nas ratoeiras dessa gente. Isso aconteceu 4 anos atrás, quando morava em São Paulo (no bairro do Ipiranga) e conheci um pastor protestante que era meu vizinho. Dando ouvidos ao palavreado dele sobre a Bíblia, infelizmente comecei a ir ao templo deles. Mas, com a graça de Deus, não me sentia à vontade no meio dos protestantes e sentia falta da Igreja Católica (era o dedo de Deus que batia na minha porta, me chamando de volta), e percebi o quanto e les adulteravam as palavras do Evangelho para cair em cima dos católicos (que adoravam imagens, Maria, o Papa, etc, tudo aquilo que fala na rev ista). Repito a todos para não darem ouvidos a eles, é tudo falsidade. De início, eles dizem meias verdades, depois embaralham verdades com mentiras e, no fim, é tudo mentirada mesmo. Estou fazendo muitas cópias das respostas que vocês publicaram neste mês e distribuindo aos colegas e familiares. Espero consertar o erro que eu pratique i naque le estág io d a minha vida. Por vezes choro, mas de alegria, por estar
-CATOLICISMO
Causou-me profunda indignação e revolta a reportagem da "Página Mariana" (Catolicismo, do mês de fevereiro/04). Confesso que já sabia que os esquerdistas tinham ódio e aversão à Ssma. Mãe de Deus, e que, à sorrelfa, cometiam sacrilégios. Mas não à plena luz do dia, como o ocorrido na sofrida Venezuela do esquerdista Chavéz, adorador da malfadada Cuba de Fidel Castro. O que mais me dói, tirante estas horríveis profanações, é o caráter abafador e minimizador do ocorrido pela mass-media (imprensa escrita), a qual diz : "os manifestantes tomaram a pra-
ça simbolicamente, durante uma hora, e danificaram alguns adornos de Natal". Veja a manipulação da imprensa esquerdista e comprometida com a Revolução satânica, a que ponto chega, escamoteando a verdade aos seus ouvintes/leitores, para que não percebam os males do esquerdismo ... Por este motivo, sinto-me orgulhoso de ser assinante de Catolicismo, que alardeia sem medo e sem censuras o ocorrido nos países dominados pela esquerda festiva , atéia e satânica. Continuem sempre assim!! Como ilação, deveríamos promover atos de reparação ao Ssmo. Coração Imaculado de Maria por tais atos blasfêmicos e satânicos. (T.J.G. - SP)
Moralidade: única solução Foi uma graça de Deus, não por meus méritos, mas por vontade única de N.S.J.C., que alguns anos atrás eu conheci não só a TFP, mas a Aliança
de Fátima, a Campanha Vinde Na. Senhora de Fátima, não tardeis, e essa que é considerada a me lhor revista da atualidade (a única que a gente tem vontade de ler da primeira à última palavra), Catolicismo. Apesar de mmca ter ouvido falar das temáticas que
esses movimentos defendem, foi como por um susto eu sentir como se o que vocês defendem/preconizam/divulgam é exatamente o que eu sempre quis encontrar, mas não ouvia o eco. Abracei a causa como se fosse invenção minha (aderi irrestritamente a todas as promoções que me são passadas), e continuamente estou divulgando por palavras, atos, doação de assinaturas e exemplos, principalmente no intuito de fortalecer a fé de quem já a tem, e despertar naque les que não a têm. Sintome muitas vezes acuado pela incompreensão, mas na maioria das vezes vejo o fruto que se tem obtido, o que é um alento, principalmente no seio da família de onde me originei. Sinto apenas não ter sido melhor despertado no tempo e m eu estava na ativa (hoje estou aposentado), pois perdi a opo1tunidade de atuar no meio empresarial, onde ocupei os mais altos cargos em carreira executiva de mais de uma grande empresa. Mas ainda podemos fazer muito por tantos, neste nosso imenso Brasil, destruído pela República caladora de votos venai s. Para terminar, pa rabenizando a persistência de todos aq ueles que com santa dedicação dão continu idade à obra daquele d e quem sou xará, Plínio, gostaria de registrar que desde há muito estou determinado em que as soluções de que nosso querido Brasil precisa não passam por nenhuma sig la partidária, mas sim por uma única mudança radica l: rel igiosidade e moral, bases fundament·iis da nossa Santa lgreja Católica. Ating ido isso, estarse-á resolvendo todos os nossos problemas de educação, falta de emprego, saúde, saneament o básico, fa mília des unida, fom , seg urança púb lica, tóxico, e outros mais, TODOS INTERDEPENDENTES, mas que têm somente um úni co fator-causador comum: FALTA D • MORAL RELIGIOSA. Isso nenhum partido político pode oferecer. (P.M.C.C. - SP)
Silêncio ho/c, r•m·cdão amanl1ã
t8l Considero ele suma importância o manifesto "A NB B encami nha ...",
expresso por esta entidade frente aos constantes atentados perpetrados à propriedade privada por instituições "neo"-marxistas, com a vil conivência do poder instituído. Foi com surpresa e satisfação que tive contato com as propostas da TFP, através do manifesto supracitado, que recebi em um sinal de trânsito. Creio que seja o momento de uma união das instituições, associações e livres-pensadores de nossa direita, sejam conservadores ou liberais, contra o estabelecimento de um Direito de Estado - em detrimento do Estado de Direito - que se pronuncia com cada vez mais força em nosso País. Não podemos nos manter passivos perante as evidências, expostas dia a dia, de que se forma uma cultura de revolução, com a anuência das esferas de governo. Se calarmos hoje, amanhã estare mos sujeitos ao ex ílio, ou pior, ao paredão. (R.D.G. - RJ)
Iher para se tornarem uma só carne (cf. Gen. 2, l8-24). A mesma Bíblia condena o homossexualismo: "Não te
deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação" (Levítico 18,22). Quando o assunto é preservativo e "sexo seguro", também concordo plenamente com a posição da Igreja quando afirma que "não existe sexo
seguro. A única estratégia totalmente eficaz é a abstinência e a relação sexual monogâmica no matrimônio ". Gostaria que os autores que defendem o uso do preservativo me provassem qual método mais eficaz de se evitar o HIV, uma DST ou uma gravidez precoce, do que estes apresentados pela Igreja. Se, segundo a própria ciência, o preservativo não garante os 100%, então já não podemos qualificar seu uso como sexo seguro ... (A.J.B.C. - SP)
Liderança
Espeto ,le 0111·0...
Felizmente a TFP se manteve organizada durante os anos em que os "politicamente corretos" arrasaram os setores conservadores brasileiros. Assim, com a liderança da sua organi zação será possível multiplicar assoc iações e organizações que defendam os nossos interesses comuns, nos fortalecendo politicamente e impedindo tanta injustiça cometida em nome dos "excluídos". (R.L.N. - MG)
t8l Depois do galinheiro para o Palácio do Planalto, com projeto de Oscar Niemeyer, chegou a vez da churrasqueira para a Granja do Torto. Viram só a gastança? Nada mais, nada menos que R$ 92.127,00. Para que uma tão luxuosa churrasqueira? Será para torrar dinheiro? Será para combater a fome? Ou para churrascos com os ilustres camaradas, como o infindável companheiro Fidel Castro? Haja carne! Haja paciência do contribuinte brasileiro, que está farto de bancar mordomias, e que está farto de ouvir o chavão " Fome Zero". Uma pura demagogice, pois a fome se combate criando empregos, e, no entanto, a única coisa que nesses últimos meses tem aumentado é o desemprego, como vemos quase todos os dias nos jornais. (E.A.S. - DF)
Conspiração es<111e1'dista Acho fimdamental o papel de vocês, sobretudo nesse momento em que a esquerda - uníssona - conspira para implantar o modelo socialista no País. Com a ajuda de Nosso Senhor, pode remos detê-los! (A.D.e. - SP)
Jlomossex11alida<le condenada
t8l Concordo pl e namente com a Igreja quando condena a homossexualidade. Não se trata de nenhum tipo de discriminação. N a Bíblia, no Livro do Gênesis, vemos que, quando Deus criou o homem e viu que ele estava só, não fez outro home m para servir-lhe de companhia, criou a mu-
Ca11to elas sel'eias Sou comerciante há mais de 30 anos, e pude acompanhar bem a evolução do País nesse tempo todo, pois sou democrata por opção e católico de nascença, tendo estudado em escola de padres jesuítas (Colégio An-
chieta), tive uma boa visão da vida. Pois tenho notado, já há muito tempo, este crescimento indiscriminado da esquerda raivosa, sempre escondida atrás do fazer o bem aos mais necessitados, de ser os bonzinhos no mundo dos maus, estes últimos sendo os empreendedores, e mpresários, industriais, enfim a iniciativa privada, que está sendo mostrada como criminosa e malvad a exploradora. Mas, por incrível que pareça, desde as pessoas mais esclarecidas até a mais analfabeta, muitos acreditaram no canto da sereia dos pelistas . [... ] Desde que o PT foi criado, nunca acreditei no que eles falavam e pediam. Isto porque, como sempre tive que trabalhar (desde os treze anos) para ganhar a vida, sei o quanto é di fícil se ter sucesso, ganhar dinheiro de verdade, então sempre trabalhe i muito para te r um pouco de conforto e estabilidade. (P.S.A.F. - RS)
Acima de tudo católico
t8l Gostei muito deste site www.catolicismo.com.br, informativo e acima de tudo católico. Matérias de grande valor espiritual. Parabéns aos missionários virtuais. Graças ao Espírito Santo, a palavra está sendo proclamada através das ondas da internet. Deus abençoe a todos. Que a graça e paz de Nosso Senhor Jesus Cristo estejam com vocês, e que Maria derrame em profusão suas bênçãos. (A.F.J.H. - CE) Fai·ol
"ª CSClll'idão
[8J Escrevo para agradecer-lhes ore-
cebimento da prestigiosa revi sta ao longo de 2003. É uma bênção estar recebendo Catolicismo e aproveitar de sua leitura, que nos serve de farol no meio da escuridão neopagã dos dias atuais. (J.F.B.P. - Peru)
Cortas, fax ou e-mails poro os seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram no pógino 4 desta edição.
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Cône o JOSÉ LUIZ VILLAC ~
Pergunta - A revista "Veja", em seu número de 30-10-96, p. 47, publicou artigo segundo o qual o Papa João Paulo II, em mensagem à Academia de Ciências do Vaticano, afirmou que a teoria da evolução e a fé em Deus são assuntos compatíveis. Isto posto, gostaria que fosse explicado . como fica a questão do pecado original. Se o homem é produto de umà evolução, como indicam as descobertas arqueológicas, e não foi criado por Deus como um produto acabado, em que ponto da evolução se teria verificado a desobediência causadora do pecado original? Resposta - Não é exato dizer que João Paulo II declara toda e qualquer teori a da evolução compatível com a doutrina católica. Ele di stingue entre umas e outras teorias, e afirm a categoricame nte que algumas delas são incompatíveis com a verdade católica, como adi ante veremos. A poss ibilidade de que alguma teoria da evolução seja compatível com a Fé católica fo i sem dú vida levantada pelo atual Pontífice no documento citado (de 23- 10-96), como já o fora ante riormente por Pio XII na Encíc lica Humani Generis (] 2-8-50). Co m essas declarações, ambos os Pontífices querem separar os ca mpos pró prios da ciê nc ia e da fé, entre os quais não pode have r contradi ção, po is o mes mo Deus que é o Autor da natureza é també m a Fonte das verdades reveladas. Não cabe à Igreja emi tir um j uízo de caráter científico -
CATOLICISMO
sobre algum assunto que esteja sendo discutido no âmbito da ciência. Uma vez que um fato seja comprovado, caberá à Igreja, que é a guardiã e a intérprete infalível da Revelação, mostrar como tal fato se compagina com os dados da fé, ou seja, como em nada contrari a o ensino da Sagrada Escritura e da tradição apostólica. No caso, poi s, da teoria da evolução, a Igrej a te m adotado uma posição de prudência, ag ua rdando que os estudos, até agora nada co nc lu sivos, venham a se desenvolver.
Onde faltam as provas Para melhor compreensão do ass unto, convé m ter presente como surg iu e como se a prese nta hoj e a teori a da evolução. Os que defendem essa teoria aduzem alguns fatos tomados das ciênc ias naturai s: a) mutações detectadas e m organismos vi vos, transmissíve is aos desce nde ntes, que indicam sua capaci d ade de ad a ptação ao meio ambiente; b) semelhanças e modificações morfol óg icas que parecem sugerir linhas ou cadeias evo lutivas; e) estudos de e mbri ologia que aponta m para uma organização comum aos organismos vi vos; d) órgãos rudi mentares de espécies consideradas aberrantes nos fósse is, os quais permite m colocar os seres vivos numa orde m progress iva. C har les Da rwin ( 18091882) recolhe u qu antidades desses fa tos e observações par ticulares de espéc ies ani mais e vegetais em favor de sua teori a, que os evolucioni stas posteri ores aperfeiçoaram e siste matizaram, sem contu-
do chegar a uma prova conclusiva. O pró prio Darwin reconhec ia a "insuficiência dos documentos geológicos", isto é, a ausência - para alguns períodos, quase completa das infinitas variedades intermediárias e elos de transição entre as espécies atuais que, segundo sua tese da evolução lenta e gradual, deveri am ter exi stido, e que o estudo das jazidas fósseis não consegue encontrar apesar de esforços in a uditos (observação que permanece válida até os dias de hoje). Quer di zer, nunca se encontrou o tal "elo perdido" entre uma espécie e outra.
Uma mera teoria Mas a "fé" de Darwin na evolução (de fato, para ele a evolução parece ser mais uma
neste capítulo me parecem estabelece r tão claramente que as inúmeras espécies, os gêneros e as f amílias que povoam o globo descendem todos, cada um em sua classe, de pais comuns e f oram modificados todos no transcurso das gerações, que eu adotaria esta teoria sem vacilação alguma, ainda que não estivesse apoiada sobre outros f atos e argumentos". Poré m, na ve rdade, tais fatos apenas manifes tam um maravilhoso e ordenado plano criador, sem que provem a derivação e descendência de umas espécies e m relação a outras. Pois todas as observações e achados arqueológicos fe itos até agora somente provam transformações intraespecíficas, e jamais extraespecíficas. Ou seja, as transfo rmações conhecidas se dão dentro da mesma espécie. Na polêmica que sobre o assunto travam e m nossos di as os c ientistas - sobretud o norte-a me ri canos - não se aduziu por enquanto nenhuma prova da passagem de uma espécie para outra. Em outras palavras, a teori a da evol ução ... permanece apenas uma teoria não comprovada.
Prudência da Igr eja Teoria do evolução de Charles Darwin (foto acima) : apenas uma teoria não provado .. .
questão de fé do que de prova científica) era mais poderosa que todas as dificuldades. Por isso, diz ele em Origem das espécies (cap. 14, § fin a l): "Em resumo, as di versas classes de f atos que estudamos
Di z-se que, para não escandalizar sua mãe, mulher de fé simples, Darw in ainda mani festa em Origem das espécies ( 1859) sua crença na criação da vida po r o bra d e De us. Mas em sua segunda o bra em importâ nc ia, The Descent of Man (1871 ), já li vre do "preconceito" da ori ge m do homem pela Cri ação,
ele dá um passo a mai s, aplicando sua teori a ao homem e faze nd o-o desce nde r totalmente por vi a de e volução tra nsformi sta de uma organização animal inferi or. Daí a tese que tanto chocou o mundo, e que provocou tantas anedotas, de que o home m provém do macaco. M as na e ta pa atu a l das pesqui sas evo lu cionistas, a descoberta de hominídeos entre os símios revela-se tão infrutífera como nas etapas a nteriores. Na ânsia de enco ntrar provas, chegou-se até a cri ar falsificações grosseiras, como por exe mpl o o famoso caso do "homem de Pi Itdown" (19 12), no qual esteve e nvolvido o jesuíta Pe. Teilhard de Cha rdin , e voluc ionista dos mai s ardidos, e que por isso fico u desmoralizado e severame nte advertido por Pi o XII. Tudo isto reforça a prudente decisão da Igreja de perma necer, na di sc ussão, do lado de fo ra do campo cie ntífi co. Reafirm a nd o se mpre que, quaisquer que venham a ser as conclu sões científi cas a que se chegue, é infa livelmente certo que o homem fo i criado por Deus à sua imagem e seme lhança, confo rme o inspi rado relato do L ivro do Gênes is. Quiçá algun s clérigos mais afo itos desej e m " não perde r o bonde" da Hi stória e afirmam-se inclinados a aceitar sem mais a teoria evo lucio ni s ta co mo de mo nstrada. Mas essa não é a posição oficial da Igreja.
1'eo1·ias incompatíveis Ao anali sar a questão da compatibilidade ou não da teori a evolucionista com a teologia e a fil osofi a da Igreja, João Paulo lT começa por esta be l ece r uma di st in ção:
"Para dizer a verdade, mais do que da teoria da evolução, convém f alar das teorias da evolução. Esta pluralidade está unida, por um lado, à. diversidade das explicações que f oram propostas para o mecanismo da evolução, e, por outro lado, às di versas filoso.fias às quais nos referimos" (doe. citado, nº 4). [No parágrafo anteri or, e le se referi a a "ce rtas noções da.filosofia da natureza" às quais uma teoria como a da evolução deve forçosamente recorrer] . E pouco adi ante acrescenta: "Pio XII tinha sublinhado este ponto essencial: se o corpo humano tem a sua origem da mat.éria viva que lhe preexiste, a alma espiritual é imediatamente criada por Deus (Enc. Humani Generis, AA S, vol. 42, p. 575 ). Como conseqüência, as teorias da evolução que, em fu nção das filosofias que as inspiram, consideram o espírito como emergente das forças da matéria viva ou como um simples epifenômeno desta matéria, são incompatíveis com a verdade sobre o homem " (nº 5).
A verdade rnvelada Fica claro, por esse texto, que os doi s Pontífices rejeitam inteiramente todas as teorias da evolução de cunho materiali sta, como a de Darwin. E é oportuno ressaltar a propós ito a frase de Pio XII, na supra-citada encíclica: "Afé católica nos obriga a professar que as almas são criadas imediatamente por Deus" (nº 35). Ass im, para "compatibilizar" co m a doutrina católica uma dessas teorias da evolução, seria preciso que se reconhecesse a intervenção direta de Deus no ato mesmo de infundir o espírito no primeirn homem, conforme o relato bíblico: "O Senhor Deus fo rmou, pois, o homem do limo da terra e insuflou em seu rosto um sopro de vida, e o homem tornou-se alma vivente" (Ge n. 2, 7). E ·que, depois, essa teoria fosse compatível com tudo o mais que consta da narração do Gênesis: a colocação do homem no Paraíso, a cri ação de Eva (nos mesmos moldes de Adão), a tentação da serpente, a queda (o pecado original), a expul são do Paraíso etc.
"O Senhor Deus formou, pois, o homem do limo da terra e insuflou em seu rosto um sopro de vida, e o homem tornou-se alma vivente" (Gen . 2, 7)
Não se pode neg li genciar ainda o fato de que, de modo geral , não só as teorias evo lu c ioni stas são materi ali stas, mas fora m utili zadas por ini migos da Igrej a para atacar o relato bíblico. Ou seja, elas nasceram e em grande parte se desenvolveram como uma tentativa de insurgir-se contra a própri a revelação divina. De modo que o católi co ass iste ao debate e m torno do ass unto com inteira tra nqüili dade de es pírito. Ele possui uma certeza que nada abala, a qu al lhe vem ela fé em Deus e e m sua Palavra revelada. E sabe que o as pecto científi co do te ma, na medida em que seja desve ndado com retidão de espírito e sem fraudes, deve compaginar-se perfeitame nte com o relato bíblico, pois um só é o Deus que cri ou todas as coisas e que as revelou por sua Palavra. • E-mail do a utor: terra.co m.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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Na Itália, o drama da contracepção governo itali ano pagará mil euros (R$ 3,6 mil) às famílias para cada novo filho que tiverem a partir do segu ndo. O objetivo da medida é incentivar a nata lidade. A ini ciativa, que e ntrou e m vigor na virada do ano, foi incluída no orçamento de
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2004. Segundo o Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais, tenta reequilibrar o problema demog ráfico no país. Os pais que desejarem a s ubve nção deverão so li c itá- la através da Previdên cia Social. O governo ap licou várias medi -
das pa ra frear o envelhecimento progress ivo da população. A Itáli a vem apresenta nd o um a das mais baixas taxas de natal idade do mundo: 1, 14 filho por mulher, conseqüênci a ine lutáve I do a nt in at ural contro le da nata li dade.
Salutares condenações de bispos americanos
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UE: imposição de lei antinatural Matar a galinha dos ovos de ouro
Barbeiro chinês corta cabelo em seu salão improvisado numa rua de Pequim
Exageros e silêncios sobre a economia chinesa · !\economia da Chi -
r\_ na comunista não é o gigante tecnológico que se divulga, nem tem co ndi ções para desafiar a economia americana - escreveu Arthur Kroeber, diretor-executivo da China Economic Quarterly, de Hong Kong .. O comunismo chinês exp lora mãode-obra escrava. Contudo, como di z lúoeber, "a indústria nativa chinesa dorme em um leito de baixa tecnologia" e não tem indústria privada importante com dina mismo inde pendente. De fato, as fábricas privadas estrange iras formam uma bolha alhe ia à rea lidade chinesa. Essa bolha beneficia muito o regime e um setor res-
CATOLICISMO
trito da C hina. Mas a maiori a do país permanece na paralisia crônica, fruto inev itável do comuni smo. As- co ndi ções de trabalho são péss imas. Em 2003, 1O mil pessoas morreram por mês em acidentes de trabalho. A cifra dos s ini stros aumento u 9% e m re lação a 2002. Recente mente, o gás tóxico liberado por uma e xplosão em Chuando ngbei, no sudoeste do país, crio u uma "zona morta " de 25 quilômetros quadrados. Pe lo menos 19 1 pessoas morreram. Cerca de LO mil habitantes das redondezas sofreram asfi xia, náuseas, queimaduras e conjun tivites, segundo autoridades loca is.
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o m Tomás Balduíno, preside nte da Comissão Pastoral da Terra (CPT), disse ter pedido a Deus que aj udasse a acabar com quatro maldições : transgênicos, latifúndio, agronegócios e trabalho escravo. O depu-
tado Lael Vare lia (PFLMG) repudiou a atitude do Bispo: "Acabar com o ag ronegócio ? O agronegócio é o setor que está movendo a economia no Brasil, é o que mais conseguiu dólares para o País, gerando milhões de
empregos. Casofor eliminado, seremos obrigados a importar laticínios, ca rne, óleo, açúcar, álcool e outros produtos". A absurda pro posta do Pre lado equivaleria a matar a ga linh a que bota ovos de ouro.
Cresce perseguição anticatólica na China comunista
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padre Lu Xiaozhou, da diocese de Wenzhou (província de Zhejiang), foi preso meses atrás quando ia atender
os doentes num hospital. Outros sacerdotes da Igreja clandestina - composta pelos ca. .tólicos fiéis a Roma - têm que se esconder da polícia. O bispo diocesano, D. James Lin Xili, foi confinado na catedral da Igreja oficial (a pse udoigreja dependente do governo comunista, que não reconhece a autoridade cio Papa). O padre Paul Jiang Sunian, da mesma diocese, passou quatro anos na prisão por ter publicado, sem autorização do governo marxista e da sua igreja oficial, 120 mil opúsculos de hinos re ligiosos em 1997 . Edifício de igreja católica fiel a Roma, semi-demolido pelos comunistas em Fuzhou
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Tribunal de Ju stiça da União Européia (foto acima) determi nou que as le is naci onais que impede m o "matrimônio" de tra nsex uais são contrárias ao dire ito comunitári o da UE (União Europé ia). A decisão impu gna acórdão da Corte de Ape lação britân ica, q ue negou a pretensão de uma enfe rme ira a que seu consorte - que fi zera uma cirurg ia para mudança de sexo - fosse beneficiado com sua pensão. A legisl ação britâ nica cons idera nulas as uni ões entre pessoas de mesmo sexo e proíbe mod ifi car a ata de nasc imento para "mudar de sexo". Poré m, para o Tribun al supre mo ela UE, isto "constitui a violação do direito de casar". Vai se patenteando, cada vez mais, o esp írito antinatura l e anticristão que inspira a Uni ão Europé ia.
Líderes das FARC escondem-se no Brasil
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icardo Palmera, o Simón Trinidad, um dos pri nc ip a is chefes e ideó logos da g ue rri Iha marxista- le nini sta co lombiana FARC , foi preso no Equ ado r. É a prim e ira vez qu e ca i nas mãos da Ju sti ça um tão a lto dirigente g ue rrilheiro. E le era tido co mo o nº 4 das FARC. Seg und o o a nalista co lo mbiano A lfredo Ran ge l, a prisão "constituiu um dos pio res f atos que ten ham acontecido às FA RC desde a sua criação" .
Pa lme ra preparava-se para vir ao Bras il , onde participaria de uma c úpul a sec reta da g ue rri lh a e m Ma naus. O quotidiano "E I Tie mpo", de Bogotá, informo u que o nº 2 das FARC, Raú l Reyes, há meses estaria circul ando pelo Bras il. Seg un do o se nador Jimmy Chamorro, ela Comissão ele Relações Exteriores cio Senado co lom biano, os líderes das FARC estão fora da Co lô mbi a, se ntind o -se mais seguros em países vizinh os como o Bras il e a Venezuela.
Ricardo Palmera escoltado por soldados colombianos
bispo de La Crosse, Wisconsin (EUA) , D. Raymond Burke, determinou que os legisladores católicos que apóiem o aborto ou a eutanásia não receberão a Santa Comunhão em sua diocese . O decreto episcopal esclarece que o legislador católico, ao apoiar o aborto ou a eu tanásia, "comete um pecado manifestamente grave, que é causa de sério escândalo para os demais"; e refeDom Raymond re-se ao Código de Burke, Arcebispo Direito Canônico de St. Louis (can . 915), o qual ordena que tal gênero de legisladores "não se jam admitidos à Santa Comunh ão", e que só poderão voltar a receber os Sacramentos após "publicamente renunciarem a apoiar essas práticas injustas". O Prelado escreveu a três legisla dores católicos, dizendo que a fé deles corre risco se continuarem votando medi das "anti-vida", "incluindo o aborto e a euta nás ia ". D. Burke acaba de ser promo vido a Arcebispo de St. Louis, no Esta do de Missouri. O novo arcebispo de Nova Or leans , Louisiana, D. Alfred C. Hughes, a exemplo D. Alfred de D. Burke, aplicou C. Hughes, louvável e análoga Arcebispo de sanção disciplinar. E Nova Orleans acrescentou: os fiéis que votarem em parlamentares que aprovem o aborto, a eutanásia ou a destruição de embriões humanos participam desses graves crimes morais.
MARÇO2004 -
Aprovado o Estatuto do Desarmamento Ü que deve pensar o católico sobre a nova legislação? Ela acarretará nefastas conseqüências para a população em geral, e de modo nenhum reprimirá o crime 1, DIOGO WAKI*
oi sancionado pelo presidente Luiz lnácio Lula da Silva (foto acima), no dia 23 de dezembro último, o fü·tatuto do Desarmamento, que proíbe o po1te de armas legais de defesa. A lei ai nda pern,ite a posse domiciliar, mas se uma pessoa po1tar uma arma fora de seu domicílio, estará sujeita à prisão sem direito a fiança. Antes de comentarmos o documento sa ncionado, convém chamar a atenção -
CATOLICISMO
sobre um erro de visualização muito freqüente em algun s ambienles caló licos. À primeira vista, pareceria este o mais razoável dos argumentos: uma vez que a maior parte dos crimes que terminam em homicídios envo lvem o uso de armas de fogo , se elas fossem tiradas de c ircu lação, os crimes necessariamente diminuiriam. Pode-se perguntar se é legítimo o uso de armas de fogo com a finalidade de defesa co ntra um a ameaça a nossas vidas, co ntra a -atuação de criminosos
que muitas vezes matam ou violentam a lg um e nte querido , contra um invaso r de domicílio.
"Não matarás" -
fiá exceções?
Defendendo a própria vida, a vítima da agressão poderá produzir a morte do criminoso. Não eslará ta l vítima violando o 5° Mandamento da le i de Deus - "Não matarás" ? Esse lema já foi tratado em artigos anterior s publicados nesta revista (Catolicismo nºs 584 e 634) sobre a te-
gitimidade moral de se reagir para defender a vida, a fam ília e o patrimô11io. Ne las se argu me nta e se afi rma que é conforme à doutrina católica e ao direito natural ter e portar armas de defesa para garantir a própria vida e a dos fami liares, bem como para defender o patrimônio. Àqueles argumentos pode-se acrescentar o que diz o Catecismo da Igreja Católica (Ed itora Vozes, 1993, pp. 589590). Citando o Doutor Angélico, Santo Tomás de Aquino, diz o texto: "É legítimo fazer respeitar seu próprio direito à vida. Quem defende sua vida não é culpável de homicídio mesmo se for obrigado a matar o agressor". E conclui: "A legítima defesa pode ser não somente um direito, mas um dever grave, para aquele que é responsável pela vida de outros, pelo bem comum da família ou da sociedade". Alguém poderia obj etar : " Mas Nosso Senhor repreendeu São Pedro quando este cortou o orelha de Malco". Sim, é verdade, mas por razões circunstanci ais. Naq uele momento iniciavase a dolorosa Paixão de Nosso Senhor, a qual e le tinha a missão divina de sofrer. Todavia, o Divino Redentor não repreendeu Pedro pelo porte da arma (naquela época não havia armas de fogo). E le disse: "Guarda tua espada" (Mt 26, 52), não tendo ordenado que São Pedro ajogasse fora.
Lei <1ue não atinge o o/Jjetivo O Estatuto do Desarmamento é pernicioso exatamente porque nega tais preceitos fundamentais. Cumpre acrescentar que a lei aprovada não atingirá bandidos e criminosos que, pela própria condição de foras-da-lei, não serão por ela alcançados. O homem honesto, este s im , será preso e impedido de faze r uso do direito à legítima defesa. Além do mais, os crimes de homicídio, que envolvem o uso de armas de fogo, em sua quase totalidade são praticados na área da crim ina lidade, ou seja, entre conflitos de quadrilhas, entre facções do tráfico de drogas. Homicídios que envolvem homens honestos são estatisticamente insignificantes. Mas outra objeção poderia ser feita: "É obrigação da polícia e do Estado nos defender. Não é preciso def esa pessoal".
A objeção faz sorrir por ser ingênu a. A polícia não é onipresente e, via de regra, chega depois do crime. E há mais. O Estatuto aprovado é tão abs urdo, que proíbe as guardas munic ipa is de usarem armas para a manutenção da ordem, e m municípios de até 50.000 habitantes ! Pode ser que algum le itor tenha horror às armas. Eu o compreendo, mas o que não se pode é imped ir que outros, que sintam condições de se defender e tenham habilidade para isso, o façam. Portanto, se os bandidos vão continuar armados, matando e assa ltando, não só em residências, mas também em ruas e locais de trabalho, qualquer um tem o direito de se defender e, para isso, portar armas. É c laro, armas lega li zadas.
Uma revolução em curso O leitor, que nos acompanha há algum tempo, terá visto a preocupação, por nós manifestada inúmeras vezes, pelo cresc imento da agitação rural , que toma ares de um a verdadeira revo lução e m c urso no Brasil. Basta ver a declaração do principal líder do MST, Stédile: "A luta camponesa abriga hoje 23 nú/hões de pessoas. Do outro lado há 27.000fazendeiros. Essa é a disputa. Se rá que 1.000 perdem para um ? Não vamos dorinir até acabar com eles [fazendeiros]" ("Veja", 30-7-03). Por outro lado, José Rainha (outro líder do MST) decl arou: "É preciso libertar todos os presos das cadeias ". Somem-se a isto as invasões de faze ndas por movimentos indígenas, e será mais fácil compreender um dos efei tos indesejáveis do Estatuto do Desarmamento: ev ita r que as vítimas se defendam. Tal le i proíbe o porte de armas. Contudo, uma categoria de brasileiros ficou preservada: "Aqueles que moram no campo, e que precisam da caça para a sobrevivência, serão autorizados a portar armas na categoria caçador". Ora, moram no ampo não apenas pessoas de bem, mas igualmente os agitadores do MST. Estes poderão alegar que estão passando fome e que necessitam da caça para sobreviverem. Portanto, poderão alistar-se na categoria caçado,: O mesmo poder-se-á dizer dos novos índios, patrocinados pelo C[MI. Todavia, isto não poderão alegar os proprietári os ru-
rais. Esses não poderão se armar, ai nda que agredidos pelo MST ou pelos indígenas organi zados por movimentos de esquerda. Não é difícil ao le itor concluir: está claro quem é o caçador, e ma is c laro ainda quem será a caça.
Cadeias cJ,eias ... ,le iI10ce11tes Com a ap li cação dessa nova legis lação, o brasileiro que transitar por ruas o u estradas brasileiras levando cons igo um a arma estará sujeito à prisão sem direito a fiança - será preso e responderá o processo na cadeia. Aproximadamente um a centena de pessoas já foram detidas em virtude desta le i. Como se sabe, nosso sistema prisional é in suficiente para deter todos os criminosos. E ntão, para prender o homem honesto, que não quer perder a vida e anda armado, será necessári o abrir espaço nas cadeias, so ltando os crim inosos que lá estão. Foi o que ocorreu neste último fim de ano: numerosos bandidos fora m in dultados e soltos para passar as festas com os fami li ares. Muitos não retornaram aos presídios e voltaram à prática do crime. Ao mesmo tempo, alguns honestos foram ocupar os lu gares deixados vagos pelos criminosos. É a previsão de José Rainha que se cumpre! Por essas e outras razões, devemos ser contra a aplicação desse Estatuto do Desarmamento.
A Úllica apelação que resta Mas, agora que a le i está aprovada, o que faze r? O recurso que nos resta é apelar ao STF (Supremo Tribunal Federal), promovendo uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADJ N), a legando que o Estatuto é inconstituc ional, pois viola diversas garanti as asseg uradas em nossa Carta Magna. Foi este o recurso - com o qual estamos de acordo - que o Parlido Trabalhista Brasileiro (PTB) deu entrada no STF. É oportuno sobretudo apelar a Nossa Senhora Aparecida. Peçamos-lhe que não permita a ap licação de tal lei, de conseqüências tão funestas para o Brasil. • E-ma il do autor: wak isan@pro leg iIimadefesa.org. br
* Coordenador da campanha Pró Legítima D~/ésa. MARÇO2004 -
INTERNACIONAL
1 Paris - A recente permanência do preside nte da Comi ssão Europé ia, Ro mano Prodi , em Ancara (Turqui a) - prime ira vi s ita o fi c ial de po is de mai s de 20 anos - e a subseqüe nte viage m do pri me iro mini stro turco, Recep Tayyip Erdoga n, aos Estados Unidos, com vistas a fac ilitar a so lução do pro ble ma de Chi pre, aceleraram eficazmente o processo de adesão da Turqui a à União E uropéia. Por mai s incong ruente que sej a esse proj eto, ele está previsto para ser discutido - e aprovado - numa re uni ão de chefes de Estado e de governo europeus e m fin s deste a no. Anomalia l'eligiosa, culWml e política Mais do que um absurdo geográfi co (a Turqui a é uma nação asiática; sua diminuta po rção euro péia, a oeste do Bósfo ro , re presenta me nos de 1/30 de sua supe rfície) , o projeto de ingresso do Estado turco na União Européia é uma aberração re li giosa, cultural e política. Com efe ito, mesmo que o Estado turco e suas e li tes - principalme nte o exérÀ esquerda : símbolo dos muçulmanos hititas em Ancara, capital da Turquia
cito - sejam efetivamente laicos, herança da revolução ke mali sta (esta ocorre u depo is da [ Gue rra Mundi al e foi li derada pelo general Ke mal Ataturk, conside rado o fundad o r da Turquia mode rna), a ime nsa maio ri a da população é muç ulm ana. Ma is aind a, o e le ito rado esco lhe u para co nstituíre m o atual governo um partido e um líde r abe rtame nte pró- islâmicos, até há pouco banidos por causa de sua militância e m favo r da islami zação da Turquia.
Ni sso eles de mon stram um a partic ula r carê ncia de senso hi stó rico. Poi s foi prec isamente essa a políti ca dos romanos decade ntes: fra nquear a entrada dos te rritórios imperi ais aos bárbaros vi zinh os, julgados mode rados, pa ra fa zer uma fre nte co mum contra os bárbaros radicais que vinham chegando mais atrás. Como é sabido, antes de o Império do Ocidente desabar definitivamente, o exército imperial admitiu e m seu seio militares ele ori gem bárbara, como o general Stilicão.
Uma Eumpa inliltrada a /'um/o pelo islamismo
A Eul'opa l'enega seu glOl'ÍOSO passado Cl'ÍStão
O vé u de moderação com que o pri me iro ministro Erdogan te m ve lado suas convicções - para não irritar os ke ma1istas do exército e, parale lamente, facili tar as negociações para o ingresso na UE - não altera as te ndê ncias profundas de seu partido ne m, sobretudo, :is aspirações da popul ação que o levou ao poder. O que faz desse grande país da Ásia Me no r uma nação indi ssolúve l no pirão da ass im chamada construção européia. Basta pensar que daqui a IOanos - prazo previsto para a total integração da Turqui a na UE - o Estado turco será o mai s populoso dessa nova Europa, com cerca de 100 milhões de habitantes. Se o pequeno Kosovo muç ulm ano não fo i di ssolvido numa Sérvi a grecocis mática e nfraquec ida po r 50 anos de comunismo, quanto menos a Turqui a irá integrar-se harmo niosame nte numa Euro pa altame nte desenvolvida e que, apesa r de tudo, aind a guarda importan tes restos de sua gloriosa herança cristã.
Esquec idos dessa li ção cio passado e urope u, os gove rn a ntes e mpe nhados nessa estratégia sui c ida afirma m abertamente que a exclusão ele qualque r referê ncia ao cristi ani smo no preâ mbul o do projeto de Constitui ção europé ia j á é uma antecipação do futuro ingresso da Turquia, nação maciçame nte muçulmana. Esse repúdio ostensivo elas raízes e herança cri stãs para evita r um novo choque de civilizações com o Islã - o que equivale a uma virtual apostas ia - não pode contar com as bênçãos da Providênc ia. Assim sendo, uma União Europé ia que re nega seu passado cri stão está fadada infalivelme nte ao mai s estrepitoso fracasso, o qual, ali ás, j á co meçou. Deus parece tão ciume nto dessa Europa cri stã - na qual a Igreja Católi ca gerou milhares de santos, e a C ri standade magníficas instituições - , que tudo começou a dar e rrado na construção euro pé ia quando a referência ao cri sti ani smo foi ofi cial e notoria mente abando nada. E hoje a União Européia parece uma Torre de Babel, e m que cada qual proc ura tirar as maiores vantagens para si antes que acabe a fes ta.
1'áticas de poitos decade11tes conde11ados ao li'acasso Não obstante essa evidência palmar, os demiurgos que cozinham nos bastidores a construção européia decidiram que a Europa deve deixar de ser um "clube cri stão" e começa m a preparar o terre no para admitir a Turquia em seu seio. Qu al a razão que eles invocam? lmpedir que Ancara desli ze para o islami smo radica l e se junte ao resto das nações muçulmanas do Orie nte Médio e do Norte da Áfri ca, dividindo ass im as potências muçulmanas na hipótese de um confronto cultu ra l e político Islã-Oc idente.
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CATOLI C I SM O
Uma Ew·opa dilacel'acla, in/111enciada pol' Moscou Aos litígios anti gos - por exe mpl o, a divergência qu anto à meta fin a l: nações fo rm and o apenas um vasto mercado comum o u um a e ntidade fede ral politi ca me nte unifi cada? - so ma m-se rece ntes e profundas fratu ras, difi cilme nte sanáve is. Destaca-se a divergência das vári as c hancela ri as européias di ante da política MARÇO2004 -
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NEOPAGANISMO
Extravagância, socialismo e satanismo Os três elementos acima tendendo a um mesmo fim, é o que fica patenteado em macabra "linha de montagem"
de cadáveres estabelecida na China. r,
Luís DuFAUR
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Os demiurgos que cozinham nos bastidores a construção européia decidiram que a Europa deve deixar de ser um "clube cristão"
internac ional dos Estados Unidos e da guerra no Iraq ue: tal desencontro vai desde o apoio incondi cional da Inglaterra e da Espanha à política internacional norte-a mericana até a oposição aberta po r parte da França e da Alemanha. Po r sua vez, o nascente tri â ng ul o Pari s-B erlim -M osco u inqui e ta os países da E uro pa do Leste , novos me mbros da U E que até há po uco e ra m saté lites da Rú ss ia, e qu e ana li sam co m preoc upação a retó ri ca nac io na li sta de Pu tin , nostá lg ico das anti gas fro nte iras do im péri o verme lho.
/11dig11ações e r esse11time11tos, <levido à união artilicial No plano econômi co, o desrespeito acintoso das regras de rigor orçamentári o por parte da França e da Ale manha provoca uma legítima indignação dos que j á passaram pelo sacrifíc io de estabe lecer a austeridade para gara ntir a estabili dade da moeda única. Tra nsform ou-se num que bra-cabeças definir qu al deve ser o número de co mi ssá ri os no ó rgão exec ut iv o d a Uni ão e co mo va i fun cio nar a po nde ração dos votos e o cálcul o da maio ri a no Conse lho de Mini stros. É a qu adratura do círc ul o: como conte ntar os países peque nos sem para li sar o fun cio na me nto da União? Co mo torná- la efi caz, sem dar maio r poder dec isóri o aos gra ndes países fund adores? -
CATOLICISMO
Finalmente, a sugestão de fa zer uma Europa de duas velocidades, como meio de sair do impasse, é cons iderada pe las ·nações recém-chegadas como uma deslealdade, pois as deixaria numa pos ição de periferia se m influência, e nquanto o velho núcleo central continuari a avançando rapidamente para uma completa união política, dipl omática e militar.
Punição: uma Ew·o11a aba11do11a<la por Deus O ma ior pesadelo para os arqui tetos da construção européia é que essa Rua central de Ancara : sob aparências de laicidade, aumenta tendência eleitoral pró-Islã 1 ?
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cacofoni a po líti ca e dipl o máti ca a ume nta na po pul ação o desenca nto co m um proj eto que não está mais c ri ando os milag res econômicos do pós II Gue rra Mundi al, nem está pesand o de mane ira efetiva nos grandes ass untos inte rn ac io nais. Pelo contrário, os povos da Europa sentem-se cada di a mais vítimas de uma tecnocracia apátrida, que dita regras abstratas e irreali stas, torna ndo a vida quotidi ana cada vez mais complicada. Dec idida mente, o ve nto não mais sopra nas asas da Euro pa unida. E até seus proj etos espaciais não tê m alcançado o resultado esperado. Haja vi sta a impossibilidade de comunicação com o pequeno robô Beagle-2, que desceu e m Marte no dia de Natal, enquanto os robôs ameri canos, chegados àque le planeta du as semanas depois, envi am fotografias colo rid as e nítidas de suas exp lorações marcianas. A ex plicação para essa enxurrada de fracassos talvez se e ncontre naquele belo e conhecido verso do Salmi sta: "Se o Senhor não edificar a casa, laboram em vão os que a edificam ". Se o Velho Continente dá as costas a Nosso Senho r Jesus Cristo, é de se estranhar que a Divina Prov idê ncia volte as costas para uma E uropa ex-cri stã? •
E-mai l do autor: j.uret a@wa nadoo. fr
alvez o leito r se pergunte o que têm a ver e ntre si ass untos tão diversos como a arte moderna ultra-arrojada, a imoralidade desbragada, a onda at1ral de bl asfêmias e sacrilégios, o satanismo, o socialismo e o comunismo - para citar apenas alguns - contra os quais Catolicismo, com base na doutrina católica, procura erguer uma muralha de horror e denúncia. Contudo, tais aberrações de caráter neopagão apresenta m entre si profunda coerência. Ilustra tal conexão uma estarrecedora matéri a divulgada por dois semanários de grande tiragem: "Der Spiegel", da Alemanha, e "Veja",* do Brasil. Segundo e les, o médico alemão Gunthe r von Hagens pro moveu mórbida mostra artística itinerante denomin ada Body Worlds. Ne la ex ibe defun tos sem pe le, tratados com uma técnica de sua invenção. Eles são dispostos em posturas lúdicas, para dissimular o conteúdo macabro da exposição. Esta, diz-se, já atraiu 14 milhões de visitantes. Em alguns países a mostra foi cancelada, devido a queixas de religiosos e associações de ética médica. Hagens, alé m disso, vende tais obras de arte para excêntricos clientes.
* Para reali zar sua empresa, e le criou uma linha de montagem de cadáveres e m *
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Dalian (China comuni sta), próx ima a três prisões agrícolas. O regime marx ista lhe vende os presos executados, por 800 rea is cada. A dantesca linha de montagem supera as mais férte is imaginações de horror. Uma das fotos mostra sorridentes operári as chinesas tratando pe les humanas inte iras, penduradas como num açougue !
Os princ ipais forn ecedores na China, co mo ta mb é m no Quirg ui stão (exURSS), são de legac ias de políc ia, asil os de velhos, presídi os, hosp itais e uni versidades. Entre 1996 e 2002, a "fi li a!" do Quirg ui stão ex po rto u 30 to ne ladas de carn e huma na: 488 corpos inte iros, 1O fetos, 43 1 cére bros e 397 ó rgãos vari ados ! Outra "filial " dessas aberrações fun cio na na Rúss ia de Putin . Em Body Worlds, Hagens expõe cenas corno a de um ho me m nu fat iado. Hagens que r montare m Londres um in qua lificável e blasfemo presépi o em tamanho natu ral, co loca ndo na manjedo ura um feto di ssecado ! Poderá a im piedade humana conceber, por si só, injúri a tão abj eta contra o adorabilíss imo Menino Jes us, sua Santíss im a Mãe e o admiráve l São José? Ou deve-se supor ta mbém uma inspi ração infe rna l?
Gunther von Hagens (esquerda) promoveu mórbida mostra artlstica itinerante denominada Body Worlds (direita)
Ass im , a abe rra nte "arte" moderna, o soc iali smo e o comuni smo, a bl asfêmi a, o ate ís mo e o sata ni smo conjugam -se para produzir os ele mentos de um mundo di abolicame nte oposto à Civili zação Cri stã. O u sej a, à civili zação filh a da Santa Igrej a Católica, e la pró pri a corpo místico do D ivino Redentor. Tais e le me ntos de um mundo visceralmente antic ri stão são fru to do processo revolucionári o multi ssecul ar, ex imi amente denunciado pelo Prof. Plinio Corrêa de Olive ira em sua obra-mestra Revolução e Contra-Revolução. • E-mail do autor: LuisDufour@ ne1sca12e.ne1
* "Veja", 28- 1-04,
pp. 44-47 .
MARÇO 2004 -
Piqueteiros: Questão social ou
revolução anarco-socialista? N a Argentina, os piqueteiros vão ocupando o centro do cenário, adotando uma estratégia para instalar o caos e implantar um regime socialista, em coordenação com outras forças revolucionárias do continente
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ara bem informar nossos leitores a esse respeito, entrevistamos o Sr. Martín Jorge Viano, secretário de Relações Institucionais da fundación Argentina de/ Maiíana, dedicada à defesa da família e das raízes cristãs do país. Entre suas recentes iniciativas, figura a campanha Reconquista e Defesa dos ideais que nunca morrem, que acaba de publicar importante estudo sobre o denominado movimento piqueteiro. Diretor da revista "Cruzada" e do "Informativo Argentina dei Maiíana", o Sr. Viano é coautor de dois livros sobre a problemática da televisão; de um compêndio de perguntas e respostas sobre o aborto, tendo realizado, nos últimos anos, cerca de 400 conferências em estabelecimentos educativos a respeito das conseqüências do mau uso e abuso da TY.
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Catolicismo -
Como o Sr. considera o atual panorama político em seu país?
Sr. Martín Viano - Desde dezembro de 200 1, quando exp lodi u a crise econôm ica e a Argentina teve quatro presidentes em apenas 30 dias, a população vive num estado de tensão quase permanente. Temos visto fracassar sucess ivos e desencontrados projetos po líti cos; assistimos a denún-
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CATOLICISMO
S1: Marlín Viano: "Assistimos a um au111e11to vertiginoso <le criminalidade: seqüestros, assassinatos e roubos, tanto na ci<lade como 110 campo "
cias grandiloqüentes contra a corrupção, seguidas de um vazio informativo desconce1tante; nossos direitos básicos, como o da propriedade privada e o da livre circulação, são atropelados de modo arbitrári o e impunemente; pretende-se iludir o público co m projeções econômi cas sem fundamento sério, dado que não existem planos a longo prazo. Assistimos ai nda a um aumento vertiginoso da criminalidade: seqüestros, assass inatos e roubos, tanto na cidade como no campo. Nesse panorama, é ev idente que não se podem debater com seriedade e honestidade os temas importantes que nos preocupam . Daí haver uma sensação generalizada de que os probl emas reais de nosso país não estão sendo anali sados com objetividade - nem pela c lasse política, nem pelos meios de comunicação - pois fa lta-lhes a serenidade e a racionalidade indi spensáveis. EntTetanto, há um fator que não duvido em qualificar de explosivo: é o chamado movimento piqueteiro. Este ocupa cada vez mais o centro da cena.
Catolicismo -
O Sr. classifica como "explosivo" um movimento que se apresenta como uma reivindicação social dos mais necessitados? Sr. Martín Via110 - Na realid ade, o movimen-
to piqueteiro está muito longe de se limi ta r a
pedidos de subsídios, alimentos ou víveres. Se fosse verdadeiramente esse seu objetivo, os protestos ter-se-iam concentrado em um só assunto: a obte nção de postos de trabalho com sa lários dignos. Mas é precisame nte o contrário que ocorre. As manifestações piqueteiras levantam os mais variados temas, desde a dívida externa, o anti-imperialismo, a guerra do Iraque, a luta contra a ALCA, a questão indígena, até o pedido de anistia irrestrita para os agitadores. Quer dizer, o desemprego e os problemas econôm icos são pretextos para mobilizar forças revolucionárias e partidos de esquerda que, fracassados nas urnas, têm como objetivo instal ar no país o caos, a lu ta de classes permane nte e alimentar o ód io contra a propriedade privada e contra toda forma de autoridade.
Catolicismo - Fracasso nas urnas? Sr. Martín Via110 - Exatamente. Essas forças estão fazendo agitação nas ruas, com grande cobertura da imprensa e da televisão, pois demonstraram uma ev idente incapacidade de obter um a representação política através do voto popul ar: nas eleições de 2003, só obtiveram 0,25 % dos votos e m todo o país ... Catolicismo -
Os piqueteiros têm algo de parecido com o MST no Brasil?
Sr. Martín Via110 - O MST, que eu saiba, atua principalmente nas zonas rurais para impor ao Brasil uma Reforma Agrária socia li sta e confi scatóri a. Os piqueteiros agem nas zonas urban as - diretamente nas grandes cidades, ou nas loca l idades ond e ex iste m importantes empresas particulares. Buenos Aires é hoj e quase um a cidade s iti ada. Sair ou e ntrar nela, transitar pelo centro, ir ao trabalho, tem se transformado num martírio quase cotidi ano para centenas de milhares de arge ntinos. Demonstrando um alto grau de mob ili zação e capac idade de in timidação - não vacilam em usar objetos contundentes e até armas de fogo - , as organizações piqueteiras interrompem o tráfego nas ruas e avenidas ce ntra is, dificultando a livre circ ul ação de pessoas ou mercadorias . Inclusive expo ndo o cidadão com um a graves riscos - mes mo o de morte, convém notar - , em clara violação da Constituição e do Cód igo Penal. Tal movimento, entre 1997 e 2003, atuou de modo a formar quase 6.000 barreiras em vias públicas em todo o país. Chegaram a cometer os mais graves delitos: destruição e incêndio de escritó-
"Demo11stra11do mn alto grau de 111obilização e capacidade de inti111idação, as organizações ph1uctciras i11ten·ompem o tráfego 11as ruas e avenidas centrais, <liliculta11do a livre cir culação <le pessoas ou mercadorias "
rios, loj as comerciais, ca rros particulares e de transporte público, si nali zações, caixas a utomáticas, cabines telefônicas; invasão e ocupação de pedágios, de estações de trem, metrôs ou pontes. Destruíram a central e hi stórica Plaza de Mayo, bem em frente à Casa Rosada, sede do governo. Picharam repetidas vezes os muros da Catedra l de Buenos Aires com dizeres sacrílegos etc.
Catolicismo - O que pretende, de fato, o movimento piqueteiro? Sr. Martín Viauo - A abundante doc ume ntação disponível - que a ca mpa nha Reconquista e Defesa dos ideais que nunca morrem cita em rece nte documento intitul ado Diálogo Directo entre argentinos - permite conc luir que se trata de um movim e nto de caráter revolucionário , com um a organi zação paramilitar, muito hábi l no e mprego de táticas psicológicas, midi áticas e de mobili zação, artic ul ado internacionalmente com corre ntes ideológicas reconhec idame nte ma rxi stas . MARÇO2004 -
uma luta de classes que levará à ditadura do proletariado". Como afirm ava o Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, o comunismo, mesmo com a queda do Muro de Berlim , não morreu, mas apenas metamorfoseou-se e adotou uma nova estratégia, continuando sua doutrina exatamente a mes ma. Catolicismo - E o governo, que atitude adota? Sr. Martfo Viano - As autoridades públicas pre-
tendem encurralar o país numa fa lsa e perni ciosa alternativa: repressão brutal com banho de san gue, ou aceitação do convívio habitual com a desordem, a vi olação da lei, o de lito, com evidente prejuízo dos legítimos direitos do cidadão pacífico, honesto e trabalhador. Dessa fo rma, fica parali sada toda reação lega l, e o movimento piqueteiro impõe sua tirani a nas ruas, nas rodovi as e até em repartições públicas, destruindo o princípi o de autoridade, minando o Estado de Di reito, insta lando a anarqui a e ameaçando gravemente a liberdade de ir e vir e o direito de propriedade.
Catolicismo - Mas qual o objetivo de tal movimento? Sr. Martín Viano - O movimento piqueteiro, sob aparência de protestos soc iais, favorece a modifi cação radical de nossa atual estrutura sóc io-econômica, com o objetivo de substituí-la por um mode lo neo-soc iali sta, não muito di fe rente do promov ido por Fidel Castro em C uba, Hugo Chávez na Venezuela, simil ar ao das Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC), e mes mo ao do MST do Bras il. Tal objetivo fo i motivo de debate no Foro Social Mundial de Porto Alegre, no qual tiveram ativa participação os diri gentes piqueteiros. Nesse sentido, Luís D 'Elía, um dos dirigentes piqueteiros, durante as comemorações do dia l º de Maio de 2002, em Havana, saudou Fidel Castro como "nosso comandante" e exaltou o regime cubano como a síntese das mais altas esperanças do movimento piqueteiro que as pira fo rmar um bl oco reg ional "entre Kirchne,; Fidel, Lula y Chá vez", segundo decl arações a um jornal de Buenos Aires. Na mesma linh a, outro líder piqu ete iro, o trots ki sta Néstor Pitrola, di sse a um semanári o da capital argentin a que é necessário acabar "com
a desigual distribuição da riqueza, por meio de -
CATOLICISMO
"O movimento piqueteiro, sob apal'ê11eia de pl'otestos sociais, favol'ece a 1110</ilica ção mdical de 110ssa atual est,·utul'a sócio-econômica, co111 o objetivo de substituí-la pol' wn modelo neo-socialista "
Catolicismo - Finalizando, poderia dizer-nos algo sobre a proposta da campanha Reconquista y Defensa? Sr. Martín Viano - Em nosso documento di zemos que, se se pretende seri amente construir um país, como propôs o Presidente Néstor Kirchner, deve-se faze r cumprir a lei, e o Estado deve assumir sua irrenunciável responsabilidade de manter a ordem pública, assegurar a defesa dos direitos fund amentais de todos os argentinos e restaurar a indi spensável paz soc ial. Do contrário, afirmamos, ne nhum projeto po lít ico, soc ial ou eco nômico poderá encaminhar a nação argentina rumo à grandeza espiri tual e materi al à qual a Divina Prov idência a destinou. É prec iso ter em vi sta que o panorama vai se agravando d ia a di a, devido às ameaças cada vez mais vi olentas por parte de certos setores piqueteiros. E não é descabido imag inar que possamos estar no limi ar de um enfrentamento de conseqüências imprevi síveis. Numa outra ordem de idéias, Reconquista y Defensa faz uma exortação a todos o argentinos para ve,; julgar e agir, dentro da ordem e da lei. Com isso, somar esforços e contribuir para esc larecer os espíritos, fo rtifi car os ânimos e mobi li zar as vontades, a fim de que nossa Pátria alcance o verdadeiro progresso e prosperidade, com uma paz sólida e duráve l, baseada em nossa tradição cri stã. É o que pedimos a Nossa Senhora de Luján, Rainha e Padroeira da Argentina. •
Eutanásia em série 1 - Na cidade de Lucerna (Suíça), um enfe rme iro, apelidado de Anjo da Morte, matou 24 idosos que viviam em cinco asil os e tentou matar outros três. O pretexto para praticar os crimes era pôr fim ao sofrimento deles e redu zir o trabalho dos funcionári os. Ele disse que matou as vítimas, a maiori a mulheres, com altas doses de remédio ou· asfixiando-as com sacos pl ásticos ou toalhas. 2 - Em West Yorkshire, o médico Harold Shipman , considerado o maior assass ino em série da hi stóri a da Grã-Bretanha, foi encontrado enforcado em , ua cela, na Penitenciári a Wakefi eld, na véspera de completar 58 anos. Acredita-se que Shipman, conhecido como Dr. Morte, tenha assassinado pelo menos 2 15 pacientes com injeções de heroína. Os funcionários da penitenciária encontraram-no pela manhã, pendurado numa forca feita com lençóis presos às barras da janela.
3 - A própria mãe de Yincent Humbert, de 22 anos, ajudou a matar o filho por este ser tetraplégicó. O fato macabro ocorreu no hospital de Berck Plage, norte da França, e contou com a parti cipação do médi co do jovem. A genitora foi indiciada crimin almente por admini stração de substâncias tóx icas e assumiu inte iramente a res ponsabilidade pe lo assassinato. No dia 24 de setembro de 2003, ela admi ni strou ao filh o um produto tóx ico, que o lançou num coma profundo mas não o matou de imediato. A morte só ocorreu dias depois, quando a equipe do médico Frederic Chaussoy apli cou ao doente a inj eção letal. Por incrível que pareça, o ministro da Saúde francês resolveu defender os acusados, sob a esdrúxul a alegação de que "a era da obstinação terapêutica chegou ao fim" .
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Harold Shipman, o "Dr. Morte"
O jovem Vincent Humbert
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Numa civili zação cri stã, os ve lhos e os doentes são tratados com caridade. O sentimento de pena em relação aos seus padecimentos leva a querê-los ainda mais e a prepará- los para sofrer bem, e assim ganhar o Céu. Numa civili zação neopagã como a nossa, é o contrário que ocorre. Se sofrem, são assass in ados para não sofrerem mais e não faze rem os outros sofrer. Não ex iste caridade cri stã, e considera-se a morte como o fi m de tudo, sem Céu nem Inferno. Com isso Deus é ofendido, muitas almas se perdem e Nossa Senhora chora! •
Mãe de Vincent Humbert
Nudistas "cristãos"
S
empre se ouviu falar da existência de grupos que reso lvem viver em comunidade, sem roupa, fi ngindo que não existe a tendência do homem para o pecado, e com isso afrontando a Lei de Deus. Os resultados dessas experiências raramente são publicados, e a razão do silêncio não é difícil de perceber... Os católicos sempre se mantiveram longe
de tal -horror. Mas estava reservado a esta nossa época - na qual proli fe ram teólogos ateus, sacerdotes co muni stas, freiras de roupas masculinas etc. - que surgisse também uma colônia nudista de inspiração cristã. É o que se pretende impl antar na Flórid a (EUA) , num requinte não só de hipocrisia mas também de bl asfêmi a. •
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E desumano não permitir o progresso a nossos indi~ finá-los em reservas, num regime tribal, para que continuem imersos no atraso e na barbárie. Sobretudo é inconcebível não evangelizá-los, evitando que eles tenham abertas diante de si as portas da Religião católica. Mas esse é o desejo de agitadores esquerdistas e neomissionários progressistas. ■ VíTOR DE TOLEDO A BRANTES
Índio yanomami ina la um pó alucinógeno denominado yakoana
e
or que condenar os pobres índi os à barbárie perpétu a? Não têm també m eles o direito de progredir na vida e de prosperar em liberdade ? Por acaso foram eles cri ados por Deus para que vegete m sempre num reg ime co leti vi sta, mi serável e primitivo? Não tê m os indígenas o direito de faze r parte de uma soc iedade c ivili zada, de aderir à Igreja católica e assim salvarem suas almas? Por que, e ntão, a nova mi ssiolog ia - impul sionada pela esquerda católica e por antropólogos da FUNAI - favorece a reclu são de nossos silvícolas em reservas que equivalem a um apartheid tribal? Por que marginali zá-los dessa fo rma? A hi stóri a do Brasil , tão bela e tão tende nte à ordem enquanto se manteve fi el aos rumos traçados pelo Beato José de Anchi eta, pelo Padre Manoel da Nóbrega e tantos outros missionários católicos, deveria ter continui dade nos di as de hoje e não ser fa lac iosamente desviada, como intentam mi ssionários progressistas e certos fun cionários estatais. E lamentavelmente, o faze m, às vezes, em nome do Divino Sa lvador! *
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"Tambores de guerra", "conflito entre os índios", ''.fo rmação de um zaológico hum~mo", ou de um "apartheid indígena", "clima de guerra", "tomada de reféns", "incentivo às invasões", "confronto de índios com a policia", "prefeito prevê massacre" etc. Estas são expressões que têm aparecido em importantes jornais brasileiros para descrever a te nsa s ituação produ zida, desde o fim do ano passado, em Mato Grosso do Sul e Ro-
l À esquerda : Tomé de Souza chega em Salvador como Primeiro Governador Geral do Brasil, com o Pe. Manoel da Nóbrega e outros cinco missionórios. À direita : a índia Paraguassu, convertida ao catolicismo, facilitou o trabalho de evangelização dos indígenas no século XVI.
raima, devido à política que, a quatro ,nãos, mi ssionários progressistas e o governo federal promovem em relação aos indígenas que habitam esses dois Estados, bem como e m outras regiões da União. O perigo de luta armada começou a concretizar-se em violentos conflitos em Mato Grosso do Sul, entre índios caiovásguarani s e fazendeiros. Os indígenas, tendo invadido 14 faze ndas, negaram-se pertinazmente a abandoná-las, como determinava uma primeira ordem judicial de reintegração de posse. Eles di zia m que só mortos sairiam dali . E m 5 de fe ve reiro último , mais de 3 mil desses indígenas ini ciaram a desocupação de 11 das 14 faze ndas invadidas, após um acordo estabelecido com a Justiça, o Mini stério Público e a F UNAI. Pacto este unil ateral, do qual não partic iparam os faze ndeiros . Estes pleiteiam a reintegração de pos-
se das 14 faze ndas, sem invasores. Diante dessa mais do que justa reivindicação dos produtores rurais, qual será o desfecho dessa conflitiva situação? O futuro dirá.
mação gradual dos pacíficos indígenas, caboc los e cafu zos e m massa de manobra revolucionária. Com que objetivo? Abal ar profundamente o Bras il tradicional e cristão e estabelecer tumores soc iali stas di spersos pelo territóri o nac ional , onde o reg ime de vida tivesse ca ráte r co letivi sta e comuno-tribal. Para isto, os ag itadores indi geni stas - quer do aludido setor do c lero de esquerda, quer de me mbros de organismos cio gove rn o - e mpenha m-se e m levar artifi cialme nte os ind ígenas das dife re ntes etnias que há no País, e seus descendentes, de volta a uma situação semelhante à que, du ra nte séculos, era a de muitos ante passados de les. Época em que vegetava m lame ntavelmente no fundo das selvas, freqüe nte me nte e ntregues aos horrores cio canibali smo e do infa nticídio e à adoração de seres diabólicos que divini zavam. E vita-se ass im que os índios assimile m a cultura ocide ntal, adote m a Religião católica pregada pelos autê nti cos mi ss ionários e trabalhem vi sando sua prosperidade, como o comum dos brasileiros, e m harmonia com o resto da popul ação. É um a form a disfarçada e mal-
Substituição da Juta de classes pela luta <le raças Como fo i possível que o B rasil - tão propenso à harmoni a entre as classes e as raças, onde du rante séculos, de um modo · geral , perdurou a concórdia e a mi scigenação entre elas para o be m comum - se tornasse palco de uma confrontação odiosa e violenta, ameaçando degenerar em sério conflito em diversas regiões do territóri o nac ional? Na realidade, a chamada questão indígena não surgiu de uma hora para outra. É um processo que vem sendo insuflado de longa data. Durante as últimas três décadas, pelo me nos, a política impulsionada pe los mi ss ionários católicos dependentes do CIMI (Conselho Indi genista Mi ssionário), órgão vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bi spos do Brasil ), e também por certos órgãos públicos como a FUNAI (Fundação Nacional do Índi o), depe nde nte do Mini stério de Justiça, desenvolveu-se no sentido de uma transfor-
fazeja de rac ismo. Quanto aos que já se be nefi ciara m desses dons, são com freqüê ncia estimul ados a abandoná-los para voltar à tri ste situação de seus ancestra is. Com efeito, procuram tais agitadores que os pobres índios se mante nham isolados de pessoas de qualquer outra raça e cultura, agrupados apenas eútre eles, submetidos aos ditames cios pajés e praticando exclusivamente seus costumes pagãos e primitivos, como o nomadi smo, a total ausência de propriedade privada, de livre iniciativa, de exploração agríco la organi zada e qualquer fo rma de aprendi zado racional. Como decorrê ncia dessa situação, muitos desses pobres indígenas se vêem con stran gidos a im ergir num a vicia de vagabundagem e bebedeiras.
Brado <le alerta que a CNJJJJ não atendeu Já e m 1977, Plíni o Corrêa de Oliveira publicou o livro Tribalismo Indígena, ideal comunomissionário para o Brasil do Século XXI (Edi to ra
Vera Cru z, São Paulo, 76. 000 exe mpl ares difundidos), que trazia à luz do di a, com ampl a e impress ionante documentação, uma rea lidade de que a opini ão católica e ntão não suspeitava, porque estava sendo preparada di scretamente nos cenác ulos progressistas . A obra denunc iava a exi stência, nos a mbi e ntes mi ss ionári os, de uma te ndê nc ia e uma doutrina de profund a simpatia e m relação à fo rma de vida indígena, na sua ex pressão mais bárba ra e radi ca l. Tal simpati a lançava suas raízes e m congressos ec umêni cos intern acionais cio iníc io daque la década, nos quais predomin ava a tese de que não se devia procurar a conversão cios índi os à Re li gião católica, mas trabalhar para que eles encontrassem valores e m suas c re nças supersticiosas e primi tivas. Inspirados em antropólogos que nada tinham nem queri am ter de cri stãos, como C laude Lé vy-Stra uss, esses neomi ssionári os alegavam, contra as mais pa lmares ev idê ncias e o mais elementar bom senso, que todas as cultu ras tinham o mes mo va lor, sem qu e se pudesse qualifica r nenhuma de las co1,:io superi or às outras. Afirmavam ainda que já não se devia desejar a co nver-
Os neomissionórios, ao contrório do zelo apostólico dos missionórios de outrora, trabalham poro o volto do época em que os índios habitavam as selvas e estavam freqüentemente entregues aos horrores do canibalismo, do infanticídio e à adoração de seres diabólicos que divinizavam
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Plínio Corrêo de Oliveira já denunciava em 1977 o existência, nos ambientes missionários, de tendência e doutrino de pro fundo simpatia em relação à formo de vida indígena, no suo expressão mais bárbaro e radical.
são dos desventurados índios, que ainda jaziam no pagani smo, à Igreja fundad a pe lo Filho de Deus encarnado. E que não era prec iso e nsinar-lhes os aspectos básicos de nossa cultura e civilização, poi s deveriam continuar nas suas civilizações e religiões. Até lá chegava a obsessão igua litária, amora l e relativista re inante entre os progressistas.
Índios usados como massa de manobra Mais ainda, segundo tais missionários, dever-se-ia procurar que os índios se mantivessem por prazo indefi nido presos a suas velhas superstições e a seus costumes primitivos, pelo fato de estes apresentarem supostas qualidades, entre as quais eram salientadas a inex istência da propriedade privada, a extrema simplicidade dos costumes, a igualdade total reinante entre e les ... e até a de não usarem vestimentas ! Segundo os missionários progressistas, tal regime de vida seria, nem mais nem menos, a rea lização do ideal evangélico. Dir-se- ia que, para eles, quanto mais primitivos fossem os pobres indígenas, tanto melhor. A mencionada obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira obteve enorme c irculação, causando grande impacto na opinião católica, como poucos livros alcan-
CATO LICISMO
çaram no Brasi l no século XX. Poré m, apesar do porte e da gravidade das denúnci as, a CNBB não tomou medidas contra tais aberrações doutrinárias e práticas nos meios ecles iásticos, ne m contra os costumes por e las favorecidos. De certa forma, entende-se que assim fosse, porque vários bispos - como D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia, e D. To más Balduino, então Bispo de Goiás Ve lho - estavam com prometidos a fund o com tais tendências. E suas posições recebiam a solidariedade de muitos outros pastores do Brasil. Ass im, os neomi ssionários continuaram s ua infau sta atuação de molidora . E nquanto isso, no campo c ivil começava a ser empreendido algo análogo por func ionários de organi smos estatais, sempre no sentido de manter os silvícol as no primitivi smo, paganismo e coletivismo, com o que poderão serv ir como força de choque para mudar os rumos do Brasil num sentido comuno-indigenista e quebrar a unidade e a soberania nac ionais. Não é poi s de estranhar que muitos índios tenha m sido obje to de um trato privilegiado, simil ar ao concedido a comuni stas e agitadores sindica is de esque rda.
1987: novo alerta sobre a questão imlíge11a Passo gravíss imo nesta matéria foi dado em 1988, por ocas ião de Assembléia Nacional Constituinte, quando o texto da nova Carta Magna conferiu à c lasse indígena privilég ios totalmente inusitados, in sinua ndo que os dire itos originários deles ao territó rio nac ional teriam primazia sobre os do resto do País. Tudo isso fe ito num contexto ideológ ico e jurídico notoria me nte imprec iso e perigoso. Assim, os indígenas tornaram-se uma espéc ie de nova aristocrac ia no Brasil, exatamente no momento e m que os pró•pri os constituintes te ntava m in staurar uma igualdade radical, abo lindo ou mutilando dire itos fundame nta is - e m espec ial o dire ito de propriedade privada - sob alegação de que só ass im se faria justi ça. Num a palavra, e nqua nto eram demolidas as hierarquias autê nticas, insta urava-se um a pseudo-hie rarqui a, o u melhor, uma hierarquia às avessas. Novame nte o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira interveio para desfazer esse ab-
surdo que se queria implantar. Publicou ele o livro Projeto de Constituição angustia o País (Editora Vera Cruz, São Paulo, 1987 , 73.000 exempl ares difundidos), que denunciava as aberrações jurídicas constantes do texto constitucional ainda em forma de substitutivo - , e ntre e las as referentes à promoção do indi geni smo. Poré m os dirigentes políticos, infelizmente, estavam resolvidos a aceitar as prete nsões das várias correntes de esquerda, e muitos dos erros e ntão denunc iados pe rmaneceram de po is no texto promulgado, passando da letra da Carta Magna para a substânc ia da vida nac iona l, ao longo dos anos. Hoje, a ex istênc ia de muitos e graves víci os na Constituição vigente, be m como a ocorrênc ia de procedimentos inace itáveis e ilíc itos para aprová- la, são temas conhec idos na vida pública. Naquela época, e ntretanto, praticamente só se fez ouvir o voz intrépida daquele insig ne pe nsado r e líder católico para denunciar tais fatos e defender a tradição cri stã, com pal avras que tanto mais ficaram para a Histó ri a quanto menos as autoridades de então qui seram escutá- las. A todo mo mento se fala e m emendas constituc io nais para mudar este ou aque le ponto inadequado. Por que não mudar a Constituição para restabe lecer a justiça num ponto tão cruc ial quanto o das reservas indígenas?
Início da decomposição do te1'1'itó1·io 11acio11al Contudo, a partir desses fatos foram sendo demarcadas, e logo ho mo logadas pe los sucess ivos governos, numerosas e ime nsas reservas indígenas - a lgumas mai o res que muitos países europeus .. . para ali insta lar diversas tribos ou etni as, às vezes de apenas poucas centenas de aboríg ines. De ta l modo que estes setornaram verdadeiramente imensos latifundiários. Porém o Estado não reconhece a esses indígenas qualquer direito individual além de viver lá dentro, submetidos totalmente como estão aos ditames dos que dominam o conjunto deles e dos antropó logos que os controlam ; podem co mer algum animal , ave, in seto, peixe ou vegeta l que consigam obter, natura lmente sem nunca trabalhar seri amente em co isa alguma, porque isto seria contrá rio à sua cultura. Esse abs urdo foi tão lo nge , que já se e nco ntra nessas cond ições mai s de 1 1% do te rritório brasileiro, a lbergando um total de a lgumas ce ntenas de milha res de índios - 0,25 % da popu lação nacional - , s upostamente com o
fim de "preservar suas culturas e etnias". Da aludida "preservação da cultura", j á tratamos. Quanto à preservação das etni as, isto dificilmente acontecerá, porque os indígenas permanecerão num tal isolamento, que não terão condi ções de sobrevive r por muito te mpo. Num estado de fraqueza e inérc ia ·crônicas, de aba ndo no total , e muitas vezes escrav izados ao hábito de não seguir normas definidas de vida, as mai s diversas doenças poderão, dentro de algum tempo, exti nguir tais tribos. Ademais, co m muita facilidade os indígenas tornar-se-ão vítimas de aventureiros sem escrúpulos e de inúmeras ONGs, as quai s, de modo simil ar a certos políticos, declaram-se com ê nfase a favo r deles, mas , obv ia me nte, muitas vezes têm o utros inte resses, não precisame nte a ltruístas ...
"Cortinas de /'errn" na selva para segregar os ínclios Assim, a FUNAI procura estabelecer uma espéc ie de tutela perpétua sobre os indíge nas, como se fossem menores de idade ou incapazes mentalmente, negando-lhes a possibilidade de dispor de qual quer bem e desfrutar a lguma autono mia e indi vi du a lidade, o u seja, op ini ões e desejos próprios, e qu e possam decidir seus destinos sem depender em tudo da co letividade. Desse modo vai-se instau ra ndo gradualmente, sob pretextos humanitários, uma autê nti ca escravid ão, num contexto de miséria perpétua, de total estagnação cul tu ral e mental e de submi ssão fata li sta à sinistra tirania tribal. Em outras palavras, os in felizes silvícolas são jogados em enormes reservas exclus ivas, onde não receberão qualquer influência que possa civili zá-los, onde as le is vigentes no País serão letra morta, e a vontade despótica e arbitrária, os estouros temperamentais e os desígnios maléficos dos fe iticeiros tri bais serão a norma suprema. Obviamente, para se promover tais aberrações seria necessário tentar justificálas com sofismas, inc lusive em matéria sócio-econômica e hi stórica. Pode-se resumilos na afirmação - freqüe nte entre os antropólogos e missionários de nossos d ias - de que, antes da c hegada dos colon izadores portugueses, os índios que habitavam
no País seriam os proprietários de todo seu território. Tendo sido expulsos dos locais onde moravam, e perdido conseqüentemente o domínio das terras, agora estas deveriam ser-lhes restituídas.
Falácia: todo o Brasil pertencia aos imlíge11as Isto é tota lmente falso, por várias razões. Primeiro, porque antes do Descobrimento do Brasil sua densidade de mog ráfica era ínfima, não hav ia propriedade individu a l ne m qualquer fo rma de ex ploração sistemática da terra. Como co nseq üênc ia, o domínio dela esta va muitíssimo lo nge de ser efetivo e total, have ndo ime nsid ades de te rritórios na condi ção indi scutível deres nullius (coisa de ninguém). Por isto eram suscetíveis de apropriação legítima. Assim , para o pró pri o s uste nto da população que se fo i forma ndo, era natural , líc ito e indi spensável que se estabe lecesse a propriedade privada, não só para co meçar a produzir os bens necessários para a subsistênc ia de todos e da própria nação, mas também para ma nter e aperfeiçoar a c ivili zação onde e la ex istia, e instaurá-la nos setores da população que dela ainda não se beneficiavam. Pretender impor como norma que todos praticassem o nomadismo pelas selvas, comendo o que e ncontrassem e adaptando-se às condi ções de vida dos indígenas, seri a o mesmo que ex ig ir de todos que afund assem no estado de barbárie. Ali ás, os ri scos, esforços e sacrifíc ios próprios da co lonização eram ta is, para seus realizadores, que não lhes seri a possíve l empreendê-la sem que estivessem consagradas a leg itimidade e intang ibili dade dos frutos que e les obtivessem para si e suas famílias. Do contrário, ning uém se arri scaria a abando nar tudo para se lançar numa tal ave ntu ra, na qual nada de bom se obte ri a depois de e nfre ntar todos os perigos. Só mesmo os missionários autênt icos, ardentes de fervor apostólico pe la expansão da verdadeira Igreja, poderi am praticar tal heroísmo. E a isto, ape nas pessoas de vocações muito excepcionais são chamadas. Ademais, deve-se dizer que os portugueses - cada um na sua pró pri a condi ção - vieram ao Brasil c umprindo de a lgum modo o mandato de Nosso Senho r MARÇO 2004
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Jesus Cristo: "Ide por todo ó inundo e pregai o Evangelho a todc criatura" (Me 16, 15), o que inclui não só a difusão da verdade ira Re li gião, mas també m o ensino dos princípi os da moral cri stã. Isto pede, por sua vez, a in stauração de um a orde m te mporal compatíve l com a práti ca habitu al do Decálogo.
Solismas para atacar o processo civilizatório Durante a coloni zação, houve numerosos casos ele mi ss io nári os perseguidos e até ma rti1:izados, pois muitos chefes indígenas queri am manter à força suas tribos nas. práticas pagãs . De modo que, por vezes, a evange li zação se valia de um esq uema de proteção que imped isse isto, dando origem a alguns e nfre ntame ntos e ntre aborígines e colonizadores. É claro que ho uve injustiças e vi olências de ambas as partes, como em toda obra humana, mas j á começava a formarse a índole pacífi ca e cordi al do povo brasile iro, a qual impediu que os rancores, preconce itos e fobias recíprocos dominassem a vida nac io na l. É abs urdo e inju sto jogar toda culpa nos co loni zadores portugueses e nunca nos indígenas. E, pior, defender que hoje se deva opera r uma espécie de nova redenção daqueles povos aborígines que se mantêm como tais, dando-lhes poderes e dire itos além do que a natureza e o bom senso estabelecem. O que é preciso, sim , é proporcionar- lhes acesso à verdadeira Fé, ao reto progresso e à C ivili zação C ri stã. É precisamente o contrário do que est,'í sendo fe ito no presente. Aliás, cabe ponderar que as populações indígenas mi sc igenara m-se desde o início com as portuguesas , e depo is com várias o utras, de modo que seus descendentes não são apenas os que conservaram os costumes primitivos, mas também mais o u menos todo o povo brasileiro. De modo que a reivindicação de supostos direitos he red itários, por parte das atuais tribos, padece de uma unilatera li dade e simpl oriedade inace itáve is.
Atuação iJ1digenista: além ele unilateral , é sectária Os antropólogos da FUNA I, coadjuvados por organ ismos da nova mi ssio logia, sempre alegam o direito ao bem coCATOLICISMO
Federação da Agricultura condena atuação do CIMI A propósito do brutal assassinato de Oli sses Stefani (atribuído aos índios caingangues), presidente do Sindicato.Rural e da Cooperativa de Agropecuária da cidade Abelardo Luz (SC), a Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (FAESC) pub.licou nota oficial no diário "A Notícia" de Joinville, edição de [7-2-04. Transcrevemos abaixo incisivo trecho desse documento: "Sua morte [de Olisses Stefani] revela a dramática dimensão a que chegaram os conflitos entre índios e produtores no grande Oeste de Santa Catarina, onde determinadas organizações, motivadas por objetivos inconfessáveis, fomentam o embate e exasperam a crise, tentando criar wn cenário de caos e desordem. É notória, nesse aspecto, a ação do Conselho Indigenista Miss ionário ( CJ M1), cujos agentes imiscuem-se nas áreas indígenas para fomentar a discórdia".
letivo sobre o bem particular, e m terras nas qu ais os índios viveram e m tempos passados, a fim de "j ustificar" a expul são do legítimo proprietário e conseguir a de marcação e hom ologação das terras a favor dos indígenas. Tal alegação é caba lme nte refutada pelo jurista Manoe l Gonçalves Ferre ira Filho, um dos mais conceituados especiali stas do País em Direito Constitucional: "Quando há colisões de direitos, o que prevalece é o mais pertinente. [... J Se os direitos dos índios, previstos claramente na Constituição, forem interpretados de forma radical, teremos todos que deixar o País". Depois de tratar do co nceito de "d ire ito adq uirido", o e min e nte jurista afi rm a que em torno das re ivind icações indígenas g ira muita controvérsia: " Há grupos nôm.ades que abandonaram as terras há 50 anos e agora as querem de volta". 1 A respeito do tema de terras outrora ocupadas pelos índ ios, convém ressaltar que o Supremo Tribunal Federa l j á deci · di u, e m últim a in stâ nc ia, o ass unto, através do acó rd ão RE nº 2 19.983-3 ele 9- 12-98, com decisão unânime, onde se declara que: "As regras de finidoras dos domínios dos incisos I e Xl [as terras tradicionalme nte ocupadas pelos íncliosJ do artigo 20 ela Constituição Federa l não albergam terras que em passado remoto, foram ocupadas por indígenas (gri fo nosso).
A FUNAl, cada vez que deseja estabelecer mai s uma reserva ou apoderar-se de gra ndes propriedades, e ncarrega um de seus " peritos" - e m geral, antropólogos - ele faze r um "estudo", que e la qualifica de "científico". Desde o início, já se sabe o que o "estudo" dirá: que toda a terra era dos índios, que estes foram ex pul sos e que se deve devolver-lhes o quanto antes sua terra!
A "imltístl'ia " elas invasões indígenas O rece nte caso verificado e m Mato Grosso do S ul é característi co. O tal "estudo" chegou, como de praxe, à conclusão desejada, e os indígenas fora m rapi damente in for mados dela, obvi a me nte por seus próprios auto res ou por sequazes destes. Passaram então, antes de qualquer decisão elas autoridades, a preparar a invasão das 14 faze ndas citadas como a eles pertencentes. Quando o estudo fo i questionado pelos proprietários e pela impre nsa, os diri gentes da F UNAI um a vez o qualificaram de "apenas um rascunho". 2 Sem explicar, é c laro, como é possível que um ato grave como a invasão ela propriedade alheia, que afeta os direitos ele milhares de pessoas, possa basear-se apenas num "rascunho". Nou tra ocas ião, o Pres idente ela FUNA I afirmou que o "estudo" "parece sólido e que tudo indica que a FUNA I irá acatá-lo".J Mas sem dar qual quer dado de seu conteúdo, além ela con-
clusão, nem ex plicar como uma so lidez apare nte é sufic iente para se dar um passo dessa importância. Assim, um simples estudo privadocio qual ainda se deve de monstrar ser verdade irame nte técnico e imparcial - tem o efeito de um decreto executivo num a ditadura feroz . Simplesmente porque burocratas da FUNA[ o pre parara m, alegando que os relatos dos indígenas e a ex istência de cemitérios destes numa região provariam que a mesma fo i propri edade dos aborígines. 4 A etapa seguinte : informados dos tais estudos não se sabe bem por que m, e impul sionados por ag itadores, os índi os invade m as propriedades. E a FUNAL declara não ter condições de imped ir a invasão- obvi ame nte porque não o quer. Não é isso parec ido com um politburo da época de Stalin, que e ntre quatro paredes prepara um diktat lesivo aos interesses de alguns proprietários que quer perseguir e a favor de outras pessoas que deseja promover?!
Grave situação, reconhecicla até no P1' Compreende-se, a este propósito, que o govern ador ele Mato Grosso do S ul , José Orcírio Mi ra nd a dos Santos (o Zeca do PT), tota lmente insuspeito da menor parcialidade a favo r cios faze nd e iros, como é obv io, te nha denunciado que as
invasões são estimuladas pe la FUNAJ, através ele um "jogo sujo". 5 Tais declarações do govern ado r se elevem, ev ide ntemente, ao clamor ex iste nte em todo o Estado contra injustiças tão fl agrantes. Naturalmente, uma vez verificadas as invasões e as reiteradas ameaças dos índios, os faze nde iros vitimados apresentaram o ped ido ele reintegração de posse. O juiz Odilon de Oliveira, depois de algumas tentativas infrutíferas de obter um acordo com os indígenas para que saíssem por iniciativa própria, concedeu o despejo. Entretanto, segui ra m-se as j á hab ituais med idas prote lató ri as. Por um lado, el a polícia, por não dispor ele tropa sufi ciente para fa zer cumprir a ordem; por outro lado, ela FUNAI e o utros setores inclige ni stas, que apresentara m vários recursos judiciais para paralisar o despejo. Além do mai s, o Mini stéri o Público o bteve judicialmente o ad ia me nto da med ida. De modo que a injustiça e aviolência te nde m a prevalecer. Os índios passara m a dep redar as fazendas invadidas, destruir as casas, matar o u vender o gado e ameaçar com outras violências ainda maio res, alegando que as vítimas seri am e les, e que estari a m dispostos a matar e morre r. E nquanto isso a produção das fazendas cessa, os trabalhadores fi cam desempregados e o CIMl e a FU NAI não têm pe na deles. Por fim, in terveio o ministro da Justiça, Már-
cio Thomaz Bastos, sempre prometendo calma e respeito à le i, mas de fato mostrando extrema tole rância para com os invasores. Se se trata de agir co m calma e respe ito ao Direito, bem como de favorecer a paz soc ia l, seria co nve ni e nte qu e a FUNAL e o mini sté ri o cio qual e la depende se abstivessem, no fu turo, de se mear ve ntos ele luta racial, contestação e violê ncia, porque fatalmente colherão gran des tempestades. Mas, depoi s de décadas ele tolerância crescente das autoridades com a violência prati cada pelo MST, have rá base para esperar que as invasões indígenas venham a ser co mbatidas seriame nte?
Coletivismo, conlisco, ilegali<lacle a favol' cio i11clige11ismo Um aspecto espec ialme nte chocante no conflito em Mato Grosso cio Sul é que, por causa das tais disposições constituc ionai s im orais, o Estado, quando desapropri a as fazendas e m beneficio dos índi os, indeniza os propri etários só pelas benfeitorias que te nham rea li zado, mas não pe lo valor da terra. Apesar de o Estado reconhecer em muitos casos a vali dade dos títul os respectivos como pl e namente legítimos! A esse respe ito, alg uns líderes políticos e dirigentes de entidades cios propri e t,'írios sugeriram alterações na lei, para que os faze ndeiros não sejam sempre prejudicados pelos conflitos com índios. Poré m o Presidente ela FUNAJ, Mérc io Pereira Gomes, manifesto u-se contra essa idéia porque, se a terra for paga, os fund os desse organismo esgotar-se-ão ma is rap ida me nte, o u então as ho mologações e ex propriações tornar-se-ão menos freqüentes. O que não o impede de pedir ao governo mais 60 milhões ele rea is, sem contar os 94 milhões que o organi smo j á recebe para c umprir seu papel. Na ava liação de Gomes, essa mudança "fará retroceder a regularização de terras e aumentar os custos das demar-
Boa Vista (Roraima) - O índio Vicente da Silva Lima, líder da etnia Macuxi, contrório à homologação da reserva Raposa Serra do Sol, concede entrevista à Agência Brasil na porta da sede da Funai
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cações ". 6 É o caso de dizer que, a julg,upor isto, o funcionário acabaria com a classe dos proprietários para supostamente beneficiar os indígenas .. . E que m sobretudo perde é o Brasil. M ais ainda, tentando justificar as invasões indígenas em Mato Grosso do Sul, que afetam fazendas totalizando mais de 9.000 hectares, o presidente da FUNAI alegou simplesmente que é pouca extensão se comparada ao território caiapó, de 11 milhões de hectares, já demarcado mas ainda não homologado.7 Na verdade, se há a~surdos ainda maiores, estes não justificam coisa alguma. Ademais, a política da FUNAl de distribuir alime ntos e outros bens entre os índios de Mato Grosso do Sul teve o efeito, perfeitamente previsível, de atrair para lá quantidades crescentes de índios paraguaios. Estes faci lmente tornam-se também massa de manobra para a indústria das invasões, fazendo com que participe destas um número maior de aborígines, que intimidam ai nda mais a população das cidades. Ou seja, está se criando conscientemente um enorme problema, que depois será qualificado de insolúvel!
Roraima: Estado que se transforma de real em virtual Ao mesmo te mpo que se desenvolvi am as invasões de fazendas no Mato Grosso do Su l, outra grave perturbação produzia-se em Roraima, desta vez devido à iminê ncia da homologação - em princípio prevista pelo governo federal para o mês de janeiro último - da Reserva Raposa Serra do Sol, de 1.750.000 hectares (ou 7,7 % desse Estado), junto às fronteiras com a Venezuela e a Guiana. Destinada tal reserva a 15.000 índios macuxi, taurepague, wapixana, ingaricó e patamona, 46% das terras desse Estado ficariam sob domínio federa l, e m usufruto ele índios ele diversas etnias. Ocorre que grande parte da população local é formada por mestiços (caboclos), e m muitos casos com sobre nomes portugueses, os quai s serão obrigados a abandonar seus trabal hos e casas para que a reserva seja habitada só por aborígines, o que acontecerá também com popu lações inteiras de dois municípios, que serão totalme nte evacuados . Muitas famíli as serão desfe itas, porque os cônj uges CATOLICISMO
são de diferentes origens: um , se é indígena, poderá ser recebido na reserva se aceitar o regime tribal; mas o outro, se não o é, ainda que queira participar, será rejeitado juntamente com os filhos de ambos. Aliás, há muitos outros casos na região, de pessoas de sangue e aparência indígenas, que desejam progredir como a imensa maioria dos brasileiros, isto é, trabalhando de modo honrado e empreendedor, aprendendo um ofício e formando um patrimônio, não querendo por isto ser enclausurados como espécimes de interesse folclórico, sob a tutela de ONGs, agitadores, bruxos, funcionários estatais ou neomissionfü·ios progressistas.
"Queremos prog1·edir, e não viver na idade da pedra lascada " Tudo isto é efeito dos preconceitos simplórios e ditatoriais de burocratas e agitadores de escri tório, de taba ou de .sacristia, que se julgam habi li tados ad ispor das vidas dos outros, segu indo a inspiração ou impulsos de me mbros de pastorais ou teólogos da libertação, que mai s parecem seguir os desejos do lobo que os interesses do rebanho. Sob a proteção de demagogos e políticos de esquerda, para justificar suas iniciativas, tais agentes alegam os direitos do povo indígena, mas de fato são contra os mais elementares interesses deste.
Exemplo frisante de que tais agitadores não atuam em defesa dos interesses de nossos irmãos si lvícolas veio recentemente a lume: o próprio chefe indígena macuxi , .lonas de Souza Marcolino, e seus li derados são totalmente contrários à homologação da reserva Raposa Serra do Sol, por eles habitada. Indagado pelo repórter de "O Globo", Carter Anderson, sobre os macuxis que vivem naquel a reserva, foi claro: " Há cerca de 12 mil macuxis na Raposa Serra do Sol. Nós, que somos contra a demarcação em área contínua, representamos 70%. Estamos integrados, usamos energ ia elétrica, automóveis, ônibus, e temos aldeias produtivas. Querem.os ter acesso a esses instrumentos, queremos progredir. O problema é que acham que a gente tem que viver na idade da pedra lascada. Acham que a gente tem que sobreviver de caça e pesca.[ ... 1 A política que a Funai desenvolve proíbe o acesso ao desenvolvimento. Essa política nos condena ao atraso". 8
Desintegração m,cional: só não vê quem não quer O governador de Roraima, Flamarion Portela, e a índ ia macuxi Flora Mota, prefeita petista de Uiramutã (um dos municípios, com 5.800 habitantes, entre índios, brancos e mestiços, que desaparecerá se a reserva for homologada), aparecem como
Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das Américas Nossa Senhora apareceu no ano de l531, no México, ao asteca Juan Diego, deixando impressa a sua Imagem, com ·os símbolos da Imaculada Conceição, no aventa l do índio. Neste episódio, mostrou Nossa Senhora uma predileção particu larmente maternal para com os indígenas, predileção essa que bem se refletiu no zelo de tantos missionários tradicionais. As conversões de aborígenes operadas ante a Imagem foram incontáveis. É que a misericórdia d'Ela consistia em converter os índios e não em os deixar jazendo nas trevas do paganismo, como pleiteiam os missionários aggiornati. Plinio Corrêa de Oliveira MARÇO2004 -
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Caminhões bloqueiam o BR 401 em protesto pelo demarcoçõo do reservo Raposo Serro do Sol
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líderes dos protestos contra a homo logarime ntados militares, de pa rl amentares ção contínua da reserva. O que indica que do Estado de Rora ima, de importa ntes o governo federa l não consegue conven- · meios da impre nsa e de vári as figuras públicas, que impug naram o caráter de cer nem mesmo uma partidária indígena, sobre o acerto de sua política indi geni sta, reserva contínua numa região claramente estratég ica e fronteiriça. Como impuge as objeções a ela de fato provêm dos mais naram também que de la sejam expulsas vari ados setores. Causa ainda séria preocupação às poforças vivas e labori osas, fund amentais para desenvolver a reg ião. pu lações loca is, e a todos os brasileiros, o Não é racismo imped ir aos não-índifato de a reserva em questão estar próxima de várias outras já homologadas reos que habite m as terras das reservas? Se centemente, bem como das fronteiras com um branco ou um negro tem obrigação duas nações - Venezuela e Guiana - que de aceitar um índi o no convívio soc ial civilizado, por que os índios não pode m foram muito perturbadas nos últimos anos aceitar os negros e os brancos nas terras por graves conflitos políticos, sócio-ecoa eles destinadas? Por que essa discriminômicos e raciais. Contribui para aumennação absurda contra negros e brancos? tar esta preocupação a patente proximi Tais opini ões levaram o govern o a dade de forças criminosas - como gueradmitir que "reestudaria a questão", sem rilheiros, terroristas e traficantes de drogas-, muitas das quais procurarão refúque se saiba se esperará s implesmente que os ânimos se tranqüilizem, para ingio na.· reservas indígenas quando fo rem sistir e m seus pro pós itos de homo logaperseguidas. Se é que o venham a ser em algum momento, pois cada dia parecem ção contínua, ou se tentará passar por _cima dos líderes contrári os a seus projeto rnar-se mais impunes. Fatos como estes - e m especia l a tos. Entretanto, da CNBB e do C fMf não proveio ne nhuma decl aração a favo r da impunidade dos agentes subversivos ocorreram muitas vezes na Co lômbia, e a ca lma, do res peito à lei ou da concórdi a tragéd ia que lá se desenvolve há décadas nac iona l. deve-se a im prudências desse gênero, o que levou a nação irmã a tra nsformar-se AJe,•ta aimla a tempo ele se evitar a convulsão em fonte de muitos problemas para seus Uma co isa é certa: a FUNA[, tão vizinhos e para todo o continente. apoiada pelo CC MI , ó rgão da C NBB , Neste sentido, fizeram-se ouvir recennão se sente desapoiada pe lo Executitemente as advertênci as de altos e ex peCATOLIC ISMO
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vo. Esquerdistas de toda espéc ie não se mostram inseguros dos passos abs urdos que desej a m dar. Ass im sendo, a pe rspectiva mai s provável é que a reserva seja e m bre ve homologada de forma contínua; que a população não indígena sej a ex pul sa; e que logo apareçam novos projetos indigeni stas simil ares para outras áreas do País. Por essa via, a violência indígena como a do MST, dos sem-teto e outras análogas - difundir-se-á cada vez mai s, susc ita ndo no início inqui etação nas c lasses afetadas, mas dificilme nte uma ação séria por parte das cúpulas. Até o mome nto e m que se forme a convicção, na opinião publica, de que os desígnios oficiais são ele tol erância ou mes mo conivê ncia e m re lação aos invasores, e de ri gor extremo para com as vítimas que reajam. A partir daí, os ventos poderão tran sformar-se em tempestades. E se isto acontecer e m larga esca la, certa me nte arrepe nder-se-ão os que hoje são indulgentes quanto a tais violênci as. É prováve l que então já será tarde demais. Novamente, muitos lamentarão as conseqüências dos mov ime ntos que de início impuls ionaram, e alguns alegarão que não desejavam tais res ultados, que não sab iam ... Entretanto se poderá di zer que alguns souberam, que acred itara m no grave perigo, e que são testemunhas ele que o alerta foi dado com antecedência, a te mpo de se evitar o desastre. E que, se o País despencar no abismo, a responsabilidade cabe àq ueles que não qui seram ouvir e foram indul gentes com as invasões, organi zadas por ag itadores indigen istas e apoiadas pelos neo mi ss ioná ri os pro-
gressistas. Tal alerta, uma vez mais, fo i o objetivo primordial que tivemos e m vista com a publicação deste arti go. •
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E-mail do autor: RevCato lic ismo@uol.com.br
Notas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
"O Estado de S. Paulo", 31-1-04. "O Estado de S. Paulo", 19- 1-04. "O Estado de S. Paulo", 27- 1-04. "Folha de S. Paulo", 25- 1-04. "O Estado de S. Paul o", 16- 1-04. "Folha de S. Paulo", 25- 1-04. "O Estado de S. Paulo", 23- 1-04. "O Globo", 8- 1-04.
Pedidos de orações levados a Fátima e depositados aos pés da Imagem
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coordenador ela Ca mpa nha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis!, Marcos Lui z Garcia, le vou a Fátima (Portugal) os pedidos de orações dos participantes da Ca mpanha. Os pacotes com os for mul ários de ped ido pesavam 63 quilos. Esta fo i mais um a prova da devoção elas famílias brasileiras a Nossa Senhora ele Fátima. O coorde nador levou
também um tubo contendo os nomes ele participantes da Aliança de Fátima - integrantes de um projeto ele incre me nto das peregrinações nas famílias - que serão introduzidos no inte ri or de um a imagem de Nossa Senhora ele Fátima, a qual peregrinará pelos lares do Brasil. Marcos Luiz Garcia rezou na Cova da Iri a, onde ocorreram as aparições ele
Nossa Senhora, pedindo po r todos os pa rti c ip a ntes da Campanha. Os ped idos ele orações - fotografados e colocados aos pés da Imagem de Nossa Senhora - fora m encaminhados para a Re itoria do Santuário ele Fátima, onde permanecerão arquivados, dando teste munho hi stórico da fé e da devoção dos bras ileiros a Nossa Senhora. O coorde nado r visitou também a casa dos pastorinhos Francisco e Jacinta, para a qual o tubo com os nomes dos parti cipantes ela Aliança de Fátima foi levado. Esteve també m na Gruta cio Cabeço, loca l da aparição do Anjo de Portugal , e m 19 16, aos três pastorinhos, preparandoos para as apari ções ele Nossa Senhora, que se dariam no a no seguinte. Após a visita ao Santuário, Marcos Luiz Garcia telefonou para o Pl antão de Atendimento da Campanha e de ixou gravada uma mensagem a todos os participantes, na qual manifestou seu desejo de organizar uma grande peregrinação a Fátima, com milhares de devotos. A gravação, narrando detalhes dessa viagem, está disponível no site www.fatima.org.br. Nesse site ela Ca mpanha estão disponíveis as fotografias tiradas na ocas ião. •
Novo CD com a história de Na. Sra. de Fátima contada para crianças
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á está pronto o CD intitul ado A História de Nossa Senhora de Fátima narrada para crianças. Este CD apresenta, de modo simpl es e atraente, as apari ções cio Anjo ele Portuga l e de Nossa Senhora aos três pastorin hos.
"Esta é uma excelente oportunidade para as crianças conhecerem as aparições de Nossa Senhora e compreenderem melhor o sentido da Mensagem de Fátima. Tenho certeza de que essa belíssima narração vai emocionar as pessoas de todas as idades. E será uma ótima oportunidade para divulgar a Mensag em de Fátirna aos que ainda não a conhecem", d c larou Marcos Luiz Garcia, co-
valioso recurso para a formação moral e religiosa das cri anças brasileiras, e é ideal para professores e catequistas que não dispõem de material adequado para exercer
seu apostolado com jovens. Os interessados poderão pedir mais informações ligando para o Plantão ele Atendi menta da Campanha pelo telefone ( 1 1) 3955-0660. •
'/"' Nossa /1 Senhora d ' . · e Fat1ma 11 11rriuli1 1, 11 m Crl~IIÇ ll.tl
orde nador ela Campa nha. Esse lançamento representa um novo pas o na divu lgação da Mensagem de Fátima. O novo CD pode ser usado como
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Santa Catarina da Suécia, filha de Santa Brígida M ãe e filha,
chamadas a uma grande santidade, emulavam no modo mais perfeito de servir a Deus, assemelhavam-se na prática das virtudes PU NIO M ARIA SOLIMEO
atarin a era a quarta dos o ito fi lh os d e Santa Bríg id a e d e Ulphon, Prínc ipe da Neríc ia, na Suéci a, e nasce u po r vo lta do a no 1330 . Tendo por mãe uma santa, e por pai um ho mem piedoso -e te mente a Deus, Catarina mostrou desde cedo inclinação para a virtude. Ainda peque na fo i entregue a uma virtuosa abadessa para ser instruída na c iê nc ia e na virtude . O demôni o tinha tanto ódio da menina, que uma no ite, quando sua tutora estava na igreja para cantar as Matinas, to mando a fo rma de um touro o inimi go da salvação jogou com os chifres a me nina fora da cama, querendo matá- la. Acudindo a abadessa aos gritos de Catarina, e nco ntrou-a prostrada por te rra . O de mônio então apareceu à abadessa e
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Na pógina seguinte : placa que indica a caso na qual viveram Santa Catarina e sua mãe, Santa Brígida, em Roma
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CATOLICISMO
d isse- lhe: "Com. que gosto eu teria
acabado com ela, se Deus me ti vesse dado licença ". De us, que preparava Catarina para uma grande santidade, não que ri a que e la se entretivesse co m os j ogos infa nti s pró pri os à s ua idade . Certo d ia, quando e la tinha sete anos, di stra iuse muito com outras meninas, bri nca ndo com bonecas. À no ite, em sonhos , demônios apareceram- lhe em for ma de bonecas, e açoita ram-na tão d uramente, que ela desistiu desde então de qualquer recreação própri a à idade.
Com o esposo, fazem voto de virgindacle C hegando aos l 3 anos, seu pai qui s que contrnísse matrimôni o, apesar de e la não se sentir em nada incl inada a e le. Suplicou mui to a Deus e à sua M ãe Santíssima que a protegessem nessa
c irc unstâ nc ia. Reali zadas as bodas, convenceu seu esposo Etgardo de Kurner, jove m também piedoso, a vive rem em continênc ia perfe ita. O que foi aceito por ele, de modo que viveram como irmãos sob o mesmo teto. Ma is que isso. Influe nc iado po r e la, o esposo e ntregou-se ta mbém a obras de piedade, e viviam no palác io como num mosteiro. Co nseguiu també m conve ncer uma cunhada da futi lidade das coi sas do mundo, e a secundá- la nas boas obras . Sua mãe, santa Brígida, fi ze ra com o marido uma peregrinação a Sa nti ago de Co mpostel a, na Espa nha, durante a qual e le se sentiu mal e fa leceu pouco depo is, a inda e m solo espa nho l. Viúva , Sa nta Bríg id a mudou-se para Roma a fim de fica r ma is perto dos lugares de devoção e socorre r os peregrinos suecos que para lá se dirig ia m. Com pe rmi ssão cio marido, Catarina fo i j untar-se a e la. Pouco de pois, recebe u a notíci a cio fa lec imento de Etgarclo.
para que recuperasse a vi sta. O que efetiva me nte se de u. Outro perigo ocorreu durante um a peregrinação das duas santas a Assis, para vi sitar a fam osa igreja da Porc iúnc ul a. Para ndo numa hote laria, um grupo de bandidos combinou· assaltar as duas senhoras. No mesmo instante ouviu-se uma grande co moção na parte de fo ra : era m po li c iais que estavam à procura cios ma lfe itores. Estes fu g i-
Lutas para ma11tel'-se vil'gcm Aind a jove m, be la e ri ca, s urg ira m vá rios prete nde ntes para esposá-la. Como e la recusou todas as pro postas , um dos prete nde ntes qui s. eqüestrá- la para fazêla casar-se à força. Um d ia em que Catarina fo i com algumas senho ras piedosas à igrej a de São Sebastião, o ta l ho me m cercou seu cam inho , pretende ndo levá- la. Mas subitamente surg iu um cervo no cami nho, que distraiu a ate nção do seqi.iestrador, e Catarina pôde fu g ir. Mas o mi seráve l não se de u por venc ido. Outra vez, q ua ndo Catarina ia com s ua mãe à ig reja de São Lo ure nço , fora cios muros da c idade, te ntou novame nte seqüestrá- la. Mas no mes mo in stante fico u cego. Reconhecendo o justo casti go recebido , pediu a ambas as santas q ue o pe rdoasse m e q u rezassem por e le a De us
ra m como pudera m. M as no dia seg uin te ce rc ara m-nas na es trad a, e qu ando ia m tocá- las, to dos fi caram cegos. Desta vez, como os bandidos não mostra ram sinai s de arre pe ndi mento, não fora m c urados pelas santas, que segui ra m seu caminho.
1'e11tação de voltai' a seu país Entretanto o demônio, não podendo fazer nada contra Catarina diretamente, começou a dar-Ili aborrecimento por aquela vicia que levava e m Roma. Apesar do conselho de sua mãe e de seu confessor, desejava voltar para a Suéc ia. Vivia tri ste, emagrecera e perdera a a legri a. Por sugestão da mãe, reso lveram ambas recorrer a Nossa Senho-
ra pa ra saber realme nte se Catarin a deveria voltar ou não à Suécia. E m certa no ite, a Mãe de Deus apareceu-lhe e m sonhos, com ar severo, repreendendoª po r esquecer-se de seu dever, levada pelo desejo de rever seu país, onde a aguardavam inúmeros perigos para sua a lma. Apenas acordada, Catarina correu a lançar-se aos pés de sua mãe, promete ndo não a abando nar jamais . Assim em peregrinações, visitas aos pobres e boas obras, Catarina vi ve u du ra nte 25 a nos co m s ua mãe, a qual procurava imitar. Certo di a estava e la rezando na igreja de São Pedro, quando apa receu- lhe um a mulhe r vestida de bra nco com um manto negro , reco me nda nd o - lhe que rezasse po r sua c unh ada, esposa de seu irmão Carlos, que acabava de fa lecer. A de funta havia de ixado para Catarina a coroa de ouro que usava, a qua l um portado r vinha trazendo a Ro ma. Santa Cata rina ve nde ua, pode ndo com o d inhe iro socorrer as obras de misericórd ia de s ua mãe. Em 1372 Cata rina e se u irmão Birger fora m co m a mãe e m peregrin ação à Te rra Sa nta . Mas , logo c hega ndo a Jerusa lé m, Sa nta Bríg ida adoece u. Retornando a Ro ma, e ntregou a De us seu es pírito. Do is anos de po is, para ate nder a um pedido da mãe, Catarina vo lto u à S uéci a levando seus restos mo rtais, para sere m sepultados no Mosteiro de Wadste na , por ela fund ado. Ne le entrou Catarina, se ndo logo reconhecida co mo pri ora. Catarina cresc ia cada vez mais nas virtudes, principa lme nte na humildade e desapego do mundo. Instru ía as mo nj as do mosteiro sobre a regra de ixada por Santa B ríg ida.
Novamente cm Roma - Milagl'cs estupc11dos E ntreta nto , os inúm eros mil ag res obtidos po r inte rcessão de Bríg ida
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Mosteiro de Wodsteno, onde Santo Catarina foi abadessa
leva ram os Pre lados e os Prínc ipes da S uéc ia a pedir ao Papa a s ua cano ni zação . E, co mo e mba ixado ra , nin g ué m me lho r qu e a· pró pri a filh a da sa nta . Essa e ra um a obra na qu al Catarin a de itava muito e mpenho. Ass im, embarcou para Roma e começou uma série de atividades junto a cardea is e me mbros da Cúri a Romana. M as infe li zmente, com a morte de Gregóri o XI e o c isma que ocorre u co m a asce nsão de Urbano VI , pouco ela pôde faze r. Po r seu inte rmédi o, rea li zou Deus Nosso Senho r vári os mil agres. Um de les foi com uma nobre clama de má vida, que não que ria confessa r-se para morrer. Catarina rezou por e la. Subiu então do rio Tibre uma fum aça negra e espessa, que penetrou na casa daquela mulher, de modo tal que um morador não podia ver o outro . Ia aco mpanhado de um ruído tão pavoroso, . que, aterrorizada, a dama mandou chamar Catarina, pro metendo faze r tudo o que e la determinasse. Confesso u-se então piedosame nte. Em certa ocasião, o T ibre saiu de seu leito, inundando parte da cidade. Pedira m a Catarina que rezasse para que as águas recuassem.
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CATOLICISMO
M as, por humildade, a Santa não qui s ate nde r à soli c itação, sendo levada à força até a borda das águas que, ao contato de seus pés, retornaram ao le ito . Estando em Nápo les, uma viúva da sociedade local pediu a Catarina que rezasse por sua filh a, sempre mo lestada à no ite pelo demônio. A Santa aco nselhou a j ove m a que se confessasse muito bem de seus pecad os, po rque, às vezes, pe lo fato de calar algum pecado por vergonha, Deus permiti a que o demônio tivesse maior poder sobre a pessoa. Indi cou-lhe també m orações, atos de piedade e de mi seri córdi a, que atrairiam as bênçãos de Deus, e prometeu orar por e la. Pondo isso e m prática, o ito di as depo is a j ove m fi cou inte irame nte livre daque les ataques do de mô ni o.
Volta tl'Ílll1t'al à Suécia e m01·te Depo is de uma permanência de c inco anos na Cidade Ete rna, trabalhando sem êxito para a cano nização de sua mãe, Catarina voltou para seu país. Tal era seu prestíg io que, por onde passava, os princ ipais representantes das c idades iam acolhê-la com provas de ad mi ração.
Bom te mpo e m que se prestigiava a virtude ! Ainda nessa viagem de volta, a santa operou mais um milagre à vista de todos. Tendo caído do carro um dos que a acompanhavam, foi esmagado por uma das rodas, que quebrou-lhe os ossos. Catarina rezou por ele e, ao simples toque de sua mão, curou-o imediatamente. Ao chegar ao seu mosteiro, na Suécia, viu um operário cai.r de um edifício e estatelar-se no solo. As orações de Catarina e o contato de sua mão fi zeram com que o operário se restabelecesse imediatamente. Apenas chegada à Suéci a, a saúde de Catarina começou a declinar. Ela havi a contraído o hábito, desde menina, de confessa r-se todos os dias e de receber freqüente mente a Sag rada Comunhão. Qu a ndo fo i obri gada a guardar o leito em virtude de sua última doe nça, não o usava receber a comunhão por causa da fraqueza de seu estômago, que lhe provocava contínuos vô mitos . Por isso pedi a que levasse m o Santíssimo Sacramento à sua cela, para adorá- Lo e humilhar-se c m sua presença. Enfim , e ntregou e la sua puríssima a lm a ao C ri ado r no di a 24 de ma rç o de 138 1, ma l passados os c inq üe nta a nos ele id ade. Te ndo ocorrido mui tos mil ag res por sua inte rcessão, foi e la cano ni zada e m 1474. • E-mail do autor:
De urubus e outros assuntos Propaganda solta - Do is professores de esquerda nos Estados Unidos publi caram um livro sobre o MST: Para herdar a terra. M a is preoc upados e m fazer propaganda cio movime nto cio que em ser obj etivos, os auto res di zem, por exe mplo, que o MST manté m 150 mil crianças em suas esco las ! O general M édic i é cha mado de a lmi rante. E ass im va i... (cfr. "Estaclo cle Minas", 23- 1J-03). Crianças são transviadas - A partic ipação ele crianças e adolescentes vindas dos aca mpame ntos dos sem-terra - em grupos de invasão de terras, inclusive usando armas de fogo, e e m a lguns casos até e ncapuzadas, fo i de nunciada ao Mini sté ri o Pú blico de Po rto Ve lho (cfr. "Folha de Ro ndô ni a", 27 e 3 L- 12-03). Ilegalidade sanada - Quando governado r do Ri o Grande cio Sul , o atual mini stro Olívi o Outra resolveu faze r desap ro pri ações estad ua is para Reforma Ag rári a, como a da Faze nda M atte i, e m Po ntão, o qu e é ilega l. De po is de lo nga bata lha juclic ia l, o atua l governo gaúcho de, istiu ela desapro pri ação desse imóve l, o que foi homo logado pe lo Tribu nal de Ju sti ça (cfr. "Zero Hora", Porto Alegre, 6- 1-04) . Violência do INCRA - O de putado Zequinh a Marinho (PSC- PA) criticou a
fo rma co mo o JNCRA está retom ando parcelas de asse ntame ntos e m Marabá, utili zadas nos últimos JO o u 15 anos por pessoas que ne las investiram "com. muita luta e suor". E mbora reconhecendo que esses agriculto res erraram ao co mprar os lo tes, o deputado põe e m evi dê nc ia que os sem -te rra também erraram ao ve nder, ass im co mo o INCRA ao ser omisso e co nivente com o processo irregular. Zequinha quer evitar que o INCRA use de truc ulênc ia e coação co ntra o produto r ru ra l (cfr. " Jorna l da Câmara" , 5-1 2-03).
Urubus no caminho - O In stituto Bras ile iro do Me io Ambie nte e dos Rec ursos Naturais Renováve is (IBAMA), no Pi auí, notificou 12 faze nde iros acusados de terem matado cerca de mil urubus, envenenando a carne de uma vaca (cfr. "M e io Norte", Teresina, 12- 1-04). Guerra contra o Judiciário - Os agro-reformistas estão se aprove itando da Reform a Ag rári a pa ra re ivindi car um controle do Judic iári o. O pres idente do INCRA , Rolf Hackbart, pede "o controle social do Judiciário" . Para o preside nte da CPT, D. Tomás Ba lduíno, "o que se vê no Judiciário é uma desordem" . Raimundo Pires da Silva, superintendente do INC RA e m São Paulo, di z que "as discussões no Judiciário f oram o grande
entrave que li vemos" para a Reform a Agrári a (" O Liberal", Be lé m, 3- 1-04). Já se imaginou o que será do Bras il se o Ju dici ári o perder sua indepe ndênc ia para julgar? Tere mos uma Reforma Ag rária como a soviéti ca o u a c uba na.
Briga de assentados - C inco famílias de assentados da Fazenda Ariacli nópo li s, e m Ca mpo do Me io (MG), ac usaram as lideranças de se apropri ar indevidamente das cestas básicas. Houve pancadari a g rossa e os líde res co locara m fogo nas barracas dos rec lamantes, que foram expulsos sem roupas, alimentos ou qualquer outro pertence (cfr. " Hoje em Di a", Be lo Hori zonte, 8- 1-04). Crise no PT alagoano - O superintendente do INC RA e m Alagoas, M ário Agra, do PT, da te ndê nc ia trotskista " de mocracia sociali sta" (DS) a que perte nce o ministro Migue l Rossetto, de mi tiu -se do cargo e m j a ne iro, di zend o : "Não acredito mais neste governo". O pres ide nte do diretóri o estadu al do PT, deputado Paul ão, comentou: "Estou me sentindo como uma pessoa traída: todo mundo sabia da crise e eu fui o último a saber" . Para o vereador Thomaz Beltrão, cio PT, "a crise na OS é grande e poderá ter novos desdobramentos dentro do partido" ("Gazeta de Al agoas", 15/ 16- 1-04 e "Zero Hora", 15- 1-04).
msolimeo a uol. om .br
Fontes de referência: Les Petits Bo ll and istes, Vies eles Sa ints, d "ap res /e Pe re Giry, Pa ris, Bloud e t Ba rra i, Libraires-Éd iteurs, 1882, tomo Ili , pp. 600 e ss. - Edelvives, E/ Sa nto de Cada Dia , Ecli tori a l Luis Vi ves, S. A., Saragoça, vol. 11 , 1947 , pp. 24 1 e ss. - J .P. Kirsch, The Catholic Encyc/opedia , Vo lu me 111 , Copy ri g ht © 1908 by Robert Appl eton Co mpany - O nline Editio n Copy ri ght © 2003 by Kev in Kni ght.
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Cio
Dezessete cartas acusam o CIMI Empreciosa correspondência trazida a São Paulo por ocasião do aniversário da cidade, o Beato Anchieta revela seu ardente zelo na conversão e no processo civilizatório dos índios, ao contrário de ne01nissionários progressistas Fac símile do original da carta do Bemaventurado Anchieta a São Francisco de Borja (1570)
alenta ainda, porque inumeráveis nações, espalhadas por vastíssimos territórios, têm fome e sede da palavra de Deus" 1•
A LENCASTRO
artas escritas pelo Bem-aventurado José de Anchieta - verdadeiras relíquias - pertencentes à biblioteca da Companhia de Jesus, no Vaticano, foram trazidas a São Paulo e expostas no Pátio do Colégio, por ocasião da comemoração dos 450 anos da cidade, fundada pelo santo missionário. Tive a ocasião de vê-las e venerá- las. Emoc ionei -me ao contempl ar o testemunho irrecusá vel da grandeza da vocação da gente brasileira, que ali se exprime . Percebe-se nelas a costura que e ntão ia se faze ndo entre a fé do ibérico e o bravio do índio, num cerzido magnífico, feito com o fio de ouro da bondade, a qual se tornaria depois um apanágio da naci onalidade. A síntese completar-seia mais tarde com a preciosa contribuição do negro. Por mais que essa vocação ten ha sido posteriormente espezinhada, e abandonada em favo r da miragem das fa lsas liberdades e utópicas igualdades, permanecem ai nda preciosos restos neste Brasil profundo, que a mídia parece fazer questão de ignorar. Resta também a esperança de que as gerações futuras saberão reatar esse fio e ass im reconduzir o Brasil às vias da Civ ili zação Cristã, das qua is nunca se deveria ter afastado. Ancorado nas certezas fortes que só a Religião verdadeira pode proporcionar, o Beato Anchieta possuía aq ue la determinação inabalável dos santos, que tudo sofrem e tudo enfrentam, para expand ir a fé e salvar as almas. É o que suas cartas de notam.
'/'mio pela salvação dos Íllllios A fundação de São Paulo foi, ern boa medida, fruto do des velo de Anch ieta para com os meninos indígenas, corno e le próprio re lata : " Para sustento destes meninos, a.farinha-de-pau era trazida do interior, da distância de 30 milhas. Como era muito trabalhoso e difk il por causa da grande aspereza do caminho, ao nosso padre (Manu el da Nóbrega) pareceu melhor no Senhor mudarmo-nos para esta povoação de índios que se chama Piratininga. [.. .] Por isso, alguns dos irm.ãos mandados para esta aldeia no ano
Acusando a 11eomissiolo~ia
O Pe. Anchieta e o Pe. Nóbrega aca lmam os tamoios com seu exemplo e a pregação
do Senhor de 1554, chegamos a ela a 25 de janeiro e celebramos a primeira nússa numa casa pobrezinha e pequena no dia da conversão de S. Paulo, e por isso dedicamos ao mesmo nome esta Casa ". O zelo apostó lico do Bem-aventurado ass im se ex prime: "Residimos aqui ao presente oi/o da Cmnpanhia, aplicando -nos a doulrinar estas almas e pedindo à misericórdia de Deus Nosso Senhor que .fúialmenle nos conceda acesso a outras mais ge raçries, para serem subjugados pela sua palavra. Julgamos que todas elas se /,ão de ·onverler 1-- -1 àfé, se lha prega rem ". O es forço era co ntinu ado para tirar os índios ela escravidão de seus víc ios morai s, como a ant ropofag ia e a e mbriag uez, nos quai s tendi am a reinc idir: " Estes nossos ca1ec,,í111 e11 os J parecem aparlar-se u111 po11co dos seus anligos costumes, e jcí raras vezes se ouvem os gritos dese111oados q11e costumam fa zer nas bebedeiras. 8.1·1e é o seu maior m.al, donde lh es vêm lodos os outros. De.fato, quando es1ão 111ois bêbados, renova-se a m.emória dos 1110/es passados, e começando a vangloriar-se deles, logo ardem no desejo de 111ll/ar inimigos e na fome da carne l11111 w11a ".
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A llObl'C VO('U(ÍÍO missio11ária O maior h ·m qu ' se poderia faze r aos índ ios - cujo estado primitivo é qua lifi cado ele " loucura" é torná-los obedi e ntes ao missionári o, levá-los a aceitar
bem as censuras e reprimendas, ensinarlhes a Religião católica e a moral matri monial: "Mas agora, como diminui um pouco a paixão desenfreada das bebidas, diminuem[. .. } as outras ne.fándas ignomínias; e alguns são-nos tão obedientes,
"A alma brasileira resulta da transplantação, para novos climas e novos quadros, destes valores eternos e definitivos que, precisamente porque definitivos e eternos, podem ajustar-se a todas as circunstâncias contingentes, sem perderem a identidade substancial consigo mesmo" (Plinio Corrêa de Oliveira, em saudação às autoridades no IV Congresso Eucarístico Nacional, São Paulo, 1942).
que não se atrevem a beber sem nossa licença, e só com grande moderação se a compararmos com. a antiga loucura. Don.de se segue que .freqüentam mais a Ig reja, sofrem com mà.is paciência repreensões e censuras, e alguns deles, casados em legítimo matrimônio, pedem -nos com g rande empenho que lhes ensinemos o modo de viver bem". E o o lhar profético de Anchieta divisa no horizonte os anseios de conversão que a graça coloca naquelas pobres almas: " Outra esperança de maior _fi-uto nos
Escrevendo na França do fim do séc ulo XIX por ocas ião do famoso caso Drey fu s, Emile Zola tornou famosa a ex pressão "J'accuse" (Eu acuso). Ela me veio à memória em face das cartas do Beato Anchieta. Na encantadora sin ge leza de suas expressões, na força inabalável de sua fé, no desejo ardente do apostolado que exprimem, e las co nstituem uma ac usação vee mente à neo mi ss iolog ia que infesta hoje em di a o interi or do Brasil. Os novos missionários (haverá certame nte exceções honrosas) não ma is querem converte r os índios nem sa lvar suas almas. Pe lo contrário, esforçam-se por mantê-los imersos nas anti gas supersti ções do paganismo, a pretexto da perpetuação de uma "cultura" toda e la fe ita ele estagnação e barbá ri e, quando não ele satan ismo. Pior a inda, inculcam-lhes, não raro, o ód io aos brancos, e a legando a não-d iscriminação, jogam-nos sem piedade na luta de raças. Supremo absurdo, fazem votos de que os próprios c ivili zados aba ndone m s ua condição e s ua fé para que, eles também, venham a re-imerg ir na barbárie e na s uperstição das quais Nosso Senhor Jesus Cristo quis retirá-los, derramando para isso seu Sangue preci os íssimo2. Pobres índios! Tantas vezes vítimas inocentes de um espírito revolucionário que os quer modelar segundo as ma is perversas doutrinas, ditas indi geni stas, e laboradas por civ ili zados e propagadas freqüentemente em seminári os e me ios católicos. Das quais o Conselho ln.digenista Missionário (CIMI), da C NBB , se faz ponta de lança. •
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E-mail do autor: c ida le ncastro @adv.oa bsp.oq;. br
Notas:
1. As cartas são esc ritas em geral e m latim. A tradução que publicamos fo i estampada e m "O Estado de S. Paulo", 20- 1-04. 2. O ass unto é br ilh a nte me nte exp lanado , e com ampla documentação , por Plinio Corrêa de O li ve ira, no li vro Tribalismo l11díge11 a, ideal co1111mo-missio11ário para o Brasil 11a sé culo XX I.
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ATUALIDADE
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. · Curiosa a capacidade de atração da série Harry Potter. De repente, toda uma geração com notória aversão à leitura debruça-se sobre calhamaços repolhudos, sem ilustrações, e literalmente os devora. A série é uma versão às avessas dos antigos contos de fadas. Estes perseguiam um fim claramente didático e formativo, caracterizando-se por criar situações em que o bem lutava vitoriosamente contra o mal, os bons eram premiados e os maus castigados . Nítida a linha divisória entre o bem e o mal, o jovem leitor era estimulado a seguir as vias do bem, da virtude, da beleza, da verdade , e a rejeitar as sendas traiçoeiras e sombrias do mal, do hediondo e do erro.
No campo <lo mal: luta entl'e mdicais e moderados Ora, na série Harry Potter, aparentemente o enredo gira o tempo inteiro em torno de uma lula entre o bem e o mal. Na verdade, o que ocorre é um combate contínuo dentro do campo do mal entre bruxos moderados e bruxos radicais, tudo envolto numa atmosfera túmida de preternatural , de práti cas ocultistas com abertura ao satanismo, apimentadas com fortes doses de prosaísmo, numa sucessão enfadonha de cenas aterrorizantes
Alerta aos pais: Harry Potter, uma iniciação coletiva L ançado mais um volume da série Harry Pollcr. Um projeto que se estenderá ao longo de uma década., acompanhando o crescimento de toda uma geração, inoculando nela a conaturalidade com o mundo do hediondo, que predispõe ao satanis1no RENATO M URTA DE V ASCONCELOS
os últimos dias de novembro, as livrarias brasileiras começaram a vender a edição de 300.000 exemplares de Harry Potter e a Ordem. da Fênix, o quinto volume da série escrita por Joanne Rowling. 1
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Este quinto volume 2 foi aguardado durante três anos, pelos fãs de Potter, impacientes para novamente se adentrarem no mundo dos feiticeiros e bruxas e m torno de Ho gwa rts (a Escola de Mag ia e Bruxaria). Porém, leitores críticos da obra se indagavam também como seria a seqüência da longa saga,
posto que o volume anterior suscitara por toda parte uma onda de indi gnação e de repu Isa. E a justo título queriam saber se o quinto volume iria acentuar ainda mais a carga de ocultismo ou, pelo contrário, haveria um recuo e uma diluição das notas satânicas presentes no quarto volume.
A obra de Joanne Rowling vai derrubando gradualmente nas almas infantis a barreira do horror ao mal e ao monstruoso
onde o nojento e o repulsivo se fazem presentes. Hábil, Rowling desperta logo de início a simpatia dos leitores para com Harry. Todos os volumes começam descrevendo as férias do pequeno bruxo, agora um adolescente de 15 anos, na casa de seus tios, pequenos burg"ueses que vivem nos arredores de Londres. Maltratado, desprezado, tiranizado, sofrendo toda forma de chicanas por parte de seu guloso e estúpido primo Dursley, Harry anseia por voltar ao convívio de seus amigos na escola de bruxaria e magia de Hogwarts.
Astuciosa ação parn destl'uil' nas almas o cristianismo A opressão e o desamparo de um rapazinho, sem pais desde a mais tenra infância, suscitam em jovens leitores desavisados - e também nos inúmeros adultos que lêem a obra - sentimentos de pena, simpatia e identificação com Harry. Contudo, tal identificação artificial é canalizada, ainda que não explicitamente, para um identificar-se com o mundo da magia e da bruxaria que ele representa, e ao mesmo tempo para uma rejeição do impiedoso, idiota e maçante mundo dos trouxas, ou seja, do ambiente dos cristãos representados pela insuportável família Dursley. Essa a imagem que fica inicialmente na cabeça do leitor. Assim, as sucessivas imagens da sagapotteriana tendem
a formar na cabeça dos jovens e incautos leitores a idéia de que o mundo verdadeiramente interessante e atraente é o dos bruxos, com seus feitiços e contra-feitiços, um mundo no qual vivem promíscuamente homens-bruxos e seres hediondos, teratológicos, mais próprios a corporificarem espíritos malignos. 3 A barreira do horror e da rejeição ao mal e ao monstruoso vai sendo assim gradualmente derrubada . E com isso, centenas de milhões de pessoas 4 vão sendo aos poucos preparadas para aceitarem uma ordem de coisas na qual se realizará a meta final do processo revolucionário, ou seja, a completa destruição da Igreja (se isto fosse possível) e do que ainda resta de Civilização Cristã.
O quinto volume em breves pinceladas A trama do quinto volume repete, ao longo de cerca de mil páginas, o esquema dos livros anteriores. Harry se entedia durante as férias na casa de seus tios. Uma noite, ele e seu primo são atacados por dementadores (seres tenebrosos que chupam a alma de suas vítimas com um beijo fétido). Harry consegue afugentar os agressores por meio de um feitiço, o expecto patronum. 5 Uma escolta de bruxos enviados por Dumbledore, o diretor da escola de Hogwarts, vem buscá-lo. Ass im protegido, Harry volta à escola para mais um ano letivo. E ao convívio de seus dois amigos inseparáveis: Rony e Hermine. 6 Contudo, é intimado a comparecer ante o tribunal dos bruxos para ser julgado por uso indevido de magia fora da escola, quando afugentou os dementadores. O tribunal bruxo reconhece-lhe a inculpabilidade. O que não impede que em Hogwarts a professora Umbridge, uma bruxa de dentes afiados que ensina defesas contra as artes das trevas, o persiga impiedosamente, torturando-o de modo brutal. Harry não tem o consolo de poder se desabafar com seu amigo Hagrid, o imenso professor que trata com animais exóticos, o qual se encontra desaparecido. Harry não sabe que Hagrid fora enviado por Dumbledore em missão junto aos gigantes. De volta, Hagrid traz um meioirmão que o espanca continuamente e lhe
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CATOLICISMO
desfigura o rosto de modo hohipilante. 7 Enquanto isso, Voldemorl) o bruxo mau por exce lênci a, tendo recuperado seu corpo na cena sinistra do cemitérjo,8 não só reúne seus sequazes, os comensais da morte, mas também consegue acesso aos próprios pensamentos de Harry. Em certos momentos, este se vê possuído pelo espírito de Voldemort, sente as alegrias, as incertezas e os ódios de seu adversário. Desta forma - sempre em unjão com Voldemort - Harry percebe que assume o corpo de uma serpente que ataca e fere gravemente _o pai de Rony, seu melhor amigo. 9 Para fazer face a Voldemort e aos comensais da morte, Dumbledore - afastado da direção de Hogwarts - funda a Ordem da Fênix, uma sociedade secreta cujos membros se reúnem na casa de Sirius Black, o padrinho de Harry, um animago que se transforma, quando bem entende, num imenso cão negro. Ao longo de mil peripéci as - a fa ntas ia macabra de Rowling parece inesgotável - Sirius Black acaba sendo morto por sua prima, a bruxa Bellatrix, também e la uma comensal da morte. Voldemort consegue e ncurralar Harry, salvo no último momento por Dumbledore. O ano letivo aproxima-se do fim . Com a vo lta de Potter para a casa de seus tios, termina o quinto volume. E a saga recomeçará no sexto, na casa dos Dursley, o s trouxas, impi edoso s opressores de Harry. Um pmcesso de iJIÍciação coletiva elas Cl'ianças Terminada a leitura de Harry Potter e a Ordem da Fênix, o leitor pode constatar que o quinto volume de modo algum significa um recuo em relação . ao quarto. Apesar de não apresentar cenas de caráter marcadamente satânico, 10 incontáveis são os trechos túmidos de preternatural. Um exe mplo: se no quarto
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Notas:
12 sentenças contra Harry Potter
1. Semana~ antes, na Alemanha, com gmndc show
Um projeto de grande envergadura, bafejado e promovido pelo macrocapitalismo publicitário e empresarial, que: l. estabelece uma ditadura de opinião sobre centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, boa parte delas ainda bem jovens; 2. revive erros de há muito condenados pela Igreja e ridiculariza a sociedade atual dos homens, qualificada como sendo dos trouxas, ou seja, com os valores ainda presentes na cultura ocidental por efeito da Civilização Cristã;
3. manipula habilmente, por um verdadeiro processo de baldeação ideológica inadvertida, a opinião pública, conduzindo-a gradualmente a aceitar a magia e o ocultismo, e abre as portas para formas mais ou menos veladas de satanismo; 4. destrói as barreiras do horror face ao nojento, ao repelente, ao hediondo, ao monstruoso e ao pretematural;
5. confunde nas mentes dos leitores a noção de bem e de mal; 6. exalta um universo constituído de bruxos e feiticeiras, de seres monstruosos e com caracteres demoníacos; 7. apresenta um falso modelo a ser .i mitado: Harry Potter, o qual não combate o mal nem em si nem nos outros, não pratica qualquer ascese, com um mero toque de varinha resolve todos os problemas, e transporta-se pelos ares, à maneira dos anjos (bons ou maus) ; 8. esconde a causa profunda do mundo dos bruxos - o satanismo - , o qual , embora permanecendo oculto, deixa-se vislumbrar; 9. macaqueia ritos e cerimônias da Igreja, bem como os milagres operados por Deus através de seus santos. (As ordens dos feitiços são dadas em latim; os bruxos, a um simples toque da varinha, e com a enunciação de uma fórmula mágica, operam milagres como, por exemplo, reconstituir ossos, etc);
10. apresenta a escola de Hogwarts como um mundo atraente, onde campeiam o terror, a violência, o hediondo, o repugnante e a possessão diabólica; l 1. tende a extravi.ar as novas gerações para as sendas da magi a e do ocultismo, através de quadros sugestivos que tornam o mal atraente e apetecível, apesar de seus horrores; 12. extirpa a fé em Deus, na Igreja e nos seus santos, consistindo num verdadeiro anticatecismo para deformar a juventude em escala uni versal.
vo lume há um a j unção das duas varinhas mág icas - a de Potter com a de Yoldemort - no qu in to a uni ão se dá entre o bruxo do mal e o bruxo do bem, quando Potter, tomado p lo esp írito ele Yo ldemort, entra no corpo de uma serpente e ataca o pai de Ro ny. Pode-se notar nesta aproximação dos dois bruxos antagônicos o método de gradualidade empregado pela autora, visando promover o bruxo do mal. Até a o ra venderam-se em todo o mundo mais de 200 milhões de exempl ares dos qu atro primeiros volumes de um Lotai de sele. Ademai s, a série está sendo r produzida em filmes. O do terceiro vo lu nt ' encontra-se praticamente pro nto. Rowling acertou contratos publi citá.rios qu ' ascendem a somas astronômicas. Ciclop icam ·n1e bafejado pela mídia e favorec ido pelo macrocapi tali smo, o projeto l larry Potter deve se estender ao longo de uma d cada. Acompanhará o cresc imcnl o d' toda uma geração, inocul ando nela, de modo habi lmente dosado, a conaturnlidadc com um mundo de
mag ia e de preternatural; um universo ateu onde pululam seres repelentes e odientos, sem moral ; onde os fins justificam os meios e a Redenção de Nosso Senhor Jesus C ri sto de nada vale. O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira já alertava em 1976, na terceira parte de sua obra Re volução e Contra-Revolução , para o perigo de a mag ia ser apresentada como forma de conhecimento, e se perguntava: "ALé que ponlo é dado ao católico divisar as fulgurações enganosas, o cântico a um tempo sinistro e atraente, emoliente e delirante, ateu e f etichisticamente crédulo com que, do fundo dos abismos, em que eternamente jaz, o príncipe das trevas atrai os homens que negaram a Igreja de Cristo?" (Diário das Leis, São Paulo, 1982, p. 72). Em suma, com um universo situado nos antípodas da Cri standade. O método gradual de iniciação utili zado nesses li vros é de molde a conduzir o leitor nas sendas tenebrosas da mag ia.11 A geração que, já na in fâ ncia, começou a ler o prime iro volume da série, acabará conhecendo seu desfecho ao a lcançar a maioridade: Que fibras de alma ainda lhe restarão intactas? E para que abi smos ainda mais profundos não poderá ela ser conduzida ao fim deste longo processo de inici ação coletiva nos mistérios do oculti smo? Fica aqui um grave alerta aos pais. • E-mail cio autor: renatovasconce los @co mpuserve.com
publicitário, a Editora Carstem havia entregue à.~ livmria~nada menos que dois milhões de exemplares da primcim edição cm língua alemã. 2. O original cm inglês, J-/arry Poller and the Order of the Phoenix, veio a lume cm junho cio ano passado. A edição brasileira custa a quantia exorbitante ele 59 reais, ou seja, um quarto do atual salário mínimo. A alemã, com 102 1 páginas, ele modo algum é barata, levando-se em consideração trnlar-se de uma obra sem fotos e sem ilustrações: 28,50 euros. Joannc Rowling, que há menos de uma década vivia da segumnça social, possui hoje uma fortuna fabulosa, superior à da Rainha Elisabcth II. 3. Apenas para citar um exemplo. Os thestrais, seres que puxam as carruagens dos alunos de Hogwarts, são répteis gigantescos com a~ costelas à mostra. Só podem se r vistos por aqueles alunos que assistimm a algum assassinato. Harry é um deles. 4. Alé m dos mais de 200 milhões de livros vendidos até agora, foram produzidos filmes com base no primeiro e segundo volumes. O terceiro filme será lançado em breve. 5. Expecto patronum, isto é, "espero um protetor" . É preciso notar que no mundo dos bruxos, criado por Rowling, todos os feiti ços são lançados em latim. 6. Hcrminc pertence à classe dos bruxos de sangue sujo, ou seja, um de se us pais vem do mundo dos trouxas. Os bruxos de sangue limpo são aqueles que não possuem trouxas cm sua asce ndê ncia. Tal distinção e ntre sangue limpo e sangue sujo levanta a pergunta: raci smo no mundo dos bruxos? 7. Assim o encontram se us três amigos Harry, Rony e Hcrminc: " O cabelo de flagrid estava colado com sangue coagulado e seu olho esquerdo era apenas uma abertura inchada em meio a un1a n1assa sanguinolenta roxa e 11egra. Na face e nas mãos tinha ele muitos corte.~, alguns dos quais ainda sangravam " (Harry Po//er und de r Orden de.,· Phiinix, Ca rste n Ve rlag, 2003, p. 494). Como c urativo, Hagrid coloca sobre a face um pedaço de carne crua e sangre nta de dragão. Be be ndo chá com os amigos, e le e ngasga, tosse, e e ntão ··unw grande quantidade de saliva, chá e sangue de dragão cai sobre a mesa " (p. 497). Cena noje nta na qual o horror se estadeia com naturalidade, como uma realidade da vida quotidiana que não assusta e muito me nos susc ita qualquer sentimento de re pul sa. 8. C fr. Harry Poller und der Feuerkelch , Carstens Vc rlag, 2000, p. 665-668. 9. Cfr. Harry Poller und der Orden des Phoni.x, pp. 542-543. IO. Sem embargo, no dia 7 de novembro, duas horas antes do lançame nto da edição alemã, o Oeutsche Apotheken-Museum, juntame nte com a administração do Castelo de Heidclbcrg, organizou uma Noite Harry Pollerquc incluía programas de visita intitulados Torres, Morte e /)iabo e Bífü de bruxa, garras de demônio e cicuta. JJ. As Sagradas Escrituras condenam de modo explícito a prática da mag ia, bem como o recurso a bruxos e feiticeiros. (Cfr. Deut. 18, 911 ; SI 95,5; Apoc. 2 1,7-8; 22, 14- 15).
CATOLICISMO MARÇO2004 -
tres presbíteros de Roma que seguiram São Cornélio ao desterro, tendo sucedido a este no Papado.
5
1 Santo Albino, Bispo e Confessor + Angers (França), 550. De nobre estirpe, foi eleito Bispo de Angers já sexagenário; combateu vigorosamente o costume imoral de senhores semibárbaros, de casarem-se incestuosamente. Convocou o Concílio de Orleans, que estabeleceu penas severas contra tal abuso. Muitos milagres lhe são atribuídos.
2 Santa Inês da Boêmia, Viúva
+ 1282. Filha de reis, casada aos 13 anos com o Príncipe da Silésia, dirig iu-se a um mosteiro cisterciense para terminar sua formação. Falecendo seu marido, resolveu entregarse toda a Deus, fundando um asilo destinado aos pobres e um sodalício - a Ordem dos Crucíferos ou da Stella Rubra - para deles cuidar.
3 Santos Marino e J\stério, Mártires + Palestina, 262. "Marino ia ser promovido ao g rau de centurião quando foi denunciado como cristão por um rival. Obrigado a escolher; pref eriu a palma do martírio às honras militares. O senador romano Astério, que havia assistido ao seu suplício, foi condenado à morte por haverlhe recolhido o corpo " (do Martirológio Romano).
4 São Casimiro, Confessor
ffi São Lúcio I Papa. Mártir + Roma, 254. Foi um dos ilus-
perador Constantino e sua mãe Santa Helena, com e la descobriu vários dos instrume ntos da Paixão, inclusive a verdade ira Cruz.
Santo Adriano, Múrtir
11
+ Pal es tina , 308. Sabendo
São Sofrônio, Bispo
que os cristãos eram perseguidos em Cesaréia, para lá se dirigiu, a fim de prestarlhes auxílio. Preso, foi açoitado e d e poi s lançado aos leões, que correram para e le submissos. Teve e ntão a cabeça decepada. Primeira Sexta-Feira do Mês
6 São Conon , Mártir + Galilé ia, 251. "Jardineiro cristão, foi condenado a correr na frente de um carro, tendo seus pés atravessados por cravos, por haver confessado ser discípulo de Jesus crucificado" (do Martirológ io Romano). Primeiro Sábado do Mês
7 Santas Perpétua e Feliciclacle, Mártires
8 São ,João ele Deus, Co11fcssor
9 Santa Francisca Romana, Viúva
ffi São Gregório ele Nissa, Bispo e Con fessor + 400. Forma com seu irmão São Basílio, e com seu amigo São Gregório Nanz ianzeno, a tríade do s Luminares da Capadócia, caracterizados por esta forma: "Basílio, o braço
que atua; Nanzianzeno,. a boca que fala; Nissa, a cabeça que pensa " .
10 São Macário ele Jerusalém, Bispo e Confessor
+ 335. Foi um dos firmantes do Concílio de Ni céia contra os arianos. Venerado pelo lm-
+ Alexandria, 638. Nascido em Damasco, viveu 20 anos como eremita para depoi s "ser
colocado à frente da igreja de Jerusalém, que viu ser destruída pelos sarracenos" (do M artirológ io Romano).
12 Santo Inocêncio I, Papa e Confessor + 417. "Estendeu a solicitude à Igreja Romana ao Oriente, defendendo São João Crisóstomo quando de sua expulsão da Sé de Constantinopla; e à África, apoiando Santo Agostinho contra a heresia donatista. Na Itália, teve que enfrentar a invasão dos visigodos" [c hefiado s por
15 Santa Luísa de Marillac, Viúva
ffi São Clemente Maria Holbaucr; Confessor
+ Vie na, 1820. Aprendiz de padeiro, trocou o forno pe los livros, formando-se na Univers idade de Vi e na. Fez-se redentorista e m Roma, onde foi ordenado.
16 Santa Eusébia ele l lamagc, Virgem
+ França, 680. Aos o ito anos, foi vive r com a avó, Sa nta Gertrudes, então abadessa de Hamage. À morte desta , foi e leita em seu lugar, apesar de ter somente ·12 anos.
17 São Patrício, Bispo e Conl'cssor
ffi São José ele J\l'imatéia, Confessor "Homem bom e justo ", este-
1~1
ve presente na C rucifixão, obtendo lice nça para sepultar Nosso Se nhor. Segundo a tradição, junto u-se depois aos discípulos de Jesus e foi apóstolo fervoroso.
Santos Rodrigo e Salomão, Mfütires
18
Al arico) (do Martirológio Romano).
+ Có rd o ba, 857. Rodri go, muçulmano convertido ao catolicismo, era sacerdote. Apaziguando uma disputa doméstica, seu irmão islamita denunc iou-o ao Califa. Na prisão, e ncontrou Salomão, também crislão preso pelo mes mo motivo. Ambos foram decapitados por se negare m a apostatar.
14 Santa Florentina, Virgem
+ Ca rtage na , 633. Irmã do ho me m mais notáve l da Espanha de então, São Leandro de Sevilha. Tomou o hábito beneditino e, auxiliada pelos irmãos, fundou 40 mosteiros, nos quais viviam mais de mil re li g iosas.
Santo AI ·xanclre ele Jerusalém, Bispo e Mártir
+ 250. Discípu lo de São Clemente de Alexandria, foi eleito Bispo da Capadócia. Dirig indo-se c m peregrinação a J erusal é m , esco lh e ram - no p,u-a Bi spo dessa cidade.
19 São ,José, esposo <la Santíssima Virgem, Patrono ela Igreja Universal o <la Boa Morte Para s • t ·r id ia da gra ndeza e castidad • ele ão José, consi dere-s ap ·nas que foi digno esposo da Rainha dos Céus e pai adol ivo de Jesus.
titular, Santo Amatus, estava ainda vivo. Mas resignou o cargo para ir evangelizar os frísios, e mpe nhando-se em que estes cessassem de praticar sacrifíc ios humanos.
21 Mártires de Alexandria + 339. Esses cristãos que, com Santo Atanásio, comemoravam a Sexta-Feira Santa na Sé de Alexandria, foram massacrados pe los arianos e pagãos. Mal escapou da carnificina o grande bispo.
22 São Zacarias, Papa e Confessor
+ 752. Grego de origem, "por suaforte personalidade, soube impor-se junto a vários soberanos lombardos, francos e bizantinos. Em Roma, restaurou dive rsas igrejas e fe z grande número de fundações em favo r dos pobres e peregrinos" (do Martirológio Romano).
23 São José Oriol , Confessor
+ Barcelona, 1702. De origem humilde, com o auxílio de alguns sacerdotes conseguiu ordenar-se e doutorar-se em Teolog ia. Grande pregador com o dom da profecia, era muito procurado, por suas luzes sobrenaturais, para a direção das almas.
24 Santa Catarina da Suécia
Diácono, exercia a pregação no campo, sendo por isso perseguido. Escondeu-se e posteriormente apresentou-se ao prefeito, que o mandou queimar vivo.
28 São Sisto 111, Papa e Confessor
+ Roma, 440. Ainda presbítero, combateu tenazmente a heresia pelagiana, secundando ni sso os grandes sa ntos da época, São Zózimo e Santo Agostinho. Sucedeu a São Celestino I no Sólio Pontifício, dedicando-se a extirparem sua raiz novas heresias que germinavam na Igreja, bem como perigosas inovações que surgiam a cada dia.
29 Santo Eustásio, Confessor
+ França, 629. Educado por seu tio, São Mieto, Bispo de Langres. Entrou para o Mosteiro de Luxeui] , fundado por São Columbano, a quem sucedeu como abade. Voltando a Luxeuil, estabeleceu o Ofíc io pe rpétuo.
25 ANUNCIAÇÃO DO ANJO ~ ENCARNAÇÃO DO VERBO DE DEUS
26 São Teodoro e Companheiros, Mártires
+ Líbia, séc. ]V. Estes 43 cristãos, vindos do Oriente, sofreram o martírio possive lmente sob Diocleciano.
Intenções para a Santa Missa
em março Será celebrado pelo Revmo . Podre Davi Froncisquini, nos se guintes intenções: • Que, pelos méritos do Anunciaçã o do Anjo e da Encarnação do Verbo no seio puríssimo da Virgem Maria festa celebrada neste mês - , Deus Nosso Senhor conceda todas os graças necessárias para a educação e preservação moral das crianças. • Que o glorioso São José, protetor da Sagrada Família, proteja as famílias católicas, preserve e guarde de modo especial as famílias dos participontes do Aliança de Fátima e dos leitores de Catolicismo.
30 São Régulo, Confessor + França, Séc. Ili. "Bispo de Senlis, foi, juntamente com São Dionísio de Paris e São Luciano de Beauvais, um dos primeiros evangelizadores da Gália" (do Martirológ io Romano).
31
'O para a . • d • S •ns enquanto seu
+ Edessa (Iraque) , 322.
(Vide p. 36)
São Wu llh1110, Bispo e Confessor
+ França, 703. Foi nomeado
27 SanLo llabib, Mártir
São Benjamim, Mártir + Pérsia, 422. Preso por fazer proselitismo entre os magos e • os adoradores do fogo, foi posto em liberdade. De novo aprisionado e conjurado a apostatar, foi empalado por ódio à fé. Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em abril • Rogando a Nosso Senhor Jes u s Cristo que, pelos méritos infinitos de Sua Paixão , Morte e Ressurreição, conceda o t o dos os gra ç as n ecessá rias paro a salva ção d e suas almas e sustente especialmente aquelas mais provadas. • Também no intenção do Brasil, para que nosso País p erm an eç o sempre c atóli c o e mariano .
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Quàtro caravanas da TFP percorrem o Brasil
to, os caravanistas difundiram milhares de opúscu los (sobretudo incentivando a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, explicando a mensagem de Fátima, a história da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças; e o livro Reforma
Agrária: o mito e a realidade). Distribuíram também medalhas e belas estampas de Nossa Senhora, terços, bem como a revista Catolicismo. *
*
Inúmeras foram as repercussões colhidas em 30 dias de laboriosa campanha. Na impossibil idade de aqui transcrevê-las na íntegra, seguem apenas ai-
45 cidades, de 12 Estados da Federação, acolheram calorosamente e presenciaram a atuação ordeira e pacífica dos jovens caravanistas em prol dos perenes ideais da Civilização Cristã
Na divisa da Bahia com Sergipe GELBO PEREIRA ALEXANDRE MARTINS DO NASCIMENTO ' BERNARDO MARTINS EDSON CARLOS DE OuvE1RA
m janeiro último, como em anos anteriores, jovens cooperadores da TFP voluntariamente renunciaram aos laz.eres de suas férias escolares, pard divulgar com entusiasmo os ideais sempre vivos da tradição, família e propriedade. No total, 52 jovens - estudantes secundaristas e universitários, com idade variando entre 15 e 22 anos (os menores, com autorização dos pais) - divididos em quatro caravanas percorreram de norte a sul diversas localidades de nosso território-continente. Em campanha pelas cidades, os caravanistas da TFP, sempre envergando suas capas e desfraldando os estandartes rubros, marcados com o leão rompante dourado - símbolo da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - encontraram uma opinião pública bastante preocupada com a atual situação do País. No contato direto
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Na fronteira com a Argentina
BRASIL ARGENTINA
com o público, os jovens abordaram pessoas de todas as condições - empresários e operários, professores e estudantes, fazendeiros, funcionários públicos e militares, donas de casa etc. Enquanto propagavam seus ideais e
denunciavam a crise moral e religiosa que aflige o Brasil e o mundo, eles di stribuíram 105.000 folhetos com o recente manifesto da TFP, intitulado Bispos encaminham o Paú para a Luta de classes e a revolução social? Além desse documen-
*
As quatro caravanas reunidas no Rio de Ja neiro
guns trechos do lo go e expressivo relatório de um dos ca avanistas: "Como sempre acontece nas caravanas da TFP, o público nos recebeu acolhedoramente e com muita simpatia, sendo comuns manifestações de entusiasmo. Coletamos muitas repercussões de pessoas que há anos conhecem nossa ação[ ... ]. " O que mais marcou a Caravana segundo minha opinião, mas confirmada por alguns colegas de ação - foi a generalizada oposição à Reforma Agrária, às invasões de terra e ao apoio que largo setor do clero tem dado a tudo isso. Refiro-me, é claro, ao clero da linha progressisLa da Igreja. A maioria das pessoas com que tivemos contato mostraram-se indignadas com essas agitações sociais articuladas pela esquerda. Tal reação, observamo-la particularmente nas cidades do Pontal do Paranapanema (SP), região muito castigada pela atuação do MST [... ]. "Houve, como não poderiam faltar, manifestações de oposição à nossa atividade pelas ruas. Poucas e isoladas, mas por vezes furibundas. "No final de janeiro, ao nos dirigirmos ao Rio de Janeiro, nossa Caravana parou em Aparecida do Norte, a fim de agradecer à Rainha do Brasil todas as bênçãos recebidas e pedir a graça de participarmos ainda de muitas outras caravanas". *
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No total, as quatro caravanas rodaram 24.000 quilômetros, percorrendo 45 cidades de L2 estados. Após essa epopéia, reali zada nas diversas reg iões do País, as caravanas rumaram para a capital carioca, a fim de realizarem uma campanha em conjunto. Nessa aprazível cidade, reuniram-se os 52 caravanistas, somados aos membros da TFP local, para divulgação do supra-citado manifesto da entidade, que interpela respeitosamente setores do Episcopado nacional a respeito do indevido apoio que dão à Reforma Agrária socialista e confiscatória. Nessa campanha conjunta, os caravanistas atuaram em 16 importantes pontos da cidade, tendo distribuído 48.000 manifestos. • E-mail para os autores: RevCatolicismo@ uol.com.br
CATOLIC ISMO MARÇO2004 -
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'l FP na Marcha Pró Vida em Washington 1
"S er pró-vida significa ser pró-família. Ser pró-família significa ser pelo casamento tradicional"
cana: Em defesa de uma Lei Suprerna - Por que devemos resisúr ao casamento de pessoas do mesmo sexo e ao movimento homossexual. Sob a afirmação simbóli ca dos esta ndartes em movimento e dos dizeres de uma fa ixa - Ser pró-vida significa ser prófamília.Ser pró-família significa ser pelo casamento tradicional - , encerrou-se o evento junto a uma image m de Nossa Senhora de Fátima. • E- mail do autor: nelso n.barretto@ap is.com.br
Flagrantes da Marcha , J NELSON
RAMos BARRETTO
Enviado especial
Washington - Nem as longas distâncias nem o intenso frio constituíram obstáculos para que cem mil pessoas se dirigissem a Washington e caminhassem aproximadamente três quilômetros - da Casa Branca, subindo a Avenida da Constituição, passando ao lado do edifício do Congresso, para terminar em frente à Suprema Corte. Todos os anos desde 1973, no dia 22 de janeiro, data em que a Suprema Corte legalizou o crime do aborto nos Estados Unidos, vem se realizando a Marchfor Life, em protesto contra a imoral decisão judicial tomada diante de um caso orquestrado. Órgãos da grande imprensa, ávidos em noticiar escândalos, o progresso do vício, além de bagatelas, entretanto tornam-se cegos, surdos e mudos quanto à maior e mais impressionante manifestação contra o aborto no mundo. Neste ano, a Marcha começou com as palavras de apoio do presidente George W. Bush, em telefonema transmitido ao vivo pelos alto-falantes: "Devemos continuar; com civismo e respeito, a lembrar a nossos concidadãos que toda vida ésagrada e merecedora de proteção".
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Em sentido contrário ao processo revolucionário, que visa a destruição da família e da Cristandade, a reação contra o aborto no país mais rico e poderoso do mundo vem crescendo, tornando-se majoritária sobretudo entre a juventude. Pesquisa realizada pelo instituto Gallup revelou que a maioria dos adolescentes nos Estados Unidos considera o aborto inaceitável. 72% destes afirmam que é moralmente incorreto. Na Marcha, destacando-se entre inúmeras organizações contrárias ao aborto, encontrava-se a TFP norte-americana com seus rubros estandartes. O público acompanhava os hinos e marchas executados pela fanfarra da TFP com gestos de aprovação e muitos aplausos. Ao longo da Marcha, jovens da entidade distribuíram folheto anunciando o lançamento do novo livro da TFP ameri-
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CATOLICISMO
Reali zou-se a tradicional fes tividade de passagem de ano que a TFP, juntamente com a campanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, ncio tardeis ', promove todos os anos em sua sede locali zada na Serra do Japy (Jun d iaí-SP). Superando as ex pectativas , co mpareceram trezentas e vin te pessoas de locali dades próximas. Algum as cenas do evento: a recepção à Imagem de Nossa Senhora de Fátima (foto acima), e a parte mais aguardada pe las cri anças: a chegada de "São Ni co lau", que sempre di stribui presentinhos e conselhos (foto abaixo).
Aspecto do público presente
ERY I. IFI: 81.ESSING, 014 GDIJ r
MARÇO2004 -
Chauta Um religioso com o vigor do herói □ PUNIO CORRÊA DE ÜUVE IRA
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m home m que parece um leão com as patas no so lo e di sposto a res istir. E, conforme o caso, avançar. Dom Chautard * está revestido com o lindo hábito bra nco dos c isterc iences. Era superior de uma fa mosa abadi a cisterc ience francesa: Nossa Senhora de Sept Fons (foto abaixo). Quando certa vez fi z um retiro espiritual na Fra nça, numa c idadezinha do interi or, passei di ante da. Abadi a de Sept Fons. Eu tinha um enorme desejo de conhecer Sept Fons. Como era tarde da no ite, e la j á estava fec hada, apenas pude ve nerar as portas fec hadas do edifício e continuar a viagem. Na fo to ele aparenta ter de 40 a 50 anos, mas está na força da idade. O rosto é che io, os traços são muito de finid os, o o lhar profundo - dir-se- ia um o lhar de fe ra, que espre ita do fundo da caverna. M as o que Do m C hauta rd apresenta de ma is possante -
* Dom João Bati sta C haut ard nasceu em B ri anço n (França), em 12 de ma rço de 1858 , recebe ndo o nome de Gustavo. Em 1877 decid iu torn ar-se reli gioso, entrando na Abad ia de A iguebe ll e, da Ordem de C ister, tendo sido incumbido por seus superi o res de cui dar da manutenção e res tauração de vári os mosteiros cistercienses . Em 1899 foi eleito abade do M os teiro de Nossa Senhora de Sep t
um traço caracte rístico da personalidade de le o pescoço. Pescoço de touro, que o capu z cobre qu ase todo. A cabeça reve la solidez e firm eza, indi cando coerênc ia no pensar e continuidade hercú lea no ag ir.
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Esse fo i o personagem que manteve um a famosa conversa com o estadi sta francês C leme nc au, ape lidado o tigre, que era o pó lo c ivil da res istê n ia francesa na Primeira Guerra Mundia l. A co nvcrs.i ameaçava terminar num vi o le nto choque. 1cm nceau era um desses arroga ntes, que são tig res ap ' nas qu ando não e ncontram outro homem mais rcroz na frente. De fa to, ta is arrogantes são fe ras de pape lão. C le me nceau sentiu contra si a ga rra cio heró i, e a co nversa to rn o u- se a m áve l. .. O g ra nd ' Dom Chautard do mou o ligre ' condu z iu a co nversa com ' I ·menceau para o objetivo qu ' li nha e m vi sta ! •
Fons. Em 1904 tro uxe os ci sterciences para o Brasil.
1 •
fendeu os reli giosos co ntemplati vos durante a J crscgui ção mov id a na França cont ra eles, no iníc io do sécul o X . Esc reve u e m 19 1O a fa mosa o bra A A !111 a d e 1od 11 Aposlolado. que se torn ou beslseller intern ac ional, na quul expõe qu e o fundamento do êx it o no aposto lado a vid 11 interi or. Fa leceu em 29 de setembro de 1935.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 21 de maio de 1983. Sem revlalo do
Nยบ 640 - Abril 2004 - Ano LIV
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Abril de 2004
Na aparente derrota, a vitória final Q uando tudo parecia ter fracassado, sobreveio a l~cssw·r·ci(;ão de Nosso Senhor. Na certeza desse glorioso triunfo. u Virgem Sanl,Íssima nunca vacilou, deixando a todos os homens a magna liçfio de confiança.
-CATOLICISMO
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Teologia da Libertação chegou ao Poder
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IN'l'ERNACIONAl,
Coréia do Norte: repressão stalinista
24 E<:os m : FA'nMA
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mesmo te mpo que as pesadas laj ' S do sepulcro ve lam o Corpo do Salvador aos olh ·1r 's d ' lodos, a fé vac ila nos poucos que havi am p nn a11 • ·ido li •is ll Nosso Senhor. M as h,'í uma lâmpada que não se apaga, nem bru xul ' ia , · q11 • arde s6 ela plenamente, nessa escuridão universal. É Nossa S · nhoru , · 111 cuj a alma a fé brilha tão intensamente como sempre. Ela crê . r · in l ·irum ·nlc, sem reservas ne m restrições. Tudo parece ter fracassado. Mas Ela sab qu e nada fracasso u. Em paz, aguarda Ela a Ressurreição. Nossa Scnhol"l r sumi u e compe ndiou em Si a Santa Igreja nesses dias de tão extensa d s r .. o. 1 ... 1 Nossa Senho ra nos e nsina a persevera nça na r-, no senso católico e na virtude do apostolado deste mido - F'i.des int Ppida - mesmo quando parece tudo perdido. A Ressurre ição virá logo. Fe li zes os que soubere m persevera r como E la, e com E la. De les serão as alegri as, cm certa medida as g lórias do dia da Ressurreição" (Plínio Corrêa de O li v ira, " O Legionário " , 18-4- 1943).
25
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26
CAPA
34
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44
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A Paixão de Cristo no momento atual
46 SANTOS
E
Na Alemanha, exposição blasfema
SANTOS São Luís Maria Grignion de Montfort Arquitetura sacra e dessacralizada Scanderbeg, Príncipe albanês
A utocombustão e ação preternatural
Ft-:S'D\S
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48 TFPs t-:M AçÃo 52 Al\'mmN·1·1-:s , CosTuM1•:s, C1v11 ,1zAçüEs Grandes de Espanha: coragem e altaneria
Nossa capa : Antonio Cise ri (1821 - l 891) - Galleria Nazionale di Arte Moderna di Palazzo Pitti, Florença (Itália) Ecce Homo -
ABRIL2004-
Caro leitor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n° 3116 Redação:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTOA.
Para esta Semana Santa, aprcscnt a111os i111portu11t · t ·m11 parn r ·fl x'io cios católicos nos di as de hoje: Será que temos conigem d • cli v '1'1-\i r dm; icl •im; erradas, apesar de estarem em voga e serem npr 's ·nlaclas como "moei •rnidacle"'! Todo ser humano, pe lo pr pri o s nso d ' so ·i11bi lidad ·, t ·11d · a a · ·i tar ns opi niões dominantes. Mas, e m • 1" tl , as op ini c ·s • a 111 •nf ali dad • 1u • atua lment e prevalecem, infe lizment são i uali tá rius an ti ·rislãs. P nsa-se contrariamente à Igrej a e m matéri a de fil oso fi a, de so ·io lo •ia, d históri a, ele ciê ncias pos itivas, de arte, de tudo e nfi m. Mas, s rá qu nós, ca tó licos, te mos o bom hábito de resguardar nosso espírit o da infi lt ração elas f'a lsas idéias? Será que pensamos habitualmente de acordo com a aut êntica do utrin a católica, em tudo e por tudo? Ou será que nos contentamos neg ligentemente e m ir vive ndo, e com isso aceitamos os princípios e "dogmas" da neopagani zada mentali dade atual? Nos dias de hoje, não fa lta m obreiros de satanás que, nos lugares de diversão, e até mesmo em alguns púlpi tos, passando pelas cátedras, no recesso da fa mília, nos lugares de reunião, propagam idéias ímpias. Não haverá em tudo isto uma grande articulação? Será que a atuação de comu ni stas, espíritas, protestantes, prod utores de TV imorais, desde a manhã até à noite, não se exerce no sentido de uma ação concertada contra a Igreja e sua doutrina? E ntão, surge a pergunta: por que Ela é uma instituição tão perseguida? Por que blasfema m contra Ela? Por que isso? A resposta é lógica e simples. A Igreja Católica é a mais atacada precisamente por ser a única verdadeira. Como Nosso Senhor, que fo i perseguido porque fazia o bem e e nsinava a verdade. Refl etindo sobre isso, optamos por publicar nesta edição, como matéri a de capa, excelente texto do Prof. Plin io Corrêa de Oliveira. Ele aborda justamente essa questão. Consti tui tal artigo leitura fundamenta l para nossos tempos. Com lucidez e clareza impressionantes, o ilustre autor expõe a ardilosa perseguição engend rada contra a Igreja Católica, ante a omi ssão, a indiferença de mui tos fiéis. Estes, em vez de adotare m a postura combativa face aos adversários de Nosso Se nhor - e, assim, reparar as ofensas cometidas contra E le - escolhe m o caminho da acomodação, da tibieza. Não podemos nos calar diante dos ataq ues seguidos, gratui tos e irracionais contra a doutrina da Santa Igreja, pois um verdade iro católico deve ser combativo, militante. Deve - com gentileza ou seriedade, mas sempre com fi rmeza - dizer que o mal é o mal e o bem é o bem, sem medo ou dúv ida. Q ue a leitura desse texto - redigido em 1947, e ntretanto ele surpreendente atualidade - mais do que um alerta sobre os perigos de nossos d ias, seja também novo despertar de consciê ncias, de efeito rev igora nte a todos cató licos. Para que possam contimtar a lutar· com mais vigor contra a decadência orig inada do abandono da C ivilização Cri stã, e aguardar com confia nça invencível o triun fo de Nossa Senhora, anunciado e m Fátima. Desejo a todos uma boa le itura, e nviando-lhes meus votos de uma Sant a Páscoa. Em Jesus e Maria,
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Nossa Senhora da Consolação de Lezajsk D iante da incredulidade dos homens, a Virgem Santíssima vale-se de meios inesperados, como através dessa invocação difundida na Polônia, para cumprir seu intensíssimo desejo de conversão dos pecadores li
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V ALDIS GRINSTEIN S
sta hi stóri a co meça no séc ul o XVI, mais exatame nte em 1560, qu ando a cri se protestante cam inhava para seu auge na E uro pa. Reg iões inteiras tinha m-se des li gado da ve rdade ira Re li gião cató lica, e mesmo países que se destacava m na hi stó ri a doca-
to licismo, como a Áustri a e a Polôni a, so fri a m inte nsa atu ação de nume rosas se itas protestantes. Naq uele ano, Nossa Se nhora apareceu ao proprietári o de um moinho da cidade de Lezajsk - loca li zada na atual fro nteira e ntre a Po lônia e Uc rânia cha mado Rycht. Enquanto e le proc urava madeira numa fl oresta, a fi m de con-
sertar seu moinho, apareceu-lhe a M ãe de Deus. Após a visão, e le vo lto u à cidade e narro u o acontec ido. Ningué m acred itava no que Rycht dizia, po is as he resias protesta ntes da é poca, e mbora muito di fe re ntes umas das outras, votava m um com um desprezo, para não di zer ódi o, à devoção ma ri ana. Afirmar que a Virge m hav ia aparec ido era algo ABRIL2004-
' .fora da m.oda", além de árduo 1de ser reconhecido . N ão consta qu o dono do moinho tenha feito especiais esforços para divulgar a a pa rição. Assim , e la caiu no esquec ime nto. Este fato parec ia ser uma vitó ria da incredulidade e ela impi edade sobre a Fé.
naram a ind a mai s pate nte o que era já no tó rio para o públi co: as divi sões , a contrad ições doutrinárias, as fa lhas mora is dos pastores e a desunião ci o país face aos num erosos inimi gos que o rodeava m .
O desejo ela Jlil'gem
Os milag res no loca l elas apari ções, ,,essa c idade polo nesa de Lezajsk, atraíra m numerosos devotos. A fama da localidade aume nto u a tal po nto, que os padres diocesanos não mais conseguiam dar conta das necess idades espiri tuai s dos numerosos peregrinos que a li acorri a m . Pediram e ntão ao bispo da reg ião que trouxesse uma o rde m religiosa para atender os fi é is. Assim, o bi spo M ac iej Pstrokonski, no a no de l60 8, concede u aos padres bernardinos a posse da capela e do quadro mil ag roso. Logo de po is, ini c io u-se a construção de uma ig reja e de um conve nto. Na Polônia daquela é poca hav ia numerosos m ag natas, nob res loca is, que muitas vezes era m ma is ricos que os re is, e muito piedosos. Al g un s deles ficaram fa mosos pe la quantidade ele mosteiros, ig rejas, cape las e locais de pe regrinação que construíra m . Muitos desses locais ex istem a inda hoje, e um de les é o convento e ig reja barroca de Lezajsk, construídos pelo mag nata Lukas Opalinski , marecha l da coroa po lo nesa e prefeito ela c idade.
E m 1590, 30 anos após aquela apari ção, e no mes mo loca l, a Virgem Santíss ima apareceu três vezes para o cerveje iro da mesma c idade de L ezajsk , chan1 ado Tomás Mic halkow. Ele era um gra nde devo to ela Virgem e tinha o hábito de rezar enquanto estava . na floresta. Numa aparição, recebeu ela Mãe ele D e us o pedido de que os habita ntes ela localidade construíssem a li uma igreja para conversão dos pecadores. Vo lta ndo à c idade, conto u a todos o ocorrido. Resultado: ning ué m se moveu para ate nde r o pedido de M a ri a Santíssima. Após muitas dificuldades , e le apenas conseguiu conve ncer os vereado res da c id ade a que colocassem uma im agem de Nosso Senhor, dura nte a Semana Santa, no loca l elas a pa ri ções. Tomás continuo u ins istindo, mas não consegui a nada de conc reto. E o protesta nti smo segui a sua atuação, deformando as co nsc iê nc ias.
Edmcação ele capela, milagres Foi ju stame nte através ele um protestante conve rtido que ve io a so lu ção. Tratava-se de Kasper Gluchowski, luterano, que fora at ing ido po r uma parali sia. C urado mil agrosa me nte, converteuse ao cato li c is mo. E m 1598 e le ma ndo u construir um a capela de madeira no local elas aparições, na qu a l foi co locado um quadro de N ossa Senhora co m o M e nin o Jesus. Para conseguir este resultado, Tomás e mpreende u o ito lo ngos a nos de luta. Logo que foi ate ndido o p edido da Virgem , começara m os mil ag res. N esta época, qua ndo o mov ime nto conhecido corno Contra-Reforma (o combate católico contra o protestanti s mo) dominava a vida públi ca, os poucos jesuítas rea li zava m uma obra ad mirável. Convencidos de que, taticamente, era me nos impo rta nte ap resenta r o protestantismo co mo uma falsa reforma, tor-
lllllcATouc1sMo
Construção ele igrnja e com1e11to
Solene COl'oação <la Jlil'gem No séc ul o XVUf tomou corpo um piedoso costume: o de coroar as imagens de Nossa Sen ho ra, reconhecendo-Adesse modo como verdadeira Ra inha do país. E fo i pedida ao Vaticano autorização para que a imagem rep resentada no quadro ele Lezajsk fosse també m coroada. Após pesquisas ele uma comi ssão especia l que recolhe u a documentação sobre os nu meros.os mil ag res, o Papa Bento XIV autori zo u que a coroação fosse efetivada de fo rma so le ne, te ndo o própri o Pontífice abençoado a coroa. N o dia 8 de setembro de 1752, rea li zou-se a cerimô ni a, presidida pelo bispo de Przemysl , Wac law Hi e ro nim S ierakowski. O s custos da cerimô ni a fora m e levados, e corre ram por conta da fa míli a dos senadores Potocki. A coroa, valio-
A Salve Rainha - II
síss ima, fo i finan c iada pelo coma nda nt Jose f Potoc ki. }IIUl"Clll e o l'CCIIO COll1lll1ÍSta
A reg ião da c i lacte de Lezajsk era muito in s 1 ura nos s c ulos XVII e XVlll, se nd o co ns ta ntemente atacada pelo tártaros, ossa os ou 1ur os. E m me io aos peri gos da g uerra , os so ldados que defendi a m a reg ião I cd ia m mui1 0 freqüentemente o a uxíli o a Nossa cnhora el a Con o lação, sendo o bj eto de mil ag rosa proteção. Quando fe itos pri sio ne iros pe los turcos o u tártaros, carregando o jugo de conde nados nas galés, e les diri g iam suas preces à image m do quadro, e muito freqüentemente e ra m libe rtados da escrav idão . Depois, co mo agradec im e nto, co locavam seus ex-votos ao pés da im agem. Entre estes agradecimento e ncontram-se os do rei Wladislao IV. O cará ter milagroso da image m é atestado pelas numerosas peregrinações, provindas de regiões próximas ou di stantes de toda a Polônia. E m 1928 o Papa Pio XI concedeu a esse sa ntu ário o título de Basílica M enor. Tendo a Polônia caído sob o jugo comuni sta, pareceria que os numerosos santuários teriam fim, sendo tra nsformados e m depósitos, c ine mas o u piscinas, como ocorre u na exti nta União Soviética. E m Lezajsk, fe li z me nte, não sucedeu isto. Diante da e norme reação re lig iosa d o povo, os co muni stas preferiram contempo ri za r. Um exempl o de devoção: qu ando e m sete mb ro de J 952 come morava m-se os 200 anos da co roação do quadro milag roso, teve luga r uma so le ne ce leb ração à qu a l compareceram 300.000 fi é is. H oje a imagem e ncontra-se na B asílica M e nor da c idade, local onde os padres bernardinos têm seu novic iado. As peregrinações continuam tão nume rosas co mo sempre. E de futuro? Será qu com a e ntrad a da Polônia na Uni ão Euro pé ia - que pretende impo r le is a nti - ri sHis a situação será a mes ma? Rog u ' ll H)S a N ossa Sen hora de Lezajsk que prol ·ja um país tão mariano como a Po lô ni .i con tra esse novo adversári o do ca to li ·is11 Hl a Uni ão E uropéia la ica , qu' r ·jci tm1 suus g loriosas raízes c ri stãs. • E-mail do autor: Y11ldlsi.1(,,i Y11l11111, ·0111
N a edição anterior, iniciamos a transcrição de textos escolhidos sobre a Salve Rainha. Apresentamos a seguir comentários de um abalizado autor a respeito das primeiras saudações dessa sublime oração Salve Rainha, Mãe de misericórdia - A pa lavra Salve , do mes mo modo que sua análoga Ave, é uma forma de saudação e nfáti ca, que ex pressa e m geral sentime ntos de res peito ou de ve neração, de gratidão, amizade o u benevolência. [ ... ] De um modo especia l, a pa lavra Salve ex prime ora um fervoroso desejo de que De us g ua rde ou pro tej a a pessoa a que m se saúda, ora o co nte nta me nto que sua felicidade nos propo rc io na. No primeiro destes sentidos, não podi a de mane ira a lg uma aplicar-se à Virgem , posto que E la e nco ntra-se no Céu desfrutando a fe li c idade mais extraordiná ri a que possa im agina r-se; mas pode ser diri gi da a Ela com toda propriedade no último se ntido, co mo homenagem a suas excelsas virtudes e pre rrogativas, co mo felicitação pela ime nsa elita de que goza, e por suas incom paráveis gra ndezas. Neste sentido a sa udo u o Anjo ao a nunc iar- lhe o sublime mi stério da Encarn ação do Ve rbo. [... ]
Depois do a ug usto no me de De us, não há pa lavra que ressoe tão gratame nte ao coração huma no como o doce no me de Müe. O s suaves ecos desta pa lavra incom pará ve l comovem de ta l ma ne ira a a lma, que não há idade, condição, raça nem estado de cultura que pe rmita ao home m subtra ir-se à sua te rna e poderosa influê nc ia. [... ] Po is be m , se todos os fi é is forma mos com C ri sto um só Corpo Místico, uma só pessoa mora l, da qual E le é a cabeça e nós os me mbros, a Santíssima Virgem é M ãe de C ri sto não só e nquanto De usHom e m , mas ta mbé m e nquanto Salvador, co mo ass im lhe a nunciou o Anjo, dando-lhe E la seu correspondente assentime nto; depreende-se daí que é M ãe de todos aque les que formamos pa rte integral daquele Corpo c uj a Cabeça é C ri sto . [ .. .]
*
* * Por que de misericórdia?
Porqu e a clemência é uma virtude especia líss ima dos R e is, de * * * tal sorte que, qu a ndo se os consaA Virgem é Rainha po r s ua di ggrava, un g ia-se- lhes a cabeça co m nidade incompa ráve l de M ãe de azeite de o liva, s ímbo lo da piedaJesus C risto, Re i imortal das almas de e da mi sericórdia, para dar- lhes que conquistou e m campo aberto, a e nte nde r os sentime ntos que dedando por e las sua preciosa vida; ~ viam palpitar, ante todos, em seus ~ Re i imorta l dos séculos, que se sureais peitos - como observa SanNossa Senhora da Misericórdia cede m re ndendo-Lhe ho me nagem to Afonso de Li gório. ante sua Cruz e seus a ltares, e m todas as líng uas da Terra, não só Porq ue, consis tindo o re inado de Deus na justiça e na mina o rdem re ligiosa, mas também na ciê nc ia, na arte e nas letras, sericórdia, parece ter-se reservado para E le a justiça, confiannas institui ções sociais, nas le is e nos costumes. do à Ra inha do Céu a admini stração da mi sericó rdia - co mo Tendo Jesus Cristo o princ ipado absoluto e unive rsal sobre sente m João Gerson, grande C hancele r d a Sorbonne, São Totodas as c riaturas, pois seu Etern o Pai "o colocou à sua des- • más de Aquino e o Doutor Sen'ífico São Boave ntura. tra, acima de todo principado, potestade, virlude e dominaPo rq ue a Virgem fo i predestinada para M ãe do Criador, ção, e acima de toda e qualquer crialura, que tenha um nome para que sa lvasse por sua co mpa ixão os que a justiça de seu nüo só nesle rnundo, mas também no que há de vir " (E f I, 2J), Filho não pod ia sa lvar; e é tanto mais poderosa quanto ma is é como nos diz São Paulo; e have ndo s ido associada a Santíssimi seri cordi osa - no di ze r de São João C risóstomo e de São ma Virgem à e mpresa divina da Redenção e ao triunfo de seu Ped ro Damião. • Filho, é natura l que participe de suas prerrogativas co mo M ãe do " Rei da G ló ri a". [... ] (Excen os da obra do Pe. Dr. M anuel Viciai Rodríguez, La Salve Explicada,
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Tipog ra fia de "EI Eco Fra ncisca no" , San ti ago de Compostela, 1923).
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Contra artimanha protestante 121 A matéria de capa da edição de fevereiro mostra bem o que eu sempre gostaria de ter visto numa revista católica. A defesa da fé cató lica contra a artimanha dos protestantes (autodenominados "evangélicos", corno é bem lembrado na reportagem) é essencial, e eu recomendaria a leitura desta revista a todos os católicos. Não só por isso, a revista dá um show em qualidade. Não sou assinante, mas penso seriamente em assiná-la, senão comprá- la mensalmente. (F.S.T. - RJ)
Contra a pl'Olil'eração de seitas
Desculpa esfa,•rapada 121 Com a desculpa de defender os direitos dos índios, os antropólogos da Funai presta m-lhes o maior desserv iço (aos índios e à Pátria). Porque os índios, se isolados em reservas, não progridem e ficam estagnados na indigência. Essa desculpa é apenas urna escapatória para justificar a absurda conversa fiada de " direitos dos índios". O curioso é que tais antropólogos sabem perfeitamente disso (e eu tenho fa lado desse absurdo com alguns). Por que então eles têm essa atuação absurda? Coloca-se até a pergunta: e les não serão financiados pelos grupos de traficantes e de terroristas da Colômbia, do Peru, e outros que praticam delitos e se refugiam em "territórios indígenas" próximos de nossas fronteiras? A mesma pergunta pode ser lançada contra os "ambientalistas" e ongueiros de carteirinha. Isso não é novidade. Mas o que me assusta mais é o posicionamento dos missionários a favor do congelamento dos índios no primitivismo tribal , corno bem coloca a revi s ta. Assusta-nos também o fato de o governo federal, sobretudo o ministério da Justiça, apoiar as chamadas demarcações de terras indígenas, apesar do evidente risco à segurança nacional. (A.S.P. -MS)
-CATOLICISMO
121 Parabéns pelas defesas à nossa Igreja Católica, Apostólica, Romana, contra a proliferação de seitas protestantes em nosso País. Se certos padres que se dizem progressi stas (?) trabalhassem mais e dessem testemunho em defesa de nossa Igreja, as coisas não estariam do mesmo jeito. Boa Sorte. (M.A.S.F. - CE)
A beleza da Igreja Católica Queria parabenizar pel a explicação sobre algumas dúvida sobre os protestantes e católicos. Vemos que a nossa Igreja é muito mais bela do que parece, e me orgulho muito de pertencer à Igreja deixada por NOSSO SENHOR JESUS, por meio dos SANTOS APOSTÓLOS , em especia l SÃO PEDRO, nosso primeiro PAPA. Agradeço e rogo a DEUS para que muitos outros que lerem essas matérias também sintam o mesmo que eu senti. (A.P. - SP)
"Um só sen/101; uma só lê"
gé licas . Utilizando o artifício de pres tação de serviços para com nossos miseráveis de fé, com promessas de um mundo novo. Na cabeça de muitos, diante das adversidades da vida, corno por exemplo o desemprego, as pessoas vêem "opções de
carreira para quem pretende enriquecer facilm.ente ". Isso é para vermos até que ponto chegou a sociedade cristã. A sociedade te m conhecimento de haver pastor de seita qu e chega a ganhar corno um jogador famoso de futebol. É por esta razão que escrevi para externar a importância que foi esta matéria que nos orientou com respostas a algumas objeções de protestantes contra a Igreja Católica. E també m gostaria que me fossem respondidas algumas perguntas, que foram distribuídas em minha cidade pelos protestantes. E se fosse possível , que a lgumas destas perg untas, que vocês ac hassem importantes, fossem publicadas, para que nós cristãos, da verdadeira Igreja Cató lica Romana, fôssemos instruídos do verdadeiro Magistério. "Há um só senhor, uma só fé, um só batismo" (Ef 4,5). (J.P.C.S. - PE)
Esclarecem/o uma dúvida Estimado Sr. Afonso de Souza: Tive a satisfação de ler - com muito proveito - seu precioso e irrespondível artigo [matéria de capa de Catolicismo, fevereiro/2004] sobre a argumentação protestante. Restou, contudo, uma pequena dúvida. Afirma o senhor, com razão: "Tanto no
hebraico como no aramaico, a palavra 'irmão' pode ter vários significados: a).filhos do mesmo pai(. .. )".
121 Estou cursando o 5° período de Ciências da Administração, e sou católico, apostólico, romano. O que fez despertar meu interesse em escrever esta carta foi comentar a matéria da revista de fevereiro 2004, que tinha corno tema NÃO SE DEIXE ENGANAR, "Saiba defender-se das ciladas
Ocorreu- me que os protestantes poderão objetar: "O Novo Testamento foi quase todo escrito originalmente em grego, onde não existe esta po1issemia para o vocábulo. Jesus teve irmãos , si m! " Que lhe pare ce? (E.J.T. - PR)
protestantes".
Resposta do articulista Afonso de Souza: Prezado Prof. Ênio: Agrade-
Tenho acompanhado com apreensão o crescimento das seitas evan-
ço- lhe as amáveis referências ao meu
artigo. Quanto à objeção que o Sr. tão argutamente expôs, deve-se ter presente o seguinte: A expressão "irmãos de Jesus " apresenta realmente tantos desdobramentos, que o Dictionnaire Apologétique de la Foi Catholique (Gabriel Beauchesne, Éditeur, Paris, 1924, tomo II) dedica não menos que 9 páginas para tratá-los. Discute-se se os Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São João não teriam sido originariamente escritos em aramaico. Porém, mesmo que tivessem sido escritos diretamente em grego, os evangeli stas estavam relatando palavras e frases enunc iadas em aramaico, num contexto cultura l hebraico, e portanto deviam transcrevê-las como foram pronunciadas. Assim , quando São Mateus descreve o espanto dos habitantes de Nazaré diante das ações de Jes us, reprodu z as palavras tais quais eles as disseram: "E indo [Jesus l para a sua pátria, ensinava nas
suas sinagogas, de modo que se admiravam e diziam: Donde lhe vem esta sabedoria e estes mila gres? Porventura não é esle o.filho do carpinteiro ? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago e Jos é e Simão e Judas ? E suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde vem pois a este todas estas coisas?" (Mt 13, 54-56). Não caberia ao evangeli sta, mesmo escrevendo em grego, explicar que, no contexto hebraico , irmãos e irmãs equivaliam a primos na classificação de parentesco vigente em outros povos . Ass im fazendo, os evangelistas seguiam o exemplo dos Setenta(*), que, dois séculos antes da vinda de Nosso Senhor, haviam traduzido o Antigo Testamento do ,hebreu para o grego: "Na tradução dos Setenta, a
palavra hebréia para irmão ou parente foi traduzida como ADELPHÔS, que em grego sign(fica 'irmão'. Se bem que o grego tenha uma palavra para primo, ANEPSIÔS, os tradutores dos Setenta preferiram uti-
lizar ADELPHÔS' (Pe. Daniel Gagnon, ;, Tuvo Jesús "hermanos"? Estudio sobre los "hermanos" de Jesús en el Nuevo Testamento), http:// apologetica.org. E fizeram bem, porque estavam traduzindo frases que se situavam num contexto cultural hebraiço, e nesse contexto é que deveriam ser entendidas. lsto é tanto mais compreensíve l quanto, em grego, a polissemia do vocábulo ADELPHÔS abrange também a noção de parente próximo, como se vê em Sófocles e Platão (cfr. A. Bailly, Dictionnaire Grec-Français, Hachette, 1985).
(*) Setenta e dois doutos hebreus vindos para Alexandria, a pedido de Ptolomeu Filadelfo, entre os sécu los II e lJI a.C., a fim de verter para ogrego os vários livros do Antigo Testamento.
Al1tes tal'de do ,,11e mmca! 121 Achei interessantíssimos os artigos publicados na revista Catolicismo. Freqüento grupos católicos e assino outras revistas católicas, mas nelas fa ltam artigos que nos alertem a respeito das armadilhas do maligno principalmente na política. Estive sob o domínio de satanás, politicamente fa lando, pois era admiradora de Fidel, Che, li todas as biografias lançadas por ex-guerri lheiros e votei no PT em inúmeras eleições, em todos os níveis. Estava cega, surda e louca. Foi preciso o cidadão que atualmente é o Presidente ganhar as eleições e mostrar a verdadeira cara para que eu caísse na realidade. Antes tarde do que nunca! Não foi cu lpa do grupo católico que freqüento. A pouca espiritualidade que tenho, devo a e les. Mas eles cuidam apenas da parte espiritual. De certa forma estão cert9s, mas acredito que esta revista de vocês complementa o que falta nas que eu assino. (M.D.G.D. - PB)
maravilhoso trabalho de levar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus por todos os cantos do Brasil. Quando não leio a revista mensalmente, parece que está me faltando algo. Com s ua leitura, acabo aprendendo muitas coisas úteis à minha espiritualidade e sobre nossa tão amada Igreja. E sei que a revista é muito agradável aos olhos do Senhor, pois, se não, não faria tanto sucesso. Que Maria Santíssima continue guiando todos vocês aí da redação para que continuem assim , levando e estimulando o AMOR E A ADORAÇÃO a Nosso Senhor Jesus! (A.C.A. - SP)
Luminosa idéia 121 A Revista Catolicismo é um verdadeiro porta-voz do movimento católico, apostólico, romano e necessita ter mais pessoas amigas que possam ser cooperadores, benfeitores e grandes benfeitores, a fim de que, deste modo, a direção de Catolicismo possa ter mais recursos para oferecer, em cortesia, a revista a muitas famílias que necessitam ter uma leitura proveitosa e cató lica em seus lares. Vamos formar uma nova cruzada em todo o Brasil, e que cada cidade possa ter um divulgador da revista Catolicismo para que novas assinaturas sejam feitas e que se dobre a tiragem da revista. Acreditamos que, se cada assinante conseguir um novo assinante, a cruzada irá crescer, e dentro de alguns meses teremos o dobro e até o triplo de pessoas sebeneficiando desta preciosa revista, que continua a ser autêntica, servindo à Igreja de Deus com ensinamentos verdadeiros. (C.M. - SP)
Sadia espil'itllalidade 121 Primeiramente, parabéns por esse
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1, Cônego JOSÉ LUIZ VI LLAC ~
Pergunta - Tenho 25 anos, todos vividos cm uma família católica. Procuro seguir e respeitar a doutrina de nossa Igreja, mas confesso que há tempos minha fé é assaltada por dúvidas que angustiam meu coração. Cônego Villac, sempre aprendemos que Deus é Pai e só de bondade, e que nunca abandona seus filhos. Mas por que vemos no mundo pessoas absolutamente inocentes (como crianças, por exemplo) sofrendo as maiores privações? Li em uma das edições da revista que todo o flagelo vivido pela humanidade é resultado dos pecados do próprio homem. Compreendo essa assertiva, mas volto a perguntar: por que pessoas inocentes, tementes a Deus e à Igreja, são verdadeiramente martirizadas neste mundo? Como Deus, sendo só bondade, pode deixar uma mãe que ora incessantemente pela cura, perder seu filho? Por que Deus atende alguns pedidos e outros não? Nós católicos cremos que Cristo é o Senhor e o Salvador da humanidade, e que nos redimiu através de sua expiação. Ou seja, não precisamos sofrer, porque Ele já sofreu por nós. O Senhor poderia mandar seus Anjos para converter todo o mundo, assim não haveria mais pecado. Por que, então, Deus não faz com que toda a humanidade O aceite? Resposta - A primeira impressão de quem lê a mjssiva é a de que se trata de um conjunto de perguntas, todas muito pertinentes, embora não tão
bem concatenadas entre si, versando sobre assuntos vários. Entretanto, no seu esforço de elaboração mental e explicitação de suas dúvidas, a própria leitora acaba encontrando, na pergunta final, o unum que as concatena e encaminha para a so lução: por que Deus não manda seus Anjos e fa z com que toda a humanidade se converta e O aceite? Esta pergunta faz sentido, porque a humanidade se encontra hoje mais afastada de Deus do que nunca. E fez sentido em todos os tempos, porque a aceitação de Deus sofre lamentavelmente altos e baixos ao longo da históri a. E isto explica o desconcerto e perplexidades di ante do mundo de hoje e de·sempre. Apresentado este diagnóstico global, convém descer ao concreto e procurar esclarecer a mi ssivi sta em cada uma de suas perplex idades.
Desígnios divinos Por que Deus não impede que os homens se digladiem entre si, causando a morte de pessoas que nada têm a ver com o motivo da di sputa? Por que permite catástrofes naturai s, nas quais perecem tantos inocentes? Por que não manda seus Anjos para controlar as forças adversas que atuam no mundo e coordená- las em benefício da humanidade? Estendendo essas interrogações ao interior do próprio homem - onde está o ful cro da questão-, por que não lhe deu o Criador um corpo mais robusto, isento de privações e imune às doenças? Por que afi nal decretou até a sua morte: "Statutum est hom.inibus sem.e! mori" (está estabelecido que todo ho me m deve morrer uma vez) (Heb. 9, 27)?
A res posta a essas questões nos mergulha no mistério dos desígnios divinos. E ntretanto, algumas razões podem ser apresentadas, que esclarecem muitas coisas.
O plano A de Deus A primeira é que Deus qui s que o homem aJcançasse a vida eterna com algum mérito de sua parte. A sa lvação eterna é um dom gratuito de Deus, de valor infinito - pois é a POSSE(!) de Deus por toda a eternidade. De si, o homem é absolutamente incapaz de merecê-la condignamente (é o que os teólogos chamam mérito de condigno). Mas o homem, inspirado e mov ido pela misericordiosa graça de Deus, pode fazer obras boas às quais Deus atribui um certo mérito (o que os teólogos chamam mérito de congruo), o qual guarda certa proporção, ainda que finita, com o prêmio INFINlTO prometido por Deus. Ora, para que haja a grandeza do mérito, é prec iso que
o homem seja Iivre de optar entre o bem e o mal. Se ele fosse coag id o a operar se mpre o bem, não haveri a mérito de sua parte. De modo que quando, pelo influxo da graça, ele faz o reto uso dessa liberdade praticando o bem, merece de congruo para a vida eterna. Quando pratica o mal, ele viola a ordem estabelecida por Deus e encaminha-se por culpa própria para a perd ição eterna. Foi assim que a desordem entrou no mundo com o pecado, transtornando o plano A de Deus, no qual o homem, colocado por Deus num "paraíso de delícias" (Gen. 2, 8), estaria livre da morte, das dores e de toda catástrofe, pelo dom da integridade conced ido a Adão e Eva (o qual compreendia os dons da imortalidade, da impassibilidade e da isenção da concupiscência e da ignorância). Com o pecado, esses dons preternaturai fo ramlhes retirados, não podendo
Distúrbios recentes ocorridos no Haiti. Uma das inúmeras desordens que atingem o mundo atual devido ao pecado
poi s transmiti-los à descendên- Deus precisa valer-se de oulrns cia que tiveram (assim como meios que não impliquem em um pai que perde toda a fo rtucoarctar a liberdade do homem, na num jogo deixa sua fa míli a como em seguida veremos. na mjséria). O plano IJ de Deus Como se vê, o desígnio primeiro - o plano A - de Para tirar o homem da siDeus era justamente grandiotuação de pecado em que se so pa ra o ho me m, co m os encontrava - expulso do Padons da imortalidade, impasraíso terrestre e imposs ibilitasibilid ade e c iênci a infu sa, do de entrar no Céu - Deus visando preservar o homem estabeleceu um plano B, que de todos os sofrimentos que a foi a Encarnação do Verbo e a miss ivi sta descreve de modo Redenção do gênero humano tão pungente. F ica assim ex(Não é o caso de entrar aqui plicado por que ocorrem desna magnífica hipótese, levangraças no mundo e, ao mestada por algun s teólogos, de mo tempo, exaltada a paternaque a Encarnação do Verbo se líssi ma MISERICÓRDIA de daria mesmo sem o pecado de Deus, quando criou o homem! Adão e Eva. Essa linda quesPara evitar infortúni os e tão nos desviaria do rumo descatástrofes, seria preciso muta resposta). De qualqu er tilar o homem, retirando-lhe a modo, o fato de o Verbo de sua liberdade, o que Deus não Deus se ter fe ito ho mem é poderia faze r, pois o ser livre uma tal honra para o gênero que a cada um de nós cabe faz parte da própria essência do humano, que esse plano B é nesta vida a sua quota de exente humano, tal qual foi conna verdade um plano A + A, piação e de so frim ento. cebido e criado à imagem e à isto é, em certo sentido supeMas aqui entra outro mi ssemelhança de Deus. rior ao primeiro, pois retortério de nossa sa nta Religião: Daí que, para consertar o nou-nos a " participar da nao da Comunhão dos Santos. que anda errado no mundo, tureza do próprio Deus". Deus convoca os justos para Ora, na Redenção, a grancompletar em sua carne a quode Vítima inoce nte qu e se ta de reparação e sofrimentos imolou por nossos pecados que os outros não preenchem. fo i Nosso Senhor Jesus Cri sPor isso se diz que os justos to. Ele é o In ocentíss imo por paga m pelos pecadores. E é excelência, que Se fez vítima uma honra fazermos isso, pois para nos sa lvar. E sua imolaestamos atendendo ao apelo de ção foi de um valor divinaDeus em favor de nossos irmente infinito, e superabun mãos, ou seja, "amando nosso dante para resgatar os pecapróx imo como a nós mesmos". dos de toda a hum anid ade Nessa misteriosa substituição passada, prese nte e futu ra. dos justos pelos pecadores se Tal não signifi ca, por6m vislumbra a explicação das como diz a mi ssiv ista - que vítimas inocentes que Deus "não precisamos sofrer, por- · suscita neste mundo. O sofrique Ele j á sofreu por nós". mento de tantos inocentes Para que os méritos infini tos aos quais Deus muitas vezes, de Jesus Cri sto - cruc ificanão revela o sentido de seu sodo - sej am apli cados a cada frimento - não é porém sem um de nós ind iv id ualmente, sentido aos olhos de Deus. torna-se indi spensável unirPois se nós, humanos, senmos os nossos sofrimentos timos comi seração por essas aos Sofrimentos d'Ele. Da í vítimas inocentes, a bondade
Cartaz oficial comemorativo do Centenário da morte de Santo Teresinha , exemplo de vítima expiatório inocente
e a comiseração de Deus para com elas é infinitamente maior cio que a nossa. E ass im , ao permitir sofri mentos tão dilacerantes, aufe re deles mérito para a salvação de incontáveis almas. Não obstante, é preciso confessar que estamos realmente diante de um mistério de Deus, que só no Céu entenderemos perfeitamente. Uma palavra final sobre o vaJor de nossas preces: é infalivelmente ce1to que nenhuma de nossas orações bem feitas fica sem atendimento. Se Deus não nos dá exatamente o que pedimos, é porque concede- nos uma graça ainda maior, que nos é mais va li osa e necessária. Deus, em sua· sabedoria, ciência e misericórdia infinitas, sabe melhor do que nós o que redunda em nosso maior bem. • E- ma il do autor: Ca to lic is mo @terra.co m.br
CATOLICISMO ABRIL2004 -
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A REALIDADE CONCISAMENTE Despenalização do consumo de droga: vitória do narcotráfico e latório da ONU atribuiu ao narcotráfico a culpa de grande parte dos 30.000 ho micídi os anuais que ocorrem no Brasil. Para cada assass inato, outras 20 a 40 pessoas são fe ridas e hospitali zadas - entre 600.000 e 1.200.000, dependendo do crité ri o adotado. Ao lado destas c ifras, a guerra do Jraq ue parece insignificante. Além do mais, o narcotráfico controla cerca de 20.000 entregadores de droga, em sua maio ri a crianças e adolescentes entre LO e 16 anos. Estes ficam numa dependência absoluta dos narcotraficantes que, por q ualquer infide lidade, lhes tiram a vida. Nos últimos 10 anos, o consumo de maconha s ubiu 325%, e o de cocaína 700%. O narcotráfico é mais sinistramente re ntável que qualquer outra atividade econômica, legal ou ilegal. Apesar disso, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou projeto que acaba com a prisão para
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Política internacional francesa: estranha esquerdização
A Torre EUfel, que domina o panorama de Pa-
rante três dias (foto acima). A extravagante iluminação foi ordenada pelo governo francês para celebrar a visita do presidente marxista chinês Hu Jintao - chefe da maior ditadura anticristã do planeta. A famosa torre ficou simbolicamente vermelha, com a cor do com uni smo; mas poderia representar também o sangue de dezenas de milhões de vítimas do comunismo chinês. Órgãos de imprensa e jornalistas franceses insuspeitos ponderam que o presidente C hi rac está se inc linando imprudentemente cada vez mais para a esquerda, quando o e le itorado q ue o escolheu pende cada vez mais para a direita. O primeiro secretário do Partido Socialista fra ncês, François Hollande, já vinha observando:
"a direita e Jacques Clúrac [. .. ] têm uma capacidade inaudita, por vezes insuspeitada, de nos facilitara tarefa". Assim, o socialismo francês, sem forças para ganhar uma e leição por si mesmo, comemora a orientação do atual governo, sobretudo no tocante it sua po líti ca internacional. •
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CATOLIC I SMO
Fraga. Sintomaticamente, a esquerda católica, que d iz ser defensora de toda espécie de vítimas e fracos, parece não se sensibilizar com esta avalanche de horrores e com o favo rec im e nto do cr im e orga nizado. •
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ostuma - se apresentar a Igreja ortodoxa russa (cismática), chefiada pelo patriarca de Moscou Alexis 11,
Vírus da AIDS, flagelo de países da ex-União Soviética
A pop ulação russa, J"\. que vinha diminuindo de um milhão de pessoas por ano, acelerará o seu ming uame nto por ca usa da impressionante difusão da AfDS. A concl usão é do Pro-
grama das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
tura popular da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Alberto Ikeda, comentou: "Atri-
"Confederação Nacional do Transporte" (CNT), realizada pelo Instituto Sensus, mostrou
ele de mencionar o efeito contraproducente na opinião pública das ofensas à religião, quando não a blasfêmia, ocorridas durante os dias de carnaval. Estes resultados patenteiam mais uma vez a grande distância existente entre o Brasil profundo e a distorcida imagem do País difundida por certa propaganda. •
que 57,4% dos brasileiros não querem nem ouvir falar do carnaval. A enquête consultou 2 mil pessoas em 195 municípios, no mês de fevereiro. Os carnavalescos ficaram surpresos com o índice de reprovação. O professor de cul-
Igreja cismática russa: criatura soviética
vezes a investigação chega ao traficante pressionando o usuário, que fica com medo e entrega. Agora, acabou. O governo apagou incêndio com gasolina", ex plicou
uem julgasse o Brasil em função da TV, do rádio e dos jornais, diria que o País dá apoio incondicional ao carnaval. E, o que é pior, que delira com seus aspectos mais imorais, postos em relevo pela mídia. Felizmente, a realidade é bem diversa. Pesquisa encomendada pela
Q
Na Rússia, aldeias são abandonadas, devido à diminuição da população, sendo uma das causas disso a impressionante difusão da AIDS
usuários e dependentes de drogas. O corone l da PM Alberto Fraga observo u que tal projeto bloqueia o combate ao narcotráfico. "Muitas
Maioria dos brasileiros reieita imoralidade carnavalesca
r\. ris, ficou iluminada com luz vermelha d u-
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buo esse índice baixo à questão da moral. Como o carnaval expõe o nu, é combatido por grupos religiosos mais conservadores, que cresceram muito nos últimos 20 anos". Omitiu
Análoga ameaça pai ra sobre os países do Leste Eu rope u, que estão à beira de uma
"epidemia generalizada". A Rússia é seg uid a de perto pe la Letônia, Ucrânia e
Estô ni a. Em conseqüência, o próprio prog resso econô mico está ameaçado por falta de braços. Segundo a ONUSida, orga ni smo para combate à terrível epidemia, nos países da ex-U RSS j á há 1,8 milhão de soropos itivos. Somente su peram ta l cifra as regiões africanas e do Cari be mais at in gidas por essa mo léstia, li gada ao vício da impureza. Segundo o Banco Mundi a l, numa visão otimista, no
ano 2020 haverá na Rússia 5,4 milhões de soropositivos. E, numa visão pessimista, os infectados serão 14,5 milhões. Na ex-U RSS caíram governos e desapareceram algumas fi guras políticas. Entretanto, a difusão espantosa de uma epidemia intim a me nte associada ao vício da impureza ind ica que a amora lidade dos 70 anos de regime com unista produz, de modo crescente, seus trági cos fr utos. •
Comercializadas as cabeleiras de prisioneiras russas
A mod~ exige concessões pes1"\. soais, por vezes pavorosas.
. Lyudmila A lp~r, v ice-diretora do
Por exemplo, o diário "The Ti mes", de Londres, denunciou que os cabelos us,tdos para o "megahair " (extensões de cabelo) vêm das pri sões da Rússia. Lá, as condenadas têm a cabeça raspada ilegalmente. Também os cabelos são tirados de crianças e deficientes mentais.
te ao jornal inglês "The Sunday Times": "Minhas extensões vêm de
prisioneiras russas, por isso levo o Pavilhão H [de uma prisão! russo na cabeça".
"Se você entra num centro de detenção com longos e belos cabelos, há pouca chance de sair com eles intactos" , confirmou
Para estar na moda, muitas pessoas torna m-se insensíveis aos se ntim e ntos hum a nos mais fundamentais. •
Centro para a Reforma das Prisões, de Moscou. Victoria Beckham, figura do jetset ocidenta l, declarou cinicamen-
como representativa incontestável de milhões de russos cristãos ortodoxos. Contudo, segundo Wladimir Bukovski - famoso por sua dissidência na era soviética - a atual Igreja ortodoxa russa é uma criação da tirania stalinista : "Em 1941 Stalin refez a Igreja ortodoxa à sua imagem e semelhança, [. ..) o clero era composto quase exclusivamente por agentes da KGB. [. .. ) Eu me
pergunto: podemos aceitar estes personagens como líderes espirituais? [. .. ) Por isso, a autoridade moral da Igreja Ortodoxa russa é muito baixa. Ela é pouco mais do que uma extensão do poder temporal do Kremlin".
São Luís IX, modelo ideal de governante
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ão Luís IX, Rei da França, viveu no século XIII e alcançou tal prestígio, que até hoje se encontram com facilidade moedas de ouro cunhadas com sua efígie. O povo as res peitava e guardava como se fossem medalhas religiosas, qua se como relíquias! Por isso perm a n e cera m . Seu reinado, con tudo, teve lugar há 700 anos! Procure o leitor se algum governante, na época moderna, inspira análoga confiança e venera ção ... Lição a ser tirada do fato: para governar realmente bem, é necessária a posse de virtudes autênticas, somen te possível mediante a prática séria e até heróica da única Religião verdadeira, a católica, apostólica, romana.
ABRIL2004 -
A Teologia da Libertação
e
sua influência .no País A Teologia da Libertação constitui uma teologia anticristã, que busca usar os pobres como pretexto para criar nova utopia igualitária. Cultuada pela esquerda católica ela exerce ascendência no Poder público.
década de 60, quando a Teologia da Libertação estava e m fase embri o nária, também fracassaram as tentativas de impl an tação ele um regime ig ua litári o no Brasil. A esse respeito, e re fl e tindo sobre o fracasso das g ue rrilh as com uni stas no País, F re i Betto confessou: " [. .. ] Eu par-
ticipei da luta armada durante a Ditadura e naquela época nós tínhamos coragem, [. .. ] nós tínhamos arm.as, nós tínhamos dinheiro, nós tínhamos ideolo- ·gia, nós só não tínhamos um detalhe: apoio popular"." 0
DiSCUf'SO religioso para e11cobf'ir o man:ismo ! FREDERICO
R.
DE ABRANCHES V1orn*
"
aleu muito a ajuda de Frei Betto, o dominicano que divulga e coordena trabalhos das comunidades eclesiais de base em São Paulo, hoje uma espécie de assessor e escudeiro de Lula". 1
Este trecho, extraído de um semanário de tendência socialista de São Pau lo, bem poderia ser do presente ano ... mas é de 1980. Carl os Alberto Libânio C bri sto, ma is conhecido como frei Betto, exerceu grande influênc ia em vários membros cio atual governo federal. Este, como também o PT, e m certo sentido e ncontra suas raízes na Teologia da Libertação. O ex-frade franciscano Leonardo Boff, que já há algun s anos aba ndonou a Igreja, é considerado, ao lado do sacerdote peruano Gustavo Guriérrez, um dos pais da Teologia da Libertação. Em e ntrevista recente à Radiobrás, Boff afi rma: "Nós nos sentimos, pela prim.eira
vez, como pessoas da casa. Até hoje o Governo era nosso contraditório, era alvo da nossa crítica. [.. . ] De repente, os nossos companheiros estão lá".2 O título d a e ntrev ista é s intomático: "A Igreja da liberiação chegou ao
Poder". A Teologia da Libertação, já anali sada em outras edições desta rev ista, pode ser resumida como um a tentativa de inserir o co muni smo dentro da Revelação cristã. Cabe bem aq ui recordar o que disse certa vez Frei Betto: "O que propo-
mos não é teologia dentro do marxismo, mas marxismo (materialismo histórico) dentro da teologia".3 CATOLICISMO
"Movimc11tos sociais" que facilitam a ação esqucnlista Foi através dessa teologia, oposta à doutrina tradicional ela Santa fgreja, que se formaram diversos núcleos dos que hoje se denom inam, eufemi stica mente, movimentos sociais o u populares, como o MST, os sem-teto, as CEBs, o movirnento dos negros, a CUT, o mov imento indigenista, etc. Todos e les, propugnadores ela concepção comuni sta da luta de classes, por vezes travestida ele luta ele raças. Dessa maneira, o progressismo católico conseguiu algo inédito no Brasil: está
no governo e, ao mes mo tempo, exerce apare nte opos ição a ele, através dos movimentos ditos populares. Ou, em outras pal av ras, numa situação muito cô moda, e le cede às pressões sociais cri adas por e le mes mo ...
Movimentos /Jopulares, mas sem apoio popular Tais pressões por reformas não corresponde m ao desejo do brasileiro comum , orde iro e pacato em sua grande maioria. Essa falta de apoio popular aos tais movimentos sociais não é de hoje. Já na
Leonardo Boff em entrevista à Radiobrós: "Nós não estamos interessados em que haja mais cristãos, estamos interessados em que haja mais cidadãos participativos, sensíveis, justos, lutadores pela libertação dos seres humanos".
Em outra ocas ião, comentara ainda o mes mo fre i Betto sobre a dific uldade ele angariar apoio popular: "Não é fácil con-
vencer um operário ou camponês a lutar pelo socialismo, mas é muitofácil dizer a ele: 'Ei! Meu antigo, nós cremos em um só Deus, que é pai. [. .. ] Mas a sociedade na qual nós vivemos, aquelafraternidade que Deus que,; ela nc"io existe"'. 5 Dessa fo rma, encobrindo o di scurso mate ri ali sta com capa re li g iosa - ovelho lobo com pe le ele ove lha-, a esquerda católica procura reverte r o fracasso colhido pe los socia li stas passados. Não lhe inte ressa converter pessoas ao cato li c ismo, mas s im tran sformá- las e m in strumentos de um conce ito subjetivo de
justiça social. Foi o que disse Leonardo Boff na j á c itada entrevista ü Radiobrás: "É uma
teologia quefaz sentido, que C!juda a criar urna visão das coisas, não necessariamente cristã, porque nós não estamos interessados em que haja mais cristãos, estamos interessados ern que haja rnais cidadãos participativos, sensíveis, justos, lutadores pela libertação dos seres humanos, e o cristianisrno como uma fonte geradora de pessoas assim". 6 Inspiração na Nova Era e 110 panteísmo Não é ape nas mais cri stãos que os adeptos da Teologia da Libertaçüo não querem cri ar. O ig ua litari smo de suas concepções levou-os ma is lo nge. Já não é raro encontrar textos de Frei · Betto e Leonardo Boff semelh antes à doutrina da Nova Era e do panteísmo. 7
Santo Agostinho, ao contrário dos teólogos da libertação, exa lta a Cidade de Deus, descrevendo-a como a sociedade em que "todos os homens amam a Deus mais do que a si". Nessa cidade se pratica a virtude e se rejeita o vício.
Na referida e ntrev ista à Rad iobrás, assevera Boff: "Que o cristianismo renuncie à arrogância de ser a única [re iig ião] que carreia a verdade revelada.
Deus não cabe na cabeça cristã. Ele é rnuito maior, está em todas as pessoas. [. .. ] Jesus não fúndou uma Igreja, ele criou o sonho de um reino de Deus, uma hurnanidade mais integrada na fi ·aternidade, na igualdade, no amor; na capacidade de convivência com os d(lerentes ". 8 O "amof' aos ho1nc11s" (Jue esconde o ô<lio a /Jeus Essa concepção panteísta, de uma
A Cidade de Deus, co mo sendo a reg ião o nde " todos os homens amam a Deus mais do que a si". Nessa cidade não há roubos, adultérios, mentiras, pornogra fi a etc. A cidade do demônio, apesar do que indi ca o nome, não é a c id ade o nde "to-
dos os homens amam ao demônio mais do que a si", mas a c idade o nd e "todos os homens amam. a si mais do que a Deus ". Essa segunda c idade é a c idade do ig ua litari smo, onde os ho me ns não aceitam superiores e cada um é o Sen hor de si mes mo.
"divindade" espalhada em todos os seres, produz uma visão igual itária que acaba tentando destro nar o próprio De us, e m s ua infinita superi oridade de Ser transcendente. Deus já não seri a o "Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis", mas seri a o próprio homem, que se im aginari a um "deus", exata me nte ig ua l a todos os outros seres.
Ci<la<le <le J)eus
e Ci<la<le <los homer,s Uma das grandes obras doutrinárias de Santo Agos tinho foi o livro Civitas Dei, o nde este gra nde Doutor da Igreja comenta as duas c id ades que ex istem, fruto ele dois "amores ".
O maior <los Ma11<1ame11tos - o amor <le Deus
"Mestre, qual é o grande mandamento da Lei? - Ele respondeu: 'Ama rás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento. Esse é o grande e o primeiro mandamento"' (Mt 22, 34). M as, para a ma r a De us sobre todas as co isas, é prec iso ter humildade. O que press upõe a capacidade de ama r aquil o que cada um é na s ua pequ enez. Ao inv és ela invej a, fruto cio org ulh o, o a mor de Deus e ns in a a adm iração daque le que é ma io r. Dessa admiração des in te ressada nasce a verdadeira fe li cidade.
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mento de todo o corpo social. Desde o sabor até a estética, tudo tem ~o consumo um de seus impulsos. H~ valores c·ul turais, espirituais e· morais ·a serem obtidos pelos indivíduos e pela sociedade.
''A11tico11sumismo, Glo1'ilicação· do Ócio e <la Indigência"
Plínio Corrêa de Oliveira : " Numa sociedade na qual ninguém tem vant_agem em traba lhar mais do que os outros ... ninguém trabalha mais do que os outros! E uma sociedade organizada em vantagem dos preguiçosos, com prejuízo dos trabalhadores autênticos".
Ol'gulllo simulando carida<le Em oposição à admiração, encontrase a inveja igualitária, mediante a qual toda a hierarquia (seja econômica, política, re li giosa, etc) é destruída pela insatisfação em ser aqui lo que cada um , de fato, é. Todavia, esse orgulho de não aceitar superiores se disfarça muitas vezes em um aparente amor aos pobres. A doutrina católica sempre ensinou a caridade (palavra latina que significa "amor a Deus" e, como conseqüência, o verdadeiro "amor ao próximo") para com os mais necessitados. A Teologia da Libertação, por sua vez, considera a caridade um erro, já que esta pressupõe urna desigualdade econômica. Segundo a visão deturpada por eles defendida, fruto do marxismo, o pobre foi "explorado" pelos ricos e tem direito, corno decorrência dessa suposta exploração, a um ressarcime nto . Não se deve aplicar a caridade, mas só a chamada "justiça social". Disso tem resullado um aumento da luta de classes, com a conseqüente perda da harmonia social que tanto bem trouxe ao Brasil. Como resultado, temos pobres cada vez mais desamparados, sobretudo esp iritua lme nte, quanto mais são CATOLICISMO
utilizados nesse jogo ideológico do igualitarismo.
A11tico11sumismo misera bilista Ao contrário do que possa parecer, a Teologia da Libertação não pretende erradicar a pobreza. Nas palavras do Bispo de São Félix do Araguaia, D. Casaldáliga, conhecido promotor da Teologia da Libertação, é preciso "assumir explicitamente a civilização da sobriedade compartilhada, frenle ao consumismo egoísta" .9 Essa "sob riedad e compartilhada" nada mais é do que a escassez do que for considerado supérfluo. Uma escassez, ou mi séria, igualme nte distribuída pela sociedade que, dessa forma e segundo seus adeptos, estaria mais próxima da igreja primitiva. Sobre esse tema, afirma Frei Betto: ''Viver em Cuba exige altruísmo, como viver em comunidade ou, por exemplo, num convento. O 'nosso' deixa pouco espaço para o 'meu"'. 111 Entretanto, consumir não sign ifica apenas comer, mas engloba um conceito muito mai s amplo. Inclui tudo aquilo que é conveniente ao homem possuir; no conveniente, inclui até o supérfluo, que torna a vida agradável e favorece um constante engrandeci -
Qual seria o resultado de uma sociedade anticonsumista? Responde o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pelas páginas de Catolicismo, em seu artigo intitulado "Anticonsumismo, Glorificação do Ócio e da Indig ência": "Todo esse jàrdo de e.\forços e apreensões pesa sobre o homem, e não compensa - segundo esses apologislas da preguiça - o e:,forço que exige. Mais vale a pena lrabalhar o menos possível, comer igualmente o menos possível, descansar mui/o, embriagar-se muito... do que lrabalhar muito, consumir com .fàrtura e melhorar constantemente o próprio nível de vida. [. .. ] Resultado: numa sociedade na qual ninguém /em vantagem em lrabalhar mais do que os outros ... ninguém trabalha mais do que os outros! É uma sociedade organizada em vem/agem dos preguiçosos, com prejuízo dos trabalhadores autênticos, dos diversos níveis sociais. Nessa sociedade, pralicamen/e desaparece a abundância.[. .. ] Para que haja estímulo a que se trabalhe, é preciso dar a quem trabalha a devida compensação. A .fim de aprovei/ar em benefício da sociedade os mais capazes, os mais e.ficienles, os mais produtivos - numa palavra, os melhores - é preciso que ganhem mais. Se tal não ocorre,; a sociedade amolece e cai no não-consumismo. E daí resvala para um estado de pobreza crônica, preguiçosa, mofada, que tende, em última análise, para a barbárie". 11
Combate à pro111·iedade: violação de, dois Mandamentos Para que haja progresso econômico em um país, é preciso favorecer e respeitar certos princípios básicos, como o di reito de propriedade, garantido por dois mandame ntos da Lei de Deus. O direito de propriedade é urna decorrência da natureza humana, criada li vre por Deus. Sem o direito ao fruto de seu trabalho, o homem seria um escravo do Estado, co mo ocorre nos regimes co-
rnunistas onde quer que eles tenham se implantado. Não há um único país no mundo que tenha progredido - e diminuído a pobreza - sem defender o direito natural à propriedade particular. Em oposição a isso, a Teologia da Liberlação considera a propriedade pri vada um roubo ou quase tanto - sobretudo as grandes propriedades - uma usurpação de um bem que deveria ser coletivamente usufruído . A esse respeito, afirmou João Paulo U: "Nem a Justiça nem o bem comum consentem em danificar alguém nem invadir sua propriedade sob nenhum pretexlo. Ao Eslado cabe o dever principalíssimo de assegurar a propriedade parlicular por meio de leis sábias". 12
Descabido ódio aos ricos e à riqueza A partir de uma interpretação falseada da Sagrada Escritura, os adeptos da Teologia da Libertação combatem os ricos. Sua suposta dedicação aos pobres esconde uma exclusão dos mais abastados, lrnnsformados em criminosos que se apropriaram de bens que não lhes pertencem. Convém lembrar que uma das criaturas humanas que Nosso Senhor Jesus Cristo mais estimava era Lázaro (por Ele ressuscitado). Lázaro, como consta nos Evangelhos, era um homem rico que jamai s foi censurado por sua riqueza. Esta pode ser um bem e dar glória a Deus, se usada com sabedoria; ou um mal, se utilizada com apego desproporcional aos be ns terrenos. Apego esse que também os pobres podem ter. O convite à pobreza, como existe em ordens religiosas - ou como existiu no início da era cristã - , sempre foi voluntário e facultativo. Não se pode obrigar a ela por lei. O comum dos homens deve trabalhar honestame nte e e_c onomizar para as incertezas do futuro, inclusive para sua família, criando e administrando, dentro da moral cató lica, sua propri-
Convém lembrar que uma das criaturas humanas que Nosso Senhor Jesus Cristo mais estimava era Lázaro (por Ele ressus citado) . Lázaro, como consta nos Evangelhos, era um homem rico que jamais foi censurado por sua riqueza
edade. O que vale tanto para os mais ricos como para os mais pobres.
Rcdcntol' dos llome11s
e não rcyo/ucio11át·io Essa espécie de ódio aos ricos, camu1-lado no que se poderia chamar de redenção pela pobreza e não .pela graça de Deus, traz em seu bojo algo muito mais grave. Para a Teologia da Liber/ação, Nosso Senhor era uma espécie de comu nista revolucionário. Dificilmente poder-se- ia formular uma visão tão diametralmente oposta do que foi Nosso Senhor, Rei dos reis, excelso exemplo de humildade em oposição ao orgulho igualitário. rgualitari smo este que teve em Lúcifer seu principal propugnador, quando se negou a servir a Deus. Contra seu brado de revolta - "Não servirei!" - levantou-se São Miguel, conclamando: "Quem como Deus!". Em nenhum momento Nosso Senhor pregou a revolta contra o Império de Roma, invocando temas como injustiça social, exploração dos pobres, desig ualdades, distribuição de renda, invasão de terra, etc. Ele pregou contra a idolatria, os vícios, os costumes corruptos, a decadência moral, questões de caráter religioso que estão na origem de todos os problemas inclusive econômicos - ele um povo. E, sobretudo, Ele operou a Redenção do gênero humano, que consistiu no resgate da dívida da humanidade para com a Justiça divina ofendida. Resgate que só
Ele poderia operar, uma vez que a ofensa fe ita ao Deus infinito, pelo pecado original, só poderia ser resgatada pelo próprio Deus. Ele ainda nos legou sua maravilhosa doutrina e fundou sua lgreja, que mudou os rumos da História, convertendo povos e fundando nações. É claro que isso tem reflexos políticos, mas como conseqüência da ação sobre as almas - ou sobre os "amores" de que nos fala Santo Agostinho. O Rei no de Nosso Senhor sobre a Terra começa quando Ele reina nos corações dos homens. E daí conquista o resto do mundo: "Procurai primeiro o Reino dos Céus e a sua justiça. E tudo o mais vos será dado por acréscimo" (Mt 6, 33). Tanto essa verdade evangélica quanto muitas outras, a Teologia da Libertação não as quer entender, pois, entre a Cidade de Deus e a Cidade dos homens, ela optou pela segunda, esquecendo-se do principal mandamento: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma, e de todo o entendimenlo " (Mt 22, 34). • E-mail do a ut or: fr deri o.v iotti @a is. om.br
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* Cientista Político pela Universidade de Brasília (UoB)
Notas:
1. Apud. Plínio Corrêa de Oliveira, Gustavo An tonio Solimeo e Luiz Sérg io Solimeo, A.1· CEBs, da.,· quais muito.,· se fala, pouco se conhece a 7FP a.,· de.l'creve corno são, Ed. Vera Cru z, São Paulo, 4" ed., 1983, p. 226. 2. Igreja da Libertaçüo chegou ao Pode,; diz Bo,U; " Rad iobrás", 1- 12-03. 3. Marxismo na Teologia, in "Jorna l do Brasil", 6-4-80, apud Plínio Corrêa de Oliveira, op. cit., p. 147 4. Palestra de Frei Bel/o na Concha Ac,.í.l'tica, UFC, 7-4-03. 5. Fidel Castro: Entretien.l' .rnr la réligion avec Frei Bel/o, CERF, Paris, 1986, p. 195. 6. Igreja da Libertação chegou ao Pode,; diz Br4T, " Radiobrás", 1- 12-03. 7. Panteísmo é uma he resia que nega a existênc ia de um Deus pessoal e prega um "deus" di sseminado por todos os seres e objetos, sendo o próprio home m també m "deus". Sobre essa heresia, Calolici.mw publicou um arti go na edi ção de fevereiro/2003. 8. Igreja da Libertação chegou ao Pode,; ibidem. 9. ADITAL, Reportagem Igreja da Libertaçüo na América Central, 6-3-04. 10. ADITAL, Frei Bel/o: Cuba resiste, solidariamente, 5- 1-04. 1 l. Plínio Corrêa de Oliveira, A11.tico11.1·11111i.,·mo, Glori/icaçüo do Ócio e da Indigência, in Calo/ici.wno , nº 536, agosto/1995, p. 13. 12. João Paul o li durante sua visita ao Brasil, em 199 1, "Folha de S . Paulo", 15- 10-91.
ABRIL2004 -
Revolução cultural em marcha
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ostuma-se chamar Revolução Cultural aq ue la face ta do comuni smo que avança mod ificando os hábitos, os costumes, a moralidade pública, a cultura em geral. E la não visa, ao menos diretamente, impor-se à N ação por meio de um reg ime político-socia l de índole igua litária, mas escolhe para seu avanço a via dos háb itos c ulturais, não menos vital para um povo. Assim, para os que têm a peito divulgar a Mensagem de Fátima, que se opõe aos erros do comuni smo, é de importância máxima ter as vistas voltadas também para as mudanças cultura is que vêm sendo introd uzidas no Brasil e no mundo. Está previsto para ser lançado neste mês de abril , pelo governo federal, um chamado Program.a de
Questão candente e explosiva: reserva indígena em Roraima
particular - não fora m vigilantes para perceber a manobra. Nossa Senhora chora ... Até quando? Se essas lágrimas forem substituídas pelo fogo que caiu sobre Sodoma e Gomorra, não nos surpreendamos. •
Ü DcpuLado federal Francisco Rodrigues, un1 dos mais antigos parlamentares da bancada desse Estado, já em seu quarto mandato, denuncia absurdos a propósito da temática e esclarece pontos fundamentais.
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Combate à Violência e à Discriminação a Homossexuais, Lésbicas, Transg êneros e Bissexuais. É um documento com políticas públicas e m favor dessas categorias de indi víduos. Entre as propostas estão a capac itação de professores para falar sobre o tema e a ava li ação de livros didáticos por ONGs homossexua is. Note o leitor o modo sorratei ro como foi sendo destilado esse veneno da Revolução Cultural. A começar da época em que o homossexua li smo era considerado com horror pela massa ela população, ini c iou-se uma campan ha sentime ntal dizendo que os homossex uais eram pessoas doentes, que necessitavam tratamento médico. Todos têm pena de um e nfermo. E tendo pena dos homossex uais, a barreira de horror que hav ia em relação a e les começou a derreter-se. Quando os promotores da campanha julgaram que a oposição estava suficientemente enfraquecida, lançaram outra etapa: a homossexualidade deixou de ser doença. Trata-se agora simplesmente de uma variante ela sexualidade humana, a ser vista com normalidade, sendo até uma ofensa o lhar os homossex uais como doentes; Na etapa atual, deu-se mais um passo. Visa-se agora promover a homossex ualidade, fa lar de seus direitos, apresentá- la quase como um privilégio e darlhe um estatuto ele dignidade. Se as palavras não urrassem por se e ncontrarem juntas (para lembrar o espirituoso dito francês hurlent de se trouver ensemble), tratar-se-ia de honrar a homossex ualidade. Tudo isso fo i possível fazer, não só porque os organizadores ela campanha souberam seguir etapa após etapa, mas também porque as vítimas dessa ação psicológica - a população em gera l, e a católica em CATOLICISMO
"Casamentos" em série Na cidade ele São Francisco, na Califórnia (EUA), o prefeito decidiu forçar a situação e emitir certidões de casamento para "casais" de homossexuais que se apresentassem. Houve até fila. O governador daquele Estado, Schwarzenegger, d isse q ue vai anu lar tais certidões. O Presidente Bush é favoráve l a uma emenda constitucional que defina o casamento como ele é na realidade, ou seja, união entre homem e mulher. A polêmica é grande, e a maioria da popu lação norte-americana se manifesta contra o tal "casamento" homossexual. São louváveis as atitudes do governador da Califórnia, do presidente norte-americano e sobretudo da maioria da população daquele país. Entretanto, é triste constatar que tal problema possa sequer ser levantado e que ten ha tal amplitude.
Arnold Schwarzenegger, novo governador do Estado da Califórnia, vai anular certidões de uniões homossexuais
oraima sofre grave ameaça. Se for demarcada mais uma reserva indígena de modo contínuo a Raposa Serra do Sol, de 1.750.000 hectares (7,7% do Estado) - , restará apenas 54% de seu território para ser explorado . Vilas e lugarejos de mais de l 00 anos de existência deverão ser evacuados . Propriedades rurais dedicadas especialmente à plantação de arroz serão perdidas. A população de Roraima, incluindo 80% das etnias indígenas afetadas, tem se mobilizado contra essa ab surda demarcação . O governador do Estado e a bancada federal, na Câmara e no Senado, são contrários à extensa demarcação de uma área contínua . De outro lado estão os missionários da Teologia da Libertação, pertencentes ao Conselho lndigenista Missionário {CIMI), diversas ONGs internacionais e o ministro da Justiça, sob a pressão dos antropólogos da Funai. Catolicismo procurou o deputado federal Francisco Rodrigues (PFL/RR), que tem se destacado pelo conhecimento e defesa da convivência pacífica entre a população branca e a indígena na ocupação da Amazônia . Com 52 anos, pernambucano de nascimento, o deputado Francisco Rodrigues é engenheiro agrônomo e apaixonado pelo
Estado de Roraima . Atendeu nosso correspondente em Bra sí lia, o jornalista Nelson Ramos Barretto, em seu gabinete na Câmara dos Deputados . Com fluência, e acentuado ardor pelos interesses nacionais, respondeu todas as pe rg untas, enquanto era reclamado no plenário para votações.
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Catolicismo -
Como o senhor considera a demarcação das terras indígenas da reserva Raposa Serra do Sol?
Dep. Francisco Rodrigues -
Dc1>. l<'rant'isrn Rodrigues:
"llâ muitos anos
contestamos na ,Tustiça a <lemarcação <la l'CSCl'l'él llaposa Scrl'a do Sol, J)Or e11temle1·-
mos que a clcma1·cação em âl'ca co11tím1a a111·cse11ta uma séria ameaça à segurança 11acio11al"
Trata-se de uma demarcação muito polêm ica. Há muitos anos a contestamos na .Justiça, por ente ndermos que a dem arcação em área contínua, espec ialmente nos Estados de fronteira, apresenta uma séria ameaça à segurança nacional. Ficamos perplexos quando vemos o mini stro ela Justiça e o próprio mi ni stro da Defesa afirm arem não haver nenhum probl ema e m relação à segurança nac ional, quanto à demarcação. Essa é um a preocupação que não é apenas nossa, mas també m cio seg me nto mili tar do País , que sabe mu ito bem que as organizações não-gove rnamentais, as ONGs , representam as nações hege môn icas que desejam , a qua lquer custo, ver tais áreas demarcadas . A razão para estarmos muito preocupados com essa demarcação da reserva Raposa Serra do So l prende-se ao fato de te rmos permanenteABR IL2004 -
mente aco mpa nhado declarações ele re presentantes de entidades inte rnaci o nai s,' de que a Amazô ni a é um patrimô nio da ht1maniclade e não um patrimô ni o do povo brasil e iro . Isso é muito g rave, e toda a soc iedade cio Pa ís prec isa to mar con sci ê nci a urgente me nte cio que ve m se passa ndo e m Roraima .
Catolicismo - O senhor considera um perigo o fato de tal reserva estar situada numa zona de fronteira? Dep. Francisco Ro<lrigues - É muito peri goso., no me u e nte ndi me nto, que ta is áreas sej am demarcadas da form a proposta, po is nós te mos 1.9 1O km ele fronte ira com a Gui ana e a Venezue la. Obvi ame nte, estamos em pl eno te rritório amazô nico, onde é muito fác i1, para as co munidades inte rnac io na is re prese ntad as pe las ONGs, defender certo tipo ele i nteresses, inclusive a criação ele nações indígenas. Isso já ve m sendo pregado ao longo ele décadas, e hoje ele uma fo rma mai s vi sível, mai s escancarada. Desejamos que o governo brasileiro tenha a verdade ira consciênc ia cio peri go que causa a demarcação dessas áreas contínuas . E que e le possa, pelo menos, criar uma blindage m com a presença ele pelotões militares, co m a presença das vilas nessas áreas ele fro nte ira, evitando ass im a ação permanente ele ocupação cio territó rio amazô ni co. Catolicismo - Muitas tribos estão contrárias à demarcação contínua da reserva indígena. O senhor tem idéia do percentual dos índios que querem a integração com a sociedade?
Dep. Francisco Rodrigues - Eu diri a que praticame nte 80% das vári as etni as ex istente. no Estado ele Roraima. Elas são co ntrári as a essa demarcação co ntínu a, po rque já sabem q ue a Funai, que cuida dessas questões, defende ma is os interesses internac iona is cio que os própri os inter sses elas comunidades indígenas . E ntão, obvi amente exi stem aque les que são ori entados pe lo Conselho lndigenista Missionário (C IMI ), pe lo Conselho lndigenista de Roraima (CIR ). Log ica mente, esses índios são doutrinados. Enqu anto os índios indepe ndentes, que tê m ma is consc iência nac ionali sta, não admite m a de marcação contínu a, porque co nhecem as vá ri as etni as ex iste ntes a li , e a qu ase imposs ibilidade ele e las co nviverem pac i-
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CATOLICISMO
fi ca mente . De fo rma que e les hoj e tê m total a poi o el as auto ridades ele Roraima. É cl aro, esse processo ele apartheid pregado pe la Funai, através ele seus órgãos s uperi ores - le ia-se ONGs internac io nai s - , faz com que essa área estej a permanente me nte na situação ele um barril ele pó lvora. Eu diri a que, se e las fore m de marcadas e os conflitos surg ire m no futuro, isto para nós não será nenhum a novidade . Porqu e cada etni a te m seus usos, seus costumes, sua cultura, suas crenças etc.
pendentes, é que tenham uma área de marcada, mas não como estão propondo o s antropó logos ela Funai. Porque todos sabem que nos últimos I O ou 15 anos tai s áreas foram ampli adas, vi sand o atender os interesses internacion ais. Vári as publicações mostram ele mane ira clara, cliclática , que esta é uma ação perigosa para a soberani a do Bras il. Então, somos co ntra a demarcação co ntínu a, mas não contra uma demarcação. Nenhum me mbro da c lasse po lítica do Es tado é contrári o à demarcação ele áreas indígenas. Somos contra os excessos, os absurdos e, acima ele tudo, o entregui smo que está sendo pra ticado.
Catolicismo - O senhor fala em barril de pólvora. Quer dizer que essas etnias são hostis entre si?
Catolicismo - Então, a solução seria a demarcação de áreas descontínuas. Qual é a proposta que os senhores apresentam?
Dep. Francisco Rodrigues -
gerindo qu e a área sej a desco ntínu a, no caso da reserva Raposa Se rra do Sol. Entretanto, na é poca do Co l lor, e m re lação à reserva Yanomami nós chegamos a admitir um a de marcação co ntínua, mas com territóri o me nor, de uma forma qu e pudesse estar perm anente mente sob os o lhos da sociedade, sendo fi sca li zada e aco mpanhada, para evitar in cursões e invasão de estrangeiros que - todo o mundo sabe - estão di sseminados por toda a Amazôni a. E Roraima não é difere nte. Então, nós admitimo s a d e m a rcação, m as com um te rritó ri o me nor, para que se possa ter control e efetivo sobre as terras bras il eiras. Afinal de contas , constituímos um pa ís sobe rano.
São tota lme nte hosti s. Há indíci os di sso através ele vári as ações, in c lu s ive medi ante decl arações cios líderes indígenas elas vári as tribos, que não admitem fi carem subordinadas a um mes mo terri tóri o. Jsso te m sido co mprovado pe las a utoridades que po r lá têm passado. E nós estamos fa zendo nosso pa pel, a lertando as autori dades b ras il e iras para que não pratique m tal apartheid e ntre índios brasile iros e a popul ação brasile ira como um todo.
"Eu dfria que 80% das váâ as etnias cxislcntcs 110 Estado ele Roraima são contrárias a essa clemarcação contínua, porque já sabem que a Funai elelcnele mais os Íl1 lCl'CSSes illler11acio11ais cio que os elas COIIUIIJÍ(/aclcs i11elíge11as"
Catolicismo - O senhor está há muitos anos em Roraima. O senhor conhece pessoalmente as várias etnias locais? Dep. Francisco Rodrigues - Estou e m Rora im a há 22 anos. Exerço meu qu arto mandato con secutivo aqui na Câ mara, a lém ele ter e xerc ido um mand ato ele vereador. E, lógico, toda aque la reg ião cio conflito, nós a conhecemos o bas tante para d izer qu e a li se encontra um verd ade iro ca lde irão, um barril de pólvora a ex pl odir a qualque r hora. Especia lmente a reg ião ele Uiramutã, a reg ião ele Socó, ele Mutum , ele Macedôni a, ele Maracanã, e do próprio S urumum , que estão encravadas nessa área pretendida para que sej a contínua. Elas tê m várias ca rac terísti cas. Prime iro, são ,'íreas ele ca mpos a bertos ; segundo, ne las os índios pera mbul am há séc ul os e convivem pac ifi camente com a comunid ade bra nca ; terceiro, e les têm obtido a ass istê nc ia permanente ci o gove rn o cio Estado media nte esco la, saúde, transporte, ag ric ul tura, etc. Para co nc luir, o sentime nto de les, e. pec ia lmente daque las orga ni zações consideradas incle-
Dep. Francisco Rodrigues - Há anos vimos s u-
Catolicismo - Existe uma nova corrente de missionários contrários à evangelização dos índios, como a fizeram Nóbrega e Anchieta. Como o Sr. considera a ação dos missionários do CIMI em Roraima? Dep. Francisco Rodrigues - Na verdade, e u diri a que o CIMJ prega uma linh a compl eta mente di stinta da soc iedade brasile ira, dos representantes legai s, dos parl amentares e da soc iedade organi zada . O CIMJ prega a sepa ração dos índi os em um grupo afastado el a comunhão naci ona l. Um verdade iro a.par-
"O CIMI prega a separação dos ÍIJClios em um gmpo afastado ela com1111hão 11acio11al. Um verdadeiro aparthcid. E nós pregamos a com1111hão pacífica entre brancos e indígenas "
1heid. E nós pregamos a comunhão pacífica e ntre bra ncos e indígenas. Até porque estes são brasile iros, co m exceção daque les que foram trazidos por movimentos re li g iosos ela Gui a na, para ocupar aque le territó rio d a Raposa Serra do Sol, no nordeste ele Ro ra ima . Essa é a nossa preocupação. É importante a evangeli zação dos índi os. Mas onde há fumaça há fogo . E, lóg ico, te m sido dito aos quatro ventos, e provado e m várias publicações nac ion ais e internac iona is, que há inte resses sobre aqu ele territó ri o bras ile iro . A Amazônia é um obj eto de cobiça há décadas, pe la co munidade inte rnacio na l. Sentimos com isso um peri go muito g rande para nossa soberani a, para a garantia cio territó rio brasile iro .
Catolicismo - Qual o futuro da decisão do juiz federal suspendendo a demarcação da reserva indígena? Dep. Francisco Rodrigues - O Dr. Hé lder Girão Barreto é um jui z po lê mi co em nosso Estado, devi do a dec isões tomadas dentro dos princípios jurídicos . Na verdade, ele assim agiu porque te m uma vi são cl ara, pragmáti ca, cio que aquela decisão representava para o Estado de Roraima e para o territóri o brasile iro . Eu diri a que, nos últimos tempos, fo i a decisão mais importante, no sentido de alertar a sociedade brasileira e principalme nte as autoridades fede rais, para que não se agisse sob o impul so da e moção, e sim sob o império da razão. Ele constituiu um grupo ele estudi osos, de e.xperls , que a presentará laudo sobre o assunto . Para qu e este, posteri ormente, fund amente uma dec isão que, espero, será coerente e mais consentânea para a vicia e pacifi cação do nosso povo. Catolicismo - A comissão que está funcionando na Câmara dos Deputados já chegou a alguma conclusão? Dep. Francisco Rodrigues - O traba lho que a comi ssão ve m desenvo lve ndo é muito importante . Graças à pressão da bancada federa l de Rora ima, tanto ele de pu tados quanto de senadores, fora m cri ados do is g rupos de traba lho compostos po r parlamentares ele outras reg iões, para que pudessem ava liar e anali sar, à luz da verdade, os fatos que estão sendo di scutidos sobre a reserva Raposa Se rra do Sol. •
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Inferno comunista na Coréia do Norte ...
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Famílias usaclas como cobaias
A sombra protetora da China, sobrevive uma das mais radicais aplicações do modelo de repressão soviético, que patenteia a crescente ousadia do comunismo contra o Ocidente e a Igreja Católica Luís DuFAUR m Pyongyang, capital da comuni sta Coré ia do Norte, não há congesti o namento ... porque não há combustíve l ne m auto móve is. As ruas são escuras e qu ase não se vê luz nos prédi os. A g igantesca estrutu ra de um hote l inaca bado co m form a de pirâ mide, que prete ndi a ser o ma is a lto da Á ·ia, do min a a pa isagem urbana. A ma iori a das fábri cas fec ho u, e não há peças para quase nada.
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Pyongyong : devido à dramático situação econômico , muitos prédios inacabados, entre os qua is, no centro, o hotel em forma de pirâmide
Meclo, tome e miséria Após a Reforma Ag rári a, conforme cá lc ul os moderados, e ntre d o is e três milhões de pessoas morreram de fo me. As novas gerações s ubnutrid as di stin gue m-se das antigas pe la baixa estatura. Neste mo me nto, segundo org ani zações humanitári as internac io nais, há no país milhões de pessoas que corre m ri sco de vida, dev ido à carênc ia dos me ios ma is bás icos. 1 Esse deso lador panorama, e ntretanto, não representa senão um aspecto de rea lidade mui to ma is aterrado ra.
fnl'emo co11ce11tracio11ário Sobre tal rea lidade depôs Ahn Myong Cho l, ex-guarda do campo de extermíni o nº 22, loca li zado em Hae ngyo ng. A pedido do reputado semanário "Far Eastern Economic Revi ew", de Ho ng Kong, e le ex pli cou cada detalhe das fo tos de saté lites ti radas pe la DigitalGlobe: "Este é o centro de de tenção. Se alguém entra -
Os guardas são inc itados a bruta lizar os detentos. Um vil assass inato lhes dá o dire ito de entrar na escola. As mulheres j ove ns viram esc ravas sexuais dos carcere iros e são fo rçadas a abo rtar até no 8º ou 9º mês, com uma se lvageria inaudita.
Grupos de dezenas de reasse ntados são utili zados como cobaias para ex periê nc ias de novas armas quími cas. Kwon Hyuk (o no me foi trocado) foi chefe admini strativo do Campo 22 e ex-adido militar da Coré ia do No rte em Pequim . Hoje e le é um dos mais de 4.000 fo rag idos que vive m e m Seul , na Coré ia do Sul. Kwon contou à BB C as sessões de câmara de gás a que ass istiu . A câ mara era de vidro se lado. As famíli as eram co locad as no centro, e os pri sio ne iros indivi duai s nos cantos. Na parte de c ima, os estertores das vítimas eram aco mpanhados pe los "c ie ntistas". 4 Soon Ok Lee, ex-pri s ione ira do campo de Kaec ho n, viu "c ie nti stas" se congra tul ando pe lo s ucesso ho mi c ida das e xpe ri ê nc ias : "Eu os ouv i di zendo: 'Vej a! Que poderoso! Que grande cientista é o doutor Lee Sung-ki. Bem, de agora em diante é gue rra quínúca"'. Soo n o lho u para onde e les apo nta vam. " Vi vários prisioneiros deitados no sopé de uma colina, sangrando pela boca e Deta lhes das fotos de satélites tiradas pela Digita/Globe . N ela s aparece o campo de exterm íni o nº 22
ali, em três m.eses estará ,norto ou incapacitado para toda a vida. [. .. ] Nesse canto, eles decidem as execuções. [. .. ] Há fossas mortuárias um pouco por toda parte, e nós podemos ident(ficá-las [na fo to] nos locais onde não há árvores". 2 A espantosa descrição de Ahn continua, sendo que e le não é a úni ca teste munha. • E ntre 200.000 e 400.000 no rte-coreanos definha m nesses ca mpos. Co mo a mortandade é espantosa, o regime mul tiplica as detenções. A massa da popul ação vive no terror consta nte de ser presa, e se resigna a comer até ratos, gra ma e casca de árvo res, pa ra sobreviver sem vestes no gé lido inverno. Basta um a arbitrári a de núnc ia para a pessoa ser encarcerada. E junto com e la
inertes, envolvido s por estranhos vapores e rodeados por guardas com máscaras anti-gás". 5 Kang C hol Huan entrou num campo aos IO anos de idade. Se u "crirne" foi ter avós que mo rara m no Japão co mo agentes norte-coreanos, e na vo lta foram expurgados. Ele viu cri ançás morrere m às dú zias, pe lo excesso de trabalho e torturas. Outras não superavam os 60 c m de altura, devido à subnutrição. 6
Culto de pe,•sonali<ladc Nos campos, se a lg ué m fa la contra o soc iali smo, pe rde a vid a. As execuções são públi cas e ocorre m vári as vezes por ano. Ningué m pode cho rar ve ndo se us fa mili ares sere m massac rados. " O contra- revolucionário m.orreu, portanto não há ra zão para chorar ", adverte m os o fi c iais. 7 O ditador comuni sta Kim Jong li deve ser cultuado . A simples o mi ssão do título de grande líder; na hora de pronunc iar co m veneração seu no me, custa severas punições até para os guardas. Poré m, uma feroc idade toda especia l se vo lta contra os que professa m o nome adoráve l de Nosso Senhor Jesus Cri sto.
Pel'seguição religiosa Ofi cia lmente, a Re li g ião católi ca foi abo lida após a oc upação do país pe lo co muni smo . Porém, re latos recentes falam da perseverança de muitos.8 Soon Ok Lee, narra : " Durante os anos de / 990 a 1992, eles trata ram os cristãos mais se-
veramente. Foram conduzidos a um local de trabalho separado. Num.a ocasião, 30 prisioneiros foram chutados até a morte pelos guardas com. botas. E quando eles invocavam Deus - 'meu Deus! meu Deus! ' - então aquela gente usava água fe rvendo, que derramavam sobre eles. E eles fo ram queirnados. Não há outro irrferno como a Co réia do Norte" .9 Face às atroc idades do igualitarismo soc iali sta norte-coreano, brota na a lma cató li ca uma reação de compa ix ão pe las vítimas, de ho rror pe los crimes e uma oração fervo rosa a Nossa Senhora, para que Ela se compadeça desse martiri zado povo. De modo espec ia l, dos cató licos fi é is que gemem nos campos ele concentração soci a li stas. E també m de indi gnação contra os carrascos e contra os que, no Oc idente, fi cam indife rentes. Que a Santíssim a Virgem, em sua mi sericórdi a in sondável, afas te do Bras il os horro res cio comuni smo e sociali smo . •
Notas: 1. C fr hll p:// f r. news.ya hoo .c o111 /0 3 12 1 1/5/ 3jpkl.ht111l 2. M SNBC News, ]11.tp://m snb c 111sn,co 111 / icl / 307 1466/ 3. l ei. , ibicl. 4. " Jornal do Brasil", 2-2-04. 5. "O Estado de S. Paul o" , 26- 1-04. 6. M SNB C New s, htt p:// m snbc .111sn. co 111 / icl/ 307 1467/ 7. M SN BC N ews , h.li.J2'{/msnbc.111sn.co m/icl/ 307 1468/ 8. Cfr. " Jornal cio Bra sil", icl . ibicl. 9. M SN BC N cws , http: //m snbc .msn.co m/i cl/ 307 1464/
vai toda a fa mília, por três gerações: avós, netos, irm ãos, ti os e primos. A fin alidade é e rradicar a fa míli a toda, geradora de contra-revolucionários. É, na prática, o auge do infe rno igualitári o soc iali sta.
Expo,·tação via China Nos ca mpos de co ncentração, essas ce nte nas de milh ares de reassentados, como os define o regime, servem de mãode-obra escrava que produ z para a exportação. Os produtos são maquiados e encaminhados através da C hina co muni sta para o mercado oc ide ntal. 3 O reto rno é destinado a construir armas atô mi cas e mísse is, para ameaçar o mundo não-comuni sta e sustentar o apa re lho que tiraniza o país.
CATOLICISMO ABRIL2004 -
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O proprietário no paredón Nossa Senhora em cada lar católico
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m março, a Ca mpanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! reali zou um a gra nde di stribui ção de estampas co m a fo to da image m de Nossa Se nhora de Fá tim a, que verte u lágrim as l4 vezes e m Nova Orlea ns no a no de 1972. "Por meio
dessa mani;fes tação milagrosa, a Santíssima Virgem demonstrou sua tristeza em relação à decadência moral e religiosa do mundo atual", afi rm ou o Coorde nador da Ca mpanh a, M arcos Lui z Garcia.
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"Nossa meta é colocar uma imagem ou estampa de Nossa Senhora no maior número possível de lares. Restaurando as fam flias, restauraremos a sociedade, e para isso precisamos de especiais graças da Mãe de Deus". Segundo o Coordenador, a primeira edi ção de estampas j á está send o enviada aos aderentes da Ca mpanha Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis! A meta é rea li zar a difusão de 300 mil estampas ainda neste ano.
"A pesar da corrupção de valores e da imoralidade generalizada dos dias de hoj e, a grande maioria da população brasileira rejeita a decadência moral que assola o Brasil e espera ansiosamente que Nossa Senhora intervenha para que essa situação se reverta, de modo que possamos assistir ao triunfo do Imaculado Coração de Maria, prometido em Fátima. Tenho certeza de que todos apreciarão este belo presente, que chega como orvalho do Céu nesses dias tão dff{ceis para asfamflias brasileiras", concluiu o Coordenador. Os in teressados em receber essa estampa ele Nossa Senhora de Fátima devem li gar para a Centra l de Atendimento da Campanha, pelo te lefone (1 1) 3955-0660 e faze r sua so li citação. •
Fórmula en~enhosa - Em meio às contri buições prev idenciárias que as empresas urbanas paga m, vem in dev idame nte e mbu tid a um a co ntri bui ção ao fN CRA, que nada te m de urba no. Já vári as empresas têm obti do na J ustiça a restituição. Agora, q uatro e mpresas cio setor têxtil ele Santa Catarin a consegui ra m o dire ito ele co mpensa r outras contribui ções el a seguridade soc ial co m o q ue pagaram nos úl timos IO anos. Segundo a ad vogada q ue at uo u no caso, Ca m ila Da ntas Bo re l, "a compensação é mais vantaj osa que a restituição, porque é direta", não prec isa entrar na fil a cios precatórios (" D iári o Co mérc io e Indústria", S P, 30- 1-04). Não se cumpre a lei - O Tri bunal ele Ju sti ça cio Para ná aprovo u ped ido de intervenção naq ue le Estado por não cumprime nto de re in tegração ele posse em C ru ze iro cio Oeste. Espetáculo agrícola - A próx im a safra de grãos deverá ser a ma ior ela hi stória cio País : 132 milhões ele toneladas. E ntão pa ra que a Reforma Ag rári a? Para diminuir a prod ução e ca usar mi séri a?
CATOLI C I SMO
A ordem natural se vinga - O conceito e a prática ela propriedade particular são algo tão entra nhado na natureza humana, que, esmagados por le is ou medi das autoritári as, sempre renascem por entre os dedos ela mão que o esmaga. É o que está acontecendo com os assentamentos de Reforma Ag rária. Quem recebe o lote não se considera mero posseiro, mas clono. E o vende, e mbora isso seja il egal. E quem compra te m-se absolutamente por dono ela área que compro u. Como os lotes são peq uenos, com pra m-se di versos de les, e há um processo ele reconcen tração ela propriedade. Já se formaram casas ele campo e até peq uenos lati fúndios em lugar cios antigos assenta mentos (cfr. "O Estado ele S. Paulo", 8-2-04). Tudo isso é il egal. Mas não será a le i pos itiva que está errada, ao ate ntar contra o Dire ito natura l? Por que não incentivar a prop riedade particular, em lugar ele persegui -la?
Colaboracionismo - O fN C RA está pro movendo um recadastrame nto nacional elas pro pri edades ag rícolas. Co mo o prin c ipal o bjetivo é locali zar terras para a Reforma Ag rária, fo i in terpe lado a respeito o Sr. Anto ni o E. ele Sa lvo, pres idente da C NA (Confederação Nacional ela Agricul tura), o qual dec la ro u: "Podemos dive rgir quanto ao uso que o INCRA fa rá dos dados. Mas não da proposla de levantá-los" ("O Estado de S. Paul o", 281-04). A C NA va i pedir às federações estad ua is qu e fac ilite m o tra ba lh o do INC RA. É um pouco como d izer: " nós di scordamos q ue Fide l Castro mande fuzil ar no paredão, mas não que e le construa o paredão . Vamos até ajudar a co nstruir". É por essas e outras que o soc iali smo ag rári o va i ava nçand o sobre as propri edades particul ares.
Uma bomba! - Para o Professor ele Dire ito Dabu s Ma luf, um cios aspectos negativos do novo Cód igo C ivil é o reconhec imento ela fun ção soc ial ela propriedade. Trata-se ele um a bomba de efe ito retardado: "é um.a rnedida ruim., que estimula a invasão, leva ao aumento de fave las e cria desordem " ("Jo rn a l cio Advogado", S P, j aneiro/04). Favor aos invasores - Em 2003, foram d istribu ídas cerca ele I milh ão de cestas básicas nos acampa mentos de semte rra. Co mo os assentamentos não prod uzem, a matéria prim a veio das propriedades partic ul ares.
Refinamento - No Brasil vai aume ntando a procura ele bons ca fés, vinhos fi nos, etc. O que favo rece o ap ri moramento cultura l do povo . Convém ainda ressa ltar que o crescimento agríco la não é só quantitativo, mas també m qual itativo e m vários seto res.
Doutrinamento MST - O governo do Rio Grande cio S ul fi rmou um convênio com o MST a fim de contratar 50 professo res para lec io nare m nos aca mpame ntos do Estado. Deta lhe importa nte: q uem va i se lec ionar os professores é o própri o MST ! Ou seja, haverá doutrin ação marxista e loas a Che Guevara e Ficle l Castro . Q ue m paga? A po pul ação ga úcha, natura lme nte. • A BRIL2004 -
"Se perseguir a Igreja é perseguir a Jesus Cristo, hoje Cristo é perseguido. A Paixão de Cristo se repete de algum modo em nossos dias". E nós? Ficaremos indiferentes?
E dormiremos como os Apóstolos no Horto das Oliveiras?
ABRI L 2004
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Reflexões durante a Semana Santa Ü artigo abaixo, que transcrevemos com a finalidade de servir de tema de meditação nestes dias da Santa Paixão, foi escrito pelo Prof. Plinio e publicado na edição de 30<3-194 7 de "O Legionário" r
PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
nu ra os vários epi sód ios da Paix ão. Isto seri a exce lente, não poré m sufi c iente. Devemos dar a Nosso Senhor, nestes di as, provas sinceras de nossa devoção e amor. Estas provas, nós as damos pe lo propós ito de e mend ar nossa vida e de lutar co m todas as forças pela Santa Ig reja Cató li ca. A Igrej a é o Corpo Místico de C risto. Quando Nosso Senhor interpelou São Paul o no caminho de Damasco, perguntou-lhe:
verdadeira piedade deve impregnar toda a a lma humana, e portanto també m deve despertar e estimul ar a emoção. M as a pi edade não é só emoção, e nem mesmo é princ ipalmente emoção. A pi edade brota da inteli gênc ia, seri ame nte fo rmada por um estud o cateq uético c uidadoso, por um co nhec imento exato de nossa Fé, e portanto das verda"Saulo, Saulo, por que me perdes que devem reger nossa vida segues?". Saulo perseg ui a a lgreja. Nosso Senhor lhe di z ia interi or. A piedade reside a inda que era a E le mes mo que Saulo na vontade. Devemos querer seri amente o be m que conhecemos. perseguia. Não nos bas ta, por exemplo, saSe pe rseguir a Igreja é pe rber que De us é perfeito . Precisaseguir a Jes us Cristo, e se hoj e também a Igreja é perseguida, mos amar a perfe ição de De us, e portanto devemos desejar para hoje C ri sto é perseguido. A Paixão de C ri sto se re pete de algum nós a lgo dessa perfe ição: é o anmodo também em nossos dias. se io para a sa ntidade. "Desejar" não significa a peAtentam/o-se nas sentir veleidades vagas e escoI1tra a I greja, téreis. Só queremos seriamente atenta-se contrn Cristo algo quando estamos di spostos a Como se persegue a Igreja? todos os sacrifíci os para co nseAtentando contra os seus dire iguir o que queremos. Ass im , só queremos seri amente nossa santos o u trab a lh a nd o para de la afastar as almas. Todo ato pe lo tificação e o amor de De us quanqual se afasta da Igreja uma alma do esta mos dispostos a todos os é um ato de perseguição a Crissac rifíc ios para a lca nça r es ta meta supre ma. Sem esta di spo- As chamas consomem uma igreja católico em Noiróbi (África) . to. Toda a lma é, na Igreja, um sição, todo o " querer" não é se- Nos últimos anos, houve um recrudescimento nos perseguições mem bro viv o. Arran ca r um a não ilusão e mentira. Podemos contra os católicos, principalmente nos países muçulmanos. a lm a à Ig reja é a rra nca r um mem bro ao Corpo Místico de ter a ma ior ternura na contemC ri sto . Arra nca r um a a lma à Igrej a é fazer a Nosso Senhor, e m plação das verdades e mi stéri os da Re ligião: se daí não tirarcerto sentid o, o mesmo que a nós nos fariam se nos arrancasmos resoluções sérias, eficazes, de nada valerá nossa piedade. sem a me nina cios o lhos. Não basta acompa11/,a1• Se queremos, pois, co ndoer-nos com a Paixão de Nosso Nosso Senhor em Sua Paixão* Senhor Jesus Cristo, meditemos sobre o que Ele sofreu nas mãos cios jude us, mas não nos esqu eça mos de tudo qu anto a inÉ o que se deve di zer es pec ialmente nos dias da Paixão de Nosso Senhor. Não nos adi a nta apenas aco mpanhar co m terda hoje se faz para fe rir o Divino Coração.
CATOLIC ISMO
E isto ta nto ma is qua nt Nosso Senho r, dura nte Su a Pa ixão, previu tudo que se passa ri a de po is. Previu, po is, todos os pecados de todos os te mpos, e ta mbé m os pecados de nossos di as. Ele previu os nossos pecados, e por e les sofre u a ntec ipadam ente. Estive mos presentes no Horto co mo a lgozes, e co mo algozes seguimos passo-a- passo a Pa ixão até o a lto cio Gó lgota. Arre pendamo- nos, po is, e choremos. A Igrej a, sofredora, perseguida, vilipe ncli ada, a í está a nossos o lhos indifere ntes o u crué is. Ela está di ante ele nós como C ri sto di ante ele Verônica. Co ndoa mo- nos co m os padecimentos de la . Co m nosso ca rinh o, co nso le mos a Sa nta Ig rej a el e tudo quanto ela sofre. Podemos estar certos de que, com isto, estaremos dando ao próprio C ri sto uma consolação idê ntica à que Lhe deu Verô ni ca.
Rejeitar a Fé é expulsar de sua alma a Jesus Cristo
nossos pa rentes, nossos pró ximos, quiçá nossos ami gos ! Su a desg raça é ime nsa. [nd e lé ve l, e stá ne les o sinal do Batis mo . Es tão marcados para o Céu, e ca minh a m para o infe rn o. Em s ua a lm a redimid a, a as pe rsão d o San g ue de Cri sto es tá ma rcada. Ning ué m a apaga rá . É d e certo modo o pró prio Sa ngue de C ri s to qu e e les profan a m, qu a nd o nessa a lm a resgatada aco lhe m princ ípi os, má ximas, no rm as contrá rias à do utrin a el a fg rej a . O cató li co a póstata te m al go el e an á logo ao sace rd ote apóstata . Arrasta consigo os res tos de s ua grandeza, profana-os, degrada-os e se deg rada co m e les. Mas não os pe rde. E nós? Importamo- nos com isto? Sofremos com isto? Rezamos para que essas aimas se convertam ? Faze mos pe nitê nc ias? Fazemos aposto lado? Onde nosso conse lho? Onde nossa argume ntação ? Onde nossa caridade? Onde nossa altiva e ené rg ica defesa das verdades que e les negam ou injuri am? O Sagrado Coração sa ngra com isto. Sangra pe la apostas ia de les e por nossa indiferença. In difere nça dupl ame nte censuráve l, porque é indife re nça para com nosso próx imo e sobretudo • indiferença para co m Deus.
Comecemos pe la Fé. Certas ve rdades refere ntes a De us e a nosso des tin o etern o, pode mos conhecê- las pe la simpl es razão. Ou tras, conhece mo- las porque De us no- las e nsi no u. E m s ua infinita bo ndade, De us se reve lo u Uma gmmle conspimção aos ho mens no Anti go e No vo ele Satanás e seus obrei1'os Tes ta me nto, ensin and o- nos não ape nas o qu e nossa ra zão não Quantas a lm as, no mund o pode ria des ve nd ar, mas a inda inte iro, vão pe rd e nd o a Fé? muitas ve rd ades qu e pod eríaPe nsemos no inca lc ul á ve l nú mos co nh ecer rac io na lm e nte, me ro ele j o rn a is ímpi os, rádiomas qu e po r c ulpa própri a a hue mi ssões ímpias de qu e di ari ma nid ade j á não co nh ec ia de a me nte se e nc he o o rbe. [Confa to. vém ressaltar que o autor esA virtude pela qu al cremos na Assistimos a uma perda generalizada da fé no mundo intei- creve em 1947, quando o mun ro. Os jornais, o rádio e a TV, em larga medida, são fatores Reve lação é a Fé. Ninguém pode do ainda não es tava inteiradesse processo de descristianização . prati car um ato de Fé sem o aumente assolado pela depravaxíli o sobre natural da graça de Deus. Essa graça, De us a dá a ção moral exercida pela televisão, pela Internet etc., que todas as cri atu ras e, e m a bundâ nc ia torrenc ia l, aos me mbros nos dias contemporâneos inundam os lares com. todo tipo ela Igrej a Cató lica. Essa graça é a co ndição da sa lvação nossa. de imoralidade. O que diria ele, por exemplo, das novelas e Ne nhum chegará à etern a be m-ave nturança, se reje itar a Fé. de programas televisivos, que em nossos dias são apresenPe la Fé, o Espírito Santo ha bita em nossos corações. Rej e itar tados? J a Fé é reje itar o Espírito Santo, é ex pul sar de sua a lma a Jesus Pe nse mos nos inúmeros obreiro s de Satanás que , nas cáteC ri sto. dras, no recesso da fa míli a, nos lugares ele re uni ão o u diversão, propaga m idéias ímpi as. De todo esse esforço, quem há Incredulidade por culpa ele admi tir que nada res ulte? O s efeitos ele tud o isto estão di anprópria, culpa mortal te ele nós. Di ari ame nte as in stituições, os costumes, a arte se Vej a mos ago ra, e m to rn o de nós, q uantos cató li cos revão desc risti ani za ndo, indíc io inso fi smáve l de que o pró pri o j e ita m a Fé. Fo ra m bati zad os, mas no c urso do te mpo pe rmundo se va i pe rdendo para De us. dera m a Fé. P erdera m- na po r c ulpa pró pri a, po is nin g ué m Não haverá e m tudo isto uma g rande conjuração? Tantos pe rde a Fé se m c ulpa , e c ulpa mo rta l. E i-los que, indi fe re nesfo rços harmô nicos e ntre si, uniformes em seus métodos, e m tes o u hos ti s, pe nsa m, se nte m e vive m co mo pagãos. São seus objetivos, e m seu desenvo lvimento, serão mera obra de CATOLICISMO
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coinc idênc ias? Onde e quando iptuitos desarticul ados produ ziram arti cul adamente a mais formid áve l ofensiva ideo lóg ica que a Hi stória conhece, a ma is compl eta, a mais orde nada, a ma is ex tensa, a ma is e ngenhosa, a ma is unifo rme em sua essênc ia, em seus fin s, e m seu e vo luir? Não pensa mos ni sto . Nem percebemos isto . Do rmim os na modo rra de nossa vida de todo di a. Por que não somos mais vi g il antes? A Ig rej a so fre tod os os to rmentos, mas está só. Longe, be m lo nge de la cochil amos. É a cena do Horto que se re pete. A be m di zer, a Igrej a nunca teve tantos inimigos; e, paradoxa lme nte, nun ca teve tantos "ami gos". Ouçamos os espíritas: di zem que não movem guerra nenhuma à re lig ião; e ao cato lic ismo, menos a inda do que a qu a lquer o utra. Entretanto, a vida de todos e les, co muni stas, espíritas, protestantes, não é desde a manhã até à no ite outra co isa, senão um a co ns piração co ntra a [grej a. També m e les tê m os lá bi os prontos para o óscul o, e mbora e m sua mente j á haj am dec idido, de há muito, extermina r a Igrej a de De us.
Que uso fazemos (/0 (/Om (/a Fé (Jlle possuímos?
'l'emos coragem <le <livergil' <las i<léias el'l'a<las? Todo ho me m, pe lo própri o fato do in tinto de soc ia bili dade, te nde a ace itar as o pi niões dos o utros. E m gera l, hoj e e m d ia, as op ini ões dom ina ntes são a nti c ri stãs. Pe nsa-se contra ri a mente à lgreja e m matéri a de fil oso fi a, ele soc io log ia , ele hi stóri a, ele c iênc ias pos itivas , de arte, ele tudo e nfim . O s nossos a mi gos seguem a corre nte . Te mos nós a coragem de d ive rg ir? Resguarda mos nosso es pírito el e qu a lque r infiltra ção ele id é ias erradas? Pe nsamos co m a Igrej a e m tudo e po r tudo? O u co nte ntamo- nos neg li gente me nte e m ir vive ncio, ace ita ndo tudo q ua nto o espíri to do séc ul o nos inc ul ca, e sim p lesmente po rqu e e le no- lo in c ul ca? É poss íve l que não te nhamos e nxotado Nosso Senhor de nossa alma. Mas como tratamos este Divino Hóspede? É Ele o objeto ele todas as ate nções, o centro de nossa vicia intelectu al, mora l e afet iva? É Ele o Re i? O u simples me nte há para Ele um peq ue no espaço o nde se O to lera , co mo hós pede secundári o, desin teressante, a lgum ta nto im portun o? Almas tíbias: llão per seguem a Cristo, mas 11ão O a mam
E entre nós? Esta Fé que ta ntos combate m, persegue m, atra iQ uando o Di v ino Mestre geçoa m, g raças a De us nós a posme u, cho rou, s uou sangue dusuím os. rante a Pa ixão, não O ato rmenQue uso faze mos de la? Amatavam ape nas as do res físicas, mo- la? Co mpree nd e mos qu e nem sequer os so frim entos ocanossa maio r ventu ra na vida consio nados pe lo ódi o cios que no sis te e m se rm os me mb ros d a mome nto O persegui am. Ato rSa nta Ig rej a, que nossa ma io r mentava-O a in da tudo qu anto g lóri a é o títul o de c ri stão? contra Ele e a Igrej a fa ríamos O católico deve rejeitar modos, às vezes avassaladoras Em caso afirm ati vo - e quão como o do rock, antecâmara do inferno nos sécul os vindouros. E le choraros são os que poderi am em sã rou pelo ód io ele todos os maus, consc iênc ia respo nder afirm ativamente - , esta mos di spostos de todos os Arios, Nestórios, Luteros, mas c horou també m po ra todos os sacri fíc ios para conservar a Fé? q ue via d iante de si o cortejo inte rm in áve l das alm as tíbi as, elas Não di ga mos, num asso mo de ro manti smo, que sim . Sejaalmas ind iferentes que, sem O perseguir, não O amava m como dev iam. mos pos itivos. Vej amos fri amente os fa tos . Não está junto de nós o a lgoz que nos va i co locar na a lternati va da cru z ou da É a fa lange incontável dos que passaram a vicia sem ódi o e apostas ia. M as todos os di as a conservação da Fé ex ige de nós sem amor, os quais, segundo Dante, ficava m de fora do infe rsacrifíc ios . Fazemo- los? no, porque ne m no inferno hav ia para e les lugar adequ ado. Estamos nós nesse cortejo? Será be m exato que, para conservar a Fé, evitamos tudo que a pode pôr e m ri sco? Ev ita mos as le ituras que a podem Eis a grande pergunta a que, com a graça ele Deus, devemos dar resposta nos dias de reco lhi mento, de piedade e de ofender? Evita mos as compa nhi as nas qua is e la está ex posta a ri sco? Proc ura mos os ambi entes nos qu ais a Fé fl oresce e cria exp iação e m que devemos e ntra r agora. • raízes? Ou , e m troca de prazeres mundanos e passageiros, vivemos em ambi entes em que a Fé se estiola e ameaça ca ir e m ruín as? * Os entretítulos foram acrescentados pela redação de Catolicismo. CATOLICISMO
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BLASFEMIA
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Onda de blasfêmias na Alemanha A marcha das blasfêmias contra Deus, a Igreja e seus santos vai
Unterschreiben Sie bltte die belgefügten
2 • Postkarten dlosor Eli-Akt;on Fac símile do folheto de protesto do DVCK contra os blasfêmias do exposição Corpus Christi
da• lnternotlonal• s der Photograflo
atmgindo paroxismos inimagináveis. Na Alemanha, não se teme afrontai' tudo quanto é sagrado. Reações indignadas começam a surgir.
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RENATO MURTA DE V ASCONCELOS
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/ uernationale. s f-Jau s der Fotograf1e organiza atualm e nte, bem no centro de Hamburgo, uma exposição blasfema sobre os 150 anos da hi stória da fotografia a respeito de Nosso Senhor Jes us Cristo. rni c iada no dia 18 de dezembro do ano passado, deve terminar na segunda-feira de Páscoa. Com o patrocínio da embaixada de Israel , a expos ição, intitul ada Corpus Christi, vem causando muita indi gnação nos meios católicos de todo o país. E não é para menos. Boa parte dos sacrílegos quadros, vindos do Museu de Jerusalém, demonstra um ódio verdadeiramente diabólico ao Divino Redentor e a Nossa Senhora. Alguns deles levam a tal ponto a obscenidade, que a decência nos impede descrevê-los, muito menos estampá- los nestas páginas. De qualquer modo, daremos alguns exemplos, pois há necessidade de conhecer o que se trama contra a Santa lgreja a fim de organizarmos atos de desagravo a Deus Nosso Senhor e a Sua Santíssima Mãe, sendo o primeiro dos desagravos a indignação contra tais abom inações.
AJ)cnas alguns cxcmJJ/os • Nosso Senhor é apresentado em fotos, ora como um macaco Redentor dos prirnatas, o ra a limentando-se de com ida de cachorro, ora inte iramente nu , etc; • Jesus e os Apóstolos, na Santa Ceia de Mamedov, são re presentados por in divíduos mongo ló ides; • E na Ceia do francês Hugnet, enquanto Nosso Senhor eleva o pão, um Analisa ndo esta magnífico esculturo sacro espanholo, deve crescer em nós o indignação onti blosfemot6rio
CATOLICISMO
lch werde beleidigt!
Absonder
lJ ' nicht Kannst ve 1
Hamburg
casa l pratica um ato sexual perverso diante da mesa; • Vilipêr1dio da Virgem das Dores: Nossa Senhora é apresentada carregando em seu colo - num novo estilo de Pietà - um peixe morto; • Diversas fotos de mulheres nuas, ora crucificadas, ora representando Santa Maria Madalena.
Reação e <lesagmvo Contra essa incrível expos1çao em Hamburgo, a Associação Alemã pró-Civilização Cristã (DVCK e.V.) levantou enérgica voz de protesto:
" Basta de bla.~fêmias em nosso País. Blasfêmias como a de Corpus Christi são agressões ao sentimento cristão e religioso de nosso povo e prenunciam novas formas de perseguição religiosa ". Dirigindo-se a seus milhares de correspondentes em toda a Alemanha, a DVCK pede-lhes que se mobilizem em defesa da fé católica atacada:
"Não se omita. Seu protesto é indispensável para barrar a escalada da blas-
.fêmia. Os blasfemadores contarn com a inércia dos omissos para novas investidas. Una-se hoje ,nesmo a esta carnpanha que, de modo legal e pac(fico, convida o povo alemão a defender a honra de Cristo e da Virgem Maria gravemente ofendida. Se não agirmos imediatamente, esta blasfêmia espalhar-se-á por toda a Alemanha e tornar-se-á evidente o juíza do Cardeal Meisnet; de Colônia: 'A Alemanha já não é mais o país dos poetas e dos pensadores, mas dos blasfemadores!'" Ouuas investidas /Jlasfemas Enquanto isso, na cidade de Colônia, o teatro Studiobühne apresenta uma peça blasfema intitulada Pc!ixão, o totalmente novo Testamento, a qual g ira em torno de uma deusa que vem ao mundo com o nome de Jesus. Os diretores deste teatro - que recebe ali ás s ubvenção estata l... - sa lientam na própria descrição da peça seu caráter blasfemo, e acrescentam de modo descarado: "E se vós, caros cris-
tãos, considerardes que vossa fé está sen-
do vilipendiada ou vos sentirdes ofendidos, não vos esqueçais de que vosso Redenlor pregou que se deve oferece r a outra face" . Esse é o grau de ousadia dos blasfemadores ! E os homossex uai s não lhes fi ca m atrás. No dia 18 de jane iro passado, enti dades homossex uais convocaram seus adeptos para manifestações por ocasião do Dia da família. E para o próximo dia 3 de julho, na co memoração do Christopher Street Day, qu ando homossexuais desfilam nas principais c idades do mundo inte iro, pretende m promover uma parada em Altõttin g, pequena e simpát ica cidade da Baviera, onde se encontra o mai s visitado santuário mariano da Alemanha. É de se prever que o profundo senso católico dos bávaros não permita que. e efetive tal afro nta à Mãe de Deus em plena Aparecida da Alema nha. Tais blasfemadores certamente cruc ifi cari am novamente Nosso Senhor Jes us Cristo se Ele voltasse à Terra. Não podemos permanecer indiferentes 1 • E-mail do autor: renatovasco nce los @co mpu ser ve.com
ABRIL2004 -
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São Luís Maria Grignion, Doutor da Devoção Marial U m dos missionários da devoção marial mais conhecidos, incansável pregador da sagrada escravidão de amor a Maria Santíssima, apóstolo da Contra-Revolução !ili PUNIO MARIA SOLIMEO
egundo dos 18 filhos do advogado João Batista e de Joana Roberto de la Yizeule, Luís Grignion nasceu em 3 de janeiro de 1673, em Montfort-la-Cane (hoje Montfort-sur-Meu), na Bretanha. Por devoção a Nossa Senhora, no crisma acrescentou ao seu nome o de Maria. Luís herdou do pai um temperamento colérico e arrebatado, e dirá depois que "custava-lhe mais vencer sua veemência e a paixão da cólera que todas as demais juntas ". Mas conseguiu-o tão bem, que um sacerdote seu companheiro, nos últimos anos de sua vida, atesta que: "Realizou esforços incríveis para vencer sua natural veemência; e o conseguiu, e adquiriu a encantadora virtude da doçura" 1, que atraía tanto as multidões.
S
Na página seguinte : capela de São Luís M . Grignion de Montfort, em Pontchâteau, na Bretanha (França)
·CATOLICISMO
O pequeno Luís Grignion de Montfort sentia também muito pendor pela solidão, sendo comum retirar-se a um canto da casa para entregar-se à oração diante de uma imagem da Virgem, rezando principalmente o Rosário. Em 1684 os pais o enviaram a estudar humanidades como externo no Colégio Tomás Becket, dos jesuítas de Rennes. Ali passará ele oito anos, com muito bom aproveitamento. Todos os dias, antes de ir para o colégio, ele passava em alguma igreja para fazer uma visita ao Santíssimo Sacramento e a alguma imagem de Nossa Senhora. Muitas vezes, antes de voltar para casa, fazia o mesmo.
Amol' pelos pobl'es e vocação sacel'dotal Cresceu nele um desejo inato de ajudar o próximo. Como diz um seu
biógrafo, "seu bom coração, cheio de misericórdia e de compaixão para com o próximo, o levava a ocupar-se em amparar os escolares pobres que estudavam. com ele no colégio. Não os podendo socorrer com seus próprios recursos, ia solicitar para eles esmolas junto às pessoas caridosas". 2 · Foi isso que o levou a freqüentar um grupo de jovens reunidos por um sacerdote, o Pe. Bellier, aos qua is este fazia palestras sobre temas piedosos, e os enviava depois aos hospitais para consolar e instruir os pobres. Era junto destes que o adolescente Luís passava parte de seus dias de folga. Concluídos os estudos, decidiu tornar-se sacerdote, dirigi ndo-se então a Pari s. Fez a longa viagem a pé, pedindo de esmola alojamento e comida. Uma benfeitora obteve para ele que entrasse no célebre seminário de Saint Sulpice. Depois de muitas vicissitudes, foi ordenado sacerdote em 1700.
heresia jansenista - essa espécie de protestantismo disfarçado - , junto com os livres pensadores, começaram uma campanha de calúnia contra esse missionário "extravagante", que pregava uma "de voção exagerada" à Mãe de Deus. Ele precisou dis~olver sua associação da Sabedoria e retirarse do Hospital, apesar dos protestos veementes dos pobres e dos enfermos. O Pe. de Montfort aproveitou essa ocasião para fazer uma peregrinação
/11te11sa luta contra os ja11se11istas Durante cinco anos não contínuos, o Pe. de Montfort - como era conhecido - trabalhou na diocese de Poitiers, seja como capelão do Hospital Geral, seja pregando missões nos arrabaldes da cidade, combatendo as blasfêmias, canções obscenas e embriaguezes. No Hospital Geral veio-lhe a idéia de formar urna associação de donzelas, que "dedicou à Sabedoria do Verbo Encarnado, para confundir a falsa sabedoria das pessoas do mundo e estabelecer entre elas a loucura do Evangelho".3 Selecionou para isso 12 das jovens pobres mai s fervorosas , elegendo como sua superiora urn a cega. Mai s tarde associou a esse grupo duas jovens da boa burguesia, a futura .beata Mari a Luísa Trichet e Catarina Brunet. "A sabedoria que preconiza Mon(f'ort se inspira, de um lado, na segunda carta de São Paulo aos Coríntios: a cruz, escândalo e loucura para tantos sábios, mas sabedoria de Deus, misteriosa e escondida".4 Entretanto os infeccionados pela
a Roma. Na Cidade Eterna, pô-se à di sposição do Sumo Pontífice para trabalhar pela salvação das almas em qu alquer parte onde este o quisesse enviar. Clemente XI julgou que o missionário seria mais útil em sua própria pátri a, ensinando a doutrina cristã às crianças e ao povo e fazendo reflorescer o espírito do cristianismo pela renovação das promessas do batismo. O Papa nomeou-o Missionário Apostólico. Mas estava ele sob a dependência dos bispos, muitos 1os quais de tendência jansenista.
Missio11á1'io Apostólico em Nantes Voltando à França, passou a trabalhar com o Pe. Leuduger, que tinha um
grupo de mi ssionários dedicados totalmente à evangelização do campo. Foi uma nova experiência para o Pe. Montfort, pois constatou a importância do canto e das grandes procissões nos esforços missionários. Ele escreverá várias dezenas de cantos populares, cujas letras se adaptavam a melodi as profanas, muito em voga então. Seis meses depois, vemo-lo em sua cidade natal, evangelizando a região, tendo associado a si dois leigos, um dos quais será o Irmão Maturin Rangeard, que continuará por 55 anos evangelizando como missionário leigo. Mas esta atividade foi também proibida a Luís Grignion pelo bispo de Saint Maio, por influência dos jansenistas. Em Nantes ele obteve o cargo de diretor das missões de toda a diocese, tendo ali trabalhado durante dois anos. Dessa época temos o seguinte depoimento de um seu contemporâneo: "O que mais se destacava nele era um dom e um.a graça singular para ganhar os corações. Tendo-o ouvido, punha-se nele toda confiança. [. .. ] A confiança pronta e fácil que as pessoas tinham nele era tão grande, que conseguiu estabelecer em várias paróquias as orações da noite, o rosário e a sepultura nos cemitérios [contra o costume de se enterrar nas igrejas]; o que não se tinha podido conseguir, [. .. ] ele o conseguiu na primeira proposta que f ez". 5
A co11suução do Calvál'io de P011tcl1âtea11 Numa mi ssão em Pontchâteau, o Pe. de Montfort entusiasmou-se com a idéia de erigir um grande calvário em uma colina próxima, e seu entusiasmo contagiou o povo. Durante 15 meses, de 400 a 500 pessoas de todas as idades e condições sociais trabalharam diariamente para aplainar o terreno e montar o calvário. O Pe. de Montfort estava exultante. Tinha já conseguido do bispo de Nantes a autorização para benzê-lo, e estava tudo preparado para o di a 14 de setembro, festa da Exaltação da Santa Cruz. Mas, à véspera des-
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Calvário construído por São Luís M . Grignion de Montfort, em Pontchãteau
se dia, chegou uma proibição fora g loriosa e é pi ca Guerra ela Vanmal cio bispo ele se proceder à ceri clé ia, co ntra os ímpi os revo luc ionámô nia. O assunto levantou polêmi rios ele 1789. ca e chegou até Versa lhes, onde, mal Cal'ta Cil'cular aos info rmado, o re i Luís XIV ordenou Amigos <la Cmz que demolissem aquilo que lhe apresentavam como uma fo rtaleza facilNessa região, a pós as missões , me nte conqui stáve l pe lo inimi go fund ava ele assoc iações sob o nome vindo cio mar... ele Irmãos e Irmãs da C ru z, para Em seguida veio a proibi ção ele . quem escreve u sua be líss ima Carpregar naque la diocese. ta Circular aos Amigos da Cruz. Por sua devoção ao Rosári o, o Na cidade ele La Roche lle, onde Pe. de M o ntfo rt entro u para a Ora inda pairavam os erros dos ca lvide m Te rce ira de São Do mingos , ni stas, e le pregou sucess iva mente quere ndo perte ncer a um a Ordem para po bres , so ldados, mulheres e que ho nrava ele mane ira tão espeho mens. Operou vári as conversões, c ial a Santíss ima Virgem. princ ipa lmente pe lo mini sté rio da Recusado e até ex pul so ele váconfi ssão, inclusive a de uma clama ri as di oceses - um a vez lhe foi ele qu alidade que fez sua retratação inte rditado até cele brar, te ndo e le pública, para edifi cação dos católique partir imedi ata me nte para checos e horror cios protestantes . gar e m te mpo à di ocese vi zinha, a Em 1714 e rgue u os a i icerces ela fim ele rezar a Mi ssa na fes ta da futu ra congregação de mi ss ionári Assun ção - , soube o mi ss io nári o os, a Companhia de Maria. que seri a be m recebido nas di oceO Pe . Grigni on de M ontfort preses de Luçon e de La Roche lle , cugava uma mi ssão em Saint Laurentj os bi s pos e ram me ri to ri a me nte sur-Sevre , qu ando fo i aco metido antij anseni stas. por uma pl e uri sia que o levou ao Essas duas dioceses compreentúmul o, no di a 28 ele a bril de 171 6. clia m uma parte ela reg ião ela Van São Luís Grig11io11 dé ia, que mais tarde, e m 1793 , lee a Co11tm-Revolução va ntar-se-i a contra a sang re nta e até ia Revo lução Fra ncesa. Fo i na São L uís M ari a G ri g ni o n de Vancléia que o Pe. ele Montfort traMontfo rt pode ser considerado um ba lho u du ra nte os últim os c inco apósto lo ela Contra-Revolução. Seus anos de sua vicia, impla ntando nali vros e escritos inspirara m gra ndes que las popul ações uma só lida fo rvultos católi cos no século XX, somação cató lica. Esta fo i, décadas bressaindo entre e les o Prof. Plínio mais ta rde, um dec is ivo fato r para Corrêa de Oli veira, grande devoto
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CATOLICISMO
do admiráve l do utor mariano e espec ial difusor ele sua doutrina. O livro Tratado da Verdade ira Devoção à Santíss ima Virgem oriento u e conduz iu no ca minho ela perfe ição mui tas a lmas e m todo o mundo. "A originalidade maior de
Mon(f'o rt consiste, provavelmente, em ter descoberto Maria corno garantia de fidelidade, no sentido de levar o cristão a libertar-se do apego imperceptível que se esconde em suas melhores ações. Desapego que consiste, provavelm.e nte, na essência mesma da consagração em f'o rma de escravidão ".6 • E-mail do autor: p111soli111eo@uol.com.br
Fontes de referência: 1. Pe. L oui s Pero ua s, Sa n Luis Ma rfa Grig11ion de Mon(fo rt, Obras , Bi bli ote• ca de A utores Cristi anos, Mad ri d, 1984, Introdução, pp. 5 e 22. 2. Les Peti ts Boll andistes, Vies des Sai111.v, d' apres le Pere G iry, Paris, Bloud et Barrai, L ibrai res-Éditeurs, 1882, torno X V, p. 320. 3. Pe. Loui s Perouas, op. cit., p. 1 1. 4. ld . ib. p. 12. 5. Pe. Coupperie des Joncheres, in Loui s Perouas, op. cit. , p. 16. 6. Loui s Perouas, op. cit. , p. 35. Obras ta mbém co nsultadas: Fra ncesco Papp alardo, San Luigi Maria Grignio11 da Montjo rt ( 1673- 17 16) , hltp:// www. allean zacallolica .org. ; Agustin Poulain S. J., St. Loui.1·-Marie Grig11io 11 de Montf'o rt, The Catholic Encycloped ia, Volume IX, 19 10, by Robert App leton Cornpany, Onl ine Edition, Copyri ght © 2003 by Kevi n Kni ght.
Dois estilos, duas mentalidades A arquitetura religiosa fo i obj eto ele muitas mudanças através dos te mpos. Nas últim as décadas do sécul o XX , novos estil os de arquitetura sacra causaram perpl exidade e reje ição e m boa parte dos cató licos do mundo inteiro. A fo to in fe ri or desta págin a é s ignifi cativo exe mpl o dessa reprovável te ndência. Ac ima, a encantadora Missão São Xa vier dei Bac, e m Tucson, Arizona (E UA ). Ela recebeu o poéti co qua lificati vo de a pomba branca do deserto. Os miss ionári os cató licos cio séc. XVII sabi am que construindo capelas bo nitas e com certa grandeza como essa, ajudari am os nativos a co mpreender a o nipo tênc ia cio Deus para O qua l e les os atraia m. Abaixo, paróqui a ele São Sil ves tre, e m Aac hen, Ale manha. Amostra de estilo "sacro" moderno, dessacrali zado, que be m pode ri a ser utilizado na construção indiscriminada de edifícios profa nos, como fábricas, escolas ou teatros ...
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Jorge·Castriota, Scanderbeg, Espada e escudo da Cristandade P ríncipe da Albânia, cognominado pelo Papa Calixto III de atleta de Cristo, "durante vinte e quatro anos inteiros opôs vitoriosa resistência aos exércitos turcos, com freqüência 1O a 20 vezes mais numerosos que o seu".
Ruínas do Costeio de Krujo , onde Sconderbeg começou a luto poro o libertação de seu país
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SANTOS
orge era o mais no vo dos filhos do Prínc ipe João Castri ota, senhor de E matie, na Albânia, e da Princesa sérvi a Vo izava, tendo nascido no a no de l414. Quando, e m 1423, o sultão turco Amu rath n invadiu a Albânia, o Príncipe João, para sa lvar o re ino, não podendo pagar a vultosa soma que lhe era exigida como dano de guerra, precisou dar como reféns ao vencedor seus quatro filhos, Estani slau, Reposio, Constantino e Jorge. Dos quatro, do is morreriam envenenados; um terceiro, retornando à AJbânia, entraria num moste iro; e somente o caçula, Jorge, tornar-se-ia um grande guerre iro. C hegados à Turquia, os três mai s ve lhos foram postos no ca labouço, po is não estavam di spostos a renunc iar à sua fé. Como Jorge tinha apenas nove anos e era de muito boa presença, fo i circ unc idado e educado no is lami smo. M as, e m segredo, guardou a fé de seus pa is. Tanta era a estima que tinha por e le o sultão, devido às suas inatas qualidades, que fez com que lhe ensinasse m o árabe, o turco, o es lavo e o itali ano, além do exercíc io das armas.
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Scanderbeg, considemdo um novo Alexandl'e Magno
Estátua eqüestre de Sconderbeg em Tirano, capital do Albânia
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CATOLICISMO
Aos 18 anos fo i no meado sandiak. Posto à frente de um exérc ito de c inco mil g inetes, passou para a Ás ia, onde demo nstrou um valor extraordinário. Fo i aí que recebeu dos turcos o sobrenome de lskander-bei (prínc ipe ou chefe Alexandre, em alu são a Alexandre o Magno), que os albaneses mudaram para Scanderbeg.
"Dele se diz que era de aspecto majestoso, e dotado de uma f orça f ora do comum.[. .. ] Contase que, durante um combate, logrou com um só golpe cortar em dois um guerreiro protegido com couraça". 2 "Todos os contemporâneos o elogiam como um dos mais belos e e:,j'orçados caracteres varonis daquele século.[. ..] Sua afeição aos combates era tão grande, que o dar uma batalha de quando em • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • quando constituía para ele uma ne• cessidade. Nele se juntavam o valor • do soldado e o olhar penetrante do general; suas f orças corporais apenas podiam esgotar-se com esf orços, e a rapidez de seus movimentos militares trazia à memória os de César". 3
A insurreição comandada por Scanderbeg se alastrou com tal rapidez, que em pouco tempo ele havia tomado as principais praças da região de Kruja
Entretanto, Scanderbeg não se esquec ia de seu país e proc urava uma ocasião para a e le retornar. Em 1432, com a morte de seu pai, deveria herdar suas possessões. Mas o sultão, em vez de lhe dar o territóri o que lhe co mpetia po r herança, qui s tê-lo para si. E enquanto mandava um dos seus • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • c hefes to ma r conta de le, · mando u Scanderbeg invadir a Sérvia. Jorge aprove ito u-se do mo mento imediatamente precedente à batalha para passar para o lado sérvio . Antes, poré m, tinha forçado o secretário de Estado do sultão a e ntregar-lhe uma ordem , dirig ida ao comandante de Kruja, na Albâni a, para que reconhecesse o po rtador como seu sucessor no comando daque la praça e lha entregasse. • •
Lídel' das tmpas alhanesas, c,·uzado contm os otomanos Depois da batalha, venc ida pe los cri stãos sérvios, Scanderbeg refu g iou-se nas mo ntanhas, com 600 cristãos fu gidos das tropas turcas e ma is a lg uns montanheses. Tendo e ntrado em I<ruj a, o nde recebeu o comando da praça, à no ite abriu as portas para seus partidários, que aniquil aram aguarnição turca. Scanderbeg chamou depoi s todos os seus parentes e albaneses a Kruj a, para tomare m parte na libertação de seu país. A insurre ição se alastrou com tal rapidez, que e m pouco te mpo Scande rbeg havi a tomado as princ ipais praças da região . Convocou e ntão uma re união em Alessio, e m território venez iano, da qua l partic ipara m albaneses e venezianos, sendo e le ito indi scutível chefe, acla mado por todos. Posto à frente de sete mil infa ntes e o ito mil cava le iros, Scande rbeg enfrentou e derrotou e m 1444 um exército turco de 40 mil ho mens, comandado por Ali Pachá. Scanderbeg procurou unir-se com a Hung ria e a Transilvânia na luta contra os oto manos, e aderiu ao pl ano de C ru zada proposto pe lo Papa Eugêni o lV. N o ano de 1448, Scande rbeg de rrotou ma is uma vez os turcos comandados pe lo paxá Mustafá, fazendo-o pri sione iro como a outros de seus ofic iais, por cuj a liberdade ex igiu vultosa soma. M as no ano seguinte o pró prio s ultão Amu rath, à fre nte de um exé rc ito de 100 mil home ns, invadiu a Albâni a, con seg uindo a poderar-se d as ABRIL2004 -
gundo outros, de 300 mil - invadiu a Albânia, comandado pe lo próprio M aomé II. Pouco depois, circulou pe la Europa a notícia de uma derrota de Scanderbeg, devido à traição e abandono de muitos cristãos. O pânico apoderou-se sobretudo dos ita lianos, tanto ma is qu e a notíc ia vinha acompanhada de outra, a de que um exérc ito turco j á ameaçava a Hungri a. Feli zme nte a notícia da derrota do heró i albanês era falsa . Não podendo enfre ntar exérc ito tão numeroso, entregara-se à tática de gue rrilha, que tantas vezes lhe tinha sido eficaz. Estabeleceu um a fo rte pos ição nos bosques de Tumenistos, e desde lá fatigava o exército turco por meio de s urpresas, falsos alarmes e fu gas simul adas. A tática fo i empregada por tanto tempo, que foi eles• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • gastando o exérc ito infie l, acostumado a travar uma guerra regular. Cansado, M aomé retirou-se a Constantinopla para passa r o inverno, deixando o general Balaban à frente de 80 mil homens faze ndo o cerco de ](ruja. Como Scanderbeg, com seus poucos homens, não podia levantar o cerco, diri g iu-se à [táli a e m Novo castelo e museu busca de socorro, armas e dinhe iro. O Papa e os de Kruja . Dessa ca rdea is o rece bera m e ntu s iast icame nte e m construção, nos dias Roma, e "com muitos presentes e uma consideclaros, pode-se avistar
À grandeza de alma, à lealdade,
Quadro que se encontra em Kruja representando a batalha de Scanderbeg contra os turcos, em 1461
a uma fé sincera, juntava Scanderbeg • uma inteligência extraordinária, uma · penetração segura e uma sagacidade POUCO comum
praças de Sfetigrad e Kruja . Entretanto, não co nseguindo a submi ssão de Scanderbeg e atacado por um a e nfermidade, re tirou -se para An dri anópo li s , onde mo rre u, sendo s ucedid o por Mao mé li.
Capitão Gc11eml da Cúl'ia 11a guel'l'a cunua us tul'cos Amarg urou ao heró i a lbanês a defecção de seu sobrinh o Hamsa, qu e se uniu aos impl acáveis inimi gos da fé. Em 1457, o sobrinho re negado invad iu seu país, aco mpanh ado do genera l turco lsabeg com numeroso exérc ito, sendo que Scanderbeg tinha para defendê- lo apenas 12 mil ho me ns. Por isso, não enfre nto u direta mente o inimi go, mas procurou atraí- lo para luga res isolados. E m 2 de setembro desse a no, Scanderbeg, num combate sangre nto, obteve a vitória nos arredores de Tomorniza , surpreende ndo o exérc ito turco enq ua nto este se entregava descuidadame nte ao re pouso . M ais de 15 mil turcos fo ram mortos e 1500 fe itos pri sio ne iros, e ntre e les o re negado Ham sa, a quem Scanderbeg poupou a vida, mas e nvi ou-o a Ná poles para que estivesse preso com segurança. Em carta de 17 de setembro de 1457, escreve u o Papa ao genera l a lbanês: "Amado.filho: per-
severai do mesmo modo no fu luro, em defesa da Fé Ca1ólica, pois Deus, por quem pelejais, não abandonará sua causa; Ele vos dará, eslou segurv disso, a vós e aos demais cristêios, junto com a maior glória e triunfo, a vitória sobre os malditos lurcos e dernais infiéis". 4 O Sumo Pontífice mostrou seu júbil o pela vitóri a obti da, no meando Scanderbeg Capitão General da Cúria na guerra contra os turcos.
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CATO LICISMO
Cone/ama os p1incipcs do Ocide11te a uma Cl'uzada Depois dessa vitória, o herói albanês escreveu aos prínc ipes do Oc ide nte, dizendo-lhes que não tinha condições de continuar sua guerra contra os turcos se não recebesse deles auxílio. Que era chegado o tempo em que esses príncipes despe rtassem do sono a que até então tinham se entregado, renunc iasse m às suas discórdias e se coli gassem para defender a liberd ade do mundo cri stão. Somente Nápoles ouviu seu apelo e mandou algumas tropas . A Albânia resistia hav ia 19 anos ao poder dos s ul tões . Apesar de a lgumas derrotas e e nfraquecido pela defecção de certos •••••••••••••••••••••••• a li ados se us, Scanderbeg mantinha contínuo assédio às tropas turcas. I • M ao mé 11 reso lve u e ntão acaba r de vez co m essa resistência, e nviando contra e le todos os se us generais.
A Albânia resistia ao poder dos sul-
Mas quando três de les foram de rrotados, o próprio M ao mé pedi u a paz e m 1461 . Três anos após, o Papa Pi o II pregou uma nova C ru zada. Scanderbeg derrotou sucessi vamente dois ge ne-
o Adriático.
rável soma de dinheiro reg ressou Scanderbeg aos
seus, alegre e an irn.oso", escreve seu prime iro bióg rafo Ba rte liu s. 5 De volta à Albâni a, Scanderbeg derrotou os turcos e m abril de 1467, fazendo pri sione iro um irmão de Balaban. Pouco depo is a lcançou outra vitória, ocas io nando a morte do próprio Ba laban. Com isso as tropas turcas fu g iram, e leva ntou-se o cerco de Kruja .
Gramleza de alma, leal<la<le e lê sincera Mas o heróico g uerre iro estava no fi m. " Vinle e quatro anos de lula conlínua esgolararn aquela natureza de f en v. E, havendo sido atacado pelas f ebres, morreu em Alessio aos cinqüenta e três anos, terminando assirn a epopéia albanesa [. ..}. À grandeza de alma, à lealdade, a uma f é sincera, junta va ele urna inteligência ex/raordinária, uma penetração segura e uma sagacidade pou co comum[. ..]. Ca ritativo e humano, não parecia o m.esrno hornem na guerra; pois, .fogoso, violento, às vezes impiedoso, chegava a assustar os mais valentes: até esse ponto o exaltavam. seu ódio pelos turcos e seu amor à independência [da Albânia] ". 6 À notíc ia de sua morte, seu mais feroz inimi go, o sultão Maomé ll , exc lamou : "Porfim, rne
pertencem. a Eumpa e a Ásia. Ai da Cristandade, que acaba de perder sua espada e seu escudo!" 1 Mas Nossa Sen hora tinh a o utros des íg nios sob re a C ri standade. Após as in fide lid ades do povo a lba nês e da mo rte d e Scand e rbeg, a ima ge m a lba ne sa de Nossa Senhora cio Bom Conse lh o tran s fe riu-se mil agrosame nte, pe los a res, para Ge nazzano , na Itá li a, acompanhada po r doi s devotos qu e atravessa ra m a pé o Mar Adri ático. Mas essa é já u ma o utra histór ia, qu e os le itores pod e rão conhece r lendo nossa ed ição de a bril de 1986. •
tões. Apesar de enfraquecido pela
defecção de certos aliados seus, Scan- . derbeg mantinha contínuo assédio às tropas tUrCaS
rais dos mai s importa ntes do sultão. Depois, cedendo aos apelos do Papa, aj udou a repor no tro no de Ná poles a Fernando, filho de Afonso V, que •••••••••••••••••••••••• havia sido destronado por João de Anjou .
Com o a11oio do Papa, vence o ccl'co de Kn1ja Na primavera de 1466, um exército turco composto, segundo un s, de 200 mil ho mens; se-
E-mail do autor : RevCatoli ci smo@ uol. co m.br
Notas: J. L udov ico Pastor, Historia de lo.,· Papa.,·, Gustavo Gili , Barcelona - Herrcro Hcrmanos, M éx ico. 19 1O, vol. 11. p. 422. 2. www.mas terc lass . Spunti Lratti da un 'a rti co lo di A . Raspagni sul la Rivi sta " M ilitaria", nº 11 , ann o 2. 3. V. Fa ll mera yc r, A lbanes. C lcment 5. 7. Apucl Pastor, op. cit. vo l. li , p. 423.
4. L. Pa stor, op. cit., vo l. 11 , p. 427. 5. Cfr. L. Pastor, vo l. 1V, p. 82. 6. Diccionari o Enciclopccl ico l-li spa110-A111cri cano, Barce lona, Montaner y Simón, Editores, 1896, tomo XV III , p. 819. 7. L . Pa stor, op. cit. , vo l. IV, p. 84. * Obra também co nsult ada: Dictio1111aire de la Co11ver.\'Cltio11
et de la Lec111 re. par 1111e société de .ff1va111s et de ge11s de Le/lres. Pari s, L ibrairic de Firmin Diclot Fr res. Fi ls ct Cic. , 1868, 101110 X III , verbete Sca nclcrbeg.
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a..
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Combustão espontanea ou ação diabólica? Ü s estranhos fenômenos de autocombustão, que estão ocorrendo numa pequena cidade italiana, levantam de novo o problema da presença de demônios no mundo moderno rn
SANTIAGO fERNÁNDEZ
e
aroni a é uma poética e hi stórica cidadezinha no topo de uma colina da Sicília, na o rl a do Med iterrâneo. Na parte baixa, possui alguns bairros de pescadores a alguns quilômetros de praias, separadas da cidade pelos trilhos dos trens que procedem do norte até Palermo. Num desses bairros, denominado Canneto, começaram a ocorrer fatos muito estranhos. O primeiro deu-se em l5 de janeiro último. "Os.fios elétricos carbonizavamse - narrou Antonio Pezzino, 43 anos, corretor de seguros - , a antena de TV e o próprio televisor superaqueceram, saía fumaça. Cortinas, colchões e divãs pegararnfogo. Achamos que tudo vinha da rede elétrica. Foi refeita uma nova rede e não mudou nada".' O fenômeno alastrou-se. "As casas parecem forno de microondas - expli cava Salvatore Imbordino, dono de um hotel. Os objetos metálicos superaquecem sem motivo até ficarem em brasa, e desencadeiam incêndios. O último foi a cama de uma senhora. Pegou.fogo a partir da rede metálica em que se apoiava o colchão". 2 A abrasada residência dos recém-casados Lúcia Pezzino e Paulo Pezzuto foi devorada pelas chamas. O apartamento era novo e eletricamente isolado. O casa l ti nha reunido ne le móveis e e letrodomésticos recém-comprados. À direito, aspectos do inexplicável fenômeno de combustão que vem ocorrendo desde 15 de janeiro último em Conneto, Itália
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CATOLICISMO
Coronio , cidade do Sicília, no orlo do Mediterrâ neo
O bail'l'O é abando11ado, e a autocombustão continua Os técnicos da empresa e létrica naciona l ENEL fora m acionados. Trocaram contadores e linhas. Entretanto, os estranhos fenômenos prosseguiram: contadores, geladeiras, televisores, aspiradores de pó, lava-roupas e telefones entravam em combustão. Julgou-se que a passagem do trem gerasse um campo magnético intenso. Foi interrompida a circu lação, mas de
nada adiantou. Polícia, bombeiros e a Proteção Civil (órgão especial para catástrofes) foram acionados. O prefeito, Pedro Spinatto, 38 anos, mandou interromper o fornecimento de eletricidade do bairro. Porém, os fenômenos continuavam a reproduzir-se. Antonino, 18 anos, estudante no 4° ano do Instituto Eletrotécnico de Messina, neto de Fi lippo Cassel la, 84 anos, viu arder a casa do seu avô, embora ela estivesse desligada da rede elétrica. Quando as manilhas da rua ficaram em brasa, o prefeito fez cortar a água do bairro e deu ordem aos moradores para abandoná- lo! Ao todo, 39 famílias deixaram uma área de 350 por 70 metros.
Cientistas, técnicos e policiais nada <lescob,·em Carabinieri (pol iciais militares) e bombeiros custodiavam o bairro, enquanto um batalhão de mais de 100 cientistas, incluindo peritos das empresas tele-
fô nica, e létrica, dos trens, vulcanologistas e professores universitários em eletrostática e química, vindos de toda Itália, vasculhavam a área com toda sorte de modernos instrumentos. As labaredas espontâneas, porém, não cessavam. O engen hei- < ro Gianfranco Allegra, do Centro 1 Eletrônico Experimental Italiano, ~ de Mil ão, viu entrar em autocom- -~ bustão um fio e létrico inteiramente g desligado, posto no chão. 3 A seguir g Ol uma cadeira incendiou-se numa das '6 casas abandonadas e sem força elé- -~ . o tnca. 4 Um morador voltou para pe- 1 gar objetos da sua residência e teve a calça e as meias queimadas - sem perceber qualquer ação externa. 5 O engen heiro Tullio Mantella, {l principal responsável pelo inquéri- ~ to técnico, pensa que a causa é físi- ~ ca, mas declarou: "O que está se ve- .9 "' rijicando nessa área é um fenôme- -~ no inexplicável. [. .. ] Posso dizer ~ com. certeza que não se tem precedentes do gênero, nem sequer no plano nacional". 6 Por sua vez, a Junta Regional da Sicília pediu ao governo nacional que a cidade fosse declarada em estado de ca lamidade natural, e a Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Deputados marcou uma reunião espec ia l para ana lisar o caso. 7
Para eXOl'CÍSta: sinais de arte diabólica O Padre Gabrie le Amorth, exorcista da diocese de Roma e presidente honorário da Associação Internacional dos Exorcistas, em entrevista à imprensa, disse jamais ter visto tal fenômeno nessas proporções. E explicou: "Já vi coisas do gênero nas casas infestadas pelo demônio, que nwn(fesla às vezes a sua presença exatamente através de instrumentos ligados à corrente elétrica. Muitas vezes vi incendiarem-se televisores, lavapratos, lava-roupas e até tele.fones da casa, enfim. tudo o que está Ligado à eletricidade ". Segundo ele, talvez alguém na cidade brinque com magia, "seja ela negra ou branca, que é a porta de entrada preferida por Satanás". Ou talvez "se realizem sessões espíritas, ou a.inda é possível que alguém se dedique ao sata.-
Um afresco de Giotto apresento a cena do expulsão dos demônios da cidade de Arerz.o
nism.o. A partir disso, o passo à vinda do maligno é brevíssimo. O ocultismo [. .. ] está num auge, de modo particular na nossa época. Este é um mundo que abandonou Deus". O Padre Amorth nunca viu uma cidadezinha in teira possessa . Contudo, lembrou do afresco de Giotto que apresenta a cena de "São Francisco que reza e um frade que abençoa [a cidade de] Arezzo praticando um. exorcismo, enquanto os demônios.fogem da cidade que tinham. possuído". Para ele, os sacerdotes deveriam abençoar as casas, e se os inexplicáveis incêndios se repetirem, deveriam chamar um exorcista.8
Polêmica sobl'e a prnsença de Sa~nás As declarações do Padre Ammth ecoaram até Londres e no Brasil.9 Entretanto, o prefeito de Canneto comentou a propósito: "Nós não a.credita.mos no diabo".'º Nesse sentido, o Padre Antonio Cipriano, pároco da igreja da Anunciação, de Caronia, fez uma afirmação temerária: "É uma hipótese absurda. Não é o
caso de Canneto, onde vive gente trabalha.dora. O Padre Am.orth fa z um. trabalho dij"ícil e o diabo é inteligente. Mas nós o som.os mais". 11 Após um mês de aparente retorno à normalidade, em 16 de março repetiram-se os misteriosos incêndios nas casas. Em cada uma delas tinham sido instalados sofisticados sensores. Os te lefones celulares tocam inexp licave lme nte, as baterias descarregam e em item estranhos sinais . Ante dezenas de testemunhas, inclusive carabinieri, as fechaduras automáticas de uma dezena de automóveis dispararam inexplicavelmente. Os eq uipamentos atingidos foram logo isolados e postos sob observação. Logo após, iniciaram-se incêndios dentro dos carros. O Fia.t Fio rino do aposentado Basilio Siracusano foi completamente destruído pelas chamas, e um Fia.t Punto, de uma empresa de segura nça também ficou paralisado sem explicação, tendo sido isolado. Os bombeiros descobriram arbustos queimados, mas sem indícios de fogo. E les realizam novas medições com equipamentos ultra modernos. A Marinha de guerra interessou-se pelo caso. O governador de Messi na, Stefano Scammaca, acorreu ao loca l para tranqüilizar a população já à beira do desespero. Porém, reconheceu: "A respeito dos mistérios de Ca.ronia, não formamos nenhum. juíza " ,2_ Ao fec harmos esta edição, os habitantes de Canneto, ai nda fora de suas casas, questionavam se não seria mesmo o caso de chamar logo um exorcista. •
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E-ma il do autor: Santi agFernandez@netscape.net
Notas:
l. "Corriere clella Sera", Milão, 9-2-04. 2. "RA I News", 9-2-04. 3, "Corriere dei la Sera", id. ibid. 4. "La S ici li a" , Palermo, 9-2-04. S. "La Stampa" , Turim, www.lastampa.il/edicola/ clayfax home/1111 e rni e C ronach e / artico lo5 .asp 6. "La Sicilia", 9-2-04. 7. "La Sici lia", 18-2-04; 28-2-04. 8. "La Sicili a" , 10-2-04. 9. Cfr. " O Estado de S. Paulo", 12-2-04. 10. " La Sicilia", 10-2-04. 11. "La Stampa", id. ibid. 12. " La Sicíli a", 17-3-04; 18-3-04; 20-3-04.
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da Eucaristia. Deus comunicou-lhe o desejo de ter uma festa dedicada ao Corpo de Cristo. Perseguida em sua própria comunidade, teve que desterrar-se seis vezes até sua morte .
1 Santo Hugo de Grenoble, Bispo e Confessor
+ França, 1132. Lutou contra os excessos do Imperador alemão Henrique V e em defesa do Papa Inocêncio II contra o antipapa Pedro de Lião.
e confessou Cristo Jesus, Filho do Deus Vivo. Após muitos tormentos foi decapitado, e assim mereceu ser batizado em seu próprio sangue" (do Martirológio).
13
6
Santo Hermenegildo, Mártir
Os 120 Mártires da Pérsia
+ Sevilha, 586. Filho do Rei
+ 344. Entre estes cristãos
Leovigildo, da Espanha visigótica, ariano, foi convertido à ortodoxia por sua esposa Indeguncla. Deserdado pelo pai por não querer abjurar a fé católica, foi decapitado . Três anos após seu martírio, toda a nação visigótica retornou à fé católica.
presos por ódio à fé contamse nove virgens consagradas e inúmeros clérigos. Depois de seis meses de prisão nas piores condições, foram degolados, pronunciando todos o nome de Jesus.
7
2
Santo 1-legesipo, Confessor
14
São lrrancisco de Paula, Confessor
+ Roma, 180. Judeu conver-
+ Plessis, 1508. Fundou a Ordem dos Mínimos. Luís XI
tido, foi para Roma, onde
Santa Tomaícla, Vil'gem + Alexandria, séc. V. "Martirizada por ter-se negado a ceder aos desejos impudicos de seu sogro" (cio Martirológio).
obteve do Papa que o enviasse à França a fim de preparálo para a morte. Primeira Sexta-Feira do Mês
3 Santa Engrácia, Virgem e Mártir + Carvajales (Espanha), 1050. Natural de Braga, foi morta por um mouro com o qual não quis se casar. Primeiro Sábado do Mês
4 DOMINGO DE RAMOS
ffi Santo Isidoro de Sevilha, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
"escreveu uma história da Igreja desde a Paixão do Senhor até seu tempo" (do Martirológio). Dele diz São Jerônimo: " Muito próximo
do tempo dos Apóstolos, foi imitador de suas virtudes e vida, bem como de sua maneira de falar ".
8 QUINTA-FEIRA SANTA Instituição da Sagrada Eucaristia e do Sacerdócio
9
5 São Vicente Ferrei', Confessor
ffi Santa Juliana de Cornillon, Virgem
+ França, 1258. Religiosa agostiniana, grande devota
23 São Jorge, Mártir
ffi
São Geraldo ele Toul, Bispo e ConJessor
São Laseriano, Bispo e Confessor
+ Irlanda, 639. Monge, foi a Roma, sendo ordenado por São Gregório Magno. Tendo viajado para a Irlanda, lá apoiou a liturgia romana e sua data para a fixação da Páscoa.
19 Santa Ema, Viúva
+ Alemanha, J045. Filha do rei dos saxões, que depois de 32 campanhas foi vencido por Carlos Magno e se converteu. A santa casou-se com o Conde de Ludgero. Enviuvando ainda moça, dedicou-se à educação do filho único e a obras de misericórdia.
20
15
São Teótimo, Bispo e Confessor
São Crescêncio, Mártir
+ Ásia Menor, séc. V "Nas-
+ Ásia Menor, 354. Filho de
cido pagão, tornou-se especialmente célebre por seus conhecimentos de .filosofia grega, dando realce a esta ciência por uma rigorosa prática do cristianismo. Mais tarde tom.ou-se Bispo de Cítia" (do
cristãos, sofria muito por ver os extravios de seus conterrâneos idólatras. Um dia em que festejavam uma deidade pagã, reprovou-os publicamente, sendo por isso aprisionado. Negando-se a oferecer incenso aos ídolos, foi martirizado.
Martirológio).
21
SEXTA-fülRA SANTA
16
Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jejum e Abstinência.
São Paterno Bispo, Confessor
São Simão Barsabeu , Bispo e Má rtir
+ França, 564. Monge num
+ Selêucia, 341. Aprisionado
mosteiro do Poitou , deixou-o com São Escubílio para fazerem-se eremitas na Normandia. A santidade de ambos em breve atraiu-lhes inúmeros seguidores, que se reuniram numa abadia.
e torturado por ter-se recusado a adorar o sol durante a perseguição de Sapor U, da Pérsia, foi obrigado a assistir à decapitação de um a centena de cristãos antes de ser ele também martiri zado.
+ 636. Sucedeu seu irmão São Leandro na Sé de Sevilha. A ele se devem a criação de seminários, a unificação da liturgia, a regulamentação da vida monástica e outras importantes obras da disciplina eclesiástica.
18 DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA
10 SÁBADO SANTO Jesus Cristo no sepulcro e a soledade de Nossa Senhora.
11 PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO
17
22
"Cristo ressuscitou , ressuscitou verdadeiramente , Aleluia!"
Santos Elias e Isidoro, Mártires
São l ,côni<lns, Mártil'
+ Córdoba, 856. O primeiro
12
sacerdote, e o segundo monge, "foram condenados à
São Vítor de BL'aga, Mártir + 306. "Ainda catecúmeno, recusou-se a adorar os ídolos
morte ao confessarem sua fé cristã diante do islamismo" (cio Martirológio) .
ffi + França, 994. Cônego da Catedral de Colônia nomeado Bispo de Toul, diocese que governou durante 31 anos.
24 São Fidelis de Sigmaringa, Mártir
ffi São Gregório ele Rlvira, Bispo e Confessor + Espanha, séc. IV. Famoso pelo zelo apostólico, ciência eminente, santidade e inflexibilidade de princípios, nunca quis pactuar com os hereges arianos.
25 São Marcos EvangelisLa, Bispo e Mártir
ffi Santo Hel'mínio Abade, Confessor + Bélgica, séc. VIU. "Sua sabedoria maravilhou San.to Ursmério, que induziu seus monges a escolhê-lo como seu sucessor à frente do Mosteiro de Lobbes, destinado a tornar-se um dos centros intelectuais mais intensos da Bélgica" (do Martirológio).
26
trava-se hábil em reconciliar os irmãos divididos'. Também foi chamado a acompanhar seu sucessor, São Horsiésio, em seu governo e em sua catequese" (do Martirológio).
28 São Luís Maria Grignion de l\:iOntfort, Confessor (Vide p. 36)
ffi São Pedro Mal'ia Chanel, Mártir
+ Oceania, 1841. Sacerdote da Sociedade de Ma.ria, foi enviado como primeiro missionário à ilha Futuna, na Oceania. Bem recebido pelo chefe dos indígenas no princípio, percebeu depois que os conselheiros deste lhe votavam antipatia. Foi por eles morto a pauladas enquanto rezava em sua cabana.
29 Santa Catarina ele Siena, Virgem
+ Alexandria, 204. Retórico,
27
filósofo e profe sor de renome em Alexandri a, pai do célebre Orígenes. Este tinha 17 anos quando Leônidas fo i preso, e o incentivou a enfrentar o martírio.
São Teodoro, Confessor + Egito, 368. "Discípulo de São Pacômio, 'cheio da graça de Cristo e ardente pela ação do Espírito San.to, mos-
Será celebrada pelo Revmo. Padre Davi Francisquini, nas seguintes intenções: • Rogando a Nosso Senhor Jesus Cristo que, pelos méritos infinitos de Sua Paixão, Morte e Ressurreição, conceda a todos as gra ç as necessárias para a salvação de suas almas e sustente especia Imente aquelas mais provadas. • Também na intenção do Brasil, para que nosso País permaneça sempre católico e mariano.
ffi São Wilfrido, o Jovem, Bispo e Confessor
+ Inglaterra, 744. Um dos cinco Prelados eminentemente santos a respeito dos quais São Beda diz terem sido educados na Abadia de Whithy. O Santo pôs-se a serviço de São João de Beverly, sucedendo-o na Sé de York.
Nossa Senhora do Bom Conselho ele Genazzano Quadro trasladado miraculosamente pelos Anjos, da Albânia invadida pelos muçulmanos para a cidade de Genazzano, nas proximidades de Roma, no séc. XV. Essa pintura tornou -se famosa por seus milagres.
Intenções para a Santa Missa em abril
30 São Pio V, Papa e Confessor
ffi Santos Mariano e Tiago, Mártires
+ Numídia (África), 259. "A vida da graça era tão intensa 11:.estas testemunhas de Deus, que fizeram vários outros mártires pelo exemplo de sua fé" (do Martirológio). Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
lntenções para a Santa Missa em maio • Em louvor a Nossa Senhora de Fátima, por ocasião da comemora ção do 87° aniversário da l ª aparição aos três pastori nhos, a fim de que Ela abençoe e proteja os participantes da Aliança de Fátima, da Campanha Vinde No sso Senhora de Fátima, não tardei s !, bem como os leitores de Catolicismo e suas respectivas famílias. Rogando especialmente à Santíssima Virgem que Ela conceda a todos a firme perseverança no crescente apostolado de difusão da Mensagem de Fátima.
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Defesa de valores . . 1mperec1ve1s /
IX Congresso Nacional de CorrespondentesEsclarecedores e Simpatizantes da TFP, consolidou a fé nos grandiosos ideais da Civilização Cristã cn OsvALoo Rocco atolicismo tem inform ado seus leitores sobre os Encontros Regionais, que a T FP vem rea li zando em vár ios Estados da Federação. Como ocorreu em anos anteriores durante o período de carn ava l, a entidade promoveu um Congresso Nacional, nos dias 22, 23 e 24 de fevereiro p. p .. Centenas de pessoas, vindas dos mais distantes pontos do Brasil , e algumas do Exteri or, acorreram ao Pampas Palace Hotel, em São Bernardo do Campo (SP), a fim de participar do evento, que abordou importantes temas atinentes à Civilização Cri stã em nossos di as.
todo o congresso. Ela foi entronizada solenemente no auditório principal logo no início das atividades. A seguir, foram abertas as sessões, que contaram com a reali zação de I Oconferências plenári as ao longo dos três dias. Elas abord aram temas de form ação doutrinária e de atualidade. A lgumas foram ilustradas por audiov isuais, como, por exemplo, sobre as ativi dades da TFP no ano anteri or. Dentre os conferencistas, cabe destacar o Príncipe Dom L uiz de Orl eans e Bragança - que fa lou sobre a vocação de Plín io Corrêa de Oliveira e a vocação da TFP - , bem como seu irmão o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, o qual di scorreu sobre o Brasil atual, à luz da obra Revolução e Con-
tra- Revolução. *
*
*
Na página ao lado, fl agrantes do Congresso. •
U ma bela imagem de N ossa Senhora de Fátima pres idiu
Nada melhor do que a opinião dos próprios participantes para atestar o enorme interesse que o congresso despertou. A segui r, trechos de algumas declarações:
■
Maria E. da Rocha Fiúza Te ófilo Otoni (MG)
"Aprec io imensamente os Congressos da TFP Seguem a orientação da Santa Igreja, como nos legou o Dr. Plinio ". ■
Luiz Carlos Rodrigues Charquea da s (RS)
" Impressionante o clima fra terno e de amizade entre os dirigentes e entre os Correspondentes da TFP Em destaque, o amor de Deus e a de-
CATO LICI SM O
voção a Nossa Senhora de Fátima". ■
Ricardo Martins Brasília (DF)
" Neste Encontro, constatamos a pujança dos ideais preconizados pelo Prof Plinio Corrêa de Oliveira e sua importância atual para o Brasil e toda a Civilização Cristã ". ■
Neiva Zaquieu Cardoso Moreira (RJ)
"Sinto-me imensamente f eliz de poder participar de mais este esplêndido Congresso da TFP ".
ao l. co m
za de minha alma, que foram as horas mais bem aproveitadas de minha vida. Pois esse congresso foi realmente fan tástico, estarei aqui com certeza no ano que vem. Vale a pena vencer as 20 horas de viagem de Porto Aleg re a São Bernardo ". ■
Paulo Renato Caldas
José Antonio F. Soares General C âmara (RS)
" Posso dizer, com toda certe-
■
Campos (RJ)
"É uma honra estar com os fiéis seguidores do Dr. Plinio Corrêa de Oliveira. Tenho a certeza de que a TFP vencerá a Revolução ".
"Cada Encontro da TFP é uma graça de Deus que nos convida a f ortalecer nossa f é e aumentar o amor de Deus e à Igreja Católica ". ■
grande afinidade ·0111o público. Os assuntos que os orxanizadores da TFP ,fo!Joraram estão sendo ocasir7o para uma maior união de olmos, uma união de pensa111e1110 e de ideal. Isso nos ajuda 11111ilo o manter a cor!/ionço e111 Nossa Senhora e nas realizações das promessas de Fft1i1110 ".
Salete Cardoso da Costa
Umuarama (PR)
■ Maria lgnez É. Dias Bach ■
os principais fatos históricos, proporcionando a todos os participantes iluminar seus pensamentos acerca dos acontecimentos que nos envolvem. De ta/forma que reanima-nos, tornando-nos cada vez mais .firmes para pensar e agir contra a Revolução".
José Haddad Junior
Curitiba (PR)
M aringá (PR)
"O Congresso propicia a reunião de pessoas que analisam
" O Conxresso está se desenrolando muito bem e tendo uma
■
Maria Inês B. uzitano Poços d e Co ld11s (MG)
"Gosto das pro~1rn11aç6es da TFP, porque nelas r,prendemos a amar e a lutar f)<'lo Santa Igreja. Meus pais ffia ram todos os.filhos na Reli~i 10 Católica e desde cedo os r,pmxirnaram da TFP Após rnda conxresso de que par1ici11r,11ws, saímos com a alma nwi.1· leve e
com um desejo imenso de que venha o Reino de Maria, e que, portanto, triunfe a Igreja Católica Apostólica Romana ". ■
Eliane Teles da Silva l ondrina (PR)
" Este Congresso, como os demais já realizados, representa para todos nós um eco.fidelíssimo da Igreja Católica, Apostólica, Romana, pois a TFP denuncia os erros que ocorrem na Igreja, em nosso País e no mundo. Ensina-nos a ser verdadeiros cristãos e encorajanos a lutar pela civilização tradicional da Igreja Católica ".
diosidade deste evento. Fiquei maravilhada com as palestras realizadas ".
Nossa Senhora. Só nos cabe a perse verança, a .fidelidade e a confiança".
■
■
Cláudio M. Brito de Oliveira
Brasília (DF)
" Em meio a muitas idéias revolucionárias e progressistas que são divulgadas para a destruição da sociedade ocidental e, acima de tudo, da Cristandade, construída ao longo dos séculos e a custo do spngue dos mártires, os Encontros da TFP são uma divulgação dos valores que nos aj udarão a sair do caos".
"O mais importante é confiarmos. Os provectos dirigentes da TFP nos transmitem a confiança. Continuemos ffrmes com as graças de Nossa Senhora no caminho traçado pelo Sr. Dr. Plinio ".
■
Mari stela Guerios Haddad Maringá (PR)
■
Marli Martins de Azevedo General C â m ara (RS)
"Eu não tinha noção da gran-
Maria Antonia M. Zeymer
Rio de Janeiro (RJ)
"Este Encontro nos dá força, nos anima nesta luta, cuja vitória nos foi assegurada por
■
Waldemar Pinhata Olímpia (SP)
"Gostei muito de participar mais uma vez do Congresso. Aj udou-me muito a atualizar meus conhecimentos sobre a grandiosa obra .fundada pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, a TFP e suas campanhas". • ABRI L2 004 -
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•
Simpósio de universitários em Ouro Preto N essa cidade história de Minas Gerais, realizou-se uma jornada de estudos especialmente voltada ao conhecimento teórico e prático sobre a instauração no Brasil da Civilização Cristã MAURO ALVES CORRÊA
os mesmos dias em que ocorria em São Bernardo do Campo (SP) o IX Congresso Nacional de Correspondentes-Esclarecedores e Simpatizantes da TFP, durante o último carnaval (22, 23 e 24 de fevere iro), na Estalagem das Minas Gerais, de Ouro Preto, um Si mpósio de Estudos reunia universitários. Numa parte do dia, eram apresentadas conferências sobre temas dedicados à Civ ilização Cristã estabelecida no Brasil, que produziu frutos apreciáveis na cultura e nas artes, especialmente nos sécu los XVII e XVIII. Infelizmente, tal civi li zação foi truncada pelo processo revolucionário, que conduziu nosso País à desagregação atual dos valores de sua gloriosa tradição católica. *
Aspecto de uma refeição no hotel de Ouro Preto
Diante dos profetas do Aleijodinho (Congonhos)
CATOLIC ISMO
*
Aspecto parcia l dos participantes, numa dos conferências
Dr. Pau lo Corrêa de Brito Fi lho (esq .) e Dr. Frederico Viotti , expositores
Guio especia lizado (terceiro à esq .) expõe o histórico da igre ja ba rroca de São Pedro, em Mariana
*
Em outra parte do dia, os participantes do simpósio tiveram a oportunidade de 'comprovar, na prática, a existência de magníficas expressões dessa Civili zação que vicejou em nosso território, visitando igrejas, museus e obras de arte barroca de três famosas cidades históri cas de Minas Gerais: Ouro Preto, Mariana e Congonhas do Campo. Três oradores desenvolveram essa temática: o Dr. Paulo Corrêa de Brito Fi lho ocupou-se da formação e desenvolvimento da Civ ili zação Cristã no País e de sua vocação providencial, analisando também os antecedentes de tal vocação na hi stória lusa. O jornalista Nelson Ramos Barretto e o Dr. Frederico Viotti abordaram o tema da origem da Revolução - processo multissecular que vem demolindo a Civi lização Cristã - e seus reflexos no Brasil de hoje. Foi digno de nota o especial interesse e o proveito manifestado pelos universitários participantes quanto aos assuntos expostos. As explanações de um gu ia especiali zado, que os acompanhou em todas as visitas aos ed ifícios e monumentos das três cidades históricas, foram também absorvidas com notável in teresse. • E-ma il cio autor: mauro correa @yahoo .com.br
ABRIL2004 -
GRANDES DE ESPANHA Avidez da perfeição e grandeza na coragem, na visão ibérica n PuN10
CoRRÊA DE OuvE1RA
Grande de Espanha: qual a origem deste título de nobreza? Segundo Saint-Simon* - que foi embaixador da França na Espanha e procurou estudar as condições da nobreza espanhola o mais minuciosamente possível na Espanha .primitiva não existiam propriamente títulos de nobreza, como marquês, conde, visconde, barão etc. Mas havi_a os chamados ricos-homens - designação existente também em Portugal - que indicava grandes proprietários rurais em seu feudo. Eram, portanto, verdadeiros pequenos reis. Esses senhores eram igualmente designados os grandes, porque se destacavam da massa da população por sua grandeza. Eles eram grandes, à maneira espanhola. O que era próprio do espanhol? Uma tendência para a perfeição, que de_ve ser inerente a todo nobre, mas que no homem hispânico corres. ponde a uma avidez da perfeição, na coragem. O -,.";1\t !b #;,-~. nobre espanhol, sobretudo o Grande de Espa"( ' • nha, deve mostrar-se desejoso de uma gran0 ~ deza na coragem de arriscar a própria vida 10 ) por amor à Fé, por amor aos bons princípios ~•/ 1 e por dedicação ao bem comum. Arriscar sua ' ,/1;;~· . vida, mas com elegância, com generosidade, ~ / 0 [ ' com o desempenho com que o espanhol marcha para a morte quase como quem caminharia para uma ga la, para uma cerimônia social importante. Com um passo que seria quase um passo de dança, tal a altaneria e a generosidade com que ele o faz . E se e le morrer no campo de batalha, derramando seu sangue, uma coisa que no espanhol não se deve notar é pena de si . Pelo contrário, ele morre na tristeza de não ter podido liquidar o adversário; na esperança de que, jogado por terra, ainda tenha um último movimento de energia para liquidar o vilão que o jogou no solo.
?
9''
*
*
*
É oportuno, a propósito, citar um fato pitoresco e significativo. Certo nobre espanhol, comentando o famoso Duque de Alba, Grande de Espanha e herói da luta contra o protestantismo, afirmava que e le cheirava continuamente a ferro e sangue. E o célebre Duque enviou- lhe . esta resposta, eminentemente espanhola: "Diga-lhe que este é o cheiro que convém a um homem ter". •
*
Duque de Saint-Simon (Lou is de Rouvroy), 1675- 1755. Esc ritor franc ês, célebre por suas Memória s. que abrange m a época de Luís XIV e a Regência, um dos maiores clássicos da literatura francesa.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 12 de maio de 1993. Sem revisão do autor.
-
, P11 N1
RRt /\ l li
UMARI
I IVI Ili/\
Maio de 2004
São Pio X fulmina o inimigo interno Em29-5-1954, há precisamente 50 anos, o grande Papa São Pio X era canonizado - sendo assim solenemente elevado à glória dos santos - por Pio XII, na Basí1ica de São Pedro de Roma. S ão Pio X exerceu seu Pontificado de 1903 a 1914 . Um período marcado por muitas e árdua luto , entre as quais se destaca sua condenação do movim nto denominado "modernismo", estigmatizado p r I como "síntese de todas as heresias". Esse movim t , precursor do progressismo católico de nossos dia , vi vo adaptar o Igreja ao espírito e aos erros do mund moderno, infectando os ambientes católicos com t i. rr os. Aquele extraordinário Pontífice, m u famoso e magnífica encíclica Poscendi Dom lnl I r gis (8- 9 1907), denunciou os inimigos int rn , 1 vom para desfigurar e, por fim, d t uir 1 1nto Igre ja por dentro: "Os fautores do erro [... ) ultcm1 no pró prio seio da lgre;a, [. .. ] por assim d/ as e entranhas de/o". Em visto da importante data qu dia 29 deste mês, julgamos oportun or comentário proferido por Plínio Corr d m uma entrevista concedida à Ródio Uru u -6-90.
Sua Santidade
9 Papa São Pio X
CATO LICI SMO
"São Pio X teve que lutar dur(l nl · o s ' ti Po111il l ·1 1do ·mitra urn a heresia que na.·c u sob o non1 • d · 111otl,•ml.,·11111. 'l'inh a esta corn o intenção infilt rur-s • 11 11 l ir •j11 , dv 111 odo ·lan l ·stin o; faze r com que seus a I pios •11 11h11 ss •111 postos na l li crarq ui a ela Igrej a; e, afi nal ele ·on1n s, modi l'i · 1 lu no se ntid o heréti co. N ão ele fora para dentro, 111us d ·ntro d ·lu mes ma; ou seja, em nome ela I greja , cu1 ando postos nu suu direção, para ass im tra nsform á-la no s ntido h ·r •ti zanl '. I ... J Quer d izer, as id ·ias dos a l •plos dessa heresia moderni sta, no campo social, 1 variam u I r ja - se São Pio X não rca 1 isse - a uma pos iç, o l'ran ·a mcnle sociali sta, com t nd ·n ·ia comuni sta . Todos css s mal es foram vistos pelo sa nto Pontfl'i ' l ' mm um o lh ar angcli carn cnlc l ímp ido, que o levou a ful111i11 11 1 rnn tra a heresia rn ocl crni sl a v,irios documentos, cios q111d s, , ·m dúvida nenhum a, o mais famoso é a encíc li ca Po.1·,·,•11tl/"
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C/\R'I'/\ no D11mT01~
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PÁGINA MARIANA
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CmumsPoNnf:NCIA
Nº 641
Nossa Senhora das Tílias (Polônia)
A Salve Rainha - III
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SOS F/\MÍl,IA
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SANTOS ..: F1,:s·1'/\s oo M1~;s
48 AçAo
52
"TrabaJJw escr avo": arma contra a propriedade Espanha dobra-se ao terror islâmico
Cubano exilado denuncia tragédia de seu país
Fátima: mais de cinco séculos de história Importante al erta antiprotestante
São Félix de Cantalício
Condenação da união adulterina
CoNTl~/\-R1~vowc10NA1~1/\
AMnmNTES, CosnJM1,:s, C1v11.1zAç(ms
Genazzano: um urbanismo orgânico de cidade medieval
Nossa capa: No primeiro plano : Imagem Peregrina Internacional de Nossa Senhora de Fátima, que verteu milagrosamente lágrimas, em Nova Orleans (EUA), em 1972. Ao fundo : castelo de Guimarães {séc. X a XII), onde provavelmente nasceu D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Sua esposa , a Rainha Mafalda, teria ordenado a construção de uma igreja no local denominado "Rocha de Fátima".
MAI02004-
Nossa Senhora das TIIias de Lubawa
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
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Quase c inco séculos an tes das aparições de Nossa Senhora 111 í1á tim a, a oni zava no Mosteiro de Santa M ari a Mada le na, em Alba, no rte da Itáli a, ó ro r Fi li pi na, re li g iosa do minicana que levara uma vida santa. Po uco ante. de fal e ·cr, essa reli g iosa teve revelações divinas, que foram anotadas perante testemunho ecl es iástico. Tais reve lações tinham c lara semelhança com as de Fátima, comunicadas e m 19 17, por Nossa Senho ra, aos três pastorinhos. Prev iam guerras e aco ntec imento. futu ros, e faziam referênc ia a um certo monstro do Orie nte, "tribulação da humanidade", que seri a aniquil ado por Nossa Senhora do Santo Rosári o de Fátima. A fi gura do monstro do Oriente representa, tudo indi ca, os "erros da Rússia ", contra os q uais Nossa Senhora advertiu os ho mens em 19 17 . Por outro lado, as reve lações fe itas a Sóror Filipina também a ludiam a uma "g rande penitência ", condição ig ua lme nte colocada por Nossa Senhora aos três pastorinhos, para o mundo livrar-se desse fl age lo vindo do Orie nte. Tanto nas reve lações de 1454 como nas aparições de 19 17, o Céu anuncio u o triunfo fin al da Santíss im a Virgem. M as, o que tinha a ver o moste iro das dominicanas com a e ntão descon hecida alde ia de Fátima? Por que a Divina Providência fez com tanta ante eclên ·ia o anú ncio que de po is re petiria em Fátima? Po r que permitiu que ta is rcv laçõ s do sécul o XV só vi essem a público tanto tempo depo is? Qual o ve rdade iro pape l de Fátima na luta contra o Islã? Essas e outras questões são respo ndidas com exclus ivi clad · na nial éria ele capa deste mês, dedicada a Fátima. O autor do arti go ana li sou cio ·um •11 1os reveladores e inéd itos no Bras il , que clarão ao le ito r uma idé ia c lara da im ·11sidão do plano d ivi no a respeito de Fátima, ini c iado desde a fund ação d o r ino d • Portuga l, e que ve m se desenrol ando ao lo ngo dos séculos. Hoje, o mo nstro do Oriente, a "tribulação da humanidotf<, ", d •scncaclc ia suas mais "terríveis guerras". No Oc ide nte, os "erros da R,íssio" v: o ·a usando revoluções, lu tas de c lasse, invasões de propriedades, um u o ndu d • imoral idade e irrelig ião que devasta a sociedade, a famíli a, a cultura , alin •indo ai mesmo as hostes cató licas, tanto no campo ecl esiás tico quanl o na •s i' ·n1dos 1•igos. Ao mesmo te mpo, no Oriente, esses erros também pe n lrara m 11 0 mundo maometano e, no fund o, gerara m o fund ame nta li s mo islâ m ico, o nl"orm • ·omprova o arti go A verdade sonegada sobre o fundamentalismo is/{J 111ico , pul Ii ·a lo c m nossa edi ção de novembro/2001. Perigo este que aterro ri za o mundo in1 ·iro. Mas, quando parecer iminente a in stauração do ·aos li na l, ·ntão advirá a prometida vi tóri a do Imac ulado Coração ele Mari a. R ''/, •mos, poi s, para que esse triun fo ele Mari a Santíss ima se reali ze o mais brev poss v •I, ' que, pe la misericórd ia d ivina, estes di as de tribulação e ele pccad , de d ·sprczo das Leis de De us e de merecido castigo sejam abrev iados . Desejo a todos uma boa le itu ra. •m Jesus e Mari a,
?~7 DIR ETOR
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
Uf!.a!a!.ul!.!ao!..!.b!.!.r.!. !it""o~@;,_;c""a"'t""oC!!li'-"c"'is,.,_m.!. !.>Lo""'-"....,..iJ.1 r
A história dessa invocação mariana está intimamente ligada à luta pela conversão dos últimos povos pagãos do norte da Europa e ao papel desempenhado pelos heróicos Cavaleiros Tcutônicos r
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o iníc io do séc ulo X fll , a C ri s-
tandade n_a Euro pa c~1~1preendia povos latmos, germa 111cos e eslavos. E ainda não estavam convertidos ao c ri stia ni smo os povos Locali zados ao redor cio mar Bá lti co: os finl andeses e esto ni anos, be m como os bálticos propri amente ditos (atuais letões, lituanos e prussianos). Em geral , a conversão desses povos só ocorre u quando foram venc idas muitas dificuldades. O s prim e iros mi ssioná ri os, co mo Santo Ad a lbe rto, fo ram martiri zad os. Outros, como São Me in a rd , fora m ele iníc io be m rece bidos. Entretanto, logo que co meçaram a exi g ir dos pagãos o abandono de certas práticas, como o aborto , o assass inato de meninas recém-nasc idas ou a obri gação da viúva ele se casar com o irmão do morto, tais povos rebelaram-se. Em alguns casos, julgavam os neobatizaclos que, banhando-se nas águas dos ri os, apagavam o batismo. Como os métodos caridosos não deram resul tado e os pagãos atacavam as populações vizinhas para roubar mulheres, destruindo em sua passagem a lde ias, igrejas, e tc., fo i necessário o uso da fo rça.
Auxílio sob1'e11atul'al No in íc io ela evangelização, chegaram àque la região mi ssionários c istercienses, que ain da conservava m o fogo evangeli zado r de São Bernardo. Entre e les fi gurava o abade c iste rc iense de Lekno (Polôni a). Este, condo ído pelo infortúni o dos povoadores, redu zidos a escravos pe los pagãos, vi aj ou e m 1206 até a Prúss ia para
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tentar comprar tai s escravos e a~sim libertá- los. Chegando àque le país, foi bem recebido pelos pagãos, tendo combin ado co m e les e nvi ar alguns missionários para catequi zá- los e civili zá- los. De fato, pouco de po is o monge Christian diri giuse à Prúss ia com vários companhe iros para reali zar a evangeli zação. Começou então uma mi ssão com sérias dific uldades para prosperar, mas ele não desistiu. Em 12 15 , o Papa Inocêncio III sagrou-o bispo da Prússia. Em documento que chegou até nossos dias, o Po ntífi ce aconse lha-o especial mente a eliminar a bigami a e o assassinato de me ninas em sua nova diocese·. Foi justa mente durante essa difícil mi ssão que um acontecimento sobre natural veio em seu auxílio. Nas proximidades da loca lid ade de Lubawa, os pagãos diziam ter visto certa luz num bosque. Tal luz pairava sobre uma tíli a, árvore comum naq uela região, que se encontrava à beira de um regato. Aproximando-se da árvore, haviam os pagãos encontrado uma imagem de madeira de Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços. Eles consideravam o ocorrido com temor, poi s a fl oresta era tida co mo santa, segundo sua fa lsa religião. O bispo foi examinar o fato, sendo acompanhado nessa ocas ião pelo príncipe prussiano Surwabuno, que tinha sido batizado havi a pouco e m Roma pelo próprio Papa. A todos parecia que não se deveria deixar a santa imagem no local, onde pouco antes eram adorados deuses pagãos. A imagem foi, pois, levada com muito respeito até a Igreja de Lubawa. Contudo, movida por uma força desconhecida, e la retorn ava para o loca l originári o da tília. Isto aconteceu três vezes. E m vi sta desse fa to, o bosque pagão foi devastado. E naq ue le loca l constru iuse uma pequena capela, para onde acorri am com certa freqüênc ia peregrinos, a fim de rezar diante da imagem da Santíssima Virgem.
Rellornscimellto da devoção Poder-se-ia esperar que, dia nte de tais aconteci me ntos, os pagãos se convertes-
lllllcATouc1sMo
sem. Mas não foi o que ocorreu. Permanecera m e les obstinadamente apegados a seus vícios morais, rej eita ndo a Religião católi ca. Voltaram então a atacar as vi las cató licas. Diante di sso, não restou outra solução ao Bispo Christian senão convocar uma cru zada e m 12 19, e outra novame nte e m 122 1. Em 1242 os pagãos promoveram uma rebe li ão em toda a Prú ss ia, tendo em vi sta extinguir a Re li gião católica. A meta visada por e les era que não restasse naq uela reg ião um só sacerdote. Os Cavale iros Teutônicos, e ncarregados da defesa daquele território, chegaram a permanecer apenas com três castelos. Mo rreram milhares de cristãos nesta guerra. Todavia, os cató li cos ao final venceram a rebelião, e a devoção a Nossa Senhora das Tílias co ntinuo u a ser praticada. Com o decorrer do tempo, a capela da im agem preci sou ser restau rada. E para c uidar dela permaneceu apenas um e rem ita no local. Esse erem ita lá se encontrava, quando eclod iu nova e mais terrível rebe lião dos pagãos. Para ele, um dilema se apresentava: se ficasse sozinho no bosq ue, os pagãos podiam destruir a image m. Partir naque le momento não lhe oferecia garantia de vida, pois a grande maioria das c idades tinha desa parec ido sob o fogo. Na dúvida, decidiu o ere mita co nfi ar e m Nossa Senhora e permanecer no loca l c ui dando da imagem. De fa to, a capela não fo i atacada, mesmo quando se travou terríve l batalha, na qual os Cava le iros Teutônicos foram derrotados. Afi nal esta segunda grande rebe li ão foi vencida, e a devoção a Nossa Senhora das Tílias floresceu novamente e o número dos peregrinos aumentava cada vez mais. Com o tempo, visando preserva r a segura nça da imagem , e diante dos e.xvotos cada vez mais numerosos que poderiam atra ir sa lteadores nessa iso lada loca lidade, no dia da festa da visitação da Santíss ima Virgem - e só neste dia - a imagem era levada para a igreja de Lubawa. Terminada a cerimô ni a, a imagem era levada de volta, num a procissão
tão lo nga que cobri a todo o trecho das tílias até a igreja de Lubawa, situada a cerca de doi s quil ô m tros e me io. De tal forma a devoção co ntinu o u intensa ao lo n ro los s ·c u los, que foi autori zada a coroação 10 111 ili ca l da imagem, no dia 2 de junho de 1969.
Desfazendo uma ilusão Hoj e e m di a, alguns hi sto ri ado res acusam os católicos de ter exterm inado o povo prussiano. E tal acusação é diri gida espec ialme nte à Ordem dos Cavaleiros Teutônicos. Curiosamente, esses mes mos hi storiadores jamais aludem aos motivos pelos quais esses heróicos cavaleiros fo ram convocados para atuar naquela reg ião. Omitem eles os crimes que os pagãos co metiam, seus ataq ues a o utros povos da reg ião e sua obstin ação diabó lica quanto a seus sangrentos ritos. Ne m seq ue r a apari ção da im agem no local, a atuação de vários santos cano ni zados pela Igreja e o exemp lo do martíri o de numerosos leigos comoveram os corações empedernidos cl s prussianos de e ntão. Não foi p r falta de bondade e verdadeira caridade qu ' e les não se conve rteram. A sim como lodo homem pode escolher entr seguir as Leis ele Deus o u não, ig ualmente os povos f'azem sua escolha, muitas vezes d ·p ·nclendo de uma só pessoa que r · 'b u um c hamado especial para arrcba11h:ir ou lras . Não devemos ima in ar que todo homem que loma ·onh 'c ime nto de Deus ama , e qu e ape na s imecl ia tam nt ' opõem -se a us os que não O conhecem. Tal co n cpção é uma ilusão infantil e a ne ação do li vre arbítrio. Basta pensa r que Nosso nhor Jesus Cristo - o Deu s-11 me m - foi conhec ido por mui lfss i mos home ns, dos quais muitos rejeilaram sua doutrina e postularam que Ele fosse c rucificado. Esta devoção de Nossa Senhora das Tílias nos faz le mbrar tal verdade. Roguemos a Ela para que jamai s opte mos pelo mal, a fim de nun a f · ·harmos nossa alma para a ação das •raças que nos são co ncedidas. • E-mail do autor: va i
ululi ·l 111 >, ·011
A Salve Rainha - III _Após o autor de La Salve Explicada analisar a primeira saudação, "Salve Rainha, Mãe de Misericórdia", passa a tecer comentários, muito evocativos, à saudação seguinte Vida, <loçura e esperança 110ssa, salve!
quemos com o precioso título de Consoladora dos aflitos; quer di zer, dos ó rfãos, dos deserdados da fo rtuna, dos enfer mos, dos mo ri bundos, dos pecadores, de todos os que choram.
Como a Virgem é nossa vida? Não ex istiria a chuva benéfica que fecunda a terra sem a nuvem que a condensa em seu seio e a esparge suavemente; nem os saborosos fru* * tos que nos alimentam, sem a ár* vore que os produz; ne m as fresEsperança nossa: Formosa invocas águas do arroio, que fe rtili za m cação, gra ndiloq üe nte e co nso laa pradaria e apagam a sede dos fadora! tigados viajantes, sem o ma nanciPorque a espera nça é o alento al de onde se origina; assim tamdivino que rea nima nosso espíri bém não teríamos sido regenerato, abatido pelas infinitas penali dos na vida sobrenatural da graça dades e pelo incessante batalhar - por meio da Redenção, primeiela vida; porque a esperança susro, e dos Sacramentos depois té m nossa fé nas promessas do se não ex istisse a Santíss ima VirEva nge lho, especialmente as que gem. Ou se não tivesse Ela dado se refere m à sa lvação eterna, que seu consentimento ao Anjo quanse obtém após triunfar de tantos do este lhe anunciou o mi stério da o bstác ul os, inimi gos e contradi E ncarn ação, com unicando- lhe o ções. [ ... ] modo maravilhoso como se verifiNossa verdadeira espera nça, caria, dizendo: Faça-se em mim senossa esperança forma l, fa lando gundo tua palavra. [... ] em termos teológicos, é, e somente Co mo Jes us C ri sto ve io ao pode ser, Jesus Cri sto, nosso Remundo por Maria, Ela não é a vida, dentor, por cujos méritos infinitos Quadro de Nossa Senhora das Alegrias - Vila Velha (ES) mas sim o meio pelo qual nos veio e nossa livre cooperação com a graa Vida, o meio pelo qual nos puseça somos perdoados e salvos; a Sanmos em comunicação com Deus, que é a fonte da vicia. tíssima Virgem é nossa esperança como meio, o mais eficaz, para chegar a seu divino Filho e obter o perdão ele nossos pecados, a * * * perseverança em sua santa graça e outros favores, tanto espirituai s Doçura: Não se trata aqui precisame nte do gosto sensível, das como temporais. [... l inefáveis delícias ela piedade nem dos elevados gozos do espí"Cremos - di z o gra nde Leão XlII - que nada pode conrito que São Bernardo, São Bernardino de Siena, São Boavenduzir mais eficazm.en.te a este.fim (ode obter a assistência dos tura, Santo Antonio de Pádua, Santo Estani s lau Kostka e ousocorros divinos nas calam.idades que nos cifligem), do que tros santos ex perimenta ram na devoção a Maria. Para e les, até fa zer-nos propícios, com a prática da religião e da piedade, à se u no me era mel saboroso e mú sica regalada, arra ncava lágri- . grande Mãe de Deus, a Virgem Maria, que é quern pode alcanmas de seus o lhos e exaltava o coração ele alegria. [ .. .] çar-nos a paz e dispensar-nos a graça, pois está colocada por Trata-se mais precisamente da confiança que inspiram o seu Divino Filho no cimo da glória e do podei; para ajudar grande poder e a bondade sem limites ela Virge m, na qual pôs corn o socorro de sua proteção os hornens que, em meio das Deus, para nossa dita e consolo, todas as qualidades com que fadigas e perigos, se encaminham à Cidade Eterna" (Leão dotou o coração das mães que nos deram o ser, para nossa XJJI, encícl ica Supre mi Apostulatus). • fe licidade terrena. [ ... ] Trata-se do conso lo que infunde em todos os corações cren(Excertos ela ob ra do Pe. Dr. Manuel Viciai Rodríguez, La Salve Explir·ada , tes o cul to da Virgem, a quem a Igreja de C ri sto quer que invoTipografia de "EI Eco Franc iscano", San ti ago de Co mpostela, 1923).
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TvTCIS.MlQ
ção, po is sabe mos que depois da cruc ificação adv e io a ress urre ição. (R.C.M. - SP)
Retil'em-se os incomoclados
1:81 Foi com surpresa que li na revi sta "Veja" sobre o assunto da dissidência dentro da T FP. Creio que seja o grupo di ss ide nte que deve se retirar ela e ntidade, e não os anti gos defensores dos idea is leg ítimos da mes ma. Mantenha m a luta. (M.F. - SP)
Esclarecimento
1'alento incomum Já tinh a lido outras med itações criadas pelo Prof. Plínio, mas esta que vocês publicara m na Semana Santa parece u-me excepc ional. Abala nçome a di zer que o ilu stre Professor tinha um grande cari sma para faze r a re lação da Paixão de C ri sto com o sofrim ento da Igreja Católica atualmente, co mo Ela te m sido perseguida pe los sectários de toda súc ia. As analogias que ele faz são impressionantes. Lastimo não ter pessoa lme nte parabeni zado o Prof. Plinio pelo incomu m ta lento que ele tinha. Faço-o agora, e do Céu ele ouve minhas fe li citações. (M.U.N. - RJ)
Morte e Ressurl'cição
1:81 Há algun s dias conc lu í a leitura do Catolicismo , mas hoje, não te ndo mais nada para ler, fi quei vendo aque le quadro ela capa da revi sta e li guei com algo ele que não tinh a me dado conta a ntes, e que escrevo agora: o cri stão te m que ser um outro C ri sto. Na ca pa es tá C ri sto se nd o sentenciado inju stame nte por um juiz que lavo u as mãos e autori zou o que os ma us j ude us queri a m: c ruc ifi car Jes us C risto. Está ou não está acontece ndo a mes ma co isa hoje e m di a? [...] Mas é um a graça se r pe rseguido pelos inimi gos ela Igreja. Não fi quemos a medrontados com a conde na-
I I I J cATOLI CISMO
1:81 Gostari a de saber mais sobre a TFP. Como Surgiu ? Quem a fundou? Quais os obj etivos? Simbo log ia. É verdade que está ocorrendo di ss idência na sociedade? (E.I. - AL) Nota da Redação: Recome ndamos ao mi ssivi sta ler a matéri a publicada às pp. 23 desta edi ção. Ao término ela leitura, suas indagações estarão elucidadas.
O mclhol' mensário católico
1:81 Já fui ass inante da revista Catolicismo du rante muito tempo. Não a estou ass in ando no mome nto, mas nunca fi co sem ler esse que é, sem so mbra de dúvida, o melhor mensário cató lico da atualidade. Meu pai é ass inante e e u sempre leio a rev ista qu ando chega na casa dele, e muitas vezes també m na edição da Internet. Prete ndo, num futu ro próx imo, tornar a assinar a rev ista, se Deus e a Virge m Ma ri a ass im o pe rm itire m. (T.O.M.J. - PE)
Organização O País vive mome nto de espec ial ri sco di a nte da sanha dos soc ia listas capita neados pelo se nhor Lul a. Nesse sentido, faz-se necessári a a organi zação de movime ntos que, ao me nos, co nsc ie nti zem a massa acéfa la para os graves proble mas que deco rre rão, e m futuro próx im o, das práti cas hoje levadas a termo so b o d isfarce ele " re vo lu ção soc ia l". (M.A.G.S. - DF)
'"l'cologia " ma,'Xista Simpl es mente esc larecedora, ass im como d idática, a reportagem "A Teolog ia da Li bertação e sua influê ncia no País", com achegas prec iosas para nós, le igos fi éis à Religião Cri stã ortodoxa, deixada por Nosso Senhor Jesus C ri sto. onfcsso-lhe que, há algum te mpo, iria pedi r-lhes que nos esclarecessem sobre esta hidra peçonhenta e fétida - TEOLOGrA DA LIB ERTAÇÃO - a fim de que pudéssemos conhecê- la nas entranhas e combatê- la. Infe li zme nte, como assinante de poucos anos, não tive oportunidade de tomar conhec imento do trabalho já publicado nesta conceituada revi sta [... ]. Como sugestão, gostaria que este te ma fosse mais abordado, para que nós pudéssemos divul gá-lo a pessoas que se sentem incomodadas por esta vi são marxista de Jesus. (T.J.G. - SP) P,·cciosa l'al'idaclc Antes de mais nada, quero deixar claro que sou um caso raro de historiadora não- ma rxista ... Adema is, gostaria de para be ni zá-los pela coragem e m distribuir seus informes nas ruas do Ri o de Ja neiro (foi assim que soube deste síti o eletrô ni co). Prec isamos ele fo rtes testemunhos na contracorrente do pe nsamen to pró-esquerda gera l. Eu mesma sofro mu ito na convivê ncia com me us irmãos paroqui anos e m opacaba na, princ ipa lme nte de onde sa iu um deputado "cató lico do PT" (contradição ele termos). Que a fo rça ele Deus Pai, Filho e Espírito Sa nt e a proteção de Mari a estejam convosco! (J.R.C. - RJ)
Pa l'cntesco
R Gostei muito da "Palavra do Sacerdote". Lembrou-me os te mpos do co légio, e m que tínhamos um professor natura li sta e ateu que di zia que os homens vieram dos macacos . Era a gozação da classe ! Um dia, um co lega levo u um a fo to e no rme de um orangotango (não sei como a conseguiu) e mostrou-a ao pro fessor di ante de toda a classe, perguntando s 'ele
por acaso a tinha perdido, poi s parecia ser de seu bi savô ... (H.S.B. - PR)
te nham a oportunidade de uma boa leitu ra. (E.S.P. - SP)
Em grnu, gêne,·o e mímcl'o
Despretensão
Prezado jornali sta Paulo Corrêa, recebo regul arme nte a fam osa revi sta Catolicismo, concordo agora e m grau, gêne ro e número co m tudo que ve m se escrevendo nessa rev ista, sendo hoje um dos poucos arau tos e m defesa de nosso Catoli cis mo. A li nh a dessa conceitu ada revi sta atualme nte é das me lh ores, sendo mais re li g iosa que po líti ca, e e m ass im se nd o, caro editor, o Catolicismo continu ará incólum e através dos séculos. (A.M. - AL)
1:81 Quero congratul ar pelas di sc ipli nadoras maté ri as ela revi sta Catolicismo. Estou em débito co m os Srs., mas prometo que logo, logo acertarei, é um co mpro mi sso co mi go mes mo. Quero que os Srs. te nha m muita coragem para levar e m frente esse projeto de esc larecime nto aos leitores. [... ] Fico mui to fasc inado pelo despre ndimento que e la me traz quando leio seus escritos. (P.P.S. - SP)
A serviço da Cristandade
1:81 Que m trabalha para que essa revi sta seja produzida prec isa saber algumas ve rdades: muitos ass inantes, como e u - posso asseverar - , ficam impac ientes (um mês é muita co isa) à es pe ra do próximo número. Não po rque sej a bo nita, be m aca bada, mate ri al de primeira. Não. O que me arras ta (acredito que muitos assinantes pensam ass im) é a mane ira devotada de que m escreve, da ndo tudo de si pa ra que os ass untos sej a m aprofundados de maneira a não escapar deta lhes que, ao final, pode ri am suscitar dúvidas . Minha ordem de preferência para a leitura é a seguinte: "santos do mês" e "carta dos le ito res". Depo is, esco lho pelos títulos do Sumári o. Q uando menos espero, nada mais resta, a não ser espe rar pelo número seguinte. Por que acontece isto? Acredito, senhores, que cada matéri a veiculada pela Catolicismo leva aos leitores uma sati sfação ime nsurável, levando-nos a di zer: MULTO OBR[G ADO. Que De us os ilumine e permi ta que continuem di sponíve is para levar avante essa abençoada mi ssão: SE RVIR AO C RlSTr A NISMO . (A.D.O. - SP) J)e mão cm mão Gosto muito desta revi sta. Leioa com muito carinho, se mpre passo para fre nte, para que outras pessoas
O espetáculo do <lcsemp,·cgo Cadê o tão badalado "espetác ulo do c resc ime nto"? Certamente vv. já fi caram cientes do resultado do pri meiro ano cio governo peti sta: dimi nui ção do PIB e m 0,2% (segundo a a pu ração ofi c ia l rea li za d a pe lo IB GE). Um a no el e "c resc ime nto" negativo. (N.A.B. - AM)
Crescimento zcl'o ~ N ão tenho dúvida de que algo está e rrado em nosso País. Parece que esta mos parados no te mpo. Esperando por cresc ime nto ideológ ico mac iço para a continuidade ela po lítica sociali sta. O Bras il pós- Lul a não está tão preoc up ado, pe nso e u, co m proble mas séri os [... ]. O gove rno pare ce es ta r a pe nas inte ressad o e m aume ntar ainda mais sua pos ição socialista, que des integra e desestabili za nossa soc ied ade, po is não sabe mos mais que m rea lme nte luta pe lo povo, num todo . A "esque rda cató lica", agora, parece ter encontrado um álibi para colocar em prática a fa lsa id é ia de c re nça e re li g ião. (S.P.O. - SC)
Piquctch·os IBl Podemos fal ar ml! ito do senhor Kirchner. Ele está ganhando rapidamente a corrida contra Lul a, para levar seu país a uma di tad ura comunista, ao controle sobre a mídi a e ao impedimento da oposição. O controle se este nde até à Internet[ ... ]. A Argenti -
na é um caos. Ruas e estradas são cortadas quase diari amente pelos "piqueteiros". Não há mais estatísticas sobre drogas e tráfi co. (M.D. - Argentina)
Europa unida IBl Ego ísta, antide mocrática e cheia ele preconceitos a reportagem "Europa desunida: ela apostas ia ao fracasso" (Catolicismo , março ele 2004). A União Européia é uma conquista de todos os povos da Europa que desejam um futu ro belo e grandi oso, e que estão ca nsados de ta ntas gue rras e matanças ao longo dos séculos, mui tas vezes insufladas pe la Igreja fa náti ca e be li gerante. (J.P.M.P. - PB)
Europa desunida É com muita tristeza que vejo atualmente a situação e m que a Europa se encontra. Praticamente e m todos os países da Europa re ina o neopagani smo, onde Deus e Nossa Senhora estão postos de lado, faze ndo com que esse continente, que se di z " unido", olhe para um fu turo como cegos, onde quere m unir-se como uma nação que não tem nada a ver com as tradições culturais e religiosas. Isso vai faze r com que a Uni ão Européia, num fu turo próx imo, venha acabar como o Império Romano. Igrejas vazias e com seus fi é is na maiori a idosos, programas onde não há nenhum pudor, juve ntud e pe rdid a na droga, á lc oo l, pros tituição, neonazismo, é o retrato de cada uma destas nações. Já está se vendo o resultado da desunião e a falta de De us na Europa. Todo impéri o dividido, um di a cai. E este é um caso. ( T.G. - Portugal) t8)
Cartas,lax ou ~-~~ils '/
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MAI02004-
Pergunta - Os católicos afirmam que só a Igreja Católica é a certa e a verdadeira? Estive lendo uns textos da Bíblia, e achei que não somos nem certos nem verdadeiros , mas apenas pretensiosos e idólatras. Estou com drama de consciência e até parei de ir à missa. Resposta - A confusão dos di as em que vivemos ex plica um certo emaranhar das idéias , que a redação da presente carta manifesta. Procuremos ordenar essas idéias, a fim de ajudar o mi ssiv ista a vencer seu dra ma de consciênc ia. Em primeiro lugar, o princíp io protestante - e que na era pós-conciliar vem contaminando certos ambientes católicos - de que se deve pôr a Bíblia nas mãos de qualquer leigo, se m preparação ne m explicações, sem oração e sem pedir, por meio de Nossa Senho ra, as lu zes do Es pírito Santo, dá ori gem a essas disto rções. Não se trata aqui de di zer que o consul ente é um despreparado, e por isso se enredou em passagens difíceis da Escritura (e às vezes nem tão difíceis assim). Acontece que a inte rpretação bíblica (exegese) ex ige freqüentemente uma espec ialização, e mesmo pessoas com razoável formação cultural e reli giosa podem não atinar com a ex plicação de numerosas passagens. Aliás , qual é o ca mpo da cultura reli giosa, fil osófica ou científica que não ex ige hoje em dia consulta a um especiali sta? Tomemos o campo da M ed icin a. Quantas vezes aco ntece que um paciente abre o envelope de um exa me laborato ri a l e fica perplexo com termos técnicos, c ujo ai-
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CATOLICISMO
cance não compreende? Pode até ocorrer de se ass ustar, pensando que está com uma molésti a grave, quando na verdade não é nada. Pior será quando se tranqüiliza pe nsa nd o que tudo está bem, e os termos técnicos escondem pelo contrário um di agnóstico altamente preocupante ... Se isso é assim na Medi cina, por que have ria de ser diferente no campo da exegese bíblica? Mesmo um sacerdote ex perime ntado precisa freqüentemente recorrer aos ma nu a is es pec iali zados de exegese para ex plicar certas passagens aos que o proc uram. E até hoje há passagens que são di scutidas mesmo e ntre os espec iali stas. Assim, nada mais perigoso do qu e um católi co comum - mes mo de boa fo rmação cultural, mas le igo no assunto - pôr-se a tirar conclu sões por si mesmo, prin c ipalmente se essas conclusões o precipitam numa crise de co nsc iê nc ia a ponto de abalar a sua fé.
Infeli zmente, o consulente não indica quai s os textos da Sagrada Escritura que o lançaram nessa crise, de modo que ficamos sem condições de oferecer-lhe a correspondente exegese bíblica que di ssipasse as suas dúvidas. Mas a questão por ele levantada pode ser abordada por outros ângulos que talvez lhe permitam alcançar alguma luz em sua alma.
Jclolatl'ia? Se há um ponto pacífi co na doutrina da Igreja, é a conde nação de toda e qualquer idol atria. Como o consulente chegou à conclu são contrária, a partir de textos bíblicos que ele não indica? E também não espec ifica e m que pontos ele vê idolatria nos ritos da Igreja. Temos que tentar imaginar onde e le os possa ter visto. Talvez ele queira referir-se ao culto da Eucari stia. Como nós católicos sabe mos que Jes us Cristo revelou que ali está o verdadeiro Corpo , Sangue, Alma e Divindade de Jesus
Cristo, é perfeita mente explicável que A adoremos. Para os que, erronea mente, nel a vêem apenas um pedaço de pão, a decorrência lógica seria tachar os católicos de idólatras: adoram um pedaço de pão ! Terá sido essa a absurda conclusão do consulente? Ou será que ele vê idolatria no culto das im age ns? Neste caso, ele provavelmente se baseará e m certos textos do Anti go Testamento que interditavam o fabrico de imagens aos judeus. Estes viviam cercados de povos idólatras, e corri am o ri sco de se tornarem eles mesmos idólatras se se lhes permiti sse materializar a imagem de Deus, como fazemos hoj e, por exe mp lo, representando o Padre Eterno como um ancião e o Espírito Santo como uma pomba. Com o advento de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos explicitou o mi stério da Sa ntíssi ma Trind ade, as representações em imagen · cio Pai, do F ilho
e do Espírito Santo não represe ntam ne nhum pe ri go de materializarmos as noções relativas às três Pessoas divinas. Tanto mais quanto a Segunda Pessoa se fez home m e habitou entre nós, se ndo pois representada legitimame nte em sua figura humana. Quanto ao culto que prestamos às imagens de Nossa Se nhora ou cios santos, qualqu er católico bem formado sabe que não há ni sso nenhuma idol atria, poi s não há ningué m tão parco de inteligência que não saiba que se trata de uma mera representação, que nos facilita diri girmo-nos ao santo de nossa devoção que está na beatífica presença de Deus, para ped ir-lhe as graças de que necess itamos e agradecer-lhe as que recebe mos. Ver ni sso uma manifestação de ido latria seria manifestar o contágio da absurda idéia protestante oposta ao culto aos santos, e e m particular à Virgem Mãe de De us. Se essa era a dúvida do cons ule nte, fica ela assim expli cada.
J>osse da venlacle? Vive mos numa época de " plurali smo" c ultural e relig ioso, em que é destoante apresentar-se alguém como "dono da verdade". O bonito é ser agnóstico e afi rmar que a verdade - sobre De us, sobre a nj os e demônios, sobre a a lm a hum a na ou qualquer outra realidade espiritual - é incognoscível pelo homem. Como, segundo os agnósticos, não é possível ter certezas sobre nada, segue-se que é preciso respeitar as opiniões dos outros, por mai s disparatadas que nos pareçam . Daí a máxima do ímpi o Voltaire: " Não acredito em nada do que di-
zes, mas defenderei até à morte teu direito de dizê-los". Agora vem a Igreja católica e afi rma a sua "pretensão" de possuir - ela só ! - a verdade. Não pode haver contradi ção maior em re lação ao espírito agnósti co dominante no mundo moderno. Nosso mi ss ivi sta parece estar sucumbindo a essa onda avassaladora, baseado em textos da Bíblia que infeli zmente não cita. Ass im, nossa resposta te m que pegar o problema por outra alça e mostrar que o agnosticismo é, ele sim, insustentável. Contemplemos a obra da Criação e reconheçamos asabedoria admirável com que foi feita. Ass im, a Criação refl ete resplandecente me nte as perfeições de Deus. E, portanto, Deus é indi scutivelme nte cognoscível pelas suas obras. Trata-se obviamente de um co nhec ime nto limitad o pela pequenez de nossa inte li gência, que, por sua natureza, não pode compreender o infinito, mas é sufic iente para adqui rirmos a certeza de sua ex is-
tência e a grandeza infinita de sua sabedori a. Daí a objurgatóri a de São Paulo contra os ate us e agnósticos, vári as vezes referida nesta colun a, de que eles são inescusáveis (im perdoáveis) em sua incred ulidade: "ita ut sint inexcusabiles " (Ro 1,20). Ora, posto que Deus ex iste e revelou -se aos ho me ns através de . uas obras, e depois pela pregação cio Verbo E ncarnado, segue-se que Ele queria que a verdade sobre Si mesmo fosse acess ível a todos os homens. E que a Igreja fundada por seu Divino Filho, encarregada de condu zir os homens à sa lvação eterna, tivesse todas as notas de veracidade e cognoscibi lidacle, para que fosse fac ilm ente reconh ec id a por todos os homens. Sem dúvida, esse passo da alma e m direção a Deus e à verdadeira Igreja é dado sob o impul so da graça que o Criador não recusa a nin guém. Esse dom da fé, que é conced iclo no bati s mo, é gratuito por parte de Deus, sem nenhum merecimento prévio
No batismo (foto acima), o dom da fé é concedido gratuitamente por Deus
por parte cio homem; mas o ho mem pode fec har-se a ele ou desfazer-se dele, e ni sto se torna gravemente culpado. É esse um cios mi stérios ou um a das mi séri as mai s indecifráveis da alm a humana.
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Convidamos in stante mente o mi ssiv ista a que faça um ate nto, minucioso e s incero exame de consciência para ver em que momento e a propósito cio quê a dúvida se instalou em sua alm a. E peça a Nossa Senh ora, Rainh a dos Co rações, que faça nova me nte jorra r a lu z e m seu coração de batizado. Se estes raciocínios o enredam e m vez de libertá-lo, comece por pedir. A oração in sistente, se feita por meio da Virge m Sa ntíss ima, é o melhor meio de rec upera r a fé perdida, ou de acrescentá-la quando e la é fraca . • E-mail do autor: conego joselui z@catolicismo.com.br
MAI02004 -
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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Venezuela: difusão do
miserabilismo esquerdista
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Representantes do movimento Mais Vida, mais Família entregam ao presidente do Parlamento as assinaturas contra a despenalização do aborto
Portugal recusa despenalização do aborto
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Parl amento p~rtug uês re_c usou quatro proJetos que visavam despe nali zar o abo rto . Na leg is lação po rtug uesa ha v ia um rombo, através do qua l o aborto era autori zado em casos restritos. E as esquerdas se a pro ve itavam disso para pedi r uma despenali zação pu ra e sim ples. Os projetos era m pleiteados por campanhas de rua e inte nso rebuli ço na míd ia.
Mas um mov imento cívico Mais Vida, mais Farnília - recolhe u num mês mais de 150 mil assinaturas contra as iníq uas iniciativas esquerd istas. Constatando a firmeza da opini ão lusa contra o aborto, os deputados co mpreenderam logo que era perigoso avançar na li beração desse pecado abominável. E os projetos fo ra m arquivados. •
uem esteve e m Caracas em décadas passadas, hoje não a reconheceria. A vicia larga, a riqueza e o otimi smo desaparecera m. Seguindo o exemplo ele Cuba, o pres ide nte C há vez está conseguindo miserabilizar a Ve nezue la, que paradoxalmente é riquíssima em petróleo. O ambiente psico-social de Caracas tornouse sombri o. Além de mani fes tações pró-Chávez (foto aba ixo), há fi las para comprar comi da. As ruas e ave ni das, com freqüência são inte rrompidas por barri cadas. Nas casas cios mais ri cos, geladeira, despensa, ta nque ele gasolina e també m a carteira es tão habitualme nte vazios. As lojas só ace itam di nheiro vivo, e e m conseqüênci a, como e m Havana, fl oresce o me rcado negro em dólar. É para a cubanização que, segundo todos os indícios, ruma o novo sociali smo latino-americano ! •
Narcotráfico pode m igrar da Colômbia para o Brasil ,,\ luta contra o nares tá ex ibin do res ul tad os a nim ad o res na Colô mb ia . No fim d o ano, naque le país não have rá ma is pla ntações signi fi cati vas de coca, segundo fontes o fi ciais de Was hington. A Co lômb ia produzia 80% da coca ína da reg ião. A guerrilha marxi sta fez esforços desesperados para imped ir a e rrad icação dos c ultivos. Poré m, acuada, está mudando as plantações para países vizinhos. Este úl timo fato é alarmante para o Brasil. Em março, o exército colombiano eles-
1"\. co t ráfi co
CATO LI C I SMO
tru iu uma refi nari a de coca ína a 120 quil ômetro s el a f ro nte ira bras ileira, à margem do rio Vau pés. Ela pod ia produzir cerca ele um a to ne lada de pó bás ico por semana. A droga era trocada por armas e mu nições levadas e m vôos cl andes tinos do Bras il.
Ta mbé m os g ue rri lhe iros co lombian os paga ra m co m d roga 50 fa rd as co mp le tas do Exército bras ileiro, alé m de armas de fabri cação ru ssa, mas com marcas cio exé rcito líbio. • Exército colombiano destrói laboratório de cocaína na Amazônia
Iraquianos ªP.óiam guerra dos EUA e criticam França
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uem recebe notíci as apenas através de certa mídia, acredi tará que todo o povo iraqui ano está maciçamente contrário à coalizão ali ada. Entretanto, recente pesqu isa cio Oxford International Research revelou que, após um ano de ocupação, a maioria dos iraq ui anos j ul gam que estão melhor agora do que no tempo ele Saddam Hussein. Das 2.500 pessoas e nt revistadas, 57% dec lararam passar me lhor hoje do que a ntes da guerra. Só 19% pensam o contrário. Quase 49% con sideram acertado o ataque ao Iraque. Só 29% declarara m que tal ataq ue fo i um erro. 71 % esperam melhora da situação no prazo de um ano. Manifestação contra o terrorismo no Iraque
Proibição de Carmelo na Rússia: o que diria Sta. Teresa?
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Tadim Bulavinov, prefeito de Nizhnylocalizada ao norte de Moscou, vetou o estabelecimento de um pequeno mosteiro de religiosas carmel itas junto à igreja católica da Assunção. O veto esconde -se por trás de pretextos burocráticos. Mos a verdadeira cousa é que o bispo ortodoxo (cismático) da cidade , Danilov, recusa arbitrariamente a instalação do futuro convento, porque este consistiria numa "aberta tentativa de converter o povo ortodoxo à fé católica". Santa Teresa de Jesus, em sua época, descreveu as tempestades que o demônio soprava para impedir novas fundações carmelitas . Agora, certa mente, ela consideraria os entraves colocados pela igreja cismática russa como tempestades diabólicas ainda mais inexoráveis.
V Novgorod ,
Americanos querem ser governados pelas elites tradicionais
"Nós,
_n~t rea!id: d e a~n~mos nossos sangue.s azuis , escreve u D avid Brooks, do "Th e New York Times". O fa to é qu e os dois atuais candidatos à presidência americana pertencem a fa mílias re presentativas ela hi stó ri a cio país. A começar pelo candidato democrata, John Kerry, que desce nde do prime iro governador da anti ga colônia de Massac husetts, e que freqüentou os melhores colégios e uni versidades. " Na Grã- Bretanha, nenhum deles [Bush e Kerryl poderia liderar um partido. Seus pedi grees da mais alta classe social seriam desqualffica dos. [. .. ] Não queremos
realmente ser go vernados por gente como nós mesmos. Queremos os descendentes das linhagens nobres. [. ..] Deus abençoa a elite", acresce ntou Brooks. Lind a Coll ey, do esqu erd ista "The Guarcl ian", de Londres, a respeito do ass unto, come ntou ac idamente: "A política americana continua, em alguns aspectos, seguindo os caminhos do que era no século XVIII. Sua Constituição f oi escrita em 1787 por homens que [. ..] ainda pensavam e se comporta vam como britânicos do século XVIII. Como resultado, os EUA preservaram, na essência, tradições ". •
O jornal parisie nse "Le Monde" verifi cou que a política da França, oposta à coalizão, "segue sendo criticada muito vivamente pelos iraquianos. [. .. ] É quase impossível, salvo entre os depostos dirigentes baatistas [do partido de Sacldam] , encontrar alguém que apóie a posição de Paris na crise " . A popul ação deplorou o anúncio socialista da retirada das tropas espanholas do fraque: "Nós queremos bem os soldados espanhóis. Os americanos e eles nos libertaram de Saddam ", dizia Hussein , dono de restaurante e m D iwaniya, cidade sob controle espanhol. No seu armazém, Mohsin la me ntava indignado: "Se os espanhóis vão embora, muitos de nós iremos cumprimentá-los e apresentar-lhes nossos agradecimentos ". •
Líder anglicano converte-se ao catolicismo
O
líder anglicano Edward No rman , chanceler da catedral de York (Inglaterra) e renomado historiador eclesiástico, anunciou sua conversão ao catolicismo, no livro Dificuldades an glicanas: um novo guio de erros. Nele, Norman escreve que no anglicanismo "o covardia moro/ habitua/ é apresentado como sendo um juízo sábio, e o ombigüidade na formulação dos compromissos é uma segunda natureza poro os líderes". Normon declarou ao "Daily Telegraph" de Londres : "Não acredito que [a anglicana] seja realmente uma igreja ". Norman havia aprovado a ordenação de sacerdotisas, mas agora manifesta -se contrário a essa medida . Ele se baseia "na evidência": "De início as sacerdotisas foram apresentados como um enriquecimento do sacerdócio. Esse enriquecimento nunca aconteceu". Elogiou o "sabedoria de Nosso Senhor, que confiou o sacerdócio ao homem".
M A IO2004 -
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tos ou col he ita - exercidos por trabalhado res sem carteiras ass inadas? Todos se queixam do "custo Brasil", todos fa lam ela morosidade de nossa Justiça, todos sabem que o País se encontra praticamente imobilizado pe lo cipoal ele le is impe nsadas, além ele agravadas por uma Constituição qualificada ele cidadã, mas que a ngustia governantes e governados. Precisamos de clareza de ling uagem, de termos que definam as situações e não as embara lh e m e confundam, pois os demagogos e o portuni stas preferem pescar sempre e m águas turvas.
Audiência da Comissão Especial da PEC do Trabalho Escravo, na Càmara dos Deputados, em 31 de março último
Sensacionalismo micliático
Nova arma contra a propriedade rural M ais um golpe contra a propriedade privada no campo poderá o.correr através de uma reforma da Constituição, instrumentalizando a ambígua expressão "trabalho escravo" 1 NELSON RAMOS BARRETTO
Por exemp lo, o vocábulo "únprodutivo" é ap l icaclo à propriedade que não
Comissão de Constituição e Jus.tiça CCJR) da Câ mara Federal ap rovou, em I l ele feve re iro p.p., a admissibilidade da Proposta de Emenda Constituciona l (PEC) 438/01, do Senado, que prevê a desapropriação sumária (sem indeni zação) de terra onde for constatada a prática do "trabalho escravo". À primeira vista - d ir-se- ia - nada ma is justo. Mas o que vem a ser "trabalho escravo"? A onda agro-reform ista vem jogando sempre com as palavras, dando-lhes um sentido diferente do que e las correntemente têm, a fim de faci li tar a obsessão confiscatória.
atinge os altos índices ele produtividade impostos pelo INCRA. O comum das pessoas , no entanto, ouve fa lar em terra improdutiva e imag ina tratar-se de terra q~,e nada produz. Ela pode até estar produzindo muito bem, mas como não atinge os índices arb itrados pelo INCRA, é taxada ele improdutiva. [sto é propriamente uma pirueta verbal, visando tornar a desapropriação mais ace itável pelo público não-espec iali zado.
CATOLICISMO
Ambigiii<lade 1,a linguagem Ocorre o mesmo com "trabalho escravo". Quem não percebe que essa ex-
pressão vem acompanhada ele um a e no rme ca rga emocional? O que se faz neste caso é um a nova ve lh aca pirueta. E la faz lembra r o pobre esc ravo acorrentado, trabalh ando co ntra sua vontade sob um sol tórrido e, sob retudo, go lpeado pela chibata ele seu amo! Quem não haveria ele se cond oer com tal ab uso e ex ig ir punição - e das ma is severas - para um proprietário c rue l qu e assi,n procedesse? Precisamos saber se é isso mesmo que o INCRA entende por "trabalho escravo". Não será alguma o utra forma ele atividade? Não estarão a í inc luiclos os trabalhos temporários , muito comun s na lavo ura - para plantio, limpeza lc pas-
Recordemos que a proposta só foi incluíd a na pauta ela convocação extraordinária do Co ngresso, em fevereiro último, após o assass inato de três fiscais do trabalho e um motorista e m Unaí (MG), acompanhado de uma grande zoeira publicitária própria a aç ular as e moções e gerar o c lima para leg is lar sobre o episód io. Mas anali se mos objetiva me nte os fatos, lon ge cio sensac ionali smo do noti c iário. O Sr. Armand Pereira, diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), durante suo exposição na Câmara
O número ele PMs mortos nos últimos quatro anos, ape nas no Estado ele
cio na Câmara, o deputado Severino Cavalcanti advertiu: " Não vamos resolver
São Paulo, eq uivale a um batalhão: 780 policiais mortos. Diante disso ningué m lame ntou nem chorou, ninguém e laborou le i nem se reformou a Constituição. Quantas leis foram e são feitas com aparente boa inte nção, no e ntanto produzem res ultados opostos aos esperados! O Congresso aprovo u, por exemplo, no final do ano passado, o Estatuto do Desarmamento para e limin ar o u di minuir a violênc ia. Os bandidos e pistoleiros, co mo e ra de se es pe rar, não devolveram as suas armas . Pois foi exatamente e m decorrê nc ia dessa le i que os fiscais foram trabalhar desarmados. Numa estrada deserta, os fiscais foram presas fáceis de seus algozes. A le i do desa rm ame nto só facilitou portanto a ação criminosa. Em vez de ap re ndermos a li ção co m esse brutal assass inato, outra le i a inda mais desastrosa está em via de ser aprovada. Triste paradoxo! E para acelerar os debates sobre o trabalho escravo, o presidente ela Câmara, João Paulo C unha, in sta lou comi ssão especia l, que terá prazo de 40 sessões para votar a matéria antes ele segu ir para o plenári o. E os trabalhos ela Comi ssão começaram j á em março. E m contundente discurso pronuncia-
os problemas do campo e do desemprego ameaçando produtores e fa zendeiros com o co,4isco de terras, no caso das muitas e controversas versões de trabalho escravo". No mes mo sentido, o deputado Lael Vare i la : "Um novo golpe contra a pro-
priedade privada paira sobre nossas cabeças, e acontece rá através de uma reforma à Constituição com a utilização de expressão ambígua: trabalho escravo".
Desestimulam/o a pro<IIIÇéÍO As lideranças rurai s também se mani festa ram. Sebastião Curado, pres ide nte da Associação cios Fazendeiros do Vale do Araguaia e Xingu (ASFAX), enviou ca rta de protesto ao diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Armand Pereira, pe la propaganda injuriosa veiculada na TV contra a c lasse batalhadora dos produtores rurais. Curado co ntesta a OJT: "Desafio os autores des -
ta infâmia a que mostrem, então, os 25.000 brasileiros que estão escra vizados: quem são, onde estão, para quem trabalham". O que se passou há pouco em Unaí, se não houver uma reação, corre-se o ri sco de acontecer e m todo o Brasil. A dec laração cio presidente do Sindicato Rural daquele município, lrmo Casavecchia, de que "a ameaça de.fiscalizaçc7.o inten-
siva na regic7.o pode amedrontar produtores e causar desemprego em massa ", não deixa dúvidas. E continua: "Se [o governo fede ral] pegar Unaí como exemplo, o produtor pode se sentir desestimulado a produzir". Na verdade, o que precisamos é de uma reforma nas le is trabalhistas, que venha ate nde r às múltiplas atividad es econôm icas, sobretudo as cio campo, com suas peculi a ridades. Leis que facilitem a geração de e mpregos e a legali zação de milhões de trabalhadores informai s. Caso venha a ser aprovada a proposta, o Brasi I inte iro perderá com mais este golpe contra a propriedade, uma fonte a mais de conflitos no meio rural. O MST não espera o utra co isa ... • E-ma il do autor: nelsonbarretto@cato lic isino.com.br
MAlO2004 -
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INTERNACIONAL
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Bin Laden venceu na Espanha? '. História se repete". O velho ditado teve espetacular confirmação no dia. 11 de março, quando o terrorismo islâmico atacou a capital da nação considerada baluarte do espírito católico: a Espanha Luís DuFAUR o di a 1 1 de março último, a Espanha ficou na encruzilhada: como reag ir? Mol e me nte, co mo o re i Do m Rodri go e a sua corte vi s igótica decadente, di a nte do Islã que invadi a a península ibéri ca a partir do atu al Marrocos, no século VIIJ? Ou com a fé altaneira do príncipe Do m Pelayo, res istindo vitori oso com um punhado de fi é is na gruta ele Covado nga? Se m dúvida, a Europa e todo o Oc idente, inc lu sive o Bras il , acabarão sendo influe nc iados pe la resposta a essa a lternativa. Mas sobretudo a Igrej a Cató li ca, po is tal di sjuntiva envo lve pro fundos desígnios da Divina Providênc ia sobre a opos ição entre a Igrej a católi ca e o Islã. O Papa Leão Xlll ass im os ex pli c itou:
N
"Da mesma maneira que outrora, para com o seu povo privilegiado, Deus quis para a sua Igreja uma ameaça e um castigo semp re prontos. Está no plano pro-
videncial que o islamismo se mantenha às portas da Cristandade para castigar as revoltas dos povos batizados, acordálos do seu sono, estimular a sua virtude e excitar o seu heroísmo" . 1 Esse é o fundo teológico do atual conflito. A fa lsa re li gião de M aomé representa uma punição para povos cató licos que deca íram na fé e nos costumes. De us se serve de la co mo in strume nto para, mi sericordi osamente, revigorar a fé e a combatividade dos cató licos amolec idos.
PSOE explora velhacamente o atentado Em l l de março a Espanha preparavase para votar, na rotina e no sono. As sondagens anunciavam cômoda vitória conservadora, que o eleitorado confirmaria sem entusias mo. O berreiro pacifista contra o engaj amento militar no Iraque não havia alterado as pre ferências do eleitorado. Po ré m o notic iári o matutino daque le fun esto di a foi estarrecedor. A mídia
ma rtel a va in cessa nte me nte pavo rosas imagens do crue l e covarde ate ntado islâmico, que ce ifo u a vida de 19 1 pessoas e feriu quase 2.000 outras. Do auge da di ste nsão passo u-se para o auge da tensão, do torpor rotineiro à tempestade inopinada, da indo lênc ia sono lenta ao pâni co parali sante. On ze milhões e me io de espanhó is de um total de 40 milhões - sa íram às ruas. Para exte rnar a vo ntade de não se de ix ar atro pe lar pe la ou sadi a islamo-terrori sta? Seri a esta a tendê nc ia natura l do te mperamento espanho l. Não ! A voz de orde m genera lizada foi
paz e silêncio. Secretamente, o PSOE esfregava as mãos . O ate ntado lhe ve io como de encomenda para justificar as suas pos ições. O soc ia li smo, incapaz de atrair o e le itorado para seu ideári o, to rnara-se o caudilho de uma paz cíni ca, baseada e m concessões ao te rro ri smo. Se u a liado na Catalunha, a Esquerda Revolucionária da
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Catalunha (ERC), j á tinha e ntrado e m acordos escandalosos com o movime nto terrori sta ETA . Aprove ita ndo a g rave pe rturbação e moc io na l, o socia li smo atiçou piquetes a partid ári os qu e e xi g ia m do gove rn o "toda a verdade" sobre os ate ntados . Mas a pró pri a po lícia ma l tinh a tido te mpo ele recolher os prime iro s ind ícios sobre os auto res do criminoso atentado. O gove rno parec ia naufragar no desconcerto ca usado pe lo crime inespe rado, e nquanto a mídia dava a e nte nde r que e le estava mentindo para o público. E isso e ra o qu e o PSOE mais desej ava. O sociali smo tirou assim grande lucro da tragédi a. E, de derrotado po r antec ipação, aca bo u vencedor por s urpresa.
Espanhóis e eul'opeus perguntam: ganhou a AI-Qaeda? Qu ando a nação se recuperou do im pacto, as indagações vi eram à to na. A vitó ri a do soc ia li smo pac ifi sta não te ri a sido, em ve rdade, um sucesso do islami smo revo luc ionário? Co m o PSO E no poder, a Espanh a não fi ca ria numa de pe ndênc ia pusil ânime e m re lação aos e mi res do terror? "Al-Qaeda ganhou a eleição", decl aro u Pedro Schwartz, professor de economia na Uni versidade San Pablo, de Madrid . "Os te rroristas obti verarn o que
que riam. Não há maior vitória para eles do que o acovardamento do inimigo", 2 ac rescentou. 72 horas após o fim do ple ito, c inco mil pessoas se ma nifes taram no centro de Ma drid, bradando contra o atua l prime iro mini stro espanhol: "Zapatero,
presidente da Al-Qaeda ", "Zapatero com o terrorismo" .3 N a Al e m a nh a, o re putado di á ri o "Fra nkfurter All geme ine Ze itun g" come nto u: "A lógica isolacion ista, que
acha que se pode comprar a invulnerabilidade .ficando calado, não somente traz vergonha sobre as vítimas. Tampouco percebe que a ira cega do terror[. .. ] não pode ser amolecida com uma política de conciliação". 4 No in suspe ito "The N ew Yo rk Times" , o co luni sta Dav id Broo ks escrevi a: "Não se dá a terroristas a chance
de acreditar que seus métodos fúncionem. [. .. ] Podemos agora estar bem certos de que este não será o último massaCATOLICISMO
cre de véspera de eleição. A Al-Qaeda vai considerar a Espanha um esplêndido triu,~fo. [. .. ] Nações em retirada, como a Espanha, ainda não estarão seguras". 5
ra". A [f Gue rra Mundial começou no ano seguinte ...
Cresce a insolência do Islã r evolucionário
"Oormi,· tranqüilo" é slogan ela capitulação
No prime iro mo mento, as brigadas de Abu Hq/s el-Masri ass umiram a auto-
Na França, o fil ósofo André G lucksmann - po nto de refe rê nc ia das esq uerdas - incre pou os pac ifi stas e uro pe us: "A Europa viveu seu J 1 de setembro [. .. ],
ri a cio atentado. E las ce lebrara m o fato de que "o esquadrão da morte conseguiu
salvo que hoje os assassinos podem. se gabar de terem ganho. Em três dias eles inverteram a opinião. [. .. ] Os socialistas chamados a governar a Espanha confi rmarn a mais íntirna convicção dos matado res: o crime compensa; quanto maior é o horro1; mais ele é eficaz ". Gluc ks-
penetra r no âmago da cruzada européia, golpeando um dos pilares dos cruzados e seus aliados, a Espanha, com urn golpe do loroso. É parte de um velho ajuste de contas do lslã". 7 Estas pa lavras tra-
O mesmo fil ósofo comparo u o atu al pac ifis mo com o espírito de capitul ação face a Hitl er. Hoj e como o nte m, os pac ifi stas caluni aram os que, como Churchill , prega m firm eza co ntra o espectro revoluc io nário e m ascensão. O estadi sta in g lês verberou Chambe rl a in pe la capitu lação fre nte a Hitler e m Muni ch ( 1938), com a célebre frase: "Tinhas para esco-
duze m toda uma mentalidade re li g iosa que confirma indiretamente o ensinamento ele Leão XIII . Num o utro co muni cado, as mes mas brigadas se regoz ij avam po rqu e o po vo es pa nh o l "escolheu a paz", votando no PSO E.8 De fato, ta is brigadas constituem um dos rótulos qu e o fund amentali smo islâmico usa para despi star. Os verdade iros respo nsá ve is pe rte nc ia m a uma cé lula terro ri sta da mesma rede, que vinha do Marrocos, e que gozou de extrao rdin ári a liberdade de ação numa Espanha ps icolog icamente desguarnec ida. Nos di as seguintes, o despóti co te rror islâmi co di tava novos e bruta is "decretos". Entre eles, num fax ao quoti diano madrile no ABC, um a cé lula de AlQaeda ameaçava a Espanha, caso e la não sati sfi zesse todas as suas re ivindi cações:
lher entre a vergonha e a guerra. Escolheste a ve rgonha, agora terás a guer-
"converteremos vosso país num iriferno e fa remos correr vosso sangue como
mann apostrofou o comodi s mo dos e uro peus: "Cada um prefe re se encerrar no
seu cantinho e se enganar a si próprio, de que a desg raça só acontece aos outros. 'Dormir tranqüilo' é a palavra de ordem de todas as covardias e de todas as irresponsabilidades". 6
MAIO2004 -
ENTREVISTA soldados? Nós, Dom Oppas, não achamos que os ouvidos de Deus estejam fechados para nós, nem o seu coração tão C(fastado que não nos ajude, pelo que tenhamos que confiar em tuas promessas. Temos antes por certo que a sua Majestade sem tardar trocará a grandeza do castigo por benignidade ". 12 Sentindo-se frustrado, o bispo traidor voltou-se aos mouros e incitou-os a exterminar aquele derradeiro punhado ele fiéis católi cos. Mas as flechas e as pedras que atiravam voltavam-se contra e les; e as perdas cio Islã foram tão grandes que, séculos depois, trabalhando a terra, ainda se desenterravam restos das suas armas. O mau prelado, segu ndo a tradição, pereceu no loca l con hecido como despenhadeiro de Caim.
* rios ". 9 Simu lta neame nte, o terrorismo atacou pela prime ira vez uma base espanho la no Iraque, instalada em loca l até então tranqüilo. E montou novo atentado contra o tre m-bala Madrid-Sevilha, descoberto a tempo pe la políc ia .
Partido Socialista espanhol: situação <lilicil Sem se e nvergonhar - a noção parece não existi r para o pacifi smo - de poder parecer companheiro de viagern dos fu nd amenta li stas, o premier e leito José Luis Zapatero anunciou as principais medidas cio governo socialista. Estas, a li ás, hoje cerram fil eiras com opacifismo: eq uiparação do "casamento" homossexual ao re lig ioso ou civ il para todos os efe itos, inc lu sive adoção de crianças; abo rto li vre até a 14ª semana ; i media ta aboli ção cio ensino re li g ioso como matéri a nas escolas ; vio lação das garanti as ela Concordata com a Igreja para que as escolas cató licas possam se lecionar os professores ele Re li gião; e li bera li zação da clonagem para certos fins. 10 Já no primeiro anúnc io oficia l, Zapatero ordenou a retirada elas tropas espanholas cio Iraque "o quanto antes". Sintomaticamente, o Aiato lá extrem ista Muqtada al-Sadr ofereceu "proteção" às tropas espanholas que abandonavam Najaf, em troca ele que e las lhe entregassem as armas. Algo muito parecido com uma
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CATOLIC I SMO
cap itul ação. Ta l o esti lo de relações que o extremismo islâmico pede dos que tentam se ap resentar frente a ele como "s impáticos" ... O PSOE sobe ao poder numa difícil situação, que poderá piorar na medida em que ap lique o seu programa pacifista e soc ia li sta. A sombra intimiclatória cio terrorismo islâmico empurrará a seu favor os seto res acomodados. Mas também levantará contra e le os setores mai s reativos.
Diálogo <le J)om Pelayo com o bispo Dom Oppas Para os inconformados , o PSOE poderá reeditar, em termos modernos e europeístas, os e nga nosos conv ites para cessar a res istência, feitos por Dom Oppas, B ispo de Sevi lh a, a Don Pelayo na g ruta ele Covadonga, em 718 : "Por
que não entregais logo as armas e trocais as c1f"rontas, ultrajes, servidões e morte [. .. ] pelas honras e prêmios que vos posso prometer muito grandes?". 11 Ao que os verdadeiros espa nhó is poderão res ponder, com a atitude nobre e heróica ele Dom Pelayo: "Ago ra, com
palavras desavergonhadas, ousas admoestar-nos para que de novo baixemos nossas cervizes sob o jugo de uma servidão mais dura que a própria morte. São esses os magnificas prêmios e as magníficas honrarias que ofereces aos nossos
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Que futuro terá o sociali smo, se se ouv irem na Espanha vozes como as de o utros Dom Pelayos? Não serão necessárias muitas. Basta que represe ntem autenticamente a catolicidade hispânica. Dizem as crôn icas árabes que os em ires muçulmanos menosprezaram Dom Pelayo e os seus, por serem poucos e fami ntos. Mas registram, com profundo pesar, esse "grave descuido, que foi depois cau-
sa de grandes perdas para o Jslã". 13 Se houver essa salutar reação católica espan hola, o pacifismo e o social ismo, em menos tempo cio que se possa prever, poderão estar repetindo aná logas lamentações. Comprovarão então que sua vitória no d ia J l de março fo i, na prática, o início ela sua pior derrota. •
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E-mail do autor: luisdufaur @catolic ismo.com.br
Notas:
l. Leão XIII , apud Pierre Augier, Dialoguer avec l'lslam?, Centre Montauri ol, 1992, p. 38. 2. "La Nac ión", Buenos Aires , 17-3-04. 3. "ABC", Madrid, 17-3-04. 4. "La Nación", Bueno Aires, 17-3-04. 5. " New York Times", 17-3-04. 6. " Figaro Magazi ne", Par is, 20-3-04. 7. "O Estado de S. Pau lo", 12-3-04. 8. "EI Mundo", Madrid, 17-3-04. 9. "ABC", Madrid, 5-4-04. 10. Agência "Zeni t", 29-3- 04 ; AC I, 22-3-04, 23-3-04, 29-3-04. J1. Pe. Juan de Marian a, SJ, Historia Genera l de Espafía, Madrid, 1848, vo l. 1, p. 322. 12. Pe. Juan de Mariana, SJ, id ., ibid . 13. R. Menénd ez Pida l, E.1·1x1fía y su historia., Minotauro, Madrid, 1957 , vol l, pp. 247-248.
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Diante da tragédia de Cuba, indiferença inexplicável "
S érgio E de Paz, dinâmico dirigente de cubanos exilados, denuncia o regime fidelcastrista e a insensibilidade de alguns países em relação ao sofrimento de seu povo
isitou o Brasil, em abril ultimo, trazendo ao povo rasileiro uma dramática mensagem em favor da liberdade de Cuba, o Sr. Sérgio de Paz, 66 anos , residente em Miami (Flórido) . Ele, juntamente com o médico Enrique J. Cantón, é coordenador da
Unidas, reunida em Genebra, acaba de solicitar ao regime cubano o respeito dos direitos de seus cidadãos e a autorização para o ingresso em Cuba de um enviado desse organismo.
Comissão de Estudos Pela Liberdade de Cuba (PLC), um
think tank (grupo de estudiosos) que publica informes, artigos de imprensa e livros a respeito da dramática situação cubana e os distribui pelo mundo inteiro. O Sr. Sérgio de Paz concedeu entrevista ao jornalista ~ Gonçalo Guimarães, a qual ~ publicamos a seguir. iZ
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Catolicismo -
O Sr. poderia sintetizar a atual situação de Cuba, no contexto das Américas?
Sr. Sérgio de Paz - É a enorme tragédia de um povo inteiro que agoniza há 45 anos, sob um cruel regime com unista, diante ela indiferença inexplicável, quando não ela cumplicidade, ele tantos dirigentes políticos, empresaria is, de defensores cios chamados direitos humanos e até ele eclesiásticos. Indiferença tanto mais inexplicável quanto em Cuba são vio lados, sistematicamente, todos os direitos de Deus e dos homens.
S1'. Sérgio de Paz:
"É e11ol'mea trngé<lia de 11111 p0l10 inteh·o que ago1liza há 45 anos, sob 11111 cruel regime COJUlllliSta"
Sr. Sérgio de Paz - Na reali dade, os termos dessa reso lu ção, aprovada por 22 votos a favor, 21 contra e 7 abstenções, entre as quais se incluem o B rasil e a Argentina , são os mais bra ncl os e concess ivos poss íve is. Numa palavra, a resolução não passa de ma is uma mani festação ele escárn io eu ma burla em relação ao povo cubano. O regime castr ista não levo u esse texto na mínima consideração , e já a nun ciou que ele nenhum modo permitirá ao enviado da O NU e ntrar em Cuba. A esse respeito, permito-me c itar as palavras do próprio chance le r com un ista c ubano, Fe li pe Pérez: "A resolução não emprega o verbo condenat; não emprega o verbo recupera r; não usa a palavra reprimenda. Pode-se dizer que essa reso lução é uma lamentação, um choramingo". Mais cens urá vel a in da que esse choramingo in cons istente foi, a meu ver, a atitude ele governos latino -a mericanos que se abstiveram na votação em Ge neb ra, notaclamente Brasi l e Argenti na. Catolicismo -
Catolicismo -
Mas a Assembléia Geral da Comissão de Direitos Humanos das Nações
Qual a alegação desses governos para se absterem?
Sr. Sérgio de Paz -
Gostaria ele esclarecer preMAIO 2004
llillllll
informe difundido alguns dias atrás, que denomina "hipocrisia" a atitude da Comissão de Direitos Humanos da ONU, especialmente em relação aos regimes de Cuba e da C hina, dois dos maiores violadores de direitos huma nos que a História contemporânea registra.
ras acaba de lançar a documentada obra Cuba: o Livro Negro, com dados concretos a respeito da repressão implacável do regime comunista, a lgo que, como já mencionei, o governo brasileiro e outros governos parecem não querer ver.
Catolicismo - Gostaria de passar a outro tema Catolicismo - Quais os argumentos invocados
viamente que, após quase meio sécu lo de ti rânica ditadura com uni sta, não existe alegação ou justificação possível para tal abstenção que, de maneira análoga à de Pôncio Pilatos, lava as mãos diante da via-sacra empreend ida por 12 milhões de cubanos. Na Argentina, tanto o chanceler Rafael Bielsa quanto o embaixador em Havana se têm negado a reconhecer, contra todas as evidências, que em Cuba se violam sistematicamente os direitos humanos. No Brasil, a chancelaria invoca há anos o princípio de não-intervenção nos assuntos internos de o utros países, como se C uba não tivesse assinado convenções internacionais, nas quais se compromete a respeitar os direitos de seus cidadãos . Mais doloroso ainda é o fato de que, logo após a votação deste ano, Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Si lva, tenha tentado justificar a abstenção dizendo que, segundo o governo brasileiro, não há repressão por parte do regime cubano ...
Catolicismo -
E qual seria seu diagnóstico a respeito da Comissão de Direitos Humanos, de Genebra? Sr. Sérgio de Paz - Numa palavra: hipocrisia. Parece muito forte, mas é a realidade, e não sou eu quem utilizou pela primeira vez essa severa expressão. Foi a conceituada entidade Repórteres Sem Fronteiras, com sede principal na França, em
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CATOLICISMO
''A conceituada cntida,lc Repórteres Sem Fronteiras denomina 'hipocrisia ' a atitude da Comissão de Dh·citos Humanos da ONV, cspccialmcnt;c cm relação aos regimes <lc Cuha e da China"
por Repórteres Sem Fronteiras para emitir um juízo tão severo a respeito desse organismo da ONU? Sr. Sérgio de Paz - São vários. Repórteres Sem Fronteiras concedeu à ONU o Grande prêmio da hipocrisia. A razão foi que a ONU organ izou uma recente Cúpu la Mundi a l da Sociedade da Informação, na qual ocuparam lugar de destaque os representantes de dois países que mais reprimem os meios de comunicação: Cuba e Ch ina. Atual mente essas nações constituem os maiores cárceres do mundo para os jornalistas. Como exemplo da atitude hipócrita da ONU, Repórteres Sem Fronteiras c ita a própria Comissão de Direitos Hu manos desse organ ismo internacional, na qual, dos 53 governos representados, 25 nem sequer ratifi caram o conjunto das convenções e tratados sobre os direitos humanos. N o ano passado, o regime da Líbia, implacavelmente ditatorial, foi nomeado para exercer a presidência; e entre os membros da comissão se inc luem, além de Cuba, China e Líbia, o utros regimes que figuram entr os mais repressivos do mundo. Nesse sentido, a lém das severas críticas de Repórteres Sem Fronteiras, poderia c itar as de José Miguel Vivanco, diretor de Human Rights Watch. Afirmou ele que, em Genebra, as "raposas tomaram conta do galinheiro", e que os piores v io ladores dos direitos humanos atuam como verdadeiras máfias. Por fim, Repórteres Sem FronteiA afluência de turistas a Cuba contribui para a manutenção de um regime tirônico
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bastante polêmico: o do alegado bloqueio econômico norte-americano a Cuba. Algumas chancelarias afirmam que isolar o regime de Castro é contraproducente, que o embargo econômico norte-americano - inclusive a proibição do governo desse país a seus cidadãos, de viajarem à ilha - é contraproducente, contribuindo para um fechamento ainda maior do regime cubano. Sr. Sérgio de Paz - De fato, alguns alegam que, se c hegarem o ndas de tu ristas norte-americanos a Cuba, o regime esboroar-se-á. Então, eu pergunto: o que teriam os turistas norte-americanos que não tenham os turistas canadenses, franceses, alemães, espan hóis, italianos, mexicanos, uruguaios, japoneses e do mundo inteiro, que afluem anua lmente à ilha, às centenas de milhares? Essa afluê ncia de turistas, que freqüentam lu gares turísticos reservados só para eles, e o nde o povo cubano não pode ingressar, só tem contribuído para que o regime receba quantidades fabulosas de dólares, com os quais tem podido continuar alimentando seu sistema repressivo. A respeito das relações econômicas, Cuba está comerciando, neste momento, com quase todo o
"Os supostos êxitos de Cuha cm matéria de satíde e educação constituem mais dois mitos puhlicitários do l'egimc, pois são usados pelo governo comunista como dois instrumentos de COlltl'OIC mental e psicológico da população"
O aparato de terror implantado por Castro possiblita-lhe um controle absoluto da população
mundo, incluindo os Estados Unidos, que lhe vendem uma quantidade considerável de alimentos. Por fim, praticamente toda a com unidade internacional considerou outrora lícito aplicar sanções econômicas contra a África do Sul, Ch ile e o utros países, a legando que era uma maneira de pressionar os governos dessas nações a fazerem concessões no plano das liberdades. Por que então, no caso de C uba, a mesma com unidade internaciona l considera esse critério não ser válido? Por que misteriosa razão se protege dessa maneira o regime cubano?
Catolicismo - Como se explica que Fidel Castro tenha se mantido no poder, durante quase meio século, apesar do descontentamento da população? Sr. Sérgio de Paz - lsto tem sido possível não só devido ao fato de tantos dirigentes mundiais fazerem vista grossa para o que acontece em Cuba, mas também, muito especialmente, pelo tremendo aparato de terror implantado por Castro, o que lhe permite um controle absoluto da população. Catolicismo -
E os resultados favoráveis, em matéria de saúde e educação, que o regime comunista alardeia ter alcançado? Sr. Sérgio de Paz - Os s upostos êx itos nesses campos constituem mais dois mitos publicitários do regime. Na realidade, saúde e educação são usados pelo governo comunista como dois in strumentos de controle mental e psicológico da população. A Comissão de Estudos pela liberdade de Cuba, que coordeno, tem publicado numerosos estudos mostrando a triste realidade dos fatos, a lém de denunciar a falaciosa propaganda que o regime faz a esse respeito. •
MAIO2004 -
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Sorteio de imagens do Sagrado Coração de Jesus
Nova Central de Atendimento será inaugurada
o di a 12 de março de 2004, fo i rea lizado novo sorteio de cinco im agens do Sagrado Coração de Jesus (doadas por parti cipantes da Ca mpa nh a) medin do 30 cm de altu ra. Os ganhadores são das cidades de São Paulo, Presidente E pitácio e São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo, mais as cidades de Serra (ES) e Governador Valadares (MG). As imagens foram entregues aos participantes pelos representantes da Aliança de Fátirna que visitam os lares em peregrinação com as imagens de Nossa Senhora de Fátima.
t\ Central de Atendimento da Aliança de r\ Fátirna está sendo ampliada e pas-
N
sará a contar com novos equipamentos e um número maior de atende ntes. Isso permitirá melhorar a qualidade do atendimento ao e norme flux o de chamadas que a Campanha recebe diari amente do Brasil inteiro. Não só o atendimento será agili zado, como haverá uma redução no tempo de espera ao telefone. Os funcionários e voluntári os receberão um treinamento especial e serão capacitados a dar in fo rmações atualizadas sobre a Campanha.
Programa radiofônico divulga graças recebidas t\ le itu ra de cartas dos aderentes da Campanh a Vinde Nossa telhara de Fátim.a, não tardeis! ocupa integralme nte os programas radi ofôni cos "A Voz de Fátima" nº 89 e 90. Em uma das cartas, uma senhora relata as graças recebidas antes, dura nte e depois da vi sita de uma das imagens peregrin as de Nossa Senhora de Fátima ao seu lar. Certamente, após ouvir depoimentos comoventes, mu itos ouvintes também solicitarão a vi sita da Imagem Peregrina aos seus lares. Para isso, basta ligar para a Central de Ate ndime nto da Ca mpanha: ( 11) 3955-0660. O u, se preferir, pela internet: www.aliancadefatima.org.br
Mais imagens da Virgem irão peregrinar pelo Brasil ais sete imagens de Nossa Senhora serão levadas e m peregrinação aos lares bras ile iros, para ate nder às soli citações de vi sitas que aumentam a cada di a. A Cam panha pretende ampli ar em 30% o número de vi sitas até o fi nal deste ano . O Coorde nador da Campanha, Marcos Luiz Garcia, explica: "Pretendemos visitar 150 .famílias por dia. Como, em média, cada visita conta com a presença de aproximadamente 20 convidados em cada lar, isto significará 3000 pessoas rezando o Terço todos os dias, pelas intenções da peregrinação, pelos pedidos e necessidades mais prementes dos participantes da Aliança de Fátima que sustentam, com seus donativos, esta imensa obra de Nossa Senhora ".
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C ATOLICI SMO
DOCUMENTO Ao leitor Como é do conhecimento dos leitores de Catolicismo, dissidentes da TFP vêm movendo contra ela uma ação judicial , por meio da qual pretendem obter direito de voto nas assembléias da entidade. O processo encontra -se no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, em grau de recurso . Em agosto do ano passado, esses dissidentes realizaram uma assembléia - cuja valida de está sendo contestada na justiça - e elegeram uma nova diretoria, à qual o juiz da 3 ª Vara Cível da Capital paulista acaba de entregar, em caráter provisório, a direção da TFP; contra tal decisão, estão sendo toma das as medidas legais cabíveis. A revista "Veja" de 28 de abril publicou, a respeito de tais fatos, um artigo de autoria de João Gabriel de Lim a intitulado "A TFP do B ", onde se lê: "com a posse da nova diretoria, cujos integrantes são da turma de João Clá - ele não faz parte do grupo, mas todos s ab em que manobra nos bastidores - é como se a Arautos do Evangelho fagocitasse [absorvesse) a TFP ". Continua "Veja" informando que foi criada a Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Famllia Propriedade, e ressalta que seus próceres, impossibilitados de usar o tradicional leão rompante da TFP, "adotaram um leão parecido, só que com cara de bravo e segurando uma espada de fogo - talvez para mostrar que não irão desistir da briga facilmente " ... Catolicismo julga oportuno levar ao conhecimento de seus leitores o texto integral do Comunicado a seguir , publicado pela Associação dos Fundadores da TFPna "Folha de S. Paulo" em 16 de abril.
Tradição Família Propriedade ontem, hoje e sempre Enquanto movimentos ligados à "esquerda católica", como o MST, anunciam o desejo de incendiar o País, a TFP, paladina do anti-agro-reformismo, vê seus meios de expressão amordaçados Fundad a em 1960 po r inic iativa d e P lini o Corrêa de Olive ira, a Socie-
re le vo na preservação desses três valores bás icos da C ivili zação C ri s tã.
a a presentasse c omo impe rativo d a mo ra l c ri s tã . P or isso, a TFP se mpre de nun c io u o "esque rdi s mo cató li co" infil trado na Ig rej a como a úni ca fo rça capaz de impul s io na r o reformi smo agrário no B ras il. De 1960 para cá, multiplicaram-
"Esquerda católica", principal porta-bandeira da Reforma Agrária socialista e confiscatória
se os pronunciamentos de altos Prelados a favor de reformas cada vez mais radicais e lesivas ao sagrado direito de propriedade . Um a d as
dade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade TFP ve m dese mpe nha nd o pape l de
E m seu esforço de e vita r os males do soc ia li s m o e d o co munism o (ou das ideo logias de esqu e rd a qu e to maram o se u lugar após a ime nsa me ta morfose do comuni s mo que se seguiu à queda d o Muro de Berlim), a TFP sempre a po nto u a impl a ntação de um a R eforma Ag rá ri a sociali sta e confisca tó ria como e tap a indis pe nsáve l para a comunisti zação do Pa ís. Ass im, s uste nto u incansavelme nte que uma ta l R eforma Ag rá ria j am a is conta ria co m a cola boração ati va de nosso povo re lig ioso, p aca to e orde iro, sem que o E pi scop ado, o u pelo me nos parte re presentativa de le,
ma is categóri cas investid as a favor do soc iali s m o agrário se de u e m 1980, qu a nd o a m a iori a es m agador a d os S rs. Bi spos a provo u, e m Assemblé ia Geral da CNBB , o docume nto Igreja e problemas da Terra. Plini o Corrêa de Olive ira publicou e ntão uma obra de grande impacto nac io na l, intitul ad a Sou católico: posso ser contra a Reforma Ag rária?, de nun ci a ndo a profund a contradi ção e ntre o doc ume nto e pi scopa l e os e nsina me ntos d a d o utrin a tradi c io nal da Ig reja, e d e m o ns tr a nd o qu e um católico
pode e deve ser contra a Reforma Agrária. MAl0 2004 -
Já no Governo Lula, nova investida da CNBB em favor de um socialismo agrário Após a ascensão ao poder do atual governo, e de modo acentuado quando os fatos evidenciaram a entranhada participação do "esquerclismo católico" na nova ofensiva agro-reformi sta, incontáveis brasileiros se voltaram para a TFP, na certeza de que esta se manteria fiel à sua trajetória histórica. Em fins do ·ano passado, anunciou o governo seu empenho em aplicar um radical e atrevido Plano Nacional de Reforma Agrária, elaborado por Plínio de Arruda Sampaio, conhecida figura da "esquerda católica". Prontamente, o Conselho Permanente da CNBB, bem como altas personalidades eclesiásticas, manifestaram apoio ao PNRA, ainda antes da divulgação deste. A TFP, exercendo o direito de livre opinião reconhecido a todos num regime democrático, veio a público manifestar sua di scordância. Em manifesto intitulado Bispos encami-
nham o País para a luta de classes e a revolução social?, apontou a indevida intromissão dos Srs. Bispos em assunto estritamente temporal, salientou a incompatibilidade da Reforma Agrária proposta com a doutrina católica, e alertou para a existência de um pacto agro-reformista entre o atual governo e a CNBB. Esse manifesto teve ampla divul gação pelo País, foi publicado em 31 órgãos de imprensa de 12 Estados, tendo sido, ademais, remetido por carta pessoal a todos os Srs. Bispos do Brasil. A resposta foi um silêncio constrangido e encabulado nas fileiras do agro-reformismo. Silêncios desses a TFP os conhece há décadas ... Eles muitas vezes precederam furiosas investidas anti-TFP, que aparentemente nada tinham a ver com os lances que a entidade acabava de dar.
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CATOLICISMO
A mais recente investida contra a TFP: insidiosa e desleal
Após o falecimento de Plinio Corrêa de Oliveira em outubro de 1995, a TFP passou a ser alvo de uma insidiosa e desleal investida por parte de um grupo de sócios e cooperadores. Quando ainda dentro da TFP, e sem conhecimento de sua Diretoria, constituíram eles uma outra entidade - "Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima" - em proveito da qual passaram a direcionar todos os seus esforços, inclusive trabalhando para desviar para ela donativos destinados à TFP. Seria por demais longo e triste relatar aqui os diversos modos pelos quais esses dissidentes procuraram prejudicar a TFP. Cabe destacar apenas a ofensiva empreendida na Justiça do Trabalho por 102 deles, os quais, renegando o caráter voluntário e desinteressado de sua anterior dedicação à TFP ou até mesmo proclamando seu total rompimento com os ideais desta, procuravam obter vultosas indenizações. Aliás, ofensiva frustra, pois a Justiça vem denegando sistematicamente essas reclamações trabalhistas. Reunidos pouco depois em mais outra associação - "Arautos do Evangelho" - tais dissidentes passaram a ocultar publicamente qualquer vinculação anterior com a TFP. É de realçar, além disso, que a associação "Arautos do Evangelho" tendo obtido provisoriamente o reconhecimento pontifício como associação privada internacional de fiéis passou a colaborar estreita e ativamente com membros da Hierarquia eclesiástica e mesmo com figuras eminentes do progressismo católico. Concomitantemente ao abandono progressivo e irreversível dos ideais da TFP, um grupo considerável desses dissidentes, em novembro de 1997, moveu um processo judicial que visava alterar os estatutos da TFP,
numa tentativa de instrumentalizar a Justiça para obter o controle da entidade. Os dissidentes tiveram suas pretensões rotundamente negadas na Primeira Instância, mas obtiveram, na Segunda, sentença parcialmente favorável, pendente, entretanto, de recurso já recebido pelo Superior Tribunal de Justiça. Realizaram, então, tais dissidentes um arremedo de assembléia de sócios, absolutamente irregular, na qual declararam destituídos os quadros diretivos da entidade e elegeram entre si novos diretores. A ata de tal "assembléia" teve seu registro negado no competente Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas. Em mandado de segurança impetrado pelos dissidentes foi-lhes negada a liminar requerida. Inopinadamente, porém, o juiz substituto da 3ª Vara Cível concedeu-lhes liminar em que reconhece, sem apresentar qualquer fundamentação, a validade de tal assembléia e determina a transferência da direção da TFP para esse grupo. Na Quarta-feira da Semana Santa, de posse dessa ordem, um grupo de dissidentes, acompanhados de dois oficiais de Justiça e de desproporcionado - e aliás desnecessário - aparato policial, apossaram-se do imóvel da Rua Maranhão, 341, no qual anteriormente funcionara a sede principal da TFP. Essa tomada de posse, baseada num mandado judicial de inusitadas severidade e amplitude nos seus termos, revestiu-se de particular agressividade. A quem aproveita amordaçar a TFP?
Não podemos deixar de registrar nossa estranheza ante a clamorosa e enigmática contradição desses dissidentes: de um lado, um públi-
co afastamento da TFP e dos ideais que sempre a nortearam ; de outro, um encarniçado desejo de assumir
o controle da entidade. Para que isso? Cinco dos elementos que agora assumem a administração da TFP moveram processo trabalhista contra a entidade, declarando alguns deles ser a TFP "verdadeiro símbolo do que há de mais retrógrado, reacionário em nosso país"; e chegando mesmo um a
afirmar em juízo que seu ideário ideológico era oposto ao da TFP e estava "justamente adequado aos sem-terra, aos sem-teto, aos excluídos da sociedade". Talvez se encontre nessa posição ideológica a chave que elucida todo este imenso enigma ... O que acontecerá a partir de agora com a TFP, só o futuro o dirá. Mas não é difícil prever que, enquanto estiver controlada por pessoas que confessadamente se afastaram de seus ideais perenes, a TFP se verá desfigurada em suas doutrinas, metas, métodos e estilos. O que acarretará repercussões doloridas na am-
pla corrente de opinião que simpatiza com a TFP, e implicará em um desequilíbrio de forças no panorama ideológico do País. Em tai s circunstâncias, nós, cofundadores da TFP - posto que ti vemos a honra de secundar Plinio Corrêa de Oliveira no ato de sua fundação - agora compulsoriamente afastados de sua administração, devemos uma explicação a essa corrente e aos inúmeros sócios, cooperadores, correspondentes, espalhados pelas vastidões de nosso território. Até mesmo para que não se vejam confundidos e enganados pelas palavras, atos e omissões daqueles que neste momento controlam a TFP.
lica", como o MST, anunciam seu desejo de "incendiar" o Brasil, com ações violentas, para finalmente imporem a imensa transformação sóciopolítico-econômica que há tanto procuram implantar. Será essa afinal a explosão social de conseqüências imprevisíveis que a CNBB e altos Prelados de esquerda há décadas anunciam, e que a TFP sempre denunciou como possante meio para a comunistização do Brasil? Tradição, Família, Propriedade: um ideal perene
Os signatários deste comunicado, animados pela figura ímpar de Plinio Corrêa de Oliveira, o Cruzado do Século XX, não esmorecem diante do inexplicável e do imprevisível, que esperam ver rapidamente sanados. Assim como não esmorecem todos os que, por esse Brasil afora, constituem conosco uma imensa "família de almas" fiel aos ideais, aos princípios e aos métodos de ação vividos e ensinados por esse insigne
pensador e líder católico, nosso mestre, modelo e guia. Prosseguiremos a batalha judicial em todas as instâncias, confiando que um Poder Judiciário independente - felizmente ainda livre das peias de um controle externo que certas ideologias de esquerda lhe querem impor - acabará por fazer prevalecer a eqüidade em sua decisão final. Independente da instituição civil sujeita a decisões judiciais ainda incertas, saberemos encontrar outros meios, sempre legais, de atuar em defesa dos princípios básicos da Civilização Cristã, expressos no lema perene Tradição - Família - Propriedade. Assinamos este comunicado aos pés da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que verteu lágrimas em Nova Orleans, a qual nestes dias de provação nos acompanha com sua maternal presença. E a Ela elevamos a prece: Ad te levavi oculos meos, qui habitas in coe/is. A Ti elevei os meus olhos, ó Tu que habitas nos Céus.
São Paulo, QuintaJeira Santa, 8 de abril de 2004
O Conselho dos Fundadores Lurz NAZARENO DE AssuMPÇÃO F1LHO PAULO CORRÊA DE BRITO FILHO EDUARDO DE BARROS BROTERO PUNJO YIDJGAL XAVJER DA SILVEIRA CAIO YIDIGAL XAVIER DA SILVElRA ADOLPl-10 LINDENBERG JOSÉ FERNANDO DE CAMARGO CELSO DA COSTA CARVALHO YIDIGAL
Coincidência ...
Cabe-nos ressaltar ainda que a situação a que agora a TFP se vê compelida dá-se, coincidentemente, no momento mesmo em que o País atravessa uma crise profunda, e em que as forças ligadas à "esquerda cató-
Associação dos Fundadores da TFP -
Tradição Família Propriedade
Peça mais exemplares deste documento e divulgue-o - Rua Alagoas, 344 - O1242-000 - São Paulo (SP) - Tel.: ( 11) 3661 -8545 Encontre-nos na web: www.tfp.asso.fr ou entre em contacto pelo e-mail: brasil@tfp.asso.fr (cortesia da TFP francesa) MAIO 2004
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CAPA
Quase cinco séculos antes das aparições, prenúncio do triunfo de Fátima N o século XV, o Céu revelou a esplêndida vitória de Nossa Senhora de Fátima. Assim como a investida do Islã foi esmagada em terras lusas na época da fundação de Fátima, os "erros da Rússia" serão vencidos em nossa época. Luís DuFAUR o re moto dia l 6 de outubro de 1454, no Mosteiro de Santa Mari a Madale na das reli giosas dominicanas de Alba, no sul de Turim, Itáli a, Soror F ili pina agoni zava. Em torno do leito dessa do minicana de santa vida, tinha-se re unido toda a comunidade reli giosa, acompanhando-a com as orações pelos moribundos. Estavam presentes a abadessa e fu ndadora do mosteiro, Be m-ave nturada Margarida de Sabóia, e o confesso r das relig iosas, Pe. Bellin i. Todos eles fo ram testemunhas do fato extraordinári o que então se passou. Os presentes lavraram um documento que, através de diversas viciss itudes hi stóricas, chegou até nossos dias, endereçado "àquelas pessoas que nos anos fu turos lerão estas fo lhas". 1 Há quatro anos, e m 2000, as própri as domi nica nas de Alba publicaram os documentos relati vos ao caso. 2
N
Prenúncio dos "e1ros da Rússia " ele 1917 "Aconteceu - di z um dos doc umentos - que du rante a agonia ela [Soror Filipina] recebeu do Céu uma magn(ficíssima visão ou revelação, durante a qual, diante do Padre Bellini, da Abadessa Fundado ra e de todas as monjas, manifestou em alta voz coisas ocultas. [. .. ] Raptada por uma alegria celeste, voltando o seu olhar para o alto, saudou nominalmente e em alta voz os celícolas 3 que lhe
CATOLICI SMO
Nossa Senhora advertiu os homens em 1917 contra os "erros da Rússia". Acima, ilustração representando o assassinato da família imperial russa pelos comunistas.
vinham ao encontro, ou seja: a Santíssima Senhora do Rosário, Santa Catarina de Siena, o Beato Umberto, o abade Guilherme de Sabóia;fa.lava de acontecimentosfuturos, prósperos e.funestos para a Casa Sabauda, até um tempo, não precisado, de terríveis guerras, do exílio de Umberto de Sabóia em Portugal, de um certo monstro do Oriente, tribulação da humanidade, mas que seria morto por Nossa Senhora do Santo Rosário de Fátima, se todos os homens a tivessem invocado com grande penitência. Depois do que, expirou nos braços da prima, a santa nossa Madre Margarida de Sabóia ". 4
Su1preendente advertência em consonância com Fátima Sim, em 1454, pouco mais de quatro séculos e meio antes das aparições da Cova da Iria, o Céu desve ndou a uma alma de eli te o castigo que significari a para o mundo pecador um "monstro do Oriente, tribulação da humanidade", fig ura que parece be m e ncarnar os "erros da Rússia" contra os quais Nossa Se nhora advertiu os homens e m 19 17. Além do mais, indicou um sinal da época em que ocorreria a "tribulação": por ocasião do exíl.io do rei Umberto II da Itália. Este verificou-se depois da II Guerra Mundial, poucos anos após a Irmã Lúcia tornar público o conteúdo da mensagem revelada em Fátima! No séc ulo XV, a reve lação també m sublinh ava a condi ção pos ta por Nossa Se nh o ra e m J 9 17 : um a "grande penitência" pa ra o mund o livrar-se do fl age lo da "tribulação da humanidade" v ind a do Ori e nte. E m l 454, como em 19 17, o Céu anunciou o triunfo final da Santíssima Vi rgem. Um dos documentos agora publicados di z que o "monstro do Oriente, tribulação da humanidade, [. .. ] seria morto por Nossa Senhora do Santo Rosário de Fátima".5 Num outro documento, lê-se a mesma asserção, nos seguin tes termos: "Satanás fa rá uma guerra terrível, porém perderá, porque a Virgem Santíssima Mãe de Deus e do Santíssimo Rosário de Fátima, 'mais.forte que um exército em. ordem de batalha', vencê-lo-á para sempre". 6
expli car o fato de a Providência ter comunicado com tanta anterioridade o anúncio da intervenção de Nossa Senhora em Fátima, e, entretanto, ter permitido que só se viesse a conhecê-lo no terceiro milênio? Lendo com atenção os documentos publi cados e m 2000, encontramos respostas a essas e outras inte rrogações. Mais ainda. Desponta uma série de acontec imentos históricos, humanos e celestes, que lançam ponte por cima dos sécul os. Uma ponte que li ga: a) a vocação de Portuga l, tal qual desabrochava e m seus albores; b) os acontecime ntos de J9 17; c) nossa é poca; d) o vindouro triunfo do Imac ulado Coração de Maria, anunciado e m Fátima. Como se liga essa trama de acontecimentos?
Fátima, no centl'O da arquitetonia da Histót'Ía A Hi stória pode ser comparada a uma ime nsa e ncenação, di fíc il de excog itar. O teatro é a própria Criação. No centro do cenári o, os homens se move m, fa lam, faze m e desfazem, enquanto Deus, na sua infi ni ta sabedori a, atua nos bastidores, no Céu, oculto aos o lhos dos homens de pouca fé. Ele vai mode lando, como um diretor soberano, o desenrolar dessa peça suprema, através das causas segundas - como é o caso dos es píritos angé licos, dos homens e da natureza - e, em certas circ un stâncias peculi ares, mediante sua in tervenção direta. No fim da Hi stória, verificar-se-á que o longo enredo de sécul os de lutas, vitórias e tragédias da humanidade não foi uma sucessão confusa de fatos, mas a rea lização de um superior plano divino. No Juízo Final (representado abaixo) a História aparecer-nos-á, não como um
P011te prodigiosa entre o passado e o l'utum Considerando essa visão, inúmeras perguntas afl oram ao espírito. Elas são até perplex itantes. Que relação haveria entre o mosteiro das dominicanas, na pequena cidade de Alba, e a então desconhecida aldeia de Fátima, numa época de escassas e incertas comunicações? Como
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Na hora da execução, o Príncipe Felipe havia posto no pescoço uma medalha. Era esta do Bem-aventurado Umberto lll (t .11 89), conde sobera no da Sabóia e herói na defesa do Papado contra as injustas pretensões do Impe rador Frederico Barbarroxa. Um antepassado seu, portanto. Quando o corpo de Felipe desapareceu sob as águas, os assassinos fugiram. Porém, por inverossímil que pareça, o príncipe não morrera. Por um milag re - que e le a tribuía à medalha do Beato Umberto - , voltou à tona sem ser visto por ninguém. Partiu e ntão para o ex ílio, levando desde então vida de penitente. Usando um pseudônimo, peregrinou pelos santuários da França, Suíça e Espanha. Até que chegou.. . a Fátima, e m Portugal. Por que Fátima? O que hav ia lá?
amontoad<'> de acontecimentos, segundo a visão de certos manuais escolares. Mas mostrar-se-á com a ordem reluzente de uma fabulosa catedral, em que ao esplendor das linhas arquitetônicas somar-se-á a riqueza e a magnificência dos pormenores, formando o conjunto uma obra-prima de perfeição insuperável.
Cristandade: simbolizada por impone11te edifício Nesta Terra, preci samos nos esforçar para e ntrever tal a rquitetonia final. Os fatos imediatos distraem nossa vi são, como os andaimes escondem o prédio que está sendo construído. O movimento dos operários, freqüentemente confuso, perturba a percepção do plano do arquiteto. Entretanto, em certas oportunidades, focalizando certo ângulo ou descobrindo fortuitamente um elemento, podemos intuir parte do vulto desse ed ifício majestoso. É lícito supor que, quando o prédio estiver concluído, no final dos tempos, todos - anjos e bemaventurados, demônios e precitos descobrirão que ele ostenta e m seu centro a Nosso Senhor Jesus Cristo, e a seu lado a Rainha dos Céus e da Terra, talvez sob a invocação do Coração Imaculado de Maria. As imagens de Nossa Senhora no cerne da rosácea, como nas fachadas de catedrais góticas, a exemplo de Notre Dame de Paris, dão-nos uma certa idéia disso. A vida de Soror Filipina pertence à categoria dos fatos que, à maneira de um clarão, nos fornecem uma antevi são, ainda que pálida, da arquitetonia da obra que Deus está construindo ao longo dos mjlê nios de História. Para entender melhor, retrocedamos um pouco no tempo.
Fátima: term mariana e de Cruzada Os documentos agora publicados me ncionam "uma igreja numa cidadezinha que se chama Fáti-
Palócio de Acaia e escudo da família do Príncipe de Acaia, pai de Soror Filipina .
A dominicana Som,· Filipina, de alta nobreza Soror Filipina era de estirpe principesca. Seu pai, Felipe II de Sabóia, Príncipe de Acaia, nascera e m 1344, e desde jovem teve que defender militarme nte seus direitos sobre o feudo paterno. Acabou sendo deserd ado pe la madrasta, traído e entregue à morte. Foi amarrado com correntes e lançado nas águas gélidas do lago Avigliana, perto da abadia de San Michele delle Chi use, e ntre o Piemonte e a Sabóia, e m 20 de dezembro de 1368. Nesse mesmo ano nascia sua filha única, Umberta Felipa, no castelo de Sarre. E la nunca con he-
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Lago Avigliana, em cujas óguas foi lançado o Príncipe Felipe li de Sabóia
ceu o pai. Mas, conhecendo seu terrível destino, tornou-se religiosa, com o fim de obterlhe a graça da sa lvação eterna. E para que seu holocausto fosse mais perfeito, entrou em religião sob o nome de Fi lipina dei Storgi, para não ser objeto de preferências, ocultando seu nome principesco.
Abadia de Santa Maria de Alcobaça , berço da cultura lusitana .
Estótua de D. Afonso Henriques, que se encontro junto ao castelo de Guimarães.
· Castelo de Leiria
ma, edificada por uma antepassada de nossa Santa Fundadora Margarida de Sab6ia, Mafalda rainha de Portugal". 1 A rainha Mafalda (t 1157) foi esposa de D. Afonso Henriques (] 128-1185), fundador do reino português. Ela era filha de Amadeu 11[ da Sabóia (t 1148), Conde do Sacro Império Roma no Alemão, falecido na 2ª Cruzada, e irmã do Beato Umberto, a quem o príncipe devia a vida. Era também uma antepassada do príncipe em desgraça. A região de Fátima e vizinhanças fora conquistada aos mouros pela espada do rei D. Afonso . A seguir, este rei precisou garantir o povoamento e o controle da área conquistada, porque as incursões maometanas eram contínuas. Por isso D. Afonso, com a participação de Da. Mafalda, concedeu grandes extensões dessas terras a duas ordens religiosas de escol, além de outorgar castelos a nobres portugueses, paladinos da Reconquista. Uma foi a Ordem de Cister (cistercienses), fundada por São Bernardo de Claraval, o grande apóstolo marial da Idade Média e primo do rei. Os cistercienses erigiram a célebre abadia de Santa Maria de Alcobaça, berço da cultura lusitana, a menos de 40 quilômetros a oeste de Fátima. A outra foi a Ordem do Templo (templários), ordem militar de cavalaria constituída também sob o influxo de São Bernardo, para defender a Terra Santa. Após polêmka proibição, os templários foram expulsos da Europa e se refugiaram em Portugal. Seu quartel-general estava localizado em Tomar, aproximad amente a 30 km a leste de Fátima. Em 1318, sob o reinado de D. Diniz, transformou-se no quartel-general da Ordem de Cristo. A cruz dos Templários-Ordem de Cristo fi gurava nas velas das naus de Pedro Álvares Ca-
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..m
Mo1'te do Príncipe Felipe sem enco11t1·ar a l'ilha
bral , o descobridor de nosso País. Essa cruz fo i a in sígni a que tre mulou, durante os prime iros anos de nossa hi stóri a, nos estandartes e ba nde iras da Terra de Santa Cruz.
Região ele batalhas cm prol ela Cristandade Esse conjunto de fatores expli ca po r que Fátima e c irc unvi zinhanças estavam profund a me nte impregnadas pe la irradi ação mari al cistercie nse e pe lo espírito de cruzada templ ári o, que e manavam dos dois grandes pó los abac iais: Alco baça e Tomar. Ta l irradiação redundou na construção de múl tip las fo rtalezas da Orde m do Te mpl o e abad ias, igrejas e capelas dedicadas a Nossa Senhora, e m pl e na época de cruzadas . "A lula contra o Islã - confirma o Cônego Ba rthas - cont.inuou ao longo de todo o século XII. Vários dos belos f eitos de armas que fi zeram. de Portugal o cavaleiro da Cruz contra o Crescente se desenrolaram na região que circunda Fátima". 8 Fátima estava locali zada num cruzamento das rotas que ligavam os caste los de Leiri a, Tomar, Santarém, Ouré m e Porto de Mós, percorridas por re is, nobres e cavaleiros te mpl ários. U ma velha tradição, ainda viva e m 19 l 7, contava que, passando o Beato Nun ' Álvares Pere ira por Fátima em 1385, seu cavalo "teria aj oelhado e, à vista disso, D. Nuno teria dito: 'aqui há de da r-se wn grande milagre"'. 9 Na Serra de Fátima, o bem-aventu rado condestável te-
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Sob o reinado de D. Diniz (no círculo, com sua esposa, a Ra inha Santa Isabel), a Ordem de Cristo viria estabelecer-se em Tomar (foto acima) no castelo que fora da Ordem dos
Templórios
ri a pl anej ado a hi stórica batalha de Aljubarrota, que garantiu a independência de Portugal. Na origem da cidade de Fátima fi gura um peque no mosteiro eri gido por cistercienses vindos de Alcobaça. 10 Daque le cenóbio só restam os fund ame ntos, que servem de base para a atu al igrej a paroqui al, e ri gida no séc ul o XVIII. As tradi ções loca is ta mbé m faze m numerosas referênci as a antigas capelas junto às quais mora ra m outrora ermi tões co m fa ma de sa ntidade. Alé m do mais, a rainha Mafa lda incentivou a criação de numerosas abadias e igrej as em outras localidades do reino, vári as das quais ainda ex istentes. Qual de las teria sido "a igreja construida por Mafalda (ou Matilde ) de Sabóia, irmã do Beato Umberto e primeira rainha de Portugal, em honra e por devoção à Santíssima Virgem, no lugar chamado 'Rocha de Fátima ' ", que Fe lipe fo i vi sitar, e de que fa lam os documentos? 11
O fato é que o Príncipe Felipe, após anos de ausência, volto u para a sua terra natal. Apresentou -se prime iro ao bi spo de Tarantas ia, D. Eduardo de Sabóia (t l395), seu tio. De po is iniciou a proc ura de sua filha, di ss imulado sob pseudônimo. Os a nos passaram-se. As rugas surgidas na face, as roupas de mendi go, nada lembrava m em Fe lipe o jove m e temido chefe de armas que outrora fora. Ning ué m o reconheceu. E sua procura foi infrutífera , apesar de vi sitar casas de famili ares. E ntre e las a da sua sobrinha, a Be m-aventurada Margarid a de Sabóia-Acaia. 12 Na últim a vez qu e esteve com e la, e m dezembro de 141 8, des ve nd o ulh e s ua ve rd ade ira id e ntidad e, narro u- lhe o mil ag re na ho ra da execução e a vida posteri or. Por fi m, confi ou-lhe a sua mais preciosa re líqui a - a meda lh a do Beato Umberto - , pedindo que a e ntregasse à sua füh a, caso ela apa recesse. " Uma vez f eita esta extrema revelação - diz um dos doeu mentos -, por disposição di vina, ele expirou na noite seguinte na igrej a de São Francisco, sobre o sepulcro do irmão Ludovico de Sa-
bóia, enquanto ansiava voltar ao lúmulo do Beato Umberto em. Altacomba ". 13- 14
llolocausto aceito e o prcmíncio de Fátima A Beata M argarida fi cou com a medalha. A filh a do Príncipe Fe lipe tinha, juntamente com sua genitora, desaparecido havi a muito te mpo. Na realidade, ela entrara ''.junto com a mãe no mosteiro San.ta Cat.arin.a de Alba, t.omando o nome de Soror Filipina, pelo pai que ela acreditava morto". 15 Anos de pois, a Bem-ave ntu rada Marga rida foi a Alba. Ali fundou o mosteiro de Santa Mari a Madal ena. Certo di a, Soror Filipina pediu sua tra nsferência para o novo moste iro. Tinha para isso um a a uto ri zação do Pa pa Nico lau V, datada de 16 de j ane iro de 1448. Mas ape nas na hora da morte confesso u à abadessa ser sua prima. Ta mbé m fo i só nesse mo me nto que So ror Filipin a tomou conhec ime nto, po r meio da Uma velha tradição narra que o Beato Nun'Álvares Pereira (pintura à esquerda), na serra de Fátima, teria dito: "Aqui hó de dar-se um grande milagre" . Naquele mesmo lugar, ele teria planejado a histórica batalha de Aljubarrota (ilustração abaixo) .
É difíc il di zê-lo. F icamos aguardando escla recimentos que as pesqui sas hi stóri cas possa m trazer.
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não teve em mãos os antigos documentos, e apenas transcreveu esta outra reve lação transm itida por cada abadessa à sua sucessora, e que fazia referência às crônicas que estavam desaparecidas. Nos apontamentos esquemáticos de soror Lúcia, lê-se: "Uma antiqüíssima crônica do Mosteiro narrava a visão de Soror Filipina dei Storgi [. .. ]. Soror Filipina moribunda ( 16 outubro 1454) tem uma visão (a Beata e as freiras estão presentes)[. ..]. Personagens da visão: Nossa Senhora do Rosário, São Domingos, Santa Catarina de Siena, o Beato Umberto, o abade Guilherme de Sabóia-Acaia: todos vêm ao encontro. Depois, após uma interrupção, um olhar no futu ro: [. ..] Umberto li no exílio em Portugal;[. ..] Nossa Senhora de Fátima sal vará a humanidade [. .. ]. Amém! " 20 Quando os documentos de séculos anteriores foram reencontrados, a concordância entre eles serviu de preciosa prova recíproca da autenticidade de ambas as revelações.
Beata Margarida, da virtuosa morte de seu pai, por cuja salvação oferecera sua vida religiosa, assim como da passagem dele por Fátima. E enlevada, recebeu a milagrosa medalha. Soror Filipina passou toda a sua vida na ignorância da aceitação de seu sacrifício. Na hora da morte, a admirável arquitetonia de sua vida se lhe apresentou de modo fulgurante. Mai s ainda, o Céu premiou-a com a visão do triunfo futuro de Nossa Senhora sobre "um certo monstro do Oriente, tribulação da humanidade, [. .. ] que seria morto por Nossa Senhora do Santo Rosário de Fátima, se todos os homens a tivessem invocado com grande penitência ". 16
Providencial conse1·vação dos documentos A hi stória, entretanto, não termina aí. Como foi dito, em 1454 todos os presentes lavraram documento para a posteridade, narrando a portentosa visão de Soror Filipina. Dois séculos depois, em 1638, o Padre Jacinto Baresio 0.P. publicou uma história da nobre família Sabóia, a pedido da Duquesa de Mântua, Margarida de Sabóia-Gonzaga, então vice-rainha (regente) de Portugal. Na hora de escrevê-lo, o Pe. Baresio analisou a crônica de Soror Filipina e julgou que o episódio da execução do príncipe Felipe poderia macular a reputação da dinastia. Então simplesmente quei mou-a ... Porém, assi m que ele partiu, a abadessa e as mais antigas religiosas do mosteiro, que tinham lido o original, reconstituíram seu conteúdo, rubricando cada uma o texto em sinal de autenticidade, em 7 de outubro de 1640. Em 1655, uma religiosa que só anotou suas iniciais deixou mais um documento escrito, confirmando tudo quanto dizia o anterior, nos seguintes termos: "Dizem as memórias escritas que lá, na Lusitânia, há uma igreja numa cidadinha que se chama Fátima, edificada por uma antepassada de nossa Santa Fundadora Margarida de Sabóia, Mafalda rainha de Portugal e filha de Amadeu terceiro de Sabóia, e que uma estátua da Virgem Santíssima falará sobre acontecimentos futuros muito graves, porque Satanás fará uma guerra terrível; porém perderá, porque a Virgem Santíssima Mãe de Deus e do Santíssimo Rosário de Fátima, 'mais forte que um exército em ordem de batalha,' vencê-lo-á para sempre". A. D. 1655. São Domingos, te confio estas folhas. Soror C. R. M." 17
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Conlirmações posteriores do triunfo da J!Íl'gem Os documentos que aqui anali samos dão uma idéia da imensidade do plano que a Providência tem arespeito de Fátima. Iniciou esse plano por ocasião da
Duquesa de Mêintua, Margarida de Sabóia- Gonzaga, regente de Portugal em 1638
No século XJX, 110va visão conlinna o anúncio
fund ação do Reino de Portugal, e o foi prepara ndo ao longo dos séculos. Além do mais, foi comunicando-o a certas almas muito queridas por Maria Santíssima. Elas ficaram como testemunhas, para nos reconfortar neste tempo do auge da tribulação. E nos di zem, através de uma narração providencial, que no final, contra todas as aparências em sentido contrário, o maligno será derro.tado e Nossa Senhora triunfará ! Hoje, o "monstro do Oriente, tribulação da humanidade", revelado a Soror Fi lipina, desencadeia suas mais "terríveis guerras". Com efeito, no Ocidente os "e rros da Rússia" causam revoluções, lutas de classe, invasões de toda espéc ie; e a ond a de imoralidade e irrelig ião que devasta as sociedades, a família, a cul tura e até a orde m ec lesiástica. No Oriente, esses mesmos erros penetraram até no mun do maometano e, de acordo com o artigo A verdade sonegada sobre o fundamentalismo islâmico, de nossa edição de novembro/2001 , deram origem, em profundidade, ao fund amentali smo islâmi co, que hoje aterroriza o mundo intei ro. O mesmo Tslã, que na região de Fátima fora es magado, volta agora com furor redobrado pela ação do vírus revolucionário.2 1 Porém, quanto mais iminente parece a instauração do caos final, contra toda verossimilh ança humana e natural dar-se-á a vitória do Imaculado Coração
No Ocidente, os "erros da Rússia" acarretam todo tipo de calamidades. Uma delas, muito atual, pode ser considerada o terrorismo islâmico, que efetuou o atentado contra o edifício do WTC, em Nova York
Mas também estes outros manuscritos caíram no esq uec imento. Em boa parte devido às perseguições religiosas, que por duas vezes fecharam o conve nto das dominicanas de Alba. E assim transcorreram mais dois sécu los. Até que em l 855 1~ a então Abadessa Benedita Deogratias Ghibellini "recebeu a revelação, de uma alma santa, do conteúdo daquela crônica desaparecida e o confiou verbalmente à sua sucessora, com a obrigação de transmiti-la, sempre em segredo e não publicamente, até que se tenha verificado cada coisa ". 19 Em 22 de maio de 1923, a Priora Madre Stefana Mattei comunicou o segredo a Soror Lúcia Mante llo. Esta fez um breve estágio nas dominicanas antes de se tornar religiosa sales iana. Ela
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de Maria,\onforme a promessa de Nossa Senhora e m Fátima, e m 19 17. Dela pmtic iparão os home ns que, tocados pe la graça, fi zerem penitênc ia e tenham uma grande conversão.
Admirável entrelaçamento de fatos J1istóricos A hi stóri a do príncipe Felipe de Sabóia-Acaia e de sua filh a soror Filipina fa la- nos da be leza e da grandeza de duas fo rmas de penitência. Uma, a do pecador. Outra, a do inocente. O s doi s trilharam a via da penitência, em me io aos acontec ime ntos mais inverossíme is. No fim , os inv e ro ss ím e is, ace itos com coração contrito e humilhado , deram num superior acerto. Os fatos hi stóricos li gados ao loca l esco lhido por Nossa Senhora apresenta m-nos um id eal de devoção a Ela e ele excelência de C ivilização C ri stã, sob o signo ela C ru z e ela espada. Fátima é terra de eleição el a Virgem Santíssima e, por isso mes mo, terra de cru zada. Tendo esse panorama hi stóri co co mo fundo de quadro, co mpree nd e-se que a pe nitê ncia e a conversão co locarão a humanidade m-rependida na tri lha dos sécul os de fé e ele heroí mo e m que Fátima nasceu. Ou sej a, um a época na qua l um São Bern ardo pregava as excelsitucles de Mari a e exortava arde ntemente à cru zada; em que um D. Afo nso He nriques, nobres e te mpl ári os cond uziam à vitó ri a o estandarte da C ru z, derrotando a então soberba islâmi ca. E mais tarde seus sucessores, atravessando os oceanos, aportaram com o estandarte ela C ru z, estampado nas ve las de suas embarcações, em lugares di stantes como o Bras if, cujo primeiro no me fo i Terra de Santa C ru z. • E-mail do autor: luisdufaur @catolicismo.com .br
Notas: 1. li Cervo de/la Beara Margherira di Savo ia, nº 2, 2000, A no XLY III , A lba.
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2. Os documentos hi stóri cos do Convento de A lba são três. Eles fornecem o fundamento deste arti go. O documento I é uma nota manu scrita, acrescentada a um livro de autoria cio Pe. Jac into Baresio, de 1640. Ocupa quatro pág inas não numeradas . É datada de 7 de outubro de 1640. Nela se encontra o essencial da revelação. O documento 2 co nsiste num acréscimo ao caderno, que leva a inscrição : 1624 - Li vro no qual
se a1101a111 as Missas, Milagres. ex-voros que aco111ecem diariamente à Beara Margarira de Sabóia e111 Alba. É datado ele 1655. Começa a partir el a página 52, e é escri to co m "uma caligrq/ia alia e clara" por uma reli giosa que assina Soror C. R.M. Descreve a mesma revelação. O documento 3 consiste em apont amentos da lrm ã L úcia M antello em 1855. Esta passou breveme nte pelo convento e depo is to rn ou-se reli giosa sa lesiana. Ela não conheceu os dois documentos anteri ores. Todos os três foram "reencontrados casu-
a/m e111e em 19 de agosro do ano passado /1 999 /" e pu bli cados em 2000. 3. Celíco las: hab itantes do Céu. 4. Documento 1. ver nota 2. 5. Documento 1, icl. , ibicl . 6. l d., ibicl. 7. Documento 2. ver nota 2. 8. Cô nego C. Ba rth as e Pe. G. da Fo nseca SJ, Fa tima, merveil/e in.ou.i'e, Fá tim a, Ecl. Toul ouse, 1943, p. 20. 9. Pe. L uciano Coe lho Cri sti no,
Descobrir o passado, preservar oji.,ruro, Ajefatima, 1999, p. 12. 10. A respeito da ori gem el a cidade ele Fátima, ver: Nossa Senlw ra escolh eu apa rece r e111 Fátima. Por quê?, Catolicismo , nº 629, ma io/2003 . Jl. Documento 1, ver nota 2. 12. Filha de Amadeu Ide SabóiaAca ia, Senhor cio Piemo nte e irmão cio Príncipe Feli pe, a Bemaventurada M argarid a ele Sabóia (2 1-6- 1390 - 23- 1I - J474) casou-se com Teodoro 11 Pa lcologo, Marquês de M onferrato. Viú va aos 28 anos, fundou o mosteiro de dominica nas ele clausura de Santa M ari a M adalena, em A lba. Sendo venerada como santa, São Pi o V aprovou em 1566 seu cul to no moste i ro , e C lemente X es tende u-o a toda a O rdem Dominicana . Fo i proc lamada Beata em 1-9- 1838. Em dezembro de 200 1, co m aprovação da Co ngregação dos Santos, o seu corpo fo i ex umado, veri fica ndo-se estar incorrupto, sem sina is ele emba lsa mamento. 13. Ou Hautecombe, abadi a onde se encont ra a cri pta da dinastia dos Sabóias. 14. Documento 1, ver nota 2. JS. Doc umento 3, id. ibi cl . 16. Doc umento 1, icl. ibid. 17. Documento 2, id. ibi d. 18. No or iginal, ora co nsta 1885, ora 1855 . 19. Documento 3, icl. , ibid . 20. ld., ibid.
Os fatos históricos ligados ao local escolhido por Nossa Senhora apresentam-nos um ideal de devoção a Ela e de excelência de Civilização Cristã, sob o signo da Cruz e da espada. Fátima é terra de eleição da Virgem Santíssima e, por isso mesmo, terra de cruzada.
21. Cfr. A verdade sonegada sobre o j imda,ne11.1ali.1·1110 islâmico,
Catolicismo , nº 6 11 , novembro/200 1.
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PROTESTANTISMO
O avanço do protestantismo no
Brasil, denunciado há meio século '
C atolicismo publicou como matéria de capa, na edição de fevereiro, artigo refutando pontos da doutrina protestante. Em continuidade, mostrar-se-ão algumas causas do crescimento do protestantismo no Brasi1.
no vocabu lário de muitos estadistas, moralistas e sociólogos modernos, f ez fortuna a pala vra 'cristão ', empregada para designar uma solidariedade (é o termo) com o Evangelho, que não implicaria em nenhum ato de Fé, ou no máximo implicaria em. uma vaga crença, em uma vaga sobrenaturalidade que se dá como auréola ao Salvador. O 'cristianismo ' de uma importante fa cção do hitlerismo não é senão isto. E 'islo', em última análise, não é senão o li vre-exame do protestantism.o ".~
Cl'istianismo sem Fé rêa de Olive ira de nunciava tais c hefes políticos como propagandi stas ele um fa lso cristiani smo: " Do século XIX para nossos dias, 'muita água correu para o mar'. Os problemas se.fize ram cada vez mais agudos, as revoluções mais inlensas, e as crises rnais profundas. Por islo e porque a impiedade perdeu terreno, rnan!fes/amenle, no espírilo das massas, ninguém mais, hoje - ou ao menos muito pouca gente - se diz anlic ristã com todas as letras, nos arraiais anticomunistas. Isto não obstante, a velha fobia liberal à disciplina da Igreja não morreu. E,
a JUAN GoNZALO lARRAIN CAMPBELL
ace ao avanço que o protestantismo tem alca nçado no Brasil - em 1940 era m 49 1.000, e e m 2000 chegaram a 26.200.000; enqu anto os católicos eram mai s de 95 % da população em 1940, e 73,8% e m 2000 - cabe a pergunta: como exp li car esse fe nô meno? Tal cresc imento foi repentino, ou ve mse fazendo há longo tempo? Quais seri am suas causas remotas e próx imas? A confusão cri ada nos espíritos pel a terríve l cri se em que mergulhou a Igreja Católica, somada aos o utros fatores de desordem que a Revolução es palh a continu ame nte pe lo mundo, torna difícil a muitos responder tais questões. É com o intuito de prestar auxílio aos leitores de Catolicismo e explicitar tai s temas, qu e publicamos estas linhas.
F
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Mau uso do tcl'mo "cl'istão" As causas do avanço do protestanti smo no Brasil são múltiplas, e foram apontadas passo a passo, em numerosos livros, arti gos e conferê nci as do Prof. Plínio Corrêa de O live ira. Também indicava ele o antídoto a ser usado contra esse crescente perigo. Neste artigo Lralaremos de um a das causas: a hábil manobra levada a cabo através do uso indevido e forçado da palavra cristão, e a concom itante fa lta de vigil ânci a dos católi cos face a ta l manobra, denunciada nos textos que seguem cio Prof. PI ini o, se lec io nados alguns e ntre muitos o utros. Há ai nel a o utras causas e até mais importantes. Anali sare mos esta no presente artigo por tratar-se de urna das pri -
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Plinio Corrêa de Oliveira (acima) denunciava os führes pseudo-anticomunistas na época de seu fastígio, como propagandistas de um falso cristianismo. À direita, manifestação nazista, em Berlim
me iras, e que esteve na origem do avanço protestante, te ndo sido apontada pelo insi gne pe nsador e líder católi co há mai s de 65 anos. 2
"C,·islãos acatólicos" E m 1938 , no auge da ascensão na Europa dosführers, que se apresentavam co mo a nti co muni stas, e de ideo logias análogas na América cio Su l, Plíni o Cor-
De pois ele transcreve r um tex to em que Plinio Barreto defende o "cri stiani smo", o Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira conclui : " [. .. J Como se vê, S. Sa., ad instar de m.uitos pensadores do século XIX e das direitas européias con temporâneas, é adepto de um crislianisrno sem Fé e sem Igreja, que é explicitamenle acatólico. Que.fi·utos esperar de tal 'cristianis-
mo '? Não nos parece conveniente discu1i1: Um fato apenas: onde, fora da Igreja Ca!ólica, se encontra o lipo de 'homem cristão ' na pleni1ude que os Santos da
Igreja atingira,,;,.? Onde o Francisco de Assis? Qual o führer cristão que lave as chagas dos leprosos, como São Luiz e Santa Isabel? Qual o benfeitor cujo coração arda com o amor compassivo dos pobres, de um Vicente de Paulo ? É em. vão. Por mais que se diga, se repita ou se proclame o contrário, só à luz e ao calor do sobrenatural divino da Igreja pode medrar a.flor preciosa do autê,uico espírito cristão. Para ser cristão, só há um caminho: a Igreja Católica ".4
011 católico ou hel'ético Em 1940, a partir de um fa to que a algum incauto poderi a parecer sem importância, Plínio Corrêa ele Oliveira discerne e de nunci a a manobra protestante, levada a cabo para conquistar os católi cos desprevenidos, e apela aos fi é is para que não se deixe m enganar, indicando também o antídoto necessário. "Entre outras iniciativas protestcmtes dignas de nota,.figura a fundação de uma 'Associação Cristã de Acadêmicos ' que, muito sign!ficativamente, fe z uma convocação de seus membros para se reunirem no Salão do Mackenzie College na sexta~feira p.p. , 'pa ra discutir o projeto de estalutos elaborado por uma comissão de estudantes'. A associação não é claramente protestante, como não é oficialmente proteslante - ao menos para e.feito de publicidade no Brasil - o Mackenzie College. A associação é 'cristã ', como é - ao menos na aparência - simples e candidamente 'cristã ' a tristemente famosa 'Associação Cristã de Moços'. 'Cristã'? Mas se é uma associação cristã, é uma associação religiosa. Se é religiosa, ou é única e exclusivamente católica ou é pan-cristã, logo herética. Não parece claro este raciocínio?" 5
Qual o antídoto? "Parece, e é. Os protestantes gostam imensamente de ocultàr suas iniciativas anticatólicas sob a vaga designação de 'cristãs '. O móvel desta manobra é óbvio. Ninguém tem mais direito de se dizer cristão do que o católico, que é o cristão por excelência. Assim, pois, um católico desprevenido, vendo que uma coisa traz o rótulo 'cristão ', julga que ela é sua, e lhe dá apoio. Trava ele assim, com
a 'coisa', um primeiro contato, que é o que os protestantes desejam. E este primeiro contato será suficiente para o protestante tentar uma pequena manobra de proselitismo". Qual o antídoto para esta m.anobra? Que os católicos se convençam de que não se deve tomar o hábilo de chamar suas coisas pela exclusiva palavra 'cristão ', sem lhe acrescentar imediatarn.ente outra: 'católico'. Máxime em uma época de protestantismo audaz, como es/a, tal providência se impõe absolutamente. 'O Legionário' j á tem insistido vivamente neste assunto. O ' Di ário', de Belo Horizante, em interessante artigo sobre 'O abuso das palavras', mostrou dias atrás como é verdadeiro esle modo de ve,: Por toda a parte, a palavra 'cristão ' é empregada abusivamente para designar idéias e instituições muitas vezes claramente anticristãs, isto é, anticaJólicas, o que vem dar no rnesmo. De sorte que, à medida que trabalharmos para que se perca o hábito de usar a palavra 'católico', estaremos trabalhando para facili tar o j ogo do inimigo". 6
"O diabo se fez sacl'istão" Em 1942 , a propós ito ele um di scurso que o Sr. Ataliba Nogue ira fez na sede da Federação Mari ana - no qual procl amou "que está, ao menos momentanea me nte e ntre nós, e nce rrada para a Igreja a fase do combate e m campo raso contra adversários de vi seira erguida" o Prof. Plíni o escreve: "A crescente influência do Catolicismo no Brasil se impõe aos adversários de nossa fé com a inexorável fo rça do fato conswnado. Cessou a luta aparente. E, para melhor continuar a luta,; o diabo 'se f ez sacristão', e a fase entre nós está aberta das 'aproximações' insidiosas, das infiltrações pét:ffrlas, das ambigüidades mel(fluas". 7 E a seguir res ume partes de um di scurso qu e outro orador pronuncio u na Cúria Metropolitana : "[. .. ] l!firmou que, na vida religiosa do Brasil, tal qual aconteceu às margens do Reno, o mais poderoso adversário não era aquele que na frente de combate multiplicava os disparos da artilharia e os avanços dos tanques, mas a quinta coluna sorrateira, desleal, ca vilosa, que MAlO2004 -
l,I sugere as atitudes errôneas, provoca asfalsas manobras, suscita questões extemporâneas entre irmãos de crença, e triw~fa pela intriga, pela calúnia e pela urdidura da conspiração".8
* * * Os textos ac ima provam que a tática usada pelos protestantes, já no co meço de seu fo rte avanço no Bras il , foi de nunciada em seu nascedo uro pe lo Prof. Plinio Corrêa de Olive ira. E torna m notório, uma vez mais, seu grande di scernim e nto po lítico-re li gioso verdadeiramente providencial. 13 •
Desmascal'ar <loutrúws heréticas " O espiritismo e o protestantismo têm usado a valer dessa prática. Enfeitando-se com o imerecido l.itulo de 'cristãos ', os hereges procuram di:fitndir suas doutrinas ocultando, o quanto possível, a nosso povo bom e piedoso, que elas são palavras de destruição e de morte para a alm.a, e que rompe com a Igreja de Deus quem culposamente as professa,: Assim, parece-nos que nenhum meio é mais adequado para reprimir as heresias espírita e protestante do que desmascarar suas verdadeiras doutrinas sobre nosso adorável Salvador".9
Em artigo poste rior, recomenda: "E, ao mesmo tempo, nenhuma ingenuidade é mais culpável do que a de certos católicos snobs 10 que, para imitar não sei que escritores de além-ma,; parecem ter relegado ao ostracismo, em seu vocabulário, a palavra 'católico ', substituindo-a metodicamente pela palavra 'cristão ', de que tanto abuso entre nós se.faz. Orgulhemo-nos de nosso título de cristãos. Não pode o homem possuir outro tão belo, mas por isto m.esmo timbremos em nos proclamar sempre e sempre católicos, apostólicos, romanos. Só é este título que traz consigo a garantia de um Cristianismo sern mácula, semjaças, sem fa lsificações". 11
1'ática de conl'usão Em 1944, denunciando uma vez mais a ve lhaca táti ca dos protestantes, o Prof. Plinio afirma : " Nunca se rá sufic iente acentuar a tática de confúsão, de que se se rvem de tão boa mente os protestantes. Sua
..m
CATOLICISMO
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E-mail do autor: gonzalolarrain@catolicismocom.br
Notas:
Por hábeis manobras, em 60 anos o nú mero de católicos no Brasil caiu de 95% para 73,8% da população. No foto acima, a igreja de São Francisco, em Salvador (BA) .
idéia .fixa consiste em ocultar o mais possível o ca ráter anticatólico de suas obras, m.ascarando-as com a designa ção de 'cristãs'. Si rva-nos isto de lição, para que compreendamos que, se não quisermos servir os protestantes, deve remos timbrar em mant er clara, positiva, iniludíve l e plenamente cató licas, apostólicas e romanas, as nossas iniciati vas. Este comentário vem a propósito da seguinte notícia, publicada sob o título 'Associação Cristã de Acadêmicos'. 'A ACA, de São Paulo, está convidem.do todos os estudantes cristãos e suas respecti vas fam ílias para assistirem às comem.orações do Di a Universal de oração dos estudantes, hoj e, dia 11, às 16 horas, à Rua Helvélia, 772. Do programa elaborado constarão também. nurnerosos corais'. Se não soubéssemos que na R. Helvétia f unciona um templo protestante, como poderíamos adivinhar que é genuinamente protestante a ACA "? 12
1. O termo Revolução é aq ui empregado no sentido que lhe dá o Prof. Plínio Corrêa ele Oli ve ira em sua consagrada obra Revol11çcio e Contra -Revoluçcio . 2- As cau sas principa is cio avanço protestante no Bras il estão di retamente relac ionadas co m a cri se que começou a abalar a Igreja Ca tóli ca prec isa mente nos anos 40, a partir dos ambientes ela Açcio Católica, e que se avo lum ou de maneira inca lcul áve l ao longo cios anos até hoj e. Com efeito, consideráve l nú mero ele ec lesiásticos e ele membros cio laicato cató li co foram abandonando pa ul atinamente, a partir dessa época, o ensin o ela doutrin a trad icional da Igrej a em di ve rsos aspectos e incenti vando a Revolução sóc io-político-c ultural que ve m asso lando o País. Desse modo, acentuara m a um grau di fíc il de im ag in ar a co nfu são entre os católi cos, de um lado cau sand o a apostas ia de fiéis, que se fili aram a mov im entos revo lucionári os; e, de outro, cri ando ass im imenso vazio reli gioso e cresce nte des interesse do pú blico pela Reli gião Católi ca . o que tem servido como ca ldo ele cultura fu ndamental para o ava nço elas seit as protestantes. 3_ Cri stcios aca tó licos , "O Leg ionári o" . 24-7-
1938 .
4. 5. 6. 7.
Idem, ibi dem. 7 dias em Revista, "O Leg ionário", 1-9- 1940. Idem, ibidem. Idem, ibi dem. 8. Idem, ibidem. 9. Idem, ibi dem. 10. O autor referia-se a membros ela Açcio Ca tólica, que já usava m essa tática . 11 . Católicos, Apostólicos, Romanos, "O Legionári o". 11 - 1- 1942. 12. 7 dias em Revista, "O Leg ionário" , 13-8- 1944. 13. Quanto a outras denúncias a respe ito ele diferentes te m as l ançad os pel o c l ari v id ente publi cista católico e estampadas em Catolicismo , pode-se consultar a obra Plínio Co rrêa de Oli veira - Prevü õe.\' de de11lf11cias em defesa da Ig reja e da Civilizaçcio Cri., tci, de Ju an Gonza lo La rrain Campbell (A rt press - Indústri a Gráfi ca e Ed itora L tcla, São Paul o, 200 1).
INFORMATIVO RURAL
Perspectivas boas e más Alimentando uma cobra - " O M ST está teoricam.e nte em condições de
paralisar todo o transporte rodoviário do Sudeste e Nordeste. Não há estrada (e ent roncamento) importante onde não exista na proximidade um acampamento. [. ..} Na hipótese de o MST ser um movimento revolucionário, como muitas vezes seus líderes têm declarado, ele ocupa uma situação única de poder rapidamente paralisar o País" (Cândido Prunes, vice-presidente do Instituto Liberal) .
É justo - O agricultores Alcindo e Odete Cerci, proprietári os de terras em Loanda (PR), vão receber R$ 60 mil de indenização. Suas terras fo ram invadidas e m setembro/98 e assim ficaram durante dois meses, porque o govern o estadual omitiuse e m cumprir a re integração de posse. Tendo recorrido ao Tribunal de Ju stiça do Paraná, ganhara m a inde ni zação, a ser paga por aque le Estado, em vista dos danos morais e materi ais sofridos. De acordo com o rel ator cio processo, "se o Estado não cumpre com o dever de proteção, deve responder pelos danos causados " (Boletim da FAEP, 28-3-04).
concluiu que "ao longo dos anos, houve muita prevaricação, desobediência ostensiva à Constituição Federal e muita corrupção, que resultou nurna colcha de retalhos, tran.~formando grandes áreas devolutas e terras de preservação e proteção ambiental em.terra de ninguém" ("Folha de Rondônia", 4-3-04).
Perspectivas para o Brasil - Pa ra o ag rô no mo ame ri ca no No rm a n Bo rla ug, 90 - Nobel da Paz e m 1970, uma das vozes mais respe itadas no campo do dese nvolvimento ag ríco la - cabe rá ao B ras i I o pape l de maio r destaque na agric ultu ra mundi al nos próximos an os. O País te m a maior reserva de terras ag ri c ultáve is ainda di spo níve is no Pl aneta. Ante tais pe rspec tiv as, "pa ra muitos analistas, a reforma ag rária serve atu-
almente apenas para distribuir pobreza" ("Vej a", 3-3-04). Cuidado com os ecologistas "Os ecologistas profissionais não assumem nenhum compromisso com a verdade. Predizem as maiores barbaridades, menlem. deslavadamente, divulgam coisas absurdas, enganam a população, assustam os consunúdores, sem nenhuma base científica " (Xico Graziano, "O Gl obo", 16-3-04). Comunistas e MST - O MST vive mesmo de propaganda. E não só no Brasil. O jornal comunista italiano "li Mani fes to" dedicou grande espaço para comemorar os 20 anos do MST ( 1-2-04). Publica artigos de João Pedro Stédile, Plinio de Arruda Sampaio, Frei Betto e outros do gênero. Usa uma linguagem tipicamente marx ista e não poupa elogios a D. Tomás Balduíno, a José Rainha, etc. Em se plantando ... - Para o engenheiro eletrô nico e cientista Artur Augusto Alves, o Bras il é o país do biodi ese l por ter e m abundância so lo fértil , ág ua e muita luminosidade, fa to res primordiais para se produ zir a matéri a- prima do bioco mbu stíve l, co mo g irasso l, ma mo na, amendoim , clendê, algodão, buriti , nabo e outras fo ntes de ó leos vegetais. "Pesquisei por mais de três anos após receber urn i11forrnativo americano sobre o produto", disse o engenheiro (Agropecuário, "Estado de Minas", 1-3-04).
INCRA putrefato - " O INCRA - não só em Rondônia, como em todo o território brasileiro - está morto e em estado de putrefação, incapaz, portanto, de cumprir co,n suasfi.n.alidades para a reforma agrária. Essa é a conclusão a que chegou a CP! dos Conflitos Agrários, instalada pela Assembléia Legislativa (RO)". A CPI Borlang, prêmio Nobel da Paz (1970)
111111m
gum a árvore e, de j oe lh os, rezava mui tos terços. Aos poucos, gu iado pelo Espírito San to, começou a fazer meditação durante o traba lh o, chegand o à contemplação de Deus em suas obras. Di zia: "Todas as criatu-
ras podem. leva r-nos a Deus, contan to que saibamos olhá-las com olhos sirnples ".
São Félix de Cantalício: felicidade plena no despojamento D urante quarenta anos o humilde capuchinho Frei Félix pediu esmolas para seu convento, tornando-se uma das mais queridas figuras da Cidade Eterna h PUNIO MARIA SOLIMEO
m nossa época de luta de classes e de revoltas soc iais, é oportuno conhecer a vida de um Santo que nasceu, viveu e morreu na mais extrema pobreza, louvando sempre a Deus e cantando suas g lórias. São Félix de Cantalício é um dos mai s joviais e alegres Santos do Calendário. Tinha ele a perfeita alegria de servir a Deus na pessoa de seus superiores e irmãos, e, apesar de sua mortificação contínua, nunca perder o bom humor.
E Era comum ver-se em Roma um espetáculo inusitado: São Félix ajoelhar- se para receber a bênção de São Felipe Neri (foto na página seguinte) , e este ajoelhar- se ao mesmo tempo, pedindo a bênção de Frei Félix.
CATOLICISMO
Família pobl'e, mas temente a Deus Terceiro de uma família de cinco, Félix nasceu em Cantalício, peq ueno
povoado itali ano do território ele Cità Duca le, na província da Umbria. Seu pai , chamado Santo de Carato, e sua mãe, de nome Santa, eram pobres camponeses cuja úni ca riqu eza consistia em oferecer a seus filhos a Reli gião cató lica, que lhes ensin ara m desde o berço. Aos 12 anos, para diminuir uma boca na tão parca alimentação doméstica, Fé lix fo i mandado trabalhar em Cità Duca le, na fazenda de um homem temente a Deus , que dele cuidava como se pertencesse à sua família. A in fânci a e juventude ele Félix podem ser resumidas nestas palavras: poucas letras, muito traba lho e muita oração. Pastorea ndo o gado cio patrão, Fé1i x gravava uma cru z no tronco de ai-
Seus co mpanheiros de in fância, e depois de juventude, tanto o respeitavam que só se referi am a ele como São Félix. Em sua presença, nenhu ma palavra menos pura, nen hum a brincadei ra duvidosa, nenhum ato equívoco se praticava. E todos se contagiavam co m a alegri a que ele irradi ava ao seu redor, fruto ele sua perfeita conformidade com a vontade ele Deus. A ss istia à Mi ssa diariamente e dedicava seu tempo li vre à oração e às boas obras.
impedi -lo de seguir a regra co m toda a fid elidade. Por isso, um di a leva ntou -se e foi di zer ao superior que estava são. E rea lmente co meçou a trabalhar e a seguir todos os pontos ela regra, inclu sive j ejun s, se m mai or difi culdade.
Alegre 1Jcdinte nas l'uas ela Cidade Etcl'na Félix aprendi a de memória orações, antífonas, sa lmos, versículos, hinos litúrgicos e passagens evangélicas para alimentar sua devoção. Com
estou com os j i·ades; sou o jumentinho dos capuchinhos". E qu ando alguém lhe perguntava como ia, respondi a: "Estou melhor do que o Papa, que
tem tantos contratempos; eu não trocaria este a'=forje pelo papado e o Rei Felipe juntos ... Vivo tão f eliz, que j á rne parece estar no Céu ". 1'rês gmmles santos c11co11trnm-se em Roma
Acidente leva-o ao estaclo religioso Nessa vida simp les e inocente, viveu 28 anos. Om ac idente, que pôs em ri sco sua vida, levou-o a decidir fazerse reli gioso. Estava ele arando o ca mpo com uma junta ele bois, quando estes, assusta ndo-se por algum motivo, vo ltaram-se contra ele, que caiu por terra, e passaram com o arado por cima dele. Quando se levantou sem nenhum arranhão, Fé li x viu naq uilo um av iso ele Deus e foi ped ir admi ssão no mosteiro capuchinho ela cidade. O guardi ão que o atendeu , para certificar-se de sua vocação, descreveu as austerid ades da Ordem com ti ntas muito carregadas. Fé li x rep li coulhe que, se na cela houvesse um Crucifi xo, bastaria olhá- lo para suportar qualquer sofrim ento ou contrariedade. C iente de que estava diante de alguém que med itava constantemente na Pa ixão cio Sa lvador, o guardião o adm itiu ele muito bom grado. Se u nov iciado em Ásco li , para onde fo i env iado, caracteri zou-se por uma oração contínua dia e noite, e por febres graves e prolongadas, que ele jul gou ser de or igem in fernal para
Além de so li citar esmo las para seu convento, ele também, com licença do superi or, pedi a com o fim de auxili ar outros necess itados . Socorria principalmente os meninos abandonados nas ruas da cidade. Para chamar a atenção do povo, costumava gritar: Deo gratias (graças a Deus), pelo que fi cou conhecido na cid ade como Frei Deogratias. Su a humildade era a fonte de sua jovialidade. Di zia: "Eu não sou frade, mas
N as apinhadas rua s da C idad e Eterna, encontrava-se com todo mundo, inclu sive santos. Um deles era o grande Felipe N eri , tão j ov ial e cheio de bom humor quanto Frei Féli x. E eles se saudavam à sua maneira: - Bom dia, Frei Félix - dizialhe Felipe - . Oxalá o queim.em. pelo
freqüência, rogava ao mestre de novi ços que redobrasse suas penitências e mortificações e o tratasse com mai s severidade que aos outros , pois julgava seus companheiros mai s dóceis e incli nados à virtude. Em 1545, aos 30 anos, pronunciou os votos solenes. Transcorrid os quatro anos, foi enviado a Rom a. Duran te 40 anos, ou sej a, quase até a morte, saía diari amente para pedir es mol as nas ru as da cidade, vis,~ndo a manutenção da com uni dade. Sempre aleg re e contente, dizia a seu co mpanheiro de fad igas: "Bom
ânirno, innão: os olhos na Terra, o espírito no Céu, e na mão o santíssimo rosário ".
amor de Deus. Assim irá mais depressa ao Paraíso! - Saúde, Padre Felipe - respondi a- 1he o cap uchinho - . Oxalá o n·1.atem a pauladas e o esquartejem em nome de Cristo! Era comum ver-se em Roma esse es petácu lo inu sitado: o cap uchinh o aj oe lh ar-se para receber a bênção do Padre Fe lipe, e es te ajoe lh ar-se ao mes mo tempo, ped indo a bênção de Frei Félix. Certo di a Frei Fé lix encontrou-se na ru a com o própri o Papa, que lhe supli cou um pedaço de pão ganho de esmola. M as que pegasse um qualquer, sem escolher. O capuchinho enfiou a mão no al forje e tirou justamente um pão preto e ressequido que deu ao Papa, sorrindo e dizendo: "Ainda bem,
Santo Padre, que Vossa Santidade também j á foi monge!"
MAlO2004 -
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da, as narinas abertas, a cabeça algo grande, os olhos vivos e de cor puxando para o negro; a boca, não cifeminada, mas g rave e viril, e o rosto alegre e cheio de rugas; a barba não comprida, mas inculta e espessa; a voz aprazível e sonora; a linguagem de tal qualidade que, se bem que rústico, por ser simples e humilde, convertia em fonnosura a rusticidade".
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Prêmio da gló1·ia eterna e ca11011ização Em sua vicia de re li gioso, diz um seu bi ógrafo, Frei Félix prati cou com perfeição exemplar os três votos monásticos: "Obediente, sem
Túmulo de São Félix na Igreja dos Capuchinhos, em Roma
Outro sa nto que ad mirava e procurava a amizade de Frei Fé li x era o Cardeal Carlos Borromeu. Pediu lhe este um conselho para transmi tir a seus sacerdotes, a fim de progred irem na virtude. Frei Félix responde u: "Que cada sace rdote se
preocupe em. celebrar muito bem a Missa e em rezar muito devota,nente os salrnos que têm que rezar cada dia, no Ofício Divino ". Em outra ocas ião, São Carl os Borromeu pediu a São Fe lipe Neri que revi sse umas regras que hav ia redi g ido para a lguns ob latos. São Felipe pediu-lhe que as mostrasse a São Fé li x. Este ficou estupefato, poi s era quase analfabeto e sem estudos . Mas São Ca rlos Borromeu insistiu e e le fez a rev isão, mostrando a lg uns pontos em que havi a um pouco de mais de seve rid ade. O Cardea l adm irou a prudência e sabedoria do humil de le igo. Qu a ndo perg untavam a Frei Fé li x de onde lhe vinha tanta sabedoria, e le respond ia: "Toda minha
ciência está encerrada em um livrinho de seis letras: cinco verme-
lhas, as chagas de Cristo, e um.a branca, a Virgem Imaculada".
Nossa Se11hora c11trega-lhe o Mc11i110 ,Jesus E a devoção de Fé li x à Virgem manifes tava-se a cada passo, nas ru as da C idade Ete rna, diante das inúmeras Madonas que adornam pré d ios e mo numento s. Di z ia:
" Lembrai-vos que sois minha Mãe. E eu sou sempre um pobre menino, e os meninos não podem andar sem a qjuda da rnãe. Não rne solteis jamais de vossas mãos". Um dia e m que Fre i Félix rezava no conve nto diante de um a imagem de Nossa Senhora com o Menin o, esta, segund o tes te munha oc ular, cedeu-lhe o Me nin o para que o acaric iasse. Isso foi imortali zado num a te la pe lo grande pintor Muril o. Fre i Féli x poss uía o utro talehto: dotado de bela voz de barítono, compunha e ca ntava ca nções re li g iosas, que logo se tornaram popu lares e m Ro ma . Um seu contemporâneo assim o descreve: "Baixo de estatura, mas
de corpo cheio e decentemente robusto. A fronte espaçosa e enruga-
vacilações nem resistências; pobre até os limites do mais absoluto desprendimento; e casto, com a inocência de quem não conheceu derrotas nem sabe o que é a malícia da paixão". 1 Enfim , em maio ele 15 87, aos 72 anos ele idade, Frei Féli x ele Cantalício entregou sua pura e inocente a lma a Deus. O povo ele Roma qui s canonizá-lo imedi atame nte. O Papa rei nante, Sixto V, que o conhecera be m, co letou 18 mil ag res o pe rados pelo Santo para sua beatificação. Fre i Fé lix ele Cantalíc io fo i canoni zado e m 1712. 2 • E-ma il do aut or: lini osolimeo
Notas:
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catoli c ismo.com.br
1. Frei Prudenc io de Sa lvati erra, OFM cap, Sa n Félix de Ca n1alicio, em Las gran des jiguras cap11c/linas. Mad rid , Ed. Studiu111 , 1957, 2." ed. pp. 17-33. 2. Out ras fo ntes de referênc ia: - Frai Leo po ld o de A lpandeire, San Félix de Ca111alício. - Fran cisco Jav ier Mart ín Abril , Sa n Félix de Ca111alicio, em Aíio Cristiano, Tomo li , Madrid , Ed. Ca tó li ca (BAC 184), 1959, pp. 4 10-4 15. - Sa n Félix de Ca111alício, www.churc hforum.org .m x/sa ntoral/ Mayo
Moisés, o divórcio e os fariseus N osso Senhor Jesus Cristo, ao condenar o divórcio, não impôs uma nova lei, mas restabeleceu a família na sua integridade prin1eva, como foi constituída nos primórdios da criação do homem m prezado l~itor ouviu u;~ª objeção a um ponto afo:mado nesta seçao SOS Fanulta. Ele nos escreve a respeito e pede esclarecimentos. Em matéria intitulada " Novo casamento? Ou adultério?", ed ição ele novembro/2003, com base na Sagrada Escritura e no e nsi namento perene da Jgreja Católica, havíamos escrito: "Ne-
lJ
nhum poder ou lei hwnana (como a 'lei do divórcio') pode anular o matrimônio, pois é wn sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo e ninguém pode separar o que Deus uniu [. ..]. Se alguém, unido pelos laços do matrimônio, contrai novas núpcias, Deus e a Igreja consideram tal união como adultério". Entretanto, segundo o objetante, Moisés, em caso ele adul tério, autorizou o divórcio e contrair novas núpcias.
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Como não é raro ouvir tal objeção, convém aq ui esc larecer bem pormenorizadamente esta questão. Assim, nada melhor que voltarmo-nos Àque le que é "o Caminho, a Verdade e a Vicia" (Jo ] 4,6). Para isso, convidamos os le itores a uma viagem pelo túnel do tempo até chegarmos 2000 anos atrás na Terra Santa, o nde, num fim ele tarde, deparamo-nos com um grupo ele pessoas reunindo-se e m torno ele Nosso Senhor: "Aproximando-se [ele Jesus] osfariseus 1 petg untava,n-lhe para o tentarem: É /feito ao marido repudiar sua mulher'! Mas Ele, respondendo, disse-lhes: Que é o que vos mandou Moi-
sés? Responderam eles: Moisés permitiu escrever libelo de repúdio, e separar-se !'de la]. E Jesus, respondendo, disse-lhes: Por causa da dureza de vosso coração é que ele vqs deu esse mandamento. Porém, no princípio, quando Deus os criou, formou um [só] homem. e uma [só] mulhe,: Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se juntará à sua mulher; e os dois serão uma só carne. E assim não sc7o mais dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus juntou. E em casa os seus discípulos interrogaram-no novamente sobre o mesmo assunto. E Ele disse-lhes: Qualquer que repudiar sua mulher, e se casar com outra, comete adultério contra a primeira. E, se a mulher repudiar seu marido, e se casar com outro, comete adultério" (Me IO, 2- 12).
Co11cordâ11cia entre os evangelistas A fim ele bem comentar aq uele confronto cio Divino Mestre com os far iseus hipócritas, passemos a palavra ao douto
CATOLICISMO
pad re jesuíta Leone l Franca, autor ele um mui to aba li zado livro sobre a qu estão do divórcio: "O texto é de c lareza in so fi smável: a unid ade e incl isso lubi .tidade cio matrim ônio são afirmad as com uma unive rsa lidade que não comporta restri ções: Todo aquele q ue de ixar a sua mulher e se casar com o utra é réu ele ad ulté ri o. E a moral im põe a ambos os cô njuges a igua ldade cios mesmos deveres e lhes confere a iguald ade cios mesmos d ire itos. Não há pri vil égios para o marido nem para a mulher[ ... J. A mes ma perícope Itrec ho I e nco ntra-se e m São Mateu s quase com os mesmos termos que e m São Marcos. Há poré m um peque no inc iso que é própri o ao prime iro evangeli sta: 'Todo M AIO2004 -
e mulher?'. E disse: 'Por esta causa deixará o homem pai e mãe e unir-se-á à sua mulher e serão do is em uma carne. E assimjá não são dois, mas uma só carne. Aquilo pois que Deus ajuntou, o homem nüo separe' ( 19, 4-6). fmlissol11hilicla<le conjugal: lei <la p1'óp1·ia natureza huma na Com essa res posta, C ri sto e leva-se ime nsame nte ac im a das a ltercações e m qu e se debatiam as esco las fa ri saicas . É a institui ção primitiva do matrimô nio q ue e le va i invocar, para a le i pro fun da e definitiva ela fa míli a. Os [do is] sexos são de ori ge m divina . C ri o u-os De us para se co mpl e tare m num a unid ade pe rfe ita, que constitui um a 'só ca rne', e esta unidade é tão indisso lúve l como o vínc ul o ela pate rnid ade o u da mate rnidade, indestrutive lme nte constituído pe la ide ntid ade do sang ue. A indi sso lubili dade co nju ga l é, po is, uma le i da natu reza, ex pressão da vo ntade criadora. E o que Deus uniu o ho me m não pode separar. Não podi a procl amar-se de modo ma is e né rg ico a impossibilidade ele qu alquer di vó rcio. E assim o e nte nderam os fariseus; mas não se dera m I or venc idos . A le i mosa ica oferec ialhes uma répli ca fác il. E les, po is, repli caram : 'Entüo por que mandou Moisés dar carta de repúdio e deixá-la ?' (19, 7). Entretanto o gra nde legis lador, Mo isés, ele fato, não institu íra o divórc io; e ncontrara-o preex iste nte e, para evitar abu sos maiores de ódios ho mi c idas, regula mento u-o (Deut. 24, 1-4), submetendo-o a várias fo rma l idades. E os profetas, pe los te mpos
aquele que repudiar sua mulher, a não ser em caso de adultério, e casar com outra, comete adultério; e o que se casar com a repudiada, também adultera' (Mt 19, 9). Al guns capítul os antes, no Sermão da Mo ntanha, lê-se ana logamente: 'Também se disse: qualquer que deixar a sua mulher, salvo o caso de ü4idelidade, afaz ser adúltera, e aquele que tomar a repudiada adultera' (Mt 5, 3 1-32). l11terpretação i<lô11ea <los t extos sagra<los Co locando o texto de São Mate us e m todo o ambiente do Novo Testa mento, logo ressa lta que a le i da indi ssolubilidade fo i po r Cri sto proclamada de um modo absoluto. Em frases que não admite m exceção alg uma, como tal a pro mul gam São Marcos, São Lucas e São Paulo. Se ho uvesse a lguma ambigüiclacle e m São M ate us, todas as regras ele hermenê utica [expli cação cios tex tos sagrados] manda m interpretar os tex tos obscuros pe los cl aros, e não vice-versa. É o que ensina o simples bom senso. Mais. O trecho de São Mateus ( 19, 9) é ri gorosamente simétri co ao de São Marcos e São Lucas. Caso Cri sto sanc ionasse a poss ibilidade cio ve rdade iro divórc io, como explicar o si-
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CATOLI C ISMO
lêncio cios outros evange li stas que escrevi am para os pagãos recém-convertidos ao cri sti ani smo e m Ro ma e Gréc ia? Porventu ra não devi a o Evange lho anunc iar-se em toda a sua integridade a jude us e gentios, gregos e bárbaros?
Narrativas dos Evangelhos não encerram contradição O ambi ente hi stó ri co do No vo Testame nto e o para le li smo dos o utros sinópticos [os Evangelh os de S. Mate us, S. Marcos e S. Lucas, assim chamados porque permitem um a vi sta de conjunto, dada a seme lhança ele suas versões] não se conc ili am com a interpretação divorc ista. Mas não é mi ste r ir tão lo nge. Repe le-a inexorave lmente o contexto imedi ato do próprio São Mateus. É ler com atenção. Chegam-se a Cri sto os fariseus e perg untam-lhe : 'É por-
ventura lícito a um homem repudia r a sua mulher por qualquer causa?' ( 19, 3). Era a questão cande nte cio d ia. Mo isés havia tolerado o divó rc io j á exi ste nte, e para obvi ar abusos, reg ul a me ntara-o com a fo rma lidade do ' libe lo de repúdi o' , imposta ao marido que qui sesse de ixar a sua mulher, ' por a lguma coisa ele vergonhoso' [ .. .]. Cri sto res ponde: 'Não tendes
lido que quem criou o homem desde o princípio, .f'ê-los homem
adiante não cessaram de conservar vivo, entre o povo, o ideal da famíli a. Malaquias, depoi s da volta do cative iro, re prova a freqüê ncia dos divórcios: 'O Senhor é testemunha entre ti e a
esposa da tua juventude que desprezaste [.. . ]. Tomai cuidado e não sejais pérfido com a esposa da vossa juventude; eu odeio o que repudia, diz o Senhor Deus de Israel ' (2, 14- 16). .h ulissoluhilidade em vigo,· desde ·nossos p11meiros pais
À instância dos seus ouvintes, Cri sto não cede u um po nto: 'Por causa da dureza dos vossos corações é que Moisés vos permitiu repudiardes vossas mulheres; mas de princípio não f oi assim. Por isso eu vos declaro que todo aquele que repudiar sua mulher, a não ser em caso de adultério, e casar com outra, comete adultério', etc.(] 9, 8-9). A autori zação de Mo isés, portanto, não é pertinente; fo i uma exceção, um reg ime te mporário to lerado à esclerocardia [dureza] de um povo ele dura cerviz. A lei primitiva do matrimô nio, a le i divina fo i outra, e a esta cumpre voltar[ .. .]. Evidente mente, ver no v. 9 [do cap. 9 de São Mate usl uma autori zação do divórc io é pô-lo em contradição flag rante com tudo o que precede. Não só; mas també m com o que se lhe segue. Depois do diálogo com os fari seus, voltaram e m casa ao mesmo ass unto os íntimos do Mestre. 'E disseram.-lhe seus
discípulos: Se tal é a condição de um homem para com sua mulher, nüo convém casar' (v. LO). Esta admi ração dos apóstolos fora inexplicáve l, se a nova doutrina exposta não ro mpera co m os quadros da mentalidade popular. A indi ssolubili dade, proc lamada em todo o seu rigor universal, pareceu-lhes du ra. Ora, à vista da dificuldade, ate nua porve ntura Cri sto a infl ex ibilidade do princípio? De modo a lg um . Passa a faze r o e log io da castidade. Como quem di z: o matrimô ni o impõe deveres sérios, e não há como evitá-los senão pe la continênc ia" .2 *
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Ass im sendo, fica refutada a objeção baseada na narrativa do Anti go Testamento, quando Mo isés, o grande legislador e m razão da "dureza de corações" e a fim de evitar abu sos - , e m caso de adultério regulamentara provi sori ame nte a fo rmalidade do "libelo de repúdio" ou "libelo de divórcio ". Fica cabalme nte re futada, pois trata-se de uma refutação alicerçada no divino e supremo Legislador, cujas palavras contra o d ivó rc io são infalíve is. Porta nto, o que E le proibiu não poderá, e m te mpo a lgum , de ixar de ser proibido. •
Notas:
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1. Fa ri seu: Me mbro de uma sei ta judaica surg id a no séc. 11 a. C., q ue se caracte ri za pela observâ nc ia exageradame nte ri go rosa das presc ri ções da lei esc rita, mas que, nos Evangelhos, é ac usado de hipocri sia e excess ivo form ali smo. Fig.: Indivíduo que aparenta santi dade, não a te ndo ; indi víduo hipócrita, tingido (Novo Dicionário da língua Porl/.lguesa, Auréli o Buarque de Ho landa Ferreira). Nosso Senhor repreendeu asperamente os fa ri seus: "Com ra zão Isaías pivf etizou de vós, hipócritas, como está escrito: Este po vo honra-me com os lábios, mas o seu coraçüo está longe de mim " (Me 7, 6). 2. Padre Leo nel Franca S.J., O Divórcio, Ri o de Ja neiro , Empresa Editora A.B.C. Ltda, 1936, pp. 329 a 335. lnte rtítul os nossos.
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Santa ,lutta von Sangerhausen, Viúva + Alemanha, 1260. Natural da
Santo Antonino de Florença, Bispo e Confessor
Turíngia, e nviuvando muito cedo, mudou-se para a Prússia, feudo dos Cavaleiros Teutônicos, dos quais seu irmão era grão-mestre.
1 São José Operário, Esposo da Santíssima Virgem
ffi Santo Amador: Bispo, Confessor + França, 418. "Para destruir rnais facilmente ce rtas superstições pagãs, aplicou-se em estimular o culto dos mártires cristãos" (do Martirol ógio Romano). Primeiro Sábado do Mês
2 Domingo do Bom Pastor
ffi Santo Atanásio, Bispo, Confessor e Doutor ela Igreja
+ Al exa ndria (Egito) , 373 . Grande defensor da fé contra os arianos, ex il ado c inco vezes por imperadores favoráveis aos heres iarcas, suportou toda sorte de calúni as de seus inimi gos.
3 São ,lnvenal, Bispo, Confessor + It,1lia, 376. Médico no Ori ente, e migrou para Narni , na Itália, de onde foi nomeado Bispo pelo Papa São Dâmaso.
4 Santos João Houghton e Companheiros, Mártires
6 São Mariano e Companheiros, Mártires + Argélia, séc. III. Leitor na comunidade de Circé, foi preso juntame nte com muitos outros cristãos durante a pe rseguição do imperador romano Valeriano. Foram alinhados na vertente de uma colina, onde foram decapitados.
7 Beata Gisela, Viúva + Ale manha, 1060. "Irmã de Santo Henrique, Imperador da Alemanha, e esposa de San.to Estêvão, Rei da Hun gria. Viú va, entrou para o Mosteiro de Niederburg, do qual tom.ou-se Abadessa" (do Martirológio). Primeira Sexta-Feira do Mês
8 São Pedro ele Tarantésia, Bispo e Confessor
+ França, 1174. Entrou para o Mosteiro cisterciense de Bonnevaux. Nomeado Arcebi spo de Tarantésia, reformou a di sciplina eclesiástica, substituiu um clero corrupto de sua catedral por cônegos regulares e desapareceu para ser irmão leigo e m um convento na Suíça. Encontrado, teve que reassumir suas funções.
+ Londres, 1535. João, RoberLawrence.e Agosli nho Webster, cartuxos, e Ricardo Reynold , por se tere m recusado a aceitar o Ato de Supremacia, que aceitava o lúbrico rei Henrique Vlll como cabeça da igreja na Inglate rra, foram arras tados pe la s ruas co m a maior selvageri a, e nforcados e esquartejados, em virtude de sua fidelidade à fé católica.
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São Nicolau AlberaLi, Confessor + Bolonha, l443. "Cartuxo, ordenado Bispo de Bolonha, foi nomeado Núncio Apostólico do Papa Martinho V. Tra balhou com sucesso para restabe/ ecer a paz entre a França e a Inglaterra " (do Marti rológio).
+ 1459. Antônio, conhec ido pelo diminutivo por causa de sua estatura, tornou-se célebre por sua doutrina e obras. Defendeu o Papado no Concílio de Basiléia e a sã doutrina católica no de Florença, contra os autores do cisma grego.
11 Santos Abades ele Cluny, Confessores + Séculos X a Xll . Santos Odon, Majolo, Odilon, Hugo e Pedro o Venerável. "A elevada autoridade moral de Cluny, que do século X ao XII estes abades colocaram a serviço da Igreja e da paz civil, explica-se pela irradiação de suas personalidades, pela estabilidade de seus mandatos, isenta de toda ingerência secula,; e por sua.fidelidade ao nada prefe rir à Obra d e Deus " (do Calendário da Ordem Be neditina).
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bre pelo dom dos mil agres . Faleceu e m s ua cidade episcopal ao volta r do Concílio de Nicé ia.
16 São Simão Stock, Confessor
+ Inglaterra, 1265. Geral da Ordem do Carmo, recebeu da Santíss ima Virgem o escapulário com a promessa de que quem com ele piedosamente morresse não pad ece ria as penas do inferno.
17 São Bruno ele Würzburg, Bispo e Confessor
+ Áu str ia, 1045 . Filho do Duque da Caríntia e da Con dessa Matilde, tornou-se Bispo de Würzburg. Construiu várias igrejas e sua Sé catedral. Erudito escritor, por in dicação do Imperador Conrado II foi promovido à Sé de Milão. Faleceu na Áustri a.
18 São Félix de Cantalício (Vide p. 40)
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Santo Hospício, Confessor + França, Séc. vr. " Havia predito uma próxima invasão dos lom.bardos, caso a Gália não.fizesse penitência. Quem.do, efetivamente, os lombardos chegaram, dedicou-se a converter wn grande númem de invasores à.fé e aos costumes cristãos" (do Martiro-
São Quadrato, Confessor
lógio).
22 Santa ,Júlia, Virgem e Mártir + Có rsega, Séc. VII. "Jovem cristã africana, aprisionada pelos muçulmanos durante uma invasão, foi cruci,ficada na Córsega, da qual tom.ouse a Padroeira " (do Martirológ io).
23 ASCENSÃO DE NOSSO SJ.,;NHOR JESUS CRISTO
24 Nossa Senhora Auxiliadora
ffi
+ Atenas, séc. II. " Discípulo dos Apóstolos que, na persegui ção do Imperador Adriano, reuniu, por sua fé e atividade, sua Igreja atingida pelo terror e di spersão (do Martirológio).
27 São Júlio, Mártir
+ Bulgária, séc. IV. Ve terano das legiões romanas, às quais tinha pertencido por 26 anos. Estando em serviço numa das fronteiras do Império, foi conden ado à morte com doi s companheiros, na perseguição de Diocleciano.
28 São Justo de Urgel, Bispo e Confessor
+ Espanha, séc. VI. Um dos quatro irmãos considerados por Santo Isidoro de Sevilha como dos varões ilustres que floresceram na Espanha visigótica.
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São Vicente de l ,érins, Confessor
São Máximo de Tréveris, Bispo e Confessor
Santo Epifânio. Bispo e Con fessor
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+ F rança, 445. Jove m gaulês,
+ França, 349. Sucedeu a San-
+ Chipre, 403 . Judeu conve r-
São Ivo, Confessor
tido da Palestin a, viveu e m s ua vil a natal como mon ge dura nte 30 anos, quando foi nomeado Bispo de Chipre.
+ França, 1303. Sacerdote,
abandonou a carreira militar para tornar-se mon ge e m Léri n s. Ordenado sace rdote, ''.ficou célebre na história da Teologia por sua doutrina sobre a Tradição, em que a.firma que a inteligência dafé e a.formulação dogmática devem progredir na Igreja com. o tempo, mas exclusivam.ente no mesmo sentido e na mesma crença " (do Martirológ io), e que são verdadeiras aq uelas doutrinas que assim foram co ns idt:radas "sempre, em tod a parte, e por todos os fi éis".
to Agrício como Bispo dessa então cidade imperial , distinguindo-se por seu zelo e fortaleza. Acolhe u Santo Atanásio exil ado por sua ortodoxia e parti cipou do Concílio de Mil ão, no qual os arianos foram condenados.
13 87° Aniversário da Primeira Aparição de ossa Senhora em Fátima
14 São Miguel de GaricoiLs Francês, de nomin ado no semin á rio "o novo São Lu ís Gonzaga". Pároco, reformou esp iritu a lm e nte se us fiéis. Professor de se minári o, fez progredir na piedade mestres e a lunos.
15 Santo Aquiles, Bispo e Confessor
+ Grécia, 330. Bispo de Lari ssa, na Grécia, fi co u céle-
Padroeiro dos Advogados, estudou Direito e Teologia em Paris e Orl éans. Transformou o solar que recebera dos pai s em hospital e asilo. Lá estabeleceu també m seu escritório para ate nder consultas dos pobres e dos desa mparados, não have nd o advogado d e mais renome nem pessoa mais estimada e m toda a Bretanha.
20 São Teodoro de Pavia, Bispo e Confesso!'
+ Itáli a, 778. Dotado de uma inteli gência cl ara e lúcida , índol e afável e humilde, quando vagou a Sé de Pavia foi ac lamado por un a nimid ade para o cargo. Edificou seu reba nho com o es pl e ndor de suas virtudes.
25 Santa Maria Madalena de Pazzi, Virgem
30 DOMINGO DI•: Pl•:N'rnCOSTl•:s Os Apóstolos, até e ntão tíbi os, fracos , de vista baixas, tendo rezado no Cenáculo, recebe ram o Espírito Santo por intermédio da Virgem M aria, transformando-se de um a vez e m destemidos heróis de Jesus Cri sto.
~H
+ Florença, 1607. Carmelita
VISITAÇÃO DE NOSSA SENI IORA A SANTA ISABEL
aos 16 anos, "ofe receu s ua vida pel a re novação espiritual da Igreja (do Ma rtirol ógio).
Nossa Senhora do Sagrado Coração de ,lcsus
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Intenções para a Santa Missa em maio Se rá ce lebra da pe la Revmo. Padre Davi Fran cisquini, nas seguintes intenções: • Em louvor a N ossa Senhora de Fátima , por ocasião da comemora ção do 87° aniversário da l O aparição aos três pastorinhos, a fim de que Ela abençoe e pro teja os participantes da Alian ça de Fátima, da
Campanha Vinde Nossa Sen hora de Fátima, não tardeis!, bem como os leitores de Cato licismo e sua s respectivas família s. Roga ndo especialmente à Sa ntíssima Vi rgem que Ela con ceda a todos a firm e perseverança no crescente aposto lado de di fu são da M ensagem de Fátima .
Intenções para a Santa Missa em junho • Em lo uvo r ao grande Após to lo do Brasil, Beato José de Anchie ta, pedindo que interceda junto a Deus para que o Brasil perman eça se mpre ca tó li co e fi el a N ossa Se nh ora . • Q ue o Sagrado Cora ção de Jes us, cuj a festa co memora-se no mês de junho, derrame graças e bênçãos espe c i ais sobre todos nossos colaboradores .
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* Dom Luiz de chefe da Casa Brasil fa la sob Plinlo Corrêa
Vista geral do auditório Johann Strauss do palácio Saxe-C burg-Gotha
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Lançada em Viena biografia de Plinio Corrêa de Oliveira O cruzado do século XX, obra do Prof. Roberto de Mattei, prefaciada pelo Cardeal Alfons Maria Stickler S.D.B, teve uma de suas mais esplendorosas apresentações na capital austríaca CARLOS EDUARDO SCHAFFER Correspondente - Áust ria
Viena - Em relação às proporções g igantescas do Brasil, a Áustria é um pequeno país. Sua população é de oito milhões de habitantes e seu território tem me nos de 85.000 km 2 . Para certos efe itos, aqu i as co isas funcionam co mo numa gra nde família. Nos meios conservadores, por exemplo, ao con hecermos alguém constatamos com freqüênCATOLICISMO
eia que está relacionado com grande número de pessoas de mesma orientação, nas mais diversas partes da Áustri a. Um fato importante que ocorra em certo ambiente de Viena, mesmo que não seja notic iado pela imprensa, é em pouco tempo conhecido e come ntado em ambientes de Innsbruck ou Bregenz, no outro extremo do país. Isto se explica não somente pelo seu tama nh o, mas também por uma qualidade muito típi -
ca do povo austríaco: a lta capac idade de relac ionar-se, especia lmente quando o ponto ele uni ão é ele ordem religiosa , política ou ideológica. Esse fenômeno ajuda a compreender a g rande repercussão que a lca nçou na Áustria o lançamento da primeira edição a lemã ela biografia do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, inspirador e principal co laborador por quase meio sécu lo da revista Catolicismo.
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O evento ocorreu no dia 29 ele ab ril p.p., no mag nífi co e recém-restaurado Palais Coburg ela família Saxe-CoburgGotha, no centro ele Vi ena, hoje transformado em elegante hotel-res idência e local de congressos. Esse lançamento do livro O cruzado do século XX teve como confere nci stas o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, C hefe da Casa Imperial cio Brasil, e o autor da obra, Prof. Roberto ele Mattei. Promovido pe la associação Ôslerreichische Jugendfür eine Christlich-kulturelle Gemeinsamkeit innerhalb des Deu/schsprachigen Raumes (Jovens Austríacos por uma União C ultu ra l com o Mundo de Língua Alemã), o programa iniciou-se às 17 horas com a chegada ela milagrosa Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima. A mesma que, em J972, verteu lágrimas em Nova Orleans (EUA).
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Das l 7 :00 às 18:30 hs os convid ados tiveram a graça de rezar diante da milagrosa imagem no Salão Marie-Antoinetle. Os terços e cânticos foram dirigidos pelo Padre M . Cassian Reinert, O.Cist., enq uanto nos intervalos o Sr. Benno Hofschulte, presidente da assoc iação Deutsche Vereinigungfüreine Christliche Kullur e. V. (Soc iedade Alemã por uma Ci vilização C ri stã), dava expli cações sobre a origem dessa imagem, as peregrinações pelo mundo inteiro e o portentoso milagre da lacrimação. Em seguida, a Sagrada [magem foi solenemente transladada para o audi tório Johann Strauss, onde a sessão foi aberta pelo presidente da entidade, Mathias von Gersdorff, que hi storiou a fundação e o desenvolvimento da assoc iação .Jovens Austríacos, inspirada nos idea is propostos por Plinio Corrêa de Oliveira. O Príncipe Dom Luiz falou sobre as causas profundas da g igantesca cri se que hoje abala todos os países, tais como são apon tadas pelo Prof. Plinio em seu livro Revolução e Contra-Revolução. Mostrou a seguir o importante papel ela mensagem ele Fátima na obra cio biografado.
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em de Nossa de Fátima rteu lágrimas em Nova roda no salão Marie-An
O autor de O cruzado do século XX, Roberto de Mattei - professor da universidade italiana de Monte Cassino e diretor do influe nte movimento conservador Lepanto, com sede e m Roma - , a lertou o público presente para o crescente perigo muç ulman o, previsto por Plinio Corrêa de Oliveira com extraord inária clarividência desde o fim da década de 30. M ostrou que a C ri standade, ameaçada por um movimento radical islâmico de profunda inspiração comuni sta, que poderia ser qualificado de "gramscismo religioso", parece adormecida e não se dá conta do perigo. Ressaltou também a urgente necessidade de um espírito de resistência sem concessões nem cap itulações, a exemplo da luta que o cruzado do século XX, durante toda sua vida, conduzi u contra os erros que ameaçam a Cristandade tanto fora quanto dentro da Igreja Cató lica.
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Compareceram ao ato diversos sacerdotes, membros da nobreza austríaca, italiana e húngara, bem como personalidades de destaque da intelectualidade local. Mencionamos especia lmente a presença do Príncipe Gundakar von und zu Liechtenstein e sua esposa; do Marquês Luigi Coda Nunziante e esposa; do Dr. Albert von Petho; do Prof. Dr. Friedrich Romig; do emba ixador JosefDeng ler e do arquiteto Dr. Walter Hildebrand . Encerrada a sessão, a Imagem de Nossa Senhora de Fátima foi trans ladada para a sede da associação Jovens Austríacos por uma União Cultural com o Mundo de Língua Alemã, onde todos que desejavam puderam venerá-la mais detidamente. Mais tarde, como fecho do evento, foi oferecido no Salão A zul do Hotel Radisson um jantar aos principa is conv idados e membros do movimento, contando com a presença de 45 convivas. Desse modo, vai sendo cada vez mais conhecida e admirada em terras de língua alemã a obra do saudoso e eminente brasileiro. • E- mail do auto r: cschaffer @cato licismo .com.br
CATOLICISMO
Ação Estudantil TFP,
iniciativa da 'l}P norte-americana E studantes de diversas regiões dos Estados Unidos empreendem oportuna campm1na entre universitários, confirmando que muitos não aceitam o charnado "casamento" homossexual e opõem-se à sua legalização F LÁVIO M ATH IHARA
sses a1ivi.1·1a.1· ho111ossex uais querem fa zer .,.,,. q1te todos sãofa1orá veis ao 'casamento ' hornossexual, ou pelo 111e11os qu e não são contrários. O súnple.,· fato d , vocês estarem aqui já é um desm •11tido " . "Sou grato a voc 1s, pois .fin.a /rnente alguém se apr,,1·•nto pora combater essa imundície que q11ere111 fa z •r-nos engolir ". Estas e muit ·1s outras manifestações ele apo io e nlusi ás ti ·o !'o ra m ouvidas pelos membros da /\ çr7o fü·t11dan.1il TFP, durante campanha ·ntr ' uni versitários norte-a mer icanos . Tu I a ·1:ío j á ocorreu nas univers icl acl cs d · Was h in g to n (G WU ), Mary lancl ( o ll •g · 1 ar k) e Pe nsilvân ia (Sh ippe nsbur• ), • utin , iráo utros campus nos próximos dins. /\ TFP ame ricana procura esc lar · •r II pop ul ação e protestar contra o "casnlll •111 0 " ho mossexua l, assun to que poluri t',u us o pini ões e m todo o país. Os jov ·ns 111 •111b ros el a TFP distribuíram milhnr •s d • J'o lh c los e m que o ass un to é ann li s11do do ponlo de vista da moral eaLó li ·11 • d11 ·i ncia. P romoviam também uma ·oi •ta de ass inaturas em favor da prol ' ·1 o d11 santidade do matrimônio e dn J'11111íli 11, por in ic iat iva do movim e nto 1111 iv •1·sit·írio co nservador College Rep11/ilirn 11.1·, que está empe nhado em umu ·11111p11 nlw cm f'avo r da santidade do v 11 ·ul o 111:1 1rimonia l. Como Sl' 111 prc :1·onlece, a ira dos adversários s · l'r t', srn tir por me io ele insultos e cara s J' ·i11 s. Mas os aplausos de muitos g rupos d · 11 niv •rs ilários não deixaram mar, ·111 11 d Lív idas so bre o repúdio g e ne ra li t',11(1 0 ao mov ime nto homossex ua l. •
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E-ma il tio
11111or: Hotumat@ca1olic is mo.com.br
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.A cidade de Genazzano .. Úm urbanismo extremamente pitoresco
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PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
Essas
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il"strnções apcesen:,m "ma , isão da cidadezinha de Genazzano, na Itál ia
No a lto, vêem-se o ca mpan ári o e o corpo da igrej a. Em torno de la, pode-se observa r a loca lidade, que se " pe ndura" nas encostas de uma pequena mo nta nha. Chama a atenção o pi to resco do lu ga rejo, que fo i o utro ra uma c idade fo rtifi cada, espéc ie de fe udo dos prínc ipes Co lona. No período das guerras fe uda is, teve que enfrentar vári as d ifi culdades, di versos cercos. Em vista di sso, a popul ação proc urava concentra r-se dentro da c idade, e ncostando-se as casas umas nas outras tanto qu anto possíve l. E como a fo rtifi cação, para defender-se com fac ilidade, loca li zava-se no a lto da montanh a, houve a necess id ade de conceber as ruas o mais possíve l estre itas e com traçado sinu oso. De maneira que é mais a rua ada ptando-se ao modo pe lo qu al cada casa consegue pe ndu ra r-se no mo rro ... Da í o ex tremo pitoresco do urbani smo "gen.azzan.iano ", nasc ido o rga ni ca mente das c irc un stânc ias da é poca.
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É in teressa nte faze rmos uma co mparação e ntre esta c idadezinha medieval e o aspecto de uma c idade moderna. Ta l comparação aj uda a compreender a lógica do mul tissecul ar processo revo luc ionário. À primeira vista, quem o lhasse Genazzano poderi a objetar: "Aqui há um espaço mal aproveitado, a cidade não deveria ter sido construída nesse local. As casasfi.cam se encostando, se acotovelando urnas nas outras. A população.fica mal servida quemto a espaços, as ruas são sinuosas, e portanto fe ias. Não há urn plano de cor1:junto. Pelo contrário, caso se construa urna cidade dividida como u.m tabuleiro de xadrez, em quadradinhos, com espaço horizantal bem amplo, corn grandes avenidas e um. trânsito abundante passando por elas, a resultante será muito mais bela". Di sso decorre ri a a ba na lid ade que todos conhecemos. Basta pensa r um pouco nas grandes aveni das das megalópo les modernas e faze r a comparação co m esta c idadez inha. Ge nazza no é pi toresca, atrai por seu pito resco e ori gina li dade, cativando o observado r a conhecê-la. Pe lo contr{u·io, uma g rande ave nida, recurso urbanístico cos mopo li ta de q ua lq ue r mega ló po le do mundo atual, to rna-se monótona, dando vo ntade de bocej ar. •
As tortuosas ruas de Genazzano (acima) e as avenidas de Brasília (abaixo) : o contraste chocante entre o pitoresto, o original e a monotonia de qualquer megalópole contemporânea
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 9 de novembro de 1988. Sem revisão do autor.
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UMARI ·
RR A Dr ÜUVEIRA
,Junho de 2004
Devoção ao Coração Imaculado de Maria
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C 1rnTA DO D11mTOH
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PAGINA MAmANA
E ssa devoção é o caminho próprio para se chegar ao Coração de Jesus.
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LEITURA EsPm1n1A1.
Prescindir, em nossas orações, da intercessão de Nossa Senhora, Medianeira de todas as graças, equivaleria a voar sem ésas
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CommSPONDl~:NCIA
1O A
Nº 642
A tividades de Nossa Senhora
A Salve Rainha - IV
PALAVRA DO SAcmmo·n:
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A
N a 6° feira seguinte ao segundo domingo depois de Pentecostes (neste ano, no dia 18 do presente mês), a Santa Igreja celebra a festividade do Sagrado Coração de Jesus (vide Catolicismo Nº 630, junho/2003). E no dia seguinte (sábado, dia 19) co-
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MoRAI,
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INTm~NACIONAL
memora-se a festividade do Imaculado Coração de Maria. Sendo essa devoção de primordial importância, transcrevemos a seguir trecho de um artigo de Plinio Corrêa de Oliveira a respeito desse magno tema, publicado no "Legionário", de 30-7-44 .
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PoR Qtm NossA SENIIOIM C110RA?
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ENTREVISTA
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Ecos DE FATIMA
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lNl•'Ol~MATIVO Rt lRAI,
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CAPA
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Políticos americanos, aborto e sacrilégio Objetivos do terrorismo islâmico
Tendên cia conservadora entre jovens
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"Toda a piedade verdade ira te m po r objetivo dar g lóri a a Deus e conduzir o homem à virtude. Para um a e outra coisa - que ali ás se confunde m - a devoção ao Coração Imac ul ado de Mari a é um verdade iro do m da Prov idênc ia a este pobre e dil acerado sécul o. Nossa Senhora é a Medianeira de todas as graças. Querer rezar sem a intercessão d'Ela é o mes mo que pretender voar sem asas, di z Dante. Se deseja mos que nossos atos de a mor, de louvor, de ação de graças e de reparação cheguem até o trono de De us, deve mos depositá- los nas mãos de Mari a Santíss ima. Seri a ridículo imag inar que Nossa Senhora constitui um desvi o, e que ating imos mais diretamente a Deus se não nos diri girmos a Ela. O contrári o é que é verdade. Só por me io d' Ela é que chegamos a Deus. Presc indir de Nossa Senho ra para chegar a Jesus Cri sto, sob o es pec ioso pretex to de que Nossa Senhora constitui um anteparo entre nós e seu Divino Filho, é tão estulto quanto pretender analisar os astros sem te lescópi o, "diretamente", por imaginar que o cri stal das lentes constitui um anteparo entre os astros e nós. Quem qui sesse faze r as tronomi a "diretamente", a o lho nu , não fari a astro no mi a, mas to lice. Pretender ter vicia .d e piedade, se m o auxíli o de Nossa Senho ra , é o mes mo que faze r astronomia a olho nu .. . Saibamos proc urar a graça nas fo ntes onde rea lm ente e la j o rra , e com o auxíli o de la tornemo- nos fo rtes para todas as austeridades que o Espírito Santo de nós ex ige. Entre essas fo ntes da graça está, sem dú vida, e m luga r relevantíss im o, a devoção ao Coração Imac ul ado de Mari a. Na Sagrada Escritura encontramos esta frase: Porque f oram .fi·acos, eu lhes abri uma poria que ninguém poderá f echa,: Esta porta aberla para a fraqueza do ho me m contempo râneo é o Coração Imac ul ado de Mari a." • Imaculado Coração de Maria na Catedral de Barcelona (Espanha)
-CATOLICISMO
REA1,mA1>E CoNc1sAM1w1·..:
34 SOS 35
Veem ente ap elo a S.S. João Paulo II li'AMÍLIA
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Ilusão e decepção do divórcio
Idade madura e imaturidade na vida
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Revelações de Tristão de Athayde
Males da "civilização da imagem " Modelo de h eróico amor materno
Cúpula da Basílica de São Pedro: pedestal da Santa Cruz
21 Entrevista
Nossa capa: Foto Eduardo Barcellos/Sambaphoto Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo
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Nossa Senhora, modelo para nossas atividades
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
As conseqüências da ascensão de um partido da esquerda agro-reformista ao governo federa l, em nosso País, são cada dia mais preocupantes. As in vasões promovidas pelo MST, noticiadas conti nuamente por toda a mídi a, representam g rave ameaça à ordem pública. Por outro lado, ações ineficazes e a om issão de autoridades constituem fatores decisivos para o rápido aumento de violência, invasões de propriedades e outras formas de convu lsão social. Há uma particularidade nessa atuação esquerdista, que causa especialmente apreensão: a ação da assim denominada esquerda católica. Trata-se de membros do clero e do laicato que, deixando de pregar e de defender a doutrina católica, chegam a propugnar a doutrina marxista. Acreditam, erroneamente, que a revolução tão sonhada pelos comunistas seria indispensável e necessária em nossa época, já que tenderia a "corrigir injustiças sociais" e "melhorar a vida dos necessitados ". Entretanto, não se pode de nenhum modo o lvidar ou minimizar o fato de que o comun ismo é, comprovadamente, o mais ferrenho inimigo da Reli gião católica. Não é necessário nos alongarmos aq ui sobre o assunto, recordando exemplos históricos de numerosos governos comu ni stas ou socialistas que perseguiram, torturaram e mataram centenas ele milhares ele católicos no sécu lo XX. É, pois, lamen. tável que membros ela Hierarquia eclesiástica no Brasi l, notadamente a CNBB e a Comissão Pastoral ela Terra, empenhem esforços e recursos para fomentar teses defendidas pelo comu nismo e propor um igualitarismo que constituiu no passado, e contin ua a ser no presente, uma nódoa repulsiva na História da humanidade. É verdade que a maioria dos Bispos permanece silenc iosa. Se e les se pronunc iassem em defesa da doutrina tradicional da Igreja em matéria de propriedade pri vada, tudo poderi a mudar. Por que não se pronunciam? Em vi sta disso, a Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família e Propriedade tomou a iniciativa de env iar carta ao Sumo Pontífic , intitulada: Angustiado e filial apelo a S.S. João Paulo II - O Brasil pac(f'i.co e laborioso vos
A té mesmo bons católicos desconhecem o modo de proceder da Santíssima Virgem, como Ela passou sua vida terrena na contemplação de Deus e como consegue mover o Sagrado Coração de Jesus 1 V ALDI S GRINSTEINS
N
a Sagrada Escritu ra, a M ãe ele Deus aparece e m poucas ocasiões e é apresentada com reduzidas palavras. Na Anu nciação, po r exemplo, nada nos di z o Evangelho sobre o que Ela faz ia quando o Anjo lhe apareceu. Rezava? Costurava? Realizava alguma outra atividade própri a à sua condição? O tex to não reve la. Ela aparece depois vi sitando Santa Isabel, após o que sucedem-se o Nascimento do Menino Jesus, a fu ga para o Egito e a volta a Nazaré. No episódio da
pe rda e encontro ele seu Divino Filho no Templo, apenas sabemos que, depois de ter Ela pergun tado a Nosso Redentor por que os tinha de ixado, recebeu a resposta: "Não sabeis que devo me ocupar das coisas de meu Pai ?". E o Evangel ho reg istra que "Maria escutava todas estas
palavras e as meditava em seu coração". Apenas isso. No episódio elas bodas ele Caná, a participação ele Nossa Sen hora foi maior. Ela é quem se preocupa com os anfitriões, afl itos pela fa lta ele vinho. E intercede junto a Nosso Senhor para solucionar o problema. Ante a resposta divina,
AtiYi<la<lcs de Nossa Sc1ll10ra No mundo atua l, costumam ser valori zadas as atividades externas, e não as cio espírito. E quanto mais neopagã vai se tornando nossa civ il ização, mais se valorizam ações exteriores. Cu ltivar o espírito, aperfeiçoar-se espi ritu a lmente, santificar-se, não constituem nos di as de hoje atuações bem vi stas. Praticar exercíc ios físicos, cul tivar o corpo, fazer dieta, isso sim é compreendido. Se o leitor duv idar dessas afi rm ações, faça uma experiência: Se disser a seus amigos que permanecerá uma semana num spa, ou que passará uma semana num retiro espiritual , qual será em cada caso a provável reação deles? Q ual elas duas atividades e les mais apreciarão? Entretanto, todo cató li co sabe que devemos cu idar do corpo, mas é muitíssimo mai s importante cuidar da a lma,
suplica: "Livrai nosso País da ação maléfica da esquerda católica!" Tal Ape lo ao Pontífice sintetiza em 20 pontos os principais I roble mas gerados pelo processo ele esquerclização do Bras il , entre os qua is ameaças ele revo lução, invasões de terra e a li ciamento de indígenas. O documento r ssa lta o peri go representado pelo respaldo que esses componentes da esque rda ca.1ôlica concedem aos chamados movimentos de reforma social. Reprodu zimos, como matéria ele capa desta edição, o texto integral da mencionada carta. lsto porque trata-se de uma leitura indispensável a todo católico ze loso em defen le r a iv ili zação C ristã no Brasil, seriamente ameaçada pela ação desagregadora desenvolvida pe la esquerda católica no plano temporal. Peçamos a Deus e a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira de nossa Pátria, que proteja a Nação, para que ela permaneça sempre fi e l a suas g loriosas tradições católicas. Desejo a todos uma boa leitura. Em Jesus
Mari a,
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7 D lllETO R
aulobrito@cato l i ismo.com .br
Ela previne os criados: "Fazei o que Ele vos disser". Depois Ela não aparece mais, nesse episódio. Encontramos ainda a lgumas citações esporád icas sobre Nossa Senhora até Ela aparecer com destaque durante a sagrada Paixão. Por que razão a vicia de Maria Santíssima foi ass im tão discreta? Pma nós, os motivos são desconhecidos. Mas para Deus, certamente esta c ircunstância se expli ca segundo seus desígnios profundos e adm iráveis. Essa existência tão reservada é fonte para numerosas meditações. Neste arti go, poré m, concentrarnos-emos apenas em dois pontos.
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Nas Bodas de Caná, Nossa Senhora intercede junto ao Redentor, procurando solucionar o problema da falta de vinho
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te, Nossa Senh ora esteve mai s presente. O Eva nge lho não esclarece se Ela teve participação no domingo de Ramos , quando Jeru s· tl é m recebeu o Messias em triunfo. Mas na hora ela Paixão, da dor, da persegui ção e do sofrimento, Ela permaneceu cio princípio ao fim . E esteve no loca l ele ma ior perigo, maio r ód io, ele onde todos fu g iam . Por quê? Entre inú meros outros motivos, para nos ens inar que não devemos fu gir da dor, mas acei tá-la, ir ao encontro de la qu ando for essa a vontade divina . Pode haver algo mais terríve l para uma mãe do que ver seu filho sendo flagelado e crucificado? Mais ainda, e la media todo o horror do pecado que ali se cometia contra Deus, e o exec rava. Co ntudo, Ela aceitou pl e namente os desíg nios divinos. Na medida e m que o mundo vai reje itando a Fé e tornando-se cada dia mais ate izado, vai perdendo igualmente a noção da importância do sofrimento. A máxima imperante e m nossos dias é: a vida exi ste para ser gozada. Não estranha que numa civilização desse tipo existam católi cos que abominam o sacrifíc io, que fogem das cru zes. Entretanto, não fo i esse o exce lso exempl o que nos legou Nossa Se nhora. Daí a suma importância em ressa ltar o valor do sofri me nto para nossa santificação.
Após o perda do Menino Jesus no Templo, Maria Santíssimo meditou o ocorrido indagando suas razões no sabedoria divino
poi s a vida eterna sobre passa a te rrena, e cultivar o espírito é capital para um cató li co. Nossa Senhora, também nessa m a té ria , é um exemplo para nós. Certame nte praticou E la atividades caritativas, co mo o indi ca a visita a Santa Isabe l, mas sobretudo aperfeiçoava-se, e crescia em sa ntidade. Deve mos le mbrar que os mandamentos são hierárquicos, sendo o primeiro muito mais importante que os de mai s: "A m.a r a Deus sobre todas as coisas " deve ser, portanto, nossa prime ira atividade e preocupação. Quando o Evangelho assevera que a Virgem Santíssima guardava estas pal avras e as meditava em seu coração, indica-nos um mode lo a seguir. Tudo o que acontece, espec ialme nte quando difícil de entender - como a morte de um parente próx imo, a traição de um examigo, um aperto econômico - tem uma ex plicação aos olhos de De us. Se E le o permitiu , deve ter sido por algum motivo. Após a terrível provação que re presentou para Nossa Senhora e São José a perda do Menino Jesus no Templo, Maria Santíssima perguntava-se: qual a ex plicação para o fato? E recebe u uma mi steriosa resposta. Que fez então? Revoltou-se? Não, mas meditava, bu sca ndo as razões do ocorrido na sabedoria divina. E porque
-CATOLICISMO
* Encontro de Nosso Senhor com Suo Mãe Santíssimo na Paixão (Rafael, séc. XVI Museu do Prado, Mod ri)
Ela sabi a que aq ue le que ama procura asseme lhar-se ao a mado, procurava entender as últimas razões ci o atuar ele Deus, para amá-Lo com maior intensidade. Ig ualmente, no ep isódi o das bodas ele Ca ná, Nossa Senhora pede um milagre e recebe ele seu Divino Filho uma resposta vaga. Que atitude to mou Ela e ntão? Avi sou aos cri ados: "Fa zei tudo o que Ele vos disser ". Ou seja, deixou nas mãos de Deus a so lução. O que qui ser o C riador, estará bem .
Pal'ticif)ação na Paixão Chama muito a ate nção o fato de que, quando o sofrim e nto tornou -se pungen-
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Há pessoas que, te ndo que esco lher entre aceitar os so frim e ntos desta vida terre na para de po is receber a reco mpensa de viver com De us na fe lic idade do Céu por toda a eternidade, ou então di vertir-se na Te rra com amigos, preferiri am ficar com estes últimos ... Depois de uma vida libe rtina , como será sua vida eterna? Devemos, poi s, 1e nsarcontin uamente no exe mplo qu e Nossa Senhora nos de u junto à Cruz e ao sepul cro, na fuga para o Egito, na perda do M nino Jesus, para, imitando sua atitude, tornarmo-nos cada vez mai s verd adeiramente católicos. E assim, pre pararmo-nos para a vicia depois el a morte, na s uprema alegria da be maventurança de Deus , de seus a njos e sa ntos. • E-mail cio aut or: • 1 )' '
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A Salve Rainha - IV E m nossa edição de maio, transcrevemos os comentários sobre a invocação "Vida, doçura e esperança n_ossa, salve", da oração "Salve Rainha". Abaixo, os comentários das duas seguintes invocações.
A Vós bra<lamos, os degre<la<los lilhos <le Eva Sem os profundos transtornos que no mundo moral e na natureza inteira se produz iram e m conseqüência do pecado dos nossos primeiros pais, as virtudes que produzem a ventura teri am floresc ido no coração hum ano e uma perpétua primavera teria re inado na Terra, convertida em ma nsão ele alegri a, de paz e ele felicidade. Mas, consumada aquel a funestíssima desobed iência , cio coração do homem, nasc ido para amar, des bordar-se- iam com muita freqüê nci a as paixões mais in sa nas e funestas , antagonismo de raças, povos, nac ionalidades, ódios de partidos, lutas e riva lidades de classes, contendas fratricidas entre filh os de um mesmo la r ou de uma mesma pátri a. [ ... ] Que m poderá enumerar as inquietudes, sofrime ntos e angústias que assaltam continuamente os caminhos do nosso tri ste viver? A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva: Recordemos que a Santíssima Virgem, carne de nossa carne, osso de nossos ossos, filha de Eva como nós, passou pelas tristezas, provas, dores e as maiores amarguras que se podem ex peri mentar neste desterro. [ ... ] A Vós, que sois, como nós, filha daque la E va que nos arrastou e m sua queda, lavrou nossa des ventura, se meou o mundo de abrolhos e espinhos e nos de u por patrimô ni o a dor e a morte ; a Vós , que sois a segunda Eva, susc itada por De us para trazer-nos ao pé da árvore be ndita o divino remédi o dos infini tos males que, ao pé de uma árvore de ma ldi ção, nos trouxe a prime ira ; a Vós, que passastes pe las tristezas desse mes mo deste rro, experime ntando todas as suas privações, penalidades e amarguras; a Vós, que sois Rainha e Mãe de mi seri córdi a; a Vós , que sois nossa vida, nossa doç ura e nossa esperança.
A Vós s11sf)iramos, geme11do e chol'ando, 11este ,1ale <le lágl'imas Que m poderá ex plicar as inumeráve is adversidades e sofrim entos que nos arrancam copiosas lág rimas, umas visíveis, que correm de de ntro para fora, outras invi síve is, que correm de fora para de ntro e são ainda mai s amargas? Quem poderá di zer as infinitas dores que laceram o corpo, as pe nas que tortura m a alma, as inquietudes que agitam o espírito, as inesperadas quebras de fortuna que zomba m de todas as previ sões e seguros, as perdas dolorosíss imas dos seres mai s queridos, as e pidemias, guerras e revoluções que se alimentam
de milhões de vítimas, as ca lamidades públicas e individuai s que vão tecendo a ime nsa te ia da vida humana? [... J Grande poder é o das lág rimas, com as quai s até as própri as rochas se abrandam [ .. .] Po r isso o autor da Salve Rainha trata de di spor favoravelmente o coração da Rainh a e Mãe ele Mi sericó rdia, antes tle ap rese ntar a grande peti ção que se propõe faze r- lhe, recorda ndo- lhe a in fe licíss im a condição de nosso deste rro , e ntristecido seg uid ame nte co m nossos gemidos e regado por nossas lág rimas. Por isso di z: a Vós suspiramos, gernendo e chorando, neste vale de lágrimas. • (Excert os da ob ,·a cio Pc. Dr. Manuel Vici ai Rodríguez, lu Sa lve Expliw da, Tipograli a ele "El Eco Francisca no", Santi ago ele Co mpostela, 1923) .
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te mas como santos, fa míli a, Brasil e outros países; todo o mês tenho uma surpresa conhecendo coisas cativantes de que nunca ouvi falar. Despeçome esperando ansiosa pela chegada do correio. (M.A.A.P. - RJ)
E,v.cele11te recomendação [gJ Minha irmã deu-me uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, com a recome ndação de que eu desse cada mês uma imagem para alguma pessoa amiga. Há 7 meses faço essa di stribui ção e minha vida mudou. Quero que me envie m panfletos, livros, cartazes e coisas sobre Nossa Senhora de Fátima para e u conhecer melhor. (V.L.M.F. - PI)
Conjectura plausível
Co11solação
[gJ Li com um pouco de atraso o ar-
[gJ Te nho recebido fi elme nte as re-
tigo sobre Fátima de maio de 2004. É sumame nte interessante e instrutivo. Ta lvez, então, o Papa São Pio V que era dominicano e conheceria as profec ias de Sor F ilipina, te nha se inspi rado nelas para pedir a reza do Rosário para o triunfo de Le panto contra "o monstro do Orie nte", que naquela época eram os maometanos, e procl amar a festa de Nossa Senhora do Rosári o no dia dessa mag nífica batalha. Belíssimo o artigo, muito obrigado. (D.M.G.A. - Argentina)
vi stas e os CDs. São exce lentes, incomparáveis, cada um em seu conteúdo. As revi tas mui to me ensinam, me consola m e prev inem. Apli co o que leio às mensagens de Nossa Se nhora de Fátima, e procuro di fu ndir, a que m me cerca, o que sofreremos na "grande tribul ação" que j á está e m curso. D.H.S.G. - SP)
Gratidão [gJ Amigo autor, é com grande pra-
zer que envi o-te este e- mail , a fim de fe licitar-te pe lo texto referente a Fátima. Agradeço a Deus por termos no mundo pessoas ass im. (M.C. - RS)
Divulgação ele Fá tima [gJ Agradecemos a divulgação de Nossa Senhora de Fátima que vocês faze m. Recebemos o materi al que nos enviaram. Nosso muito obrigado. Desejamos que vosso aposto lado seja sempre e cada vez mais fru tuoso, e ass im, o nome de Maria seja cada vez mais difundido e a mado. (M .L.P.M. - SP)
Cal'i11ho pol' Fátima
Não p el'<le por espel'ar
[gJ Foi com uma alegri a inex pli cá-
[gJ Quero, que ro e quero, de qu alque r je ito, por qualquer preço, uma fo to g ra nd e da capa da rev ista de maio. Podem me e nviar be m e mbalada pelo correio? Talvez acondi cionar num a ca ixa ou tubo po r um modo bem seguro para não machucar a fo to. Quero uma foto mais ou menos de 1 metro de altu ra. [... ] Congratulo Catolicismo por apresentar ass untos inéditos sobre Nossa Se nhora e outros
vel que recebi Nossa Senhora de Fátima e m minha casa. Q uando me li gara m de São Paul o, não acredite i! Como prec isava dela naq uele momento .. . Me u nascimento fo i um verdadeiro mil agre. Corri a o ri sco de não nascer. Entretanto, nasc i sem problemas no exato momento e m que Nossa Senhora de Fátim a estava vis itando uma das casas vizinhas, e m 1956. Tenho certeza de que Nossa Senhora
-CATOLICISMO
ouviu uma mãe aflita e atendeu logo seu pedido de socorro. Por isso, tenho gra nde carinho por Nossa Se nhora de Fátim a, e fiz questão de convi dar todos os moradores de meu prédi o e fa mili are . Queria divi dir aquele mome nto com todos. Fiquei tão fe liz, que não sabi a o que faze r para recebê- la. Meu coração transbordou de alegri a. (M.F.C. - MG)
Palestras l'amiliarns [gJ Vossos artigos têm sido de grande vali a para minhas palestras fa miliares, e têm ajudado a mudar a vi são de mui tos e m vários as pectos. Obrigada. (1.F.S.B. - SP)
"Luta em prol de si mesmo... " [gJ Di gna de elog ios a matéri a "A T FP do B", publicada na seção "Soc iedade" da revi sta "Veja" de 8 de abril. O jornalista João Gabriel de Lima enfoco u o problema com absoluta imparcialidade, inclusive mostra ndo conhecimento de as pectos intestinos das duas entidades em questão - a TFP e os "Arautos do Evangelho" ou "Cavaleiros do Novo Milêni o". Sobretudo, destacou a fi nalidade ou, para usar um termo mais ec les iásti co, o "apostolado" que cada uma se propõe. A TFP, co mo se co mprova há anos, sempre defende ndo valores de mora l, ética e cul tura, com fo rte atuação política contra as ideo logias de esquerda, que fe re m os mais fu ndamentais direitos do homem. Católi cos sim , e católi cos de alma e corpo, sempre se a presenta ram como leigos, jamais proc urando , er uma associação ou congregação reli giosa, creio e u, para poder " peitar a cúpu la do clero" - uso a expressão de João Gabri el de Lim a - quando esta defe ndi a causas como a reforma agrári a, ou qu ando qu a lque r ouLro seto r soc ial apresentava idé ias abs urdas. Os "Cavaleiros do Novo Milênio" vão e m fre nte com seu c un ho musical. Nada tenho contra o ca nto gregoriano. Pe lo conLrário, aprec io-o mui to e julgo um bem divu lgá- lo numa
sociedade que não só vive imersa nos e ne rva ntes " bips" da informáti ca, mas, sobretudo, infeli zmente, ass ume como música melodi osa um barulhento impacto de ruídos. Contudo, até agora, não descobri que grande batalh a estes Cavale iros prete nde m enfrentar e m prol da humanidade. Talvez a " luta pelo poder" , onde nunca fa ltam o espírito de revolta, o sentime nto de injustiça, a índole de vingança e o amor própri o fe rido. Luta que, vi a de regra , acaba reve lando-se em pro l de si mes mo e não da humanidade ... E, di ga-se de passagem, impelida por sentime ntos be m contrários ao espírito do Evangelho. Sobre o fund ador dos Arau tos, a revi sta di z:. "De. origem humilde, o líde r ta mbé m e ra popul a r e ntre os mais pobres, que se revo ltavam contra a cúpul a fo rmada por sobrenomes tradic ionai s, num caso típico do que anti gamente se chamava ' luta de cl asses'". Se ri a essa a fin a lidade dos Arautos, que, como atesta a matéria de " Veja", procura m derrub ar a diretori a da TFP, meio onde nasceram ? E nfim , os "Cavaleiros do Novo Milê nio", ainda que com indumentária medieval, não perte ncem a este período da Hi stória. Então, o vassa lo jurava servir ao seu senhor e tinha por morte honrosa perder a vid a e m defesa da causa de seu fe udo. Os Cavaleiros do Novo Mil ênio são, sem dúvida, Cavale iros de um Novo Mil êni o. Questionam hie rarquias, quere m faze r vale r seus direitos "de mocráticos", tê m espírito de igualitari smo, apresentam uma subversão sil enciosa de caráter popul ar, camuflada pela mú s ica. F ilhos de seu te mpo, se m dúvida ! Parabé ns a João Gabriel de Li ma, que conseguiu e nxergar o fu ndo da rivalidade e ntre essas duas e ntidades e nos esclarecer sobre coisas que vemos e não e nte ndemos. A busca do pode r e a revan c he parece m es ta r atrás dos últim os incide ntes. Ao menos, que "cada macaco fiqu e e m seu ga lho": os mú sicos, com a mú s ica; e os que luta m pe los valores nobres,
co m o es paço para s ua a tivid ade. (A.M.M. - SP)
Realme11te inimaginável [gJ Aqui há um fala-fa la danado sobre a re po rtage m da " Veja", todo mundo co me ntando a "TFP do B". Em casa lembraram o que se·fal ava da fe ijoada de soja. Me u pai di sse a mesma coisa: de soja não é fe ijoada. A TFP "de o ntem, hoje e sempre" (como mostra o documento do Catolicismo de maio) é a autênti ca feijoada, a de fe ij ão. A "TFP do B", a fe ij oada de soja. O que esses "Ara utos do progressismo" quere m é passar a mão no pa trim ôni o da TFP. [... ] Nun ca imag inei que eles chegari am a esse ponto: sintonizarem com seus antigos inimigos, ou seja, com o clero marxi sta-Lenini sta da "CNB do B". Que condenação lançaria o grande São Pio X? Será que eles não sabem o que faze m? Não pe rcebe m qu e estão te nta ndo des truir aquil o qu e o Prof . Plini o construiu ? (C.K.P. - SC)
Doloroso episódio [gJ Quero manifes tar meu apoio nesse dol oroso episódi o dos di ss identes da T FP e a tomada de sedes, da s igla e dos símbolos da T FP. É um absurdo tere m chegado a esse extre mo ! É an ticri stã e intolera nte tal atitude ! Como pôde a Sede principal , um imóve l particul ar, e cedido e m comodato, ter sido tomado pelos di ss identes? Espero que Nossa Senhora em sua sabedoria ajude a TFP a superar pe los me ios lega is esse tra ns to rn o. (M.P.F.A. - GO)
Negócio da China
rios? Será que que m fi zer oposição ao governo vai ser mand ado para campos de concentração? Abrirão no Brasil cursos de "re-educação? Será aqui permitido o tráfi co de órgãos? E a reti rada dos órgãos de prisioneiros executados, também será permitida? Será aqui autori zada qualque r violação dos direitos humanos? Será permitido e m nossas te rras e em nossas fábri cas o trabalho escravo? Co mo se sabe, é devida a esse tipo de "trabalho" a baixíss ima qualidade dos produtos chineses, poi s os operári os não custa m quase nada aos cofres dos comunas chineses. Isso chama-se mão de obra barata, ou trabalho escravo? Será que nosso governo desej a mes mo cri ar rnilhões de empregos no B ras il ? Duvido, pois no di a em que os produtos chineses fo rem abertamente despejados aqui , teremos milhões de desempregados e nossas fá bricas fec hadas . Tantas outras perguntas gostari a que o governo brasile iro respondesse, pois tudo isso e muito mais é habitual naquele imenso país vermelho. PS : Na Chin a, seg und o notíc ia que li nesta revista, a médi a de mortes e m "acide ntes de trabalho" é de IO mil chineses por mês. É um meio para se diminuir o número de desempregados ... (C.F.D. - RJ)
TV- mau exemplo [gJ Eu que ri a que as pessoas e nte ndesse m um pouco este mund o e m que vive mos, tão c heio de pecados. A televi são é só ma u exe mpl o pa ra a soc iedade, inclu s ive para as c ri a nças. Pe rg unto -me: o nd e está a mora l, a fé e a re lig ião das pessoas? (N.M.P.- RJ)
Esse governo, cujo símbolo també m é a estrela vermelha, quer apresentar a Chin a vermelha co mo mode lo para nós. Então, será qu e vai impl antar no B ras il a pena de morte? Se rá que a lgreja não terá mais liberdade de ação? Serão incendi adas as Igrejas onde o pároco não reza segundo a cartilha do estado comuni sta? Se rão presas as pessoas que fo re m pegas di stribuindo a bíblia ou rosá-
JUNH02004-
Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - Visitei o site www.catolicismo.com.br e o achei muito informativo. Sou católica, mas ultimamente tenho pensado em algumas coisas que gostaria de esclarecer. Li a explicação a respeito da Igreja Católica, como ela surgiu. Foi no momento em que o Espírito Santo tocou os Ap~stolos e dessa forma nasceu a Igreja. Creio que essa seja uma interpretação da Igreja Católica. Mas eu gostaria de saber se há uma afirmação concreta de que Jesus falou que ela é a verdadeira e a única que salva. Baseando-se em textos bíblicos, realmente. Pois o próprio Jesus Cristo disse: Quem se reunir com duas ou mais pessoas em meu nome, eu estarei presente. Não necessari_amente na Igreja Católica, mas em qualquer bom lugar edificado que fale em seu nome. Por essa e outras passagens, creio que a Igreja Católica é a casa do Senhor, mas não somente essa, e sim, como está em Efésios (2, 21), todo edifício bem ajustado ... E sobre Pedro ser o primeiro Papa, Jesus falou: Ninguém vem ao Pai a não ser por mim ... Não creio que somente os Papas podem ler a Bíblia, pois ela é vendida em todos os lugares, e Deus a escreveu para que crêssemos Nele. Bom, essas são as minhas dúvidas. Se o senhor puder me esclarecer, ficarei grata. Resposta - É interessante notar como a mi ss ivista quer um a res posta baseada "em
textos bíblicos, realmente" .
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CATOLICISMO
Tratando-se de uma católica, como está afirmado em sua carta, vê-se que ela está influenciada pel a idéia, hoje muito difundida, de que toda a Revelação feita por Nosso Senhor Jesus Cristo está contida só na Bíblia. Ora, isto não corresponde à realidade dos fatos. Aliás, em nenhum lu-
gar da Bíblia está escrito que só na Bíblia está a palavra de Deus ...
Bíblia: necessária mas ins11licie11te Mais de uma vez lembramos nesta coluna que a ordem de Jesus Cristo a seus discípulos foi: "Ide e pregai o
Evangelho a toda criatura " (Me 16, 15). A difusão da Boa Nova deu-se, pois, primeiro pela pregação, e só mais tarde os discípulos houveram por bem escrever os ensinamentos que tinham ouvido de Jesus Cristo. E, ao fazerem-no, não tiveram a preocupação de compor uma obra absolutamente sistemática - acadêmica, diríamos hoje. Fizeram-no inspirados pe lo Divino Espírito Santo, mas movidos pe la graça, ao sabor de suas preferências, salientando os pontos que mais os haviam impressionado. Daí a variedade de estilos e conteúdos dos escritos dos Apóstolos e discípulos, que se completam uns aos outros, apresentando uma visão unitária e coerente da doutrina do Divino Me stre , se m entretanto abranger a totalidade dos seus ensinamentos. O Evangelho de São João conclui precisamente com esta eloqüente observação: a Terra não poderia conter os volumes que seria prec iso escrever para transmitir todos os ensinamentos e fatos da vida de Cristo (cfr. Jo 21, 25).
De onde resulta que é preciso recorrer também à pregação viva, que nunca se interrompeu na [greja, e que constitui a teologicamente denominada Tradição. Bíblia e Tradição formam as duas fontes da Reve lação. Inclusive, muitas passagens da Bíblia só são perfe itamente compreendidas à lu z da Tradição. Não cabe, portanto, restringir exclusivamente à Sagrada Escritura as provas das verdades de nossa Fé. Muitas são encontradas nas citações bíblicas, mas outras nos chegam através da Tradição. E ao Magistério da Igreja incumbe guardar esse precioso depósito da Fé e interpretá- lo sem
erro. Com efeito, Jesus Cristo prometeu , depoi s que subisse ao Pai , enviar o Espírito Santo sobre os Apóstolos , para guiar a Ig reja em sua caminhada ao longo dos séculos, de forma que seu ens iname nto não se deturpasse com o passa r do tempo. É essa ass istê ncia do Espírito Santo que garante a infalibilidade do Mag isté rio da Igreja. fsto posto, vamos às dúvidas da consulente. "E eu te digo : tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha lgre;a" (Mt 16, 18). A Igreja verdadeiro está edificado sobre o Papado.
À esq .: São Paulo diante do Basílica de São Pedro. Acima : Catedral de Notre-Dome, Paris .
Fora da Igreja não há salvação Se a salvação nos vem por Jesus Cristo, e só através dele, é óbvio que devemos procurála na Igreja por Ele fundada. Ora, Nosso Senhor disse a Pedro: "E eu te digo que tu és
Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16, 18). A Igreja de Jesus Cristo é, portanto, a que está edificada sobre o Papado. Esta é a única Igreja verdadeira, fora da qual não há salvação. É o rebanho de Cristo, é o Reino de Cristo na terra, é o Corpo Místico, do qual Ele é a divina Cabeça. Como vê a consulente, esta verdade se apóia num texto bíblico (aliás, em vários outros também), mas é necessário um raciocínio teológico para explicitar o conteúdo do texto bíblico. Este é o papel do Mag istério eclesiástico, que se dese nvolve sob o bafejo do Espírito Santo, como acima dissemos, e resguardado pela Infalibilidade Pontifícia. Sobre o caso das a lmas retas que estão fora do corpo da Igreja, e que entretanto se salva m, é assunto já tratado
nesta coluna (cfr. Catolicismo nº 617, maio de 2002). Como o tema é delicado e complexo, remetemos o leitor para esse artigo, em que a questão é analisada em seus matizes.
"Eu esta,·ei no meio deles" A consulente tem razão em dizer que não é apenas no templo católico que se cumpre a promessa de Nosso Senhor:
"Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles" (Mt 18, 20). O templo é a casa de Deus por excelência, tanto mais quanto, em grande número de casos, Jesus Eucarístico estará realmente e substancialmente presente no Sacrário. Mas em todo outro lugar em que os :fiéis se reunirem para tratar dos interesses de Deus, contarão com a presença espiritual de Jesus no meio deles. A mis s ivi s ta e ntretanto não parece fazer a distinção devida entre a Igreja Católica enquanto instituição, e a igreja (com minúscula), isto é, o templo (edifício) no qual se realiza o culto divino.
condições de tirar proveito espiritual del a. Naturalmente, fala-se aqui de uma edição que tenha a expressa aprovação da Igreja. Não convém entretanto imaginar que qualquer fiel que se põe a ler a Bíbli a te m só por isso proveito garantido. Se a pessoa não tiver formação adequada, e não prosois hóspedes, nem adventícios, mas sois concidadãos curar acompanhar a leitura dos santos e membros da fa - do texto bíblico com os come ntários de autores aba) imília de Deus; edificados sobre o fundam ento dos · zados, esse ato, de si louvável, pode redundar até em Apóstolos e dos profetas, sendo o mesmo Jesus Cristo a prejuízo para a própria fé. pedra angular, sobre o qual Poi s a Bíblia contém freqüenteme nte passagens mi stodo o ediffrio [espiritual] bem ordenado se levanta teriosas, que só com o auxípara ser um templo santo do 1iode um especialista se poSenhor, sobre o qual vós sois dem co mpreender. Daí a verdade ira insensatambém juntamente edificatez do mau conselho protestandos para morada de Deus, te de pôr a Bíblia nas mãos de mediante o Espírito [Santo] " qualquer um, de qualquer jei• (Ef. 2, ] 9-22 - tradução do to. Facilmente ele se confunPe. Matos Soares). de e começa a tirar conclusões A Bíblia não é completamente infundadas. só para o Papa! Esses são os esclarecimentos que queríamos oferecer à Sem dúvida, a leitura da gentil missivista. • Bíbli a não é reservada só ao Papa, mas recomend áve l a E-mail do autor: co nego josclui z@cato licismo.com.br todo cristão que esteja em Quanto à referênci a de São Paulo a "todo edifício bem ordenado" (Ef 2, 21), ela não tem em vista o ed(/1cio sagrado, mas o edifício espiritual que cada um deve edificar em si mes mo para tran sformá-lo no "templo santo do Senhor". Eis suas palavras: "Vós, pois, já não
JUNH02004 -
1111D
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A REALIDADE CONCISAMENTE Ogivas nucleà'res russas apontadas para os EUA
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egundo um relatório sobre planejamento de guerra nuclear do Conselho de Defesa dos Recursos Nacionais, dos EUA , a Rúss ia aponta a maiori a de suas 8.200 ogivas nucleares para a potênc ia norte-ameri cana. E os EUA mantê m e m seu arsenal 7 mil ogivas ofensivas, a maiori a apontada para silos de mísse is russos. E um docume nto el e j aneiro ele 2002, do Escritório de Estudos Milita res Estrangeiros, dos EUA, dec lara que a cidade de Nova York é o alvo iso lado mais importan te elas ogivas russas, na região do Atlântico, depo is elas gra ndes insta la.ções mili tares. Com o recrudesc ime nto cio terrorismo, há uma tendência a se olvidar o perigo nuclear representado por essas 8.200 ogivas russas. E o mais preocupante é que tal a meaça permanece nas condições atuais da Rúss ia, cujo governo, liderado por Putin, é cada vez mais ditatori al e constituído, e m boa parte, por antigos agentes da KGB, a temível polícia política da ex-URSS. • Sob o político agressivo ! e ditatorial de Putin, ' Estados Unidos ameaçados pelos ogivas nucleares russos
África do Sul: 10% da população é aidética!
H
á três anos morria de AIDs Parks Mankahl ana, porta-voz e amigo do pres ide nte Mbeki , ela África cio Sul , que acaba ele serree le ito. Ma nkahl a na fa lece u e nquanto escrev ia arti gos defendendo a posição cio pres idente, segundo a qual o vírus HTV não ca usa a AIDS. Em 1999, o presidente sul africano negou publicamente pela primeira vez a ligação entre o víru s e a doença. Em artigo para o jornal inglês "The Guardian", o sul-africano Justice Malaia lamenta essa fa lsa infor mação, que certamente contri buiu para o aumento alarmante ela epidemi a no país: 4,7 milhões ele pessoas infectadas pel a AIDS , o que representa l0% da população! Ao invés de prevenir a população contra a terrível moléstia, combatendo a imoralidade e o permiss ivi s mo, fa lse ia-se a rea lid ade. Como conseq üência, 4,7 milhões conde nados à morte pela epidem ia devido à ação do vírus escamoteada perante o público daquele país. •
O
Porks Monkohlono (acima) defendia o posição do presidente Mbeki, segundo o qual o vírus HIV não couso o AIDS . Há três anos morreu dessa doença ...
Alguns jornais sul-africanos lamentam o falso informação sustentado pelo presidente reeleito (foto ao lodo) que contribuiu poro o aumento alarmante do epidemio no país.
Apesar de seu isolamento, até quanto, Fidel?
E
m longa arenga pronunciada e m Jº de mai o passado, Fidel Castro chamou a União Européia de "máfia" aliada aos "fascistas" americanos. E acusou o México e o Peru de se aliarem aos "lacaios" do imperialismo, qualificando o governo mexicano de "fantoche" dos EUA. A irritação do velho ditador fo i causada pelo fato de os mencionados países terem votado, em abril último, a fa vor de uma resolução da ONU que continha branda repreensão ao governo cubano, pela iníqua condenação de 78 dissidentes políticos e m 2003. Tanto o Méx ico quanto o Peru , como repre-
Fidel Castro, irritado: União Européia serio "máfia", México "fantoche" e Peru "lacaio" dos EUA.
O Brasil do agronegócio: êxito invulgar
sália aos ataq ues castri stas, reiiraram de Havana eus e mbaixadores, deixando as representações diplomáticas desses países em Cuba nas mãos de encarregados de negócio.i. Esse incidente diplomáti co é mais um significativo si ntoma do crescen1 isolamento da ilha-prisão do Cari be. Iso lamento digno de nota, espec ialmente e m relação ao México, tradicional ali ado cio reg ime c ubano. Parafra eando a pergunta de Cícero ao senador Catilina, na Ro ma antiga, poder-se-ia indagar: "Até quando, Fide l, abusarás da paciência das nações do Ocidente?" •
ag ronegócio foi respo nsáve l por 41 % das ex portações totais do País nos quatro primeiros meses do ano, batendo recordes hi stóri cos. O superáv it agrícola no Brasil foi de 9, 1O1 bilhõ es ele dó lares, 37,2% mais que o resultado obtido em igual período de 2003. De acordo com o Ministério da Agric ui'tura, merece especial menção o incremento, no mencionado período, ele 35% nas vencias cio complexo soja: ele 1,829 bilhão passou para 2,470 bilhões. O resultado das exportações ele produtos ag rícolas e m ab ril últi mo foi igualmente um recorde. Elas re ndera m 2,846 bi!hões, 16% acima dos 2,447 bilhões de abril ele 2003. O sucesso cio agronegócio contrasta com os prejuízos causados ao País pelas criminosas invasões praticadas pelo MST no campo. A esse respeito, um editorial do "Jornal cio Brasi l" ( 10-504), sob o título Agronegócio - o Brasil que dá certo, comenta: "O excepcional desempenho deste Brasil pouco divulgado merece estímulos especiais. A preservação da paz. no campo, a proteção do direito de propriedade e o estímulo a empreendedores são essenciais para esse mundo que tem dado tão certo ". •
No Zimbábue, miséria e agora reforma educacional
S
O fantasma do SARS reaparece e preocupo não
só a Chino (exército chinês acima) , mos 30 países no mundo
SARS de volta: alerta na China comunista
O
notici ári o a respeito da Síndrorne Respirató ria Aguda Severa (SA RS), que causa ra pâni co em nações as iáticas meses atrás, parecia indi car que a epide mia estava contro lada. No ano passado, a mol éstia já causara 774 mortes (349 na Chin a) e mai s de 8 mil in fectados em cerca de 30 países. Mas em fins de abril último, agências internac ionais divulgara m notícia ela morte, por efe ito ela SARS, de uma chinesa. "Toma remos medidas rígidas de quarentena e observação", dec laro u o po rta-voz do Mini stério de Saúde. E as autoridades chinesas também anunc iaram, na ocas ião, outros doi s casos de SARS apa recidos. Em início de maio, pesq ui sadores cio hospital uni versitário de Groningen, Holanda, e da Pri meira Univers idade Médica Militar, em Guangz hou, China, advertiram que suas descobertas ressa ltam a necess idade de med idas mais estritas de controle ele transm issão da moléstia. Os cienti stas holandeses descobriram receptores que permite m ao vírus da doença ligar-se a cé lulas cios pulmões, cios rins, do revestimento cio intestino delgado, das artérias e ve ias. A pesqu isa chinesa obteve resultados semelhantes. Um dos supe rvi sores do estudo holandês, Harry Van Goo r, declarou have r forte possibilidade ele que a SARS seja transmitida pela ág ua ou pelo contato com a pele. Considerando as devastadoras mol éstias e ep ide mias surgidas em tempos mais ou menos recentes, como a AIDS , a SARS e a gripe do fi-c1ngo, poder-se- ia i ncl agar: não estaríamos diante ele formas ele castigo prev istas por Nossa Senhora, e m Fátima? •
egundo o jornal inglês "The Guardian", algumas escolas particulares do Zimbábue foram fechadas, e nove diretores presos. Na mesma ocasião, o ministro da Educação daquela nação informou ao Conselho dos Pois que o governo comandará as instituições educacionais, da mesma forma como fo ram desapropriadas as fazendas de brancos existentes no país. De acordo com essas notícias, no Zimbábue está se aplicando o processo revolucionário marxista : após a Reforma Agrária socialista e consfiscatória, chegou a hora da similar reforma educacional. Os frutos dela são bem conhecidos pela experiência: no campo, miséria e fome; na educação, slogans marxistas, caos pedagógico e ignorãncia .
Invasões de terra: "Serviço Patriótico do MST"!
E
m seu depoimento na CPI da Câmara de Deputados, em fins de abril, D. Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastora/ da Terra (CPT), foi criticado por parlamentares ruralistas. Estes o denunciaram pelo fato de pregar a luta de classes e contestaram as estatísticas da CPT sobre mortes no campo. Como era de se esperar, o prelado negou que esteja pregando a luta de classes. Admitiu, porém, falhas eventuais no levantamento feito pelo mencionado órgão, estatísticas muitas vezes colhidas em jornais. D. Tomás declarou, na ocasião, que o MST "presta um serviço patriótico ao País" ("Jornal do Brasil", 26-4-04). Em face dessa surpreendente afirmação, poder-se-ia indagar se o presidente da CPT considera "serviço patriótico" as invasões de terra promovidas pelo MST em todo território nacional, com as conseqüentes perturbações da ordem e desestímulo à agropecuária, setor que vem sustentando a economia brasileira ...
CATOLICISMO JUNHO2004 -
Comunhão sacrílega de Kerry divide os católicos americanos N a perspectiva da eleição presidencial americana, acirrada contenda agita os meios católicos: um político católico abortista pode comungar? Ou se deve negar-lhe a comunhão? Os fiéis devem recusar-lhe o voto? li'I Luís DuFAUR
gênero de polêmica canôn icodogmática que hoje se verifica nos Estados Unidos tinha desaparecido no período pós-conciliar. Agora volta com vigor. A Igreja Católica forma o maior bloco religioso da nação norte-americana, embora contando com pouco mais de 25% da população. O protestantismo, sem dúvida, apresenta cifras mais altas, mas está esfarelado em denominações por vezes irreconciliáveis, sem unidade hierárquica ou doutrinária. Por isso mesmo, a preferência do bloco católico faci lmente é decisiva nos pleitos ele itorais. Tanto mais que as próximas eleições presidenciais se afiguram como devendo ser muito disputadas. Nesse quadro, o candidato John Forbes Kerry, que é esquerdista e abortista, explora a sua condição de católico para arrebanhar votos. Ele concorre pelo poderoso Partido Democrata e joga até com as siglas. Suas iniciais - JFK - são as mesmas do único presidente católi co da hi stória dos Estados Unidos: John Fitzgerald Kennedy. Este impressionou o mundo católico, já então trabalhado pelo progressismo, com a sua e le ição, e depois com a sua trágica morte. Kerry sonha em igualar aque le êxito e leitoral. Comício do Partido Democrata e seu candidato John Kerry
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Co11servad01'ismo ass11miu liderança do país Entretanto, os Estados Unidos não são os mesmos dos anos 60. De lá para cá o co nservadorismo conquistou a liderança que o esquerdismo desfrutava anteriormente. Por exemplo, seg und o pesquisa Gallup, hoje 41 % dos americanos dizem-se conservadores, e apenas 19% esquerdistas. As grandes universidades e fundações de tendência es-
querdista têm recursos muito mais vultosos que os grupos conservadores, porém estes superaram os esquerdistas "em organização, combatividade e pensamento nos últimos 40 anos". Com o financiamento do multimilionário George Soros, a esquerda está copiando os métodos dos conservadores para recuperar a hegemonia. Mas lh e fa lta um "centro de convicção e ene rgia". 1
tendem a própria fé que pro8 Para a ALL, e les clamam". Comunllão sacdlega endossam "uma forma evidendo candidato Kerry te de fanatismo anticatólico". Na luta pelo voto, Kerry pasA entidade acrescentou que os .&:chbishop addresses sexual sou a participar ativamente eco48 tomaram uma atitude que "o !11~sconduct policy in letter to the mungar nas missas em Boston, ,aithful Cardeal McCarrick não devea sua cidade. O escând alo cauria tolerar. Afinal, há uma verArch bisbop ap 0 1ogizes • fi . sou celeuma nos setores conseror nustakes oftb assures proactive stance today e past, dade simples e objetiva, que não vadores americanos . A situação pode ser alterada de nenhum agravo u- se quando o Cardeal Archbishop Cha'.les Chaput, O.F'.M. Ca modo: não se pode ser católico : ~:~illthat ali! pnests of the archdiocest~ea Francis Arinze, prefeito da ConPalm Sow~ng e tter m place of a homily for l e ser a favor do aborto. Os bisd un ay Masses. The archbish gregação para o Cu lto Divino, the letter himself a t the Cathedral 0~~{ea pos têm a obrigação de sustenlembrou que os sacerdotes deImmaculate Conception March 24. e tar esta verdade", explicou Juvem negar a com unh ão aos JDear friends in Chds t, One of the first die Brown, diretora de ALL. ess~~s .ª young pnest learns is that the políticos que favorecem o cwruc1k1x1on happened for a reason The Hol O ex-embaixador dos Estados · J he readmgof · . aborto. Imediatamente, os jor•' 'we begin . toda,yw1t1t Chee l 1st s pass,on reminds us that . . 1 Unidos junto à Santa Sé, Raynalistas associaram suas pala- ~ - - - -_ ___;_that we were redeemed ata P . s m is;ea ' b..:,.__,.,.,~:.õ4...o.~,.•_,~ ,,."""~-~=..,._, . ~ ~ 11at mond Flynn, qualificou de "irrevras à com unhão inescrupuloverente e arrogante" 2 a carta dos sa de Kerry. comungar diante de nute, voltou a 48 políticos "católicos". Em entrevisA notícia atiçou o incêndio já demerosos jornalistas que foram cota de TV, Flynn afirmou que os conclarado. O Arcebispo de Denver, Char6 gress istas democratas abortistas brir o escândalo. les Chaput, escrevera no "Denver CaEm virtude do ardor da discussão, "querem ser católicos no dia das tholic Register" (foto a direita) que "os a Conferênc ia Episcopal Americana eleições e conquistar os votos catócandidatos que se dizem 'católicos', grupo especial para estudar criou um licos"; porém, "quando estão em mas ignoram publicamente os ensinao caso, presidido pelo Cardeal TheoWashington., ou no congresso, consmentos católicos sobre a santidade da dore E. McCarrick, Arcebispo de tantemente votam a favor de grupo vida humana, oferecem um testemunho público desonesto ", concluindo que Washington. O purpurado fico u em radical bem financiado que trabalha "os católicos verdadeiros deveriam difícil situação, pois o progressismo, contra o mais importante dos direi-9 sempre favoráve l à esquerda, é forte tos humanos", isto é, o direito à vida. votar conscientemente".3 nos meios episcopais. Inquirido, o A polêmica continua e pode alPouco depois, o Bispo-coadjutor de Orlando (F lorida) , D. Thomas Cardeal teve que reconhecer que nem cançar repercussão mundial sobre a atitude pastoral dos bispos católicos, Wenski , qua lificou de "ignorantes e todos os bispos estão dispostos a negar os sacramentos a candidatos aborinclusive no Brasil. Desde já e la pasacrílegos" os abortistas "católicos" tistas. Os prelados propensos a não tenteia, mais uma vez, o papel cenque se aproximam da mesa de comunegar alegam motivos pastorais para tral da Igreja Católi ca no c urso da nhão. E di sse que só "uma ignorância invencível, uma obstinação cul- sua atitude, e acabam discordando História, a ponto de - apesar da criposa ou arraigados hábitos de peca- dos bispos que já haviam negado a se que a aflige - a posição que E la do podem explicar que alguém que comunhão, bem como da orientação adota ser capital até para a decisão 7 da eleição presidencial da maior pose apresenta corno 'católico prati- do Cardeal Arinze. Em apoio a Kerry, 48 congressistência da Terra, mesmo tendo esta cante ' possa repudiar um ou vários 4 da linha progressista, tas "católicos", maioria protestante .. . • ensinamentos definitivos da Igreja ". escreveram carta aos bispos americaE-mail do auto r: luis ufa ur ca ·oli ismo.co rn .br Esses doi s prelados não foram os únicos. Mese. antes, o Arcebispo de nos acenando para repercussões no Nova Orleans (Louisiana), e o Bispo sentido de serem consideradas como Notas: de La Crosse (Wisconsin ) negaram a represáli as as recusas de se dar a co- J. "The NewYork Times", 18-05-04. 2. Agência "Zenit", 22-4/04. comunhão aos legisladores abortistas. 5 munhão aos políticos pró-aborto. 3. "AC I", 16-4-04. A atitude dos 48 parlamentares 4. "ACI", 20-5-04. suscitou numerosos protestos. A or- 5. Cfr. Catolici.1·1110 nº 639, março 2004. Desalio es,111el'dista "AC I", 27-4-04. ganização pró-vida American L~fe 6. à p1·oihição 7. Agência "Zenit", 2 1-5-04. League (ALL), por exemplo, respon- 8. "ACI", 21 -5-04. Enquanto isso, o candidato demo9. "ACI", 24-5-04. crata John Kerry, em atitude desafian- deu que esses legisladores "não en1
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JUNHO2004 CATOLICISMO
1.
INTERNACIONAL
O teITor •islâmico ameaça o mundo P rimeiro foi um ataque aos Estados Unidos. Depois, à Europa. Depois ... Como se explica a atual ofensiva do tc1'ror? Qual o seu significado mais profundo? Qual o seu objetivo? r, W.
GABRIEL DA S1LvA
Corrcspo11dc111 ~ Po,rruGAL
Coimbra - ·"Vocês querem a vida e nós queremos a morte". Esta frase, e ncontrada na.fita da Al Qaeda na qu al assumiu o pavoroso ataque contra estações de tre m e metrô e m M adri , e m 1 1 ele março último, reve la be m a fil osofi a do terror. Naque la manhã, como em todo dia útil , milhões ele madrilenos segui am para o traba lho, qu ando fo ram surpreendi dos pe la notícia ou pe los efeitos elas bo mbas cio te rro r islâmico. O que tinham as víti mas a ver com a g uerra cio Afegani stão, do lraq ue o u de jude us e pales tinos? Nada ! Como pretexto esfarra pado, restava apenas a presença ele um a simbólica tropa es panho la no Iraque, c um prindo tarefas eminentemente humanitárias. Mas em l I de setembro ele 200 1, quando a mesma rede terrori sta derrubo u as to rres gêmeas de Nova York usando av iões de passageiros, não havi a nenhum pretex to, a não ser o ódi o. C laro que ta manha inj ustiça só pode causa r pro fund as apreensões po r toda parte. Como escreveu o "New York Times" em editori al logo após os atentados terroristas e m Madri , estes "foram um crime monstruoso contra a humanidade inocente. Foram também um. lembrete de que o terrorismo é uma ameaça mundial, e que combatê-lo não é um problema apenas dos EUA ". Po r quê? Porque "o terrorisrno ameaça a todos nós, em todos os lugares, todas as manhãs. Os terroristas não respeitam .fimiteiras nacionais, sistemas políticos, ideologias nem reügiões". 1
Despedaçado pela explosão de l l de março, o vagão do trem transformou -se em fragmentos retorcidos
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Além disso, ele se serve ele duas vantagens: o anonimato e a surpresa. Com meios ínfimos ele pode causar grandes danos. Passemos à análi se, proc ura ndo ex plicitar a atual ofensiva do te rror islâmi co e o que este tem co mo meta.
Fanatismo islâmico baseia-se em p1·i11cí1Jio imoral Sei q ue é di fíc il para nós, cri stãos, ente nder a lóg ica fa tali sta dos ho mens, mulh eres o u até cri anças-bo mba (como os pa lestinos que amarra m bo mbas ao
própri o corpo para expl odir em lu gares públicos, a fim de matar o maio r número poss íve l de " infi é is"). Essa fa lsa lóg ica ex iste desde que Maomé fun do u sua seita. À fo rça de go lpes de cimitarra , o Islã conseguiu mudar a geogra fi a política do Ori e nte próx imo, cio M edi terrâneo, do no rte da África e até do lo ngínquo centro e sul da Ásia. Em diversas ocas iões ameaçou a E uro pa, permanecendo na pe nín sula ibéri ca d urante quase oito sécul os. A g rande difere nça é que anti game nte o [s lã atacava com exércitos, tendo à fre nte a lgum c hefe militar o u cari smáti co. Hoj e e le o faz po r m e io de kamikazes anô nim os infiltrados por toda parte. Em todo caso, percebe-se c lara me nte no atual conflito o c hoqu e e ntre diferentes concepções do mundo. De um lado - co mo bem ex plica um arti go da "Corri spo ndenza Ro mana" 2 - está a civili zação ro mano-cri stã com o conceito fun dame ntal de pessoa hum ana e a cl ara di stinção entre os ca mpos espiritu al e te mpora l. O Islã, ao co ntrá ri o, nega tal di stinção e redu z o indi vídu o a uma partíc ul a ind ife renciada do ummah - a comunidade dos fi é is, para os muç ulmanos.
Para os cri stãos, a liberdade, com todos os limites que o direito natural lhe impõe, é um valor funda me nta l. Para os muçulmanos, ao contrári o, é insig nificante ou inex iste nte. Para os prime iros ex iste um Dire ito natural, válido e m toda parte, para se mpre e para todos, que proíbe matar os in ocentes. Para os segundos exi ste apenas um suposto direito divino, que justifica todos os crimes. Ass im , enquanto todos os países inimi gos - signifi cativa mente chamados dar al harb (territó ri o de guerra) - não sej am transfo rmados em dar al saiam (te rritório de paz), é lo uvável a guerra santa, co mo também qualquer meio para co mbater e matar os "i,~fiéis". Tal seri a o princípio de co nqui sta cio Islã, que presc inde totalme nte da mora l natura l e justifica todos os me ios para obte r o fim , isto é, o do míni o muç ulmano.
O choque amel'ica110 de 11 ele setembl'o ele 2001 Vi stos esses pressupostos, convido os leito res a ana li sa r os lances mais impo rta ntes da gue rra desencadeada pe lo terroris mo contra o Oc idente cri stão (ou exc ri stão, em larga medida, infe li z me nte).
Quanto ao choque de 1 1 de setembro de 200 l , gravei-o de forma indelével na me móri a. E u voltava da Lituâni a e da Po lô ni a co m a lg uns amigos, numa vem. Entrávamos em Dresde n, linda cidade da Ale manha o rie ntal, ainda marcada por abundantes cicatri zes ela ditadura comuni sta. Impressões vagas sobre as expectativas e apreensões a respeito do futuro dos povos do Leste e uropeu nos vinham à me nte, e m face do contraste entre os prédi os e m péss imo estado, de uma im po rtante rua de Dresden, cujo negrume be m simbolizava o regime que ruíra em 1989, e os edifíc ios restaurados que revivesc iam a capital barroca da Saxô ni a. Nosso grupo passava a pé pe lo pavi lh ão da Sopfúen.strasse rumo ao páti o inte rn o do Zwinger. Qua ndo paramos para apreciar a beleza arquitetônica do conjun to, Chri sto phe r, um norte-a meri cano do Mi ssouri , que fa zia parte de nossa caravana, chamo u-nos quase sem fôlego, com seu ce lular na mão: "Acabo de f alar com. meus familiares. A televisão está mostrando uma das Twin Towers ern chamas. Um avião chocou-se contra ela e explodiu. Parece ter sido urn. atentado". Tra ta va-se das to rres gêm eas do World Trade Center, os edifíc ios mais altos de Nova York, junto ao ri o Hudson . Nosso espanto foi geral. Na praça do Teatro, co nve rsáva mos ainda sobre o aco ntec im e nto, qu a nd o C hri sto phe r, sempre com seu celul ar, anunciava que um segundo avi ão acabava de c hocar-se contra a outra torre. Po uco mais tarde, outro avi ão atingia o Pentágono, e as to rres ru ía m... E ra inacredi táve l! A essa altu ra, não havi a mais dúvida: era mesmo um múltipl o ate ntado. E de que proporções ! "A partir de agora, a história do mundo será outra", comentamos e ntre nós. O capitalismo fora fe ri do em um dos seus símbolos. Efetivamente, enormes interrogações se erguiam como invi síveis es padas de Dâ moc les sobre o mundo oc id e ntal : Que m? Por quê? O que nos espera no futu ro?
Estado em que ficou o prédio de apartamento em subúrbio madrilenho, após o atentado terrorista de meados de abril
CATOLICISMO JUNHO2004 -
Al gumas respostas vieram lpgo: Bin Lade n e sua Al Qaeda, a ede islâmica do terror. Outras questões continuaram na penumbra da incerteza.
O choque eul'opeu de 11 de mal'ço de 2004 Os episódi os subseqüentes ao 11 de setembro são por de mais conhecidos: a mobili zação das forças armadas, as medidas de segurança, a guerra contra Bin Laden e A I Qaeda, a gue rra do Afeganistão, a guerra do Iraque. Depois de vários atentados menores - be m sucedídos, como a bomba numa di scoteca de Bali , ou e ntão fru strados a 11 de março de 2004 chegou a vez da Europa, com o pavoroso ataq ue em M adri. Em horário de pico, porque o objetivo era matar o maior número possível de "infiéis". Efeti va me nte, co mprova-se qu e o mundo entrou na era do terror. Di ante dessa nova realidade, é natural que nos perguntemos aonde ela nos conduzirá. Por mais chocantes que possam ser os horrores dos atos terrori stas, das guerras no Iraque ou alhures, isso não impede que o fator mais importante seja o psicológico. Estamos diante de uma guerra psicológica revolucionária com o fim de mudar as mentalidades. Pois os efeitos dos acontecimentos nas a lmas e na opini ão públi ca pode m ter maior alcance do que os fa tos em si. Desse ponto de vi sta, ne m mesmo um país católico como o B rasil está isento dos ataques do terrorismo. Nós também temos a nossa AI Qaeda. Ela se cha ma Comando Vermelho, PCC, quadrilhas de narcotrafi cantes ou qualquer outra coisa. Basta lembrar a recente revolta numa pri são de Rond ôni a, co m pe lo me nos uma dúzia de mortes, e uma cabeça decepada lançada para fora do presídio. Ou um militante do MST cortando com uma fo ice a jugul ar de um brigadiano, em plena praça da catedral e do palác io do gove rno, e m Porto Alegre, nos anos 90 . Pode-se aí medir até onde pode chegar o ódio de quem não pratica os Mandamentos de Deus. Bin Ladens ex iste m, s im , e estão espalhados por toda parte. O probl e ma é co mo reag ir eficaz mente co ntra e les. Anali se mos e ntão, sob esse pri sma, os -
CATOLICISMO
princ ipai s segme ntos da opinião oc ide nta l.
A rnpel'cussão na opinião amel'icana Após o desconcerto ini cial ante o ocorrido em 11 de setembro de 2001 , a reação quase unânime da nação norteameri cana fo i a de um gigante fe rido. Reação tanto mais compreensível por tratar-se claramente de um ataq ue aos valores da civilização ocidental, especialmente aqueles representados pelos Estados Unidos, como o comprovam as revelações sobre os autores dos atentados. Os americanos compreenderam então que a nação, enquanto tal, tinha inimi gos . O choque do 11 de sete mbro levouos a cons iderar co m mais seriedade a vida, os princípios morais e religiosos. Tudo isso consolidou o seu patrioti smo. A administração Bush soube galvani zar essa reação, atraindo até mesmo grande parte dos adversári os políticos, obte ndo uma aprovação de mais de 70% dos americanos. Ta lvez se possa di zer até que procurou levar essa reação ao paroxismo. Falou-se mesmo em Cruzada. Se m dúvida, é prec iso não confun dir as reações da nação americana com os planos da admin istração Bush. Se m julgar as inte nções do própri o pres idente - fu giria do te ma desse arti go aprofund ar esse ponto-, convé m di stin guir du as realidades be m difere ntes: nação e gove rno.
Não é habitual cl'itical' os piorns aspectos dos E UA Os Estados Uni dos fora m, ao longo de praticame nte toda a sua ex istênc ia, a ponta de lança da Revo lução protesta nte e liberal, baseada no mito da igualdade. Basta pe nsar no papel nefas to do c ine ma de Holl ywood na divul gação desse mito, sob a fo rm a do American way of l(te, para medir o mal que fizera m ao mundo, do ponto de vi sta c ultural. É c uri oso que a maiori a dos atu ais c ríti cos dos no rte-a me ri canos não apresente m ne nhuma obj eção con-
Sessão do Parlamento, em Estrasburgo . A rea ção dos europeus diante do terrorismo islâmico cindiu - se.
tra a revolu ção c ultu ra l qu e ve m d a Amé ri ca. Assim , por exempl o, ouve-se freqüe nte me nte rock em ve íc ulos o u lugares públicos, sem nenhuma censura. O s mes mos que ouve m a mú s ica a mericana são críticos ácidos da de mocrac ia ame ri cana. Hoje, entretanto, a Revolução igualitária avançou tanto e m outras frentes de tipo sociali sta, comuni sta ou anarquista - que sua fo rma liberal-americana fi cou ultrapassada. O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira costumava di zer que, com o avanço revo lucionário, os Estados Uni dos seriam e m breve mais ou menos o que fo i a Áustri a imperial para os regimes revo lucionários de seu te mpo. Ni sso estamos. Seja como fo r, o fato é que após o 11 de sete mbro houve uma compacta reação da opini ão pública americana contra o terrorismo .
A l'uptum do Ocidente, a l'eação na Fmnça Bem difere nte da reação americana ao terror islâmico foi a dos europeus. Em prime iro lugar, a E uropa não reag iu de modo coeso co mo os Estados Unidos. Al guns países alinharam-se com
os Estados Unidos, co m a provação da maiori a dos seus cidadãos. É o caso dos bri tânicos, da ítáli a e de Portuga l, e ntre os oito que apoiaram os ameri canos desde o início para uma intervenção no Iraque. O caso da Espanha, como já anali sado na edição de maio, será apenas rele mbrado mais abaixo. Outros países, partic ula rmente Fra nça, Alemanha e Rú ss ia, form aram um a fre nte de opos ição aos Estados Unidos. A pos ição da França fo i, sem dú vida, a mai s gritante. Vejamos. No di a seguinte ao 1 1 de sete mbro, o jornal " Le Monde", aparentando expri mir o sentimento nacional dos franceses, pu blicava ed itori al assinado por seu preside nte Jea n-M arie Co lombani , sob o título: "Somos todos ame ricanos". A frase, que no mome nto soava como o que podi a haver de mais ameri canófil o possíve l, vista com o recuo cio te mpo ev ide nc iou uma profund a hipocri sia. Passado o primeiro impacto da tragédi a de Nova York, os fe rmentos atuantes no pa ís d a Re vo lu ção Fra ncesa ( 1789), da Comuna ( 187 1) e da Sorbonne (J 968) começaram a prod uzir seu resultado nefasto sobre parte de sua opinião pública, certame nte minoritári a mas
Não acred ito qu e esse co me ntári o im portante. O líder da objeção anti -a mepossa aplicar-se a toda a Espanha. Não é ricana fo i nada me nos que o própri o Preposs ível que entre os descende ntes cios s ide nte C hirac, arrasta ndo no mes mo he ró is antico muni stas da guerra civil de comboio gente da esquerda e da direita. 1936 a 39 ainda não reste algo da fibra Sim . Pode parecer estra nh o, mas a ibé ri ca, qu e ta ntas vezes assombrou o direi ta francesa - salvo um setor pequemundo. Entretanto, é prec iso reconhecer no e importante, de vi são mais ampl a igualme nte que j á não esta mos nos te mé profund amente contrári a aos Estados pos de Cid Campeador ne m de Fe lipe li , Unidos. Da esque rd a soc ialo-comun ista, e que o espanho l de hoje, des fib rado pelo não é preciso fa lar. Tio Sam sempre fo i a dinheiro fác il e pe los prazeres que o tubête noire cios marxistas. ri smo pro porcio na desde os te mpos de Co m o seu poder de irrad iação , a Franco, já não possui a garra de outrora. Fra nça infl uenc iou imed iata me nte seE m resum o: a reação da Es pa nh a, tores de outros pa íses, co m maior o u como antes a da França, faz temer por me nor sucesso. A Europa fi cou desde toda a Europa. logo divi d ida e cada vez mais di stante dos Estados Unidos. É prec iso d izer que 'l'l'ês /JOSiçõcs (IC alma ce rta falta de Lato po líti co, da parle dos li'c11tc ;;'1 amea ça islâmica Estados Unid os, ta mbé m co ntri buiu Entramos ass im no terce iro mil êni o pa ra essa di visão. Por exe mpl o, o d ito com perspectivas so mbri as. Um Islã od idep rec iativo de Rum sfe ld sobre a "veento e fa nático vai se unificando e m to rlha Europa". no ele uma bande ira cada vez mais agresOra, uma fratura inte rn a na Europa, siva. Não só no pl a no que anali samos e e ntre a Euro pa e a Améri ca, o que s igneste artigo - o do terrori smo - mas nifica? Uma fratu ra do Ocidente cri stão. ta mbé m na le nta e contínua invasão da Essa divi são, a que m fa vorece? Aos Euro pa, através da imi gração lega l ou ileseus inimi gos, ev ide ntemente. De imega l. Tal imi gração lhe assegura o futu ro, diato, ao ime nso Islã, que vai da Áfri ca ante a decadência dos europeus que predo Sul à Ás ia; mas, de viés, favorece ta mfe rem deixa r avançar as pragas da imobé m o mundo co muni sta, re presentado pe la Rú ss ia de Putin e pela China ver-· ra lidade a ter muitos filh os. Em outras pa lavras, para enfre ntar os melha. Não seri a demais acrescen tar nesri scos que se apresenta m para o que se se conjunto o esquerdi smo brasi leiro, te nchamou gloriosa mente a Cristandade, a dente a alinhar-se com o bl oco marxista. saída verdadeira seria o hero ísmo. HeroE'sf}a11ha: um JJaís "de joelhos" ísmo de praticar a Lei de Deus, ele ped ir<liante <lo tcrrol'ismo ? Lhe fo rças para vencer o ini migo pela sua conversão ou pela lu ta, como nos temComo já noti ciado na edição de maio pos das antigas invasões bárbaras. Só o último, o governo centri sta espanhol de verdadeiro a mor de Deus pode vencer o Aznar, baseado em supos ições que poódi o do terrori smo islâ mi co. deri am ter fundamento, mas que se veri Os que julgue m impossível esse heroficaram precipi tadas , atribuiu desde logo ísmo, reconheça m ao menos que uma atià organi zação terrori sta basca ETA a autude de fi rmeza é o úni co meio ele se opor tori a dos atentados. Ve rifi cou-se pouco a um adversário como o que fo i descri to. depo is que os autores era m terrori stas A terceira pos ição, a do entregui sta, islâ micos. Em lu gar de suspender as ele isó co nd uz à deso nra , e po r fim à ções nu m pa ís em estado de choq ue, o derrota. • governo deixou que las tra nscorressem confo rme a data marcada, três dias deE-mail do autor: w-gabriel@catolicismo.co m.br po is. Da í o res ul tado desco nce rta nte : milhões de eleitores mudaram sua inte nNotas: ção de voto, elegendo o soc iali sta Zapa1. C fr. "O Estado de S. Pau lo", 14-3-04. 2. "Corrispo n lenza Romana", 848/0 1 de 13-3-04. tero, do PSOE. Encontrando- me em Por3. c rr. Les p rin c ipal e.1· fi g 11res c/ 11 COf.lrCl /11 tu gal, ouvi mais de uma vez este come n11éoco11servatew ; "Le Mo nde", 3- 10-04. tári o: "A Espanha colocou-se de j oelhos 4. Co111 m en l les 11 éoco 11se r vat e11rs pese11t sur la po/itiq11e a111éricai11e. " Lc Monde". 3- 10-04. diante do termrisnw". JUNHO 2004 -
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Exposição de corpo putrefato
o antigo Egito, a punição para um assassino era fi car amarrado ao cadáver de sua vítima: testa com testa, boca com boca, braços com braços, tronco com tronco, pernas com pernas. Ass im , o homi cida ia sentindo a pu trefação ao vivo, e como que parti cipando dela aos poucos, naquele corpo que ele, por um ato criminoso, separara da alma. Considerava-se que o horror àquele cheiro nauseabundo que se exala de um corpo em decompos ição, o contato direto com a carne humana putrefata, a vi são contínua daquele ser que va i se desfazendo comido por vermes invi síveis, tudo isso consti tuía o pi or castigo que se poderi a infligir ao condenado. Era uma pena bárbara, fo ra de dúvida, que as civili zações posteriores aboli ram . Mas revelava ainda, naquele povo pagão que não tivera a suprema ventu ra de conhecer Nosso Senhor Jesus Cri sto, um fundo de Direito natu ral, por onde a putrefação, o nauseabundo, a decomposição orgânica eranJ tidos em horror, servindo para instrumento de tortura e de castigo. Chegamos ao século XXI. Nosso Senhor Jesus Cristo não é mais um desconhec ido. Ele é um rejeitado. Sua sublime doutrina é odi ada, desprezados os sagrados ritos que ele nos trouxe do Céu; e os católicos autênti cos, qu antas vezes estão reduzidos a punhad inhos, esparsos aqui e aco lá, até persegui dos. As conseqüências de tão grave apostas ia se fazem sentir de mil modos. Os homens de hoje, em meio a inúmeros prazeres fi ctíc ios, estão na verdade vergados pela dor, cheios de fe l e amargura. Mais ainda, tendo desprezado a luz de Cristo, a própria luz natural os abandona, e vão assim tateando nas
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trevas, rumo a um estado mental infe rior ao dos própri os povos pagãos. Estes tinham em horror a putrefação de um cadáver, mas a nossa civili zação a quer ex por como objeto atraente. O Museu de C iência de Londres anunciou pl anos de expor a seus vi sitantes, em uma vitrine, um cadáver em decomposição. Segundo a revi sta a lemã "Der Spiegel", Ben Gammon, diretor cio museu, di sse que a idéia ela exposição era demonstrar para o público todas as fases cio processo nauseabundo. Uma emissora ele televisão já teri a manifes tado interesse em documentar as vári as etapas cio apodrecimento. O corpo usado deverá ser o ele um doador que esteja previamente ele acordo com tal utili zação macabra. O mu seu já está consul tando patolog istas e especiali stas em ética, antes ele inaugurar a expos ição (cfr. "Folha de S. Paulo", J 9-3-04). •
Conservadorismo na juventude brasileira A tendência conservadora entre os jovens é bem maior do que se imagina; sua apetência por valores tradicionais surpreende os pesquisadores
Fachada do Museu de Ciência de Londres
.Homossexualismo para crianças!
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ivro infa ntil, recomendado por uma escola ela Carolina do Norte, nos EUA, causou indignação a alguns pais. Apenas a alguns ... A obra de ficção King & King (Rei e Rei) relata a paixão do príncipe Bertie por outro príncipe, Lee, e termina com o "casamento" dos dois. É dirigida a crianças a partir dos seis anos. A diretora da escola procurou justificar-se, dizendo que a história pode "ser aceitável" por
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algumas fa mílias (cfr. "O Estado de S. Paulo", 19-3-04). Tal tentativa de conspu rcação das mentes infa ntis seria impensável anos atrás, sem levantar uma onda de in dignação. Hoje, suscita apenas alguns poucos protestos e mais nada. O mal dá de ombros e conti nua a avançar. Como não desejar, em face dessas aberrações , uma pronta intervenção divina como a pro metida por Nossa Senhora em Fátima? •
O
tema do conservadorismo dos jovens em nossos dias vem sendo abordado por vários órgãos da mídia nacional e internacional, ressaltando especialmente a posição da juventude norte-americana . E no Brasil, qual a situação reinante? Para apresentar aos leito res de Catolicismo dados significativos a respeito do assunto, nossa reportagem entrevistou dois jovens universitários cariocas : Paulo de Heráclito Lima Filho, 22 anos, estudante do 7° período de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Bruno Schroeder, 22 anos, que cursa o 7° período de Engenharia de Computação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) . Eles se conheceram no Colégio Santo Agostinho, do Rio de Janeiro, e criaram no começo deste ano, juntamente com ex-colegas desse estabelecimento de ensino e outros amigos, a ONG Juventude pelo Vida, que se dedica o esclarecer as pessoas sobre os males do aborto . Nosso correspondente no Rio, Antonio Augusto de Carvalho, entrevistou os dois universitários, cujas posições refletem de modo sintomático essa acentuada tendência conservadora, bem diversa do espírito de revolta e contestação que marcou gerações anteriores, como as que sofreram influência da
Revolução do Sorbonne de maio 1968, dos movimentos hippie, punk, etc. *
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Catolicismo - Como nasceu a idéia de formar a ONG Juventude pela Vida?
Paulo de Heráclito Lima Fº A idéia surgiu em conversas, nas quais tomamos conhecimento da atu ação dos movim e ntos Pro Life, Direito de Nascer e Quero Vi ver. A inspiração ve io des tes exemplos e ela revolta em face da prática repulsiva que constitui o aborto . Catolicismo - Quais são as atividades principais que desenvolvem no momento?
Paulo de Heráclito Uma li'º: "Nosso movimento já firmou sua exi stência 11a inten w t. Eventos de estlldo e clebates devem se 11111/tiplicar"
Bruno Schroeder - Nosso movimento já firmou s ua ex is tê nc ia na Inte rn e t. Nosso s ite www.juventudepelavida.com.br promove debates e fo rnece materi al sobre o tema. Além di sso, organiza mos um evento de do is dias no CCS (Centro de C iênc ias Soc ia is) da Universidade Federal cio Rio de Janeiro (UFRJ), intitulado Jornada Pelo Direito de Nascer. Eventos de estudo e debates elevem se multiplicar. Já temos uma palestra marcada também em estabelecimento de ensino da zona Sul cio Ri o de Janeiro. Ademais, temos entrado em contato com organi zações que vi sam os mesmos objetivos, tentando ass im co ligar esforços. Catolicismo -
A organização Juventude pela
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Vida adota a posição da doutrina católica, que rejeita qualquer tipo de aborto? Paulo de Heráclito Lima F° - S im . Pa rece-nos abso luta me nte certo cons idera r qua lque r prá li ca abo rtiva imora l. Catolicismo - Assim sendo, essa organização combate a atual legislação brasileira sobre o assunto, que admite o aborto em casos de estupro e de malformação do nascituro? Bruno Schroeder - Preocupa- nos ta nto a poss ibilidade de destipificação do a bo rto qua nto a ex istê nc ia dos casos de impunidade. Esta mos mo bili za ndo as pesso_a s e m um g rupo de pressão po líti co-soc ia l, para que possa mos de rrubar essas le is e aprovar o utras e m sentido inve rso. Pre te nde mos ado ta r o s istema de ma la direta, para faze rmos c hegar ao Cong resso Nacio na l a voz dos que cl ama m e m prol da vida hum ana.
Catolicismo - Embora a finalidade precípua de Juventude pela Vida situe-se no campo moral, como é a questão do aborto, seus membros assumem posições conservadoras em outros terrenos, como o da economia? Paulo de Heráclito Lima Fº - Pode mos nos cons iderar conservado res típicos . P roc ura mos re presenta r a ma io ri a dos j ovens da nossa geração. Como mostra a pesqui sa promo vida pe lo Instituto da Cidadania, ONG fund ada há 15 a nos pe lo PT, 80% d os j o ve ns pesqui sados, numa fai xa de 15 a 24 a nos, decl ara ram-se contra o abo rto; 57 % a favo r do serviço milita r o bri gató rio; 75 % julgam que a idade pe na l deve diminuir para 16 a nos. E 8 1% dos e ntrevi stados são contrá ri os à libe ra-
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Em relação ao casamento, os membros da ONG adotam a posição da Igreja Católica, cuja doutrina autêntica prescreve a monogamia e a indissolubilidade do vínculo matrimonial? Paulo <le Heráclito Lima F', - A pa lavra casa me nto só deve se a plicar ao que, na s ua essênc ia, rea lme nte o é : uni ão mo nogâmi ca e indi sso lúve l e ntre home m e mulhe r. Outras fo rmas de uni ão, como a ho mossex ua l e o conc ubinato, devem ser co mbatidas, te ndo e m vi sta o be m da socie dade bras ile ira.
soc ie da de sã, co mo nos e ns in a Sa nto To m ás de Aquino. O Bras il te m s ido pa lco el e ve xa min osos a ta ques à propri ed ade privad a. O MST é um g ran de pe ri go para a soc iedade bras il e ira, po r seu des prezo pe las le is, pe lo despudo r co m qu e vi o la os m a is bas il ares prin c ípi os mora is e pe la pe ri gosa assoc iação co m a na rco-g ue rrilha colo mbi a na.
Bmno Schrocdcr: "Preocu /Ja-nos tanto a possihili(/a<Je <le destipilicação do aborto <Im111to a existência (/os casos (/e impunidade. Estamos mobilizall(/o as I1essoas em wn grupo políticosocial para que possamos (/en·ubal' essas leis e aprovar outras em sentido cont,·ál'io "
Catolicismo -
ção do uso da maco nha, sendo que 90% de les a firma m que nunca ex pe rime ntara m a droga. Que re mos re medi a r os e rros co metidos pe la ge ração de nossos pa is, contribuindo pa ra um revi go rame nto mo ral da soc iedade bras ile ira .
Catolicismo - Os membros de Juventude pela Vida são favoráveis à livre iniciativa e à defesa da propriedade privada no plano econômico? So mos ple na me nte fa vo ráveis à livre inic iativa. Ac redi ta mos que o Estado não deve cercear aque les que desejam e tê m me ios para produ zir e prover serviços para a Nação e seus filh os. A ca rga tributá ri a bras il e ira é escorc hante.
Bruno Schroeder -
~ erRrie peb vida
Site da organização Juventude pela Vida
Catolicismo -
A pro pri ed ade pri vada é co ndi ção
sine qua non para a ex is tê nc ia de um a
Qual sua posição em relação à Reforma Agrária em curso no País, bem como a respeito das invasões de terra e da agitação promovidas pelo MST? Paulo de Heráclito Lima Fº - A Refo rm a Ag rá ri a é um gra nde pe ri go para assoc iedades c ivili zadas . O probl e ma é ma is cande nte no Bras il , o nde o M ST to rn o u-se um fe tiche e destinatá ri o de milhões de dó la res da esque rda e uropé ia. Ele me ntos do MST a li c ia m seguido res nas perife rias cios g randes centros, invade m pro pri edades, a meaça m, saque ia m e po r vezes a té mata m . Não se pode confun d ir o desemprego, que é um probl e ma soc ia l, com o M ST, que é um probl e m a de políc ia.
Catolicismo - Para os membros de Juventude pela Vida, o Estado deve exercer um papel apenas subsidiário na sociedade civil, para obtenção do bem comum, ou deve ser intervencionista, tendente ao dirigismo parcial ou completo? Bruno Schroeder - O qu e deve no rtea r o Estado é o princípi o de s ubs idi a ri edade. O Estado deve pro mover as ini c iativas da soc ied ade c iv il. Es ta é qu e deve dese mpe nh a r o pape l prin c ipa l na at ivid ade soc ia l. Ao Es tado cabe julgar q ua l ini c ia ti va é líc ita e qu a l se opõe ao be m co mum . O Eslado qu e não ado ta essa pos ição to rn ase a utor itá ri o e inte rv e nc io ni s ta , pro pe nso a at ua r te nde nc iosa me nte a fa vo r el as facções ma is próx im as do pode r. N ão ate nde aos a nseios da po pu lação. Q ua nto ao poder leg isla Li vo, os leg is lado res não el eve m e la bora r le is vi sa ndo se us interesses pessoa is. O Estado, e m s ua ação, deve pe rm a necer de ntro de certos li m ites esta be lec idos pe la re ta razão, para se a lca nça r o be m co mum .
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"Elementos (/o MS'I' aliciam seguidol'es nas /Jerilel'ias dos gl'amles centros, saqueiam e até matam "
"É óbvio que a j11 ve11tu(le brasileira é conservadora. Somos uma maiol'ia esmagada pela mfrlia "
A mencionada pesquisa realizada sobre a juventude brasileira, cujos resultados foram comentados pela revista "ISTO É", apresenta a seguinte posição sócio-política dos entrevistados: 21 % declaram-se de direita, 45% de centro e apenas 16% de esquerda. Tal pesquisa, em seu parecer, é objetiva, refletindo o conservadorismo da juventude do País? Bruno Schroeder - Sim. A soc ie dade está massac rada pe la mídi a, que esta mpa um a vi são fa ntas iosa não co ndize nte co m a rea lid ade do po vo bras il e iro . É ó bvio que a juve ntude bras ile ira é conservadora. Toda a socie dade o é. Somos ma io ri a, um a ma io ri a es magad a pe la mídi a. Fundamos Juventude pela Vida para co meça r a libe rta r a soc iedade desse massac re publi c itá ri o e mora l di á ri o.
Catolicismo -
Segundo a enquete, 95% dos pesquisados nunca se filiaram a partidos políticos e 53% não gostam deles. Como explicar essa visão negativa dos jovens, quanto à atividade política? Paulo de Heráclito Uma Fº - A ju ve nt ude, a nosso ve r, to rn o u-se re fra tá ri a à po lít ica po rq ue se des iludiu dos pa rtidos e d os po líti cos bras il e iros. Ela pe rcebe u qu e estes, vi a ele reg ra, bu scam a ntes d e tudo seu be m pa rti c ul a r e não o be m co mum , q ue de ve ser o o bj e ti vo prin c ipa l v isado pe lo Pode r Públi co. Observa ndo a atuação de tan tos po líti cos e go ve rn a ntes, que r no pl a no fe de ra l, qu e r no es tadual o u mu ni c ipa l, a lh e ios ao ve rd ade iro be m comum da soc ieclacle , muitos j o ve ns se des inte ressa m de qu a lque r a tivid ade po líti ca . •
JUNHO2004 -
INFORMATIVO RURAL A
Exitos e estorvos
na produção agrícola
Coordenador da Aliança de Fátima explica distribuição de estampas com a foto da imagem de Nossa Senhora de Fátima, que verteu lágrimas em 1972 em Nova Orleans (EUA), está correspondendo às melhores expectativas. Quem ainda não conhece essa bela imagem poderá encontrá-la na capa da edição de maio da revista Catolicismo . Mais de 70 mil estampas de Nossa Senhora foram distribuídas aos aderentes da Aliança de Fdtima desde março deste ano. A meta é distribuir 300 mil até o fina l de 2004. O coordenador de campanhas da Aliança de Fátima, Marcos Luiz Garcia, enfatiza: "Tal iniciativa visa dar um passo a mais no combate à decadência moral e à corrupção de costumes, que predominam em nossa sociedade e ameaçam a família e a juventude". Os interessados em receber a estampa ele Nossa Senhora de Fátima podem solicitá-la junto à Central de Atendimento da Campanha, pelo telefone (l 1) 3955-0660.
A importância da Medalha Milagrosa
e
omeçou no mês de maio a di stribui ção ela Medalha Mi lagrosa, promovida pe la assoc iação Aliança de Fátima com o apoio dos adere ntes da Campanha. A Medalha Mil agrosa vem atraindo grandes graças desde sua revelação em J 830. Fo i nesse ano que Nossa Se nhora pediu a Santa Catarina Labouré que ela fosse cunhada. Desde aquela época, são incontáveis os relatos e m todo o mundo de pessoas que, portando a Medalha Milagrosa com confi ança e devoção, receberam maravi lhosas graças. São hi stóri as impress ionantes ela intercessão ele Nossa Senhora, como a cura de doentes, recuperação de viciados, proteção
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CATOLICISMO
Aliança de Fátima
com
novo endereço á está funci onando o novo endereço cio site da Aliança de Fátima. Para acessá- lo, basta entrar na internet e di gitar www. aliancaclefatim a.org. br. Nesse site é poss ível fazer diversos tipos ele pedidos, inclu sive de orações e terços. Matérias e info rmações sobre os rumos ela Campanha estão di sponíveis, e os interessados pode rão conhecer mais dados sobre as aparições ele Nossa Se nhora de Fátim a aos três pastorinhos.
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Esquerdismo - " O esquerdismo é, na verdade, uma moléstia grave, extremamente grave. Enquanto ainda tivermos parcelas significativas da elite acadêmica e da Igreja Católica hipnotizadas pelos furúnculos de Marx, [. .. ] marchamos para trás, rumo ao estatismo, à planificação econômica, ao centralismo ineficaz dos 'sistemas únicos', à primazia dos interesses do governo sobre os da sociedade, à substituição da livre iniciati va pela ação cobiçosa da oligarquia de urn comissariado" (Antonio Se pulvecla, escritor, "Jornal do Bras il", 28-4-04). Amarras - O juri sta lves Gandra M artin s afirm ou que a Constitui ção brasile ira é "estuprada" todos os di as pelo MST. Alé m da in segurança jurídica, Gandra cha mou a ate nção para outras amarras ao desenvolvimento. Entre e las: os excessos de burocracia, as altas taxas de juros e a elevada carga tributária (cfr. " O Estado de S. Paul o", 5-5-04).
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du ra nte acide ntes e momentos ele peri go, obtenção de emprego, reconc ili ações, mudanças de vicia e, o mais importante, conversões de pessoas afas tadas ele Deus, ma que vo.ltaram a encontrar o ca minho ela autêntica Re ligião. E nfi m, a Medalha Mil agrosa é ele grande auxílio tanto e m dific uldades materi ais quanto es piritu ais. Por co nsiderar essa devoção ele suma importância na atualiclacle, a Aliança de Fátima trabalha para que o maior número poss ível ele pessoas estejam sempre trazendo-a ao pescoço, conhecendo assim a imensa bond ade da Mãe ele Deus. Até o fin al deste ano, a Aliança de Fátima espera di stribuir 500 mi l Medalhas Milagrosas e m todo o B ras il. Todos os in teressados e m receber ou presentear alguém co m a Medalha Mil agrosa podem solicitála na Central de Atendimento, pelo telefone ( l l) 3955-0660.
SPD - O B rasil come mora nesta semana 30 anos do Siste ma ele Planti o Direto (SPD), téc nica agrícola que deu sustentação ao e norme aumento ele produção no campo bras ileiro. A partir do SPD, o país pode incorporar áreas antes imprópri as para a produção ele grãos, economi zar em insumos e exportar tecnolog ia e equipame ntos para o mundo (cfr. Agrícola, "Folha de S. Paulo", J 1-5-04) .
é que o solo, co m o acúmul o de cobe rtura vegetal e o fim da arações, se estabili za em um processo linear ele aum ento da produtividade .
Miguel Rossetto, Ministro do Desenvolvimento Agrário
Qual legalidade? - Apesar elas constantes ilegalidades co metid as pelo MST, o Ministro do Desenvolvimento Agrári o, Miguel Rossetto, dec l.a rou : " Resp eitamos qualquer man(festação, mas não há espaço neste governo f ora da legalidade. Não podemos aceitar a venturas" ("O Estado de S. Paul o", 6-5-04).
Na palha - No siste ma co nve ncional, o so lo é revolvido - com arações e gradeações - antes de cada c ultivo. No SPD, a se meadura é fe ita na palh a da c ultura a nteri or. A partir de cinco anos
Economia - Segundo dados ela Federação Brasileira do Plantio Direto, o SPD ocupa hoje 22 mi lhões de hectares, dos 42,5 mi lhões destinados à produção de grãos no Brasil. Some nte no consumo ele óleo diesel, na últ ima safra, o País deixou ele gastar R$ 1,826 bi lhão, com uma economia de 59,3 litros de diesel por hectare/ano. Ovalor corresponde ao diesel que se deixou de queimar nos 22 milhões de hectares com o sistema. O SPD brasileiro é hoje copiado em todo o mundo, com o País exportando tecnologia e equipamentos. Dois pesos ... - " O presidente da Fundação Nacional do Índio ( FUNA I) justificou, de público, a matança pelos índios de 29 garimpeims. (. .. 1O ocorrido agora em Rondônia lernbra o chamado massacre de Carajás. [. ..] Ali, o crime praticado pelos policiais tomou dimensão internacional, enquanto que agora o f ato não mereceu nem. manchete de j ornal nem lamentação pública de caráter humanitário. Corno se vê, nos dois episódios as vítimas são tratadas de maneira d(ferente pela imprensa e por uma ala da Igrej a Católica que se diz prog ressista " (Pedro He nrique Chaves Antero, professor ele Ciências Políticas, in "O Povo", Fortaleza, 22-4-04).
presentando a Vossa Sa nticlade os protestos da ma i profunda vene/ ração, os abaixo-ass inados pedem vêni a para levar a Seu conhec imento a lg umas po nderações e e levar até Sua pessoa uma s úpli ca ela ma io r impo rtânc ia para nossa Pátria :
de nossa rea li dade, bafej a re ivindi cações o ma is das vezes revestidas ele uma agressividade toda vo ltada para a ag itação. O q ue va i fazend o a las tra r pe lo Pa ís um a mbi e nte a lta me nte pro píc io à luta de c lasses de in spiração marxista.
sil : quando a Santa Sé impôs, em 1985, ao então Fre i Leonardo Boff uma sábia correção disciplinar, quase vinte Srs. Bispos bras ile iros ousaram dec larar-se publica mente " inconformes" com a medi da adotada por Ro ma!
5. P1·oposta ele
1. Católicos al1itos
mu<lança l'a<lical na Ol'<lem sócio-econômica
7. Ousadias ela 'l'eologia da Libertação
É com grande preocupação, e mesmo com afli ção e angústia, que presenc iamos o Brasil , Terra de Sa nta C ru z, afas tar-se cada dia mais das v ias bendi tas da C ivili z~1ção C ri stã. Nosso povo, orde iro, pac ífico e marcadame nte re li g ioso, ass iste atô nito ao ec lodir ele confli tos, antes irnpe nsáve is, que e m prazo maior ou meno r poderão levá- lo a uma sangrenta g uerra soc ia l.
2. Religiosos apóiam soluções violentas para os pl'oblemas sociais O mais chocante e m ta l qu adro é que aos o lhos ele todos se pate nte ia que mui tos desses confli tos nascem e crescem graças à agitação co ntínua ele uma minori a ele reli g iosos e le igos católi cos. Contam e les , infe lizmente, com a o mi ssão, qu ando não com o apo io oste nsivo , de Pre lados cios mais altos na Hierarqui a ec lesiásti ca bras ile ira. Nosso povo sempre se mostrou avesso às fa lsas so luções da esq ue rda e mais partic ularme nte dessa minori a conhec ida como ··esquerda cató lica". Mas nos di as que correm, a pregação obstinada de tal corrente , a favo r ela solução vio lenta dos pro blemas soc ia is e ela ru ptura elas institui ções, co lide co m o se ntir comum da opini ão nac io na l, e partic ul armente com o ela maiori a cios católicos. Opini ão nac ional esta contrári a à vi o lê nc ia, à desordem, ao desrespe ito ela lei e ela orde m vigente. E que busca, sempre com bono mi a, co m j e ito e com pac iê nc ia - e na crença profund a ele que '·Deus é bras il e iro" - as soluções que lhe gara ntam um fu turo labori oso, honesto, ele be m-estar e de co ncórd ia cri stã.
3. Só a "esqucl'<la católica '' pode conduzfr o J>aís a mmi c,v.plosão social Em sua longa atu ação pública, Plini o Corrêa de Oli veira, mov ido por uma de-
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CATOLICISMO
Prof. Plínio Corrêo de Oliveira
dicação des interessada à Santa l greja e à C ivili zação C ristã - da qua l a TRADIÇÃO, a FAMÍLIA e a PROPRIEDADE são valo res bás icos - sempre empenho u o me lho r de seus esforços para denunc iar os ma les da infiltração esque rdi sta na Igrej a. Em se us inúmeros escritos de g rande reperc ussão nac io na l, de nunc iava e le a "esque rda cató li ca", e pari-i cul armente a esque rda ec les iás tica e ncastoacl a na C NBB , co mo a úni ca fo rça capaz ele co nta mina r nossa op ini ão pública, pacata e co nservadora, co m as fe bri c itações d a de magog ia, rum o a um a ex pl osão soc ia l. Ilustrada pe lo discernimento e argúc ia ele visão desse católico desassomb rado - ho mem ele Fé, de pensamento e de ação - a Associação dos Fundadores
da TFP- Tradição, Família e Propriedade , que subscreve este ape lo, vê igualme nte na atuação po líti co- re li g iosa da "esque rda cató lica" o ma ior peri go para os atuais destin os cio Bras i1.
4. Alastra-se pelo Brasil o amhiente da luta de classes Na verdade, a "esqu erd a cató li ca", ex plo rando certas c irc unstânc ias d ifíceis da conjun tura sócio-econô mi ca bras i le ira e quase sempre ignorando ou até fa ls ando de modo aberto dados essenc iais
Ilu stra m-no be m exempl os recentes. No úl timo 1° de maio, di ante da Catedral de São Paul o, pastorais soc iais, partido da esquerd a mais radica l, movime ntos ditos po pul ares e sindi catos organi zara m uma "jo rnada de luta", du ra nte a qu a l os mani fes ta ntes bradavam slogans contra a atu al ordem sóc io-econômi ca e repetidas vezes soou o hino da Internac iona l Soc iali sta. Segundo o noticiári o, esteve presente - como que e ndossando e presti giando o ato - o Sr. Arcebi spo ele São Paulo, Cardeal Dom C lá udi o Hummes . Por outro lado, o Bispo Dom Demétrio Valentini , da Pastoral Social da CNBB , imi scuindo-se em ass untos estritame nte temporais, propôs a coordenação das chamadas forças sociais e m fa vor de um a muda nça rad ica l da atu a l o rde m sóc ioeconô mica. Propô ta mbém uma articulação dessa. mesmas fo rças com o atu al governo, para a implantação no Bras il de sua agenda soc ial ele esquerda.
6. Teologia da Ubertação: inspimclora <la "esquel'<la católica "
A atitude desafi ante dos adeptos da Teologia da libertaçâo em nossa Pátria chega ao ponto ele o me nc ion ado Fre i Betto, utili zando-se da projeção que lhe dá sua condição de assessor pres idenc ial, e m arti go para a grande imprensa negar que a Teologia da Libertação tenha sido condenada. E afirmar, referindo-se a al oc uções ele Vossa Santidade sobre ass untos soc iai s, num ato ele o usadi a, próprio a causa r confusão e ntre os fi é is, que a Teologia da Libertação chegou à Praça ele São Pedro.
8. Forte presença ela "es<111ercla católica " 11a política olicial É de sa li entar a inda que , com a ascensão ao poder do atua l gove rno, e lementos ligados à "esquerda cató lica" passaram a ter influênc ia pública e notóri a Frei Betto (oboixo), um dos próceres do Teologia da Libertação e assessor especial do presidente Lula
na po líti ca o fi cial, estabe lecendo-se e m inúmeros postos-chave do Estado, a partir dos quais desenvo lve m ampl a ação em pro l da subversão e da luta ele cl asses.
9. CP'J; a grande pl'Opulsom da Rel'onna Agrá1'ia coletivista Há décadas as fo rças de esquerda tenta m implantar e m nosso País uma Re forma Agrári a sociali sta e conf-iscatória, vio ladora do direito de propriedade consagrado pe lo 7° e pe lo IOº Mandamentos d a Le i de Deus, e oposta aos interesses dos pro prietários, be m como dos própri os trabalhado res rurai s. Para espa nto da mai oria dos fi é is, a "esquerda católica", e mais especifi came nte a esquerda ecles iástica, com destaque para a Comissão Pastoral da Terra (CPT), ela C NBB , te m s ido a grande propul sora dessa fórmul a co letivista, hoj e geralmente desautori zada pe los espec iali stas. E c uj as ex periê nc ias concretas se tê m traduzido, em nosso País, e m desastrosas reali zações de "assentame ntos", que ficaram conhec idos pe la generalidade do público como f avelas rurais.
10. ln<levidas intrnmissões ele Pastol'es em assuntos tempol'ais Dó i-nos ver que Pas to res, faze ndo numerosas e graves incursões em matéri a
especificame nte te mporal , vo ltam s uas preferênc ias para que sej a adotada, no Brasil , uma estrutura fundi ári a igualitári a. E obsess ivamente apresentam como solução para todos os males do País, sem qualquer prova consistente, uma Re forma Agrária de cunho coletivi sta. Isso ocorreu ainda há poucos meses quando o Conselho Permanente ela CNBB e al tas fi guras eclesiásticas endossaram um Plano Nacional de Ref orma Agrária, antes mesmo que este fosse de conhecimento cio grande público e apesar de sua ori e ntação fo rte mente sociali zante.
11. lg11oralJ(IU comlenações, a "es(Juel'<la católica " promove invasões ele proprieda<les De lo nga d ata, com o se ig no rasse completamente as condenações às invasões de terras no Brasil , profe ridas po r Vossa Santidade e m ma is ele uma ocas ião , essa "esquerda cató lica" fo menta e estimula invasões ele propri edades rurai s. E nos últimos te mpos, estende u suas ações às cidades, pro movendo a invasão de mo radias pe los g rupos dos chamados "sem-teto". Grupos estes cuj a o rgani zação e financ iamento, mostra-o a imprensa, provêm de me ios ec les ia is, e cujas Ex-frei Leonardo Boff (abaixo) continuo o opoior o "esquerdo católico" no atuação desta em favor do agitação social
A "esque rda cató li ca" tudo anali sa pe lo pri sma deforma11te ela Teo logia da Libertação - também conhec ida como marxismo para cristãos - sem levar em conta as conde nações fe itas pe la Santa Sé a vári os dos erros dessa doutrina. Destaca m-se no Bras il atual, co mo expoentes ele ta l corrente po lítico-teo lógica, Fre i Carlos Alberto Libâni o C hri sto (Fre i Betto), assessor espec ia l do Preside nte ela Re públi ca; e o ex- fre i Leonardo Boff, o qu a l continua a faze r coro com os e le me ntos d a "esquerda cató lica" em favo r da ag itação soc ia l, gozando ainda de s urpree nde nte aco lhid a e m muitos ambie ntes ec les iásticos. Pe rmi ta- nos Vossa Santidade, a ta l pro pós ito, recorda r de passage m um a pág ina tri ste d a hi stóri a da Igrej a no B ra-
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O MST (à esquerda, no Congresso Nacional) não esconde sua vinculação com as FARC colombianas (acima)
princ ipa is lideranças são o riundas dos seminári os, das Comunidades Ec lesia is de Base (CE Bs), das pastora is da Te rra e da Fave la . Assim , pe la vi a dos fa tos o u pe la pressão exerc ida so bre os governantes, vi sa a "esque rda cató li ca" impo r ao Pa ís um a Reforma Ag rá ri a e e m seguida uma Reform a Urba na - a mbas soc ia li stas, confi scató ri as e a ntic ri stãs .
12. O MS'I' vive elo apoio elo clero ele es(Juenla Da "esque rda cató lic a" nasceu, e e m larga medida de la se nutre, a ma io r o rgani zação de invasões de te rras no Bras il , o Mo vime nto dos Traba lhado res Rurai s Se m-Te rra (MST), que não esconde s ua vinc ul ação com as FARC co lo mbi a nas e o utras o rga ni zações g ue rrilhe iras la tinoa me ri canas . Esse a po io irrestrito ao MST e a s uas ações revo luc io ná ri as contra ri a o senti me nto geral de nossa po pul ação, a qu a l e m pesqui sas de o pini ão ma nifes ta mac iça reje ição às invasões.
13. Uma operação para "i11/'cr11iza1· " o País Se mpre acolitado pe la C PT, o MST aca ba de lançar e m todo o Pa ís a c ham ada operação abril verm.elho, que vi sa, por te mpo inde te rmin ado, a indi scrimin ada invasão de pro pri edades rurai s a fim de " infe rni za r" o Pa ís, segundo confessa das
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CATOLICISMO
inte nções de seu líde r máx imo, o ex-semina ri sta João Pedro Stédil e . Em sua sanha de deso rde m, ta l investid a não po upa a ime nsa ca tegori a de nossos conte rrâ neos, peque nos, médios e gra ndes pro pri etá ri os ru ra is, que com seu esforço labo ri oso, seu sacrifíc io di ári o e seu e ngenho incansável produ zem e m nosso Pa ís um a invejáve l a bundâ nc ia de a lime ntos e o btê m para o B ras il um a O ex-seminarista João Pedro Stédile lançou em todo o País a operação Abril Vermelho, que visava " infernizar" o campo
saluta r prospe rid ade que be nefi c ia largame nte o be m comum.
14. /). 1'omás /Jalduíno investe co11tn1 a ordem legal Esta rrecedoras, Sa ntidade, fo ram as recentes a firm ações de D . To más Ba lduíno, pres ide nte da Comi ssão Pasto ral da Te rra (CPT), justifi ca ndo as invasões de propriedades, até mes mo as produtivas, e ataca ndo fro nta lme nte o Pode r Judi c iário po r sa lvag ua rda r, de aco rdo com a leg is lação vi gente, os dire itos dos legíti mos pro pri etá ri os. É absoluta me nte incompreensíve l para um fi e l ver um alto Pre lado da Ig rej a Cató li ca utili za r seu prestíg io de Pasto r para pro move r e incenti var' o a taque ao sagrado dire ito de propriedade, be m como inc itar, com as graves conseqüênc ias que da í advê m, o desrespe ito às leis c ivi s. M a is grave a inda se somarmos a isso a investida contra o Judic iário, c riti can do-o po r c umprir seu pa pe l de guardi ão da o rde m lega l. Atitudes de s i a ltame nte subve rs ivas, pe ri gosas e danosas ao be m públi co.
15. O Presidente ela CP1' (Juer e11cami11ha,· o País pelas selJ(las <la miséria e ela fome E m suas dec larações de re perc ussão nac io na l, ataco u a inda o Pre lado, impi edosame nte, co mo e ntrave ao mode lo cole ti vista de Reform a Ag rá ri a, o a mpl o
seto r do ag ron egócio bras ile iro. Se tor que qua lifi cou co mo fa tor de "atraso" (!) a pesar de reconhecer que o mesmo est<'í sal va ndo a econo mia do País. Ta mbé m nesse ataque se reve la o desconcerta nte radi cal ismo do pres ide nte da C PT. Investir contra esse setor essenc ia l da ec o no mi a nac ion a l mostra a inte nção de que brar a es pinha do rsal de nossa fo rça produtiva de riqueza , dilatado ra das fro nte iras vi vas da Nação, e mpregado ra de 40% de nossos co nte rrâneos, campeã de produtividade e m seto res a ltame nte compe titivos, qu e a pli ca e desenvo lve avançadas tecno log ias. Ataque que só se e xpli ca pe lo falso princípi o metafís ico da ig ua ldade, que anima a "esquerda cató li ca", e e m aras do qua l se deve ex tinguir a inic iativa partic ular, e liminar a propri edade pri vada e até sacrificar o be m-estar, e ncaminha ndo o País pelas sendas da mi séri a e da fo me. D. Tomás Balduíno, presidente da CPT, justificou as invasões de propriedades produtivas e improdutivas
Os fin s ma is ex tre mados de sua a tuação, D. To más Ba lduíno j á os de ixo u c laros e m e ntrevista ao jorna l dos sem-te rra, qu a ndo afirm o u que a ex pressão Refo rrna Agrária é a pe nas aceitá ve l, po is na verdade o que se busca é um a " revolução ag rári a" .
16. O p1·â)(imo passo: uma guerrilha rural S im , S a ntid ade, é um a revolução ag rária o que a "esque rda cató li ca" busca desenfreada me nte para o Bras il. Plínio de Arrud a Sa mpa io, ex poente dessa co rre nte alta me nte co nce ituado e ntre os próceres ec les iásticos esque rdi stas , a uto r de recente proj e to de Plano Na cional de Reforrna Agrária, e m e ntrevista à agê nc ia ofi c ia l bras ile ira e log iou abe rta me nte a ex istê nc ia e a atuação do MST. E fez uma te rríve l advertê nc ia aos que se opõem às ações ilega is deste, be m como aos que te nta m bl oquear a Refo rma Ag rá ri a soc ia li sta : o próx imo passo será um a g ue rrilh a rural que fa rá o Bras il a ma rga r um a s ituação co lo mbian a !
17. A agitação da es(Juel'da eclesiástica estende-se aos índios També m co m a oste ns iva partic ipação da esquerda ec les iástica, as agitações que sacode m hoje o inte rior de nosso Pa ís vê m se este nde ndo aos c ha mados po vos indíge nas, proc urando la nçá- los no to rve linho das re ivindi cações rac ia is. Hi sto ri came nte no Bras il , os índios partic iparam larga me nte do processo de mi sc igenação co m os brancos e os neg ros, restando a pe nas uma íntima minori a de índios de raça pu ra, mas e m fran co processo c ivili zató ri o, a mai ori a deles des frutand o dos rec ursos e be nefíci os da a tual so c ie dade.
18. Ncomissionários comlenam nossos ímlios à barbárie Te nta ndo c riar um cená ri o de di scórdia e de caos, os age ntes do Conselho fn di geni sta Mi ss io ná ri o (CJMl), li gado à C NBB , traba lham nas á reas indíge nas , não pa ra levar aos silvícol as re manescentes a luz de C ri sto e a g raça inestimá ve l do Batis mo - como o fi zeram o Be mave nturado Anchieta, Apósto lo do Bras il , e ta ntos outros he ró icos miss io nári os - , mas para fo me ntar o confronto e lançálos na lu ta de raças . Exi gem, ade mai s, a de marcação de exte nsões de te rras absoluta me nte despro porc io nadas ao seu núm e ro (atua lme nte, a pe nas 410 .000 índios vive m e m um te rritó rio que equiva le às á reas somadas da Fra nça e da ltá li a) . Ao mes mo te mpo justifi cam a e xpul são dessas te rras, co mo intru sos, dos legítimos pro pri e tá rios lá pac ifi came nte esta be lecidos há muitos a nos. Ao agire m desta form a, esses neomiss io nári os contrapõe m-se à ma iori a dos pró prios indígenas, os qua is se mostram avessos a ta is ações re ivindi cató ri as e di ze m que re r prog re dir e integrar-se à c ivili zação.
19. Pastorais arliculam agitação rural e indígena Ass im in sufl adas, a lg umas tribos se tê m e ntregue à vio lê nc ia ma is bruta l. O Brasil assistiu ate rrado, há po ucas semanas, ao in c le me nte massac re de pe lo me nos 29 garimpe iros pe los índi os cintas-largas, a pre te xto de que o te rritó ri o
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·, onde se encontravam os garimpos pertencia aos índios. E, sob a in .luência das idéias pregadas pelos neomi ss ionários de esquerda, os líderes de tais agitações prometem ainda mais violência. Por outro lado, bafejada pela Pastora l indígena e pe la Pastoral da terra, anuncia-se uma arti cul ação dos movimentos indígenas com o MST, a fim de promover uma onda de invasões nas áreas cuj a demarcação rec lamam junto ao governo, o que se converterá em fa tor multiplicador do peri goso clima de convul são soc ial..
20. Sob a égide <la "esquerda cat6/ica " cong,·egam-se os vál'ios tentáculos da ação subver siva Se a esse qu adro ass ustador somarmos o crime orga nizado que ca mpeia li vre e impunemente nas grandes c idades - crime organi zado esse que se confunde com o narcotráfi co, não esconde sua vincul ação com as FARC colo mbi anas e sua simpati a ideo lóg ica pe las pos ições de esquerda - vemos que o Brasil está, litera lmente, a um passo da convul são soc ial, que pode rá ser sangrenta e devastadora. E tudo isso - permita-nos Vossa Santidade que respe itosa mente in sistamos nesse ponto - sob o bafejo de minorias de esquerda que se benefi ciam do acobertamento que lhes advém de sua condição de "católicas". Sim , Santidade, é sob a égide da "esquerda católi ca" que se congregam os vários tentáculos da ação subversiva que faz nosso País avizinhar-se a passos largos de uma catástrofe, a qua l pode tornar-se irremediável.
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Santo Padre, a situação que em traços largos aqui Vos apresentamos não pode deixar de ter as mais funestas conseqüências para a vida de nossa Nação, para sua coesão soc ial e para sua integri dade territori al, com re fl exos inevi táveis em países vi zinhos. Mas implicará, sobretudo, outra conseqüência ainda mais funesta: um imenso número de brasileiros, sinceramente católicos, perplexos e confundidos por verem justificados em nome do Evange-
CATOLICI SMO
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O CIMI, ligado à CNBB, vem criando um clima de discórdia, induzindo amiúde os silvícolas ao confronto
lho o esbuJho agress ivo de bens e a destruição social do Brasil - e a quem o bom senso e a elementar noção de seus direitos imporá res istir e lutar - poderá ser levado a afastar-se da Santa Igreja. O que, para o País de maior popul ação católica do mundo, representari a uma verdadeira tragédia, cuj a simples perspectiva acarreta necessariamente uma grave preocupação pastoral. Santo Padre, uma palavra Vossa, mais ainda uma atitude vossa, envolta pelo alto prestígio que cerca a Cátedra de Pedro, pode desautori zar efi cazmente as maléfi cas articulações da "esq uerda católica" e sa lvar o Brasil de um desastre semprecedentes. Ass im Vos dirigimos esta súplica premente:
Não permi ta is que a insanidade e o fa nati smo co letivi sta dessa "esquerd a católica", em nome de fal sos princípios evangélicos, arrastem nosso País para as agruras da mi séria, da escravid ão e da fo me, que tantas outras nações - incluindo a Vossa amada Polônia - já conheceram, como fruto de ideologias radica lmente igualitárias ! Já que tendes empenhado Vossa so licitude em co ntínuos apelos a favor da paz, para apl acar conflitos em diversas partes do mundo, envolvendo até mesmo povos não-católicos ou sequer cri stãos, não permitais que, em nome da Igreja Católica, leigos, reli giosos e - oh! dor - até altos ecles iásticos conduzam nossa Pátria, que nasceu sob o signo da Cruz, para uma fratricida guerra soc ial e rac ial, tão avessa ao espírito cri stão e à índole bondosa de nosso povo ! Ouvi , Santo Padre, o ape lo fili al e angusti ado que Vos diri gimos: "Salvai o Bras il da ação maléfi ca da esquerda cató li ca !" Como outrora São Pedro ao Divino Salvador, nas águas revo ltas do Lago de Genezaré, repetimos a Vossa Santidade o apelo angusti ado: "Salvai-nos, Senhor, que perecemos !" (Mt 8,25). Apresentando a Vossa Santidade a fi li al homenage m de seu profundo respe ito, a Associação dos Fundadores da TFP- Tradição, Família e Propriedade roga para seus di rigentes e colaboradores as orações e prec iosas bênçãos de Vossa Santidade. •
São Paulo, 24 d'e maio de 2004
O Conselho dos Fundadores L u iz N AZA RENO DE A ssuMPÇÃO F IL HO P AU LO CORRÊA DE B RITO F IL HO EDUAR DO DE BARROS B ROTERO PUNJO Vl DIGAL X AV IER DA S ILVEIRA CA IO VI DIGAL XAV IER DA S ILVEIRA A DOLPHO LI NDENBERG J OSÉ F ERNANDO DE CA M ARGO CELSO DA C OSTA CARVALHO Vl DIGAL
Nota: os subtítul os do Apelo acima são desta redação.
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• 'A felicidade que
o divórcio não trouxe Umcasal com problemas de convívio não encontrará a solução
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no divórcio. Este não representa garanUa de felicidade. Muito pelo contrário, ocasionará grave infortúnio para o casal e os seus. ouve tempo em que se di zia que a aprovação do divórcio ofereceri a "outra oportunidade" de feli cidade aos casa is que não se ente ndi am. Os que defendi am a indi sso lubilidade do matrimôni o monogâmi co, de acordo com a doutrina católi ca, e ram considerados inimi gos da fe li cid ade alheia, gente insuportá vel, apegada a dog mas ultrapassados e que não aco mpanhava a modernidade. Hoje em di a, o divórcio desdobrou todas suas maléfi cas pote ncialid ades, transform ou-se praticamente numa poli gami a ou poli andria a prestação, já se tornou velho e vai sendo gradativamente substituído pelo amor livre. Onde está a "felicidade" que os divorcistas prometiam'! Se comparada à feli cidade cios casa is anti gos, fi éis um ao outro até a morte, cercados ele fi Ihos e netos, e não raro bisnetos, que di fe rença! Não qu e os anti gos estivessem isentos ele so frim entos e proble mas. Neste va le ele lágrim as, quem não está sujeito a eles? Mas as cli ficulclacles ela vicia eram enfrentadas e superadas em co mum pela
famíli a. O apoio mútuo exercia um papel prec ios íss imo, servi a como bálsamo para as fe ridas mai s doloridas. Na situação modern a, após não se i quantas uni ões e des uniões, o homem e a mulher são tratados como bagaços que não servem para mais nada. Morrem, em gera l, no abandono daqueles com quem conviveram e na ausência cios filh os que não tiveram. O mais que conseguem é a co mpanhia ele um cachorrinho ...
Rindo da p1·ó111·ia tmgé<lia O mais terrível, talvez, ocorre quando os homen ri em da própri a tragédi a. É o que está se passa ndo co m o programa /0/ Juicies / Hollywood Hookups ( 1 OI Casais Mais Sucul entos ele Hollywood - foto abaixo), que se propõe a li star os pares cio showbiz ameri cano que mais "dc7o pano para a rn.anga" em jornais, revi stas e co lun as ele ce lebridades. Ful ano amava beltra na, que amava sicrano, que amava fulan a, é a teia desenvolvida no programa, dando, ev identemente, nomes aos bois. É o ri so sobre a contínu a troca ele casa is. Já nem se fala
mais em procura ela felicidade, porque fe licidade tornou-se um termo arcaico. É o prazer animal , a aventura sem conseqüênci a, a boça lidade escancarada. O programa apresenta, então, o inusitado, como a arti sta que se uniu a um rapaz 14 anos mai s novo cio que ela. "Às vezes até o bizarro, como as sete mulheres de Hugh Hefn e,; magnata dono da revista "Pl ayboy " ("Folha de S. Paul o", 1 1-5-04). Tudo isso, di z a reportagem, "recheado de comentários venenosos, debochados e engraçadinhos de colunistas que cobrem as celebridades ". É uma série de programas , em que são focali zados diferentes atores e atri zes. A idéia central é a ele que não exi ste casamento "para sempre" . Tudo seri am uni ões passageiras e inconseqüentes. "Minnie e Damon aparecem primeirofelizes 'para sempre', depois com, cara de paisagem quando perguntados sobre a relaçc7o. Esse 'anlés e depois ' é juslamente o charme do prog rama: mostra qu e, na ma ioria dos casos, em, Ho llywood, o eterno dura o mesmo tempo que o casal de fam osos consegue se manter em evidência". * * * Sendo a famíli a a base ela soc iedade, tai s programas são profund amente corrosivos. Eles só servem para demolir os fund amentos do edifício social; apodrecer o que resta de valor moral em nossos dias; arruinar o que ainda sobra da institui ção famili ar. Essa devass idão progressiva obedece ao sinistro processo enunciado pela frase ela Sagrada Escritura: "Abyssus abyssum invocat'' - um abismo atrai outro abismo. •
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primeira vist_a , a cena da foto produz, no mínimo, um sornso. Qual a causa dele? Talvez seja o contraste entre o tipo de ação e as idades ... Se dois jovens estivessem sobre a motocicleta, certamente não chamariam a atenção de ninguém. Mas de pessoas adultas e principalmente idosas - como é o caso do ancião da foto ao lado - espera-se outra coisa: compostura, dignidade, respeitabilidade. O que não seja isto, conduzirá fatalmente ao desprezo e possivelmente ao escárnio.
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assos pausados, olhares serenos, contentamento comedido , di gnidade discreta. O casal reflete, de maneira despretensiosa, a sabedori a da ancianidade e caminha seguro, envolto no prestígio inconfundível da autenticidade própria à sua idade.
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São José Cafasso: diretor espiritual e mestre de Dom Bosco T raballlando sem nenhum alarde, o Pe. Cafasso realizo~ mn extraordinário apostolado ao combater os erros da epoca; co 118Utuiu-se num esteio para a formação dos sacerdotes u PuN1 0
osé Cafasso nasceu em Castelnuovo d' Asti (hoje Castelnuovo Dom Bosco) em 181 l. Uma sua irmã foi mãe de outro santo, São José Alamano, fundador da comunidade dos Padres da Conso lata. Desde pequeno José era chamado pelos seus concidadãos de il Santeto, por causa de sua atração para a virtude e coisas santas. Aos 16 anos entrou para o seminário e vestiu por primeira vez a sotaina. Assim o descreve Dom Bosco, que o e ncontrou nessa idade: " De pe-
J Na página seguinte : São João Bosco foi apoiado com desvelo por São José Cafasso
MARIA So uMEO
quena estatura, olhos brilhantes, ar afável e rosto angelical". Providencial encontro com São .João Bosco Dom Bosco o viu na po1ta da igreja de sua cidade, durante uma quennesse, e impressionado com a aparência do jovem semi narista, qui s conversar com ele. Propôs-se então a mostrarlhe algum dos espetác ulos da fe ira. E narra deste modo o epi sódio: "[José Cafasso] f ez-rne um sinal para eu me aproxima,; e começou a perguntar-me minha idade, meus estudos; se havia já recebido a Primei-
ra Comunhão; com que.f,-eqiiência me confessava; aonde ia ao catecismo, e coisas semelhantes. Fiquei como encantado ante aquela maneira edificante de falar; respondi com gosto a todas as suas perguntas; depois, quase co,no para agradecer sua afabilidade, repeti meu oferecimento de acompanhá-lo a visitar qualquer espetáculo ou novidade. - Querido amigo - disse ele - , os espetáculos dos sacerdotes são as funções da igreja; quanto mais devotamente se celebrem, Janto mais se tornam agradáveis. Nossas novidades são as práticas da Religião, que são sempre novas, e por isso é necessário freqüentá-las com assiduidade; eu só estou esperando que abram a igreja para poder entrar. Animei-me a seguir a conversação, e acrescentei: - É ve rdade o que o S,: diz; mas há tempo para tudo: tempo para a igreja e tempo para divertir-se. Ele pôs-se a rir, e terminou com estas ,nem.oráveis palavras, que foram como o programa das ações de toda sua vida: - Quem abraça o estado eclesiástico entrega-se ao Senha,; e nada de quanto leve no mundo deve preocupá-lo, mas sim aquilo que pode servir para a glória de Deus e provei/o das almas" . 1
No Convitto São Pnmcisco de Assis José Cafasso era ótimo estudante, e precisou pedir di pensa para ser ordenado mais cedo do que o normal, aos 21 anos de idade, em setembro de l933. Em vez de aceitar inúmeros convites de paróq uias, quis aprofundar seus estudos no Convitto (i nternato) eclesiástico São Franc isco de Assis, de Turim . Nessa espéc ie de academi a ecles iástica e le passo u algun s a nos de inte nsa formação inte lectual e espiri tual , sendo nomeado professor da cátedra de mora l. Trabalhou junto ao Cônego Guala, um dos fundadores do
estabelec imento e seu reitor. Seu progra ma era santifi car-se cada vez mai s e auxiliar os outros para que també m se sa ntifi casse m. Todos admiravam ne le esse e mpenho para e m tudo procurar a mai or g lóri a de Deus e santificação própria e dos outros. Ao morrer o Cônego Gual a, José foi aclamado por un animidade para substituí-lo, e manteve esse cargo durante 12 anos, isto é, até sua morte. Propôs-se co mo mode los São Fra ncis-
a
co de Sa les e São Felipe Né ri . Muitos di ziam que, na jovialidade e uni formidade de espírito, ele mui to se assemelhava a esses santos.
Combate ao ja11sc11ismo e ao rigorismo O Padre Cafasso co mbateu tenazmente du as fil osofias que havi am e ntão penetrado na [táli a: uma defendia que só a pessoa muito santa deveria aproximar-se dos sacramentos, pri nc ipa lme nte da Euca ri sti a (ja nse ni smo); e outra se centrava mais na justiça de Deus, quase abstra indo de sua mi sericórdi a, sem procurar ver o equi líbri o ex iste nte entre esses dois alri -
bu tos divinos (ri gori smo). O Papa Pio XI , por ocasião do decreto De tuto para a beatifi cação de José Cafasso, ass in ado e m 1° de nove mbro de 1924, afirmou : " Bem depressa logrou Cafasso sentar praça de mestre nas.fileiras do j ovem clero, inflamado de caridade e radiante de saníssimas idéias, disposto a opor aos males do tempo os oportunos remédios. Contra o jansenismo, levantava um espírito de suave confiança na divina bondade; .fi'ente ao rigorismo, coloca va uma atitude de justa.facilidade e bondade paterna no exercício do ministério; desbancava por fim. o regalismo, com uma dignidade soberana e um.a consciência respeilosa para com. as leis justas e as autoridades legítimas, sem claudicar jamais, antes bem. dominado e conduzido pela pe~feita observância dos direitos de Deus e das almas, pela devoção inviolável à Santa Sé e ao Pont(fice Supremo, e pelo amor .filial à Santa Madre lgreja". 2 Para contrapor-se ao janseni smo e ao rigo rismo, ele apresentava a Reli gião sob seus ma is be los aspectos, concebida como um exercício de amor a um Deus de bondade e mi sericórdia , que padeceu e morreu para nos sa lvar. Sem descuidar as verdades essenciais, ele punha o acento naq uelas mais belas e acessíveis ao comum dos c ri stãos, para que praticassem as virtudes. Como se vê, utili zava a tática re li g iosa preconi zada séc ulos antes po r Santo lnác io de Loyola, do agere contra, isto é, ag ir sempre contra os erros e vícios da é poca. Levava seus alunos sacerdotes para visitar os cárceres e os bairros mais pobres da cidade, a fim de despertar neles uma grande sensibilidade para com os deserdados da fortuna.
Amigo e /Jl'OtCtol' de Dom Bosco Quando São João Bosco es tava aind a no seminário e não podia prosseguir seus estudos por falta de recursos , o Pe. Cafasso pagou-lhe me ia
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1 bolsa e obteve dos diri gentes do seminári o facilitar-lhe a outra metade, servindo o j ovem seminari sta como sacristão, remendão e barbeiro. E quando ele se ordenou, custeou-lhe o curso no Convilto para sua pós-graduação. Depois ajudou-o e m seu apostolado com os meninos, e, mes mo quando todos abandonaram Dom Bosco; continuou seu acérrimo defensor. Ajudou-o també m na recém~fund ada Sociedade Sales iana, sendo considerado pelos sa lesianos um dos seus maiores benfe itores. Assistência aos conclena<los na hora <la morte
sos sentimentos. De 68 condenados que ele aco mpanhou ass im até o derradeiro suplício, nenhum morreu sem confessa r-se e mostrar-se verdadeira mente arrependido. Qu ando o crimin oso ouvia a pena de morte, geralmente excl amava: "Que o Padre Cqfasso estej a a meu lado na hora da morte, é o m.eu úllimo desejo". Chamavamno mes mo de outras cidades, para esse benemérito aposto lado. Hoje em di a, onde estão os criminosos que pedem ass istência espiri tual e os bons sacerdotes que queira m dála? Como deca ímos ! Certo di a o Pe. Cafasso levou Dom Bo ·co, ainda jovem sacerdote, em um a dessas visitas. Este, só ao ver a fo rca, ca iu des maiado... 3 O que mostra o domíni o que Dom Cafasso deveria ter sobre si mesmo para fam ili ari za r-se co m tão difíciI apostolado. Mas então tratava-se de sa lvar uma alma no úl timo momento, e isso bastava para dar-lhe fo rças.
Turim era a capital do Reino da Sabóia e uma cidade em gra nde desenvolvimento, atraindo toda espécie de aventureiros. Em conseqüência, os cárceres estavam cheios de criminosos de toda ordem, abandonados por todos. Esse fo i um dos campos de apostolado preferido por Dom Cafasso. Ele e ntregava aos prisioneiros roupa, comida, mate"Pai dos pobres, ri al de asseio e outras co isas. l.a vi conselheirn dos vacilantes" sitá- los, e com pac iência e doçura acabava faze ndo com que muitos Um do m que José Cafasso rese co nfessasse m e começassem a cebeu em alto grau fo i o da prudênlevar uma vicia mais decente. Sua cia. À sua porta bati am desde altos vi sita se manal era es perada co m ec les iást icos até gente miú da do sofreguidão por aque les pári as da pov inho, à procura de um consesoc iedade. Muito dife rente dos que lho para resolver situações delicahoje pregam os "direitos humanos" das. E ele sempre tinha a pa lavra dos bandidos, que não buscam a exata, o conse lho certo, a solução conversão dos mesmos, mas ape- defi ni tiva. nas pro porcionar-lhes rega li as hu Outras quali dades que nele somanas, mantendo-os na mentalidabressaíam de maneira especial eram de criminosa. sua tranqüilidade imutável e exemO mai or e mais heróico aposto- . pi ar pac iência. No rosto, tinha semlado exercido por José Cafasso era pre um sorri so amáve l para atencom os condenados à morte. Quan- der as pessoas. Como ele era muito do um criminoso recebi a a senten- baixo, di ziam: "É pequeno de corça de morte, o sacerdote prepara- po, mas um gigante no espírito". va-o nos di as qu e a antecedi am, São João Bosco, na biografi a para converter-se e confessar-se, e que escreveu de São José Cafasso, depois o aco mpanhava até o lugar seu diretor e mestre, destaca vári as do suplício, incutindo- lhe religio- facetas de sua múltipl a ati vidade:
"Pai dos pobres, conselheiro dos vacilantes, consolador dos enfermos, auxílio dos agonizantes, alívio dos encarcerados, salvação dos condenados à mort. e ". 4 A devoção do Padre Cafasso à Santíss im a Virgem era fora do comum. Ele a nutri a desde pequeno e fal ava d' Ela com entu sias mo. Dedicava os sábados em sua honra, e não havi a o que se lhe pedi sse num desses dias ou em alguma festa de Nossa Senhora , que ele não atendesse.
1'rês amores: Eucaristia, Nossa Senhora, Papado Ele di zia co nstantemente que tinha três amores: a Jesus Sacramentado, à Santíss ima Virgem e ao Papa.5 Esta afirmação era tanto mais importante numa época em que o Papa estava sendo despojado dos Estados Pontifícios. Num de se us serm ões so bre Nossa Senhora, Dom José Cafasso exc lamou arrebatado: "Que fe liz dita a de morrer num sábado, dia da Vi rgem, para ser levado por Ela ao Céu! ". Realmente, essa fo i a graça que ele obteve, fa lecendo no sábado, 23 de junho de 1860, aos 49 anos de idade. ' José Cafasso fo i beatifi cado por Pio XI em 3 de maio de 1925, e canoni zado por Pi o Xll em 22 de junho de 1947. • E- ma il do aut or: ) l11 S li111
c· oli c ismo .com.br
Notas: 1. São João Bosco, Biograffa y Escritos de
2. 3. 4. 5.
San ./1.1an Bosco, Bibli oteca de Autores Cri stia nos, Madrid, 1955, Memorias dei Oratorio, p. 97. G iu se p pe Usseg li o, S.D.B. www . merca ba.org/Sa ntora l/J un io/23-2. 111 m ww w . i g les ia po tos i n a .org/ad rno n/ santora l/sa ntostoclos.cfm? id san to 332 G iuseppe Usseg li o, S.D.B ., site c it ado. www.s r v ic io a to li o .com l it 1roia %2 0 y %2 0sa n tora 1/san tora 1/ j u n i o/ 23de juni.htm
DISCERNINDO
Testemunho insuspeito Cai:tas do es_critor Alceu de Amoroso Lima
recentemente
pubh~a~as, poem em realce o papel central 'cte Plínio Corrêa de Ohve1ra nas preocupações dos progressistas católicos J
Cio
A LENCASTRO
O
~hama?o prog1:essismo católi co vai produ zmdo toda fo rma de desmand os no Bras il (?ara fa larmos só do Bras i1): incentivando invasões ele propri edades, favorece ndo o sociali smo, ajud ando, em suma, a derru bar o que resta de Civili zação Cri stã. E, no ca mpo especifi camente reli gioso, abandonando as práticas tradicionais da Igreja, desamparando os católicos desejosos de Relig ião e não de luta d classes. Bati smo, Confi ssão, Cri sma, Co munh ão, Casamento Religioso, Ex trema Unção vão se tornando ele acesso mai s difícil e vão rarea ndo na vida quotidi ana dos brasileiros. om isso, muitos se bandeiam para seitas protestantes ou outras à procura de um apoio religioso e:1~~ bora falso. ' ~ as tu do isso não se fez da noite para o di a. Houve uma preparação profund a, uma longa marcha que fo i se afastando cada vez mais das portas benditas da Santa Igreja. Marcha essa que co mportou etapas e teve seus precursores. Já em 1943 o pré-progressismo foi denunciado no livro de Pli~io orrêa de Oli veira, Em Defesa daAçao Católica, que constituiu uma advertência e imprcssionante prev isão cio que ma se passar nos ambientes católicos. 1'ristão e o progr essismo Um dos precursores do pmgressismo, que mais influenciou o Brasil católico na triste linha cio chamado lüurgicismo e mesmo do sociali smo, foi sem dúv ida o escritor Alceu de Amoroso Lima, mais conhecido pelo pseudônimo Tristão de Athayde. _N a década de 1930, ele teve a oportu1~1daclc de encontrar-se, nos meios católicos, com o então jovem Plini o Cor-
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Abaixo : Alceu de Amoroso Lima
rêa de Oliveira, mais moço do que ele. Era a época do grande surto das ~~ngregações Mari anas. Apesar da dif erença de idades, os idea is católico~ e capac idade de lideran ça os u111ram. Al ceu atuava no Rio de Janeiro. Plínio, em São Paulo. Alguns anos depois, porém Al~e u, influ enciado sobretud o ~elas 1~é1_as do fil ósofo francês Jacques Mantam, empreendeu a guinada à esquerda que o tornari a cada vez mai s afaS tado dos ideais católicos tradicionais. A ruptura com Plinio Corrêa de Oliveira tornou-se incontornável. No an o passado foram publi cadas as cartas de Alceu de Amoroso Lima a sua filha , Madre Mari a Teresa, OSB (Instituto Moreira Salles, 2oo 3, 676 pp). Nelas, ressa lta um fato pouco conhec ido. Mes mo depois da ruptu ra, e da fe rrenha opos ição ideo lógica que a gerou , Alceu man t~ve ativa em sua mente a fi gura de Pli1110 Corrêa de Oliveira, como pólo de pensa mento do qu al di scordava, mas em relação ao qual medi a os acontecim entos e sua própri a conduta. Alguns trechos de Alceu 1 - Prevendo os males que a Reform a Agrári a trari a ao País, com toda sua seqüela de favelas rurais, invasões de terras, etc., Plini o Corrêa de Oliveira escreveu, em l 960, o fa moso best-seller Reforma Agrária - Questão de Consciência, e1~ colaboração com dois Bispos (D. Antoni o de Castro Mayer e D. Gera ldo de Proença S iga ud ) e um economi sta (Lui z Mendonça de Freitas) . Incomodado com essa publicação, Alceu de Amoroso Lima, seguindo o mote que seri a depois utili zado pelas esquerdas, atribui 0 _l~v'.·o ':, um_a "m.ovirnentação de lat.(fun dw n os . Di z ele: "Apoiando o tal livro
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do Plínio, Siga ud, Maye r e companhia, contra a reforma agrária, .fingindo def endê- la, leio declarações do dom Vicente Scherer, arcebispo de Porto Aleg re, e de um bispo de Pouso Alegre. Tudo movimentação dos lati;fundiários. [. .. ] Estou ardendo para escrever contra tudo isso e provocar mais algumas cartas contra este 'comunista disf arçado '" (Ri o de Jane iro, 9- 1- 1964). Como se vê, o própri o Alceu reconhece que era tido, ao menos e m algun s círculos católicos, como um "comunista di~:f'a rçado". 2 - Após a instauração do regime militar, em 1964, o pres idente Caste lo Branco patroc inou a aprovação, pelo Congresso Nacional, de uma lei de Refo rma Agrária radical, ao estilo de Jango, chamada Estatuto da Terra. Plínio Corrêa de Oliveira e ntão protesto u coraj osamente, numa época em que discordar do regime militar era perigoso. Alceu sai-se em defesa de Castelo Bra nco e contra Plínio, di zendo que di scorda desse "catolicismo de marchas, de terços ou de Plínio.1·, de protestos, com nome de Tradição, Fami lia e Propriedade (nome da tal associação monárquico-reacionária, sustentada pelos latifundiários paulistas) contra as refo rmas propostas pelo Castello Branco. Este está realmentef azendo o que prorneteu, isto é, não fa zer direitismo e com isso já está desgostando profundamente tanto os passadistas ortodoxos, como certos mineiros defensores da propriedade e certos udenistas, que começam a protestar e a dizer que o Castello estáfazendo o programa do Jango. O que é verdade e é realmente a única coisa boa que ele pode f azer" (Rio de Jane iro, 25-6- 1964). 3 - Te ilh ard de C hardin foi um padre jesuíta, adepto fe rrenho da teori a da evolução, de Darwin , que se envo lveu numa pesada fra ude para faze r passar o esqueleto de um macaco pe lo de um ho me m primiti vo, o " ho me m de Pil tdown " . Foi advertido pe lo Papa Pi o XII. Plíni o Cor-
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rêa de Oliveira, zeloso católi co , e ra antiteilh a rdi sta. Po r isso, é criti cado po r Alce u: "os antiteilhardistas são, por isso mesmo, os da Igrej a f echada, cuja expressão máxima é o Plínio" (São Lo ure nço, 13-5- 1965).
4 - Para Alceu, que se havi a e ngaj ado dec idid a me nte na chamada " igrej a nova", Plíni o Corrêa de Oliveira seri a um " reac ionário" . Entretanto e le reconhece que Plíni o se baseava num Papa santo (São Pi o X) e em outro be m-aventurado (Pio IX): "Reacionários mil vezes piores do que ele [o escri tor Jackson de Fig ue iredo] - os Plínios e companhia continuaram a escrever como cató licos e apoiando-se em Pio X ou em Pio IX " (Nova York, l 9- I0- 1958).
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, segundo Alceu, baseou seu pensamento no Bem- aventurado Pio IX (foto acima) Abaixo : Pe . Teilhard de Chardin, jesuíta adepto ferrenho da teoria da evolução de Darwin
5 - No po nt ifi cado de João XXill, ao ser convocado o Concílio Vaticano II, Alceu se mostra te meroso do que lhe poderá advir. E seus te mores o faze m imaginar a fi gura ímpar de Plínio Corrêa de Oliveira, como a de um ser "sadístico " . Escreve: "Essa atmm:f'era [pré-concili ar] de inse-
gurança e de ameaça é a.pior possível e a vejo muito ligada a esse prazer sadístico do anátema que está na alma de um bispo de Campos, de um Plínio Corrêa de Oliveira ". Linhas abaixo, como se tivesse recebido um aguilhão na consciência, ressalva: "Deus m.e perdoe se estouf azendo mau juízo" (Nova York, 26- 1-1959). 6 - A incerteza e m relação aos rumos que to mara, ao afastar-se de Plínio Corrêa de Olive ira, parece ter sido um dos torme ntos de Alceu. Ao fa lar de sua morte, e le excl ama: "lá. em cima, quem sabe verei as coisas de outro modo e saberei então se realmente era eu que estava errado e o cardeal Ottaviani e o Plínio Corrêa de Oliveira é que representavam. o autêntico espírito do Cristo no século XX" (Nova York, 2 1- 1- 1959). • E- mail do autor: ciçlalencastro @catolicismo.com.br
Mais rv, menos livros A "civilização da imagem", ao exacerbar as sensações,
produz uma atrofia da inteligência,' que se reflete até no mercado editorial, conforme recente pesquisa □
G REGOR/0 ViVANCO LO PES
Q
uando se come ntam, hoj e e m di a, os males da televi são e daquil o q ue Paul o VI denominou civilização da imagem, pensa-se e m gera l na po rnografi a e na di ssolu ção dos costum es . E há muita razão nessa aprec iação, pois só no di a do Juízo Final pode re mos conhecer adequ ada me nte o número de fa míli as que a te levi são des truiu , de c ria nças qu e pe rverte u, de adultos qu e des vi o u. Po ré m, a c ivili zação da im age m - e pod emos inc luir o cine ma, os outdoors, os vídeos, a inte rne t e tudo o mais - produ z aind a um e feito mais pro fundo e mais sutil , que atinge o fund o das me ntalid ades: o e mb urrec ime nto. Nã qu e as pessoas pe rca m sua capac idade inte lectual, mas e la se atrofi a. Co mo o mú sc ulo do braço ou ela perna e nrij ece qua ndo não é usado, ass im o raciocíni o q ue não se exercita fica pregui çoso e não ma is se de ixa l! a trair pe lo de. ej o de conhecer. Po ucas coisas a alma humana ê pode prod uzir de tão belo como ~ o raciocíni o bem íeito, co nvin- 0 cente, ponti ag udo. No ens in o, e le se desdo bra co mo um a casca ta, na po lê mi ca co rta co mo uma espada. O ho me m qu e vive atolado nas sensações trazidas pelas imagens, siste ma-
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ticamente não ana li sadas e não class ificadas, regride e se embru tece.
Cai a qua/iclade e diminui a quantidade de livros Exe mp los carac te rís ti cos, os e ncontra mos na qua lidade da li te ra tura que hoj e e m di a se prod uz e na qu antid ade de le ito res. Se co mparad a a li teratura de hoj e com a de séc ul os a nte ri ores, é de cho rar. Exc luind o os liv ros téc ni cos, o que
predo min a (evide nte me nte ressalvo as exceções) são esc ri tos chulos, pedestres, qu e mais parece tere m sid o escritos pa ra aç ul a r os se ntid os do que para esc larecer e eleva r a inte li gê ncia. Sobre a qu antidade de leitores, interessa conhecer uma pesqui sa reali zada pe la Câmara Brasileira do livro (C BL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de livros, divul gada em 10 de maio último. Ela apo nta para a crise do setor livre iro. O número de exemplares vendidos para o mercado ca iu , de 2002 para 2003, em 8%. No período de apenas um ano, é muita coisa. Mas també m o governo diminuiu sua compra de livros. Ass im , do total de 320 milh ões ve ndid os e m 2002, ca iu-se para 255 mi lhões em 2003, porta nto 20%. O número de títulos e de exe mpl a res o fe rtados ta mbé m encolhe u. Incluídos os volumes e m primeira edi ção e os reeditados , as liv rari as nacionais tiveram 35.590 novos produtos e m 2003 , 1 1% menos do que no ano anteri or. As tiragens acompanh ara m o mo vimento: o mercado passo u dos 338 milhões de liv ros, e m 200 2, pa ra 299 mi lhões. Como não poderi a de ixa r de ser, tais dados negativos ti veram reflexos na taxa de empregos do mercado edito ria l. A pesqui sa aponta uma queda de 6% no número de fun cionári os do setor. Segundo os novos dados, o livro emprega hoje 20.770 pessoas no País. O ho me m mode rn o ass iste mais televi são, usa mais a internet, vê mais cartazes por todo lado e .. . lê me nos, pe nsa menos, anali sa menos o q ue vê e sente. O sa ldo é muito negati vo, fo ra de dú vida! • E- mail do autor: gregorio @catolicismo.com.br
CATOLICISMO
Exemplo simbólico da luta contra o aborto
O casal Beretta Molla por ocasião de seu matrimônio
ni tos e necessários, mas onde encontrar as forças para cumpri-los? [nte lige nte e coerente como era, conhecia a fragilidade humana . Sua mãe, em seu testamento, exortara os filhos: "Peço-vos amaro vosso pai, não
"R ctro! Se vocês devem decidir entre mim e a criança, não hesitem: escolham a criança, eu exijo, salvem-na! Eu faço a vontade de Deus, e Deus providenciará o necessário para meus filhos". PI ROBERTO BERTOGNA
Milão - quando proferiu as palavras acima, Gianna Beretta Molla tinha 39 anos, era mãe de três crianças de 6, 5 e 3 anos respectivamente. Competente médica pediatra, tinha diante de si o sucesso na carreira profissional. Era casada com um virtuoso e abastado engenheiro industrial, diretor de empresa. Dotada de grande a legria de viver, passava suas férias na bell 'ltalia e no Exterior. Freqüentava habitualmente o magnífico Teatro Scala de Milão. Distraía-se com o seu pianoforte, pintava bonitas telas a óleo, vestia-se de maneira refinada, enfim, urna pessoa a quem nada faltava em sua vida. O que levou esta feliz mãe de família e esposa exemplar, recentemente canonizada por João Paulo II, a não ter pena de si - como atesta a frase supra - , mas a procurar o mais perfeito para a glória de Deus? Corno formou sua personalidade essa nobre alma? Que princípios nortearam sua atuação? Aborto: pecado que mata mais do que todas as gueJ'/'as Impunemente pratica-se hoje o maior genocídio de toda a história da humanidade: o aborto, chamado eufernisticarnente interrupção voluntária da gravidez, através do qual são legalme nte assassinados milhões e milhões de seres humanos. Autêntica e apocalíptica matan-
ça de inocentes. Para se ter idéia da gravidade dessa imensa tragédia, basta examinar algumas estatísticas. Anualmente nos Estados
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CATOLICISMO
Unidos são praticados l,3 milhão de abortos; na Rússia, 2 milhões; na Itália, 140.000; na Espanha, 77.000. E, através da imprensa, sabemos que proporcionalmente ocorre o mesmo na França, Alemanha, Portugal , China, Cuba, Brasil etc. Enfim, um flagelo mundial que mata mais do que todas as guerras e a AIDS . Contra tal clamorosa e suprema violação do mais fundamental de todos os direitos humanos, o direito à vida, encon-
o deixem sozinho, sejam unidos em família. E, sobretudo, sejam fiéis a Jesus e devotos da San.tíssima Virgem". Gianna recorreu e ntão Àquela que Jesus, no a lto da Cruz, nos deu como Mãe: "Maria! Vós sois a minha 'dolce
trarnos a edificante vida de Gianna Beretta Molla, mãe coragem, como é conhecida na Itália.
Pais "1·ctos, Justos e tementes a Deus" Essa destemida mãe italiana nasceu na cidade de Magenta, vizinha a Milão, no dia 4 de outubro de 1922, festa do Patrono da Itália, São Francisco de Assis. Façamos urna visita à casa natal de Gianna para conhecer os seus genitores, o Sr. Alberto Beretta e Da. Maria De Micheli in Beretta. O pai exercia a função de caixa numa empresa de Milão, e a mãe ocupava-se dos afazeres domésticos e da educação da grande prole que Deus lhe dera: 12 filhos, dos quais cinco morreram em tenra idade. José, irmão de' Gianna e futuro miss ionário no Brasil, assim descreve os pais de ambos: "Mamãe era
bem dotada de inteligência e de uma grande força de vontade. Severa consigo mesma, mas muito amável com os.filhos. Ensinava que Deus Nosso Senhor está sempre próximo a nós com sua imensa bondade. Papai também era muito religioso, acordava todos os dias às 5 da manhã para poder ir à Missa. [. .. ] O dia terminava com a recitação do Santo Rosário, e papai consagrava toda a familia ao Sagrado Coração de Jesus e a São José". Os amigos sabiam que não era urna família que se fechava em si mesma. Todos eram bem acolhidos: "A seriedade e
a generosidade para com o próximo eram os princípios fundamentais de mamãe e Gianna Beretta Molla
com dois de seus filhos
papai ", obs rva Virgínia, uma das filhas do casal. A própria ianna, antes de seu casamento, a rirmo u: "Os meus santos pais:
retos, justos e tementes a Deus". Na i11ffwch1, ,,Íl'tucle amena e ec111ilihnula Preparada modelada por pais autenticamente atól icos e ass istida espiri tualmente por sua irmã Amá li a, Gianna fez a Primeira omunhão aos c inco anos de idade, no dia 14 ele abri I ele 1928. A partir desse momento, acompanha regularmente sua mãe à Missa todos os dias, e o Santíssimo acramcnto será o seu nutri mento espiritua l quotidiano. Freqüentou a escola primária em Bérgamo, sendo crismada na catedral dessa c idade ao completar oito anos de idade. Uma de suas am igas di z: "Gianna
linha ca ráter ameno e semblante sorridente, rnas era muito equilibrada, uma alma pura e um coração generoso. Di.fimdia em torno de si muita tranqüilida de, tinha urnafé que contagiava, e todas as pessoas que a.fi·eqüentavarn sentiamse atraídas para a Igreja". /!,'xvcriê11cia clccisiva e hom; JJ1·opósitos Aos 15 anos, cursando o Liceu Clássico, parti cipa ele um retiro espiritual, segundo o método ele Santo Inácio ele Loyo-
la. Mais tarde dirá que as graças recebidas naquela ocasião pautaram toda a sua ex istência. Aprendeu então como, na vida, são necessários e fundamentais a meditação e a oração feitas com regul aridade. Escreve em seu diário: "Jesus, pro-
1neto submeter-me a tudo aquilo que permitirás que me aconteça. Fazei-m.e conhecer sempre a tua vontade. l. Para servir a Deus, faço o propósito de não ir mais ao cinema, sem antes saber se aquilo que passa se pode ve,; se é rn.odesto e não é escandaloso e imoral; 2. Faço o propósito de pref erir morrer a corn.eter urn. pecado mortal; 3. Quero temer o pecado m.ortal como se foss e uma serpente; e, repito: m.il vezes morrer que ofender o Senhor; 4. Imploro ao Senhor que me ajude a não ir para o irif'erno e a evitar tudo aquilo que pode fa zer mal à minha alma; S. Rezar urna Ave Maria todos os dias para que o Senhor me dê uma santa morte; 6. Peço ao Senhor que m.e faça cornpreender a sua grande misericórdia; 7. Quero sempre, de 1ioje em diante, recilar de joelhos as minhas orações, Janto pela manhã, na Igreja, como à tarde no meu quarto aos pés da minha carna ". l)cvoção a Nossa Se11hom: sinal <los p1·eclesti11ados Gianna sab ia que não bastavam esses bons propósitos. Eram todos muito bo-
Mamma ', co,~fio em Vós e tenho acerteza de que ,iam.ais me abandonareis. Saúdo-vos como 'Madre mia, Fiducia mia ' [Minha Mãe, Minh a Confiança] e consagro-me inteiramente a Vós. Lembraivos sempre de que sou vossa, e em cada momento de minha vida apresentai-me a vosso Filho, Jesus ". Missão tlc mé<lica, saúcle do corpo, saúcle da alma Em 1942, terminado o Liceu Clássico, Gianna matricu lou-se na Faculdade de Med ic ina. Possuía um conceito preciso e sub lime desta profissão. Mais do que um traba lho, para e la a medicina era uma missão. Sobre o sign ificado e o profund o valor da missão ele médica, deixou-nos alguns escritos.
"Não esqueçarnos que no corpo do nosso paciente existe uma alma imortal. E nós, que temos o direito de ouvir certas co11;fidên.cias, estejamos atentos para não profanar a alma. Seria uma traição. Sejamos honestos e médicos de fé. A nós são concedidas ocasiões que ao sacerdote não ocorrem: nossa missão não termina quando os rern.édios não surlem efeito, existe a alm.a para ser levada a Deus e a palavra do médico tem autoridade". A Ora. Gianna conced ia a seus doentes não so mente assistência médica, mas uma verdadeira ajuda espiritual , e muitas vezes auxili ou-os, guiando-os à recepção do sacramento da confissão. E m inúm eras ocasiões , e ncorajou muitas mães próximas do parto, conseguindo transmitir-lhes a a legria ele acolher um filho como um dom de Deus. Com base nessa co ncepção, convenceu muitas jovens a desistirem do aborto.
JUNHO2004 -
Planejava ser missionária no Bmsil
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Desde sua infâ ncia alime ntava admi ração e amor pelas mi ssões. Muitas vezes, sua mãe re mendava as roupas dos filh os a fim de e nviar o dinhe iro economizado às mi ssões. Durante a sua mili tância na Ação Católica, ins istia muito sobre a importância do apostolado. E se a primeira escolha fo i a de ser médi ca, não escondi a o desejo, cu ltivado inte ri orme nte, de tornar-se mi ss ionária leiga auxiliar, consagrando-se a Deus no serv iço de evangeli zação. Pensava rea lizar esse seu desejo de méd ica missionária junto com seu irmão, Frei Alberto Beretta, missionário capuchinho e m Grajaú, no Estado do Maranhão. Escrevera ao irmão: "Estou procurando um médico que me substitua, e peço que o Senhor mo faça encontrar. Estudo o português, e, se Deus quiser, fica rei muito fe liz em partir. Reze para que tudo saia bem ".
Deus. Para isso foi a Lourdes e m peregrinação, e lá rezou bastante. Quando compreendeu que a vontade ele Deus era a de que constituísse uma família, orientou-se dec idida para o matrimônio, consciente de que era o caminho que Deus desejava para e la. Escreveu e m seu diário: "O problema do nosso porvil; não devemos solucionálo quando temos apenas 15 anos, mas é
Descobl'Índo a vocação <lo matrimônio Viveu algu ns anos na incerteza ela esco lha de um estado ele vicia. Para be m decidir, rezava muito, ped ia orações e conselhos, sofria. Na bu sca ele di scernir a vontade ele Deus para sua vida, passou mesmo por uma grande perturbação interi or; não no plano ela fé, mas na e laboração cio projeto de vida. Parecia que o próprio Deus desarranjava e confundi a projetos, desejos e sonhos. Senti a-se cha mada por Deus, mas no momento ela rea li zação, parecia que tudo saltava pelos ares. Um modo mi sterioso de ag ir d' Aquele que traça "vias diferentes das nossas ". G ian na, em suas anotações, indicava três me ios para descobrir a própri a vocação: I. interrogar o Céu com a oração; 2. interrogar o diretor espiritual; 3. interrogar a nós mesmos, conhecendo nossas inclinações. Foi o que fez. Ao invés ele acabrunharse, intens ifi cou as orações para que pu desse co nh ece r melh o r a vontade de
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CATO LI C ISMO
do café; recordo-me ainda quando estavas em. oração durante a bênção do Santíssimo Sacramento ". Aos pés ele Nossa Senhora ele Lourcles, e m junho ele 1954, Gi a nna tinha compreendido qual era a sua vocação, e naque la festa da Virgem Imaculada Pedro compreendia qual era o projeto de Deus. No dia seguinte, ele registrou e m seu di ário : "Sinto a serena tranqüilidade que me dá a certeza de ter tido ontem um ótimo encontro. A Imaculada Conceição me abençoou". Durante o noivado, Pedro observou: "Quanto mais conheço Gianna, mais tenho a certeza de que melhor encontro Deus não podia oferecer-me". Gianna respondeu: "Desejofazer-te feli z e ser a boa esposa que tu desejas: compreensiva e pronta para os sacrifícios que a vida nos pedirá. Penso em doar-me totalmente para formar uma família verdadeiramente cristã. É verdade que teremos que enfrentar dores e sacrifícios, mas se desejarmos sempre um o bem do outro, com a ajuda de Deus venceremos todos os obstáculos".
Mãe exemplar, de<licada espbsa
melhor orientar toda a vida para aquela via na qual o Senhor nos que,; porque nossa f elicidade terrena e a eterna dependem de viver bem a nossa vocação".
Encontro 11ão casual, abençoado por Deus Na fes ta ela Imaculada Conceição, 8 de dezembro ele 1954, celebrava-se na cidade ele Mesero a fes ta ela ordenação sacerdotal de Frei Lino Garavaglia, hoje Bispo elas dioceses de Cesena e Sarsina (Itáli a). Ta nto Pedro, o futuro noivo, co mo Gianna fora m convidados para a Missa e para o almoço. Assim Pedro M olla escreveu a Gianna no dia seguinte: "Recordo-me de ti quando, com teu sorriso largo e gentil, saudavas o Frei Lino e os seus parentes; recordo-me quando .fàzias devotamente o Sinal da Cruz antes
Gianna e Pedro receberam o sacramento do matrimônio no dia 24 de setembro de 1955. Pre pararam-se espiritualmente para esse momento com um tríduo, que consistia e m assistir à Mi ssa e receber a Santa Comunhão. O amor recíproco, baseado na fé e não no sentime nta li smo, proporcionou aos jovens esposos coragem para enfrentar tudo serename nte. Gianna não renunciou à sua profissão de médica, cuidava mui to ex imi ame nte dos afazeres da casa, mostrand o-se exce le nte cozinheira, e continuava a assistir seus pacientes; prestava-lhes ass istência médica gratuita no j ardim da in fâ ncia e na esco la primária. Sentia profundamente o amor à maternidade. "Com o auxílio e a bênção de Deus, .fàremos de tudo para que nossa família seja um pequeno Cenáculo, onde Jesus reine sobre todos os nossos afetos, desejos e ações". Aceitou os inevitáve is sacrifícios ela
vida familiar se m nunca apagar o seu sorri so de bondade, paciência e generosidade. Todos que a conhecera m são teste munhas de que coerência, consciência dos seus deveres e equilíbrio era m os dotes típico · ele Gianna, os quai s faz ia frutifi ca r ao máximo e m todo se u â mbi to doméstico, profi ss ional e paroqui al, com muita harmoni a e simplicid ade. Para e la, a finalidade primeira do matrimôni o era a formação ele um a famíli a numerosa e santa. E m uma carta à sua irmã, dizia: "Peça ao Senhor que me ,nande logo tantos.filhos bons e santos". N asce e m 19 novembro de 1956, 14 meses depois do matrimôni o, Pierlui gi, o prime iro filho. Depois nascem Mari a Zita, em 11 novembro de 195 7, e Laura Mari a, a 15 ele julho de 1959. E m menos de quatro anos ele matrimô ni o, teve três filhos, todos com grav idez muito difícil. Gianna concebia a mulher como mãe católica, e viveu sua maternidade como uma oblação: ser mãe é ser "sacrif{cio ", eram duas rea lidades inseparáveis. Mas, note-se bem, tudo vivi.cio com alegria, mesmo se o preço a .-er pago fosse muito alto. Nesse sentido, ainda aos 18 anos de idade, escrevera e m se u d iário: " Toda vocação é vocação à maternidade, espiritual e moral, e preparar-se significa
estar pronto para ser doadores de vida, e se na luta pela nossa vocação tivéssemos que morre,; aquele seria o dia mais bonito da nossa vida".
llel'óico amol' mate1·nal por amor de Deus Após três grav idezes dó lo rosas, no início ·d a quarta tornou-se indi spensáve l uma cirurgia, dev ido a um fibroma uteri no (tumor no útero). Fidelíssima a seus princípios morais e religiosos, decidiu , sem hes itar, que o méd ico se preocupasse, e m prime iro lugar, não com a operação que sa lvaria sua vicia, mas com a salvação da vida da cri ança. Escreve então seu marido: "Com incomparável força de vontade e com imutável empenho, continuava a sua m.issão de mãe até os últimos dias da sua gestação. Rezava ou meditava. O sorriso e a serenidade que i11fundiam a beleza, a vivacidade e a saúde dos seus três 'tesouros' eram quase sempre velados com uma interior inquietude. Temia que a sua criança nascesse com sofrimentos. Rezava para que assim não fosse. Muitas e m.uitas vezes, pediu-me desculpas se me causava preocupações. Disse-me que nunca havia tido necessidade de tanta amabilidade e com.preensão corno agora. Aproximando-se o
A imagem pereg ri na de Nossa Senhora de Fátima visitou a casa do Engº Pedro Molla, marido de Santa Gianna Beretta Molla. No quadro emoldurado à direita, podemos vê -la, na comemoração do primeiro aniversário do filho pri mogên ito Pierluigi . Por ocasião da mencionada visita, o Dr. Pedro Molla agradeceu a iniciativa com as seguintes palavras: "Agradeço muito comovido por haver recebido em minha coso o visito do imagem peregrino de Nosso Senhora de Fátima, que era tão cora à Bem-aventurada Gionna".
período do /Jarto, cifirmou explicitamente, com tom firme e ao mesmo tempo sereno, com um olhar prcfundo que não esquecerei jamais: 'Se vocês devem decidir entre mim e a criança, não hesitem: escolham a criança, eu exijo, salvem-na! Eu faço a vontade de Deus, e Deus providenciará o necessário para meus.filhos '". Era uma Sexta-feira Santa, 20 abril de 1962, quando foi internada para o parto. No Sábado Santo, Giann a e toda a família tiveram a indescritível alegria de um dom divino: a filh a que portava e m seu seio nasc ia be la e forte. O fruto abençoado desse herói co gesto de amor de De us recebeu no santo Batismo o no me de Gianna Emanuela.
Após vida modelar, santa morte Durante aq ue le momento, Pedro não de ix o u sua esposa um só minuto. Os méd icos tentavam sa lvá- la a todo custo: antibióticos, soro, sondas ... tudo em vão. Sua última confidência ao marido foi: "Pedro! Agora me curei. Estava já do oultv lado, e se soubesses o que eu vi. .. Um dia Le direi! Mas, como éramos muito felizes, estávamos tão bem com os nossos maravilhosos.filhos, cheios de saúde e graça, com todas as bênçãos do Céu, mandaramme de volta aqui embaixo, para sofrer um pouco mais, porque não é justo apresentar-se a Deus sem haver sofrido muito". Inteiramente lúc ida, Gianna solicita e recebe a Extrema-U nção e a Santa Comunhão pela última vez. Naquele momento, acabava de c hegar da Índia sua irmã Virgini a, mi ssionária naquele país. Vendo o Crucifixo que lhe pendia do pescoço, pede para osculá-lo, e diz: "Jesus, Te am.o". Era o dia 28 de ab ri I de J962, e seri a apropriado co loca r e m seus lábios as últimas pal avras de Santa Teresinha do Me nino Jes us: "Eu não monv, mas entro na Vida". •
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E-mai l do autor: r.bertog na@cato licismo.com.br
Fontes de referência: Cfr. " Pro-Life" , A1111ua/ Reporr 2004, Washington. Cfr. "Avvenire", Mil ão, 16-9-03. Cfr. "Corri ere de ll a Sera" , Mil ão, 8-3-00. Cfr. " li G iorn ale", Milão, 27-3-04. Livros consultados: Un inno ai/a Vila: Gia1111a Beretta Mo/la, Suor Hi ldegard Brem Ocist. , Vog li o Yivere, 2004, Milano; li cammi110 di Sa11tità di Giamw /Jere11a Mo/la, Comitato per la Beat ifi cazio ne, ITL s. p.a., 1994, Mil ano.
JUNH02004 -
5 São Sancl1 0, Má l'Li l' + Espanha, 85 L "Adolescente, apesar de educado na corte real, não hesitou em sofrer o martírio pelafé de Cristo na perseguição dos árabes" (cio Martirológio Romano) . Primeiro Sábado do Mês
1 SanLo Inácio, Anacorela + Espanha, Séc. Xl. "Feito abade de Onha, onde se acabava de adotar a observância cluniacense, deu novo impulso ao monaquismo" (do Martirológio Romano) .
2 São Plotino, Bispo e Companheil'OS, Má1'lil'eS + Lyon, 177. "Seus fortes e repetidos combates sob íos imperadores romanos] Marco Aurélio Antonino e Lúcio Vero estão descritos numa carta que a Igreja de Lyon enviou às autoridades da Ásia e da Frígia " (do Martirológio Romano).
3 Santo Ovídio, Bispo e Má1'li1 · + Braga (Portugal) , Séc. II. Pagão, converteu-se com as pregações de São Pedro e São Paulo em Roma. São Clemente o enviou como Bispo para a então Braca ra - Au g usta, onde, depois de muitos trabalhos e conversões, foi martirizado.
4 Sanla CloLilcle, Viúva + Tours (França), 545. Sendo esposa de Clóvis, rei dos francos, suas orações e exemplos levaram o rei à conversão. Viúva, ao vergue seus netos eram assassinados pelos próprios pais (fil hos da Santa) para os impedir de reinar, retirou-se para Tours, onde se entregou à oração e penitência pela conversão dos mesmos. Primeira Sexta-Feira do Mês
.6 Domingo ela SanLíssima Trinclacle
7 Sanlo J\nLonio Mal'ia Gia11elli , Bispo e Confessor + Itália, 1846. Fundador das Filhas de Maria Santíssima do Horto, dos Missionários de Santo Afonso de Ligório e dos Oblatos de Santo Afonso, foi Bispo de Bobbio, notável pelo seu ze lo apostólico e caridade para com suas ovelhas .
8 São Guilherme ele York, Bispo e Confesso!' + Inglaterra, l J 54. Sobrinho cio rei Santo Estêvão, muito cedo tornou-se tesoureiro da igreja de York, e em seguida seu Arcebispo. Caluniado, foi afastado do cargo. Depois de sete anos de humilhações, fo i reabilitado pela Santa Sé. Muitos milagres foram operados em seu túmulo, inclusive três ressurreições.
9 BeaLo José ele /\ nehieLa , Apóstolo cio Brasil
10 SOLl~NIDADE DO CORPO I•: SANGUE DE CRISTO
11 São Barnabé, /\pósLolo
ffi SanLa Paula li'rassinelli, Virgem + Itália , 1882. Em meio às ma iores dificuldades e perturbações políticas, fundou as Irmãs de Santa Dorotéia, dedicadas ao ensino. Dizia:
" Habitu emo -nos a viver o dia-a-dia e pensemos só em fazer diariamente nossa obri-
gação, deixando o cuidado de tudo o mais a Deus".
néfica influência na corte espanhola.
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São Leão 111 , Papa e Confessor + Roma, 816. "A quem Deus restituiu milagrosam.ente os olhos que os ímpios haviam arrancado e a língua que haviam cortado" (do Martirológio). Coroou Carlos Magno Imperador na Basílica Vaticana, na noite de Natal de 800, instaurando assim o Sacro Império.
SanLa Ludgarcln, Vil'gem + Bélgica, 1246. "Monja cis-
terciense de Aywieres, na diocese de Namu r, foi cumulada de graças místicas por Jesus Cristo, que a instruiu no nústério do seu Sagrado Coração, a única luz na cegueira do seu fim. de vida" (cio Martirológio Romano Monástico).
20 Sanlo Acla lbcrl.o ele Magdeburgo, Bispo e Confessor + Alemanha, 98 L Enviado pelo Imperador Otão, o Grande, como chefe de um grupo de missionários que foram evangelizar os eslavos. Tendo todos seus companheiros sido massacrados, Adalberto voltou à Alemanha, onde foi designado Bispo da nova sede episcopal ele Magdeburgo, na Saxônia.
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Sarllo Antônio de Lisboa ou Páclua , Confessor
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Santos Mn nucl, Sabei e Ismael, M61·U1·es + Ca lcedônia, 362. "Embaixadores do rei da Pérsia para negociar a paz com Juliano, o Apóstata, o imperador quis obrigá-los ao ·1,tlto dos ídolos; como recusa.1·,1·em com grande constância, mandou passá-los a.fio de espada" (do
São Luís Gonzaga, Conresso,·
ffi São Peregl'ino, Bispo e Má1'lir + Itália, Séc. VL Bispo na região dos Abruzzos, sofreu perseguições por ter proclamado a divindade de Cristo, sendo afogado pelos longobardos no rio Atemo.
14 São MeLóclio ele Consta ntinopla, Bispo e Confesso!' +Constantinopla, 847. Italiano,
"estudou em Constantinopla, onde abraçou a vida monástica. Tornou-se Abade, e mais tarde Patriarca. Fez triunfar definitivamente, com o apoio de Roma, o culto das santas imagens, instituindo a 'Festa da Ortodoxia', celebrada anualmente desde então" (do Martirológio Romano Monástico).
15 Sa11La Mat'in Micneln cio SanLíssimo Saera menlo, Virgem + Espanha, 1865. Viscondessa de Jorbalán , recebeu formação religiosa e literária, sobressaindo-se desde cedo pela devoção à Eucaristia. Fundou o Instituto das Religiosas Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade, dedicado à adoração eucarística e ensino. Dirigida de Santo Antonio Maria C laret, por sua proximidade com a Rainha Isabel 11 exerceu be-
Martirológio Romano).
18 SAGRADO CORAÇÃO DI•: JESUS
ffi São Gl'cgório Barbarigo, Bispo e Confesso,· + Itália, 1697. De família patrícia ele Veneza, tornou - se Bi s po ele Pádua e Cardeal , dedicando o melhor ele suas atividades ao seminário episcopal , que transformou num cios melhores da Itália. Nele é g uardado reverentemente o coração do Santo.
19 IM/\Cl ll ./\DO COl~AÇÃO D8 M/\ RIA
ffi S.111 1.0s Ccrvásio e ProLnsio,
MéÍl'Lil'eS + Mil ,o, Séc. IJI. O primeiro foi ,u;oil ado co m pontas de chu111ho nté a morte; e o segu ndo, d ·poi s de flage lado, foi dcgo ludo . San to Ambrósio descobriu seus corpos em 386. De Mi lt o s ·u cu lto expandiuse ai ns Gá li as, onde várias igrqjas Ih •s foram ded icadas.
ffi SanLo E:usébio, Bispo e Má l'Lir + Síria, 378. Exi lado para a Trácia pelo Imperador Valêncio, ariano, visitava as igrejas não arianas disfarçado como soldado, para confirmá- las na fé. Voltando cio exílio após a morte de Valêncio, foi assassinado por uma mulher ariana por causa de sua fé cató lica.
22 Snnlo Alba no, Má1'L il' + Inglaterra, 304. Destacado habitante de Verulamium (hoje Santo Albano), escondeu em sua casa um sacerdote durante a perseguição ele Diocleciano. Convertido pelo ministro de Deus, ficou tão tocado pela doutrina católica que trocou ele vestes com ele, sendo preso em seu lugar. Negando-se a oferecer incenso aos ídolos, foi açoitado e cruelmente torturado, e finalmente teve a cabeça decepada.
23 São José Carasso (Vide p. 36)
24 Na Liviclacle ele São João BalisLa
25 São M{1ximo ele Turim . Bispo e Con fessor + Itália, Séc. V. Celebérrimo pela doutrina e santidade, seus discursos revelam s ua ciência e virtud e, se ndo quase tão
importantes quanto os de Santo Agostinho.
26 São Vigílio, Bispo e Má r'lil' + Trento, 405. Nascido em Trento, foi educado em Atenas. Eleito Bispo de sua cidade natal, "tudo fez para extirpar os
últimos vestígios de idolatria. Por esse motivo, hom.ensferozes e bárbaros abateram-no com. uma rajada de pedras " (do Martirológio Romano).
Intenções para a Santa Missa em junho Será ce lebrado pelo Revmo. Podre Davi Froncisquini, nas seguintes intenções:
27 Nossa Senhora do Pel'péLuo Socorro Segundo a tradição, essa pintura foi trazida de Creta p,u-a Roma por um negociante e permaneceu na igreja de São Mateus até 18 12, indo depois para uma capela dos agostinianos. Em 1866, o Geral dos Redentoristas obteve de Pio IX a custódia da imagem, divulgando-a então por toda parte. Tornou-se uma das estampas de Nossa Senhora mais populares em todo o mundo.
• Em louvor ao grande Apósto lo do Brasil, Beato José de Anchieta , pedindo que interceda junto a Deus para que o Brasil permane ça sempre ca tó li co e fiel a Nossa Senhora. • Que o Sagrado Coração de Jesus, c ujo festa comemora-se no mês de junho, derrame graças e bên çãos espec i ois so bre todos nossos co laboradores.
28 São Pluta1·co e Companl1eiros, Má rt ires + Eg ito, 202. Assistindo às aulas do célebre Orígenes, em A lexandr ia, foram por e le convertidos à fé católica, enfrentando por isso o martírio nas perseguições de Severo.
29 Comemoração ele São Peclro e São Paulo, ApósLolos
30 São Ma l'cial, Bispo e Confessor + França, Séc. III. Um cios prime iros a anunciar a verdadeira Re li gião nas cercanias ele .Limoges, França, onde é venerado com seus dois sacerdotes Alpiniano e Austricliniano. A vida dos três foi pontilhada de extraordinários mil agres. Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em julho • Que Santo Inácio de Loyola, nobre, mi litar, fundador da Companh ia de Jesus, defensor do Igreja, um dos esteios da ContraReforma e im pu lsionador do apostolado católico em todo o mun do - cuja festa se comemora no dia 31 de julho - intercedo, diante do Trono do Altíssimo, por todos nossos leitores, am igos, simpatizantes e co laboradores, obtendo-lhes os graças nece ssá rias para permanecerem sempre firmes no defesa da fé e da Religião católica .
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O mito da Reforma Agrária Emconferências para produtores rurais, é denunciado o objetivo de aplicar no Brasil projeto de radical Reforma Agrária socialista e confiscatória, com o decidido apoio da esquerda católica
Juventude contrária ao aborto N o auditório Quinhentão, do campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão, reuniu-se em 18 e 19 de maio oportuno simpósio: a Jornada pelo Direito de Nascer, contra o aborto
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1 FAUSTO JORGE B ORSATO , G oooFREDO DE Bo u 1LLON SANTOS
m clima de muita parti cipação e reatividade, realizouse no di a 18 de maio último, no auditóri o da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), em Goiâni a, confe rência do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança e cio escritor e jornali sta Nelson Ramos Barretto sobre o tema Reforma Agrá ria - O Mito e a Realidade. Esta fo i mais uma iniciativa ela Associação dos Fazendeiros do Vale do Araguaia e Xing u (ASFAX). Numa ex pos ição ilu strada com slides, Barretto descreveu o seu roteiro de 20.000 km através de 50 assentamentos ela Reforma Agrária, mui tos deles considerados " modelos" pelos órgãos governamentais competentes. Revelou a históri a dos assentados relatada por eles mes mos. Confro ntou a realid ade encontrada com as publicações do INCRA , da FAO e cio MST, para concluir que a Reforma Agrária não passa de um ilu sório marketing para esconder um rotundo fracasso. Em seguida fa lou o Prínc ipe Dom Bertrand sobre a perseguição ideológ ica da esquerda católica contra a classe ru ral. Isto no momento em que o agronegócio vem apresentando resultados espetacul ares, impul sionando a economia bras ileira. Atualmente, ressaltou Do m Bertrand, a esquerda católica encontra-se incrustada em pontos-chave cio Estado, ao mesmo tempo que articul a diversos dos ditos " movimentos soc iais". Com essa dupla atuação, tenta ele modo encarni çado im por ao Brasil seu projeto totalitári o, que passa obri gatori amente por uma Reforma Agrária sociali sta e confi scatória. Lembro u que há pouco D. Tomás Balduíno, pres idente ela Comi ssão Pastoral da Terra (CPT), fez dec larações que escancaram as intenções da esquerda católica. O Pre lado afirmou que é legítimo invadir propriedades rurai s, mes mo produtivas, pois tais ações apontam para a nova leg islação que o Brasil deve adotar; e, após reconhecer que o agronegócio sustenta as finanças cio País, atacou-o impi edosamente por impedir achamada democratização da terra, acrescentando que, onde "está a modernidade, está também o maior atraso". Tais afirm ações, alertou Dom Bertrand, acresc idas de ataques frontais ao Judiciári o, não deixam dúvidas qu anto à radi calidade e até ao fa nati smo desse projeto sociopolítico. Ou seja, a aprovação ela violação da le i e ela ordem estabe lec ida, a eliminação em grande escala da pro pri edade pri vada e a construção de uma sociedade " mi serabilista" oposta ao sadi o progresso. Tudo com vi stas a enca minhar o Brasil para um reg ime simil ar ao "paraíso" cubano-castri sta, que Frei Betto e ouCATOLICISMO
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tros líderes esquerdi stas apresentam despudoradamente co mo "modelo" ele pobreza evangéli ca.
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Na qualidade de representante da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição, Família e Propriedade, Dom Bertrand fin alizou concl amando os produtores ru ra is a se unirem em uma reação ideo lógica e lega l de escl arec imento e alerta da opini ão pública contra as intenções demolid,oras e anticri stãs da esque rda católica e dessa Reforma Agrária soc iali sta e confiscatóri a. Pres idindo a mesa, Dr. Lui z Carlos ele Silva e Lima, um cios fund adores ela AS FAX, reforçou as palavras de Dom Bertrand mostrando a campanha demo lidora da fa mília e da juventude, fe ita pela míd ia. Sorteou em seguida cinco livros Reforma Agrária - O Mito e a Realidade e convidou os presentes para o coquetel de lançamento, que fo i o momento propício para escl arec imentos e troca de info rmações entre conferencistas e participantes cio ato. Abaixo: jàc símile do convite para a sessão. • E-mail do auto r: fa ustoborsato @catol icismo.com.br
e, por anos a fi o, as universidades bras ile iras fora m agitadas quase exclu sivamente por idéias esquerdistas, contestatári as da ordem social e moral vigentes, a Jornada pelo Direito de Nascer revela preocupações mais séri as . Algo de novo se pas ·a na juventude carioca. É a conclusão a que chega quem tenha assistido a esses doi s di as ele estudos contra o aborto, na UFRJ. Para s pro moto res da Jornada, me mbros do mov imento Juventude pela Vida , o aborto, alé m de ser um infa nti cídi o, uma ofe nsa à c lasse médica, cuja vocação é c urar, e não malar. O emb ri ão é um ser human o, e enqu anto tal é titul ar d · di reitos . Ass im sendo, deve se r proteg ido a partir da con • •pção. Essa 1·rnática fo i objeto das palestras apresentadas por juri stas, pror •ssores, médicos e estudi osos de B ioética. Todos os resull ados ' ientíficos modernos, provenham e les da sociologia, da psi ·ologia, da embrio logia, confirmam que o aborto con sisl ' 11 11 111a vio lência tanto contra o nasc itu ro quanto contra a nrn • · o pai que o geraram . N ·ss · s ·nticlo, a Jornada de Estudos co ntou com a palestra d · 11111 prol'essor de Física - bem sucedido na vida e útil a seu P11 í.~, fil ho de um estupro - cuja mãe recusou-se a abortar, mes mo sul> •mio que a lei, indevidamente, lhe perm itia essa práli ·11 11 10t·almente ilícita. Hoje, além de pai, já é avô. E tem muil os l' alunos, como os orga ni zadores do evento.
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Acima : faixa alusiva ao tema da Jornada Abaixo: flagrante de debate no eve nto
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O n·sponsável pela Jornada, o estudante de Medicina Paulo til' 1il' n1 •lilo Li ma Filho, diri giu os debates, coordenando as inl t· rvt·1u;l cs e incentivando todos os presentes a participar d ·ss11 11ohn· luta, cujo obje tivo principal é denunciar e refutar as 1'11 lsid11d ·s que se divulgam a respeito cio aborto. M uitos i •11rn· 111 1Sl'us ma les. Vítimas ela educação sexual nas escolas e d · p ·, 1111·iosos programas de televi são - que abusivamente prnp,11'11 111 lllll pretenso dire ito ela gestante a uma li vre escolha 111,r o li lho e o aborto - incontáve is jovens entram pelos corn·doH·:-. soturnos de clínicas abortistas. ( 'rn1v1d11do espec ialmente para o evento, o Dr. Nelson Ri b ·i ni 111'11/'l'lli, diretor ele Droit de Naí.tre (Direito de Nascer) - w 1•1111 11,11i_:110 francesa que combate as leis que fa vorecem o abo, lo, l' • 1111 França a assoc iação anti-aborto de maior audi 111·111111111 0 uo púb lico - , em sua confe rência explanou como
se refutam para o grande públi co as falsas concepções abortistas. As palavras cio confe rencista animaram os presentes, confirm ando ser poss ível despertar a maioria sil enciosa, à qual o aborto causa re pul sa. A Jornada proporcionou ocas ião de co ntatos entre univers itários que resolutamente tomam a defesa da in stituição fa mi liar e da indi sso lubilidade do víncul o matrimonia l, e que desejam divulgar a doutrin a moral da Igreja católica. Numa pa lavra, não são de esq uerda e assume m dec idi damente uma posição co nservadora. A esq uerda lhes parece ex pl oradora das massas , difu sora da mi sé ri a e desag rega do ra dos bo ns costumes. • E-mail cio autor: godol"redoclebouill on@catolicismo.com.br
JUNHO2004 -
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Contra -O "casamento" homossexual C om a entrada da Polônia na União Européia, vão se intensificando nesse país as pressões para que sejam concedidos à "minoria homossexual" favorecimentos já existentes nas outras nações européias
Chrzesci;janskiej lm. Ks. Piotra Skargi (Associação Padre Piotr Skarga pela Cul tura Católica) iniciaram uma ampla campanha de esc larecimento da popul ação sobre a pos ição da I grej a cató lica contra o homossex uali smo. Como parte dessa ca mpanh a, fora m rea li zadas co nfe rências, programas televi sivos e radi ofôni cos. Alcançou enorme receptiv idade no públ ico o relato fe ito pelo Sr. John H orvat, membro da TFP norte-a merica na, sobre a campanha que a enti dade vem rea li zando nos Estados Uni dos, em oposição ao mov imento homossex ual. O úl timo lance, ex plicou Horvat, fo i a publi cação e difusão do li vro Em Def esa de
uma Lei Suprema - Por que é necessário rejeitar o "casamento" de pessoas <lo mesmo sexo e e,~frentar o movimento homossexual. *
CATOLICISMO
jovens do Movimento Univcrsiuírio Rc(on<Juista, rmno estudantil da associação peruana Tradición y Acciôn por un1 Pcrú 1vlaJ or
esde o ano 2000, o Movimento Universitá rio Reconquista desenvolve ampl a atu-
revendo as pressões a fi m de favorecer o movimento homossex ual na P.o lôni a, e antecipando-se a elas, os membros da Stowarzyszenie Kultu,y
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N cHsa histórica cidade do Peru, realizou-se a concentração de
1 ALEJANDRO EZCURRA
FLÁVIO M ATIHARA
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Tendo sido noti ciado qu e um grupo de ativistas homossex uais pro moveri a um a marcha em favor da "to lerância", a qu al coi ncidi ria co m a tradi cional procissão de Santo Estani slau, padroeiro ela Polôni a, foram di stribuíd os pela Associação Pe. Piotr Skarga 280 mi I folhetos ele escl arecimento e protesto nas ru as de Cracóv ia e por correio, gerando assim o envio de mais de 30.000 ca rtões à prefeitura da cidade e à Uni versidade Jagelon iana protestando contra ta l provocação. A poderosa avalanche homossex ual que se anunciava viu-se redu zida a um pequeno grupo ele 100 a 200 participantes, apl audido por apenas um magote de
Simpósio universitário em Cuzco
simpatizantes esq uerdistas. Ante a hostilidade mani festada por centenas de pessoas contrári as, a marcha se disso lveu, envergonhada e desiludida. •
ação nos meios universitári os das prin cipais cidades peru anas, espec ialmente através da difusão de seu boletim " Reconqui sta" e da reali zação de conferências sobre temas de atu alidade, como globa li zação, pós- moclerni clacle, etc. Recentemente, promove u um sim pós io de fo rm ação para 16 1ícleres estudanti s na ciclacle de uzco, nos An eles peru anos, du rante a emana Santa. De 7 a 11 ele abril , o aco lhedor ambi ente lo hotel lncaTambo, próxi mo à c lebr fo rtaleza incacleSacsayhuamán e rodeado ele es pl êndi do panoramas, fo i cenári o privil egiado para in tensa refl exão sobre diversos temas ele esp iritu alid ade e doutrin a ca tó li ca, co mpl ementada co m um a análi se ela realidade atu al à lu z cios prin cípi os ele Revolução e Conlra-Revoluçc7o, obra -mestra cio Prof. Plíni o Corrêa ele O li veira. Os ass istentes participaram também ele tradi cionais cerim ôni as da Semana Sa nta na ciclacle, bem co rn o ele um a Vi a Sacra no ca mpo, à luz de tochas, na noite da Sexta Fe ira Santa. No encerramento do simpós io, os j ovens pa rti cipantes ex pressaram eru sivam nte sua sati sfação e o agrad ' ·im ' nto aos promotores do evento p ·los conhec imentos adquiridos, qu · 111 •s p ' rmitirão aperfeiçoar sua a tu 11 ·110 ·orn o líd eres estud antis, mar ·1111do 11ss i111 uma crescente e indi sp ·ns:ÍVl' I prese nça cató l ica no a111hil1 1111· 1111i v •rsit ário peru ano. À di1 1·it11 , ·cnus do simpósio. •
E- mail do auto r: fl a1a111 a1@ca1o licismo.com .br
JU N HO2004 -
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G1orificação festiva da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo 'j PU NIO C O RRÊA DE ÜUVEIRA
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cupolone é a cúpula principal da Bas íli ca de São Pedro em Ro ma. Em c ima fi gura um a espéc ie de mirante, e no alto uma esfera dourada sobre a qu al há um a cru z. Para usa_r um a ex pressão que é por de mais do mésti ca, mas serve para ex pressar o que se quer, o cupolone é separado em go mos; em o utros term os, estri as grandes de pedra, todas· e las de uma simetri a perfe ita, me io azul adas, de um azul ado que tende ao prateado, um tanto prope nso a re fl etir o céu. O cupolone é tão grande, que de baixo de le poder-se-ia edifi car um prédio, se não me engano, um pouco mai s alto do que o edifício Martine lli de São Paul o. Qu ando quere mos compreender a ra zão de ser de uma pessoa, não devemos anali sá- la apenas pe la impressão que ca usa dev ido à sua atuação. Mas devemos imaginar co mo fi cari am as co isas caso e la morresse, estivesse ausente ou não exi sti sse. O mes mo princípi o apli ca-se para a razão ele ser de outros seres. Ass im , consideremos as c úpul as pequenas que lade iam o cupolone. Que fun ção estéti ca exerce m essas du as c úpulas me nores? Al gué m dirá : co nsti tuem um e nfe ite. Entretanto, essa resposta não respo nde a pergunta. A indagação é : por que isto enfe ita ? Im aginemos que não ex isti ssem as duas cúpulas peque nas. Não teríamos a impressão de que o cupolone es magaria a Bas íli ca? Na óti ca humana, as duas cúpul as me nores como que supo rtam " psico log icame nte" o peso do cupolone e ajudam a torn ar leve uma coisa que, sem e las, torn ar-se- ia pesada dema is. Essa é a ra zão de ser das c upul azinhas.
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O cupolone visto por dentro
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O Cupolone da B asíli ca de São Pedro é o pedesta l da Sa nta C ru z de Nosso Senhor Jesus C ri sto. É a g lorifi cação fes tiva da Santa C ru z do Divino Redentor. •
Exce rtos da conferência proferid a pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 11 de novembro de 1988. Sem revi são do autor.
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Julho de 2004
Vence quem confia P or que Deus deixa passar por dificuldades e insucessos, e permite derrotas àqueles que tudo fazem para manter a fidelidade a seus ensinamentos? Por que não lhes concede de imediato a vitória? T odos que conheceram de perto o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira são testemunhas de que ele, mesmo nos momentos das mais graves aflições, jamais perdeu a tranqüilidade e sempre confiou na Providência Divina. É oportuno lembrar que ele afrontou cerca de 1 O grandes estrondos publicitários ... Mesmo em face das maiores dificuldades, diante de problemas aparentemente insolúveis e arrostando diversos insucessos, nunca sua confiança em Nossa Senhora foi abalada. E isso desde a infância até seus últimos dias nesta Terra. São incontáveis seus comentários e declarações a esse respeito. Transcrevemos a seguir um deles, enunciado numa conferência em
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C ATOLICI SMO
ExcER'J'OS
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CAR'l'A DO Dm.ETOR
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PÁGINA MARIANA
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LEITURA ESPIRITUAL,
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CORlmSPONDf~NCI/\
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Não I v ' n1 os p ·11 s: 1r q11 · ·sló pr ·p:irado I aru n >s um pu ss ·io 1riu111'11 I 111: u vit óri a um pass ·io fú ·il ·0111 os 11pl 11 11 sos I l odos . Po u ·as v ''I. ·s, u > l0111•0 dn Hi stóri a, a l •r jn 1·111 v •n ·id o 11 ssi 111 . li quando v n ·' d ·ss • 111odo, 111u ilns v "/. ·s vem logo dc1ois urn a d ,,.,.0111 . A verd adeira vil >ri :i tlu n Vl' I, l' lll prin c ípi o, deco rre d· L1111n ·011f'i :1 11 i,: 11 di ante ci o ab, urdo. 1 ranl ' o p11n 1doxa l, o in verossímil - a 1uilo, dir-s ·- iu , 1·v •111 os qu e não poderi a acontc ' ·r
dl'i l ur 11 oss11 ço 111'innça s rena em Noss:1 S ·1il1or:1. i'i d111 o o l'rtlllinho. E porque é duro, é a vi11 dn ( 'n11,. li porqu ' ~ o cam inho ela Cru z, l1 o 111I1 H> d11 vil t'lrin . Os ca minhos macios 11110 s1 o os I ri I hos dn v ·rthclcira vitóri a. N: o i'oi uss i111 qu' venceu Nosso Se111lor J •sus ( 'ri sln, 11:10 l'oi ass im que venl ' t' \I 11 1/' r ·j11 ( 'ul<'ili ·:1. A vilóri a é a ela ( 'n,:r,, l ' llt qul' tudo • dif'fc il , comp li cado, t', 11 1111 p11r ' lll'iu, 11110 durá e rlo. O homem q1I 1· rn 11l i11 1 o v •rdadciro vencedor". •
A Padroeira de Moratalla (Esp anha)
A Salve Rainha - V
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A PAL,AVIM. ))0 SACERDOTE
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A REAUDADE CONCISAMENTE
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INTERNACIONAi,
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DISCERNINDO
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ENTREVISTA
No exílio, Kigeli V expõe a sitoação de Ruanda
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CoNTRAS'l'E
Os afegãos e o skate
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DESTAQUE
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GRANDES PERSONAGENS
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CAPA
36 VmAs
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" Quanto mais encontra rm os dific ul dades, e se form os humilhados, rec usados e pi sados, se no enta nto confi arm os co m um a confi ança maior cio que o peso ela rec usa, elevemo. ter a certeza ele que seremos atendi dos. Querem medir o ta manho da viLóri a? M eça m pelo ta manho da humilh ação; meça m pelo tamanho cio in sucesso; meça m pelo tamanho ela imposs ibilid ade aparente de conseguir alguma co isa. Eu dou muita e muita importância a essa regra. Ela deve form ar parte de nosso estado ele espírito habitual qu ando fazemos pl anos, concebemos es peranças e exec utamos proj etos. A derrota não importa tanto. A úni ca derrota verd adeira para nós consiste em não co nfi ar. Se confi arm os, venceremos !
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Nº 643
"Euroceticismo" nas el ei ções européi as
Zimbábue: da prosperidade à miséria
Alastramento da AIDS n a África e Á sia A Rainha I sabel , a Ca tólica
Santa Margarida e o Sagr ado Coração de Jesus DE SANTOS
São B ento e o monacato ocidental
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Pm~ ()UE NossA SENHORA Cmm.A?
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AGtWNEGÓCIO
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INF01~MAT1vo Ru1~AL
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SANTOS E FESTAS DO MÊS
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AçA.o CoNTRA-REvorncmNÁRIA
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AMBIENTES, COSTUMES, CJVIUZAÇÕES
O Brasil que produz, ameaçado
Rainha Maria Antonieta, esplendoroso lruto da Ci vilização
36 Vidas de Santos Nossa capa: Pintura de Santo Margarido Maria apresentando desenho do Sagrado Coração . Ao fundo : aspecto do Basílica de Paray-le-Moniol , construído pelos monges beneditinos de Cluny (séc . XI e XII).
JULH0 2004 -
Caro le itor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n° 3116 Administração:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .
Qual o estado da educação das crianças e cios j ovens nos dias de hoje? Não me refiro à educação esco lar, mini strada por professores, nem mesmo às boas mane iras ensinadas pe los pais. Refiro- me à ed ucação cató li ca, ao e nsin o da doutrin a ela Santa Igreja, ao c umprimento cios mandamentos da Lei de Deus e el a Igreja. erá que hoje as cri anças estão se ndo ed ucadas de acordo co m ta is princíp ios e va lo res? O u, pelo contrári o, cri anças e ado lescentes ficam indefesos diante elas tentações diá ri as e constantes, presas fáce is do mundo moderno ? Nesta edição a matéri a de capa de Catolicismo apresen ta a vida ele Santa Margarida Maria Alacoque, pe rmitindo a pai s e mães fazer uma séria refl exão sobre a educação e fo rmação que concedem a seus filh os, numa época neopagã como a nossa. E aquilatar a respo nsabilidade que têm di ante de Deus, até certo ponto, sobre a sa lvação eterna de sua prole. Nascida na França e m 1647, essa grande santa é a pri nc ipal propagadora da devoção ao Sagrado Coração de Jes us, tornando-se uma das maiores místi cas da [grej a. Sua vida heróica é marav ilhoso exempl o para todos os cató li cos . Desde pequena, e la era grande devota ela M ãe de Deus. Já antes cios o ito anos, seu prazer consisti a em ded icar horas inte iras à oração. S ua fé e m nada se abalou, ao lo ngo dos anos, ao ir perdendo vários irmãos e seu pai, o u quando sua famíli a passou a sofrer g raves dificuldades finance iras. Como ta ntas vezes acontece com as almas que buscam a g lóri a ele Deus, essa d ileta confidente do Coração de Jesus não fo i bem compreendida por sua família. Aos 17 anos, s ua mãe desejava que ela se casasse. Margarida M ari a resistiu d ura nte três anos, até finalme nte co nvencer a famí li a de que seu coração e seu des tino estavam vincul ados a De us, para cumprir uma mi ssão extrao rdin ária e uni versa l. Vivendo num a época que sofri a as conseqüências nefastas da heresia janseni sta, Santa M argarida M ari a to rn ou-se a fie l difuso ra dos tesouros le àmor d ivino, que o Sagrado Coração desej ava di spe nsar aos ho mens. E la abriu , ass im , uma nova era para a piedade católi ca, reve lando uma mensagem inédita ele amo r de Deus. Me nsagem essa que o Redentor queria fazer chegar a todos os seus filhos. Tal manifestação é completada pelas mensagens poster iores ela Mãe de Deus, especialme nte em Fátima, no ano de 19 17, com vistas a traz r os homens para o influxo sa lvífico dos Sagrados Corações de Jesu. e Maria. lnf'clizme nte, tais mensagens não fo ra m correspondidas pe la humanidade pecadora. orno estranhar, pois, que os ho me ns tenham ainda de passa r pe los paclecim enl os pr v isto por Nossa Senhora ele Fátima, antes de chegarmos à bendita era do R ' inado cio Trnaculaclo Coração de M ari a, que será também do Sagrado o ração? Peçamos à D ivina Providênc ia que interve nh a junto aos jove ns e às famí li as . para suscitar novos sa ntos para os di as de hoj e, capaies d· restaurar a Civi li zação C ri stã e propagar a devoção ao Sagrado Coração de Jes us e ao Imacul ado Coração de Mari a. Desejo a todos uma boa leitura. Em Jesus e Maria ,
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7 D 1RGTOR
c to licisrno.com .br
Nossa Senhora da Rogativa Tai é a invocação da Padroeira de Moratalla (Espanha). Nesta cidade a Santíssima Virgem apareceu para lembrar um dever dos fiéis: ser caritativos para com aqueles que sofrem perseguições. !'li
V ALD IS G RINSTE INS
ara quem viaj a pelo sul da Espanha, na região de Múrcia, a cidade de Morata lla asse melha-se a muitas outras. De um lado, o castelo medi eval; no alto, a torre de uma igreja do sécul o XVI. Sua popul ação é maciçamente católica, e durante a Semana Santa realiza belas procissões. Sendo uma região bastante árida, não é difícil entender que sua padroeira seja Nossa Senhora da Rogati va, ou sej a, das rogações, dos ped idos. Atualmente não falta comi da, mas em outros te mpos uma seca prolongada poderi a ser causa de muitas mortes. Mas o que mais chama a atenção na c idade é o fato de Nossa Senhora ter aparec ido para se queixar da fa lta
P
de cari dade do povo. Sendo ass im , por que o título de "Rogativa"? Não seria me lhor chamá-la Nossa Senhora da Caridade? Que relação pode existir entre rogar, pedindo chu va, e a caridade? A hi stória da apari ção esclarece tal questão. Revolta dos muçulma110s
É poss ível, a quem estude Hi stóri a U niversal, pensar que os combates travados na Es pa nh a contra os muçulm anos termin aram com a to1492. Não foi mada de G ranada bem assim. Nos territórios rec uperados pelos católicos, vivi am numerosos mu çulm anos. Estes, de te mpos em tempos, revoltavam-se contra os católi cos, martiri zavam sacerdotes, queimavam igrej as, profanavam image ns, ali avam- se co m inimigos da
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Espanha para destruir o governo estabelec ido. De fato, a situação chegou a tal ex tremo que, para se restabelecer a paz na Espanha, a medida tomada em 162 1 fo i a de expul ar todos os mouros qu e se negassem a converter-se ao catoli cismo. Quase um século antes, em 1535, ano da apari ção de Nossa Senhora em Moratall a, esse estado de rebelião era qu o tidi a no . O s mu ç ulma no s d as montanha s de Alpujarras, perto de Moratalla, viviam em contínuo estado de revolta, cometendo roubos e assass inatos. E ra normal que, após essas desgraças, aparecessem pessoas necessitadas pedindo auxilio. Devido ao número excessivo daquelas que perdi am seus be ns, acrescido à pobreza da reg ião naquela época, os habita ntes começara m a torn a r-se JULH02004-
menos caritativos para cp m os pobres perseguidos. E para agravar o problema adveio uma terrível seca.
Aparição de Nossa Senhora No di a 5 de maio daqu ele ano, estava Ginés Martinez de Cuenca, de 20 anos de idade, cuidando do gado que possuía seu pai num vale a 30 km da cidade. Certamente preocupado com a seca, deve ter notado com agrado a chuva que começava a cair. Ocorreu que esta aumentou muito, e ele teve que buscar um refú gio junto com seus·animais. Encontrou um local adequado, propriedade de outros pastores, e ali fi cou . Adormeceu e sonhou com uma mulher que lhe aparecia por vári as vezes. De manh ã, intrigado, perguntou a outros pastores se havi a alguma mulher por lá, e responderam-lhe que não . Como a chuva tinha sido forte, decidiu verifi car se algum probl e ma ocorrera, e saiu a percorrer a propriedade. Chegando a um local conhecido como La Canada del Conejo, chamou-lhe a atenção que parte das culturas estava muito mais verde e mais robu sta que o resta nte, de cor mais escura em virtude da prolongada seca. Ante o fa to inexpli cável, exclamou: "Nossa Senhora me valha! ". Nesse momento, uma pomba branca cruzou voando à sua frente, iluminouse o local e Nossa Senhora apareceu.
A ordem da Mãe de D eus A Virgem Santíssima perguntoulhe: "O que procuras?" Ginés nada res pondeu. E ntão E la disse- lhe para advertir os habitantes de Moratall a qu e deveriam ser mais caritativos e hos pita leiros para co m os cri stãos pe rseg uid os, qu e co ntinu a me nte chegavam a suas portas pedind o esmolas. Di sse ainda qu e seu Di vino Filho es tava indignado co m a fa lta de caridade, a ponto de querer pri vá-los da c huva, mas qu e Ela tinh a intercedid o por eles e obtido um a
- C A T O L I C ISMO
pausa no castigo. Daí a chuva no di a ante rior. F inalmente, pediu ao jovem qu e fosse construída uma capela naquele local, com o nome de Nossa Senhora da Rogati va, pois Ela tinha como missão roga r a seu F ilho pelo bem dos pecadores. Em seguida desapareceu, mas ficara m marcadas no local as plantas de seus pés.
Comprovação da aparição Podemos imaginar o quanto Ginés Martinez fic ara. surpreso e contente, mas ele nada qui s contar do que tinha vi sto. Se us vi z inhos o desc reve m como um rapaz honesto, despretensioso, bondoso e trabalhador. Em todo caso, a impressão causada pela apari ção deve tê-lo marcado profund amente, pois um vi zinho chamado Ginés .Valero, à fo rça de muita insistência, conseguiu que o rapaz contasse o que o preocupava tanto. Segredo de dois, segredo de muitos. O vizinho contou a seu irmão Juan Valem e a outro vizinho, Pedro Mateo. Estes fora m ao local da aparição com suas e posas. A notícia correu rapidamente pela vil a. Logo mais o prefeito, Ma.rtín López, desejou saber do próprio G inés Martinez como ocorrera a a.parição. Muito lhe custou fazer o jovem falar, pois, além de não ser ex pansivo, ele estava encabulado por tornar-se o centro das atenções. Mas afi nal narrou o ocorrido. Ambos foram ao local e verificaram que, de fato , estavam lá as marcas cios pés de Nossa Senhora, apesar da contínua chu va. Quando a notícia cio acontecimento se alastrou pela cidade, a. aflu ência de pessoas necessita.das e doentes foi e norme. Muitos deles colocavam terra nas ferid as, e miraculosamente ficava m curados. Tantos milagres se deram em tão pouco tempo, que o prefeito achou me lhor prevenir outras autoridades cio local. Ainda se co nservam as atas cio di a 27 de maio de 1535, nas quais as autoricla-
eles ela prefeitu ra nomearam um a comi ssão para . e informar bem cios fatos, to mar dec larações, verifi ca r o local etc . Ne las fi guram os nomes cios escrivãe públicos, cio acerclote, cio prefeito e o utros. Tal co mi ssão documentou o mil agres, r colhe u um a declaração jurada de G iné Martin ez sobre como se deu a apari ção, envi ou tudo à Inquisição, a qu al na.ela encontrou que fosse contrário à Fé católica ou à M oral.
Perseguição 11a atualida<le Lendo o rela.to dessa aparição de Nossa Senhora., podemos concluir: se Ela, naqu ela época, qu eixou-se da falta de carid ade para co m os católicos perseguidos, hoje certamente lamentar-se-ia muito mais. Nossos irmãos na fé estão sendo perseguidos, e muitos sendo assassinados por comuni stas na Chin a, e m C uba e na Coréia cio Norte; por muçulmanos na Indonésia, no Paquistão, no Sudão e outros países; sofre m nas mãos de nacionalistas hindu s, ou devido à persegui ção sorrateira. de leis anticatóli cas em países ocidenta is. E qual nossa ati tude em relação a tais perseguições? Rezamos pela perseve rança. deles? In d ig namo- nos e reclamamos qu ando o meios de comunicação sistemati camente silenciam tais mortes? E s amanh ã ocorrerem persegu içõe de e tipo em nosso País? N ão de jaría mos que os católicos de todo o mundo nos socorressem? Be m perto d nós, na vizinha Ve nezue la, católico vêm sendo perseguido , tem havido profanações de imagen de Nossa Senhora e bombas são colocadas cm igrej as ... E ntão seja mos coerentes, e rezemos por aqu lcs irm ãos que sofrem per egui çã por amor de Deus. Assim, podere mos t r a certeza de conta r co m as bê nçãos e proteção de Nossa Senhora da Rogativa. • E-mail do autor: va ld isgri nstei ns cato)icismo.com.br
A Salve Rainha - V .Ar>ós as sublimes invocações da Salve Rainha comentadas na última edição, seguem novas súplicas dos "degredados filhos de Eva", que nos reportam aos mais elevados títulos da Santíssima Virgem. Eia, pois, Aclvogacla nossa
Retrocede o autor da oração, a.pós a introdução, e volta-se para a Virgem Santíssima, a fim de insistir ainda. ma.is no pedido, e a invoca. com um novo títul o: Eia, pois, Advogada nossa. E, co m efeito, faltava esta. supre ma invocação, que envolve na.da menos que as duas funções mais augustas que a Virgem desempenha no Céu com relação a nós: a de lntercessora e a de Mediadora, contidas no título de Advogada. [.. .] É nossa intercessora porque, como sabe mos, é nossa mãe na. orde m sobrenatu ral da graça.; e sendo-o, deve contribuir por todos os meios possíveis para dar-nos e conservar- nos essa. vida, de modo semelhante ao que fazem co m seus filhos as mães segundo a natureza. M as co mo ela não pode, po r s i, da r- nos ta l vici a sobre natural da graça, nem faze r- nos recobrá- la qu ando pelo pecado a perde mos, é necessári o que inte rceda jun to a seu Divino F ilho, fo nte da graça, para qu e no- la co nceda, no- la co nserve e no- la devo lva um a vez perdid a. Esses vossos olhos misericonliosos a nós volvei
Chega, por fim , o momento de fazer a desejada petição. Qual será? Muito interessante e extra.ordinári a, sem dúvida, pois vai precedida de um preâmbul o tão magnífico e grandiloqüente . Muito piedosa e bela. será, pois o que a diri ge é um grande sa nto, um inspirado poeta, uma alma verdadeira mente infla.macia no amor da Virgem, o mais belo e sa nto ideal que exi ste na orde m da. graça depois de Jesus Cri sto. [ ... ] Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei: que é, sem dúvida, uma das mais form osas e feli zes frases desta oração, porque, com efeito, não há para nós, os degredados filhos de E va., que ge memos e choramos neste vale de lágrimas, outros olhos co mo os da Virgem Mãe de Jes us Cri sto, tão belos, doces, delicados e co mpassivos, pois tê m o maravilhoso privilégio de curar, ou aliviar nossas dores somente olhando-nos. Feli zes aqueles a que m Ela olhe com seus preciosos olhos, pois a doce claridade de seu olhar ilumina o espírito crente co m suaves resplenclores, preserva o coração
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el as paixões insanas, consola e confo rta o espíri to abatido e entristecido pelas penalidades e sofrimentos da vida, elevando- nos às alturas de onde não se respira o ambi ente das mi séri as hum anas. •
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me ntar, não os pobres que rea lme nte sofre m necess idades, mas para as bocas dos "sem-terra", para a limentar os guerrilhe iros. Desse je ito não se sabe ao nde vamos para r. (R.B.N.R. - CE)
Católica entre aspas l8 Não concordo com o fato de VV escreverem "esquerda cató lica" entre aspas . Acho que dev~ ir entre as pas ape nas a pa lavra "cató lica", pode m colocar até 10 as pas à dire ita e 10 à e querda, porque essa turma de agitadores te m tudo da esque rda e nada te m de cató lica. (A.C.B. - PE)
ldiotizador eletJ•ônico ...
Atingindo o alvo 121 Vocês acertaram na mosca e tê m todo me u aplauso. R ealme nte uma censura bem dura do Pa pa pode barrar a ação maléfica da esquerda católica que age inescrupul osame nte no · B ras il. Ve mos o perigo do incêndi o pegando e m nossas te rras e não pod e mos fi ca r d e b raços c ru zad os.
(T.G.O. - MG)
Pl'Ogmma Nota zero l2l Os promotores da reforma ag rária j á gastara m mais de 30 bilhões de reai s e m asse nta me ntos d o M ST (a be nçoados pela Co mi ssão Pastoral da Terra), e no que de u? Em mi séri a. Essa grana toda vazo u pe los ra los govern ame nta is . E, pe lo co ntrári o, para a agri cultura não te m dinheiro, não tem crédito, não te m incentivo do governo, mas é a agric ultura que suste nta este País. O Bras il só não quebrou como a Argentin a, porque te m a agri cultura produzindo sempre mais, exportando sempre mais e mais. M as o governo não quer ver a realidade : que esse pessoal do MST não qu er nada co m ag ri c ultura. T ê m é fo me de terras dos outros, quere m é pegar terras dos outros para vender, para de po is invadir e m outro lugar, são baderne iros, muitos são guerri lh e iros profi ssio nais. E agora vem esse programa da fo me-zero para ali-
-CATOLICISMO
G oste i realm e nte de seu arti go na últim a revi s ta Catolicismo!Nº 642 (" M a is TV, me nos livros"). Pertencemos, ac ho, a um a geração de " VIDIOTAS " ... (R.P. - SP)
Juventude "esquecida " ~
Parabe nizo a equipe de Catolicismo, be m co mo aos jovens entrevi stados pe la revi sta desse mês [j unho]. Precisamos divulgar esses as pectos de nossa juventude que reage à liberti nage m desavergonhada e generalizada e tão divulgada pe la mídia. A mídi a, ma land ra me nte, esco nde es tes aspectos saudáveis. Po r quê? Penso com meus botões, que os donos da mídi a não desejam o crescimento dessa reação conservadora , po is esses jovens co m certeza não aprova m o mundo louco e imoral, e nfi m, os desvari os que são televi sionados no ite e dia para emporcalhar as nossas casas. Alé m ci o mais, esses j ove ns não gostam de políticos, assim como não gostam de maco nh a. (M.M.S.D. - MG)
Uma glória para D1! Plínio 121 N ão conhec ia a correspo ndê nc ia cio Tristão co m s ua filh a benedi tina, a M adre Tereza, e fiqu e i maravilh ada co m o que li do arti go "Teste munho in sus peito". Um a g ló ri a para D r. Plini o, qu e, segundo o Tristão, era um reac io nári o qu e baseava se us traba lhos inte lectu ais e m 2 pa pas sa ntos, Pi o X e Pi o IX. Isso equiva le a
um a confi ssão, verdade irame nte in s uspeita, da pureza de pensamento do gra nd e e sa ud oso D o uto r Plíni o. A gradeço- lhes po r esse prese nte que me d e ra m , qu e, po r co in c id ê nc ia, recebi pe lo corre io e fiz s ua le itura n a vés p e ra d e m e u a niv er sá ri o .
(B.N.N. - RJ)
Posição desi11teressada Le io sempre a revista Catolicismo e aprec io os arti gos nela publicados , d e ntre estes des taco " N ova Arm a co ntra a Propri ed ade rura l". Muito be m ana li sada e muito fác il de se e nte nde r. C re io que nossa mi ssão é esclarecer. Note be m : não so u produtor rura l, ne m faze nd ei ro e també m não poss uo te rras , mas não co ncordo co m o q ue estão faze ndo co m ho me ns traba lh adores, qu e traze m divi sas p ara o nosso Pa ís.
(F.G. - PE)
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sobretudo sendo provenientes de um re li g ioso. Que De us Nosso Se nho r, por me io de Su a Santíssima M ãe, o reco mpe nse abundante me nte.
Boa imprensa: benelicio M anifesto- lhes me u apo io e m razão do tri ste ataque que co ntra tão valorosa entidade se abate u. Rezo para que tudo sej a conforme à santa von tade de Deus, Nosso Se nho r, sob a inte rcessão da Santíssima Virgem. Outross im , in fo rmo que, na qual idade de ag raciado com o e nvi o mensal do fa bul oso mensári o Catolicismo, sou todos os meses muito in fo rmado pe lo aposto lado de boa imprensa ne le desenvolvido. (R.V.B. - RS)
E.P.C. - Roma) Nota da Redação: Agradecemos sensibili zados o significativo apoio expresso na carta acim a, e, de modo espec ia l, as arde ntes orações. E las são p ara nós de valo r in comens uráve l,
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be mos em torno de 40 a 50 pessoas, rezamos o terço e de po is ouvimos os apelos de Nossa Se nhora a seu povo. Há muitos anos faço parte destaca mpanha, e venho sempre recebendo graças de Nossa Senhora, mas desta vez e la nos de ixo u um a es pec ial. M eu es poso, durante este ano, fi cou po r muito tempo desempregado. Recebemos a vi sita no sábado, e no do mingo ele fo i sorteado para trabalhar na reforma de um a igrej a próx im a à mi nha res idênc ia. (M.J.B.P.S. - MG)
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Vocês não im agina m a surpresa e a legri a quando marcaram a vi sita da Image m peregrina em minha casa. Parece que os di as não passa vam. Infe li zmente houve um contratempo e a vi sita fo i desmarcada. (D.R.T. - RS)
Mudança de vida N ão que ro de ix ar de pa rti c ipar desta campa nh a. D e po is que passe i a escreve r e parti cipa r, minh a vicia mudo u. So u mais fe li z, te nho ma is saúd e . Fui um a pessoa co m muita depressão, e tinh a muitos pro bl e mas n a fa míli a . H oj e me s into fe li z .
(N.F.B. - SC)
mensagem via e-mail)
Desej ando que j á te nha recebido minha me nsagem de gratidão, re itero os ag radec imentos pe la emoção sentida ao chegar-me o maravilh oso retrato de Nossa Senho ra. Ergo a Nossa Se nhora minhas preces para que sua generosidade seja reco mpensad a com o êxito que merece obter em seu edificante trabalho. (M.L.N.C. - GO)
Incoerência
Contelltame11to celestial
lmpol'tante e atual
121 Meu pa i fo i bri zo li sta fa nático e levo u- me po r esse ca minh o. M as, com o te mpo, percebe mos o quanto B ri zo la era um oportuni sta (ali ás, adj etivo qu e to rno u-se um pl eonas mo para a ma io ri a dos po líticos). Agora, com sua morte (note que não desej o o infe rno para ninguém), a mídia proc ura mostrar o homem como um santo, como se sua morte tivesse o poder mágico de transformar em santa a sua vicia . Agora procuram mostrar o home m como um tipo assim duro, coerente co m suas idé ias. Pu ra hi pocri sia, po is Bri zo la mud ava de idé ias conforme o ve nto do mo me nto. Sua logomarca poderi a ser trocada, no lugar da rosa colocar a biruta, po is mudava constantemente e faz ia ali anças com partidos opostos, confo rme seus própri os interesses de mo mento . Que coerênc ia, he in ? (E.M.A.N. - RS)
l2l A e moção to mo u conta de todos, e ntre co nte nta me ntos e mo me ntos verdade ira me nte ce lesti ais. N ão faltaram as lágrimas de a legri a. A c huva branda que ca ía não impediu a presença de famili ares e co nvidados, implorando as bênçãos da Rainha do Lar. A Virgem-M ãe que r mais um a vez mani fes tar sua humildade, sua mi sericórd ia para com todos, transform ando com s uas bê nçãos as nossas lágrimas em tão grande co ntentamento e bênçãos de De us. (R.J. - SP)
_ De um modo geral, a revi sta Catolicismo é e xce le nte. N ão te nh o
Graça especial
Revista marm,i/hosa
Recebe mos a honrosa visita de Nossa Senhora de Fátima em nosso lar, e não te nho palavras pa ra expressar o quanto fi ca mos feli zes ! Rece-
[8] Catolicismo é uma .revista m aravilh osa, q ue leio da pr ime ira à última página. N ão conheço revista ou j orna l que se compare a Catolicismo.
Ação anti-aborto Ó tima a ação dessa revista contra o a borto . Estou panfletando as maté ri as contra o infa nti cídio . (P.N.C. -
Valiosas orações Num mo me nto em que apare nte me nte as fo rças das trevas se abateram sobre esta corajosa Associação, quero, daqui de Ro ma, asseg ura r-vos as minhas pobres, mas ardentes o rações, para que, segundo a Soberana Vo ntade de DEUS, seja restituído a vós aquil o que, atra; és da traição mais vil, da hipoc ri sia e da menti ra, lhes foi ti rado. No entanto, ta mbém não nos esqueçamos de que todo sofri me nto, se uni do aos méritos infinitos da Pa ixão Reden tora de Nosso Senhor Jes us C ri s to, te m va lor infinito e é penhor de graças espec iais ! Sempre uni dos na oração, me despeço, Vosso no Senhor JESUS . Infeli zmente, não tenho possibilidade de receber vossa revista. M as me agradari a muito estar e m contato convosco . Sou um admi rador de vossa luta e um devoto cio Sr. P linio Corrêa de Olive ira. (Frei
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Grata satisfação Tive a grata sati sfação de receber e m minh a casa a querida Image m Peregrina de Nossa Se nhora de Fáti ma. Vi eram pessoas ami gas, mes mo sem os convites. Fo i maravilhoso esse dia para mim , minha fa míli a, vi zinhos e ami gos. (D.M.D. - 60)
Neutralizar anticl'istia11ismo 121 Para ne utrali zar a onda de anti c ri sti ani smo da " mídi a" e me ios de comunicação socia l, considero indi spensáve l a divulgação ao máx imo da Catolicismo , na formação re li giosa de nossa juve ntude. (J.A.S. - CE)
como explicar, po is e la traz para todos nós e m casa (são 6 os le itores de la) fatos importantes e atua lizados, fac ilitando a interpretação para qualquer tipo de pessoa qu t; que ira le r. As ilustrações, nem se fal a, são de aco rdo com os te mas escritos, de acordo co m os aco ntec ime ntos e, co m isso, ajuda e fac ilita muito a ente ndê- los .
(I.M.O.A. - MG)
Bom gosto Até agora todas as revi stas que recebi são feitas com muito bom gosto . M aravilhosas. Todas, sem di stinção. (I.G.P. - RJ)
Cortas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram no página 4 desta edição.
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Pergunta - Gostaria de saber o seguinte: po1· que Jesus Cristo, em sua obra de salvação, a fez sem a presença de Maria, e no Evangelho ele não cita o nome de sua mãe; inclusive quando os discípulos informam que sua mãe e seus irmãos estão do lado de fora, Jesus pergunta: "Quem é. minha mãe e quem são meus irmãos?", não dando importância a Maria? Também na Bíblia não se faz relato sobre os poderes de Maria (nem os profetas, nem os apóstolos, nem o Apocalipse), e Deus diz que não se pode adicionar nem retira r uma só palavra da Bíblia, pois tudo o que Deus tinha para fazer e dizer está relatado somente na Bíblia. E por que também Deus e Jesus deixam bem claro que não existe nenhum interm ediário entre os homens e Deus, senão e diretamente Jesus e mais ninguém? Fico sempre em dúvida se a Bíblia está errada, ou Deus esqueceu de incluir estas orientações, e se o plano original da salvação qu e Ele montou , usando Jesus, falhou. Resposta - M ais um a vez encontra mos, nesta pergu nta, o princípio de in spiração protestante - e hoje e m di a mu ito d isseminado e m ambie ntes católicos - de q ue "tudo o que Deus tinha para fazer e dizer está relatado somente na Bíblia" . A na li samos lo ngamente esta premissa errônea em A palavra do Sacerdote do mês passado, e para e la re metemos o le itor. A Bíblia não é a úni ca fon te da Revelação, mas ta m-
bém o é a 'fradição. E a segura nça na g uarda e interp retação da Revelação se encontra no Magistério da Igreja. Constituem o tripé com base no qual se for mul am todas as verdades católicas . Em suma, ne m tudo que Jes us fez e ensino u está na B íbli a - isto está mui to clara mente afirmado no fin al do Evangelho de S . João (2 1,25) - mas é comp le me ntado pelo que consta da Trad ição, ou sej a, da Pregação dos A pósto los, e de uma e de outra é intérprete fi e l e infa lível a Santa Igrej a fundada por Jes us Cristo. Tam b é m o fa t o d e os Eva ngelhos não tere m reg istrado sequer uma me nção direta de N osso Senho r Jesus Cri sto ao ·nome próprio de s ua M ãe Santíss ima, isso não sig nifica que o nome d 'Ela não a pareça nenhuma vez nos E va nge lh os . Com efeito, o nome de Maria aparece 10 vezes no N ovo Testa mento, ·sendo a primei ra, crono log ica me nte, na d esc rição q ue São Lu cas faz d a Anun c iação: "Foi enviado por Deus
to de um a explicação nesta co lun a (cfr. Catolicismo nº 6 15, março de 2002).
M enosprezo ou elogio à Sa11tíssima Mãe? Tam pouco é exato dizer que, no epi sódio e m que os pare ntes de Jesus O proc urava m e nquanto E le estava e nsinando o povo (cfr. M t 12, 46-50; Me 3, 3 1-35), o Divino M estre teria dado po uca o u ne nhum a impo rtâ nc ia a sua M ãe . B asta ler o re lato eva ngé li co correspo nde nte:
"Ele, porém, respondendo ao que lhe fa lava, disse- lh e: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E estendendo a m.ão para seus discípulos disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Porque todo aquele que.fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus esse é meu irmão e irmã e mãe" (Mt 12, 48-50).
Os po,Jeres da Mãe do Divino Redento,· Todos os intérpretes são un ânimes e m co me nta r que esse elogio fe ito a "todo aque-
le que.fizer a vontade de meu Pai" cabi a, em prime iro lu gar e mais do q ue a ninguém, a M ari a Santíss ima, q ue entre todas as puras criaturas saídas da mão do Altíss imo fo i a que ma is perfeitamente cumpriu a vo ntade de Deus. Portanto, o comentário de Jesus, lo nge de ser um me nosprezo de s ua M ãe, fo i um alto e logio fe ito a E la, que desde cedo se procla mo u a "escra va do Se nhor" (Lc 1, 38). "Foi enviado por Deus Gabriel a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão que se chamava José, da casa de David, e o nome o an;o
da virgem era Maria " (Lc 1, 26-27) .
o anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão que se chamava José, da casa de David, e o nome da virgem era Maria" (Lc 1, 26-27). Ade ma is, nada há de estra nho e m q ue um filho não c hame s ua mãe pe lo no me próprio, mas o faça, como todos fazemos, s im plesme nte pe lo d ulcíss im o no m e de mãe! R azão ma is do q ue natu ral para q ue Jes us se acomod asse ao uso geral e tal fa to se te nh a reflet id o nos re latos eva ngé licos. Q ue a te nha cha mado um a o u o utra vez pelo no me gené ri co de Mulher, tam bé m j á fo i o bje-
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5, 2-3). Qu a nto ao A poca lip se, me ncionado pelo mi ss ivista co mo o mi sso e m re lação à M ãe de De us, a Igrej a aplica a M ari a vári as passagens lin d íssi mas desse livro do N ovo Tes ta me nto qu e não te mos espaço para comentar: Aduzi mos a seguir ape nas uma delas : "Apa rece u no céu um
g rande sina l: uma mulher vestida de sol, e a lua debaixo de seus pés, e uma coroa
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O s teól ogos cató li cos, tra ba lh and o sobre os dad os d a Revelação - contidos na Sagrada Escritu ra e na T radi ção, e fielme nte interpret ad os pe lo M ag isté ri o ela Igrej a - extraíram desses dados riquíss imos tesou ros q ue m ostra m o grand e poder de in tercessão de M aria junto a seu Divin o Fi lh o. Catolicismo j á trato u desse te ma 1 co m o ma té ri a d e capa na edi ção de fe vereiro ci o corre nte ano . O le itor e ncontra a li todo o fu nda me nto bíb li co e tradi c io na l dessa ve rdade teológ ica, de qu e te mos necess id ade de uma M edi aneira jun to ao úni co Mediador Jes us C ri sto, e como ta l medi ação secund ária de M ar ia a pe nas exalta o pape l in s ubsti tuíve l e necessári o do F ilh o de Deus fe ito hom e m para nos salvar. Na verdade, a mi ssão de M aria no pl a no da salvação j á p ode ser vislumbrada desde o A ntigo Testame nto, pelas referê nc ias - implíc itas ou ex plíc itas - à M ãe do Rede ntor, desde a promessa fe ita a Adão e E va caídos e m pecad o (cfr. Gen. 3, 15) até a me nção à Virgem que dará à lu z um F ilho que se cha mará E ma nue l (cfr. l s 7, 14; Miq .
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de doze estrelas sobre a sua cabeça" (Ap 12, 1). C011sell10 excel e11te, porém não para todos A esta altura da exposição, não pode mos deixar de comentar como, para bem entende r as Escri turas, é mi ster recorrer sempre à Tradi ção e ao M agistéri o da Igrej a, q ue du ra nte dois mil anos vem interpretando para os fié is o signi ficado exato das passage ns bíbli cas. Deixado a si mesmo, o le itor co mum fac ilm e nte e nred ar-se-á e m in te rpretações errô neas, como os leitores de Catolicismo tê m podi do constatar po r d ive rsas cartas q ue re produ z imos nesta co luna. E como é im prudente o conselho, tão difu nd ido em ce rtos a mbi e ntes cató li cos, que inc ita os fié is a e mpreenderem por si sós, sem maiores estudos e a mparos, a leitu ra e in terpretação da Sagrada Escritura. Não surpree nde, portanto, que o próprio miss ivista, co m muita aute ntic idade, te rmine sua carta manifesta ndo a peri gosa desori entação em que se e ncontra : "Fico sempre em
dúvida se a Bíblia está errada, ou Deus esqueceu de incluir estas orientações, e se o plano original da salvação que Ele montou, usando Jesus, fa lhou". A atual desori entação dos fiéis leva ass im a erros c la morosos: a) pensar que a Bíb lia possa estar errada; b) pensar que De us "esqueceu de incluir " na Revelação orientações fu ndamentais para o fi e l diri gi r-se pe lo caminho da salvação; e) pensar que "o plano original da salvação", que tem po r pedra angular Jes us Cristo, falhou! Ou e ntão, 9ue m cometeu um erro cla moroso fo i a Igrej a
que, sem base na Sagrada Esc ri tora e na Tradição, nos propôs M ari a Santíss ima co mo M ed iane ira jun to a seu Divi no F ilho ! A essas perigosas perp lexid ades chegou o le itor q ue, indu zido a ler as Escrituras sem to mar como g ui a a Tradi ção e o Magistéri o d a Igre• j a, não fo i devida mente adverti do, por q ue m de dire ito, das precauções que devia toma r. Ler a Sagrada Escri tura é um a excele nte ação, in clu sive enriqueci da com um a ind ul gênc ia parcial concedi da pe la Santa Igrej a (p ara q ue m o fi ze r ao me nos po r me ia
"Apareceu no céu grande sinal: uma mulher vestida de sol, e a lua debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça" (Ap l 2, l) . um
hora seguida). M as essa exce le nte ação é apenas recome nd á ve l para q ue m a faz d evid a m e nte esc la rec id o e ilumin ado pelos co mentaristas a uto ri zados pe la Sa nta lgrej a . D o contrári o, é de recear que caia e m perplex idades peri gosas até para a manu te nção de s ua fé. • E-mail do autor: conego joselui z@catolicis111o.co111 .br
JULHO2004 -J.
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A REALIDADE CONCISAMENTE Esquerda perde liderança para conservadorismo
Regulamentação ameaça pizza italiana
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egundo os entendidos, a existência da pizza remonta à Grécia antiga e tomou a fo rma atual em Nápoles. Lá, nos lares pobres, as donas-de-casa que não tinham o suficiente para o jantar, movidas pelo amor materno e por seus enge nhos, pegavam farinha, faz iam uma massa, colocavam um pouco de mozzarela mais aq uilo que ainda lhes restasse (tomate, condi1nentos, etc.), e punham isso no forno. Eis a pizza! A pizza tem algo de genial. Ela alia o talento e a simplicidade, a originalidade e a variedade, com seu queijo derretido suave como um chan.tilly e sua fantasia aromática. É um fruto abençoado dos tempos da C ivilização Cristã, em que os homens eram penetrados de amor de Deus e de equi librada resignação à Prov idencia Divina. Sem mácula deressentimento ou luta de classes. Há anos a União Européia vem impondo rígidas normas burocráticas à gastronomia do continente. Já foram atingidos o camembert, a cerveja, as massas etc, ocasionando queda de qualidade e queixas generali zadas. Picado pel a mesma mosca dirigista, o governo italiano quer agora regulamentar a pizza, segundo par âmetros técnicos. Um misto de ironia e indignação percorreu o mundo , até mesmo o Brasil. Encaixar a pizza num esq uema elaborado nos corredores da burocracia estatal revela não se ter compreendido o que ela representa, equivale a lhe matar o espírito e empobrecer os bons e legítimos atrativos da mesa. •
CATOLIC ISMO
Permanência da coalizão deseiada no Iraque
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islami smo revolu ci o nário está força nd o muitos católi cos a aba ndonar o Iraqu e, esc re veu D . Loui s Sako (foto ac ima, à esquerda), Bispo da diocese de Kirkuk. " Alguns cristãos f oram. assassinados sob o pretexto de roubar ou vende r álcool ". D. Sh le mon Warduni , Bispoauxiliardo Patriarcado ca ldeu (católico) de Bagdá, pediu aos países da coalizão que não im item a decisão da Espanha, qu e aba ndon ou o Iraque: "Ago ra é importante que os contingentes estrangeiros .fiquem no Iraque. Se nos abandonarem, vai ser pio 1: Seria uma catástrofe se Roma seguisse o péssimo exemplo de Madri ", decl arou ao diári o "II Corri ere de ll a Sera", de Mil ão. A grande impren. a dedi ca vastos es paços ao probl e ma iraqui ano, mas não tem dado impo rtâ nc ia a apelos tão express ivos co mo este. •
111 1964, nos EUA , um conservador "parecia vindo de um outro planeta", mas hoj e o dire iti smo lidera a sociedade - esc reveram no "New York Times" John Mi ckeltwait e Adri an Woo ldridge, autores de A Nação Co rreta: o Poder Conservador nos EUA . Para eles, é burrice achar que a mudança dependeu de dinheiro ou deste ou daq ue le político, mas fo i fruto de. uma tra nsformação profunda na sociedade. Segundo pesqui sa Gallup, 41 % dos americanos se dizem conservadores, e apenas 19% esquerdistas. "As grandes universidades efundações de tendência esquerdista - exp li ca m - têm injinitarnente rnais recursos " do que os grupos co nservadores, poré m "a direita superou a Am.érica Liberal em 01-ganização, combatividade e pensamento nos últimos 40 anos". Com o fin a ncia me nto do multimili o nário Geo rge Soros, a esq uerda está co'pi a ndo os métodos dos conservad ores para recupe rar a hegemo nia . Mas lhe fa lta um "centro de convicçc7o e ene,g ia", que - segundo a líder esque rdi sta britâni ca Beatrice We bb - é indi spensável para atingir a meta . •
Garantia legal para os nascituros nos EUA
Ameaça a célebres símbolos católicos na Espanha
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Heroísmo da Guarda Suíça suscita admiração
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o dia 6 de maio, data e m que J47 guardas suíços sac rifi caram as suas vid as na defe sa de Rom a e do Papa, a Gu arda Suíça Pontifíci a co me mo rou os 500 anos da sua fundação . Na cerimôni a, rea li zada co m a presença de me mbros da C úri a Ro ma na, representantes diplom áti cos e autorid ades civi s e re i igiosas da Suíça, cada um dos 33 no vos recrutas da G uarda Suíça jurou "ser-
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os EUA , o ser hum ano que está para nascer passa a te r todos os dire itos lega is, qu alquer que sej a o seu níve l de desenvolvimento. E m virtude de le i federa l, ass inada pelo pres ide nte George W. B ush, que m causar a morte o u lesões a um a cri ança no seio mate rno será indi ciado por um deli to especial. A nova le i não abole o aborto, mas introdu z um princípi o jurídico que, se fo r levado ao seu pleno desenvolvimento natural, porá fim ao massacre de inocentes. O Partido Democrata se opôs à nova norma, porque ela põe em ri sco a le i do aborto, pe lo fa to de dar pe rsonalidade jurídica ao feto . Ass im , o ca ndid ato pres idencial John Kerry voto u contra . O vice-pres idente da Acade mi a Pontifícia pe la vida, D. E li o Sg recc ia, afirm ou pe la Rádi o Vatican a qu e a nova lei "é um fa to j urídico e eticamente muito relevante", porque a c ri ança qu e vai nascer passa a ser recon hec ida como ser huma no. •
vir com .fidelidade, lealdad e e honra o Sumo Pont(fi ce, [. .. ] com todas as minhas f orças, sacrificando inclusive, se necessá rio, minha própria vida ". O sangue derram ado heroicame nte pela Igreja é uma glória dessa secu lar guarda do Papa. Peregrin os e turi stas que vis itam Rom a procuram ve r a Guarda Suíça e ti rar fotos de seus componentes e m seus belos uniformes. •
Voracidade fiscal depaupera família brasileira aume nto dos impostos diretos que atingem a famíl ia média brasileira foi próximo de 300%, desde 1970: de J,19% para 4,46%. Em 1970, após cobrir todas as despesas fa mili ares e pagar impostos e taxas, sobrava ainda 20% da renda fami li ar. Hoje as despesas qu otidianas absorvem quase toda a re nda, ela mes ma já muito apertada. E m J 970, as fa mílias poupavam ou investiam J6,5% do que ganhavam e hoje apenas 4,76%. As tarifas qu e, so mad as às tax as e impostos, levavam 5,27% e m 70, hoje co nsome m 10,85%.
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Todas essas cifras se refere m a impostos e taxas diretos. Se fossem inc luídas as contribuições indire tas, a perce ntagem dari a um pu lo assombroso. Os dados são da Pesqui sa de Orça mentos Fami li ares realizada pe lo IBGE (In stituto Brasileiro de Geografi a e Estatística), a ma ior aná li se do gênero fe ita até agora. O efeito fo i e mpobrece r a família em troca de serviços públi cos inefi cientes ou quase inexistentes. Em poucas palavras, o estati smo e o socialismo não dão o que prometem e tiram o que já se tem. •
ace à onda de pacifismo e aos atentados islâmicos, crescem na Espanha os temores de que os mais altos símbolos católicos sejam atingidos . Ou, o que é pior, sejam retirados ou entregues aos muçulmanos . Assim, o presidente da Comissão de Cultura da catedral de Santiago de Compostela, Cônego Alejandro Barrai, teve que desmentir rumores largamente espalhados, segundo os quais o cabido teria decidido retirar da veneração dos fiéis a famosa imagem de Santiago Matamoros da Catedral. A imagem representa o Apóstolo a cavalo e de espada em punho, exterminando os mouros na batalha de Clavijo, em 844. O pretexto mencionado era não "ferir sensibilidades de outras religiões" ou o medo de represálias dos islâmicos. O Cônego Barrai, embora negando a retirada, reconheceu que essa hipótese é "algo de que temos falado informalmente em várias ocasiões".
Ilhas Molucas: perseguição anticristã
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rupos muçulmanos vêm atacando os cristãos nas ilhas Molucas (Indonésia). Em fins de abril, os maometanos queimaram uma igreja católica, mataram pelo menos 12 pessoas e feriram 90 . O sacerdote católico C.J. Bohm, do Centro de Crise de Ambon, confirmou os fatos. As hostilidades começaram em 1950, quando a islâmica Indonésia anexou essas ilhas e desde então vem acobertando a tentativa de eliminação dos católicos daquela região.
JULHO 2004 -
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INTERNACIONAL
Cohtrovertidas eleições para o Parlamento Europeu N as recentes eleições européias, o desinteresse e o ceticismo foram a nota dominante. A posição do eleitorado eurocético surpreendeu os parlamentares. Comenta-se que esses ficaram sem real legitimidade. n RENATO MuRTA DE VAscoNcELos Correspondcnlc ESPAN HA
Madri - Entre os dias 10 e 13 de junho, reali zaram-se em 25 países do Velho Continente eleições para o Parlamento Europeu. Foram escolhidos dentre J4.670 candidatos os 732 deputados que nos próximos cinco anos representarão em Estrasburgo 342 milhões de eleitores. 1 A Alemanha, o país mais populoso da Europa, terá 99 deputados; a França, a Inglaterra e a Itáli a, 78 cada um; a Espanha, 64; Portugal, 24; Polônia, 54; enquanto o minúscul o Chipre, apenas dois representantes. Os resultados de modo algum foram os desejados pe los promotores do processo de unificação européia. Neste pleito e le itoral, reali zado logo depois de ser ampli ada a Com unidade Européia (E.U.), os partidos conservadores e democratacristãos obtiveram a maioria dos votos, elegendo 275 deputados. Os soc ia li stas elegeram 201 deputados; os liberais, 66; os verdes. 41; os comunistas, 36; e os independentes, sem filiação partidária, 69. Contudo, o que mais surpreendeu fo i o imenso desinteresse do eleitorado. Nas 10 nações recém-admitidas daE.U. , o grau de abstenção atingiu 75 %. Na Polônia, por exemplo, me nos de 20% dos ele itores compareceram às urnas. E na vizinha Eslováqui a, pouco mais de 15 %. Nos antigos membros da E.U., o número de abstencioni stas chegou a 55%. Diante de tão alta e preocupante quota de abstenção, o Mini stro das Relações Exteriores da Alemanha, Joschka Fischer, declarou que o Parlamento Europe u enco ntra-se agora diante de um "problema de legitimidade". CATOLICISMO
Aspecto das eleições na Holanda (acima) e na Itália (abaixo) . A abstenção geral na Europa surpreendeu até os mais pessimistas, revelando grande desinteresse.
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, Europa descara cterizada não empolga O desinteresse do público pelo Parla me nto Europe u mani festa claramente a incapac idade dos políti cos de galvani zar seus e le itores em prol de um a Europa Unida. Por mais que seja m ali ciantes as vantagens econômi cas e come rcia is, os ele itores difici I me nte se confo rmam, entre outras co isas, com a perda grad ual da independência de seus países e o desaparecime nto de suas moedas nacionais. Fato é q ue, nos diversos países europeus, os ele itores parecem pouco dispostos a ver a identidade de suas pátrias fundir-se no imenso cad inho de Bruxelas e de Estrasburgo, o nde desaparecerão tradições, privilégios e costumes milenares, que constituíram o próprio cerne da C ivilização Cristã européia. E não escondem seu ceticismo e mesmo sua recusa de um a emergente Eu ropa Federal que, doravante, de B ruxe las ditará normas e leis uni for mes para suas 25 províncias. Ora, precisamente os eurocéticos como têm sido qualificados - estarão representados no futuro Parlamento E urope u po r um número expressivo de deputados , podendo colocar ass im sérios e ntraves ao processo de tomada de decisões.
Crescimento <le partidos opostos à União Européia E is algun s exemplos: Na Inglaterra, eles e legeram 12 deputados do Uki p ( United Kingdom Independence Party) de Robert Kilroy-Silk, quase tão nume roso quanto os e le itos pe lo Labour Party (Partido Trabalhi sta). Blair, que prometera colocar a Inglaterra at lhe heart of Europe (no coração da Europa), viu-se obrigado a auto ri zar um referendo que determinará se os ingleses aceitam a Constituição Européia e a moeda única, o Euro. As c ha nces de que prefiram manter-se em seu esp lênd ido caráter in sul ar são grandes. N a Polô ni a, os partidos da Plataforma Liberal-Conservadora obtiveram 23,5% dos votos; a Liga das Fcunílias Polonesas, do jovem advogado Roma n Giertyc h, 16,4%; o Partido nac iona li sta-conservador Direito e Justiça, 12,5%; segu ido de perto pelo pa rti do Defesa Pessoal, co m J 1,6% . Os co muni stas ,
que se encontra m atualme nte no poder, alca nçara m co m sua Aliança da Esquerda Democrática apenas 9, 1%. Giertych j á advertiu para o fato de que a E.U. "traz pobreza e desemprego", e anun c io u que va i co mbater a Consti tui ção E uropé ia, a qual "degrada rá a Polônia a uma simples província de· Bruxelas". Na Holanda, e legeu-se confo rtave lme nte Paul van Buitenen, antigo fun cionário da E.U. em Bruxelas, que e m 1999 denunciou casos de corrupção em altos postos da orga ni zação, o que levou à renúncia da Comi ssão Européia. O nome do partido que fund ou - Europa Transparente - é signifi cativo. Es pera-se que van Buitenen, o qual se qualifica de "o contador mais coraj oso da Europa", continue a denunciar falcatruas e malversação de fundos da E.U. quando estiver e m Estrasburgo.
Co11stituição omite glorioso passa<lo cristão O novo Parlame nto E uro pe u, de maioria conservadora, como se com portará dia nte de uma opini ão pública que se mostra reticente em relação a uma unifi cação que lhe é imposta de cima para baixo? E como abo rdará temas polê mi cos, apenas suss urrados durante a ca mpanha e leitoral, tais como: referê ncia a Deus na Constituição; lega li zação da eutanás ia, do aborto, do pseudo-casa me nto ho mossex ual; pesquisa com e mbriões e o último, e mbora não o menor, a entrada da Turquia na E.U.? 2 Co ntudo, da so lu ção dessas graves questões depende a fu tura estab i tid ade comunitária. O primeiro-ministro da Irland a, Brian Cowe n, afi rm a preocupado: " Precisamos mostrar que a Europafunciona". E o a lemão Josc hka Fischer, alta mente cotado para ser o futu ro mini stro das Relações Exteriores da E.U., cargo criado logo após as e leições, indi ca a co ndi ção de êxito para a E.U., o qual mais pà rece uma petição de princípio: "A Europa prec isa ter sucesso". Nos dias 17 e 18 de junho os ministros do Exterior dos países me mbros re uniram-se em B ruxelas e aprovara m o texto fi nal da Constituição Européia. E mbora Espanha, Portugal , Itá li a e Polônia ho uvessem declarado que rec usari a m
um a Constitui ção que não mencio nasse Deus nem se reportasse às raízes cristãs da Europa, acabou prevalecendo a posição laicista francesa. O texto refere-se meramente à "herança cultural e.filosófica" europé ia. O texto constitucional, de mais de 200 pág inas, deverá ser aind a aprovado por pl eb iscito e m nove países da E.U. Se a op ini ão pública fo r dev idamente alertada para as graves lacunas e defeitos do texto, é de se esperar que a Constitui ção sej a recusada em boa parte dessas nações. E estará criado assim um impasse para a E.U., cuj a so lução ex igirá, parafrasean do uma frase irô nica de Churchill , "muito trabalho e bastante virtude".
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Vi ctor Hu go, e m suas Memórias do Exílio, sonh ava com o dia em que surgiri am os "Estados Unidos da Europa". E via ni sso uma conseq üência ine lutável da marcha do que qualificava de prog resso hum ano; um a necess idade mesmo, proveniente de um a le i natural, idê nti ca à que faz os rios se di rig irem para o mar e as fl ores desabrocharem na primavera. De fa to, Vi ctor Hugo não foi o prime iro a desejar unificar artifi cialmente os países europeus. Desde o século XVI ho uve revo lucionári os que já fa lavam em cri ar no Velho Contine nte um a imensa república, primeiro passo para o surgimento de urna república universa l, tirânica e atéia. A atual Comunidade E uropéia constitui um gigantesco passo nesse rum o. Porém , diante dos obstácul os que se leva ntam para a realização dessa meta antinatural , será e la viável?
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E- mail do autor: renatovasconcelos @cato l ici smo.co m. br
Notas:
1. Na A lemanha rea li za ram-se conco mitantemente, no dom in go 13 de junho , eleições na Turín gia, onde o Partido Socia li sta do Chanceler Sc hrõder perdeu mais ele 10% ele votos em relação ao último escrutíni o. 2. É improváve l que a Turqu ia seja admitida proximamente na E.U. Na A lemanha, mai s ele 65% cios eleitores mostram-se refratários a essa proposta. Recei am que a Turquia consiga, de modo pacífi co, o que não obteve em 1683, quando suas tropas foram derrotadas às port as ele Viena - ou seja, dominar a Europa.
JULHO2004 -
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O Brasil no caminho
do Zimbábue? A Reforma Agrária brasileira avança num ritmo acelerado, para uma situação semelhante à do Zimbábue. Outrora próspero país - o celeiro da África -, hoje na miséria total. n Cio
ALENCASTRO
e
ada _vez mais invasões da propriedade alhe ia, cada vez mais desapro pri ações de te rras, cada vez ma is fracasso dos asse ntame ntos. Os assentame ntos, no se u conjunto, constitue m j á o maior latif úndi o improdutivo do mundo . Tal res ultado asso mbroso pode ri a estar no Guiness. M as os ag ro-reformi stas não se conte ntam co m esse reco rde a lcançado. Qu ere m ma is. M ais o quê? Quere m ago ra demolir o ag ronegóc io que sustenta a econo mi a nac io na l, invadir e desapro pri ar as terras produ tivas, impor um limite ridíc ul o para o tamanho elas propriedades .
da pe lo tufão revolucio nári o que varreu aque le continente, passou a de bater-se em proble mas inte rnos in solúve is, até que ca iu nas mãos de um ditado r esquerdi sta chamado R obe rto Muga be .
Reforma Agrária sem entl'aves Todos os entraves à Reform a Agrári a, de que se que ix am amargamente os esquerdi stas brasil eiros, sejam eles c leri cais ou le igos, Muga be os derrubou em seu país: nada de judic iári o inde pe ndente ; nada de le is que garanta m os dire itos individua is; nada de dire ito de propri edade; nada de livre ini ciativa. Habilme nte e le mi sturou a luta de classes com a luta de raças, para lançar uma perseguição vi o lenta co ntra os fa-
Notvurgo. Inic ialme nte e las pe rsuadiram um casal de faze nde iros a cede r parte de suas terras; de po is os press io naram a e ntregar ainda ma ior ex te nsão, alé m dos equipame ntos; fina lme nte pediram aos pro prietári os que entregassem toda a propri edade . Ante a recusa do casa l, um gru po ele j ovens invasores, li gados ao Parti do Za nu , ocupou a faze nda, intimidando até os traba lhadores . O fato foi tão escanda loso, que o Arcebi spo de Bul awayo, Mo ns. Pius Nc ube, viu-se obrigado a di zer que a parceri a das freiras com a gangue de invaso res
zendeiros, e m geral brancos e descendentes dos co lo ni zadores; sempre em no me, é c laro, da Reforma Agrári a. Militantes da União Nacional Africana do Zimbábue (Zanu), partido governi sta, invadiram as propriedades dos fazende iros brancos e perpetraram atos de vi o lê nc ia nos qu a is muitos mo rre ram , inc lu sive 13 faze nde iros de ori gem e uro pé ia. Muitos outros tiveram que fug ir do país, ninguém fi cou com s uas terras .
Desde o in ício de 2000, o governo zimbabuano confi scou, se m ressarcime nto fin anceiro, perto de J I mi I hões de hectares de terras cultiváve is de 4 .500 fa zende iros brancos.
Freiras pressionam l'azendeiros
O país mergul/w na miséria
A esquerda católica, favorec id a por Mugabe, encontrava suas de líc ias nessa situ ação . Fre iras ag ia m vergonhosame nte para desa loj ar os faze ndeiros. Fo i o caso das f re iras Hele n M a iminimini e
Cerca de 200 mil famíli as neg ras se esta be leceram a partir de e ntão nessas pro priedades e se dedica m a trabalhar na terra em agri cultu ra de s ubsis tênc ia, no luga r das colhe itas comerc iais e m gran -
"não f oifeita com. a bênção da Igreja". E prosseguiu: "Se uma fre ira, um padre
ou n·1.esmo um Bispo rouba, está definitivamente errado, porque está contra a Lei de Deus".
Símbolo da Reforma Agrária Se houvesse neste mundo g loba li zado algum canto em que as as pi rações dos agro-reformi stas tivessem sido plenamente reali zadas, poderíamos ter um parâmetro para vi slumbrar a meta vi sada. E aí entenderíamos melhor ao nde querem chegar com a nossa Reforma Ag rári a. A C uba comuno-castri s ta não serve para esse tipo de comparação. O ag roreformi s mo torno u-se lá po r de ma is envelhec ido, gasto e deteriorado para servir de parale lo com qu alque r outra co isa que não sej a seu própri o ma u odor. Seri a preci so uma Reforma Agrári a mais moderna, mais palpi tante, m ais reve ladora das tendências hoj e dominantes. E la ex iste? Sim, exi ste, é a Reform a Agrári a do Z imbábue . Essa simpática nação afri cana, que nos te mpos de sua pros peridade chamava-se R odés ia, fo i durante décadas admini strada pelos ing leses. De po is, sob pro messa de libertação, viu -se e nvo lvi CATOLICISMO
Mons. Pius Ncube, Arcebispo de Bulawayo, condenou a participação de freiras em invasões de fazendas (foto 1 ) John Nkomo (foto 2), ministro da Reforma Agrária, promete nacionalizar todas as propriedades agrárias do país A fome ameaça grande maioria da população (foto 3) Manifestações contrárias ao governo tornamse freqüentes (foto 4)
JULHO2004 -
Ruanda: país africano vítima do igualitarismo revolucionário Ü legítimo rei dessa nação, Kigeli V, exilado nos Estados Unidos, descreve a dramática situação de sua pátria dividida entre duas etnias: os tutsis e os hutus.
Acima: estação radiofônico depredado por mugobistos
de escal a feitas pe los anti gos faze ndeiros bra ncos. Ocorre, porém, que esses fa zendeiros eram os que sustentavam o Zimbábue, alimentavam a população e impediam que o país caísse na mais horripilante miséria. O inevitável aco nteceu: o pa ís simpl esmente a fundou, como decorrênc ia ela política agrári a cio ditador. A Reforma Agrári a causou uma escassez ele a limentos que ameaça ele fo me quase dois terços ela popul ação do Zimbábue, calculada e m pouco mais de 11. milhões de habitantes . A produção nas fazendas expro pri adas foi redu zida ao mínimo. A queda na produção comercial do milho (alimento bás ico daque la popul ação) co ntribuiu fo rteme nte para a degringolada do Z imbábue, que antes detinha o título ele ce-
leiro da África. Expmpriados até os negros Ta l c irc un stâ nc ia, e ntre ta nto, para Mugabe não passa de um s impl es detalhe sem importânc ia. E chegado ao fun do do poço da Reform a Agrári a, e le agora se põe a cavar para tornar o poço ainda ma is profund o. Não conte nte de ter expropri ado os bra ncos, e le agora expropri a os negros, os mes mos que havi am to mado as terras dos descendentes de e urope us. Em te rmos bras il e iros, seri a m os assentados. -
CATOLICISMO
Acima e abaixo : filos poro obter mantimentos enviados do exterior
Como se vê, o ódi o comuni sta prevalece sobre qu alquer o utra consideração.
"Não existirá mais a terra privada. Toda terra será do Estado", afirm ou o mini stro da Re form a Agrári a, John N komo. O govern o va i nac ion a li zar todas as faze ndas do pa ís e abo lir a propri edade privada el a terra, que será arre ndada pelo Estado a ca mponeses e m contratos de 99 a nos, in fo rm aram fo ntes ofic iai s. Toda a te rra, inc luind o as faze ndas expro pri adas dos z imbabu anos brancos há qu a tro a nos e e ntreg ues à po pul ação negra, será tra nsform ada e m pro priedade do Estado, ex plicou o mini stro . É ele faze r invej a aos bi spos bras il e iros agroreformi stas ! O plano prejudicará espec ialmente as
centenas de negros que são proprietári os ele faze ndas. Nko mo espec ificou qu e o governo
"não perderá tempo nem dinheiro para adquirir terras, j á que no fina l serão restabelecidas como patrimônio nacional. [. .. ] Os títulos de propriedade das faze ndas se rão abolidos". É o sonho frenético da esquerda católica no Brasil! Para lá caminhamos, se não houver uma sadi a reação. •
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E-mai l do autor: cidalencastro@catol icismo.com.br
Fontes:
" Agê nc i a EFE" , in Portal Te r ra ( htt p: // www. terra.com.br), 8-6-04. "Ca th o li c Wo rl d News" ( http ://www. cwnews.com), 13-6-04.
milenar monarquia de Ruanda foi mantida pelos belgas durante o período colonial. O presente monarca, JeanBaptiste Ndahindurwa, rei Kigeli V, subiu ao trono quando do falecimento de seu irmão, rei Mutara, em 1959. Em 1940, seu pai, rei Musinga, foi exilado pelos belgas, com toda a família. Jean-Baptiste Ndahindurwa voltou para Ruanda para completar seus estudos (1944-1951) e, depois, para trabalhar com a administração belga (1956-1959) . Dois anos após sua ascensão ao trono, ele foi impedido pelo governo belga de voltar a seu país, depois de uma visita ao Congo belga para encontrar-se com o Secretário- Geral das Na ções Unidas . Essa ação arbitrária foi motivada pelo desejo da Bélgica de suprimir a monarquia tradicional antes de conceder in dependência a Ruanda, em 1962 . Cedendo aos falsos princípios da Revolução Francesa, a monarquia belga destruiu o equilíbrio existente entre tutsis e hutus, criando as condições para os contínuos conflitos entre esses dois grupos, após a independência. O rei, com efeito, é tutsi, mas também descende de hutus. Se bem que os tutsis e os hutus sejam considerados dois grupos étnicos separados, os entendidos assinalam a realidade de que falam a mesma língua, têm uma tradição de inter-casamentos e compartilham muitas características culturais. Tradicionalmente, as di-
ferenças entre os dois grupos eram mais ocupacionais do que étnicas . Os agricultores eram considerados hutus, enquanto a elite, que se dedicava a criar gado, era identificada como tutsi. Supostamente uns são altos e magros, enquanto os outros são baixos e gordos; mas, na realidade, é difícil muitas vezes distinguir uns do outros. Sua Majestade o rei Kigeli V tem vivido no exílio desde a independência de seu país. Católico fervoroso, o monarca apóia as atividades da Sociedade America na de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Na re gião de Washington, onde reside, freqüenta a sede do Bureau da TFP. Esta entrevista foi concedida a nosso correspondente C. Preston Noell 111. *
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Catolicismo -
Qual era a situação da monarquia em Ruanda, quando V.M. subiu ao trono?
Rei Kigcli: "Meu pai estava 110 poder e era c1'istão. Seus 11/hos /'oram batizaclos e ele deu e,~emfJ/o à população ele Ruanda "
Rei Kigeli - Os chamados padres brancos foram os pi one iros cio cato licismo em Ruanda. Meu pai estava no poder e era cri stão, mas não praticava o cato licismo. N ão gostava disso, mas não dificultava a atuação do padres. É difíc il fa zer compreender a Re li gião cató lica nos países da África. Os filhos de le fora m bati zados pe los sacerdotes, e e le deu exemplo à popul ação de Ruanda, que naquela época era ele do is milhões ele habitantes, e hoje são oito milhões. E ntão, todo mundo em Ruanda passo u a ser cri stão. A maioria agora é cri stã. Os cató li cos, na época de meu pai, eram verdade iraJULHO 2004
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mente prati cantes, e é por isso que nós, os príncipes, desej ando seguir o exempl o de nossos irmãos na f é, procuramos ser bati zados e torn ar-nos católicos. Quem me ori entou para ser cri stão, de f ato, f oi minha mãe. Parece que meu coração era tíbio. Uma vez, tendo ela me acord ado para ir à mi ssa às seis horas ela manhã, di sse- me que, em vez de ir de automóvel, iríamos a pé e desca lços. Como eu perguntei o motivo di sso, ela disse que Jesus C ri sto também sofreu, e ela queri a agir como Ele. Eu a acompanhei ass im, cegamente, Sym saber bem o que fa zia. Fui à igrej a e fiquei ao lado dela, di ante ela imagem da Santíssim a Virgein . D epois fui brincar com outros j ovens, e esqueci -me ele que minha mãe se encontrava na igrej a rezando. Co mo eu queri a ir-me embora e a igreja se fechava, através da porta vi que mi nha mãe ainda estava lá orando. A ssim, comece i a entender como é ser cri stão e amar a Santíssima Virgem. Eu sou devoto ela Santíssima Virgem. Tudo o que eu preciso, vou vê- L a imediatamente e pedir- Lhe sem hesitar.
Conflitos internos no país ocasionaram fugas em massa de ruandeses para nações vizinhas
rec idos pelos belgas, que se utili zavam el a Igrej a Católi ca. Havi a esco las ca tóli cas por toda Ruanda, fin anciadas pelos belgas. Foi isto que pro vocou todas as desavenças.
Catolicismo -
Quais eram os problemas existentes entre os hutus e os tutsis? Rei Kigeli - N ão havi a problema, ma naquela época os tutsis eram minoritários, e os hutus maj oritári os. E começaram a perguntar a razão pela qual o rei teri a que ser tutsi: se é porque estes são superi ores, etc. E di ziam que os hutus poderiam também ter rei. M as esqueceram-se de que a Bélgica tem um rei. Ora, se a Bélgica tem um monarca, por que destituir nosso rei e nos expor à ex peri ência de uma repúbli ca? Por qu e co meçar essa mudança em nossa casa? Quem quer indicar algo como exemplo, que siga o exemplo próprio. Concederam o governo de Ruanda a um coronel. Este comunicava que tinha por missão ti rar os tutsis do poder e colocar os hutus.
Catolicismo -
Catolicismo -
Em Ruanda, quais foram as congregações católicas mais célebres? Rei Kigeli - A s congregações ele padres e freiras brancos belgas, os j esuítas, os j osefi stas, os padres e freiras mari stas.
Catolicismo -
Como se deu a derrubada da
monarquia? A Igrej a Cató li ca influenciava a política, sobretudo o B ispo M ons. Perodi , que favoreceu os hutu s, tendo os tutsis sido postos ele lado. Nesse momento, ele co ntribuiu para a queda ela monarqui a e para dar o poder a K aiyabancla, pres idente el a Repúbli ca ele Ru anda. Passou a ex istir conflito entre tutsis e hutu s. A ntes, . nós havíamos tido mil anos de rein ado em Ruand a, sem nenhum problema. A políti ca desgostou os tutsis, que começaram a se dividir.
"Neste momento, R11a11da 11ão está muna situação /Joa, porque l'ealizarnm elei ções so/J uma clitadura. Se alguém aponta algo que não está /Jem, 11ai para a pr isão. /lá muita
Catolicismo -
COl'l'll IJÇãO"
Rei Kigeli -
E qual a atitude do governo
belga?
Rei Kigeli -
O govern o ge ral belga, que governava Ru anda e Burundi , começou a f avorecer os contrári os aos tu ts is, pois eles não gostava m destes. H avi a probl emas entre os tutsis e hutu s favo-
C ATOLICISMO
Qual a situação de Ruanda hoje? Rei Kigeli - N este momento, Ruanda não me parece bem não está num a situação boa, porqu e rea li za ram eleições sob uma ditadura. Não há liberd ade de ex pressão. Di zem que aprec iam a democrac ia, mas se alguém aponta algo que não está bem, va i para a pr isão. H á mui ta corrupção . O Banco Mundi al e outras organi zações dão di nheiro para a construção de estradas, casas, etc.
Catolicismo - Quais são suas esperanças em relação à pátria de V.M.? Rei Kigeli - Ru anda precisa de um a verd adeira democrac ia. H á os que amam a monarqui a e os outros que preferem a república. É necessário que se faça um referencio honesto, perguntando à popul ação se desej a um rei ou uma república. Se fi zerem isso, tudo bem. É necessári o não fo rçar nada. M as numa ditadu ra, e sem partidos políticos? ... 1
Catolicismo -
V.M. quer dirigir uma mensagem aos católicos brasileiros? Rei Kigeli - É prec iso que os ca tólicos auxili em R uanda. E eu conto co m as orações dos cató li cos bras il eiros nesse se ntido. •
Os afegãos e o sl(ate
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esde crian ça o homem sente a necess idade ele mostrar o seu va lor para os outros. Nos brinquedos ele norm almente quer ser o melh or, mes mo correndo ri scos, às vezes graves. Quem não se lembra ele pernas ou braços quebrados ele crianças ou jovens, que pularam de uma altura desproporcionada para sua idade? H á um a razão para a natureza impelir os homens a isso desde a mais tenra idade. Deus deseja que estej amos preparados para enfren tar dificul dades de todo tipo através ela vicia. Se o corpo e a alm a não estivessem adestrados, faci Imente o homem se quebrantari a, e as co nseqüências di sso seri am tal vez irrepa ráve is: depressão, in segurança, defecção na virtude el a fé, que poderi am levar até ao sui cíd io. Ora, um aspecto ela vida modern a chama a atenção: os br inquedos e os j ogos mudaram rad ica lmente nas últim as décadas. Comparemos as duas fotos desta página para constatar de modo mais claro, espec ialm ente quanto a exercícios, essa grande alteração . N a foto ac ima observamos três afegãos numa prova trad icion al em seu país, que req uer vigor físico e muita destreza. Ga lopando, eles prec isam pegar um nov ilho e levá- lo até um determi nado ponto cio cam po, e ali depositá- lo. As quedas, os go lpes e os ferimentos fazem parte cio jogo. Podemos im ag in ar até que grau tal exercíc io, em momentos ele paz, ajudou a moldar o temperamento afegão. Temperamento combativo que surpreendeu o mundo, quando esse coraj oso povo conseguiu , coi'n meios muito infe ri ores, derrotar a invasão ru ssa, que terminou, após vá ri os anos, em estrondoso fracasso. Quedas, golpes e ferimentos, embora bem mais leves, também fazem parte ela prática do skate, esporte ela moela, que vemos na outra foto. A lguém, entretanto, arriscar-se- ia a afirmar, co m certeza, que os afegãos, praticando-o, teri am obtido os mesmos res ultaclos vitoriosos diante cio exército sov iético, naquela mesma ocas ião?
JULHO 2004 -
DESTAQlJE /
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Isabel, a Católica,
Flagelo da AIDS assola Africa e Asia Aiém da difusão em países africanos, organismos internacionais estão alarmados com a disseminação do vírus HIV na Asia, especialmente na India - uma bomba relógio /
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ecente pesqui sa reali zada na Áfri ca cio Sul , c itada e m a rti go cio jo r nal ing lês "The Guarcli a n", reve la que a AIDS ~s tá devastando as Fo rças Armadas cio contine nte africano . As baixas causadas pela doença j á supe ra m as prove ni e ntes de combates e ela ma lá ria e ntre soldados e marinhe iros. E m face dessa s itu ação, diplo matas oc ide ntais e auto ridades milita res advertiram que os países s ituados ao sul cio deserto cio Saara fi carão sem condições ele combate r fo rças re be ldes, desorde ns o u te rrori s mo.
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em certos países africanos. Algumas vezes é responsável por mais de 50% da ta.xa de mortalidade em serviço". As Forças Arm ad as ni geri a nas são colocadas no mes mo nível que as ele Angola, Re pública cios Ca marões, Áfri ca cio Sul e Uganda, dete ntores ele a ltas taxas ele infecção. O re lató ri o o bserva que militares tê m grandes c hances ele sere m infectados pe lo HIV, e que fun c io nári os el a M arinha e m vi agens ao exte rio r tê m ainda mais ri scos ele sere m conta minados por doenças sex ualmente trnnsmi ss íveis. A ma iori a cios ni geri a nos e ntrevi stados sabia que o HIV pode ser transmiti do po r me io ele relação sex ual , mas tal co nhec ime nto é subestimad o dev ido à fa lsa idé ia ele que a AIDS te m c ura.
Índia: bomba-relógio Mas o espectro ela AIDS não está assombrando só países africanos. Nos úl timos meses, segundo matéri a esta mpada na revi sta "Vej a" (30-5-04) , o rga ni smos internac io nais espec iali zados no te ma e n-
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CATOLICISMO
F igura feminina extraordinária a muitos Íítulos, essa soberana exerceu papel decisivo na História da Espanha e de toda a Cristandade por seu espírito de cruzada contra o poder muçulmano da época n JosÉM ARIA oos SANTOS uito fo i escrito sobre esta soberana c uj o proces o ele cano ni zação está e m a ndame nto. Segue m al g um as pince ladas de s ua ex trao rdiná ri a ex istê nc ia, ressa lta ndo do seu as pecto g ue rre iro e es pírito ele c ru zada, o q ue é poss ível tra ns mitir num s imples a rti go. F ilha de João li , Re i ele Caste la, e sua segunda es posa, nasce u Isabe l a 22 de a bri I de 14 51 na peque na c id ade ele M aclriga l. Aque la qu e seria a últim a mulhe r c ru zada descendi a, ta nto pe lo lad o pate rno q ua nto pe lo mate rno, ele do is re is santos e c ru zados : São Luís IX , d a F ra nça, e seu primo São Ferna ndo 111 , ele Caste la. Fa lecendo o pa i qu a ndo s ua idade era po uco ma is ele três a nos, fo i educada pi edosa me nte pe la mãe, junta me nte com seu irmão me no r Afo nso.
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AIDS: grande causa mot'tiS Um re latóri o publicado pe lo "B io mecl Central" - j ornal inde pe nde nte ela Nigéria que aborda te mas ele saúde pública - , reg istra: "A AIDS atualmente é uma grande causa mo rti s no Exército e na Polícia
a rainha que empreendeu uma cruzada
trara m e m alerta com a ituação ela Ásia, e mais especificamente ela Índi a. Segundo país mai s populoso ela Te rra, com mais ele I bilhão ele ha bitantes, e le vive sobre uma bo mba- re lóg io no tocante à saúde pública. A epide mia cio vírus HIV e ncontra-se fo ra ele controle : as medidas cio governo para reverte r a. ituação são tímidas e esbarra m na mi séri a e na igno râ nc ia ela maio ri a ela po pul ação. Co mo conseqüê nc ia di sso, a ONU prevê que no próx imo ano a Índia ocupará o primeiro lugar e ntre as nações com maior núme ro ele pessoas conta minadas pe lo vírus. M antida a atual situação, no fi m ela década a índi a terá 25 milhões ele soropos itivos - drama ele pro porções nunca vi stas.
A vcrdadcfra solução Atualme nte, na região aba ixo cio deserto cio Saara concentram -se 70 o/o cios 40 milhões ele casos de co nta min ação pe lo vírus HIV e m todo o mundo. Só na Áfri ca do S ul há 4,7 milhões de infec tados, o equivale nte a 10 o/o da popul ação ci o país ! C hegou-se a esse trág ico res ultado, seja na Áfri ca, na Ás ia como e m o utras
partes cio mundo, sobretudo devido a um a causa ma is pro fund a e unive rsa l: a rej e ição ela mo ra l cató li ca - a única ve rdade ira - que prega a virtude da castidade. E esta esta be lece a a bstinê nc ia sex ual pa ra solte iros e a ftd e liclacle conjuga l para casados, unidos po r vínc ul o mo nogâ mi co e indi sso lúve l. Qua lq ue r medida o u ini c iati va que ig no re essa mora l, pa ra comba te r a terríve l pa nde mi a ela A rDS, será paliativo vão, co mo te nta r conte r a ág ua num ba leie fura do . E com a agrava nte ele que, através ele um a propaga nda avassaladora, se a presenta m pa li ativos para a doença, como se constituíssem uma verdade ira so lução ! A matéri a pu bli cada pelo "T he G ua rdi a n" refe re-se ta mbé m à advertê nc ia cio preside nte Bu sh, de que a me lhor mane ira de se ev itar a doença é a ab tinê ncia sexual, o que está e m consonâ nc ia com a do utrina católi ca e com o bom senso. O preside nte no rte-a me ricano ressa lto u ainda que o fl age lo da ATDs mata 8 mil pessoas cada dia no mund o, e q ue só nos Estados Unidos "quase um milhão de
cidadãos têm o vírus e mais 40 mil o contraem a cada ano". •
a paternid ade ela infanta Joan a, po r isso cog no minada la Beltraneja. Com a c hegada cios jove ns príncipes, fo rmaram-se logo na corte do is partidos : um que defendi a a legitimidade destes ao tro no, e o utro que defe ndi a a da Beltraneja. O prime iro pa rtido to rno u-se tão pode roso, que o bteve cio fraco re i que reco nhecesse A fo nso e Isabe l como seus legítimos he rdeiros. Falece ndo o prínc ipe Afon so, o pa rtido de Isabe l qui s ac lamá- la rai -
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Isabel, a Católica,
descendia, tanto pelo lado paterno quanto pelo • materno, de dois reis · santos e cruzados: São Luís IX, da França, e São · Fernando, de Castela ·
" Bordava /elas e casulas, costurava roupas para os pobres, aprendia afiar como as mulheres do povo. Tecia sedas, urdia e co11f'eccionava tapetes com assombrosa habilidade" . 1 Aos 1 1 a nos fo i le vada com A fo nso po r He nrique IV, seu me ioirm ão, pa ra a corte caste lha na, cons ide rada e ntão a ma is corro mpida ela Euro pa.
Na cone castelhana, dois partidos cm disputa Na corte castelh ana, "a princesinha estudava música, pintura, poesia, costura e gramática. Cada dia passava muito tempo ern oração pedindo a Deus que os guardasse, a ela e a Afonso, livres de todo pecado; e esp ecialmente invocava a Bern-aventurada Virgem, São João Evangelista e o apóstolo São Tiago, patrono de Casteia". 2 Pe la fr aq ueza cios re is castelh a nos, "nesse período l_ os no bres I tinham chegado ao ponto de despoj ar cornpletamente o trono de sua autoridade. Aproveitavam-se da incrível imbecilidade de Henrique IV e das escandalosas relações entre Joana de Portugal, sua segunda m.ulher, e seu favo rito Beltran de la Cueva " ,3 a que m atribuía m
Fernando de Aragão e Isabel de Castela com sua filha , a Infanta Dona Joana
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bravam, a rnoeda andava escassa, centenas de cidades desqfi.avam sua autoridade sob o mando de pref eilos que se criam reis delas, o povo morria de fom e e de epidemias. A Igreja necessilava de refonna , o go verno existia só de nome, e por todas as partes os camponeses eslavam oprimidos por bandos de ladrões". 5
nha no lugar de Henrique [V. "Nessa ocasião, Isa -
bel deu uma das primeiras provas de suas gran des qualidades, recusando a coroa usurpada que lhe era of erecida, e declarando que nunca, enquanto seu irmão vivesse, aceitaria ela o título de rain.ha". 4 Ao s 18 anos, I sabel caso u-se sec retamente co m o herd eiro da coroa de A ragão, o prín cipe D . Fern ando, para ev itar as tratativas que seu irmão faz ia para casá- la com outro pretendente.
Assume as ré<lcas <lo go11cr110 e l'CCOIISU'Ói () /Jaís
Vista da cidade de Granada, destacandose o Alhambra, pa lácio mouro medieva l
O s j ovens soberanos entregaram -se co m energia à tarefa de reco nstruir o país. Começara m a reprimir severa mente os abu sos e apli ca r a ju sti ça co ntra quem quer que fosse. Fizeram reviver, para isso, a San.la Irmandade, força de volun tários que servi a ele políc ia local, com juri sdi ção sobre assass inatos, atos ele vio lência, rapina, atentados a mulheres e desobedi ência às leis e aos magi strados. Lsabel obteve cio Papa a in stauração da Santa Inqui sição em Caste la para pôr fim aos abusos, na es fera reli giosa, princ ipalmente ele cri stãosnovos Uudeu s conver tidos), muitos dos qu ais ti nh am fé duvidosa e utili za vam a usura para pressionar os cristãos. Isabel era muito c iosa ele sua autorid ade como ra inh a. Por isso, em l475 firm ou com seu esposo o acord o denominado Concórdia de Segóvia, pela qual recebeu o títul o ele Rainha e proprietária de Castela, e seu es poso o ele rei consorte. "Desde
esse momento os esposos formam. um bloco impossível de dividi,; e com essa .firm.eza podemfazer.fi'ente ao estalido da guerra ". 6
A cruza<la contra os infiéis maomcumos Um cio s maiores empenhos que Isabel teve em seu rein ado fo i mover a guerra sa nta contra o in vaso r mu çulmano. Para esse empreendimento, obteve do Papa as mes mas indu lgências ele C ru zada concedid as aos que iam lutar na Terra
I sabe l assumiu o govern o aos 23 anos, à morte de Henrique LV. Com sua energia, e acompanh ada de seu marid o Fern ando, fo i obtendo a adesão de cada cidade para sua causa. M as • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • o Rei de Portuga l, Afon so V, qu erendo assenhorear-se ele Castela, entrou no país para
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casar-se com a Beltraneja, a qu al, afi rm ava ele, era a leg ítim a herdeira do tron o. V ári os potentados cas telhanos tomaram seu parti cio, ali ando-se a ele. A altern ativa para l sabel era ceder, ou então guerrear. E ela não • cedi a num ponto em que jul gava estar in- . teiram ente com a razão. Assim , apesar de
Um dos maiores empenhos que Isabel . teve em seu reinado foi mover a guerra Santa COntra Oinvasor muçulmano. Para d. • esse empreen 1mento, obteve do Papa as mesmas indulgên- . cias de Cruzada
Santa, tendo o Sumo Pontífice lhe envi ado uma cru z ele prata para ir à frente ele seus exércitos. Na s vári as ca mpanhas que ence tou, e sobrelu lo na reco nqui sta ele Granada, I sabel arrebatava seus soldados por sua energia so bre- hum ana, se nso do dever e es pírito sobrenatural. Estes "c riam que ela era
uma santa. Corno Santa Joana d 'Arc, sem.pre lhes recomendava vive r honeslamenle ef alar bem. Não havia nem blasfêmias nem estar esperanclo um segundo filho, pô a cota obscenidades no acampatnento onde ela se de malhas e, a cava lo, fo i recrutando gente • achava, e viarn-se cu ri idos soldados qjoeem todas as suas cid ades, enqu anto Fern ando fa zia o mesmo em Aragão. Hab ilíss imo •••••••••••••••••••••••• lhar-se para reza i; enquanto se celebra va a rnissa ao ar li vre por ordem da piedosa genera l e gra nde estrateg ista, Fern ando obrainha " .7 A prese nça ela soberana era para os teve retumbante vitória so bre o soberano portu guês, conso li dando ass im I sabel no trono. Tri ste foi a heran ça que recebeu l sabel de seu fraco e im ora l meio- irmão . "As indústrias que-
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CATOLICISMO
guerreiros como uma garantia de vitória , poi s lhes in sp irava valor e co nfi ança . Até os mouros admi rava m a grande ra inh a, ca ntando sua bon-
rid a ele Áu stri a, filh a do lmperador Max imili ano dade e be leza em suas canções, apesar ele a tef, mas morreria j ovem. Joana, que entrará para a merem co mo inimi ga. Hi stóri a como Joana a Louca, contraiu maEnqu anto Fern ando, um ci os melhores guerreiros ele sua época, comandava o exér- ••••••••••·•··•········· trim ôni o co m Felipe ele Á ustri a, o Formoso, e torn ou-se herd eira ci o trono que pascito , a ra inh a cuidava de toda a retaguard a, sou para seu filh o, o futuro Carlos V. Maco mo rec rutamento ele refor ços, envio ele ri a casa-se co m seu c unhado, o v iú vo D om alimentos e muni ções, bem como projetaM anuel, e Catarina será a desafortun ada esva os hospitais - fo i ela quem instituiu o primeiro hosp ital militar da Hi stóri a, e suas posa do lúbri co H enriqu e el a ln g laenfe rmeiras precederam as ela C ru z Verm eterra . lh a em mais ele trezentos anos. Cava lgava " O bom governo dos soberanos calóli-
Três meses após
a conquista de Granada, Isabel assi- · nOU uma ordem de
de um lugar a outro, indo mes mo aos acampamentos revestida ele leve arm ad ura de aço, para elevar O moral dos so ldados. M as
expulsão dos judeus de seus territórios; e favoreceu a descoberta da América
vm,
cos levou a prosperidade da Espanha ao seu apogeu e inaugurou a Idade de Ouro do país ". 8
essa rainha guerreira fazia questão de ela T rês meses após a conqui sta ele Granames ma cos turar a roupa ele seu marido, nunda, ] sa bei ass inou um a ordem ele ex pul são ca usa ndo o monarca outras senão as co n- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • dos judeus de seus territóri os ; e favo receu a empresa ele C ri stóvão Co lombo, que descobriri a fecc ionacl as pelas hábeis mãos ele Isabel ou de a ·sim a Am éri ca. suas filh as. A morte des ta grande ra inha fo i muito lamenTíwlo glol'ioso de tad a pelos se us contemporâneos. "Reis Católicos" Um deles deixou este depoimento: " O inundo perdeu seu adorno Um fato m ostra a têm pera mais nobre; uma perda que deve dessa rainh a. N o cerco de Gra na8 ela, um a vel a mal co locada ateou ;g chora r não somente a Espan ha, fogo na tenda ao lado ela rainha , UJ que ela j á não levará mais no caminh o da glória, mas todas as nae desta propagou-se para todo o ~ aca I11pan1 ento, qu e foi ton1ado ~ ções da Crislandade, porque ela ~ pel as chamas. O s mouros, el as 1 era o espelho de todas as virludes, o amparo do inocente e o sabre vinmuralh as, ca ntava m vitór ia. M as :§tl ~
a e né rg ica sobe rana, para rn ostrar
! ...........,,.'-""
sua determinação ele conqui star a c id ade, ma ndou ed ifi ca r novo acampa mento ele pedra, surg in lo ass im um a verd adeira c id ade à qu al deu o nome de Santa Fé. Fo i de lá que partiram as investidas co ntra Gran ada, obtend o-se sua
]
gado r do culpado. Não conheço nin. •uém de seu sexo, nos ternpos antigos nem nos modernos, que, a meujuíza, possa equiparar-se com esla mulher incornparável ". 9 •
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E-mail cio autor: josemari a@catol icismo.com.br
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Notas:
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capitul ação. O Papa A lexa ndre V[ co nce- d deu ao real casa l, por seus servi - ~ :s ços em pro l da C ri stand ade, o tí§ tu lo de Reis Cct16licos, em harm oni a com o ele Rei Cristianíssimo, co nced ido anteri orm ente ao mo- <3 ,~ ,5 narca fran cês. A pol ítica matrimoni al que seg uiram o s Reis Ca 1ólicos teve {: ~ co mo intui to i so lar a Fra nça, sua -§ grande rival na época. M as não ~ tiveram fe li ci dade co m seus fi lhos. A prim ogênita, também chamada Isabe l, caso u-se co m o j ovem príncipe portu guês Afon so e, ao enviuvar precoce mente, contraiu matri mô ni o co m o seu herd eiro D om Manu el, o Venturoso. O prínc ipe João casa r-se- ia com Marga-
j
8
Isabel, a Católica, apoiou o empreendimento de Colombo, descobridor da América
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1. Lu ís Amador Sa nchez, Isabel, a Ca 16lica, tradução ele M ari o Donato, Empresa Gráfi ca O Cru ze iro S. A. , Ri o ele Janeiro, 1945, p. 55 . 2. William Th o mas Walsh, !.l'ab e l d e Espa,ia , tradução castelh ana ele A lbert o ele M esta s, Cultura Espaiíola, 1938, p. 49. 3. Ramón Rui z Amacio, DO, TJ, e Ca1l,u/ic E11 cyc lopedia, Vo l. V III , transc rit o por WG Ko fron , copyri ght © 19 1O ele Robert Apple ton Co mp any, o nlin e ecl iti o n copyri ght © 1999 by Kev in K ni ght. 4. lcl . ibicl. 5. Wil li am Th omas Wa lsh, up.cil. , p. 17 1. 6. (S ite: www.art ehi storia .com, Protagoni stas ele la Hi stóri a, Isabel la Clll6lica.) 7. Wa lsh, op.c it. , p. 160. 8. The Ca1holic E11 cyclopedia, online ecliti on. 9. arta de Pedro M ártir, um cios sec retári os da rainha , comuni cand o a mort e ele Isabel ao Arcebispo Ta lavera, in Wi l li am Thomas Wa lsh, Isabel de Espolia , p. 599.
JULHO 2004
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PUNIO M ARIA SOLIMEO
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o sécul o XVJ 1, o j anseni smo espéc ie de protestanti smo miti gado, infiltrado dentro da Igrej a causava grandes danos entre os fi éis. Destruía nas almas a noção el a mi seri córdi a ele Deus e ela confi ança filial que devemos ter em relação ao Pai Celeste, incul cando um temor desprovido de amor, inclinando os ca tólicos a fu gir cios Sacramentos, sobretudo da Sagrada Eucaristia. Foi então que Nosso Senh or Jes us Cri sto apareceu a M argarid a M ari a Al acoqu e, j ovem reli giosa ela Ordem da Visitação, p_ara transmitir sua mensagem ele mi seri córdi a e confi ança, ex pressa no Coração hum ano e divin o do Verbo Encarn ado. O culto ao Sagrado Coração ele Jes us obteve a partir de então grand e impul so e alastrou-se por toda a I grej a. Infe li zmente, co m a desc ri sti ani zação geral, hoj e essa devoção - ali ás, co mo tantas outras - perd eu prati ca mente todo o se u sentido ele adoração, reparação e peti ção, tão necessá ri os nos nossos tempos.
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A família de Santa Margarida Maria Alacoque M argarid a fo i a quinta ci os filh os de C láudi o Al acoqu e e ele Fe li sberta L amyn , e nasceu a 22 de julho de 1647. Foi bati zada três dia s depo is, te nd o co mo padrinh o um primo de seu pai, o Padre Antôni o Al acoque, e como madri -
nh a a se nh ora M arga rid a de SaintAm our, esposa cio senhor ele Corcheval, C láudi o de Fautri eres . Viviam co m C láudio Al acoque, além ela mulher e filh os, a mãe viúva, Joana Delaroche; a irmã B enedita, casada com o primo Toussa int Delaroche, e seus quatro filh os; e sua ti a-avó, B enedita M eulin , mãe de Toussa int. 1 C láudi o, além ele exercer o cargo ele tabeli ão em Lh autecour, era jui z cios senhori os ele Terreau, Corcheval e Pressy, e também notári o ordin ári o de Terreau e Corcheval, o que lhe clava certa importância na vi zinh ança e fartura em casa. Por isso, era presença indi spensável em quase todos os casa mentos e bati zados locais, sej a na qu alidade ele padrinho, sej a na ele testemunha.
f'l'eserva,la , <lesde o ber ço, da mancha <le peca<lo awal
m.e era insuportável tormento; e para me m.oderarern na vivacidade da minha in fânc ia, bastava dizerem-rne que aquilo consistia ern of ender a Deus; islo logo me continha, e rne apartava do que eu queria f azer". 2 M argarid a teri a uns quatro anos quando, a pedid o ela madrinha, foi mora r com ela em seu cas telo, em B ea uberry. Queri a a nobre dama, como era cos tume no tempo, cuidar ela educação el a afilh ada. N a ca pela de Corcheval , aos cinco anos ele idade, "sem. saber o que dizia,
sentia-rne conlinuamente impelida a dizer estas pala vras: 'Meu Deus, eu Vos consagro a minha pureza e Vos f aço voto de perpétua caslidade"'. 3
Contemplativa desde a inlância e <le1rota <le Nossa Senhora Afirma seu primeiro bi ógrafo: "Des-
Deus queria M argarid a desde o ber. ço só para Si . "Ó meu único Amor narra ela em sua autobi ografia - , quem-
to vos não devo eu, por vos terdes adiemlado a mim desde a mais tenra il1fância, tornando- vos o senhor e possuidor do meu coração, apesar de bern conhecerdes as resistências que ele vos ha via de opor! Logo que li ve consciência de núm, .fizestes ver à minha alma a fealdade do pecado, imprimindo e,n meu co ração tanto horror a ele, que a menor mancha
de a ú1fância lhe ensinou o Espírito San to o ponto capital da vida interio1; co1nunicando-lhe o dorn de oração. Seu ,naior prazer era passar horas inteiras em oração; quando não a encontra vam em casa, iam à igreja, onde depa ra vam com ela imóvel diante do Santíssimo Sacramento". 4 No ano ele 1654, M argarid a, com oito anos, voltou para o lar patern o. M as não para gozar por muito tempo la alegri a da famíli a reunida. N esse ano morreu-lhe
a irmãz inha Gilberta, e no seguinte o pai, aos 4 1 anos. Deixava a viúva com cinco filh os para cuidar (sendo que o caç ula tinha apenas qu atro anos ) , e uma situação econômi ca apenas equilibrada. A senhora Al acoqu e co locou os filh os mais velh os em co lég ios , e M arga rid a co mo educa nda no co nvento elas cl ari . sas miti gadas ele Charoll es. Vendo sua precoce piedade, as monjas permitiram que fi zesse a Prim eira Co munh ão aos nove anos de idade, quando o cos tume na época era aos doze. Afirm a ela: "Esta com.unhão
de rramou lanlo ama rgor em lodos os rneus prazeres e di vertirnentos, que já não podia achar gosto em nenhum, apesar de os procurar com e(fâ ". 5 Sin al ele predestin ação é a devoção a Nossa Senhora. E Margarida sempre a teve desde os albores ela razão: "A Santíssirna
Virgern teve sempre grandíssimo cuidado de ,nún, e a Ela é que eu recorria ern to-
Senhora, Margarida consagrouse a Ela com o escrava. 6
"Os ossos füravam-me a pele de W<los os lados"
Nossa Senhora curou a vidente de grave doença, quando ela tinha 11 anos
das as minhas aflições. Foi Ela que me apartou de perigos muito grandes". Antes mes mo ele São Luís M ari a Gri gni on ele M ontfort ter popul ari zado a devoção da Sagrad a Escravid ã.o a Nossa
Um a alma com um a vocação tão espec ial como a de M argari da M ari a deveri a seguir a trilh a cio , ofrim ento. Entretanto chegara ela aos 11 anos de idade sem prati ca mente ter co nhec ido de perto a cru z de Nos. o Senhor. E Ele qu eri a que sua filh a predileta dela parti cipasse. Um a grave doença, qu e algun s di ziam ser reumatismo, e outros parali sia, pôs a vida de M argarid a em peri go, obri gando a famíli a a retirá- la do convento e levá- la para casa. A doença durou qu ase quatro anos. A menin a fi cou semiparalíti ca e tão mag ra, que "os ossos.fúravam-me a pele por lodos os lados ", e não podia andar. Os médi cos esgotaram toda a sua ciência sem nenhum resultado. Reso lveu então co nsagrar-se a Nossa Senhora, prometend o- lhe que, se sara s-
-Cas.~....,_.~e'--:---- nasceu a santa - - - -- - -- -- -
Veroscres, aldeia natal de Santa Margarida Maria, na '!,or!:!onha
CATOLICISMO
JULHO 2004
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te, em 25 de sete mbro de 1665, C láudio Felisberto, també m na id ade de 23 anos. Foi nova provação para a família. Só restava m, al é m ele Margarida, Crisóstomo, o penúltimo, e Jaime, o caçul a, que queria seguir a carreira ecles iás tica. Narra M a rga rida : "Estando como engo!,fáda num. abismo de espanto, por ver que tantos de.feitos e infidelidades núnhas não eram capazes de O afastar de mim, deu-rn.e o Senhor esta resposta: 'É que me apraz.fazer de ti como que urn. cornposto do meu amor e das minhas misericórdias' ". 12
Co1·respu11de11do à graça, define sua \locação
Interior do Basílica de Poray-le-Moniol
A aparição representado em vitral
se, seri a uma de suas filhas. "Apenas.fiz o voto - declara Ma rgarid a - .fiquei logo curada da doença, com. nova proteção da Santíssima Virgem., a qual tomou tão inteira posse do meu coração, que, olhando-me como .filha sua, go vernavam.e com.o coisa que lhe.fora consagrada; repreendia-me por minha.,· faltas e ensinava-me a cumprira vontade de Deu.s ". 7
Sua mãe tinha-se clespojaclo da própria autoridacle Quando Cláudio Alacoque era vivo, devido à importância e prestíg io de que gozava, todos viviam em paz em casa sob a autoridade paterna. Mas ass im que ele morreu e Toussain t Delaroche tomou a direção dos negócios, sua mulher e sua sogra também se impuseram . E com tal tirani a, que se tornaram as donas absolutas da casa: "Minha mãe tinha-se despojado da própria autoridade em. su.a casa, para a conceder a outras pessoas. [. .. ] CATOLICISMO
Não tínhamos, pois, nenhum pode r ern. nossa casa, nem nos atrevíamos afazer coisa alguma sem licença. Era uma guerra contínua; e tu.do estava fechado à chave, de sorte que eu m.uitas vezes nem. sequer encontrava com que me vestir para ir à Missa, senão pedindo touca e vestido ernprestados ". 8 Nosso Senhor queria dela, também ni sso, um a virtude heróica: "Nern. uma queixa, nem um desabafo ou ressentünento consentia Ele em rn.im contra aquelas pessoas; nem que eu permitisse que outros me lastúnassem. ou tivessem compaixão de 11·1.im". 9
Consolo de Nosso Se11hor e clevoção eucadstica Margarida procurava seu conso lo na oração. E o próprio Nosso Senhor qui s ser seu mestre: "Mandava-me prostrarm.e hunúldemente diante de Si, para lhe pedir perdão de tudo aquilo em que O tivesse of endido". Posta ass im na presença do Senhor, Ele "tão .fortemente abso rvia o meu es-
pírito, embebendo em Si a minha alma e todas as ,ninhas potências, que não corn.etia distração algum.a; pelo contrário, sentia o coração consumido em desejos de O ama,: E daqui me nascia uma.fome insaciável da Sagrada Comunhão e de so.fi'irn.entos ". A maior poss ibilidade de uni ão co m Nosso Senhor, que Ele nos deixou na Terra, é a que se dá na Sagrada Co munh ão, na qual recebemos erclacle iramente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade ele Jesus Cri sto. Daí a " fo me insaciável" que Margarida senti a ela Sagrada Com unhão, enco ntrando di ante do Santíssimo Sacramento todas as suas de líc ias. Ali sentia-se " tão absorta, que nunca me aborrecia. Ali passaria dias e noites inteiras sem. comer nem. beber, e sem saber o que.fazia, consumindo-me em sua presença como uma tocha acesa, para pagar-lhe amor com amor" .1º
J>l'Ovacla nas seduções cio mumlo e convidada pela graça Em 1663 Margarid a iri a sofrer um rude golpe. Seu irmão ma is velho, João, tendo acabado os estudos em Charo lles, estava pronto a inici a r sua carre ira ele not,frio quando, aos 23 anos de id ade, foi ceifado pe la morte. O segundo irmão, Carlos Felisberto, tendo concluído igualm ente os estudos, voltou para casa. E le e a mãe conceberam e ntão o pl ano de casa r Margarida, j á
com 17 anos. A fa míli a Alacoque era bem relac ionada e estimad a e m toda a reg ião. E Margarida, e m ser rica, tinha o suficie nte para um dote di gno. Ainda que não se destacasse por espec ial formos ura, não de ixava de ter certos atrativos, sobretudo de es pírito. A pressão que fi zeram sobre a adolescente fo i terríve l. " Por .fim, o terno arnor da minha extremosa mãe começou a prevalece,: [. .. ! Comecei então a olhar para o inundo e a ado rnar-me para lhe agrada ,; procurando div ertir-rne quan to podia ". M as, se e la era pe rsiste nte em sua fa lta, Nosso Senhor era pe rsistente e m sua mi seri có rdi a: " Depois, à noite, quando tira va aquelas malditas librés de Satan.ás, isto é, os vãos enf eites, instrumentos da malícia dele, aparecia-me o meu. sobe rano Sen.ho,; co rno na .flage lação, co rn.pletamen te desfigurado, fa zendo-me terríveis queixas: que as minhas vaidades o tinham reduzido àquele estado; que eu perdia u.m ternpo tão precioso, de que Ele me havia de pedir rigo rosa conta à hora da morte; que o atraiçoava e perseg uia, depois de Ele me ter dado tantas provas de arn.or e me ter rn.ostrado todo o seu desej o de que eu rn.e tornasse semelhante a Ele".
Corredor do claustro do mosteiro, onde o santo costumava executor trabalhos
Primeiro capelo dedicado ao culto do Sagrado Coração, nos jardins do mosteiro
Nol'Os sofrimentos e açiíu ela cli11i11a misericól'dia A cena era pun_.gente. E a alm a de Margarida não era insensíve l a tantas graças: "Tudo islo se imprimia em. mim tão .fúndamente, e me fa zia tão dolorosas f eridas no coração, que eu chorava am.argamen.te; ser-m.e-ia mui/o difícil explica r tudo quanto so.fáa e se passa va ern. rnim. ". 11 Para compensa r, e ntregava-se ela às mais terríveis penitênc ias. E e is que faleceu quase repentinamen-
A intimidade com que Nosso Senhor lhe aparec ia e fa lava é de pasmar. Ela como que vivi a na presença perceptíve l de Deus. Entretanto, "po rque era rnu.ilo débil ", Nosso Senhor pediu consentimento para se assenhorear de sua liberdade. "Não pus dificuldade nenhurn.a em consentir; e desde entc7o [Nosso Se nhor] apoderou-se tão fortemente da minha liberdade, qu.e nunca mais gozei dela ern. todo o resto da minha vida" . 13 Isto, é claro, é um modo de di zer, po is Deus não ti ra a ningué m o livre arbítrio. O que na rea lidade se dava é que Nosso Se nho r fortifi cava de tal modo a sua vontade, por me io de graças espec iai s, que e ta já não vac ilava. O que co rres po nde ao máx im o grau de liberdade, que é o co nformar a própria vontade livre co m a soberan a vontade de De us. Livres, verdade iramente, não são os que peca m, mas os qu e, podendo fazê- lo, não o faze m. Margarida res istiu durante três anos às pressões que lhe faziam para casar-se. Com o auxíli o de um mi ssionário que pregava mi ssões na reg ião, conseguiu fin almente convencer Crisóstomo e a mãe de que seu lu gar era no convento.
Entrada 110 convento e 11ovos sofi•ime11tos No dia 25 de agosto de 167 1, festa de São Luís Re i, ela to mou o hábito de novi ça: "Estando já revestida do nosso santo JULl-!O2004 -
M argarida M ari a e lhe di sse: "Eu procuro uma víLirna para meu Coração, a qual queira se sacrificar como uma hóstia de imolação para o cumprimento de meus desígnios ". Ela se prosternou e lhe apresentou "diversas almas santas que correspondiam.fielrnente a seus desígnios ". N osso Senhor lhe res pondeu: "Não, eu não quero outra senão tu ". M arga rida protelava entretanto o pedido de permi ssão à Superi ora: "Mas era
em. vão que eu lhe resistia, porque Ele não me deu repouso até que, por ordem da obediência, eu fosse imolada a tudo o que Ele desejava de mún, que era de me tornar uma vítima imolada a toda sorte de sofrimentos, de humilhações, de contradições, de dores e de desprezos, sem. outra pretensão senão cumprir seus desígnios ". 16
Capela dos Padres Jesuítas de Paray-le-Monial
Pe. Cláudio la Colombiere, diretor espiritual da santa
hábito, meu divino Mestre f ez-me ver que era chegado o tempo dos nossos esponsais, que davam a Ele novo domínio sobre mim e me traziam dobrada obrigação de O arnar com amor de pref erência ". 1'1 M arga rid a ban hava-se em lágrim as, cuj a razão ninguém sabi a ex plicar, parecia afogueada e meio fora de si ; quebrava as co isas, e pareci a incapaz de qu alqu er servi ço. Ora, essa via mística não era própria do convento da Vi sitação. Por isso, outras reli giosas apo ntava m- lhe o comportamento co mo singul ar, e as superi oras ordenavam - lhe que se condu zisse como todas as outras, sob pen a de não admiti la à profi ssão, o que ca usava grande perplex idade à nov iça e era nova fonte de sofrim entos.
"Eu te l'al'ei mais útil à Religião <lo que ela pensa " Mudara a superi ora na A scensão de 1672. A nova era M adre M aria Franci sca de Saumaise, professa do mosteiro de Dijon, que hav ia sido diri gida desde seus primeiros anos pela própria Fundadora da Vi sitação, Santa Joan a de C hantal. H av ia entrado para a Vi sitação em Dijon
'-m
aos I Oanos de idade, para ali proceder à sua educação; aos J5 anos era novi ça, e no ano seguinte fez a profissão . Ela decidiu favoravelmente sobre a profissão da Irmã M argarida M ari a. Quando esta tran smitiu- lhe uma mensagem de N osso Senhor, a Madre mandou - lhe que Lhe pedi sse, como sinal de que era realmente Ele que fa lava, que a torn asse úti I à co munidade pela prática ele suas regras. "A isto - di z M arga rid a M ari a -
respondeu-me o Senhor em sua arnorosa bondade: 'Pois bem., minha .filha, Ludo isto te concedo; e eu te f arei mais útil à Religião do que ela pensa, mas há de ser de uma ,nane ira que até agora só eu sei; de hoj e em diante acamo.darei as rninhas graças ao espírito da tua reg ra, à vontade de tuas superioras e à tua .fi·aqueza; assim terás por sus peito tudo o que se apartar da exa ta obse rvância da tua regra, que eu quero prefiras a tudo o mais". 15 Vítima <lo Sagra<lo Coração <le ,Jesus Al gum tempo antes cio s exercício s espir itu ais, N osso Senhor apa rece u a
Fez sua profissão no di a 6 de novembro ele 1672. Co mo uma esposa, M argarida deveri a parti cipar agora, ele um modo mais direto, cios interesses de seu divino Esposo, que a preparava para a grande mi ssão de sua vida: receber e propagar a devoção ao Sagrado Coração ele .Jes us.
"Meu Coração está abrasa<lo <le amor pelos homens" Esta ndo diante do Santíss imo Sacramento no dia 27 ele dezembro ele 1673, Nosso Senhor lhe disse: "Meu di vino Co-
ração está tão abrasado de amor para com os homens, e ern particular para contigo, que, não podendo já conter em si as chamas de sua ardente caridade, precisa derramá-las por teu meio, e manifestar-se-lhes para os enriquecer de seus preciosos tesouros, que eu te mostro, os quais contêm a graça santUicante e as graças salutares indispensáveis para os apartar do abismo da perdição; e escolhi a ti, corno abismo de indignidade e ignorância, para a realização deste grande desígnio, para que tudo seja f eito por mim". 11 E ac rescentou: "Se até agora não tomaste senão o nome de minha escrava, eu te dou o de discípula dileta do rneu Co ração".
do num a prim eira sex ta- feira do mês no ano de 1674. Nosso Senhor lhe fez ver que "o ardente desejo que Ele tinha de ser arnado pelos homens e de os retirar da via da pe,dição, onde Satanás os precipita ern multidão, o haviafeitoformar esse desígnio de manif'estar seu Coração aos homens./ ... ] Ele queria a imagem. exposta e portada sobre núrn, e sobre o coração, para aí irnprimir seu amor e cumular de todos os dons de que ele estava pleno, e para nele destruir todos os movimentos desregrados; e que, em toda parte onde essa santa imagernfosse exposta para aí ser honrada, Ele aí espalharia suas graças e bênçãos; e que essa devoção era corno um último e.iforço de seu amor, com que queria favorece r os hornens nestes últimos séculos, desta redenção amorosa, para os retirar do império de Satanás ". 18
"Excesso a <1ue tinha chega<lo em amar os homens" A data da chamada Terceira Grande Revelação não fi cou registrada. Ocorreu provave lmente em 1674, num dia cm que o Santíss imo Sacra mento encontrava-se expo to. M argarida entrou em êxtase e viu Nosso Senhor Jesus Cri sto "todo ra-
diante de glória corn suas cinco chagas, brilhantes como cinco sóis; e a sua sagrada humanidade lançava chamas de todos os Lados, mas sobretudo de seu sag rado peito, que parecia uma forna lha. [ ... J Abrindo-o, descobriu-me seu aman tíssimo e amab ilíssimo Coração, que era a f onte viva daque las chamas. Foi então que Ele me mostrou as rnaravilhas inexplicáveis do seu puro amo ,; e o excesso a que ele tinha chegado em. amar os hornens, de quem não recebia senão ingratidões efi'iezas". 19
o seu amo,: E em reconhecirnento nüo recebo da maior parte deles senüo ing ratidões, pelos desprezos, irreverências, sacrilégios efi-iezas que têm para comigo neste Sacramento de amor. Mas o que é ainda mais doloroso é que os que assim rne tratam são corações que me são consagrados. Por isso te peço ·que a primeira sexta~f'eira depois da oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma f esta particular para honra r o meu Coração, reparando a sua honra por n·1.eio du,n ato público de desagravo e comungando nesse dia para reparar as injúrias que recebeu durante o Lernpo que esteve exposto nos altares. E Eu te prometo que o meu Co ração dilatar-se-á para derramar com. abundância o ú~fluxo do seu divino amor sobre aqueles que Lhe renderem esta homenagem". 2º Gl'an<le promessa {/a Comunhão reparadora Embora fu gindo à ord em cronológ ica ela bi ografi a de Santa M argarida Maria, parece-nos oportuno apresentar aqui achamada Grande Prornessa, revelada já no fim da vida da vidente de Paray- le-M oni al: "Eu te prometo, na excessiva miseri-
que comunga rem. ern nove primeiras sextasJeiras do mês, consecutivas, a graça da penitência.final, não morrendo em núnha desgraça e sem receber os sacra,nentos, tornando-se Imeu divino Coração ! seu asilo seguro no derradeiro mornento ".2 1 Tantas graças ela mai s alta mística não podi am passar despercebid as, e refl etiam-se no ex terior ele M argarid a M ari a, que andava co mo que transportada.
São Cláu<lio la Colombicrc chancela as reare/ações M adre ele Saumai se fi cava cada vez mais co nfu sa no jul gamento que deveria fazer ele Margarid a M ari a. Achava-a pi edosa, obedi ente, dóc i 1; entreta nto não conseguia interpretar os fenômenos místicos qu e se passavam com ela. Acredi tava na sua sincerid ade, poré m não tinha ciência teológica para jul gar por si mesma o espírito que gui ava M arga rid a. Por i sso, jul gou prudente fazer co m que ela conversasse co m algun s ec lesiásticos e
córdia de meu Coração, que seu amor todo poderoso concederá a todos aqueles À direita : Fac-símile de oração escrita pela vidente em 1682. Abaixo : religiosas do mosteiro rezam diante de desenho do Sagrado Coração
"Eis o Coração que tanto amou os homens"
Graças especiais omle houvel' imagem <lo Coração <le ,lesus
A mai s co nhecida de todas as revelações, e em certo sentido a mais importante delas, ocorreu seg undo os estudiosos entre 13e2 1 de junh o de 1675 , dentro ela Oitava ela Fe ta do Corpo de Deus. Nosso Senhor, descobrindo-lhe o seu divino Co ração, di sse- lhe:
É bem provável que a Seg unda Gran de Revelação - ela qual , in fe li zmente, não se consignou a data - tenha ocorri -
"Eis o Coração que tanto amou os homens; que a nada se poupou até se esgotar e consumi,; para lhes testemunhar
CATOLICISMO JULH02004 -
, lhes expusesse o que com e la se passava, para ver que opini ão forr~ar iam dela. E espec ia lmente com o Padre la Co lo mbiere, recente mente nomeado d iretor da casa cios jesuítas ele Paray. Logo em sua prim e ira pre leção às monjas, ele notou uma que o ouvia mai s atentame nte. A superi ora in formou -lhe que se tratava da Irmã Margari da Maria. - "É uma alma visi1ada pela graça", comentou o jesuíta. Ao mesmo tempo , uma voz interi or dizia a Margarida: "Eis aquele que te envio". 22 Como os santos gera lmente falam a mes ma linguagem, o Pad re la Co lomb iere e a [rmã Ma rgari da Maria logo se e ntende ra m. Por ordem ela Madre de Saumaise , "ab ri -lhe então, sem custo e com toda a lhaneza, o coração, e descobri-lhe o íntimo de minha alma, o bem e o m.al", re lata Margarida Mari a e m sua autob iografia. 23 C lá udi o la Co lombiere representou ass im a caução hum ana elas visões de Margarida Maria. Acontecesse o que fosse - e muita persegu ição e incompreensão ainda teriam lugar - , um fato irrem iss ível estava posto: o jesuíta afamado por sua prudência e segurança ele juízo estava certo da autenticidade elas visões da Irmã Margarida Maria .
Nova Superiora pmva Margarida Maria Madre Péronne Rosália Greyfié chegou para substituir a Madre de Saumaise, no dia 18 de junho ele J 678. Ao contrário desta, ele gra nde simpli cidade e amabilid ade, a Madre Greyfié era rígida e austera, e tomou o partido ele fing ir que ignorava tudo o que se passava co m Margarida Mari a, deixando-a até ser objeto ele c ríti cas ela comunid ade, mesmo em co isas por e la auto rizadas. Entretanto, tinh a-a em alta conta: "Eu no/ava ainda que as graças que Nosso Sen hor lhe concedia serviarn para aprofundá- la no baixo senJimento que tinha de si mes,na, o que a fa zia crer que Iodas as criaturas tinham o direito de a desprezar e criticar em tudo, le-
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CATOLIC ISMO
vando-a a amar como um tesouro essas ocasiões, das quais ela teria querido somente excluir o que ofendesse a Deus, afligindo-se de ser a causa disso". 24 Nosso Senhor lhe disse o utro dia que, como hav ia feito em re lação a Jó, o demônio pedira para tentá-la "no cadinho das contradições e humilhações, das Jentações e desamparos, como o ouro no fogo", e que Ele tudo permitira, exceto que a te ntasse contra a pureza; que E le esta ri a e m seu interior como fo rta leza inexpu gnável, resistindo por e la. "Mas era necessário vigiar conlinuamente sobre todo o exterio,; que do interior cuidaria Ele". Desde então o demônio não lhe dava trég ua, chegando mesmo, uma vez, a lançá-la do a lto de uma escada com um braseiro na mão. Mas seu Anj o ela Guarda amparou-a e e la nada sofreu. "Eu procuro uma vítima para meu Coração, a qual queira se sacrificar como uma hóstia de imolação para o cumprimento de meus desígnios" Santinho representando a Santa quando ainda Bem-aventurada
"Não haverá quem queira paclecer comigo?" Indo um dia comungar, Margarida viu a sagrada Hóstia resplandecente como um sol. E m seu centro estava Nosso Senhor Jesus Cri sto tendo uma coroa ele espinho na mão. Co locou-a na cabeça de Margarida, dizendo: "Toma, minha filha, esta coroa em sinal da que em breve te será dada, para te assemelhares a mim". A religiosa diz que no momento não compreendeu o significado daquilo, mas que bem depressa o soube por duas violentas pancadas que recebeu na cabeça, "de maneira que me parecia ter a cabeça rodeada de pungenlíssimos espinhos, cujas picadas não acabarão senão com a minha vida" .25 Na proximidade da Quarta-feira de Cinzas, provavelmente de 1681, Nosso Senhor apareceu-lhe depois ela Sagrada Com unhão, "sob a figura de um Ecce Homo, carregando a Cruz, todo coberto de chagas e pisaduras, escorrendo o scuigue por todo o corpo ". Disse-lhe: "Não haverá ninguém que tenha compaixão ele mim e queira padecer comigo e tomar parte na minha dor, no lastimoso estado a que me reduzem os pecadores, sobretudo agora?"
A generosa Margarida Maria prosternou-se junto aos pés divinos e ofereceu-se, em lágrimas e gemidos, para carregar a Cruz. Esta pareceu-lhe toda cheia de pontas ele prego, e ela sentiu-se quase sucumbir sob seu peso. Com isso, diz ela, "comecei a compreender melhor a gravidade e malícia do pecado, que eu cleteslava tanto em meu coração, e mil vezes preferia precipitar-me no inferno em vez de cometer um só pecado voluntariamente". 26
ticava, ex igindo-lhe mesmo a devolução dos instrumentos de penitência. 27 No mês de junho de 1690, Margarida dizia: "Eu não viverei muito mais, porque não sofro mais ". Com e feito, esta santa, considerada uma das maiores místicas da Igreja, entregou sua bela alma a Deus no dia 17 de outubro desse mesmo ano. •
Mensagem ao " fil/10 primogênito de meu Coração "
1. Margueri te-Marie Alacoq ue, Sainle, Sa vie par elle-même, Monastere de la Yi sitation, Parayle- Moni al, Éd itions Sai nt-Paul , Pari s-Fribourg, 1993, Yi e, p. 28, nota 4. 2. Marguer ite- Marie Alacoq ue, Sa nta, Autobiografia de Santa Margarida -Maria Alacoqu.e, 4" Edição, Editor ia l A. O., Braga, 1984, p. 2. 3. Autobiografia, p. 2 4. Abbé C roiset, Abrégé de la vie de la soeu.r Margu.erite-Marie A /acoq1.1e, religieuse de la VisitationSainte-Marie, de l 'aq1.1elle Dieu s'est servi e pour l 'établissement de la dévot ion au. Sacré Coe u.rde Jésus Christ, décédée en odeur de sainteté le 17 octobre 1690, Lion, Tip. Antoine e Horace Molin , 169 1, apud Bouga ud , Mons., História da Beata Margarida Maria ou origem. da devoção ao Coração de Jesus, tradução de José Joaq uim Nunes, Porto, Imprensa Moderna, 2" edi ção, 190 1, p. 36. 5. Autobiografia, p. 5. 6. ld. p. 22. 7. ld., p. 6. 8. ld., p. 8. 9. ld. , p. 9. 10. ld., p. 12. 11. ld. , pp. 16- 17. 12. ld. , ib. 13. ld. , p. 24. 14. ld. , p. 38 15. ld. , p. 43. 16. Monastere de la Yi sitati on - Paray- le- Monia l, Vie et oeuvres de Sainte Marguerite-Marie, Éd iti o ns Sa int- Paul, Pari s-Fribourg, 1990, tomo 2, Leures de la Sainte, Lettre CXXX/11, au R.P Croiset, pp. 470 e ss. 17. Autobiografia, p. 53. 18. Lettres de la Sainte, Lellre CXXX/11 au R./> Croiset, J 11.ovembre 1689, Ms. d' Av ignon , pp. 477 a 479. 19. Autobiografia, p. 55. 20. C láudio la Colo rnbi ere, Notas Íntimas e Outros E.vcritos Espirituais, prefácio e tradução de Joaq uim Abra nces, S .J. , Ed ito ri a l A.O. , Braga , 1983 , pp. 150- 15 1. 21. Lel/res de la Sainte, Lettre LXXXVI, p. 297. 22. Autobiografia , p. 80; Gu itton S.J., Georges, Le Bienheurew: Claude la Colombiere-Son milieu et son temps 164 1- 1682, Librairi e Catholique Em rnanuel Vitte, Lyon, 1943, p. 237. 23. Autobiografia, p. 80. 24. Vi e el Oeuvres, torno 2, Contemporaines, p. 269. 25. Contemporaines, pp. 266-267. 26. ld., p. 108. 27. Cf. Proces de 17 15, Déposition de la soeu.r Marie- Lazare Dusson, apud Harnon, p. 497.
A devoção ao Coração ele Jes us ia fazendo seu caminho, dentro e fora dos muros da Vi sitação. O Sagrado Coração queria entretanto mui to mais. Desejava ser adorado pelas e lites, pela nobreza do país e do mundo, mas também que essa vitóri a viesse por intermédio do mais poderoso monarca da época. Assim , incumbiu a sua fiel serva de tran smitir ao Rei da França, Luís XIV a quem cha ma afetuosa men te "filho primogênito de meu Sagrado Coração" a seguinte mensagem: Queria associá- lo ao triun fo de seu Sagrado Coração, prometendo-lhe, caso fizesse o que lhe era ped ido, cobri -lo de glória ainda nesta Terra, como a nenhum outro Rei, e por fim conceder-lhe a glóri a do Céu. Não sabemos se o augusto destinatário tomou conhec imento da divina mensagem, nem se ela fo i e ntregue ao confesso r do Rei, Padre de La C ha ise . Uma coisa, entretanto, é certa: o pedidos cio Sagrado Coração de Jesus ao Re i Luís XIV jamais foram atendidos.
Não viveria muito mais, po,·que 11ão sofria mais Uma nova superiora, Madre Catarina Antonieta de Lévy-Châteaumorand, para a liviar ou para provar a Irmã Margarida, que apesar de ter some nte 43 anos já estava muito enfraq uecida pel as penitências e longas enfermidades, proibiu-lhe a hora ele adoração noturna da quinta para a sexta-feirn e todas as austeridades que e la pra-
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Notas:
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parecia declinar rapidamente para a barbárie durante os últimos anos do século V: a Igreja estava dividida pelos cism.as; cidades e países desolados pela guerra e pilhagern; vergonhosos pecados campeavam tanto entre cristãos como genlios. [. ..] Nas escolas e nos colégios os jovens imitavam os vícios de seus maiores " .3
São Bento Patriarca dos monges do Ocidente N o desmoronamento do Império Romano do Ocidente, a Providência suscitou São Bento "como uma luz no meio das trevas, ou como um médico enviado por Deus para curar as chagas da humanidade nessa época" 1 ■ PuN10 M ARIA SouMEO
m seu livro Diálogos, em que nan_-a a vida de Santos, São ? regón o M agno dedica o capitul o li a São Bento. Assim principia el e:
E
" Houve um homem de vida venerável pela graça e pelo nome, Bento, que desde sua irifância teve a cordura de wn ancião. Corn efeito, adiantando-se pelos seus costumes à idade, não entregou. seu espírito a prazer sensual algum., senão que, estando ainda nesta Terra e podendo gozar livrem.ente as coisas ternporais, despreza u o inundo com suas flores, como se estivessem ,nurchas ". 2 Na página seguinte: Gruta de São Bento em Subiaco (Itália)
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CATOLICISMO
São Bento era oriund o ela nobre famíli a Anic ia, que dera a Roma cônsules e imperadores, e nasceu no povoa-
do de Sab ino, em Núrcia, na Ú mbri a, por volta de 480. Quatro anos antes, o rei dos bárbaros hércul es depunha o último imperador roma no, Rôm ul o Augústulo, faze ndo cessar ass im o domínio que tinha Roma sobre todo o mundo civ ili zado de então. Da irmã gêmea de Bento, Escolásti ca, sabe-se que fo i consagrada a Deus desde sua infância, mas não se têm pormenores ele sua vicia, senão pouco antes ele sua morte.
Barbárie alastl'a-se na época ele São JJenw Acompanhado ele sua ama ele leite, Bento fo i enviado a Roma para estudar. Ali permaneceu certo tempo. M as aconteceu que, "invadido pelos pagãos
das tribos arianas, o mundo civilizado
Por isso Bento foi viver, ainda com sua ama ele lei te, na c idadez inha ele Eficle, onde, auxiliado "por muitos homens honrados ", in sta lou-se perto da igrej a de São Ped ro. Foi nesse peq ueno luga r qu e ele operou o primeiro mi lagre de que se tem notícia. Tendo sua ama emprestado de gente pobre da redondeza um j arro ele barro, colocou-o ele mau j eito sobre a mesa; este tombou, ca iu ao so lo e partiu -se. Vend o a mulh er c ho rar amargamente porq ue não podia devolver o j arro quebrado, Bento juntou os cacos e rezou so bre eles,
tário viveu durante três anos. Foi quando, segundo a tradição, um sacerdote de M onte Precl aro, que planejara seu j antar para o domingo de Páscoa, viu em so nhos Nosso Senhor que lhe di sse: " Meu se rvido r morre de fom e
numa caverna, e tu te prepa,:as deliciosas iguarias". A essa voz o sacerdote se levanta, pega o que hav ia preparado para a refeição, e sai para enco ntrar o servo de C ri sto, desconhec ido por el e. Gui ado pel a mão ele D eus, vai entre as montanhas e rochas até en-
"com os olhos cheios de lágrimas ". No mesmo in stante o jarro se reconstituiu, como se nunca se tivesse partido.
Recolhimento na soli<Jão <le S11biaco A fa ma do mil ag re es palhou -se pel a c idade, e era exata mente o que Bento não queri a. Por isso, resolveu retirar-se para um lugar inteiramente iso lado, onde pudesse estar a sós com Deus. D esta vez, sem leva r consigo nem sua ama, foi para um a região agreste, montanhosa, a umas quatro milhas de R oma, chamada Subi aco. Lá encontrou um monge, R omão, que sabendo de seus des ígnio , deu-lhe um hábito ele eremita e indicou- lhe uma gruta tão inacessível, que dificilmente al guém poderia encontrá-l o. E o me. mo São R omão fazia descer o pão para alimento ele Bento, por uma cordinha à qual amarrara um a sineta. N esse recolhimento total , o soli -
contrar fin almente a gruta ele Bento. Depo is de co m ele rezar por longo tempo, convida-o a parti cipar ele sua refe ição, alegando ser aq uele um dia de festa. Algum tempo depoi s, algun s pastores descobriram o sa nto. No in ício, pensara m tratar- se de algum animal , pois estava vestido de peles, mas depoi s viram que era um solitári o. Este lhes falou ela reli gião, e aos poucos a fama de santidade de Bento irrad iouse pela reg ião.
Ato heróico para aplacar a COJJCII/Jiscência O pai da menti ra qu"i s vingar-se do bem que Bento fazia e do que previa que ele iri a ainda fazer, e sob a forma de um melro começou a cantar, volteando em torno de sua cabeça. M as Bento fez o sinal da Cru z sobre o importu no, que desapareceu. No mesmo ins-
tante o Santo sentiu tão terrível tentação de luxúri a qu e, para apagar seu ardor, jogou-se numa sarça de espinhos, sobre a qu al esfregou seu corpo até o sangue j orrar. A dor física afastou a tentação diabólica, e esse ato heróico valeu- lhe o ver-se I ivre de toda tentação de luxúria para o resto ele sua vida. Séculos depoi s, outro santo, o poverello de A ssis, contemplando enlevado aquela sarça de rudes espinhos, abençooua, e nela surgiram odoríferas rosas. Havia nas proximidades de Subiaco um mosteiro, decadente de seu primitivo fervor. Falecendo seu abade, os monges escolheram Bento para seu lugar. Em vão ele resistiu. Para o bem da paz, acabou cedendo. Mas os monges não puderam suportar suas contínuas adm oestações, seus conselhos, e sobretudo a força de seu exemplo. Resolveram então envenená-lo. Deram-lhe uma taça de vinho na qual havi am derramado substância fortemente venenosa, mas o santo, como era seu costume, fez o sinal da cru z sobre o vinho antes de beber, e a taça despedaçou-se em suas mãos. Bento voltou então para sua amada solidão de Subiaco. 4
11ormaclor <le santos - milagres pol'tentosos A fama do solitário de Subiaco foi es praiando-se como mancha de aze ite, e pessoas de toda condi ção acorri am para consultá- lo ou ouvir- lhe palav ras de vida etern a. Al guns iam mais longe: o nobre Eq uíc io confiou seu filho M auro, de apenas 12 anos, para que Bento o educasse e dirigisse. E o patrício T értul o fez o mesmo co m seu filho Pl ác ido, então com 7 anos. N a escola de Bento ambos chegarão à honra dos altares. Aos poucos, 12 conventos espalharam-se ao redor de Subiaco, cada um com 12 monges e um superi or, tendo B ento a su pervi são de todos eles.
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... Entre os J 2 conve ntos, três ficavam na encosta da montanha, onde não hav ia água. Seus monges tinham que descer as escarpadas encostas para buscá-la no lago, embaixo. Isso não só era muito cansativo, mas aprese ntava riscos. Por isso os monges pediram auto ri zação a Bento para mudar-se para lugar mais propício. O santo quis que e les es perassem. Acompanhado do menin o Plácido, sub iu a montanha, escolheu um local perto dos conventos e marcou-o com três pedras. No dia seguinte os monges notaram que do local jorravam filetes de ág ua, que logo for m ara m um regato descendo montanha abaixo. Outro milagre real izaclo por essa época fo i com um godo convertido, que entrara como noviço em um dos co nve ntos. Bento deu-lhe co mo função cap inar em redor do lago, para acabar com as pragas. O nov iço pôs tanto empenho no trabalho que, estando perto do lago, a lâmi na da enxada sa ltou para dentro da água, num lugar profundo. Contrito e humilhado, o nov iço procurou Mau ro para que este, que era o discípulo predileto, pedisse a São Bento que lhe desse um a penitência. Ao saber do ocorrido, o santo fo i até a beira do lago co m o noviço e, enfiando a ponta do cabo na ág ua, a lâm ina subiu das profundezas e fo i encaixar-se perfeitamente a e le. Noutra ocasião, o menino Plác ido fo i pegar água no lago e caiu , sendo arrastado pela ág ua. Bento, por visão profética, viu o que se passava e mandou que Mauro corresse em socorro do menino. O j ovem obedeceu prontamente e ao pé da letra : corre u sobre a ág ua e pe-
gou Pl ácido pelos cabelos, arrastando-o para a margem . Só então se de u conta do mil agre de correr sobre a ág ua, e o atribuiu a São Bento, que lhe di sse que fora antes um prêmio da pronta obediênc ia. Visto do famoso Convento beneditino de Subioco
Fundação do InOSteil'o de Monte Cassino Ve ndo o bem que faz ia Bento, e co nse ntindo num a tentação do de môni o, um sacerdote que morava nas proximidades, F lorênc io, encheu-se de ódio pelo santo. Tentou matá- lo, e nvi ando- lhe um pão e nvene nado, mas São Bento, conhecendo-o por revelação, ordenou a um corvo que levasse o pão para um lugar onde não pudesse causar dano a ninguém. O clérigo não cessou seus ataques, chegando ao cúmul o de introduzir num dos mosteiros sete jovens debochadas para tentar os monges. Sabendo São Bento que o objeto de toda a ofensiva era ele, resolveu retirar-se, levando consigo alguns discípulos. E chegou à região de Monte Cassino, onde havia as ruínas de uma cidade na qual tinha sido venerado o de us Apolo. No lugar, plantou uma cruz e começou a construção do mosteiro que tanto bem far ia ao mundo daquele tempo.
Regm beneclitina: "suma do cristianismo" Querendo que se us mo nges uni ssem a vida a ti va à contemp lativa, no Ora et Labora (Reza e Trabalha), São Bento escreveu s ua R egra, ob ra-mestra destinada à perpetuidade. Ela é, de acordo com Bossuet, um a
"suma do cristianismo, resumo douto e misterioso de toda a doutrina do Evangelho, das instituições dos Santos Padres, de todos os conselhos de pe,feição, na qual se alcança, no seu cimo mais alto, a prudência e a simplicidade, a humildade e o valo,; a severidade e a doçura, a liberdade e a dependência; na qual a correção tem toda sua firme za, a condescendência todo seu encanto, a voz de mando todo seu vigor, a sujeiçcio todo seu repouso, o silêncio sua gravidade, a palavra sua graça, a força seu exercício, e a debilidade seu apoio". 5 São Bento fa lece u e m 2 1 de março de 543 . •
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E-mail do autor: pmsol imeo @catolicismo.com.br
Notas:
J. São Bertári o, Abade de Monte Cass ino e mártir, apu d Les Pe1i1s Bol/andisles, Vies eles Sa inls, d'apres le Pere Gi ry, Paris, Bloud et Barrai, 1882, torno 3, p.
570. 2. San Gregorio M agno, Vida d e San Be 11.i10, http ://www .sbe n i to.org .a r/
Animais em férias! ;\ Áustria, nação s impática a tantos títulos, ~oj e pe-
r-\ quena, mas outrora sede de um poderoso 1mpen o cri stão, acaba de adotar uma estra nha legislação em matéria ecológica. Concede aos animais uma proteção tão exagerada, que raia as bordas do paganismo. Vacas, cavalos e cabras te rão direito a três meses de férias por ano, ao ar I ivre e sem entraves. As gali nh as deverão ter a se u cli por amp los ga linhe iros, e a criação de frangos em granjas não será mais permitida a partir de 2006. Leões e tigres passam a ser proibidos em c irco. , e não será ma is permitido podar orelhas o u caudas de cães doberman para lhes mudar a aparênc ia. De agora e m diante não será mais possível vender cachorrinhos o u gatinhos em lojas, nem co locar co le iras com pontas em cães e gatos, ne m tampo uco mantê-los presos sempre. Os animais sacrificados de aco rdo com os rituais judaicos o u muçulmanos receberão um a anestesia - não antes, mas após a facada fatal - o que reduz irá em algun s segun dos seu sofrimento. Os contraventores estarão sujeitos a multas que variam ele 2 mil a 15 mil euros. Para arrematar, haverá um ombudsman em cada província austríaca, espéc ie ele fiscal para zelar pelo bem-estar dos anima is. Os camponeses não concordam com essa legislação, inclusive pelo fato ele que perderão a concorrê nc ia para os países vizin hos, que não prec isarão dar fé ri as para as vacas. Por isso o governo vai dar um apo io financeiro aos criadores e conceder dispensas àq ue les que não possuem áreas de pastagem.
Os a11imais fo1-a111 criaclos para o homem O que eleve pen ar um cató li co sobre essa questão? Por brevidade, deixemos ele lado os aspectos ridículos disso tudo, como também a monumental falta de bom senso que preside a essa legislação. E vamos logo ao f undo do problema.
A Sagrada Escritu ra nos e nsina:
"Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus os abençoou: 'Frut(ficai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam. sobre a terra'. Deus disse: 'Eis que Eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus, a tudo o que se arrasta sobre a terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda erva verde por alimento'. E assim se fez" (Gen 1, 27-30). Deus concedeu, pois, poder ao ho mem para submeter a Terra inteira e dominar sobre todos os ani mais. Por isso e le é chamado re i ela cri ação. O homem não é um tirano. Deve respeitar a orde m posta por Deus na natureza, eleve saber agir sempre raciona lme nte e usar as criaturas para, por me io delas, s ubir até a consideração el as perfeições do C riador. Portanto, também não torturfü· anima is, o que seria agi r irracionalmente. M as essa visão católica da criação é totalme nte diferente daque la s ugerida por certos eco log istas radicais, para os quais o homem não seria o rei da criação, mas apenas um ele me nto integrante ela natureza. E até um elemento perigoso, pois capaz de dominar os outros. Alguns chegam até a divinizar a natureza, reed itando ass im velhas heresias gnósticas do tempo do paganismo. Uma proteção tão exagerada e francamente descabida aos anim ais, concedendo-lhes a condição de titulares de direitos, aplicável exc lusiva mente a seres rac ionais, equiva le a uma inversão da ordem do Universo cri ada por Deus. N essa perspectiva, co mo estranh ar que N ossa Senhora chore! •
O que lhe parece um goto leitor e uma cobro como animal doméstico ?
viclasb/v ida0 I .h tm 3. Biografía de San Benito, Adaptada de Vidas de los Santos de Butle r, http:// www.corazones.org/santos/benito.htm. 4. Edelvives, El SanLO de Cada Dia, Ecli torial Luis Vives, S. A., Saragoça, 1947 , p. 2 13. S. Fr. Ju sto Perez de Urbe), O.S.B ., Aiio Crislia11.o, Maclricl, Ecl iciones Fax, 1945, tomo 1, p. 538.
CATOLICISMO JULHO 2004 - -
Ação demolidora da esquerda católica no País E c1esiásticos vinculados à Teologia da Libertação favorecem, com declarações alarmantes, uma "explosão" social no Brasil. É urgente alertar a opinião pública, a fim de evitar que nosso País seja cubanizado. opinião pública já se habituou ao ato de que, sempre que se ouve falar em. invasões, há por detrás ~ delas wn padre, quando não um. bispo, pertencentes a alguma pastoral". Essa constatação impress ionante é desenvol vida e provada ao longo das 60 páginas do recém-lançado livro Pastoral da Terra e MST incendeiam o País (Ed itora Cru z de Cri sto, São Paulo, 2004). Denuncia que a CPT e MST estão intimamente unidos na luta pela revolução social. Trata-se do primeiro volume da Coleção Em Defesa do Agronegócio, promovida pela Associação dos Fundadores da TFP - Tradição, Família e Propriedade e esc rito pelo advogado Gregório Vivanco Lopes. O res um o que segue poderá ajudar o le itor de Catolicismo a dar-se co nta da grav idade do tema tratado e a interessarse pe la le itura da o bra. *
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Logo na Introdução do o púsculo são transcritas recentes declarações de Plínio de Arruda Sampaio, autor do primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária do governo Lula. Referindo-se às invasões de terras, Sampaio afirmou: "Se a elite brasileira novamente bloquear a reforma agrária e impedir que ela seja feita, essa mesma elite vai amarga,; amanhã, uma situação colombiana. [. .. ] Se o MST for desmantelado ou ficar numa situação d/fkil, não tenha dúvida de que esses movimentos todos vão evoluir para po-
sições até aventureiras, e isso terminará numa guerrilha rural". 1 Tais palav ras incendi ári as não constitue m mero marketing das esq ue rdas, mas o livro mostra co mo de fato está e m gestação, e ntre os invasores de terras, um verdade iro mov ime nto g uerrilh e iro . É apo ntada a íntima li gação do MST com . as FARC da Colô mbi a e outras organi zações simil ares na América Latina.
CATOLICISMO
Fac-simile do copo do opúsculo
O papel subversivo <la "esquerda católica" Tal plano de ag itação, tendo como pivô o MST, na rea lidade é impul sionado pela esquerda católica, através de e lementos alta mente credenciados na Hierarquia ecles iást ica e de o rga ni smos como a CPT, o ClMI, re manescentes das CEBs e outros do gênero, os quais se substitue m com vantagem aos Lenines, Stalins e Ho-Chi -Minhs de outrora , na pressão insistente e mesmo violenta por uma Reforma Agrária sociali sta e confiscatóri a. Muita razão tinha o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira quando advertiu profetica mente, em l 981: "A perspectiva admissível [para ofitturo do Brasil] é de um incitamento f eito pelo Clero de esquerda para um levante em m.assa contra os proprietários. Ou seja, para uma luta de classes, cujo êxito custaria ao País uma eventual guerra civil, seguida, ao fim, pela implantação do regime comunista ". 2 Nesse se ntido, por exempl o, vão amolecendo nas cabeças as noções de fa mília cri stã, baseada no matrimô ni o monogâmico e indi ssolúvel, de propriedade e de ini ciativa privadas, de desigualdade proporcional e harmôn ica entre as classes soc iais. Em sentido contrári o, princípios com uni stas como o amor livre, a propriedade coletiva e o igualitarismo vão ganha ndo terreno. O opúscul o de Gregório Vivanco Lopes, que aq ui resumimos, propõe-se denunciar essa situ ação.
/11/iluação comtmista nos meios católicos O com uni smo clássico, de tipo ateu, não conseguiu prosperar no Brasil, nem mesmo na época e m que ele pontificava do alto de sua cáted ra de fum aça e de mentira, na União Sov iética. Os partidos co muni stas brasileiros se mpr foram partidos anões, vistos com desconfiança pela grande maioria da população. E o gra nde obstáculo que encontravam tais partidos para seu c resc ime nto s itu ava-se exatame nte na alm a católi ca do povo brasileiro, fiel à Santa Igreja, aos seus Mandamentos, à sua visão do Universo; fie l ainda aos doc ume ntos e manados da San ta Sé, que invariavelmente condenavam o comuni smo e o sociali smo co mo opostos aos e nsinamentos de No so enhor Jesus Cristo. Não podendo derrubar a cidadela, os inimi gos optaram por infiltrá- la. Através de um trabalho c uida loso e sistemático nos seminári os, nas associações re1ig iosas, nos me io s cató li cos mais influente , conseg uiriam arrasta r - pen savam e les toda a Nação. Esse proces o de infiltração soc ialocomu ni sta que . e fez na lg reja 3 deu ori gem à chamada "esque rda católi ca". Travestido e m re li gioso o socialo-comu nismo, suas po sibili dades de êx ito cresceram conside rave lmente. "Especialmenle a partir de 1968 expl ica Plini o Corrêa de O li veira - começaram a soprar no Brasil os ventos da Teologia da Libertação. [. .. ] Na Hierarquia Eclesiástica, como nos seminários e noviciados, esses venlos sopraram cada vez mais, a tal ponto que poucas Jêm. sido, no Brasil, as vozes eclesiásticas a se erguerem conlra a penetração crescente da esquerda. E assim., para incontáveis brasileiros desnorteados e alvoroçados, a figura que o Episcopado apresenta em seu conjunto é de uma pote ntíss ima força de esquerda ". 4 De fato, ta l infiltração logo começo u a s ur tir efe ito em certas cúpu las ec les iásticas, que em pouco tempo se
bandearam para a revo lução soc ial. O mesmo não aconteceu com a massa dos católi cos . Entre estes, alguns se deixaram influe nciar pela nova linha, mascaminhando devaga r; ou tros simplesmente pararam no tempo; e um considerável núc leo res istiu e m nome da Tradi-
mente. Pode-se dizer que a esquerda católica é a alma do MST. Os clérigos que apóiam as invasões de te rras são os que seguem a chamada Teologia da Libertação. Embora esse tipo de doutrina subversiva tenha sofrido graves reparos e mes mo condenações por parte da Santa Sé, na prática ela continua sendo adotada impunemente por um considerável contingente de clérigos, alguns até alta me nte colocados na Hi erarquia cató lica no Brasil.
As Romarias <la '/'erra e a agitação social
Prof. Plínio Corrêo de Oliveira
ção cató lica. E à med ida que os dirigentes prog ress istas avançava m, tendia a aume ntar em número e qualidade o núc leo dos que res istiam.
As Pastorais geraram o Movimento <los Sem '/'erra O MST é, de longe, o principal movimento de invasões de terras no Brasil, e atua como o fator mais incendiári o do campo: matando gado, qu eimando casas, destruindo pl antações, faze ndo reféns e dando ori gem a todo tipo de violências. Não apenas isso. Manifesta-se também co ntra o agronegócio, contra a ex istência de propriedades médias e grandes, contra a Alca, contra os tran sgênicos, invade terras produtivas, tem um discurso socialo-comu ni sta. Acontece que o MST nasceu da ação das Pastorai s da [greja, e em boa medida é devido a e las que o movimento se sustenta, tanto doutrinária quanto materi al-
A palavra romaria evoca, do fundo dos sécul os, a leg ião de peregrinos que, nos primórdios do C ri st ia ni s mo, cam inhavam milh ares de quil ô metros para visita r Ro ma, a C id ade Eterna, onde se encontra o sucessor de Pedro. Ro mari a faz lembrar ai nda as multidões que anualmente afluem para sa ntuári os famosos, como Aparecid a, no Brasil, Compostela, na Espanha, Fátima, em Portuga l, ou Lourdes , na França. Mas as chamadas Romarias da Terra, promovidas pe la CPT, apresentam características bastante diversas. Constituem um misto de ca minhadas, comícios e shows, e m que os valores re li giosos são invocados para pedir mud anças soc iais. É um meio utili zado pela Pastoral ela Terra para, a pretexto de rel igião, atrair os fiéis para as lutas sociais de caráter esq ue rdi sta, espec ialmente para fazer pressão e m favor de uma Reforma Agrária soc iali sta e confi scatóri a. Um exem plo muito característico fo i a .15" Romari a el a Terra, rea li zada pel a CPT em 3 de março de 1992, e m Hulh a Negra (RS), com apoio das CEBs, M ST, CUT e PT. 5 Estavam presentes sete bispos, dezenas de sacerdotes e freiras. Proli ferava m bandeiras do PT, cartazes ince ntiva ndo a luta de classes, camisetas do Partido Com uni sta do Brasil o u com a efígie do fa lec id o Che Guevara ; bispos à paisana, portando c hapéus de palha ou bonés ; freiras de ca lças co mpri das e agentes pastora is de shorts. "Malditas sejam iodas as cercas", dizia um JULHO2004 -
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cartaz; cânticos contra o dire ito de propri.edade incitavam à guerra contra os proprietários; do carro de som, os líderes incentivavam a destruição das cercas po r onde passavam , mesmo que fo ssem de pequenos agri cultores, po is só o traba lho coletivo e o sociali smo reali zam o "Reino de Deus". Ali ada à luta de c lasses, manifes tava-se també m a luta de raças. O grande ma l para os índios teri a sido a evangeli zação. Houve até ce nas ridículas . Obrigaram os presentes a se aj oelhar diante de um índio e três cri anças fa ntasiadas com penas, para pedir perdão pelo fato de os mi ss ionários tere m pregado a BoaNova de Nosso Senhor Jesus Cri sto. U m locutor inflamado diz ia em nome de todos: "Queremos pedir perdão aos índi-
os e seus descendentes [... ] por lhes termos trazido uma outra religião". Notese que "a outra re lig ião" execrada nesse espantoso ato é pura e simplesmente o Cristi anismo. Um no vo C red o fo i proc la mado:
"Não cremos no Deus que é o sedativo do povo! Não cremos no Deus dos pode rosos e dos ricos! Não cremos no Deus que se encontra nas paredes e nos tabernáculos das igrejas! " Essa referênc ia bl asfema ao Santíssimo Sacramento do Altar não parece ter causado ne nhum protesto. Extinção do agronegócio: nova meta do CPT e do MST
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CATOLICISMO
CNBB pressiona por Reforma Agrál'ia radical Apesar de a prese nta r-se freqüente mente co mo se fosse a pró pri a Igrej a, a esquerda católica, de fa to, não seg ue os e ns ina me ntos tradi c io na is dos Papas e m maté ri a social, e ns in a me ntos qu e co nstitu e m um mo nume nto vivo de co mo se deve pe nsar e ag ir nessa matéri a. Foram eles reto mados e reafirm ados por João Paul o II, no que se refere às invasões de terras no Bras il , e m mais de uma ocas ião . Não só padres e reli giosos têm propul sionado a reali zação de uma Reforma Agrária socialista e confiscató ria, e mes mo apoiado e partic ipado de invasões de terras. Também a CNBB te m atuado nesse sentido, quer apoiando a CPT, quer por outros meios. A cúpul a da CNBB não cri tica e não impede a ação subversiva de suas pastorai s, pelo contrário a apóia. A radicalidade da CNBB tem ass ustado até mes mo o Pa rtido Co munista Bras ile iro. Por ocasião dos debates na Constituinte, em 1987, o presidente do PCB , Roberto Fre ire, ac hou me lhor dissociar-se das pos ições do organismo epi scopal contra o direito de propri edade :
"Existem algumas propostas, inclusive da Igreja, que são uma tremenda demo-
Frade franciscano, com boné do MST, participa de marcha do movimento em Brasília
cratização da propriedade privada, de que até nós, comunistas, discordamos. [... ] O que eu quero dizer é que muitas dessas propostas, inclusive a da Igrej a, quando democratiza demais a propriedade, porque pulveriza, nós, comunistas, não defendemos esse m.odelo de reforma". 6 A C NBB pre te nde rea li za r ainda este ano um a Semana Socia l, ba ti zada " Mutirão po r um novo Brasil ", em torno do combate às desigua ldades. 7 Estranhamente, nunca se diz que as desigualdades a serem combatidas são as inju stas, de onde fica a sensação de que a CNBB é contra todas as des igualdades, mesmo as proporcionais e harmô nicas, o que contraria fl agrante me nte a do utrina católica. Documentos papais tra nscritos no livro de Gregório Yiva nco Lopes mostram claramente que a pro priedade privada é de dire ito natura l, e necessária numa sociedade verdade iramente cristã.
Um pacto agrn-l'ef'ormista entre a CNBB e o governo? Onde a CNBB coloca o maior peso de sua influê nc ia é no defender a Reforma Agrári a soc iali sta e confisca tóri a. A ta l ponto isto te m sido assim , espec ialme nte nos últimos 20 anos, que apesar de te rmos no momento no Brasil um governo decl aradamente agro-reformi sta, entretanto a CNBB insiste numa Reforma Agrária muito mais profund a e abrangente do qu e aque la que o governo vem rea li zando. Haverá, ainda que im plícito, um pacto reformi sta entre a CNBB e o governo, medi ante o qual o organismo epi scopal se in cumbi r ia de pressio nar a o pini ão públ ica, m aj o ri ta ri a me nte cató li ca, a aceitar um a Reforma Agrári a cada vez ma is radical? Ta l poss ibilidade de um pacto j á fo i levantada por ocasião do Pl ano Nac iona l de Reform a Agrári a do gove rno Sarney, em que o própri o Mini stro da Reform a Agrá ri a de então, Ne lson
Ribe iro, foi indicado pe la C NBB. O atua l mini stro e nca rregado da R efo rm a A g rá ri a, Mi g ue l Rosse tto, di sse: "A
CNBB é nossa parceira nessa questão [da Reforma Agrária]".8
Bispos ameaçam com "explosão " E nquanto a moralidade no Brasil decai de modo verti ginoso - com a dissolução das fa mílias, aborto, uniões ho mossexu ais, amor livre etc. - e a religios idade da população e ntra em acentuado declínio, a ponto de muitos, inte iramente aturdidos, proc urarem as seitas protestantes, a preocupação primordia l dos pronunc iame ntos epi copais continua a ser co m os probl e mas econô mi co-soc ia is, apontando "soluções" de ti po socia li sta. E fal ando e m "expi o ões" que ocorrerão, caso não sej am ouv idos. Não são todos, é preci so di zer. Mui tos opta m pelo il êncio, talvez desagradados co m a atuação ele e us colegas de Epi scopado. Ma na s ituação atu a l não bas ta o s il ê nc io. O Bras il está e m c ha mas po r ação da "es q ue rd a cató lica", e o sil ê nc io não o sa lvará da de rrocada. As pesqui as de o pi nião tê m mostrado consta nte mente q ue a grande maioria cios bras il eiros rejeita as invasões ele te rras. A ma is recente de q ue te mos conhec ime nto, do Jn tituto Sensus, revela que 71 % são contra as invasões. 9 E, note-se, bi spos c hegam por vezes a reconhecer que e les estão fo rça ndo a situação, qu e o povo não é favo ráve l a essas invasões. É o ca.·o, por exem pl o, do Bispo de São Féli x cio Araguaia, D. Pedro Casa lclá li ga, qu e é espanho l e se di z «indi gnado" co m o povo brasi le iro porqu e "o povo não reage" : "Não que
eu sugira, mas em outras partes do mundo o povo j á teria aleado fogo no Cong ressu ", cli sse. 10 De modo que a "explosão" anun c iada pe los bi spos não é po r el e ej o cio povo. Estará sendo e la pre parada nos laboratóri os da esquerda católica? A perg un ta não é nada supérflu a. D aí a necess id ade de se de nunc iar essa ação siste mática, baseada na Teo log ia da L ibertação, qu e vi sa arras ta r o Brasil para uma co nvul são sem precede ntes na hi stó ri a nac io na l.
Extensão da pobreza, exagerada para justificar a agitação Para justificar uma Reforma Agrária radical e as invasões de terra , passa-se para o público a idéia de uma pobreza generalizada no Brasil , exagerada até o delírio, com estatísticas improvisadas que fazem chegar os famintos a 32 milhões, 50 milhões e até mais, conforme o lance publicitário o exija . Numerosos especialistas têm desmentido essas estatísticas, mas os agro-reformistas fazem -lhes ouvidos moucos e continuam sua cantilena. Culpam gratuitamente por essa pobreza delirante a estrutura agrária do País. De onde a Reforma Agrária seria a panacéia que resolveria todos os males, e as invasões se justificariam . É claro que pobreza existe, sobretudo em certos bolsões, embora não no nível e na extensão apregoada , e que muitos pobres precisam ser ajudados . Mas o que se cala sistematicamente é que a Reforma Agrária não resolve esse problema, pelo contrário o agrava. Entretanto admitamos, só para argumentar, que de fato no Brasil o número de famintos fosse colossal , especialmente no campo. Teriam sido esses famintos que se organizaram para invadir as propriedades alheias? Não parece. Quem o diz não somos nós . Temos um testemunho bastante insuspeito nesse sentido . Luís Inácio Lula da Silva declarou, após a derrocada dos partidos comunistas: "Quem briga é quem come, quem briga é quem tem sindicato organizado, quem briga é porque já tem um nível de cultura razoá vel. Um cara que está com .. ~ fome não faz a revolução, ele fica submisso. FOME NÃO LEVA NINGUÉM .À REVOLUÇÃO, LEVA .À SUBMISSA O. O cidadão vira pedinte, vira mendigo ". 1 Na verdade, o maior foco de pobreza e mesmo de miséria do País têm sido os assentament os de Reforma Agrária. Eles transformam propriedades rurais, por vezes prósperas e empregando mão de obra, em tristes favelas rurais. É o que prova com abundância de documentação o livro do jornalista Nelson Ramos Barrett o, Reforma Agrária - o mito e a realidade.2 Apesar disso , "o presidente da CPT, D. Tomás Balduíno, e o líder do MST, Gilmar Mauro, defenderam a legitimidade da invasão de terras produtivas" . 3 E na prática isso já está acontecendo.
!1
1. Entrev ista de Luís Jnácio Lula da Si lva a Álvaro Comi n e Carlos Alberto Marques Novaes; tn Novos Estudos CEBRA P, publicação quadrimestra l do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento; julho de 1993; p. 72; destaque nosso. 2. Artpress, São Pau lo, 2003. No mesmo sentido, veja-se o li vro do agrô nomo Xico Graziano, ex-presidente do INCRA, O carma da terra no Brasil, Editora Girafa. 3. "O Estado de S. Pau lo", 17-4-04.
JULHO2004 -
'I Igreja e luta m no ca mpo te mporal pe la C ivili zação C ri stã, nos preocupamos pe la Igrej a. An gusti ados pe la dram ática situação ac ima descrita, roga mos a Nossa Se nhora Aparecida, Rainha e Padroeira do B ras il , qu e livre nossa Pátria dos tão graves males que a afli gem e cios pe ri gos que a ameaçam. •
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E-mail para a redação: reclacaocat @catolicismo.co m.br
Notas:
1. Entrev ista à Agência Brasil, 6-5 -04. 2. Plínio Corrêa ele Oli veira , Sou Católico: Posso Ser Contra a Refonn.a Agrária?, Edi tora Vera
o
-g"
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Miguel Rossetto e D. Geraldo Magella , presidente da CNBB : "A CNBB é nossa parcerra nessa questão [da Reforma Agrária)", afirmou o ministro
Conclusão Ass im , co m base e m d oc um e ntos públicos e notóri os, a obra chega a uma conclu são estarreced ora: o Bras il está se ndo e mpurrado pa ra um a revo lução soc ial de tipo com uno-socia li sta, a partir da Reform a Agrária e das invasões de
terras, contra a vontade da ma io ri a do País; e as mãos que empurram são sobretudo mãos sagradas. Como bras ile iros - diz o texto de G regório Yivanco Lopes - , nos preocupamos pe lo B rasil , e co mo católicos le igos que amam profunda mente a Santa
Cruz, São Paul o, 198 1, p. 80. 3. Já em 1968, o Prol'. Plín io Corrêa ele Ol iveira promoveu, através ela TFP, um aba ixo-ass inado a Paul o VI pedindo med idas cont ra a in fi ltração com uni sta na Igrej a, o qual alcançou mai s ele 1,6 milhão ele ass inatu ras . 4. Plínio Corrêa ele Oli veira, No Brasil: a Reforma Ag rária leva a miséria ao campo e à cida de, Ed itora Vera Cru z, São Pau lo, 1986, p. 36.
S. Cfr. Catolicismo , nº 497 , mai o/1 992. 6. " Jorn al ela Co nstituinte", 13 a 19-7-87. 7. C fr. "Brasil ele Fato", 19 a 25-2-04. 8. " Di ári o ele C ui abá", 1- 11-03. 9. "O Estado ele S. Paulo" , 14-5-04. 10. "Jorn al cio Brasil ", Ri o, 8- 10-95.
INFORMATIVO RURAL
Absurdo: CPf e MST contra o êxito no campo Agronegócio vence a seca - No s ul , qu e m fa la em Ceará pe nsa na seca persisle nle e, porta nto, em baixa produ tividade . Isso fi cou para o passado. O ag ronegóc io j á chega a 5,6% do PIB ceare nse e é respo nsáve l por 52% das expo rtações do Estado. Estão abrindo mercados o me l natural, frutas frescas, s ucos de frutas, pime nta . E també m ca marão. O Ceará é j á o 2º ma io r ex po rtado r ele fl ores bras i.le iras . Em abril , do is co ntêine res co m 40 mil litros ele ág ua de coco fo ram e mbarcados para a Ale manha. O a lecrim , planta nativa da caatin ga, que nasce no sertão sem ser semeada, es tá se tran s form a nd o e m divi sas para o Ceará, por me io ela ex portação do ó leo essenc ia l do alecrim -pim enta, co nstituindo-se num cios melho res anti sépti cos natura is do mund o. Dentro e m po uco o Ceará deverá ex po rtar fil é de til á pi a p ara a E uropa e Estados Unido ("Di ári o do Nordeste", Forta leza, 12, 20 e
Bispo identificado com o MST Em 6 de abril último, causou estupor a atuação do Bispo de Presidente Prudente, D. José Maria Libório Camino Saracho. Os sem-terra haviam organizado uma manifestaçã o naquela cidade paulista, na qual os líderes do MST defend e ram a ções como incêndios em propriedades invadidas e corte d e plantacões - a exemplo do que já havia ocorrido na Fazenda Vera~el Celulose - considerando-as apenas "gestos s imbólicos ". Em seguida, os cerca de 1.500 manifestantes dirigiram-s e "para a frente da Catedral São Sebastião, onde foram recebidos pelo bispo D. José Maria Libório Camino Saracho. Na porta da igreja havia uma bandeira do MST. [. . .] D. José Saracho chamou cinco integrantes do MST e lavou-lhes os pés. Disse que era a forma mais justa de dar boas-vindas e receber os sem-terra. O 1 bispo também beijou os p és de sete agricultores". Passando por cima do direito de propriedade defendido pela doutrina católica, D. Saracho declarou em entrevista: " Terra não tem dono, é de Deus. Ninguém no mundo é dono de nada ". A mesma afirmação , 2 ele a fez durante a inauguração do escritório do MST em Presidente Prudente . 1. "O Globo", Rio, 7-4-04. 2. hllp://www.mi cliainclcpenclente.org/pt/blue/2004/04/277 136.shtml
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CATOLICISMO
Justiça ao proprietário - Po r determinação cio Tribunal de Justiça, o Esta d o d e São P a ul o el e ve pa ga r R$ 555.875,00 ao pecuarista Roberto M aschietto, don o da Fazenda Rio Verde, e m Itararé (SP), a lém el as despesas do processo e honorári os advocatícios. A propri edade fo i invadida em 18- 10-1998, e no di a seguinte foi expedida a liminar de re integração de posse . O contin gente po lic ial só chegou à faze nda no di a 27, e vo ltou sem faze r nada. O acórdão do TJ explica: "seus 200 hom.e n.s se mostraram
absolutamente despreparados, incapazes de superar a resistência dos invasores". Os sem-terra só saíra m no di a JO- li , e nesse período "abateram e furtaram cerca de 290 a 300 cabeças de bois, e o mesmo número de porcos, carneiros e cabritos", di z o laudo pericial. "Houve descumprimento de um dever jurídico estatal ", escreveu o re lator To ledo Silva ("O Estado de S . Paul o", 2 1-4-04).
26-5-04).
CPT acusa agronegócio - A Comi ssão Pas toral da Terra (CPT), em sua 17ª asse mbl é ia nac io na l, e m Go iâni a , ac usou o agronegócio de substituir o latifúndi o co mo prin c ipa l ca usador dos co nflitos no campo, alé m ele res po nsabili zá- lo por ações devastado ra. sobre o me io a mbi e nte no Bras il ( www . cartamaio r.com.br, 18-5-04). O ataq ue se diri ge ass im ao setor que é atualmente o este io ela economi a nac io na l, responsáve l não apenas pe lo equil íbri o desta (42% el as exportações bras il e iras e 25% do PIB ), mas também pe la c ri ação de inú meros e mpregos diretos e indiretos. A impressão que se tem é de q ue a esquerda católica vi sa mes mo arras tar o Pa ís para o mi serabili smo ele tipo c ubano, que j á va i se de linea ndo nos asse ntamentos de Reforma Agrári a.
Intervenção no Paraná - A Corte Espec ial do Superior Tribunal de Ju stiça (STJ) , e m Brasíli a, aprovou por un ani mid ade um pedido de intervenção federal no ParaJ1á, por causa cio não cumpri mento da o rde m ele re integração de posse de uma á rea ru ra l e m Ivaiporã. O pedido fo i fe ito pelos advogados do casal Fl ávi o Pinho de Alme ida e Sylvia Leda A maral Pinh o de Alme ida, do nos da Fazenda Sete Mil. A área fo i ocupada há quase o ito anos pelo M ST. O casa l e fun c io nários sofre ra m vi olê ncia na invasão . Os sem-terra ro ubaram 7 mil cabeças de gado e destruíra m máquinas, a sede e de pe ndê ncias . Em J996, ac io nadas as po lícias c ivil e militar, estas comuni caram "a impossibilidade de atender à or-
dem sem a expressa autorização do governador" ("Fo lha de S. Paul o" e "Estado ele S. Pa ul o", 20-5-04) JULHO2004 -
forcar pelo marido, que, para não comprometer-se, pretextou uma viagem. Depo is, moído de re morsos, confessou o crime e foi expiar seu pecado num convento.
1
+ Itália, séc. IV. Estes do is irmãos ele origem africana, soldados, sofre ram vários torme ntos sob Maximiano, sendo por fim degolados.
7
+ Palestina, 1250 a.C. Irmão
+ Alexandria, séc. II. " Varão
de M oisés, foi seu porta-voz junto ao Faraó, quando das tentativas de libertar o povo hebreu cio cativeiro no Egito. Declarado po r Moi sés, por orde m de Deus, o prime iro e Supremo Sacerdote da Ordem lev íti ca.
apostólico, repleto de sabedo ria, tão grande era seu zelo e amor pela palavra de Deus, que, abrasado de fé e piedade, saiu a pregar o Evangelho de Cristo aos povos que habitavam os mais remotos co,~fins do Oriente " (do Mar-
(cio M artirol ógio Monástico). Primeira Sexta-Feira do Mês
3 São Tomé, Apóstolo Primeiro Sábado do Mês
tiro lógio Romano).
13 São Sitas, Confessor
+ Macedôni a, séc. I. Foi desig nado pelos Apósto los para acompanhar São Paulo e São B a rnabé e m s uas pregações aos gentios. "Cheio da graça
de Deus, exerceu f ervorosamente o ministério da pregação" (cio Martirol ógio) .
8
14
São Procópio, Mártir + Palestina, séc. IV. Prime ira
São Héraclas, Bispo e Confessor
vítima da perseguição de Di oclec iano, segundo o hi storiador E usébio, "e ra originário
+ Egito, séc. III. Estudou na
de Jerusalém e viv ia como asceta. Sua cultura profana era _fi-aca, mas a palavra de Deus era sua força. Foi decapitado após ter confessado valorosamente sua f é" (do M artirológio Monástico).
Escola de Alexandri a, torn,rndo-se depois Bispo dessa c idade. Sua grande fa ma atraía à Sé episcopal de Alexandria muitos eruditos que vinham para conhecê- lo.
nás ti co).
20 Santo Elias, Profeta
21
9
ffi
Santos Mártires de Gorcum
São Tiago, Bispo e Confessor + Ásia M enor, 338. Célebre
cató li cos presos qu a ndo os calvini stas tomaram a cidade, fora m e nfo rcados por defenderem a autoridade ela Igrej a Católi ca e a Presença Real ele Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento.
a ceta, mestre esp iritu al de Santo Efrém, famoso por sua santidade e erudição. Eleito Bispo de Nímisis, na M esopotâmia, foi um dos que conde naram o arianismo.
10
NOSSA SENHORA DO CARMO
Sete Irmãos Mártires + Ro ma, séc. II. Estes sete ir-
Festa prescrita a toda a Igreja em 1726 por Bento XII, tem po r fim ag radecer a Nossa Senhora as extrao rdin ári as graças que concede u à Ordem d o Carmo e a todos os que, usando o escapul ário, se confessa m seus devotos servos.
mãos - Januário, Felipe, Félix , Silvano, Al exandre, Vital e Marc ia l - exortados por s ua mãe, Santa Felicidade, enfrentaram o martírio sob o Imperador Antonino.
19 Santo Ambrósio Autpert, Confessor + França, séc. VHT . "Oficial da corte de Pepino, o Breve, foi preceptor do futuro Imperador Carlos Magno, entrando logo depois para a Abadia de São Vicente, no Ducado de Benevento. Autor muito apreciado na Idade Média, escreveu vários comentários à Sagrada Escritura e várias obras litúrgicas e hagiog ráficas" (cio M artirol ógio Mo-
São Lourenço de Bríndisi, Confessor e Doutor da Igreja + Lisboa, 16 19. Religioso ca-
+ Holanda, 1572. Dezenove
amor e consideração aparentados pe lo marido antes do casame nto passaram , por instigação da mãe deste, a ódi o e maus tratos. Para manter a paz doméstica e obter a conversão ele seus perseguidores, Goeloleva reso lveu sofrer tudo pac iente me nte, com espírito sobrenatural. Foi mandada en-
má rtir São Getúlio, morreu ta mbé m pe la fé católica junta mente com seus sete filhos, C rescênci o, Juli ão, Ne mésio, Primitivo, Ju stino, Estácio e Eugênio.
15
4
Santa Godoleva, Mártir da fidelidade conjugal + H o la nda, 1070. Todo o
18 Santa Sinforosa e filhos, Mártires + Itália, séc. Ili. Esposa do
São Boaventura, Bispo e Doutor da Igreja
São Pedro e São Paulo, Apóstolos leste ano!
5
17 Beato Inácio de Azevedo e 39 Companheiros, Mártires do Brasil
12 Santos Narbor e Félix, Mártires
6
São Panteno, Confessor
Santo Oton de Bamber·g, Bispo e Confessor + Ale manha, l 139. "Na época da querela entre a Igrej a e o Império, por sua correção e lealdade, soube servir sem choques a corte imperial e a Sé Apostólica. Pregou o Evangelho aos povos da Pomerânia e da Germânia do Norte"
São Bento, Abade (Vicie p. 36)
Santa Maria Goretti, Virgem e Mártir Santo Aarão, Levita
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puchinho italiano, pregou durante 20 anos na Itália e Alemanha, sendo um dos mai s terríveis adversários do protestantismo em seu te mpo. Hábil diplomata, fo i encarregado pelo Papa ele de licadas mi ssões, falece nd o e m Portugal, nesse exercíci o. Deixou v{u-ias obras de controvérsia e exegese.
22 Santa Maria Madalena , Penitente
vive u 15 anos co mo eremita no Eg ito. Ordenado, fixou -se e m M a rse lh a, o nde fundou diversos moste iros, nos quai s implantou o a ·cetismo e a espiritualidade dos monges do Egito.
24 Siio João Boste, Mártir
+ Ing laterra, 1594. Tendo estudado em Oxford, converteuse ao catoli c ismo e m 1576, indo para a França, onde foi ordenado. Designado para as mi ssões inglesas, esteve atendendo aos cató li cos residentes ao norte da Inglaterra. Tendo sido de coberto, foi enforcado e esquartej ado, morrendo ass im gloriosamente pela fé cató lica.
uma alcatifa de flores, chegou-se uma desavergonhada prostituta para o provocar à luxúria. Ele, porém, co rtou com os dentes a própria língua e cuspiu-a no rosto da sedutora", sendo depoi s martirizado (do Martirológ io Romano).
29 São Lobo. Bispo e Con fessor + França, 478. Bi s po d e Troyes, esteve na Ing laterra com São Germano combatendo o pelagianismo. De volta a seu país, Átila, o bárbaro re i dos hunos, o reteve como refé m, de le recebe ndo benéfica influênc ia.
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São Tiago Maior; Apóstolo, Mártir
+ Séc. L Irmão de São João, foi um dos três Apóstolos presentes na Tran sfiguração e na Ago ni a do Horto. Pregou na Judé ia, Samaria e Espanha. Seu sepulcro em Compostela foi um dos ma is famosos da Idade Média. Patrono e Proteto r desse país.
26 Santos Joaquim e Ana, Pais da Santíssima Virgem
27 São Celestino 1, Papa e Confessor
Santa Julita, Mártir
+ Ásia M enor, 305. Rica viúva de Cesaréia, tendo sido despojada ele toda sua fortuna por me ios fraudulentos, por um dos princ ipai s da cidade, reso lveu processá-lo. Intimad a, durante o processo, a sacrificar aos ídolos para obter a restituição de seus be ns, preferiu pe rdê- los, e à vida temporal , para ganhar a eterna.
cença, foi atraído a Milão pela sa ntidade de Santo Ambrósio. Eleito Papa, co mbateu as heres ias de Nestório e de Pe lágio, convocando para issb o Concílio ele Éfeso, que proclamou a divina mate rnidade de Nossa Senhora.
28 Santos Mártires da Tebaida
São João Cassiano, Confessor + França, 432. Provençal, fez-
+ Egito, séc. III. Numerosos mártires, que padeceram sob Décio e Valeriano os mais di -
Intenções para a Santa Missa em julho Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre Dav i Fran c isq uini , nas se gui ntes inten ções: • Q ue Santo Iná cio de Loyo la, nobre, mi litar, fundad or da Companhia de Jesus, defensor da Igre ja, um dos esteios da ContraReforma e im pu lsio nador do aposto lado cató lico em todo o mun do - cu ja festa se com em ora no dia 3 1 deste mês - interceda, d iante do Trono do A ltíssimo, por todos nossos le ito res, am igos, simpatizantes e co la boradores, obtendolhes as graças necessárias para permanecerem sempre firmes na defesa da fé e da Relig ião católi ca.
31 Santo Inácio de Loyola, Confessor
ffi São Fábio, Már'L ir
+ Ro ma, 432. Romano de nas-
23 se monge em Be lém, e depois
versos tormentos. A um dos mártires, "levemente atado a
+ Ásia Me nor, séc. III . Soldado, recusou-se a levar as insígni as cio governador provin • c ial, porque ne las fi gurava m símbolos pagãos. Preso, dec laro u-se cri stão, sendo por isso conde nado à morte . Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em agosto • Em louvor à g loriosa Assunção de N ossa Senhora, uma das mais a nti gas festas marianas, comemorada no dia 15 de agosto, celebrando a assun ção da Virgem Santíss ima em corpo e a lm a ao Céu . Que Ela, em sua g lória, abençoe a to dos nossos leitores e colaboradores .
Nobreza e elites tradicionais análogas
"Nâo à censura exercida contra a moral cristã!" Comesse expressivo título, o boletim de abril da
E m Portugal, conferências do Chefe da Casa Imperial do Brasil comprovam a atualidade e a atração que o tema do último livro de Plinio Corrêa de Oliveira continua exercendo no público
associação francesa Avenjr de la Culture (Futuro da Cultura) convoca seus milhares de aderentes a uma mobilização geral
n Jo sÉ CARLOS SErúLvEDA DA
n w.
G ABRIEL DA S1LvA
O
P rínc ipe D. Luiz de Orleans e Bragança vi s itou Po rtu gal no final de ma io. Em Li s boa, no presti g ioso Tluf Club, pres idiu ao lança me nto do fascícu lo As f ormas de governo à luz da Doutrina Social da Igreja , o q ua l reprodu z doi s importa ntes tex tos de Plínio Corrêa de Olive ira, o ri g ina lme nte publicados e m sua obra Nobreza e elites tra-
ara denunciar o projeto de le i d~ g~verno R~ffarin contra o que chamam de homofobia (aversao aos
P
homossexua is) , a assoc iação Avenir de la Culture distribuiu largamente o cartão que ilu stra esta pág ina . Avenir defende que uma lei punindo qualquer "discriminação em nome da orientação sexual" coloca fora da lei a moral cris~ tã. Com efeito, sem fa lar nas condenações bíblicas, o Catecismo da Igreja Católica cons idera que "os atos de homossexualida-
dicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza Romana. A sessão de la nça me nto , o rga ni zada pela Associação da Nobreza Histórica, dirigida pelo Conde de Rezende, conto u com a presença ele D. Du arte e ele Da. Isabel, Duques ele Braga nça , a lé m de 70 re presentantes da aristocrac ia lusa. Em seu prefácio à publicação, destaca o Príncipe D. Luiz a admirável luc idez, orig inalidade e oportun idade dos textos editados, e afirma que os mesmos colocam em re levo temas de e no rme atualidade:
de são intrinsecamente desordenados. Eles são contrários à lei natural e não podem ser aprovados em nenhum caso" (nº 2357). Esse projeto, se aprovado, tornará legítima perante o Estado a união de homossexuai s e colocará fora da lei todo cató lico fie l à Lei divina. Quem confessar publicamente o que afirmam a Bíblia e a doutrina católica a respeito, estará sujeito à ac usação de homofobia. Bastará, por exemplo, que os pai s de família se queixem junto a um estabelecimento de ensino por colocarem um professor ou professora que ostenta a condição de homossexual, para incorrerem nos rigores da le i. Além disso, a expressão orientação sexual abre as portas a todas as pe rversões, como a pedofilia, o incesto e o sadismo.
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La moralc chré11enne cnse, ' gne que: " Lcs ac1es d'ho so111 co111r.111 es à la I moscxual11é s0111 Jnlnnsé u cn aucun cas » (Catéºh' nar wel/c. 1/s ne saura1eq111 emenr déso,donnés //s e 1sme d l'E rccevo,,. d' Avec la lo, pun,ssani I· e ghse calholique - 2357) approba11011 f Timbrez sex uelle », c'cs1IH mora ,1 « d1scrrn11na1ion au n , l ici. !na l1bcrté de profoss lc chrét,enne qu1 cst tnrs J 0111 de l'oncn1at1on )( Mercil a mes cnfan ts qu, m•:'.i°lon attachcmcnt a cette la 101 C'es1donc J Non seu/cmcnt /' s rct1réc. ra e et do Pcnse1gner rna,s l 'cxprcss1on app1 obai1on de l'homose /' J vcrs11és pédoph,J'.~ o;1en1a11on sexuclle» ouv;~~."é dev1ent obl1ga101re, que cc sonr des « o ;ti nc7s1c, sad,sme. On cnse, ~011e à toures lcs pcrprcnt,ssage de la 1 ~ns » lors de cou, s d'éd ~nem dans les éco les De J>lus r.' non-< iscnm111at1on , uca11on scx uelle e1 d 'a1,d ' re1usc1 l'·ldo I f e 1~:~:c;un1na11on P~nicpp:~'~ad;~:1fants er lc managc homosexue/ sera ~ eux qu, se rétc , t ~ mcnr d1scr1111més Le rent a Ja mora le chréhcn ,., l1on imposéc de e· rcspect dcs personnes ne ne scront alo, s grave. . J'a , lede e comporrement clév1ant peulconcluire à /'app1oba- ' Monsieur le p vo,r moral d'cx : Hôtel de Mat· rem1er Ministre 1gnon sacco,d. Jc souJ1a11e pnmer cla1rement CI I rale chrél!ennc c1 I· tous les responsablcs pol p_ubl1quemcn1 mon dé- 1 57, rue de Varenne de fa çon cla1re ct c1(/ o, na: urclle sont encore des ll~Íi~1cs, pou, qu, la mo- J 75700 PARIS de l'homoscxua/1té c1s1ve t ce11c impos1t1on de la r crcnces, s'opposcnt i Date . . reconnaissancc socia lc ;Í · Signatu,·c :
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A TFP francesa aderiu à campanha de Avenir de la Culture. O cartão distribuído por am. bas associações foi enviado por seus adere ntes ao gabi nete do primeiro-ministro e do ministro da Justiça. Este último declarou recenPo11r ,r:cti••oir """ r/J temente que o "casamento" entre homossexuais "é contrário à lei" ("Le Figaro", 28-4-04, pp. 1 e 6). •
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E-mail do autor: w-gabriel @catolicismo.com.br
CATOLICISMO
FO NSECA
t-oo,rlom1é(•s ;
Da esquerdo paro a direita : D. Miguel , Duque de Viseu , Do . Teresa de Orleons e Bragança , D. Duarte, Duque de Bragança, e D. Luiz de Orleans e Bragança .
cido ela Re volução Francesa e "um dos fundamentos da república revolucionária, de cunho anticatólico e antimonárquico, implantada então em França " , que se "tornou o ideal de muitas correntes políticas do mundo inteiro ".
"Mais de dois séculos passados desde a eclosão da Revolução Francesa, muitos dos erros por ela difundidos no campo político-social, que conformaram as nossas socieclades de então para cá, continuam a gerar sérios debates e ganham renovado destaque nas disputas da atualidade".
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A vi sita ele D . Lui z a Portuga l fi cou também marcada por um j a ntar na York Hou se, e m Li sboa, durante o qu a l os Arautos d 'El Rei, g rupo composto preponderante mente ele j o ve ns unive rs itári os, homenageou o Chefe da Casa Impe ri a l do Bras il e seu primo D. Duarte, Duque de Bragança. Este último afirmou à impre nsa: "Meu prim.o tem dedicado
Refere-se e m seguida, a título exe mplificativo, à tentativa de impos ição ü União E uropé ia de um a Co nstitui ção única, a qu a l nega ele modo afronto so as origens e o. fundam e ntos cr istãos da E uropa atual : "Constituição que, no de-
Fac simile do copo do fascículo
sejo de m.uitos, em n.om.e de um espírito de tolerância relati vista, visa consagrar como princípio reclor uma visão oriunda da trilogia revolucionária 'Liberdade, Igualdade, Fraternidade', de cunho inequivocamente anticristão". Meneio-
na ainda o Prínc ipe D. Luiz os recentes debates na E uro pa a respe ito do uso de s ímbol os re li g iosos e m loca is públi cos. Ta is debates fazem reacende r a ca nde nte questão cio laici smo de Estado, e rro nas-
toda a sua vida a defender as causas em que acredita; é uma pessoa muito estimada no Brasil ". Compareceram ao e ve nto várias dezenas de jove ns, e ntre os quai s as filh as da Duq uesa de Cadava l. • E-mail do autor: se pu lvecl a@cato licismo.com .br
JULHO2004 -
Chile: dia de luto
• França: 2 milhões de Medalhas Milagrosas
para a instituição familiar C onsternação não apenas para ·a família, mas para todo o país, devido à recente aprovação da lei do divórcio. Vigorosa reação de Acción Familia contra a nova legislação.
U ma campanha da TFP francesa difunde em profusão, por meio de seus simpatizantes espalhados por todo o país, a Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças m. BENOiT B EMELMANS
ffl JUAN ANTON IO M O NTE.S
Paris - Em suas aparições a Santa Cata-
m 17 de maio, com a prom ul gação da le i lo divórcio , o Chile deixou ele figurar na honrosa I ista cios poucos países cio mundo que aind a respe itam a inclisso lubi li clade cio vínculo conju ga l. Depois ele quase 10 anos ele trami tação no Parlamento , um projeto di vorcista finalmente fo i aprovado com a unanimidade dos vo tos ela e squerda e o apo io ele não poucos pa rl amcnta·o res de partidos de centro-direta . :§ ~ Os promotores da nova leg is lação i s us te ntara m que, desta forma , ev itar- µ,i se- ia m as chamadasjim1des de nuli- ~ e/ade - um rec urso que a a nti ga le i ·g de matrim ô ni o civ il co ntemp lava - , .g" que cons istia m em obter, com base em falsas testemunhas, a a nul ação " cl: dos matrimôn ios c ivi s. Com o pretex to de acaba r com ta is .fi-·audes, os promotores do projeto divorcista exti ng ui ram o matrimôn io indi sso lúve l. O Parlame nto atuou co mo um oc uli sta qu e, para acaba r com um defeito na vista de seu pac ie nte, não encontrasse melhor so lução q ue reduz i-lo à cegue ira .. . Um dos aspectos ma is esca ndalosos d ' ioda a tramitação e posterior aprovação do proj eto de divórc io fo i ter s ido a1 res nlado e apo iado pelo Partido Democrata ristcio, integrado e m sua quase tota li dade por de1 utados e senadores que se d izem ca tó li cos . Se a DC (Democrac ia C ri stã) conseguiu apoio popu lar no pa sa lo , fo i graças a se u no me de cri , tã e ao respa ldo a e la concedido por impo rta ntes autoridades ec lesiásti cas. Não se poderia entender tão completa neg li gência dos re presentantes da Demo-
rina LaboÚré, Maria Santíssima ordenou à santa que mandasse cunhar uma medalha contendo a Sua efígie como distribuidora das graças, com a invocação "Ó
À dir.: o corpo da santa.
Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós" (Vide Catolicismo, Nº 359, novembro/1980 - "Há 150 anos, surg ia a Medalha Milagrosa"). D esde que co meçou a ser propagada , e m 1830, essa me dalh a ficou conhecida como milagrosa, pelos in contáveis favores celestes que recebem aq ue les qu e a levam com devoção. Respondendo aos desejos manifestados a Santa Catarina pela celeste R ainha, a TFP francesa deu início em 2001 à difusão gratuita da medalha. Os simpati zantes da associação pedem determinado número de medalhas e as distribuem e m seus ambie ntes. Muitos oferecem co laborações para c unh ar novas medalhas. A campanha cresceu como bola de neve. Por ocasião da festa da Imac ul ada Conceição de 2003, cerca de 1,5 milhão de medalhas já hav iam sido distribuídas. No mês passado chegou-se a DOIS MILHÕES! A TFP francesa recebe manifestações de gratidão, aplausos e encorajamentos de todos os cantos do país. Mas também sinais de ódio daqueles que se sente m incomodados com a difusão de uma devoção expressamente recomendada por Nossa Senhora! Sinal dos tempos ... • E- mail do autor: bemelm ans @cato lic ismoco m.br
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CATOLICISMO
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Acima : verso e reverso da Medalha Milagrosa .
. À direita : uma das aparições à vidente .
Acción Familia em campanha na cidade de Concepción
cracia Cristã em defender a indi sso lubi li dade do vínculo conjuga l, se os promotores do divórcio não tivessem encontrado apo io em alguns setores ecles iásticos. Nesse sentido, apesar das declarações de bispos contrários ao divórcio , não faltaram vozes ec les iásticas dissonantes, que prepararam o terreno para sua ace itação ; ta is vozes , apesa r dessa atitude censurável, med iante· campanha te lev is iva, contraditori amente foram obri gados a reco nhecer os péssimos frutos do divó rc io na ed ucação dos fi I hos .
* * * Acción Familia, en tidade de leigos cató li cos que se hon ra em co ntinu ar no C hile a gesta do Prof. Plínio Co rrêa de
O li veira em defesa da famí li a, e nvi ou ce nte nas de milhares de me nsagens aos e le itores , pedindo que manifestassem a seus represen tantes a seguinte co ntradi ção: terem s ido e le itos co mo cató licos, e posteriormente manifestado seu apoio ao proj eto de lei divorcista. Segundo informaram meios de comunicação, "as caixetas postais dos senadores.ficara,n abarrotadas" com tais mensagens remetid as pelos e lei tores cató licos, pedindo coerênc ia aos parlamentares. Sem embargo, os representantes políticos preferiram fazer ouvidos moucos à voz de seus representados. Tal atitude não ficou sem sanção por parte do e leitorado. Sintoma do rechaço da opini ão pública aos parlamentares democrata-cristãos foi que os deputados que red ig iram o projeto orig inal de divórcio não se reelegeram. O próprio Partido Dernocrata Cristão diminuiu sua votação em benefício do partido de centro-direita, que inspirou desconfiança no e leitorado qu anto ao projeto divorc ista, e atuou no sentido de defender a indi ssolubi I idade matrimoni a l. Em seu e mpenho de destruir as raízes e as trad ições cristãs da fa míli a no C hile, os promotores ela revo lução cultural que fl age la o país não se dão por satisfeitos apenas com a introdução do divórcio. Eles j á se artic ul am para a provar ta mbé m o aborto e as uni ões homossexuais. O futuro dini até onde a Democracia Cristã e seus conselhe iros ecles iásticos levarão a incoe rê nc ia e ntre seu no me de cri stã e sua ação demolidora da família. • E- mail do autor: ·uanantonio
·ato licismo.com.br
JULHO2004 -
R AINHA DE F RANÇA Vítima do implacavel ódio revolucionário
R PUNIO CORRÊA DE OLIVEIRA
ma das ra inhas mais e ncantadoras da Históri a 755 -1793) viveu seus .últimos di as no cárcere da Concie rgerie. E la j á estava condenada à pena capi tal, tendo sido ali co locada para aguardar a execução. Foi de tal pri são que saiu para ser guilhotinada. Quando estive visitando esse loca l - o fa moso cachot - tive a impressão, entrando nele, de senti r a dureza implacável de sua condenação à morte. Arrastar até esse cachot aquela rainha - uma flor de civili zação, de graça e, e m alguma medida de tradição católica - e dali conduzila à morte, só era possível pela implacabilidade do ódi o revolucionário. No cachot não havia nada que significasse o desejo de tornar um pouco mai s leve para ela essas úl ~imas horas. Por exemplo, consentir que houvesse no local um crucifixo, uma imagem sorridente de Nossa Senhora, ou um móvel que ao menos permi tisse a seu corpo exausto descansar um pouco de suas dores e de suas apreensões. "Umbrce mortis circundederunt me" (as sombras da morte me rodearam), diz a Sagrada Escritura. Era muito compreensível que naquelas condições, sob o peso da sombra da morte, ela encontrasse pelo menos uma poltrona confo rtável onde sentar-se. Não. Di spunha apenas de um catre para dormir. Não me le mbro e m qu e hi stori ador li a seguinte descri ção. De manhã, a janelinha do cachot não tendo vidro nem
veneziana, com os primeiros albores do di a ela acordou. Um di a fe io, com nuvens pesadas . Alguém a- viu deitada de lado, com a cabeça apoiada numa das mãos, enqu anlo ouvia ao longe os sons de tambores que chegavam das mais variadas di stâncias. Provinham das diversas seções de um a espécie de guarda republicana que exi sti a em todos o bairros de Pari s. O ruído dos tambores vi sava despertar o povo e co nvocá- lo para dirigir-se à praça - hoje denominada abstrusamente Praça da Concórdia-, a fim de as istir à decapitação da rainha. Ela sabia di sso. Ouvi a portanto esses tambores de ód io conclamando a popul ação, das mais vari adas distância lc Pari s, para assistir ao regicídi o. , Estari a ela se lembra ndo cio quê? Talvez de sua e ·pl êndicla Schonbrunn natal - o palác io imperi al em Vi e na, no qual res idiu - talvez da Hojburg, o utro majestoso palá io da fa míli a. Qui çá deste ou daquele lugar encantador la Áustri a, de tapeçarias, móveis estupendos, reverê ncias . E de tudo o mais que compusera o ambiente fa bul oso de suu vicia na pátri a que não mais veri a. E m seguida, o ódio revo lucionário que sobe, um a t ' 111 pestade que se forma e raios que se descarregam. Nesse sentido, é expressivo o desenho dela (qu v ·mos acima), sentada na carreta que a condu zia à guilhotina , d · autoria do pintor Jacques Loui s Dav id ( 1748 - 1 25), qu · assistiu à cena. •
Excertos da conferência proferi da pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 12 de abril de 1989. Sem revisão do autor.
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PuN1 0 C o RRÊA DE O uvE1RA
AgosLo de 20 04
Choque de Civilizações - a Cruz versus o crescente Há550 anos teve início uma cruiada que culminou com o triunfo da Cruz sobre a meia-lua rnuçulrnana. Mediante a vitória de Belgrado, foi rechaçado o exército otomano que invadira a Europa.
e
omemoram-se neste ano 550 anos de um dos maiores triunfos da Cristandade . Em 1454 organizouse a expedição católica contra a invasão dos turcos muçulmanos. Estes, tendo tomado Constantinopla (capital do Império Bizantino) em 1453, almejavam subjugar a Europa cristã a partir da tomada de Belgrado. Seria esta a porto de entrado para os muçulmanos, que planejavam avassaladora marcha de conquista de outras nações católicas até dominarem Roma, onde diziam eles - substituiriam as cruzes pela meia-lua islâmica e entrariam com seus cavalos nas igrejas da Cidade Eterna . Naquela época a Providência suscitou um grande santo e estadis ta, São João de Capistrano (1386 - 1456), cognominado O Guerreiro Franciscano de Belgrado. Ele pregou uma cruzada contra os terríveis inimigos da Civilização Cristã e conclamou a formação de um exército católico. Sob o comando do Conde João Hunyady, esse pequeno exército, que não chegou a 50.000 homens, marchou contra as tropas do poderoso sultão Maomé li. Este contava com forças que atingiam o impressionante número de 400.000 soldados, e já sitiava Belgrado por terra e mar. Nesse desproporcional entrechoque, São João de Capistrano chefiou pessoalmente uma ala dos cru CATOLI CI SMO
São João de Capi strano, e mbora vi vend o exclu sivame nte para a Igreja, seri a chamado a prestar-lhe seus serviços em uma esfera mais próx ima dos interesses te mpora is. A se u te mpo, cons um o u-se a qu eda do Impé ri o Ro ma no do Ori e nte, te ndo s id o co nqui stada a c id ade de Co nsta ntin o pl a e m 1453, po r Mao mé li . O isla mi s mo re presentava naqu e le te mpo, para a C ri sta nd ade, pe ri go se me lh ante ao d o co muni s mo e m nossos dia s 1.1952 1. Inimi go el a Fé , vi sa va ex te rmi ná- la da face da Te rra. A se u servi ço, tinh a as riqu ezas , as a rm as, o pode ri o de um dos ma is vastos impéri ós da Hi stó ri a , qu a l e ra àqu e le te mpo o dos turcos . A luta entre os muçulmanos vin-
dos do Oriente, e os cristãos do Ocidente, não era apenas um choque entre dois povos, mas entre duas civilizações; mais do que isto, entre duas religiões .* [continua à p. 20]
Exc,mTos
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C 1\RTA DO
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PAGINA MARIANA Nossa Senhora de Buenos Aires
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EN·1·1mv1STA
Sistema de cotas gera conflito estudantil
Pique teiros caotizam a Argentina
hnportância da Amazônia e soberania nacional
24 P<m orn•: NossA
SENIIORA Cno1u?
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INFOl~MATIVO Rlll~/\1,
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CAP/\
36
VIDAS 1>1~ SANTOS
39
Exoi~c,sMo
42
Di-:sT/\OUE
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D1s,~ERNINDO
Subconsumismo: afronta aos planos de D eus
46 S/\NTos 48 AçAo 52
Nota:
6 44
2
12 A zados, tão inferiores em número, nos momentos mais árduos da batalha, e os conduziu à vitória, rechaçando os turcos muçulmanos do continente europeu em julho de 1456 . Plinio Corrêa de Oliveira comenta esse feito da Cristandade em artigo para o nº 15 de Catolicismo (março/1952), que reprodu. . zImos a seguir:
Nº
i,:
Santo Agostinho, Doutor da Igreja
Ação diabólica nos dias atuais
Fábula ironiza mania tributária Literatura demolidora da inocência
Fi-:sTAs
Do
Mts
CoNTl~A-R1<:vo1,uc10NAmA
AMnmNTES, CosTllMES, C1v11.11.Açêms
A verdadeira IJsionomia de São João Bosco
M ereces r r ss11 l1 11do q11 · Pli 11 io orr ·a de O liv ·irn , j 1 110 i n ·io d11 d Cll(IU de 50, i'u lava em choq11111/n 1•/vl/lz11('1/l1,1·. l'or1a n1 0, muito antes
do l11 11ç111111· 1110 do 1110 propa lad o li vro O Chor1111• t/1• ('/p//1: 11('11•.1·, o he.1·1 se/ler ele Samuel
1h111 ti111• 11111 , q llt' wio II lu 111c cm 1996. Nos di as 11 I1111I s 1·111 1111111111·ss • I11cs mo choq ue, clenunciad11 1w l1111 111 111 do 11 rli go há 5 1 anos, mas sil en-
João Hunyady, nobre húngaro, comand u o exército católico, venceu as força inva • ras turcas, obtendo a vitória d B I rc1d
1•l11d111· 1·s1·11 I1101·11do dos ma is diversos modos, ,· sI11·1·111i1111·11IL' p ·los lai cis1as , pac ifi slas e "ca111 II,•os" pm ~rcss islas.
· Nossa capa: Miséria em Havana : visão de cortiços através de buraco na parede de um prédio
AGOSTO 2 0 0 4 -
Nossa Senhora de Buenos Aires, Padroeira da capital argentina
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o n• 3116 Administração: Rua Armando Coelho Silva, 145 Sala 3 - Pq . Peruche CEP 02539-000 São Paulo - SP Tel : (0xx11) 3856-8561 Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (0xx11) 3858-1053 Fax (0xx11) 3858-1499 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão: Prol Editora Gráfi ca E-mail: epbp@uol.com.br Home Page: http://www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de AGOSTO de 2004: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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80,00 120,00 240,00 400,00 7,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTE,S LTOA.
É bem conhec ida a situação dos povos submetidos ao domínio co muni sta, como na in fe li z uba cas tri sta, país dominado pelo 111iserabilismo, isto é, a ex trema pobreza. Um reg ime ateu , que propugna a iguald acl na mi séria , impõe ali um generali zado .1·1,tbconsurnisrno, o que é contrári o ao reto desenvo lvimento ela natureza humana e ao esp lendor ela ivi li zação Cri stã. Entretanto, apesa r desse nivelamento ele toda uma popul ação abai xo cio limi ar ela pobreza, co mo ocorre na ilh a-pres ídio cio Caribe, não se nota, no mundo civili zado, um clamor de indi gnação e repúdi o ante a ca lamitosa si tuação a que o comuni smo redu ziu o povo cubano. Com o aumento espan toso ela decadênci a moral e do desprezo à Lei de D eus, o que se percebe cada vez mais é uma indiferença a respeito ci o assunto. Nota-se até, em certos círcu los, grav e tolerância ao considerar com simpati a regimes opressores que propugnam o miserabilismo. Com quanta tri steza notamos que intelectuai s ele esquerda e ele diversos movi mentos revolu cionários, e até próceres el a esquerda católica, defendem o regim e cas tri sta, portanto o miserabilismo! Ec les iásticos adeptos da Teologia da Libertação, alegando uma pseuclo~justiça social, prega m a igualdade na mi séria e combatem até mesmo o saudável progresso. Este, contudo, quando autêntico, concede a todo o corpo social um bem-estar e um a riqu eza materi al leg ítimos. É claro que, ele acord o com a vontade do Criador, ex pressa nas suas obras, a prosperidade e os bens materiai s devem ser usados pelos homens segundo a virtude da temperança e o desapego. E também com o exercício da carid ade. São estas condições necessárias para o ser humano almejar e alcançar os va lores sobrenaturais, sobretudo seu fim último - a bem-aventurança etern a. Se vivida com tal espírito verd adeiramente cató lico, uma proporcionada abundânci a de bens materiais, di sseminada pela soc iedade, é também necessária no plano cultural e social, para as magnificências própri as à autêntica C ivili zação Cri stã. Numa sociedade ass im concebida , os mais pobres se benefi ciam da riqu eza dos mais abastados. T ão grave.· e atuai s questões são analisadas à lu z da autêntica doutrina cató li ca, no artigo de ca pa desta edi ção. Trata-se de uma oportuna denúnci a, neste momento em que o Brasil vem sendo assolado pela propaganda de certo esquerdi smo, o qual sorrateiramente se espalha de norte a sul do País, apesar de rej eitado pela maiori a ela popul ação. Desej amos que tal matéria sirva como alerta, a fim de contribuir para evitar qu e o Brasil venha a ser cubanizado. E que, dentro dos sábi os ditames ela Civil ização Cri stã, seja preservada nossa prosperid ade, fruto cio reto aproveitamento das riqu ezas naturai s do País. Evitando-se assim o subconsumismo, infenso à abundância de bens que a Divina Prov idência semeou neste mundo para todos os I ovos. Roguemos empenhadamente à Santíssima Virgem Aparecida, Padroeira do Bra. sil , que Ela não permita que nosso povo venha a ex perimentar tal situação antinatura l, que afronta a glória de D eus, conforme demonstra o arti go m qu stão. Desejo a todos uma boa leitura.
M uito anterior ao descobrim~nto da América, bela devoção italiana, nascida na Ilha da Sardenha, está na origem do nome da cidade portenha n V Aw 1s GR1NsTE 1Ns
uenos A ires, Rio de Janeiro. De onde vêm esses nomes incomuns? São perguntas que co m relativa freqüência fazem os turi stas ameri canos ou europeus que vi sita m nosso Conti nente. De fato, apesar de poderem parece r es tra nh os, pro nun c i am os no mes co mo esses freqüentemente sem conhecer suas ori gens. Não raro, estão li gados a fa tos hi stóri cos. A ori gem do nome Buenos Aires está vin culada a um a devoção nasc ida na Ilha da Sard enha (Itália) . A Madonna di Bonnaria ( Virgem dos Bons Ares), traduzida em espanhol como Nuestra Senora dei Buen A ire, data de 1370. A co nteceu qu e em 12 18 o ca valeiro es panh o l Pedro de N o l asco, nasc id o em B arce lona em 11 89 (hoj e ca noni zado), fund ou por indi cação de Nossa Senhora a Ord em el as M ercês, para li bera r os cri stãos que eram escravos dos muç ulm anos . Esta Ordem, ori gin ari amente espanhola, estabeleceu-se na Sardenha quando os aragoneses desembarcaram na ilha, num loca l próx imo a Cag li ari , conhec ido como a co lina dos B ons Ares. Eles conqui staram a ilha, e em sin al de grati dão construíram no loca l de dese mbar que uma igreja, que fo i doada à Ordem elas M ercês .
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Em Jes us · M aria,
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Uma caixa mistcl'iosa O fundador do convento, anexo a essa igrej a, o Bem-aventurado Frei Cari o Catalano, profeti zou então que um fato prodigioso iri a acontecer nas cos tas da ilha pouco depoi s de sua morte.
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, No di a 25 de ma rço de 1370, um ba rco carregado de me rcado ri as na vegava tra nqüil a me nte pe rto de Cag li a ri , qu a ndo subitame nte começou uma fortíss ima te mpestade. Naque la é poca as e mba rcações não tinham ne m d e lo nge os rec ursos atuais de navegação, e uma das form as de e vita r qu e o ba rco fosse a pique co ns isti a e m ir la nça ndo ao ma r a ca rga, até qu e não ho uvesse pe ri go de o ba rco afund a r, o u até qu e fi casse está ve l. Fo i o que fez o capitão. Orde no u que se começasse a j ogar fo ra as me rcado ri as. No me io do peri go, ne m te mpo havi a para ve rifi car o que e xata mente continha cada caixa. E no me io de tanta agitação, medo e confu são, uma grande ca ixa de madeira fo i també m lançada ao ma r. Logo que a ca ixa tocou a água, a to rme nta parou. A tripulação do ba rco, o bvi a me nte, não conseguia ac redi ta r no que vi a. Alé m do mais, de todas as caixas de me rcado ri as jogadas ao mar, a pe nas a tal ca ixa fi cara bo ia ndo sobre as ág uas . O passo seguinte é ó bvio: eles que ri a m rec upe rar a ca ix a para ver o que havia de ntro. Para isso o capitão o rde no u as manobras necessári as. C uri osame nte, qua ndo o barco começava a aprox imar-se da caixa, esta ia se afasta ndo, ruma ndo e m direção a uma ilha. O ba rco foi seguin do, até que a ca ixa se deteve fre nte à colin a dos Bo ns Ares .
Misterioso e /Jelo desígnio Fasc in ados pe lo fa to, ma ruj os, pescado res e c uriosos que estava m no loca l proc urava m a pode rar-se da mi ste ri osa caixa para le vá- la até a praia. M as, q ua nto mais procurava m alcançá- la, ma is e la se afastava rumo ao a lto ma r, a té q ue se pe rde u de vi sta. Pode mos be m imag ina r a co moção qu e ta l fa to produ z iu , es pec ia lm e nte numa é poca e m que não havia te le vi são, inte rnet o u rádi o, que nos satura m hoje co m no tíc ias c uri osas, importa ntes, banais o u noc ivas . Al gun s di as de po is, um me nino que andava pela costa descobriu uma gra nde ca ix a no me io do matagal. Corre u até o conve nto dos me rcedários pa ra da r a notíc ia. D o is frades apressaram- se para c hegar ao loca l. De fato, e ncontra ra m-na no me io dos juncos .
-CATOLICISMO
Eno rme foi a s urpresa qu a ndo, ao a brir a caixa, viram de ntro lim a be la e celesti al im age m de Nossa Senhora, magnificamente vestida, com o M e nino Jesus no braço esque rdo, um a ve la acesa na mão dire ita e um pa no ma nc hado de sang ue sobre a manga dire ita do hábito, cobe rto po r um be lo ma nto azul com fl ores do uradas e uma túnica cor-de-rosa. O M e nino Jesus tinha um g lo bo terrestre na mão esque rda, e com a mão dire ita a be nçoava . A image m medi a um metro e me io de a ltura, e fora esc ulpida e m made ira de algarobo.
Maravilha so/Jre11atm·al N atura lme nte a image m foi de no minada Virgem dos Bo ns Ares, poi s esse e ra o no me da colina que os frades tinha m escolhido co mo local de moradia . F izeram e les e ntão um a pe rg unta qu e hoje muitos con s iderari a m sem impo rtâ nc ia: Onde co locar a im agem ? O altar princ ipa l j á estava ocupado pe la Virgem do Mil ag re . Co locá- la num a lta r late ral ? N ão seri a " re ba ixa r" a im agem e ncontrada? C o mo co ns ide ra r "sec und á ria" uma image m·que apa recera de form a tão prodi g iosa ? Para a me ntalidade mode rna, a ho nra e o protocolo são coisas totalme nte irrelevantes . O que é fa lso, po is estão inti ma me nte ligados à virtude da justiça. Por esta virtude, deve mos da r a cada qual o que me rece . Se uma pessoa me rece um trata me nto espec ial, peca mos co ntra a virtude da justiça se da mos a ela um trata me nto ig ualitári o . O fato é que a Virgem do Mil agre ti nha seus de fe nsores, e e la fi cou no altar princ ipa l, e nqu anto a image m recém-encontrada fo i levada pa ra o alta r late ral. Mas, o h prodíg io ! No di a seguinte, os re i ig ioso. fi cara m estupefatos qu a ndo e ncontrara m a Virgem dos B o ns Ares no a lta r princ ipa l, e a o utra im age m - a de Nossa Senho ra do Mil ag re - no a lta r latera l. Imagina ram que talvez fo ·se obra de a lg ué m espec ia lme nte partidá ri o da nova image m. Ass im , os frades trocara m as im age ns de seus lugare ·. Po r duas vezes muda ra m e les as imagens dos locais, e nas duas ocas iões vo ltaram a reencontrá- las e m locais di fe re ntes. D evido a esse mil ag re, ning ué m mais se atreve u a tocá- las.
Na hi stó ria de Nuestra Seno ra de l Buen. A ire, reg istra-se um fato muito c uri o.-o: uma j o ve m da c idade de pos ito u di a nte da image m um peque no barco de marfim , sustentado po r uma corda, e m s ina l de gratid ão po r uma graça al cançada. A pa rtir de ·se mo me nto o barco passou a a po nta r, de de ntro da ig rej a, a direção dos ve ntos. o m isso, os na vega ntes diri g ia m-se à im age m a ntes de ave nturare m-se ao ma r. Desde aque la lo ng ínqua é poca, essa image m to rno u-se a Padroe ira da Ilha da Sarde nh a e Padroeira dos Navegantes, e no loca l do mil ag re foi construída um a linda bas íli ca, que até hoj e e ncanta os fi é is e vi aj a ntes de todo o mundo que lá acorre m.
A Salve Rainha
(conclusão)
A série de comentários sobre essa excelsa oração encerra-se nesta edição com a jaculatória final: Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. oce confiança a que M a ri a in spira a todos os corações c re ntes que a ama m com fe rvo r, a invoca m e m suas provas e tribul ações e ca nta m seus lo uvores e m todas as líng uas da Terra. O enfe rmo recorre a M a ri a pa ra pedir sua c ura ; a a lma inquie ta, a paz; o coração ang usti ado, a resig nação e a ca lma; o â nimo ang usti ado, um po uco de esperança. [ ... J
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E como foi tal image m parar na Argentina? O s frades me rcedários fo ram uma das o rde ns reli g iosas que ma is se destacara m na c ri sti a ni zação da Amé rica. Desde o iníc io, muitos sacerdotes dessa Orde m fo ram vo luntá rios p a ra aco mpa nh a r como cape lães os conqui stado res espanhó is. Qua ndo Dom Pedro de Me ndoza pe rcorre u o Rio da Prata, e m 1536, os padres me rced ários, de votos dessa Virgem dos Bo ns Ares, o acompanh aram . Fo i por essa razão que e le co locou no recé m-fund ado po rto o no me de tal devoção . Este fracasso u, mas qua ndo Pedro de G aray voltou a fund ar uma c idade e m 1580, no mes mo local , ma nte ve o no me de Po rto de N ossa Se nho ra dos Bo ns Ares. D a í de rivo u o no me que hoje conhecemos da cidade - Bue nos Aires - te ndo infe li zme nte perdido po r s im pi iti cação, ao me nos no Iing uaj ar corre nte, a invocação de Nos a Senhora. Aconse lho aq ue les que vis ita re m a inte ressa nte europeizada capital argentin a a ve re m a cópi a dessa image m da Mado nn a di Bonna ri a - doada há meio século pe la Federação Sarda-Argentina . - na Praça e rde nha, na Av. Antártida Argentina, 1455. • -mai l cio aut or: va lei isgri nstei ns@catol ici smo.com. br
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Agradecemos ao Sr. A lberto M anfrecl i, ela Arge ntin a, pela document ação fo rnec ida. Ela servi u de base para este arti go.
Ó M a ri a ! Quem sois e o que sois, pa ra que todo esse conjunto de necess itados recorra a Vós, e tão pro nta me nte recobre a espe rança?
Quem sois? Uma Mãe para todos, que devo lve is aos corações mais fe ridos e aba ndo nados a espe rança e a vidçi. M ãe
compassiva, que se compadece de todo so frim e nto, de todo a bando no e de toda do r. M ãe amorosa, que se co mo ve ao meno r grito de seus filhos e acode ao o uvir o ma is li geiro suspiro . Mãe vigilante, que vê, compreende e sabe tudo, e não descansa e nquanto te m alg um bem a di spe nsar. [ .. .]
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Ó M ãe a mada ! Sempre sere is toda pode rosa, toda mi seri cordi osa, boa integra lme nte pa ra todos. O sorri so de vossos lá bios atra irá sempre o pobre, o que sofre, o culpado, e nin g ué m se re ti ra rá sem leva r, dadas po r Vós, a paz e a espe rança.
Ó Mãe sa nta! Ning ué m pode aproximar-se de Vós sem expe rime nta r e m s i mes mo algo mais santo, se é puro. Como a lu z se mpre ilumina e o fogo sempre aquece, assim
Santa Mãe de Deus
vossa santidade sempre santifica. Co ncede i-nos que, ao menos po r um in sta nte, a prox ime m-se de Vós as almas que nos são que ridas e vi ve m afastadas de Deus.
!...]
Ó M ãe amá ve l! Em todas as c ircun stâ nc ias, sempre dais
V: Rogai JJOI' nós, Santa Mãe ele Deus; R: l'arn que sejamos dignos das pmmessas de Cl'isto
algo àque le que para Vós este nde suas mãos, o u que mal se
Broche di ama ntino com que se e ncerra esta sole ne , pro-
diri ge a Vós do mai s ín timo de seu coração. Qua lque r que seja
fund a, grandiosa, de li cada e dulcíssim a prece, que as canne li -
o estado de um a alma -
sej a dé bil , sej a c ulp,1 ve l, ora covarde
tas má rtires de Co mpi egne e ntoara m fe rvo rosame nte no ca mi -
o u desespe rada - , ja mais se retirará de vossa presença pro-
nho do sacrifíc io pe la fé de Cri sto, e que a fg reja canta o u reza no fin al de seus c ultos e sole nidades.
nunc ia ndo esta tri stíssim a ex pressão: Ela me rechaçou! Graças, me u Deus, po r me terdes dado Maria! Graças, Santa Igrej a Cató li ca, po r haver- me inspirado a doce o brigação de invocar, de recorre r a M a ria' Graças, minh a mãe a mada, po r me te rdes e ns inado, e m minha infânc ia, a balbuc ia r este dul c íss imo no me !
Fo rmoso e fe rvo roso epíl ogo de qua nto se di sse à Mãe do
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Amo r e da sa nta Es perança. •
Excertos da obra cio Pe. D r. M anuel Viciai Rodríguez, La Salve Explicada, Ti pogr afi a ele "EI Eco Fra nci sca no" , Santiago ele Co mpostela, 1923.
AGOSTO 2 0 0 4 -
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peço que e la reze po r nós lá cio Céu.
www.catolicismo.com.b1·
1'otali<lade ótima
(M.A.P. - RJ)
Escreve- lhes um use iro e veze iro do s ite Catolicismo, ne le e ncontro info rmações para tudo o que prec iso pa ra a cate quese. De coração, me u ag radec ime nto, e ele coração peço a De us e à Virgem Mari a que lhes pag ue e que possa m continua r sempre nesse trabalho da boa le itura, ela boa do utrina. De ixo registrado me u pedi do de orações ao Cônego José Lui z Vill ac pe la minha famíli a e situação fin anceira. (C.M. - ES)
Só não come nto esse o u aque le te ma ela rev ista, po is tudo de la é ótimo. Mas gostari a de escrever isso para vocês. Só s into muito não te r condi ções ele ajuda r mai s. (A.C.G. - SP)
Su1Je1·-interessante
Bússola
Clareza
~ Até esta data a inda não recebi a re vi sta ele julho . Po r fa vo r, se j á ma ndara m , peço que ma nde m de novo, po rque deve te r-se pe rdido pe lo caminho e prec iso de la . É c uri oso, mas a rev ista Catolicismo me faz muita fa lta, qu a ndo não a le io no mês, fi co sem sabe r o que está seriame nte aco ntece nd o, e fi co se m rumo para me g ui ar nesses ca minhos tão confu sos desse mundo tão confu so. Ag uard o reto rn o. (D.F.D.C. - SP)
Te nho recebido as revi stas Catolicismo , se mpre mui to a tu a li zadas,
Jesus e Maria ~
Jesu s é o Caminho, a Verdade e a Vida . Conte mpl ando esse Caminho, nos e ncontra mos com Mari a que, pe lo seu "S im", nos de u a poss ibilidade ele conhecer e seguir este mesmo Cami nho. Ag radeço toda de dicação, cari nho, a te nção que nos dedico u. (Ir.
M.C.I. - RJ)
Subconsumo ~
Todo mundo gos ta ele da r s ugestões, e u não posso ser uma exceção, e ntão e nvio a minha modesta s ugestão: imprimir qua ntid ades do ar tigo
_O Brasil no caminho do Zimbábue? Um sol no invenw es1Jfritual Muito lo uváve l o traba lho da revista Catolicismo contra a fri eza re li g iosa que todos sente m na pró pri a a lma, uns ma is o utros me nos, mas to- . cios que e u conheço lame nta m isso. Contra essa fri eza, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é o sol. N os di as que vive mos esta mos no inverno cio cristi ani smo, por isso Catolicismo faz muito be m em tirar do "guarda-roupa" os agasa lhos que rea lme nte pro tegem a nossa fé, e um desses que ma is nos te m protegido é a literatura que nos oferece todos os meses Catolicismo . A revi sta ao mesmo te mpo mostra os ri go res cio invern o, como cató li cos pe rseguidos, o paganis mo que c resce, as fo rças secretas de mo lidoras cio país, os di sparates da esque rda tu piniquim , a imo ra lidade que invade até nossas casas pe la TV, e tc. Mas Catolicismo aquece nossa confia nça na aprox imação da primavera, o nde Nossa Senhora va i ser a Rainha do mundo todo, e o Sagrado Coração ele Jesus adorado po r todos. Sagrado Coração de Jesus, te nde piedade ele nós. (A.P.P. - PE)
Sagrados Corações Para nossa sa lvação, o a mor ao Coração de Jes us e ao Coração de Ma ri a é a c ha ve pa ra o Re in o cios Céus. Goste i mui to da hi stó ri a da santa que ta nto a mo u esses corações, e
CATOLICI SMO
e di stribuir para todos os sem-te rra , ta mbé m nos aca mpa me ntos de les, dizendo: é isso que vocês que re m para o B ras il ? Que nosso Pa ís da prospe ridade c hegue à mi séri a tota l? Vocês não pe rcebe m que não estão prejudicando some nte os faze nde iros mas a todos os bras ile iros que licarão come ndo o que se come no Z imbábue = quase nada? (A.S.P. - MS)
Brilho solar ~
1'errorismo islâmico Parabé ns ao artic ulista W. Ga brie l da Silva pe la exce le nte matéri a na Revi sta Catolicismo, nº 642/Junho/04,
O terror islâmico ameaça o mundo . Ele conseguiu , ele ma ne ira magistral , a bo rda r um te ma que subj az ao probl e m a O c ide nte/Ori e nte: o modus operandi ele como a vida é va lo ri zada ou desva lo ri zada no confro nto destas duas vi sões ele mundo. Confesso que me inte resso pe lo ass unto, e e m nenhum dos jo rna is o u revi stas especia li zadas li a lgo a respe ito . Alé m do ma is, o S r. Gabri e l dá um a clara idé ia cios infié is islâmicos - vi sto que acredi ta m e m um pseudo-profeta pro mísc uo, mulhe re ngo e que nunca mo rre u pelo seu povo, co mo 110. ·so adorado Sa lvado r Jes us, razã pe la q ua l devemos lo uva r ta l ma té ri a . Gostari a de pode r le r ma is sobre a a meaça is lâmica que afro nta e destró i vidas inocentes . (T.J.G. - SP)
Co mecei a recebe r esta rev is ta cató li ca so me nte e m feve re iro e esto u a dora ndo. Ta nto qu e co nseg ui co m minh a a mi ga e mpresta d as TODA S as revi stas d o a no passado, e j á esto u pe la metade na le itu ra. Esta revi sta ofu sca todas as o utras, e po r isso esc revo para da r me us para bé ns. Parabé ns inc lus ive pe lo acaba me nto pe rfe ito na apresentação das páginas. Só te nho que s ugerir a publicação ele a lg umas o rações para reza r e m fa míli a. (N.N.G. - PR)
~ A revi sta é ótima, super- inte ressa nte. T rata de todos os assuntos com muita transpa rê nc ia e c uidado. Parabé ns, continue m assim , que De us os abe nçoe. (M.M.D. - SP)
numa ling uagem cl ara. Goste i basta nte e fi co esperan do ma is nov idades.
(M.N.R.S. - CE)
Co,·dch'.inhos ingênuos O gove rn o está com e te ndo um de i ito se m precede ntes neste País, desarma ndo a po pulação. Ela está fi cando à me rcê d os ba ndidos. Estes estão re no vando seu arma me nto, para sempre fica r com poder de fogo superi o r às fo rças po lic ia is. O pi o r é que há aqui pe ncas ele bo bões qu e estão imbec ilme nte e ntregando suas a rmas seus me ios de defesa - como corde iri nhos inocentes. Não rec la me m qua ndo o lo bo bater às s uas po rtas. Como pode um c hefe de fa mília e ntregar seu me io de defesa, de ixa ndo os seus à me rcê cios lo bos? Esses estão mui to satisfe itos com os pro moto res d o d esa rm a m e nto im bec il.
(P.D.M. - RJ)
Enriquecimento espiritual A le itura da re vi sta está ma is agrad áve l. Com seus ass un tos s ugestivos to rn ou-se uma rev ista esc larecedora, e nriquecedora, que nos ajuda a fi carmos me lho res co mo seres hum anos e fi lhos ele Deus. (T.S.M. - SP)
Claro e acessfrel Catolicismo é um a re vi sta que atinge sempre seus o bj e tivos, nos info rma ndo tudo sobre re li g ião, atu a li zação ela Ig reja e seus seguidores. Traz me nsagens claras e acess íveis a todo mundo . Para bé ns. (M.F.M. - SP) Censura Uma rev ista prá tica e bo nita. É co mpl e ta, pe na que é me nsa l e não quinzena l. Deve ri a ser a inda ma is du ra e m re lação ao comuni smo, ao PT, ao M ST e ao terro ri smo. (J.D.L. - SP)
Me,lallla Milagrosa
IBJ N o di a 30 de j a ne iro sofri um atropela me nto. F ui j ogada e m c ima cio capô ele um carro e ati rada a un s 2 me tros na f re nte. A meda lha ele Nossa Senhora g iro u e m me u pescoço, e o carro pa ro u qu ase e m c ima ele mim . Eu ia ser atro pe lada du as vezes. Nada sofri. Levante i com a ma io r ca lma e fui aca lmar o motori sta. Tenho certeza ele que, na ho ra da batida, Nossa Senhora passo u na minha fre nte e me pro tegeu. (A.R.F. - SP)
Boa l'ormação e inl'onnação
Ac ho a revista muito boa mesmo, apre nde-se muitas co isas no vas e boas. É marav ilhosa, e tudo ne la está c m o rdem . (J.N.K. - SC)
É a ma is linda publi cação e m todos os as pectos . De g ra nde e boa fo rmação e info rmação, e peço à M ãe de Nosso Se nho r Jes us C ri sto pa ra que e la atinj a os lares de todos os bras ile iros. (H.L. - MG)
Bem csµil'itual
De<licação à boa imprensa
Gos to mu ito el a rev ista, po rque tudo fa la sobre nossa re li g ião, el as co isas ele Deus, e a le itu ra faz mui to be m para minha a lma. (C.F.R.-MG)
Esto u muito satisfeito com o Catolicismo , mui to bo nita apresentação
Coisas novas e boas
pa ra beni za r a todos a í que ded ica m seu te mpo pa ra produ zir tão boa le itura. (A.C. - SP)
dos te mas. Na m inha opini ão, estão ótim as as maté ri as da revi sta. Quero
Novena ,la Medalha Milagrosa ~ Minha mãe tinh a grave fe rime nto. O médi co di z ia q ue era câncer. Co mece i a reza r a no ve na el a Medalha Mil ag rosa. Feitos os exa mes, era a pe nas úlce ra. G raçàs a De us Todo Pode roso e à M e da lh a Mil agrosa, minh a mãe est~ c urada. Essa fo i uma das graças marav ilhosas e ma is im po rta nte até hoj e. Nossa Se nh o ra nun ca d e i xo u d e me ate nde r.
Guar<la Suíça N o Catolicismo , núm ero 643, mês de julho, à pág ina 13, e sob o títul o Heroísmo da Guarda Suíça suscita admiração, de fa to s usc ito u ta mbé m a minha admiração. Admi re i o fa to de ex istir essa g uarda cio Pa pa, ad mire i os uni fo rm es co lo ri d os, quão dife re ntes el a fa rclinha dos po li c ia is bras il eiros. M as a lé m daquelas info rmações, gos ta ria de saber po r que são s uíços e não itali anos . Ou a pe nas tê m o no me de Guarda Suíça po r um a tradi ção, mas e la é form ada por pessoas de o utras nac io na l idades? Fo i a lg um Pa pa que bolo u aque le uni fo rme? Os g ua rdas só usa m aqu e la es pa d a no uni fo rme? Qu a l s ua destinação? O que é necessá ri o pa ra ser um e le me nto dessa Guarda? U m bras il e iro co mo e u pode ri a ser um d e les? (U.F.Z. -SP)
Nota da redação: A Guarda Suíça é fo rmada po r vo lun tá rios suíços, procede ntes de Lucern a e ele a lg uns o utros Ca ntões s uíços. E la fo i f undada pe lo Pa pa Júli o ( 1443- 15 13), e o uni fo rme dessa corporação fo i desenhado pe lo céle bre pinto r Mi c he la nge lo ( 14 75- 1564). Alé m da espada, esses g uardas po rta m ta mbém, e m ce rtas ci rc unstâ nc ias, uma a labarda. Eles são res po nsáve is pe la segura nça cio Pa pa e ela C idade cio Vati cano e pa rti c ipam ele di ve rsas cerimô ni as. Para pe rte ncer a ta l Guarda é necessário ser cató lico, ter uma re putação impecáve l, ser suíço, ce libatári o, ter e ntre 19 e 30 a nos e uma a ltu ra mínim a de 1,74 m , pe rte ncer a di stin tas fa mílias cató licas daque las reg iões e te r prestado o servi ço mili ta r.
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Cortas, fax ou e-mails poro os seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição .
(A.V.L.M.D. - CE)
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Pergunta - Sendo católica convicta e praticante, apesar da aridez por que atualmente passo, procuro rezar o Santo Terço todos os dias, à noite, e sou muito devota de Nossa Senhora. Sou assinante dessa maravilhosa e instrutiva revista Catolicismo. Analisando este mundo atual, tão conturbado, tão descrente e tão afastado de Deus eda Religião, gostaria de saber, se for possível, em que século e em qual lugar do mundo o povo foi mais cristão, mais chegado a Deus e mais devoto de Nossa Senhora. Gostaria de saber também como teve origem o Santo Terço, o Santo Rosário, quem os instituiu e em que época.
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retorno deste mundo a Deus e ao regaço da Santa Madre Igreja. Ver essa realidade é orna graça moito espec ial de Nossa Senhora. Peço à M ãe de De us que pro tej a de modo parti cular todas as almas que sabem ver essa trág ica situação, e as faça aproximare mse mais e mais de outras idênticas, esparsas por esse mundo afora, a que m Nossa Senhora concedeu análoga g raça. Pois a união faz a fo rça, e unindo-se a óutras da mes ma índole, pode m e las oferecer uma res istência eficaz à desc ri stiani zação do mund o e apressar a intervenção maravilhosa - mas provave lme nte severa - da Providê ncia, qu e provoqu e o re to rno da humanidade a Deus. Este po nto é tão impo rta nte, que não podemos fi car nas sin téti cas considerações ac ima. Convém que as ex pli c ite mos.
Resposta - A as, in ante de Catolicismo que nos consul ta vai diretame nte ao po nto mais crucial do di agnóstico do mundo atua l. Sem sabe r, talvez, que recebeu uma g rande graça de N ossa Se nhora ao chegar à descrição que faz em termos tão exatos e reali stas: um mundo "tão conturbatlo,
tão descrente e tão afastado de Deus e da Religião".
"1'c mpo houve cm que ... "
Embora seja até ba nal a constatação de que o mundo de hoje va i mal, poucos a exprime m com prec isão e acerto, indo à ra iz de todos os proble mas, que é o fa to de este mund o te r-se afas tado d e Deus e da Fé cató lica. E daí ve m a minha prime ira recomendação à consule nte: agra-
Dentro de sua lóg ica sim pl es e acertada, a ass ina nte de Catolicismo dá-se logo conta de que a presente descri stiani zação do mundo é crescente, e daí dedu z que houve ante ri o rm e nte um a é poca e m que a humanidade estava mais próxima de Deus. Conseqüente mente se perg unta qual fo i essa época e em que lugar do mundo isso se rea li zou. Tal pergun ta j á foi respondida pe lo Papa Leão XIU, na
deça muito a Nossa Senhora por lhe ter feito ver essa verdade, apa rente mente tão simples, mas que muitos grandes des te mundo, fi a ndo-se nas própri as lu zes e e m preCATOLICISMO
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tensa sabedori a, não perceberam. Basta ler os jornais, cheios de sugestões de toda ordem J)ara consertar o mundo; equi vocadas e mesmo estapafúrdi as - e por isso mesmo inoperantes - , pois despreza m o ponto fund ame ntal, que é o
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g Cônego JOSÉ
LUI Z VILLAC
encíclica lmmortale Dei, de 1° de novembro de 1885, na qual esse célebre Pontífice afi rma: "Tempo houve em qu a f ilosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sa bedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a Religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era f lores. cente, graças ao f avo r dos príncipes e à proteção legítima dos Ma3istrados. Então o
Sacerdócio e o Império estavam ligados entre si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, cuj a memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adve rsá rios poderá corromper ou obscurecer". O Pontífi ce refere-se evidentemente à época hi stórica chamada Idade Média - cuj o auge pode mos situar no século X I[[ - tão denegrida pelos
adversári os da Jgrej a. Não q ue na ldade Médi a não tivesse havido fa lhas. Mas os adversários da Igrej a a denigrem j ustame nte pe lo q ue e la tinha de bo m - isto é, a cri sti ani zação de todas as institui ções ecostumes da soc iedade - e pe lo bom entendimento que hav ia entre as auto ridades re ligiosas e civi s, incl usive os representantes das entidades privadas, toda.· impreg nadas de um a profunda religiosidade católi ca, ela qual apenas restaram traços e m nossos dias.
O pmcesso de
descristianização Pelo fim da ldade Méd ia, entretanto, co meçou um processo arti c ul ado de a fastamento da humanid ade cios sadi os prin c ípi os do Eva ngelho, afastame nto esse que o Prof. Pl ini o Corrêa de O li veira descreve mag istralm ente e m se u livro Revo lução e Contra-Revolução. Nesse li vro, a le ito ra e nco ntra rá uma desc ri ção profun da, e mbora s in téti ca , desse processo de desc ri sti ani zação ela soc iedade c ivil , o qual, infe lizmente, c hegou a penetra r no própri os me ios re li g i9sos . É o que ex pli ca a cri se em qu e se
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debate a Sa nta l g rej a, sac udida e la ta mbé m por fe rme ntos revo lucionári os, cri se essa qu e se desenrol a di a nte de nossos olhos, e cujos efeitos são noticiados (e muitas vezes amplifi cados) pe los meios de comuni cação soc ial. O remédi o? - É simples: o re to rn o da huma nid ade à observância dos dez Mandame ntos e aos princ ípi os do Evange lho e da Tradi ção cri stã. Não se trata de copi ar o passado. Tra ta-, e de bu sca r nele a in spiração para um fu turo ai nd a ma is espl ê ndido, que as circ unstâncias concretas irão modelando. Porém, como es perar que isso aco nteça? ,Hum aname nte fa land o, há pouca o u nenhuma esperança. E ntretanto, a Prov idência acompanha às vezes com castigos, mas ta mbé m co m de íg ni os de mi sericórdia - os descami nhos dos ho mens. Po r isso, pode mos esperar que a Prov idência intervenha e interro mpa esse prec ipitar da humani dade no abi smo da perdição. Es ta esperança não é vã, pois Deus inc umbiu a própria Virgem Sa ntíss im a, M ãe de seu Di vino F ilho, de vir a este mundo apo nta r o perigo q ue
os ho me ns co rre m de um grande castigo, após o qu al, e nt re ta nto, De us inte rvirá com des íg ni os de mi sericórdia e atrairá a s i os ho mens q ue fo re m po upados desse castigo geral, para fo rmare m um a soc iedade verd ade irame nte cató li ca. Fo i o qu e Nossa Senhora, co m o utras palavras, anun cio u e m Fáti ma no a no j á lo ng ínquo de 19 17. A mensagem de tragédia a nunciada e m Fátima se os home ns não se converte re m - te rmin a po is co m um a radi osa me nsagem el e es perança: um grande tr ~unfo do Imaculado Coração de M ari a, que re in ará sobre os corações dos ho me ns, reaprox imando-os ele seu Di vi-
..
no F ilho e da Santa Ig rej a. Assi m se fo rmará uma no va soc ied ade, da q ua l N osso Se nh o r, pe la med iação de N ossa Se nhora, voltará a ser ve rdade ira me nte o centro; e será dado ao mundo "alg um te mp o de paz", co n fo rm e anunc io u a Sa ntíssim a Virgem e m Fátima. Quanto às o ri gens e formação do Santo Rosário, remeto a le itora ao liv ro muito claro e documentado Rosário - A grande solução para os problemas de nosso tempo, de Anto nio Augusto Borelli Mac h ado (Artpress Indú stri a G ráfica Ltda., São Paul o, tel. [ LJ] 333 1-4522). • E-mail do autor:
conego joseluiz@catolicisrno,com br AGOSTO 2004
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A REALIDADE CONCISAMENTE OIT: inexiste escravidão infantil no Brasil
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e latóri os imprecisos da Organizaçüo Internacional do Trabalho (O IT) , interpretações mal évo las de agênc ias internacionais e prec ipitação de jo rnai s ofereceram uma ocasião para a mídia divulgar que no Brasil haveria 559 mil crianças e ado lescentes traba lhando como escravos! Segundo a · mesmas versões, 10 milhões de crianças escravas encontra r-se- iam nessa situação no mundo. Recente mente, contudo, a OJT desme ntiu tais afirm ações: "Nas pesquisas e rápidas sondagens feitas no Brasil, nunca identi,ficamos casos de escravidão infantil ", comunicou oficialmente aque le organismo. Na verdade, segundo a OIT, as estimativas para o Brasi I e o mundo, apresentadas de modo di storc ido, referiam-se a me nores de idade e ngaj ados e m servi ços domésticos ...
Após essa indi spensáve l retifi cação, não é lícito alimentar ilusão: o co muno- prog ress ismo buscará o ut ros pretextos para e ·pa lhar a fa lsa idé ia de que no Brasil a in da há escravatura, e ass im tentar justificar seu notóri o incentivo à lu ta de c lasses. •
Reforma 11 1iberalizante" na China: fachada fraudulenta
J\ tão tro mbeteada ~e.form a co~stitucion_al da China ~oi:nur\. nista, para adm1ttr a propri edade pnvada e os direitos humanos, não passa de tapeação. É o que se deduz das dec larações de altos funcionários do regime marxista de Pequim. Eles afastaram a idéia de cri ar uma Corte Constitucional, ou órgão equi vale nte, que implemente ditas reformas. O único órgão na Chin a que poderi a torná-las realidade seria o pró prio Partido Comuni sta. Mas este não o fará, po is a maiori a das q ue ixas por violação dos dire itos mais fundame ntais são precisamente contra o Partido, segundo juri sconsulto de Pequim que não qui s ser identificado. Na China vermelha não há nem Judiciário independente nem separação de Poderes. Assim , o anúnc io de tais refo rmas parece ser, sobretudo, manobra de guerra psicológ ica para iludir os inocentes-úteis e desmobili zar o Ocidente. E - é claro - atrair astronômi cos investimentos econômicos, prolongando ass im a existência do ti râ nico regime marxista. •
CATOLIC I SMO
Carta infantil abala ditadura da moda
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asto u apenas a carta de um a menin a de 1 1 anos, reclamando pela fa lta de roupas moralizadas nas pratele iras das lojas, para que a poderosa cadeia norte-americana de vestuário Nordstrom ficasse abalada e prometesse corrigir o erro. Eli a Gunderson, de Seattle (Estado de Wa hington), que pertence ao grupo cató lico Desc!fio, queixou-se aos diretores da No,dstrom pelo fato de eles só oferecerem roupas quedescobrem o abdômen e peças íntimas de vestuário. E ac rescentou que tal atitude da No,dstrom parece revelar que a empresa julga que "todas as meninas devemos andar meio nuas ". Em face d isso, a Nordst,vrn prometeu oferecer alternativas decentes para as moças. O caso não é o primeiro. Em 2002, a loja Dillard passou a vender roupas com mais modéstia para as jovens, após que ixas fo rmuladas por um gru po juven il de Arizona. A ditadura da moda hoje ap resenta ana log ias co m o omniarca im agi nado pelo gra nde escritor cató li co do sécul o XIX , Louis Yeuil lot. Sentado num trono, aq ue le tirano governa a humanidade escravizada; mas treme ao o uvir qu a lElia Gunderson quer peq ue no ruíd o diferente, pois imagin a que possa ser o início de uma revo lta destinada a derruba r seu reg ime despótico. •
Cuba: centro latino-americano do terrorismo
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terroris_mo interna~ional o~a li za e m Cuba sua ma ior base lat1110-amen cana. Segundo o relatório Terrorismo Global 2003, recentemente divulgado pelo Departarnento de Estado, em Wash ington , C uba "segue apoiando organizações terroristas estrangeiras e dá abrigo a vários terroristas e dezenas deJitgitivos". Militantes das Forças Arm adas Revolu ionár ias da Colômbia (FAR ), do • xército de Libertação Naciona l colomb iano ( LN) e mesmo da ETA basca (Espanha) recebem apo io e abrigo do regime castri sta. O re latóri o info rma també m que a "ameaça do terrorisrno autóctone se mantém alta" na Co lômbia e no Peru , e ressa lta a "c!finidade ideológica" do presidente venezue lano Hugo Chávez com as FARC. • 1.
No Vietnã, intensifica-se repressão aos católicos
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egundo o regime comunista do Vietnã, o sacerdote católico lha -
deus Nguyen Van Ly, preso desde 2001, teria assinado cartas que exaltam o Partido Comunista . Porém, as pessoas que puderam visitá - lo crêem que ele foi torturado com o objetivo de reeducá-lo . "Suspeitamos que foi drogado", disse um sacerdote de Hué.
Criacionismo em escolas deixa evolucionistas temerosos criacion ismo, como por vezes é chamado, é a teoria segundo a qua l o Un iverso foi cri ado por Deus a partir do nada: ela está em consonância com a Sagrada Escri tura e o dogma católico sobre a criação. Doravante o c ri ac ioni smo poderá ser ensin ado livremente em aul as de religião nas escolas públi cas dos 92 municípios fluminenses. Até há pouco, o evoluc ioni smo teoria materialista nunca demonstrada cientificamente - era a úni ca doutrina sobre a origem do homem ensinada nas escolas oficiais cio Estado do Rio de Janeiro. Entretanto, amiúde ela continuará sendo ex posta nas aul as de biologia. André Porto, do M ov im e nto Tn ter-Reli gioso, li gado ao In stitu -
º
to Superior dos Estudos da Re li g ião (Jser) , parece ter fi cado mui to inseguro co m o fa to ele o c ri ac ioni smo ter obtido um luga r ao sol nas escolas. Segundo ele, não proi bir o criacionismo na esco la pú bli ca é um "retmcesso" . "O que está acontecendo no Rio e na Bahia - o nd e ex iste le i a ná loga - é aborninúvel. Estamos voltando 200 anos no tempo. [. .. ] Isso que eslá sendo f eito é medieval, m.aquiavélico ". Como o evo luc ionismo é uma simpl es teoria não provada c ienti ficamente , compreende-se o temor dos evo luc ion istas. Defendendo um a do utrin a frág il , tentam im plantar despotica mente o seu monopó li o nas escolas. •
Televisão é fator de insônia nos iovens TV demais duplica a in sôni a dos ado lescentes, conc lu iu estudo preparado pelo ín stituto de Psiquiatria da Universidade Co lúmbia, de N ova York. Os pesquisadores aco mpanharam jovens de 759 famíli as durante o ito anos. Aqueles que passaram três horas ou ma is por dia diante da TV, mais do que
dobraram a possibil idade ele adq ui rir prob lemas ele sono a pa1~tir dos 16 anos. Sem um so no re pousante, o j ovem não presta atenção, tem maiores dificuldades de co ncentração e de aprend izagem, a lé m ele aumen tarem as chances de ac ide ntes domésticos e ele balidas de carro. •
O "crime" do Pe . Van Ly consistiu em enviar, em 2001, uma corto ao Congresso dos EUA denunciando as perseguições religiosas praticados pelo ditadura marxista no Vietnã . A par disso, muitas das tribos de montanheses vietnamitas católicos sofreram violento repressão por parte do governo comunista na última Páscoa . 130 mil deles, reunidos em Buon Ma Thuot, capital da província de Doklak, foram atacados pelos tropas do governo, e 400 foram mortos.
Conversões ao catolicismo ameaçadas por lei no Sri Lanka
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o ilha asiática de S~i Lonko (antiga Ceilão, ao sul da lndio), um grupo de monges budistas, recentemen-
te eleitos poro a Assembléia Legislativa , apresentou projeto de lei anticon-
versões. O texto prevê até sete anos de cárcere para quem pratique o delito de conversões não-éticas. No realidade, a proposta visa barrar o apostolado da Igreja Católica. Os bispos daquele país vinham desenvolvendo uma ação ecumênica, o qual não tem surtido efeito, uma vez que foi retribuída desse modo brutal e persecutório pelos monges budistas . Em janeiro, grupos budistas destruíram várias igrejas . Sri Lonko tem quase 20 milhões de habitantes, 6 ,7% dos quais são católicos e 70% budistas .
AGOSTO 2004 -
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NACIONAL
Cotas na Universidade: achatamento e luta de classes Emvez de elevar o nível de ensino público, o arbitrário sistema
de cotas empurra candidatos despreparados para universidades, não reconhece os méritos dos alunos e· instaura clima de luta de classes n Luís DuFAUR
- "Você que é neg ro roubou a minha vaga!" dizia, apo nta ndo o dedo, um j ove m re provado no vestibul ar.
Você roubou minha vci9a!
- "Você que é branco que roubou a minha!", res pondi a o outro. A di scussão saiu numa c harge. Mas é um sin a l preoc upante, po is refl e te situações que surgem com o siste ma de cotas nas uni versidades, que se tenta impl antar no País. Seguindo esse sistema, os a lunos são c lassifi cados pe la sua co ndição sócio-econômica e pe la raça. As vagas na universidade são di stribuídas segundo essa class ificação . Em gera l, 50% são reservadas para pobres, negros, índi os e defi c ie ntes fís icos vindos da escola públi ca. A proporção poderá ser adaptada, em cada Estado, em fun ção dos dados do censo. Como o sistema não cri a novas vagas, os restantes 50% das vagas irão para todos os de mais ca ndidatos. Estes terão que o bter uma no ta mínim a be m ma is alta. Assim , cri a-se campo fé rtil para tensões: pobres X ricos; negros X bra ncos; esco la pública X privada. No Estado do Ri o, por le i, 50% das vagas da Universidade Federal cio Ri o de Jan e iro (UFRJ ) e da Uni vers id ade do Estado do Rio de Janeiro (U NERJ) são para estudantes de ba ixa re nda, sendo 20% para negros e 5% para defic ientes fís icos e minori as étnicas. A Univers idade de Bras ília (UnB ) fo i a prime ira in stitui ção federal a faze r a inscrição por cotas racia is. A Universidade Federa l cio CATOLICISMO
Charge ex traída do site www.cstudant csdopovo. hpg. ig.co m.br/jc p3/cotas.htm
Paraná (UFPR) 1 e a Univers idade Estad ual de Campin as (Unicamp) 2 adotara m norm as no mes mo sentido. O pres idente Lul a anunc iou que, e m aras da "igualdade racial ", es te nde ri a o sistema de cotas a todo o País. As univers id ades pri vadas serão ating idas por me io cio Pro-
grama Universidade para Todos. 3 Desde o iníc io, as críticas se multi plicaram até entre os supostos benefic iados, po rque as cotas ge ram múltipl as contradi ções.
Sistema de cotas nos EUA : exp eriência desastrosa As cotas impõem uma camisa de fo rça à uni ve rsid ade, e m no me ele um igua litari smo abstrato mas radica l, que colide com o modo de ser do brasil e iro. Por isso, . oa m alhe ias à rea lidade. No Bras il , a pro posta pode parecer nova. Mas nos EUA é ve lha de ma is de 30 a nos . Naq ue la nação, as cotas apareceram após os confli tos rac iais dos anos 50-60. Mas hoje são tidas como sum amente contra-
producentes. Os argum entos e m que se apó iam - mui tos deles tirad os cio líder esquerdista Martin Lu ther K ing - hoje vo lta m-se contra os seus pro pugnadores. Pete Du Pont, ex-governador de Delaware e presidente cio National Cen.terfo r Policy Analysis, de Da llas, apontou algumas das mais danosas conseqüênc ias das cotas. Alunos ingressavam nas uni versidades com notas abaixo das de mui tos outros, que eram inj ustamente preteridos por causa da sua raça. O Ministério do Trabalho ordenava aumentar a pontuação dos postulantes a e mpregos por conta de categori as rac iais, clescon iclerando candidatos com mais títulos ou méritos. Esta últi ma prática fo i dec larada ilegal e m L99 l , mas apesar di sso não cessou a ofensiva igualitária. Chegou-se ao absurdo de a Orquestra S infô nica de Detroit ser apontada por não ter a cota certa de músicos nee pomos nossa sociedade em risco", congros. Ocorri a que os arti stas eram esco- · c luiu Du Pont. 4 O argumento é d igno de lh iclos por uma comi ssão colocada detrás ser retido: o me lhor é traba lhar para mede um biombo, para selecio ná- los ape nas lhorar as aptidões cios me nos hábe is. pe la qualidade da execução musica l. .. Tho mas Sowe ll , renomado in telectual "Se a nossa política é fa ls!ficar a americano, publicou em março uma domedição das habilidades em. lugar de cumentada pesqui sa sobre as ações C(firmelhorar as aptidões dos menos hábeis, mati vas e cotas na Índ ia, Ma lás ia, S ri enteio nós nos enganamos a nós mesmos Lanka, Nigéria, EUA e outros países. 5 E le constatou toda espécie de desonestidades: minorias que apareciam ou cresc iam um pouco por toda parte, fa lsificações de raça etc. Mas o mais grave é que as po líticas de pre ferênc ias étnicas acarreta ram ód io rac ial. Na Índi a, devido a tal po líti ca, as vio lê nc ias quadrupli cara m o núme ro de mortos. Na Ni géri a e no S ri Lank a, as preferências rac iais orig inara m guerras civis. Nos EUA, os conflitos rac ia is só aumentaram. Sowe ll mostra que as cotas não são necessári as. Po is, um po uco por toda parte, os estudantes s inceramente aplicados me lhoraram a sua situ ação, ed uca ra m-se e e nco ntra ra m bons postos de traba lh o. 6
Dcsestímulo aos bons alunos <le to,Jas as categorias Argume nta-se que as cotas inc luirão na uni versidade alunos de categori as soc ia is ou rac iais desfavorecidas. Esses seri am aprovados no vestibul ar co m notas baixas e vagas gara ntidas a priori. Assim , e m julho deste a no, ne nhum cios candidatos aprovados pe lo s iste ma de cotas no vestibul ar, de 15 e ntre 6 1 c ur-
sos da U nB, ti rou nota sufi c ie nte para obter vaga pelo s istema normal. 7 O vestibular é só o prime iro passo. De po is os catistas terão cursos e exames regul ares. Mas que m e ntrou sem estar qua li f-i cado, por causa das cotas, corre séri o ri sco de fracassa r e desistir logo ad iante. A lógica das cotas impõe que, ma is tarde, se facilite m ta mbém os exames para os incluídos. Nessa lóg ica a in da, o governo dever á impor que o mun do do trabalho inclua os cotistas. Pois estes, pelo sim ples fa to de sere m catistas, serão suspe itos de du vidosa qualificação profiss ional. No fim do processo, torna-se inevitáve l que a universidade e a sociedade fiqu e m engessadas pela pl anif-i cação es tata l. Esse pernic ioso efe ito verifi cou-se nos E UA, o nde o reg i me de cotas crio u
"uma nação na qual f atores discriminadores arbitrários, como a cor da pele, gênero ou eLnia, são critérios primários para contratações acadêmicas, concursos de obras públicas, adnússões e promoções no emprego", escreve u Ya lery Pcch, líder da luta antid iscriminação no Colorado, EUA. 8 De imediato, no Bras il , os méri tos dos bons alunos das escolas públicas fi carão des va lo ri zados, e nqu anto opo rtuni stas poderão abri r ca minho. Mas a fil osofi a iguali tária que in spi ra o sistema de cotas não leva em consideração tais evidências ...
Cotas 111·cj11dicarão 11cgros e minol'ias raciais O siste ma a lega querer fa vorecer os
negros. Mas o que é um negro? O IBGE adota as cl assifi cações preto (6,2% da população) e pardo (39%). Porém, como a mi sc igenação no Brasi l atingiu todas as fo rmas e graus, os pesqui sadores cata loga m pretos e pardos co mo negros. Copi ara m o cri tério one drop (uma gota), adotado pelo governo de B ill C linton nos EUA : bas ta ter uma gota de sangue preto para ser black (negro). Mas como c lass ifica r uma pessoa quando e la te m origem nipô nica, a lemã, ind ígena, ita li ana? Segundo este crité ri o, se te m uma gota de sang ue negro, será um negro, ainda que se pareça muito ma is com um japonês. A UnB conside ra neg ro todo aque le q ue se decl are ta l e te nh a o ''.fenótipo de neg ro". Ou sej a, "cara de negro" .9 E AGOSTO 2004 -
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ratial Activist", fazem-nos retroceder na Hi stória. Ela le mbra a primeira co isa que se faz ia com os escravos que desc iam dos navios: c lass ifi cá- los pela cor ela pe le. E acrescenta: "Ce rtamenle há urna ironia
surrealisla na idéia de que a esquerda sustente um sistema de classificação racial, que é wna criação e wn instrumento dos escravag istas. A cacofonia e a .fi·agmentaçüo de objetivos, a pura chicana, que encharcam o que é de esquerda no ,no virnento pelos direitos civis, hoj e é wna desgraça". 15 Não é, portanto, co m
As cotas surgiram após os conflitos racionais dos anos 60- 70, nos Estados Unidos. Na foto, o líder esquerdista Martin Luther King (em destaque) .
manda fo tografar os candidatos para uma comissão julga r se de fato são negros. O lado od ioso cio método fica ev idente. Abre-se ass im marge m para situ ações constra ngedoras, arbitrariedades, absurdos lógicos, é ticos e constituc io na is, 'º além elas inev itáveis chicanas, azed umes e atritos. Aliás, atritos forçados. É ex pressivo o caso ele uma a lun a catista e neg ra ela UERJ , que declarou ao site Mundo Ne-
gro: "Por incrível que pareça, os meus colegas me surpreenderam. Ainda não vivenciamos nenhum tipo de preconceito partindo deles". 11 Em sentido contrári o, um dos promotores das cotas na UnB , o professor José Jorge ele Carva lho, cio Departamento ele Antropologia, desve ndou o fund o de estímulo do sistema à luta ele classes: "Há poucos negros na universi-
dade e isso d!ficulta que eles se unam para lutar por seus direitos. É preciso mudar o tipo de relação que existe na academia. E isso só vai acontecer quando houver vários negros lá dentro". 12 O exemplo ameri cano, ma is uma vez, é esclarecedor. James Lanclrith Jr., editor das publi cações "The Multiraci al Acti vist" e "The Abolitioni st Examiner", após CATOLICISMO
três décadas ele cotas e ações afinnativas, concluiu: "Estas classificações raciais não acabam com o 'racismo' nem o diminuem. Elas são uma seg regação de corpo, mente e espírito pela coerção do Estado. Elas violam os mais básicos e fundarn entais princípios da privacidade e da liberdade. Estão inteiramente erradas, e se queremos sobreviver como nação livre, não podernos permiti-las" . 13 Para George Will , ela revista " Newsweek", a classificação rac ia l cios cidadãos leva o país para um a balcanização. E Robyn Blumner esc reveu na "Jewi sh Worlcl Revi ew": "Talvez por catalogar
O governo de Bill Clinton adotou o critério one drop (uma goto) . Bosto ter uma goto de sangue negro poro ser considerado black (negro) .
ri co eficaz, continuado, sáb io e paciente . No fim ela Idade Média não havia mais escravos no Velho Co ntinente. Porém as cotas rac ia is, como consigno u Susa ne M..1 . Reine no "The Multi -
os artifícios infeccionados ela lu ta ele classes que se vão resolver na hora e na marra as il1justiças que possa m ex istir. O In stituto ele Estudo cio Trabalho e Soc iedade fo rn eceu dados que mostram a artifi c ia lidade ci o s iste ma proposto . Co m efe ito, a participação cios negros no trabalho form a l cresceu ele 37,3 1% para 38,66% desde 1990. Os e mpregadores negros a ume ntaram ele 22,85% para 25,44%. Be m ao estil o brasil e iro, as re lações e proporções vão se aj e ita riclo co rd ata me nte, sem esta rda lh aço e se m atritos. 16
Solução: elevar a qualidacle cio eusino público No caso brasil e iro, se há um g rave e rro hi stórico a corrig ir, e le tem um a so-
lu ção bastante simpl es. Ela é apo ntada maciçamente por pai s ele a lunos, professores, estudantes e espec iali stas: e levar a qualidad e cio e ns in o público. Trata-se ele restaurar o ens ino, exc luind o as ideo logias nive ladoras o u soc ia li zantes. Esta é a gra nde ação pos itiva necessária para promover os estudantes de poucos rec ursos. Basta considerar que o Sistema Na-
cional de Avaliação do Ensino Básico apo ntou a respeito ela 3ª séri e ele e nsino médio - última séri e a ntes cios vestibulares - que 7 ele cada I Oestudantes tê m um níve l ele aprend izado qualificado muito crítico, sobretudo nas esco las públi cas. 17 Esta é uma amostra cio ma l que é preci so e liminar. E que não se conserta incluindo por lei a lun os clespreparaclos nas univers idades.
Negativismo da "ação afü•mativa" As cotas pretende m ser uma "discriminaçüo (o u ação) qfinnati va ". Ou seja, uma cli. torção da rea licl acle, aceita como ma l menor, para mudar a situação o mais rápido possíve l. A ex pressão mascara o lado indi ssoc iavelme nte negativo do s iste ma. As cotas volta m-se de fato contra os estudantes mai s ap licados. Para estes, a tão fa lada igualdade não ex iste. Pior cio que isso, ap lica-se um a política apriorísti ca injusta e irri ta nte. "É wna discri-
minação às avessas, em. que o branco nüo tem direito a uma vaga m.esmo se sua pontuação for maior ", explicou o juri s-
Outro pretexto argüido é re parar "injustiças históricas " . Entretanto, os pro-
ta lves Ganclra. 18 O sistema é também negativo em relação às esco las particulares que formam ca madas ele fut uros universitários ele escol. É também negativa em re lação às famíli as que fizeram grandes sacrifícios para custear a formação cios seus filhos nessas escolas, tendo em vista a decadência do ensino público eslalizaclo e soc ializado. Contudo, o mini stro da Ed ucação, Tarso Genro, considera que essa política qfirmativa será boa, na medida e m que susc ita oposições entre ricos e pobres:
bl emas ele índole hi stórica resolve m-se no seu hori zonte próprio, o u seja, num a perspectiva hi stóri ca. Fo i o caso ela escravatura generali zada na Europa pelo paga ni s mo a ntigo . A Ig rej a ex tirpou-a com pletamente com um trabalho hi stó-
Por dados do Instituto de Estudo do Traba lho e Sociedade, a participação dos negros no trabalho formal no Brasil cresceu de 37,31 % para 38,66% desde 1990.
tudo em termos raciais, nós estamos exatamente exacerbando o problerna. [... } Pode ser que a unidade racial cheg ue mais facilmente se pararmos de falar em raça. E não somente parar de f alcu; mas parar de analisar e catalogar as pessoas segundo esses critérios". 14
Regrnssão às classificações esCl'avagistas?
"quando não há reaçüo de privilegiados e poderosos, é porque n.üo há política qfirmativa ". 19
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É ele se te me r que as cotas gerem no Brasil os ama rgos frutos produz idos nos EUA. Provave lme nte e les serão acentuados pe la tendê nc ia para a luta ele c lasses, que a Teologia da Libertação e as esquerdas comuno-progress istas tentam inocular por todos os Estados. Esta é mais uma grave ameaça a nosso País, o nde predominava a convivência pacífica e ntre todos os brasileiros, não importa ndo a que raça pertençam, poi s todos aq ui se re lac ionam harm on icame nte co mo num a imensa fam íli a. •
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E-mai I do autor: lu isd ufa ur
Notas:
cat:o li cismo.com.br
'I. C fr. " O Estado de S. Paul o", 8-5-04. 2. Idem , 26-5-04. 3. Idem, 14-5-04. 4. Colo rblindn ess Is Golden - Wi/1 Calif'ornian.1· vote to join rhe hurnan race i', A111erica11 Civil Rig /11 s Coa liri o 11. , http://www.ac rc l .o rgl ousidc.htm S. C fr. Thomas Sowel l, A.ffirma ri ve A ction Aro,md rhe Wo rld: An Empirical S rudy, Ya le Uni versity Press, 2004. 6. C l'r. "O Globo", 29-6-04. 7. C fr. " O Globo", 13-7-04. Merece destaque entretanto qu e, em 46 cios 6 1 cursos, o melh or co locado dos coristas tirou nota sul'icienlc para passar pe lo sistema norm al. E em se is cursos os co tis ra.,· ti raram abso lutame nt e a melhor nota. Em o utras pa lav ras, as cotas não são necessiJ ri as para os bons alunos neg ro.,· ou rur-
mados cm esco las públi cas.
8. " Kudos Cali forni a ! You A re Leacli ng Ou r Nati on in Restoring Basic Freecloms", hllp:// www.ac rc l .oq; /kuclos. htm
9. " O Es tado ele S. Pa ul o", 16-6-04. IO. cl'r. hUp://www2. uerj .br/- c li pping/marco04/ cl20/og lobo unb pardos so se forem negros.htm 11. hlip://www.mundonegro.eom.br/ not ic ias/ ?noti cia1DÂ27 I 12. h!!Ji://www.co mciencia.br/ re iortage ns/neros/06.shtml 13. " T he Multirac ial Activi st", Outubro-novembro 200 1. hllp ://www.multira c i al. co m/ aboi i ti on ist/worcl/lanclri t h3.htm 1 14. " Jcw ish Worl cl Rev iew", 7- 12-2001 , h!!Ji:// w ww. j ew i s h wor l cl r ev i ew . co m/ co I s/ bl umn er 120700. asp 15. l?acia l Class (!ica rion Is Nota Civil Rig hts Mea.rnre, " T he Mult:iracial Acti vist", Ou tubronove mbro 2003. htt p://www.mul tiracia l. co m/ aboi i Li onist/worcl/hei ne.hun 1 .16. C fr. "O G lobo", 20-6-04. 17. C fr. " OESP", 8-6-04. 18. h!!Ji://www.co mc ienc ia.br/reporlal.\cns/ncgros/06.shtml 19. "O Estado ele S. Pa ul o", 14-5-04.
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Effipurra-se a Argentina • para a anarquia Aite a violenta ofensiva do movimento piqueteiro, que com arruaças destrutivas conturba o país vizinho: ceder para não perder, ou lutar para não perder? 1!11 BERNARDO
DíAZ
DE VIVAR
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-rgentina está vivendo um clima de vio lê nc ia e uma sensação de caos in stituc ional como não conhec ia desde a década de 70. Nas últimas semanas de julho, os piqu ete iros do min aram a cena nac io na l, mediante uma série de ações de alcance propagandístico rigorosamente calculado. Já era conhec ida sua metodo logia de interru pção de estradas, autopi stas e ruas centrai s, as manifes tações ruidosas e a ocupação de estações de metrô e de trens, com os conseqüe ntes e graves tra nstornos para o cidadão ho nesto, pac ífi co e trabalhador.
Os "/Jiqucteiros" criam clima de anaNJuia social Agora, a le ntado pe la iné rc ia governamental (para di zer só isso), o movi mento piqueteiro lançou-se numa escalada que inclui a irrupção ex torsiva e m empresas e hotéis, o ataque a estabelecimentos mili tares, a ocupação e destrui ção de delegacias, o assa lto a edifíc ios públicos. Usando chamativos coletes amare los, um dos seto res piqueteiros ocupo u dezenas de loca is do McDo na ld 's, privando da liberdade seus cli entes, que se viram submetidos a toda sorte de a rbitrariedades, como o roubo ou "confisco revolucionário" de seus a lmoços. E m sig nifi cativa a liança com prosti tutas e travestis, os piqueteiros pe rpetra ra m ta mbé m vi o le nto ataqu e à Asse mbl é ia, na c id ade d e Bu e nos Aires, para impedir que os de putad os debatessem no rm as orie ntadas a pô r limites à CATOLI C ISMO
oferta de sexo nas ru as e às man i!'estações de protesto. A bru ta l investida consumo u-se com a invasão do edifíc io , a d estrui ção de objetos decorativos de gra nde va lor artísti co e histó rico, bem co mo a covarde ag ressão a e mpregados, tota lme nte indefesos devid o à siste máti ca inérc ia dos responsáve is pela ordem. Fo i nesse c lima convu lsio nado que ressoa ram como uma ex plosão as pala vras de Hebe de Bo nafini , a líde r das ass im chamadas Mães da Praça de Maio, exorta ndo a popul ação a "quebrar todas as delegacias" e os "Jribunais de justiça ".
Pior aind a, por sua inação e por seu apo io po líti co e econô mico, as autoridades a lentam os piqueteiros a se sentire m donos da rua, ao mes mo te mpo que o ri entam as fo rças de segurança a não reprimir ne m reag ir. O pres idente Kirc hne r justifi ca sua in ação, contando ga nhar o apo io dos piqueteiros "rnoderados " e "dialogantes", aos quais cumul a de benesses e de subs-
los ideales que nunca mueren (um a ca mpanha auspi ciada pe la Fundación Argentina del Maíian.a). Ne la se adverti a: "As declarações e arneaças cada vez mais violentas de certos .setores piquete iras colocam. o pais no umbral de um embate de conseqüências imprevisíveis ".
IJuenos Aires, ciclaclc segura?
Manifestações de piqueteiros no centro de Buenos Aires.
O mero e nun c iado desses gravíssimos aco ntecime ntos to rna evidente o ca ráter inex pl icáve l da defini ção de piquete, dada pe lo portal de Turi smo do Governo de B ue nos Aires, co m a inte nção de pro mover um a "cidade segura" para os turi stas: " É um ,nodo de protes/ar. Um grupo de pessoas que corta ruas e avenidas. Esta atividade não apresenta n.enhurn perigo para o visitante. Os Juristas podem aproveitar o congestioncunento para ver os monumentos e conhecer as peculiaridades dos habitantes da zona" ... Que não representem um perigo, corre por conta das autoridades, as quais deveriam então ex plicar a destrui ção de automóve is particul ares e táx is, os roubos ou con..fiscos que sofrem os tra nseuntes, as ameaças e golpes contra os que querem exercer o simples direito à livre circulação.
Um show político-1J11/Jlicitál'io E nqu anto isso, o governo do pres idente Néstor Kirchner ins iste e m "não reprirnir " o mal deno min ado "protesto social" ! Ne m as mais e lementares obrigações consti tuc io nais, ne m o deve r de pôr termo aos ma is graves de litos, ne m o c lamo r soc ia l pe la paz, nada comove as autoridades, que se furtam de sua obri gação de manter a o rdem, de ixa ndo os argentinos à mercê dos piqueteiros.
ta a impos ição de reformas sóc io-econômi cas profund as, de estil o totalitá ri o, soc ia li sta e anticri stão para aca bar com a "desigualdade" e a "injusta distribuição das riquezas", ou fi ca exposto a uma in surre ição geral piqueteira. Fo i o qu e previu , baseada e m ampl a documentação, a análi se intitul ada " Piqu.eteros: ;, cu.estión social autén.úca o revolución. anarco-socialista global ?", publicada e m dezembro último por Reconquista y Defensa de
L11ta1; <ICTIU'O ela ol'Clcm e da lei
tanc iosos me ios de fin anc iamento, para iso lá- los dos "mais combati vos" e "quebrar " ass im a unidade do movimento. " Plus ça change, plus c 'est la mêm.e chose" (Qu anto mais isso muda, ma is de mo nstra ser a mesma co isa). Ao lo ngo da Hi stória repete-se, de ntro das fo rças revo luc io nári as, esse j ogo de divi são (aparente !) entre duros e moderados, muito útil , por certo, para enga nar os inocentes-úteis . Estes, sedu zidos pe la poss ibilidade de conter os extremistas e sa lvaguardar seus interesses, apóia m os que consideram mais fl ex íve is, e , po rtanto, menos peri gosos. E com isso a revo lução vai avançando.
"Extorsão " piqucteira: r el'ormas socialistas 011 insw·reição Na ordem concreta dos fa tos, o movi me nto piqueteiro, incapaz de tomar o poder pe las armas, dá vida a um show public itári o com ampl a cobertura dos jornais, rádios e te levi sões, apresentando-se como uma maré popul ar inconteníve l, di ante da qual os pode res do Estado não podem senão ceder cada vez ma is terreno. A situação ex posta torna-se mai s parec ida com uma ex torsão: ou o pa ís ace i-
Ass i 111 , a ex to rsão piquete ira coloca os a rge ntin os a nte um a dra máti ca o pção : o u cede m, co m a vã ilu são de q ue evita rão o pi o r, ou dec ide m lutar, de ntro da o rde m e da le i, para resta be lecer a verdade ira paz. Paz que é co ndi ção sine qua non de a utê nti co prog resso gera l pa ra todas as c lasses soc ia is, muito di fe re nte, po r ce rto, d a uto pi a a ná rqui ca a lm ej ad a pe los piqu.eJeiros, fruto do ódi o, da ag itação e do es pírito de luta de c lasses qu e os anim a.
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Este artigo j á estava escrito, quando o governo Kirchn er, cuj a popul ari dade vinh a ca ind o ra pid a me nte, anun c io u mudanças na po lítica ofi c ia l frente à desorde m in stalada no país. É pre maturo faze r um prognósti co do que sucederá. As novas autoridades prometeram impedir a to mada de ed ifíc ios públicos e e mpresas, be m co mo não permitir atos vi o le ntos . Po rém, persiste a determin ação de leg itim ar os c hamados protestos sociais, e pretende-se que, sem armas de fogo, as fo rças de segurança te nham capacidade de di ssuadir os pique• teiros por me io de diálogo ... • E-mai l cio auro r: bernarclocl i az@caro I ic ismo. com .br
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EXCERTOS
Choque de Civilizações
a Cruz versus o crescente
!continuação da p. 2 1
exercera co m brilho as funções de Nún cio Apostó li co, a pedido do própri o Im perador. Sempre reco lhid o, sempre devoto, sempre contempl ativo, São João de Capi strano lanço u-se de cheio na tarefa. Participou ele ass im em 1454 da Dieta I A ssembléia! de F'rankfu rt, em que o Sacro Impéri o Romano Al emão tomou a Cru z para repelir os turcos . Sua ação dipl omática foi dec isiva para obter a coligação dos príncipes cri stãos, di vididos entre si por questões temporai s de toda ordem.
Guen•efro
am-se para os turcos os ca minhos da Europa oc identa l. M aomé li não se deteve após a brilhantíss ima vitóri a que alcançou em Constantinopl a. Prosseguiu pelos Balkans adentro, vi sa ndo ating ir a Cri standade na Europa centra l. Ora, os europeus daquela época parec idos ni sto co m os homens de nossos di as - preferi am não ver de frente os peri gos, não tomar atitude, não lutar. Sensuai s, di sso lutos, co m um fervor reli gioso mui to decadente - preparavamse j á a Renascença e o protestanti smo - , pouco se lhes dava do di a de amanh ã, e menos ainda a eternid ade. Queri am gozar somente o momento presente.
.. .
Diplomata Co mo ga lvani zar contra o f ormid ável poderi o do Islã as fo rças dessa C ri standade decadente? Tratava-se de agir sobre príncipes e reis, sobre ca rd ea is, bi spos e cléri gos, so bre fidal gos e so bre letrad os, enfim sobre toda a massa da popul ação, despertando as consc iências para um peri go rea l e apl ainando as vi as pa ra um a geral
CATOLICISMO
As força s do Sultão Maomé li sitiam Constantinopla por terra e mar, antes de dominá -la em 1453
co laboração no intere. se da i grej a e da C ivili zação Cri stã ameaçadas. A . sim , torn ar-se-i a por fim poss ível lançar co ntra M aomé U uma cru zada. Para esse trabalho titânico, o Papa Cali xto 1II e o imperad or lança ram o. olhos sobre São João de Capi stra no, que j á
O co mando ela ex pedição foi confi ado a um nobre húngaro que se torn ara ilu stre em lutas anteri ores, e que mais tarde adquiriu imortalid ade na luta co nta os turco s. Hunyady, au xili ado por São João de Capistrano, ca minh ou co m as tropas cri stãs em direção aos infi éis. O enco ntro dec isivo deu-se na altura de Belgrad o. Faltando a Hunyady quem capi taneasse a ala esquerd a de seu exérc ito, di sto se encarregou São João de Capi strano, que se houve com ra ro acerto e vigor. Qu ando termin ou a batalha, j az iam no ca mpo mais de cem mil guerreiros muçulm anos, e Maomé IJ estava em fu ga. A Igrej a conquistara admirável tri unfo, a inves tida turca estava rec haçada. Humanamente fa lando, qu e homem fo i em seu século maior lo que São João de Capistrano? Santo, orador, estadi sta, diplomata, Gera l ele uma Ordem Reli giosa importantíssim a, e por fim guerreiro, foi ex ími o cm Ludo. E o segredo de sua grandeza está prec isa mente na santidade, no auxíli o da graça que lhe permitiu vencer os defeitos ela sua natureza e aproveitar admirave lmente todos os dons sobrenaturai s e natu rais que Deus lhe dera. Po lc haver algo mais di ferente ci o
'carola '? Não é bem verd ade que muita gente teria mais desej o ele ser ardentemente cató li ca se co mpreendesse que a Igrej a não fo rm a 'carolas', mas ho mens no esplendor da natureza elevada e di gnificada pela graça? •
Defendamos um precioso patrimônio nacional: a Amazônia A Amazônia continua a atrair a atenção da opinião pública, mas têm-se publicado versões muitas vezes distorcidas a respeito. Aborda fundamentadamente o assunto o geólogo Antonio Feijão.
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evido à crescente importância da região amazônica, Catolicismo, sem pre procurando oferecer aos leitores subsídios para formarem uma visão o quanto possível objetiva dessa questão, entrevistou um experiente conhecedor do assunto . Nosso entrevistado, o geólogo e ex-deputado federal Antonio da Justa Feijão, 48 anos, dois mandatos pelo Amapá, conhece bem a região, que contém a maior bacia hidrográfica do mundo e uma biodiversidade ímpar. Conhecida insuficientemente pelos próprios brasileiros, entretanto ela atrai a cobiça de numerosos estrangeiros, que desejariam cassar-lhe a soberania nacional. O ex-deputado Antonio Feijão respondeu as perguntas do nosso corres pondente em Brasília, o jornalista Nelson Ramos Barretto.
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É conhecida a opinião de que a Amazônia representa um precioso patrimônio da N<1ção e nossa grande reserva de biodiversid~de . Quais são as possibilidades e obstáculos para o seu desenvolvimento? Antonio Feijão - O primeiro gran de obstácul o que a Am azôni a encontra é o conce ito mundi ali zado de que as suas riqu ezas naturai s, es pec ialmente as não renováveis, têm que ser tran sf eri -
Antonio Feijão: "Qualquer Jilmaça ol'iginada· na Amazô11Ía exerce o mesmo impacto que 11111 atelltac/o na faixa ele Gaza"
elas com o reserv a de patrim ôni o para as nações desenvolvidas. Essa inter fe rência sobre a nossa soberania começou há muitos anos, para se contex tuali zar hoj e através de ações no Congresso Naci onal. E las criam uma séri e de obstácul os, mediante leg islações e pressões, ini ciadas em sua fase preliminar pelas ONGs, e agora in stituídas dentro ci o própri o govern o. Os primeiros protagoni sta s dessas ini ciativas fo ram os pres identes ela WWF e de outras ONG s, que hoj e estão dentro do govern o. O seg und o grand e obstácu lo que encontramos é a pobreza in stalada hoj e nos perím etros das áreas urbanas. A Am azôni a sofre um a pressão para não se desenvolver, para que não possa mos utili zar seu patri môni o natural , e como co nseqüênc ia acumul a-se em áreas peri féri cas e urbanas grande decantação de mi séri a e pobreza. Devido a essa pressão, as pessoas não estão podendo pl antar no ca mpo sequer uma roça. Qualquer fum aça ori ginad a na Amazôni a exerce o mesmo impacto que um atentado na fa i xa ele Gaza. [sso para nos tran sform ar na faix a de Gaza ambiental do mundo. !
Catolicismo - Em conferências públicas, o Sr. tem chamado a atenção para fatores prejudiciais à reta e ordenada exploração da Amazônia. Entre eles, o Sr. apontaria entraves colocados pelo lbama a tal exploração? Antonio FeUão - O lbama se tornou hoj e a ponAGOSTO 2004 -
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ta co nstituc io na l da interve nção sobre o dire ito de expl orar de modo suste ntá ve l e responsá ve l os recursos natu rais da Amazôni a. Para se ter urna idé ia di sso, há quase 20 anos ini c iamos o processo para a construção de urn a hidre létri ca no ri o Xingu. Naque la época e la deno min ava-se Cararaô Babaquara, hoje hidre lé tri ca de Belo Monle. O que aco nteceu? De lá a esta parte, não se construiu ma is nenhuma nova hidre létri ca na Amazônia . Estamos usando gás e ó leo para gerar e nergia nas áreas ex tremas o nde não há mais oferta, em que a de manda reprimida é muito gra nde, como no Nordeste e no Sudeste e m época de po uca chuva. Pe la outra po nta, prati ca mente o Brasil parali sou a iniciativa de ter como opção a energia elétrica de origem nuclear. E Angra dos Reis se tornou uma espécie de " patinho fe io" da geração de energia, enquanto gerar energ ia núcleoelétrica na Suécia, na França, na Alemanha e no Japão é uma atividade extremamente natural. Assim, estamos cada vez mais sendo condicionados a explorar apenas os recursos naturais renováveis, corno é o caso da energia hidrelétrica. O lbama tornou-se essa espécie de carrasco do desenvolvimento da Amazônia. O governo não tem competência para fi sca lizar, não tem proj eto para ex plorar de modo sustentáve l. Mas possui urna espéc ie de biblioteca de Alexandri a, para proibir o uso o u o aprove itamento sustentável das riquezas da Amazô nia.
A floresta cortada pela estrada Transamazônica
Catolicismo -
A demarcação das reservas indígenas, especialmente as de tipo contínuo, oferece perigos para a solução dos problemas de integração dos índios, além de representar um perigo para a soberania nacional na região de fronteiras? Antonio Fe~jão - Qu ando a Co nstitui ção de u aque le período de c inco anos pa ra a de marcação de áreas indígenas, concede u um prazo a um d ire ito que as soc iedades ind ígenas têm. Ele está mui to be m definido no arti go 23 1 da Constitui ção. Isso fez com que muitas O NGs tra nsformassem a programação e a expansão de áreas ind ígenas numa vertente de preservação ambi e nta l da fl oresta amazô ni ca. O me lh o r exemplo d isso é a área l ano mârni . Ela fo i dema rcada com quase 9,5 milhões de hectares, e depois da homo logação nunca mais se ouviu falar e m índi os iano mâmi s. E e les estão lá hoj e sendo prati ca me nte suste ntados pela igrej a evangéli ca, uma parte pe la Igrej a cató li ca, e co m rec ursos fede rais que são tran sfe-
CATOLICISMO
"O lbama tol'lwu-se essa espécie de carrasco <lo desenvolvimento da Amazônia. O govel'llO não tem comJ)etência J)ara l1scaliza,; nã o t em 11rojeto para e,rplorar de mo<lo sustentá vel "
ridos às O NGs para prestare m serviços, atra vés do Mini stéri o da Sa úde na área de saúde . Assim , a de limitação fundi ári a, como mecani smo de preservação das soc iedades indígenas, é um erro grave. As soc iedades indígenas vão se encontrar com a economi a dos não- ind ígenas muito e m breve. E não haverá ta manho de latifúndi o, ou de defesa fl orestal, que faça com que se crie uma barreira ao contato. M elho r exe mpl o disso é a ex ploração de mogno na área ca iapó, a expl oração de ouro na área dos mundurucus, no Tapajós, e a ex pl oração de ouro na área dos cintas-l argas. Mesmo que a Fun ai não deseje que os indígenas partic ipe m dessas riquezas, e les mes mos promovem tais encontros econô micos, de fo rma a construírem lá urna certa parceria, na crim inalidade. Eles passam a expl orar as suas riquezas de fo rma ilegal. Porta nto, um meca ni smo de expansão de latifúndi os indígenas, e até às vezes de dime nsões co ntinenta is, não é um a boa referê nc ia çomo preservação. A reserva Raposa / Serra do So l é um caso acadê mico, e m que se quer de marcar uma área co ntínu a de etni as inimi gas, co m grupos indígenas que estão e m estados de ac ultu ração há ma is de LOO anos, e onde urna grande ma io ri a é evangé li ca e outra parte é cató li ca. Há reg iões e m que um grupo desenvo lve atividade econô mi ca, que j á te m CPF, que j á te m cerca. Co mo se pode ago ra unifi car tais pessoas , que ao lo ngo de 100 anos desenvo lvera m as suas econo mi as, prati camente co m prop riedades indi vid uais, e sociali zar aquil o que cad a fa míli a constituiu ao lo ngo de décadas e gerações?
Catolicismo - Esses fatores negativos não constituem na região amazônica uma grave ameaça para o agronegócio, considerado o esteio mais pujante da economia nacional, obtendo recordes internacionais na exportação? Antonio Feijão - Hi stori ca mente, as soc iedades ind ígenas sempre procuraram as econo mi as que c ircun screvem ou que gravi ta m próx imo às suas áreas ind ígenas ou às s uas alde ias. O ag ronegóc io é a fro nte ira permane nte, porque é urna eco no mi a re novável, é uma econo mi a que as soc iedades ind ígenas passa m a absorver. O indígena é um extra ti vista, mas e le é essenc ialme nte um agri cultor e um caçado r. Então será o ag ro negóc io a grande universidade econômi ca à di spos ição das soc iedades indíge nas, que poderão dese nvo lvê- la e se enco ntrar com esta nova c ultura eco nô mi ca . A
partir daí, pode rão manter as suas áreas preservadas e utili zar pedaços de las para produ zir economia. Po rque hoj e os indígenas são q uase 400.000, mas na pro porção da fe rtilidade que cada dia fica maior, e da aq ui sição de conheci mentos no e nsino básico e na univers idade, as soc iedades ind ígenas caminha m para se to rnarem grandes e mpreendedores. E o agro negóc io é o que se te nta de ma is co mpatíve l com a hi stó ri a eco nômi ca dessas soc iedades mes mo de forma rudime ntar.
Catolicismo - O ecologismo atual, perceptível no Ministério do Meio Ambiente, com imposições rígidas, às vezes absurdas, não está travando um sadio progresso civilizador na Amazônia? Antonio Fe(jão - Não só está travando, mas posso afirm ar que o B rasil , através de suas in stitui ções federa is, não te m competê nc ia e não te m coragem de investir na Am azô ni a. A Amazô ni a é um patrimôni o para ser zelado por uma nação res po nsáve l, q ue possa investir na q ua lidade de vid a urbana, na pro moção de atividades econômicas suste ntáve is. Hoje o agro negóc io se ap resenta co rno urna atividade renováve l, responsáve l, porque não pro move ma is desmatame nto. E le recupera áreas degradadas, transforma campos improduti vos e m c ultu ras produ tivas. A Reform a Agrári a é um a fa lác ia na Amazô ni a. Nós ru ra li zamos a pobreza ao c usto de 40.000 dólares por ano, com todo o processo da Refo rma Ag rári a. E ntão o Bras il fin anc ia urna ocupação fun d iári a na Amazô ni a, que retira dinhe iro de projetos que poderi a m trazer a qua li dade de vida e o coloca numa ag ri cul tura fa mili ar, cape nga, ind isponíve l e tec nica me nte invi áve l para uma área tropi ca l úmi da. De ta l forma que a Reforma Ag rári a, se mpre na fo rm a que está sendo fe ita na Amazôni a, estará fadada ao fracasso. Catolicismo - O Sr. poderia explicar o trabalho de parceria executado entre produtores rurais e tribos indígenas, como em Primavera do Leste, no Mato Grosso, e a obstrução feita pela FUNAI, pelo CIMI e pelas ONGs? Antonio Feijão - O q ue se vê hoj e, pa rtind o de a lg um as fed e rações de agri cul tura e de a lgun s sindicatos de ag ric ultores, são parceri as es po ntâ neas, e m q ue há convivênc ia co m aque les indígenas que j á era m ag ric ul tores famili ares, e co m os filh os de les, qu e j á traba-
"floje os imlígenas são quase 400.000! mas JW J)r0J)0l'ção da l ertili<la<le que cada dia fica maio1; as sociedades indígenas caminham para se tonw,·em gramles emJJ1·ee11dedol'es. E o agro11egócio é o que se t e11ta de mais compatível com a situação dessas sociedades"
Entardecer no Rio Amazonas
lh avarn e m co lhe itadeiras, e m semeadeiras e e m máquin as para di stribuir calcári o e fe rtili zante. Essa soc iedade indígena, que estava na reserva, infil tro u-se de forma labo ri osa de ntro desta fronte ira do agronegócio. E a parceri a resultou e m quê? Devo lveu para dentro das reservas pequenas parcelas de investime ntos, para que os índios levassem para suas te rras a capacidade de mecani zação e de tra ba lhar de fo rma sustentá vel urna ag ri c ultura capi tali zada. Esta parceria, neste novo mundo ru ral ind ígena, deveri a ser copiada pe las in stituições públicas e levada não só para aque las sociedades ind ígenas que que iram a aplicação des ta econo mi a, mas princ ipa lme nte para o consórc io com os pequenos ag ric ul to res. O MST deveri a també m vo lta rse para o lado ma is a berto, a parceri a.
Catolicismo - Personalidades internacionais têm se manifestado abertamente a favor da internacionalização da Amazônia, considerandopatrimônio da humanidade. Que medidas o Sr. julga conveniente serem tomadas, para que os brasileiros se oponham eficazmente a essa descabida intenção? Antonio Fe(jão - Primeiro o governo tem que investir na Amazônia, diante do seu valor. Todos os governos, desde o governo Sarney até hoje, não tiveram a responsabilidade de investir na Amazônia, no seu maior patrimônio, que é a sociedade amazônica. A Amazô nia se urbani za autoge namente, corno um grande mata-borrão de pobreza. O que não dá certo no Nordeste, o que não dá certo nas obras de infra-estru tura, toda a ressaca social das grandes hidrelétTicas, do garim po, das estradas transregionais que enviaram para Amazônia, todo esse contingente humano fo i absorvido de fo rm a autógena. Os governos não investiram pesada mente para qua lificar essas pessoas, para humani zar as nossas cidades, para criar mecanismos econô micos urbanos e valorizar as atividades econômicas rurais. De tal forma que hoje a Amazô ni a tem, dentro de seu mundo ru ral, pessoas que não tê m a cultura da fl oresta. E a primeira coisa que elas faze m é depreciar o patrimônio fl orestal, porq ue vêem ali urna poupança de curto prazo. Quando, na rea lidade, era prec iso dar a essa sociedade que chega a cultu ra de explorar através de agricultura renovada. M as princ ipalmente medi ante o manejo fl orestal e outras atividades s ustentá veis, que a fl oresta tão be m oferece a essa gente que se fix a ali . •
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Progressos da agropecuária Nem a China impediu ... - Nem a seca no su l e as c huvas excess ivas no centro-oeste, que reduziram a safra de soja e milho, nem as disputas co merc iais, como o embargo à soj a brasileira pela C hina , deverão afetar os ga nh os co m a agric ultura. O campo comemora neste ano mais uma receita recorde. Entre soj a, milho, arroz, fe ij ão, trigo, a lgodão e lavo uras perenes , que inc lu e m café, ca na-de-açúcar, laranja e fumo, a safra de 2004 deverá re nder 41 ,3 bi lhões de dólares. A c ifra é 15 % maior que a cio a no passado. Só a produção ele g rãos, estimada e m 120,3 milhões de toneladas , deverá somar 25,5 bilhões ele dólares (M árc ia ele C hia ra, "O Estado ele S . Pau lo", 4-7-04). Trigo se recupera - A cultura de trigo, que andou na contramão do desempenho ag ríco la brasileiro na última década, e ntrou no ritmo de cresc imento cio agro negóc io e eleve ter produção próxima de 6 milhões ele toneladas neste ano. Será a segunda vez, desde 1990, que a produção brasil e ira ultrapassa 5 milhões ele toneladas. Est im ativas ela Cona b (Companhi a Nacional de Abastecimento) apo ntam que a safra deste ano deverá ser ele 5,9 milhões de toneladas, pouco ac ima cios 5,8 milhões cio ano passado ("Fo lha ele S. Paulo", 6-7-04). Carne bovina é recorde - As exportações de carne bovina foram recorde em junho. Nesse mês , o País vendeu 166,4 mi I toneladas, 56,4% a mais do que em igua l período ele 2003. E m va lor, as ex po rtações dobraram na co mparação co m o ano anterior e sornaram 222,25 milhões ele dólares. A perspectiva é encerrar o ano com vencias externas ele US$ 2 bilhões ele dólares, comerc ia l iza nclo 1,5 milh ão ele tone ladas ele carne indu stri ali zada e in natura, seg undo estimativas cio
CATOLICISMO
presidente ela Associação Brasileira ela In dústria Exportado ra ele Carne (Abiec) , Marcus Yiníciu s Pratini ele Moraes. No ano passado, o País exportou 1,5 bilhão ele dólares de ca rne bovina, o que correspondeu a 1,3 milh ão ele toneladas ("Agência Estado", 8-7-04). Coco em áreas pequenas - Nas reg iões Norte e No roeste do Paraná, produtores investem no plantio cio coco co rno a lte rn ativa para diversificação. No a no passado , a produção ele coco no Estado c resce u 400% co m re lação a 2002. "É uma possibilidade de gerar renda em áreas pequenas ", disse a administradora ele empresas Gilka An clretta, cio Departamento ele Economia Rural daquele Estado ("Folha ele Londrina", 29-6-04).
Já em 1992 ... - "Em me io ao conjunto ele cri ses que atualmente fustigam a Nação, abre contraste luminoso nossa situ ação agropec uá ri a, e m franco prog resso em seus aspectos essencia is, ele sorte a constituir hoj e, segundo o consenso naciona l, a coluna mestra e a sa lvaguarda ho nrada e forte ela econom ia nac io nal. " lsto faz co mpree nd e r quanto é de se temer que urn a Reforma Agrária radical , in spirad a toda e la em cog itações preponderantemente ideo lóg icas, e não em co nsid erações conc retas e práticas que tenham e m vista a rea lidad e cios serv iços e das necess idades ela agropec uári a e do País, reforme (defo rme, seri a o te rm o exato) nossa estrutura agropecuária, co m o risco de ficar abatido ass im o baluarte que resta ela prosperidade nac ion a l e, porta nto, o baluarte econômico mais válido do próprio Bras il " (P linio Corrêa ele Oliveira, "Ameaças para o Brasil; Reformas soc iali stas" , 14-12- 1992). AGOSTO 2004 -
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CAPA
As escaladas pós-modernas do igualitarismo na miséria, do subconsumismo, da feiúra, possuem meta comum: deformar a natureza humana e eliminar da sociedade os restos da Civilização Cristã. ■ GONÇALO GUIMARÃES
este artigo, designamos como nú1·erabilis1as ou subconsurnistas as
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doutrinas ou tendências culturai s pós-modern as que defendem como padrão de vida, para o ser humano, condi ções materiai s red uzidas ao mínimo in dispensável, não muito ac ima cio limite de ca rência. Nada ele progresso nem ele procura ele situações mais elevadas ele vida material , social ou cultural. Para alguns leitores, pode ser difícil, à primeira vista, acreditar que ex istam pessoas a agitar essas bandeiras, fazen do apologia cio subconsumo e cio iguali tarismo na mi séri a. Infeli zmente, elas agem até em meios ecles iásticos . É só analisar um pouco, que fica fáci I notar sua ex istênci a. E sua influência é tal, que pode afetar desfavoravelmente não só a vicia das nações, mas a vicia familiar e pessoal ele cada um ele nós, incluind o a própria persevera nça na fé ca tóli ca, pois o miserabilisrno é uma esco la ele ate ísmo (melh or se diria, uma anti-escola). É o que veremos em continu ação.
Amf}la gama <lc defensores <lo miscrahilismo O leq ue daqueles que defendem o miserabilismo é amplo: intelectuai s ele esquerda ele diversos países, muitos deles at ivos participantes cio Fórum Social Mundial; partidári os cio regime com unis-
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ta c ubano; teólogos da libertaçào; líderes ecolog istas; propul sores do indigenisrno etc. ,., Os miserabilistas continuam a propor o com unismo cubano como um exem plo de sistema econô mico a ser imitado, chegando a transformar em virtude seu fracasso econôm ico e seu igua1itari smo na mi séria. Também colocam como modelo a ser imitado os precários sistemas de produção indígenas na América Latina (Bolívi a, Peru, Equado r e mesmo Brasil) e na Ásia (particularmente, na Índia, os povos aborígines adivasis).
Comtmismo cubano e indige11ismo Exempl o recente, no que diz respeilo a Cuba, é o de Franço is Chesnais, professor emérito da Universidade Paris XIII e participante das diversas ed ições do Fórum Social Mundial. Em recente simpós io efetuado na PUC, em São Paulo, e le chegou a dizer que a so lução para diminuir as desigualdades no Brasil deveria ser a ruptura radical co m o modelo atual e a adoção de um sistema econômico nos mo ldes cubanos. 1 O própri o presidente da Ve nezue la, Hugo Chávez, vem tentando seguir esta via: "Chá vez tentou destruir as indústrias porque tende, penso, a agir corno Castro, elúninar as di.~·tinções sociais [. .. } de maneira que todos sejam pobres", denunciou recentemente o Cardea l venezuelano Rosalio Casti_llo Lara.2 A respeito do indi gen ismo e nquanto fonte de in sp iração de modelos sóc io-econôm icos núserabilistas, pode-se mencionar, por exemplo, recenle informe da Agência Jornalística do Mercosul , da Universidade Nac io na l de La Plata (U NLP), Argentina . Ne le se constata a suposta atualidade da organização soc ia l dos povos originários latino-a meri ca nos como altern.ativa ao que se denomina modelo neoliberal; "rnovi rnentos indígenas cada vez mais.fortes e n·,.ais protagonistas", c ujos "valores essenciais da cosmovisão originária " coinc ide m "com a busca de rnuitos 'ocidentais' em prol de urna sociedade rnais justa e sustentável ". Uma ,neta que, segundo o dirigen-
Elegância· metamorfoseada em feiúra á algum tempo, um catálogo editado pela elegante loj a Bergdorf Goodman, de Nova York, mostrou fotog rafias de modelos em rou pas relu zentes, tendo como fundo de quadro cenas ruinosas de Havana, sem se preocupar sequer em di ss imular a mi séria em que vivem seus habi ta ntes. O catálogo repercutiu nos Estados Unidos, a po nto de o jorn ali sta Ramón Ferre ira, do "EI Nuevo Herald" (Flórida), come ntar: "a miséria cubana está na moda". O texto do catálogo da Bergdor.f Goodman te nta apresentar de mane ira favoráve l e atrae nte vários aspectos dessa situação de carência e destruição, causada pelo sistema comun ista. Assim , chega-se a lo uvar a beleza etérea de edifícios e m ruín as, do centro de Havana; e log ia-se a ausência de ruídos, como os do acelerar de motores, próprios das grandes cid ades; e tenta-se colorir essa situação de prime nte faze ndo alusão ao calor do contato hum ano do cubano, da mú sica nas ruas, etc. Essa censurável publicação serve para ilustra r um aspecto subjacente do comuni smo cubano de sum a radica lidade: o miserabilismo é imposto na ilha-cárcere como uma opção tilosófica e um modelo de vida, e não meramente como fruto de uma situação econômi ca desastrosa, tal como se poderia supor. Opção filosófi ca defendida pelos porta-vozes do reg ime, abençoada por teólogos da libertação e até indiretame nte elogiada e m importa nte documento do e piscopado c ubano.
te comu no-i nd igeni sta bolivia no Fe lipe Quispe, tem como campo de ação "do Alaska até a Patagônia, das costas peruanas até a Amazônia brasileira". Aliás, a ap resentação da soc iedade ind ígena como modelo e meta para o homem c ivili zado, feita por correntes importantes da nova missiologia, vem sendo denunci ada desde 1977 por Plínio Corrêa de Oliveira. '
As diversas ed ições do Fórum Social Mundial (FSM ) as três primeiras em Porto Alegre, e a mais recente e m Bom-
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,~viscopa<IO cubano: alegria com sucessos modestos O ep iscopado cubano, no documento final do 1° Encontro Nac io nal Ecles ial C uba no (E NEC), chegou a .exp ressar a "necessidade de nos aleg rar1nos" com certos "sucessos modestos" dosocia l ismo cuban o, e a propor um tipo de progresso igua lmente "modesto " e uma "vida austera", na qual "o desejo de ter o necessário supera o desejo de ter cada vez mais ". Essa proposta do ENEC veio sob medida para os objetivos ac ima descritos do comu ni smo cubano, máxime quando não faltam nesse docume nto eclesiástico outras manifestações de adesão à soc iedade marxista.
baim (Índi a) - têm s ido ce nári os da apolog ia do mi serab i!i smo, tanto nas suas versões indi gen istas quanto nas refere ntes ao co muni smo c ubano. O FSM tem-se transformado ass im , em pl ano mundial, na maio r articulação visível do mov im ento cornunoindigenista -prog ressista-mise rabi lista da atualidade. No Brasil, a investid a do Mov imento dos Sem -Terra (MST) e de outras enti dades ligadas à esquerda católica, contra a propriedade privada e a livre ini c iativa e m geral, e o agronegóc io e m particular, e ntende-se e m profundidade na perspectiva aq ui ana li sada. 4 O agro negóc io, por exemplo, em grande medida responsáve l pelo atua l surto de prosperidade no campo e pelo superávit nas exportações brasil e iras, é considerado como um a maldição por D. Tomás Bal luino, presidente da Co1nissão Pastoral da Terra (CPT) e atuante no Fór:um Social Mundial.
1'e11tativa <le justifica,· miséJ'ia com1111ista ... Indiretamente, a concepção subconsumi sta serve para Le ntar justificar a situação de miséria provocada pelo comu ni smo cubano e por outros povos submetidos ao domínio com uni sta, no séc ulo passado e também neste séc ul o. O marxismo, com suas âns ias delirantes de iguali tarismo, fruto do o rgu lh o e da inveja, não podendo oferecer aos homens a igualdade na prosperidade, procura fazer ace itar a igual-
Jgual<la<le 110 raciomunento e 11a misél'ia
Cardeal Rosalio Castillo Lara
Articulação <le movimentos revolucionários
"'feólogos <la libertação": socialismo <la /JObreza Tal padrão de pseudo~justiça social, de igua ld ade na miséria, tem sido defendido por teólogos da libertação como o exfrei Leonardo Boff e Frei Betto. Boff c hegou a afi rma r num de seus livros que co nstruir um a soc iedade "verdadeiramente comunista no sentido bíblico da palavra " não tem como meta "um ·socialismo da abundância, 1nas da pobreza". 6 Alé m de Boff e Frei Betto, o Ca rdea l Pau lo Evari sto Arns e outros eclesiásticos acred itam ver no comu ni smo cubano sinais do Reino de Deus.7
Fachada da loja Bergdorf Goodman
O inte lectua l cubano Juan Valdés, quando chefe do Departamento da América Latina do Centro de Estudos da América (CEA), numa visita ao Brasi 1, e m palestra no .1nstitu to Cajamar, li gado ao Partido dos Trabalh adores (PT), exp licou da segui nte maneira a filosofi a miserabilista que in sp ira o regime de Havana: ex iste um critério.funda,nental do comu ni smo cubano, pelo qua l este não tem como objetivo "dar o mesm.o que o capitalismo dá - mais casas, rnais automóveis, mais roupas, mais videocassetes" - mas colocar a população num a mesma "base igualitária ". Nesse sentido, acrescentou Valdés, o famoso "livre/o de racionamento" não deveria ser visto como um a "deficiência do sistema econômico" da ilha, mas como um "êxito político" e de ''.justiça social " ... 5
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... e clel'esa cio subconsumo J)ara to<los M as não se trata apenas ela ju stificação ele um f racasso. Para os núserabilistas, convém que o homem di sponh a tão só ci o necessário pata a conservação ele sua ex istên: eia e ele sua saúde. Eles defe ndem a idéia ele que tanto o consumo quanto a produção ci o homem não elevem ultrapassar os ex íguos padrões e limites que concebem co rn o idea is. Tudo aquil o que exceder esse limite já seri a considerado supérflu o, e portanto di spensável. Em contraste com a doutrin a ca tóli ca e co m o bom senso, eles chegam a condenar não apenas o supérflu o, mas também a ca tegori a ele bens convenientes, que vão além daquele mínimo indi spensável, e os rotul am desdenhosa mente co rn o frutos cio consunú srno. Corn o subconsurnistas que são, alega m qüe o natu ra l desej o ci o ·er humano por bens ele gra nde ou até ele grandíss ima ca tegori a, e sua as piração pelo sadi o progresso, trari am corn o conseqüência graves danos para a saúde física e psíqui ca el as pessoas. Essa sa udável e no rm al tendência el as pessoas para a melhori a ele v icia e para a elevação pessoa l, íamili ar e social estari a, segundo o miserabilistas, na raiz ele muitas desord ens ela vicia pós- modern a. Supostamente, aquil o que excede o estritamente necessári o, ao contrári o ele ser benéfi co para o homem, ser- lhe- ia nocivo. Isto porqu e des pertari a nele um desej o se m freios por tudo qu anto é apetecível, deleitáve l, ele grande qu alidade, e até magnífi co; mas , sobretudo - e este é um ponto importante para detectar os rea is intuitos co muni stas elas doutrinas miserabilista.1· - porqu e se estabeleceri am desigualdades entre os homens.
Anti-escola de igualital'ismo, ateísmo e J)anteísmo Na rea lidade, o núserabilisrnu em gera l e o co muni smo cubano em parti cul ar, ao tentar abolir na soc iedade qu alquer
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vestígio elas legítimas hierarqui as e as harmôni cas des igualdades que o própri o D eus in stituiu na C ri ação, como refl exos ele Si mes mo e ele suas perfeições, põe em prática uma anti -escola ele ateísmo. É cl aro que, em matéri a ele cl es igualclacles, pode haver exageros e abusos, como em todas as condi ções hum anas. Ninguém os defende. Entretanto, as hi erarqui as e des igualdades retamente entendidas fa lam de Deus às alm as e de seu pl ano cri ador. Portanto, dentro da implacável lógica revolucionári a, elas elevem ser eliminadas. Karl M arx percebeu a influênc ia ela soc iedade temporal sobre a form ação - ou deform ação - elas mentalidades. E por isso indi cou a seus sequ azes esse método de ateização hoj e apli cado em Cuba, que consiste na abolição ele todas as des igualdades nas relações sociai s com o obj eti vo ele ex tinguir nas mentes a concepção reli giosa ci o mundo e ci o próprio Deus. Um mundo sem des igualdades proporcionais e harmôni cas prepara o espírito elas pessoas para cance lar ele seu hori zonte mental também a suprema cles igualclacle ex istente entre Deus e suas criatu ras. Por isso, co mo afirm ou o Prof. Plini o Corrêa ele Oliveira, a questão do igualitari smo situa-se no ful cro mais central ela luta entre as fo rm as contemporâneas ele ateísmo e ele pante ísmo e a Religião Católi ca, com seu ensin amento ele um Deus uno, tran scendente, etern o e perfeito.8
Próceres da
esquerda católica defendem o miserabilismo m artigo Cuba e o submarino, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira assim se ref eriu à torpe def esa cio miserabilismo, feita por teólogos da
libertação: Alegr es próceres da esquerda católica brasileira, como Frei B etto, Frei Boff e quej andos lá estiveram [em Cuba]. Fazend o coro com ecolog i. tas e tribali stas, esses homens-show da teologia da libertação entregaram-se à mes ma lenga- lenga de se mpre, cujos termos são mais ou menos os seguin tes:
Conaturalidacle com o hOl'l'endo Um dos objeti vos ci o processo revolucionári o, que vem corroend o a Cri standade desde o fim ela Idade M édi a até nossos dias, tem sido a degrad ação, quanto poss ível, da natureza humana, incluindo os chamados conceitos transcendentais cio ser, aplicados ao ente humano. Em seu sentido fil osófi co, como ex pli ca Sa nto Tomás ele Aquin o, os transcendentais são qualidades ou perfeições que exi stem em todo ser hum ano, e que cada um está chamado a desenvolver; ass im, por exemplo, a unid ade, a bondade, a verd ade e a beleza. A ss im , em termos gerais, poder- e- ia di zer que a co nfusão, o caos e a co nseqüente perd a ci o senso das hi erarquias afetam a visão da unidade; o relativi smo fi losó fi co, mora l e religioso obnubila a percepção do verd adeiro; a imora lidade e a amora l idade na soc iedade contribuem para deteri orar o senso cio que é ou não bom ; e por fim , é a co ncepção miserabilista, alentada por correntes co rnun o-progrcss istas, a ponta de lança para destruir nas alm as e na soc iedade a percepção do belo. Com essa ofensiva co njunta para extinguir nas almas o di nami smo dos transcendentai s do ser, a R evolução anti -cri stã vai conseguindo levar imperceptivelmente a humanid ade rum o ao ateísmo ou a fo rm as ele pa nteísmo que exc luem a transcendência ele Deus. Ou sej a, D eus não seri a um Ser diferente ci o
Em Cuba, vive-se f eliz. Lá há miséria, é verdade. Mas qual é a diferença entre miséria e pobreza ? E, no total, uma suportável pobreza não será melhor do que o consumismo? Ou, pelo menos, não será um mal menor, uma vez que não se obriga as populações a trabalhar tanto, para produzir tanto? O ócio que essa situação acarreta não terá lá os seus atrativos ? E isso não será melhor do que a escalada vertiginosa da civilização de consumo? N ão podendo fazer outra defesa da flha-cárcere, seus propugnadores entregam-se a essas desajeitadas defesas ci o miserabilismo. E pouco se in comodam de, por essa forma, concorrer para que ali se perpetuem as brutalidades, as inclemênci as e os crimes cio co muni smo stalini ano, fracassado no L este europeu ("A gênc ia B oa Imprensa" - ABIM, julho/92).
Rua de Havana : exemplo de miserabilismo
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Antjconsunµ$mO VICIOSO PuN1 0 C oRRÊA DE OuvE 1RA
a is vale a pena trabalhar o menos possível, comer igualmente o me nos poss íve l, descansar muito, embriaga r- se muito ... d o que trabalhar muito, consumir com fa rtura e me lhorar con sta nte mente o próprio nível ele vid a. É esta a indolê nc ia própri a de muitas das popu lações que viveram 50 anos ou mais sob a tirani a comuni sta . Introdu ziu-se assim , nessas popul ações, a idé ia ele que trabalh ar muito para produzir muito não co mpe nsa a fadi ga de traba lhar...
Universo criado, autô no mo e superior (transcende nte), mas se confundiri a co m a cri ação. Sob certo ponto ele vista, o co njunto cio plano e elas metas núserabilistas constitui um auge ele ave rsão a Deus, que começou com o pecado ele o rgulho ele Lúcifer - o " No n serviam" - e projeta hoje sérias conseqüênc ias no plano moral, soc ial e econôm ico.
Necessi<lade ele riquezas Pl'OPOJ'CÍO/Ja(las Contrariamente às teses cios subcon.sumistas, as riquezas legítimas e proporcionadas são um a man ifestação ela abundânc ia cios dons ele Deus. l sto va le não só para as grandes riquezas, mas também para aq ue le grau de supérfluo (q ue, sem contradição nos termos, poder-se- ia chamar ele necessá ri o) que todo ho me m - sa lvo vocações especiais - deve procurar para ornar sua vida, dando assim a esta o gra u ele cligniclacle e esplendor adequados para manter vivo e atuante o dinamismo ela alma rumo às co isas mais altas. A arte popular, por exe mpl o, com as condi ções materi ais que ex ige para se desenvolver, é a seu modo um a fo rma valiosa ele riqueza ele um a nação, que s upõe uma cligniclacle ele alma abe rta à be leza. E isto só é possível num povo onde a fé e os sentimentos re li g iosos estão acesos. Com mai s razão ainda o são as formas preciosas ele cultura que só se co ncretiza m através ela riqueza materi a l - a arte nob re, os palác ios, os mo nume ntos faustosos. As grandes in s-
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O co nce ito d e con s um o in clui, po is, tud o aquil o que é indi spensáve l para o home m viver, mas inclui também o conveniente, e no conveni e nte até o supérfluo, o que torna a vida agradável. A palavra consumir ab ra nge portanto o conjunto daqui lo que apetece às justas te mperanças da natureza humana. A primeira idéia que sa lta ao espírito, ao fal armos de co nsumo, é a de comer, o que certamente está inc luído no conceito. Poré m, consumir significa também ter na vida ainda o utros regalos leg ítim os , que pro po rcio na m be m-estar ao home m. Um a mãe de fa míli a entra num a loj a e vê um bibe lô de porcelana representando um a pas tora conduzindo um corde irinh o ; julga e la que seri a agradáve l tê-lo no centro da mesa de sua sa la de estar: ela compra , e la consumiu. Ela não vai comer aque le objeto de porce lana; adquiriu -o apena · para que todos o olhe m . E ntretanto, é um ve rdade iro consumo. Para que haja estímulo para o trabalho, é prec iso dar a quem traba lha a devida compensação. A fim de aprove itar em be nefício da sociedade
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consumismo
proporcionado os mais ca pazes, efi c ientes e produtivos ~ numa pa lavra, os melhores - é prec iso que eles ganhe m mais. Se tal não ocorrer, a soci edade amolece e cai no não-consumismo e até no anticonsumismo. E daí res vala para um estado de pobreza crôni ca, preguiçosa, mofada, que te nde, em última análi se, para a barbárie. Em face do anticonsumismo retrógrado, oc ioso e até beberrão , inimi go da civili zação, do be m-estar e cio be m vive r de todos os home ns, deve mos propugnar um consumismo te mperante, crite ri oso e pro porc ion ado, sempre de ntro do es pírito dos M a nda me ntos e da doutrina católi ca. (Trechos do arti go An1ico11.swnis1no, glorijicação do ócio e da indigência, Catolicismo , nº 536, agosto/1 995 ).
tituições e, e m gera l, tudo aquilo que manifesta elevada no breza ele alma, pedem também, freqüentemente, grandes meios materiais para serem rea li zados. Essas diversas manifestações artísticas, sejam populares o u das c lasses superiores, se comp lementa m, co mo exp ressão ela a lma de um povo, e a todos aprove ita. A própria psicologia modern a reco nhece hoje o gra nde va lo r que hi stori ca me nte têm tido, para o bem-estar psíqui co de todo o co rpo soc ia l, as diversas man ifestações de riqu eza material leg ítima e proporcional. Pe lo contrário, em sociedades artificia lmente privadas de ornato e beleza, onde imperam com pul sori amente a feiúra, o estancamento e a sordidez cios costum es e das artes, tende a debilitar-se o impul so da vontade na direção ele seu fim último transcendente, que é Deus.
Pecaclo contra os planos ,livinos para a Cr iação Os misera bilistas peca m ass im co ntra os pl a nos ele Deus, manifestos nas s uas obras. Po is, ao re nun c iare m por princípi o ao reto uso dos bens da terra, que Deus nos e ntregou pa ra se re m ape rfei çoados, nega m ao C riad or a g ló ri a e a ho nra qu e as criatura s lhe devem. Eles são como aqu e le servo infi e l do Eva nge lh o, que e nterro u a moeda que se u Senh or lhe tinha dado, se m fazê- la frutifi ca r (Mat 25, 14-30).
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Sugestões para defender-se do espírito misera bilista
Co mete m um a inju sti ça co ntra a soc iedade, porque des troe m ou impede m o harm o-_ nioso desenv o lvim e nto da o rd e m natura l que, co mo ex pli ca Sa nto To más de Aquin o a mpl a me nte, e m maté ri a de be ns te rre nos a lca nça seu pl e no desenvo lvime nto no reg im e de propri edad e priva d a (c fr. Sum.a Teológica, 2-2, q . 66, a. 1-2).
Viabili<lade <los planos misernbilistas É preciso ampli ar o olhar para o cenári o mundial e refl etir a respe ito da vi abilidade da a pli cação dos pl anos miserabilistas alé m das fronte iras cuban a e latino-ameri cana. À prime ira vi sta , se ria difíc il suste ntar a vi abilidad e da apli cação de mode los subconsumistas e m soc ied ades medi a na o u a ltame nte indu stri a li zad as, co m popul ações inte iras habitu ad as a altos e médi os padrões de co nfo rto e co nsumo. Poi s, pode r-se- ia o bj e ta r, a tai s populações res ultari a into le ráve l um níve l de vid a tão ba ixo co mo o da ilh a- pres ídi o de C uba, o u co mo o d as oc iedades indíge nas latin oame ri canas. Sem e mbargo, a vi abilidade desse ca minho miserabilista para essas nações não pode descartar-se se m ma is. Com efe ito, nesses países as correntes sóc io-po líti cas que defende m mode los de vida neotribais, de raiz ecológ ica, e que pl e ite iam o abandono dos estil os de vid a ocidentais consti tue m hoj e, e mbora minoritári as, a va nguarda do pensamento revo luc ionário e estão e m expansão. Neste sentido, já nos referimos ao Fórum Social Mundial co mo um a g igantesca artic ulação comuno-indigenista-subconsunústa. Seus diri gentes e ati vistas infe li zmente não estão iso lados, po is contam com a adesão de setores da opini ão pública que vão progressivamente abandonando os princípi os cri stãos .
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e a investida miserabilista promove a feiúra, a suje ira, o mau gosto, o igualitari smo na mi séri a, o ate ísmo etc., para defende rmo- nos contra tal investida precisamos, em nossa vida pessoa l, fa mili ar e soc ial, te ntar desenvo lver os princípios e virtudes que se lhe opõ~m: a orde m, a be leza, a limpeza, o bo m gosto, o respe ito às legítimas hi erarquias e des igualdades etc. Neste esforço, como vimos, pode estar e m j ogo a própri a per.-everança na fé de muitos de nós. Até pequenos detalhes pode m auxili ar no desenvo lvimento de princípi os e v irtud es a ntirni sera bili stas, como o fato me nc ionado pe lo Prof. Plíni o Corrêa de Olive ira (vide qu adro à pág. 32), da mãe de fa mília que compra um bonito bibelô de po rcelana para decorar sua casa. Co m isso, introduz notas de bom gosto, de orde m, de legítima alegri a de viver, de consumo supérflu o mas te mperante e be né fi co, contrárias ao espírito triste, revo ltado e igualitári o do miserabilismo. Ass im , cada le itor e cada leitora, de acordo com sua profissão, estado c ivil , situação soc ial e idade, co m a ajuda da graça de Deus e pela medi ação de Nossa Senhora sabe rá encontrar o utros exempl os oportunos e pô- los e m prática. Aguardamos sugestões e comentári os a este respe ito, que, eve ntualme nte, co muni ca re mos a nossos le itores.
Co11j11ntums inte.1·1mcio1mis e hipóteses Alé m di sso, circunstânc ias intern ac io nais imprevi stas poderia m fac ilitar a marcha nessa direção. Por exe mplo, o comportamento erráti co de variáve is macro-econô mi cas, que produz isse depressões, cri ses e até colapsos econô mi cos, poderia faze r invo luir forçosamente esses países rumo a mode los menos distantes de um a econ o mi a de subs istênc ia. També m, num mundo pós-m oderno marcado pe las ameaças terrori stas e guerri Ihe iras, conflitos e ataques inesperados poderia m, dependendo de sua mag nitude, aca rreta r a deterioração econô mica das nações afetadas. Por fim , no caso de nações economi camente desenvolvi das, co mo Estados Unidos e Canadá, ou mes mo Chile, Bras il etc ., nota-se da par te dos elementos dos e pi scopados católi cos uma ori entação doutrin á.ri a no sentido rni serabilista. Tai s bispos têm lançado documentos interpretados como anti-consumistas, e até corno anticapitalistas, contribuindo indiretame nte para preparar o espíri to das pessoas para viverem numa soc iedade e mpobrec id a, derivada ocas ion a lmente de imprevi stas conjunturas internac io na is. Poder-se- ia objetar que o exposto constitui um mero j ogo de hipóteses, em re lação às qua is seri a poss íve l leva nta r diversas objeções de peso. É verdade. Mas essas objeções, que não é o caso de a na li sar aqui , não
inva lida m a espinha do rsa l do que foi apresentado. Prime iro, porque as hipóteses são rea li stas, baseadas em fatos. E també m porqu e se trata de hipóteses que é necessári o considerar, para que o espírito humano tente interpreta r os rumos dos aco ntec ime ntos, no marco da instabilidade, mutabilidade, efervescênc ia, confusão e caos do panorama po lítico-re lig ioso conte mporâ neo. •
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gonca logu im araes @catolicismo.co m.br
Notas:
1. Cíntia Cardoso, "Fra11çoi.1· Chesna is: Para acad êmico, só uma mudança como a promovida em Cuba poderia d i111i11uir des ig ua ldade 110 paf.\· 'Ruptura radica l ' é a saída p ara o B rasil, defende p ro./essorfiw ,cês", " Fo lha ele S. Paulo", 3 1-5-04. 2. A gência Z enit, 13-7-04. 3. Tribalism.o l11díge11a: idea l conw11.o-111issio11á rio p a ra o Brasil do século XXI, Ecl . Vera Cru z L tcla., São Paul o. 4. C fr. Gregó ri o Vi vanco Lopes, Pasto ra l da Terra e M S T incende ia m. o Pa ís, Co leção Em De fesa cio Ag ronegóc io, Edit ora Cruz el e Cri sto, São Paul o, 2004. 5. Cubanos Desterrados , ";Jto .,·ta c11á11do las Amé ri cas to lerará n a i dictador Ca.vtro ... 1 ", Parte Ili , Ca p. 8; " L a ' austeri clacl' proc lam ada por teóricos aclherentes ai comuno-progres ismo y por el ' Docum ento Final ' dei ENEC, l hacia la 'canoni zac ió n' ele una soc iecl acl mi serabili sta?", Mi ami -New York , Jun . 1990, p. 15 1. 6. lei. ibicl., p. 156. 7. lei . ibicl., p. 152. 8. l<l. ibi<l., p. 165.
Referências: A obra que, a nosso entender, aborda ele maneira mais profund a o lema do mise rabili.v111.o é o livro patrocin ado por "Cuba nos Desterrados" : A té q 11a 11.do as Amé ricas tolera rüo o di tador Castro ... 1 D uas décadas de p rog re.,·si va aprox imaçüo couu 1110-ca tó lica na ilha -pres íd io do Ca ribe (Edi ções Cubanos Desterrados, Miami - New York , 1990). Particul armente os ca pítul os A 'a uste ridade ' p roclamada po r teóricos aderentes ao con111110-prog ressismo e p elo 'Doc ument o Ji11a / ' d o EN EC, rum o à 'ca 11.0 11.izaçüo · d e um.a soc ied a d e miserabilislti 1 e Uma sociedade 'miserabilista · a trofia os potê11.cias da alma /11,1111(11/CI, fom e11.w a co 11a t1.1ralida d e co111 o ltorre11do e ate11ta contra a gló ria de Dem . Sobre as ca usas ci o processo revo lucion,írio aborclaclo neste arti go e seu dese nvo lviment o hi stóri co até nossos dias, cfr. Plini o Corrêa ele Oli ve ira, Revoluçüo e Co11.tra-Revo /11çüo. O eminent e aut or ori ent.ou e deu uma co ntri bui ção intelec tual dec isiva, ao longo cios anos ele 1989 e 1990, à co mi ssão ele estudos que redi gi u o citado li vro ele "Cubanos Des terrados". Uma documentação que, a nosso ver, anali sa ele maneira inédi ta e atuali zada a articulação co111w10-i11d ige11ista- prog re.1·si.1·ta -mi.verabilista encontrase nos e-Books cli runcliclos pe las agências Cub Dest e Destaque /11.t em acio11.a/: Fórum Social Mundia l 2004, Bombaim. Índia : preornpa11te a rticu.laçüo revoluciona ria (6 ca pítul os); Fó rum Socia l Mund ia l 2003, Po rto A leg re: la bora tó rio da revoluçüo (8 capítul os); Fórum Socia l Brasilei,v 2003, Belo • /-/o rizonte: rad iografia das esq11e1âa.1· (5 capítul os) ; Fórum Social Mund ia l 200 1-2002: labora tório da revo fll çüo , Porto A legre, Brasil (7 ca pítul os); todos estes e - Books podem se r co nsulta dos g ratuit amente no sit e www.cubclesL.oro C fr. também: Gonçal o Guimarães, Cuba co111u11is ta: o 111iserabilismo como escola d e ateísmo, " Diario Las Américas", Mi ami , 27-3-0 1. A res peito cios transcendentais cio ser e temas conexos aborclaclos neste arti go, cl"r. Sa nto To más ele Aq uino, Suma Teo lóg ica, especialmente 1, a. l ; 1, q. 2, a. 3,c; 1, q. I 2, a. l ; 1, q.94, a. l c.; 1- ll , q.9, a.2 e ad . 3; 1- ll , q.5, a.3, acl.3; 2-2, 66, a 1-2. Agradecemos a vali osa co laboração cio Dr. Mi guel Beccar Varela no estudo e redação desses temas aborcl aclos por Santo Tomás.
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cheio de vida e quimeras, e perdeu-se moralmente devido à influência deletéria ele maus companheiros, que levavam vida debochada. Decl.ara ele em sua imortal obra Confissões: " Desde a
adolescência, ardi em desejos de me sati4ázer em coisas baixas, ousando entregar-me como animal a vários e tenebrosos amores! Desgastou-se a beleza da ,ninha alma e apodreci aos teus olhos [ó DeusJ, enquanto eu agradava a rnún mesmo e procurava ser agradável aos olhos dos homens ". ' C hega ndo por fim à famosa Car-
Santo Agostinho, Doutor da Igreja, coluna inabalável da verdade U m dos maiores gênios que a humanidade já produziu, denominado pelos escritores eclesiásticos Mestre da Teologia, Escudo da Fé e Flagelo dos hereges, enLre outros títulos ■ PU NIO M ARIA SO LIMEO
Acima : Santo Agostinho escrevendo suas Confissões.
Na página seguinte : Santo Ambrósio, que batizou Santo Agostinho.
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CATOLICISMO
ostinho nasceu em 13 de novembro de 354 em Tagaste, pequena cidade livre do proconsu laclo ela Numícli a, do Império Romano, ao norte da África. Seus pais, Patrício e Mônica, se bem que ele hon radas famíli as, não eram ricos. O genitor, ainda pagão, pertenceu à cúria da cidade - assembléia dos que compunham a cúria, uma divisão político-rei igio sa cio povo romano. Sua mãe, fervorosa cristã, criou A gostinho no temor de Deus desde os primeiros anos ele sua infância. In screveu-o também no número dos catecúmenos. Ainda na infância, o menino ficou gravemente enfermo e pensou-se em adm inistrar-lhe o santo Bati smo. Mas,
tendo ele melhorado, foi ad iad a a recepção desse Sacramento, conforme costume da época.
Aclolescel1le, afünda-se nos vícios A brilhante inteli gênc ia ele A gostinho e sua fiel memória propiciavamlhe muita facilidade para os estudo s. Esse fator inclinou seu pai, quando A gos tinho terminou os estudos em Tagaste e M adaura, a pensar em mandá- lo para Cartago, a capita l romana do norte da África, onde ele poderia prosseguir sua formação intelectual e chegar a reputado juri sta. O ano que A gostinho passou , esperando que seu pai juntasse o dinheiro suficiente para isso, foi-lhe funesto. Estava na exuberância dos seus 16 anos,
A gostinho voltou para Cartago, onde continu ou a ensin ar retóri ca com o mesmo brilho. Apesar de maniqueu, Agostinho ti nha muitas dúvidas a respeito do que lhe era ensinado pela seita. M as todos lhe diziam que o "bispo" deles; Fausto, respo nderia maravilhosamente a
cesso de conversão durou três anos. E nfim, na véspera da Páscoa de 387, ele é bati zado por Santo Ambrósio juntamente co m seu filho Deodato e vários di scípulos. Depois do batismo, A gostinho reso lve voltar para a África. Em Óstia, perto de Roma, dá-se o famoso êxtase em que ele e sua mãe são arrebatados quando consideravam a vida futura. Pouco antes hav ia falecido seu filh o, aos 15 anos de idade. E Santa M ôni ca logo o segue ao túmulo. "Ern toda a
tago, aos 17 anos, logo se uniu à turbulenta mocidade acadêmica da c idad e. Inic iou em seu curso ele retóri ca o estudo de Virgílio , poetas e escritores latinos. Descobriu em Cícero a atração da filosofia, e a ela entregou -se com ardoroso fervor. Aos 19 anos uniu-se em li gação pecami nosa a um a don ze la, co m quem viverá 15 anos, só rompendo esse crimi no o vínculo ao se converter. E la lhe deu um filho, Deodato.
literatura não há páginas com mais refinado sentiment.o do que a história de sua santa ,norte e a dor de Agost.inho [Confi ssões, IX] ". 5
Aliciado pela heresia ma11iq11éia Em busca ela vã curiosidade, "caí nas mãos de homens desvairados pela presunção, extremamente carnais e loquazes. Suas palavras tra ziam as armadilhas do dernônio, numa rnistura con.fitsa do Teu norne com o de Nosso Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo consolador". 2 Eram os hereges maniqueus. A gostinho tornar-se-á um de seus ardentes defensores, pervertendo para a seita vári os ami gos ca tólicos. Durante nove anos permanecerá em suas malhas. No ano 375 , tendo terminad o seus estudos, voltou para Ta gaste, ond e ensinou com sucesso gra mática e retórica. Como ele se obstinava na heres ia, sua mãe não quis aco lhê- lo em casa. Tendo porém consultado um bispo a respeito, este aconselhou-a a recebê- lo, dizendo que um filho de tantas lág rimas não podia perder-se. Entretanto, depois da morte de um amigo muito íntimo, para esq uecer a dor,
"A leitura das Epíslolas de São Paulo, a influência de sua mãe, Mônica, e do bispo de Milão, Ambrósio, levaram-no a se reaproximar dos cristãos. Com.o ele narra nas Confi ssões, depois das reviravolt.as de suas hesita ções ele vive um momento intenso de dilaceração inlerior. Tal compunção o decide a se convert.er" .4 M as esse pro-
todas suas objeções. Ora, em 378, Fausto fo i a Cartago. Este, apesa r de ter palavra fácil e verbosidade atraente, acabou por reconhecer qu e não tinha respostas para as indagações de Agostinho. Com isso, "o ardor que eu li ve-
ra em. progredir na seita que abraçara, arrefeceu cornplet.ament.e logo que conheci esse hom.em, mas não a ponto de desligar-me radicalmente dos ,naniqueus.{. .. ] Decidira contentar-me lemporariamenle com ela, até enconlrar algo rnais claro, que merecesse ser abraçado". 3 E esse algo ele encontraria, não em Ca rtago, mas em Milão.
Rumo à conversão e à Simlidaclc Aos 29 anos, ainda inquieto em bu sca da verdade pela qual asp irava, A gostinho resolveu ir para a Itáli a. Em Roma lec ionou retórica, mas acabou trasladando-se para Mi Ião. Lá, sua mãe passou a morar com ele.
N ovamente em Tagaste, viveu retirado cio mundo durante três anos, em comunidade religiosa com seus ami gos, em oração, estudos e penitênci as.
!\clamação ,10 povo e sacenlácio Um dia no ano 39 1, em que tinha ido a l-lipona - o nde a fama de sua santidade e saber já havia chegado - , estava ele reza ndo num a igreja, quando o povo o rodeou , ac lamando-o e pedindo ao bi spo Valério que lhe conferisse o sacerd óc io. Apesar de todos os seus protes tos , ele teve que curvarse à vontade de Deus. A primeira coisa que A gostinho f ez, quando ordenado, foi pedir ao bispo um lugar para erguer um moste iro como o de Tagas te. Logo povoado de almas eleitas sob a direção de Agostinho, desse celeiro sa iriam pelo menos 1O bi spos para as dioceses vizinhas . Apesar de não ser costume na Áfri ca um sacerdote pregar esta ndo o bispo presente, o bispo Val éri o incumbiu A gostinho de fa zê- lo, e suas pregações
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EXORCISMO tiveram s ucesso imedi ato. Não se podia res istir à força ele s ua argumentação ne m à unção ele suas palavras . Ele com bati a sobretudo o maniqu eís mo, que co nh ec ia bem. Num debate público com Fortunato , um de seus cor ife us, ele tal maneira o arrasou, que este teve que a bandon ar Hipo na .
além das obras polêrnicas que compôs, redigiu. tratados para todos os estados da vida civil e cristã. Os casados, os viúvos, as virgens, os
Enfim, e m 430 os bárbaros vândalos invad iram o norte ela África e ce rca ram Hipon a. Consumido pela tri steza, po is via naq uilo a mão ele Deus que castigava, Agostinho foi vitimad o por uma febre que o prostrou ao leito. Tendo sempre presente sua anterior vicia pecaminosa, mandou que escrevessem na parede de seu quarto os sa lmos penitenciais, para os ter d iante dos olhos o tempo todo, até e ntregar sua compun g id a e nobre alma a Deus, a 28 ele agosto de 430. 7 M e receu o g lorioso nome ele
Combateu h1imigos da ié, <lcsarmou inliéis . O bispo Va lé ri o, considerando o valor ele Agostinho, teme u perdê-lo para outra di ocese. Por isso, pedi u ao Primaz ele Cartago que o nomeasse seu bispo-auxiliar com direito à sucessão. Mais uma vez Agostinho teve que se curvar ante a vontade da Prov idê ncia. Pouco depois, com a morte ele Valério, tomou posse da direção da diocese. Mas qui s que em seu palácio se observasse aregul aridade religiosa, para que tivessem mais efic iê nc ia seus trabalhos apostólicos. O santo bispo ele Hipona fo i um cios maiores defensores ela ortoclox ia em seu tempo tumultuado por heresias, combatendo-as co m a palavra e com a pena. Depois cios maniqueístas, combateu as heres ias cios pricilianistas e cios clonatistas, tão poderosos na África, onde já haviam infectado mais de quatrocentos prelados e combatia m os fié is cató licos a ferro e fogo. Ago "linho obteve auxíli o do Imperador Ho nóri o para a errad icação ele tão perniciosos elementos. Combate u também as heres ias cios pe lagianos, cios semi-pelagianos e cios arianos, vindos com a invasão dos godos. "E,~firn, Santo
Agostinho não se contentou em combater os inimigos da fé e desarmar os i,~fiéis, os hereges, os libertinos e os cismáticos. Quis trabalhar ainda mais pela Igreja, pois,
CATO LICISMO
plações; forneceu. grande quantidade de belas leis para os jurisconsultos; em uma palavra, enriqueceu a Igreja com inumeráveis escritos, armas temíveis e invencíveis para derrubar aqueles que tentassem atacá-la" .6
Doulor e defensor da graça, pela refu tação que fez à doutrina errônea da graça, pregada pelo pelagianismo. 8 • As lágrimas de Santa Mônica compraram a conversão de seu filho, Santo Agostinho
E- mail do autor: pm solirneo@catoli cismo.corn .br
Notas: regulares, os eclesiásticos e os leigos encontram em seus li vros as mais sólidas m.áximas para sua conduta. [. .. ] Traçou os preceitos da gramática para as crianças; compôs uma retórica para os oradores; explicou as categorias para os .filósofos; procurou., com muito lrabalho e exatidão, o que havia de mais raro na Antigüidade para os curiosos; escreveu volurn.es inteirvs de teologia posili va para os pregadores; tratou, com urna penetração maravilhosa, os mistérios da Religião: a Trindade, as processões divinas, a Encarnação, a predestinação e a graça, para os teólogos; deixou para os místicos meditações Iodas de fogo e sublimes contem.-
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J. Co1"!fissões, Edições Paulin as, 2' ed ição, 1984, L ivro li , 1, p. 43 . 2. lei., Livro Ili , 6, p. 65. 3. lei. , Livro V, 13, p. 11 6. 4. Encyclop édi e Accue il , Donnée s encyc lopédiqu es, co pyri ght © 200 1 Hacheue Multimédia/ Hacheue Livre. 5. Eugene Ponalié , The Ca 1h o li c Encyclopedia, Volume li, Transcribed by Davc Ofstead , opy right © 1907 by Robert App l eto n Cornpany, On l in e Edi ti on Co pyri ght © 2003 by Kev in K ni ght. 6. Lcs Pctils Boll andistes, Vie.1· des Saims d'apre.1· le Pere Giry, Bloud et Barrai , Pari s, 1882, 10111 0 1Oº, p. 306. 7. Obra também consu ltada: San Agus1i11, obispo de l·lipo11a. adaptado ele Vidas de los Sa n/os de Butler. Versão eletrônica das Siervas de los Corazones Traspasados ele Jcs ús y Maria, SCTJM . 8. Pe. José Leite, S..f., Sanlos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, San /o Agostinho, 28 de agosto, 101110 li , p. 600.
Eu, bispo exorcista E m recente livro, o bispo de Isernia-Venafro, na Itália, descreve suas experiências de exorcista e as surpreendentes conclusões a que foi levado durante uma década de prática do Exorcistado ,, SANTIAGO FERNÁNDEZ
a manhã ele 29 de junho de 1992, o novo bispo de Isemia-Venafro, D. Andrea Gemma, saía da Basílica Vati cana, o lh ando pensativo para a Praça de São Pedro. As palavras ele São Mate us, "as portas do inferno não prevalecerão" (Mt 16, 18), ecoavam em seu espírito com um atrativo sobre natural. E lhe inspiravam graves considerações: 1) a ação do demônio não só não diminuiu, mas multiplicou-se; 2) o demônio é consc ie nte ele que dispõe de pouco te mpo; 3) Nosso Senhor Jesus Cristo deu à Igreja e norme poder contra Satanás; 4) para não ser derrotado, o demônio faz tudo para agir no si lênc io; 5) c hego u o momento ele desmascarar a ação in sidi osa de Lúcifer e enfrentá- lo de viseira erguida, com as armas ele que a Igreja dispõe * (pp. 1 1- 12).
N
Por que 11ão se /'ala da ncccssi<lade de exorcismo? Voltando à s ua diocese, a 170 km de Roma, D. Andrea decidiu pôr em prática o mandato divino "expulsai os demônios" (Me l6, 17). Por 1uc, explica ele, para o bispo, exorc izar "não , uma escolha, é obrigação" (p. 2 1). c ita o exorcista ofic ial de Ro ma, Pe. Gabriel e Amorth :
"Um bispo que não eslabelece pelo menos um exorcista na sua diocese não está isento de pecado mortal por grave omissão" (p. 24). O resultado fo i . urpreenclcnte. O poder do inferno se lhe reve lou cm todo o seu ho rror e em toda a s ua extensão. "Quantas vezes - escreve e le - , nos
meus colóquios cotidianos, freqüentemente difíceis, com os doentes de todo tipo, esta verdade se punha diante de mim: 'Por que não nos falaram antes destas coisas? Por que não nos alerta-
ram com. uma adequada instrução ? Por que não nos preservaram a nós, grei de Cristo, da devastação dos lobos famintos?" (p. 113). "Se todos os bisposfossem como você, estaríamos completamente vencidos, e imediatamente" (p. l2), gritou -lhe um demônio por me io ele uma mulher possessa, acrescentando em uma outra ocasião: "[mas] vocês são poucos " (p. 62).
Poder da promessa de Nossa Senhora cm Fátima Em 1992, o prelado publicou a pastoral As portas do inferno não prevalecerão. Ne la, alertavà: "A ação infestem-
te e obscura de Satan.ás [. .. ] está, acreditai-me, mais difundida e é mais nefasta do que se possa pensar" (p. 15). Na pastoral , D. Anclrea convocou a diocese para "uma luta sem quartel, concertada
e eficaz contra o mal e as suas artes" (p. 16). O bi spo promoveu o rações públicas que co ngregavam multidões vin-
D. Andrea Gemma : a ação diabólica "é mais nefasta do que se possa pensar"
elas ele muito longe. O M ali gno se externava visivelmente, e aque les que sofria m a lguma ação diabólica eram levados à sacri stia para serem objeto ele exorcismos específicos. O bispo não im ag in ava que sua pastoral daria a vo lta ao mundo, sendo traduzida em várias lín g uas. Ca rtas, im - . prensa, pessoas de toda lt,1 li a e até do exterio r, apelando ao seu socorro porque senti am a lg um a ação diabólica o u estavam possessas, lhe mostraram que muitos fiéis estavam esperand o a lgo do gênero . Nos exo rc is mos, D . Anclrea pôde constatar o enorme poder de Nossa Senhora e da Igreja sobre as potências cio ab ismo: "Se quero ver o demônio real-
men.tefurioso, basta jogar-lhe água benta, pronunciando esta minha doce certeza: 'por .fim., o Coração matem.o de MaAGOSTO 2004 -
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di z ele, a quantidade de ocas iões que o contexto atual oferece às serpentes infernais para se apossa rem das suas vítimas.
"A m.aior vitória do diabo consiste em. convencer os hornens de que ele não existe". Esta verdade indiscutida levou o prelado à conclu são de que o ambiente modern o serve de luva idea l para as garras infe rnai s. A todo momento, esse ambiente sugere que não há Deus nem demôni o, nem Céu nem infern o. E os espíritos malignos atacam e invadem os corpos das suas vítimas ele inúmeras formas. Há cultos satâ nicos ex plícitos. Mas também implícitos, co mo certas téc ni cas de med itação e algumas terapias alternati vas, superstições ou modas tipo No va Era ou músicas tipo rock anel roll. Como é qu e a humanidade gerou esse ambi ente enganosamente neutro e materiali sta, porém tão útil para os espíritos das trevas?
A Revolução gera ambiente Pl'O/JÍCiO él ação lliabólica Imagem do Arcanjo São Miguel, que liderou a luta contra Lúcifer no Céu
ria triunfará '. 'Sim!!!', me responde, sempre rangendo os dentes. Mas algumas vezes acrescenta um desc1fi.o: 'neste meio tempo, quantos levaremos conosco' ... " (p. 63). D. Anclrea interrogou vária s vezes os demôni os possu idores:
- " Vós, que vexais as vossas vítimas, tirais algum proveito ou alívio disso? - Não, pelo contrário, nós so.fi-emos um maior agravamento das nossas penas. - E, então, por que o fa zeis? - Por ódio, por ódio, por ódio" (p. 6 1).
A Igreja cm crise não usa as suas armas O bi spo procurou in spiração nos tex tos do Vaticano ll, e eis as suas co nclu sões: " Ide e folh eai todos os docurnentos do Concílio Vaticano li, {. ..] verifi-
cai se se fala, e quantas vezes, do demônio e das suas obras. Sabeis que naqueles dezesseis documentos, pensados e ponderados, não existe sequer a palavra ú~ferno, nem a palavra 'demônio '? CATOLICISMO
Incrível, mas verdadeiro, basta ir verifica,:.." (p . 88). Ele debruçou-se sobre os textos li túrgicos anti gos e novos. E fi cou estupefato: "Sempre lamentei que na refor-
ma da Missa se tenha tirado aquela oração a São Miguel rExorc ismo Brevel, que Leão XIII, não sern inspiração do alto, quis que foss e recitada no fim de cada celebração. Muitas vezes o demônio, pela voz dos possessos, f ez saber que gostou muitíssimo dessa abolição! [. .. ] O que é que sugeriu e sugere evitar-se o mais possível, nos textos litúrgicos, a menção a Satanás, às suas nefastas intervenções, às conseqüências da sua ação destrutiva ? Quem possa, que me responda. E com argurnenlos válidos, por favo,: [. .. } Hoje a ob ra assassina do demônio é mais evidente do que nunca [. .. ]. Então, não som.ente não era o caso de expurga r asfónnulas deprecatórias e imprecatórias, mas sim de multiplicá- las e reforçá- las. Porém, inf eliz.mente não foi assim." (p. 27).
O amlJicntc Jaiciza<lo ho<licmo: vitória <lo ,Jcmônio D . Andrea reparou que os hi stóricos dos que padecem malefícios e o cios possessos eram muito parecidos. É imensa,
D. Andrea dá uma elucid ativa exp li cação hi stóri ca. Ela se aproxima muito da denúnci a do processo revo lucionári o que o Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira formul a na sua obra mag istral Revolução e Contra-Revolução. N ão desca rtamos que o culto bispo itali ano tenha tirado dela
Estatuária medieval: Nossa Senhora defende o monge Teófilo (séc. VI) de ação diabólica
algum a in spiração: "A laicização da nossa sociedade é ofi'uto de um longo e complexo processo que durou cerca de cinco séculos, e que se desenvolveu ern três etapas fundam entais, três revoluções no campo cultural e social, mas com. Lances tambérn cruentos, que levaram à gradual transformação do mundo antigo, tradicional, para dar na sociedade atual, pós-moderna e secularizada". D. Andrea descreve essas sucessivas revoluções: primeiro a revo lução protestante, que causou um grande desgarramento da soc iedade cri stã medieval ; segundo o llumini smo e a Revolução Francesa; terceiro a Revolução comuni sta marxista. Por fim , acrescenta, uma quarta etapa ou Revolução: a ci o mov imento estudantil dos anos 60, que contestou a fa míli a, generali zou o uso ela droga, propugnou a libertação dos vínculos mora is, e sobretudo revoltou-secontra toda autorid ade. Esse processo gerou uma sociedade e uma cultura que tendencialmente seduzem os homens para a idéia ele que Deus e a religião são coisas abs urdas (pp. l l 3ss). H á os que se deixam levar por essa influ ênc ia, ensin a D . Andrea. M as há
também os que reagem de um modo exasperado e caem no exagero oposto : as novas e enganosas form as de reli giosidade. Todas são fácei s presas ele Lúcifer.
Al'mas para clerroia,, os <lcmô11ios D. Andrea exorta os fiéi s a recorrerem às armas que vencem o demônio: a Fé, os Livros Sagrados, o j eju m, os sacramentos. E, sobretudo , a oração por meio de N ossa Senhora, a "inimiga eterna de Satanás " (p. 16). Entre as orações es pec ífi cas, ele reco menda a renúncia fo rm al a Satan ás, co mo se faz na renovação das promessas cio bati smo, e o exorcismo breve: "São Miguel Arcanjo, de-
.fendei-nos no combate; cobri-nos com vosso escudo contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o Deus, instantemente o pedimos, e vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo divino pode,; pre-
cipitai no i,~ferno a Satanás e aos outros espíritos ,nalignos que andam pelo rnundo para perder as alrnas. Am.ém." (p. 17). E reco menda também não se deixar seduzir pel o amb iente revolucion ári o hod ierno nem pelas fal sas nov idades nas fo rm as ele reli gios idade - inclusive no âmbito católi co - , que tanto e tão bem servem de ocasião para os malefícios e possessões por parte do pai ela mentira. Co m essas cautelas e arm as espiri tuais, o ca tó lico res istin1 e sa irá vitori oso, confi ando se mpre na promessa divi na: "As portas do ú~ferno não prevciLecerão " (Mt 16, 18) . •
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E-ma il do au to r: sa nti agofernand ez @cato l ic ismo .co m. br
Notas: * D. A ndrea Gemma , lo, vescovo eso rcista (Eu, bi spo ex o rc ista), Ed itora Mo nclado ri , Milão, 2002 , 208 pp. Toe.las as c itac,;ões e.lo arti go são ex traídas desse li vro.
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DESTA UE
A galinha, Reagan e os impostos
trações ineptas, res ponsáveis pela frustração no Vi etnã e pelas humilhações sofridas da parte cio Irã. Reagan impul sionou então um esti mulador programa de promoção e moderni zação militar.
E xcesso de taxas e impostos engessa a livre iniciativa, cerceia a propriedade privada, gera pobreza e desmoraliza a população. Em sentido contrário, menor carga tributária deixa salutar lição.
E
ra uma vez uma pequena galinha que achou algun s grãos de trigo.
- Varnos plantá-los, e teremos pão. Querem. m.e ajudar? - Não! - responderam em coro os bichos que povoavam a granj a. Ela semeou, e o tri go cresceu. - Vamos colhê-lo! - propôs ela. - Eu não! - exc lamou o pato.
- Vou perder o meu seguro de desemprego - pretextou o ganso. - Ficarei sem meus benefteios sociais - resmungou o porco. E a pequena galinh a fez a colheita sem auxíli o de ninguém.
- Quem me ajuda afazer o pão ?perguntou ela.
- Isso sign!fica horas extras - murmurou a vaca.
- Perderei as minhas vantagens sociais - gritou o marreco. - Para mim, seria urna discrimina ção social - rabuj ou o ganso. E a pequena galinha preparou e assou o pão sozinha. M as, quando o pão ficou pronto, todos queriam comê- lo. A galinha di sse:
- Mas eu posso comê-lo sem que ninguém ,ne ajude ... - Exploradora! - mugiu irada a vaca. - SLija capitalista! - berrou o pato. - Violam os rneus direitos! - reclamou o ganso. E o porco se pôs a grunhir. Os ani mai s organi zaram uma passeata. Num gran-
"Vamos plantar os grãos de trigo, e teremos pão" - disse o galinho aos bichos no granja.
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CATOLICISMO
de cartaz, pintaram a palavra "Inju stiça", e gritaram muitas obscenidades contra a pequena galinha. Até que chegou o cobrador dos impostos. Por artes cios outros animais, ele convenceu a galinha de que devia pagar de imposto uma grande parte do seu pão. O fruto do imposto, portanto, benefic iari a os outros. Res ultado: Todos comeram. Mas a granj a nunca mais voltou a ter pão.
Mais imposto, menos trabalho, mais pobreza Essa f ábula di z resumidamente, de modo direto, o que os economistas explicam por vezes com fórmulas pouco acessíveis: assistencial ismo estatista, sociali smo e muitos impostos matam a ini ciativa parti cu lar, desmoralizam a população, trazem dependência e po eza,
Proprieclacle, livrn iniciativa e a gramleza do país
agravando os problemas sociais que pretendem solucionar. Autor da fábula: o ex-presi dente Ronalcl Reagan, recentemente falecido. Foi por ele I ida no rádio, em J 6 de novembro de 1976, quando era govern ador da Califórni a. Ela ilu stra um princípi o nevrálgico da sua ação: Quanto mais o Es-
tado colhe impostos, menos as pessoas têm vontade de trabalhar. Pelo contrário, na medida em que sejam diminuídos os impostos e que se deixe as pessoas economizarem. uma parte maior de seus ganhos, elas trabalharão com mais ardor e seu dinheiro aportará um novo alimento à máquina econômica, a qual, por sua vez, estim.u.lará o progresso. " Loucura! Palhaçada!", bradaram as esq uerd as. " Bom senso", disseram os conservadores. Quando foi eleito governador da Califórni a, Reagan encontrou um Estado ri co mas fa lido, com as mais altas taxas de impostos e de crimin alidade cio país. O desemprego crescia. De-
volvam.os o dinheiro às pessoas, concedamos uma redução, disse ele. Junto com a diminuição impositiva, ele enfrentou os planos demagógicos de previdência social: Prefere-se a esmola [cio Estado] ao trabalho, dizia. Como corri gir isso? Reduzindo a fraude e o desperdício li gados ao inchaço de " planos soc iai s". O dinheiro foi devolvido aos bilhões, e o esbanj amento de recursos públicos fo i cerceado. Em poucos anos a Califórnia transformou-se no motor da econo mi a e da tecnologia ameri cana.
Impostos mocleraclos aumentam a arrecadação Posto este precedente, o conservadorismo ameri ca no elegeu Reagan para a
presidência em 1980. E a fórmula que ele apli cou foi a mes ma: diminuir as taxas em todos os níveis. O imposto de ren da cai u 30%, na maior redução fi sca l da hi stória cios EUA. "Absurdo !", rec lamaram de novo as esq uerda s. E, de fato, a prazo imed iato as receitas caíram e os cléficits crescera m. Porém, num prazo méd io a atividade econôm ica retomo u vigorosamente a rota crescente. M ais ainda: após seis anos de redução de taxas, a arrecadação da União tinha aumentado qu atro vezes mais que o previsto ! Na rea l idade, o problema e a sua so-
lução eram conhecidos ... desde o tempo cios faraós! Nas suas Memórias, Reaga n comenta: No século XIV, lbn Kaldun, um
filósofo, escreveu sobre o Eg ito antigo: "No início da dinastia, os irnpostos rendiam grandes somas através de reduzidas taxas. No.fim da clinaslia, os impostos forneciam um pequeno retorno cobrando grandes taxas". Em outros termos, quando os impostos são fracos a arrecadação é alta, e quando eles são pesados a arrecadação é baixa. Porém, pior cio qu e a cri se econôm ica era a desmoralização li gada ao empobrecimento e ao espetác ulq de ad mini s-
Ronald Reaga n encarn ou a " revolução conservad ora", que reanimou não apenas a economia co mbalid a mas reerg ueu o orgulho nac ional nos ca mpos político, militar, cultural e soc ial. Ela projeta a sua influ ência até os dias de hoj e. N ão é de estran har qu e a notícia do seu falec imento ca usasse um frêmito de reco nhec imento nos EUA, embora ·ele tenha deixado a vida pública há quase 16 anos. Os se us funerais tiveram, sob um reg ime r epubli ca no, algo de co mparáve l com as pompas fúnebres da família rea l britânica. Os múltiplos aspectos da gestão Reagan aind a poderão ser obj eto de anfü ses críticas. Porém a sua fil osofia relati va aos impos tos, res umi da na fábula ela pequena ga linha, ficou como um a li ção sa lutar. Livre iniciativa e propriedade privada são princípios indi spensáveis para o sad io progresso e o proporcionado enri quecimento ele qualquer país. Inclusive cio Brasil , tão dotado pela Providência ele riqu ezas naturai s e ele um a vastíssima gama ele talentos, engenho e inteligência na sua população, que a capac itam para um ótimo aproveitamento dessas riquezas. E, sob retudo, do inapreciável senso católico , que discerne a harmonia intrín seca enlre a ordem natural e a ordem moral. Esses dons podem fazer cio Brasil um pólo de projeção mundi al, materi al, cultural e moral. Ou seja, oposto em tudo ao rum o soci ali zante e ,niserabilizante almejado pelas esq uerd as com uno-progress istas , confiscatórias por princípio. Elas exaurem as forças do País co m impostos asfixiantes e " programas soc iais" inoperantes, e até com o fin anciamento ela subversão. •
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Fontes de referência: Valeur.,· Acluelles, Pari s, 1 1-06- 1994. Rona ld Reaga n, Mé111oires, Laues, Pari s, 1990.
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A riova literatura infantil Vão proliferando notícias sobre ritos satânicos, que se utilizam até de crianças inocentes para seus sacrifícios, e também a respeito do crescente interesse pela bruxaria
Pequeno· marajá : personagem que ilustrava antigos contos infantis
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CID ALENCASTRO
º:no ':ª.nçamento de Harry P?tter_e o Priswne1ro de Azkaban, tercetro .f1lme da série que conta as aventuras de uma criança que se torna aprendiz de bruxo, o interesse pela bruxaria cresceu ainda mais". Não faltam CL"ianças dispostas a aprender tudo sobre o tema. A informação consta de reportagem da "Folha de S. Paulo" (20-6-04). Até há pouco, o papel co nsagrado da literatura infantil era ajudar me ninos e menin as a diri gire m suas asp irações para os aspectos mais e levados e marav ilhosos da ex istênc ia. Preparavam ass im suas almas para conhecer as verdades sublim es da Re li g ião, a ex istê nci a dos anj os, dos sa ntos, de Nossa Senhora, do próprio Deus. De uns tempos para cá, tudo mudou. As cri anças vão sendo condu zidas para o que há de mais tenebroso e assustador. "Que o diga Tânia Gari prosseg ue a reportage m - dona da escola de esoterismo Casa de Bruxa, em Santo André, na região do ABC paulista: 'A cada lançamento de Harry Potter, cresce o número de crianças e de adultos interessados em aprender bruxaria'". Obsessão tolhe a inocência
"O estudante Danilo Cardenas D 'Ângelo, de dez anos, (. .. 1 começou a se interessar por esoterismo antes do lançamento dos.filmes e dos livros, mas, quando conheceu o personagem, o interesse se tornou quase uma obsessão". Em março de 2003, e le começou a fazer o curso de bruxaria. "Maria Fernanda Christo, 13, é outra fã do bruxinho das telas. 'Uma semana antes do lançamento do último .filme, j á tinha combinado com as minhas amigas para irmos assistir: Fiz questão de ir ao cinema no dia do lançamento CATOLICISMO
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[. .. },_ficaria doente se deixasse para outro dia', diz ela. Na casa da estudante, não faltam uma · vassoura na porta - 'para espantar os maus espíritos' - e um chapéu de bruxa, que ela deixa exposto em seu quarto". Tal "obsessão" é bem o contrári o da inocênc ia de a lma que o batismo confere, e que a ed ucação re li giosa e familiar deveria prolongar indefi nidamente, cultivando na alm a infantil o e lã para o sublime e não para o hedi ondo. Atração dos poderes i11/'er11ais
Houve tempo em que toda a cultura estava voltada para esse se ntido superior, orientada para o sublime. A Idade Média - a doce primavera da Fé, tão elogiada pelo Papa Leão XIII e tão caluni ada hoje em dia - , época na qual só se procura agora ver mazelas, omitindo o es pírito marial e sublime que a co nduz ia, foi toda ela impregnada do perfume do Evange lho e da doutrina católica. Seguiu-se depo is um logo período em que os sentime ntos human os passaram a predominar. Em lugar de preparar as alm as para conhecer e amar a Deus, e las eram ori entadas para fecha re m-se sobre si mes mas. Co m o Humanismo, o homem des bancou a Deus e usurpou o seu lugar. É o que Plinio Corrêa de Oliveira tão adequ adamente qualifica como a primeira fase cio multissecul ar processo revo lu cionário, que vem destruindo a Civilização Cristã. Mas é impossível ao home m viver para si mes mo sem sentir a radical insufi ciênc ia de seu ser e ele suas faculdades. E le necessita de algo que o complete e o transforme. Se não se vo lta para Deus, é forçoso que se inc line para os poderes do inferno, e que estes o atraiam de modo até obsessivo. É o fe nô me no que vai ocorrendo mundo a fora, inclusive no Brasil. • E- m ai l cio autor: cicla lencas t ro @ca tol içisrno.corn .br
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trono de todos os párocos e pastores de almas.
5 Nossa Senhora elas Neves
6 Transfiguração ele Nosso Senhor Jesus Cristo Primeira Sexta-Feira do Mês
1 Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Conl'essor e Doulor' ela Igreja
ffi São Félix ele Gerona, Má rtir + Espanha, séc. IV. " Depois de sofrer vários tormentos,foi açoitado por ordem de Daciano até entregar a Deus sua alma invicta" (do Martirológio Romano).
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7 Santo Alberto de Tt'ápani , Confessor + Itália, 1307. Carme lita, a eficác ia de sua pregação e o poder dos milagres obtiveram inúmeras conversões, especialmente entre os judeus. Provincial de Messina, abasteceu milagrosamente a cidade de alimentos durante o cerco das tropas do Duque da Calábria. Primeiro Sábado do Mês
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São Pedro Julião Eymard, São Domingos ele Gusmão, Conressor Confessor + França, 1868. Fundador do ffi Instituto do Santíssimo SacraJ4 Santos Auxiliares mento para a adoração perpéEsses Santos são assim denotua, seus últimos anos foram mjnados pela eficác ia de sua cheios de sofrimentos. Dizia intercessão nos seguintes caa Nosso Senhor : " Eis-m e . sos: São Jorge (doenças da aqui, Senhor, no Jardim das pele); São Brás (garganta); Oliveiras; humilhai-me, desSanto Erasmo (intestinos); São pojai-me; dai-me a cruz, conPantaleão (fraqueza); São Vito tanto que me deis também o (coréia ou dança de São Vito); vosso amor e a vossa graça". São Cristóvão (furacões, pestes, viagens); São Dinis (pos3 sessões di abólicas); São CiríSão Dalmácio, Confessor + Constantinopla, séc. V. "Era aco (olhos e possessões); Santo Acácio (doenças na cabeça); monge havia 48 anos quando, em 431, saiu pela primeira vez Santo Eustáqu io (preservação do fogo eterno); Santo Egídio de sua clausura, acompanha(pânico, loucura, medos noturdo de sua comunidade, para nos); Santa Marga.rida (rins e intervir no Concílio de t'j-eso em favor dos bispos fiéis, pri- gravidez); Santa Bárbara (raio e morte repentina) e Santa Cavados de sua liberdade pelos tarina de Alexandria (estudannestorianos:" (do Calendário tes, oradores, advogados). Romano-Monástico).
da Mércia e de Gales , reconquistando o reino da Nortúmbria, do qual foi rei.
10 Santo Hugo ele Monlagu, Confessor + França, J 135. Monge de C luny, foi eleito Abade de São Germano de Auxerre, e depois Bispo dessa c idade. Notáve l por seu zelo e fé, favorece u a nascente Ordem de C ister.
11 Santa Clarn, Virgem
12 Santa Hilária e Companheiras, Mártires + Alemanha, séc. III. Mãe de Santa Afra, depois do martírio da filha fo i apanhada por pagãos, quando rezava em sua sepu ltura. Estes atearam fogo às suas vestes, morren do ela pela fé de Cristo com três criadas: Digna, Euprébia e Eunônia.
13 São Cassiano, Mártir + Itália, séc. III. Mestre-escola muito consciencioso no cumprimento do dever, por sua fé em Cristo foi condenado à morte. Seu juiz deu plena liberdade a seus alunos pagãos para fazerem com ele o que quisessem, até levá-lo à morte.
14 Santo Eusébio, Confessor + Roma, séc. IV. Por sua fidelidade à ortodoxia católica, foi preso pelo herético Imperador Constâncio num quarto de sua própria casa onde, sete meses depois, rendeu seu espírito. Uma igreja que fundara no Esquilínio recebeu seu nome.
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São João Maria Vianney, Cura d'Ars, Confessor, Palrono cios Párocos + Ars, l859. Sua fama de pregador e confessor atraía gente de todas as partes da França. São Pio X o nomeou pa-
Santo Osvaldo ele Nortúmbria, Confessor + Inglaterra, 642. Fugindo para a Escócia quando seu pai foi derrotado e morto, converteu-se ao Cristianismo. Com ajuda celeste, derrotou os reis
ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
16 Sanlo Alsácio, Confessor + Ásia Menor, 358. Persa, servindo no exército romano, foi
aprisionado por ódio à fé, mas depois so lto. Tornou-se então eremita numa torre na Nicomédia, onde ficou conhecido pela fama de seus milagres e pelo dom da profecia.
sar" (Do Martirológio Romano-Monástico).
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Nossa Senhol'a Rainha
Sa nla Clara ele Monlefa leo, Virgem + Itália, 1308. Entrou aos sete anos de idade para o convento da Santa Cruz, onde era superiora sua irmã, e logo demonstrou tanto fervor quanto as melhores noviças. De elevadíssimo grau de recolhimento, foi agraciada por inúmeras aparições de Nosso Senhor e da Virgem Santíssima. FaJecendo sua irmã, foi eleita por unanimidade para substituí-la, até a sua moite aos 33 anos de idade.
18 Santos Florêncio e Lauro, Má1·lires + Ásia Menor, séc. II. Irmãos, talhadores de pedra, quando terminaram de edificar um templo pagão,- foram convertidos juntamente com os proprietários daquele, Próculo e Máximo, que os precederam no martírio.
19 Santo Ezequiel Moreno Dias, Bispo e Confessor + Espanha, 1906. Missionário agostiniano, passou 15 anos evangeli zando as Fi lipi nas , e depois a Co lômbia, onde fo i e levado a Vigário Apostólico de Casanare e depoi s a Bispo de Pasto.
20 São Bernardo, Doulor da Igreja
ffi São Samuel, Profeta do Anligo Teslamento Judéia, séc. XT a.C. "Amado por Deus, [. .. ] Profeta do Senhor, estabeleceu sua realeza e julgou a assembléia segundo a lei de Deus. Antes do tempo do sono eterno, ninguém se levantou para o acu-
21 São Pio X, Papa e Conl'eSSOI'
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diu importantes concílios provinciais. Estimulou a instituição monástica, redig indo duas reg ras nas quais tenta uma síntese das tradições egípcia e agostiniana" (do Martirológio Romano-Monástico).
23 Sa11la Rosa de Lima, Virgem. Principa l Pacll'oeira ela Amél'ica Lalina + Peru, 16 l 7. Aos cinco anos fez voto de virgindade, vivencio entre extraordinárias penitências e mortificações, persegu ições diabólicas e comunicações divinas. Tinha freqüentes co lóquios com a Mãe de Deus e com seu Anjo da Guarda, e foi a primeira a ser elevada à honra dos altares no Novo Conti nente.
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27 Nossa Senllol'a cios Prazeres
28 Sanlo Agoslinllo, Bispo, Confesso!' e Doulor· ela Igreja (Vide p. 36)
29 Degolação ele São João Balisla Conforme narra o Evangelho, a santa intransigência do Precursor em condena r a vida pecaminosa de Herodes fez com que este o mandasse dego la r, cedendo às maquinações de sua concubina.
São Ba rtolomeu, Apóslolo
ffi
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Trezentos Mártires ele Cartago + África, séc. IV. Esse conjun-
Sanla Mal'garida Wal'cl, Márt il' + Inglaterra, 1588. Da nobreza britânica, foi presa com seu criado irl a ndês João Roche, por ter aj udado a fuga do Pe. Ricardo Watson. Foi-lhes oferecida a liberdade se pedissem perdão à ímpia E lisabeth e denunciassem o esconderijo do sacerdote. Tendo-se recusado a isso, foram enforcados e esquartejados em Tyburn .
to de heróis de Cristo é também con hecido por "Massa Cândida", porque foram precipitados numa fossa cheia de ca l, ao se recusarem a adorar os ídolos.
25 São Luís IX, Rei de França, Confessor + Tunísia, 1270. Foi modelo de estadista e de admini strador cristão. Empreendeu duas cruzadas, morrendo de peste na segunda. Devotíssimo da Paixão, fez construir a famosa Sainte Chapelle, relicário de pedra e vitrais, para abrigar a coroa de esp inh os do Salvador.
26 São Cesáreo ele J\l'les, Bispo e Confessor + França, 543. "Monge de Lérins, eleito mais tarde Bispo de Arles, fez-se o advogado da população galo-romana junto aos francos e presi-
31 São Paulino de Tréveris, Bispo e Conl'essol' + Tréveris, 358. Defensor ela fé no Concíli o de Nicéia e grande partidário de Santo Atanásio, foi por isso ex il ado pelo Imperador ariano Constâ ncio para a Ásia Me•nor, onde morreu entre não católicos, vítima de sofrimentos e fadigas. Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados_,sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em agosto Se rá ce lebrada pe lo Revmo. Padre Dav i Fra nc isq uini , nas se gu intes intenções: • Em louvor à g loriosa Ass unção de Nossa Senho ra, uma das ma is ant igas festas maria nas, comemorada no dia 15 de agosto, celebra nd o a assu nção da Virgem Sa ntíss ima em corpo e a lma ao Céu. Que Ela, em sua g lória , abe nçoe a todos nossos leitores e co la bora do res.
Intenções para a Santa Missa em setembro • N este mês, em q ue se comemo ra a Independência do Brasi l, supli cando a N ossa Se nh ora Ap areci da que faç a de nossa Pátria a potência cristã de pro jeção mundia l que é chama da a ser. Q ue Ela prote ja todos se us filh os bra sil eiros e não permita que em nosso País os inimigos da Igre ja promu lguem leis iníqu as, como as que favorecem o aborto e o chama do "casame nto" homossexua l, que vio lam gravemente a Lei de Deus e a Lei natural.
AG
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Desmistfficando a Reforma Agrária N o Shopping Ibirapuera, uma noite de autógrafos do livro Reforma Agrárja - o mÍto e a reaHdade atraiu um público muito preocupado com os rumos que vem tomando a Reforma Agrária no Brasil
Curso de Verão na Louisiana P ais e educadores sabem que as crianças podem aprender enquanto brincam. Tal metodologia obteve sucesso em acampamento-curso de verão organizado pela TFP dos EUA m FLÁv10
1J
"E'·
TOSHIYO
ISH IHARA
vtm conhecer o autor do livro Reforma Agrári a - o mi to a rea lidade, que dá um.a versão dife rente, até mesmo oposta, do que ouvimos sobre o tema". Esse fo i ocomentári o de um jove m representante de produtos farmacêuticos, ao pedir autógra. fo ao j orn ali sta Nelson Ramos Ba rretto. De fa to, no di a 22 de junho, a Editora Artpress lançou a qu arta edição do li vro de Ne lson Barretto no Mega Store da Livrari a Saraiva, no Sho pping lbirapuera, na capi ta l pauli sta. Uma noite concorrida de autógrafos atraiu um públi co vari ado. Desde estudantes in teressados e m conhecer outra versão da Reform a Ag rári a até fazende iros preocupados co m a ameaça de desapropri ação de suas terras. Um de les, propri etári o ru ral em Goiás, disse que o laudo arbitrário do Incra cl ass ifi cou sua propri edade como improdutiva, apesar de o índi ce de produtividade ter s ido 190% ac ima da médi a. E lançou um alerta aos
des info rmados: " Vou levar esses li vros para meus advogados em, Goiânia. Eu no/o que meus colegas produto res rurais estão des informados dos processos de desapropriação e da onda de invasões. Isso, até o dia em que o sentirem na pele". An a, e mpresári a dec idid a, fo i logo di ze nd o: "Co mprei o li vro na prirneira edição, mas queria curnprimenlar o auLOr e propor o lançarnento ern Bagé, Rio Grande do Su l. Moro em. São Paulo, -,nas sou gaúcha, e esse assunlO vai interessa r muito lá, onde existem muilos conf litos" . Apesa r do fracasso dos assentame ntos de Reforma Ag rári a, ampl amente relatado e denunciado no livro de Nelson Barretto, o gove rno continua essa desastrada política, que só tem levado intranqüilidade e mi séri a ao ca mpo. Enquanto o agronegóc io, baseado no dire ito de propriedade e na livre ini ciativa, ve m alcançando resultados extrao rdinári os e surpreende ntes . •
Aspecto do público presente ao lançamento
CATOLICISMO
E-mail do autor: toshi yo @catoli c ismo.co m.br
M ATIHARA
ociando j ogos e div ersões ao estudo séri o e metódi co, s orie ntadores da Academia São luís de Mont,f'orl, da T FP ameri cana, pro moveram na prime ira semana de julho mais um acampame nto de verão para os seus alunos e convidados. Em Norwood, pró ximo ao Ri o Mi ss issippi no Estado de Loui siana, o aca mpamento re uniu j ove ns, te ndo como tema central de estudos a ação contra-revolucionária, baseada no fa moso liv ro de Plini o Corrêa de O live ira. O principal e xempl o foi a luta de res istê ncia dos cristeros durante a Revolução Mexica na na década de 1920, durante a qual muitos católicos ofereceram suas vid as e m defesa da fé, bradando ante os pe lo-
tões de fu zilame nto, ao serem martiri zados: " Vi va Cristo Rei!" . Muito do que se apre ndi a nas conferê ncias e círcul os de estudos era depois objeto de e nce nações teatrai s e j ogos, e m que os católi cos di sputavam vale nte me nte contra os líde res revolucio nári os. A festa da independênci a, no di a 4 de julho, fo i come mo rada pelos j ove ns na vi zinha cidade de Bato n Rouge. A bord o do des /royer U.S.S, Kidd, permane nteme nte ancorado no Ri o Mi ssiss ippi , aprec iaram 30 minutos de fogos de artifício. Philip Laba uve, um dos participantes, co mento u: "Todo ano eu vej o os fogos de artifício. Mas f azê-lo a bordo do U.S.S. Kiddf'oi uma experiência totalmenJe nova". Abaixo, fl agrantes do aca mpame nto de verão. • E- mail do aut or: fl atamat @catoli cisrn o.co rn .br
Apresentação do livro no vitrine do Mega Store da livraria Saraiva
O autor (à direito) no momento de autografar um dos exemplares
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Em' prol da cultura cristã N a Alemanha, ações pelo desenvolvimento da cultura cristã vêm sendo realizadas, durante todos os meses do ano, por associações inspiradas nas obras de Plínio Corrêa de Oliveira a
JoRGE
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Tradição e Ação Ü s jovens peruanos, da mesma forma que em muitas outras nações, vêm demonstrando um crescente interesse pelos ideais contra-revolucionários e pela doutrina tradicional da Igreja
SA1DL A LEJANDRO EZCURRA N Aó N
Frankfurt - Corno em anos anteriores, a Asso ciação Alem ã pa ra uma Cultura Cri stã (DVC K) montou um sta nd no congresso Freude am Glauben, reali zado e ntre os di as 14 e 16 de ma io em Regensburg. As obras ex postas despertaram muito interesse do público, não some nte as referentes à mensagem de Fátima, corno também os livros Revolução e Contra- Revolução e a Via Sacra, a mbos de autori a do Prof. Plinio Corrêa de Olive ira .
Entre os d ias 6 e 1Ode maio a campanha A Alemanha precisa da ajuda de Maria, da DVCK, promoveu uma peregrinação a Fátiina, para venerar de modo espec ial a M ãe de De us no próprio local das apari ções e rezar junto aos restos mortai s dos beatos Jacinta e Francisco. Os peregrinos, aderentes da re ferida campanha, tomaram parte na procissão das velas. No progra ma também constou urna visi ta a Alju stre l, local do nasc ime nto dos videntes . Acompanhados pe lo Padre Harald Volk, SJM , os peregrinos percorrera m as estações da Vi a Sacra. Nas imedi ações da cidade de Fátima, tiveram ainda a oportunidade de visitar doi s importantes monumentos de Portugal: os moste iros da Bata lha e de Alcobaça. À dire ita, cenas da peregrinação.
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Lima - Um dos fenômenos mais notáveis deste iníc io de século é a crescente abertura dos j ovens aos idea is ele bem, verdade e be leza, que só podem encontrar-se na doutrina tradic ional e imutáve l ela Igreja, considerada pela juventude como seguro refúg io contra a progress iva desestab ilização cio mundo atual. Esse fe nô meno é patente no Peru , onde Tradición y Acción por un Perú Mayor - associação unida à fa míli a de entidades q ue e m todo mundo in spi ra m-se na cru za la ideológica de Plínio Corrêa ele O live ira - promove, entre o utras atividades, conferênc ias e m diversas universidacl s, oferecendo uma vi são cató li ca sobre te mas atuai s. Por exempl o: Crise do hornern contemporâneo, Globalização, e Pós-Modernidade: novas tendências que delineiam o.fúturo.
C inco dessas conferências foram rea li zadas em junho passado em unive rsidades ele Trujillo - a te rceira c idade cio país - , sempre acompanhadas co m o ma is vivo interesse pelos jovens ouvintes , o qu a l se manifesta pe lo grande número de pergun tas que eles ap resentam. No término cio c iclo de conferênc ias, me mbros do puj ante grupo loca l de Tradición y Acción rea li zara m, no di a 13 de junho, uma peregrinação até o santuá io de Nuestra Seíiora de la Puerta de Otuzco, padroeira do norte cio Peru , situado nos Aneles a 2700 metros ele a ltitude. Acompanhados de j ovens simpatiza ntes, rezaram ante a marav ilhosa imagem pelas inte nções elas ações contra-revolucionárias no Pe ru , Brasil e em todo o mundo, bem corno pelo cumprime nto elas promessas ele Nossa Senhora ele Fátima. E- mai l do au tor: czcurra @ca1oli cis111o.co111 .br
Abaixo: conferências promovidas por Trodición y Acción em universidades na cidade de Trujillo
Abaixo : membros de Tradición y Acción visitam o Santuário de Nuestro Sefioro de lo Puerto de Otuzco, Padroeiro do norte do Peru
Kinder in Gef ahr, outra inic iativa da DVCK, organi zou em Berlim, no dia 3 1 de maio, no Queens Hotel (Berlin Wilmersdorf), urna expos ição sobre o te ma Ataque à Família. Foram ex postas as origens ideológicas da atual cri se na institui ção fa mili ar, mostrando como po líticas esquerdi zantes do atual governo a le mão debi litam ainda ma is a fa mília. Após o ato, seguiu-se um cocktail e debate com pais de fa mília realmente preocupados em be m educar seus filhos. • E-mail do autor: jorgesaidl @catoli cismo.com.br
CATOLICISMO
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SAO JOAO BOSCO Triunfo sobre toda espécie de obstáculo '
PUNI O C O RRÊA DE OLIVEIRA
E
sta é uma foto do grande São João Bosco, fundador d a Co ng regação Sal es i ana. N ota-se a ex pressão eminentemente sacerd otal, mas de um homem do po vo . Nin guém iri a imaginar que ele nascera em alta ca mada soc ial. É um camponês que se torn ou sacerd ote, e i 'lo era uma glóri a para ele. H á algo nele de verd adeira maj estade. N o que consi te tal majestade? An ali semos sua fi sionomi a: o cabelo meio revo lto, e um a ri sca que lhe dá uma certa elevação e di gnidade. A s orelh a são grandes , o que aumenta ain da mais a impressão da altura do rosto. O nari z, sem ter nada de di sform e, é bastante longo e re salta a ex tensão do rosto. Os olhos revelam uma pessoa que tem consc iência de que a altura do próprio rosto é apenas um símbolo da grandeza da própri a alma. E há nele algo de resoluto e de triunfa l, de alguém que triunfou ou está triunfa ndo sobre toda espécie de obstáculo. E ncantado e enlevado. O triunfo dele está ni sto. Ele não está pensando em . i, mas na força de N ossa Senhora Au xiliadora, a grande protetora dele, que o ajudava nas vitóri as que obtinh a. El e co ntempl a a glóri a d ' Aqu ela que, na pessm1 dele, vencia. Está co nsiderando entusias mado a vitóri a de Nossa Senhora Au xili adora. Cabeça de port ali o, t ' m-s' a impressão I qu 1, s ·nt • tudo situar-se abai xo dessas vit i rin s. Este é o nobilíss imo Sao .lono B osco. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 21 de maio de 1983. Sem revisão do autor.
UMÁRI
PuN10 CoRRÊA DE O uvE1RA
ScLcmlwo de 2004
Cuidado com os pacatos! N ão se pode ignorar o feitio conservado!' do povo h1·asilci1·0. que é cordato e avesso à carranca. Quem l'ii<w láb_ula rasa disso, ficará descolado da opinifio pÍll>lica.
Em
meados do mês passado, ex-
plodiu nos meios de comunicação a polêmica em torno do Projeto de Lei que o governo enviou ao Congres so Nacional : a criação de um "Conselho Federal de Jornalismo" que "oriente, discipline e fiscalize" as atividades jornalísticas. Tal projeto causou um repudio geral, e inúmeros comentaristas denunciaram seu cu nho autoritário e persecutório, próprio aos regimes de caráter stalinista. Prenúncio de novas medidas análogas? Em artigo para a "Folha de S. Pau lo", em 14-12-1982, Plínio Corrêa de O livei ra já a lertara para a grave tentação da esquerda de, uma vez galgado o poder, passar a tomar medidas policialescas, contrárias à índole pacata do povo brasileiro. Nessa co laboração, comentando o progresso que as esquerdas haviam alcan çado nas e leições de 1982, obtendo vitória em alguns estados , o articuli sta advertiu:
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·r Sl' 110 cll11111 <il' p11 ·atez, e passar •111 p:11·11 11 v11>I 11 ·111 I' si ·a, 1 gal ou puhl i ·i l riu l'o11l1'11 11 oposi ·, o, os pacatos lhl'S di n\o: 1111s, 11 li 1llil , qual é a si ncerid11d ·, q11 11 I I dl p1ild11tk d , vocês, que qu1111do ·r 1111 oposklo11i slns rec lamava m pnrn si l ilH•1'd11 tl • 1• l'l'SJI ·it o, e agora qu e s: o •ov ·1110 11s11111 d I pn s ·gui ção e da dif111 1111,·1() Jl ll l l l (Jl ll ' ll l l' hoj 'oposição? 11 Sl' os p11v11l o, 1101 11 1· ·m acri môni a nos d · \' 11tro 1· tl1 · di1 vl111 , di r lhes-ão: está b ·111 provn do <pll' 1• i 111 poss ívc l conv iver ·0111 vo · s, prnq1 1l', 11t•111 w 11 ·idos, sabem s ·r d· 1111 1 l l'lllo di. l1'll. ivo. E ·uid ido l't1111 tlN p111·11t os que se indi ,nn 111, sl' 11li111 t'. ti I l ' , tJlll'l'da, do centro e ela li rL'ÍIIL /1. 11 01' 111 11111· p11rn carrancas, ma s para us dl sr 11ssrn •s 111 t•j11d11 s, polidas, lóg i ·as ' i 11t ·li 'l'll(1•s , <>1-1 p11t·atos loleram tud o, ·x 't'lo q11t· St' llws JWrtu rbe a J aca t "t ,. 1 ois L' 111 1ltl f'11l'il1111•11t 1• Sl' J"azcm f"croz 'S . . ." • 11111111
Ouro Preto (MG) : cidade, cujo ambiento rofl ot a pa oi
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"Se a esq u rela for açodada na ,r ti vação das reivindicaçõ ·s ' popu lar ·s' ' ni ve ladoras; se se mostrar ah 's pinhadn • ác ida ao receber us crít icas da oposiç: o; se fo r persecutóri a atrav s do mesqu inho cas uís mo leg islativo , da pi ·ui nha admi ni strati va ou da devastação po l i ·ial sca dos adversári os, o Brasil senli r-s -á fru strado na sua apetênc ia de um reg i me bon enfant, de um a v ida d istendida e despreocupada. Num prim eiro momento, d ista nciar-se-á então da esquerd a. Depo is ficará ressentido. E, po r fim , furi oso. A
-CATOLICISMO
esquerda terá perdi do a pa rti la da J op u larid ade. [ ... ] O Bras il de hoj e qu er abso lulam ·nt ' pacatez. Se a esquerda vitori osa não souber of erecê- la, es vanecer-se-á. Se o · ntro e a direita não souberem conduzir sua lu ta num clima de pacatez, terá eh gad > a vez de eles se esvanecerem. B em concebo que algum leilor exasperad o me pergun te: M as, afin al, quem ganha com essa pacatez? - Até aq ui não trate i di sto. M ostrei que perderá quem não a souber ter. Quem ganh ará: a direita? o cenlro? a esq uerd a? - Ga nhará quem co nhecer as verdade ira s fi bras da alm a brasileira souber entrar em d iálogo pacato co m essas fibra s. Sej a governo, seja o pos ição, pouco importa. A influência será de quem sa iba fazer isto. In sisto. Se o governo, a public idade e a eslrutura ec lesiásti ca não souberem
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Exc1,:R·1·os
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CARTA DO D11mToR
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PAGINA MAIUANA
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LmTUl~A Esrm1TUAL,
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Co1rn.ESPONDÍi'. NCIA
Nº 645
NaUvidade de Nossa Senhora A prá tica do San t o Rosário
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A PAI.AVRA DO SACEUDOTE
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A Rt•:/\UDADE CONCISAMENTE
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NACIONAL
As próxÍlnas el ei ções municipai s
16 1N'n:1~NAC10NA1 , Terrorismo: o mundo em estado de guerra
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D1sc1mN1NDO
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EN'l'IUWISTA
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POR ()UE NOSSA SENIIORA CHORA?
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INFORMATIVO Rui~r.
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CAPA
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VmAs DE SANTOS
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GRANDES PERSONAGENS
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TRIBUTOS
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SANTOS E F..:sTAS no Mf~s
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AÇÃO CON'l'RA-REVOLUCIONÁRIA
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AMnmN'l'ES, CosTUMF.S, C1v11.,1zAÇÕES
A única solução eficaz contra a AIDS
Ex-cônsul venezuelano: l.raucle no r efer endum
H á um século, coroação da Vir gem Ap ar ecida São Vicente M aria Strambi Afonso de Albuquerque
Impostos escorch antes esm agam brasileiros
Galo garnisé: símbolo da pequenez de espírito
21 Entrevista
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Nossa capa : Imagem de Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasi l. Ao fundo, artístico órgão da matriz da cidade de Mariana (MG) . Fo10: Frede ri co Viotti
SETEMBRO 2004 -
PÁGINA MARIANA
Onde nasceu Nossa Senhora? E ssa pergunta, versando sobre te1na muito caro aos católicos, por diversas razões não encontra fácil resposta. A natividade da Virgem Santíssima é comemorada no dia 8 do corrente.
Caro le itor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornallsta Responsável:
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Artpross Indústria Gráfica o ditar Llda. E-mal/: opbp @uol. com .br Home Page: http://www.catollcl mo.com ,br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de SETEMBRO de 2004:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
Tendo em vi sta a celebração do centenári o da coroação de Nossa Senhora Aparecida como Rainha do Brasil , ocorrida no di a 8 de setembro de 1904, Catolicismo oferece ao le itor um a seleção de trechos de Plínio Corrêa de Oliveira concernentes à no sa Augusta Rainha. Co m seu fe rvo r e e loqüência, ele presta homenagem à Virgem Santíss ima de monstrando como Aparec ida deveri a se r a capital espiritua l do Bras i1. E aponta ta mbé m, e ntre tantas outras mazelas da soc iedade brasil e ira, a decadênc ia mora l e a corrupção de valores. Mas, se o Prof. Plíni o escreveu sobre tais maze las anos atrás, o que diria e le do Brasil de hoj e? E m nossos di as, parece não haver ma is respeito pe los valores tradicio nais. Nossa Se nhora parece um a R ainha que está sendo arrancada de seu trono de g lória e descoroada. Não pode mos nos iludir, afi rmando que não te mos nenhuma responsabilidade nessa situação. A respo nsabilidade moral cabe, proporc ionalmente, a toda a Nação, po is, se há aque les que propagam o víc io e o pecado, onde estão aque les qu e deveriam lutar contra a decadência re li g iosa, e m prol da preservação da moralidade e dos bo ns costumes? Do rme m tranqüilos, enquanto Nossa Se nho ra é seriamente ofe ndida ... Quando um inocente é perseguido, agredido e humilhado, isso não nos causa indig nação? N ão é natural levantarmo-nos e reagirmos em sua defesa? Ou será que nos ca lare mos e consentiremos com tais ag ressões? Nada faze r para frear a ação do mal significa permitir que ele fl oresça livreme nte. E é dever de todo bo m cató li co estar sempre pronto para defend er a Igreja e aque les que são perseguidos por sua cau sa. Mas será que atualmente os católi cos, de modo geral , age m ass im ? Ou simpl es mente ig noram os fa tos e vivem como se nada de grave estivesse acontecendo? M as há algo muito mais grave: o que pensar daque les que ignoram a persegui ção que s istemati camente é movida contra a Rainh a do Brasil ? O que fa zem os brasil eiros di ante das graves agressões cometidas contra El a? Reagem indignados, mediante atitudes concretas contra tamanha inju stiça, ou apenas limitam-se a lame ntar e de ixar de lado a questão, e com o tempo esquecê- la? A resposta pode parecer ó bvia, mas não é. Na realidade, in fe li zmente, gra nde parte ela popul ação bras ile ira há muito tempo como que desv ia seu o lhar dessa tri ·te situação e fin ge não pe rceber as in íqu as investidas que continuamente se lançam co ntra a Mãe d Deus. N st m ·s, a mal ri a d ' ·apn da ·di ÇHl proj · ta uma lu :r, p n lra nt sobre tão impo ,·1a111 · qu 'S I: o. Ro 1 :11no s I Vi r , · 111 M: · /\ pnr · ·idn qu r ' · ·ba 'S l ' ·s forço ·0 1110 1111111 ho ,m· 11 11pl·111 d · 11 oss 11 r •vi st11 , 1i, 110 111 ·s n10 l ·rn po, ·o mo um desag ravo · f'ili ul Pl'did o de p ·rd : o d · s ·us stíd ilos, li lh os da outrora ·hamada Terra ele Sa nta 'ru :t,, u l'i,11 dl· qm· o P11 s s • 101lll' di •no d ·ssa d · ndminação recebida nos primórdi os d · suo hisl iria . 1 'S
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lodos urna bou 1•itura . E m Jesus e Maria,
Paul o Corrêa de Brito Filho DIR ETOR
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ara entender a escassez de info rmações nos prime iros séc ul os da Igreja, sobre a vida de Nossa Senhora, convém levar e m conta as parti cul arid ades daque la época. O mundo pagão, por efeito da decadência em que se encontrava, era politeísta, ou seja, os homens adoravam simultaneamente vários deuses. Os pagãos não ac havam ilógico nem absurdo que houvesse várias divindades, ou que e las não fossem perfeitas . Pior ainda. Consideravam normal que os deuses dessem exempl o de devass idão moral, sendo, por exempl o, adúlteros, ladrões ou bêbados . Obvi amente, nem todos os deuses eram apresentados como subjugados por esses vícios, mas o fato ele haver vários de les nessas condições tornava imensamente árduo para os pagãos entender a noção católica do verdadeiro e único Deus, de perfe ição infinita. Por isso a primitiva Igreja teve muito cuidado ao ap rese ntar Nossa Se nho ra como Mãe de Deus, pois aque les povos, co m fo rte influênc ia cio paga nismo, rapidamente tenderiam a tran sform á-la numa deusa. So mente após a queda do Impéri o Ro mano do Ocidente e a sucessiva cri sti ani zação dos povos começou a Igreja que nunca negou a importância fun da mental d a Virgem Santíssima na hi stória da sa lvação - a colocar Nossa Senhora na evi dê ncia que lhe compete e a exa ltar suas maravilhas. E com isso, a faze r um bem indescritíve l às almas dos fi éis. É fác il compreender po r que nesse lo ngo período, cerca de 400 a nos , muitas info rm ações a respe ito da Santíssim a Virgem tenham se perdido e outras se encontrem em fo ntes não inte iramente confiáve is. Não obstante, a Tradição da Igrej a conse rvo u fi e lme nte aqu e les atributos
d 'Ela que eram necessá ri os para a integ ridade da fé dos católicos. O essenc ial fo i tra nsmi tido, e, para um filh o que ama s ua M ãe, qualquer dado a respe ito d 'Ela é importante. E ntre esses dad os, sobre os quais um véu de mi sté ri o permaneceu, está o loca l e m que nasce u Nossa Senhora.
Belém, Selol'is, ou Jel'usal ém Três cidades d isputam a honra de ter sido o loca l de nasc ime nto da M ãe de Deus. 1 A pri me ira é Belé m. Deve-se essa tradi ção ao fato de Nossa Senhora ser de estirpe rea l, da casa de Dav i. Se ndo Belé m a c idade de Davi , fo i essa a razão SETEMBRO 2004 -
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pe la qual São José e a Virgem Sa ntíss ima - ambos descendentes do ProfetaRe i - diri giram-se àque la loca lidade, por ocasião do censo ro mano que ordenava a todos reg istra re m-se no lu gar ori gin ári o de suas fa míli as. Por isso, o Menino Jesus nasceu e m Belém, e é aclamado, no Evangelho, como Filho de Dav i. O principal arg umento dos que sustentam a tese de que Nossa Senhora nasceu em Belé m e ncontra-se num doc umento intitul ado De Nativitate S. Mariae, inclu ído na continuação das obras de São Jerônimo. Outra tradição ass inala a pequ e na loca li dade de Sefo ri s, po ucos q uil ô metros ao norte de Be lé m, como o loca l do nasc imento da Virgem. Tal op ini ão tem co mo base que, j á na é poca do Imperador Constantino, no início do sécul o IV, fo i constru ída uma igrej a nessa localid ade para celebra r o fa to de ali tere m res idido São Joaq uim e Santa A na, pa is de Nossa Senh ora. Santo Epi fâ ni o me nc io na ta l santuário. Os defe nsores de o utras hipóteses assin ala m que o fato de os ge nito res da Virgem Santíss ima terem morado lá não in d ica necessa ri a me nte q ue Nossa Senhora haja nasc ido naque la loca lidade. A hipótese que congrega maio r número de adeptos é a de qu e E la nasceu e m Jeru sa lé m. São Sofrô ni o, Patriarca de Jeru sa lém (634-638), esc revendo no ano 603, afirm a clara mente ser aq uela a c idade nata l de M'1ri a Santíss ima. 2 São João Damas e no def nd a mesma poição.
A /'esta <la Nat/tll<la,tc Na Igreja cat lica celebra mos num rosas festas de sant . . Havendo, r lizm · nt ·, milhares de santos, comemoram-s milhares de festas. Ocorre que não se celebra a data de nascimento do santo, mas sim a de sua morte - correspondendo ao dia da entrada dele na vida eterna. Somente em três casos comemoram-se as festas no dia do nascimento: Nosso Senhor Jesus Cristo (Natal); o nasci mento de São João Batista; e a nati vidade da Santíss ima Virgem. CATOLI C ISMO
A fes ta da Nati vidade era ce lebrada no Oriente católi co muito antes de ser in stituída no Ocidente. Segundo uma bela tradição, ta l festa teve início quando São Mauríli o a introdu ziu na di ocese de An gers, na França, em conseqüênc ia de uma
Procissão que se realiza anualmente na Festa da Natividade, na cidade de Gozo (Itália)
revelação, no a no 430. U m senho r de Angers e ncontrava-se na pradari a de Marill ais, na noite de 8 de sete mbro daquele ano, quando ouviu os anjos cantando no Cé u. Pe rgun to u-lh es q ua l o motivo do câ ntic . Resp ndc ram-lh qu ca ntavam 111 razão d sua ai iria p ·lo nns ·i m · nt o d' Nossa S •nh ora d urn nt ' a nói t ' duqu · I ' diu . 1 E,11 Rorn n, j , 11 0 s ·ul o VII , ·n ·on lra-s • o r ·, ist ro da ·0 111 ·111 oruçt o d· tal Í Slél. 1 Hf)ll S l"iO l )1'11Oll · ll SO i ne, med iant um a ni nd J ro ·iss· o. Poste ri o rm · nt , h rlb rto , Bispo de hartres, mui to ·ontribuiu para a d ifusão dessa data 111 toda a França. Fina lmente, o Papa Inocênc io IV, em 1245, dura nte o o nc ili o de Lyon, estende u a fest ivid ade para toda a Igrej a.
Comcmornção 11a atualidade Po r uma série de motivos curiosos, a festa da Nati vid ade é celebrada mui to espec ialmente na Itáli a e em Malta. Sendo o povo ita li ano mui to vivo e propenso a celebrações fa mili ares, não surpreende esse fato. Em Malta, a princ ipa l comemoração da festa consiste num a solene procissão na localidade de Xaghra. 4 Na cidade de Florença, no di a da festa, numerosas cri anças diri ge m-se ao ri o Arn o leva nd o peq ue nas lanternas, que são colocadas na ág ua e lentamente vão atravessa ndo a cidade. Na Sicíli a, na loca lidade de M istretta, a popul ação celebra a fes ta representando um baile entre dois gigantes. À primeira vista, pareceria que isto nada tem a ver com o fato hi stórico. Mas ele corresponde a uma tradição: foi encontrada uma imagem de Santa Ana com Nossa Senhora ainda menina. Levada à cidade, a imagem mi steriosamente reto rnou ao local onde havi a sido achada, e os habi tantes julgaram que só poderi a ter sido levada por gigantes. Prove io dessa lenda o costume. Em Moli terno, ao contrári o, ex iste o lindo e pitoresco costume de as meninas da localidade fi xarem pequenas candeias nos chapéus de seus trajes típicos. Em determinado momento desaparecem as outras luzes e só permanecem as das meninas, que executam uma dança regional. Curi osa me nte, em mui tas loca lid ades as luzes desempenham papel determinant na r sta . P cl mos conj turar uma razt o para o foto: a Nativ i Jade ele Nossa S •n hora r 'pr 'S ntou o pr núnc io da che•adu a 111L111 lo ela Luz de Justiça, Nosso S •nhor Jes us Cristo. •
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Considerações sobre o Rosário
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Ü Santo Rosário é certamente uma das práticas de piedade com que mais louvor se presta à Santíssima Virgem, reunindo as principais orações da Igreja "O Rosário, a prática de piedade mari ana mais uni versal, suave e compl eta, compõe-se das princi pais orações da Igrej a. O Padre Nosso, a o ração soc ial po r exce lênc ia, que nos fo i ens inada pe lo divino Mestre. A Ave-Maria, constituída pe las palav ras cio Anjo quando Lhe anunc iou a E ncarnação do Verbo e m seu casto se io (Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres); pelas palav ras de Santa Isabel, prima da Virgem, quando esta foi visitá- la e m sua casa na monta nh a (e bendiLo é o fru Lo do vosso ventre); pelas palavras do Concíli o de Éfeso, que proclamo u a Maternidade divina (San ta Maria, Mãe de Deus, rogai por nós), e por aquelas outras introdu zidas ma is tarde no Orie nte e recebidas pela Igrej a (pecado res, agora e na hora de nossa morte). E o Glória ao Padre, oração tão breve quanto prec iosa, co mum aos que vivem na Terra e aos fe li zes morado res do Céu, que adoram a Deus cantando seu poderio e sua bondade, sua glóri a e sabedoria. "Ao mes mo tempo que faze m essas orações vocais, pratica-se a oração mental, recordando cada dia os vários Mi stérios da Vi rge m, o que equi vale a meditar o u reco rda r pi edosamente a vida, paixão, morte, ress urreição e triunfo de Nosso Senho r Jes us Cri sto, desde Nazaré até o Calvári o, desde a Enca rnação até a Ascensão aos Céus.
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"Depois se oferece à Mãe de Deus um prec ioso colar de pérolas: as invocações da Ladainha Lauretana l.. .].
* * * "Desse modo, com a prática cio Santo Rosário da Virgem se infu ndem, dil ata m e fortificam as virtudes cri stãs necessárias para a salvação e para a fe lic idade da vida, e se cumpre o inescusável dever da o ração. "O Rosário rezado em fa mília, congregando-a em torno do Crucifixo e da imagem de Maria que veneraram e amaram nossos antepassados, como se fazia nos gloriosos tempos ele antanho e se pratica ainda fe li zmente nos lares verdadeiramente católicos, oferece, ademais, um grande valor moral e social, pois os afetos fa miliares, ne te ato tão íntimo de Religião e ele piedade, se dilata m e elevam com as bênçãos do Céu e com esse amor fu ndo e puro que insp ira o santo temor de Deus, que tanto embeleza o lar cristão e espalha nele uma doce e santa alegria. "Mui to grandes devem ser a suav id ade e o consolo que produ zem na alma crente a práti ca do santo Rosá ri o, porque j amai s a omite m os verdade iros devotos da Virgem". •
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Excertos ela obra ci o Pe. Dr. Manuel Vi da! Rodríguez, La Sa lve Explicada, Tipografia ele " El Eco Fra ncisca no", Sa ntiago ele Compostela, 1923.
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E-11111i l cio autor: va ldisgrinsteins@catolicismo.com br
Notas:
1. www.enc iclo ecli a 2. Nuevo Diccionario de Mario logiu . flcli ciones Pauli nas . 3. La fê te a11gevi11 e N. l . rfr /!rm11·,•, 1V, Paris , 1864, 188. 4. hllJi://www.gozo.i:o L1/t.l·11 1t'1il n ·tivll)!. (The Nati vity of Our i,or/y /11 X118i11·11 ),
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DiJ10ssam ·os a inda existem ...
menta li stas que, não obsta nte a miséria de Cuba, vão passar sua · férias nos clu bes de F ide l astro . !aro q ue à custa cio " ub-consumo" do povo c ubano, co mo daq ue le ve lhinh o da página 30. Aq uil o asilo? ! Ne m a.- piores pri õ s d Bra ·il têm semelh ança!! Os fu ndame nta li stas do PT clev riam vi sitar os asil os cubanos, e não as pra ias do Fide l. E as vi sitas deveri am ser fe itas naq ue les "automóveis" el a pág ina 29 , e fica ri am hospedados naq uele " hote l" da capa ... Acorda PT ! O comuni s mo j á era ! Por q ue insistem e m impo r tal sistema no Bras il ? Abaixo o co manda nte F icle l ! Aba ixo o coro ne l C hávez ! Vi va o Bras il.. . desde qu e não siga os passos desses dinos sauros ! (W.C.F.-AL)
vivemos na santa paz sem implicar com a cor do outro . Então, concl uo q ue a q uestão elas cotas é ta mbém " uma nova arma contra o direito ele propri edade". (D.M.N.O. - ES)
Exortação aos católicos O profeta Oséias já dizia: "O meu povo se perde por fa lta de conhec imento" . E quantos filhos ele Deus que por tal falta se afasta m de nossa Igrej a. Prec isa mos mui to de info rmações e pessoas como vocês que, gui ados pe lo Espíri to Santo, nos exortam, in struem e, como pregava São Paulo, nos a limentam com essa palavra que, po r ser fo rte, é capaz de di vidir as jun tas das medul as, a a lm a e o es píri to . (S.M.F. - MA)
B N unca tinha ouvido fa lar daq ue-
"Propl'iedade intelecwal"
Catolicismo autêntico
le cara q ue exa lta o sub-co nsumo nos moldes do comu ni smo cubano, aludi do no artigo cio Prof. Go nçalo Gui - · marães [refe re-se à matéri a ele capa da edição de Catolicismo de agosto passado , co m c itaçã o de F ra nço is C hes na is - professor e mé rito da U ni versidade Pari s XIII]. Ele, exalta ndo um siste ma econô mi co " mi serab ili sta" , fi ca co m a cara ig ual à ele certos dinossa uros do siste ma co muni sta , que ainda insiste m em impor aos países suas teori as absurdas. Ele, pe lo je ito, deve ser um ma lu co q ue em seu te mpo de estuda nte sonh ava com uma nova orde m mundi a l co munista-anarqu ista. M as o que me asso mbra é que esses teóri cos da doutrin a "anticonsumo" ainda não te nh am aco rdado para a rea lidade com a fa lênc ia vergo nhosa do si tema comuni sta. Certa mente eles, de lirando com suas teor ias ele uma nova o rde m mund ia l (para o mundo ela lua) , não viram a ruína cio mundo comuna. Gostari a que me env iasse o e-mail do prof. lu nático, e do Fre i Beto também, porque quero conv idá-los a irem morar e m Cuba, mas defi nitivamente . Q uem sabe a reali dade c ubana os fa ça acordar. Mas mes mo ass im duvido, pois ainda há os petistas funda -
B Faço um a aprox imação entre o artigo "Cotas na Universid ade, Achatamento e Luta de Classes" com aquele arti go sobre o alcunhado "Trabalho Escravo", mostra ndo este como uma nova arma co ntra o dire ito de propriedade. Po is, se o aluno que mais se esforço u obteve um a vaga, esta vaga é dire ito dele (co mo uma propriedade de le) e não ele o utro. Não é também um confi sco roubar essa vaga obtida com esfo rço e dar para um outro, ap nas po rque te m a pele de outra cor? Isso sim que deveri a ser c hamado ele ra cismo. Me mo I orque o ma ior prej udicado será o própri o negro. Porque, quando o ele pele negra se formar, poderá er rej eitado no mercado de trabalho, pois os patrões vão dizer: não vamos empregá-lo, pois este tem curso superior não por ser competente, mas por causa de sua cor. Além do mais, será uma discrimin ação contra o. negros co mpetentes, pois serão considerados iguais aos outros incompetentes. U m novo "choqu e de ivi li z u ções" - pa ra u ar a x pr ·ss:10 do Prof.Plini oCorrêade liv ·in1 pio move m ess s d p111 11dos q1 1l' 1il-l l•11 de mo sisl ma de co1 :1s 11 11 s 1111 iV1'rsi clacl s, 11111 c hoq11l' dl' 111•1•rnN conlrn os br:111 ·os lll' Sll' P11ís, rn1d1· lodos t'O ll
~ Agradece mos esse im po rtante traba lho de co nsc ientização q ue vv. fa ze m. A revista está de parabéns. E la nos mostra um catoli c ismo verdade iro, e não um catolicismo carola de beatério (tipo barata de sac ristia, como se dizia anti gamente). Este último ad ul te ra a Reli gião cató li ca , e nq uanto que essa rev ista rec upera a R elig ião cató li ca verdade ira , co mo apre nde mos ele nossos pa is e no catec ismo. Por me io dessa rev ista, conhecemos realmente os santos, heró is como São João ele Capi stra no, Do m Bosco, Sa nto Agostinho e tantos outros santos guerre iros como eles foram , e não como eles são mostrados hoje e m dia, lev ianame nte ada mados . Mui to obrigado, mes mo. (M.P.P.K. - PR)
CATOU I MO
Arrancam/o a máscm·a o m a m dida nazista ele co ntro l cli la lori :il da li vre exp ressão, l'a lud:1 ou cs ·ri ta, ·spe ro q ue ago ra a m di u p ·r ·a suas ilusões co m o PT tipo " Lulinh a paz e amor". Ago ra os do nos da mídi a vão perceber o quanto •s tava m e nga nados ace nde ndo v •las para um ído lo co m másca ra so rridente . A máscara está ca indo e o semblante ele agente K B stá aparecendo. (C.F.D. - RJ) [0
Despenlício zero ... ~
Co mo neste País há muitos "cac iques" qu e têm o companheiro F idel Castro como o modelo, certamente vão imitá-lo, reduzindo todas as publicações, jornais e revi stas, a um só j o rn a l. Co mo not ic io u a rev is ta " Veja", Ficlel qui s em C uba um só j orn a l porque, segundo ele, ter ma is de um seri a desperdício de pape l... (N.A.B. - AM)
Pel'gunta ,,ão ofen<le
B "U m band o de covardes" , segundo o pres idente Lula, são todos os j o rn ali stas que não apóia m o contro le governamenta l - leia-se, censura - de suas atividades. Pergun to se o pres idente chamará de " um bando de covardes" todos os juízes que não apo ia rem o contro le do Judi c iário. (J.F.S. - BA) Boa orientação
B A revi sta deve continuar fa lando desses temas importantes para nossa fa mília, como o abo rto. Todos os meses tais temas nos ajudam na o ri entação católica. (E.J.J. - SP)
Elucidando assw,tos
mensagens de Nossa Senhora. Com isso, as pessoas podem estar certas de que com a oração podemos mudar essa realidade. (E.A.R. - MG)
Assw,tos diversos
B Catolicismo, alé m de ser uma revista bonita, é rica em conteúdo e de muito bo m gosto. Eu a admiro especialmente por tratar de vári os assuntos que faze m parte de nossa vida do di aa-di a. E isso é fundamental, estar informada a respeito de tudo, e a revista proporciona isto. (M.A.G.C. - SP) De J'io a pavio
B Ao recebe r a rev ista, fico contente em saber que vo'ü ler uma revista de fa to, com notícias verdade iras, que prende a atenção do le itor do começo ao fim . (J.E.P.P. - PE) Consel'vad01'ismo
B A revi sta tem ótima apresentação, conservadora, mas às vezes em de mas ia . M as aprecio os bo ns arti gos , como sobre a Reforma Agrári a, probl e mas da fa mília, os arti gos da seção Pa lavra do Sa ce rdo te, e tc . (J.S.L.V. - RJ)
B Nenhum dos te mas da revista me
Paz <le alma
desagrada . Está ótim a e muito bem elaborada, e de fácil le itu ra e e ntendimento. Aqui em casa gostamos de la, porque esclarece assuntos e opiniões que sempre gostaríamos de discutir. (M.A.C. - SP)
B Agrada-me particul armente a leitura dessa rev ista, ela me causa uma sensação de paz de espírito , que me faz muito bem. (A.F.L. - SP)
E11sh,amento pe1·e1w
B Gosto de todas as rev istas Catolicismo , e las me agradam muito porque me ensinam co isas q ue e u deveri a ter aprendido . (M.J.D.A. - SP)
O poder da ornção A revista é bem organizada e aborda temas importantes, mas poderia nos ajudar mais para organizar encontros em nossa cidade, nos bairros, para divulgarmos as mensagens de Nossa Senho ra. No mais está ó tim a, pois aborda diversos temas nos mostrando as realidades de nosso mundo e as
Sugestões
B Poderiam falar mais contra o PT. Eu não gosto dos peli stas. Também fa lar mais sobre o pro bl ema das drogas na juventude. Falar sobre o que Deus re presenta para nos sas vidas. D igo isso, porque te m gente que acha que está no mundo só porque nasceu aqui , mas sua vida não tem nada a ver com Jesus e Nossa Senhora. Isto me de ixa tri ste. (F.C.P. - SP) Esclarecimento
B Apesa r de ter gostado imensame nte das declarações do bi spo de Iserni a- Venafro, D. Andrea Gemma (Exorcista), na revista Catolicismo de
agosto, 2004, p. 40, o mes mo fez uma afirmação inverídica, por mim confirmada. Ele declara que em nenhum dos 16 docume ntos do Vatica no II aparecem as pa lavras infe rno e demônio. Po ré m, na Co nsti tui ção Dogmática Lumen Genlium, 131, fa la-se expl icitamente do infe rno e do de môni o e pede-se aos c ristãos que usem a armadu ra do cri stão (Ef 6, 11 ). Parabéns pela rev ista, está ótima !!! O povo católico e brasileiro estava prec isa ndo. Gostaria que publicasse m essa observação, após co nfirmação na seção de C ORRESPO NDÊNCIA. A Paz de Cristo e o amor de M ari a a todos que co mpõe m esta conceitu ada rev ista católica. (F.J.B.A. - RN)
Nota da Redação: Agradecemos ao mi ssivista a observação ac ima exposta. Esta te m todo o ca bimento e dá ocasião para um oportuno esc larec imento. Efetivamente o Concílio fa la do de môni o e do infe rno. A Lumen. Gentium me nciona o demô ni o no minalmente nos nºs 16, 17 , 48 , alé m do nº 131 citado pelo mi ssivi sta, encontrando-se também uma citação evangélica no nº 5. Igua lme nte, o faz no decreto Ad Gen.1es (nº 9) e na Gaudium et Spes (nºs 2, 13 e 22) . Essas menções, talvez muito breves, parece m ter passado desapercebidas a Mons. Gemrna. O pre lado, em seu livro, reporta-se com natu ra li dade ao Vaticano II, às di scussões nele hav id as, às exp li cações do mes mo fe itas por Paul o VI, deplorando a fa lta de desenvolvimentos proporc io nados à magnitude do pro bl e ma dos malefíc ios e possessões di abóli cas, bem como cio abandono da prática do exorcismo. Prática essa, da qu al o Vaticano H nada fa la. Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição .
SETEMBRO 2 0 0 4 -
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11 Cônego JOSÉ LUI Z VILLAC
Pergunta - Acabei de ler sua coluna e fiquei realmente encantado. Por isso mesmo, recorro ao senhor para esclarecer uma dúvida em relação à intercessão dos santos junto a Jesus. Acredito piamente nisso, tanto pelas provas dos milagres quanto pela santa Tradição, mas constantemente sofro embates com protestantes que, com argumentos bíblicos, declaram que não devemos recorrer aos santos, pois isso é uma afronta a Deus, uma vez que somente Jesus Cristo pode interceder por nós. Gostaria então que o senhor me esclarecesse, também através de passagens bíblicas, sobre a intercessão cios santos junto a Jesus. Se o senhor puder me ajudar, tenho a certeza de que não somente eu, mas muitos e muitos católicos que estão na mesma situação que eu lhe ficariam muito gratos. Resposta -
Mai s um le itor que se manifes ta e mbaraçado co m a c rítica pro testante, pedindo urna clemonstt-ação bíblica pa ra uma ve rd ade d a do utrin a ca tó li ca. J á te mo mos trado, c m succ · iva r pos tas nc ta co lun a, co mo essa pos ição pro t s ta ntc é ma nc a, po i · nega os o utros do is pés do t.ripé c m que se assenta m as ve rd ades cató li cas:
CATOLICISMO
a lraclição (fonte da R evelação divina, corno a Bíbli a) e o Magistério infalível da Cátedra de Pedro. Ou seja, corno fonte da Reve lação feita por De us aos homens, alé m da Bíblia Sagrada, que é a Reve lação Escrita, sem dúvida ternos també m a sagrada Tradição, que é a Reve lação Ora l, o u transmitid a oralmente, o que o le itor, a liás, reconhece em sua carta. Ora, as ve rdades reveladas através dessas duas fontes ne m sempre se apresentam inteirame nte cl aras ao comum dos fi é is. Há, ade mais, fraqu ezas na inte li gê nc ia humana , o u mes mo des vios, que pode m levar a e nte nder mal al go que é e nsinado : Isso é a expe riê nc ia de todos os dias. De onde ve m a e xpre ss ão c orrente "cada cabeça, uma sentença" . Se Nosso Se nho r não nos tivesse deixado um decisivo amparo contra essas fraqu ezas e desvi os, a pró pria Ve rdade R eve lad a, que nos foi dad a para nossa salvação , fic a ri a suje ita a ser corrompida e desnaturada, tra nsform a ndo- se e m ferm e nto de co nfu sã pe rdição, como te m acontecido e m tantas h rcs ias ao lo ngo da Histó ri a. Po r isso, J ·sus ri t instiluiu o Magist •rio infalível da lgrc,ja, qu ', assistido dir ta n nl p ' lo •spíri t a nto , intc q re la, cl modo aul nti co, os dad s bíbli cos ; e ass g ura a objctiv idad das nume ro ·as ve rd ades qu vi ra m
pela Tradição, o u sej a, e nsinadas po r N osso Se nho r Jes us C ri sto e tran smitidas pe la pregação apostó lica, e que e ntretanto não fo ram registradas ao me nos dire ta ou explicitame nte - nos textos bíblicos . Isso não quer dizer, evide nte me nte, que o Papa é in fa líve l e m tudo quanto di z. Ningué m defende isso . A s condi ções da infalibilidade foram definid as no Concílio Vaticano I. Mas, postas essas condi ções, a infalibilidade é um dom de Deus para os Papas, a fim de mantê-los no reto caminho, qu ando "ex cathedra" defi ne m maté ria de Fé ou de M oral , evitando desvios peri gosos e por vezes tortuosos para a autê ntica compreensão. O le itor e ncontrará abund antes e xplicações sobre tal questão na maté ria desta colu na dos doi s meses anterio res. De mo do que a prime ira ré plica a d ar à arg ume ntaçã pro testante é cxata m nt essa , isto é, que a críti ca de i s rund a me nta Im ntc ma nca, po r nega r os utros do is I és cio trip a qu a aba rn os de nos r fe rir. Num a boa d iscussão, qu ·v is' r a i me nte esc la recer os I rob lc mas di sc uti dos, é s •mpr bo m co meça r po r 111oslrar as lac unas fundame ntais do adve rsá ri o . N o caso d s protestantes, uma delas é prec isa mente essa de pe nsa r que tudo está na Bíblia, nega ndo ass im a Tradição (fo nte de Reve lação, corno a Bí-
biia) e o,M agisté rio da Ig rej a (g uard a e intérprete das ve rdades reve ladas) . M as, para não de ixar o le ito r sem urna res posta pessoal (e não ape nas doutrin á ria ), le mbro aqui ape nas um po nto da Sagrada Escritura do qu al se dedu z c larame nte que a inte rcessão dos fi é is, uns pe los outros, é válida e efi ciente pa ra nos o bter de D eus as graças de qu e prec isa mo s. Ass im , o g rande Apósto lo S ão Pa ul o, dirig indo-se aos corín tios, não se pej a de pedir a e les que rezem po r e le, para que sej a li vre dos peri gos: "Adjuvantibus
et vobis in oratione pro nobis" (11 Cor l , ll ). Sendo de nota r que e ntre os fiéis de Corinto ne m todos eram ou seriam santos, mas simples cristãos, cuj a ração São Paulo considerava va liosa, e q ue e le humilde men1 suplica para si. Assim, e mbora seja certo q ue Jesus C ri sto é único M ediador necessá ri o entre De us e os ho me ns, isso não s ig nifica que a mediação de o utros, junto a Jesus C ri sto, seja destituída de valo r. Pe lo contrári o, te m o seu valo r próprio, que São Paul o se preza e m solic itar, como a liás faze mos todos os cató licos ao pe d ir a pare ntes e a migos que ore m por nossas necessidades. Negando isso, os pro testantes não faze m ma is que trovejar um a te mpes tade num copo d 'água!
Pergunta - Sou leitor da revista Catolicismo. Nesta, o senhor responde às perguntas cios fiéis, e no final da página consta o seu endereço eletrônico. Por isso, resolvi enviar esta mensagem que contém uma dúvida que tenho dentro da doutrina católica: o que viria a ser a G raça? A Graça divina é algo que ainda não conse- 0 gui compreender bem, ] apesar de ter uma noção 8 cio que ela seja. Acredito ...J-~ que corresponder com um Pela graça santificante, a Santíssima Trindade habita sacerdote seria de grande em nossa alma, que passa a ser templo do Espírito Santo ajuda. Portanto, se o senhor pudesse me esclareA essa obra - prima d a o ho me m vive rá na conte mcer esta dúvida, eu lhe seC ri ação, que é o ho me m pl ação etern a e gozosa da prória muito grato. fe ito à im age m e se me lhança pria essênc ia divina. Tal é a do C ri ado r - , De us qui s elegraça santificante que recebeResposta - E m vez de me var a um estado sobre natural , mos no Bati smo, e aume nta ate r a uma res posta esque mati came nte teo lóg ica, que talvez não fosse compreens íve l por boa parte dos le itores, proc urare i, sem abando na r o rigor do utriná ri o, ressa ltar e m pal a vras o qu a nto poss íve l s impl es o seu co nce ito, d e modo a faze r sentir ao le itor o conte údo altíss imo e a necess ida de que te mos d a Graça divina (que muito justame nte o le ito r g rafa com ma iúscul a). A Graça é uma intervenção sobre natu ral de De us em nossa vida, que supera a natureza criada do ho me m. Segundo a def'ini ção clássica, o ho me m é um anima] rac ional, isto é, composto de um corpo e de urna alma es piritua l, e por isso mesmo imo rta l, a saber, não se desfaz com a morte, como sucede co m os anima is irrac io na is (estes não têm uma a lma espiritual , mas apenas um "princípio de vida", que poderia também chamar-se "alma", mas que é meramente corpórea e mate ri al, e po rtanto perecíve l) .
concede ndo- lhe a lgo a ma is do que a sua natureza cri ad a estrita me nte exig ia. Esse a lgo a ma is é a Graça divin a, que es tá acim a d a natureza c ri ad a e to rn a o ho me m pa rti c ipante da pró pri a natureza divin a, fi lho de De us (po r adoção ) e he rd e iro do Céu. Como se vê, é algo inte irame nte g ratuito da pa rte de De us, e exata me nte po r isso se cha ma G raça. A es ta Graça os teólogos de nomina m graça sanlificante, ou
graça habitual. E m o utras pa lav ras, e m seu estado de natureza pura, o ho me m justo que o bservasse a Le i natu ra l - a le i in sc rita po r De us na natureza do ho me m (não matar, etc.) - , ao términ o de sua vida te rrena me receria apenas uma vida fe li z num Para íso me rame nte te rrestre. Deus, poré m, na sua mi seri córdi a in fi nita, quis e levá- lo a pa rti c ipa nte d e s ua pró pri a natureza divina, e portanto fa zê- lo partíc ipe de uma vida beatífica no Céu, e m que
co m a recepção d os Sac ramentos. E que só se perde pe lo pecado mo rtal , pode ndo ser readquirid a pe la co nfi ssão be m fe ita. Po r essa graça, a Santíss ima T rindade ha bita e m nossa a lma, que passa a ser te mpl o ci o Espírito Sa nto . E à vida na tural da c riatura hum a na ac rescenta-se pe la g raça uma v ida sobre natura l, na qua l o ho me m to rn a-se apto a pra ti car atos meritóri os para a vida e te rn a no Céu. E m um texto inédito, intitulado Reflexões para a Sagrada Comunhão, o Prof. Plini o Corrêa de OI ive ira faz este magnífico come ntá ri o: "O fiel
-católico deve habitua r-se a essas perspectivas maravilhosas da doutrina de Jesus Cristo: a esse fa to grandioso e sublime de que o sobrenatural o cerca de todos os lados, de que ele é filho de Deus, e de que o termo normal de todas as suas persp ectivas é imenso. Em conseqüência, ele não pode
viver absorvido na consideração das coisinhas miúdas da vida cotidiana, m.as, pelo contrário, deve ter sempre em vista o grande horizonte que se descortina na ponta de todas essas realidades" . l à l é o panorama profun do e ime nso que a Graça descortina p a ra o ho me m . Po ré m , pa ra vive r ime rso nesse pan o rama o ho m e m prec isa da ajuda de um outro tipo de g raça que os teó logos de no min a m graça atual. Esta é um auxílio sobre natural com que De us ilumin a a nossa inte ligê nc ia le vando-a d ar adesão à Ve rd ade, e move ndo a nossa vo ntade afa zer o bem e evita r o mal - - prin c ípi o prime iro e supre mo de toda a o rde m moral. Se m esta g raça sobre natural , não co nsegui mos pratica r estave lme nte a Je i mo ral e assim salvar a nossa a lma. Po r fim , o ho me m e nfrenta nesta vid a dific uldades de to d a orde m, pa ra o que e le prec is a c on s ta nte m e nte d o auxíli o d e De us, re la tivo a be ns te rre nos e mate ri ais. Esses auxíli os são ta mbé m c hamados g raças na ling uagem corre nte : saúde, e mprego, dinhe iro, aprovação e m exames, ha rmo nia fa mili ar, e tc. Podemos e deve mos pedir essas graças a Deus, desde que nada te nha m contra a Moral católica e nos sejam úte is, o u co nvenie ntes para o nosso prove ito es piritua l e ma ior g ló ria de Deus. Para a lcançar ta is g raças, d eve mos recorre r à o ração e aos Sac ra me ntos, e princ ipal me nte à inte rcessão de N ossa Se nho ra e d os Sa ntos. M as isto j á seri a maté ria para vári as o utras co lunas me nsais. • E-mail do autor: conego jose lui z@catolicismo.com.br
SETEMBRO 2004 -
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A REALIDADE CONCISAMENTE Cardeal Lara: Chávez quer 11cubanizar" a Venezuela
J\ ntes do último pler lbiscito, o Ca rdeal Rosa lio José Castill o Lara de nun c io u que o presidente Hugo Chávez quer cubaniza r a Ve nez ue la. Declarou ele ao jo rnal "La Stampa", de Turim, q ue C h ávez "pretendefazer como Castro: eliminar as desigualdades sociais [. .. ] de.forma que todos sejam pobres". O purpurado venezue lano acrescentou que o presidente esq ue rdi sta "s ufoca totalmente o comércio. Há enorme carência de tudo. Não se encontram rem.édios". Chávez, segundo ele, "reuniu delinqüentes e os arrnou. As armas que têm estes grupos, que são grupos para-
militares do governo, mataram muitas pessoas. [. .. ] Chávez introduziu no país mais de 20 mil cubanos, vários como médicos, outros como educadores, porém todos eles são pessoas que vieram com 1,un.aJi.n.alidade: doutr inar. Tudo isso é a cubanização ". A respe ito do último e polêmico plebisc ito, a Rad io Vaticana
transmitiu entrev ista, na qual o Ca rd ea l Castillo Lara afirmou: "no referendo houve uma gigantesca Ji-aude, [ ... ] pus e ram corno rn.esários e.xclusi va ,nente ge nt e do partido do gove rno. As sondagens de boca de urna indi cava m 65% a favor do Sim ". • Venezuelanos protestam nas ruas de Corocas
Campos de extermínio soviéticos: atração turística!
U
ma agê nc ia de turismo de Krasnoyarsk (Rússia) la nçou uma excursão aos sini stros campos de concentração da S ibéria. O lú g ubre passe io c usta rá pouco mais de 2.000 reai s e durará 12 dias. Sobre esses locais, o e mpresário Vladimir Demidov ex plicou: "Praticam.ente nadafoifeito para adaptar os luga res, ,nas a região é tão fria, que estão pe,jeitamente preservados". Certas casas, que foram teatro de crimes horríveis, são tidas como mal assombradas. Qual não é o ho rro r que devem in sp irar lugares o nde especia lme nte foram mortas milhões de pessoas com requintes de crue ld ade? Tais locais merece-
CATO LICI SMO
ri am, isso sim , a visita de autoridades e espec ia l is tas para medir e julgar toda a dimensão dos delitos ali cometidos. Mas ... para distração turística? •
Ídolos modernos conduzem até ao satanismo
O
Computador e videogame degradam a inteligência
"o
uando, no futuro , historiadores (se houver algum) escreverem sobre o declínio da inteligência nos EUA, concentrar-se-ão na revolução digital. E vão descobrir, ironicamente, que foi chamada de progresso. Ficamos conectados com. todo o mundo, sem nada a dizer". O comentári o é do jornalista Sterling Rock Johnson, do " Los Angeles Times". Para e le, a revolução iriformática está degradando o níve l inte lectual da ge ração do computador, e os índices de aproveitame nto esco lar mostra m "um declínio contínuo e uma redução consistente dos níveis de compreensão, conhecimento e habilidades, mais acentuadamente desde que o endeusado computador entrou em cena". Ressaltou a inda o em pob recimento das mentes por causa dos videogames. •
Massacre de inocentes no próprio lar
O
lar é por excelência o ambiente para acolher os filhos , bênção de Deus para as autênticas famílias . Entretanto, na França, uma le i sociali sta sancionada pelo governo do pres idente Chirac, torna-o local de tortura e morte para muitos nascitu ros. Segundo essa aberra nte lei, nas cinco prime iras semanas de gravidez a Previdência Social poderá fornecer a abortiva pílula do dia seguinte para as mu lheres matarem e expulsarem do próprio corpo, e portanto de seu lar, o filho que conceberam. Calcula-se que os abortos deste tipo deverão atingir a c ifra de 50 mil por ano. •
j et-set art ístico- midiát ico vem se afundando na superstição, no esoterismo e até no satani smo. Ca ntores, atrizes, modelos, ídolos esportivos adotam tod a espécie de e nfeites extraídos das águas imund as e abjetas do oc ul tismo. Seus admiradores correm atrás de seus ídolos, imitando-os. Fitas da cabala, pul seiras, fi gas, c ri sta is e muitos outros ta li smãs proliferam em bou tiques e bancas de came lôs. Seus usuários
dizem que, por vezes, prese nciaram fe nômenos preternaturais. Até objetos da piedade católica tradi ~ c ional vêm sendo retomados, não de acordo com as devoções que lhes são próprias, mas numa clave supe rstic iosa e até sacrílega. "Quem brinca corn.fogo, acaba se queúnando", diz con hec ido adágio. Quem brinca co m as trevas in fe rn a is te nde a ser e ngolid o por e las, pode-se ig ua lme nte afi rm ar. •
Islâmicos agora assustam europeus
J\ ousad ia dos g ru pos islâmicos .t\.. europeus assusta a popul ação do Velho Continente. Podem não ser terroristas, embora possam ter re lações com eles. Trata-se, na maioria, de europeus fi lhos de imi grantes muçulmanos e de "convertidos". Em Flandres, a Liga Árabe Europé ia manté m "patrulhas civis" para "proteger" os muçulmanos da polícia. O modelo é o das Panteras Negras ameri canas, aliás fo rtemente impregnadas de marx is-
mo. Segundo Dirk Jacobs, do Instituto de Sociologia Política da Universidade Católica de Bruxelas, esses grupos buscam a provocação. Na época de Ca rl os Magno e Dom Pelayo, as fa langes mao metanas, vindas do exterior, atacavam a Europa. Hoje, brotam no interior do próprio continente, depois de um a lo nga e contínua invasão pacífica, permitida e até favo recida por europeus. •
Pesca mimculosa, cm nossos dias, na Ilha do Mel
O
s pescadores do Ilho do Mel, no Paraná, pescavam não mais que 20 peixes por dia, até que o imagem de Nosso Senhora do Rocio, padroeira do Estado, foi àquela Ilha - aliás, pela primeira
vez em suo história . A partir doí, o resultado multiplicou-se por 400 . Em 27 de julho, pescaram cerca de oito mil peixes! A população local está convencida do milagre. O Podre Roque, do Santuário de Nosso Senhora do Rocio, em Poronaguá, estava no local e narrou : "Uma senhora anunciou que eles tinham feito uma pesco maravilhoso . Vimos fotos e chegamos o comer algumas toínhos assados". É só Nossa Senhora intervir, e as situações mais desesperados viram 180°. Mas é preciso suplicar a Elo com fé e com o coração contrito e humilhado .
Apcsal' da perseguição, milagre e expansão católica na China
D
esde o dia 13 de maio de 1996, a ditadura marxista do China proibiu os peregrinações e aumentou os pressões para os fiéis se submeterem à /gre;a Patriótico", cismática e prócomunisto, porém sem o re sultado esperado pelos marxistas. Em maio último, dezenas de milhares de romeiros dirigiram-se ao Santuário de Nosso Senhora Imperatriz do China, em Donglu, desafian do o proibição do governo comunista. A cada ano eles são mais numerosos . Naquele santuário, segundo a agência vaticana 'J\sionews", em 23 de maio de 1995, diante de quatro bispos, cem padres e 30.000 populares fiéis o Roma, o sol girou do direita à esquerdo, mudou de cores e aproximou-se da Terra. Os presentes viram nele Nossa Senhora e o Menino Jesus, a Cruz, a Sagrado Família e o Ssmo. Sacramento. O povo clamava: "Minho Mãe, perdoai os meus pecados!" O portento, que lembra o "milagre do sol" ocorrido na aparição de 13 de julho de 1917 em Fátima, reofervorou os católicos anticomunistas . 11
SETEMBRO 2004 -
NACIONAL
Perspectivas eleitorais no Brasil Ü caráter conservador do brasileiro deverá influenciar as próximas eleições n1unicipais, e seu resultado consistirá num termô1netro" com o qual poder-se-á medir o grau de prestígio do governo federal. 11 PUNIO V1 DIGAL XAVIER DA SILVEIRA
esta prime ira quin zena de agosto, em que escrevemos, o le ito r comum , que só acompanha o noti c iário pelas manchetes dos j orn ais e os canais de TV, é levado a achar que a situação econô mi ca do Brasil progride de modo brilhante, com perspectivas as mais alvi ssa reiras . Gra nde parte do notic iário é feita para causar essa impressão, co mo se houvesse um rea l progresso da economia , que concorreri a para um c lim a ele itoralmente favo rável ao PT. Mas, análi ses feitas por comentari stas es pec iali zados indicam que a me lhoria da situação econôm ica é muito duvi dosa. Pois o número de prob lemas e ameaças que pairam sobre esse panorama otimi sta não pode deixar de preocupar os leitores mais bem informados. Oir-se-ia que existe um marketing e le ito ra l e m andamento para favorecer o PT nas eleições; seria do tipo "a esperança venceu o m.edo", que tanto concorreu para a ele ição do pres idente Lula da Silva. Morando em São Pau lo, vejo que a propaganda e le itora l que aparece nos cartazes e faixas nas ruas, postes, painéis, etc., é quase na totalidade de candidatos do PT. Parece que estes di spõem de verbas muito maiores que as dos outros partidos . Tal situação predominará até o dia das e le ições?
N
Edito rial de um di ário de larga tirage m inform a que nos 19 meses do atual gove rno as invasões ultrapassaram num e ri ca mente o j á in ace itáve l volume alcançado nos últimos quatro anos de FHC . Oir-se-ia, se m exage ro , qu e o Brasil es tá e m via de um a conflagração no campo. Não é à toa que o mesmo ed ito rial afirma: "Os agredidos, que não contcun com a proteção das leis e do Poder Público, [. .. ] não resistirão à tentação de defender-se por conta própria, com as
trágicas conseqüências disso, que bem conhecemos".' Lamentavelmente, o maior propu lsor desse clima é o clero progressista, tendo à frente a CPT (Comi ssão Pastoral da Terra). Não fosse o papel dessa esquerda católica, tal clima não se sustentaria somente em função do MST e de seus agitadores. Se analisarmos a situação nas cidades, constataremos que as invasões do Movimento dos Sem-Teto aumentam de modo assustador. E sempre com o apoio desse mes mo clero progress ista.
As próximas eleições À luz destas considerações , como encarar as próximas eleições munic ipa is? Tudo leva a crer que elas servirão de um como que plebiscito, para se conhecer a apreciação que os brasileiros fazem do governo Lula. Não tem seriedade a dissociação, para esse efeito, entre o atual Chefe de Estado e o PT. Para o e le itorado, é evidente que a popularidade do governo irá pesar de modo dec isivo nas eleições muni c ipais. O partido entra nas eleições com um fa tor muito favorável, que é o poder eleitoral da máquina estatal. Contando hoj e some nte com cerca de 200 prefeitos, e le deve - segundo os próprios chefes do partido - dobrar o seu número, vencendo em muitos municípi os menores . Mas há outro fator que preoc upa muito os anali stas do partido. O PT conta hoje com as prefeituras de algumas das mais importantes capitais, como São Paulo, Be lo Horizonte, Porto Alegre e Rec ife. Além de outra cap ital, Aracaju, tem a
direção de várias c idades importantes, como, por exemplo, Campinas e Ribe irão Preto. Mas as pesqui sas até hoje publicadas indicam grande dific uldade para o partido e leger seus candidatos em vári os desses municípi os. Se o PT perder o domínio desses importantes·centros, mas não conseguir vencer e m outros també m grandes, que de alguma maneira compensem ta is derrotas, será inevitável que se interprete isso como um julgamento desfavorável ao atua l gove rno.
J>ovo pacato e ordeil'o Ninguém pode negar que o brasil e iro é pacato e o rdeiro. Ele não vê com bons olhos a le ni ência - ou mes mo cumpli c idade - com que certos meios govername ntais fa vorecem a invasão de propriedades no campo e nas c idades. E també m se preoc upa co m a destruição da família, que vai se efetivando com as le is ou projetos que fa vorecem o aborto e o chamado "casa mento homossexual", e co m a participação das autoridades nesse processo de dissolução da célula ma ter da soc iedade. Ainda recentemente, a presença da Prefeita Marta Suplicy num desfile por ocasião ci o chamado Dia do orgulho ho-
mos.sexual foi muito rea lçada pela mídia. A esse fato soma-se outro. A imprensa j á vem comentando como desfavoráve l à prefe ita de São Paulo o fato de ter-se ela separado de seu legítimo marido e procurado "um novo companheiro", algum te mpo após ter sid o e le ita. Convém lembrar que o próprio ministro José Dirceu reconheceu, por ocasião da derrota de Lula na e le ição cio presidente CoJlor, que seu partido hav ia desprezado o caráter conservado r do brasi le iro. Após cerca de 15 anos, parece que o mes mo erro está sendo cometido . *
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Nem mesmo o apoio do clero esquerdista está conseguindo ev itar este fato: apesa r de toda a decadênc ia mora l que ve m destruindo os fundame ntos da famíli a monogâm ica e do vínculo matrimonial indissolúvel, be m como da propri edade privada , ainda preva lece, em larga medid a, o pensa me nto conservador do brasil eiro. • E-mai I cio autor:
Nota: 1. "O Estado ele S. Paul o", 4-8-04.
Dois brasis: um representado pela procissão católica no interior de Minas Gerais, na foto à esquerda . O outro, na foto abaixo, expresso pe la chamada Parada do orgulho homossexual, realizada na capital paulista .
1'e11são 110 campo Por outro lado, no interi or do Brasil, enquanto o agroncgóc io segue co m pleno sucesso, co mo principal fator para beneficiar o panorama econômico - fato que a imprensa realça in sufi c ientemente - uma grande ameaça cresce ass ustadoramente: o aumento das invasões de terra em todo o País.
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CATOLICISMO
SETEMBRO 2004 -
INTERNACIONAL
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O anarquista Bakunin (e~querda) afirmava : o revolucionário "despreza e odeia a moral da sociedade hodierna em todas as suas formas e fundamentos ". A direito : os bolcheviques tomam o poder no Rússia e implantam o comunismo , em 1917 .
Terrorismo e Terceira Guerra Mundial P ara muitos observadores, a atual expansão do terrorismo tlagelo de nosso século - coloca o mundo num estado de guerra. Por atingir todas as nações, essa guerra é universal. n
RENATO M uRTA DE V ASCONCELOS Correspondente E SPAN HA
Madri - As bombas explode m por toda a parte, a qualquer mo mento e ines peradamente. Numa estação de metrô, numa rua mov imentada e m pleno rush, num shopping center, de ntro de trens, ô nibus ou loj as. Escond idas e m mochil as, em simples pastas, deba ixo da ca mi sa ou no in terio r de um carro. M adri, Jerusa lém, Istambul fo ram, nos úl timos meses, abaladas por atentados terro ri stas que ocas i-
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CATOLICI SMO
onara m centenas de mortes. E m Bagdá, ta is atentados j á fazem parte do cenário quotidiano. Amanhã, talvez se des loque para o Rio de Ja ne iro, Nova York, Paris, Berl im ou Tóquio.
/11quietação ge11ernliza<la A insegurança tornou-se geral. Quantas vezes, viaj ando no metrô de Maclri, me veio à mente esta pers1 ecliva preocupante: o ra paz qu e aca ba ele subir na úl tima estação não erá p rvc ntura um hom.em.-bomba, di posto a sacrificar sua vida, desde que provoq ue o maior núme-
Sim, porque esta fo rma de terrori smo difuso, invisível e traiçoeiro serve a uma causa - a do islami smo rad ica l, que por meio de ate ntados pretende levar a cabo g ue rra se m q ua rte l. Prime iro no Oc ide nte, co ntra a C ivili zação C ri stã, contra "os descendentes dos cruzados", os "nazarenos" (ou sej a, o perseguido aind a é N osso Senhor Jesus C ri sto). E depo is, no interior dos pa íses de maiori a muçulmana moderada, com o fito de lhes impor uma versão radical cio l slã baseada na scharia, pseudo-legislação que des-
conhece a existênc ia de qu alquer Estado de d ireito. Ao prever, com muitos anos de antecedência, q ue essa fo rma de caos terrori sta se espalh aria pela face da Terra, o Prof. Plini o Corrêa de Oli veira a associava aos terríve is aco ntec imentos profetizados e m Fátima por Nossa Senhora.
'l'er ceira Guerra Mun<lial? Para muitos observadores, a atual expansão do terrorismo coloca o mundo num estado de guerra. Por at ingir todo o pi a-
neta, esta é uma gue rra mundial. Há pouco, a rev ista alemã "Der Spiegel" ded icou uma edição especial ao terrori smo, quali fica ndo-o de "a guerra do século XXI". Uma guerra mundi al, cuj a característica é a de não se manifes tar no entrechoque de países contra pa íses, mas no conflito de gru pos armados no in terior dos países .' Ev ide nte me nte, ta l novo estil o de guerra g loba l, pra ticada pelo terrori smo, possui um co mpo ne nte psicológ ico im po rtan te. O ataque às torres gêmeas do World Trade Center teve um impacto
Durante a Revolução Francesa , no Regime do Terror, Robespierre (esquerda) exclamava : "Sem virtude, o terror é funesto ; sem terror, a virtude é impotente". À direito, queda da Bastilha , em 14 de julho de 1789 .
ro de vítimas? Essa indagação - certamente um fato r a ma is ele inq ui etação, e po rtanlo de stress - pode fazê- la hoj e em d ia qua lquer habitante de uma grande mclr pole. A mão que ac ionará o ex pl os ivo é invi ívc l, si le nciosa. Perte nce ao uomo qualunque, ao viz inho d a esqu ina. Porém , a cabeça que d iri ge o atos te rroristas não conhece escrú pul os . Pelo contrário, fa natizada, con ide ra o atentado como grande fe ito, ato supremo de heroís mo, que será reco mpe nsado na outra vi da ... SETEMBRO 2004 -
Meio parn obtel' capitulações É o que todo mundo receia. Pressentimento e receio jogam a favo r do terror, preparando desde já capitul ações incríveis de um mundo que abandonou a fé, e com e la o heroísmo. Dias depois do om inoso atentado de LJ de março em Madri, perpetrado por islamitas radicais, os socia li stas espanhóis voltaram ao poder, em conseqüência do tremendo efeito psicológico criado pelo atentado. E o que fez o novo governo sociali sta? Ordenou a imed iata retirada das tropas espan holas do Iraque. As concessões não pararam aí. Juan Fernando Lopez Aguilar, ministro da Justiça, anunciou que as escolas públicas oferecerão doravante aul as de explicação do Corão. Já e m 1992, os soc iali stas haviam ass in ado acordos de fomento do Islã, que não tiveram aplicação durante o governo de José Maria Aznar ( 1996-2004). As nações do Ocidente não estão apetrechadas, inc lu sive juridicamente,
Homem-bomba : uma inquietação ameaçadora que acompanha os europeu s em geral no seu dia- a-dia .
psico-propagandístico que vai muito além do horror, da tristeza e da indi gnação causados com a perda de três mil vidas humanas. E co ntra este fato r psicológico é prec iso estar prevenido, pois ele prepara a via para todas as fraquezas e cap itulações. Os agentes do terror têm isso bem explícito. No final do século XVIII, o terror foi emp·regado como acelerador do processo revolucionário. No a uge da Revolução Francesa, durante o fam igerado Reg ime do Terror, exclamava patético Robespierre diante da Conve nção: "Sem virtude, o terror éfunesto; sem terra,; a virtude é impotente". Neste sentido , os terroristas de hoje inserem-se na esteira de uma lo nga história.
o ímpeto cleStl'lli{IOJ' Entre os teóricos do terror destacamse o anarqu ista Bakunin e Netschaiev, cujo lema era: "O prazer da destruição é um prazer criador". Em seu Catecismo Revolucionário, ambos afirmam que o revo lucio nário "despreza e odeia a moral da sociedade hodierna em. todas as suas formas e fundam entos. Cons idera como ,noralmentejustificado Judo quanto favoreça o triunfo da Revolução. Todos os sentimentos ernolientes do parentesco, da a,nizade, do arno,; da gratidão, até mesmo o de honra, devem ser sufocados nele por uma paixão fria pela ca usa da Revolução. [. .. ] Dia e no ite ele só de ve ter um. ún ico pensamento, um único objetivo: adestruição impla cável ". 2 Esse ímpeto destruidor, mola do terrorismo, é o denominador com um presente na Revolução Francesa de J 789, na Revolução Comun ista de 1917 e na sanha anticristã do nazismo hitlerista. 3 Contudo, o terrorismo não dispõe aind a de meios de destruição tão poderosos como aq ue les com que contavam o comunismo e o nazismo, responsáveis pela morte de quase 200 milhões de pessoas. Quando tiver acesso a armas de destrui ção em massa - e a moderna tecnologia faci litar- lhe-á esse acesso - a que delírios não chegará? 4
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CATOLICISMO
Verdadeira face de uma sociedade islâmica opressão impiedosa do cristianismo O jurista islâmico Mawerdi codificou no século IX os deveres dos cristãos face ao Islã. Há seis deveres obrigatórios e seis desejáveis : Os seis deveres obrigatórios, cuj a infração deve ser punida com a pena de morte: 1. Não proferir comentários mentir sos ou deprec iativos sobre Maomé ; 2. Não falar com dcsr spcito do culto islâmi co ou ridicularizá-lo; 3. Não tocar cm ne nhum a mulher muçulmana; 4. Não procurar desv iar um muçulmano de sua crença; 5. Não atentar conlra os be ns e a vida de muçulmanos; 6. Não apoiar os inimi gos dos muçulmanos e não dar abrigo a espiões. Os seis deveres desejáveis: 1. Portar roupas marcadas (com sina l azul para os cristãos) e usar cinto; 2. Não co n truir casas mais altas do que as dos muçulmanos ; 3. Não tocar sinos nem colocaI cruzes visíveis nos edifícios; 4. Não beber vinho em público e não deixar porcos à vista ; 5. Enterrar os mortos em silêncio, sem prantos nem lamentos; 6. Não andar a cavalo, utilizando apenas mulas e jumentos. ("Der Spiegel", ago to/04: De uma conferência do Padre Josef Hergert C M , um cios maiores especi ali stas em I slami smo do mundo alemão).
para e nfrentar o terrorismo is lâmico, que se nutre de ele mentos radicais in crustados e ntre os 28 milhões de muçulmanos estabe lecidos na Europa ocidenta l. O o ri entali sta 1-[ans-Peter Raddatz 5 afirma que os isla mitas estão dando a vo lta no Estad o de Direito, e que "nossa con.fiança não conduziu a uma int eg ração democrática dos m.uçulmanos ". E tem razão. Até hoje a Alemanha não conseguiu, por causa de entraves jurídicos de toda ordem, expulsar Metin Kaplan, o autoproc lamado Cali fa de Co lônia, que luta pe lo estabe lecimento de um Estado is lâm ico radical.
Infiltração islâmica Enquanto isso, vão proliferando por toda a Europa as esco las muçulmanas. Claro exe mplo de como se instil a o fundamentali smo islâ mico em tais esco las, ve mo- lo na Konig- Fahd-Akademie de Bonn (foto abaixo). Construída em Bad Godes berg, o famoso bairro onde se reuniu outrora o Partido Socialista Alemão , a escola de 30 milhões de dólares foi financiada pela famíl ia real saudita. Durante anos a esco la vem ensinando de acordo com o plano letivo da Arábia Saudita. Às sex tas-feiras funciona naque le estabe lec imento um centro de oração para muç ulmanos, o qual se tornou um ponto de atração de extremistas. Isso acabou por c hamar a atenção das autoridades do Estado de Re nânia do NorteWestfália , que mandaram abrir um in qu é rito . De 60 li vros suspeitos, foram
tradu zidos e ana li sados 22. Nestes, encontraram-se passagens que transmitiam um a cosmov isão própria a pre parar o terreno para ações terroristas.
/11stiga11c/o o óclio ao Ocicle11te Num artigo sob o título O bom odor de vítim.as, o diário "Fra nkfurter All geme ine" publicou alguns desses trechos. Num li vro de le itura cio sexto ano (a lu nos de 12 anos de idade), sob um mapa ela Aráb ia Saudita pode-se ler: "Esta é a tua comunidade islâmica, [. .. ] que possui urna história gloriosa, plena de Jihad, com o bom odor de vílirnas, cheia de triunfos nurn praza de mais de 1400 anos. Outrora os cruzados tentaram arrancar da comunidade islâmica a sua religião. Mas não tiveram sucesso. Agora o Ocidente tenta arrastar-lhe os filhos de todos os modos. O mundo recebeu muitas coisas da cultura e da civilização islâmicas, mas as cruzadas cheias de ódio trabalharam para a ruptura da comunidade islâmica ". O Oc ide nte, a Civ ili zação Cristã, e is o inimigo. E na luta contra esses frutos ela Igreja Católi ca, o guerreiro sentirá "o bom odor das vítim.as" e será premiado por Alá. Noutro li vro encontra-se o convite: "Sê corajoso! Não te contentes com o que é pequeno. f. .. ] Porque o sabor da morte é o mesrno tanto nas coisas pequenas quanto nas grandes". 6
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Abandonando as sendas da Civi li zação Cristã e dando guarida ao processo revolucion ário,7 o mundo oc idental preparou sua própria destruição. E um ódio impl acável instigado pelo fanatismo rei ig ioso vai produzindo convulsões de toda ordem no mundo inteiro. É a guerra global não declarada, que pode desembocar, mais cedo ou mai s tarde, num conflito de proporções incomensurávei s. Nessa hora suprema, possam então abrirse os o lh os de muitos que agora dormem . • E-111ail cio autor : renatova sco nce los @ca to l ici smo.co m.br
Notas:
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J. Al ém da a/-Qaeda, que age em esca la internacional , eis algun s cio s movi111e ntos terrori sta s nacionai s: Abu Sayc1f'nas Filipinas; a seita A11111
no Japão; a Eta na Es panha ; as FARC e a ELN na Co l ô 111bia ; o /-lam as n a Palestin a; o llisbolla/1 no Líbano; o Ira na Irl anda; o .lemaah ls/a111iah na In donés ia; os tig res Ta11,i/ no Sri Lanka; os terrori sta s chcchen os de Bassayev ; os salafi sta s ela Argéli a. Isso se m contar os isla111 itas radicai s cio Iraque. No Brasil , irá o MST entrar na trilh a san grenta desses 111ovimen tos? É u111a pergu nta que talvez tenha seu propósito. 2. C fr. "Der Spi ege l", Fcvereiro/04, Es gibt kei11e11 U11sch11/dige11 , p. 14. 3. Ba ssam Tibi , professo r de Relações Interna ci onai s na Universidade de Gõtt in gcn, auto r ele num ero sos livros sobre o Isl ã, afir111ou nu111a co nferênc ia em Viena qu e o islami smo é a forma atua l cio tota li tari s1110. No Pa l {i cio Rot sc hilcl , exp li co u que o 111unclo isl âm ico encontra -se diante ela disjuntiva : ou dese ncadear uma guerra g loba l ou ace itar a paz cios países democráticos. Tibi co mpara o rota/ira rismo islâmico com o co111u ni smo sta lin ista e o na z i s111 0 hitleri sta. E asse vera qu e o s isl a111 itas se move111 hoje cm dia , na Europa ocidenta l, co1110 pei xes dentro cl ' {lgua (" De r Spiegel", agos to/04). 4. Walter Laqueur, autor de Krieg dem Weste11 Terroris11111s im 21. .lahr/11111dert - (G uerra ao Ocidente - O terrori s1110 no séc ul o XX I), exprofe ss or na Brand ei s Universit y d e Massac husclls, e111 entrevista ao "Der Spicgc l" ele fcverc iro/04, afirma: "Temo q11e as coisas
ai11daf,carão 11111ito piores. Haverá 11111 dia em que os rerrori.rras disporão de an11as bem mais perigosas do q11e explosivos 011 aviões q11e se lançam co111 ra arra11/ta-céus. ReJiro -me a gazes, substâncias q11í111icas 011 víms. Nin g11é111 sabe se para isso vai ser precisu um a110 0 11 dez a11os. / ... ./ E para o emprego de tais armas de destmiçcio em massa 11ão é 11ecessário ter batalhões 011 regi111enros. Para isso bastc,111 10, 20 home11s co111 os necessários con/1eci111e111os récnicos "'. 5. ''U ngeprüfte Toleran z" , entrevi sta concedida a " D ie Wel t", 14-8-04. 6. "Frankfurter A ll gemein c Ze itun g", Wot,/rieche11d 11011 Opfem , 24 -6-04. 7. O processo revo lucionári o, qu e gra ssa no Ocidente desde o fim da Id ade M édia, fo i admiravelmente desc rito pelo Prof. Plíni o Corrêa ele Ol iveira crn se u l ivro " Revolução e ContraRevolução. No que se refere cspcc iri camc ntc ao terrori smo isl â111ico, John Gray, ern seu li vro sobre a gênese ela ai Qaeda, afirma que este 111ovimento terrori sta não representa um retorno ü Idade M éd ia. Pel o contrário, é um produto da Revolução. "' 'frar a-se de 11111 f e11 ô-
111e110 modem o, marcado por ideo logias ocide111ais e por tradições islâmicas" . E obser va: . "Assim como os marxisras e os 11azisras, os ideólogos is/a111iws co11 sideram a fli srória como 11111 pre/,ídio de 11111 novo 11111ndo. Todos eles esrcio co11ve11cidos de q11 e podercio criar 11ova111e111e o /10111 e111 ". A influência ocidenta l se fa z nota r parti cularmente em Sa ijicl Qu tb, o 111 ais i111portantc ideó logo cios ex trem istas mu çulmanos, o qua l sonhava com um a tropa ele choque revo lucionária que imporia à força um mundo id ílico, sem se nh ores nem servos (c fr. " Der Spicgel " , p. 12) .
SETEMBRO 2004 -
Dois presidentes combatem a AIDS P ara deter o avanço da terrível epidemia, o presidente de Uganda, na África, defende a abstinência, com ótimos resultados; e o presidente Bush oferece ajuda para os programas que favorecem a castidade
Denúncia de novo modelo marxistaleninista para a América Latina Dr. Nelson Castellanos, diplon1aLa venezuelano, concedeu entrevista
n Cio ALENcAsrRo
a Catolicismo logo após o referendo recém-realizado em seu país. Hugo Chávez continua no poder - pennanece o caos na Venezuela.
sec re tá ri o-geral d a ONU , Ko fi Ann an, compa rou a e pide mi a da AIDS com armas de destruição e m massa. E não é exagero. O total de pessoas vive ndo com o vírus HIV cresceu de 35 milhões em 2001 para 38 milhões e m 2003. Só no ano passado, três milhões mo rreram. Na fa ixa da população jovem, dos l5 aos 24 anos, as mulheres representam 60% dos casos. Seu ri sco de contrai r a mo léstia já é tTês vezes ma ior que o dos ho me ns ("Folha de S. Paulo", 17-7-04).
N
ascido na cidade de Ma-
Catolicismo -
Quais os motivos que causaram sua exoneração do serviço consular? Nelson Castellanos - C in co dias após a e le ição de C hávez, fui vi sitado e m Pa ri s pe la advogada de lli ch Ra mirez Sa nc hez, o ve rdade iro no me de Carl os, o C haca l (terro ri sta ve nezue la no, o ma is procurado do pl aneta antes de Bin Lade n). E la afirmo u que o consulado deve ri a trabalh a r a fa vo r de Chacal. Co meçou ass im uma situ ação mui to te nsa e ntre a advogada e e u. O em baixado r comun icou-me o desag rad o d o gove rn o de Ca racas co m a recusa de agir segundo as in struções da advogada ; a famíli a de Ca rl os publicou arti gos na Vene zue la ac usa ndo-me de c umplic idade com o govern o francês. Dez di as depo is, o Mini stro ve nezue lano das Re lações Ex te ri o res desti tuiu - me de minh as fun ções, sem ex plicações ne m as cabíve is indeni zações.
racaibo, líder estudantil
no decorrer de todo seu
curso de Direito, Nelson Castellanos trabalhou no Ministério
das Relações Exteriores durante 16 anos, até a chegada de Hugo
Combater a /Jl'Omiscuida<le
Chávez ao poder. Serviu seu
Co mo a pro pagação da epide mi a está muito ligada à pro mi scuidade sex ua l que se alas tra e m nossos dias, seri a norma l que as auto ridades respo nsáve is proc urassem de todos os mod os diminuir e, se poss íve l, esta ncar essa o nda de im o ralidade que varre o pl a neta. Não é o que ve mos. As campanhas anti -AIDS limi ta m-se a recomendar o uso de preservativos (o que, além de imo ral , é um método não seguro para ev itar a prolife ração do víru s, segundo a o pini ão de especialistas) e a lg umas atitudes hi g iê nicas, sem to ma r medidas que vão à ra iz do probl e ma. O ra, é prec iso desconhecer a natureza huma na, ating ida a fu ndo pe lo pecado o ri g in a l, para achar que ta is medidas pa liativas resolve m al guma coisa. Estimati vas da Organização Inte rnacional do Trabalho (OIT) a le rta m que o B ras il pode pe rd e r 1,2 milhão de tra balhado res até 20 15, po r causa da AIDS ("O Estado de S. Paul o", 12-7 -04). O certo é que, se não se coibir e m maté ri a sex ua l, o indivíduo que utili za o preservativo-o qua l, co mo fo i dito, não é um preve nti vo seguro contra a mo lésti a - recebe um convite veeme nte de sua pró pri a natureza, ta l como fo i he rdada de
país junto à Comunidade Euro-
CATOLI C ISMO
péia, no Irã, na França -
onde
estudou filosofia em Toulouse .
Adão, para depo is não usá- lo. De mo do que aca ba sendo ma is fác il (o u me nos difíc il ) a bste r-se do que usar ha bitu a lme nte preservativos.
Ugamla: diminuem infecções Compreende u be m ta l prob le mática o preside nte de Uga nda, Yoweri Museveni , que durante a 15" Confe rê nc ia I ntern aciona l sobre a A IDS , reali zada e m Bangkok (Tail â ndi a), reafirmo u a prática da abstinênc ia sex ua l c mo o me lhor método para prevenir a contamin ação e ex plicou que "o preservati vo é uma improvisação, não uma solução" (ACI, 13-7-04) . O res ulta d o d essa po líti ca é qu e Uga nda to rn o u-se um dos po ucos lugares no mundo e m q ue a AIDS recua substanc ia lme nte. Nos a nos 80, o pa ís contava 30 % de infec tados. Ago ra, ape nas 6% dos 26,5 milhões de habitantes são po rtado res da d oença. O que rea lmente faz fa lta é a reali zação de uma ve rd ade ira cru zada contra a imoralidade ga lo pante, que pro íba carta-
zes imorai s, que ponha fre ios à porn ografi a na te lev isão, nas revi stas, na Interne t e na impre nsa e m geral, que propag ue modas e costumes decentes, que defenda a castidade para o solte iro e o casame nto mo nogâ mico e ind issolú vel. M as ... levantar esses prob le mas hoje e m di a é quase um a blasfêm.ia. A pa lavra mágica é "não pode haver censura". E com isso, milhões de pessoas vão mo rrendo por esse mundo afora, e m condições para lá de traumatiza ntes. Q ue m são os respo nsáve is? O pres idente Bush anunc iou que dará 15 bilhões de dó lares, e m c inco anos, para enfre ntar a epidemj a na África, no Caribe e no Vietnã. E vinculo u essa aj uda à adoção, entre outros, de progra mas de prevenção baseados na abstinência sexua l. O ra, tal vincul ação, e m luga r de ser encarada com sensatez e aplaudida, está sendo criti cada. Pergun ta-se: s qu criticam os programas que pr ga m a abstinência sexual que r m m smo acaba r ·0111 a AfDS? • llCU
no . Exerceu cargos diplomáticos em Corocas -
como Diretor de
consulados estrangeiros e de intercâmbios culturais. Poste riormente, retornou a Paris na qualidade de cônsul. Exonerado abruptamente do serviço consular, o Dr. Castella nos dirige atualmente a Associação Venezuela Futura (www. venezuelafutura .com), que tem duplo objetivo : sensi bilizar a opinião pública franc esa a respeito das atuais dificuldades de seu país e a colher os que não se sentem identificados com o governo de Chávez. A entrevista que apresentamos a seguir foi obtida, em 17 de agosto p.p., pelo Sr. Mo desto Fernandez, leitor e simpatizante de
Catolicismo em Paris, cidade na qual reside atualmente e colabora como voluntário da
- mail cio autor:
•. íll
Em seguida foi designado en carregado de negócios no Líba -
tro '
CJ'l lillll.J.lillill&Q.!11]1.1.Q!í
TFP francesa .
D,: Nelson Castcllanos: "Durante os tl'ês p1·imeil'os'pel'ío<los presidenciai s, o país conheceu um 11el'da deit'o JJl'Ogresso econômico e social, graças a suas l'iquezas natul'ais"
Catolicismo -
Qual era a situação da Venezuela , quando Chávez chegou ao poder? E o que o conduziu ao poder? Nelson Castellanos - Durante os três prime iros períodos presi denc ia is, depo is da qued a do últi mo d itad o r e m 1958, o pa ís conheceu um verd ade iro prog resso econô mi co e soc ia l, graças a suas ri q uezas na tu ra is. A c lasse médi a prosperava, a educação e a unive rsidade e ram g ratuitas, a rede rodov iá ri a e gra ndes hidre létricas c ri ava m infraestru turas vigorosas. Construiu-se sobretudo a gra nde e mpresa pe tro lífe ra nac io na l. S urg ira m tea tros, museus, o rq uestras fa mosas. Poste ri o rme nte, como re fl e xo da c rise in ternac io na l, a Ve nezue la e ntro u e m cri se econô mi -
SETEMBRO 2004 -
cinco anos, 57% dos ve nezuelanos não suprem as necessidades básicas de alimentação, e ma is recentemente essa porcentagem aumentou para 70%. Isso significa: de cada ci nco fa mílias que não eram pobres, três passaram a ser. Essa é a realidade que está vivendo a Ve nezue la. Quando um novo governo assumir o poder, encontrará uma dívida externa aumentada em 983 %. Desapareceram, nos úl timos dois anos, 713.140 postos de trabalho, devido à falência de empresas. Nossa econom ia se situa atualmente no l47º lugar das 161 econo mi as mundiais, ao lado do Zimbábue. E, não se esqueça, a Venezuela é o quinto país produtor mundial de petróleo ... Esses dados e alguns outros serão publicados c m um livro que estou escrevendo, e são dados ofic iais de organismos econô mi cos internacionais.
ca, como tantos outros pa íses, Os políticos tradicionais não souberam gerir tal crise. A cl asse média, que representava cerca de 60% da popul ação, começou a empobrecer. Interrompeu-se o processo de ascensão soc ial. As c lasses pobres sentiram-se ass im frustradas. O boom petrolífero proporcionava imensos ingressos monetári os, mas favorece u a corrupção: os recursos do petróleo não chegava m até a população. O descontentamento daí surgido ocasionou a e leição de C hávez. M as - é importante acrescentar - essa ele ição teve um alto grau de abstenção, quase 60%. E le venceu com 32% dos ele itores inscritos.
Catolicismo -
Chávez tem alguma doutrina própria de governo?
Nelson Castellanos - Ele tem um projeto de governo e de ação. Não cre io que esse projeto seja original. Ele aderiu a um projeto contine ntal , dirigido a partir de C uba - um proj eto de F idel Castro. Chávez exerce o poder de modo auto ritário, para impl antar ta l projeto. Este pretende cri ar na América Latina um suposto pólo antiimperi ali sta, que nada mais é do que a reunião de grupos extrem istas, desde as guerrilh as colomb ianas até o governo cubano.
Catolicismo -
Qual a atitude de Hugo Chávez em relação à Reforma Agrária?
Manifestação anti -chavista
Catolicismo -
Como o Sr. caracterizaria a insatisfação popular contra o governo chavista, que levou à obtenção das assinaturas reclamando um referendo revocatório?
Nelson Castellanos - É verdade que os 32% que votaram em C hávez fizeram-no de modo emotivo, desejando mudanças para me lhor. Não votaram para que desse petróleo gratuito a Cuba, como ve m faze ndo. Desejavam melhor produção agrári a e mel hor funcionamento das institui ções sobretudo esco las e hospitais. Não fo i isso que e le fez. Assim , os índices econômicos de seu governo caíram abaixo dos índices dos anos 50, época do governo do ditador Pérez Jimenez. Nos dois últimos anos, o PIB decresceu 9,5 % e 10,5 % respectivamente. Segundo dados da CEPAL, a taxa de desemprego subiu a 18,2% e m 2003 . O setor da construção c ivil , que ma is gera empregos depois da indú stri a petrolífera, redu z iu de 55% o número de postos de trabalho no primeiro semestre de 2003. Mesmo na e mpresa do petróleo, C hávez despediu , numa só semana, 22 mil pessoas. Catolicismo - Por quê? Nelson Castellanos - Porque elas tinham se manifestado contra a gestão do governo. A Uni versidade Cató lica acaba de fazer um estudo interessante que demonstra o seguinte: nos últimos -
CATOLICISMO
Nelson Castellanos - Chávez fez nova Reforma Agrária, subdividindo as propriedades em pequenos lotes que não produzem absolutamente nada, pois foram destinados a pessoas que não têm desejo de explorá- los . Durante o atua l governo, a população ativa no campo baixou de 8% para 5% . Catolicismo -
"C/Jávez exerce o poder ele modo autoritário para implantai' um pl'ojeto. Este prete11de Cl'ial' na América Lath,a um suposto pólo antiimpel'ialista"
Eram outorgados títulos de pro-
priedade?
Nelson Castellanos - Não. O governo dava apenas uma concessão. Por outro lado, C hávez inc ita à violência. Mais de uma vez - e disso há gravações que o co mprova m - afi rmou que os pobres têm direito de apoderar-se da propriedade alheia. É bo m recordar que a inte nção do governo não é buscar melhor distribuição das terras, pois o maior proprietário de terras e de riquezas é o próprio Estado. O que melhor funciona na Venezuela são as ativ idades privadas, que agora estão sendo desfe itas. E m vista disso, ho uv e um a queda de 713.000 empregos nos últimos 24 meses. Catolicismo - O Sr. conhece algo das relações entre Chávez e Lula?
Nelson Castellanos - Apesar de haver diferenças entre os dois, Lu la se apressou em fe licitar C hávez pe la suposta vitória no recente referendo. As relações podem ser comprovadas pelas diversas visitas de C hávez a L ula. Num só mês chegou a viajar três vezes ao Brasil para entrevistar-se com o presidente brasileiro. Catolicismo Fidel Castro?
E as relações de Chávez com
Nelson Castellanos - Quando C hávez saiu da prisão, o nde ficou depois do fracassado golpe de Estado de fevereiro de l992, todo um proj eto se pôs imediatamente em marcha. Contataram F ide l Castro e o famoso Grupo de São Paulo. Nesse projeto atuam agentes cubanos, os Sem-Terra do Brasil, as FARC e o ELN colo mbi anos, e tantos outros grupos lati no-america nos de esq uerda, que almejam a tomada do poder.
dentes são condenados a 20 anos de cárcere pelo delito de possuírem uma máq uina de escrever ou um fax , com o q ua l poderiam ter acesso à op ini ão internacional. E a Venezuela cam inha pa ra isso !
Catolicismo - Assistindo a uma manifestação
''A /i•aucle ocon'ida no re/'erenclo não uouxe ne11Jmma solução, mas apl'ol'unc/011 a divisão. O venezuelano se sente roubado em sua decisão "
contra Chávez em Paris e conversando com um dos participantes, que há pouco emigrou da Venezuela, emiti minha opinião de que, se a divisão continuar acirrada entre os venezuelanos, poderia degenerar-se numa guerra civil. Meu interlocutor respondeu-me: "A guerra civil não é o problema, mas sim a solução". Como o Sr. vê esse assunto?
Catolicismo - Em que consiste tal projeto? Nelson Castellanos - Em c riar uma espéc ie de pólo, ou de agru pação, que lançaria um novo modelo marxista- lenini sta lati no-a mericano e m oposição ao mundo ocidenta l favorável ao comérNelson Castellanos - A fraude ocorrida no refecio liberal ou de g lobalização. Isso para atra ir os rendo não trou xe nenhuma solução, mas aprofunorgan ismos que defendem um discurso antiamedou a divisão. O venezuelano se sen te roubado rica no ou de antiglobalização. e m s ua decisão, e não há possibilidade de reconO anti ame rican ismo de C hávez, seus contatos ciliação. Ontem, num a entrev ista para a Radio com o Chacal, são sintomas suficientes para supor France International, perguntaram- me que posque ele tenha relações com grupos revolucionários sibilidades de reconcili ação hav ia na Ve nezue la. e terrori stas do Oriente Médio . Não digo que todos Respondi que a reconcili ação tem que partir do os muçulmanos estejam nessa linha, mas ex istem governo. Se o governo mudar e passar a respe itar extremi stas que direcionam suas ações para desa oposição, respeitar as in stitu ições e as leis, potruir os valores do mundo ocidental e cristão, como derá haver uma reconc ili ação . a iniciativa privada, a liberdade de imprensa, etc. Chávez presta-se a esse j ogo, Castro também. E, Catolicismo - O intercâmbio comercial com como conseqüência, o projeto último será uma mesCuba mostra que Fidel Castro recebe petróleo cla de islamismo- lenini smo. e créditos, e em pagamento envia à Ve!t Eu pessoalmente travo uma guerra nezuela médicos e instrutores esporcontra o terrorismo, no sentido de que tivos. Qual é a realidade? fi AUDE estou conve nc ido de que C hávez repreNelson Castellanos - A rea lidade é que senta um perigo . Perigo não apenas Chávez viajou a C uba, ass inando acorquanto ao empobrecimento que se está do de intercâmbi o no qual a Venezuela produzindo em meu país, pela destrui fornece petróleo a Cuba em qu antidade VOTAMOS ção da democracia e das instituições, mas maior que a necessári a, podendo revenE. MosTgAREMOS . porque Chávez está dividindo a populad e r o excede nte. Extra-ofic ia lme nte UC..HAl<EMOS ! LA\IE.l?DAD 6 ArJ . ção, cri ando um ód io que não ex istia na sabe-se que Chá vez env ia tanto petróleo Venezuela, e arrasta ndo-a para um moa Fidel, que este revende o equ ivalente a vimento que visa co locar tais países no 28 mil barris diários. cha mado eixo do mal. Cartaz Tal petróleo deveria ser pago, parte em dinheiro antigovernamental e parte em serviços, tais como professores e médiCatolicismo - Esse projeto supõe etapas? cos, embora existam médicos venezuelanos desemNelson Castellanos - Sim, e le tem suas fases. pregados ... O dinheiro não é pago. O pessoal cubaUma vez conqui stada a Venezuela, intentará apono enviado à Venezuela para prestar serviços, como derar-se da Colômb ia, que aparentemente seri a programas de alfabetização, são milicianos comumai s fácil, porque tem penetração na guerrilha. nistas, atualmente em número de 20 mil! Seu trabaNa Argentina, estão dando os mesmos passos já lho principal consiste em montar nos bairros um sercami nhados na Venezue la. Proximame nte chegaviço de info rmação e de controle da população. Só rá a vez do Brasil, e posteriormente do Equador, exercem a profissão de médico ou profes or para do Peru , da Bolívia, etc. tornarem-se simpáticos à população. Prestam tamÉ um projeto de com uni smo castrista. Cuba é bém assessoria a grupos paramilitares, muitos deles um país onde há 40 anos não se realiza eleição formados em Cuba, para onde fora m enviados 16 livre, e de onde as pessoas procuram fugir. Há um mil reservistas venezuelanos. Assessoram ainda os ano, alguns j ovens fora m exec utados si mplesmenCírculos Bolivarianos - cópia fiel dos comitês da te porque desejaram viver em outro país . Dissi revolução cubana, verdadeiras milícias populares. •
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SETEMBRO 2004 -
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Motivos deploráveis
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ulgue o leitor se es tas lame ntáveis notícias não são ca usas para as lágrimas da Santíssima Virgem!
Apostasia fol'mal Uma autode nominada Central de Lésbicas, Homossexuais, Transexuais e Bissexuais, exi stente na
se subm ete m a essas c irurg ias são pessoas abas tadas . Ade mais, hi storica me nte as fa míli as pobres sempre tiveram muitos filh os e De us as abe nçoava. A própri a Sagrada Escritura apresenta co mo um a bê nção a fa míli a numerosa. É o hedoni smo contem-
Es pa nha , propôs-se e ntrega r, no Arcebispado de M adri , mais de 1.200 apostas ias ou re núncias à fé católi ca. Que re m que a Igrej a ca ncele todos os dados que possa ter dos sig natá ri os dessa petição, in cluídos os refere ntes ao batismo. O Cardeal Arce bi spo de M adri , Antoni o M ari a R ouco, limitou-se a ex primir " tristeza" por essa decisão e precisou qu e o bati smo é um sacra me nto qu e imprime caráter e não pode ser apagado (Cfr. ACI, 8-7-04).
Ri o de Janeiro".
"Bonecas" l ésbica s
Laquca<luras e vasectomias Só na rede li gada ao Sistema Ún ico de Saúde (SUS), o número de cirurgias para impedir o nascimento de filh os (l aqueaduras e vasectomias) aume ntou 20 vezes nos últimos quatro anos, de acordo com dados do Ministério da Saúde. No País, 2.533 mulheres fora m operadas po r meio do SUS em 1999. Quatro anos depois, o número cresceu 12 vezes e saltou para 3 1.2 16 . E ntre os ho mens, o índice de crescimento é a inda ma is alto. Em 1999, 324 submetera m-se à cirurgia. Em 2003, o número fo i de 9.977 ; portanto, 30 vezes maior ("O Estado de S . Paul o", 10-7-04). Ev idente mente, o qu e está em j ogo não é um problema de pobreza, co mo algun s sugere m. Grand e parte dos que
filh o .fosse privado do carinho e do amor de mãe mesmo sendo doente. O meu f ilho não .foi j ogado na lata do lixo como um objeto que saiu da .fábrica com de.feito. Fo i batizado, reg istrado e enterrado como um cidadão que f oi, de.fato. Morreu após 4 dias de vida, segurando em uma das mãos o meu dedo e na outra mão o dedo do pai. Dei para ele o melhor que tinha para lhe da r: o direito de nasce r e de se sentir muito amado, mesmo não sendo o.filho .fisicamente perfeito que todos os pais esperam te r" M argarid a L. do N ascime nto,
po râneo, a bu sca desenfreada do prazer sem ônu s, 1ue está na ra iz dessa lame ntável s ituação.
O <lfrci to <lc nascer U ma li m inar do STF perm itiu o a borto no caso de feto ane ncéfalo (sem cérebro), pelo fato de a c ri ança j á estar conde nada à morte quando nascer. O "Jo rna l do Bras il" (14-704) publi ca a respe ito a ca rta de uma leito ra: "Tenho uma amiga que te've
um f eto anencéfa lo e me contou o seguinte: 'Não permitiria que o meu
U m tipo de boneca lésbica está sendo la nçado po r um a fábri ca de Nova York e poderá ser vendid a a maiores de 2 1 anos . A boneca mede 30 centímetros de altura e tem nome e sobreno me : Bobbie Rockerbilly. É uma nova-io rquin a qu e veste ca mi seta, j aqu eta de co uro e calça j eans, alé m de poss uir o corpo todo tatu ado. A criadora desse espécimen, Ste pha ni e Prod, de 36 a nos, quer que seja uma nova sensação do mercado". Tal boneca fo rma um co njun to co m o utras d uas : Doe Holiday, que tem vis ual de vaqueira e veste roupas do vel ho oes te; e Diesel, qu e traj a ca lça j eans e um cole te e me lh ante ao usado pelas fre ntistas dos postos de gasolina dos EUA. As bo necas, trad icionalmente, eram apresentadas para despertar nas me nina o ntid da maternidade e o amor ao marav ilhoso. Agora ... (Cfr. "Jorna l da Ta rde", 15-7-04). •
INFORMATIVO RURAL
Aimpostura sobre o trabalho escravo Estranha "descoberta" - A "Folha de S. Paulo" (18 e 19-7-04) publicou extensa reportagem sobre a suposta ex istência de tra balho escravo no Brasil. E transcreve no dia 2 1 a seguinte carta de um leitor: "A reportagem sobre trabalho escravo ('Agronegóc ios e pec uári a de ponta usam trabalho escravo') chama ele simplórios os leitores desse presti gioso matutino. Quem vai acredita r nessa balela? É uma verdadeira perseguição aos agricultores, que são ca mpeões de safras e ele invasões feitas pelo MST, orquestrada a partir de um obscuro assass inato de fi scais na cidade de Un aí (MG), c uj os autores não foram sequer descobertos, apesar ele todo o e mpenh o poli cial. Embora eu não seja ligado ao meio, todos sabemos que o campo bras il eiro sempre funcionou desse jeito: carência de instalações ad e quad as, tra balh o temporári o sem carteira ass in ada, etc. E nin gué m até ago ra vi a ni sso ne nhum a analogia com tra balho escravo. Por que só agora isso fo i 'descoberto'? Será porque o MST está muito desgastado e é preciso outro pretex to para as expropri ações?" (Sérgio
A respeito da expressão "trabalho escravo" cria -se uma fantasmagoria
Orlando Pires de Carvalho Júnior Belo Hori zonte, MG).
No mesmo tacho - Muito estranha essa ca mpanha contra o "tra balho escravo". É bom le mbrar que não se defi niu até agora cl arame nte e m qu e ele cons iste. É claro qu e ningué m é favo rável à escrav idão . Mas será que não ter carteira assinada e outras irregularid ades do gênero, já penalizadas pela legislação tra balhista, caracterizam a escrav idão? O vozeri o na imprensa e no legislati vo vai engrossando. Na coluna de Môni ca Bér-
ga mo ("Folha de S. Pa ul o", 20-7-04) , le mos: "O tráfico de pessoas para exploração sexual e de trabalho escra vo movimenta cerca de US$ J 2 bilhões anualmente em todo o mundo". De onde saiu essa estatística? Quantos desses bilh ões são para o tráfi co escravo e quantos para a exp loração sex ual? Por qu e colocar os dois no mes mo tacho? A co luna nada di z a respeito.
Depoimentos de autoridades - Prefeitos ele qu atro muni cípi os que estão e ntre as áreas mais ac usadas de ma nte r tra ba lh o esc ra vo - So rri so (MT), Luiz Edu a rdo M aga lh ães (BA ), Redenção e C uri onópo li s (PA) - co ntes ta m di ag nóstico do Mini stéri o do Trabalho . Para o prefe ito ele Curio nópo li s, Sebasti ão C uri ó de Moura, "o que existe são trabalhadores sem carteira de trabalho, mas todos são li vres". O prefe ito de Lui z Eduardo M agalh ães, Oziel Olive ira , di z que o gove rn o deveri a se preoc upar e m construir obras ele infra-es trutura no ca mpo, e m vez de fi car "produ zindo estatísticas" . Aval ia que não se pode fa lar e m tra balho escravo na região. " Os trabalhadores podem sair na hora que quisere m, até porque não há cerca nasfazendas". Ele di z que a divul gação dada às autu ações cio Mini stéri o do Trabalho prejudicou a reg ião - qu e te m 3 milh ões ele hec ta res ele cerrado pass íve is de uso para pl a nti o - , e que muitos invest id ores teri am pe rdid o o inte resse. Ta mbé m o prefeito de Rede nção, M ário M oreira , suste nta qu e não há trabalh adores escravos e m se u muni cípi o. E o de Sorri so, José Do mingos Fraga F ilho, desconhece o pro ble ma (cfr. FSP, 18-7-04). Coincidência! - Só mais um detalhezinho. O alvo preferencial que vem sendo vi sado com a orquestração sobre o "trabalho escravo" é o agronegócio. E le aparece no títul o das reportagens e até e m cartas dos leitores. C uriosamente, é o mes mo alvo que a CPT e o MST vê m tenta ndo atingir ultim amente. Será mera coincidência?
' CATOLICISMO
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reqüentemente Catolicismo pub lica matérias rela cionadas com as maravilhas operadas pela Divina Providência em favor do povo brasileiro . Enaltecendo assim a extraordinária voca ção deste País nasci do à sombra da Cruz. Entretanto, nenhuma maravilha é mais indicativa dessa predileção celestial do que a mira culosa aparição da imagem de Nossa Senhora nas águas do Rio Paraíba, em Aparecida do Norte. Nada supera as abundantes graças ali dispensadas pela Virgem Santíssima aos filhos, que a seus pés suplicam favores espirituais e mat eriais. Após o miraculoso encontro da imagem aparecida, as graças, os milagres e prodígios por Ela operados naquela cidade e pelo Brasil afora perpetuam ·os sinais de sua predileção. Contudo, em meio ao dilúvio de crises que se abate sobre o mundo, esse mesmo povo, parece por vezes d'Ela se esquecer. Mais do que nunca, quando parecem soçobrar todas as nações, filialmente voltemos nossos olhares para nossa Santa M ãe, a Rainha e Padroeira do Brasil, e n'Ela encontraremos a solução para todas as nossas dificuldades .
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A varieclacle ele iJ1vocações à Virgem Maria Eu até tenho visto instituições famili ares com uma devoção espec ial por essa ou aquela invocação de N ossa Senhora, como representando uma relação especial d'Ela com determinada famíli a. Assim, esse padroado de Nossa Senhora toma um sentido ainda mais pormenorizado. N a minha família paterna, por exemplo, há a devoção a Nossa Senhora da Piedade, que é comum entre todos os membros da família Corrêa de Oliveira. Quer dizer, é mais uma invocação, mais uma acomodação desse trato de Nossa Senhora com os homens. E por vezes exi ste ainda uma devoção para cada um individualmente. Há, portanto, uma espéc ie de refração da imagem de Nossa Senhora, segundo vári as grandezas, vári as di stâncias, vári os sentidos, várias dimensões, povoando o firm amento mental do homem de vários modos.
Acima: quadro representando a libertação milagrosa do escravo Zacarias . À esquerda : a Basílica velha.
em que Dr. Plíni o pronunciou esta conferênci a, a atual Basílica, "S.antuário N acional ", ainda não estava construída. Sua inauguração ocorreu somente em 1980] . As graças ali alcançadas foram acentu adamente numerosas. O povo co meçou a afluir em qu antidade, recebendo gra ças extraordinárias, entre as qu ais se conta uma que é famosa: um escravo chamado Zacari as, perseguido por seu senhor, tendo rezado diante da lmagem Aparecida, pediu sua libertação. Percebeu ele, ele repente, que suas al gemas se partiram, fica ndo livre delas. E seu ·enhor, que iria puni-l o ferozmente, porque tinha fu gido, viu -se desarmado, e concedeu ao escrav o a liberdade. A s correntes e algemas ainda se conservam na sa la dos mil agres na cidade ele Aparecida. 1
1lustração representando o encontro milagroso da imagem no rio Paraíba
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Tendo em vista uma especial homenagem a tão au gusta Rainha na comemoração dos 100 anos de sua coroação, efetivada a 8 de setembro de 1904, procuramos nos arquivos de Catolicismo as matérias relac ionadas com essa histórica data. Especialmente pesquisamos o tema de Nossa Senhora Aparecida enquanto Rai nha , com direito a exercer efetiva realeza no Brasil. En contramos material abundante, sobretudo da lavra de nosso inspirado r e principal colaborador, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ( 1908- 1995) . Ele foi membro titular da Academia Marial de Aparecida, e nutria especialíssima devoção à Rainha do Brasil. . Inúmeras ve zes deslocou-se até a cidade de Aparecida do Norte para depositar suas súplicas ou seus agradecimentos aos pés da Virgem da Conceição Aparecida, e por duas vezes recebeu a visita da verdadeira imagem por ocasião da passagem dela pela capital paulista em 1968. Assim sendo, inici amos tal homenagem com a transcrição de trechos de uma conferência de Plínio Corrêa de Oliveira, pronunciada em 5- 10- 1964:
RaiJ1lla com clirnitos el'etivos sobre o Brasil "Creio que não ex iste um só país que nã9 tenha um a grande devoção a alguma invocação espec ial de N ossa Senhora; e no qual E la não seja, debaixo de algum título, a Padroeira. Há ta mbém as invocações a N ossa Senhora em cid ades e em regi ê/es, como, por exempl o, N ossa Senhora da Penha, em São Paulo. E ainda há imagens de N ossa Senhora particul arm ente invocadas em determin adas paróquias. Ou sej a, Nossa Senhora, com aquela índole matern a que é característica da mi ssão d'Ela junto aos homens, se faz grande com os grandes, se faz pequena co m os pequenos. E la se faz universal para as grandes coletividades e se faz como que regi onal para vários grupo s humanos . Desse modo podemos ad-
CATOLICISMO
mirá- la em todas as dimensões: como Rainha das grandes coleti vidades, mas também como M ãe das peq uenas unidades.
Nossa Senhora, Rainha ,10 Brasil
O sul'gimento ela devoção à Virgem Mãe Ap arecida N essa perspectiva é qu e devemos considerar a devoção a N ossa Senhora Aparecida como Rainha do B rasil. A A méri ca Latina tem como padroeira N ossa Senhora de Guada lupe, e no Brasil nós temos Nossa Senhora Aparecida . O que isso significa para nós? É interessante notar como essa devoção nasceu, que características tomou e como foi se desenvolvendo ao longo da hi stória do Brasil. Sabemo que ela nasceu no Vale do Paraíba, e conhecemos o seu ponto de partida. Em outubro de 17 17, três pescadores [Domingos Garcia, João A lves e Filipe Pedroso] estava m pescando no Rio Paraíba. De repente eles " pesca m" com suas redes um tronco de imagem, e mais ad iante a cabeça da imagem. A pescari a, que estava muito difícil até aquele momento, tornou-se abundante. Depois eles construíram junto ao rio uma capelinha para a imagem que tinham encontrado, substituída mais tarde por uma capela maior. Mui tos anos depois, ergueuse no loca l uma I grej a [Trata-se da chamada "Basílica Velh a" , ainda em nossos dias aberta aos fiéis, que data de 1888. N o ano
Desde então a devoção a N ossa Senhora Aparecida se tem generalizado. Popul ações daquela zona cio norte cio Estado ele São Paulo, co mo também de Min as Gerais, do Estado do Ri o etc, confluem para ali ; e N ossa Senhora vai atendendo aqueles devotos, concedendo continu amente graças extraordin árias. Mas, ao mes mo tempo em que isto se clava, a devoção a N ossa Senhora Aparecida foi marcando a vicia ela I grej a. A ta l ponto que, no pontificado de São Pio X, Ela foi coroada so lenemente Rainha do Brasil, em 8 de setembro de 1904. Coroação efeti vada num ato oficial , na presença de mui tos membros do Episcopado nac ion al. D e acordo com um decreto ela Santa Sé, Nossa Senhora Aparec ida passou a ser Rainha cio Brasi l. Depois, em julho de 1930, Pio XI decl arou Nossa Senhora 'Aparecida Rainha e Padroeira do Brasil (vi de quadro na p. 31). A Santa Sé tem o direito de constituir uma padroeira para determin ada nação, bem como o de erigir um a rea leza dessa natureza, que estabelece um vínculo espec ial de um determi nado povo co m Nossa Senhora, e - o que é mais estupendo - ela Santíssima Virgem com esse povo. O poder de desligar e ligar na Terra e no Céu tem, entre outros, esse efeito.2 E Nossa Senhora , portanto, ficou sendo no Céu a verdadeira Rainha ci o Brasi 1. Esse fato nos deve ser muito grato, porque elevemos ver nele um prenúnc io do Reino de Maria. 3 SETEMBRO 2004 -
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reg ião; grandes confesso res que fossem confessar ali , para fazer bem às almas; centros espec iais de cursos para intensificação da devoção mari ana ; enfim, quanta e quanta coisa. São desejos que não estão no reino dos sonhos. Estão no reino dos ideais. Nós, que confi a mos na Providência Divina, sabe mos bem a difere nça que há entre um sonho e um ideal. Para o home m que não confi a na Providência, todo ideal não é senão um sonho; para o que confia, muita coisa que parece sonho é um idea l realizável. Deve mos esperar que Ela reali ze ta is fa tos, e faze r tudo para apressar esse dia - dia da consti tui ção naquela localidade de um a ordem de coi sas como deve ser, sintoma da remodelação de todas as coi sas no Brasil e no mundo, para o cumprimento da promessa de Nossa Senhora e m Fátima: "Por fim o meu Imaculado Co ração triw~fará". É para o triunfo do reinado do Coração Imac ulado de Mari a - que no Bras il se apresenta sob a devoção a Nossa Senhora Aparec ida - que devemos rezar" .
são, para um povo, o mes mo que quin ze para um a pessoa: isto é, a tran sição da adolescênc ia - co m sua vitalidade, suas incertezas e suas esperanças - para a juventude, com seu idealismo, seu arrojo e sua capacidade de reali zar. Neste limiar entre duas eras hi stóricas, va mos transpondo també m outro marco. Pois estamos entrando no rol das nações que, por sua importância, determinam o rumo dos acontecime ntos presentes e tê m e m suas mãos os fios co m que se tece o futuro dos povos. Agmdecime11to
Nossa Senhora ac lamada Rainha do Bras il , o Reino de Mari a, juridicamente, já fico u declarado. E juridicamente, para os efeitos celestes e para os efeitos terrestres, Nossa Senhora te m direitos sobre o Brasil ainda maiores do que se Ela fosse Rainha apenas nesta Terra . Devido a isto, te mos um a obrigação espec ial de cultuar Nossa Senhora; de dar glóri a a Ela; de espalhar sua devoção por toda parte; de lutar junto aos outros povos que res istam ao cul to de Nossa Senhora; de faze r, portanto, cruzadas em nome d' E la. Com isso, é toda uma vocação naci onal e mundi al que se delineia para o Bras il , a partir prec isamente dessa devoção a E la como nossa Rainha.
Em 1972, o Brasil completava um século e meio de sua independência. Por ocasião desse sesquicentenário, Plínio Corrêa de Oliveira publicou, na "Folha de S. Pau lo", artigo merecedor de figurar numa antologia. Tal a elevação de seu teor, que muitos o qualificaram como sendo uma oração pelo Brasil dirigida à nossa Rainha e Padroeira . Ao mesmo tempo, agradecimento, pedido de perdão e súplica: agradecimento pela grandiosa missão concedida pela Divina Providência ao nosso País; perdão pelos desvios nessa esplêndida missão; súplica para que, apesar de tais desvios, a nação brasileira atinja, no mais alto grau, sua missão histórica:
Aparecida, e11q11m1to capital espfriwal do País
Prece <lo sesq11ice11te11áJ'io
Daí decorre també m outro fa to: se o Brasil não fosse ofi cialmente o País agnóstico e interconfess ional que é, o verdadeiro seri a, para determin ados efe itos, a ca pital autê ntica do Bras il ser Aparec ida. Após Nossa Senhora ter sido decl arada Rainha do Brasil , eu não concebo a poss ibilidade de que os grandes atos da vida nac ional se rea li zem e m outro lugar que não em Aparec ida: a pro mul gação de leis importantes; decl aração de guerra; tra tados de paz; grandes solenidades das ilustres fa mílias do País. Eu só concebo tais atos sendo rea li zadas em Aparec ida, que, pelo ato dessa coroação, fi cou sendo o centro espiritual do País. No momento e m que tanto se di scute "l3 ras íli a ou Ri o", nós esquecemos o verdadeiro pólo: Aparec ida, para esses efeitos, a verdadeira capital do País ! Ass im te m-se a perspecti va de co mo Aparec ida deveri a ser considerada.
"Ó Senhora Aparec ida. Ao aproximar-se a data em que completamos um século e meio de ex istência indepe ndente, nossas almas se elevam até Vós, Ra inha e Mãe do Bras il. Cento e cinqüe nta anos ele vida
Neste momento rico e m espe ranças e glória, ó Senhora, vi mos agradecer-Vos os benefícios que, Medi aneira sempre ouvida, nos obtives tes ele Deus onipotente. Agradecemo- Vos o territóri o de dimensões continentais e as riquezas que nele pusestes. Agradecemo- Vos a unidade cio povo, cuj a variegada composição rac ial tão bem se fundiu na grande caudal étnica de origem lusa, e cuj o ambiente cultural , inspi rado pe lo gêni o latino, tão be m ass imilou as contribuições trazidas por habi tantes de todas as latitudes. Agradecemo-Vos a Fé católi ca, com a qual fo mos ga lardoados desde o momento be ndito ela Primeira Mi ssa. Agradecemo-Vos nossa Hi stória serena e harmoni osa, tão mai s cheia ele cultura, ele preces e de trabalho do que de desavenças e guerras. Agradecemo- Vos nossas guerras justas, iluminadas sempre pela auréola da vitóri a. Agradecemo- Vos nosso presente, tão c heio de reali zações e de espera nças de grandeza. Agradecemo-Vos as nações deste Continente, que nos destes por vi zinhas, e que, irmanadas conosco na Fé e na raça , na tradição e nas esperanças do porvir, percorre m ao nosso lado, numa convivê ncia sempre mais íntima, o mes mo caminh o de ascensão e de êxito. Agradecemo- Vos nossa índole pac ífica e des interessada, que nos inclina a compreender que a primeira missão dos gran-
Durante a procissão no Rio de Janeiro, a imagem milagrosa é ladeada pelo Núncio Apostólico, D. Bento Aloi si Masella , e pelo Arcebi spo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva
Com vibrante entu siasmo, a população do Rio de Janeiro rece be a Imagem da Padroeira em 1931
A imagem da Padroeira do Brasi l, durante a .cerimônia da coroa ção, em setembro de 1904.
Rainha <lo Bmsil: <lireitos eletivos em nossa Pátl'ia
O rehw<lo do Comç~io Imaculado de Maiia 110 Brasil
É bonito im ag inar co mo será a Bas ílica de Nossa Senh ora Aparec ida, quando for in staurado no Bras il o Reino de Mari a [predito por São Luís G rigni on]. Que honra, que pompa, que grandeza , que nobreza, que elevação essa basílica deve ri a te r! Podemos imag inar um a grande conjunção de ordens reli giosas conte mpl ativas que deveri am se estabe lecer naquela CATOLICISMO
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A coroação da Rainha do Brasil 'A caminho de São Paulo, em 20 de agosto ele 1822, o então Príncipe D . Pedro subiu a ladeira que conduz à antiga Capela de Nossa Senhora Aparec ida, e lá orou para ser be m sucedido na solução dos múl tip los problemas políticos dos quais, pouco depo is, resul taria a proc lamação da Independência. E m 1845 e 1865, segundo consta, o Imperador D. Pedro II e a [mperatriz D. Teresa Cri stin a também visi taram a Capela da Aparecida. A Princesa Isabel (foto abaixo) lá esteve devotamente em 1868. Após a promulgação ela Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, como prova ele sua Fé e de seus sentimentos cristãos, oferto u à Imagem da Senhora Aparecida uma artística coroa de ouro 24 quilates, pesando 300 gramas e cravejada com 24 diamantes maiores e 16 me nores. Seu valor histórico supera de longe seu inegável valor material. * Serviu ela para a coroação da Imagem no di a 8 de sete mbro de 1904, aprovada por São P io X e efetu ada pelas mãos do e ntão Bispo de São Paulo, D. José de Camargo Barros, na presença do Núncio Apostó lico e de outros 13 bispos, de grande número de sacerdotes e reli giosos, bem co mo ele 15 mil peregrinos. No dia J6 de julho de 1930, P io XI declarou Nossa Senhora Aparecida Rainha e Padroeira do Bras il. A solene procl amação pública se deu no di a 31 de maio do ano seguinte, na Espl anada do Castelo, no Rio de Janeiro, depois de apoteótica procissão, com a participação de todos os bi spos brasileiros, do chefe de Estado, mini stros e mais de um mil hão de fié is.[ ... ] O B rasil terá um esplêndido porvir, se seguir ocaminho de Nossa Se nhora. E é esse prov ir, carregado de bênçãos, de virtude e de grandeza. cri stã, que imp loro a Nossa Senhora Aparecida para nossa pátria.
Plínio Corrêa de Oliveira Cartão de Natal de 1990
* No dia 8 do corrente, em homenagem pe los 100 anos da coroação, a Jmage m da Padroe ira receberá nova coroa. A antiga será restaurada e guardada no Museu do Santuári o, devendo ser utilizada apenas em ocasiões especiais .
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des é serv ir, e que nossa irandeza, que desponta, nos é dada não só para nosso bem, mas para o de todos. Agradecemo-Vos o nos terdes feito chegar a este estágio de nossa hi stória no momento em que pelo mundo sopram tempestades, se ac umulam problemas, e terríveis opções espre itam, a cada passo, os indivíduos e os povos. Pois esta é, para nós, a hora de servir ao mundo, realizando a missão cristã das nações jovens deste hemisfério, chamadas a faze r brilhar, aos olhos do mundo, a verdadeira lu z que as trevas jamais conseguirão apagar.
Prece Nossa oração, Senhora, não é, entretanto, a do farise u orgulhoso e desleal, lembrado de suas qualidades mas esquecido de suas faltas. Pecamos. Em muitos aspectos, nosso Brasil de hoje não é o País profundamente cristão com que sonharam Nóbrega e Anchieta. Na vida pública como na dos indivíduos, terríveis germes de deterioração se fazem notar, que mantêm em sobressa lto todos os espíritos lúcidos e vigilantes. Por tudo isto, Senhora, pedimo-Vos perdão. E, além do perdão, Vos pedimos forças. Pois sem o auxílio vindo de Vós, nem os fracos conseguem vencer suas fraquezas nem os bons alcançam conter a violência e as tramas dos maus . Com o perdão, ó Mãe, pedimo-Vos também a bênção. Quanto confiamos ne la ! Sabemos que a bênção da Mãe é preciosa condição para que a prece do filho seja ouvida, sua alma seja rija e generosa, seu trabalho seja honesto e fecu ndo, seu lar seja puro e feliz, suas lutas sejam nobres e meritórias, suas venturas honradas, e seus infortúnios dignificantes. Quanto é rica destes e de todos os outros dons im agi náveis a Vossa bênção, ó Maria, que sois a Mãe das mães, a Mãe de todos os homens, a Mãe Virginal do Homem-Deus! Sim, ó Maria, abençoai-nos, cumul ai-nos de graças e, mais do que todas, concedei-nos a graça das graças: ó Mãe, uni intimamente a Vós este Vosso Brasil. Amai-o mais e mais. Tornai sempre mais maternal o patrocínio tão generoso que nos outorgastes. Tornai sempre mais largo e mais misericordioso o perdão que sempre nos concedestes. Aumentai vossa largueza no que diz respeito aos bens da Terra, mas, sobretudo, e leva i nossas almas no desejo dos bens do Céu. Fazei-nos sempre mais amantes da paz e_sempre mais fortes na lu ta pelo Príncipe da Paz, Jesus Cri sto, Fi lho vosso e Senhor nosso. De sorte que, dispostos sempre a abandonar tudo para lhe sermos fiéis, em nós se cumpra a promessa divina do cêntuplo nesta Terra e da bem-aventurança eterna. Ó Senhora Aparecida, Rainha do Brasil! Com que palavras
À direita : piso da Basílica Velha, desgastado pelos incontáveis devotos que transpuseram os umbrais do templo
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de louvor e de afeto Vos saudar no fecho desta prece de ação de graças e súpli ca? Onde encontrá- las, senão nos próprios Livros Sagrados, já que sois superi or a qualquer louvor humano? De Vós exc lamava profeticamente o povo e le ito, palavras que amorosamente aqui repetimos: - Tu gloria Jerusalem, tu laeticia Israel, tu hon.or(ficentia populi n.ostri. Sois Vós a glória, Vós a alegri a, Vós a honra deste povo que Vos ama". 4
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Atentaclo sacrílego contra 11ossa Padl'oeil'a Motivos para se pedir perdão não nos faltam. Pois é enorme o afastamento do povo brasileiro em relaç ão à sua grandiosa vocaç ão - tão manifesta na virtude e na fibra dos herói s de seu glorioso passado . Um tufão de imoralidad e varre o País de norte a sul e o faz jazer numa decadência de costumes sem precedentes. Muitos se entregam sem luta, pois querem "gozar a vida"; outros vacilam entre o Reino de No ssa Senhora e um reino meramente terreno; ou, ainda pior, vacilam entre o Rei no de Nossa Senhora e o reino do demônio. Nessa encruzilhada, deu-se no Brasil um fato terrivel mente sinistro: o brutal e sacrílego atentado contra nossa Rainha e Mãe , que reduziu sua imagem a pedaços.
1822-TRlLHA DA INDEPENDÊNCIH988 NESTA IGREJA DE NOSSA SENHORA APARECIDA ESTEVE PRESENTE O PRÍNCIPE REBENTE DOM PEDRO NA MANHÃ DO DIA 20 DE AGOSTO DE 1822 HOMENAGEM DA PREFEITURA MUNICIPAL APARECIDA 2-9-1988
Naquele trágico 16 de maio de 1978 - dia negro em nossa história - o povo brasileiro recebeu atônito a inacreditável notícia da quebra da bendita imagem. Ato perpetrado por um protestante que, após tê-la arrancado de seu trono no altar, espatifou-a em quase 200 cacos jogando-a ao chão. O Brasil inteiro ficou chocado. A comoção foi geral na opinião pública católica. De todos os lábios afluía a indagação: "Por quê?". Por que teria Deus permitido tamanha afronta contra a sagrada ima gem de Sua Mãe Santíssima? Um castigo? Não teria Deus permitido o nefando atentado devido à decadência moral de nosso povo? Plínio Corrêa de Oliveira manifestou publicamente, também pelas páginas da "Folha de S. Paulo", sua consternação, sua filial reparação e sua repulsa ao brutal ato sacrílego contra a veneranda imagem:
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A Imagem que se pai·tiu "O Brasil, há mais de dois sécu los, venera Nossa Senhora como sua especia l Padroeira. E essa veneração se dirige a Ela sob a invocação de Imaculada Conceição Aparecida . - Nossa Senhora Aparecida! A exc lamação acode freqüentemente ao espírito dos brasile iros. E sobretudo nas grandes ocasiões. Pode ser o brado de uma a lma aflita que se dirige a Deus pela intercessão da Medianeira que nada recusa aos homens, e à qual Deus, por sua vez, nada recusa. Pode igualmente ser a exclamação de uma alma que não se contém de alegria e extravasa seu agradec imento aos pés da Mãe, de quem nos vêm todos os benefícios. A hi stória da pequena imagem de terracota escura - com o seu grande manto azu l sobre o qual resplandecem pedras preciosas, e cingindo à fronte a coroa de Rainha do Brasil encheria liv ros. Esses liv ros, se fossem concebidos como eu os imagino, deveriam conter não só os insignes fatos hi stóricos que a E la se prendem , mas também, em apê ndice, as legendas que a piedade popu lar a respe ito deles teceu. É da amálgama de uma coisa e outra - história séria e incontestável, e legenda graciosa - que re ulta a imagem g lobal da Aparecida como ela existe no coração de todos os brasileiros: • o escravo que rezava ao pés da Senhora concebida sem pecado original, ao mesmo tempo que dele se acercava o dono inclemente, quando as algemas se rompem, o coração do amo que se comove, etc.; • o Prín'cipe Regente que ·audava a imagem no decurso do trajeto que o levava do Rio a São Pau lo, onde iri a proclamar a Independência e fazer-se imperador; • o ato do novo monarca colocando oficialmente o Brasi l sob a proteção da Virgem Imacu lada Aparecida; • a coroação da imagem com a riquíss ima coroa de ouro cravejada de brilhantes, oferec ida anos antes pe la Princesa Isabel, coroação feita em 8 de setembro de 1904 pelos bispos da Província Meridional do Brasil e de outros pontos do País, em razão do decreto do Cabido da Basílica Vaticana, aprovado por São Pio X; • o velho Venceslau Brás, ex-presidente da República, ass istindo piedoso, no jubileu de prata da coroação da ima-
Fragmentos da imagem milagrosa, após o sacrílego atentado de 1978
gem, à missa hie rati camente ce lebrada por D. Duarte Leopoldo e Silva, re luzente daquela como que majestade ep iscopal tão caracteristicamente dele; • a solene proclamação do decreto do papa Pio XI, de 16 de julho de 1930, constituindo e declarando "a Beatíssima Virgem Maria, concebida sem mácula, sob o título de Aparecida, padroeira principal de todo o Brasil, diante de Deus"; • a apoteótica manifestação do d ia 31 de maio de 193 1, em que o episcopado nacional, diante da milagrosa imagem levada triunfalmente ao Rio de Janeiro em trem-santuário, na presença das maiores autoridades civis e militares e em união com todo o povo - mais de um milhão de pessoas! - consagro u o País a Nossa Senhora da Conce ição Aparecida. E ass im por diante, sem falar das curas, aos milhares. Quantos milhares? Cegos, ale ij ados, paralíticos, leprosos, cardíacos, que direi eu mais! Multidões e multidões sem conta de "devotos, vindas do Brasil inteiro, com as mães contando às crianci nhas, ao voltarem para os lares, alg uma narração piedosa sobre a santa, inventada na hora ou ouvida da avó ou da bisavó. Bem entendido, narração enriquecida, de geração a geração, com mais pormenores maravilhosos. Tudo isso levava o Brasil inteiro a emocio nar-se - e com quanta razão - ante a pequena [magem de terracota escura, vendo nela o sin al palpável da proteção de Nossa Senhora. E o sina l se quebrou . Por sua vez, essa quebra não será um sinal? Sinal de quê? SETEMBRO 2004 -
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A jul gar pelas narraç~es da imprensa, os pormenores do fato ocorri do estão envoltos em mistério . l... J Nosso púb li co, habi tualmente info rm ado com in úti l luxo de pormenores acerca de qualquer crim e do gênero dos que entram na triste roti na das gran des cidades conte mporâneas, entretanto pouco sabe desse sac ri Iégio trágico que marca a fu ndo a hi stória de Aparecida, a hi stóri a reli giosa do Bras il , e por isto, pura e simp lesmente, a hi stóri a do Bras il. [ .. . 1 Am igos meus que conversaram há dias com altíssima personalidade ec les iás ti ca, dela ouv iram que o sacri légio teria relação com a aprovação do divórcio no Brasil. A hi pótese faz pensar. Talvez, entri stecida a fundo pela promul gação do divórcio, Nossa Senhora, ao permitir o crime, tenha querido fazer ver ao povo brasileiro seu desagrado pelo fato. Seri a bem isso? Sem dúvida, a in trodução do divórc io foi um grav íss imo pecado coletivo cometido pela Nação brasileira.[ .. . I Há dois aspectos pe los quais a aprovação do divórcio pode ser relac ionada com o crime sacrílego. De um lado, se o divórcio fo i aprovado, é porque a res istênc ia contra o mesmo foi in sufic iente. Quando o sr. N. Carn eiro era aclamado aos brados pelo plenário do Congresso e por uma minoria que abarrotava as galeri as, logo depois da aprovação da lei , a Nação dormi tava. E essa soneira em hora tão grave exprime, por sua vez, uma fl agra nte fa lta de zelo. Pois não nos basta não fazer uso da lei. Se não a queríamos, por que não a impedimos? Por outro lado, como não reconhecer nesse censuráve l in dife rentismo, não um estado de espírito de momento, mas um a at itude de al ma resu ltante de efe itos ainda muito mais profundos? Quando a mora li dade das modas decai assustadoramente, quando os costumes soc iai s se degradam a todo momento e a li mitação da nata li dade, praticada por meios condenados pela Igrej a, vai ganhando proporções ass ustadoras, prepara-se o ca ldo de cu ltura para o comunismo. Este, embu çado cm criptoco muni smos, eurocomunismos, soc ialismos e outros disfarces ideológ icos, va i avança ndo. Co mo não reconhecer nisto um complexo de circunstâncias nas quais se insere, com toda a natura li dade, o divórcio? I sto dito, como não lembrar a profecia de Nossa Senhora, feita em Fáti ma pouco depois da queda do tzarismo? Eis as pa lavras d'Ela: 'Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espa lhará seus erros pelo m.undo, prornovendo guerras e perseguições à Ig reja; os bons serão rnartirizados, o Santo Padre terá m.uito que soji·er; várias nações serão aniquiladas; por .fin,, q meu Imaculado Coração triunfará'. É imposs íve l não perguntar se ex iste uma relação entre essa trág ica e materna previsão, desatendida pelo mundo ao lon go dos últimos sessenta anos, e a também trágica ocorrência ele Aparecida. Não será esta um eco daquela? Um eco destinado especial mente ao Brasil, pois que entre nós, e contra a Imagem de nossa Padroeira, o crime se deu. Especia l mente para o Brasil, sim ; exclusivamente para o Bras il , qu içá não. Pois nosso País é o que tem hoje em dia a maior popul ação cató l ica do globo. E Aparecida é, depoi s de Guada lupe, o sa ntuário mariano de maior afluxo de peregri -
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perdido pela Igreja Católica vem sendo preenchido por seitas protestantes, "evangélicas" etc., atraindo os ca tólicos com suas falsas doutrinas e interpretando a seu modo os ensinamentos da Bíb lia. Peçamos a nossa Mãe e Rainha que tenha pena do povo brasileiro, que Ela tanto amou . Assim como a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi res taurada, imploremos que Ela restaure também em nossas almas o amor e a íntegra fidelidade aos ensinamen tos imutáveis da Igreja. Fidelidade que consiste em amar a verdade e rejeitar inteiramente os erros do comunismo, espalhados pelo mundo inteiro. Desse modo, este povo poderá obter as graças para restaurar a grandeza de seu glorioso passado e construir um futuro ainda mais esplêndido.
nos cm todo o orbe. Pelo que, quanto aqu i ocorra em matéria de devoção marial tem um signifi cado para o mundo inteiro. Muitos di rão que a ilação entre Fátima e Aparecida não pode ser afirmada, por fa lta de provas cabais. Não entro aq ui na aná l ise da questão. Pergu nto simplesmente se há quem se sinta com base para negá- la ..." 5
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Pl'cvisõcs ele lí'citima e alc11iaclo cm Aparcci<la O autor menciona a lei do divórcio, aprovada no Brasi l em 1977, como um dos motivos do entristec imento de nossa excelsa Rainha, devido aos pecados de seu povo. Ma s tal aprovação deu-se há 27 anos . O que diria ele, se esse art igo fosse redig ido nos presentes d ias? Muito mais do que naquela época, o Bras il de hoje dá motivos para ent rist ecer sua Rainha e M ãe. Para ficarmos apenas no âmbito da instituição famil iar, conside remos o atual desfazimento da família: a desagregação dos vínculos entre pais e filhos; as modas imora is; a negação do valor da virgindade; o "amor liv re" - ou a "união livre" - que penetra na sociedade; a promiscui dade sexual; o controle artif icia l da natalidade e a pílula antico nceptiva; o aborto que se prat ica em larga esca la; a quebra da barreira de horror que havia no povo bras ileiro em re lação ao chamado casamento homossexual . São os erros do comunismo, previstos por Nossa Senhora em Fátima e mencionados no artigo acima, envenenando nosso povo. Podemos ver aí a ilação entre Fátima e o atentado sacrílego em Aparecida, pois não se atendeu aos pedidos de Nossa Senhora, manifestados em 1917. É devido a esse conjunto de fatores que o espaço
N ossa Se11horn, Rainha destro11ada Além do gravíssimo atentando sacrílego referido aci ma, em nossa época outros ultrajes são perpetrados contra a Senhora Aparecida. De passagem, citemos al guns: em 12- 10-95, o pastor protestante Sérgio Von Helder, chutou uma cópia da imagem d · Ela, perante câmaras de televisão; em 4 -4-99 , o evangélico Carlos Antonio Macedo atirou uma pedra na bendita imagem (não sendo ela danificada, porque a protegia um vidro blindado) ; filmes, shows e teatros com peças blasfemas , que ridiculari za m Nossa Senhora; grupos evangélicos que, por meio de projeto de lei , tentam destron ar Nossa Senhora, arrancando -lhe o título de Rainha do Brasil; e outros que tentam eliminar o feriado nacional de 1 2 de outubro, em honra à Virgem Mãe Aparecida . Como perc ebemos , Ela continua a ser virulentamen te atacada pelo s inimigo s e abandon ada até por filhos . E
A Basílica nova de Nossa Senhora Aparecida, inaugurada em 1980
nós? Nada faremos para desagravar essa situação? Ficaremos de braços cruzados? Em ex posição pronunciada em 26-2- 1966, o Prof . Plínio narra a seguinte metáfora: " N ossa Senhora é como uma Rainha que está sentada no seu trono. A sal a está cheia de inimi gos. Os inimi gos j á arrancara m- lhe o dosse l, j á tiraram da sua fronte veneranda a coroa de glóri a a que Ela tem direito, j á lhe arrancaram das mãos o ce tro. Ela está amarrada para ser morta. D entro dessa sal a cheia de gente poderosa, armada, influente - todos di ante da Rainh a que não faz outra coi sa senão chorar - , há também um pu gil o de fi éis, e E la evidentemente olh a para tais fi éis. A ss im , ou este olhar faz em nós 0 que o olh ar de Jes us fez em São Pedro, ou não há mais nada para di zer. .. A Rainha vai ser arrancada do trono. Pergunta-se: o que nós vamos faze r? N esta hora deste olhar, isso não me interessa? Este olhar não me sensibili za? Poder-se- ia então perguntar: quem sou eu? Eu sou o homem para quem Nossa Senhora olhou! M as serei o homem a qu em Ela terá olhado em vão?"
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Neste centenário da coroação de nossa Rainha ocasião propícia a especiais graças - , supliquemos a Ela a graça de não permanecermos indiferentes a tão maternal olhar, de não ficarmos de braços cruzados perante os ultrajes lançados contra Ela. Somente as sim seremos súditos dignos da celestial Rainha , e o Brasil merecedor de sua augusta Padroeira. Temos tudo para realizar as promessas de um grandioso porvir na m aior nação católica da Terra, pois temos a melhor de t odas as Rainhas - uma vez que a Rainha do Brasil é a Mãe do Rei dos reis. •
Notas: 1. Vide Catolicismo , Nº 502, outubro/ 1992. Ao leitor desej oso de co nhecer
'·., 2.
3.
4. S.
maiores deta lhes desse mil agre, e de vá ri os o utros operados po r me io de Nossa Senh ora da Co nce ição Aparec id a, aco nse lha mos o li vro Rainha do Brasil - A maravilhosa história e os milag res de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, de Gustavo An tonio Solimeo e Lui z Sérgio Soli meo (A rtpress Indústria Grá fi ca e Editora Ltda., São Paulo, 1997) . Ped id os pelo tel.: ( 1 1) 333 1-4522. O auto r refere-se ao Pode r das Chaves, co municado por Jesus Cri sto a São Pedro : " 7,, és Ped ro. e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja', e as po rtas do inf erno não prevalecerão cont ra ela. E11 te da rei as cha ves do Reino dos Céus; tudo o que liga res na Terra se r6 ligado nos Céus, e tudo o q11e des ligares na Terra ser6 desligado nos Céus" (Mt 16, 17- 19). Entende-se Reino de Ma ria - previ sto em Fátima e tão desejado por Plíni o Co rrêa de O livei ra - no senti do empregado por São Luís Maria Grignion de Mo nlfort (grande mi ss ionário francês do sécul o XVII e Doutor maria l) em seus escritos, espec ia lmente no cé lebre Tra tado da verdadeira devoção à Santíssima Virfiem: "Q11a11do vir6 este tempo f eliz em que Maria ser6 estabelecida Senhora e Soberana nos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu grande e único Jes11s? {. .. } Q11e venha o Reino de Maria, para que assim venha o Vosso [de Jesus Cristo] Reino" (São Luís Maria G. de Monlfort, Tratado da venladeira devoção à Santíssima Virgem, Vozes, Petrópoli s, 1984, 13' ed., pp. 2 10-2 11 ). Plínio Corrêa de O live ira, Prece 110 sesquicente116rio, " Fo lha de S. Paulo", 16- 1- 1972. Plíni o Corrêa de O li veira, A Im agem que se partiu, "Fo lh a de S. Paul o", 29-5- 1978.
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Tal era sua fa ma como pregador, que vári as vezes foi chamado para pregar retiros espirituai s para os me mbros do co lég io cardin alíc io e alto clero da C idade Eterna.
Missionário e J'o1-mac/01· ele santos
São Vicente Maria Strambi, modelo de missionário E ntrou na Congregação passionista e foi nomeado bispo de Macerata e Tolentino. Confessor do Papa Leão XII, ofereceu sua vida por esse Pontífice. Sua festa comemora-se no dia 24 de setembro. 11 PU NIO M ARIA SOLIMEO
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Na foto da pógina seguinte, corpo incorrupto da Beata Ana Maria Tai gi, dirig ida espirit ual do santo
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cente nasceu em Cività Yecchia, a Wília, e m lº de j ane iro de 1745. Educado cri stãmente, ordenou-se sacerdote em 1767, sendo designado prefeito e depois reitor de semjnário, apesar de sua pouca idade. Desejando dedicar-se à eva ngelização, na vida rejjgiosa, dois anos depois entrou para a Congregação cios Passionistas, fundada pouco tempo antes por São Paulo da Cruz, ainda vivo nessa ocasião. Na so leclacle dos retiros passionistas, e ntregou-se à oração e à mortificação, a fim de prepanu·-se para a vida miss ionári a. São Paulo ela Cruz, reconhecendo- lhe a virtude, procurou infundir-lhe seu espírito, pois a ele confiou o futuro el e sua Congregação.
M ais tarde São Vicente encarregar-seá do processo de beatificação de seu fundador, escrevendo-lhe a primeira biografia. "Orador por excelência, dotado de extraordinária capac idade de adaptação ao auditó rio, procurava não só dirigir-se à inteligência de seus ouvintes para instruí-los, m.as chegar ao mais íntimo de seu coração e de sua vontade para arrastá-los. Missionário de fama e de extraordinária eficácia,foi reiteradamente escolhido pelos Romanos Pontífices para pregar as nússões em Roma e apaziguar as sedições e motins populares".' Percorreu a Itália central proclamando com fe rvor e competência os tesouros que encontramos em Cristo, especialmente em sua Paixão.
Durante 25 a nos São Vi ce nte Strambi percorreu toda a Itália central , aclamado como um cios me lhores pregadores da Pe nín sula e um cios mai s profícuos catequi stas do tempo. Era irres istíve l no púlpito e convertia os corações ma is empedernidos, que depoi s vinham purificar-se com e le no tribunal ela pen itê ncia. O santo tirava de suas longas e frutíferas med itações sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo matéria para seus sermões, em que a transmi tia co m tanta vida e compun ção, que comov ia seu audi tó ri o. Como confesso r, era de uma bondade assinalada, aco lhendo os pecadores co m a caridade de Cristo, a mparando-os, auxili ando-os a libe rtarem-se do pecado e a eme ndarem de vida. O confess ionári o era o co mpl emento do púlpito. Neste, movia as a lmas ao arrepend imento e ao desej o de mud ança de vid a. Naq ue le, curava as
c hagas das almas e as incentivava no ca minh o da virtude. São Vi cente Strambi também era um conce itu ado diretor de almas . Algun s de seus dirigidos atingiram a santidade, como São Gaspar de Búfalo e a Beata Ana Maria Taigi. O ardente missionário comp letava também seu trabalho de pregação com escritos, onde derramava toda a doutrina haurida nos profundos estudos e na contempl ação das verdades eternas .
Bispo ele Macerata e Tole11tino Em ] 801 o Papa Pio VII no meouo bispo de Macerata e Tolentino. Por ma is que o Santo quisesse recusa r tal honra, o Sumo Pontífice obrigou-o sob obed iência a ace itá-la, dizendo que o fizera por inspiração celeste. Ao assumir a direção das duas di oceses, São Vicente tomou como mod elos São Carl os Borromeu e São Francisco ele Sa les, o zelo apostó lico de um e a doçura do outro . Começou suas atividades pastorais por um a gra nde missão, pregada por e le mesmo. Pode-se dizer qu e tal missão foi permanente, só interrompida no momento em que foi exilad o. Por
esse meio, procurava conhecer os problemas de todos seus diocesanos, mesmo das alde ias mai s distantes, para dar- lhes remédio efica z. A fonte de onde tirava as energias para todo seu trabalho pastora l era a oração. Empregava c inco horas diárias em o ração, passando o dia todo na presença de Deus. "Este contato ininterrupto com a Divindade envolvia sua pessoa e suas atividades como em uma atmo.~fera sobrenatural, imprinúndo a todos os seus atos de governo um marcado torn da mais alta espiritualidade, ao mesmo tempo que da mais escrupulosa justiça e exatidão, não buscando jamais outra coisa senão a glória de Deus". 2
Zelo pela melhol' l'onnação cios seminaristas Sabendo que os sacerdotes devem ser o sal da terra, teve desde o prime iro instante um cuidad o espec ial com sua formação e santificação. Cuidados maiores teve co m os futuros sacerdotes, os sem inari stas. Reformou o prédio do seminário de sua diocese para que atendesse às necess idades requerid as , reformulou se u regulamento, excl uindo todo jovem que não desse provas caba is de ter verdadeira vocação sacerdotal. Para a formação espiritua l dos seminaristas, in sistia em dois pontos essenc iai s: a co munh ão diária, num a época e m que esse não era o costume, e a oração mental. Esta era fundamental na formação do apósto lo, isso de tal mane ira que ele fazia exames não só do método da med itação, mas também de sua prát ica e dos frutos rea is nela conseguidos. Sem oração mental não há verdade iro sacerdote . Por isso, para auxi li ar seus se mina ri stas e sacerdotes na prática desse indi spensável meio de oração, esc reveu várias meditações sobre os deveres do estado sacerdotal e sobre os Novíssimos (Morte, Ju ízo, Inferno e Paraíso). Não é de admira r que e m breve o seminári o ele São Vicente Maria setornasse um centro ele fervo r e de saber,
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onde reinava a mais perfeita disciplina. Muitos de seus métodos de formação, não usuais até então, passaram a ser comuns depois em todos os sem inários. Durante os 22 anos de seu episcopado, São Vicente Strambi não deixou um dia de se interessar por seus sem inaristas, tanto pelo seu progresso espiritual quanto por seu bem estar material. Queria, a par da virtude, sacerdotes preparados, sendo obrigatório o exame para a confedção do uso de ordens ou para ouvir confissões.
vidade episcopal. Quando falava do Primado de Pedro, sua eloqüência não conhec ia limites. Seus escritos sobre a matéria são os seus melhores trabalhos. Foi por essa fidelidade que recusou o juramento cismático, que Napoleão exigiu dos bis-
DiligeJJte Bispo, Pastor <le almas Com tal Pastor, é natural que se verificasse um progresso nas ovelhas. Bastava aos diocesanos olharem seu bispo, para saberem em . que consiste a prática da virtude. Ele se esmerava na formação religiosa deles, não só mediante apregação, mas também do catecismo para crianças e adu ltos. Reformulou o catecismo, para que seu ensino fosse ainda mais eficaz em vista do tempo e das pessoas. Interessava-se também pela juventude universitária, pregando todos os domingos para os estudantes da Universidade de Macerata. Austero para consigo mesmo, era generoso para com os necessitados, dando-lhes não só de sua bol sa pessoal, mas pedindo mesmo donativos para eles às pessoas mais ricas. Tinha um dom especia l para isso, e as bolsas abriam -se fa cil mente a seu pedido. Quando deixou definitivamente sua diocese, a cami nho de Roma, deu de e ·mola seu anel episcopal, o único bem que lhe restava.
Amor ao Papado e obe<liência à Sé Apostólica Seu amor ao Papado e sua obediência à Sé de Roma foram duas características principais de sua ati-
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Papa Leão XII, que escolheu como confessor São Vicente Maria Strambi
pos dos Territórios Pontifícios conquistados em 1808. Devido a essa recusa, São Vicente fo i exi lado para Novara e Milão, por sete anos . Dedicou-se então às obras de misericórdia e reservou mais tempo à oração, sup li cando a Deus Onipotente que tivesse misericórdia de sua Igreja perseguida. Procurou consolar, com suas cartas , o Pontífice pri sioneiro em Savona, e auxi li á-lo com as esmola que coletava para esse fim . Entretanto, mesmo à di stância , governava sua dioce e p r m i de vi gários gerai s, interess ando-se minuc iosamente por ela.
Co11fess01· <lo Papa, ol'erncc sua vi<la por ele Com a de posição de Napoleão, em 1814, pôde voltar à ua diocese, onde permaneceu até J 823 . Sentindo-se já velho, pediu ao Papa que o aliviasse do peso daquelas ocu-
pações . O Sumo Pontífice, Leão XII, desta vez consentiu, contanto que ele fosse para Roma para tornar-se seu confessor. Em sua nova residência, Vicente Strambi não amortecia seu zelo missionário. Pregou missões em diversas partes de Roma, sempre com o mesmo fruto. Também os pobres não foram olvidados por ele. Na noite de 23 de dezembro de 1823, São Vicente Maria foi -despertado às pressas: o Papa estava quase agonizando e requeria sua presença. Conso lou como pôde o Sumo Pontífice e preparou-o para receber o viático. E resolveu passar o resto da noite a seu lado, rezando com ele . Quando parecia que o moribundo ia expirar, São Vicente, movido por uma inspiração interior, quis celebrar o Santo Sacrifício. E ali mesmo, ao lado do Pontífice agonizante, celebrou a Santa Missa numa intenção especial, como depois disse ao mesmo Papa: que Deus ace itasse o sacrifíc io de sua vida pela do Sumo Pontífice. E confiou- lhe que viver ia ainda mais cinco anos e quatro meses, pois Deus havia ace ito o sacrifício. E, realmente, no dia 28, São Vicente Strambi sofre u um ataque apoplético, vindo a falecer no dia primeiro de janeiro de 1824, aos 79 anos de vida. 3 • E-mail do au tor: pmsolimeo@catolici smo.com .br
Notas:
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1. Pe. Pau lino Alonso Blanco ele la Do loro sa, C. P. , http://www.mercaba .org/ santoral/septiembre/26-2.hlm. 2. lei. , ib. 3. Outras fontes consultadas: Pe. José Lei te, Os Sa111os d e Cada D ia, Ed itorial A.O ., Braga, 1987, 3" vo l. - San/ o Vicente Maria S1ra1nbi, http: // ww w. pa ss ion i s ra s. or g. br/ s an lo s/ svi cente.hlm - Seio Vicente Maria S1rambi, http:// w w w. pa ss i on i s ta s . or g / sa nticlad e / vi cente_strambi .htm
Afonso de Albuquerque, genial militar e estadista U ma das maiores glórias de Portugal, após heróicos e estratégicos feitos em prol do Reino, o exímio conquistador morreu de mal com os homens, mas de bem com Deus r
P1 J OS É M ARIA DOS SANTOS
epopé ia portuguesa no Oriente nunca foi igualada. Com muito menos gente, contra um conjunto de potências armadas quase em igualdade de condições, os lu sos venceram e conquistaram poderosos reinos como os de Ormuz, Goa e Mál.aca. Nessa epopéia, um homem ocupa a primazia como verdadeiro gigante: Afonso de Albuquerque, um dos maiores gênios militares e administrativos, cujas façan has tornaramse lendárias em todo o mundo de então. Conta São Leonardo do Porto-Maurício, em seu livro As excelências da Santa Missa, este belo fato sucedido com Afo nso de Albuquerque : "Achando-se com sua frota em perigo de naufragar numa horrível tempestade, teve uma inspiração: tomou aos braços urna criança que viajava em sua nau e, elevando-a ao céu, exclamou: 'Se todos somos pecadores, esta criaturinha é certamente sem mácula. Ah! Senhor, por amor deste inocente, compadecei-vos dos culpados! A vista dessa criança inocente agradou tanto a Deus, que Ele acalmou o mar e devolveu a aleg ria àqueles infelizes, gelados já pelo terror da morte certa ". 1
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Bondoso, esmolei; espíl'ito justiceil'o Afonso de Albuquerque, visto por seu s contemporâneos, era um "homem de média estatura, rosto comprido e corado, nariz um pouco grande "2, "muito airoso e bem apessoado, expressão sentenciosa".3 "Trazia sempre a barba mui comprida, {, .. ] e como era alva, dava-lhe grande veneração" .4 Dotado de "um inquebrantável espírito de justiça " 5 , era ainda, sempre segundo seus contemporâneos, bondoso, muito esmo ler, piedoso para com os pobres e muito paciente para suportar os sofrimentos que constantemente o assaltavam, devido à inveja e incompreensão dos homens . Sofreu especia lme nte da parte de D. Manuel, rei de Portugal, que não se mostrou à altura do homem superior que governava.
Afonso de Albuquerque,
destemido conquistador
o
"Inteiramente honesto, dedicado ao Rei e ao seu país, Albuquerque andou na Índia escravizado aos planos grandiosos que levara, sem jamais transigir um instante com a vida doce que todos apeteciam. Dele se pode dizer que.foi, no seu tempo, o único capitão da Índia a quem •••••••••••••••••••••••• os fumos da pim.enta não toldaram o entendimento ".6 "Em seus seis anos de governo, sempre manietado pela falta de hornens, de navios, de dinheiro, bem. como pela est, eiteza de vistas e pelas suspeitas do rei, Albuquerque fe z sentir a sua influência desde a Arábia até a China; apossou-se das chaves do Oceano Indico. A Pérsia, o Sião e a Abissínia solicita vam a sua amizade, ao mesmo tempo em que uma dúzia de reizetes indianos, inquietos, se informavam dos seus desejos, por meio de embaixadas respeitosas". 7
"Inteiramente honesto, dedicado ao Rei e ao seu país, Albuquerque andou · na Índia escravizado aos planos grandiosos que levava, sem jamais transigir um instante"
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Aprendizado na África cl11f'ante a j11ventmle Afo nso de Albuquerque fo i o terceiro filh o de Gonçalo de Albuquerque, conse lhe iro do re i D. Afonso V, e de Da. Leonor de M eneses, filha do primeiro Conde de Atouguia . Não se tem notícia exatamente o nde e quando nasceu, mas calcula-se que tenha sido entre os meses de abril de 1461 e o de 1462. Nada se sabe ta mbé m de s ua infância , mas, pe la cultura que depo is demon strou , sobretudo e m suas famosas ca rtas e ordenações, vê-se que aprendeu o latim e estudou os cl áss icos . Albuquerque aparece pela primeira vez ao lado de D . João II, em 1476, na batalha de Toro, contra os castelhanos; depoi s, e m Arzila, na Áfri ca. Em 1480, D. Afon so V enviou-o em socorro do Re i de Nápoles contra os turcos, e no ano seguinte vemo-lo na guard a pessoal de D. João II. E, finalm ente, na de D . Manue l. Pela experiência que demonstrará mai s tarde, tanto na arte da navegação quanto na militar, dedu z-se que e le passou parte da moc idade na África. Assombf'osa ca1Tefra, gramles missões
mil eram frecheiros persas, com fama em todo o Ori ente. N a baía havia mais de 400 barcos, dos quai s 60 era m poderosas nau s be m apetrechadas, e havia espalhadas ao longo do porto mai s 80 peças de artilha ria para a defesa da terra firm e. Como um ciclone, Albuquerque e seu peque no número de portugueses desbara tou os nav ios e apossou-se da ilha, co meça ndo a edifi ca r uma fortaleza. Mas a deserção de três de seus capitães com suas nau s fez com que e le tivesse que adiar a consolidação daquela conqui sta para o utra ocasião. O que de fato rea lizou anos depois.
Goa e Málaca, J'ol'temente g11an1ecidas, sujeitas aos lusos
Afonso de Albuquerque conquistando a cidade de Mó/oca
Mai s es petac ul ar ainda foi a conqui sta do que se tornaria o mais só lido bastião de Portuga l no Oriente: Goa, a Dourada. No iníc io de 15 LO, sa íra Al buquerque de Cochim para diri gir-se ao M ar Vermelho, quando foi inform ado por um pirata indiano, Timoja, das condi ções excelentes para apoderar-se de Goa, rico e ntreposto comercial, cuja popul ação hindu sofri a com a opressão dos governantes mouros . Depois de tomar sem grande esforço a fortaleza de Pang im , Albuquerque entrou na cidade praticamente sem dar um tiro . Às suas portas, pôs-se de "j oelhos, e, chorando muitas lágri-
Albuquerque entrou verdadeiramente para a Hi stória j á be m maduro, em 1506, comandando mas, deu graças a Nosso Senhor por aquela mercê que lhe fi zera, em lhe dar uma cidade tamauma frota incorporada à de seu primo Tri stão da nha, e tão poderosa, sem trabalho nem morte de Cunha. Já estivera na Índia com outro primo, Franninguém". 8 cisco de Albuquerque, na armada de 1503, mas Mas o empreendimento não seria tão simnada de mais notáve l dele então chegou ao nosso conhec imento. Agora sua mi ssão era • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • pies assim . Dois meses depois precisou abancloná- la, após heró ica luta contra os exércia de vigiar a boca do Mar Verme lho, para tos de Hida lcão, soberano destronado, que impedir que dali saísse algum inimigo para voltou para resgatar sua c idade com 60 mil molestar as conquistas portuguesas na Índia. turcos, mouros e indi anos, 5 mil a cava lo. Ao separar-se de Tristão da C unha , deM as Albuquerque reapareceu no mês de nopoi s de dominarem Socotorá e outras c idavembro seguinte com 20 velas, no dia 25, des menores, começou a estupe nda ca rreira festa de Santa Catarina, a quem atribuiu dede Afonso de Albuquerque, que contava nespoi s a vitóri a. Entrou novamente na cidade, sa época apenas com seis barcos e 460 hoapesar de forte mente defendida, e após remens, dos quai s uma parte enferm a, e esnhida luta esta voltou ao domínio dos portucassos mantime ntos para 15 dias. Com ougueses, tornando-se, durante cinco séculos, sadi a e dete rminação, infundindo sua têmuma das maiores g lórias lusas no ultramar. pera nos subordinados, em ações fulminan Em Málaca , o mais rico centro comertes conqui stou várias cidades das costas da •••••••••••••••••••••••• c ia l do O rie nte, o gêni o de Albuquerque e o África e Ásia, inclusive a opulenta Ormuz, heroís mo de seus comandados não foi me nor. Ci na entrada do Mar Verme lho, por onde passava dade imensa, defendida por 30 mil homens, mui todo o comércio do Oriente. Não foi desprezível ta artilharia e e lefa ntes adestrados na guerra , foi tal conquista, pois Ormuz estava guarnec ida co m atacada por apenas mil e qu atrocentos portuguemais de 30 mil home ns de combate, dos quai s 4
Entrou novamente em Goa, apesar de fortemente defendida, e após luta a cidade ..• renhida tornou-se durante cinco séculos uma das maiores glórias lusas no ultramar
CATOLICISMO
ses. A luta durou 15 dias, até que finalme nte esse punhado de heró is conquistou a loca lidad e.
que, que desejava que as coisas fossem retamente o rdenadas. Em vi sta de tais rixas, seus desafetos enviavam constante me nte cartas ao rei, criAdministrador e ticando o grande general. Infe lizmente, o llomem ele grande visão monarca aca bou dando ouvido a esses elesAlbuquerque queri a que suas conquistas que era atacar o Egi- . contentes. Enviou então um substituto para ,.. Albuquerque, que era seu pior inimi go. E fossem duradouras. Por isso, previa o futuro . Tanto em Goa quanto e m Mál aca, empreencom e le vi eram doi s capitães que Albuquere por Suez. Depois, que havia re metido ao re ino, presos por indeu uma obra administrativa admirável, sábia e eficiente, tornando-se verdadeiro pai para ir por terra libertar a . subordinação. Palestina. Mas a falta Esse fato ocorreu j á no fim de 1515 , a população nativa, a quem defendia com a mais estrita justiça. Quis que cada grupo étquando Albuqu erque se encontrava muito de apoio dos monardoente. Tal golpe tirou-lhe toda a vontade nico fosse governado por um dos seus; que observassem seus costumes, desde que não CaS Cristãos fez de viver. Pediu que o levassem para a barra gorar o plano. de Goa, para ver mai s uma vez a cidade fossem imorai s; reduziu os exorbit~llltes impostos instituídos pe los mouros e cunhou amada, e exclamou: "Mal com os homens moeda para facilitar o comércio. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • por amor de El-Rei, e mal com El-Rei por E m Goa, foi mai s longe. Sabendo que deveria amor aos homens! Bom é acabar! Acolhamo-nos ser a capital de todas as possessões portuguesas à Igreja". 10 Abraçado ao Crucifixo e rezando o no Ori ente, estimulo u seus comandados que tisalmo Miserere mei, esse g igante entregou sua nham algum ofi c io a e tabelecer-se na terra, caalma a Deus na madrugada do domingo, 16 de 1; .· lfl'~"" . .., dezembro de ] 515 . saneio-se com mulheres brâmanes e mouras brancas cativas. Dava um Quando seu cadáver desembardote ao casal, terreno, gado e toda cou e m Goa, sob o pranto geral da a facilidade para co meçare m novo população, os gentios excl amavam lar. Obteve ass im que 450 portu"que não podia ser morto, senão gueses se fixa sse m em Goa, inici porque Deus tinha necessidade ando essa políti ca inter-racial que dele para alguma guerra, que 0 foi se mpre muito bené fic a para mandava ir". 11 • Portu ga l. Havia ainda a vantagem E- mail do aut or: de qu e, por meio desses casamenjosema ri a@cato lic ismo.com.br tos, ia-se propagando a fé de Cristo, poi s impli cava a conversão d as noivas à Re li g ião cató lica. Notas: O plano de Albuquerque, que 1. As Excelência.1· da Santa Missa, Editocoincidia com o do re i, era atacar o ra Vozes, Petró po li s, 1952, p. 26. Egito pe lo M edite rrâneo e por 2. Gaspa r de Albuquerque, Comenlários do Gra nde Afonso de Albuquerque, Suez. Depoi s, ir por terra libertru· a Coi mbra , 1923 , Parte I, p. 7, in Costa BroPalestina. Mas a falta de apo io dos chado, Afonso de A /b11q11 erque, Portugal ia monru·cas cri stãos fez gorar o plaEditora, Lisboa, 1943, p. 263. 3. Caslanheda, Hislória do Descobrimen no . Entretanto, Afonso de Albulo e Conquisla da Índia, Livro 3°, cap. 55 , querque chegou a penetrar no M ar in Costa Brochado, op. cit., p. 263. Verme lho e a fazer planos pru·a to4. João de Barros, Décadas da Ásia, Li smru· Meca com "todos os tesouros boa, 1628, Década li , folha 238, in Costa
· O plano de Albuquer-
to pelo Mediterraneo ·
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que havia nela, que eram muitos, e o corpo do seu mau profeta, para com ele se resgatar a Casa San.ta de Jerusalém".9 A morte impediu-
Brochado, op. ci t. , p. 263. 5. Cos ia Brochado, op. ci t. , p. 265. 6. Id., p. 266. 7. Elaine Sanceau, O Sonho da Índia Afonso de Albuquerque, Livraria C ivili zação, Porto, Introdução. 8. Brás de Albuquerque, Come111ários ... , Parte li , ca p. 20, in Costa Brochado, op. c it. , p. 325. 9. Idem, li , parle IV, cap. 7, in Brochado,
º de executar esse ousado plano.
llef'Ói vitOf'ÍOSO, mas incompreemlido Havia na admini stração da Índi a funcionários que estavam diretamente li gados ao rei, e que por isso não tinham que prestar contas ao governador. Tinham e les constantes rix as com Albuquer-
Mapa de Goa , conquis tada em 151 O por Afon so de Albuquerque
op. cit. , p. 447.
10. Gaspar Co rre ia , Lendas da Índia, vol. 11 , parle r, cap. 53, in Brochado, p. 470.
ll. Brás de Albuquerque, Comenlá rios, li , parte IV, cap. 46. in Brochado, op. c il. , p. 475.
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aa..
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TRIBUTO
Socialismo tributário Ü brasileiro, sem saber, paga os mais altos impostos de consumo do mundo. A escalada dos tributos afoga a propriedade privada e a liberdade econômica e1n nosso País. , Luís ÜUFAUR onhei? Foi um pesadelo? Por favor, caro leitor, aj ude-me. Sonhei - é paradoxal - que acordava. Como toda manhã, porém, quando peguei o creme dental, e is que 42% dele tinha desaparecido, consum ido pelos impostos. Pior ainda aconteceu com o xampu, pois dele desaparecera 52,33%. Do sabonete, outros 42%. Li guei o chuve iro, e 45,8 % da energia foi canali zado para tributos. 1 Imaginei que o café da man hã dissiparia meu mal-estar. Mas 36,52% do café que bebia era consumido por imposto, assim como 33,63% do leite Longa Vida, 24% do iogu rte, 37,84% do suco de fru ta e 38,5% do biscoito. Ainda bem que não fumo, senão seriam mais 8 1,68%. Olhei para o liquidificador: imposto de 43,54%. E o fer ro de passar, 44,35 % ! Deixei de reparar no que me rodeava e peguei o te lefone. O custo tributário da conversa? 46,65 % ! Sem co ntar 4 1% do celu lar, cons umido na compra do apare lho . E o tributo do carro? 44%! Sem saber, tinha adq uirido dois , mas levara ape nas um! Passe i no posto de gaso lin a, e foi diretamente para a Receita 57, 13 % do que paguei . Na rua, vi uma casa popular: só 49,02% de imposto! Do c im ento e m oferta, 42% e ngo li do pelo fisco.
S
O brasileil'o ignora quanto paga de impostos No Pátio do Colég io, na capita l pauli sta, um evento atraiu-me. Tema: Feirão do Imposto . Realizado por entidades como a Federação das Associações Comerciais de São Paulo. 2 Entrei. Os cartazes eram promocionais. Liquidação ,naluca! Última novidade!! CIDE - contriCATO LICISMO
buição sobre combustíveis. Você paga, ,nas não leva! Oferta do dia: a nova Cofins, pague mais e leve rn.enos! Os produtos ex ibi am seus preços e a percentagem abocan hada por taxas e tributos . O assombro e a surpresa não eram só meus. Era m de todos os c idadãos ali fort uita mente aglo me rados: 35,2% do macarrão, 37,8% do óleo comestível, 38% do televisor, 40,5 % do papel hi giê ni co e do detergente, 4 1,98% dos brinquedos, 83,07% da aguardente nac io nal (a importada paga a ind a mais .. .). Segui cami nhando. A simp les idéia de que 45, 11 % de uma água mineral, 47 % do refrigerante ou 56% de uma cerveja teriam o mesmo fim, desestimulou-me de parar numa lanchonete.
Os maiores impostos sob1'e O consumo (/0 /11llll(IO Quando cheguei ao escritório, pensei que delirava. Não podia se r! Peguei os jornais, pelos quais não sei quanto de tributo pago. E is o que li , e logo na manchete: Carga tributária bate recorde e vai a 40% do PIB. 3 A notícia in forma que R$ 4,00 de cada R$ 10,00 de tudo o que os brasileiros produzem é consumido em impostos. O espantoso recorde fora batido nos primeiros três meses do ano. Os dados são do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). O seu pres idente, Gilberto Lui z do Amaral , lembrava que "o Brasil é o País que possui a maior carga sobre consumo do mundo e a segunda sobre a folha de pagamento" .4 Total : R$ 650 bilhões por ano. Veloc id ade: R$ 1,25 milhões por minuto .5
ÚLTIMA NOVIOAOE !1 CIOE · eoatrihigio •• eotnh
você PAGA, ma
NÃO LEVA f
O utra, de Paulo Ca li endo, professor da Universidade do Yal e dos Sinos (Uni sin os), de São Leopo ldo (RS). Para ele , ag iganta-se no País "um poder de arrecadação e.fiscalização sem limites".
Rápido empobrecimento <lo Brasil Passei para um ed itoria l do "Jornal do Brasi l". Título: A gula federa l. Então soube que o govern o prevê arrecadar no prime iro semestre de 2004 quase 9% a mai s do que no mesmo período de 2003. Com que objetivo? "Para alimentar o Estado Leviatã, um monstrengo perduláriofo,jado pela burocracia pesada e in efi ciente, o govern o, em vez de cor/ar despesas, busca o equilíbrio das contas empurrando a fatura para empresas e cida dãos. Criam-se impostos, awnentam-se alíquotas, pun e-se corn sistemático vigor o setor produtivo". 8 Lembrei -me do dinhe iro para o MST, Forne Zero, planos de toda espéc ie. Senti vertigem e parei por aí. O editorial , entreta nto, segui a ... Procurei a opinião de um empresário. Encontre i-a num artigo de Antônio Ermírio de Moraes. Nel e constatei qu e as contribuições previdenciárias tiram 1 1% dos e mpregados, mai s 20% dos e mpregadores, mais 2% de seguroac identes. Tota l do custo-previdência: corresponde a 33 % do sa lário. Imagin ei a categoria que um plano privado de saúde poderia ter, co m todo esse dinheiro .
Carga tributária bate recorde : 40% do PIB.
É todo um espetácul o. Mas do quê? De co nfi sco? De sociali smo? Fui exam in ar os jornais car iocas, que talvez me trouxesse m um pouco de otimismo. Eis a man c he te do lnform.e J B: Tributos mortais. O a rti go informava que "dos 13 salários gan hos anualmente, os brasileiros deixam. de receber m.ais de cinco deles, na forma de tributos pagos ao gove rno". A co nc lu são não ia por menos: "A extravagância tributária ,nassacra pessoas.f(sicas e jurídicas" .6
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Mas pense i no SUS, e voltei horrorizado ao artigo. Com um custo-previdência de 19,5%, a Alemanha está a camin ho do naufrág io. Porém, di zem, fornece servi ços públicos de certa qualidade .9 Não pode ser, pensei. Se for assim, como é qu e o Brasil já não afundou de vez? E bati de frente com a rea lidade. "Ao longo dos últimos 30 anos - esc lareceu o e mpresário - o brasileiro fi cou ,nais pobre, endividou-se e reduziu sua capacidade de compra ". E a qualidade dos serviços públicos ? Aresposta é se mpre a mes ma: "Os alunos saem da oitava série sem saber ler, escrever e calcular adequadamente, [. . .] as.filas de doentes e aposentados varam a madrugada nos hospitais e postos do INSS, para não falar da violência, falta de segurança, lentidão da Justiça e escassez de habitação decente. [. .. ] Com impostos excessivos e juros escorchantes, jamais terem.os a quantidade de consumidores para estimular os investimentos; e sem investimentos, não haverá empregos". 10 Tudo dito.
Selva tributál'ia co111'llmle co11Uibuh1te espoliado Li então o arti go de um esclarecido tributarista. Afina l, imaginei, vou ter uma visão mais clara a respeito do assunto. Ives Gandra da Si lva Martins constatava: "A produção legislativa tributária do governo Lula foi tão complicada, que os próprios especialistas ainda têm dificuldades de entender as novas regras". O governo, segundo o autor, fornece uma fó rmul a "simplificada " para calcular o PIS/Cofins sobre a importação. Para "facilitar" a vida dos contribuintes. Talvez essa exp licação sej a boa para mim, pensei. E i-la: "Cofi ns importação= d* [VA+D* ( l -cd)+ VA *X+e*D*Y] (1-c-d), PIS im portação= c*[ VA+D *( l -c- d ) +e*VA *X+e*D*Y] (1 -c-d), onde: X= [l+ a+b*(l +a)- (c+d) *[a+b*(l+a)]] (1-c-d-e) Y = [l+a+b* ( l+a)], (1 -c-d-e )". 11 A essa altu ra perdi o pé, e quase tive uma verti gem. E aquela era a fó rmul a simplificada!
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CATO LICISMO
salários mínimos, o percentual sobre o consumo é de 24,41%; de seis a oito salários, é de 23,22%; e acima de 50 salários, de 17,26% ". Dados do IBPT. 17 E m suma, quem ganha me nos paga mais. O pesadelo ia longe de mais ...
CASA POPULAR 1
Não custa nada saber
Meta: miserabilismo e clitaclura c11ba11a?
PRECO R$ 45.000,00 IMPOSTO = R$ 22.059,oo .:,
Ainda li no " Jornal do Brasi l": "O cipoal de leis tributárias envolve 55 mil artigos e 33 mil parágraf os. Cerca de 330 normas são criadas a cada ano e quase metade das ações no Judiciá rio decorre de questões tributárias" . 12 Senti -me como que preso nesse e maranhado e tente i fu g ir dep ressa, mas sem resultado. Afinal , depare i co m um destaque positivo: "Os cientistas brasileiros são heróis", di sse a diretora-exec utiva da As-
sociação Bras ileira de Empresas de Ciências da Vida (ABCV), Gisela Li s Be lline ll o. Le mbrei -me cios sucessos da pesqui sa c ie ntífica nac ion al, malgrado seus diminutos recursos orçamentários. Mai s conso lado, comecei a le itu ra . E descobri qu e não é só por isso qu e e les são he róis. Após e lencar a catarata de impostos que incide m so be a pesquisa, a maté ri a cita a revi sta científica Nature, a qua l afirma que no Brasil os pesqui sadores chega m a paga r pelo mesmo
MUITAS VEZES voe! NIO SABE QUE ESTÁ PAGANDO IMP STO, P QUE NO BRASIL ELE VEM ESeONDID . MAS voe! PAGA-E MUITOI
............... 40,Sll
f IIIPOIJO
............. "" ..... Caosro
...............e Sl,Sll
~wosro
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........... IS,07!1
fwosro
....... fwosro 41,91!1
. ..... ,.,.~ ..... 44,ISll
f.osro
produto 70% a mais do que um co lega ame ri cano o u a lemão. O mes mo extrato ele leved ura c usta 340 dólares o qui lo no Brasi l e 202 dó lares no EUA. O imposto leva 57,5 % de um eq uipa me nto bás ico ele bio logia mo lec ul ar. 13
Excessos tl'Íbutários causam sonegação e inl'onnalidaclc E não é tudo. Es tudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que "cerca de 85% das microernpresas do País não paf!.a m qualquer tipo de imposto di relo ". A causa? Seguncl Marce lo Neri , da FGY, "a alta carga tributária brasileira acaba fun cionando como est(mulo à sonegação" . Porém , scguncl Ncri , se a ca rga tributá ri a caís e à me tade, as contribuições geradas por essa empresas se multipl icariam por qu ase dozc. 1' 1 Em São Pau lo, o ICMS do á lcoo l co mbustível ca iu de 25% para J 2%, e a arrecad ação aume ntou 7%. 15 Bem , i to c u e ntend i: com bom senso e sem cobrar impostos soc ia li stas, o problema te m co nserto. Pegue i um j orn al paulista, es fregu e i os o lhos e li: "A ú1/'orma lidade na economia [. .. } afeta 39,8% do PIB, índice que supera em mais de 20% a média de 133 países analisados em. recente pesquisa do Banco Mundia l ". 16 Pior, só em C uba, onde ou todo mundo entra na in fo rm alidade ou nin gué m co me .. .
Às ta ntas, já não sabia para o nde me virar. Positivamente, sentia-me triturado. Martelava- me a cabeça o estribilho dasesquerdas: os altos impostos são para os ricos, enquanto os ma is pobres são favorec idos. Será? Mergulhe i minh a atenção no pape l, e caíram as esca ma s ele meus olho : "A carga tribut6ria sobre o consumo é re g ressiva, ou seja, é maior para quern ganha m.enos. Para quem recebe até dois Prateleira s vazias, balan ça quebrada : uma loja estatal cubana ... ~
Deixei de lado os j o rnai s. Fui ao co mputador e di g ite i: Imposto, miséria, riqueza e ini c ie i um a bu sca. A te la ex ibiu uma loj a estatal cubana . Prate le iras va z ias, balan ça qu e brada , um a g rade c uja tinta hav ia muito caíra de velha , e um cadeado enferrujado (foto abaixo). N ão qui s concluir logo qu e esse fosse o po nto te rmin a l necessá rio da esca lada ci os impostos. Co mece i outra bu sca. Apareceu Fide l Cas tro dando uma ga rga lh ada. Lembrei-me de que e m C uba vi go ra o imposto impl acável , total e irreversível - o confisco de finitivo. Ou me lhor, a extin ção tota l da propri edade privad a, ou sej a, o co muni s mo. É para lá qu e rumamos? O que julga o caro le itor de todo o exposto? Foi sonho? Pesade lo? Ou é a pura rea lid ade? •
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E-ma il do autor: lui sdufau r@catolicismo.co m.br
Notas:
1. Todos os números sobre incidência dos impostos fo ram ex traídos do site da Associação Co111 ercia l d e São Pend o (htt p:llwww.acsp . com.br), sa lvo outra indicação. 2. Também a Associação Co111ercial de São Pau lo (ACSP), a Conf ederação Na cional dos Jovens E111preendedores (Conaje), a O rde111 dos Advogados do Brasil (OAB-S P), o Sindicato das E111presas de Serviços Contábeis no Estado de São Pc11ilo (Sescon-SP) e o ln stiluto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). 3. "O Estado de S. Paulo", 2-7-04. 4. Assoc iaçcio Comercia l de São Paulo, hl!.JW www.dcomercio.com. brlfeiraoi m iostol2007 01.htm 5. Associaçcio Co111 ercia l de São Paulo, http:// www.dco merc io.eom.br/fe iraoim ios to/200702. htm ; "O Estado de S. Paulo", 20-7-04. 6. "Jornal do Brasil", 5-7-04. 7. "O Globo", 7-6-04. 8. "Jornal do Brasi l", 2 1-7-04. 9. "Jorn al do Brasi l", 24-7-04. 10. "Jorn al do Brasil", 27-6-04. 11. "Jorna l do Bras il", 20-5-04. 12. "Jorn al do Brasil", 5-7-04. 13. "O Estado de S. Pau lo", 25 -4-04. 14. "Jornal do Brasil", 26-5-04. 15. "O Estado de S. Pau lo", 8-6-04. 16. "O Estado de S. Paul o", 8-6-04. 17. "O Estado de S. Paul o", 26-5-04.
SETEMBRO 2004 -
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Anjos apareceram-lhe de novo e a levaram para o alto do monte Pellegrino, onde ela viveu na contemplação e penitência os 16 anos que lhe restaram de vida. A descoberta de suas relíquias em 1624 foi ocasião de muitos milagres. Ela é a padroeira de Palermo. Primeiro Sábado do Mês
1 São Lobo, Bispo e Confessor + França, 625. Monge na famosa Abadi a de Lérins, sucedeu Santo Artêmio na sé episcopal de Sens. O Rei Clotário - devido às más informações de seu emissário e do Abade de São Remígio, que desejava fi car com a sé de Sens - baniu o santo bispo para uma área ainda pagã. São Lobo converteu o governador local e muitos proeminentes personagens à verdadeira Fé, sendo então chamado de volta por Clotário, j á melhor informado.
2 São Guilherme, Bispo e Confessor + Dinamarca, 1070. Ing lês, cape lão do Re i Canuto, fez com ele um a viagem à Dinamarca. Impress ionado com o lastimáve l estado de abandono dos pagãos, decidiu evan ge lizá-los . Eleito Bi s po de Roskilde, censurou energicame nte o Re i Sweyn por ter exec utado muitos hom e ns sem julgamento. Mai s tarde o mon arca confessou publicamente esse pecado e tornouse amigo do santo.
~l São Gregório Magno, Papa, Conl'essor e Doutor da Igreja Primeira Sexta-Feira do Mês
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São Severiano, Mártir + Armênia, séc. IV. " Visitava muitas vezes os [futuros] quarenta mártires, que estavam no cárcere. Por ordem do prefeito Lísias,foi então erguido ao ar com uma pedra aos pés, moído de pancadas e lanhado de açoites. Nesses tormentos, entregou sua alma a Deus " (do
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Martirológio Romano) .
São Vitorino, Bispo e Mártir
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+ Itália, séc. II. Bispo da cidade de Amiterno, por sua fidelidade a Cristo foi pendu rado de cabeça para baixo sobre águas mefíticas e sulfurosas, e ntregando sua alma a Deus no terce iro dia.
6 São Magno, Confessor + França, séc. VIII. Discípu lo de São Columbano, tinha um dom especial para afastar com seus bastões os predadores e para s itas do campo. Após sua morte, vários desses bastões continuaram operando os mesmos prodíg ios.
7 Santa Regina ele Alésia. Virgem e mártir + França, séc. li. Filha de um pagão, falecendo sua mãe, foi educada por uma cristã. Expul sa de casa pelo pai quando este soube que ela era cristã, foi morar com a mulher que a educara, trabalh and o co mo pastora. Como recusou-se a casar com o prefeito romano, fo i apri · ionacla , torturada e deca pitada. Na Borgonha há um a basílica sobre o seu sare fago desde o sécul o V, com os di zeres "Aqui César venceu a Gália; aqui uma virgem venceu César" .
Santa Rosália, Virgem
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+ Pal ermo, séc. XIl. Era muito be la, e aos 14 anos a Santíssima Virgem recomendou-lhe que abandonasse o mundo , enviando dois Anjos para gui ála até uma gruta. Como os pais a procurassem na reg ião, os
Natividade de Nossa Senhora Também: Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora da Vitória, Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora de Mon teserrate. (Vide p. 5)
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Santo Alberto, Bispo de Avranches + França, séc. VIII. São MiguelA.rcanjo apareceu-lhe, pedindo a construção de um santuário a ele dedicado no Monte Tombe, no litoral da Normandia. Em 866, tal santuário tornou-se uma abadia beneditina, a famosa Abadia de São Miguel, considerada uma das maravilhas do Ocidente .
11 São Pafúncio, Confessor + Egito, séc. IV. "Monge, que se tornou Bispo da Tebaida e conf essou a Fé sob o Imperador Maximino. As mutilações das quaisfoi vítima deram-lhe grande prestígio junto aos Padres do Concílio de Ni céia" (do M artirológio Romano -
Monástico).
12 Santíssimo Nome ele Maria
13 São João Crisóstomo, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
ffi São Felipe, Mártir + Egito, séc. III. "Pai de Santa Eugênia, virgem. Depois de renunciar à dignidade de prefeito do Egito, recebeu a graça do Batismo. Enquanto fa zia oração, foi degolado por ordem do prefeito Terêncio, seu sucessor" (do Martirológio Romano) .
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e Reno inferior, na Alemanha, governou a Sé de Colônia.
15 Nossa Senhora das Dores
ffi São Nicomedes, Confessor + Itália, séc. II. Sacerdote. Aos que o pressionavam para sacrificar aos ídolos, re pondeu: "Só sacrifico ao Deus Todo Poderoso". Foi então aço itado com chumbo até a morte.
16 Santa Edite de Wilton + Inglaterra, 984. Fi lha do Rei Edgar, da Inglaterra, foi educada na Ab adia de Wilton , onde mai s tarde sua mãe também se fez re ligiosa. Professando aos 15 anos, recusou várias abadi as e a tornar-se rainha, quando seu me io-irmão, Santo Eduardo M ártir, foi assassinado .
17 São Roberto Belarmino, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
ffi São Pedro de Arbués, Mártir + Espanha, 1485. Apontado inqui sidor provinc ial para o Aragão, pelo famo o'~ rquemada, foi morto a punhalad as por " cristãos novos" (jud us pseudo-convertidos ao ri sti anismo ), quando rezava na Catedral de São a lva lor.
18 São José de CuperLino, Co111'( ~ssor + Itália, 1663. Esse filho de São Francisco comp ns uva abundantemente em ino · n ·ia e simplicidade o qu Ih ' fallava de dons naturai s. ham uvase a si próprio Frei Asno. Mas seu amor a Deus era tão int nso, que entrava e m êxla s' à vista da menor de Suas manifestações nas criaturas.
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São Matemo, Mártir
Santa Emília Maria de Roclal,, Virgem + França, 1852. De nobr fa-
+ Alemanha , séc. IV. Apóstolo ela região do Mose la, Mosa
mília, dedicou-se a prepara r 'fianças para a Primeira Comu-
Exaltação ela Santa Cruz
ffi
nhão, e depois, com outras três companheiras, lançou os fun damentos das Irmãs da Sagrada Família, dedicadas à educação da juventude. Sofreu terríveis tentações contra as virtudes cardeais durante 32 anos. Faleceu santamente, sendo canonizada por Pio XIl em l 950.
20 Santo André Kim Taegon e Companheiros, Mártires da Coréia + Séc. XIX. Este sacerdote nativo sofreu o martírio, precedendo aos mi ss ion á rios fran ceses, entre os quais doi s. bispos e muitos lei gos convertidos por e les, e m meados do século XIX.
21 São Mateus, Apóstolo
ffi São Lourenço Imbert, Bispo e Márt ir + Coréia, 1839. Este missionário francês, Vigári o Apostó lico na Coréia, seguiu o mártir André Kim na gra nde perseguição que vi sou exterminar a Relig ião cató lica do solo coreano.
25 São Cleol'as, Discípulo de Cristo + Pal estina , séc . L " Morto pelos judeus na ,nesma casa onde preparara a ceia para o Senhor, porque havia professado sua fé n 'Ele. Para gloriosa recordação, teve ali mesmo sua sepultura " (cio Martirológio Romano).
26 Santos Cipriano e ,lustina, Mártires + Nicomédia, séc. IV. "Cipriano, que era mago, foi convertido pela graça sobrenatural da virgem .lustina, que ele tentara em vão co rromper, através de seus sortilégios. Os dois sacrificaram a vida por Cristo " (do Martirol óg io Romano -
Monástico).
27 São Vicente de Paulo, Confessor
ffi São Caio, Bispo e Mártir + séc. I. Di sc ípul o de São Barnabé Apóstolo, foi morto na perseguição de Nero.
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Santo Emerano, Bispo e Confessor + Alemanha, séc. Vll Evange-
Bem-avenLurados Mártires do Japão
1izador da Baviera, seu nome permanece ligado ao da Abadia ele Kle inehelfenclorf, levantada sobre seu túmulo, que tornou-se lugar de peregrinação.
+ séc. XV[J. Vários re ligiosos agostinianos e seus catequistas, martirizados durante a perseguição entre 1617 e L632.
23 Santo Adanano, Abade e Confessor + Escóc ia, 704. "O maior dos sucessores de São Columbano na direção da Abadia de lona, na Escócia, exerceu benéfica influência sobre a Igreja e a sociedade de seu tempo" (do Martirol ógio Romano - Monástico).
29 Os três gloriosos /\reanjos Miguel, Gabriel e Rafael
30 São Jerônimo, Doutor da Igreja
ffi • São Gregório, o Iluminador + Armênia, 300. Evangelizador e organizador da Igreja na Armênia.
24 Nossa Senhora das Mercês
ffi São Vicente Maria Strambi (Vide p. 36)
Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em setembro Será ce lebrada pelo Rev mo . Padre Da v i Fran c isq uini , na s se guintes intenções: • N este mês, em que se co mem ora a Ind ependência do Brasil, sup li ca nd o a N ossa Se nh ora Apa r ec ida que faça de nossa Pá tria a potência cristã de projeção mundial que é chamada a ser. Q ue Ela proteja todo s se us filh os brasil eiros e não permita que em nosso País os inimig os da Igre ja promulguem leis iníqua s, como as que favorecem o aborto e o chamado "ca sa mento" homossexu al, que vio la m gravemente a Lei de Deus e a Lei notural.
Intenções para a Santa Missa em outubro • Ped ind o à Rainh a e Padroei ra do Bra sil, cuj a festa se come mora neste mês, qu e a umente o fervo r religi o so de se u povo. Q ue o torne forte e reso luto no co mbate à co rrup ção moral que tanto enfraqu ece as a lm as, deixando as família s vulneráve is à ve icula ção de todo tipo d e imoralidade .
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niversidade de erão na Austria
l1 C ARLOS EDUARDO SCHAFFER Co rrespondcnle - /\u stria
Viena - Entre 2 e 7 de agosto realizouse em Gaming, na Baixa Áustria, mais uma Universidade de Verão. Este é o quarto evento deste gênero que vem sendo promovido anualmente na E uropa. Assim como no ano passado, o curso teve lugar nos veneráveis recintos de um a antiga cartu xa recentemente restaurada. A Universidade de Verão contou com a presença de Dom Ju an Rodolfo Laise, bispo emérito de San Luís, Argentina, e de S.A.I.R. Dom Bertrand de Orleans e Bragança, bisneto da Princesa [sabe i. Participaram I JOpessoas provenientes de 15 países: Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Chil e, Espanha, Estados Unidos, França, Itáli a, Peru , Polônia, Romêni a, Suíça, Ucrftnia e Uruguai. Ta mbé m honrou o evento com sua presença o Duque Paul von Oldenburg, membro de uma das mai s ilu stres famílias da nobreza alemã.
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O tema principal foi: "Restaurar a Civilização Cristã para acabar com um mundo transtornado". A Áustria ap resenta a este propósito um quadro excele nte para a realização de tal evento. Apesar de marcas do secul ar processo revolucionári o, que vai minando todo o mun do, esse país é riquíss imo e m mo nume ntos hi stóricos que evocam a C ivili zação C ri stã. Dr. Ca io Yidigal Xavier da Silveira ressaltou, no discurso de abertura, a im portância da reali zação de tais estudos. Dom Bertrand, Príncipe ]mperial do Brasil , em duas brilhantes conferê ncias, discorreu sobre as características essenc iais da C ivili zação Cri stã e sobre o igualitari smo enq uanto motor principal de sua destruição. Os aspectos de desordem e de pecado , que caracterizaram a sociedade pagã da Antiguidade, apo ntados pelo Sr. Nestor Fonseca, deixa m claro co mo nossa época neopagã está voltando a praticar os mesmos vícios do paga ni smo. Espec iali sta em Revolução Francesa, o Prof. Nicolas Pavill-on fa lou sobre as monstruosidades praticadas durante o período do Terror. E o Sr. John Horvat, SETEMBRO 2004
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pesqui sador da TFP ame ri c~na, mostrou como o mundo atu al está à be ira do caos . Para caracteri zar as metas últim as vi sadas pe la Revolução, o Sr. Guido Vi gne lli apresentou a Uni ão Europé ia e nquanto antítese da C ivili zação C ri stã. Os valores Tradi ção, Famíli a e Propri edade, principais pil ares da orde m cató li ca e alvos dos mais furio sos ataques da Revolução, foram apresentados sob novas luzes pe lo Sr. Benott Beme lm ans, ressa ltando o papel da Santíss ima Virgem co mo a Grande Gene ral da luta contra a Revo lução e d de mô ni o. * * * Ameni zaram o inte nso esforço in telectu al ex ig ido dos parti c ipantes pe las confe rênc ias e círcul os de estudos, um a vi sita ao palácio de Schonbrunn e à c idade de Vi ena, passe io de barco pe lo legendário ri o Danúbio, espetác ul o de aves de caça apresentado ao lado do castelo medi eva l de Kre uze nste in e exc ursão pelas mo nta nh as em to rno de Ga ming. Vi sitas que confirm ara m ao vivo toda a teori a ass imil ada nos dias de estudos. As p rédicas proferidas por Mons. Laise nas Mi ssas di árias ressa ltara m os princípios expostos nas confe rênc ias, convi dando os jovens a serem soldados de C ri sto em defesa da C ri standade. No último di a do congresso, a sole ne Mi ssa pontifi cal ofereceu-lhes a oportunidade de ap reciar a be leza da li turg ia tradic ional. Os di scursos de encerrame nto expri miram o e ntusias mo dos partic ipantes dessa rv Uni versidade de Verão na E uropa. E seu desej o de se engaj arem ma is e mais na luta e m prol da C ivili zação C ri stã . •
Depoimentos dos congressistas
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xcertos de algun s dos di sc ursos pro ferid os po r me mbros de diversas delegações na scssfio de e ncerra me nto la U11i v ,rsidade de Verão c m Ga min . Ari.:enlina
./uau Pablo D 'Orto " I ara nós sul -ameri ca nos, sla Universidade de Verão si niíi cou conhcc r o conti nente do qu a l herdamos nossa fé e muitas de nossas tradições. Temos org ulho de di zer que somos filhos da · uropa, porque ente ndemos este contincnt não como ele é ago ra, mas como e le fo i no I assado e o que voltará a ser. [...] A luta conlra a Revo lução é poss íve l. Na Argentina, j á estamos e m campanha contra a Rcv lução com mag níficos resultados. Un amos nossas orações, persevere mos na devoção a Nossa Senhora, e assim conseguiremos derrotar a Revolução. Deus o quer! " Alemanha
./ohannes Hüge l " Nos di as que aq ui passa mos, pud e mos o uvir diversa e in lcressa ntíss imas exposiç ões d e a lto n íve l, ma rcadas por uma xtrao rdinári a c lareza de pen ·a mento, co m grande profun d id a I de f católica. [ ... ] Ade mai s fo ram ab rdad s e li sc utidos três princípi os fund am nlai s para a Contra- Revo lução, qu e suo os da Tradição, Fa míli a e Propriedade. Eslo u ·o nvi cto de que esta Universidade de Verrio f'oi um gra nde sucesso. Todos nós saímos daqui fo rta lec idos na fé cató li ca , de modo a podermos levar adi ante a o ntra-1 ·vo luçfio c m nossos res pec tivos pa ís s" Brasil
Sérgio Carvalho ./1: "Com grande sati sfação, fa lo ncs t encerrame nto e m no me da de legação do Brasil , terra de Plini o Co rrêa de O li vci-
C ATOLI CISMO
ra, o qu al, co m o auxíli o de Nossa Senhora, defe ndeu os idea is da luta por uma autênti ca C ivili zação Cató li ca . Co m a ajuda da g raça, foi poss íve l es te nd e r es te id ea l aos qu atro ca ntos do mundo. Hoje es tamos aqui rodeados po r j ove ns das mai s dive rsas nações, po ré m co m um só objetivo: o de restaurar a C ri sta ndade. Poi s, se a Revo lução é unive rsal, a Contra-Revo lu ção també m o deve ser. Co loqu emos do ravante e m prática tud o o qu e apre nde mos aqui e m pro l des ta ve rdade ira c ru zada". Chile
Octavio Urzua " Meu sincero agralcc imento pelo convi te e pe lo privil ég io de have r partic ipado desta Universidade de Verão. 1--- 1 A lóg ica esmagado ra das ex posições representa uma fo rm a de sabedoria e um conhec ime nto uni ve rsa l q ue só pode m vir da graça e do Espíri to Sa nto. Q ue esta lóg ica me sirva para fo rti ficar a minh a fé". Espanha
Ignacio Garcia "Apesa r de me us poucos anos, tenho a ho nra d e fa la r em no me de meu país, o Re ino de Espanha. Tenh o qu e reconh ece r que a Espanha não é apenas um escríni o de tradi ções, mas que e!a se e ncontra hoje apu nhalada pe la Revo lução. A Espanha de 1 on Pelayo, de Sa nta Teresa, de Sa nto Inác io é ta mbém hoj e a Espanha do soc ialista Zapatero. Isso não nos deve desani mar, mas, pelo contrário. [.. .] G raças a 'Sta Universidade de Verão, obtive bons ar, um ·ntos, e voltarei no próx imo ano traz ' ndo oulros am igos, e també m no ano s ·g ui nlc, ain da no ano seguinte".
Estados Unidos
Michael Drake " Um dos defe itos do meu país é a fa lta de dipl omac ia. Contud o, e m s ua d e fesa, devo di zer que te mos um g ra nde res pe ito pe la franqueza. Sere i fran co, portanto. Não vi emos aqui para cantar, para aprende r a lgo sobre liturg ia, para bebe r Schnapps ou deg ustar um a boa co mida . Vi emos aqui para aprende rmos a ser contrarevo luc io nári os efetivos e m nossos países. Vie mos aqui para aprende r co mo de fender a Santa Igrej a ca tó li ca dos ataques da Revo lução, para aprender a seguir as pegadas do Prof. Plini o Corrêa de Olive ira. E neste se ntido, pe nso que tive mos ple no êxito, porque c umprimos este objetivo" . França
Guillaume Fenol " N ão po d e m os se não nos a legra r e da r g raças a Deus por estes d ias aqui pa ssados e m co mum. Co m efe ito, po r s uas co nfe rê nc ias edifi ca ntes, po r se u ambi e nte ca lo ro so e po r uma ve rdade ira a mi zade c ri stã que nos un e, pude mos haurir tod as as fo rças necessá ri as para e nfre ntar um mun do no qu a l a Revo lução parece triunfar.[ . .. ] Sabe mos qu e esse triun fo é ilu só ri o, e qu e não pode mos de ixa r- nos desencorajar pe lo de mô ni o, como D r. Plíni o nos aco nse lho u no di sc urso q ue o uvim os e m g ravação hoj e à ta rde".
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Fa lara m ainda os represe ntan tes da Áustria, Itáli a, Polô ni a e Ro mênia. E nce rra nd o a sessão, di sc ur so u S .A.LR., o Prínc ipe Dom Bertrand de O rlea ns e Braga nça, concl a mando os parti c ipantes da Uni versidade de Verão a sere m, em se us respectivos pa íses, autênti cos contra- revo lu c io nári os. SETEMBRO 2004 -
o GARNt5É Assim como o galo garnisé, há homens que também ignoram sua pequenez 1, PuN1 0
CoRRÊA DE OuvE1RA
ive a oportun idade de ass istir a um a bri ga de garni sés - essa dive rsão que está fora de moda e proibida por decreto. E nquanto eles não com çam a se bicar, o desafi o recíproco é um encanto . A bri ga é um ho rror, mas o desafio é lindo. E u seri a capaz de ficar uma ho ra vendo o desafio de uma di sputa entre e les, mas ne m um minuto assistindo à briga, que co nsiste num a ca rnifi c in a horre nda: de repente voa o o lho de um , e daí para fora . É mimoso e e ng raçad inho co mo os garni sés se tomam a séri o. E les ig noram abso lutamente as verdadeiras proporções do unive rso. Consideram-s' o pad rão de tudo, tomam aque la bri ga a sé rio. A pe leja vai por vales e mon tes, e os ga rni sés, bravinhos, ataca m-se mes mo . Mas o que é propri a me nt • uma grac inh a é a prévia provocação rec íproca . Há pessoas que são co mo os arni sés, constituindo numa c id ad , 1 or exe mplo, aq ue la parte contamin:id11 por todas as limi tações mentais possfv ·is. A primeira delas, a mais dolorosa: não p ·r ceber que é co mposta por garnisés, • qu · nunca deixarão de sê- lo. O ga rnisé hum ano julga que a d f"ini<;i o de garni sé é galo pequeno. Mas não é. l lá u111 u intran spo nibilidade de um para o outro. O 'ili' ni sé nunca se tornará ga lo. E isso aco nt · ', por ana log ia, com ce rto tipo de homenzinh os. Há pessoas que têm um a mentalidade tão diminuiu , que estão mais ou menos para os homens norma is 01110 o garni sé está para o galo. Os garni sés, cm ponto p queni , no, fazem tudo quanto o ga lo fu i.: o desafio, a briga, etc. Mas Lodu u sut1 atuação é tão diminuta , que s · 1c111 mais vontade de sorrir - sorrir, il i i ás, com simpatia - do qu' to11111r 11 sério a disputa. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 1º de outubro de 1966. Sem revis o do utor.
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, .___f_L1NIO
UMARI
RI< A l li ÜI IVI IRA
Metamorfose comunista para voltar ao que sempre foi Umclaro indício de que "o comunisn10 nflo n101Teu": as recentes n1(ididas ditatoriais assmnidas por Putin. Este aproveitou-se da tragédia cm Bcslan para concentrar mn suas 1nãos imensos poderes.
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Exc1•:R·1·os
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CARTA DO Dmr•:'l'OR
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PAGINA MARIANA
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Li-:tTlJRA EsPHUTUAL
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CommsPONl>l~:NCIA
Nossa Senhor a ela Camálclula Laclainha L a uretana - 1
·1O
A
PA1 .;w1~A uo SAcmmo·rn
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A
Rr•:ALIDADE CoNc1sA1\!IJo:NTE
devido ao brutal atentado
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NM:IONAL
contra a escola em Beslan , na Ossétia do Norte (Rússia) . N ão menos brutal foi a
15
Di-:sTA()UI•: Rússia: r etrocesso ao estilo sovi ético
16
INTm~NA<:IONAI,
te da KGB. Com punho de ferro, foram esmagados os seqüestradores terrori sta s
18
PoR Qtm NossA SJ<:NIIOIM C1101M?
muçulmanos, mas també m, com e les,
·19
ENTRl-:VISTA
23
INl•'ORMA'l'IVO Rt JR/\1 ,
24
CAPA
36
VmAs m: SANTOS
39
P1mSEGIJIÇÃO ANTICA'l'Úl,ICA
42
DISCERNINDO
Muita também -
tinta correu -
16 Internacional
e muito sangue
Uma velhaca "justiça" agr ária
interven çã o o rd e nada pe lo p res ide nte Vladimir Putin . Ordem que não surpre -
Polarização n as el ei ções am erican as
ende quando procedente de um ex-agen-
centenas de reféns, na maioria crianças. Esse sangrento atentado era o pretexto que Putin esperava para endurecer a i nda mai s o re gime, aumentar seus poderes e o control e político em todo o imenso territó rio ru sso . Sob o pretexto de "combater o terrorismo", ele anunciou u ma série d e medidas (vide " Destaque" , nesta ed ição, à p . l 5), entre a s quais o
gir sua finalidade . Citemos aqu i duas d -
di re ito d e o rd enar ataques preventivos
clara ções públicas nesse sent ido, cionadas entre diversa s outras :
e m qualquer pa rte do mundo, a fim de
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e limina r eventuai s amea ça s ao território ru sso; e també m extingue a escolha de governadores, por voto popular. Estes passariam agora a ser indicados pelo todo - poderoso senhor do Kremlin .
É a volta das estruturas políticas da velha União Soviética, o retorno ao seu tenebroso passado stalinista . Com a queda da Cortina de Ferro em
1989, e o conseqüente desmoronamen to da URSS, inúmeros analistas internacionais e formadores de opinião afirma ram que " o comunismo morreu". Plinio Corrêa de Oliveira discordava categoricamente dessa apreciação, declarando o contrário : o comunismo estava ape na · metamorfoseando - se, para m e lhor atin -
AT
LI IM
Entrev istado pelo di ári o " Ex prl' so" (G uayaq uil , Eq uad or) , d' .1 1 1) , 11 Prof. Plíni o orr~a d ' O l iw irn 11 l i 11 111111 " No meu modo d · v •r, o l '111III 1111 11111 está ·im plcs m •111 ' 111111 111 l mw tl1· 1111•111 moríosc. Dado s ·11 l' II 01'11ll' 11 111 1 11 •,11 cio-cco nômi ·o, 1'l'Vl' li1d11 JH' lo, 111 11 tl 11• próprios " ·0 1il l'l°i 11 11 •11 1m d 1 1'11 1 1, 1 imporl ft n ·ia po lII 11· 1d1• 11d1•11ll1}t11 dl• ·aiu ' l)(l f'lll l' llli' lll l' 1111 l'\ 1li , \ •• \'11111011() mu1 Hlo i 11I 1•i 10. H, p 11 11 11IIIIIIri , 1' cl v Jll', •li1 1wn· ss il 11v1 1 '1,·, •11, ·,1111111 ,, ,' 1•111 oulrn ·s i 1111111 11 id1•11l111t11 111· MIi 111 pol 11 irn. (~o qII l' 11 il lll lli 11\111111•11t 1• Vl' 111 ll' lll:indo os pii111·1p11 111 I1•1•11l 1'N do 1·rn111111i smo inlcr11 11l'i11 111il , 1•11111· 111-1 qu11i s Gorhachcv.
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"Trabalho escr avo": arma contra agmnegócio
39 Perseguição anticatólica
1blcr ânci a e intoler ân ci a Santo Al'onso Roclríguez Martírios i gnoraclos n o Sue/ão
Sublimiclacle ela cateclral m eclieval
45 An1At,mA1>E O valor ela oração per sistente 46
SANTOS E 1•'1,:S'l'AS DO Mf~s
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AÇÃO CON'l'IM-RIWOUJCIONÁRI/\
52 AMnmN·r·i-:s. Cos·,·ul\ms, C1v11,1zAçõEs 1• 111
11 111 •o para o " Diá r io Las A méri 1 t\" ( Mi a111i , EUA), cm 14-5-92, o Prof. 1'l111i o advertia : " l lojc a op in ião públi ca ci o ·idcnlc vai lentamente se precatan lo d • qu ' os verd adeiros fi ns ela Perestmil,fl •rum na rea li dade obscuros. Ta lvc1, nao l'Sll'.ͪ longe o dia em que a aulcnli ·id11d1· discutíve l ela retração cio com1111i s11111 ll'Vl' ic q ue e. ta não foi senão uma 1111·I11 II HI1 lose". •
V:
Subiaco: ber ço da Cristandade ocidental
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48 Ação Contra-Revolucionária
Nossa capa: Fotografia de Plínio Corrêa de Oliveira na década de 80
OUTUBRO 2 0 0 4 -
Nossa Senhora da Camáldula, Rainha dos Eremitas
Ca ro le ito r,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
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Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol. com.br Home Page: http://www.catolicismo.com .br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de OUTUBRO de 2004:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
To lerânc ia ou into lerânc ia? Devemos tudo tolerar? A intolerânc ia não teria um importante pape l na re press ão cio ma l? Q uando deve mos ser to lerantes, e quando into lerante. ? Cssc é o te ma da mal ri a lc capa da prese nte ed ição, cm que prestamos ho menage m ao in spi rador de Catolicismo e se u prin c ipa l co laborado r, o Prof. Plini o o rrêa de Oli veira - no 9° aniversári o de se u f'a lcc imc nto - , publi cando um a co letânea de tex tos de sua auto ri a a res pe ito cio ass unto. O te ma continua tão atu a l qu anto o era no período em que esses seus arti go s vieram a lume (entre 1941 e 1957), po is o Iibera! ismo de nossos di as adulte ro u co mpletamente o verd ade iro sentido das palavras intolerância e tolerância . É necessári o re fl etir sobre ambas e anali sá-las à luz da autê nti ca doutrina cató li ca, um a vez que, confo rme cada caso, podem ser consideradas co mo virtude ou pecado . Portanto, pode m consistir tanto num ato de amor de Deus quanto numa ofensa a E le, de pendendo das c ircun stâncias e do motivo. Muitas vezes o Prof. Plini o, inteiramente fi e l às suas convi cções católi cas, foi injusta mente tac hado de into lerante por muitos daque les que o combatiam ... intolerante mente . Mas, e m seus esc ritos e e m sua irrepreensíve l conduta de vida, fica patente um fato: e le poss uía integralme nte o di fíc il equilíbrio entre a tol erânci a e a intolerância. Nos di as de hoje, ser to lera nte passa muitas vezes por ser uma espécie de talismã. E os atributos de uma pessoa tolerante seri a m os melhores poss íve is: sensato, grande coração, espírito aberto, compreensivo. Por outro lado, o intolerante é considerado como reacionári o, estre ito, de temperamento malévo lo, fechado, vingativo , etc. Entretanto, muitas vezes, justamente aque le que se auto- rotul a tolerante o u equilibrado perde o equilíbri o emocion al di ante de opini ões contrári as ao que considera politicamente correto . Infe li zmente, muitos cató licos pecam por excess iva tolerânc ia diante das ofe nsas a Deus ! To lerando se mpre, o cató li co proc ura evitar atrito e acaba cedendo nas ocas iões em que deveria defender os ensinamentos pere nes da Santa Igrej a. Desse modo, os princípi os morais e as virtudes vão sendo esquec idos , chegando-se a to lerar qu ase tudo , inclusive a imoralidade, as heresias e as fa lsas re li g iões. Ex pressões popul ares como ser tolerante, .ficar en, cima do muro, ser politicam.ente correto, ceder para não perde,; acaba m transfo rm ando-. e c m norm as de vicia. Assim , to lera-se o ma l e tacha-. e d i11toler 111te a 1uc l q ue não de aos adversári os da Igrej a e não admite que De us s ja o f' ·nd i lo. A ex trao rd in ári a xp li ·itaçã.o d Plini o orr a I • li v ' ira sob re esse tão opo rtuno e atu a l t ma nos o i' r · · ' pr ' ·iosH ' indi sp ·ns/ivc l orie ntação, a fi m de não ·a irm s num f'·il so quil íbri o, j ul •n n lo 1u • s' d ' vc to lerar o inaceitável; e desab rmos cl is · ' rnir os 111 0 111 ·ntos · 111 qu ' s' lcv ' to le ra r, be m como aqu eles em que não se po I to le rar. Desej o a Lo los um a boa l ' itu ra . Em Jesus e Mari a,
9~
,7 DIRETOR
paulobri to @catolicismo , · Hll ,hr
N ão será a agitação da vida atual mi1 dos piores aspectos do inundo n1oderno? Ela não predispõe o hon1en1 à conten1plação e a voltar-se para a vida sobrenatural e ao seu fim último.
e
V ALDIS GRIN STEIN S
ha mou-me a ate nção a tranqüili dade com que veio abrir-me a porta um monge camaldulense. Nenhuma pressa, nada ele preguiça. Com seu hábito branco e barba crescida, ele parecia nada ter a ver com nossa agitada época, vi vendo descle já para a eternidade. Era justamente isso que o tornava tão atraente. Neste mundo de co rrerias, onde tudo é imedi ato (o e-m.ail, o celular, o fax e tantas outras co isas), fal ar com um camaldulense representa vo ltar a uma época o nde o te mpo caminhava vagarosamente. Vi sitar com e le o moste iro, assemelha-se a um film e e m câmera lenta. Tuclo se move, mas sem pressa. O cama lclul ense prestava atenção e m detalhes que os outros - o u sej a, nós, tri stes filhos das ve locidades - não perce bíam os . Ele ig ualm e nte se de li c iava com pequenos fatos - que para nossos nervos ag itados nada signifi cam - , co mo a direção do vento ou a cor da terra após passar o arado. N ão consideremos, poré m, que tai s fa tos sej am banali dades , obj etos da atenção ele quem nada tem a fa zer. À difere nça ela maiori a das pessoas ag itadas de nossos dia s, e le ti nha o tempo e a capac idade de pensar nos outros, oferecendo ág ua aos sede ntos, aconse lhando os aflitos, adiantando-se às perguntas dos curi osos. E curiosos era o que não faltava! Fiquei pasmo com a quantidade de pessoas que aparecem para vi sitar aquele mosteiro ca ma ldule nse. Poder-se-ia pensar que nossa é poca rej e ita o mundo da contemplação, mas, na realidade, nossos co nte mporâneos fi cam surpresos e atraídos ao encontrá-lo , mesmo quando não o entende m ...
Vicia voltada à eternidade Fiquei com a impressão ele estar fo ra cio te mpo. Tal impressão fo i reforçada qu ando e ntrei na linda igreja barroca do moste iro. Num altar do lado dire ito , observe i a image m de Nossa Senh ora Rainha cios Ere mitas. Que curi oso - pense i - , e la parece fa zer parte do coro cios
monges ... Com efeito, havi a doi s monges meditando no coro, sentados nas esta las. Eu não conseguia ver suas faces , mas apenas o hábito e a barba. Imóve is, qui etos, orando. E a imagem de Nossa Se nho ra ma is parec ia se r um te rce iro monge. Era a mes ma atitude face à vid a, o mesmo modo de pensar, a mesma tran -
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1 qüilidade. Uma espéc ie de viVer j á na eternidade. Po r quê? ., Há na co nte mplação algo medi ante o qua l as pessoas refl ete m este estado de es pírito. Ma is ainda. numerosos quadros e im agens de Nossa Senho ra representam-na pensando ou contempl ando, e não rea li zando a lgo co ncreto como ler, costurar, cozinhar ou conversar. Qual o valor da contemplação?
passa a imitá-lo, a vestir-se, a pentear-se (ou despentear-se ... ) como seu ídolo. E em re lação a Deus? Não é por excelênc ia o Ser di gno de ser admi rado e imitado nas suas pe rfe ições? Alg ué m poderi a objetar: "Eu vejo o ator de cinema, vej o o cant.or de TV, mas não vej o a Deus. Como vou admirar a quem não vej o?" A tal obj eção pode-se responder:
Êl'emo: oásis <le tranqiiilicla<le Eremita é aquele que vive num ê re mo, isto é, num loca l i olado. Dura nte tod à a Hi stó ri a, houve pessoas que se retira ra m à so li dão, para viver a sós com Deus. O pró pri o Nosso Se nh o r Jes us Cri sto ass im procedeu e m diversas ocasiões. Desde os prime iros séculos do cri sti anismo, houve pessoas que saía m das c id ades para vivere m na so lid ão. E, por vezes, organi zavamse e m moste iros . Ainda hoje ex iste m vári as co munidades de eremitas. U ma delas é justame nte a dos Eremitas Camaldulenses do Mont.e Carona, q ue possuem um lindo moste iro de 400 anos, próximo à c idade polonesa de Cracóvi a. Esse fo i o luga r de nossa visita. Essa orde m rei igiosa ex iste e m vários países da Euro pa e Améri ca. Os ere mi tas mo tra m que a co ntemplação, ou o desejo da contc m1 la ão , não é um impul so re pe ntino, ai 'º q u passa 0 1110 o vent o, mas ai >o qu ' l •va milhar ·s d ' p 'Ssoas ar ·nun ·i:ir n tud o ' a viv ·r •x ·l11 siva m ·nt • p;ini 1 ·us. Por qu ? S · Nossu S •nh oni d •v • s ·r nosso rnotl •lo, • 1ila d · di ·ava -s • ·sp •c ia lm · nt • à ·o nt •mplação, n1ío ,. isto o 111 •lhor'l o mo 1 · nsar q ue a Mã I D us sco lh ria a i o menos bom ? Vo ltamos à I crg unta j á fe ita: Q ual o va lor da contemplação?
Não sabemos a dmirar Quem ad mi ra algo, é natural que deseje se parecer com o objeto admi rado. Basta observar qualquer jovem moderno. Admi ra ndo determinado ator, habi tualmente
- C ATO LI C ISM O
O autor visitando os Eremitas Camaldulenses do Monte Corona, em Cracóvia
Ass im co mo um pintor se conhece por seus quadros, ou um compos ito r por sua música, ass im Deus se conhece por suas obras. E le colocou em toda sua cri ação (nos homens, nas instituições, nas ordens re li g iosas, na natureza e tc.) refl exos d'Ele. A ime nsid ade do mar, a gra ndeza das 111 ntanh as , o te rrível do furacã , a · ·rd ot ·, a f'o r ·a do milit ar, a ino · n ·ia du -riun ·11 , o ·l111rn1· d • u111 ·isn ', as ·0 111pl ·x itln tl ·s ti a 111 ·d i ·ina, as SL1t il ':t,as la t ·o lo •in, a •I · ,n n ·ia da lín 1 ua francesa, ct ·., ' I ·., tud o isso r fl e te a Deus de a l•uma fo rma. e não sa b mos vê-Lo em suas ri at ura. , é po rque não prestamos atenção . E se não o faze mos , é porque, e m larga medi da, nossa cultu ra de faze r tudo correndo nos predi spõe a um estado de espírito o posto à contempl ação.
Cfrculo VÍl'lllOSO Ta lvez um dos as pec tos pi ores do mundo moderno sej a justamente a oje ri -
za à contemplação, lançand n ssos conte mporâneos numa vida agitada. Pergunto: Nossa Se nhora era ass im ? Vi via agitada, de um lado para outro, fa lando com todo mundo, movendo-se em busca de a lg um dive rtim e nto, sem te mpo para meditação? Ou , pe lo contrári o, era calma, observadora, penetrante, contemplativa? Sim , e porque Ela co nte mpl ava, sabi a observar os refl exos de Deus nas cri aturas. Ass im , Ela compreendia melhor e amava a De us . E nte nde nd o- O , admi ra va -O cada vez mais. A admi ração, por sua vez, A tornava sum amente semelhante às perfeições divin as. Form ava-se desse modo um círcul o virtuoso, medi ante o qual a ação de entender atra i a de admirar. Um dos ataques que os liberais e anticlericais do século XIX costum avam ati rar contra os moste iro s co nte mpl a tiv os era: "Neles não se f az nada". Para tai s c ríti cos, meditar e contempl ar não era ver Deus, mas "viver sem. f azer nada". Importante para e les era agir, divertir- se, faze r algo concreto. Procurar dispor o espírito para to rná- lo seme lh ante a D eus, o Ser perfe ito e imutáve l, ho rrori zava os libera is. Co mo a ag itação é característica do espírito revo lucionário conte mporâneo, a decorrê nc ia é que nada se faz para a 1 ria d De us. Não é de estra nh ar, po is, q ue os ad ·r ·nl ·s dess · modo de :cr rcvo lu ·io nário, quando s • ·1prcscntcm d ifl nl ' I • 1 cus, pr ccba m q ue não têm seme lh ança o m Ele. Quem terá perdi do a vida: aq ue le que imi to u Nossa Senhora na conte mplação de Deus, ou que m passou a vida em ag itações? Peçamos a Nossa Senhora da ca má ldul a, Rainh a dos Eremitas, qu e nos conceda a lgo de seu modo de ser. E que nos conceda graças a fi m de qu , ao menos e m a lg uma parte do d ia, ·ons iga mos meditar as grandezas lo ri ndor e a vida etern a. • E-mail do aut o r:
· · •rittsl •iuN<1 ·uluild sm ~
A Ladainha Lauretana Avós a Salve Rainha, que se recita no filn do Rosário, é costume rezar a Ladainha taurélana, da qual
pub1icamos aqui alguns co1nentários muito apropriados "Entende-se por ladainha uma fó rmula santa de orações diri gidas a Deus por me io da invocação dos santos. Antes de tudo, roga-se a De us e à Santíss im a Trindade, como Auto r e Pai das misericórdi as. Pede-se em seguida, muito espec ialme nte, a inte rcessão da Vi rge m. Depois, como nas ladainhas dos Santos, suplica-se a todos, no minalmente ou em geral, que rog ue m por nós".
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A palavra ladainha é grega em sua origem, e significa uma súplica séri a e cordi al. [... ] Santo lrineu, di scípul o de São Po licarpo, teste munh a que as ladainhas j á estavam em uso em seu te mpo, e as deno mina uma súplica . Santo Ambrós io faz retroceder sua origem aos tempos apostó li cos e corrobora sua opinião com a autoridade de São Paul o esc reve ndo a Timó teo (1, 2- 1): Conjuro-vos antes de tudo que se.façam súplicas, orações, petições e ações de graças por todos os homens. Isto era sanc io nar as lada inhas e exortar vivamente a rec itá-l as. [ ... ] A hi stória não nos dá certeza algum a quanto ao auto r das ladainh as . Podemos dizer que são mais antigas que o mais anti go dos autores, porque pre tendemos que Deus mesmo é seu autor. [ ... ]
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Os fr utos e a utilidade elas ladainhas na Igreja de Deus são inumeráveis. Servi ra m para destruir os males da alma e do corpo; para faze r cessar as chu vas demas iado abund antes, as tormentas , os terre motos; para liv rar da fo me e da seca, da g uerra, dos assédi os ; para obter a abundânc ia dos fr utos da terra; para apar-
Casa destruída pelo furacão Frances . As ladainhas servem -nos também de proteção contra as ameaças da natureza .
tar outros vários ma les e para alcançar numerosos benefíc ios. [ ... ] Se me perguntais por que fo i consagrada especialmente uma ladainha à Santa M ãe de Deus, e por que a enriqueceram com privilégios, res ponder-vos-ei que isto foi, primeiro, por causa da dignidade especial da Mãe de Deus; segundo, por causa do amor especial da Igreja para com Ela; terceiro, por causa de seu favor e patrocínio, também especiais; e, quarto, para exc itar maio r devoção aos fi é is. [... ] Com efeito, se bem qu e os ouvidos dos santos es tej am abertos sempre para
todos os desgraçados, a Be m-aventurada Virgem nos é mais espec ia lmente prop ícia, como mais próx ima de Deus, a fo nte do amor; primeira e m di gni dade, superio r e m méritos e, sob todos aspectos, m ais amável. É, pois, mui di gno e mui justo que a ho nre mos com um culto espec ial e co m um a devoção maior, como à Patrona de um a di gnidade e de um poder também maiores".* •
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P. Ju stino ele Mi ec how, O.P. , ( 1594- 1640) , Conf erencias subre las Lelu11 ít1s de !t1 Sw1tíssi11 ,a Virge111, Mad ri d, 188 1, tomo 1, pp. 5 ss.
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reparar os pecados afro ntados contra Ela. Simpl es mente fo rmidáve l esse meu insupe r,1 ve l mestre. Saudades. (N.P.S.F. - SP)
Bl Muito dificilmente eu faç o al gum elogio às publi cações que recebo. l sso po rqu e se mpre e nco ntro g randes lac unas (me lho r se ria di zer heresias, po is lac un as são perdoá ve is · ao ser hum ano), que destoam gritante me nte da verdade. M as s into-me obri gado a fe licitá- los po r essa pu bli cação cató lica. Vocês representa m um importante contrapo nto às publi cações esquerdistas. Abram os jornais dos di as 8 ou 9 de sete mbro e vej am co mo abafaram essa data cente nári a e me mor áve l de nossa hi stóri a, qu e foi a co roação da Virge m Se nh o ra Ap arec id a. A m ag nitud e desse di a justifi caria deta lhad as reportagens com manchetes de prime ira pág ina e m todos os jo rn ais do Pa ís, afin a l e la é a Ra inh a do Bras il, qu e ira m o u não qu e iram os materi a li stas. Desej o-lhes sucesso e uma di stri bui ção c m mui to ma io r esca la da rev ista. (T.G.O. - MG)
Bl Sem co me ntári os. EXCELENT E!!!! (M.C. -Viseu, Portugal) A nova KGB <lo JJ
Coisas novas e hoas
Bl A intromi ssão go ve rn a me ntal com a fin a lidade de control ar as ati vidades jo rnalísti cas é INADMISSÍVEL e INDIGNANTE . Esse "controle" seria um mecani smo para filtrar as notícias. Só passari a po r esse "fil tro" aquil o que favorecesse o PT, e o notic iári o que mostrasse as me ntiras e ncravada. nas inform ações que se nos apresentam não pa. saria pela censura da nova KGB es tabe lec ida no Bras il , com o dito Conselho Federal de Jorna li smo. Ju sta mente neste País o nde os peti stas tanto gritaram contra a censura exercida pe lo governo militar. Se isso não é hipocri sia, não se i o que é ser hipócrita. Como se sabe, o texto desse contro le j á fo i enviado ao congresso, e por isso temos que gritar a inda mais fo rte contra esse novo des poti smo naz ista antes qu e seja tarde de mais. (R.C.M. - SP)
Ach o a revi sta muito boa mesmo, aprendem-se muitas coisas novas e boas. É maravilhosa, e tudo nela está em ordem. (J.N.K. - SC)
Contl'ole externo <la imp1·e11sa
Bl "Lei da Mordaça na impre nsa" ! "Jornali stas amordaçados" ! E m que país estamos? E m alguma ditadura do Caribe? E m algum a nação governada por algum tirano da África? Ou em algum a nação fund amentali sta c hefiada por aiatolás barbudos? Não. Esfrego os o lhos e vej o cm no.- . os jorna is notíc ia . ob re is ·o no pró pri o Bra il. Pod ? (P.E.N. - SC)
Incenso, cspad;, e vela
811/)IIIJl)fl
O Prof. Plini o, insup ráv I m stre, aborda o assunto d Apa recida por um lado inesperado e que me atisfoz imensa me nte. S ua pe na a serviço da Rainh a do Bras il tra nsforma-se por vezes em espada de M ari a Sa ntíss ima, por vezes e m incenso de lo uvo r, por vezes e m vela se mpre acesa pa ra
M As bio ra fi as d· . 'ã o 13 ' nto e
-CATOLICISMO
Caminho de salvação
Bl Essa revi sta é de sum a impo rtância para nós cri stãos, poi s nos abre um ca minho para a salvação. (A.P.B. - RS)
Dispensa palavrns
Qllet'CJJ(IO Oll 11ão Qllel'endo
de Aquin o, deva m e r es qu ec idos. (J.C.F. - DF)
anto A os ti nho vc i ·ul adas na s r vistas ato li c ismo es tava m supimpas. A rev ista deve continu ar co ntando a histó ri a desse · sa ntos , porém privilegiando aqu e les ma is co nhec idos do povo bra sil e iro. l sto não signifi ca que outros, co mo Santo To más
A /Jura realidade
Bl Leio todas as rev istas que chegam. Todos os temas abordados são a realidade da vida que es tamos atravessa ndo no mo mento, sendo qu e a cada momento temos novas surpresas, mas nada podemos fa zer a não ser orar. (M.C.C.R. - MA)
P1·iscilia11istas e /Jonatistas
Bl Prime iramente gostaria de parabenizar esta be la revi sta, que indubitavelmente é a me lhor entre as publicações de peri ódicos e revi stas católi cas. Catolicismo informa, denunc ia, ensina de forma magistral seus le itores, e ainda ajuda a nos aca ute lar contra peri gos, sejam eles heréticos, apóstatas e até da tri ste "esque rda cató li ca". E nfim, Catolicismo hoj e é a revi sta mai s compl eta, inteli gente e di nâmica que exi ste no me io cató lico. Aproveito para tirar duas dúvidas: no nº 644 na seção "Vidas de Sa ntos", o nde abo rdou a vida de Sa nto Agostinho, gos tari a c u de saber o qu fo i e qu em ram os " pri s ili ani stas" e os "do na ti stas" . aso sta ·arta venha a ser pu bli ·a la, exprimo a vo ntade e o dire ito de que o meu no me seja publicado. (Marcelo Albuquerque Magalhães - SP) Nota da Redação : Priscilianistas: seguido res lc Pri sc.iliano (345 -385), nasc ido na Espanha, ho me m e nge nh oso e mul herengo, aderiu à doutrin a nós t i ·a e fundo u,
por volta do ano 379, uma seita de fund o maniqueu, que leva seu nome. Segue transcrição de um trecho de conceituada obra do sacerdote jesuíta, Pe. Bernardino Llorca, que sinteticamente nos esc larece sobre tal seita: "Em princípio do século IV, f ormou-se entre os católicos espanhóis wna espécie de sociedade piedosa, na qual tomavam parte clérigos, cascuios e solteiros, intimamente unidos, e que se cha,na vam mutua,nente irm.ãos. Prof essa vam a pobreza e a castidade. No início apenas se percebia neles um certo fan atisrno ou exage ro perigoso da piedade. Mas na seg unda metade do século IV, juntouse ao rnovimento e tornou sua direção Prisciliano, homern rico, inquieto e sonhado,'. Com grande engenho e extrao rdinária ati vidade, ganhou rapidamente muitos adeptos e f oi dando à seita um caráte r cada ve z ,nais misterioso e extremista. Logo juntaram-se a eles dois bispos, lnstancio e Salviano. O prirneiro que percebeu o perigo da nova seita fo i o bispo Higinio, e, pouco depois, ldacio de Mérida, que iniciaram uma f orte polêmica. Reuniu-se um sínodo em Saragoça, em 380. Nele não se apresentaram. os priscilianistas, mas f oram condenados lnstancio, Salviano e Prisciliano. Além do mais, o Sínodo anatematizau uma série de práticas, que indicam. a f alsa mística a que se entregavam ". (Bern ardino Llo rca, SJ, Manual de Histo ria Eclesiastica, Editorial Labor S.A. , Barcelon a, 1942, p. 2 18). *
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Donatistas: seguidores de Donato de Casae Nigrae, cog nomin ado o grande. Segundo eles, a verdadeira igrej a só poderia ser composta por "ele itos", e os bati smos poderia m ser conside rados vá lidos apenas se efetuados por e les. A e loqüênc ia de D onato e mpolgava as pessoas, leva ndo seus ade ptos a rec usar obediê nc ia a qua lquer outro qu e não a ele própri o. Dec larava qu e a sucessão apostó li ca
tinh a sido que brada, qu e todos os bispos da Europa e da Ás ia eram c ism<lti cos e que a fé cri stã residiria só ne les mes mos. Abaix o, transc ri ção de outro trecho, da obra acim a me nc io nada, sobre esses hereges fa náti cos, contra os qu a is leva nto u-se o g rand e Sa nto Agostinho: "A base do donatismo era o princípio de que a eficácia dos sacramentos depende do estado de graça do ministro. Portanto, seg undo os donatistas, são inválidos o batismo e a ordern adm.inistrados por um herege ou pecador: Por isso, eles rebatizavam. aqueles que se convertiam. à sua seita. Supunha também que a verdadeira Igrej a só devia cornpreender mern bros puros e lirnpos. Os pecadores deveria,n ser lançados f ora dela. Mas a ocasião e verdadeira causa desse ,novimento f oram m.uito distintas. Em princípios do século IV, f ormou-se em Ca rtago (África) wn grupo de exaltados, que se opuseram ao bispo Mensurio e a seu arquidiácono Ceciliano. Com a morte de Mensurio, no ano 311 , fo i eleito bispo o arquidiácono Ceciliano; este propiciou ocasião ao grupo citado para rebelar-se contra ele. A abna do levantamento era Donato; mas a ,natrona Lucila, com seu ouro e o ódio que p rof essava ao no vo bispo, f oi quem ,nais contribuiu a dar-lhe f orça. O f ato é que o grupo de D onato, ao qual se uniram todos os descontentes, reuniu um conciliábulo em Ca rtago em 312, e nele depuseram Ceciliano, escolhendo Mayorino para ocupar seu cargo, e três anos depois, o próprio Donato." (Bernardino Ll orca, SJ, Manual de Historia Eclesiástica, Editorial Labor S.A., Barcelona, 1942, pp. 173, 174).
INMEMORIAM
José Carlos Peruzzi entrega sua alma a Deus
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a leceu no dia 14 de setembro pp ., em Bu enos Aires, acometido ele embolia pul monar, o Sr. José Carlos Peruzzi, exe mplar e dedicado membro ela TFP brasileira. Entrou na entidade em 1969, na cidade pauli sta de São Bernardo do Campo. Durante esses 35 anos continuou, sem nenhuma vacilação até seu falecimento, sempre fiel aos ideais do fundador da TFP, o Prof . Plin.io Con'êa de Oliveira. Entre suas várias virtudes, podemos sem dúvida destacar a dedicação, o entusias mo e a lealdade. Con sagrado a Nossa Senhora desde 1969, fez de sua vida uma luta dedicada em prol dos ideais da tradição, famíli a e propri edade, atuando sempre como voluntário e disp o nd o ap enas do necessá rio para viver. Poder-se- ia di zer que tinha uma autêntica alma de cavaleiro , poi s nele aliavam-se numa bela harmonia a fé católi ca e o ânimo de cruzado, repudiando inteiramente a traição e a prevaricação. Manifes tou ele várias vezes, entre os valores que mais prezava, a condição de filh o espiritual de Plínio Corrêa de Oliveira. Durante as duas últimas décadas, atuou denodadamente na Argentin a em defesa dos valo res básic os da Civilização C ristã no país irmão.
OUTUBRO 2004 -
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Pergunta - Nasci e fui educado numa família católica. Graças a Deus, recebi de meus pais e meus avós uma educação católica muito voltada para os princípios defendidos pela revista Catolicismo. O senhor não tem idéia da vida maravilhosa que tive em minha infância, po1· causa da Virgem Maria. O fato é que meus avós morreram, meu pai foi assassinado, e aquela família patriarcal e autenticamente católica foi abalada, eu particularmente passei por momentos terríveis de depressão. Sem perceber que estávamos fazendo uma grande bobagem, fomos levados a apoiar e até a votar na esquerda neste País. Como sempre fomos católicos praticantes, sempre rezamos o terço em família todas as noites, sempre percebi que aquele mundo, aquela s promessas, no fundo não me atraíam e em nada lembravam a vida 01·deira de outros tempos. Cheguei ridiculamente a me filiar no PT. Porém, graças a Deus, conheci a revista Catolicismo. Tenho acompanhado e estudado seus artigos, e isto me fez reconhecer e voltar atrás em meus e1..-os e da minha família. Desde então me livrei da depressão, parei de apoiar a esquerda , estou recuperando a auto-estima, pois até isto eles me tinham tirado. A coerência dos [seus] ensinamentos me abriram os olhos, descobri que os valores que os srs. defendem me são intrínsecos e CATOLICISMO
sempre estiveram presentes em mim. Hoje me sinto muito melhor, o fato é que eu não percebia que estava sendo alienado por elementos progressistas da esquerda católica que têm como objetivo levai- a sociedade ao caos, à guerra civil, à luta de classes, com o apoio até de pessoas honestas, que são levadas pela mística socialista a achar que em nome do social podem-se perverter os verdadeiros ensinamentos cristãos. Ainda tenho grandes problemas em família, e gostaria que o senhor me desse alguns conselhos [o missivista narra um assunto particular]. Pode-se fazer justiça com as próprias mãos, quando o Estado não o faz?
Espern ansioso 1>or sua resposta, e reze por mim e minha família. Eu também rezarei pelo senhor. Peço que continuem com o trabalho de levar a verdadeira Religião Católica à nossa Pátria e a ajudar outras pessoas. Que Deus o abençoe. Resposta - Quis transcrever a pergunta do consulente praticame nte na íntegra, poi s ela constitui um retrato autênti co da situação de muitas fa míli as católi cas no Brasil hod ierno, profundamente abalad as pela atuação do esquerdi smo e do progressismo católico. E ao mesmo tempo, da resi tência que a for mação cató li ca tradi cion al oferece a essa in vestida contra a Igreja e a C ivilização Cri stã. Neste ponto, a ca rta fa la por si e dispensa maiores comentários.
Quanto à pergunta que e le nos diri ge, deve mos responder que a moral cató li ca, e mbora defenda o direito de legítima defesa, não permite a justiça pelas próprias mãos. O exercíc io da justi ça deve ser normalmente um atributo do Poder constituído. Mesmo em épocas em que este Poder prati ca mente des morona e fica imposs ibilitado de exercer suas fun ções, como hi storicamente ocorreu por ocas ião da queda do Império Romano do Ocidente, fora m se constitu indo organicame nte poderes loca is, que exerciam o governo e a justiça, não cabendo aos indivídu os exe rcê- la po r s i mes mos. O Brasil , ainda hoje, constitui um Estado de Direi to, pelo que não é lícito faze r (ou mandar fazer) justiça pelas próprias mãos. O consu-
lente deve pois rej eitar firmemente as pressões que vie r a receber nesse sentido, salvaguardando naturalmente o direito sagrado à legítim a defesa pessoa l, de sua famíli a, de seus be ns de fo rtuna (sendo eles cons ideráveis) quand o, por razão de e me rgência, por exe mplo, não cabe rec urso à autoridade públi ca. É verdade qu e o Brasil vai derrapa ndo in sensi ve lme nte para o solapamento desse Estado de Dire ito, co mo o provam, entre outros fatos, as j á rotineiras invasões de terra promovidas pelo MST e movimentos co ngê ne res, e as cerca de 25 0 reintegrações de posse às quai s, embora dec retadas pelo Judiciári o, os Exec utivos esta duai s não dão cumprimento. É um fato gravíss imo, que aponta para hip óteses preoc up a ntes e co ntraditó ri as, co mo a poss íve l ec losão de um g rave co nflit o soc ia l e m nosso Pa ís, co m s ua im e rsão no caos o u a implantação de uma ditadura provave lme nte de esqu e rd a, qu e na fím bri a do hori zo nte de ix a aparecer o ri sco de uma verdade ira g ue rra civil. Os j o rn ais brasileiros es tão c he ios de graves alertas nesse sentido, se não fore m tomadas e m tempo prov id ê nc ias pa ra a proteção do in stituto da propriedade privada . Nesse panorama, é líci to - e, conforme o caso, um deve r - acionar todos os me ios lega is possíve is para que a justiça sej a feita, e sobretudo para que se modifi quem as absurdas condições atua is e m que vive o Brasil ; mas não fazer justiça por si mes mo, a não ser, repetimos, quando se impõe a leg ítima defesa.
Pergunta - Tenho grande respeito e consideração pelo Sr., e tenho certeza tratar-se de uma das pessoas mais inteligentes e eruditas que compõem a Igreja Católica nos dias de hoje. A primeira coisa que leio na revista Catolicismo são os seus comentários, sempre sábios e educativos. Entretanto, desde criança tenho uma dúvida insistente, qual seja, se é verdadeira a afirmação de que São João, o discípulo preferido de Jesus, ainda é vivo na carne até hoje. Resposta - Tenho a convicção de que qualqu er sacerdote de formação tradicional responderia do mes mo modo as perg untas que lh e fossem apresentadas , se estivesse no me u lu ga r, de modo que o mi ss ivi sta não tem por que deter-se nos e logios que me dirige. Se os re produzo aq ui , é ape nas para es timul ar meus co legas de sacerdócio a que não te mam tomar a pena para escrever em defesa da doutrina tradic iona l da [g reja, pois tais escritos atraem o reconhec imento e a benevolência dos verdadeiros fiéis . Quanto à dúvida sobre o destino de São João Evangelista, ela está registrnda nos versículos finais do próprio Evangelho desse Apóstolo: Pedro, tendo-se vollado, viu que o seguia aquele discípulo que Jes us ornava, o qual na Ceia estivera reclinado sobre o seu peito, e lhe perguntara: "Senho1; quem é que o há de entregar?" Por isso Pedro, vendo-o, disse a Jesus: "Se nhor; e des te, que será?" Disse-lhe Jesus: "Se eu quem que ele.fique até que eu venha, que tens com isso? Tu, segue-me". Correu logo esta
voz entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não dissera a Pedro que ele não morreria, mas sim: "Se eu quem que ele fique até que eu venha, que tens com isso? (]o 2 1, 20-23). A discussão deste trecho é objeto de muitos vais-e-vens entre os exegetas. Grandes santos, co mo São Francisco de Sa les, Doutor da Igreja, o interpretam como se São João ti • vesse sido realmente preservado da morte e levado preternatu ra lmente para algum lugar descon hecido. Outros julgam que e le se juntará a Enoch e Eli as no combate ao Anticristo no fim do mundo. Outros ainda fa lam numa possível vinda de São João para uma renova-
A exegese atual tende à interpretação de que São João morreu, como os demais Apóstolos.
ção da Igreja, hoje tão provada e m sacríl ego processo de "autodemolição " (cfr. Paulo Vl). São hipóteses grandiosas que não devemos desdenhar, inclusive por respeito aos grandes santos que a defenderam. Porém a crítica hi stórica e a própria crítica exegética do último versículo citado (23) é tendente hoje a interpretar que São João morreu, como os demais Apóstolos, sendo seu túmulo apontado na cidade de Éfeso. No dia do Juízo Final, tudo se esclarecerá! • E-mail cio autor: m br
OUTUBRO 2004 -
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Na Austrália: volta à sadia ordem familiar
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a Austrá li a, até líde res fe mini stas radi cai s
"estão começando a lamentar as obscuras conseqüências da liberdade sexual", declarou o
lgl'ejas católicas atacadas pol' 1·ebeldes imquianos
mini stro da Saúde Tony Abbot. De fato , generali za-se no público a idéia ele que a prática do aborto fo i da nosa ao país. A matança dos inocentes ati nge no país a cifra de 100 mil vítimas por ano. Segundo o j orna l "The Australi an", o mini stro disse que "o legado de uma sociedade
e
inco igrejas católicas e o seminário de São Pedro foram bombardeados em Bagdá e Mossul (norte do Iraque). Os atentados ocorreram na saída das Missas, num domingo pela
perm.issiva - .famílias qu ebradas, doenças mentais - sugere que os antigos 'tabus sociais' tinham certa razão". A Austn"ília aca ba de
Construção de castelo medieval: multidões afluem
E
m Guédelo n, na França, está se nd o e ri g id o um pequeno castelo seguindo estritas normas de construção med ievais. O obj et ivo é testar as teorias atua is sobre as técni cas arquitetôni cas da Idade Médi a: as matérias- primas são extraídas das redondezas; não se usa c ime nto; não há caminhões, guindastes ou motores; cava los e asnos da reg ião faze m o transporte e a tração; os utensíli os fo ra m fabri cados no loca l. O s ope rários vestem roupas ele é poca e ap re ndera m a ta lh a r manualmente a pedra. E les se
e
co ns idera m fe li zes traba lh a nd o ass im . Mas não só e les estão conte ntes. Desde que o ca nte iro fo i abe rt o ao púb l ico e m 1998, 700.000 pessoas, in c luind o 80.000 cr ianças , j á o v isita ra m. Só e m 200 3, foram 183.000 os vi s ita ntes. Co m a re nda das e ntradas, a des pesa es t,"í coberta. O at rativo susc itado no públ ico pe la ordem medi eval fez os o rga ni zadores in c luíre m o utros e le me ntos historicamente típ icos. Seria o caso ele indagar: que construção modern a atrairia tanto público? •
Americanos reieitam o chamado 11 casamento" homossexual
om escanda loso estarda lh aço, a mídia mundi al informo u a reali zação de mi lhares de "casamentos" homossex uais, o fi ciados pela prefeitura de São Francisco, na Ca li fó rni a. Mas, de fato, tudo não passou de uma violação legal. A Suprema Corte ca liforni ana estabeleceu que o prefeito afrontou as le is estadua is, e que ele não tinha poderes para registrar tai s " uniões". Em conseqüência e las são nul as, não produ zindo efe ito lega l. Ainda nos EUA, 7 1% da pop ul ação el e Mi sso uri e 78 % da
CATOLIC ISMO
Lou isian a, aprova ram em plebi scito que se incluísse na const itui ção estad ual o prin c íp io de que matrimôni o é só entre homem e mulher. Outros pleb isc itos derrotaram o "casamento" homossex ua l nos estados el e Ne bras ka (67 % ), Havaí (69 % ), A laska (70%) e Nevada (7 1%). Poré m, a ofensiva homossexual não arrefece, sendo vigorosamente apoiada pe la mídi a. E notícias contrárias, corno as citadas acima, são sistematicame nte sonegadas ao público em todo o mundo. •
aprova r le i que só aceita o matrimônio entre homem e mulhe r. Essa legislação excl ui qualquer outro tipo de " uni ão" e desconhece os "casame ntos" antin atura is rea li zados no ex terior. •
Vestes tradicionais e moralizadas: anseio dos nigerianos
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Gruta onde possivelmente São João Batista viveu
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arqueó logo britânico Shimon G ibson descobriu urna gruta a oeste ele Jeru salém. De aco rdo com a trad ição, São João Batista teri a morado, pregado e bati zado naq ue le loca l. Na g ru ta há um entalhe típico da iconografia bi zantin a re presentando o P rec urso r cio M ess ias . Até o século V, o lugar foi obj eto de culto ca tóli co, segun do se deduziri a das inscrições. Foram ex traídos cerca ele 25 0.000 frag mentos de va lor arqueo lóg ico. Caso seja confirmada, é si ntom áti co que a preciosa descoberta ten ha corrido nos d ias de hoj e. Po is há ana log ias ntr ' a pregação de São João Bati sta e a rn nsa m de No.·. a Senh ora e m Fáti ma, no.· t mpos atuais. O Precursor profetizo u o fim d· um u •poca e o início de nova, co m a vi nd a imin ·nl · do Messias. Nossa Senhora anun ·iou · 111 Fátima o fim ca lamitoso ele nossa ·ru d · pe ·ado e rejeição de Deus, e o iníio dor ·i ,wdo d· seu Imaculado Coração. •
o Bras il observam -se moelas imora is e vu lgares, ap resentadas como man ifestação da cultura qfio o u in spiradas na África. Poré m, no mais populoso país africano , a Nigéri a, as novas modas são rec usadas e ganh am terreno as vestime ntas tradicionai s, coloridas, ori g in ais e mo ra li zadas . Atendendo aos protestos dos fi é is, o Arceb ispo de Lagos, capita l cio país, Card ea l Antônio Okog ic , in struiu os sace rdo tes para inte rdi tar nas ig rejas "mo-
das que promovem a luxúria e a imoralidade". Segundo o " New Yo rk T im es", a ma io ri a d as mulh e res ni ge ri a nas qu er usa r na casa de Deus ro upas tradi c iona is do pa ís, que co nsistem e m co lorid as blu sas e ves tidos longos , be m corno e laborados vé us ele brocado o u tafetá. Os home ns portam a tradi c ional vestim enta masc ulin a ni geri a na, espéc ie de a mpla tú ni ca bordada, co nstituída de leves brocados o u te rn os oc ide ntais . •
manhã . Morreram 13 pessoas, inclusi ve duas crianças, e mais de 50 ficaram feridas . Esses crimes praticados contra famílias indefesas patenteiam a verdadeira finalidade do terrorismo islâmico, todo ele atualmente eivado da doutrina marxista: extinguir a verdadeira Igreja de Deus . Os católicos
no Iraque são 600 .000, constituindo 2,4% da população. Muitos falam ainda o aramaico, língua empregada por Nosso Senhor Jesus Cristo . Mais de 40 .000 católicos exilaram-se por causa do terror. Quem, no Ocidente, se condói com os sofrimentos desses nossos irmãos na fé? Os tão apregoados "direitos humanos" não se aplicam a eles, só porque são católicos?
Alemanha: apologia do canibalismo em canção rock
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a Ale manha, maca bra canção
burgo, que esqua rtej ou e deglutiu
rock - in sp irada na espantosa hi stó ri a cio canibal de Rotem-
um cúmpli ce com req uintes ele sadi smo - ocupa o segundo lugar na li sta el as mai s vendid as. A música foi cri ada pelo conjunto Rammstein, el a parte ex-comun ista ela A le manha. Segund o a rev ista " De r Sp iegel", o "sucesso" é urn a amostra típica "do estado
em que se encontra a indústria do ent reten.ún ento ". Parafrasea ndo co nhec ido ditado popu lar, poclerse- ia dizer: "Dize-me o que can-
tas e dir-te-ei quem és ". • Acima : igreja atingida por carro-bomba
OUTUBRO 2004
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.li Nova Justiça Agrária. A quem aproveita? Fcstejada peJa esquerda, a proposta de criação de uma Justiça
DESTA UE
Putin tende a instaurar ditadura à moda soviética
Agrária vem causando preocupação, especialmente entre os produtores rurais, pela possibilidade de favorecimento do MST I
GREGÓRIO VIVAN CO LOPES
pres idente Lui z Inác io Lul a ela Sil va sug.e riu ao pres idente do Superi or Tribunal ele Justiça (STJ), Eclson Yidiga l, a criação de uma Justi ça Agrári a espec iali zada em questões ligadas à terra . Yicligal considerou a proposta de Lul a uma "preocupação democrática", e disse que será necessária a inclusão de um di spos iti vo na Constituição para garantir a criação das varas. Para ele, deveri am ser cri adas num primeiro momento 70 varas especiali zadas em conflitos agrári os. A proposta deverá ser acatada pelo Conselho ele Justiça Federal. * Éclaro que, consideradas em si mesmas, as varas agrári as constituem um di spos itivo judicial legítimo, a ser apreciado ele acordo com as conveniências do País. Mas, segundo o noticiário da imprensa, o pres idente estaria preocupado com os conflitos agrários, principalmente com o aumento das invasões promovidas pelo Movimento dos Sem-Terra (MST). Há um temor de que a violência no campo possa se espalhar, o que ex igirá uma ação mais enérgica dos governos estaduais e até mesmo cio governo federal. Este é um ponto considerado muito deli cado para o Planalto, que não quer abrir mais uma frente ele atritos com aliados. A julgar por essa impostação cio problema, as varas agrári as favoreceri am o MST. Pois o governo, não querendo ter mais atritos com seus ali ados invasores ele terras, descarregaria sobre a Justiça a incumbência ele favorecer o MST. Como se sabe, sistematicamente as pesqui sas ele opini ão most:ram uma rejeição avassaladora elas invasões, e dessa forma o governo se livraria cio desgaste que produz essa estranha ali ança diante ela opini ão pública brasileira.
RC/JCl'CllSSÕCS
"ª csqucnla
A proposta tem tudo para alcançar boa acolhida nos arra iais ela esquerda católi-
CATOLICISMO
ca. Primeiro sintoma di sso fo i a declara-
ção cio conhecido advogado Daimo Dallari , ele que "a iniciativa é muito boa". Também o pres idente cio Incra, Rolf Hackbart, considerou a proposta "positiva". O líder cio MST, João Pedro Stéclil e, faz seu papel ele apresentar-se sempre descontente co m as espantosas concessões cio governo, e pede ainda mais. Para ele, a cri ação elas novas varas é insuficiente para desencadear a Reforma Agrári a. O pres idente cio Tribun al ele Alçada Crimin al (TAC R[M ), José Renato Nalini , declarou-se contrá ri o à cri ação ele uma Justi ça Agrári a. " Fico a.flito com. a idéia [ela cri ação elas varas agrárias], porque j á temos cinco justiças: a Estadual, a Federal, a Trabalhista, a Eleitoral e a Milita,: Não é muito m.elh or ultimar a refo rma do Judiciário e responder a esses reclamos e outros tantos que existem ?"
Essa preocupação tem afl orado um pouco por toda parte. Há um descontentamento generali zado co m a omi ssão elas autoridades no que se refere às invasões ele terras, que no governo Lul a já al cançaram índices recordes. Apenas no primeiro semestre ele 2004, ultrapassaram os 250 casos, tendo sido pouco mais ele 220 durante todo o ano passado. E o MST e congêneres ameaçam aumentar a dose. Veja-se, por exempl o, a seguinte mensagem publi cada na coluna ele leitores de um matutino pauli sta: " Com a mais nova idéia do presidente Lula, a de criar a Jus tiça Ag rária - que, com certeza, vai proteger os revolucionários do MST, julgando se esta ou aquela invasão é legal - , que se cuidem os prop rietários de terras. Pois sem. Ju stiça espec(fica o MST conseguiu, neste ano, o reco rde de invasões - e da qui para a fre n te se rá p io r. (wag ner@orerna.com.br)".
Em 4 de setembro, o jornali sta Cesar Giobbi escreveu a respeito cio assunto: "É
preciso lembrar que [. .. ] a criação de mais uma vara representaria um aumento imenso de custos d a Jus ti ça bras ileira; que (in)Justiça Agrária já existe no Brasil, desde o mornento em que o que é crime para qualquer cidadão (invasão e destruição da propriedade privada) não é crime para o MST".
Pcl'igo: justiça alternativa O Mini stéri o do Dese nvolvim ento Agrári o está tendo difi culdade para cumprir a meta anunciada de assentamentos no País. O que não é difícil de entender, pois a Reforma Agrária é um processo desenvolvido ele modo cerebrino, com efeito estati zante, mais para sati sfazer os pruridos ideol óg icos elas esquerdas, especialmente ela esquerda católica. Tal dificuldade do Mini stério seri a um ótimo pretexto para o aumento de invasões. E com o recrudescimento delas , estari a justificada a cri ação elas novas varas agrárias. Como serão escolhidos os juízes que deverão levar a cabo essa incumbência ? O ri sco é serem recrutados na escola ela chamada justiça alternativa, a qual se di z voltada espec ialmente para os aspectos soc iais - e não jurídicos - dos problemas, mas na verd ade tem favorec ido a esq uerd a. Nessa hipótese, os proprietári os ru rais serão os grandes prejudicados. O normal seri a que as autoridades protegessem os legítimos proprietários contra os invasores. Mas tal atitude, por ser lógica demais, parece afastada. É de se temer que, a pretexto de evitar conflitos e atender a "problemas sociais", as novas varas agrári as venham a dificultar ainda mais as reintegrações ele posse e criar condi ções que tornem impraticável produ zir alimentos para o bem do Brasil. •
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E-mail do autor: gregori o @catolicismo.com.br
* O tema tem sido abordado pela imprensa. Veja-se noti ciári o em "O Estado de S. Paulo", 2 a 6-9-04.
Ü bárbaro atentado contra uma escola na Ossétia do Norte, que causou a morte de quase 400 pessoas, na 1naioria crianças, dá ensejo a 1nais um episódio da 1netamorfose do con1tmis1no t.1anclo a mídia despejou um noticiário respingando sangue a respeito cio inumano massacre na escola ele Bes lan (Ossétia do Norte, Rú ssia), o Ocidente foi atingido por choque aterrorizad or que pareceu parali sa r as mentes. Os relatos cio drama pouco ou nada esclareciam sobre aspectos essenciais do acontecimento, assemelhandose mais a um novelo de inverdades e hipóteses contraditórias. Afinal , o que permanec ia no espírito era o brutal impacto cio sangue e do medo. A jornali sta Cora Rónai desc reveu o efeito que o conjunto informativo lhe causou : "Não consigo acredita r numa
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única pa la vra do que diz o Krernlin. [. .. ] Não acredito que os seqiiestradores da escola f ossem. separatistas chechenos, não acredito que f ossem da Al-Qaeda [. .. ] nem que os.fatos aconteceram com.o se diz. Não acredito em nada". 1
Anna Politkovskaya, especialista russa ela Chechêni a e crítica de Putin , viajou para a Ossétia logo que soube ela tomada dos 1200 reféns. Apenas bebeu um chá a bordo do avião, des maiou du rante o vôo. Em terra, os médi cos constataram envenenamento. O editor-chefe cio /zvestia, Raf Shakirov, foi demitido por criti car a ação cio governo em Beslan. O radialista Anclrej Babitsky foi preso, julgado e condenado pela polícia no aeroporto de Beslan, para que não cobrisse os fatos. 2 Putin veto u a rea lização de inquéri to públi co. E res pond eu enco leri zado e ele punhos cerrados, bem ao estil o ele Kruchev ou Breznev, a jornalistas oc identais que ousa ram interrogá-lo a respeito. Segundo " Le Monde", na Rú s ia corre a voz de qu e o momento é análo-
Menino foge da escola de Beslan em meio a militares ru ssos
go ao que precedeu aos ex purgos ele Stalin nos anos 30.3 *
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Na vida real, uma confusão tão completa é coisa rara. E, caso se considerem os sórdidos a.J.tifícios ensinados nas escolas ela KGB , onde se fo rmaram o presidente Putin e o cerne da sua equipe, levanta-se a suspeita de um plano arquitetado. Com efeito, a polícia secreta e os mini stéri os do Interior e ela Justiça tinham j á preparado um pacote ele leis que consumava a ditadu ra. Fàltava- lh es o pretexto, e o massacre inco mpreensível de Beslan parece ter vindo de enco menda. Putin em pessoa anunciou o plano prev iamente elaborado. Este visa pouco o co mbate ao terror, mas transforma o pres idente num omni arca, com poderes sufi cientes para neutrali za r os úl timos fi apos ele oposição no Parlamento! 4
O novo amo de Moscou ameaço u com ações "pre venli vas" - atos de repressão estarrecedora , co mo os prati cados na Osséti a ! - em qu alquer parte do mundo. Putin acabou sendo o grande benefi ciado pela tragédia de Ossétia. Cerceou, como planejava, as liberdades políti cas que restava m, conso lidou o impéri o ela ex-KGB e, como nos tempos ela URSS , tran sformou o Kremlin numa centra l que ameaça o Ocidente. Eis, ao que tudo indi ca, o mais recente ca pítul o da me tam o rfose do comu ni smo. •
Notas:
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1. "O Globo", Rio de Jane iro, 9-9-04.
2. "Jorn al cio Brasil ", 7-9-04. 3. " Le Mond e", Pa ri s, 5-9-04. 4. "O Esraclo de S. Paulo", 14-9-04.
ÓUTUBRO 2004 -
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A alternativa nas próximas eleições americanas F ace ao caos: freada ou aceleração? Eis o problema que se coloca a propósito das próxhnas eleições nos Estados Unidos. Naquele país e no mundo, cresce a reação conservadora. o que irrita as esquerdas. Luís DuFAUR magine, caro le itor, que numa arena combatem doi s adversários be m treinados. Sinuosos ou incisivos, amáveis ou truculentos conforme se apresente a ocasião, assessorados por técnicos, publicitários e marqueteiros experientes. A platéia está repleta de participantes, e o ve ncedor a inclinará para o seu lado. De fora, junto a colossais telões e trios-elétricos, simpatizantes de um e outro combatente di scutem fogosamente, aplaudem e vaiam. Em torno deles, a multidão curiosa e intri gada tudo observa. Porém, algo não funciona bem. Quando um dos antagonistas empreende um lance, o sistema de som emite ruídos agudos, tre mem as te las, há interfe rênc ia de vozes confusas. Quando o outro vibra um golpe, os problemas cessam e tudo corre às mil maravilhas. Muitos na multidão, embora quisesse m entender o que ocorre, cansam-se, dormitam, ingere m gul oseimas , consul tam o relógio e se perguntam quando essa balbúrdia terminará, para voltare m logo para suas casas. Contudo, são retidos pela percepção confusa de que ali se dec ide algo que afetará até os mais dorminhocos e desinteressados.
Esta<los Uni<los: pola,'ização ca<la vez maior É essa a image m qu e se depree nde da campanha e leitoral pela presidência _da nação norte-a me rican a, às vésperas da votação de 2 de nove mbro. A máx ima potê ncia material da Terra debate que m a governará nos próximos quatro anos. N a arena, di sputam o pres ide nte George W. Bush, do Partido Re publi caCATOLICISMO
no, e o se nador John F. Kerry, do Partido Democrata. Na platéia dos políticos e na o pinião pública americana, que segue de perto a ca mpanha , a polarização é acentuada. O s de mocratas acusam os republicanos de serem uns interioranos atrasados e morali zados, que acreditam na luta entre o bem e o ma l, qu e defen.dem tena z me nte a família, a vida , a moral , a propriedade privada, o patriotismo e as tradições americanas. Em suma , tudo o que o multimilionário esquerdista John Sperling rotulou depreciativamente de retro, 1 ou sej a, um movimento qu e constitui um retrocesso na evolução do mundo rumo ao ig ua1i tari s mo e à amoralidade. Por sua vez, os republicanos considera m os democratas esquerdi stas indi víduos sem moral , se m pátria nem re ligião, promotores do aborto e do "casamento" homossex ual , pacffi stas que desejam rebaix ar o país diante de seus inimigos, aumentar os impostos e es tatizar a economia. A estes, Sperling chama elogiosa mente de metros, ou seja, habitantes elas metrópoles voltados para o futu ro, progress istas avançados, pragmáti cos e evolucionistas. A divergência aprofund a-se a cada dia. Os desejo os ele se e mbrenh ar pe la sombria send a do cao , que lá está c rescendo , inc lin am-se por Kerry. Os que considera m j á de masiado o caos cx i 'tente, e tenc ionam brecá-lo, propcndcm pcU·a Bush. E os indecisos ou centri ·tas tornam -se cada vez me nos numerosos e, portanto, menos decisivos. O país encontra-se assim polarizado e m fun ção ela atitude a tomar e m relação ao caos: ace lerá-lo ou brecá- lo ?
/Jistorçõcs cio macrocapitalismo puhlicitário Omega-sistema ele sons e image ns o macro-capitalismo publicitário - em sua maior parte propencle para o Partido Democrata. E m vi sta disso, na hora ele o candidato republicano falar, a mídi a não costuma tran smitir dele uma imagem positiva, ou pelo menos objetiva. Na dianteira dessa tcU'efa colocam-se doi s jornais de projeção internacional - o "New York Times" e o "Washington Post" - bem como grandes canais de TV, como a CNN. Estes tran smitem sua torcida a seus congêneres cio mundo inteiro. De outro lado, os republicanos desenvolveram impress ionante rede de órgãos de mídia locais, mas di spõem de poucos correspondentes que lhes façam eco fora do país.
E cá estamos nós, caro leitor, ouvindo ele longe a balbúrdia dessa máquina de comunicação de centro-esquerda cada vez menos de centro e mais de esquerda - que nos atinge, enqu anto se joga nessa eleição grande parte do nosso futuro .
Jmpm·t.:111cia pal'a o Bl'asil e O lllllll(/O Um sagaz editorialista do "Courri e r Internation a l" - órgão qu e res um e o que há de mai s importante na mídia socialo-progressista - afirmou rece ntemente de modo claro: "Jamais uma campanha eleitora/foi tão irnportante. Nem. tão próxima de nós. O super-poder de Wa shington é tal, que este escrutínio virou um escrutínio mundial ". 2 Nessa divi são e ntre partidários do caos e os que o recu sam, os Estados Unidos estão apenas na di a nteira. Atrás, ele modo talvez não tão acentu ado, seg ue o mundo inte iro: a Europa, a Améri ca do Sul, o Brasil. Por isso, urna vitó ria do candidato dos conservadores a me ri canos revi gorará as correntes de bom senso que crescem no País e no unive rso. As esquerdas não qu ere m sequer co nsiderar essa te mática. Basta observar os esperneios de Ficlel Castro, Hu go C hávez, etc. co ntra o candidato dos co nservadores .
O vice-presidente Cheney e familiares, na Convenção Republicana
Caos vel'sus não-caos, altenwtiva mwulial Sondagens e enquêtes, comentaristas e especialistas bafejados pe lo macrocapita li smo publicitário prevêem um a e leição acirrada .. . enquanto torce m deses pe radamente pela vitória de Kerry. Porém, es es sistemas ele sondagem da opinião pública vêm se revelando de tal maneira falhos e ideologica mente di storc idos - sempre, ali ás, para o lado da esqu erda - que não podem ser tid os como instrumentos de aná li se confiáveis. No momento e m que esc reve mos, a vantagem conservadora parece conso lidar-se na reta final, e nquanto certo desânimo e desacordo se esboça m no ca mpo democrata. Será ass im até o dia da e le ição? Ou advirá a lg uma surpresa de última hora, que desequilibrará dram aticamente a balança? O certo é: qualquer que sej a o ve ncedor, a di scussão caos versus não-caos não cessa rá, tanto na grande nação americana quanto no mundo.
Reação conse,·vadora e a mensagem de Fátima Se sair vitorioso o esq uerdi sta Ke rry, é veross ímil que a reação conservadora à esq ue rcli zação e ao caos c resça a ind a mais. No caso ele uma reeleição cio presi dente Bush, provavelmente o vozerio esquerdi sta anti -americano aumenta rá. Mas
o que signifi ca tal vozerio? Hoje e le soa oco, ca rente de idé ias e de capacidade de convencer. Por isso, tentam difundi-lo no grito e no murro, método que nossos contemporâneos cada vez menos aprec iam e desejam. Pois há um desinteresse da op ini ão pública pe la Revolução igualitária, verdadeira promotora desse caos que se abateu sobre a ex -C ivili zação Cri stã. A reação conservadora, ameri cana e mundi al, constitui um dos indíc ios mais profundos di sso. E la indi ca que vastos seto res da opini ão pública, e m me io às decepções que o caos produ z, se predispõem cada vez mais a acolher favoravel mente um a in te rvenção triunfa nte da Divina Prov idê nc ia na História moderna, confo rme foi anunciado em Fátim a no ano ele 1917. Peçamos a Nossa Senhora, Rainha do Céu e da Terra, as graças necessárias para a restauração da única orde m verdadeira: a Civili zação Cristã. Esta é, a nosso juízo, a grande perspectiva e m função da qual devem se dirigir a ate nção e as orações dos verdadeiros cató li cos, no tocante à próxima e le ição pres ide nc ia l ameri ca na. • E-mai I do autor: lu isd ufa ur @cato li cismo .com.br
Notas: 1. John Spcrlin g & ai. , Th e Great Divide, PoliPoint Press , 2004, 296 pp. 2. " Co urri cr ln tern at io na l" , nº 72 1, 26-08-04.
OUTUBRO 2004 -
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Luxo para bichos
''Trabalho escravo'':
E freqüente vermos esquerdistas vociferando contra o excesso de consumo,
pretexto para perseguir o produtor rural
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acusando os ricos e remediados pelas dificuldades enfrenLadas pelos pobres. Porém, não aplicam a acusação a todos os mais abastados. mo?o como alguém aplica seu dinheiro pode ser mal-vi sto ou bem-visto pelos esquerdistas . Se se trata dé aplicar no agronegóc io pl antando soja, por exemplo - é um pecado insanável. Mas se a aplicação de dinhe iro é feita e m algo que favoreça a revolução nos costumes, por mais absurdo que sej a, não tem importância. É até pitoresco! Vejamos alguns exempl os tom ados só na cidade de São Paulo.
A TU/any ofe rece ainda chaveiros de 'prata em form àto de osso para juntar à coleira e identificar o cãozinho. O preço? R$ 366, um pouco mais do que um salári o mínimo (R$ 260).
Menu de lazer inveja
Plástica parn cães A empresária Anita Alt resolveu mandar faze r uma cirurgia plástica e m seus doi s cachorros, Brutus e Tutsi, da raça schnauze r, para corrigir uma orelha torta e cílios muito longos e curvilíneos. Os bichos receberam injeções de metacrilato e restlyne, a última moela e m plásticas humanas . Produtos e serviços de alto luxo para cães é um mercado que não pára de cre cer. Todo mês surgem novi dades para os totós: pl ásti cas com botox, boulangeries que faze m pães e panetones, fotógrafos especiali zados em books caninos, escolas ele natação, psicólogos, hotéis de lux o com banho de ofurô, clínicas ele terapias alternativas e lançamentos das grifes.
Bichos com jóias e perfumes Tomas Kovari ck, que trabalha no mercado fin anceiro, entrou na exclusivíss ima joalheria TU/any e comprou uma coleira de prata, por R$ 1.220, para Kika, sua golden relriever ele pêlo bege cl aro. Em Aspen, fa mosa estação ele esqui cios Estados Unidos, a cadela hospedou-se num hote lzinho ele anim ais c inco estrelas. CATOLICISMO
O terape uta corporal André Kfouri leva Bono, seu american stqffo rshire terrier (espécie de pitbull) ao Cãotryclub duas vezes por semana, para aul as de natação, a R$ 25 por hora . Depois o bicho ainda corre na este ira.
Esteiras para cachorros ...
Solte ira e sem filh os, a administradora ele empresas Lúcia Naufal cuida de Isabela, uma dach.shun.d (o conhec id o bassê). Ne nê, co mo é cha mad a, vi aj a con stanteme nte para uma faze nda . Para sua segura nça, ela vai dentro ele uma bolsa ela gri fe francesa Louis Vuitlon - o sac chien, cujo preço é R$ 4.600. Cachorra de fino trato, usa o perfume Oh my dog . Francês, é claro.
Em 2003, donos de cães e gatos movime ntaram R$ 14 bilh ões no mundo inteiro, segundo estatísticas dos fabri cantes de ração. E a fati a de luxo desse mercado co memora o c resc imento. "Lançam.os urna linha de muffin s salgados e lortinhas com geléia de dama sco, kiwi e goiaba para cachorros", di z Ângelo Carotta, dono el a Pane/leria di Canni. No Natal passado, vendeu 10 mil panetones caninos. Neste ano, vai produzir o dobro. 100 gramas custa R$ 10. Em São Paulo, onde estima-se que haj a 1,5 milh ão ele cães, eles nunca foram tão be m tratados. Na Daslulu, criada há dois anos, há camas acolchoadas (R$ 198), bandanas e brinquedos. Para os cãezinhos doentes, há tratamentos co m terapias altern ativas. Na clínica ela veterin ária Daionety Pere ira, há sessões ele acupuntura e cromoterapia. Uma consulta sai por R$ 60. *
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Numa sociedade em que se evita o nascimento ele filh os, ou em que estes são abo rtados, prospera o luxo canino. E, curiosamente, isso não preoc upa a esque rda, que verbera obsessivamente o consumi smo .. . •
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Os dados deste artigo constam de reportage m ass inada por Fa bi o Sc hi van che, in " Folha de S. Paul o", 22-8-04.
P roprietário de fazenda-modelo em Mato Grosso expõe sua dedicação ao trabalho no campo, seu êxito no agronegócio e as brutalidades a que foi sub me Lido por uma equipe de fiscalização trabalhisLa
E
m março último, Romão Ribeiro Flor, 66 anos, mineiro de Presidente Olegário, recebeu o prêmio de produtor rural de destaque em Mato Grosso . A alegria durou pouco . Em maio ele teve sua propriedade vasculhada pela Polícia Federal. Foi ameaçado com metralhadoras, por suposta exploração de "trabalho escravo", além de ter recebido mais de um milhão de reais de multas. Segundo suas palavras, "passei do céu ao inferno em apenas dois meses". Romão Ribeiro Flor e seu irmão Sebastião possuem atualmente l 00 mil cabeças de gado numa área de 140 mil hectares . Com razão, figuram entre os maiores criadores do Brasil, reconhecidos até no exterior. Nos últimos dois anos, os dois irmãos expandiram suas atividades para o ramo de cria com inseminação artificial. Também desenvolve m o cultivo do milho e da soja . Em 2001, Romão e Sebastião receberam na fazenda a visita de autoridades dos Estados Unidos. Entre elas estavam o governado r e o secretário de Agricultura do Estado de Ohio , bem como autoridades agropecuárias do Texas . A visita surgiu a partir de uma parceria firmada nos testes da raça Short Horn, feitos no País. A grande mídia vem dando destaque a "libertações" de "trabalhadores escravos", um
S1: Romão FIOI': "Cl1egaram 1w guaâta clwtando o que e11co11t1·avam pela li'ente. Pe<lirnm o alçapão e as armas. 1'omarnm o rádio <lo empregado e co,·taram os telefones. "
pouco por todo o Brasil. Teríamos regredido ao tempo da escravidão? Ou são questões trabalhistas decorrentes de legislação inadequada, que vêm sendo estranhamente rotuladas de "trabalho escravo"? Em Direito Penal, formula-se a pergunta : "A quem interessa o delito?" . Está em curso uma perseguição contra os proprietários rurais e o florescente agronegócio? Cqto/icismo entrou em contato com o Sr. Romão Ribeiro Flor, uma das vítimas desse verdadeiro terrorismo trabalhista no meio rural, para ajudar os leitores a tomar conhecimento dessa manobra publicitária extemporânea, que mais parece visar a fins escusos. Em seu modesto escritório de Goiânia, o Sr. Romão colocouse à disposição para responder as perguntas de nosso correspondente em Brasília, o jornalista Nelson Ramos Barretto. Pediu a presença de Maria Piedade Pires de Castro Pereira, técnica em Segurança do Trabalho, e Janaína Flor, sua sobrinha e administradora, para o auxiliarem em pormenores da entrevista.
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Catolicismo - Soubemos que sua fazenda foi submetida a uma fiscalização, e gostaríamos de saber qual foi a primeira medida que os fiscais tomaram ao chegar.
Sr. Romão Flor - Eles me cercaram na estrada, OUTUBRO 2004
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abriram as portas cio carro e j á chegaram com as armas. Muito estran ho. Parecia brincadeira. Respondi que esperassem um pouco, pois, dev ido a uma operação a que me tinha submetido recentemente, ia chamar o encarregado cio campo para lhes mostrar a fazenda. E les não espera ram. C hegara m na guarita chutando o que encontravam pela frente. Ped ira m o alçapão e as armas . Tomaram o rádi o cio empregado . Chegaram no escri tó ri o e cortaram os telefones. Pegaram os rádios, e nós ficamos sem nenhuma comuni cação interna e ex terna.
Catolicismo -
Eles acharam o alçapão e as
armas?
Sr. Romão Flor - Não. Nós não te mos arm as. Nenhum func ionário tem arma, ne m mes mo arma de caça. É proibida a caça, é crime. Não quero andar errado. Se eu não puder faze r as co isas certas , e u vendo e paro, vou pagar menos imposto e os meus filhos vão he rdar menos. O que eu tenh o já dá muito bem para viver. O que Deus me deu, já está bom . Catolicismo - O Sr. já sabia que eles estavam na fazenda?
Sr. Romão Flor - Eu fui me encontrar com e les, para dar as devidas exp li cações, mas e les não se conformaram . Eu estava com um o lho recém-operado e usava ócul os escuros. O de legado me di sse: "Não converso com hom.em com óculos escondendo a cara ". Eu tire i os ócul os, fa le i da operação que fi zera no o lh o, mostre i as marcas de sa ngue ... Nessa altu ra, e le queria fec har o secador de grãos da fábrica, di zendo que aq uil o era uma ca l-
CATOLIC ISMO
Edificações da Fazenda Rio Preto
"Minha pl'essão subill muito. O <lelegado p,·endeu meu gel'ente, que ficou 12 <lias na ca<leia. Ele está SeJJ(/0 pl'Ocessado. E11 também esto11 seJJ(/0 p1·ocessado. "
cleira. Eu d isse que não era, e pergun tei: 'Como é que eu posso provar que isso é um armazém com secador de grãos, e não é uma calde ira?' Ele respondeu que prec isava de um engenhe iro civi l. E u o lhe i para o Capra, meu ad mini strador, e disse: 'Vai lá chamar o engenheiro, para explicar a eles'. Então a ra iva de le aumentou. O certo é que o de legado da Políci a Federa l segurou lá no escritório, até a noite, o Gerson, que é o homem cio campo, e o Capra, o admin istrador. Lá pelas 2 1 horas, ele mandou buscar os empregados. O Gerson respondeu que eles estavam no campo, pois e le, Gerson, é que deve ri a ter ido buscálos, e só não o havia feito até aq ue la hora porque se encontrava prestando depoimento. Foi aí que o delegado fa lou que aqui lo era trabalho escravo, e que eu estava segurando os empregados no mato. Não es lava seg urando co isa ne nhuma. O s dois , qu e es tavam dando decl arações , é qu e levam e bu sca m os e mpregados. Outros e mpregados te ntaram bu scá- los, mas não sabi a m onde eles es tavam , poi s tinham co rtado a nossa comuni cação. Nessa hora minha pressão subiu muito. Fui para casa me deitar. O delegado prendeu o Capra, meu gerente, que fi cou J 2 di as na cade ia. E le está sendo processado. Eu também estou sendo processado. E está corre ndo outro processo em São Fé lix, in crimin ado- me de maus- tratos aos trabalhado res e impondo-me uma multa de um milh ão de reais ! Maria Pie<lade - Se fo r procurar os trabalhadores na fazenda, perguntando se houve maus-tratos, ne nhum de les co nfirma. Graças a Deus, ex iste um clim a de harmo ni a muito grande.
Catolicismo -
Como foram os depoimentos dos empregados temporários? Sr. Romão Flor - No depoimento, e les falaram que estava m traba lh ando te mporariamente sem carte ira . Eram 12 traba lh adores que estava m fazendo um roçado. Metade legali zou e fico u trabalh ando. Outros seis não qui sera m lega li zar, po rq ue não queriam ter os nomes deles em nada. Certamente devem algum a coisa na Ju stiça. Para mim , esse tipo de gente não in teressa. Eu ten ho 246 e mpregados registrados , e somente esses 12 te mporári o. estavam sem carte ira.
Catolicismo - Mas saiu em jornais que esses 12 foram libertados ... Sr. Romão Flor - Isso não é verd ade. Como é que fo ram " libertados", se não estavam presos? Eles podi am sa ir na hora que qui sessem, pois lá ex iste uma estrada federal com 40 km , e quatro linhas de ônibus c irculando para lá e para cá.
Catolicismo -
Houve algum depoimento de empregado contrário ao Sr.? Sr. Romão Flor - N ão. Os fu ncionários não são mau s. Eles prec isam de traba lh o, co mo nós prec isa mos de les. A fisca li zação apertada é ruim para o fun c ionário, para mim e para a produção. É danosa ao País. Ac ho até que a produção nesta safra de 2004/2005 vai ca ir, po r causa dessa arbitrari edade.
Catolicismo -
Tal fiscalização, como vem sendo feita , não acabará prejudicando o próprio trabalhador rural e causando desemprego? Sr. Romão Flor - Creio que, se fi car be m defini do o que é traba lho escravo, não have rá perigo. Mas se a c lassificação de traba lh o escravo fica r a cri té rio ci os juízes, cios procuradores e cios fi scais, então será prejudi cia l, po is qualquer co isa para eles é traba lho escravo. Mas o que é de fato trabalho escravo? Por isso muitas faze ndas j á estão compra ndo máq uin as grandes, para trabalhar co m po uca gente.
"Os füncionál'ios prncisam <le trabalho, como nós precisamos <leles. A liscalização apertada é l'uim para el es, para mim e para a produção. É <lanosa ao País. "
Catolicismo - O Sr. pode exemplificar que tipo de multas os fiscais de trabalho costumam aplicar? Sr. Romão Flor - Por exempl o, se tiver só um copo no bebedouro, é multa. Prec isa ter dois pratos para cada um - um para o almoço e outro para o janta r. Um sabão para cada um . Uma toalh a para cada um . Se ho uver um fio dese ncapado, sem a fita iso lante, ou com a po nta para fora, e les multam. Se estiver em ordem, mas não tiver o papel comprovando, e les multam . Se der o instrume nto nov inh o, mas não tive r o pape l, e les mu ltam. São coisinh as.
cada letra. E estão pedindo um milhão de rea is por danos mora is aos trabalhadores. Mas esse dinheiro não se destina aos traba lhadores, é para os órgãos de fi sca lização. .Janaína - O preju ízo que isso deu pa ra a propri edade, qu ase dois meses parali sada, todo o te mpo que fo i gas to para isso, não há indeni zação. Os danos morais cio propri etári o também não ex istem.
Catolicismo - O Sr. sempre se dedicou ao trabalho no campo?
Sr. Romão Flor - Fui c ri ado sem pai ne m mãe. Comece i a traba lh ar para os o utros aos nove anos de idad e, como diari s ta . Pe las leis atuais, e u seri a c ha mad o de tra balhador in fa nti l escravo. Se a pessoa não ap re nde a traba lh a r quando nova, depo is não aprende mais. Ao cabo de ma is de 20 anos de trabalho, sempre faze ndo economi as, pude adquirir um pedaço de terra em Goiás , e m 1970. Fui para o Mato Grosso em 1980, e lá estou até hoje. A Fazenda Rio Preto, que compre i e m 1990, fazia parte da Fazenda Suái Missu. Tudo e ra mais difícil naque la é poca, exceto uma coisa: traba lhar. Hoje, comp licou muito. O governo, que nunca se fazia presente, agora apa rece para fiscali zar e impor multas.
Catolicismo Residências dos empregados
Quais foram os métodos que o Sr. aplicou para formar sua fazenda? Sr. Romão Flor - Comece i derrubando o cerra-
Catolicismo -
Tenho aqui uma notícia do "Diário de Cuiabá ", do dia 7 de maio: "Os alojamentos da fazenda não passavam de barracos com cobertura de palha e lona preta, chão de terra, sem paredes, sem sanitários e até sem água potável". Que alojamentos são esses? Sr. Romão Flor - Não são da fazenda. São de posse iros aca mpados na margem da rodov ia, não na minha terra, pois minh a fazenda divide co m a rodovia. A rodovi a não é minha, eu não mando Já.
Catolicismo -
O Sr. tem idéia do valor das multas, embora esteja contestando na Justiça? Sr. Romão Flor - E les estão ex igindo que e u cumpra as normas de A até a letra P. Se e u não cumprir, vou paga r multa diári a de R$5 .000, para
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INFORMATIVO RURAL
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pago o resto : o prédio, as carteiras, os quadros. Todos os filhos dos empregados estão na escola. Não ex iste nenhum analfabeto. A escola vai até a 4ª série. Há um carro que leva os alunos mai s velhos para a cidade. Eu pago a gaso lina.
Avanços e recuos
Catolicismo -
Seus empregados são daquela região ou vêm de fora?
Sr. Romão Flor - A maior parte vem de Tocantins e cio Maranhão. Mas há pessoas de todas as partes. Eles não se fixam muito, a rotatividade é muito grande. Algun s não ficam uma hora, e saem. Outros, quando completam doi s anos de serviço, provocam algum acidente ou fazem alguma besteira, para abandonar o servi ço e retirar o Fundo de Garantia. Não é fácil trabalhar com esse tipo de mão-de-obra. Catolicismo ·_ Como o Sr. recruta os empregados?
do com trator de esteira. Fui faze ndo as cercas, as ag uadas, as estradas. Deixei para construir a sede por último, pois eu precisava primeiramente tirar re nda da fazenda, para depois cuidar das benfeitorias. A sede da faze nda só tem un s três ou quatro anos. Durante todo esse tempo, morei num barraco de madeira, e só depois fui cuidar do confo rto. Aliás, isso é costume na reg ião . Não comecei num hotel cinco estrelas. Dividi a faze nda e m retiros. Além do capataz geral, cada retiro tem o seu encarregado. A faze nda te m 140.000 hectares, e cada retiro te m 7 .000 hectares. Creio que tudo foi feito ass im desde o princípio do mundo. Deus, quando andava pelo mundo, tinha os eus Apóstolos para ir dividindo a sua mi ssão.
Catolicismo - Onde o Sr. aprendeu isso? Sr. Romão Flor - Não fo i e m nenhum a universidade. Eu só tenho quatro anos de escola. Co mo já disse, comecei a trabalhar muito novo. Sei quanto me custa um funcionário, quanto gasto ·num boi, qual deve ser o tamanho do curral, a altura da cerca, enfim , todos os detalhes. Para se dirigir uma empresa, deve-se conhecer o todo e as partes dela. Caso co ntrário, não se consegue ad mini strá- la, . pois o único que não pode errar é que m diri ge. No caso da faze nda, sou eu. Tenho 246 e mpregados registrados. Considerando que minh a propriedade fica a 153 km da sede cio muni cíp io, temos um a escola na própria faze nda. A professora é paga pela Prefeitura, e e u CATOLICISMO
Silos da Fazenda Rio Preto
"1'enho 246 empregados registrados. 1'emos uma escola na própl'ia fazem/a. 1'o<los os li/J,os <los empregados estão na escola. Não existe 1w11hum aiwlfabeto."
Sr. Romão Flor - Os interessados aparecem na faze nda. Há sempre gente batendo na porta e pecli ndo emprego. O que segura o empregado é o pagamento e1n dia e a boa alimentação. Infeli zmente, é só, e mai s nada. O salário deles vari a conforme a capacidade de cada um. E procuro promover os melhores. Catolicismo - E os instrumentos de trabalho? Sr. Romão Flor - Sempre demos os instrumentos de trabalho, mas não providenciávamos o documento assinado pelo empregado. Segundo os fi sca is, meu erro fo i que e u nunca documentava a entrega. Mas, de agora e m diante, dou um in strumento e o e mpregado vai ter de assinar, po is os fiscais querem ver o papel ass in ado. Catolicismo - Algum recado para outros produtores?
Sr. Romão Flor - E u acho que nós elevemos tomar muito cuidado. Parece que a mídia atua de tal maneira, que joga o povo contra o produtor rural. Parece que o PT tem raiva ele quem poss ui , e pouco lhe interessa ajudar os trabalhadores. Sobretudo o terceiro esca lão, esse pessoal que fo i à minh a fazenda, está envenenado. Está como se fosse uma cascavel. Apesar ele ter co ntado co m a so lid ariedade da Federação da Agricultura, el e prefeitos, vereado res, deputados, eu não gostaria que tal acontecesse co m co legas nossos. Isso só prejudica a classe e nos di stancia de nossos fun c ionários. Desejamos a uni ão e ntre nós . Assim como nós precisamos dos funcionários, eles necess ita m ele trabalho. Só essa in teração é que dá fruto. •
Propaganda de D. Helder - A esquerda não esquece seus ícones. Foi rodado um filme para lembrar os cinco anos ela morte de D. Helder Câmara, que ficou conhecido como o Arcebispo Vermelho por sua atuação em prol elas reivindicações da esquerda, em particular de um a Reforma Agrária de tipo sociali sta e confiscatório. De nominado D. Helder ~ Em busca da Profecia, o film e recorda que ele foi integralista e depois passou a defender as idéias da esquerda.
Combate à pobreza - A força cio agronegócio está muda ndo o pe rfil cio sudoeste paulista, uma das regiões mai s pobres cio Estado , no passado conhecida como ramal da fome, por causa dos índices ele mi séria. O dinheiro criad o no campo mov imenta o comércio urba no e atra i novos investime ntos, criando e mpregos. Com arrecadação maior, as prefeituras investe m e m obras e serviços qu e influem nas condições ele vicia cios moradores. A média cio Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a qu alidade ele vicia, deu um salto significativo nos últimos anos. O impacto das mudan ças no campo repercutiu nas cidades. Há cinco anos, Taquarivaí não passava de um peq ue no amontoado de casas, cortado pela única rodovia pavimentada da reg ião. Sem indústri as, apenas algumas serrari as, benefic iou-se da profissionalização das dezenas ele fazendas, cuj as lavouras co meçam onde terminam as ruas. "Agora, dá para di zer que é wna cidade", diz o motorista José Carlos Fernandes ("O Es tado de S. Paulo", 5-9-04).
Semelhanças com o Brasil Propriedades privadas (rurais e urbanas) poderão ser expropri adas, ameaçou o presidente venezuelano Hugo Chávez, após ve ncer o plebi sc ito que o manteve no poder. "Podemos aplicar o que se chama de expropriação para uso público", disse Chá vez, que há quatro anos iniciou um amplo programa de Reformas Agrária e Urbana, qualificadas ele comunistas pela oposição. Esta informa que terrenos no interior e nas cidades estão sendo invadidos com freqüência, sob o olhar complacente das autoridades. A oposição acusa o governo de Chávez ele violar o direito de propriedade, enquanto empurra a Venezuela rumo a um regime comunista ao estilo do ele Ficlel Castro (Associated Press e AFP). IBAMA impede investimentos - "Diversos ministros estão literalmente desesperados com a capacidade dopessoal da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, de brecar investimentos. Em alguns Estados, a coisa degringola em conflito político, como no Maranhão, onde o lbama se dedica a bloquear iniciativas apoiadas [. .. ] pelo governo estadual. E isso parou um grande projeto da Vale do Rio Doce". _A info rmação é do comentarista eco nômico Carlos A. Sarclenberg.
Hugo Chávez
CIMI derrotado em Roraima As terras indígenas ela reserva Raposa/ Serra do Sol, e m Roraima, deverão ser demarcadas e m área descontínua, apesar da pressão que fazia em sentido contrário o Conselho lndigenista Missionário (CIMI), ligado à CNBB. O Plenário do Supremo Tribun al Federal (STF) co nfirmou uma decisão ele julho passado derrubando a validade de uma portaria do Ministério da Justiça ele 1998, que autorizava a demarcação contínua do território (cfr. "O Globo", 2-9-04). Foi uma vitória cios índios e dos brancos que, juntamente, lutavam pela manutenção das fazendas e municípios, ameaçados ele sere m tragados pela reserva, se esta fosse demarcada de modo contínuo. OUTUBRO 2004 -
ossa época está impregnada pela tendência a uma to lerância desordenada e sem limites. M as como sempre acontece, onde o vício é tolerado a virtude é ridic ulari zada. A tolerância é "cultu ada" como se fosse um "dogma". Toleram-se modas imorais e, aceitando-as, ca minh a-se para o nudismo. Tolera-se uma convivência de igual a igual e ntre todas as religiões, pouco incomoda ndo se um a é verdadeira e as ou tras fa lsas. Tolera-se que se matem inocentes, mediante o aborto. Tolera-se que se matem idosos, através el a eutanásia. Tolera-se o di vórcio, o concubinato, o "a mor li vre". Enfi m, tolera-se até o c hamado "casa mento" homossexual. A in tolerância é um erro ou um a virtude? E a tolerância? Com sua clareza habitual, Plinio Corrêa ele Oliveira analisa o problema. Sua lógica penetrante e irresistível mo tra que a tolerância - dependendo elas circunstâncias pode ser um pecado, como pode ser uma viJ·tucle. O mesmo se diga ela intolerância. Esse grande polemista e pensador católi co nunca tran sigiu co m os erros cio mundo moderno. Um cios objetivos ele sua vicia, como modelo ele contra- revolucionário, foi a luta p ara "restabelecer ou reavivar a distinção entre o bem e o mal" *, afi m ele que este não fosse to lerado, mas execrado. D es de muito j ove m, Plinio Corrêa ele Oliveira aderiu entusiasmaclamente aos princípios católicos. Jamais deles se afastou, e a eles se dedicou até seu fa lecim ento, oco rrido no di a 3 deste mês, nove anos a trás . Tendo e m vista essa data, Catolicismo preparou para seus leitores, como matéria ele capa, uma coletânea ele excertos ele artigos seus a respeito desse im portante tema, tão oportuno nos dias de hoje: tolerância/intolerância.
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Plíni o Co rrêa de Oli veira , Revo lução e Co11traRevol11ção, Parte II, Cap. X, 1, Artpress, São Paulo, 4" ed., S. Pa ulo, 1998, p. 125 .
I - O que é atolerância n Pu N10 CoRRÊA DE O u vE 1RA
m matéri a de tolerância, talvez ma.is do que em.qualquer outra, a confusão reina tão co mpletamente, que parece indispensável esclarecer o alcance dos termos, antes de abordar o mérito da questão. O que é precisa me nte a tolerância? Imagine-se a situação de um home m que tem dois filhos, um de princípios sãos e vontade fo rte, e outro de princípios indecisos e vontade vacilante. Aparece de passagem, no lugar em que a fa f!!íli a reside, um professo r que dará um curso de féri as ex traordinariamente útil a ambos. O pai deseja qu e seus filh os sigam o curso, mas vê que isto implicará em privá- los de vários passeios aos quais a mbos estão muito apegados. Pesados os prós e os contras, fixa ele seu juízo sobre o ass unto: mais convé m a seus filh os renunciar a algumas di strações, aliás muito leg ítimas, do que perder uma ocas ião rara de se desenvolverem intelectualmente. Si gnificada a deliberação aos interessados, a atitude destes varia. O primeiro , depois de um momento de relutância, acede à vontade paterna. O outro se lamenta, implora, suplica ao pai que mude de resolução, dá mostras tais de irritação, que um grave movimento de revolta de sua parte é de se te mer. Diante di sto, o pai manté m sua dec isão quanto ao filho bom. Mas, considerando o que custa ao filh o medíocre o esforço da rotina esco lar, prevendo as muitas ocas iões de atrito que na vida diária surgem nas relações entre ambos, para a eventu al salvaguarda de princípi os mora is impostergáveis julga melhor não insistir. E consente em que o filh o não faça o curso. Agindo ass im com o filh o medíocre e tíbi o, o pai lhe deu um a pe rmi ssão a contragosto. Uma permi ssão que não é de modo algum uma aprovação. Uma permissão que lhe fo i como qu e extorquida. Para evitar um mal (a tensão co m o filho), co nsentiu num be m menor (as exc ursões de fé rias) e des istiu de um bem maior (o c urso). É a es te tipo de co nsentime nto, dado se m aprovação e até co m censura, que se c ha ma tolerância. C laro está que, às vezes, a to lerância é o co nsentime nto, não e m um bem menor para evitar um mal, mas em um mal menor para evitar um maior. Seria o caso de um pai que, tendo um filh o que contraiu vári os víc ios graves, e posto na imposs ibilidade de os fazer cessa r todos, form a o proj eto de os co mbater sucess iva me nte. Assim , enqu anto-procura obstar a um vício, fec ha os olhos aos de mais. Es te fec har de olh os, que é um consentime nto dado co m profund o desgos to, visa evitar um mal maior, isto é, que a e me nd a moral do filh o se torne imposs ível. Trata-se ca racte risti ca me nte de uma atitu de de tole rância.
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1'olerância: admiti<la apenas em situações mwnnais Como acabamos de ver, a tolerância só pode ser prati cada em situações anormais. Se não houvesse maus filh os, por exem-
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pio, não haveri a necess idade de tole rância da parte dos pai s. Assim , numa fa míli a, tanto mai s a situação será anômala quanto mais os membros forem forçados a prati car a tolerância entre si. Sente-se muito a realidade do que aqui está dito, considerando-se o caso de um a orde m re li giosa ou um exé rcito e m que os chefes ou superiores tenh am de usar habitu alme nte de uma tole rância sem limites com seus subordinados. Tal exército não está apto a ganhar batalh as; tal ord e m não está ca minhando para os altos e rudes cimos da perfeição cristã. E m outros te rm os, a tolerância pode ser uma virtude. M as é virtude característica das situações anômalas, periclitantes, difíceis. Ela é, por ass im di zer, a c ruz de cada di a do cató lico fervoroso nas épocas de desolação, decadência espiritu al e ruína da Civilização C ri stã. Por isto mesmo, compreende-se que seja tão necessá ri a e m um séc ul o de catástrofe, como o nosso. A todo mome nto o católi co se encontra, e m nossos di as, na contingência de tolerar algo: no ônibus, na rua, nos lugares e m que trabalha, nas casas cm que fa z visitas, nos hotéis e m que veraneia, ele encontra a todo instante abusos que lhe provoca m um brado interi or de indignação. Brado que é por vezes obri gado a sopitar, para evitar mal maior. Brado que, entretanto, em ocas iões normais seri a um dever de honra e coerênc ia.
A tolerância pode ser uma virtude. Mas é virtude característica das situações anômalas, periclitantes, difíceis. Ela é, por assim dizer, a cruz de cada dia do católico fervoroso.
Muita tolerâ11cia: sinwma de muita anomalia De passagem, é curioso fa zer observar a contradição em que caem os adoradores deste século . De um lado, elevam enfa ti ca mente às nuvens suas qualidades e sile nci am ou subestimam seus defeitos; de outro, não cessam de apostrofar os católicos intolera ntes, suplicando tolerâ ncia e m fa vor do séc ul o. E não se cansam de afirmar que essa tolerância deve ser con stante, onímoda e extre ma. Não se compreende como não percebem a contradição em que se põem. Pois só há tolerância na anomalia, e proclamar a necessid ade de muita tolerância é afirmar a exi stência de muita anomalia. De qualquer maneira, gregos e troi anos es tão concordes em reco nhecer que a tolerância e m nossa época é muito necessária. Nestas condições, é fácil perceber quanto anda errado o linguajar corrente a respeito da tolerância. Com efeito, habitualmente se empres ta a este vocábulo um sentido elogioso. Quando se di z de alguém que é tolerante, esta afi rm ação ve m acompanhada de uma série de louvores implícitos ou explícitos: grande alma, gra nde coração, espírito largo, generoso, compreensivo, naturalmente propenso à simpatia, à co rdura, à benevolência. E, como é lógico, o qualificativo de intolerante também traz consigo uma seqüela de censura,s mais ou menos explícitas: espírito estreito, temperamenOUTUBRO 2004
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to bili oso, malévolo, espontanea mente inclin ado a desconfi ar, odiar, ressentir-se e vinga· se. Na rea lidade, nada é mais unilatera l. Pois, se há casos e m que a tolerânc ia é um bem, outros há e m que é um mal. E pode c hega r a ser um crim e. Assim , ningué m me rece e ncômi o pelo fa to de ser sistemati ca me nte to lerante ou into lera nte, mas por ser uma ou outra co isa confo rme o ex ige m as circ un stâncias.
A vfrtude da intolerância por amor de Deus O pro bl ema se desloca, pois. Não se trata de saber se algué m pode ou deve ser tolerante ou into lera nte, por s istema. Importa, isto_sim , indagar qu ando se deve ser uma ou outra coisa. Antes de tudo cumpre ressaltar qu e há um a situação na qual o cat6lico tem de ser sempre intolerante. E esta regra não admite conformes. É quando se deseja que, pa ra comprazer a outros ou para ev itar algum mal maior, ele pratique algum pecado. Pois todo pecado é uma ofensa a Deus. E é absurdo pensar que em alguma situação De us possa ser virtuosa mente ofendido. É isto tão óbvio, que pareceri a supérflu o di zê- lo. Entreta nto, na prática, quantas vezes seri a necessário lembrar este princípio. Ass im , por exemplo, ningué m tem o direito de, por tolerância com amigos e co m o intuito de lhes des pe rtar a simpatia, vestir-se de modo imoral, adotar as maneiras licenciosas ou levianas das pessoas de vid a desregrad a, ostentar idéias temerárias, suspeitas ou até erradas, ou alardear vícios que na rea lidade - graças a Deus - não tê m. Para dar outro exempl o: que um católico, cô nscio dos deveres de fid elidade que lhe incumbem pa ra co m a esco lástica, professe outra fil osofia só para granj ear sim patias e m certo meio, é uma fo rma de tolerância inadmi ss ível. Pois peca contra a verdade quem professa um sistema em que sabe haver erros, ainda mesmo que estes não sejam contra a Fé.
Casos <le tolerância pecaminosa e intolerância vfrtuosa Mas os deveres da intolerância, em casos como estes, vão mais longe. Não basta que nos abstenhamos de prati car o mal. É prec iso ainda que nunca o aprovemos, ne m por ação ne m por omissão. Um católico que, di ante do pecado ou do erro, toma uma atitude de simpati a, peca contra a virtude da intolerância. É o que se dá qu ando ele presencia, co m um sorri so sem restrições, um a conversa ou uma cena imoral; ou quando, na di scussão, reconhece a outros o direito de abraçar a opini ão que entenderem sobre religião. Isto não é respeitar o adversári o, mas os seus erros ou pecados. Isto é aprovar o mal. E até lá um católico não pode chegar jamais. Às vezes, entretanto, chega-se até lá pensa ndo não ter pecado contra a intolerância. É o que acontece quando certos silêncios em face do erro ou do mal dão a idéia de uma aprovação tácita. -
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Um católico que, diante do pecado, toma uma atitude de simpatia ou quando presencia, sem restrições, uma cena imoral, peca contra a virtude da intolerância.
E m todos estes casos, a tolerância é um pecado, e só na intolerância con siste a virtude.
Cortina <le l'ogo 011 <le gelo isola o católico i11tolera11te
Lendo estas afirm ações, é admiss ível que certos leitores se irrite m. O instinto de sociabilid ade é natural ao home m. E este instinto nos leva a convi ver co m os outros de modo harm oni oso e agrad áve l. Ora , e m c irc un stâ nc ias ca da vez mais nume rosas o ca tóli co é obrigado, de ntro da lógica de nossa argume ntação, a re petir dia nte do séc ulo o heró ico "non possumus" de Pi o IX: não pode mos imitar, não pode mos concord ar, não podemos ca lar. Logo se cria em torno de nós aqu e le a mbi e nte de gue rra fri a ou que nte, co m que os partid ári os dos e rros e modas de nossa é poca pe rsegue m co m implacá vel into le rância, e e m nome da to le rância, todos os qu e ousa m não co ncorda r co m e les. Um a cortin a de fogo , de ge lo ou simpl es me nte de celofane nos cerca e iso la . Um a velada exco munh ão soc ial nos manté m à marge m dos ambientes mode rn os. Ora, di sto o ho me m te m medo qu ase co mo da morte. Ou mais qu e da próp ria morte. Não exagera mos. Para ter direito de cid adania em tais ambientes, há homens qu e tra balham até se matar com enfa rtes e a nginas cardíacas, há senhoras que jejuam co mo ascetas da Tebaida e chega m a expor gravemente sua saúde. Ora, perder uma "cidadani a" de tal "valor", só por a mor aos princípios ... É preciso rea lmente amar mui to os princípi os.
O dever da i11tolerâ11cia para a glória <le Deus Mui tos perguntarão por que tanto es fo rço, tanta luta, tanto sacrifíc io, se uma andorinh a não faz verão, e com nossa atitude os outros não melhoram. Estranh a obj eção ! Co mo se devêssemos praticar os M andamentos só para que os outros os pratiquem também, e ficásse mos dispensados de o faze r desde que os outros não nos imitem. Atestamos di ante dos homens nosso amor ao bem e nosso ódio ao mal, para dar glória a Deus. E ainda que o mundo in teiro nos reprovasse, deveríamos continuar a fazê- lo. O fa to el e os outros não nos acompanh are m não diminui os direitos • que Deus tem à nossa inteira obediência. Mas estas razões não são as únicas. Há també m o oportuni smo. Estar de acordo com as tendências dominantes é algo que abre todas as portas e fac ilita todas as carreiras. Prestígio, conforto, dinheiro, tudo, tu do se torna mais fác il e mais obtenível se se concorda com a influência dominante. Por onde se vê qua nto custa o dever da intolerância.* * Catolicismo , nº 75 , rnarço/ 1957 (os int ertítul os são ela
redação).
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II - A tolerância, virtude perigosa ratando da to lerância, estabelecemos que esta, bem co mo sua contrária, que é a into lerância, não se pode m di zer intrinsecamente boas ne m intrinseca me nte más. E m outros termos, há casos e m que tolera r é um dever, e não tolerar é um mal. E outros casos há em que, pe lo contrário, tolerar é um mal, e não to lerar é um dever. Para evitar a aridez de um a ex posição exclusivamente doutrin ári a, fi guremos a situ ação de um ofic ial que nota e m sua tropa graves _sintomas de agitação. Põe-se para e le um problema: a) será o caso de punir com todo o ri gor de justiça os responsáveis? b) Ou será o caso de tratá- los com tolerância? Esta segunda solução abriria ca mpo a outras questões. E m que medida e de que mane ira praticar a tolerância? Aplicar penas bra ndas? Não as aplicar, chamando os culpados e aco nselhando-os afetuosamente a mudar de atitude? F ing ir que se ig nora a situação? Começar talvez pela mais be ni gna dessas soluções e ir aplicando sucess ivamente as demais, à medida que os processos suasó rios ou bra ndos se fo rem patenteando insufic ientes? Qual o momento exato e m que se deve renunciar a um processo para adotar o utro ma is severo? Estas são ques tões que fo rçosa mente assa lta rão o espírito de muito oficial, mas também de qualque r pessoa investida em mando ou responsabilidade na vicia c ivil , desde que tenha exata consc iênc ia das suas obri gações. Qu al o pai de fa míli a, o chefe de re parti ção, o direto r de empresa, o professo r, o líder, que não tenha esbarrado mil vezes em todas estas questões? Quantos males obviou, por as ter resolvido com perspi cácia e vigor de alma? E com qu antos teve de arcar, po r não ter dado so lução ace rtada às situações em que se encontrava?
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Os "antivorcistas" <la boca para fora N a rea li dade, a prime ira medida que deve to mar quem se vê em tal contingênc ia consiste em faze r um exame de consc iência para se pre munir contra as c il adas que seu fe itio pessoal lhe possa cri ar. Devo confessar que, ao longo de minha vicia, tenho visto nesta matéri a os maiores d isparates. E quase todos eles conduzindo ao excesso de tolerância .Os males de nossa época to mara m o car áter alarmante que atualmente apresentam porque há cm relação a eles uma simpatia genera lizada, da qua l parti c ipam freqüentemente aqueles mes mos que os co mbatem. Há, por exemplo, anticlivo rcistas . M as, dentre estes , numerosos são os que, opondo-se embora ao divó rcio, tê m um feitio de espírito exageradamente sentim enta l. E m conseqüência, consideram romantica mente os problemas nascidos do "amor". Postos di ante da situação di fíc il de um casal amigo, esses anti di vo rcistas julga rão sobre- humano, para não dizer inumano, ex ig ir cio cônjuge inocente e infeli z que recuse a poss ibilidade de " refazer sua vicia" (isto é, dar morte à sua alma pe lo pecado). Da boca para fora, continu arão a " la mentar o gesto" deste -
CATOLICISMO
Há casos em que tolerar é um dever, e não tolerar é um mal. E outros casos há em que, pelo contrário, tolerar é um mal, e não tolerar é um dever.
último, etc. , etc. M as, quando se puser para e les o proble ma da to lerância, terão toda uma montagem interi or fe ita para justifi car as condescendências mais ex tre mas e aberran tes . De o nde ve io a estes a deliberação de tolerar, tão ma l a propós ito, o câncer roedor da fa míli a? É que no fundo havi a ne les um a me nta lid ade di vo rc ista.
Os ama,gos fl'utos <le,,idos ao excesso ele tolerância
Contudo, não pare mos aqui . Tenhamos a coragem de di zer a verdade inte ira. O home m moderno tem horror à ascese. É-lhe antipático tudo quanto ex ige da vontade o esforço de di zer " não" aos senti dos. O freio de um princípi o moral lhe parece odi oso. A luta di ári a contra as paixões se lhe afi gura um supl ício chinês. E por isto não é só e m relação aos di vorciados que o homem moderno, ainda quando dotado de bons princípios, é exageradamente complacente. Há legiões inteiras de pais e professores que, por isto mesmo, são indulgentes em excesso para com seus filhos ou alunos. E o estribilho é sempre o mesmo: coitadinho ... Coitadinho porque tem preguiça, recebe mal as advertênc ias cios mais velhos, come doces às escondidas, freqüenta más companhias, vai a maus cinemas, etc. E porque é coitad inho, raras vezes recebe o benefício de um castigo severo. No que dá ta l educação, não é necessário di zê- lo. Os fru tos aí estão. São miU1ares, milhões de desastres morai s ocas ionados por uma to lerância excessiva. " O pai que poupa a vara a seu.filho, odeia seu.filho ", ensina a Escritu ra (Prov. l 3, 24). Mas hoje, quem quer saber di sto? O ra, o mesmo se dá freqüentemente, m utatis mutandis, nas re lações e ntre patrões e operários, e e m todos os campos os exemplos se poderi am multipli ca r.
Momentos parn tolerai' e momentos pal'a não tolernl' Esta to lerânc ia se apó ia, é c laro, e m toda espéc ie de pretextos. Exagera-se o ri sco de um a ação ené rg ica. Acentua-se de mais a poss ibilidade de as coisas se arra nj are m po r si mesmas. Fecham-se os olhos para os peri gos da impunidade. E ass im por di ante. N a rea lidade, tudo isto se evitari a se a pessoa que está na a lternativa tolerar-não tol erar fosse capaz de desconfiar hu milde mente de si. Te nho simpati as inconfessadas para com este ma l? Te nho medo da lu ta que a into lerância trari a? Tenho preguiça dos esfo rços que uma atitude into lerante me impori a? Encontro vantagens pessoais de qualquer natureza numa atitude confo rmi sta? É só depo is de um tal exame de consc iênc ia que um a pessoa poderá e nfre ntar a du ra alternativa: to lera r ou não to lerar. Po is sem esse ex ame ningué m poderá estar certo de tomar em relação a si mesmo os cuidados necessários a fim de não pecar po r excesso de tolerânc ia. OUTUBRO 2004 -
Católicos hipertolern11tes só al'gmne11tam com o coração Outro excelente conse lho para não se pecar por excessos de tolerância consiste em recear muito mais uma fraqueza nossa neste ponto, quando estão em j ogo direitos de terceiros, do que quando se trata dos nossos. Habitualmente, so mos muitos mais "compreensivos" quando os outros é que estão em ca usa. Perdoamos mais fac ilmente o gatuno que roubo u o vizinho do que o que assaltou nossa própri a casa. E somos mais prope nsos a reco mendar o esq uecimento das injúrias do que a praticar este ato de virtude. E nes te po nto não perca mos de vista o doloroso fa to de que, segundo os primeiros impul sos de nosso egoís mo, Deus seri a muitas vezes para nós um terceiro. Assim , somos muito mais inc lin ados a re levar uma ofensa fe ita à Igreja do que um a injúri a fe ita a nós; a suportar a lesão de um direito de Deus do que de um interesse nosso. Em gera l, este é o estado de espírito dos católicos hipertolerantes. Sua linguagem é imag inativa, mol e, sentimenta l. Só sabem argumentar - se é que a isto se pode cha mar argume nto - com o coração. Em re lação aos inimi gos da Igreja, são cheios de ilusões, ate nções, obséq ui os e caríc ias. Mas ofendem-se terrivelmente se um católi co ze loso lhes faz ver que estão sacrificando os direitos de Deus. E,. e m lugar de argumentar em termos de doutrina, tran spõem o ass unto para o terreno pessoal. Estão julga ndo que sou tíbio? Que não sei perfe itamente o que tenho de fazer? Estão duvidando de minha sabedori a? De minha coragem? Oh! não, isto eu não posso suportar. E seu peito arfa, seu rosto se enche de rubor, seus olhos se mareja m de lág rim as, sua voz toma uma inflexão particular. Cuidado! Este hi perto lerante está no auge de uma crise de into lerânc ia. Todas as violências , todas as inju sti ças, todas as unil atera lidades podem ser receadas por parte dele. * * Catolicismo, nº 78, junho/1957 (os intertítulos são da redação).
III - O laicismo dos Estados roubou à sociedade moderna "o sentir da Igreja" d 11itindo qu e sej a o caso de praticar em dada situ ação a o lerância, esta di fíc iI e arriscada virtude, pergunta-se: como praticá-la? Tolerar um ma l. é consentir em que e le ex ista. Ora, ass im como o bem produz, de si, efeitos bons, ass im também o mal produz maus resultados. De onde, quando se é obri gado a tolera r algo, deve-se c ircunscrever quanto possível os maus efeitos dessa tolerância e prepa rar co m toda ad i li gênc ia um a situação em que se torne ela supérflu a e o mal possa ser extirpado. E m medi c ina, isto é e le mentar. Se alguém sofre de um tumo r incurável que, por motivos c líni cos, não pode ser logo -
CATOLICISMO
Somos muito mais inclinados a relevar uma ofensa feita à Igreja do que uma injúria feita a nós; a suportar a lesão de um direito de Deus do que de um interesse nosso
operado, o cuidado do médi co consiste e m c ircunscrever de todos os modos os maus efeitos da presença do tumor no organismo.
O dever de expulsar o lobo com pele <le ovelha
Assim - para exemplifi car - numa associação reli g iosa entra um mau e leme nto. Ele difunde e m torno de si um espírito de mund anismo, de sensua lidade, de relativi smo doutrinário. Se a assoc iação está e m condições de resistênc ia exce lentes, é o caso de não exp ul sar imed iatamente este membro, para tentar reformar- lhe o espírito. Nesta hipótese, porém, o presidente do sodalíc io, durante todo o tempo do " tratamento", terá um o lhar particularmente atento sobre esse assoc iado, suas re lações, seu âmbito de ação, etc. Ao meno r sinto ma, empregará todas as medidas para que o contág io cesse. Mai s aind a, preventivamente exercerá uma ação contínua sobre os outros me mbros, a fim de os vacinar contra o perigo. Procedendo assim, ta l presidente terá usado de uma tolerância verdadeiramente virtuosa, pois terá feito bem ao mau, sem que daí decorresse mal para os bons. Isto tudo dá trabalho, requer providências, toma tempo. Suponhamos que o mesmo elemento mau da associação seja uma pessoa de rara sedução, que imediatamente vai influenciando a todos. Como é muito mais fácil influenciar para o mal do que para o bem , o presidente vê que dentro em breve diversos associados terão sido inteiramente deformados, sem que nada se possa ter fe ito em sentido contrário. Põe-se diante dele uma alternativa: ou consente na permanência do membro mau, e neste caso corre o risco de perder vários bons; ou expulsa o membro mau, este muito provavelme nte se perde e os bons se sa lvam , voltando à associação a orde m, o bom espírito e a paz de outrora. Qual o seu dever? O caminho só pode ser um. O bem de vários vale mais do que o bem de um . O bem do inocente vale mais do que o bem do culpado. É preciso expul sar quanto antes o lobo com pele de ovelha. Se não proceder assim, o pres idente terá traído seu dever e terá que prestar conta a Deus pelas alm as que poderia e deveria ter salvo, e que entretanto se perderam.
Após certa contemporização, a imlispe11sável amputação Suponhamos por fim outra situação. O ind ivíduo mau entra - na assoc iação e começa a exercer sua ação envo lvente e ráp ida. No fim de pouco tempo, ta l fo i seu êxito que, se o ex pul sarem, mesmo os melhores não compreenderão. Sua expul são determi nará no sodalício uma crise na qual este se dissolverá. E, o que é grave, dissolvida a assoc iação, seus membros, privados de todo a mparo, correrão o ri sco de se perder. O que fazer? Ev identemente, contemporizar. Mas contemporizar com solércia, inte li gência, decisão. Ser-lhe-á necessári o empregar todos os meios diretos ou indiretos para me lhorar as disposições da ovelha neOUTUBRO 2004 -
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gra, e também para coibir-lhe a,ação; e, ao mesmo tempo, preparar os espíritos para corupreenderem a necessidade urgente de uma expulsão. Logo que os espíritos estejam preparados, cumpre proceder à indi spensável amputação. Ainda aí a tolerância terá sido virtuosa, pois terá salvo a sociedade, enquanto uma ação precipitada a teri a perdido.
A laici<lade COlltl'ál'ia ao catolicismo Destes princípios genéri cos, passemos a um grande exemplo hi stóri co. É a questão da separação entre a Igrej a e o Estado. Como se sabe, antes da Revolução F rancesa a uni ão era o regime vigente e m todos os países católi cos da E uropa. E, nos países protestantes, eram as seitas mais poderosas que estavam unid as à.Coroa. E m conseqüência dos princípi os laicistas da Revo lução, a separação se veio introdu zindo g radualmente ao lo ngo do século XIX e do século XX. Hoj e e m dia, na maior parte das nações oc identais, o Estado é laico. Esta ime nsa transformação fo i altame nte prejudicial para a Santa Igrej a, pelo que exprime em si mes ma. Pois é o fruto natural e típico de um a tendê ncia à laic ização, que se faz ia sentir progressivamente e m vári os setores da cultura, da sociedade e da própria vida no Ocidente. Ora, a laicização é o oposto da fé. A fé é a raiz de todas as virtudes. E a virtude é condição essencial para a salvação das almas. Assim , pode-se facilme nte im aginar quanto risco para estas exi ste na atmosfera laicista em que vivemos. Se o fim da Igrej a é salvar as almas, é fác il ver quanto E la é oposta a toda form a de laicismo. Dizemos estas coisas e leme ntares com tanto pormenor e clareza, pois hoj e e m di a até as coisas mais e lementares estão completamente esquecidas. Ou correm o ri sco de o fica r de ntro e m breve. O contrári o do catolicismo não é apenas o materi alismo ateu, mas també m o laicismo libe ral.
Desastre devido à débil r eação católica Por mi steri osos des ígnios da Providência, e sobretudo por deplo rável culpa dos homens, a reação católi ca não teve fo rça sufi ciente par impedir a laicização das nações oc identais. Posto o fato lame ntáve l da separação entre a Igrej a e o Estado, o que faze r? Se não tive mos fo rça para evitar a separação, menos ainda a teríamos para impo r sua imediata revogação. Só havi a um caminho: tolerar. Há males muito graves que trazem consigo vantagens que, sec undári as e mbora, não deixam de ser prec iosas. Pode-se di zer isto da separação. No regime da uni ão, .a vida da Igrej a estava tolhida po r numerosas intervenções dos governos, cada qual mais peri gosa e irritante . Com a separação, estas inte rvenções cessara m legalmente. Dado o valor inestim ável que tem a liberdade da Igrej a, be m se compreende quanto prove ito podia trazer, debaixo deste ponto de vi sta, a nova situação. Convinha aprove itá- lo integralmente. De outro lado, a separação trazia inconvenie ntes. O mais grave de les era a afirm ação ex plícita, solene, provocante, de que a religião é ass unto de mero foro interno, pelo que o Estado e todos os do míni os da vida públi ca são e devem ser le igos . Das CATOLICISMO
A virtude é condição essencial para a salvação das almas. Assim, pode-se facilmente imaginar quanto risco para estas existe na atmosfera laicista em que vzvemos.
institui ções, este princípio influenciaria fac ilmente todas as esferas da vida me nta l da nação: caso típico de um fruto que reforça o efeito da própria causa. E com isto viri a uma debilitação do sensus Ecclesiae (o senti r da Igreja), capaz de falsear em sua raiz e de combalir em seus frutos a vida religiosa do país. Era mister tolerar o inevitável, mas e mpregar todos os meios para obviar uma. tão desastrosa conseqüência. Sem isto, a tolerância, em lugar de ser reta e sábi a, importa.ria num desastre tão grande, que não há palavras para o qualificar suficientemente.
Com uma simples fw1<la, Davi abateu o gigante Em outros termos, todo o mundo continu ava a. professa r a. tese : a separação é um mal. Mas, na hipótese de e ntão, ela era um mal menor. É o que todos també m ace itavam. Em conseqüência, cumpri a tolerar a separação ... modorrentamente, pachorre ntamente, preguiçosa me nte. Enun ciad a a tese, fa lava-se da hipótese co m uma res ignação que dava a entender que a separação estava destin ada a perdurar séculos, sem dano mais profu ndo para a Igrej a. . Em conseqüê ncia., pouco ou nada se fez para incutir um a noção cl ara dos ri scos desse regime, da gravidade desses riscos, da. ação contínua que se tornava indi spensável para que esses ri sco não se convertessem e m realidade. Do lado anticatóli co, os meios mais efic ientes, mais possantes, mais requintados para fo rmar a opini ão públi ca eram empregados no sentid o de laicizar até suas últimas fibras as nações do Oc ide nte. É poss ível que nossos me ios, muito in fe ri ores aos do adversári o, não tivessem logrado resultado no pl ano humano, se empregados cabalmente. Mas Deus não fa lta. a qu em faz todo o poss íve l. Pelo contrári o, E le castiga os que, não confi ando principalmente na Pro vidência, negli genc iam e mpregar os poucos recursos que tê m em mãos. Uma fund a. era insuficie nte, mas Davi co m ela abateu Goli as . Se tivéssemos rezado ... se tivéssemos agido .. . se tivéssemos luta.do ... E nfim, o passado é o passado. Para que ex umá-lo? É que está diante do presente, diante de nós, o probl ema da tolerância. Trata-se de saber, e m mil ocasiões, até que ponto e de que modo se pode o u se deve tolerar. Como "cesteiro que .faz um cesto.faz um cento", temos todos os motivos pa ra rece·ar que o ho mem co ntemporâneo, alé m de tolerar o intolerável, muitas vezes tolere com pregui ça e apatia o que deveri a ser tolerado com vi gil ância, firmeza e solércia. Para evitar tão grande mal, aqui ficam es tas reflexões, escritas num espírito de simpatia ardente, franqueza fraterna e leal cooperação.* •
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Catolicümo , nº 79, julho/ 1957 (os int ertítul os são da redação). E-mai l para a redação: redacao @ca to licismo.com.br
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nar-se- ia um sacerdote ela Companhia ele Jes us e brilha.ria por sua eloqüência e santidade. Nada di sso. Os ca minhos ela Providê ncia e ram outros. Afonso teve que interromper os estudos, com a morte cio pai , pois, como seu irmão estava mais adi a ntado ne les, era preferíve l que se formasse. Assim, Afonso tomou um rumo oposto: tomou-se o encarregado ela loja ele tec idos cio falecido progenitor, e casou-se. Nasceramlhe os dois primeiros filh os, um casal. Estava e le assim e ncaminhado para uma vicia virtuosa dentro cios laços conjugais e como honesto comerciante.
Mo<lelal' mal'i<lo e J)ai, péssimo comerciante
Santo Afonso .Rodríguez, . o santo porteiro 1esu1ta /
E sse predileto da Santíssima Virgem, cuja festa comemoramos neste 1nês, tornou-se grande santo e n1ístico na humilde função de irmão leigo , n PuN10
Acima : Visóa de Santo Afonso Rodriguez Francisco de Zurbarón (1630) - Acad emia de São Fernando, M adri
CATOLICISMO
M ARIA
SouMEo
onso Rodríg uez nasceu a 25 ele ulho ele 153 1, numa fa mília ele sete filhos e quatro filh as, send o o seg undo ela num erosa prol e. Como não era raro na época, seus pais, basta nte virtuosos, criaram os filhos no a mor e no temor ele Deus e na devoção Àquela que é a Medianeira ele todas as graças, Nossa Senhora. Desde pequeno Afonso apre ndeu a invocá-La e, e m sua inocência, confiava-Lhe todos seus desejos e apreensões. Certo dia - estaria ele já entrando na adolescênc ia - num tra ns porte ele a mor, disse à sobe rana Senhora: "Ó Senhora, se Vós soubésseis quanto Vos amo! Eu Vos amo tanto, que Vós não podeis amar-me mais do que eu a Vós".
Ao que, aparecendo- lhe, disse-lhe a R ainha cios Céus: " Você se engana, meu filho, porque eu o amo muito m.ais do que você pode me amar".
Pl'Ímefros contatos com a ComJ)a11/lia <le Jesus Do is reli giosos j es uítas, indo pregar missão e m Segóvia, hospedaram se e m sua casa . Afonso e seu irmão fo ram des ignados para atendê-los, e receberam, e m troca cio es me ro com que o fi zeram, bon s conselhos e orie ntação re li giosa. Foi o primeiro contato que o futuro santo ma nteve com os jes uítas. Co m eles começariam, Afonso e seu irmão, seus estudos no colégio ela Companhia e m A lca lá. Dir-se-ia que o futuro ele Afonso estava traçado: tor-
M as se Afon so e ra muito bom marido e pai , revelou-se come rc iante incompetente. Pois tinha tanto esc rúpulo ele obter algum lucro ilicita me nte, que pouco ganhava e m suas tran sações co me rciai s. A esposa alertouº que, desse modo, iriam e les acabar na miséria. Mas ele nad a adiantou. E os negóc ios iam de mal a pior para a fa mília. Chegou e ntão a hora ela Providê nc ia: a esposa bem-amacia faleceu ao dar à lu z a um menino. Pouco tempo de poi s, faleceu a filhinha, e não mui to de poi s um cios meninos. Esses c ruéis sofrim e ntos fizeram -lhe compree nder que não há nada ele duradouro nesta vicia, e que tud o passa como o vento. Agora ficava e le só com o fi lhinho que custara a vicia à mãe, e concentrou ne le todo seu afeto. Levando uma vicia extremame nte penitente, mais própria a religiosos que a comerciantes, Afonso continuou com sua loja, sendo visitado continuamente po r vi sões e êxtases. Um dia e m que ele chorava seus pecados, Nosso Senhor apareceu-lhe acompanhado ele um brilhante cortejo ele 12 santos, cios quais ele reconheceu ape nas São Francisco ele A ss is. Este lhe pe rg untou por que chorava. "Ó querido santo - responde u- lhe Afonso - se um só pecado venial m.e rece ser chorado durante toda uma vida, corno vós quereis que eu não
chore, sendo tão culpado?". A humil de resposta agracio u a Nosso Senhor, que o olhou com muita complacência e desapareceu. O amor ele Afon so pelo filhinh o era extremo, mas todo sobre natural. De modo que ele, um dia , contemplando a inocência cio me nino de três anos, e pe nsando no horror que representa o pecado mo rtal , implorou a D eus que, se ma is tarde aquela criatura fosse ofendê-Lo ele mane ira gra ve, que E le a levasse em sua inocê ncia batismal. D eus não se fez ele rogado, e Afonso dolorosa me nte te ve que amortalhar seu último filho , mas na alegria ele sabê- lo salvo no Céu.
Irmão leigo na Companl1ia <le Jesus Aos 32 anos ele idade, estava livre .para tornar-se reli gioso na Companhia de Jesus. Mas não foi o que ocorre u, poi s os ca minhos da Providência são, muitas vezes, diferentes de nossos planos. Afonso vende u todos os seus bens e dirigiu-se a Vale nça, pedindo admissão na Companhia de Jes us. O re itor, entretanto , aconselhou-o a a prender antes a líng ua latina, para poder seg uir o sacerdócio. E le en trou então como preceptor cio filho ela Duquesa ele Te rra-Nova. Decorreram outros seis anos até que Afonso fosse admitido na Compa nhia. Nela, o santo seg uiu ri gorosame nte o programa ele estudos
para poder ordenar-se. M as , já quase com 40 anos e co m má saúde, piorada pelo excesso ele austeridades, não conseguia aprender o s ufici e nte para o sacerdócio. Ele o compreende u, como logo ta mbé m se dera m conta di sso seus supe riores. Assim, ele foi admitido na Co mpanhia ele Jesus como s imples irmão leigo. Nessa humi lde condição, Afonso foi e nviado ao colégio ele Palma ele Mali o rca, para cuidar ela portari a. Soube le var ali uma vida ele extraordinária riqueza espiritua l. Durante mais ele 30 anos como porteiro, faze ndo com espírito sobre na tural suas mai s simples ações, c hegou a um alto gra u ele vicia mística. Logo ele ma nhã, qu a ndo o s ino tocava o despertar, ajoelhava-se perto ela ca ma, agradecia à Santíss ima Trind ade por hav ê-lo preservad o naqu e la noite de todo o mal e pecado, e dizia estas palavras do Te Oeum: "Dignaivos, Senhor, guardar-me, neste dia, sem pecado". Renovava e ntão o propós ito ele receber a todos, e m seu ofíc io ele porteiro, como se fossem o próprio Nosso Senhor. A cada hora cio dia ele recitava uma jaculatória especi al, celebrando uma elas invocações ele Nossa Senhora; e à noite, a ntes ele deitar-se, recome ndavaLhe todas as almas cio Purgatório, suplica ndo que aceitasse seu re po uso co mo uma oração e m sufrágio de las.
Cidade de Segóvia, na Espanha, onde nasceu o santo e tomou o primeiro contato com a Companhia de Jesus
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Refugiados sudaneses de Darfu r
Seu comérc io com o sobrenatural era contínuo, como ele mesmo revela e m s ua autobiografia, fa lando na terceira pessoa: "Essa
pessoa chegou a viver tão .familiarmen te com Jesus e sua santa Mãe, que às vezes parecia-lhe caminhar entre cunbos, e que os dois o abraçavam, e ele Lhes dizia amorosamente: 'Jesus, Maria , meus du lcíssimos amores, morra eu e padeça por Vosso amor'". 1
e m nossa é poca dominada pe lo o rg ulho. Certo dia ele assistia a uma conferê nc ia sentado perto da po rta . Ao e ntrar um superio r, ofereceulh e o lu gar. " Permane ça onde está", disse-lhe e le. Afonso ficou lá até bem depois de terminada a confe rê nc ia, e só saiu quando ai-
Dil'etor espil'itual ele São Peclro Claver
Perseguições do <lemônio e SOCOl'l'O Se Afo nso tinha v isões celestes, não era privado das infe rnai s. O demônio apa rec ia- lhe sob as mais horrendas fo rmas, e o tentava de todos os modos poss ívei s, principalmente contra a virtude da pureza. Para co mbatê- lo , o irmão le igo recorria à penitência e à oração, e sobretudo à Rainha do Céu e da Terra . Duas vezes o espírito infernal la nço u-o do a lto da escada que unia dois pavimentos , e nas duas vezes fo i e le amparado po r N ossa Senhora. Num a violenta te ntação de desespero, c ha mo u Maria em seu soco rro. Nossa Senhora apa receu-lhe c irc undada de lu z celeste, e os de mônios fu gira m espavoridos. "Meu.filho Afonso - disse-lhe E la
- onde estou, você não tem nada a temer". A um re ligioso espa nhol, que depois lhe escreveu a biografia, deu este co nselho: "Quando desejar
obter qualquer coisa de Deus, recorra a Maria, e esteja seguro de tudo obter".
-.:EJ
Foi Santo Afonso Rodríguez quem sugeriu a São Pedro Claver (quadro acima) partir para a América
gué m o foi chamar. Para prová-lo o utra vez, o supe rior mandou que e mbarcasse para a Índia. Se m mais pen sa r, ne m pega r ro upas e provisões, partiu e le. O superior mandou . detê-lo, e perguntou-lhe: "Como iria à Índia?". "Eu iria até o porto
Obediência e apóstolo da clevoção mariana
e procuraria um navio; se não o encontrasse, entraria na água e iria o mais longe possível; depois retornaria, contente de ter feito tudo para obedecer". 2
S ua obedi ê nc ia aos superio res era cega, e difícil de compreende r
Em seu zelo apos tó li co, o fe rvo roso irm ão procurava difundir
CATOLICISMO
e ntre os a lunos do co légio gra nde devoção à Virgem , insistindo com que a E la se mpre recorressem e se in screvessem na Congregação M aria na. Eva ngeli zava os pobres e vagabundos que apa rec ia m no colégio à procura de esmo la, cativa ndo-os por sua ardente carid ad e.
Por volta de 1605 , Afonso Rodríguez foi procurado por um jovem seminarista jesuíta catalão, Pedro Claver, que lhe pediu com insistê nc ia que o simples irmão leigo fosse seu diretor espiútual. Surgiu então e ntre os dois uma amizade sobrenatural que não cessou com a morte, po is Afonso Rodríg uez teve a visão da entrada de seu discípulo na g lóri a celeste. Foi por sua direção que Pedro C laver partiu para a América, o nde dedicou todas suas forças, energias e imensa caridade ao apostolado com os negros. Afonso R odríg uez aco mpanhava de lo nge o labo r apostóli co de seu discípulo, oferecendo- lhe não só suas orações, mas o mérito de suas penitências. Dedicou a ele um livreto que escreveu, com o título A per-
feição religiosa. 3 Santo Afo nso Rodríguez fa leceu no dia 31 de o utubro de 1617, aos 86 a nos de idade. • E-mai l do autor: pmsolimeo@catoli cismo.com br
Notas:
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1. Fr. Ju sto Perez de Urbe!, O.S.B. , Afio Crisliano, Ediciones Fax , Madrid, 1945 , tomo IV, p. 23 l. 2. Les Petits Bo ll andi stes, Vies des Sainls, Bl oucl etBarral, L ibrai res-Éditeurs, Pari s, 1882, tomo X III , p. 73. 3. Edc lvives, E/ San.to de Cada Dia, Editoria l Luis Vives, Saragoça, 1955, tomo V, pp. 609 -6 1O.
Cruel perseguição contra católicos sudaneses: martírio silenciado A mídia e líderes do Ocidente mostram preocupação quanto aos sangrentos choques entre muçulmanos no Sudão. Mas se desinteressam do massacre de católicos sudaneses perpetrados por islamitas. 1 SANTIAGO FERNANDES
uas sorride ntes menin as de ébano, vestidas com roupas de cores esfu ziantes, vagavam pelos campos semidesérticos de seu torrão nata l. Subitamente a tragédia corto u o rumo de suas vidas, quando apareceram negreiros muçulmanos. Pegaram a mais nova, que co nta va a pe nas 9 a nos, e a venderam
como escrava. Sob o trauma do rapto, e la esq ueceu seu nome, passando a ser c hamada Bakhita, o u sej a, a afortunada. Ela teve qu atro do nos maometanos . O último deles torturo u-a ho rrive lme nte. Fo i tatuada, co mo todos os infe li zes escravos, e sofreu L14 incisões no corpo. Sobre as fer idas, jogavam sal como único anti-séptico. Esse c rue l amo vendeu-a no me rca-
do de Cartum , capita l do Sudão, e m 1882. N aq ue le dia o cônsul da Itália, Ca li xto Leganini, viu-a, teve pe na, comprou-a e a recebeu e m sua famí li a. Pouco depois , quando fa náticos islâ micos ia m invad ir Cartum , o cônsul voltou para a Itália . Ali , Bakhita fo i babá na casa de Augu sto Michi e li , am igo do cônsul. Recebeu o batismo, a comunhão e o cri sma das mãos do Cardeal de Ve neza. Por fim, ingres-
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A santa rodeada por ex-alunas italianas
em Olgossa, a sudoeste do Sudão, na região de Darfur, próxima da capital do país. 1 sou no Instituto das Irmãs da Ca ridade de Canossajunto com a filha dos Michieli , Miminna, que tornara-se sua íntima am iga. Durante 50 anos de vida religiosa, traba lhou sempre sorride nte nos conventos, limpando, coz inh ando e cuid ando dos mais pobres. Comove ver as fotos de Bakhita - seu nome de reli gião é soror Josefina Margarida Afortunada - já anciã, rodeada pelas ex-a lunas italianas das casas onde exerceu seu labor apostólico. Em seu ve lório, as mães pegavam a mão de "nossa mãe mourinha " e co locavamna sobre os seus filhos, para pedir-lhe sua salvação. Ela faleceu e m 1947, tendo sido canonizada em 1º de outubro de 2000. Nascera, ao que tudo indi ca, em 1869,
Islã: mun<lo <lilaccra<lo pol' lutas <lc gru11os e clãs Darfur: palavra hoj e constante e m manchetes da grande mídia. Não por causa de Santa Bakhita, mas devido ao mesmo flagelo que a tornou escrava: as práticas e os conflitos ferozes que marcam há sécu los a vida quotidiana nas reg iões sob domínio do Islã. Está e m c urso em Darfur uma guerra atroz entre facções mu çulm anas. Os dados, e mbora aproximados, acenam para a ex istênci a de um a im ensa tragéd ia. Os mo rtos seriam mais de 10.000, enqu anto os refugiados atingiriam a cifra de um milh ão. 2 Na opinião de obse rvadores, cam inha-se para um imenso morti cínio, devido à fa lta de alimentos que aflige as
Abaixo : fotos de católicos sudaneses assistindo à santa Missa
vítimas, sobretudo mulheres e crianças de tribos refratárias ao is lamismo revolucionário. Não ex iste em Darfur conflito entre reli giões, poi s 100% da população é maometana. Ta mbém não se trata de con fli to étnico, pois todos pertencem à raça de Santa Bakhita. De um lado h,i as milíci as islâmicas dos .!anjawid ("cavaleiros do diabo, armados de kalachnikovs"), apoiadas pelo governo fund amentali sta de Cartum. De outro lado diversas tribos agríco las, que não segue m o islami smo radical do governo. Os conflitos de Darfur põem a nu um aspecto pouco divulgado pela mídia: as divisões inte rnas no mundo is lâmi co. Este costuma ser apresentado como um bloco sem fi ssuras. Poré m, na rea lidade, os seguidores de Maomé formam uma ga láx ia corroída por ód ios e dissensões sec ulares e profundos, que as interpretações do Corão têm co ntribuído para aumentar.
Calvál'io quase ignora<lo <los católicos su<lanescs O drama no Darfur, entretanto, não atingiu , pe lo menos até agora, os níve is de ex termínio em massa da guerra promovida pelo islamismo contra as populações, e m grande proporção católicas, do sul daquela nação. Lá, tropas e milíci as irregul ares do governo islâmico já ocasi onaram entre dois e três milhões de mortes. M as a este genocíd io a grande mídia oc idental não concedeu espaço proporcionado ao que dá ao caso de Darfur.
A ONU, a União Africana e as potências mundiai s, assim como altas personalidades religiosas, hoje preocupadas com a cri se humanitária gerada pelas lutas entre muçulmanos, não se mostram proporcionalmente sens ibili zadas pelo massacre dos cristãos do sul. D. Cesare Mazzo lari , Bispo de Rumbek, diocese localizada nessa martirizada região, forneceu in for mações atua li zadas sobre os católicos da zona, em entrevista ao diário "11 Giornale" de Milão.3 A situação é tão grave que, para e le, "está se aproximando o momento do martírio. Espero que o Senhor nos dê a graça de enfi·en.tar esle derram.amento de sangue. [... ] Muitos cristãos serão mortos por causa da sua .fé. Mas do sangue dos mártires vai nascer um.a nova cristandade". Mon s. Mazzo lari co nh ece u, por exe mplo, Jo. eph Santino Garang , jovem cri stão escravo de um patrão muçulmano, que foi crucifi cado num domingo porque se deteve para rezar. "O patrão cravou nele pregos nas mãos, nos pés e nos j oelhos, e jogou ácido nas .feridas. Agora eleficou irremediavelmente estropiado", narrou o bi po. E acrescentou: " Pelo menos três milhões de sudaneses do sul.foram transferidos ao norte, empurrados pela.fom.e, e Ji veram que.fazer a profissão pública islâmica de .fé, para obter um emprego. Os onvertidos ao islamismo são marcados afogo. Marcamnos a .ferro com.o gado, para distinguilos dos il1/iéis ". D. Cesa re ainda informo u: "Minhas ,n issões estão ch eias de ex-escravos. Nos anos 90, resgalei pessoalmente J50, pagando por eles menos do que por um. cão de ped igree: 50 dólares pelas mulheres e 100 pelos ho111ens. Eles os utilizarn corno pastores ou os co lo ·am no serviço defamílias árabes ri as de Cartum. Obrigcun-nos a .fi·eqiientar as escolas corânicas ".
D. Cesare Mazzolari, Bispo de Rumbek
dem igrejas para sere m usadas co mo mesqu itas? O Prelado respondeu: "Os m.uçulmanos, [... ] por todo lado onde se instalam., m.ais cedo ou m.ais tarde tornam-se uma .força política hegemônica. Os italianos os acolhem. por bonacheirice. Logo perceberão que os muçulrnanos abusaram dessa bondade, trazendo de z vezes m.ais pessoas do que o com.binado. São m.uito mais sabidos do que nós. Em. minha diocese destroem as igrejas, entrelanto vós lhes abris as portas das igrejas. Não se oferece um quarto do próprio apartamento a um ladrão, porque m.ais cedo ou mais /arde não se encontrará n-1.ais a mobília".
Cruza<la: meio para coibir a pc1'Seguição
Posto de saúde destruído em Darfur
Fila de escravos sudaneses
Traficantes muçulmanos de escravos
O que poderá pôr um ponto final a esse rio de sangue e persegui ção que se abate sobre os católicos sudaneses, e m me io a tão gra nde in sens ibilidad e do Ocidente? A resposta se encontra no título de um vigoroso arti go do Prof. Plí nio Corrêa de Oliveira: Sim, só por meio de uma cruzada! 4 E devemos lembrarnos, ademais, de Santa Bakhita, da legião de mártires africanos - tanto dos primeiros séc ulos do c ri sti ani smo quanto dos séc ulos XX e XXI - bem co mo do triunfo prometido por Nossa Senhora em Fátima. Todo esse quadro inclina o esp írito a admitir que tanta dor, tantos martírios, estão pesando na balança da mi seri córdia divina, para apressar o dia e m que a África conhecerá uma ordem e um a civilização co mo até agora não conheceu: a C ivili zação Cristã, em que os teso uros de alma das várias raças e povos desse contine nte desabrocharão sob a inspiração sobrenatural da Santa Igreja, vivificados pelas bênçãos de Maria Santíssim a. • E- mail do autor: santi agofernandes@catoli cismo.com.br
Atitll<le capitlllacionista <lc católicos /'acc ao Islã Contrariando o que se espa lh a cm certos ambientes ecumê nicos do Ocidente, D. Mazzolari deixou bem claro que o Deus dos cató li cos não é o Alá dos muçulmanos. Mas como explicar o fato de que na Europa há bispos que lhes conce-
CATOLICISMO
Notas:
Pés acorrentados de escravos
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1. "Afrol News" , 3-8-04, http://www.afrol.com/ es/es ec ial es/1 3253 2. Cfr. " Le Monde Dip lomatique" , maio/2004. 3. www.chiesa.espressonline.it, http:/1213. 92. 16. 98/ESW-artico lo/0,2393 42 159,00.html 4. " Fo lh a de S. Pau lo", 15- 11 -70.
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A catedral Cio
ALEN CASTRO
belíssima página que a seguir transcrevemos -
de Émile Male,
um historiador francês de grande envergadura , especializado em história da arte -
apresenta - se como um bálsamo
para as feridas que em nossas almas abriu esta época na qual vivemos . Ele nos fala da catedral medieval, especialmente a do século XIII , na França . Temos a impressão de estar lendo um poema que faz voar nosso espírito para longe das maldições deste século: os horrores da luta de classes, o desvario a que se chegou a propósito dos chamados direitos humanos, as invejas, os escãndalos que se atropelam uns aos outros, as perversões morais, o terrorismo, a contínua insegurança e tudo o mais. Enfim, damos a palavra ao célebre autor* . Dispensamos as aspas, pois só os in tertítulos são nossos .
N o corre-corre de nossos dias tresloucados, façamos uma pausa. Esqueçamos por alguns minutos o trabalho, as preocupações que nos assaltam, e faça1nos uma visita a uma catedral medieval. Catedral de Notre- Dame de Paris
* * * Na catedral inteira sente-se a certeza e a fé; em nenhum lugar a dúvida. Esta impressão de serenid ade, a catedra l ainda hoje no-l a tra nsmite, por pouco que queira mos prestar atenção . Esqueça mos por um mo mento nossas inqui etações, nossos siste mas. Vamos a ela. De lo nge, com seus tra nseptos, suas fl ec has e suas to rres, e la nos parece um a nau possante, partindo para uma longa vi agem. Toda a cidade pode e mbarcar sem temor e m seus robustos flancos.
Jesus Cl'isto é o centro da J-/istól'ia Aprox im e mo-nos. No pórti co, enco ntramos logo Jesus Cri sto, co mo o e ncontra todo ho me m que ve m a este mundo. Ele é a chave do eni g ma da vicia. Em torno d 'E le está escrita um a resposta a todas as nossas questões . F icamos sabendo como o mundo começou e como termin ará; as estátuas, das qu ais cada uma é símbo lo de um a id ade cio mundo, nos dão a medida de sua duração. Todos os home ns cuj a hi stóri a nos importa conhecer, nós os te mos di ante cios olhos - são aque les que na Anti ga ou na Nova Le i fo ram símbolos de Jesus Cri sto - pois os ho mens só ex istem na medida e m que parti cipam da natureza cio Salvad or. Os outros - re is, conqui stadores, filósofos - são apenas sombras vãs. Assim o mundo e a hi stóri a cio mundo se nos torn am claros. Mas nossa própria hi stória ve m esc rita ao lado da hi stó ria desse vasto universo. Nós aí aprendemos que nossa vida deve ser um combate: luta co ntra a natureza a cada estação do ano, luta contra nós mes mos a todos os instantes, etern apsicornaquia. Àq ue les que bem combateram, o anjos, do alto do Céu, estendem coroas. Há lu gar aqui para um a dú vida, ou para uma mera inqui etação de espíri to?
A atmosfera da catedral purilica Penetre mos na catedral. A sublimidade das grandes linhas verti cais atua logo de início sobre a alma. É imposs ível entra r na grande nave de Ami ens sem se sentir purificado. Unicamente por sua beleza, ela age como um sac ramento. Ali també m encontra mos um espe lho CATOLICISMO
do mundo. Ass im como a pl ari'ície, como a fl oresta, ela tem sua atmos fera, seu perfume, sua luz, seu claro-obscuro, suas sombras. [...] Mas é um mundo transfi gurado, no qual a luz é mais brilhante que a da realidade, e no qual as sombras são mais mi steriosas. Sentimo-nos no seio da Jerusalém celeste, da cidade futura. Saboreamos a paz profunda ; o ruído da vida quebra-se nos muros do santuário e tornase um rumor longínquo: eis aí a arca indestrutível, contra a qual as tempestades não prevalecerão. Nenhum lugar no mundo pôde comunicar aos homens um sentimento de segurança mais profundo. Isto que nós sentimos aind a hoje, quão ma is vivamente o sentira m os homens da Idade Média! A catedral foi para eles a revelação total. Palavra, música, drama vivo dos Mistérios, drama imóvel elas imagens, todas as artes ali se harmonizavam. Era algo além ela arte, era a pura lu:z., antes que ela se ti vesse diversifi cado em fachos múl tiplos pelo pri sma. O homem confinado numa classe soc ial, numa profi ssão, disperso, es magado pelo trabalho de todos os di as e pela vicia, nela ·retomava o sentimento de unidade ela sua natureza; ele ali encontrava o equilíbrio e a harmoni a. A multid ão, reunida para as grandes fes tas, senti a que ela era a própri a unid ade viva; ela torn ava-se o corpo místico ele Cri sto, cuj a alm a se confundi a com sua alma. Os fiéis eram a humanidade, a catedral era o mundo, o espíri to ele Deus pairava ao mes mo tempo sobre o homem e a cri ação. A palavra ele São Paul o tornava-se uma rea lidade: vivi a-se e mov ia-se em Deus. Eis o qu e sentia confusamente o homem ela lclacle Médi a, no belo dia ele Natal ou ele Páscoa, qu ando os ombros se tocavam, quando a cidade inteira lotava a imensa igreja.
Jlal'monia entl'e as classes sociais Símbolo ele fé, a catedral fo i também um símbolo ele amor. Todos para ela tra balharam. O povo ofereceu o que tinha: seus braços robustos. Ele se atrelava aos carros, carregava as pedras nas costas, ti nha a boa vontade do giga nte São Cri stóvão. O burguês deu seu dinheiro, o barão sua terra, o artista seu gêni o. Durante mais ele dois séculos, todas as fo rças vivas ela França colabora ra m: daí vem a vida possante que se irradi a dessas obras. Até os mortos associavam-se aos vivos: a catedral era pavimentada ele pedras tumulares; as gerações antigas, com as mãos juntas sobre suas lápides mortuárias, continuavam a rezar na velha igreja. Nela, o passado e o presente uni amse num mesmo sentimento ele amor. Ela era a consciência ela cidade. [...] No século XIII, ricos e pobres têm as mesmas alegri as artísticas. Não há de um lado o povo e ele outro um a classe ele pretensos eruditos. A igreja é a casa ele todos, a arte traduz o pensamento ele todos. [... ] A arte cio século XIII ex prime plenamente uma civili zação, uma idade ela Históri a. A catedra l pode substi tuir todos os li vro. . E não é somente o gêni o da Cri sta ndade, é o gênio ela Fra nça que desabrocha aqui . Sem dúvida, as idéias que tornaram corpo nas catedrais não nos pertencem co m exclusividade: elas são o patrimôni o comum da Euro pa católica. Mas a França aqui se reconhece em sua paixão pelo universa l. [... ] Quand o compreenderemos que, no domíni o ela arte, a Fra nça jamais fez al go ele maior? •
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E-mail cio autor: cicl ale ncastro@cato lic ismo .co m.br
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Émile Mâle, L 'Art religieux dtt Xltr siec/e e11 Fra11ce, Le Livre ele Poche, Paris, 1969 , pp. 448 ss (p rimeira edi ção : 1898). O bra pre mi ada pe la A cadémie Fra11çaise e pe la Acadé111ie des Íll scrip1io11 s e/ Bel/es-Lel/res .
CATOLICISMO
O poder da Ave-Maria Afé e a coragem ele uma jovem negra, proveniente do Burundi, leva à prisão o monstro rias Ardenas, sinistro criminoso que praticava assassinatos cm série na Bélgica r
RENATO M URTA DE V ASCO NCELOS
o di a 26 ele junho ele 2003, Mari e-Asce nsión Kiromb o, el e 14 anos, dirigia-se para sua res idência na pequena cidade ele Ciney, situada nas Ardenas (sul da Bélgica). Fora comprar um cartão postal para enviar a um amigo. Já perto ele casa, foi abordada por um homem ele cabelos grisalhos que conduzia uma caminhonete ele entregas. O desconhecido queri a saber como chegar ao Convenlo Mont de la Sal/e. Apesar da explicação clara e detalhada, pediu à menina que subisse no carro e lhe indicasse o caminho. Ma.rieAscensión replica que não pode entrar no carro ele um estranho, ao que este retruca: - Não se preocupe, sou p rofessor e pai de f am.ilia. Você pode co,1/ia r em mún. A menin a, cuj o pa i também é professor e lhe ensinou que se eleve ajudar pessoas em clifi culclacles, aca bou se convencendo e entro u no automóvel. Já dentro ci o ca rro , o desco nh ec id o tocou-a el e modo indecente e obri gou-a fic ar abaixada. Percebendo a arm adilh a em que ca íra, Marie- Aseensión pergun tou a seu ra ptor: - O senhor pertence acaso à quadrilha de Dutroux? 1 - Não, sou ainda bem pior. - O senhor. acredita em Deus? pergunta a jovem, as.- ustacla e já prevendo o pior. - Por quê? - contesta ele modo irri taelo. - Porque se o senhor acrediJasse em Deus, não me fa ria ,nal algu 111.
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De fa to, Ma.ri e-Ascensión acabava ele cair nas garras ele Mi che l Fourniret, 2 anos, o ass im chamado m.on.stm das Ardenas, criminoso que prati cava assass inatos em séri e.
A jovenzinh a, piedosa católi ca proveni ente cio Burundi (Á fri ca), co meçou então a rezar a Ave-Mari a em voz alta e ininterruptamente. Irritado, Fourniret paro u o carro, amarrou as mãos de Marie-Ascensión e prendeu-a na parte fec hada el a caminh onete. E seguiu viage m rumo a seu sini stro cas telo, onde já matara pelo menos um a dezena ele mulheres, todas elas aind a jovens.
Orações atemli<las Mari e-Ascensión percebeu entretan to que a.- cordas estavam frouxas, e que co m os cientes poderi a desatá-las. Conseguiu afi nal ele. ve ncilh ar-se elas amarras e, aproveita ndo um cruza mento no qu al o monstru oso Fo urniret teve qu e diminuir a marcha , abriu a porta traseira e saltou para fora cio veículo. Estava a 25 km ele onde fo ra raptada, num loca l ele pouco trânsito de automóveis. Mas sua oração não fo ra em vão . Nossa Senhora lh e sorriu , porque pouco depois veio- lhe ao enco ntro um carro diri gido por uma senhora, que a soco rreu, e dirig ira m-se para um posto poli cial. Pouco depois o ca rro ele Fourniret passou em alta veloc idade em sentido contrário. Percebera que a vítim a lhe escapara, e vinha-lhe ao enca lço. Mari e-Ascensión pôde então ver a placa ela ca minhonete de seu ra ptor. Para não esq uecer seu núm ero, fo i repetindoo em voz alta até chega rem ao posto policial. Com o número da pl aca, fo i fác il à po líc ia identificar o 111ptor, hav ia muito tempo procurado por todo o país, e poucas horas depois Fourniret fo i preso em sua casa. No dizer ela arti culi sta cio di ário " Die We lt", de 23 de julho último, o sembl ante da jovem transluzia uma impressionan te paz interior, e ela dirá a seus pais: "Foram minhas orações que me salvaram".
Ação <le grnçí:1s O fato de Ma.rie-Ascensión ter escapado quase miraculosamente das ga rras de Fourniret levou seu pai a convidar fa mili ares e ami gos próx imos, umas trinta ou quarenta pessoas, p,m1 assistirem a uma Mi ssa ele ação de graças no Convento M ont de la Sal/e, o mesmo para onde Fourn iret dissera querer diri gir-se. Comparecera m 400 pessoas ! É que o exemplo ela j ovem coraj osa 2 e pi edosa galvanizou a população local. U ma jovem que, num momento ele extrema afli ção, recorreu a Nossa Se nhora, e Ela. lhe sorriu . • E-mail ci o autor: re na tovasco ncclos @cato lic ismo.co m .br
Notas: l. Marce l Dut roux diri gia uma quadrilh a que raptava e mat ava me nores, de po is ele os sev iciar. Recentemente fo i conde nado pe la justi ça belga à pri são perpétua. 2. O fa to, ocorrido h,I mai s de um ano, tornou-se púb lico co m o arti go ele Eli salex C lary, publi cado c m " Di e We lt", 23-07-04, sob o títul o Ei11 w p/eres Mtidchen (U ma j ovem coraj osa).
OUTUBRO 2004 -
dir-se pe la Península Ibérica , e de lá para as Américas.
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t Sanla Teresinlrn do Menino Jesus, Virgem Primeira Sexta-Feira do Mês
2 Santos Anjos da Guarcla Primeiro Sábado do Mês
3 SanlOs Veríssimo, Máxima e ,Júlia, lVléí rlires + Portu ga l, séc. III . Martirizados durante a perseguição de Diocleciano, já eram cultuados no sécu lo VI. Nos séculos X e XI havi a, só entre os rios Mondego e Minho , pelo menos sete igrejas a eles dedicadas.
4 São F'rancisco ele Assis, Confessor
5 São Bencclilo. o Preto, Confessor
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NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO Festa instituída por São Pio V em ação de graças pela vitória obtida em Lepanto contra os maometanos em 1571, atribuída à recitação do rosário. (Vide Catolicismo, maio/200 l)
8 São Demétrio, Mcírt.ir + Ásia Menor, séc. III. " Procônsul romano que, depois de converter muitos àfé de Cristo, foi trespassado de lanças por ordem do Imperador Maxirniano " (do Martirol óg io Romano).
9 Patriarca Abraão + Pal estina , séc. XIX a .C. "Esperando contra toda esperança, obedeceu a Deus que o mandara deixar seu país, e mais tarde a sacr!ficar seu filho Isaac, único herdeiro da posleridade prometida. Teve fé em Deus, que o declarou justo, e ele se tornou o pai de uma multidão de crentes" (cio Martirológio Romano - Monástico).
Santo i\polin{ll'io, Bispo e Confessor
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+ França, 520. Fi lho ele São
Santos Márlires Franciscanos de Ccula + África, séc. XIII. Daniel, Samuel , Ângelo, Leão, Nicolau e Hugolino, sacerdotes, e Dono, irmão leigo, foram a Ceuta pregar o Evangelho. Tendo refutado os erros de Mafoma, foram cobertos de opróbrios, açoites e prisão antes de receberem o martírio pela espada.
Hesíquio, estudou sob a direção ele São Mamerto, sendo sagrado Bispo de Vallence por seu irm ão, Santo Avito , de Vie na de França. Combateu tenazmente os arianos ele sua diocese, restabelecendo nela a Reli gião católica.
6 Santa l•'é, Virgem e M{11'Lit' + França, séc. III. Sofreu o martírio em Agen, na França. Seu culto adquiriu muita popularidade quando um monge levou suas relíquias para Conques, que ficava no rotei ro elas peregrinações a Compostela. Daí seu culto clifun-
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12 Nossa Senhorn ela Conceição Aparecida, Rainha e Paclroeira cio Brasil (Vide Catolicismo, setembro/ 2004)
13 São Geraldo Abade. Confessor· + França, 909. Conde de Au rillac, fundou em seu condado uma célebre abadia, que se tornou parada obrigatória parn os peregrinos a Compostela. Dela foi abade o gra nde Santo Odon, antes de o ser de Cluny, o qual escreveu a vida de São Geraldo.
de uma vicia dissipada, entregando-se à existência eremítica na Itália, onde viveu na contemplação e penitência.
Cuidou depo is dos so ld ados feridos na Primeira Guerra Mundial. Sempre humilde e so lícita, fa leceu aos 34 anos.
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21
Santo l lerão , Bispo e Mártir + Ásia Menor, séc. II. "Discípulo do Bem-aventurado Inácio, a quem sucedeu no episcopado, e aijas pegadas seguiu como .fiel imitado,: Em seu amor a Cristo, deu a vida pelo rebanho que lhefora confiado" (do Martirológio Romano).
Santo Agatão Anacorela, Confessor + Ásia Menor, séc. IV. "Celebrado por seu discernimento; segundo ele, 'não havia nada mais difícil do que a oração, pois não há esforços que os demônios não façam para interromper este poderoso meio de os desarmar'" (do Martirológio Romano Monástico).
18 São Lucas, Evangclisla
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14
São Monon El'emita, Confessor·
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São ,Justo, Bispo e Confessor + Egito, 382. "Bispo de Lião, que defendeu a f é de Nicéia antes de se retirar para a Tebaida com o leitor de sua igreja, São Viator. Ambos morreram com intervalo de poucos meses, e seus corpos foram levados mais tarde de volta para Lião" (do Martirológio Romano - Monástico).
+ França, 630. Deixando ua
São Donalo, Bispo e Conressor + Itáli a, 875. Monge irlandês em peregrinação a Roma, passando por Fiésole foi aclamado Bispo pelo povo ela diocese vacante. Foi, durante 48 anos, pasto r dessa região da To ca na, reerguendo-a após a invasão dos normandos.
15 Santa Teresa ele /\vila, Virgem , Refonnaclora
ffi São Bruno ele Oucrl'ul, Bispo e Má rtir + Alemanha, 1009. Aparentado com a familia imperial , entrou num mosteiro em Roma e depois colocou-se sob a direção de São Romualclo, em Ravena. Enviado como Bispo e apóstolo à Rutênia, foi preso pelos pagãos com 18 companheiros. Deceparam-lhes as mãos e os pés antes ele os degolarem.
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Sanla Soledacle Torres, Virgem + Espanha, 1887 . Filha de
Sanla Margarida Maria Alacoque, Virgem (Vide Catolicismo,julho/2004)
pequenos comerciantes, começou a ajudar o sacerdote Mi g uel Martínez na gua rda dos doentes, e com ele fundou as religiosas Servas de Maria.
São Guilherm e ele Malavalle, Confessor + Itá lia, 1157. Natural da França, converteu-se depois
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Escóc ia natal , a fim de ir Iara Roma, encontrou na Bélgica o Bi spo ele Maestrich , São João, o Cordeiro. A conselh deste, fixou-se nas Ardenas, nos bosques ele Saint-Hube rt, onde foi assassinado por bandidos. É dos santos mais venerados na região.
19 São Pecll'o ele Alcânlal'a, Palrono cio Brasil + Arenas (Espanha), 1562. Foi admirável por uas mortificações e penitências. Reformador dos Franciscano ela Espanha, auxiliou e incentivou Santa Teresa na reforma cio Carmelo, mediante con elhos. Quando faleceu , a anta o viu subindo ao Céu e dizendo : " Bendita penitência que 111e valeu tal recompensa ".
20 Santa Maria Bertila I oscardin, Virgem + Itália, 1922. De humild e origem, entrou no Instituto d Santa Dorotéia, onde s ua rude aparência levou a superiora a colocá-la na cozinha. Tendo que ajudar na e nfermaria das crianças durante uma crise de difteria , mo trou-se uma enfermeira capaz, inteligente e paciente.
2~1 SanLos Servanclo e Germano. MárLil'eS + Espanha, séc. IV. Convertidos do paga ni smo, tornaramse apósto los, o que lhes valeu a prisão e tortura . Libertados, tornaram a pregar com grande êxito, o que dete rminou serem novamente presos , torturados, e enfim decapitados pela fé em Cristo.
24 São Pl'Oclo, Bispo e Confessor + Constantinopla, 446. Patriarca da capital cio Império do Oriente, influenciado por São Joã Crisóstomo, mostrou-se zeloso pe la boa doutrina e pelo pr s tíg io ela a utoridade da Rorna Oriental. Co mbateu os n storian se outsos hereges.
26 Santos Rogaciano e Felicíssimo, Mártires + África, séc. III. "São Cipriano deu testemunho deles numa caria dirigida aos cristcios perseguidos: 'Sigam em tudo o sacerdote Rogaciano, que para a glória do nosso tempo vos aponta o caminho pela valentia de sua fé'" (do Martirológio Romano Monástico).
27 São Gonçalo ele Lagos, Confessor + Portugal, 1422. Agostiniano , notável por sua vida de jejum e penitência, recusou o título de doutor e outras di stinções.
28 Santos Simão e Judas Tadeu, Apóstolos
29 São Zenóbiu, MúrLir + Ásia Me nor, séc. IV. Médico, tornou-se sacerdote, e "na derradeira perseguição, exortava os outros ao m.arlírio. Por isso !ornou-se tambétn digno dessa graça" (cio Martirológio Romano).
~JO Santa Dorotéia Scllwartz, Viúva + Alemanha, 1394. Filha de camponeses, casada com um operário, teve nove filho s. O mau gênio do marido a fazia sofrer. Com a morte deste, levou vida reclu sa, sendo favorecida com êx tases, visões e revelações.
31 Santo J\Jonso Roclriguez (Vide p. 38)
25 Hcnt.o Antônio ele SanVAna Calvíio, Conressor (Vide atolicism o, setembro/ 1998)
Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em outubro Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre Davi Fran cisq uini, nas seguintes intenções: • Pedindo à Rainha e Padroeira do Bras il , cuia festa se comemora neste mês, que aumente o fervor re li gioso de se u povo. Que o torne forte e reso luto no combate à co rrup ção mora l que tanto en fraqu ece as almas, deixando as famílias vulneráveis à veiculação de todo tipo de imoralidade.
Intenções para a Santa Missa em novembro • Missa de Finados, em sufrági o da s almas do Purgatório, muito particu larmente pelas a lmas de nossos parentes já falec idos. • Pedindo a No ssa Se nhora da Medalha Milagrosa - festivida de que se celebra no dia 27 de novembro abundantes graças para os assinantes e leitores de Catolicismo . Tamb ém pedindo graças espec iai s, a fim de que as nações não se acovardem e não se submetam às ameaças do terrorismo islâmico, que vem apavorando o mundo inteiro .
OUT
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Campanha defende propriedade rural A baixo-assinado pede a João Paulo II providências contra aqueles que, nos meios católicos, de norte a sul elo País, conLinua1n incentivando invasões de propriedades À esquerda : Fac-símile de
1 A LEXANDRE M ARTIN S DO N ASC IM ENTO
oi co n:i alegria e dedi cação que um grupo de j ove ns partiu de São Paul o rumo à cidade de Ca mpos dos Goytacazes (RJ ), para reali zar uma campanha promovida pela Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade. Sua meta: alertar a opini ão públi ca contra o avanço ostensivo do MST e m todo o Brasi I e contra a atu a-bffl,....... ção da chamada esquerda católica, que verdade ira_...,._"'°"'""''""""'"""""''M!lf mente es tá por trás do MST. Denunciar ainda os objetivos desse movimento de invasões, co m seu terrorism.o ag rário que vem convul sionando o País. Centare-nos aooral Tais jovens estão col etando ass in aturas i1um documento a ser envi ado a S.S. João Paul o II, pedindo providê ncias que coíbam o incenti vo que a esquerda católica está dando às invasões de propri edades. Pois, apesar de João Paul o II j á ter condenado v,1 ri as vezes as invasões, esse setor esquerdi sta católi co continu a a não levar em consideração as diretri zes papa is, pro movendo "invasões de propriedades rurais e urbanas " e traba lh ando "para lcm.çar os indígenas em wna artificial luta racial ".
Su• P•Dfl"li<lade • - t'amlll•nt'o ftA1. .çall.. 1Xl~•lfWllt0tfOtlOl1•I
o.i.r.,., .• ~
ÊIOUtll..l()•M~HU~
à • - M -..
fo,j.tl•
propaganda da campanha publicada em vários jornais
Pelo matrimônio tradicional
Aba ixo e na página seguinte : cena s da campanha no centro
de Campos dos Goytacazes (RJ)
lOo•"{P!•->ODP,l"OC"t\)IYIO <la
~·Em04JeuOOA{,f~-
M uitas coisas até há pouco eram
"Pastoral da Terra e MST Incendeiam o Pais"
M ln....,â• ll•~r,o(_,npo
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06~511 nfioquer ,e1aoclol,st111
Cooobo10 com o comp..1ntm A CRdO A SI 0 ,00 voclt ffOnho
00.ul nlio qu•• HrOUtf~Cubll!
um c~crnp,11rcomo brmdc.
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Al é m dessa ini ciativa, os jove ns caravani stas estão difundindo ta mbé m outras obras, co mo o prime iro volume da co leCATOLICISMO
Ouom l1e11de1>1açoscru111clos ac11bapo,donclo nllll!lterr11s
101/IU:
1111 3828.1102
Aba ixo : matéria publicad a pe lo diário "Monitor Ca mpi sta", em 17-8 -2004
:; 1 l,c:l \ r
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A aco lhida do públi co à campanha não poderi a ser me lho r, ocorrendo co nstantes palavras de apoio. Raramente aparece alguém fa voráve l às invasões. També m os mais simpl es e hu mildes são contrári os a elas, afirm ando, po r exe mplo: "Invadir o que é do outro é errado! ". E subscrevem prontame nte o citado documento intitul ado Angustiado e .filial apelo a .João Paulo li. O texto apresenta como subtítul o: O Brasil pacífico e laborioso vos suplica: Livrai nosso País da ação m.alé.fica da esq uerda cató li ca. Vári os j orn ais publi caram matéri as a respe ito. Outros órgãos de imprensa publi ca ra m e m pág ina inte ira o Apelo a S.S. .João Paulo li. As repercussões são inúmeras. Pessoas das mais vari adas classes soc iais comentam a oportunidade do Apelo, fa zendo observações do seguinte teor: "Se não barrarem o a vanço do MST, isso vai dar em guerra civil "; "Não se pode pennitir que eclesiásticos católicos continuem incentivando essas invasões".
consideraclas óbvias. Mas nesta época ele relativis1no, a afirn1ação do óbvio pode ser considerada um fato importante. Nesse sentido, a Austrália deu um passo digno de nota.
ª~• 0 J
estendido. (Pág. 5)
~1-
a
s-
fá
ção Em def esa do Agronegócio, do advogado Gregori o Viva nco Lopes, inti tul ado: Pastoral da terra e MST incendeiam o País. Baseado em farta doc ume ntação, de monstra que o MST nasceu da ação das pasto rais da lg rej a, sendo a esquerda católica a alm a desse movime nto. • E-m ail do autor : A lexa ncl reNasc imento @ca 1oli cis111 o. co111.br
14 que Cie. o in che, entr
t
lo
, RICHARD LYON
INTEGRANTES DA TFP preparam ab8/xo-asalnado para enviar ao Papa
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TFP endurece seu discurso
•
Classifican do os movimentos de ocupação de terras como outra faceta do Comunismo, o movimento de extrema-direita Tradição Família Propriedade (TFP) prepara um abaixo-assinado para ser enviado para o papa
Jo1 o Puulo 11. U111 grupo fez ato
nt 111 cl • manhã, cm Campos. recriminando u invasão de terras. A s c1c1uri u cio MST info rma que a refo rm a agrária" para alimentar creu de 32 mi lhões de brasil iroscom fome". (Pág. 7)
Ant6nlo Leudo
Sidney - No di a 13 de agosto, a Austráli a aprovou um a le i defi nindo o casa me nto co mo "uma união entre um. homem e uma mulher; com exclusão de todas outras uniões, contraída voluntariamente para toda a vida ". Al é m di sso, a le i impede o reconhecim ento no país de uniões ho mossexu ais registradas no Exteri or. Desta fo rma, a Austrália tornou-se o primeiro país a opor um a barreira efetiva à o nda, de âmbito mundial, pela aceitação do "casamento" ho mossex ual, manipul ada por agentes de pressão in stalados espec ialmente na mídia e nos governos. Co mo essa im portante vitó ri a não agradou a tais agentes, fez-se sobre e la constrangido e ri goroso silê ncio, bem diverso do alari do que haveri a se o resultado fosse o oposto. Na aprovação dessa medid a parlamentar, teve atuação decisiva a Coalizão pelo Matrimônio, form ada por associações que se dedi cam à defesa da família , entre as qu ais destaca-se a • TFP australi ana. Como parte das suas atividades, a coalizão reali zou no di a 4 de agosto no Parla mento australi ano um Fórum. do Matrimônio, ao qu al compareceram mais de l. 200 pessoas (fotos acim a). O evento contou com discursos do pri meiro mini stro australi ano John Howard e vári as outras autoridades. Das milhares de respos tas a um inquérito promovido pe lo Se nado, mais de 95% defendi am o casa me nto trad icio nal e se opunham ao "casa mento" homossex ual. •
COMIDA NA MESA • O Restaurante E- ma il do autor: R ichardLyon @ca toli c i smo.co m .br
OUTUBRO 2004 -
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Na Pensilvânia, novo Curso de Verão A fin1 de conhecer melhor a luta dos heróicos católicos lll<' icanos do n10\ irncnto Crislcro, jovens americanos
de VéÍr'ias regiões do país co11vcr'gin11n para a Pcnsilvfü1ia F LÁVI
Fac-símile do volante distribuído, por correio, em Cracóvia
Polônia:
protesto anti-homossexual Ü s poloneses, apesar de sub1nctidos por décadas à tirania elo rcgitne cornunista, consc1'vatn wna catolicidade que os leva a rejeitar graves desvios n1orais, como o ho1nossexualismo LEONARDO PRZYBYSZ
Cracóvia - Por ini ciativa da Associa ção pela Cultura C ristã Padre Piotr Ska rga, 30 mil protes tos fo ram diri gidos, nos primeiros di as ele maio p.p., ao prefe ito de C racóvi a e ao reitor ela U ni versidade Jagiellon, contra manifestação ele homossex uais ocorrid a naqu ela cidade pol onesa . Estes pedi am a legali zação ele tão grave des vi o moral. íclênti ca ação fo i promovida na capital polonesa, Varsó vi a, onde o prefe ito, face às fortes reações do públi co co ntatado pela mencionada assoc iação, proibiu a pl anejad a ini ciativa, previ sta para os pri meiros di as ele junho. A campanha ela Associação Piotr Skarga consistiu na di stribui ção por correio, em C racó vi a, ele 280 mil volantes intitul ados Diga não à promoção do ho-
CATOLICISMO
rnossexualisnw, e 700 mil di stribuídos em Varsóvi a, no qu al se pedi a aos poloneses que enviassem sua dec idida reprovação àquela manifestação.
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Em C ra có vi a, a mani fes tação homossex ual deparou -se com a resoluta opos ição ci o públi co . A cert a altura do traj eto, os mani fes tantes fo ram di spersados pelos opos itores, qu e fecharam a ru a. Perseguid os no.· logradouros pú bli cos, al gun s proc urara m refúgio na redação de um semanári o que se di z cató li co. Em Varsóv ia, choveram protes tos ce rca de 20 mil - diri gidos ao pres idente el a A sse mbl éia L eg islativa e ao prefeito. Pouco tempo depois, a Associacao
pela Cultura Crislã Padre Pio11· Skarga
recebeu da direção cio correio carta em que se lhe co muni cava a proibi ção ele di stribuir o referi do fo lh eto, medida que sugeri a pressão cio lobby homossexual. Diante dessa inusitada atitude, um gru po ele deputados convocou uma conferência ele imprensa, em que pedi am esclarecimentos às autorid ades, e acusavam a direção do correio ele atribuir a si co mpetência indevida, ou sej a, to mar dec isão privativa do Poder Judi ciári o. A inesperada inves tida cio lobby homo sex ual - algun s di as após o ingresso da Po lônia na Uni ão Européia em 1° de maio último - deu a impressão ele aq uela ser premeditada, como quem di z:
M ATlliARA
Visita à Casa Branca
ovcns es tudantes norte-ameri ca nos, aprove itan do o período de féri as, parti ciparam do urso de verão el a Acadern.ia São Luís de Mon(/orl , ele 13 a 22 ele agosto, na Pensilv âni a. A T FP ameri ca na foi patroc in adora ci o evento. A s ativid ades ele ca mpo incluíram passeios a cava lo, ca noagem, tiro ao alvo e vá ri os outros j ogos. M ais im portan te que os j ogos, o curso of ereceu só lid a form ação intelectu al, cultu ral e reli giosa. Teve des taq ue espec ial a hi stóri a cios mártires mex ica nos e cio mov imen to ci os Crisleros, qu comba tera m a revolução mex ica na na década de 1920, qu ando in i mi gos el a fé ca tóli ca esta beleceram no M éxi co um r gi mc co muni sta. Fora m abordados ain da outros temas ele ·a 1 it al i mportância, com o o se ntido el a vicia, os Dez M anei am nlos , a orde m medi eval e o processo revolucionári o ini ciado hás c u los, e que vem destruind o o qu e res ta ele C ivili zação r islii. Co mo I art e da l'ormação cultural , foram organi zadas visitas à Casa Bmnco • aos fu zi leiros nava is ameri ca nos , conhecid os co mo Ma rines. O curso cn · ·rrou -s' co m um banquete e j ogos medi evais. Ao anoitecer, os parli ·ipant cs ret irara m-se ca nsados, mas dispostos a d f ·nd ' I' :i v ·rdadci ra fé nos ambi entes cm que vivem, seguind o o h ·r6i ·o 'xcmp lo dos Cris1eros. •
"A qui está o primeiro 'pacole de vantagens' que vos of erece, a vós católicos poloneses, a União Européia ... " • E-mail do autor: leonardoprzybysz@ catoli cismo.com.br
OUTUBRO 2004 -
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~!f,SjuBIACO, A GRUTA DE
SÃo BENTO
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Ponto de partida da Cristandade PUNI O CORRÊA DE ÜLIVE IRA
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fotos apresentam-nos uma v isão atua l do lugar da amosa gru ta na qual viveu São Bento durante anos na so lidão. Esse loca l tão bendi to fo i o ponto de partida da C ivili zação C ri stã, enqu anto esta floresceu na Europa Ocidental.
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No sécul o V, a Europa encontrava-se na seguinte situ ação mi sta: como os bárbaros ti nham ocupado o Impéri o Romano cio Ocidente, restos de civili zação coex isti am com bárbaros cm gra nde quantidade, resultando disso um caos, o qua l era prec iso extinguir. A I greja trabalhava empenh adamente nesse sentido e 'ag indo em fun ção da graça. E a graça sopºra ndo por todos os lados, produzindo fl or es de cá, de lá e de aco l á, algo estava por acontecer de imensa mente grande e belo, como des fecho dessa semeadura parcialmente bem recebida por toda parte. E o desfecho ele ta l conjunto de fato res co nsistiu no apa rec imento de um j ove m de fam íli a senato ri al romana, famíl ia nobre do patrici ado. Bento, susc itado para rea li zar um a obra espec i al, entregou-se tota lmente a essa grandi osa vocação. M as, para reali zar sua mi ssão, ele não poderi a permanecer naquele mi sto de barbárie e ele cultura romana cl eca-
ci ente em que se encontrava a Europa. Reti rou -s nldo 1 solid ão. E para quê? Para santifi car-se. Esco lh u parn isso um lugar co mpl etam ente erm o, onde não houv ss' 1111tl11 que perturbasse sua entrega total a Nosso Senh or. E ai i ·11 tregou-se à devoção, à meditação, à pcnitên ia, a li ,11 ti l' que a gra ça se assenhoreasse cada vez mais d sua t1 l111 11. Podemos imaginá- lo ainda jovem, não 1 ·ns,111do 110s seus dotes, não pensando co mo seri a co movedor ·onsi d1· rar o iso l amento desse moço co m tantos ant ·e 'd ·nlt's, 11 11 quel a gruta ou naquele castelo ele grutas, naqu •l • si I V\'s l r 1· pa lác io ele grutas em que ele se embrenhou. 'u du ,, 111 11 dava abertu ra para outra gruta, corno num pal á ·io u,11 ,~ 11 Ião dá abertura para outro salão. N e se ambi ·nl • ·I • j111111,i i. pensava em si , mas somente em seu ri ador.
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Subi aco é o nome dessa bendita gruta . lnw •im·11111s. '1111 B ento sozinho naquele loca l. Di zer que · l ' s' ·11n· 11 1111111 gruta, é muito bonito. Entretanto, imagin ·1110 lo ·011v1 v1· 11 cio com essas ásperas pedras, rísp id·1s c111 lodo 1, s ·111 id1, d11 palavra, se m nenhum a beleza física. Tudo ~ so lid 111. M11 evoca ele algum modo o Céu. Figuremo-nos Si to 111- 111 11 ~1• 11 tado naque le lugar erm o, lendo um li v,·o t' Pl'II S1 1111h 1 l •lr não sabia , mas, através das ra ·as qu • l\'l'l'lli11 , 11 <'r1~11111 dade européia estava na ·cenclo. Mui l o 111 ·lh o, q111· 11 l-.11111 pa , a C ri standade européia es ta va nns · ' IHl ol
Exce rtos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 18 de novembro de 1988 . S
,
UMARI
, 1 PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
Novcmlwo de 2004
Nº fi47
'
A procura do rumo perdido?
A humanidade, cada vez mais desnorteada, é conduzida para o caos. Os acontecimentos confusos de nossos dias agravam a situação, e não se nota uma orientação séria indicando o caminho de volta à ordem.
Parlamento de Estrasburgo : funcionaró com nova Constituição?
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Excmnos
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C/\R'I'/\ no Drn..:To1<
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PAGIN/\ M/\RI/\N/\
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LEITURA ESPIRITUAi, Ladainha Lauretana - conclusão
Invocações maI'Íanas em nosso continente
10 A
P/\t.AVRA no SACERD0'1'1,;
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REALIDADE CONCIS/\MIWl'I~
14 NA<:ioNAI, O chamado "trabalho escravo" 16 Pm~
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NossA
SENHOl~i\
Antenas Racas, ex-deputado lituano, adverte sobre influências malsãs
C11or<A?
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IN'l'l-:RN/\CIONAI,
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EN·1·1mv1ST/\
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C/\PA
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VmAs DE SANTOS
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GRANDES PERSONAGl~NS
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D1sc1~RNINDO
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INl"0RMA1'1VO R.UR/\1,
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SANTOS 1,: F1,:sTAs DO
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A<;i\o CoNTIM-R.1,:vrn,tJCIONÁRIA
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AMnmN'n:s, CosTllMl•:s, C1v11,1zAçõEs O Pont NeuJ' de Paris: garra e charme
União Européia e sua ConsUtuição laica
Dtuânia e más influências do Ocidente
Revolução homossexual: golpe contra a família Santa Catarina Labouré Felipe II, figura marcante no séc. xw
Povo brasileiro e a tendência ao requinte
Mf~s
Atração por jóias, sintoma de requinte
NOVEMBRO 2 0 0 4 -
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As Padroeiras do continente americano
Caro leitor,
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Pau lo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
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Um tema espec ialmente candente nos dias de hoje, sobretudo pelo rea lce que lhe dão a mídi a e certos meios políticos e artísticos, é a homossex ualid ade. A respeito de tal tema, caro leitor, sua posição certamente já está tomada, e provavelmente é verdadeira. Mas pode ser que não lhe seja fáci l exprimi-la inteiramente, apesar de sua convi cção ser sólida, pois os arg umentos contrári os à práti ca homossex ual são geralme nte omitidos. É sobre esse ass unto que versa nossa matéri a de capa deste mês. Trata-se de textos selecionados do substancioso livro Em defesa de uma lei suprema - Por que é necessário rejeitar o "casamento" de pessoas do mesmo sexo e enfrentar o movimento homossexual, redigido pela Comissão de Estudos da TFP americana, contendo sólida argumentação contra os erros abertamente propagados pelo movimento homossex ual. Mostra que a prática homossexual é altamente censurável, viola de fo rma grave a Lei de Deus e contraria a própria natureza humana. Certas correntes pretendem apresentar a homossexualidade, em nossos dias, como "normal". Na maioria das pessoas, ela produz uma rejeição instintiva, que as move a um a atitude legítima de censura. Para que essa atitude seja integralmente fundamentada na doutrina católica e na opini ão de renomados especiali stas, aconselhamos ler atentamente a matéria Em curso uma Revolução Homossexual. O conhecimento dessa obra fo rnece sólidos arg ume ntos para saber e nfrentar as fa lsas doutrinas e as menti ras que corre m por aí, tendo em vista impor a aceitação da homossex ualidade. E m resumo, uma séri e de sofismas - que são apresentados com a aparência de irrefutáveis - são pulverizados com base e m santos, cienti stas, doutores da Igreja e as Sagradas Escrituras , o que lhe tornará esta leitura de grande utilidade e m sua co ndição de cató li co. Numa visão de conjunto, o leitor verá, entre outros pontos: que os hábitos homossex uais são com freqüência ostentados com arrogâ ncia; que homossex ua is chegam a injuriar implacavelmente os que defendem a moralidade tradicional; que ex iste uma verdadeira "guerra de propaganda" para impor que a prática homossex ual seja aceita na soc iedade; que o número de homossexuais apresentado é exageradamente maior do que a realidade. E isto a tal ponto que, por exempl o, divulgou-se fraudulentamente haver um milhão e meio de pessoas numa manifestação homossexual na Avenida Paulista, em São Paulo. Mentira flagrante, cabalmente refutada no quadro da página 29. Que o caro leitor analise mui to empenhadamente essa maté ria, não como uma leitura qualquer, mas como tema de estudo, e ela lhe sirva de muni ção para possíveis debates sobre ass unto de ta nta atua li dade. Desejo-lhe, poi s, boa leitura e bom estudo!
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para o mês de NOVEMBRO de 2004: Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor : Exemplar avu lso:
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CATOLICISMO
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S ão diversas as invocações de Nossa Senhora como padroeira deste ou daquele país de nosso continente; algumas são mais conhecidas, outras menos, mas todas tornaram-se populares em suas respectivas nações 111
V ALDIS GRIN STEIN S
m de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroei·a das Américas, os vários países do continente a mericano têm um a invocação da Virge m Santíssima como padroei ra específica. Ao contrári o do que comumente se pensa, a mai oria das padroeiras de países das três Américas não são imagens que representem uma aparição da M ãe de Deus. Três países de nosso co ntine nte, contudo, possuem tal pri vilégio: México, Ve nezuela e Equador. No primeiro deles, Nossa Senhora apareceu em Guadalupe e deixou sua imagem gravada nos trajes de um índio, hoje o Bem-aventurado Diego. Esta relíquia encontra-se na catedral da C idade do Méx ico, um dos maiores centros de peregrinações do mundo. Na Venezuela, Nossa Senhora de Coromoto deixou na mão do índio Coromoto uma pequena pedra com sua imagem gravada. Esta relíquia e ncontra-se na igreja construída no loca l da aparição. No Eq uador, Nossa Senhora de Quinche apareceu a vários índios, os quais fi caram muito surpresos ao reconhecer a Bela Dama que tinham visto numa im age m que lhes fora oferecida pelos espanhóis. Curiosamente, nos três casos os videntes são índios. São três magníficas hi stórias , mas elas constituem exceções no continente. Outro grupo excecional de padroei ras são as que poderíamos qualificar como devoções gerais da Igreja, mas que, por diversas razões hi stóricas, se estabeleceram mais em determinados países. Assim, por exemplo, no C hil e a Padroeira é Nossa Senhora do Carmo; nos Estados Unidos é a Imaculada Conceição; na Guiana e Suriname, Nossa Senhora de Fáti ma; no Haiti , Nossa Senhora do Perpétuo Socorro; em Porto Rico, Nossa Senhora da Divi na Providência; em Tri nidad Tobago, a Divina Pastora; e no Peru, Nossa Senhora das Mercês . São oito países que adotaram como suas padroeiras tais invocações de Nossa Senhora, que também
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Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA .
Nossa Senhora de Coromoto
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Nossa Senhora de Quinche
existe m em muitas outras partes. Serão por isso menos privil egiados? Claro que não. Não há nada de estranho no fato de a Prov idência Divina ter um plano especia l de graças para determinada população, e deseje que esta receba tais graças mediante uma particular devoção a algum mistério, episódio ou virtude da vida da Santíssima Virgem.
Regra curiosa que se observa Mas ao estudar a hi stória das padroeiras das Américas, não deixa de chamar a atenção uma espécie de regra: a maiori a delas ( l5 em 26) são imagens locais, através das quais se operam milagres em ab undância . Não são as únicas, pois nesses mesmos países, em geral há outras imagens mil agrosas. Mas as imagens que se tornam padroeiras destacam-se das demais, de fo rma a atrair uma devoção não só local, mas em todo o país. E é digno de nota que, neste grupo de nações, muitas das imagens apareceram de forma totalmente incomum, ao que elevem, em boa parte, seu renome. O que entendemos por forma incomum ? Tomemos, por exemplo, o caso do Brasil: Nossa Senhora Aparec ida. Não se pode dizer que seja um fato com um alguns pescadores apanharem e m sua rede o corpo ele uma imagem; e, ao lançarem a rede uma segu nda vez, pegarem a ca-
- C A T O L I C ISMO
beça da imagem. Caso análogo se deu com a imagem de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, padroeira ele C uba. Não constituía fato habitual, numa América despovoada do séc ul o XVI, encontrar-se uma imagem da Mãe ele Deus boiando no mar. Podemos ainda recordar a históri a da Padroeira de Honduras , Nossa Senhora ele Suyapa. Em finais do século XVIII, nesse país da América Central , o jovem Alejandro Co lindres estava e m companhi a de um menino de oito anos, chamado Jorge Martinez. E les tinham trabalhado no campo, na co lheita de milho, e vo ltava m para sua casa na localidade denominada Suyapa. Percebendo que não chegaria m a tempo, decidiram dormir no meio do caminho, na quebrada ele Piliguin . Quando se deitaram, Alejandro sentiu um objeto incomodando seu corpo. No escuro, voltou-se e o pegou. Pensando tratar-se ele uma pedra, jogou-o para longe e voltou a deitar-se, mas sentiu aq uele mesmo incômodo no mesmo loca l. Tendo julgado esqui sito o fato, guardou consigo o objeto. Pela manhã, descobriu que era um a pequena imagem de Nossa Senhora, talhada em macieira, de apenas seis centímetros e meio de altura. Tal imagem é a atual Padroeira de Honduras. Não se pode dizer que seja forma usual de se e ncontrar uma padroeira!
As apari ções propri ame nte ditas de Nossa Senhora são relativamente raras, justa mente para realçar seu valor. A via dos milagres parece ser uma vi a adequada da Providência para nos atrair. E os peq ue nos fatos extraordinários, como o de e ncontrar uma pequena imagem que inco moda o repouso, são justamente para revelar-nos um Deus que nos segue e cuida de seus filhos, não escapando a Ele os mínimos detalhes de nossa vida. Se todas as padroeiras surgissem à raiz de pequenos fatos, elas se banalizariam, pareceriam não te r gra ndeza. Se todas as padroeiras fossem representadas por imagen s originadas de aparições, ta mbém poderiam se banalizar. É justamente no conjunto difere nci ado de aparições, milagres e pequenos fatos que está a beleza. É como uma orquestra que possui diversos instrumentos e produz diferentes so ns. Ou uma floresta que possui árvores gigantescas e pequenas flores . As diversas padroeiras da América, com suas diferentes hi stóri as, lembra m-nos que Nossa Senhora é nossa Mãe e vela por seus filhos , tanto nos grandes como nos pequenos mo mentos. • E- mail do autor: va ldi sgrinsteins@catolic ismo.com. br
Qual a razão desta regra? Uma pergunta se impõe naturalmente: qual o motivo para se encontrar, ele forma tão inusitada, ta ntas padroeiras? A resposta pode parecer difícil, pois custa ao homem aceitar aqu ilo que não vê, aq uilo que ele não pode entender cientificame nte, mas que conhece pela fé. Após o pecado original, o homem fico u inseguro a respeito de muitas de suas convicções. Nossos próprios erros constitue m provas de nossa fraqueza. Será então que, em matéria tão importante como a Religião, estamos com a verdade? Matéria que diz respeito a nossa vida eterna! É justamente para ajudar a nossa fé que ocorrem milagres. Esses fatos extraordinários são justamente a prova de que não estamos sozinhos, mas temos um Deus que nos ampara em nossa fraq ueza. E para nos chama r a atenção, se vale E le mesmo de meios, quase diríamos, humano ·.
A Ladainha Lauretana (conclusão) E m matéria anterior, vimos a origem e significados da Ladainha Lauretana. Trataremos agora da necessidade de invocarmos o nome da Virgem Santíssima, rogando sua intercessão e louvando suas virtudes. ladainha da Bem-aventurada Virgem Maria é comumente canta.da em todas as igrejas, e sem embargo, mas é conhec ida como lauretana em le mbrança da igreja de Loreto. A causa está em que a Santa Casa de Loreto sobrepuj ou todas as bas ílicas construídas em honra da M ãe de Deus, não só na Itália, como também nos demais loca.is. Nenhuma, no universo, é mais augusta, mais anti ga, mai s santa ou mai s célebre. [... ] Esta augusta Casa, e m qu e habitou a Santíssima Virgem, Mãe de Deus, perman ece u e m Naza ré até o ano de 129 l. Quando os cristãos fora m e xpulsos da Síria e a cidade de Trípoli des truída , os habita ntes do país e os estrange iros deixara m de re nder à sa nta Casa as home nage ns que lhe eram devidas; e ntão e la foi arrancada de seus fundamentos , pelo mini stéri o dos Anjos , e tra nspo rtada através das terras e cios ma res, el a Ga lil éia à Dalmácia; atravessando assim uma di stâ ncia de dois milhões de passos, fo i depositada e m uma montanh a que separa as cidades de Tersat e F iume. Quatro anos depois, a Itália recebeu uma honra inestimável, que foi uma mostra brilhante da proteção divina: a Santa Casa de Nazaré fo i transportada da Dalmác ia à Itáli a. [ ... ] *
N o o S nhora de Guadalupe
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A ladainha el a Santíssima Virge m contém três categorias ele louvores. Primeiro, invoca-se e louva-se o nome de Mari a: Santa Maria. Em segundo lu gar, recordam-se sua mi ssão e seu título de M ãe de Deus, suas virtudes , suas nobres qu alidades e seus be nefíc ios; e isto de duas man eiras: por
Acima : Imagem de Nossa Senhora de Loreto Abaixo: Interior da Santa Casa de Loreto
palavras próprias e sob a image m das metáforas. Pelas palavras próprias, a missão e o título de Maria, suas qualidades e suas virtudes, são celebrados nestes termos: Santa Mãe de Deus, Santa virgem das virgens, Mãe de Cristo, Mãe da divina graça, Mãe puríssima, Mãe castíssima, sempre Vi rgem Mãe, Mãe imaculada, Mãe amável, Mãe admirável, Mãe do Criador, Mãe do Salvadot; Virgem prudentíssima, Virgem venerável, Virgem digna de todo louv01; Virgem poderosa, Virgem clemente, Virgem fiel. Sob a imagem das metáforas, Ela é louvada nestes termos: Espelho de justiça, Trono de sabedoria, Causa de nossa alegria, Vaso cheio dos dons do Espírito Santo, Vaso de honra, Vaso insigne de devoção, Rosa mística, Torre de David, Torre de marfim., Casa de ouro, Arca da aliança, Porta do Céu, Estrela da manhã. Os benefícios para sempre memoráveis ele Mari a são assi m celebrados: Saúde dos enf ennos, Refúgio dos pecadores, Consolo dos aflitos, Auxílio dos cristãos. E m terceiro lu ga r, a g rand eza da Bem-aventurada Virge m M ari a é ce lebrada co m os títulos de Rainha dos Anj os, Rainha dos Patriarcas, Rainha dos Profetas, Rainha dos Apóstolos, Rainha dos Mártires, Rainha dos Confessores, Rainha das Virgens, Rainha de todos os Santos. A Ladainha de Loreto é um breviário e resumo engenhosíssimo dos títulos e glóri as da Rainha dos céus. • *
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P. Ju stino de Mi ec how, O.P. ( 1594- 1640), Excertos de Conferencias sobre las Letanías de la San túsi11,a Vi1gern, Madrid, 188 1, tomo 1, pp. 5 e ss.
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pe lo mi ss iv ista, co nvé m ressa lta r, como fi cou minuciosamente ex posto na úl tima edição de Catolicismo, que em certas ocasiões a into lerância pode ser considerada uma virtude; como, em outras, poderá ser um erro. O mes mo vale para a tolerância: dependendo da c ircunstância, ela pode ser um bem ou um mal. Um santo poderá to lerar pac ientemente ofensa pessoal, mas não to lerará ofensa fe ita a Deus. Para resumir, o mi ssivista poderá res ponder sinteti came nte a obj eção qu anto à pos ição dos sa ntos, co m as palavras do g rande Douto r da Igrej a, São To más de Aq uino:
Reconl1ecimento Confesso e reconheço meu eq uívoco a res peito do P rof. P lini o, po is no escritório de meu pai, quando tratávamos da TFP, ac háva mos que e le · era muito reac io nári o. Lendo os artigos de le no toca nte à into lerânc ia, temos que reconhecer que e le era intolerante por amo r de D eus, contra os adve rsários de Deus e de sua Igreja. No P rof. Plin io não tinha c idadani a o fa natismo po r uma questão própria, era dedicação inte ira ao ideal que todo cató li co deve abraçar. (M.U.N - RJ)
1'olerar tudo? Gostei muito da rev ista. Va leu. Das propos ições que j á li , está tudo OK. Goste i da coragem da menina do B urundi que enfre nto u com orações o monstro tarado e assass ino de cri anças. Ela me deu um exempl o para reza r a Ave Maria com ma is crença. Goste i ta mbém da Santa do Sudão. [ ... ] U ma pro pos ição co locada deu pancada e m ca a. M inh a irmã q ue ta mbém é católica disse q ue a gente te m que tolerar tudo , e aq ue les que to leram tudo são os santos que aceitava m tudo . F iq uei na dúvi da a respeito dessa postura. (E.M.T.J. - MA)
Nota da Redação: Para não pa irar dúvidas quanto à questão da to lerânc ia e responder a dúv ida apresentada
- C A TO LICISMO
"Não vai contra a natureza da paciência atacarmos, quando fo rnecessário, quem nosfaz mal; porque, como diz Crisóstomo àquilo da Escritura 'Vai-te, Satanás' - sofrermos com paciência as injúrias, que nos assacam, é digno de louvor; mas é excesso de impiedade tolerar pacientemente as injúrias f eitas contra Deus. E Agostinho acrescenta que os preceitos da paciência não contrariam ao bem público, para cuja conservação lutam.os contra os inimigos" (S uma Teo lógica, Ila. Ilae., q. 136, a 4, ad 3um). O próprio Nosso Senhor não tolerou tudo, po is sa iu de chicote em cima dos mercadores do Templo, porque eles ofend iam a Deus.
I slâmicos intoler an tes No referente à matéria TERRO-
RISM O E TERCEIR A GUERR A MUNDl AL, da rev ista Catolicismo Nº 645, sete mb ro/2004, cabem a lgumas considerações. Senão vejamos . Primeira mente, a reportagem soube dar-nos achegas prec iosas q uanto à rea l pactuação e ntre o TERRORISMO ISLÂMICO com o COMUNISMO. O que ma is me impressiono u e conti nua a impress ionar é a lassidão que os govern antes da E uropa Oc ide ntal têm para com os extremistas is lâ mi cos e s ua pérfida cobra nça para construção de mesq ui tas e madraças (esco las islâmicas, nas quais se inc ulca o ódio ao Oc ide nte ri stão, ass im como sua de trui ção).
Caso um cri stão que ira di vulgar ofi c ia lmente a santa Re li g ião em países ditos extre mi stas qu anto à sharia
(ortodoxia do ensino islâmico), isto é IMPOSS ÍV EL, VISTO QU E, PAR A O ISLAMISMO, NÃO DEVE H AVER OUTRA RELIGIÃO QUE CONF RON TE A DELES, Q UE R SEJA CRISTIANISMO, HrNDUÍSMO , JUDAÍSMO, ETC., ETC. Todav ia, o regime ocidental - que e les tanto odeiam e quere m e liminar - uma vez que adota a democrac ia e plu ralidade de pensamentos, os acolhe. Por que eles não admitem o contrário? Pois vo u mais longe . INFELIZM ENTE, NA IMORTAL ROMA DE SÃO PEDRO, NÃO MUITO LONGE DO VATICANO, emACQVA ACETO-
SA, na VIA DELLA MOSCHEA, estes intolerantes islâmicos estabeleceram sua malfadada e pagã tenda para af rontar o Vaticano, com a mensagem. clara de que nada os detém., nem a santa Religião, comandada pelo Santo Papa. Como é possível isto? Rezemos para que Deus nos li vre desses males. (T.J.G. - SP)
Sadio p atl'iotismo Excelente e oportuníss imo o a rti go sobre a ocupação da Amazô ni a pela guerrilha. Tenho proc urado di fundir o mais possível seus arti gos para que mais gente se dê conta aonde está nos levando essa co1ja. Parabéns e abraços. BRASIL ACIMA DE T UDO . Espero continuar a ser brin dado co m seus oportun os arti gos. (J.P.S.C. - SP)
Linguagem clara BI Por acaso, recente mente caíram e m minhas mãos algumas antigas revistas Catolicismo . Ju sto no momento em que estava passando por várias d úv idas com r la ã à Igreja cató li ca. Desde então, tenho usado todo o te mpo para 1·r os lexlos sobre a nossa I reja · isto lcm me ajudado a e nleml ·r muitas e isas. Gostari a que os · · I ·branl ·s de nossos dias nos fa lass •m ·orn a clareza com que esta revista nos fala. Com certeza, mui tos
católicos não teri am mudado de re li g ião ... Me us filh os têm sido assedi ados pe los evangéli cos e prec isam de res pos tas para muitas dúvidas, que sozinha não vinha conseguindo suprir. [ .. .] Desde j á, parabeni zo a todos os respo nsáve is pe la publi cação da revista, pelo excelente servi ço prestado a nós le ito res famintos de info rmações confiá ve is neste mundo de ta ntas menti ras e enganações . Atenc iosamente. (E.O.C. - MG)
Em delesa da l1an11onia social BI Sinto nessa publicação uma certa tendê ncia a exaltar os ricos e nobres em detrimento dos pobres e humildes. Jes us nos mandou dar um manto se tivermos do is, e não acumular ma ntos e cuidar para que ninguém se apodere deles . ínvadir propriedade não é certo, mas ac umular riquezas de fo rm a ostensiva também não o é. (R.M. - SP)
Nota da Redação: Rea lmente, é conversando que por vezes se chega a um e nte ndime nto . E q uest io na mentos como o ac ima apresentado sempre são úte is para esc larecer os proble mas. Começamos por fazer uma ressalva ao tex to me nc ionado. N ão consti tui de trime nto dos pobres e humil des mostrar a impo rtância de have r na soc iedade ricos e nobres. O no rm al é que haj a uma harmoni a entre todas as classes soc iais. E essa har mo ni a impli ca em que as classes superiores aj ude m de todos os modos as me nos favorecidas . A caridade é um ponto essencia l do re lacio namento cristão. Temos salientado e m nossas pág inas a importância da ajuda aos pobres, como o Sr. poderá constatar, por exemplo, percorrendo as vi das ele santos que temos publicado. E ntretanto é certo - e ni sto lhe damos inte ira razão - que Catolicismo estampa, ma is do q ue outras publ icações costumam fazê- lo, o papel importante que é reservado na vida soc ial para as c lasses mais elevadas. E faz isto para seguir a máx ima de Santo Inácio de Loyo la, que recomendava o "agere contra", o u seja, sem-
pre que se apresenta um defeito, um vício ou uma deformidade, é prec iso agir contra e les para restabe lecer o equilíbrio. Ora, na soc iedade contemporânea, por efeito de influênc ias socia li stas, da Teologia da Libertação e outras do gêne ro, há uma te nd~ncia a apresentar como necessariamente más as classes supe riores. É um modo disfa rçado de luta de cl asses. Todas as virtudes estariam nas c lasses populares, e todos os víc ios nas superiores. Essa é uma posição fund amentalmente anticristã. Se os Evangelhos condena m os maus ricos, entretanto estão repletos de exempl os da necessidade da harmoni a soc ial. Nosso Senhor freqüentava a casa de Lázaro, que era rico. N a parábo la do mau rico, que fo i para o infe rno, o pobre que a lcançou o Céu fo i levado ao seio de Abraão. O ra, Ab raão era um dos ho mens mais ricos do Antigo Testamento. Imagem comovedora da harmonia social. Nosso Senhor não condena as riquezas, mas sim o mau uso delas. Veja, por exempl o, a seguinte eluc idativa parábo la do E vange lho de São M ateus:
" Um homem, tendo de viaj ar, reuniu seus servos e lhes co,~fiou seus bens. A um deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um, segundo a capacidade de cada um. Depois partiu. Logo em seguida, o que recebeu cinco talentos negociou com eles;fê-los produzir, e ganhou outros cinco. Domesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois. Mas, o que recebeu apenas um,foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de seu senhor. Muito tempo depois, o senhor daqueles servos voltou e pediu-lhes contas. O que recebeu cinco talentos, aproximou-se e apresentou outros cinco: - Senha,; disse-lhe, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei. Disse-lhe seu senhor: - Mi,tito bem, servo bom e fie l; já que f ostefiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senha,: O que recebeu dois talentos, adiantou-se também. e disse: - Senhor, confiaste-me dois /alentos; eis aqui os dois outros que lucrei. Disse-lhe seu senhor: - Muito
bem, servo bom e fiel; já que.foste fiel no pouco, eu te co,4iarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. Veio, por fim, o que recebeu só um talento: Senha,; disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence. Respondeu-lhe seu senhor: - Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recofho onde não espalhei. Devias, pois, levrir meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os j uros o que é meu. Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem de z" (M t 25, 14-28). O Papa São Pi o X te m a seguinte página: "Segundo a ordem estabele-
cida por Deus, deve ha ver na sociedade príncipes e vassalos, patrões e proletários, ricos e pobres, sábios e ignorantes, nobres e plebeus, os quais todos, unidos por um laço com.um de am.0 1; se ajudam mutuam.ente para alcançarem o seu fim último no Céu e o seu bem-estar moral e material na Terra. [... ] Os pobres não se devem envergonhar da indigência, nem desp reza r a ca ridade dos ricos, olhando para Jesus Redentor, que, podendo nascer entre as riquezas, fezse pobre para enobrecer a pobreza e enriquecê-la de méritos incomparáveis para o Céu" (Motu Proprio sobre a Ação Popul ar Cató lica, em 1903). Have ri a ta ntos tex tos de Papas e santos a adu zir nesse sentido, haveria tantos tex tos da Sagrada Escritura no mesmo sentido, que seri a prec iso escrever um livro. M as cremos que o ac ima ex posto é s ufic ie nte para deixar c laro como a atua l campanha contra a desigua ldade soc ia l e contra a ri q ueza, embora po r vezes se c ubra indevidame nte com o manto ela Relig ião, de fato provém das entra nhas do socialo-comuni smo di sfarçado. Co.rtos, fox ou e-mails poro os seções . . Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram ' na página 4 desta edição .
NOVEMBRO 2 0 0 4 -
11 Cônego JO SÉ LU IZ VI LLAC
Pergunta - Sou assinante da revista e quero muito tirar algumas dúvidas: Por que a Igreja não processa certos grupos que são assumidamente anticristãos e satanistas? Esses grupos são organizados e possuem uma "música" intitulada Black Metal, e seus discos são vendidos naturalmente nas grandes galerias de São Paulo. Existe um grande desrespeito da parte dessas pessoas, incluindo o uso de violência contra cristãos nas ruas, principalmente à noite. Eles sacrificam animais durante suas apresentações "ao vivo". Alguns te ntam organi zar atos de vandalismo contra igrejas, baseados em fatos ocorridos na Noruega, no início dos anos 90. Resposta - D á rea lm e nte gosto ver o espírito combativo do consul ente, qu e se manifesta em seu desejo de enfre ntar os grupos anticri stãos e satani stas qu e proli fe ram , em inteira liberdade, não só na cidade de São Paulo, como em outras c idades por esse Bras il afo ra, e pelo mundo todo. Sem dú vi da, have ri a base para as a utoridades ec les iásticas moverem um processo contra os integrantes desses gru pos, o u mes mo contra os grupos e nq uanto ta is, sempre que se comprovasse a sua autoria de atos criminosos . Na prática, q ua nd o mui to, os ag red idos limi ta r-se-ão a registrar um boletim de ocorrênc ia na delegacia ma is próx ima, convenc idos da impuni dade e m que provavelmen te fi carão os autores das ag ressões. So mente em a lgum ato de maior g ravidade as auto ri -
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C ATO LICISMO
d ade re iigiosas, polic iais e judi c iárias entir-se-ão motivadas a co locar maio r e mpenho na puni ção dos culpados, e qui çá na pro ibição e desarti c ul ação legal desses grupos. Esta resposta pode dar ao leitor de Catolicismo a impressão de pouco entusiasmo de minha parte por sua louvável disposição santamente belicista - digamos assim - a favor do be m, e de quase que uma ducha de água fri a em seu ardor combativo pelos direitos da Igreja. Não é verdade: só temos pa lavras de louvor e de entu sias mo pelo seu desejo de luta e por sua inconformidade com as injúrias e golpes que a Igrej a vem sofrendo, cada vez mais audac iosos, sem que se vej a uma reação à altura por parte de quem se tem por cató li co. M as é que justamente quere mos atra ir sua atenção para uma situ ação de fundo muitíss imo grave, na qu a l a Igrej a e a Cri standade infe li zmente hoje se encontra m.
Sacralização da ordelll tempo1·al "Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados " , afirm o u Leão XIII num texto céle bre (enc íc lica lmmortale Dei, de 1° de novembro de 1885). Isto é, a doutrina de Nosso Senhor Jes us C ri sto não ficava confi nada no âmbito das igrejas, mas im pregnava as leg is lações e toda a vida do cató licos no c irc uito fam ili ar, no traba lh o , nas assoc iações a qu e pe rte nce sse m , na v ida social, eco nô mi ca e po lítica ; numa palav ra, e m toda a esfe ra temporal. As leis, os costumes, as modas, todas as in tituições parti cul ares e públi cas estavam imbuídas dos sagrados princípios do E vange-
lho. Vivia-se numa sociedade sacralizada. Co mo o le ito r be m vê, hoj e isso não é ma is ass im , muito pe lo contrári o. Há resqu íc ios di sso, mas a cada di a que passa os ensinamentos do Divino M estre e as normas da Igreja vão sendo atirados de lado e marg inali zados na vida indi v idua l, fa mili ar, soc ia l e política, qu ando não pe rseguidos. Para não fa lar só do Bras il , que o le itor te m di ante dos seus olhos, na Espanha - o utro pa ís que se mp re se ho nrou d e a prese nt a r-se co mo a ltaneira me nte cató li co - o governo soc ia li sta há po uco e mpossado aca ba de apresentar um proj eto de "casa me nto" ho m.o ssex ua l. É
assim o mundo todo que sacode o jugo suave e leve (c fr. Mt 1 1, 30) de N osso Senhor Jes us Cristo e da Santa M adre I g rej a . Vivemos
numa sociedade secularizada, que r di zer, numa soc iedade profa na, ateizada, q ue rejeita tudo q uanto é sagrado, d ivino, que te nha referênc ia a Deus. É o Estado divo rc iado da Igrej a. É a sociedade te mpora l sem alma.
Nos teJnpos atuais não rehw a ordem No tempo e m que "a.filosofia do Evangelho governava os Estados", a s i tu ação descrita pelo consulente resolver-se- ia de mane ira tota lmente dife re nte. Não seri a a Igreja a bater na porta das delegac ias o u dos tribuna is a pedir providê nc ias. Se ria a própri a Igrej a, ex auto ritate p ropria (por sua própri a a utoridade), que chamaria a seus tribunai s os g rupos anti cri stãos e satanistas para lhes coa rcta r a ação , jul gá- los de aco rdo com suas le is, excomun gá- los e e ntregá- los ao Poder público para executa r a se nte nça profe rid a, po rque sua ação criminosa conturbava a própri a ordem te mpora l c uj a responsab ilidade cabe ao Estado. O le ito r vê bem que estamos fa lando de uma in stituição hoje denegrida, a Inqui sição, cuj o simples no me provoca calafrios nos adve rsários da Igrej a, e, infe li zmenPunkismo: sintoma do caos moderno
te, um pudo r envergonh ado e m mui to s cató licos desconhecedores da História e esmagados pe la detração avassa l a d o ra qu e de mo liu ao s olhos do público a justiça, respeitabilidade e efi các ia dessa in stituição. É isto mesmo! Como institui ção co mposta po r homens, é claro que mais de uma vez e la esteve suje ita aos desca minhos, abu sos e mesmo prepotência dos que a compunham, excepcio nalmente manipulada pelos interesses políti cos e m jogo. Não há instituição composta por homens que não tenha também em seu hi stórico episódi os de abusos e inju stiças. Porém, isto não é motivo para condenar generali zadamente essas instituições e aboli-las, como se apenas tivessem fe ito o mal. É preciso estudar seus princípi os constitutivos, sua razão de ser, e considerálas na integridade de seus princípi os e na santidade de seus o bj e ti vos, e mb ora se mpre atentos a reprimir os abusos. Assim fo i també m co m a Inqui sição, um tribunal da Igrej a para defendê-la dos ataques dos satani stas et caterva, dos hereges que tão justamente indigna m o mi ssivista.
Pergunta - Os cruzados eram católicos? E os Cavaleiros Templários?
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Resposta -
O mi s iv i ta menc iona també m as C ru zad as e os Te mpl ários . Du as outras instituições carregadas de méritos, mov idas po r o bjetivos santos, e que, elas também, suc umbiram sob o peso da infide lidade dos ho mens. M a is de uma vez as C ru zadas, convocadas pe los Papas para libertarem os lugares
sagrados da Te rra Santa, em poder dos sa rracenos , desviara m-se desse santo objetivo. M as isto não deve ser motivo para igno rar seus efeitos positi vos e condená-las e m bl oco, so bre tudo não se pode co nde ná- las e m prin c ípi o. Poucos empreend imentos da C ristandade receberam ta ntos elogios dos Papas qu anto as C ru zadas. Se a Europa fo i, durante séc ul os , o ponto de r efe rê nc ia d a C ri sta nd ade mundi a l, isto se deveu, em g ra nde parte, a enfrenta mentos militares célebres que a li vraram das in c ursões dos mao meta nos , qu e a te ri a m despedaçado. Bas ta me nc ionar as bata lh as de Lepanto ( 1571 ) e de Viena ( 1683) , que, e mbora já esteja m fora do c ic lo das Cru zadas propri amente dito, estavam animadas de seu espírito e inspiradas nos mesmos princípi os . Q ua nt o à O rde m d os Templári os - a mais célebre das o rd ens de cava la ri a - e o utras semelha ntes , como a Ordem dos Cavale iros Te utôni cos, é forçoso admi tir que contribuíram decis iva e admirave lmente para a manu te nção da un idade da fé no co ntinente europeu, estendendo os limites da Cristand ade até os confin s do Mar Báltico. Que algun s atrope los fora m cometidos por elas, pode-se
Acima: cruzados assediando a cidade de Antioquia
admitir. Mas a ex tinção d a O rde m dos Templ ári os é lame ntad a po r histor ia do re sé ri o s, qu e a po nta m co rno causa a cobiça desenfreada e as pressões políti cas do rei fra ncês Filipe o Be lo , e denun c ia m irregula rid ades no p rocesso que c ulmino u co m o decreto de fec ha me nto pelo Papa de Avignon, Clemente V (em 1312). A g lo riosa Ordem de C ri sto, c uj as naus comandadas por Pedro ÁIvares Cabral aporta ram no Brasil , é sucessora dos Tem plár ios em Po rtuga l. Assim, ajustificada indignação do consul ente em relação aos gru pos anticri stãos e sata ni stas nos re meteu a um panorama mais vasto, que nos
fez contrapor a sociedade sacralizada da Cristandade de outrora à sociedade secularizada e paganizada de nossos dias. A avali ação ate nta de a mbas nos faz as pi rar pe lo retorno dos princípios que ori entaram a primeira, consoa nte a promessa de Nossa Senhora em Fátima: "Por.fim, o
meu Imaculado Coração triunfará! " Isto é, o triunfo de M aria será a impl antação do Reino de M aria, vale dizer, do Re ino de C ri sto, pois, onde Mari a re ina, reina seu Divino Filho pela Santa Igrej a Católica Apostó li ca Romana, única Mãe e Mestra de todos os povos da Terra. • E-mail do autor: concgo joseluiz@catolicismocom.br NOVEMBRO 2004
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A REALIDADE CONCISAMENTE Demagogia e utopismo em escala universal
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a reunião de líderes mundiais pela Ação contra a fome e a pobreza, em Nova York, o presidente Lula fez um apelo contra esses males, enquanto no Brasil o Fome Zero não decola e o BolsaFamflia esbanja verbas. A mídia americana não lhe concedeu espaço. Mais repercussão conseguiu o presidente da França, Jacques Chirac. Ele quis ser o herói da sessão, apregoando um imposto internacional contra a pobreza. De fato, a origem da idéia nem é dele, mas de ATTAC - grupo esquerdista ultra-radical de tendência anarquista. Em Paris, a taxa Chirac, como ficou conhecida, foi con-
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CATOLICISMO
siderad a extravagante e demagógica. Extravagante porque um presidente que se diz de direita adotou uma bandeira da ultraesquerda. Dcmagóg ica porque, nas condições atuais, é irrealizável. Mas já se delineia no horizonte um Leviatã de mais impostos, mais controles, mais organismos intervindo na vida dos cidadãos, tudo isso em nível mundial. Como quem pagará a conta são os cidadãos, isso resultará, no fundo, em mais empobrecimento. Tudo gerido por uma imensa e vaga estrutura burocrática, fácil presa da corrupção, que não resolverá efetivamente os problemas apontados, reais ou imaginários. •
Sim, trabalho escravo existe, mas na China vermelha
Bom senso ioga "obra de arte" moderna no lixo
N
um a expos ição de a rte moderna na Tate Gallery, de Londres, uma elas peças princ ipais tinha o extravaga nte nome de Recreação da Primeira Demonstração Aí.blica da Arte Autodestrutiva. Consistia num saco de lixo transparente che io de jornais, papelão e outros pedaços de papel , junto a um lençol de nylon borrifado com ácido, além de uma escultura de metal sobre uma mesa. Essa "obra de arte" sum iu . Depois de muita procura, afinal descobriu-se a responsável: uma pobre faxineira de bom senso e sem más intenções achou que fosse lixo, e a jogou fora. O
autor - o a lemão G ustav Metzger não teve muito trabalho em fazer o ut ra, que agora é coberta às noites para protegê-la do bom senso e ... ela
M
aus tratos, ofensas verbais, horas extras excess ivas, deduções il egais, ausência de extintores de incêndio, banheiros imundos, iluminação inadequada, funcionários que não recebem pensão, nem licença de saúde, nem seguro-desemprego ou assistência médica proporcionada, chegando a casos ele dois meses de trabalho sem nenhuma folga. Estas são algumas das conclusões de um inquérito-surpresa na China comunista, realizado pela Fair Labor Association em 39 fábricas das empresas Nike, Reebok e Adidas. O inquérito não incluiu os campos de concentrnção - fábricas do governo de Pequim onde o trabalho, este sim, é verdadeiramente escravo! Tais características bem poderiam ser consideradas análogas às do trabalho escravo. Entretanto, como tudo isso acontece na China comun ista, ninguém protesta:
empresa britânica Head LightVision advertiu os seus clientes que os jovens das cidades estão "entediados" com publicidade de apelo sexual. Revelada pelo influente "Fimmcial Times", de Londres, a pesquisa concluiu que os jovens estão "em busca da sua inocência ", através de "valores famili ares e de noivado". Os clássicos jogos de tabuleiro e as estampa dos contos tradicionais estão cm alta. Eis mais wn sintoma do fastio que a Revolução Cu/lura/ vem causando na juvent11de atual, da qual uma importante parcela propende cada vez mais para o conservadorismo. •
Suicídio: flagelo de países afetados pelo comunismo
E
m 21 de setembro, o vôo 919 da United Airlines de Londres a Washington foi desviado para Bangor, EUA, por causa do pas-
J\ cada 40 segundos há um suicír\. dio no mundo: cerca de 800.000 por ano. E os números não param de crescer. Em termos percentuais, o tétrico recorde é dos países que ainda sofrem os efeitos ele décadas do jugo comu ni sta. Na Rússia, por exemplo, no ano 2000 suicidaram-se 38 pessoas a cada 100.000. Em números absolutos, a China comunista está na frente: 195.000 pessoas por ano, com sinistro destaque dos suicídios fem ininos. Os dados foram divulgados por José Bertolote, especialista em saúde mental da Organização Mundial da Saúde. •
Terço: arma espiritual usada por soldados
O
s alunos da escola paroquial de Saint Mary (Annapolis, EUA) con-
Laogai: fábricas- prisão chinesas
nem causa preocupação à "esquerda católica", tão preocupada com o "trabalho escravo" no agronegócio brasil eiro. E o Brasil continua importando em quantidades colossais o fruto do trabalho desses pobres chineses! •
Ontem o marxismo; hoie o islamismo
Gustav Metzger: autor da pseudo- "obra de arte"
Novas gerações: cansadas de propaganda sexual
A
Tate Galle,;r.
O cantor de rock Cat Stevens
sageiro Yusuf lslam, que acabou sendo deportado para a Grã Bretanha. Yusuf Is lam é o nome cio milionário cantor de rock Cat Stevens , "convertido" para o maometanismo e suspeito de financiar o movimento terrorista palestino Hamas e também o xeque Abdel -Rahman , condenado pe lo primeiro atentado contra o Worlcl Trade Cenler em 1993 . A ditadura dos aiatolás aprovou a venda dos seus CDs no Irã. Após o l l de setembro, Cat Stevens as§umi u ambíguas posições ecumênicas e pacifistas. Outrora os líderes da Revolução Cultural adotavam o marxismo. Hoje, preferem o islamismo para alcançar o mesmo fim, que é destruir o que ainda resta de C ivilização Cristã. •
feccionaram novo modelo de terço de Nossa Senhora, fiel à boa tradição. É o Ranger Rosary, criado para os Ranger, tropa de elite do exército americano. Ele é ideal para "as condições de combate de nossos soldados", disse o Pe. Pat Travers, capelão da base aérea de Kirkuk (Iraque) . O terço é feito com fio de pára-quedas. As contas e o crucifixo são de material ultra-duro e leve. As cores se adaptam melhor à camuflagem dos uniformes do que modelos mais frágeis, de cor pastel, rosa ou azul. "Quase todos os capelães militares os usam", explicou o sargento Frank Ristaino. Para ele, o terço é um dos instrumentos dos guerreiros modernos, junto Alunos da Saint Mary com metralhadoras, granadas e botas de combate. Membros da Legião de Maria orientam os alunos da Saint Mary e as escolas e associações paroquiais, que já enviaram 15 .000 terços para astropas em missão. O Pe. Bill Devine viu os terços Ranger pendurados em veículos, tanques e quartéis no Iraque, e soldados usam-nos até no pescoço: "Eles
lembram constantemente o poder da intercessão e proteção de Nossa Senhora sobre aqueles jovens".
NOVEMBRO 2004 -
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· Expropriação por "trabalho escravo" é absurda
Fac-símile da carta dirigida aos deputados
E m carta entregue aos deputados federais, a Associação dos Fundadores da TFP pede a rejeição do projeto de emenda constitucional que expropria propriedades em que for constatado um não-definido "trabalho escravo" artir do lamentável assassinato de alguns fiscais do \ trabalho em Unaí (MG), acentuou-se artificialmente, sobretudo através da mídia, uma campanha para tornar expropriáveis as terras em que for constatada a utilização do chamado "trabalho escravo". Um absurdo projeto de emenda constitucional tramita na Câmara, contendo essa reivindicação. Recentemente foi enviada aos deputados, pela Associação dos Fundadores da TFP Tradição, Família e Propriedade, uma carta acompanhada do novo livro, o 2º da coleção Em Defesa do Agronegócio, do jor-
nalista Nelson Ramos Barretto, Trabalho Escravo, nova arma contra a propriedade privada.
A obra mostra que estão sen do qualificadas como "trabalho escravo" simples irregularidades trabalhistas, o que, além de absurdo, constitui uma perseguição à propriedade priva da. Tal perseguição faz parte da campanha atualmente em curso contra o agronegócio, à frente da qual se encontram o MST e a CPT. Querer alimen tar a Reforma Agrária socialista e confiscatória com terras originadas desse tipo de expropriação constitui mais uma fla grante injustiça. Abaixo a íntegra dessa carta, que pede a rejeição do projeto de emenda constitucional.
CATOLI C ISM O
São Paulo, 4 de outubro de 2004 Nelson Rumos Ua rrctto
Sr. Deputado Dentro em breve V. Excia. terá de arcar co m a grave responsabilidade, diante de todo o Brasil e em parti cular diante de seus eleitores, ele tomar posição sobre um projeto de grande reperc ussão nac ional. Trata-se do chamado "trabalho escravo", ora em tramitação na Câmara (PEC 438/01 ) e que já está no Plenário para o segundo turno de votação . Por mais que a extrema esquerda, com bomb,'ístico apoio da mídia, esteja empenhada na aprovação desse projeto, o certo é que os bras il eiros que não renunciaram à nobre fac uldade de pensar, dão-se perfeitamente conta de que se trata de mais um golpe fe rino, di sfarçado embora, contra a propriedade privada em nossa Pátri a. De repente, como por um passe de mágica, descobriu -se que o in stituto da escravidão continu a a ex istir no Brasil! Nosso representante na ONU, "humildemente" confessa di ante do mundo inteiro estupefato qu e essa escravidão existe e nós somos os culpados. A mídi a, co mo os antigos fari seus, rasga as vestes. O cle1:0 que segue a "teologia da libertação" clama por medi das urgentes. Numerosas ONGs press ionam indignadas. D iante do im aginário popular, rodase o film e da fil eira de escravos acorrentados, entoando cânticos lúgubres, ensangüentados pelo subir e descer da chibata do capataz sobre seus corpos indefesos. Muda-se a cena e é o escravocrata que aparece. Proprietário rico e desa lmado de um imenso latifú ndi o, pouco se impor-
!l'RABAL
Escuv nova arma contra a propriedade privada Capa do 2º livro da coleção Em Defesa do Agronegócio
tando com a legião de escravos que domina, capitalista ganancioso que só quer saber do lucro. Terceira cena: deputados zelosos pelo bem do País reúnem-se em assembléia. Tomam nobremente a defesa dos escravos e fulm inam o proprietário ganancioso co m a pena máxi ma: a perda total de sua propriedade, que de agora em di ante serv irá aos pobres. E isto com um confisco puro e simples, sem qualquer indeni zação. Happy end: o oprimido encontrou um vingador, o rico um justiceiro, o Brasil recupera sua dignidade de Pátri a li vre. O MST e a CPT exultam. Dá para acreditar?
A Associação dos Fundadores da TFP - Tradição, Família e Propriedade tem a honra de oferecer a V. Exc ia. um exemplar do livro Trabalho escravo', nova arma contra a propriedade privada, do jornali sta Nelson Ramos Barretto, autor também do best-sell er Reforma Agrária: o mito e a realidade. Lendo-o, V. Exc ia. terá oportunidade de enco ntrar, numa lin guagem serena, obj etiva e mui to bem fund amentada, os argumentos que mostram irrefutavelmente como o projeto em questão deve ser rejeitado por todo legislador lúcido e que ame verdadeiramente o bem do Brasil. De fato, o que é esse "trabalho escravo", que tanto comove as sensibilidades e fala tão pouco à razão? O livro em questão mostra que estão sendo qualificadas de "trabalho escravo", por exemplo, a fa lta de cartei ra de trabalho ass inada (quando 58% dos trabalhadores no Brasil são info rmais ... ), o atraso no pagamento de salário ou servidão por dívidas, um suposto impedimento do direito de ir e vir e condições precári as de hi giene. Até a simples transferência do trabalhador de um estado da Federação para outro, é qualificada malevolamente de ali ciamento de escravos. Fatos que confi guram apenas irregularidades trabalhistas,já tipificadas na lei correspondente, são co nsideradas co mo prática da escravidão ! Basta ser encontrado um só "escravo",
trabalhando num canto de uma grande propri edade, para que toda ela seja confiscada pelo Estado? - pergunta o autor da obra. Não deixa de ser sintomático, ademais, di z o texto, que a onda levantada a respeito do "trabalho escravo" co incida co m os ataques virulentos da CPT e cio MST contra o agronegóc io, base ela economi a nacional. Por que ligar a questão do "trabalho escravo" à obtenção de terras para a Reform a Agrária? Quanto mais o regime de propriedade privada vai dando frutos e
sustentando decisivamente o progresso do País, mais ele sofre o impacto da agressão de certa esquerda. Por outro lado, continua-se a fa bricar assentamentos de Refo rma Agrária, os quais mantêm o agri cultor como uma espéc ie de servo ela gleba cio Estado, sem meios de produ zir e em tudo dependente das verbas ofi ciais. O liv ro anali sa com inteli gência essa espantosa contradi ção, e mos tra que o atingido com isso é o in stitu to da propri edade privada e o próprio Bras il. Enfim , sr. deputado, auguro- lhe uma leitura cuid adosa, pesando bem os argumentos do liv ro, que, estou certo, mu ito lhe ajudarão a tomar pos ição face ao projeto a ser votado. Projeto esse que, se tran sform ado em tex to constituciona l, será um grave atentado contra a propriedade privada e, para o Bras il , um grave retrocesso soc ial e econômi co. Será uma temerid ade co locar nas mãos do Es tado um in strumento tão draconiano de expropriação, em nome de um suposto e indefinido crime de "trabalho escravo". Os bras il eiros estão co m os olhos postos em Brasíli a, e a matéria em questão é ele grande reperc ussão nac ional. Cordi ais saudações, Plínio Vidigal Xavi er da Silveira Direto r
NOVEMBRO 2004 -
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INTERNACIONAL
"Mulher honesta", um anacronismo?
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e. scemos tanto na escala moral, que fo i aprovada por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, com aplausos da mídia, a retirada da expressão "m ulher honesta" do Código Penal. Ou seja, segundo os deputados da CCJ, não há mais no Brasil distinção entre a mulher honesta e a não honesta. E tudo indica que isso vai ser facilmente aprovado pe lo plenário.
O fundo cio poço São vários os crimes que se configuram apenas se a vítima for uma "mulher honesta", isto é, casada ou virgem e também "decente", na definição do famoso penal ista Nelson Hungria. O que considerarão os senhores deputados? Que todas as mulheres ficaram honestas? Ou todas se tornaram desonestas? Ou se chegou a um meio termo entre a honestidade e a desonestidade? A
pergunta se impõe, mas e la é escamoteada e não respondida. Alega-se uma vaga idéia de igualdade, para acabar com a distinção. Alega-se também que esse di spositivo do Cód igo ficou anacrôni co. Segundo a "Folh a on lin e" (20-9-04), "essa situação é incompatível com a atual realidade brasileira". Essa última alegação é verdadeira; pois, realmente, de há muito o dispositi vo legal não se ap lica. Mas o fato de uma distinção moral tão relevante ter-se tornado fora de moda indi ca bem o fundo de poço em que nos encontramos, no que toca à moralidade.
mulher de hoje necessita um esforço muito maior do que antigamente. O alto padrão de moralidade que outrora era corrente para o sexo fe minino, hoje necess ita quase a prática do heroís mo para ser alcançado. Po is tudo na sociedade moderna - modas, trajes , modos de ser e de viver - convida para o vício, para adissolução dos costumes, para a impureza. Se antes era dignificante para a mu lher ser fie l ao marido até a morte, hoje é cons iderado anacrônico. Se antes a moça tinha como ponto de honra manter sua virgindade até o casamento, hoje é mais "evoluído" e ntregar-se ao primeiro que aparece. Tudo isso torna espec ialmente louváveis, voltamos a dizê-lo, as mulheres que mantêm um alto grau de moralidade. Mas torna espec ialmente execráveis os costumes de nossa época, fo nte de perdição para tantas e tantas almas.
llel'OÍSJUO 11a vil'Wde
Não se trata de dizer que no Brasi.l de hoje não existem mais mulheres honestas. Seria uma inverdade e uma grave injustiça. Elas existem e merecem nosso respeito por isso. O prob lema é que, para manter-se dentro dos ditames da moral , a
A nova Constituição européia perante a consciência católica E m junho último, foi aprovada pelos ch~fes de Estado e de governo . dos países membros da União Européia uma nova Constituição, que viola princípios básicos da doutrina católica e a própria Lei natural. n JosÉ ANTON IO
URETA
novo texto da Constitui ção e uropéia substituirá todos os tratados já ass inados até o presente, no processo de unifi cação continental, e, para entrar e m vigor, é necessária a ratificação dos 25 países me mbros da União, cada qual segundo seus mecani smos legislativos próprios. Vários governantes - notadame nte os da França e Reino Unido - anunciaram que convocarão os respectivos eleitorados para se pronun ciare m mediante referendum. Isso coloca desde já sérios problemas de consc iência para os católicos euro-
Família destl'oçada
Mas não é só. Com a corrupção da mulher, é toda a família que fica destroçada. A mulher é o esteio da moral fami liar. Se esse este io é abalado, o lar rui . Mas, caindo a famí li a, que esperanças pode haver de regeneração da sociedade? A par da supressão da "mulher honesta" do Código Penal, elimina-se também o crime de adultério. É coerente. Mas se o adultério não é mai s crime, e o marido ou a mulher podem entregar seus corpos a que m bem entenderem, sem sofrerem por isso qualquer sanção, de que ~ vale o casamento?
u ~
A menos que haja uma intervenção radical da Providência Divina, aonde ire1 !! mos parar? Enquanto isso, a Virgem das .~ ~ virgens, a Mãe castíssima, c hora. Até ~ quando? Até o momento e m que suas láEc grimas, à força de c lamarem por conver~ ~ são, se transformem num ped ido de pu .§ nição, como a prevista em Fátima! •
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CATOLICISMO
Símbolo laico da União Européia (acima), cuja Constituiçã o ignorou as raízes católicas de sua história (gravura à direita)
NOVEMBRO 2004 -
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Pelo contrário, consiste e m desnaturar a Europa arrancar de sua alma e de sua hi stória os valores cristãos e a influência da Igreja Católica, que fi zeram sua grandeza e são a garanti a do respeito aos direitos pessoais e soc iais por parte dos Poderes Públicos! Já hav ia alertado para as conseqüências dessa grave omissão João Paulo II . Perante os participantes de um encontro em Roma, destinado a analisar o projeto de nova Constituição européia, o Pontífi ce afirmara que se a herança cri stã e o papel social das igrejas não fo r levado em consideração, "corre-se o risco de legitim.ar essas orientações do laicismo e do secularismo agnóstico e ateu, que levam à exclusão de Deus e da lei moral natural dos diferentes âmbitos da vida humana". 3 O ex-presidente francês Giscard d'Estaing dirigiu a elaboração da Constituição européia
peus: podem eles aprovar o texto constitucional elaborado pelo Prcesidium da Convenção que trabalhou sob orientação do ex-presi dente francês Valéry Giscard d 'Estaing? Com efeito, esse texto constitucional apresenta uma lac una fundamental : omite propositadamente qualquer referência à herança cristã da Europa. Mais grave ainda, em aspectos fundamentais, o texto entra em choque frontal com a moral natural e com os dez Mandamentos da Lei de Deus. A redação final estabelece que a visão européia da pessoa humana e de seus direitos inspira-se "nas heranças culturais, religiosas e humanistas da Europa", nascidas das civilizações grega e romana e marcadas posteriormente "pelas correntes filosóficas da !lustração". Omite-se a referência aos 15 séculos de cristianismo, sem os quais a Europa é incompreensível. Consta nele apenas a alusão a um vago "impulso espiritual" que vem alentando a Europa e continua presente em seu patrimônio ...
N<;ga1' as raízes cristãs da Ew'opa equilrale a <lesnaturá-la A questão está longe de ser inócua. Já tinha sido abordada durante a redação da nova Ca rta dos Direitos Fundamentais da União Européia, que constitui hoj e o Preâmbulo da nova Constituição, e da qual também hav ia sido elimin ada qualquer referência religiosa. Segundo o soc iali sta fra ncês Guy Braibant, repreCATOLICISMO
sentante do govern o de seu pa ís e vicepresidente da Co nve nção redatora da .Carta, a omi ssão de qualquer referência a um a "herança religiosa " impunha-se, para evitar que esta fosse considerada como a ' fonte de inspiração dos direitos fundamentais". 1 Não tendo ne nhuma base religiosa, os direitos da pessoa humana passam a ser relativos e podem evoluir ao sabor de teorias jurídicas atéias que aceitam como autên ti cos direitos humanos o aborto, a eutanásia, o "casamento" homossex ual, a revolta dos filhos contra os pais etc. De outro lado, a Religião passa assim a ser eliminada da vida pública e relegada à mera esfera privada dos cidadãos . Ou seja, o ideal de vida pública sonhado pelos mais furibundos anticl ericai s. E is as sugestivas palavras do Sr. Braibant, a propósito do caráter laico da Carta de Direitos Fundamentais: "A maior parte dos países que a compõem [a UE] não são laicos eles próprios, e algumas de suas constituições referemse a Deus. Essa é, aliás, a razão pela qual a laicidade não pode ser inclu(da entre os valores comuns da Europa. / ... / Esse caráter não laico da maior parte dos países da Europa não impede que a Europa ela própria seja laica. Segundo o conhecimento que tenho, nenhum dos textos [jurídicos] europeus - e eles são numerosos - tem misturado o espiritual e o temporal. Fazêlo hoje seria desnaturar a Europa". 2
Rompimento com o glorioso passado cristão Infelizmente, eis a tri ste rea lidade: Deus e a Lei moral foram ba nidos da Constituição européia, já aprovada pelos chefes de Estado e de govern o e e m vi a de ratifi cação. Para verificar tal real idade, basta ana1isar a Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia, que, como dissemos, faz parte do Preâmbul o ela nova Constituição e representa, segundo o Sr. Braibant, "um novo ato fundador da União Européia", e "pode-se sonhar que ela venha a ser um dia a 'alma da Europa"'. 4 Analisemos algumas ele suas disposições:
1 - Fatr0recimento do abo1'to e <la eutanásia Essa concepção atéia, que mesmo a Santa Sé denuncia, torna-se patente já no artigo 2° da Carta, que trata do direito à vida. Após ser estabe lec ido no primeiro arti go que "a dignidade humana é invioláve l", e que "ela deve ser respeitada e protegida", o artigo seguinte limita-se a afirmar: "Toda pessoa tem direito à vida", sem mais. Algun s membros da Convenção haviam apresentado e me ndas, precisando que dita proteção devia abranger desde a concepção até a morte natu ral. Mas elas não foram ace itas. Pois, de um lado, como exp li ca ainda o Sr. Braibant, não era convenie nte alterar o status quo e m
matéria de aborto, que é legali zado na maioria dos países e urope us; e, de outra parte, "alguns Estados, como os Países Baixos, orientam-se para um reconhecimento parcial e progressivo do 'direito a uma morte digna' " 5 - eufemismo indecente para referir-se à eutanásia .
2 - Autol'ização <la "clonagem 11ão reprodutiva" Igualmente, o artigo3º sobre o "Direito à integridade da pessoa" estabelece que, no qu adro ela medicina e da biologia, "deve notadamente ser respeitada: [... ] a interdição da clonagem reprodutiva dos seres humanos". Dessa forma, as clonagens ditas "terapêuticas" - ou seja, a fabri cação imora l de embriões humanos para servir de peças de reposição de pessoas doentes - não ficam proibidas.
3 - A porta lica abe1·ta ao eugenismo No mesmo artigo 3º sobre a integridade da pessoa, são teoricamente interditadas "as práticas eugênicas, notadamente aquelas que têm por finalidade a seleção das pessoas ". Porém, na expli cação do texto, o Sr. Braibant mitiga o alca nce da interd ição, observando que "uma tal fórmula não deve ser interpretada com um rigo r excessivo; ela não se opõe a interrupções voluntárias de gestação [ou seja, aborto] destinadas a evitar, naturalmente com o consentimento dos pais e sob controle médico, o nascimento de seres que ficariam destinados por toda a vida, por razões genéticas, a sofrer hancli caps insuportáveis para si próprios e para os que os rodeiam" .6 O que sign ifi ca se lecionar para a morte os "genetica me nte in corretos", senão o velho eugeni smo propiciado pelos nazistas?
Segundo o vice- presidente da Convenção redatora, o desaparecimento dessa referência ao homem e à mulher "traz consigo o reconhecimento implícito dos casamentos homossexuais, já admitidos em vários países " .1 O "casamento" e ntre hoinossex uais, que clama ao Céu e pede a Deus por vingança (como ensi navam os antigos catecismos), é assim permitido pelo documento fundad or da E uropa nascente !
discriminação. Contraria-se abertamente, desse modo, o e ns ino da Igreja segundo o qual a homossex ualidade, por ser intrinsecamente desordenada, não pode ja mais ser fonte de um direito. Assim sendo, co mo tem acontecido e m vários países, uma escola cató li ca seria conde nada em virtude desse artigo, caso excluísse de seu quadro acadêm ico um professor qu e praticasse o homossexuali smo.
5 - Orientação llomossexual é protegida
6 - Eliminação do matrimônio como fündamento <la Jamília
A homossex ualidade é/ambém protegida pelo artigo 21 º da ·carta, consagrado à ' 1não disc riminação" .' E m virtude de tal artigo, "é interditada toda discriminação fundada notadamente sobre [ ... ] a orientação sexual" . Nesse particular, a Carta também introdu z uma inovação no tocante aos precedentes instrumentos internacionais de proteção dos direitos da pessoa humana. É preciso ass inalar igualmente que a Carta estendeu o campo de interdição da discriminação. Segundo o Sr. Braibant, "o acento não é mais posto somente nos atos das autoridades públicas, [ ... ] mas na interdição geral de 'toda discriminação', quem quer que seja o autor, público ou privado, em relação a qualquer direito e qualquer que seja o fundamento ". 8 A sodomia, assim, não fica apenas eq uiparada ao matrimôni o, mas protegida por uma cláusula específica de não
O mesmo artigo 9º garante "o direito de fundar uma família". Mas, inovando mais uma vez no referente ao artigo l2 da Convenção européia acima citado, o direito de casar-se e o de fundar uma família, "em lugar de estar reunidos numa mesma proposição, são de ora em diante distintos e separados". Com essa nova form ul ação, a Carta admite "outras vias que não o matrimônio para fundar umafamília ". 9 Ficam assi m favorec idos como "famíli as": o concubinato, as mães so lteiras, a adoção de filhos por homossex uais ce libatários e até a poligamia ou a poliandria, que não são expressamente proibidas em nenhlÍm lu gar da Carta !
7 - Dil'eito à educação ... des<le que "religiosame11te neutrn"! Oattigo 14ºconsagra "o direito à educação", assim como "o direito dos pais de assegurar a educação e o ensino de seus
4 - Promoção <lo pseu<IOcasamento homossexual O artigo 9º da Carta reconhece "o direito de casar-se", sem especificações. Com essa form ulação, ela introdu z uma inovação e m relação ao artigo 12 da Convenção Européia dos Direitos do Homem, do Conselho da E uropa, que dizia ex plicitame nte: "a partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar-se e de formar uma família".
Comentário do socialista francês Guy Braibant (segundo da esq . para adir.) é refutado
NOVEMBRO 2004 -
, filhos de conformidade com suas convicções religiosas,jilosóficas e pedagógicas". Mas , curiosamente, quando se trata do "direito de criar estabelecimentos de ensino" (por exemplo, o direito da Igreja de fundar escolas católicas que possam educar as crianças conforme a fé católica), essa prerrogativa vê-se restring ida por uma importante limitação: o ensino deve ser oferecido "no respeito
"Que a luz de amor de Cristo ilumine a Lituânia"
dos princípios democráticos ". Essa c láusula vaga deverá a inda ser interpretada, mas, segundo o Sr. Braibant, na intenção ·de seus promotores e la deveria incluir: "senão a laicidade, pelo meno·s a neutralidade do ensino" . 10 Se tal interpretação prevalecer, ficariam excluídas do dire ito de criar estabelec imentos de ensino as esco las confess ionais, que, por sua própria natureza, não oferecem um ensino relig iosamente ne utro.
8 - Incitamento da revolta dos /111,os contra os pais O dire ito dos pais de ed ucar seus fi lhos conforme suas convicções encontrase também limitado pelo direito, reconhec ido às cri anças (artigo 24º), "de expri1nir sua opinião li vremente", a qual "é
tomada em consideração nos assuntos que as concernem, em função de sua idade e de sua maturidade". Se isso parece não apresentar dific uldade quanto às crianças ainda pequenas , ameaça fa vorecer os conflitos fami li ares no que diz respe ito aos ado lesce ntes. Nessa id ade in grata, co m freqü ê nci a muitos filhos timbram e m contestar as regras de di sc iplina e os valores impostos pelos pai s, notadamente quando se deixam influenciar pelos padrões culturais juveni s divul gados por pop-stars ou por programas de rádio e telev isão destinados à juventude. Para o convenc io nal Braiba nt, "a
adição dos direitos das crianças aos direitos dos pais mostra a evolução das idéias e dos costumes, que tem caracterizado o último meio século em matéria de relaçõesfamiliares". 11 Numa palavra, a Carta consagra a vitória da Revolução da Sorbon ne, de maio de 68. E aq uilo que fazia parte do prog rama soc ialo-comunista de François Mitterrand , mas que ele não consegui u impor na França, ameaça estender-se, de -
CATOLICISMO
A pós ser libertada a Lituânia do jugo comunista da antiga URSS, ex-deputado propõe a seus compatriotas orar, trabalhar e lutar para que aquele país não seja dominado pelas más influências da Europa ocidental Plenário do Parlame nto Europeu em Estra sburgo (França)
futuro, a todo o Continente pela porta dos fund os, o u seja, a Carta dos Direitos
Fundamentais da União Européia! 9 - Pl'evalece o . lobby l'emi11ista Dobrando-se ante o lobby femin ista, muito ativo junto à Convenção redatora, o artigo 23º estabelece que "a igualdade
entre os homens e as mulheres deve ser assegurada em lodos os campos, inclusive em matéria de emprego, trabalho e remuneração". Segundo o vice-presidente da Convenção, "a expressão importante do primeiro parágrafo desta disposição " é: 'em todos os campos '". Ela inova quanto ao tratado constituinte da UE, que restringia a igualdade entre os sexos às questões soc iais. Acrescenta o Sr. Braibant: "A Carta vai
mais longe com a a.firmação da igualdade 'em todos os campos'. É, sem dúvida, a primeira vez [que isso ocorre] num texto internacional de caráter j urídico". 12 Foi anunciada recentemente a excomunhão lançada pelo Vaticano contra seis mulheres que rea li zaram na Áustri a um simul acro de ordenação sacerdotal. No futuro, ao que tudo indica, o Vaticano estaria incorrendo numa violação dessa paridade entre os sexos "em todos os campos" - logo, também no campo ec les ial - , em virtude do artigo 23º ela
Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia. É isso que propugnam as fem inistas radicais do Parlamento E uropeu redatoras de um relatório sobre as mulheres e o
fundamenta li smo, que co nde nava "as
administrações de organizações religiosas [. .. } que promovem [. .. ] a exclusão das rnulheres de posições dirigen.les na hierarquia polílica e religiosa ". 13 Convém lembrar que tais reclatoras quase fizeram aprovar, no mesmo relatório, um apelo a João Pau lo [( para que a Igrej a Católica mude sua posição face às lésbicas.
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Em vista de tudo que fo i exposto, cremos que, em sã consciência, um cató li co europe u que seja chamado a pronunciarse num ref erendum, se aprova ou desaprova a nova Constitui ção européia, eleve responder com um categórico " não". Po uco importa m cons iderações de ordem política ou téc nica, quando se tê m em vista questões fundamentais co mo o pape l da Religião na vida públi ca e orespeito à Lei de Deus, no que tange à vida humana, ao matrimônio e à família. •
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E- mai l do a utor: ·.urcta
Notas:
cato li c ismo.com.br
1. Cfr. Guy Bra iba nt , La C hart e d es dro it s /1.1 nda111 e11taux de l 'Union européen11 e, Se ui l, Paris, novembro ele 2001 , p. 76. 2. Cfr. op. cit. , p. 77 . 3. Cfr. "Agência Zenil", 24-6-02. 4. Cfr. Guy Braibant, op. cit., p. 297. 5. Cfr. op. cit. p. 92. 6. Cfr. op. cit. p. 98. 7. Cfr. op. cit. p. 11 5. 8. Cfr. op. cit. p. 155. 9. crr. op. cit. p. 11 5. 10. C fr. op. cit. p. 132. 1 L. C fr. op. cit. p. 133. 12. C fr. op. cit. p. 163. 13. Item nº 4.
A
anas Rocas pertenceu ao artido Conservador União pela Pátria, dirigido pelo ex-presidente Vytautas Lands bergis ( 1990- 2002). Foi deputado no parlamento lituano e um dos signatários da decla ração de independência de seu país em relação à União So viética . Em 1991, quando a delegação das TFPs entregou no Kremlin as assinaturas do maior abaixo-assinado da História, em apoio à libertação da Lituânia . Rocas foi designado pelo presidente Landsbergis para acompanhar a delegação das TFPs em Vilnius e em Moscou. A partir de então, tornouse grande admirador do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e amigo das TFPs . A caravana das TFPs americana, francesa, alemã, austríaca e italiana, que visita todos os anos a Lituânia a fim de divulgar a mensagem de Fátima, conta sempre com seu valioso apoio . Antanas Rocas concedeu esta entrevista ao dirigente da caravana, Sr. Renato Murta de Vasconcelos, em sua residência na cidade de Kelme .
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Catolicismo -
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A caravana das TFPs, que visita a cada ano seu país, participa sempre da peregrinação ao santuário mariano de Siluva, onde Nossa Senhora apareceu no século XVII.
O senhor poderia narrar resumidamente aos leitores brasileiros algo sobre essa aparição?
Antanas Racas - No ano de 16 12,
S1: Antanas Racas:
'i1 situação moral
em catastl'ólica e as famílias se <lesl'aziam. Maria Santíssima apareceu JJedindo ao povo que abandonasse o JJecado e se 1·eco11-
ciliasse com Deus"
qua ndo a Virgem apa.receu em Siluva, uma peq ue na a ldeia no centro da L ituâni a, a situação do país era péss ima, e sobretudo a da Igreja. Era grande o número de pessoas que hav iam aba ndonado a fé e deixado o regaço mate rno da Ig rej a Cató li ca. Mu itos edifíc ios re li giosos havi am sido pilhados e queimados . Também a pequena igreja de Siluva fora des truída. Nos sa Sen hora apareceu num dia de sete mbro daq uele ano sobre uma pedra ela igreja. E la chorava no local onde outrora seu D ivi no F ilho fora ado rado, e era então substituído por ídolos. A situ ação moral era catastrófica e as famílias se desfaziam. Maria Santíssima apareceu pedindo ao povo q ue se co nvertesse, aba ndonasse o pecado e se reconciliasse com Deus. A partir daq ue la época, todos os anos, peregrinos e m número cada vez maior começaram a visitar o local da aparição. E naturalmente, tanto outrora como hoj e em dia, vêm os fi éis apresentar seus pedidos com confiança à Mãe de Deus.
Catolicismo -
Notam-se semelhanças entre a mensagem de Fátima e a de Siluva, bem como entre a situação do mundo em 1917 e a da Lituânia em 1612.
Antauas Racas - Sim , em es pec ial no que di z respeito à oração e à penitênc ia, com vi stas a nos mover à conversão. E isso é o mais difícil. Vejo NOVEMBRO 2004 -
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recordo muito be m das palavras de Dr. Caio Xavier da Silveira, que chefiou em 1993 a delegação das TFPs para a entrega do aba ixo-assinado no Kremlin. Naquela ocasião, Dr. Caio advertiu o presidente Landsbergis para o perigo de que as más influências da E uropa ocidental entrassem em nosso país ma is rapidamente do que as boas. E le chegou mesmo a espec ificar o tipo de ameaça contra a qual deveríamos nos precaver. E aco nselho unos à ac rescentar ao "ora et labora" bened itino o "pugna". Isto é, prec isáva mos a partir de então orar, trabalhar e lutar ardentemente. Quero acrescentar que não devemos nos esquecer de a lgo muito importante: agradecer sempre à Santíssima Virgem por tudo o que Ela fez e pelo muito que E la ai nda fará pela Lituânia.
e dos prazeres as pessoas esquecem-se do mais importante, daí surgirem fe nômenos terríve is. Penso sempre na possibilidade de fundar um j orn al. Se conseguir os meios necessários para isso, vou dar-lhe o nome de "O Sino", porq ue ele deverá alertar sobretudo para os perigos que nos ameaçam. Quando leio, por exemplo, a mensagem de Fátima de 19 17, ou me recordo do que Nossa Senhora di sse em Siluva em 1612, encontro sempre a mesma exigência da M ãe de Deus: abandonar o mal e o pecado, a fim de iniciar nova vida, a saber, uma existência plena de amor a Deus e ao próx imo. A situação política é igualmente compli cada, porque muitos são os que conhecem perfeitamente os métodos psicológicos de exercer influência sobre a população. N este sentido, nossa situ ação é parecida com a da Rússia, onde Putin vem levando a cabo violenta campanha contra os miliardários. Aqui o governo voltou-se contra personalidades que detiveram o poder político, acusando-as de terem prometido tornar todos os pobres pessoas ricas. Porém, ao contrário da Rússia, fezse na Lituânia um estrondo publicitário contra políticos famosos. Por exemplo, Landsbergis fo i acusado de haver permitido o e nriqueci me nto de muita gente.
Catolicismo - Como o senhor considera a atu-
Catolicismo -
rijos pagalba" (A Lituânia precisa da ajuda de Mari a), que está sendo promovida pela Krikscioniskosios kulturos gynimo asociacija (Associação de Defesa da Civilização Cristã), alcançará grande sucesso.
Catolicismo - A Lituânia e nove outros países do Leste europeu acabam de se integrar na Comunidade Européia. Como o senhor considera tal integração? Antanas Racas - Respondo-lhe dizendo que me
nas aparições de Siluva um a grande li gação com Fátima. E m todos os dias 13, vêm fiéis de todas as partes da Lituâni a a Siluva. Tal tradição de visitar o santu ário em todos os dias 13 surgi u na época em que o país se encontrava sob o domínio do comuni smo. A Igreja estava sendo então perseguida, e era preciso resistir. Man ifes tação significativa da resistênc ia do povo católico foi exatamente organi zar essas romarias todos os meses, para rogar a Nossa Sen hora que nos libertasse do jugo da U ni ão Soviética. Afina l, Ela acabou atendendo nossas súpli cas.
Catolicismo - O senhor tem acompanhado de perto a campanha "A Lituânia precisa da ajuda de Maria, destinada à difusão da devoç_ã o a Nossa Senhora. Quais são, a seu ver, as perspectivas de desenvolvimento dessa ação?
Antanas Racas - Muito boas, e vejo com entu siasmo a expansão de ta l campanha em meu país. É comovente observar como a campanha atinge pessoas, muitas vezes j á bem idosas, perdidas nos mai s longínquos rincões, levando-lhes palavras de conforto e de esperança. P ude notar isso com satisfação em muitas das cartas de agradecimento que chegaram ao meu conhecimento. Tenho certeza de que a campanha "Lietuvai reikalinga MaCATO LICISM O
al situação moral e sócio-política do país? O que mais lhe preocupa?
Antanas Racas - Avalio a atual situação de meu
"Hoje elll <lia é difícil perlllanece1' verdadeil'alllente 11el à Igreja. Sobretudo elll lllUitos COI'ações litua110s insinua-se a tentação de enriquecer-se a todo o custo"
país, do ponto de vista moral, como bastante problemática, e mbora 80% da população se declare católica. Para as pessoas hoje e m dia é muito difícil permanecer verdadeiramente fieis à Igreja, aos seus ensi na mentos e à sua moral. Sobretudo, e m muitos corações litu anos insinua-se a tentação de enriquecer-se a todo o custo e rapidamente. E os que cedem a essa tentação entram por uma via que não leva em consideração qua isquer princípios morais. Com i so, está surgindo uma espécie de tesoura: 10% da população tornou -se extre mame nte rica, tendo acesso a tudo quanto desejam. Um velho camponês definiu a atual situação do país da seguinte forma: "Os lituanos estão dan-
çando em torno do bezerro de ouro ". Ainda hoje noticiou-se que a Lituânia é país com um dos maiores índices de suicídio do mundo. E isso vem do fato de que, na época do comunismo, a fé em Deus fo i arrancada das almas das pessoas. E o que mais me preocupa é a desobedi ênc ia aos 10 Mandamentos da Lei de Deus. A · pessoas só têm em vista os bens materiai s, enquanto a mídia difunde a falsa concepção de que a vida existe para se buscar o prazer. Mas, na procura da riqueza
Catolicismo -
Como o senhor vê as perspectivas de futuro para os jovens?
Antanas Racas - A economia tem melhorado nos
''Jovens têlll ellligrado para . o Ocidente à p1·0cw·a <le elllpl'ego nos países ricos. Eles ficam expostos ao indil'ere11tismo religioso illlperante 11a Europa oci<lental"
últimos tempos, mas os salários são incomparavelmente menores do que os dos países da E uropa ocidental. Por causa disso, os jovens têm abando nado o país e e migrado para o Ocidente à procura de emprego nos países ricos . Embora possam ganhar muito dinheiro e depo is se estabelecer facilmente aqui, abrindo negócios, etc., ficam eles naturalme nte expostos ao indifere nti smo relig ioso imperante na E uropa oc idental.
Catolicismo -
Peçamos a Deus sua proteção à Lituânia, a Terra de Maria, como é multissecularmente denominada.
Antanas Racas - Espero que a Providência Di vina conceda a meu país o que pede uma piedosa cantiga popular que tradicionalmente canta mos na peregrinação de Tytuvenai a Siluva: Tegyvuoja Lietuva Kristaus meilés apsviesta - "A luz do amor de Cristo ilumine nossos passos. Viva a Lituânia, iluminada com a luz do amo r de Cristo". •
Há pouco foi eleito novo presidente lituano, Valdas Adamkus, em substituição a Rolandas Paksas. Em que consistiu a acusação lançada contra Paksas?
Antanas Racas - Paksas fora eleito com o dinheiro que lhe proporcionara o empresário russo Borissov, o qual foi guindado depois à condição de seu conselheiro pessoal. Ele foi expul so na semana passada da Lituânia. Em retribuição do financiamento de sua campanha eleitoral, Paksas prometera aos russos vantagens para empresas russas operando em solo lituano. Ademais, Paksas violou a Constituição do pa ís ao conceder a c idadania a Borissov, que não falava sequer uma palavra de li tuano. Além di sso, colocou e m cargos-chave do governo ho mens de sua confiança, os quais precisavam, antes de serem empossados, obter o placet de uma bruxa proveniente da Geórgia. Essa mulher tornou-se assim a segunda pessoa mais importante do país. E vidente mente, todos estes fatos foram causando um mal-estar e uma indignação crescentes na opinião pública, a qual exigiu, por fim, o impeachmentde Paksas, decretado em fins de maio. Foram então convocadas eleições, das quai s saiu vencedor no segundo pleito, em 27 de junho último, Valdas Adamkus com 53 % dos votos. Ele derrotou Kazimiera Prunskriene, uma antiga ministra de orientação comunista. NOVEMBRO 2004 -
a hi stória do Ocidente cristão., e talvez da humanidade, pela pri me ira vez a soc iedade presencia não apenas grupos dispersos de homossexuais influentes, mas um movimento organi zado, visível, de homossexuais declarados que ostentam seus hábitos, e também se une m numa tentativa de impor sua ideologia à sociedade. Constituem o movimento homossexual, uma .vasta rede de organi zações, grupos ele pressão, intelectuais e ativi stas radicais que se esforçam para impor mudanças nas leis, costumes, moralidade e mentalidades, para que a homossexualidade seja aceita como boa e no rma l. Daí os ativistas cio movimento press ionarem a sociedade para legalizar tanto a prática quanto as mani fes tações públicas da homossex ualidade, como o "casa mento" ho mossexual, ao mes mo tempo que impl acavelmente injuriam os que defendem a moralidade tradicional.
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Revolução sexual - movimento lwmossexual
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Para entender adequadamente a atual revo lução homossex ual, é preciso vê- la de ntro do quadro mais ampl o da revolução sex ual, por meio da qual a castidade, a modéstia e a temperança - sinais di stintivos da C ivili zação Cri stã - cederam espaço a uma clesbragacla procura ele prazer carnal e a uma inimag inável ex ibi ção cio corpo humano. A revolução sex ual dos anos 60 fo i preparada por um sécul o de desenvolvi mentos culturais em que o sentimento foi desvinculado da razão. No seu cerne está uma revolta contra todas as normas da moralidade que mitigam ou restringem as paixões desordenadas do home m. De fato, numa soc iedade em que "é proibido proibir", a moralidade não tem lugar e os instintos descontrolados se tornam a norma de conduta. Os hippies resumi ram sua filosofia hedonística numa expressão: "Se você gosta,faça-o". Essa obsessão pelo sexual impregna nossa cul tura. L iteratura, modas, entretenimento, propaganda ou simplesmente a conversa comum e o co mportamento, quase tudo hoje está mac ulado co m esse sinal erótico. O mundo hipersex ualizado de hoje tornou-se um perfeito canteiro para o cultivo de todas as fo rmas de aberração sex ua l. NOVEMBRO 2004 -
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Algw1s expoentes do movimento homos ex.uai Harry Hay, homossexual e comuni sta, foi um dos ativistas ameri canos que mais contribuiu para o avanço do movi mento homossex ual. Em 1948, ele formul ou princípios e teorias aplicando a dialética mar xi sta à causa homossex ual , e apresentando os homossex uais como uma "minoria cultural" oprimida pela maioria heterossex ual dominante. Este fo i um conceito-chave para apresentar o movimento homossexual ao público, e era a contribui ção de que Hay mais se orgulhava. Com esse conceito estratégico, velhos preconceitos foram sepultados sob novos rótul os. O uso dessa tática produ ziu resultado em duas frentes: começou a di minuir a aversão de muitas pessoas sentimenta is aos homossexuais; e o número de ali ados se multi pli cou, a partir do momento em que os esquerdi stas na mídia, no mundo acadêmi co e no re ligi oso começaram a olhá-l os como mai s um a "minoria" a ser promov ida. Dois outros ativi stas, M arshall K irk e Hunter Madsen, escreveram o livro After the Ball (Depois do Baile) [ver quadro na próx ima página] , tornando claro que arevolução homossexual move uma "guerra de propaganda", cujas táticas descreve; e Para Harry Hay (abaixo), os homossexuais constituem uma "minoria cultural" oprimida
identifica os ameri canos cri stãos de centro como seu alvo.
"Guerra de propaganda" contra a moral católica
U m dos artifícios usados pel os ativi stas tem como objetivo apresentar o número de homossexuais como muito mai or do que a realidade. Falava-se habitualmente em 10% de homossex uai s na popul ação em geral. Essa porcentagem grossei ramente exagerada estava baseada em pesquisa realizada pel o zool ogi sta e especiali sta em taxonomia A lfred C. Ki nsey, publicada em 1948 sob o títul o
Sexual Behavior in the Human Ma te (Comportamento Sexual Masc ulino), conheci do como Relatório Kinsey. E ntre as conclusões do Relatório Kinsey está a idéi a de que 10% dos homens são mais ou menos excl usivamente homossex uais, e 4% dos homens brancos são excl usivamente homossexuai s ao lon_go da vida. N o entanto, ficou provado que os resultados do Relatório Kinsey eram v iciados. A amostragem de 5.300 homens, por exempl o, " incluía vári.as cen-
tenas de prostitutas, 1.200 condenados por crimes sexuais, grande número de pedófilos e exibicionistas, e a quarta parte eram presidiários, que são desproporcionalmente homossexuais". Apesar d isso, o movimento homossexual servi u-se desse mito dos 10% para sua guerra de propaganda. O mov imento homossexual faz também amplo uso de pal avras e conceitos tendenciosos, como armas semânticas para mud ar as pessoas e a soci edade. Conceitos como compaixão destinam-se a gerar aceitação, enquanto outros como homofobia vi sa m i nibir e mes mo paralisar reações. Ao fixar sobre os opositores o rótul o de homófobos, o movimento procura i ntimidá-l os e desqualificá-l o , descartando co mo "tem.ores irracionais" seus argumentos baseados na reta razão (ver quadro da página 27).
Desfaze11do argumentos te11de11ciosos Os argumentos e slogans de cunho ci entífico ou religioso e fi losófico dos ativistas homossexuais podem ser dissecados e refutados exaustivamente. Assim, por exemplo:
CATOLICI SMO
Uma revolução cultural homossexual
1'éc11icas de me11til'a e de pmpaga11da
E Alfred Kinsey (acima) : seu relatório apresenta dados estatísticos viciados
• "Eu nasci assim!" - o "gene homossexual" O argumento de que os homossexuai s "nasceram. assim.", ou que "isso está nos genes", levou a uma procura de um "gene homossexual ". Três pesq uisas foram de modo geral mal interpretadas, para sustentar aq uel a conclusão: as do D r. Simon LeVay; dos Drs. J. M ichael Bailey e Richard C. Pillard; e do D r. Dean Hamer. A Associação M édica Católica ass im resume os res ultados dessas pesqui sas, no estudo Homosexuality anel Hope (Ho-
mossexualidade e Esperança): "A lguns pesquisadores procuraram encontrar uma causa biológica para a atração homossexual. A mídia promoveu a idéia de que um 'gene homossexual'já havia sido descoberto, [. .. ] mas, apesar de várias tentativas, nenhum dos mais divulgados estudos[. .. ] pôde ser cientificamente repetido. Alguns autores reviram cuidadosamente esses estudos e concluíram que não só eles não comprovam uma base genética para a atração homossexual, como nem mesmo contêm essas alegações. [. .. ] Se a atração pelo mesmo sexo fosse dete rminada geneticamente, dever-se-ia esperar que gêmeos idênticos fossem também idênticos nas suas atrações sexuais. Há no entanto numerosos relatórios de gêmeos idênticos que não são idênticos nas suas atrações sexuais".
m 1989, dois homossexuais graduados na Universidade de Harvard, Marshall Kirk e Hunter Madsen - o primeiro um pesquisador em neuropsiquiatria, e o segundo perito em táticas de persuasão pública e estratégias sociais de mercado - escreveram After the Balf: How America Wilf Conquer lts Fear & Hatred of Gays in the 90s (Depois do Baile: Como os Estados Unidos Vão Dominar Seu Medo e Ódio de Homossexuais nos Anos 90). Trata-se de um verdadeiro projeto para lançar no mercado a revolução cultural homossexual nos Estados Unidos. Convictos de que uma mudança duradoura só ocorre quando as pessoas são persuadidas, os autores procuram delinear os meios para mudar o modo como o país vê a homossexualidade. E explicam: "A campanha que delineamos neste livro,
embora complexa, depende fundamentalmente de uma propaganda aberta, firmemente apoiada em princípios de psicologia e publicidade, de há muito estabelecidos".
E concluem que o resultado final dessa enorme guerra de propaganda seria a aceitação da homossexualidade; se não diretamente como "boa", pelo menos como uma tolerável variante da normalidade. Transcrevemos alguns itens desse verdadeiro programa de ação: • Estimular o maior número possível de homossexuais e lésbicas de todos os ramos de atividade e profissões, especialmente as" celebridades", a manifestarse como tais. Isso cria insegurança na rejeição pública à homossexualidade. • Pôr em evidência muito mais a não-discrimina ção, os direitos humanos e a igualdade. Não tentar defender o comportamento ou o modo de vida homossexual. • Usar a epidemia de AIDS para exigir direitos civis para os homossexuais e levantar o assunto da discriminação. • Usar a mídia. Desenvolver campanhas de mídia em conjunto com esforços de ação política, de preferência antes deles. • Apresentar sempre os homossexuais como bonzinhos. • Demonizar os anti-homossexuais. Apresentá -los sempre tão maus quanto possível, de tal modo que o público em geral se sinta constrangido na sua presença e os evite. Tachá -los de nazistas, racistas, anti -semitas, ku-klux-klan, excêntricos desequilibrados. • Apresentar a doutrina conservadora e tradicional da Igreja como fossilizada e ultrapassada pelas descobertas científicas, particularmente no campo da psicologia .
• Os homossexuais devem ser descritos como vítimas das circunstâncias, que precisam de proteção. As pessoas devem ser conduzidas psicologicamente para o sentimento de que devem estender essa proteçâo aos homossexuais, para serem coerentes com os próprios princípios. • Apresentar os homossexuais como pessoas que nasceram assim e não podem mudar, ainda que o desejassem. Isso deixa as pessoas psicologicamente dilaceradas sobre o modo de agir com os homossexuais: se não é culpa deles, como censurá-los? • Mais do que atos públicos de auto-afirmação, as passeatas homossexuais devem procurar comunicar-se com o público. Não devem ser como paradas militares, e sim como desfiles. Elas não devem visar impor a homossexualidade ao público. Ao invés disso, devem aju dar o público a entender os homossexuais. • Evitar chocar o público com a apresentação prematura de comportamento homossexual. • Turvar as águas para enfraquecer a oposição reli giosa à homossexualidade. Dividir para conquistar. Lançar igrejas moderadas e liberais contra as conservadoras. • Usar celebridades em apoio ao estilo de vida homossexual. Não precisam ser elas próprias homossexuais. Tudo o que se quer delas é que dêem à homossexualidade a chancela de sua aprovação. • Apresentar grandes personagens históricos como homossexuais. Figuras históricas falecidas não moverão processos por danos à sua reputação. A idéia de que a homossexualidade está associada com grandeza, no entanto, abala as crenças das pessoas.
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Dr. L awrence Hatterer afirmou: "Eu já
'curei' muitos homossexuais. [.. .] Qualquer outro pesquisador pode examinar o meu trabalho, que está registrado em 10 anos de.fitas gravadas. Muitos desses pacientes 'curados ' (p refiro usar a palavra 'mudados') se casaram, tiveram .filhos e vivem fe lizes. A.firmar 'uma vez homossexual, semp re homossexual ' é um mito destrutivo". Di ante ela evidênci a, até mesmo o Dr. Robert L. Spitzer, que conduziu na A ssociação Psiquiátrica Americana a campanha para deixar de relacionar a homossexualidade como di stúrbio psiquiátrico, mudou seu ponto ele vi sta: "Como a mai-
oria dos psiquiatras, eu pensava que o comportamento homossexual podia ser evitado, mas que a orientação homosseDr. Dean H. Hamer negou a homossexualidade como sendo hereditária
Mui tas pessoas ac reditam erro neamente que o Dr. D ean H . H amer descobriu o "gene homossexual" . A pesqui sa que ele fez no DNA focali zou uma pequena extensão do cromossoma X na posição X q28. D epois de anali sar essa seqüência de DNA em 40 pares de irmãos homossex uais, concluiu que os mes mos marcadores genéticos exi stiam em 83% deles. Suas descobertas foram mal interpretadas, no sentido de que a homossexualidade é genética e hereditária. Contudo, o própri o D r. H amer afirma: "A heredita-
riedade f alhou em produzir aquilo que originalmente esperávamos encontrar: uma herança mendeliana simples. De f ato, nunca encontramos uma únicaf amília em que a homossexualidade estivesse distribuída no padrão evidente que Meneie! observou nas suas ervilhas".
• "Eu não posso mudar!" N ada é mais devastador para a agenda homossexual do que a afi rm ação de que a homossexualidade pode ser curada. De fato, se a homossex ualidade fosse genética, dominante e irreversível , ninguém seri a responsável por atos sexuais desviados, pois eles não poderi am ser ev itados ou mudados, mesmo querendo. N o entanto, o fato incontestável é que, ao mudar um arrai gado comportamento homossexual , a psicoterapia obteve êx ito em di minuir - e em muitos casos eliminar atrações homossex uais indesejadas. B aseado em sua experi ência profi ssi onal, o
C ATOLICISMO
sexu ai s consentidos são prejudici ais à soc iedade. A di sseminação ela homossexualidade sol apa a moralid ade públi ca e a fa míli a. E la prejudi ca o bem comum e a perpetuação da espéc ie humana.
Passeata de um milhão e meio?! Desinflando um balão publicitário
• "É injusto não permitir aos homossexuais casarem-se um com outro, forçando-os a praticar a castidade contra a vontade!"
s números referentes a comparecimento de pú blico em ~anife~tações de rua variam dentro de ampla fa ixa, mais ou menos ao gosto do interessado. Como uma sanfona que espicha e encolhe, alguns falam em 100, outros em 200, outros 500, ou ainda 1.000 ou mais, sem que se possa desmentir ou contestar qualquer deles. E o som dessa sanfona se presta geralmente à propaganda de quem tem à sua disposi ção algum t ipo de amplificador e alto-fa lante.
O
Como São Paulo ensin a, quem não é cas to não entrará no Reino dos Céus. Todos são obrigados a praticar a cas tidade ele acordo com o seu estado de vida. Essa obri gação procede ela éti ca natural e da moral revelada, e a I grej a não pode muclála. Os esposos devem viver cas tamente, na observância da fi delidade matrimoni al, e os não-casados devem viver cas tamente, abstendo-se totalmente do ato sexual. Se um a pessoa não tem as condi ções físicas, psicológi cas ou outras para contrair matrimôni o, deve prati car a perfeita cas tidade no celibato. N ão somente há gl óri a em escolher o celibato por amor ao Reino dos Céus, mas há também mérito em aceitar a cas tidade que as circunstânci as impõem, como meio de submeter-nos à santa vontade de Deus.
Quando se trata de um está dio de futebol, por exemplo, sabe-se qual a lota ção máxima, e além disso há os números de bi lh eteria, que não mentem nem deixam mentir. Mas há meios de conferir também as reais di mensões quando a manifestação é de rua . Fizemos isso a propósito do noticiário da passeata homossexual do dia 13 de junho p.p., na Av. Paulista, em São Paulo, alardeada aos quatro ventos como ten do um milhão e meio de participantes. E os dados são muito interessantes, como o leitor verá. Inicialmente tomamos as dimensões da Av. Paulista, cujo comprimento é de exatos 2 quilômetros e meio; e a lari:iura, no cru zamento com a R. Augu sta, 51 metros. Area total: 2.500 x 51 = 127.500 m 2 • Para uma ag lomeração humana que correspondesse à lotação máxima de um elevador (5 pessoas por metro
quadrado, algo como sardinha em lata), caberiam em toda a Av. Pau lista 127.500 x 5 = 637.500 pessoas. É o máximo, realmente o máximo que uma sanfona nãopublicitária admitiria.
• "Se animais praticam atos homossexuais, isso deve ser natural" Cônsc ios da fraqueza científica elas suas pos ições, os ativi stas homossexuai s
Além disso, uma sanfona não-publicitária e honesta teria de fazer alguns descontos muito, muito significativos. Vamos a eles:
1 - Em nenhum momento, em nenhum lu gar da Av. Paulista, havia público aglutinado como em lota ção máxima de elev ador. Isso pode ser constatado nas fo tos do evento, não deixando margem a dúvida de que o desconto tem de ser muito, muito grande .
Dr. Robert L. Spitzer afirma que o comportamento homossexual pode ser mudado
xual não podia se r mudada. Agora eu creio que isso é errado. Algumas pessoas podem mudar, e de f ato mudam".
• "Atos homossexuais consentidos entre adultos não prejudicam ninguém!" O consentimento não l eg itima necessari amente um ato. A moralidade ele um ato não depende somente ela intenção e do consentimento cios que o praticam, mas deve também co nfor mar-se à lei moral. Portanto, o mútuo consentimento cios parce iros homossex uais nunca pode l eg itim ar atos homossex uai s, que são desvi os antinaturais do ato sex ual em relação ao seu objetivo verd adei ro e natural. Al ém di sso, de fato, os atos homos-
2 - Em nen hum momento a Av. Paulista esteve toda tomaéla pelos manifestantes, do início ao fim. E o leitor pode portanto encolher bem mais ainda a sanfona. 3 - Das duas pistas, o desfile usou apenas a de sentido Paraíso-Consolação, ficando a outra ocupada por raras pessoas alheias à manifestação . Aqui odesconto é fácil e lin ear: no mínimo 50%.
4 - Para uma multidão em movimento, o espaço necessário é muito maior que para pessoas paradas em pé num elevador. A densidade populacional pode variar muito, de acordo com v ários fatores difíceis de computar, mas é pouquíssimo provável que ultrapasse a média de uma pessoa por metro quadrado. Tratavase de uma passeata, e portanto o desconto a ser ap licado é grande, muito grande. 5 - Há na Paulista abundantes espaços que não podem ser ocupados por manifestantes: entradas de metrô, pontos de ôn ibus com assentos, bancas de jornais, postes, vasos com plantas, floreiras, acesso a pistas de rolamento rebaixadas, guaritas, tapumes, carros e outros veícu los estacionados ou em movimento, etc. No conjunto, mais um desconto considerável. 6 - Tem -se ainda que descontar as pessoas que esta v am lá, mas sem nenhuma vinculação com o movimento homossexual: curiosos, parentes, amigos, jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas, transeuntes, vendedores ambu lantes, pedintes .. . Para quanto o leitor encolheu a sanfona? 300 mil? 100 mil? 50 mil? Da nossa parte, não arbitramos nenhum número. Mas .. . um milhão e meio?! Nessas proporções de espichamento, a sanfona não emite nenhum som, mas um ruído que se confunde com o de um balão estourando: Puff! ! Como os números divulgados vêm sendo aumentados a cada nova manifestação, não espantaria que na próxima eles subissem para 2 milhões. E é necessário mesmo estourar esse balão: Puff! !
Fotos: A ntonio A marn l
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Cenas da passeata homossexual na Av. Paulista : utilização apenas de uma pista , e com muitos espaços vagos entre os manifestantes
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, usam com freqüência um argumento baseado no comportamento ammal: " O comportamento homossexual é observável em animais. Ora, os animais seguem os seus instintos, de acordo com a própria natureza. Portanto, a homossexualidade está de acordo com a natureza animal. Como o homem é também animal, então a homossexualidade deve também estar de acordo com a natureza humana". Essa linha de raciocínio homossex ual é insustentável. Os que a aplicam a atos que, entre os animais, parecem ser homossexuais, deveriam também ap licá-la a outras formas de compo rtamento animal, como a morte de filhotes pelos pais ou o Uma família bem constituída - como a representada acima em pic-nic canibali smo an imal, comportamentos que de aldeia austríaca - é contraposição à união homossexual estariam também de acordo com a natutambém outros aspectos além dos da reoutras imagens senso ri ais, percepções ou reza animal. Aplicando ao homem o mesprodução". lembranças podem intercorrer como nomo raciocínio, isso os levaria à aceitação vos estím ul os que afetam o comportada abs urda conclusão de que o filicídio e O desinteresse <los J10mossexuais mento animal. Também o conflito de dois o canibali smo estão igualmente de acorpela "monogamia " ou mais instintos pode por vezes modifido com a natureza humana. Para fazer com que a homossexualiNo entanto, qualquer pessoa que se .car o impul so original. dade seja aceita como normal , é preciso No homem, quando duas reações insaplique à mais elementar observação dos que ela seja apresentada o mai s parecida tintivas se chocam, o intelecto determina animais é forçada a conc luir que a "hopossível com a heterossexualidade. Por a melhor posição a adotar, e a vontade mossexualidade", o filicídio e o canibaisso, o movimento homossexual cria o então detém um instinto e estimul a o ouli smo são exceções no comportamento mito da "monogamia" homossexual, em tro. Já com os animais, dada a ausência normal dos an imais. Conseqüentemente, que dup las estáveis mantêm uma ''.fidelide inteligência e de vontade, quando doi s não se pode fa lar deles como instintos dade" matrimonial semelhante à do casaimpul sos instintivos se chocam, preva leda natureza animal. Essas fo rmas obsermento verdadeiro. No e ntanto, uma relace o que é mais favo recido pelas circunsváveis e excepc ionais do comportamenção baseada em sentimentos e tendências tâncias. Isto resulta e m casos observáveis to anima l resu ltam de outros fatores que desv iados não pode criar condições para de ''.fi licídio ", "canibalismo " e "homosnão os instintos animais. a fidelidade própria do casamento monosexualidade". De qualquer modo, permaPara se compreender a causa desses gâmico. Os poucos pares homossexuais nece o fato de que, quai squer que sejam comportamentos aberrantes, a primeira que mantêm víncu los estáveis são exceas aparências que o comportamento aniobservação a ser feita é a de que os instinções. Além disso, a estabilidade no munmal possa assumir, tais aparências não tos animais não são regul ados pelo absodo homossexual não significa fidelidade. provêm de um in stinto "hornossexual" luto determinismo das leis físicas que goDe fato, o mito da "monogamia" vai que seja parte da natureza an imal. vernam o mundo mineral. Em vários em sentido contrário ao da ex periência Expli ca o Dr. Antonio Pardo, profesgraus, todos os seres vivos podem adaphomossexual. Em um estudo sobre jovens sor de B ioética na U niversidade da Natar-se em algo às circunstâncias. Eles reshomossexua is holandeses, a Dra. Maria varra, Espanha: "Propriamente falando, pondem a estímu los internos ou externos. Xiridou, do Serviço de Saúde Municipal a homossexualidade não existe entre os Em segundo lugar, o conhecimento de Amsterdã, relatou que tais re lações ... } Por razões de sobrevivênanim.ais. [ animal é puramente sensorial, limitado duram em média de l2 a 18 meses. Recia, o instinto reprodutivo entre os aniaos sons, odores, tato, sabores e imagens. latou também que cada homo. sexual timais é sempre orientado para u.m indivíPortanto eles não tê m a precisão e clarenha em média oito outros parceiros por duo do sexo oposto. Portanto um animal za do conhecimento intelectua l humano. ano alé m do "estável". nunca pode ser propriamente homossexuDaí não ser raro que os an imais confu nO fato é que muitos homossexuais não al. No entanto, a interação com outros insdam uma sensação com outra ou um obaprec iam a "monogamia". Dr. Barry tintos (particularmente o de dominação) jeto com outro. Adam, professor homossexual na U niverpode resultar em comportamento que paOs instintos orientam um anima l em sidade Wind or, no Canadá, apresentou os rece ser homossexual. Tal comportam.enrelação a um objetivo que seja de acordo resultados do seu estudo sobre setenta to não pode ser avaliado como homossecom a sua natureza. No entanto, o ímpepares homossexuais, em conferênc ia na xualidade animal. Sign(fica apenas que o to espontâneo do impul so instintivo pode Americana, em Associação Sociológica comportamento sexual animal abarca sofrer modificações no seu decurso, pois -
CATOLICISMO
agosto de 2003: "Escassos 25% de [homossexuais] entrevistados afirm.aram ser rnonógamos ", afirmou o Dr. Adam. A ativista lé bica Brenda Schumacher afi rma que "nem todas as lésbicas estão interessadas em monogamia nem monogamia em série ". E o psicólogo Gerard van den Aardweg afi rma : "A inquietação homossexual não pode ser apaziguada, e menos ainda pela existência de um único parceiro, porque essas pessoas são impelidas por um anseio insaciável em relação a uma fantasia inatingível". Nem poderia ser de outro modo num re lacionamento baseado numa paixão da carne desordenada e antinatural , pois São Paulo ensina: "As obras da carne são evidentes: imoralidade, impureza, licenciosidade, idolatria,feitiçaria, 6dios, rivalidades, ciúme, acessos de fúria, orgias e outros do gênero" (Gal. 5 19-21). Kirk e Madsen dão uma idéia de quão bem se aplicam ao mundo homossexual as palavras de São Paulo: "O bar homossexual é a arena da competição sexual, e expõe tudo o que há de mais repugnante na natureza humana. Ali, despidos da aparência de cortesia e camaradagem, os homossexua is se revelam em toda a sua nudez corno predadores sexuais determinados e egof.l'/as, {... ]encenam.atos de desprezo e crueldade que fariam o Marquês de Sacie parecer uma enfermeira da Cruz Vermelha ".
Jnl'crno de promiscuidade nos meios homossexuais A promiscuidade do estilo de vida homossexual beira o inimaginável. E tatísticas, memórias e biografia de homo sexu-
ais apontam sempre para a promiscuidade, com abissais conseqüências sociais e de saúde pública. Os problemas começam com a fa lta de percepção. Os homossex uais simplesmente não vêem a promiscuidade como perigosa. Nas palavras do escritor homossexual Lars Eighner: "Não vejo nada de errado na prorn.iscuidade homossexual. Acho um dos aspectos mais positivos da vida homossexual o fàto de que pessoas de condições muito d(ferentes possam atingir a intimidade rapidamente". Thomas E. Schm idt, diretor do Instituto Westminster e m Santa Barbara, observa: "A prom.iscuidade entre homens homossexuais não é um simples estereótipo, nem é sim.plesm.ente a experiência da maioria - é virtualmente a única experiência". Os cienti stas sociais Robert T. Mi chae l, Edward O . La umann, John H. Gagnon e a jornalista científica Gi na Kolata conduziram um a extensa pesquisa sobre o comportamento sexua l americano e publicaram seu trabalho em 1994. Comentam sobre as investigações feitas pelos Centros para Controle e Prevenção de Doenças em 1982, quando a AIDS su rgiu, e concluem: "Hom.ossexuais masculinos com AIDS, entrevistados no início da década de 1980, relataram que tinham. uma média de 1. 100 parceiros durante a vida, e muitos tiveram muito mais".
Um peca<lo que bmcla aos Céus por vingança A homossex ual idade está classificada entre os "pecados que bradam ctos céus por vingança". A Sagrada Escritura o afirma explicitamente quando os anjos di zem
Os dois cientistas e a jornalista abaixo relatam : os homossexuais tinham uma média de 1.100 parceiros durante a vida
Lote suas filhas fogem de Sodoma, castigado devido ao pecado do homossexualismo
a Lot: "Vamos destruir este lugar, pois é tão grande o clamor diante do Senhor contra os da cidade, que Ele nos enviou para destruí-la" (Gen. 19, J3). Na sua Segunda Epístola, São Pedro mostra como a punição de Sodoma e Gomorra permanece como advertênc ia aos que praticam o mal : "[Deus} condenou à. destruição e reduziu a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra para servir de exemplo para os ímpios do porvir" (II, 2, 6). Portanto, fica claro que, embora os habitantes de Sodoma e Gomorra tenham cometido vários pecados relacionados entre si, o pecado de homossexua li dade foi a causa cio castigo divino. Tal é a interpretação unânime dos Padres da Igreja e de todos os exegetas tradicionais. Exp lanações contrárias a essa Tradição viol entam os textos sagrados. O Apóstolo São Paulo não deixa margem a amb igüidade. Define especificamente essa desonra dos pi-óprios corpos como a prática da homossex ualidade, e acentua o seu caráter antinatural: "Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulhet; arderam. em. desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a lorpeza, e recebendo em seus ~ (continua na página 34)
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Espetacular êxito do livro
faz o excelente trabalho de esclarecer os aspectos religiosos e sociais do modo de vida homossexual, seriamente mal-entendidos".
Personalidades
o dia 19 de março, o Bureau das TFPs em Washington estava repleto de amigos e simpatizantes que compareceram ao lançamento, na capital federal, do livro Em defesa de uma lei suprema - Por que é ne-
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cessário rejeitar o "casamento" de pessoas do mesmo sexo e enfrentar o movimento homossexual, de autoria da Comissão de Estudos Ameriçanos da TFP dos
Estados Unidos. Membros do Clero (entre os quais o nacionalmente conhecido Pe. John Trigilio, Doutor em Filosofia e Teologia, Presidente da Confraternidade do Clero, Apresentador da Rede Católica de Televisão EWTN), prestigiaram a sessão com sua presença e ativa participação. O livro da TFP norte-americana fornece argumentos arrasadores contra os mitos e sofismas do movimento homossexual, travestidos de ciência ou apresentados sob a falácia de "direitos humanos". Essa apresentação no dia de São José - Patrono das Famílias Católicas - inseria-se no contexto da campanha Crusada em Defesa do Casamento Tradicional, que a TFP daquele país vem empreendendo por meio de palestras em colégios, universidades, paróquias e associações conservadoras; distribuição de folhetos em lugares públicos, envio de material pelo correio convencional e eletrônico (e-mails) e ou tras iniciativas. Lançado com uma carta-prefácio de D. John C. Nienstedt, Bispo de New Ulm (Minnesota), e com o endosso prévio de dois outros ilustres Prelados D. Fabian W. Bruskewitz, Bispo de Lincoln (Nebraska) e D. Robert F. Vasa, Bispo de Baker (Oregon), Conselheiro Episcopal da Catholic Medical Association - a obra vem repercutindo largamente em todo o país, tendo a TFP recebido cartas de membros do Episcopado e do Clero, de líderes de movimentos prófamília, professores universitários, médicos, psicólogos, advogados e outros profissionais e estudiosos da matéria. E a acolhida do público conservador fez com que em poucos meses se esgotassem duas edições, num total de 40 mil exemplares.
CATOLICISMO
Algumas apreciações sobre o livro Em defesa de uma lei suprema Episcopado • D. Philip M. Hannan (Arcebispo resignatário de Nova Orleans, Luisiana, Presidente de FOCUS World wide TV Network): "O livro sem dúvida dá as corre tas razões para defender o casamento. Tenho a esperança de que ele inspirará muitas pessoas a se tornarem defensoras do casamento". • D. Fabian W. Bruskewitz (Lincoln, Nebraska): "Na difícil situação cultural em que se encontram os Estados Unidos, e na realidade de todo o mundo ocidental, aqueles que se preocupam com a deteriora ção da moral cristã [ .. . } não podem ignorar a contribuição do livro Em defesa de uma Lei Suprema ... ". • D. Howard J. Hubbard (Albany, Nova York): "Estou certo de que o livro vai ajudar os leitores que procuram fontes de cará ter histórico, filosófico, moral, religioso e científico para entenderem melhor os problemas que o livro levanta". • D. Paul S. Loverde (Arlington, Virgínia): "É uma defesa do casamento tradicional com base na doutrina católica e na lei natural. [ .. .} Agradeço-lhes por me manterem informado. Com uma bênção e promessa de orações para o Sr. e todos os membros da Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade ... ". • D. Joseph J. Madera, MSpS (Auxiliar do Ordi nariado Militar dos Estados Unidos, Washington): "Considero que o seu livro é único e muito necessário em nossos dias. [ ... } Tenho a esperança de que esse livro vá parar nas mãos das pessoas que têm de tomar decisões nessa matéria". • D. John C. Nienstedt (New Ulm-Minnesotta): "Tenho a satisfação de recomendar o recente livro publicado pela Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. [. .. } Esp ero que ele seja largamente lido e tenha um ef eito positivo em proibir proposições legislativas destinadas a redefinir legalmente o significado do m atrimônio". • D. Robert F. Vasa (Baker, Oregon - Conselheiro Episcopal da Catholic Medical A ssociation): "O livro
• Dr. Joseph Nicolosi (Psicólogo, Presidente da National Association for Research & Therapy of Homosexuality - NARTH) : "/0 livro} constitui um acervo educativo de primeira ordem para o leitor católico preocupado com as questões sociais. Esse livro da TFP explica com clareza e acuidade os pontos-chave e argumentos apresentados pelo movimento homossexual, tanto do ponto de vista católico quanto do científico. A TFP merece aplausos por sua posição corajosa". • Pe. Dr. John Trigilio (Presidente da Confraternidade do Clero Católico, Apresentador da EWT - Rede Católica de Televisão): "Finalmente, uma análise in teiramente objetiva, racional, lógica e factual do mito homossexual que presentemente impregna a sociedade moderna. [ . .. } Empregando a filosofia perenemente válida e as verdades divinamente reveladas, este livro confirma a antiga suspeita de que uma GRANDE MENTIRA estava sendo vendida aos sociólogos, p sicólogos, teólogos morais dissidentes que procuram legitimar e normalizar um comportamento aberrante, antinatural e imoral". • Paul M. Weyrich (Presidente da Free Congress Research and Educational Foundation): "Na sua monografia Em defesa de uma Lei Suprema [ . .. } a TFP levantou ques tões de há muito supressas no diálogo sobre a m a téria. É um excelente manual para quem deseja entender a posição histórica da Igreja sobre a homossexualida de. É a resposta definitiva para os que pretendem j us tificar o pecado em nome da compaixão". • Sandy Rios (Pres idente de Concerned Women for America): "[O livr o} é um guia informativo, inteligente, esclarecedor para as questões levantadas pelo movimento homossexual. Este é um livro para todos os americanos que desejam entender as múltiplas dimensões des ta ques tão ". • Joseph M. Scheidler (Fundador e Diretor Nacional da Pro -Life Action League): "Em defesa de uma Lei Suprema. [. .. }Porque é n ecessário rejeitar o 'ca samento' de pessoas do m esmo sexo e enfrentar o movimento homossexual a tinge o c alcanhar da ide ologia homossexual. [. . . } Este livro dá -nos uma poderosa e muito útil arma para en frentar sua ofensiva e defender os valores cristãos . Agradecemos à TFP americana por esta arma extrem am ente valiosa para a luta na defesa da família , da Igreja e de nos sa nação".
A TFP Americana recebeu ainda correspondência relativa ao livro, dos seguintes Prelados e outras personalidades: Arcebispos D. Stanislau Dziwisz (Prefeito Adjunto da Casa Pontifícia e ex-Secretário Particular do Papa João Paulo li, Roma); D. J. Michael Miller, CSB (Secretário da Congrega ção para a Educação Católica, Roma) D. Raymond L. Burke (Saint Louis, Missouri) D. Alfred C. Hughes (Nova Orleans, Luisiana) D. Timothy M. Dolan (Milwaukee, Wisconsin) D. Roberto Octavio Gonzalez Nieves, OFM (San Juan de Puerto Rico)
Bispos D. Robert J. Baker (Charleston, Carolina do Norte) D. Michael F. Burbidge (Auxiliar de Filadélfia, Pensil vânia) D. Edward Wm. Clark (Auxiliar de Los Angeles, Cali fórnia) D. Alvaro Corrada, S J (Tyler, Texas) D. Daniel N. DiNardo (Coadjutor de Galveston-Houston, Texas) D. Thomas G. Doran (Rockford, Illinois) Joseph F. Maguire (Emérito de Springfield, Massachusetts) O D. Leonard J. Olivier, SVD (Auxiliar de Washington) O D. Thomas J. Olmstged (Phoenix, Arizona) P D. Thomas J. Paprocki (Auxiliar de Chicago) Monsenhor James M. Lyons (Administrador Diocesano de Harrisburg, Pensilvânia) Mons. John J. Mclntyre (em nome do Cardeal Justin F. Rigali, Arcebispo de Filadélfia, Pensilvânia) Joseph Zwilling (em nome do Cardeal Edward Egan, Arcebispo de Nova York)
Legisladores Senadores: William H. Frist (Tennessee, Líder da Maioria) e Don Nickles (Oklahoma) Deputados federais: E. Clay Shaw Jr. (Flórida); Ri- · chard Burr (Carolina do Norte); Joe Wilson (Carolina do Sul); Dan Burton (Indiana).
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corpos a paga devida ao ·eu desvario " (Rom., 1, 26-27).
Lwninal'es ela igreja co11deJ1am a homossexualidacle O maior dos Padres do Ocidente e um dos gra ndes D outores da I grej a, Santo Agos tinho, lançou os fu nd amentos da teo logia católi ca. N as suas fa mosas Confissões, ele assim condena a homossexuali dade: "Aquelas ofensas que são con-
trárias à natureza devem ser detestadas e punidas em todo o tempo e lugar. Assün aconteceu com. os sodonútas, e todas as nações que as corneterem deveriam ser igualmente culpadas do mesmo crime ante a lei divina, pois Deus não f ez os homens de tal modo que possam abusar um do outro daquele modo. Pois a amizade que deve existir entre Deus e nós é violada quando a própria natureza da qual Ele é autor é poluída pela perversão da luxúria ". N os seus fa mosos Diálogos, escritos como se ditados pelo próprio Deus, a grande místi ca Santa Catarina de Siena afirma: "Mas eles [os homossexuais] agem
de modo contrário, [... ] cheios não apenas daquela impureza para a qual todos estais inclinados devido à fraqueza da vossa natureza (embora a razão, quando a vontade livre permite, possa aquietar a rebelião da natureza). Esses desgraçados não só não ref reiam essafragilidade, mas f azem pior, cometendo aquele maldito pecado contra a natureza. Como cegos e insensatos, com a luz do seu intelecto obscurecida, não reconhecem o mau odor e a miséria em que se encontram. Não apenas porque esse pecado tern mau odor diante de mim, que sou a suprema e eterna Verdade, mas de fato ele me desagrada a tal ponto, e eu o tenho em tanta abominação, que por causa apenas dele Eu queimei cinco cidades por punição divina, pois a minha j ustiça di vina não mais podia suportá-lo. Esse pecado desagrada não apenas a mim, como já disse, mas tam.bém aos próprios demônios que esses desgraçados tornaram seus senhores. Não que esse mal os desagrade [aos demônios], pois não gostam de nada que seja bom, mas porque a natureza deles, que f oi originalmente angélica, pro voca-lhes repugnância ao ver cometer tão enorme pecado ". -
CATO LICISM O
São B ern ardino de Siena foi um famoso pregador, célebre por sua doutrin a e santidade. Sobre a homossexualidade, ele afirm a: "Nenhum pecado no mundo
prende tanto a alma como a maldita sodomia, que sempre fo i detestada por todos os que vivem de acordo com Deus. [. .. ] A paixão desviada é próxima à loucuta; esse vício transtorna o intelecto, destrói a elevação e generosidade da alma, rebaixa a mente dos grandes pensam.entos para os mais baixos, torna a pessoa preguiçosa, irascível, obstinada e endurecida, servil e relaxada e incapaz de qualquer coisa; além do mais, agitada por uma ânsia insaciável de prazer, a pessoa não obedece à razão, e sim ao delírio.[. .. ] Tornam-se cegos, e enquanto seus pensamentos deve riam elevar-se para coisas altas e grandes, são despedaçados e reduzidos a coisas vis, inúteis e pútridas, que nunca podem torná-los felizes. [. .. ] Da mesma forma que as pessoas participam na glória de Deus em diversos graus, também no inferno alguns sofrem mais que outros. Quem viveu com esse vício da sodomia sofre mais do que outros, pois este é o maior pecado ". A comle11ação de 2 003 do Va ticano E mbora alguns comentaristas in terpretem que o Concíli o Vaticano II li bera li zou as normas da Igrej a sobre a moral sexual no matrimôni o, mediante a di stinção entre os fi ns prim ári o e secundári o do ato sexual, inúmeros teó logos conceitu ados afirm am o contrário (ver qu adro da página 35). Rei terando no entanto a posição trad icional da I greja sobre o ass unto, a Santa Sé lançou um documento co ndenando a homossex uali dade e convocando os católi cos a se oporem à legalização de uniões homossexuais. Com o títul o Considerações sobre Propostas
para Conceder Reconhecimento Legal a Un iões entre Pessoas Homossexuais, o documento fo i publicado em 31 de julho de 2003 pela Sagrad a Congregação para a Doutrin a da Fé e assinado pelo Cardeal Joseph Ratzinger, Prefei to, e pelo A rcebispo A ngelo A mato, Secretári o:
"Não existe nenhumfundamento para equiparar ou estabelecer analogias, rnesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimônio
e a fam ília. O matrimônio é santo, ao passo que 'as relações homossexuais estão em conlraste com a lei moral natural '. Os atos homossexuais, defato, 'fecham o ato sexual ao dom da vida. Não são f ruto de uma verdadeira complementaridade afetiva e sexual. Não se podem, de maneira nenhuma, aprovar'. "Na Sagrada Escritura, as relações homossex uais 'são condenadas como graves depravações. [. .. ] (cf Rom 1, 2427; 1 Cor 6, 10; 1 Tm 1, 10). Desse j uízo da Escritura não se pode concluir que todos os que sofrem de semelhante anomctlia sejam pessoalmente responsáveis por ela, mas nele se qfirma que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados'. Idêntico juízo moral se encontra em muitos escrito res eclesiásticos dos primeiros séculos, e é unanimemenle aceito pela Tradição católica ".
O 1·eco11hecim e11to l egal pl'omove a homossex ualidade O mov imento homossexual levanta freqüentemente uma objeção, segundo a qual a lei permi ti ndo uni ões homossex uais não impõe nada e não fe re o bem comum . O do umcnto el a Santa Sé refuta essa objeção:
"A tal propósito convém refletir, antes de mais, na diferença que existe entre o comp ortam.en to homoss ex ua l corno f enômeno pri vado e o mesmo comportamento como relação social Legalmente prevista e aprovada, a ponto de se to rnar uma das instituições do ordenamento jurídico. O segundo f enômeno não só é ma is grave, mas assume uma relevância ainda mais vasta e profunda, e acabaria po r introduzir alterações na inteira organização social, que se tornariam contrárias ao bem comum. As Leis civis são princípios que estruturam a vida do hornem no seio da sociedade, para o bem ou para o ma l. 'Desemp enham uma fun ção muito importante, e por vezes detenninante, na p romoção de uma menta lidade e de um costume'. As f ormas de vida e os modelos que nela se exprimem não só config uram externamente a vida social, mas ao mesmo tempo tendem a modificar, nas novas gerações, a compreensão e avaliação dos comportamentos. A Legalização das uniões homossexuais acabaria, portanto, por ofu scar a percepção de alguns valores morais fitndam entais e desvaloriza r a instit uição m.atrimonial ".
A rncle/111ição do casamellto clestruirá a socieclade O documento da Santa Sé in siste em que a sobrevi vência da soc iedade está vincul ada a uma fa míli a fl orescente, firmemente estabelec ida sobre o matrimônio. A centu a também as graves con seqüências para a soc iedade se uniões homossex uais fo rem lega li zadas :
"A conseqüência imediata e inevitá vel do reconhecimento Legal das uniões hornossexua is seria a redefin ição do matrimônio, o qual se converteria nwna instituição que, na sua essência Legalmente reconhecida, perderia a referência essencia l aos fa tores Ligados à heterossexualidade, corno são, por exemplo, as fun ções procriadora e edu cadora. Se, do pon to de vista legal, o matrimônio entre duas pessoas de sexo diferente for considerado apenas como um dos matrimônios possíveis, o conceito de matrimônio sofrerá uma alteração radical, com grave preju íza para o bem comum. Colocando a união homossexual num plano jurídico análogo ao do mat rimônio ou da fam ília, o Estado comporta-se de ,nodo arbitrário e entra em contradição com os p róp rios deveres ". •
Permanece inalterável o conceito de matrimônio O fim essencial primário é a procriaç8o e educação da prole O Pe. Carlos M igue l Buela, fundador e superior geral do Instituto do Verbo Encarnado, afirma que o Concílio reiterou ensinam entos anteriores da Igreja: "Alguns, embora não usem adequadamente essa terminologia precisa [de Pio XII, sobre os fins primário e secundário do matrim ônio], co nsagrada pelo Magistério da Igreja, se querem permanecer dentro dos limites da doutrina católica, são obrigados a reconhecer a realidade que ela traduz, quer gostem de la ou não. "Alguns procuram apoio no Concíl io Vaticano li para falsificar ou alterar a subordinação esse ncial dos fins do matrimônio, colocando o amor antes da procriação, isto é, tornando secundário o que é primário, e viceversa . [ ... ] "Em apoio à sua doutrina, a Con stituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vati cano 11 , em seu capítulo sobre a Dignidade do Matrimônio e da Família, cita nada menos de cinco vezes a encíclica Casti Connubii, de Pio XI, de 1930. Esta encíclica é o documento fundamental do matrimônio cristão. E numa nota ao parágrafo 48, falando sobre os 'vários fins' do matrimônio,
a Gaudium et Spes cita Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino e a encíclica Casti Connubii, que explicitamente afirma a subordinação dos fins. "Os fins esse ncial e complementar do matrimônio são a procriação e educação da prole e a manifestação de amor mútuo. O fato de que ambos são essenciais não significa que não haja subordinação entre eles, pois é impossível a uma coisa [matrimônio] ter mais de um fim último. O fim essencial primário é a procriação e educação da prole, e os fins essenciais secundários são 'ajuda mútua, promover o amor recíproco e mitigar a • concupiscência'. Pio XII ensina claramente que os fins secundários, 'embora estabelecidos pela natureza, não estão no mesmo nível que o primário, que reina soberanamente; ao contrário, eles lhe são essencia lmente su bordinados'.[ ... ] "Se o fim primário fosse o amor, e não a procriação e educação da prole, o matrimônio estaria privado da situ ação privilegiada que detém, de ser anterior e permanecer acima de todas as outras sociedades, inclusive o Estado, como é reconhecido pela própria Lei Natural".
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Santa Catarina Labouré, a vidente da Medalha Milagrosa P or muitos anos ninguém soube como surgiu a Medalha Milagrosa. Apenas em 1876 tornou-se público que uma humilde religiosa, falecida naquele ano, é que recebera da Mãe de Deus a revelação dessa Medalha. IJ PU NIO M ARIA SO LIMEO
N
a peq ue na aldeia de Fain-lesMoutie rs, na Borgonha, Catari na nasceu a 2 de maio de 1806, a nona dos onze filhos de Pedro e Luísa Labouré, honestos e reli giosos ag ri cultores. Quando tinha apenas nove anos, Catarina perdeu a mãe. Após o fun eral, a menina subiu numa cadeira em seu quarto, tirou uma imagem de Nossa Senhora da parede, oscu lou-a e pediu-lhe que E la se di gnasse substituir sua mãe falec ida . Três anos depo is, sua irm ã mais velha entrou para o convento das Irmãs da Caridade de São Vicente de
CATO LI C ISM O
Paulo. Couberam a Catarina, então com 12 anos, e à sua irmã Tonete, com l O, todas as responsabili dades domésticas. Foi nessa época que ela recebeu a Pri meira Comunhão. A partir de então a menina passou a levantar-se todos os dias às quatro horas da manhã, para assistir à M issa e rezar na igreja da aldeia. Apesar cios inúmeros afazeres, não descuidava sua vida de piedade, encontrando sempre tempo para meditação, orações vocais e mortificações.
São Vicente de Paulo indica-JJ,e sua vocação O tempo fo i passa ndo, e Catarin a crescendo em graça e santidade. Certo dia ela sonhou que estava na igreja
e viu um sacerdote já ancião celebra ndo a Missa. Quando esta terminou, o sacerdote fez-lhe um sinal com o dedo, chamando-a para perto de si. Poré m, tímida, Catarina retirou-se cio recinto sagrado e foi vi sitar um doente. O mesmo sacerdote apareceu-lhe, e di sse: "Minha.filha, é uma boa obra cuidar dos enfermos; você agoraf oge de mim, mas um dia seráf eliz de me encontra,: Deus tem desígnios sobre você, não se esqueça". Catarina acordou sem entender o significado do sonho. M ais tarde, visitando o convento das Irmãs da Ca ridade de Chatill on, onde estava sua irmã, viu na parede um qu adro represe ntand o o mes mo ancião. Perguntou quem era, e respo ndera m-lhe que se tratava de São Vicente de Paulo, fundado r da Congregação. Catarin a entendeu e ntão que sua vocação era a de ser uma das fi lhas do Santo da caridade. M as seu pa i não queria ouvir fa lar di sso. Já bastava ter dado uma filh a a Deus, e ele tin ha muito apego a Catarina. Para distraí-la dessa idéia, mandou-a a Paris, para ajudar seu irmão que tinha lá uma pensão. Foi urna provação para a santa ver-se em meio aos rudes freg ueses do estabelecimento, o qu e a fez redobra r as orações para ma nter sua pureza de coração e o fe rvor de espíri to . U ma cunhada a convidou a ir para sua casa, e m Chatil lon, onde manti nha uma esco la para moças. Ali Catarina podi a ir freqü entemente ao mosteiro das Irmãs da Caridade, que ficava perto. E foi nessa casa religiosa que ela entrou a 22 de janeiro de 1830, quando seu pai deu-lhe final mente a devida permi ssão. Catarina tinha então 24 anos de idade.
Prnparnção para iJUJJOl'tantes r mreJações Depois de passar pe lo postu lantado em C hatill on, Catarina foi mandada para o nov ic iado na Casa-mãe das v icentinas, na Rue du Bac, em Pari s. Nesses d ias, a co munidade rezava uma solene novena preparató-
ria para a tras ladação das relíquias de São Vicente de Paul o. Catarina teve vári as visões do Santo, e sobretudo do seu coração, que ficara incorrupto. Mas era agraciada com outras vi sões especiais. Confo rme narra ela mesma, uma delas "era a de ver Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Eu O vi durante todo o tempo
ra estava perdido e ia ser despoj ado da realeza; e depois disso pensei, sem saber explica,; na exlensão dos grandes males que viriam ". 2 Com efeito, poucas semanas depois, Carlos X fo i destituído do trono e banido do reino. Essas graças eram uma preparação para as grandes apari ções da Mãe de Deus. Pl'imeil'a vi são da Santíssima Vil'gem
Imagem de Nossa Se11hora das Graças e a Medalha Milagrosa
do meu noviciado, exceto todas as vezes que eu duvidava; nesses dias eu nada via, porque procurava aprofundar-me em indagações sobre este mistério, e temia enganar-me". 1 No domingo da Santíssima Trindade, "Nosso Senhor me apareceu no Santíssimo Sacramento durante a Mjssa cantada, como um rei, tendo uma cruz ao peito. No momento do Evangelho, pareceume que a cruz caía aos pés de Nosso Senhor e que Ele estava sem as insígnias reais; todas tinham caído por terra. Tive então os mais negros e tristes pensamentos: pensei que o Rei da Ter-
Na véspera da fes ta de São Vi cente, ainda em 1830, a Mestra de Novi ças tinha feito uma preleção sobre a devoção aos santos, e espec ialme nte a Nossa Se nhora . Isso infl a mou na Irmã Catarina o desejo de ver a Mãe de Deus. Quando foi de itar-se, pegou um pedac inho de uma sobrepeli z de São Vicente, que a Mestra tinh a dado como relíquia às novi ças, e engoliuo, julgando assim que São Vice nte poderia alcançar-lhe essa graça. Quando tudo no co nvento estava tranqüil o e todos dormi am, às onze e meia da noite, a lrmã Catarina ouviu uma voz de cri ança que a chamava. Abriu o cortinado do leito e viu um menino de un s cinco anos de idade, que lhe disse: " Venha à capela. A Santíssima Virgem a espera". Catarina vestiu-se rapidamente e seguiu a cri ança até a capela, que estava iluminada co mo para a Mi ssa de Natal. O menino, que era o Anjo da Guarda de Catarina, conduziu-a ao presbi tério, para junto da cadeira do Padre Diretor. Aí ela ajoelhou-se. Depois de um tempo que lhe pareceu longo, ouviu o ru ído dofrufru de um vestido de seda e viu a Santíssima Virgem sentarse na cadeira. Conta-nos Catarina: "Ela me disse como eu devia proceder para com meu diretor, como devia proceder nas horas de sofrimento e muitas outras coisas que não posso revelar" .3 Essas coisas que ela não podia contar e m 1830, revelou-as depois: "Várias desg raças vão cair sobre a França; o trono será de rrubado; o mundo inteiro será revolto por desgraças de toda sorte". Falou ta mbém de "gran-
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:. GRANDES PERSONAG·E:-NS ,., , _ .
des abusos" e "g rande relaxcunento" nas comunidades de sacerdotes e fre iras vicentinas, e que deveria alerta r disso os superiores. Voltou , em seguida, a fa lar de outros terríveis acontecimentos que ocorreriam em futuro mais distante, prevendo com 40 anos de antecedênc ia as agitações da Comu na de Paris e o assassi nato do Arcebi spo; prometeu sua especia l proteção, nessas horas trágicas , aos filhos e às filhas de São Vicente de Paulo.
Revelação extraordinária da Medalha Milagrosa No dia 27 de novembro de 1830, Catarina havia acabado de faze r a leitura da meditação, na capela, quando ouv iu o característi co frufru de um vestido de seda .. Olhou para o lado e viu Nossa Senhora vestida de branco, sobre uma meia-esfera. Tinha nas mãos uma bola que representava o globo terrestre, e o lhava para o Céu. "De repente - narra Catarina - percebi anéis nos seus dedos, engastados de pedras brilhantes, umas maiores e mais belas do que as outras, das quais saíam raios que eram, também, uns mais belos que os outros". Nossa Senhora explicou -lhe que tais raios simboli zavam as graças que derramava sobre as pessoas que as pediam. Continua Catarina: "Formou-se um quadro em tomo da Santíssima Virgem, de forma oval, no alto do qual estavam escritas, com letras de ouro, estas palavras: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!" Ao mesmo tempo, uma voz disse- lhe para mand ar cunhar um a medalha conforme aq uele modelo, com a promessa de que as pessoas que a trouxessem ao pescoço receberiam muitas graças, "principalmente as que a trouxessem com inteira confiança".
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CATO LICISMO
Catarina distribui medalhas entre os revolucionários da Comuna de Paris, em 1871
Instantes depois o quadro girou sobre si mesmo, e Catarina viu o reverso da medalha.
Difusão <la Medalha e graças operaclas Catarina perguntou a Nossa Senhora a quem recorrer para confecção da medalha. A Mãe de De us respondeu-lhe que deveria procurar seu confessor, o Pe. João Aria A lade l: "Ele é meu servidor". No início , o Pe. Alade l não acreditou no que Catarin a dizia; mas , após dois anos de i nsistê ncia, ele procurou o Arcebispo, que orde no u em 20 de junho de 1832 qu e fossem cunhadas duas mil medalhas. O modo como se difundiram as medalhas foi tão prod igioso, juntamente com grande número de g raças operadas, qu e a medalha passou a ser conhecida como Medalha Milagrosa. Por exemplo, em março de 1832, quando iam se r confeccionadas as primeiras medalhas, uma terrível epidemia de cólera, prove niente da Europa orien-
tal , ati ngiu Paris. Mais de 18 mil pessoas morreram em poucas semanas. Num único dia, chegou a haver 861 mortes. No fim de junho, as primeiras medalhas ficaram prontas e começaram a ser distribuídas entre os flagelados. Na mesma ho ra refluiu a peste, e tiveram início, em série, os prodígios que em poucos anos tornariam a Medalha Milagrosa mundialmente cé lebre. A missão de Cata rin a Labouré estava c umprida. Os 46 anos que lhe restaram de vida, e la os passou como uma humilde irm ã, da qual praticamente nada havia para fa lar. Só quando se aproximou sua morte, em 1876, sua superiora soube que fora e la a privilegiada Irmã q ue recebera aq uela sublim e missão . Ela foi beatificada pelo Papa Pio XI em l 933 e canoni zada no dia 27 dejulhode 1947peloPapaPioXI1. Ci nqüenta e seis anos após sua morte, o corpo ele Catarin a fo i encontrado inteiramente incorrupto, e é como se encontra ainda hoje na cape la das Irmãs da Caridade, na Rue du Bac, em Paris. 4 • E-mail do autor: pmso li meo @cato lic ismo.com .br
Notas:
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1. Pe. Jerôn imo Pedre ira de Castro, C.M.,
San/a Calarina Labouré e a Meda /1,a Milag,vsa , Ed itora Vozes, Petrópol is, 1947, p. 71. 2. lei. , ib. , p. 72. 3. lei. , ib. , p. 77. 4. Outras obras consultadas: - Pe. José Leite, S.J ., Samos de Cada Dia, Editori al A.O. , Braga, 1987, pp. 360 e ss. - As visões de Sa111a Catari11a Labouré, h.!J.p ://www.padreareova ldo. hp g.i g.com. br/v isoes .htm (Sa ntu á ri o Nossa Sen hora das Graças) . - Sa111a Ca1C1ri11a U1bo11ré, http :// www .s anLododiacom .br/biograf3/ · a ·in-11· b.hlrn. - T!, e slory of S1. Ca1herin e La bouré, www arnm.org/catherine.htm
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Felipe II, o rei Prudente Figura exponencial no século XVI Ü soberano em cujos domínios o sol não se punha, odiado pelos protestantes que o cognominaram Demônio Negro do Sul, era admirado por seus conterrâneos, que lhe atribuíram o título de Prudente U
J OSÉ MARIA DOS SANTOS
ir Charles Petrié, que escreveu abalizada biografia de Felipe li, diz no início de sua obra: "Escrever a vida de Felipe li em. seis volumes seria relativamente fácil. Mas fa zê-lo em um, supõe a omissão de muitas coisas de grande interesse e importância".' Se isso se diz de um livro, quan- ~ to mais se aplica aos limites de um artigo. Por isso, ::.: abordaremos aq ui somente alguns aspectos e fatos sal ientes da vicia desse homem de tão rica personalidade. Ele tem tanto ardorosos defensores quanto radicais opo 'itores; em torno dele levantou-se toda uma legend a negra, que só no século passado os estudi osos consegu iram em grande parte desfazer. Figura ele nesta seção por seus lados de grandeza e Fel ipe li: soberano de pelo que fez cm defesa ela fé católica, apesar de vasto Império, com a aspectos negativo. que ua existência apresenta. anexação de Portugal Felipe Il nasceu m Vallado lid em 2 1 ele maio de 1527, filho do Imperador Ca rlos V, do Sacro Império, que nesse momento era "tãofeliz como to na conversação; quando fa lava, era digno de raramente pode ser um homem na Terra. Dono ouvir-se" .3 Fez uma incursão no Ross ilhão invadido Império mais vaslo que o mundo havia conhedo pelos franceses, onde foi armado cavaleiro. cido; esposo, aos vinle e seis anos, da mulher mais No mesmo ano seu pai, empen hado em guerbela da Europa", Isabel ele Portugal. ra com a Fra nça, nomeou-o regente. Seg undo seu biógrafo Carrera, logo cedo o Felipe lJ não foi feli z em seus casamentos, que menino aprendeu "a amar e a temer a Deus; a ler, a escrever; a aritmélica, que sabia melhor; e duraram pouco. O primeiro deles foi •••••••••••••••••••••••• 2 com sua prima-irmã Maria Manuea língua latina, a i!.aliana e a fran cesa " , o sufila, princesa de Portuga l, em J 2 de ciente para ler e entender uma conversação, mas novembro de 1543 . Durou pouco não para falá-las corretamente. mais de um ano, fa lecendo a princeAos 12 anos fa leceu sua mãe, a quem era mu ito sa depois de dar à luz um filho, o inapegado, visto que seu pai estava constantemente em viagens. Começaram a proporc ionar-lhe enfeliz D. Carlos. Em 1. 554 caso u-se com Maria tão uma educação política mais rigorosa. Para isso, Tudor, rainha da Ing laterra, que harecebeu a estreita co laboração de um Conse lho via restaurado havia pouco o catolide Regência, integrado por D. Francisco de Cocismo nesse país.• Contudo o matribos, o Cardeal Tavera e o D uque de Alba . mônio fo i infecundo , fa lecendo MaRegente <la Espanha ria quatro anos depois. com apenas 14 anos No ano seg uinte a esse matrimôEm l541,aos J4anos,Felipe "aparentavamais nio, Felipe recebeu a soberania dos Países Baixo . Dirigindo-se para lá, idade, pois era comedido em suas maneiras e cau-
Felipe II tem tanto ardorosos defensores quanto radicais opositores; em torno dele levantou-se toda uma legenda negra, que só no século passado os estudiosos conseguiram desfazer.
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com minhas próprias mãos ao cadafalso". Com
do só a Espanha, já era muito: "A Espanha não
louváve l severidade, Felipe conseguiu exterminar 6 a heres ia na Espa nha.
era um estado unificado, era mais propriamente uma associação de au /onomias, cada urna •••••••••••••••••••••••• com suas próprias leis e instituições; o país Numa medida • não tinha exército permanente nem marinha; não tinha burocracia de Estado nem drástica e corajosa, um sistema de imposto com vigência em Felipe II decidiu • todo o território peninsular; e o rei herdou invadir a Inglaterra. 7 uma fa zenda em bancarrota". Para isso organizou •
Em Lepanto: interve11ção mfraculosa de Nossa Senhora
converteu-se em um monarca muito querido por seus súd itos. Em 1556, abdicando Carlos V, ele se tornou soberano de Castela e Aragão, e um dos monarcas mais importantes de seu tempo.
Defensor da lê e <la verdadeira rnligião "Tornando-se rei, devotado ao catolicismo, Felipe defendeu a fé através do mundo, opondose ao progresso da heresia; e essas duas coisas 5 são a chave de todo o seu reinado ". Em JO de agosto de 1557, conseguiu uma das
Entretanto, outro inimi go apareceu ameaçando o reino: os mouros. Vencidos no antigo reino de Granada, continuavam e les na Espa nha, quase fo rmando um Estado à parte, pois conservavam suas leis, sua reli gião, seu modo de vestir, seus usos e costumes. E ameaçava m a segurança do país, constante mente em contato com seus correli gionári os do norte ela África. Como Fe lipe desejava que os mouros se integrassem à população espanho la, deixando ass im de ser uma ameaça, os maometanos se revoltaram , dando orige m a uma bata lha que durou três anos (1567- 1570). Acima : as esquadras Fe lipe II esco lh eu se u meio- irmão , D . João cristãs derrotaram os d' Áustria, para combatê- los . Este desbaratou de muçulmanos em 1571 vez os islamitas, acabando com tal perigo. Mas o poderio muçulmano continuava atuante no mar, ameaçando a Cristandade. Para liquidá- lo, Felipe II entrou na Liga formada pelo Papa São Pio V -constituída pelos Estados Pontifícios, Veneza e Gênova - que redundou na cé lebre Batalha de Lepanto (7 de outub ro de 1571), sob o comando de D. João d' Áustria, e cuja vitória fo i devida à intervenção de Nossa Sen hora cio Rosário. Fe lipe II teve que enfrentar a sub levação cios Países Baixos. Para debelá-la, enviou o seu mais famoso general, o Duque de Alba, que prendeu dois dos chefes rebelados, os Condes de Horn, e de Egmont, e mandou-os executar. Voltou a casar-se em 1570, desta vez com sua sobrinha Ana d' Áustria . T iveram c inco filhos, sobrevivendo somente o futuro Felipe III. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • A Rainha Ana fa leceu em J 580, e Felipe permaneceu viúvo o resto de seus dias.
mais importantes vitórias de seu reinado, sobre os franceses, na batalha de Sai nt Quentin. E m ação de graças, projetou a construção do Mosteiro-palác io do El Escorial, considerado por muitos como a 8ª maravilha do mundo. No ano seguinte, derroto u novamente os franceses na bata lh a de Château-Grave lines, e em ab ril de 1559 assinou com eles a Paz de Cateau-Cambresis, • • • que prev ia, para consol idá- la, seu casamento com a princesa Isabel de Valois , filha de • A11exado Pol'lugal, Henrique II da França. Deste en lace nasceo maio1· império jamais conhecido riam duas filhas: Isabel Clara Eugênia e Catarina M icaela. A Rainha Isabel morreria em Em 1580, te ndo perecido na batalha de maio de 1568, aos 23 anos de idade, sem A lcácer-Kibir o jovem rei de Portugal, D. descendência masculina. Sebastião, e morrido o velho Cardeal D. Felipe continuo u a política dos Reis CaHenrique, Fe lipe II ple iteou o trono português, por ser o descendente mais direto do tólicos, e empenhou-se a fundo na supressão da heresia luterana, que começava a Rei D. Manuel ainda vivo. O Duque de Alba grassar em alg uns lugares do reino, princientrou com seu exército no país, asseguranpalmente em Valladolid e Sevilha. Os redo sua anexação à coroa da Espanha. Com calcitrantes que não queriam abjurar a sei- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • isso, Feli pe 11 somou também a seus domíta, após condenados pelo tribunal da Inquinios todas as possessões portuguesas do ul sição, sofriam a pena de morte. Respondendo a tramar, inclusive o Brasil. Tal un ião durou 60 anos um nobre condenado à morte, que reprovava sua (1580-1640). enérgica atitude, Fel ipe afirmo u: "Se meu próPode-se calcular a alta responsabilidade desse prio .filho foss e culpado como você, eu o levaria homem que governava meio mundo. Cons ideran-
Felipe II empenhou-se a fundo na supressão da heresia luterana, que começava a grassar em alguns lugares do reino, . principalmente em Valladolid e Sevilha.
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CATOLICISMO
Lamentável fracasso da Invencível Arma<la
· a Invencível Armada, ·
Por isso, na intimidade, às vezes o grande rei queixava-se: "Não creio que haja
no ano de 1588. Mas a iniciativa redundou num desastre.
forças humanas que bastem para tudo, quanto mais as minhas, que são muito fracas". E aind a: "Certo, não se pode ,nais. E • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • quem visse o que hoj e passei, veria que estou f ei8 to mil pedaços. Deus me dê forças e paciên.cia".
Notas:
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1. S ir C har les Petri é, Felipe li , Ed itora Nac iona l, Madrid , 1964, p. IX . 2. Willi am T homas Wal sh, Felipe li, Es pasa-Ca lpcs, SA, Madrid, 1968, p. 4 1 3. Si r Charles Petrié, op.ci t. , p. 22. 4. Maria Tudor era li lha de Catarina de Aragão , a mais nova das filh as dos Reis Cmó licos, Isabe l e Fernando. Era prim a segunda de Fe lipe, ou, à moda espan hola, sua tia, poi s era prima cm prime iro grau de se u pai. Tal casamento fo i predominantemente político, mas com louv,íve l objetivo re ligioso, poi s visava refo rçar o partido cató li co na Ing laterra. 5. Godefroid Kurth, The Cat /10/ic E11cyclopedia, Volume XII , 19 11 , by Robert Appl eton Company Online Ed iti on, Copyri ght © 2002 by Kev in Kni ght. 6. !d ., ib. 7. www .e l- mundo .es/la rev is ta/num 124/tex tos/ fe li peii .html 8. Jd. , ib.
A situação dos Países Baixos continu ava a causar constante preocupação ao Rei Prudente. Mesmo com o envio do competente general A lexandre Farnés io para aquela região, os conflitos não cessavam. Os rebeldes protestantes de lá eram in suflados por Isabe l 1, da Inglaterra, que almej ava o triunfo dessa heresia em toda a E uropa. Felipe II decidiu então tomar uma medida drástica e corajosa: invadir a Inglaterra. Para isso organizou a chamada Invencível Armada, no ano de 1588. Mas, seja porque essa tarefa tenha sido atribuída a um homem incompetente em matéri as navais, sej a devido à tempestades que dispersaram os nav ios, a iniciativa redundou num desastre. Fracasso este que determinou o início de um declín io do reinado do grande monarca espanhol.
Fol'taleza nos <lerradeiros soJ'rimentos Felipe II foi submetido a terrívei s provações no fim de sua vida. À medida que e nvelhecia, os ataques de gota repetiam-se com mais freqüên c ia; e, devido à artrose, não podia mais ass inar. No fim do mês de junho de 1598 foi atacado de febres terçãs, que o prostraram na cama com tão intensas dores, que o impediam de se mover até para lava r-se e trocar de roupa. Ele próprio, tão cioso da limpeza, teve que suportar a fa lta de asseio em seu próprio corpo, situação penosa a que a moléstia o submetia. Chamou seu filho à cabeceira, para mostrar-lhe como é que cessavam as grandezas do mundo . Sua agonia durou 53 dias, vindo a fa lecer a.os 71 anos de idade, no dia 13 de setembro ele 1598, no Escorial, que e le havia edificado e tanto amara. •
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DISCERNINDO
Gosto Pelo luxo cresce no Brasil
O povo sabe admirar a pompa religiosa e o esplendor das igrejas
França, fiz questcio de visitar a fábrica da Louis Vuitton , a 20 minutos de Paris" - lembra a consultora de estilo Ana
C omo reação à influência antinatural do miserabilismo contemporâneo, observa-se no País uma aspiração pelo requinte e por um padrão mais elevado de vida Ili
CID ALEN CASTRO
o já longínquo ano de 1978, o carnava lesco Joãozinho Trinta em itiu ~m conceito que o tornaria fa-
N
moso: "Pobre gosta é de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual". Comentando na ocasião a frase acima, Plínio Corrêa de Oliveira dizia tratar-se de uma ' . forte e saudável lição de
bom senso, que nosso público ficou a dever a Joãozinho Trinta. [. .. ] O povo se regozija com todas as pompas. Tem. o senso do maravilhoso. É certaformação demagógica que leva muito intelectual a declamar contra o luxo, na suposiçcio de assim agradar o povo. Por exemplo,
quanto se engana a co rrente 'miserabilista ' que, para tornar a Igreja popular; minguou, depois do Concílio, efezfanar as pompas religiosas. Se osfautores dessa corrente tivessem pelo menos o bom senso de Joãozinho Trinta ... " 1
O supérlluo inclispc11sá1reJ
CATOLIC ISMO
"Secretárias e cabeleireiras podem adquirir, assim, o seu Carti e r".
O luxo se insere na categoria das co isas supérfl uas. Deve por isso ser sum ariamente rejeitado? Não parece. Até o ímpio Voltaire, personagem acid amente re.volucionário, reconhecia : "O supérfluo,
Expansão nos últimos anos O mercado nacional de luxo cresceu
33% ao ano nos últimos c inco anos. O
essa coisa tão indispensável. .. ". Há na a lma humana, independente de condição ou c lasse socia l, uma aspiração legítima à perfeição . Não apenas à perfe ição espiritua l, evidentemente superio r, mas também a admirar a perfeição das coisas materiais que nos cercam. Daí o gos to pelo ornato, pelo objeto nobre, por tudo quanto é belo e condu z ao esplendor: uma jóia, um tecido de categoria, um perfume requintado ... Nesse sentido, é a uspicioso que, no Brasil , a procura do que é e levado tem cresc ido nos últimos anos. O incrível é que isto se dá dentro de um mundo que degringola por todos os lados , e do qual não seria de esperar qualquer movimento ascensio na l. O carnavalesco Joãozinho Trinta: "pobre gosta é de luxo "
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Lúcia Zambon, e ntusiasta das prestações. A fra ncesa Claudine Nectoux, gerente da butique Cartier, mostra o colar ele diamantes Tendresse (ternura, em francês) . Feito em o uro branco, com duas pérolas ime nsas e dez brilhantes , o Tendresse custa R$ 300 mil ou quatro parcelas iguais de R$ 75 mil. O preço está um pouco salgado? Isso não é prob lema. C laudine apresenta opções: o Trinity, três anéis em ouro e ntre laçados, pode ser comprado em quatro igua is de R$ 750:
zo . Que atitude humana não é sujeita a abusos? Aqui sali entamos apenas que o lu xo é um ing redie nte da vida humana que, retamente uti Iizado, tende a e levar todo o corpo social. Entretanto, tal movimento não só existe, como se afirma contra a propaga nda maciça da mentalidade miserabili sta, que considera uma espécie de pecado socia l almejar a um padrão mais elevado de vida, ao menos enq uanto existirem pobres. Essa propaganda não leva e m conta o fato de que o pobre, quando catolicamente orientado, não é invejoso e adm ira mesmo aq uil o q ue não lhe é dado possuir; e assim beneficia sua a lma, pois adm irar é uma das mai s a ltas formas do a mor ele Deus. É c laro que não e trata de defender os abusos a que o luxo se presta: exibicionismo, exa ltação cio orgulho, despre-
Bolsas, Cl'édiws, diamantes Algumas notícias da imprensa diária2 ilustram o que se passa no Brasil. A publi c itária Cristiana Galotti expli ca sua fome por pr dutos de lu xo: "Na
minha atividade, as pessoas costumam escanear você da sola do sapato até o brinco{. .. /. Se estou com a minha [bolsa] Louis Vuitton, os clientes me tratam melhor". Va lor ela bol sa: R$ 1.200. Note-se que não se trata apenas de gosto pessoal dela, mas seus clientes preferem vê- la usand um a bolsa de a lta qualidade. E o que é muito interessante é que a
posse de objetos de luxo não é apenas uma asp iração cios end inh e irados. Na classe média brasi leira, o desejo de a lgo melhor vem se ge nerali zando, a ponto de as g randes lojas do ramo abrirem créd itos para os que, não possu indo dinheiro no momento, quiserem adquiri r à prestação. Lojas como Ti,ffany, Ermenegildo Zegna, Cartierou Louis Vuitton vendem a prazo . O consultor Carlos Ferreirinha - da MCF Fashion, assessoria em negóc ios de lu xo - calcula que 70% das compras no segme nto sejam pagas em parcelas (no cartão de crédito ou e m vários c heques). Para a classe méd ia, é a chance de e ntra r (e comprar) no marav ilhoso mundo das butiques de luxo , lu gares que mai s se parecem com pa lcos ilumin ados, com vitrines que lembram cenários.
"Eu adoro coisa boa. Em .férias na
desempenho é extraordin á ri o, e deve melhorar a inda ma is. "Não se esqueça de que a implantação das grandes butiques no Brasil é muito recente, não excedendo cinco ou seis anos", exp lica Ferreiri nha. O jovem mercado de lu xo no Brasi l já impôs mudanças na paisagem da c idade. Em São Paulo, ru as dos Jardins ostentam marcas estreladas como Armani, Cartier; Montblanc, Versace o u Louis Vuitton, entre outras. N ão se trata de mera cópia de lojas da França ou outros países. O toque bem brasileiro se faz sentir, pois em a lg umas delas podemos sentar e tomar uísque, champagne ou café de graça, enq uanto escolhemos as peças (fora cio País , essas mordomias são pouco comu ns, e o tratamento mais distante) . E, ainda por cima, pode mos paga r em parcelas.
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A grife itali ana Roberto Caval/i entrou na disputa pelo mercado brasile iro de perfumes de luxo, co m o lançamento de suas fragrâncias fe minin a e masculi na. Será a vez das novas versões de Lacoste, Calvin Klein, Escada, Gucci, Hugo Boss, Kenneth Cole, La Prairie e Narciso Rodriguez, alé m de novidades . Em 2003, o brasileiro consumiu US$ 150 milhões e m perfumes importados ele lu xo, va lor que não in clui co mpras e m free-shops, diretamente no exterior ou no co ntraba ndo. Neste ano, ho uve um cresc imento de 18% no prime iro semestre em re lação ao mesmo período do ano passado .
Até Clll'SOS especializados... " Precisa,nos ajudar o consumidor brasileiro a entender o que está comprando ", explica a gerente geral ela Tijfany Brasil, Laura Maria Pedroso. Por exemplo: em dois diamantes que olhos le igos cons ideram iguai s, escondem-se detalhes mi croscópicos que fazem um valer R$ 60 mil , e o utro R$ l80 mil.
Muitos j á quere m saber di sting uir um a jóia superior de outra inferior. Para isso estão sendo promovidos c ursos inte nsivos. A Tijfany organiza palestras, cada um a para até 40 pessoas, na sede pa uli stana, na zo na dos Jardins . E m Bras íli a, um a palestra teve de comportar 150 a lun os co mpe netrados e m e nte nde r os segredos da la pidação e se us resultados sobre o brilho e a cintilância do diamante. N a boutique Ermenegildo Zegna , cláss ica grife masc ulina itali a na, o esfo rço de fo rmação da cli ente la não fica atrás. Paci e nte me nte, o gerente geral Luciano Ross i expli ca ·os segredos da alta alfa iata ri a, desde o tipo de ovelha de que se extrai a lã até como usar os costumes feitos sob medida na matriz européia: "Aquilo que o cliente europeu aprendeu a.o longo de séculos de convívio com as marcas de luxo, o brasileiro está tendo de aprender rápido, para consumir bem ". O luxo chegou à Inte rn et. "Olha, há anos eu consulto regularmente sites [especializados em objetos de luxo]. Lá tem tudo o que se importa no mundo do alto luxo. Também sou uma consumidora voraz de revistas importadas ", co nfessa a consultora de esti lo Ana Lúcia Zambon .. *
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Como fe ixe de ouro para este arti go, não é fora ele propósito le mbrar o epi sódi o da vida de Nosso Senho r narrado por São Marcos: "Jesus se achava em Betânia, em casa de Sim.ão, o leproso. Quando ele se pôs à mesa, entrou um.a m.ulher trazendo um vaso de alabastro cheio de um pe,fume de nardo puro, de grande preço, e, quebrando o vaso, derramou- lho sobre a cabeça. Alguns, porém,ficaram indignados e disseram entre si: Por que este
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6. ,, J.
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CATOLICISMO
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desperdício de bálsamo ? Poder-se-ia têlo vendido por mais de trezentos denários, e os dar aos pobres. E irritavam-se contra ela. "Mas Jesus disse-lhes: Deixai-a. Por que a molestais ? Ela m.e f ez um.a boa obra. Vós sempre tendes convosco os pobres e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; mas a Mim não me tendes sempre" ( 14, 3-7). •
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E-mail do autor: cidalencastro @catoli cismo.com.br
Notas:
1. No Brasil e na China, in "Fo lha de S. Paulo,
18-4-78. 2. O notic iári o a respeito da afi nid ade crescente do brasil eiro com o lu xo tem sido abund ante. Os dados para este arti go fo ram co lhidos espec ialmente na " Folha de S. Paulo" de 15-804 e no "O Estado de S. Paulo" de 13-8-04. Abaixo : Maria Madalena lava os pés de Nosso Senhor com perfume precioso
INFORMATIVO RURAL
MST: escolas de formação comunista Preparando revolucionários - Ass im como F idel Castro mantém suas esco la em C uba, para ensi nar marxismo e revo lu ção , assim também, no Bras il , o MST tem as s ua s. R e portagem da revista "Vej a" (8-9-04) compara as escolas messelistas - nas quai s se ensina o ódio e se instiga a revolução - aos inte rn atos mu ç ulm anos, chamados madraçais. São cerca de 1.800 esco las, d isseminadas por acampamentos e asse ntamentos , nas quais crianças de 7 a 14 anos apre ndem a d fender o socia li smo, a "desenvolver a consciência de classe e a cons iência revolucionária" e a cultu ar ícones do com uni smo inte rn a io nal, como Karl Ma rx , Che Guevara, Ho Chi Minh . Meninos e me ninas ão ensinados a gritar "sem-terrinh.a em ação pra f azer revolução". Nós pagamos - Não só o governo nada faz para impedir a fo rmação e m rie de n vos comun istas invasores de terra , ventua lmente futuros guerrilh ir s, mas 1.000 dessas escolas, p lo menos, são reconhecidas pelos conselho estaduais de educação e estã integradas à rede pública ele ensino. O que significa que os professores são pagos com o dinheiro cios contribu intes. Ni sso é apl i ada parte dos impostos escorchantes que pagamos! No próprio local do crime - Onde funcionam ? Nos pr pri os locais onde o crime de esbulho foi cometido, o u seja, nas antigas sedes de fazendas invad idas. Ou tras são construídas pelos estados o u municípios. São utili zadas por 160.000 alunos, monitorados po r 4 .000 professores (a lguns deles não terminaram sequer o ensino fundame ntal). É uma peri gosa rede ele
(de)formação de cri anças em id ade esco lar, em favor do comunismo internacional. Se algum professor ve m de fora , o MST torna sua vida "um. inferno" , expli ca Gislaine cio Amaral Ribe iro, coorden adora estad ual das escolas de assentamento da reg ião de Bagé (RS ). Assustando com "veneno" - São celebradas nessas escolas a revo lu ção co muni sta c hinesa, a mo rte do g ue rrilhe iro argentin o Che Guevara, o nascimento do teórico co muni sta a le m ão Karl Marx. No 7 de setembro, a comemoração da independência do Brasil virou o "dia .dos excluídos ", tão caro à CNBB. As esco las oste ntam nom es de fi g uras da esq ue rda , como D. Helder Câmara e o utros. Na Escola Chico Mendes, professores ex ibe m vídeos que atacam as propriedades mais exte nsas : os grandes latifúndi os "só.fazem roubar emprego do povo ". Inventaram, e passam para as crianças, que os produtos transgênicos "co ntêm veneno" . E assim vai .. . Caminho errado - Ante a incompetê ncia ci os professores cio MST, o governo gaúcho está tomando um cami nho peri goso. Está ple iteando verbas junto ao Ministéri o da Educação para implantar um programa que dê a esses "professores" um nível bás ico de estudo, a fim de que possam lec ionar legalmente. Ora, tratando-se ele revol ucionários confessos , dar-lhes condições lega is de lec io nar só pode fortalecer a revolução marxista que eles querem impor às cri an ça . A reportagem de "Veja" lembra, o portunamente, que está sendo incul cada aos jovens uma ideologia revolucionária "que produziu toda sorte de miséria, guerra e infortúnio social".
Carta ao leitor
Sete de Setembro vermelho
Escola do MST: Uma rcponagem da presente edição de Marx, Mao e Che VEJA mo tra que funcionam no Brasil são os heróis 1 800 escolas de ensino fundamental cujas salas de aula são ornamentadas com a bandeira vennelha do Movimento do Trabalhadores Rurai. Sem Terra (MST), e nã apenas com o pavilhão verde-amarelo nacional com a inscrição .. Ordem e Progre,so". Pelo meno. 1 000 dessas escolas ão instituiçõe públicas. Apesar de penencercm ao Estado brasileiro. essas escolas e as outrns mantidas pelo MST em áreas rurais do país adoram uma can:ilha peculiar para o 160 000 alunos. Crianças a partir de 7 ano de idade aprendem que o ete de Setembro não é o Dia da Independência do Brasil. mns o ..Dia do Excluído ". o calendário dos centro de doutrinação infantil do MST são celebrados os dias 5 de maio. nascimento de Karl Marx; 1° de outubro. Revolução Maoí ta na China: e 8 de outubro. mone de Che Guevara. A repóner de VEJA Monica Weinberg visitou duas dessas e olas. ambas n Rio Grande do Sul. um dos primeiros Estados a absorver na rede pública o estudantes do MST. Em Hulha 'egra, município a 80 quilômetros de Bagé onde 4 000 dos 7 000 habitantes são do MST, Monica assistiu a uma peça de teatro encenada por crianças na qual ela repudiavam o transgênicos. Em vez de cantigas de roda. as crianças se davam as mãos para entoar o grito de guerra: "Scm-terrinha cm ação. pm fazer a revolução! .. Essas escolas são nocivas. ão apenas por esmrem substituindo uma função precípua do Estado, que é fornecer en ino básico às crianças brasi leiras. mas por estarem inculcando cm uma parcela dos joven. uma ideologia revolucionária que, antes de ser derrotada pelos fa10 no século pa sado, produziu toda sone de miséria, guerra e infonúnio social. O campos de doutrinação do MST precisam urgentemente ser \/Ístoriados pelo governo brasileiro. e seus cuniculos_ submetidos a algum tipo de avaliação pelo Ministério da Educação (MEC). Como se tem feito_ de maneira freqüente. em relação às ações ilegais e \/iolentas do Movimento dos em-Terra_ é arriscado ignorar que cm vez de civismo essas escolas ensinam a dezenas de milhares de pequenos brasileiros os rudimentos da re,'Olução manti ta. veja
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Fac-simile da p. 9 da edição da revista
"Veja" (8-9 -04), que trata das escolas do MST
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evangeli zar a reg ião cio Cáucaso. Lá introdu ziram a vicia monás ti ca, fundando vários mostei ros muito florescentes.
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São Leão Magno, Papa, Confessor e Doutor ela Igreja
São Rafael Kalinowski ele São José, Confessor
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São ,Justo ele Cantuária, Bispo e Confessor
+ Polônia, 1907. Natural da Lituânia, cursou a Acade mja ele Arquitetura Militar onde obteve o grau summa cum laude (máximo com louvor), sendo convidado para ne la lecionar. Ca pita neo u um movi mento de liberdade de seu país contra a opre são ru ssa. Aprisionado e ondenado à morte, teve a pena comutada por trabal ho forçados durante 10 anos . F indo esse período, fo i preceptor cio Venerável A ug usto Cza rtorysk.i , em Paris, e finalmente e ntrou para os carme litas desca lços .
Santa Sílvia, Viúva + Roma, 594. Da mais alta
1 Comemoração de todos os Santos (neste ano, transferida para o di a 7)
2 Comemoração dos Fi6is Defun tos
ari stocrac ia romana, mãe do grande P a pa São Gregório Magno, a e le secundava em suas boas obras e necess idades do mésti cas . Primeira Sexta-Feira do Mês
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São Barlaam de Khutyn, Confessor
São Menas, Mái'Lir
+ Rúss ia, 11 93. D a nobre fa-
Aos que visitarem o cemitério e rezarem pelos defuntos, concede-se Indulgência Plenári a apli cável só às almas do Purgatório, diariamente, do di a ao dia 8. Para ganhar a indulgência é necessário preencher as condições costumeiras, isto é, ter-se confessado e comungado, e rezar nas intenções do Papa. Com essas mesmas condições pode-se ganhar uma indu lgência plenária só aplicável às almas do Purgatório, visi tando-se no dia 1• qu a lque r igreja ou oratório público ou semipúbli co e rezando-se o C redo e o Pai Nosso.
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3 Santos Valentim e Hilário, Mártir·es + Itá li a, séc. III. Sacerdote o primeiro, e diácono o segundo, "por causa de sua f é em
Cristo foram atirados ao Ti bre com uma pedra ao pescoço. Salvos milagrosamente por umAnjo,.foram então degolados. Assim alcançaram a coroa do martírio" (cio Martiro lógio Ro mano).
4 São Carlos Borromeu, Bispo e Confessor
ffi São João Zedazneli e Companheiros, Confessores
+ Geórgia, 580. Grupo ele 13 mon ges sírios e nvi ados para
+ In g late rra, 627. Um dos monges beneditinos enviados por São Gregório M agno para evangeli zar a Inglaterra, foi o prime iro bi spo de Rochester e depoi s sucede u a São Lourenço como quarto bi spo de Cantuári a.
mília Novgorod , Alexis, após a morte de seus pais, deu sua herança aos pobres, tornandose e re mita e m Khuty n, às mai-gens do Ri o Volga. Sua sa ntid ade atraiu-lhe muitos discípulos. Organizou a vida mo nás tica, tomando o no me de Barlaam. Seu túmulo tornou-se lu gar de peregrinação . Primeiro Sábado do Mês
+ Egito, 295. Soldado cri stão sírio, fo i para o deserto fazer penitência. Tendo co nhec ime nto dos fes tej os em honra aos imperadores do Orie nte e Ocidente, foi ao teatro onde estava re unid a a multid ão, para fu sti gar a ido latri a e o paga ni smo. Mereceu com isso os mai s terríve is suplícios e a coroa do martírio.
12 São Livínio, Bispo e Mártir
7 Comemoração de todos os Santos (neste ano)
ffi São Florêncio de Estrasburgo, Bispo e Confessor + França, 693. Sacerdote irlandês que se tornou eremita na Alsácia. Curou a filh a cega e muda do re i Dagoberto, que o fez Bispo de Estrasburgo.
8 São Vilealdo, Bispo e Confessor
+ Alemanha, 789. Ing lês ele origem, "desenvolveu grande atividade missionária em meio aosfrisões e saxões, sobretudo na região entre os rios Wessere Elba, aonde.fora enviado por São Bonifácio" (do Martirol ógio Roma no-M onástico) .
9 Dedicação ela Basílica de São João de Latl'ão
+ Bélgica, séc. VII. Originário da Ing laterra, fo i ordenado por Santo Agostinho de Cantuári a e e nvi ado à B é lg ica co mo apóstolo. Depois de converter muitos à fé de Cristo, foi martiri zado pelos pagãos.
13 São Nicolau 1, Papa e Confessor + R oma, 867 . "Dotado de urna personalidade brilhante, garantiu a liberdade da Igreja em fac e aos dois imperadores então no poder: Miguel, no Oriente; e Lotário, no Ocidente" (cio M artirológio Romano-Monástico).
14 São Serapião, Mártir + África, 1240. O primeiro religioso da Ordem da BemAventurada Virgem M aria das Mercês a derra mar o sangue em ter ras do Is lã, pregado numa cru z, visando o resgate dos cativos.
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va, .fundou o Mosteiro de Minster-in-Thanet, do qual.foi abadessa" (do Martirológio Romano-Monástico).
20 Santo Eclmunclo, Mártir + Ing late rra, 870. Subindo ao trono ing lês aos 15 anos, governou com sabedoria e prudênci a de ancião . Protegeu pobres, órfãos e viúvas, sendo um pai para seus súditos. Tendo pagãos dinamarqueses invad ido o país, decapitara mno por não querer apostatar.
21 Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei cio Universo (neste ano)
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Santo Euqu6rio, Bispo e Confessor
Santo Alberto ele Louvain, Bispo e Mártir
+ França, 449. Casado, pai de dois filhos (q ue po teriormente fora m bi spos), de com um acordo com a esposa ambos ingressara m na vida monástica, e le no convento ele Lérins.
+ Bélg ica, J 192. Martirizado por defender os direitos da igreja contra a prepotência do Imperador Henrique IV, da Ale manha .
"Eleito Bispo de Lião, serviu à Igreja pela profundidade de suafé e pela extensão de seus conhecimentos teológicos" (d o M arti rológio Ro ma noMon ástico).
Santos Filemon e Ápia, Mártires
17 Santo Aniano, Bispo e Conl'essor + França, 453. Bispo de Orleans, aj udo u a defender a c idade contra a invasão de Átila, obtendo para isso o auxílio do general romanoAecius, que repeliu o inimigo. Famoso por seus milagres.
18 Dedicação elas Basilicas ele São Pedro e São Paulo, Apóstolos
19 Santos Roque Gonzalcz e Companheiros, Mártir s
ffi Santa Ermemburga , Viúva + Ing laterra, 700. "Princesa de Kent, casou-se com o filho do rei da Mércia com quem teve três jilhas, todas veneradas como santas. Ao ficar viú-
22 + Ásia Menor, séc. I. Discípulos de São Paulo, que dirigiu ao primeiro uma carta na qual louva "sua caridade e sua fé em relação ao Senhor Jesus e a todos seus.fiéis", fora m ambos apri sio nados, aço itados, enterrados num a cova até a cint11Ja e m0ttos a pedradas por sua fidel idade a Cristo.
23 São Clemente 1, Papa e Mártir + Roma, 97 . Terceiro sucessor de São Pedro, escreveu uma ca rta aos Coríntios, considerada documento fund amental na defesa do primado universal do Bispo de Roma.
do, encontrou -se com Mari a, outra jovem cri stã perseguida. Resolvera m então ir diretamente ao governador muçul ma no confe sar sua fé. Confortadas por Santo E ulógio, também prisioneiro, receberam o martíri o.
25 São Mercúrio, Mártir
+ Ásia M enor, 250. Soldado, di z-se que um a nj o emprestou-lhe uma espad a para levar seu exército à vitória. Denun ciado co mo cri stão, foi deca pitado.
26 São Silvestre Abacle, Confessor + Itália, l 267. Eremita, fund ou 12 mosteiros nos qu ais instituiu a regra beneditina em sua pureza, dando assim ori gem à Ordem de São Silvestre.
27 Nossa Senhora ela Meclalha Milagrosa
ffi Santa Catarina Labouré, Virgem (Vide p. 36)
+ Espanha, 851 . Flora, nascida d pai maometano e mãe cristã, foi denunciada pelo próprio irmão aos mouros que domin avam a cidade. Fugin-
Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre Davi Francisquin i, nas seguintes intenções: • Mi ssa de Finados, em sufrágio das almas do Purgatório, muito particularmente pelas alma s de nossos parentes já fa lecidos. • Ped indo a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa - festividade que se ce lebra no dia 27 de novembro abundantes graças para os assinantes e leitores de Catolicismo . Também pedindo graças especiais, a fim de que as nações não se acovardem e não se su bmetam às ameaças do terrorismo islâmico, que vem apavorando o mundo inteiro .
28 São Sóstenes, Mártir
+ Ásia Menor, séc. L Discípulo de São Pa ul o, que o me nc io na e m uma de s uas ep ísto las.
29 São Saturnino, Bispo e Mártir + França, séc. 111. Um dos sete miss ionários envi ados para evange li'zar as Gálias, fo i bispo ele Toulou se, onde exerceu grande apostolado até ser preso pelos pagãos no Capitólio l_ocal , do alto do qual o precipitaram ao solo .
24 Santas Flora e Maria, Virgens e Mártires
Intenções para a Santa Missa em novembro
30 Santo André, Apóstolo e Mártir Nota:
Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica.
Intenções para a Santa Missa em dezembro • Rogando a Deus que, pelos méritos infinitos do nascimento de nosso Divino Redentor e pelas graças especialmente dispensadas ao mundo pela Santíssima Virgem Imacu lada (no dia 8 de dezembro comemora-se o sesqu icentenário da proclamação do Dogma da Imacu lada Conceição}, conceda aos leitores de Catolicismo e às suas respectivas famí li as, bem como a todos que nos apoiaram ao longo deste ano, um Santo Natal e abundantes gra-
NOVE
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Cafavana da TFP alemã na Lituânia N a Terra de Marja, como é denominada a Lituânia, membros da TFP participaram das solenidades comemorativas da independência do país do jugo comunista □ FELIPE DEL CAMPO
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uma grande alegria vê-los aqui. Na Lituânia, o exército russo saiu um ano antes do que nas demais antigas repúblicas soviéticas. Um ano antes! Isto aconteceu especialmente porque recebemos ajuda de muitos países, e também de sua organização. Estávamos aqui quando as assinaturasforam entregues, e agradecemos mais uma vez de todo coração tudo o que .fi zeram pela libertação de meu país". Com essas palavras, o Sr. Ches lovas Jurchenas, vice-presidente do Parlamento lituano, recebeu os me mbros da delegação da TFP no dia 2 de setembro último. Ele destacou a importânc ia da campanha mundial das TFPs, que recolheu em 1990 mais de 5 milhões de assinaturas de apoio à independê ncia desse país báltico em re lação à URSS . E m memória desse apo io hi stórico, a TFP a lemã é conv idada a participar todos os anos de comemorações pela independência da L ituânia. Organizados em caravana, os partic ipantes provenientes de vários países percorrem c idades daquela nação, levando uma bela imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Acima : pregação de D. Eugenius Bartulis, Bispo de Siauliai Abaixo : calendário de 2005, em lituano
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CATOLICISMO
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D urante o regi me com uni sta, muitos lituanos foram perseguidos por não quererem abandonar a prática da Reli g ião católi ca, o utros por se negare m a delatar re ligiosos escondidos, ou então, simpl esmente porque se opuseram ao regime estabelec ido à força por Moscou. Numerosas cru zes de madeira podem ser vistas nas aldeias ou à beira dos caminhos, para marcar algum fato dessa repressão. No dia 3 1 de agosto são le mbrados todos aqueles que morreram o u sofreram nessa resistência. Mesmo durante o regime comunista, os mov imentos pela libertação da Lituâni a de-
ram início a uma procissão anua l, que percorre a di stância de 6 km da c id ade de Tytuvenai até o principal sa ntu ári o mari ano do país, na a lde ia de Siluva. O número de partic ipantes foi aumentando de tal modo, que fo i imposs ível aos comuni stas imped ir sua rea lização. Atualmente a peregrinação permanece como um símbolo ela libertação da nação do jugo soviético, sendo a princ ipa l procissão do país. A im age m de Nossa Senhora de Fátima, portada pelos caravani stas da TFP, e ncabeça o longo cortejo. Seguem-se pessoas vindas elas mais d iversas regiões , a lg umas portando bandeiras, outras vestidas com trajes típicos multico loridos. O B ispo de Siau li ai, D. E ugeniu s Bartulis, percorre todo o trajeto a pé, recitando em voz a lta o Santo Rosário, entremeado de cânticos re li g iosos. N o Santu ário apin hado de fiéi s, o Bispoprimaz da Litu ânia, D . S igitas Tamkev icius, que esteve aprisionado na Sibéria durante nove anos, por sua res istência ao comuni smo, recordou publicamente o simbolismo da procissão e agradeceu a presença da TFP.
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Discurso do Sr. Renato Vasconcelos, chefe da caravana
Jovens com trajes típicos ostentam o calendário distribuído
Caravanistas recebidos no Parlamento lituano por Cheslovas Jurchenas
Com professores na cerimônia de abertura do ano letivo em Kelme
Participantes da delegação na Colina das Cruzes
Farta distribuição de objetos religiosos aos fíeis
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A Lituânia é conhec ida também como a
Terra de Maria. Nas cidades e aldeias percorridas, o lituanos veneraram com particular devoção a image m de Nossa Senhora de Fátima qu e entra soleneme nte nas igrejas. Diante do público presente, os me mbros da TFP alemã cantam o ofíc io de Nossa Se nhora, e em seguid a é fe ita um a breve explicação da me nsagem ele FMima e do hi stórico ela atuação da TFP na L ituâ ni a. Orações e cânticos s ucedem -se antes que as pessoas se aproximem para osc ul ar a imagem. E como lembrança, os caravani stas e nt regam a cada pessoa um Calendár io. D . Bartulis cumprimento u na catedral os caravani stas e ofereceu as orações nas intenções deles. Depois explicou aos fié is a ênfase ela TPP na defesa da família . Exortou-os a não e esqu ·cerem do que a entidade fe z pela libertação da Lituânia e a rezarem por seus membros , a rim de que permaneçam fiéis na defesa cios r rincípios da tradi ção, fa mília e proprieclad ·. A caravana encerrou seu périplo junto a Nossa Senhom da Porta da Aurora, no santuári o que se e ncon tra nas antigas muralhas de Viln ius, capital do país, pedindo que Ela faç a florescer plenamente nessa valorosa nação báltica a C ivilização Cristã. • E-ma il do aut or: f.ca mpo@ cato licismo.com .br
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iE Procissã o de Tytuvena i até o principa l santuário mariano do país, na aldeia de Siluva
NOVEMBRO 2004 -
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Pelo inatrimônio tradicional J ovens membros da TFP norte-americana percorrem diversos estados daquela nação, numa autêntica cruzada pela moralidade pública e contra a inclusão de desvios na legislação do país
Ação em defesa da família N o Chile cresce a reação da opinião pública contra os progran1as governamentais que favorecem o aborto e a promiscuidade entre os jovens J UAN BARANDIARÁN
11D FLÁVIO M ATIHARA
Santiago - Acción Família , assoc iação chi 1•11 .i apo líLica e extra-partidária, desenvo lv ' um a atividade de ag lutinação de família s 1u se organ iza m, a fim de defc nd · r-s' ·o nt ra as forças desag regadora da in slitu ição fam iliar. Tal inic iativa pro uni pr ·s ·rvar os princípi os e tradições ·ri st: s da famí lia chilena, in spirando-se nos ·nsinamentos do Magistéri o tradi c io nal d:i 1,r ja. Junta111 •111 'com diversos g rupos antiabortistas, 1\r-cirí11 Fam ília, cujo pres idente é o Sr. .Ju an Antonio Montes, o rga ni zo u no · ·11t ro d · Santiago, no dia 27 de agosto últ imo , uma co ncentração pró vida . N •ssn o ·usião, distribuiu um co municado i111itul ado : No Chile vai sendo imposta 11111,1 11w111alidade abortista. Os di :írios " La Tcrcera" e " Ultim as N o tícias", u r ·spcito de ta l at uação, publica ra,11 o s· 1 uintc comentári o: "Representc111l<',1' r/1• J\ · ·i6n Fa míli a destaca ram que j â .,.,, <'.l'tfÍ rl<'.fi11i11do em nosso país a rne11tolirlr11ft• nhortista. O Estado começou o rlistrilmir preservati vos maciçam ente n arlnl1•,1·1·1'11/es. Essa mesma men-
os Estados Un idos, a tentativa de aprovar leis autorizando o "casame nto" homossexual tem po larizado a opinião pública. Porém, sucessivas vitórias leg islativas deram novo ânimo aos defe nso res da única for ma de casamento autêntico, entre home m e mu lher. Nessa batalh a e m favo r da mora lid ade pública, contra a inc lu são de catastróficos desvios na leg islação, tem atuado inte nsa me nte a TFP no rteamericana . Com a publicação do livro Em defe-
sa de uma lei suprema - Por que é necessário rejeitar o "casamento" de pessoas do mesmo sexo e enfrentar o movimento homossexual (ver maté ria de capa des ta edi ção), aq ue la TFP apresenta arg umentos c ientíficos, teo lóg icos e morais irrefutáveis co ntra essa prete nsão do mov imento homossex ual. Ta l pu bli cação abriu espaço para uma a mpl a campanha nac iona l de esc larec ime nto, que a entidade vem desenvolve ndo por diversos me ios. O livro fo i re metido a todos os me mbros do episcopado norte-americano e a numerosos sacerdotes, re li g iosos e le igos. Houve a ind a mac iça distribui ção de me io milhão de fo lhetos, via mala direta, ao públi co em geral , obtendo ex pressivas repercu ssões e ca lorosos apo ios. Nos estados de Kentucky, Miss iss ippi , Arkan sas, Oklahoma e Loui sia na, onde se reali zaram ou realizarão referendos populares sobre o ass unto, uma carava na de jovens membros da entidade saiu às ru as para contato direto com o público, levando esclarecimentos e orientações necessários para que essa escolha, decisiva para os destinos do país, se faça com plena consciênc ia. O Sr. John Ritchie, diri gente da ação CATOLICISMO
Capa do livro Em defesa de uma lei suprema Abaixo e à direita : aspectos da campanha da TFP a merica na
Abaixo: 1 Juan Antonio concede entrevisto no manifestação (foto à direita)
estudantil da TFP americana e organizador da caravana, afirmo u: "Temos a esperança de que as esmagadoras vitórias [contra o "ca a me nto" homossex ua l] obtidas em. Missouri e Louisiana estimulem os def ensores do matrimônio tradi-
talidade abortista promove a pílula do di a seguinte, porque considera um direito ler relações sexuais li vres, sern suas conseqüências naturais ". O S r. Georges Martin , represe ntante da Assoc iação Francesa Droit de Na í:tre (Pe lo direito de nascer), que conta com 60.000 aderentes , di sc urso u no ato, acentu ando a difíc il situação qu e atraves ·a a fa mília també m na França. Assin a lo u tere m sido rea li zados 5.500.000 abortos desde a sua aprovação em o utu bro de 1975: "A Fran ça está com.falia de j ovens. [. .. ] Um país que envelhece é um pafs que carninha para seu triste desaparecim ento. Não quero isso pa ra vocês! Por isso aqui estou, para dizer-lhes: Não caiam nesse abismo de morte, que é o aborto".
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O Cardea l Jo rge Medina e nvi ou mensage m de apoio aos participantes do eve nto, da qua l destacamos os seguintes tó pi cos: "Envio-lhes minhas cordiaisfelicüações e minha adesão sincera a suas iniciati vas contra qualquer atentado à vida do ser h1.11-nano concebido e ainda não nascido. O Sa nto Padre, seguindo a tradição
O Sr. Georges Martin dirige a palavra ao público no manifestação em Santiago
ininterrupta da Igreja, tem. reiterado sua condenação a toda forma de aborto [.. .}. A vida humana de um ser inocente é sem pre sag rada, e ninguém está autorizado a atentar contra ela. Def ender a vida é def ender o primeiro e o mais essencial dos direitos humanos. Um católico deve ler presente o ensinarnento constante da Igreja e não pode esquecer que Ela castiga com pena de excornunhão os culpados por um aborto. Sejam valentes e não temam dizer a ve rdade, ainda que possa desagradar algumas pessoas" . • E-mail do autor:
juanbarandíacan@caJolící~mo,com,br
cional em. todos os outros estados. Queremos que o assunto atinja o âmbito f ederal, e devemos consegui-lo logo, com mais a lg umas d essas vitórias marcantes". • E-mai I cio autor: , , 1 at
catolicismo.com.br
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11 Pu N1 0 C o RR ÊA DE O uvE 1RA
Idade Média , e mbora sua construção seja um pou co posteri o r àqu e la época hi stóri ca.
stas fo tos retratam o Pont NeL(/; a fa mosa ponte construída de 1578 a l606, na capital francesa. Examinem o mate ri al com que e la é construída: gra nito - um material bo m, mas não é caro. Portanto, é uma ponte comum, que tran spõe o ri o Sena. E ntretanto, não causa e la a impressão de que poderi a dar acesso a um caste lo fa ustoso? Po r quê? Po r causa de suas elegantes li nhas . Devido a seu caráter artístico, o Pont NeL(l possui uma grandeza que o torn a venerável. A ponte é sustentada po r conjuntos ele du as co lunas e um arco. Esses arcos sim plesmente se repetem uns aos outros, co m seri edade e di stinção admiráve is. M as são colun as g rossas e séri as. E, co mo que para auxiliar a sustentação da po nte, observa-se um a espéc ie de braços, colocados ele a mbos os lados elas co lun as . Cada arco é di gno, séri o, pesado e muito extenso, porque a po nte é la rga. A pessoa que a atravessa de barco, po r ba ixo, te m a impressão de tra nspor a mura lh a es pessa ele um caste lo míti co. Ela asse me lh a-se à po nte de um caste lo. Não se enco ntra nela ne nhum a pedra preciosa. Dinheiro entro u pouco e m sua co nstru ção. A a rte, co ntudo, a li está presente. M as arte e m que sentido? A ponte te m alma. Qu al o sig nifi cado de sua alma? Observam-se na ponte sa lie ntes vestíg ios el a seri edade grave, firm e e forte el a
* * * Por que firmeza e fo rça? Simplesmente po rque a po nte co mo qu e e nfre nta um a po rção de o bstácul os . Po r o utro lado, a po nte carrega um peso muito g rand e, qu e e se u tabul e iro, a lé m de tudo qu anto tran sita sobre e la . /\ po nte s upo rtará tud o co m se ri edade, e co mo qu e inclil"cre nça . Se ri edade indifere nte a obstác ul os e e nfre nta nd o as difi c uld ades, arrosta nd o-as, impondo-se a e las : e is a ca rac te rís ti ca sa li ente da a lm a cató li ca do tada el a virtu de da fo rta leza. A regul aridade da ponte evoca ainda a virtude ela te mperança. A te mperança é regul ar em tudo. Assim, essas du as virtudes cardea is se ex prime m mag nificamente no Pont Neuf Há, pois, uma beleza mora l subj acente nessa edifi ca ção. É um símbo lo materi al mag nífi co ele valores espirilu ais. O qu e e la simboliza prin cipalme nte? A alma humana o sobre natural.
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* * * Vi sta a uma di stância maior, tem-se a impressão de qu · o fo rte e o pesado da po nte se dilu ' lll um tanto. Ela se torna mais g ra ·iosa, mas não perde aquela garra ' ror~·a própri as aos seres que devem s ' r ror tes. A mesc la da graça co m a w 1rm <um dos traços cio tale nto fran · ·s . Constitui um dos fa tores do famo so charme. Em que consiste 'SS' c/l(lr me? É o sorri so da ai ma atól i ·,1. •
Excertos da conferência proferid a pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 13 de janeiro de 1989. Sem revi são do autor.
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UMARI
, PuN1 0 CoRRÊA DE OuvE1RA
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Dezembro de 2004
Solução para todas as crises N ada mais notório em nossos di.as do que a crise que afeta todas as instituições. Entretanto, procura-se em vão a solução onde ela não existe e olvida-se a Jição que nos propiciou o Natal.
A
salvação para o mundo em desordem e a solução para todas as crises da História, iniciou-se no Natal, data magna da Cristandade. Essa reflexão ressalta o texto abaixo, extraído de artigo de Plinio Corrêa de Oliveira para "O Legionário" de 25-12-1938:
Adoração dos Reis Magos - Domenico Ghirlondoio
(1449 - 1494)
-CATOLICISMO
"No estábu lo de Belém, no meio de uma noite profunda, ra io u p ara o mundo a sa lvação. É possível que , no momento exato em que o Sa lv ador nasceu , o orgu lhoso imperador romano estivesse, e m se u palácio , entreg ue às mais amargas reflexões que lh e sugeria o fracasso de sua política moralizadora. É poss ível que, a pouca distância da casa imperia l, se prolongasse pela noite adentro a lg um a daquelas descabel adas orgias que eram o tema obrigató ri o dos mexericos da época. Nem uns, nem outros, nem o geni a l imperador, nem os s ib ar itas que punha m a perder a soc iedade tinham idéia do que, naquele momento, ocorri a em Belém. EntTetanto, não era no palácio imperial, ne m nas o rg ias ari toc rát icas, ne m nos co nc ili áb ul o dos co nsp irad o res qu e o destino ci o mundo se dec idi a. A soc iedade do f'utur , riuncl a ela so lução perfe ita e completa dos ma i importantes e vitais prob lemas da é poca, nascia cm Belém, e era das mãos v irginai s de Mari a que o mundo recebi a Me ias que haveria de redimir o mundo com seu sa ng ue e reorganizá- lo com seu E vange lh o. Qua l a lição primordial que daí devemos tirar? É que, assim como para a humanidade do tempo de Augusto a so lução dos mai s intricados problemas soc iais e políticos não fo i encontrada a não ser em Cri sto, assim também , em nosso tempo, é só na lgreja Católi ca, o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesu s C risto, que devemos concentrar nossas esperanças". •
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Nº G4B
Excmrms
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L1~1·1·uRA Esr1mrnA1, A oração do Padre Nosso
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A PAl ,AVRA
DO SACEIWO'l'E
10 A Rl•:At,mAnE
CoNCISAMENTI~
As eleições municipais em metáfora
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NA(:IONAL
14
INTERNACIONAL
Raízes do triunfo conservador nos EUA
18 Pcm QuE NossA S1<:NHORA 19
ENTREVISTA
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CAPA
CHORA?
União Européia, caricatura da Cristandade
UE : re jeiçã o de seu passado cristão
Sesquicentenário do Dogma da Imaculada Conceição
40 D1sc1mN1NDO Che Guevara: modelo fracassado 41
Dr-:s·1M1m Nova ameaça ao direito de propriedade
42 VmAs
1>1•: SANTOS
São Pedro Canísio
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INl•'ORMA'l'I\O RUl{AL
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SANTOS E FESTAS oo
Mf;s
48 AçAo CoN'l'RA-Riwm,ucmNÁmA
52 AMnmN·n:s, CosTul\-ms, C1v11,1zAçfms Presépios: estilos diferentes e beleza na variedade
Nossa capa: Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Igreja da Im ac ul ada Conce ição, dos frade s capuchinhos, (Vi a Ve neto , Rom a) Foto: Kenneth Drake Nelson Borretto no Expofeiro (Bagé}
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O Padre Nosso Caro le itor,
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA .
Chega mos ao fin al de mai s um ano, com_a alegria do de_ver cumprido e c?m o â nim o firme de co ntinuar no labor de difu são da boa imprensa, atraves de Catolicismo, visa ndo se r eco fidelíss imo dos ensi namentos trad icio nais da Santa fgreja e defender a Civil ização Cri stã. E como nesta época, por sua prox imidade com o Nata l, é adeq uada a atmosfera de aleg ri a e co memoração, Catolicismo oferece como prese nte a seus leitores a exce lente e documentada matéria sob re os 150 anos da proclamação do dogma da Imac ul ada Conce ição da Santíssi ma Virgem. Ma is do que fatos hi stóri cos, ou um a seqü ência de datas e aco ntec im er!tos, procuramos nessa matéria transmitir, de algum modo, o ambi ente da época em que o Be m-avent urado Papa Pio IX - fund a menta do na Sagrada Esc ritu ra, no testemunh o constante da Trad ição e por virtude do Magistério infa lível - dec laro u se r de revelação divina que Maria Sa ntí ss im a foi totalm ente isenta do peca do ori g ina l, desde o prim eiro insta nte de sua co ncepção_. _ Recomendamos ao leitor degustar a li nguagem ut rlr zada pelo Bem-aventurado Pio IX. Para a menta lid ade de no ssos dias, tão pouco habituada a fo rmul ações categóri cas, o texto da proclamação pode causar certa estran heza . C?m efe it__o, sob a influência da qu ase tota lidade da mídi a atu al, nossos contemporaneos vao aos poucos se habitu and o a um mundo em qu e predom inam as formulações dúbias, qualificadas como "politi ca mente corretas" ou então "co nsensuais". E tal processo va i mod ifica nd o pa ulat in ame nte as me nta lid ades, qu e acabam trocando a simpl icidade da lin guage m "s im-s im , não- não" pela dubiedad e do " ta lvez". Por isso esta mo s ce rtos de qu e a leitura dessa maté ria comemorat iva do sesq ui cente;ári o da pro mu lgação do dogma será co mo uma viagem ben_fazej a ao tempo em que tal verdade fo i proclamada com ufa nia, de fo rma clara e categ_onca, sem deixar margem para dú vidas ou interpretações que dela se desv iassem. Sao ~e'.11pos que parecem longínquos, mas não para os leitores hab1 tua1s da revi sta Catobc1s1110, que em seu mais de meio século de ex istência j amais se afastou desse estil o. _ Por intercessão d' Aq ue la que Deus preservo u do peca do orrg111a l, de seJamo s que ta l leitura seja ocas ião para a concessão de muitas graças a_ nossos leitores, bem como para um aumento intensíssimo na devoção à exce lsa Virgem _Im ac ulada. E que Ela nos defenda co ntra todos os perigos e so li citações pecaminosas que possam mac ul ar nossa alm a.
* * * Como cm anos anteriores , recebemos gra nde núm ero de ca rtas. Elas são para nossos redatores um ve rdadeiro es tímulo . Fazemos votos de que elas continuem a crescer em 2005, e que nossos leitores nos enviem ainda mais perguntas, suge_stões ou críticas. Entreta nto é curioso notar que, neste ano que se find a, a quase totalidade da correspondência recebida é de elogio, quando muito de pedidos para se tratar de temas espec ífi cos. Ou seja, o leitor de Catolicismo habituou-se a percorrer nossas pág in as com a confiança e a tra nqüilidade de quem se en:ontra em terreno se~u~·o, no qual não há espaço para meias verdades ou 111terpretaçoes pouco claras e dub1 as a respeito dos ma is variados temas. E tal é, por assim dizer, nossa marca predommante. Desejamos a todos um Sa nto Nata l, co m as bênçãos da Sagrada _Fa mí lia rcprc cntada no Santo Presép io, e um ano de 2005 todo impregnado_ de f1del idade aos princípios cató li cos, cm me io ao ambi ente neo pagão q ue, 111 fe l1zmente , predom in a cm nossa época. Desejo-lh e, poi , boa leitura e bom estudo! Em Jesus e Maria,
9 ~7 D IRETOR
paulobri to@catolicismo.com.br
C ontinuando o comentário das orações ruais comuns de nossa fé, abordare1110s hoje a oração que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo nos cnsiúou: o Padre Nosso e um abalizado autor de espiritualidade francês* , transcrevemos abaixo alguns excertos: "E nsin ai-nos a reza r", pediram os Apósto los a Nosso Sen hor Jesus Cristo, o Filho de Deus . E o bom Mestre respondeu: "Eis como deveis rezar: Padre nosso, que estais nos Céus, etc.". Foi, ass im, Ele mes mo quem nos ensinou o Padre Nosso. Que respeito e que amor devemos ter por essa prece ! [... ] Vamos tornar com preensível a signifi cação das sublimes pa lavras do Padre Nosso, a fim de que todos penetrem em seu sentido, quando o recitem. As pessoas piedosas aprenderão ass im como se pode meditá-lo todos os dias de sua vida, pensando em cada um dos pedidos desta oração.
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* Padre Nosso. É a alma que se dirige a Deus e o chama Pai. Ah! Ninguém é tão Pai como Ele, e é Ele quem deseja que nós lhe demos esse nome! Que ternura de sua parte, e que honra para nós! Filhos de rei, sede orgulhosos das glórias de vosso nasc imento. O humilde obreiro, o modesto trabalhador têm assim tantos títulos de verdadeira nobreza: são filhos do Rei do Céu . "Padre nosso", e não " meu Pai ", porque não somos seus filh os únicos. Nós temos por irmãos todos os homens, que devemos amar como sendo da mes ma fa mília que nós. Que estais no Céu. O Céu é a morada de sua glóri a; é lá que Ele nos espera. É de lá que Ele ve la sobre nós e espa lha sobre nós seus benefícios. É lá que Ele nos prepara e reserva sua herança. Os bens do pai não pertencem aos filhos? Santificado seja o vosso nome! Quer di zer, que Vós mesmo, meu Deus - Vós, a grandeza, a majestade, a santidade, a perfeição infini ta - , sejais conhec ido, amado, bendito, honrado e adorado por todos! Que todas as almas se santifiquem,
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Nosso Senhor ensínondo os Apóstolos
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glorificando-Vos! Que todas as línguas, que todos os povos, cristãos e infiéis, vos celebrem. Que ninguém blasfeme o vosso nome três vezes sa nto". Venha a nós o vosso reino! Por vosso poder, já reinais sobre todas as criaturas. Mas re inai também nos corações, por vossa graça! Faze i-n os reinar um di a convosco no Céu. Que venha logo esse reino comp leto, esse · reino eterno, que será o vosso no fim dos tempos, quando Satã terá sido despojado do seu poder, e reinareis por vossa misericórdia sobre os eleitos, e por vossa justiça sobre vossos inim igos, para sempre impotentes! E, enquanto es peramos isso, que
Os sa ntos, que estão convosco no paraíso, vos são plenamente submi ssos, vossa vontade é a sua lei. Que os homens que estão na Terra não tenham outras regras que vossos sa ntos mandamentos; qu e, não contentes de executar vossos preceitos e os da Igrej a, se esforcem mesmo de praticar vossos conse lhos; que asp ire m à prática do desapego, da renúncia aos bens da terra, da castidade perfeita e da obediência! Enfim , que aceitem co m resignação, e mesmo com amor, todas as provas pelas quai s aprazVos de os punir ou de os purificar. •
vossa 11011tcule seja feita assim na Terra como no Céu.
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P. Bcrthier, M.S., Le Livre de To11.1·, Ma iso n el e la Bo nn e Prcsse , Pari s, 1898, pp . 374-5.
DEZEMBRO 2 0 0 4 -
Desfazendo mentiras Muito proveitoso o resumo do livro contra a revolução homossexual. Fica-se com a idéi a clara das mentiradas espalhadas pelos adeptos do homossexu alismo. O pior é que ~ mídi a espalha a mentiras sobre eles co mo se fossem verdades acatadas pela ma iori a dos brasileiros, mas quando se co nversa a respe ito do tema, pe rceb e-se qu e as pessoas re pel e m esses re lacion a me nt os inuman os. Meus filho s tiraram assuntos de ssa revista com muito aproveitamento no grupo de jovens em que eles atuam . Todos os jovens concordaram com o posicionamento de vocês contra a homossexualidade. Precisamos unir as forças para atuar com mais energia contra essa revolução. (P.P.C.F. - SC)
Bons argumentos BI Nesta confusão, que vivenciamos todos os dias pelas notíc ias que escutamos, a gente fica meio sem rumo (fica como cego em ti.roteio, como se costuma di ze r) , mas a revista Catolicismo presta à nossa família um muito meritório serviço mostra ndo o rumo certo. A revista acende uma luz no nosso caminho, numerosas vezes escmo como breu. Por isso que digo que é a principal revi sta que amo receber, ela é muito importante para
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nós, e por isso espero que o correio não fa lhe mais em nenhum mês . O caso da revista desse mês é típico. Se nós não víssemos aquel a numerosa e feliz família , um casal jovem, ma s com todos seus filho s sadios e bonito s, quas e n ão ac reditaríamos que pudesse mais existir família assim numerosa , nesses di as e m que teima m tanto e m in s is tir p e lo co ntrol e d a natalid ad e. Se e u não rece besse esse núm ero, faria muita falta. Agora tenho bo as razões para fa lar, com conhecimento no ass unto , contra esses tarados homo ssexuais . [ ... ] O que eles qu e rem? Acabar com a humanidade , pois não gerando seria o fim do mundo . Sem falar do pior, que é o desprezo deles por Deu s. (M.A.A.P. - RJ)
Contrn a e<lucação mar~tista BI Fiquei horrorizada le ndo o artigo sobre as escolas do MST, mas fiquei ainda mais penalizada pensando como ficarão as cabec inha s daquelas cria ncinha s aprende ndo na marra e nsin a me ntos co munistas . Contra is o as igrejas, os ministros, os secretários de ed ucação, o MEC, e nfim todo mundo deveria fazer campanha para sa lvar essas cri anças, pois elas não têm c ulpa de erem filh as, ou filhos, de pes oas do MST. Uma campanha no Brasil todo para tirar esses coitados des as escolas e recolocálas e m escolas norm ais. Isso é um verdadeiro absurdo. Também fiquei horrori zada com as atitudes dos homossexuai s. Mas a sua (a nossa) revista faz um trabalho espl êndido defe ndendo a fa míli a verdadeira. (N.N.G. - PR)
www.t/'p.org 181 Gostari a muito ele adq uirir o livro Em defesa de uma lei suprema. Por que rejeitar o casamento de pessoas do mesmo sexo e e11/'rentar o movimento homossexual. Vocês o estão vendendo? E le está di sponível e m alguma livraria de Belo Hori zonte? Eu prefiro em português, mas pode
o mundo, como o chefe comunista brasileirn Luiz Carlos Prestes e o líder revolucionário chinês Mao Tse-Tung que , segundo ele, dese mpenharam papel fundamental na luta pel a implantação do comunismo no mundo. Chávez conclamou o povo e os exércitos latino-americanos a uniremse contra os EUA e aproveitou a ocasião pa ra criticar a presença das forças da ONU no Haiti . Ao que tudo indica, a integração que Chá vez deseja para a América Latina é o iso lacioni smo internacional e a reprodução do regime castrista em todos os nossos países. (Sérgio Orlando Pires de Carvalho Jr., estudante de Economia, 1!! período, UFRJ - RJ)
ser também em es panhol ou inglês. Fico no ag uardo. (A.E.J. - MG)
Nota da redação: O referido livro ainda não se encontra di sponível no Brasil, mas pode ser adquirido em inglês no site da TFP norte-americana: WWW .tfp.org Na. Sra. em 110sso continente BI Muito bom ler sobre as Padroeiras dos continentes (Catolicismo, novembro de 2004, As Padroeiras do continente americano) . Vou falar sobre No sa Senhora em um Cusrilho e essa mensagem veio em cheio, pois dela irei aproveitar muita co isa. (P.W. - ~J)
Chávez, Fidel, Che, Mão, etc. Como assíduo leitor de Catolicismo , chamou-me a atenção reportagem publicada na edição de fevereiro de 2004 da revista, acerca de profanações de im agens de Nossa Senhora por partidários do pres ide nte Hugo Chávez, em praça de Caracas, na Venezuela. No último di a 5, Hugo Chávez esteve em minha Universidade para uma conversa com estudantes, o que despertou meu interesse. Antes que Chá vez chegasse, fui submetido a uma rev ista arbitrária por parte de agentes ve nezue la no s respo nsá ve is pe la segurança do presidente. Acusaramme de partidário da oposição, e quase fui impedido de participar do evento. Em quase 3 horas de discurso, Chávez defendeu um modelo de integração latino-americano, baseado nas teses do revolucion ário Simón Bolívar, em contraposição às teses, que cha mou de impe riali stas, de Monroe e do Consenso de Washington. Chávez afirmou que a Améri ca Latina enco ntra-se e m um " ponto crucial", na iminência de um novo e definitivo go lp e da Revo lu ção Boli variana, leia-se Revolução comuni sta. Entre citações de revo lucionários como Che Guevara e a defesa apa ixo nada de F ide l Castro e se u regime ditatorial e marxi sta, Chávez elogiou líderes esquerdi stas de todo
O me<lo vencendo a espe1·ança
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Estou achando muito anormal tanta aproximação do presidente Lula com o presidente comunista da China. E o mes mo se diga da aproximação com o presidente da Rú ss ia. Idem quanto a Fidel Castro. Queira Deus que a queda que o Fidel te ve na semana passada seja uma prév ia da queda do governo dele, e o povo cubano se veja livre daq uela ditadura de tanto tempo. Eu era guri quando ele deu o golpe lá, portanto deve ter uns 50 anos de ditadura. Mas parece que es tá chegando ao fim - pelo me no s eu se nti , vendo a foto do tirano caindo -, que não apenas ele está caindo, mas caindo també m o seu governo . O probl ema vai ser quem o substituirá! Vamo s ficar atentos nessa mudança.
Agora, se o discurso de nosso governo tem sido contra o trabalho escravo, corno explicar essa aproximação com governos onde o traba lho escravo faz parte da rotina de todos os dias? Como vocês mostram , com a notícia das fábricas-prisão na China, os produtos " made- in -C hina" são baratos porque os operários não recebem praticamente nada, não têm carteira assinada, não têm aposentadoria, nem nada, e corno escravos são forçados a traba lhar para o Estado, pois do contrário são executados. Chamar o sistema c hinês de "economia de mercado", como cl ass ificou o gove rno brasil eiro , é o mes mo que chamar uma prisão de clube esportivo! Só peço a Deu s que esse governo do PT não seja reeleito. Imagino que, se por uma desgraça, isso acontecer, o Brasil vai se tornar uma fili al da China, entrando aqui os produtos de péss imo aca bame nto " made-inChina", e com isso será urna quebradeira das nossas fábricas e um aumento assustador do dese mprego e da pobreza. Dizem que cada povo tem o governo que merece. Mas acho que o Brasil não merece urna desgraça assi m tão grande. Será? Precisamos conscientizar o povo para essa realidade, e alguma coisa os brasileiros estão pe rcebendo, não . votando no PT nas eleições para as prefeituras de muitas c idades grandes. E São Paulo d e u um belo exemplo di sso, o pessoal ficou com medo do PT. Aquela hi stória do PT,
de que com a e leição de Lula a esperança venceu o medo, agora estáse invertendo, a esperança está sendo derrotada pelo medo . (N.D.F. - SP)
Especial pai·a jovens ~ Gostari a de parabenizá- los pelo excelente trabalho informativo, seja católico, político ou moral. Aliás, para os jovens é um excelente periódico . (E.J.S. - RJ )
Reforma Agrá1'ia e guerra civil BI Enfocar o terna "Reforma Agrária" nos mo ldes co rno vem fazendo o governo, vai levar o País a urna guerra civil. Dar terras ao hom e m se m conhecimentos téc ni co s é uma reforma utópica. (J.P.F. - PA)
Retil1cação: E m nossa ed ição de se te mbro último , seção "Breves Re lig io sas", na notíc ia Apesar da p erse g ui ç<io, milag r e e expa n.l'<io católica ,w China (p. 13),
pub lica mo s urna informa ção in corre ta . Ao referir-se de passagem ao " mil agre do o i", ocorrido e m uma el as apa rições el e Nossa Senhora e m Fátima e m 19 17 ,· po r um lapso tal notícia in fo rm o u qu e esse mil agre oco rrera no dia 13 de ju lho daqu e le a no. Entretanto o prodígio deuse em 13 ele outubro ele 19 17.
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Liguepara{11)3333 6716 DEZEMBRO 2 0 0 4 -
• Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - Por acaso, recentemente caíram em minhas mãos algumas revistas antigas do Catolicismo, justo no momento em que estava passando por várias dúvidas com relação à Igreja Católica. Desde então tenho usado todo o tempo para ler os textos sobre a nossa Igreja, e isto tem me ajudado a entender muitas coisas. Gostaria que os celebrantes de nossos dias nos fa-lassem com a clareza com que esta revista nos fala. Com certeza, muitos católicos não teriam mudado de religião... Descobri hoje o site www.catolicismo.com.br e gostaria de assinar a revista para os meus filhos, pois eles têm sido assediados pelos evangélicos e precisam de resposta para muitas dúvidas que sozinha não vinha conseguindo suprir. Uma das questões é sobre o arrebatamento na igreja e o início da tribulação. Temos ouvido muitas coisas a esse respeito, mas não temos a versão da Igreja Católica sobre esses fatos do Apocalipse. Vocês poderi a m nos ajudar a entender isso? Desde já parabenizo a todos os responsáveis pela publicação da revista, pelo excelente serviço prestado a nós, leitores famintos de informações confiáveis neste mundo de tantas mentiras e enganações. Resposta - Destaco esta decJaração da missivista: "Gostaria que os celebrantes de nossos dias nos falassem com a clareza com que esta revista nos fala. Com certeza, muitos católicos
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não teriam mudado de religião ... ". A recomendação de Nosso Senhor Jesus Cristo era bem essa: "Seja a vossa linguagem sim, sim; não, não" (Mt 5, 37). Esse o mérito de Catolicismo, pelo que os parabéns da missivista são muito merecidos pela direção e o corpo redatorial, que co nh eço e admiro desde seu primeiro número. A leitora manifesta o desejo de que todos os pregadores de nossos dias usassem a mesma lin g ua ge m. Quanta razão tem! É o que este sacerdote, também, ardentemente deseja. Infelizmente, muito s deles, mais preocupados com as questões terrenas do .que com as espirituais, não tratam ou não dão toda primazia aos ass untos que verdadeiramente interessam a seus fiéis. E o resultado é que muito e bandeiam mas não sem grave cu lp a para outras rc li giõe , na vã esperança de lá encontrar o alimento espiritua l de que necessitam. É como atua o "pai da mentira" ...
numero as ex-pli cações que têm s id o aven - tadas , até mesmo por Do u- tores da Igreja. De qualquer modo, algumas linhas gerai se destacam de todos esses comentários e são úteis ao leitor, pois não teria sentido que Deus tivesse feito essa revelação ao Apóstolo São João, autor in spirado do livro, se não fosse de proveito para os fiéis. E, aliás, máx imo proveito, porque nos retira das preocupações cotidianas, em gera l muito comezinhas, e nos eleva à contemplação das gra ndes perspe-
ctivas do futuro da Igreja, suas lutas e tribulações, e nos co loca diante do triunfo definitivo de Jesus Cristo sobre o mal, em suas diferentes manifestações históricas. O primeiro aspecto a considerar é a beleza superlativa do texto. Lendo-o, sentimonos transportados para as regiões celestes, ou então para os gra nd es embates espirituais entre anjos, homens e demônios. Percebemos que a vida tem uma dimensão sobrenatura l, muito acima da mediocridade dos que con-
Mistérios do livro do Apocalipse Quanto à pergunta sobre o Apocalipse, é das mais espinhosas que a consul ente poderia apresentar, pois este livro da Sagrada Escritura tem sido estudado pelos mais sábios e penetrantes espíritos da Igreja _:_ desde sua própria fundação - sem que eles tenham chegado a uma interpretação em todos os ponto un ânime, inclusive sobre os dois a que ela se refere. O livro inspirado permanece misterioso em várias de suas partes , por isso a Igreja não impõe como sua nenhuma das
sideram apenas o dia-a- dia material. Tal é, com efeito, a idéia teológica central do livro do Apocalipse: a Igreja e os fiéis cristãos estão agora submetidos a sofrimentos e perseguições, e a vid a é uma grande luta . A Igreja é verdadeiramente militante! Mas tudo isto, que é passageiro, tem conseqüências para a eternidade. Jesus Cristo destruirá, a seu momento, tudo que se opõe à expansão de sua Igreja, que é o seu reino no mundo; e os católicos que tiverem permanecido fiéis no meio das tribulações, militando generosamente pela Igreja dentro de suas possibilidades, cantarão um cântico de alegria e de vitória por toda a eternidade no Céu. Lendo o Apocalipse, percebe-se que São João, inspirado pelo Espírito Santo, usa alguns procedimentos literários para melhor expor a revelação que recebeu de Jesus Cristo (apocalipse, em grego, quer dizer precisamente "revelação"). Os estudiosos apontam as antecipações e as repetições. Segundo esta interpretação, o Apocalipse não expõe uma série contínua e cronológica de aconteci mentos futuros, mas descreve os mesmos aconteci me ntos sob diversas formas. Seria uma repetição cícJ ica da mesma história profética, com freqüentes antecipações, como dito acima, e retrocessos de narração.
A.núncio de calamidades e do tl'iunl'o fl11al
São João escrevendo o Apocalipse na ilho de Patmos
São João tem continuamente em vista a oposição de dua s soc iedad es, d e dua s cidades (como diria Santo
Agostinho): a dos amigos de Deus, isto é, a verdadeira Jerusalém; e a dos inimigos de Deus, ou seja, Babilônia, dirigida pelo Dragão. A segu nda parte do Apocalipse (cap. 12 a 22) está toda dominada pelas grandes antíteses da História: o Cordeiro x Dragão, a Mulher x Dragão, a nova Jeru salém x Babilônia, a Igreja X a Antiigreja. O Apocalipse se apresenta poi s como um livro profético que, mediante diversos vaticínios e imagens, descreve os fatos presentes e futuros da Igreja. Esta, sempre perseguida, porém sempre triunfante, alcançará finalmente a perfeita vitória sobre se us inimigos. Os anticristos de que nos fala o livro podem ser indivíduos ou personificações de forças coleti vas do mundo que, através dos séculos, tentam destruir o poder de Jesus Cristo. Como indivíduos, tem-se atribuído o qualificativo de t: . "anticristo" a certos perso- !:.:-t_~_ nagens hi stóricos como Nero, Ceno do Apocalipse: um dos Anjos toca a trombeta L utero. Como forças coletivas, poderíamos falar da Revonente, já que a Igreja na Terra homens no momento por Ele lução Francesa ou do com ué essencialmente militante. determinado desde toda a nismo. O anticristo por exceeternidade. E Jesus Cristo doEla tem que enfrent,u· continualência deverá vir no fim do mina todas as nações e diri ge mente todos os erros e persemundo e será morto pelo próa hi stória humana. guições que surgem através dos prio Nosso Senhor Jesus Espero que esta bre víssécu los. Por isso, o Apocalipse Cristo com um sopro de su a sim a síntese ajude a leitora a também anuncia a vinda boca. O mundo moderno, com enfrentar os opos itores evangloriosa de Cristo e as últimas sua impiedade, sua imoragélicos que assed iam se us calamidades que precederão a lidade, seu ateísmo prático, e filhos , preservando-os de ca ir sua vinda. sua apostasia da única verdanos erros que eles propagam, O livro do Apocalipse é rico deira Igreja, não poderá, ele e assim manterem-se fiéis a também, ser qualificado como • em ensinamentos doutrinários. Nosso Se nhor Jesus Cristo, Sua doutrina teológica está já Rei e Senhor da H istória. Seu um "anticristo"? bastante desenvolvida, e Se bem que o Apocalipse Reino na terra é, e só é, a Santa completa de certa form a a Igreja Católica, Apostóli ca, se refira primariamente à luta doutrina dos Evangelhos e das que a Igreja sustentava conRoman a. • Epístolas. Sua grande lição: tra os poderes pagãos do final Deus é bastante poderoso para do séc. I, tem entretanto um E- mail do autor: conego joseluiz@catolicisrno.com.br interv ir na históri a dos valor e um significado perma-
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Câncer pulmonar: novos recordes da China vermelha
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Yoweri Museveni, presidente de Uganda
Castidade pré-matrimonial, êxito contra o AIDS urante uma conferência de cúpula de 17 países africanos sobre o AIDS, o presidente de Uganda, Yoweri Museveni, negou-se a distribuir preservativos nas escolas. Segundo ele, isso só causará mais contágios. "É inaceitável ensinar aos alunos como serem promíscuos e usarem preservativos.[. ..] Deveríamos achar outras formas de ocupar as mentes de nossas crianças", disse. Uganda é o país que alcançou maior êxito na luta contra a AIDS, porque promove a abstinência sexual pré-matrimonial. Os resultados superam tudo o que pretendem ter feito outros países ensinando práticas antinaturais, condenadas pela moral católica. Nestes a disseminação da pandemia vem se agravando. •
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Vinhos: aumento da variedade e da qualidade
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parecem incessantemente novos tipos de vinho que atendem a um público sempre mais interessado e amp lo. Esta boa tendência desconcerta aqueles que achavam que a abundância de combinações de cepas, terras, climas e "milésimos " acabaria sendo superada e chegar-se- ia a uma bebida do tipo da CocaCola, feita de produtos químicos, a qual seria vendida em latinhas para um mundo massificado. E eis que se verifica o inverso: "Um formidável momento de renascença" - comentou a revista francesa "Le Figaro Magazine". O fenô meno envolve uma multidão de viticultores mais recentes em novas regiões na
CATOLICISMO
espirar, nas grandes cidades chinesas, é como inalar fumaça de cigarro, de tal maneira o ar está poluído. Por isso, alastra-se na população o câncer de pu lmão, segundo o Departamento de Prevenção e Tratamento de Cânce,; do Ministério da Saúde de Pequim. Em 2005, cerca de 500 mil pessoas contrairão esse tipo de câncer. O que significa um aumento de 43% em relação ao ano 2000. 40% dos casos de câncer pulmonar do mundo ocorrem nesse país comunista, embora ele contenha 16% da população mundial. A maioria dos casos verifica-se nas metrópoles de Xangai e Pequim. O silêncio dos meios de comunicação a respeito do assunto é muito estranho. Parece que eles só se lembram da ecologia para de smoraliza r os países nãocomunistas. •
França e no mundo. O Brasil também vem surpreendendo pelo crescimento da qualidade e das variedades dos seus vinhos nos últimos 10 anos, bem recebidos por um público nacional cada vez mais numeroso, exigente e de bom gosto. •
Êxitos do combate à guerrilha colombiana
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a Co lômbia, a firmeza contra a narcoguerrilha marxista foi bastante benéfica. Voltaram embora não totalmente - a tranqüilidade e o otimismo. As estradas ficaram mais segmas, e já não se teme ser seqüestrado apenas por andar de carro novo. O PIB será 4% superior neste ano e no próximo; a inflação é a menor em 30 anos; o investimento privado deve crescer mais de 20% em 2004; aumentou o emprego; as exportações cresceram 16,6% e o cultivo da coca caiu 21 %. Mais de 70% da população aprova o governo do presidente Uribe. Até o Banco Mundial, no relatório Fazer Negócios em 2005, apontou a Colômbia como o segundo melhor país no mundo para investimentos. E nquanto isso , crescem as apreensões sobre os paí ses vizinhos, inclusive o Brasil. Dois relatórios do Banco Mundial qualificaram nosso País de o pior entre 53 nações pobres e emergentes em matéria de estab ilidade de regras, carga tributária, falta de financiamentos para o setor produtivo, custos trabalhistas, regulamentos excessivos e criminalidade. •
Maioria dos brasileiros tem visão hierárquica do mundo brasileiro aprecia a hierarquia social e é avesso ao igualitarismo sociali sta. É o que confirmou a Pesquisa Social Brasileira (PESB), coordenada por Alberto Almeida, professor da Universidade Federal Flumin ense (UFF) . Tal pesquisa registrou: 65% dos brasil eiros rejeitam que patrões e empregados usem a mes ma piscina. E 56% são de opinião qu e os e mpr ega dos utilizem o e levador de serviço, ainda que possam usar o e levador socia l. Para essa maioria, as pessoas têm posições soc iais predefinidas, que devem cumprir. Po r exemp lo, o homem deve sustenta r a fam íli a, e a mulher
O
cuidar dos filhos e da casa. Manda-se e se obedece em atenção a títulos, honrari as, contatos pessoais e dados equivalentes. Têm mais espírito hierárquico os habi tantes do nordeste e do centro-oeste que os do su l; os moradores das cidades menores, mais do que os das metró pol es; as mulheres do que os homens; os mais velhos, do que os jovens; os pobres, mais do que os ricos; os menos do que os mais in stru ídos. É claro que nesse contexto, em que sobressaem importantes aspectos do verdadeiro espírito católico e do bom senso da população brasil eira, os apelos à luta de classes custam muito para vingar. •
Afeganistão: progressos após derrota dos telebans
progresso recente no A fegan istão foi imenso, segundo o brasileiro Manoe l de Almeida e Si lva, diretor de comuni cação da Missão de Assistência da ONU naquele país. A vida da população melhorou "enormemente" desde que as tropa s americanas desfizeram a ditadura dos fanáticos islami tas talebam·. "Hoje já há mais de 5 milhões de estudantes, e quase 40% são meninas. Ademais, fizemos campanhas de vacinação, atingindo quase 7,5
O
UE: vetado ministro por defender doutrina católica
A
Comissão dos Direitos Civis do
Parlamento Europeu vetou, embora não tivesse poderes para isso, a nomeação do italiano Rocco Buttiglione para a pasta de Justiça na Comissão Européia, órgão máximo da União Européia. O pretexto foi ter Butti glione afirmado que, segundo a doutrina católica, os atos homossexuais são pecaminosos, e que, no cargo, ele a·giria segundo esse reto ensinamento . Diante do veto, o eurodeputado Luca Volonte declarou ao diário "La Stampa" de Turim: ';\ verdade é que o Par-
lamento europeu está se trans formando num Coliseu, onde se crucificam os cristãos". E o diário liberal americano "Wall Street Journal" referiu-se a uma "inquisição laicista na Europa". O novo chefe da Comissão de Bruxelas, o português José Manoel Durão Barroso, curvou - se às pres sões, e Buttiglione renunciou ao cargo. Ficou patente uma vez mais o espírito anticatólico que inspira a unificação européia . Ela faz lembrar outra superburocracia falida, que também era acentuadamente anticatólica: a soviética.
milhões de crianças em boa parte do país, e poderemos erradicar a poliomielite ainda em 2004 ", esc larece Almeida e Silva. Ele sa lientou a melh oria da situ ação das mulheres na ed ucação, no plano soc ial, bern como na saúde e no campo dos direitos civ is. Isso é compreensível, pois os talebans ap li cavam ao pé da letra os brutais maus - tratos constantes no Corão, bem como ditos de Maomé sobre o sex o femi nino. •
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a.Ili
Fragorosa derrota do Pf M etáfora, que poderia ser denominada "a furiosa sem o bumbo do MST", retrata a situação da esquerda no Brasil com o novo mapa político nascido após as últimas eleições 1nunicipais J BERNARDO CRU Z CARVALH Q
ão é nenhuma novidade comparar o cenário político a um teatro, em que cada espécime da troupe representa um papel para o qual foi designado e atua de acordo com o script. Alguns que não gostam de palhaços, an im ais amestrados e malabaristas identificam esse espetáculo com um circo. Outros preferem a imagem de urna orquestra, com o maestro dando as ordens, o spalla dan-
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CATOLICISMO
do o tom, os instrumentistas subindo e descendo as suas intervenções, o coro traduzindo sons em palavras. A sa la de concertos prevê todas as condições para ev ilar protestos e manifestações durante a apresentação, e o respeitável público se limita a caras contrafeitas, grunhidos e movimentos inquietos nas poltronas, quando o espetáculo não convence. Deixa para manifestar no final seu agrado ou desagrado, num plebiscito escrutinado por urna quota maior ou menor de aplausos.
Mas acho que a atividade política deste nosso Pindorama parece identificar-se mai s com uma furiosa. O le itor certamente sabe o que na ling uagem vulgar se conhece corno furi osa: aquela simpática bandinha de música, infelizmente em processo de extinção, que já foi a alegria de quase todas as cidades pequenas e grandes. A retreta por ocas ião de festas e so lenidades era obrigatória. Entre os in st rumentistas havia sempre um vizinho, parente ou conhecido, e o
espectador procurava observar corno ele se saía, para depois tirar uma "casq uinh a" ou manifestar sua admiração. O barulhão da furiosa repercutia ao longe, mexia com todos, ninguém lhe era indiferente. Dosadas e distribuídas ao longo das músicas, as intervenções dos diversos in st rum e nto s iam produzindo em conjunto os seus efeitos sonoros e psicológicos. Tristes ou alegres, estridentes ou discretos, agudos ou graves, cada um se manifestando mais intensamente ou menos, ou então se calando, conforme a impressão que a música devia provocar. O som cristalino do clarim, cantando vitória ou convocando . para atos heróicos; o vozeirão profundo e conservador do contrabaixo, opondo-se a aventuras radicais; flautas e flautins para imprimir alegria juvenil; a voz autoritária dos pratos, tentando impor disciplina com base no "pare com isso!". Trompa, oboé, bombardino, saxofone, cada um contribuindo para a charanga com sua mensagem própria. E também a pancada monótona e agressiva do bumbo, gritando mais alto e im pondo o ritmo, especia lm ente associado às manifestações estridentes. Tudo ordenado para o gran finale, qu ando cantam vitória em uníssono . Esquerda decepcionada, sw'racla pelos votos
Tudo isso pode estar expresso na mesma música, ou e ntão distribuído em doses maiores ou menores em partituras diferentes. O diretor do espetáculo pode escolher o que é mais adequado às circ un stâncias. Pode sa ir tocando coisas de paz e amor, para amenizar a própria carranca; entoar um hino patriótico, quando em litígio com jornalista estrangeiro ou com rebe ldes de diversas categorias; atacar de Cap itão Caçula, se quer provocar entusiasmo; descolar um passo doble, quando em vantagem numa disputa; so ltar o Cisne Branco, se prec isa pacificar a galera; apelar às Saudades
de Matão, se o público não gosta do que ele está fazendo; o Peixe Vivo pode servir, quando as críticas vêm dos próprios companheiros. Em busca dos aplausos do respeitável público, o coreógrafo pode entoar a melhora dos índices econômicos . Mas a grande maioria não entende de PIB, balança comerc ial, cotação do dólar, taxa de crescimento, e quer apenas ouvir harmonias bem mais simples: cadê o meu emprego? Onde eu vou vacinar os meus filhos? E a escola que me prometeram? Em casa ou na rua eu estou protegido contra ladrões e assassinos? Mas a coreografia recente fugiu dessas preocupações mesquinhas , pois não tinha resultados para mostrar. E como foram os aplausos? Decepcionantes, ao contrário do que faz crer o malabarismo interpretativo do coreógrafo. Obteve só 411 prefeituras, das 1000 qu e havia anunciado. Nos 5500 municípios , isso sign ifica magros 7,5%, um humilde 6º lugar entre os vários partidos. E algumas derrotas são muito simbóli cas e humilhantes. Em São Paulo, esmagadora enxurrada publicitária não reelegeu a candidata apoiada pe lo maestro. Um jornalista comenta que ela até consegu iu tornar simpático o adversário, que já pe rdera dois ple itos anteriores. Em Porto Alegre, 16 anos de hegemonia se pul verizaram . Jornalistas que não se limitam a copiar o script do coreógrafo c lassificam a derrota nac ional co mo um a verdadeira "s urra". U rna sonora e retumbante surra. Para favorecer o P1; MST "evapora-se"
Interessados em arrancar estrondosos aplausos nà próxima exibição, os organizadores do espetáculo elevem estar contabi li zando os resultados, lamb e ndo as feridas e procurando ensaiar melhor. Tarefa difícil, talvez impossível. Como conseguir harmonia, onde todos desafinam e chamam os outros ele desafinados? Onde instru-
mentistas querem executar partituras diferentes? E a partitura, se é que e la existe, será a que o respeitáve l público deseja? Não haverá alguns in stru mentos atrapalhando o conjunto? Examinemos o caso cio bumbo. Ah , esse pesado marcador ele ritmo deveria estar em todo o repe rtório, porque ... Bem, tem ele marcar o ritmo, que inclui Reforma Agrária, terra para quem nela trabalha,justiça social, invasões, igualclacle, " malditas todas as cercas", a "propriedade é um roubo" - e toda a canti lena agro-comun ista. Mas tudo indica que o efeito di sso é indesejável. Pois, no fundo , essa cantilena "bumbástica" não agrada. As pessoas ouvem, não gostam e se calam. Aguarelam o momento adequado para manifestar seu desacordo: a hora das eleições. O diretor do espetácu lo sabe disso. Co mo fazer, e ntão ? Muito simples: si lenciar o bumbo na hora das e leições. O le itor ouviu a música - desculpe, o berreiro - do MST nos meses anteriores às e leições? Sumiu, evaporou-se, deu uma de morto. Por quê? Porque estaria ali des locado, e m momento mais adequado a uma lân guida valsinha. Se o Brasi l profundo gostasse daque le bumbo e berreiro, não prec isariam esco ndê- lo, o maestro não teria de apelar para a val sinha. Apesar ele toda a cautela e m esconder o bumbo, apesar de bem ensaiada a valsinha, o resultado elas eleições foi decepcionante para o diretor do espetáculo. Aprenderá e le a li ção? Não creio. Daqu i a pouco, toda a pan cadaria do bumbo recomeçará, contrariando as advertências cio contrabaixo. Deixará no respeitável público a sua lembrança, que de novo pesará negativamente nas próximas eleições. E poderá conduz ir a um decepcionante granjinale, ao qual se seguirão palmas ainda mais min g uadas, que de fato significam derrota. • E- ma i l do autor: berna rd oca r v a I ho @c ato I ici smo. co m . br
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Eleições 110rte-amel'ica11as empí/11/as
e a confissão de erros na análise da sociedade americana até horas depois de iniciada a votação. Tudo indica ter havido decisiva influência de inclinações pessoais no que se previa. Opiniõesforam divulgadas como ür(ormações. [. ..] Bush venceu apesar do anti-bushismo da mídia e das pesquisas". 2
Pasmo e <lecepção nas esquel'das 1mmdiais
Manipulações da mídia, triunfo conservador e desconcerto irritado As eleições presidenciais americanas puseram em relevo a amplidão da
longa transformação tendencial e moral que vem ocorrendo nos EUA, em meio a dificuldades, 1nas, ao que tudo indica, bafejada pela graça divina Luls DuFAUR
o
festiva l rock das esquerda nos Estados Unidos estava pronto para comemorar em Boston o triunfo do senador John F. Kerry. No mundo, a torcida dos socialo-progressistas tornara-se um verdadeiro frenesi. Com a votação ainda em curso, a macroCATOLICISMO
mídia apresentava Kerry como vencedor. No dia seguinte ao das eleições, 3 ele novembro, um jornal de grande tiragem já proclamava Kerry vitorioso com 300 votos no Colégio Eleitoral e uma van tagem de 3% no voto popular, estampando até um mapa eleitoral, produto de fértil elucubração. A manchete do ultracomunista "II Manifesto" da Itália, no
mesmo dia 3, foi: "Bom dia EUA: os americanos expulsam Bush da Casa Branca". 1 A distorção dos fatos e comentários foi tal, que o conhec ido jornalista Nahum Sirotsky comentou: "A vitória de Bush tem de forçar a mídia internacional e centros de pesquisa a séria reflexão sobre seu papel no mundo de hoje. Não bastará um Mea Culpa
Afinal, o bluff teve que dar lugar à verdade dos fatos. Então, depressão e desâni mo assaltaram milhares de militantes esquerdi stas, ongueiros abortistas, homossexuais, pacifistas a todo custo, desarmamenti stas, evoluc ionistas, ecologistas etc., que se engajaram pela vitória de Kerry. Alguns falaram até em emigrar para o Canadá. Não poucos correram aos consultórios psiquiátricos. Não podiam acreditar no que viam, porque tinham acreditado no que hav iam imaginado. " Resultado espantoso. [. .. ] Jamais, na história da humanidade, uma eleição tão promissora acabou num resultado tão deprimente", escreveu Timothy Garton Ash, diretor do Centro de Estudos Europeus da Universidade de Oxford. 3 "Dizer que a reeleição de George Bush é uma má notícia, é pouco", queixou-se o diretor de "Le Monde". 4 Jornais sensacionalistas como o "Dail y Mirror" de Londres descambaram para o insulto contra os eleitores americanos. 5 Na França, o chefe do Partido Sociali sta, Franço is Holl ande, ameaçou aqueles que trouxesse m os valores morais neoconservadores para a política, imi tando o exemplo americano.6 Governos e movimentos q ue menosprezavam os Estados U nidos envi aram constrangidas e protocolares congratulações ao vencedor. E Fidel Castro? Achou melhor desta vez engolir suas bravatas ...
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Fac-símile de página de "O Globo" (4-1 1-04)
apli caram uma memorável su rra na Revolução imoral e sociali zante. Surra esta que consolidou as causas pró-vida, pela oração nas esco las, ens ino do criacionismo, família tradicional , educação das crianças no lar, posse e porte legal de armas, iniciativa privada e redução de impostos , honra da bandeira nacional, patriotismo e a guerra no Iraque.
1. O comparecimento às urnas foi o maior já visto. Mu itos foram votar tendo como meta banir o "casamento " homossexual. 2. A apuração foi orde nada e incon testável. As insinuações prévias de adulteração do padrão eleitoral, fraude, caos jurídico etc. revelaram ser suspeitas estapafúrdias. 3. Extensão da vitória: B ush obteve votação popular recorde (59 milhões, 3,5 milhões a mais que Kerry) e 286 cadeiras no Co lég io Eleitoral que designa o presidente (16 ac im a do necessári o). Cresceu a supremacia republicana no Senado (mais 4 cadeiras) e na Câmara (mais 3). Pela primeira vez, um líder no Senado (o democrata Tom Dasc hl e) perdeu a cadeira, e para um republicano. 9 4. Plebiscitos real izados simultaneamente com as eleições baniram o "casamento" homossexual em todos os 1 1 Estados onde ocorreram. O eleitorado aprovou que as respectivas co nstitu ições estad uais defi nam o matrimônio como sendo entre homem e mulher. O "sim" atingiu 86% no Miss iss ippi. Ohi o vetou também "todo estatuto legal entre indivíduos não-casados, ciijafinalidade equivaleria ao obj etivo, às características, ao significado ou ao efe ilo do casamento". 10 5 . Na proporção de 52% a 48%, os católicos recusaram o esq uerdista Kerry
Impacto sal11tal' da vitól'ia dos pl'incípios morais "Tradição, família e fé na Casa Branca", fo i a manchete de "O Globo" .7 "Onda conservadora dá vitória completa a Bush" foi a da "Folh a de S. Pau lo". 8 A notícia percorreu o mundo como um exorcismo: nas eleições da maior potência da Terra, os defensores dos valores, princípios e instituições morais
Bush recebe cumprimentos de Kerry, após a vitória eleitoral
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Mapa dos EUA apresentando o resultado das eleições: a cor vermelha na grande maioria dos estados
- ex-coroinha que, se ndo conhecido como abortista, comungava escandalosamente em Missas. Pelo menos 12 arcebi spos e bispos ensinaram que não se pode votar em políticos favoráveis ao aborto, à eutanásia ou o "casamento" homossexual. A Conferência Episcopal, após muita controvérsia inte rna, também di sse qu e esses pontos e ram in egoc iáv e is. A TFP norte-americana
· divulgou no 'Washington Times" e em cinco jornais de Oregon o manifesto Os católicos devem cifirmar nas suas vidas públicas a sua fé". 11 Também publicou Cinco razões para votar SIM pelo matrimônio tradicional no dia 2 de novembro. 6. A guerra do lraque foi aprovada. Kerry assumiu posições próximas às de Bush. 7. Vasto leque de artistas, cantores e cineastas, aríetes da Revolução Cultural
imoral e ant icristã, engajo u-se ferozmente a favo r de Kerry. Foram menos ouvidos que os líderes religiosos . 8. Patenteou -se grave dilaceração na opinião pública americana sobre os rumos do país : optar pela via do caos e da demolição? Ou voltar para os princípios, instituições e valores ancorados na ordem natural e na fé? A divisão tem numerosos desdobramentos soc ia is, artíst icos, cu lturais, criteriológicos, etc. 9. Ricaços esq uerd istas, como o megainvestidor George Soros, deram todo o dinheiro que julgavam necessário para derrotar o con ervadorismo. Não adiantou nada, em face da onda conservadora. 1 O. O desarmamento dos homens honestos foi recusado. 11 . A repu lsa às le is ambienta li stas utópicas e malsãs pesou muito a favor do voto conservador, sobretudo em Estados ag ríco las. 12. A esquerda não consegu iu maior proporção de votantes jovens. Muitos destes consistiram na alma da campanha conservadora.
no político-soc ial, realizou os princípios ímpios e ilumini stas da Revolução Francesa, ma is até do que a própria França, onde as tradições cató li cas op useram ad miráveis resistênc ias. Em matéria de modo de vida e costumes , o mundo caminhou para o nu dismo e o materialismo segui ndo os padrões america nos. Divórcio, abo rto, movimento homossexual , droga, rock, ritmo frenético no trabalho, paixão pelo di nheiro e pela máquina etc., disseminaramse no mundo todo em imitação aos Estados Unidos. Porém, em 2 de novembro ficou pate nte que nesse país ocorrera formidáve l rev iravolta em favor dos princípios morais. Qual a explicação para essa virada? "Nada de grande sefaz de repente". Tal mudança não é de hoje, nem é fruto de um partido, de um marqueteiro ou ele um presidente. Ela não depende da política, embora repercuta ne la e o sucesso político aumente a sua força . E la é a manifestação de um fenô me no de a lm a que toma corpo há décadas. Já em agosto de 1981 , Catolicismo publicou em ed ição especia l reportagem excl usiva sobre esse renouveau. "Nos Estados Unidos - constatava já nossa revista - está ocorrendo uma grande rnudança, atingindo ponderável parcela da população. [. .. ] Trata-se de uma tendência que começou a esboçarse apenas há alguns anos, e cuja gradual expansão poderá ampliar ainda mais sua área de ú~fluência, ganhando
novos adeptos naquele país. Em tal caso, acentuar-se- ia a decalage m entre a realidade norte-americana e aquela falsa concepção mantida no espírito de muitos brasileiros. Pois o curso dos fatos em vastos setores da opinião pública dos Estados Unidos está se deslocando em direção oposta à daqueles que irnaginam. ser antiquado def ender a tradição, os valores.familiares e os princípios perenes da civilização cristã". 12 Na base da "maré conserva<lora", a ação <la graça Para descrever a natureza e a gênese dessas tendências anti-revo luc io nárias, nada melhor do que reproduzirmos as palavra sapienc iais do Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira, falando em 23- 10- 1983 para correspondentes da TFP americana, que vieram a São Paulo para conhecê- lo. Após hi sto ri ar o apoge u e a decadência do poderio americano, o Prof. Plínio explicou: "Kissinge ,; Nixon, Carte,; queda do Vietnã, etc., representam a decadência política dos Estados Unidos. Esta decadência projetou sobre afelicidade dos Estados Unidos uma espécie de decepção. E com a decepção, um pingo de tristeza. Com a tristeza, que é um dom de Deus, um ce rto desco lam ento dos padrões cinematognífi.cos [Hollywood]. Vida dura, a sensação da perseg uição do mundo inteiro contra os Estados Unidos, o perigo russo que vai crescendo. [. .. ] Ist o ocasionou uma rea ção nos Estados Unidos. [. .. ] É urna espécie de nova NorteAmérica que está nascendo, [. .. ] que já
não conhece m.uito a i1~flu ênc ia da Revolução, e que está, por assim dizei; puri,ficada dela. [. .. ] As possibilidades desse mundo são mais ou menos indefinidas, sobretudo se esta nova Am.érica do Norte qjudar a outra a deixar a posição em que está ". Que prospere tal sad ia reação, é cio maior interesse para a Santa Igreja, para a C ivili zação Cristã, como também para todos os povos que podem ser influenciados por e las. É com essa intenção que o cató li co fervoroso deve dirigir-se à Santíssima Virgem, para pedir-lhe que este auspic ioso iníc io de conversão se aprofunde, com vistas à realização do Reino de Maria, anunciado em 1917 no g lorioso Portugal. • E- mail do autor: l u isdu faur @ca tolic ismo.co m. br
Notas:
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1. " Avv cnire" , Mil ão, 14- 11 -04. 2. hllp ://u I Li moseg unclo. i g.co m. br/maLeria s/ mundo/ I 79050 I - I 79 I000/I 790574/ I 790574 _ I .x ml , 3- 11 -2004 . 3. "Le Monde" , Pari s, 5- 1 1-04. 4. lei., ibicl. 5. Cfr. "O Estado de S. Paul o" , 5- 11 -04. 6. " Yahoo", 4- 11 -2004, hllp:/ fr.n ews.yahoo. com/04 II04/5/44m7 f'.html. 7. "O Globo", 4- 11 -04. 8. "Folha de S. Pau lo" , 4- 11 -04. 9. "New York Times", 3- 11 -04. 10. " Le Figaro", Pari s, 3- 1 1-04. 11. " Washington Times", 16-6-04; h1tp://www. 1Jp. o rgilfc/bi shops_ancl _com m un ion. h Lm. 12. Ca 10/icis111 0, agosto-outubro 198 1, nº 368 37 0.
Como os Esla<los Unidos mudaram tanto?
Discurso de Kerry reconhecendo a derrota eleitoral
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No século XX, o país promove u poderosamente a Revolu ção se ns ual e igualitária que devasta o mundo . No pia-
Expedativa em todo o mundo sobre a resultado das eleições americanas
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Reações tímidas, mas bem-vindas
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sta seção de Catolicismo costuma a pontar aos le itores fato s conte mporâneos que justifi cam as lágrimas abundantes vertidas por imagens de Nossa Senhora por esse mundo afo ra . A publicação de ta is fatos tem a finalid ade evidente de nos unir à dor da Santíssima Virgem, pela rej e ição ca tegó ri ca dos horrores que a faze m sofrer e pe lo desej o ard ente de que, o quan to antes, possamos parti cipar do triunfo do Imacul ado Coração de M ari a prometido em Fátima. Vez po r outra, po rém, convém que assestemos a lupa sobre algu mas reações sadias que surgem contra ta is horrores. Reações, e m geral, mui to me nore s e menos signifi cati vas do que seria de se desej ar. Mas, enfi m, reações. D etenhamo-nos sobre algumas delas.
Fotos co11tl'a o abor to Num erosas fotos c hegara m ao Supremo Tribuna l Federal quando essa Co rte de Justiça estava para se pronun ciar sobre liminar anteriorm ente concedida por um de seus membros, que favo rec ia o abo rto no caso de cri anças portadoras de anencefa lia (sem parte d o cé re bro) . Ta is fo tos indi cavam urn a sa lutar rej eição a todo tipo de aborto. D iz a notíc ia:
decadência em que se encontra esse fil ão protestante, reações internas fi zeram-se sentir. Isto obri gou a c úpula daque la confissão re ligiosa a constituir uma comissão para estudar o assunto, a qual agora se pronun c iou . Pronunci amento mui to brando, é verdade, mas que pelo menos reflete o descontentamento havido entre os ang licanos com a tal nomeação:
em relação ao assunto p orque, segundo ele, 'a homossexualidade não é aceita na Bíblia'" ("Jorn al do Bras il", 19- 10-04).
"A Ig reja A ng licana pedi u aos religiosos qu e particip aram da consagração de um bispo homossexual, nos Estados Unidos, que peçam desculpas p elo ato. [. ..} A comissão ressaltou que os que apóiam a homossexualidade no clero anglicano [. ..} correm o risco de 'dividir a igreja'". A o menos por enqua nto, "o texto pede que a Episcopal dos EUA impeça a consagração de outros religiosos homossexuais.[. ..} A oposição à homossexualidade no clero parte sobretudo dos religiosos anglicanos da Áf i-ica, como o reverendo Peter Alcino/a, da i greja da Nigéria, para quem não pode haver um compromisso
liam meus valores. Não acredito em Michael Moore ou em comunistas. Por que não organizar meu próprio f estival, co m fil mes que representam minhas crenças?" Um ano e meio depo is, criou o American Film Renaissance, festiva l com 2 1 produ ções qu e aco ntece u em sete mbro, no Texas .
"A uto-intitulado 'o primeiro fes tival conservador de f ilmes no país', o AFR reflete a 'vistio de milhões de americanos que stio ignorados por Holly wootl', na opinião de Hubbard". E ntre o utros te mas, o fest iva l cri tica os ambienta li stas e exa lta a Pa ixão de Cristo ("Folha de S. Paul o", 15- 10-04). •
de S. Paulo", 18- 10-04).
Desculpas
CATOLI C ISMO
nações unidas pela fé católica e proclama-se laica. Grau avançado de uma tentativa de estabelecer a "República Universal"?
Jim Hubbard é norte-ameri cano, e fo i com a esposa ao se u cinema predileto, qu e ex ibi a do is film es . F icou incomodado, e decl arou depo is: "Eles não refie-
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A chamada nova Europa vê com maus olhos a família de
Tendência conser va dora
"Fotos defetos abortados e crianças encapuzadas es tão chegando aos gabinetes dos ministros do STF. Uma delas chocou os magistrados. Ela mostra um bebê, com umafi-ase dizendo que, se a interrupção de gra videz de f etos s m cérebro f osse p ermitida no passado, aquela criança não estaria viva" ("Fo lha
Há a lgum tempo, a chamada igrej a ang li cana nos Estados U nidos decidiu nomear para suas fil eiras um "bispo" homossex ua l. Apesa r da impress ionante
União Européia: caricatura atéia da Cristandade medieval
A homossexualidade é veementem ente cond e nada na Bíblia
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Sr. Guido Vignelli, nascido em Roma em 1954, é um estudioso de moral, filosofia política e doutrina social da Igreja. É um dos sócios fundadores do Centro Cultura/ Lepanto, que atua na capital italiana; colaborador do lnstitut Européen des Recherches, Études et Formation, de Bruxelas; membro da Comissão de Consulta e Estudo sobre a Família, promovida pela vice-presidência do Conselho dos Ministros da Itália . É autor do estudo progra mático A família e o Estado : enquadramento da política familiar . Pres ta colabora ção à cátedra d e História Moderna da Un ive rsi dad e de Cassino. Desenvolve u cursos sobre a doutrina so cial da Igreja na Escola de Formaçã o Social da Arquidiocese de Palermo , par a a qual publicou uma Breve história da doutrina social da lgre;a. Organi zou e promoveu iniciativas e congres so s em de fesa da família, sobre bioética , utiliza ção da droga, meios de comunicação de massa e gnose anticristã . Publi ca artigos e ensa ios em jornais e revi stas italianas como "li Secolo d'ltalia", "Le panto", "Famiglia Domani", "li Timo ne", "Percorsi", " Nova Histórica", "Cr istianità", e para a agência de informações Corrispondenza Romana .
S1~ Guido Vignclli
':4 n0t1a Constituição Clll'Opéia /'oi elaborada por uma eli te sectá,'ia de tecnocr atas laici stas, se11do alheia à me11talida,1e e f é dos povos europeus."
Desde 1995 dirige o Progetto SOS Ragazzi, iniciativa em prol de uma sadia formação da juventude italiana. Sobre esta matéria publicou duas obras de grande difusão : A madrinha televisão e O vídeo tentador. Junto com o jurista Mauro Ronco, escreveu A pornografia: diagnose e terapia de uma praga social. É autor também do ensaio O Sagrado Coração de Jesus, salvação das famílias e da sociedade, traduzido em várias línguas. Junto com o jornalista Carosa, publicou o livro A invasão silenciosa (li Minotauro, Roma, 2002), no qual denuncia o perigo da imigração de massa na Europa. O Sr. Guido Vignelli concedeu, via Internet, a en trevista que segue a Catolicismo.
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Catolicismo -
O que pensar da nova Constituição da União Européia? Poderá ela acarretar prejuízos para a Religião católica e para a instituição familiar?
Sr. Gttido Vignelli -
A no va C on stitui ção E uropé ia, ass inada recente mente em Rom a por chefes de Estado e de governo da Uni ão E uropé ia, fo i e laborada por uma e lite sectári a de tecnocratas laicistas, e por isso mesmo é alhe ia à mentalidade e à fé dos pov os do c ontine nte. De fato, foi D EZEMBRO 2004
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concebida co m a fin a lidadf; de constituir uma Europa tota lmente sec ul~ri zada. Teoricame nte, o que se prete nde é transformar o Ve lho Continente e m um a potênc ia po líti co-econô mi ca capaz de competir co m os Estados Unidos. Porém , essa no va Europa opõe-se impli c ita me nte à C ri standade, ou seja, à fa míli a de nações baseadas e unid as na fé cató lica e no res pe ito ao Dire ito Natural inte rna c io nal (ju s ge ntium ). Ela se apresenta como herdeira das três revo lu ções qu e dividir a m e corrom peram o Ve lho Continente: a Re volução protestante, a Revolução Francesa e a soc ialo-com uni sta. De fa to, tanto a Constitui ção Europé ia quanto o Tratado de Ni ce (q ue vem inserido na Consti tui ção) visam debilitar ao máx imo e até abo lir os três últimos baluartes da ordem soc ia l cri stã, e po rtanto da verdadeira liberdade civil: o Estado, a famíli a e a Re li gião. Catolicismo - O Sr. poderia dar exemplos desse intento? Sr. Guido Vignelli - A Europa unida não fo i proj etada como uma fede ração de Estados nac iona is, nem co mo uma fusão de todos num úni co Es tado co ntin enta l, mas co mo um s istema co nv ergente de novos pode res supra-nac iona is e infranacionai s, que v isa m a abo li ção dos Es tado s nacionais. Deste modo, a última fo rma estata l que sobreviv erá se rá substituída por um a simpl es "a dmin istração das co isas" (e do s ho m e ns tratados como coisas), dirig ida por uma burocraci a de técni cos es pec iali stas na ma nipula ção da s consc iê nci as, e, po rtanto , do co ns e nso que pretend em cri a r. Este era o objetivo fina l do co muni s m o. Ag ind o ass im , o i te m a ele representação po líti ca erá aba lado e o c idadão to rn a r-se-á s údito de podere s a lh e ios. Por exemplo, a Comissão E uropéia e a Corte de Justiça serão os úni cos juízes supremos de toda a vida po lítica do continente. Te m razão o ex di ss i.dcnte russo Wladimir B ukowsk i, qu ando qua li fica a Uni ão Europé ia co mo "U ni ão das R epú bli cas Soviéticas da Europa". A União Européia não vê com bons o lhos a fa míli a. A esse respeito, o Tratado de N ice adotou uma atitude ambígua e preocupante. O Tratado reconhece "o dire ito de se casar e o dire ito de forma r uma fa mília" (a rt. 9). Mas ta l di stinção admite implic itamente uma fo rm a de convivênc ia diferente da fam ili ar e ab re ca minho para lega li za r
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"Essa nova Eumpa opõe-se implicitamente à Ct'istan<lade, ou seja, à família <lc nações basca<las e 1111i,las na lê cat,6/ica <· 110 l'llS/JCIW
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jm; ~c11U11111"
" uni ões de fato", o u seja, o concub inato, igualando-o à fa mília. Além do mais, o Parlamento Europeu pronunciou-se oficialmente duas vezes a favo r da lega lização da uni ão homossexua l, o que de ixa entender claramente que esse conceito de fa mília inclui todas as formas possívei s; por exemplo, entre um c idadão e o seu anima l doméstico, como, aliás, j á tem s ido proposto pelos verdes. Teoricamente o Tratado de N ice reconhece os "dire itos da cri ança" (art. 24). Mas a criança é tratada como se fosse um c idadão adu lto que tem autonomia abso luta, em desrespeito aos direitos da fa mília. Assim, no futuro, poder-se-á reconhecer à criança a faculd ade de "esco lh er" os próprios pai s. Além do que, se os pais trata rem o fi lh o de um modo considerado "contrári o a seus interesses"- por exempl o, co ibindo a total lib e rd a d e sex ua l as autoridades poderão intrometer-se, " liberando-o" da fa míli a e entrega ndo-o a ass istentes soc ia is. O Tratado de Nice proclama um " dire ito à vida" teórico e genérico (art. 2). Porém ta l direito não se baseia nas ex igê ncias obj etivas da natureza humana, e sim nas arb itrárias ex igências de "auto nom ia" do suj eito qu e as piraria por uma " qua li dade de vida" me lhor. Acresce q ue não se esc larece qu e m te m este direito, ne m desde quando e até quando . O que sign ifica que o direito à v ida fi ca carente de um fundame nto verdadeiro e de uma tutel a efetiva, pelo que poderá sofrer muita restrições, eja no iníc io (aborto) ou no fim (cutaná ia). O Tratado de Nice afirma o " direito à integridade da pes oa" (art. 3). Mas isto também é teórico e re lat ivo, poi s proíbe tão so me nte as práticas e ugê nica s se let ivas - a c lo nagem humana reprodutiva e o co mércio dos órgãos deixa ndo aberta a possibilid ade de manipul ações, a co meçar pe la fec undação artific ial. Mai s a inda. A Comi ssão E uropé ia recente mente autori zou o uso de em-briões humanos na pesquisa c ientífica e na expe rim e ntação ge né ti ca, exo rta nd o os Estados- mem-bros a lega li zar essa abo minação.
Catolicismo - Apesar de numerosos apelos em sentido contrário, os respon-sáveis pela Constituição Européia re-cusam-se a incluir qualquer referência ao cristianismo. O que achar disso?
Sr. Guido Vignelli -
A Un ião E uropéia vê com maus o lhos a Re li g ião. De fato, a Co nstitui ção ev ita toda referência à Relig ião cristã e limita-se a afirm a r vagamen te qu e a Un ião E urop é ia é "consc iente do seu próprio patrimônio espiritu al e moral " . "Patrimôni o" este que é concebido como um mero " dad o hi stórico " já s uperado, sem considerá-lo como um va lor fundador e sem sequer adm itir uma dí vida de reconheci mento em relação à [g reja Ca tólica, que legou um a tão aug usta he rança às ge rações que viera m depois. Isto s ig nifi ca qu e a Uni ão E urop é ia procl a ma-se substancialmente atéia e dec lara que nasce órfã..
Catolicismo - Em que tal projeto se diferencia da noção de Cristandade, concebida na época medieval? Sr. Guido Vignelli - A União Europé ia foi exp li c itame nte proj etada como o embrião de um futuro governo mund ial. A Constituição, em seu Preâmbulo, afi rm a que a E uropa unida deve se tornar "um ponto de referência da nova ordem
mundial ". Essa perspect iva no faz acred itar que, depoi s do fracasso parc ial do p rojeto comunista, hoj e a Revo lução anti-cristã tenha posto suas esperanças na União Européia para atingir o ve lho sonh o utóp ico d e um a Repúb lica Un iversa l anárqu ica e la ica, órfã. de Deus e apóstata da fé - o que equival e a reconstruir uma espéc ie de nova Torre de Babel. Já em 1959, O Prof. P línio Corrêade O liveira denunciou lu c idamente, cm sua obra-mestra
Revolução e Co ntra-R evo lução (Cap. XI, 2, 3), o perigo de seme lhante proj eto: "Um mundo em cujo seio as pátrias unificadas numa República Un iversal não sejam senão denominaçõe geog ráficas, um mundo sem de igua ldades soc iais nem econômicas, dirigido pela ciência e pela técnica, p ela propaganda e pela psicologia, para realiza,~ sem o sobrenatural, a .felicidade definitiva do homem: eis a utopia para a qual a Revolução nos vai encaminhando". Ta l proj eto ímpio está co ndenado ao fracasso , antes de tudo porque vai contra a o rdem providencial, mas também porqu e foi desmentido pela Hi tória . Estudiosos do porte de Christopher Dawson,Alo is
"No tl'allSCUl'SO dos séculos a Revolução emprne11deu 1wmerosas telltativas <le construir uma Uepública Universal,
subsUtuin<lo o fll11damento de l'é ven/adeÍf'a"
Dempf e Etienne Gilson, de fa to comprovaram bem que um a unidade po líti ca (a inda que parcia l e temporária) da humanidade só pode ser rea li zada se pre parada e s us te n tada por uma unidad e re li g io sa. Um a re la tiv a unidad e polític a d a c iv ilização atua l só se pode rá efetivar se baseada na única fé verdadeira , a cristã, e se imita r a unidade sobrenatural da úni ca Igreja verdade ira, a Católica. No transcurso dos sécul os, a Revoluçã.o empreendeu numerosas tentativas de co nstruir uma República Universal, s ubstituindo o fundam ento da fé verdadeira por diversos fundamentos humanos. Mas todas essas tentativas fracassa ra m, e também aca bará fracassando a Uniã.o E uropéia: ela ta lvez conseguirá destru ir muitas co isas, mas por ce rto não construirá nada de justo e duradouro.
Catolicismo - Como tem reagido a opinião pública a esse projeto? Sr. Guido Vignelli - A mídi a quer faze r crer que todos ou quase todos os e urope us são e ntu siastas do proj eto unitário; mas, na rea lidade, ex iste uma di ssidência o rgani zada, qu e está crescendo em número e influênc ia. Por ma is que se fa le de unifi cação europé ia, co ntinu a m e nfre nta nd o-se duas Europas diferentes e inconc iliáveis entre si: a E uropa herdada da Tgrejacatólica e a fa lsa E uropa proje tada pe la Revo lução. De um lado sob rev ive a ve lha Europa, que, embora tenha apostatado da fé, ainda conserva laços cultura is, m ora is e até po líti cos e jurídicos com as suas o ri gens cri stãs. De outro lado a nova Europa ava nça, sugando as energias da velha, mas não é mais do que uma construção artifi c ia l, proj etada num gab in ete e depo is imposta aos povos. Os res ultados das rece ntes elei-ções européias confirma m que ex iste uma c lara distância entre a Europa verdadeira e a falsa Europa e laborada pe las se itas revo luc ionárias. Tais resultados reve lam que essa distâ nc ia está ficando in superáve l, j á estão pondo em crise não somente o projeto europeísta, mas também a premissa revo lucionária em que se baseia. A prova disso consiste no desconcerto e confusão que se a lastra nas fi leiras dos revolucionários do continente. • DEZEMBRO 2004
B1111
O dia dessa solene procla1nação foi de incomparável alegria, jamais esquecido, e deve-se recordá-lo sen1pre para honra e glória da obra-prima da criação, a Mãe Puríssima do Divino Infante Ü SCAR VIDAL
H
á 150 anos uma alegria intensíss ima e nch e u de júbilo as fileiras cató li cas do mundo inteiro: a notícia da proclamação do dogma da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem. O Bem-aventurado Papa Pio IX, fundamentado na Sagrada Escritura e no testemunho constante da Tradição (a transmissão oral passada de geração a geração), e por virtude do Magistério infalível, declarou ser de revelação divina que Maria Santíssima foi totalmente isenta do pecado original, desde o primeiro instante de sua concepção, consignado como está na Bula Ine.ffabilis Deus, de 8 de dezembro de 1854 [Vide nas pp. 32-33, alguns salientes tópicos da admirávelBula]. Ta l declaração revestiu-se de especial esplendor, pois, ao mesmo tempo que representava uma g lória para Nossa Senhora e a Santa Igreja, era também um triunfo sobre o liberalismo e o ceticismo que corroíam a Civilização Cristã, que afrontavam o Vigário de Cristo e os direitos da Santa Sé, naqueles meados do sécu lo XIX. Período esse conturbado por revoluções anticatólicas em várias partes do mundo , desencadeadas sobretudo pelos propugnadores do racionalismo, do naturalismo e do anarquismo - inimigos da Igreja, fulminados por aquele Pontífice em diversos documentos. Foi enorme o ap lauso entusiástico que reboou entre os católicos da Terra DEZEMBRO 2004 -
inteira, porque o singul ar pri il égio da Imac ulada Conceição 1 __, no qual incon táveis santos, teólogos e fié is em geral sempre creram desde os primórdios do cristiani smo, e ao longo de todos os sécu los - por fim era definido como verdade ele fé. 2 Conlirmação <lo dogma
Para esse bendito dia o mundo catól ico já estava preparado. A Sa ntíssim a Virgem, Ela própria, fizera tal preparação: em 1830, recomendara a Santa Catarina Labouré a .difusão da Medalha Mi lagrosa, contendo a jaculatória mundialmente conhecida: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!". 3 Quatro anos após a proclamação cio dogma da Imaculada Conceição, no dia 25 de março de 1858, em Lourdes, Nossa Senhora confirma ta l verdade de fé. Quando a pequena vidente Bernadette Soubirous perguntou-Lhe quem era Ela, Nossa Senhora, depo is de estender os braços - como se vê na Medalha Mila grosa-, juntou a mãos à altura do coração e respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição!" No ca lam itoso sécu lo XX, em Fátima, a Virgem Santíssima recomendou a devoção a seu Coração Imaculado e prometeu: "Por fim, o meu Imaculado
Coração triunfará!". Era esta mais uma magnífica confi rmação do dogma proclamado pelo Bem-aventurado Papa Pio IX no sécu lo XIX. O pecado origilwl
"E [Deus] de um só [homem] fe z [descende r] todo o gênero humano, para que habitasse sobre toda a fase da Terra"(At 17,26). Nossos primeiros pais, Adão e Eva, foram criados "à imagem e semelhança [de Deus]" (Gn 1, 26), no estado de graça e inocência, de ju st iça e sa ntid ade; receberam o dom da imortalidade; viviam perfeitamente fe li zes no paraíso terrestre, e, na ordem da graça, participavam da própria natureza divina. Mas desobedeceram ao Criador e, obedecendo à serpente infernal, ficaram escrav izados ao demônio. Em conseq üência desse pecado, os rebelados foram expu lsos do paraíso, perderam os dons sobrenaturais que po suíam; de seres angeli ca is, torn aramse carnais; ficaram sujeitos a todas as enfermjdades e mi sérias e à morte. Resultado: todos os seus descendentes ficamos macul ados, herdamos os efeitos do pecado riginal, com o qua l todos nascemos.4 Deus poderia ter abandonado a humanidade nesse estado pecam inoso, mas, por sua infinita misericórdia, quis sa lvar
os homens. Ele asseverou ao demônio, sob a forma da serpente maldita: " Porei inimizades entre ti [ o demônio] e a Mulher [Maria Santíssima], entre a tua descendência [os maus] e a descen dência d'Ela [Jesus Cristo e os bons]; Ela te esmagará a cabeça" (Gn 3, 15). Obra-prima de Oeus
A fi m ele que se operasse a sa lvação cio gênero humano, tornava-se necessária um a reparação. Como? Por meio da Encarnação do Fi lho uni gênito de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que viri a à Terra reparar a malícia infinita do pecado, padecer na Cruz pelos homens e, com seu sacrifício, redimi-los. Este mistério cumpriu-se por obra do Espírito Santo, com a Encarnação do Verbo de Deus, Nosso Senhor Jesus Cri sto. "Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um.filho, e o eh.amarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco" (Mt l , 23)-anunciou tal mistério o Profeta Isaías, sete séculos antes de sua reali zação(ls7, 14). "Quem é esta que se levanta como a aurora que surge, bela como a lua, resplandecente como o sol, terrível como um exército enfileirado para a batalha?" (Cant 6, 9). Os exegetas interpretam esse texto como sendo o nascimento da Santíssima Virgem, que, como a aurora,
Quatro anos após a proclamação do dogma da Imaculada Conceição, Nossa Senhora confirma tal verdade de fé em Lourdes
CATOLICISMO
anuncia o nascer do sol - o sol de Ju stiça, o Salvador do gênero humano que se fez homem para nos salvar. Nossa Senhora, obra prima da criação, é a antítese de Eva. O Magistério da Igreja ensina que a má ação de E va, assoc iada à de Adão - causadora da ruína da humanidade - foi desagravada por Nossa Senhora, a nova Eva, associada a Nosso Senh or Jes us Cri sto, o novo Adão. 5 lçenção <le qualquer mácula ... Em sua qualidade de Mãe de Deus, não se ri a sap ie nc ia l qu e E la fosse co ncebid a sem mácula algum a? Ao contrário de todos os seres humanos que, sem exceção, vêm ao mundo com a mancha origi nal - , não seria possível que Ela fosse a úni ca exceção? Sim, é c laro, para Deus nada é impossível. Não convinha que a Mãe do Verbo de Deus fosse, ainda que por um instante apenas, macul ada pelo pecado orig in al, portanto escrav izada ao demôni o. Se tivesse contraído a mancha ori ginal, Ela ficaria, mesmo sem culpa própri a, sob o domínio do demônio. Mas, se Nosso Senhor Jesus Cri sto veio à Terra para redimir todos os homens, co mo e nsin a o dogma da Redenção Universal, em que situação fica Nossa Senhora? Ela não estari a incl uída na Redenção , se foi i enta do pecado antes da vinda do Salvador? Ela não precisaria, portanto, da Redenção? Os teólogos ensinam que o privilégio da Imaculada Conceição foi-Lhe conced ido em previsão dos méritos que seriam adq uiridos por No so Senhor, e Ela se beneficiou da Redenção antes que esta se consu masse. " Potuit, decuit, ergo fecit" (Deus podia fazê- lo, convinha que o fizesse, logo o fez). Com este célebre axioma, o beato franciscano João Duns Scoto (1265-1308) concluíra sua expos ição, em defesa da Imaculada Conceição, na Universidade de Paris. Foi considerado um brilhante triun fo o fato de ter sintetizado, na se ntença acima, as razões do referido privilégio. Deus Todo Poderoso pod ia criar a Virgem Santíss ima isenta de pecado. Ele certamente o queria, pois convinha à altíssima dignidade daquela que viria a ser a Mãe do Divino Salvador, que Ela estivesse Iivre de qualquer mác ul a; Ele, portanto,
Santo Afonso Maria de Ligório
São Bernardino de Siena concedeu-lhe ta l privilégio. Temos aí o maravilhoso e sin gul ar privilégio da Imaculada Conceição. ... na prnvisão <la Redenção
A Santa Igreja e ns in a que Maria Santíssima foi preservada do pecado origina l, na previsão dos futuros méritos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele a pré-redimiu desde o primeiro instante da sua ex istência, sendo
Ela, dev ido aos frutos da Redenção, criada em estado de inocência ori ginal. Sendo concebida sem pecado ori ginal, Ela ficou também preservada de qualqu er concupi scência (de qualquer tendência para o mal), que é decorrência da mancha deixada pelo pecado ori ginal, sem no entanto ser culpa pessoal. Não é crível que Deus Pai onipotente, podendo cri ar um ser em perfeita santi dade e na plenitude de inocência, não fizes se uso de seu poder a favo r da Mãe de seu Divino Filho. O Doutor da Igreja Santo Afonso Mari a de Ligório (] 696- J787), em seu livro Glórias de Maria San.tíssima, exemp lifi ca de modo muito vivo tal questão: "Suponhamos que u.m exce lente pintor tivesse que desposar uma noiva, form.osa ou.feia, conforme os traços que lhe desse. Que diligência não empregaria, então, para torná- la a mais bela possível! Quem poderá, pois, dizer que outro tenha sido o modo de agir do Espírito San.to, relativamente a Maria? Podendo criar uma Esposa toe/aformosa com.o Lhe convinha, teria deixado de fa zê-lo ? Não! Tal como Lhe convinha A fe z, como atesta o próprio Senhor, celebrando os louvores de Maria: 'És toda fo nnosa, ,ninha amiga, em ti não há mancha original'" (Cânt 4, 7)". 6 São Bernardino de Siena, famo so pregador popul ar do sécul o XV, dá-nos outro exemp lo igualmente eloqüente: "Nenhum. outro j tlho pode escolher sua Mãe. Mas se a algum deles fosse dada tal escolha, qual seria aquele que, podendo ler por m.ãe um.a rainha, a quisesse escrava ? Ou, podendo tê- la nobre, a quisesse vil? Ou, podendo têla amiga, a quisesse inimiga Deus ? Ora, o Filho de Deus, e Ele tão somente, pôde escolher para si um.a mãe a seu agrado. Por conseguinte, deve-se ter por certo que A escolheu tal qual convinha a um Deus. Mas a um Deus puríssimo convinha uma Mãe isenta de toda culpa . Fê-La, por isso, imaculada ". 7 * * * Na comemoração dos 150 anos do dogma da [maculada Conceição, e em agradec imento a Deus pelas prodigiosas graças adv indas dessa magn ífica declaDEZEMBRO 2004 -
corresponda a tão maternal predileção. Que Ela conceda, especialmente a todos seus filhos brasileiros, urna admiração enlevada por sua pureza imaculada e um horror a qualquer forma de pecado. E-mai l cio a utor :
oscarviclal @catol ici smo.com .br
Notas:
Igreja de N . Sra . da Conceição (Salvador)
ração pontifícia, prestamos nossa hu milde homenagem, mediante a propagação da devoção Àquela que é "cheia de graça" e "bendita entre todas as mulheres" (Lc 1, 28). Nesse sentido, oferecemos a seguir a nossos leitores alguns trechos extraídos do muito bem documentado livro Pio IX, de autoria do Prof. Roberto de Mattei, formado em História Contemporânea na Universidade La Sapienza, de Roma, e titular da cátedra de História Moderna na Universidade de Cassino. Essa obra, recentemente publicada em português, narra - entre diversos outros fatos da vida do Bem-aventurado Papa Pio IX os antecedentes da definição dogmática e o solene ato, culminante do pontificado do "Papa da Imaculada Conceição". Por fim, apresentamos também aos caros leitores substancioso artigo da lavra do líder católico brasileiro de projeção mundial, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, redigido para Catolicismo, por ocasião do centenário dessa definição dogmática.
Prndileção pelo Brasil Não poderíamos encerrar esta introdução sem lembrar a honra obtida pelo Brasil , de ter como Padroeira e Rainha Nossa Senhora da Co nceição Aparecida (vide Catolicismo, setembro p.p.). Conceição que lembra justamente ,
CATOLICISMO
N. Sra. da Conceição (Salvador, 1549)
o privilégio da concepção sem mancha, de que ora tratamos. Ademais, outra imensa honra para nosso País, obtivemos pouco tempo após o Descobrimento: "Em. J549, chegou ao Brasil o primeiro Governador-Geral, Tom.é de Souza, cuja esquadra trazia em sua nau-capitânea a Imagem. de Nossa Senhora da Conceição [foto acima] . Em Salvador, então capital da colônia, foi edificada próxima ao porto a primeira capela. Nesse pequeno templo religioso, passou a ser venerada a Imagem, e por causa de sua localização era a primeira a ser visitada por todos os que chegavam. .d e viagem. A ig reja prim.itiva foi demolida no século XV/li, para dar lugar a outra, bem. maior [foto ac im a à esquerda], cujas paredes foram constituídas por pedras artisticamente esculpidas em Portugal e de lá trazidas para Salvador". 8 Rogamos a nossa Augusta Padroeira e Rainha, concebida sem pecado original, que, na atual quadra da História do Brasil, açoitado por tantas borrascas, nosso País
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1. " Ima c ulad a Conce ição: Sign.ifi c a qu e, desde o pri,n e iro in s tante d e sua co n cepçcio, a Bem -aventurada Virg em. Maria possuía a justiça e a santidade ou graça, co m as virtudes infusas e os dous do Espíri to San to, e a integridade da natureza " (Cardea l Gasparri , Ca téchism e Ca tlwlique, Naza re th , C habe ui l (Drôme), 1959, p. 73) . 2. Dog111a, ou seja, as verd ades nas quais lodos ca tóli cos elevemos crer. 3. Vicie Catolicisnw , nº 647, novembro/2004, p. 36 . 4. Na sce mos com o pecado origina l, que herdamos ele Adão e Eva, 111as de le somos re111iclo s com o Ba ti s mo . O Catecis 111 0 c it ado na nota I ass i111 define e 111 qu e co n s is te esse sac ram ento: "É um sacram.ento institu ído por Nosso Sen.hor Jesus Cristo sob a fornw de abluçcio [ato de la va r -se]. Por esse sacramento o bati zado torn.a -se m em.bro do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja; ele obtém a remissüo do pecado original e de todos os p ec ados atuais [qua nd o o bati za do é a du lto] que tenham sido co metidos, bem co nw de toda a pena de vida; enfim , ele t o rna -se capa z d e recebe r os outros se, ·ram.e111os. [. .. } O Batismo é necess6rio a todos para serem salvos, pois, segundo a palavra de .Jes us C ri sto: 'qu e m ncio renascer da 6gua e do Espírito não poder6 e ntrar no Re ino de D e u s' (Jo 3,5)" (Cardea l Gasparri , op. cit., pp. 192 e 196). Al é m do batismo ele água, a Igreja e nsina a ex is tência do batismo d e sa ng ue (pe lo martírio) e o bati s mo de desejo, aplicado aos pa gãos qu e , não te nd o meio s de conhecer a Ig reja , entretanto praticam a Lei Natural e desejariam receber o bati s mo se o conhecessem. 5. "Por te r dad o c rédito à serpente, Eva a carretou maldi çcio e ,nort e ao gênero hi1111 a110. Maria acre ditou nas palavras do Anjo, e ob teve que aos hom.ens viesse b ê nção e vida. Por c ulpa de Eva, nas ce m os filhos da ira; por Maria recebemos Jesus Cristo, que nos regene ra co mo fi lh os da g ra ç a " (Catec ismo Roma n o, Ed. Vo zes Ltda. , Petrópoli s, 1962 , p. 10 3). 6. Sa nto Afon so Maria de Ligório , Glórias de Maria Santíss im.a, Ed. Vo zes Ltcla., Petrópolis , 1957, p. 199 . 7. Op . ci t. , p. 194. 8. Catolicisrno, nº 327, março/1978, p. 2.
Discussão sobre a Imaculada, reprentada num afresco do Vaticano
Pio IX
Papa da Imaculada Conceição Antecedentes da definição do dogma da Imaculada Conceição, que "será até o fim dos séculos lembrado como um dos dias mais gloriosos da História": excertos da obra Pio IX, do Prof. Roberto de Mattei *
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2defevereirnde 1849,oPontífice - que a 1º de julho do ano precedente tinha nomeado urna comissão de teólogos para examinar a possibilidade e a oportun idade da definição - dirigia a todos os bispos do mundo a encíclica Ubi primum nullis, a fim de pedir o parecer de todo o episcopado católico sobre o mérito da definição. [... ]
As respostas favoráveis dos bispos à encíclica foram 546 - sobre um total de 603- isto é, mais de nove décimos. Confortado, assim, pelo apoio do episcopado, além dos pareceres emitidos por urna congregação cardinalícia e uma comissão teológica, expressamente constituídas para esse fim, e da Coletânea redigida por outra comissão, sob a direção do cardeal Raf-
faele Foma.ri, com 'argunien.tos para servir ao redator da Bula dogmática', Pio IX anunciou, por fim, a 1º de dezembro de 1854, ao Sacro Colégio reunido em consistório secreto, ai minente proclamação do dogma da Imaculada Conceição, prevista para 8 do mesmo mês. A Bula Jne.ffabilis Deus foi, assim , o resultado de nove esquemas sucesDEZEMBRO 2004 -
sivamente elaborados, atravês da consulta feita a diversas comissões encarregadas do trabalho de preparação.
* * * Sexta-feira, 8 de dezembro de 1854. Desde as seis horas da manhã, as portas de São Pedro estiveram abertas, e, às oito, a imensa basílica j á estava repleta de povo. Na capela Sistina, onde estavam reunidos 53 cardeais, 43 arcebispos e 99 bispos, vindos de todo o mundo, teve início uma grande procissão litúrgica, que se dirigiu para o altar da Confissão, na basílica do Vaticano, onde Pio IX celebrou a Missa so lene. Ao terminar o canto cio Evangelho em grego e latim, o Cardeal Macchi, deão do Sacro Colég io, ass istido pelo mais idoso membro do episcopado latino, por um arcebispo grego e um armê ni o, veio prostrar-se aos pés do Pontífice implorando- lhe, em latim e com voz surpreendentemente enérgica para os seus 85 anos, o decreto 'que haveria de ocasio-
nar alegria no Céu e o maior entusiasmo em toda a Terra'. Depois de entoar o Veni Creator, o Papa sentou-se no trono e, tendo na cabeça a tiara, leu em tom grave e voz fo rte a so lene definição dogmática.
* * * Desde o momento em que o cardea l deão fez a súplica para a promulgação do
dogma, até ao Te Deum que foi cantado depois da Missa, ao si nal dado por um tiro de canhão no Castelo de Sant' Angelo -clw·ante uma hora, das 11 ao meio-dia todos os s in os das igrejas de Roma tocaram festivamente para ce lebrar aquele dia que, como escreve Mons. Campa na, 'será até o fim dos séculos
lembrado como um dos dias ,nais gloriosos da História.[. .. ] A importância deste ato não pode passar despercebida a ninguém. Foi a solene a.firmação da vitalidade da Igreja, no momento em que a impiedade desenfreada se vangloriava de a ter quase destruído'. 1 Todos os presentes afirmam que, no momento da proclamação do dogma, o rosto de Pio IX, banhado em lágrimas, fo i iluminado por um fe ixe de luz que descia do a lto.2 Mons. Piolanti , que estudou os testemunho deixados pelo fiéis que presenciaram o fato, afirma, à luz da sua longa experiência na basílica do Vaticano, que em nenhum período do ano, muito menos em dezembro, é possível um raio de sol entrar por um a das janelas para iluminar qualquer ponto da abs ide onde se encontrava Pio IX, 3 e concorda com a descrição feita pela Madre Giulia F ilippani, das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, presente no momento da definição, segu ndo a qual não era possível expli car natu ralmente o extraordinário clarão que iluminou o rosto de Pio IX e
toda a abside: 'Aquela luz - declara e la -foi atribuída por todos a uma causa sobrenatural'. 4 A uma religiosa que um dia perguntou ao Pontífice o que sentira no momento ela definição, o próprio Pio IX manifestou o que lhe ia na alma naquela ocas ião: 'O
que eu experimentei, o que eu conheci ao definir este dogma, é tão grande, que nenhuma língua humana o poderia exprimir. Quando comecei a promulgar o decreto dogmático, senti que a minha voz era impotente para se fa zer ouvir pela imensa multidão (50 mil pessoas)
Pio IX iluminado por um feixe de luz
que se comprimia na basílica do Vaticano. Mas, quando cheguei à .fôrm.ula de definição, Deus concedeu à voz do seu Vigário tal força e vigor sobrenatural tão grande, que ela ressoou em toda a basílica. Fiqu ei tão impressionado com este socorro divino, que.fiti obrigado a suspender o discurso por um instante, a .fún de dar livre curso às lágrimas. Além disso, enquanto Deus proclamava o dogma pela boca do seu Vigário, o próprio Deus comunicou ao meu espírito um conhecimento tão claro e tão vasto da incomparável pureza da Santíssima Virgem, que me perdi como num abismo na profunde za dess e conhecimento que língua alguma podia descrever, e a minha alma ficou inundada de delícias inenarráveis, de delícias que não são da Terra e que se não podem exp erimentar senão no Céu. Nenhuma prosp eridade, nenhuma alegria deste mundo poderia dar a menor idéia daquelas delícias; e eu não receio afirmar que o Vigário de Jesus Cristo teve necessidade de uma graça especial para não morrer de f elicidade, sob a impressão deste conhecimento e deste sentimen/o da beleza incomparável de Maria lmaculada'. 5 A definição do dogma da Im aculada Conceição su scitou um extraordinár.io entusi asmo no mundo cató li co e revelou a vitalidade da fé cató li ca, num séc ul o
agred ido pelo racionalismo e pelo natu-
ralismo. 'Depois da definição do Concílio de Éfeso sobre a divina maternidade de Maria - escreve a ind a o teólogo Campana - a História não pode registrar outro fato que tenha suscitado tão vivo entusiasmo pela Rainha do Céu, como a definição da sua · total isenção de culpa'. 6 Entre as numerosíssimas recordações da solene definição, que permaneceram até os nossos dias, temos aind a a co luna da Imaculada, na praça de Espanha, em Roma, ergu ida a 18 de dezembro de 1856 e benzida por Pio IX a 8 de setembro de 1857. [... ]
* * * O primeiro grande ato cio pontificado de Pio IX - a definição do dogma da Imaculada - é muito ma is do que a pública exp ressão daquela profunda devoção a Nossa Senhora, que desde a infância tinha caracterizado a espiri tualidade de Giovann i Maria Mastai Ferretti . Ele manifesta a sua profunda conv icção na ex istência ele uma relação entre a Mãe ele Deus e os acontecimentos históricos, e, de modo particular, da importância do privilegio da sua Imaculada Conceição, como antídoto para os erros contemporâneos, cuj o fulcro está precisamente na negação cio pecado origi nal.
O fundamento clest~ privilégio mariano está na absoluta opos ição ex istente e ntre Deus e o pecado. Ao homem concebido no pecado, contrapõe-se Maria, co ncebida sem pecado. E a Maria , enq uanto Imaculada, foi reservado vencer o mal, os erros e as heres ias que nascem e se desenvolvem no mundo como conseqüência do pecado. De Maria a Igreja canta o louvor: Cunctas haereses
sola interemisti in universo mundo. 7 O privilégio da Imaculada deve ser cons id erado, pois, não de maneira abstrata e estática, mas na sua projeção histórica e social. A Imaculada não é, na verdade, uma figura isolada das outras naturezas humanas que foram, que são e que serão: 'Toda a história humana é
iluminada e nobilitada por esta excelsa criatura, a única que, em perfeição, é inferior somente a Deus'. 8 [ ... ]
* * * No quadro teológico da lneffabilis Deus, Nossa Sen hora aparece-nos, pois, como a vencedora gloriosa das heresias da qual fa lam todos os Pontífices, e é à oposição entre a Virg em toda bela e Imaculada e a crudelíss im a serpente, que se reconduz - como aos seus primeiros e fundamentais agentes - o antagonismo radical entre a Igreja e aq ue la Revolução dos tempos modernos, que tem os seus ge rm es mais ativos e profundos na
Procissão papal na Basílica de São Pedro em Roma . ~'
CATOLICISMO
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o fulcro da Jn ejfabilis Deus: Porei inimizades entre ti e a Mulhe1; entre a tua descendência e a descendên cia d' Ela; Ela te esmagará a cabeça e tu armarás insídias ao seu calcanhar (Gn 3, 15). 'Deus - comenta São Luís Maria não pôs somente uma inimizade, mas inimizades, e não somente entre Maria e o demônio, mas também entre a posteridade da Santíssima Virgem e a posteridade do demônio. Por outras palavras, Deus pôs inimizades, antipatias e ódios secretos entre os verdadeiros filhos e servos da Virg em Maria e os .filhos e escravos do demônio. Não há entre eles a menor sombra de amor, nem correspondência íntilna existe entre uns e outros! ' 11 A opos ição entre estas duas fanúlias espirituais está destinada a di vidir implacavelmente a humanidade, até o fim da H istória. Sobre este fundo de quadro situa-se a luta entre a Igreja e a Revolução".
Notas: *
1.
2. 3.
4. 5.
desordem das paixões, fruto do pecado do homem decaído. 9 A Revolução - organização social do pecado - está destinada a ser vencida pela graça, dom divino conced ido aos homens na Cruz por Nosso Senhor Jes us Cristo. 10 A Virge m Dolorosa , Regina Martyrum, foi associada a esta obra redentora, aos pés da Cruz, por ter sofrido sobre o Calvário, em união com o seu Filho, o maior dos martírios. É na Cruz que se funda a mediação universal e onipotente de Maria, verdade que constitui a maior razão de esperança para todos aque les que combatem a Revolução. Se a serpente, cuja cabeça fo i CATOLICISMO
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Rob e rto de Matte i, Pio IX, tr ad ução portuguesa do ori g ina l it a li ano por Antó ni o Ca rl os de Azeredo, Livra ri a Ed itora C ivili zação , Porto, pp . 19 1 a 2 J 3. E. Ca mpana , Mar ia ne/ do gma ca 11olico, Mari ell i, Tur im - Roma , 1936 , pp . 598-599. Pos itio , pp . 24, 129, 5 0 3, 1004, e tc. A . P iola nti , l 'l111111 aco lata Stella de i Pontijicato di Pio IX, in rev ista " Pi o IX ", 1 Uane iro-A bril, 1988), p. 42. Positio , p. 129. C fr. V. Sard i, la solenn e dej,nizione dei
Dog ma de /l 'l111111aco /ato Co11cepime11to di Maria SS., Aui e Docume11ti, Tipog rafia Vat ica na, Roma , 1905, T. li, pp. 428 -430; Positio, pp . 24-2 5.
esmagada pela Virgem Imacu lada, é a primeira revolucionária, Maria, dispensadora e tesoureira de todas as graças, é, na verdade, o canal através do qual os cató licos alcançarão as graças sobre·naturais necessári as para combater e esmagar no mundo a Revolução. A luta entre a serpente e a Virgem , entre os filhos da Revolução e os filhos da Igreja, delineia-se, poi s, como a luta total e irreconciliável entre dua 'fam ílias espirituais', co mo tinha profetizado no sécu lo XVIII São Luís Maria Grignion de Montfort, o santo ao qual se deve a leitura talvez mai s inspirada e lu minosa da passagem do Gênesis que constitui
6. E. Ca mpana , o p. c it. p . 600. 7. Co mm. Fest. B. M. V. ad M atul. , a nt. 7. 8. Lui g i Bog l io lo, Pio IX e / 'l111111aco/ara, na rev is ta "Pio I X" 3 (Se te mbro- Deze mbro , 1982), p. 326. 9. C fr. Plínio Co rrêa de O live ira, Rivo/u zione e Co 11t ro- Ri vo /uzio11 e, trad. it. d e lu ci sulf'Est, Roma , 1999 , pp. 108 - 109 . JO. Sobre estes pontos , vide Plínio Co rrêa de Oliveira , la devo zio11 e mariana e / 'apos to /at o co11t ro -ri vo /u zi11.ario, i n "C rist ia nità" , Piace nza, 247-248 (Novembro-Deze mbro, 1995), pp. 9 - 15 e R. de Matte i, li crociato dei seco/o XX, Piemme , Roma, J 996 , pp. 3 1 1-356. 11. São Luís M a ri a G ri g n io n de Montfort,
Tra i/ato de /la vera devo zio11 e a Mar ia, Ce ntro Mar iano Mo nfortiano , Roma, 1976, p. 53.
Pio IX Bula INEFFABILIS DEUS
satisfazendo, assim, os mais santos desejos do Orbe Católico e de Nossa própria devoção para com a Santíssima Virgem; e honrando, na Virgem, sempre mais o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, Senhor Nosso, visto que toda honra e louvor votados à Mãe revertem para o Filho. A Definição Infalível
1. Misericórdia e verdade são os caminhos do Deus inefável; onipotente é sua vontade, e sua sabedoria se estende poderosamente de uma extremidade a outra, dispondo todas as coisas com suavidade (Sb 8, 1 ). Desde os dias da eternidade previu Deus a mais dolorosa ruína de todo o humano gênero, que resultaria do pecado de Adão. Por isso, num mistério escondido nos séculos, determinou Ele completar a primeira obra de sua bondade, num mistério ainda mais esconso, pela Encarnação do Verbo, para que o homem, induzido ao pecado pela ardilosa perversidade do demônio, não perecesse, contrariamente ao seu desígnio cheio de clemência; e assim, o que estava em iminência de ser frustrado no primeiro Adão fosse restituído, com maior felicidade, no Segundo Adão.
41. Pelo que, em oração e jejum, não cessamos de oferecer a Deus Pai, por seu Filho, Nossas preces particulares e as de todos os filhos da Igreja, para que se dignasse dirigir e fortalecer Nossa inteligência com a força do Espírito Santo . Imploramos, ainda, a ajuda de toda a milícia celeste e, com verdadeiros anelos do coração, invoc amos o Paráclito . Portanto, por sua inspiração, para honra da Santa e Indivisa Trindade, para glória e adorno da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da Fé Católica e para a propagação da Religião Católica, com a autoridade de Jesus Cristo, Senhor Nosso, dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e Nossa, declaramos, promulgamos e definimos que a Bem -aventurada Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, foi preservada de toda mancha de pecado original, por singular graça e privilégio do Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador dos homens, e que esta doutrina está contida na Revelação Divina, devendo, por conseguinte, ser crida firme e inabalavelmente por todos os fiéis.
Escolha da Santíssima Mãe
2. Em vista disso, desde todos os tempo s, escolheu Deus e predestinou uma mãe para o seu Unigênito Filho , na qual se encarnaria e viria ao mundo, quando a abençoada plenitude dos tempos houvesse chegado . E a ela dispensou Deus mais amor que a todas as outras criaturas, e nela somente achava agrado, com a mais afetuosa complac ência. Por isso a cumulou, de maneira tão admirável, da abundância dos bens celestes do tesouro de sua divindade , mais que a todos os outros espíritos angélicos e todos os santos, de tal forma que ficaria absolutamente isenta de toda e qualquer mancha de pecado, podendo, assim, toda bela e perfeita, ostentar uma inocência e santidade tão abundantes, quais outras não se conhecem abaixo de Deus, e que pessoa alguma, além de Deus, jamais alcançaria, nem em espírito. Com efeito, era conveniente que t ão vener áv el Mãe brilhasse sempre aureolada do esplendor da mais perfeita santidade, e que fosse de todo isenta até da própria mácula do pecado original, alcançando , assim, o mais completo triunfo sobre a antiga Serpente (Gn 3, 15) . E tudo isto por ser ela a criatura a quem Deus Pai quis dar seu Filho Único, o qual gerou de seu próprio coração, igual a Si e a quem Ele ama como a Si mesmo . DeuLho, de forma que Ele é, por natureza, um e o mesmo Filho de Deus Pai e da Virgem. Ela é, tamb ém, o ser que o próprio Filho escolheu e fez real e verdadeiramente sua Mãe . Ela é, enfim, a criatur a de quem o Espírito Santo quis que o Filho , do qual procede, fo sse concebido e nascido por obra sua. [ .. .) Pedidos para a Definição
33 . Aqui a ra zão por que, desde os t empos remoto s, os bispos da Igreja, eclesiásticos, ord ens religiosas e até imperadores e reis dirigiram fervoroso s m emori ais à Sé Apostólica, em prol da definiç ão da Imacul ad a Conceição da Virgem Mãe de Deus como dogm a da fé católica. Mesmo em nossos dias, reiteraram -se estas petições. Foram elas dirigidas, de modo especial, à
CATOLICISMO
nações e povos e possa espalhar seu reino "de mar a mar, do rio até aos confins da terra" (SI 71, 8), e desfrute de perfeita paz, tranqüilidade e liberalidade . Ela obterá, também, perdão aos pecadores, saúde aos doentes, alento aos fracos, consolo aos aflitos, amparo aos que estão em perigo. Ela há de apagar a cegueira espiritual dos que erram, para que possam voltar às sendas da verdade e da justiça, e para que haja um só rebanhq e um só pastor. 44. Que todos os filhos da Igreja Católica, tão caros ao Nosso coração, ouçam estas Nossas palavras . Continuem, com um zelo ainda mais ardente de piedade, de religião e amor, a cultuar, invocar e orar à Bemaventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, concebida sem pecado original. Recorram com inteira confianca a esta Mãe dulcíssima de clemência e de graça nos ·perigos, dificuldades, necessidades, dúvidas e temores. Pois, sob sua égide, seu patrocínio, sua proteção, não há receios e nem desesperanças. Porque, enquanto Nos dedica uma afeição verdadeiramente maternal e zela pela obra de Nossa salvação, Ela se mostra solícita para com todo o gênero humano. E, desde que foi designada por Deus para ser a Rainha do Céu e da Terra e exaltada acima de todos os coros angélicos e de todos os Santos, Ela assentada à direita de seu Unigênito Filho, Jesus Cri sto, Nosso Senhor, apresenta nossos rogos da maneira mais eficiente, e alcança o que pede, pois sempre é atendida.[ ... ) Publicação da Definição
aten çã o de Nosso antecessor Gregório XVI, de saudosa m emóri a, e a Nós m esmo, não só por bi spos, m as tamb ém pelo clero secular, comunidade s religio sas , por legisladores de nações e pelos fiéi s. [ ... ) O Consistório
39. Após estes acontecimentos, desejando proceder de modo conven iente e reto, a ex emplo de Nos sos antecessores anunciamos e celebramos um Consistório, no qual Nos dirigimos a No sso s Irm ãos, os Cardeais da Santa Igreja Romana. Foi para Nós a m aior aleg ri a espiritual ao ouvi -los suplicarem promulg ásse mo s a definição do dogm a da Conceição Imaculad a da Vi rge m Mãe de Deus. 40 . Por isso, tendo plena confi ança no Senh or de que já chegou o tempo oportun o pa ra a defini çã o da Imac ulada Conceição da Virg em M aria, M ãe de Deus, que as Divinas Escrituras , a veneranda Tradição, o desejo inc essante da Igreja , o sin g ul ar co ns entim ento dos Bi spos católicos e dos fi éis, e os atos e c onstituições ass inal ado s do s No ssos anteces sores ilustr am e proclamam ; hav endo co nsiderad o diligente mente t odos os ac ontec im entos e te ndo dirigido a Deu s solícitas e sinceras preces , Nós julgamos não devermos fazer t ardar por m ais t emp o a ratifi ca ç ão e definiç ão, por Nossa autorid ade suprem a, da Im aculada Conceição da Virg em,
42. Em cons eqüência, se alguém ousar - o que Deus não permita - pensar contrariamente ao que definimos, saiba e esteja ciente de que ipso facto incidiu em anátema, de que naufragou na fé e apostatou da unidade da Igreja; além disso, por sua própria causa incorre nas penalidades estabel ecidas por lei, caso se atreva a manifestar, por palavras ou por escrito, ou por outros quaisquer meios externos, sua opinião íntima . Frutos da Imaculada Medianeira
43. Nossa língua transborda de alegria e nosso coração rejubila. Rendemos e não cessaremos de render os mais humildes e sinceros agradecimentos a Cristo Jesus, Senhor Nosso, por Nos ter concedido, embora indigno, por singular favor seu, decretar e oferecer esta honra, glória e louvor à Santíssima Mãe. Ela, toda pura e imaculada, esmago u a cabeça envenenada do mais cruel dragão, tra zendo ao mundo a salvacão· Ela é a glória dos Profetas e do s Apóstolos, a· h;nra do s Mártires, a coro a e delíc ia dos Santos; o refúgio mais seguro, o mais valioso amp aro de quantos se acham em perigos. Com o seu Unigênito Filho, Ela é a mais poderosa Mediadora e Consoladora no mundo universo . Ela é a suma glória e ornam ento, a fortalez a inexpugnável da Santa Igreja . Pois Ela destruiu tod as as heresias e livrou os povos e nações fiéis de tod as as ca lamidades gravíssimas . Também a Nós livrou - No s de t antos perigos que nos assediavam. Temos, poi s, c onfi ança e esperan ç a ab solutas e totais de que a Bem -av enturad a Virgem, por seu patrocínio valiosíssimo, far á com que todas as dificuldades sejam removidas e todos os erro s dissipados, a fim de que Nossa Santa Madre Igreja Católica possa floresc er, sempre mais, entre todas as
45. Para que, finalmente, esta Nossa definicão da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Mar.ia seja conhecida de toda a Igreja, desejamos que esta Nossa Carta Apostólica se torne um memorial perpétuo; ordenamos, também, que os transcritos e publicações que vierem a ser feitos e postos à venda ou ao público, contenham a mesma autenticidade do original. Tais traslados e cópias, contudo, devem ser subscritos por um notário e autenticados pela censura de uma pessoa da ordem eclesiástica. Por isso, que ninguém infrinja este documento de Nossa declaração, promulgação e definição, nem se oponha ou contradite temerária e atrevidamente. Se alguém se der a liberdade de intentar tal, saiba que incorrrerá na cólera do Deus Onipotente e dos Bem -aventurados Apóstolos Pedro e Paulo.
Dada em Roma, junto de São Pedro, aos 8 do mês de dezembro do ano de 1854 da Encarnacão de Nosso · Senhor, 9° ano de Nosso Pontificado. Pio IX, PAPA Pio IX, Bula lneffabilis Deus, de 8 de deze mbro de 1854, Editora Vo zes Ltd a., Petrópoli s - RJ, 1947 (Excerto s).
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fa lhos de co nhecime nto d a Religião verdadeira, jaziam à sombra da morte, esperando sem o saber, ou movidos às vezes por um secreto impul so, o Salvador que deveria vir. E ntre os gentios, ainda duas categorias se poderiam distinguir: os romanos, dominadores do universo, e os povos que viviam sob a autoridade do Império. Uma análise da época em que ocorreu a vind a do Mess ias implica no exame da situação em qu e se encontrava cada um a destas frações da humanidade.
l'1 PU NIO C ORRÊA DE OLIVEIRA
Q
ui s a Federação Mariana Feminina de Sa ntos comemorar o aniversári o de sua fund ação com uma sessão so lene rea li zad a no sa lão nobre do Santuário de Santo Antonio do Em baré, dedicada à l macu!ada Conceição da Virge m Maria. Idé ia particul armente piedosa e oportuna, pois se re laciona com o Ano M arian o decretado pe lo Santo Padre Pio XII para reav ivar a devoção dos fiéis para com es te ass in a ladíss imo privilégio da Mãe de Deus. Convidado a fazer nessa soleni dade uma conferência sobre o dog ma definido por Pio IX, tive ocasião de externar algumas reflexões que amigos santi stas quiseram poss uir por esc rito . Atendo a se u a máve l desejo, resumo-as no prese nte arti go, e espero interessem também a outros leitores deste jornal .
* * * N a vida d a l greja, a pi edade é o ass unto-chave. Piedade bem entendida, que não seja a repetição rotineira e estéril de fó rmul as e atos de culto, mas a verdadeira pi edade, que é um dom descido do Céu, capaz de, pe la correspondênc ia do homem, regenerar e levar a Deus as almas, as famíl ias, os povos e as civilizações. Ora, na piedade catól ica o ass untochave é por sua vez a devoção a Nossa
Po<ler, glória e decadência
Plinio Corrêa de Oliveira
Senhora. Pois se é E la o canal pelo qual nos vêm todas as graças, e é por E la que nossas preces chegam até Deus, o grande segredo do triunfo na vida esp iritua l consiste e m estar intim amente unido a Maria. A humanidade, antes de Jesus Cristo, se co mpunha de du as categori as niti damente diversas, os judeus e os gentios. Aq ue les, constituindo o Povo Eleito, tinham a Sinagoga, a Lei , o Templo e a Promessa do Messias. Estes últim os, dados à idolatri a, ig norantes da Le i,
Fa la-se muito do valor militar dos romanos e do brilho das conqui stas que fizeram. É óbv io que muito há que admirar neles sob este ponto de vista. M as uma exata ponderação de todas as c ircu nstâncias hi stór icas nos ob ri ga a reconhecer que, se os romanos fizeram grandes conquistas, os povos que suje itaram eram na sua n-ia ior parte velhos e gastos, dominados por seus próprios vícios, e por isto fadados a ca ir sob o guante do primeiro adve rsário que se lhes op use se. Afirmação esta tão válida para a Grécia qu anto para as nações da Ás ia e da África, exceção fe ita talvez de Cartago. O que havi a reduzido a este estado de debi lidade tantos povos, outrora dominadores e che ios de g lória? A corrupção moral. A traj etória hi stórica de todos eles é a mesma. De início, encontravamse em estágio semiprimi tivo, levando uma
A santa intransigência, um aspecto da Imaculada Conceição Nu1na escura noite moral da humanidade, a Luz brilhou nas trevas. Da Virgem Santíssima, concebida se1n mácula original, nasceu o Verbo de Deus, o Sol de Justiça CATOLICISMO
Baixo-relevo romano representando ataques de bórbaros
Imperador Augusto
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vida simpl es, di gnifi cada por ·uma certa retidão natural. Desta lhes vem a fo rça que lhes permite dominar os vi zinhos e constituir um império. Mas com a glóri a vem a riqueza, com a riqueza os prazeres, e com estes a devassidão. A devass idão traz po r sua vez a mo rte de todas as virtudes, a decadê ncia soc ial e política e a ru ína do império. E ass im , um de poi s do outro , os gra ndes povos do Ori ente fo ram aparecendo no cenári o hi s~óri co, crescendo até seu fas tígio e minguando. Todas as nações c ivili zadas qu e R o nia ve nce u hav ia m pe rcorrido as vá ri as e ta pas deste c ic lo. Ela mes ma as pe rco rre u por s ua vez . As virtudes fa miliares da Roma da Realeza e da Repúbli ca aristoc rática deram-lh e a gra ndeza. Ao fi m da Repú blica, o lu xo começou a de prava r os caracteres e teve princípi o o dec líni o. O Império, q ue é no seu início um magnífico pôrde-so l, se tra nsforma gradualmente em crepúsculo inglóri o e pardacento.
queda de Ro ma teri a sido o co lapso do Ocidente. Com o ocaso de Roma, iniciado j á antes de Cristo, era todo o Ocidente que ameaçava ruir. Era o fim de um a cultu ra, de uma civili zação, de um ciclo hi stóri co. Era um fim de mundo ...
Naquela época tenebmsa ...
A lmmani<la<le na noite mol'al Foi no mo mento em que Ro ma entrava na fase ainda N. Sra . da áurea dessa rota descendente, que Jesus nasceu. A hi stória dos futuríve is é peri gosa. E m todo o caso, é permi tido indagar o que teria ocorrido no mun do med ite rrâ neo , q uando Roma terminasse sua invo lução, se o Verbo de Deus não se tivesse encarnado. Até e ntão, cada nação c ivi li zada passara o legado de sua cultura ao vencedor. Os persas, por exemplo, se nutri ra m da cultu ra assiro-babilôni ca e egípcia. O gregos se nutri ra m da cultura egípc ia e persa, os romanos da cultura grega. E ass im , cami nhando do Orie nte para o Ocidente, veio sendo tra nsm itida a civilização. Exti nta Roma, em que mãos ficaria o legado? N as dos bárbaros. Mas a H istória prova que sem a Igreja e les não se te ri a m civili zado po r ocas ião das inv asões, e ass im se m Jes us C ri sto a
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CATOLI CISMO
sub- re ptíc ia de do utrin as exóticas na Sinagoga, a fo rmação de um sacerdóc io se m fi bra, sem espírito de sacri fício, di spos to a tudo para vegetar pachorrenta me nte à so mbra do Templ o, e a prope nsão de uma im ensa maiori a de judeus a seguir esta política. Os líd e res d es ta te ndência ocupava m tudo, invadi a m tud o, do min ava m tud o. Co m a epo pé ia d os Macabeus, tinha terminado a influência dos partidári os da integrid ade israe lita. Estes e ra m ao te mpo de Cr is to apenas uns raros ho mens de e le ição, qu e aqui e aco lá susp irava m e chorava m na sombra, à espera do Dia do Senhor. Os outros abrira m os braços para o inimi go dominado r. O povo ele ito caíra també m ele sob o jügo romano. Era também um fim . A noite, a noite moral do o bscurecimento de todas as verdades, de todas as virtudes, descera sobre o mundo inteiro, gentilidade e Sinagoga ...
Conceição : invocação da santa intransigência
Ora, o povo ele ito também estava no fi m. D uas tendê ncias sempre se haviam ass in a lado de ntro de le. Uma q ue ria perma necer fie l à Lei, à Promessa, à sua vocação hi stóri ca , co nfia ndo inteiramente em Deus. Outra, porém, de pouca fé, de pouca esperança, se amedrontava considera ndo a nenhuma va li a mil itar e .po lítica dos judeus no mundo antigo. Diferentes de todos os povos por sua raça, sua língua, sua Religião, exíguos como popu lação e território, estava m os israe li tas a pique de ser submersos já antes de C ri sto. A melhor e tratégia que os partidá ri os da po /il ique de la main tendue [política da mão estendida·! tinham na Antiga Lei não consistia e m re istir, mas em ceder. Daí uma adaptação do povo e leito ao mundo gentíli co, a penetração
Fo i nesse cúmul o de males, nesse ambiente oposto a todo o be m, q ue nasce u a mais santa das c ri atu ras, a Cheia de Graças, que todas as nações have ria m de cha mar be maventurada. Po is j á era esta, e m linhas gerais, a situação na época e m que veio ao mundo a Santíss ima Virge m. As proporções de um artigo como este n ão per mi te m u ma desc r ição po rm e no ri zada do q uadro mora l do mund o ro mano. O q ue aliás não seria mui to neces ári o , pois este q uad ro é gera lm e nte co nhecido. Por toda a exte n ão do Jmpério , aristocrac ias nac ionais no úl.timo estado de deco mpos ição mora l se me clavam com aventu reiros enriquecidos nos negócios, na po lítica ou na guerra, com libertos levados ao fastígio da in fl uência pelo favo ritismo, com atores e atletas fa mosos, nu ma vida de prazeres inin terruptos , em q ue os decadentes traziam toda a moleza de seu
spleen, os aventureiros todos os desbraga mentos de seus apetites ain da mal cevados, os favo ritos, os ato res e os atletas todo o a mbien te de bajulação, de in so lência, de in triga, de falsidade, de po liti cage m graças ao qu a l se mantinham. Aug usto, em cujo re in ado nasce u Jes us C ri to , tentou e m vão de te r o passo a todos es es abusos, q ue e m seu tempo vinham tendendo a se firm ar de modo a larmante . Nada conseguiu de durável. E m contraposição com esta elite se é que assim e a pode chamar - estava um mund o in contáve l de escra vos de todas as nações , de tra ba lh ado res ma nuais mi seráveis, corro mpidos ao pes de seus própri os víc ios e dos exemplos vind os do a lto . Famintos, ►' maltratados, cúpid s, ociosos, q ue ri a m de por se us amos, me nos pe la indi gnação que lhes ca usava m seus desmandos do q ue pe lo pesar de não poder le var a mesma vida que e les. Todo um quadro , enfim , que não é prec iso ter muita c ul tura para conhecer, nem muita fi nu ra para sentir em sua real idade vital, poi s não difere sensivelmente dQs dia· te nebrosos em q ue vivemos ...
Na orde m mora l, afirm am que E la transcendeu de mui to todas as virtudes, não só de todos os varões e matronas in signes da Anti güi dade, mas - o que é incomensura velme nte mais - de todos os Santos da Igrej a Católi ca. Imagine-se uma cri atura tendo todo o a mor de São Francisco de Ass is, todo o· ze lo de São Domingos de Gusmão, toda a piedade de São Be nto, todo o reco lh ime nto de Santa Teresa, toda a sabedori a de Santo Tomás, toda a intrepi dez de Santo Inácio, toda a pureza de São L ui z de Gonzaga, a paciência de um São Lourenço, o espírito de morti ficação de todos os anacoretas do deserto: ela não chegari a aos pés de Nossa Senhora.
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...a obl'a-pl'ima <la natureza Ora, enquanto e ra isto o mund o anti go, que m era a Santíssima Virgem, que Deus cr ia ra naq uela época de onímoda decadência? A mais compl eta, intransigente, categórica, in sofismáve l e radical antítese do tempo. O vocabulário hu mano não é sufic ie nte para expr imir a santidade de Nossa Senho ra. Na o rdem natural, os Sa ntos, "Porei inimizades entre ti e a Mulher " (Gn 3, 15) os Doutores A comparam ao so l. Mas se ho uvesse algum astro inconMais ainda. A glória dos Anj os é algo cebi ve l mente ma is brilh a nte e mai s de incompreensível ao inte lecto hu mano. glorioso do que o so l, é a esse q ue A erta vez, apareceu a um santo o seu Anjo comparariam. E acabari am por di zer q ue da G~1ar la. Tal era sua g lória, que o santo este astro da ri a dela um a imagem páli da, pen. ou que se tratasse do próprio Deus, defeituosa, insufic ie nte. e se cl i punha a adorá-lo, qua ndo o Anj o
revelou quem era. Ora, os Anjos ela Guarda não pertencem habitualmente às mais altas hierarqui as ce lestes. E a glóri a de N ossa Se nh o ra es tá in co me ns ura ve lme nte ac im a de to dos os co ros angéli cos. Poderi a haver contraste mâior entre esta obra-prima da natureza e a graça, não só in descrit íve l mas até in co ncebíve l, e o charco de vícios e mi séri as que era o mundo antes de C ri sto?
A Jmacula<la Conceição A esta c ri atura dil eta entre todas, superio r a tud o qu anto fo i c ri ado, e infe ri or so me nte à Huma nidade Sa ntíss ima de Nosso Senhor Jes us Cri sto, Deus confe riu um pri vilég io incomparável, q ue é a Imacul ada Conceição. Em virtud e do pecado ori ginal, a in teli gência hu mana se tornou sujeita a errar, a vo ntade fico u ex posta a desfa lecime ntos, a sensibi lid ade fico u presa das paixões des regradas, o co rpo po r assim dizer fo i posto em revolta contra a alm a. O ra, pe lo priv il égio de sua Co nce ição Im acul ada, Nossa Se nhora fo i preservada ela mancha do pecado o rig in a l desde o prim e iro instante de seu ser. E, ass im , ne la tud o era ha rm o ni a profund a, pe rfei ta, impe rturbável. O intelecto j amais exposto a erro, dotado de um entendimento, uma clareza, uma ag ili dade inexprim ível, ilumin ado pelas graças mais altas, tinha um conhecimento admirável das co isas cio Céu e da Terra. A vontade, dóc il e m tudo ao intelecto, estava inteira me nte vo ltada para o bem e go vernava plenamente a sensib ilidade, que j amais se ntia em s i ne m ped ia à vontade algo que não fosse pl enamente j usto e conforme à razão. Imag ine-se um a vontade naturalmente tão perfeita, uma sensibilid ade natura lmente tão irrep reensível, esta e aq ue la enriquec idas e supe r-e nriq ue-
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c idas de graças inefáveis, pe1'1'eitamente correspondidas a todo o momento, e se pode ter uma idéia do que era a Santíssima Virgem. Ou antes se pode compreender por que motivo ne m sequer se é capaz de fo rmar uma idéia do que a Santíssima Virgem era.
"Jnimicilias po11am "
Aquela que era a fé levada por uma lógica ada mantina e inflex íve l a todas as suas conseqüênc ias, e aq ueles que eram o elT0 levado por uma lóg ica infe rn a lme nte inexorável, também a suas últimas conseqüências? Ou aqueles que, re nunciando
toda a espécie de erro ou de mal. A sa nta intra nsigência na verdade e no bem é a ortodoxia, a pureza, enquanto e m oposição à heterodox ia e ao mal. Por amar a Deus sem med ida, Nossa Senhora correspondentemente amou de todo o coração tudo quanto era de Deus. E porque odiou sem medida o mal, od iou sem medida Satanás, suas pompas e s uas o bra s, o demônio, o mundo e a carne. Nossa Senhora da Conce ição é Nossa Senhora da santa intransigência.
Dotada de tantas lu zes n at ur a is e so bre natu ra is, Nossa Senhora conheceu por certo a infâm ia do mundo em seus dias. p com isto amargamente sofreu. Pois quanto maior é o amor à virtude, tanto Verdadefro ódio e amor maior é 6 ód io ao ma l. Por isto, Nossa Senhora Ora, Maria Santíssima rezava em cessar. E segundo tinha em si abismos de amor à tão razoavelmente se crê, Ela virtude, e, po rta nto, senti a pedia o advento do Mess ias forçosame nte e m si abismos e a graça de ser uma serva de ódio ao mal. Maria era pois daquela que fo se esco lhida inimiga do mundo, do qual para Mãe de Deus. viveu alhe ia, segregada, sem Pedia o Messias, para que qualquer mistura nem aliança, viesse Aquele que poderia voltada uni came nte para as faze r brilhar nov ame nte a coisas de Deus. justiça na face da Terra, para O mundo, por s ua vez, que se leva ntasse o So l parece não ter compreendido divino de todas as virtudes, nem amado Maria. Pois não espancando por todo o munco ns ta que lhe tivesse trido as trevas da impi edade e butado admiração proporciodo vício. nada à sua fo rmosura castísNossa Sen hora desejava, sima, à sua graça nobilíssima, é certo, que os justos vivendo ao seu trato dulcíssimo, à sua na Te rra e nco ntrassem na carid ade semp re exo rá ve l, vinda do Messias a reali acessíve l, mais ab undante do zação de seus anse ios e de que as águas do mar e mai s suas esperanças, que os vasuave do que o mel. c il antes se reanimassem , e E como não haveria de ser que de todos os países, de assim? Q ue compreensão Orava pelo advento do Messias e poro ser servo do Mãe de Deus todo s os abismos, a lma s poderia haver entre Aquela tocadas pela luz da graça levantassem que era toda do Céu e aq ueles que viviam a qualquer lógica, viv iam voluntariamente vôo para os ma is altos píncaros da só para a terra? Aq ue la que era toda fé, num pântano de contradições, em que pureza, humildade, nobreza, e aqueles todas as verdades se misturavam e se santidade. Pois estas são por excelência as vitória· de Deus , que é a Verdade e o que eram todos idol atria, cetic ismo, here- . poluíam na monstruosa interpenetração Bem, e as derrotas do demônio, que é o sia, conc upi scência, o rgulho, vu lgari- de todos os erros que lhes são contrários? chefe de todo erro e de todo mal. "Imaculado" é uma palav ra negativa. dade? Aq ue la que era toda sabedori a, A Virgem queria a g lória de Deus por razão, equi líbri o, senso perfeito de todas Ela significa etimologicamente a au ência as coisas, temperança abso luta e sem de mácula, e pois, de todo e qualquer erro essa justiça, que é a reali zação na Terra mácula nem sombra, e aq ue les que era m por menor que seja, de todo e qualquer da Ordem desejada pelo Criado r. Mas, pedindo a vind a do Messias, E la não pecado por mai s leve e insign ificante que todos des mando , extravagânc ia, deseig norava que este seria a pedra de pareça. É a integridade ab oluta na fé e quilíbrio, senso errado, cacofônico, conescândalo, pela qual muitos se sa lvariam traditório, berrante a respeito de tudo, e na virtude. É portanto a intran sigência e muitos receberiam também o castigo de intemperança crôn ica, sistemática, ver- abso luta, s istemática, irred utív e l, a seu pecado. Este castigo do pecador ti g in osame nte c resce nte e m tudo? aversão compl eta, profu nda, diametral a 1
CATOLICISMO
irredutível , este esmagamento do ímpio obcecado e endurec ido, Nossa Senho ra também o desejou de todo o Coração, e foi uma das conseqüênc ias da Redenção e da fundação da Igreja, que E la desejou e pediu co mo ningué m. "Ut inimicus
Sanctae Ecclesiae humiliare digneris, Te rogamus, audi nos " [Para que vos d ig neis humilhar os inimi gos da Santa Igreja, Te rogamos, ouvinos], canta a Liturgia. E a ntes da Liturgia, por certo o Co-ração Imaculado de Maria j á e levara a Deus súp li ca aná loga, pela derrota dos ímpios irredutíveis. Admirável exemp lo de verdadeiro amo r, de verdadeiro ódio.
OnipotêJ1cia suplicante Deus quer as obras. E le fundou a Igrej a para o apostolado. Mas acima de tudo quer a oração. Pois a oração é a co ndi ção de fecundidade de todas as obras. E quer como fruto da oração a virtude . Rainha de todos os após tolos, Nossa Senhora é e ntretanto pri ncipalmen te o modelo das a lmas que rezam e se santifi cam, a estre la polar de toda meditação e vida interior. Pois, dotada de virtude imaculada, E la fez empre o que era mais razoáve l, e se nun ca entiu em si as agitações e as desordens das almas que só amam a ação e a agitação, nunca experimentou em si, tampouco, as apa ti as e as negli gências das almas fro uxas que faze m da vida interior um paravento a fim de disfarçar sua ind ifere nça pela causa da Igreja. Seu afastamento do mundo não sig nificou um des interesse pelo mundo. Quem fez mais pe los ímpios e pelos pecadores do que Aque la que, para os sa lvar, vo l unta.riamente consentiu na im o lação cr ud e líss ima de se u Fi lh o infinitamente inocente e santo? Quem fez mais pelos homens do que Aq ue la que conseguiu se realizasse e m seus dias a promessa do Sa lvador? Mas, confiante sobretudo na oração e na vida inte rior, não nos deu a Rainha dos Apósto los urn a grande liç ão de aposto lado, fazendo de urna e outra o seu principa l in strumento de ação?
suem o segredo do verdadeiro amor e do verdadeiro ód io, da intransigência perfe ita, do ze lo incessante, do espíri to de renúncia comp leto, que propriamente são e las que podem atra ir para o mundo as graças divinas. Estamos numa época parecida com a da vinda de Jesus Cristo à Terra. Em 1928, escreveu o Santo Padre Pio XI que "o
espetáculo das desgraças contemporâneas é de tal maneira aflitivo, que se poderia ver nele a aurora deste início de dores que trará o Homem do pecado, elevando-se contra tudo quanto é chamado Deus e recebe a honra de um culto" (E ncíc li ca.Miserentissimus Redemptor, de 8 de maio de 1928).
todas as armas lícitas. Mas antes de tudo, acim a de tudo, co nfi ar na vi da interior e na oração. É o grande exemplo de Nossa Senhora. O exempl o de N ossa Senhora, só co m o a ux íli o de Nossa Senhora se pode imit ar. E o a uxíli o d e N ossa Senhora, só co m a devoção a N ossa Sen h o ra se pode co nseg uir. Ora, a devoção a Maria S a ntíss ima, no que ele melhor pode co ns ist ir do que Lhe pedirmos não só o a mo r de Deus e o ód io ao demônio , ma s aq ue la sa nta in te ireza no a mo r ao bem e no ódio ao mal , em urn a palavra, aqu e la sa nta intra ns igência qu e tanto refulge e m s ua Imaculada Co nce ição? •
Q ue diria e le hoje? E a nós, que nos compete fazer? L utar em todos os te rre nos permitidos, com
Catolicismo nº 45 - Setembro de 1954
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Aplicação a nossos dias Tanto valem aos o lh os de Deu . a alm as que, corno Nossa Senhora, pos-
Coroação do Virgem - Cenni di Francesco, 1390
D EZEMBRO 2004 -
Mito f.racassado, mas sangrento A esquerda brasileira tanto usou e abusou da figura barbuda
Nova arma contra a propriedade R ecentes mecanismos psicossociais usados pelas esquerdas vismn debilitar o instinto de conservação dos proprietários rurais e tirar-lhes a vontade de defender seus legítimos direitos
e desgrenhada de Che Guevara, banalizada em camisetas, panfletos, revistas e um pouco por toda parte, que a tornou desbotada • CID ALEN CASTRO
uem, hoje em di a, vendo na rua um moleque ou uma moleca (perdoem-me o neologismo) revestie esta mpa do fa lecido guerrilheiro Che Guevara, julga ri a que o rapaz ou a moça é um revolucion ário, sedento do sangue da burgues ia? Ninguém. Ele ou ela pode estar usa ndo aq uela camiseta porque a ganhou na aída de uma igreja de orientação progress ista, ou porque a comprou bem baratinha num brechó, mas nem sabe bem de quem se trata. Usá-la-ia igualmente se fosse a foto de um rinoceronte ou de Papai Noel. À força de ser utilizado como garotopropaganda da esquerda, a imagem do Che perdeu, para o público e m ge ral , o significado revolucionário que lhe quiseram impingir. A esquerda latino-americana encontra-se muito vazia de símbolo . O velho e cambaleante Fidel não convence ninguém e parece que anda mal das pernas... Suas longas barbas tornaramse inúteis como embl ema revolucionário, e a esta altura dos acontecimentos fi caria ridículo se ele as raspasse.
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Insiste-se em moe/elos li'acassaclos Por falta de opção, muitos esquerdi stas carrega ra m a nota no Che Guevara. Mas exageraram. E, como di zia Talleyrand, todo exagero é insignificante. Cá e lá, porém, surgem tentativas de reav ivar Che Guevara como ícone ga lvani zador das combalid as fibras esq uerdi stas .
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CATOLICISMO
Sem muito sucesso. Uma dessas tentativas mais recentes, alardeada pela imprensa, foi o film e brasil eiro Diários de Motocicleta. Não obstante esse fracasso dos Freis Bettos - e outros não-freis - em ressuscitar o mito do guerrilheiro, não deixa de ser verdade que Guevara foi realmente um representante autênti co da esquerda mais sanguinári a. Se o mito tivesse obtido sucesso, o Bra iI poderi a estar hoje imerso numa guerra civi I sangrenta. Tais são os rumos para os quais nos quer conduzir certa esquerd a ... *
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Alguns dados interessa ntes a res peito do Che foram publicados na revi sta american a Slate, e m arti go de Paul Berman reproduzidos na "Folha de S. Paulo" ( L0- 10-04). Vale a pena conhecer. "O culto a Ernesto Che Guevara é um ep isódio da indiferença ,noral de nossos tempos. Che foi um totalitário. Ele não realizou nada, a não ser o desastre. [. .. } Era defensor ferrenho dafacção de linhadu ra, pró-soviética. [. .. ] Che pres idiu os primeiros pelotões de fu zilamento da Revo lu ção Cubana. Ele fundou o sistema dos chamados campos de trabalho de Cuba. [. .. } "Se r morto e.fazer com que muitas outras pessoas.fossem mortas era algo de importância capital na imag inação de Che. No célebre ensaio no qual lan.,,.. çou seu chamado retum-à " bante por 'dois, três, mui-
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tos Vietnãs', [. .. ] compôs várias fras es assustadoras: 'O ódio como elemento da luta; ódio inabalável pelo inimigo, que impele o ser humano para além. de suas limitações naturais, transfo rmando-o num.a máquina de 1natar, eficaz, violenta, seletiva e a sangue.frio. É isso o que nossos soldados precisam se tornar'. Elefoi morto na Bolívia em 1967, liderando um movimento guerrilheiro que não conseguiu recrutar um. único camponês boli viano. [. .. ] "Che foi inimigo da liberdade, mas foi erguido em símbolo da liberdade. Ele ajudou a criar um sistema social injusto em. Cuba, masfoi erguido em símbolo da justiça social. Ele representava a rigidez antiga do pensarnento latino-am.ericano em versão ,narxista- leninista, e foi ce lebrado como li vre-pensador e rebelde". • E-ma il do autor: e idalenca stro@ cato li ci smo.co m.br
o csta nde da TV Rota 20 da 92ª doutrina ção co munista, os jov ens di sse: "Isso você não tem. Essa é uma Expofeira de Bagé (RS) - tra- precisam ser esclarecidos. Porque só a campanha qu e defende o direito da di cion al centro da agropecuária legítima def esa contra esse projeto do esquerda .fàz a propaganda. Eu fa ço gaúcha e internac iona l - , no dia 15 de questão de.fàzer uma doutrinação sadia ". desarmamento, que só vai desarmar as outubro, a Editora Artpress, de São Paulo, pessoas hones tas, para de ixar os "Estou curiosa para ler este livro. promov e u o lançamento do s livro bandidos agirem livremente", disse uma Como o senhor conseguiu entrar nesses Reforma Agrária: o mito e a realidade e assentamentos que são vigiados p elo corajosa produtora rural. "TRABALHO ES RAVO" - nova arma MST? ", perguntou uma jovem. "Eu sou Um estud ante de Direito, de tradicontra a prof. ri •dade privada, ambos do agrônoma, mas atualmente estou Ira- cional família de faze ndeiros, aproximajornali sta de Brasíli a, Ne lson se e pede as du as obras: "Eu Ramos Barrcllo. quero esses dois livros para O tema Reforma Agrá ri a reunir argumentos e p oder está muito presente, porque os discutir na minha fa cu lprodutore são conti nua.dade, o nde, infelizme nte, mente ameaçado· por hordas predomina o ensino da esde invasores do M T, que imquerda ". punemente invadem, saqueiam "Eu quero os dois livros", e roubam propri edades rurais. dizia outra senhora com o soDiante da inérc ia do Estado, taque característico e decidido fo rmou -se um a frente de dos ga úchos da fronteira. "Eu produtores rurai para impedir sempre participei das camo ava nço do M T. omo a panhas do Amanh ã de nospolícia, cumprindo ordens, fresos Filhos, tirava xerox e reqü entemente apen as as siste colhia assinaturas para proimpun emente ao crim e de testar contra esses programas esbulho, os propri etá rios,jun- N elson Barretto concede aCtógrofos no estende da TV Rota 20 imorais da tele visão. A TV to com seus empregado , sã virou uma verdadeira esco la da obrigados a fazer vigílias para impedir o balhando com a.fisioterapia. Uma cliente devassidão e do crime", exc lamou. contou-me horrores desses assentamenava nço dos invasores. Aproxima-se um advoga do e deBem no centro da 92ª Expofeira, tos. Essa Reforma Agrária é uma calac lara : "Já fui preso arb itrariamente reali zou-se o lança mento das aludi das midade", concluiu. por defender os produtores rurais. Os " O senhor precisa visitar os assenobras e logo após uma. entrev ista pel a tamentos de Candiota. Eu trabalho na propri etários es ta vam impedindo a televi são o jornalista Nel son Barrctto pref eitura, e o senhor não irnagina o passagem do MST O juiz queria que concedeu a utógrafos, enquanto era desastre que foram esses 32 assenta- eu dess e ordem para eles saírem. Eu servido um típico churrasco aos ga úchos respondi: eu sou advogado, mas quem mentos em nosso município. Só vendo com suas roupas características. tem que fazer isso é a policia. Quisepara acreditm'. O incra monta essas.fàve* * * ra m paga r a fiança , mas eu não las rurais e vai embora. Todos os pro"Já li o livro, ma· e te exemplar eu blemas sociais caem nas costas da preaceitei. Até qu e a OAB co nsegu iu vou levar para a biblioteca da escola, feitura. Já perdemos mais de 30% da arhabeas co rpu s". para esclarecer essa juv ntude ", exp li- recadação", lamentou outra. participante Vários outros participantes fizeram cava uma. professora com muita atuação do lança mento. questão de narrar sua s proezas visando nos meios estudantis. E continuou: "Não Uma senhora mostro u seu ca rtão de imp edir o avanço do s invasores do podemos deixar a juventude à m •rcê da aderente do site Pró Legítima Defesa, e MST. • D EZEMBRO 2004 -
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pe dir ao Núncio Apostólico, ao Imperador Carlos V e ao Arq uiduque George da Áustria a deposição desse mau pas to r. O Papa exco mun go u Hermann e o substituiu por um di gno pre lado.
Brilhante ação 110 Concílio de 1'1·e11to
Doutor da Igreja, conhecido corno Martelo dos hereges, foi um dos mais destacados líderes da Contra-Reforma católica. Várias nações da Europa central deve1n-lhe a perseverança na verdadeira fé. ■ PUNI O M ARIA SO LI MEO
aturai de Nimega, na Holanda, onde nasceu em 8 de maio de 1521, filho de Jacob Canísio, burgomestre loca l, e Egíclia van Houweningen, Pedro perdeu a mãe aos doi s anos de idade. Na idade esco lar, foi enviado a Colôni a para o estudo de artes, direito civil e teologia. Aos 19 anos recebeu o grau de doutor e m direito civil , e foi paraLouvain estudar direito canôni co. Fez então os exercícios e pirituais com o Beato Pedro Fabro - o primeiro discípu lo de Santo Inácio deLoyola - e decidiu dedicar sua vida à evangelização como membro da Companhia de Jesus.
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No dia 8 de maio de 1543, e m Colôni a, fo i recebido como nov iço por outro dos prime iros j es uítas, Padre Pedro Lefevre. Apenas ordenado em 1546, foi julgado digno de substi tu í-lo como superior. E m Colôn ia, fundou a primeira casa da Companhia de Jesus e m terras alemãs. N aq ue la época tumultuosa, e m que os erros de L utero contagiavam um clero e uma soc iedade decadentes, o próprio Arcebispo de Co lôni a, Hermann de Weda, ade riu à heres ia do monge a póstata e te ntou arrastar a e la seus diocesanos, como infe li zmente mui tos outros já haviam fe ito. Mas os diocesanos de Co lôni a reagiram e esco lheram o Pe. Canísio para
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O Cardea l Othon Truchess, Bispo de Augsburgo, que conheceu então o Padre Canísio , admi rado por s ua ciência e virtud e, q ui s levá- lo ao Concílio ele Trento como seu teólogo . Tendo con s ullaclo Sa nto Inácio a respe ito, este respondeu qu e a esco lh a não podia ter sido melhor. 1: E mbora te nh a tido a í ~-!t::lt-i-fl!!,-Ji~;;;;_ oportunidad e de fa lar só duas vezes na ilustre assem- i "' blé ia, ele o foz com muita i: e rudi ção, ca usa ndo admi- ; ração nos presentes. Com o :g Padre Laynez, teó logo cio J Papa no Conc ílio - depois segundo Superi or Geral dos 8 Jesuítas - fo i encarregado i ele fazer um levantamento exato dos erros cio hereges ::i a respeito dos Sacramentos; Concílio de Trento Um ano depois voltou ele a Ro ma, e de, baseado na Tradição, traçar sobre eles regras definitiva . desta vez para pronunciar os votos Suspen sas as sessões do Co ncídefinitivos. lio, Santo Inácio de Loyola chamou a Roma Pedro Canísio. Os dois santos Reitor da Universidade ele Ingolstadt tinham necessidade de se conhecerem pessoalmente. Foi nessa época que o Duque da Baviera, Guilherme III, pediu ao Papa Formação dos Pau lo III que lh e e nviasse a lg un s co11tra-ref'onnaclores professores ela Com panhia de Jesus "Tudo, no tempo de Inácio, estava para a Universidade de Jngolstadt. para ser fundado: ele necessitava de Santo Inácio escolheu para a missão mes tres capa zes de eclipsar se us Canísio, le Jay e Salmeron, três dos rivais heréticos. Sabe-se que Lutero seus mais caros disc ípul os. deveu uma parte de seu poder à sua No cam inho o Pe. Canísio parou eloqüência ardente, à sua faci lidade em Bolonha, onde recebeu o título ele prodigiosa para tratar as matérias Doutor em Teolog ia. filosóficas e religiosas em sua língua No dia 13 novembro de 1549, os matem.a. Os disdpulos que deviam três jesuítas chegaram a lngolstadt. Lá, sucedê- lo em seu ensino o imitavam e Pedro Canís io ensinou teologia, cateadquiriam bem depressa esse presquizou e pregou. No ano seguinte foi tígio que deslumbra os espíritosfra- eleito reitor da Universidade. Mas a
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São Pedro Canísio, baluarte antiprotestante
co s. In ác io formou m estres qu e superaram rapidamente os pretendidos reformadores". Durante cinco meses, o Pe. Canísio permaneceu na Casa-Mãe cios Jesuítas e m Roma. Depois disso Santo Inácio e nviou -o para e ns in a r re tórica no colégio de Messina. Queri a o superior experimentar sua virtude, poi s, após ter brilh ado no Co ncíli o, poderia pretender mais honrosa posição. Canísio era, entretanto, ele outra têmpera, e a des prete nsão fo i um a de suas virtudes mais caracte rísticas.
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obediência destinava- lhe outro campo ele atividade. Em 1552, Santo Inácio envi o u-o ao novo colégio ela Companhia, e m Viena. Na Áustria, peri gava a fé. Não só o clero secular e as ordens reli giosas, como també m as esco las, estavam infectados pelos gérme ns da heresia luterana. Havia cidades sem pasto r, os sacramentos estavam abandon ado s, não se celebravam mais cerimônias reli giosas. Nessa triste situ ação, Canísio multipli cou-se por si mes mo, pregando na corte, ao povo e às crian ças. Durante a pes te que assolo u o país, pregou a reconversão a Deus e assistiu heroicamente os empestados e os moribundos. Para piorar as co isas, o Arquiduque Maximiliano, filh o mais velho de Ferdi nando I, nomeou como pregado r da corte um padre casado e adepto ela pseudoreforma de Lutero. Pedro Canísio reag iu , te ndo escri to e fa lado direta mente ao Imperador contra tal situação, e se opôs diretamente - ao herege em di sputas públicas e em sermões. O padre apóstata foi ex pu lso ela corte, fato que Maximiliano não perdoará a Canísio. O Imperado r ofereceu- lh e a sé vacante de Vi ena, mas o jesuíta recusou peremptoriamente o convite. Em 1555 , vemo-lo junto ao Imperador na Dieta de Augsburgo. Nesse ano e no seguinte ele pregou e m Praga, sendo muito perseguido pelos hereges hussitas locais.
A Summa de São Pedro Canísio e o catecismo O Im perador Ferdinando havia pedi do a Santo Inácio um apanhado curto e sóli do da doutrin a cató li ca, capaz de refutar inúmeros panfletos prote stantes contra a Fé. Canísio foi incumbido dessa tarefa, surgindo a Summa doctrinae christianae. Es ta obra e o Catecismo do Concílio de Trento, representarão os dois monu-
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mentos do triunfo da Igreja sobre a doutrina de Lutero. Ferd in ando divulgou tal súm ul a por todo seu Império, e Felipe II, da Espanha, a fez imprimir e distribuir em seus Estados do novo e velho continentes. De ssa súm ul a di z o bemaventurado Papa Pio IX, no breve de beatificação de Pedro Canísio:
"Tendo notado que a heresia se propagava por toda parte por meio de pequenos livros, Canísio pensou que não havia melhor remédio contra o mal do que um bom resumo da doutrina cristã. Ele compôs então o seu, mas com tanta exat idão, clareza e precisão, que não existe outro tão próprio para instruir e confirmar os povos na Fé católica". 2 A ind a em 1556 e le abriu
debandado e recome ndad o ao povo que deixassem a fé católica. Durante seis semanas, Pedro Canísio pregou até quatro vezes por di a. Por s ua ca rid ade , ma ns idão e santidade, confirmou o povo na fé de seus antepassados. Viajou em seguida a Roma para ass istir ao primeiro Capítu lo Geral ele sua Ordem. Lá recebeu do Papa a missão de acompanhar o Núncio Apostólico à Polônia, onde os mias-
co légios da Companhia em In go lstadt e Praga, e nes se mesmo ano foi nomeado pri meiro provinci al da Alta Germânica, que abarcava Suábia, Baviera, Boêmia, Hungria, e a Baixa e Alta Áustria. O sa nto mi ss ion á rio e ra requi sitado e m toda parte. Du- Paulo Il i enviou jesuítas a lngolstadt rante o inverno de 1556- 1557, a tuou como re presentante do mas do protesta nti s mo faz iam Imperador na Di eta de Rati sbona, pe ri gar a verdade ira fé, aí partici pando da Dieta de Piotrkow. Fortaem cuj a catedral pregou. lecido por e le, o fraco Rei SigisBrilhantes embates mundo dec larou so leneme nte que contra o luteranismo não admitiri a que se tocasse e m nada nos direitos da Igrej a. Por escolha dos príncipes catóEntretanto, foram retomadas as li cos e ordem do Papa, tomou parte sessões do interrompido Concílio de nas di sc ussões religiosas de Trento. E tanto o Papa Pio IV quanto Worms com os luteranos, refutando Me lânchton , di sc ípulo predi leto o Imperador e os legados apostóde Lutero. Fo i muito hábil , conse1icos julgaram imprescindíve l apreg uindo que os protesta ntes das · sença de Pedro Canísio. Na magna várias se itas se desente nd esse m assembl éia, fo i ele encarregado de e ntre si, e a sessão foi suspensa. presidir uma comi ssão que iri a rever Pouco depoi s, pregou e co no !ndex, o u catá logo dos li vros fi rmou na fé os cató li cos da Alsácia condenados. Como sempre, o santo e de Friburgo . A pedido do Arquibrilhou por sua sábia atuação. duque Alberto, foi para a cidade de Concluído o Conc íli o e m 1563, Straubing, cujos pastores haviam s urg iu o probl e ma de faze r os
CATOLICISMO
príncipes alemães aceitarem suas decisões. A esco lha papal recaiu novamente em Pedro Canísio. Nomeado Núnc io Apostólico, foi envi ado à Alemanha. Após o êx ito de sua empresa, o novo Papa São Pio V ordenou-lhe que participasse da Dieta de Au gsburgo, realizada em 24 de março de 1566. O s protes tante s de Magdeburgo escreveram um odioso panfleto , repleto de injúrias à Igreja e aos cató lico s, denominado Centúrias de Magdeburgo. O Papa ordenou ao Pe. Canísio de refutá-lo. Escreveu então as
Alterações da palavra divina, obra-prima de controvérsia e apologia da Reli gião católica. A Suíça encontrava-se em perigo. A pedido do Papa, Pedro Canís io diri giu-se àquela nação, tornando-se o seg undo apóstolo do país e padroeiro de Friburgo . Não é possíve l, nos limjtes de um breve artigo, seguir toda a g loriosa trajetória desse zeloso filho de Santo Inác io. Já em vida foi cognominado Martelo dos hereges, pela constâ ncia co m qu e os refutava e devido à força dos seus argumentos Fa leceu de uma hiclropi sia longa e do lorosa, em 20 de deze mbro de 1597 . Pe la importância de seus escritos, foi declarado Doutor da Igrej a. 3 • E-mail do autor: Jm so l imeo
Notas :
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catol ici smo.co m.br
1. Les Pctits Boll andi stes, Vie.1· eles Sa inrs d 'a pre.1· /e Pere Gi,y, Bloud et Barrai, 1882, tomo X I V, p. 402. 2. lei., p. 403 . 3. Também utili za mos co mo fonte ele referência deste arti go a obra ele Otto Braun sberger, in Th e Ca th o li c Encyclo p edia , Volume XI , onl in e ecl ition.
ONU, MST, AGRONEGOCIO, INCRA, FUNAI Pressão da ONU é suspeita - Há tempos a antipaticíssima ONU vem tentando int_ervir no Bras il, no sentido de te ntar nos impor uma Reforma Agrária soc ialista e co nfiscatór ia. Vira e mexe, representantes daq uela en tidade, que at1ia como uma espócic de mu ltinacional da pressão, pronun ciam-se so bre esse assunto. No final de outubro esteve entTe nós, com o reprc entante da ONU, o cidadão a rgentin o Leandro Despouy. Embora se ap resentasse como uma espécie de fisca l em relação ao Judiciário bra ileiro, a questão da Reforma Agrári a não podia fa ltarem sua agenda. Por isso, em relatório preliminar, o sr. Despouy menc iona as consu ltas que fez a integrantes dos chamados movimentos sociais, consultas essas
tem como base os dados dos primeiros se is meses do ano, que permitem projetar qual será o valor nominal para cada setor ("Gazeta Mercantil", 20- 10-04).
"principalmente relativas a questões de ..e terra ". Pergw1ta lll11 diário paulistano: "Esse ] 'principalmente' não explicará a adoção, :E Leandro Despauy pelo representante da ONU, da tese do MST em.favor da criação de uma Justiça Agrária?" ("O Estado de S. Paulo", 27- 1004). Essas suspeitíssimas Varas Agrária ... Impopularidade lucrativa Te mendo prejudicar os candidatos que apoiava, e pecialmente os do PT, o MST p rat icamente parou as invasões no período ele itoral. Claro que, passadas as eleições, acaba a trégua. Isso consti-tu i um reconhecimento eloqüente da própria impopu laridade. Mas, se o MST é tão impop ul ar que sua atuação preju -d ica seus candidatos, por que recebe e le tanto apo io, inclu s ive financeiro , de governantes, bispos e outros? Cresce PIB do agronegócio - O Prod uto Interno Bruto (PIB) do agronegóc io deve fechar o ano em R$ 524,80 bilhões, com um crescimento de 3,25% sobre os R$ 508,27 bi lhões registrados em 2003. A renda proporcionada pela ativ idade agríco la é maior do que a previ são anterior, divulgada em julho último, e estimada em R$ 522,39 bilhões. A previsão
Plantação de milho
Assentamento antiecológico A maioria dos 216 assentamentos regul a ri za dos em Pernambuco não respe ita a legis lação ambiental. Se se tratasse de propriedade particular, cairia o mundo em cima do proprietário. Mas, como é coisa li ga da à denominada Reforma Agrária, então todas as justificativas valem. Para a superintendente do JNCRA no Estado, Maria de Oliveira, "his toricamente, a monocultura da cana- de- açúcar promoveu o desmatamento e o uso de agrotóxicos, que contaminam os rios e o solo. Os assentamen tos surg iram nesse ambiente degradado". As áreas de assentamentos regularizadas no Estado não respeitam a reserva determinada por lei federa l, qu e ga rante cobertura de 20% de mata nativa nas pro pri ed ades rurais (" Jornal do Comérci o", füo, 8-10-04). Armamentismo seletivo Enquanto o brasil e iro com um não pode ter se qu e r uma arma de defesa num mundo violento como o nosso, o pres idente substituto da Fundação Nacional do Índio (Funai), Roberto Lustosa, disse que o Ministério da Justiça estuda a poss ibili dade de co nc ede r pod e r de polícia aos funcionários da instituição. "Uma das co isas importantes que o governo está preparado para resolver é conceder poder de polícia ao nosso p essoal. Essa concessão dará ao servidor [da FUNAI] uma condição melhor para se de.fender nas operações de risco", afirmou Lustosa. Ele explicou que o poder de polícia permitirá que funcionários em operação utilizem armas, dêem voz ele pri são, façam apreensões e apliquem multas ("Porta l Terra", 11 -10-04). D EZEMBRO 2004 -
5 São Mmtinho, BiSilO
e ('.onlCSSOI' + Portugal, 579. Originário da Hungria, fo i e m peregrinação ao túmul o de seu ho mô nimo, e m Tours, fixa ndo-se depo is como mi ss ionário num moste iro perto de Braga . Bi spo dessa c idade, presidiu seus do is primeiros concílios.
1 Santa Natália, Viúva + Ásia M e nor, séc. III. "Mu-
lh er do Bem-aventu rado Adriano, que p o r muito tempo ass istiu uns San tos Mártires enca rcerados em Nicomédia sob o Imperador Diocleciano. Dep ois de consu mado o martírio de todos, mudou-se para Constantinopla, onde descansou em Deus" (do M a rtiro lógio Ro mano).
2 &io Nuno, Bispo e Confossm· + Síri a, séc. III. Famoso pregador, converte u a pecadora Pelágia, que fora por c uriosidade o uvir um de seus sermões. E la deu-lhe sua fortu na, q ue e le d istri buiu aos pobres. E ncaminho u a pe nite nte para uma g ruta pe rto de Je rusalém, a fi m de que fizesse peni tência pelos seus pecados.
3
6 &mta Asela, Viliwem + Ro ma, séc. IV. Di scípul a de São J erô nim o, qu e d e la escreveu que "era abençoa-
da desde o seio de sua mãe", vivi a de jejum, o rações e vi sitas aos túmulos dos Santos M ártires.
7 SanlA> Ambrósio, BiSilO, Conlcssm·e DoutA>r da lgl'eja + Mi lão, 397 . Gove rn ado r de Milão e de pois bi spo, conselheiro de imperado res e do Papa, teve um p apel decisivo n a co n ve r ão de S a n to Agostinho.
8
11 São Tmsão, Márlil' + Ro ma, séc. III. "Com seus
bens, sustentava os cristãos que trabalhavam nas termas, os que se extenuavam em outras obras públicas e os que gemiam em calabouços. Preso por ordem de Diocleciano, recebeu a coroa do ma rtírio j unto com outros dois, que se chamavam Ponciano e Pretextato" (do M a r: tiro lógio Ro mano).
12 Nossa Scnhom de Guadalu1>e, Padl'oeim da América Latina
13 Santa l~uzia, Virgem eMártir
14 São João da Cruz, Conlcssor e DoutA>r da Igreja
Festa in sti tuíd a pe lo Be maventurado Pio IX e m seguida à promulgação desse dog ma, há 150 a nos, com base nos Evangelhos e coroando tradições mui to antigas a respeito.
+ Ubeda, 159 L. Co-reformador, co m Sa nta Teresa, do ra m o masc ulino da O rdem do Carmo. Poucos pe netraram ma is a fun do nos arcanos da v ida interior.
9
4
Santa Gorgônia, Viúva + Ás ia Meno r, 372. Irmã de
&ioMetécio, Bispo e Conlcssor + Ás ia Me n o r, séc. IV. "Homem de grande experiência e .vasta cultura, foi cognominado por seus companheiros de mocidade 'o me l da Ática ', sendo conside rado po r Santo Atanásio e São Basílio como grande defenso r da div indade do Verbo em face do arianismo" (do M arti rológio
São Cesário e do grande São Gregório Nazianzeno, Do uto r da Igreja. Seu pai ta mbém se c ha m ava G regório Naz ian zeno e fo i santo. Sua mãe fo i Santa Nona. Casou-se, sendo exemp lar mãe de família. O grande São Gregório fez o seu panegírico no funera l.
Ro ma no - Mo nástico).
+ Ing laterra, 16 10. Natu ral do País de Gales, converte u-se ao
10 São João Robe1to, Má1til'
15 São Mc-,nún, Confessor +França, séc. VI. Construiu perto de O rleans, num terreno q ue lhe dera o rei C lóvis, uma abad ia que se torno u fa mosa.
16 &mtasVil·gens, Má1tires + África, 480 . Estas mui tas virgens consagradas a Deus, quando da invasão do norte da Africa pelos vândalos arianos de Hu ne ri co, "defenderam a
honra da Igreja de Cristo em meio a atrozes torturas " (do Martirológio Romano nástico).
17 &mta Olímt>ia, Viúva + T urquia, 40 8. Casada aos 18 anos com o prefeito da capita l do Impéri o, enviu vo u me nos de do is a nos depo is. Com s ua g ra nde fo rtun a fu ndo u um hospita l e um orfa nato. Qu ando S ão João Crisóstomo, seu diretor espiritual, caiu em desg raça di a nte da im peratri z, O lím pia seguiu sua sorte, sendo pe rseg ui da de todos os modos e fa lecendo no exíli o ainda j ovem, pouco depois de São João Crisósto mo.
18 São Flávio, Confe5S01'
+ França, séc. VI. Italiano vendido como escravo, seu clono casou-o com outra escrava e o fez administrador ele seus be ns. O patrão de u-lhe a liberdade j untamente com sua esposa. De comum acordo, ela foi viver num convento e ele fez-se sacerdote.
19
Imaculada Conceiç.ãoda Bcm-aventm·ada Vil·gem Maria
S.10 Francisco Xavie1; Confessor Primeira sexta-feira do mês
Primeiro Sábado do mês
catoli cismo na Fra nça e o rde no u-se sacerdote na Es panha, o nde e ntro u para os beneditinos, indo de po is para a In glate rra s us te nta r os cató li cos c la ndestin os. R econhecido como pad re cató lico, e não querendo prestar o jurame nto de supre mac ia do rei sobre a Ig rej a, fo i martir izado.
Mo-
SantA> Anastácio 1, Papa + Roma, 404. "Roma, como disse
São Jerônimo, não merecia têlo por muito tempo, para que a cabeça do mundo não fosse decepada em vida de tal Bispo. Com efeito, pouco depois de sua morte Rorna foi lomada e saqueada pelos Godos " (cio M artirológio Romano).
20 São Pedm Caníslo (Vide p.42)
21 São 'l'cnúslOClc<,, Má11.h' + Síria, séc. ill. "Apresenlou-se em lugar de São Di6scoro, a quem procuravam para malar. Foi então torturado no cavalete, arrastado pelo chão, açoitado com varas. Assim logrou a coroa do martírio" (do Martirológio Romano).
22 São Flaviano, Mártir + Roma, séc. IV. Antigo prefeito ele R o m a, esposo de Sa nta
28
Dafrosa, pai elas Santas Bibiana e De mé tri a, todas mártires, também mereceu dar sua vicia pela fé ele Jesus Cristo.
S.1n1A>S lnoccnle5, Má1tit'C'i
23
+ França, 520 . "Originário da
Santa Maria MaJ'garida Dufrostde Lajemmemis, Vi(1va + Canadá, L771 . Seu pai era um nobre francês, chefe elas tropas ela colônia, falecido quando ela tinha sete a nos. M ãe de seis filhos e tendo o esposo diss ipado toda a fo rtuna fa miliar, deixou-a na miséri a ao morrer. Com a ajuda alheia, pôde montar um pequeno armazém, conseguindo pagar as dívidas, educar os filhos e ainda entregar-se à caridade, no que foi aj udada por outras viúvas, dando início à Congregação das Irmãs da Ca ridade, o u Irmãs cinzas, devido à cor do hábito.
24 Vigília do Natal deNosso Senhor .Jc-,us CristA>
ffi &mlA> Antônio, Conlessor Panônia, levou no início vida eremítica nos Alpes. Depois, fúgin do dos admiradores que vieram reunir-se à sua volta, relirou-se para o mosteiro de Lérins" (do M a rti ro lógio Roma no - M o nás tico).
29 São Geraldo de &1inlrffimdl'ille, Má11il' + França, 1029. Abade de SaintW a ncl rill e, gove rn o u esse m oste iro dura nte 23 a nos, da ndo os maiores exemplos de todas as virtudes mo násticas . Foi assass inad o du ra nte o sono por um mo nge re vo ltado com sua reforma e patticl{ufo do tirâni co duque Roberto 1.
30 25 Natalde~Solhol•JffllisOislo
26 Sagrada Família, Jc-,us, Maria eJosé lneste anol
27 São João, AtlÓstolo eEvangelista + Éfeso, Séc. 1. O Discípulo Amado por sua v irgindade represento u a humanidade ao receber, junto à Cruz, Nossa Senhora como Mãe . Foi o Evangelista por excelência da divi ndade ele Cristo. Perseguido pelo imperador Domiciano, foi levado a Roma e mergulhado num tacho ele azeite fervente, ele onde saiu rej uvenescido. Fo i então deportado para a ilha ele Patm s, onde escreveu o Apo-• ca /ipse. Tendo morrido seu per ·eguidor, voltou a Éfeso, o nde res idi a, tendo escr ito então, a pedido cios fié is, seu E vangelho e três epístolas, para refuta r as heresias que negavam a divindade de No so Senhor e pregar o amor entre o cristãos.
São Rogério de Barteua, Bispo e Conlesso1· + França, séc. XII. B ispo ele Cann es, seu co rpo fo i ro ubado piedosame nte pelos habitantes ele Barl e tta, na Itáli a, ele o nde sua devoção se espraio u para o utros lugares.
31 S.1111a Cohunba de Sens, Virgem + Fra nça, séc. III. Espanhola ele origem , a ind a peq uena radicou-se na França com um gru po ele espa nhóis. Q uase todos pereceram d ura nte a perseguição de A ure li a no. D iz-se q ue, e nt reg ue a u m grupo ele Libe rtinos, um urso saiu ela flo resta e fo i senta r-se a seus pés. E só q uando ela lhe de u ordem para retirar-se, o carrasco pôde cons umar seu maitírio.
Nota: Os Santos aos q uais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aq ui apenas seus nomes en unciados, sem nota biog ráfica.
Intenções para a Santa Missa em dezembro Será ce lebrada pe lo Revmo. Pad re Dav i Fra nc isqu ini, nas segu intes intenções : • Rogando a Deus q ue, pe los méritos infinitos do nascimento de nosso D ivino Re de ntor e pe las graças espec ia I me nte d ispensadas ao mundo pela Santíssima Virgem Imaculada (no dia 8 de dezembro comemora-se o sesqu ice ntenário da proclamação do Dogma da Imacu lada Conce ição), co nceda aos leitores de Catolicismo e às suos respectivas famílias, bem como a todos que nos apoiaram ao longo deste ano, um Santo Na ta l e abun dantes graças para o novo ano.
Intenções para a Santa Missa em janeiro • Pe la união e santif icação de todas a s famí lias cató licas e m torno da Sagrada Fa mí li a. Espe c ia lmente sup l icando à Santa M ãe de Deus, pelos méritos da Epifania do Divino Men ino Jesus, copios.as graças para todos os leitores de Ca tolicismo e suas respe ctivas famí lia s. Que todos se jam provide ncia lmente ampa rados, a fim de enfren tarem com energia e coragem as dificuldades que possam suceder ao longo do novo ano que vai se iniciar.
Na Polônia, O cruzado do século XX
EUA: Congresso na Pensilvânia
E sse é o título da biografia de Plinio ·corrêa de Oliveira, escrita pe1o Prof. Roberto de Mattei, recentemente lançada em polonês. A obra nessa língua é prefaciada pelo Prof. Jacek Bartyzel.
C atólicos unidos para combater o caos, em face de uma nação polarizada. Este foi o tema do Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP americana, nos dias 9 e 1Ode outubro. r FRANc 1sco SA1DL
O
relato do que se passou em um congresso anu al de correspondentes esclarecedo res da TFP americana pode parecer talvez uma análise do ba lanço de um a e mpresa: receitas, despesas, lucros e perdas, investimentos, planos etc. Mas a realidade é incomparavelmente mais viva e dinâmica do que os números de um balanço, pois trata-se de um encontro de uma verdadeira famíli a de almas , e mpe nhad a num a ação contrarevolucion ária de grande porte, voltada pa ra a res taura ção e prog resso da Civili zação Cristã. E números, por mais express ivos que sej àm, não conseguem mostrar a realidade de uma comemoração de família. Como balanço das atividades da TFP durante o ano, e também avaliação das perspectivas para as próximas, algumas confe rências do congresso deste ano, no segundo fim-de-semana de outubro último, mostra ram o gra u de polarização da opinião pública do país sobre assuntos que constituem campos de atuação fec undos da entidade, como abo1to, "casamento" homossex uaJ , blasfê mias públicas, etc. Vitórias expressivas foram mostradas em toda s essas frentes de t raba I ho , incentivando os presentes a esforços e ded icação cada vez ma iores em prol dos ideais da e ntidade. As despedid as dos entu s ias mados 280 particip a ntes, após o j a ntar no Yorktown e Hotel, na vizinha c id ade hi stórica de York (prime ira cap ita l do país, na Pensilvânia), deixaram claro que, no próximo ano, o balanço apresentará sa ldo ainda mai s express ivo. À direita: cenas do congresso. • E-mai I do a utor: franciscosaidl @ca to li cismo.com.br
U LEONARDO PRZYBYSZ
e
racóvi a - A Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga organizou nessa cidade, no dia 23 de outubro p.p., o lançamento do livro O Cruzado do século XX, sobre a vida e obra do fundador da TFP. Convidado especial do evento, o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe ela asa ímperial cio Brasil, pronunciou brilhante conferência a respe ito cio papel das e li tes católicas na sociedade. O autor do livro, Roberto de Mattei, professor da Universidade italiana de Monte Cassino e diretor de Lepanto, associação sediada em Roma, falou sobre a atua lidade do pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira, ressaltand o o fato de terem surg ido na Itáli a movimentos in spirados no li vro Revolução e Contra-Revolução, obra-mestra do Prof. Plínio. Observou o orador que, por ocasião das muitas conversas que manteve com esse in signe pensador católico, o que mais o impress ionava era a profu nda vida interior que marcava seu modo de ser e de agi r. O Prof. de Mattei concedeu também autógrafos à versão polonesa dessa biografia. A introdução a tal edi ção é do conhecido pub li c ista católico e hi storiador polonês, Prof. Jacek Bartyze l. Dela destacamos o seguinte tópico: "Plinio Corrêa de Oli veira fo i um homem completo, apóstolo da Contra-Revolução, em cuja alma havia a gravidade de São Pedro, a sabedoria de São Paulo, a visão de São João, o intelecto do Doutor Angélico, a doçura do Doutor Serájico, o míslico ardor do Doutor Mel(fluo. E nisto exatamente consistia a excep ·ionalidade desse extraordinário batalhador da Ecclesia Mi I iLans. / ... JConstitui tam.bém para nós um desa.fio para sairmos da núséria espiritual em que imergimos e para seguirmos com corage1J1 no mesmo caminho". A última intervenção coube ao Preside nte da Associação Padre Piotr Skarga, Sr. Slawomir O lej niczak, que hi storio u o surgimento e atuação dessa e ntidade. Com a presença d numeroso público, destacando-se dois sacerdotes e seis deputados, a lém d líderes católi cos poloneses e representantes das autori dades locais, a essão foi encerrada com um concerto de música c láss i ·a (V ivaldi , Corelli, Mozart e Purcel), ao qual se seguiu um jantar ele confraternização. À direita: flagrantes da sessão. • E-mail do autor:
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e im aginarmos um presépio elaborado em êertas regiões da Itáli a, pode mos co nceber as fig uras todas tomando atitudes muito enfá Li as : o Menino Jesus deitado na manjedoura, estende ndo os braços a Nossa Senh ora ; Ela debruçada sobre seu divino Filho num a atitude de profund a ternu ra, mas um a ternu ra borbulhante, que tentle a se manifestar em gestos que até parecem fa lar; • se o arti sta conseguir dar a Nossa Senhora e ao Menino-Deus uma imprcssao di ante da q ual algué m di ga "só fa lta fa larem! ", o artista fi cará encantado, porqu • o falar e o manifestar-se constitui o auge da reali zação da cena. São José também, que está perto - a ele cabe naturalme nte, no di álogo entre a Santíssim a Virgem L' o Divino Infa nte, um papel mais modesto, porq ue é apenas o pai jurídico do Menino Jesus - aparece numa pos ição q ue, se não fa lta apenas fa lar, está prest ·s a chorar ou a sorrir, confo rme a interpretação, mas ele todo está se ex primindo. Vê-se que, segundo essa concepção, a emoção re ligiosa deve mani fos tar-se por me io de grande vivac idade, e que tal vivac idade deve ex primir-s · po r pensamentos e palavras. E tais pensamentos devem ser vi vos, e os termos qu · os expressam serão enfáticos e calorosos.
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A concepção alemã da noite de Natal é precisamente o contrário da acima exposta. A noite de Natal, para ser bem sacra], tem que produzir nas almas uma im pressao Presépio Italiano
profunda, que é comum a todos os povos. Ma ·, para a menta lidade alc mfl , 111 1 impressão profunda, por ser profu nda, não deve expandir-se, pois situa-se no f'und o da alma. E sua melhor manifes tação exterior é o silêncio, o recolhimento e a calinu. Enquanto para un s a palavra e o gesto são o auge da expressão, para o ut ros, pelo contrário, o clímax da expressão consiste numa forma de silêncio e de in;i(; :10, que dão a conhecer profundi dades ins uspeitadas da alma humana; e que, por Sl'II próprio silêncio, indicam a impotência da alma para exprimi r tud o qu ant o l' ii1 cogita. Indicam uma posição do espírito menos exclamativa do qu e mcdit ati vu i ' e luc ubrante. Dir-se- ia uma atitude q uase fil osófica ou teo lógica, reco lhid a. Essa calm a, q ue e ntre tanto não é de tipo cie ntífico , é pro f'und a11 H' lll l' enternec ida. Ternura que indica um afeto tão grande, que a pessoa pr •fere rn li11 se a fa lar. Desse modo, se uns têm a e loqüência da palavra e do ges to, os 011t1 os manifes tam uma como que e loq üência do silê ncio, do reco lhim ento. Sao d11 11 s posições dife rentes .
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Presépio alemão
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Qual das du as é a melhor? Compreendo que os ita li anos tenham a rcs pl'i to do assunto uma posição, e que os alemães adotem outra. Qual seri a a atilud · hn1sili•t111 '/ A de compreende r perfe itamente ambas as posições e degustar túo ht•111 1111111 como a outra. Essa é bem a maneira brasil eira, e é o que s into cm mi 111 . t\ JH' I il'i t11 compreensão tanto dos itali anos quanto dos alemães. Co mo brasil eiro, falaria menos que os itali anos e ca lar-me ia llli' IH lS q1 11· 11 ~ alemães. Ainda mais que sou bras ileiro com a loquacidade do no rdl·~tlno 1111 •, minhas veias. São variedades regionais, mediante as quais Deus qu r s ·r :tdorndo prn todo os povos. Não se trata de escolher, trata-se de conte mpl ar ah ·lc:,,u das v1111 11111l·s. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 21 de dezembro de 1973. Som r vi
o cio 1111 01