.
.a ■
E o u o ■
E
·-·-u Ili
-.,o IU
u
i
Nº 649 - Janeiro 2005 - Ano LV
-
,
~.- UMARI
• PUNI O C üRRÊA DE OLIVE IRA
,Janeiro de 2005
Santa Maria, Mãe de Deus N o primeiro dia do ano, na oitava de Nntnl. n Santu lgr·cja comemora a festa litúrgicn de Mm•iu Suntí8sima enquanto Mãe de Deus. para reafirmar a legitimidade dc8sc supr·cmo título
No
século IV, o h dizer que Maria nã tokos), mas apen a to, pessoa hum an tólicos do mund · uma reparaçã niram-se em c 341, cond en mistério M ãe d e Deus " . A cid ade, sa s, fi ze r " Santa p ecad or
tr veu-se a us ( Theo ,kos (m ãe de Crisn injúria, ca t e pediram países reu feso no ano ti o írnpio Nestório. poI1to ce nt ral do Vito m M aria é ., 1 I 1/110 , Cristo, é por l ocl , 11 multidão da 1 lt v 111 cl o tocha s ac elt pr ot 1 ,, 10 cantand o: J 11 : , 1'"Jni por nós 1 1/ 1 110 s a m orte . t t 111 1d I pela lg re -
1111 lo l1 1<,ho de Plic
.
Nº 640
2
Excmn·os
4
CARTA DO DIRE'l'OR
5
PÁGINA MARIANA
7
Lm'l'URA EsPnu·1·uA1,
8
CORRESPONDÊNCIA
10
A PALAVRA DO SACERDOTE
12
A Rr.ALIDADF.
14
N ACIONAL
17
I NrnRMAnvo RuRAI ,
18
PoR O uE NossA SENIIORA CnoRA?
19
E N'l'REvts·1'A
22
C APA
36
V m As o..: S ANTOS
39
G1uN1>1<:s P misoNAGENs
42
DES'l'AQUF.
44
D1scmm1NDO
46
SAN'l'OS E Ft<:S'li\S DO Mt~S
4H
AçAo CoN'l'l~A-Rl•:vo1,uc10NÁ1UA
52
À'\1BIEN'l'ES, COSTUMES, CIVU,IZAÇÜES
Nossa Senhora da Ponte de Gelo Padre Nosso [final]
CoNc1sAl\1EN'l'E
Estatuto da Terra: legislação comunistizante
A perseguição aos católicos ucranianos
2004: análise r etrospectiva Beato José Vaz Sobieski, o Rei João III da Polônia
EUA profundo e Brasil autêntico
1 1 1
"A . ',11111,, 11 11 1 11111 •111 n•1u·t•st•11ta a q11 l11tc•sst•11cia 1111 1,1 .. 1, ,, ,1 111t•w a111 pl1:-.s l11i;1 d• toda · a mães que t•. 1 11,.1111 , qt1< 1•xlstc•111 • que exi lirão; de todas as vi r t11d1•s 111;itc•rna · que a inteligência e o coração hu111a110 pod •111 conhecer. Ainda mais: daq ueles graus de virtude qu apenas os santos sa bem encontrar, os quais so1111•11 te eles sabem alcançar, voando com as asas da gra ~·a 1• do heroísmo. É a mãe de todos os filhos <' dt• toda.~as mães. É a mãe de todos os homr us. E a 111,11• do l lo mero. Sim, do Homem-Deu qur s1• li •; l lrnrn•11 1110 sPio virginal dessa Mãe, para rrsga tar lrn lm 11•, lro1111•ns. É uma Mãe que se <kl'hu•1t111111111,, p,,1., 1.1 : mar. Que, por sua vez, cl fl orl11c•11111 11111 11011 11 q111• e· um céu: Maria ". •
ReJJexos da Cristandade
1
1
Imagem de Nossa Senhora - Igreja do Salvador - Valência, Espanha.
ATO LI CISMO
Altar da Igreja 11 Gesu.- manifest.ação ele espírito catóHco
48 A ão Contra-Revolucionária Cavalgado mariano no RS
JANEIRO 2005 -
Nossa Senhora do Rosário do Cabo
Caro leitor, Quem não souber interpretar acertadamente os principais acontecimentos de 2004 não entenderá bem 2005. Tendo isso em vi sta , Catolicismo, numa aná lise retrospectiva, passa cm rev ista o ano que se encerrou, procurando auxili ar cu · leitores qu anto ao "v,1·; j 11/g 11· e agir " - sapiencia l e efi caz tri log ia aco nse lhada p r anto Tomá s de /\quino . cguncl o o Doutor Ang61ico, ao se pretend er dar um a interpretação ce rteira ele algo , é necessá ri o perco rrer essas três etapa · (ve r o que oco rreu; ju lga r razoavelmente o qu e houve; e, p r l'im , tomar atitudes e nscqll cntcs), poi s, do contrário, chega r-se-á a conclusões f'a lsas. cguindo tal co nse lho, a matéria de capa desta primeira edição cio an o propicia a qu e os leit ores tirem conclusões corretas e formem uma visão obje ti va dos aco ntec imentos, uma vez qu e ana lisados à luz da doutrina cató li ca. cm e sa doutrina verdadei ra, a visão dos fatos ficará deturpada, fanta siosa e superf'i cia l, co mo, aliás, normalmente órgãos da mídia costumam apresentar os acontecimentos do ano. Diretor:
Pau lo Corrêa de Brito Fi lho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Reg istrado na DRT/ DF sob o n2 3116 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Cj. 62 - Santa Cecília CE P 01 225-001 São Pau lo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Te l (0xx11) 3333-6716 Fax (0xx11) 3331-6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Pau lo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida . E-mail: epbp@uol.com .br HomePage: http://www.cato licismo.com.br
*
*
*
Como o leitor terá oportunidade de constatar, o ano qu e findou caracterizou-se por grandes crises, e, de modo especia l, a esquerda fo i atingida por ·las. Fa lou-se até que a esquerda se enco ntra numa "crise de identidade", e aincln 1·r sid o ela "s urrada " em 2004. Ver-se-á também que 2004 foi um ano de "s urp resas urpr •end •nl •s" imprevistos que deixaram as esqu erdas desco ncertad as. Estas so frcrn 111 muil os lropcços e suas investid as causaram fortes rejeições, pois houve áreas co ns •rv11dor11 s qu e, se ntindo-se contundidas, despertaram de sua indolência e de seu torpor. É fato inconteste a surpree ndente polari zação do mund o: dL· Ulll lado, investidas esq uerdi za ntes vi sa ndo empurrar a human idade para o n •opu •1111i srno • o caos; e, de outro lado , reações conservadoras observadas cm muitos pclÍ s,•s, no se ntido ela resta uração de va lores morai s. Pod e-se afirmar qu e 2004 foi um ano fracassa do p11r11 11qm•l •s q11L' propaga m, por meio da Revolução Cu ltural, o neopagani smo? E para os qu • o ·n111h tl l'lll , defendendo os valores tradi cionai s, de que modo qualifi car esse ano? 'ollln s •r(111 próximo? Da rse-á, metaforicam ente fa lando , um "direita volv •r'"/ 1)111· s • (1 o "xt•q u • mate" no mov im ento comuno-progressista? Ou tal mov im cnl o in v ·slir(111i11d1111111is l'lldicalmcnte para atingir se us objetivos revo lucionários?/\ hum nnid t1d •, •111 r1 n• d • lt1i s investidas, capitulará ou reag irá vitoriosa mente? "Quem viver verá!"De nossa parte, imporln "l'i!,!,irl! , , 111 'rll'", l111pl or ·111os a Nosso Se nhor Jesus Cristo, por meio de ua Sf1nl lssi11111 M l', ML•d11111 •1r11 •nlre Deus e os homens, que robusteça a reativiclad • sn di11 11\'1 11 111 11 li1d1cl 11, 11 11111 de sc alca nçar a resta uração da Civi lização vercladcirn111 •111,· l'llh'1li,·11, 11111tl11 q11l' :\ L' ustu dos so írimentos preditos em Fátima. Desejo a todos boa leitura e 11111 /\no Novo t·1 11111il 11do dc bênçãos divin as.
ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de JANEIRO de 2005:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ R$ R$ R$ R$
96,00 140,00 260,00 420,00 9,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA.
Em Jesus e Mari a,
9~ Paulo Corrêa de 11111 11 l•1llu, Ü il( I IIII(
paulobrito@rntol il 1s1110. ·0111.ln
7
E ssa invocação da Padroeira do Canadá recorda-nos a perseverança que devemos ter nas situações adversas desta vida e, por meio de nossa fidelidade, atrair a bênção de Deus e a proteção de Na. Senhora n V AL01 s GR1NsrE 1N s imagem que a imensa maioria das pessoas tem do Canadá está ligada à neve , a um intenso frio e muito gelo. De fato assim é, mas por vezes ocorre que, por permissão de Deus, o clima pode mudar e resolver situações difíceis. O que no Brasil poderia causar uma certa graça, entretanto foi , no caso concreto, uma história muito real que começa em 1867. Naquele ano, a população da cidade de Cap-de-la -Madeleine era constituída apenas por 1.300 pessoas. Iniciara-se uma renovação na piedade da população. O pároco local, Pe. Désilets, criara uma confraria do Santo Rosário, na qual rapidamente inscreveram -se muitas pessoas, não só da cidade, mas também dos arredores, num total de 3.000 almas. O crescimento numérico de católicos praticantes representou, para o zeloso sacerdote, um problema: era preciso construir uma igreja maior. A pequenina igreja edificada em 1714 não comportava mais o número crescente de fiéis. Mas, como fazê -lo? As pessoas da localidade não eram ricas, e, além do mais, o terreno era muito arenoso, havendo pouca pedra. Afinal, uma de cisão foi tomada : construir-se-ia a nova igreja no início de 1879. Para isso, era preciso trasladar as pedras que se podiam obter do outro lado do rio. Transportá-las por barco seria muito custoso, e decidiu -se então que o transporte seria efetuado no inverno, quando o rio ficasse congelado.
A
Altar com a imagem de Nossa Senhora do Rosário do Cabo, Padroeira do Canadá
Entretanto , justamente naquele ano o inverno fora muito menos rigoroso, e o rio não congelara. Chegou o Natal, passou o Ano Novo, terminou janeiro ... e nada. Poder-se-ia' ainda esperar, porque fevereiro também era um mês mui to frio. Mas nada de congelamento . Considerando a possibilidade de pas sar mais um ano numa igreja apertada e sem condições para receber todos os fiéis, os católicos começaram a rezar o Rosário na intenção de que o rio se congelasse. Iniciou-se o. mês de mar-
ço, e ainda nada. Se no inverno o rio não se congelara - pensariam os céticos -- dificilmente congelar-se-ia em março, início da primavera. Mas os ca tólicos não desistiram. Afinal, Nos sa Senhora é Rainha, e pode perfeitamente solucionar esses problemas.
A po11tc cio Rosál'io Em meados de março , o Padre Désilets encontrava-se realmente preocu pado. Não pela piedade do povo , que se mantinha firme rezando o Rosário JANEIRO 2005 -
em conjunto todos os domingos, mas por prever mais um ano em que permaneceriam em condições precárias as atividades do culto na igrejinha. Devi do a isso, ele fez uma promessa a Nossa Senhora: caso a ponte de gelo se formasse, ele consagraria a pequena igreja à Virgem Santíssima. Ao entardecer do dia 16 de março, o esperado prodígio ocorreu: o rio se congelou e formou -se uma ponte de gelo de uns dois quilômetros, sufici entemente firme para permitir a passagem dos trenós carregados de pedras. Foi enviado um aviso a todos os colaboradores, e entre os dias 19 e 25 de março uma centena de trenós transportou todas as pedras necessárias para a construção da nova igreja. Logo depois o clima mudou e a ponte de gelo chamada pelos católicos a ponte do Ro- Detalhe do altar da página anterior sário - se desfez. Satisfeitos por verem a proteção de De repente, acontece um milagre, Nossa Senhora quanto à nova igreja, os . assim descrito pelo padre Jansoone: "A fiéis começaram com entusiasmo a imagem da Virgem, que tinha os olhos construção. E no início do verão de completamente baixos, abriu-os total1880 ela estava pronta. A cerimônia da mente. Seu olhar estava fixo, olhando bênção da igreja foi realizada pelo bis- adiante, bem em frente. Uma ilusão era po de Trois Rivieres, Mons. Louis difícil, pois sua face encontrava-se pleFrançois Lafleche. A velha igreja foi namente batida pelos raios do sol, que poupada, e, curiosamente, será esta a entravam por uma janela e iluminavam que atrairá multidões no futuro. todo o santuário. Seus olhos eram negros, bem formados e em plena harmoO milagl'e <lo 0JJ1a1· nia com o rosto. O olhar da Virgem era Até aqui, poder-se-ia dizer que a o de uma pessoa viva e tinha uma exnarração constitui a piedosa história de pressão de severidade misturada com uma paróquia. Nada de estranho que o tristeza. Este prodígio durou entre cinvirtuoso sacerdote cumpra sua promes- co e dez minutos ".2 sa feita à Virgem e lhe dedique a velha A visão desse portento mudou toigrejinha, no dia 22 de junho de 1888. talmente a vida do Pe. Jansoone. Ele Ele tinha preparado uma grande festa dedicou desde então toda sua vida a e convidado um renomado orador, opa- propagar a devoção a Nossa Senhora dre franciscano Frederik Jansoone. do Rosário do Cabo e foi o primeiro Após a cerimônia, foi colocada no al- diretor das peregrinações, que duram tar-mor uma imagem de Nossa Senho- até os dias de hoje. ra, que antes se encontrava num altar lateral da mesma igreja. Assim, a pe- Lição: vida tcn·c,w é l11W quena igreja de Santa Maria Madalena Algumas p ssoas, ao tom arem copassava a chamar-se igreja de Nossa nhecimento desta narração, pres tam Senhora do Santo Rosário. muita atenção no mil agre dos olhos e Terminadas as cerimônias de con- se csque cm ela ponte do Rosário. Pasagração da igreja, três pessoas ainda rece-nos mais simpático o que acontese encontravam rezando no templo : o ce, por assim di zer, sem esforço. Com Pe. Désilets, o 'pe. Jansoone e Pierre efeito , aquilo que é extraordinário chaLacroix, uma pessoa portadora de de - ma naturalmente muito a atenção. O ficiências físicas. 1 fato de Nossa Senhora nos olhar, sem
-CATOLICISMO
O Padre Nosso IConclusãol
N a última edição, refletimos sobre as primeiras invocações dessa excelsa oração ,:, ensinada por Nosso Senhor; e, presentemente, nos dispomos a meditar os pedidos seguintes nela contidos
Igreja antiga em Cap - de - la-Madeleine
termos que fazer qualquer esforço, é admirável. Mas rezar om perseverança, confiar quando o éu parece fecha do para nós, acredílar quando tudo parece perdido , eis o qu e é difícil. Tal perseverança na desolação é o que atrai, de modo es pecial, as bênçãos de Nossa Senhora. /\. vida real não é um filme de Hollywood , com soluções mágicas e finai f'cliz cs. Não fo i assim a vida de Nosso c11hor ]e us Cristo, e não podemos esperar qu e a nossa o seja, pois "christianu s alter Christus" (o cristão é outro rislo) . /\ realidade da vida é o combate, conforme a Igreja nos ensina: "Militia cst vila hominis super Teirnm ".3 Devemo , pois, ficar contentes quando fatos extraordinários se produzem , mas d ·ve111os sobretudo estar pr parados para enfrentar com confiança, corage m e perseverança todas as adversidades da vida. Eis uma importante lição que podemos tirar da história da Padroeira do Canadá. • E-mail do autor: va ldisgrinsteins @ca tolicls1110.ro 111 . br
Notas: l. http://www.p~lrlt11ol11I' 1pll ,: l1•11 x.q1 1,1/pl' INi -
nage/pelcri11ag11 21.hl 111 2. h1tp://www .s11111111 ,il ,·1• nd c. n, /1111111 '11 111 I 3. Livro dr J , '/ , 1,
não hesitem em procurá-los, perdoosso Senhor não deseja que ando aos seus inimigos. [...] nos esqueçamos de nossas Não nos deixeis cak em te11tanecessidades, e nos ensina o ção. Deus não tenta ninguém, mas que devemos pedir para nós. Se popermite que sejamos tentados pelo dedemos fazer a vontade de Deus como mônio, pelo mundo e por nossas próos anjos do Céu, não podemos pasprias más inclinações. Que infelicisar, como eles, sem o pão material. dade para nós, se chegarmos a sucumPor isso também devemos dizer a Deus: O pão nosso de cada dia nos bir! É por isso que pedimos para sermos preservados da queda, porque daí hoje. sem o socorro de Deus seríamos imNosso pão, não o dos anjos, que potentes. Peçamos mesmo a Deus que não nos bastaria; não também o dos afaste de nós as tentações. outros, que não podemos roubar sem Alguns santos, é verdade, devido injustiça; não o dos animais, que seà sua grande confiança em Deus, peria muito grosseiro para nós, que fodiram tentações, a fim de nelas enmos feitos à imagem e semelhança contrar um meio de aumentar seus de Deus. méritos. No entanto, é ordinariamenNão nos dês somente o pão do te mais seguro fugir das tentações, ou qual nosso corpo tem necessidade afastá-las pela oração. Quando elas todos os dias, mas dai também o pão sobrenatural às nossas almas. \\l 1:;.;.:,i~"ll!l.tl duram, apesar de nós as rejeitarmos, não devemos nos atemorizar nem nos Esse pão é a palavra de Deus, é a % graça, é a Eucaristia. [...] ] desencorajar, mas combatê-las, recorrendo a Deus com confiança. O pão 11osso de cada dia nos ; Mas livrai-nos do mal. O mal do daí hoje, porque todos os dias te- ~ mos necessidade de Vós para a Nosso Senhor perdoa os pecados da Samaritana qual pedimos para sermos libertados é o pecado, que pode seguir-se à tenalma e para o corpo, e a palavra tação; é também o demônio que nos leva ao que é culpável. Em pão significa tudo o que é necessário a uma e ao outro. Pel'doai as 11ossas ofe11sas. Até aqui temos pedido a Deus um sentido completo, o mal é tudo o que pode nos conduzir ao bens para Si e para nós. Agora Nosso Senhor nos ensina a pedir pecado e nos fazer parar no caminho da virtude. Quando dissermos isso a Deus, de todo nosso coração, não que sejamos livres dos males. O maior de todos é o pecado, é a ofensa a Deus. Ninguém é inocente nessa matéria, porque o justo nos restará mais nada a pedir. Aquele que obteve, pela prece, a proteção de Deus, pode estar seguro. Que poderia temer do munpeca sete vezes. Senhor! Perdoai as dívidas contraídas contra vossa justiça do aquele que Deus defende nesse mundo? Santo Agostinho, no entanto, pensa que, mediante essas palapor nossas faltas, dívidas que nos tornaram passíveis de suplícivras, pedimos para sermos livres de todo mal pela bem-aventuos eternos. Pel'doaí as nossas ofensas assim como pel'doamos aos que rança eterna. Lá não há mais ofensas, tentações, paixões para nos nos têm ofe11dido. Vós dissestes, Senhor, que se nós perdoás- · arrastar. Desejemos todos o Céu, onde nos será impossível ofensemos, nosso Pai celeste nos perdoaria. O perdão das injúlias der a Deus. Amém. Por essas palavras "assim seya ", aprovamos e renovaé, pois, a condição necessária para obter vossa misericórdia; queremos preencher essa condição. É por isso que solicita- mos mais uma vez todos os pedidos precedentes, pedindo a Deus mos com confiança vossa graça. Felizes os que podem dizer que os aceite e os ouça. • isso a Deus com sinceridade e franqueza! Mas infelizes aqueles que, pronunciando essas palavras, guardam em seus corações o rancor e a vingança! Que, antes de pronunciar tal prece, pensando na necessidade premente que eles têm de perdão, * P. Bcrthier, M.S., LeLivrede Tous, Maison de la Bom1e Presse, Paris, 1898, pp. 374-5.
-
JANEIRO 2005 -
Deogmtias!
18 Felicíssimo Natal e prospérrimo ano novo aos catolicíssimos associados desta revista. A de dezembro está ótima, os manos estão maravilhados com ela. Graças a Deus e a Nossa Senhora. (A.P.P.-PE)
hll'elizmente l'mqui11hos
Luz que bl'illwu nas trnvas
18 Encheu-me de alegria a Catolicismo, e transmito meus parabéns por tudo, tanto os artigos como as bonitas fotos, quadros, os presépios, enfim tudo. Os. comentários sobre Nossa Senhora, a coluna do sacerdote, a entrevista com o professor italiano, o artigo do mestre Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, também o artigo de como está a situação nos States hoje em dia. Queria só comunicar essa alegria, e que a alegria de vocês no Natal seja muito maior como prêmio pelo trabalho de vocês neste ano; e no próximo continuemos seguindo a mesma luz que é a luz de Cristo, que um dia brilhou em Belém e continua nos indicando o rumo certo nesse mundo perturbado pelas desordens. Aparentemente o mundo não tem solução, mas tem solução sim, é só buscar essa "Luz" . Humildemente peço que essa "Luz" ilumine nossos passos para saber o que fazer judiciosamente para o bem. (D.M.N.O. - ES)
-CATOLICISMO
18 Eu imaginei que teríamos grandes festas religiosas e grandes procissões, festejando os 150 anos da Imaculada Conceição, mas fiquei só na imaginação, infelizmente. Não quero generalizar, porque não sei bem como foram os festejos nos outros estados, e também não sei como foi no estrangeiro, mas em São Paulo foram muito fraquinhos. É a crise ... E para sair da crise precisamos de um novo Beato Pio IX 1..l Nossa Imaculada Conceição precisava ser mais louvada ainda, tudo que se fizesse para Ela seria pouco, porque Ela merece muito mais. Graças a Deus que a minha querida revista deu todo espaço, nos presenteou com belíssimas meditações; se não fosse isso, eu ficaria frustrada na minha devoção. De coração, peço que Ela recompense muito os Srs. e fiquem sempre com Deus no coração. (N.E.J. - SP) Dá o que pensar
Nunca li nada do autor do artigo sobre a deJTota do PT, nem o conheço, mas gostei da clareza, e o texto me pôs a pensar. (R.G.O. - MG) Belíssima família ~
Simplesmente fantástica a matéria EM DEFESA DA FAMÍLIA - CONTRAAREVOLUÇÃOlJOMO E)(lJ
AL. Seu conteúdo é abrangente, principalmente sobre o brainwashing (lavagem cerebral} praticado pelos ideólogos do movimento homossexual, para que, através de uma mudança de paradigmas culturais, aceitemos este vício deplorável e hediondo. Confesso-lhes que, por ocasião da edição da encíclica papal sobre esse tema, em um domingo, quando adentrava eu no recinto sagrado, com minha família de três filhos, fui abordado por integrantes do GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes), com panfletos com dizeres sórdidos sobre a Igreja Católica, no qual demonstravam e queriam angariar apoio para o já citado crime de desvio sexual - o homossexualismo. Imediatamente, houve um bateboca entre eu e esses representantes, no qual cheguei a dizer o que penso sobre eles - depravação e imoralidade ... Entrementes, gostalia de parabenizálos pela belíssima capa do Catolicismo. Que familia bonita, com 1O(dez) filhos, em uma época em que o sexo é visto como fonte primordial do prazer, prazer e prazer, evitando-se filhos através dos mais espúrios meios. Como católico praticante, tenho 3 (tJês) filhos, e acreditem, sou vítima de vigilância ideológica, visto que várias vezes já me questionaram no sentido de que eu não deveria ler tido tantos filhos assim. Imagino esta belíssima familia. Que Deus a abençoe. (T.J.G. - SP) Um milhão e meio?!
M Senhores da Revista Catolicismo: Sou uma assinant desde o ano de 1986 desta magnífi a revista, que sempre me surpr ende com suas xcelentes matérias apresrntação. É uma graça muito importante para mim recebê-la, e trato de aprov •ilá la de ponta a ponta. Mas es-
Seja um difusor da boa imprensa divulgando ; At LI T M Ligue para
(11)3333 67] 6
crevo-lhes especialmente pela pág. 29 do Catolicismode novembro: "Passeata de um milhão e meio?!". Devo dizer aos Senhores que fiquei maravilhada com esse artigo. Fiquei altamente edificada pelo trabalho meticuloso que fizeram, tomando as medidas do local da tal passeata, etc. Ademais, esse artigo parece escrito pelo Dr. Plínio. É exatamente seu típico estilo polêmico usado nos saudosos artigos que ele escrevia para a "Folha de São Paulo", com um pouquinho de pimenta para fazer estourar o inimigo, mas sempre dentro dos limites da educação. Enfim, esse artigo é demolidor e de pluma genuinamente pliniana. Agradeço-lhes muitissimo! ! E repito minhas efusivas felicitações. Queria fazer chegar essas felicitações ao autor, mas não encontrei seu nome em nenhuma parte. (T.G.-BuenosAires) A quem intel'essa o exagem?
Parabenizo os organizadores desta revista. Aqui podemos dizer sem receio que as nossas conversas seriam "nhenhenhém", se não fossem os debates coordenados por vocês. Continuem sempre nos ajudando a interpretar os fatos de difíceis soluções. Considero culturalmente e moralmente inaceitável a postura homossexual, e qualquer coisa deve ser feita ele um modo mais forte e coordenado no mundo inteiro pela Igreja (pois temos fortes grupos católicos no mundo inteiro), antes que essa praga seja considerada pelos nossos descendentes como uma coisa normal. Apreciei tudo da revista, mas chamo a atenção que vocês conseguiram provar muito claramente o quanto exageraram os jornais e as TVs falando de um milhão e meio de pessoas na Parada Gay da Av. Paulista. Que exagero!!! A quem interessa esse exagero gritante? A suspeita cai sobre os dirigentes desse movimento homossexual, mas também sobre os dirigentes da mídia. Na esperança de que tais exageros não se repitam mais, e que a prefeita de São Paulo não participe mais desses desfiles, transmito-lhes minhas sinceras felicitações pelo trabalho. (C.N.S. - SP)
Apoio espú'itual
18 Sou seminarista e gostaria de manter contacto com os Srs., pois quando vemos tanto desprezo pela religião, quando vemos a imoralidade avançar desbragadamente corrompendo e perdendo as almas, ficamos como que feridos (é um ferimento de alma, espiritual, mas que, certamente, mais dolorido que os ferimentos que brotam sangue) e em nossas dores precisamos nos apoiar mutuamente. Sinto muito apoio lendo a revista Catolicismo (quando me emprestam ... , quando não consigo o empréstimo, porque outros colegas já a pegaram, leio pelo site www.catolicismo.com.br), pois não tenho condições financeiras para fazer uma subscrição ... Quem sabe, mais tarde eu consiga os meios para isso e voltarei a tomar contacto. Escrevo-lhes apenas para agradecer esse apoio espiritual e desejar-lhes um bom Natal junto do Menino Deus com todas as bênçãos de Maria Santíssima para o ano vindouro, em Jesus e Maria. (P.D.A.E.- MG) Home11s <le te
Escrevo do Peru, desejando-lhe que a Santíssima Virgem abençoe a todos os que colaboram com esta pujante e combativa revista. Pode-se aplicar aos senhores a frase de Dr. Plínio Corrêa de Oliveira: "Oscéticospoderãoso11iI;mas o soniso dos céticos jamais conseguiu deter a marcha vito1iosa dos que têm fé ". (J.F.B.P. -Peru)
Comunicação ótima
Primeiramente quero parabenizá-los pela ótima forma de comunicação com que a Revista Catolicis1110 vem atuando, muito boa, interessantíssima e atual. Gostaria de pedir que vocês me informassem como eu posso fazer a assinatura da revista, pois me interessei muito por ela. (E.R.M.C. - PR)
INMEMORIAM
Rodôgo Antonio Gue1reh'o Dantas
Confortado com os sacramentos da Santa Igreja e com a Bênção Papal, entregou sua alma a Deus no último dia 3 de dezembro, em São Paulo, aos 57 anos, esse estimado membro da familia de almas formada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Filho de conhecido livreiro de Curitiba, Rodrigo iniciou há quarenta anos, ainda secundarista, sua colaboração na então agência de Catolicismo da capital paranaense, cujos integrantes pouco mais tarde viriam a constituir a Secção do Paraná da TFP. Em 1970 inte1rnmpeu o curso de Direito para constituir, junto com seu irmão Carlos Henrique e outros elementos de escol, uma casa de estudos da TFP em Amparo (SP), voltada especialmente à consideração das doutrinas sobre opinião pública. Um cãncer que parecera debelado em cirurgia realizada faz ano e meio voltou a manifestar-se mais recentemente, revelando-se infrutífera uma nova intervenção, após a qual Rodrigo passou ainda cinco semanas no hospital, constantemente assistido por seus irmãos de ideal. Edificou a todos nesse período, por sua aceitação do sofrimento e da vontade de Deus, tendo reiteradamente oferecido a vida pela causa a que se dedicara. Filho espiritual de Plinio Corrêa de Oliveira, Rodrigo muito cedo consagrouse a Nossa Senhora como escravo pelo método de São Luís Grignion de Montfort; recitava diariamente o Santo Rosário era Terceiro Carmelita e levava, ao fal~cer, o Escapulário do Carmo.
JAN EIRO 2005 -
-
11 Cônego JOSÉ LUI Z VILLAC
Pergunta - Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo esforço em defender a Fé católica. Eu gostaria de poder ter a habilidade de defendê-la num mundo secularizado, como tem o senhor. Mas como não tenho essa habilidade e, quando falo, mais irrito a platéia do que a convenço, decidi restringir minha ação à oração pelos incrédulos, para não prejudicar a Igreja. Vivo em angústia constante ao ver tantas almas no erro diante de mim, pouco podendo fazer para salvá-las da morte eterna. Também sou provado em minha solitária certeza, pois todos à minha volta dizem que sou um acadêmico esquizofrênico : um homem irracional, supersticioso, contraditório e até louco! Diante de tantos cientistas e homens considerados sábios, que dizem que o Cristianismo é pura mitologia, como não tenho tanto conhecimento científico quanto muitos ateus e agnósticos, tentações de incredulidade me assaltam, mas misteriosamente nunca tive ram sucesso sobre mim. Em segundo lugar, gostaria de dizer que li sua resposta na revista Catolicismo de novembro de 2004, elogiosa em re1ação à Inquisição. Quanto a isto tenho algumas perguntas. O se-
CATOLICISMO
nhor diz : "Po1·ém isso (os abusos meramente lmmanos e nunca inerentes à i11slituição) não é rnoüvo para condenar genernlizada mente essas instituições (Inquisição) ". l. Ora, parece ser fato inconteste, e aceito até pela própria Igreja, que tal instituição usava formas de tortura, com aprovação papal e conciliar. Se a tortura era branda ou severa, não é relevante: usava tortura de forma institucional/ ordinária e ponto. 2. Também é fato notó-
rio que se trata de um Tribunal de consciência, em que um herege era coagido, sob ameaça de condenação à morte horripilante, a professar publicamente a Fé católica e a se converter. 3. Se é verdade que era o tempo em que "a filo sofia do Evangelho go ve1·na va os Estados ", pode-se dizer que a prática legal e freqüente da tortura para extrair confissões era um reflexo do esplendor da Igreja e uma manifestação da harmonia dos tribunais civis com os princípios do Evangelho? Por que a Igreja nunca censurou os governantes, até o século XVIII, para que abo lissem completamente a tortura nos Estados ca tólicos?
Resposta - A pergunta se divide nitidamente em duas partes distintas: a primeira se refere à polêmica que o missivista trava com ateus e agnósticos que ridicularizam a Igreja; e a segunda visa esclarecer o elogio que fizemos à instituição da Inquisição. Respondamos a cada uma na sua devida forma. O responsável por esta coluna não é especialista em questões científicas, como aliás grande pai1e dos leitores desta revista também não é, e o próprio missivista parece não ser. De modo que a maioria de nós não está em condições de travar uma discussão com cien tistas agnósticos e ateus, no campo especificamente cientffico.
Negação <lo /J1'i11cípio da causali<la<le
Acontece que a discussão sobre problemas religiosos não se trava apenas no campo científico, mas voa mais alto e abrange também e prioritariamente os pressupostos que governam as ciências naturais, os quais se encontram no campo metafísico. Isto é, no campo que está além da física, que é o significado da palavra grega metafísica (melá =além de) . É muito comum que os cientistas agnósticos e ateus se limitem a analisar os falos que têm diante dos olhos, sem se perguntarem sobre as causas dess fatos, sobretudo sobre a ausa inicial , que deu origem a ludo, isto é, Deus. Precisamente por isso são agnósticos e ateus ... Arrogantes e presunçosos, e vendo-se impotentes para cientificamente aniquilar a Religião, máxime o Cristianismo, esforçam-se por ridicularizá-los como um conjunto de
mitos, com os quais eles, homens superiores, desdenham se preocupar. Assim, meu conselho ao missivista é que absolutamente não se desencoraje. Analise, se quiser, os pronunciamentos cios cientistas agnósticos e ateus, e procure neles o grande furo metafísico que invalida suas pretensas conclusões antireligiosas. O ateísmo deles é um apriorismo que não se sustenta à vista elas provas da existência de Deus -- mesmo no campo meramente natural. independente da Revelação -que a Igreja ensina com tanta sabedoria. Ciência sem sabedoria é como estudar com lupa a pata de uma formiga, sem se dar conta de que ela pertence à formiga. Zelo <la lgrnja contl'a a perfídia <los hereges
Abusos, como os que o missivista aponta na Inquisição, os houve -- muito excepcionalmente -- sobretudo na segunda fase dessa instituição, em que ela foi desviada, especialmente em algumas regiões, para fins políticos. Sem querer aqui aprovar nenhum deles, é preciso entretanto ter em conta a época em que se deram. As torturas, por exemplo -· aplicadas pelo Poder Civil, após julgamento e sentença do tribunal do Santo Ofício, declarando que tais doutrinas errada s (heréticas) , se divulgadas, levariam à conturbação da ordem na sociedade temporal -- não constilu íram usos caracterísl icos da Inquisição, mas faziam parle dos costumes d(• 11111a época recém-sr1ída das l11vasoes bárbaras./\ lgn•ja P l'l'da sobre as pop1da~•ops 11111:1 a~·• o não só
religiosa, mas civilizatória, que visava aos poucos mudar os costumes bárbaros, coisa que não se consegue de uma hora para outra. A época medieval foi elogiada por Papas exatamente pelo fato de que aqueles povos, sob a ação dos princípios cristãos, mostraram-se dóceis à influência católica e foram aos poucos mudando seus hábitos e costumes no que eles ainda tinham de muito rebarbativo e pagão. Os neopagãos de nossos tempos, ao invocar tais costumes para transformálos num libelo contra a Igreja, de fato mostram-se mais anticatólicos do que defensores da liberdade. Numa época tão longa quanto a Idade Média (1 O séculos no total) , vista em seu conjunto, houve lugar para coisas excepcionalmente reprováveis, mas sobretudo muitas outras amplamente luminosas. É preciso analisá-la no seu desenvolvimento geral, que levou a um alto grau de civilização, acabou com a escravidão da Antigüidade (a qual só retornaria depois, no Renascimento), e sobretudo produziu um surto de amor de Deus e do próximo, que se refletiu nasalmas e nas instituições da vida civil. O elogio que fiz da Inquisição supõe exatamente a consideração desses abusos como extrínsecos à instituição. Creio ter sido bem claro a respeito, o que, aliás, o missivista reconhece. O que não o impede de fazer perguntas muito agudas a respeito. Respondo-as concisamente. Pela doutrina da Igreja, não se pode forçar a conversão de ninguém. O que a Inquisição exigia era que o herege cessasse de propagar os seus erros, pois é obrigação da Igreja ve-
~
g ~
.~
ê§
~
1~ ~
j :
t
1! j
] Execução de Sta . Joana d ' Are (Rouen, 1431 )
lar pela salvação das almas, es- temei antes aquele que pode prepecialmente preservar os fiéis cipitar a alma e o c01po na das heresias. geena" (Mt 10, 28). Diante da ameaça de uma Portanto, a Igreja não pode epidemia, qualquer governo tem tolerai· que o herege procw-e anobrigação de fazer tudo que es- gariai· adeptos nas fileiras catótiver a seu alcance para evitai· licas. Inter parietes, o herege que os cidadãos sejam atingidos podia professar a sua crença, por ela. Daí as barreiras sanitá- sem contudo procurar atrair para rias, a proibição de entrada no o seu culto falso os fiéis católipaís de pessoas suspeitas de ha- cos. Se o fizesse, nos tempos da ver contraído a doença, o Cristandade medieval, em que confinamento dos empestados, havia união entre a Igreja e o etc. Ora, os males que atingem • Estado, a Igreja apelava para o a alma têm conseqüências mui- braço seculai·, a fim de impedir to mais graves do que aqueles esse proselitismo que punha em que atingem o corpo, pois po- perigo as almas, com redundândem levai· a uma morte muito cias, também, no bem-estai· sopior, que é a morte eterna. Ensi- cial. Daí o nosso elogio à instina Nosso Senhor: "Não temais tuição enqum1to tal. Que nem aqueles que matam o c01po, sempre os inquisidores ficaram mas não podem matar a alma; dentro dos justos limites, é fato
bem comentado. Bastai·ia lembrar o caso emblemático de Santa Joana d' Are, executada em praça pública, em Rouen, após um julgamento iníquo de um Tribunal da Inquisição. Mas a própria Igreja depois a reabilitou, num processo regulai· de outro tribunal eclesiástico, e por fim a canonizou, propondo-a como modelo de santidade para todos os fiéis. O que mostra que a Igreja não teme admitir os erros cometidos por seus membros. Por fim, quando o Papa Leão XIII elogiou a Cristandade medieval, dizendo que nela a "a filosofia do Eva11gelho govemava os Estados", nem por isso se deve concluir que a Idade Média alcançou em todos os pontos a plenitude da aplicação dos princípios do Evangelho. Ela foi apenas um auge historicamente alcançado, não a plenitude de perfeição. Os princípios estavam postos, mas o seu pleno desabrochamento, em alguns pontos, se deu apenas séculos mais tai·de, já no Ancien Régi111e. Neste último período histórico, por sua vez, se verificou um retrocesso agudo de outros princípios do Evangelho em pontos até mais fundamentais. Em diversos outros pontos, nunca se conseguiu um desabrochar pleno da Civilização Cristã, sobretudo devido ao advento do processo revolucionário que corroeu a pós-Idade Média. Mas aqui seria preciso um longo desenvolvimento histórico, que o leitor encontrará com facilidade no livro Revolução e Contra-Revolução, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que mais de uma vez temos recomendado a nossos leitores. • E-mail do autor: conegojoseluiz@catolicismo.com.br
JAN EIRO 2005 -
-
li
A REALIDADE CONCISAMENTE Exagero midiático favorece 11 casamento" homossexual
José Luis Zapatero
a Espanha, o governo socialista chefiado por José Luis Zapatero quer instituir o abominável "casamento" homossexual, e ainda com a faculdade de serem adotadas crianças. Para isso, até falsifica estatísticas, segundo o jornal espanhol "La Razón". Assim, a agência oficial de notícias EFE espalha que o país tem 4 milhões de homossexuais. Mas o Instituto Nacional de Estatística só contabilizou 10.400 "casais" desse tipo, ou seja, 0,09% dos lares. O exagero exacerbado é método da campanha próhomossexualidade. No Canadá, a Enquête Canadense sobre Saúde Comunitária de 2003 verificou que somente 1% da população se diz homossexual. Nos EUA, a National Heald1 and Social Life Survey constatou que 0,9% dos homens e 0,4% das mulheres tiveram alguma vez um parceiro do mesmo sexo. •
11
o
Homicídio ritual" islâmico traumatiza Holanda
cineasta holandês Theo Van Gogh foi degolado em pleno dia, em Haia, por um fanático islamita. Seu crime: denunciar em filme a situação degradante da mulher nos países islâmicos. O assassino deixou uma carta cravada no ventre da infeliz vítima. Nela lê-se: "Nada de discussões, nada
N
de manifestações, nada de conversa, nada de reclamações: só a morte separará a verdade da mentira. [ ..] Estou certo de que tu, ó A111é1ica, perecerás. Estou certo de que tu, ó Europa, perecerás. Estou certo de que tu, ó Holanda, perecerás ". A agência Corrispondeza Romana qualificou o ato de "o
primeiro homicídio ritua} [islâmico] na Europa ". Conhecido o delito, mais de 20 mesquitas e escolas muçulmanas foram incendiadas. A polícia holandesa desmantelou um campo de guerrilheiros kurdos maometanos e tomou de assalto um ninho de terroristas islâmicos em Haia. •
Ambientalismo danoso perde em plebiscito s proprietátios urbanos e rurais do Estado de Oregon , EUA, prejudicados por leis ambientalistas abusivas, terão direito a indenização ou a serem eximidos do cumprimento dessas leis. A proposta foi aprovada em plebiscito em 2 de novembro último. Oregon possui grandes florestas naturais e pouca população. Esta, porém,
O
vem sendo confinada em áreas suburbanas por leis ecologistas utópicas e danosas. Os ecologistas mais ativos nas cidades reagiram
virulentamente. Porém, a medida obteve 60% de votos favoráveis , especialmente dos eleitores rurais que conhecem bem a natureza. •
Americanos retornam à tradição e às boas maneiras mily Hertzer, 25 anos, graduada na Universidade Yale, nos EUA, abandonou a militância esquerdista e engajou-se no movimento conservador. Ficou assustada pela vulgaridade de maneiras dos ativistas do candidato democrata Keny na última campanha presidencial, e agora pretende dar novo impulso à Newportant Foundation, instituição que visa restaurar a civilidade e as boas maneiras. De imediato, ela quer trazer de volta a velha tradição britânica dos chás elegantes, com a participação ele membros das famílias de 400 anos ou sangue azul de Newport e Rhode Island. A revista The New Yo1*ernoticiou, escandalizada, o auspicioso fato. •
E
Putin ameaça Ocidente com super-armas presidente russo ameaçou o Ocidente com a fabricação de um míssil portador de ogivas nucleares "único no mundo". E acrescentou, em alusão aos EUA, que o foguete iludirá escudos balísticos. Ele esquivou-se ele apresentar mais dados. Compreende e, tendo-se em vista a péssima qualidade que costumam ter os armamentos russos. Mais
O
À direita, o presidente Putin
Esquerdas tentam abafar lembrança do Muro de Berlim lexandra Hildebrandt, diretora do Museu do Muro de Berlim, construiu uma réplica fiel do Muro na capital alemã. Ao lado do Muro refeito foram cravadas 1.065 cruzes, em memória das vítimas assassinadas enquanto tentavam fugir do inferno comunista. Mas as esquerdas socialistas, comunistas e ecologistas julgam que a referida réplica "passa do limite suportável". O ódio voltase especialmente contra as cru zes. Ao que parece, não é só o demônio que tem medo da Cruz ... "Os políticos [da ex-Alemanha comunista] assassinos de ontem sentam-se hoje no Senado de Berlim. Se a exposição fordesmontada, terei vergonha de continuar morando aqui", diss e Frank Schmidt, preso por cinco
A
Bispo de Hong l(ong: resistência à lei comunista
D
Cruzes junto ao Muro de Be rlim
anos ao tentar pular o Muro para o lado ocidental. O furor da reação ilustra o quanto o comunismo ainda está vivo e atuante, embora dissimulado sob outros rótulos partidários. •
om Joseph Zen, bispo de Hong Kong, convocou as escolas católicas a resistirem firmemente, mas de modo pacifico, à tentativa do governo comunista de instalar conselhos de controle nas esco1as. Para o prelado, tra- DomJosephZen ta-se de "salvaguardar a tradição católica na educação" contra uma tentativa
"revolucionária e indiscriminada". Com tais conselhos, diz Dom Zen,
Acordos Brasil-China beneficiam país comunista presidente Lula concedeu à China comunista o status de economia de mercado, durante a visita do presidente marxista chinês Hu Jintao ao Brasil. A China obteve assim um apoio inapreciável, em troca de promessas incertas ele compra de carnes brasileiras. Conseq üência: o Brasil ficou virtualmente indefeso contra prá-
O
ticas desleais do comércio chinês. Para os empresários de São Paulo, a decisão deixará a "indústria paulista e a brasileira em posição de vulnerabilidade ". Segundo muitos, a grande beneficiária do negócio foi a ideologia socialo-comunista, pintada pelo lado de fora de economia de mercado. •
do que bravata, a declaração foi um claro sinal ele animadversão para com o Ocidente. A ameaça visou também os países da ex-URSS. Putin quer reabsorvê -los num novo império, seguindo a estratégia da antiga polícia política soviética, a KGB, na qual ele se formou , e que hoje detém as rr<INts cio poder na Rússia . •
"todas as escolas ficarão sob o controle direto do Estado" . O comunismo chinês tenta dessa forma sufocar a liberdade dos católicos em Hong Kong .
Martírio e coragem de católicos iraquianos
N
o Iraque, dezenas de católicos foram recentemente assassinados por muçulmanos, em ódio à sua fé. Tudo leva a crer que tais católicos podem ser considerados mártires. Também houve repetidos ataques com metralhadoras e bombas contra igrejas católicas. Mas os fiéis corajosamente estão restaurando os edifícios sagrados destruídos e recomendando-se de modo especial à Providência Divina. Tal fato reconfortante foi narrado para a agência vaticana Fides pelo Pe. Nizar Semaan, pároco de Karakosh, norte do país. Nessa cidade os católicos têm "organizado uma espécie de milícia cidadã" para "impedir infiltrações terroristas", acrescentou o sacerdote .
O presidente Chinês Hu Jintao e o presidente Lula
CATOLICISMO
JAN EIRO 2005 -
-
Ad perpetuam rei memoriam
E o mesmo jornal reconheceu mais tarde, em editorial, que se trata de uma "lei que pouco saiu do papel". 2 Também o agrônomo Xico Graziano deixa claro: "A lei [o ET) nunca conseguiu promovera dís-
ltibuição fundiália tão aguardada ". 3
C omemorou-se 40 anos do Estatuto da Terra, ícone das esquerdas, mas nada se disse da causa profunda que levou à sua não-aplicação. Essa causa, é de justiça, deve ser aqui consignada para sua perpétua memória
■ PLÍNIO V IDIGAL XAVIER DA SILVEIRA
ecentemente a imprensa comemorou os 40 anos do Estatuto da Terra (ET). Comemorou!? As matérias publicadas mais pareciam referir-se a um velório do que a um aniversário. O choro abundante deveu-se à conjugação de dois fatores que, pelo fato de se apresentarem sincronizados, produziram um ranger de dentes na esquerda em geral. Primeiramente consistiu na consideração de que o ET foi uma lei de Reforma Agrária magnífica, espetacular, maravilhosa, fora de série, e o que quiserem mais. Nos arraiais da esquerda não se poupam elogios ao texto. Mas a isso se soma o segundo fator melancólico: o ET não foi aplicado!
A perplexidade das esquerdas Como foi possível -- perguntam-se os agro-reformistas -- ter sido engavetado um texto que realizava tão a fundo os desejos da esquerda em matéria de socialismo agrário, descido do céu pelas mãos de um regime de força , e que tinha tudo para ser imposto truculentamente à Nação, numa época em que os militares gozavam do auge do prestígio popular? O fato parece realmente perplexitante. Mas só para quem não conheceu aquele período de nossa história, ou então agora, quatro décadas decorridas, não estuda os acontecimentos de 1964 com a devida isenção de ânimo.
"A melhor lei agrária chega aos 40 anos ", foi o título de um artigo publicado em um matutino paulista. 1 E o subtítulo não é menos bombástico: "O Esta-
tuto da TeITa é a legislação brasileira CATOLICISMO
1964: concentração das Ligas Camponesas a gitam o compo no Brasil
mais estudada no exterior". Trata-se, diz o corpo do artigo, da "mais importante
lei agrária brasileira e uma das mais completas do País ".
Com1111ismo e a11ticom1111ismo llOS aJJOS 60 A explicação do paradoxo entretanto é simples. Ela pede apenas, para ser bem entendida, um rápido histórico. O período que mediou entre 1960 e 1964 foi de agitação agrária no Brasil: as Ligas Camponesas (espécie de MST da época); a estranha renúncia do populista Jânio Quadros e a subida do governo pró-comunista de João Goulart; uma intensa propaganda da Reforma Agrária socialista e confiscatória. De outro lado, havia a grande expansão da TFP, sob a égide lúcida e firme de Plinio Corrêa de Oliveira, mostrando a incompatibilidade visceral entre o socialismo agrário e a doutrina católica. Comunismo e anticomunismo buscavam a conquista da opinião pública, numa disputa quase diária que se traduziu em lances de todo tipo: livros, conferências, entrevistas, campanhas, panfl etos. Até enfrentamentos em praça pública se deram mais de uma vez, quando comunistas inconformados atacaram rapazes da TFP que divulgavam suas publicações para uma população ávida de argumentos e pensamento. Foi preciso aos propagandistas da TFP muita galhardia e coragem para dispersar esses magotes de furiosos.
A grande s1111Jresa 110 1·egime militar O fato concreto é que o povo brasileiro pacato, amigo das tradições, da fa mília e da propriedade, inclinou-se de cididamente pelo anticomunismo. Jango não soube avaliar a situação e usou uma tática politicamente suicida: avançar mais e mais na direção da esquerda, quando o terreno lhe era completamente adverso. Vieram as marchas que encheram as ruas e praças das principais cidades do País, dizendo não ao comunismo e em particular à Reforma Agrária socialista e confiscatória. Para atender o clamor popular, deu-
se então o golpe militar de 1964, que derrubou Jango do poder. A TFP, que não participou do golpe nem dos conchavos político-militares que o precederam, ha via sido a grande força anticomunista a preparar a opinião pública, atuando sempre de modo pacífico e legal. Instalado o regime militar em abril de 1964, em novembro do mesmo ano, para surpresa geral, era promulgado o Estatuto da Terra, uma lei agrária que atendia a todos os reclamos da esquerdajanguista e até os ultrapassava. Tratava-se de um texto de Reforma Agrária que golpeava a fundo a propriedade privada no Brasil e coarctava a livre iniciativa. Se aplicado , instauraria o socialismo no campo. No dizer de Plinio Corrêa de Oliveira, o "janguismo sem Jango" instalava-se em nossa Pátria.
Caráter socialo-com,mista doE1' Agora, 40 anos depois, o caráter socialo-comunista do ET não deixa a menor dúvida em ninguém. Segundo o presidente do INCRA, Rolf Hackbart, o ET "sur-
giu como resposta às lutas e reivindicações dos movimentos sociais pré-64, que exigiam profundas mudanças esu·uturaís na propriedade e 110 uso da ten-a 110 Brasil".~ O mesmo editorial acima citado most:ra que "o primeiro governo militarplivílegiou, no Estatuto, conceitos típicos da esquerda dos anos 60 ". 5 O economista
João Goulart discursa na Central do Brasil
D. Helder Câmara e o pres. Castelo Branco
Xico Graziano relaciona a promulgação do ET com "a tomada do poder em Cuba por
Fidel Casu·o, em 1959".6 Elaborado por um grupo de agro-reformistas , entre os quais se salientava o ferrenho esquerdista José Gomes da Silva, o ET foi aprovado no Congresso a toque de caixa.
Voz destemida del'e11de a Civilização Cristã Para que a glória nacional não ficas se manchada pela inércia dos que deveriam ter protestado e não o fizeram, uma voz se levantou destemida contra o ET. Foi a de Plinio Corrêa de Oliveira. A circunstância era das mais ingratas. Empossados no Poder havia poucos meses, os militares estavam ainda no auge de seu prestígio por terem lançado a pá de cal sobre o janguismo pré-comunista no Bra-
Rolf Hackbart, presidente do INCRA
JANEIRO 2005 -
-
INFORMATIVO RURAL sil. O regime de força se exercia então sem contraste. Enfrentá-lo.parecia temeridade. Fiel aos princípios católicos que o nortearam desde muito jovem, o Prof. Plinio não hesitou diante do risco nem diante das conseqüências. A glória de Deus e o bem da Civilização Cristã no Brasil exigiam, se necessário, até uma imolação . Ele disse : "Estou pronto" . Dois documentos memoráveis foram então elaborados por ele. O primeiro, uma análise do ET denunciando s~u caráter comuno-janguista, foi distribuído em 4 de novembro de 1964 aos deputados e senadores que debatiam o projeto. Intitulado O dfreito de propâedade e a livrn iniciativa 110 projeto de emenda co11stitucio11al 11°. 5/64 e 110 projeto de Estatuto da Te1rn, o texto era assinado, além do autor, por dois Bispos e um economista, co-autores do famoso best-seller Reforma Agrária Questão de Consciência. Não é possível aqui citar mais extensamente esse documento de 35 laudas datilografadas, obraprima de concisão e objetividade. Mas ele fica à disposição dos leitores que houverem por bem pedi-lo à redação de Catolicismo. O documento causou grande impacto , por sua precisão de conceitos, sua lucidez na análise, sua denúncia firme e irretorquível. Porém, as cartas estavam marcadas. O ET foi aprovado pelos congressistas e promulgado em 30 de novembro pelo presidente Castelo Branco. Manifesto profético antecipa os aco11tecimentos
Assinado então pelo Conselho Nacional da TFP, veio a lume em numerosos jornais brasileiros o Manifesto ao povo brasileiro sobre a Refonna Agrária, redigido por Plinio Corrêa de Oliveira. Diz o texto: "Em tlinta dias o Congresso teve
que examinar, emendar e votar um proj eto de 133 artigos e mais de 500 parágrafos, incisos e alíneas. Consumou-se assim às caJTeiras um dos mais importantes fatos da vida nacional desde a Independência ". Observa o documento que "os órgãos de cúpula da imensa rede de associações representativas da classe rural", aos quais competia alertar seus associados e o BraCATOLIC ISMO
ET. Sob a orientação do então Ministro da Agricultura, Nelson Ribeiro, indicado pela CNBB para fazer a Reforma Agrária, e do presidente do INCRA, o mesmo José Gomes da Silva, elaborouse o Plano Na cional de Reforma AgráJia (PNRA) . No livro que escreveu então, em colaboração com o economista Carlos Patrício dei Campo, Plinio Corrêa de Oliveira lembrava que, em 1964, "foi a voz
da TFP a única que teve a coragem de conclamar o País a uma posição de previdência e alerta contra o Janguismo sem Jango', que [devido à aprovação do ET] acabava de penetrar assim na vida do campo ". Tal livro constitui uma análise minu ciosa do PNRA e deixa claro que "o ET
é a árvore daninha da qual o PNRA é apenas um fruto nocivo ". Pede ainda um plebiscito nacional sobre a Reforma Agrária, pois "sempre que a Reforma . Plínio Corrêo de O liveira
sil, "ou não atuaram, ou mobiliza1am mei-
os de ação nitidamente desproporcionados às necessidades do momento ".
Agrária tenta implantar-se, usa de artifícios que fogem à consulta popular. Viuse isto no passado. E com mais clareza ainda no presente".
O manifesto não é porém um dobre de finados. Pelo contrário: "Tudo ainda
O pol'quê ela omissão: auto-censura?
poderá ser salvo, à medida que a opinião nacional, devidamente esclarecida e despertada desse como que letargo hipnótico em que esteve imersa, se vá afirmando. [...] Se as coJTentes de opinião esclarecidas e previdentes souberem fa zer sentir sua influência junto aos Poderes Públicos, criarão entraves salutares à expansão do agro-refo1mismo em nosso País".
Fique pois aqui consignado, ad perpetuam rei memo1iam (para a perpétua
Tal aspiração acabou por se revelar profética, pois foi o que ocorreu. O brado de alerta de Plinio Corrêa de Oliveira encontrou eco junto à opinião pública nacional. O governo do Marechal Castelo Branco parece ter-se dado conta de que uma aplicação precipitada do ET seria altamente contraproducente para o governo e para o País. E teve o bom senso de engavetá-lo. A Nova República tenta ressuscitar o E1'
Só bem mais tarde, em 1985, já na chamada Nova República, o governo Sarney tentou uma aplicação truculenta do
memória do fato), o papel único que teve Plinio Corrêa de Oliveira para impedir que a Reforma Agrária socialista e confiscatória se abatesse sobre o Brasil de modo inexorável, num dos lances mais delicados da história pátria. No momento presente, em que tanto se falou do ET e das circunstâncias que cercaram sua aprovação há 40 anos, não faz mérito a ninguém omitir o nome daquele que unicamente teve a coragem de opor-se ao governo forte para denunciar os males da legislação agrária. E levanta inevitavelmente uma pergunta: estará em vigor algum tipo de censura na imprensa? Uma auto-censura? •
-
E-mail do autor: plinioxavier@catolicismo.com.br Notas: 1. "O Estado de S. Paulo", Agrícola, 24-11-04.
2. Idem, ed itorial, lº-12-04 . 3. Idem, 23-11 -04. 4. "Folha de S. Paulo", 29- 11 -04 . 5. "O Estado de S. Paulo", ditol'inl, 1° 12-04. 6. Idem , 30-11-04.
Hacl<bart e Frei Betto Perseguição ao agronegócio -
O que está no fundo das intenções do INCRA? Esse segredo de polichinelo foi revelado pelo presidente da entidade, Rolf Hackbart, falando a uma platéia de semterra. Ele não achou nada melhor do que associar ao agronegócio o assassinato de alguns sem-te1Ta. Exprimindo-se em termos da envelhecida luta de classes marxista, Hackbart colocou-se contra "o ouún lado " - o do agronegócio: "Temos que saber em
que ponto vamos nos w1ilicarporque o ouún lado é muito orga11izado, sob a etiqueta do ~ chamado agrobusiness. Sob essa etiqueta .,;,o 'ãi está Adriano Chafik, que matou os ~ :E úabalhadores em Minas Gerais. Ele se diz José do agrobusiness. Sob essa etiqueta está o propiietá.Jio que baleou os acampados lá em Mato Grosso do Sul", disse ele. Tais
Dirceu
declarações desagradaram profundamente a opinião pública nacional, a ponto de a mídia ter feito constar que o presidente Lula pensara em demitir Hackbart. Na realidade, ele permaneceu intocável em seu posto. No início do governo Lula, um Frei Betto exultante sonhava com a exaltação da esquerda católica. Em 23-103 escrevia ele um artigo para o "Correio Braziliense", que aqui resumimos: "Da Antes ... -
Prnça dos Três Poderes, onde trabalho, contemplo a Esplanada dos Ministérios. Meu olhar volta ao passado e retorna ao presente, agora como se a realidade fosse sonho. Ali está a ministra Maiina Silva, militante das CEBs. Ao lado, Benedita da Silva, líder comunitária do moITo Chapéu Mangueira, aú'ás do nosso convento dominicano. José Fiitsch, integrante das CEBs de Chapecó, é discípulo de dom José Gomes. No mo110lito prelo do Banco Central, reenconúo Henrique Meirelles, militante da JEC (Juventude Estudantil Católica) de Anápolis. Dilma Roussef, companheira de cárcere no Presídio Tiradentes, em S. Paulo, nos anos 70. José Grazia110, também foi meu companheiro de JEC. Olívio Dutra, militante da Pastoral Operá.Jia. Denún do Palácio do Planalto, José Dir-
Benedito do Silvo
ceu, líder estudantil que se escondeu em nosso convento de S. Paulo, nos anos 60. Tentei avisá-lo do cerco policial ao congresso da UNE, em Jbiúna. Mais tarde, quando emergiu da clandestinidade, apresentei-o a Lula. O gabinete pessoal do presidente da República é comandado por meu parceiro de Pastoral Ope1'ária, Gilberto Carvalho. À frente da Secretalia de Imprensa está Ricardo Kotscho, com quem fundei Grupos de Oração, ativos há 23 anos. Ao lado de minha sala, está o gabinete presidencial. Lula soube capitalizar os nossos sonhos de juventude, dar-lhes consistência política e, graças ao seu carisma, transformá-los em realidade: agora, na Esplanada do Ministério, somos uma comunidade responsável pelo governo do Brasil. Fizemos, sim, uma revolução: da conquista progressiva de espaço na política, tendo como mentor Paulo Freire; e, agora, promovendo a refundação do Brasil". Depois ... - Dois anos se passaram. Benedita da Silva foi expelida do governo. O mesmo ocorreu com José Graziano. Marina Silva está muito desprestigiada. José Fritsch continua um desconhecido do público, como também Gilberto Carvalho. Dilma Roussef foi vaiada até pela esquerda. Henrique Meirelles tornou-se alvo constante de manifestações contrárias. Fala-se insistentemente na defenestração de Olívio Dutra. José Dirceu, todo respingado da lama em que caiu Waldomiro Diniz, está frustrado em seus anelos fidelcastristas. Também Ricardo Kotscho está fora do governo. E o próprio Frei Betto - quem diria! - demitiu-se da assessoria presidencial e de seus sonhos de "refundação do Brasil". Certamente debitando a causas secundárias um tão grande fracasso em tão pouco tempo. E não querendo ver, como sói acontecer com a esquerda católica, que o socialismo é antinatural, a teologia da libertação uma traição aos princípios cristãos, e por isso, afastada das bênçãos de Deus, só pode dar em frustração. JAN EIRO 2005 -
-
Abandono . .das praticas cristas /
ossa Senhora chora por causa concretize, será mais um degrau de dos pecados dos homens, ou decadência naquele tradicional e conseja , das ofensas que se fazem ceituado estabelecimento de ensino a Deus. :rvt;as há muitas coisas que , superior. não sendo diretamente pecados, entretanto .criam condi ções para qu e Ó<lio i g ualitário A Câmara Federal está analisanDeus seja ofendido. do um Projeto de Lei ComplemenÉ próprio da Civilização Cristã facilitar uma vida de virtude e de práti- tar, do deputado petista Nazareno ca dos Mandamentos da Lei de Deus . Fonteles, que estabelece um limite Como é próprio do neopaganismo máximo de consumo para as pessoas moderno criar ocasiões para que as e a criação de uma chamada Poupança Fraterna. O projeto estabelece pessoas pequem. Assim sendo, tudo o que contri- · que, durante sete anos, haverá um libui para o abandono das práticas da mite máximo de consumo mensal que Civilização Cristã, em favor do cada pessoa poderá utilizar para seu neopaganismo, é de molde a provo- sustento e de seus dependentes resicar as lágrimas e a indignação da Virgem. É o pudor substituído por um modo desabusado de ser; é a compostura nos modos e nos trajes, substituída pela libertinagem; é a boa educação, fruto da caridade, substituída por um trato frio e brutalizado. E assim por diante. Vejamos alguns exemplos concretos.
N
A Escória no poder
Na tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, da USP, desde 1903 os rapazes que nela estudam se apresentam de paletó e gravata. Agora a nova direção do Centro Acadêmico está a cargo de um grupo que se denomina Escória, que pretende operar, a partir deste mês, mudanças radicais. Entre elas, nos trajes dos alunos, que passarão a ser bermuda e camiseta ("Folha de S. Paulo", 11 -11 -04). Caso tal se Novos trajes dos alunos : bermudas CATOLICISMO
_,
dentes no País, cerca de R$ 71 3 ao mês. Quem tenha rendimentos superiores a esse limite terá que obrigatoriamente depositá -los numa conta chamada Poupança Fraterna. É um empréstimo compulsório ao governo. Somente após esse prazo os recursos aplicados irão sendo devolvidos aos poupadores ou seus herdeiros, em prestações mensais, durante 14 anos. Apenas casos excepcionais justificarão uma retirada antecipada. O autor diz basear-se na trilogia da Revolução Francesa -- liberdade, igualdade e fraternidade (Agência Câmara, 154-04). Por mais louco que tal projeto possa parecer, ele corresponde aos sonhos utópicos de certa esquerda, que odeia as desigualdades harmônicas e proporcionais, criadas por Deus. Se não estivermos alertas , de repente uma monstru osidade dessas é aprovada. Proibido defender-se
Esta carta de um leitor do diário "O Globo" (RJ), de 26 -11-04, fala por si: "As vezes tenho a impressão de que os poderes públicos fazem o possível para tornar cada vez mais indefeso o cidadão que paga impostos e é a maior vítima da violência. Com a idéia de multar quem usa película escura no vidro do automóvel e a pesada multa para quem avança sinais em locais desertos e sem segurança, ponto para os assaltantes que agem livremente. Detalhe: o assaltante usa anua de fogo, mas o cidadão não podr portar arma para se defender " (Carlos Augusto Lima de Almeida , Rio} . •
D. Efraim B. Krevey, Eparca para os ucranianos católicos no Brasil Ü ilustre Prelado expõe o calvário da Igreja Católica na Ucrânia sob a tirania comunista até a queda da CorUna de Ferro, e manifesta sua alegria pela expansão atual do catolicismo naquela nação
T
emos a honra e o prazer de apresentar a nossos leito res a palavra abalizada da maior autoridade eclesiástica dos ucranianos em nossa Pátria. Nascido em 1928 em lvaí (PR), D. Efraim Krevey ingressou na Ordem dos Basilianos, tendo sido coadjutor da Paróquia de São Josafat em Prudentópolis (PR); vice-reitor e professor no semi nário São José da mesma cida de; Reitor do mencionado seminário; superior e professor no Studium OSBM, em Curitiba; Provincial da Província São José da Ordem dos Basilianos. Em 1971 foi nomeado Bispocoadjutor, com direito à sucessão, de D. José Martenetz, para os católicos ucranianos do Brasil. Em 1978 assumiu o cargo de Eparca, em substituição a D. Martenetz. D. Efraim Krevey concedeu a entrevista em sua residência de Curitiba a nossos enviados especiais, Dr. Pedro Luiz Be zerra de Barros e Sr. Hélio Brambilla
*
*
*
Catolicismo -
V. Exa. poderia informar aos nossos leitores como se formou a Igreja Católica de rito bizantino na Ucrânia?
D. Efraim -- Primeiramente, agradeço muito por
me darem esta oportunidade de falar algo sobre a Igreja Oriental Bizantino-Católica em terras da Ucrânia. O cristianismo foi oficializado na Ucrânia no ano de 988, durante o principado de São Vladimir, o Grande. Ele levou esse rito da Grécia, antiga Bizâncio, e por isso continua até os
D. Efraim B. Krcvcy "O ,·ito hizai1ti11011crai110-católico Cl'eSCell ll1llito 11as terms <la Ucl'ânia a pa1'tir de Kiev, capital <lo país. E <le l<iev el e dissemi11ou-se. "
dias de hoje sendo chamado rito bizantino-ucraino-católico. Esse rito cresceu muito nas terras da Ucrânia a partir de Kiev, capital do país. E de Kiev ele disseminou-se e foi oficializado até 1054 em toda a Ucrânia, em toda a Bielorússia, em toda a Bulgária e em todo o território russo, tanto europeu quanto asiático. Nesse ano ocorreu o cisma, o rompimento da Igreja Oriental -com sua sede em Bizâncio ou Constantinopla, hoje Istambul -- com a Igreja Católica. Até 1054 não havia diferença, todos eram católicos com dois ritos: o oriental e o latino. Esse cisma difundiu-se para a Ucrânia e toda a Rússia, formando-se então a chamada igreja ortodoxa russa, isto é, cismática, pois não aceita o primado do Santo Padre e normas disciplinares de Roma. A Igreja Católica da Ucrânia [fiel a Roma]. no decorrer desses mil e poucos anos, expandiu-se muito, mas sempre sofreu perseguições por parte da Rússia pré-comunista. Depois de 1918, pelo comunismo, quando o poder na Rússia passou a ser exercido por Lênin, e posteriormente por Stalin em 1929, segundo a ideologia materialista e marxista, sem Deus e sem espiritualidade, que professavam. Catolicismo - Como se deu o martírio da Igreja Católica de rito bizantino por Stalin e seus sucessores?
D . Efraim -- A perseguição contra a Igreja Católi-
ca tornou-se muito forte, rígida e sangrenta a partir de 1939. Em 1940- 41, e mais ainda em 1946, a perJAN EIRO 2005
11111
ceram. Estes bispos eram andarilhos, transitando de uma aldeia para outra, atendendo os doentes, ministrando os sacramentos. Não participavam de sepultamentos, porque era proibida qualquer cerimônia pública. Mas atuavam de maneira clandestina, celebrando Missas nas casas particulares. Essa Igreja do Silêncio sobreviveu até 1991, quando caiu a Cortina de fe1rn. Graças a Deus, a Igreja Católica foi libertada, sendo alguns templos reabertos ao público. Foi essa uma época muito feliz e gloriosa, denominada em nossa história a Ressurreição da Igreja Católica na Ucrânia.
D. Efi-aim -- A Igreja ucraino-católica oriental é a
.
Catolicismo -Quais são os desafios atuais para re-evangelização da Ucrânia?
seguição acentuou-se quando se realizou um pseudo-sínodo, sendo a Igreja Católica ucraniana toda dizimada. Praticamente seus bispos e sacerdotes foram aniquilados de 1946 a março de 1956, sendo forçados a aceitar o cisma da chamada igreja ortodoxa russa. Desde 1946, estabeleceu-se na Ucrânia, com toda força, essa igreja cismática, chefiada pelo patriarca [cismático) de Moscou, situação que continua até hoje. 1946 é um ano dos mais dolorosos e trágicos para a Igreja Católica da Ucrânia, porque todos os bispos foram pressionados a assinar um contrato e um decreto de abolição da Igreja Católica e de subordinação ao patriarcado de Moscou. Todos os bispos católicos foram aprisionados. Alguns foram enviados para diversos campos de concentração, outros para o Kazaquistão, e outros ainda para a Sibéria, como o Cardeal Josyf Slipyj e centenas de sacerdotes, a quase totalidade da Igreja Católica. Em conseqüência da saída dos bispos, todas as instituições católicas, escolas, institutos universitários e seminários foram fechados. Proibida a Igreja Católica, muitos bispos morreram martirizados. Começou a existência da Igreja do Silêncio ou Igreja das Catacumbas do século XX, como dizem os escritores, principalmente na parte ocidental da Ucrânia, a Galícia, cuja capital é Lvov. Esta província, onde 95% dos habitantes eram católicos, sofreu a maior perseguição por parte dos russos. Nesta região, toda aldeia de 80, 100 a 120 famílias tem uma ou duas igrejas, e o povo é muito fiel ao catolicismo. Alguns bispos foram clandestinamente sagrados pelo Cardeal Josyf Slipyj e por outro bispo, D. Volotender Ste1vilk, que ficou escondido nas aldeias. Ele também sagrou alguns bispos. Um deles ainda está vivo, D. Paulo Vlacenko. Outros prelados, ordenados igualmente de modo clandestino, já fale-
CATOLICISMO
Audiência de D. Efraim com o Cardeal Dom Ivan Lubachiwskyj (à direita), Arcebispo Maior da Igreja Ucraino-Católica
"1'o<los os bispos católicos toram aprisio11ados. Algw1s J'ornm envia<los para campos <le concentração, como o Canleal ,Tosy/" Slipyj e cente1,as de sacel'<lotes"
D. Efraim -- O principal desafio é enfrentar a formação marxista imposta pelo terror comunista em todas as escolas e institutos de educação, na época em que era proibida nas igrejas qualquer reunião de cunho religioso eclesial. Entretanto, naquele tempo os cismáticos podiam reunir-se ... Aos poucos, devido ao trabalho apostólico que está sendo realizado, vamos reconquistando os jovens, que cresceram alheios a qualquer religião. Mas interessa sublinhar a existência, nesses últimos decênios, da denominada igreja doméstica. Em outros termos, cada família é uma pequena parte da Igreja. Se ainda existe uma marca tão forte, robusta e viva do catolicismo em milhares de famílias, deve-se isso precisamente a essa prática, mediante a qual tornaram-se famosas as mães que se reuniam e conse1varam a verdadeira fé. Existe um forte atrito entre a Igreja Católica da . Ucrânia, de um lado, e o governo ucraniano e o patriarca de Moscou, de outro. A causa do conflito: os católicos desejam a restituição das igrejas que lhes foram confiscadas. Muitas foram devolvidas, embora bastante danificadas, apresentando paredes completamente vazias. Diversas delas não foram entregues e nem o serão. E estão sendo construídos novos templos pelos ortodoxos cismáticos e pelo governo russo; porque o patriarcado de Moscou assemelha-se a um ministério do governo daquele país. Se os católicos desejam edificar uma igreja, são obrigados a fazer coletas para sua construção, enquanto os ortodoxos cismáticos recebem dinheiro à vontade do patriarcado russo para edificar seus templos. Muitas igrejas católicas foram transformadas em depósitos para material de construção. Catolicismo - Quais as vantagens que adviriam, para o apostolado católico na Ucrânia, de ser erigido um patriarcado de rito ucraniano em Kiev? Por que a igreja cismática russa se opõe com tanta virulência a essa legítima aspiração dos fiéis do maior rito da Igreja Católica após o rito latino?
igreja mais numerosa e mais pujante de todas a igrejas orientais. O que representa um prestígio para a Igreja, para os católicos, para a fidelidade ao Papa e para todos nós ucranianos da diáspora. Consistiria um fator de prestígio para os 300 mil ucranianos no Brasil, inclusive para a Hierarquia latina, se fosse nomeado um patriarca. Um ponto a ser ressaltado é que os orientais no Brasil, fiéis do rito bizantino de origem ucraniana, pertencem, em sua maioria, à quarta ou quinta geração. No entanto, conse1vam eles sua fidelidade à Igreja Católica, alrnvés do rito bizantino greco-católico. Com a criação de um arcebispado e mais duas dioceses, tal fato consistiria num engrandecimento da Igreja, seria um fator para conse1var e revigorar esse rito. Catolicismo - Qual foi a situação material e moral herdada pela Ucrânia depois de 70 anos de dominação russa e comunista? E qual a situação atual, após pouco mais de 10 anos de independência?
D. Efi-aim -- Em 1991, por ocasião da queda da
•
Cortina de Feno, não havia propriedade privada nem liberdade no país. Os bancos, as casas comerciais haviam sido entregues para os russos na Ucrânia ou para membros do Partido Comunista. O povo encontrava-se numa situação de miséria. Por toda parte, patenteava-se a influência comunista: em todas as escolas os professores, desde a primária, eram obrigados a pregar o marxismo, o stalinismo e o materialismo. A filosofia de Stalin afirma que a pessoa humana é como a grama e o capim, que se poda hoje e amanhã ele estará crescido. Mas a recuperação dessa triste situação está se realizando, o povo vai revivendo, a Igreja ressurgindo, as propriedades estão sendo restabelecidas. Entretanto, o trabalho para erradicar a referida mentalidade implantada na mente e no coração da população e dos jovens é difícil. Hoje em dia, pelos cálculos conhecidos, há mais ou menos cinco milhões de ucranianos que migraram para outros países. E a credibilidade da Ucrânia no Ocidente ainda é pequena, infelizmente. Catolicismo - Um dos maiores crimes do comunismo internacional foi o genocídio de milhões de camponeses ucranianos para oprimir a nação e impor a Reforma Agrária. Quais os motivos que levaram Stalin a praticar tal massacre de inocentes?
D. Efraim -- Para responder a essa pergunta, parece-me necessário observar que a opinião pública e a imprensa internacional ainda não analisaram a fundo a razão desse massacre. Muitos artigos sobre o tema foram publicados. Pelo que se sabe desse ge-
D. Efraim (direita) durante ordenação diaconal na cidade de Prudentópolis, Paraná, no ano de 2003
"A população de milllaJ'CS de al<leias morreu <le /'ome. Os c01mmistas co11liscaram tudo, os ai1imais <lomésticos, toda a produção, a lavoura, os paióis"
nocídio (sete ou oito milhões de vítimas), julgo ter sido uma tragédia das mais fatídicas e terríveis da História, talvez mais que a de Auschwitz. A população de milhares de aldeias morreu de fome. Os comunistas confiscaram tudo, os animais domésticos, toda a produção, a lavoura, os paióis. Até o pão que a dona-de-casa acabara de fazer era confiscado e levado por caminhões do exército russo. O objetivo do terror era que todos se declarassem partidários do comunismo e aceitassem os kolkhozes (fazendas coletivas). Hoje ainda existem tais fazendas abandonadas, caindo aos pedaços. Foi uma tragédia. Recentemente, promoveu-se um abaixo-assinado não só no Brasil, mas também em outros países, visando o reconhecimento desse crime cometido pelo regime comunista como genocídio. Os Estados Unidos, a Polônia e outros países já reconheceram esse crime como genocídio. Mas existe uma força que está trabalhando para que o documento não se difunda. Por quê? Ignoro a razão. Tal documento foi entregue em mãos ao presidente Lula, e diversas cópias dele foram encaminhadas ao governo brasileiro pelo Embaixador da Ucrânia em Brasília. Se o documento caminhou, não sei. Catolicismo - Pedimos a V. Exa. uma bênção especial para os redatores e leitores de Catolicismo.
D. Efü:1im -- O Cardeal Slipyj chegou a dizer-me,
bem como a outros bispos novos, que a bênção válida é muito mais forte se dada com ambas as mãos, como farei. Quero abençoar a atividade desenvolvida por vocês; não é um trabalho simples, mas pode ser considerado um grande apostolado, pela visão que ele supõe da Igreja, do povo e da humanidade. Constitui uma propagação do Evangelho, segundo o ensinamento de Cristo. Se tal ensinamento for obse1vado, teremos a paz, a tranqüilidade e a felicidade. • JANEIRO 2005 -
.
2004
Expansão do caos e vitórias conservadoras R etrospecto dos mais importantes fatos do ano findo - inesperados para o bem ou para o mal; indicando polarizações; estarrecedores alguns, esperançosos outros - que constituem indícios dos rumos que os acontecimentos poderão tomar em 2005. , Luís DuFAUR
recente eleição presidencial norte-americana. De um lado , os EUA conservadores; de outro, a parte esquerdista e permissivista da população do país, a qual foi derrotada.
nquanto no mundo ocidental os fogos do reveillon iluminavam a passagem de 2003 para 2004, sobre os céus de Nova York e Washington jatos de guerra rasgavam a noite à · Duas grandes 1,e11dêucias espreita do pior. Nos aeroportos, o ri - perpassaram 2004 Em 2004, a grande mídia exibiu gor dos controles era um termômetro da tensão mundial. Porém, nem tudo sem cessar convulsionadas ondas de era mau presságio. Saddam Hussein um caos devorador. Mas correntes fora capturado no dia 13 de dezembro , subterrâneas, no imenso mar da opitrazendo esperanças de um arrefeci - nião pública mundial, corriam num mento do terrorismo. No mesmo dia, sentido diverso. Isso de um modo sifrustrara -se a aprovação de um proje - lencioso e desapercebido, sem dúvi to anticristão de Constituição Euro- da. Mas, quando as circunstâncias perpéia. mitiram, de muitos e grandes setores 2004 iniciou-se influenciado por da humanidade emergiu um consistentendências veementemente contraditó - te "não" ao enlouquecido rolar rumo rias. Elas se acentuaram ao longo de à anarquia. Avanço avassalador do caos revotodo o ano. Exemplo característico dessas tendências contraditórias foi a lucionário e recusas multitudinárias
E
...
NFEiEN
desse mesmo caos foram duas tendên cias contrapostas que perpassaram a fundo 2004. Elas muitas vezes misturaram -se nos fatos concretos, como se os primeiros raios do amanhecer, deli cados anunciadores de um dia novo, se entremeassem com as trevas poluídas de um anoitecer sujo e feio. As esquerdas ousaram tresloucadas aventuras. E até festejaram precipitadamente "vitórias" que resultaram em frustrações. A opinião pública lhes enviou, mais de uma vez, um recado que ressoou como aquele "mane, thecel, lares" ("teus dias estão contados " -Dan 5, 25 ss}, que mão desconhecida escreveu numa parede em pleno festim de Balthasar, rei de Babilônia , que escravizava Israel. Nada melhor que a rememoração dos acontecimentos do ano para confirmar , ou infirmar, essa consideração.
CATOLICISMO
I A NACIONAL
DOS BISPOS DO BRASIL
'° <(
·;;;
~ o:l
~ o
o,:
O pres. da CNBB, D. Geraldo Majella Agnelo (centro), pediu aceleração da Reforma Agrária e afirmou que o País estava prestes a explodir
Brasil
Vagalhão comuno-progressista choca-se com um país tranqüilo e conservador -
-
A
E
m 31 de dezembro de 2003, o presidente da CNBB, D. Geraldo Majella Agnelo, deu o tom do que viria para o meio rural: pediu pressa na Reforma Agrária. 1 Na véspera do "abril vermelho", o purpurado acrescentou que o Brasil estava como uma "panela de pressão" prestes a explodir. 2 João Pedro Stédile, líder máximo do MST, anunciou o plano do comuno-progressismo: "Essa é a disputa que há na sociedade: 23 milhões contra 27 mil [proprietários] [. ..] o que está faltando para nós? Está faltando juntar os mil para cada mil pegar wn ". 3 E José Rainha Jr., líder dos invasores no Pontal do Paranapanema, completou: a Reforma Agrária virá "com facão ".4
O meio ,·m·al bmsileil'o COl1Vlllsi011ado
O resultado? No primeiro ano do govemo Lula as invasões tinham crescido 105% em relação ao último ano da gestão anterior. 5 De janeiro a novembro de 2004 (316 invasões), novo aumento de 51 % em relação ao mesmo período em 2003 (209 invasões). Ou seja, houve uma variação de 226% entre 2002 e·2004. 6 Foi assim que 2004 transbordou de invasões de fazendas, proprietários e colonos tomados como reféns e vítimas de violências, depredação das benfeitorias, extermínio do gado, destruição de plantações; houve produtores rurais e grupos econômicos que abando-
1'° §
.; 0
:::i
João Pedro Stédile, líder do MST
JANEIRO 2005 -
-
Ô5
Ô5
<C
<C
;.
~ o
2
u o .§
~
CC
o
=
t::
"
<C
.D
o e,:
"'
Acima : Marcha do MST em abril de 2004. À esquerda : D. Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra, participa ativamente de passeata do MST em Brasília.
naram as suas terras; invasões de agências bancárias, prefeituras, sedes estaduais e nacional do Incra, estações elétricas, praças de pedágio, delegacias de polícia até com "resgate" de sem-terra presos - , do maior projeto de extração de níquel do Brasil, a Estação Experimental do Instituto Biológico; estradas bloqueadas, até com espancamento dos passageiros de um ônibus; membros do MST presos portando armas ou voltados ao roubo e assassinato, valendo-se do acampamento como base;7 depósitos clandestinos de armas em acampamento, incluindo "artefato usado para lançar coquetéis molotov ";8 loteamento ilegal de propriedades invadidas; arrendamentos ilícitos de lotes de assentados; desobediência ostensiva ao Judiciário; cobranças de taxas aos assentados pelas cestas básicas do FomeZero; turmas de médicos do MST indo e vindo de Cuba etc. Os enfrentamentos decorrentes dessas CATOLICISMO
ações de invasores registraram até 60 feridos num só caso, ou até 120 homens armados. E não só entre proprietários e semterra, mas brigas dos invasores entre si. Em decorrência da Reforma Agrária, entre 1985 e 2003 tinham sido assassinadas 1.373 pessoas. 9 Em 2004 os mortos foram 16 até novembro, segundo o governo, 29 segundo a CPT. 10 Face às invasões, a ouvidora agrária nacional Maria Oliveira declarou: "Não esperávamos que fosse diferente e é bom que seja assim".11 O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, achou que "em hipótese alguma a legalidade e o Estado de Direito estão ameaçados ". 12 A Câmara em Brasília consagrou sessão solene para comemorar o aniversário de fundação do MST. 13 O dinheiro do Estado jorrou para atender as exigências dos sem-terra: R$ 7 bilhões, a título de agricultura familiar, além de R$ 1,4 bilhão previsto no orçamento, mais verba suplementar de R$ 1, 7 bilhão para a Reforma Agrária. Líderes do MST viajaram à custa do Estado. Bancos e empresas estatais patrocinaram eventos dos sem-terra. Tampouco faltou financiamento farto do exterior para o MST, especialmente de organizações bafejadas pelo progressismo católico. Até agosto, o governo Lula expropriou 523 mil hectares e a cifra pareceu nada aos revolucionários. A campanha contra o trabalho escravo camuflou outra investida contra a propriedade privada. 1~ No governo Lula, foram libertados7.014 trabalhadores supostamente "escravizados " por patrões. Além das enormes multas e humilhações que sofreram, foram apontados à execração pública pela mídia. E há ainda a ameaça de expropriação, sem indenização, se
for aprovado um proj eto de mudança constitucional em curso, que nem sequer define o que seja trabalho escravo. Medidas contra o agronegócio foram pedidas na Conferência Água e Tena em Brasília. Mas, enquanto D. Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e o presidente do Incra execravam o agronegócio, incitando a luta de "um lado " contra "o outro", 15 um pequeno produtor exclamava: "Bendito o agronegócio que pennite a nós, pequenos, enviar nosso produto para o extelior".16 Duas faces de 2004 -- uma exibindo o aspecto caos, outra refletindo o bom senso e o desejo de ordem e harmonia social de inúmeros brasileiros.
Índígenas no Salão Verde da Cãmara dos Deputados comemoram o Dia do Índio
tri bos praticaram as mesmas violências destrutivas do MST contra propriedades rurais, torres elétricas e represas, com bloqueio de estradas, invasão de prédios públicos e o conseqüente sangue derramado. Artifícios burocráticos e demagogia esquerdista fizeram com que apenas em São Paulo aparecessem 63 mil índios. 18 Assim, em 2004, apenas 300 mil índios detinham mais de 10% do território nacional, vedado ao ingresso e aproveitamento de mais de 170 milhões de brasileiros. Os índios, pela legislação atual, são inimputáveis legalmente.
Revolução i11dige11ista: artiflcial e violenta
A ofensiva comuno-neomissionária, chamada de indigenista, só na aparência foi diferente da revolução agro-reformista. Na substância, quanto aos instigadores e métodos, foi idêntica. O objetivo explícito vai além: banir o branco, descendente dos que vieram povoar e evangelizar o Brasil, sob pretexto de devolver aos silvícolas a terra que lhes pertenceria. O irrealismo dessa utopia malsã foi denunciado por Jonas de Sousa Marcolino, líder da maioria dos índios macuxi opostos à demarcação contínua da reserva Raposa/Terra do Sol, em Roraima: "A minoria é ligada a ONGs e à Igreja Católica. Nós estamos integrados, usamos ene1gia eléhica, automóveis, ônibus e temos aldeias produtivas. (. .. J Acham que a gente tem que sobreviver de caça e pesca. [. ..] A política daFwwi [. .. Jnos condena ao atraso ". 11 Em vários Estados, índios de diversas
Revolução urbana, agníria e i11dige11ista
.
Ofe11siva do crime organizado 110 Brasil
Mais sanguinária do que todas foi a revolução da vida quotidiana, provocada pela criminalidade. Em 2004, soube-se que a população carcerária, em relação a 1995, passara de 148.760 para 308.304 detentos; que o déficit de vagas nos cárceres subiu de 80.163 para 128.815; que a cada 17 horas foi assassinado um policial civil ou militar; que as mortes por violência, desde 1979, chegaram a cerca de 2 milhões, sendo 47.154 delas somente em 2003; que o tráfico de drogas e armas pesadas respondia por 1.800 dos 3.000
vôos clandestinos registrados pela FAB; que houve 484 crimes violentos contra o patrimônio por 100 mil habitantes, uma das mais altas taxas do mundo . Proliferaram os "resgates" de presos dos cárceres, levados a cabo por bandos fortemente armados; as revoltas carcerárias; os toques de recolher que atingiram o comércio e escolas; lutos forçados de bairros inteiros. Houve fatos inauditos, como empresas de ônibus no Rio que, coagidas pelo tráfi co, se resignaram a transportar armas, drogas e adolescentes gratuitamente para bailes em morros dominados por quadrilhas. 21 No Estado do Rio foram 7.998 as vítimas letais da violência. Apesar de a grande causa desse morticínio ter sido o tráfico de drogas, a Câmara dos Deputados aprovou projeto que extingue a prisão para usuários e dependentes de drogas, 22 tornando assim difícil a prevenção e repressão do narcotráfico. O projeto seguiu para o Senado. Os cidadãos honestos foram desarmados por Estatuto específico, mas no campo o armamento dos sem-terra continuou mal controlado ou acobertado. Como se tudo isso não bastasse, a introdução do controle externo do Judiciário reforçou os temores pela sua independência e imparcialidade. Em11ohmcime11to e dil'igismo econômico
Em 2004, a carga tributária girou pró-
~
A reforma urbana também usou as j mesmas táticas , multiplicando inva- .i sões de prédios em cidades como ]" São Paulo e Salvador. Tampouco faltou apoio do governo e de organismos internacionais aos invasores. O líder sem-teto Gegê, preso por homicídio, foi liberado após visita "de políticos ilustres do PT": "É um velho companheiro de militância" -- justificou o presidente da Câmara dos Deputados, o pelista João Paulo Cunha. 19 Enquanto isso, o re lator especial das Nações Unidas, Miloon Kothari, em missão oficial no País, pregava que "invadir terras improdutivas e prédios abandonados é Políciais tentam ocupar fovela da Rocinha, no Rio de Janeiro um direito legítimo". 20 JAN EIRO 2005
11111
ximo de 40% do PIB. 23 Em novembro, a soma dos tributos, taxas e contribuições diretas e indiretas pagos por quem ganhasse R$ 3 mil mensais equivalia a 172 dias de trabalho por ano. Em 2003, as famílias brasileiras já tinham diminuído o consumo em 3,3%, e a renda do trabalhador diminuíra 7,4%. A classe média empobrecera e 2,5 milhões caíram para o patamar da classe pobre. Em maio de 2004, 150 milhões (85% dos brasileiros) tiveram dificuldade para fechar as contas do mês. Em novembro, o desemprego 1obrou em relação a 1993 e as vagas criadas não cobriam o aumento da população. O PIB brasileiro calculado em dólares caiu da 12ª para a 15ª posição mundi al, e o PIB per capita desceu ao 78° lugar, ficando atrás até da Jamaica. O Banco Mundial qualificou o Brasil como "um dos piores lugares do mundo" para se fa zer negócios, sobretudo devido à quantidade e lentidão dos procedimentos burocráticos, custo das exigências legais, difi culdades na abertura e fechamento de empresas, registro de imóveis, crédito e cobrança de dívidas, rigidez da legislação trabalhista e falta de proteção aos investidores. O País também desceu no ranking mundial da competitividade, do 54° para o 57º lugar. Em matéria de corrupção administrativa, mais uma triste piora: de 54° para 59° lugar mundial. E a liberdade econômica? 80ª posição mundial, na faixa dos principalmente não-livres! O percentual da economia informal só foi maior na Colômbia e na Rússia! O propagandeado programa FomeZero acabou esquecido e o Bolsa-Fa mília bateu o recorde de fraudes denunciadas.24 Subiram as indenizações a ex-opositores e ex-guerrilheiros. Em agosto, o Ministério de Justiça devia R$ 1,4 bilhão em pagamentos retroa tivos, 25 recebendo alguns beneficiados por mês acima do teto do funcionalis mo público .26 Família debilitada pela desagrngação moral
A família foi profundamente vulnerada. O ministro da Saúde e a prefeita paulista lançaram um programa de educação sexual municipal. Eles mesmos ficaram constrangidos pela crueza da -
CATOLICISMO
simulação de ato sexual representado por estudantes na aula inaugural. 27 A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou um pacote de mudanças no Código Penal que põe fim à punição do adultério, dos crimes de sedução e rapto consensual e tirou do Código Civil a expressão "mulher honesta ".28 Outro projeto "eleva a prostituição, feminina e masculil1a, à categoria de profissão dos 'tTabalhadores da sexualidade '; [. ..] [incluindo] strippers, dançarinos que se exibem nus ou seminus, garçons e garçonetes que trabalham de fonna a despertar a libido de terceiros, e gerentes de prostíbulos ".29 75 mil brasileiras se prostituem no exterior, segundo a 01ganização Intemacional de Migrações.30 O Brasil ocupou o 4° lugar no ranldng da pedofilia na Internet, com 17.016 sites. Em maio, o Disque-Denúncia federa l ultrapassou 6 mil denúncias aouais de violência sexual contra crianças e adolescentes. O aborto por anencefalia vigorou por alguns meses. Em dezembro, o governo lançou debate tendente a conduzir à sua legalização civil (o aborto é punido com excomunhão pelo Código Canônico). Em São Paulo, a prefeita petista entregou a primeira pensão a uma lésbica a título de companheira. 31 Em Curitiba, um cartório registrou por primeira vez um
Manifestação em frente à Prefeitura de São Paulo, no dia do combate à AIDS
"casamento " homossexual. 32 No Rio Grande do Sul, decisão judicial permitiu essas uniões,33 e no Distrito Federal outro tribunal entregou uma criança em custódia a um travesti. 34 Houve Paradas do 01gulho Homossexual em São Paulo e no Rio. Em Brasí-• lia, o presidente Lula elogiou em carta tais eventos, por darem visibilidade aos homossexuais, bissexuais e transgêneros, os quais, segundo ele, "por muitos séculos não puderam se expo1; muito menos reivindicar seus direitos ". 35 Na América Latina, o Brasil liderou a dramática estatística de Aids da ONU, com 80.000 contágios e mais de 30.000 mortes num ano. A 01ganização Internacional do Trabalho alertou que o Brasil pode perder 1,2 milhão de trabalhadores até 2015 por causa da doença. Mas o diretor mundial da Onusida (o programa da ONU sobre HIV e Aids), Peter Piot, saiu satisfeito com o País. Triste satisfação ... Obteve adesão do presidente Lula e julgou ter recebido apoio do secretário-geral da CNBB, D. Odilo S_cherer, para convencer outros episcopados latino-americanos a não obstarem as campanhas de difusão de preservativos. 37 Ilusão: liclerança de países "pobres" X 11aíses "ricos "
A diplomacia do governo Lula visou
petistas.45 O PT também coletou mi lhões provenientes de uma porcentagem sobre os salários de militantes beneficiados pelo aparelhamento.'16 Multiplicaram-se os projetos visando controlar parlamentares e membros do Ministério Público, da Justiça, da imprensa, da cultura, da Internet e dos telefones, delineando-se um "dirigismo cultural" no estilo soviético ou cubano, "auto1itário, burocratizante, co11ce11tracio11ista e estatízante " .47 "Mordaça ", "escutas celulares ", sigilos rompidos, chantagens a empresários e políticos com base em dados obtidos em CPI, foram lugares comuns do noticiário político. Eleições 1111111ici11ais e o com1mo-p1·ogmssismo O presidente Kirchner (esq .) e o presidente Lula : dificuldades no Mercosu/
liderar uma frente de países "pobres" contra os "ricos" - ou do "sul" contra o "norte". O presidente visitou a China vermelha, sem dizer uma palavra em defesa dos direitos religiosos e humanos violados escancaradamente naquele país marxista. 37 Pouco depois, o regime de Pequim suspendeu as importações de grãos produzidos no Brasil, causando prejuízo de 1 bilhão de dólares. Apesar de múltiplos danos comerciais, o governo reconheceu a China comunista como "economia de mercado "; 38 deu ao Vietnã marxista o "status de nação mais favorecida na OMC ' '39; fez concessões unilaterais à Argentina'1º e perdoou a dívida de países como o Gabão - que tem wn PIB per capita superior ao do Brasil - , Moçambique, Cabo Verde e Bolívia. Tudo em aras à aliança dos países pobres! Em agosto, o Itamaraty tentou criar um Grupo de Amigos de Cuba, para favorecer a ditadura cubana.41 Em dezembro, o presidente Lu la liderou a fundação de uma Comunidade Sul-amelicana de Nações. Essa iniciativa recebeu epítetos como "geopolítica fantástica ", "aventura i11feliz ", "fiasco " e "sintoma do isolamento diplomático do Brasil".42 Rumo ao 01Jjeti110: Lcviat.i socialo-casu·ista Em 2004 o Legislativo gastou a maior parte do seu tempo votando Medidas Provisórias da Presidência, e o Brasil passou a ter como ministros dois membros de um partido comunista (PC do B), que não renegaram seu passado marxiS ta.
O pensador socialista francês François Chesnais veio ao País para proclamar: "Se houvesse uma mudança política como a que ocorreu em Cuba nos anos 60, o 11ovo sistema seria invencível". 43 Nessa hora, a ocupação dos organismos do Estado por afiliados do PT - ou aparelhame11to - já era sistemática, crescendo os temores da eternização do PT no poder. 4'1 O favorecimento do PT e aliados na distribuição de verbas acelerou -se nas vésperas das eleições municipais. Entre março de 2003 e junho de 2004, 91,1 % dos empréstimos municipais do BNDES destinaram-se a prefeituras
O presidente da CNBB, D. Geraldo Majella Agnelo, "tradicional aliado do PT",48 criticou líderes protestantes que promoviam seus candidatos, em geral não-petistas. Entretanto, D. Pedro Luiz Stringhini (bispo auxiliar de São Paulo) e o padre Renato animaram o palanque da candidata Marta Suplicy4 9 ; em Minas, grande número de sacerdotes disputou prefeituras pelo PT; e o bispo de Quixadá (CE), quando processado pelo PT, respondeu: "Nunca vi o bispo Morellí e o Frei Betto serem condenados porque apóiam o PT em nível naciona/". 5º A instrumentalização do poder público e a demonstração de poder econômico do PT na campanha das eleições munici-
Frei Betto coloca na cabeça_boné do MST na comemoração dos 20 anos do movimento
JANEIRO 2005 -
oficial, do pri meiro sa ntu ári o ecológico-panteísta ecumêni co. Em Brasília, o Conselho Nacional Antidrogas aprovou o consumo do alucinógeno ayahuasca, usado em cultos indígena-esotéricos. O Congresso Nacional celebrou ainda sessão solene em louvor do fu ndador do espi ritismo. Nela, o deputado petista Luiz Bassuma passou a fa lar e a agir no pódio como possuído por um espírito. 55
Reações es11era11çosas <lo Brasil autêntico
O dep . petista Luiz Bassuma (direita), falou como que possuído por um espírito .
pais alcançaram proporções espantosas. Em São Paulo, um quinto dos eleitores foi visitado em sua residência por propagandistas pagos pelo PT. E o presidente Lula foi mu ltado em R$ 50 mil por fazer propaganda indevida em favor da candidata petista à reeleição do município de São Paulo.51 Assim, pouco antes das eleições, a determinação do PT para instalar um sistema à cubana era notória. O JJrnsil <liz 11ão à escalada comw10-progressisia ...
Apesar de todo esse empenho petista, o Brasil calmo e pacato não se deixou levar pela propaganda do partido nas eleições municipais, propiciando uma inesperada surra aos seus candidatos. O PT perdeu as prefeituras de grande representatividade política e simbólica, como São Paulo, Porto Alegre e Curitiba; no Rio Grande do Sul, Pelotas e Caxias do Sul; São Bernardo e Santo André na periferia paulista; Ribeirão Preto e Campinas. "O Brasil que saí das umas é me-
lhor que a ficção cosmetizada pela máquina de enganação das massas. O bom senso inspirou a decisão ". 52 Apenas um quinto dos candidatos petistas foi eleito; a meta de ganhar mil prefeituras foi frustrada, devendo o partido contentar-se com apenas 7,5% dos mu-
~
CATOLICISMO
nicípios; a rej eição da classe média irradiou -se pelo eleitorado das periferias urbanas. O resultado foi decepcionante para o PT em sete Estados do Norte e do Nordeste. Até o município de Guaribas - ponto de partida do Fome Zero - recusou o candidato petista. Genoíno, presidente do partido, reconheceu : "Há re-
sistências, porque somos um partido de esquerda ". 53 O fiasco desencadeou pugna interna no PT. Foram def'enestrados ministros e altos funcionários , especialmente da área social. O governo tentou distanciar-se da esquerda católica. Mas qual é a autenticidade desse afastamento se Frei Betto, um dos sacrificados, afirma com farto conhecimento que "Lula é fruto do mo-
vimento popular. Sem as CEBs, o MST, a CUT, a Central dos Movimentos Populares e outros movimentos não have1ia o Lula presidente. "54 ... cmborn prossiga a <lescatolicização do País E enquanto bispos e sacerdotes da esquerda católica impulsionavam as revoluções agrária, indigenista e urba na, progredia a descatolicização do País. As primeiras universidades budista, umbandista e islâmica abriram as suas portas em São Paulo . No Rio , iniciou-se a construção, com patrocínio
No transcurso de 2004, ocorreu no País uma reativid ade nos nieios conservadores, sobretudo em questões morais. Assim, por exemplo, o divórcio da prefeita de S. Paulo, seguido de nova união , representou um fator importante para sua derrota eleitoral. 56 Pesou negativamente também seu apoio às questões homossexuais. Mal ou nada representados na mídia, ausentes da política, largos setores do Brasil não participavam da ciranda esquerdizante. Trabalhavam e produziam, salvando a nação da degringolada econômica. Na dianteira, o agronegócio, que até novembro proporcionou ao País 36,037 bilhões de dólares em exportações; gerou centenas de milhares de novos empregos , impulsionou a indústria associada e a prosperidade das cidades ligadas à lavoura. A infra-estrutura nacional está quase abandonada. Mas em Mato Grosso, 42 consórcios de produtores rurais começaram a construir 3,2 mil quilômetros de rodovias. Agricultores americanos vieram ao Brasil para aprender o pulo do gato. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, o Brasil virou uma superpotência agrícola que deve ser tratada como país fico. Eis no Brasil o grande contraste de tendências que marcaram 2004: a dos grupos que rumaram para o caos comunistizante; e a de enormes setores que aspiram por ordem, trabalho, dignidade, moral, família, propriedade. Nas eleições municipais, estes últimos deram uma soberana lição aos primeiros. Mas terão estes aprendido? Ou tentarão uma loucura como o já anunciado "2005 vermelho "? Acompanhemos com toda atenção o ano que começa.
11 de março : bruta l atentado terrorista em Madri
Internacional
Abalada pelo caos, a opinião pública mundial manifesta tendências ao conservadorismo
B
o~bas, massa~res terroristas, sequestros seguidos de decapitação, espal hafatosas ameaças islâmicas, control es policiais reforçados - foram tenebrosa constante do cenário internacional. O público sofreu o impacto psicológico de cada atentado retransmitido pela grande mídia. Por essa via, o terror atingiu o seu alvo último. "Para os guerreiros psicológicos, é uma tática com vitória garantida ", advertiu a seus colegas ávidos de sensacionalismo oveterano jornalista William Safire. 57
O terrorismo visou criar na opinião mundial a reação que uma cria nça sobrevivente da chacina de Beslan (Ossétia do Norte, Rússia - foto ao lado) descreveu ingenuamente: "Fiquei bem
quieto, silencioso como um rato ".58 Mas ficar paralisado , no caso, equiva le a estender o pescoço aos carrascos do terror. O problema se pôs agudamente para a opinião públi ca americana, visada primordialmente pelo fanatismo mu çulmano: resistir ou se aparvalhar? JANEIRO 2005 -
direita" reapareceu com força nas eleições de Brandemburgo e Saxônia, na Alemanha. Na escolha do Parlamento Europeu, 55 ,4% dos 350 milhões de eleitores não votaram. Pesou nesse resultado a recusa de uma menção ao cristianismo no projeto de Constituição Européia. Porém os governantes europeus tornaram-se surdos à lição das urnas e aprovaram esse projeto que destrói as soberanias. O anúncio do ingresso da Turquia na UE causou ainda mais calafrios, pois uma potência muçulmana poderá ter o maior peso nas decisões da UE. E a União Européia ingressa em 2005 sob uma espada de Dâmocles: os referendos populares podem rejeitar essa Constituição agnóstica, confusa e incompreensível, apelidada "natimorta ".66 Desses referendos depende o futuro do continente. Após acirrada campanha, o pres. Bush é reeleito para mais um mandato de quatro anos.
Eleições amel'icanas: Annagedon 1iara toda a 1'erra
Triunfo conserva<lor sem prece<leJ1tes
Na campanha presidencial americana, o macro-capitalismo publicitário, multimilionários de esquerda, partidos socialistas moderados ou radicais, ativistas da Revolução Cultural, progressismo católico, torceram desesperadamente, e em todos os países, para vergar as resistências da opinião pública americana e instalar um presidente capitulacionista. Mas, em sentido contrário, o movimento conservador americano não parava de voltar-se para a religião, a família, as genuínas tradições nacionais e a propriedade privada. Agigantou-se assim o chamado "abismo divi110 "59 entre os conservadores que acreditam em Deus e liberais-esquerdistas céticos ou agnósticos. A disputa pela presidência americana virou então uma "eleição Armagedo11 ", 60 porque de algum modo participaram nela todos os povos da Terra. A polêmica chegou à Santa Sé. Pelo menos 12 arcebispos e bispos americanos condenaram de público os políticos católicos abortistas ou que apóiam o "casame11to" homossexual. Mas não tiveram eco unânime na Conferência Episcopal dos EUA.
Em 2 de novembro o conservadorismo obteve estrondoso triunfo. "Tradição, família e fé 11a Casa Bra11ca ";n 1 "011da co11Servadora dá vitória completa a Bush "; 62 "Valores morais, a chave da vitóiia de Bush 11a ce11tro-direita "63 - - eis algumas manchetes de grandes jornais. Na ocasião , 11 Estados aprovaram em plebiscito emendas constitucionais estaduais qu e banem o "casame11Lo" homossexual. Todas endossadas por largas maiorias. Os militantes esquerdistas experimentaram amarga frustração. O politólogo Thomas Frank chegou a afirmar: "Não há mais esquerda nos EUA ". 64 A subseqüente renovação do gabinete do ·presidente Bush fortaleceu os chamados falcões.
~
CATOLICISMO
Altemativa para a E11ropa: soberania, sim 011 não
No início de 2004, a Europa quase toda era governada pela direita. 65 A seguir a "extrema-direita" venceu na Caríntia, Áustria, e o partido conservador na Grécia. As anômalas eleições espanholas foram um parêntese. A "extrema-
Estag11ação <la natalida<le e11l'opéia e expansão do Islã
Na Alemanha, o sistema previdenciário entrou em colapso. A causa? Não há jovens em número suficiente para manter o sistema. A perspectiva é que em 30 anos nascerão mais crianças muçulmanas que alemãs. O cenário não é muito diverso no resto da Europa. Na Holanda, o assassinato de um cineasta por um fanático islâmico foi estopim de violências que resultaram na queima de 20 mesquitas e escolas muçulmanas. A polícia holandesa tomou de assalto um prédio, ninho de terroristas, e desmontou um acampamento de treinamento de guerrilheiros curdos. Na França, sob pretexto de conter o extremismo islâmico, o governo proibiu o uso de símbolos religiosos nas escolas, inclusive católicos. Como revide, terroristas iraquianos seqüestraram dois jornalistas franceses e exigiram a abolição dessa proibição, sob pena de assassiná-los. Na Espanha, covarde atentado islâmico causou quase 200 mortos e mais de 1.400 feridos às vésperas de eleições gerais. O socialismo se beneficiou da tragédia e do trauma dela decorrente, vencendo inesperadamente. Uma vez no poder, retirou as tro pas espanholas do Iraque; financiou
China: o tigre <le papel e a (Jerseguição anticatólica
Chino : perseguiçã o aos fi éis o Roma
oficialmente o Islã; promoveu o ensino do maometanismo nas escolas; aproximou -se da ditadura cubana; anunciou o fim do ensino do catolicismo como matéria escolar; alargou o âmbito da legislação do divórcio e do aborto e introduziu o "casamento " homossexual. O Primaz da Espanha declarou que a Igreja agora enfrenta um governo e uma mídia "dispostos adespedaçá-la ".67 Rússia: comw1ismo metamo,·f'oseado vai reapal'ecemlo
Na Rússia, Putin consolidou seu poder praticamente ditatorial e reacen deu a guerra fria com o Ocidente. Criou um clima de desconfiança contra a livre empresa; sufocou a mídia e a oposição política; renovou o seu mandato em eleições claramente fal seadas; acabou com as eleições para governador; consumou a onipotência do poder da ex-KGB; ameaçou o Oci dente com armas inauditas; e, por fim , procurou influir nas eleições realiza das na Ucrânia em favor do candidato pró-Rússia. Apoiado pela Rússia, o Irã desenvolveu armas atômicas e trocou com Israel ameaças de represálias nu cleares. Em 2003, a Rússia bajulara a Eu ropa e propugnara veladamente uma aliança contra os EUA . No fim de 2004, até para os europeus mais capi tulacionistas ficou claro que essa ali ança é muito perigosa.
A China seguiu recebendo enxurradas de investimentos, mas patentearamse as colossais incongruências do seu sistema econômico e as miseráveis condições de trabalho de operários e camponeses. O governo de Pequim foi esmagando em Hong Kong as liberdades políticas e religiosas que restavam, sem incomodar-se com os maciços e virulentos protestos populares. O governo comunista procurou obter a apostasia de bispos e sacerdotes fi éis a Roma, tentando forçar sua adesão à cismática igriva patriótica, aparentada com a igriva progressista seguidora da Teologia da Libertação no Brasil. 68 A heróica recusa dos fiéis chineses teve conseqüências: destruição de igrejas católicas e martírios como o do bispo de Yantai, D. Giovanni Gao Kexina, morto após anos de "reeducação " em campos de concentração. Acobertada por Pequim, a Coréia do Norte ameaçou o Japão e o mundo com armas atômicas, reforçou a tirania com ferozes repressões e utilizou presos como cobaias para testar gases tóxicos. América cio S111: pop11lismo c11bai1iza11te
Vacilante e debilitado, o regime castrista atravessou o ano com violências e bravatas. O sistema elétrico da ilha fa liu. Sem o turismo, máxima fonte de divisas, Fidel obrigou o povo a entregar
seus dólares a troco da moeda local desvalorizada. Enquanto na Colômbia a firme política contra a guerrilha marxista do presidente Uribe obtinha alvissareiros resultados, a Venezuela descambou cada vez mais para um regime tirânico e de miséria, nos moldes cubanos. Segundo autorizadas vozes da própria Venezuela, o presidente Chávez fraudou o plebiscito popular e consolidouse praticamente como ditador. Contou para isso com o apoio entusiástico do PT e das esquerdas internacionais, embora fosse contestado por gigantescas manifestações oposicionistas. Chávez também despenalizou o aborto e fez compras maciças de armas na Rússia. Abismo entre o establishment e a OJJinião pública
No final do ano, era considerável a distância entre o establishment político e midiátíco e a opinião pública mundial. Um dos sintomas disso foi a acentuada queda de usuários de jornais e TVs e a contestação popular, através da Internet, de informações deturpadas veiculadas pela grande mídia. Dan Rather, o mais famoso âncora televisivo americano, teve que renunciar, após divulgar docu mentos falsos que visavam prejudicar o presidente Bush. Mas a rara mídia que se aproximou do público real alcançou explosiva expansão, como a Fox, cadeia de TV que se inclinou para o movimento conservador americano e o apoiou.
A Turquia m uçulmana poderó ter o maior peso nas decisões do União Européia
JANEIRO 2005 -
Bartolomeu 1, patriarca cismático de Constantinopla, em visita a Cuba
Cemitério exclusivo para vítimas da AIDS, na África do Sul
Crise Moral e Religiosa
Um mar de lama invadiu o mundo inteiro, mas encontrou oposições inesperadas
N
a França, o governo aprovou o "aborto em casa". Em Barcelona, começou a distribuição gratuita da "pílula do dia seguinte" sem receita médica. O Irã legalizou o aborto. Contra a avalanche da imoralidade, em 2004 levantaram-se notáveis reações. Os EUA reconheceram a existência jurídica do feto e baniram o tenebroso "aborto por parto parcial". Holanda e Portugal proibiram o "barco da morte " holandês, que pratica abortos em águas internacionais. O
-
CATOLICISMO
sinistro navio voltou sua proa para a Argentina, talvez visando interferir no debate sobre o aborto no Brasil, já anunciado para 2005. A França, presidida por Jacques Chirac, começou a discutir a eutanásia, enquanto a Holanda já pensa aplicá-la aos bebês. A Grã-Bretanha deu permissão aos que quiserem suicidar-se legalmente na Suíça, e foi obrigada pela Corte Européia a aceitar o "casamento " entre transexuais. O Chile aprovou o divórcio.
Na Espanha, 1.200 homossexuais pediram para serem apagadas suas atas de batismo na Igreja. A província católica canadense de Quebec e a Suíça liberaram o chamado "casamento" homossexual. Nos EUA, o Estado de Massachusetts aprovou tal "casamento ". A prefeitura de São Francisco efetuou com espalhafato milhares dessas uniões antinaturais. A Suprema Corte da Califórnia, contudo, invalidou todos esses atos. Também na França o primeiro "casamento " homossexual foi invalidado pela Justiça e o prefeito responsável foi punido pelo eleitorado, perdendo na eleição seguinte. A Onusida calculou que 40 milhões de pessoas no mundo tinham AIDS. A doença expandiu-se explosivamente na China e na Índia. A Rússia pode perder mais de 25 milhões de habitantes até 2020, devido ao controle da natalidade e à difusão do HIV. Em sentido contrário, a Uganda colheu brilhante sucesso no combate à AIDS, mediante a promoção da castidade pré-matrimonial, ao invés da divulgação de preservativos.
sucesso rock. A moda do megahai1; com cabelos de prisioneiras mssas, foi adotada por modelos. Os campos de extermínio da exUnião Soviética tomar-se-ão pontos turísticos. O Museu de Ciência de Londres anunciou planos de expor um cadáver em decomposição. Mais de 100 homens desceram às mas de Manhattan de saia, pedindo o "fim da tirania das calças". As sandálias havaianas fizeram sensação nos ambientes do Jetset Uma danceteria de Barcelona inaugurou a implantação de chip na pele dos clientes VJP, como o usado para identificar o gado. Cabala e superstições difundiram-se enormemente. Na catedral de Santiago do Chile, um sacerdote foi assassinado por satanista, após celebrar a Missa. A Marinha inglesa permitiu o culto satânico nos seus navios de guerra. Na Itália, surgiu um mercado satanista de hóstias consagradas,
Degringolada <lo mito do mundo moden10
Chirac: França debate a eutanósia
Em 2004 a confiança na modernidade esfarelou-se. Segundo o Gallup Intemacíonal, 48% dos homens prevêem um futu ro menos segmo, contra 25% de otimistas. O mundo todo considera corrupta a classe política; 87% dos latino-americanos são dessa opinião. No ano cresceu até a pirataiia no alto mar: 20% a mais que em 2003. O canibal de Rotemburgo foi condenado apenas a oito anos de prisão, mas sua mórbida façanha virou
O arcebispo ang licano de Çanterbury
Armin Meiwes, o canibal de Rolemburgo
onde se paga mais pelas espécies obtidas em missas na proximidade do Vaticano. A cidadezinha de Caronia, na Sicília, foi evacuada devido a sintomas de possessão diabólica coletiva que a acometeram em série. Crise ,10 ecumenismo
e perseguições m,ticatólicas
A chamada igreja anglicana ordenou mulheres e sagrou um bispo homossexual. Com isso ficou ela no "limite da implosão ". 69 Na Europa, protestantes prosseguiram a prática de leiloar ou alugar os seus templos para bancos, supermercados, museus e residências. O patriarcado cismático de Moscou descarregou virulentos ataques contra a Igreja Católica, apesar de gestos ecumênicos por parte da Santa Sé, como a entrega do ícone da padroeira da Rússia. 10 Bartolomeu I, chefe do microscópico patriarcado de Constantinopla, na Turquia, aderiu às críticas anticatólicas russas,7 1 viajou a Cuba, onde defendeu posições castristas;72 e no fim do ano, foi ele presenteado pela Santa Sé com as relíquias de São João Crisóstomo e São Gregório Nazianzeno, Arcebispos de Constantinopla. 73 A mídia vinculada à Santa Sé e à Conferência Episcopal Italiana "pôs na sombra o terro1ismo islâmico e fez um desanimador silêncio sobre a fé dos assassinados ".71 A sanha anticatólica não foi sanguinária apenas no mundo islâmico e na China. A Índia e o Sri-Lanka anunciaram leis anticonversão. O budismo perseguiu os católicos no Oriente, e o protestantismo fez o mesmo na Escócia. JANEIRO 2005
11:.1111
Conclusão Dois fatos reveladores do rumo das tendências opostas ocorridas em 2004
P
ortu~al ficou abalado pelo anúncio da remoção do reitor do Santuário de Fátima, devido a seu imprudente ecumenismo. Ele franquea ra a Capela das Aparições a uma delegação hinduísta que cantou e fez oferendas sobre o próprio altar. Os desmentidos do reitor agravaram os temores, pois nada desmentiam.75 Também tornou -se público que instalações de Fátima eram usa-
O reitor do Santuário com hinduístas
Notas : 1. Cfr. OESP, 3 1- 12-03. 2. Cfr. OESP, 26 -2-04.
3. Cfr. "Folha de S. Paulo" (FSP) , 4-5-04 . 4. Cfr. FSP , l l - l -04. 5. Cfr . FS P, 9- l -04. 6. Cfr . OESP, 8-12 -04 . 7. Cfr. OESP , 2- 12-04. 8. Cfr. OESP, 3-9-04. 9. Cfr. "Jornal do Brasil .. ,[JBJ, Rio, 29 -8-04. 10. Cfr . OESP , 8- 12-04. 11. Cfr. OESP , 28 -5-04. 12. Cfr . OESP , 2-8-04 . 13. Cfr. Jornal do Brasil 0 B), Rio, 20 -2-04. 14. Cfr . Nelson Ramos Barretto,
Trabalho escravo, nova arma conlra a propriedade privada, Artpress,São Paulo, 2004. 15. Cfr. OESP , 19 -11 -0 4 e 24 11 -04 . 16. Cfr. OESP , 28 -11 -04 .
-..m
CATOLICISMO
das para encontros homossexuais, anunciados há anos em sites turísticos da Internet. 76 Poderia ter ido mais longe a recusa de Nossa Senhora que, em Fátima, advertiu o mundo do advento de tremendos castigos, caso a humanidade não se emendasse? 150º aniversál'iO cio ,logma ,la lmac11/a<la Conceição
No mês de dezembro transcorreu uma auspi ciosa comemoração: os 150 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição. Em 1854, a onda revolucionária anticristã varria Europa. O Bem-aventurado Pio IX -- que poucos anos antes tivera que se exilar, após a revolução que abolira a monarquia pontifícia em Roma -- voltando à cidade dos Papas, proclamou solenemen-
17. Cfr. "O Globo", (OG), Rio , 8 - 1-04 . 18. Cfr.OESP , 5- 11 -04 . 19. Cfr OESP , 22 -5-04 . 20. Cfr. OG, 1-6-04. 2 1. Cfr JB, 20 -7-04. 22. Cfr. OESP, 2-2-04 . 23. Cfr. OESP , 2-7-04 . 24 . Cfr. OESP , 21 - 10-04. 25. Cfr. OESP , 28 -8-04. 26. Cfr . FSP., 22 -6-04. 27. Cfr . OESP , 20 -2-04. 28 . Cfr. FSP, 16-9-04. 29. Cfr. OESP , 4- 11 -04 . 30. Cfr. OESP, 16-6-04.
3 l. Cfr. "Jornal da Ta rd e", (JT) , S. Paulo , 31 - 1-04. 32. Cfr . FSP, 20 -3-04. 33 . Cfr. OESP, 5-3-04 . 34 . Cfr. FSP, 10-3-04. 35. Cfr . OESP , 21 -6-04. 36 . Cfr . OESP, 1 e 8-9-04. 37. Cfr. FSP. 25 -5-04. 38. Cfr. OG, 13-11 -04; FSP, 1611 -04 e OESP , 17- 11 -04.
te esse dogma glorioso. Maria Santíssima, Ela própria, apareceu em Lourdes, confirmando a origem celeste do dogma e inaugurando uma série de aparições mariais que vêm preparando o mundo para o dia do triunfo de seu Imaculado Coração, anunciado em Fátima. É lícito conjeturar que as reações conservadoras -- que em 2004 se contrapuseram às tendências que precipitam a humanidade na ruína -- sejam sintomas da intervenção em grande escala de Nossa Senhora em nossos dias. Tais reações assemelham-se aos primeiros movimentos de alma que encaminharam o filho pródigo da parábola evangélica a voltar à casa paterna. Mas, neste caso, trata-se de inúmeras almas e de povos inteiros. • E-mai l do autor: luisdufaur@catolicismo.com.br
39. CFr. FSP. 16 -11 -04 . 40. Cfr. OE P, 10, 11 e 13-704. 4 1. Cfr. OESP , 20 e 21 -8-04. 42. Cfr. OESP , 10- 12-04. 43. Cfr. FSP, 3 1-5-04 . 44. Cfr. OESP , 11 -6-04. 45. Cfr . OESP . 13 -7-04. 46. Cfr. OESP, 15 -8-04 . 47. Cfr. OESP , 8-8-04. 48. Cfr. JB , 30-9-04. 49. Cfr . FSP , 6-9-04 . 50. Cfr. OG, 27 -9-0 4. 51. Cfr. OESP. 22 - 10-0~. 52. Cfr. Ga udêncio Torqualo, OESP , 7- 10 -04 . 53 . Cfr. OESP , 7- 10-04 . 54. Cfr . OESP , 7-12-04. 55. Cfr. OESP, 29 - 10-04. 56 . Cfr. FSP , 2-7-04 . 57. Cfr. OESP. 29-9 -04. 58. Cfr. OESP, 10-9-04. 59. Cfr. OESP, 12-1-04 . 60. Cfr. OESP. 20 -6-04. 61. Cfr. OG, 4-11 -04 .
crr. FSP , 4-11 -04 . Cfr. OESP, 5-11 -04 . Cfr. FSP , 7-11 -04 . Cfr. O· P, 9-3-04 e "Le Monde", Paris, 27 - 11 -04. 66 . Cfr. OESP, 18-6-04. 67 . fr. AC! (Agência Católi ca 1ntcrn ac ional) , 16 -8-04 . 68. Cfr. FSP, 8-8 -04 , AC! , 28 -6-
62. 63. 64. 65.
04. 69 . Cfr. David Hope , arcebispo anglica no de York , ACI, 812- 04. 70. Cfr. Agência Ze nit , 3-9-04. 71. Cfr . Zenit, 4-2-04 . 72. Cfr. OG, 26 - 1-04. 73. Cfr. Ze nit, 29 - 11 -04. 74 . Cfr. Sa ndro Magister, AC!, 7-9- 0 4. 75. Cfr. "Voz da Fát ima", nº 982, 13-7-04; "O Públi co", Lisboa, 29 -9-04 . 76 . "Correio da Manhã" , Lisboa, 14-8 -0 4.
afiliação do núcleo à Ordem do Oratóâo, fundada por São Felipe Néri na Itália. O Oratório de Goa foi a primeira instituição puramente indígena em toda a Ásia. Seu papel seria providencial, pois haveria de prover, por mais de 100 anos, os missionários para o Ceilão, num período em que os europeus estavam impossibilitados de fazê-lo. Teria também a glória de dar à ilha seus dois primeiros bispos.
Sillalai: aldeia fülelíssima l'esiste à hernsia
Beato José Vaz, apóstolo de Sri Lanka N o antigo Ceilão, hoje Sri Lanl<a, o catolicismo foi sustentado em larga medida pela admirável virtude de seu apóstolo, o Bem-aventurado Padre José Vaz, do Oratório de Goa L. PUN IO M ARIA SOLIMEO
stabele~ido no Ceilão (ilha ao sul da India) em 1505, quando lá chegaram os portugueses, o catolicismo foi se difundindo por toda a região costeira ocidental da ilha - a lendária Taprobana dos romanos, de que fala Camões - penetrando também em alguns pontos do seu interior, como no poderoso reino de Kandy. 1 Em 1658, os protestantes holandeses conquistaram a ilha. Expulsaram os missionários, proibindo, sob pena de morte, dar-lhes abrigo e obrigando os católicos a freqüentar seus templos, para serem bem vistos pelos novos dirigentes. Sob condições tão adversas, a per-
E
-
CATOLICISMO
seve rança dos católi cos es tava ameaçada.
Zelo apostólico: SOCOJ'J'e/' o Ceilão Em Goa, na Índia portuguesa, o Padre português José Vaz teve notícia dessa triste situação e desejou socorrer os católicos perseguidos. Mas o trabalho desse sacerdote no Ceilão teria que ser estável e duradouro, necessitando de longa preparação. Assim, 12 anos haveriam de transcorrer até que ele pudesse pisar naquele solo. O Pe. Vaz ingressou então num instituto religioso, aparentemente sem nenhum futuro . Quase imediatamente foi eleito seu superior. Como tal, obteve a
Pedro não pôde resistir à pressão da consciência, foi vê-lo e voltou convertido. Embora ambicioso, ele não era medíocre. E praticou severas penitências para compensar sua apostasia. Isso agradou tanto à Providência Divina, que lhe reservou o inestimável dom do martírio. Na véspera do Natal de 1689, o Pe. Vaz, valendo-se do privilégio desse dia, celebraria a Santa Missa em três casas diferentes. Enquanto os fiéis esperavam em cada uma delas rezando o Rosário, as três residências foram invadidas simul-
Disfarçado de mendigo, o Pe. Vaz, acompanhado de um jovem escravo, conseguiu penetrar no Ceilão. Chegando depois de mil vicissitudes a Jaffna, ao norte da ilha, lançou mão de um meio simples, mas heróico, naquela: circw1stância, para encontrar os católicos que escondiam sua fé: pendurou o terço no pescoço. Se a medida atraiu a ira dos governantes e o escárnio dos pagãos, por outro lado chamou a atenção dos católicos. Por esse meio, as portas para seu apostolado ficaram semi-aberVista a érea de Colombo, capital do Sri-Lanka tas. Semi, porque prosseguia a implacável perseguição protestaneamente pelos soldados protestantes. tante e o risco de morte. Os católicos não permitiram ao sa- Alguém havia traído. O Pe. Vaz escacerdote que permanecesse na cidade, pou milagrosamente, sendo porém aprirepleta de hereges e seus espias, mas na sionados mais de 300 católicos. O comandante holandês mandou livizinha Sillalai. Seus habitantes eram católicos tão resolutos, que os holande- bertar as mulheres, crianças e a maioria ses, para evitar uma revolta, resolveram dos homens, depois de cobrar pesada ignorá-los. Assim, a pugnaz aldeia t:rans- multa. Mas reteve os oito líderes. Sua formou-se no quartel-general da missão cólera concentrou-se sobretudo em Don do Pe. Vaz. De lá ele atendia Jaffna e Pedro, que havia repudiado a pseudoreligião refonnada e todos os favores redondezas. dos hereges. Ou ele voltaria atrás, ou Pl'imeil'os mál'til'es seria executado. Don Petlro não se digda nova missão nou responder. Foi dw·amente flagelado Don Pedro 2 era um jovem católico para que cedesse. Enquanto os violentos golpes se sucediam, Don Pedro foi rico e influente. Mas era ambicioso e, para estar em bons termos com o novo meditando na Paixão do Salvador, até perder os sentidos. Semi-morto, foi lanpoder, renegou a verdadeira Religião. Quando o Pe. Vaz chegou a Jaffna, Don çado à prisão, onde seus sete compa-
nheiros o esperavam. Voltando a si, mal teve forças para exortar os outros a perseverarem, indo em seguida receber no Céu a coroa da glória eterna. Os demais perseveraram. Condenados a trabalhos forçados, todos morreram em breve espaço de tempo, vítimas de sofrimentos físicos e morais.
Genel'osidade proviclencial de um tecelão Apósoocoffido emJaffna, o Pe. Vaz julgou que lá permanecer seria arriscar continuamente sua vida e a de seu rebanho. Dirigiu-se então para Kandy, onde também, havia várias décadas, os cristãos estavam sem pastor. Mas foi precedido por um calvinista francês, que convenceu o monarca local de que o missionário era um espião português. Tão logo chegou, o apóstolo foi posto na prisão. O futuro do catolicismo no Ceilão depe ndeu nesse momento, humanamente fa lando, da tocante fidelidade, desapego e sensibilidade de alma de um tecelão que costumava preparar tecidos bordados para o rei e a corte de Kandy, reino independente no centro da ilha. Ele veio a saber da prisão do Pe. Vaz algum tempo depois. Preparou então com esmero o mais elaborado tecido que jamais tinha fe ito, e dirigiu-se ao pa lácio. Maravilhado , o monarca perguntou-lhe quanto queria por aque la obra de arte. "Nada mais do que a pe1missão de ver e fa lar com o sacerdote que V. Maj esta de tem em sua prisão" - foi a smpreendente resposta. Realmente, o ter a possibilidade de confessar-se depois de tantos anos era o melhor pagamento que esse verdadeiro cristão poderia receber. Mas Nossa Senhora recompensou sua generosidade: o rei ficou tão tocado com o amor do tecelão à sua Religião, que lhe respondeu que não só ele, mas todos os cris-
JA N EIRO 2005 -
tãos que quisessem fa lar com o padre poderiam fazê-lo livremente. Assim, em virtude desse ato de generosidade e desprendimento de um simples fiel , o Pe. Vaz pôde transformar a prisão, durante dois anos, em sua primeira paróquia. Foi-lhe permitido fazer uma cobertma de folhas de coqueiro no quintal da ptisão, e lá ele celebrava, pregava, atendia confissões, realizava casamentos e batismos, ensinav.a catecismo e preparava crianças para a Primeira Comunhão. No flill desse período, convencido·da inocência do missionário, o rei libertou-o, autorizando-o além disso a construir uma igreja na capital.
taram fazer o mesmo. Tão logo entraram no rio, a água, chegando-lhes aos ombros, voltou a coll'er tão violentamente que tiveram de recuar. • Um rico e influente budista de Kandy não podia suportar a ascendência que o Pe. Vaz tinha sobre o rei. Certo dia em que o sacerdote estava ausente, reunindo os influentes
Fatos extraOl'<linários e e<lilicantes
A vida do Pe. Vaz foi tão admirável, que um dos seus auxiliares, es- . crevendo ao Superior do OratóJio de Goa em 1698, diz: "Como o gênero de vidadoPe. Vazéemrealidademais sobre-bu111a110 que natwâl, o povo do país credita-lhe muitos milagres. Mesmo os pagãos e os muçul111a11os relatam fatos sobre ele que são os mais extraordi11áJios ". Eis alguns: • O Pe. Vaz acabara de entrar em uma casa em Colombo, onde ia celebrar, quando os holandeses chegaram. Os fiéis fugiram por todos os lados. Ca1Tegando consigo todo o material para a Missa, o santo missionário atravessou calmamente em meio aos soldados, sem que estes o vissem. • Outra vez, viajava o Pe. Vaz de Kandy a Puttalam com alguns companheiros, quando chegaram a um tio cujas águas tinham subido muito em virtude das chuvas. Confiando na Providência, o sacerdote penetrou no · rio, medindo sua profundidade com uma vara. Quando alcançou o meio, com as águas não indo além de seus joelhos, chamou seus amigos para segui-lo. Não só eles, mas alguns pagãos também atravessaram o rio. Vendo isso, alguns viajantes muçulmanos desmontaram suas tendas e ten-
Catedral católica de Colombo
budistas da cidade, foi diante do rei apresentar toda sorte de mentiras e calúnias contra o sacerdote, ameaçando uma sublevação caso a igreja da missão não fosse demolida, e os sacerdotes banidos. O monarca, que enfrentava outros difíceis problemas políticos, consentiu em expulsar os padres. Mas, ao mesmo tempo, mandou avisar o Pe. Carvalho, que subslitwa o Pe. Vaz na missão, que ele não tinha nada a temer, e que podia levar consigo o que pudesse. Os hindus arrasaram a igreja enquanto o Pe. Carvalho fugia levando o indispensável para a Missa, refugiando-se na fazenda de um português. O castigo divino não tardou. O líder budista foi atacado por terrível moléstia, suas pernas se paralisaram, horrível úlcera se lhe formou na língua e todo seu corpo foi coberto de feridas. Todos os habitantes de
Kandy, mesmo os pagãos, reconheceram nisso um castigo de Deus. Pouco depois, através dos bons ofícios do médico do rei, o Pe. Vaz recebeu liberdade para pregar novamente não só na capital, mas em todo o reino. Pesa<las Cl'llZCS 110 final da vi<la
Amando ardentemente a Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pe. Vaz venerava também sua Cmz, seguindo sua senda dolorosa. Estava ele pregando certo dia, quando sua habitual febre elevou-se assustadoramente. Levado para Kandy, suas pernas se paralisaram. Mas, havendo dois agonizantes que necessitavam dos últimos sacramentos, arTastando-se, deixou seu leito para ir socorrê-los. A caminho da segunda visita, seu cano de boi tombou, e o Pe. Vaz rolou de considerável altura par·a o fundo de uma ravina. Em virtude disso a paralisia das pernas tomou-se total, formou-se um abscesso em seu ouvido direito e seu maxilar endmeceu, tendo-lhe sido impossível fechar a boca durante quatro dias. No decorrer desses tormentos, seu único alívio era pronunciar o dulcíssimo nome de Jesus, oferecendo-Lhe seus sofrimentos. Vendo que seus dias estavam contados, renunciou nas mãos do Pe. José Menezes aos car·gos de Vigário Geral do bispo de Cochin e de Superior Geral dos Oratoiianosno Ceilão, expirando a 16 de janeiro de 1711, sendo beatificado em janeiro de 1995. • E-mail do autor: pmsolimeo@catolicismo.com.br
-
Notas: l. Os dados que servi ram ele base a este artigo foram extraídos ela obra cio Arcebispo S. Laclislas, The Apostle of Cey/011, St. Joseph 's Catholic Press,Jaffna, Sri Lanka, 1991.
2. Don, aqui, é uma corruptela cio Dom português. Os nativos, ouvind o rreqüc ntemente esse apelativo e não se dando cont a ele que era uma forma ele tratamento. adotaram-no como nome próprio.
João Sobieski, o '1nvencível Leão do Norte" S obieski, o Rei João III da Polônia, foi um dos maiores capitães de guerra do século XVII, e a ele se deve a salvação da Europa ao derrotar os turcos na batalha de Viena ■ J OSÉ M ARIA DOS SANTOS
oão Sobieski nasceu em 1624, filho de Jaime Sobieski, castelão de Cracóvia, da pequena nobreza polaca . João e seu irmão Marcos foram educados com o maior esmero. Passaram grande parte de sua juventude em Paris e estiveram na Itália, residindo por três anos em Pádua, onde freqüentaram a Universidade local. Estiveram também na Inglaterra e na Alemanha. Ambos estavam na Turquia quando, em 1648, à morte de seu pai, tiveram que voltar à pátria . Nessa ocasião os poloneses tinham sido derrotados pelos russos na batalha de Pilawiecz, os dois irmãos quiseram desagravar seus conterrâneos e entraram na liça. Marcos foi feito prisioneiro pelos tártaros, e por eles assassinado. 'l'cn'Ol' <los tál'ta/'OS e llerói 11acio11al
Em pouco tempo a coragem extraordinária e a bravura de João Sobieski o cobriram de glória em sua nação e o tornaram o terror dos tártaros. Assim chegou ele a ser nomeado grande Marechal da Coroa e, logo depois, Comandante-emchefe do exército polonês. Seu primeiro grande feito nessa qualidade realizou-se em Podhajce, que estava sitiada por um exército de cossacos e de tártaros. Ele levantou , a suas expensas, um exército de 8 mil homens, guarneceu de trigo a praça sitiada e derrotou completamente o exército inimigo. Quando em 1672 os turcos tomaram a cidade de Kamieniec, Sobieski derrotou-os corripletamente, tendo eles deixado 20 mil mortos e grande quantidade de armamento no campo de batalha. Esse feito provocou alívio geral na Polônia, tornando-se então Sobieski o grande herói nacional. Sobiesld aclamado rei 1101· unanimida<le
Com a morte do Rei Miguel, em 1674, SobiCATOLIC ISMO
eski foi aclamado rei da Polônia por unanimidade, entre 17 pretendentes, sendo seis deles cabeças coroadas. A monarquia polonesa era eletiva. Entretanto, mes1no antes de sua •.•••••••••••••••••••.•• coroação, foi ele forçado a repelir as • Em pouco tempo a hordas turcas que mais uma vez tinham invadido a Polônia. Derrotoucoragem as no ano de 16 75 em Lemberg, cheextraordinária de gando a tempo para fazer levantar o cerco de Trembowla e salvar seus de- · João Sobieski o cobriu fensores. de glória. Assim, foi No ano seguinte, foi solenemente coroado em Cracóvia com sua esposa, nomeado grande Maria Casemiro Luísa, filha do marMarechal e quês francês Lagrange d'Arquien. Não teve muito tempo para gozar esse triunfo, pois foi necessário combater os russos nas províncias rutenas. Com um exército de apenas 20
•
comandante chefe do exército polonês
, • , • • • • • • • • • • , , , , , • , • , ••• JANEIRO 2 0 0 5 -
...
mil homens, tinha diante de si um outro 10 vezes maior. Por meio de estratagemas e escaramuças, Sobieski logrou causar tanto dano ao inimigo, que o forçou a um tratado mediante o qual foi -lhe cedida boa parte da Ucrânia. O <lestemiclo guerreim salva a Euro/}a
Sobieski na Batalha de Viena, por Juliusz Kossok
cêncio XI, fez todo o possível para procurar auxílio em prol da ameaçada Áustria: "Conjuro-te pela misericórdia de Deus - escrevia a Luís XIV - que acudas em auxílio da oprimida Cristandade, para que não caia sob o jugo do hoJTível tira110 ".1 O monarca francês respondeu evasiva e friamente, com vãs desculpas e com acusações à corte de Viena. O Soberano Pontífice apelou então para a Polônia. João Sobieski não foi surdo ao pungente apelo. Sabia bem que se Viena caísse, a Polônia tornar-se-ia fácil presa para o Islã. "Em 31 de março de 1683, por mediação do Papa, ajustou-se uma alia11ça defe11siva e ofe11siva com o Imperado1; contra os turcos, da qual se fez garantia o Papa, e que 11ão sójuraram os dois soberanos [o Imperador e Sobieski], mas também seus plenipote11ciáríos e os cardeais '.' que os representavam. 5 O Imperador comprometia-se a mandar 60 mil homens para a campanha, e o rei da Polônia, 40 mil. O astuto rei polonês, baseado nos seus espias, e contra a opinião geral, afirmava que os turcos iriam diretamente sobre Viena. Por isso, pôs-se a caminho da capital austríaca, levando consigo seu filho Jacó Luís, de apenas 16 anos de idade. Passando por Czestochowa, as tropas rezaram pedindo à Mãe de Deus a bênção para suas armas. Enquanto isso, o Vizir Kara Mustafá havia chegado próximo a Viena e organizado o cerco da cidade, que era defendida pelo valente Conde de Stahrenberg, à frente de 15 mil homens. O Imperador teve que deixar a cidade. Os turcos devastavam tudo nos arredores, praticando incêndios, assassinatos e violências. Faziam muitos prisioneiros nas aldeias em redor de Viena. Parte da população levavam como escravos, e parte matavam sem misericórdia. Vendo o estado de muitos desses infelizes que conseguiram escapar, mais de 60 mil habitantes de Viena fugiram da cidade sitiada.
Sobieski pôde, enfim, gozar algum tempo de paz, pois os turcos haviam aprendido a temer o "Invencível Leão do Norte " - como o chamavam. ' Foi outro, porém, o alvo dos islamitas: a Áustria. "Havia sete anos eles se armavam desde o Danúbio até o Eufrates, desde o Mar Adriático até as Cataratas do Nilo; em todos os portos se emba1gavam os 11avios estrangeiros, para passar da Ásia e Áfüca à Europa". Assim, com uma impressionante armada, "cuja descrição traz à memória a expedição de Xerxes contra a Grécia '',2 com cerca de 300 mil homens os turcos atravessaram a Hungria, uma grande parte da qual havia sido por quase 150 anos dominada por eles, e encaminhavam-se para Viena. A situação era alarmante, pois se os tur"Pode-se dizer, com cos dominassem a Áustria, estaria ameaçada • razão, que a toda a Cristandade. "Foi um momento á-ans- • independência da cende11tal na História do mu11do; importante como o ano de 732, qua11do os árabes, diante • Alemanha estava nos de Tours, lutavam pelo se11horio da Europa. · muros de Viena; a [ .. ] Pode-sedize1; com razão, queai11dependê11cia da Alema11ha estava nos muros de Vimeia-lua plantada nas ena; a meia-lua plantada de um modo duramura1has de Viena douro 11as mw-alhas de Viena teria mudado o 3 teria mudado O curso curso da História u11iversal".
"Vencer com glória 011 morrer como cavalheil'o"
Para incentivar seus homens e os cidadãos de Viena à resistência, o Conde de Stahrenberg fez-lhes uma preleção que terminava com as palavras: "Preferimos uma morte gloJJosa 110 campo de honra que entregarmo-11os aos inimigos. [...] Segui-me como vosso líde1; cordial e alentadamente, da História Universal . já que penso ou vencer com glória ou morLa11ci11a11te a/}elo do ••••••••••••••••••••.•• : rer co1no cavalheiro ". 6 Pa/Ja Inocêncio XI Os olhos da Europa estavam voltados para Viena, e em todas as igrejas, por ordem do Percebendo toda a transcendência do perigo Papa, foi exposto o Santíssimo Sacramento. turco, o Papa de então, o Bem-aventurado lno-
-CATOLICISMO
Quando Sobieski chegou com seu exército liVitória /JOI' /)cus 1111111a bertador nas proximidades de Viena , em 11 de luta a Ele consagracla setembro, a cidade exanguejá estava em seus úlSobieski enviou ao Papa a notícia da vitória.junto timos haustos. No dia seguinte os cristãos cruzaao "Estandarte do Profeta " tomado aos turcos. ram o Danúbio e juntaram-se às forças alemãs, "Prostrado, com os braços abertos, Sobieski sob o comando do Eleitor da Saxônia, João Jordeclarou que era pela causa de Deus que ele esge, e do Príncipe Carlos de Lorena. O total das tava lutando, e Ele quem dera a vitória: 'Veni, forças cristãs chegava a 84 mil homens, sendo 38 vidi, Deus vincit', escreveu ele em sua carta a mil infantes e 46 mil ginetes. J11ocêncio Xl". 1 Ao saberem da chegada de Sobieski, os turSobieski atacou ainda os turcos na Hungria, cos foram tomados de terror, ainda mais que já fazendo-os recuar ainda mais, e depois voltou à estavam agastados com a duração do cerco, que Polônia para passar o inverno. O perigo turexcedia os usuais 43 dias, e suas fileiras . co estava quebrado para sempre . estavam sendo dizimadas pelas balas dos De volta à pátria, Sobieski passou seus Prostrado com os resistentes e pela peste. Mas tinham ainda • últimos anos no seio da família, onde veio a braços abertos, 170 mil guerreiros, sem contar as divisões falecer em 1696, consumido pelas preocuque estavam na Hungria. · Sobieski declarou que · pações políticas e pela doença. "Ele amava as ciências, falava váJJas "Promessa: vitória se era pela causa de línguas, e não se fazia me11os amar pela houver co11/1a11ça em Deus" Deus que estava doçw-a de seu caráter que pela ah-ação de Na manhã do dia 12 de setembro de • sua co11versação ". 8 • lutando e fora Este 1683, travou -se a famosa batalha. Antes, E-mail do autor : josemaria@catollcismo.com.br na madrugada desse dia, Sobieski com todo quem dera a vitória. seu estado-maior assistiu à Missa celebraÉ de Sobieski a frase: da por um capuchinho enviado por Inocên- • Notas: . "Veni, vidi, Deus vincit" •.• dia 1. S. Tarnowsi, Sobieski, in The Calholic Encyclopecio XI, Frei Marco d'Aviano, que tinha • ", vol. 15, New York, The Universal Knowledge fama de santidade e ele visão profética do • • • • • • • · • • • • • • • • • • • · • • • • Foundation, Jn c. , 1911 , pp. 61 -62. futuro. O próprio Sobieski acolitou a Missa. No 2. Juan Batista Weiss, Historia Universal, Tipografia La Edufim desta, depois ele abençoar o exército, Frei cación, Barcelona. 1930, vo l. XI, p. 880. 3. lei., pp. 881 , 882. d' Avia no disse aos combatentes: "Em nome do 4. lei .. p. 883. Santo Padre, vos digo que a vitória é vossa, se 5. id. , p. 884 . 6· lei .. P· 889 · tiverdes conliança em Deus". Nesse momento So7. The Catholi c Encyclopedia , id., p. 62. bieski armou seu filho cavaleiro. A entrada triunfal de 8. Dictio1111aire de Ia Conversation et de Ia fecture, par une Depois, quando os dois exércitos estavam fren- João Sobieski em Vie na, sociélé de sava111s el de ge ns de lettres, Paris, Librairic de te a frente, Sobieski deu sinal para o combate com por Juliusz Kossak Firmin Dido1 Frêres, Fils el Cic. , 1863. tomo11 , p. 589. o grito: "Deus é nosso auxílio!" A resistência dos turcos foi desesperada. Por duas vezes foram acuados, e por duas vezes refizeram-se e contra-atacaram. Em determinado momento daquela carnificina, os hussardos carregaram com sua habitual impetuosidade sobre o inimigo, mas este era muito compacto e parecia impenetrável. Por isso os hussardos recuaram para nova investida. Mas os inimigos, tomando aquilo como fuga , correram atrás deles, abrindo assim sua defesa. Os hussardos então voltaram-se contra eles, junto a um reforço, abrindo grandes clareiras em meio ao inimigo e gritando o nome de Sobieski. Os turcos debandaram em desordem, enquanto o rei polonês e seus cavaleiros lançavam-se em sua perseguição. Os dois lados lutavam valentemente. Sobieski estava em toda parte comandando, combatendo, encorajando seus homens e impelindo-os sempre para a frente. Ele foi o primeiro a entrar no campo infiel. Kara Mustafá já havia fugido , os turcos foram vencidos e a Cristandade estava salva.
. . . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .
-
JANEIRO 2 0 0 5 -
DESTA UE
.
~
/
/
So o tempo dira Ü OM BERTRAND DE ÜRLEANS E BRAGANÇA
e
essado o frenesi que tomou conta de parte da mídia mundial a propósito das eleições presidenciais norte-americanas, constatou-se que muitos órgãos de informação e institutos de pesquisa, alimentados por seu wishfull thinking a respeito da verdade do senador John Kerry, tinham falhado redondamente na avaliação da realidade político-social americana, traduzida na "inesperada" e incontestável vitória de George W. Bush. Saltou aos olhos de todos a realidade. Foi então que se "descobriu" a existência de uma "América profunda", de uma vasta onda de conservadorismo que, bem ao contrário do mito marxista, dava mais importância às idéias, aos valores morais e religiosos do que aos temas econômicos e finan ceiros. Esse fenômeno não é novo. Em minhas viagens aos Estados Unidos tenho podido acompanhar de perto a evolução dessa tendência, que começou a se esboçar há mais de duas décadas. Trata-se de uma modificação profunda que se vai operando em amplos e importantes setores da nação norte-americana, no sentido de fazer com que os ambientes, os costumes, o próprio american way of life voltem a se conformar com princípios e padrões ditos antiquados.
*
*
*
A evolução permissivista e extravagante das modas , dos hábitos e dos costumes, largamente inculcada por jornais, revistas, rádios, televisão e cinema, oprimia esse filão e o colocava como marginal na sociedade. Entretanto essa América profunda mostrou estar amplamente enraizada e revelou uma tonificação admirável dos valores familiares. A derrota do casamento homossexual nos 11 plebiscitos estaduais foi disso um exemplo incontestável. O que se soma à valorização crescente da castidade e do casamento entre os jovens, bem como à oposição ao aborto. Viu-se igualmente que, em contraste com o espírito acomodatício e entreguista, o americano médio não se deixa intimidar pela agressão externa e está disposto a enfrentar com firmeza riscos e incertezas. Enfim, temos a impressão de assistir a uma insurreição do público contra a ditadura do politicamente correto. A América profunda mostrou que hoje não é atrasado quem defende os valores da tradição, da família e da propriedade. Atrasados são aqueles que, embaídos por utopias fracassa das, negam-se a ver a realidade e ignoram a imensa rotação que se vai produzindo em importantes setores de uma nação que exerce papel decisivo no mundo e é presentemente o grande baluarte do Ocidente cristão.
-.E
CATOLICISMO
1
. Não existirá também um "Brasil profundo"? Um Brasil que fica à margem da mídia e dos projetores da publicidade? Pergunto-me se as esquerdas brasileiras, de todos os matizes e condições - partidárias, eclesiásticas, intelectuais ou outras estão aptas a compreender esse fenômeno. Tenho a impressão de que o curso da História, conduzido pela mão de Deus, vai mudando, e o mundo vai se transformando, mas elas permanecem insensivelmente estáticas. Não existirá também um "Brasil profundo "? Um Brasil que fica à margem da mídia e dos projetores da publicidade, mas cuja existência nem por isso deixa de ser real? As recentes eleições municipais constituíram, a meu ver, uma grande lição para esses mercadores de ilusões, que parecem sempre imaginar a opinião pública brasileira como uma imensa massa a caminhar inelutavelmente para a esquerda. Afinal, não terá sido esse Brasil profundo, habitualmente pacato e até indolente, que se manifestou, sobretudo nas derrotas que infligiu? Enquanto refletia sobre esses temas, vieram-me à lembrança os embates político-ideológicos travados no País, na década de 80, a propósito da Constituinte. Na contramão da história, nossos legisladores dedicavam-se a preparar um texto constitucional de forte cunho esquerdista e socializante. Com a sabedoria e a penetração de espírito que lhe eram peculiares, Plinio Corrêa de Oliveira advertia então, em seu livro "Projeto de Constituição Angustia o País", acerca desse Brasil profundo que nossos políticos pareciam ignorar. Um Brasil marcadamente majoritário, em contraste com um Brasil de superfície, cosmopolitizado e afinado com as últimas modas, indumentárias, ideologias ou outras: "À medida que o Brasil de superfície caminhe para a extrema esquerda, irá se distanciando mais e mais do Brasil de profundidade. E este último irá despertando, em cada região, cio velho letargo. E de futuro os que atuarem na vida pública de nosso País terão de tomar isso em consideração. E, em vez de olharem tão preponderantemente para o Brasil cosmopolitizado que se agita, terão de olhar para o Brasil conse,vador que constitui parte da população dos grandes centros e se patenteia mais numeroso na medida em que a atenção do observador desce das grandes cidades para as médias, das médias para as pequenas e destas últimas, já meio imersas no campo, para nossas populações especificamente rurais". Prestarão, por fim, atenção a esse "Brasil profundo" os homens que têm em mãos a política de nosso País? Só o tempo dirá. •
-
(Transcrito da "Folha de S. Pa ul o", 21-12 -2004) Dom Bertrand de Or leans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil , tetra neto do Imperador Dom Pedro l , é diretor de re lações institucionais da TFP-Fundaclo res.
JANEIRO 2005 -
DISCERNINDO Jardim de Infância, 1898 (Henry Jules Geoffroy)
RefleXos da Civilização Cristã ,,
■ Cio ALEN CASTRO
D
esde tempos imemoriais, os homens acompanham as etapas de sua vida através de calendários. Há calendários de todos os tipos e para todos os gostos: artísticos, fotográficos, a simples folhinha contendo apenas os dias da semana e os meses, e até, para os que estão afundados na sensualidade desbragada, os imorais e pornográficos.
Agora, caiu-me nas mãos um calendário 2005 verdadeiramente estupendo, elaborado pela TFP francesa, e gostaria que o leitor, em alguma medida, participasse também do gáudio de folheá-lo. A cada mês é reproduzida uma cena maravilhosa, quer . • . da vida da IgreJa, quer da sociedade temporal católica, acompanhada de um breve comentário em cujo autor se adivinha, conjugados, o gênio francês e o discípulo de Plinio Corrêa de Oliveira.
,
íl
As crianças, que acabam de lavar as mãos na pia circular situada no fundo da saio de aula, saem para o pátio com uma cestinho contendo sua merenda. A professora, elegante num uniforme que realça seu prestígio, atende com bondade e doçura uma pequena aluna que a olha com admiração. Aquela que sabe se inclina sobre a que aprende: desigualdade harmoniosa entre as gerações, que permite à criança elevar-se, e que enobrece o adulto.
1
A figura ~ maior aqui ,e representa- ,.J da é relativa , ao mês de .! · novembro. f ~ 386Jour, ~"• 1 Compare o "·~,._., - 1 , l ~ ~ '"60rdth1•s.1ni.v1,,,,. leitor esse relacionamento professora-aluno com o que existe hoje em dia! A distância é um verdadeiro abismo. 1
Março: A última onda
Janeiro : O Jogo de Loto
Junho: Dama em Férias
Julho: l
ª Missa - Os pais do celebrante
Setembro: A Banda de Música
Agosto : As Respigadeiras Abril : Calvório na Normandia
-CATOLICISMO
Maio:
Primeira Comunhõo
Outubro: Mercado de Roupas Dezembro : O Coro
JANEIRO 2 0 0 5 -
1 &\Nlt'\MARIA,MÃEDEDEIB
[Antigamente, Circuncisão do Menino Jesus] PJimeiJ'O sábado do mês
2 EPU'J\NIA DO SENI IOR, OU SANl'OS REISl11ffi1Canol
São Basílio Magno, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja.
3 Santa Gcno\,C\13, Virgem + Paris, 512. Consagrando a Deus sua virgindade aos 14 anos, vivia na casa de uma tia, levava vida de extrema penitência e contínua oração. Quando os hunos ameaçavam invadir Paris, Genoveva saiu às ruas exortando os parisienses à penitência; inesperadamente e sem razão aparente, Átila afastou-se de Paris com seus bárbaros.
4
6
12
18
24
28
SantaRalada Maiia,Vi11on
Sáo lx nl.O Bispo,OOllÍ~'501'
+ Espanha, 1925. Com sua irmã, fundou as Escravas do Sagrado Coração de Jesus, dedicadas à adoração do Santíssimo Sacramento e ao ensino, das quais foi a primeira Superiora. Por iniciativa de sua irmã, foi declarada incapaz de governar, sendo esquecida por mais de 10 anos. Quando faleceu, compreenderam o grande pecado cometido ao afastá-la.
+ Inglaten-a, 690. Abade de Wearmouth e de Jarrow, na InglateJTa, buscou em Roma arquitetos, vidreiros, pintores e músicos pai·a instruir os ingleses, t:rabalho continuado por seu discípulo São Beda, o Venerável.
Santa Prmiou Ptrola,Virgm eMá11ir + Roma, séc. I. É considerada por
&io Francisco de Sales, Bispo, Confesoor e Doutor elaIgreja
Santo'lbmásdeAquino, ConlIB5üreDoutor ela Igreja
muitos a primeira mártir do Ocidente. Batizada por São Pedro aos 13 anos, foi martirizada pouco depois, por ter se recusado a queimar incenso aos deuses.
+ Annecy, 1622. Bispo de Genebra, animado de profundo amor de Deus e das almas, era dotado de bondade e suavidade excepcionais no trato, sólida cultura e ortodoxia. É um mestre da vida espiritual, sendo também patrono dos jornalistas e publicistas católicos. Foi muito odiado pelos protestantes calvinistas, que não o deixaram tomar posse de sua diocese.
+ Fossa Nuova, 1274. O maior teólogo da Igreja foi, aos cinco anos, confiado aos monges beneditinos de Monte Cassino, entrando depois para a Ordem Dominicana, da qual é a maior glória. Com razão foi cognominado Doutor A11gélico, por sua pureza de vida e elevação de doutrina, que transcende a pura inteligência humana.
25
&io Sulpício Severo, Bispo eConlIB5ür
7 São RaimunclodePa1hafor1C, Cnnl{mll'
+ Espanha, 1275. Dominicano, Príncipe dos canonistas e grande confessor, foi igualmente célebre por seus milagres. Com São Pedro Nolasco, fundou a Ordem das Mercês, para a redenção dos cativos que eram aprisionados pelos muçulmanos. Primeira Sexta-fefra do mês
8 São [tr.lro'lbmás,BispocConl(.$)1' + Clúpre, 1366. Caimelita, encarregado pontifício de delicadas missões diplomáticas, depois Bispo e Legado universal para todo o Oriente.
9 Batsnodcl\1<:mJSalhor
SantollilooA!lre
10
+Cluny, 1048. Um dos grandes abades de Cluny, cujo papel foi primordial na formação da Idade Média. A ele devem-se também a introdução da Festa de Finados e, para controlar o espírito extremamente belicoso do tempo, a Trégua de Deus, que proibia ações bélicas ou pilhagem da quarta-feira à tarde à segunda-feira de manhã.
SãoGuillnmcclclhu~.Bispoc
5 São Simão Estilita,Ü)n[ffffit'
+ Síria, 459. Construiu uma coluna para isolar-se em seu topo. Desse púlpito improvisado falou a imperadores, reis, religiosos, e converteu muitos pagãos.
Conl~ll' + 1209. Grande amante da solidão, entrou na Ordem de Cister, de onde a obediência o tirou para que ocupasse a Sé arquiepiscopal de Bourges, no centro da França.
11 Sai1to I figino,Papa eMárür
+ Roma, 142. Grego de origem, por sua virtude e coragem foi escolhido para suceder a São Telésforo, que sofrera o maitírio. Lutou contra vários heresiarcas, animou os cristãos perseguidos pelos pagãos e acabou ele mesmo dando sua vida por C1isto.
19
13
SanLooMárioeilimpanoo100,Márti1-es
Santol liláriodePoilias, Bispo, CnnfcssoreDoulorda lgr.qa
+ 270. Máiio, a esposa Marta e dois filhos viajaram da Pérsia a Roma pw1 venerar os sepulcros de São Pedro e São Paulo. Ao visitar depois os cristãos nos cárceres, foram também detidos e maitirizados.
+ França, Século IV. OAtanásio do Ocidentelutou aciJTadamente contra os arianos, que o submeteram a rude perseguição e longo desterro, durante o qual escreveu 12 livros sobre a Santíssima Trindade, que lhe valeram o título de Doutor da Igreja.
14 Sãof<'élixdcNola,Cn11i(.$)r
+ 256. Sacerdote, passou por vários suplícios nas perseguições dos imperadores romanos Décio e Valeriano, saindo incólume. Após edificai· a todos com sua SaI1ta vida, Félix faleceuno Senhor.
15
Conversá oeleSão Paulo Apóstolo
20 SãoSelm:ioo,Má1ü1· + Roma, 288. Centurião da guarda pretoriana de Diocleciano, sustentava, com zelo apostólico, os confessores da fé e os mártires. Denunciado, foi trespassado com flechas; curado milagrosamente, foi açoitado até a morte. Tornou-se um dos santos mais populai·es em toda a Igreja.
21
Santo Amaro ou Mauro,Q)nfe:ro•
Santa ln&, Virgem eMártir·
+ Subíaco, 584. Filho de wn senador romano, aos 12 anos foi entregue a São Bento pai·a ser educado. São Gregório Magno o exalta pelo seu amor à oração e ao silêncio. Avançado na virtude, apesai· de sua pouca idade, foi por São Bento incumbido de dirigir monges e mosteiros.
+Roma, 304. Afo11alez.a desta menina de 13 anos assombrou mesmo seus verdugos, que no entanto a matai-am cmehnente. São Dâmaso e Santo Ambrósio cantaram entusiasmados seus louvores.
t(j São Marrelo 1,Papa eMártir
+ Roma, 309. Reorgaiúzou a Hierai·quia eclesiástica e, sob Maxêncio, foi exilado e obrigado a viver num estábulo, onde morreu em conseqüência dos maus tratos.
22 SantooVm11eeA1~,Má1tircs
+ 304e+ 628. São Vicente foi wn valoroso diácono de Zaragoza, que enfrentou toda sorte de tormentos, célebres na História da Igreja, pai-a provai· sua fidelidade a C1isto. E Anastácio foi um monge persa, decapitado com outros 70 cristãos pelo rei Cosroes.
23
17
Sailto lk:leform, 13i5!X>cQ)nfesn
SantoAntãoAoodc, Q)nfc~•
+ Toledo , 667. Discípulo de Santo Isidoro, Arcebispo de Toledo e zelosíssimo defensor da virgindade de Maria contra os hereges, escreveu um livro refutando-os.
+ Egito, 356. Viveu longos anos de penitência no deserto, onde resistiu como herói católico a violentas tentações do demônio.
Ao cair do cavalo, o perseguido r dos cristãos tornou -se Apóstolo. Instruído pelo próprio Cristo Jesus, foi um dos mais ardorosos proclamadores do Cristianismo. Submisso ao Papado , soube entretanto resistir a São Pedro, com respeito e firmeza, na questão dos judaiza ntes. São Pedro , demonstrando grande elevação de alma, acabou por darlhe razão.
2(i &io Timóteo,Mártir, e&io 'líto,
Conf<:S'30r + Ásia Me nor, séc. I. Dois discípulos de São Paulo. Timóteo foi seu preferido e fiel companheiro, a quem escreveu duas cartas cheias de conselhos. Bispo de Éfeso, morreu apedrejado pelos pagã os. São Tito ta mbé m acompanhou o Apóstolo em algumas viagens e foi de pois Bispo de Creta, onde morreu.
27 Santa ÂngelaeleMe1ici, Virgem
+ Bréscia , 1540. Co nsciente de que as desordens da sociedade originam-se em grande parte da corrupção da fa mília, fu ndou um instituto religioso, das Urs ulinas, para a educação da juventude femi nina e formação de mães cristãs.
29 + França, 591. São Gregório de Tours refere-se a ele com muito respeito, elogiando suas virtudes. Foi nomeado para a Sé de Bourges em lugar de candidatos simoníacos.
30 Santa Jacinta Mariscotti, Vugm
+ Viterbo, 1640. Se bem que educada cristãmente, levou vida frívola e mundana mesmo no convento, onde entrara por ordem do pai. Adoecendo gravemente, o confessor da casa não a quis atender, dizendo que o Céu não era feito para pessoas vãs e soberbas. Um terror salutar levou-a ao arrependimento e remorso, e depois à reparação, transformando sua vida e levando-a à honra dos altares.
31 &io João Bosco,
Conf<:S'30r + Turim, 1888. Exerceu enorme infl uência no campo religioso e social, tendo fundado a Sociedade Salesiana e o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. "O êxito dessa obra - dizia São Pio X - só pode explicar-se pela vida sobrenatural e santidade de seu fu11dador". De alma simples, alegre e ardente, não havia obstáculo que o detivesse na senda do bem.
Intenções para a Santa Missa em janeiro Será ce le bra d a pe lo Revmo. Padre Dav i Fra nc isqu in i, nas segu intes intenções: • Pe la un ião e santifi cação de to das as fam íli as ca tó licas em torno da Sagrada Fam íli a. Espec ia lm en te sup l icando à Santa M ãe de Deus, pe los m é ri tos da Ep ifa ni a do D i vino M e ni no Jesus, cop iosas g raças para todos os leitores de Catolicismo e suas respectivas famíli as. Que todos sejam prov idenc ia lm ente amparados, a fim de enfrentarem com energia e coragem as d ificu ldades que possam sucede r ao longo des t e n ovo a no que se inic ia.
Intenções para a Santa Missa em fevereiro • Rogando à Santíssima Virgem a materna l proteção especia lmente a todas as fam í l i as dos l e itores, assi na ntes e am igos de Catolicismo , preservando-os do pecado, da crim inalidade e das drogas, que constituem grande pe ri go para cr ia nças e ado lesce ntes deste sécu lo .
JA
Urugllai: país conservador que votou na esquerda
Vitoriosa reação contra a blasfêmia
Análise elaborada pe]a associação Tradición y Acción por un Uruguay Autêntico, Cristiano y Fuerte revela um país "anestesiado
Repugna ao nosso amor filial a Nossa Senhora descrever o que abaixo vem narrado, mas é indispensável fazê-lo para se compreender a extrema gravidade do ocorrido e a eficaz reação da Fundação ArgenUna de Amanhã
sem perceber, excluído sem querer, amordaçado sem saber"* 11 FERNANDO M oNTABO NE
M ARTIN JORGE V IANO URUG UAY AUTÊNTICO: AN ESTES IADO SIN PERCIBIRLO, EXCLU IDO S IN QUERERLO, AMORDAZADO S IN SABERLO
Montevidéu - O principal diário da capital uruguaia, "El País", de 7-12-04, estampa em página inteira importante denúncia apontando a Comissão Episcopal Uruguaia (CEU), organismo que reúne os bispos do Uruguai - bem como os partidos tradicionais Colorado e Blanco - como sendo o "grande eleitor" dosocialista Tabaré Vázquez, alçado à presidência da República. O documento alerta o público uruguaio, tendo em vista desarmar uma trama que ameaça o futuro dessa estratégica nação do Rio da Prata . Tomando distância das análises eleitorais correntes, que falam de um avanço das esquerdas, Ti-adicíón y Accíón por rm Umguai Auténtico Câstíano y Fuel'le acentua a extraordinária debilidad e, e conseqüente desvio para a esquerda , ocorrida nos partidos tradicionais do país. Desvio este que negou qualqu er possibilidade de expressão por parte da direita anticomu nista, bem co mo evitou defend er os valores morais mais elementares. Tal fato desvirtuou gravemente o quadro eleitoral, por ter excluído importante setor da opinião pública, que ficou sem um pólo político que a interpretasse. O mencionado documento denun cia ademais a verdadeira colaboração com a esquerda, até pelo silêncio e pela omissão, da Hierarquia eclesiástica, lamentando a desconcertante orientaçã o eleitoral da Conferência Episcopal do Uruguai. Bem fundamentado em citações e argumentos, o texto mostra que o pronunciamento do Episcopado exclui Deus e
~
CATOLIC ISMO
UfjUGUAYO: lSAl;lES LO QUE QUIERES, PARA DONDE VAS, A DONDE TE ESTAN LLEVANDO?
-
MISTERIOSA MÁQUINA DE TRASBORDO ELECTORAL INADVERTIDO HACE QUE UN PAIS CONSERVADOR VOTE A LA IZQUIERDA REVOLUCIONARIA , -
r ~~ ,.-ccc,,,~,.,..ll'Ukll ~11o,1 "1,lo((JCMIW.O • M1trt,.
- " ..·•"lo"•('.-.. , •• .,. ....... , ...... ~
,.,..........•toO)l _,.,,...,. .. _M_l"'C.C4)'>'/M., l/4'°'°"'D<O-,.
__
,...,_,_
.... ,- ........... .........
_, _____
O• ~fll'OIIUIIIIIIIM I/IIN,.(ONSUh'_IOl, ~• -
L"ll- -
::=_.:,_,.._.,._ ~ .-;::~~:::::-..:.=~~~~-=:-: ._ ...................-,;,.~,... ..... ..._ . ., ... -..,.. ..........._,._, .......~:E-:::-.:::?::.!:_T ,
= =:.:~~::.. ::.::~~.::..~~. . ~.:.:
:.:.--:;~.:õ:::::,::\':":::~'!."~~= ..·· - •._,_.,. ,,.............. U'_..
-
_.
.E:::t..::: . ~"~:::::::::';:: . :.::.:: ·:::"'.:~..:.:~-::::::. -::::. ..-::.:;_= ::..-:-.~~
.......,"=-~~::: .~·;:.;:.;:,~~-~;~~-:.::.;:~~.:-.. ....::::= . ,........·:!~~~~ ...................... . ,, ....,,,,._., . :: l~~:~:.:.--:.~~•:::~:.:~ ::~~:.::-=--~-::;=:-,,::: ...............,_o.,,,..., .. .,.._,.....,,., =:-..'!".::" .... , .............. ~
-
_ , i . - .................... 1'1 ._
-w ";::!..'t!c!"~:"":.r;:':\~.7;;·:-:'.::.:::;;-.=...::.: ....... ,,.,......-...... ,... ,.,•. ,~ . ........... ,,............. =r!:::.':o:'!~'::!~~~-=.".~~~=::.::.t:::= ,.,,............. .. ::::.·.·. -:::'·....... ""---·· ..... ......... -.. ......... ,._ ........... - ::=::.:':~--=-~~. ':.~t!f.'.°~":""'..-!t
l,, U."4lJ.t,.,. UKO!oallTAl(ft N.llt'OCIO-NWSt• •OIL"tOllll"'-"' C..tl'IKON~N~-• •CI ~ , ~ .. - - - · · · , e - ......... . .......» .. :1 .. .......
5 E1f\E!i~~fr3:E:fu-=.; :.:.~~~-==-,.-::,i:~.:.-~·-;,·:-.:,..;.:..!:-".. x::.~:.:::.:!
___,_,._
==~:::;;:::::..-::'!":::;::~...:.=-:"':!.' ..~:~,:;.~~::::.-::-:~:.·~~::~~-=-:::-.!.":=:: t"..:::=,-:.c;::.~,';'=.::.==:.»:".;'";::".~..•,:; ~.~::;."' ,. _..,,•• • ,•,.i.t• •·o-a .. .O•-• '"'"u,• ,.,,~,,-•ltl"""" "
- • -••l •lo--1•--•f•h-lt ........ .W_ ,_.,._,__.,,. ... ,_,,,_IIW•-IM-• .i fa_.,. ,..., __ ,, __ _ .,_..., .. ~ - ·- ... - 11111,.,,.,. ............__ ,,o-.. _
;ã.;.r:rr.E~~~:;.:.:=== :- :":.~..:,..... ----·---·--· . . . . ... ...
_.,. __ --__ _. ___ . ---, __ ___ -·~____ -- __ .... ... -·!:::.:-:.. :::;::;:.:::-=:.::!·::~!:!:.:::.: . ...,.._""_ ~..,_.,. .... .._......
....
....... !","::,~=:~:...-:::!:~~--;--;.,:-,;.~....==:.::.:-.:,-;
::::·::=..-;-:.:.-:.~:--::..-..::=:;::~,~-
=-~: .:::::·::::=...:---::::-.-: :':-:::::::! ............... ... ... _, , ...... ...... ... "'w"·.,...,,....,,_...,,,_..,."'"',__~,,,,,., ,.,,_,_.., ,_.,,,.,....,,.,._..,..,.,. ,.,_,...,_ ,,- .... .... u,-,,._,.. ___ ....,tv,.....,._,.,_.,,r,111 ......Do-.__... _ _-... _ ........ ,.. ..._, ,_-... 1.1,._ _ .. ____ _, _:::::;::.::::._-::::1.,::::;;.i::.:..."': -· .. - -..," .......... ..... - - . . _ , ~.:.::.~;t::::::':!.~:.·t" ~.:::~=-~-::=.=
_
IIMó ...
- ----- .,-~. --_....._
....
=====--:;.,·:~·~-:~~.:...-:.=:::::
Fac-símile do publicação do manifesto em "EI País"
sua Lei, e não faz a menor menção a temas cruciais para a consciência católica, como a questão do aborto e da famíli a. Matérias que foram decisivas nas recentes eleições norte-americanas, concedendo a vitória ao Partido Republicano e aos setores conservadores da nação.
*
*
*
Tais atitudes desconcertantes da CEU e dos partidos ditos conservadores levaram a entidade TI-adicíón y Accíón a explicar a contradição existente entre um Uruguai bastante conservador e o triunfo eleitoral da esquerda. Nesse sentido, é oportuno citar a declaração do ministro da Agricultura, José Muji ca, sobre o pleito: "Não a ganhamos nós, mas perderam eles [a direita] . A vitória se deve
a uma muito importante ma1gem da população que não é de esquerda". O documento afirma ser urgente "despertai; levantar e animar psicologicamente o Uruguai autêntico e fazer com que ele abra os olhos para esta realidade, não se deixe amordaçar por falsas lideranças, mas siga o conselho evangélico de 'vigiar e orar para não cair em tentação'". E conclui convocando os uruguaios a uma "Cruzada" pelo ressurgimento moral, espiritual e material do país, confiantes em que, como prometeu a Virgem em Fátima, por fim Ela triunfará. • E-mail cio autor: fernanclomon tabone@cato licismo.com.br • A ínlegra desse documento encontra-se à disposição no site www.uruguaya ulenlico.org
A
ntonio Gasalla, conhecido comediante argentino da Amélica-TV, protagonizou, disfarçado de mulher, um sketchdurante o qual falou de sua defecação como se tivesse a forma de uma imagem da Virgem Santíssima. Atraídos pelo "milagre", "peregrinos " ajoelham diante dos imundos dejetos, rezam o Rosário, acendem velas e agradecem favores recebidos! A Fundacíón Argentina dei Manana (F ADM) reagiu imediatamente e despertou um movimento que alcançou profunda repercussão. Por sua iniciativa, quatro distintas e valentes senhoras denunciaram os fatos em uma carta difundida pela
Agencia Informativa Católica A1gentina (AICA) . Após menc ionarem a atuação movida pela Funda ão, ante a Câmara A1ge11tina de Anunciantes e os patrocinadores do programa tclevi ivo, elas concluíam com a pergunta: "A Vi1gem Maria não
tem mais J]Jhos dispostos a repararpublicamente tamanha oü•nsa?" Sim, teve. A reação f'oj imediata e cresceu com o passa r dos dias: cartas de leitores; pedidos ao omitê Federal de Radiodifusão (COMFER) organismo oficial de controle t lcv isivo para que punisse exemplarmenlc os responsáveis; espontâneos atos públicos ele piedade em honra de Nossa cnhora e repudiando a blasfêmia. Um editorial do diário "La Prensa", de Buenos Aires, concl 11ou a h1Júria ontra a Santíssima Virg •rn e a í'é calólica, afirmando que Antonio asa lla havia praticado "um ato absolutt1111(•11tc• f'l'J)l'Ovávcl,
mesmo para aqueles que l'Slão dJt,postos
Gasalla se discul pó con la Iglesia Católica En Ili fkclón,ol I,ononnjedo So\L'<llld
Solru-1,quolntcrprct:IAlllOnloOMlllA, S(l c..1r11c1erlii111rlnclpli.hnento por 1u 1\rn\11••1. y el pi.nico 11ue le genera 1er c.lce1111'fldo laatonclOn.J 11Jtame11te lo conLmrlo(lo lo que 1)MÕ C!11 ln v\dn rtml 0011 las derlvaclont11 que prodIUf'mn Joscon1enlclo11 dei 1ke1ch do1u JM'l'IO n aje en IA eml'\lón dol 8do notu hro do ~11 ciclo "GM11ll11 cm unn tnlln". El nctor. f'n 111 piei do Solcdnd, dllo
(JIIC tmbiu Ido AI bai'lo y • u,dcposldo nc:1 1cnlnn ln forma de una Clllutullla .
Una vechu, 001aldcró que lu hnn11on cru IA de unu vlrg:011 (1111 eepectnair cllrect:unentc quo 11(1 t mt:1sc dc la Vlri;cn Maria) y o rwnnlzõ ~rci:rlnru:lo nes nl bai'lo '/ la vc ntntlol!llnmpl!M y objotOII rclit:IO'!CIII OI\ ij:OllOl'í\l Solu tltH.I. Q\W. onero otrn!I cnrnc1rrl~1lcf\l'I "" mrn!!l lrll ('01110 llllll IMl l-.01111 devo.
ta, con S\I enMi llona de lml\ll('flts df' iia n1os.flnnlmrn1c,.5erobeló,011rlnit6 cl botóndcl ,qmhnrlo y dlo 1)1)r tt:rrnl• mido e l opltodlo. lloporc u s lones y dlscul1>11s Or&nnlzaclo11es y11111\1Ar1to'l cn1õll• coscon,tclcn.iron qucc n CMl 8'lwmcn 10 dei prog111mn MI hnbln a hullflou la Vlrgo11 Ma rlu do un modo "IOtl\lml'll• te drnl)u11n1oyofcn11\voH para la 111:lu 11in tõllCA YMICllllZl\tOnCOnOl)j;:ml
Am~rlca , so CIIC5I IOII Õ fl Grondonn y Ml\'Oh'IÓII ll!i!'>tlrlll itkolch. loqucnvl vó lll\ n mh 10'! An lmOll. Va r 1os 1umn clru11c:1 hic lcron caso ,11 J'.)1',fülodo lns or);<ln11,11don~cnt6 llc11s yrctlrn 1'0n , usovi905 dolopau1np11blldrnrifl1lel 11rogram:-i. En cl pro.:mmn dl'I 5 ele novlcm h1·c illl uno. t,nui lla se 1Hi;culpl\ pen h1q l11te nm 1 111do110~ Cj UO l(CIICMron los conton ldos til! 11e1 1wl skotch " PI do 1l11oor:-in10nto IM1rdót1 y nchmH IU" JnmAA o!m 1vo cn mi :'mimo ofender 11 1oscreyonlee, tt lnosn tlr b.nr n lns11110 co morclnn co n la fu. ,100 es u na cosi, blendb1lnm Soyunhumor lMntm ns ll'resor, pero nunca buscoofondcro ln s u\t11r ln f1Hl11 nmtl l' Adcmns. soy una 1ier&on11croycnt1•", clllo, Curl oe Abdo, I1rl'MldOt11l' dOl'\1b\1CI• dnd E111/\tk11 ln torm,1·um.•l. lnompre s:1que producct'.'lclclo juntoa ltêc10r Cnb;,\lcm, Mlló 1n111hl'111 íl (')(CUS.ir!IC J)Ubltc11mcn1,• 11í>r CI l'lllllOdlo "Sepa rnmosnl 1>nxluc1or cjec t1!l\'OY pedi mOII slncer.ts dhw:ul1•u, pero en n l n gun momento tuvtmM la lntoncló11tio oí(!ntlerunn cmoncln'', RClnró. 1'1rmro lll(IO,h lclt!l'Oll llf'(Cf\ l' S\t8CXCU!'I\Sll lP
i.ar unu 11111rchn do re pudi o Mnrlruio Gro11dom1. 1m Hllora Cl:ivc~, por Ca
11tlnsla Ca16llen II u-nvês lM •llrector do ll l'(!I\Sll dei l11'7.0bi!lp.1dO do lluon~ A i res, 111\.--sb l1cro Gulllf!rmo M n1~ó . qulen las v11Jor6 poshlvnmt!tl1C. OJn 14 t!tilO alcnnce p::1r11 onrncndur oi ln voluntado error
nal 9, nlHcó (lunun('nl c ln l)ttrod!11. t ,uc110,c11 •·•"' h'1.•lir;llinn•1,1l!111'flllll",do
Rlcnrdo Mnl'ín
Artigo do jornal "Lo Noción" - 15/11 /04
a admitir as insolências e agravos que nos tem imposto a telinha ". A repercussão transpôs as fronteiras ar gentinas. A esse respeito, AC/ Prensa do Peru difundiu nota pela Internet; e nos Estados Unidos foi tema de reportagem do programa Fim de semana, de María Nelly Collazos, da conhecida rádio "EWTN".
* * * Alertados por centenas de cartas e mensagens via e-mail, enviadas pela Funda ció11 A1genti11a dei Manana a seus aderen-
tes , os anunciantes adotavam medidas eficazes. A Câmara Argentina de Anunciantes enviou uma circular a todos seus associados, com a cópia da carta de autoria da Fundação. As empresas que sustentavam o programa com propagandas comerciais ordenaram, umas após outras o cancelamento dos contratos publicitários, comunicando que haviam sido surpreendidas pelo conteúdo da emissão, com a qual estavam em completo desacordo. Finalmente, América- TV, a produtora Publicidad Estática Internacional e o próprio comediante não tiveram outra saída - para evitar o fechamento do programa - senão dar meia volta e desculpar-se de vários modos. E isso foi noticiado em diversos artigos, como os publicados nos diários "Clarín" e "La Nación" (14 e 15 de novembro) , de Buenos Aires. Os responsáveis pelo canal afirmaram que o autor da montagem do blasfemo e repugnante sketch tinha sido despedido, e que não tiveram intenção de "ofender uma crença".
* * * Ainda que somente Deus julga as intenções, não resta dúvida de que América- TV passou recibo dos enérgicos protestos e voltou atrás. Os fatos deixaram uma lição - e esperamos que não se esqueçam - a todos os meios de comunicação: não se brinca com a fé, e sobretudo com nossa excelsa Mãe, a Santa Mãe de Deus.• E-mail cio autor: martinviano@catolicismo.com.br
JANEIRO 2005
~
Impressionante comprovação:
· Cavalgada em honra da Virgem Santíssima Com seus trajes típicos, gaúchos empenhados no revigoramento de autênticas tradições do Rio Grande do Sul prestam homenagem a Nossa Senhora de Fátima GU STAVO LUZITANO
or iniciativa dos Srs. Ildefonso Barradas Neto e José Antônio Ferreira Soares, realizou -se no mês de novembro, em Vale Verde (RS) , uma cavalgada em honra de Nossa Senhora de Fátima, evento que procurou preservar as tradições gaúchas mais autênticas. Com a participação de quase cem cavaleiros, teve início na capela de Santo Antônio, e seu ponto de chegada na Fazenda Nossa Senhora da Conceição da Vista Grande, do Dr. Ildefonso Homero Barradas, colaborador de Catolicís1110 desde seus primórdios. Em meio a cãnticos e sob uma chuva de pétalas de rosa, foi coroada a imagem de Nossa Senhora. Após o que, convidado para a ocasião, o Sr. José Carlos Sepúlveda da Fonseca lembrou a todos que só com espírito sobrenatural é possível fazer perdurar as 1rndições, ali tão bem representadas. Exortou ainda a todos os presentes a que cumpram o pedido que em 1917 Nossa Senhora fez na Cova da !tia, de rezar o terço todos os dias. À direita e abaixo: aspectos da cavalgada.•
s manchas de sangue no Santo Sudário coincidem com as manchas de sangue na Sagrada Túnica de Nosso Senhor Jesus Cristo.
J\
Nem todo mundo sabe que ao longo dos tempos têm sido feitas análises do Santo Sudário que envolveu o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Sagrada Tú nica vestida por Ele durante a Paixão. Entretanto, sucessivas provas foram sendo acrescentadas sobre a autenticidade de ambas as peças. Recentemente, utilizaram-se métodos sofisticados e prec isos que confirmam a veracidade das sagradas peças. A autenticidade fica ainda mais comprovada pelo fato de que as marcas dos ferimentos impressos no
Santo Sudário coincidem com as marcas equivalentes na Santa Túnica. Os estudos envolveram, e ainda continuam a envolver, um número considerável de cientistas interessados em conhecer tão grande mistério . Conheça este interessantíssimo e apaixonante tema. Adquira os dois livros: "O Santo Sudário" e "A Santa Túnica de Nosso Senhor" que apresentam detalhes impressionantes de cada uma das sagradas peças e atesta m os terríveis sofrimentos suportados por Nosso Senhor Jesus Cristo. Os açoites util izados durante a flagelação; as marcas dos espin hos da Coroa; a marca da chaga no ombro em que Ele carregou a Cruz; as moedas que cobriram os olhos de Nosso Senhor ao ser sepu ltado; a Sagrada Túnica feita sem nenhuma costura ...
Peça já estes dois livros A leitura é empolgante e será muito oportuna para a Quaresma e a Semana Santa.
E-mail do autor: gluzilano @catolicismo.com .br
Adquira, pelo preço de R$ 17,20*, "O Santo Sudário" e "A Santa Túnica de Nosso Senhor"
l 7x58 cm
Central de Atendimento CATOLICISMO
·Frete de l~S 5,00 para cmb.'1 lngcm e poslngcm. Promoçi\o vfllldn dunmtc os meses de ):melro e feverei ro ele 2005, ou cnq unn10 dumrc m nossos estoques.
Uma representação em tecido do Santo Sudário
Altar de Santo Inácio de Loyola · na igreja do Il Gesll Ü bra de arte renascentista, mas contendo um pensamento sério e profundo • PuN1 0 C oRRÊA DE OuvE1RA
oto à direita apresenta o altar da igreja dos Jesuítas e Roma, /1 GesiJ, que é um templo religioso riquíssimo, muito belo e famoso - construído entre 1568 e 1584. O altar é dedicado a Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. Nota-se um grande quadrilátero no qual ressalta uma cor parecida com o mármore das colunas, constituindo uma transição que prepara a passagem do marrom claro para o branco. É um jogo de cores muito bem calculado, muito agradável para se olhar. Cores muito proporcionadas, que tornam este altar verdaçleira obra de arte. Nele não há um milímetro que não seja do extraordinário mármore italiano, considerado o melhor do mundo.
* * *
~v,\EN ,-.,,_
~.J' Quanto às figuras , observamos em pri~ meiro lugar pequenos anjos, situados aciO ma do arco que serve de dossel para a ima0 gem de Santo Inácio. E no alto paira a San~~ tíssima Trindade: acima, circundado por um :f • C\'1~ resplendor, o Espírito Santo em forma de pomba. O conjunto manifesta a glória de Deus, eterna, imutável e absoluta. O altar representa a glorificação de Santo Inácio de Loyola. Mas, sobretudo, contém um pensamento sério e profundo: por mais sublime que Santo Inácio tenha sido, infinitamente mais alto do que ele situa-se Deus que brilha na excelsitude da glória. Abaixo d 'Ele a imagem de Santo Inácio com os braços abertos, em uma espécie de êxtase, absorvido na contemplação - mas sem nada de demagógico ou teatral - , olha para os Céus, com seu espírito todo voltado para Deus. Poder-se-ia dizer: Deus e seu fiel servidor.
,-.
O \
À esquerda, detalhe superior do altar, representando a Santíssima Trindade
* * * Ficamos, assim, colocados diante de uma obra artística caracteristicamente renascentista, mas que apesar disso apresenta seriedade. Não chega a ser de nenhum modo a seriedade sublime do gótico, mas é uma seriedade real. Não tem nada de anjinhos caros a Bernini. É tudo sério, pensado, bem ordenado e articulado. É o espírito do admirável fundador da Companhia de Jesus.
Esse altar revela, a meu ver, o empenho apostólico ele Santo Inácio. Ele julgou não ser possível restaurar os valores góticos em um mundo completamente entregue a outro espírito. Procu rou infundir então o espírito católico nas veias de uma escola ck arte penetrada por uma concepção humanista e materialista, trn dente à extravagância, à desordem e até ao caos. E tal p<'ll<'tra ção psicológica de Santo Inácio manifesta se bastante• nestc· altar que, em minha opinião, é uma bela obra de arte. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 11 de novembro de 1988. Sem revisão do autor.
1,,.
.o
E o o
o
E ti) o
o
+-'
«I
o
i
Nº 650 - Fevereiro 2005 - Ano LV
,
P1INI
Uma advertência ao mundo O tsunan1i. arTasm1do rcgif>cs lil,rn·fü1cns do <)ccm10 Índico. poderia hem ser um nviso ao mundo intcir·o. 1Jcmlwrnno-nos de que a Santíssinrn Virgem. cm Fátima, anunciou ter'l'ívcis castigos se a hwnanidade nao se convertesse. uma grande catástrofe, isto é um castigo. m vista do trágico maremoto Ora, a História nos indica que as granque abalou o sudeste asiático, e psicologicamente o mundo des catástrofes levam muito tempo suspensas sobre os castigados. Esta é a regra geinteiro, muitos se perguntaram se tal ral. Desde o dilúvio, passando pela queda catástrofe foi ou não um castigo de de Jerusalém, pela queda do Império RoDeus. E, se o foi, por que Ele flagelou mano do Ocidente, do Império do Oriente, aqueles lugares remotos, e não o · pelas devastações causadas pe lo protesmundo ocidental que, sob muitos astanti smo, Revolução Francesa, revo lução pectos, merece castigos ainda mais comunista, etc., são sempre te mpestades severos? Devido ao pecado de aposque ficam longamente suspensas sobre um tasia da verdadeira fé e ao neopagapovo, em que e entenda por que não arnismo, o ultraje a Deus praticado nos rebenta; mas, por fim , acaba arrebentando. países do Ocidente ex-cristão pode Mais ainda. Em geral, quanto maior é o ser bem maior, atolados como estão tempo desse suspense, tanto maior é o casem espantosa degradação moral. tigo. De maneira que desta demora não se Para mencionar apenas um exemplo: deduz que e la não virá, deduz-se o contráa extensão com que se pratica o cririo: que ela virá terrível. Isto é a regra geral me do aborto - ou seja, o assassida Hi stória. Simples, fácil de entender". • nato, nessas nações, de milhões de seres humanos inocentes e indefesos. A Divina Providência já terá marcado ano , dia e hora para lançar os flagelos anunciados em Fátima e ainda suspensos sobre a humanidade pecadora? Quanto mais Deus tardar em punir, mais severo será em castigar. Em conferência pronunciada no dia 3-4-1970, da qual extraímos o trecho abaixo, Plinio Corrêa de Oliveira discorre sobre essa questão.
UMARI ·
ORR A OI" ÜUVE IRA
E
2
l•:xrn1nos
4
C ,,1ni\
5
P,G11\i\ Mi\1U,\Ni\
7
l ,mn11u
10
A P\1,\\1{'\
12
A R..:\LIDADE Co,us \ m :i\'l'E
14
li\T1<:ir-.i\c10~A1,
no OnmToR
A Padroeira de Sciacca (Sjcífia)
l•'.sP11uT1 IAL
1)()
A Ave Maria [Parte 11
S\(:1-:IU>OTE
Eleições ucranianas e Fátima
Yushchenko, novo presidente do Ucrânia
17
19
Evnmv1s'I'\ Entraves ao cr escimento econômico do Brasil
22
lwoirn \TI\O
J\n 2fi Dilúvio: castigo divino
\LID \l>E
e w ,\
Rll{\L
Estalfsticas govemamentais e demagogia
Trabalho escravo: pérfida cilada ao proprietário
Vm'\s m,: S,,vms Santa Margarida de Cortona Santo Margarido de Cortono, penitente
D..:s·1·wtiE O Tsunami e sinais da intervenção divina Rl,:ci-:-,s<\o A legenda áurea de uma época maravilhosa 4(j
4H
52
/\MmE\TES. Cosn,M1-:s, CI\ 1u:Mçü1-:s Charbel Makhlouf; o admirável santo comtemplativo
* * * "É um fa to que a Hi stóri a reg islra: as grandes catástrofes dos po vo · são casti go ·. Isto é um princ ípi o certo da Teo logia da 1:-Iistóri a. Quando um povo sofre
-
CATOLICISMO
Nossa Capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo
FEVEREIRO 2005 -
. Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o n• 3116 Diagramação:
Fausto Eduardo de Francesco Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Cj. 62 - Santa Cecília CEP 01 225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Tel (0xx11) 3333-6716 Fax (0xx11) 3331-6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Pau lo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol. com.br Home Page: http://www.catolicismo.co m.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de FEVEREIRO de 2005:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Gra(lde Benfeitor: Exemplar avu lso:
R$ R$ R$ R$ R$
96,00 140,00 260,00 420,00 9,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .
Caro leito r, Relatando a um ami go o projelo que, de form a subrcplfc ia, e Lá cm andamento no Co ngresso Nac io na l ( Pro posta de Emenda o ns Liluc io nal - PEC 438/0 1), vi ando ex propriar, sum ari a mente e sem qualquer inden ização , Lcrras o u imóveis urba nos c uj os proprietários ve nh a m a se r qu a lifi cados co mo exp lorado res do "trabalho escravo", ele exc lamou: "Só faltava essa!". De fato, e le tinha razão, pois qualqu er co isa se in venta para de negrir, debi li tar e até ex tin g uir o dire ito de propriedade , bem co mo prejudi ca r os prod uto res rurai s e urbanos . O qu e é esse "t rab a lh o esc ravo" , seg und o a ta l proposta d e E me nda Co nst itu c io nal ? É uma figura juríd ica vaga, ambígua e "e lást ica", "fa bri cada" po r ce rta esq uerda, co m fo rte ca rga e moc io nal e própri a a c hocar o público. E caso a PEC ve nh a a se r aprovada, prejudicará e no rme me nte o Brasi l, pois parece fe ita para ating ir pr imeiramente o seto r mai s dinâmico d a eco no mi a nac io na l, o agronegócio. Não apenas os pro pri e tá ri os se riam lesados, mas tamb é m os trabalhadores, um a vez que os primeiros deixari a m de e mpregar e m larga escala, pe lo rece io de se re m tachados de "esc ra vocratas"; pe rde re m se us bens e até se re m presos. Depois dessa ac usação indefinida e malsã de "escravocrata" , o que mais se inve ntará? Para a esq ue rd a bras il eira e inte rnac io na l - esta ndo ne la inc luída a esquerda católica, e ·pec ia lme nte a CPT, o MST, certas ONGs, o Fó rum Socia l Mundial de Porto A legre e co ngênere - qualquer co isa va le pa ra demo lir a livre ini c iativ a e a propri edade priv ada, va lo res co nst it utiv os de q ualqu e r soc iedad e ju sta na qua l re in e a harm o ni a e ntre patrões e e mprega dos. Ta l d e m o li ção v isa a impl a ntação no B ras il de um a soc ie dad e ig ua litá ri a e miserabilista do tipo c uba no - o gra nde so nh o de muitos membros do PT e dos ass im c hamados teó logos da libertação. Des masca ra nd o essa nova a rtim a nh a da esq ue rda , fo i la nçado o li vroreportagem Traba lho escra vo, nova arma contra a prop riedade privada, de a uto ri a do j o rn ali sta Nelson Ramos Barretto, co laborado r da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade. Catolicismo so li cito u ao auto r um a s ín tese do liv ro , e a publi camos co mo matéria de capa desta ed ição, a fim de auxili a r nossos le ito res a tomar co nhec ime nto dessa ardil osa manobra . Ta l publicação visa também despertar mui tos proprietár ios da inexp li cáve l a nestes ia e .indifere nça e m que se e nco ntra m face às ameaças que c ircunda m seus dire itos. Se perdurar essa inação psicológica das cúpul as ag rár ias , é de se te me r que pro nta mente a PEC será aprovada, e com ela o soc iali smo ag rá ri o dará um passo giga nte. Os dirigentes do MST terão, com isso, um novo pretexto para inte ns ifi car ainda mais os conflitos no ca mpo e nas cidades , "descob rin do" ou fo rj a nd o novos " escravos". U na mos nossos esfo rços para imped ir a aprovação dessa danosa reforma co nstituc io nal e mobilizemo-nos na defesa do d ireito de propr iedade e da livre ini c iat iva em nosso País. Caso co ntrário , poderá oco rre r um im enso tsunami ag rá ri o, va rre ndo as prop ri edades no campo e nas c idades, o q ue im pul sio nará o Brasi l na se nd a da cubani zação . Desejo a todos uma boa le ilu ra. Em Jesus e Maria,
9:~7 DIRETOR
pau lobrito@catolicismo.com.br
Nossa Senhora do SocoITo, Padroeira de Sciacca, na Sicília AVirgem Santíssima, como mãe carinhosa, parece adaptar-se c1n suas aparições à mentaliclae e ao temperamento dos vários povos. como ocorreu em Sciacca 1 V ALDIS GRINSTEINS
O
bserva ndo a c idade de Sc iacca, no sul dá Sicília (Itá li a), a primeira impressão foi de surpresa: qu e qua ntidade de ig rejas ! Nada menos que 24 templos reli giosos pa ra uma popu lação de 36.000 hab ita ntes. Se aplicássemos tal proporção à cidade de São Pau lo, deveria have r 10.600 igrejas; o u 4.600 no R io de Jane iro . E que igrej as! Todos os belos estil os que surgira m ao lo ngo dos séc ulos da era cri stã estavam ali representados. As igrej as ba rrocas faz ia m-se notar especialmente. Lembrei-me então de um sacerdote mineiro que, em tom jocoso, dizia que no centro de sua cidade as igrej as era m de estil o ba rroco; e, na perife ri a, de estil o ... barraca! Isso não se poderia di zer quanto à c idade de Sciacca. Para começar, po rque em todos os bairros notava-se a presença de di versas classes soc iais, e o bom gosto não era privilégio de uma o u alg umas delas. Mais a inda. Neste mês de fevere iro , celebrava-se a festa da pad roe ira da c idade, sendo os pescadores os q ue têm o privilégio de transportá- la. Ha bitu alme nte os pescadores não const itu em uma c lasse abastada , muito pe lo co ntrá ri o. Entreta nto, todas as o utras classes reconhecem com benevolê ncia tal privil égio conced ido a eles, poi está li gado à histó ria da imagem, que passo a relatar.
Prc<lilcção da Mãe celeste Para o monge agostini ano Nico lo B runo, o séc ul o X[V começara mal. Enco ntrava-se ele prostrado numa cama , com febre a lta e o pescoço fraturado.
Numa no ite do ano 1300, apareceu- lhe Nossa Se nh ora que lhe disse: "Sou a
Virgem do Socorro de Sciacca, e venho para ajudar as pessoas. Levanta-te e difunde rneu aviso a todos ". O monge foi
c urado naquele momento, e desde e ntão dedicou o resto de sua vid a à difusão dessa me nsage m. Ne m todos acred itara m nele, atri buindo tal visão à febre que o aco metera.
FEVERE IRO 2 0 0 5 -
-
Sicília, até Sciacca. A tras ladação poderia ser feita por terra o u por mar. Como foram os pescadores ele Sciacca que se mobili zara m para levá- la, ficou decidido que fossem sempre e les os portadores desta nas procissões . São du as proci ssões, porque a invocação ele Nossa Senhora do Socorro é celebrada e m duas festas , nas quai s a imagem é condu zida pe la ru as da c idade.' A primeira de las come mo ra-se no dia 15 de agosto, festa ela Ass unção, poi s e m 15 ele agosto ele 1907 e la foi proclamada pe lo Vaticano padroeira ofic ia l ela c idade. A segunda proci ssão rea li za-se no dia 2 de fevere iro . E m 1626, uma peste assolava a cidade. Seus ha bita ntes recorreram a N ossa Senhora, sob a invocação de Virgem. do Socorro, pedindo sua proteção. Após a procissão, que teve lugar naqu ela data, a peste desapareceu. E m agradec ime nto, a partir de e ntão, esse é o dia ela segunda procissão.
Na. Sra. <lo Socorro ,w América Que seu pescoço tivesse sido curado, não parece ter impressio nado os incrédul os e mpedernidos. Mas estes constituíam uma minori a, porque es a de voção mariana difundiu-se rapidamente. Um mil agre aj udo u tal dif usão. Como é be m conhec ido, as c rian ças itali a nas são gera lmente inquietas. Contribu e m assim para o prog resso es piritu a l das mães, pela prática forçada ela virtude ela paci ência ... Mas era justame nte paciê nc ia o que faltava a uma mãe, c ujo filho ele seis anos não lhe proporcio nava sequer um minuto de tranqüiljdade. E m determinado momento, ante as intermináve is traq ui nagens do pequeno, num acesso ele mau humor e com irre fletida fú ria ela disse-lhe: " Vai para o diabo, pequena peste!". Nesse momento apareceu o demôruo, em forma vi sível , e pegou o menino. A mãe, espantada diante dessa vi são, pediu a Nossa Senhora que salvas e seu filho. E a Virgem Santíssima apareceu, e mpunhando um bastão com o qual bateu no demônio, obrigando-o a largar a criança. 1 Lendo essa na rração, não pude dei- xar ele fazer a seguinte reflexão: como a Virgem adapta-se às mentalidades para melhor ajudar as pessoas ! Em o utros países, bastaria Nossa Senho ra o rde nar ao malig no que soltasse o me nino; o u e n-
CATO LICISMO
tão, sua apari ção seria s uficiente para fazê- lo fu gir. Mas , no caso concreto, só isso não bastaria . O povo italiano aprec ia muito os gestos fo rtes e definido , pelos quai s o ma l é visivelme nte humilhado. E a a utoridade tem que se manifestar de for ma poderosa. D aí o fato ele imagens ele Nossa Senhora portarem nas mãos um bastão. Outro milagre que vai nessa linha foi a cura ele uma menina ele 13 anos, que sofria ele paraplegia. A Mãe ele Deus apareceu à pobre enferma e ordenou-lhe que se lev,mtasse. De forma muito inocente, como se a Virgem Santíssima não o soubesse, a menina observou que era para lítica e não podia fazê-lo. Nossa Senhora disse-lhe então para agarrar-se a seu c into, a fim ele consegui r pôr-se ele pé. A menina obedeceu, e de fato levantou-se, indo logo após contar o ocorrido por toda a pa.ite. Para agradecer tão notóri a predi leção ma ri a na, a · autoridades ele Sciacca mandaram esculpir uma imagem representa ndo a Virgem do Socorro. O traba lho fo i reali zado no iníc io do séc ul o XVl, pelos esc ultores Mancino e Berretaro. 2
Prfrilégio para aos pescadores Tal imagem, terminada em 1503, devia ser transpo rtada ele Pale rmo, capita l ela
Como sucede com muitas o utras devoções marianas e uropé ias, esta ta mbé m é cele brada na América. No caso conc reto, é espec ia lmente come morada nos Estados Unido , na c idade de Boston . No iníc io do século XX, milhões de pessoas e mi g raram para a A mérica, indo numerosos pescadores sici lianos para o porto de Bosto n. E dec idiram , e m 19 l 1, reali zar pe las ruas da c idade uma procissão com cóp ia da imagem da Virgem do Soco rro de Sciacca, da mes ma fo rma como era reali zada e m sua te rra nata l. 4 A proci ssão tornou-se um arraigado costume, sendo rea li zada cada ano até nossos di as. É a mai s anti ga e co ntínu a proc issão de Boston, da qual muito se o rg ulh am os sic ili anos e seus descendentes nos Estados Un idos. •
E-mail do autor: vaJdis grjnsteins@catoli cismo.co m.br
Notas:
-
l . http //www.f i s h c rrnan s f eas t. co m/ w ho_ is_ t he_ rnacl o n na_ d c l_ socco rso . htm 2. h ltp ://www.e nta s is. it/co rn uni /p rov i nc iaag ri ge n to/ pro v i nc i aa g r igc n to43. h tm 3 . http://www .d i g i Ia ncl e r. 1ib ero. i t/m a rgy v i/ sc ia cc a20 % in glcsc. htm 4. htt p://www. b os t o n u s a. co rn /v i s i to r / rcsde t.php ?seqnurn = 1 l 245& tip e=cvc nt
A Ave Maria _Após alguns comentários ao Padre Nosso, oração que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou, refletiremos sobre a prece 1nais popular da Igreja, a Ave Maria o Padre Nosso, dirigimo-nos a Deus, nos. o Criador. Sua bondade é tal, que Ele ouve todos seus filh os, e a Ele podemos nos voltar sempre sem te mor. E ntretanto, temos necessidade de uma medianeira junto de nosso próprio Mediador, que é Jesus C risto. Ele é tão grande, e nós tão pequenos; Ele tão pode roso, nós tão fracos; Ele tão santo, e nossas almas tão culpáveis, que é necessário ter o cuidado de chamar e m nosso socorro a Virgem Maria, sua Mãe, aquela que tem todo poder sobre seu coração, aq ue la cuj a pureza sem mancha dá tão fác il acesso e g rand e c réd ito junto a Deus.
Sau<lação Angélica Devemos pedir sua inte rcessão tanto ma is freqüentemente por ser um penhor de salvação, o salvo-conduto que nos livra do inferno. [... ] Ora, nenhuma oração a Maria é mai s respe itável ne m mais eficaz que a Ave Maria , ou Saudação Angélica, que nós juntamos ao Padre Nosso. Como a oração dominical, esta tem duas partes. Na primeira g lorificamos e louvamos a M ãe de Deus; na segunda a invocamos, rogamos sua proteção maternal. De modo Anunciação - Paolo Veneziano, 1348 que a Ave Maria contém nossos principais deveres para com a Santa Virgem.
Ave - "Eu te saúdo"; é o a.i·canjo que traz do Céu essa saudação e a oferece à humilde Virgem. Ser-nos- ia necessário, quando a repetimos, toda a pureza e todo amor de um Serafi m, pois o próprio Jesus eleve tê-la freqüentemente repetido à sua Mãe. D igamo-la assim freqüentemente, nós próprios, com o mesmo respe ito e o mesmo a mor, tanto mais que, cada vez que dirig imos essa saudação à Virgem, E la no-la retribui. [... ] São Berna.i·do, en-
trando em algum moste iro, tinha sempre o hábito de se inclinai· diante ela imagem ele M ari a e di zer-lhe: Ave Mdria. Um dia, a imagem inclinou-se e respondeu-lhe: Ave, Bernardo. [...]
Maria- O nome dessa Virgem, que o anjo e Jesus saudaram, que o universo inte iro glo rifica, é Maria. Este nome, os anjos o cantam no Céu e se inclinam quando o pronunciam, como o fazem com o nome ele Jesus. A Terra o bendi z; a mãe ensina seu filho a repeti-lo; a jove m o murmura em suas preces; o pecador o invoca; o anc ião ne le haure a esperança cio Céu. Di ante deste nome o inferno recua de pavor e o demônio é posto e m fu ga. Maria Este nome é a força e a doç ura : a força, porque s ig nifica sobera na, e Ma.i·i aé Rainha do Céu e da Terra; doçura, porque sig nifica també m luz, estrela do mar, luz que ilumina nosso espírito em meio às trevas e às te mpestad es cio mar, em que nossas a lmas estão lançadas, e nos g uia ao porto da salvação. Cheia de graça [ ... ] Aos o utros [aos demai s home ns], diz São Bernardo, a graça é dada em porções, mas M aria foi c umulada com toda a plenitude da graça. É ne la que é necessário buscá- la pela oração. Felizes aqueles que rezam constantemente a Mari a !" •
-
(*) P. Berthier, M.S. , Le Livre de Tous , Maison de la Bonne P resse, Pari s, 1898, pp. 379 e ss.
FEVEREIRO 2 0 0 5 -
ISM
de nossa quadra, e le não ac red itou e di sse: " Só se o pres ide nte estava bêbado". Então come ntamos que, se as coisas vão po r aí, daqui a pouco ele vai di ze r qu e os g ue rrilh e iros das FARC, na Colômbia, constitue m també m um mov ime nto sério.
(R.B.N.R. - CE) Noticiário com pe1·so11alillade ~
É um go,1erno sério ? Concordo com a preocupação de vocês qu a nto aos fatos aco ntec idos no ano passado no Brasil e no mundo. Despe rtou muito nossa ate nção a · reação nos Estados U nidos, o comportame nto dos a me ri canos pa rece muito ed ifi cante para nós. Acima de tudo nos pareceu ma is inqui etante o que se passou no Bras il com este gove rn o que está a í. Será que tudo o que e le j ogou e m 2004 vai que re r colher na marra e m 2005 ? Ainda be m q ue e le co lhe u pouco nesses prime iros anos de governo, mas a situ ação neste País está fi cando a inda mai s preoc upa nte. Q uando o próprio preside nte da Repúb lica, e m vez de pac ifi car o MST, estimul a a ba ndidagem, fi ca-se sem sabe r que direção as coisas vão tomar neste ano (como vocês di sseram: "quem viver, verá") . Estimul ar a bandidagem, foi o que Lu la fez di zendo que o "MST é um mov ime nto sério" !!! São sérios os "compa nhe iros" que in vadem , põem fo go nas propri edades, mata m, mantê m cárcere priva.do, agem fora da le i? Já qua ndo Lul a co loco u na cabeça o c hapé u do MST (també m o Frei Betto, como apa rece na págin a 27) , fiquei ho rro ri zado e muito preocupado. A fa la do pres ide nte, que o MST era um mov ime nto sério , e u come nte i com o farmacê uti co
-CATOLICISMO
P a ra bé ns pe la publicação . E u
co nh ec i a re vi s ta na casa de m e u compadre, vi z inh o nosso, e se nti muita proximidade co m a aplicação que vocês fazem do noti c iá rio. É um a aplicação com muita pe rsonalidade, que não se incomoda com a vi s ualização libe ra l difundid a pe lo notic iá ri o da TV (um a porcari a, é preci so di ze r, e qu e só serve para aume ntar a c rise moral na juventude e na fa míli a). Não qu e ro perde r ne nhum mês da rev ista, porque no fin a l da le itu ra e u cons igo fazer um julga me nto ge ral das princ ipa is co isas qu e at in ge m no sa Pátria , a A m é ri ca e o mundo , e m espec ia l para as co i ·as da lg r ja, e os cató1icos prec i a m de um a rev ista ass im. Go s te i muito do esc la rec ime ntos no tocante ao a no de 2004, e para be ni zo pe lo traba lh o muito abrangente e també m porque mostra a so lu ção defin iti va .
(D.G.X. -
GO)
Lapso ele nossa r evisão [gJ Magnífico o seu arti go sobre o dogma da lmac ul ada Co nceição da Virgem Santíssima. Li e re li para capta r todos os detalhe . Apenas ache i uma pa lavra escrita in correta me nte: pág. 24 , s ubtítul o "O p ecado original", fin a l da 3." linh a: ''.fase " em vez de ''.face".
(J.R.P.M. -
SP)
lmaculaela Conceição ~ Recebi a rev ista do mês de dezembro, po r sina l excele nte , mormente o artigo do Dr. Plíni o sobre a Imac ulada Conceição.
(J.A.F. -
CE)
Fonic ele pesquisa BJ Sou estuda nte do c urso de Ciê nc ias Soc ia is, e te nho notado o la ic ismo como as maté ri as são e ns inadas nas sa las de aula. [... ] Além da boa formação fa mili ar, gosta.ri a també m de ressa ltar o pape l que a le itu ra ass ídua de Catolicismo te m dese mpe nh ado co mo um suste ntác ul o da o rtodox ia nos me us estudos unive rs itári os. Tratando de te mas variados e de inte resse geral, e la te m servido como fo nte de pesquisa e m diversos trabalhos. Outros estudantes, gos tando de me us trabalhos , tê m me ped ido e mprestado exempl ares da re vi sta para, també m e les, faze re m seus trabalhos de facul dade . Quero e ncorajá- lo, be m co mo a todo o corpo editorial da re vista, a continua re m nesta nobilíss ima mi ssão, po is a Catolicismo é uma publi c ação úni ca e me recedora de todo nosso ap la uso. Aprove ito para deseja r a todos os co laborado res da rev ista Catolicismo um a no novo ple no das graças da Santíssima Virgem Mari a, da qual são tão devotos, e que a rev ista te nha uma gra nde ex pansão proporcio nada à sua qu a li dade.
(M.A.C.S. -
RJ)
DireiW ele /Jl'Opl'Íeelade Faz um ano que estou le ndo as ed ições me nsa is da rev ista Catolicismo, e estou me identificando, e mui to, com a mesma. A revista Catolicismo tem um a posição muito lega l sobre a propriedade privada, que há a lg um tempo vem sendo vio lada.
sovados po r esses políticos que não preza m aque les que e les deveriam representar. M as també m, por que o povo bras ile iro foi acreditar e m milag res de po líti cos? Políti co não faz mi lag re. Ago ra te mos que agüe nta r isso a í, mas não vamos desanimar não, vamos continuar a luta.
(E.M.A.N. -
RS)
Trechos ele artigo de um leitor ~
Caríss imos, fi z um arti go sobre
Nossa Senhora, gostaria de saber se e le pode ria sa ir nessa esplêndida revista. Pa ra mim seria uma g ló ri a.
Nota da Redação: Na impossibilidade de publicar o arligo completo, lranscrevemos abaixo alguns trechos escolhidos: "M ari a é ca ntada e m sua ladainha como a Arca da Alia nça. Sabe mos que os I O M andamentos da Le i de De us eram a anti ga a li ança d 'Ele com o Seu povo esco lhido, e que Mari a, por ge ra r Jesus, é considerada a Arca da nova e definitiv a A liança . No A ntigo Testamento , com um o bse rvarmos a ve neração dos hebreus para com aq ue le lu ga r o nde se e ncontrava guardada a Santa Lei do Senhor. A arca da A lia nça nada ma is é que pré-fi g ura d ' Aq ue la que g uardari a em seu ve ntre a própri a Le i encarnada, Jes us C ri sto . Devemos reza r co m Maria, pois E la é o mode lo perfeito da pureza e obedi ê nc ia ao D e us de Abraão" .
(F.N.B.F. -
PE)
(CC.A.-RJ) Os católicos e o tsunami A luta C0lltÍ/llla Será que nosso povo me rece esse gove rno? Por mai s que o bras il e iro prec ise de um a forte li ção para a pre nder a escolher me lhor s us re presenta ntes, ac ho que não me rece ta nta sova assim . ri s to t 'rtÍ dó de seu povo e teremos di as m -lhor's, po rque para se eh ' ar :10 vinho pr 'cisa-se es magar a uva , l' ni s~o estamos nós e ndo
igJ A propós ito da recente tragédia
na Ás ia, fiqu e i c hocado pe la ausênc ia de corre lações entre o ma re moto e um castigo d ivino. Na qualidade de cató lico praticante e de hi stori ador de profi ssão, proc uro estabe lecer a nalog ias entre a recente tragéd ia com o terremoto que destruiu L isboa e m 1755. Não res isti a procurar um a séri e de inform ações
sobre a pos ição da Ig rej a Cató li ca naq ue la época. Que diferença e ntre estes ho me ns da l g rej a de hoj e - " lavados pe lo Concilio Vaticano JT", como gostam de di ze r e m todas as c irc un stânc ias - e os me mbros da Ig reja Cató li ca naqu e le tnígico 1755. Nota-se uma e norme diferença de postura, de piedade, e acima de tudo de fé, das pessoas comuns e da Hi erarqui a da l g rej a Cató lica. Uma inte ressa nte e c uri osa questão a que cada um deverá, no seu inti mo, dar resposta ! Da minha parte, fi ca ape nas a re flex ão o u provocação, como e ntendere m. Muito se esc reve u, muita co isa a inda se esc reve, se di sse e se di z, bastante se discute, o utros tantos se la menta m ; há primeiras pág in as de jornai s, re po rtagens interm ináveis e imagens impress ion antes, e ao mesmo te mpo de primentes, qu e nos e ntra m pe la casa adentro da tragédi a. No e nta nto, falta di ze r o essenc ia l. E o essenc ia l para todos nós cató li cos uma referê nc ia à Providê nc ia Divina! Há uma lição a tirar da catás trofe que va rre u o sude te as iático - e por ex te nsão todo o pl ane ta - a da fra gilidade da condi ção hum ana . Face a si própri a, como nos fomos hab itua ndo diariame nte, e face à natureza co mo e la se e ncarrega de nos recordar com metódica regul aridade . Va mos ve r o que se passou e m Lisboa, no sécul o XVll l . Corria o a no da graça de Nosso Senho r Jesus C ri sto de 1755, qua ndo no di a prime iro de nove mbro, de repente, a terra começa a tre me r, casas e préd ios ... a ruir e as pessoas fi cam soterradas (contam-se e ntre as vítimas, na c idade de L isboa, mai s de 20 mil pessoas). Agora atente mos nos testem unhos das vítimas - as pessoas que sobreviveram reza va m nas ruas, cobertas de pó . Isto fo i o que se passou à época. Hoje, o que vemos? Que testem unh os nos são dados a conhecer por parte das pessoas que sobrev iveram? A ma ior parte, bana lidades! M as qua l a postura dos portugue-
ses? São unânimes e m referir que agradecem a De us terem-se sa lvo ! O modo como os po rtu g ueses reagiram ao acontecimento no século XVllI: logo após os acontec ime ntos , vá rios foram os mirac ul osos teste munhos que vie ram a públi co, e como nos di z o hi storiado r Ve ríssimo Serrão, foi cons ide rá vel o número de orações que se ouviam e m Lisboa nos dias subseqüentes ao e pi sódio. Devese referir a inda como e loqü ente o testemunho do Padre Gabriel M a lagrida, que interpre to u o terremoto numa vi são provide nc ia li sta, pro pondo a reforma dos costumes para apazi guar a ira de D eus. E os pi edosos católi cos portug ueses encontrava m na voz dos púlpitos e no ideá ri o corre nte fo rmas de com pe nsação para a aca lmi a dos sentimentos. Te ndo o Cardea l Patri arca implo rado a pi edade divina para os pecados cios c ri stãos, agradecendo a D eus "ter poupado a maior parte deste se u povo". Fo ra m rea li zadas inúmeras cerimô ni as re li g iosas, orações e proc issões públicas. A própri a fam ília rea l - refere o c itado hi sto ri ador - e nvo lveu-se nas cerimô ni as reli g iosas para suplicar "o perdão das
nossas culpas, e que pela sua infinita misericórdia (Deus) não continu asse a casligar a cidade e o reino ". O desastre de L isboa, no século XV TlT, mostrava não poder aceitar-se o quadro harmô ni co do Universo, na frag ilidade do ho me m pera nte Deu s. E os aco ntec ime ntos do sécul o XXI?
(José António Ribeiro de Carvalho - Professor e Investigador de História - Porto, Portugal)
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
FEVEREIRO 2 0 0 5 -
-
Cône o JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - Os últimos dias do ano de 2004 foram assinalados pela monumental catástrofe dos tsunamis no Oceano Índico. Além da natural comiseração pelas vítimas e o amplíssimo movimento internacional de soli dariedade (em nenhum momento ouvi o termo "caridade cristã" ... ) para ajudá-las, a tragédia suscitou algumas questões teológicas para as quais não li nem ouvi expl icações convincentes. Gostaria de apresentá- las ao Cônego José Lu iz Yillac, para obter de le res pos tas mai s sati sfatóri as: a) Vário s comentari stas mencionaram o fal so dilema, atribuído a Epicuro, segundo o qual, se Deus é bom e onipotente, por que não ev itou essa catástrofe? Se não pôde ev itá- la, não é on ipotente; se não qui s ev itá- la, não é benevo lente. A conclusão é que Deus não ex iste, ou pelo menos não tem as perfeições que os homens lhe atribuem. b) A Terra é a morad ia dos homens. Catástrofes de toda
ordem acontecem a todo momento em várias paites do mundo. Mais uma vez, se Deus é bom e onipotente, por que não tornou a Terra um lugar mais seguro para os homens viverem, sem esses contínuos sobressa ltos que freqüentemente atingem vítimas inocentes, com milhares de cri anças mo rtas , como ocorreu agora? c) Segundo outros, não há por que pôr Deus no meio dessas catástrofes. Mesmo adm itindo-se que Ele ex ista, Ele criou o mundo tal como é: e na natureza ocoITem normal mente esses tipos de desastres, razão pela qual se chamam precisamente "desastres naturais". O homem deve se acomodai· às coisas como são: ele que e aplique em adqu irir os conhecimentos científicos necessários para dominai· a natureza, naq uilo em que ela for dom inável; e no que for superior à capacidade humana, confo rmar-se, pois ta l é a condição de inferioridade do homem ante as forças cegas da natureza.
go ve rna . Ali ás, seg und o a doutrin a de Santo Tom ás, o Universo criado constitui um só conjunto inter-relacionado , abra ngend o: a) os seres exc lu sivamente materiai s minerai s, vegetai s e anim ais irracionais; b) o homem, que é em parte material e em parte es piritual ; c) os anj os (bons e ma us), qu e são e xc lu s ivamente espirituais. E os seres de ssas três ordens interagem, não constituindo ordens separadas, mas uma ordem só - a ordem elo Universo criado - com Deus por cima regendo e governando tudo pelo ministério dos anjos. Ass im , imaginar que Deus criou o Universo e o abandono u, para que fun c io nasse por si mes mo prescindindo do Cri ador, é uma concepção gravemente errônea do ponto de vista da doutrin a cató li ca, porque rejeita a intervenção contínua da Divina Providência, primeiro para o manter na ex istência, e depois para que se dese nvolva adequadamente, de acordo com as regras pré-estabe lec id as pela in fini ta sabedoria ele Deus.
Adão não csta11a inicialmente sujeito a males Resposta - As duas primeiras perguntas parece m mai s impress ionantes que a tercei ra, pois à primeira vista co locam diretamente em cheq ue nossa crença em Deus. Entreta nto, esta última é ma is cav il osa, porque afasta Deus do prob lema mais do que as duas primeiras. Comecemos por ela. Como res ultado da educação dita "c ie ntífi ca" qu e co mum en te recebe mo s nas CATOLICISMO
escolas, fomos fo rmados na concepção de que ciência e fé são campos separados que nada têm a. ver um com o outro. E que, portanto, Deus tomou distância do mundo depo is de o ter criado, em nada in tervindo no curso das coisas nesta Terra. Ora, esta concepção nega o dogma cató li co da Providência Divina, pelo qual Deus não aba nd onou o mundo à própria sorte, ma o rege e
Quando Deus criou Adão e Eva, e nriqu ece u-os com dons espec iais, a lguns cios quais estavam acima da natureza hum ana: dons propr iamente sobrenaturais, como a graça divina, que adota o homem à Fam ília Divina, até tornando -o "pa rticipante" da própria divina natureza; os dons chamados prete rna turais (praeter =além de), isto é, que vão além do essencialmente constitutivo cio homem,
e que são dons gratuitos, comun s à natureza dos anj os, qu e adorn am a natureza cio homem, sem lhe serem estri tamente necessári os. Tais são, quanto à alma, a imunidade da concupi scência desordenada e da ignorância; e quanto ao corpo, a imunidade em relação à morte e às mi séri as des ta vida , à qua l se acrescentava um ce rto domínio sob re o mundo animal e as forças da natureza. São os chamados dons preternaturai s. A imunidade da ignorância decorria ela ciência infúsa, isto é, o co nhec im ento da s verdades reli giosas, morais e fís icas necessá rias à instrução de si mesmo e ele seus fi 1hos. Esta ciência é chamada irifúsa porque não fora adquirida pelo estudo, mas infundi da diretamente por Deus na alma, por uma benevo lência espec ial do Cri ador. Quanto à imunid ade e m re lação à morte, fazia com que o homem, no Paraíso terrestre, após algum tempo de prova, passaria diretamente para o Céu. em con hecer a morte. Porém, como é sa bido, Adão e Eva pecaram, desobedecendo a Deus, e por esse pecado - o pecado original
O filósofo grego Epicuro
- entrou o mal no mundo. São Paulo o diz expressa mente na Epístol a aos Romanos (5, 12): "Por um homem enlrou o pecado no mundo, e pelo pecado a mor/e" . Lemb rado estes pontos da doutrina católica, fi ca fáci l respo nde r as pergu ntas do mi ss ivi sta.
O J'also clilema ele HpiCIIJ'0 cai /J0I' Le/'l'a Como se vê, pe lo seu poder e por sua bondade, Deus criou para o homem as melhores condições para sua vida nesta Terra. "Criou-os à sua imagem e semelhança ". Fo i o homem qu e, rebe lando-se co ntra Deus, ab usa ndo ela gra nde prerrogativa ela liberdade, como castigo perdeu a imunidade da morte e a preservação dos dema is sofr imentos , que caracteri zam a vida do homem após o pecado original. Ass im se desfaz o fa lso dilema de Ep icuro, que via nos ma les desta Terra uma ausência de poder ou bondade de Deus. É igualmente conseqüência do pecado ori ginal que a ciência irif'usa de Adão fo i-se transmitindo a seus descendentes de maneira cada vez mais diluída, perdendo o homem a capacidade de prevenir-se adeq uadamente tam bém contra os desastres naturais. Por ocasião do lsunami no Oceano Índico, fo i muito sali entado pelo· comentaristas o fato de que, enD·e os atingidos pelo terremoto, não se encontrou o corpo de um só animal terrestre! Todos e les pressenti ram a aproximação elas ondas gigantes e se refugiaram em tempo em lugares elevados. Houve até o caso ela popula-
Após o pecado original, debi litou-se a capacidade humana
ção de uma das ilhas atingidas Portanto, se em sua sabeque, nota ndo a fuga dos ani- doria div in a Deus não quis mais, entendeu que se aprox i- eli minar ela Terra a poss ibili mava uma catástrofe, e refu - dade eles ·as catástrofes natugiou-se ela também nos lugara is - há cienti stas que susres elevados .. . Pode-se supor tentam terem elas seu papel na q ue Adão estivesse dotado renovação da atmosfera terdessa capac id ade premorestre e nas co ndi ções de nitória, ou pelo menos teriasahabitabilidade ela crosta terresbido interpretar corretai11ente o t:re, e inc lusive da própria ex issinal emitido pelos animais. Sem tência ela vida sobre a Terra contar que, após o pecado ori- - dotou até mes mo os ani ginal, a própria natl1reza deixou ma is de sensores para escade ser dócil ao homem e por par em tempo ele suas consevezes o açoita. Na Sagrada Esqüênc ias desas trosas. Quancritw-a (Livro cio Gênesis, 3, 17) to mais não o fez Deus para o declara Deus ex plicitamente: - homem, concedendo a Adão "A terra será maldita por tua o dom da ciência infusa. É uma causa", após a ma ldi ção blasfêmia, pois, culpar a Deus lançada sobre a serpente (o pelo fato ele os homens serem demônio) e o exemplar casti- inertes diante de sinais que os go - para não chamar de próprios anim ais irrac ionais maldição -apli cado a nossos sabem interpretar. primeiros Pais e à sua descenNote-se que não tratamos dência, que somos nós . ele um ponto crucial no que se
refere ao lsunami: terá sido ele -um casti go ele Deus pelos pecados cio ho me ns? Por exemplo, só no Brasil , em apenas um ano, são assass inadas 950.000 vidas indefesas, no ventre materno, por pais, médicos e e,~fermagem malditos (Cfr. "Folha de S. Paulo", 1212-04). Que é um tsunami diante de tai s cifras e crimes? Será um prenúncio de novas catástrofes? Ta is considerações nos leva ri am muito longe, e não se referem propriamente às questões levantadas pelo leitor. Muito aind a teríamos a dizer sobre as três perguntas apresentadas. Limitamo-nos a co nstata r que elas abstrae m de conceitos que antigamente se ensin ava m nas aul as ele catecismo, mas que hoje parecem ter caído no olvido geral , principalmente a noção do pecado original, sem o qual a miséria da condição humana nes ta Te rra se to rn a inexp licável. Convidamos o leitor a reler as perguntas apresentadas à luz desta · ex plicações, e verificar por si mesmo como tais questões falseiam a noção ele um Deus sábio, onipotente e infi nitamente bom, que deseja a salvação dos homens, mediante até o holocausto de Seu próprio Filho Unigênito Jesus Cristo, no Calvário, e pai·a eles preparou uma vicia de eterna felicidade. Desde que, é claro, mantenham sua vida fora da trilha cio pecado e na observância amorosa dos Mandamentos ela Lei de Deus e ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cri sto, vindo à Terra pela mediação de Maria. • E- mail do autor: conego joscl uiz.@catolicismo.com.br
FEVE REIRO 2005 -
-
Líderes sem-teto extorquiam famílias pobres
Bandeira do MTST inco líderes do Movimento dos Traba lhadores SemTelo da Região Central (MTST-RC) de São Paulo coma nd ava m um esquema de extorsão, ameaças e lesão corporal. Foram descobertos pelo Ministério Públi co Estad ual e a Polícia Civil. Eles indu ziam fam ílias pobres a invadir ed ifícios e depois lhes extorqu iam dinhe iro, vendendo- lhes os apartamentos invad idos o u cob ra ndo aluguéis. Os inad implentes apan havam fisicamente ou eram ameaçado de morte. O principa l ma ndante do esquema era Hami lton Sí lvio de Souza, ex-cand idato a vereador pelo PT e ex-assessor do vereador José Américo (PT). E is aí um sintoma ele métodos ilegai s e vio le nto s do Movimen lo dos Trabalhadores Se111 -Te10, que ap rese nta a na logias com os e mpregados pelo MST. •
e
CATO LI CISMO
Cultura de uvas desmente exageros ecologistas pr o p aga nda eco lo g is ta sobre o "aqu ec imento ela Te rra", atribuído ao progresso material, recebe u mai s um des me ntido. Os reg istros paroqu iais na Borgon ha, França, g ua rdam cui dadosamente as datas el as fes ta s li gadas à vindima , desde a lclacle M édi a. Como não mudaram a uva ela casta pino/ noir - , os lotes e os métodos ele c ultura utili zados no decorrer dos ·écu-
A
lo s, esses reg istros fornecem um crité rio imutável e imparcial para se d edu z ir as te mperaturas anu ais. Ass im , os cie nti stas constataram que a temperatura média cio verão de 1370 foi maior que a ele 2003. E que, a partir daq ue la da ta, houve oscilações para mais e para menos. O alarmismo ecologista, acentu ado após a onda ele calor que atingiu a França em 2003, so fre u co ntund e nte desmentido. •
Progressismo católico prejudica Natal na Itália
O
Plenário do Senado brasileiro
º
eg und o a o pini ão pública mundi al, os partidos políti cos são as in stituições mai s corruptas do mundo. Na tri ste li sta, vê m logo a seguir os parlamentos, a po lícia e o Pod e r Judi c iári o. Esses dados são ex traídos de uma pesquisa rea li zada pel o in s-
S
Processado ministro que falsificou cifras de abortos ministro da Saúde argentino, Ginés González García, falsificou o número provável de abortos anuais no país, para obter a despenalização desse crime abominável. E le falou em 500.000 abortos anuais, quando as estatísticas oficiais do seu Ministério permitem supor, no máximo, 50.000 casos. A associação Poria/ de Belém - que manté m alber-
Descrédito mundial de instituições públicas
gues para "mães solteiras" ou abandonadas - denunciou o mini tro pelo "não cumprimenlo de deveres de funcionário público" e "intimidação da população, da Cor/e Suprema e do Congresso". A Justiça Federal ,u-gentina acolheu a denúncia. Em todos os países as tá.ticas abortistas são as mes mas. E as fraudes, também ... •
Ao centro, o ministro argentino Ginés González Gorda
tituto Gal/up, qu e ouviu 50.000 pessoas e m 64 países, publi cados pe la organi zação Transparência Internacional, e m Pari s. O que será do mundo atual, se suas in stituições não deixarem ele dar fundamento para essa péss ima imagem ele si mesmas? •
Anglican ismo: crise aprofunda-se
Site do MEC acusado de 11 distorção marxista" Mini sté rio ela Edu cação man té m o s ite Domínio Púb li co, qu e d á acesso g ratuit o a textos, ima ge ns e mú s icas co ns id e rados c láss icos da c ultur a. Mas, d os l 66 títul o · dessa bi bliot eca, 86 são a res pe ito o u el e a utori a el e in te lect ua is esq ue rdi s ta s . A utores el e o ut ras tendências do utrin á ri as não foram in c luíd os . Fig ura m pe lo me nos 2 1 textos el e Karl M a rx, nove cio se u íntim o co labo rad o r F ri e dri c h E nge ls,
A
O
Tftutcu
C•t•oorl••
c,,,.d., lod •I•
1<11.,.,,.,
Porwo"'' c...1tvoM (<Y ]
l 'Oflt•d•llM-•
,..,,,.t:111..,..., l am!IN\O•l, I IJl(lo
Se deseJa ba1Ko11r e gravar o arqu,110 em seu computador, clique com o botAo dire,to do mouu sobra o botão b••Mar ou a 1cona da obra a selecione I opçlo u ivar destino como ...
a)
qu atro a sin ados pelos dois , e dos revoluc ionári os co muni stas Lên in e Trots ky, 12 e 15 tex tos respectiv a me nte. Há um a
"dislorção marxiscomentou a respe ito do assu nto o cienti sta político Fábio Wanderl ey Re is, da UFMG. • /a ",
Natal agoniza na Itália por causa do ecumenismo . Em cidades como Treviso, diretores e professores trocaram as encenações natalinas por outras sobre a historieta infantil Chapeuzinho vermelho . Na cidade de Como, foi retirado o nome santíssimo de Jesus dos vilancicos, as canções de Natal. Tudo isso foi feito a pretexto de não magoar os alunos maometanos, cujo número cresce com a imigração . O absurdo dessa posição antinatalina de progressistas católicos fica patente quando se sabe que os alunos muçulmanos gostam do Natal italiano. O ímã (chefe religioso islâmico) de Milão tampouco deseja mudar as celebrações natalinas católicas. De fato, a causa da crise do Natal na Itália não provém dos islâmicos, mas principalmente do progressismo, que vem depredando a Igreja católica.
chamada igreja anglicana está "no limite da implosão", declarou o arcebispo anglicano de York, David Hope, ao jornal "The Telegraph" de Londres. A causa da séria crise que aba la a instituição é o generalizado desa cordo interno, devido à sagra çã o de • um bispo homos sexual e à ordena ção de mulheres. O anglicanismo sur- David Hope, giu quando o rei in- arcebispo anglicano glês Henrique VIII rompeu com Roma, no século XVI, porque queria divorciar-se para contrair novas núpcias, o que é proibido pela doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os bispos de então, já muito decadentes, o acompanharam em sua revolta . Uma vez feita essa concessão à sensualidade, a igreja anglicana cismática e herética foi descambando até atingir as atuais ignomínias.
FEVEREIRO 2005 -
-
co mo uniatas. Foi um acontecimento tran scende nta l na hi s tória da Igreja. O Papa Urbano VCIJ, na beatificação de São Josaphat, g rande apósto lo da reu nificação , afirmou: "Por meio de vós,
rn eus ucranianos, eu espero converter o Oriente". 2 Pen,;eg11iç[w VÍl'l/lenw
contra os g1·eco-católicos
Man ifestação pró Viktor Yushchenko, candidato vitorioso da oposição em Kiev
Das eleições na Ucrânia à conversão da Rússia E stá cm andmnento na Ucrânia um processo de conversões ao catolicismo. Se aumentar e1n fervo1~ be1n pode ser um início de realização da promessa feita por Nossa Senhora em 1917, de que a Rússia se converteria. 1
Lu1s DuFAUR
otícias promjssoras têm-nos chegado da Ucrânia . Sob forma de di sputa política, para se livrar do sini stro passado da URSS , está se jogando naquele país um capítulo chave da g rande questão religiosa de nossos dias: o c umprime nto das promessas de Nossa Senhora em Fátima sobre a conversão da Rússia e o triunfo do Imaculado Coração de Maria. Com efe ito, em 19 l 7, quando a Virgem Santíssima prometeu em Fátima a co nv ersão da Rússia , a Ucrânia fazia
CATOLICISMO
parte do império dos czares. E não era uma parte qualquer, pois esse país é o berço histórico de "todas as Rússias". 1
Os católicos e a esperança de co1wersão do Oriente E m 988 rece be u o bati s mo São Vladimir, o Grande, G rão Duq ue de Kiev e de todas as Rússias. Logo se e mpenhou na destruição dos ídolo · pagãos e na conversão dos seus súditos. D e Kiev - hoje capital da Ucrâ nia-, os sucessores de São Vladimir governaram um co lossa l império em gestação. Poucos sécu los depois , os czares
mudaram a cap ital de Kiev para Moscou. Mas antes dessa mudança acontecera uma desgraça: eles haviam rompido sua li gação com os Papas, ade rindo à chamada igreja or1odoxa. C ismática inicialme nte, e la tornou-se depo is ta mbé m herética, aceitou logo uma a viltante submi ssão ao poder te mpora l, e a corrupção tomou conta de eu cle ro. Coube à Ucrân ia a g lória de reverter, ao me nos pa rcialmente, essa deplorável apostasia. E m 1596, sob o pontifi cado de C lemente VIII, bispos inconformados com o c isma voltaram a unir-se à Santa Sé, passando a se r co nhec id os
Aquele ato de fid e lidade atraiu sobre os católicos ucranianos a fúria dos c ismá ticos, atiçada espec ialmente pelo espúri o patriarcado de Mosco u, ating indo pata ma res infernais sob o reg ime soviético . A I g reja Cató li ca foi ofic ia lme nte supressa. Bispos, sacerdotes e fiéis fo ra m pe rseguidos, deportados e martirizados co m sa nh a in a udita . Todos os bens da Igreja Cató lica foram co nfiscados pelos co muni s ta s e e ntregues aos c ismát icos, porque os católicos recusavam-se, por amor à Fé, a aceitar o soc ia li smo cios sov iets, e nquanto o c lero cismát ico curvou-se logo a nte o monstro a ntic ristão . Mais a ind a, co laboro u ativ a mente co m a ti rania marx ista. Mi lhões de uc ra ni anos morreram de fo me, frio e doe nça sob o tacão de uma reform a agrária rad ica l e desumana, e muitos o utros seg uiram para o exíli o.
Berezhany: igreja em ruínas após o comunismo
Catedral Católica de São Jorge, em Kiev
Igreja J'CSSlll'ge da perseguição .11w1'xist;a Com a queda da Cortina de Ferro em 199 1, s urg iu um a aurora es perançosa para os heró icos católi cos ucrania nos. Impu lsio nados por admirável de te rminação, e rg ueram-se da prostração muito ma is numerosos cio que se supunha. Rec uperara m muitas igrejas e mosteiros, banindo o c lero cismático que os ocupava ileg itimame nte. A Igreja Católica saiu da perseguição aureolada com o prestíg io cios seus mártires, enquanto a igreja c ismática ficou ma rcada pe la vergonhosa colaboração que prestou ao persegui do r anticristão.3 A nova situação criou condições favoráveis para uma rápida conversão de incontáve is ru ssos . Por esta v ia abriu-se ime nsa poss i bi I id ade de ex pan são cio catolic ismo pelo mundo russo até os mai s lo ngínquos confins da Sibéria. Nesse sentido, a Ucrânia parece ser o país onde
Viktor Yushchenko em julho e novembro de 2004 (com sinais de envenenamento)
FEVEREIRO 2005 -
-
DISCERNINDO O povo uc raniano desafiou todos os pe rigos. No rude inve rno que co meçava, multidões acamparam so b a neve na gra nde Praça da Indepe ndê nc ia de Kiev, di ante dos prédi os dos Pod eres públicos e e m gra ndes ave nidas, para re ivindi car no vas e le ições livres e nãofraudul e ntas. Face a tanta determinação, ficou imposs ív e l não co nvoca r nova votação com s upe rvi são inte rn ac ion a l. Estas rea li zara m-se num co ntexto de libe rdade bás ica e resultaram e m cômod a vitória do ca ndid ato oposic io ni sta, que M osco u rej e itav a. Ass im , e m 23 de janeiro, e m me io ao regoz ij o popular, o ca ndid ato pr óoc ide nta l ass umiu a presidência.
Multidão em Kiev, por ocasião da posse de Yushchenko
ma is c lara me nte es tá ge rmin a ndo a conversão futura da Rú ss ia, anun c iada por Nossa Senhora e m Fátima. Diante dessa pe rspectiv a, velhos espectros do c isma e do co muni smo sa íram de sua apa rente sep ultura, e hoje tudo inte ntam para impedir que tal conversão se concretize. O patriarca c ismáti co de M oscou - e le próprio exagente da po líc ia secreta sov iética não cessa de trovej ar contra o apostolado do s ca tóli cos, e nraiv ec ido pela erosão de suas bases.
Vitoriosa epopéia el eitoral cios ucr a11ia110s Por s ua pa rte, o presidente Putin tampouco pode ri a tol e rar que a Ucrâni a escapasse do tirânico co ntrol e de Moscou. E le influ enc iou vigorosamente as rece ntes e le ições presidenciais ucra nianas, te ntando co locar no poder o candid ato pró-Rússia. N essas eleições ocorreram in clu sive fa ls ifi cações sis te mát icas. Os cató licos ucrani anos logo compreendera m que nessa ele ição j ogavam-se sua liberdade relig iosa e sua independência. Myroslav Marynovich, vice-reitor da Universidade Cató li ca de Lvov, exp li cou: "A eleição de Viktor Yanukovych [o ca ndid ato de Putin] faria pesar urna grande ameaça sobre nossa Igreja.[. .. ] Corno em Moscou, nós não teríamos mais o direito de rezar"." A co njunção do re nasce r cató li co e
CATO LI C ISMO
do rev igorame nto do sentimento nacional , do qual partic ipam também muitos cismáticos, gerou um possante movimento que levou a novas e leições presiden.c iai s, desta vez com a vitória do candi dato pró-oc idental Viktor Yushchenko. Mas tal movimento teve qu e vence r fo rmid áve is obstác ulos. O preside nte então e m exercíc io defendia os inte resses do anti go esqu e ma sovi éti co. As fraudes nas e le ições fora m grosse iras e monum e nt a is, provo ca ndo manifestações e m pro l de um novo seg und o turno do pleito presidencial. O o pos ic io ni sta Yushchenko, ao que tudo indi ca, foi e nve ne nado por age ntes da KGB, com tóxicos que lhe debilitaram o orga ni s mo e deformaram o rosto. S ua ca mpanha fo i ac intosa me nte sabotada e m largas reg iões vizinhas da Rússia. A inte rfe rê nc ia de Putin no processo e le ito ra l fo i co ntínu a. Mais de 10.000 so ldad os de pe nd e ntes do Mini stério do Interior fora m mob ili zados para reprimir co m tanques e gases os pacíficos ma ni festa ntes. Porém, centenas de agentes da rep ressão nega ra mse a co meter esse crime e uni ra m-se aos manifestante , e nqu anto muitos fran co-at irado res tomaram posição para res istir ao es magame nto da vo ntade popul ar pe lo neocom uni smo. A divisão nas tropas paralisou a ma nobra ditatori a l, que poderia ter mudad o não só o rumo da Ucrânia, mas ta mbé m da Rússia e do mundo. 5
Fátima e perspectivas ele conversão da Rússia O catolicismo foi um dos grandes vencedores das e leições ucranianas. É de se esperar que e le se consolide e se expanda ainda mais na Ucrânia. Sem dúvida, continuará enfrentando novas insídi as e intimidações das redes pró-comuni stas e cismáticas. Deverá resistir - como já vem fazendo há tempo - às enganosas propostas de um fa lso ecumeni smo que, sob pretexto de não irritar os inimigos da Igreja, na verdade freia o ritmo do apostolado junto aos não-católicos. Mas, se prosseguir o c lima de libe rdades que parece inaugurar-se co m essa e leição presidencial , e· sobretudo se hou ver um afe rv orame nto dos cató li cos ucran ianos, pode-se perguntar se a conversão da Rússia, prometida por Nossa Senhora em Fátima, j á não está a cami nho ... a partir da Ucrâni a ! • E-mai I do autor:
Notas: 1. A express ão inclui , além da Ucrânia (o u " pequena Rú ssia " ) , a B ielorú ss ia (ou Rússia bra11 ca) e toda a Rú ss ia propriamente di ta. 2. Cfr. Miroslav Zabunka e Leon id Rudnytzky, Th e Ukrainia11 Catho lic C/11,rch, 1945 - 1975, St Sop hia Associatio11, Philadelphia , 1976, p, 9. 3. A respeito da hi stória reli giosa da Uc rân ia, recome ndamos viva men te a leitura da entrevista conced id a por D. Efraim B. Krevy, Epa rca para os ucranianos cató licos no Bra si 1, publicada por Catolicismo, ed ição de j aneiro p.p. 4. " Le Monde", Pari s, 2 1- 11 -04. 5. Cfr. " The New York Tim es", 14-01 -05.
O objetivo ocultado da Reforma Agrária E squerdistas notórtos, como D. 1bmás Balduíno, Plínio de Arruda Sampaio e os chefões comunistas do MST criticmn a lentidão da Refonna Agrária e exigem mudanças radicais. Qual a verdadeira realidade? 0D
ALEN CASTRO
A
s esqu erdas de todos os matizes procuram faze r progred ir a Reform a Agrária desordenadamente, mas são muitos os obstácul os que e ncontra m. Ela ca mi nha aos trancos e ba rrancos, não raro tropeçando num calh au o u detendo-se ante uma serrani a. O avanço da Reforma Agrária brasileira nestes últimos meses pode ser comparado ao cambalear de uma bêbada, que ora dá un s passos rápidos e incertos para frente, ora anda em ziguezague, ora tromba com um poste, ora se cansa e pára, gingando o corpo . Se es tivésse mos ass istindo a um filme, o ca minh ar esdrúxulo da personagem "Reform a Agrária" não pediria maiores ex pli cações. O criador de uma cena fa ntas io sa pode darse ao lux o de fa lar à sensibilid ade, sem ap rese nta r justifi cações rac io na is. N ão esta mos, poré m, diante de um a ficção, mas de um a rea lidade . E a toda rea lid ade complexa pode aplicar-se o dito atribuíd o à eni g mát ica Esfi nge de G izé, no Egi to: "Ou me decifi·as ou eu te devoro". De modo que o leitor atento aos problemas do País , e à repercussão que podem ter sobre sua vida pessoal os desdobramentos indesejáveis dessa situação mal expli cada, tem di re ito a saber o que está aco ntecendo.
''Ou me decifras ou eu te devoro,,
No ceme, o dit'eilO ele pl'opriedade A disputa em torno da Reforma Agrária não se resume a um Soube vê-lo com agudeza de vistas ímpar Plínio Corrêa de conflito de interesses, em que latifund iários gananciosos querem Oliveira. Foi mesmo um dos pontos sa lientes de sua vida pública a qualquer preço defender suas terras, contra pobres que buscam a luta contra o agro- reformismo anticri stão. E essa luta marcou a um chão onde plantar. Esse é propriamente o véu que oculta a fundo o Brasil. De tal modo que até hoje a Reforma Agrária é vista disputa de fundo. A realidade consiste numa luta em torno do entre nós com justa desconfiança, e o sociali smo igualitário endireito de propriedade, ori ginado da própria natureza das coisas e contra nessa atitude da opini ão pública um obstáculo difícil de garantido pela doutrina católica. b·anspor para cubanjzar o Brasil. A Reforma Agrária, tal corno vem sendo concebida no Brasil Não podendo caminhar de modo retilíneo e às claras, ensaia desde o Estatuto da Terra, e mesmo antes, é o passo desasb·oso • ela a marcha da bêbada, cobre-se de véus e de pretextos, usa a que o socialismo anseia dar para impor ao País a sociedade sem violência do MST e a brandura de um governo Ieniente. Tudo na classes, de tipo sov iético, cubano ou chinês. esperança de, em certo momento, alcançar seus objetivos. Goste-se ou não, a Reforma Agrária sociali sta e confiscatóri a Tal atitude de justa desconfiança da opinião pública brasileira opõe-se necessariamente às convicções re ligiosas da maioria dos diante da Reforma Agrária revela que, até certo ponto, o enigma da brasileiros. O igualitarismo marxista colide de fre nte com a doub·imaldosa esfi nge fo i decifrado. E, com isso, o Brasi I não foi devorana católica. Por mais que teologias da liberlação, progressismos, do por ela. Ao menos por enquanto. • esquerdas católicas faça m malabari smos sem fim para conciliar o inconcili ável, a verdade é essa. E- mai I do autor : cid al encast ro@cato li ci smo.com br FEVERE IRO 2005 -
Ocorre um real crescimento econômico no Brasil?
Alarmantes sintomas ossa Sen hora cho1.·a por ca usa ~ dos pecado s dos hom ens, ou ] seja, das ofensas qu e se fazem j a Deus. Mas há muitas co isas que, não se ndo d iretam ente pecados, entreta nto criam condi ções para que Deus seja ofendido. É próprio da C i vili zação Cristã fac ili tar uma v iêla de virtude e de prática dos M andamentos d a Le i d e Deus. Como é própri o do neopaga ni smo modern o cri ar ocas iões para que as pessoas pequ em. Assim sendo, tudo o que contribui O presidente Lula cumprimenta líderes sindicais, a lguns trajando bermuda s para o aba ndono das práti cas da Civ ilização Cristã, em favor do neopagani sInvasões incc11liva<las mação, resolveu encomendar um clone do mo, é de molde a provocar as lágrim as e an imal morto, ao preço de 50 mi l dólares a indignação da Virgem. É o pudor subsO govern ador ele Pernambuco, Jarbas (cerca de R$ 135 mil reais) ("Folha de S. tituído por um modo desabusado de ser; Vasconce los , considerou " lament6vel " Pau lo, 24-12-04). Nem se contentou em é a compostura nos modo · e nos traqu e o secretário nac ional ele D ireitos Huadotar algum dos mi lhares de fe linos que j es, subs tituída pela li bertinagem ; é a manos, Nilmário Miranda, tenha ido àqueandam por aí. Queria uma cópia carbono boa educação, fruto da caridade, subsle Estado nordestino no fim de semana do bichano de estimação. tituída por um trato frio e brutal izado. E para "terminar incentivando in vasões de assim por diante. Vejamos algun s exemterra ". Para o govern ador, as "declaraDivól'cio <lizima a família plos concretos. ções destemperadas " ele Ni Imári o só agraO número de di vórcios no Brasi l cresvam a situação em Pernambuco ("O EstaAnimal cm /uga1' de crian ça ceu 46% nos últimos 10 anos, passando do de S. Paulo, 22- 12-04). Que um secrede 95 mil em 1993 para 139 mil em 2003. Até os sentimentos humanos mai s tári o nac ional possa ser acusado de inHouve também crescimento de 18% no entranh ados, co mo o amor materno, pacentivar invasões, mostra be m o descanúmero de separações judiciais: de 88 mil recem ceder lu ga r a um egoís mo fe ro z. labro em que estamos no que se refere ao para l03m il. SãoestaVai cre scendo o númetísticas do Regi stro Cisagrado direito de propriedade no Bras il. ro de mães que, ou se vil di v ul gadas pelo livram de se us filhos Bcnm1<las 110 Planalto TBGE. É a fam íli a que pelo aborto, ou os concaminha para sua extinA ex igência cio uso ele tern o e gravata sideram como fa rd os a no ves tuário masculino dos que visitam ção, em favor cio amor carregar. No incê ndio livre. Segundo a advoo Palácio do Planalto fo i revogada pehavido num a boate em gada Renata Mei Hsu los sindi ca listas que se reuniram com o Buenos Ai res, na épopresidente Luiz I nácio Lul a ela Silva no Guimarães, especiali sta ca do Natal, morreram na área de direito fa mi gabinete presidencial. De bermudas, caqueimadas di versas misetas, tênis e meias soquetes, alguns liar e sucessão, separacr ianças. Hav iam sido ções e divórcios têm até com bonés, diri gentes sindicais como levadas pelas mães e sido favorecidos pela Lu iz Marinho, presidente da CUT, e Paudeixadas num in fecto maior participação elas lo Pereira ela Si lva, da Força Sindical, rombanheiro, enqu anto as mulheres no mercado peram a tradição das roupas sérias cumprogenitoras se diverde trabalho. Segundo prida por todos os govern os anteriores, tiam ... E m sub stituição ela, a mudança elas cone subiram do jeito que estavam ao terceiàs crian ças reje itadas, ro anelar cio Planalto, onde fica o gabidições ele trabalho leva vão surg ind o os ani as mulheres a "tentar vida nova " ("Fonete cio pres iden te (cfr. " O Estado ele São mais. Uma mulher do Estado de Texas , lha de S. Paulo", 22- 12-04). Paulo", 16- 12-04). • nos EUA, ao morrer seu gato de es ti -
N
-
CATOLICISMO
C onhecido economista discorre sobre a situação econômica em 2004, as perspectivas para 2005 e o papel desempenhado pelo agronegócio. Questiona as ações do MST e a alta carga fiscal, que desestilnulam a produção.
volvimento cio País. Acresce que, apesar desse brutal aumento ela tributação, houve deterioração cios serviços prestados pelo Estado e ela infra-estrutura física cio País, o que impõe custos adicionais ao setor privado. Somente com urna profunda reforma fi scal, que reduzisse fortemente as despesas públicas, seria possível fazer-se uma refo rm a tributá ri a que desonerasse a poupança e os investimentos, diminuísse a burocracia e distribuísse melhor o ônus da tributação. Sem red uzir gastos públicos não será possível racionalizar o sistema tributário, pois não ex iste capacidade contributiva que permita arrancar da sociedade parcela tão significativa de seu esforço produtivo sem apelar para tributos antieconômicos.
r. Marcel Domin gos Solimeo, economista e consultor, é diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo . Bacharel em economia pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (1963), com pós - gradua çã o em economia pública pela mesma faculdade em 1965/ 66 . É coeditor dos livros O plano real pára ou continua? e O plano real acabou?, lançados pela Editora
D
Makron Books.
*
*
*
Catolicismo - A carga fiscal continua altíssima no Brasil. Qu e medidas poderão ser tom adas para diminuí-la? Essa diminuição não poderia ser decisiva para que o País aumentasse sua produção e saísse mais rapidamente da crise econômica que vivemos nas últimas décadas? Dr. Marcel Solimeo - A carga tributária brasileira pas~ou da casa cios 25% do PIB para cerca ele 40% nos últimos 20 anos, o maior crescimento que qualquer país teve em tempo de paz, com a agravante de que esse aumento se deu com utilização de tributos de baixa racionalidade econômica e com numa abrangência absurda ao ati ngir a poupança e o investimento, reduzindo o potencial ele desen-
o,: Marcel Solimeo "Som e11te ·com
uma profumla l'Cl'ol'ma Jiscal, seria possível Jazer-se uma rnforma LI'ibutária <1uc deso11crasse a poupança e os i11vcstimc11tos"
Catolicismo - Qual o papel dos assentamentos da Reforma Agrária no tocante à produção de gêneros al imentícios? A incerteza dos agricultores e pecuaristas, seu receio de que suas terras sejam invadidas não inibem as perspectivas de maior produtividade no campo? Dr. Marcel Solimeo - N ão existem estudos que mostrem a importância dos assentamentos para o abastecimento de gêneros alimentícios, mas sabe-se que as grandes redes ele distribuição se abastecem nos agricultores t:raclicionai s. É de se supor que a produção cios assentamentos se destine mais ao
FEVEREIRO 2005
llillllll
investimentos que seu imenso potencial físico e humano permitiri a. Para tanto, é preciso garantir efetivamente o direito de propriedade, dar segurança jurídica aos contratos, reduzir a burocracia e as restrições à livre iniciativa, reformular o sistema tTibutário para dar-lhe maior racionalidade, e sobretudo investir em educação ele qualidade. lnfe lizmente, parece que estamos nos afastando dessa direção na medida em que o governo to lera, e até estimula, as ações il ega is do MST, impõe obstáculos ao uso da tecnologia no campo, apresenta regulamentações deficientes para os investimentos em infra-estrutura e mostra um viés intervencionista em diversos setores. Além disso, expandiu o número ele ministérios para acomodar "companheiros" derrotado nas eleições de 2002 e parece caminhar para ocupar as agências reguladoras - que são vitais para garantir o funci onamento de diversos setores, e que deveriam ser comandadas por técnicos independentes - com outros "companheiro " derrotados nas eleições municipais, ou com "adesistas" de outros paitidos. Enquai1to não se fizerem as mudanças necessárias, o Brasil vai continuar crescendo de forma medíocre, incapaz de propiciar melhoria significativa no padrão de vida de seu povo e se di sta nciando dos demais países, inclusive dos emergentes, que não se preocupam em esperar por nós.
Para 2005 espera-se um cenário ex terno ainda fa voráve l aos países em desenvolvime nto, mas com taxa menor de expansão do comércio internac io nal e a lgumas "so mbras" com relação à e volu ção das taxas de juros nos Estados Unidos. Apesar di sso, a economia bras il e ira deverá continuar crescendo neste ano em torno de 3% a 4%, mas co m maior participação do mercado interno e menor expansão das exportações e do superávit come rcia l. Essa ex pectativa, no entanto , está condi c io nada ~1 política cio Banco Central co m relação aos juros, pois, se continuar o processo de elevação da taxa SELJC por parte cio COPOM, inic iada em setembro, as vendas cios bens de maior val or poderão ser afetadas, e com isso a produ ção, o emprego e a renda. O problema qu e se co loca é qu a nto à sustentabilidade do crescimento, a qual depende de investimentos, espec ialmente na infra-estrutura, que se acha muito deteriorada, mas também quanto ao au mento ela produção. Se não houver investi mentos em energia, estradas, portos e logística em geral, não adiantará ao setor privado construir novas plantas industriais ou expandi r a produção agrícola, pois os gargalos ex istentes repre entam ameaça à movime ntação das mercadorias, tanto pai·a atender ao mercado interno como ao externo.
"O agmnegócio J"oi o msponsá11el pela p11Xacla i11icial da l'eClllJeração da economia, pois respondeu fortemente aos estímulos ele uma taxa de câmbio ta11orá11el"
Catolicismo - O grande crescimento do agronegócio em nossa Pátria tem sido realmente o princi pai fator para a diminuição do desemprego? Quais as perspectivas para o presente ano quanto a essa questão? Dr. Marcel Solimeo - O agro negócio foi o responsável pela puxada inic ia l ela recuperação ela economia, poi s respondeu fo rte mente aos estímulos ele uma taxa de câmbio favorável e um mercado internaci ona l em expansão. Ao contrário da image m qu e alguns in s iste m e m passa r ci o agronegócio, trata-se atu almente de uma atividade complexa, que envo lve pesado volume de recursos, tecnologia e conhecimento dos mercados, e que movime nta diversos setores, do indu stri al ao finance iro, e gera empregos de qualidade. Apesar das perspectiv as de aumento da produção ag rícola, a situ ação do setor é menos favorável do que nos últimos do is anos, tanto por fatores internos, co mo o aumento dos custos cios insumos e equipamentos , como por um a taxa de câmbi o meno estimulante para a exportação. Do lado externo, e pera-se me nor cresc imento do co mérc io mundial e queda dos preços dos produtos, com o que a rentabilidade do agro negóc io deve ser mui to afetada. De qualquer forma, o setor continuará a ser um grande empregador. •
As notícias sobre um grande crescimento econômico do Brasil parecem contrastar com o alto nível de desemprego. O que se deve pensa r sobre as perspectivas para este ano? Dr. Marcel Solimeo - A economia brasileira apresentou um crescimento da ordem de 5% em 2004, resultado que pode ser considerado bom, especialmente porque ocorreu com queda da inflação e fotte superávil. da balança comercial. E ·se percentual superou as expectativas iniciais cios agentes econômicos, que eram de um aumento do PIB entre 3 e 3,5% . Dentre as razões que expLicain esse resultado, podemos destacai· em primeiro lugar a baixa base ele comparação, pois o ano de 2003 foi de estagnação ela economia. A queda elas taxas de jLu·os também contribuiu para o crescimento, ao favorecer a expai1são das vendas a crédito cios bens ele maior valor, o que compensou a fraca recuperação ela renda observada. O principal fato r, no entanto, para explicai· o desempenho superior ao esperado foi o setor externo, com um incremento significativo das expo,tações, tanto em termos quantitativos como em valor, graças aos preços favoráveis dos produtos agrícolas e dos primfü·ios em geral. Se os 5% ele crescimento estão sendo muito comemorados internamente, não se pode esquecer que foi mais baixo cio que o apresentado por várias nações emergentes, como China, Índia, Coré ia cio Sul, Mfaico e outras, também beneficiadas pela forte expansão do comércio mundial. Catolicismo -
auto-abastecimento ou a atender pequenos mercados regionais. De qualquer fo rma, a anál ise custo/ benefício dessa política não justificaria sua continuidade. O pior é que o governo se pauta no tocante à Reforma Agrária pelas ações cio MST, às quais apenas reage fazendo cada vez maiores concessões, com isso estimulando a ousadia desse grupo que atua na ilegalidade e intranqüiliza o campo. É evidente que as invasões e depredações de propriedades agrícolas afetam a produtividade da ag ri c ultu ra, pois desestimulam a real ização de investimentos e desviam para a busca de segurança ou para as batalhas jurídicas recursos que deveriam ser aplicados na produção. O Judiciário, tão criticado por muitos, talvez até por isso, tem sido o único garantidor do direito de propriedade rural. Alguém já disse que o Brasil é o único país no mundo em que o direito ele propriedade tem que ser garantido pela Justiça. E m todos o lugares essa defesa cabe ao proprietário ou à polícia. Catolicismo - Que medidas o Sr. propõe para que nosso País se desenvolva economicamente de modo seguro, com pleno incentivo à iniciativa privada? Dr. Marcel Solimeo - O Brasil precisa se tornar uma efetiva economia de mercado, capaz de atrair os
~
CATO LICISMO
"É e11ic/e11te que as ü111asões e depreciações de 11roprieclades agdcolas afetam a pmcluti11iclacle ela agricultllra, pois clesestimulam a realização ele üwestimentos"
FEVERE IRO 2005 -
-
INFORMATIVO RURAL
Famintos "fantasmas", informalidade e agronegócio Onde estão os famintos? - A idé ia de milhões de fa min tos e pessoas a baixo da linha de po breza no Bras il soa fa lsa. A aqui s ição info rm a l de a li me ntos e bens necessári os não apa rece nos dados ofi c ia is. D e vez e m qu a ndo a realidade afl ora e mos tra q ue o núm e ro d e· g o rd os é in co mp ara velme nte maio r que o de magros. "Contra ri am eii te à id éia bas tan te
alardeada, rn.esmo dentro do gove rno f ederal, a.fome não é mais um problema relevante para a grande maioria dos brasileiros adultos. Ela está circunscrita a um segmento minoritário [. .. ]. O mais grave agora, na população com 20 anos ou mais, é o excesso de peso. Dados da 2" etapa da POF ( Pesquisa de Orçamentos Fami liares), divu lgada pelo JBGE (instituto Brasileiro de Geog rafia e Estatística), revelam que o excesso de peso atinge 40,6% da população adulta, ou 38,8 milhões de brasileiros. Desses, 10,5 milhões são obesos (8,9% dos homens e 13, 1% das mulheres). Só 4% da popu lação apresenta défi cit de peso " ("Fo lh a de S. Paulo , 17-12-04).
Trabalho informa l vai-se tornando a regra no Pa ís
Impostos e Informalidade Produção própria de carne suína Q ua nto mais um gov erno soc ializante representa 77% do consumo ca rrega nos imposto s - sej a a pre texto de fa zer o bras socia is ou de buscar um a ig ualdade quimé rica - mais a po- ~ p ulação se esg ueira e proc ura tirar o corpo. A realidade é q ue grande parte g ~ vive de be ns não alca nçáve is pe las es- :. tatísti cas ofi cia is . A inform alidade vaise to rna ndo a regra.
8
Como pobre obtém alimento - "Uma parcela significati va dos alimentos na área rural do Brasil não é obtida com dinheiro, cartão de crédito ou cheque. É adquirida por meio de produção p rópria, doações, extrativismo, o que garante o acesso a importantes alimentos, com.o leite fresco , peixes, ovos, carne suína, frutas e horCATO LI CIS M O
José Dirceu: super-secretaria visando centralização
ta /iças [. .. ] Essas aquisições são chamadas de não monetárias pelo !BCE, ou sej a, sem uso de nw eda ou outra representação de d inheiro. Alguns exemplos na área ru ral são característicos. No caso do leite fresco, 86% da aquisição se dá por meio de produção própria ou doação. A média de consumo do produto na área rural é de 50,029 li tros ao ano, dos qua is 43,884 são adquiridos de forma não mo netária. Em relação à aqu isição sem dinheiro de leite e crem.e de leite, na Reg ião Norte predomina a produ ção própria (64, 7% do total), enquanto na Reg ião Sudeste preva lece a doação (47,8%). Ou tros exe mplos na obtenção não monetária são carne suína e ovos, onde a produção própria responde por 77% e 74 % do consumo respectivamente. Isso oco rre porqu e na área ru ral são maiores as chances da produção própria ou de extração de alimentos da natureza " (" O Estado de S . Paul o", 17-12-04). O Agronegócio na mira - "José Dirceu anunciou a criação de uma supersec·retaria, a Receita Fede ral do Brasil, um organismo que centralizará a arrecadação de impostos e contribuições sociais e previdenc iárias. A nova repartição terá como meta unifi car as atuais atribuições da Receita Federal e da recém-criada Secretaria de Receita P revidenc iária. Dirceu afi rmou que o p roj eto integra a lista das prioridades do governo pa ra combater as fra udes na saúde e na Previdência em 2005 [. ..]. Um dos focos da .fiscalização será o agrobusiness, que tem batido recordes de produção, mas só contribui anualmente com R$ 2,8 bilhões para a Prev idência . Agora, o plano da unificação, com o proj eto de Receita Fede ral do B rasil, é arrecada r todos os tributos do País" ("O Estado de S. Paulo", l 7- 12-04). Com a palavra os produtores rurais .
Um governo estatisticamente eficiente Estatísticas duvidosas, ou mesmo falsas, que favorecem a demagogia, são habitualmente destacadas. O governo faria bem em corrigir tais números. Por que não o faz? A pior solução: um Ministério das Estatísticas!
A "tome " que
G ILB ERTO MI RANDA
l'avorece o go1rer110 stá vamos quatro a mi gos num carro, saindo de São Paul o para uma viagem. Parados no pri me iro semáforo , o bservamos sem come ntári os um menin o faze ndo-se de malabari sta, com três bo las de tê ni s lançadas alternativa mente ao ar. No semáfo ro seg uinte, o utro me nin o lida ndo co m qu atro bolas deixo u cair uma ao c hão, quando te ntava a manob ra de lançá-l a po r ba ixo da pe rna . Um dos a migos come ntou : - Se ele usasse ovos, ia c hover dinheiro para ajudá- lo a recompor o instrume nto de traba lho . M ais adi ante, o utro me ni no lançava ao ar um bastão e o aparava co m o utro, mante ndo-o no ar. M ais um semáforo, e outro menino equilibrava no que ixo um bas tão com um di sco na po nta. No carro, travo u-se e ntão um di álogo: - Parece que todos os me ninos de São Paul o virara m mal abari stas de semáfo ro. - Que exagero! Nós acabamos de passar e m fre nte a um col égio c he io de me ninos que não são malabari stas. - É claro que esto u falando de meni nos po bres. - M esmo assim . Olhe ali aque les dez ga ro tos j oga nd o futebo l. São pobres e
não são mal abari stas . - Está bem. Quatro e m l Osão 40%, o que não é pouco. - Você prec isa apre nder a ca lcular direito . Te m de somar os quatro com os dez. No total de quato rze, quatro são 28 %. Te m ainda que descontar. .. Assim , de redução e m redução, a "estatística" c hegou a meros 2%. E ainda a redu ziri am muito, se no resto da viage m a di scussão não to masse o rumo da fal s idade de certas "esta tísti cas" qu e c irc ula m por a í. Te ntarei resumir.
O caso ela fom e no Brasil é um bom exe mplo. Falou-se em 30 milhões , 40 milhões, 50 milhões , e j á se c hega a um requinte de prec isão me nc io na ndo 53 mi lh ões. D e o nde s urgiram esses números? Quem os apurou ? Qual o método de pesqui sa utili zado? É ele se duvida r que alg ué m saiba, e e nquanto isso a sanfon a espic ha e encolhe (principa lme nte espi cha) ao gosto do inte ressado. Basta di zer que a FAO redu z esse núme ro a 18,5 milhões, e mesmo isso j á é um evidente exage ro . M ais ri go rosa do que essas, só aque la "estatísti ca" jocos a : a me tad e d a po pul ação mundi al passa fo me, e a o utra me tade faz reg i me (passand o fom e, naturalme nte). Al gum te mpo atrás, durante uma vi age m de táxi e m São Pa ulo, o motori sta, o ri g iná rio do Ceará, fo i indagado se de fato exi ste fom e po r lá. " O que que é isso, doutor! ? Pode ser
que no Piauí, mas no Ceará não tem disso não ". E e u ac ho que se o taxista fosse piauiense, a resposta seri a mais ou menos a mes ma, poi s pa rece que a fom e está se mpre "lá lon ge" . Ali ás, o prefeito ela c idade pi aui e nse de Guaribas, con siderada a mais pobre do Brasil, afirm ou que a população é pobre, mas não passa fom e. Escolhida para começar o programa Fome Zero, o que se constata agora é um au-
FEVEREIRO 2005 -
O próprio presidente Lula censurou-se por ter afirmado numa palestro no França o existência de 25 milhões de crianças de rua
Algumas estatísticas chegaram ao requinte de "precisão" mencionando 53 milhões de famintos no País
me nto verti g inoso do número ele antenas parabóli cas. Portanto , ele fato não hav ia fom e, e o dinheiro di stribuído está sendo utili zado para outras coisas.
Qmmclo o "clesemprego " /Jenelicia o governo
cume ntos co ntab ili záve is. Não vamos ana li sar as causas da info rm alidade, entre as quais seguramente se inc lue m encargos traba lhi stas acachapa ntes, impostos extorsivos, desestímul o aos investi mentos. Mas se aceitarmos o dado como verdadeiro, aí teríamos ele corri gir outras coisinhas. Poi s os tais 60%, se não têm carte ira ass inada, são tecni ca mente desempregados (a lgun s ideólogos demagogos diriam que é traba lhão escravo), e os
A taxa ele desemprego é outro fantasma que perturba a tranqüilidade cios governantes. Fala-se atualmente em 18%. Para fac ilitar os cálcul os, tomando arbi trari amente como popul ação economicamente ativa o número redondo de 100 milhões, signifi ca que 18 milhões estão desempregados, provavelme nte passa ndo fome junlo com a famíli a. Um espetác ulo deso lador. Há outra estatística - dessas que não se sabe onde, nem como, ne m qu e m - afirmando qu e a mão-de-obra info rmal está próx imo de 60%. Informal, no caso, signifi ca traba lho sem carteira ass inada. Sendo info rmal , não se sabe Cinco milhões de abortos clandestinos co mo isso fo i co mputado, po is o por ano: não existem registros estatísticos informa l não costum a deixar do- que fundamentem essa cifro
i..zi
CATO LICISMO
ru a é menor que o de ONG s destin adas a c uidar das cri anças ele rua. E as ONGs, co mo é sabido, se mantê m em parte à c usta de re nún c ia fi scal , ou sej a, ele im postos não reco lhid os, que res ul ta m e m a um e nto el a ca rga tributária cio s qu e efe tivam e nte paga m impostos. Partid ári os ela lega li zação do abo rto usara m larga me nte co mo argumento 5 milh ões ele abo rtos c land estin os q ue se far iam por ano no Brasil , e qu e passari a m a rea li za r-se com segurança e m co ndi ções sa nitá ria s adequadas. De o nd e s urg iu esse núme ro, se a c landestinid ade se ma nté m se m registros passíve is de ap uração es tatísti ca? O nú me ro ev ide nte mente exagerado circul ou sem contestações, mas há hoj e que m o redu z a um terço di sso, ou até me nos. A lg un s meses atrás, a impre nsa noti c iou que no Brasil ex iste m 559.000 cri anças trabalh ando como esc ravas. Alarmante ! Apavo rante! De prime nte ! E a fo nte era a Organização Internaciona l do Traba lho (OTT), portanto indi sc utíve l. Aco ntece qu e no dia seg uinte a mes ma impre nsa teve de retificar a in fo rm ação: os números se refe re m a c ri a nças exec utand o trabalh os dom és ti -
18% deveri am passar a 60%, pelo menos. Número tão ev idente mente abs urdo, que é mais cô modo fi ca r com 18%. Ocorre no e ntanto qu e, dos 100 milh ões a rbi trados ac im a, os 60 milh ões co m trabalh o info rm a l não são propria me nte dese mpregad os, po is de uma form a o u o utra a lg ué m lh es paga pe lo traba lho uma qu a nti a co m a qua l se ma ntê m. E ntão os 18% não elevem inc idir so bre 100 milhões, e sim sobre a lgo e m torno ele 40 milh ões , neste caso os 18 milhões ele desempregados caem para 7 ,2 mi lh ões. E ass im , num passe ele mág ica, 10,8 milhões de desempregados co nsegue m e mprego, bem mais cio que o prometido e m ca mpa nh a e le ito ra l.
N ,mca é demais clesco111ia,· ele estatísticas A essa a ltura um dos amigos suge riu qu e um a atividade muito útil ao gove rno se ri a corri g ir es tatísti cas. E mpenhand o-se e m produ z ir e divul ga r ape nas estatísti cas confiáve is, presta ri a um g ran de se rvi ço ao País, me lh o ra nd o se nsive lme nte a image m do Bras il no exte ri o r. Me lh o r isso do qu e ap resentar-se por aí co mo líder cios povos fami ntos do mund o. E um a boa equipe de marketing sabe ri a in s tru me nta li za r essa me lh ora e m favo r da im agem do própri o gove rn o, atribuin do-lh e as notáveis conqui stas que aparecerão nos novos índi ces. Mas, te ndo em vista a me ntalidade cent ra li zadora e tota litá ri a preva le nte
Churchill afirmou jocosamente que só confiava nas estatísticas que ele mesmo falsificava .. .
e m várias áreas do govern o, é ele se temer qu e um a id é ia ass im ve nh a a tran sformar-se num Mini sté ri o da Es tatística, co m atribui ções sup ra mini ste ri a is, ce ns ura pré via , novas fa lsificações , etc. Coisa muito diferente do que se desej a. Desco nfi a r das estatísti cas é uma atitude sensata. De modo irôni co e j ocoso, C hurchill afirm ou que só confi ava nas es tatísti cas que e le mes mo fa ls ifi cava. O pres ide nte que aceitasse a s uges tão el e co rri g ir esta tísti cas fari a um trabalh o muito me lhor que o ele Chu rc hi 11: divul ga ri a núm eros honestos, ao invés de fal sifi cá- los. Mas isso te ria um gra ve in conv eni e nte, po is reduz iri a espaço para um a atividad e indi s pe nsáve l e m certos me ios: a de magog ia. • E- m a il do a uto r: g ilb erto mirand a @cato li c is m o com b r
Nota: * Es te arti go
Os mímerns para "justilicar " a clemagogia Sobre cri anças ele ru a, o próprio pres ide nte Lu la se cens ura ele ter fa lado, num a pa lestra na Fra nça, e m 25 milhões, po is o ac ha absu rd o. Há a té q ue m afirme qu e o núm ero de c ri anças ele
cos. Ah, bem ... Alívio geral. Não se sabe que mex idas houve de poi s ele publica da a notícia, mas de um dia para o utro o Pa ís ficou livre de me io milhão de c ri a nças esc ravas. Uma vitó ri a co mo essa é obra el e vários governos, e aq ui tudo se resolve u e m 24 ho ras. Isso é qu e é efi ciê nc ia!
Como conhecer o número exato dos trabalhadores informais, se eles não costumam deixar documentos contabilizáveis?
j á es ta va redi g ido e progra mado quando o IBGE di vul gou os resultados ela Pesquisa de Orçamentos Fa miliares ( POF) e co nfirm o u as suspe itas de qu e não ex isti am os tais " fa mintos" ate ndid os pe los prog ram as soc iai s do govern o (v id e pág. 22 dessa edi ção). Isso to rn o u extre mame nte desco nfo rt áve l a s itua ção do gove rn o para prosseg uir o progra ma Fome Zero e outros da área soc ia l. Já não podia ta mbé m estar à von tade para toca r a Refo rma Ag rária, po is há "estatísticas" confirmando que latifú ndi os imp rod uti vos no Brasi l, a tua lm e nte , são ape na s os de asse nta me ntos d o M T. Po r essas e o utra s, o go verno est.í pro pondo a censura prév ia para a di vul gação dos dados obtidos por um organismo idôneo co rno é o IBGE
FEVEREIRO 2005 -
l .
CAPA .
1
l
.
·_
Oferecemos aos leitores de Catol,·císmo um resumo, elaborado pelo próprio autor, dessa atualíssima obra que procura neutralizar a cilada montada para lançar o País numa nova luta de classes. O livro desvenda o que está por detrás da campanha contra o chamado trabalho escravo - termo forjado e manipulado para golpear o já tão combalido direito de propriedade no Brasil. e de nção, c id ade próspera do ag ronegóc io no sul do Pará, é o municípi o com o ma ior rebanho bovino do Brasil. Mas, segundo a Orga-
R
ni z.ação Inte rnacional do Trabalho (OIT), é o lu gar com a maior inc idênc ia ele trabalho escravo (TE) no País. Diante do fato, real izou-se um fó rum sobre o TE na c idade. Os organi zadores quase fora m linchados. A popul ação os recebeu com roupas e fa ixas pretas, com os dizeres: Em Redenção não
há trabalho escravo.
li Jornada de Debates sobre o Trabalho Escravo, cujo objetivo foi pressiona r a Câ m a ra dos Deputados para aprovar a Proposta de Emenda Constituciona l 4 38
~
TRABALHO ESCRAVO Nova arma contra a
propriedade privada Ü livro com o título. em epígrafe, editado pela Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. (São Paulo, 2004), opõe-se lucidamente a uma investida, organizada por setores esquerdistas, para "encontrar" supostos trabalhadores escravizados nas propriedades que desejam confiscar, ou para perseguir seus proprietários, agora tachados de escravocratas CATO LICISMO
Como é possível uma g igantesca campanha contra o TE, contando com enorme aparato publicitári o, ser contestada no próprio foco cio assim chamado TE? Estariam os próprios "escravos" re ivindi cando serem mantidos na condi ção ele escravos? Q ual a veracidade ela ex istênc ia do TE? Não estará ocorrendo mani pulação ela expressão trabalho escravo, dotada de forte carga emotiva, para perseguir proprietários? Os protagonistas de tal ca mpan ha reconhecem a dificuldade ele convencer a op inião pública da ex istência cio TE, sobretudo nas cidades do interior, que conhecem mais de perto a situ ação cios trabalhadores ru ra is, e onde eles gozam de toda a liberdade de ir e vir.
* *
pres idente do Superior Tribunal de Justi ça (STJ), e por três ministros ele Estado, além de mag istrados, procuradores, auditores e fi sca is do trabalho. Ubiratan Cazetta, Procurador Regional da República no Pará, manifestou-se preocupado com a aversão da opini ão pública à questão; rec lamou que a população considera normal o trabalhador tornar água num ri ac ho; e, fato inu sitado, o trabalhador escravo " resgatado" volta, ato contínuo à sua libertação, para a mesma atividade ! E desabafa o Procurador: "Es-
tamos sendo derrotados. Não nas grandes cidades, mas em cidades como Re-
. denção. A sociedade aceita como normais o que nós class(ficamos com.o Trabalho Escravo". O fantasma ela escraviclão foi ressuscitaclo No di a l3 ele mai o ele 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea libertando todos os escravos no Brasil. Nesse di a ele grande festa, o parlamento cio Impéri o fo i inundado por uma chuva ele rosas. O embaixador norte-americano apanho u algumas, e di sse: "Quero guardar
estas flores, corno lernbrança dessa m.aravilha. No Brasil a extinção da escravidão foi comem.orada com. f lores, enquanto no meu país custou uma guerra civil com mais de um milhão de mortos". E m pl eno século XXI, ass istimos a uma cena inversa. O Brasil, através de um embaixador seu, fo i o prime iro e úni co país a reconhecer, em reuni ão ofic ial ela ONU, a ex istênc ia ele 'fonnas conternporâneas de escravidão". Uma vergonha anunc iada e proclamada no fórum internacional. Espanto geral. Nem os países africanos, que ainda têm a escrav idão lega li zada, fazem dela tal alarde. Muito menos a C hin a e os países comuni stas, que mantêm os trabalhadores do povo em reg ime fo rçado, reconhece m- no co mo esc rav idão . Coube ao gove rn o brasile iro fazer mai s essa propaganda negativa de si mesmo.
*
No fi nal do ano passado, realizou-se em Bras ília, no Auditório cio Superio r Tribunal ele Justiça, a ll Jornada de Debates sobre o Trabalho Escravo , cuj o objetiv o foi pressionar a Câmara cios Deputados para ap rovar a Proposta de E menda Constituciona l 438 que trata do ass unto, e ao mesmo tempo debater as resistências encontradas. Revestida de solenidade, a Jornada foi aberta pe lo mini stro Eclson Vicligal,
Nem a China (foto acima ) e outros países comunistas, que mantêm os trabalhadores do povo em regime forçado, reconhecem-no como escravidão.
FEVEREIRO 2005 -
-
ma indenização, ele te rra ou imóveis urbanos, assim "como de todo e qualquer bem de valor econômico", apreendidos em decorrê ncia ela exploração cio TE". Nas votações, houve até a presença ele artistas ele TV para pressionar os deputados. Devido a um acordo apressado ele líderes, no dia 11 ele agosto ele 2004 o Plenário ela Câmara aprovou em prime iro turno, po r 326 votos a IOe 8 abstenções, a e menda aglutinativa apresentada pelo deputado petista Tarcísio Zimmermann.
Mas, atinai , o que
é trabalho escrnvo? A expressão continu a indefinida na Proposta ele E me nda Constituciona l. E , pior, foi estendida para as áreas urbanas. De modo que qualquer trabalhador informal poderá servir ele pretexto para o confi sco ele imóvel rural ou urbano. De acordo com o projeto em tram itação, o proprietário e seus herdeiros não terão direito a qualquer inde ni zação. Por lrás ele uma causa nobre, como a luta contra a escravidão e a defesa ela li berdade e ela cligniclacle cio trabalhador rural , adivinham-se outras inte nções. A propósito, um esclarecido leitor ela " Folha ele S. Paulo" fez-se porta-voz ele uma desconfi ança que está no subconsciente ele inúmeros brasileiros: "Todos sabemos que o
O bispo D. Tomás Balduíno (à direita), presidente da CPT, realiza uma vasta campanha contra o agronegócio (foto acima}
A mídia internacional vem cleclicanclo grandes manchetes ao suposto TE no Brasil. Este noticiário é alimentado pela CPT e por diversas ONGs, e ameaça o comércio exte rno brasileiro. A reportagem Escravos do Aço, publicada em julho cio ano passado no "Observatório Social em Revista", traz o título: Carvão produzido corn
mão-de-obra escra va alirnenta indústria dos EUA, aponta ONG. Segundo Frei Xavier Plassat, coordenador ela Carnpanha de Combate ao Trabalho Escravo, ela Comissão Pastoral ela Terra (CPT), as siderúrgicas se esconde m atrás cio argumento ele que o responsável pela contratação cio trabalhador foi o clono ela carvoari a. Será que, ele fato, o fa ntas ma ela escravidão está rondando nossos campos? Será que o Brasil regrediu mais ele um século? Ou será que há manipul ação ele palavras e situações com fina liclacle escusa? Tal fin alidade seri a fazer aprovar uma lei socialocomuni sta?
"A pron ,ção " /'orça<la, desligada do sentir <la Nação A esquerda católica, representada pela CPT, MST, certas ONGs, Fórum Socia l Mundial ele Porto Alegre, setores influentes ela OIT e demais entidades que se apresentam como defe nsoras cios direitos humanos, elegeu o setor mais dinâmico ela economia brasileira - o agronegócio - como
CATO LICISMO
campo brasileiro sempre funcionou desse jeito: carência de instalações adequadas, trabalho temporário sem carteira assinada, etc. E ninguérn até agora via nisso nenhuma analogia corn trabalho escravo. Por que só agora isso fo i 'descoberto'? Ser6 porque o MST est6 muito desgastado e é preciso outro pretexto para as expropriações ?".2 obstácu lo principal a ser derrubado para alcançar sua meta socialista e igualitária. Na verdade, trata-se ele novo golpe contra a propriedade privada, e que ameaça efetivar-se através ele reforma ela Constituição, fund amentada numa noção ambígua ele trabalho escravo. Tal investida contra a propriedade particular está para ser ap rovada, mas isso não é ressa ltado nos meios ele comunicação ne m no burburinho elas votações cio Congresso. A Comi ssão Especial ela Câmara aprovou, e m 12 ele maio ele 2004, uma Proposta ele Emenda Constitucional (PEC 438/ O1) prevendo desapropriação sem nenhu-
Em nosso li vro, procuramos distinguir verdades, me ias-verdades, me ntira , exageros e generali zações que vêm sendo utili zados na campanha publicitária contra o dire ito ele propricclaclc e o agro negóc io, contribuindo assim para um debate sério sobre a legis lação trabalhista, sem demagogias ne m desvios ideo lógicos.
Prcj11dica11do o /Jmsil que dá certo O co me nta ri sta eco nô mi co Ca rl os Sarclenberg aponta a princ ipal preocupação cios produtores: " Hoj e, o MST con-
sidera que pode invadir qualquerfazen-
da, produtiva ou não, que não cumpra a .fitnção social da terra. [. .. ] O MST decretou que só cumpre função social a pequena prop riedade familiat: Todo o resto, especia/rnente a agropecu6ria de alta tecnologia e que exporta, é anti-social e deve ser abolida. Portanto, pode ser invadida ". 3 E ntre as cau sas prioritárias cio não-c umprime nto ela função soc ial, me ncionadas por Sarclenberg, estaria a exploração ele TE. O bi spo D . Tomás Balduíno, pres ide nte ela CPT, lidera uma vas ta campanh a contra o ag ron egóc io . Num palanque na capital cio País, em uma manifestação cio MST, com a presença cio pres ide nte Lul a, c hegou a classificar o trabalho escravo como uma elas quatro maldições cio Brasil , juntame nte co m o agronegócio, os transgênicos e o latifúndio. Os ag ro-reformi stas entende m que a grande vantagem ela aprovação ela PEC 438/0 1 seria so luc io na r a fa lta ele terras improdutivas para a R eforma Agrária. Os trab a lh ado res esc ravos pode riam se r plantados e m qu alque r reg ião e o programa ela Reforma Agrária não gastaria dinheiro com inde ni zação - puro confisco , portanto.
Tn1balho informal e trabalho cscnwu Nas re lações ele trabalho, seja e le urbano ou rural, ex iste m situações não previstas na legis lação, mas que não confi g uram necessari ame nte uma injustiça . No campo, por exemplo, a sazonalidade ex ige quase sempre mão-de-obra te mpo rári a. Assumidas as condições ele trabalho num comum aco rdo e ntre patrão e e mpregado, tai s s ituações não de ve riam levantar ce le uma ne m servir ele pretexto à luta ele c lasses. No máxi mo, dever-se- ia atuar para ev itar ab usos, sem pre possíveis - a li ás, ele ambas as partes - o nde que r que haja relações humanas. A CLT, elaborada e m 1943, nunca fo i adequ ada me nte atua li zada. Mas as relações ele trabalho, as co ndições de higiene e segura nça, ele saúde e ass istê ncia, passara m por transformações substanc iai s. Basta ressa ltar a introdução ele computadores, automóvei s, telefones, inte rnet, telev isão, máquinas agríco las ... E a CLT continu a a mesma. O e rro não estará na pró pri a leg is lação trabalhi sta? Não
será tal esclerosame nto a causa ele grande parte ela informalidade no traba lho, que na c idade c hega a quase 60%? O mes mo trabalho info rmal sempre e xistiu e e xi ste no campo. A CLT, e laborada para servir primordialme nte às relações do trabalho urbano, alé m de ul trapassada é inadequada ao campo, não levando e m conside ração dife re nças reg ion ais, como as ex istentes nas fronteiras agríco las, nos territórios indígenas, nas popul ações ribe irinhas da Amazôni a, e m zo nas de nsame nte povoadas ou e m fase ele desbravame nto. Nada di sso está prev isto na CLT. M as os ativi stas ele esque rda se aproveitam cios e rros e da inadequação ele nossa leg is lação ao me io ru ra l, para qualifi car ele TE o trabalho informal.
Golpe legislativo c011trn o (lil'Cito de JJl'O/Jl'.ie<la ,lc Eis o texto ela PEC 438, como fo i aprovado em primeira votação pelo Pl enári o da Câmara cios Deputados (enquanto escrevemos, falta ainda a 2ª. votação): Art. Jº - O art. 243 da Constitu ição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 243 - As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País o nde fore m localizadas culturas ilegais ele plantas psicotrópicas ou a exploração ele trabalho escravo serão expropriadas e destinada à reforma agrária e a programas de habitação popul ar, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prej uízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º . Parágrafo Ú nico - Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido e m decorrência do tráfico ilícito ele entorpecentes e drogas afins e da exp loração do trabalho escravo será confi scado e reve1terá a um fu ndo especial com a destinação específica, na fo rma da lei". Art. 2º - Esta E menda Constitucional entra e m vigor na data ele sua publicação. Sala ele ses ões, 1J de agosto de 2004.
Eis uma curiosa distinção: na cidade, o trabalho sem carteira assinada é de nominado de informal, mas no campo é trabalho escravo. Ou seja, a mesma realidade com duas designações . Qual a mais grave? A que detém maior carga emocional. O objetivo parece cl aro: instrumentalizar o problema trabalhi sta para ex propriar terras e soc ializar nossos campos. Ao faze r autuações para libertar trabalhadores suje itos a TE e lança r às feras os patrões escravocratas, o que os fi sca is do Mini sté rio cio Trabalho e Emprego fazem é apli car draconiana me nte ite ns ela CLT inadequados. Ana li sare mos a seguir a lg un s de les, apresentados pe lo Mini sté ri o do Trabalho, que caracte ri zari am o TE. 4
1 - Falta <la cal'tcÍl'a <lc trahallw assina<la A legislação trabalh ista , com seus altos e nca rgos, dificulta e onera a forma li zação ele e mprego. Gera lme nte, o trabalhador sem carte ira ass in ada é o que faz servi ços te mporá rios: servi ços ele pl antio e co lheita, desmatame nto, limpeza ele pastos. A leg is lação é compl exa, a contratação da mão-de-ob ra é terce iri zacla e o traba lhador não te m um vínculo permanente co m um fazende iro. É preciso, poi s, encontrar um meio viável par·a dar gar·anti a e proteção aos trabalhadores. Em diversos municípios, por inic iativa parti cular, estão sendo criados condomínios de produtores com tal objetivo. E ntretanto, a fa lta de cart eira assinada constitui um problema - ou , se se quiser, infração cometida lar·gamente - em todas as atividades econô micas, não só no campo. Mas, convenhamos, está muito longe de caracteri zar· um TE. Segundo pesquisas, os traba lh adores informais sem carteira assinada no Brasil j á ultrapassa m os 58% do total de trabalhadores. Ante tal c resc ime nto ela economia informal, os espec ialistas apo ntam para a necess idade de reformar a legislação trabalhi sta . Mas, se aprovada a Proposta de E me nda Constitucional 438/ OI , surgirá a pe rg unta: também serão expropri ados os ativos da indústria, do comércio? A clona-de-casa que não ass inar a carte ira de trabalho ele sua e mpregada pe rde rá sua casa o u seu apartame nto? A desproporção e ntre a infração e a pena é FEVEREIRO 2005
-
2 -Aliciamento em OIIUOS esta(IOS Em no ssas fronteiras agrícolas, a mão-de-o bra é se mpre prove ni e nte de loca is já ha bitados e desenvolvidos. Tal mi gração é indi spensável, tanto para o progresso do País quanto para o bem dos próprios traba lhadores, que ass im a mpli am suas o po rtunidades de trabalho e remun e ração . Trata-se de um consórcio entre as necess idades do patrão e do e mpregado, que acaba beneficiando o Pa ís. Sem isso, oBrasil nunca teri a se expandido a lé m da faixa lito râ nea. A a pli cação es trita das no rm as do Mini stéri o do Traba lho e E mprego te nde a imped ir a mi gração in terna, condena ndo assim a lg umas regiões à pobreza e ao desemprego por excesso de mãode-obra, e nqu a nto o utras permanecem oc iosas , ina proveitadas e improd utivas por fa lta dela . O interesse do País ex ige que a mi gração seja favo recida, de acordo com as peculiaridades regionais, e não e ngessada. Também existe o deslocamento e ntre estados e regiões, como entTe o nordeste e o su l. Foi ele que possibilitou grande parte do progresso industrial brasileiro, como bem o sabem muitos dos que hoje ocupam altos cargos no governo. Fato característico ocorreu e m Brasília, com um ô nibus vindo da Paraíba com destino a Rio Ve rde, GO, transportando 50 trabalhadores sem carte ira assinada. Inic ia lme nte eles tentaram fazerse passar por turistas, mas um deles, João Gomes da Silva, 73 a nos, resolveu relatar o seu drama : "Estou indo trabalhar
em uma fa zenda perto de Rio Verde e sei que vou encontrar um bom patrão. Nem ligo se não tiver Ca rteira de Trabalho assinada. Trabalho na roça já fa z mais de 50 anos e nunca assinei carteira. Lá na Paraíba não tem emprego para ninguém. Por isso, topo qualquer serviço na fa zenda. O que rn.e importa é que ern dezembro, quando voltar para casa, vou ter dinheiro para minha famíl ia que .fi cou para trás". 5 Os trabalhadores e m gera l gostam do patrão e consegue m juntar alg um dinhei -
-
CATOLICISMO
com o resgate de mais de mil trabalhadores: "Na avaliação de Oliveira, não se
nado. É previsível que ocorram ab usos condem1veis, como e m qu alque r atividade humana, mas a prática e m si não caracteriza escrav idão.
gritante, mas atende aos interesses dos agro-reformistas e é por e les habilme nte manipulada.
N ão se pode co nfundir o c rime de cárcere privado com c irc un stâ nc ias de regiões o u luga res de difícil acesso, que tornam impraticáveis os desloca me ntos periódicos. Há muni c ípi os no Pará que são maiores do que a lguns estados brasil e iros, co m estradas precárias o u inexistentes. E m decorrê nc ia das e normes di stânc ias, to rna-se prati camente impossíve l a um trabalhador voltar para sua casa toda semana. M as há que m considere escravo o traba lhador que esteja três meses numa e mpre itada, ou numa co lhe ita. Ev ide nte me nte, é um ab uso do term o escrav id ão.
ro pa ra le var de volta à família . E, que m sabe, depois trazem a fa míli a para um a reg ião ma is promi ssora. Muitíssimos começaram assim e depois progrediram, co mo bem o sabe o próprio presidente da Repúb lica.
3 - Não-pagamento <le salário Oll ser vi(/ão por (IÍVi(/as O não pagamento de sa lári o, ou a in venção de dívid as in ex iste ntes , é uma iniqiiidade c lass ificada pe lo Catec is mo como "pecado que brada aos céus e clama a Deus por vingança". E ntretanto, ta l injustiça não se pode confundir com uma prática co mum , que é o ad iantame nto para pagar o serviço que será prestado posteriormente. Isso sempre fez parte das re lações de trabalho. O mesmo acontece com os trabalhado res rurai s. Ele. , muitas vezes, e ncontram-se numa situação precária e m sua região, e precisam deixar o a lime nto para suas fa míli as . Os agenc iado res , chamados pejorativamente de gatos, ad ianta m o dinhe iro para as compras de mantimen tos para a famí li a . R eso lve-se as s im aq ue le problema momentâneo, que, a li ás, o Poder Público não tem condi ções de resolver. Como compensação, ex igese o pagamento co m o trabalho combi -
Condições precárias que são as mesmas <la região Os promotores da campanha contra o pretenso TE recon hecem que o "ingredienle principal [da escrav idão] é a coer-
ção.f{sica e moral que cerceia a livre opção e li vre ação do Jrabalh.ador".9 No entanto, bas ta e xi stire m condições precárias no campo, para já enxov a lhare m o fazendeiro como escravocrata. A rea lidade e os costumes do município não e ntram na cons ideração dos fiscais. O senado r João Ribeiro (PFL-TO), q ue foi denunciado "por sujei/ar 38 tra-
"l!i'scravos" r ei11ci<le11tes, com smula<les <lo patrão O conceito de escrav idão, para os fi scais do traba lho, parece ser bem diverso do pensamento dos trabalhadores. "O que mais surpreende os técnicos do Mi-
balhadores rurais a condições sernelhanles à de escravidão", mostrou que as condições de hi giene encontradas nos alojamentos de sua fa zenda não são diferentes da realidade do município de Piçarra (PA) , o nde está locali zada: "Dos 2.846
nistério do Trabalho é que nem todos os trabalhadores querem voltar para casa. Depois de receberem o dinheiro, muitos deles pedem para voltar à fa zenda".6 Até mesmo o gato, .que seria para os
domicílios particulares, segundo a defesa do senador, apenas um possui banheiro ou sanitário com esgotamento. Em 1.606 há banheiro ou sanitário, porém sem. esgotamento. E em 1.239 não f oram encontrados sanitários ou banheiros. Ele acrescenta que a rede geral de abastecimento de ág ua atende apenas 14 domicílios particulares e só 55 recebem coleta de lixo". 10 O senado r confirma que "a casa em que estavam os agricultores era um rancho mesmo de palha, como é a prática da região, mas tem bomba de água, com motor de luz, antena parabólica e até televisão". 11
fiscais um traficante de escravos, goza de o utra reputação perante os trabalhadores . U ma reportagem da "Folha de S. Paulo" info rm a que os trabalhadores por vezes recompensam o gato, dividindo com e le o va lor das rescisões: " O Mi-
nistério do Trabalho retirou 41 traba lhadores de uma fa zenda em São Félix do Araguaia (MT), no ano passado, que haviam sido aliciados pelo 'gato' Eclivaldo Brandão Araújo em uma pensão em. Espigão do Leste (MT). Os peões dividirarn. o dinheiro das rescisões trabalhistas com o 'gato ', que eh.orou emocionado diante dos jiscais.7 A mesma reportagem sensaciona lista da " Fo lha de S. Paulo" sobre o TE conté m declarações do prefe ito Ozie l Oliveira (PP), do município de L ui z Ed uardo Maga lhães (BA) . Nessa região, oeste da Bahi a, ocorreram as operações de fiscalização de ma io r vulto e m 2003,
contrari a "a leg itimidade do direi-
to de propriedade, segundo a doutrina da Igreja. O hom.em tem direito absoluto sobre o que resulta de sua atividade, e, pois, sobre o que ganhar, econorn.izar e acurnula1: Neste sentido - disse-o de modo muito expressivo Leão Xlll - o capital não é 'senão salário transformado'. O trabalho, no entanto, não é a única fonte de propriedade. O homem tem igualmente o direito de se apropriar dos bens móveis ou imóveis que não têm dono. [. .. ]
poderiafalar em trabalho escravo na região. 'Os trabalhadores poden,. sair na hora que quiserem, até porque não há cerca nas fa zendas'. Ele diz que a divulgação dada às autuações do Minisl ério do Traba lho prejudicou a região - que tem 3 milhões de hectares de cerrado passíveis de uso para planlio - e que mui los investidores leriam perdido o interesse. 8
4 - Jmpc<limc11to <lo direito <le il' e vÍI'
João Gomes do Silvo : "Estou indo trabalhar em uma fazenda perto de Rio Verde e sei que vou encontrar um bom patrão."
ra -
São Pio X: "Os patrões têm obrigação de pagar o justo so/ório aos operórios"
)idade ig ualitári a, contrária por princípio à exi stência de patrão e trabalhador assa lariado. Em vista de sua im portância, ap rofundemos a questão. Os ag ro-reformistas mais radicais con sideram o reg ime do sa lariado, em si mesmo, inju sto e contra a di g nidade humana. " O normal é que o hornem, por
sua natureza li vre e igual a lodos os outros homens, não tenha patrões e se beneficie de todo o fi'uto de seu labo1: Vi ver de salário, na dependência de ou trem, é aviltanle ". Esse pensame nto e xpli ca o Prof. Plinio Corrêa de Olive i-
"Os com uni stas e socia li stas cons ideram injusto que o e mpregado não fique co m todo o fruto do seu trabalho, isto é, co m toda a colhe ita . Na lógica de seu sistema, que nega a propriedade, têm razão. Mas corno a propriedade privada é de si legítima, cai por terra tudo q ua nto concl uem com base na injustiça desta. O regime do sa lariado é, pois, justo em si. O fato de ser e ·se regime justo em tese não signifi ca que não possa haver injustiças concretas e m sua ap licação.
"Por isto que todo homem tem direito de conslituirfamí/ia e de mantê-la corn seu trabalho, o salário, além de ser proporcional a este, deve ser suficiente para tanlo. É o salário fami liar e mínimo definido por Pio XI". n Daí resulta m dire itos e deveres de patrões e empregados. Resumindo o pe nsa mento soci a l de Leão XIJI, São Pio X formulou a lg umas proposições e m seu
Lcgitimi<ladc do trabalho assalal'iado
6 F
A perseguição ao agronegócio - da qu a l o combate cego ao c ha mado TE é um dos te ntác ulos mais a meaçado res 12 se fund am e nta espec ia lme nte na me nta-
FEVEREIRO 2005 -
-
O representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura , (3° da direita para esquerda) lvaneck Alves, esbravejou contra os produtores rurais : "Quem é escravocrata tem que ser tratado como tal"
Motu Proprio sobre a Ação Popular Católica. D e las destacamos as seguintes: "O proletário e o operário têm as se-
guintes obrigações de justiça: fornecer por inteiro e.fielmente todo trabalho contratado livrernente e segundo a eqüida de; não lesa r os bens nem of ender as pessoas dos patrões; abster-se de a.tos violentos na defesa dos seus di reitos e não transformar as reivindicações em motins. Os capitalistas e os patrões têm as seguintes obrigações de justiça: pagar o justo salário aos operários; não causar prejuízos às suas justas economias, nem por violências, nem por .fi·audes, nem por usuras evidentes ou dissimuladas; dar-lhes liberdade de cumprir os deveres religiosos; não os expor às seduções corruptoras e aos perigos de escândctlo; não os desviar do espírito de família e do amor da economia.; não lhes impor trabalhos desproporcionados às suas forças ou pouco convenientes para a ida.de ou para o sexo". 14 Bem diferente da posição equilib rada da Igreja di ante das re lações entre pa. trões e e mpregados, é a motivação revoluc io ná ria da ofens iva contra o suposto TE, baseada num exacerbado ódio ao reg ime de salariado. Tal ódio o rigina-se no conce ito marxista de que todo assa laria-
CATO LICISMO
· do seria um escravo, porque lhe é roubada uma parte do fruto de seu trabalho, chamada de plus va.lia. 15 Vemos, portanto , co mo o conce ito marxista do trabalho assa lari ado, amplamente difundido na esquerda católica, e m me ios unive rsitá rios e gove rna menta is, serve de base ideológica para denun cia r qualquer infração trabalhi sta como constituindo um od ioso TE.
A situação i<leal é a harmo11ia ele classes A Igrej a sempre ensino u q ue as obri gações e responsabilidades dos patrões são muito graves. O Catecismo da Igreja Católica estabe lece a necess idade do pagamento do sa lário justo. Não pagar os sa lá ri os do s e mpregado s constitui
"peca.do que brada aos céus e clam.a a Deus por vinga.nça". 16 Não se lrala, portanto, de co mbater o patrão, mas de corrigir o m a u patrão, le mbrá-lo de suas obrigações e responsabilidades, estimulá- lo à prática da justiça e da caridade. Da harmoni a e da troca de legítimos inte resses e ntre patrão e e mp regado surgem o desenvolvime nto e o prog resso. As irregul aridades nas re lações de trabalho deve m ser corrigidas por uma le i trabalhi sta justa. N ão pe la expropri ação da terra .
De modo geral, a realidade cio campo brasileiro tem demonstrado essa harmo nia. Apesar da pregação re voluc ionária que inc ita os trabalhadores contra os proprietários rurai s, obstinadamente inculcada pela CPT, MST e queja ndos, os invasores de terra normalmente vêm de outras regiões, pois os e mpregados tomam o partido cio patrão. Isso pode ser comprov ado no notici ,"írio de norte a sul do País. Os invasores não são recebidos co mo libertadores. Pelo contrári o, são vistos co mo intrusos, baderneiros e aproveitadores, pouco afeitos ao trabalho. A mídi a, muitas vezes, procura desmerecer essa defesa que os a utê nticos trabalhado res rurai s fa zem de seu patrão, chamando-os pejorativame nte de jagunços. É prec iso deixar bem claro que, tanto quanto é possíve l au sc ulta r, o faze ndeiro e tod a a soc iedade brasil e ira são contrários ao TE, que causa mesmo repug nânc ia. Um fa zende iro e m Tocantins c hegou ao extremo cio suicídi o, ao ser tachado de escravocrata . N ão consegui a entender uma tal desonra. É muito fác il , ele dentro dos gabinetes com ar cond ic ionado e m Bras íli a, atacar os que se opõem à Proposta de Emenda Constitucional 438 , como sendo defensores do TE. Freq üe nte me nte os ac usadores são pessoas que nunca gerara m um emprego, nunca corre ram o ri sco de um empreendime nto, de ve ncer as inte mpéries, as doe nças e adve rsidades c limáticas. Ao co ntrário do que apregoam, de fato e les não lutam pelos trabalhadores. Tanto ass im que o maior prej udi cado por essa campanha é o pró prio trabalhador, que perde rá a oportunidade de e mprego. Se essa ca mpanh a visasse o be m-esta r cio traba lhador, e la procurari a, isto sim , reformar nossa ultrapassada leg is lação trabalhi sta, ele modo a faci litar a a be rtu ra ele ma ior número ele e mpregos .
Tramitação apressada e se11saci01wlista Todos se que ixam do c usto-Bras il , tod os se quei xa m ela moros idade ele nossa Ju stiça, todos sabe m que o País se e nco ntra praticame nte imob ili zado pelo c ipoal de le is impensadas , a lé m de agravadas por uma Constituição que se di z c idadã, mas ang ustia go ve rnantes e governados. Precisamos ele c lareza de lin-
g uagem, ele termos que definam as situações, e não que as embaralhe m e confund a m, pois os demagogos e oportunistas preferem pesc ar se mpre em águas turvas. Infelizme nte, não foge a essa prática vicio sa a tramitação el a Propos ta de Emenda à Constituição nº 438 . Recordemos que e la só foi incluída na pauta ela convocação extraordin ária do Cong resso e m feve reiro ele 2004, após o assass inato ele três fiscai s cio trabalho e el e um motori sta e m Unaí (MG). Fato seg uido ele gra nde zoeira publicitária, própria a açular emoções e criar um clima se nsac ion a li sta, e assim pressionar a aprovação de qualquer projeto sobre o ass unto , se m anali sa r as s uas conseqüências. N o me io do recesso parlamentar, a PEC foi incluída na pauta ela convocação e xtraordinária do Cong resso, e na mesma se ma na a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou a sua admi ssibilidade, sem nenhum debate sobre as suas várias inconstitucio nalidades. Acresce qu e, no mesmo di a, o preside nte ela Câmara instalou com issão espec ial co m o prazo ele 40 sessões para votar a matéri a a ntes ele seguir para o Plenário. Surg iram a lg umas reações cl a rivi-
de ntes. Em contunde nte discurso, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) advertiu: "Não vamos resolver os proble-
1nas do campo e do desemprego arnea.çando produtores e fa zendeiros com o confisco de terras no caso das muitas e controversas versões de 'trabalho escravo '". N o mes mo sentido pronunciou-se o deputado Lael Vare lla (PFL-MG): "Um novo golpe contra a propriedade privada. paira sobre nossas cabeças, e acontecerá através de um.a reforma à Cons tituição com a utilização de expressão ambígua: 'traba lho escravo"'. Mas a maioria não quis di sc utir arg ume ntos tão cogentes . Tudo parec ia previamente decidido.
fl1(/eli11ição ou generalização inaceitável
pelo Incra, passa à categoria ele improdutiva. Isto constitui propriamente uma pirueta verbal, vi sa ndo to rnar mais aceitável, pelo público não-es pecia li zado, a desapropriação ele terra de um legítimo proprietário. Ocorre o mesmo com trabalho escravo. A exp ressão ve m acom pa nhada ele forte ca rga emoc io nal. Não haverá ne la també m uma pirueta para confundir as mentes desavisadas? Aplica-se aqui o refrão do Direito Penal: A quem aproveita [tal pirue ta] ? Para o Ministé ri o Público cio Trabalho, "considerar-se-á trabalho escravo
ou forçado toda a modalidade de exploração do trabalhador em que este esteja impedido, moral, psicológica e/ou .fisi-
A fim ele mostrar como se pode manipular um vocábulo e colocá- lo a servi ço el e um a bandeira, anali se mos um exempl o. O uso cio termo improdutivo é ap l ic aclo à propriedade rura l qu e não atin ge os altos índices ele produtividade impostos pe lo Incra. O co mum elas pessoas, no enta nto, ao o uvir fa lar e m terra improdutiva, imag ina tratar-se de terra qu e nada produz. Ledo enga no. E la pode até estar produzindo muito bem , m as co mo não a lca nça os índices arbitrados
Centros nacionais Belo Horizonte - 580
Outros pólos J. Pinheiro - 202
Brasllia - 165
Paracatu - 101
- - - - -P.-de--Minas - 330
Goiânia - 383
UNAI
O maior PIB Agncola de Minas produz:
Rio de Janeiro - 1200
Pirapora - 411
São Paulo - 1350
Uberaba - 592
Em Krns
Uberlândia - 497
Feiioo . 1~ Produtor do Brasil Lei te . 3~ Produror do Brasil
!Ilho Iº Produ or de Minas Reban e bovino •22 Maior de Minas e fe do e rr ado J Qualidade o I e AJ od o l superior e gua t ra todo com. a qualidade .
E
FEVEREIRO 2005 -
-
camente, de abandonar o se''rviço, no momento e pelas razões que entender apropriadas, a despeito de haver inicialmente ajustado livremente a prestação dos serviços". 17 Para a OIT, a definição incide apenas sobre a expressão trabalho forçado:
"Para .fins desta Convenção, a expressão 'trabalho forçado ou ob rigatório' compreenderá todo o trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido espontaneamente". 18 A questão· trabalhista /JJ'eju<licamlo a produção O colLinista Ari Cunha, do "Correio Brazi liense", levanta a questão traba lhi sta: "Só em Unaí há pelo menos 20 mil
'bóias-frias ', que são deslocados para asfazendas, conforme o trabalho que vá surgindo. Fica difícil para o fa zendeiro, com estrutura precária, registrar em carteira de trabalho esse povo pelo espaço de um ou dois dias. Ninguém quer assumir a mudança, mas deve haver outro meio de controle em benefício dos trabalhadores, ma/falados e sem assistência previdenciária. Conversando com fa zendeiros, sent i que reclamam das exigências do governo e da petulância dos .fitncionáriosfiscalizadores. É preciso mudar a leg islação. Isso poderá serfeito de vários modos, mas os 'gatos' não devem .ficar de fora. Eles são os precursores das mudanças e poderão criar pequenas empresas para registrar os trabalhadores nô mades, que o go verno não quer aceitar, mas são a realidade plausível. As cooperativas poderiam ser alternativa secundária, mas o que precisa mesmo é alterar a legislação". 19 É mais um depoimento apontando a necessidade de uma reforma nas leis trabalhistas, que venha atender às múltiplas atividades econônúcas, sobretudo às do campo, com suas peculiaridades. Leis que facilitem a geração de empregos e a legalização de núlhões de trabalhadores informais. Caso a PEC ve nha a ser aprovada, o Brasil inteiro perderá com mai s este golpe desferido contra a propriedade, e ganhará ma is uma fonte de conflitos no meio rural. A CPT e o MST não desejam outra coisa !
CATOLIC ISMO
Reforma Agrária: autê11tica escrnvi<lão ao Estado Além da injustiça contrn os proprietários rurai s, a solução da PEC para os s upo stos trabalhadores escravos não pode ria ser pior: assenta me ntos de R eforma Agrária. Conforme pude constatar e publicar no livro Reforma Agrária: o mito e a realidade ,2° os assentame ntos são verdadeiras fave las ru rais. Co m exceção dos o portuni stas, que se utili zam das verbas do Incra e da venda dos lotes para fazer negócio, os o utros só conseg ue m transferir a miséria da cidade para o campo. Como disse ace rtadamente o professor Aércio C unha, é uma verdadeira c rueldade, e também uma discriminação co ntra a agric ul tura, colocar esses pobres trabalhadores ou desempregados nos assentamentos. A presidente do S in dicato dos Trabalhadores Rurais de Rosana e assentada na Gleba XV, Pontal do Paranapanema (SP), Raque l Malan z uch, expõe a · dramática s ituação de prisioneiros em que se encontra m: "O desejo dos assen-
Ante de núncia tão séria, caberia ao Mini sté rio do Trabalho fazer uma investi gação de ntro dos asse ntame nto s de Reforma Agrária. E também uma revisão da leg is lação ag rária que permite, nesse caso sim , um estado de escravidão.
Uma anna<lillla c011tra o agroncgócio "Comerás o pão com o suor do teu rosto", diz a Sagrada Escritura. A conquista do pão, por mais penosa que seja, tem a sua di gnidade e compõe a existência da
encanada e de saneamento básico, nas favelas, é desleixo do Estado. A água abundante e tranqüila do riacho, no campo, virou sinal de escravidão. Diante desse quadro, não podemos deixar de fazer algumas perguntas: Por que tanta insistência no TE? Por que vinculá- lo ao agronegócio? Por que a expropriação sem indenização? Não será uma temeridade colocar em nossa Constituição um instmmento draconiano da expropriação para um crime indefinido e sujeito a generalizações? A Constituição não deveria proteger os
propriação pura e simples de suas terras. Depois virão os trabalhadores, com ad iminuição dos empregos. E, po r fim, a população, com a diminuição da oferta de alime ntos e conseqüente aumento de seus preços. F igw-emos a cena: instala-se o terror contra o produtor rural tachado de escravocrata; os fi scais, com o aparato de guerra da Polícia Federal, intimidam empregados e empregadores; a mídia se encarrega do estrondo publicitário; a CPT, o MST e ONGs fazem manifestações espon-
E-mail do autor: nelsonbaretto @catolicismo.com.br
Notas:
tados é serem libertados, poderern entrar no banco, fa zerem um financiam ento, sentirem-se responsáveis pelo que .fázem. Para que isso se realize, precisamos do título definitivo dessas terras. lnf elizmente ninguém ainda tem. Estamos sendo encabrestados pelo DAF (Departamento de Assuntos Fundiários). Só podemos fa zer o que eles querem". Na Bahia, encontramos um antigo inv aso r de te rra, Maurício Alves de Miranda, 45 a nos, ex-vereador e Secretário da A g ricultura do município de Ponto Novo . Falava revoltado contra o regime de escrav id ão nos assentamentos: "No meu conce ito, Ref orma
Agrária é para melhorar o padrão de vida do hom em do campo, dar a ele condi ção de sobrevivência, e não de esc ravidão! Vo cê vive submisso às regras da Reforma Agrária! Vim de ltabuna para cá junto com o projeto de Refo rma Agrária, desde 82, como in vasor. Eu esto u há dez anos numa área de assentamento, não tenho um título, não tenho um documento qualquer que prove, que eu possa ir a um banco tentar desen volver um proj eto individual para mim. O Incra não cumpriu isso com todos os parceleiros deste proj eto".
a eventual aprovação de tal projeto não pode dar-se numa Câmara desligada do senti r da Nação, e é salutar que ela e ncontre uma oposição lúcida e füme da parte dos brasileiros. Conjugando o esforço bem o rie ntado e dec idido das lideranças nacionais, tudo ainda se poderá esperar. Unamo-nos, portanto, de ntro da lega lid ade, com o objetivo de afastar do Brasil mais esta ameaça. Q ue Nossa Senho ra Aparecida, Rainha e Padroeira do B ras il , proteja a Nação e nos oriente na luta contra essa injustiça, ev itando um desastre para nossa Pátria. •
maior parte dos homens. O trabalho penoso e precário não se confunde com o TE. E nem as condições do trabalho rural com as do trabalho urbano. O verdadeiro problema está na legislação trabalhista e na interpretação equivocada que de la se faz, quando aplicada aos trabalhos no campo. Utilizam-se normas urbanas para as condições ru rais, e não há interesse real em corrig ir tal distorção nem e m qualificar melhor o trabal hador. O trabalhador sem carteira assinada realiza, na cidade, trabalho informal. No campo, a denominação passou a ser trabalhador escravo. Os barracos e cmtiços, na cidade, são favelas. As choupanas, no campo, são agora senzalas. A falta de água
cidadãos da o nipotência do Estado? Um Estado todo-poderoso, que impõe cerca de 40% de tributos aos seus cidadãos, não está reduzindo os brasileiros à condição de escravos? Pois isso sign ifica trabalhar quase metade do tempo para o Estado. E certamente é esta, aliás, uma das razões que impedem muitos patrões de legalizar inteiramente seus funcionários. A se falar em senzalas, haveria uma escravidão anteri.or e mais alta (imposta pelo Estado) que acabaria sendo cu lpada da posterior e mai s baixa. Toda essa zoeira publicitária é articulada pa ra se criar uma falsa solução para um proble ma inexistente. Uma ci lada está montada contra o agronegócio . Os primeiros atingidos serão os proprietários, com a ex-
tâneas; se o juiz negar a expropriação, será tach ado ig ua lme nte de escra vocrata e ami go dos poderosos. Alguém poderá dizer que estamos exagerando. Mas essa j á não é a realidade brasileira? Não é a isso que assistimos com as invasões de propriedade, crimes de esbulho rotulados de ocupações promovidas por legítimos movimentos sociais? Se na Câmara os deputados sentem-se intimidados em votar contra a PEC, para não serem tachados de amigos dos escravocratas, não é difícil supor que o mesmo ocorrerá com os juízes. Constituirá um desastre legal e social para o Brasil a aprovação desse Projeto de E menda Constitucional. A discussão e
-
1. O li vro fa z parte da coleção Em def esa do Agronegócio, uma campanha promovida pe la Associação dos Fundadores da TFP - Tradição, Família e Propriedade. O prime iro traba lho publicado, Pastoral da Terra e MST incendeic11n o País, é de autoria cio advogado Gregorio Vi vanco Lopes (Editora Cru z de Cri sto, SP, 2004). 2. "Folha de S. Pa ul o", 2 1-07-04. 3. "O Estado de S. Pau lo", 14-06-04 4. C fr. "Correio Braziliense", 1-02-04. 5. "Correio Braziliense", 19-09-03. 6. "Correio Braziliense", 14- 12-03. 7. "Fo lha de S. Pau lo", 18-07-04. 8. "Fo lha ele S. Pau lo", 18-07-04. 9. Héli o de Souza Rod ri gues Jún ior, Nome ao.1· bois, in " Rev ista Consultor Jurídico", 14-4-04. 1O. "Agência Carta Ma ior", 19-06-04. 11. "Correio Braziliense", 18-07-04 . 12. Outros tentácul os do polvo que ameaça o agronegócio são, por exemplo, as invasões cio MST, uma legislação am bi ental absurda, as pressões descabidas da CJYT e congêneres, a demarcação indiscrim inada de reservas indígenas. 13. Plínio Corrêa ele O li veira e outros, Reforma Agrdria - Questão de Consciência, Editora Vera Cru z, S P, 1962, pp. 95-96. 14. São Pio X, Motu Proprio sobre a Ação Catól ica, 18- 12- 1903 - Editora Vozes, Petrópoli s, p. 22. 15. A diferença entre o va lor daqui lo que o traba lhador produz e o que ele recebe é a plus valia (maisvali a), que va i para as mãos cio capitali sta. É o lu cro , seg undo a doutrin a marx ista ( http :// www . dji.com.br/cli c ion a rio/ materia li smo hi storico.htm) 16. Catecismo da f ,reja Cc11ólica, P.28.21.1 (http:// catec is 1110-az. tr i pod . co 111 / con te u d o/a-z/p/ pecaclo. html ). 17. Rodolfo Tavares, audi ência pública, 24-3. 18. Convenção nº 29 da Organização In ternacional do Trabalho - OlT, art. 2º . 19. "Co1-reio Brazil iense", 12-02-04. 20. Artpress, SP, 2003. Livro que é fruto de am pla pesquisa ele campo que li z juntamente com Paulo Henrique Chaves, percorrendo assentamentos de Reforma Agrári a ele norte a sul do Brasi 1.
FEVEREIRO 2005 -
Santa Margarida de Cortona: . • ~ • exemplo de contnçao e pen1tenc1a A
•
Abeleza do arrependi1nento e da penitência pode ser admirada nessa santa 1nedieval que, após vida pecaminosa, converteu-se, tornando-se taumaturga e grande mística ~ 1 PUNIO M ARIA SOLIMEO
arga rida nasceu na cidade de Lav ia no, di ocese el e Chiusi, na Toscana, em meados o século X III. De sua prime ira infânc ia, nada se sabe a não ser que perdeu a mãe qu ando tinha sete ou oito anos de idade. Como aco ntece com certa freqiiência, a madras ta que veio preenche r o luga r ele sua progeni to ra, do is anos depois ele sua morte, começou a tratála mal, encontrando defeito em tudo o que e la fazia. O ra, M argarida tinha um coração terno e uma natureza ardente. E não encontra ndo em casa o afeto de que necess itava, fo i proc urá-lo fora .
M
Máscara mortuária da Santa
~
CATOLICI SM O
Torno u-se uma fo rmosa ado lescente, cheia de graças e encantos. Isso constituiu sua desgraça. Q uando contava 15 anos, o filho do senhor de Mo ntepul ciano de la se enamoro u e convenceu-a a ir viver com e le pecamin osame nte, pro metendo- lh e qu e f uturamente haveri am de se casar.
Remorsos <le co11sciê11eia ahala<los E m meio ao lu xo, às fes tas, aos passeios, Margarida reprimi a sua consciência, que de te mpos em tempos, como um aguilhão, a torturava. M ais tarde e la d irá: "Em Montepulciano perdi a honra, a dign idade, a paz; perdi tudo, rnenos afé". E era essa fé que a fl orava
e a fa zia sonh ar com outra vida muito diferente da que então levava. Algumas vezes, por exemplo, ve ndo certos lugares recolhidos, comentava : "Como seria bom rezar aqui! Que luga r próprio para se levar uma vida penitente e solitária ". Mas novas j ó ias, novas fes tas, no vas prom essas abafav a m esses bo ns movi mentos de seu coração. Certa vez e m que algumas damas e log iavam sua be leza, ela respondeu profe tica mente: "Não f açam caso disso. Chegará o dia em que vocês ,ne trata rão corno santa e irão, com o bordão na mão, visitar meu tú,nulo". A ss im , M a rga rid a viv e u nove anos nessa uni ão ilícita , contrári a à Lei de Deus, quando sobreve io um acontecimento dramáti co que deveri a mu dar sua vida.
No la,• patemo, l'Cjeitacla pela ma<lrnsta Depois do enterro do infe liz jovem, Margarida vendeu t11do o que tinha, distribuiu entre os pobres e, vestida muito simplesmente de preto, retornou à casa cio pai, pedindo perdão e abrigo: O pai
Visão ltmér ea e graça ela COJJVCl'São Ce rto di a se u co nc ubin o não voltou para casa, e nem no di a seguinte. Aflita, M arga rida viu chegar apenas a cadelinha dele, que, ganindo tri ste mente, Margarida de Cortona em êxtase a pu xava pe lo vestido, indi can- (fgre;a de São Francisco, Pueb/a, México) do- lhe que a seguisse. M argarid a, ansiosa, seguiu o anim a l até um comoveu-se, mas a seu lado estava a madrasta, que imediatamente exclamou: bosque nas imedi ações, o nde e nco n"Ou ela 0 1,1 eu!". A porta da casa patertrou um a mo ntoado el e ga lh os que o anim alzinho esfo rçava-se para levanna fo i-lhe então cruelmente fechada. ta r. Tirand o os ga lh os de c ima, deDesolada e sem saber o que faze r, parou com o cadáve r de seu conc usem recursos e sem residência, no auge bino apunh a lado, e nv o lto e m sa nda provação, Margarida sentou-se num gue, e que j á co meçava a da r os pri tronco à beira do caminho. O demônio me iro s s in a is de putrefação. Ante Jogo entrou em cena, tentando-a: "Você essa sini stra vi são, e la de u um gri to tem somente 26 anos e está no auge de e ca iu des ma iada. sua f ormosura. Muitos outros pretenFoi o go lpe de mi sericórdia da Prodentes surgirão. Vam.os, erga a cabeça e recomece de novo a vil/a de fa usto e vidê nc ia. Apenas vo lta ndo a s i, Marde alegria! ". "Não.1 - exc lamou Margarida pensou sobre o destino eterno daquele de que m fo ra cúmplice no pegarida, resoluta. Já ofendi ,nuito a Nosso Senhor; que verteu seu sangue inocado. Encheu-se de ta l horror de sua cente por mim. Mais vale a pena menex istê ncia pecaminosa, que, naque le diga r o pão que voltar ao pecado". mo me nto, fez o propós ito de mudar inte ira mente de vida. Nesse momento outrn voz, a da graça,
se fez ouvir: "Em. Cortona os.filhos de São Francisco compadecer-se-ão de ti e dir-te-ão o que fa zer". Nessa época Cortona era uma república, com admini stração autônoma. Era próspera e tinha vida reli giosa intensa. A pobre Margarida, sem conhecer ninguém, procurou o convento dos frades franciscanos. Duas damas locai s, Marinaria e Romeria Boscari , a encontraram e ficaram comovidas ao ver sua profunda tristeza e o sofrimento que se exprimi a em seu rosto. Com bondade, perguntaram-lhe se precisava de algo. Margarida abriulhes a alma, contou seus pecados e sua inspiração de procurar os franc iscanos da cidade. As duas nobres senhoras o fereceram-lhe abrigo em sua casa, e elas mesmas a apresentaram a Frei Bevegnati , varão venerável por sua virtude, que depo is viria a escrever a hi stóri a de M argarida. Esta, entre lágrimas e suspiros, fez uma confissão geral tão minuc iosa, que durou oito dias. Pediu depois admi s, ão na Ordem Terceira franciscana, ta mbém chamada da Penitência.
Raclicali<la<lc na penitência obtém o pel'llão divino Preocupada em evitar uma recaída no pecado, Margarida cortou a form osa cabele ira, que tanto orgulho lhe causara, expôs o ros to ao sol para perder seu fresem·, e examinava como reparar seu escândalo. Passou a dormir no solo e a aiimentar-se apenas de ervas. Ce1to domingo apareceu ela em Laviano na hora da Missa mais freqüentada, com uma corda ao pescoço, e ali , em altas vozes, pediu perdão a seus concidadãos pelo mau exemplo que lhes dera. Outra vez, em Cortona, Margarida fez-se arrastar com uma corda ao pescoço pe las ruas da cidade, enquanto uma mulher gritava: "Eis esta Mwgarida, que perdeu tantas almas; eis esta pecadora, que profanou tanto nossa cidade". 1 No intuito de se humilhar, muito mais
FEV EREIRO 2005 -
-
pelas ruas de Cortona gritando: "Cortonenses, fa zei penitência e reconciliai-vos com vossos inimigos". Nosso Senhor afi rmou lhe nessa ocasião: "Cortona merecia ser castigada, mas, pelo amor que te tem, Eu a perdoa rei ". 5 O DivinoSalvaclortambém fez- lhe o segu inte elogio: "Tu és a terceira luz dada à Ordem de meu bem-amado Francisco. Ele.foi a primeira, entre os Frades Menores; Clara foi a segunda, entre as monjas; tu és a terceira, na Ordem da penitência. 6 Altar com o corpo incorrupto da Santa no seu Santuário em Cortona
Col'pO ÍllCOJ'mpto por mais <le 700 a110s
coisas teria feito, se a obediência lhe tivesse permitido. Margarida passava horas e horas de joelhos diante do Crucifixo, chorando por seus pecados. Seu arrependimento foi tão profundo e sincero; que um dia o Crucificado disse-lhe: "Teus pecados te são perdoados". Outra vez, quando em prantos meditava na Paixão de Nosso Senhor, Este perguntou-lhe: "Que queres, rninha pobre pecadora ?". E Margarida, num transpo1te de amor, respondeu: "Senhor Jesus, não quero senão a Vós, e não procuro senão a Vós ".2
Com esmolas recebidas Mai·gai·ida fundou o Hospital de Santa Maria da Misericórdia, pai·a cuidai· dos pobres da cidade, a cai·go ele suas irmãs da Ordem Terceira Franciscana reunidas em uma Congregação por ela funclacla, a elas Poverel/e. Muitos milagres, que o limite deste artigo não permite transcrever, foram operados por intercessão da penitente ele Co1tona, fa lecida aos 48 anos, no dia 22 ele fevereiro -de 1297. Seu corpo, transco,,-idos mais de 700 anos de sua moite, continua incorrupto. Ele pode ser visto num relicário de cristal, exposto na Basílica dedicada à sua honra, em Co,tona. 7 •
sença da população de Cortona, que havia vindo para presenciar Ião extraordinário fato. Tinha os braços em cruz, e as contrações de seu rosto refletiam a violência de suas emoções. À mesma hora em que expirou a vítima do Calvário, inclinou a cabeça e pareceu também que ela expirava. Os que estavam presentes não cessavam de soluçar''.3 Outra vez, acabrun hada pelo peso das tentações, gemia aos pés do Crucifixo. Disse-lhe Nosso Senhor: "Tem ânimo, minha filha, por mais violentos que sejam os e~forços do demônio, pois Eu estou contigo no comPal'ticipação 1,a Paixão bate, e sempre sairás vitoriosa. Sê.fiel do Divi110 RedelllOI' a todos os conselhos do teu diretor; Em pouco tempo Margarida pasco11fia cada dia mais e mais em misou a ser visitada por elevadas graças nha bondade, desconfia de ti mesma, místicas. Narra seu confessor e bióe com o socorro de minha graça trigrafo: "Pediu-me que não me ausenunfarás do inimigo". 4 tasse do convento, porque Deus lhe De vários lugares, desde Roma até preparava algo extraordinário. Dea Espanha, vinham pessoas ver a que pois da Missa conventual, ela foi arse tornou "a taumaturgo de Cortorebatada em espírito. À sua vista dena", pela fama dos milagres por ela senrolou-se o drama da Paixão. Viu . operados. Pedia-se, por sua mediação, o Sa lvador vendido pelo beijo de a conversão de pecadores, a cura ele Judas, negado por São Pedro, abanenfermos, a liberação de endemoniadonado pelos Apóstolos, insultado dos. pelos pretorianos. Ouviu os golpes Foi graças a Margarida que os dos açoites, os gritos do populacho, gi.ielfos, paitidários dos Papas, fi zeo ruído do martelo quando Lhe craram as pazes com os gibelinos, paitivavam mãos e pés. Explicou-me as d~ú-ios do Imperador alemão, depois cenas da Paixão, sem conhecera preque ela, por ordem de Deus, correu
CATOLICISMO
Tsunami, aviso de Deus, mas silenciado A grande 1nídia e púlpitos católicos ignoral'am os sinais da
E-mai l do autor: pmsolimeo @cato li cismo.co m.br
intct'vcnção divina - 1niscricordiosa e justa - na recente catélstrofc que abalou o sudeste asiéltico e rrpcrcut.iu en1 todo nnmdo
Notas: 1. Les Petits Bo ll andistes, Vies des Sa i11ts , d ' aprcs le Pcre Giry, Bloud et Barra i, Libraires- Édite urs, 1882, tomo rr, p. 62 1. 2. Ede lvives, E! Santo de Cada Dia , Edi torial Lui s Vives, S.A., Saragoça, 1946, tomo 1, p. 538. 3. Fr. Ju sto Perez de Urbe ), O.S.B., Aiío Cristiano , Edi c io nes Fax , Madri, 1945, vo l. 1, pp. 344-345. 4. Pe. Juan Croi ssel, A,io Cris1ia110, tradução para o espanhol pelo Pe. José Fra ncisco de ls la, Saturnin o Ca ll eja, Madri , 1901 , tomo 1, p. 634 . 5. Ede lvives, op. c it. , p. 540. 6. Joan Carro l! C ru z, Th e l11co rrnp1ibles, Tan Books anel Publi she rs, Jnc. , Rockford , USA, 1977 , p. 94. 7. Joan Carroll C ru z, op. cit. , p. 94.
O
s jornai s e TV s entu lharam-se de informações sobre o g iga ntesco tsunami no Oceano Índico, que em dezemb ro ceifou mai s de 290.000 vidas. Tudo, o u quase tudo, foi dito, descrito e comen tado. Quase todas as autoridades cio mundo fa laram. Até os mai s altos hi erarcas relig iosos apelaram à soliclarieclade, à ajuda humanitária e à recuperação material elas áreas arrasadas. Houve um só ausente nesse notic iário. Um ausente infinito, todo-poderoso e eterno: Deus Nosso Senhor. Se é verdade que nem o menor dos passarin hos
cai por terra e nem um só fio ele cabelo desprende-se da cabeça do homem se m que seja cio con hec imento ele Deu s, como não fa lar cl 'E le a propósito dessa co lossal tragédia? Sim, pasmoso clràma. Poi s tratou-se do mai s mortífero maremoto, ou t.1·unami, ele que os homens têm lembrança. Em magnitude, foi o quinto mais intenso terre moto da História, desde que ex istem in strumentos de medição. A energia desencadeada pelo sismo equ ivaleu à ele um mi lhão ele bombas atômicas e deslocou ilh as inte iras, segundo o Jns.tituto ele Ge-
o logia dos Estados Unidos ' . O sec retário ele Estado, Collin Powe ll , chefe cios exérc itos ali ados na I Guerra do Golfo em 199 1, confesso u: "Estive em guerras e presenciei ciclones, tornados e oulras operações de resgale, mas nunca vi nada semelhante a isso". 2 É bem verdade que nas li stas de discussão na Intern et a pol ê mica sob re o papel de Deu s no acontecimento foi a g rande dominante. Sendo esse o ponto q ue mai s interes sava , por que foi tão s ilenciado pela g rande imprensa, inc lu sive a re li g iosa?
FEVERE IRO 2005 -
À esquerda, Catedral de Santo Tomé Apóstolo e abaixo, sua tumba. Chennai, (ex-Madrós), Índia
Imagem de Nossa Senhora da Saúde e sua Basílica , em Vailankanni , lndia
Si11ais pate11tes da prese11ça de Deus Da parte da D ivin a Prov idênc ia, doi s portentos fo rmidáveis puderam ser presenc iados, como que desejando Deus patenteai· sua intervenção onipotente nessa convul são ela natureza. O primeiro fo i em Yai lanka nni (Índi a). Ali , encostada no mar, ergue-se a grande Bas ílica de Nossa Senhora da Saúde. Trata-se do ma is fa moso santuário mariano ela Índi a, que acolhe cerca ele dois mi lhões ele romeiros por ano. A image m ele Nossa Senhora da Saúde é venerada desde o século XVI. É tão fa mosa por seus mil agres, que o Santuário é conhec ido como a Lourdes do Oriente. Q uando o tsunami arrebentou, aproximadamente duas mil pessoas rezavam no inte ri or daq uele santuário. As ondas de cerca de l2 metros ele altura engo liram hotéis e prédios situados no mesmo níve l
~
CATOLICISMO
cio santuário, mas as águas pararam às suas portas. O ponto ele ônibu s perto do santuário, que fi ca mais longe da praia cio que este, foi coberto pelo mar. Mais de mil pessoas morreram no raio de um quilômetro em torno da bas ílica. Somente os que estavam dentro dela se sa lvaram. "Foi um nú/agre a água não ter entrado na igreja ", disse Sebastião Kannappilly, empresário de Kerala que estava dentro com sua mulher e sua filha. O carro que ele deixara do lado . de fora fo i deglutido pelos vaga lhões, bem como seu motori sta. O Pe. Joseph Lionel, chanceler da diocese ele Thanjav ur, declarou: "Nossa Santíssima Mãe f ez maravilhas aqui apesar da tragédia ". 3 O segundo fato mirac uloso ocorreu em Mylapore, não di stante de Madrás, também na Índia. Lá, a poucos metros da praia locali za-se a Catedral de São Tomé, construída sobre o túmu lo cio Apóstolo fa lecido no ano 72.
Seg und o im e mori a l tradi ção, São To mé cravou um poste na are ia e anunciou que as águas não passari am além dele. O poste continu a no loca l, conservado pe los fi éis sobre uma base ele c imento, próx imo aos degraus da cated ra l. Po is be m, todos os préd ios, ele ambos os lados ela catedra l, foram ating idos pe las ondas ele morte e destrui ção. Mas, co mo disse o Pe. Lawre nce Raj , pá roco ela Basíl ica, "o mar não tocou nossa igreja. [ ... ] Nús acreditam os que o poste miraculoso de São Tomé proibiu que as águas marítimas entrassem". O po vo co mpartilh a sua op ini ão. Cente nas ele sobreviventes di sseram que tinham rezado para q ue São Tomé os sa lvasse .4
Inse11sibilidacle e obsti11ação. Um castigo? Afora esses loca is proteg idos pe lo manto mi sericordioso de Nossa Senho-
ra e por São To mé, o panorama moral e psicológ ico era completamente diverso. Os re latos transudam de urna auto-sufi ciência materi alista e de um otimismo obcecado, que caracteri zaram tantas gra ndes tragédias coleti vas da História. As auto ridades c ientíficas tailandesas, por exemplo, detectara m imedi atamente o abalo no fundo cio oceano, que gero u o tsunami. Mas nada di ssera m. Por quê? Porque estava-se em plena estação turística, e um alarme poderia causar a perda ele muito din heiro ... E m anos anteriores, as mes mas auto rid ades foram verberadas e até ameaçadas ele processos inden izatórios mi li onári os por terem alertado sobre a possibilidade de tsun.anús, em decorrênc ia ele mov imentos te1úricos me no res q ue não p rod uziram grandes danos. Naqu elas pa rage ns tão be las, praticavam-se as piores formas ele depravação moral , como turismo sexual ele vári os tipos, ao lado de um perm issivi smo debandado nas pra ias. Aqueles paraísos, onde se vivi a como se Deus não ex isti sse, transformaram-se instantaneamente em ce nários apocalípticos. O drama aco nteceu a 26 ele dezem bro , dia seguinte ao Natal. Sim, de mais um Natal co memorado ele modo materia li sta e neopagão. A festa cio nata líc io cio Redentor - por Quem suspiraram durante milê ni os os Patriarcas, os Profetas e todos os justos do Antigo Testame nto - , a comemoração im pregnada de graças únicas , que durante dois mil ê ni os a Igreja e a Civi li zação Cristã ce lebraram j ubil osas e e nternecidas, foi transformada em tudo menos naqu il o que dever ia ser. E m conseqüência, a unção sobrenatural da festa nata lina retraiu-se quase tota lmente. É de se estranhar, pois, q ue Deus não abomine tal end urec imento? E que dê a conhecer, de algum modo, a magnitude ela ofensa que lhe é infligida? No ano anterior, também no d ia seg uinte ao Nata l, um terremoto arrasou a c idade histórica de Bam, no lrã, ma tand o mai s ele 20.000 pessoas. 5 E próximo à virada cio milê nio, também num dia 26 ele dezembro , excepc ional furacão devastou as mais famosas florestas da França, num desastre sem precedentes. 6 O tsunami -
Banda Aceh, em Sumatra : antes e depois do Tsunami
Lhoknga, Indonésia, antes e depois da passagem da onda gigante
FEVEREIRO 2005 -
-
:
, · RECENSÃO /
A Legenda Aurea, uma "obra eterna" Lar,égendc Dorée, livro 1nonu1nenlal, revela-nos un1 mundo dourado numa época maravilhosa, a Cristandade medieval, na (Jual as grandes virtudes dava1n o lo1n da vida
JOÃO LUIZ VI DIGAL
s
Seqüencia de fotos do tsunami invadindo hotel em Phuket, Tailândia
é difícil não vê-lo ass im - inseriu-se na série dessas advertências cada vez mais intensas da Providência Div ina. Ao mesmo tempo em que inúmeros cadáve res putrefatos j aziam na orla marítima ou boiavam no mar, novas levas de turistas desembarcavam nas praias contaminadas. Nos aeroportos, os aviões de socorro tinham dificuldade para pou sar, dev ido à aflu ênc ia de vôos turísticos de pessoas do minadas pela mesma ânsia de gozar a vida, esquec idas da Lei de Deus e daqueles milh,u-es que, pou cas horas antes, deixaram esta vida, qui çá se m tempo seq uer para pronunc iar uma Ave Maria.
Silêncio
ÍllCOlll/JI'CCllSÍVCI
<las cátedras católicas À vi sta desse catac li s mo , qu antos - no mundo voltaram se us o lh ares para Deus, o u para sua Sa ntíss im a Mãe miseri cordiosa, Medianeira univ ersa l de todas as g raças, pedindo pe rdão, auxíli o e proteção? Em se ntido co ntrá ri o, CATO LI C ISMO
quantos fec haram seus corações a essa impone nte manifestação de poder, ora rec usando- a por princípio, ora restrin gindo-se ape nas a sentim entos hum anitári os, co mo se Deus nada tivesse a ver co m o caso? Das cátedras católi cas, de onde deveri a te r vindo a ori e ntação esc larecedora, por qu e não se o uviu a pregação cheia de ze lo pe la g ló ri a de Deus e pela sa lvação das almas, que um acontec imento assim normalme nte exig iria? As e loqu e ntes proteções da Providência Div in a àqu e les gra ndes sa ntu ários de No ssa Se nhora e do Apósto lo São Tomé foram s ufi c ie nteme nte levadas ao co nhec im ento dos fi é is católicos no Brasi l? E no mundo ? A resposta a ta is perguntas ta lvez sej a o sil ê nc io. Um espantoso sil ênc io. Pois, de que adianta não fa lar destas realid ades pate ntes? Qual o benefício que há no fato de pas tores não prevenire m suas ovelhas? Não é esse sil êncio um dos pi o res fl age los?
É ass ustador que 2004 tenha se e ncerrado co m a natureza em cólera. Poré m, a ind a mai s ass ustado r é o descaso ac in toso a advertências divinas. É hora para , de rosá ri o e m punho e co m ace ndrada co nfi a nça, reza r-se a in da ma is ... •
Notas: 1. Ta l co mparação fo i veic ulada por d iversos órgãos ele imprensa (por exemp lo, o "Jo rna l do Brasil ", Rio, 29- 12-04). Outros jornai s ap resentara m com parações mai s modestas , ma s també m te rríveis: o tsuna mi " li berou ene rg ia equiva lente a 37 mi l bombas ele Hiroshima" ("Fo lha ele S. Pau lo", 9- 1-05). Seja co mo for, trata-se ele um impacto ac im a ela capac idade ele medir e m term os ele sens ibilid ade huma na. 2. "Fo lh a ele S. Pau lo", 6- 1-05 . 3. "Calho lic New s Service", 30- 12-04. 4 htlp ://www. Lh e inclian ca Lh o li c co m/ n ews _ r ea d .asp?nicl:274;h llp: // www. va ti ea n r acl i o.o r g / i n g les e/ 10 5/ en_lop_ stories. hlm 1 5. "O Estado de S. Pa ul o", 27- 12-03. 6. "O Estado ele S. Pa ul o", 28- 12-99.
e nos me ios que seguem a moda, no Brasi l de hoje, algum desavisado di ssesse que gostaria de ler a hi stó ri a de um santo, imediatame nte seria objeto de um sil êncio carregado de desprezo, talvez de irritação. O neopaga ni smo - essa " reli g ião" obrigatória de nossos dias - fa z crer que só é mode rno le r as aventuras sini stras de Harry Potter, as obra. estranhas de Paulo Coe lho e congêneres. Entretanto, há não muito tempo, no ano 2000, a imprensa internacion al de u grande destaque à reed ição de um livro que foi um grande best-sel/er da Idade Média, a famosa Legenda Áurea, pub li cada pe lo Bemaventurado Jacques [Tiago] de Vorag ine e m 1260. Ó rgãos de gra nd e tirage m co mo "Time", "Le Monde", "Le F igaro" , "L'Express" entre outros, dedicaram amplo espaço a essa obra, pois a Legenda Áurea, publicada há quase 750 anos, permanece um livro de surpreend e nte at ual idade. Em plena Idade Méd ia, o frade domini cano Jacques de Voragine qui s es-
FEVERE IRO 2005
a..
te se apoderaram desde os primórdi os da Renasce nça ita li ana, torna ndo-o referê nc ia inconteste de todos os pintores, que a li encontravam fonte inesgotável de in spiração. Isso ocorreu com os maiores arti stas, ta is como G iotto, Duccio , F ra Ange lico, S imone Marti ni , Pi ero de lla Francesca, Masacc io, Masoli no, Pi etro Lore nzetti , Ambrogg io etc. M as ta mbém o utros me nos conh ec idos , e mbora não me nos in spirados, empregara m seu gêni o para exa ltar cenas da vida de sa ntos e enriquecer as igrejas, conventos e mosteiros com afrescos, retábul os, vitrais e polípticos. Reu nir em um li vro de arte o texto original e as obras artísticas que ele suscitou nos séculos XTV e XV fo i a idéia genial das Éditions Diane de Sel/iers (www.editionsd ianedese ll iers.com/ Legende Doree) , de Pari s. Seu traba lh o de pesqui sa, que durou três anos e reuniu mais de 400 reproduções fotográficas de altíssima q ua lid ade, foi dignamente recompensado co m duas edi ções fra ncesas, um a ita li ana e um a
po rtu g uesa - esta últim a recé m-publi cada co m o texto rev isto por um a autorid ade na matéria , diretamente do orig in al latino. Se uma centena dessas reproduções artísticas são universalmente conhec idas, pode-se di zer, entretanto, que mai s de um terço delas são tota lmente inéditas: afrescos escond idos no fund o de conventos, retábulos descobe rtos em igrejas desco nhecidas, seqüênc ias espalh adas em diversos museus, ou mes mo e m coleções privadas. A conjunção do li vro do Beato Yoragine co m as obras de arte que e le susc itou fo i um a agradável surpresa, e rea lçou a beleza extraord inária, cheia de sabedoria e de marav ilhoso da ídade Méd ia.
*
*
*
A Editora Civilização, de Portuga l, pub li cou para o Nata l ele 2004 essa jóia ela li teratura hagiográ fi ca, que Catolicismo recomenda a seus le itores (Legenda Áurea - Tiago ele Vorag ine, Editora C ivili zação, Porto, Portug al , 2004 , 680 pá g in as em 2 vo lum es, fo rm a to 24,5x33c m).
âo Mal ev , Apo:tolo crever uma obra sem precedentes: a narrativa da vida dos 180 santos mais conhec idos até sua época. Ele o fez e m latim popu lar, e o objetivo era claro : o c lero necessitava de le itu ra acessíve l que o insp irasse e m suas pregações, ap resentando exemp los de vida que corriam de boca em boca somente através das trad ições popul ares . O resultado de ta l iniciativa fo i impress iona nte: em algun s anos a obra tornou -se, juntame nte com a Bíb li a, o li vro mai s copiado, lido, escutado, comentado e parafraseado nos países da C ri standade. Em 1265, Jacq ues de Yorag ine fo i e le ito Prov incia l de sua ordem na Lombardi a. Nesse período tevl:! a honra de ser o superi or de Santo Tomás de Aquino. E m 1292, foi nomeado Arceb ispo de Gênova, cargo que ocupou até a sua morte, aos 70 anos, em 1298.
Esplen<lor <loura<lo <la 11Íl'W<le No sécul o XIII, quando in stitui ções como as corporações de ofício estavam no seu auge e, ao mesmo tempo, floresc iam as primeiras uni vers id ades, Yorag in e qui s oferece r uma dádiva ao povo, oc upado em construir igrejas
-
CATOLICISMO
e catedrais, ávido por conhecer a verdadeira fé. Escreveu e le com fe rvor e entusiasmo uma hi stória, retraçando todos os con hecimentos e lendas ac umul ados com o passar dos sécul os, sobre a vida dos sa ntos. Nasceu assim o pri me iro li vro re li g ioso rea lm ente acessíve l a todos: a Legenda Sanctorum, ou "o que deve ser lido dos santos". Em pouco tempo a obra recebeu o nome de Légende Dorée - Legenda Áurea, porque, diziam então, seu conteúdo era de ouro. O livro, reproduz ido em mai s de IO mil manu scritos, na rra com uma força surpreende nte as incríve is e maravil hosas hi stóri as dos santos, seus mil ag res e martírios, recuando até os prime iros anos da Cristandade medieva l e abarcando os lugares mai s longínquos e recônditos do mundo de então. O relig ioso dominicano evoca também as principai s festas do calendá ri o litúrgico e mari ais.
I
I
Efeito lilmlamelllal nas al'tes Outro efeito, contudo, permitiu que o li vro alcançasse ainda mais importância. O texto maravilhou os arti stas, que dele prazerosamen-
FEVEREIRO 2005 -
5
12
Santo Avito
Santo Antonio Cauleas, Pall·im'Ca + Constantinopla, e ntre 895 e 90 1. Patriarca de Constan -
+ Vie nne (Fra nça), por volta ele 525. Descende nte ela nobreza roman a, suce de u Ts íquio co mo Bispo de Vi e nne. Graças a e le, Sigismunclo, Re i cios Borguinhões, a bjurou a he res ia ariana. Sua influê nc ia este nde u-se até Roma, onde aj udo u o Papa Símaco a afastar o a ntipapa Lourenço.
Primeiro Sábado tio mês
1 Santa Veridiana, Penitente + Toscana (Itália), 1242. Murada numa cela, viveu 34 a nos na sua cidadezinha. Cumulada de favores ce lesti a is, obteve le Nosso Senhor co mpartilh a r as pe rsegui ções sofridas o utrora por Santo Antão, da parte dos demônios. São Francisco de Assis fo i visitá- la por vo lta de 122 l.
2 AJn'CSCnL~ç,ão do Menino Jesus no'lcmploe Purilicação de Nossa Senhora Esta festa é també m cha mada das Candeias o u Cande-
lária.
6 Santa Domtéia, Virgem e Mártir + Cesaré ia (Turquia), 320. Presa durante a perseguição ele Dioc lec iano (284-305), preferiu mo rrer a renegar sua fé.
7 Santa Juliana de Bolonha + (]tália) , cerca de 430. O gra nd e Santo Ambró s i o co mpôs mag nífi co pa negíri co das virtud es desta Sa nta, a qu e m co mpa ra co m a mulh e r prudente ela Sag rada Esc ritura .
8 São ,lerônimo Emiliani
a
São Brás, Bispo e Mártir· + Sebaste (Armêni a), 3 16. Padroe iro contra as doenças da ga rga nta. Há uma bênção espec ia l de São B rás, que é dada pela Igrej a neste dia .
4 S.10 José de Leonissa, Conle.580r + Nápoles (Itá li a), 1612. Recebeu no bati s mo o nome ele E ufrás io . Antes cios 17 a nos tomo u o hábito de capuc hi nho, mudando o nome para José. E m 1687 fo i no meado, a seu ped ido, mi ss io ná ri o e m Consta ntin op la, a fim de conceder a lív io e in strução aos cristãos que se e ncontravam escravizados pe los maometano s. Tendo s ido ac usado de assass in ato, fo i sup li c iado e milagrosamente sa lvo por um Anjo que lhe o rd enou voltar à Wí li a.
Primeira Sexta-Feira do mês
+ Veneza, 1537. F undador ela Congregação de Somasca para ate nd er ó rfãos, mulher es p e rdid as e cr i a n ças aba nd o nadas, famoso por mil ag res que o p erou em vicia , m o rreu da peste que contraiu cu id ando de empesta do s.
~) ()umta-l•cira de Cinzas
10 Santa l•:scolástica, Virgem + Úmb ri a (Itá li a) , 543. lrmã de São Be nto, fundou um a O rd e m que c hego u a ter 14.000 co nv e ntos espa lh ados por todo o Oc id ente.
11 Nossa Senhora de Lourdes Aparição a Santa Bernadette Soub ir ous em Lo urcles (Fra nça), 1858. No loca l, os milag res se multiplicam sem cessa r até hoj e.
tinopla, empreendeu os mai ores esforços para restabe lecer, na Igrej a do Orie nte, a paz a ba lad a pe lo cisma ele Fócio.
1~J São Polieucto, Mártir + Armênia, 258. Oficial da 12ª Legião ro m a na estac io nad a e m M e lite ne (Armênia) , fo i decapitado após arrojar por terra os ído los, durante uma proc issão pagã.
14 São Marão, Solitário + Síria , cerca ele 423. Mon ge qu e viveu perto da c id ade de C ir, na Síria. Favorec id o com o dom ci os milagres, atra iu g ra nd e número ele discípulos .
15 Santos Faustino e Jovila, Mártires
+ B résc ia (Itá li a), ce rca de 120. Doi s irmãos-o primei ro sacerdote-, e o segundo di ácono - foram interrogados pessoa lme nte pelo Impe rador romano pagão Adria no. Após sere m submetidos a to rturas, fora m decapitados.
16 &mlo Onésimo, BisI>0 e Mártir + Roma, cerca de 95. Escravo de um cris tão d e Co lossos c ha mado Fi lemon, pratico u um ro ubo e fug iu pa ra não ser castigado. Em Roma, onde se esco nd e u , e ncontro u São Paul o, que o co nve rte u.
17 São Silvino, BisI>0
+ A uc hy (F ra nça), 7 l 7. Passo u os primeiro s anos na corte dos rei s Childerico li e Teodorico JTI. Fez várias pere g rina ções, visitou tú mulos ele san tos , fo i até a Pa lest ina e Roma, o nde recebeu o presbi tcrato e fo i sagrado B ispo.
IH
21
São Flaviano, l'aL1·im'ca + Turqui a, 449. Patriarca de Constantinopla (446-449), to-
São Pedro Damião, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja
mou parte no Conc ílio que o Jmperaclor Teodósio IJ convocara, o qu a l se realizou numa ig reja el e Éfeso (Turquia) a 8 de agosto el e 449. Quando se clelib rava a respe ito ele Utiques e de sua here ia mo nofisita (segu ndo a qual em Nosso Senhor Jes us C ri sto não have ri a as duas naturezas, divina e humana, mas some nte uma), uma multidão composta por monges he ré ti cos, so ldados e marinhe iros exa ltados invadiu a ig reja e espancou os pad res conc iliares que se op unh am a Ut iques. As iras voltaram-se princ ipa lme nte co ntra F lavia no, que foi levado preso. Morreu dev ido aos ma us tratos recebidos durante aq ue le tumulto, que fo i denominado a pi-
Entrou na Ordem cios Camaldu le nses. No meado Cardealbispo de Óstia, teve ele aceitar a contragosto essa nomeação, sob pena ele exco munhão; de ixo u mai s de 158 cartas, 60 o pú sc ulos, várias vicias ele sa ntos e ad miráve is sermõe .
22 Cátedra de São Pedm A nte ri o rmente comemoravase neste dia a Cátedra (ou Cade ira) de São Pedro e m Anti oqui a; e m 18 ele j a ne iro, a Cátedra de São Pedro e m Rom a. C hama m -se ca ted ra is as ig rejas o nd e se e nco ntra a cade ira o u cáted ra cio Magistér io e piscopal. A ig rej a ele São Pedro e m Roma poderse- ia c hamar a catedra l elas cated rais.
lhagem de Éfeso.
19 São ()uodvuJt.deus, BisI>0 + Itália, aproximadamente 444. Se u no me s ig nifica O que Deus quer. Bi spo ele Cartago no sécul o V, governava pacificamente o se u reban ho quando Gen se rico , re i dos Vândalos, apoderou-se da c idade e m 438. Este príncipe aria no atormentou -o por ódio à fé cató li ca. Mas, não conseg ui nclo fazê- lo apostatar, colocou-o junto com outros fiéis em barcos avariados, com a esperança ele que perecessem na s águas. Milagrosamente preservado ·, chegaram sãos e sa lvos a Ca mpâni a, na Itália cio S ul.
20 S,mto ~uquério, BlsI>0 + Hasba in , 738. Na j uventu de o Santo já era tido co mo prodíg io ele ciênc ia, e sob retudo de sa ntidade. Fo i devotíssimo ela Sa ntíss ima Virgem, a quem chamava consta ntemente sua querida Mãe. Foi Bispo ele Or léa ns durante mai s ele 15 a nos, até que, caluni ado, fo i desterrado para Hasbain.
2~J São PolicarI>0, Bispo e Mártir + Cesaréia (Turquia), 104. Foi discípulo ele São João Eva ngeli sta. "Policarpo - diz Santo Jrine u no Tratado das He-
resias - não só fo i ensinado pelos Apóstolos e conversou co111 muitos que tinham conhe c ido em vida J es us Cristo, mas deveu aos mesrnos Apóstolos a sua eleição para Bispo de Esmirna, na Ásia". Por inc re par corajosame nte sacerdotes pagãos , teve sua cabeça decepada.
24 São Lázam, monge + entre 856 e 867. Pintava ícones o u imagens em Constantinopla, quando lá rei nava TeMi lo , iconoc lasta f uri oso. Este mandou lançá- lo num a c loaca , ele onde conseg uiu escapar, voltando depo is a pintar. O lm[ erador mandou que se I he queimas se m as palmas das mãos, mas a imperatriz Teodora escondeu-o num a ig reja, tratou -o e conseguiu restabelecê-lo. Lázaro foi e ncarregado de levar a Ro ma a notíc ia ele que a im -
pe ra tri z Teodora liquidara a di scussão sobre as imagens. Diz-se que ele morreu num naufn'íg io.
25 &nllo Ave11,mo e Beato Romeu, Conle',SOrt..~ + Luca (Itália), 1386. Avertano, devendo esco lher seu estado de vicia, teve a inspiração ele e ntrar na Ordem dos Carmeli tas, na qual efetiva me nte ing ressou. Tendo ma ni festaclo grande desejo ele fazer uma peregrinação a Ro ma, os superio res de ram-lhe por companheiro Ro meu, irmão le igo do conve nto. Contag iados pela peste negra, detiveram-se na c idade de Lucca, o nde morreram no intervalo ele uma semana.
2Ci São Nesto1; Bispo e málti1' + 250. Quando se desencadeou a perseguição do Jmperaclo r romano pagão Déeio, ocupava Nestor a Sé episcopa l ele M ag iclos, na Panfília. Preso, o o fi c ia l ro mano começou por se mostrar benévolo para co m Nestor. Mas durante o interrogatório logo se tornou vio le nto. Após novo inte rrogató ri os, foi condenado a morrer numa cruz.
27 São l..eandro, Hispo + Sevilha (Espanha), aproximadamente 600. Irmão de Santo Is idoro, abraço u muito cedo o monacato e foi e leito Bispo de Sevi lha em 579. Desempe11hou papel importantíssimo na história re i ig iosa ela Penínsu la, sa lvando-a cio arian is mo. O Papa São Gregó ri o Magno diri g iu- lhe a lg umas cartas, nas quai s externa a g rande afeição que votava a seu am igo.
2B São 'lorqualo, BiSllO e COIÚ~l' + Cacl iz (Espanha), séc. I ou J1.
Intenções par a a Sa nLa Missa cm fevereiro Será ce lebrado pe lo Revmo. Podre Davi Franc isqu ini, nos se gu intes intenções: • Roga nd o à Santíssimo Virgem o maternal proteção es pecialmente o todos os famíli as dos leitores, assinantes e amigos de Catol icismo, preservando-os do pecado, do crim ina li dade e dos drogas, que co nstitu em grande perigo sobretudo poro crian ças e ado lescen tes deste sécu lo.
In tenções para a Santa Mi ssa cm março • Em desagravo ao Sagrado Coração d e Jesus e ao Imacu lado Coração de Maria pelos pecados praticados no carnava l. • Pe los vít ima s dos fl age los causados pe los tsunamis (ondas g igantes desencadeados pe lo maremoto no Oceano Índico) no Sud este As iát ico. • Pelos int enções particu lares dos leito res e ass in antes de Catolicismo.
Tido como o primeiro cios " Varões Apostólicos" - bispos enviados ele Roma à Penínsu la [bérica no 1 século - foi bispo ele Cacliz, que edificou com sua c iê ncia e virtude.
FEVE
Face à "fúria anticatólica"
Contra a legalização da sodomia
luto, luta e oração C mn o titulo ein epígrafe, importante matéria da Funclación Argcnlina dei Maiíana foi publicada no jornal "La Nación" (edição de 13 de janeiro últirr10), concla1nando os católicos a uma vigorosa reação
C rescente e corajosa reação de fileiras católicas na Polônia tem colocado sérios obstáculos à corrupção dos costu1ncs. Destaca-se a oposição ao homossexualismo.
11 M ARTIN JORGE VIANO 1
1 LEO NARDO PRZYBYSZ
,,.,,. ,. ,.,, . ,. ...... ""''" ' '' '1, ,,,.,(, IJ• ~-~~-J lm . l<i • 1'~•1•• •~~•·- 1 //f., I/J/., Hll / !l/)/A /'III I/III/IJ.\/A•l1/.\II// 1111 11 11/1 /1/H Ul/lll#/l\lll\\,AIII/YI/.\II
Buenos Aires - Por ocasião ele uma exposição blasfema promov ida pelo governo ela cidade ele Buenos Aires, a Fundación Argentina dei Maíi.ana al ertou o público ela vi zinha nação sobre o perigo ele os católicos acabarem se habituando, entre envergonhados e inertes, às injúri as feitas à verdadeira reli gião. "Terá chegado à Argenlina - pergunta a entidade - o que Villorio Messori denornina de 'fúria anticalólica da cultura ocidenlal' ?"(ACI Prensa, 2 1- 10-04). A pergunta tem todo pro pós ito, considerando-se que na mencionada expos ição são ex ibid as obras que promovem o ód io à Igreja, representando crucifi xos em frigideiras, imagens sacras em gaiolas e Apóstolos com cabeças ele ratos. O arlista, ademais, orgulh a-se ele ter fund ado o clube ele ímpi os, hereges, apóstatas, blasfemos, ateus, pagãos, agnósticos e in fiéis. Durante um ato organi zado para apoiar a exposição, mili tantes ele movimento ele esquerda im pedi ram o acesso dos fi éis a uma igreja próx ima e agrediram fi sicamente senhoras e idosos. "Esse an lica to fi cismo - sustenta Argentina de i Mafía na - !em-se rnanifes tado também na retirada de irnagens da Virgem Maria de edif(cios públicos; nas pichações sacrílegas na Ca tedra l de Buenos Aires; nas injúrias a Maria Santíssima em programas de televisão e propagandas em vias públicas; em projetos de lei que pretendem impor a educação sexual obrigatória nos colég ios, deb ilitando a sagrada in stit uição da fam ília".*
-
CATO LI CISMO
~-E,1 mfierno r,?;:. ,7el.1' LF>on F Jrr d", :ioo
DONDE DIABLOS ESTA EL INFIERNO? WHERE THE HELL IS HELL? Alterar, pasar y retornar a· Add, pass & return to mailarti@vo rtice arg e ntma .co m . ar
Face a esse panorama ameaçador, a valorosa entidade argentin a exorta seus compatriotas a se unirem para reinstalar naq uele pa ís a verdadeira paz, isto é, a "tranqüilidade ela ordem" : a paz de Cri sto no Reino ele Cristo.
* * * Po ucos di as após a pu bli cação do mencionado doc umento no diári o "La Nac ión", da cap ital Argentina, o artisla dec idiu encerrar a expos ição (um mês antes do prev isto .. .). Mas, ao mesmo tempo, anunciou que prox imamente apresenta- la-,'í em outras cidades, entre as qu ais
mencionou a Pinacoteca cio Estado de São Pa ul o. Auguramos que a reação cató li ca no Bras il possa ser sufi ciente mente forte para im ped ir, dentro da ordem e da lei, que se consume tamanha ofensa a Deus Nosso Senhor na Terra ele Santa Cruz. • E- mail do autor: martin
* Pa ra tomar conh ec i mento de mai s da dos so bre o tema, ou obte r a íntegra do documento, aces se o site www.fad m. org,_;_u:
Cracóvia - A Associação p ela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga tem liderado na Polôni a a reação contra a investid a do lobby homossex ual que propugna a legali zação da sodomia. Em dezembro de 2003, publi cou um mani festo ele página in teira no di ári o de circul ação nac ional "Rzeczpospolita", sob o título Legalização da homossexualidade, desafio lançado à Polônia cristã, documento esse enviado a todos os bispos, deputados e se na lores poloneses. Em deco rrência princ ipa lmente ela reação cios simpatizantes ela referida asoc iação, di · ·emin ados por ·toda a Polôni a, malograram as manifestações públicas organi zadas pelo movimento homossex ual em racóv ia e Poznan. A manifestação de Poz nan não co nseg uiu percorrer 100 metros ; a de Varsóvia, di ante ci os prol stos da população, não se reali zou dev ido à proibição pelo prefe ito da cidade.
* * * Mais recentem nt \ f'ace à possib ili dade ele o projeto ser ac ·ito pelo Senado, 380 fun cionári os do registro civi l, por ini ciati va da Associação Piotr Skarga , enviaram protes tos aos presidentes da câ mara e cio senado, diz •ndo que, como cató li cos, não poderi am , '111 consciência, aprovar a rea li zação d' tais "casa mentos". Meio à sorrelf'a, o Se nado aprovou o proj eto, que d ·ve vo ltar à Câmara dentro ele alguns mes ·s. Nos primeiros di as de jan •iro último, a Associação Piotr Skarga orga ni zou um protesto contra a permi ssão do prefe ito ele Cracóvi a para a rea li zação, na
Praça central de Cracóvia
sede do conselho municipal, de uma confe rência contra a "discriminação de minori as", organi zada pelos lobbys homossexuais daq uela ciclàde polonesa e de Nuremberg (A lemanha), com a presença de 33 alemães, um deles conselheiro munic ipal dessa loca li dade. Para evitar a obrigação de ex plicar-se di ante cios inúmeros protestos cios correspondentes da Associação Piotr Skarga, a secretari a da prefeitura de Cracóv ia sim ples mente tirou os telefones do gancho .. .
Quem pagou as des pesas de tra nsporte, hospedagem e alimentação desses 33 anti-apóstolos, que fora m a Cracóv ia propagar o vício? A ca ixa ela União Européia! Será que tal ca ixa pagari a as despesas de 33 poloneses, católi cos fe rvorosos, para prega r os bons costumes e a moral cató lica em Nuremberg? •
E- mail do autor: leo nardo rz
FEVEREIRO 2005
~
Jovens caravanistas em açao lu xuosa cam inho ne te, proferiu alg uns pa lav rões e c ha mou os carava ni stas de ag itado res. Ning ué m e ntende u ... Durante uma das ca mpanhas, os caravani stas fo ram e ntrevi stados po r re pórte res do canal de te lev isão loca l. (*) No dia seg uinte, fo i ex ibida a re po rtage m. M e rece ser ressa ltado o come ntári o do apresentador: "Os m.ernbros da Associação dos
Fundadores da TFP - Tradição Fam ília Propriedade - vierarn dizendo coisas óbvias, mas quefalJava gente de coragem para dizer ". \
GUILHERME M ARTINS
) * * De Min as Gera is, a caravana diri g iu-se ao Pa ran á, inic ia ndo se u traba lh o na c idade de Ponta Grossa , seg uind o depoi s pa ra G ua ra puava , Ca ntaga lo, Laranje iras do S ul , Carambeí, Cascave l, Tol edo, até chega r a Foz do Ig uaç u, me ta fin a l da ca m pa nh a. A região visitada fo i e continua sendo palco da atividade sorrateira ele certa esquerda. Ao lon go do pe rcurso, era comum e nco ntrar integrantes cio M ST aca mpados, à es pera ele um a pa lav ra ele seus líderes orde nando novas in vasões, saqu es o u a lgo cio gêne ro. E m vista di sso, a carav a na, e m cada c id ad e po r ond e passa va, aca bava sendo um divi so r el e ág uas, a le rtando o púb li co para as rea is in te nções desses g rupos el e esqu e rd a, e s usc ita nd o ass im reações sad ias , be m co mo a fú ri a dos re vo lu c ioná ri os. Al é m da divul g ação da s obras c itadas, os carava ni stas ap rove itaram a ocas ião para coleta r, nas c idades de mai o r po r, te, ass inaturas pa ra o aba ixo-ass in ado diri gido a S.S. João Paulo Jl , pedindo providênc ias em re lação à ne fasta a tuação da esquerda católica no Brasil. Um fato oco rrid o durante uma co leta ele assinaturas revela be m o estado de espírito ela pop ulação em re lação ao te ma le vantado nas ca mpa nhas. Aprox im o u-se um senho r q ue se di zia professor de Hi stó ri a. Logo inic io u com o caravani sta um a di sc ussão, e aos poucos uma peque na multid ão foi se re unindo e m torno de les. O professo r mostrava-se favoráve l ~, invasão ele te rras, d izendo ser uma ques tão ele justiça, e tac hando os caravanistas ele integra li stas; o caravani sta defendia a doutrina cató li ca, di a nte de seu o pos ito r. Da multidão saiu um tax ista e, to ma ndo o lu ga r cio carava ni sta, passou a in terpelar o professor esque rdi sta ace rca de sua absurda tese, sendo apo iado pelos circ unsta ntes . •
proveita ndo o período de fér ias esco lares, no mês de j a neiro, jovens vo luntários da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade, provenientes de vários Estados, sa íram e m caravana com o obj etivo de divul gar as duas obras j á la nçadas da co leção Em defesa
do Agronegócio: Pastoral da Terra e MST incendeiam o País; e TRABALHO ESCRAVO - Nova arma contra a propriedade privada. A primeira atu ação da caravana ocorre u na cidade mineira de U naí (MG), região de grande pujança ag ríco la no País . A esco lha de ve u-se ao fato de a cidade te r sido a lvo de recente estrondo publicitário destinado a apressar a ap rovação de e menda constituc iona l que visa ex propri ar, sem inde ni zação, q ualquer propriedade ag rícola na qual se e ncontre "trabalho es-
cra vo" . Os caravani stas notara m, da parte cios hab ita ntes ela cidade, grande desconfiança e m re lação a e a proposta de E me nda Constituc io nal e m de bate. Há algum tempo convive ndo com a atuação dos fi sca is do trabalho, os unaie nses estão apreensivos com a nova ofensiva da esq ue rda, que não ajuda o trabalhador, mas serve para inc re me ntar a luta de classes e go lpear a propriedade privada. * * * Uma senhora ele Unaí, c uj a vizinha tin ha s ido dive rsas vezes a lvo ele fi sca li zaçõe , eguiclas de pesadas multas, declarou: "Já há muito tempo que conheço essa família . Eles /ra -
tam mui/o bem os empregados, são muito bondosos. Quando os fis cais chegam, encontram uma porção de detalhezinhos que di zem ser ,noti vo para multa. Isso não' está certo! " Um rapaz, a pós o uvir a ex plicação do caravani sta sobre as obras, dec laro u: "Isso de trabalho escravo não existe! É uma
coisa f ora da realidade! Um amigo meu, por exemplo, esta va trabalhando com uma bota ligeiramente rasgada. Chegou o .fiscal e multou o patrão dele por não oferecer condições dignas de trabalho. Isso é un·, absurdo!" Os incenti vos à campa nha fora m nume rosos, mas não fa lta-
E- mai I d o aut o r: guilhe rm e ma rtin s @c ato li c is mo.co m.br
•
8
~
ram també m a ind ife re nça e até os in s ultos; estes, e ntreta nto, ~ foram pouco sig nifi cativos. Apenas um caso me rece me nção: & um comunista, atravessando rapida me nte a ca mpa nha e m sua j CATO LICI SMO
* Ta l entrev ista te lev isiva pode ser assistida acessando o site www. tl"p: rundaclo rcs .o rg.br FEVEREIRO 2005
B1111
~ão (barbei makblouf Umverdadeiro cedro do Líbano 111 PuN1 0 CoRRÊA DE OuvE1RA ♦
harbe l Makhlouf, falecido e m 1898, santo conte mpl ativo de uma ordem religiosa do rito melquita, no Líbano, entrou muito jovem no convento, tendo vivido e m iso lamento e meditaç~o completos. Tem-se a impressão, observando-se seus olhos, de que eles são duas janelas abertas para o Céu. Olhos de um escuro profundo - ou talvez castanho, mas muito escuro - que refletem profundidade; e no fundo dessa profundidade há algo de sublime e celestial. Vê-se que e le olha para o Céu, o qual reflete-se em seu olhar, e que peregrinando dentro do olhar dele encontra-se o Céu. É uma verdadeira maravilha. Seu nariz é caracteristicamente o de um árabe. A barba é de um branco venerável, nívea. Dir-se-ia que são flocos de neve que lhe pendem do rosto. Ela abre-se e deixa passar um tanto o que está em seu interior, uma certa forma de graça e de leveza, que não ei como descrever. Parece algo como um jogo de estalactites e estalagmites dentro de uma gruta. Suas sobrancelhas lembram as asas de um condor. Mas,
convém acentuar, o olhar é o mais impo1tante cio conjunto da fi sionomia. Ele abso rve o resto. Quando se examina esses olhos, não se pensa e m outra coisa. São de uma estabilidade, uma resolução, uma seriedade, uma elevação enorme! São ele um homem que, se o mundo todo cair sobre ele, não se move. E, caso seja seu dever mover-se contra o mundo inteiro, atuará com scre11idade. Um homem deste tipo move o mundo! É das fi sionomias que mai s aprecio contemplar. Compõe a fisionomia esse gorro pr to, que considero ext:raordinariamcnt ' significativo. É um gorro vagamente cm forma ele cone, e parece feito de pcl ' . TaJvez seja confecc ionado com lã, porque a batina, que é preta, parece ser do mesmo tecido. E o preto do gorro está em consonância com o escuro cio fundo do olhar. Dir-se-ia que algo cio olhar espal ha-se por todo o gorro. Este é luminosamente escuro, e sua forma deixa cntr ·ver a altura de seu pensamento, até a.tingir o próprio Deus. São Charbel Ma.khJouf é como um verdadeiro ced ro do Líbano! •
Exce rtos do conferência proferido pelo Prol. Plínio Corrêo de O li veira em 2 1 de moi'o de 1973. Sem revisão d
,ui ,,
Nº 651 ..: Março 2005 - Ano LV
OJ< t\ í
-
,
UMARI
PUN IO C O RRÊA DE ÜLIVEIRA
Mal'ÇO de 2005
Fátima
2
Exc1-;1n-os
4
CAl~T/\ 1)() DIRl•:TOR
E m 1917, em revelações aos trôs pnst,or'inhos da Cova da Iria,
5
P ÁGIN/\ MARIANA
Lúcia, Francisco e Jacinta, Nossa S( nho1·n denunciou a crise do inundo contemporâneo e indicou a soh,~fio
7
LEl'l'lJl~A EsP11m·t1A1,
Nº 651
Imagens de Nossa Senhora e as modas
1
m memória do falecimento da última vidente de Fátima, a Irmã Lúcia, no dia 13 de fevereiro último,* selecionamos entre numerosos artigos de Plínio Corrêa de Oliveira sobre as célebres aparições marianas, um que patenteasse a atualidade da Mensagem de Fátima. Segue abaixo trecho extraído da edição de maio de 1953 desta revista, no qual o autor expõe no que consiste o elemento essencial da Mensagem.
E
A Ave Maria fllnal/
1o A
P 1\l,AVIU 1)0 SACl<:IWO'l'E
12 A
REAL1DA1>1<: CoNc1sAM1w1·1<:
14
IN'l'ERNA<:IONAI,
18
ENT1mv1sTA
22
FÁTIMA
26
CAP/\
36
VmAs DE SANTOS
39
PCHl ()UE NOSSA SENHORA CIIORA?
época, e m ais cio que isto o seu futuro , que nos é ensinado po r
40
NACIONAi,
N ossa Senhora. "O Impéri o Ro man o cio Ocidente se encerro u co m uma
44 D1s<:1mN1Nno Persegtúnclo a casUdade
* * * "Consi ste em abrir os o lhos cios ho m ens para a g ravidade desta c ri se univer sa l , em lhes ensinar sua exp licação,
à
Chávez expõe suas posições esquerdistas
Agitação esquerdista na América do Sal
Colômbja: "Diálogo" só favoreceu a guerrilha
O falecimento ela Irmã LúcÍa
Oração, o grande segreclo da vitória
Falece o último vidente das aparições
São Don1Íngos SávÍo
luz
cios planos ela Providência Divina, e em indi car os m eios necessári os para ev itar a catástro fe . É a pró pri a hi stória ele nossa
V Fórum Socjal MundjaJ: pesadelo anárquico
catás trofe, iluminada e anali sada pelo gên io ele um g rande Doutor, que foi Santo A gostinho. O ocaso el a Lcl acle M édia fo i previsto po r um g rande profeta, que foi São Vi cente Ferrer. A
45
INFORMATIVO Rrnu1,
Revolução Fra ncesa, a qual m arca o fim cios Tempos M oder-
46
SANTOS E FESTAS DO
te mpo um gra nd e Doutor, São Luís M ari a Gri g ni o n el e
48
AÇÃO CONTRA-RIWOUJ(:IONÁRI/\
M o ntfo rt. O s T e mpos Co ntempo r âneos, qu e pa r ece m na iminênc ia ele se encerrar com nova cri se, têm um privil égio
52
AMBIENTES, COSTUMES, CtVIUZAÇÜES
Frei Betto e o filho de Che Guevara
M,~~s
nos, fo i previ sta po r o utro g rande profeta , que fo i ao m esm o
Veneza: o fabuloso Pa/ácjo dos Doges
maior: veio N ossa Senhora fa lar aos ho m ens. " Santo A gostinho não pôde senão ex plica r para a pos t ·riclacle as cau sas ela tragédia que pres nciava. São Vi cent · F ' IT 'r e São Luís Grignion ele M ontfo rt procuraram m v, o d •sv i:ir a tormenta: os ho mens não os qui seram o uv ir. N oss o
JCI lnto, • 11tudo, ,
IHI
p, 1111n l 11c 111 1 Iu1 1 o u do aparições
S ·11horu
a um tempo ex plica os mo ti vos da ·ri s' ' indi ·n o s ·11 I\· Irn1
" N 11c1 I111 111111 1111p111i ·110 ·111 qu e não se in sista sobre um
clio, profeti za ndo a ca tástro fe caso os ho ni ·ns 11 110 11 rnI ·11111 ,
111111 · 11 111 •1·1 11111 d11 h11111 11 11idatl • se tornara m el e um peso in u-
Nossa capa:
D e todo ponto ele v ista -
p111 l 11 v1•I 1111 l uil 1111 ~·11 tl11 ju sti ça div ina. Esta a ca usa recôndi ta d,• I11d11 IIN 1111 1-, ·1i11s • desorden s contempo râneas. s p ·caclos
A Oração no Horto, Fra Angé lico (séc . XV) -
pela natur 'ZII do ·0 111 ·1ído rn 1111 1
as r ·v ·lnço ·s ti • I 111 t i 111 11 pela cli g niclacl e ele qu em as fez ·sobrepujam , poi s, tudo quanto a Provid ·n ·iu 1 ·111 d ito 111,, lio m ens na iminênci a elas g ran les borras ·as
du l li st(11 i11 , ( )1, dI
versos pontos el as revelações relati vos a ·si · 1 ·111 11 rn 11st i l1H•111
11I11wIII 11 j11 sl11 ·(> lera de Deus. Os castigos m ais t rrf v •is ame, •11111 poi s II human idade. Para que não sobrev ·nh11111 , (- prec iso que os ho mens se convertam ". •
propriamente o elem nto essen ial las 111 ·ns11 ' ·ns. () 11 1111 N, po r importante que sej a,
CATO U
I MO
é mero ·o mpl
' 111 L' lll o .
Museu de São Marcos,
Florença (Itália)
~• T11 111 bém a esse respeito, vide arti go às pp. 22 a ~5.
As palavras do título foram extraídos dos seguintes fontes : "Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito na verdade está pronto, mos a come é enferma" (S. Mateus 24, 41 ). "Q uem reza se salva; quem não reza se condeno " - célebre máxima de Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da lgre;a.
MARÇO2005 -
Caro leitor,
Diretor:
Pau lo Corrêa de Brito Fi lho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Sala 62 - Santa Cecília CEP 01225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Tel (0xx11) 3333-6716 Fax (0xx11) 3331-6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol.com.br Home Page: http://www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502
No Horto das O liveiras, entre os terrívei s sofrimentos suportados por Nosso Senhor Jesus Cristo fi gurava a indirere nça dos ho me ns insensíveis a seus padecime ntos. E le viu chegar a hora em que um di scípulo e falso amigo o trairi a; em que seria preso; fl agelado; coroado de esp inhos e cruc ifi cado no alto do Calvário. Mas Ele também pre viu a ingra tid ão até o fim dos tem pos, dos homens que não corresponderiam às graças obtidas pela Redenção. Di ante dessa trágica pe rspectiva, nosso Sa lvado r procurou a conso lação dos Apósto los. Estes, e ntreta nto, dormi am ... Era o sono representativo da indife rença. Em nossos dias, a Igreja Católica - como Cri sto em sua Paixão - é também traída, perseguida, abandonada, caJ uniada, açoitada, e seus ensinamentos desprezados. Em face di sso, como procedemos? Continuaremos levando a vidinha medíocre de todos os dias, comendo, bebendo e nos divertindo? Procederemos como os Apóstolos que dormiram, quando deles Nosso Senhor esperava vigilância e fi delidade? Como matéria de capa desta edi ção, publicamos excepc io nal arti go ele Plinio Corrêa de Oliveira, no qua l ele co menta os so frimentos morais de nosso Divino Redentor em sua Agon ia no Horto. O autor destaca a necess idade da oração, para se enfre ntar os embates desta vida, vencer o apetites dos prazeres terre nos e manter a fide lidade íntegra ao ens in amento tradicional da Igreja, não pactuando com os erros do mundo. Pelo contrári o, combatendo os fa utores de tais erros. Da necess idade e da fo rça da o ração, nosso D ivino Mestre deu-nos um supremo exemplo ao aconselh ar os Apósto los: "Vigiai e Orai". E também quando suplicou: "Pai meu, se é possível, passe de Mim este cálice: todavia não seja como Eu quero, mas sún como Vós" (S. Mate us 26, 39). "Cálice" representa para nós os sacrifícios que nos são pedidos e parecem sobrepuj ar nossas forças. Podemos pedir para que se afaste de nós esse "cálice". Mas devemos nos confo rm ar que seja fe ita a vontade divina e não a nossa. Se rezarmos com toda confi ança, Deus nos dará forças para vencer qualquer dificuldade. Se não rezarmos, fraquej aremos. Assim , nesta Semana Santa, o admiráve l arti go do Prof. Plínio é colocado ao alcance de nossos leitores, a fim de conhecere m mai s profundamente o grande poder da arma sobrenatural de que di spomos: a oração. A Santíssima Virgem fo i a única cri atura nesta Terra que acompanhou em espírito toda a Agoni a de seu Divino Filho (como ilustra a capa desta edição). Ela si m, " vigiou e orou", e desse modo consolou nosso Salvador. Supliquemos-Lhe a graça de acompanharmos vigilantes a agonia pela qual atravessa a Santa Igreja em nossos dias. Desejo a todos boa leitu ra, be m co mo santa quares ma e uma Páscoa repleta de bê nçãos. Em J ·sus • Maria,
Preços da assinatura anual paraomêsdeMARÇO de 2005:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ 96,00 R$ 140,00 R$ 260,00 R$ 420,00 R$ 9,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
ontadeB,;tofólho D IRETOR
7
paulobrito@catolicismo.com.br PS: E m oulubro próx im o, co rn plclarn-se J0 anos cio pa ssa menlo cio Prof. Plin io ( 'orrGa el e Oli ve ira. E m virlucle desse déci mo ani versári o, por sugestão ele vá ri os ll·il on•s, 1·0111 0 j usta homenagem ao pr in c ipal co labo rador e in spirador el e Catolicismo , p 11s s 111 1111 s 11 1wbli car maté ri as es pec iais el e sua auto ri a, ou arti gos el e oulros co laborud or1•s d 1• 111 1N, 11 rev ista , cenlraclos na vicia e ob ra desse grande líd er e pensador cató li co.
Quatro imagens de Nossa Senhora : dei Miracollo, Fátima , Lourdes e Guadalupe
Imagens de Nossa Senhora face à moda E m algumas imagens da Santíssima Virgem, Ela aparece magnifica1nente trajada; em outras, porém, apresenta-se de forma despretensiosa, dando-nos exemplo de modéstia '
H
V ALDIS GRIN STEINS
á certas perguntas que nunca me teriam passado pela cabeça, mas uma vez fo rmuladas, não saem do pe n sarnento até serem reso lvidas . Uma delas fo i a apresentada por uma senhora francesa ao Prof. P línio Corrêa de Oliveira. Desejava ela saber o motivo pelo qual as vestes de Nossa Senhora de Fátima eram tão simples - uma modesta túnica branca, com bordadura dourada. E, ade mais, nessa aparição a Virgem Santíssima apresenta-se sem calçado. Realmente, para uma Rainha, era esta uma vestimenta a mais simples possível. Por incrível que pareça, vi inúmeras vezes imagens de Nossa Senhora de Fátima, e nunca havia reparado nesse aspecto. A moda não é, nem de lo nge, o que mais me atra i. Mas não posso deixar de reconhecer que por detrás dessa pergu nta pode-se constituir todo um mundo de interessantíssimas considerações. Com efe ito, a moda não é uma co isa banal. Na esco lh a de uma ro upa está sub-
j acente um pe nsa me nto, e ela pode ence rrar mais soc iolog ia do que a escolha de uma comida. Podemos aqui latar, por exemplo, se uma pessoa é extravagante pela for ma como ela se veste. Isto posto, o que dizer das vestes da Santíss ima Virgem?
Consideração prelimiJwr Antes de ma is nada, de vemos esc larecer que vamos tratar da forma como aparecem vestidas as image ns de Nossa Senhora, e não co mo Ela se vesti a em sua vida terrena. Até porque são parcas as info rmações que poss uím os sobre as vestes ori gin ais da Virgem Maria , das quais um compo ne nte é o véu usado por E la , q ue se co nse rv a na Catedra l de C hartres, na França. E le fo i ana li sado segundo os métodos mais modernos da ciência, e descobriu-se que fo i tecido com as técni cas utili zadas pela classe alta da Palestina do primeiro sécul o, mas os fios corres pondem aos usados pelas classes pobres. O que coincide com a vida de Nossa Senhora, que, tendo sa ngue real, vi via num estado de edificante pobreza.
MARÇ02005-
As diversas imagens de Nossa Senhora correspondem geralmente a duas classes: a que fo ram pintadas ou esculpidas segundo a imaginação do arti sta; e as que foram feitas tendo por base uma aparição, e nas quai s procurou-se representá-La o mais parecida possível com a visão.
Imagens baseadas cm aparições E ntre as imagens que procuram representar a Virgem do modo como Ela apareceu a videntes, as mai s conhec idas são as de Fátima e Lourdes. Tanto os três pastorzinhos de Fátima como Santa Bernadette Soubi ro us deixaram desc rições po rmenorizadas da fo rma como E la estava traj ada. M ais ainda, e les supe rvis io naram a co nfecção das image ns, ou as comentara m. Em ambos os casos, o traje de Nossa Senhora é mui to simples, constituído por três peças: a cabeça é coberta por um véu longo; um vestido chega até os pés; e em to rno da cintura, um e legante c into. As cores são igualmente singelas: branco e do urado e m Fátima; bra nco e az ul e m Lourdes. Nos dois casos, Ela apresentase sem caJçados. Por que Nossa Senhora quis aparecer vestida desse modo em Lourdes? Se analisarmos o contexto em que se deu a aparição, veremos que, na metade do século XIX, o mundo entrava numa era de prosperidade material e decadência rnoraJ. E para exercer um apostolado em relação a essa época, Ela apelava justamente para o oposto: as vestes longas e brancas, conclamando à castidade um mu ndo que começava a apreciar a freqüência a praias, a usar decotes exagerados e cada vez menos recatados. Ela, entretanto Rai nha, aparece sem jóias a um mundo que media as pessoas não mais pela virtude, mas pela riqueza. E aparece descalça, não por naturalismo, muito menos por hippismo, mas porq ue andar descalço era um modo de fazer peni tência. O Rosário na mão e o fato de estar descalça constituem j ustamente a conclamação à peni tência e à humildade. Res umindo: Nossa Senhora vestia-se de forma cont:rária à sensualidade e ao orgulho do mundo naquele século XIX. E e m Fátima? E la aparece igualmente descalça e completamente coberta. Os vícios turb ul entos do século XIX tin ham se tra nsformado em verdadeiro tufão no sécul o XX. Era mais necessário do que nunca conclamar à prática da castidade e à vida pen itencial. Mas - deta lhe importante - o traje d 'E la ostenta uma borda dourada . Q ue significado teria isso? Lembremos que na Mensagem de Fátima a Virgem anunc ia, para além de todo os castigos e todas as tragédias, um im ·nso tri unfo - a vitória completa de seu Imaculado oração. E esse fio de ouro ao longo de todo o vesti lo e cio véu, bem como 11 0 cinto, parece ser um a espécie ele promessa ela vitó ria fina l, com a anunciada implantação nesta Terra do Reino ele Maria. Poderíamos ainda tratar da forma como Nossa en hora se veste na aparição de Guadalupe, no M éx ico. E la os tenta
-CATOLICISMO
vári os símbo los que os índi os as tecas co nheciam : conco mitante me nte, o vé u elas mulhe res casadas e o cinto el as mu lhe res virge ns. Poder- e-ia adu zir ainda a image m de Nossa Senhora de Coromoto, padroeira da Venezuela, uma das po ucas aparições em que se mostra coroada, quere ndo assim indicar que Ela é Rainha e irá re inar.
Imagens de devoção popular Há um segundo grupo de imagens. São aque las confecc ionadas por arti stas para representar esta ou aquela devoção dos povos, este ou aquele mi stério da v ida de Nossa Senhora. Ta is imag ns são vestidas com modésti a, embora às vezes de fo rma muito rica. Exemplo: Nossa Senhora Divina Pastora normalmente é representada como se vestiam as pastoras francesas ou italianas do século XVI ou XVII - devoção especialme nte d ifund ida pe los padres capuchinhos. Trajes simples, de origem popular, mas de inegável bom gosto. Diferente é a represe ntação fe ita pela imagem de Nossa Senhora Im peratri z da China: ve tida com os trajes que correspondem à classe nobre daquela nação. Com seda amarela, ornada de fig uras orientais, emoldurada por uma bordad ura preta, ta mbém com desenhos. Tanto a Santíssima Virgem como o Menino Jesus usam luvas pretas, e Ela ostenta longuíssimo e belo colar de pérolas. Detalhe encantador: a parte infe rior do traje procura dar a impressão de pairar sobre nu vens. Para encerrar, não ape nas a coroa, mas até o penteado é tradic ional na China. Haverá melhor representação da elegância oriental?
A obra-prima <la Criação Não q ueremos deixar de adu zir um problema final. Nestes dias de permissivismo exacerbado, nos q uais procura-se j ustificar as modas mais indecentes, é comum ouvir a seguinte objeção imp udente: "Por que não se pode ostentar o corpo, se ele foi feito por Deus?" Com este pretexto, deseja-se aprovar t elas as imora lidades, todas as comodidades e todas as decadências. Ora, Nos a Senhora é a obra-prima da riação, portanto perfeitíssima. Não ap nas sua alma é perfeita, mas também seu corpo. Uma vez que Ela foi concebida sem pecado origina l, mesmo com o passar cios anos a Santíss ima Virge m não sorreu qua lquer d ·generescência - o que ocorre com todo ser humano . Todos os homens, devido ao pecado original, e derormam com a idade, com as doenças, com a fa lta ou ex esso de alim •nLo etc. Se a Virgem Santíss ima, q ue não sofreu qualquer espécie ele deterioração, dá-nos o exemplo le mod tia e recato no vestir, não será mais sapiencial . e ui r Sl'U ·xcelso exemp lo? • E-mail do autor: vald is .-nst ·i n,c,~l,tluh ·1 1110, • 11.br
A Ave Maria [conclusão] E ncerramos hoje os comentários da oração Ave Maria, ou Saudação Angé]jca, do conceituado autor de vida espiritual Padre Berthier, M.S., que viveu em fins do século XIX O Senhor é convosco - Deus está e m toda parte, por sua presença e poder; está presente na alma dos justos, por sua graça. Mas sua união com Maria está na proporção da graça que Ele lhe fez, e à qu al E la correspondeu com uma pe rfe ição que não podemos conceber. O Pai está convosco, ó Maria, e Ele f az vosso seu próprio Filho. O Filho está convosco, pois vai habitar em vosso seio virginal. O Espírito Santo está convosco, pois é por sua operação que vós ireis conceber o Filho do Altíssim.o. [. .. ] Ah! Obtende-nos que estejamos com Ele [Deus] desdejá, e, depois, também no Céu! Aqui na Terra primeiro, porque, para chegar à união eterna co,n Deus, é necessário estar com Ele unido neste inundo pela graça sant(ficante. Bentlita sois Vós entre as mulh eres - Débora, Judite, Ester, estas mulheres admiráveis que fora m a sa lvação de seu povo, não são senão pá lidas im age ns de M ari a, que deu ao mund o inte iro um Sa lv ad o r. E va, nossa p rim e ir a mãe, comuni cou-nos a morte ao mes mo tempo que a vida; Mari a, dando-nos Jesus, destruiu o impéri o da morte e cio pecado e nos tra nsmitiu a vida sobrenatu ral. [ ... ] Bendita entre todas as mulheres, E la comuni ca a todas e las as bê nçãos de que está enriquecida. [... ] G lori fica ndo Mari a, não esquecemos Jesus, a quem se vo lta todo o c ul to q ue rende mos à sua Mãe. Não há nada em Mari a que não ve nha por Jes us, e não há nada que faça mos por Mari a que não tenda a exaltar a Jesus. [ .. .] E bendito é o fruto do vosso ventre - E le é bendi to pe los anjos, é bend ito pelos ho mens, é a fo nte de todas as bênçãos espa lh adas sobre a própria Mari a. Ele se chama Jesus, porque sa lvo u do pecado e do inferno todo o gênero humano, e eis por que, ao lado de vosso nome, ó Mari a, colocamos sempre seu no me em nossos láb ios e em nossos corações: Jes us, Maria ! Jes us, nossa salvação; Maria, por quem Ele nos fo i dado ! Santa Maria, Mãe de Deus - Foi a Igreja que acrescentou rn.ais. Nossas necessidades são urgentes. Agora, na nusen a estas palavras à Saudação Angélica ou Ave Maria, em 43 1, quando presente, nas tentações que nos perseguem, nas calamidades que o Concílio de Éfeso condenou o ímpio Nestório. Esse herege queria · nos ameaçam, nas dores que nos afligem, rogai por nós, e tarnbérn que se chamasse Maria apenas de "Mãe de Cristo", e não "Mãe na hora de nossa morte. Se a vida nos é bem amarga, a morte de Deus". Desde então, todos os fi éis protestam todos os dias nos é ainda mais ternível. Nessa derradeira passagem do tempo contra essa blasfêmia, di zendo à Santa Virgem: Santa Maria, Mãe para a eternidade, assisti-nos, defendei-nos; tomai nossa alma e de Deus. [... ] Tudo o que se pode di zer de Maria não poderia transportai-a então ao seio de Deus! Amém. Assim seja. Que igualar este único elogio: Ela é Mãe de Deus. [... ] assim seja, ó Virgem bendita!• Agora - Maria, o passado não nos pertence mais, nós dele abusamos. O futuro não nos pertence; amanhã, talvez, teremos * P. Be rthi er, M.S., Le Livre de Tous, Ma iso n de la Bo nn e Presse, Pa ri s, desaparecido da cena do mundo. Rogai por nós agora; não tardeis 1898, pp. 379 e ss.
-
M ARÇ0200 5 -
Pl'Ogl'ama "empada-vazia" Essa revi sta Catolicismo deveria ser distribuída no Brasil inteiro, com empenho especial nas igrejas, porque os assu ntos abordados fazem com que os católicos saibam quais de nossos líderes são verdadeiramente católicos e quai s líderes são pelegos disfarçados para enganar o próximo. Aprove itei bastante a reportagem sobre o trabalho escravo porque a revista aborda o problema em profundjdade, recriminando os agentes comunas, inclusive alguns de bati na e alguns da pastoral da terra, que estão atiçando a luta de classes, na tentativa de eliminar a paz entre patrões e empregados (o que é tão necessári o, não apenas para as fam íli as, mas para o crescimento deste País). Os referidos pelegos usam e abusam da questão da fome com programas sem conteúdo algum, tipo FOME
ZERO, BOLSA-FAMÍLIA, BOLSAESCOLA e outros programas ocos ditos "sociais". São programas vazios de verdadeira caridade, vazios do espírito cri stão de aj uda aos necessitados, ma carregados de ideologia esquerdi stas que prej udicam até os mai s pobres. T udo i to utilizado para fazer agitação comunista e comprar voto do povinho. Essa estória de um governo com mui tos programas voltados para os pobres é uma lenda, é um pretexto que el e inventou para injetar o veneno marxista
-CATOLICISMO
e à•ansformar este País numa Cuba, mas de proporção continental. Aliás, essa transformação j á se está operando na V enezuela com o regime despótico do Sr. Chávez. Gozado que esses comunas, que agora fazem essa bazófia contra à•abalho escravo, nunca fa laram contra o trabalho forçado, esse sim ESCRAVO, nos países comuni stas, e não falam contra o à•abalho forçado dos à•abalhadores cubanos obrigados a produzir só para o governo nas plantações de cana do barbudo. Continuem nessa ini ci ativa de ti rar a máscara desses ditos teólogos da libertação, que não sabe m nada de teol ogi a e não querem a libertação d o povo; querem el es sim a escrav i zação do povo aos mitos marx i stas que fracassaram no mundo, mas tentam impor no Brasil. NÃO PERMITIREMOS! (P.D.M. - RJ)
Um "causo" familiar k8l Sobre a temática do "traba lh o escravo", ai nda teria a acrescentar um "causo" fami liar. Após a promulgação da lei de libertação dos escravos no Brasi 1, em 1888, conta-se que, ceIto dia, chegou um grupo de negros na fazenda de meu à•isavô, ped indo para falar com ele. Primeiramente, ele não atendeu. Mandou perguntar o que queriam com ele, e dizer- lhes que estavam li vres com a nova lei e poderiam ir à•abalhar onde bem entendessem. O mais velho, desse grupo de ex-escravos, respondeu que eles queriam pedir perdão por terem abandonado a fazenda. Com esse pedido, meu trisavô foi atendê-los. Chegou lá e di sse de modo cu rto e grosso: " O que vocês querem co mi go?"
- "Nóis pidimo perdão, doutô. Nóis não qué virvê na cidade, lá o trabaio é pió, não tem 1norada, a gente ganha quase nada, quase não dá pra comê, e gas1a bebel!do". Depois tomou a palavra a mulher desse decano, rodeada de vári s filhos e filhas, e fez o mesmo pedido, acrescentando que a vida na fazenda era melhor, que viviam em famíl ia, tinham festas, parti cipavam da co lh eitas,
dos batizados, dos casamentos, tinham fa rtura etc. E arrematou: "O
sinhô dá a graça da gente vortá?". Meu antepassado, que de início não desejava readmiti-los, não teve jeito, aceitou-os todos de volta. Quando di sse que os aceitava nos mesmos traba lhos anteriores, eles fizerem um banzé, com batucada, cantigas e danças, festejando a volta ao anti go trabalho ... "escravo".(A.S.P. - MS)
Punições divinas O artigo sobre o tsunami, aviso de Deus, é tão procedente, tão claro, tão
Eles gostaram muito da frase do C hurchill sobre a fa lsifi cação de estatísticas e foram procurar mai s sobre o assun to. E nco ntram uma frase, mas não me lembro de quem, que dizia: "A estatísti ca é a prim eira das ciências inexatas". Está claro o objetivo demagogo do programa Fome Zero, com a di vul gação do número hiper-exagerado dos 53 milhões de brasileiros passando fome. Se existe aq ui tanta miséria, por que o governo não usa o dinheiro que está dando à Venezuela para construir metrô, para comprar e distribuir alimentos aos fa mintos?
evidente o que nairn; mas nem a imprensa em geral nem as televisões viram essa evidência. Esses meios de comunicação gastarain espaços incalculáveis pai·a fal ar do tsunami, durante vários dias, mas trataram apenas enquanto um fenômeno da natureza, como se Deus não ex istisse, como se a natureza não fosse criação de Deus, como se E le não pudesse castigar, como se todos os homens fossem uns anjinhos que não merecem nenhum castigo. É difícil entender esse procedimento, como tainbém é difícil entender por que os sacerdotes não aproveitaram essa realidade para repreender o pecado e pregar sobre os castigos que podem chegar a qualquer momento, em qualquer canto da Terra. Seri a um j eito ótimo de nos prepai·ai· para os eventuais tran stornos da natureza, obedecendo ao C ri ador, pai·a castigar os homens por se terem afastado d' E le. Infel i zmente eles perderam essa possibilidade de produzir muitas conversões ou correções no rumo da vida. Por isso, não serão ainda mais castigados que as pessoas comuns? Ceita.mente, muito mais que aqueles desafortunados daquelas lindas ilhas.(N.N.G. - PR)
j amento, amordaçando o IBGE e obri gando esse órgão a primeiramente apresentar ao governo os resul tados de suas pesquisas, antes de publicá-los, é próprio de uma ditadura. " Já vimos esse filme": esse conà•ole das informações, nós conhecemos bem, poi s muito empregado nos regimes totalitários control ados pela KGB. Em relação às pesq ui sas do IBGE, o governo segue aque la política : as notícias boas, divul gam-se; e as más, arquivam-se. Assim ele age relativamente às pesquisas in dependentes. Com esse decreto, pode-se dizer que morreu a independênc ia desses in stitutos de pesq ui sa. Passaremos a consum ir informações maquiadas pelo governo, e não saberemos mai s quai s os núm eros verdadeiros e quais os falsos. Com esse control e governamental, é melhor fechar o IBGE, porque, ainda que venha a divu lgar dados verdade i ros, pairará sempre a dúv ida.(N.A.B. - AM)
Ciências inexatas
Sa11dades da verdadeira Igreja
M Meus filhos estão admirados com a rev i sta, e não quero interromper a recepção men sal. Dou graças a Deus, porque eles vão adqu irindo formação cató lica e conhec iment cultural, o que na TV não encontram , a não ser superfic ial ida I s porcarias.
~ Quero pai·abenizar a revi sta Catolicismo por seus excelentes artigos, pois
(C.A.C. -
PE)
IBGE: ce11s11ra<lo O decreto do Ministério do Plane-
através deles passei a conhecer tantas preciosidades que nossa Igreja possui . Quisera eu que tantos irmãos também tivessem acesso a essas informações. Dói e amargura-me o coração pensar
na indiferença de tai1tos sacerdotes, na precariedade da catequese oferecida e na falta quase que total de piedade dos irmãos para com o sagrado. É o que fico a observar na comunidade em que atuo. É lamentável a situação em que nós cristãos, e mais especificamente católicos, deixamos que os valores e as virtudes se perdessem aos poucos. Os artigos que leio me trazem tanto conforto espiritual e me deixam mais próxima da Santa M adre I greja, seus dogmas e ensi namentos que outrora fl oriam no coração das pessoas, e hoje são praticamente sufocados pelos espinhos de uma sociedade quase atéia. Sinto saudade da Igreja pia, das práticas de caridade, da pureza nas pessoas, das Santas (santas) Missas, dos padres fervorosos. N ão sei, tenho saudade da [greja que eu não conheci. Que Deus e Mai-ia Santíss ima os abençoem, protejam o Santo Padre e tenham misericórdia do futuro da humai1idade. Porém, eu m111ca me e queço de que o IMACULADO CORAÇÃO DE JESUS E MARIA TRIUNFARÃO, E QUE AS PORTAS DO fNFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA A SANTA fGREJA CATÓLICA! Paz e bem. (J.S. - SP)
Civilização Cl'istã? Aproveito o ensejo para fazer uma pergunta sobre uma expressão que tenho visto com alguma freq üência na rev ista Catolicismo. Trata-se de CIVILIZAÇÃO CRISTÃ. Como propriamente os senhores entendem esse termo? Por exemplo, na revista de jan eiro deste ano, há um artigo com o títu lo: Reflexos da Civilização Cristã. Poderi am dar- me uma exp li cação? (N.P.S.F. - SP)
Nota da redação: Em rasgos muito gerais, pode-se distinguir a Igreja (sociedade espiritual) da Civilização (sociedade temporal). Quando esta última é modelada segundo o espírito e os princípios da Igreja, chama-se Civilização Cristã. Claro que a civilização de nossa época, devido a seu alto grau de descristianização, não pode ser adequadamente conceituada como Civilização Cristã.
Melhor a definiríamos como civilização neopagã ou civilização ex-cristã. Poder-se-ia então perguntar: em que época floresceu uma civilização realmente cristã? Na encíclica lmmortale Dei, de Leão XIII (cujo pontificado transcorreu entre 1878 a 1903), encontramos uma passagem que nos oferece idéia adequada do que consiste uma Civilização Cristã. O Pontífice assim descreve a Cristandade medieval: 'Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a Religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao favor dos Príncipes e à proteção legítima dos Magistrados. Então o Sacerdócio e o Império estavam ligados entre si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer" (Encíclica lmmortale Dei, de 1-111885, Bonne Presse, Paris, vol. li, p. 39). Eis aí uma bela descrição do que consiste uma Civilização Cristã. E o período histórico em que a humanidade mais se aproximou desse ideal foi a Idade Média. Apesar de algumas sombras e lacunas, a civilização verdadeiramente cristã e a Igreja Católica atingiram nessa época um apogeu histórico. Sucintamente, assim entendemos o que é uma Civilização Cristã. Mas o tema é muito vasto, não se resumindo apenas a isso, exigindo uma explicação mais pormenorizada, o que suporia espaço maior. Estamos dispostos a atender novos pedidos para desenvolver esse importante tema em outra seção desta revista.
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
MARÇ02005-
-
MI Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - Uma questão que coloco, porque não sei como responder e desejaria uma elucidação dessa conceituada revista católica. O que propriamente é um pecado? Quando este é realmente considerado "pecado mortal"? E quando é considerado "pecado venial"? Ambos levam ao inferno a alma daquele que morre sem os confessar com arrependimento no coração? Resposta - A pergunta do missivista é altamente oportuna e atual, porque vivemos numa sociedade secu larizada (isto é, "ateizada", em que Deus é posto cada vez mais à margem), na qual a distinção mesma entre o bem e o mal e, conseqüentemente, a própria noção de pecado vão sendo apagadas da mente dos homens. Segu nd o a conceituada Enciclopéd ia Católi ca, "o pecado é um ato moralmente mau (Santo Tomás, "De Maio", 8:3), um ato em dissonância com a razão ú~/ormada pela lei divina". Em sentido corrente, podemos definir pecado como sendo toda transgressão da Lei de Deus ou das leis da Igreja, bem como de qualq uer lei ou ordem legítimas das autoridades da sociedade civil. É mortal quando incide sobre matéria grave e é praticado com pleno co nhecimento e vontade deliberada. É ven ial quando incide sobre matéria leve; ou, sendo grave a matéria, a pessoa não deu pleno consentimento ou não tinha consciência de que se tratava efetivamente de matéria grave. Só o pecado mortal leva a alma para o inferno, se antes não CATOLICISMO
tiver obtido o perdão pelo Sacramento da Penitência (Confissão) ou se arrependido dele com um ato de contrição perfe ita. Se a pessoa morre com pecados veni ais, ou não fez a devida penitência pelos pecados mortais confessados e já perdoados, passará pelo Purgatório para se purificar inteiramente antes de ser levada para o Céu. Em síntese, a pergunta do consulente fica assim respondida, mas convém exp li carmos passo a pas ·o a resposta dada, para que ela sej a perfeitamente ass imil ada, pois é provável que o leitor se sinta e mbaraçado com vários cios conceitos acima expostos.
A Lei de /)cus 110s Ma11damc11tos Como Senhor e Criador cio U niverso, Deus estabe leceu leis tanto para o mundo físico como para o mundo espiritual . As leis do mundo físico nada têm a ver diretamente com a noção de pecado, a não ser que o homem, por imprudência, use mal delas e venha a causar um prejuízo a si mesmo ou ao próximo. Mas aí o pecado estará na imprudência, uma vez que a lei moral (espiri tual) nos ordena que sejamos prudentes no uso dos bens materiais. Por exemplo, alguém que por imprevidência resolva acender um cigarro num posto de gasolina, provocando uma explosão. A Lei de Deus está consubstanciada essencialme nte nos Dez Mandamentos, os quais englobam também as leis da Igreja e as leis civis, pois no 4° Mandamento - Honrarás pai e mãe - estão incluídas as autoridades religiosas e civis. Assim , a desobediência à autoridade religiosa ou a uma autoridade temporal implica em
pecado (suposto sempre que se trate de uma ordem legítima, é bom insistir; explicaremos melhor adiante este ponto). Será muito útil recordar a abrangência de cada um cios Dez M a ndam e ntos, que aprendemos quando estud amos o Catecismo por ocasião da preparação para a Primei ra Comunhão, pois de lá para cá muito tempo passou para algun s, menos tempo para outros; mas, de qualquer modo, infeli zmente, e m não poucas igrejas a temática das pregações passou a pautar-se pelos danosos princípios cio relativismo ou da Teologia da Libertação, que interpretam os Mandamentos numa linh a marxista, contrária ao Magistério tradicional da Igreja. E o resultado é que mui tos fiéis j á não têm mais um a noção correta desses Mandamentos. Se o leitor não tem à mão um Catecismo tradicional , recomendamos adq uirir o li vro Rosário: a grande solução para os problem.as de nosso tempo, de A.A. Borelli Machado (A rtpress, te l. (11] 333 14522), onde e ncontrará, nas páginas 29 a 37, uma síntese clara e sucinta da abrangência de cada um dos Mandamentos.
Pecado, uma revolta co11tra Deus Ven ial ou grave, o pecado é sempre uma desobed iência a Deus, e portanto um ato de revo lta contra o Criador. Neste sentido, é se mpre um ato sumamente censuráve l, pelo que devemos nos empen har seriamente cm evitar também os pecados vcniais, pois e les mancham a nossa alma e nos afastam de Deus, que é o Sumo Bem. Ademais, quem negligencia o combate aos pecados veniais coloca -se
numa rampa que conduz, quando menos esperar, ao pecado mortal, com todas as suas gravíssimas conseqüências: rompimento da amizade com Deus - torn amo-nos inimi gos de Deus! - e no colocamos na situação de condenados potenciais ao infe rno. Daí a necess idade de nos arrependermos seri amente e o quanto antes cio pecado mortal e buscarmos, na primeira oportunidade, o Sacramento da Confissão, para obtermos_ logo a absolvição cio sacerdote, que nos perdoe em nome e pelos méritos de Jesus Cristo. O pecado mortal levo o alma para o inferno, se antes não se houver obtido o perdão pela confissão
O pecado mortal nos torna inimigos de Deus e nos coloco na situação de condenados potenciais ao inferno.
i-.:,,,,,:.j
.,,,•.._..,.:..:,1
efeito, os teó logos faze m a distinção entre legal e legítimo. Legal é aquilo que foi estabelecido pelas leis humanas. Ora, pode ocorrer - e hoje
em dia vai se tornando cada vez mais freqüente - que cer~ tos dispositivos das leis huma1 nas estejam em choque com a Lei de Deus (ou mais especi0 "' ficamente com a Lei natural , ~ no rm alm e nte exp ressa pela "voz da consciência", a lei que ..: Deus estabeleceu para reger a natureza humana) . Neste caso, pe1feita e contrição imperfei esses dispositivos são ilegítita. Esta última é o arrependimos, e e ntão cessa a obrigamento q ue o pecador sente, ção de obedecê- los; mais ainmais pelo medo do castigo da, prevalece o dever de consetern o cio que por amor de ciência de desobedecê-los. Deus. Entra um certo amor de Por exemplo, e m quase toDeus e o desejo de recuperar dos os países cio mundo vai o "estado de graça" (assim se sendo introd uzido o "direito" chama o estado de alma livre legal da mulher ao aborto. Isto de pecado mortal), mas preinfringe a Lei natural, e adevalece o medo do castigo. Na mais o 5º Mandamento cio Deco ntri ção perfeita, dá-se o cálogo, pois o feto (o ser hucontrário: a alma se arrepenmano não nascido) tem o direide por puro amor de Deus, to à vicia e não pode ser morto ainda que o medo do castigo por causa das conveniências da também esteja presente. A mulher que o gerou. Os médiconseqüência é que a contricos católicos têm a obrigação ção perfeita restabelece na grave de opor-se à sua realizaalma imed iatamente o estado de graça, embora permaneça a obrigação de confessar-se na primeira oportunidade e antes de receber a Comun hão. A contrição imperfeita não tem o mesmo efeito imediato, mas necessita a absolv ição sacramental (dada pelo sacerdote na Confissão) para a alma vol- • tar ao estado de graça. :
8
~
i
Contudo, cumpre ressaltar que, para haver pecado mmtal, não basta que a matéria seja grave: é preciso que o ato tenha sido cometido com perfeita advertência do entendimento e pleno consentimento da vontade. Em outras palavras, a pessoa deve e ta:r consciente de que sua ação implica em pecado grave, e o realiza com a vontade plenamente deliberada. A doutrina da Igreja faz esta precisão, porque às vezes circunstâncias ou fatores diversos fazem com que o consentimento não seja pleno, o que descaracteriza o pecado como mortal. O Magistério da Igreja ensi na quando a matéria é grave ou leve, e isso se aprende em geral nas aulas de Catecismo. Em caso de dúvida, deve-se consultar um sacerdote instruído e conhecido por suas posições sapienciais e prudentes, em consonância com o Magistério tradicio nal da Igreja e pouco afeito aos "modernismos" que vão se introduzindo em muitas partes.
Contrição pcrl'cita e co11tl'i ção impcl'fcita É o momento de explicar a diferença entre contrição
ção, ainda que isso custe sua perm anênci a no emprego, e quiçá outras penalidades que a lei venha - ilegitimamente a estabelecer. Ainda rece nte me nte um sacerdote na Espanha foi levado injusta mente à barra cios tribunais, porque recusou-se a dar a Comunhão a um homossexual que, com gra nde estardalhaço, tinha se unido publicamente a um outro. Assim, da sociedade sacralizada de outrora passa mos a uma sociedade secul arizada e pagani zada, que desde já anuncia uma perseguição aos católicos que quiserem permanecer fiéis aos princípios de sua Fé. Talvez venha aí a maior perseguição da Histó ri a, co mo ali ás está profetizado no Segredo de Fátima. Se ela vier, peçamos a Nossa Senhora que nos dê a coragem de enfrentar essa perseguição - desencadeada em no me de leis injustas e il egítimas - com o mesmo ânimo que os primeiros cristãos tiveram ao e nfrentar as feras no Coli seu romano ! Até o momento da vitória final de Nossa Senhora. • E- mail do autor: conego joselui z@catolicismo.com.br
Dil°cl'CllÇa c11trc legal e legítimo Acenamos ac im a, por duas vezes, ao fato de que temos obrigação de obedecer às ordens e le is legítimas. Com
Em quase todos os países do mundo vai sendo introduzido o "direito" legal da mulher a praticar o aborto
MARÇO2005 -
Na Coréia comunista: controle até de cabelos
M
ais uma "l_iberdade socialista" vigora na Coréia do Norte. A TV estatal (a única) está ensinando, na sé ri e Aparemos nossos cabelos de acordo com o estilo de vida socialista , qu e os home ns devem cortar o cabe lo numa altura e ntre 1 c m e
,,
5 cm, a cada 15 dias. Para os de mai s de 50 a nos, ser- lh es-á tolerado até 7 centímetros. A sé ri e ex pôs ao vitupério público pessoas com cabelos lo ngos, filmadas com câmaras ocultas na ruas da capital Pyon gya ng. •
Maometanismo devastado por divisões internas
fa lso apresentar o islamismo como um bloco coeso. E le está dil acerado por correntes que destroem reciprocamente templos , santuári os e lugares santos, explicou a especia li sta em mídia Sherrie Gossett. Por exemplo, a seita muçulmana waabita, que do mina a Arábia Saudita, transformou e m banhe iro público a casa da infância de Maomé, com o pretexto de combater a idolatria. Várias mesquitas da seita Ahmadiyya no Paqui stão e na Arábia Saudita foram reduzidas a ruínas. O lslamic Supreme Co uncil of America (ISCA) fez um apelo à UNESCO e às Nações Unidas para que cesse essa autodestruição. •
E
Adolescentes americanos: opção pela virgindade
Estatuto do Desarmamento
D
esde que e ntrou em vigor no País o Estatuto do Desarmamento, na cidade do Rio de Janeiro o homicídio cresceu 4,2%, o latrocínio 40%, roubos a pedestres 30,5%, roubos e furtos a ônibus 85%. Tal acréscimo ocorreu entre os meses de agosto de 2003 e de 2004. "Estes números representam o contrário do que a Rede Globo vem alardeando, e demonstram um totalfracasso", escreveu Gi lberto Alves da Silva, ex-subsecretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro. Em 2003, 35 estados dos EUA facilitaram o porte de arma, e as taxas de crime violento e homicídio declinaram. Na In glaterra, após as armas de mão serem banidas nos anos 90, a taxa de assassinatos subiu 50%. É o óbvio uma vez mais comprovado: bandido armado + população desarmada= crescimento da criminalidade. •
N
os Estados Unidos, 73 % dos adolescentes entre 13 e 16 anos declaram-se virgen . 74% deles dizem que agem assim por decisão consciente. E 42% acrescentam que assim o fazem por razões morais ou religiosas. O grupo de jovens mais moralizados é o católico. Os protestantes vêm abaixo, mais próxim os dos ateus ou pagãos. O estudo foi encomendado pela NBC News e a revista "People Magazine". Os resultados alertam os pais para não terem medo de ensinar a boa doutrina moral aos filhos, di sse Rick Schatz, presidente da Nation.al Coalition. for the Protection of Ch.ildren. & Families. •
A maior bancada católica da história
O
novo Congresso americano tem o maior número de representantes católicos da história: 154 (87 democratas e 67 republicanos). Dois terços dos re. presentantes católicos recém-eleitos vêm do movimento conservador. Do ponto de vista religioso, é o grupo mais numeroso no Parlament da maior potência da Terra. Porém, o trabalho de apa do progressismo católico impede que seus membros atuem unidos para o bem da Igreja e da ivili zação Cristã. Mai s um sintoma do lamentável fato de que a esquerda católica provoca grave prejuízo para a moral e as instituições básicas da ordem temporal . •
-
CATOLICISMO
Inauguração de três monumentos a Stalin na Rússia
Crime aumenta após
Protesto faz TV espanhola escusar-se por blasfêmia
O
espa nh o l Canal+ de TV pediu desculpas ao público, após transmitir ignóbil programa blasfemo que ensinava "como cozinhar um crucifixo". A imagem de nosso Redentor adorável era picada, refogada na manteiga e colocada no fo rno, para sair no "terceiro dia ao ponto" . O Canal+ pertence ao poderoso g rupo de mídia PRISA, que sustenta o governo socia1ista do primeiro ministro Zapatero e vem denegrindo sistematicamente a Igreja católica. Ele ó e retratou devido à avalan ·h ' de protestos dos cal >licos. •
D
ois monumentos ao ditador so vié ti co Joseph Stalin vão se r inau g urad os na Rú ss ia, e mai s um terceiro em Ialta , anti ga c idade ru ssa, hoj e pertencente ao território ucra ni ano. Desde a co nde nação do se u c ulto nos anos 50, é o maior número de estátuas levantadas s i multaneamente em honra do carrasco que massacrou milhões de vidas, informou o j o rnal "Ucrânia Pravda", de Kiev, cap ital da Ucrânia. E ainda há quem acredi te na "morte do comunismo" ... •
Uso de preservativo: nenhuma autoridade poderá permitir
A
Religião na escola: exigência de três milhões de pais
A
Co,~feder~ción Católica de Asoc ia cio nes de Padres (CONCAPA), da Espanha, reuniu mais de três milhões de a sinaturas de pais de família pedindo ao governo sociali sta que não elimine a re li gião como matéri a das esco-
las. Foi essa uma coleta recorde no país. Porém, os pai s de família cató li cos te mem que o Partido Socialista Operário Espa nh o l, sempre sensível às ex igências de minorias anticatólicas, não queira atendê-los. •
Mulheres repudiam a prática do aborto
- - ._....
....,. ·-
ecen te est ud o do Centro para a Igualdade de Gênero (CGE) - g rupo abo rti sta rad ical - mostrou que o abo1to legal não é prioridade para as mulheres nos EUA. Entre as infelizes que praticaram esse abominável ato e hoje arcam com pesadas consequências físicas e psicológicas, além da dor moral, o movimento Pró-vida dei tou fo rtes raízes . E las esperam que a Corte Suprema de Justiça no rte-americana revogue a decisão que lega lizou o massac re de inocentes e causou enorme dano a tantas mães. •
R
mbíguas declarações do secretário-geral da Conferência Episcopal Espanhola pareceram a muitos uma autorização da Igreja quanto ao uso de preservativos, sob pretexto de combater a AIDS . Face ao escândalo causado por tais declarações, o bispo de Mondonedo-Ferrol (Galícia), D. José Gea, publicou esclarecedora carta pastoral. Nela, o Prelado lembra que a Igreja não pode "mudar os seus ensinamentos definitivos, diferentemente dos cidadãos, que podem alterar a Constituição do país". Sublinhou que, ainda que o secretário da Conferência Episcopal tivesse pronunciado esse despropósito, "seria preciso não lhe obedecer, nem sequer a mim se o tivesse dito, nem mesmo se tivesse sido afirmado pela própria Conferência Episcopal. [... ] Nem sequer o próprio Papa pode mudar aquilo que foi definido pelo Magistério anterior", acrescentou, reafirmando a doutrina tradicional da Igreja.
Indonésia: muçulmanos temem conversões ao cristianismo
G
rupos muçulmanos da Indonésia - o país mais atingido pelo re cente tsunami - rejeitam as obras caritativas católicas. E ameaçaram o Pe. Chris Riley, que decidiu abrir um orfanato na região mais atingida pelo maremoto. Eles temem eventuais conversões ao catolicismo. Os flagelados estranham o fato de os países maometanos não lhes enviarem ajuda, mas querem que o façam os EUA e os cristãos . Esse temor talvez seja a causa de o governo indonésio exigir a saída dos soldados estrangeiros engajados em operações de resgate, primeiros auxílios, alimentação e reconstrução das áreas devastadas.
Abortisto arrependida nos EUA protesta contra o aborto
MARÇO2005 -
-
até e ntão tinham sid o co ntum azes começara m a ser admirados pelo establislunent empresarial , esse otimi sta in corrigível que acred itava ter e ncontrado defensores eficazes num setor onde antes só hav ia inimi gos. De modo o posto ao que ocorrera durante décadas , numerosos esq uerdistas preferiram ca muflar-se ideologicame nte para tentar obter acesso ao poder político, ainda que não o fossem utili zar ao me nos num prime iro mome nto para impor sua ideolog ia. Insistir naq ue la hora no soc iali smo equiva li a a apostar numa quimera. Durante certo tempo, os soc iali stas sulamericanos se metamorfosearam em pragmáticos, passando a sustentáculos dos princípios que antes tanto combateram, como a necessidade do equilíbrio fi scal, a legitimidade da livre empresa, o freio ao intervencion ismo estatal etc. Não para defender tais princípios como essenciais, mas tão-somente para, de momento, absteremse de atacá-los de modo frontal... até que chegasse a hora de os suprimir.
Crise artificial ameaça a América do Sul E m nosso continente - após fracasso do comunismo - os países mais esquerdistas procuram contagiar as nações consideradas menos de esquerda num imenso incêndio de agitações e luta de classes n ALFREDO
M Ac H ALE
uando, em fins dos anos 80, teve início a queda do império oviético sob fortíssimos protestos popul ares, na América do Sul diversas cri ses começaram a afetar as forças e os líderes socialistas. Pois ficaram patentes as condições inumanas em que a seita comunista mantinha a nações sob seu domíni o. Até então, as esquerdas havi am negado essa realidade agora evidente. Colocou-se assim um problema agudo para os dirigentes da Revolução mundial: se continuassem obcecados pelos postula-
CATOLICISMO
dos iguaLitários, estatistas e totalitários de Marx e seus sequazes, podiam estar ceitos de sofrer, num país depois do outro, grandes fracassos eleitorai e enormes manife tações de descontentamento popu lar. Poderiam ver sepultadas por muitas décadas suas ambições de domínio mundial. Muito lídere da esquerda sul-americana não tiveram dúvidas: com uma versatilidade suspeita, "esqueceram-se" da palavras de ordem clá sica que tinham seguido amplamente, para adotar na aparência uma política muito mais moderada. Foi o caso, no Brasil, do Pai.tido Comunista, que até mudou de nome: de PCB, passou a PPS.
Alguns deles pareceram aceitar inclusive a redução do Estado, a privatização de e mpresa públicas e a eco no mi a de mercado. Como também certas med idas que li bera lizavam o comércio internacional e atenu avam as normas legais e m questõe. trabalhistas, para incentivar o in vestimento e o emprego, de modo que pudessem prosperar.
Esquel'da se metamo,t'oscia, e o otimista acredita ... Graças a essa adaptação às t: ircunstâ nc ias do momento, esq uerdistas notórios - e às vezes alguns 111arxistas que
Néstor Kirchner e os piqueteros : Argentina revive ameaças de épocas passadas
Crises artificiais para lavol'ecer o socialismo marxista A adaptação dos sociali stas às novas c irc unstâncias fo i, contudo, muito mais apa rente do que rea l; e a partir de e ntão, se mpre qu e pudera m, impuls ionaram políticas que mina vam a coerê nc ia da eco nomi a de mercado, para ao me nos ti rar- lhe um pouco da eficácia. Assim, a América do Su l esteve longe de obter nos últimos 15 anos o grande desenvolvimento que muitos esperavam após a ruína do comuni smo, a atenuação do socialismo e o descrédito dos respectivos mi tos. Por quê? Simplesmente porque muitos observadores e investidores internacionais duvidaram, com razão, da autenticidade da mudança e procw·aram outros horizontes. É verdade que investimentos afl ufram ao continente, mas as aludidas incoerências afugentaram muitíssimos outros, de modo que a liberalização do regime econômico teve somente um êxito parcial e temporário, após o qual começaram a explodir as crises- muitas delas artificiais - e a acentuarem-se as medidas esquerdistas. Aprox imava-se assim o fim da co média que os inimi gos da propriedade e ini c iativa privadas haviam representado, no
Coca/eros e movimentos de esquerda procuram desestabilizar a Bo 1ívia
O presidente Lula e o govemo petista tentam a esquerdização do País MARÇO2005 -
-
~----~~----------~----------1--------------------------~ papel de convertidos para esses princípios; como próximo estava também o dia do reinício de sua ofensiva contra ambas. Que relação tem isto com os acontecimentos recentes da América do Sul , e que resultante se pode dedu zir para o conjunto do continente? Vejamo-lo sumariamente, país por país.
Ele11co sumário cio sucedido 11a Am él'ica do Sul
Alvoro Uribe, presidente do Colômbia
Ricardo Logos, Chefe do Executivo chileno
Manifestantes a favor de Gutiérrez, no Equador
CATOLICISMO
• Argentina: Nos anos 90, teve 10 anos de pe roni smo rec iclado, tran sformado aparentemente e m neocapitalismo sob Carlos Menem , e uns três anos co m Fern ando de la Rua, do Partido Radical. O país passou por um cataclismo político, econômico e soc ial devido a uma grave crise fina nceira. Sucedeu-os no poder, há doi s anos, o peroni sta de esquerda Nestor Kirchner. Sem voltar totalmente à prática soc iali sta clássica, ele deu vários passos nessa direção, articulandose com outros governos de esq uerda. • Bolívia: Depois de vários governos que, de boa ou má vontade, corrigiram algumas das aberrações cometidas no passado por socialis tas, fo i eleito presidente pela segunda vez, em 2002, Gonzalo Sánchez de Lesada. Durou somente um ano, derrubado por ondas de protestos popu lares impulsionadas pela esquerda, assumindo o vice, Carlos Meza. Com a reviravolta política, as aco modações le varam a um governo precário, o qual subsiste a duras penas e só porque vários setores influentes sabem que, se cair, subirá outro pior. • Brasil: Após dois mandatos cio soc iali sta Ferna ndo Henrique Ca rdoso, supostamente convertido à economia ele mercado, acedeu ao poder o ainda mai s soc iali sta e reciclado Lu la ela Silva, produ zindo um co mpree nsível susto no mundo ; e depois, defi nida sua linha de gove rno, um di scutíve l alívio. Lu la adotou a disciplina no gasto fiscal, defendida pelos capitali stas, e entrou e m acordo co m os ba ncos inte rn acio nais e co m muitos empresários - o que não é tão difíc il no tocante a estes últimos, muitos de les ele me ntalidade soc iali sta. Porém, não cessa de impul sionar o coletivi smo agrário e dar ostensivo apoio aos invasores de terras, que vêm convulsionando o campo e causando séri as apreensões a que m ana li se objetivamente a situação.
• Chile: Teve, como se sabe, 17 anos ele governo militar - anticomunista no âmbito político e liberal no econômico - que reergueu a nação do jugo de um regime marxi sta e da enorme mi séri a que este produzia, a ponto de a economia ch ile na ser até hoje a ele melhor desempenho na região. Subiu depois a Democracia Cristã (DC) com o apoio sociali sta, e em seguida os socialistas com o apoio da DC, perfazendo 14 ano . Embora a situação econôm ica contin ue estável, o governo não cessa ele estimular a crise moral e a decomposição da família, favorecendo decididamente a Revolução Cultural. Quando a in stituição famili ar tiver sido destruída, o soc iali smo terá obtido o que desej a: um país iguali táJoio e amoral domin ado pela esq uerda. • Colômbia: Foge à regra, sendo o único país da América do Sul que progride, tanto no sentido moral e jurídico como no material , infligindo duros golpes ao terrorismo guerrilheiro e ao narcotráfico, buscando forçar todos os movimentos violentos a optar pela pacificação, ele acordo com as normas do governo. A economia recuperou-se notavelmente e os índices ele vi o lê ncia decrescem ele modo pau latin o. Tudo isso concorre para fazer de Álvaro Uribe o chefe ele Estado mais popul ar da América e o mais popu lar presidente de seu país em um século. • Equador: Elegeu presidente, há dois anos, o ex-corone l go lpi sta Lucio Gutiérrez, notóri o esquerdi sta e aliado do mo vime nto incli ge ni sta na ca mp a nha eleitoral. De perfil muito parec ido com o do pres ide nte venezue lano H ugo Chávez - ou sej a, prepotente e sociali sta - , G uti érrez e ntretanto rompeu a ali ança com os líderes indígenas e imprimiu um tom moderado ao governo, em colaboração com outras fo rças políticas. Ultimamente des ligou-se de las, manobrando para dominar os tribunais de Ju stiça, que é o utra receita chavista. • Peru: Após a queda do reg ime de Alberto F ujimori (2000) e um efêmero governo de transição, subiu ao poder em 200 1 o esquerdi sta Aleja ndro Toledo, co m claro apoio de certos ele mentos do mundo financeiro internacional. Não obstante, desde o in ício seu governo debate-se com uma crise permanente, devido ao fraco apoio da popul ação, decor-
re nte dos escândalos que o atingem a todo momento e ela falta de rumo políti co, uma vez que a opinião pública não simpatiza com sua linha esqu erdi sta. • Uruguai: Acaba ele ser e leito um governo profundamente soc iali sta, encabeçado por Tabaré Vasquez, a li ado a exterroristas, os quai s també m faze m hoje alarde ele serem moderados, e m agudo contraste com a posição que defe nderam durante décadas, o que é ele molde adespertar ilu sões na burguesia e demai s correntes políticas. • Venezuela: Continua cativa do regime prepotente, populi sta e sociali sta ele Hugo Chávez, forta lecido pelo referendo ele agosto cio ano passado. Jacta-se ele ser um continuador de Bolívar, Perón, Fidel Castro e "Che" Guevara - o que não é difícil adm itir. Chamou a si a tarefa ele dobrar a imprensa independente e os tribunais ele Justiça, formar com seus partidários e com recursos econômi cos cio Estado, provenientes do petróleo, milicias fa náticas para agredir e intimidar os opositores. Ao mesmo tempo, acolhe na Venezuela grandes contingentes ele cubanos comunistas, que serão evidentemente elementoschave para instaurar o comunismo ou um populismo despótico, assim que as circunstâncias o permitirem.
Perigos do co11tágio recíproco Com esse fundo ele quadro, o que se pode concluir sobre o rumo cios acontecimentos nos últimos meses? Dá-se no continente algo semelhante à situação ele uma famíli a cujos membros padecessem de diversas doenças graves, todas elas contagiosas: caso se contagiem reciprocamente, produzir-se-á por certo uma catástrofe. Tal contágio é precisamente o que procuram induzir Ficlel Castro e Hugo Chávez, ao tentarem formar uma coalizão internacional com Lula, Kirchner, Gutiérrez, Meza, Toledo e os guerri Lheiros colombianos. Nela, obviamente, prevalecerão os mais esquerdistas, que se servirão dos que forem menos. Com isso, os guerrilheiros transformar-se-iam em modelos e mestres das hostes "bolivarian.as" venezuelanas, do MST brasileiro, dos "piqueteros" argentinos e cios "cocaleros" bolivi anos, bem como ele outros movimentos ele agitação social que pu lulam no continente.
Os adeptos ela revolução incligeni sta, e m conúbi o co m a esquerda católica, semearam o caos na Bolívia e no Equado r, vi sando paralisá-los e arrastá-los a um regime tribal , co letivi sta e primitivo. Isto fe ito, procuram suscitar movimentos análogos no Peru , na Colômbia e no sul cio Chil e, ante a tolerância de grande parte elas autoridades locais. O forte combate ao terror ismo, à guerr ilh a e ao narcotráfico , rea li zado pe lo go verno U ribe com o apoio no rte-a me ri ca no, melhorou muito a situação desse país, mas os agentes desses três flage los e mi grara m pa ra nações vi zinhas. Aí são protegidos e tole rados pe los governos locais, apesar de conhece rem o mal que os indesej á ve is hóspedes causam à Colô mbi a, e que pode rão produ zir e m seus própri os pa íses a qu alquer mome nto.
Alejandro Toledo, presidente do Peru
Pel'spectivas para o dia de amanhã A Revolução na América do Sul tenta hoje avançar por essas três vertentes - terrorismo, guerrilha e narcotráfi co e mbora pudéssemos assinalar ainda outras variantes. Todas elas indi cam a formação ele uma frente de governos ele esquerda que aspira - qu ando seus líderes tirarem as máscaras - a enfrentar os Estados Unidos e envolver todo o conti nente num verdadeiro incêndio ele agitação, luta ele cl asses, violência estatal e caos generali zado. Para ele alguma forma compensar na América, como diz a própri a esquerda, o imenso fracasso que teve no Leste europeu há 15 anos. Poré m, no mo me nto e m que os revolucionários reso lv ere m j ogar tud o po r tudo, amparados na apatia das mul tidões e nas defecções dos fa lsos líderes, arri scam-se a ter uma nova e estonteante surpresa. Co m o auxílio da Santíss im a Virgem, que tanto tem proteg ido a América, as reservas ca1ó licas hão ele manifesta r-se, as populações se polarizarão, e os doi s lado s - por Cristo e contra Cristo - poderão c hegar ao enfre nta me nto , cabendo o triunfo aos defensores da Civilização Cristã, co nfo rme prometido e m Fát im a. •
Tabaré Vásquez, novo presidente uruguaio
E-mail do autor:
machale@catolicismo.com br
O populismo chavisto no Venezuela MARÇO 2005
a.Ili
-
·-~ positivos. Territórios enormes, que estavam quase perdidos para a civili zação e o prog resso, foram resgatados.
Na Colômbia, atual e eficaz combate à guerrilha
Catolicismo - Qual a situação atual do combate às guerrilhas marxistas, especialmente as FARC?
A política anterior de concessões à guerrilha não conduziu a Colômbia à pacificação. O novo governo, movendo combate aos narco-guerrilheiros
das FARC, alcançou uma acentuada melhoria da situação do país.
ara tratar de tema que Ao fundo, o Catedral de Bogotá nos atinge tão de perto - a situação da vizinha nação colombiana, aterrorizada durante décadas pela ação do movimento marxista guerrilheiro FARC (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia) - convidamos um especialista no assunto: Sr. Eugenio Trujillo Villegas . Este valoroso colombiano é diretor executivo da Sociedad Colombiana Tradición y Acción (fundada em 1999), e tem acompanhado meticulosamente o processo que levou seu país a uma crise semprecedentes. Ele tem desenvolvido importante ação pública alertando seus compatriotas contra a subversão da narcoguerrilha marxista. É profundo estudioso da política levada a cabo pelos governos anteriores, de diálogo e concessões em relação 81: Bugcnio 1'mjillo: à guerrilha, bem como da atual estratégia "Durante do governo Álvaro Uribe, de não ceder ante <lécadas, uma as ameaças das FARC, mas, pelo contrário, estratégia de combatê-las vigorosamente. de pacificação Eugenio Trujillo tem feito inúmeras conequivocada: ferências sobre a situação colombiana e a claudicação organizado foros nacionais e internaciodo Estado aJJte nais a respeito da devastação que as FARC os promotores produziram. Ao mesmo tempo, tem mosda violência" trado que o combate à guerrilha, conduzido pelo presidente Uribe, levou sua nação a obter promissor progresso, e que a almejada pacificação vai sendo pouco a pouco alcançada .
CATO LICISMO
Recentemente, de passagem por São Paulo, o Sr. Eugenio Trujillo concedeu a Catolicismo oportuna e elucidativa entrevista - com informações inéditas para o público brasileiro - que publicamos a seguir.
*
*
*
Catolicismo - A Colômbia caracterizou-se nos últimos anos como um país violento e inseguro. No momento, qual a situação?
Sr. Eugenio Trujillo - As co isas mud ara m radicalmente. O at ua l gove rn o do Presidente Uribe fo i enérg ico no combate às guerrilhas, obtendo resultados muito positivos. É claro que ainda ex iste um caminho longo a percorrer. Catolicismo -
Sr. Eugenio Trujillo - Há alguns anos, fazia-se crer à população do país que não se podia derrotar a guerrilha, poi supunha-se que o povo a apoiava. Com esse falso argumento, justificavam-se as claudicações. No atual governo, em pouco tempo demonstrou-se o contrário. Quando há uma vigorosa decisão do Estado, bem como apoio da sociedade e do governo ao labor desenvolvido pelos organ ismos de segurança, como o exército e a polícia, pode-se devolver a paz ao povo colombiano. A guerrilha está muito diminuída, embora não totalmente derrotada ne m desaparecida do cenário nacion al. Mas avançou-se muito. A Co lô mbia mudou muito ultimamente. E aprendeu -se uma li ção assaz importante: quando combatida de verdade, é possíve l derrotar a guerrilha, com a condi ção de que ta l combate prossiga sem cessar, enquanto ela continuar existindo.
A que se deve essa melhora?
Sr. Eugenio Trujillo - Em minha op ini ão, a razão fundamental é uma só. Durante décadas, os governos e a classe política colombi ana desenharam uma estratégia de pacificação tota lmente eq uivocada. Consistia na claudicação do Estado e da ociedade ante os promotores da violência, isto é, a guerrilh a e o narcotráfico. Impunidade, indulto, anistia, e sobretudo a negativa do Poder Público em combater eficazmente esses flagelos , tudo isso perm itiu que as guerril has se mul tipli cassem até o ponto de quase des mante lar a ordem jurídica. Em muitas regiões da Colô mbi a, tal ordem era uma ficção. Agora as coisas mudaram. Há uma estratégia de combate efic iente e impl acável a todos os grupos guerrilhe iros, e isso produziu fruto muito
Catolicismo - E a opinião pública colombiana, como se manifesta em relação a esse combate firme e decidido à guerrilha?
Sr. Eugenio Trujillo - A imensa maioria da população colo mbi a na apó ia esse esforço. E não somente agora. Há mais de 25 anos vimos afirmando que nosso povo é contrário à guerrilha, não só pe la ideologia comunista desta, mas também pelos crimes e atroc idades que a toda hora co me-
Manifestação contra seqüestros, em Bogotá
"É e1ride11te que as invasões e depredações de propl'iedades agrícolas afetam a pmdutivida<le da agricultura, pois desestimulam a realização de investimentos"
Colheita numa plantação de batoto . O deslocamento, devido à ameaço do guerrilho, de milhares de camponeses repercutiu seriamente no produção agrícola do país.
te. E o temos dito de modo permanente, em todos os nossos escritos e pronunciame ntos. Até 1997 di z ia-o a TFP colo mbiana - que a partir desse ano, dominada por uma diss idência, tornou-se silenciosa, passiva e apática, desaparecendo docenário naci onal. A partir de então, afirma-o sem claudicações Tratlición y Acción, com gra nde eco na o pinião pública. Uma das coisas que mais dano causaram ao país foi a falácia dos chamados processos de paz, conduz idos pelo grosso da classe po lítica e empresarial, com respaldo de a lguns me ios de comunicação. Procurou-se mostrar uma imagem falsa, de aparente si mpatia das pessoas pela guerri lha marxista. Isso constituiu uma mentira, e mmca ex istiu a me nor base para ela. Como o Estado não fez cumprir as le is nem protegeu os cidadãos, deixando-os inermes ante o crime, a extorsão e o seqüestro, parte da população rural, totalme nte indefesa, deu algum apoio às guerrilhas; devido ao medo e ao terror, mas não por simpatia. Hoje, segundo as pesquisas, inclusive as efetuadas por entidades contrárias ao atu.al presidente, mais de 70% da opini ão púb lica o apó ia de for ma clara. E esse apo io é fund a mentalme nte devido à sua gestão enérgica contra os geradores e promotores da violê ncia. Catolicismo - Sua pátria sofreu muito por causa do terrorismo, nas últimas décadas. Como tal fato é visto hoje nas principais cidades colombianas?
MARÇO 2005 -
-
A popula ção acolhe com simpatia membros do exército
Sr. Eugenio Trujillo - Não há termo de comparação com o que se viveu em anos anteriores. Só para se ter uma idéia, quatro anos atrás, a méd ia anual de seqüestros chegou a cerca de 2.500, a de homicídios a 35 mil; e a de ataques terroristas
G uerril heir de dssa lto est no interio
"Jlá mais de 25 anos vimos a11rmamlo: a população colombiana é co11trária à guer11/1,a, 11ão só pela i<leologia desta, mas também por seus crimes"
maciços contra pequenos povoados, a mai s de 100, deixando-os totalmente destruídos. Um verdadeiro horror. Isso ocorria ao mesmo tempo que se reali zavam negoc iações políticas com a guerri lha. Naturalme nte, ela não as cumpria de nenhum modo, mas ex igia que o exército fosse impedido de combater os guerrilhe iros. Condição esta a que se submeteram voluntariamente cinco presidentes consecutivos, para manter a ficção de uma "paz" obtida mediante concessões. Hoje não se pode afirmar que toda essa violência desapareceu, porque males de tal índole deitam raízes profundas, difíceis de extirpar. Mas, no ano passado, os seq üestros reduziram-se a 1000 aproximadamente, o que é menos da metade do que ocorria anteriormente. Os homicídios foram cerca de 20 mil , e os povoados assaltados e destruídos pela g uerrilha não chegaram a 10. Isto mostra um salutar e indubitável avanço em matéria de pacificação. Por outro lado , a ntes as estradas eram um co ntínuo cenário de as altos g uerri lheiros maciços, que impediam a locomoção livre e segura dos cidadãos, direito ele me ntar das pessoas honestas. Vi aj ar constituía perigo e ri sco mui to gra nd es. Tal seg uran ça foi rec uperad a de modo indiscutível. Catolicismo - Há indícios de que o presidente Hugo Chávez protege as FARC. É real?
Catolicismo - Há pouco ocorreu grave incidente com a Venezuela. O governo colombiano acusou o presidente Hugo Chávez de proteger a guerrilha das FARC em território do país vizinho. O que há de objetivo nessas denúncias?
Sr. Eugenio Trujillo - Foi uma crise muito grave entre os dois países. De há muito , circulam rumores de q ue Chávez é um protetor das FARC. Havia muitos indícios di sso, mas nunca foram ex ibidas provas concludentes. Contudo , a captura de um g uerrilheiro co lombiano em Caracas, proteg ido pelo governo Chá vez, demonstrou a existência desse vínc ulo. A Colômbia denunciou que há ainda pelo menos 10 c hefes g uerrilheiros na mesma situação na Venezuela; e que, além do mais, existem acampamentos das FARC no lado venezuelano, junto à fronteira de mais de 2.000 km que separa os dois paíse s. Tais acampa mentos não são combatidos pelo exército venezuelano, o que patenteia um vínculo bastante suspeito. Não é, pois, de estranh ar que essa aliança Chávez-FARC seja uma realidade. Já o é a conhecida aliança Chávez-Fidel Castro, a ponto de o governo venezuelano ter recentemente autori zado a polícia cubana a realizar operações de vigil ância e controle dentro do próprio território da Venezuela, o que é gravíss imo. Tudo isso indica que Chávez deseja ser o conti nuador da obra maléfica de FideJ Castro na América. E tais cons iderações não constituem conclu sões minhas. Elas são afirmadas pelo próprio Chávez, que não se cansa de as repetir. Catolicismo - O que representa essa proteção de Chávez à guerrilha colombiana como fator de desestabilização da América Latina? Cria ela algum perigo para os demais vizinhos?
Sr. Eugenio Trujillo - Cre io que é uma atitude muito perigosa da parte do presidente C hávez. A CATOLICISMO
guerrilha deixou a Colômbia exang ue, empobrecendo-a durante duas décadas. Será que ele quer isso para o seu país ou para os demai s vizinhos, como o Brasil, o Equador e o Peru? É o que evi denciam múltiplos fatos que se produziram ultimame nte, os quais c ri am uma situação basta nte perigosa, máxime considerando-se que o Estado venezuelano poss ui e normes recursos, por causa do altos preços do petróleo. [sto indi ca que o co muni s mo não desapareceu na região, ao contrário do que alguns crêem. Há um eixo revolucionário marxista que não só sobrev ive na América, mas tem recursos e empuxo ideológico para este nder-se a o utras nações. Chávez dispõe de grandes recursos petrolíferos, as FARC os têm co mo produto do narcotráfico, e Fidel Castro é o mentor ideológico de ambos. Tal combinação é a ltamente ameaçadora. E nenhum dos integrantes desse trio esconde suas pretensões imperi al istas de se estender a territórios vizinhos ...
Sr. Eugenio Trujillo - Sem dúvida . E isto o afirmam inclu sive pesq uisas efetuadas na população venezuelan a. Os chefes das FARC são se us amigos, todos já estiveram na Ve nezue la várias vezes. E esse país é o refúgio de muitos g uerrilh eiros colombianos que atravessaram afronteira, fugindo das investidas do exé rcito colombiano.
O presidente Alvoro Uribe continua obtendo altos índices de popularidade
"Os clwl'cs das FARC são amigos de Chávez. 1'odos já estiveram 11a Ve11ezuela vál'Ías vezes. E esse país é o reliígio de muitos gue1Tilhei1·os colombia11os "
Catolicismo - Como o problema da guerrilha e narcotráfico poderia afetar o Brasil? É algo que nos alcança de alguma forma? Ou é um perigo ainda distante?
Sr. Eugenio Trujillo - É óbvio que afeta o Brasil, muito mais do que o com um das pessoas pode pensar. O narcotráfico e a g uerrilha con stituem um a aliança ex istente há muitos anos, responsável por toda a catástrofe vivida pela Co lômbia de 1982 a 2002. Se o gove rno co lombi a no apertar o cerco co ntra ta is organizações terroristas, e las deslocar-se-ão para onde forem menos combatidas. Essa é uma das razões de terem e mi grado para a Venezuela. Quem poderia afirmar que não lhes interessa penetrar no Brasil? A fronteira é enorme, praticamente desabitada e não vigiada, em plena se lva a mazô nica, um lu gar ideal para ocultar e nclaves narcotráfico-guerrilhe iros, a exemplo dos que mantiveram nas selv as co lombianas. Creio que o Brasil deve precaver-se com especial cuidado contra esse perigo, deve e tar muito alerta e pre parar-se para enfrentá-lo. Não é um perigo para de poi s de ama nh ã. É para hoj e. E se não for co mbatido hoj e, amanhã e le será muito pior. • MARÇO 2005
B1111
-
A morte da Irmã Lúcia e a efetivação das profecias de Fátima
.
''
Ü falecimento da última vidente encerra uma era na história de Fátima - a dos avisos - e abre outra: a da concretização dos episódios finais anunciados na Cova da Iria m Lu1s DuFAUR
E
m 13 de fevereiro pa.ssado, numa humilde e austera cela do Carmelo de Coimbra, os olhos da Irmã L úcia, aq ueles mes mos que em 19 17 contemplaram Nossa Senhora e o Anjo de Portugal, fec haram-se definitivame nte para esta Terra. O orbe cató lico foi percorrido pela emoção. E também por uma cruciante indagação: agora que a última vidente de Fátima fa leceu, como serão os acontecimentos? Haverá LUna relação entre seu passamento e a concretização cios castigos universais profetizados na Cova ela Iria? Na longa fil a do velório, um fiel dizia: "Agora eu m.e sinto só. É como se uma proteção que eu tinha tivesse desaparecido. Eu sinto necessidade de rezar pelo mundo". Sem sabê-lo, e le externava o sentimento ele muitos outros. Pois a si mples presença da Irmã Lúcia na Terra mantinha viva a esperança ele mais um misericordioso av iso ele Nossa Senhora, ele um último esclarecimento vindo através dela. Porém, a majestade da morte fechou seus lábios. Agora ela jaz num simples túmulo na santa clausura cio Carmelo. Sua partida para a eternidade, entretanto, não encerrou a série de acontecimentos iniciados em 1917. É sentimento largamente compaitilhado pelos católicos do mundo todo que o "caso de Fátima" entrou numa nova fase. Assim, o renomado vaticanista Vittorio Messori pôde escrever: "Fátima forma um novelo inquietante de mistérios. [. .. ] O desaparecimento da última vidente não f echou o caso. Talvez, mais propriamente reabriu-o, apontando para horizantes desconhecidos". 1 CATOLICISMO
. ________._ No Concílio, 51 O arcebispos e bispos de 78 países pediram ao Papa que consagrasse, de modo explícito, a Rússia ao Imaculado Coração de Maria . O ape lo não encontrou o eco esperado ...
Grandiosa missão A Irmã Lúcia ingressou na Históri a aureolada pe la gra ndeza da Mensagem de que foi portadora e pela sublime mi ssão recebida. M issão colossal que Nossa Sen hora co nfi ou-lhe naquele dia 13 de junho de 19 17: "Jesus quer servir-se de ti para Mefazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer n.o inundo a devoção ao meu Imaculado Coração". 2 U m mês depo is, a Virgem acrescentou: " Virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados". 3 Em aparições posteriores, Nossa Senhora e o Menino Jesus ensinaram à Irmã Lúcia a prática da comunhão reparadora nos cinco primeiros sábados. Por fim, em 13-61929, durante esplendorosa visão da Santíssima Trindade e do Imaculado Coração de Mai·ia, Nossa Senhora fez-lhe saber: "É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio". 4 Aq uele foi um momento decisivo na missão ela vidente. E e la cumpriu o seu profético dever fazendo chegar naque le mes mo a no o sole ne pedido ao Papa Pio XI, então reinante. Lo11ga série de apelos À primeira vista, dir-se-ia que uma vez transmitido o pedido, sua mi ssão es-
tava cumprida. Poi s efetuar a consagração não era da alçada da humilde reli giosa, mas do Vi gário ele C risto. Pio XI recebeu a me nsagem. Contudo, por razões não divul gadas, não realizou a consagração. Abriu-se então a mais dolorosa e longa fase ela mi ssão da Irmã Lúcia: insistir filial mente uma e outra vez ante os sucess ivos Pontífi ces, e m fa vo r da consagração que Nossa Senhora desejava e ped ira. Os anos transcorreram se m que e la fosse efetivada. Até que, em nova co municação íntima, Nosso Sen hor fez- lh e saber que o tempo de evitar o flagelo dos erros do com uni smo, por meio da consagração, tinha acabado: " Não quiseram atender ao meu pedido. Como o rei de França, arrepender-se-ão, e f á- lo-ão, m.as será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras, perseguições à Igreja: o Santo Padre terá muito que sofrer". 5 Em 21- 1-1935, Nosso Sen hor comunicou à Irmã Lúcia estar "bastante descontente por não se realizar o seu pedido ".6 Em cai.tas posteriore , a Irmã Lúcia retransmitiu novos pedidos e advertências celestes concernentes à consagração. Mais ainda, em 2- 12-1940 e la escreveu diretamente ao Papa Pio XII, instando-o a fazê- la. Pio XII consagrou a Igreja e o gênero humano ao Imaculado Coração de Mai·ia, em 3 1-10-1942. Mas não preencheu os requisitos fixados por Nos-
Doloroso processo de autodemolição atinge a Santa Igreja, com reflexos na sociedade temporal
sa Senhora. A Irmã Lúcia então comuni cou ao Sum o Pontífice, da parte ele Nosso Senhor, q ue, co mo o ato "foi incompleto, fica a conve rsão da Rússia para mais adiante ". 7
No Concílio, um lance supremo E m 1962, abriu-se o Concíli o Vaticano II. Este constituiu oportunidade excepciona l para o Papa e os bispos de todo o orbe católi co a li congregados atendere m aos apelos do Céu e apressare m o fim das ca lam idades susc itadas pelo sociali smo e o comunismo, que até aquela data j á hav iam causado deze nas ele mi lh ões de mortes. Foi assim que, nesse Concílio, deu-se um lance cios mais dramáticos a propósito de Fátima. 510 arcebispos e bispos de 78 países subscreveram uma petição ao Sumo Pontífice, para que consagrasse de modo especial e ex pl ícito a Rúss ia e as demais nações dominada pelo comuni smo, ordenando que, em união com ele, e no mesmo dia, também o fizessem todos os bispos do mundo. Dita petição foi entregue ao Papa Paulo VI em 3-2-1964, pelo Arcebispo ele Diamantina (MG), Dom Geraldo ele Proença Sigaud. Mas tal apelo não teve o eco esperado. Pau lo VI "confiou o gênero humano" ao Imaculado Coração ele Maria e m 2 1- 11 -1964. Ma is tarde, João Pau lo II, em 13-5-1982 e 25-3- 1984 consagrou o mundo ao Imacu lado Coração ele Maria,
MARÇO2005 -
-
1
se m fazer menção nomina l dá Rú ss ia. Nenhum desses atos - segundo a Irmã Lúci a - sati sfez as condi ções impostas por Nossa Senhora.
Véu de mistério Em J989 a Hi stória virou mai s uma página. Em meados daquele ano, a Irmã Lúcia começou a julgar váJjda a consagração efetuada por João Paulo Il em 25-31984. Até então, ela própri a a considerava inválida, do ponto de vista do pedjdo de Nossa Senhora. Para esta mudança, a lrmã Lúcia não aduziu nenhuma revelação sobrenaturaJ , deixando claro que estava formulando uma opinião pessoal. Esse as·pecto do entardecer da vida da Irm ã Lúcia não oblitera o fato essenc ial: e la cum priu sua obri gação de comunicar ao Papa o pedido de Nossa Senh ora, de co nsagra r exp li c itame nte a Rús ia e estabe lecer a devoção ao seu Imacul ado Coração.
Horn <los castigos divinos? Quanto ao restante da Mensagem , pode-se supor que a concreti zação dos mi seri cordi osos mas terríveis lances fi nais, prev istos em Fátima, estão por ocorrer. E les visam à conversão da humani dade pecadora, que não ate nde u como devia os incessantes e renovados av isos, pedidos e advertênc ias de Nossa Senhora no sentido de uma mudança de vida. Para tentar lançar lu zes sobre esses mi steriosos aco ntec imentos, poderse-ia indagar se há fatos no horizonte do aco ntecer humano que os prenunciam.
Fatos que abonam a hipótese O recente e devastador tsunami, no oceano énruco, não terá sido a ouverture da etapa final dos castigos prev istos em Fátima? A furi osa ofensiva muçulmana contra os restos de Civi lização Cristã ainda ex istentes, não é um aco ntecimento que vai também nessa linha? Nos quatro cantos da Terra, constaImagem Peregrina de Nossa Senhora
de Fátima
CATOLICISMO
tam-se perseguições sangrentas a católicos, com milhares de mártires por ano. Os erros sociali stas e com uni stas espalhados pela Rússia no mundo, e portanto no Brasil , geraram uma inimaginável onda de hosti lidades contra o que resta da ordem cristã e contra a própria Igreja Católica. Abo1to, eutanásia, "casamento" homossexuaJ, laicismo beligerante, experiências genéticas anti-naturai s e clonagem humana, demolição da propriedade, exti nção das legítimas tradições ... A lista é longa. Limitemo-nos a um exemplo. A Espanha sofreu sanguinária guerra civi l, atiçada pelo sociaJismo e comunismo internacional, entre 1936 e 1939. Em 4-5-1943, a Irmã Lúcia enviou um recado de Nosso Senhor aos bispos espanhóis, para que "determinem uma reforrna no povo, clero e ordens religiosas. [. .. ] Se os Srs. Bispos da Espanha não atenderem. aos seus desejos, ela [a Rússia] será mais uma vez ainda o açoite com que Deus os pune". 8 Tampouco e te aviso foi ouvido. Mas, humanamente falando, nada fazia supor semeU1ante fl agelo. Pois, desde o fim da guerra civil , a Espanha trilhou uma senda rumo à prosperidade, em que os conflitos ideológicos pareciam hibernados para sempre. Até que, em 11 -3-2004, o Is lã revolucionário desferiu feroz atentado terrorista, o sociali smo ass umiu o poder e desencadeou desapiedada ofensiva contra o cato li cismo. E isso reali zou-se a ponto de o Primaz da Es panh a, D. Antonio Caii izares, Arceb i po de To ledo, afirmar que os poderes públicos e a mídia estão "dispostos a despedaçar" a Igreja e fazê- la "desaparecer", pela "eliminação física" e pelo "ataque m.oral". 9
1'cmorns da ll'mã Ltícia Fo ntes di g nas de c réd ito afirmaram em Portuga l que a Irmã Lúcia de ejava ir a Lisboa para orar especialmente na recente eleição que concedeu maioria absoluta ao socialismo no Parlan1ento do país. O gesto teria sido inaudito. Previra e la, nessa
votação, um sinal introdutório desta profecia da Bem-aventurada Jacinta: "Um terrível cataclismo de ordem. social arneaça o nosso País e principalmente a cidade de Lisboa. Desencadear-se-á, segundo parece, uma guerra civil de caráter anarquista ou comunista, acompanhada de saques, ,norticínios, incêndios e devastações de toda espécie. A capital converter-se-á numa verdadeira imagem do iriferno. Na ocasião em que a Di vina Ju stiça ofendida i,1:fligir tão pavoroso castigo, todos aqueles que o puderem fa zer.fiiiam dessa cidade". 1º Se o sociali smo português se alinhar com o sociali smo espanhol, esta hipótese tornar-se-á especialmente verossímil.
Sinais de uma conversão? Rumando numa direção inteiramente oposta, constata-se uma onda conservadora de âmbito universal , de retorno ao valores mora is e às instituições tradicionais, como a fam ília. O caso dos EUA é paradigmático, mas o fe nômeno atinge o mundo todo. Não será ele fruto inicial de um trabalho da graça no cerne de inúmeras almas? Pode ser que ele prepare conversões, que estão na medu la do triunfo do Imaculado Coração de Maria. O falecimento da Jnnã Lúcia encerrou um ciclo e abriu outro, talvez mais impressionante, na execução da Mensagem de Fátima. Neste ciclo, mais do que as especulações humanas, a Prov idência Divina, manifesta ndo-se através dos fatos, dirá a palavra final. É mais à linguagem dos acontecimentos que nós católicos devemos e tar atentos, porque a sucessão dos avisos não produziu o mi ericordiosos efeitos desejados por Nossa Senhora. •
Notas: 1. "Corri cre dei la Sera", 15-2-05. 2. Apud Antonio Augusto Borelli Machado, As aparições e a me11sage111 de Fá tima co1!for111e os 111a1111scri10.1· da Irmã L,ícia, Artpress, São Pau-
lo, 1997 , 46" ed. , p. 4 1. 3. Op. cit. , p. 47 . 4. Op. cit. , p. 77 . 5. Op. c it. , pp. 78-79. 6. Op. cit. p. 79. 7. Op. cit. , p. 84. 8. Op. cit. , p. 84. 9. "Agência Católica Internacional" (A 1), 16-8-04. 10. Antonio Augusto Borclli Machado, op. cil., p. 65.
A relíquia e o semblante J OSÉ N ARCISO S OARES
sol brilhava_ e a tarde ~presentava-se se~a e fria, qu ando inic iei a vi,a~e. 1~ rum o a Coimbra, a frm de prestar a mrnha homenagem póstuma a ulti ma vidente das apari ções de Fátima, a Irmã Lúcia de Jesus, carme li ta desca lça no Carmelo de São José há mais de 50 anos, fa lecida no dia anterior, domingo, 13 de Fevereiro, aos 97 anos de idade. Aquele préd io vetusto já me era fam ili ar dos tempos de estudante em Coi mbra, onde, por vezes, assistia aos atos litúrgicos; ou ain da ouvia o cântico do ofíc io nas tardes de domingo. Durante a vi agem, procurei recordar-me daqueles tempos do início da década de 1970: das re li giosas que, longe de qualquer protagonismo mundano, rezavam e oferec iam sacrifícios por todos nós; das suas orações que evolavam até o Altíssimo, e que faz iam re lembrar a promessa feita dura nte as aparições: "Por.fim, o meu Imaculado Coração triunfará". Ao aprox imar- me da zona adjacente ao convento, grande era o movimento de pe soas e de carros, para surpresa minha, pois esperava que houvesse muito me nos gente para rezar ante o túmulo de uma re li giosa que, embora privi legiada com a mais importante aparição mariana do sécul o XX, vivera voluntariamente quase sempre em reclusão. Mas o ambiente era outro: milhares de pessoas acotovelavam-se à porta do Carme lo, para rezar ou mani festar um a derrade ira ho menagem à Irmã Lúcia. Vi gente de todas as classes socia is, das mais humildes às mais abastadas; de todas as idades, desde os muito j ovens até os mais provectos, passando pelos de me ia idade; de diversos lugares de Portugal e até do estrangeiro: ninguém arre,;. dava pé. 1 Quando fi nalme nte entrei , depois de mais de três horas de espera, pude contemplar, embora de mane ira fugaz, o corpo da Irmã Lúcia que repousava na urna funerária, e o que nele mais chamava a atenção: o seu semb lante sereno que, quanto a mim , j amais se me apagará da memória. Dela guardo também, ainda do tempo em que freqüentava o Carmelo, um terço que e la própria confeccio nara, e q ue me acompanha há mais de 30 anos. Hoje, depois da sua passagem à eternidade, co nservo-o como uma relíqui a. •
º
E- mail do autor: narciso@cato li c ismo. co m.br
Fotos do Carmelo de São José em Coimbra , Portugal
MARÇO 2005 -
R
eproduzimos a seguir artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicado nesta revista em 1954, mas que conserva impressionante atualidade para os dias trágicos de nossa época . O autor ressalta que nas ocasiões especialmente difíceis em que as forças parecerem nos faltar, devemos elevar nossos corações a Deus e rezar, na certeza confiante de que as graças não nos faltarão. Nosso Senhor no Horto das Oliveiras deu-nos esse su blime exemplo.
1 Pu N10 C oRRÊA DE OuvE 1RA
"Tendo Jesus dito estas coisas, saiu com seus discípulos para a outra banda do ribeiro de Cedron, onde havia um horto, no qual entraram Ele e os seus discípulos" (S . João 18 , 1) . Jesus de ixa Je ru sa lém. Não se tratava ele uma partida comum , seguida de bre ve retorno, mas ele uma verdade ira e profunda separação. O Mess ias amava a C idade Santa, as suas mural has cobertas ele g lória, o Templo do Deus vivo que ne la se alteava, o povo eleito que a habitava. Por isto pregou-lhe a Boa Nova co m especial cari nho e co mbateu seus víc ios co m vi gor particul armente arde nte. Mas fora recusado. De ixa va , pois , a c idade ma ldita. Era no ite. Jeru salém es plendia com todas as suas luzes . Havi a calor e fartura de ntro elas casas e a nimação nas ruas. Um a g rande des preoc upação pa irav a sobre a cidade alegre e tra nqüila. De Jesus, com toda a sua be leza, sua graça, sua sabedoria, sua bondade, po uco se lhe clava. No momento em que Ele de ixou a C idade, ni ng ué m o senti u, ning uém o soube, salvo talvez um ou outro tran seunte que O viu com indiferença. Os judeus não sentiam necessidade de Jesus. Para dirigir suas almas, preferiam Anás, Ca ifá s e seus co ngê ne re . A ve lar por seus interesses nac io na is, bastava- lhes Herodes. To lerav am Pil atos com um ma u humo r mui to res ig nado. Sob a guarda desses pastores espiritua is e te mpora is pod iam comer, beber e d ivertir-se à vo ntade, conso lando depo is a consc iê nc ia MARÇO2005 -
-
Recuso-se o graça recusando o tristeza de Nosso Senhor, vivendo poro os bagatelas, idolatrando a modernidade
A cidade de Jerusalém visto do Horto dos Oliveiras
com uma oração e um sacrifício no Templo. Ass im tudo se arranj ava na modorra e no confo rmi smo .
Para os a deptos da "vidinlla", Jesus pel'tllrbava a cida<le Jesus viera perturbar essa paz. Falara e m morte, em juízo, em Céu e em inferno, sem compreender [os espíri tos que rejeitavam sua mi ssão ass im pensavam] , q ue o sécul o não comportava pregações des tas, e que o prime iro dever de um rabi 1 consistia em adaptar-se às ex igências do tempo. Conhecedor dos textos sagrados, hábil no rac iocinar, ex ímio em impress io nar as mul ti dões e e m atrair a pessoas na intimidade de seus co lóquios persuasivos, parec ia e mpenhado em mostrar uma incompatibilidade irre mediável entre a Religião, de um lado, e a vida larga, despreocupada e sem fre ios cio outro lado. Cindia assim as duas partes do arco, e cedo ou tarde provocaria ruínas. Isto [essa cisão] não Lhe importava, porque não era sensato. Acentuando o efeito perigoso ele suas palavras, praticava milagres. E, apoiado no prestígio que estes Lhe conferiam, perturbava ai nda mais os espíritos, ensinando-lhes que a estrada que conduz ao . Céu é estreita, inculcando a necessidade ela pureza, ela honestidade, da retidão para nele entrar. Ele, que pregava a compaixão, não Se condoía elas lutas ele alma, dos dra mas ele consciência que assim desencadeava? E le, que pregava a humildade, não reconhecia a necessidade ele se confo rmar com o exemplo ele prudência que os príncipes dos sacerdotes Lhe davam? CATOLICI SM O
U ma ocas ião, é ve rdade, pareceu na iminê ncia ele ve ncer. Mas o Sin éclri o 2 agiu a te mpo. Abrindo generosame nte suas arcas , mand o u que e missários pe rcorresse m o po vo, despe rta nd o pre ve nções co ntra o in so le nte. E ra m ágeis, esses em issários, e soube ram tocar nas cordas ps icológ icas ce rtas. As poss ibilid ades do rabi estava m e limin adas . Jerusa lé m não seri a sua. M ais: a sua morte estava assente, e o povo a aplaudi ria. Essa mo rte e ra um úl tim o e in sig nifi cante corol ário ele tudo . U m peque no e pi sódi o de po líc ia. Sim , o "caso" Jes us ele Nazaré esta va encerrado. O povo pod ia e ntrega r-se no vamente ao praze r, ao o uro, às lo ngas ceri mô ni as no Templo. Tudo volta ra à no rm ali dade . Sim, um a grande despreoc upação to rn ava mais leve o ar, naque la noite fa rta e tra nqüil a. Estava terminada a pregação de Jesus, e E le deixava a cidade porque lá nada teri a que fazer. Não era compatível co m s ua perfe ição, assoc ia r-Se àq uela tra nqüilid ade té pid a e modorrenta em que dorm iam as consc iências que procurara despertar. A úni ca ati tude era sair. Sair, sim , para significa r um alhea mento completo, uma separação abso lu ta, uma incompatibilidade sem rebuços.
Jesus abando11a Jerusal ém, seguido pelos Apóstol os E saiu. F icaram para trás a. lu zes, E le e ntrava nas trevas ela noite. F icou para trás a multi dão, E le levava consigo ape-
nas um punhado de seguidores. Ficou para trás tudo quanto era poder, riqueza, glória humana, E le ia para um lugar ermo, pobre, seguido apenas de un s desconhecidos sem expressão social , sem qualifi cação cultural, se m nada. Ficaram para trás as alegrias ela vicia, E le ia ao e ncontro ela desolação dos abandonados, das a ngústias terríveis dos que esperam a morte.
"E disse a seus discípulos: assentai-vos aqui enquanto oro" (S. M arcos 16, 32). O iso lamento de Jesus era maior do que à primeira vista parece. Os Apósto los O segui am, é verdade. Mas com a alma che ia de apego a tudo quanto na terrível separação deixavam, e cheia de pavor diante de tudo quanto as perspectivas de fu turo lhes faz iam entrever. Sua alma j á não tinha di spos ição para rezar: era o in ício da defecção, pois quem não reza está desca mbando para o abismo. Rezar, não podiam . Voltar a Jeru salé m, não que ri am. Ficaram "sentados ali " . E consenti ram em que o Mestre fosse mais adi ante, em que fi casse só. Os Apóstolos se consideravam por certo heróis, por ficarem "sentados ali " . Tanto sentiam sua dor, que não pensaram na do Senhor. De ixaram-se por isto es magar pelo sofrim ento. Sentados, daí a pouco dormi ram, e logo mais fu giram!
Os Apóstolos não quel'iam participa,· da tl'isteza do Senhor Não rezar, pensar pouco na Paixão de Cri sto e muito em suas própri as dores, tudo isto leva a "sentar-se" no caminho e
deixar Jesus ir para fre nte. Depoi s é a modorra, o sono, a tibieza. E depois a fu ga. Terrível! Terrível li ção para os que encetaram a longa jornada no caminho da perfe ição ! Jesus lhes di ssera: "Orai para que não entreis em tentação" (S. L ucas 22, 40). Não oraram, suc umbi ram ... "E tomando a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu consigo, começou a entristecer-Se e a fi car angustiado" (S. Mateus 26, 37). Seleção. Alguns estavam menos embotados pela dor do abandono, da derrota, da separação total do mundo. Doía- lhes mais vivo o sofrimento de Jesus. Mereceram ser chamados de lado e presenciar o início das dores infinitamente precio as do Redentor. Quantos recebem o mesmo chamado ! A graça os atrai para uma piedade maior, uma ortodoxia mais profunda, uma compreensão mais exata da situação terrível da Igreja em nossos di as. Para corresponde r a essas graças, é preciso ter a coragem de participar ela tri steza de Nosso Senhor, e para isto é preciso • ter um espírito generoso, fo rte e sério.
Em 110ssa época: idolatria das bagatelas, da tel evisão, etc. Com o se rec usa es ta g raça? Rec usa ndo a tri steza de Nosso Se nh or, vive ncio para as bagate las, idolatrand o o esporte, faze nd o do rádi o e da te levi são o ce ntro da vida , fazendo das pi adas o úni co te ma das co nve rsas, fu gindo de con siderar os de ve res terríveis que a época impõe e a g raMARÇO2005 -
-
vi dade dos problema s que suscita, para se engo lfa r na vid inh a de todos os dias Estes não recebem a adorável confidência das dores do Coração de Jesus. São sapos que vivem com o ventre co lado à terra, e não águi as que cortam co m seu vôo possa nte o mais alto dos céus.
"Então lhes disse: minha alma está em tristeza mortal: demorai-vos aqui e vigiai comigo" (S. Mateus 26, 38). "A minha alma está", diz o Salvador, e não "eu estou ". Quis Ele significar que o tormento em que estava era todo moral. A parte do corpo ainda não havia começado. Tanto se insiste, na Paixão, sobre as dores do Corpo, e isto é bom. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus veio insistir sobre as dores da alma de Cristo, e isto _é ótimo. Pois as dores da alma são mais profundas, mais cruciantes e mai s nobres que as do corpo. E las se opõem mais aos defeitos da alma, e são estes os que ofendem a Deus.
Um discípulo de Cristo não vive de li'ivoli<la<les E do que sofria a alma de Cri sto? Do que devemos sofrer nó ? De ver a vontade do Padre Eterno violada, e Jesus, Nosso Senhor, recusado, negado, od iado. Pensar ni sto, medir a extensão e a gravidade disto é sofrer em nós as dores espirituais de Nosso Senhor. Jesus Cristo e sua Igreja formam um só todo. Cada vez que vemos um anúncio imoral, uma sentença errada, uma in stituição ou uma lei oposta à doutrin,a da Igreja, devemos sofrer. Senão, se para isto não temos zelo nem forças , servimos tão some nte para "ficar sentados", e na hora do perigo fugir. "Em tristeza mortal". Isto é, em suma tristeza. A tristeza de ver a Lei vio lada, a [greja perseguida, a glória de Deus negada, deve ser em nós uma tri steza suma, e não apenas uma dessas tristezinhas emotivas e passageiras como as que se despren de m das almas frívo las e impressionáveis , à maneira dos fogos fátuos de charcos e cemitérios. Uma tri stezinha de epiderme, que não arranca de nós reso luções sérias, zelo profundo, renúncia efetiva de tudo para só viver lutando. Uma alma em "tristeza mortal" não se conso la com revistas, roupas, restaurantes, passeios , bagatelas honestas .. . ou desonestas! Ela viverá no pesar mortal da glória de Deus ultraj ada, encontrando len itivo só e só na vida interior e no apostolado .
Nosso Senhor pede a nossa compaixão "Dem.ora i-vos aqui". Isto é, não vos mistureis com os fi lhos perdidos de Jerusalém, ne m com os tíbios que a poucos passos daqui dorme m. "Ficai comigo". Sim, participai de minha so lidão, de minha derrota, de minha dor. Fazei disto vossa glória, vossa alegria, vossa riqueza. CATOLICISMO
"E adiantando-Se um pouco, prostrou-Se com o rosto em terra" (S. Mateus 26, 39). Por que "adiantar-Se um pouco", se queria que os três Apóstolos ''.ficassem com. Ele"? "Ficar com. Nosso Senhor" é ficar perto d'Ele em espírito, é estar solidário com Ele. "Fica" com Ele quem está com a Igreja de todo o coração, toda a alma, todo o entendi mento. "Fica" com Nosso Sen hor quem nas horas de agon ia pensa n'Ele e não em si. "Fica" com Nosso Senhor quem pensa só n' Ele, e não no mundo, seu espíri to e seus deleites. Nosso Sen hor ad ianto u-Se só "u,n pouco", a "wn tiro de pedra ", diz São Lucas (22, 41). Por que "adiantar-se"? E por que apenas fazê- lo "um. pouco"? Nosso Senhor queri a ser visto, para manter na fidelidade os três Apósto los esco lhidos, queria conso lá- los, e conso lar-Se sentindo-os perto. Mas era mi ster que "Se adiantasse", porque era chegada uma hora de especial gravidade. Ia fa lar com Deus, e Deus ia fa lar-Lhe. Assim como no cu lto judaico o sacerdote entrava ó, no Santo dos Santos, assim também Nosso Senhor quis dar sozinho e te primeiro passo de sua Paixão. Temos na alma soli dões santas de tas, píncaros em que só Deu e nós estamos, e a que nen hum confidente, nenhum amigo, ne nhum afeto terreno chega, no qua l só admitimos o olhar de nosso diretor? Ou so mos destas almas sem rese rvas nem nobreza, abertas a todos os ventos, a todos os ol hares, a todos o passos, como uma vu lgar praça pública?
A oração e a invencibilidade do vel'dadeil'o católico "Pros /rou -Se em. terra". Humilhação comp leta, renúnci a total. É a vítima pronta para o ho locausto. Que preparação para a oração ! Quando falamos a Deus, "prostramo11.os em terra " antes? Isto é, vamos humi Ides, prontos a obedecer, desejosos de renunciar a tudo, reconhecendo nosso nada? Ou vamos com reservas, reticências, pontos doloridos em que Deus não nos pode pedir um sacrifício? Quando ouvimos a Igreja, "prostramo-nos em terra", renunciando a toda as nossas opiniões, a todas as nossas vontades, para obedecer? Junto àq ueles que nos edificam, "prostramo-nos em terra" aceitando sua influência? Ou erguemos barreiras, levantamos restrições? "Orando e dizendo: Pai meu, se é pos-
sível, passe de Mim este cálice: todavia não seja como Eu quero, mas sim como Vós" (S . Mateus 26, 39). Estar prostrado em terra, mas ao mesmo tempo orar! Com o corpo posto no que há de mais baixo, que é o chão, e Oração no Horto, Padre Carlos (séc. XVII), Convento de São Francisco,
Quito - Equador
MARÇO2005 -
medida em que lhe sobreponha mos a vontade de Deus. Mas se é preciso renunciar a tudo, porque em vittude desta ou daquela circunstância interior ou exterior " não é possível" ter estas coisas sem desagradar a Deus, então façamos a renúncia completa. Se todos os homens pensassem e sentissem assim, seria o utTO o mundo! É por falta desta condicional, na qual está contida toda a ordem e todo o bem, que a civilização vai perecendo. "Não seja como Eu quero, mas sim como Vós". Palavras sobre as quai s assenta toda a vida da Igreja, das a lmas e dos povos. Palavras santas, doces, duras e terríve is, que o homem de hoje não quer e ntender. Defini ção perfeita da obediência, dessa obediência que desde Lutero cada vez mais o mundo odeia. Sim, faça-se a vontade de Deus e não a minha: cumprirei os Mandamentos e não seguirei meus caprichos, ainda que a mim se afiguras. e preferível outra doutrina. Obedecere i a todos os que exercem sobre mim um legíti mo pode r, porque representam a Deus; e po r isto farei a vontade deles, e não a minha. M e u Jes us, como ex plicar, à vista di sto, que ainda se di ga que fostes um revo lucionário, e que viestes traze r à Terra a Re volução?
Jesus consolado para s11po1'tar a dor insuportável
Paixão de Nosso Se nhor - Hans M emling {séc. XV) . Galleria Sabauda , Turim (Itália)
subindo com a a lma até o ma is a lto dos Céus, que é o tro no de Deus! Ni sto está a inve nc ibilidade cio verdadeiro católi co. No auge ela afli ção, ela humilhação, do desamparo, e le tem a inda nas mãos a arma que vence todos os adversários. Quanto isto é verdade nas lutas ela vicia interior! Sem recursos para encontrar o caminho, o u para resi tir, rezamos ... e acabamos por vencer. E quanto é verdade no aposto lado! Apavora- nos o ímpeto da o nda paganiza nte? Pensamos logo em concessões, nas quai s sacrificamos o acidenta l porque é acidental, o essenc ia l secundário porque é sec undário, e por fim o princ ipal ... "para evitar m.al maior". Se conhecêssemos a força da oração, se soubéssemos "prostrar o rosto em terra e rezar" , compreende ríamos me lhor a eficác ia de nossas a rmas sobrenaturai s, o sentido, o valor, a utilidade da intransigência cristã. O Divino Salvador sofreu aq ui pelos pessimi stas, pelos desanimados, que não têm a noção da fo rça triunfal da Igreja.
Prevel' a dor, reco11J,ecel' a gravida<le, aceitar o sacrifício
"Passe de Mim este cálice". Qua l cá lice? E ra o sofrime nto atroz, esmagador, injusto, que se ap roximava e Jesus ante via. Neste passo, o Divino Mestre padeceu pe los que pecam po r otimis mo, pe los que, co locados diante de perspectivas de luta, de a ngústia, de dor, praticam a política do avestru z e e nte nde m que " vai tudo muito be m" . Prever a do r, preparar-secorajosamente para e la, é a lta, a ltíss ima virtude. E isto, quer se trate de nossa vida particul ar, quer ela causa da Santa Igreja. Neste mome nto e m que Ela é tão combatida, não te nhamos a estultice de dizer que vai tudo be m. Reconheçamos a gravidade da hora, o lhe mos varonil e cristãme nte para as ameaças do -
CATOLICISMO
futuro, com ânimo resoluto e confia nte, prontos a reagir pela oração, pela luta, pela aceitação ple na do sacrifício. Foi o exemplo que o Divino Mestre nos deu. Retirou-Se de todos para, face a face co m Deus, med ir e m toda a extensão o oceano de dores que vi nha obre E le, e tomar atitude diante dessa perspectiva. Q ue atitude? "Se é possível, passe de Mim este cálice: to-
davia não seja como Eu quero, mas sim como Vós". Duas súplicas aí se co ntê m. Numa, o Homem-Deus pede que a dor de le se afaste "se é possível". Noutra, a aceita caso não seja possível evitá- la . Atitude santa, se m teatra lidade ne m vanglória . A dor causa naturalmente pavor ao homem, e Nosso Senhor, que é não só verdadeiro Deus mas a inda verdadeiro homem, tinha pavor ela dor. Pediu poi s que, "se possível", fosse e la afastada. Evitar a dor é legítimo, sábio, santo. Mas evitá-la a qualquer preço, não: só "se possível".
A civilização perece por falta do espfrito de sac11licio
"Se possível": o que que r di zer isto? Se di a nte daquela súplica humilde de um Ju sto esm agado pe la a ntev isão da dor a vontade divina pudesse mostrar- e exorável, afasta ndo o sofrimento , que assim fosse. Mas se, pelo contrário, afastar aquela dor era introd uzir uma modificação nos pla nos da Providênc ia, com diminuição da g ló ri a de Deus, e do bem da Igreja que seria fund ada e o das a lmas, e ntão era melhor sofrer tudo. "Se possível" ... sublime condic ional, que o século não conhece. E por isto o mundo inte iro está em crise, em trnnse, em agonia. Bens da terra, riqueza, glória, saúde, formosura, tudo isto é bom na
desregrados e das tentações diabólicas. Se compreendêssemos que esta é a hora de Deus, se "orássemos com maior instância" , se aceitássemos a vi sita do Anjo que nos conforta! Sim , porque també m para nós o Anjo vem sempre, desde que rezemos. Ora é um movimento interior da graça, ora é um bom livro, ora um a migo que nos dá um bom exemplo ou um bom conselh o. Mas nós não rezamos. Resul tado, caímos.
Quem reza se salva; quem não l'eza se co11de11a Na Agonia o Anjo veio, como fruto da oração. Recebida sua visita, Nosso Senhor continuou a orar: s im, rezar mais insiste ntemente é o grande segredo da vitória. Quem reza se salva, quem não reza se condena, di zia Santo Afonso de Ligório. E como tinha razão ! Jesus suo u sangue. O Sang ue Redentor correu pela pressão da dor moral. Pode-se dizer que era sangue do Coração. Que magnífico tema para os devotos do Sagrado Coração. Suar sang ue é o extremo da dor. É o ponto mai s alto da pressão do sofrimento moral sobre o corpo. D ir-se- ia que Nosso Se nhor estava suportando tudo quanto podia em matéria de sofrime nto. Entretanto, nem seque r o prime iro passo da Via S acra estava dado.
Como explicar esta resistência incomparável ? Seu martírio começava o nde o de outros chega ao auge. Depois disto, há um silê ncio . Os Evangel hos não nos contam o que foi respondido, nem o que Jesu s disse a essa É que " um Anjo do céu O confo rtava", e "Ele orava ma is resposta. Para que di zê-lo? E co m que palavras? Provavelin sistente me nte" ... sobrenatura l! E nós o usamos dize r que é por me nte na Terra só uma pessoa viu tudo, soube tudo, adorou --='--~ ~-Oh, valor do tudo: M a ria Santí sima, presente sem dúvida e m fa lta de forças que cap itul amos na vida interior espírito a tudo, e de tudo partic ipando . o u nas lutas do apostolado! O te ma é a lto demais para que inNosso Sellhor sofria, os Apósterpretemos e se silê nc io, que nem tolos dormiam ... e nós? os E vangelistas qui seram romper. Três vezes disse o Senhor o seu Peçamos à M edi aneira de todas as graças que nos ini c ie no re" fiat" [faça-se] (cfr. S. Mateus co lhime nto da vida inte rior e 26, 39-44 ). E depois de cada nos mi sté rios inefáve is desuma, ve io a seus discípulos. se mome nto de silênc io. Da primeira vez, "acho u-os do rmindo" (S. Mateus 26, Jes us aceito u. "Apare40). E lh es reco me ndou : ceu-Lhe então um Anjo do
Céu que O confortava. E posto em agonia orava com mais instância. E veio-Lhe um suor como gotas de sangue que corria até a terra" (S. Lucas 22, 43-44). Começou ass im a Paixão. Jesus prev ira a do r e a morte, e as ace itara. A simpl es prev isão do inevitável O colocava di ante de um cúmul o de torme ntos aca brunhado r. Mas " um Anjo O confortava". Sim, sua s úplica humilde fora ouvida. Deus Lhe dava forças para vencer o tormento inve ncíve l, supo rtar a dor insupo rtável, aceitar com conformidade a injusti ça inaceitável. Se compreendêssemo isto! Os Mandamentos nos parecem por de mai s pesados, ru ge e m nós o vento dos apetites
"Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito na verda<le está pronto, mas a carne é enferma" (S. Mateu 26, 41). Mas e les não fizeram caso. Por quê? Tinham sono. Um sono fe ito de dois excessos opostos: de um lado o desespero, de outro a presunção. - O desespe ro: diante da de rrota hum ana de Jesus, seus sonhos de g randeza terre na estava m desfeitos. O que lhe restava? Aquelas trevas, aquela solidão, aquele c hão duro e vu lgar e m que estavam. A carreira cortada, o h do r das do res! Sob o peso desta dor, a única coisa a fazer era dormir. La Grande Pietà Ronde - Jean Maio, {séc. _XV), Museu do Louvre, Paris
MARÇO2005 -
O so110 ela mediocridade leva ao fracasso espfritual À medida que se donne, fica mais pesado o sono..Éeste o processus de desenvolvimento da tibieza. Da segunda vez, Jesus "os achou donnindo porque seus olhos estavam carregados de sono" (S. Mateus 26, 42). Sono da mediocridade, do relaxamento, da moleza. Seguiam eles ainda o Mestre? Sim e não. Sim, porque afinal ali estavam. Não, porque já Lhe não davam ouvidos. Ele falava, eles desobedeciam. Ele sofria, eles dormiam. Era um início de ruptura. Co mo se dão quedas destas tão desastrosas? Dormir quando Jesus fala é, para mim , estar desatento, di sp li cente, tíbio quando me falam os que representam a Santa Igreja, os que me devem guiar pelas vias da santidade, aq ueles que encarnam para mim, pelo seu exempl o, a ortodoxia, a generos idade, a fo me e sede de virtude. Quando caio neste sono, que remédio há senão despertar-me, "vigiando e orando para não cair em tentação"? E se não o faço, qual é o resultado? O fracasso na vicia espiritual e na vocação. Da terceira vez, as palavras de Nosso Senhor são de censura: "Dormi agora e descansai. É chegada a hora; eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos; eis aí, o que Me há de entregar está próximo" (S. Mateus 26, 45-46). SuJJlicar a Nossa Senhora a graça ela perseve1w1ça
."
.§
:.;., <C
J:
1
o
t::
~
g
l" ~
....-------~-------------~J!I 9 um
~ -~
Nosso Senhor, durante os 40 dias de e .oração, indicava -nos a via para combater a tentação
- A presunção: entretanto, tinham-se como fortes. Haviam lutado tanto, certamente seria ofensivo duvidar de sua força. E, conv ictos de sua resistência, despreocupados por sua perseverança, "matavam o tempo" dormindo. Sono feito, além do mais, de grosseria. O Senhor sofria, e eles dormiam! Que se lhes dava o Senhor? Já não Lhe faziam um infinito favor em estar com E le ali , naq uele abandono? O que mais queria? Que ainda ficassem rezando fora de hora? Não. Ele que vigiasse, se quisesse. Quanto aos Apóstolos, iriam dormir.
-
CATOLIC ISMO
Era passada a hora. Nem seq ue r a súplica afetuosa e carregada de dor os havia comov ido: " Uma hora não pudestes velar?" (S. Marcos 14, 37). Daí a pouco, e "quando ainda falava Jesus, veio Judas Iscariotes, um dos Doze, e com ele uma multidão de gente com espadas e paus" (S. Marcos 14, 43). E pouco depois "os seus discípulos, desamparando-O,.fúgira,n todos" (S. Marcos 14, 50). Fugiram, si m, porque hav iam sido tíbios, haviam dormi do, não hav iam rezado. Se eu , Senhor, não qu iser fugir, devo ser firme, não posso dormir, tenho ele rezar. Da i-me, Senhor, essa graça da perseverança em todas as situações, todos os transes, todas as amarguras ; essa graça da fide lidade em todos os abandonos, todos os desamparos, todas as derrotas; essa graça da firmeza ainda que todos Vos abandonem, opressos pelo sono ou enlouquecidos pela concup iscência das coisas da Terra. Ou então, meu Deus, levai me desta vida. Pois uma coisa eu não quero: fu gir. Pela intercessão onipotente de vossa Mãe Santíss ima, é esta graça da persevera nça qu e Vos peço, Senhor Jesus. • Notas: Títu lo ori gin al: " Pa1er, 11011 111ea vo /1111/as, sed lua jial'' (Ca10/ici.1·1110. nº 40 , abri l/ 1954) O s entretítulos foram inseridos por es ta redação. 1. Rabi: D o hebreu rabbi, tratamento respeitoso. Rabino (Doutor el a lei ju dai ca ou sacerdote cio culto judai co) . 2. Si nédri o: Do grego sy11édrio11 , 'assembléia reunida em sessão', pelo lalim tarei. sy11edri11 . Entre os antigos judeus, tribunal , em Jerusalém, formado por sacercl tes, anciãos e escriba s, o qua l julgava as questões criminais ou achni ni strativas referentes a urna tri bo ou a urna ciclacle, os crimes po líti cos importantes, etc. (Novo Dicio11ário da U 11g11a Por111g11esa, Aurélio Buarque ele Holanda Ferreira, Editora Nova Fronteira, Rio ele Janeiro, 1986).
MARÇO2005 -
Seu pl'Ograma de vida: ''Antes mon'e1· que pecar" C hegado o te mpo ele aprender as prime iras letras, "como estava dota-
do de muiLo engenho, e era muito diligente no cumprimento de seus deveres, f ez em breve temp o notáveis progressos nos esLudos".
São Domingos Sávio: o mais jovem santo não mártir da Igreja F alecendo com apenas 15 anos, aliou inocência e pureza angélicas à sabedoria de homem maduro, alcançando a heroicidade das virtudes u
PUNI O M ARIA SOLIMEO
prim eiro e mai s aba li zado biógrafo de São Dom111gos Sáv io fo i seu diretor espiritual e mestre, o grande São João Bosco. Dele extraímos os dados para este artigo. F ilho de Carl os Sáv io e Brígida Agagliate, Domingos Sáv io nasceu em Riva, vil a de Castelnuovo ele Asti, e m 2 de abril de L842. De ele pequ e no fo i dotado "de
º
Acima : São João Bosco observo São Domingos Sávio em êxta se
-
CATO LICISMO
uma índo le doce e de um coração formado para a piedade, aprendeu com extraordiná ria facilidad e as orações da manhã e da noite, que rezava j á quando tinha apenas quatro anos de idade". Certo dia, durante um almoço e m s ua casa oferec ido a um visitante,
não tendo este rezado antes ele começar a comer, Domingo pegou seu prato e retiro u-se a um ca nto. Seu pai pergun to u-lhe depois por que fi zera isso. E le respondeu: " Não me atrevo a pôr-m.e à mesa com uma
pessoa que começa a comer como o fa zem os bichos". Q uando tinha c in co a nos, ia à igreja com sua mãe; s ua atitude devota chamava a ate nção de todos. Se o temp lo estava ai nda fec hado, ajoelhav a-se jun to à porta, e aí ficava orando até que fosse aberto, não lhe importando se chov ia ou nevava, se faz ia ca lo r o u frio. Nessa iclacle, aprendeu a ajudar a M issa, o que faz ia com muita devoção, apesar da dificuldade que tinha para transportar o e norme mi ssa l.
Evitava todos os meninos arru aceiros e só estabelecia ami zade com os de boa conduta. Domingos confessava-se freqüentemente. Tão logo soube di stinguir entre "o pão celestial e o terreno", foi admitido à Primeira Comunh ão, aos sete anos, qu ando na época a idade mínima para tal era 12 anos. Pode-se perceber a maturidade do me nino nos propós itos que de ixo u registrados nesse di a:
" Propósitos que eu, Donúngos Sávio, m.e propus no ano de 1849, quando fiz a Primeira Comunhão, aos 7 anos de idade: l°. Cori/essa r-me-ei muito amiúde e receberei a Sagrada Com unhão sempre que o COtffessor me permita; 2". Quero santificar os dias de.festa; 3°. Meus amigos serão Jesus e Maria; 4°. Antes morrer que pecar. Este último propósito, fe ito por um menino de tão te nra idade, mostra a que ponto hav iam chegado s ua precoce maturidade e sua virtude. Tornou-se e le se u programa de v ida. Quantos meninos ele 7 anos, hoje em di a, teriam semelhante propósito, sobretudo depo is de terem sido massacrados por aul as da chamada "educação sex ua l"?
Cala<lo, sofre i11/11stiça por amor de Oc11s Terminado primário em Mondoni o, para on le e hav ia mudado , Domingos tinha que ir at Castelnu ovo duas vezes por di a, ida e volta, o que representava uma cam inhada de quase 20 quilômetros diários. Para um menino de 10 anos, e rranzino ele compleição, era um e forço grande. Mas,
movido pe lo desejo de estudar para · agradável seriedade. Era qfâvel e de abraçar o sacerdócio, fazia alegremenaprazível condição, de humor sempre te o sacrifíc io . igual. Guardava constantemente na Domingos, por sua inte li gência e classe e .fora dela, na igreja e em toaplicação, obteve sempre o primeiro ludas partes, tal compostura, que o mesgar na classe, além de outras distinções tre sentia a mais agradável imprespo r seu bom compo rtamento e pe lo são somente com o vê-lo e falar-lhe". cumprimento cios deveres. Conhecendo melhor o novo discíDeterminado dia, alg uns colegas pulo ao longo dos a.nos, afirmou ainda sobre ele Dom Bosco: "Todas as virtuseus encheram de pedras a estufa da classe. Era uma grave falta de di sciplides que vim.os brotar e crescer nele, nas na, que merecia como penalidade a exdiversas etapas de sua vida, aum.en/aram sempre maravilhosamente e crespulsão dos infratores. Estes, porém, acusaram Domingos Sávio de ter sido o ceram juntas, sem que uma o fizesse em autor cio ato. O mestre, um sacerdote, detrimento de outra ". Era impressioembora duvidando, teve que ceder ante nante ver a seriedade com que cumpria as ev idências que lhe a presentava m. com os menores deveres. "No ordináC hamou Domingos, mandou-o ajoerio, começou a fa zer-se extrao,dinário. lhar-se na frente da classe, e diante de [. .. } Aqui teve começo aquela vida todos os seus colegas passou-lhe um pito, di zendo que só não o expul sava por ter sido sua primeira falta. Domingos abaixou a cabeça e nada disse. No di a seguinte, descobriu -se a verdade. O sacerdote c hamou e ntão Domingos e pergunto u-lhe por que não se hav ia justificado. E le disse que queria imitar Nosso Senhor, que foi acusado injustamente e não se defende u. Além do mai s, sab ia que sua defesa poderia ter causado a ex pul são ele outros alun os . Como seria sua primeira fa lta, sabia que seri a perdoado.
Domingos Sávio: outro São Luís Gonzaga Em 1854, Dom Bosco fo i procurado por D. C ugliero, professor de Domingos, "para falar-me de um seu alu-
no, digno de particular atenção por seu engenho e piedade: - 'Aqui nesta casa (o Oratório de Dom Basco) é possível que tenhas jovens que o igualem, mas d(ficilmente haverá quem o supere em talento e virtude. Observa-o, e verás que é um São Luís '". Nessa ocasião Dom ·Bosco tomou conhec imento da ex istência de Domingos Sávio, que contava L2 anos . E le assi m o descreve: "Era Domin-
gos algo débil e delicado de compleição, de aspecto grave e ao mesm.o tempo doce, co1n um não sei quê de
Visto do pitoresco cidade de Mondonio, onde morreu São Domingos Sávio
exemplaríssima, aquele contínuo progresso de virtude ern. virtude, e aquela exatidão no cumprúnento de seus deveres, qu e difi cilmente se pode avantajar". Declaração ele guerra: morte ao pccaclo mortal A devoção do pequeno Domingos para com Nossa Senhora era extrema. No dia 8 de dezembro de 1854, ano el a pro c la mação do d og m a da Imac ulada Conceição pelo Bem-aventurado Papa Pio IX, a nte o altar da Virgem , ele re novou seus propós itos da Primeira Comunhão e fez esta ora-
MARÇO 2005 -
ção: "Maria, eu vos dou meu cora-
re lata: "A prúneira coisa que lhe
ção; fa zei com que seja vosso. Jesus e Maria, sede sempre m.eus amigos; mas, por vosso arno,; fazei com que eu morra m.il vezes antes que tenha a desgraça de cometer um só pecado ".
aconselhei, para chegar a ser santo, foi que trabalhasse ern ganhar alm.as para Deus, pois não há coisa mais santa nesta vida do que cooperar com Deus na salvação das almas, pelas quais Jesus Cristo derranwu até a última gota de seu preciosíssim.o sangue".
Esse horror ao pecado era mui to vivo e m Domingos, que costumava di zer: "Quero declarar guer-
ra de ,norte ao pecado ,nortal". M as não e ra só ao peca do mortal. Di zia : " Quero pedir muito, muito, à Santíss ima
Domin gos tra nsfor mo u esse conse lho e m programa de vida, tor-
Isso não se obtém sem uma pureza angéli ca. Essa virtude terá sido obtida à custa de mui ta oração e vi g il ância? O u, co nforme dec laro u São João Rua, seu condi scípulo no Oratório, no processo de beatifi cação:
"Tenho a con. vicçã.o de que Domingos, por singular privilégio, não estava suj eilO a tentações contra a castidade".
Desejo intensíssimo de santidade Seis meses após a e ntrada de Dom ingos Sáv io no Oratório, Dom Bosco fez aos alunos um a preleção sobre o dever que todos tê m de serem santos, e a fac ilidade que há nisso, caso se bu sque em todas as co isas a vo ntade de Deus com toda simp lic idade. Isso inflamou be nefi camente Domingos Sávio, que fo i procurá- lo e d isse: "Quero dizer-
te ve mesmo um a visão a esse respe ito, e pediu que Dom Bosco a co muni casse ao Papa, quando fosse a Roma. Afirma São João Rua :
Outro condi scípul o mostra seu amo r co mbativo pe la fé, contra as heres ias: "Naqueles
Domingos costumava dizer: "Quero declarar guerra de morte ao pecado mortal"
no u-se um batalhado r. "Não deixava passar ocasião de dar bons conselhos e avisar a quern dissesse ou.fáesse coisa contrária à san/a lei de Deus ". Exc lamava: "Quão f eliz seria se pudesse ganhar para Deus todos os meus companheiros!". Dizia também que gostari a
muito de reunir as c ri anças para e ns inar- lh es o catec is mo. Tinha presente quantas crianças, ao chegar à idade da razão, corrompemvos que sinto um desejo e uma nese moralmente e perdem s uas a lcessidade de fa zer-me santo. Nunca teria imaginado que alguém · mas. A esse propós ito, observou:
"Quem-tos pobres rnen.inos se condenam talvez eternam.ente por não haver quem os instrua nafé!"
pode chegar a ser santo com tanta f acilidade; mas agora que vi que alguém pode muito bem chegar a ser santo estando sempre alegre, quero absolutamente e tenho absoluta necessidade de ser santo".
Zelo pela conversão da Inglaterra
Procedendo como ex perimentado cliretor espiritual , Dom Bosco
Seu zelo ia muito a lém. Não se restring ia à sua vida espiri tual, seus
CATOLICISMO
rnas esperam nossos auxílios na Inglaterra! Oh! Se eu. tivesse forças e virtude, quisera ir agora ,nesm.o, e com sermões e bom exemplo, convertê- las Iodas a Deus". E le
"Era verdadeiramente adnúrável que em umjoven.zin.ho de sua idade reinasse tanto zelo pela glória de Deus, até o ponto de sentir horror e m.esmo sofrer .fisicamente quando ouvia alguém blasfema,; ou via de qualquer modo ofender-se a maj estade de Deus".
Virgem e ao Senhor que ,ne mandem antes a morte que deixar-me cair em um pecado venial contra a m.odéstia ".
Após a orgia, o carro do Bispo
hori zontes eram largos. Várias vezes di sse a D. Bosco: "Quantas al-
tempos, mais de urna vez encontrei emissários protestantes vindo.· expressa ,n ente ao Oratório para sem.ear seus erros. E um dos mais solícitos para únpedi -1os nessa ação e ra o j ovenzinho Domin.gos Sávio". "Sua oração predileta - afirma Dom Bosco - era a coroa ao Sagrado Coração de Jesus para reparar as injúrias que recebe dos hereges, ú~fiéis e maus cristãos ". E nfim, muita coisa poder-se-ia ainda d izer sob re São Domin gos Sávio, que ul trapassaria os li mites deste artigo. Ele faleceu santamente no dia 9 de março de 1857 aos l5 anos de idade. E Dom Bosco ti nha tanta certeza de sua santidade e fut11ra canoni zação, que, num epitáfio que lhe escreveu, diz: "/ ... _/ Os que,
havendo experim.entado os efeitos de sua celestial proteção, gratos e ansiosos, esperam a palavra do oráculo irifalível de nossa San.ta Mãe a Igreja " .• E-mai l do autor: rn s lirn
O
Bi s po de Duqu e d e Caxias (RJ), D . Mauro Morelli , desfilou na Esco l a de Samba Águia de Ouro, no último Carnaval de S ão Paul o. O carro a legóri co onde estava o reli g io o representava a so l idariedade e foi p recedido por o utros que simbo li zavam os sete pecados capita is, com mulhe res quase nuas. O primeiro carro d a fil a e ncenava uma org ia, com atores simul ando atos sex ua is. O prelado não se incomodou "com apre-
se
CIDADES/METRôPOLE E 2005 O !!ST~00 O! S P.:.UL0
sença de esculturais passistas " (" JB o nline" 7 -2-05). Na fo to publicada pe la impre nsa, D . Mauro Morelli aparece dando a m ão a urn a fo liona, e m a titud e d e quem está sa mb a nd o . Ao m esmo te mpo , um a integran te d a a la das baianas d a Águia de Ouro sofreu um ataq ue cardíaco durante o desfil e e morre u ("Fo lh a de S. Pa ulo", 7-2-05). Até pad res da Catedral de D uque de Cax ia · ficaram surpresos com a presença de seu Bispo no desfile da escola de samba. Mas alguns o apoiaram. Para o site Globo.com, "O curioso é a presen-
ça de um bispo católico n.afesta pagã".
... Igreja: de Coxia\ (RJ)
Se
UR)~
os
:jo e
~ COITO
~S50do, Ele 1élÍU I
$didorled do, "0 IIPC)l,tdo Poulo 01.t.lVll SOl'l!Jn junw do po,to.•
Fac símile de "O Estado de S. Paulo", 7-2-05
Esse tri s te e pi sódio é um s ímbolo do terrível processo de a utodem oli ção d a Ig rej a, q ue j á e m se u te mpo Pau lo VI apo nto u . A pre texto de "so1id a ri e d a d e", 2 0 séc ul os d e moral católica são j ogados no lixo , junto com os Mand a m entos d a Lei de Deu . Po is é notório que o carnava l
Inversão de valores governo criou uma câmara, com vistas à política de seg ura nça para homossexuais, lés bica s, transgêncros e bi sexuais. Entre os membros haverá representantes do governo e de ONGs que rn:ilitam na área. O objetivo do novo grupo é diagnosticar, elaborar e avaliar a promoção de política de segurança para homossexuais e transgêncros, o que inclui travestis e pessoas que trocaram de sexo. A medida faz paite da campanha nacional de combate à homofobia. É meta da campanha que todos os ministérios desenvolvam ações de combate à homofobia (cfr. "O Estado de S. Paulo", 12-2-05).
a tu al tran sformou -se numa ve rd adeira baca na l, o nde escând a lo, nudi s mo, o rg ia e ho mossex uali s mo d ão a no ta. Prova e loqüe nte di sso é qu e o Ministé ri o d a Sa úde di s tribuiu no ca rn a val 11 ,5 milh ões d e prese rv a ti vos. É nesse m e io qu e um bispo cató li co va i fa lar de so lidariedade? •
Até há pouco, procurava-se defender a morali dade pública, especialmente as crianças, contra a ação de agentes contrários à reta ordem da natureza. Agora as coisas se inve1tem: os que querem preservar a ordem natural são rotulados de homófobos. Passagens bíblicas escritas sob a inspiração do Divino Espírito Santo, • como a destruição de Sodoma e Gomorra, ficam pro ibidas. Com a própria Palavra de Deus silenciada, aonde chegaremos? Tudo aponta para uma violenta perseguição re ligiosa feita em nome dos direitos humanos. Se assim for, será uma glória pai·a a Santa Igreja produzir, na época neopagã em que vivemos, novos mártires diante dos novos Neros .
MARÇO2005 -
tuais dos rebeldes zapatistas daquele país, abordou um tema teórico que foi dos mais debatidos neste FSM: pode-se mudar o mundo sem tomai· o poder? Holloway lidera uma corrente que, partindo de premi ssas próximas do anarquismo pós-moderno, afirma que a estratégia mais prática é ir levando adiante a transformação "nos interstícios, nas gretas e nos espaços que forem sendo abertos"; uma "revolução aqui e agora" que crie um "anti-poder dos subordinados". Não se trata, esclareceu, de provocar "e,~fartes sociais" o u levantame ntos vi olentos, mas avançai· através da "revolução intersticial ": uma "multiplicação de insubordinações, de 'nãos' e de rebeldias existentes no mundo, algumas tão pequenas que quase não se percebem, outras tão grandes como o 'argenlinaço' dos piqueteiros, as revoltas indígenas na Bolívia e no Equador, a rebelião dos zapatistas mexicanos e o próprio Fórum Social Mundial".
Hugo Chávez "h1cei1deia" o Fól'um Social
V Fórum Social Mundial "Diversidade", "revolução intersticial" e pesadelo anárquico. Uma radiografia atualizada do "movimento de movimentos" alterglobalista, suas metas, suas discussões estratégicas, seu poder real e suas ameaças. GONZALO GUIMARAE NS
O
*
V Fórum Social Mundial
(FSM), ocorrido em Porto Alegre entre os dias 26 e 31 de janeiro último, apresentou-se como uma "nova superpotência emergente", amaior arti cul ação de movimentos de esq uerda dos cinco continentes, sob a bandeira de uma ambiva lente "diversidade". "Este foi o Fórum dos Fóruns, um encontro superlativo, sobretudo por representar a vitalidade da esquerda mundial", disse o coordenador gera) do FSM, o brasi leiro Jéferson M iola. E um influente órgão de imprensa brasileiro qualificou o FSM como "o maior lobby da Terra ". Exageros à paite, seria fugir da realidade,
..:m
CATOLICISMO
e cair no extremo oposto, negm a importância do FSM enquai1to preocupante rede revolucionária com rainificações no mundo inteiro, mediante sua função catalisadora e dinainizadora das e querelas. Cont:ribuindo para empurrar a sociedade atual rumo ao mundo anárquico "profetizado" por Karl Marx.
Os rncados do l'mde dominicano Frei Betto Frei Betto, frade dominicano, teólogo da libertação, ex-guerrilheiro, amigo e confidente do presidente Lula e do ditador Fidel Castro, foi uma das estrela do FSM. Falando pai·a jovens militantes do Paitido do Trabalhadores (PT) e do Movimento dos Trabalh adores Rurai s Sem Terra
(MST), ensinou-lhes como fazer nos próximos meses uma inteligente e bem calculada "pressão popular" sobre o governo Lula, de maneira a que este possa ir deslizando cada vez mais para a esquerda, alegando clamor populai·. O frade explicou que Lu la tem necessidade de "conquistar parcelas gradativas do puder, dentro da legalidade burguesa, como dizia Gramsci"; e que essa "conquista" progressiva do poder real só será possível se os "movimentos sociai " pressionarem o governo.
John 1/olloway e a "revolução intel'sticial" O escocês John Holloway, sociólogo, professor da Universidade Autônoma de Puebla, México, um dos mentores intelec-
O pres idente venezuela no galv ani zou as esq ue rd as políticas pre entes no FSM , diante de milhares de participantes que agitavam bandeiras de Cuba, do MST e de "C he" Guevara. O clima criado em torno de Chávez foi quase me siân ico, a ponto de ser este qua-
sagem revolucionária para incendiai· os debates do FSM. "Tem.os que reivindicar o socialismo como projeto e como caminho"; pai·a "romper com o imperialismo diabólico, só há o caminho da revolução", foram as afmnações de quem está sendo apresentado como o sucessor político de Fidel Castro.
Padre 1'011'eS: indígenas, "reserva espil'itual"
Frei Betto: é necessário fazer "pressão popular" sobre o governo Lula, para que este possa ir deslizando cada vez mais para a esquerda, alegando clamor popular.
lificado de "novo libertador" por lgnacio Rainonet, diretor do "Le Monde Diplomatique" e membro do Conselho internacional do FSM. O mini stro brasileiro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, ligado ao MST, saudou-o como "uma das maiores lideranças políticas da América Latina". Chávez contribuiu com sua men-
Entre os 200 teólogos da libertação presentes no FSM, vários manifestai·am sua esperança no indigeni smo enquanto nova ''.força libertadora". O sacerdote chileno Sergio Torres, um dos fundadores da Teologia da Libertação (TL), chegou a dizer que "os indígenas são uma reserva espiritual" e "até uma antecipação da sociedade fútura ", pois estai·iam "muito perto dos sonhos de ecologistas e partidos verdes". De maneira chocante, o teólogo chileno valorizou como uma vantagem dessas "tradições indígenas" o fato de que "não são tradições cristãs" contaminadas pela mentalidade conservadora.
Saramago tenta demolir o conceito de utopia O escritor comuni sta português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, diante de mais de 10 mil jovens militantes de movimentos soc iai s e políticos, tentou demolir o co nceito de utopia, in-
O VFSM em cifras Houve 155 mil participantes inscritos, de 135 países dos cinco continentes, incluindo 6.823 jornalistas. Efetuaram-se 2.500 conferências , promovidas por 6.588 organizações (ONGs). As atividades concentraram-se no chamado Território Social Mundial, ao longo de 4 km da orla do rio Guaíba, com 150 mil metros quadrados de área ocupada por edificações e abrigos (em que predominavam tendas de lona), equivalente a 18 Maracanãs.
MARÇO2005 -
-
a este estado de coisas tribal tem de passar pela extinção dos velhos padrões de reflexão, volição e sensibilidade individuais, gradu.alrn.ente substituídos por modos de pensamento, deliberação e sensibilidade cada vez mais coletivos". Nestes, a razão, "outrora hipertrofiada pelo livre exame, divinizada pela Revolução Francesa e utilizada até o mais exacerbado abuso em. toda escola de pensamento com.unista ", agora passaria a ficar "atrofiada e f eita escrava a serviço do totemismo tran.spsicológ ico e parapsicológico".
"J)iversi<lade ": nova /'orma ele totalitarismo?
O V Fórum Social Mundial serviu de laboratório para um "outro mundo" autogestionário e anárquico, que, em certo sentido, já desponta
vestindo também co ntra a objetividade e a religião: "Eu não sou utopista; o conceito de utopia é inútil; se eu pudesse, riscava a palavra utopia dos dicionários; a objetividade não existe, todos som.os seres subjetivos e tudo o que fa zemos é subjetivo; fora de nossa cabeça, não há nada; toda religião é um co,~junto de subjetivismos " - foram algumas das suas afi rmações, diante da surpresa de muitos assistentes. Ao que parece, para Saramago a realidade nada mais é do que o sonho gnóstico dos antigos hereges.
Jgnacio Ramonet e seu "anti-utopismo" l gnac io Ramonet fo i talvez mais longe do que o próprio Saramago: "Sornas contra-utopistas" - proclamou - , porque "as experiências históricas ,nostram que todas as utopias terminaram. mal ". De maneira análoga ao não- utopismo de Sara mago, ele deixou claro que seu anti utopismo "não quer dizer que tenham.os que abandonar proposições, visões e obj eti vos", ma sim que os militantes al terglobalistas devem desvencilhar-se de excessivas elucubrações e teori zações.
111/Jexão 110 altenmmdialismo: anarquia política e rnligiosa? No FSM co nstato u-se a influê nc ia c resce nte de posições de in sp iração a na rqui sta, que sustentam qu e é preci so desco nstruir as antigas teorias re li -
CATO LICISMO
giosas e políticas, as quais estaria m vi ciadas na sua próp ri a essênc ia, porque te ri a m sido geradas pe la lóg ica e pe lo · raciocínio. Análogas c ríti cas o uviramse co ntra o pode r estatal , que estaria co rro mpido na sua ra iz, pela mera ex istê nc ia, no seu in teri or, de orga ni zação e hie rarquia . Esses de bates parecem indi ca r no interior do movime nto alterg loba li sta uma infl exão que de ixa para trás a predominância do hipe r-rac io na li smo, tão prese nte no ma rxis mo- le nini smo clássico e e m certas fo rm as de soc iali smo , rumo a um o utro extremo , também profundamente falso , da negação do valor da razão co mo in strumento de análise e de co nh ec ime nto obj etivo da reali dade. No final desse cami nh o estarão maneiras novas de pe nsa r, de perceber e de sentir simil ares à dos indígenas , que neste FSM chegaram a proclamar: "nós sornas o outro mundo" .
f'/iJ1io Co1·rêa de Oliveira e "Uibalismo " Com muita antecedência, fo i o pensador brasileiro Prof. Plínio Corrêa de Oliveira quem vi slumbrou e analisou, de maneira mais profunda, o prob lema da degradação progressiva do intelecto humano, rumo a uma sociedade com formas de pensar neotribais. E m seu livro Revolução e Contra- Revolução, o eminente autor expl ica que "o caminho rumo
O FSM serviu de laboratóri o para um "o utro mund o" a utogest ioná ri o e anárquico , que , e m certo sentid o, j á desponta. Esse "outro mundo" apresenta como de nom in ador co mum um a e ni g mática e amb iva le nte "dive rs id ade", qu e parece ser um novo no me do caos. Di a nte desse o usado e mpree ndi me nto, co me te ri a um erro de cá lc ulo o observador que se limi tasse a ava liar o FSM me ra me nte por aspectos co ntraditório , folc lórico e até ridículos de alg um as de suas manifestações. E não seria exagerado suspeitar que, nos prime iros es boços desse " mund o novo" , possa estar em ge rminação um tipo de "fund ame ntali smo" antic ri stão, capaz de dese ncadear pressões e até persegui ções co ntra os que co ntinu a m tomando os Mandamentos da Le i de Deu s co mo va lo res abso lu tos. Se for ass im , q ue tipo de pressões poderão surg ir dessa "divers id ade" que parece quere r substituir - ainda que temporari a me nte - g uilh o tinas, gulags e " paredões" por " hegemo nias" asfixia ntes, que por enquanto não matam corpos , mas e nven enam alm as? Numa análi se do V FSM, não é possível deixar de co locar tão delicada in terrogações, diante de probl e mas que poderão afetar de modo deci sivo o futu ro da humanidade. •
Lésbicas, "católicas" pró-aborto, partidos de esquerdo , movimentos indigenistos ... no Fórum Social Mundial encontram seus pontos de afinidade
Notas:
* Para este art igo, o autor contou co m a co laboração de Carl os Santa Cruz e Nestor Matihara. Tóp icos ele um Informe ele nove capíllll os podem se r lidos na ínteg ra no site desta rev i sta , www .catolicismo.com.br
MARÇO2005 -
-
.'
P€rseguindo a castidade D e modo ladino, certos movimentos de combate à AIDS vão tendendo a mudar o tom de sua campanha contra a epidemia, para transformá-la numa campanha contra a prática da castidade 11
Cio
ALENCASTRO
pretexto de laic ismo e dire itos huma nos, está em curso verd ade ira reva nc he do neopagani smo co ntra a Ig rej a Católi ca, sua do utrin a, sua mora l, seus métodos tradi c io na is de atu ação . A mora l católica j á começa a ser atacada, especialmente quanto à prática da castidade. Serão reeditada perseguições relig iosas cruentas, como as de Nero ou Di oclec iano? U ma chamada Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (Abia), junta mente com um Grupo Internacional de Trabalho para Sexualidade e Política Social, está difundindo no Brasil um relatório contra as políticas do governo Bush sobre sexualidade. O documento, intitulado O Kamasutra de Bush, foi lançado no Rio de Janeiro, em lO de janeiro último no Hotel Plaza, Copacabana. O texto pode ser encontrado no site da entidade.
A solução é a castidade, mas esta não se aceita Elaborado pe la advogada canadense Françoise Girard, o relatório cri tica o fato de que Bush "não apóia serviços relacionados a aborto ou. uso de remédios para abortar". Cri tica ai nda a posição dos norte-americanos que não aceitam o "ca amento" homossexual e a contracepção. As iras da autora voltam-se, de modo especial, contra a política anti -aid do governo Bush, que di rige polpudas verbas para os países e entidades que combatem a epidemia valorizando a castidade pré-matrimonial e a fidelidade conj ugal. Santa Gemma Galgani (Luca, 1878- 1903) faleceu aos 25 anos, ornada pela castidade como um de seus mais belos florões
CATOLI C ISMO
Ora, é da primeira evidênc ia que só a prática intra e ex tra-matrimonial da castidade é me io inte ira mente seguro para evitar o contágio. Por que então combater os programas que a põem em rea lce? Mesmo do ponto de vi sta exc lusivamente c ientífico, a prevenção 100% segura só se obtém medi ante a prática da castidade. Por que esse mal-estar com a defesa dessa virtude? O relatório teme que as posições do . governo norte-americano este ndam-se a outros setores e acabem por criar uma onda pró-castidade, pois "são posições muito explícitas e autorizam que outros setores com opiniões equivalentes comecem a se expressar com a mesrna virulência, em decorrência do peso dos EUA".
Propaga-se o horror à moralida<le Tais temores são fundados. Já comentamos nesta coluna o êxito que vem a lcançando em Uganda a po lítica pró-castid ade dese nv o lvid a pe lo pres id e nte Yoweri Museveni . Dura nte a 15" Conferência Internacional sobre a AIDS , reali zada em Bangkok (Tailândia), e le reafirmou a prática da abstinência sex ual como o me lhor método para prevenir a contaminação e ex plicou que "o preservati vo é uma improvisação, não uma solução" (ACI, 13-7-04). O res ultad o dessa po líti ca é qu e Uga nda tornou-se um dos poucos lugares no mundo em que a AIDS recua substancialmente. Nos anos 80, o país contava 30% de infectados. Agora, apenas 6% cios 26,5 milhões de hab ita ntes são portadores ela doença. Como a propagação da epidemi a está muito li gada à promi scuidade sexual que se alastra em nossos di as, o normal seri a q ue os responsáve is pe las campa nh as anti -aids procurasse m de todos os modos diminuir e, se possível, estancar essa onda ele imora lid ade que varre o planeta. Não é o que vemo . Que a castidade seja pro pagada, causa ve rd a de iro m al-estar e m ce rtos ativistas: "Bush está investindo US$ 1 bilhão nisso l'programas anti-aids]. Dentro dos EUA e em. países cifi-icanos, dizse aos jovens que a melhorforma de prevenir é não fa zer sexo até o casamento", afirma M a rce la Howe ll , d a ONG Advocates for Youth. "Menina é estimulada a ficar virgem. E mulher separada, a viver u.rnasegu.nda virgindade. Dá para crer?". • E-mail
do
autor: cidalencastro@catolicismo.com br
INFORMATIVO RURAL
"Respeito" descabido Policial assassinado - Na madrugada de 5 para 6 de fev ereiro, um po1ici a l militar fo i morto, e outro fe ito refém e tortu rado, no assentamento Bananeira, cio MST, e m Quipapá (PE), a apenas 200 km do Rec ife. U m terceiro soldado conseguiu fu gir a pé, enquanto o carro que usavam era de preciado. Quando caíra m na emboscada, os po li ciais, cio serviço de inteligênc ia ela PM, estavam e m traj es c ivi s e inv es ti gava m Jo sé Ri cardo Rodri gues e uma mulher, li gados ao MST, suspe itos de partic ipar de quadrilha es pec iali zada e m ro ubos ele carga. O casa l fo i loca li zado na tarde de sábado no sul ele Pernambuco. O sargento C ícero Jacin to da S ilva e os so ldados Adilson Al ves Aroeira e Lui z Pereira ela Silv a ini c ia ra m um a pe rseg ui ção à Sa veiro do ca. a i, e ncerrada so me nte quando o ve ícul o entrou no assentamento do engenho Bananeira. No loca l, um grupo ele LOO asse ntados cercou os três po li c ia is , qu e tivera m de re nde r-se e identifi car-se. Mesmo ass im , o sargento e um dos soldados foram imobili zados e levados para o in terior do assentamento. Tomara m-lhes as armas. O te rceiro poli cia l con eguiu fugir e so li citou reforço. Ao chega re m, o · po lic iais encontrara m o corpo cl so lclaclo, morto a tiros e com sina is ele tortura . O sargento fo i li bertado. Ele r ra amarrado e espancado. "Organização criminosa" - Para tentar sa lvar a rac , o atua l coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim , di sse que se tratava d uma quadrilha que utili zava o assentamento co mo base para suas articul ações. que os asse ntados só participaram da ali viclacle porque fora m enganados pelos irmãos José Ricardo e José Sérgio R clri gues, que teriam sido expul sos cio MST 111 novembro. Depois di sso, os sem-terra foram orientados a de ixa r o assenta mento. clitoria l de um matutin o paulista o me nta: "Importância algwna terá o f ato de o assaltante José Ricardo pertencer ainda ou ter sido expulso do MST - haverá um quadro oficial de registrados numa organi-
zação oficialmente inexistente? Importa é o f ato de assentados terem dado abrigo e protegido, com armas e violência assassina, que,n soji-ia perseguição policial". E conclui que o MST é uma "organização criminosa". Eram da cúpula do MST - Na ve rdade, os asse ntados trata m Ri cardo co mo um morador cio local. Di zem que ele tem uma casa lá. Os irmãos Rodrigues integraram a cúpula do MST em Pernambuco. Sé rgio era coordenado r estadu a l, fun ção de maior poder na hi erarquia da e ntidade. Ri cardo era coo rde nado r el a microrregião de Belém de Mari a ("Folha ele S. Paulo" e "O Estado de S. Paulo, 7 a L0-2-05). Contra o agronegócio - O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), M árc io Lo pes de Freitas, di sse que " respe ita" a dec isão do M ST ele inte nsifi car os protestos contra a le ntid ão ela refo rma ag rá ri a, co ntra o ava nço do ag ronegócio e contra o uso ele sementes genetica mente modificadas no País (Ag. Estado, 9-2-05). Embora tenha ac rescentado que é co ntra as invasões,
Amazônia : um "bem público mundial"?
causa estranheza que um líder rural patron al " respeite" as decisões de um movimento subversivo. Ainda mais quando a decisão " respeitada" é a ele avançar contra o agron egócio, base atual da economi a nac ional. Para algué m que deveri a ser um defensor do agronegócio ... francamente é própri o a causar pas mo.
Cruzando os braços - Mesmo no que se refere à ameaça cio MST de intensificar as invasões, o presidente ela OCB limita-se a ... esperar: "O produtor vai esperar para ver o que acontece. Não podemos parar a produção. Vamos continuar trabalhando". Os cooperados não tê m direito a ne nhuma medida es pec ia l ele proteção, por parte da OCB , di ante de uma ameaça tão ex plíc ita? A diretri z é simpl es mente traba lhar e esperar, até qu e todo traba lh o sej a des truíd o po r hord as ele invaso res? Querem nos tirar a Amazônia Para o francês Pascal Lamy, ex-comi ssári o de Comércio ela U ni ão Européia e candidato a ocupar o posto de diretor da Orga ni zação Mundi a l do Com é rc io (OMC), haveria espaço para "regras de gestão coletiva" das áreas da Amazônia, insinuando que elas fosse m tratadas como "bens públicos mundiais" . Ou seja, a pretexto da morte ela freira ela CPT, Doroth y Stang, ressurge o ve lho e repul sivo projeto de tirar a Amazônia cio Bras iI e entregá- la a organi smos internac ionais. Por mais absurdo que isso possa parecer, recebeu um certo aval do articuli sta da "Folha de S. Paulo" (25-205), Clóv is Ross i, o qual defende que a tese de Lamy "não é para j ogarfora", e pede que ela sej a estudada com cuidado. O governo brasileiro ofi cialmente tem posição contrári a à internacionali zação da Amazôni a. Porém, essa pro li feração de reservas fl oresta is intocáve is, de reservas indíge nas ime nsas e a fa lta ele coloni zação racional daquela rica área, acabam fa vorecendo as ONGs ditas ambientali stas e todos os que querem ti ra r a Amazônia do Brasil.
MARÇO2005 -
1 São David , Bispo e Confessor
+ Me ne vi a (País de Gales), 588. Patrono cio País de Gales.
2 São Cllad , Bispo
+ Linclisfarne (In glate rra), 672. Irmão de São Cedd, fo i ed ucado por Sa nto Aid a no na Irlanda. De volta à Inglate rra, tornou-se B ispo de Mércia e L indi sfa rn e. São Beda, o Venerável , e na ltece u suas virtudes.
3 Santa Cunegundes, Viúva , Imperatriz
+ Bamberg (A leman ha) 1040. Esposa de Santo Henriqu e, com quem vivia em perfeita castidade. Foram ambos coroados imperadores do Sacro Impé ri o, e m Roma, pe las mãos do próprio Papa. Após a morte do marido, ela empregou sua fortuna em erigir bispados e moste iros, term inando sua vida co mo simpl es reli giosa em um deles.
4 São Lúcio 1, Papa, Mártir
+ Roma, 254. Foi um dos ilustres presb íteros de Roma q ue seg uiram São Cornélio ao desterro, tendo s ucedido a este no Papado. Primeira Sexta-Feira do mês
5 São ,João José da Cruz, Confessor + Nápoles, 1734. "Ardente
discípulo de São Francisco de Assis e de São Pedro de Alcântara, acrescentou. grande glória à Ordem Seráfica. Foi admitido pelo Papa Gregório XVI no Cânon dos Santos" ( do Martirológio Romano). Primeiro Sábado do mês
dadora das Oblatas Beneditinas. Tinha trato fa mili ar com seu Anjo da Guarda, a quem vi a continuamente.
6
10
Domingo "Laetare", ou 4° Domingo ela Quaresma
ffi Santa Colete, Virgem
+ França, 1447. Reformadora das Terceiras Franc iscanas, fo i das figuras mais importantes da Ig rej a no séc ul o XV. Com São Vicente Fe rre r, aconselhou três cardea is, que reclamavam a tiara pontifícia, a renunciar e a se proceder a nova ele ição.
7 São Paulo, o Simples, Eremita + Eg ito, 339. É um patrono dos que aspiram à santidade em idade avançada. Agricu ltor, aos 60 anos descobriu que sua mulher o traía. Fug iu então para o deserto, e sua ins istência obrigo u o g ra nd e Sa nto Antão a dirig i-lo.
8 São ,Julião de Toledo, Bispo
+ Espanha, 690. Sob sua di reção, a Sé de Toledo tomou a primazia entre todas as da Espan ha e de Portugal. Pres idiu vários sínodos, rev iu e desenvolveu a liturgia mozárabe, te ndo sido um dos mais importantes ec les iásticos de seu tempo.
9 Santa Francisca Romana, Viúva + Roma, 1440. Da mais alta nobreza romana, foi modelo de esposa e mãe, além de fun-
ffi São Domingos Séívio (Vicie p. 36)
São Simplício, Papa
+ 483. Governou a Igreja durante 15 anos, por ocasião da inv asão dos bárbaros , que procurou converter.
ffi São Macár•io de Jerusa lém, Bispo e Confessor + 335. Foi um dos firmantes do Concíl io de Nicéia contra os arianos. Venerado pelo Imperador Co nstantino e s ua mãe Santa Helena, com e la descobriu vários dos instru mentos da Paixão, inclu sive a verdadeira Cruz.
11 Santa Teresa Margarida Recli, Virgem
+ Florença, l 770. Aos 18 anos e ntrou para o convento carme li ta de Florença, onde em pouco tempo chegou a grande santi dade.
12 São Teófano, Abade
+ Samotrácia, 818. Ele e a esposa renunciaram à imensa fortuna para fazerem-se religiosos. Grande promotor do cu lto das imagens, foi por isso exil ado pelo ímpio imperador bizantino Leão, o Armênio, morrendo vítima dos maus tratos.
13 Santa Eufrásia , Virgem
+ Egito, 410. Da nobreza romana . Ao falecer seu pai, fo i com a mãe para o Egito. Aos sete anos pediu- lhe li cença para servir a Deus num mosteiro próximo.
14
19
Santo Eutíq uio e companheiros, Mártires + Arábia, 741. Patrício roma-
São José, Esposo da Santíssima Virgem, Patrnno da Igreja Universal e ela Boa Morte
no. Capturado pelos maometanos contra os quai s guerreava, fo i com seus co mpanheiros torturado e mo rto, por não renunciar à fé católica.
15 São Longino, Mártir
+ Capadócia, Séc. 1. Segun do a Trad ição, ele é o centuri ão romano q ue, durante a Crucifixão, reconheceu Cristo como o Filho de Deus. 1(j São Julião de Anazarl)us, Má rt ir + Cilícia (na atua l Síria), 302. São João Crisóstomo fez o e logio deste mártir que, preso em virtude de sua fé católi ca, sob Diocleciano, foi colocado dentro de um saco cheio de escorpi ões e serpe ntes e atirado ao mar.
17 Santa Gertrudes de Nivelles, Virgem
+ Ho landa , 659. Fi lha do Bem-aventurado Pepino de Landen e ela Bem-aventurada Ita. Com a morte de Pe pino, mãe e filha fundam o co nve nto ele Nivelles, nele ingres ando. Gertrudes tornou-se abadessa aos 20 anos .
ta Sa nto Anselmo ele Luca, Bispo
+ Luca, 1086. Sobrinho do Papa Alexandre IJ , r tirou -se ele sua diocese ele Luca para fazer-se monge ben clitino . São Gregório Vil chamou -o de volta àquela Sé episcopa l, onde tentou reformar os cônegos relaxados, que se revol taram. O Papa os excom un gou. Com o apoio do im perador, os rebelados expulsara m Santo Anselmo da cidade.
20 DOMINGO DE RAMOS Triunfa l entrada ele Cristo Jesus em Je ru sa lé m, po ucos dias antes ele sua Paixão na mesma cidade.
21 São Encleus ou Enda, Confessor + Arranmo re (lrlanda) , 590. Brilhante militar, irmão ele Santa Fanchea, é considerado o fund ador cio monastici smo na Irlanda. Teve como discípulos os Santos Kleran e Brenclan.
22 São Dcogracias, Bispo
+ Cartago, 457. Bispo dessa cidade, ao norte ela África.
23 São Todbio de Mongrovejo, Bispo +Lima, 1660. "Arcebispo(cle Lima), por ciijos labores afé e a disciplina eclesiástica se disseminaram pela América" (cio Martiro lógio Romano).
24 QUJNTA-FEIRA SANTA Instituição ela Eucaristia e do Sacerdócio.
25 SEXTA-FEIRA SANTA Paixão e Morte ele Nosso Senhor Jesus Cristo. Jejum e Abstinência.
26
28 São Gontran Rei, Confessor
+ Châlo ns (França) , 592. Rei da Borgonha, após divorciarse e mandar executar seu médico, fico u cheio ele remorsos e a ba nd o no u as pompas do mund o. Em pr ego u e ntão s ua fort una na co nst ru ção de i grej as e moste iros e na di s tribuição ele es m o las, vivendo na mais rigorosa penitência.
29 São Cirilo ele llcliópolis, Diácono e Mártir
+ Líbano, 362 . Tendo Juliano, o Apóstata, rei ntrod uzido o pagan ismo no Império , esse diácono destruiu muitos ídolos, tendo por isso "seu fígado arrancado de seu abdômen e devorado pelos pagãos como bestas selvagens" (cio Mart iro lógio Romano).
30
• Em desagravo ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Co ra ção de M aria pelos peca dos praticados no ca rnava l. • Pe las vít im as do s fl age los ca usados pe los tsu namis (onda s gigantes dese nca deada s pe lo ll')0remoto no Oceano Ind ico) no Sud este As iático. • Pelo s int e nções particu lares dos leitore s e ass inantes de Ca toli c ismo.
+ Mo nte S in ai, 605. I ngressando aos 16 anos no moste iro situado nesse monte , abandonou-o mais tarde para viver e m maior solid ão. Aos 7 5 anos foi chamado ele volta e eleito abade. Se u li vro Clfmax, ou Escada da Perfeição, cio qual lh e veio o cognome Clímaco , foi elas obras mais apreciadas na cató lica Idade Média.
31 São Guy de Pomposa, Abade
·+ Itália, 1046. Por sua san-
Jesus Cristo no sepulcro e a soledade ele Nossa Sen hora.
tidade e sabedor ia , atra iu tantas pessoas a seu mosteiro, que foi obrigado a fu ndar outro. A seu pedido, São Pedro Damião ministrou a seus monges aulas sobre as Sagradas Escrituras durante dois a nos.
27
Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre Davi Fron c isquini, na s seguintes intenções :
São João Clímaco, Confessor
SÁBADO SANTO
PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO "Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!"
Intenções para a Santa Missa em março
Intenções para a Santa Missa em abril • Pelos méritos da Paixão, M o rte e Ressurre ição de Nosso Se nhor Jes us C risto, ped indo especiais e abundantes graças para os leito res e assinantes de Catolicismo e suas respectivas famílias.
. ,Simpósio analisa
acontecimentos de 2004 T endo como moldura a Serra da Mantiqueira, realizou-se na cidade paulista
de São José dos Campos, nos dias de Carnaval - 6, 7 e 8 de fevereiro um simpósio promovido pela Assodação dos Fundadores da TFP r, Luiz AuGusro
FRAN CO
ediou o evento e acolheu seus 200 partic ipantes - provenientes de 33 cidades de oito Estados da Federação, bem como da Argentina - o Di Giulio Hotel, com modernas e amplas instalações junto à Rodovia Pres. Outra. Voltado para aq ueles que timbram em permanecer na fidelidade ao espírito, ao pensamento e às linhas de ação do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, o simpósio, para os amigos e colaboradores da Associação . dos Fundadores da TFP, teve como finalidade proporcionar uma visão de conjunto do ano 2004 - da obra contra-revolucionária e dos principais acontecimentos nacionais e internacionais - como também colocar em comum as múltiplas experiências, medjante as quais tem continuidade a gesta daquele que fo i ju sta me nte cognominado o Cruzado do Século XX.
Os dias do eve nto tran scorreram em ambi ente de estudo, oração e ameno convívio e ntre os participantes. Sob a presidência do Dr. Plínio Xavier da Silveira, diretor da entidade, qualificados expos i.tores di ssertara m sobre os diversos temas que compunham o programa de conferências , proferidas com o recurso ele aud iovisuais. Assim, merecem menção -e ntre os temas tratados: O trágico maremoto na Ásia, anali sado à luz ela Tradi -
ção Cató lica ; A onda conservadora no mund o; Os so bressa ltos do co mun oprogressismo no Brasil ; Ca mpa nh a da TFP - F undad o res e m defesa do agro negócio .
*
*
*
Honrou o eve nto co m sua presença o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, que proferiu ap laudida co nferê ncia de e nce rrame nto sobre o tema " Plinio Corrêa ele Oliveira, um ho me m
provide ncia l" . Participou também cios trabalhos e u irm ão o Prín c ip e D. Be rtrand . De. perto u espec ial interesse a e ntrada no auditório ele um a ca ravana ele j ovens propagandi stas ela e ntid ade, de reg resso de se u itin erá ri o ele férias, quando percorreu os Estado ele Go iás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Na ocas ião, s carava ni stas ap rese ntaram um a rép li ca ela ca mpa nha de rua, com se us s i gan · bradados e evo lu ções, acresce nta ndo depo is vivaz re lato elas reperc ussões obtid as junto à o pini ão pública e co lhid as nas diversas c idades percorridas. Foi particularmente aplaudido um jovem casa l ele Ju azeiro cio Norte, que havi a empreend ido, com seus o ito filhos, a viagem de auto móvel de quatro dias desde aquela c idade cearense, para estar presente ao impósio. O eve nto foi co locado sob o patrocínio de Nossa Sen hora Aparecida, por haver tran . corrido em sete mbro últim o o ce nte nário ela coroação da Image m da Padroeira lo Brasil. Aq ue les abençoados dia . foram e ncerrados com um a ro maria I s parti c ipantes ao Santu ári o de Aparecida cio Norte. Tendo à frente o Revmo. Pe. Davi Francisquini, rezara m um terço cliant ela mil agrosa Image m, ped indo à Ra inha lo Brasil espec ial proteção para nossa Pátria face às investidas revoluc io nárias que se lançam contra ela, bem como para rogar o favorec ime nto da M ãe de Deus quanto às atividades que reali zarão cm 2005. • E-mail cio
nu1or: 1ü:.11m;o@cmolicismo.com.br
Programa cultural para universitários em Minas J ovens atraídos por nossa tradição histórica realizam uma tournée cultural pelo interior mineiro, élpreciando a arquitetura e obras de arte da época barroca H EUO VIANA
Pi
r ocasião cios feriados ele carnava l, nos di as 6, 7 e 8 de feve reiro, um grupo de uni versitários de São Paulo, Ri o de Janeiro, Brasília, Be lo Hori zonte e Ca mpos (RJ ) empreendeu, sob a direção do Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho, Diretor da Associação dos Fundadores da TFP, um programa cultura l visitando as cidades históricas mine iras de Sabará, Caeté e Santa Luzia. Na primeira delas, fundada pelo bande irante Borba Gato, puderam conhecer os arcabouços ele uma igreja inacabada, se melhante a uma fortaleza. Em seguida esti veram na igreja ele Nossa Senhora el as Mercês e na imponente igrej a do Carmo. Os uni vers itários puderam admirar toda a beleza do interior da Matri z de Nossa Senhora da Conceição, bem como da encantadora capela de Nossa Senhora do Ó, a qua l distingue-se pela presença de e lementos da arte chinesa antiga executados por artesãos proveni entes de Macau. O grupo diri giu-se depoi s à cidade de Caeté, em cujo município encontra-se a impone nte Serra da Piedade, com 1746 metros de altitude, que ab ri ga em seu cume hi stórica capela onde se venera imagem de Nossa Senhora ela Piedade, Padroeira do Estado ele Minas Gerais. Após visitarem o Santíssimo Sacramento, presente na capela, e rezarem di ante da imagem de Nossa Senhora ela Piedade, os vis itantes galgaram algumas pedras no cume ela Serra da Piedade, a partir das quais se desvenda, em 180 graus, esplendoroso panorama. A próxima etapa foi a cidade ele Santa Luzia, onde visitaram a esplêndida matriz, repositório ele valiosas esculturas ele arte barroca, inclusive com obras do Aleijaclinho, ele modo especial as image ns ela Santa padroeira, ele Nossa Senhora do Rosário e de São José. A rica peregrinação c ultural encerrou-se a 12 km daquela localidade, com a visita ao Convento Concepc ionista de c lausura de Maca úbas, imponente construção colonial que teve início no século XVIII . A superiora ela majestosa casa religiosa ge ntilmente recebeu os participantes da tournée cultural no parlatório. E m seguida puderam eles apreciar a beleza do estilo barroco na cape la do convento, dedicada a Nossa Senhora ele Lourdes. • E-mail cio
-
CATOLICISMO
autor: heljoviana @catoljcj smo.com.br
MARÇO2005
B.-
-
A inte rnacionali zação desta manifestação tem atraído orga ni zações de outros países a e ngrossa r suas fil e iras. Neste ano, destacamos a prese nça de Sua Alteza Imperial e Rea l do Brasil, o Príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança, juntame nte com outros participantes da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Fam.ília Propriedade, que lá estiveram a fim de hipotecar solidariedade à causa anti-aborti sta. Além dessa associaçã , outras, como a francesa Droit de Naftre, a ita lian a Voglio Vívere, a austríaca Osterreich.ische .Jugend .G.D.R e a DV K germânica se fi zera m a li representar.
A convite da TFP americana - que tem participado todos os anos dessa gigantesca marcha - esteve presente a italiana Laura Molla Pannuti, filha de Santa Gianna Beretta Molla, símbolo da causa anti-abortista (v ide Catolicismo, junho/2004). Ela que, na hora do parto, teve que escolher entre sua vida ou a da filha que estava por nascer, num ato de heroísmo, recusou-se a abortar a criança, que sobrev ive u enquanto ela veio a falecer. No ano passado, foi elevada à honra dos altares por João Paulo 11. • E-mai l do autor: diogowak i@cato li cismo.com.br
Abaixo : cenas do Marcho Pró-Vida
/TAL >,.
For tho lovo o( llfe s. Gla nn• Berotta Molla, mothar, wife and doctor
'loglio Vívere
..
'
Associação dos Fundadores da TFP na Marcha Pró-Vida A
famosa March for Life é a maior manifestação anti-abortista do mundo. Um protesto contra a matança de inocentes e em defesa das crianças que estão por nascer. li DIOGO WAKI
U
rna pessoa que acompanhe apenas pela mídia o que se diz dos Estados Unidos, não faz idéia do que é verdadeiramente o conservadorismo norte-americano - aqu ilo que um ou outro articulista tem chamado de "América profunda". Viajei aos Estados U nidos para fazer cobertura da March for L!fe. No mesmo vôo, encontrei-me com um grupo de universitários cariocas, que recentemente constituíram-se em associação, a Juventude pela Vida. Seus diretores decidiram fazer o lançamento da associação coincidir com a famosa marcha anti-abortista. * * * Há 32 anos, a Suprema Corte norte-americana proferiu uma decisão favorável à texana Roe, que praticara o aborto. Uma decisão da Suprema Corte tem força de lei, de tal fo rma que, a partir de então, em diversos estados americanos passou-se a praticar legalmente o crime de aborto.
CATOLICISMO
A reação não se fez esperar. A partir dessa iníqua decisão, todos os anos uma coali zão liderada pela Pro Life realiza urna passeata, em Washington, que começa no George Washington Memorial e se dirige à Suprema Corte. É, sem dúvida, a maior manifestação mundial contra o aborto . São dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria j ove ns. Co nta-se que a maior delas reuniu aproximadamente 250 mil a nti -abortistas ! Institutos e co légios religiosos , paroquianos, membros de assoc iações c ivi s, particulares de todos os estados americanos se dirigem em caravanas rumo à capita l para participar da marcha. Neste ano, apesar da fo rte nevada e da proibição de circ ul ar pelas estradas federa is, calcu la-se que mais de 100 mil pessoas estiveram presentes ao ato. Logo de manhã, celebrou-se uma M issa campal para cerca de 20.000 j ovens. Aproximadamente às 12 horas, no Washington Memorial, com a presença de três cardeais, 16 bispos e 20 parlamentares, saudaram o numero ·o público alguns oradores, entre eles o pre ide nte Bush por via telefônica.
./uve11r11de pela Vkla
'1i;~·;ú [
j -o
lã >,
] -~ ~ - - -- - - - - - - - - - -- - - - - - - - -
! 'õ ~ ,!e
ou ~
~
~ t.___ _ _ __ _ __.__ _ _ _ _ _...!.:;:.::L..::::..!liYl.z:.BJ!.:!lllL~
l.l
MARÇO2005 -
~v,\EN r~ • .,...
o \
U ma das maravilhas do Universo
;J'.
~
'ºO,
~T
na
PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
~s • e,'-'~
O
bservamos na ilustração o célebre Palácio dos Doges de Veneza que, pelo fato de estar a dois passos do mar, tem um especial encanto. A cor do palácio é de difícil definição. A meu ver, ela varia um pouco de acordo com a luz do dia, por vezes parecendo de um róseo muito delicado, mas não homogêneo. E nas ogivas góticas percebe-se a cor rósea e branca. De acordo com a lei da gravidade, o mais pesado deve carregar o que é mais leve. Nesse sentido, seria explicável que tal edifício fosse construído de tal maneira que essa espécie de "caixotão" róseo - é quase um ultraje chamá-lo assim, mas enfim, permitam-me a liberdade de expressão - , ornado por ogivas (deliciosamente simétricas, pensativas, calmas, tranqüilas e nobres, parecendo estar elas mesmas contemplando o mar) fosse edificado diretamente sobre o solo; e que as colunas do andar inferior, juntamente com a colunata que toca o solo, fossem colocadas em cima.
Por um contraste interessante, tem-se a impres ã d· que, construído como foi , o palácio causaria uma sen açã de peso medonho, e que a qualquer momento o "caix tã " iria esmagar a colunata. Entretanto, está calculada com tanta inteligência adi stribuição dos corpos e dos volumes do edifício, que 1 não causa essa impressão. Pel contrário, a colunata carrega sem es forço o grande "caixote". E ele, re ·usando-se a pousar na terra, é suportado por colunas magnífica , de maneira que por debaixo dele cir ulu o ar. E a arte consiste em apre · nltll' uma primeira série de ogiva muito bonitas; e depois, embaixo , ulra Iinha de arcos. Assim, o palá i pur •ce estar suspenso no ar. Chamo a atenção para o qu · h (1 de bem pensado em cada d lalh • do fachada. Por exemplo, com cl11 11caria monótona se, bem n 111 ·i ), n o houvesse uma porta dand ac sso tHl terraço; se figurasse ali mai s u11111 ogiva, o palácio tornar-se-ia insupo1 tável; e aquele terraço tem c x utttllll' tt te o tamanho adequad para II po1111 , Eis aí alguns elementos pnru • analisar e contemplar bem, e de modo um tant I v ', um11 d11 maravilhas do Universo: o Palácio dos D es d· Vi n •:tu .
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 2 de dezembro de 1988. Sem revi s o do utor,
:_.;~J
JtJ~
r ~--~
_J
~
iJ l 1 _ ~J D _ê~~ r
J~jjJ ( ~J . 0J ~jJJ~ ,. 1 D ~J JJ~J.
_/ D .1
-
,
UMARI
1 PLI NIO CORRÊA DE ÜLIVEIRA
AIH'il de 200G
Aborto: "um rio de pecados" Ü s nascituros também são seres humanos, portanto o aborto é um assassinato. E tal matança de vítimas inocentes pode atrair para nosso País terríveis castigos, se aprovada a nmpliaçao legal desse crime infame. m inúmeras ocasiões, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira condenou a prática do aborto. Ele receava, além da debilitação da instituição familiar, a aplicação de terríveis punições divinas aos povos que aceitassem a introdução de tão abominável prática em seus costumes e legislações. Abaixo transcrevemos um de seus comentários a respeito do tema, publicado pelo semanário de Belo Horizonte "Edição Mineira", em entrevista concedida em 56-1983.
E
*
*
*
" Vej o incontáveis cléri gos entregues a um a obseda nte in sistência em matéri a de relações capital-trabalho , ali ás quase sempre num sentido esq uerdi sta. E temo que na luta contra o aborto se passe aJgo ainda muito mais acentuado do que em relação ao divórcio.*
À medida que a impunidade legal venha a favorecer no Brasi l que o aborto se introdu za em nossos costumes, ocorrerá um número indefinidamente crescente de assass inatos. Tudo isso abre como que um ri o de pecados à bradarem aos Céus clamando por vingança, segundo a expressão do Catec ismo. No plano social , as chamadas uni ões livres só podem concorrer para a multipli cação do número de abortos. De outro lado, os víncul os do matrimônio são debilitados pelo aborto, pois quanto mais numerosos os filhos, tanto mais se robustecem os vínculos afetivos e morai s entre os pais. Tudo isso re lund a, portanto, em mais um fator de debilitação da famíli a e de toda a sociedade brasil eira". •
* Ncsl a afi rmação o aulor manifesla sua
inconform idade pelo fato de que a aprovação do divórcio no Brasil , em 1977, deveu-se, em larga medida à ati ludc de pa rte cio clero brasileiro, que naquela época não susc itou na opini ão pub lica católica urna forte reação anticli vorcista, ressa llanclo o quanto o di vórcio contrari a a Le i ele Deus (Cfr. Plínio Corrêa de O li veira, Fog 11et6rio e 11üo 80111/Jarda, artigo na " Folha ele S. Paulo", em 25-6- 1977) .
2
Exc1,:1nos
4
CARTA DO D1m•:ToR
5
PÁ<;1NA MAmANA
7
LEITlJW\ ESPIRITUAi,
A Paclroeira da Suéôa A Ave Maria (histórico/
1O A
PAl,A\IIV\ DO SACERDOTJ•:
12 A
Rt-:AUDADE C0Nc1SAM1wr1-:
14
NACIONAL
15
INTERNA(;IONAI,
21 Po1~
JJ;,yito do conservadorismo brasileiro Espanha COJ'l'OÍda pela Revolução Cultural
()UI•: NossA SENIIORA C 110RA?
22
ENTRJ•~\IISTA
25
}NJ,'ORM/\Tl\10 RURAi,
26
CAPA
Oportuna r efütação da campanha aborlista
Aborto: pena de morte aplicacla a inocentes
36 Vm/\S 1n:
SANTOS
Santo Hugo, Abade ele Cluny
39 G1~ANm:s P1msoNAG1•:Ns A Imperatriz Maria Teresa 42 MEMúm1\ ExtraordÍnál'ios prognósticos 46
SANTOS 1,;
48 AçAo
F1,:sTAS
Do
Maria Teresa e sua família
M1~;s
CoNTIM-R..:vouJCIONÁmA
52 Consternação pelo passamento de S. S. o Papa João Paulo li
Nossa capa: O título de capa -
"Não matarás" -
é o 5° Mandamento da Lei de Deus.
Alemanha invade Rússia em 1941
CATOLICISMO
AB RI L2005
-
Nossa Senhora de Estocolmo C ontrarimnentc ao que dizem os protestantes, os povos sentc1n uma natural necessidade de proteção materna. Exemplo disso é a veneração à padroeira da capital sueca.
C aro leitor, Co nta-se que certa mãe, a pós um abo rto soli c itado, j amais recupe rara a paz de consc iê nc ia. Durante o dia , ao ve r qua lque r be bê , a inda que e m fo tos, vinha- lhe à me nte o filhinho e liminado e m seu pró pri o seio. E à no ite o uvi a sua voz ge mendo :
"Mamãe, socorro! Salve-me, m.arnãe. Ai!, lenha d6, o médico está me matando. Mãe, está me ouvindo? Ai!, protej a-me, rnãezinha! "
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornallsta Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n2 311 6 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Sala 62 - Santa Cecília CE P 01 225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento · ao Assinante:
Te! (0xx 11) 3333-6716 Fax (0xx11) 3331-6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfi ca e Editora Lida. E-mail: epbp @uol. com. br Home Page: http://www.catolicismo.co m.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de ABRIL de 2005:
Comum : Cooperador: Benfeltor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ R$ R$ R$ R$
96,00 140,00 260,00 420,00 9, 00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
R esistirá essa in fe li z senhora ao impul so ele ajoe lha r-se num confessio nári o e pedir pe rdão pelo seu c rime? E o médi co? E aqueles que a aco nselhara m a abortar? E os leg is ladores que aprovaram le is fac ilita ndo ta l ato c riminoso? N es ta edição, a maté ri a de capa - de a utoria de um dileto a mi go e le ito r de Catolicismo desde a década ele 60 , o Re vmo. Padre Davi F ran c isquini - traz à to na a questão do abo rto. Maté ria cande nte e o po rtuna, poi s inesc rupulosos po l íticos, muitos deles a li ados do gove rno pe ti sta, e mpe nham-se para aprovar le is iníqu as a fim ele ampliar no Bras il os casos de "abo rto lega l", os qua is redundam no aume nto d a " matança de inocentes" . E a e ntre vi sta da presente edi ção abord a o mesmo te ma. As le is estabe lecid as pe los ho mens não pode m co ntrari a r as le is de De us. O abo rto não é a penas um atentado contra a vida e co ntra a Lei natural , mas so bre tu do co ntra a L e i ele De us. É um pecad o g ravíss imo que, segundo o Catec ismo, "brada aos Céus e clama a Deus por vingança". Com a ag rav a nte de ate ntar contra um frágil ser humano, inocente e indefeso. Ade mais, como legisla o atua l Códi go ele Dire ito Canô ni co, promul gado po r João Pa ul o II, "Quem provoca o aborto, seguindo-se o ef eito, incorre em excomunhão latre sententire" (Câno n 1398). Lata sententia s ig nifica que uma pessoa fica incluída nessa pe na pelo simpl es fa to de prati car o de lito. Sobre ta l no rma, o teó logo e cano ni sta Pe. Jesus Ho rta l, SJ, come nta: "Advir-
ta-se que o cânon não f az nenhuma exceção quanto aos moti vos do aborto. A excomunhão atinge, portanto, também os que realizam o aborto no caso de estupro da mulher, de deformidades do f eto ou de perigo de vida da mãe". Por que a pe rsistê nc ia de Catolicismo e m ale rtar contra o aborto? Porventura não são seus le itores, na g ra nde maioria, a ute nticame nte cató licos e, em conseqüê nc ia, muito contrári os a esse delito a bo minável e antinatural? Insistimos no te ma po rque não basta que nossos leito res, be m como todos os católicos e m geral, sej am contrári os ao infa nticídio. Temos o g rave dever de com bater os pro pug nado res do a borto e em pregar todos os me ios moralmente lícitos para impedir que essa hedi o nda e bá rbara prática, e m qua lq uer de suas forma s, se introdu za e m nossos costumes e e m nossa legislação. Assim sendo, Catolicismo conc lama seus le ito res a uma verdade ira Cruzada e m defesa ela vida e contra a atu ação cios partidários d o exte rmínio ele inoce ntes . Desej o a todos um a boa le itura, na qua l se e nco ntrarão dive rsos arg umentos só lidos para o "bom co111ba1e" contra o abo rto, útci para a refutação dos sofismas d ivul gados pela campan ha abo rti sta.
E m Jesus e M ari a,
9
~
D1RET0 1<
07
paulobrito @Çil loli ·i:,1no t·om,.QI
VALDIS GRINSTE INS
M
uitas vezes, e m me io a uma di scussão com protestantes, lançam eles a frase que se torno u chavão: "S6 Jesus salva". Como se fosse essa um a do utrin a qi.1e nós católi cos reje itássemos. Consideram eles, e rro nea me nte, q ue apresenta mos Nossa Senhora como sendo um ser que disputa o pode r com seu D ivino F ilho, ou como a lg ué m que ass ume pos ição contrári a à d 'E le e m certas matéri as. N acla e ntretanto está ma is lo nge d a verd ade. Nossa Senhora é, de todas as cri aturas, aque la c uj a vontade a presenta ma io r consonância co m a de Nos so Senho r Jes us C ri sto, a li ás consonâ nc ia tota l. N ada há que Deus deseje, com q ue E la não estej a c m pe rfe ita e amorosa harm o nia. Por isso , apresentála co mo tendo vo ntade o posta à vo ntade divina é, alé m de ig norânc ia, grave e rro teo lóg ico . E a partir ele tal e rro, chegam os protes ta ntes a o utro: po r vezes Ela ped iria algo contrário ao desejo di vino. Seri a como uma espécie de inde vida re ivindicação.
Nossa a<lvogada junto a Deus Tal posição decorre de um rac iocínio simplificado: se ape nas Deus salva, só E le pode querer sa lvar. E uni camente Ele pode interceder valida me nte para a sa lvação de qua lquer ho mem . Ora , a verdade é ma is co mplexa. Só Jes us sa lva, ne nhum o utro ser pode salvar- nos . Mas isso não sig nifi ca que E le não deseje que o utros peçam pe la salvação desta o u daq ue la pessoa. Nosso Senhor é a misericórdia infinita e, ao mesmo te mpo, a justiça infinita. Se sua infi ni ta justi ça quer castigar alg ué m , isso não impede que sua misericórd ia infinita desej e encontra r um
mod o de sal var o pecado r, se m vio le ntar a justiça. Esta é a razão pe la qua l Nossa Senho ra inte rcede pe los pecado res , ass umindo, po r ass im di ze r, o pa pe l de advogad a, e nqua nto se u D ivin o F ilh o cumpre o papel ele justi ceiro, mesmo sendo E le a misericórdi a infinita . Não há, po rta nto, cluas vontades divergentes: a ele Nossa Senhora, desej a ndo o o posto d o que a lmej a N osso Senho r. E la pede, po rque E le que r que E la peça. Ambos desej a m exatame nte o mes mo, se be m que nosso Rede nto r desej a tudo e m g rau s upe rior, pois é Deus. • Q ue m co mpreende essa probl e máti ca e ntende a necess idade da inte rcessão ele N ossa Senhora. N ão uma necessidade absoluta, mas por vo ntade de Deus. É claro que pode mos pedir diretamente a Nosso Senho r, mas Ele mes mo d esej a que a Virgem Santíss ima desempe nhe o papel de nossa inte rcessora.
Tal necessidade de alma, todos os povos a sentem . Durante épocas, podem alg uns po vos até se fechar a e la. M as as dific uldades ela vida como que fo rçam os homens a reconhecer, de a lgum modo, sua insufic iência e a necessidade de ajuda.
A cate<lral <le Estocolmo N o sécul o XVI, a S uéc ia te ve a desgraça de a bando na r a Relig ião Católica, úni ca verd ade ira. Pio r ainda, sob a lg uns de seus go ve rn antes transformo u-se num pa ís líder cio lute ranismo. M as, poste rio rme nte, arrefeceu no po vo sueco o interesse pela relig ião, sendo a S uécia um dos pa íses do mundo o nde esta é menos praticada. Anela ndo pelas ru as de Estocolmo, é comum e ncontrar cartazes convida ndo para esta o u aque la igrej a protestante, e m cuj o recinto va i se reali zar a lg um concerto mu s ical ; e du ra nte e le será pronunc iado a lg um sermão ... Isto até
AB RIL 200 5 -
Os fiéis costumam oferecer círios artísticos para serem colocados junto ao ícone. Na capela , construída em eslilo tradicional de bom gosto, podem-se notar na parte superior círios de diversas origen.- com di zeres em várias lín guas. Hoje em dia, cerca de 20% da população sueca é constituída por imigra ntes, e os caló li co que ass istem às missas são nol riamenle das mai s diversas origens. Vêem-se não apenas suecos, provavel mente convertidos recentes, mas també m africanos , s ul -a mericanos, as iáticos e europeus cio sul. É impress ionante como ningué m se importa co m essa diversidade de origens, poi s todos sentem necessidade de uma imagem de Nossa Senhora diante da qual possam rezar. Para um cató lico, nada mais norma l. É muito reco nforlan le constatar que essa necessidade da inle rcessão mate rn a da Santíss ima Virgem, expressa na veneração a uma sua imagem, vê-se ass im ate ndida . E isso aux ili a os recém-converti dos - que poderiam conservar alguns ressa ibas da frieza protestante - poi s podem observar como os cató licos, de nações as mais diversas, acorrem para rezar por meio de Nossa Sen hora, diante da pintura, com toda a natura lidade. parece certos showmícios: se a pessoa suportar ouvi r o candidato, ass islirá gratuitamente a a lgum show mu sical. Na capital sueca, durante a semana, é raro ver igrejas luteranas abertas, mesmo para quem tenha interesse turístico e m visitá-las. Aos domingo , o fluxo de pessoas que vão aos Lemplos luteranos não pode ser comparado nem de longe com o dos calólicos nas igrejas do Brasil. Na catedral calólica da cidade, pelo contrário, observa-se um entra-e-sai normal de fiéis, estando todos os dias aberta. Celebram-se missas pela manhã e à tarde. A catedral católica de Estocolmo, do ponto de vista arquitetôn ico, apresenta uma mislura chocante. A fac hada é do sécu lo XIX, e entra-se numa igreja digna, composta, elegante, com ambiente tipicamente católico. Mas o lugar onde se encontrava o altar-mor tornou- e agora passagem (ou entrada) para a nova catedral, de linhas modernas com acentuado mau gosto. Caso se abstraísse da presença cio C rucifi xo, o edifício poderia ser um teatro moderno, de
-CATOLICISMO
Lal forma ua arquitetura se opõe à noção de sagrado.
O auae11te ícone ela Virgem Q uando o a ltar-mor foi trasladado à nova posição, restou espaço para duas capelas. E é justamente na capela lateral direita que se enco ntra a imagem conhec ida como Nossa Senhora de Estocolmo. Visitando a catedral, eu pensava encontrar talvez uma imagem que pudesse ter sido salva do clesaslre da apostasia. Mas encontrei um ícone de estil o russo - portanto mais li gado à arte bizantina, e. não à arte nórdica - , o que poderia suscitar certa confusão nos fiéis , embora numerosos ícones sejam venerados em diversas igrejas do mundo cató lico. Essa imagem é a mais antiga cópia conhecida do ícone de Nossa Senhora de Kazan. É uma reprodução pintada no século XVII, o que lhe confere grande valor. Foi e la adquirida em 1987 pelo Padre Johanes Koch, e rebatizada com o nome de Nossa Senhora de Esloco lmo.
Desencanto com o socialismo A propaganda revolucionária mundi al e logiou durante muito tempo a Suécia, apresentando-a como um país moderno, igual iLário, soc ialista, ri co. Contudo, ultimamente quase não se fa la mais disso. E compreende-se que as tubas da mídia revolucionária tenham silenciado tais loas, pois ocorreu na Suécia uma rejeição a certas miragens e menliras que estavam e m voga. Os soc iali stas foram rejeitados nas urnas, dev ido à sua políti ca de impostos e de segurança ocial iguali tária, que estava afundando o país. E num recente referendo triunfou o bom senso nórdico, sendo rcjcilacl a a Lroca ela segura moeda sueca pelo incerto euro a moeda da • uropa Unida . Peçamos a Nossa Senhora de Estocolmo qu íavorcc,:a ·sscs sadios movimenlos d· alrna , l' que na Lcrra da grande anla Brf, idn volte :1 l'lorcscer uma ard 111 • dl'V()(;110 11 Vir, ·m Santíss ima. • I! 11 111 11 do
1111101 :
vu ldl
>" l11Nll•l11s(r(lca1
licismo.com.br
Histórico da Ave Maria C oncluídos cm nossa última edição os comentários do Padre BerthiCl~ M.S. sobre essa sublilne oração, pareceu-nos oportuno apresentar aqui un1 conciso histórico dela PAULO C ORRÊA DE BRITO
Fº
Ave Maria é a prece mariana por antonomásia. Para se cheg,u· à formulação ela Ave Maria atual, foi necessário percorrer um ca minho de muitos séc ulos . Essa oração é composta ele duas partes. A prime ira consta de um a dupla saudação extraída do Evangel ho: 1 - A sa udação do Arcanjo Gabriel , envi ado por Deus a fim de anunc iar a di'vina maternidade de Maria: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo" (Lc 1, 28); 2 - A saudação de Santa Isabel, prima de Nossa Senhora, que, in spirada pelo Espírito San to, proclamou: "Bendita és Lu entre as mulheres e bendüo é o.fi'uto de teu ventre" (Lc 1, 42). A essas duas saudações foram acrescidas duas palavras para que elas fossem mai s distintamente enunciadas (Maria, AveMaria ... ) e Jesus (de teu ventre, Jesus). A segunda parte ela oração contém uma súp lica.
* * *
Os teólogos apresen tam diversas razões ele conven iência para que a Anunciação a Maria Santíss ima tenha sido feita por um anjo. Dentre e las, duas podem ser aduzidas: 1 - Como a virgindade é conatural aos anjos, foi conveni ente que um deles recebesse a mi ssão de faze r esse anúncio a Maria, a qual, vivendo em carne, levava uma vicia verdadeiramente angélica (cfr. Santo Tomás de Aquino, Suma teo lógica, nr, q. 30, a, 2, e.); 2 - O anjo - e não o homem, maculado pelo pecado original - era o legado mais apto e conven iente para ser envi ado à puríssima Virgem, isenta, como os anjos, de toda a cu lpa. Quando começaram os primeiros cristãos a saudar a Santíssima Virgem com as palavras do anjo ou de Santa ]sabei? Provavelmente, quando tiveram em mãos o Evangelho de São Lucas. O primeiro documento escrito em que aparece o uso da saudação do anjo é a Homilia ele um certo Theodoto Ancyrani, fa lecido antes do ano 446. Nela é exp li citame nte afirmado que, impe lidos pelas palavras do anjo, dizemos: "Ave, cheia de gra-
ça, o Senhor é contigo". Quanto à saudação de Santa Isabel , aparece e la unida à do anj o por volta do sécul o V As duas saudações conjugadas já se encontram nas liturgias orientais de São T iago (em uso na Igreja ele Jerusalém), de São Marcos (na Igreja Copta) e de São João Crisóstomo (na Igreja de Constantinop la). Na [greja latina , entretanto, as referidas saudações aparecem pela primeira vez unidas aproximadamente no século VI, em obras de São Gregório Magno.
O nome Maria foi ac rescentado às palavras do anjo, no Oriente, por volta do século V, segundo parece, na liturg ia de São Basílio; no Ocidente, porém, parece que isto ocorreu aproximadamente no século V[, figurando numa das obras de São Gregório Magno, o Sacramentário Gregoriano. O nome Jesus foi acrescido às palavras de Santa Isabel provavelmente um século depois, no Oriente, figurando pela pri meira vez em certo Manua l dos Captas, talvez no sécul o VII; no Ocidente, todavia, o primeiro documento que registra o nome do Redentor é a Homilia IH sobre Mari a, mãe virginal, de Santo Amecleo, Bispo de Lausanne (Suíça) (aproximadamente em 1150), discípulo de São Bernardo. Nos mencionados documentos, ao nome Jesus encontra-se adicionada a palavra Christus.
* * * A segunda parte da prece (Santa Maria, etc.), a súplica, j á era e mpregada na Ladainha dos Santos. Em determinado código do século Xfll, da Biblioteca Nacional Florentina, que já pertencera aos Servos de Maria do Convento da Beata Maria Virgem Saudada pelo Anjo, cm Florença, lê-se esta oração: "Ave
dulcíssima e imacu lada Virgem Maria, cheia de Graça, o Senhor é conligo, bendita és tu entre as m.ulheres e bendito é o fruto de teu ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, mãe da graça e da niisericórdia, rogai por nós agora e na hora da morte. Amérn". Nesta fórmula, faltam somente dois vocábulos: [nós] pecadores e nossa [morte]. A fórmula precisa da Ave Maria, como é rezada hoje, encontra-se pela primeira vez no sécul o XV, no poema acróstico do Venerável Gasparini Borro, 0 .S.M . (+ 1498). A segunda parte da Ave Maria foi sempre rezada em caráter privado pelos fiéis até o ano de 1568, quando o Papa São Pio V promulgou o novo Breviário Romano, no qual figura a fórmula do referido Venerável Gasparini Borro, sendo estabelecida soleneme nte sua rec itação no início do Ofício Divino, após are•citação do Pai Nosso e prescrita para todos os sacerdotes.-Depois de um sécu lo a menci onada fó rmul a, sanc ionada pelo Sumo Pontífice, difundiu-se, de fato, em toda a Igreja universal. •
-
Bibliografia: 1. Pe. Gabri el M. Roschini O.S.M. , Mariologia, tomus li, Su111111a Mariologhc, Pars JII , De si11g1.1/ari cu/111 13.M. V. , sec und a editi o, Â ngelu s Belardelli Ed itor, Rom,c, 1948 . 2. D. Gregó rio Alastruey, Tratado de la Virge11 Sa11tíssi111a, Biblioteca de Autores Crist ianos (BAC), 4" ed içflo, Madrid, 1956.
ABRIL2005-
2000 anos depois ... Achei muito válida a aproximação que faz o escri tor Dr. Plinib Corrêa de O li veira e ntre a Paixão de Cristo, sendo traído e m Jeru sa lé m por um indivíduo que tinha sido Apósto lo, · Judas Isca ri otes, e a trai ção feita à Igreja praticamente 2000 anos depoi s. Nesta Semana Sa nta, a prove ite i os dias santos para leitu ras, e pude refl etir mai s que em anos ante ri ores sobre essa foca li zação. Levante i també m a lgumas ap rox im ações proc urando classificar as notíci as das co isas ruins que estão aco ntecendo em nossa Igreja, como o aba ndono de fi é is que se extrav iam para outras re li g iões fa lsas, porque encontram algumas de nossas igrejas fechadas, ou abertas sem padres para a confi ssão, etc. A c lass ificação não é peq uena, infe li z mente, e por isso prec isamos muito de vi g il ância e oração, exemplificadas por Jesus C ri sto no início da Vi a Sacra. [... ] T inha guardado um texto para reler e meditar na Semana Sa nta, que abona o que tenho fa lado, e estou anexando uma xerox para o srs., se quiserem editar ou multiplicar cópias. (M.P.P.K. - PR)
Nota c,a redação: Como o menc ionado texto gentil mente enviado pelo mi ss ivi sta é um
-CATOLICISMO
ta nto lon go, tran sc reve mos aba ixo apenas alguns trechos de le, cios mais significativos: "É isto o que ma is nos asso mb ra: que um homem [Judas] tenha podido fazer-se um demônio junto cio próprio C ri sto! No momento e m que decide trair Cri sto e no momento em que leva a cabo a traição, em ambas as vezes os Eva nge lh os di ze m qu e Sa ta nás entro u ne le. Q ue m abando na as alturas, como o Isca ri otes, ca i pe lo . eu própri o peso nos mais profundos abismos. "Judas Iscariotes fo i-se afundando cada vez mais no abismo, até tornar quase impossível o arrependimento. O pecado do traidor chego u ao auge qu ando Judas atravessou a noi te amena e a legre da Páscoa, doceme nte ilumin ada pe la lu a c he ia, à fre nte de ul)la grande multidão, armada de espadas e varapaus (São Mateu s 26, 47). Lucas observa que Judas os precedi a (São L ucas 22, 47): a um Apóstolo co nve rtid o e m após tata , tudo lhe parece pouco para de monstrar o seu novo ardor. [Qu ando Judas chegou onde estava Jesu. reza ndo no Horto das O li veirasJ " Aproximando-se d 'E le, saudouo dizendo- lhe : Mestre! E beijou-o. Ne le [Jud as'!, C ri sto experime ntou toda a vil eza de que é capaz a a lm a humana; no fundo daque las trevas , vê romp ido o selo que trazia o Nome do Senh or, po rqu e ne nhum apóstata é capaz de desarraigar completa mente esse Nome que, desde o momento do seu Batis mo , traz gravado na alma para sempre . "Aprox imou o e u rosto lo traidor, do in fame , e trocou com e le o be ijo da paz. Após un s instantes de silênc io, disse-lhe: 'A migo, a que vi este?' E depois, como se rep rimisse um so luço: 'Judas, com um beijo entrega o Fi Iho do homem?' (São Mateus 26, 50). Se a ofensa vi esse de um inimi go, E u a teria suportado; se a agressão partisse de quem me odeia, dele me teria escondido. M as tu , meu companhe iro, meu am igo íntimo, que
te sentavas à minha mesa e comi as com igo doces manj ares ! M as tu ... ! "Mas ai daquele por quem o Filho cio Homem será entregue ! Me lhor fo ra a esse homem não ter nasc ido" (São M arcos 14, 2 1)".
Caminho <la Cruz
tBJ São formid áve is os comentári os cio Prof. Plínio sobre os passos de N osso Senhor Jesus C ri sto, co me ntando qu ase que palavra por palavra o que E le di sse desde que sa iu cio Cenáculo, após a Última Ceia, até a chegada ao Monte das Olive iras. Prec isa mos divul ga r esse a rti go, tanto para os jovens que só querem dive rtimento quanto para aq ue les que só quere m dormir enquanto nosso Divi no Redentor é fl agelado. Vocês estão ele parabé ns, e à revista nossos ap lau·sos. E la está muito bem ilu strada, com fotos e pintLÍras fa ntásticas que desconhec ia, apesar de aprec iar muito os grandes pintores. Va mos reza r muito para qu e vocês possam continuar sempre nessa pregação ed ificante que aj uda a nos despertar qu ando a sonol ênci a da vicia nos empurra para o marasmo e a fa lta ele generos id ade di ante do sacrifício. Parabéns, vocês estão sempre nos indicando o caminho do Céu. E vamos rezar agradecendo esse favor. (M.A.A.P. - RJ) li'cz-se luz
l:Bl A cada mês esta revi sta aumenta e m meu conceito. Neste mês [março], a lé m do artigo do ilustre Professor O li veira (como sempre, mag istra is) e a e ntrev ista (Co lô mbi a), es pecia lmente me empo lgou o artigo "Cri se artifi cial ameaça a América cio Sul". Sempre encontrei grandes obstáculos para co nseguir ass imil ar a co mplexi dade da situ ação d sse continente e os interes es elas forças ecretas nesses paí es. Acompanho com enorme paixão as r laçô ·s po líticas nessas nações sul -am ·ri ·a na s, e q uanto ma is 1ia sobr ' •lns, mai s comp lexa parec ia 111 ' a situw; ao. Mas o artigo do Prof ·ssor Mttd fal e (é ame ricano o
nome?) abriu um cl arão na noite ele meu s estudos, foi para mim um 'jicll lux" . O papel do prepotente coronel Hugo C hávez e se us co mpa nhe iros (co mpanh e iros ele via gem rumo a Cuba) restou luminosamente descoberto. Um grande abraço ao autor, e dec laro o meu muito obri gado. (C.F.D. - RJ)
.Falecimento da Irmã Lúcia Estive lendo a reportagem sobre a morte da frm ã Lúcia, e as lágrimas vieram aos meus olhos, porque eu a amava muito e a tinha como uma mãe. Fique i desolado por ver tão pouca divulgação ela morte de Lúcia na imprensa brasileira, as melhores rev istas publicaram apenas um pequeno texto numa coluna de gente fa lecida; mes mo que não qui sessem dar um sentido reli gioso às matérias, poderi am ter, pelo menos, fa lado dos efeitos po líticos das mensagens que ela recebera. A lrmã Lúcia se fo i, e só me resta incerteza e tristeza por não saber o que poderá vir, mas ten ho dentro ele mim uma vontade grande de conversão. Deixe-me chorar em algum ombro, deixe- me chorar em seu ombros. (L.L. - SP)
Sinal do lim de uma era? Obrigada pela matéri a sobre a li gação da morte ela Irmã Lúcia com as mensagens de Nossa Senhora de Fátima. Sou um a cató li ca sem mui tos conhecime ntos sobre estas co isas mi ste ri osas que parece m s in a is escato lóg icos, contudo meu coração sempre te meu a morte da Irmã Lúc ia, como também a morte do Papa João Paulo II.
Agradeço a Deus pe las gra ndes mani fes tações ele sua infinita mi seri córdia e pelos cuidados materna is de Nossa Senhora. Ao mes mo te mpo rogo piedade sobre toda esta nossa geração, que como as outras parece cega espiritualmente, mesmo depo is de termos constatado o véu do Santo dos Santos rasgado pe lo Santo dos Santos. Deu s o abençoe, pelos braços el a Virgem de Nazaré - N ossa Senhora de Fátima. (E.D.G. - PA)
Saudades da tirania? i:gj Percorre ndo um site que cli sponibil izou fotos do Fó rum de Porto Alegre, tive a impressão de que estava percorrendo um mundo de décadas passadas. Vendo fotos daquelas manifestações, tive a sensação de ter e ntrado na " máquina do tempo" e voltado a um passado-pesade lo, ao passado comuni sta. lmaginava que o comunismo estava enterrado para sempre, e sem deixar saudades, ma. ainda ex istem saudosistas de uma era furada, que deixou sua marca negra na história. Não chego a compreender como essas mentes ignora ntes e doentias podem defender aq ueles tiranos que impuseram a ferro e fogo tal regime mandão e maldito. Como ainda pode existir no século XXI, como vimos em Porto Alegre, mentes tão retrógradas como as desses pelistas, que naquela cidade gaúcha re ivindicavam um " mundo novo"? Esse "novo mundo", possível para e les, nada tem ele novo, é o velho regime stalini sta, que ambicionamos nunca mais volte. XÔ, "MUNDO NOVO POSSÍVEL" !!! (D.S.R. - RS)
Época <los "<lircitos huma110s"? Como me di sse um grande a mi go: os defe nsores dos direitos humanos botaram a boca no trombo ne para difundir no mundo inteiro o assassi nato da freira a li e níge na, mas se co mportaram como se mudos fossem e m re lação ao brutal assass inato do soldado, morto no cumprimento do dever. Do mesmo modo agiu o senh or mini stro da "Justiça". Pelo j e ito , na concepção dos tais defensores dos dire itos humanos, o so ldado não é gente ... Para tais defenso res " humanitari stas", a po brez inh a da ameri cana, Terri Schiavo, també m não é gente. Negaram a ela até ág ua. Coisa que não se nega ne m a um cachorro . E m nossa época, pe lo que o uvi di zer, parece que se alguém deixa um canári o numa gaio la e se esquecer ele botar ág ua, caso os de fe nsores dos direito s cios an im a is pega re m, va i preso. Q ue contrad ição ! No caso dessa ame rica na, foram presos aq ueles boys que driblaram o policiamento e e ntraram no hosp ital para dar ág ua à T e rri. Ela morre u de sede, apesar ele eus pa is se e mpenhare m para sa lvar sua vici a. (D.F.D.C. - SP)
Cortas, fax ou e-mails poro as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
ABRIL2005-
-
Cône o JOSÉ LUI Z VILLAC
Pergunta - Exmo. Cônego José Luiz: Acabo de ler sua crônica "Tsunami, um aviso de Deus", e estou inteiramente de acordo com suas máximas! Confesso que tenho uma grande fé em Deus, que procuro viver de consonância com os 10 mandamentos, que sou contra o aborto, pois mesmo tendo engravidado de 5 filhos e tendo sido pressionada pelo meu ex-marido a interromper 2 dessas gestações, permaneci forte e firme e hoje desfruto do amor e do carinho de 4 filhos maravilhosos e de netos que amo mais que a mim mesma ... Não ouso pedir nada a Deus em minhas orações, pois sinto que ele foi tão misericordioso comigo, que só tenho que agradecer. Mas, segundo a Igreja católica, sou uma pecadora ... me divorciei de meu ex-marido, pois cansei de ser mal tratada. Hoje sou casada, somente pelas leis civis. Por que a Igreja Católica me condena como pecadora e me impede até de receber os sagrados sacramentos? Será que o sr. teria uma explicação para mim? Meus parabéns pelas suas brilhantes considerações sobre o tsunami, mas por favor, livre-me, se puder, desse tsunami que destrói minha alma. Com muita admiração e respeito. Resposta - O artigo T.rnnami, aviso de Deus, mas silenciado, que apareceu em Catolicismo (pp. 39-42, fevereiro de 2005), não fo i escri to por mim , mas por outro colaborador da rev is-
CATOLICISMO
ta, que merece bem os elogios da mi ss ivista. També m tratei cio assunto, sob outro ângulo, e m minha co luna na mesma edição ela re vista (pp. 10-l l ), e certamente a mi ssivi sta estará ele acordo com as considerações ali fe ita. . Se os e logios englobam também a parte que me coube escrever, agradeçoos ele coração. A ca rta que te nh o e m mãos para res ponde r re ve la uma pessoa batalhadora e até he ró ica, resistindo às pressões do marido para cometer doi s c rim es abomináve is, co mo seri am esses abortos que e la, co m a ltíss imo mé rito , não co nse ntiu e m rea li za r. P o r isso mes mo fo i reco mpe nsada por De us com quatro filhos mara vilhosos e netos que ama mais que a si mesma. E la manifesta grande fé em D e us e a intenção ele vive r e m consonânc ia com os dez Mandame ntos da Lei ele Deus. Até aq ui , só e logios .
Os do11s <lc Deus 110s i11ciLam a 1xxli1· <lo11s maiores Já me rece um a pequena ressalva sua afi rmação ele que não ousa ped ir nada a Deus e m suas orações, pois sente que
"ele fo i tão rnisericordioso comigo, que só tenho que agradecer". Deus é infini tamente misericordioso, e seus dons , que são inesgotáveis, em vez de impedirem nossos pedidos, nos incitam a pedir dons ainda maiores. De.us ama nos dar, e nos dará a posse eterna de Si mesmo - Bem upremo - na vicia bem-aventu rada cio Céu. Aq ui , pois, entrou uma fa.(ha da missivista, falha que se revelou fatal: quando começaram os dest:ratos do marido, em vez de ped ir a Deus para suportá-los nobreme nte, refugiando-se no carinho dos filhos
e netos, partiu para uma outra união pecaminosa que a Igreja (e, portanto, Deus) não aprova. Note que vou aconselhá-la do ponto ele vista ela doutrina católica tradicional, a única autê ntica. H á hoje em di a uma pastoral progressista que tende a aceitar a chamada "segunda uni ão". Mas e la não está ele acordo com a orientação tradicional da lgreja. Se ele todo em todo a vicia com o marido fosse insuportáve l, e sobretudo a colocasse numa situação indigna, ser-lheia líc ito e parar-se de le, de acordo com a legislação relig iosa e civil vigente. O procedimen to inte ira me nte co rreto neste caso seria buscar a separação de acordo com as leis da Igrej a, o que ev identemente não lhe daria direito a novo casamento. Mas sua fé em Deus e sua intenção de viverem consonânc ia com os dez Manclamen tos e ra m de mo ld e a induzi-la a ace itar resignada
essa separação legal, se ela fosse necessária. Separação sempre muito dil ace ra nte, se m dúv ida, mas aí esta ri a justame nte uma graça a pedir a Deus, isto é, as forças para suportar tal sofrimento e oferecer a Deus o holocausto que essa dilaceração provocava. E, repito, buscar conforto e consolação nos fi Ihos e netos maravilhosos qu e Deus lhe dera.
Ef'citos civis co1·1·espondentes à separação Convém esclarecer que, ao lado da separação legal perante a Igreja, ser-lhe-ia legítimo prov idenciar também a separação legal perante as leis civ is, não para alcançar o dire ito a novo "casame nto" - que a Lei de Deus não permite - e sim para obter os efeitos civis corresponde ntes à separação de fato (pensão alimentícia, ajuda
para a educação dos filhos, problemas patrimoniai s, herança, etc.). Que essa separação civil tenha hoje em di a o nome ele divórcio, é um inconveni ente muito desagradáve l, que não obsta porém a que o cônjuge prej udicado busque a regularização de sua situação civil. Mas sempre ente ndendo que esses efeitos c ivis do divórcio não inc luem, para um católico, a poss ibilidade ele novo casamento. Posta nestes termos, a separação de um casal católico não implica a classificação dos cônjuges sepru·ados como pecadores públ icos, e portanto não impede sua freqüência aos santos Sacramentos. Ainda que a legislação c ivil os des igne com o nome repulsivo de "divorciados" .
Como co11serlai· a <lil'ícil siwação? A missivista, infelizmente, deu um passo além. Como consertar a situação?
Mai s uma vez observo que sua fa lha fo i não Ler recorrido a Deus no momento oportuno, contentando-se com o carinho dos filhos e netos, e cios demais parentes compreensivos para com sua situação. Porém, uma vez introduzido um terceiro personagem em sua vida, seu modo de proceder vai depender em primeiro Iugar do desejo sincero de regul ari zar sua situação perru1te Deus e a Igreja. Em princípio, essa regulru·ização implicru"ia desfazer desde logo esse segundo casamento civil inválido pru·a um cônjuge católico. A mi ssivista teria forças para isso? É muito possíve l que não 1 E ntão, para ru-repender-se e desfazer a vida adúltera, é preciso começru· por pedir forças a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, que é a Med ianeira ele todas as graças e modelo ele Esposa e Mãe. Depois, como reagiri a seu compan hei ro aluai diante da man ifestação ele seu desejo de regulari zação ela situação perante as le is ela Igreja? Ademais , que re lac io na me ntos soc ia is, financeiros e patrimoni ais foram nesse ínterim criados, que teriam de ser regularizados? As possibilidades são tantas que, à distância, sem conhecer os dados concretos, fica difíciI pru·a o sacerdote cons u h aclo orienta r a pessoa desarvorada dia nte "desse
tsunami qu e destrói minha alma ". Eu até me pergunto se a visão dessa situação, como sendo um "tsunami que destrói", não é já um a primeira graça qu e lh e é obtida por Nossa Sen hora para trilhar o caminho da reconciliação com Deus. Os efeitos civis da lei do divórcio não incluem, para um cató lico, a possibi lidade de novo casamento
São Bernardo sempre recomendava ped ir confiantemente, nos momentos aparentemente sem sa ido, a intervençã o de Nossa Senhoro
Mas um sacerdote cató lico nun ca pode de ixa r um a a lm a a f'lita sem uma orientação pelo menos gené rica que a aj ude a ca minhar nas tri lhas do bem. Sobretudo quando é so li c itado. Ass im , va le ndome ela maternal sabedori a ela Igreja, sug iro que a nüssivista procu re a pessoa com quem está uni da por um matrimônio reli g iosame nte inválido, e lhe propon ha, ato contínuo, viverem desde logo como irmão e irmã, e m qurutos separado s, e nqu anto reza m e • es tud am como proceder a uma separação de fato, que no seu termo final eleve in cluir também a separação lega l perante as leis c ivis. A Deus nada é impossível. Como também "nunca se ou-
viu dizer que algum daqueles que tenha recorrido à prole-
ção de Nossa Senhora, implorado a sua assistência e reclamado o seu socorro, fosse por Ela desamparado", como nos e nsin a a famosa oração ele São Bern a rd o. Nunca se rá demais rezar, principalmente nas horas ele grande afl ição. Nossa Senhora é a gra nd e Mãe de misericórdia , que pode reparar todos os efeitos clesastro os dos mais catastróficos tsunamis! Nesse mesmo número ele Catolicismo que a senh ora c ita (fevereiro/2005), há um artigo sobre Santa Margarida de Corlona, que mo t.ra como Deus pode fazer de uma grande pecadora uma santa . Admirando esses exemplos, fica mais fác il praticru· a virtude. • E-mai l do autor: conego joselu iz@catolicismo.com.br
ABRIL 2005
~
-
A REALIDADE CONCISAMENTE
. Conservadorismo em universidades americanas
U
Jovem católica reduz ao silêncio clínica abortista
A
clínica abortista de Bou lder, Co lorado (EUA), há anos entrega restos dos bebês assassinados à igreja do Sagrado Coração de Maria, para serem sepultados. Militantes pró-vida enterraram com solen idade esses restos mortai s, num túmu lo especial. O d iretor da clínica, Warren Hem , qualifi cou o ato de "macabro ritual de morte"; Michelle Bauman , de 15 anos, da escola católica Bish.op Mach.ebe14' fligh. School, retrucou cm carta que, se ele fa lava ele "morte", no fundo reconhec ia que morriam seres vivo ; e que, se a clínica mandava enterrar os restos, é porque comprccn lia tratar-se ele pessoas. A missiva fo i publicada no "Denver Catho li c Rcg istcr", e a clínica, envergonhada, ficou sem argumento para replicar. •
ma onda de protestos conservado res varreu as universidades dos EUA em 2003 e 2004. As maiores manifestações realizaramse contra as demagóg icas cotas. Em seis anos os grêmios estuda nti s de direita tripli caram seu número, e hoje são mai s numerosos qu e os esq uerdistas . O Harvard ln s titut e of Politics verificou que os jovens univers itári os estão bem mai s à direita que a média do país . E ntre os professo res ocorre o in verso: há sete esq ue rdi stas para cada direitista . Os dados fora m publicados no conhec ido diário "Los Ange les T imes". Em parte, a tendê nc ia esquerd ista cios professores acent ua o conservadorismo das novas gerações, como fo rm a de reação à esq uerd ização he rdada de épocas a nte ri o res. •
.
li Com elevada abstenção, Constituição Européia é aprovada na Espanha
N
a Espanha, m~m p~ebiscito e~1~ q~e-a maioria dos ~spanhó is não voto u, a Const1tu1 çao Europe ia fo i aprov ada na 111d1fere nça e no pucheraza (fraude eleitoral). 57% cio eleitorado se absteve. Dos votantes, 6% anul aram o voto e 17% votaram contra. Resultado: menos ele um terço dos espan hóis aprovou a nova constituição. "Toda a informação sobre este referendum, desde o início ao fim, teve o aspecto de um.a engabelação, de um en.ganabobos ", escreveu Jaime Campmany no conceituado diário " ABC" ele Madri. Para o deputado soc iali sta francês Henri Emanuelli , o sim fo i um ''.fracasso" e o referendum não foi democrático. Este foi o camin ho deturpando uma autêntica consu lta popu lar - que os favoráveis à Constituição utilizaram para consegu ir a aprovação ele um texto constituciona l anti-europeu e anticristão. •
Homossexualismo e macumba aliados
E
m Recife, 46 pais e mães-desanto realizaram uma sessão especial in vocando os orixás nom e atribuído aos poderes preternaturais da macumba - para que "quebrem a resistência do pre-
sidente da Câmara, Severino Cavalcan.ti, à concessão de direitos civis a casais homossexuais ". Convém ressaltar o con luio entre superstição, divindades pagãs, magia e homossex ualismo. •
Nudismo está se tornando meta das casas de moda
P
ierre Carcl in , o famoso modista francês , reconheceu a respeito ela moela: "Nós não vestimos mais os homens e as mulheres, apenas tiramos as roupas deles" . Referindo-se aos modistas, Carclin acrescentou: "Nós de~figuramos completamente essa profissão". Não poderia haver um atestado mais explícito ela orientação elas modas atuais para a vulgaridade e imoralidade radicais, declarada por um cios seus mais famosos propulsores. •
O modista francês Pierre Cardin no festival de cinema de Cannes
CATOLICISMO
EUA: conversões ao catolicismo em redutos protestantes
A
s conversões ao catolicismo progridem rapidamente no chamado cinto da Bíblia - vasta área no sul dos EUA, até aqui ferrenhamente protestante . Por exemplo, na paróquia de São Marcos, diocese de Huntersville, cada dia uma família abandona a religião protestante e torna -se católica, e quase 2.800 famílias freqüentam a igreja nos domingos . A diocese tem 300.000 fiéis e cresce 10% por ano. Em todo o cinto da Bíblia, inclusive em cidades grandes como Houston e Atlanta, os católicos triplicaram seu número na última década . Além disso, este novo catolicismo sulista, mais conservador, está influenciando toda a Igreja Católica nos EUA, exigindo coerência da prática com a doutrina . Bispos da região foram dos primeiros a negar a comunhão aos políticos abortistas. A revista "Time" dedicou longa matéria a essa auspiciosa transformação religiosa.
Católicos iraquianos desafiam termr e elegem bancada
Abin: 11 estreitar laços" com polícia secreta cubana
M
auro Marcelo ele Lima e Silva (na foto acima, com Lu la), diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), passou sete dias em Havana. A viagem teve em vista "estreitar laços" com a polícia secreta de Ficlcl Castro, a qual fo i instituída pela União Soviética e apóia grupos terroristas cm vários países. Lima e Silva quer "tornar rnai.1· .fi'eqiie11te a permuta de informações com a l\bi11 ". O fato causou espanto na opinião I ública, qu' vê com preocupação o governo brasi l iro ·strcitar suas relações com o totalitarismo castri sta. Parlamentares suspeitam da cxist'1 n ·ia dl' m:ordos secretos com Cuba, tendo ' 111 vista o contínuo vai-e-vem de membros do •ov ·11H1 pl'ti sta à ilha-prisão. •
Luta de classes por trás da proibição da caça à raposa
N
a Grã-Bretanha, meio milhão de partidários da caça à raposa fizeram a última caçada na véspera ela entrada em vigor ela le i que proíbe esse tradic ional costume. Tal caçada, aristocrática nas suas origens, nas suas formas e no seu espíl'i to, era praticada por pessoas de todas as cond ições sociai s. Para o comentarista britânico John Sheard, essa proibição socialista é produto da luta de classes. Grupos ecologistas disseram que filmariam os caçadores para denunc iá-los às autoridades. Assim se erigiram numa espécie ele polícia paralela verde e igualitária. •
maioria do povo iraquiano, desafi; \ ando as bombas terroristas e a torcida da mídia ocidental para que fracasse a reestruturação política do Iraque, votou decididamente nas eleições do país, favorecidas pela coalizão liderada pelos EUA 80% dos católicos compareceram corajosamente às urnas e elegeram importante bancada. O Arcebispo de Kirkuk, D. Louis Sako, elogiou essa participação . O bispo auxiliar de Bagdad, D. Andraos Abouna, destacou que os cristãos obtiveram uma posição-chave para o futuro da cidade, e que eles desejam vencer o "caos e o terrorismo".
ABR IL 2005 -
-
NACIONAL
'. l
INTERNACIONAL
Conservadorismo influencia o Legislativo Ü povo brasileiro elegerá em 2006 um candidato que atenda a seu espírito pacato e ordeiro, caso não se deixe enganar pelo marketing, como ocorreu nas últimas eleições presidenciais PLÍNIO V IDIGAL XAVIER DA SILVEIRA
E
mbora ainda não oficialmente deflagrada, a campanha eleitoral com vistas a 2006 já ocupa fartamente o noti ciário da mídia nacional. Os católicos conservadores terão enorme peso nessas eleições. Como devem orientar-se para escolher seu candidato? Analisando, em setembro último, as perspectivas eleitorais para o pleito municipal que se realizaria no mês seguinte, afirmamos que a derrota prevista do PT seria "um.julgamento de4'ávorável ao atual governo". O mesmo rutigo observava ainda que o caráter pacato e ordeiro do nos o povo, bem como o "pensamento conservador do brasileiro", seriam fatores que pesruü1rn no pleito ele modo contrário ao prut ido do presidente Lula. Passados seis meses, vê-se que tais tendências ganharam corpo. A aprovação ela chamada Lei da Biotecnologia (no que se refere à utilização de embriões humanos) efetuou-se em fl agrante oposição ao pensamento católico de nosso povo. Os projetos de censura da atividade jornalística, do ANC[NA V e da reforma universitária - esta última ele cru·áter marcadamente marxista - , dt r,í.re outros, foram mru·cos que vêm alcançando péssima repercussão junto ao eleitorado. JguaJmente o propósito ele amp!iru· a lei do aborto.
Erro político
Um grave e,rn político do governo foi também a indicação autoritária do nome do deputado Luís Eduardo Greenhalgh pru·a disputar a presidência da Cfünru·a dos Deputados. Trata-se de um político antipatizado até mesmo por muitos dos seus pares, conhecido por seus métodos ditatoriais, e principalmente por ser comprometido com o apoio às invasões de terras pa,ticulru·es e com movimentos como o MST, a CPT e congêneres - organizações mal vistas por nossa população. Consistiu para o PT resultado amru·go a esCATOLICISMO
trondosa cle,rota na recente eleição pru-a a mesa ela Câmru·a. Venceu o deputado pemrunbucano Severino Cavalcru1ti, emsegundo twno, por 300 votos contrn 195. Severino, conhecido por sua oposição pessoal ao abo,to e à chrunada "união homossexual" - que de modo geral coincidem com as posições católicas - é o que se chama um político hábil, e que pru·ece entender esse cru·áter pacífico do brasileiro. Os próprios r:lermt11d0s federais, levados a escolher em segundo turno entre esses dois colegas, sufrngarnrn com mais de 60% dos votos o nome que mais condiz com a índole de nosso povo. Os políticos hábeis não costumrun cnfrcntru· o modo de pensru· do eleitorado. O PT, prutido majoritário entre as diversa, iglas - embora com menos de 18% do total dos prufament,u-cs - perdeu assim uma eleição de grande importância, e com ela o cru·go de presidente da Cfünru-a dos Deputados, o segundo ubstituto eventual cio Presidente ela República. Mais. O PT ficou sem nenhum membro na Mesa dessa Casa legislativa.
constitui a maioria de nossa população, sufragou o nome ele Lula pru-a a Presidência da República após uma hábil campru1ha de propaganda, que se baseou no slogan "a esperança venceu o medo", e ainda pelo fato de que o eleitor não tinha opções à direita. Os demais candidatos em 2002 estavrun, ele um modo ou de outro, comprometidos com a esquerda. Ascendendo ao poder, o governo do PT passou a utili zar métodos ele pressão pouco condizentes com a índole de nosso povo. Exemplo disso constituiu a votação cio chamado Estatuto do Desarmamento, levada a cabo pela ala mais próxima ao governo, tanto no Senado Federal quanto na Cãmru·a cios Depu tados. O eleitorado reagiu nas eleições municipais, contra o modo de agir cio governo, clerrotru1do de modo fragoroso o PT. E, depois, foram os deputados federais que rejeitru·am o candidato oficial desse prut iclo, apesru· ele toda a pressão exercida sobre eles, levando Greenhalgh a estrondosa derrota. Cancli<Ja w conser vado,,
Daqui para a frente a situação pode mudar. Fa ltam cerca de 18 meses pru·a a eleição cm que Lula vai tentru· se reeleger. Mas, no Brasil de hoje, se os chamados "prutidos de centro" souberem indicar um candidato que represente realmente esse caráter pacato e ordeiro cio brasileiro, as próxi mas eleições presidenciais poderão trazer um resultado surpreendente para as esquer las. É mu ito possível que, apresentando-se um candidato realmente conservador, que atenda ao referido caráter de nosso povo, ele alcance a vitória. Mais uma vez o Bmsil dependerá do bom senso e cio espírito de união - tão difícil de se obter nos meios políti ·os profissionais - que o centro decisivo souber demonstrar. •
Povo pacato
Voltan10s aqLú à questão da pacatez e espírito ordeiro. O brasileiro cordato e pacífico, que
A "Revolução tranqüila e assombrosa" na Espanha
E-mail do uutor:
plinio 11vin<">"
I' ismo.com.br
,Após um ano de governo socialista nesse país, ele ainda poderá retornar às suas raízes cristãs se reverter os efeitos do devastador processo revolucionário atualmente em curso RENATO M uRTA DE V ASCONCELOS Correspondente na Espanha
Madri - As bombas que explodiram na manhã de 11 de março em trens na Estação Ferroviária de Atocha, em pleno coração de Madri , mataram mais de duas centenas de pessoas - profiss ionais liberais, funcionários públicos, trabalhadores do comércio, estudantes, homens e mulheres de todas as idades - que se dirigiam ao centro da cidade em demanda de seus afazeres.
Poré m, para alé m da tragédia de mortos e feridos, a explosão das bombas terrori stas teve conseqüências bem mais graves que hoj e se fazem perceber. Estampidos e estilhaço amedron taram o ele itorado - " um 1 1 de setembro es panh ol?", muitos se pergun tavam - , se mearam in seguran ça e dú vid a na opini ão públi ca a respeito deste ponto crucial: estariam José Mari a Aznar, então primeiro ministro, e seus co legas do Partido Popular em condi -
ções de dominar a situação e impedir que um a onda de atentados similares se abatesse sobre o país? A indecisão de Aznar ao apontar os responsávei s pelo cri me só fez aumentar a insegurança pública, o que influenciou dec isivamente as eleições que se rea li zaram três di as depoi s. As urn as dera m um a vitória in espe rada ao PSOE (P artido Sociali sta Obrero Espanol) , qu e voltou ao poder sob o comando de José Lui s Rodríguez Zapatero. ABRIL2005 -
-
Uma caricatura da Espanha católica e autêntica
Já dizia Alfonso Guerra (foto acima), nos idos de 1980: "a Espanha não seria reconhecida nem mesmo por quem a deu à luz" O primeiro ministro Zopotero vem promovendo o aprovação de novos léis favoráveis ao aborto, divórcio e "casamento homossexual"
Um ano se passou desde então. "Les morts vont vite" ("Os mo rtos passa m rapidamente", afirma conhec ido adágio francês, no sentido de que faci lmente nos esquecemos daque les que morreram). As infe lizes vítimas do atentado terrorista de 1 1 de março já fo ram esquecidas. Poré m, com o retorno dos socia li sta ao poder, uma tragédia de proporções imensas poré m pouco perceptíve l no dia-a-dia começou a abater-se inexorave lme nte sobre o país. Tragédia? Não é outra co isa o que se assiste na Espanha de hoje. Sim, há um ano vai -se dando a trág ica retomada de uma Revolução Cultu ral sem precedentes, iniciada há j á mais de 20 anos sob o governo do soc iali sta Feli pe González e interrompida parc ialmente com a ascensão do centrista Aznar. Já nos idos de 80, diversos próceres soc ia li stas anunciavam qu e pretendiam ·remodelara face de seu país; que "a Espanha não seria reconhecida nem mesmo por quem a deu à luz" ; que iriam "revirá-la como se fa z com uma meia ";2 que a Revolução Cu ltural que pretendiam levar a cabo seria "verdadeiramente assombrosa", 3 mas "tranqüila". 4 1
De fato, o que se tem passado na Espanha nestes últimos 12 meses é de assombrar. De modo tranqüilo, para não ass ustar a opinião pública, e sob o pretex to de " modernizar" o país, de equ ipará- lo às demais nações da Comunidade Européia, de tirá-lo do "atraso" cu ltural e m que se encontraria, os líderes soc iali stas vão agora rea li zando seus pl anos esboçados de longa data .5
"Modernização" contra glorioso passa<lo da nação Nesta " revo lu ção assombrosa", é preciso minar antes de tudo os funda me ntos da soc iedade, atin g indo a in di sso lubilid ade do matrim ô ni o. O di vórcio foi ass im introduzido , com c lá usul as qu e to rnam sua aplicação a ma is radical da E uropa. E o "casamento homossex ua l", cuj o processo de lega li zação teve seus pródromos ainda no governo de Aznar, está para ser aprovado e m â mbito nac ional , incluindo a po ss ibilid ade de o par anti -natural adotar cr ianças . A intan gibili dade da vida não é ma is res pe itada. O abo rto, que e limin a o nasc ituro inocente, foi aprovado co m c láusul as bem mais radicais do que permite a leg is lação de países ma is li berai s, como por exemp lo a Ale-
ma nha . E o gove rno está da ndo ago ra passos para aprovar o quanto a ntes um a lei qu e perm ita ex pe riências com e mbriões, vi sa ndo a "c lonagem de bebês" para efeito s terapê uti cos. 6 Nos me ios de comunicação soc ia l a imora lid ade campe ia so lta, e a bl asfê mia no teatro e a lhures não é punida e ne m seque r coarctada. Enquanto isso o go verno envida todos os esfo rços para retirar das mãos da Ig reja Católi ca o e nsino re li gioso nas esco las .7 Vai-se assim cri ando a imagem de um país onde a Ig reja pareceria e tar ausente; seu Mag istério e ua moral , du as vezes mil enar, não mai s esc lareceriam e gui ari am as consc iências de 50 milhões de católicos. E isso precisamente no pa ís e uropeu onde e la de ito u raízes de ta l modo profundas, que quase se poderi a dizer que " hi spanidade" era s inônimo de "catoli cidade".
Espanha "anestesia<la " pela Revolu ção Cultural Diante do ava nço s iste máti co de ateus, soc iali stas e marxi stas, a imensa ma ioria dos cató licos espanhóis mostrava-se até há pouco adormec ida, "anestesiada", para usar uma ex pressão de um best-seller baseado no pensa mento do
Prof. Plínio Corrêa de O li veira , publicado em Madrid em 1988 .8 Porém, algum as reações se fazem fe li zmente notar. Exemplo di sso é uma crônica publicada pela organização Ha zteOir, re lac ionando uma séri e de ataques furibundos que po líticos e líde res soc iali stas estão desfechando co ntra a Igreja. Uma visão de conjunto impactante, a ilustrar até que extremos chega a sanha anti cató li ca da "revolução verdadeiramente assom.brosa", mas "tranqüila", do PSOE.
Crônica impressionante de 2004, que continua em 2005 ■
8 de fevereiro: Durante a ca mpanha para as e le ições de 14 de março, Zapatero resume publicamente seu programa de ens ino com o le ma "mais ginástica e menos religião". ■ 6 de março: Numa concentração apo iada pelo PSOE contra "a hom.ofobia e a intolerância da Igreja Católica" diante ela Catedral da Almudena, em Maclri, um porta-voz de assoc iações de homossex uais afirm a que "a mitra e o púlpito são elementos contrários-à natureza, e aqueles que neles se expressam são seres emocionalmente desorganizados, um perigo para a saúde mental e o normal desenvolvimento das sociedades avançadas". ■ 12 de abril : O grupo muni c ipa l do PSOE e da Esquerda Unida apóia a petição lançada pelo Secretário Geral da Comi ssão Islâmica Espanhola , Mansur CATO LICISMO
Escudero, para que os mu çulmanos ocupem um a parte el a anti ga mesquita de Córd oba, hoj e convertida e m catedra l cató li ca e símbolo da Reconqui sta cri stã da Península Ibérica. ■ 16 de abril: O vereador da Esquerda Unida, Víctor Casco, so lic ita que se retire o crucifixo que pres ide o plenário da prefeitura da cidade de Cáceres, na Extremadura. O vereador acrescentou que a partir ele uma concepção le iga do Estado "não pode haver num plenário referências a qualquer religião em concreto". ■ 21 de abril: Numa e ntrevi sta a um jorn a l madril e no, respon sá ve is pe la pastoral edu cativa ela Ig rej a na Es panha ass ina lam que o no vo go ve rno demo nstra um " profundo desconh ec imento" na hora de ofe rece r inic iat ivas e m matéria de ensino re ligioso. Na Confe rênc ia Ep iscopa l ex iste preocupação com as medid as que o governo executari a imediatamente, entre as quai s está a derrogação da reforma das aulas de reli gião prev istas na Lei de Qualidade de Ensino (LOCE). ■ 2 de maio: O mini stro do Jnteri or propõe "o controle de toda atividade religiosa de qualquer culto que seja", incluindo a censura prévia dos sermões nas igrejas católicas, atentado direto contra a liberdade religiosa e de culto. ■ 3 de maio: O Cardeal Rouco oferece ao governo soc ia li sta "diá logo" para resolve r a questão do ensino re li gioso, que o PSOE pretende e liminar progress iva-
ABRIL2005 -
mente do sistema ed uca ti vo , desde a aprovação de seu decreto de 30 de abril. ■ 4 de maio : O ministro da Justiça, Juan Fern and o López Aguilar, responde ao pedido de diálogo de Monsenhor Ro uco, afirmando que o governo planeja rever o financiam ento da lgreja Cat li ca e os Acordos Intern ac iona is de 1979, f'irmados ntre a Santa S e o hstado es panhol, sobretud o 111 matérias como o ensino da r •li gião. 25 de maio : Josep Borrell , o primeiro da li sta de ca ndid atos cio PSOE às eleições européias, ataca os católicos ele forma inusitada e gratuita. Em conferência proferida no Club Siglo XXI, Borrell recusa a inclusão ele uma referência às raízes cri stãs da Europa na fut ura Constituição. Entre outras razões, porque "por detrás do cristianismo se escondem a Inquisição, a tortura, a queima de livros, o aberrante ensino moral da Igreja em matéria sexual", e porque no que se refere à "democracia, direi/os humanos e igualdade, Deus é um converso recente; tolerou durante séculos a escravidão, ainda ontem abençoava Franco, e não esteve alheio à tragédia dos Bálcãs ". ■ 9 de junho: Tornam-se púb licas vári as instruções internas do PSOE quanto às eleições européias de 13 de junho. Entre elas encontra-se uma su rpreendente e po li cialesca recomendação: " Ver bem quais são os párocos mais agressi-
CATOLICISMO
vos contra nús" . E Josep Borrei! , candi dato do PSOE, declara num debate el eitoral televi sionado: "lfá uma série de considerações 111orais e religiosas das qua is é preciso se desfazer." 20 de junho : Um cios próceres do PS E, Gregori o Peces-Barba, lança uma ameaça à Casa Rea l num arti go de im1 rensa, advertindo-a ele que "se conlinuar aparecendo publicamente perto da Igreja Católica, a sobrevivência da lnstiluição (m.onárquica) corre o perigo". E Rafael Simancas, porta-voz do PSOE na Assembléia ele Mad ri , participa ele um ato de apoio à peça ele teatro blasfema e insultante intitulada "Me.. .em Dios " [palavra impublicável que, al ém ele signifi car abjeta imoralidade, constitui grave blas fêmi a! no Círcu lo ele Belas Artes ele Maclri . ■ 21 de junho: lzquierda Unida, aliada parlamentar cio PSOE, pede à Junta Eleitoral Central (JEC) a abertu ra de ex pediente contra bispos ele vári as di oceses para determinar se in frin giram a legislação eleitoral durante os últimos comíci os europeus, ao pedir aos católi cos que votassem "em consciência e coerência cristã". ■ 9 de julho: O secretário ele Movimentos Sociais e Relações com as ONGs cio PSOE, Pedro Zerolo, acusa a Igreja de "atacar diariamente os homossexuais e transexuais " e ele uti lizar "seus reg is-
Católicos protestam em frente ao Círculo de Belas Artes de Madri contra peça de teatro blasfema
lros de batismo em bene.fkio próprio, para obter subvenções ". ■ 20 de julho: O Ministério ela Educação expul sa a esco la católica cio Conselho Escolar cio Estado. ■ 21 de julho: Setores afin s ao PSOE aproveitam a expu lsão ela escola católi ca cio Co nselho Esco lar cio Estado para ali votar uma iniciativa a favor ela expu lsão ele todas as reli giões cio âmb ito esco lar. Esta proposta, abertamente incon stitu cional , havi a sido freada pela maioria até agora exi stente no Conselho. ■ 22 de julho: Ante as críticas ela Igreja à poss ível legali zação governamental cio matrim ônio entre pess oas do me mo sexo, o mini stro do Trabalho , Calclera, recorre à chantagem e afirma que o fi nanciamento ela Igreja Católi ca "lerá que acabar algum dia ". ■ 24 de julho: No Congresso cio PSC, pede-se a supressão cios símbolos religiosos nos atos ele stado e a supressão cio financ iamento ela lgr 'ja atólica. ■ 25 de julho: O PSO E da Andaluzia apó ia uma denúncia d ' gru pos homossexua is ante os tribunai s co ntra o Arcebispo d San ti ago, por um in ex istente delito ele "l1011111/i1/Jiu ". O Arcebispo li mitara-s ' a at'i 1111 m·. l' lll sua homilia na festa d · Sanl ia •o, q11l' o matrimônio é
"essencialmente heterossexual e base iniludível dafamília ", sem mencionar sequer os homossexuais. ■ 30 de julho: O bispo ele Almeria denuncia em uma Carta Pastoral a ex istência ele um programa ele sistemática agres-
são à Religião Católi ca, apoiado com tenacidade por alguns meios ele comuni cação e contando com a cumplicidade ele certos setores políticos. ■ J" de agosto: Alfonso Pera les, sec retário ele relações institucionais e política autonômica do PSOE, tenta silenciar as críticas cios bispos à prev ista legali zação elo "matrimônio" entre pessoas cio mesmo sexo pelo governo. ■ 22 de agosto: O primeiro mini stro Zapatero se compromete a acabar co m a "moral e as atitudes carcomidas". ■ 20 de setembro: O secretário ele Movimentos Sociais e Relações co m as ONGs cio PSOE, Pedro Zerolo, em seus co nstantes ataq ues contra a Igreja, rotula de "lamentáveis e xenófobas " as declarações cio Bispo ele Moncloi'ieclo, D. José Gea Escolano, advertindo que a agili zação cio divórcio, a ser aprovada pelo governo, favorecerá os matrimôni os ele co nveniência ele imigrantes que desejam obter a nacionalid ade espai1hola. ■ 24 de setembro: A vice-presidente Maria Teresa Fern ánclez ele la Yega, com o apoio do secretá ri o da Ju stiça, Luis
López Guerra, e um ci os notáveis cio PSOE, Gregório Peces-Barba, impulsion a um a "campanha para conseguir a aconfessiona lidade do Eslado ", a qu al proc ura acabar com o fin anciamento à Igreja Católica, eliminar as subvenções às orga ni zações cató licas, fazer desaparecer os símbolos cri stãos cios luga res públicos, que as aulas ele re li gião sejam dadas fo ra cio horári o escolar e que os alunos não participantes delas não sejam obri gados a assistir a outra aula altern ativa . O plano, revelado pelo diário "El Mundo", é considerado um choq ue em regra cio governo contra a lgreja Cató lica. ■ 7 de outubro: A Televisão Espanhola (TVE), dependente cio governo, despede se u Coordenado r el e Informação Religiosa. A explicação oficial para essa med id a fo i qu e "não são necessários seus serviços na nova etapa". Fontes próximas ela TVE exp licam que a verdadeira razão desse afastamento fo i exclu ir a religião ela rede públi ca. ■ 11 de outubro: Josep Borrell promove no Parlamento Europeu uma autênti ca "inquisição laica" (segundo afirma o "Wall Street Journal Europe") contra o deputado católico italiano Rocco Butti glione. Numa entrev ista ao diário macl ri leno "La Razón", o mencionado Pedro Zerolo declara: "Se a Espanha livesse seg uido as direlrizes da Igreja, eslaria m.ais perto do Irã do que da França". ■ 17 de outubro: Em entrevista ao "Diário Sur", o secretá.rio de Movimentos Soc iais e Relações com as ONGs cio PSOE, Pedro Zerolo, volta a criticai· os cató licos, afirmando que "a Igreja quer nos impor a interpretação de suas crenças" , acrescentand o: "Se tivéssemos dado atenção à Igreja, não haveria ensino público " (sic). ■ 3 de novembro: A política anti -religiosa cio PSOE começa a causar estrago nas fileiras cio próprio partido. Em Puerto ele Santa María (Cácliz), um vereador socia1ista e membro ela Executi va cio PSOE, Guillenno Morá.n, se declara "pr~fundamente católico " e pede demissão ele seu cargo, após denunciar a "perseguição " à Igreja Católica empreend ida pelo governo de José Luis Rodríguez Zapatero. ■ 6 de novembro: Mais contestaçõe ABR IL 2005 -
-
internas à política de agressão do governo à Igreja Cató lica. Os setores cri stãos do PSOE começam a se mostrar preocupados com as "tendências mais laicistas do PSOE". Carlos García de And o in , re prese nta nte d e
um certo substrato anticlerical ", e que "um certo fundamentalismo anti-religioso poderia aninhar-se em nossas .fileiras se nos deixarmos le var pelo
*
"Cris rianos por el Socialis mo", declara que os cristãos do PSOE vêem "com muito ma/estar" o aumento da tensão en-
diálogo e na moderação". ■
8 de novembro: O secretári o de orga ni zação do PSO , José B lanco, diri ge objur atórias contra os bispos ' os ca l licos q u ' os s ·gu ' 111 , ac usa ndoos d' d ,r · nd ' rem posições "l'{l.l'/J O,\'Cl.1' " .
■
10 de novembro: O PSOE e outras fo rmações parla mentarias criam um grupo ele trabalho na Câmara cios Deputados para fo mentar o la ic ismo. Seus porta- vozes qua lifi cam de "cruza-
da dogmática, intolerante e errônea" as abertas di screpânc i-
"a Igreja perdeu o norte e está se manifestando de uma maneira suf ocante". ■ 16 de novembro: A vi ce- pres idente María Teresa Fernández ele la Vega faz ironi a na T VE, a propós ito ela persegui ção do gove rn o co n tra os ca tó li cos :
"Gostaria que me dissessem em concreto em que se sentem perseguidos os cidadãos deste país que prof essam a religião católica ... " ■ 22 ele novembro : Co ntradi zendo as afirm ações da vi ce-preside nte do gove rno e seg uindo a co ntes tação interna ini c iad a no di a 3 de novembro por Guill erm o M orán co ntra a po líti ca la ic ista do go ve rno, Ra món Jáuregui , deputado cio PSOE por Álava, dec lara a um di ári o cata lão que "o PSOE deve-
ria seg uir uma política de m.aior pru dência com a f g rej a Católica". Ta mbé m de nunc ia que "no PSOE subsiste CATOLICISMO
*
E- mail do autor: rcnatovasconcelos@catolicismo.com.br
Escudo da Espanha de 1939, com o Sagrado Coração de Jesus ao centro. Voltará Ele a reinar como Rei inconteste da nação?
anticlericalismo". O depu tado soc iali sta chega a afirm ar qu e "o PSOE deve superar um anticlericalismo defasado e absolutamente incong ruente com os tempos atuais". E m co ntras te co m a nova oferta de di álogo cio presidente el a Co nfe rê nc ia E pi scopa l, a sec retá ri a de Estad o d e Ass untos Soc ia is, Ampa ro V alcá rce, pede aos c id ad ãos qu e não marque m na dec laração de impos tos (IRPF) o ite m refe re nte à Ig rej a Cató li ca . T a l pro pos ta, qu e acarretari a co mo co nseqüê nc ia a fa lta de fund os para o sustento das numerosas obras soc iais el a Ig rej a, fo i fo rmul ada po r ocas ião ele uma e ntre vi sta co letiva de impre nsa reali zada na sede da delegação do governo nas B a leares, dura nte a qu al Val-
-
Neomissiologia, e amoralidade pós-tsunami
*
E is o relatóri o de HazteOir li geiramente resumiclo. 9 Nele se des mascara a ve rd acl e i ra face atéia e radicalmente anti c ri stã dos soc iali stas espanhó is. Despertará a Espanha? Da res posta a essa pergunta depende em grande parte o futu ro da C ri standade na E uropa. Pois urna Espanha que vo lte a suas raízes cri stãs poderá, pela pró pri a co nfiguração de seu espírito, propenso a levar tudo até às últimas conseqüênc ias, re ve rte r os efeitos d a atual "revolução assombrosa". E dessa fo rm a, influenc iar e gal vani zar milhões de cató li cos do continente europeu que não se mostram di spostos a aceitar o laicismo anticatólico e os dispositi vos imorais ela Constitui ção E uropé ia, rece ntemente apro vada. •
tre seu partido e a Igrej a, e pedem "uma política baseada no
as da Igrej a Cató lica face a determinadas medidas do governo ele Zapate ro. O sec retário de M ov imentos Soc iais e Re lações com as ONGs cio PSOE, Pedro Zero lo, volta a atacar a Igrej a Católi ca ao afirm ar que
cá rce res po nde u a pe rg untas dos jornali stas a res pe ito elas di sc re pânc ias da [g rej a face a diversas inic iativ as do govern o soc iali sta .
Notas: 1. Alfo nso Guerra, vice-presidente do govern o e ideó logo do PSOE, e m decla rações ao "ABC" (2-2- 1986). 2. Rodríguez de la Borboll a, pres iden te da Junta de Anda lu zia, "ABC de Sevi lha", 2-6- 1986. 3. Alfo nso Gue rra, "Diario 16", 5-7- 1985. 4. José Maria (Tx iki) Benegas, secretário do PSOE e terceiro homem do pa rtido, "E I A lcáza r", 175- 1986. 5. Já e m meados da década de 80, Felipe Gonzá lez a fi rmava: "Necessito 25 anos para fa zer a 1111.1da 11ça ". Dec larações a "Ca mbio 16", de 2910- 1984. 6. " Die Welt", 10-2-2005 . 7. É o "socia lis mo light" - para usa r um termo de Rocco Buni gli one - que aceita a econom ia ele mercado, mas ataca e nca rniçadamente as instituições cristãs. 8. E.1·pa,ia, anestesiada sin percibirlo, a111ordazada si11 querer/o, extraviada sin saber/o - La Obra dei PSOE, Ed ito ri a l Fern a nd o 111 e l Sa nto , Madrid, 1988 . 9. Mais dados e m www .hazteoir.org
O
tradic io na l tratame nto dado aos índios pe los santos mi s ionários cató licos, a partir do Beato José de Anc hieta, cons isti a e m catequi zá- los para que pudessem receber os insondá ve is benefíc ios espiritua is conti dos na Igreja Cató lica, a começar pe lo B ati smo. E ao mesmo
Um belo exemplo do verdadeiro papel do missionário cató lico
te mpo civili zá-los, para que, abando nando suas práti cas pagãs e fetichistas, estivessem e m condi ções ele usufruir os ben s ela civilização, co mo a medic ina, a escolaridade, etc. H á a lg um as décadas isso mudo u. A neomi ss iolog ia faz questão de que os índios fiqu e m petrifi cados e m seus usos e costum es bárbaros . Nada de Re li g ião cató li ca para e les, na d a d e c ultura ocide ntal. A influê ncia d esse se tor do prog ressismo cató lico se fez sentir sobre nume rosas ONG s e setores gove rn ame nta is, ele modo a c ri ar uma espéc ie de cordão sanitário ele isolame nto e m to rno cios pobres índi os, vítimas dessa po lítica. As conseqüê nc ias desastrosas para os silvícolas não se fi zera m esperar : "A cultura indígena vem se mostrando um
importante obstáculo às ações do go verno em Dourados ( MS). A versão a tratamento médico, relacionamento fami liar diferente da cultura branca e menor resistência ao álcool. [ .. . ] Na elnia guarani - de onde surgiram os caiovás e os nhandevas - é comum que os pais se alimentem antes dos filh os, deixando pa ra as crianças o que restou da comida. Como geralmente são muitos f ilhos por casal, o alimento costuma não ser suficiente para todos" ("O Estad o d e S . Paulo", 27-2-05).•
Nem o tsunami adiantou A pós o terrível tsunami que aba lo u o mundo e deixo u um saldo de m a is ele 300 mil mo rtos, sem co n tar as ce n te n as de mi lh ares el e fe rid os e desabrigados, continua o aflu xo ele turista àq ue las praias, para gozar a vida sobre os túmulos dos que morreram .
"Os clientes da rede Aman estão recebendo emails contando que o hotel em Phuket, Ta ilândia, está impecável. Apenas os bangalôs que estavam na praia f oram destruídos pelo tsunami, mas j á estão novos em fo lha. O hotel f ica num local mais alto, e por isso não fo i afetado pelas ondas gigantes" ("O Estad o ele S . Pa ulo", Coluna Persona, 13-3-05). Se nem a tragédia do tsunami é levad a e m consideração, com o não pensar na prox imidade do castigo a nunc iado e m Fátima po r Nossa Senh o ra? •
ABRIL2005 -
Médico católico alerta contra a nova ofensiva abortista no País Ü s recentes e virulentos ataques contra a vida dos nascituros no Brasil têm sido desfechados especialmente através de normas do Poder Executivo
Norma Técnica do Ministério da Saúde que torna desnecessária a apresentação do Boletim de Ocorrência (80) para a realização do aborto, em caso de estupro, na rede pública de saúde; a distribuição gratuita nos postos de saúde daquele que é chamado anticoncepcional de emergência, conhe cido como "pílula do dia se guinte "; a tentativa de aprova ção do aborto de nascituros portadores de anencefalia (crianças que não desenvol vem parte do encéfalo duran te a gestação); e a aprovação das pesquisas com células tronco embrionárias constitu em as mais recentes investidas para a completa liberalização do aborto no Brasil. Longe de ser uma política de saúde pública, mesmo sob um prisma estritamente leigo, tais iniciativas estabelecem a matança programada de milhões de inocentes que já foram concebidos, têm seu
DNA, suas aptidões e características exclu sivas, e não lhes é dado o direito de existir nem mesmo alguns poucos dias, sem ne nhuma chance de conhecer a luz do dia e, sobretudo, de receber o santo batismo. O Brasil recebeu de seus maiores a glo riosa herança cristã . Ampliar os casos do aborto em nosso País significa aprofundar o rompimento com tal herança e comprometer nosso futuro, o qual será grande somente -
CATOLICISMO
o,: /'ra11cisco Scnra: 1
"Propagam apenas os riscos do abo,·to cla11dcsti110, evitam/o falar das seqüelas l'ísicas e p sicológicas que qualquer aborto provoca"
Catolicismo - Com tais métodos e técnicas abortistas, que riscos correm as mulheres que se submetem ao aborto?
Dr. Francisco Senra - Os defen sores do aborto, de magogicamente, propagam apenas os riscos do aborto clandestino, evitando falar das seqüel as físicas e psicológ icas que qualquer aborto provoca, mesmo o praticado em clínica especializada. Quanto às seqüelas físicas, são comuns, por exemplo, a hemorragia, le ão e infecção, perfuração do útero ou mesmo do intestino, além da predi spos ição para abortos espontâneos, nascimentos prematuros, câncer de seio, gravidez ectópica, ou seja, fora do útero. Sobre os proble mas emocionai s causados pelo aborto, podemos citar a síndrome pós-aborto, com crises de an gústi a, perda da auto-estima, letarg ia, mi santropia e depressão.
se for autenticamente cristão. O aborto, além de ser uma transgressão da própria Lei natural - que proíbe a eliminação da vida de outro ser humano, cujo único Autor é o Cri ador - constitui violação do quinto Mandamento da Lei de Deus: "Não matarás" . Diante dessa recente e agressiva investida abortista, Catolicismo, sempre procurando informar e alertar seus leitores, entrevistou o médico, Dr. Francisco Fernandes Senra, em Belo Horizonte. Dr. Senra, fervoroso católico e pai de oito filhos, é médico atuante há 42 anos na capital mineira, com vários cu rsos de es pecialização em alergologia .
Dr. Francisco Senra - Di sc ute-se muito sobre o in sta nte e m qu e a vid a hum ana co meça. Num sentid o ma is abran gente, pode-se di ze r qu e e la não co meça, mas ape nas se tra nsmite, um a vez qu e todas as cé lul as viv as pro vê m el e outras célul as viv as. Ta l continuidade el a vida é o postulado bás ico el a bi o log ia. Afin a l, é a bi olog ia qu e pro va, co m abso luta certeza, qu e a vid a de um no vo ser hum ano te m iníc io no in sta nte e m qu e se d á a uni ão ci o ga me ta masc ulin o co m o game ta feminin o . Nesse mo mento, segundo a maio ri a dos teó logos , a a lm a hum ana - espiri tu al e im o rta l - é c ri ada po r Deus para aque le e mbri ão es pec ífi co, e dire tame nte infundid a po r Ele. Nesse processo el e fu são fo rm a-se um a célul a c hamad a zigoto, a q ua l co nté m uma no va co mbin ação genéti ca, res ul ta ndo num indiv íd uo di fe re nte, úni co. Nun ca ex istiu e j ama is ex istirá na hi stó ri a um se r idê nti co a esse.
* * *
Catolicismo - Essa célula, o zigoto, não constitui tão-só um projeto de vida humana?
Catolicismo - O Sr. poderia começar por dizer o que é o aborto?
Dr. Francisco Senra - Num sentido amplo, aborto é a morte do fruto da concepção e sua conseqüente expulsão do ventre materno em qualquer fase de seu desenvolvimento pré-natal. Na verdade, estamos falando do aborto provocado, isto é, aq uele que depende da vontade humana e da interferência externa, através de métodos e técnicas de intervenção cirúrgica ou farmacológica, tais como a sucção, a dilatação e curetagem, a pílu la RU-486, a aplicação de injeção de solução sa lina, ou ainda a histeroto mia, uma espécie de cesariw,o com intuito de matar o nascituro e eliminá-lo.
Catolicismo - Para a medicina, qual é o momento zero da vida humana?
Dr. Francisco Senra - Chamar o zigoto ele mero projeto ele vicia humana é uma co isa absurda. Um projeto ele uma casa, po r exemplo, é um plano arquitetônico concebido num papel, sem ne nhuma poss ibilidade ou potenc ia lidade para se desenvo lver por si própri o. Pode fi car anos numa ga ve ta e nun ca se tra nsfo rmará num a casa res idenc ial. Já o zigoto desenvo lve-se por si mesmo, desde que e nco ntre no útero matern o - e até fora de le, como prova m as experi ênc ias recentes - condições para esse desenvo lvimento. Destruir o projeto ele uma casa não é destruir a casa, mas destruir o zigoto é suprimir um ser hum ano vivo que começou a se desenvolver.
"Destruir o projeto de uma casa não é destr11ir a casa, mas destmir o zigoto é SU/Jl'imir um sei· humano vivo que começou a se (/escnvolvcr "
Catolicismo - O que justificaria a mãe manter uma gravidez, não havendo qualquer possibilidade de vida após o parto, como se dá no caso de fetos anencefálicos?
Dr. Francisco Senra - M es mo co m a pre vi são el e qu e a morte natu ra l aco nteceni po uco te mpo depo is do nasc im ento, não se justifi ca que e la possa ser antec ipada pe lo abo rto provocado. Admitir isso seri a escancarar as portas não só para o a bo rto mas ig ualme nte para a e uta nás ia. O dire ito do nasc ituro à vici a eleve ter precedê nc ia so bre o utros dire ito s el a mãe, do mes mo modo co mo aco ntece co m o dire ito à vici a de um filh o nasc ido. Nunca será líc ito a um a mu lh er mata r seus filh os nasc id os , se u marido o u se u patrão, mes mo que estes ve nh am a torn ar sua vid a pe nosa . Catolicismo - Os abortistas sempre batem na tecla de que é necessário legalizar o aborto, a fim de evitar que sejam feitos em clínicas de fundo de quintal, assegurando assim às mulheres o direito de abortar sem risco para a vida delas. O que pensar disto?
Dr. Francisco Senra - Ninguém te m o dire ito de abo rtar, pela simples razão ele que não tem o dire ito ele assass inar. Os pa rtidári os cio abo rto ABRIL2005 -
-
. moral de le var a te rmo a gestação que se iniciou . Pe la s imples ra zão de que é um ser humano que está no ve ntre 'de la. Catolicismo - Alegam os partidários do aborto que a mulher tem direito ao seu próprio corpo. Por que ela não poderia fazer o aborto? Dr. Francisco Se,zra - Em princípio, a mulhe r te m dire ito ao seu pró pri o corpo. Mas ao de la, e não ao de outra c ri atura, como a criança que e la traz no ve ntre. O que se passa na privac idade do útero mate rno de po is da fecundação é o desenvolvime nto ele um ser humano. E, e nqu anto tal , ele eleve ser o bje to ela total proteção ela lei e cio pró prio instinto mate rno, que não falh a ne m nos animai s. A priv ac idade cio ventre não dá dire ito a que se mate de ntro ele suas paredes, cio mesmo modo como a privac idade ele uma casa não pe rmite que seus do nos pratique m assass inato de ntro ele seus limites.
parte m de uma pre missa e rrada, isto é, de que o número de abo rtos clandestinos ca irá, se o abo rto fo r lega li zado. N a ve rd ade , nos países o nde o abo rto fo i legali zado, não só a práti ca do abo rto solic itado aume nto u prog ress ivame nte, como não diminuiu a inc idê ncia de abo rtos cl andestinos. E isso não causa espanto, po rque as mesmas ra zões psico lógicas que leva m uma pessoa a proc ura r a c la ndestinidade pa ra pro vocar o a bo rto subs iste m a pós s ua lega li zação . Favo recer po r me ios lega is a pro pe nsão de vi o la r todas as no rmas que nos desag rada m seria a brir as po rtas para a de mo li ção de toda o rde m jurídica e soc ial do País. Catolicismo - Os partidários da legalização do aborto afirmam que as mulheres ricas procuram clínicas clandestinas, enquanto as po_bres são obrigadas a fazer abortos sem a mínima condição de higiene e segurança. O que o Sr. tem a dizer aos nossos leitores sobre isto? Dr. Fra,zcisco Se,zra - Para um a mulher casada - sej a e la ri ca ou po bre, branca ou negra, e mpregada o u desempregada - ser mãe não é uma o pção, mas uma obri gação. E o a bo rto não é um dire ito, mas um c rime . Para a mulhe r não casada, qu e es tej a g rá vid a e m razão de adulté ri o, de fo rnicação o u de estupro, não cessa a obri gação
CATOLICISMO
"Nos países 011</e o aborto foi legalizaclo, não só a prática do aborto solicitaclo aw11e11to11, como não dimillllÍll a i11ci(/ê11cia de abortos cla11dcsti11os"
Catolicismo - Como deve proceder a mulher que foi objeto de um estupro? Dr. Fra,zcisco Se,zra - Vin gar na c ri a nça inocente e indefesa o c rime cometido pe lo pai é não ape nas um a inju s ti ça g ritante, mas um c rime mo nstruoso, de ma io r g ravidade que o pró prio estupro. Se ne m o estuprado r é co nde nado à mo rte po r cau sa de seu c rime, irá a c ri a nça in ocente, resulta nte cio estupro o u ele incesto, ser condenada à mo rte? Uma s ituação dram ática não se c ura co m um c rim e a ind a m a is g rav e e trau ma ti zante . Catolicismo - Dr. Senra , o Sr. gostaria de transmitir uma mensagem aos leitores de Catolicismo? Dr. Francisco Senra - Co m muito gosto. Aprove ito pa ra di zer que in te ressa a nós, e nqu a nto médi cos e cató li cos, de fe nde r a vid a hum a na, ma is parti c ul a rme nte a vicia huma na inocente e indefesa, po is os pro tago ni stas ci o abo rto gostari a m be m que não ho uvesse vítimas no aborto provocado . Para e les, o produto da concepção pode ri a ser uma s impl es massa ele pro toplas ma, o u a inda um paras ita o u tumo r, po is os de ixa ri a co m a co nsc iê nc ia me nos pe ada, um a ve z q ue não há ho mi c ídi o o nde nun ca ho uve vici a huma na. Seg und o a lóg ica a bo rti sta, Nosso Senho r Jes us C ri sto seri a a pe nas um " proj e to" el e vid a hum a na nas e ntra nh a. puríss imas ele Mari a Virgem . Entre ta nto , no próp ri in sta nte e m qu e M a ri a di sse: "Eis a escrava do Senho ,; f aça-se em mim seg undo a vossa pa lavra " (Lc 1,38) , D e us se fez ho m 111 ' "lwhitou entre nós" (Jo 1, 14) .•
INFORMATIVO RURAL
Fatos que servem de reflexão para o governo brasileiro Confissão do fracasso - O Presidente cio Zimbábue, Robe1t Mugabe, confesso u que milhões ele hectares elas melhores terras do país estão agora vazios e ociosos. Após anos trnmbeteanclo o "sucesso" da Reforma Agrária, Mugabe admitiu que a maior paite elas fazendas transferidas para os proprietários negros nunca foram utilizadas. Quase todos os 4 .000 propri e tários brancos pe rderam suas casas e os meios ele ganhar a vicia, qu ando gangs armadas ele seguidores ele Mugabe começai·am a invadir suas propri edades no ano 2 .000. Muitos faze nde iros brancos e seus trabalhadores negros foram assassinados, e as o rd e ns cio s tribunai s cl eso be clec icl as. Muga be di sse que este e ra o preço que o Zimbábue tinha ele pagar pai·a resgatar os erro ela era colonial. Afum ava que as invasões aumentariam a produção e bene fi ciari ai11 milhões ele negro . Segundo Tenclai B iti , secretário do Movimento pela Dernocracia, a Reform a Agrária "tem sido umfenom.enal e abso-
luto fracasso em todos os níve is" (''Telegraph News", Reino U nido, 3-3-05).
Dinheiro para invasões -
Lav radores cio pró pri o M ST, no assentamento Baixio do Boi, e m Perna mbuco, di zem que o M ST vem e mbo lsando o dinhe iro destinado a e les . O MST recebe doações e repasses govername nta is p o r meio ele cooperativas. E ntre 2003 e 2004, so me nte duas de las - Concrab e Anca - receberam l 8,5 milhões de rea is do governo federal. A CP[ tem uma coleção de depoime ntos gravados de técnicos agríco las e integra ntes cio MST, ac usando seus dirigentes ele desv iar os recursos públi cos recebidos por me io dessas cooperativas. E m 2002, o governo FHC repassou
R$ 1,8 milhão para cooperativas li gadas ao MST. Nesse ano, houve 103 invasões. E m 2003, o governo Lul a repassou R$7,3 milhões e o número ele invasões aume ntou para 222. Em 2004 fora m repassados R$ 11 ,2 milhões, com novo aumento ele invasões para 327. Quanto mai s dinhe iro, mais invasões (Cfr. "Veja", 9-3-05 ).
"Escravidão" em assentamento - A fre ira ela Pasto ral ela Te rra assassinada e m fevere iro, Do roth y Stang, e ra conhecida no sul do Pa rá pe lo fato de pro pul sionar os ch amados PDS (projetos ele desenvolvimento sustentado), um tipo ele asse ntamento inspirado nos princípi os soc ia li stas ela teologia da libertação. Mas o conceito dos PDS era baixo entre os assentados. E m dezembro, Ge raldo M agela, técnico ag rícola ela equipe ela mi ss io nári a e do sindicato, fez uma reun ião no assenta me nto, comunicando q ue o asse ntado não adere nte ao PDS teri a ele deixar a terra se m dire ito a nada. T écni cos do In c ra co nfirmara m a orie ntação cio sindicato . Um de les recome ndo u aos descontentes: " Vão plantar soja no Tocantins". O grupo continuo u res istindo. A lg uns, por j á terem tido experiê nc ia com o mode lo ele PDS, e ac hare m que ele "não fu nciona". A terra não pode ser vendida, a direção cio PDS dete rmina o valor das benfe itori as a ser pago em caso ele sa ída, e as decisões sobre o que c ultivar têm de ser tomadas co letivame nte. O assentado José' Carl os e o utros colo nos c riticam a centrali zação elas decisões. "No PDS você não tem liberdade" , queixa-se E lio mai· Evangelista cios Santos, que também não qui s aderir. "Todo mundo é clono de tudo. As.famílias se sen-
tem oprimidas " . Numa reuni ão cios colo nos, na Gleba
Belo Monte, coube a E liomar, conhecido como Leo, le r um Plano de Utilização cio PDS . "Enquanto eu lia, os parlicipantes começaram a falar: 'Vai voltar a escravidão. Não tem como viver assim numa mata dessa' ". Eliomar foi até a Irmã Dorothy e comunicou que as fa míli as não aceitava m o pl ano. "Não aceitam. ? Então arrumem a baroca (saco.la) e desocupem a área", reag iu e la, segundo o relato ele Eli o ma r. Ele di z que, elas 52 famílias que mo rava m na s ua á rea, apenas l0 fi caram (" O Estado de S. Paulo", 27-2-05).
Injustiça - O s fazende iros que se instal aram no centro-oeste cio Pai·á e na Terra d o M e io, ao lon g o d a R o dovia Tran samazô nica, corre m o ri sco ele pe rder todo o investime nto fe ito nos últimos 25 anos e m pastagens, currais, casas, estradas e milhões de cabeças ele gado. Eles co mprai·am as terras nos anos 80, ele antigos posseiros que ocupai·am clesorclenacla e info rmalmente as glebas do antigo programa de colo ni zação lançado pelo gove rno e m L973. E m me nos ele um mês, dezenas de pecuari stas vi ra m suas faze ndas inclu ídas nos 8 milhões de hectares inte rditados pelo go verno federal pai:a serem trai1sform aclos em reservas ecológicas ("O Estado ele S. Paulo", l º-3-05). O normal seria que se procurasse reg ul ari za r as te rras elas pessoas que, há muito tempo, traba lham e se sacrificam na região. Tanto ma is que muitas delas abriram suas faze ndas clentTO de plai10s de expansão cio próprio gove rno federal, e a fa lta de regul ari zação cait orial é, em grande parte, devida à inépcia do governo. Para impl a ntar mirabo lantes pl anos ecol óg icos ou fav o recer invasores cio MST, que não precisam regulariza r nada, comete-se uma g rave injustiça. • ABRIL2005 -
PADRE D AVI FRANCISQUINI
N
ova ca mpan ha para descrimin alizar o aborto no Brasil. Faz parte ela tática utili zada pelos promotores cio aborto e m níve l mundial, caracteri zada, entre outras co isas, por ofensivas micli áti co- leg islalivas sucess ivas e peri ódi cas, seg uid as ele interstíc ios ele apa rente s ilêncio e esquecimento. Nos períodos ele aparente ca lmari a, a terrível rea lidade cio abo rto, ex istente e m muitos amb ie ntes, é apena.· e ntre vi, La pela maioria . Mas pode ser vi sta ou percebida com c lareza sufici ente para deixar as consc iênc ias pesadas ante a indife rença mai s ou men os cúmplice ela sociedade. Ao mesmo te mpo, o lusco- fu sco que a encobre bas ta para cada um tentar " lava r as mãos", rec usando a sumir responsabilidades por crimes cometido no seu ambiente, mas sem a sua partic ipação ne m aprovação direta. De modo process ivo, cada ofensiva abo rtista encontra me nos res istê ncia na opinião pública, porque a consciência moral se vai entorpecendo pelo convívi o quotidi ano com essa prática. Quase ninguém lhe atribui hoje o qualificativo ele "criminosa", pelo temor ele enfre ntar os "dogmas" e slogans ele uma minori a ativa e agressiva, dotada ele apoio dec idido - às vezes velado - cios meios ele comunicação. O que na prática se pretende é ampl iar os casos em que a lei não penali za o aborto (o u mesmo passe a aprová- lo di retamente), limitados atualme nte, na leg islação brasileira, ao estupro e à grav idez que ponha em ri sco a vicia ela mãe. Hoje em dia, esta última razão não é válida, pois , graças aos avanços ela med ic ina, são praticamente inex istentes os casos ele grav idez que ponha em ri sco ele vicia a mãe. Quanto aos casos ele violação, o aco mpanhamento c línico elas mulheres nessa situ ação mostra que so frem trauma psicológico mui to maior quando abortam, porque vivem essa experi ência como uma "segunda vio lação".
Intensa e poderosa of'cnsiva abo,·lisia em andamento Neste momento o Brasil sofre um a ofe ns iva c uidad osa me nte o rques trada
Abri l 2005 -
pelos pro motores do aborto, na q ,ai acontec im entos a lta me nte midi ati zados se sucedem. Vamos os fa tos: "A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, defendeu ontem a polêmica proposta de revisão da legislação sobre o aborto. [. .. ] A proposta de revisão [. .. ] é um dos pontos do Plano Nacional de Política para as Mulheres, lançado anteontem pelo Governo. [. ..] De acordo com a ministra, a partir de janeiro uma comissão fo rmada por Governo, Congresso e sociedade civil irá se reunir para fa zer a revisão dos instrumentos legais existentes sobre o assunto. Só depois de terminado o trabalho do grupo é que serão encaminhadas propostas de mudanças ao Congresso. [. .. ] Um dos temas que certamente serão discutidos pelo grupo de trabalho é o aborto nos casos de anencefalia dofeto". 1 O objeti vo é, segundo a ministra, descriminalizar o abo1to, para poder assim prestar assistência às mulheres que sofrem complicações pós-abo,to. Na sua declaração, a mini stra cuidou de destacar o "carro-chefe" da atual ofensiva abortista: os casos de anencefa lia, diagnosticados du rante a gravidez por técnicas de ul trasso m. Recorrer à anencefalia como motivo para legalizar o aborto é ev identemente abs urdo, por várias razões que analisaremos neste texto. A propósito desse tema, convém ressaltar desde já um importante aspecto. Sendo o di agnóstico de anencefali a mui to tardio, aproximadamente de 18 semanas, o aborto é realizado em fase tard ia, o que ex ige fo rmas de prática abortiva especialmente crué is, ta is co mo o de no minado "aborto por nascimento parcial" (quando provocado durante o trabalho de paito, sendo perfurado o crânio, arra ncados os ossos, e então terminado o "paito"); ou o "D&E" (dilatação e extração, no qual o feto é des pedaçado no próprio ventre materno, e dali airnncado aos pedaços).
Manipulação sensasionalista parn l'acilitar o aborto A im prensa hav ia colocado na ribalta a descrimjnalização cio aborto por anencefa lia algumas semanas antes, com base numa liminar juridicamente heterodoxa do ministro Marco Aurélio Mello, em iti da no dia lºde julhode2004, liberando o aborto nesses casos. CATO LI CI SMO
Aderindo sofrega me nte à ofensiva geral, o Poder Legislativo também entrou em ação: "No Senado, há proj eto de lei no mesmo sentido da decisão liminar de Marco Aurélio, tramitando na Comissão de Constituição e Justiça. O Senado r Du c iom a r Cos ta ( PTB -PA) apresentou um proj eto alterando o Código Penal para incluir a possibilidade de aborto no caso defeto sem cérebro".2 Também a OAB se mani fes tou: "A OAB decidiu ontem, por ma ioria dos votos de seus conselheiros, que a interrupção da gravidez nos casos de anencejàlia do feto, isto é, ausência de cérebro, não deve ser considerada aborto. Nem, portcmto, crime ".3 Convém aduzir mais uma tomada ele pos ição pró-aborto: "O conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) aprovou resolução em jàvor do direito da mulher afazer aborto defeto sem cérebro. A resolução [. ..] será comunicada ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual a ques.tão está sendo objeto de deliberação. O Conselho tem poder apenas consultivo junto à Presidência da República, mas suas resolu-
ções são bastante consideradas em julgamentos por expressarem o ponto de vista dos principais organismos do governo e da sociedade civil ligados aos direitos humanos". 4 O mini stro do STF M arco Auréli o Me ll o convocou uma audiênc ia pública para ouvir diversas entidades da sociedade so bre a permi ssão para grávidas abortarem fe tos anencefáli cos, que não têm cérebro e chances de sobrevi vência. Apesar de previ sto no regimento, será a primeira vez que o STF utili za esse instrumento antes de julgar uma ação. 5 Nesse debate, o mini stro fo i desautori zado pela maiori a dos seus co legas: "Depois de quatro horas de discussão, o plenário do Supremo Tribunal Fede ral (STF) cassou por 7 votos a 4 urna liminar concedida em j ulho pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello que garantia a interrupção das gestações". 6 Infe li zme nte, trata-se apenas da cassação ele uma li minai·. O STF deve ainda pronunciar-se: "A derrubada da liminar não sign!fica necessariam.ente a proibição definitiva da interrupção das gestações defetos com essa anomalia. O STF
poderá julga r o mérito da ação em. bre ve. Nos próximos dias, o tribunal voltará a analisar o caso sob o ponto de vista técnico". O plenári o terá de dec idir se a autora ela ação, a Co nfederação Nacional cios Trabalhadores na Saúde (CNTS), acertou ao usar um a argüição de descumpri me nto d e preceit o fund a me nta l (adpf) para pedir o reco nhec imento do dire ito ao aborto. Se o STF conc luir qu e a CNTS errou , o ass unto estará liquidado. Se o tribuna l reconhecer a va lidade da ação, o mérito será julgado. Seg undo os observadores, muito provave lmente o res ul tado será a confirmação da liminar, e então o ca minho estará aberto para a co mi ssão parl amentar que estuda um novo projeto de le i libera li zando a inda ma is a prática do aborto no Bras i 1.
mora l co mo aca ba defo rm ando a alma do po vo.
Abol'to /'ol'çado, inl'anticídio, eutanásia A lega li zação cio aborto é uma ra mpa inclinada, que terminará em lega li zação da eutanás ia, passa ndo pe lo aborto forçado e o infanti cídi o. Na Chin a comuni sta, por exemplo, o pl ano de co ntro le da nata lid ade impõe o abo rto àqu e las que excedem o máx imo de " um f Ww por rnulher ". Ta l le i tro uxe a ind a, co mo conseqüê nc ia, e norme aumento cio infa nti cídi o, po is os casa is gera lmente desej am ter pe lo menos um filh o ho mem, e qu ando nasce uma menina, mata m-na. E co m a di sponibilidade cio diagnósti co pré-natal, este co nstitui uma sentença de morte para as meninas no seio materno. A eutanásia, que se pratica cada vez mais abertamente em países como a França, já é legalizada em outros como a Holanda.
Os /'atos caminham mais rnpidamentc que as idéias Toda essa enorme pressão exercida a fim de obter uma legislação próaborto em nosso País poderia ser vista equivocaclamente. Pensam alguns que, para um católico, não tem importância ser aprovada tal legislação, tratando-se de um país majori tai·iamente católi co. Porque, segundo argumentam, a lei não tem possibili dade de violai· a consciência de ninguém, posto que ela não pode obrigar a praticar o aborto quem não o deseja. Mas o ensinamento da Igreja observa com sabedoria que "em muitos países os poderes públicos que resistem a uma liberalização das leis sobre o aborto são obj eto de fortes pressões para induzi-los a isto. Tal liberalização, diz-se, não violaria a consciência de ninguém e impediria a todos impor a própria aos demais. O pluralismo ético é reivindicado como a conseqüência normal do pluralismo ideológico. Entretanto, é muito diferente um do outro, j á que a ação atinge os interesses alheios mais rapidamente que a simples opinião; além do que não se pode invocar jamais a liberdade de opinião para atentar contra os direitos dos demais, muito especialmente contra o direilo à vida". 7 Em outros termos, defender a opinião
Prnssões: ampliai' opinião de que ahorto é um "dfreito"
Nos EUA:
1.370.000 abortos por ano Só 16% da população favorável ao aborto sem nenhuma !Imitação legal 55% da população favorável ao aborto em casos de estupro e de grave risco para a vida da mãe.
Fonte: Nlkki Katz Abortion Statistlcs - World - US - Demogra fhlcs - Rea son s
de que abo rtar é um di reito é co isa mui to diversa do fato de o aborto ser legalmente permitido e praticado no País em nome de um fa lso d ire ito da mulher. Uma lei que declare legal o aborto, e que di sponha a aplicação de fundos para que os hospitais pas e m a praticares a nefanda ação de modo rotine iro, não só corrompe a
De aco rdo com os cálculos estatísticos, pratica m-se 46 mi !hões de abortos po r ano e m todo o mundo, a metade dos qua is il ega is. Em 1998, o Brasil fo i declarado pe la O MS o pa ís com maio r número de abortos no mundo oc identa l, calculados em 2,3 milhões. 8 Em período equiva lente, isto sig ni fica ma is que as vítimas ele todas as gue rras do séc ul o XX juntas; mais que todos os mortos em catástrofes natura is; ma is q ue as vítimas cio te rro r sta lini sta; ma is que o genoc ídi o de três milhões no Ca mboj a, praticado pe los comuni stas. Co mo é possíve l q ue o mundo moderno te nha chegado a esse po nto? U ma catástrofe de ta is proporções não pode ser vista ape nas como um incontável número de pecados indi vid uais contra a vida humana, cometidos isoladamente por mães des naturadas. Trata-se ele um pecado social, ao qual adere parte considerável da humanidade. Q ual o grau dessa adesão? Q ual o grau de pressão irresistível exerc ida por c ircunstâncias cri adas artific ialmente?
Ab ril 2005 -
-
A maioria tem naturaJ horror ao aborto; e as mulheres sentem repugnância ante a perspectiva de praticá-lo, mas se vêem muitas vezes forçadas a isso pelo ambiente que as cerca. É fato constatado que a maioria das mulheres que abo1tam tomam essa decisão pressionadas por parentes, médicos e outras pessoas do próprio meio. Cada semana, milhares de meninas ou mulheres enfrentam ameaças e violência de pessoas que querem obrigá-las a abo1tar, sem tomar em consideração seus próprios sentimentos. Tudo isso, no entanto, pode significar apenas uma aten~ante para sua decisão, pois não suprime a gravidade moral do ato. Temos o exemplo de Gianna Beretta Molla, recentemente canoni zada por ter resistido às pressões p,ua abo1tar, inclusive preferindo morrer a matar sua fiJha em seu seio. Para ilustrar essa pressão exercida nos EUA, reproduzimos abaixo significativo tópico de obra noite-americana que trata do assunto: "A uma mulher sem-tetofoi negado abrigo até que ela se submetesse a um aborto indesejado; uma adolescente foi ridicularizada por um conselheiro escolar e colocada num ônibus com destino a uma clúúca de aborto; uma.filha.foi introduzida numa clúúca de aborto pela mãe, que lhe apontava o revólver; uma jovem recebeu do namorado uma injeção de substância abort(/era; uma jovem de J3 anos foi reconduzida ao seu estuprador, depois de realizar o aborto; três irmãs fo ram violentadas seguidamente pelo pai, durante uma década, e forçadas a abortar; uma garçonete foi despedida depois de recusar-se a aborta,: Estes casos são apenas uma amostragem dos inúmeros casos em que as mulheres só tiveram como opção o aborto, dentre os pavorosos relatos de abuso, violência e manipulação narrados no relatório especial".
/?edes organizadas exercem ação pró-aborto É um erro pensar que uma tal ava lanche de pecados obedece apenas ao dinamismo puramente espontâ neo de uma soc iedade corrompida. Pelo contrário, é notória a existência de um ime nso mov imento pró-aborto, presente em todos os países, q ue se ded ica a promover a legali zação e a prática do aborto. Já em 19 14, a rev ista fem inista "The Wornan Rebel", declarava que "o aborto, praticado por CATOLICISMO
direito absoluto [. .. ] de suprimir o germe da vida". Tais pontos de vi sta estavam muito lo nge de ser predominantes na vida americana em 19 14. São incontáveis as organi zações públi cas e privadas no mundo inteiro que se dedicam a promover o abo rto: NARAL, PP ( Planned Pa renthood) , BE MFAM (ramo brasil eiro do Planned Parenthood), numerosas ONGs, etc. Constitue m uma rede organi zada, influente, di spondo de imensos recursos fin anceiros e midi áticos.
Anti-abol'tismo: causa eminentemente católica
Santa Gianna Beretta Molla, preferiu morrer a abortar. Ela optou pela própria morte evitando assassinar a filha em seu seio.
profissional experiente nas melhores condições de higiene, passará brevemente a .i·er encarado como útil, necessário e humano, mesmo que a mulher o solicite pela simples razão de não desejar ter um f ilho, ou porque não é do seu agrado tornar-se mãe". O utro artigo afirmava: "Se uma mulher quer ser efetivamente li vre, deve tornar-se absolutamente senhora do seu próprio corpo. Deve reconhecer seu
O aborto, mais que o divórcio, é uma realidade quotidiana na soc iedade contemporânea. Por ser menos " visível", alguns pode m pensar que é menor seu impacto na modificação dos valo res mora is que fu ndamenta m a vida da famíli a. Mas se as aparênc ias se mantêm um pouco, devi do ao segredo que normalmente cerca o aborto, a destruição moral que provoca na sociedade como um todo não é menor que a do d ivórcio. Pelo contrário, é ainda maior, pelo caráter homi cida e monstruosamente antinatural que o caracteriza, impli cando um estado de alma de desprezo pe la vida cios próprios fi lhos, que são a razão essencial e primeira da famíli a. A maioria que se opõe ao aborto sente-se impotente e confusa ante o estrondo e a vio lência da ofensiva abortista em sua campanha de desi nformação, através dos meios de comunicação, ocul tando os dados mais essenciais cio debate. Arg umentos sentimentais a favor do aborto - sofrimento psíquico da mu lher gráv ida que não deseja seu fi lho, direito ela mulher ao seu próprio corpo - ocupam ampla e ru idosamente o espaço da mídia. Do lado da defesa ela vicia do nascituro, os meios de comunicação só permitem divu lgar aJguns argumentos - verdadeiros e até fundamentais, mas insuficientes para motivar as pessoas - como, por exemplo, o direito natural à vida que o feto tem desde a concepção. Muitas verdades como estas são deliberadamente ocul tadas à opin ião pública por uma estTita campanha de silênc io. Por exemplo, a extrema crueldade que é a realidade concreta de um aborto; os graves perigos físicos e psíquicos que correm as mul heres que abortam.
Mas sobretudo se silenc ia o pecado gravíss imo que significa negar ao filh o concebido a vicia sobrenatu ral, alé m ela vida te mporal, de ixando-o morrer sem ad mini stra r-lhe o Sac ramento cio Batismo. Po is ningué m deve ter a ilu são de que nos ambientes onde se pratica o aborto criminoso sej a fác il e nco ntrar quem aceite batizar o feto que está sendo bruta lmente assassinado. Esta é uma elas princ ipais razões pelas quais a causa anti-a borto é em inentemente católica. As le is anti-abortistas promulgadas nos EUA no sécul o XIX foram na rea lidade ini ciativa da soc iedade civ il. Isso se deve u ao ambiente anticatólico que predom inava naq uela época. Mas, quando o crescimento cio nú mero e influência cios católicos no país obri gou certos setores a moderar sua atitude hostil , os católi cos tornaram-se a ponta-de-lança da luta contra o aborto. Embora existam em muitos países numerosos movi me ntos não-cató li cos contrários ao aborto, a ca usa antiaborto é principalmente católica.
Coerência doutrinária ao longo dos séculos A razão d isso é q ue a doutrina católica, ele modo mais coerente e estável ao
longo cios séculos, com coragem e sem jamais ceder em um úni co ponto, enfrentou a incompreensão e a hostilidade cio mundo, defendendo os dire itos de Deus, do nasc ituro, da fa míli a e da sociedade contra os efeitos demo lidores cio aborto. Tertuli ano, na sua Apolog ia do Cristianismo, escrita no ano l 97, afi rma que a Igreja católica sempre condenou o aborto. Os pagãos, então inc itados pe los j udeus, ac usavam os cri stãos ele vári os tipos de crimes, entre os quais a infâ mi a de que na Santa Missa os cristãos sacrificavam e comi am crianc inhas. Tertul iano responde: "São os pagãos, e não os cristãos, que matam seus fi lhos em cerimônias religiosas. A nós cristãos, o homicídio é absolutamente proibido. Não é permitido destruir a criatura concebida no útero materno. É uma antecipação do homicídio impedir o nascimento, não importa se o que se está matando é uma alma já plena ou uma que está nascendo. Já é um homem o que está tornandose tal, todo fruto já está na semente". Os promotores do aborto têm aJegado que os católicos não têm d ireito de impor aos que não têm fé suas crenças baseadas na fé . Os católicos teriam uma atitude preconceituosa. Sua posição seri a própria de fanáticos. Nada mais falso.
Qu ando os ca tóli cos se o põem ao abo rto, o faze m baseados també m e m dados científicos, os quais mostram a fa lsidade e a noc ividade, sem qualquer sombra ele dú vida, dos argumentos pró-aborto. A medicina e a hig iene são ciênc ias natu rais e serve m-se de me ios natura is ele in vestigação. Ma is ainda, sendo o homem o sujeito da medicina e da hi giene, composto tanto ele matéria quanto de espírito, essas c iências têm um conte údo ético e moral, e na sua aplicação prática devem sujeitar-se às regras que lhe são intrínsecas. A ética é o estudo e a prática ela lei moral, como se ded uzem lógica e rac io na lmente do estudo da nat ureza el as coisas, isto é, el a Lei natura l. A moral é o estudo e a prática ela lei fundada na Revelação. A harmo ni a e a concordâ nc ia q ue ex istem entre ambas são tais, q ue não ex iste ne m pode ex istir opos ição e ntre a ciência médi ca e a mora l cató li ca. Q uando o cató li co defende com vigor as leis divin as, não está im po ndo arbitrari ame nte um a crença pessoal, mas exigindo que a justiça, a verdade, a santi dade da vicia hu mana sej am protegidas e postas em prática. O abo rto é, porta nto, um crime não só para um cató li co, mas também para todo ser
Ab ril 2005 -
-
huma no. E ning ué m te m direito de praticar um crime por cons iderar individualme nte que tal ato não é crime.
Desejo <los ahortistas: não levantar a questão moral O Governo federal, a princípio, determino u ao grupo que di scutirá a desc rimina li zação do aborto não colocar e m questão a moralidade d a prática, e s im seu efeito sobre a saúde pública. Com isso, os setores envo lvidos com o ass unto pretende m minimizar a pressão de grupos re li g ioso~, notad amente a Igreja Católica, contra a legalização do aborto". 10 Os ativi stas pró-aborto sabe m que o tema desagrada à maioria, e que seu movimento é mino ri tário. Mas levantar o espectro do poder dos cató licos como ameaça às liberdades c ivis, procura ser uma bandeira que congregue maior número de adesões na opini ão pública. 11 Tendo, assim, inic ialmente excluído a participação de o rga ni smos reli g iosos na com issão que reverá a legis lação do aborto, o Governo recuou posteriormente, e inc luiu nessa com issão o Conselho
Naciona l de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) , que eng loba, a lém da CNBB, mai s seis confi ssões reli g iosas: a c hamada ig rej a c ri stã reformada, a episcopal anglicana, a evangélica de confi ssão lu terana, a metodista, a presbiteriana e a o rtodoxa (c ismática) . A te ndê ncia de não inc luir na temáti ca a imprescindíve l questão mora l corresponde à o rie ntação, por exemplo, da NARAL (National Abortion anel Reproductive Right Action League), a mais importante organização pró-aborto nos EUA. Seu pres idente Lawrence J. Lader pertence à linha "ecológica", que considera a presença do homem uma ameaça ao equilíbrio eco lógico do mundo. Nos anos 1930-40, e nvo lve u-se com o movi mento Crescimento Populacional Zero, e em 197 1 escreveu a obra Breeding Ourselves to Death (Reprod uzindo- nos para a morte). A idéia de Lader e de NARAL é não e nfocar o debate diretamente na questão do aborto.
Além <le vítimas de homicídios, priva<los da visão heatílica Há um dado essencia l, na polê mica sobre o aborto, que é c uidadosamente si-
CATOLIC ISMO
le nc iado pe los me ios de comuni cação: o fim último do home m. Todo ser humano tem uma a lma imortal , sendo seu fim transcende nte Deus. As re lações de cada a lma com Deus são um mi stéri o que paira absolutamente acima do desenvolvimento mais ou me nos perfe ito de sua sensibilidade, e mesmo de sua inte ligênc ia. Essas relações começam j á quando a cria nça está sendo formada no seio materno. Deus disse a Jeremias:
"Antes que saísses do seio m.aterno, Eu te consagrei" (Jer 1,4). Também Isaías exc la ma: "Atendei, ó povos distantes! Yavé me chamou desde antes do meu nascimento, desde o seio de minha mãe me chamou por meu nome" (Is 49,l). E nsina a Igreja Católica, depositária da Verdade revelada, que as cria nças que morrem sem o batismo não podem a lcançar a visão beatífica. Ainda que não tenham sequer aberto os o lhos à vida, e conseqüentemente não tenham cometido qualquer pecado atu a l. O li I Catecismo da Doutrina Cristã é claro quanto a esse ponto: "567 - É necessário o batismo para salvar-se? R: O batismo é absolutamente
necessário para salvar-se, tendo dito expressamente o Senhor: quem. não renascer na água e no Espírito Santo não poderá entrar no reino dos Céus". 12 Além de serem privadas da vida, as crianças abortadas sem o batismo, sobretudo ficam privadas da visão beatífica
Anencel'alia, atual "camlo <le hatallla" dos ahortistas O sig nificado literal de "anencefálico" é "sem cérebro". M as o termo não é apropriado, porque as crianças com esse defeito congênito tê m uma parte do sistema ne rvoso central, que lhes permite mante r o coração, os pulmões, rins e fígado funcionando. A cri ança anencefáli ca não pode ver, ouvir, ne m mesmo sentir. Também não pode pensar, pelo menos no sentido comum da palavra. Por tudo isso, afi rmam a lg uns que são "mentalmente mortos "; o utros considera m o a ne ncefálico um "sub-hum.ano", e chega m a afirmar que a criatura assim concebid a no seio materno é inferi or a um
"macaco saudável" . 13 Atua lmente a ofensiva midi ático- leg is lativa para impo r uma ampli ação dos casos de abo rto legal é centrada e m torno do tema da interrupção da gravidez nos casos de diag nóstico de a ne ncefalia. Co loca-se assim uma questão especia lme nte delicada para as consc iênc ias católicas. Com efeito, encontrarão na sua luta contra essa le i "a li ados" que de fato não o são. Trata-se de um importante setor do a mbiente médico que propugna que a grav idez de tais fetos seja levada a termo, e que nasça m vivos para se poder ime di atamente arranca r- lhes os órgãos vita is (coração, pu lmão, fígado, rins) com fins de trans plante para o utras crianças doe ntes.
Médicos, mas tamhém inescrupulosos e algozes Os órgãos da criança que assim nascesse, graças aos bons ofícios desses come rc ia ntes da vida, seriam co letados como se o recém-nascido fosse uma espéc ie de "g ranja de órgãos", não uma vida humana com um fim natural e sobrenatural , a ser respeitado acima de Ludo. Ex iste uma fo rte pressão desses setores para q ue sejam modifi cados os critérios éticos e legais que impedem retirar os órgãos vitais da criança anencefál ica ainda viva . Nos EUA, por exem plo, o
Conselho de assuntos éticos e jurídicos havia estudado, em 1988, os aspectos éticos do uso de órgãos dos neonatos anencefáli cos, concluindo ser eticamente aceitável retirar ó rgãos dos anencefá li cos só depo is de mortos . Em 1994, de poi s de um
a no ele discussão, o Conselho mudou s ua posição e decidiu que "é eticam.ente acei-
tável retirar órgãos vitais de anencefálicos ainda antes da sua mor/e''. Como a le i atual considera que a mo rte ocorre quando se produz a parada cardíaca o u o desaparec ime nto de toda fun ção cere bra l (eletroencefalograma "chato "), coloca-se para eles o probl ema de que o recém-nascido vivo a nencefá li co tem atividade cerebral e seu coração a inda bate. É necessário, portanto, que a le i "ab ra uma exceção" e permita a retirada cios órgãos de uma criança a inda viva. O leitor pode fac ilme nte ver as desconfi a nças que desperta essa co rre nte, pois a conclusão imedi ata do público ante essa proposta tem s ido a pe rg unta óbv ia: se a regra "doador morto" é violada uma primeira vez, quais serão as vítimas da próxima te nebrosa "exceção"? C rianças com o utras doenças graves, velhos que não podem valer-se por si mesmos, qual quer indivíduo e m "estado vegetativo" prolongado?
Inexiste vida ill(/igna (/e ser vivi<la Também aq ui , embora todos os aspectos levantados sejam extremamente g raves, o problen1a central para urn cató lico não é esse. É fato que muitas de tai s c ri anças nasce n1 já mortas; a maioria vive un1as poucas ho ras; algu 1nas vivem dias, semanas e até meses . O que se eleve ter Primeiramente em conta são as misteriosas relações da c riança com seu Criador, que lhe deu a vida. Afirma o Dr. AlbertNieclermeyer, Doutor em Medicina, Fi losofia e Direito, Catedrático da Un iver idade de Viena: "A
vida psíquica dos mentalmente mortos apresenta muitos enigmas não resolvidos. Em alguns casos Lêm-se revelado fatos surpreendentes ao descobri,; ante a morte iminente, uma exuberante vida anímica soterrada sob a supe,j(cie, inclusive em e11fermos dementes em absoluto. Também não sabemos o que ocorre com o moribundo. Só pressentimos que precisamente os instantes últirnos são para ele de importância decisiva, e que em alguns podem ainda trazer uma pletora de abundantes graças. [. .. ] E o homem priva seus semelhantes desses momentos decisivos da graça, por crer que pode abreviar sua vida
~
~ ] "B
c'.l ~
..g
ê
~
l•a.f.. ;:;~ _ ...-.. o
uns segundos, imaginando talvez que com isso lhes presta um bom serviço. "Sob o ponto de vista sobrenatural, não há vida indigna de ser vivida. Ao e,~fermo aparentem.ente mais perdido são aplicá.veis as inspiradas palavras de São Tomás: 'É melhor para ele ser assim do que não ser em abso7uto' (meliu s ei s ic esse quam penitus non esse) .
Para compreender esta sentença, é indispensável poder conceber que todo ser (esse) representa urna participação no ser de Deus. [. .. ] Proposição misteriosa, que para a arrogância humana, incapaz de elevar o olhar acima do terreno, poderá parecer loucura e escândalo,
O direito à vida é de Direito divino e também de Direito natural, portanto, uma obrigação geral e inalienável.
mas que na realidade nasce de uma profunda sabedoria". 14
Pais de a11e11ccl'álicos: situação fJSicológica É muito duvidoso, por fim , que seja um benefício à saúde psíq ui ca da mãe poupar-lhe o trauma ps icológico ele levar no seu seio um filho g ravemente doente. D iz o Dr. Eugene F. Diamond, M .D. , Professor da Pediatrics Loyola St ritch
School of Medicine: "Não está provado clinicamente que seja benéfico para a mãe abortar em tais circunstâncias. Não Abril2005 -
1
. de da Terra para suportar a população humana é muito limitada, entre um e doi s bilhões de pessoas. Muitos crêem que isso os leve a advogar a extinção da humani dade, por ser predatóri a da natureza. De fato , algun s deles pensam assim, mas seria uma extinção voluntária, consi stente em renunc iar a ter filhos. 18 Qualquer que seja, no entanto, o impulso que leva a essa ação cri mino a contra os ainda não nascidos, toda essa ofensiva te m sua raiz naquele que é o "homicida desde o princípio " e o "pai da mentira " 19 , ou seja, o demônio. Foi o demônio que inci tou Caim a mata r seu irmão Abel, e desde então a maldi ção do homi cídio pesa sobre a s ua raça. Essa raça fun dou, como ens ina Santo Agostinho , a
"Cidade do Hom em., em contraposição há Sl/fteientes dados para provar isso. [. .. ] É sem dúvida muito traumático para os pais saber que eles têm um.filho anencefálico. [. .. ] Se bem que a atitude convencional seja manter o .filho anencefálico separado da mãe, existem. graves dúvidas com respeito aos benefícios derivados dessa estratég ia de negação. A experiência de apoio aos pais de crianças com defeitos graves ele nascença tende em geral a indicar que existem e.feitos saudáveis em levar os pais a reconhecer a realidade de sua relação corn o menino, por meio de atos como dar a ele um nome, e abraçá-lo enquanto ainda está vivo. O 'processo do luto', quando é ef etivado e não recalcado ou suprimido, pode ser uma parte integrante ela aceitação e da cura .final". Observa o Dr. Di amond: É curioso que "o apoio aos pais dos meninos nascidos com anomalias congênitas é dado tipicamente por neonatalistas, pediatras, assistentes sociais, psiquiatras, ao passo que a proposta do aborto por meio do parto induzido vem. normalmente do obstetra" . 15 Voltamos ass im à conclusão ini cial , de que o direito à vida é o mais primitivo do homem, e fundamento dos demai s diJeitos humanos, tanto no que se refere ao direito natural quanto ao dire ito positivo. Não é poss ível salvaguardar os direitos humanos sem que se lhes anteponha sempre o respeito ao direito à vida, e com isso o respeito ao Criador e Conservador da vida. O direito à vida é juris divini, portanto de obri gação geral e inalienável. CATOLICISMO
Por trás do aborto, a eugenia dos darwinistas e nazistas Ante a constatação da existência de uma rede mundial pró-aborto, que atua de modo organizado e usa os mesmos slogans e táticas, surge a pergunta: o que impul siona tai s militantes a aderir e a colaborar com essa infame causa? Várias respostas poderiam ser apresentadas: a - Alguns consideram pesados os sacrifícios e as responsabil idades da paternidade, carga que não estão dispostos a suportar. Consideram os filhos um impedime nto para o gozo dos prazeres da vida. O fator deci sivo para eles é o egoísmo. b- Outros justificam sua posição criminosa de modo mai s profundo: rebe lamse contra a sabedori a de Deus e julgamse no direito de escolher entre manter ou tirar a vida dos filhos que concebem. e - O movimento abortista tem uma ideo logia oculta, denominada eugeni a, que deseja impor suas idéias no mundo inteiro. São seus objetivos: favorecer as raças e pessoas chamadas superiores eugeni smo positivo ; fazer desaparecer as raças e pessoas chamadas infe riores eugen ismo negativo. A eugeni a era praticada pelos pagãos, inclusive os considerados altamente civili zados , como gregos e romanos. Foi a Jgreja Católica, ensinando gradativamente aos bárbaros o alto valor da vida hu-
à Cidade de Deus ". Naquela cidade o a li cerce é o egoísmo, o "amor ele si é levado até o ódio a Deus " e a seus divinos mandamentos. •
mana e seu destino eterno e sobrenatural , que lhes incul cou ao mesmo tempo o horror ao aborto e ao infanticíd io. Quando a c ivilização ocidental e cristã começou a se afastar de Deus, o aborto começou a ser praticado com Freqüênc ia cada vez maior. E no sécu lo XIX a eugenia fo i "redescoberta" por Darw in , cuj a teoria evoluci oni sta de "seleção natural" pro-
cura ex plicar a form ação de raças superiores e inferiores: "Entre os selvagens,
os corpos ou mentes e1~/ermos são rapidam ente eliminados. Os homens civilizados, ao contrário, constroem asilos para os imbecis, incapacitados e enf ermos, e nossos médicos aplicam o melhor do seu talento em conservar a vida de todos e de cada um, até o último momen-
to, permitindo assim que se propaguem os membros fracos das nossas sociedades civilizadas. Ninguém que tenha trabalhado na reprodução de animais do mésticos duvidará de que isso é sumamente prejudicial à espécie humana ". 16
Movimentos abortistas e henleiros da eugenia nazista In staurada co mo po lítica oficial do nazismo de Hitler, a e ugenia sobrev iveu à queda do Terceiro Re ich. Re fu giou -se e impl antou sua base doutrinária em movimentos co mo Planned Parenthood e instituições da ONU , co mo UNICEF, a lém de uma longa li . ta de mov imentos partidários da eugenia. Margaret Sanger, ícone do movimento feminista, fundadora da Federação Internacional de Planejamento Familiar (Planned Parenthood fnternational), apresentou sua ideologia nazista no livro " Pivô da C ivili zação": "Os seres sadios devem pro-
criar abundantemente, e os ineptos devem abster-se. [. . .] Este é·o principal o~jetivo do controle da natalidade. Mais filhos dos saudáveis, menos dos incapazes [. .. ] para criar uma raça de puro-sangue". 17
0
O movimento eco lógico, na sua radi calidade, constitui outra ideo logia aparentada com a anterior. Sua ex pressão doutrinária mais extre ma, denom in ada "ecologia profunda", afirma que a capac ida-
Notas: 1. " O Es1ado de S. Paul o", 10- 12-04. 2. " O Es1ado de S. Paulo'·, 7-8-04. 3. " O Estado de S. Pau lo", 17-8-04. 4. "O Estado de S. Pau lo", 20-8-04. 5. C rr. Simone l wasso , in "O Es tado de S. Paulo" , 1°- 10-04. 6. " O Estado de S. Pau lo" , 2 1- 10-04. 7. C fr . Declaraçüo sobre o aborto procurado, de 18- 1 1- 1974, ass inada pelo Cardea l Sepe r, Prercito ela referid a Congregação. 8. N ikki Kalz, Abo rti on stali sti cs, Wor/d - U.S. -
De111ograpl,ics - Rea.1·011s. 9. Forced i\bortio11s i11 A111erica cio Elliot /11sti1111
- Forced Abortio11s i11 A111erica: tl,e f-lidde11 Epidemie (S ping fielcl , IL , 12-6-04). 1O. " Fo lh a de S. Paulo" , 11 - 1-05. 11 . Cír. Free Republic, NARAL, Anti-Catl,oficis111
a11d tl,e Roots of the Pro-i\bortio11 Ca111paig11 , 6-2001 by Robert p. Lock wood, postecl on 97-200 1 PMPDT by elec trnl. 12. T exto do Catecis1110 Maior ele São Pio X , ele 15 ele julho ele 1905, com pequenas adaptações, Edilora Vera Cru z Llda ., São Paulo, 1976. 13. C fr. E. F. D iamond , MD - Ma,1age111 en1 of a
Pregna 11 cy witl, an A 11 e 11 ce ph ali c Baby, www .asfh 1 .com - asf - man arrem ent - o f -, pregnancy l 4. Albert Nieclermeyer, Co111pe11dio de Medicina Pastoral, Barce lona, Ecl. l-l ercler, 1955 , p. 223. 15. E. F. D iamoncl , M.D., op. cil. 16. www .Lrdcl.o rg/eugbr I shtm 17. C fr. Discurso cio Depulado recleral Severino Cava lca nti na sessão ele 13- 12-04. 18. C fr . Dcep eco logy - Wikipeclia , tl, e free enciclopedia, na Internei. 19 . .lo, 8, 44.
Abril2005 -
-
Santo Hugo conselheiro de Papas, imperadores e reis _A bade de Cluny, que levou essa fan1osa abadia a seu apogeu. Foi uma das primeiras personalidades de seu Lcn1po, teve grande influência junto aos Papas e lmpel'adol'cs
Acima, uma dos raros repre sentações de Santo Hugo Embaixo, vestigios da Abadia de Cluny
CATOLICISMO
E PuN10 M ARIA So uMEO
Entretanto, o pai não aprovava ta l idé ia. Hugo deve ria continuar as tradições da família e levá-las a um apogeu. Por isso, fez com que o menino fosse formado em todos os exercícios da juventude nob re daquele te mpo, como domínio do cava lo, ma nejo de armas e prática de caçadas. Hugo, poré m, senti a-se mais chamado a uma vida de piedade e de oração, de acordo com os desejos ela mãe. Enfim ele obteve cio pai o consentimento para fazer seus estudos junto a seu tio-avô, també m chamado Hugo, B ispo de Auxerre e conde de C hâlo n-sur-Saône. Foi a li que ele te ve notícia da ex istência ela Abadia de C luny e de Santo Od il o n, seu abade, bem como ela vida piedosa e penitente que levavam os monges. Embora tivesse ape nas 16 a nos, procurou o abade santo e pediu para ingressar na abad ia. Quando Hugo fo i apresentado à comunidade, um dos monges, inspirado pelo Espírito Santo, exclamou: "Ó bendita
Ordem de Cluny, que recebes hoje em teu seio um tão digno tesouro!"
aos 20 anos e Abaele Geral aos 24 Pl'iOI'
O jovem postulante tinha bom aspecto e um espírito reco l.hicl o mas ale rta, sendo muito bem dotado tanto fís ica quanto in telectua lmente. O conde Dalmácio, porém, não se conformava com a fu ga do filh o. Po r
A
que le que seria um dos mais célebres personagens da Idade Média nasceu em 1024 na pequena loca li dade de Semur, na Borgo nh a fran cesa. Seu pa i foi Da lmác io, conde de Semur, e sua mãe Aremburge o u Adelaide. D izem as crôni cas que, estando e la para dar à lu z, pediu a um sacerdote de vida santa e ilibada q ue celebrasse o Santo Sacrifício e m sua inte nção. No momento da elevação, o celebrante viu acima do cá li ce um me nino de extrema be leza, o que foi para a mãe um presságio de que o filho que lhe e tava por nascer seria um digno mini stro do a ltar.
isso, pa sando perto de C luny, qui s vêlo para tentar conve ncê- lo a voltar para casa. Quando Hu go aparece u com muita modéstia e recolhime nto, vestido com o áspero hábito mo nás ti co, o velho conde viu -o rodeado de uma atmosfera tão sobre natu ra l, que confessou nunca tê- lo visto tão belo. E a pa rtir de e ntão não in sistiu mai s. Santo Odilon viu nesse jove m, tão maduro para a idade, uma g rande promessa. Em vista disso, no meou-o pri or da abadia po uco depois de sua profissão re li giosa, quando Hugo contava apenas 20 a nos de idade. Q uatro anos depois, co m o fa lec imento ele Santo Odilon, Hugo fo i escolhi do pe los 200 monges de C luny Abade e Gera l ele toda a O rde m, pois C luny possuía em toda a E uro pa mui tas abadias que dela de pendiam.
/11ll11e11cia11do os aco11tecime11los ele sua época "Desde então [Hugo] consagrou-se às duas obras de sua vida: a defesa da pureza da Igreja e a organização definitiva dos cluniacenses. Durante 60 anos não haverá acontecimento importante em que não intervenha comprestíg io singular: Enco ntramo- lo nos concílios e nas cortes de reis e imperadores, ao lado dos Papas, nas eleições pontifícias, animando a Cruzada, estabelecendo paz entre os imperadores e os povos que se agitavam na .fi-onteira oriental do Império, co,iundindo os hereges. Percorria em sua mula todos os países [da E uropa] para implantar os princípios renovadores emanados de Roma, depondo os bispos e abades indignos, aconselhando senhores e reis " .
1
Desenho da Abadia de Cluny em sua totalidade
Pouco depois ele sua e le ição para abade, e contando cerca de 25 anos , vemo- lo no Concílio ele Reims ocupando o segundo lugar, logo depois do Papa Leão JX. Em ·seu discurso para a ilu stre assemb lé ia, in crepo u com vigo r os s imoníacos (q ue negociavam com o · be ns da Lg rej a) e os clé ri gos que viviam e m conc ubinato - o que não era incom um naquela época .
De Re ims, Hugo seguiu o Papa a Roma, partic ipando, no caminho, do Concílio de Maye nça. Num conc íli o e m Roma, tratou-se pela prime ira vez da doutrina de Berengário de Tours , o mais a nti go precursor dos e rros de Lutero. Não houve conc íli o o u assembléi a re li giosa impo rta nte na Europa, e m seu te mpo, de que Hugo não parti cipasse ativamente.
Obsuvância elas regras, espfrito 111·0/elico Sob sua direção chegou a tal ponto a observância da regra e m Cluny, que o cardeal São Pedro Damião, legado pontifício na França, afi rmou numa de suas epístolas que os monges podiam fac ilmente não ofender a De us, ne m por pe nsamento, porque estavam noite e dia ocupados no divino louvor. Entretanto, estando Santo Hugo uma vez e m São João d ' Angely, teve um sonho no qual viu um raio caindo sobre a abad ia. Percebeu logo que isso era aviso de uma desgraça que estava por sucede r. Voltou imediatamente a C lun y e reuniu o prior e os antigos do mosteiro para estudarem a possível causa do castigo. Como não chegassem a nenhuma concl usão, e le recorreu à oração, pedindo a Deus que o fizesse conhecer a causa daqui lo. Deus comunicou-lhe que um ele seus monges hav ia cometido e m segredo um grande pecado. Santo Hugo impôs-lhe a penitência dev ida, que o monge contritamente c umpriu, e com isso o flagelo foi debelado. Em outra ocasião, chegando o abade geral à Abadia de C harité-sur-Loire, deu o ósculo da paz a todos os monges, exceto a um noviço. Qu iseram saber a causa, e ele comunicou que o mesmo dedicava-se secretamente à necromancia, ou seja, consultava os mortos, à maneira dos espíritas e outros. O co nhecimento profético do santo abade tornou-se proverbial. Certo dia ele estava com os bispos de Châ lo n e de Mâcon, quando encontrara m um sen ho r que hav ia co me tido oc ultamente um pecado abom inável, que não Linha coragem de confessar. Hugo cha-
ABRIL 2005 -
-
.
mou-o de lado e revelou-lhe seu crime. O milagre cobriu de vergonha o cu lpado, que pediu imediatamente para se confessar. Depois, dizia com finura a todo mundo que era muito perigoso estar na frente de Santo Hugo sem se confessar, pois ele podia ler as consciências. O santo advertia freqüentemente o monge Durando de Bribon, que mais tarde seria Arcebispo de Toulouse, cio vício da crítica e sarcasmo na li;1guagem, pecado esse que São Bernardo chamava de "blasfêmias" na· boca de clérigos ou religiosos. E vendo que ele não se corrigia, predisse-lhe que seria severamente castigado. Não o foi nesta vida, mas na outra. Tendo falecido, Durando apareceu a um monge de C luny com a boca cheia de espuma, os lábios extremamente inchados e trincados, suplicando-lhe que alertasse Santo · Hugo. Movido de piedade, o abade ordenou a sete monges que permanecessem em silêncio durante uma semana, e que orações contínuas fossem rezadas pelo falecido. No fim desse tempo Durando apareceu novamente ao dito monge, dizendo que só não Linha sido libertado do Purgatório porque um dos sete monges havia quebrado o silêncio. Retomado por uma semana mais, Durando apareceu novamente ao monge, desta vez radiante ele glória, para agradecer a Santo Hugo e a toda a comunidade, e comunicar que subia ao Céu.
Trato com os grandes da 1'el'ra O Imperador Henrique Ili tinha por Santo Hugo profunda ad miração, como vemos por esta carta que lhe escreveu: "Receber tuas cartas é um dos meus maiores con./en.tamentos. Sei muito bem o ardor corn que te entregas às coisas divinas, e por isso agradeço mais ainda essa bondade que le inspira Janto inleresse por nossas pobres coisas. Nada tenho que dizer à negativa que me fa zes de
CATOLICISMO
vir à corte, alegando a distância; eu te perdôo, mas com a condição de que venhas a Colônia a fim de tirar da pia batismal e cobrir com. tua bênção paternal o.filho que me acaba de nasce,: E, expiada a levedura de meus pecados, possa eu receber de luas mãos o pcio da glória celesle".2 Grande graça a desse menino, futuro Imperador Henrique IV, de ter
São Gregório VII, discípulo de Santo Hugo de Cluny
como padrinho um Santo! "Ele passou a Páscoa nessa cidade íColônia], onde os alemcies ncio podiam deixar de admirar a doçura de sua conversaçcio, as graças de seu semblante, a gravidade de seus coslumes ern uma idade tcio pouco avançada, pois o santo abade ncio tinha ainda 30 anos". 3 Pouco depois, Santo Hugo teve que correr à Hungria para reconciliar o Rei André com o Imperador. Na terrível controvérsia levantada mais tarde pelo seu afi lhado Imperador Henrique fV contra São Gregório VU, seu antigo discípulo em C luny, Santo Hugo precisou empregar toda sua diplomacia para permanecer fiel ao amor que devia ao primeiro, e mantê-lo na subm issão que o imperador devia ao Soberano Pontífice em matéria religio a e moral. Utilizou o créd ito que gozava junto à famosa condessa Matilde, para ob-
Maria Teresa de Habsburgo, Imperatriz do Sacro Império
ter a reconci Iiação do Imperador com o grande São Gregório VU.
Mcsuc de l'llturos Pa11as cluniaccnscs Ana li samos em outro artigo4 o papel que Cluny e seus cinco santos abades desempenharam na formação ela Idade Méd ia. No tempo de Santo Hugo, o prestígio de Cluny chegou ao auge. Além do monge Hildebrando (São Gregório Vfl), mai s dois cluniacenses subiram ao sólio pontifício nas sendas daquele grande Pontífice : o monge fardes de Lagery (Bem-aventurado Urbano II, o Papa que impul sionou as Cru zadas) e o monge Ranieri (Pascoal li, que teve de enfrentar e submeter 3 antipapas). Urbano If, indo à França para o Concílio de C lermont, passou antes por C luny, a fim ele benzer o altarmor ela nova igreja que Santo Hugo havia ed ificado, a maior da C ri standade na época, superada posteriormente apenas pela Basílica ele São Pedro, em Roma, e demolida durante a malfadada Revolução Francesa. O Papa levou consigo ao concílio Santo Hugo, sendo neste decidida a primeira C ru zada. Pascoal li quis também rever C luny depois de elevado ao Papado, e re novou, como fizera ig ual mente Urbano fl , todos os privilég ios que haviam sido co nced idos por São Gregório Vll a Clu ny. 5 Santo Hugo entregou sua alma a Deus no dia 29 de abri l de J 108, com a idade de 89 anos. • E-mail do autor: prn so li rneo@cato lic ismo.co m.br
Notas: 1. Fre i Justo Perez de Urbe!, O .S.B., A,io Cristiano, Ed ic ioncs Fax , Madrid , 1945, tomo li , pp. 204-205. 2. ld ., ibidem. 3. Lcs Petits Bollandistes - Vies de.,· Sai11t.1·, Bloud ct Bam,I, Paris, 1882, tomo V, p. 74. 4. Catolicis1110 nº 575, novembro/1998, artigo sobre Santo Odon. 5. Pe. S im o n Martin , Vi es eles Sai11t.1·, lmprimerie de Madame Laguerre, Bar- leDuc, 1859, tomo li , p. 37 1.
/
U nica 1nulher da dinastia de llabsburgo que subiu ao trono imperial, Maria Teresa é considerada a resLaul'aclora dessa nobre estirpe e uma das n1ais extraordinárias governantes de Lodos os tetnpos
J OSÉ M ARIA DOS SANTOS
a ria Teresa, filha do Imperador Carlos V L, do Sacro Império Romano Alemão, e ele sua esposa El izabeth von BraunschweigWolfcnbÜtte l, nasceu e m 13 de maio de 1717. Em 171 1 hav ia fal ec ido seu irmão, o Arquiduque Leopoldo, único filho de Carlos VI. Por isso, prevendo que poderia não ter o utro filho cio sexo masculino , o so berano promulgou a famosa Pragmálica Sanção , pela qual, nesse caso, o trono poderia passar para uma filh a. Tal sanção foi aprovada na época por quase todas as monarquias ela Europa. Ora, Maria Teresa, apesar de se tornar assi m herde ira do trono, não fora educada para governar. Sua juventude, despreocupada e pura, passara no estudo elas artes e das línguas. "Ademais de sua língua materna, o alemcio, falava com inleira facilidade latim, fiwi cês, italiano e castelhano; a Hislúria era uma ocupação favorita de seu apetile de saber; cantava e tocava com maeslria, e bailava com graça". 1 Pensava seu pai que ela deixaria nas mãos do marido o governo, e que cuidari a apenas elas questões sociai s e filantrópicas. Porém, o marido - o Duque Francisco Estêvão ele Lorena, com quem se havia casado em 1736 - era desprovido do necessário tino para o governo de um império. Maria Teresa viu-se, assim, na contingência ele aprender por si mesma a difícil arte de governar.
A Al'q11i<luqucsa ascende ao tro110 cm <lificul<ladcs Para agravar a situação, "durante os últimos anos do reinado de seu pai, duas guerras tinham já deixado o Império comprometido finance iramente e com um ex'l!rcito e11fi"aquecido. [. .. ] Sem dinheiro e umforte exército, desprovida do conhecimenlo dos assunlos de Estado, Maria Teresa soube que tinha que co11fiar somenle em seu julgamento e força de caráter". 2 Assim, ao fa lecer Carlos VI em 1740, Maria Teresa subiu ao trono aos 23 anos de idade. "No próprio dia da
........................ "Ademais de sua lín. gua materna, o alemão, falava com inteira facilidade latim, francês, italiano e castelhano; cantava e tocava com maes. tria, e bailava com graça"
........................ ABRIL2005
-
-
morte de seu pai, ela recebeu a homenagem dos Conselheiros Privados e da nobreza como Rainha da Hungria, Rainha da Boêmia e Arquiduquesa da Áustria; e na primeira reunião de seu gabinete expressou sua determinação de manter em sua integridade cada direito que ela havia herdado. Todos admiraram sua .firmeza, dignidade e força de espírito". 3 Mas as coisas começaram a piorar. O Príncipe Eleitor da Baviera, não reconhecendo a Pragmática Sanção, reclamou o trono para si, pois era descendente de uma filha do Tmperador José I, innão de Carlos VI. Ao mesm~ tempo, "ultrapassando as normas de moderação de Luís XV, [o genera l] Belle -lsle estabeleceu com a Prússia, a Sáxônia, a Espanha, a Polônia, a Sardenha e a Baviera uma grande coa/izão contra a Áustria, cada um dos coligados tendo a esperança de lhe arrancar algumas belas provú1.cias".4
Firmeza da lmperatl'iz entusiasma seus súditos Frederico II, re i da Prússia, invad iu e anexou a Silésia. Simultaneamente o exército francês , comandado por BelleIsle, invadiu a Boêmia, tomando Praga em 26 de novembro de 174 1. Começou assim a Guerra de Sucessão. Foi nos seus territórios hereditários que Maria
O Rei Frederico da
Prússia, fez de Maria
Teresa este elogio: "Ela honrou O trono e seu sexo. Eu guerreei contra ela, mas nunca
e le ito imperador, o que se deu a 4 de outubro de 1745. Mas a luta recomeçou, e foi ape nas a conclusão da paz de Aix- la-C hapelle, e m 1748, que pôs fim à Guerra da Sucessão. Entretanto, mais tarde te ve M aria Teresa que fazer face à Guerra dos sete anos, uma série de batalhas com vitórias e derrotas, que só teve fim com a Paz de Hubertsburg, em fevereiro de 1763. Nas fases em que não estava tratando cios negócios ele guerra, M aria Teresa cuidava dos assuntos do Estado. Assim, em 1753, designou urna comissão para compilarum novo código civil. Em 1768 foi promulgada a Constitutio Criminalis Theresiana, para a le i criminal . Maria Teresa tinha "uma concepção rnatriarcal do pode,; inspirada pelo vigor de sua.fê católica, que impôs à posteridade a imagem de 'mãe dos povos'; um pragmatismo e uma inteligência intuitiva a serviço da consolidação do todo austríaco que, sob seu reino, acabou de se individualizar pela relação com o Sacro Império; uma tenacidade, e11fim, ern.fort!ficar o poder diplomático dos Habsburgos por urna política matrimonial bem calculada, da qual o .florão fo i o casamento de Maria Antonieta com o De(fim [da França] em. 1770".6
Espírito católico
Teresa enconLrou a pri ncipal aj uda contra seus inida grnlJ(/e lmperatl'iz migos . S ua enérgica atitude suscitou um entusiasmo geral. Pois e la tinha "um carisma que lhe perDurante o seu reinado, o comércio marítimo do mitia, nas horas mais difíceis, ganhar o coração fui seu inimigo" [rnpério progrediu intensamente. O exército fo i tarnde seus súditos, em particular dos húngaros ". 5 Asbérn aperfe içoado, tendo como modelo o prussiano. s im , nessa g rave co ntingênc ia, e la fo i à • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Em 1752 ela estabeleceu uma academia mili tar, e dois anos depois uma academ ia de e nHungria e, com o filhinho nos braços, fez em Pressburg patético apelo ao cavalheirisgenharia. Maria Teresa preocupou-se igualúnica verdadeira, não mente com a educação, tendo em vista prinmo desses súd itos. Os magnatas húnga ro , num só brado, responderam que estavam pode ser imposta pela cipalmente as escolas primárias e secunclárias. Empenhou-se para que a Facu ldade ele Meprontos a dar seu sang ue e sua vida "por nossa Rainha Maria Teresa". força, Maria Teresa dicina ela Unive rsidade de Viena , tão A indôm ita soberana viu que era necessáprocurava favorecer a longamente negli genciada, alcançasse grande eficiência. Fundou uma academia para os rio separar da ali ança seu mais poderoso ininobres, o Theresianum, e outra de línguas ori migo, Frederico u, e fez uma trégua com ele ' : conversão de seus sú-
"Como a fé católica, a
cedendo-lhe parte da Silésia. Com isso seu exérc ito pôde reconqui star a Boê mi a, e lá Maria Teresa fo i coroada ra inha em 1743. Com o auxílio dos iJ1gleses, seus aliados, ela derrotou também a Baviera e a França.
ditos ao catolicismo,
e ntais. No campo religioso, Maria Teresa, além mediante argumentos . de dar o exemplo ela mais exata observância e instrução" das no rm as da Igreja, comungando freq üentemente e seguindo os jejuns nos dias • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • prescritos, defendia a unidade da fé no EstaMaestl'ia 11as guerrns do não somente por razões religiosas, mas também e 110s negócios do Estado políticas. Os protestantes que não queriam se conve1ter deveriam em igrar para a Trans il vânia, onde Com a trégua, pôde Maria Teresa trabalh ar seu culto era permitido. para que seu esposo, Francisco Estêvão, fosse
CATOLIC I SMO
Como a fé católica, a única verdadeira, não pode ser imposta pela força, Maria Teresa procurava favorecer a conversão de seus súditos ao catolic ismo, mediante argumentos e c uidadosa instrução.
Atrito com seu /ilho, puseguidor ela Religião Católica Seu esposo, Francisco I, fa leceu repentinamente aos 57 anos de idade, em 1765. Maria Teresa sentiu tanto sua morte, que até o fim de sua vicia, 15 anos depois, manteve o luto. Ela não quis que seu filho mais velho, José, subisse ao trono com poderes ilimitados, pois julgava que seu temperamento era arrebatado e as idéias professadas por ele não concordavam com as suas. Assim, tornou-se e le co-regente ela Áuslria com sua mãe, e Imperador com o título de José H ( l 765- 1790) . De péssimas idéias, ele instalou no lmpério o josefismo, que visava, entre outras coisas, urna Igreja nacional e sujeita ao Estado. Este fo i um cios muitos pontos de atrito entre mãe e fi lho. As Bulas papais somente e ra m tornadas públicas com o consenti mento do governo, e as relações com Roma deveri am ser condu zidas através do Ministério do Exterio r. As Ordens reli giosas fora m limitadas, assim corno os bispados. A imunidade de taxação que gozava o Clero fo i abolida, e adotadas muitas outras medidas persecutórias da Igreja. A Companh ia de Jesus também fo i abo lida. De seu casamento com Francisco I, Maria Teresa teve 16 filhos, seis dos quais portaram a coroa. A fil ha que mais atisfação lhe clava, e com quem ti nha mais afi nidade, era Maria Cristina, casada com o Príncipe Alberto da Saxôn ia-Teschen. E a que mais p reocupação lhe ca usava era a caç ul a, Ma ri a Antonieta, casada com o Delfim ela França, depois Luís XVI. Maria Teresa acon1panhava todos os filhos com seus conselhos, procurando em tudo que seguissem o bom exemplo materno. Inúmeras são as cartas que dirigiu às filhas espalhadas por diversas cortes ela Europa. Enfim, chegou para a grande mu lhe r o ô nus que todos, grande e pequenos, temos que pagar nesta vida terrena. No dia 8 de outubro de 1780 ela participou de uma caçada, tendo sido acometida ele uma gripe na no ite chuvosa. E m virtude da doença, viole nta tosse a e nfraqueceu. Mas fi cou pouco tempo no leito, pondo em ordem seus papé is e consolando seus filhos. Escreveu o testamento, deixando boa quantia para ser dada ao pobres e outra para garantir um mês de so ldo aos so ldados. No di a 25 e la recebeu a Comunhão e, três dias depois, os últimos Sacramentos. Veio a fa lecer no dia 29, aos 63 anos de idade. A essa valorosa Imperatriz, que os historiadores apontam como a salvadora ela dinastia dos Habs-
:e r---
:e burgos num momento em que esta estava para desmoronar, seu pior inimigo, Frederico da Prússia, fez e te elogio: "Ela honrou o trono e seu sexo. Eu guerreei contra ela, mas nunca.fifi seu inimigo". • E-mail cio aulor : josemarja@catolicismocom.br
Maria Teresa, já viúva, tendo à sua esquerda seu filho José, com quem várias vezes entrou em choque, devido à posição dele contrá ria à Igreja Católica
Notas: 1. Juan Bati sta Weiss, Historia Un iversal, Tipog raf"ía La Eclucac ión, l3arcelona, 1930, vo l. X III , p. 2. 2. Maria Theresa, Brian Vin sko , http://www.k in gs.ec1u/ womens_h istory/mari atheres.htm 1. 3. Maria T/ieresa, Klemcn s L Ffler, transc ribed by Gerald Rossi, T/i e Catliolic E11cyclopedia, Volum e IX, Copyrighl © 19 1O by Robert A I pleton ompany, On l ine Eclition Copy ri ght © 2003 . 4. Données encyc lopécl iqu es, copy ri ght © 200 1 Hacheltc Multiméd ia/ Hachelte L ivre. 5. Marie Thérese, h1tp://www.his1oria.presse.fr/data/111ag/66 I/ 66 I08701.hlml 6. Idem.
ABRIL 2005
D11111
-
MEMÓRIA
·
Prevísão de hábil manobra revolucionária A aliança entre Alemanha nazista e Rússia co1nunista, be1n cotno a ruptura de tal aliança em 1941, previstas e documentadas nas páginas de "O Legionário", pela pena de seu diretor Plinio Corrêa de Oliveira JUAN GONZALO LARRAÍN CAMPBELL
T
ranscorrendo neste ano o sexagésimo aniversário do término da II Guerra Mundial, trazemos a lume algu ns prognósticos de Plinio Corrêa de O li veira feitos durante esse conflito, um dos mai s importantes acontecimentos do século passado. Em suas ed ições de fevereiro e abri l/ 1995, Catolicismo analisou a previsão feita pelo Prof. Plinio da eclosão da II Guerra Mundial. E le havia antec ipado também um dos fatos mais vergonhosos ocorrido pouco antes : o pacto Ribbentrop-Mo lotov, o famoso tratado de não agressão entre a Alemanha nazista e a Rússia comunista. Tal prognóstico, realizado com dois anos de antecedência, impress iona por seu acerto. O caráter sensaciona l desta previsão fica patenteado quando se atenta para o fato de que nada então indicava a possibilidade de tal pacto. É eloqüe nte, entre outros, o testemunho publicado na revista francesa "H istorama":
· Gmn<le segreclo, proibi<lo até <le se esc,·ever Em junho de 1941, porém, mais uma vez a op ini ão pública mundial fo i s urpreendida com o ataque, da Alemanha à Rú sia. A respe ito do ca ráter inesperado deste ataque são bem sintomáticas as palavras que o genera l Guderian - um dos mais importa ntes militares nazistas que parti cipara m da in vasão da Rússia - pronunciou em Nuremberg: "Eu percebi o primeiro indício de uma guerra com a Rússia no outono de 1940, depois da visita de Molotov a Berlim. O chefe do Estado Maior, Helder, falou-me de uma operação em estudo, que devia ser levada a cabo por três grupos de exércitos[. .. ]. O segredo era tão grande, que era proibido escrevê-lo em qualquer circunstância. "Fiquei espantado. Pensara que não teríamos que combater senão numa fren te, e que nossa amizade com a Rússia soviética poderia ser salvaguardada". 2 E ntreta nto, aq uilo que surpreendeu o próprio general alemão, e era tido como segredo de guerra pelo alto comando nazista em 1940, já havia sido prognosticado por Plinio Corrêa de Oliveira em 1939. Gu iado pela convicção profundamente racional ela unidade cio processo revo-
luc io nári o e, em conseqüência, da so li dariedade ele fundo ex istente entre seus agentes (no caso, o nazis mo e o com unismo) , e le nunca se deixou enganar pelas dissensões, mesmo as mai s aparatosas, que surgissem entre eles. Al ém disso, compenetrado ele que o móvel profundo dos agentes da Revolução mundia l é destruir a Igreja Cató lica e a C ivili zação Cristã, analisava a situ ação política internacional com esse fundo ele quadro, que ne le encontrava uma inigualável solidez de princípios, podendo assim discernir e denunciar os desígnios mais ocultos da Revolução com um acerto nunca desmentido.
dentro da Alemanha, o que foi torn ando cada vez mais difícil alcançar a meta revolucionária de conqui star o mundo através cio sociali s mo pareio. Tornava-se necessári o dissociar o nazismo do co muni smo, ele maneira que este fi casse ao lado dos vencedores (a li ados) e se tentasse por meio do com uni smo o ava nço da Revolução no mundo. Como di ssociá- los? Fazendo a Alemanha atacar a Rússia. Foi precisamente o que ocorreu. Con tinuando, passamos a documentar o itinerári o das hipóteses que conduz iram o in signe pensador cató lico a formul ar esta previsão. 3
Basti<lores <la ruptura <la Alemanha com a Rússia
1- É possít1el que llitle,, e Stalin bl'i11que111 <le inimigos
No caso do vaivém nazi-comunista, para os interesses ela Revolução mundial a vitória podia ser outorgada a um ou outro, dependendo das circunstâncias do momento. Apesar das imensas va ntagens que a A lemanha obteve ali ando-se à Rússia, desde 1939 o Prof Plínio Corrêa de Olive ira começou a alertar os espíritos para uma eventual ruptura teuto-russa, que termino u por se concretizar em junho de 194 1. D urante esse período, a impopu laridade do nazismo ia crescendo, inclusive
Em artigo sign ifi cativamente intitulado "Confusão", no qual analisa os movimentos de bastidores da po lítica internaciona l, Plinio Corrêa ele Olive ira levanta a hipótese ele que Hitler e Sta lin voltem a fingir que são inimi gos: "Não há, no jogo de parceiros f eito
pelos dois ditadores totalitários, pelo ditador rubro e pelos ditadores demo cráticos, nenhum interesse ern desmascarar de tal forma a recíproca solidariedade. Foi uma inabilidade, sob este
Analisando o horizonte dezembro de 1940 o Pr do vaivém germano-ru
situa~ão mundial, em linio revelou a falsidade (Na foto, o ditador nazista)
"Quando foi conhecida na França e na Grã-Bretanha, no mês de agosto de 1939, a assinatura do pacto de aliança germano-soviética, triunfo da diplomacia de Berlim, a opinião pública.foi traumatizada. [. .. J O pacto germano-soviético surpreendeu a diplomacia ocidental em 1939". 1
De alcance não menor que a referida acima, foi a previsão fe ita pelo Prof. Pl inio da ruptura teuto-russa, como manobra revo luc ionária montada pour épater
les bourgeois. Nos dois primeiros anos da guerra, a ali ança naz i-co munista ajudou muito a
CATOLICISMO
Hitler. De fato, contando com a neutralidade ru ssa, os exérc itos nazistas, após co nqui star a Po lôni a, atacaram os Bálcãs e se apoderaram da Tchecoslováquia. Sem preocupação com a frente oriental, concentraram seus esforços na co nqui s-
Assinatura do pacto Ribbentrop-Molotov. Ninguém imaginava que pouco tempo depois ocorreria a ruptura teuto-russa
ta da Europa ocidental , invadindo a Holanda e a Bélgica para dominar a França e atacar a Inglaterra. ABRIL2005 -
-
'
. '
'
. .
.
'
.
' .
'
~
.
....
.
. '
.·
'
,,
.
'
)
'
'
Como Plinio Corrêo de Oliveira previra, a Alemanha rompeu o trotado assinado com o Rússia e o invodeu em junho de 1941
'
1
, .
•,,
.
,
' ''
.
' '
'
.
.
'
te lhes causará surpresa: no pé em que estão essas relações, tanto é possível que durem longamente quanto que, de repente, a Alemanha agrida a Rússia. E tudo isso sem que tleixe de ser perfeitamente real a simbiose nazi-comunista. Qui vivra verra". 8 No mês seguinte, a Alemanha in vadia a Rúss ia ...
Jol'nalista autenticamente contra-1·evol11cionário A propósito da previsão desse ataque, c ujo conhecimento prévio espantara até o general Guderian, o Prof. Plin io Corrêa de Oliveira, 40 anos depois, co nversando co m um ami go, co me ntou:
"Eu me lembro petfeitamente de mim m.esmo escrevendo os '7 dias ern Revis/a ' [nome de uma seção de "O Legionári o"]
ponto de vista, o pacto teuto-russo. É possível que, dentro em breve, Hitler e Stalin brinquem novamente de inimigos, 'pour épater les bourgeois' e despistar o público". 4
2- A mascarada nazi-soviética pocle recomeçar Perscrutando o horizonte da situação mundial , em dezembro de 1940 o Prof. Plinio reve lava a fals idade do va ivém teuto-russo, levantando novamente a hi pótese de uma eventu al ruptura:
"A política internacional continua cheia de mistérios, entre os quais o ma.is importante é o das relações teuto-russas. As duas potências totalitárias parecem estar representando para o mundo inteiro uma farsa de esconde-esconde. Ora deixam cair a máscara. de sua pseudoincompatibilidade e apresentam ao público suas.faces idênticas de irmãs sia-mesas, ora cobrem-se novamente com a máscara de inimigos iracundos, e ameaçam travar entre si uma luta de morte. No meio de tudo isto, o público crédulo e ingênuo fica sem saber o que pensar. E assim, a mascarada. vai continuando CATOLICISMO
bem pode ser que Moscou. e Berlim reencetem a comédia de seu recíproco antagonismo, com a qual tão sensíveis vantagens auferiram. algum tempo atrás". 6
ereto nunca houve luta e nada havia a ama inar) por interesses políticos de momento, poderia. de um instante para outro readquirir novo vigor, sendo muito do f eitio do ditador nazis/a dar um golpe rijo no comunismo, apresentar-se assim à humanidade como um novo Constantino, e, prestigiado pelos louros desta vitória 'cristã', empreender mais resolutamente do que nunca a guerra ao Catolicismo". 7
3- Guerra co11tra o catolicismo: meta última ele Hitler
4- Ruptura da colaboração germano-soviética
enquanto os atuais senhores do mundo quiserem.".5 E uma semana depo is, in sistia: "O Legionário já tem cifirma.do reiteradamente que a mascarada nazi-soviética p ode de um momento para outro recomeçar, e que, hoj e ou amanhã,
Fi nali zando o ano 40, prog nosticava:
"No momento em que escrevemos, os j ornais acentuam. as perspectivas de agressão nazista. à Rússia, aberta pela invasão dos territórios húngaros e romenos por tropas alemãs destinadas, ao que parece, a uma grande ação militar de fins ainda ignorados. "O Legionário já teve ocasião de dizer insistentemente, em ma.is de um de seus números, que a hostilidade fictícia. do nazismo contra o comunismo, amainada oficialmente (oficialmente, sim, e só oficialmente, pois que no terreno con-
Um mês antes da agressão nazista, o Prof. P linio prenunciava, contra todas as ex pectativas , que a A le manha poderi a atacar a Rúss ia:
"Corno todos vêem, a colaboração germano- russa está atingindo seu auge pela inlervenção aliva da Rússia, ao lado da Alemanha., na política asiática. "O Legio nário j á previu longa.mente tudo quanto se está passando. E, exata.mente agora, quando parece ter chegado a seu zênite esta colaboração, permitimo-nos adiantar mais wna coisa a nossos leitores, coisa esta qu.e certamen-
de 18-5- 1941, prevendo a ruptura gennano- russa, na minha velha máquina de escrever, às pressas e pensando comigo mesmo: 'Com esta previsão que eslou fa zendo, e que vai se cumprir, se eu fosse um j ornalista. revolucionário de um jornal qualquer, eu ficaria fam oso no mundo in teiro. Mas eslou escrevendo isso, e nin guém dará a mínima importância ". É certo que altos poderes do mundo atual , estando e m mãos re volucionárias - sejam quai s sej am as co res com que se apresentam, as metamorfoses que se vêe m ob ri gados a reali zar, e os retrocessos tát icos mai s inespe rados a qu e tenha m que recorrer - , têm fe ito todo o poss íve l para sil enc iar a voz cio ún ico varão que de nunc iou e desvendou a Revo lução e m toda sua ampli tude. Não podendo si lenciar compl etamente essa voz, tê m procurado desfigurá- la, diminuí-la, desv irtuá- la e persegu i- la, para tira r-lhe a plenitude de sua combatividade co ntra-revo lu c ionária. Mas não te mos a menor dúv ida em nosso coração de que dia virá, como Nossa Senhora prometeu em Fátima, em que tais poderes revoluc ionários erão pulverizados com o triunfo de seu ]macu lado Coração. E que, a partir desse momento, Plinio Corrêa de Oliveira será reconhec ido, por um mundo regenerado, como o homem providencial , o autêntico guerreiro e guia da Contra-Revolução. 9 • E-mail do autor:
Notas: 1. " J-listorama", Pari s, nº 280, p. 97. 2. Ray nard Ca rti er, Co111111e11t Hi tler a percl11 la bataille de Moscou, " Hi storama", nº 246, 5/ 72, p. 58. 3. É prec iso dei xar claro que a ruptura naz i-comuni sta não in va li dava a tese da uni ão ideo lógica de fu ndo de ambos os regimes. Co m eícit , isto foi provado ad 11 a1.1sea111 pela atitude de Hit ler dura nte a guerra, es pec ialmente a partir de 1943, quando co ncentrou todos os seus esforços na frente oc idental, dei xa ndo prati ca mente a Rú ss ia l ivre para co nqui sta r os países ela Europa oriental , onde estabeleceu sua tirania vermelha dura nte mai s ele 40 anos. Na ocas ião, o Prof. Plíni o Co rrêa-de O li ve ira es-
4. 5. 6. 7. 8.
9.
creveu vá ri os arti gos sustentando essa lese, que a Hi stória se encarregou ele confirm ar. Co11Ji1são, " L eg ionári o", nº 366, 17-9- 1939. 7 dias e111 revista, " L eg iomí ri o", nº 429, 1- 121940. 7 dia .1· em revista, " Leg iomíri o", nº 430, 8- 121940. 7 dias e111 revista, " Legionári o", nº 433 , 29- 121940. 7 dias e111 revista, "Leg ionári o", nº 453, 18-5194 1. Todas as referências neste arti go às pa la vras " Revolução" e "Contra-Revo lução" são empregadas no senti do que lhes deu Plíni o Corrêa de Oli ve ira em sua obra Revolução e Contra -Re-
volução.
ABRIL2005 -
5 Santa Juliana ele Cornillon, Virgem + França, 1258. Religiosa agostiniana, grande devota da E ucari stia, Deus comuni coulhe o desejo de ter uma fes ta dedicada ao Corpo de Cri sto.
6 São Marcelino ele Cartago, Mártir + África, 413. Representante
1 São Macário, o Milagroso, Abade + Ásia Menor, 830. Abade de Pelecete, nas proximidades de Constantinopl a, fa moso pelos mil ag res que operava. Fo i duas vezes ex ilado pelos imperadores bizantinos contrários ao culto das imagens.
Primeira Sexta-feira do mês
2 São Francisco de Paula, Confessor + Pless is, 1508. Italiano, fun do u a Ordem dos Mínimos. Luís XI obteve do Papa que o e nviasse à França, a fim de prepará-lo para a morte.
Primeiro Sábado do mês
~J São Rjcardo de Chichester, Bispo + Ing laterra, 1253. Chanceler da Universidade de Oxfo rd , co nselhei ro dos Arcebispos de Cantuári a São Ed mund o R ich e São Bon ifácio, teve que lutar contra a prepotê ncia do Rei Henrique III.
4 Neste ano: i\NUNCI/\ÇÃO DO AN,JO E l•:NC/\RN/\ÇÃO DO VERBO São Benedito. o Mouro. Confessor + Pa lermo, 1589. Escravo liberto, irmão le igo e coz inhe iro cio co nve nto franc i cano de Pa lermo, por sua virtude e prudência fo i esco lhid o como s u pe ri o r, apesar de ana lfabeto.
do Imperador Honório na África para faze r cessar a agitação produzida pelos hereges donati stas, os quais mand aram assass iná- lo ao lhes propor o retorno à verdadeira fé.
7 Santo Henrique Walpole, Mártir + Inglaterra, L595. Reconciliado com a Igreja após ter aderido ao cisma de Henrique vm, fo i ordenado em Roma no Colégio cios [ngleses . Como jesuíta, voltou ao seu país, onde socorria os católicos perseguidos.
8 São Dionísio, Bispo + Corinto, J 80. "Devido à ciência e à graça de que foi dotado, [. .. ] ilustrou o povo não somente da sua cidade e província, mas [. .. ] também bispos " (Do Martirológio) .
9 Santa Cacilda, Virgem + B urgos (Espanha), 1007. Fi lha do re i mouro de To ledo, converteu-se ao beber a ág ua milag rosa do poço de São Vicente.
10 São Terêncio e companheiros mártires + Cartago, 250. Na perseguiteção cio Imperador Déc io, esses 40 cristãos preferiram a morte a sacrificar aos ídolos.
11 Santo Estanislau, Bispo e Mártir + C racóv ia, 1097. Grande defensor da moral cató li ca e
santidade do matrimônio, foi assassi nado pelo rei Boleslau U, porque o increpava de levar vida desregrada.
12 São ,Júlio 1, Papa + 352. Defendeu o mistério da Santíssima Trindade contra os hereges. No Concíli o de Sárdica, reabilitou Santo Atanásio e proclamou a primazia da Sé episcopal de Roma. Neste dia co me mora-se também
Santa Teresa de Jesus "de los Andes" (Chile, 1920).
13 Santa Margarida ele Métola, Virgem + Itália, 1320. F ilha de condes, disforme, cega, coxa, ale ij ada e fe ia, fo i abandonada numa igreja. Recolh.ida por piedosa fam íli a, e ns in ava o catecismo e encantava a todos pela inocênc ia, alegri a e confiança na Providência.
14 Sa nta Lyclwina ele Sch iedarn , Virgem + Holanda, 1433. Co mo víti ma expiatória, foi atingida por quase todas as moléstias imag ináve is e m meio à extrema mi séri a, por mais de 20 anos.
15 Santas Balissa e Anastácia, Mártires + Roma, 66. Ilustres matronas romanas discípulas de São Pedro e São Pau lo, sofreram crue l martírio por terem recolhido as re líquias do Prínc ipe cios Apósto los para dar-lhes sepul tura.
17
22
Santos Elias e Isidoro, Mártires + Córdoba, 856. Sacerdote o
Santo Agapito 1, Papa e Conl'essor + Constantinopla, 536. Eleito
primeiro e monge o segundo. Perseguidos pelos muçulmanos, "foram condenados à
para a Sé de Pedro já ancião, morreu em Constantinopla, onde fora tentar conve ncer o Imperador Justi niano a não invadir a ltália e a remover da Sé de Constantinopla seu Pat:riarca monofisita. O monofisiti smo é uma heresia que obtivera influência naque la época, a qual negava que em Nosso Senhor Jesus Cristo houvesse as naturezas divina e humana.
morte ao co,~fessarem sua fé cristã diante do Islamismo" (do Martirol ógio).
18 Santo Apolônio, o Apologista, Mártir + Roma, J85. "Senador romano que, sob o Imperador Cômodo, foi entregue por um escravo, como cristão. Quando lhe foi pedida explicação de sua.fé, compôs um.famoso livro, que leu no Senado" (do Martirológio).
H) São Leão IX, Papa e Confessor + 1054. L utou contra a simonia (venda de bens ec les iásticos) e a inconti nênc ia eclesiástica (i moral id ade dos c léri gos).
20 Santo Alfege, Bispo e Mártir + Greenw ich (Ing laterra) , 1012. Abade, B ispo ele Win c hester e depois Arcebispo de Cantuária, de g rande austeridade ele vida, dccli ·ou-se muito em sua diocese a aju dar os necessitados. Durante a invasão dos dinamarqueses na Inglaterra, foi marliri zado por não querer pagar seu resgate com o dinhe iro d 'S · tinado aos pobres.
16
21
São Benedito ,José Labre, Confessor
São Conrado ele Parzliam, Confessor + Baviera, 1894. Irmão leigo
+ Roma, 1783. Mendigo voluntário, peregrinava entre os mais célebres santuários da Europa, sofrendo humilhações e maus ti-atos. Ao falecer em Roma, as crianças espontaneamente saíram gritando pelas ruas: "Fa-
leceu o Santo".
capuchinho e porteiro cio Santuário de Nossa Sen hora cm Altõtting por mais de 40 anos. Grande devoto da Virgem , notável por sua caridade, dom de profec ia e habilidade cm ler os corações.
23
teve que fugir para Moscou, onde faleceu.
27 Santo Antirnus, Bispo e Mártir + Nicomédia, 303. Bispo que "por sua confissão de Cristo, obteve um glorioso martírio por décapitação. Quase todos seus fiéis o seguiram, alguns dos quais o juiz mandou que fossem decapitados à espada, outros queimados vivos, outros colocados num navio e afogados no mar" (cio Martirológio).
São Jorge, Mát'tir + Lyd ia (Palestina), 303. Patrono da Inglaterra, Portuga l, Ale man ha, Aragão, Gênova e Veneza e um dos mais populares santos no mundo. Sofreu o martírio em Lydia, devendo te r pertencido à Guarda [mperia l.
24 Santa Maria Eufrásia Pellelier, Vit'gern + Angers, 1868. Nascida em plena Revo lu ção Francesa, conservo u intactas sua fé e têmpera de espírito. Fundou o Instituto das Irmãs do Bom Pastor, para regeneração de mulheres transv iadas e amparo às q ue se encontravam em perigo de se perder.
2B São Paulo da Cruz, Confessor + Roma, 1775. F undador dos Passionistas, dedicados à contemplação da Pa ixão do Salvador e à pregação de missões popu lares. Favorecido com os dons de profecia, milagres e curas, fo i um do. maiores pregadores ele seu tempo, convertendo crim inosos e pecadores dos mais empedern idos. Neste dia comemora-se também São Luís Maria Grignion de Montfort, Confessor.
2H Santo llugo de Cluny (Vide p. 36).
~10
25 Santo /\niano, Bispo + Alexandria (Egito), séc. L Discípulo e sucessor de São Marcos na Sé de Alexandria, "homem muito agradável a Deus por suas virtudes". Segu ndo a trad ição, fora antes sapateiro.
26 Nossa Senhora cio Bom Conselho de Genazzano Santo Estêvão de Perrn, Bispo e Confessor + Moscou, J396. Monge ru sso, f"oi missionário nos monl 's Urais e depois B ispo de Pcrn1. Devido a sua oposição às heresias de hussitas locais,
Santo Eutrópio ele SainLes, Bispo e Mártir + França, 404. Romano , acompanhou São Dionísio à França, sendo o primeiro Bispo de Sa intes . "Após ter exercido durante longo tempo o oj,cio de pregado,; foi decapitado em testemunho a Cristo, morrendo em triu11fo" (do Martirológio). Nesse dia come mora-se também São Pio V, Papa e Confessor. Nota: Os Sa ntos aos quais já fi zemos referência em Ca le ndár ios anteriores têm aqu i apenas se us nomes enunc iados, se m nota biográfi ca.
Intenções para a San ta Missa em abril Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre Davi Franc isqu i ni, nas seg uintes intenções : • Pelos méritos da Pa ixão, Morte e Re ssurrei ção de N osso Se nh or Jes us Crist"o, ped indo especia is e abunda ntes graças para os leitores e ass inantes de Catolicismo e suas respectivas famílias.
Intenções para a Santa Missa em maio • N esse 88° an iversá rio da primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima, sup licand o que Ela não perm ita a lega lização do crime do aborto bem como de outros pro jetos de lei contrári os aos Mandamentos da Lei de Deus e da Le i natu ra l - que tram ita no Congresso N aciona l. • Tamb ém neste mês de maio, ped in do a Nossa Senhora de Fá tima especia is gra ças para todas as mães dos leitores e sim patiza ntes de Cato licismo.
-
Alerta ram-no ainda ele que, naquele mes mo di a, estavam entrando e m vigor duas normas técnicas do Ministério da Saúde, que na prática ampliavam os casos de aborto na legislação brasileira e preparavam terreno para a liberação comp leta cio massacre de inocentes e indefesos, os nascituros.
*
*
*
Em documento (vicie ao lado) entregue ao deputado Severino ava lcanti , as me ncionadas entidades ressa ltam que tai s medi las aborti stas violam o quinto mandamento da Lei de Deus - "Não matarás" - no País ele maior população cató li ca. E que esse hom icídi o de inocentes viola a própria Lei natural. O deputado Severino Cavalcanti responde u que, como deputado, mantinha sua posição contra o aborto e o "casamento" ho mossex ual , mas como presidente da Câ mara era obri gado a ag ir como mag istrado, co loca ndo os projetos para apreciação cio plenário. Por isso, torna-se necessário mobili zar os parlamentares para que votem contra tai s projetos. Concl uiu dizendo que era prec iso "fa zer a nossa Igreja ser mais ativa, ser mais eficiente e começar a catequizar os depulados que são católicos, mas que não têm coragem de tomar posições " . • E-mai l do autor : nelsonbarre11o @ca1olicis1110.co111 .br
Presidente da Câmara recebe coalizão anti-aborto A audiência visou apoiar a posição anti-abortista e pedir ao deputado Severino Cavalcanli que não fraqueje diante do lohhy ahorlista, pelo contrário se einpenhe para barrar os projetos pró-aborto • N ELSON RAMos BARREno
iante ela ofensiva aborti sta cio Ministério ela Saúde cio atual governo, uma coa li zão ele entidades anti -aborto, encabeçada pela Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade, teve audiênci a no dia 22 ele março co m o novo preside nte da Câ mara dos Deputados, Severino Cava lcanti (PP-PE). Co m a presença maciça ela imprensa, representantes da Associação dos Fundadores da TFP, da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, da Pró-Vida de Anápolis, da Associação Nacional Mulheres pela Vida, cio Movimenlo em Def esa da Vida, do Instituto Juven!ude pela Vida e da Ação Pela Fa mília , após se congratul arem com o parl amentar por sua pos ição anti-abortista, solic itaram-lhe que, dentro das atribuições constituciona is de que goza como Presidente da Câmara, impedi sse toda e qualquer medida pró-aborto no Bras il. CATOLICISMO
..
'"~."""~ .,
-,1 - • - • (""
..,..,~ ...., .
( .
........ A Associação do s Funda
. OFAMÍ
Brasília, 22 ele março de 2005 Ex mo. Sr. Deputado Severino Cavalcanti DD Presidente ela Câmara cios Deputados BRASÍLIA - DF A Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Pmpriedade, a Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Fa mília, a Pró- Vida de Anápolis, a Associação Nacional Mulheres pela Vida, o Movim.ento em Defesa da Vida (Rio ele Janeiro), o Instituto Juven!ude pela Vida, a Ação Pela Família constituem uma coalizão ele entidades que defendem a vicia humana e rejeitam toda e qualquer fo rma de aborto. Profundamente preocupadas com as recentes e violentas investidas abortistas em nosso País, que visam a amp liação cios casos ele não punição de aborto na legislação brasileira, tendente à 1.iberação completa eles a prática criminosa - verdadeiro mas acre ele seres inocentes e indefesos - essa coali zão julga seu dever chamar a atenção para o início da aplicação, no dia ele hoje, ele duas malsinadas normas técnicas, baixadas pelo Ministério ela Saúde: a distribuição gratuita da chamada "pílula do dia seguinte" e a dispensa da apresentação do "Boletim de Ocorrência" (80) para a reali zação do aborto, em caso de estupro, na rede pública de saúde. As entidades que compõem esta coaJ izão congratulam-se com V. Exa. por sua firme, constante e destemida posição assumida, há longo tempo, contra qualquer atentado à vida dos nascituros. E vêm solicitar a V. Exa. que impeça, segundo as atribuições constitucionais de que goza o Presidente da Câmara dos Deputados, a aprovação de toda e qualquer medida abortista. Tal coali zão de entidades, ao to,mu· essa atitude, procura evitar a violação do quinto mandamento da Lei de Deus "Não matarás" - no País de maior população católica do Globo. E também o faz tendo em vista que o homicídio de inocentes viola a própria Lei natural. Ass im agindo, estamos certos de interpretar o sentimento da grande maiori a dos brasileiros, desejosa de opor-se a um ataque virulento contra os perenes valores morais e as g loriosas tradições cristãs de nossa PáLria . Na esperança de ser atendida tão justa solicitação, as entidades da coali zão expressam a V. Exa. respeitosos sentimentos de elevado apreço. Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade Associação Nacional Pró- Vida e Pró-Família Pró-Vida de Anápolis Associação Nacional Mulheres pela Vida Movimento em Def esa da Vida (R io de Janeiro) Instituto Ju venlude pela Vida Ação Pela Família
ABRIL2005 -
-
"Defendamos o direito de nascer" NaPolônia, 1nesmo durante a tirania comu-
nista, não se conseguiu impor a lei do aborto. Entretanto, nos dias atuais, en1 que o país encontra-se "livre", tenta-se impor despoticamente as decisões de Bruxelas. 111 LEO NARDO PRZYBYSZ
Cracóvia - Na Pol ônia, a Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga desempenhou consideráve l pape l na rejeição, por parte da Assembl éia Legislativa, de proj eto de lei abo rti sta. Tal prática nefa nda seri a permitida até 12 semanas após a gestação, co mo noti ciou a imprensa bras il eira. Juntamente com duas outras organi zações anti -aborto, a mencionada asociação publi cou no diário "Nasz D ziennik" e nos semanári os "Solidarnosc" e "Czas" a li sta dos 51 deputados que apoiaram por escrito o projeto abo rtista antes de ser posto em votação. Sob o títul o "Def endamos o direito de nascer", a li sta era acompanhada de um apelo ao público para que não fi casse indifere nte e envi asse protestos aos deputados e ao pres idente da Assemblé ia Leg islati va polonesa. Alguns j ornais simplesmente recusa ram a publicação da referida li sta, mesmo como matéri a paga, sob o "argumento" de que "não estava de acordo com a linha do j ornal ".
* * * Alé m di sso, a Associação Piotr· Skarga enviou a todos os deputados carta contendo um ape lo pa ra a rej e ição do projeto, co municando ainda que informari a de vidamente os eleitores poloneses sobre a tomada de pos ição de cada deputado em relação ao mesmo. Parece que o bo m senso prevaleceu, pois tal projeto foi recusado na sua totalidade, uma vez que a opos ição entrou co m pedido de que ele sequer fosse posto em debate. No quadro de completo despres tígio em que se e ncontra o partido atu almente no poder naquele país (conta apenas com 6% das preferênc ias e le itorai s), a Aliança de Esquerda Democrática (herdeira do Partido Comuni sta) julgou oportuno lançar a bande ira impopul ar do aborto. Por que essa sa nha na tentati va de fazer aprovar o insa no proj eto, se não lhe rende votos? E isso prec isa mente no ano de ele ições gera is pa·ra a Pres idênc ia, a Asse mbl é ia Leg islativa e o Senado ! Após o ingresso da Polôni a na U ni ão Europé ia, em maio de 2004, as tubas de certa mídi a esquerdi sta pusera m-se a ca mpo para defender supostos direitos de min ori as que se di zem di criminadas, por exemplo a dos ho mossex uais, bem co mo para ple itear o "direito " ao aborto. E a conde nável audácia va i além, pois j á se co meça a falar da eutanásia. Parece que são " pacotes" ex pedidos diretamente de Bru xelas, tentando impor suas mal sinadas dec isões a todos os países europeus . • E-mail do m1tor: leonardoprzybysz @catoli cismo.com.br
CATOLICISMO
Enrique M. Lu11 iza
Norma técnica abre as comportas para liberalização do aborto Transcrevemos abaixo comunicado de imprensa distribuído pela Associação dos Fundadores da TFP sobre a norma técnica do Ministério da Saúde que abre as comportas para a liberalização do aborto no Brasil
Associação dos Fundado res da TFP 1i·adição Farn.ília Propriedade vem a públi -
O milagre da Vírgem de Guadalµpe
co para rej eitar co m vi gor norma técni ca recente do Mini stéri o da Saúde, que torna desnecessári a a apresentação do Boletim de Ocorrência (8 0) para a rea lização do aborto, em caso ele es tupro, na rede públi ca de saúde. Apesar de pos ição co ntrári a ex posta contra tal norm a pelo presidente do Supremo Tri bunal Federal, mini stro Nelson Jobim , o Mi nistéri o ela Saúd e i nformou que manterá integra lmente o tex to ela medida. E a Associação Médica Brasileira, de acord o com noti ciári o da mídi a, recomendará a seus sóc ios em todo o País qu e siga m essa d ispos ição técni ca . A poiou-a também a Secretaria Especial de
Nossa Senhora de Guadalupe apareceu, em 1531 , ao índio mexicano São Juan Diego, e deixou milagrosamente impressa sua imagem, no manto de tecido rústico do vidente. Nesse manto, que há quase 500 anos se mantém intacto, a moderna Ciência tem feito descobertas maravilhosas que testemunham o alto poder de Deus e a imensa bondade de sua Mãe Santíssima para com a América Latina.
Política para a Mulhe,: A medi da propos ta pe lo Mini stéri o da Saúde vem abrir inteira mente, na práti ca, as co mportas para a li beralização cio aborto no Bras il , cuj a popul ação é maj ori tari amente católica . Com a adoção dessa norm a técnica, não apenas será revogada norm a técni ca anteri or, que ex igia o 80, mas sobretud o ela fac ilitará a di ssemin ação ci o crim e do aborto, gra ve delito e fa lta moral. Sem a necessidade do 80, muitas mulheres, na tentati va de comprovar o estupro, poderão procurar o serviço de saúde e inventar um fictício abuso sex ual, para j usti ficar o aborto, morte de um ser humano inocente e indefeso. A Associação dos Fundado res da TFP, ao rej eitar tal norm a técnica tendente a favo recer a vio lação do quinto mandamento da Lei de D eu s - " N ão mataní s" - co nc l am a a CNBB , os católicos de modo geral , bem como todos os que defendem a própri a Lei natural , a se unirem e repudi arem energica mente essa nova in ves tida aos perenes valores morais e às gloriosas tradições cri stãs do Brasil , País de maior popul ação cató lica do mundo.
Conheça as revelações surpreendentes a respeito da vida de São Juan Diego, vindas a público durante seu processo de canonização!
Paulo Corrêa de Brito Filho Diretor ele Imprensa da
Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade
~ f
Ju:ça iá:
1
R$ 13,90
Central de atendimento: (11) 3362-0005 * Frete de R$ 5, 00 pa ra e111bala!ie111 e po,1·ta/ie111. Pro111oçcio válida e11qua11to d11 rare111 110.v.,·os estoques
S. S. o Papa João Paulo li dá a sua bênção "urbi et orbi": à cidade de Roma e ao mundo
Luto pela morte do Papa
E
sta edição j á estava fechada, qu ando recebemos a infausta notícia do falec imento de S. S. o Papa João Paul o rr. Catolicismo , entretanto, assoc iando-se a todo o orbe católico, não pod ia dei xar ele consignar ainda nesta edição suas sinceras condolências por esse passamento e rogar a D eus e à sua Santíss ima M ãe pelo descanso eterno da alma do Sumo Pontífi ce. A morte de um Papa é sempre motivo de luto para uma alma católica. A mídia tem repercutido essa dor por todo o mundo. Catolicismo une-se desse modo aos corações católi cos nesta hora em que a Cri standade inteira ostenta seu luto.
* * * É a hora de assinalar que João Paulo 11, como os Sumos Pontífices que o precederam, relembrou a moral católica em numerosas ocasiões, como, por exemplo, condenando o aborto e as invasões de terra. Ainda há pouco, sob sua direção, a Santa Sé pronunciou-se claramente contra a cri minosa eutanásia promovida nos Estados Unidos que viti mou a Sra. Terri Schiavo.
A pós quase 27 anos de um pontifi cado pródigo l' ll1 1111 c iati vas de toda ordem, a ausê ncia de sua fo rte pl•1srn1 1d1 clacle fa r-se-á sentir neste mo mento cruc ial para a lp1l' lil l' o mundo. A pretex to de laic ismo, em vári as nac;m·s M' 1111 eia um a verdadeira persegui ção reli giosa. O ec un1l' llI \ II11I , ao qual ele se ded icou, parece desaguar num 1110 111111w11I ;1 I im passe. A ap l icação da moral cató li ca não cnrn 11II111I 11 devido respa ldo por par te de gra nde número <k l'll•11 ~•11~ A unidade da Europa se faz à margem ele suas r:1I 11·s l l l ~ tãs e ab re as portas ao islami smo, enqu anto na /\1111111 11 Latin a m ovimentos ditos progress ista s, ori g inados d.1 ll •11 log ia da libertação, continu am impunement · u l1111•1 d,• vas tações. A Igrej a é imorta l e as portas ci o infern o nao pll'Vl ill·11· rão contra E la. Os Cardea is j á começa m a s · 11111v I1111·11I11I em torn o cio poss íve l sucessor. N esta hora d · drn l' dl· i ljll l' ensão pelos destinos da I grej a, resta-nos pedir 11 1k11 . p111 meio de sua M ãe Santíss ima, que o novo Po111Ilrn· l ·1111d111 .i adequadamente a barca de Pedro em face <k 1:11, p111111h· desa fi os . •
,
PUNIO CQRRÊA DE ÜLIVEIRA
_ LJMARI Maio de 2005
Amor e fidelidade ao Papado m decorrência da crise na Igreja, sobre a qual os Papas contemporâneos têm admoestado os fiéis, algumas vezes perguntaram a Plínio Corrêa de Oliveira se o amor e fidelidade dele ao Papado não diminuía. Ele sempre respondia que, pelo contrário, aumentava. E acrescentava que, apesar da grave crise que se alastrava nos meios católicos, tinha certeza do triunfo da Santa Igreja, alicerçado como estava nas palavras de Nosso Senhor a São Pedro: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". 2 Nesse sentido, o Prof. Plinio deixou pública sua resposta, através de artigo publicado na "Folha de S. Paulo" em 12-7-1970, do qual transcrevemos o trecho seguinte.
E
2
Excmnos
4
CA1nA DO D11mHm
5
PÁGINI\ MARIANA
7
LEl'l'lllM .ESPIRITlJAI,
Nº (fü3
A Virgem de Va1vanera: exemplo de perdão Purgatório - I
1
10 A p
12 A
\l,AVl~A DO SACERDOTE
REAi.iDADE CONCISAMENTE
14
NACIONAi,
15
INTEl~NA(;loNAI.
ta
PoH
19
ENT1mv1s·1·i\
22
Crn :n 1R\
26
CAPA
40
VmAs DE SANTOS
43
INl•'Ol~Mi\TIVO Rt lRAI,
Novo "bombardeio" ao clireito de propriedade
Poder Judiciário e politização
A eleição do Papa Bento XVI
()llE NossA SENIIOR\ CIIORA?
Influências de Gramsci no campo juddico
Becassine: edificante literatura inl'anlil
* * * " Não
com meu entu siasmo cios tempos ele jovem,
qu cu me co loco hoje ante a Santa Sé. É co m um entusiasmo ai nd a maior, e muito maior. Pois à med ida que vou vivendo, pensando e ganhando experi ência, vou comprcen lendo e amando mais o Papa e o Papado. " L mbro-mc ainda las aul as ele catec ismo em que me cx 1 li caram o Papa lo, sua in stitui ção divina, seus poderes, sua mi ssão. M u cora ção de menino (eu tinha então 9 anos) s' cn ·hcu de admiração, ele enlevo, ele entusiasmo: cu encontrara o idea l a que 111 dedica ri a por locla a vida . " D lá para cá, o amor a css idea l não tem senão cresc ido. E J cço aqui a Nossa cnhora que o fa ça crcsc r mais e mais cm mim, até o meu úllimo alento. Quero que o elcrra lciro alo ele meu intelecto sej a um alo ele Fé no Papado. Que meu último ato ele amor seja um alo ele amor ao Papado. Pois assim morrerei na paz dos eleitos, bem unido a Maria minha mãe, e por E la a Jesus, meu Deus, meu Rei e meu Redentor bonís imo". •
Tiara do Papo Gregório XVI
Notas:
-
Fátima: castigo, conversão e o Reino de Maria Santa Rita de Cássia Literatura infantil: inocência
44
D1sc1mNINDO
4(i
SANTOS i-: F..:sTi\S no
48 AçAo 52
h1stinto subjugando a razão
Mf.:s
CoN·1·1u-Ri-:vo1 .uc10NAmA
AMBmNT1•:s, CosTul\ms, C1vn .1zAç(ms
Sissi, Imperatriz austríaca, jóia da Civilização Cristã
Nossa capa : Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo
1. C fr. Alocução de João Paul o II , em 6/2/8 1, aos Religiosos e Sacerdotes parti cipantes do I Congresso Nacional Italiano sobre o terna "Mis.w,es ao Povo poro 11.1' /\110.1· 80" , in " L ' Osscrvatore Roman o", 7/2/8 1. 2. MI 16, 18.
Imperatriz Elisobeth (Sissi)
-
CATOLICISMO
MAIO 2005
A Virgem de Valvanera
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Fi lho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o nº 3116 Administração: Rua Frederico Abranches, 389 Conj. 62 • Santa Cecília CE P 01225-001 São Paulo · SP Serviço de Atendimento ao Assinante: Tel (0xx11) 3333-6716 Fax (0xx11) 3331-6851 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo · SP Impressão: Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp@uo l. com .br Home Page: http://www.catolicismo. com.br ISSN 01 02-8502 Preços da assinatura anual para o mês de MAIO de 2005: Com um: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avu lso:
R$ R$ R$ R$ R$
96,00 140,00 260,00 420,00 9,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .
Caro leitor, Quem seriamente estuda as revelações de Fátima, não conclui delas a possibi lidade de três ou mais alternativas, mas apenas esta: conversão ou castigo. Não cabe, por exemplo, a seguinte hipótese: a Providência Divina dispensaria a humanidade da conversão e não a castigaria - uma espécie de "absolvição geral", mesmo sem a emenda de vida tão maternalmente rogada pela Santíssima Virgem. "Tudo se paga!", disse Napoleão, com grande conhecimento de causa, ex ilado na llha de Santa Helena. "Todos os pecados se pagam", poderíamos parafraseá-lo, pois nenhum pecador fica impune. Se não pagar suas faltas nesta vida, pagá-las-á, conforme a grav idade do pecado e a natureza do arrependimento e da penitência, no purgatório ou no inferno. Após tantas décadas de rejeição da Mensagem de Fátima, a hipótese de conversão geral ainda está de pé? Que o mundo merece um castigo, é algo que ninguém, em sã consciência, pode negar. Para convencer-se disso, bastaria sair às ruas, ab rir jornais ou revistas, li gar o rádio ou a TV - o que nem é recomendável, aliás, devido à espantosa imoralidade neste meio de comunicação. Portanto, sem a conversão do gênero humano, não podemos nos surpreender se a cólera justiceira de Deus fustigar a Terra, quando ninguém poderá perguntar: "O que fiz eu, ou o que fez o mundo, para merecer tão severa punição ?". Todos sabem, no recôndito de sua consciência, que será um castigo merecido, pois, do contrário, seria admitir que Deus não é Deus, uma vez que não aplica aj ustiça se não pune as ofensas recebidas. Mas Deus é somente justiça? - Não. Ele é também infinitamente misericordioso. E uma das maravilhosas manifestações de sua misericórd ia ocorreu na Cova da Iri a, em 1917. E nviou sua própria Mãe para advertir o mundo e an unciar à humanidade a necessidade da conversão. E com esta, a recompensa: a purificação dos homens, a vitória sobre a iniqüidade e a instauração do Reinado do !macu lado Coração de Maria. Assim , o justo castigo consistirá numa manifestação da bondade infinita. Ana logamente ao bom pai que castiga, visando o bem do próprio filho . "Aquele
que poupa a vara, odeia seu ji.lho; mas o que o ama, continuamenle o corrige" (Prov . 13, 24). Caro leitor, o artigo de capa, para esta ed ição do mês mariano, visa rob ustecer seu desejo do urgente advento do Reino de Maria, ao qual profeticamente se referiu o grande missionário fra ncês São Luís Grigni on de Montfort: "Que venha o Reino de Maria, para que assim venha o Vosso Reino [o Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo]". E para ajudar a acender tão lo uv áve l desejo, nada melhor que reproduzir substanciosa matéria de autoria do incansável apóstolo de Fátima, Plí nio Corrêa de Oliveira, o qual sempre ecoou íidedignamente a mensagem da Virgem Sanlí sima. Mensagem de conversão e de castigo mi sericordio. amente purificador, como condição para o Lriunío ele Maria no mundo inteiro - aurora bendita de nova era histórica, esplencloro. a em todo os a. p ctos da sociedade espiritual e temporal. Desejo a todos uma boa leitura.
07 DIRETOR
paulobrito @catoli ·isn1! ·on
e pode fazê-Jo repentinamente. É o que se deduz ela história de uma devoção n1ariana do norte da Espanha. Um exemplo de perdão. V ALDIS G RINSTEINS
U
ma p~rg u_n~a que várias pessoas me tem fe ito depois da mor te ela Irmã Lúcia, a vidente de Nossa Senhora ele Fátim a, é se o fato de ver Nossa Senhora implica necessari amente a sa ntidade da pessoa. Na realidade, não ex iste um a regra aplicável às pessoas esco lhidas para as aparições, pois Nossa Senho ra não se guia por nossos interesses humanos o u por nossas impressões. Várias das pessoas favo rec idas por aparições ele Nossa Senhora foram santas e estão canonizadas. Eram boas no momento da aparição e se tornaram melhores. É o caso de Santa Bernadette Soubirou s, a vidente de Lourcles; ou de Santa Cata rin a Labo uré, a vide nte ela Medalha M ilagrosa. Pelo contrário, outros eram bons no momento das aparições, mas depois foram infié is às graças recebidas por ocasião destas. Há pessoas que se converteram com a apa rição, mas depois rejeitaram a Rei igião Cató lica e se tornaram péssimas. Exemplo dessa atitude foi a do cacique a quem Nossa Senhora ele Corornoto apareceu, na Venezuela, se bem que e le tenha se arrependido na hora da morte. E há ainda pessoas que eram péssimas e tornaram-se muito melhores. U ma hi stó ri a ocorrid a na Espa nh a servirá como exemplo. 1
De ball(/ido a pe11ite11te
Em Jesus e Maria,
?~
A graça ele Deus consegue mudar os pecadores mais obstinados,
r
Seu no me era Munio ou Nuno, nascido em Montenegro de la Sierra, bem perto ele Valvanera, no norte da Espanha. Seus pa is eram boas pessoas, que lhe proporc ionaram boa educação, mas ele preferiu ser um bandido. Isto pode cho-
MAl02005-
Esta imagem, encontrada de forma tão incomum por um pecador arrependido, é a que se pode venerar no mosteiro benediti no que ainda existe no Vale de Valvanera, na Província de La Rioja. E m que época tudo isso aconteceu? Os historiadores situam os fatos no fund o século IX.2
Curaçãu aJ'l'CfJC11<lido
Vitral da Virgem de Valvanera
o CllCOJltl'O da iJl1agell1
Nuno dirigiu-se a uma gruta peito do local, chamada Trombalos. Para entrar ou car quem pensa que todos os bandidos o sair dela era necessária uma escada, e Nuno são por fa lta de oportunidades para pracomeçou a levar aí uma vida de penitênticar o bem, ou porque tiveram má educia. Lembrou-se de um filho de seis anos, cação ou nenhuma . Pelo contrário, todo que deixara mais ou menos abandonado homem recebe graças para ser bom, mas na sua cidadezinha, trouxe-o para. junto de depende dele aceitá- las ou rejeitá-las. E si e começou a educá- lo. E tando Nuno N uno as rejeitou, a tal ponto q ue se torau ente, um d ia o menino caiu da gruta e nou ladrão e assassino, além de poss uir morreu. Ao descobrir o cadáver, N uno viu vários outros vícios. a m ão de Deus castigando-o pelos seus Certo dia ele saiu pelo campo à propecados, e dedicou-se à penitência mais cura de um crime que pudesse cometer. du ra possível. Viu ao longe um lavrador que ia arar seu Mas Deus, que pune para curar, envioucampo, conduzindo o arado pu xado por lhe também um sacerdote de nome Dominuma junta de bois, mais as sementes. Para go, que passou a orientar-lhe a penitência, Nuno este era uma boa presa. Seguiu-o de tal forma que tirasse proveito espir itual até seu campo, ficando bem perto dele, dela e não fosse uma coisa estranha ou mas sem que este pudesse vê-lo. Pôs-se daninha, ou ainda de mau gosto. o lavrador a preparar seu trabalho . AnO sacerdote passou a mora.rjunto a ele, tes de começar p ropri amente a arar, ajoe deliberaram sobre como conseguir o suselhou-se e rezou em voz alta, pedindo tento. Nuno o procuraria nos montes, e o que Deus multiplicasse o fruto de seu sacerdote nos povoados . Andando pelos trabalho, de forma que pudesse alimenbosques, Nuno encontrou num local chatar a sua fa mília, os pobres e os minis. mado Prado dei A.J·vejal um carvalho, em tros de Deus. cujo tronco havia um buraco, e no meio Aquele mesmo N uno, a q ue m não dele uma imagem de Nossa Senhora. Quem modificara nenhuma prece ou insistênpoderia tê- la colocado nesse local, nu m cia de parentes e amigos, fico u abalado bosque onde havia só animais selvagens? ouvindo esta oração. Saiu do mato onde Talvez a imagem te nha sido escondida estava escondido e aj oelhou-se diante do como ta ntas outras, quando da invasão lavrador , pedindo- lhe perdão pelo qu e muçulmana na Espanha, para evitar que tinha pensado fazer. O pobre lavrador fosse profanada ou destruída. Teve algum levou um susto terrível. Obviamente pertrabalho para liberar a imagem, no meio doou N uno, mas deve ter fi cado também dos galhos que tinham crescido ao redor. muito alivi ado quando o viu afas tar-se.
Visitando a sacristia de uma igreja européia do século XVJI, chamou-me a atenção uma pintura na parede. Representava um homem ajoelhado, contrito a mais não poder, e ac ima dele Deus Nosso Senhor abrindo os braços para recebê-lo de volta como filho . Em baixo, a frase da Sagrada Escritu ra: Co r contritum et humiliatum, Deus, ne despicias - Não desprezeis, Senhor, o coração arrependido e humilhado. O que mais me tocou fo i a atitude acolhedora, alegre e satisfeita de Nosso Senhor, mais do que a do pecador arrependido. Com freqüência as pessoas imaginam um Deus ressentido, que não gostaria de perdoar. Nada mais longe da verdade. Na sua perfeição infinita, Deus ama todos e cada um de seus filhos, e quer a salvação eterna deles. Pode mandar castigos, mas quando o faz, é justamente para que melhoremos, para que vejamos o horror dos nossos pecados e voltemos ao caminho reto. E é justamente um sinal da majestade d'Ele o perdoar-nos. Daí a maldade de quem não quer conve1ter-se e se lança no inferno, pois a possibilidade do perdão esteve sempre diante dele nesta vida. Deus não tem a mi séria cio coração humano após o pecado original, que custa a perdoar urna ofensa. Pelo contrário, corre em socorro do filho arrependido. O que não deixa de ser encantador, no caso do Nuno extravi ado, é que Ele enviou sua Mãe, através de uma imagem, como um sinal de reconc il iação. Peçamos então, através de No sa Senhora, por todos aqueles que andam extrav iados pelo pecado, m as qu e, te nd o devoção à Vi rge m Santíssima, podem vir a ser modelos de virtude após se terem arrependido. •
-
E-mail do autor: vaid isgri nsteins@cato Iicismo.com.br Notas:
1. http://w ww.geocities.com/urunuela2/va lvanera/ o fre nei a . h tmh tt p ://w ww . geoc i ti es .co 111 / uru nuela2/va Ivanera/ofrenda .htm 2. h n p :/ /w w w . geoc i t i es. co m/ uru n ue I a 4/ monasteri os/hi stori a. hun
O purgatório Jáapresentamos nesta seção os "novíssimos" do homem, ou seja,
morte, juízo, inferno e paraíso. Resta tratar daquele estado passageiro para os que se salvam mas ainda têm o que pagar: o purgatório. o purgatório, muito pouco se pensa e se fa la hoje em dia . Vamos fazê- lo transcrevendo excertos do Pe. F. X. S houppe , S .J. , renomado autor francês de Teologia Dogmática e Sagradas Escrituras, do fim do século XIX. Apresentamos aqui a lguns tópicos do seu famoso livro O Purgatório, ilustrado pelas vidas e legendas dos Santos.*
l11trodução Está muito esquec ido pe la maiori a dos fi éis o dogma do purgatório. A Igreja Padecente, onde eles tê m tantos parentes para socorrer, e para onde eles sabem que um dia poderão ir, parece-lhes urna terra estranh a. Esse esquecimento verdadeiramente depl oráve l era um grande sofrimento para São Francisco de Sales . Observa o pio Doutor da Igreja: "Nós não nos lembramos suficientemente de nos-
sos queridos f alecidos; sua memória parece terminar com o som dos sinos do fun eral ". As princ ipais causas di sso são a ignorância e a fa lta ele fé; nossas noções sobre o purgatório são muito vagas, e nossa fé muito fraca. A fim de que nossas idéias se tornem mais claras e nossa fé mais viva, deve mos lançar um o lhar para essa vicia ele a lémtúrnul o, para esse estado intermedi ário das alm as justas, não ainda di gnas de entrar na Jerusalém Celeste. [ ... ]
Uma bem-ave11tura11ça N ão nos propomos p rovar para as mentes céticas a existência do purgatório, mas torná-lo melhor conhec ido pe los fi éis piedosos, que ac reditam com fé di vina nesse dog ma revelado por Deus. Este livro está endereçado propriamente a eles, para dar-lhes uma idéia mais clara do purgatório. Eu disse propos itadamente "uma idéia mais clara" em relação à que em geral o povo tem, colocando essa grande verd ade sob a luz mais forte possível. Para produ zir esse efeito, di spomos de três fo ntes ele luz muito di stintas : prime iro o ensino dogmático da [greja; depois a doutrina, como vem exp licada pelos Doutores da Igrej a; e, em terceiro lugar, as revelações e aparições aos san tos, que servem para confirmar os ensinamentos dos Doutores. [... ] Acrescentemos que os católicos devem precaver-se contra uma incredulidade excessiva em fa tos sobre naturais ligados aos dogm as de Fé. São Paulo nos di z que a Caridade tudo crê (Cor. 13,7); quer di zer, acredita como os intérpretes o expli cam, em tudo o que se pode prudente mente crer, e cuja crença não nos será prejudicial.
Se é verdade que a prudência rejeita uma cega e supersticio~a credulidade, também é verdade que devemos e vitar outro extremo, que nosso Salvador censurou no Apóstolo São Tomé: "Tu creste porque viste e tocaste". Era melhor ter crido no testemunho de teus irmãos. Sendo mais exato, tu fos te culpado ele incredulidade; esta é uma fa lta que meus discípulos devem ev itar. "Bem-aventurados aqueles que não viram e acreditaram. Não sej as incrédulo, mas.fiel" (Jo. 20, 27). •
*
Uti lizamos a edi ção america na : P11 rga101y , illus/raled by 1/, e /i ves a11d /egend.1· o/ lhe Sai111s, TAN Boo ks and Publishers, ln c., Roc kfo rd, USA, 1973 - tradu zid a do original francês.
M AI02 005 -
1111111111
O massacre dos inocentes Bl N o ca le ndário litúrg ico do rito roma no, a Ig reja le mbra, e m 28 de dezembro, a fes ta dos Santos Inocentes. Fora m eles os primeiros a de rramar o sang ue por causa de Cristo, tão logo Ele nasceu. Buscando a morte do Menino Jes us, o re i Rerode determinou que todos os bebês de Belém fossem mo rtos. Escapara m o Filho de Deus e a Sagrada Fa mília, porque fugiram para o Eg ito. Mas o massacre não foi evitado, e o Céu recebeu os protomártires da Igreja que N osso Senhor fund a ria sobre Pedro. Hoje não é mai s Belém que chora. São os ventres onde ta ntos a bortos são feitos. Proclamando-se donas de seus corpos, certas mães esquecem que os filho s qu e traze m de ntro de s i não são um a pê ndice ou uma outra pa rte de las, mas seres huma nos dotados de co rpo e alma, pessoa individuai s. A c ircunstância ele estarem no úte ro não leg itim a tão bruta l assass inato! Nem ane ncefa li as ne m estupros justificam a morte de um inocente! Quando a le i bras il e ira rese rva ao estuprador um a pena de recl usão, por que autoriza que seu filho possa ser privado de s ua vid a? Que de lito o pobre feto, que não ped iu para ser gerado, comete u para me recer uma
pen a duríss ima como a morte, e nquanto o verdade iro criminoso, o estuprador, vai confortavelmente para a cadeia? Nosso egoísmo não nos permite perceber a monstruosidade do aborto e a co vardia de adultos que estão matando crianças. Deix are mos que, além das absurdas exceções em que o Código Pe na l não pune o a bo rto (as quai s entendo, co m o re nomad o juri s ta lves Gandra da Silva Martin s, não recepc io nad as pe la Carta Mag na de 88, e portanto incon s titu c ion a i ), seja ele liberado a inda mais, pe los diabóli cos proj etos d e le i em tramitação no Parl a me nto ? N ão só os cri stãos, mas todos os de bom senso preci sam mostrar que há sangue de mai s de rramado na Terra ele Santa Cruz! Contra a cultura da " libe rdade" de abortar, a c ultura da vida e da ve rdade ira paz.
(Dr. Rafael Vitola Brodbeck - RS) "Dil'Cito lmmano" pam animal? Bl No me u ente nde r, "d ireito humano" é, bretuclo, direito à vida. Mas esses "ong ue iros" patetas, dos mov ime ntos pelos "d ire itos hum a nos", defendem até os mes mos dire itos próprios a humanos para os animais, mas são favoráveis a tirar a vida de bebês com a prática cio aborto. Pode have r co ntradi ção m a is abe rra nte? Pode have r maior barbaridade? Esses "o ngueiros" querem dar uma de bo nz inhos para com os animais e são selvagens e m re lação aos bebês que a inda não nasceram. Às vezes vejo uma mulhe r, sem filhos ... , passeando com um cac horrinh o tod o c he iro s inho (nada contra), mas penso: como seri a mai s bonito se e la estivesse passeando co m o filhinh o, dedicando todo seu a mor ao filhinho e não ao animal. Seria um a alegri a e g ratifi cante para e la mes ma, que agora não vive feliz, certame nte dev ido ao(s) aborto(s) praticado(s). E la desafoga seu instinto de mãe - quero di zer, todas as carícias - no cachorro (mais urna vez: " nada contra"). E la vive
deprimida, o que me parece ser um casti go de Deus pelo fato de te r praticado a bo rto. Peço as o rações dos senho res para que ela se arrependa e se confesse (que m sa be até com o padre que é o a uto r do a rti go contra o aborto; ou, que m sabe, pelo me nos urna conversa ele o ri e ntação com ele seria uma bê nção). E la ainda é jovem e pode rá ter muitos filho s e urna família feliz. Peço as fortes orações do Padre Davi para que isso se rea li ze, e termino agra d ece ndo a e le por no s re le mbrar, co m seus escr itos firmes, os e ns in a me ntos morais e re li giosos so bre o aborto, le ia-se a mo rte de se res hum a nos co mpl e ta me nte ind efesos.
(S.M.E. -
BA)
Assassinato legalizado ? Bl Escrevo apenas para fe li citar pel a ca mpanha contra o a borto pregada pela rev ista Catolicismo, e também para dizer que conheço um médico o qual poderia dar urna e ntre vi sta para vocês. O artigo do ad mirável padre deixou muito bem colocadas as contradições das abortistas . Contrá ri as co rno são à pena de mo rte, não hesitam em aprovar a pena ele morte às c ri anc inhas inocentes . N ão e nte ndo como pode ex istir cabeça (dessas abortistas) tão confusa e ac har que não é crime provocar a morte de um ser inocente. E las próprias, que defendem todos os exc luídos da sociedade, exclue m cio ventre da mãe um bebê potencialmente capaz de viver, de conhecer seus pai s e seus irmãos, o so l, as estrelas, con hecer o Criador do Planeta. E las própri as, que co nside ram c rime condenar um bandido à pena de morte, não são conside radas infratoras da le i nem vão pa rar na cadeia ao pregar a mo rte de um nascituro, picando-o em pedac inhos a ntes m srno de e le ver a luz cio dia . Isso não passa de um ASSA IN/\T ! O mais cruel que irnain ar s' possa! E depo is e las a inda f'i ·ant reclamando que não podem r ' · •b 'I' a ucaristia.
Al é m de uma cabeça confusa e sem consciência, é uma cabeça maluca, e deveria ir para o hospício antes ele comete r no vos infanticídios .. . "de ntro da lei" !!!
(R.C.M. -
SP)
"Re11olução cultllral" Bl Meu s pai s são espanhói s, e lemos com muita c urio idade a re portagem so bre a revolução que o novo governo está fazendo na Espanha. Só esperamos qu e o Lula não faça a mesma coisa aqui, legitima ndo o aborto e essas coisas; e se fizer, es pero que os bras ileiros saibam dar o troco , como fize ram com o Collor.
(A.E.J. -
MG)
Até os leigos percebem ...
BJ Esta rreced o r le r (v id e Catolicismo, abril/2005) que um bi spo cató li co sa ia sa mba nd o no carn ava l e di ga qu e, a pre texto de so lidari edade, nada é pecado ou contra a Doutrin a da Igreja Católi ca . O que seri a para e le - id eó logo e de fe nsor da esque rda cató lica - o pecado??? Não estamos no final dos te mpos? Quando fiéis le igos vêem a a bomi nação adentrando no Templo Santo de Deus, e os pró prio s pre lados c han ce lam ta l a bomin ação (samba ndo logo após carros de o rg ia e depravação sex ua l. .. ), o qu e estaria e rrado ? Os fiéis le igos ou os id eó logos da destruição da Igreja Cató lica???
(T.J.G. -
SP)
wwu,:catolicisma.com.br Bl Aproveito a ocasião p ara mani festar minha a legri a de podermos te r um s ite tão be nfazejo corno este. Suas notícias, comentários, etc, são muito esclarecedores, principalmente no mundo atual em que a mídia tudo di storce. Recebo em meu e- mail notíci as da Lepanto (www.lepanto.com.br), as quais são excelentes, mui infor mativas, atuais. Sem mais, peço as orações dos senho res, e despeço-me com um Salve M ari a !
(P.J.A.M.8. -RJ)
Trabalho escravo: termo ambíguo Bl Uma pe rg unta sobre a maté ria TRABALHO ESCRAVO. Ond e, na le i, es pecificamente, há arti go di ze ndo que é tra balho escravo tra balhar sem CTPS assinada , além cio horá rio , recebendo menos qu e o mínimo, e tc .? É que eu, sa lvo me lhor juízo, e nte ndo qu e há, s im , trabalho escravo no Brasil: AQUELE e m qu e são servidos por e mpregados menores, na m a ioria , nos ca rvoe iros ; e bó ia s frias me nore s, em distân c ia s lon g ínqua s laborando com ex plos ivos de todas as espéc ies. Ou seja, o primeiro, ao a rre pio da le i (dos ho me ns). O seg undo, proibido m es mo ; poi s, a i s im , esc ra vo ao arrepio da le i divi na, vamos dizer assim. O que tê m os senho res, qu e são os me us conselheiros núm e ro UM há trinta anos, a di ze r es pec i fi camente re pito - a essa minh a pos ição?
(W.F.F. -
RJ)
Nota da Redação Resposta e nviad a pe lo a utor cio livro "Trabalho Escravo - nova
arma contra a propriedade privada ", o jornalista Ne lson R amos Baretto: Prezado Dr. Wil sonnei Agradecemos a correspondência e a confia nça nas páginas de Catolicismo. Sua missiva aponta a princi pal lac una da Proposta de Emenda Constitucional: a não defini ção do que seja "traba lho escravo" . Tal indefi ni ção parece favorecer aqueles que perseguem o dire ito de propri edade e promovem a luta de classes. Ao a nali sarmos os di scursos e os fa rtos noticiários sobre "trabalho escra vo", pe rce bemos um a e norme m a nipulação de palavras, te nta ndo confundir trabalho ciegradante ou p e noso com escravidão. Em Direi to Penal, perguntaríamos: a quem interessa tal indefini ção e tal con fusão? Quem gos ta de pesca r e m águas turvas? Com efeito, a Igreja sempre apon-
tou as obrigações e responsabilidades dos patrões em relação aos empregados. Por e xemplo, o Catecismo da Ig reja Católica ensina que o não paga me nto do salário justo ao empregado constitui pecado gravíss imo. E a le i brasileira proíbe o trabalho de menores, mesmo que as condições ele trabalho não sejam in sa lubres. Mas é preciso não confundir situação injusta com escravidão. Poi s, se tudo se reduz a escravidão, então o te rmo pe rde o seu sentido . Adem ais, é preciso ter em vi sta o sentido da campanha que está sendo feita. Por exemplo, a ndar é legítimo e necessário, mas se a pessoa está da ndo os passos pa ra ir matar alguém, e ntão o andar passa a ser crimjnoso . Assim, defender o traba lhador para que ele tenha condições de trabalho justas é ótimo. M as qu a ndo isso é pretexto para atacar a propriedade particular e o instituto do sa lari ado, então a coisa é outra. A melhoria da s ituação do trabalhador brasileiro de ve começar pe la diminui ção da carga tributária . O Estado brasileiro ve m confiscando 140 dias por ano de nosso trabalhador por meio de impostos e taxas. Quase cinco meses de trabalho grac ioso para o Estado- patrão ! Em vez de pe rseguir os proprietários, o Estado deveria promover urna reforma nas le is trabalhi stas visando atender às múltiplas atividades econô micas, sobre tudo as do campo, com suas peculiaridades, facilitando assim a geração de e mpregos e alegalização de milhões de trabalhadores informais.
CATOLICISMO MAI02005-
■ Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - Caríssimo Sr. Cônego José Luiz: Desde pequeno, meus pais me encamjnharam para a Religião cató1ica, a qual segui até meus 16 anos. A partir daí, me deram livre arbítrio para freqüentar a igreja, se fosse de meu gosto, sempre me mostrando que era o caminho ideal. Aos 18 anos, por influênci as de ami gos, acabei indo a um ritual espírita (Santo Dai me). Daí começaram a me surgir dúvidas, e minha vida caminha confusamente. Tenho quase certeza de que espíritos desencarnados ex istem, sim , e muitas pessoas podem incorporá-los. Só que a minha cabeça, [movida] por pensamentos divinos, ou por pura confusão, me diz que as religiões espíritas (mesa branca; umbanda, candombl é e religiões espíritas orientais) representam o Diabo. A partir daí, comecei a olhar essas reli giões de outra fo rma. Venho conhecendo pessoas, moças e freqüentadores dessas religiões, e não consigo me relacionar normalmente com elas. Discutindo isso com minha mãe, ela me orientou que devo segu ir a minha religião e acreditar fe rvorosamente em Deus; que nada, mesmo sendo ruim , iria me influenci ar. Acredito plenamente nas palavras de minha mãe, e tenho a certeza de que nada irá me influenciar ou fazer mal, mas, mesmo assim , fica uma barreira em relação às pessoas espíritas em geral. Estou entrando num estado de grande perturbação menta l, pois falo com muitas pessoas, mas ninguém me exp lica o que eu quero ouvir. Então, depois de ler sua matéria sobre o tsunami, achei interessante consultá- lo, para ver se o Sr. me auxi li a, poi s preciso de uma resposta simples e clara, por favo r... Tenho a concepção de que Deus dá o espírito ao corpo, e após a morte do corpo o espírito volta para Deus. Então enxergo que todas as reli giões espíritas, que aceitam que os humanos deixem seu espírito de lado, para que outro entre e m seu corpo, estão indo contra a vontade de Deus e seguindo espíritos do mal. .. Gostari a que o Sr. me explicasse sobre as religiões espíritas, não influenciando com explicações católicas! Quero saber se são do bem ou do mal tais religiões ...
R sp )Sta - Se o consulente quer "uma resposta simples e clara", isto me leva a dar-lhe desde já uma resposta simples e direta: tais religiões não são do bem, mas do mal! Ev ide nte me nte, o jovem missivista quer que eu lhe explique as razões dessa conclusão, coloca ndo porém uma ressalva - que eu não me deixe influenc iar pelas exp licações cató li cas ! - a qu al
~
CATOLICISMO
Comecemos, pois, como ele pede, pelos argumentos da razão.
Não há reencarnação. Uma mera fábula! Já os fil ósofos gregos se punham esse problema, e houve de fato alguns que defenderam a migração das almas, não só para outros seres humanos que viessem a este mundo, mas até para seres vegetai s ou puramente animai s. Então, quer se reencarnassem em vegetais, bichos ou seres humanos, as almas iriam purgando, nas reencarnações sucessivas, o mal que tivessem praticado nas vidas anteriores. Até que, por fim, inteiramente purificadas das faltas cometidas, pudessem se reintegrar no Ser superior do qual tinham emanado. Trata-se, como demonstrnram outros filósofos da Antigüidade, de uma mera fabulação, para a qual não era apresentada prova alguma. Pelo contrário, tal fa bulação contrad iz a experiência mais elementar de qualquer um de nós, que temos a perfeita noção da unicidade de nosso ser, desde o despeitar da razão até o último momento antes da morte em que conser-
va mos a consc iê ncia de nós mesmos. Não há em nós reminjscência de uma vida anterior e m outro corpo ou ser vivo, vegetal ou animal. Ademais, por que não haveria novos pecados nas novas encarnações? E se os houvesse, essa tal purgação nunca acabaria!
Sessões espil'itistas e i11lluências diabólicas O leitor afirma ter quase a certeza de que espíritos desencarnados existem, e que mwtas pessoas podem incorporá- los. Isto tanto pode referir-se à teoria da metempsico e (migração das almas ou reencarnação), à qual acabamos de nos referir, como aos alegados fenômenos que se passam nas sessões espíritas, em que ceitas pessoas estranhame nte dotadas (médiuns) serviriam de canal de comurucação entre os mortos e os vi vos, captando mensagens dos primeiros e transmitindoas para os segundos. Tampouco há provas provadas da realidade da imensíssima maioria dos fe nômenos alegados; e aqui , sim , é o mome nto de dizer que os demônios - de cuj a
existência sabemos pela Revelação, ou seja, a Palavra de Cristo, e também por suas manifestações, espec ial me nte nos exorci smos reali zados por sacerdotes católi cos - podem intervir nesses fenômenos para iludir os home ns. E le pode, por exemplo, imitar a comunicação da alma de pessoas falecidas, através dos médiuns, com as pessoas vivas presentes a tais sessões. E, como sabemos pela Revelação, o diabo "é mentiroso e o pai da mentira " (]o 8, 44), e não quer senão a perdição dos homens. Por isso está dito no mes mo versículo do evangelho de São João que "ele [o diabo] era homicida desde o princípio ". De onde se segue que devemos fugir com horror dessas sessões espiritistas, para que o de mônio não nos influencie, não nos faça mal já nesta vida, pois o que ele quer é levar-nos para o inferno.
Os sábios e bons conselhos de uma mãe Tem, pois, razão a mãe do missivista, aconselhando-o a continuar seguindo sua Religião (católica), acreditando fervorosamente em Deus, praticando
os Mandamentos, e que assim esta.ria ao abrigo do mal . Fica subentendido no conselho de sua mãe que a lógica dessa postura exjge seu afastamento das pessoas que procuram arrastá- lo para alguma dessas religiões espíritas, pois é imprndente exporse ao perigo de ser enganado pelo demôruo, que é um ser muitíssimo ma is inteli ge nte e ast1rcioso do que qualquer homem. Pois tan1bém está dito na Escritura que "quem ama o perigo, nele perecerá" (Eccl i. 3, 27). E aproximar-se imprudentemente do perigo é, de certa forma, amá-lo. Sinceramente não me fica claro, em sua carta, qual a necessid ade que o missiv ista tem de procurar contato com essas pessoas freqüentadoras de cultos esp íritas. Somente razões imperiosas de parentesco, trabalho ou negócio justificariam que o missivista tolerasse contatos com pessoas tais . Quiçá queira ele converter algum a dessas pessoas com quem mantém laços de ami zade. Neste caso, justifi car-se- ia que ele procurasse afas ta r tai s pessoas desses cultos, apresentando-lhes os arg ume ntos que expusemos
O diabo "é mentiroso e o pai da mentira" (Jo 8 , 44), e não quer senão a perdição dos homens .
acima. Seria o genuíno e perfeito "amor do próximo". Se elas não se deixarem convencer, e persistirem no seu erro - e ademais, no seu esforço de arrastá-lo para esses cultos diabólicos - a prudência manda afastar-se do seu convívio. Por fim - e aqui entrn o argumento que um sacerdote católico não pode omjtir - a Santa Igreja, em seus decretos sobre o espiritismo, proíbe terminantemente, sob pena de pecado mortal, e conforme o caso até de excomunhão, que um católico freqüente qualquer culto em que se invoque o aparecimento das almas dos rno1tos.
De onde o meu conselho sacerdotal de que o missivista se atenha aos sábio conselhos da senhora sua mãe e se afaste de qualquer relacion ame nto imprudente com pessoas que procuram influenciá-lo no sentido do mal. Pois, confirmando o que disse de início, tais "religiões" não são do bem, mas do maJ! Como conselho fin al, reze muito à Santíss im a Virge m Maria, que Ela maternalmente o ljvrará de toda influência do maligno, pois sua celeste missão foi sempre a de esmagar a cabeça da Serpente infernal. • E-mail do autor: conego josel uiz@catol jc jsmo.com.br
benevolamente se pode interpretar da_seguinte mane ira: que eu, ao dar-lhe uma resposta, não me guie pelos dados da Fé, mas apenas pelas luzes da razão. Tal ressalva é aceitável apenas em parte, pois, em se tratando de matéria de Religião, depois de apresentar os argumentos da razão humana, é preciso aduzir também os argumentos da Revelação, isto é, da Fé. MAIO 2005
D11111
~
l !
' Mais uma aberração: Site pedófilo para crianças!
J\ Planned Parenthood (Planejamento l l Familiar)- maior grupo pró-aborto do mundo - colocou em seu site matéria para educação sexual de crianças de seis anos: A idade importa? Quando as meninas encontram homens mais velhos. A página direc ionava as crianças a um site que faz apo logia da pedofilia, da pornografia infantil e oferece objetos para perversões sex uais. Militantes pró-vida tiraram cópias e alertaram os pais de famíl ia. A Planned Parenthood alte rou logo as comprometedoras páginas, mas continua impunemente difundindo seus aberrantes programas . •
11
Promotor de casamento" homossexual pode ser excomungado
º
bi spo de Ca lgary, Canadá, D. Frederick B. Henry, dec laro u à TV que é imposs ível o chefe do governo nacional ser "bom católico, se ao mesmo tempo apóia o aborto e os 'matrimônios ' de pessoas do mesmo sexo". Nesse caso, o bispo só pode dizer: "Não receba a comunhão, porque [. .. ] rompeu o seu vínculo com a Igreja" . D. Henry esclareceu que, se depe ndesse dele, pensaria seriamente em exco mungálo, poi s quem promove o "casamento" homossex uai "comete uma grave ofensa a Deus. [. .. ] Não se pode estar nos dois extremos ao mesmo tempo ". •
1's11nami, proteções extraordinárias e conversões
N
Espanha: esquerdas e homossexuais tentam realizar profanação
N
as escada.tias da catedral de Barcelona, mil itantes soc ialistas e o grupo homossexua l Sin Vergüenza promoveram ato contra a Igreja Cató li ca, que cond ena os "matrim ô ni os" homossex uais. E ntoara m slogans blasfemos, como "Igreja Católica: imbecilidade ilustrada" , "Vamos queimar Deus", "Cristo homossexual ". Jovens católicos ofereceram res istência dentro da legalidade, temendo uma invasão da catedral. Para eles, a ocupação seria o início do confi sco das igrejas, reclamado pelas esquerdas. Os católi cos foram objeto de insultos e obscenidades por parte dos manifestantes. •
Absurdos da mentalidade igualitária
A
empresa Servicio Estación, da Espanha, criou máquina de lavar que lê as impressões di gitai s antes de fun cion ar e impede que o aparelho seja depois ativado pela mesma pessoa. A intenção é "acabar com ocostume de muilas famílias, em que sempre é a mulher que se encarrega do lava-roupas ". Pretende ser um eletrodoméstico nivelador, que obrigará o marido a cu idar da roupa em medida igual à da esposa. O modelo fo i batizado com o nome de "chegou. tua vez ". É mais um di sp,u-ate imposto pelo igualitarismo hodierno, tendente a desagregar a fa míli a e a sociedade e instaurar o caos. •
o arquipélago Andaman, Índia, as destruições do tsunami foram tais que o governo não pensa reconstruir nada . Porém, como revelou o Pe . Franklin Rodrigues, superior provinci al dos missionários de São Francisco Xavier, "o tsunami trouxe muitas pessoas para o caminho de Deus. Os sobreviventes nos campos de refugiados rezam o rosário de joelhos, jovens e velhos juntos", sendo acompanhados por inúmeros pagãos . Na ilha Pequena Andaman, "nada foi poupado. Só a igreja católico e a gruta de Nossa Senhora de Lourdes se destacam majestosamente entre as ruínas", acrescentou o sacerdote.
Filmar agressões: nova e cruel moda
E
'.n Lo.· ndres surgiu a moda~de adolescentes esbofetearem tra'.1 seuntes 111defesos na rua, no metro ou na esco la, enquanto outros filmam a cena. Depois eles trocam as gravações, considerando essas bárbaras atitudes um divertimento. Podem ser agredidos velhos, mulheres e crianças, e a violência das imagens que circu lam pela Internet assusta até a políc ia. No Brasi l, um jovem assassino filmou , de modo semelhante, a morte de sua ·vítima, para depois gabar-se da "proeza". O homicida inspirou-se no terrorismo islâmico, cujas execuções filmadas são difundidas pela mídia ocidental sem que haja uma justa e indignada censura moral. •
Saddam desmontou fábricas de armas
I
ma~e,~s via satélite, _an~lisadas pe!a Agência Internaci~nal de En:rgia Atonuca e pela Comtssao de MonitoralJ'!ento, Ver,ficaçao e Inspeçao da ONU, documentaram as declarações de Sami al-Araji, vice-ministro da Indústria iraquiano. Segundo ele, as fábricas de armas de extermínio de Saddam Hussein foram desmontadas antes e durante a invasão aliada . O escarcéu publicitário sobre a suposta falta de provas da ex istência de armas de extermínio maciço, formado pela mídia e por organismos internacionais, deu tempo para a remoção delas, talvez para a Síria. Essas fábricas hoje constituem séria ameaça para o mundo. John Shaw, ex-subsecretário para a segurança tecnológica internacional dos EUA, declarou que a transferência foi executada por unidades de elite do exército russo, denominadas Spetsnatz. •
CATOLICISMO
D. Antonio Juan Baseotto
Brasília: elogiado uniforme de gala de renomado colégio
Presidente argentino demite bispo militar católico
O
colégio Galois, de Brasília, colocou o uniforme de gala no uso quotidi ano. Desapareceram os tênis, as malhas, as camisetas e os j eans. E começou o uso dos sapatos, das cam isas brancas com botões e mangas compridas, da gravata cor de vinho, da calça social preta ou saia xadrez. O Galois quer resgatar os valores tradicionais. "Me senti na Europa,foi muito lindo. Me trouxe boas recordações de quando eu era esludante", comentou a mãe de um aluno. A diretora, DulcinéiaNakamura, expli cou: "A moda de hoj e tem deixado as meninas deformadas. Elas sentam e se portam como homens. Perderam o glamour e a elegéincia ". Para a diretora, as escolas particulares do DF aderirão à idéia e m pouco tempo. •
Boicote contra empresa privada fracassa na Argentina presidente argentino Kirchner convocou um boicote contra a empresa privada Shell. Os piqueteros, co-irmãos dos sem-terra, bloquearam os postos de gasolina. A esquerda católica brasileira aptaudiu o ato como exemplo para o país. A mídia anunciou que a maioria dos argentinos apoiava a iniciativa de seu presidente. Mas depois todos secalaram. O que houve? E m B uenos Aires, o líder dos bloqueios, Jorge Ceball os, em declaração ao diário "La Nación", reconheceu: "Erramos; nossa ação acabou sendo negativa para o governo". Os jornais platinos ficaram repletos de protestos anti-piqueteros e anti-Kirchner. Mas, sobre tal reação, a mídia brasileira nada informou. •
º
"Se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem em Mim, seria melhor que lhe colocassem no pescoço uma pedra de moinho e o atirassem ao mar" (Me 9, 42). Estas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo irritaram o go verno da Argentina . O bispo militar D. Antonio Juan Baseotto reproduziu-as numa carta dirigida ao ministro da Saúde, Ginés Mario González García, porque este promove o aborto e distribui preservativos entre adolescentes. O presidente Kirchner destituiu o Prelado da capelania militar, fato que não foi aceito pelo Vaticano. Depois disso o governo argentino ensaiou um recuo .
MAIO2005
~
uma "bomba atômica" contra a produção nacional direito de propriedade vem sendo "hmnbardeado" por todos os lados; ora são as invasões do MSt ora decretos que prejudicmn os produtores; e agora n1ais mna bon1ba: o GUT (Grau de Utilização da Terra).
ROMAE1ERNA Lembranças e lições de momentos inesquecíveis Ü faleci1nento de S.S. João Paulo Il e a eleição de S.S. Bento XVI patentearan1 ante o inundo u1na verdade fundan1ental: a Igreja Católica é o centro de todo o acontecer humano
PLÍNIO V 1DIGAL XAVIER DA SI LVEIRA
governo Lula, através do Mini stéri o do Desenvolvimento Agrá) rio, ameaça desarti cul ar a estrutura de produção qu e sustenta as exportações agrícolas brasile iras. Essa ameaça se concreti za nas anunciadas exi gências de produtividade para efeitos de desapropriação para Reforma Agrária . Ou seja, até o momento consideravam-se produtivas as propriedades ag rícolas que atin g issem determinados índices de produção (GUT e GEE), as qu a is não podi a m ser desapropriad as (vide quadro) . Agora, o governo quer aumentar significativamente esses índi ces, de modo a qualificar como " improdutivas", co m uma penada, as propriedades até o presente consideradas "produtivas" . E com isso desapropri á- las, através da Re form a Agrári a, para entregá- las aos sequazes do MST , que certamente se encarrega rão de transform ar tais terras e m novas favelas rurai s. Além da injustiça flagrante de tal medida, o golpe na produção nacio nal poderá ser muito forte, e corre-se o ri sco de abalar as exportações e aumentar o nível de pobreza no Brasil , a exemplo de Cuba e do Zimbábue. Das regiões com alto nível de produção de soja e mjlho, raras vão conseguir cumprir as exigências e fi car fora da linha de ti ro cio governo.
Não cedei' parn não pel'der Ante uma salutar reação hav ida da parte dos proprietários, o Ministério do Desenvolvimento Agrári o acenou para a poss ibilidade de estabelecer índices com valo r um pou co me no r cio qu e hav ia anunciado inic ialmente. É sempre a táti -
jllllllll
CATOLICISMO
M ARIO N AVARRO DA C OSTA
Enviado Especial
Roma - No antigo cerimonial de en-
ca ele tentar fazer com que os faze ndeiros, que não querem engo lir um bo i, engula m pe lo menos um nov ilho. C umpre aos inte ressados mobi Iiza re m-se pa ra press ion ar as cúpulas rurai s a fim de que es tas utili zem a g rande influ ência que têm sobre o governo, no sentido ele ev itar esse go lpe na agropecuári a nacional. A política cio ceder para não perder nunca deu certo. Por ocasião dos debates parlamentares que precederam a aprovação ela atual Constituinte, o P rof. Plinjo Corrêa de O liveira alertou vivamente os deputados da bancada rura li sta e toda a Nação, para que não deixassem nas mãos cio governo a possibilidade de desapropriar terras com base em índices fabricados pelo próprio governo. Não fo i ouvido e está acontecendo o que ele prev iu . Cumpre agora, pelo menos, não deixar-se cegar novamente pelo otimismo, e lutar para evitar o quanto possível esse grave dano que ameaça o campo bras ileiro. • E-mail cio aut or:
O GUT (Grau de Utilização da Terra) não pode ser menor que 80%; ou seja, da área aproveitável do imóvel, pelo menos 80% deve estar cultivada com lavouras, pastagens, exploração florestal ou extrativista, para que a propriedade seja considerada produtiva. O GEE (Grau de Eficiência na Exploração) se refere aos rendimentos por hectare, ou lotação de unidades animais por hectare. O INCRA possui uma
lTOni zação e coroação dos Vigários de Cristo, um frade portava uma longa vara com a ponta envolvida em estopa, ateava-lhe fogo e proclamava : "Pater sancte, sic transü gloria mundi " (Santo Padre, assim passa a glória do mundo), prime iro uma vez diante cio Papa; depois, duas vezes no meio da Basílica; por fi m, três vezes em alta voz diante cio altar de São Pedro, e repentinam ente apagava a chama. Pois, neste vale de lágrimas, a morte vem até para o mais elevado de todos os homens em glória e homa, que é o Papa. Na noite, sob a garoa, a Bas íli ca de São Pedro, toda iluminada, co mo
que tocava nas nuvens, oferecendo arrebatador espetáculo. O chão de pedras ela Praça brilhava de modo atraente, circundado pela fa mosa co lunata de Bernini . Ali , milhares de pessoas fi xa vam seus o lhares no Palác io Apostó li co. Muitos rezavam. Todos co mpartilhavam a mesma apreensão : S.S. João Paul o II, naqu e la noite de 1º para 2 ele abril , preparava-se para o mo me nto so le ne e ntre tod os, de co mparecer ante o C ri ador.
Comoção leva 3 milhões
à Praça <le São Pedl'o A notícia chegou só no dia seguinte, quando os sinos ela Bas íli ca de São
tabela que apresenta, para cada exploração agrícola, extrativista ou florestal, as quantidades mínimas por hectare, por região do País; e o número de animais mínimo, conforme a Zona de Pecuária do País (também encontrado em tabela). Caso a média dos rendimen tos por hectare, das explorações agrícolas, extrativistas, florestais e pecuárias não atinja o mínimo dos tabelas, o GEE será menor que l 00%, e não será satisfatório.
MAIO2005 -
, Pedro dobraram a fi nados. E la suscito u no mundo - no dizer irreverente de um di ário parisiense - um "tsunami de lágrimas e âg ua benta". E o que eu testemunhei em Roma desde o dia 6 de ab ril foi um caudaloso afl uxo de fiéis - 3 mi lhões, segundo estimativas ofic iais - a render as derrade iras hom e nagens ao Pontífice. A imensa fila demorava de 1 l a 12 horas para cond uzir o fiel ante o corpo do Pontífice, revestido com paramentos cor púrpura, pálio branco com cruzes negras, sandálias, lu vas vermelhas e mitra dourada, como estabelece o cerimonial pontifício. Estive .muitas vezes antes na Basílica de São Pedro. Nela, como em numerosas catedrais da Europa, a movimentação agitada do turi smo de massa prejudica com freqüência o recolhimento e
a oração. E jamais, como nesses dias, tantos romeiros vis itaram a Basíl ica em tão pouco tempo: entre 14.000 e 18.000 pessoas por hora! Entretanto, o ambiente era reco lhido e respeitoso. Muitos visitantes paravam para rezar nos altares latera is, seriamente concentrados e até contritos, tocados pe la majestade das pompas pontifícias. Tudo mu ito diferente do turismo convenc ional.
1/omenagem dos grandes desta 1'errn Tal foi a comoção mundial, que o presidente da maior potência da Terra - os EUA, onde as seitas protestantes somadas ainda constituem maioria - junto com os dois presidentes que o precederam (Clinton e Bush pai) foram oficialmente ajoelhar-se a nte o catafa lco de S.S. João
Fiéis rezam num ahar da Basílica de São Pedro antes do falecimento do Papa
Pau lo li. Normalmente os protestantes não se ajoelham - é um dos legados do orgulho de Lutero ... Mas eles o fizeram , após simples indicação de um cerimoniário. A esposa do presidente George W. Bush e a secretária de Estado americana, igualmente protestantes, com a sensibilidade feminina para os ambientes, compreenderam logo a atitude certa; e quem as visse poderia talvez imaginar que elas freq üentaram uma boa escola católica de outrora. "Anima humana naturaliter christiana" (A alma humana é naturalmente cristã), escreveu Tertuliano. "Anima humana naturaliter catholica ", acrescentaríamos nós, observando a cena. Às solenes exéqu ias do pranteado Pontífice assistiram 169 delegações estrangeiras: nelas figuravam IOmonarcas, 59 chefes de Estado e 17 chefes de Go-
1978 estivera presente co mo envi ado de Catolicismo. Pensar que, há poucas décadas, e m certos ambientes progress istas católicos pregava-se que a Igreja cio III mil ê ni o seri a "pobre" e teri a reto rn ado aos seus "p rimórdios catacumbais ", reduzid a a pequenas co munidades despojadas e desestruturadas ! O Vati cano re nunc iari a aos seus pal ác ios, templ os e tesouros depoi s ele 20 século. de Tradição - e o Papa iria morar num apartamento ou paróq ui a da periferia ele Ro ma. A Igreja, diziam esses adeptos do " mi serabi li smo", faria isso para atender à sede de modernidade que grassaria entre os fiéis, os quais já não compreendem mais uma Igreja hi erárquica, com suas pompas e ce rimô ni as multi ssec ul ares, seus dogmas e preceitos mora is, suas vestes litúrgicas, bem como os hábitos sacra is de clérigos e re ligiosas. As multidões que vi em Roma ofereceram soberbo desme ntido a tais pregações visceral me nte contrári as à prática e ao Magistério tradicionais da Igrej a. O ime nso afl uxo de pessoas patenteou e loqüentemente que as propensões de alma dos fiéis rumam e m sentido oposto àq uele ambic io nado pe lo chamado progressismo.
Milhões prestam uma última homenagem
vemo. Houve, é claro, ausências "compreensíveis", como, por exemp lo, a da China co muni sta e a da Rússia de Putin, esta que ocu lta cada vez menos seu retorno à ditad ura soviética. São Pedro Dam ião qualificou a morte de um Papa com um a expressão fo rte, que ajuda a avali ar o acontec ido: "Momento de terror para a humanidade". E ele fato o mundo inteiro parou quando tomou conhec imento dela, ta l a sua importância.
A pompa ela Igreja auai as multiclões
Igreja Católica: centro do acontecer hmnano
Muhidão assiste ao traslado do carpa de João Paulo li
i.-m
1
CATOLICISMO
Dezenas de monarcas, chefes de Estado e chefes de Governo
No dia da inumação, junto aos representantes dos vários países havia 157 cardeais, centenas de bispos, milhares de prelados e sacerdotes, cerca de 500.000 fiéi s na Praça de São Pedro e adjacências, além de outros 600.000 que acompanhavam a cena em telões instalados nas grandes praças de Roma. Analisando tal reunião sem precedentes de líderes da Terra, vinha à minha memória o que eu ouvira ta ntas vezes do Prof. Plínio Corrêa de O li veira: a Igreja Católica é o centro da H istóri a. Todos os acontecimentos do mundo giram e m torno d'Ela, e por mais que os homens de pouca fé não queiram reconhecê- lo, a hum anidade toda, em maio r ou menor med ida, pensa e age em função da [gre-
Saudação de S.S. Bento XVI após a eleição
ja, até quando a vituperam o u fin gem desconhecê-la.
Fracasso da pregação progressista Passam-se os dias e vem o Conclave. Encontrava-me eu na Praça de São Pedro q uando sai u a fumaça branca da Capela S istina. Pude constatar a eufo ri a da multidão ao se apresentar na céle bre Loggia ela Basílica o recém-eleito Bento XVI. O uvi os cânticos e brados ele júbilo numa profusão de línguas - uma cena inesquecível. .. Para mim fo i a 3ª "fu maça branca", já que nos dois Conclaves de
Nestes acontec imentos, ficou claro que a Rocha de Ped ro - sobre a qual sempre e apoiou a Igreja em meio ao caos uni versa l, às trevas e ao pecado bem co mo a nob re estrutu ra austera e hierárquica da Igreja Cató lica e sua po mpa, que representa de antemão os fastos da vida eterna, susc itam ondas de entu sias mo em todo o orbe. Ao invés ele afugentar, atraem as multidões. Deixei Roma dominado pela certeza - não só de fé, que j á possuía, mas também certeza sensível - de que por mais gigantescas que sejam as tempestades que possam se desencadear sobre a Santa Igreja, nada co nseg uirá destruí- la. Seus ad versários aca barão se di ssipando como fumaça ao vento, ainda que seja em meio aos terríveis castigos anunc iados por Nossa Senhora em Fátima. • E- mail do auto r:
MAlO2005 -
A corrupção começa cedo aqu iadas e fantasiadas , 150 crianças de 4 a 12 anos de idade desfilaram como finali stas no l º Concurso de Be leza "A melhor modelo infantil", no Memorial da América Latina, e m São Paulo. O concurso recebe u cerca de 4.500 inscrições. Na pl atéia, um batalhão de pais, tios e avós munidos de filmadoras e máquinas fotográficas. Dentre as crianças derrotadas, algumas saíram chorando. O médico Eduardo Va ll e estava apreensivo: "É difícil
M
1'V toma agressivas as crianças Crianças que vêem ma is televisão tornam-se agress ivas, diz pesquisa da Universidade de Was hin gton. A lé m disso, há uma li sta de outras conseqüê ncias negativas, como obesidade, incapacidade de pres ta r ate nção e dive rsos tipos de agress ividade, afirmou F rede rick Zimmerman, que diri g iu a pesqui sa. Ao mes mo te mpo, as crianças cujos pais lêem para elas, lhes dão atenção e as ensinam são me nos prope nsas à agressividade (Cfr. Reportagem da CNN.com,
julgar uma criança como mais bonita que outra, e não sou a favor disso. Acho que na área dos modelos infantis há uma pressão muito grande, e temo que ela se decepcione".
5-4-05).
Para Fernando Silva Teixeira Filho, professor de psicolog ia da Unesp de Assis, a criança ganha o primeiro lugar
"mas, e daí, o que ela vai.fazer com isso? [. .. ] Muitas vezes, é um desejo narcísico [dos pais] de mostrar que foram capazes de fa zer uma criança bonita", di z Teixeira. A psicóloga Isabel Kahn, do núcleo de terapia de casais e família da PUC-SP, alerta para alguns problemas que podem surgir quando uma criança trabalha como modelo, como apreocupação exagerada com o corpo e o ciúme entTe irmãos. Além disso, "os pais devem garantir que a criança não viva em fun ção da sua beleza" ("Folha de S. Paulo", 4-4-05). Ante esse absurdo praticado co m crianças, como queixar-se de conseq üê nci as co mo a prostitui ção infanti I e outras taras?
~
Novo estilo de casamento A Corte de Ju stiça de Massachusetts (EUA) de u lice nça para que, nos novos casamentos, não haja ne nhum a referência a " noivo" e "noiva". Os casais que procuram casar-se serão oficialmente ide ntifi cados como "Parte A" e "Parte B" . Trata-se, e vide nteme nte, da a bominável tentativa de não difere nc iar o casa me nto natural, e ntre homem e mulhe r, do dito "casa me nto" homossexual. O De partamento de Saúde Pública daquele Estado propôs que tam bém sej a m mudadas as certidões de nasc ime nto . E m lugar de consta re m ne las as palavras " mãe" e "pai", haja ape nas Parte A e Parte B. O Govern ador Mitt Romney objetou co ntra a medida , mas, ao que tudo indi ca, é a pe nas questão de tempo para que ela e ntre e m prática (Cfr. Jeff Jacoby, s ite Townhall. com, 14-3-05). •
Boa Notícia Em meio a tais horrores, uma notícia é de molde a consolar um pouco Nossa Senhora. Pesquisa realizada na Inglaterra, com l.500 mulheres em torno de 29 anos de idade, indicou que 61 % preferem o papel de "deusa do lar", que inclui a maternidade, e consideram inútil e irritante a vida social agitada. Mais de dois terços delas concordam em que o homem deve ser o principal provedor da família, enquanto 70% não desejam trabalhar duro como a geração de suas mães. O título da reportagem é:
"Ansiosas para serem donas-de-casa: as jovens têm saudades dos anos 50, em que as mulheres permaneciam quietas no lar". As filhas da geração das feministas não querem mais do que um casamento feliz e uma felicidade doméstica, aponta a pesquisa. Após décadas de crescimento dos divórcios e dos nascimentos fora do casamento, aparece agora uma geração de mães que prefere costumes tradicionais ("The lndependent", Londres, online, 10-3-05). •
CATOLICISMO
Ativismo de esquerda dentro do Poder Judiciário R ocuradora de Justiça no Distrito Federal, Professora da Universidade Católica de Brasília, aponta graves riscos no direUo alternativo e num movi1nento organizado para manipular o direito
Catolicismo - Como a Sra. vê o problema da politização do Poder Judiciário? Prof" Ari,ula Fernalldes - A
Profª Arindo Fernandes é Bacharel em Ciências Jurídicos e Sociais pelo Faculdade Nocional de Direi to do Universidade Federal do Rio de Janeiro (1972), tendo obtido também no mesmo Faculdade os grous de Mestre (1980) e Doutor (1983) em Direito Penal. Como Pesquisadora do CNPq, no li Universidade de Roma - for Vergota , Itália, atuou no campo do Crime Organizado, o que lhe rendeu o grou de Pós-Doutor. A entrevistado é atualmen te Procuradora de Justiço no Distrito Federal - onde tam bém integro o Câmara de Co ordenação Criminal-, professoro do groduoção e pós - graduação do Universidade Católico de Brasílio, pesquisadora do CNPq e membro do Conse-
lho Pontifício do Observatório do Crime Organizado, sediado em Genebra (Suíço) . Membro, ademais, de diversos socie dades e academias, dentre os quais destacamos: Grupo Brasileiro da Sociedade Internacional de Direito Penal Militar, sediado em Brasílio (STM), do qual é sócio -funda dora; Instituto lnteromericano de Direito Penal e Processo Penal, sediado também em Brasílio, do qual é sócio-fundadora, exercendo atualmente no referido instituto o cargo de secretário-geral; Société lntemotionale de Droit Pénol-AIDP, com sede em Pau, França .
f>mf'" J\rimla:
"Foi la11ça<lo um livl'O nos Esta<los Uni<los, mostram/o que a esquenla está utilizall(/0 o Poder Judiciário para coloca,, em prática sua agem/a r el'onnista"
militânc ia ideo lóg ica dentro do Poder Judiciário é um fe nômeno relativ ame nte recente no Brasi l, mas va i tomando rumos preocu pantes. No s Estados Unidos , o problema é mais antigo e vem sendo combatido por diversos setores da soc iedade. Recentemente fo i lançado naq uele país um li vro intitulado Homens de preto: como a Suprema Corte está destruindo os Estados Unidos, mostrando que a esqu erda está utili zando o Poder Judiciário para colocar em prática sua agenda reformista. Aqui no Brasi l, já existe uma considerável rede de profissionais do direito - espec ia lme nte na magisu-atura e no M inistério Púb lico - empenh ados em qu estões co mo legalização do aborto, uni ão de homossex uais, eutanásia, enfraq uecimento do direito de pro priedade. A ação desses operadores do direito está pautada por sua ideolog ia e conseq üentemente não há por parte deles nenhum compromisso com a legalidade instituída. É bastante comum ver esses profissionais evocarem os princípios constitucionais para fundamentarem suas peças processuais como sentenças, pareceres, pedidos de arqui vamento. Trata-se de um sagaz exercício de retórica: afirmam estar cumpri ndo a Constituição, no momento mesmo em que a desobedecem . Por exempl o, não faz mui to tempo, um Jui z do Rio Grande do Sul reconheceu como uni ão es0
M A IO 2005 -
l
tença o ju iz afirma que os invasores têm o direito de permanecer na terra invadida. O caso é notic iado na imprensa. Se ao longo de alguns anos houver vários casos semelhantes, a idéia que fica para a opinião pública é a de que alg uma co isa mudou , e que um invasor tem mais direito sobre a terra cio q ue o próprio clono. Gramsci chamava isso de "fun ção pedagógica do direito". É uma forma de educar e assimilar as massas. Outro aspecto interessante fo i abordado por um aluno da U niversidade Católica de B ras ília, chamado Mauro Alves Co rrêa, em sua monografia de co nclu são de curso intitul ada "Revolução
Cultural no Direito: Gramsci e o Direito Alternativo", cuja banca examinadora tive a grata satisfação de integrar: é a ação conjunta desses mag istrados com os tai s movime ntos soc ia is. A inspiração di sso também está em Gramsci. A idéia é tentar passar à opini ão pública a impressão de que estão amparados pelo apoio popular e, ao mesmo tempo, dar a idéia de que tais grupos representam a totalidade da popu lação.
sérios se recu sam a ver essa realidade - é que boa parte desses profi ss ionai s engagés não está interessada meramente em ap.licar uma age nda reformista. Isso é apenas o começo. O objetivo principal - dizem explicitamente - é corroer o ordenamento lega l para, com isso, favorece r o advento de um Estado socialista. Usam o "Direito como arma na pretensa luta de ela ses teorizada pelos socialistas" .
tável o relacionamento de cinco anos entre dois homos sex uais. E fundamentou s ua decisão na Constituição Federa l. Mas a Constitu ição, assim como o Código Civ il , é taxativa em reconhecer uni ão somente entre homem e mulher. Catolicismo - A ação desses juristas é um fator de enfraquecimento da ordem legal? Profª Arinda Fernandes - Sim, e de várias formas. Uma delas é debilitando a própria organização do Estado. Nossa Constitui ção define claramente a existência de três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Em linhas gerais, a tarefa de exprimir a vontade popular cabe ao Legislativo, por meio da e laboração de leis. Ao Executivo, admi ni strar e executar as leis. E, por fim, ao Judiciário dirimir as controvérsias e m torno das leis. Quando esses ativistas de ntro do Judiciário tê m a oportunidade de levar à frente alguma de suas propostas progressistas, passam por cima de toda a legalidade in stituída. Afirmam que as leis são injustas, ou que estão realizando mera interpretação. Na prática, estão furtando uma tarefa que é do Poder Legislativo e colocando em xeque o próprio Estado de Direito. Mas o problema central - e muitos juristas
~
CATOLICISMO
"Realizaram [certos juristas] um trabal/10 teórico de adaptação da estratégia de revolução cultural de Grnmsci para poder aplicá-la ao direito"
Catolicismo - Qual é a inspiração ideológica ou doutrinária desses magistrados? Prof° Arinda Fernandes - Aq ui no Brasil, esses juri stas realizaram todo um trabalho teórico de adaptação da estratégia de revo lução cultural do ideólogo italiano Antonio Gramsci para poder aplicá-la ao direito. Gramsci que ria um a revo lução cultural capaz de apagar todos os valores ocidentais e cristãos qu e orientaram a atual civilização. Para ele, não seria possível estabelecer o soc ialismo sem antes reali zar essa reforma intelectua l. Dentro desse esquema, é muito importante apagar nas pessoas as noções tradicionais de justiça. É o que ocorre, por exemplo, quando um proprietário tem sua terra invadida e recorre ao judiciário, exig indo reintegração de posse. Na sen-
"É preciso mostra,· a realidade: o ativismo ideológico dentro cio Poder ,Judiciário exi ste; é um movimento ol'ganizaclo; tem um objetivo"
Catolicismo - Esse ativismo revolucionário é realizado apenas pelos adeptos do direito alternativo? Pro.r Arinda Femandes - E u diria que ex iste hoj e um ativismo de esq uerda dentro do Poder Judiciário e cio Ministério Público, mas que não está propri amente li gado ao direito alternativo. A grande maiori a desses magistrados e representantes mini steriais engajados não quer ver seu nome associado a um mov ime nto organizado, porque a ex istênc ia de um rótu lo capaz de designar tod a essa rede de profissionais ativistas é algo muito incô modo para eles. Atualme nte, até mesmo conhecidos líderes do alternativ ismo jurídico têm se esforçado para colocar e m des uso expressões co mo "direito altern ativo" ou "uso alternativo do direito". No último congresso internac ion al de direito alte rn ativo do trabalho, elas não apareciam em nenhuma das teses. Não quero dizer co m isso que eles não estej am o rganizados. Pe lo contrário, acredito que estão muito bem organi zados. Catolicismo - A Sra. julga que pode ser feita alguma coisa em sentido contrário? Prof" Arinda Fernandes - Uma forma muito inteli gente encontrada por esses ativi stas, ele camuflar seus obj etivos e confundir a op inião pública, foi tomar para si bande iras corno reforma do ensino jurídico, celeridade processual, ass istência aos necessitados. Seria um a co isa muito bonita, imag ine, um grupo de juristas que reali-
zasse um trabalho ele apoio aos necessitados, como fazem os Cató li cos V icentinos. Mas não é isso. E há muita gente pensando que é esse tipo de ideal que une esses ativ istas. É preciso mostrar a realidade: esse ativi s mo ideol óg ico de ntro do Poder Judi ciári o ex iste; é um movimento o rgani zado ; tem um objetivo. É preciso apresentar essa visão de conj un to, porq ue a maioria das pessoas não tem a capac idade de juntar os fragmentos e ver a realidade inteira. Se reali zarmos essa tarefa, a ação desses operadores cio dire ito estará esvaziada e enfraquec ida. O que pode ser feito e m sentido contrári o é mostrar a verdadeira face cio alternativismo jurídi co, em traba lhos, artigos, teses, monografias como a desse aluno ela Univers idade Cató li ca de Brasíli a, Mauro Corrêa, que ass im conc lui seu brilhante trabal ho: "A continuar ignota a verdadeira face do alternativismo jurídico, a penetração sutil de suas doutrinas não cessará. A s ubstitui ção cio senso comum ju rídico realizar-se-á, sem que para isso o direito alternativo, enquanto movimento distinto do restante dos juri stas, sej a preponderante, afinal , militânci a dec larada não era a preocupação de Gramsci, e os seguidores do dire ito alternativo sabe m di sso. Talvez quando nossos juristas se derem conta de que o Movimento cio direito alternativo não é simples mente um grupo de aventureiros, mas parte ele uma matizada estratégia revo luc ionári a, possa ser tarde demais". •
Gramsci (foto ao lado), é um inspirador do
direito alternativo, mediante o qual se implantará uma Revolução Cu/furo/ no campo jurídico
MAIO2005 -
A pequena Becassinc na casa da Marquesa
Uma jovem de 100 anos Aniversário de uma menina que não envelhece e manté1n viçosa sua candura sempre atraente. Contraste com o atual inundo do horrendo, onde pulula1n gibis de monstros, filmes e vidcogames demoníacos. w. Tio Corentin : «Linda menina, disse ele fazendo-a saltar em seus braços, ... e que tem lá seu peso! Pena que esse nariz ... ou melhor, não têm nariz!» (Por ironia, Aninha foi apelidada "Becassine", nome de uma ave dos charcos, de bico notavelmente longo) .
~
" V. aparece cm boa hora. Nilo
ao jardineiro. '' 11 '' Nã9 prec isa, D M clani e, cu tenho. >> E prec ipit adamente a pequ ena Bccass ine traz
-
G ABRIE L DA SILVA
Fra nça está co memorando os 100 anos de Becassin.e, a popul aríssima hero ín a das hi stó ri as para cri anças, que encanta igualmente os adultos. Vári as expos ições a seu respeito fo ram orga ni zadas em Pari s e outras c idades ao longo deste ano. Catolicismo j á trato u de la e m seu número 343, de junho ele 1979, mostrando o que a dife re ncia el as o utras hi stóri as e m q uad rinhos, e m geral noc ivas à educação da infânc ia e ela ju ventud e. As hi stó rias dessa s im ples cri ada bretã, ao co ntrári o, co ntê m li ções para a vici a, ele urna riqueextrao rdin á ri a. Ass im , deixo de lado esses aspectos fund amentais, que o le itor in teressad o pode rá co nsultar em sua co leção ele nossa rev ista, o u ped ir cóp ia à Redação .
A1ll'cscntação de /Jecassine Q ue m é Becassine? Por que fico u tão fa mosa? Po r que continu a atraente e atu al, um sécul o após sua apari ção? Becassin.e ve io à luz e m 2 de fevereiro ele 1905 ele modo inteira mente fo rCATOLICI SMO
/\ cozinheira : -
ten ho mais champ ignons para o molho. Vá pedir
SEMAIN
,.,1-1~t1~t'~'l~r:,~1
tr iun fa lme nt e um pinhão dccorali vo de ~ , 1 mad e ira, que o mo rdo mo c hama va el e "champignon" ... - "Ai, ai, resmunga Mel anic , V. não serve mesmo para aj udante. Recoloque isso onde V. pego u e fique no ves tíbulo."
Outra vez o vestíbulo! Bccass inc vê ali um a a rm adura montada sob re um
-
·'Que ser<\ isso? ... Deve ser bateria de
coz inha ...
Gisso ! A quele negóc io
h\ cm cima é a saladeira ... a gra nde do meio é a assadcir.i ; e essas co isas penduradas !braços, dedos .. _.! são para os peixes. Que idéia engraçada essa de colocar isso num quarto tão bonit o!
tuito, no primeiro número ele um novo semanário para meninas, "La Semaine ele Suzette". Às vés peras el a publi cação, a chefe da redação, Jacq ue line R iviere, deu-se co nta ele que nada havia sido pensado para a quarta capa ela revi sta ! I mprov isou então um sketch, uma peq uena histó ri a e m torno ele um a jovem bretã contratada como cri ada para a casa ele um a prestig iosa dama, a marquesa ele Grand-A ir. Feita a co mposição, a redatora entregou-a ao desenhi sta da ed itora, Jo se ph -Porph y re Pin c hon ( 187 11953), encarregando-o de ilustra r a matéria. Fo i a ocasião para mani festar-se o gênio ele P inchon, ao cri ar a ingênua e
O mo rdomo José a surpreende nessa ocupação e não gos t~l nem um pouco:
- "Ma is uma invenção ! É a senhora Marquesa que recome nda de'xnr essa fe rragem com ar de velho! Ent re no samo peq ueno e . 0bcetu lo não toque cm nada! "
qucasenhora tcm uma irmã
Para evitar esse desns trc , Bccassinc não enco nt ra
do tempo, das colheil as ... Sempre sem resposta. Logo os assuntos acabam ... Meu Deus! a prosa vai morrer!
E depois, está tudo meio esc uro. Mclanie eleve te r esquecido de lustrar. Ela vai ,1cabar levando um pito." Em suas ingênuas filosofi as, Becass inc desco bre um a oc.isião de ser útil e de fazer alguma coisa. El.1procura um pano. O primeiro que vêé um peque no ta pete de seda co locado sobre uma mesa. E, co rajosame nt e. es frega o cimo, que logo reluz como um espelho.
No salãozinho, bem cm frente à porta ergue-se um retrato a óleo da Sra. de Gra nd-Air. Mas Becass ine ac ha que está dian te da própri a Ma rquesa .. Ela fa z uma reverência deseja ndolhe muito po l idamente bom di a. O quadro ev identemente não responde. Becassinc lembra-se então das recomendações ele seu tio Corentin e começa unrn conve rsa, ou melh or, um monólogo ..
Becassinc lica desconcertada. Depois, foz nova reverência desculpando-se: "Sinhá Marquesa, não sabia
[I:.J,:, vai cm frente, pede notícias, ft
~
redondo
melhor idéia cio que começar a ca nta r um n cançãozinlw que ela apre ndeu no catecis mo. Ju stame nte nesse mo1ncnto, a port,1se abre e aparece a Marquesa.
A
_ . ~
~ ,
gêmea. Ela é boni ta como a senhora, mas bem mcno~...,,.,o,. amável, porque e la não disse uma pal:wra depois ele tudo o que contei a ela.'' Madamc de Grancl-Air teve muita diliculelaclc, primeiro, de entender as bobagens de Bccassine, segundo, ele explicar...
MAI02 00 5 -
Quando se trata de educar a pequena Loulotte, órfã adotada pela marquesa, Becassine revela-se de um instinto maternal tocante
simpática figura de Becassine: cara redo nda como a lua, nariz minúscu lo, boca invisível, e perpetuamente vestida confo rme o costume de sua a ldeia de origem: touca branca, vestido verde de tecido pesado com faixas pretas, avental branco com uma faixa vermelha, guarda-c hu va vermelho e sapatões camponeses que mais parecem botas ...
/J10cê11cia e bom senso
Becassine ti ra seu nome de uma ave migratória comum na Bretanha, bécasse. Mas em fra ncês as pa lavras bécasse
~
Mme. Larevech
CATOLICISMO
e bécassine to mam um sabo r espec ial, po is ind icam na lin guage m popu lar a pessoa bobinha, desaj eitada. No caso da nossa personage m, esse as pecto fo rtemente negativo vem contrabalançado por uma índo le in ocente e che ia de bom senso, com uma bondade de coração capaz ele extremos de dedicação, como igualmente de atos de bravu ra. A prime ira fig ura ele 1905 fez sucesso junto às meni nas q ue li am "A Semana ele S uzette", ex ig indo sua aparição ma is freq üente. Mas essa quota modesta de celebridade continuou li m itada até 19 13, q uando a pági na despretensiosa ela publicação para men inas e moc inhas de u lugar ao primeiro á lbum de um a história mais elaborada e enriq uecida por novos personage ns. Ao traço firm e e exp ressivo ele Pincho n junto u-se a riqueza do cenário e cio texto de Caumery, anagra ma ele Maurice Languereau ( 1867- l 94 I ). A d up la P inc ho n-Caumery doto u a heroína ele uma perso nalidade ma is atraente e complexa q ue a camponesa s imp ló ri a ele 1905. Com o primeiro á lbum vêm seu nome ele família, os parentes, a aldeia, os hab itantes ela a ldeia, ma is tarde a casa da marquesa co m se us c ri ados, se us amigos, suas relações, seus passeios, suas viagens (ver Catolicismo citado) - o mu ndo ele Becassine va i se ampli an do à med ida q ue e la mes ma se co loca
M . Proey-M inans
M . de la Haute-Science
di a nte do mundo e m transform ações de seu te mpo.
Não se curvou às mo<las E m 1905 ainda ex isti am os grandes impéri os: colonial britânico, austro-húngaro, alemão, russo. Em J9 13 já haviam surgido o automóve l e o avi ão. Pouco depois a primeira guerra mundi al im poria novas mudanças não só aos regimes políti cos, mas também à soc iedade, aos costumes, às ps icologias. Assi m vieram os "anos lo ucos" de entre as duas guerras, em que surgiu a arte moderna, e passaram a d itar a modo o c inema e o americcm way of life. E nquanto isso, crises políticas e econô mi cas, como a ele 1929, sepul tavam os últimos refúgios dos belos costumes tradi cionais ou ari stocráticos, para dar lugar a um estilo ele vida trepidante, "nouveau riche" ou mesmo proletário. Embora movendo-se desembaraçaciamente nesse novo mundo, Becassine conservou sempre seu profundo amor ao estilo ele vicia trad icional, indifere nte às moelas do tempo. A ri queza de personalidade e o modo super-atraente ele ap resentar a vida da época aparecem nos cenários ma is incríve is e vari ados: Becassine fam ili arizase com os in ventos recentes, d irig in do automóvel, viaj ando de trem e de av ião; esqu iando na Suíça; servindo como cobradora ele bonde ou fotógrafa aérea jun-
Marie Quillouch
Major Tacy-Turn
to ao fle ugm áti co maj o r in g lês T acyT urn ; levando os pitorescos habitantes ele sua aldeia natal, capitaneados por seu tio Corentin , para vi s ita r a exposição universal e m Paris. Em todas as situ ações, revela-se um exuberante universo de almas, cujo conhecime nto corresponde ao que de mais interessante e útil se pode apreciar na vida.
Fidelidade e bonda de As hi stóri as ele Caumery e Pinchon (este último associado sempre ao escri to r, de tal modo o dese nhista exprimiu bem as psico logias e estados ele espírito) dosam na perfe ição humo r e pedagog ia, ave ntu ra e virtudes do mésticas. Suas relações com Madame Grand-A ir, po r exemp lo, rep rese ntam o co ntrá ri o da mesqu inhez, da in veja e da revo lta in sufl ada pe la luta ele cl asses. O devotamento com que Becassine serve sua senhora é de uma dedi cação e uma fidelidade fi li ais, mesmo quando a patroa perde toda a sua fort una e m conseq üência das tra nsformações soc ia is acima aludid as, impostas à sociedade. Ela ensina cada um a amar a condição e m que nasceu, e não se envergonha em dizer que fo i fe ita para obedecer. "A paixonada e cati vante, in-
gênua mas também engenhosa, sentimental mas corajosa, conservadora mas cheia de fantasia, cabeça-dura mas de uma bondade a toda pro va "- são tra-
Pedro !' Espanhol
Baronne Lémable
ços que reve lam contrastes harmônicos da alma de nossa heroína, segundo um crítico•. Quando se trata de educar a pequena Loulotte, ó rfã adotada pela marquesa, Becassine re ve la-se ele um instinto matern al tocante. Qualidades qu e a tornam sempre atual, indife rente ao mundo, como a reforçar "o perfume de doce nostalgia que exala de sua leitura", de acordo com o c itado comentari sta.
Modernidade
x velha
França
Tudo isso, entretanto, não representa senão alguns aspectos do imenso tesouro que as hi stórias de Becassine souberam retratar em epi sódi os da vida di ária, com fin a penetração de espírito, até a segunda g ue rra mundi al. Ca um e ry e P in c ho n criaram uma multidão de personage ns 1.200 no total! - interessantes e pi torescos, que ocupam 1.500 pranchetas de quadrinhos para co mpor 25 álbun s. A publi cação só fo i interro mpida p e la invasão das tropas a le mãs na seg unda gue rra mundi al. O que pensam de Becassine os franceses modernos? A popul aridade da mais antiga heroína de hi stóri as em quadrinhos mostra o quanto e la é apreciada por uma parte da popul ação. A França, entretanto, é um país profund amente di vidido. També m numerosos são aqu eles qu e de testam Becassine e vêem nela uma idi ota pro-
Jean-Louis
vinciana que só fa z as ne iras. Esse desprezo, a meu ver, mal disfarça um ódio revo luci onário profundo. Becassine, sem que talvez seus próprios cri adores suspe itassem, é um símbolo da velha França - a França da ordem, na qual fl oresceram santos e heró is. • E- mai l do autor: w-g abriel@catolic ismo.com.br
* La ure nt
Dandri e u, Bécass in e da 11 s /e siec/e in "Le Spectac le du monde", Pari s, março de 2005.
A valente Becassine
Carmencita Gonzales
M A1O 200 5 -
Plínio Corrêo de Oliveira junto à Imagem Peregrino de Nosso Senhora de Fátima
P
aro esta edição do mês mariano por excelência - e mês comemorativo do 88° aniversário da primeira aparição da Santíssima Virgem em Portugal (13 de maio de 1917) - transcrevemos, com pequenas adaptações, três memoráveis artigos de autoria do inigualável apóstolo de Fátima, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995). Denodadamente ele propagou essa Mensagem pelos cinco continentes, alertando para as magníficas recompensas e os regeneradores castigos revelados pela Santa Mãe de Deus aos três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta . Tais artigos, publicados em nossas edições de abril, maio e junho de 1953, conservam manifesta atualidade, pois os problemas que há meio século conturbavam a Igreja e o mundo não fizeram senão aumentar. Basta considerar a impiedade desenfreada e a crescente corrupção dos costumes, reinantes nos dias de hoje. Para preservar o gênero humano, Nossa Senhora insistia na conversão dos homens, na oração e na penitência. Entretanto, seus pedidos não foram devidamente atendidos. Nã.o tendo ocorrido até o momento a conversão proposta, está na lógica da Mensagem o advento do tre mendo castigo profetizado, no qual "várias nações serão aniquiladas".
Quando virá essa severa punição, se os homens não se arrependerem a tempo? Só Deus o sabe. Cabe a nós prepararmo-nos para obter a misericórdia da Virgem Santíssima, pois com freqüência o noticiário divulgado pela mídia parece trazer consigo indícios da proximidade desses castigos. Exemplo recente, na ordem dos fenômenos naturais, foi o cataclismo que abalou o sudeste asiático - o tsunami -, que repercutiu no mundo inteiro. Exemplo na ordem humana: o terrorismo islâmico, que vem crescendo dia a dia. Assim sendo, a trágica e ao mesmo tempo esperançosa Mensagem continua a iluminar os acontecimentos presentes. Mas, aconteça o que acontecer, a grande promessa de Fátima é que por fim se estabelecerá no mundo o Reinado do Imaculado Coração de Maria. Desse modo, não apenas se resolverá esta ou aquela crise de nossa época, mas todas elas, com a renovação espiritual de todo o gênero humano. Será o fim da civilização neopagã atual e a aurora de uma civilização realmente católica. É o termo radioso para o qual aponta a Mensagem .
Atualidacl e da Mensagem de Fátima 88 anos depois Desde a publicação dos três artigos, abundantíssimos foram os acontecimentos a serem analisados à luz da Mensagem de Fátima. A esse propósito, recomendamos vivamente a leitura do livro, recentemente lançado, de Marcos Luiz Garcia, Fátima, a grande esperança, que faz tal análise de modo primoroso. A obra discorre sobre Fátima, esclarecendo a situação em que se encontra o mundo 88 anos depois das aparições na Cova da Iria. Vide recensão do mencionado livro no quadro à p. 35. MAIO 2005
,f ia
As visões ocorridas em 191 5, 1916 e 19 17 As visões de Fátima se di videm em três grupos bem di stintos. As primeiras se deram, não propriamente na Cova da Iria, mas e m lu gar muito próx imo, denominado Lapa do Cabeço. Ocorreram em 19 15 e 19 16. Apareceu nelas um Anjo que se inti tulou o Anjo de Portugal . As outras se verifi cara m na Cova da Iri a, em 19 17 . Apareceu sempre Nossa Senhora, e uma vez toda a Sagrada Família. Q uer por sua seriação cro no lógica, quer pe la qualidade das pessoas que se manifestara m, quer pe lo conteúdo das mensagens, é fora de dúvida que as apari ções de 19 15 e 19 16 foram uma preparação para as de 19 17. Estas consti tuem a parte centra l de toda a série de visões. Vem por fi m um gru po compl ementar , const ituído pe las apa ri ções de Nossa Senhora aos v ide ntes depo is das q ue ocorreram em Fátima. Deram-se em datas di versas e a cada um de les em separado. Co nstitue m compl e me nto, a li ás essencial, das anteri ores .
Peço-vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam". E ac rescento u que os Corações de Jes us e de Mari a esta va m atentos à voz de suas súpli cas. Recomendou-lhes que o ferecessem "tudo que pudessem ", em reparação pe los pecados e pela conversão dos pecado res. Declarou que era o Anjo de Portuga l, e que dev iam orar po r sua pátria. N a te rce ira apari ção, o Anjo trazia um cá lice na m ão, e sobre e le uma Hóstia da qua l ca íam dentro do cálice algum as gotas de sangue. De ixa ndo o cá lice e a Hósti a suspensos no ar, prostro u-se em te rra e repetiu três vezes a seguinte oração: "San.tíssima Trinda-
de, Pai, Filho e Espírito Santo, adoroVos profu ndamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Co rpo, Sang ue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários ela Te rra, em reparação dos ultraj es, sacrilégios e incl(f'erença com que é ofendido. E, pelos méritos infinitos de Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conve rsão dos pobres pecadores". Depois, deu a Hóstia a L úcia; e o cá lice,
Anjo de Portugal prepara a vinda da Virgem Santíssima
O acontecimento capital do século XX , , PuN10 CoRRÊA DE OuvEIRA
obre Fátima - como sobre outros ass un tos em nosso País - muito se fa la e pouco se sabe de positivo, pelo menos na grande massa. N inguém ignora que se trata de uma invocação de Nossa Senhora a cintil ar no firmamento da [greja. Qual a origem histórica desta invocação? Q ual o seu signi ficado exato? Qual . seu alcance para a vida espiri tual e a atividades de apostolado? É o que mui tos não saberiam dizer. Bem entend ido, um simples artigo de imprensa não pode esgotar matéria importante e complexa como esta, sobre a qual CATOLIC ISMO
já existe toda uma volumosa. bibliografia em todos os países católicos. Dos fatos, da.remos apenas uma narração mui to sucinta, o mín imo necessário para que leitores menos info rmados possam acompanhar o comentário. Neste primeiro artigo, desejamos acentuar algun s aspectos das mensagens de Nossa Senhora, que em geral não se põem no necessário relevo.
Os videntes: os três pastori11hos de Fátima Lúcia, Francisco e Jacinta são as três crianças favorecidas pelas visõe de Fátima. Lúcia nascera em 1907, Francisco em 1908, Jaci nta em 191 O. Francisco e Jacinta eram irmãos, e Lúcia era prima deles.
Os três provinham de modestíssima família de Aljustrel, vilarejo próximo do lugar das aparições . Absolutamente ignorantes, tinham por ocupação o pastoreio. Passavam, pois, fora de casa grande parte do dia, aproveitando o tempo, na medida em que o trabalho o permitia, para brincar e rezar. Nessa vida inocente, suas almas conservavam uma candura angélica, e iam adquirindo uma piedade e uma força de que deram ulteriormente provas admiráveis. A Cova da Iria, lugar das visões, era então um ermo, e pertencia aos pais de Lúcia . Segundo tradições dignas de respeito, o Bem-aventurado Nuno Álvares Pere ira estivera orando ali na véspera da famosa batal ha de Aljubarrota.
E m 19 15, entre abril e o utub ro, deu-se uma prime ira mani festação sobrenatural. Lúcia guardava o rebanh o com três outras me ninas, quando "viram pairando sobre o
arvoredo do vale, que se estendia a seus pés, uma nuvem, mais branca do que a neve, algo transparente, com.forma humana" . Franc isco e Jacinta não estavam presentes. Em di as d iferentes, esta apari ção se repetiu duas vezes. Em 19 16, deu-se nova aparição, desta vez em presença de Lúc ia, Jacinta e Francisco. Não hav ia o utras crianças. Repetiram-se assim mais duas aparições. O Anjo se man ifestava sob a forma de um jovem resp lendente, de uma consistência e um bri lho como do cristal atravessado pelos raios do so l. E nsin ou-os a rezar, com a fro nte curvada até o c hão, a seg uin te p rece:
"Meus Deus, eu creio, adoro, espero e amo- Vos.
Frederico Viotti
Não temais, sou o Anjo da Pazl
Oral corolgol Deus eu creio
ro, es
o-Vosl
deu-o a beber a Franc isco e Jac inta, di zendo ao mes mo tempo: "Tomai e bebei
o Co rpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelrnente ultrqjados por homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus ". Nesta narração sucinta, reproduzimos só o essenc ial, omitindo a profunda impressão que as pa lavras cio Anj o produziram nas três c ri anças, os nume rosos sacrifícios com que a partir desse mo mento começaram a expi ar pe los pecadores, a oração a bem di zer incessante, em que se tra nsformou sua vicia. Estava m ass im sendo preparadas para as revelações de Nossa Senho ra.
Nossa Senhora pe<le a con vel'são dos pecadores As aparições ele Nossa Senhora foram em número de se is, respecti vamente nos di as 13 de maio, junho, julho, setembro e outu bro de 19 l 7. A apari ção do mês de agos to ocorreu no d ia 19, e não no di a 13. Os três pas torinhos esti veram presentes a todas. À prime ira, não estava m na Cova da iri a senão e les. Nas outras, o número de pessoas presentes fo i crescendo a po nto de se tra nsfo rmar, na úl tima, e m verdadeira multidão, ca lculada em 70.000 pessoas . Na primeira aparição, Nossa Senhora anunciou que viria mais cinco vezes, em cada mês seguinte, e mais tarde voltaria uma sétima vez. E, diga-se de passagem, esta última promessa ainda está para se realizar. Em que ocasião será? Prometeu Ela o Céu aos pastorinhos, e lhes pediu que aceitassem os sofrimentos que a Deus apro uvesse enviar-lhes para repa.ração dos pecados e conversão dos pecadores. Os três aceitaram. Nossa Senhora lhes predisse então que sofreriam muito, mas a graça de Deus não os abandonaria. E por fim lhes recomendou que rezassem dia.riamente o Terço para alcançar o fim da guerra e a paz do mundo.
Devoção ao Rosál'io e ao Imaculado Coração de Maria Na segunda aparição, Nossa Senhora in sistiu sabre o Terço diário e reco mendou às três crianças que ap rendessem a le r. E ns in o u- lh es ta mb é m um a
MAIO2005 -
'
•
I<
• •
•
•,
>
;
,:•, :,,
V
r,
'
• 'T
>
•
\: ,' 1: > ;t., / • ;,;,'.l-,, :-~•-•,;;,;,i'•;;_,i,, ,J,r ,:,;;,, '
CATOLICISMO
}
'
d
':
'>
<
O milagre do sol e o segredo de Fátima A 13 de agosto não houve aparição: os pequenos videntes estavam presos, à disposição do Adm ini strador ele O urém, movido de zelo laico e republicano. Nossa Senhora apareceu entretanto, e inesperadamente, no dia 19 do mesmo mês .
diária do Terço, ensinou aos pequenos pastores uma nova jaculatória a ser rezada com freqüência, e espec ia lm ente quando fizessem algum sacrifício: "Oh meu Jesus, é por vosso amor, pela conversüo dos pecadores, pelo Santo Padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coraçüo de Maria".
A visão do i11ferno e amí11cios de castigos Maria Santíssima, então, fez ver o inferno aos três pastorinhos: "Vimos um mar
'
. _; · ·,_·j-k;,r:;;:,~~s:::! :/:::):i·,;., __.... · ,... - . desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. "Assustados, e corno que a pedir soco rro, leva ntamos a vista para Nossa Sen hora, que nos disse co m bondade e tristeza: - "V istes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas alm as e terão paz. A guerra vai acabar; mas , se não deixarem de ofender a Deus, virá outra pior" . Estas últimas palavras abri am naturalmente cami nho para outro ass unto. A Santíssima Virgem contin uou: "Qucmdo virdes uma noite iluminada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo dos seus crimes por meio da guerra, da fome e da perseguiçüo à Igreja: os bons serüo martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, e várias nações serão aniquiladas. Por fzm, o Meu Imaculado Coraçüo triunfará ".
Foto dos três pastorinhos ., logo após a visão do inferno
jaculatória, a ser rezada no Terço, entre mistério e mi stério: "Oh meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos dofogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem ". Nesta aparição, Nossa Senhora prometeu que levaria para o Céu, em breve, Francisco e Jacinta, e anunciou que Lúc ia viveria por mais tempo, para cumprir na terra uma missão providencial: "Jesus quer servirse de ti para Me fa zer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoçüo ao meu Imaculado Coração". E co mo Lúcia se mostrasse apreensiva, confortouª Nossa Senhora prometendo: "O meu Imaculado Coraçüo será teu refúgio e o caminho que conduzirá até Deus". Ainda nesta aparição, a Sa ntíss im a Mãe mostrou aos pastorinhos um coração cercado de esp inhos que o penetravam: era o Coração Imaculado de Mari a, ultraj ado pelos pecados da humani dade. E prometeu assistir na hora da morte, com as graças necessárias para a sa lvação, a todos os que, no primeiro sábado de ci nco meses seguidos, se confessare m, receberem a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Lhe fizerem companhi a durante quinze minutos, meditando nos quinze mi stéri os do Rosário com o fim de A desagravar. Nossa Senhora apareceu pela terceira vez a 13 de julho. Depois de haver recomendado mais uma vez a recitação
'
;
. ·
Neste dia, a Santíssima Mãe de Deus prometeu um insigne milagre para outubro, comunicou suas instruções relativamente ao emprego do dinheiro que os fiéis deixavam no local das aparições, e mais uma vez recomendou orações e penitência: "Rezai, rezai muito efázei sacrij{cios pelos pecadores, ·que vão muitas almas para o inferno, por nüo haver quem se sacr!fique e peça por elas" . A 13 de setembro, a Virgem Santíssima in sistiu também na recitação diária do Terço para alcançar o fim da guerra, elogiou a fidelidade dos pastorinhos à vida de mortificação que lhes tinha pedido e recomendou que se moderassem algum tanto neste ponto. Confirmou a promessa de um milagre na aparição de outubro, e anunc iou que os três veriam então a Sagrada Família. Prometeu também operar algumas das curas pedidas por eles. Foi somente a 13 de outubro que Nossa Senhora revelou sua ide ntidade aos pastorinhos, dizendo: "Eu sou a Senhora do Rosário". Anunciou que a guerra terminaria e m breve, e recomendou: "Nüo ofendam mais a Nosso Senhor, que já está muito ofendido". Lúc ia pediu a cura ele alg umas pessoas. A Senhora respondeu que c urari a "uns sim., outros nüo " . E acrescentou: "É preciso que se emendem, que peçam perdüo de seus pecados". Apareceu em seguida a Virgem com São José e o Menino Jesus. E m certo momento, apresentava-se co mo a Se-
· nhora das Dores. Pouco depois, como a Senhora cio Carmo. Foi durante esta aparição que ocorreram os sinais prometidos para autenticar o que narravam os pastorinhos. Na visão de julho, a Santíssima Virgem comunicou seu fa moso segredo. A parte que se conhece é da maior importância. Nossa Senhora pediu que a humanidade se convertesse de seus pecados e que o Santo Padre, com todos os Bispos, consagrasse a Rússia a seu Imaculado Coração. Se não, sobreviri a nova guerra, que muitas nações seriam aniquiladas, a Rússia espalharia os seus erros, o Santo Padre teria muito que sofrer. Acerca da consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, a Irm ã Lúcia teve nova visão em 1929, segundo refere o Pe. João de Marchi (Era uma Senhora mais brilhante que o Sol, p. 308). Nessa visão, ocorrida na capela das Irmãs Dorotéias, em Thuy, na Espan ha, Nossa Senhora mais um a vez pediu a consagração da Rússia ao seu Coração, a ser feita pelo Papa e m união com os Bispos de todo o mundo.
*
*
*
Esta é, em síntese, a hi stória das aparições de Fátima. O texto das mensagens, ex traímo- lo de Era uma Senhora mais brilhante que o Sol, do Revmo. Pe. João de Marchi, e de Francisco, do Revmo. Pe. J. Rolim. • (Catolicismo nº 28, abril/1 953)
de fogo, e nele mergulhados os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que saíam delas mesmas juntamente com nuvens de fumo, caindo por todos os lados - como as fagulhas nos grandes incêndios - , sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizavam e fa zia,n estremecer de pavor. [. .. ] Os demônios distinguiam-se por.formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e MAIO 2005
B1111
~
c'.l :~ E
A segunda guerra mundial superou a primeira do ponto de vista da duração, da universalidade, da mortandade e das ruínas que ocasionou
c'.l
Explicação e remédio da crise contemporânea PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
Os fatos contemporâneos mais marcantes são: 1) A crise universal. A sociedade humana apresentava na primeira paite deste século, isto é, até 1914, um aspecto brilhante. O progresso era indiscutível em todos os terrenos. A vida econômica tinha alcançado uma prosperidade sem precedentes. A vida social era fácil e atraente. A humanidade pai·ecia caininhar pai·a a era de ouro. Alguns sintomas graves destoavam das cores risonhas de te quadro. Hav ia misérias materiais e morais, é ce1to. Mas poucos eran1 os que mediain em toda a sua extensão a impo1tância destes fatos. A grande maioria esperava que a ciência e o progresso resolvessem todos os problemas. A primeira guerra mundial veio opor um desmentido CATOLICISMO
terrível a estas perspectivas. E m todos os sentidos, as dificuldades se agravaran1 incessai1temente até 1939. Sobreveio a segunda guerra mundial, e com isto chegai11os à condição presente, em que se pode dizer que não há sobre a Terra uma só nação que não esteja a braços, em quase todos os campos, com crises gravíssimas. Em outras palavras , se analisamos a vida interna de cada nação, notamos nela um estado de agitação, de desordem, de desbraga mento d e apetites e amb ições, de subversão de valores que, se j á não é a anarquia franca, e m todo o ca o cam inha para lá. Nenhum estadista de nossos dias soube ainda apresentar o remédio que corte o passo a este processo mórbido, de envergadura universal. 2) As guerras mundiais. A de 191419 J 8 pareceu uma tragédia in superável.
necessários para evitar a catástrofe. É a própria hi stóri a de nossa época, e mais do que isto o seu futuro, que nos é ensinado por Nossa Senhora. O lmpério Romano do Oc ide nte se encerrou com uma catástrofe, il uminada e analisada pelo gênio de um g rande do utor, que foi Santo Agostinho. O ocaso da Idade Média foi previsto por um gra nde profeta, que foi São Vicente Ferrer. A Revolução Francesa, a qua l marca o fim dos Tempos Modernos, foi prevista por outro grande profeta, que foi ao mesmo tempo um grande doutor, São Luís Maria Grignion de Mo ntfort. Os Tempos Conte mporâ neos, que parece m na iminê nc ia de se encerrar com nova crise, tê m um privilégio maior: veio Nossa Senhora fal ar aos homens. Santo Agostinho não pôde senão explicar para a posteridade as causas da tragéd ia que presenciava. São Vicente Ferrer e São Luís Grignion de Monlfort procuraram e m vão desviar a tormenta: os home ns não os qui seram o u vir. Nossa Sen hora a um tempo ex plica os motivos da crise e indica o seu re médio, profetizando a catástro fe caso os homens não a ouçam. De todo ponto de vista - pe la natureza do conteúdo como pela dignidade de quem as fez - as revelações de Fátima sobrepujam, pois, tudo quanto a
Providência tem dito aos home ns na imi nê nci a das grandes borrascas da Hi stóri a. Os diversos pontos das reve lações relativos a este tema constitue m propriamente o elemento essenc ia l das mensagens. O mais, por importante que seja, é mero comple mento.
O pressuposto tenivel: crise religiosa e moral Não há uma só aparição e m que não se insista sobre um fato : os pecados da humanidade se tornaram de um peso insuportável na balança da justiça divina. Esta a causa recôndita de todas as miséri as e desordens contempo râneas. Os pecados atraem a justa cólera de Deu s. Os castigos mais terríve is ameaçam pois a humanidade. Para que não sob re venham , é preci so que os homens se convertam. E para que se convertam, é prec iso que os bons orem ardentemente pelos pecadores e ofereçam a Deus toda a sorte de sacrifíc ios expiatórios. Ve mos que o pe nsamento constante de todas as mensagens é este. O mundo está a braços com uma terrível c ri se reli g iosa e moral. Os pecados cometidos são incontáve is. E são a verdadeira causa da desolação universa l. O modo mais acertado para remediar seus efeitos consiste na oração e na reparação.
O l'also otimismo e as mensagens <le Fátima Os católi cos, por es pírito de acomodação, por oportuni smo, pelo desejo pue ri I de concord ar e m Ludo co m este século, para o conduzir por vias extre mamente problemáticas a uma co nversão quimérica, pe nsa m , age m , sentem-se neste mundo de c ri se e de derrocada como se estivessem no século XIII, com São L uís re inando e m França, São Fernando em Caste la, São Tomás de Aqui no e São Boaventura iluminando a Igreja com o esplendor de s ua c iê ncia e de sua virtude. Q uando hoje em dia, só e ntre rapazo las e moçoilas se e nco ntra m ainda pessoas que não tomaram consc iê ncia da gravidade ev ide nte da c ri se por que passa mos, esses nossos católicos, muitas vezes quare ntões ou mais do que isso, e ntram freneticamente na farândola cios despreoc upados e e ntoam Joas e hinos a uma situ ação que a o utros arranca gem idos de a ngústia e até gritos de dor. E se há quem lhes deseje abrir os o lh os, enfurecem-se. Tolerantes para com tudo e para com Lodos, não podem suportar que se mostre a g ravidade da situação em que estamos. A pal avra d e Nossa Senhora, a palavra do Papa, bastarão pa ra os convencer? Não parece provável. Mas pe lo me-
Na realidade, a de 1939-1945 a superou do ponto de vi sta d a duração, da unive rsalidade, da morta ndade e d as ruínas que ocas ionou. E la nos deixou a dois passos ele uma nova g uerra, ainda pior sob Lodos o pontos de vista. Massas humanas têm vivido estes últimos anos no terror dessa perspectiva, cônscias de que um terce iro conflito mundial talvez acarrete o fim de nossa civ ili zação .
A atuali<lade das rnvelações de Fátima O ele me nto essencial das me nsagens do Anjo de Portugal e de Nossa Senhora co ns is te, como veremos, e m abrir os olhos dos home ns para a grav idade desta crise universal, e m lhes e nsinar sua expl icação, à lu z dos planos da Providê ncia Divina, e em indica r os me ios MAIO2005 -
nos pode m imuni zar contra ess'a o nda de otimj smo estúrclio aque le que talvez se sentissem propensos a lhe dar sua adesão.
A mensagem de Fátima
e os católicos de vistas curtas Ao lado deste o timi smo fe bri c itante, que gostaria de fazer do aposto lado uma pe rpé tua fes tinha de ado lescentes, um
e tern o pjc-ni c q ue abo rrece na própri a pied ade tudo qu anto pode e vocar a idéia de do r - os C rucifi xos e m que a Divin a Vítima fig ura com suas C hagas, ve rtendo o Sang ue redento r, os para me ntos pretos para as missas de defunto, etc. - temos també m o utro defeito a considerar. É a abuli a. Ex iste uma fa lsa pi edade que des vi a os ho me ns d a cons ide ração d e
Generalizou - se um otimismo febricitante que rejeita tudo o que evoca a idéia de sofrimento e expiação
Nossa Senhora entretanto insistiu na necessidade da oração e da penitência, elementos essenciais de sua mensagem
tod os os pro bl e mas g randes. Di ssolvese a C ivili zação Cri stã, rui o mundo, convul s io na-se a Terra? O ho me m intox icado po r essa fo rma ele pied ade nada vê, nada sente, nada percebe. S ua vida é a penas sua vidinha, no c umprime nto correto e pacato dos seus peque nos de veres individua is, dos seus peque nos atos de pi ed ade, na so lução exclu siv a de seus peque nos casos ele consc iê nc ia. Seu zelo não va i ma is lo nge do que seus ho rizo ntes, e estes, dó i di zê-lo, vão pouco a lé m ela po nta de seu nariz. Se se lhe fal a de po lítica, ele socio logia, de fil osofi a e teo logia da Hi stó ria, ele apologética, desvia-se até com certo medo : o medo que os te rmitas tê m à lu z cio sol. Para e le tam bé m , Fátima contém uma g ra nde lição. Nossa Senhora desce u à Terra para atrair para este ime nso panorama o zelo d as a lmas. Ela quer piedade, quer re paração, mas baseia seu desejo numa vi são ime nsa cios g randes inte resses d e D e us e m tod a a vastidão da Terra. Não se trata, de ntro das perspectiv as sem limites de Fátima, de salvar só esta o u aque la alma indi vidu almente considerada. Trata-se ele ver mais alto e mais lo nge. É pela salvação de toda a humanidade que se há de lu tar, po is não é só este o u aque le ho me m , m as são legiões de almas que ameaçam pe rder-se e m uma crise d as ma is graves da H istóri a. E é para essa tar efa ime nsa q ue Nossa Senhora pede não um C ireneu, mas mui tos, muitíssimos deles, fa langes in teiras. E m Fátima não há apenas um apelo para que os três pastorinhos faça m penitê nc ia. Es te apelo se dirige ao mundo intei ro. É toda a pied ade contemporânea q ue deve te r, por assim dizer, um forte colorido reparado r e expiatório.
As mensagens de Fátima e a "heresia das obras" N ote mos ainda outro ponto. N inguém pode du vidar da importâ ncia das o bras de apostolado . Os Papas concla mam para e las diariamente os fié is. E ntretanto, em sua extrema co nc isão , Fátima nada ele particular nos di z sobre isto. Porque a Prov idênc ia não as julg ue necessári as, urgentes? Q ue m pode ria admi tir tal abe rração? E ntão por que o sil ênc io de Fátima? É q ue vivemos em uma época domin ada pelos sentidos, e m q ue os ho-
CATO LICI SM O
me ns reconhecem fac ilme nte a necess idade de ag ir, po is a ação é a lgo que os sentidos percebe m , c uj a eficác ia muitas vezes é suscetível de ser ava li ada po r c ifras, po r esta tís ti cas, por res ultad os palpáveis. E por isto não é tão difíc il atrair a ate nção das a lmas ve rd ad e iramente zelosas para a impo rtâ nc ia da ação . M as é e continua a ser muito difíc il atra í- las para o que é espiri tua l, inte ri or, invi s íve l. E por isto a oração, a vicia inte ri o r, o ho me m as compreende ma is difi cilme nte, a e las dedi ca menos te mpo e me nos inte resse. É be m compreensíve l que e m Fátima N ossa Se nhora te nha insistido na necess idade da oração e da pe nitê nc ia, a ponto de fazer di sto o ele mento essenc ial de sua me nsage m. Que belo pro ve ito te ri a tirado deste fa to D o m C hautard, se no seu te mpo todo o ass unto "Fátima" estivesse tão esclarec ido quanto hoje .
Não basta ,,ezar: é p,·eciso expiar P or fim , um ponto essencia l. N ossa Senhora não fala ape nas e m oração. E la que r expiação, sacrifício . Haverá época e m que m a is se te nh a fu gido d a d o r? H averá é poca e m que me nos se tenha fal ad o sobre a necessidade da mortificação? H averá época em q ue me nos se tenha tido a noção da impo rtância do sac rifíc io? Po is é para este po nto que Nossa S e nh o ra atra i es pec ia lm e nte nossa ate nção. N os gra ndes séc ul os ele piedade, a ex pi ação era um fa to freqüe nte na vida cios ho me ns e dos po vos. Faziamse ime nsas pe regrin ações pa ra ex pi ar pecados . N as g rutas, nas fl o restas, nos cl a ustros, e nco ntrava m-se ve rd ad eiras legiões ele a lmas votadas à vid a ele exp iação. N os testa me ntos, de ixa va m-se fo rtunas inteiras para o bras pi as o u de cari dade, em re mi ssão dos pecados . H avi a co nfrari as espec ia lme nte des tinad as a fo me ntar a pe nitênc ia. Hav ia procissões ex pi ató rias e m que to mava m parte cid ades inte iras. Hoje não fa lta m manifestações coletivas de pi ed ade. Mas, por mais que a Ig rej a nos inc ite à peni tência, que pape l ocupa esta e m tais ma nifestações? Que pa pe l ocupa e la e m nossa vida privada? Peque no, peque níssimo até. Parece indi sc utíve l que, ta mbé m neste ponto, Fátim a nos dá preciosas li ções. • (Catolicismo, nº 29, ma io/1 953)
Marcos Luiz Gorda
Fátima, a Grande Esperança Este é o título do mais recente livro sobre a Mensagem de Fátima lançado no Brasil. Sua principal característica consiste em avaliar objetivamente a atual condição sócio-político-cultural-religiosa de nossa civilização ex-cristã, em função da mensagem de Fátima, 88 anos depois das aparições na Cova da Iria. De autoria do conhecido apóstolo de Fátima, Sr. Marcos Luiz Garcia, a obra demonstra que, caso Nossa Senhora tivesse sido ouvida e seus pedidos atendidos pelos homens, o mundo não estaria tão açoitado pelas crises terríveis que abalam os alicerces fundamentais da sociedade, como a família e o direito de propriedade. E contrapõe à atual situação do mundo o rumo que, tudo indica, ele teria tomado se tivesse sido dócil aos apelos da Santíssima Virgem . O livro termina com sólida demonstração de como se justificam as maiores esperanças para aqueles que levarem inteiramente a sério os apelos de Nossa Senhora. A obra é prefaciada pelo Revmo. Cônego José Luiz Marinho Villac - autor da seção A Palavra do Sacerdote, desta revista - conhecido por sua adesão e devoção a Nossa Senhora de Fátima . Fátima, o Grande Esperanço mereceu importante carta de apoio de D. Juan Rodolfo Laise, Bisl?o emérito de San Luis (Argentina), atualmente residindo em Roma no mesmo convento onde viveu o renomado Pad re Pio, recentemente canonizado por João Paulo li. * * *
Para adquirir essa relevante obra, basta entrar em contato com a Petrus Livraria, Central de atendimento: ( 11) 3362-0005
M A IO200 5 -
fim - se desenvolvam, cami nhamos para um grande e universal colapso. Também não fa ltam, infe li zmente, teólogos otimi stas, que cri am em torno de si uma agradável atmosfera de simpatia afirmando que quase ninguém se condena ao inferno. Nossa Senhora contudo ensina o contrári o, e o faz não só por palavras, como ainda com o argumento in vencível do fato concreto: ab re o inferno aos olhos dos pastorin hos aterrorizados, para que contem ao mundo inteiro o q ue viram. E é em Nossa Senhora, e não em certa teologia morna, de água de flor de laranj eira, que cu mpre crer.
Basílica de Nossa Senht ra , em Fátima
tar com citações que encontram esparsas aq ui e acolá, em certos livros e jornais empenhados, ao que parece, em fazer uma verdadeira fil tragem de tudo quanto na palavra do Sumo Pontífice eventualmente colida com seus preconceitos.
A vida sobre,wwral é a verdadeira solução
devoção ao Coração de Maria salvará o mundo do comunismo A
e
PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
N
ossa Senhora descreveu a situação do mundo como gra víss ima, apontou corno causa desta situação a espantosa decadência moral da humanidade, ameaçou-nos com terríveis punições terrenas - nova guerra, alastramento mundial dos erros do comunismo, perseguições à Igreja - e com uma punição eterna mil vezes pior, o inferno, se não nos emendarCATO LICI SM O
mos; e por fim prescreveu os meios neces.sários para que cheguemos à emenda e evitemos tantos castigos. Em que pese a alguns doidivanas que fec ham os olhos à realidade mais evidente e se comprazem em afirmar que está em ordem com Deus este mundo em que vivemos - de dú vida, de naturalismo, de indisciplina mora l e de adoração da felicidade terrena - é prec iso crer o contrári o, pois é o contrári o que Nossa Senhora nos di z.
É bem ce1to que alguns sociólogos evolucioni stas - mui to mais evolucion istas do que sociólogos - se deleitam em dizer que o dia de hoje é melhor que o de ontem, e que o de amanhã será necessariamente melhor que o de hoje; Nossa Senhora porém nos afirma que a verdade é muito outra: o dia de amanhã só será melhor que o de hoje se nos emendarmos e fizermos penitência. De outro modo, por mais que o progresso material, a med icina, as fi nanças, as diversões-o conforto da vida, en-
Já fizemos notar de passage m que Nossa Senhora aponta como remédios fundamentais para o mundo contemporâneo a oração, a penitência, a emenda de vida. É destas três prov idências meramente espirituais que E la faz depender a man utenção da paz, a preservação do Ocidente contra a propaganda comunista, asobrevivência pois da própria civil ização. Poderão chocar-se com isto muitos católicos mal avisados, que co locam todas as suas esperanças em meios meramente humanos. Afigura-se-lhes que tudo estaria salvo no di a em que a [greja estivesse fortemente dotada de semin{u-ios, universidades,jornais, rev istas, li vrari as, cinemas, teatrns, obras de caridade e de assistência social. Nesta concepção, tudo se reduz ao âmbito meramente natural. A descristianização tem como causa a insuficiência de nossos meios de propaganda e de ação. No dia em que tivermos remediado esta insuficiênc ia, teremos vencido a descristianização. No entanto, aparece Nossa Senhora em Fátima, e não diz sobre todos estes meios de ação urna só palavra. Como explicm este mistério? Onde fica a palavra dos Papas, que não têm cessado de recomendar tudo aq uilo sobre o que Nossa Senhora silenciou? Estarão as mensagens de Fátima em contradição com as diretrizes pontifícias? Seria fáci l responder a todas estas questões, se os católicos se dessem ao trabalho de ler seriamente e por extenso os documentos pontifícios, em lugar de se conten-
Dom Chautard, autor da admirável obra
A Alma de todo Apostolado
Os Papas não se cansam ele recomendar o uso de todos os meios naturais legíti mos para promover o re inado social de Nosso Senhor Jesus Cri sto. Contudo não ficam apenas nisso. Em documentos verdadeiramente sem conta, mostram que os meios naturais não serão de nenhuma eficácia se não houver nos que lutam pela Igreja uma vida contínua de piedade, de mortificação, de sacrifício; se os soldados ele Cristo não tiverem em vista constantemente que os meios de ação naturais devem ser canais da graça de Deus, e que o apóstolo - clérigo ou leigo - precisa ser ele próprio um reservatório das graças que devem viv ificar suas obras. Em uma palavra, as teses essenciais do livro incomparável de Dom Chautard, "A AJma de todo Apostolado", têm sido inculcadas de todos os modos pelos Papas . E são esses mesmos os princípios que Nossa Senhora nos ensina em Fátima. A Virgem Santíssima não diz que não nos dediquemos inteiramente às obras de apostolado. Mas ela repete o ensinamento de Nosso Senhor em
Betânia: é necessário viver em íntima união de alma com Deus, pois todo o resto daí dimana, e sem tal uni ão as obras mais sábias, mais úteis, mais oportunas resultarão miseravelmente estéreis.
Devoção ao Anjo tutelar <la Pátria Notemos agora muito rapidamente outros aspectos das mensagens de Fátima. A aparição cio Anj o ele Portugal nos faz lembrar a doutrina da Igreja, de que cada povo tem seu própri o Anjo da Guarda. Houve tempo em que cada nação tinha particular devoção ao seu Anj o C ustódi o, invocando-o em suas tribulações, e especialmente na luta pela manutenção do povo no grêmio da Igreja. Temos pensado nisto? Cultuamos o Anj o da Guarda do Brasil ? O Anjo reza e m presença dos pastorinhos, profu ndamente inclin ado, co m a face em terra. É um exempl o que de vemos imitar. E m nossas orações, cumpre sejamos confi antes, íntimos, fili ais. Mas é prec iso não esquecer que a verdadeira piedade fi li al não exclui, antes supõe o mais profundo respeito. É este mais um ponto e m que as revelações de Fátima contêm preciosos ensin amentos para o homem moderno. Pois, à fo rça de fa larmos em democracia e m tudo e para tudo, acabamos não raras vezes por deformar de tal maneira nossa mentalidade, que introduzimos um tô nus igualitário até em nossas relações com Deus !
Devoções que o progressismo combate U ltima me nte, o li turgicis mo [progress ismo aplicado à li turgia] tem instilaclo nas file iras católicas preconce itos tenazes contra certas devoções, entre as quais o culto ao Santíss imo Sacramento "extra Missam" e o Santo Rosário. Ora, ambas estas devoções são fo rtemente inculcadas em Fátima. Se houvesse no culto eucarístico "extra M issam" qualquer coisa de intrinsecamente contrári o à verdadeira maneira de ente nder a Presença Real, seri a impossível que a Prov idência determinasse que a adoração eucarística do Anj o e a pri meira comunhão dos pastores se reaM AlO2005 -
-
li zassem do modo por que efetivamente se realizaram. Quanto ao Santo Rosário, seri a difícil recomendá-lo com in sistênc ia maior. "Eu sou a Senhora do Rosário", disse de si mesma a Santa Virgem na última das apa rições. E em quase todas elas inculcou explicitamente esta devoção aos pastorinh os. Como pretender, pois , que o Rosário perdeu algo de sua atua lidade? Apregoa-se ainda que a meditação do in ferno é inadequada a nossos dias, e capaz apenas de incutir um temor servi l. Esta afirmação cai por terra fragorosamente, à vista do que ocorreu em Fátima, pois a visão do inferno com que os três pastorinhos foram favorecidos destinava-se ev identemente a acriso lar seu amor e seu senso de aposto lado .
Devoção aos Sagra<los Corações <le ,Jesus e Mm'ia Em Fátima se inculca igualmente, com expressiva in sistência, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que, ela também, tem sido posta na penumbra por certa tendência de espiritua lidade muito em voga em nossos dias . O culto ao Sagrado Coração de Jes us foi cons iderado CATOLICISMO
por todos os teólogos como uma das mai s prec iosas graças com que a Santa Igreja tem sido confortada nos últimos séc ulos. Destinava-se e la a rean imar nos home ns o amor de Deus entorpec ido pelo naturalismo da Renascença, pelos erros dos protestantes, j anseni stas, deístas e raciona li stas. No séc ul o passado, foi por meio desta devoção que o Apostolado da Oração produziu um adm irável reflorescimento de vida re li giosa em todo o mundo. E, como os males de que o Sagrado Coração de Jesus nos deve preservar crescem dia a di a, é ev idente que dia a dia se acentua a atua lidade desta incomparável devoção. Contudo é preciso ac rescentar que, na agravação dos males contemporâneos, a Providência como que quis superar a si própria, apontando aos homens como alvo de sua piedade o Coração de Maria, que de certo modo requinta e leva à sua plenitude o cul to ao Sagrado Coração de Jesus. Os estudos e a devoção cordimariana não são novos. Quer nos parecer, entretanto, que a simpl es le itu ra das mensagens de Fátima demonstra com quanta insistência Nossa Sen hora os quer para nossos dias. A mi ssão que E la confiou à
Irmã Lúc ia fo i especialmente a de ficar na terra para atrair os homens ao Coração [macu lado de Maria. Várias vezes esta devoção é recompensada duran te as visões. Este Coração Santíssimo nos aparece mesmo, na segunda aparição, coroado de espinhos pelos nossos pecados, a pedir a oração reparadora dos homens. Parece- nos que este ponto como que compendi a em si todos os tesouros das mensagens de Fátima.
*
*
*
Em seu conjunto, pois, as aparições de Fátima de um lado nos instruem sobre a terrível grav idade da situação mundial e sob re as verdadeiras causas de nossos males. E de outro lado nos ens inam os meios pelos quais devemos obviar os castigos terrenos e eterno que nos a meaça m. Aos anti gos, mandou Deus profetas. Em nossos dias, fa lou-nos pela própria Rain ha dos Profetas. Assim estudado quanto Nossa Senhora quis, o que di zer? As únicas palavras adeq uadas são as de Nosso Senhor no Santo Evange1ho: Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça... • ( Catolicismo nº 30, junho/J 953) MAIO2005 -
poderiam ser de uma inte ira conformidade com a vontade de Deus.
Matrimônio fol'çado e inl'eliz
Santa Rita de Cássia Santa dos Impossíveis e Advogada das Causas Perdidas E xemp1o de virtude em todos os estados de vida pelos quais passou. Sua intercessão é tão poderosa, que se tornou advogada de pessoas com problemas insolúveis
Aos 12 anos Rita j á era uma adolescente de coração nobre, generoso e com pass ivo, de entendimento vivo, só lido, penetrante e perspicaz. Nessa idade resolve u faze r voto de virgindade. Mas seus pai s, embora virtuosos, tinham o lhares mais mund anos. Temendo que e les logo faltassem, deixand o soz inha essa filha tão lo ngame nte desej ada, resolveram casá- la com um muito bom partido. Rita relutou muito em aceitar essa idéia, que ia contra seus mais profundos desejos, mas fo i in sp irada pelo Senhor a submeter-se à vontade dos pais, pois Deus queria que ela se santifi casse em todos os estados de vida . Portanto, também no de casada. Ora, o esposo escolhido para Rita foi Pa ul o Fe rdin ando, no bre, ri co, poderoso, mas de gênio in suportável, irascível e incontinente. Apesar de a jovem esposa procurar faze r-lhe sempre a vontade e o tratar co m a mais extrema docilidade, ele a maltratava com palavras e mes mo com agressão fís ica. Santuário de Santa Rita em Cássia
li
N Relíquia de Santa Rita
CATOLIC ISMO
PUNIO M ARIA SOLIMEO
o último quartel do século XIV, vivia em Roccaporena, bi spado de Espoleto, na Úmbria, Itália, um casal modelar que tinha o dom de recompor as discórdias e os malentend idos, de tal modo que eram conhecidos corno "os pacificadores de Jesus Cristo". Seu nome não ficou registrado na História. Entretanto, uma gra nde tristeza toldava-l hes a alma, pois não tinham fi lhos. Apesar de já estarem avançados em anos, continuavam rogando aos Céus para que lhes fosse concedido um herdeiro. Essa fé inabalável fo i agradável a Deus, que atende u o
pedido renovando em favor desse casal o milagre que havia operado outrora com Sant' Ana e Santa Isabel. Mais ainda: um anjo apareceu à feliz futura mãe, comunicando-lhe que daria à luz uma filha, que seria muito amada de Deus e estim ada por s ua em inente virtude. Os pais deveriam dar-lhe o nome de Margarida (emitaliano, Margherita). Com o diminutivo Rita, a futura Santa seria conhec ida universa lmente. Conta-se que, quando a recémnascida estava no berço, um enxame de abelhas brancas como a neve girava em torno de seus lábio , como se fossem flores das mais perfumadas. Com tais inais de predestinação, a infância e adolescência de R ita só
Rita tudo suportava com espírito sobrenatural, sendo assistida em suas angústias pelos três santos de que era mais devota: São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau Tolentino. E les a incentivava m a carregar com paciê ncia sua cru z, oferecendo tudo pe la conversão do marido.
Co11versão e morte do mal'ido O martírio de Rita durou 12 anos. Tocado enfim pela tão heróica virtude que via em sua esposa, Paulo começou a mudar. De co lérico, altivo, soberbo e di ssoluto, passou a ser modesto, humilde, casto e virtuoso. Agradecendo muito a Deus, Rita esforçou-se então para in centiv ar o marido e os dois filhos, que a Providência lhe dera, a progredirem na senda da virtude. Entretanto, não há felicidade completa nesta terra. Paulo Ferdinando fo i assass inado por inimigos políticos, a quem ele outrora havia ofendido. Foi um choq ue tre mendo para Rita, que procurou por orações e obras meritórias ufragar a alma do marido. Co mo viúva, Rita fo i também um modelo, a exemplo do que fora como virgem , esposa e mãe. Dedicou-se de corpo e alma a seus dois filhos, suplicando-lhes continuamente que perdo-
assem os assassin os do pai, e que não procurassem vingança. M as eles, logo após a ado lescência, juraram vingar o horrendo crime. De nada valeram os pedidos e as lág rimas da mãe. Esta, e ntão, tomou uma resolução heróica: pediu a Deus que, se eles persistissem nesse intento e fosse m ofendê-Lo com tal pecado, que lhes fosse tirada a vida . E foi ouvida. Um após o outro, os do is filhos morreram com todos os auxílios da Religião, perdoando os assass inos.
E11trnda milagmsa no co11ve11w Desfeitos todos os laços qu e a prendiam à terra, Rita pod ia agora realizar seu so nho prime iro, de co nsagrar-se inteiramente a D eus num convento. Procurou o de Santa Maria Madalena, da Ordem de Santo Agostinho, seu patrono, e pediu ad missão. Mas esta casa re ligiosa não recebia viúvas. E la insistiu mais duas vezes, e nas duas foi recusada. Resolveu e ntão transformar sua casa num lugar de retiro, onde pudesse viver inteira mente isolada, como a mais observante das eremitas. Num dia em que rezava fervorosa me nte em sua casa, o uviu batidas na porta. Quando a abriu, viu seus protetores São João Ba ti sta, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolenti no, que lhe disseram: " Vem, j á é tem-
po de que entres no mosteiro no qual foste tantas vezes recusada". Transportando-a pelos ares, fizeram-na entrar, apesar de todas as portas e janelas estarem fechadas. As freiras , diante desse milagre, viram que era vontade de Deus que Rita fosse uma delas . E a receberam de todo o coração. Rita começou seu novi ciado como a mais fervorosa das noviças. Embora procurando fugir de toda singul ari dade, cumpria eximiamente todos os pontos da regra . Para provar sua obediênc ia, a superiora mandou que regasse todos os dias um tronco seco de videira. Com a maior simplic idade ela desincum-
MAIO 2005 -
~
bia-se da tarefa, até que um dia, milagrosamente, o tronco germinou e dele nasceu a parreira que até nossos dias se pode ver no convento de Cássia. As reli giosas enviavam cachos de uvas dessa parreira ao Santo Padre.
Em sua testa, um espinho <la Coroa de Espinhos Certo dia, ouv indo as palavras de No so Senhor no Eva ngelho,
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida", entrou em êx tase e compreendeu o sign ifi cado mais profundo dessas palavras. Outra vez, ouvindo um sermão de São Tiago das Marcas sobre a coroação de espinhos, sentiu uma tal compunção, que ped iu a Nosso Sen hor a graça de participar, pelo. menos um pouco, desse divino mi stério. No mesmo instante, sentiu uma violenta dor na cabeça, como se esta fosse pressionada por e pi nhos. E viu sa ir do crucifixo diante do qual rezava um raio de luz dirigido à sua testa, sentindo nela penetrar um agudo espinho. Este
CATOLIC ISMO
provocou tão rep ug nante chaga, que exalava mau odor, e dela saiam mesmo vermes que escorri am pela face da Santa. Isso fez com que Rita vivesse os últimos 15 anos de sua vida isolada das outras irmãs e mais entregue à contemplação. Só uma vez desapareceu milagrosamente tal chaga. Foi quando ela quis ir a Roma com as outras irmãs, para ganhar um jubileu, e sua Superiora não o quis permitir por causa do mau odor que desprendia sua chaga. Ela rezou, e a chaga fechou-se sem deixar mesmo cicatriz. Logo que voltou ao seu convento após a viagem a Roma, a chaga reabriu-se e permaneceu até sua mo1te. Entretanto, a fama da santidade de Rita extravasou os muros do convento, e muita gente vinha para vêla. Ela previa os acontecimentos, tinha entendimento dos mais recônditos mistérios e operava milagres. Nos últimos quatro anos de sua vida, padeceu dolorosa enfermidade, durante a qual demonstrou , em meio às dores, tranqü ilidade e paciência inalteráveis. Nesse período, operouse um milagre que se tornou universa lme nte con hecido. Uma am iga, que a fo i visitar, perguntou-lhe se queria algo. Rita respondeu que gostaria muito de receber uma rosa e uns figos do jardim de sua antiga propriedade em Roccaporena. Estava-se no maior rigor do inverno e urope u, quando a natureza parece morta. Embora estranhando muito tal pedido, a amiga foi ao citado jardim e, maravilhada, viu bonitas rosas e uma figueira carregada de frutos, que colheu e levou à Santa.
"Vida" post-mortem de Rita de Cássia Rita entregou sua a lma a Deus no dia 22 de maio de l456. Podese dizer que então começou sua
pós-vida. Imediatamente depois de sua morte, os sinos de todas as igrejas de
Cássia começaram a tocar por si mesmos, enquanto uma fragrância sobrenatural invadiu todo o convento. Seu corpo parecia rejuvenescido, sua face brilhava. A chaga de sua testa, tão repugnante antes, emitia raios como se fosse uma estrela. Rita de Cássia foi beatificada no dia 2 de outubro de 1627. Nesse dia, ce lebraram-se em Cáss ia solenes cerimôn ias. Porém, na procissão que se formara, ocorreu viva discussão entre clérigos seculares e reli gio os sobre quem devia ter a precedência. Nesse momento, em presença de milhares de peregrinos, o corpo de Rita ab riu os olhos, que refu lgira m como o de pessoa viva. Os gritos de "milagre!", "milagre!" fizeram com que a disputa terminasse. E la fo i canoni zada em 1900, por Leão Xm. Outro milagre foi a conservação de seu corpo até nossos dias. Até pelo menos o início do século XX - passados, portanto, mais de quatro séculos de sua morte - no dia de sua festa, o corpo da Santa levantava-se do fundo do relicário onde está, até a superfície da grade do coro das religiosas. Notou-se também que, de tempos em tempos, o corpo muda de posição. Por exemplo, em J 926, sua face, que estava voltada para aqueles que a ela dirigiam suas preces, moveu-se, passando a olhar para o Céu. •
E-mail do autor: pmsolimeo@catolicismo.com.br
-
Obras Consultadas: L Joan Carroll Cruz, The lncorruplibles, TAN
Books anel Publishers, lnc., Rockford, USA, 1974, pp. J 30 e ss. 2. Pe. Juan Croisset, Aiío Crisliano, tradução do Pe. José Francisco de Islã, Saturnino Calleja, Madri, 190 1, pp. 620 e ss. 3. Les Pe1its Bol landis1es, Vies eles Sair11s, d'aprê le Pêre Giry, Bloud ct Barrai, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo VI, pp. 104 e ss. 4. Pe. José Leite, Sa111os de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1987, tomo[[, pp. 11 7e ss.
GueITa psicológica contra a propriedade Marxistas e socialistas - Em pleno Domingo de Ramos, o líder máx imo do MST, João Pedro Stedile, não se pejou em afirmar: "Somos marxistas e socialistas" ("Folha de S. Paulo", 21-3-05). Deixou claro, assim, que o regime político-social que o MST visa impor ao Brasil é diretamente o comunista. MST no Exterior - Militantes ligados ao MST construíram em Washingto n (EUA) um acampamento simbólico, como parte dos vários eventos previstos no campus daAmerican University. O objetivo é dar visibilidade à marcha a Brasília, que o MST organiza para marcar os 9 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Mistura de seminário acadêmico e fe ira política, o programa prevê exibição de filmes e vídeos sobre o MST e a Amazônia, depoimentos de estudantes da uni versidade que visitaram o MST, um almoço brasi leiro, debates com duas religiosas da esquerda católica que trabalharam com irmã Dorothy no Pará e palestras de acadêmicos. Também participarão representantes de organizações como a Agribusiness Accountabilily lnitiative, ligada à esquerda católica nos Estados Unidos. Por que a propagru1da do MST no exterior é intensa, enquanto os proprietários brasileiros nada fazem pru·a difundir em outros países a realidade do cru11po brasileiro ? Demagogia "para inglês ver" Passeata organizada pelo MST, no centro do Rio de Jru1eiro, procurava lembrar o nono ruüversário dos episódios de Eldorado de Carajás, no Pará, onde 19 sem-terra foram mortos pela polícia depois que o bando se negou a desocu-
i i5
_g
~
João Pedro Stedile, líder do MST
D. Tomás Balduíno, presidente da CPT
par uma estrada, que ocupava indevidamente, e avançou ameaçadoramente contra os policiais. Até aqui nada de especial com a passeata, pois o MST habitualmente lembra o episódio, para apre entar seus 1nilitantes como "mártires ". Porém, desta vez, houve um fato novo: os manifestantes segmavam cru·tazes com frases em inglês. Por exemplo, esta (que traduzimos) contra o próprio País: "Brasil: onde poucos têm muito e muitos não têm nada!!" ("Folha de S. Paulo", 16-4-05). Por que em inglês, no Rio? Para ser fotografado e filmado a fim de reproduzirem as cenas no exterior, onde o inglês é língua corrente, e assim dar a falsa impressão de que se trata de uma mruüfestação popular, de gente oprimida contra os opressores. Os textos dos cartazes foram escritos por Marta Deyhle, que mora na Suíça. Ela declarou esperar que, com mensagens em inglês, a opinião pública internacional possa pressionar os brasileiros. Incentivo às invasões - As invasões de terras, que tanta rejeição causam na opinião pública brasileira, gozam entretanto de altas simpatias, mesmo entre aqueles que, contraditoriamente, se dizem representantes do povo. Assim é que a Câmara dos Deputados não achou nada melhor do que realizar uma sessão solene pelo Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária. Foram convidados para falar da tribuna conhecidos expoentes das invasões, como o bispo D. Tomás Balduíno, presidente da CPT, e o presidente da Contag, Manoel Santos. Eles, é claro, aproveitaram a chance para incentivar as invasões da propriedade alheia (Cfr. "O Estado de S. Pau lo", 15-4-05). • MAlO2005 -
DISCERNINDO e is a fe licidade. O estado indígena , eis o dos outros: se eu não penso, se não quenosso exemplo e a nossa meta. ro, se me deixo levar pela onda, eu não tenho substância, não tenho razão, não A civili zação, entendida como sociedade organizada e estruturada, que e letenho vontade, sou um qualquer (e qualva o padrão human o acima de si mesmo quer um é eu), somos todos iguai s, soà custa de trabalho, de estudo, de esformos eons aglutinados num Pan total e ço, de planejamento, e is o inimigo. indiferenc iado. Uma liberdade absoluta, que não significa fazer o que eu quero e ac ho me lhor, porque não há querer. É a Globalizando para destl'uir Fim de toe/a desigualdaele libe rdade de de ixa r-se levar, o gosto ele Cultura, o que é cultura, nessa visualisentir-se arrastado pe la mes ma corrente zação, senão o resultado daquilo que se [sto pode ca minhar co m vais-e- vens, ava nços -e recuos, mas a meta é clara. É que arrasta todo mundo. produz espontaneamente, sem buscar uma o con trário da desi gua ldade har mô- - - - - - - - - - - - - - - - - beleza objetiva ou uma ordem baseani ca, da hi erarqui a, da bondade, da da em princípios universa is? Tudo ju stiça, da C ivilização Cató li ca. deve ser espontâneo, livre. A inspiraBaseia-se numa ilusão: o des reção não nos vem do alto, de valores g ramento dos instintos trará a fe lisuperiores, ela nos vem de baixo, cios c idade; o que to rn a infe li z o homem instintos, das cavernas sub-humanas é a repressão, é a autoridade, é a obede nossa personalidade. diência, é a norma. O ho me m deve Em matéria po lítica, em econoviver na superfíc ie de si mesmo, sem mia, tudo deve tender para a g lobalinada aprofu ndar, sem pensar, basta zação, que não significa a construção deixar-se levar pelo enti r do mode super-estruturas, a não ser como mento. etapa intermed iária para demolir as No campo da Religião , o que organizações nacionai s e capitalistas ass istimos é a pro li feração de se iatualmente vigentes. tas ditas carismáticas ou pentecosNe sa perspectiva, a E uropa unitais, que não se preocupam ma is da - como também o Mercosul co m a prática dos Mandamentos da não eleve tender a ser uma federação Lei Deus; o new-look é soltar o in sde nações, como de aJgum modo era tinto, é pul ar, é dançar, é g ritar, é o Sacro Império. A função dela é desfaze r "o que dá na telha" sob ação truir as nações, demolir as peculiarido es pírito! É mai s gostoso. Fu nde clades nacionais, primeiramente ponas multidões e as reli g iões, pois faz cio ênfase no revigoramento dos regica ir as barreiras. "Como é bom senonalismos como fo rças antinacionais, firmo-nos todos juntos, vibrando para depois também destruí-los. A em comum, sem pensar, sem emaglobaJ ização econômica forma imenlisar, gozando a sensação de libersos conglomerados provisórios para dade total ". Nessa perspectiva, realizar-se- ia o acabar com os proprietários individuais; e, velho sonho dos utó pi cos, de concili ar uma vez demolidos, chegará a vez de os "Carisma ", e não cloutl'ina conglomerados desaparecerem. a liberdade com a ig ualdade. Pois , até aq ui , só era possíve l manter a igua ldaIsto passa à frente elas teo logias da O pl ano é luciferino. Traz em si a at:ralibertação e congêneres, por demais racle mediante a tirani a, que sufoca a li ção dos abismos. Mas num mundo que cioci nadas e estrutu radas . Por isso os berdacle imponclo a todos o mesmo paapostatou de Deus e da Igreja Católica, ele drão. Na perspectiva dos in stintos, essa adeptos de frei Boff - que na realidade encontra ambiente propício para vencer. hoj e é ex-frei - estão se transferindo impos ição desapa rece, os in stintos solVitória que, caso ocorresse, seria sua aupara o novo campo, em que ace ntu am o tos ao lé u tornam todos os ho me ns todest:ruição, como um câncer que, ao maiguais e li vres . É 1.11na liberdade e um a "cari sma", e não a do utrina. É preciso taro organismo, com ele morre também. superar a noção de pecado, tanto orig iigualdade obt idas na inconsciência ele Seri a o fim da humanidade. nal quanto atua l. Pecado é ser uma petudo e de si mes mo. É a velha asp iração Antes disso, porém, a promessa de Fádra no cantinho da nova era. dos gnósticos, que renasce em níve l sotima prevalecerá, no sentido de uma C iviNo campo cio Estado, não é mais o cia l e psicológico. li zação Cristã mo ldada segundo a obra.soc iali smo clássico que prevalece, mas Ta l mentalidade revela-se em certas prima ela Criação, a Virgem Santíssima. E sim um novo sociali smo libertário e anárE la está agi ndo. • correntes eco lógicas. Sentir o vento, o quico. U ma igualdade adqu irida pela resol, ficar junto às árvores, aca ri ciar um E-mail do autor: núnc ia a tudo quanto nos diferencia uns bicho, co mer uma fruta _c o lhida a esmo, cidalencastro@catolicismo.com.br ção preternatural ela História. Quem capitul a di ante dela, ele algum modo comete todos os pecados, a inda que não te nha fe ito um só ato mau. O infe rno inteiro parece posto para tentar nessa direção. Talvez es tejamos em face do pecado contra o Espírito Santo, o mais radical que pode haver.
E stamos diante da maior tentação da História: abandonar a razão e a vontade para imergir num magma igualitário, sensitivo e sensual. ! Cio ALENCASTRO
U
ma pessoa me perguntou: considerando o processo revolucionári o que há séculos vem corroendo a civilização ocidental, qual é a tendência prevaJente em nossos dias? O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira anali sou a decadência da Idade Média, o surgimento do protestantismo e da Revolução Francesa, e depois o do comunismo e do anarqui smo de maio de 1968. Tudo isso passou por etapas e tendências diversas, que ora favo receram o absolutismo real e o luxo exagerado, ora impulsionaram a revolta da plebe e o miserabilismo. Atualmente, quaJ a tendência fundamentaJ?
IIIIIE
CATOLICISMO
Exponho aqui em poucos traços algum as refl exões a respeito, sem pretender esgotar ass unto tão compl exo, nem ap resentar uma pa lavra final. Ao fa lar e m te ndê ncia prevale nte, subentende-se que há outras, das quais não tratarei. Não se exclui também que essa tendê ncia encontre obstáculos para sua reali zação, o que igualmente está fo ra de nosso ass unto. Como num processo de laboratório, vou isolar o tema que me foi proposto, para examiná-lo com excl usividade, sabendo embora que ele é apenas um ingrediente capital de uma realidade muito mais ampla.
Fim ela moral e ela Religião Confo rme previu o Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira em vários de seus escri tos e palestras, o que se abre diante de nós é a era cio in stinto, oposta à inteligência e à vontade. Este é o fundo do neocomuni smo que se anuncia. Não é mais o comunismo carrancudo, estatatolatra, do tipo "ditadura cio proletariado" lenini sta-staJinista. É, pelo contrário, o comuni smo da anarquia, sem Estado, sem lei. A Revolução do in stinto abre-se com um a uni versalidade, um poder e uma radicalidade nunca vistos; quer fazer cessar toda moral e toda religião indiv iduali zada, e estamos di ante da maior tenta-
MAIO2005 -
(-, São ,João Apóstolo, na Porta LaLina + Século I. O imperador Do-
1 São ,José, Esposo da Santíssima Virgem. De estirpe real e operário
2 Santo Atanásio, Bispo, Concessor e Doutor da Igreja
3 Santos Timóteo e Maura, Mál'Lires
+ Egito, 298. Marido e mulher, "após vários tormentos, o pref eito Ariano ordenou foss em pregados nuina cruz, onde permaneceram vivos po r nove dias, confirmando um ao outro na.fé, e alcançando assim o martírio" (do Martirológio Romano).
4 São Roberto Lawrence, Abade, Mártir + Tyburn (Inglaterra), 1535 . Abade da Cartuxa de Beauvale, em Nottinghamshire. Tendo recusado o Ato de Supremacia, pelo qual o re i herético Henrique VIII se nomeava cabeça da Igreja na Inglaterra, fo i barbaramente torturado e enforcado. Exemplo de que se deve obedecer antes a Deus que aos homens, pois há uma lei suprema que não pode ser contrariada por le_i humana.
5 Santo l lilário de Arles, Bispo + França, 449. De família pagã, da alta nobreza, exercendo elevado cargo no governo, renunciou a tudo quando foi convertido por seu parente Santo Honorato, a quem seguiu no Mosteiro de Lerin . Sucedeu-o depois no Bispado de Arles.
mjciano o fez lançar, aos 90 anos, em uma caldeira de azeite fervente junto à Porta Latina. De la o Apóstolo virgem sru u rejuvenescido . Foi então desterrado para a ilha de Patmos, sendo o único Apóstolo não máttir. Primeira sexta-feira do mês
7 São João de Beverly, Bispo + Inglaterra, 721. Monge beneditino e depois Bispo de York, onde sucedeu a São Bosa. Notável por sua contempl ação contínua, santidade de vida e dom de milagres, teve sua biografia escrita por São Beda, o Venerável, a quem ordenara sacerdote. Primeiro sábado do mês
procurar a salvação das almas" (do Martirológio Romano).
12 São Domingos ele la Calzaela, Confessor + Espanha, 1 l09. Este eremita teve a singular vocação de tornar menos rude o caminho dos inúmeros peregrinos que iam a Compostela, constrninclo para e les um a estrada (calzada), uma ponte e uma hospedari a.
um senador romano batizado pelos Apóstolos e martirizado por sua fé, so1te que coube também a uma de suas filhas, Santa Praxedes. A outra filha, Pudenciana, após ter reverentemente sepultado muitos márti res e distribuído sua fortuna entre os pobres, faleceu sai1tamente aos 16 anos de idade.
14
9
10 Santo Antonino de Florença, Bispo e Confessor + Florença, 1459. Antonio, conhecido pelo diminutivo por causa de sua pequena estatura, tornou-se célebre por sua doutrina e obras. Defendeu o Papado no Concíl io de BasiJéia, e a sã doutrina católica no de Florença, contra os autores do cisma grego.
11 São Francisco ele Girolamo, Confessor + Nápoles, 1716. Pregador popular, jesuíta, passou a vida evangelizando o sul da Itália, o nde seus serm ões atraía m multidões. "Mostrou maravilhosa caridade e paciência em
Santos Pudêncio, Mártir~ e Puclenciana, Vil'gem
+ Roma, séc. Il. Pudêncio era
Romano), foi muito e logiada por São João Basco.
+ França, séc. III. Missionário na Gália antiga. Por suas palavras, exemplo e santidade de vida, converteu inúmeros pagãos.
IH
13
ASCENSÃO DO SENI IOR
São Beato ele Venelôme, Confessor
rológio Romano).
Primeira aparição de Nossa Senhora em FáLima, em 1917
Santa Maria Mazzarello, Virgem + Ni zza Monferrato, 1881. "Co-fúndadora do Instituto das Filhas de Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos. Ilustre por sua humildade, prudência e caridade" (do Martirológio
8
IH São ,João 1, Papa e Már'Lil' + Ravena (Itá li a), 526. "Aprisionado por Teodorico, rei ariano da Itália, por causa de sua.fé católica.fui longamente afligido na prisão até morre,: Seu corpo fo i levado a Rom.a e enterrado na Basílica de São Pedro " (cio Marti -
15 SOi ,ENIDADE DE PENTECOSTES
16 São João Nepomuceno, Mártir + Praga, J 393. Consagrado a Deus pelos prus desde o nascimento, tornou-se confessor da rain ha e "cônego da catedral. Tentado em vão (pelo rei Wenceslau) a trair o sigilo cof1:lessional,foi lançado ao Rio Moldávia, merecendo assim a palma do martírio" (do Mattirológio Romano).
17 São Pascoal Bailão, Con[essor + Valência, J592. Irmão leigo franciscano, ele pureza angélica, passava horas diante do Santíssimo Sacratnento. Recebeu aí a profunda ciência com que refutava hereges e explicava sabiatnente os mistérios de nossa Fé.
20 São Bernarclino de Siena, Confessor Santo Austregésilus, Bispo e Concessor + Bourges, 624. Abade em São Nizier, Lyon, depoi B ispo de Bourges. Já era honrado como sai1to em vida, tal o brilho de suas virtudes.
21 Sa nto Andl'é Bobola, MárLir + Polônia, 1657. Oriundo de uma das mrus antigas fanúlia ela Polônja, entrou para a Companhja ele Jesus, dedicando-se à pregação na Lituânia, e depois na Polônia. Foi mrutirizado por cossacos russos cismáticos, com tantos requintes de maldade, que a Sagrada Congregação dos Ritos afi rma ter sido o martírio mais cruel j á ap resentado àq ue la Sagrada Congregação.
22 Domingo da Santíssima Trindade Santa l lumilil.as, Viúva + Vallumbrosa (Itália), 1310. Casada aos J 5 anos, perdendo dois filhos e o marido, re-
solveu entrar para o convento de Santa Perpétua. Fundou de poi s o ramo feminino ele Yallumbrosa.
zou a Inglaterra, sendo conside rado o Apóstolo d aqu e la nação.
Sanl.a RiLa ele Cássia
Sfio Bernarclo ele MonLjoux , Confesso r + Aosta, 1081. Vi gário Geral
28 (Vide p. 40)
23 São Dcsielél'io, Bispo e Mál'tir + França, 607. Por reforçar a disciplina eclesiástica, combater a simonja e denunciai· a conduta imoral da Rainha Brunjlda, esta o acusou de paganismo ao Papa. Exonerado e banido, retornou quatro anos depois, sendo assassinado por ordem cio Rei Teodorico, a quem também tinha publicamente censurado.
24 Nossa Senhora Auxiliadora Apareceu dw·ante a batalha de Lepanto, espalhando terror entre os muçulmanos e dando a vitória aos católicos
25 São Becla, o Venerável, Confessor e Doutor da Igreja + Wearmouth-Jarrow (Inglaterra), 735. Um dos homens mais sábios ele seu tempo, é considerado o Pai da história inglesa. Nele a ciência e a piedade conjugavam-se com a simplicidade e o amor de Deus.
26 SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE Cl~ISTO Santa Mariana Paredes, a "Açucena ele Quito" São Filipe Neri, Confesso!' + Roma, 1595. F undado r da Congregação do Oratório, que tinha como principal finalida- • de a renovação da vida cristã entre os leigos ele Roma.
ela diocese de Aosta, durante ma is de 40 a no s trabalhou co mo mi ss ionário na reg ião ci os Alpes. Fundou du as hospedarias nos passos chamados Pequeno e Grande São Bem.ardo, onde estabeleceu um m oste iro el e m o nges agostinian os que se dedicaram a soco rr er , co m se us grandes cães, viajantes extraviados na neve.
29 São Cirilo ele Cesaréia, Mfü'Lir + Ásia Menor, 25 1. Menino ai nda, abraçou o Cri stiani mo sem o conhecimento do pai. Este o expul sou ele casa e o denunciou . Como se negou a renunciar à verdadeira fé, foi decapitado. Exempl o para os meninos.
30 São Fcmanclo Ili de Castela, Confesso,· + Sevilha, 1252. Primo-irmão de São Luís de F rança, expulsou os mouros de Ubeda, Córdoba, Cád iz e Sevilha. Sábio governante e excelente admi ni strador, fundou a Universidade de Salamanca, reconstruiu a catedral de Burgos e converteu a mesquita de Sevi lha em Catedral. Planejava uma incursão na África, para dali desalojar os mo uros e expa ndir o cr ist iani s mo, quando veio a fa lecer.
31 DE
VISITAÇÃO OSS/\ SEN I IORA
27 Santo Agostinho ele CanLUária, Bispo e Confesso,· + 605. E nvi ado pelo Papa São Gregório Ma gno, evangel i-
Nota: Os Santos aos quais já fizemos referência em calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfica .
Intenções para a Santa Missa
em maio Se rá ce lebrado pe lo Revmo. Podre Davi Fran c isqu ini, nas seguintes intenções: • N esse 88° aniversári o do primeiro aparição de Nossa Se nh ora em Fátima, sup licando que Ela não permito o legalização do crime do abort o bem como de o utros projetos de lei contrá ri os aos Mandam ento s do Lei de Deus e do Lei notu ra l - que tramito no Congresso Nociona l. • Também neste mês de ma io, pedindo o N osso Senhora de Fátim a espec ia is gra ças para todos os mães dos leitores e simpatizantes de Cato licismo.
Intenções para a Santa Missa
em junho • Ped indo poro todos os leitores de Catolicismo ma ior afervoromento no devoção ao Sagrado Coração de Jesus e muitos graças para que seus filhos e netos possam receber sempre uma educação autenti came nte cató lico, que os proteja contra o ensino anti-religioso, especial mente o de caráter materia li sta.
-
Associação dos Fundadores da TFP Tradição Família Propriedade (Brasil)
Filial súplica
American Society for the Defense of Tradition, Family and Property -TFP
"Filial súplica ao Papa ignoto", é o título da mensagem - assinada por 22 associações de leigos de 20 países, inspiradas no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira - distribuída aos Cardeais às vésperas do último Conclave
A
Associação dos Fundadores da TFP , juntamente com e ntid ades de 20 países, fez chegar aos Cardeai s partícipantes do Conc lave uma mensagem ao Papa ainda desconhecido - poi s enviada alguns dias antes de aquela magna assembléia e scolher o novo Pontífice. O "Washington Times" publicou o documento em l5 de abri l p.p. (fac símile à direita). Na apresentação de tal mensagem lêse: "Antes mesmo que se saiba quem virá a ser o novo Papa, a Associação dos Fundadores da TFP- Tradição Família Propriedade e as associações abaixo-assinadas desejam aquiformular-Lhe uma súplica. "A magnitude daquilo que solicitamos excede às circunstâncias pessoais de quem venha a ser eleito, sua nacionalidade, sua atual posição eclesiástica. De tal natureza é nossa súplica que, para ser bem acolhida, basta que seja simplesmente Papa, motivo pelo qual nos sentimos à vontade para dirigi-la ao Papa ignoto". Assim inicia-se a mensagem , datada de 13 de abri l. Beatíssimo Padre "Não se conhece ainda Vosso nome, mas de antemão desejamos manifestar-Vos o preito de nossa.fidelidade à Cátedra de Pedro e oferecer-Vos nossas orações para que a Divina Providência Vos assista na tarefa augusta de conduzir a bom porto a Nau da Igreja. Animados e inspirados pela vida e pelo pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira - católico ardoroso, batalhador incansável, def ensor indef ectível dos direitos do Papado e da Santa Igreja - nós, leigos católicos, que consagramos o melhor de
CATOLICISMO
nossas vidas (alguns há mais de cinco décadas) à restauração da Civilização Cristã, e em particular à defesa de seus valores básicos - a Tradição, a Família e a Propriedade - aqui levamos a Seu conhecúnento algumas reflexões que se nos afiguram prementes, certos de que Vossa Santidade acolherá com. bene volência essa modesta expressão do 'sensus.fidelium'.
* *
Société française pour la défense de la Tradition Familie Proprieté - TFP Associazione Tradizione Famiglia Proprietà (Itália)
~
~ A FILIAL SUPPLICATION TO T;; k ·-·-~ --·-· UNKNOWN POPE
Deutsche Vereinigzmg für eine Christliche Kultur e. V. Fwzdación Argentina dei Maíiana Sociedad Civil Fátima la Gran Esperanza (Argentina)
*
Man ifestando toda veneração à Cátedra de Pedro, os signatários levaram à cons ideração do futuro Pontífice sobretudo três problemas que consideram primordiai s para os interesses da Santa Igreja, na atual quadra hi stórica: a escalada do laici smo militante que já começa a perseguir a Igreja, a ameaça da expansão islâmica e a ag itação revolucionária da "esquerda cató lica" na América Latina, com base na "teologia da li bertação". Após exporem suas apreensões, os signatários encerram a carta com estas palavras :
"Santo Padre, cremos que poucas vezes na história da Cristandade o mundo se voltou com tanta expectativa para Roma, por ocasião do falecimento de um Papa e da eleição de um outro. De igual modo cremos que em raras ocasiões da história da Igreja se tenham descortinado perspectivas da magnitude das que hoj e se desvendam. Penpectivas ensombradas por espessas nu vens e ameaças de uma era que vai chegando a seu trágico ocaso; e, de outro lado, iluminada pelosfitlgores primeiros de uma aurora que se descortina esplendorosa, como a anunciada por Nossa Senhora em Fátima. A Vossos pés depositamos nossa filial súplica, movidos unicamente pelo amor acendrado à Santa Igreja Católica Apos-
Stowarzyszenie Kultury Chrzemcija,iskiej im. Ksiêdza Piotra Skargi (Polônia)
Tradition Family Property - Bureau for the United Kingdom Australian Tradition Family Property Centre Ôsterreichische Gesellschaft zum Schutz von Tradition, Familie und Privateigentum Acción Familia (Chile) Sociedad Colombiana Tradición y Acción Si.i:;..... ~fSS.'Stis;c,.,
t,~ ... ,... .... '!'?~:·:-: ..":' Ir
tólica Romana, Mãe e Mestra da Verdade. E imploramos para Vossa Santidade, pela intercessão onipotente da Santfssima Virgem, um glorioso pont(ficado, f ortalecido pelas graças d 'Aquele que proclamou: 'E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a ,ninha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela ' (MI. 16, 18).
Apresentando a Vossa Santidade a.filial homenagem de nosso p,vfundo respeito, pedimos a bênção apostólica e as preciosas orações de Vossa Santidade. " Roma, 13 de abril de 2005 S. Martinho!, Papa e mártir
:
lrish Society for Christian Civilisation Krikscioniskosios Kulturos Gynimo Asociacija (Lituiinia) Sociedad Paraguaya de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedcu/ - TFP Tradición y Acción por ,m Perrí Mayor Asia Needs Fatima (Filipinas) Acção Família (Portugal) Young South Africans for a Christian Civilization - TFP Tradición y Acción por un Uruguay Auténtico, Cristiano y Fuerte
Campanha ,,contra . a eutanas1a A TFP americana promoveu manifeslaçücs pró \. ida de TctTi Sclliavo. cnqurnito esta ia nH>rTcndo de fome (' sede. pol' determinação elo marido que exigiu a rcUrrnla cio tubo de alimentação. alegando ··estado vegetativo" ' FLÁVIO M ATIHARA
ragmento de de bate entre um estudante e um jovem membro da TFP americana, du ra nte ca mpan ha da entidade no campus da Penn State University, a propósito da e utanásia que estava para ser praticada contra a Sra. Terri Schiavo: Estudante - Por que você está tão preocupado com a vida de uma pessoa, quando tantos estão morrendo no Iraque ? Membro da TFP - Diga-me: Você é a favor da eutanásia ? Estudante - Você é um hipócrita, e não sabe discutir. Membro da TFP - Isso não responde à minha pergunta. Você é ou não a favor da eutanásia ? Estudante - Sim, sou favoráv el à eutanásia. Membro da TFP - Se você é a favor de matar os velhos, os indefesos, não tem o direito de lamentar as mortes no Iraque. Com o objetivo de estancar no país o movimento a favo r da eutanásia mais uma brecha contrn o direito à vida garantido pela Lei natural e pelos Dez Mandamentos - a TFP americana publjcou o manife to Saving Terri Schiavo (Em defesa de Terri Schiavo)*. Desenvolveu em seguida ampla atuação pública no mesmo sentido, através de protestos em praça pública, coleta de assinaturas em abaixo-assinado, distribuição de folhetos explicativos nas universidades, remessas por correio e através da Internet, além de aiticulação com uma ampla rede de atuação em toda a nação.
*
*
*
A e utanás ia é um assunto que divide a op ini ão pública americana, da mesma forma qL!c: o aborto e o "casamento" homossexual. Mobi lizados por inúmeras campanhas anteriores que ressaltavam o direito à vida, os norteamericanos estavam preparados para enfrentar essa nova tentativa de violação da Lei natural. O que tornará difíceis as próximas investidas para aprovação de leis contrárias ao direito à vida. • E-mail cio autor: fl atamat
atoli ismo .com.br
* /\ íntegra desse manifesto e ncontra-se no site ela TFP norte-americana www .lfp.org
Cubanos Desterrados (Miami)
MA1O2005 -
-
,
Novas ameaças a países ocidentais A convite da TFP francesa, o general Menanteau proferiu brilhante
Dois livros novos sobre Santa Rita de Cássia, uma das Santas mais amadas e invocadas pelos fiéis em todo o mundo!
conferência em Paris, expondo os perigos que rondam o mundo ocidental e cristão, con10 o risco que representain as organizações terroristas • JEAN G OYARD
Paris - A TFP francesa promoveu no dia 30 ele março último, no Salon Hoche, prestigioso centro de convenções próx imo ao Arco cio Triunfo, concorrida conferência do general Pierre Menanteau. Antigo combatente em Dien Bien Phu, no Vietnã, professor das Escolas do Exército e membro ela equipe encarregada de dotar a França de armamento nuclear, o conferencista foi ainda comandante de uma base aérea, tendo concluído sua carreira após LO anos de serviço na indústria bélica. Ninguém, pois, ma is abal izado para lrntar do tema: De que ameaças defender-se no mundo de amanhã? Das muitas ameaças, destacou a mul tiplicação dos Estados, que em me io sécul o passaram de 40 para l 70, tornandose faci lmente fontes de conf lito; certos efeitos da globali zação, como pro pi c iar o entrec hoque dos países industrializados com os produ to res de matéri a- prima; a mundiali zação da in fo rmação; os flu xos mi gratórios, com ascensão dos mov imentos islâmicos. Mostrou também a grave lacuna representada pela baixa natal idade. Como peso demográfi co, há 20 anos a população ocidental representava um terço da mundial, enquanto atualmente não passa de 10%. Yale lembrar o dito de Marc Laulan: "amaior riqueza de um país é a dos berços". Discorreu sobre a guerra econômica e a inclusão nela de dois novos blocos, constituídos pela Índi a e a China - país este com uma população miserável. Essas economias, já e pressente, serão fo ntes de conflitos, e juntamente com o Paquistão, o Irã e as duas Coréias, recusarão o sistema de valores ocidentais. Tratou também do tráfi co de dinhe iro e das econo mias subterrâneas baseadas na droga, no turi smo sex ual, na prosti tuição, no crime organi zado e na tornada de reféns. Afi rmou, por exemplo, que o vo lume de negóc ios decorre ntes do tráfi co de drogas é superi or ao ela ind ústria auto mobilística mundial, e que seus principais produtores são o Paquistão, a Turqui a e o Irã. Como se isso não bastasse, há també m os grupos que opera m grandes tra nsferências de capita l, " lavando-os" com vi stas a legali zá- los e se tornarem verdadeiras potênc ia fin anceiras, que obtêm poder real e fo rte influência sobre os Estados fracos. Referiu-se com especial ênfase a um terrível tráfico do qual poucos se lembram: o de armas nucleares. Com efeito, há alguns anos a Rússia anunciou o extravio de algumas de suas ogivas nucleares durante e após a queda da Cortina de Ferro. Concluiu chamando a atenção para o perigo constituído pela
As mais belas orações e novenas a Santa Rita de Cássia Santa Rita, a Santa das causas impossíveis
Autor: Padre Agostinho Ruelli ll x l 7,5c m, 80 págs ., ilustrado :i
..!;! ~
o
o
]
:'õ ~
.z
Preço unitário:
imigração muçulmana, cuj a popul ação pratica a poligamia, e portanto e multiplica na mesma proporção do perigo que ela representa na linha cio terrorismo. Só na Íle-de-France - área correspondente ao centro de Paris - ex istem cerca de 30 mil fan1ílias desse gênero. • E-mail cio autor: jeangoya rcl @catoli cis1110.co111.br
· etrus
LI VRAR IA
CATOLI C ISM O
10,5x l5 ,5cm, 88 págs ., ilustrado Preço unitário:. _ ,
~
Central de atendimento: (11) 3362-0005 * Frete de R$ 5,00 para e111bah111e111 e po.v1ag e111. Pro11wçcio válida e11q11a1110 durare111 1wssos estoq11es
www.livra riapetrus.com.br
Encontro de ssi com o Xá da Pérsia ■ PuN1 0 CoRRÊA DE OuvE1RA
C-
e1 ~ro-me de ter lido a descrição do encontro entre a Sissi, a Imperatriz Elisabeth da Austria (1837-1898), e um Xá da Pérsia. Os potentados do Oriente quase nunca visitavam a Europa, porque tinham de submeter-se a viagens muito longas e, às vezes, sujeitas a riscos. Mas, quando se estabeleceu a possibilidade de viagens seguras e com relativo conforto, com os meios de com unicação modernos - portanto, quando surgiram os primeiros transatlânticos, os primeiros trens, etc. - os soberanos orienta is começaram a viajar para o Ocidente. E vinham com todo o luxo do Oriente. O Imperador da China, o Xá da Pérsia, marajás, rajás, sultões, etc., em quantidade indefin ida, visitaram a Europa. Quando eram recebidos, as cortes européias prestavam-lhes homenagens com todo o protocolo destinado a um Chefe de Estado estrangeiro. Portanto, com cerimoni al muito bonito, esplendoroso, rico. Os orientais traziam riquezas fab ulosas e compareciam às festas com seus trajes característicos.
Visita do Xá da Pérsia a Viena . Detalhe do quadro acima, da festa feita em sua homena gem na Corte Au stríaca
* * *
Naquela época, o Xá (o Soberano da Pérsia) visitou as principais capitais européias, inclusive Viena. Durante uma festa em sua homenagem (foto acima à dir.), foi apresentado à Imperatriz austríaca. Ele fez uns salamaleques à moda oriental, e a Imperatriz respondeu com distinção, com graça, um pouco sorridente, como se presenciasse um dos personagens das Mil e Urna Noites. O Xá começo u a observá- la, e ficou tão deslumbrado que, terminados os salamaleq ues, de u um a volta por detrás dela. Queria certifi ca r-se de que e la correspondia inteiramente àq uela primeira impressão. Após o exame, comentou que ela era realmente tão bela quanto lhe disseram, e até mais. Depois fez um outro sa lamaleque ... Provavelmente ele ostentava jóias muito mais esplendorosas do que a Sissi. Mas, . na verdade, ela mes ma era uma jóia, um fruto da C ivili zação Cristã ! •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 13 de janeiro de 1989. Sem revis o do ul r.
-·:~:::::.·.-~.:~= ~:,__ . -· .e; -...-·.-e_>tl'-~_LMf---- ..---------·-- ----------·--::::.:::-..::-i 12___ ,.-, • '
'
.
......
.........
................
....
-- -. ·::: .....-- - rtv·--- v• •f"'' ---·- --·· ____ .. _,
--- ---
.
-
PUNI 0
RRfA DI OLIVEIRA
A raiz da corrupção C asos de corrupção financeira estão na ordem do dia, graves delitos de pessoas que galgaram postos públicos são noticiado8 diariamente. Qual a origem mais profunda do problema? Se em um dia prendem - se cinco ladrões, não diminui o número deles, -pois ficam como que cinco vagas abertas
arecem ter atingido um clímax os casos de corrupç~o e escândalos que afloram como um mar de lama invadindo o Br sll. Pior. Casos que vieram a público recentemente, se~undo tudo indic , constituem apexlsta uma verdanas "a ponta do iceberg". E presumível qu deira "montanha" ainda submersa, e d dlm ns~o inimaginável, que poderá vir à tona. Haverá solução para tão sério probl m ? A respeito dessas questões, Plinio Corr d Oliveira teceu diversas análises, apontando como raiz do problema a ausência da moral religiosa. Abaixo segue uma d I s, muito elucidativa, formulada em conferência de 4-12-93. , sintomático que órgãos r ligiosos, entre- · da mídia não se refiram aos aspectos mor I tanto os únicos que atingem o cerne da qu sC o.
P
4
CA1nA no DmE·1·0R
5
P i\GIN/\ MARIANA
7
LmTlJRA EsP11m·uA1 ,
8
CommsPoNnf:N<.;IA
*
PAJ ,A\ll{A no SAcmmo·1•1,:
12 A
REAUD1\D1•: CoNc1sAMl~NT1•:
t4
NACIONAi,
15
INTERNA(:IONAI,
19
ENT1mv1STA
Marcha do MST a Brasília: show midiátíco Mundo livre ameaçado pela China
Desmentindo o mito ela superpopula ção
23 Ium,JA Considerações sobre o novo pontificado 26
Clitíca à Reforma Univer sitária no Brasil
CAPA
()lJE NossA S1,:N1toRA C110t~A?
*
" A corrupção não é coisa obri galória cm quulqu ·r forma de governo, ma ela se dá se houver polílicos deson ·stos. S' os políticos forem todos honestos, não há peri go d is. o ac nlc · •r. Onde ex iste rnoraJidacle pública - qu ·r liz ·r, ond' há gente gue torna a sério a existência de Deus, cr~ rn s us Mandamentos e os cumpre - , casos de corrupção não ocorr 111 . Mas onde a massa da popul ação crês 111 s •ri •dad • na existência de Deus, ou cumpre a Lei de Deus ta111b 111 d' 111odo não sério, um certo número de pessoas rouba e se benefi cia de b ·ns qu ' mo são seus. É uma questão fundarnenlalm nte r li iosa ' moral, embora lendo refl exos econômicos e polílicos. Onde não há r'li , ito n ·m ord 111 moral , caminha-se para o esb roamento cornpl lo de toda u ord ' 111 ·conômica. E não adianta fazer apenas repressão a loda 'SI cie de ilegalidade e imoralidade, ·imple mente punindo os ladrões . 0 111 is o nunca e chenúmero de ladrões no País tende a gará a eliminar o roubo, porqu crescer, por assim dizer, infinilamente. Se em um dia prendem-se cinco ladrões, não diminui o número deles, pois ficam como que cinco vagas abertas, e nessas cinco vagas pulam para dentro cinqüenta candidatos; e o número ele ladrões crescendo, aumenta o número de roubos. Quer dizer, o problema é fundamentaJmente moraJ e religi oso. A sim, estamos assistindo ao esboroamento das instituições públicas, em virtude da completa falta de moralidade que se apoderou do mundo e do homem contemporâneo". •
CATOLICISMO
Purgatório - II
1O A
37 P(m *
O imenso valor da oração
38 V mAs
4J
1>1<: SANTOS
Santo Antonio de Pádua
INt•'ORMATIVO RlllUI,
44 M EMÚRJA Unicidade e unidade da Igreja
46
SANTOS 1,: F1,:sTAS
no
Mf:s
48 A<.;Ao CoNTRA-R1-:vowcmNAmA 52
Superpopulação : falsidade
AMmENTES, Cosn1M1•:s, C1v11.1zAçüEs
Os Santos Inocentes, vítimas do iníquo Herodes
Nossa capa: Fotomontagem do atel iê artístico de Catolicismo
Pádua : Basílica de Santo Anton io
JU N HO2005 -
Nossa Senhora e o valor da oração
Caro leitor,
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n2 311 6 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Conj. 62 - Santa Cecília CE P 01 225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Tel (0xx1 1) 3333-6716 Fax (0xx 11) 3331 -6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CE P 01065-970 São Paulo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol. com.br
"Camelo é um cavalo desenhado por uma comissão ". •sl j ·oso d ilo nort eamericano bem de fin e um anleprojelo de le i " desenhado" p r uma ·om issão cio MinisLéri o de ◄ d u cação e ul lura, ob a di r ção do mini slr T arso e nro (PT). Tal co mi ssão " d s nh u" d m do Lão Lorlo aquil q u d veria s r um e lega nle "cava lo", qu mais parece um cl se nj unlado "camel " ... O Ant. eproj elo de Lei da Reforma do Ensino Superior, concebi do pelo MEC, asfi xia a autono mia que devem gozar as univers idades públicas ou pri vadas, subme te ndo-as a um mal di sfa rçado co ntrol e id eológ ico- partidá ri o. O Es tad o hipertrofi ado, que se tem revelado inco mpete nte no desempenho de suas fun ções legítimas, passaria mais uma vez a impor no rmas mesmo naquil o que não lhe compete. O que constitui clara violação do bás ico princípio de subsidiariedade ou sej a, o Estado não deve exercer funções que grupos pri vados intermed iár ios dese mpenham de modo satisfatório. Tal intervencioni smo estata l nos me ios uni versitári os , se anali sado seriamente e sem visão preconce bida, não pode deixar de ser qualificado como despótico e de caráter marxista. Caso sej a aprovado esse Anteproj eto de Lei, os me ios acadêmicos passariam a sofrer pressões de organismos alhe ios a seus quadros , subordinando-se ao contro le externo e interno dos cha mados movimentos sociais. Um "polic iamento" indébito dos estabelec imentos de ensino superior seria a reedição da velha te ntativa de impor a nosso País um sistema ul trapassado de ensino ainda mais socializante do que o atual, e que va i na contram ão da Hi stó ria. "Já vimos este film e" - fo i o que ocorreu na ex-URSS e nos países a ela subjugados. O Dr. Leo Daniele, colaborador de Catolicismo , analisa o Anteproj eto de Lei na matéria de capa da presente edição, denunc iando sua nítida orientação socialista. Oferece uma bem fundamenlada crílica desse nefasto tex to, que é de molde a mediocrizar o aprendizado e o progresso c ullu ral e inLelectual dos alunos, bem como cercear a indi spen ável aulonomia uni versiLár ia. Q ue ira Deus que Lal anleprojelo tenha o destino que muitos espec iali stas já lhe apontam: a lata de lixo. Para isso, caro leitor, não basta que cada um pessoalmente se indigne contra essa reforma da educação s uperior. É mister despertar contra e la oulras reações e alertar os incautos que desconhecem as ciladas aí embutidas. Do contrário, quando menos se esperar , na calada da noite será aprovado este catastrófico Anteproj eto de Lei do Ensino Superior. Depois, de nada adiantará lamentar, pois será tarde. Terá se tornado lei. Desej o a todos uma boa leitura dessa importante matéria.
Home Page: http://www.catolicismo.com.b r ISSN 0102-8502
Preçqs da assinatura anual para o mês de JUNHO de 2005:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exem plar avulso:
R$ R$ R$ R$ R$
96, 00 140,00 260,00 420,00 9,00
E m Jesus e Maria,
9:~7 DIRETOR
paulobrito@catolicismo.com.br
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PA DRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
N umerosas pessoas não entendc1n o imenso valor da oração. Mas, quando bcin fcita e em conformidade com a vontade de Deus, te1n u1n valor que toca o infinito. 1
''
1 V ALDIS G RINSTE INS
ezei e nada co nsegui I Até que rezei mesmo, mas não fui atend ida ! Se tivesse Lraba lhado, em vez de rezar, teria uti lizado melhor o tempo !" Desaba fos do gênero, ouvi algumas vezes du rante a vida, mas este caso concreto era mais grave. A senhora que assim se exprimia era piedosa, mas com fo rmação religiosa muito defi ciente, transpondo a mentalidade comercial ao campo religioso: "Eu dei X de oração. Por que Nossa Senhora não deu X de resposta ao meu ped ido?" Assim fo rmulado, Nossa Senhora seri a a injusta, e e la a prej udicada da hi stória. Mas, tendo enveredado pelo caminho do desabafo, nada detinha essa mulher: "E com Nosso Senhor Jesus Cri sto é a mes ma coisa. Fui ao santuário tal e rezei, se m nenhum res ultado" . E não me espantou que, devido à sua péssima rormação religiosa, ela ainda se saísse com um argumento assim : "A Bíblia diz 'ped i e recebereis, batei e se abrirá para vós'. E u fiz tudo isso, e nada". Aproveitando uma pequena pausa dela para respirar, contra-argumentei: - Mas, dona Fulana, será que a Bíblia d iz "pedi e recebereis na hora"? O u diz "batei e se abrirá para vós imediatamente?" A senhora não acha que, se a promessa fosse assim formul ada, Deus teria passado todo seu poder para nós? Se a pessoa que pede vai sempre receber tudo o que pede, e imediatamente, nós teríamos todo o poder na mão! Levou certo tempo para ela se recuperar, mas logo voltou à carga: - É inj usto! E u até que rezei mesmo! -Acredito que a senhora rezou de fa to,
mas será que a sua atitude foi a mesma que tomava a Santíss ima Virgem quando rezava? Isto a pegou de surpresa, pois imediatamente perguntou: - E qual era essa alitude? -A senhora veja, por exemplo, como ela agiu nas bodas de Caná. Pediu ao seu D ivino Filho para tra nsformar água em vinho. É um pedido difícil de atender, pois é milagre mesmo, além do mais em público. Nosso Senhor não respondeu sim ou não. E o que fez Ela? D isse aos serventes: "Fazei tudo o que Ele vos di sser". O u seja, Ela condicionou seu pedido à divina vontade de Nosso Senhor. Será que a senhora condic ionou seu ped ido a que fosse do agrado de Deus? - Ah, não! Não venha com essa! A Bíblia diz ' pedi e recebereis' , nada mais. - Exatamente. A Bíbl ia diz só isso. A Senh ora percebe u q ue não ac resce nta 'recebereis exatamente o que pedistes'?
- Como assim ? Eu peço uma coisa e recebo outra? - A senhora pede X, mas Deus, na sua Sabedoria, vê que isso não lhe fará bem, mesmo que a senhora ache que sim. E então Ele, que é j usto, dá outra coisa que, esta sim, é boa. - Ah, não ! lsso não vale ! Eu quero o que pedi! - Enlão procure na Bíblia, ou em qualquer outro lugar, uma promessa nos termos que a senhora diz. Não vai encontrar nada. A saída dela foi típica: - Puxa! Não esperava isso do senhor. Isso desestimu la as pessoas a rezar. Ninguém vai querer rezar, após ouviJ uma explicação como essa.
Nem todo pedido é bom Aprendi a duras penas, durante a vida, que uma pessoa habituada a usar argumentos emoc ionais costuma ser impermeável aos argumentos lógicos. Portanto, dec idi
JUNHO 20 0 5 -
Devemos seguir o exemplo de Nossa Senhora nas bodas de Caná, e rezar com confiança e perseverança
usar um argumento emocional, um exemplo que a tocasse de perto. - Quando seu filho pede uma motocicleta, o que a senhora faz? Uma primeira possibilidade seria dizer a ele: "Absolutamente, jamais vou lhe dar uma motocicleta, porque em nossa cidade isso é perigosíssimo, e não quero ver você morto". Outra seria procurar ganhar tempo, sugerindo a ele trabalhar, para depois poder comprar um carro; explicar um pouco os perigos de um acidente e suas conseqüências físicas e psicológicas; poderia até dar a seu filho outra coisa, na esperança de que ele tirasse da cabeça essa loucura da motocicleta. Ante o silêncio, decidi continuar com o argumento. - Toda mãe quer o be m do seu fi lho. Pode dar a motocicleta, mas se não o faz, é por motivos reais. Fica constrangedor apresentar uma negativa por razões que o fi lho não percebe ou não entende. Seria muito diferente se o filho pedi sse a motocicl eta, mas deixando à mãe a possibilidade de atendê- lo ou não. Mais ou menos ass im: "Mãe, gostaria de ter uma motocicleta, mas depende de a senhora achar que é conveniente ou não". A senhora não lhe ficaria grata? Não aproveitaria para apresentar- lhe suas razões com calma e carinho? E não ficaria predisposta a atender o próximo pedido de um filho tão compreensivo? -CATOLICISMO
Coitada da minha interlocutora! Ficou abalada mesmo. Limitou-se a dizer: - É. A vida é mesmo complicada!
O amor de Deus acima <le tudo Uma religião baseada em emoções não corresponde aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. É claro que pode haver boas emoções, que nos ajudam na vida espiritual, e devemos saber aproveitá-las com critério. Mas não fazer das emoções o fundo mesmo da religiosidade. A Religião católica é magnificamente lógica, e devemos ter uma base doutrinária lógica, inclusive para saber separar as boas emoções das falsas. Portanto, passei ao contraataque apostólico. - Não entendo a sua decepção. Pelo contrário, a senhora acaba de encontrar a chave para abrir a porta dos tesouros do Céu. Se ace itamos o primeiro Mandam e nto , q ue é "A mar a Deus sobre TODAS as coisas", amaremos também os planos que Ele tem para nós. Eu sou imperfeito, portanto o plano que fiz para minha vida pode ter defeitos. Mas o plano que Deus traçou para mim, esse sim, é perfeito. E Deus quis que certas coisas boas, que estão nos planos d'Ele, só as recebamos se rezarmos. Devemos rezar co m perseverança. A frase da Bíblia "pedi e recebereis" é uma promessa, uma tremenda promessa. Nosso Senhor afirma que vamos receber. Sobre isso não há dúvida. E a bondade d'Ele chega até o ponto de, mesmo se pedimos o que não
no convém, uti Iizar esse pedido para nos dar outra coi a que nos convenha. T d bom atólico trata de recorrer à oração tanto quanto possível. Justamente porque ela traz consigo a aplicação de várias doutrinas fundam ntai · de nossa Reli- · gião. Para começar, se rezamos p rque reconhecemos precisar de Deus. Não somos independentes d'Ele, e além di sso somos falhas. E o que não podemos ou não conseguimos fazer, pedimos a nosso Deus que o faça por nós. Isto chega ao ponto de termos na Igrej a ordens reli giosas cuja única ocupação é rezar o tempo todo. A oração é um ato de humildade. É também um ato de caridade. Se amo a Deus, desejo que todos cumpram sua vontade, e peço-Lhe por aqueles que são rebeldes a ela. Muitas vezes não consigo, por mim mesmo, convencer outras pessoas de que isto ou aq uilo que fazem é errado. Mas Deus pode fazê- lo. E às vezes Ele só espera minha oração, para fazê-lo.
* * * Se em todas as épocas da História foi preciso rezar, mais ainda agora, tendo em vi ta a imensa crise em que nos encontramos. Não é à toa que nas aparições ele Fáti. ma Nossa Senhora insiste na penitência e na oração. É fáciJ entender por que Ela pede penitência, pois, se inumeráveis pecados são cometidos, é justo que se faça penitência para repará-los. Mas por que oração? Porque são muitos os cegos que nada pedem a Deus, e julgam que podem levar uma vida sem Ele. Acabarão caindo no abismo. Mesmo que a pessoa peça algo inútil para si mesma, acabará recebendo graças para sua salvação. Nada mais importante cio que isso. E a ferramenta para conseguiJo, temo-l a à nossa disposição. Devemos seguir o exemplo de Nossa Senhora nas bodas de Caná, e rezar com confiança e perseverança. Nossos pedidos serão atendidos da melhor forma possível. A oração, sobretudo se feita através de Nossa Senhora, Medianeira de todas as graças, nos põe em comunicação com Deus, nos fortalece na vi1tude, nos ajuda a vencer os defeitos, nos prepara para o Céu. Daí Santo Afonso Maria de Ligório dizer: "Quem reza se salva, quem não reza se condena". • E-ma il do autor: va ldi sg rin ste ins @catoli c ismocom.br
Ü
purgatório (Parte II)
N a primeira parte o Pe. Schouppe mostrou a importância de lembrarmo-nos do purgatório; nesta parte II, discorre ele sopre o duplo sentimento que nos suscita aquele lugar: a justiça que pune e a misericórdia que perdoa. Purgatório ocupa um importante papel em nossa santa Religião; forma uma das principais partes da obra de Jesus Cristo, e tem uma função essencial na economia da salvação das almas. Lembremo-nos de que a Santa Igreja de Deus, considerada como um todo, está composta de três segmentos: a Igreja Militante (na Terra), a Igreja Triunfante (no Céu) e a Igreja Padecente (no Purgatório). Essa tríplice Igrej a constitui o Corpo Místico de Jesus Cristo, e as almas do Purgatório não são menos seus membros do que os fiéis na Terra e os eleitos no Céu. No Evangelho, a Igreja é ordinariamente chamada Reino do Céu; o Purgatório, tanto quanto as Igrejas celestial e terrena, é uma província desse vasto reino. As três Igrej as irmãs mantêm incessantes relações entre si, uma contínua comunicação a que chamamos de Comunhão dos Santos. Essas relações não têm outro objetivo senão conduzir almas para a eterna glória, o termo final para o quaJ todos os eleitos tendem. [... ] Preces pelos falecidos, sacrifícios e sufrágios pelos mortos formam uma parte do culto cristão, e a devoção pelas almas do Purgatório é uma devoção que o Espírito Santo infunde com a caridade nos corações dos fiéis. É um pensamento santo e salutar fa zer um sacrifício expiatório pelos mortos, para que eles sejam livres de suas faltas, diz a Sagrada Escritura. 1
1'e11101· e confiança Para ser perfe ita, a devoção às almas do Purgatório deve ser animada por um espírito tanto de temor quanto de confiança. De um lado, a santidade de Deus e sua justiça inspira-nos um salu taJ temor. De outro, sua infinita mi sericórdia dá- nos uma confiança sem limites. [... ] A justiça de Deus é terrível, e pune com extremo rigor até as fa ltas mais triviais. Isso porque essas faltas, leves a nossos olhos, não o são de nenhum modo aos de Deus. O menor pecado desagrada a Deus infinitamente. Em relação à infinita santidade que é ofendida, a mais ligeira transgressão toma proporções enormes e pede enorme reparação. Isso explica a terrível severidade das penas da outra vida, e deveria penetrar-nos de um santo temor. O temor do Purgatório é um temor salutar; seu efeito é não só nos inclinar a uma caridosa compaixão para com as pobres almas sofredoras [do Purgatório], ma também ter um zelo vigilante por nosso próprio interesse espiritual. Pensa no fogo do Purgatório, e empenhar-te-ás em evitar as mais leves faltas; pensa no fogo do Purgatório e farás penitência de modo a satisfazer a divina justiça neste mundo, em vez de reparares [teus pecados] no outro.
Preces pelos falecidos, sacrifícios e sufrágios pelos mortos formam uma parte do culto católico
Guardemo-nos, entretanto, do temor excessivo, e não percamos a confiança. [... ] Caso estejamos animados desse duplo sentimento, se nossa confi ança na misericórdi a de Deu s é igual ao temor que sua justiça nos inspira, teremos o verdadeiro espírito de devoção às almas do purgatório. Esse duplo sentimento surge naturalmente do dogma cio Purgatório retamente entendido - um dogma que contém o duplo mistério da justiça e da misericórdia: da justiça que pune, da misericórdia que perdoa. 2 •
-
Notas: 1. li Mac. 1. 2, 46. 2. Padre F.X. Schouppe , S .J ., Purgatory, illustrated by the tives and legends of th.e Sa i11.1.r, TAN Books and Pub lishers, lnc., Rockford, USA, 1973.
JUNHO 2 0 0 5 -
Escrevo mais para incenti vá- los a nos brindar co m novos escritos revelado res sobre Fátima. Por muito que j á tenham esc rito sobre isso, não imag in e m qu e j á dominamos tudo. Já fiz o pedido do novo livro sobre Fátima. (C.K.P. - SC)
Sauclades da Igreja Católica
Escl'itos reveladores
t8l Quanto mais leio sobre as aparições de Fáti ma, mais vejo que tenho muito aind a para ap re nde r. Tenho acompanhando praticamente tudo so- . bre Fátima desde a década de 70 e imaginava que, mais ou menos em fins do ano 2000, eu já tinha dominado tudo e podia encerrar minhas pesquisas. Urna ilusão. Continuo estudando, lendo, relendo, apreendendo, fazendo aprox imações com os acontecimentos mais recentes (como o tsunami , o terrorismo dos muçulmanos, a morte ela Irmã Lúcia, a eleição do novo papa, etc.). No momento estou lendo coisas sobre as aparições dos anos anteriores a 19 17 que prepararam o cam inho para as mensagens aos 3 pastorinhos. Para esses aprofundamentos, a revista Catolicismo é valiosíssima, sempre desvendando coisas que nas minhas investigações não consegui a concluir. Exemp lo disso os artigos do Prof. Corrêa de O li ve ira a respeito das conversões (que não aconteceram) e dos castigos (q ue também ainda não aconteceram). Com esses artigos a gente se prepara melhor para os acontecimentos que teremos nos próximos anos (uma 3ª guerra mundi al?). Nesses acontecimentos veremos a justiça de Deus, e por isso precisamos do apo io na misericórdia d'Ele e de nossa santíssima Virgem de Fátima.
-CATOLICISMO
t8l Um cios arti gos de Dr. Plinio termina assim: " Quem tiver o uvid os para ouvir, ouça". E u espero, e estou rezando ma is a Nossa Senhora de Fátima, pedindo muito para não ter os ouvidos fec hados para a palavra de Deus. E u procuro também, entre os me us filhos e nossa parentada muito grande, que todos estejam muito atenciosos para os ensin amentos da santa Igreja Católica. É para isso que sempre tenho ao meu alcance Catolicismo e mostro para eles. As fotos da revista todas são lindas e contribuem para a ass imil ação das hi stóri as. Eu quero ag radecer, mas também pedir orações para que um a prima nossa volte para a Igreja Católica, porque ela ficou evangéli ca, mas já está ficando com vontade de voltar para a nossa Igreja. Ela me disse que sente fa lta das nossas reuniões. Acho que é um primeiro passo para ela voltar. Com a graça de Deus e la voltará. (B.N.N. - RJ) Coragem t8] Gostaria de enviar as minhas felicitações para a professora Arinda Fernandes. Em sua entrevista ela diz o que tem que dizer com franqueza, em função do bem do País, sem medo de melindrar aqueles que não andam na linha do decoro no exercício de suas funções. Transmitam a ela ' minhas calorosas felicitações. (M.A.G.F. - RJ)
Becassine: letra miúda t8] Só teve uma coisa na revista que eu não gostei. Na história da Becassine tem uns trechos com uma letrinha miudinha que não consegui ler. Vou ter que fazer ampliação, porque achei mui-
to interessante e quero contar essas historinhas que favorece m na formação do bom ca ráter das crianças. Gostei também elas ·oisas sobre os Papas e sobre Nossa Senhora de Fátima, de Santa Rita ele áss ia, e outras oisas, como dos temas do Bra il , cstã muito bons. Tudo primoroso. (C.A.C. - PE)
dos por historiadores e cientistas da própria Igreja. Sou católi co, mas atualme nte estou afastado do prédio da lgreja. Mas ac red ito que p erma neço perto de Deus através da carid ade, humildade e pelas orações que faço a todo momento, onde qu er que eu esteja. (J.C.P.R. - PR)
A estl'ela está se apaganclo?
Resta uração
t8] Aqui se diz que "comer e coçar é só começar". O medo do governo em abrir a CPI das propinas é esse: é só começar, que não pára mais. Sinal evidente de que abafam as negoc iatas dos apadrinhados do PT. "Quem não deve não teme", reza um outro dito popular. Os pelistas deveriam ser os primeiros a abrir a CPL Mas, pelo contrário, estão abrindo os cofres na "operação abafa". Pelo jeito o brasileiro está farto ele abafamento, querem a verdade e vai sobrar para Zé Dirceu e seus cúmplices. Para este ministro (que imaginei fosse competente), a reação popular contrn o Collor de Melo foi ato ele cidadani a democrática, agora, a mesma reação popular, é tachada por ele de "golpe". Qua l é a lógica? É a lógica do PT. Falo com conhecimento de causa - perdoeme - pois sou cio P.L.A. (Partido dos Lulistas Arrependidos). Já que a espera nça é a última que morre, a minha esperança no novo governo venceu o medo que eu tinha e ... " lulei". Mas , co mo a.gora se di z, a incompetência venceu a esperança. e pulei fora. Para mim a estrela do PT, que eu ostentei no peito, perdeu o brilho. (MHG-PR)
Parabéns pelo ótim o co nteúdo doutrinário e teo lógico da rev ista. O Brasil prec isa de recupe rar os valores cri stãos para ser verdadeiramente a Terra de Santa Cru z. (JD- MG)
Sinais da Prnvidência Divina t8] Apreciei muito o texto da revista. sobre a ligação entre a Providência Divi na. e as catástrofes. Há muito tempo eu esperava ouvir algo assim, pois também acredito que tais catástrofes poderiam ser evitadas se o homem fosse menos materialista e mais temente a Deus. Também concordo que a Igreja não está passando ao seu povo informações importantes sobre o tema, resultados de estudos realiza-
Cunura e educação religiosa t8] Conheci essa rev ista no site, e eu gostaria de receber a revista em minha residência. É uma excelente revista de informação, cu ltura e educação religiosa, e gostaria muito que vocês me mandassem esta maravilhosa revista. (A.C.D.O. - BA)
Em clel'esa ela doutrina católica t8] Agradeço à revista Catolicismo por sua postura favoráve l à doutrina católica. Doutrina esta que nos te m sido negada pelos próprios sacerdotes adeptos da teo log ia da libe rtação, que ao invés de salvar as alm as, vêm estimul ando os pecados entre o povo. A cobiça pelas co isas alheias, que os marxi stas de batina instigam através da censuráve l CPT, as campanhas distantes da espiritualidade e que se ap roximam da fi lantropia maçôn ica, que a CNBB lança todos os anos. Os padres que abom inam a doutrina da Igreja, e a cobrem de vergon ha com seus escânda los e sua descompostura, nos levam a pensar em um momento q ue tudo está perdido ... Que o Imaculado Coração da Santíss im a Virgem triunfe, para que Cristo seja mais conhecido entre o povo, e os sacerdotes se comportem como autênticos ministros do altíssimo, ao invés de animadores de comunidade. (B.S. - BA)
Censura icleológica t8] Hoje venho relembrar um fato que talvez já esteja batido, mas que talvez tenha se passado desapercebido às vistas de muitos brasileiros. Após o falecimento da Irmã Lucia, nós verdadeiros católicos, que aguardamos ansiosos pelo cumprimento das profecias de Fátima, sabemos que o tempo de Deus está próximo, mas um fato me abateu. Não se viu nos meios de comuni cação uma frase completa sobre as visões em Fátima. Isso até que poderia passar desapercebido, pois não dá " ibope", mas procurei em minha cidade alguém, ou algum sacerdote em alguma das várias paróquia s que temos , que se prontificassem a satisfazer a sede de alma e de saber que poucos ainda possuem. Infelizmente minha busca foi em vão. Até mesmo em uma paróquia que leva esta invocação, e que é reg ida pela Ordem menor, nada se comentou, e o pior é que poucos sabiam sobre o acontecido. O que se viu foi um silêncio sufocante. Mas o que mais me entristeceu fo i a propaganda que se fez sobre a fre ira irmã Doroty Stang, ele toda forma exaltada, quase adorada, cul tuada como heroína e "santa". E sobre os videntes de Fátima, mei a página de um jornal pífio. Os agitadores, que mereceriam o desprezo de todos, principalmente do clero mundial, têm toda atenção e todos os microfones. De Fátima, no próprio mês de maio, quase nada se falou. Sabe o que é mais grave, é que Nossa Senhora fez da morte desta última vidente mais um aviso para que m111ca nos esqueçamos de sua mensagem. Não falaram disso. Os Srs. da revi sta Catolicismo, especialmente o diretor e o Dr. Plinio Con-êa de Oliveira, fizeram o que todo católico deveria fazer: Evangeli zar. (M.R.R. - MG)
to não diminuirá o crime. É exatamente o contrário que já está acontecendo e vai. acontecer muito mais ainda. Já neste ano os crimes aumentaram e os roubos também. Nos países que fizeram essa mesma besteira de desarmamento ela população, foi o que aconteceu e no Brasil não está sendo diferente. Na Inglaterra, porexemplo,já voltaram atrás, porque não deu resultado. Mas mesmo assi m, aqui continua-se insistindo nessa imbecilidade de propagar o desarmamento. Agora até algumas igrejas estão colaborando com a segurança dos bandidos. Acho que é por caridade para com esses "coitados", pois, se a população fica com os meios para se defender, alguns "coitados" poderão ser alvejados, ou ficarão sem os meios de subsistência: o fruto do roubo. Então é preciso tirar de nós os meios de defesa, os meios que impedem que os bandidos recolham esses "frutos". A sorte é que muitas igrejas não aderiram a essa palhaçada de recolher armas, alegando que não é função da igreja se meter com isso. É o mínimo, não é? As pessoas só estão entregando suas arm as porque o governo está cr iando tantas dores de cabeça para quem deseja conservar a sua arma , ainda que adq uirid a lega lme nte, que fica mai s fáci I desfazer-se delas, apesar dos ri scos que passam a correr, de não ter como defender a si e à sua fa míli a. Os bandidos continu am sem ter a menor dor de cabeça para adquirir armas so fi sticadas, e não se faz nada para desarmá-los. Mas a popu lação trabalhadora - esta sim , essa fera - preci sa ser de sarmada urge ntemente, para ficar sem meios de defesa e à mercê dos bandidos , como repito. (N.P.E.P. - PA)
E a legítima defesa? t8] O canhestro Estatuto do Desarmamento dos pobres coitados que ficarão à mercê dos muito bem armados marginais continua sendo propagado, apesar de ser ev idente que o desarmamen-
JUNHO 2 0 0 5 -
-
n Cônego JOSÉ
Pergunta - Com a mo1te do Santo Padre, fala-se muito sobre as profecias de São Malaquias. Talvez o senhor qtúsesse explicar aos leitores o que são essas profecias e se elas são apoiadas pela Igreja católica.
Resposta - As ditas profecias de São Malaquias sobre os Papas s~o consideradas por muitos estudiosos como uma mistificação, isto é, teriam sido inventadas, e portanto seriam inteiramente destituídas de credibilidade. Alguns lhe dão um certo crédito. Certas coincidências curiosas fizeram com que elas tomassem notoriedade ao longo dos tempos, e com isso voltam sempre à baila quando do falecimento de um Pontífice e eleição de seu sucessor. Numa ocasião tão extremamente importante para a vida da Igreja, como essa, servem mais para comunicar um certo atrativo intelectual aos comentários e conversas, do que para fazer análises e prognósticos inteiramente fundamentados. São Malaquias e suas "profecias" São Malaquias, de origem nobre, nasceu na Irlanda em 1094 (ou 1095, a data não é certa) e tornou-se Arcebispo de Armagh em 1132. Morreu em 1148 em Claraval, na França, assistido por São Bernardo, do qual se tornara amigo, e que escreveu um livro sobre sua vida. Foi canonizado em 1190 pelo Papa Clemente III. Ele tem profecias sobre a Irlanda, além de ter anunciado o dia de sua própria morte (2 de novembro). CATOLICISMO
Em 1139 , foi a Roma apresentar um relatório de sua diocese ao papa Inocêncio II, e nessa ocasião teria tido a visão na qual se desenrolou diante de sua mente a lista dos 112 pontífices que governariam a Igreja desde Celestino II, eleito em 1143, até o fim dos tempos. Para cada pontífice era indicado não o nome que adotaria, mas uma divisa ou dístico constante de duas, três ou no máximo quatro palavras latinas -com exceção do último, do qual falaremos adiante-, que caracterizaria o papa eleito ou o seu pontificado. Diz-se que, para consolar Inocêncio II no meio de suas tribulações, teria entregue ao Pontífice o manuscrito com a descrição da visão que tivera. O manuscrito teria permanecido nos Arquivos Romanos até sua descoberta em 1590, sendo pouco depois divulgado pelo beneditino Arnold de Wion, que o incluiu no seu livro Lignum Vitae, editado em Veneza em 1595. O silêncio de São Bernardo a respeito dessa revelação, em sua bio gr afia de São Malaquias, e o fato de o manuscrito ter permanecido 450 anos desconhecido dos estudiosos do Papado, são argumentos para pôr em dúvida sua autenticidade. The Catholic Encyclopedia, editada em Nova York e m 1913 (estávamos então nos feli zes tempos em que a Igreja era governada por São Pio X), observa que esses argumentos, embora fottes , não são conclusivos. Pois não é incomum que documentos fiquem esquecidos num arquivo até que alguém os exume e mostre a sua importância. A enciclopédia católica norteamericana propende a aceitar
LUIZ VILLAC
a autenticidade dessas profecias. Diz a enciclopédia: "Aqueles que viveram e acompanharam o curso dos acontecimentos de uma maneira inteligente durante os pontificados de Pio IX [18461878], LeãoXIJJ[l878-1903] e Pio X [1903-1914] não poderiam deixar de ficar impressionados com os títulos dados a cada um deles pelas profecias de São Malaquias e sua maravilhosa adequação: Pio IX: Crux de cruce (Cruz da cruz); Leão XIII: Lumen in coe lo ( Luz no Céu); Pio X: Ignis ardens (Fogo ardente). Há algo mais que mera coincidência nas designações dadas a esses três papas muitos séculos antes de seu tempo. Não é preciso recorrer aos nomes de família, brasão de armas ou títulos cardinalícios para ver a propriedade das designações dadas a eles nas profecias. As aflições e cru-
zes de Pio IX foram maiores do que as que couberam a seus predecessores; e as mais graves dessas cruzes lhe vieram da Casa de Sabóia, cujo emblema era uma cruz. Leão Xlll foi um verdadeiro luminar do papado. O papa atual [São Pio X] é realmente um fogo ardente de zelo pela restauração de todas as coisas em Cristo" (op. cit., vol. XII, p. 476).
exame da própria profecia, que deve ter sido escrita apenas alguns anos antes de sua publicação. Com efeito, de Celestino II [1143-1144 primeiro da li sta] até Gregório XIV (excluído ) [1590-1591 - o primeiro depois da data que a Enciclopédia considera como sendo a
Algw1s argumemos co11trários Não obstante, a Enciclopedia Cattolica, editada na Cidade do Vaticano em 1951, pronuncia-se contra a autenticidade dessas profecias: "O caráte r apócrifo resulta do São Malaquias, de origem nobre, nasceu na Irlanda em l 094 e tornou - se Arcebispo de Armagh em 1132
LiberSecundut.
º
·e~
.; .g
da elaboração da lista] os breves dísticos aplicados aos pontífices estão em relação com o brasão, ou com o nome da família, ou com o nome de batismo, ou com o título cardinalício ou com o lugar de origem do papa. De Gregório XIV em diante, pelo contrário, os dísticos tornamse enigmáticos, e se alguns são apropriados, a maior parte perman ece envolta em grande incerteza, muitos são absolutamente fúteis e só à força se deixam relacionar com a história real (cfr. Pastor)" (op. cit., vol. VII, col. 1885). A conhecida Historia de la Iglesia Católica, da BAC, repete mais ou menos os mesmos argumentos: "Devem ter sido compostas [as ditas profecias] por volta de 1590 por um falsário anônimo. Daí que os 74 papas anteriores a essa data estejam bem caracterizados, atendendo geralmente ao lugar de nascimento, à família, ao brasão, etc. Os dísticos seguintes são vagos e imprecisos, embora não se possa negar o fortuito acerto em alguns casos [.. .]; porém, a maioria não tem conexão alguma com o interessado, ou são tão gerais que se poderiam aplicar a qualquer um" (op. cit., Ricardo GarcíaVilloslada, S. J., Madrid, 1976, vol. II, p. 432).
" ~ Petr11s Ro1nanus, { o último papa
,iJ
d
Depois de São Pio X, já
t ::7;~~
1
::sd~~1:~!~1\: ~;e~1:: <5 mais oito dísticos: Religio depopulata - A Religião desNo livro de Wion, editado em povoada (Bento XV, 1914Veneza em 1595, as Profecias 1922); Fides intrépida - Fé de São Malaquias ocupam cin intrépida (Pio XI, l922 co páginas, das qua is reprodu 1939) ; Pastor Angelicus zimos a primeira e a última
Pastor Angélico (Pio XII, 1939-1958); Pastor et Nauta - Pastor e Navegante (João XXIII, 1958-1963); Fios jlorum - Flor das flores [Paulo VI, 1963-1978); De mediate Lunae - Da meia lua [João Paulo I, 1978]; De labore solis - Do eclipse do Sol [João Paulo II, 19782005]; Gloria olivae - Glória da oliveira [Bento XVI, 2005, pontífice reinante]. Ao todo, 111 dísticos. Seria muito longo comentar cada um desses dísticos e a interpretação que lhes é dada. Registremos apenas o de Bento XV, que apresenta uma coincidência curiosa: durante o seu pontificado ocorreu a I Guerra Mundial (1914-1918), a mais mortífera até então, seguida da epidemia da "gripe espanhola", que fez vítimas por todo o mundo. Explicar-se-ia assim o moto Religio depopulata, isto é, a Cristandade despovoada, aplicado ao pontificado de Bento XV. Ao último papa da li sta de São Malaquias, contudo, não é dedicado um dístico, mas uma frase inteira: "Durante a última perseguição da San.ta Igreja Romana sentar-seá [na Cátedra pontifícia] Pedro Romano, que apascentará a sua grei no meio de muitas tribulações; quando estas tiverem terminado, a cidade de se te co linas [Roma] será destruída, e o • tremendo Juiz julgará o seu povo. Fim". Parece uma alusão ao fim do mundo e ao Juízo Final. Aqui res ide mai s uma perplexidade susc itada pelas ditas profecias d e São Malaquias, pois várias revelações privada prevêem um grande triunfo da Santa lgre-
ja antes do fim do mundo. A de Fátima, por exemplo, fala de um tempo de paz que seria concedido ao mundo - a instauração do Reino de Maria - depois de tremendos castigos: " Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas; por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre co nsagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o Dogma da Fé... ". Semelhante previsão faz São Luís Grignion de Montfort, no seu célebre Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, o qu al especifica que o advento do Reino de Maria significará o advento do Reino de Cristo (nº 217), reino eterno e universal que nesta Terra é a sua Igreja: reino de verdade e de vid a, reino de santidade e de graça, re ino de justiça, de amor e de paz (Prefácio da Festa de Cristo-Rei). Não seria, pois, de esperar para já o fim do mundo, o que constitui mais um embaraço para interpretar as profecias de São Malaquias. Diante do exposto, vê-se a prudência que é preciso ter no uso das "profecias" em questão, mesmo se a pessoa quiser utilizá-las como mero ornamento literário dos comentários que queira fazer sobre este ou aquele pontificado. E manter a tranqüilidade de alma para serv ir decididamente a Santa Igreja em quaisquer circunstâncias que o futuro nos apresente. • E-mai l do autor: conego joselui z@catoli cismo.co m.br
JUNHO2005 -
-
97% dos brasileiros recusam ampliação do aborto
C
aiu enormemente o número ele brasileiros que aprovam a ampliação ela lei ele aborto. Segundo pesquisa cio IBOPE em março deste ano, a aprovação ficou em 3%. E la foi ele 43% em 1994, desabou para 2 1% em l996 e para 10% em 2003. "Só posso pensar que se trata de um ataque coletivo de hipocrisia", di sse o sociólogo Antônio Flávio Pierucci, da USP, mai s crédulo n9s chavões comuna-progressistas do que na realidade. Com efeito, o abortismo não brota de um anseio popular, mas de minorias propulsoras da imoralidade . •
FARC à brasileira: possibilidade nos assentamentos
D
ois ex-líderes e 15 membros do MST - todos eles foragidos - foram indiciados por homicídio, tortura, cárcere privado ou danos materiais no caso do assassinato cio soldado PM Luiz Pere ira da Silva, em Quipapá (PE). Também foram indiciados por tortura e cárcere privado do sargento PM Cícero Jacinto ela Silva. Segundo o delegado Antonio Carlos Câmara, que dirigiu o inquérito, é "imprescindível a punição exemplar para os imputados, sob pena de que, em um futuro próximo, assentamentos como estes se tornem verdadeiras espécies de FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] à brasileira". •
11
O
Médicos" cubanos atuam sem habilitação no Brasil
O
juiz federal Marcelo Albernaz concedeu liminar ao Conselho Regional de Medicina (CRM) de Tocantins, que solicitou fossem impedidos de atuar 62 "médicos" cubanos sem títulos profissionais. O juiz comparou suas atividades ao curandeirismo. Fidel Castro mandou um avião para buscá-los urgentemente; talvez o processo desvendasse fatos comprometedores .. . Por incrível que pareça, tais "médicos" obtiveram a suspensão dessa liminar e foram re-contratados pelo governo estadual, mas já não estavam mais no Brasil. Há muitos "médicos" cubanos sem título exercendo a profissão no País, além de 600 estudantes de medicina brasileiros em Cuba enviados por organizações de esquerda, como o MST e o PC do B. •
Lula com o Cacique Raoni
Jovens voltam a práticas religiosas de seus avós
S
Obras de arte moderna apodrecem em Paris
A
s obras de arle ,_noderna que o ~resid_ente sociali sta Mitterrand espalhou pela capital francesa estao ca111do aos pedaços, segundo o diário pari siense "Le F igaro". Redes seguram as pl acas da fac hada do novo prédio da Opéra-Bastille; o mármore do teto daArche de la Défense ameaça descolar; o conserto das contestadas colunas de Buren, no Pctlais Royal, custará 2,6 milhões de euros. Para os pari sienses, essas "peças de arte", alé m de prejudicar a beleza da cidade, são frágeis e efê meras, ex ig indo manutenção mais cuidadosa que as pirâmides do Egito. E e les se perguntam se não va le a pena desistir de tais obras " artísticas" e empregar o dinheiro na restauração de peças ele genuína arte. •
Iraquianos enfrentam terroristas com armas
O
Plebiscito proíbe casamento11 homossexual
ele itorado do estado de Kansas aprovou, por maioria esmagadora, emenda constitucional que define o matrimô nio como a união entre um homem e uma mulher, tornando ilegal o chamado "casamento" homossexual. A emenda recebeu 70% dos votos num plebiscito. Kansas é o 18º estado americano a tomar essa atitude. Em nenhum caso vence u a o utra opção. No estado de Oregon, a Corte Suprema estadual anulou cerca de 3.000 "casamentos" homossexuais. Esse tribunal baseouse na emenda aprovada no ano passado, protegendo o matrimônio. Os partidários do a berrante "casamento" homossexual estão recorrendo ao Judiciário, tentando obter uma incerta legalização, como recentemente oco rre u n o estado de Connecticut. •
CATOLICISMO
11
Índios preiudicados pela reserva indígena
R
oraima decretou uma semana de luto oficial e vive graves episódios de tensão e violência, por causa da homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol (1,76 milhão de hectares, maior que Sergipe). A homologação elimina do mapa pelo menos três cidades e 150 mil hectares de plantações de arroz cultivados por fazendeiros e índios que se integraram na civilização. Em sinal de luto, m uitos arrozeiros andam vestidos de preto pelas ruas. A maioria dos indígenas não quer voltar ao primitivismo e desejam continuar produzindo, enquanto a minoria dentre eles, insuflada pela esquerda católica, comemora a desastrosa decisão de Brasília. O presidente Lula reafirmou que irá demarcar mais 46 reservas do gênero. •
povo iraq ui a no reage cada vez mai s co ntra o terro ri smo. Teve repercussão mundi al o exemplo do marcene iro Dhia e sua família. Vendo um grupo de "insurgentes anti-americanos", puxaram seus rifles, abatendo três deles. "Atacamos antes que eles nos atacassem", disse Dhia ao "New York Times". E acrescentou:" Eles se chamam a si mesmos de muj a hidin [combatentes da guerra santa]; estou esperando que voltem os outros, para lhes mostrar". Os atentados te rroristas matam diariamente cri anças, mulheres e populares, mas certa mídia oc identa l ap resenta essas atroc idades co mo heróicos atos de res istênc ia ! •
.,.
egundo o estudo Wor/d Va/ues Survey, efetuado em 58 países ecoordena d o pela Universidade de Michigan (EUA), a "geração do milênio", isto é, os nascidos em 1982 ou depois, retorna às práticas religiosas e condutas da geração anterior à li Guerra Mundial. Esses jovens dão mais importância à religião do que a "geração Vaticano li" (nascida entre 1943 e 1960) ou a "geração pós-Vaticano li" (entre 1961 e 1981) . Para D. John Strynkowski, reitor da catedral de St. James, em Brooklyn (Nova York}, é "um retorno ao tradicionalismo ". Segundo ele, após o Concílio Vaticano li muitos sacerdotes abandonaram a tradição, e agora estão desconcertados vendo os jovens procurando as práticas devocionais de seus avós .
Modas profanam símbolos e paramentos litúrgicos católicos ;\ banalização dos símbolos católir\.cos está atingindo a profanação e a blasfêmia. Retratos de santos ou símbolos veneráveis aparecem nas mais prosaicas peças de vestuário, em coleiras de cachorros ou embalagens de cosméticos. Conhecidas griffes de Milão comercializam vestidos e xales que evocam vestimentas litúrgicas, segundo noticiou o "New York Times". Tais extravagâncias, até há pouco exclusivas de grupos rock ou satanistas, estão encontrando muita resistência por parte daqueles que não tomam em vão os símbolos da Igreja .
JUNHO 2005
D11111
1.. .INTERNACIONAL
NACIONAL
'
. ·:.
Radiografia da marcha dos sem-terra A marcha do MST rumo a Brasília foi muito midiatizada, não empolgou ninguém e o "show" caiu no vazio. Mas resultou em gastança do dinheiro público e promessa de mais terras aos desocupados. □ PLÍN IO VI DIGAL XAVIER DA SILVEIRA
A
narcha dos sem-terra chegou a Brasília na data marcada por seus líderes, l7 de maio. O presidente Lula os recebeu durante três horas, acompanhado de quatro ministros e do presidente do INCRA , e apressou-se em colocar novamente na cabeça o boné dos invasores. À marcha foram "incorporados" habitantes de periferias urbanas, que jamais haviam tido qualquer experiência no trato com a terra. Também apareceu como um de seus representantes o bispo D. Tomás Balduíno. O que tem ele a ver com os sem-terra? Oficialmente, nada. Como presidente da CPT, seria normal que ele representasse a CNBB, não o MST. Entretanto, ninguém se surpreendeu com a presença do Prelado, pois todo mundo sabe que quem está por detrás do MST é a esquerda católica. O MST não seria nada se não fossem os bispos, padres e freiras ( 100 delas marchavam) que o impulsionam. A CNBB deu total apoio à marcha. A caminhada de Goiânia a Brasília, entremeada de doutrinação marxista e invasões de propriedades alheias, foi um acontecimento mjdiático. Fotos, repo1tagens, entrevistas, não houve estardalhaço que a mídia não fi zesse para tentar obter da população interesse pelo acontecimento. Conflssão do fmcasso
Mesmo assim, informa o "Jornal do Brasil" (17-5-05), "o MST não tem conseguido mobilizar a população em torno da reforma agrária". A coordenadora nacional do MST, Marina dos Santos, afirmou que está se "tornando cada vez mais difícil a mobilização. Há poucas categorias se mobilizando, e o MST não consegue chamar as categorias". Mas se a população, de modo geral, está contra o MST, significa isso que a marcha -
CATO LI C I SM O
por ele realizada não tem impo1tância? Longe disso. Não só ele tem apoio de forças muito ponderáveis, como a esquerda católica e grande número de políticos (o senador Suplicy, por exemplo, engajou-se na marcha), como consegue dinheiro com fac ilidade. O governo de Goiás e diversas prefeituras investiram grosso. O gasto foi de pelo menos R$ 5,5 milhões. Adestramento paramilit,a1•
A marcha constituiu ademais um treinamento de estilo militar. Caminhadas, hierarquia rígida, obediência estrita, regras ape1tadas. Toda essa militarização causa preocupação. Tanto mais que os sem-terra não se furtaram, em Bras íli a, de agredir a Polícia Militar e provocar um confronto na Esplanada, que quase vi ra batalha campal. Saíram feridos 18 policiais (quatro deles com gravidade) e 32 sem-terra, com ferimentos leves. Já antes disso os manifestante. provocaram um tumulto diante do Palácio do Planalto, furando à força o cordão policial que protegia o edifício. Não ficou claro se tais conflitos foram provocados para dar ma ior visibi lidade à marcha, que estava causando pouco interesse na população, ou se foi a irrefreável agressividade do MST que entrou em cena. De qualquer modo, estamos diante de um movimento violento. Mais desapropriações!
No encontro no Palácio do Planalto, Lula avaliou que a atuação do MST é "correta". O governo garantiu que vai liberar os recursos necessáiios para cumprir metas de assentamento e reafamou o compromisso de enviar mensalmente ainda mais cestas básicas às famílias acampadas. O mais preocupante é que o governo prometeu ao MST a atualização do índice de
produtividade das propriedades rurais nas próximas semanas. Tal atualização ameaça desa1t icular a estrutura de produção que sustenta as ex portações agrícolas brasileiras. Passarão a ser qualificadas como "improdutivas", com uma penada, propriedades até agora consideradas "produtivas". E com isso ficarão sujeitas a desapropriação para serem entregues aos sequazes do MST, que ceitamente se encarregarão de transformar tais terras em novas favelas rurais. Ceder parn não perder?
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, está dando mostras de fraqueza na defesa dos produtores rurais e já fala em ceder um tanto. Acusa os atuais índices de serem "antigos e superados" e acena para o fato de a Reforma Agrái"ia exigir mais desapropriações. É o que informa o jornal "O Estado de S. Paul.o" (20-5-05): "Rodrigues disse que o governo estuda mudar os índices de produtividade, pois os atuais são muito antigos e superados. Quando a proposta surgiu, causou irritação entre produtores rurais e o ministro anunciou sua discordância publicamente. Ontem, no entanto, ele preferiu discurso mais vago. 'Faço parte do governo que defende a reforma agrária e é a favor de que isso aconteça. Estamos lutando nessa mesma direção', afirmou". Resta saber se os produtores rurais estão dispostos a embarcar nessa canoa do ministro da Agricultura, ou se, pelo contrário, darse-ão conta de que o pior mal não está nos sem-terra, mas sim numa Reforma Agrária socialjsta e confiscatória, que é insaciável e quer demolir o agronegócio e toda agropecuária nacional, para fazer do Brasil um novo Zimbábue. • E- ma il do autor:
plinioxavier@catolicismo.com.br
Perigoso despertar do dragão amarelo Com o despertar do dragão chinês -
fartamente alimentado por capitais ocidentais-, o comunismo, na aparência extinto com o desmoronamento da União Soviética, pode voltar e tentar subjugar o Mundo Livre RENATO M URTA DE V ASCONCELOS
Correspondente na Espanha
passado século XX traz indiscutivelmente a marca da influência dos EUA. A Chin a com uni sta ambiciona essa influência para si neste sécu lo. Com o apogeu econômico e propagandís tico da Chi na, mui tos observadores internacionais opinam sobre o que parece ser o despertar do dragão amarelo e o grande peri go a ameaçar o mundo nas próxi mas décadas . De fato, do ponto de vista econôm ico, a China poderia, segundo alguns ana-
º
listas, tornar-se dentro de três décadas a maior potência da Terra. A taxa de crescimento de sua economia - 9% - representa quase o dobro da dos EUA e é a maior do mundo. No fim do ano passado, possuía uma reservà de 403 bilhões de dólares, só inferior à do Japão. Industriali za ndo-se a passos de gigante, a China absorve 26,9% da produção mundi al de aço, 31,3% da de carvão, e é o segundo maior consu1rudor de petróleo. 1 Os alicerces para o "boorn" econômico fora m colocados em 1978, qu ando os I íderes chineses, sem renunciar à ide-
ologia comunista, fi zeram concessões à economi a de mercado "ad intra" e "ad extra". "Ad intra" as reformas econômicas concederam aos citadinos a liberdade de fund ar pequenas empresas, e aos camponeses a de plantar e vender seus produtos. "Ad extra" abriram as porta aos investimentos estrangeiros, que ascendem hoje a mais de 50 bilhões de dólares anuais. Empre as multinacionais instalando-se no país, fábricas de automóveis, de aparelhos eletrônicos, de eletrodomésti cos, de artigos desportivos, de JUNHO 2005 -
-
a C hina não queira fi car atrás. Em 2001 mandou ao espaço seu primeiro "tai ko nauta" (de taikon, espaço) . N o campo da genética, está a vançada nas pesquisas com e mbri ões, p o uco se importando com a moral. E o laboratório da Microsoft Research Asia, com sede em Pequim, representa o que atualmente existe de mais sofisticado na área da info rmática.
Po<lerio militar do dragão e desejo de aboca11har 1'ai wai,
brinquedos, e quanto mais se possa imag ina r, s urgiram co m o cogume los po r toda a parte.
Trnbalho quase escravo gera11do pmdutos ordi11á1·ios A mão-de-obra de custo ínfimo, fornecida por uma população de 1,3 bilhão de pessoas a trabal hare m muitas vezes em condições sub-humanas, enc heu prateleiras dos macro, super e mini-mercados do mundo inteiro com produtos baratíssimos - de qualidade muito di scutível - , provoca ndo desemprego e m muitos pa íses ocidentais. A par das mul tinacionais surgiram empresas nac ionais bem suced idas, cujos donos, mestres na arte do "guanxi" - isto é, captar as boas graças dos líderes comunistas - tornaram-se em poucos anos verdadeiros cresos. M ui tos deles, despóticos e contando com cumplicidade oficial, atuam como verdadeiros chefes de máfias.2 E vai se verificando uma curiosa regra de três: assim como empresários americanos e europeus montam fábricas na China, aproveita ndo-se da mão-de-obra barata, assim também empresários chi neses estabelecem fábricas nas c idades limítrofes da S ibéria, o nde os salários são ai nda bem mais baixos. E aos poucos a China vai sendo chamada de os Estados Un idos da Ásia. Xangai, por exemplo, tornou-se uma cidade que compete em tamanho e riqueza com Nova York e Tóquio. No boulevard Bund, às margens do rio H uang-pu, em
CATOLICI SMO
meio a uma fl oresta de arranha-céus, encontran1-se numerosos hotéis de cinco estrelas, um dos quais, o Hyau, é o mais alto . do mundo. A China virou o país dos superlativos. O país de maior extensão territori al, com a população mais numerosa ela Terra, está terminando de construir no rio Yang-tsé a maior represa de todos os tempos e lugares, próximo da grande To mkin com seus 3 l milhões de habitantes. Compreende-se que em outros campos
A China destina anualmente uma verba de cerca de 40 bilhões de dólares para gastos militares. Dispõe de um exército de 4 milhões de soldados que devem ser redu zidos a dois milhões, na medida e m que os arma mentos fo re m mode rni zados. O arsenal do exército vermelho prové m da antiga Ur1ião Soviética e e ncontra-se o bsoleto graças ao embargo à venda de armas lançado pela ONU . Ora, com seu " boom" econômi co a China torno u-se mercado interessantíss imo para países exportadores de armas. E na surdina ve m sendo feita uma campanha para levantar o embargo da ONU. Ainda há po uco, Gerhard Schrõder, chanceler da Alemanha, defendeu ele modo cl aro que o e mbargo de veria ser suspenso. De modo alg um, argumenta ele candidame nte, seu país deseja fazer comércio de armas com a
China. Longe dele tal pensamento! O proble ma é que tal embargo não mais se coadunaria com a atual quadra mundial. . . l.sso justamente no momento em que o dragão a m are lo solta ru g id os rum o a Taiwan (ou Formosa, como os portugueses a chamavam), ameaçando anexá- la à fo rça, caso não se reúna de boa vontade ao contine nte dentro dos próx imos 15 anos. E a propósito da invasão nipô nica na seg unda guerra mundial, bate a cauda e m direção ao Japão, com ameaças implícitas ... Em 1945, quando os comunistas de Mao-Tsé-Tung ganhara m a guerra civi1, os nac io nali stas liderados po r Chi ang- KaiChe k refu giaram-se na ilha de Taiwan e aí consti tuíra m um governo indepe nde nte que, desde o início, declarou-se legítimo governo de todos os c hineses . Ass im o e nte nde u a comunidade inte rnac io na l, e Taiwan fo i memb ro da ONU até 1970, ano em que este organismo admitiu a República Popular da China e excluiu Taiwan. País independente e fo rtemente anticomuni sta, com 20 milhões de habitantes, Taiwan é um dos tigres asiáticos e possui a te rceira maior reserva monetária do mundo. Mas também um exército muito be m treinado e equipado com arma me ntos modernos. É o que em boa prute explica por que o dragão contine ntal não o usou até agora abocanhar a ilha Formosa.
Pel'seguição aos católicos liéis a Roma Os líderes chineses declaram-se adeptos do maoísmo- le ninis mo. O ateísmo é e nsinado ofi cialmente nas escolas do país. Não há padrões mo rais normati vos. E por isso mesmo, o respeito aos cha mados dire itos humanos é mínimo ou inex istente. O prime iro e o mais impo rtante dos di reitos natu rais (humanos) é o de conhecer e praticar a Religião verdadeira. Nada
Taiwan possui um exército muito bem treinado e equipado com armamentos modernos, o que é um argumento dissuasório de peso ...
favo rece esse direito na China, apesar da entrada em vigor, a 1º ele março deste ano, de direti vas destinadas a melhor proteger os "direitos legítimos" cios que tê m fé . A situação do 15 milhões de católicos chineses - o que corresponde à população do Chile - é aflitiva. Há cerca de duas décadas o governo comunista instit1riu, com a infeliz cumplicidade de católicos acovardados e oportunistas, a assim chamada igreja católica patriótica, a qual recebe suas ordens não do Vaticano, mas dos sátrapas de Pequim. Os católicos fié is a Roma - cerca de 10 milhões - vivem perseguidos, em regime catacnmbal . Diversos bi spo , numerosos sacerdotes e leigos já foram presos e torturados por não se dobrru·em ante as autoridades atéias e marxistas. "Sanguischristianorumsemen " (o sangue dos cristãos atua como semente), proclamava Tertuliano no século II, apost:rofando os perseguidores dos cristãos. É o que se verifica na China, quando se considera o aumento contínuo do número de católicos . Apesar da pertinaz pe rseguição do regime comuno-ateu de Pequim , são bati zadas anualmente 160.000 crianças chinesas.
Inexistência dos mais básicos dkeitos humanos No que dj z respeito ao direito à vida, ex iste uma verdadeira esqui zofrenia. De um lado, o governo aplica despoticamente a norma de um só filho por casal . Com isso, milhões de abortos compulsórios - e um abo rto não passa do fri o assassinato de um
JUNHO 2005 -
nascituro no ventre materno - são praticados anualmente. Dessa norma draconiana de um filho por casal, não escapam nem mesmo mulheres chinesas morando temporariamente no exterior. 3 De outro lado, o governo aplica a pena de mo1te a delitos menos graves, como furtos, sonegação de impostos e comércio de drogas, freqüentemente executada em centros esportivos, na presença de centenas de espectadores. Por vezes, junto ao local da execução já se encontra uma ambulância devidamente apetrechada para retirar do sentenciado órgãos para efeito de transplante. De passagem, interessa notar que essas mais de 10 mil execuções capitais por ano não despertam alarido proporcional ao que se faz a propósito dos cerca de 500 criminosos condenados à morte nos EUA no mesmo período. 4
Uma "te1'Ceira via"? Ela conseguilil ilu<lil' o mundo?
Igreja católica na cidade de Jinan : suas portas foram fechadas e lacradas pelo governo comunista chinês Bandeira de Hong Kong e figura de Mao. Os bilhões de dólares de ocidente são vitais para a China tornar-se uma potência econômica.
-
CATOLICISMO
O atual panorama chinês caracterizae por um duplo aspecto. Um flexível, o das reformas econômicas rumo a um "socialismo de mercado", que criou condições para uma explosão da economia e um enriquecimento, não do povo em geral, mas de uma camada privilegiada do país; as populações agríco las continu am imersas numa situação de miséria, apesar da existência de ilhas urbanas de prosperidade e do "boom" econômico. Outro aspecto, rígido, o da inflexibilidade político-ideológica, onde não houve qualquer mudança fundamental. Os "laokai" - os terríveis campos de concentrnção - se abarrotam de dissidentes e opositores do regime. Uma pergunta salta ao espírito: Não
Tendência mundial à subpopulação, suicídio das nações será este "boom" desenvolvi.mentista uma excelente tática para apresentar ao mundo embasbacado um novo modelo de convergência entre capitalismo e socialismo? Estará, por acaso, sendo experimentada uma espécie de "terceira via", cuja fórmula eficaz até agora não havia aparecido, embora muitas vezes tentada? Por exemplo, a do "socialismo de face humana"? Em 1936, Hitler manipulou os jogos olímpicos de Berlim para fazer propaganda cio regime nazista. Os próximos realizar-se-ão em Pequim, em 2008. Doi. anos depois, em 201 O, será inaugurada a Exposição Mundial em Xanga i. Dois eventos aptos a asse. taro foco ela atenção cio mundo inteiro sobre o antigo Império do Meio, criando "condições objetivas" propícias para a propaganda em nível mundial ele uma presumível terceira via, que faz sua propaganda nesta surpreendente simbiose comuno-capitalista. Alimentado pelo capitali smo oc idental com 50 bilhões ele dólares anuais, foco ela atenção geral , o dragão amarelo será tentado a abrir orgu lhosamente suas asas e a lançar fogo pelas ventas. Antes disso o dragão tinge sorrir para o Ocidente. Não se trata de uma preparação ele terreno, para depois incend iar o mundo? • E-mail do autor: rem11ovasconcelos@catolicismo.com.br
Notas: 1. O " boom" chinês foi largamente tratado na edi ção especial da revi sta alemã " Der Spiege l" , nº 5, de 2004. 2. Ver a respeito interessante attigo de James Meek p.ua o diário inglês "The Guardian", reproduzido no "Jornal do Bras il " ele 14- 11-04. 3. Chi An, uma jovem estud ante c hinesa, relata e m seu livro O coração estraçalhado, publicado em 1993, as tremendas pressões que sofreu cio governo comun ista chinês para abortar seu segundo filho, nascido nos EUA, quando seu marido fazia um curso de especialização. ("Das zerri sse ne Herz" , Golclman Ve rla g, Berlim , 1994). O caso teve na é poca grande repercussão internac ional. 4. De acordo com cálculos ele Thomas Hengsen, especia li sta ela insuspeita "Anistia lntern acional ".
Sob pretexto de "controle populacional", abusos contra a instituição
familiar são praticados impunemente. Especialistas provam que o problema da época atual não é a superpopulação, mas o contrário.
buintes - não se manterá constante mas cairá, tornando a situação ainda pior. A porcentagem ele brasileiros entre 15 e 24 anos portanto, os qu e já se incorporaram ou estão em via ele integrar a força ele trabalho - cairá de 19% hoje para J 2,4% em 2050. A idade média subirá ele 27 para 40 anos. Embora a população brasile ira continue crescendo no período, estará também envelhecendo, sem ter quem cuide dela. Tenderá então a extinguir-se, restando um número ele habitantes cada vez menor num país deprimido economi ca mente.
J
oseph d'Agostino diplomouse em Ciências Humanas pela Universidade de Chicago. Foi editor associado da revista conservadora norte-americana "Human Events". Desde outubro de 2004 é vice-presidente para comunicações do Popu/ation Research lnstitute (Instituto de Pesquisa Populacional - PRI).
* * * Catolicismo - O Brasil é o país de maior população católica em todo o mundo, e deve-se esperar que os brasileiros, como católicos, reconheçam a importância da família e dos filhos. Do ponto de vista demográfico, qual a situação do País? Joseph d'Agostitw - O Brasi l está cometendo suicídio demográfico cio mesmo modo como tantas outras nações. Segundo a estimativa ela United Nations Popu/ation Division, cio período 2005-20 1O até 2035 o índ ice de fertilidade cairá ele 2,25 para J ,8 5. Con iderando-se que o índice necessário à reposição da população é 2, l , o Brasil se encontra numa espiral ela morte. A porcentagem ela população com mai s ele 65 anos triplicará, passando de 6,1 % em 2005 para 19,2% em 2050. Haverá no país um sistema ele saúde e previdência compatível com esse acréscimo ele idosos? E não se pode esq uecer que, durante esse período, a proporção ele trabalhadores - ou seja, de contri -
81: d'Agosti110: "O Brasil está cometendo SllÍCÍ<lio <le1110gl'áflco do mesmo modo como tantas
outras nações, segundo a estimativa da United Nations Population Division"
Catolicismo - O PRI não concorda, como muitos afirmam, que o mundo esteja com superpopulação? Joseph d'Agostino - De modo nenhum. O problema populacional que está se manifesta ndo no mundo é o oposto: poucas pessoas, ou subpopulação. Desde o início dos anos 1970, a taxa média ele fertilidade - número total ele filhos por mulher durante sua vida - caiu em todo o mundo ele 6 para 2,9 e prossegue cai ndo . A taxa de fertilidade necessária à reposição, na ausência ele grandes guerras, epidem ias ou fome, é 2, J filhos por mulher. No Primeiro Mundo (Europa, Estados Unidos, Canadá, Japão) as transformações eco nômicas e c ulturai s contrárias à família e aos filhos conjugaram-se co m formas efetivas de contracepção e aborto, conduzindo a um catastrófico declínio ela ferti Iidade qu e eles-
JUNHO 2005 -
-
indo para o suicíclio cultural dessas nações enquanto elas cometem suicídio demográfico. Catolicismo - O número de pessoas em desacordo com isso não é muito grande?
truirá a maioria dessas sociedades em poucas décadas, se as atuais tendências prosseguirem. No Terceiro Mundo, bilhões de dólares dos fundos de controle populacionaJ combinaram-se com as abusivas teses materialistas e hedonistas do mundo cristão ocidental apóstata, reduzindo dramaticamente as taxas de fertilidade. O mundo está diante de uma redução da m ão-de-obra necessária à sua economia, especiaJ mente para sustentar a população idosa. O quociente trabalhador/aposentado cairá abruptamente nas próx imas décadas, suscitando o problema de como se manterão todos esses idosos. Ao finaJ , surgirá a questão de como reconstituir a população desses países. Catolicismo - Quais sociedades já enfrentam o risco de destruição? E por quê?
Joseph d'Agostino - Os países que apostatam da Religião Católica, como Itália e Espanha, estão em situação especiaJmente má, porém todas as nações da Europa ocidental estão ameaçadas, como também o Canadá e o Japão. Muitos outros países, como os Estados Un idos, estão apenas algumas décadas atrasados no processo. Por exemplo, as taxas de fertilidade da Itál ia e da Espanha osciJam ligeiramente acima de uma criança por mulJier. A constatação simples é de que os países do mundo ocidental estão cometendo suicídio nacionaJ. Muitas dessas nações . estão importando grande número de imigrantes, a fim de prover mão-de-obra para suas economias. Esses imigrantes - na Europa, especiaJmente muçulmanos - são muito numerosos e culturalmente mu ito diferentes das populações dos seus novos países, para assimilar-se rapidamente, e estão contribuCATO LI CI SMO
O déficit de crianças trará um dramático au mento da proporção de idosos . Haverá quem proponha a eutanásia maciça como solução.
''As popul ações da maioria das 11ações ocidentais estão e11velhecendo rapidamente, e elas não estão tel1(/0 filhos suficientes para substituí-las"
Joseph d'Agostino - Na reaJidade, não. Os números exatos são di scutíveis, mas ninguém pode negar plausivelmente que as populações da maiori a das nações ocidentais estão envelhecendo rapidamente, que elas não estão tendo filhos suficientes para substituí-las, e que (com exceção possivelmente dos Estados Unidos) os seus imigrantes não estão sendo bem assimilados. Se as tendências atuais continuarem, essas nações entrarão em colapso dentro de um século, no máximo. No entanto, alguns argumentam que as at11ais tendências não prosseguirão; que talvez os imigrantes sejam assimilados; ou que a tecnologia resolverá a necessidade de mão-de-obra; ou que as mulheres ocidentais começarão a ter mais filhos. Até bastiões do " politicamente correto", como a United Nations Population Division, projeta m maciço envelhecimento e decréscimo da população ocidental nos próximos 50 anos. Catolicismo - O Sr. poderia exemplificar com alguns dados?
Joseph d'Agostino - A Divisão Populacional das Nações Unidas prepara todo ano três versões para cada uma de suas projeções: baixa, média e alta. Na hi stória recente, as projeções baixas têm habitualmente sido corretas, porque a ONU prefere exagerar o crescimento populacionaJ . Usarei no entanto as projeções médias, para não ser ac usado de exagerar com base na minha perspectiva. O citado organismo da ONU faz a projeção de que a taxa de fertilidade feminina cairá a 2,05 filhos por mulher no ano 2050. Isto significa que os seres humanos não terão fil hos suficientes para manter a popu lação. Em outras paJavras, estará ameaçada a continuidade da raça humana. "Os níveis de f ertilidade nos 44 países desenvolvidos, nos quais vive 19% da população mundial, são habitualmente muito baixos", de acordo com o World Population Prospects, relatório de 2004 da Divisão PopulacionaJ da ONU. "Todos eles, exceto a Albânia, têm fertilidade abaixo do nível de reposição. E 15 dentre eles, a maioria situados na Europa central e do sul, alcançaram níveis baixos de fertilidade como nunca foram observados na história humana (abaixo de 1,3 filho por mulher). Desde 1990-95 o declínio da fertilidade tem sido a regra na maioria dos países desenvolvidos. Os poucos aumentos registrados - Bélgica, França, Alemanha, Holanda e Estados Unidos, por exemplo - foram pequenos". Além de os povos estarem optando por ter menos fi lJios, a AIDS reduziu clran1aticamente o cres-
cimento populacionaJ em algumas áreas do Terceiro Mundo. Ninguém sabe se uma futura epidemia poderá surgir. Afirma o Relatório: "Na África do Sul, região com a maior prevalência da AIDS, a expectativa de vida caiu de 62 anos em 1990-95 para 48 anos em 2000-05, e a projeção indica continuar decrescendo até 43 anos durante a próxima década, antes de poder iniciar-se uma retomada. Como conseqüência, espera-se que o crescimento populacional na região perca velocidade entre 2005 e 2020". Co mo co nseqüê ncia do déficit de cri anças, oco rrerá um dramático aume nto da proporção de idosos. "Nos países desenvolvidos, 20% da atual população tem 60 anos ou mais, e a proj eção dessa proporção para 2050 deve chegar a 32%. A população idosa, nos países desenvolvidos, j á ultrapassou a de crianças de Oa 14 anos, e em 2050 haverá do is idosos para cada criança. Nos países em desenvolvimento, a população com 60 anos ou mais deve aumentar de 8% para próximo de 20% no ano 2050 ". Quem cuid ará de todos esses idosos? Qu e m paga rá suas despesas médi cas? Tendo e m vi sta o avanço da cultura da morte, have rá que m proponha a eutanásia maciça como so lução. A população das 47 nações européias deve declinar de 728 milhões neste ano para 653 milhões em 2040, e será uma popul ação mui to mais velha do que hoje. A maior longev idade e a imigração ev itarão que os números referentes à população total caiam muito dras ticamente. Mas quais serão os custos culturais e sociais? Na Itália, a popul ação cairá de 58 para 51 milhões; na França, irá de 60 para 63 milhões, devido à imigração; a Espanha permanecerá em torno de 43 milhões; a Rúss ia ca irá de 143 para 11 2 milhões. Estes são números que nós, do PRI, consideramos otimi stas. De acordo com uma projeção da ONU, se as nações da Europa Unida qui serem manter em 2050 a mesma relação trabalhadores/aposentados que tinha em 1995, deve multiplicar por ] 5 o atual índice de imigração, que j á é alto. Por volta de 2050, eles teriam de impo1tar a metade· do crescimento populacionaJ mundial, e isso numa situação em que os países ma.is pobres estarão lutando para manter dentro de suas fronteiras os seus jovens. A popu lação mund ial deverá crescer de 6,5 para 9, 1 bilhões em 2050, e dai começará a decrescer.
''A população . das 4 7 ,wções européias deve declinar de 728 milhões neste ano para 653 milhões em 2040, e será uma população muito mais velha do que hoje"
No Peru, o governo admitiu que 300 .000 mu lheres índias foram esterilizadas à força pelo campanha de controle populacional.
grama de controle popul acional a 1,3 bilhão de habitantes, como se fosse uma vingança. Imagine viver num país em que é ilegal ter ma1s de um ou dois filhos. Imagine a natureza incrivelmente opressiva de uma política que atinge cada família no país. Se uma famíli a ultra.passa sua quota, impõem-se multas que vão de meia a dez vezes o valor da renda fa miliar anual; marido e mulher pode m perder se us e mpregos; e os benefíci os médicos e educacionai s pode m ser retirados do filho. Órgãos da mídia ocidental, grupos femini stas e organizações que alegam defend er a livre escolha e m matéria de reprodução, como a lnte rnational Planned Parenthood ou o Fundo Populac ional da ONU, deveriam protestar contra esse maci ço e siste máti co abu so dos dire itos humanos. Mas é muito estranho que se ouça fal ar tão pouco sobre isso. Há abusos contra os dire itos humanos em out:ros países, em nome do planejamento famili ar ou do controle populacional. No México, clínicas do governo freqüentemente negam assistência médica às mulheres índias pobres com filhos, a não ser que elas concordem em . er esterili zadas. No Peru , o governo admitiu que 300.000 mulheres índias foram esterili zadas à força pela campanha de controle populacio nal. Ta.is coi sas prosseguem em países do Terceiro Mundo, o nde membros do governo e profi ss ionais médicos procuram fo rçar a adoção de políticas de controle populacional em pessoas que "têm filhos demais".
Catolicismo - Tendo em vista todas essas projeções, os governos dos diversos países atenuaram os seus programas de controle populacional?
Joseph d'Agostino - Alguns sim, outros não. O governo comunista da Ch ina ai nda apl ica seu pro-
JU NHO2 005 -
-
:
Popu latlon Research Institui
Steve Mosher, presidente do PRI, foi o primeiro a documentar o aborto forçado na China comunista, no programa de controle populacional.
Catolicismo - O Sr. poderia informar aos nossos leitores quais os objetivos e modos de atuação do PR/?
Joseph d'Agostino - Nossa organização, com sede em Washington, é predominantemente católi ca, pró-vida e contrária ao control e populacional. Temos um funcion ário de tempo integral em Lima (Peru), e atuamos conjuntamente com ativi stas pró-vida nos Estados Unidos e em todo o mundo , espec ialmente os que se associaram ao nosso projeto denominado Family Life lnternational - FLI. O Pe. Paul Marx , OSB, Ph.D., fundou o PRI em 1989, como ramo do Human Life lnt.ernational. Tornamo- nos organização autônoma em 1996, mas o Pe. Paul Marx continua intimamente unido a nós. Nossa definição de objetivos inclui o seguinte: documentar abusos contra os direitos humanos praticados em nome do "controle populacional"; contestar o modelo desenvolvimentista - amplamente difundido, mas fundam entalmente errado - que coloca o crescimento populac ional em oposição ao cresc imento econômico·; e demonstrar que o crescimento populacional moderado traz benefícios materiais e sociais. Também faz parte dos nossos objetivos a agenda comum a todas as verdadeiras organizações pró-vida: contra o aborto, a eutanásia e a contracepção artificial; a favor do matrimôni o tradicional e das sociedades e economi as que favorecem a fa mília - pontos essenciais à manutenção de populações sadias. Dentro do movimento pró-vida, nossa espec ialidade é a questão populacional. CATOLICISMO
'í1 superpopulação é um mito e os eslol'ços dos controladores da população pai-a reduziJ• o número ele seres lmma110s conduziu a abusos maciços"
Catolicismo - O que tem feito o PRI para sanar esses erros e abusos que o Sr. mencionou?
Joseph ,L'Agostino - Nós rea li zamos pesquisas e conduzimos programas educac ionais para informar as pessoas sobre o que está acontecendo. Nosso trabalho é divulgado através de um email semanal , denominado Weekly Brie.fing, e duas newsleuers, além de relatórios das pesquisas que vão sendo concluídas. Concedemos entrevi stas a órgãos da imprensa e faze mos conferências para grupos que nos procuram. Trabalhamos também junto a membros do Congresso Nacional e seus assessores, procurando interromper o apoio do governo a programas de controle populacional , inclusive os que se di sfarçam sob os rótulos de planejamento fam iliar e prevenção contra a AIDS. Os membros locais da nossa organização são incentivados a publicar matérias sobre o assunto na imprensa local, agir junto aos deputados da região, participar de debates nas escolas locai s, sempre procurando difundir o nosso programa pró-vida. Mais informações sobre nosso trabalho podem ser obtidas no nosso site: www.pop.org . E rezamos para que retornem e cresçam em todo o mundo as posições pró-vida e pró-famíli a. Catolicismo - Diga-nos algo sobre o atual presidente de PRI.
Joseph tl'Agostino - Nosso presidente, Steve Mosher, foi o primeiro a documentar o aborto forçado na China com unista, um item do programa coercitivo de controle populacional. Queremos ressa ltar que Steve é mundi almente reconhecido como um a das autoridades mundiai s sobre assuntos popul acionais. Seus escritos demon stram que a superpopul ação é um mito, e que os esforços dos control adores da popul ação para reduzir o número de seres humanos conduzi u a abusos maciços dos direitos humanos e debilitou a saúde de mulheres e crianças. Ele presenciou o pesadelo que é o controle populacional, quando era o primeiro cientista social americano vivendo na Chi na rural, em 1979-80. Testemunhou mulheres grávidas sendo caçadas pelos policiais de controle populacional , e sendo forçadas a abortar por terem violado a lei chinesa de "uma criança por familia". •
IGRE A
-
Tu és Pedro, e sobre esta pedra está edificada a Igreja A eleição de Bento XVI, a fé na indestrutibilidade da Igreja Católica e os anseios de restauração expressos pelo novo Pontífice Jo SÉ
CARLD
s
SEPÚLVEDA DA
Fo NSECA
pós a Quaresma, a Semana Santa, a Páscoa e Pentecostes, que constituem as maiores festas do Ano Litúrgico, a Igreja retorna às festas comuns do calendário litúrgico, até chegarem o Advento e o Natal. As grandes festividades propiciam aos fiéis as graças e as forças extraordinárias de que necessitam para assegurar a perseverança em sua santificação e na condução de seu apostolado. Mas esse fruto seria efêmero se não fosse irrigado, no restante do tempo, pelo orvalho da rotina da vida da Igreja, que vivifica e aprofunda nos católicos os movimentos de alma engendrados pelos esplendores das festas extraordinárias. Algo de similar se pode dizer arespeito dos dias que a Igreja acabou de viver, com o falecimento de S.S . João Paulo II, as cerimônias de seu sepultamento e a ascensão ao Trono Pontifício de S.S. Bento XVI. Multidões acorreram nesses dias à C idade Eterna, atestando a enorme importânci a e influ ência da Santa Igreja e do Papado em todas as nações - até mesmo, a seu modo, entre as nações não católicas - e como os rumos da Igreja condicionam a fundo o porvir da Humani dade, infe li zmente tão secul ari zada. Para grande parte das pessoas que em número incalculáve l acorreram a Roma, e para muitos daquel es que pelo mundo afora puderam assistir a essas manifestações de cato licidade, tai s dias se tornaram um fa tor de revi goramento na fé e na certeza da divindade da JUNHO 2005 -
-
eia, etc., - qualificações que uma anál ise do conjunto de sua obra intelectual e de sua atuação à testa do Santo Ofício não permitem honestamente aceitar. Diagnóstico i11cisivo dos pmblemas do mundo
Após a primeira Missa como Papa, Bento XVI junto aos Cardeais na Capela 'Sixtina, em 20 de abril de 2005
Igreja, opera ndo- se e m alg un s um a verdadeira conversão. Houve até aqueles que, sem serem católi cos, foram tomados de admi ração pelos solenes e impressionantes testemunhos à Cátedra de Pedro. Mas os sofisticados meios de comuni cação modernos, contaminados por uma certa mentalidade de protagonismo e vedetismo imediatista, deixaram de focal izar de modo apropriado a realidade quotidiana subjacente à sucessão de um Papa, sem a qual essas grandes manifestações serian1 efêmeras: a certeza da continuidade e da im01talidade da Igreja, pelas quais, a bem dizer, o Papa não muda nunca. A história da Santa Igreja registra o surgimento de Papas santos e Papas não santos, de Papas indulgentes e Papas enérgicos, de Papas heróicos e Papas débeis. João Paulo II faleceu, sucedeu-lhe Bento XVI. O fato é que os homens passam, mas o Papado fica. É São Pedro que permanece, desde os primórdios da Igreja até hoje, e de nossos dias até a consumação do séculos: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, as portas do inferno não prevalecerão contra Ela" - eis o que Nosso Senhor Jesus Cristo afirma a cada Sumo Pontífice que O representou, ao que O representa e aos que O representarão até a consumação dos séculos. Quando um Papa ascende ao só lio de São Pedro, o júbilo pela escolha do novo Pontífice tem como motivo de CATOLICISMO
exultação não principalmente o que se altera, mas de modo proeminente o que não muda: ou seja, a indefectível fidelidade da Cátedra de Pedro a Jesus Cristo, o qual é perene ao longo dos séculos - "Christus heri et hodie, ipse et in saecula " (Heb. 13, 8). Isso dito, ninguém negará que, secundariamente, algo de fato se modifica. Pois cada Pontífice manifesta sua personalidade própria, sua visão da real idade, sua experiência pastoral, seu programa de governo. E ass im é natural que os fiéis indaguem o que de novo trará - nessa substa ncial imutabilidade do Corpo Místico de Cristo - a ascensão de S.S. Bento XVI. No caso particular do atual Pontífice, a tarefa fica até certo ponto facilitada pelo fato de ter sido ele, enquanto um dos principais colaboradores de João Paulo II, talvez a personalidade mais conhecida da Igreja depois do próprio Papa; e uma figura que, em ceitas ocasiões, não hesitou em descrever com nobre franqueza sintomas da grave crise da Igreja, bem çomo apontar com objetividade erros consagrados pela cultura moderna. E também pelo fato de ter enunciado, às vésperas do Conclave que o elegeu, certos juízos a respeito da Igreja e do mundo contemporâneo, e quais deveriam ser, em sua opinião, algumas das prioridades do novo Pontificado. Aliás, uma vez eleito, quiseram muitas vozes da mídia apodá-Lo de reacionário, saudosista, extremista da intolerân-
No dia que precedeu a mo1te de João Paulo II, o então Cardeal Ratzinger esteve em Subiaco - berço da Ordem Beneditina - para ali receber o Prêmio São Bento, que lhe fora atribuído pela promoção que fez da Família na Ew-opa. No discurso de agradecimento, formulou cima crítica à cultw-a moderna, enquanto oposta e contrária ao Cristianismo. Cultura fundada, segundo ele, numa "confusa ideologia da liberdade ", herdada do Iluminismo do século XVID, que tem como ponto de partida o relativismo, ou seja, um novo dogmatismo que se julga "no direito de considerar todo o resto apenas como um estágio superado da humanidade que pode ser adequadamente relativizado" . Alguns dias mais tarde, no sermão da Missa inaugural do Conclave, o então Prelado frisou que, de acordo com esse novo dogmatismo, "ter uma f é clara, segundo o credo da Igreja, é freqüentemente catalogado como fundamentalismo, ao passo que o relativismo, isto é, o deixar-se levar 'ao sabor de qualquer vento de doutrina', aparece como a única atitude à altura dos tempos atuais". Cunhando uma fórm ula feliz e destinada a perdurar, aleitou ele na mesma ocasião: "Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como de_finitivo e que usa como critério último apenas o próprio 'eu' e as suas vontades". Ante a grav idade dessas palavras não podemos deixar de recordar, com um sorriso entristecido e reverente, o otimismo progressista com que tantos dos Padres Conciliares propugnaram que a Igreja abrisse os braços ao mundo contemporâneo, afun de juntos participarem da alegria universal; e também a benevolência com que tantos e tantos eclesiásticos e altos Prelados consideraram a modernidade e a ela fizeram aberturas que
surpreenderam por vezes não poucos dentre os melhores. Reflexões p ertinellles sobre a dolomsa c1·ise da Igreja
Ainda no mencionado sermão da Missa inaugural do Concl ave, lamentou o Cardeal Ratzinger a fraqueza dos católicos em relação à própria fé, que os leva a serem "batidos pelas ondas e levados ao sabor de qualquer vento de doutrina", segundo as palavras de São Paulo. E prosseguiu: "Uma descrição muito atual! Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantas modas de pensamento ... A pequena barca do pensamento de muitos cristãosfoi não raro agitada por estas ondas, lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até ao ponto de chegar à libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo, e por aí adiante". O antigo Prefeito da Congregação para a Doutrina ela Fé já havia denunciado a crise interna que grassa nos meios católicos, e até nas fileiras do clero, por ocasião da Via Sacra realizada na última Sexta-Feira Santa no Coliseu de Roma, quando afirmou que, muitas vezes, a [greja parece "uma barca que está para afundar" e um campo no qual se vê "mais cizânia que trigo". Comentando a terceira queda de Jesus sob o peso da cruz, enfatizou : "Mas não deveríamos pensar também em tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento, da sua presença, freqüentemente como está vazio e mau o coração onde Ele entra! Tantas vezes celebramos apenas nós próprios, sem nos darmos conta sequer da presença d'Ele! Quantas vezes se contorce e abusa da sua Palavra! Quão pouca fé existe em tantas /eorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente enlre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência! Respeitamos tão pou-
a
co o sacramento da reconciliação, onde Ele está à nossa espera para nos levantar das nossas quedas! Tudo isto está presente na sua Paixão". Face à crise religiosa, moral e ideológica: necessidade de uma autêntica restaurnçlío
O jornalista ita li ano Sandro Magister, poucos dias a ntes do Conclave, prognosticou que, caso fosse e le ito o Cardea l Ratzinger, se daria uma " revolução papal" - religiosa, cultural e política - , simil ar à reforma empreend ida por São Gregório VII. Tal refo rma, asseverava Magister, serv iria de modelo para o programa pastoral do novo Pontífice Ratzinger ou de algum outro membro cio Co légio Cardinalício de idéias afi ns às suas. Uma autêntica e profunda restauração no se io da Santa Igreja e da Cristandade parece hoje uma necess idade incontestável, que co nsideráve l parte dos fi éis almeja ver realizar-se. Ao tomar posse ela Cáted ra ele Bispo de Roma, na Basíl ica de São João de Latrão, S.S. Bento XVI parece u querer fortalecer as esperanças dos que anelam por esse programa de restauração. Ao ap li car a si mesmo a definição de Papa - "servo dos servos de Deus" - c unhada por São Gregório Magno , o Pontífice recordou que seu poder não é superior, mas está ao serviço da Palavra de Deus, e que sobre ele recai "a responsabilidade de.fazer com que esta Palavra continue a estar presente na sua grandeza e a ressoar na sua pureza, de modo que não seja fragmentada pelas contínuas mudanças das modas", ev ita ndo "todas as tentativas de adaptação e de adulteração" e qual quer "oportunismo". Dessa obediência à Palavra de Deus, Bento XVI destacou dois deveres que considera particularmente essenciai s em nossos dias . O primeiro é da r testemunho de Cristo no atua l mundo paganizado, ser o g uia na profissão de fé em Cristo, o Fi lho do Deus vivo. Repetir incansave lmente: " Dominus Jesus" - Jesus é. o Senhor -
ante os "pretensos deuses, quer no céu quer na terra ", afirmando assim a uni c id ade da Igreja no plano divino de sa lvação. O segundo dever consiste em pregar "de maneira inequívoca a inviolabilidade do ser humano, a inviolabilidade da vida humana desde a concepção até a morte natural", relembran do que "a liberdade de matar não é uma liberdade, mas é uma tirania". E is aí duas tarefas que, se levadas a seu último termo, são de molde a conduzir os católicos a uma oposição ao processo libertário, igualitário e "fraterno", que há séculos vem contaminando a Cri standade e a Igreja. Um processo que visa eliminar a distinção entre verdade e erro, bem e mal , belo e feio, criando uma ilusão de paz entre os homens, pelo nivelamento e interpenetração de todas as re li giões, filosofias, escolas de pensamento e culturas. O papel ce11ua1 <la devoção à Santíssima 'Virgem na crise hodierna
Ao cons umar-se a Paixão de Nosso Senhor, na atmosfera perpassada ele tristeza mas, ao mesmo tempo, de esperançosa serenidade, foi em torno da Santíssima Virgem que se aglutinaram todas as fidelidades. Reunidos no Cenácul o, com a Mãe do Salvador, os Apóstolo s presenciaram o Espírito Santo baixar sobre E la como língua de fogo, e a partir d'Ela espargir-se por todos e les. Temos por certo que na crise reli giosa, mora l e ideológica - que o atual Pontífice tem apontado em determi nados de seus aspectos essenc iais - é também junto à Santíssima Virgem, e baseados numa devoção acendrada a seu Coração lmaculaclo, que se devem ag lutin ar aqueles que anseiam por uma verdadeira restauração da Igrej a e da Civ ili zação Cristã. Oremos a E la, pois, para que a atuação de S.S. Bento XVI seja de molde a encher de clareza os espíritos, de força os ânimos, e de glória a Igreja santa de Deus. • JUNHO2005 -
LEO
Ü ANIELE
N
Um tsunami qu
investe agora e e a aut
o campus da Universidade ele Harvard, vê-se a estátua representando um ho mem distinto, sentado, com um livro na mão. É John Harvard, rico agricultor que financiou a fundação da famosa in stituição. Pouco atrás, a biblioteca Widener, considerada a quinta do mundo. E, à esq uerda, a famosa torre do Memorial de Harvard. Tudo conduz à impressão de um centro de excelência, uma institui ção de e lite. E os numerosos prêmios Nobel conferi dos a professores da Casa transformam essa impressão em certeza. Ao lado de Harvard, poder-se-ia menc ionar Cambridge, Oxford, Paris , Bolonh a, Coimbra, Salamanca, Princeton, Yale, o M .I.T., Columbi a e tantas outras. E o Brasil? Quando fo i fundada a Universidade de São Paulo (USP), fora m contratados vários expoentes das universidades e uropé ias, que e levaram sensivelmente o níve l acadêmico no Brasil. Co meçava e ntão um ca minh o rum o à excelênc ia, que hoje é urgente retomar. Seria preciso diminuir, e não aumentar o espaço que separa o mundo acadêmico brasileiro das grandes universidades. Pois existe nos brasileiros aptidão para instituir centros universitários nobres como os mencionados. Um exemplo: assevera Maurício de Sousa Neves Fi lho, presidente do SINDEPES-DF, que "no campo do desenvolvimento de sistemas de informatização, o profissional brasileiro se vem destacando pela criatividade e pelo enorme potencial nas principais e maiores empresas do mundo ". 1 É triste recordar, no entanto, que o B rasil fo i o último colocado numa avaliação do ensino de matemática no mundo. Há muito o que melhorar também no ensino básico. Como observa o ex-reitor da Universidade de São Paulo, consultor Roberto Leal Lobo, "o governo, no Brasil, abandona o ensino fundamental para investir no ensino superior. É como começar a casa pelo telhado". 2 O próprio ministro Tarso Genro reconhece que "55% dos alunos da quarta série do ensi-
JUNHO2005 -
·.
. li
,,
5 ""
ª
Cll
o
]
o1
O presidente Lula ao lado do coordenador nacional do MSU, Sérgio Custódio da Sil va, durante cerimônia do lançamento do Programo Universidade poro Todos (Prouni) .
no fimdamental não compreendem urn texto e, em Matemática, 51 % dos alunos tiveram desempenho muito crítico". 3
A ofensiva destmidora
ela
"deforma universitária"
E ntretanto a situação pode piorar ai nda, e não houver reação. Presa apenas por um fio, como na mito logia grega, paira sobre nossas cabeças a espada de Dâmocles da reforma universitári a. E m dezembro passado, o Ministério de Educação e Cultura (MEC) lançou a versão preliminar de um anteprojeto em rota de coli são direta e violenta com o anseio de melhora do nível universitári o. Anteprojeto que se poderia resumir em três palavras: adeus à excelência ! Ou simplesmente: sovietizando ... Após um bombardeio cerrado de justas críticas, taJ versão preliminar do projeto foi retirada para ser rev ista. Aguarda-se agora a apresentação do texto definitivo. Mas o anteprojeto era tão defectivo, que é de se duvidar que simples aperfeiçoamentos o possam corrigir. O professor universitário e economi sta Roberto Macedo quaJifica o canhestro documento como "deforma universitária"." É dizer tudo em duas palavras. Pois, se aprovado, ele vai aleijar gravemente o ensino superior.
-
CATOLICISMO
Candidatos às vogas de cota poro negros inscrevem-se no vestibular no Universidade de Brasílio (UnB)
O professor e fil ósofo Denis Lerrer Rosenfield adverte: "Não nos enganemos. Está em curso um verdadeiro desmonte das universidades brasileiras, públicas e privadas,federais e estaduais, pelo anteprojeto de lei elaborado pelo Ministério da Educação. Com um. vocabulário pretensamente social, o projeto visa a ideologizar o ensino superior, estabelecerformas de controle partidário por organizações ditas sociais e abolir o mérito como critério de conhecimento". 5 Aviltando a nobreza dos centros de excelência que devem ser as universidades brasileiras, o anteprojeto quer impor o reprovável fi gurino do nivelamento e da despersonalização. Com isso ficará sepultada a idéia de que os centros de ensino superi or tenham personalid ade própria, fo rmando "um tipo humano espec(fico, o qual, por sua vez, pode marcar todo o ambiente da cidade que viva da universidade e em torno dela", 6 co mo define Plínio Corrêa de Oliveira. Como se fa rá essa despersonalização? Através de uma campanha e trateg icamente pl anejada, cuj as linhas gerai estão contidas no anteprojeto. Estudemos metodi camente seus principais aspectos: 1 - O anteprojeto, as cotas e a agitação; 2 - A autonomja uni versitária ; 3 - Preconceito contra o ensi no privado.
1 - O ANTEPROJETO, AS CO1'AS E A AGITAÇÃO Recentemente entrou em cena o Movimento dos Sem Universidade (MSU), com boné e tudo o mais. 7 O MSU é meno conhecido - por enquanto - que seus congêneres: o movimento dos sem-terra (MST) e o movimento dos sem-teto (MTST). Trata-se, como os outros "sem", de uma criatura da esquerda católica, e e la o reconhece. Surgiu "da organ ização dos Cursinhos Populares, do ati vismo social da Pastoral da Juventude do Meio Popular e da Pastoral da Ju ventude". 8 O no me foi ·ugerido por Dom Pedro Casa ldáli ga, conhecido bispo da esq uerda cató li ca e patro no dos sern -terra .9 Qual é o tema da movimentação do MSU? Mais imed iatamente, a pretensão de co locar carentes sem a dev ida preparação nas univers id ades públicas, ocupand o vagas dos melhor preparados. O go lpe é velho: procura-se aç ul ar alguém a quem fa lta alguma co isa contra os que a possuem , manipulando duas reprovávei s tendências da natureza humana decaída: a amb ição e a inveja. arcntes, índios e negros poderão ser aprovado no vestibul ar com notas baixas. Na UnB, onde já está em funcionamento um sistema de cotas, pode-se ter idéia do que sucederá se o anteprojeto for convertido em lei. E m julho de 2004, nenhum dos candidatos aprovados pelo sistema de cotas no vestibular, de 15 entre
. 61 cursos da UnB , tirou nota suficiente para obter vaga pelo sistema normaJ . 1º A 7ª Vara da Justiça FederaJ deu ganho de causa a um jovem que tinha sido preterido no curso de engenharia química da UFPr, por causa do sistema de cotas. Ele tinha obtido 611,3 pontos, enquanto o melhor cotista tinha apenas 489,3. 11 Como afirma o conhecido jurista lves Gandra da Silva M artins, "a título de co locar carentes, índios e neg ros na Universidade, [... ] retiraram a oportunidade de 10% de alunos que poderiam entrar por mérito". 12 Isto não faz sentido. Já que se fala tanto em fun ção social, qual o efeito social da disseminação desses diplomados na sociedade, simpáticos mas despreparados. Será benéfico para o desenvolvimento do País? E para eles mesmos? Quem entrou por causa das cotas, sem estar qualificado, vai ter problemas depois. Se não des istir durante o curso, terá de enfrentar em desvantagem a concorrência no mercado de trabalho, onde todos sabem - não há cotas. Ele terá de pagar seu preço por ter querido fugir da realidade . E a inc idê nc ia da tramóias nesse processo? Os candid atos a uma vaga no sistema de cotas não precisam prov ar nad a; basta dec lararem que são negros ou índios. Um j ornal publi cou fo to de urna jovem que ga nhou uma vaga espe-
. e ia! para o vestibular. Ela se decl ara ra negra. Não é imposs ível que tivesse antepassados negros, mas a aparência não e ra esta ... Os méritos dos bons alunos das escolas públicas ficarão desva lori zados, enquanto não poucos opo~tunistas desbancarão candidatos válidos.
A voz cios interessados: bom senso Os campeões da igualdade e da " inclusão" social, em sua pa ixão deste mperada, nad a mai s fi zeram que humjlhar a simpática raça negra, a que tanto deve o Brasil. Claudimara Cristina Carvalho afirma: "Sou negra, e entrei para a fa culdade sem precisar de cotas. Aliás, na f aculdade em que prestei, não há diferença para negros. Se o não-negro dispensa cotas para entrar na faculdade, por que nós negros precisamos?" 13 No fundo , para a autora desses come ntários, a reserva de cotas para negros recende a racismo. É o pensamento do negro Ingo da Silva, que diz: "Todos os negros devem rejeitar isso, porque mais parece esmola. [... ] Vão dizer: 'Está cursando porque deram uma mãozinha '". 14 As respostas acima transcritas fazem parte de uma enquete nos seguintes termos: "Você concorda com a reserva de vagas para negros nas uni versidades
públicas?" E o resultado da enquete foi esmagador: 86,18% não, 13,82% sim. 15 O aposentado Luciano José dos Santos foi beneficiado pe lo sistema de cotas privileg iadas na UNIFESP. M as ao recusar o benefício ; di sse: "Não vou desperdiçar esta vaga que poderia ser de um j ovem ". 16 Ele mostrou ter senso da realidade e de justiça. Também cheio de bom senso é o texto do Conselho de Graduação da Universidade de São Paulo. " O viés assislencialista não contribuirá para a formação de pessoal apto a construir um país que gere conhecimento e não seja caudatário de outras nações ". 11 Não é lógico adotar o ass istenciali smo como critério de escolha, quando se vi sa à competência, pois a fu ga da realidade geralmente não produz bons resultados. Imagine o le itor que, na hora de escolher um comandante para o avião que o vai levar, a companhia aérea opte por Fulano de Tal, não porque é bom aviador, mas por qualquer outro critério; por exemplo, porque é pai de muitos filhos. Se o soubessem, não poucos passageiros ficariam preocupados ... Exagero? Então veja esta. A Orquestra Sinfônica de Detroit escolhi a seus arti stas por meio de uma comi ssão que ficava detrás de um biombo, para ser perfeitamente imparcial e selecioná- los apenas pela qualidade da execução mu sical. Mas houve quem qu alificasse o biombo de racista! 18 A esq uerda é inconte ntável. Grita contra a discriminação, mas quando se coloca um biombo para não discriminar, ela protesta. No Brasil, a proposta cotista pode parecer nova. Mas nos EUA é velha de mais de 30 anos , tendo as cotas surgido após os conflitos raciais dos anos 50-60. Muitos dos argumentos em que se apóiam foram trombeteados pelo líder esquerd ista Martin Luther King . Hoje as cotas especiais lá são tidas como umamente contraproducentes. Sobre o desempenho das cotas nos Estados Unidos, remetemos o leitor para o excelente artigo de Luis Dufaur, Colves Gondro : 'í\ título de colocar carentes, índios e negros no Universidade, [.. .] retiraram o oportunidade de 10% de alunos que poderiam entrar por mérito"
JUNHO2005 -
-
tas na Universidade: achatamento e luta de classes (Catolicismo, à'gosto/2004).
Discrimi11ação esquerdista co11tra o e11sino privado Não serão apenas os não-índios e não-negros que poderão ser discriminados, mas também todos os alunos de escolas particulares, segundo prescreve o anteprojeto do MEC. 50% das vagas das universidades estatais estão reservadas para os estudantes de escolas públicas. 19 Se as escolas públicas fossem tão boas quanto as escolas particulares - não estamos faJando dos cursos superiores - não seria precis.o o privilégio de terem "pelo menos 50%" das vagas no exame vestibular. Neste artigo, portanto, está embutido o reconhecirnento de que as escolas particulares de uma maneira geral são melJlores que as públicas. FinaJmente! Pete Du Pont argumenta com acerto: "Se a nossa política é falsijicar a medição das habilidades em lugar de melhorar as aptidões dos menos hábeis, então nós nos enganamos a nós mesmos e pomos nossa sociedade em risco". 2º O anteprojeto está fazendo como al guém que, para não ter febre, quebra o termômetro . Esca moteia o medidor do nível de preparo, que é o vestibular... A exemplo de seus similares se m-terra e sem-teto, com o sistema de cotas privilegiantes o projeto cria uma nova categoria de "invasores": os sem-universidade. Ao que parece, a esquerda não consegue principiar nada sem algum tipo de invasão.
Motor da "luta de classes" não é favorecer carentes Ninguém é contra que um "sem-uni versidade" se torne um "com-diploma", desde que o faça adequada e ordenadamente. Não por meio da bolorenta " luta de classes", e sim através de um aper-feiçoamento do ensino fundamental. A "luta de classes" - nunca é demais repetir - não tem como motor o desejo de favorecer os carentes. Diz Henri Lefebvre, professor francês comunista, um dos mai s conhec idos teóricos do marxismo: "O marxismo não alimenta um humanismo sentimental e choramingão. [. .. ] O marxismo não se interessa pelo proletariado enquanto .fi·aco, mas enquanto ele é umaforça ".2 1 CATOLICISMO
à;
<
.~ ~
]
§ e,:
É bom sabermos que, como garante ·esse teórico do marxismo, o triângulo "sem" - sem-terra, sem-teto, sem-universidade - não é utilizado pela esq uerda por ser carente, mas por ser uma força psicológica e social. Liou-Chao-Chi, Secretário cio Partido Comunista Chinês, é ainda mais claro: ajudar os se m-terra "é um ideal de .filantropos, não de m.arxistas ". 22 Ou sej a, os marxistas só se interessa m pelos menos favorecido como massa de manobra, como ferramenta de luta, como " bucha para canhão". Mas para que haja luta de classes é preciso inflamar a sensibilidade racial. Se ela não ex iste, é preciso criá-la. E aqui chegamos ao ponto nevráJgico da questão. Veja-se o que declarou ao site Mundo Negro uma aluna cotista e negra da UERJ: "Por incrível que pareça, os meus colegas me surpreenderam. Ainda não vivenciamos nenhum tipo de preconceito partindo deles". 23 Criar preconceitos e contra-preconceitos é a principal finalidade de movimentos corno o e treante MSU (Movimento dos SemUniversidade). Seria ingênuo julgar que um esq uerdista fica contente quando lê um a declaração como a da catista negra, de que não havia visto preconceito. Mas deveria .. .
Tarso Genro (acima) alude explicitamente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST (foto à direita) como participante dos conselhos comunitários
2 - AN1'EPROJE1'0 FERE A AU1'0NOMIA UNIVERSl'l'ÁRIA Os planos da esq uerda não se limitam ao sistema de cotas especiais. Há muito mais. "O Governo tenta impor um modelo único de Universidade", afirma Éfrem Maranhão, presidente cio Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras".24 Vejamos como será esse modelo único do ponto de vista da autonomia universitária. Ela está garantida pelo art. 207 da Constituição Federal, segundo o qu al "as universidades gozam de autonomia didático-cientíjfra, administrativa e de gestão .financeira e patrimonial". Entretanto, o anteprojeto torna obrigatório em todas as universidades, sej am públicas ou particulares, "a organização de conselho comunitário social, constituído por representantes da sociedade civil, da própria instituição e da administração pública, direta e indireta, responsável pela supervisão e acompanhamento de suas atividades". 25 Quem irá fazer parte desse conselho? O reitor da universidade; representantes do Poder Público de qualquer nível de
governo; e representantes de entidades de fomento científico e tecnológico, entidades corporativas, associações de classe, sindicatos e da sociedade civil. 26 Ou seja, como se diz em italiano, " tutti quanti" ("todo mundo"). Tarso Genro menciona explicitamente corno participante dos conselhos o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Confira: "A interlocução da universidade com organizações da sociedade é ampla, na nossa proposta. [. .. ] Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Ordem dos Advogados do Brasil, Conselho Federal de Medicina, Confederação Nacional da Indústria e Federação Nacional dos Jornalistas, por exemplo ". 21 Em outra ocasião ele cita corno exemplo de crítica preconceituosa "o questionamento de como o MST vai participar desse debate ". 28 Portanto, o MST vai mesmo participar. Denis Rosenfield constata: "A consulta à 'sociedade civil', tão apregoada em todo o anteprojeto, é outra dessas expressões que encobrem, sob um rótulo aceitável, a participação direta do MST e da CUT nos processos internos da universidade, viabilizando uma ideologização e uma partidarização das instâncias universitárias". 29 MST? Mas que relação pode ter o
MST com a universidade? Seria uma boa pergunta para ser feita ao Sr. ministro Tarso Genro, uma vez que perguntar não ofende. Este, segundo o mesmo articulista, "não escondeu a consulta que fez ao MST, organização revolucionárict que usa sistematicamente da violência, para decidir dos rumos da reforma universitária. O artigo 3°, inciso II, é particularmente claro, embora, como sempre, elíptico: a educação superior atenderá às demandas especificas de grupos e organizações sociais, inclusive do mundo do trabalho, urbano e do campo ". 30
Os "co11selhos comw1itários sociais": grupos de prnssão Segundo o anteprojeto, em cada universidade haveria, lado a lado, a direção oficial e um poder paralelo --,--- o Conselho Comunitário Social. O artigo 20 define que esses conselhos têm "a finalidade de assegurar a participação da socj,edade" nos assuntos universitários; vão "emitir relatório de avaliação" (inciso IV); devem "elaborar e encaminhar subsídios para a fixação das diretrizes e da política geral da universidade" (inciso V). Comenta "O Globo": "Na verdade, trata-se de abrir de uma vez por todas a universidade à pressão de grupos políticos organizados. O principal instru-
menta dessa intervenção serão 'conselhos com.unitários sociais', em que reitores se sentarão lado a lado com sindicalistas e representantes da 'sociedade civil"'. 31 "A proposta do MEC padece de inegável assembleísmo ", afirma o Prof. Eduardo Storópoli, reitor da Uninove e presidente da Associação Nacional de Centros Universitários (Anaceu). 32 Em outros termos, o Conselho será um grupo de pressão, um poder alternativo que certamente vai tornar-se " infernizante" e "azucrinante", como se orgulha de ser o MST. 33 Um exemplo, apenas. O artigo 20 prevê que dito Conselho deve promover "a avaliação social de sua efetividade enquanto instituição". Que quer dizer isto ? A formulação é vaga, e deix a a porta aberta a todo tipo de arbitrariedade. Maria Helena Guimarães de Castro, que foi sec retária executiva do MEC, observa a presença de itens no anteprojeto que "estabelecem um tipo de controle externo que, em alguma medida, f ere o princOJio de autonomia estabelecido na Constituição". 34 . Alguém com tendência para o otimismo poderá objetar: esse conselho vai se limitar a ser uma concha para discursos e politicagem, sem poder efetivo algum; não será propriamente um poder, mas um órgão meramente opinativo. É o que o MEC procura inculcar, garantindo que os conselhos comunitários só terão "caráter consultivo".3 5 e portanto não são um poder paralelo. Mas é precisamente o que acontece numa primeira fase com todo poder paralelo! Só depois é que vem algo comparável ao "todo poder aos soviets" da Rússia em 1917.
"Meta-se com seus assu11tos, que eu cuido dos meus" Numa época em que os pais resolviam sobre o casamento dos filhos, um rapaz timidamente bateu à porta do escritório do progenitor e perguntou: - Papai, poderia eu saber se são fundados os rumores de que eu vou me casar com Fulana de Tal? O pai, mal humorado, respondeu: - Meta-se com seus assuntos, que eu cuido dos meus! Do jeito como está sendo encaminha-
JUNHO2005 -
.
·1
, da essa reforma, os rumos acadê micos acabarão sendo fixados por e lementos estranhos às universidades. Os reitores e pró-reitores, curiosos por saber para onde serão levados, receberão a resposta de um ativi sta: Meta-se com seus assuntos, que eu cu ido dos meus. Exagero! - dirá alguém. Seja como for, a hi storieta vem à mente quando se fica sabendo que, numa reunião importante sobre a reforma universitária, organizada pelo MEC em São Paulo, havia assento "até para o MST, a Contag e a Via Campesina, mas não para os reitores das três universidades públicas de São Paulo, responsáveis por metade da pesquisa realizada no País". 36 Assim vai a autonomia universitári a. Réquiem por e la, se não houver reação da sociedade.
de desenvolvime nto in stitucional - PDI) que, além de apresenta r o projeto pedagóg ico da instituição, deve atender "a demandas específicas de grupos e organizações sociais, inclusive do mundo do trabalho, urbano e do campo". 4º Aqui há uma alusão translúc ida à CUT e ao MST, mai s uma vez in seridos compul soria mente na vida das universidades. O PDI també m conterá indi cações orçamentár ias e progra mas vi sa ndo a "promoção igualitária e a inclusão social ". 4 1 São portanto diversos corpos estranho a se infiltrar no organismo acadêmi co. A que ficará redu z ida a autonomia universitária?
O golpe, quamlo prnvisto, é menos duro A palavra "sovi ético" foi pronunciada com certa freqüênc ia a respeito da Reforma Univer itári a, pelo que é imposs í.vel de ix ar de tratar deste ass unto. Pau lo Renato Souza 42 , André Petry4 3, Ali Kamel44 e Monica Weinberg45 acentuam a
Gestão intema das lllliversidades: tumu/Wada Além dessa invasão de e le me ntos estranhos nos conse lhos das universidades, o a nte projeto também tumultu a a pró pri a gestão inte rn a dos estabelecimentos de ensino superi or. Os reitores das universidades federa is e os pró-reitores das particulares serão escolhidos med iante eleição direta, de que participarão os corpos docente, di scente e os servidores , técnicos e adm ini strativos. 37 Além disso , não é necessário que o e le ito sej a um professor; pode ser um estudante ou um funcionário. Observa Roberto Lobo, ex-re itor da Univers idade de São Paul o, que a eleição d.ireta do reitor é outra das inovações do anteprojeto. "É puramente ideológica. Em Cuba, que,n escolhe o reitorda Universidade de Havana é o comandante Fidel ". 38 Pode-se imag inar que a po li ticagem e le içoeira e, pior ainda, a política parti dária se infil tre e crie urn cli n1a propíc io para uma ag itação que nada terá de acadêmica. O anteproieto vai in augurar "urn neoJ corporativism.o - coni co rporações e sindicatos participando de decisões adm.inistrativas, acadêmicas, elegendo reitor", afirm a M ari a Helena G uimarães de Castro. 39 Outro instrumento do solapamento da autoridade é o plano qü inqüena l (Plano -
CATOLICISMO
. Explica Lenin - vi sto aq ui não apenas como líder comunista, mas como tático da sub versão: "Nossa revolução tem isso de eminentemente original, ela criou a dualidade do poder. [. .. ] Mas em que consiste a dualidade do poder? É que, ao lado do Governo Provisório, do go verno da burguesia, form.ou -se outro go verno, ainda fraco, embrionário, mas que entretanto existe de fato, incontestavelmente, e cresce ".48 Sim, cresceu tanto que tomou conta do país e de boa parte do mundo. E ceifou quase cem milhões de vidas em todo o planeta. 49 Numa segunda etapa, o poder paralelo desbancou o poder oficial pela força. O slogan passou de "dualidade de poderes" a "todo poder aos soviets". Não mais dualidade, mas unidade totalitária, monocromática. Portanto, numa primeira fase competiam dois poderes paralelos - o oficial e o
"orientação so viética" do anteprojeto, juntamente com De ni s Lerrer Rosenfi e ld, que afirma: "Estamos diante de um.a renovação do ':;ovietismo' ou., ainda, de um.a subordinação do conhecimento a critérios determinados como sociais por burocratas de coloração partidária. O stalinismo ganha, assim, umafaceta institucional, pretensamente co rreta. O PT das trevas mostra a suaface". 46 Que significa nesses textos a a lusão a "soviético"? Será um exagero? M ero recurso retórico? Para responder, val e a pena invocar um precedente histórico. Corria o ano de 19 l 7. Como foi que os soviets aboca nharam o poder na Rússia? As etapas foram duas: na primeira, os vermelhos criaram uma dualidade de poderes 47 ou, em outras palavras, um governo para le lo, alternativo . Hav ia doi s pó los decisórios em conflito permanente: um oficial, e outro o dos soviets; um mon stro com duas cabeças no mes mo corpo, travando entre si uma luta morta l.
subversivo. Na fase seguinte a subversão tomou o poder, e ela mesma acabou com a dualidade. A dualidade de poderes é uma perspectiva apenas para as universidades? Ou para toda a sociedade brasileira? A questão excede o âmbito do presente trabalho, mas a pergunta fica. Quanto à reforma/revo lução universitária brasileira, tudo faz crer que cam inha para impl antar uma dualidade semelhante. Chama a atenção que, dos J66 títulos que compõem a seção de ciências sociais do site do MEC "Domínio Público", 86 são de intelectuais de esquerda ou sobre eles. E 60 títu los são de Marx ou sobre ele. 50 O go lpe, quando previ sto, é menos duro, diz um antigo provérbio ... Sejamos previdentes. M as não fique mos apenas numa cômoda prev isão. Vamos à denúncia e ao protesto.
Lenin: "Nossa revolução tem isso de eminentemente original, ela criou a dualidade do poder. [. .. ] Ao lado do governo da burguesia, formou-se outro governo, ainda fraco, embrionário, mas que entretanto existe de fato, incontestavelmente, e cresce". A Reforma Universitária parece ter se inspirado nessas palavras do ditador comunista.
p
g
1
if
"E
g
-~~ .e
]
º
'fj.
~
~
·"~ ·1:
j
~
'õi)
~ cii vi
~ -il
,, ~ - i ,
/1 ...... .
~M COIOJ.0. ..onOAC
tta Ili e
l'KCM
M
3 - O ANTEPROJETO "Ji1NLAMJJZA"
O ENSINO PRIVADO Corriam os anos 70 quando apa receram nos j orna is estas palavras novas: " finlandizar" , " finlandizaç ão". O que vinha a ser isto? A simpática Finl ândia é vi zinha da então tida como superpoclerosa Uni ão Soviéti ca. Oficialmente, os doi s vi zinhos eram independentes, mas na prática uma sombra verme lha cobria toda a F inlândi a, de sorte que ela dependia econômica e poli ticamente da Rúss ia comunista, chegando à s uje ição. Apesar de ter bande ira, governo, parlamento, assento na ONU e tudo o mais, a Fin lândi a de fato não era independente. 5 1 Ve io daí que, naque le tempo, quando se queri a designar um a situação de independência apenas form al, mas não real, di zia-se: tal país, tal in sti tuição, está sendo finlandi zaclo. Aplicando a parábola, o anteproj eto de Reforma Universitária intenta a fin landização das universidades particu lares: elas contin uarão forma lme nte e m funcionamento, co mo ex ige a Constitui ção, mas de fato sua autonom ia será fi ctícia, como fi ctíc ia era a independência da Finl ândi a. O Prof. Gabriel M a rio Rodri gues, Presidente da Associação Bras ileira dos Mantenedores do E nsino Superior, afirma com conhec imento ele causa: "É um projeto claramente preconceituoso em relação ao ensino privado ".52 C láudio de Moura Castro e Simon Schwartzman, em artigo conj unto , colocam o dedo na chaga: "Pela Constituição, 'o ensino é livre à iniciativa privada ', desde que cumpridas as normas gerais existentes. Tal liberdade colide com o proj eto, no qual a educação privada deixa de ser um direito e passa a ser uma 'função pública delegada '" (grifo nosso).53 Ou seja, na prática depende nte do Estado. É a finl andização que avança. Co mo se fará esta o peração? Por meio de uma espéc ie de po lvo, o qu al vai instalar-se no seio das uni versidades particulares por fo rça da Reforma Universitária; e com seus tentác ulos, va i asfixi á- las lenta e sil enc iosamente. Sej a- nos permitido estudar este pol vo. Tentáculo por tentác ulo, por assim dizer.
JUNHO2005 -
Primeil'o te11tác11lo: Os conselhos colegiados Estabelece o art. 72 do anteprojeto que "as instituições privadas de educação superior deverão constituir um conselho superior com.posto de forma colegiada". Como é natural, os mantenedores ou seja, os do nos, aq ueles que fi nanciam as uni versidades particul ares - deveri am deter 100% cio contro le de las. Mas, pelo anteprojeto, eles "não poderão exceder a 20% da representação total" .54 Os 8Ó% restantes serão recru tados entre os "docentes, discentes, funcionários e a comunidade". 55 Mas os propri etári os permanecem, como observa o advogado Ives Gandra Martins, "100% responsáveis no plano tributário, trabalhista, civil, sempre que o conselho consultivo impuser diretrizes onerosas, com o respaldo do MEC". 56 Em outros termos, a di reção das uni versidades particul ares passa, na prática, das mãos de seus proprietá rios para as da comu nidade. Um confisco que ainda não ousa dizer seu nome!
Segundo tentáculo: outro conselho A ação do Conse lho Comunitário Social já foi por nós descri ta como uma espécie ele soviet. Prejud icial ao sistema público de ensino superior, sê- lo-á ainda mais ao particu lar, por este ser mais indefeso.
1'erceim tentáculo: pl'ó-reitor eleito O art. 73 estabelece que "as universidades e centros universitários privados devem contar com pelo menos um dirigente, no nível de pró- reitor ou equivalente, escolhido mediante eleição direta pela comunidade". Será o "colegiado máximo" da insti tuição privada de educação superior que regulamentará o processo de eleição direta cio pró-reitor. Ora, o pró-reitor é um auxiliar do rei tor. Pergunto se existe alguém que considere uma boa idéia os secretários de governos serem escolhidos por eleição direta, roubando ao dirigente o direito de esco lher alguém de sua confiança. Pois -
CATOLICISMO
Distribuição dos alunos do Ensino Superior Brasil, 2003 CATEGORIA PÚBLICA
*
MATRÍCULAS 1 .051 .655
Federal
531 .634
Estadual
415 .569
Municipal
104.452
PRIVADA
2.428.258
Particular
1.261 .901
Comunitária/confessional /filantrópica
1.166.357
• http~LLmllw&p_ub .s:>_rg .b rLod_u_n eb..b.t.o,
é o que se lê no anteprojeto. " Vemos aí a mão pesada do Estado no intuito de policiar as instituições particulares", afirma Souza Neves Filho. 57
Qual'to tentáculo: plano <le dese11Volvimento instiwcio1wl Outro instrumento do solapamento da autoridade é o plano qüinqüenal (Plano de desenvolvimento institucional - PDI) de que já tratamos. Recordamos que o MST e a CUT ficam assim introduzidos na universidade privada.
MEC, mas silencia completamente a respeito da prestação de contas das un iversidades públicas, "às quais passa a outorgar autonomia de gestão de recursos" .59 Roberto Macedo alude a "privi-
légios orçamentários conferidos às universidades federais sem contrapartida de desempenho". 60 Completa o economista Rogério Werneck: "A hostilidade do projeto ao ensino privado - em todos os níveis - é indisfarçável. Enquanto se asseguram mais autonomia e pouca cobrança às instituições públicas de ensino superior, restrições de todo ripo são impostas às ins1ituiçõe.1· priFadas. Em ve:: de prover a111bien1e propício oo .florescimento do ensino pril'ctdo de q11alidode. o idéia parece ser entra var o.funcionwnento das instituições privadas, exigir mudanças absurdas e populistas na sua governan ça e mantê- las sob ameaça permanente de perda de status e credenciamento" . 6 1 Reg istram os estudiosos Schwartzman e Moura Castro 61 que o anteprojeto tem prevenção quanto ao Ensino Superior Privado, além de ser "xenófobo em sua oposição à presença de capilais inlernacionais, e de estrangeiros". 63 Sexto tentáculo: a "L'llnção social" Como afirma Pedro Gilberto Gomes, pró-re itor acadêmico da Universidade cio Yale cio Rio dos Sinos (Un isinos), "O artigo 6 do anleprojeto [. .. ] fere dispositivo constitucional sobre a livre iniciativa. Não
Mudanças Cosméticas Já estava redigida a presente matéria quando o Ministério de Educação e Cultura deu publicidade a novo anteprojeto de Reforma Universitária, anunciando que pretende ainda elaborar um terceiro texto em futuro próximo, talvez em julho. Comparando os dois anteprojetos, percebe-se que as mudanças foram meramente cosméticas, sobretudo no que toca à forte politização . Por exemplo, os "conselhos comunitários sociais" são no novo anteprojeto "con-
selhos sociais de desenvolvimento" mera mudança de rótulo. O MEC tam bém não desiste da questão das cotas para negros e índios; está agenciando o assunto à parte, em projeto de lei que tramita em regime de urgência. "As diretrizes do texto original serão mantidas" , garante o ministro Tarso Genro. Conseqüência: não vemos motivos para atenuar nossas críticas, e endossamos a apreciação do ex-ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, segundo o qua l o novo anteprojeto "é pior que o anterior" ("O Estado de S. Paulo", 2-6-05), sobretudo no que diz respeito à sua politização ideológica .
O aterrol'iza11te pesadelo <la "Cal'l'Obl'ás"
Quinto tentáculo: linanças privilégios orçameJ1tários O PDI também deverá conter indicações orçamentárias e programas visando a " promoção igualitária e a inclusão social" .58 O ex-ministro da Educação, Pau lo Renato Souza, observa que o projeto exige das enti dades de ensino superior pri vadas auditoria ele suas contas, que pode ser solicitada a qualquer momento pelo
vemo estabelecer o que seja responsabilidade social e o que caracteriza a função social de uma instituição". 64
A Reforma Universitária será uma espécie de polvo, o qual vai instalar- se no seio dos universidades particulares; e com seus tentáculos, vai asfixiá-las lenta e silenciosamente.
Enfim, res umindo este item, as universidades particulares estão sendo finlandizadas. E as perspectivas que este fato cria são extremamente preocupante para o País. Numa noite de pesadelo, com as pálpebras cerradas, imagh1e que o Governo criou a Carrobrás. Seu carro, prezado leitor, deverá ser registrado nesse órgão criado para regulamentar o uso dos automóveis, pois não está sendo respeitada sua "função social", "estão acontecendo abusos" e estão ocorrendo desequilíbrios na distribuição dos veículos na população. Ninguém negará que o carro é seu. Isto não! Mas haverá "apenas" três
pequenas limitações: Você não terá acesso ao volante, a não ser em 20% dos trajetos; haverá um co-piloto; o destino e o rumo serão decididos coletivamente. Perguntamos: o carro conti nua plenamente de sua propriedade? E conseguirá mover-se? Pois esta será a situação das un iversidades particulares, se for aprovado o anteprojeto. Érico Veríss imo, de forma esp iri tuosa e express iva, afi rmou: "Se o pôr-do-sol dependesse do governo ou de alguma estatal, a execução cairia nas garras de .fúncionários incompetentes e desonestos, haveria negociata na compra do m.aterial, usariam tintas ordinárias, e o espetáculo acabaria não sendo o mesrno ". Esta é uma op ini ão generalizada entre os bras il eiros, e baseia-se na experiência nacional. Como obse rva o reitor da UNICAMP, Car los Henr iq ue de Bri to Cru z, "metade das vagas do ensino superior estão fora das f ederais, ou seja, no ensino pa rticular". 65 Mas as instituições que mantêm essas vagas correm o r isco ele acaba rem como um carro dev idame nte reg istrado na Carrobr6s, ou no pôr-doso! de Veríss imo.
Co11clusão: "11111 pmjeto
sem qualidades" Reunidas em Brasília, as 140 entidades que representam os interesses das entidades privadas pediram o engavetamento sumário do projeto, por cercear a liberdade acadêmica. "Não há como alterar uma vírgula aqui ou um ponto ali. Não tem como aproveitá-lo" - afirmou o presidente da Associação Naciona l de Educação Técnica, Fernando Prado. 66 O que leva a perguntar: o que quis a esquerda ao propor med ida tão deplorável? A resposta parece clara: fo i o pendor ideológico, nivelador e soc ialista, impaciente para dar cabo de qualquer pólo de excelência, como é a vocação de cada universidade. Em conseqüência, o projeto vem merecendo a rejeição cabal de quem o examine com imparcialidade. Por exemplo, Rogério L. F. Werneck afirma tra-
JUNHO 2005 - -
tar-se de "um projeto sen1 qualidades " . Ele termina seu artigo com as palavras: "É triste constatar que o projeto é simplesmente desastroso. Denota pouca reflexão. É produto de visão obtusa do sistema universitário brasileiro, que parece pressupor que qualquer sandice se torna respeitável quando rotu lacta de republicana ". 67 Um matutino paulista: "Não há nada que se aproveite". 68 "Em vez de perder tempo com sua reformulação, o mais lógico seria jogá-lo no lixo e recomeçar a discussão outra vez".69 M ô n ica Weinberg também aponta para a lata de li xo. 70 Só nos resta formul ar votos de que este proj eto seja prontamente arquivado e esquec ido. Trabalhemos e lutemos nessa direção. Pois por ele as universidades perdem seu caráter preponderante de centros de ensino e de exce lência, para se tornarem meras ferramentas do nivelamento social e da luta de classes •
Notas:
-
1. Ato In stituc ional , in "O Estado de S. Paul o", 27-4-05. 2. "O Estado ele S. Pau lo", 23 - 1-05. 3. "O Estado ele S. Paul o" , 20- 12-05. 4. De forma uni versitária, in "O Estado ele S. Pau lo", 27 - 1-05. 5. O des monte da uni vers idade, "O Estado de S. Paul o" , 24- 1-05. 6. Plínio Corrêa ele Oli veira, Nobreza e e lites tradicionais aná logas, Ed. C ivili zação, Porto, 1993, p. 105. 7. A rev ista " Veja" noti ciou que "o presidente Lu la surgiu com um boné cio Mov ime nto cios Sem Uni versidade (MSU) durante o lançamento ele um prog rama ele bolsas para estudantes ca rentes" (" Vej a", 26- 1-05). 8 . Movim e nto dos Sem Univers idad e (MSU): http://www.msu.org. br/, acessado e m 8-3-05 . Gri fo s nossos. 9. Fonte: http://www .msu.org.br/, acessado c m 8-3-05 . 10. C fr. "O G lobo", 13-7-04. 11. "O Estado ele S. Paul o", 14-3-05. 12. "Jorn al cio Brasi l", 24-2-05 . 13. "O Estado ele S. Pau lo", 12- 12-04. 14. "O Es tado de S. Pa ul o", 12- 12-04.
-
CATOLICISMO
15. " O Estado ele S. Paul o", 12- 12-04. 16. " O Estado ele S. Paul o", 16-2-05. 17. "O Estado ele S. Paul o", 29- 1-05. 18. Colorb linclness Is Golclen - Will Caliíornians vote to j oin the hum an race? American Civil Ri g ht s Coa liti o n, http ://www.ac rc 1.o rg/ ousicle.htm . 19. Sempre se d isse qu e no Brasil o e nsino superi or públi co, de melh or qualidade, dá acesso pri . vil egiaclo aos filh os elas família s mais ricas, que podem estudar e m esco las secundári as pri vadas, enqu anto o ensino pri vado fi ca para os estud antes mais velhos, com menos rec ursos, que não conseguem passar nos vestibul ares. Mas dados ela Pesqui sa Nac iona l po r Amostra ele Domi c ílios cio IBG E de 200 1 prova m que "as unive rsidades púb licas são menos eliti stas cio que se pensava" (S imon Schwart zman, Ri cos e pobres nas uni versidades, in "O Estado de S. Paul o", 9-9-03). 20. Colorb linclness Is Go lden - Wi ll Ca li fo rni ans vote to j oin the hum an race?, Ameri can C ivil Ri g hts Coa i iti o n, http:// www.acre 1.o rg/ o uside.htm 2 1.1-J e nri Leíebv rc, Le Mar x is me, Pre ses Universitaires França ises, 2 1" ed., Pari s, p. 56. 22. In forme ele 14-6- 1950. 23. http://www. mundonegro.com.b r/ noti c ias 24. "O Estado ele S. Paul o", 4-2-05. 25 . Art. 18. 26. Art. 20, parágrafo único . 27. "O Estado ele S. Pau lo", 27- 1-05.
28. "Jornal cio Brasil" , 20-2-05. 29. O desmonte ela uni versiclacle, in "O Estado ele S. Paulo", 24- 1-05. 30. Idem, "O Estado ele S. Paul o", 24- 105. 3 1. "O G lobo", 12- 1-05. 32. "O Estado ele S. Pau lo", 14- 105. 33. João Pedro Stecl il e, "O Libera l" (Be lé m), 2-4-04. 34. "O Estado de S. Paul o", 23- 1-05. 35. O futuro cio Bras il passa por aq ui , in "O Estado ele S. Paulo", 24-2-05 . 36. Folha ele S. Paul o, 24-2-05. 37 . Art. 39. 38. "O Estado ele S. Paul o", 23- 1-05. 39. "O Estado ele S. Pau lo", 23- 1-05. 40. Art. 28, § 1º. 4 1. Art. 28, §4°. 42. "O Estado de S. Paul o", 23- 1-05. 43 . " Veja", 26- 1-05. 44. A Co nstitui ção seg undo Tarso, in "O G lobo", 25- 1-05 . 45. O grande sa lto para trás, " Veja", 26- 1-05. 46. O desmonte ela universidade, in "O Estado ele S. Paulo", 24- 1-05. Vári os autores, que om iti mos por brev idade, ía laram ele stalini smo. 47 . Dua lid ade ele poderes : c m ru sso, dvoevlastié. 48. Le nine, Oeuvres C ho isies. Ed . En la ng ues ét rangeres, Moscou, 1948, Tomo 2, pp. 13 ss. 49. Ste phane Co urtoi s ct ai. , El libro neg ro de i com uni smo . Críme ncs, te rror, re i rcs ió n, Edi to rial Plan e ta -Es pasa, Mad ri d - Barce lo na, 1998, p. 1. É o seg uinte o rate io por países (e m milhões): URSS, 20 ; C hina , 65; Vi etn ã, 1; Co ré ia de Norte, 2; Camboja, 2; Europa Ori ental, 1; Áíri ca, 1,7; Afega ni stão, 1,5 . Na Améri ca Latina , 150.000. No mov i111e nto comuni sta inte rnac io na l e e m partido co muni stas não s ituad os no pode r, uma dezena de milhares ele mortos. 50. "O G lobo", 20- 12-04. 5 1. A finlandi zação culminou com a e le ição sucess iva do pres idente Kekkonen, que se manteve no poder durante 27 ano . 52. "O Estado de S. Paul o", 14- 1-05. 53 . "O Estado de S. Paul o", 23- 1-05. 54. Arti go 72 . 55 . Parágrafo único, inciso J. 56. "O Globo" , 24-2-05. 57. Neves Filh o, op. cit. 58. Art. 28, §4°. 59. Paul o Renato Souza, ex- mini stro da Educação, Na co ntram ão da Hi stória, in "O Estado de S. Paul o", 23- 1-05. 60. "O Estado ele S. Pau lo", 27- 1-05. 6 1. "O Estado de S. Pau lo", 28- 1-05. 62. C laudi o ele Moura astro é eco no111ista es pec iali sta em educação e Simon Schwartz111an é soc iólogo e pres ide nte cio In stituto ele Estudos cio Traba lh o e Sociedade (lets). 63. " O Estado de . Pau lo", 29- 1-05. 64. "O Estado ele S. Pau lo", 16-3-05. 65. " O Estado ele S. Pa ul o", 23- 1-0 1. 66. " O staclo ele S. Paulo", 4-2-05 . 67. " O Estado ele S. Pa ul o", 28- 1-05. 68 . "O Estado ele S. Paul o", Notas e inform ações , Reforma clc li rantc, 16- 1-05. 69. "O Estado ele S. Pau lo", 4-2-05. 70. "Vej a", 26- 1-05.
Erotização infantil induzida
M
ovidas pelo neopaga nismo de nossos dias, para o qual vale sobretudo o corpo e não a alma, pelo menos L30 mil crianças e adolescentes submeteram-se, no ano passado, a operações plásticas. A estimativa é da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, em pesquisa realizada entre seus 4.000 associados. Detecta-se o aumento a cada ano de crianças e adolescentes dispostos a entrar na faca para ficar mais "bonitos". Há uma verdadeira erotização infantil induzida. O número de men inas de 10 a 14 anos, que tiveram filhos pela primeira vez, quase dobrou em 2000, em relação a 1991. Foram 20.632 crianças e adolescentes, segundo pesquisa do JBGE tendo como base o Censo 2002. Alarmante também é o fato de que outras 2.502 meninas já tinham filhos naquele ano, quando tiveram outro bebê. O papel da mídia para se chegar a essa situação é analisado pelo j ornali sta Gilberto Dimenstein: "fiá uma supervalorização da aparência. Seres anoréxicos e fúteis, quase inumanos, como Gisele Bündchen, são apresentados
comÓ padrão de beleza e de sucesso. A mídia, por sua vez, não se limita a.fotografá-los, mas.freqüentemente busca suas opiniões sobre os mais dive rsos temas, de política a transgênicos. Dissemina-se um culto à celebridade, que dá lugar ao surgimento de uma espécie de casta na sociedade, a casta dos '.famosos' ". Também a culpa dos pais é apontada pelo jornalista: "Pais abrem mão da condição de adultos, como se quisessem prolongar a adolescência. Não querem ser pais de seus .filhos, mas amigos. Não cobrarn, não dão limites, não exigem.[. ..] O pai muito amigo é, porém, um candidato afitturo inimigo do filho " ("Folha de S. Paulo", 8-5-05 e "Agência Estado", 6-5-05). A maldade começa cedo - necessidade da co,reção
Faz parte da onda laic ista que varre o mundo negar os dogmas católicos, inclusive o pecado original. Não haveria na natureza humana nenhuma tendência para o mal, a ser combatida. Daí uma forma de educação das crianças que omite todo castigo e correção. Ora, os fatos desmentem frontalmente tal laicismo. Vejase a seguinte notícia: "A maldade das meninas pode começar quando elas ainda estão na pré-escola, mostra estudo da Universidade Brigham Young, nos EUA. O trabalho descobriu que garotas de 3 ou 4 anos já sabem usar manipulação e pressão social para conseguir o que querem. Têm grande habilidade social e popularidade, mas sabem ser manipuladoras ou subversivas, se necessário" ("Agência Estado", 7-5-05). Com grande propriedade ensina a Sagrada Escritura: "Quem poupa a vara a seu filho, odeia-o; quem o ama, castiga-o na hora precisa" (Prov. 13, 24). Não combatel' a AIDS parn favorecer a prostitldção
Um projeto que Legaliza a prostituição está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Enquanto isso, o governo Lula recusou uma ajuda dos Estados Unidos, de 48 milhões de dólares (mais de 100 milhões de reais), para financiamento de projetos de combate à Aids. • Razão da recusa: a ajuda estava condicionada a que o governo se comprometesse a não atuar em campanhas pelo reconhecimento da prostituição como profissão. O movimento das prostitutas exultou, e sua representante, Gabriela Silva Leite, elogiou o governo Lula. As ONGs que atuam no Brasil no campo de ajuda aos aidéticos dizem que não sabem agora o que fazer para tocar seus projetos, porque não receberão mais o dinheiro americano ("O Estado de S. Paulo", 6-5-05).• JUNHO2005 -
•
dl~ H . . za. Pru·a aplacá-la, estando na catedral, o jovem traçou uma cruz com os dedos, numa coluna ele mármore, ficru1do ne la impressa como em cera. Avaliru1do nessa ocasião os perigos que corria, o adolescente quis entJ·ru· para o mosteiro ele São Vicente de Fora, cios Clérigos ReguJares de Santo Agostinho, nos arredores ela capital portu g uesa, quando contava 19 anos ele idade . Ali permaneceu doi s anos, findos os quais, por ser muito procurado por parentes e a migos, pediu aos superiores que o transferi ssem pa ra o mosteiro Santa Cruz ele Coimbra, casa-mãe do In stituto. Foi o rde nado sacerdote em 1220. F re i Fernando, e ntJ·etanto, almej ava abraçru· um gênero ele vicia ma is perfeito e mais de acordo com suas íntimas aspirações.
•
Santo Antonio de Pádua "Martelo dos hereges" Ü grande taumaturgo de Pádua -
ou de Lisboa, sua cidade natal - embora com uma curta existência terrena, Lornou-se um dos santos mais populares do mundo, sendo venerado tanto no Oriente quanto no Ocidente __fuNIO M ARIA So uMEO
Acometido por forte tenta ção contra a pureza, Santo Antonio traçou uma cru z com os dedos numa coluna de mármore da catedral de Lisboa, ficando nela impressa como em cera
'A legra-te, f eliz Lusitânia! Sa lta de júbilo, Pádua ditosa! Pois ge rastes para a Terra e para o Céu 111n varão que bem pode comparar-se com Hm astro rutilante, já que brilhando, não só pela santidade da vida e gloriosa.fama de milagres, mas também pelo esplendor que por todas as partes derrama a sua celestial doutrina ". Esse fo i o e plê ndiclo elog io que fez desse santo o Papa Pio Xll. 1 "Douto r da Igrej a", "M arte lo cios Hereges", "Doutor E vru1gélico", "Arca do Testamento", "Santo de todo o muncio" - são alguns cios títulos com que
-
CATO LI C ISMO
os Soberanos Pontífices honraram aquele cuja vida fo i, no di zer de um de seus biógrafos, um mi lagre contínuo. Natural de Li boa onde nasceu em 1J9 1 ou 1195, filho dos nobres Mrutinho de Bulhões c Teresa Taveira, o futuro santo recebeu no batismo o nome de Fernando. De boa índole, inclinado à piedade e às coi sas santas, sua formação espiritual e inte lectual fo i confiada aos cônegos ela Catedral de Lisboa por seu pai, ofic ial no exército de O. Afonso.
Clél'igo Regular de Santo AgosLi11llo Segundo alguns de seus biógrafos, na adolescência Fernando foi acometicio por vio lenta tentação contra a pme-
1'ra11sl'er ê11cia para a Ordem franciscana Quando chegru·am a Coimbra os restos mortais cios cinco protomártires franc iscanos, que deram sua vicia pela Fé no Marrocos , Fre i Fernando sentiu ime nso desejo de imitá-los, vertendo também seu sangue por Cristo. Um dia, no verão de 1220, quando dois franciscanos fora m ao seu mosteiro pedir es mo la, Frei Fernando perguntou-lhes se, passando e le para sua Ordem, o e nviarian1 à terra cios mouros para lá sofrer o martírio. E les deram resposta afirmat iva. No dia seguinte, depois de obter, a duras penas, a uto ri zação de seu S uperior, mudou-se para o erem itério fra nciscano, o nde se tornou um filho de São Franc isco de Assis. F rei Fernando mudou então seu nome pru·a o do onomástico do eremitério, Antonio, q ue ele imo1talizaria. Conforme o combinado, Frei Antonio foi enviado no fim desse mesmo ano à África. Entretanto não estava nos planos da Providência que ele ilustrasse a Igrej a como mártir, mas com suas pregações e santa vida. Assim, chegando ao continente africano, foi atacado de terrível doença, q ue o reteve no leito por longo período. Os superiores decidiram
que, pru·a curar-se, Fre i Antonio de veria voltru· a Portugal.
Ac,'isolado pela Divina Providência A mão da Providência, no e ntanto, desejava-o em outJ·o campo de luta. O nav io em que estava o convalescente, levado pela tempestade, foi pru·ar nas costas da Itália, onde o santo encontrnu abrigo em Messina, na Sicília. Lá soube que o seráfico São Francisco havia convocado um Capítulo em Assis, para maio de 1221. Antonio poderia, e nfim, ver o pai e fundador dos franciscanos e contemplru· sua angélica vittude. Naquela grande assembléia o Provincial da Romênia resolveu levá-lo consigo. F re i Antonio obteve dele licença para permanecer no eremité rio do Monte Paulo, a fim de entJ·egar-se ao isolamento e à contemplação. E ntretanto a mão de Deus velava sobre ele, e chegou o te mpo e m que aque la luz deveria brilhru· para o bem do mundo inteit·o.
Começa a vida apostólica como grande prngador Foi enviado a Forli com alg uns franc iscanos e dominicanos que deveriam receber as ordens sacras. O Padre g uru:dião do convento em que se hospedavam pedi u que algum dos presentes dissesse algo pru·a a glória de Deus e edificação dos demais. Um a um, foram todos escusando-se por não estru·em prepru·ados. Restava Antonio. Sem muita convicção, o Supeiior mandou-Lhe então que falasse, à falta dos demais. Era a primeira vez que Antonio falava em público, e então viu-se a mru·avilha: de sua boca saíram palavras de fogo, demonstrando profundo conhecimento teológico e das Escrituras, tudo exposto com uma lógica,çlru·eza e conc isão que conquistou a todos. Entusiasm ado, o Guru'dião comunicou aquele sucesso ao Provincial, que transmitiu a notícia a São Francisco. O Poverello mandou então que Frei Antonio estudasse teologia escolástica para deilicru·-se à pregação. Pouco depois, em
vista de seus progressos, ordenou-lhe São Francisco que tJ·abalhasse na salvação das ai mas. Era o ano 1222, e Frei Antonio contava apenas 30 ou 3 1 anos de idade.
Força il'rnsistível de suas t'ogosas palavras Segundo seus biógrafos, "ele tinha um exterior polido, gestos elegantes e aspecto atraente. Sua voz eraforte, clara, agradável, e sua memória f eliz. A essas vantagens, juntava uma ação cheia de graça". 2 EntTetanto, "seu traço característico, o milagre constante de sua existência, é a força incontestável de sua pregação, o poder de sua voz sobre os corações e as inteligências".3 "Quando ele fulminava os vícios e as heresias - das quais o mundo estava então extremamente infectado - era como uma torrente de fogo que revira tudo, e à qual ninguém pode resistir. [... ] Freqüentemente, se bem que falasse [durante o sermão} uma só língua, era entendido por pessoas de toda espécie de países". 4 Daí seu sucesso extJ·aordinário, tanto na Itália quanto na França.
Milagrns como no tempo dos Apóstolos As multidões acorriam, e até os comerciantes fec havam suas lojas pru·a ir ouvi-lo; a cidade e toda a redondeza literalmente pru·avan1. Sendo pequenas as igrejas para tanta gente - às vezes chegavam a juntar-se até 30 mil pessoas num só sermão - ele falava nas praças públicas. Quando terminava, "era ne-
cessário que alguns homens valentes e robustos o levantassem e protegessem das pessoas que vinham beijar-lhe a mão e tocar-lhe o hábito". 5 O número de sacerdotes que o acompanhavam era pequeno para depois ouvirem as confissões dos que, tocados por seu sermão, queriam emendar-se de vida. Seus sermões eram seguidos de milagres como não se viam desde o tempo dos Apóstolos . Praticamente não havia coxo, cego ou paralítico que, depois de receber sua bênção, não ficasse são . Numa ocasião converteu 22 la-
JUNHO2005 -
drões, que por curiosidade fora m ouvi-lo. O número de hereges por ele convertidos, não tem fi m.
Prega aos peixes para cont'undil' os indif'er entes U m dos milag res ma is conhecidos de Sa nto A nto ni o fo i s ua pregação aos pe ixes . Em R imini , dura nte seu e rm ão, o povo se manti nha ind ife re nte. Aba ndonando seus ouvintes, f9 i pregar à be ira-mar. M ilh ares de pe ixes de vários tipos e tama nhos p usera m a cabeça fora da ág ua para o u vir o santo, q ue tinha sido segui do pela popu lação da cidade, testemun ha do mi lagre. Santo A n ton io foi cognom inado "Marte lo dos Hereges", porq ue a heresia não teve in imigo ma is formidáve l. S u a ma is antiga b iografia , conhec ida pelo no me de Assídua, re lata : "Dia e
respeito à Hóstia consagrada, fo i ajoelhar-se diante desta, que o santo egurava nas mãos. Desde a mais tenra infância Antonio fora devoto de Nossa Senhora, e E la várias vezes o socorreu. Um d ia, por exemplo, em que o demônio não podia mais suportar o bem que o
que o persegui a hav ia tempos, percebeu que sua hora chegara e quis moLTer em Pádua, sua cidade de adoção. Quando o povo paduano ouviu di zer que ele estava chegando, acorreu em tal quantidade, que os frades que o acompanhavam, para livrá-lo do assédio, levaram-no para a casa do capelão das fre iras clarissas, onde ele faleceu com apenas 40 anos de idade. I med iatame nte as cria nças de Pádu a saíra m espo ntaneamente pelas ruas gri ta ndo: " O
santo morreu! O santo morreu!". Ao mes mo tempo, em Lisboa, sua c idade nata l, os sin os puseram-se a repica r por si sós, e o povo saiu às ruas . So mente ma is ta rde é q ue soubera m do ocorrido. Tantos foram os milagres operados pelo santo em seu túm ulo, que levaram o Papa Gregório IX a canonizá-lo apenas um ano depois de sua morte. Anualmente sua festividade é comemorada no dia 13 ele junho. •
noite tinha discussões com os hereges; expunha-lhes com grande clareza o dogma católiE-mail do autor: ' ·.u.. )m~olimco catoli ismo.com.br co; refutava vitoriosa- Milhares de peixes de vários tipos e tamanhos puseram a mente os preceitos deles, cabeça fora da água para ouvir o Santo revelando em tudo ciênsanto faz ia, agarrou-o pelo pescoço cia admirável eforça suave de perNotas: tão violentamente, que o enforcava. suasão que penetrava a alma dos 1. Pio X II , Carta Apostólica de 16 de j cmeiro Antonio mal pôde balbuciar as palade 1946, apud Pe. José Leite, Santos de seus contrários". 6 Cada Dia, Ed itorial A.O., Braga, 1987 , vras da antífona a Nossa Senhora, "O Um heresiarca negava a Presen101110 11, p. 252. Gloriosa Domina". No mesmo insça Real no Santíssimo Sacramento.
-
tante o demôn io fugi u apavorado. Para acreditar, dizia, queria um milagre. E propôs o segui nte: deixaria · Recomposto, Antonio viu a seu lado a Rainha do Céu resplandecente de sua mul a sem comer dura nte três g lória. dias. Depois d isso, oferecer-lhe-ia feno e aveia, e Frei Antonio a Hóstia consagrada. Se a besta deixasse a "O santo morreu! comida para ir adorar a Hóstia, ele O santo morreu!" creria, di se. Isso fo i feito diante de No ano de 1231, Frei Antonio, toda a cidade. E a mula fami nta, tensentindo piorar a hidropisia maligna do que escolher entre o alimento e o
CATOLIC ISMO
2. Les Petits Boll and istes, Vies des Sai11ts, d'a pres le Pere Giry, Bloud et Barrai , Éditeurs, Pari s, 1882, tomo Yl, p. 6 17. 3. Frei Justo Perez de Urbe! , 0.S .B., A,ío Cristiano, Ed iciones Fax, Madrid , 1945 , torno H, p. 603. 4. P. Simon Martin , Vie des Sa i11t.1·, Bar-leDuc, 1859, torno JI, pp. 946-947. 5. Pe. Pedro Ribadaneira, apud Dr. D. Eduarcl Maria Vi larrasa, la leyenda de Oro, L. Gon zá lez y Cornpaíiía , Ba rce lona , 1896, tomo 11 , p. 425. 6. AJ ud Pe. José Leite, S.J ., op.c it. , p. 25 1.
Absurdos: marcha do MST
e reservas indígenas Impopularidade acobertada No Brasil , j á há algum tempo cessou-se de fazer pesq ui as de opinião públi ca a res pe ito das ações do MST . Compreende-se. Elas sempre apo ntavam uma esmagadora maioria contra as in vasões . Na recente marcha do MST a B ras íli a, houve um esforço qua e desesperado dos líderes para conseguir adesões. Chegaram mesmo, em busca de notoriedade, a apoiar as reivindicações q ue as esposas de milita res faz iam para obter melhores salários para seu mari dos. Jo rnais do exterio r investiram grosso em tinta e papel para noti c iar a marcha . Preocupante - E ntre os caminhantes cio M ST , não se aplicou a igualdade nem a liberdade. Tinham de obedecer a um esquema rígido, ditado p los chefes. Para quem conhece as ligações do MST com as FA RC colombianas e seus métodos de guerrilha, isso preocupa. Já antes de chegar a Bras ília, onde provocaram um enfre ntamento com a polícia, os integrantes do MST hav iam destruído no caminho um automóvel Fiesta, a pontapés, pauladas e socos, porque o jovem proprietário tinha pressa ele atravessar a marc ha para seguir seu destino. Em Porto Alegre, no mesmo dia em que a marcha chegava a Brasília, os sem-terra tentaram invadir o prédio da Receita Federal, ferindo três policiais que protegiam o edifício; quatro sem-terra também ficaram feridos. Crueldade c om crianças - Esteve presente à marcha Gené io Darci (o ex-Leonardo Boff, que abandonou a Igreja em 1992 e continua tendo livre trânsito na esquerda católica). Os semterra arrastaram também para sua caminhada um grande número de crianças, sem qualquer protesto das autoridades diante dessa crueldade. Essas mesmas
a utoridades rasga m as vestes co nt ra o trabalho infantil e punem severamente o pai que é ajudado por seu filho numa tarefa corriqueira!
O mito do "trabalho escravo" - E ntre as reivindicações da marcha fig urava a "expropriação das fa zendas com trabalho escravo", ou sej a, a pretex to ele um não-de finido " trabalho escravo", assestar mais um golpe contra a propriedade privada. Sintomaticamente, os sem-terra não re ivindicaram emprego de nenhuma espéc ie: trabalho não é com eles. Lul a prometeu aos sem-terra novos recursos e cestas básicas para os assentamentos . Este último item é necessário para o MST manter as pessoas que arrebanha, uma vez que os assentamentos de R eforma Agrária p ratica me nte nada produ zem . Reservas indígenas e maconha - Tem provocado grande escândalo no Bras il a demarcação de numerosas reservas indígenas ele tamanho total mente desproporcionado ao número de índios, como a Raposa Serra do Sol, em Roraima, com risco até para a soberania nacional. O que acontece nessas reservas, onde brancos e negros são impedidos de permanecer? Uma ponta do véu começa a ser levantada. Protegidas pela U nião, reservas indígenas de pelo menos quatro Estados Maranhão, Pernambuco, Bal1ia e Pará abrigam plantio de maconha, segundo a Polícia Federal. Em aldeias da região central do Maranhão, a reportagem da "Folha de S. Paulo" (15-5-05) constatou que índios da etnia guajajara plantam e vendem a droga. Também a utilizam como entorpecente. Para a Polícia Federal, o combate ao tráfico nessas regiões é mais difícil, porque as reservas são protegidas pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e por ONGs. • JU N HO2005 -
-
"Su~érmercado de religiões" C erta pregação, que defende uma igualdade entre todas as religiões, desnorteia muitos fiéis católicos. Isso tem favorecido o crescimento das seitas protestantes, perigo este já denunciado por Plinio Corrêa de Oliveira. n JuAN G oNZALo LARRAíN CAMPBELL
m seu livro Revolução e Contra-Revolução (1959), que mer.eceu numerosos elogios de altas personalidades eclesiásticas e temporais, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira descreve e analisa o processo revolucionário que há cinco séculos vem destruindo a Cristandade. E ensina: "Duas noções, concebidas como valores metafísicos, exprimem bem o espírito da Revolução: igualdade absoluta, liberdade completa ". 1 Depois de mostrar que o orgulho é a paixão que melhor serve ao igualitarismo, o autor assinala vários aspectos desse igualitarismo radical e metafísico. Entre eles o seguinte: "Igualdade entre as diversas religiões: todas as discriminações religiosas são antipáticas porque ofendem a fundamental igualdade entre os homens. Por isto, as diversas religiões devem ter tratamento rigorosamente igual. O pretenderse uma religião verdadeira com exclusão das outras é afirmar uma superioridade, é contrário à mansidão evangélica, e impolítico, pois lhe fecha o acesso aos corações". 2
O verdadeiro e o Jalso ec1une11ismo Se existe algum termo do qual se tenha abusado nos meios católicos, é "ecumenismo". Sua difusão é hoje tão generalizada, que não nos deteremos em documentá-la com pormenores. Ecumênico é tradicionalmente sinônimo de universal. Daí, por exemplo, denominar-se Concílios Ecumênicos os concílios que, presididos pelo Papa, se fazem com todos os bispos católicos do mundo. Distinguem-se dos concílios diocesanos ou regionais. Nesse sentido, está na missão da Igreja Católica trabalhar ardentemente por um são ecumenismo, e os católicos devem desejar de todo coração a conversão do maior número de almas, de maneira que haja "um só rebanho e um só Pastor".
Porém, esta conversão deve operar-se sempre com o auxilio da graça de Deus, sendo ensinada ao neófito toda a doutrina da Igreja, ainda que por partes, mas sem qualquer relativização. Deve-se ademais fazer o jogo da verdade, apontando lealmente as discrepâncias doutrin árias em relação às outras religiões e ensinando os argumentos que refutam e rros e heresias de toda espécie. É a apologética cristã. M as o termo "ec umenismo" passou por transformações, e não raro, hoje em dia, acabou designando uma espécie de compromisso entre a verdade e o erro, inaceitável para um católico. Os adeptos desse novo "ecumenismo" colocam todo seu empenho em reduzir à mínima expressão as verdades católicas, para não chocar - dizem - os não-católicos. Assim, seu principal esforço parece ser o de adaptar os ensinamentos evangélicos às máximas do mundo ou até às teorias de seitas heréticas. Em seu método de "apostolado", tais elementos também faze m todo o possível para subestimar o que separa a Igreja da heresia e hipervalorizar o que, segundo eles, as une. Em artigo publicado em Catolicismo (matéria de ca pa da ed ição de junho de 2003), tratouse do livro Em Defesa da Ação Católica, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, obra fund a mental para se conhecer as causas próximas da crise estabelecida na Santa Igreja na fase pós-conciliar. Tal obra ve io a lume em junho de 1943 , quando o autor era presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paul o. Foi um "li vro-bomba", que despertou muitas al mas da letargia em que se encontravam. E mbora tro uxesse um prefácio do então Núncio Apostólico no Brasil, D. Bento Alois i Masela, e recebesse cartas de aplau so de mais de 20 bi spos - ao lado do silê ncio de muitos outros-, suas teses suscitaram irritação fur ibunda em outros prelados e sacerdotes . Seis anos mais tarde, o próprio Papa P io XII interferia na polêmica,
enviando carta de louvor ao autor por meio da Secretaria de Estado. No presente mtigo veremos que os primeiros sintomas do estado de espú·ito ecumênico (em seu mau sentido), tal como ele se apresenta hoje, brotaram em cfrculos da Ação Católica e foram denunciados com clarividência e energia pelo Prof. Plínio.
destas, sem tomar em consideração os perigos que essa atitude acarretaria para o apóstolo, nem as oposições que ele encontraria no mundo. O que, ademais, não produziria autênticas conversões. Descuidavam assim a própria vida espiritual, tendendo a diluir a doutrina católica para apresentá-la com um aspecto mais simpático aos olhos dos mundanos. Este modo de agir acabou Deserção genemlizada: formando em setores da Ação Católica, consciente ou inconsciflltm'o deste estado de espÍJ'ito entemente, uma predisposição favorável para com os réprobos, Ainda no tempo do jornal os hereges e os moralmente "Legionário", o insigne pencorruptos, que se expandiu sador católico de nunciara posteriormente aos me ios esse estado de espfrito, preprogressistas em geral. vendo a geral deserção que se Ao descrever o espírito daria nas fileiras católicas e os métodos do "apostola"A Igreja está constituída na unidade por sua caso a ocultação da fé fosse do de conquista", que momesma natureza; é uma, ainda que as heresias proapjjcada como regra univerviam membro s da A ção curem desgarrá-la em muitas seitas. Dizemos, pois, sal de procedimento: Católica, Plinio Corrêa de que a antiga e católica Igreja é uma, porque tem "Quem diria que tudo Oliveira profetizou que sua unidade; da natureza, de sentimento, de princípio, isso começa hoje a renascer? de excelência [... ] . Ademais, o cume da perfeição generalização causaria Quem diria que, sob pretexda Igreja, como o fundamento de sua construção , grandes apostasias: "Apreto da infiltração, há quem consiste na unidade; por isso, sobrepuja a todo o ocupação ou antes a obsessustente que o católico deve mundo, pois nada há igual nem semelhante a Ela .* são do apostolado de conevitar de arvorar claramenPor isso, quando Jesus Cristo fala desse edifíquista gera um outro erro te o pendão da Fé, que deve cio místico, não menciona mais que uma Igreja, que mencionamos simplesque chama sua: Eu edificarei minha Igreja. evitar todas as atitudes ou mente aqui, e a respeito do Qualquer outra que se queira imaginar fora d'Ela todas as opiniões capazes de qual em ulterior capítulo não pode ser a verdadeira Igreja de Jesus Cristo . desagradar a corrupção do nos es tendere mos mais. Isto resulta mais evidente ainda, caso se consiséculo, que ele deve, para Consiste em ocultar ou sudere o desígnio do divino Autor da Igreja. O que busatrair as almas a Cristo, esbestimar invariavelmente o cou, o que desejou Jesus Cristo Senhor no estabeleconder cuidadosamente que cimento e conservação da Igreja? Uma só coisa: transque há de mal nas heresiele pertence à Igreja de Crismitir à Igreja a continuação da mesma missão, do as, a fim de dar ao herege to, e que, em lugar de proclames mo mandato que Ele recebeu de seu Pai" (Leão a idéia de que é pequena a mar as verdades de Cristo, XIII, Encíclica Satis Cognitum, de 29 - 6- 1896, nº' 6 e 7) . distância que o separa da para fa zer com que as almas Igreja. Entretanto , com se encantem com seu peifuisto, esquece -se que se * São Clemente de Al ex andria , Stromata, VII , c. 17 me, deve ocultar sua fé e inoculta aos fiéis a malícia sinuá-la como uma mercadoda heresia, e se aplainam ria de contrabando! Oh, São as barreiras que os sepaPaulo, que entrava de chofre ram da apostasia! É o que no areópago a fim pregar sucederá com o uso, em Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado! Evidentemente, há silarga escala ou exclusivo, deste método". 4 tuações excepcionais que impõem uma regra de conduta imenÉ precisamente o que tem acontecido. samente moderada. Mas quem não veria a geral deserção que "Canonização" essa conduta aca"etaria, caso ela fosse apregoada como redo respeito humano gra universal de procedimento ?m
Unicidade da Igreja
Tudo com o pretex.to de converter os Jnfléls Todo apostolado consiste em conquistar as almas para Nosso Senhor Jesus Cristo, de modo que as que estão fora da Igreja n'Ela entrem, e as que estão tíbias se afervorem. Em meios da Ação Católica, entretanto, começou-se a usar a expressão "apostolado de conquista", que se diferenciava do verdadeiro apostolado por um frenético e intemperante desejo de atrair as almas, qualquer que fosse a disposição
Em coerência com o estado de espfrito denunciado acima, membros da Ação Católica preconizavam "o retrocesso estratégico", que consistia em ocultar as verdades católicas que chocariam aqueles que desejavam conquistar. Pois estes estariam no erro sempre de boa fé, bastando um pouco de tato e uma dose diluída de verdade para convertê-los. Esta técnica, baseada em princípios falsos, também foi energicamente denunciada pelo Prof. Plinio: "Entretanto, é a este erro que arrastam certas concepções por demais estreitas que, da técnica do apostolado, cor-
CATOLICISMO
JUNH02005 -
rem em alguns círculos e,.a Ação Católi ca. Aceitando-se os e ignorar todas as passagens da Sagrada Escritura, todas as métodos preconizados em tais círculos, dir-se- ia que a únenproduções dos Padres e Doutores, todos os documentos ponsa variedade das almas existentes fora da Igreja se redu z a tifícios, todos os episódios da hagiografia católica que ressaltem a apologia do denodo, da energia, do espírito de comum só tipo de pessoas, idealmente bem intencionadas e cândidas , em cLijo interior nenhum obstáculo voluntário se erbatividade. Procura-se ver a religião com um olho só, e quem.gue contra a Fé, e que um do o olho que vê a justiça se simples equívoco de ordem f echa para deixar apenas meramente especulativa e aberto o que vê a misericórsentimental mantém qfàstadia, este imediatamente se das da Igreja. perturba e arrasta o homem "Estabelecida esta conà temerária presunção de se "Para fazer frente a essa mentalidade rel ativiscepção arbitrária, toda asasalvar, a si e aos outros, sem ta, que se vai difundindo cada vez mais, há que bedoria pastoral se reduz a méritos". 5 afirmar, antes de m ais , o caráter definitivo e comiluminar as inteligências e a pleto da revelação de Jesus Cristo. Deve, de fato , "A bismo que se11arn granjear simpatias, o que crer-se firmemente na afirmação de que no mistéa lgl'eja ela heresia " deve ser f eito evidentemente rio de Jesu s Cristo, Filho de Deu s Encarnado, que aos poucos, com extrernos de A " tática do terreno coé o caminho, a verdade e a vida (cfr . Jo 14, 6), dátato, em doses diluídas, para mum" praticada em círcul os se a revela ção da plenitude da verdade divina: Ninque essas almas, 'subindo da Ação Católica impli ca guém conhece o Filho senão o Pai e ninguém colentamente de claridade em em grave erro: nhece o Pai senão o Filho e aqu ele a quem o Filho claridade , se reconciliem "Quanto fi lho pródigo o queira revelar (Mt 11, 27); 'A Deus, ningu ém jamais O viu . O próprio Filho Úni co, que está no corn o íntimo de si próprias, renunc;iaria ao abandono seio do Pai, é que O deu a conhecer ' (Jo 1, 18 ); 'É e cheguem por fim quase sem criminoso do lar, se um conem Cristo que hab ita corporalmente toda a pleni o perceber, e como que atraselheiro prudente o advertude da divindade e n'Ele participais da sua pl eni vé.l· de uma engenhosa armatisse dos riscos sem número tude' (Col. 2, 9). [. .. ] dilha, à posse da verdade e a que se expõe, deixando os É, por consegui nt e, contrár ia à fé da Igreja a da transparência interior'. dornínios paternos! É imentese que defende o caráte r limitado , incompl eto e "Daí decorre toda uma so o abismo que separa a imp erfeito da rev elação de Je sus Cristo, que setática que, uma vez adotada Igreja da heresia, o estado ria complementar da que é presente nas outras o.ficialm.ente na Ação Católide graça do pecado mortal, religiões. ca, seria a 'canonização' da e será sempre uma obra de prudência carnal e do respeimisericórdia das mais emiUnicidade e unidade da Igreja "Assim, e em rela ção co m a unicidade e uni to humano. O primeiro prinnentes mostrar aos católiversa lid ade da mediação salvífica de Jesus Cristo , cípio da sabedoria consisticos despreocupados a temícrer-se firmemente como verdad e de fé catódeve ria em evitar sistematicavel extensão deste abismo, li ca a uni cid ade da Igreja por Ele fundada. Como mente qualquer coisa que, a .fim de que não se atirem existe um só Cristo, também existe um só seu legitimamente ou não, puinconsideradamente em Corpo e uma só sua Esposa: 'um a só Igreja cató li desse causar a menor diversuas profundezas. ca e apostólica"'. * (C ongregação para a Doutrina da Fé, sidade de opinião. Colocado " Tudo isto posto, e j á Declaração Dominus Jesus, de 6 -8-2 000, nº' 5 e 16. Joseem um ambiente acatólico, que, segundo demonstra ph Card. Ratzinger, Prefeito; Tarcísio Bertone, S.D.B ., Ardeveria o membro da Ação mos, os mais altos interesceb ispo emérito de Verce lli , Secretá rio) . Católica salientar apenas, e ses da Igreja e as mais grasobretudo no começo, os ponves imposições da caridade * Símb olo da f é: Den z., nº 48. Cfr. Bon ifácio VIII , Bula Un am Sanctam : Denz., nº 870-872; Cone. Vati cano 11 , tos de contato entre ele e as nos levam a agir de pref eCo nst. dogm . Lumen gentium , nº 8. demais pessoas presentes, rência sobre os irmãos na ca/,ando cautelosamente as Fé, chegamos à conclusão divergências. Em outros terde que, fa zer da.fàmosa támos, o início de qualquer manobra de apostolado consistiria em tica do 'terreno comum ' a criar /,argas zonas de 'compreensão recíproca', entre católicos nota dominante, e a bem dizer exclusiva da propaganda da Ação Católi ca, implica em grave erro. e não católicos, situando-se ambos em terreno comum, neutro e simpático, por mais vago e largo que este terreno fosse". "Imagine-se o efeito concreto que sobre nossa massa católica teria uma propaganda cujo leitmotiv fosse, invariável e exNa Ação Católica sile11ciam clusivamente, que do protestantismo nos separa apenas uma toda a apologética tênue barreira; que estamos todos ligados pela Fé comum em "Como conseqüência rigorosa, repelem certos elemenJesus Cristo; e que muito maiores são os laços que as barreiras tos de modo formal, passam sob silêncio, parecem esquecer entre nós. Quem conseguisse fa zer prevalecer essa tática entre
-.m
O caráter pleno e definitivo da Revelação de Jesus Cristo
os católicos mereceria, por certo, um grande cordão de honra, por parte dos protestantes". 6
ras e tão gloriosas - sobre a opinião católica como dique inquebrantável diante do comunismo, provocaria risotas ou compaixão. Esse é o fato mais trágico do ano trágico de J968. A Fé cat6lica, apost6lica, rommw "Artigo de um pessimista, este? Quem é o pessimista autêntia gmnde ause11te co? É a sentine/,a que bra,la alertando sobre o perigo, na espeDepois de haver publicado Em Def esa da Ação Católica, rança de que a gravidade da hora galvanize energias ainda capaPlíni o Co rrêa de Oliveira continuou in sistindo sobre os mazes de vencer? Ou é quem, de dentro da cidadela, reJponde ao les do fa lso ec umeni smo, brado de alarma: 'Não há penas pág in as do "Leg ionárigo... - aliás o inimigo não ri o", ele Catolicismo e da é assim tão detestável... - e, A "Folha de S. Paul o". principalmente, nada há que Por exemplo, em 1984 fa zer; deixe-me dormir até adve1tia que a meta desse ecuque ele entre, pois tudo está menismo seri a a exclusão ela "Acreditamos, pois, que os que afirmam serem perdido... '" 8
única religião revelada é a católica
única reli gião ve rd ad eira:
"Não discernem eles o perigo que a todos nos eJpreita, no.fim deste caminho, ou seja, a fo rnwção, em escala mundial, de um sinistro 'supermercado de religiões', filosofias e sistenu1s de todas as ordens, em que a verdade e o erro se apresentarão f racionados, misturados e postos em balbúrdia?Ausente do mundo só estaria - se até lá se pudesse chegar- a verdade total; isto é, a f é católica apostólica romana, sem nódoa nemjaça". 7 Se11tb1ela da Igreja e da Cristandacle
cristãos não possam fazê -lo sem crer que uma Igreja, e uma só, foi fundad a por Cristo. Mas, se se indaga, além disso, qual deva ser Ela pela vontade do seu Autor, já não estão todos em consenso. Assim, por exemplo, muitíssimos destes negam a nec ess idade de a Igreja de Cristo ser visível e perceptível, pelo menos na medida em que deva aparecer como um corpo único de fiéis, concordes em uma só e mesma doutrina, sob um só magistério e um só regime . Mas, pelo contrário, julgam que a Igreja perceptível e visível é uma federacão de v árias comunidades cristãs, embora aderentes, c ada uma delas, a doutrinas opostas entre si . Entretanto, Cristo Senhor instituiu sua Igreja como uma sociedade perfeita de natureza eterna e perceptível pelos sentidos, a qual, nos tempos futuros , prosseguiria a obra da reparação do gênero humano pela regência de uma só cabeça (Mt 16, 18 ss; Lc 22, 23; Jo 2 1, 15-17), pelo magistério de uma voz viva (Me 16, 15) e pela dispensação dos sacramentos, fontes da graça celeste (Jo 3, 5; 6, 48-50; 20,22 ss; cfr. Mt 18, 18; etc.). Por esse motivo, por comparações afirmou-a semelhante a um reino (Mt 13), a uma casa (Mt 16, 18), a um redil de ovelhas (Jo 10,16) e a um rebanho ( Jo 21, 15- 17) " .
Para finalizar, citamos um trecho do Prof. Plinio escrito em 1968, ano da revolta estudantil da Sorbonne, no qual, depois de analisar o panorama político internacional, afüPio X I, Encíc li ca Mortalium ma que a crise progressi ta que coffoía a Igreja em 1968 era a conseqüência daquilo que ele mesmo denunciara em l 943, com a publicação de sua profética obra Em defesa da Ação Católica:
"Parece-me indiJpensável completar esse quadro doloroso com o que se passa em um mar incomparavelmente mais importante e mais nobre do que o Índico, o Mediterrâneo ou qualquer outro. É o oceano imenso, espiritual, sacratíssimo, da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana. "Neste terreno, o ano de 1968 foi o do estouro. Mil germes de confusão e de deterioração - que de nossa parte vínhamos combatendo desde os dias borrascosos de 1943 em que publicamos Em Defesa da Ação Católica - chega-' ram a furo. A crise saiu dos bastidores para soprar nas sacristias e nos templos, e daí ganhar as praças públicas. Sem dó nem piedade, ela vai penetrando até nos menores recantos, e quem hoje repetisse as frases - outrora tão verdadei-
*
*
*
À guisa de conclusão, adiantamos ao leitor que, embora o erros denunciados no Em Defesa se tenham difundido amplamente nos setores progressistas da Igreja, causando pe1plexiclades, confusões e até apostas ias, têm encontrado também reações, desconfianças e tristeza em muitos setores da opinião católica, que assim escaparam, ao menos em prute, da nefasta influência. O que trouxe como conseqüência uma sepru·ação entre a cúpula progressista e boa prute do povo fiel, tornando pedregoso e mais lento o caminhru· do ímpeto igualitário no processo revolucioná.rio. O imenso dano causado à Revolução com a publicaAnimas, de 6- 1-1928 , nº 8. ção do livro Em Defesa está ev idenciado na vastíssima documentação em no sso poder, de adversários ideol ógicos de Plinio Corrêa de Oliveira que reconhecem a eficácia contra-revolucionária da obra e o prejuízo que ela lhes causou. Sobre isto daremos uma idéia ao leitor em outra ocasião. •
-
E-mail cio autor: gonza lolarrain @catolicismo.corn .br Notas : l. Revolução e Conlra-Revolução, Parte l, Capítul o VII, 3 2. Idem, Cap.VII, 3, A, e. 3. "Legionário", nº 467, 24/8/4 l , Sofismas novos, erros velhos. 4. Plinio Corrêa de Oli veira, Em Defesa da Ação Ca16/ica, São Pau lo, 1983, 2' edição, p. 196. 5. Idem, pp. 203, 204 e 205. 6. Idem, pp. 22 1, 222. 7. " Folha de S. Paulo", 10- 1-84, lwero pensa que é div ino! 8. "Folha de S. Paul o", 25- 12-68, Clarividência otimista e pessimismo dorniinhoco.
CATOLICISMO
JUNHO2005 -
fund ador da Con gregação dos Clé rigos Regul ares Menores. Tinha o dom de profecia, sendo favorec ido com êxtases . Primeiro Sábado do mês
5
1 São Panfílio e Compan lleiros, Mártires + Cesaréia (Palestina), 309. O mai or dos exegetas do se u tempo, Panfílio fundou uma escola bíblica, centro de saber e virtude. Encarcerado e tortu rado pela Fé, fo i depois martirizado com alguns discípul os e co mpanheiros de prisão.
2 São Nicolau, o Pe,·egr•ino, Confessor + Tra ni (Itália), 1094. Jovem grego, visitava os santuários do sul da Itália a pé, carregando pesada cruz e cantando o Kyrie Eleison. Faleceu aos 19 anos ele idade. M uitos milagres se operaram em seu túmulo.
~J FESTA DO SAG RADO CORAÇÃO DE JESUS São Carlos ele Luanga e 22 Companheiros, Márti res + Uganda, 1886. Carlos, oficial do Rei de Uganda, convertido com outros funcionários pelos Padres Brancos, foi com eles queim ado vivo. Primeira Sexta-feira do mês
São Bonifácio , Bispo e Wn'Lir + Dokkun (Hol and a), 754. Inglês de nascime nto, foi o apóstolo da Alemanha. Resignou a sua Sé para trabalhar os últimos anos de vida reconvertendo os frielandos (holandeses), que haviam recaído no pagani s mo , se ndo por eles martiri zado.
6 São Norberto, Bispo e Con fessor + Magdeburgo (Al emanha), 11 34. Clérigo mundano convertido por causa de um raio, tornou-se pregador itinerante, fund ando depois os Cônegos Regulares (Pre mo nstrate nses). Foi nomeado posteriormente arcebi spo de Magdeburgo.
7 Sa nto Antônio Gianelli, Bispo e Confessor + (Bobbio) Itália, 1846. Empenhou-se no campo das mi ssões e da educação. Bispo de Bobbio, governou com sabedoria e prudência sua sé episcopal.
8 São Medarcl , Bispo e Confessor + França, 558. Irmão de São Gi ldard, Bispo de Roue n, fo i e leito p ara a d iocese d e Noy on, à q ual To urnai fo i unida mais tarde.
4 FESTA DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARJA (neste ano) São Francisco Caracciolo, Confessor + Agnone (Itália), 1608. De no b re fa míli a nap olita na ,
9 Bea to ,los6 de Anchieta, Apóstolo do Brasil , Confessor + 1597. Converteu inúmeros índios à fé católica, arrancando-os às trevas do pagani smo. Operou numerosos milagres.
São Colum bano, Confessor + lona (Escócia) , 597. Irlandês de nascime nto , fund ou vários mosteiros em seu país antes de mudar-se para a ilha d e lona , ond e fundou um mosteiro que, em pouco tempo, se tornou-se o maior da C ri s tand ad e . Con s id erado apóstolo da Escócia.
10 Santo Itam ar, Bispo e Confessor + 656. Natural de Kent, fo i o prime iro ang lo- saxão a se r nomeado bispo de uma sé inglesa, sucedendo a São Paulino como bispo de Rochester.
11 São Ba rnabé, Apóstolo Si-'i o Parísio, Confessor + Trevi so (Itália), 1267. Aos 12 anos entro u para a Orde m dos Camaldulenses. Exerceu o cargo de capelão das monj as do mosteiro de Santa Cristina por 77 anos.
12 São ,João de Sahagum , Confessor + Sa la ma nca (E spa nh a) , 1479. Da Ordem dos Ere mi tas de Santo Ago tinho. Por denunciar o mal existe nte nos mais altos postos da soc iedade onde vivia, sofreu vári os atentados, sendo por fi m envenenado pela concubina de um nobre.
13 Santo Anton io ele Pádua (Vide p. 38)
14 São Metóclio ele Constantinopla, Bispo e Confesso,· + Constantinopl a (Turqu ia), 847. Italiano de nascimento; toca do pe la gra ça , fez-se monge; valente opositor dos iconoclastas . Devido à interfe rência da Imperatriz Teodora, fo i nomeado Patriarca de Constantin opla.
15 Santa Germana Cousin , Virgem + Pibrac (França), 1601. Pobre, escrofülosa, negligenciada pelo pai e maltratada pela madrasta. Morreu abandonada em seu leito de palhas no celeiro de seu pai, aos 22 ano's.
16 São Cyro e Sa nta Julita, Mártires + Síria, séc. IV. Julita, por não qu e re r re negar a fé, estava sofrendo o martírio quando seu filho Quirico, ou Cyro, de apenas três anos, que lhe fora arrancado dos braços, se lhe juntou para morrer, afirmando que também era cri stão.
·i 7 Santa Teresa ele Portugal, Vi úva + 1250. Filha do Rei San cho I de Portugal. Send o declarado nul o seu casa me nto por motivo de consangüinid ade, fund ou um co nvento c i te rcie nse.
18 Sa ntos Ma rcos e Ma rcelino, Mártires + Roma, 287. De acordo com a tradi ção, na perseg uição movida por Dioclec iano esses dois irmãos gêmeos "tiveram o lado traspassado por lanças, entrando assim no Reino dos Céus pela glória do martírio " (ci o Ma rtirológio Romano).
ra m às glóri as do mundo para entregar-se a Deus na vida religiosa.
21 São Luís Gonzaga, Confessor + Roma, 15 9 1. De fa míli a principesca, aos 17 anos ingres ou na Companhia de Jesus. De uma pureza angélica, morreu aos 24 a no s como mártir da caridade, vítima de um a epid emi a contraída ao assistir enfe rmos. É o patrono da juventude.
22 São Paulino ele Nola, Bispo e Confessor + 43 1. Pagão de nobilíss ima família, ainda jovem fo i prefeito de Roma e senador, casando-se com uma cristã. Ao converter-se, de acordo com a esposa renunciou a tudo e fez-se sacerdote.
23 São .José Cafa sso, Confessor + Turim (Itália) , 1860. Contemporâneo , co nte rrâneo e mestre de São João Bosco, fo rmou o clero piemontês nos bons princípios de São Franisco de Sales e Santo Afonso de Ligório.
24 FESTA DO NASCIMENTO DE SAO JOÃO BATfSTA
20 Beatas Sa11cl1n, Teresa e Mafal<ln cl<• Portuga l + Portugal , séc ul o X I 11. 1lhas de D. Sancho I, renu ncia-
27 São Laclislau ela Hungria, Confessor + Nitr a (Bo ê mia) ; 109 5. Considerado um dos heróis da Hungri a, esse rei derrotou sucess ivame nte os poloneses, ru ssos e tárta ro s. Pela mo rte da irm ã, a ne xou ao re ino a Dalm ác ia e a Croác ia. Apo io u São Gregó ri o VII contra o Im perador Henriqu e IV, incenti vo u o trabalh o miss ionári o e m se us territ ório s , co ns truiu vá ri os mosteiros e igrej as .
25 Sno Próspero <le Aq uitâ nia, Confessor + França, 463 . Leigo e casado, dcv t u-se ao estudo da teo logia, rrespondendo-se com Sa n Lo Agostinho , a q ue m adm irava . Co m ele combateu a d utrina herética dos semi pelagianos sobre a graça. Indo a Roma, torno u-se secretá ri o do Pap a São Leão M agn
Intenções para a Santa Missa em junho Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, na s seguintes intenções: • Pedindo para todos os leitores de Catolicismo maior afervora mento na devoção ao Sagrad o Coração de Jesus e muitas graças para que seus filh os e netos possam receber sempre uma ed ucação autenticame nte católica, que os prote ja contra o ensino anti-religioso, especia lmente o de ca ráter materi a lista .
28 São ,João Sout11worlh, Má rtir + Tyburn (Inglaterra), 1654. Ordenado sacerdote na França e enviado à missão na Inglaterra, fo i várias vezes preso, sendo libertado pela intercessão da Rainha He nriqueta, esposa de Carl os 1. A pós a execução desse rei, sob o regime ditatorial e herético de Cromwell , fo i aprisionado e martiri zado.
29
IH São lfo1n11al<lo Abade, Confessor + (Itáli a) 1027 . I e nobre famíli a de Rav ' nH, a s 20 anos entrou num n ost ·iro. Fundador da Ordem dos amaldulenses.
26 Santos ,João e Paulo, Má rtires + Roma, 362. " O primeiro era o go vernador de palácio, e o segundo o camareiro da virgem Constância, jtlha do Imperador Constantino. Ambos obtiveram a palma do martírio sob Juliano o Apóstata, morrendo pela espada" (do Martirológio Romano).
(A Comemoração de São Pedro e São.Paulo passa para o domingo, cl ia 3 ele julho)
30 São Teobaldo ele Provins, Eremita, Confessor + Salonigo (Itália) , 1066. Filho dos Condes de Champagne, trocou a carreira militar pela vida eremítica. Depois de uma peregrinação a Ro ma, entro u para a ordem dos Cama]dulenses em Salonigo.
Intenções para a Santa Missa em julho • Com especia l menção a Nossa Se nhora do Carmo - cuja festi vidade a Santa Igre ja celebra no dia 16 de julho - sup licando- Lhe todas as graças necessárias para a sa lvação etern a de ca da um dos assinantes e leitores de Catolicismo, bem como de nossos am igos e ben fe itores. Ta mbém por uma .maior expansão, no Brasil e no mun do, da devoção ao Santo Escapu lário do Carmo.
Príncipe Imperial do Brasil denuncia atuação do MST e da CPf
Vitoriosa campanha contra leilão de hóstia C atólicos americanos indignados impedem, 1nediante uma avalanche de mensagens eletrônicas, leilão de hóstia supostamente consagrada. Uma iniciativa da TFP americana.
Através da TV Canal do Boi, Don1 Bertrand, nmna entrevista de hora e meia, criticou energicmnente a Reforma Agrúria, o MST, a CPT e a política de desarmar o cidadão honesto L. H ÉLIO B RAMBILLA
"
ão existe uma Ref orma Agrária boa, são todas socialistas. Não deu certo em nenhum lugar do mundo, e aqui são fave las rurais". Com estas e outras afirm ações categóri cas, Do m Bertrand de Orleans e Bragança, diretor de relações institucionais da Assoc iação dos Fundadores da TFP, concedeu enLrevista ao Canal do Boi, em Ubéraba, MG, em 20 de abril, abordando vários ass untos da atualidade: Reforma Agrári a, MST, assentamentos, etc. O interesse do público fo i intenso e imediato. Choveram telefonemas de telespectadores apoiando o entrevistado e pedindo novos esclarec imentos. O Príncipe defendeu o direito de propri edade, condeno u as invasões e o desarmamento dos cidadãos honestos. Também apoiou o direito dos proprietários urbanos e rurais de, agindo segundo as leis, repelir os in vasores. Dom Bertra nd ex pli cou a campanha Em defesa do Agronegócio, da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Prop riedade, destin ada a combater os demolidores da paz no campo. O MST e a CPT desejam a extinção do agronegóc io, setor mais puj ante da nossa economi a, que tem gerado alimentos, empregos e saldo da balança comercial. A Refo rma Agrária, porém, só tem produzido desperdício do dinheiro público e fo rtalecido grupos revolucionários que vi sam, como fim úl timo, a implantação do socialismo. Devido ao grande interesse manifestado, Do m Bertrand gravou outra entrev ista de uma hora para ser exibida no fe riado, dia 2 1 de abril. Também participou do programa televisivo o jornalista Nelson Ramos Barretto, autor dos li vros Refo rma Agrária, o mito e a realidade e Trabalho escravo, nova arma contra a propriedade privada". Caso o leitor deseje assistir alguns trechos da me nc io nada e ntrev ista, acesse o s ite www.tfporg. br. • E-mnit tln nuhir:
-
CATOLICISM O
11 F LÁVIO M ATIHARA
or ocasião da morte e sepul tamento de João Paulo II, que se tornou o principal as unto da mídia mundial, um americano decidiu "fazer dinheiro" oferecendo e m leilão pela Internet uma hóstia que, segundo alegava, hav ia sido consagrada pelo falecido Pontífice. Essa atitude absurda (ou mesmo sacrílega, se a hóstia estivesse realmente consagrada), provocou justa indignação nos meios católicos. Especialmente depois que a TFP americana lançou, através de dezenas de milhares de seus amigos e correspondentes, uma campanha de protesto junto ao eBay (s ite de lei lões), exigindo fosse suspensa essa ignóbil oferta. A verdadeira avalanche de protestos instava os diri gentes do eBay a impedir também a oferta de outros objetos sagrados. Inicialmente relutante, a direção do eBay afinal decidiu curvar-se ante o repúdio dos católicos, excl uindo futuras ofer-
tas de hóstias e "outros itens sagrados similares". Reconhecendo o próprio erro, na mensagem enviada aos sócios e usuários eles se expli cam: "Concluímos que a venda da Eucaristia e outros itens sagrados similares não é adequada para o eBay. Por isso ampliamos nossas proibições, e os removeremos da listagem se futuramente aparecerem". Campanhas como essa, além de impedirem um sacril égio, têm o mérito inegável de advertir outras pessoas ou entidades sobre as dificuldades que terão de enfrentar, caso insistam em tripudiar sobre a fé católica pela conspurcação de objetos sagrados ou de dogmas da Santa Igreja. Segundo a agência LffeSiteNews, o caso levanta o problema da leviandade com que vem sendo distribuída a Sagrada Eucaristia desde as reformas litúrgicas do fi nal dos anos 60. • E-mail do autor: fl atamat cato licism .com.br
Simpósio no Norte do Paraná [J GIL M ÁRIO DE M ACEDO GRASSI
Associação dos Fundadores da TFP- Tradição Família Propriedade realizou no auditório do Hotel Bourbon, em Londrina, nos dias 23 e 24 de abril, um Simpósio Regional do Norte do Paraná, no qual foi principal palestrante S.A.I.R. Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil. "O esp(rito fami liar: uma referência essencial para o reerguimento cristão da sociedade " e "A missão providencia l do Brasil " foram os temas das palestras de Dom Bertrand. Também o professor Luiz Augusto da Silva Franco falou aos presentes a favor das desigualdades proporcionais e harmônicas: "A igualdade nas relações humanas (homensmulheres, pais-filhos, patrões-empregados). Segundo a doutrina católica, um bem ou um mal?". O engenheiro Fausto Jorge Borsato abordou a "Origem e desenvolvimento do processo de decadência religiosa e moral dos dias atuais ". •
A
l1ruubillt1 '" ·t1tolkism . 'útn.br
JUNHO2005 -
-
A nação peruana em foco E speciais homenagens a Nossa Senhora de Fátilna, por ocasião do 88° aniversário de sua primeira aparição na Cova da Iria em 191 7; e diversas atividades no meio estudantil peruano.
O mistério da Eternidade, à luz da F.é! Três livros bem documentados e ilustrados, que expõem a Doutrina Católica sobre a vida após a morte! Leitura fascinante e instrutiva.
111 ALEJANDRO Ezcu RRA N AóN Correspondente
Lima - Dentre as múltiplas ativ idades patrocinadas pela Associação Tradición y Acción por un Peru Mayor, destaca-se a Campanha O Peru necessita de Fátima. Iniciada em fins da década passada, ela conta hoje com milhares de aderentes, disseminados em mai s de 70 cidades, cobrindo todas as regiões deste vasto país - o terceiro em tamanho na América do Sul. No dia 13 de maio último, por ocasião do 88º aniversário das aparições de Fátima, a entidade promoveu concorridas homenagens a Nossa Senhora em sua bela e espaçosa sede de Lima, recentemente adquirida (foto 1), bem como na sua sede de Cuzco - a "Cidade Imperial", antiga capital dos Incas. Aos pés de imagens peregrinas, que constantemente visitam lares em todo o país (foto 2), mai s de mil pessoas revezaramse ao longo do dia para recitar o Santo Rosário de hora em hora, além de assistir a uma exposição sobre as últimas atividades da Campanha, entre as quais destaca-se o novo site www.fatima.org.pe.
* * * Neste ano, jovens membros de Tradición y Acción têm realizado também "caravanas" de difusão de publicações pelo interior do Peru, por vezes em áreas bem remotas (foto 3). A obra mais procurada é um catecismo mariano, O culto à Santíssima Virgem - Sua legitimidade e excelência, destinado a ajudar o público a se premunir contra a propaganda religiosa anticatólica. Esta obra, que já se encontra em sua 4ª edição, tem sido calorosamente acolhida pela população, particularmente a mais sujeita à agressividade proseliti sta das seitas. Os jovens de Tradición y Acción realizam também intensa atividade no meio estudantil, através de seu movimento universi tário Reconquista. Além de freqüe ntes campanhas nos campus (foto 4), mantêm um site muito vi sitado por estudantes, www.reconguistaperu.org. marcando assim uma indispensável presença católica no âmbito universitário. • B-rnai l do autor:
CATOLICISMO
czcurrn @çatolicjsrno.com.br
Central de atendimento: (11) 3362-0005 • Fri'/t' de R$ 5,00 pa ra e111ba!age111 e pos1age111. Promoção válida enquanto durarem nossos estoques.
www.livrariapetrus.com.br
M ASSACRE
DOS
INOCENTES
Os primeiros mártires
,
rn
PuN10 C oRRÊA DE OuvE1RA
E
de autoria do célebre pintor italiano medieval Giotto este afresco, representando o Massacre dos Inocentes. Encontra-se na famosa Capela degli Scrovegni, cm Pádua, tendo sido pintado entre 1302 e 1306. Herodes, Tetrarca da Galiléia, mandou matar todos os meninos com idade inferior a dois anos, por ocasião cio nascimento de nosso Redentor, porque os Reis Magos ingenuamente procuraram essa autoridade política e perguntaram-lhe se ouvira falar cio Rei dos Judeus, que havia nascido. Herodes julgou que dois soberanos não caberiam no mesmo Estado. Portanto, era necessário e limjnar esse menino. Mandou procurá-lo, e não o encontrou. Ordenou então aq uela matança dos inocentes. Foram esses os primeiros mártires da Igreja Católica. Por que mártires? Por uma razão muito simples: foram mortos por ódio à fé, por ódio a Deus, por ódio ao Menino que lhes dera a honra de terem nascido aprox imadamente na me. ma data ' 111 que E le veio ao mundo. Assassinados dessa forma , f'oram para o Céu como mártires. São eles os Santos Inocentes. Quando os anjos apareceram na noite ele Natal , proc lamaram: "Glória a Deus no mais alto dos Céus, e paz na Terra aos homens de boa vontade". Mas os primeiros atos que se I s ' 11 rolam a partir dessa data che ia de lu z, repleta de bênção e d ' paz, são também carregados de ameaças para o futuro. O qu' parece, para um espírito superficial, estar em contradição com o conteúdo da frase "Paz na Terra aos homens de boa vo111a de". Porque tem-se a impressão de que os homen de boa vontade não sofreriam nem perseguições ne m teriam que lutar. Dentre os pais e mães de tais crianças, que fi guram no af'r 'S ·o de Giotto, provavelmente alguns seriam homens de boa vonta de. Entretanto, o que lhes ocorreu ? O morticínio ele seus l'i lhos. Uma coisa imensamente trágica, portanto. Numa espécie de tribuna, figura Herode ordenan- ~il ' cio o massacre. Notam-se os algozes, os executores, que estão procurando pessoas enquanto esta tentam se esquivar. Num primeiro plano, observa-se uma mulher que ev identemente não quer entregar o filho. Mais ad i- 11~ ante percebem-se cenas de ag itação e ele violência. A • cena é dramática, e ao mesmo tempo adm irável. Alguém poderá perguntar: "Eles não são batizados?" Rl's posta: Eles foram batizados no próprio sangue, agrac iados p ·lo chamado batismo ele sangue. E são, pois, tanto quanto se possn calcular, os primeiros cristãos fa lec idos em decorrência dos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, pouco tempo ap >s Sl' ll nascimento. •
a"
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 30 de novembro de 1988. Sem revisão do utor ,
,
UMARI
n PuN1 0 C oRRÊA DE OuvE1RA
J ullw de 2005
Deus, causa exemplar do Universo
2
EXCERTOS
4
Ci\RTA DO DnmTCm
5
PÁGINA Mi\RIANA
A multiplicidade e a hierarquização harmônica de Lodas
7
L1,:1TUI{/\ EsP11u1·tJAl,
as coisas criadas manifestam a maravilhosa ordem do U · o etem a beleza infinita do divino Criador
8
CommsPONDl~:NcrA
12 A
Nº 655
Aparições ela Virgem nos primeiros séculos Purgatório - JJI
R..:i\J,IDADt◄: CoNCISAMENTI•:
14
NACION/\1,
16
INTl-:RNJ\CION/\1 ,
22
Rúss1A
26
Ci\Pi\
36
ENT1mv1sTA
38
VmAs DE Si\N'l'OS
41
lNnmM/\TI\IO RLJl{/\1 ,
42
D1◄:s·1·A(m1,:
44
D1s<:1,:RN1Nno
48
Ac;Ao CoNTl{/\-R1-:vo1,t1c10NÁmi\
52
Al\1n11w1•1,:s, Cosn1MES, C1v11,1zAçüi-:s
Brasil: "tsunami de lama " atinge governo A "Queda da Bastilha" da União Européia
A Herança dos Czares encanta brasileims
A ciência, aliada à fé, testemunha de Deus Contemplar a criação conduz ao Criador A Rainha Santa lsabel de Portugal
Passeata homossexual "inflada" pela mídia Na SuÍça: tipo de pmJJssional-político
Palácio de Rohan e reminiscências históricas
Nossa capa: Galáxia da constelação do Centauro, com diãmetro de 200 .000 anos-l uz, situada a 155 milhões de anos-l uz da Terra . (Foto : The European Southern Observatory) Concerto de trompas de caça
JULHO2005
-
. Caro le itor,
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n2 3116
* *
Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Conj. 62 - Santa Cecília CEP 01 225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Tel (0xx 11) 3333-6716 Fax (0xx 11) 3331-685 1 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol.com.br Home Page: http://www .catolicismo.co m.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de JULHO de 2005:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ R$ R$ R$ R$
Certa vez um conhecido disse-me que não acreditava na ex istência de Deus. - Por quê? - perguntei. - Porque só acredito no que vejo ! - respondeu-me, cu.rio e grosso. - Você não vê o vento . Contudo acredita e m sua ex istência, po is percebe os efeitos causados por ele: os ga lhos qu e se movem; as fl ores que lhe faze m reverências; as folhas "voando" pela ação do vento; as portas que se fec ham "sozinhas"; certos objetos levados por ele, etc., etc. Esse fo i o início de uma longa conversa, que terminou com a observação de meu interlocutor: "De fato, não é racional di zer que Deus não ex iste". Era o pri meiro passo para sua conversão. Meses depo is, chegou à certeza da ex istência de Deus, considerando os sinais do Cri ador na ordem do Universo. A matéri a de capa desta edição torna incontestável tal existência, proporcionando aos leitores de Catolicismo elementos para melhor conhecer nosso divino Criador, como também amá-Lo e servi-Lo ainda mais. Essa é a fi nalidade úl tima do home m. Feito à imagem e semelhança de Deus, o homem foi cri ado para tal fim e, após a morte, se tiver cumprido em vicia essa fi nalid ade, o homem deverá glorificar a Deus na visão beatífica, desfrutando ela eterna feli cidade do Paraíso Ce leste.
96,00 140,00 260,00 420,00 9,00
CATOLIC I SMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .
As primeiras aparições de Nossa Senhora
*
Além disso, nosso artigo ele capa - fund amentado tanto na Astro nomi a quanto na B iologia - mostra como os defensores da teori a evolucionista estão sendo clesacreclitaclos. E les esperavam que as descobertas científicas comprovassem a teori a de Darwin . Entretanto, pelo contrário, elas têm abonado cada vez mais a teoria criac ionista, ou seja, que existe um C ri ador de in fi nita sabedoria que tudo criou, tudo governa, tudo conserva numa perfeitíssima ordem. A fé não teme a ciência. As conquistas científicas têm revelado as maravilhas de Deus que se manifesta m espec ialmente na ordenação cio Universo. Tais conqui stas vê m confirmando sempre ma is que todas as coisas fora m por E le criadas, des me ntin do a visão até ia e materiali sta cio Un iverso. Isto tem levado exevolucioni tas a co nfessar o quanto estavam equi vocados quando prega vam a inexistência de Deus. Ass im como já fizeram o seu mea culpa mui tos dos maiores cienti stas, agred idos pela realidade patenteada por suas descobertas, seria bom que mestres difu sores da fa lsa teo ri a evolucionista em nossas escolas também confesse m seu erro. E, perante seus alunos, como reparação reco nheçam o Senhor Deus onipotente, Criador de todos os seres, tanto os dotados de espírito, como os home ns, quanto os an imais brutos, os vegetais e os minerais. Desejo a todos uma boa leitura dessa preciosa matéria. E recomendo também, muito especial mente, a leitura ela elucidativa entrevista que publicamos às pp. 36-37 a respeito desse mesmo tema. Em Jesus e Maria,
?~
7 D IRETOR
paulobrito @cato licismo.com.br
Emfunção das necessidades da Igreja, e sempre reguladas
pela virtude da sabedoria, houve algumas aparições da Santíssima Virgem nos primeiros séculos. Qual o motivo? rn
T
V AL01s GR1NsTE1Ns
êm sido publicados recentemente e m italiano vários livros enumerando as aparições de Nossa Senhora. Não os tinha consultado, mas numa recente visita a Roma aproveitei a oportunid ade para fazê-lo, e fi que i surpreso: numa época houve numerosas aparições, noutra eram muito raras; num a época a Virgem aparecia a certa categori a de pessoas, noutra a outra categori a completamente diferente; no século XX houve importantíssimas e comprovadas aparições (po r exe mplo, Fátima, Lo urcles), mas també m um a espécie de "infl ação" de aparições falsas, como que indicando a permi ssão dada ao demônio para confun-
dir as almas, em casti go por nossos pecados. Sob certo ponto ele vista, o mais interessante era ver como as aparições iam sempre ao e ncontro das necessidades mais prementes da Igreja no momento. Assi m, na época da conquista e conversão da Améri ca registram-se vári as aparições da Virgem ª?S índi os, ajudando desta fo rma no apostolado que reali zavam os mi ss ionári os para catequi zá- los, batizá- los e civili zá- los. Mas nunca ouvi falar de apa ri ções da Virgem a certos "neo mi ss ionári os" de hoje, empenhados em que os índi os fiquem se m bati smo e no estado de barbárie ... No século XIX houve vári as aparições da Virgem aos santos fundadores de con-
gregações religiosas, que tanto ajudaram na expansão mundi al do catolicismo, sem contar o ciclo de aparições ligadas à difusão da devoção mariana, como a da medalha milagrosa, Lourcles etc. Ve io- me a curios idade de an ali sar mais detalhadame nte um ponto: como fo ram as primeiras apari ções da Santa Mãe de Deus?
Os santos, esses privilegiados A conversão el a Espanha ao catoli cismo foi bem mais difícil do que se imagina. O Apóstolo Santiago esforçava-se e sofri a para conve rter aqueles pagãos endurec idos. Nossa Senhora ainda vivia, e para encoraj ar o provado Apóstolo, E la lhe apareceu sobre um pilar na cidade de
JULH02005-
1 Cesaraugusta (hoje Zaragoza): dizendolhe que no futuro a fé daq e les povos seria profunda e séria. Muito consolado, o Apósto lo continuou seu árduo traba lho, res ultando que hoje uma parte considerável da Igreja Católica reza em espanhol. E Nossa Senhora do Pi lar é a Padroeira da Espanha. No rigor da linguagem teológica, esta não foi uma aparição, mas uma bilocação (estar em doi s locais ao mesmo tempo), poi s Nossa Senhora ainda estava nesta Terra. Mas a seguinte pode ser considerada a prime ira apru·ição da Hi stória, no sentido próprio do termo. Estavam os Apóstolos reunidos na ci- ~ dade de Éfeso, atual costa da Turquia, -o ~ mas que nessa época e ra uma cidade gre- 1!
ga . In1pl o rava m e les o auxílio da
Santuário de Nossa Senhora de Puy, na França
8
Santíssima Virgem nas diversas dificul- ~ dades da nascente Igreja, quando a Mãe de Deus lhes apareceu, cheia de luz, e ocorrem muitas coisas na Igreja: um pequeno trabalho de todos os dias, do qual lhes prometeu que jamais o abandonaria. Esta aparição não deixa de ter um não se vê o fruto imed iato, mas que vens imbolismo muito bonito, po is Nossa ce pela perseverança e aca ba alcançanSenhora apareceu aos Apóstolos em seu do êx ito e um grande bem. conjunto, como representação da HierarAparições e lutas doutrinárias quia da Igreja, e lhes prometeu s ua permanente ajuda. Auxílio que E la irá deNa seguinte aparição, Nossa Senhomonstrando constantemente ao longo da ra e São João Evangeli sta ap resentamHistória. se a São Gregório Taumaturgo Uá comentada com detalhes nesta rev ista, em A seguin te apari ção, a que agora nos referire mos, parece proposital para e nabril/2003: "U ma apa ri ção mariana no sinar os ca minhos de Deus aos que penséculo IV"). E la apresenta uma caractesam que a [greja, em sua hi stó ri a, só aprerística, que se repete nas seguintes: hasenta progressos espetac ulares, bri lhanvi a cessado a e ra das persegui ções e martírios, e o demônio, que não consetes, de efe ito imedi ato. Pelo co ntrári o , esta aparição não podia crescer de mod o guira destruir a Igreja pelas vias vio lentas, queri a destruí-la por meio das herema is humilde. Por volta do ano 70, vivia e m Le Puy, na atua l França, certa musias. lher convertida havia pouco à verdadeiHoje, o conjunto de e nsinamentos da ra Religião. Estava gravemente doente, Lgrej a - lógicos , sólidos, conseqüentes mas após ter visto a Virgem Santíss ima e adm iráveis - parece-nos a coisa mais ficou curad a e co nstruiu no loca l das normal do mundo. Mas, para chegar até apari ções uma pequena cape la. Ali foisto, fo ram indispensáveis, sob a divina ram se registrando com o passar do tem- · in sp iração do Espírito Santo, muito espo outros mil ag res, que co ntribuíram forço, intensas polêmicas e pertinaz espara a sua popularidade. E ntretanto, só tudo. Por exemplo, foram necessários 10 muito lentamente as peregrin açõe fo ram éculos para que a realidade dos sacrasurgindo. A ig reja ed ifi cada no sécu lo mentos in st ituídos por Nosso Senhor XIX no local da anti ga cape la é aind a pudesse ser doutrinariamente expressa um centro de peregrinações. Os bispos por uma definição c lara e precisa. Por aí pode-se medir quanta oração fo i neceslocais aceitaram tal devoção, que se impôs mais pela perseverança ao lo ngo dos sári a, quanto trabalho e esforço empresécul os do que por mil agres espetacul agado pru·a exprimir essa ad mirável cateres ou re ve lações retumbantes. Assim dral de doutrinas, muitas de la ape na
-CATOLICISMO
implícitas nos Evangelhos e na Tradição. Não deve causar estranheza, poi s, o fato de o de mônio desejar introduzir pedras fa lsas nas fundações doutrinári as - é o caso das heresias - a fim de tentar derrubar todo o magnífico prédio doutrina l da Igrej a de Jesus Cristo. Para defender a Igreja, Nossa Senhora a parece aos bi spos, s ucessores dos Apósto los, em cumprimento de sua promessa de qu e jamais os abandonaria. Assim, estão registradas duas apari ções a São Nicol au, Bispo de Mira. A primeira, quando ele foi nomeado bi spo ; a segunda, logo após o Concílio de Nicé ia. São Nicolau (o famoso bispo que celebramos no Natal, pela sua admirável caridade) foi um dos grandes defensores da doutrina católica sobre a natureza divina de Nosso Senhor. A História reg istra , quare nta anos após estas, um a apari ção da Virgem a São Ba, ílio de Cesaréia, grande defenso r da doutrina sobre a Trindade Divina. Aproximadamente no ano 370, Ela apareceu várias vezes a São Martinho, Bispo de Tours, empenhado na formação dos futuros bi spos santos que iriam mudar a França profundame nte. Hoje e m di a muitas pessoas têm dificuldade em med ir a importância doutri nária ligada a tais aparições. A filosofi a e a teologia pru·ecem- lhes c iênc ias "aéreas", que se ocupam de problemas nas nuve ns, se m conseqü ê nc ia práti ca na vida de todos os di as. Nada ma is di stante da realidade. A Igreja esforçava-se para apresenta r, com clareza e precisão, a verdadeira doutrina do Evangelho sobre a natureza de Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. O demôni o empenhava-se em mostrá-lo apenas como homem (e nesse caso, a Lgreja Católica não teria uma origem divina) ou só co mo Deus , co m um corpo apenas apa rente (o que esvaziru-ia o sentido da Redenção e O tornaria inimitável pelos homens). Como vemos, naq uela época como hoje (basta pensar em Fátima) as aparições ele Nossa Senhora estão profundamente ligadas ao núcleo da luta entre o bem e o mal. • E-mai l do autor: ic"'is,.,,111.,,.0,.,,,.c"' o.u mh.!.bLLr 1ld i~~ci nst 'lilli ~'"•"""'"-"-'
O purgatório
(Parte III)
Naparte II desta série, o Pe. Schouppe tratou do Purgatório enquanto reflexo da justiça e da 1nisericórdia de Deus. Nesta parte ele fala da sua localização e de dois tipos de padecimentos. opinião mais comum , que está mais de aco rdo com a linguagem da Escritura e é gera lmente mais aceita entre os teólogos, co loca o Purgatório nas e ntranhas da Terra, não lo nge do Inferno dos réprobos. [... ] Lá não reina horror, desordem , desespero nem trevas eternas. A esperança di vina difunde sua luz, e esse lugar de purificação é chamado também "es tad ia da esperança". íA venerável Cônega Matleotti] viu lá a lmas que sofriam cruelmente, mas anjos as visitavam e ass isliam em seus sofrimentos. [... ] No Purgatór io as a lmas estão confirm adas e m graça, marcadas com o selo dos eleitos, e, desse modo, isentas de todo vício. t... ] Há no Purgatório, como no Inferno, uma dupla pena: a da privação da visão de Deus (temporária) [... l. E a dos sentidos, ou sofrimento sensível. [... ] Consiste no fogo e em outras espécies ele sofrimento. Com relação à severidade desses sofrimentos, uma vez que são infligidos pela infinita justiça, são eles proporcionados à natureza, grav idade e número dos pecados cometidos. Cada um recebe de aco rdo com suas obras, cada um tem que sa ldar os débitos de que se vê culpado diante de Deus. Esses débitos diferem enormemente em quaJidacle. [... J As almas sofrem vários tipos de so frimentos, uma vez que há inumeráveis g raus ele expiação no Purgatório, e que alguns são incompara velmente ma is severos que outros. No entanto, falando e m geral, os Doutores concordam em dizer que a dores do Purgatório são as mais dilacerantes. "O mesmo.fogo, di z São Gregório, atormen-
ta os réprobos e purifica os eleitos". f... ]
lnl'cmo e Paraíso Santa Catarina de Gênova, em seu tratado sobre o Purgatório, diz: "As almas sofrem um tormento tão extremo, que a lín-
gua não pode descreve,; nem pode o entendimento ter dele a menor noção, se Deus não o torna conhecido por uma graça particular". [... ]
Sta. Catarina de Gênova
signadas com sua vontade; ou melhor, sua vontade está tão transfor mada na de Deus, que elas não podem querer senão o que Santo Tomás vai ainda além; ele afirma que • Deus quer. 1 ... ] a menor dor do Purgatório ultrapassa todos os O Purgatóri o é uma espéc ie de lnferno no que diz respeito sofrimentos desta vida, quaisquer que sejam. aos sofrimentos; é um Paraíso no que diz respe ito ao deleite J ... J Para pro var essa doutrina, afirma-se que infundido nos corações pela caridade - caridade maior que a as almas ci o P urgatório sofrem a dor da perda mo rte e mais poderosa que o Inferno.* • da visão de Deus. Ora, essa dor ultrapassa os mais agudos sofrimentos. [... ] Nota: Entretanto as almas do Purgatório estão em * Padre F.X. Schouppe, S.J. , Pu1ga1ory, i//11s1ra1ed /Jy rl,e tives a11d lege11ds con tínu a união com Deus e perfe itamente reoflhe Sa i111.1·, TAN Books anel Pub lishers, lnc. , Rockford , USA, 1973.
-
JULHO 2 0 0 5 -
conseguirão boas colocações no mercado de trabalho. Catolicismo está de parabéns, enfrentando esse sério proble ma qu e te re mos co m ta l nova visualização comunista do ensino superior no Brasil. Em tudo isso, acho que há muito da tentati va de fazer ressurgiJ o sistema comunista. Por exemplo, o sistema de cotas acaba sendo uma grande discriminação contra os melhores alunos. E discriminação cometida exata me nte pe los co mun as (agora encarapitados no atual governo), que tanto falaram contra a discriminação . Haja contradição nessa gente ! (P.D.M. - RJ)
Utopistas de carteil'i11ha Destina<lo à lata de lixo 18'.] Apreciei bastante o estudo do
Prof. Daniele a respeito de nossas universidades. Estas estão sendo monstruosamente sucateadas pe lo MEC co mandado por ativistas do PT. Se tal projeto de le i fo r aprovado, rea lmente será o fim do ensino superior de qua lidade. E se não tivermos um ensi no de qualidade, não teremos bons a lu nos, será o fim da vida acadêmica, não teremos bons profissionais , não teremos um futuro de qua lidade neste País. Q uase tudo depe nde de boas un iversidades, boas seleções, para um fut uro melhor em nossa Pátria. Vamos meter a boca no tromb'one contra esse projeto nivelador e, por isso mesmo, destruidor do que há de melhor em nossa juventude. O destino desse projeto de lei não pode ser outro senão a "cesta pasta" ... (N.P.S.F. - SP)
Vis11alização com11nista
18'.l A instalação do sistema de cotas · raciais nas universidades trará com certeza prejuízo tanto para os alunos ma is capac itados, o que é claro, como também para aqueles que têm menos aptidão para os estudos. Pois se graduarão por favorec imento e não por merec im ento. Com isso, teremos como resu ltado profiss ionais que não
- C A T O L I C ISMO
12] T inha ouvido fa lar desse tal novo proj eto traba lhado pe lo MEC, mas não podia imagin ar que fosse tão infeliz em suas propostas. Francamente, para que o governo va i se intrometer nisso? Parece ser uma ex igência de marxi tas q ue a inda permanecem aferrado. às suas utopias. Essa de abri r espaço, para opinar no âmb ito universitário, a movimentos ditos sociais, MST e outras súcias, é propriamente de utopistas de carteirinha que ainda vivem como se estivessem no tempo da União Sov iética. Na inauguração da "un iversidade pop ul ar", em Guararema, o chefão do MST, o Sr. Pedro Stédil e, citando uma fra se do caudilho venezuelano Hugo Chá vez, di sse que a pobreza só se reso lve dando o poder aos pobres. Ora , a própria população considerada como vivendo na faixa da pobreza é contrária a isso. Pelo muito bom senso que os pobres tê m, eles sabem que o poder tem que ser dado aos mais competentes. Sabem q ue de nada ad ianta distribui r poder, como faz o PT, aos amigos da mesma classe. Isso só dá no desastre que estamos assistindo agora no Brasil, nessa corrupção toda, com negoc iatas como nunca se viu. Oxalá esse projeto não pegue em nosso País. Desejamos um Bras il livre de KGBs e não toleramos a im-
pl antação de uma República Soc iali sta do Bras il. Os responsáveis por esse proj eto de reforma uni versitária estão delirando. (J.F.S. - BA)
na que ro la solta. Para isso não precisa te r competência, basta ter caixa 2 nas estatais . Para isso não precisa ser supermini stro. (N.A.B. - AM)
lnli/uação na I greja
Moralidade zel'O
12] Be la matéria esta sobre Ro ma Ete rn a. Só que, in fe l iz mente, os progre s istas já se infiltraram de ta l ma ne ira de ntro da igreja, q ue se po de d izer q ue em ce rto se nt ido ve ncera m. E nós, qu e q ue re mos e luta mos por um rito tradicio nal co m ca ntos trad ic io nais, e não esses verd ade iros co nce rtos de rock, axé music, forró e outros ri tmos mais, etc., e m que se transformo u a q uase tota lidade das "Missas" q ue são "celebradas" hoje em dia (sem falar das pregações e compo rtamentos de tais padres), teremos de vo ltar às catac umbas (se as promessas de Nossa Sen hora em Fátima não se c u mprirem logo), para ass ist ir a uma MISSA de verdade. Ta lvez escondidos e perseguidos , como na China comun ista ou nos prime iros tempos do cristianismo. (D.M.N. - BA)
18'.l A corrupção viro u marca registrada do PT, pior que em no me dos trabalhadores e em nome de um partido que subiu promete ndo " morali zar o País". Aí estão o mensalão, o propinão, o mesadão, o checão, a boq uin.ha, a caixinha p a ra co mp ra r ap o io ao partid ão. Apo io para encobertar os "cabides de emprego" para os "companheiros". Onde está o tão div ul gado progra ma "Fo me Zero"? (lembra?). Onde está o bolsaescola? E o bolsa-emprego? Bolsa pra tudo? E os traba lh adores aí es tão, cles ilucl idos com o partidão. Estão aí mo rrendo de fo me, mas fo me ele mora lidade; morrendo de sede, mas sede de valores mora is. Mas isto é o PT, não tem senão isso para dar. Por quê? Não é porque mensalão ri ma com ladrão, é porq ue é um partido baseado no ateísmo marx ista, no qua l moralidade não tem lugar. O povo bras il eiro, sim, este tem mui ta moral e mui ta pac iência. Mas esta tem limite. U m dia nosso povo da rá um basta a essa ro ubalheira. Este povo, sobretudo a classe médi a, continu a traba lha ndo d uro para paga r seus impostos alé m ele todas as me1 el idas, e desse jeito enchendo as malas pretas que abastecem o aparelhamento do E ta.do. Mas, prestem atenção, tudo isso tem li mite . (P.E.N. - SC)
O "espetáC11lo de escândalos" 12] Nossa querida Nação ass istiu ao vergo nhoso caso do tesoure iro PC Farias, agora assiste envergonhada aos casos PC Diniz, PC Valério, PC Delúbio e tantos outros PCs que têm fácil entrada nas sedes do PT, nos gab inetes do Planalto, inclusive na Casa Civi l. Com tudo isso, em vez do tão prometido "espetáculo de crescimento", assistimos ao "espetáculo de escânda los". Agora, "cá entre nós", o Zé Dirceu, "carro-chefe do governo", entrou na Casa Civ il com a fama de um excepciona l articulador todo-poderoso, mas sa iu revelando-se um incompetente todo-medíocre. Pois, articular apo io ao governo na base do tino político e da capacidade diplomática é uma coisa, e outra coisa muito difere nte é articu lar apoio na base da gra-
'í1 vi<la eterna sabe" 12] Desejo fe licitar a D ireção de Catolicismo pe los três magníficos artigos do ino lvidável Dr. Plin io Corrêa de O li ve ira, publicados em maio último, sobre Fátima. Fica-se sem saber como agradecer a Nossa Sen hora o fato de tê- lo conhecido e recebido seus profundos ensi namentos, "que a vida eterna sabe", como di-
ri a poeticamente São João da Cru z. Se Nossa Senhora apareceu em Fáti ma, é porque Ela sabi a que na Terra estava Dr. Plíni o para difund ir fi e l me nte Su a M e nsage m , se m d isto rção alguma e exp li c ita nd o a fundo cada uma de S uas pa lavras, para a glória de Deus e o bem das almas. Que e le interceda do Céu para que mui to pro ntamente o Re ino de M ari a se instaure entre nós. (D.M.G.A. - Argentina)
'l 'ira11do dú vidas Tive conhec imento da rev ista Catolicismo através de fa mili ares e amigos próx imos. Cada vez que te nho oportunidade de ler essa pu blicação, sinto-me muito be m, po is além de e la estar li gada à atua li dade que é essencial para um j ovem estuda nte, e la tira mu itas dú vidas e m relação à nossa santíss ima Reli gião católi ca, qu e prec isa ser e nte ndid a, po is mui tos cató li cos não proc uram v ive r os ensinamentos deixados por Nosso Senhor Jesus Cri sto a São Pedro. A revista é muito boa! As partes q ue me chamaram mais a atenção foram A palavra do sacerdote, Leitura espiritual e Por que Nossa Senhora Chora? Felic itações. Que Nossa Senhora in tervenha sempre por essa bela obra de vocês ! (T.A.M . - MG)
Proclamação do Altíssimo [8J A paz de Jes us e o a mor de Maria
a todos vocês. Ad lesum per Mariam cum Petro. Meus queridos irmãos em Jesus Cristo, eu quero vos felicitar por este admiráve l traba lh o de evangeli zação em q ue o nome do Altíssimo é proclamado e amado. (M.D. S. - SP)
cias anteriores à minha para responde r, mas como recentemente li a resposta para um mi ss ivista, q ue tratou de um fato que só veio a ocorrer após a data em que envi ei a carta - refi ro- me aos tsunamis - gostaria de saber se ao menos o S r. Cônego recebeu minha carta.
Nota da redação: Infelizmente, o Cônego José Lui z ViJlac não di spõe de tempo suficiente para responder a todas as consultas que lhe são dirigidas. Além do mais, para isso o espaço di sponível na revista (2 páginas/mês) não é sufi ciente. Em conseqüência, dezenas de cartas estão "na fila" à espera de resposta. Por outro lado, o Cônego tem que exercer muitas o utras atividades de seu mini tério sacerdota l, pe lo que lh e sobra pouco te mpo para as pesqui sas teológ icas ou hi stóricas necessá ri as pa ra res po nd e r a ce rtas co nsultas. Ass im, e le é fr eq üe nte me nte ob ri gado a dar seq üência às cartas qu e ex ij am menos pesq ui sas, o u cujas pesqui sas esteja m ma is à mão em sua bibli oteca, ou cujo tema ele j ulga q ue pode be neficiar maio r número de leito res de Catolicismo. E, é c laro, aq ue las que tratam de temas de maio r atua li dade, como a li ás, a questão dos tsunamis e da e leição do Papa. Em todo caso, a in sistênc ia do miss ivista também pesa na esco lha ... , de fo rma que enviamos sua nova carta para ele lhe dar precedência. Esperando q ue o Sr. possa ser atend ido breve me nte, agradecemos seu interesse pela rev ista e nos recomendamos às suas orações.
Reclamação lgJ No ano passado, mandei uma carta
para a seção A Palavra do Sacerdote, e como já se passaram muitos meses, estou até com receio de que a carta te nha se extrav iado. Sei que o Sr. Cônego já tinha muitas correspondê n-
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na pógina 4 desta edição.
JULH O 2005 -
Cône o JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta -
Gosto muito de a ler a revista Catolicismo e principalmente os artigos do senhor. São poucos os padres que têm conhecimento como o senhor... Por isso estou aqui! Tenho al gumas dúvidas e gostaria de esc larecê-las. A primeira pergunta é sobre a passagem em que o ladrão se arre pe nd e na cruz. Os protestantes a usam para dizer que basta a fé ... Conheço a carta de São Tiago que fa la sobre a fé sem obras, mas gostaria de saber refuta r espec ifi ca mente esta passagem. Ele de fato se arrependeu, mas isso não justifica a solafide. A segunda pergunta diz respeito à passagem do rico que vai para o inferno. Os protestantes dizem que o rico pediu para que av isassem seus parentes, o que não ocorreu, mostrando, dizem eles, que não há intercessão. Volto a dizer que gosto muito do trabalho qu e o senho r vem reali zando. Que Deus o ilumine e lhe dê muitos anos de vida para manter os fiéis na fé católica.
Resposta -
Quis manter os e logios do miss ivi sta, e mbora não me veja obrigado a concordar com eles, porque revelam a triste ituação em que se encontra hoje a Santa [g reja. Infelizmente muitos sacerdotes se deixaram influenciar pela teologia progressista, e com isso os fiéis , com certa freqüência, têm dificul dade de encontrar quem lhes ofereça a doutrina católica tradicional. Quando encontram alguém que possa fazê-lo, por vezes ex ultam. Antes que a
~
CATOLICISMO
peste do progressismo tivesse inv adido os meios cató licos, os fi é is e ncontrav a m normalme nte sacerdotes que os orientavam com segurança nas vias sac rossantas da fé católica. Feita esta observação ini c ia l, passo a responder, na medida de minhas poss ibili dad es, as perguntas d o consul ente.
A coragem do bom la<il'ão na cruz Se os protestantes, como diz o missivista, vêem na atitude do bom ladrão ape nas um ato de fé, a sola fide que para eles é a co ndição necessária e sufi ciente para a sa lv ação - dão uma nova demon tração de s ua vesguice hab itual na interpretação das Sagradas Escrituras. Basta ler, atento ao contexto, a descrição que São Lucas faz da cena (cap. 23, vv. 35-43). O mau ladrão reperc uti a o que diziam os príncipes dos sacerdotes, com o povo, esca rnecendo de Jes us: "Sa lvou os outros, salve-se a si
o castigo que merecem as nossas ações, mas este não f ez nenhum mal" (vv. 404 1). E dirigindo-se a Jes us, supli ca humilde mente: "Se-
nho r, lembra-te d e mim, quando entrares no teu reino" (v. 42). Portanto, o ato de co mi seração do bom ladrão não se resume a um ato de arrependimento e de fé. É, ao mesmo tempo, um ato de justiça, de caridade e de coragem heróica
Lutero, como dissemos de início. - as boas obras de que fala São Tiago - que mereceu a resposta de Jesus: "Em verdade te
digo: Hoje estarús wmigo no Paraíso " (v. 43). Que re r ver ni sso a so la .fide é realmente um a tre menda vesguice, que ca racteriza os infe li zes discípu los de
A intercessão do 1'ico Epulão era h1ócua Para entender o caso do rico condenado ao inferno, que intercede pelos seus irmãos e não é atendido, basta mais uma vez reler a narra-
" Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso"
ção que São Lucas faz da célebre parábola de Nosso Senhor (cap. 16, vv.19-31). Do inferno, o rico vê Lázaro (o mendi go , que nesta Terra maltratara) no seio de Abraão (o Céu, ou, segundo alguns exegetas, o limbo dos antigos Patriarcas). "E gritando, dis-
mesrno, se é o Cristo, o esco lhido de Deus" (Lc 23, 35). Interes se iro, porque pensava apenas em sa lvar a própr ia vida, o mau ladrão parti c ipa do s in s ulto s do populacho e repete: "Se tu és
o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós" (v. 39). O bom ladrão, pelo contrário , tem a coragem (que naqu e las circunstâncias era um ato de heroísmo) de enfrentar a turbamulta , reconh ece a própria cu lp a, increpa o mau ladrão e proclama a inocê ncia de Jesus:
"Nem tu temes a Deus, estando no mesmo suplício ? E nós estamos na verdade justamente, porque recebemos
t
se: Pai Abraão, compadecete de mim, e manda lázaro que molhe em água a ponta do seu dedo, para refrescar a minha lín gua, pois sou atormentado nesta chama. Abraão diss e- lh e: Fi lh o, lembra-te que recebeste os bens em tua vida, e Lázaro, ao contrário, males; por isso ele é agora consolado, e tu és atormentado. Além disso, há entre nós e vós um grande abismo; de maneira que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os daí passar para cá. E disse o rico : Rogo- te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu • pai. Pois tenho cinco irmãos, para que os advirta disto, e não suceda virem também eles parar a este lugar de tormentos. E Abraão disse-lhe: 1 Eles têm Moisés e os prof etas; ouçam-nos. O rico, porém, disse: Não, mas se algum dos mortos.for ter com eles, farão p enitên cia. E
Banquete do rico Epulõo e morte do pobre Lázaro diante da sua porta
Abraão disse-lh e: Se não ouvem Moisés e os profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscitasse algum dos mortos". Não é portanto qualquer intercessão que é atendida por Deus. A doutrina da Igreja ensina que, nesta Terra, a intercessão de un s pelos o utros perante Deus é válida, como também o é a intercessão dos Santos no Céu por nós na Terra. E ainda a nossa intercessão em favor das almas que estão no Purgatório, porque a comunicação de graças entre o Céu, o Purgatório e a Terra é pos s ível. Mas e ntre Lázaro e E pul ão havia um
abismo intransponível como salienta o evangelho de S ão Lucas - de modo que a intercessão do rico no inferno, em favor de seus irmãos na Terra, era imposs ível e inócua. A parábola do rico Epu lão não é pois argumento válido para negar a doutrina da intercessão, como a Igreja nos ensina no dog ma da Comu nhão dos Santos. • E- mail do autor: concgo josclu iz @ca tolic is1110.co 111.br
JULHO 2005
a...
-.a
Piercing e implantes metálicos:
11
Bebê planeiado1 ' para ser sacrificado
A
Inglaterra aprovou a geração artificial de "bebê planejado", a fim de lhe serem extrnídos tecido para tt·ansplante. É a primeira licença judiciária para criar um ser humano destinado a ser imolado sob pretextos terapêuticos. Organizações pró-vida criticaram duramente essa decisão cruel e imoral, que já toca no diabólico. A lei brasileira, que libera experiências com fetos, e o projeto espanhol de seleção de embriões foram mencionados como sinistros antecedentes da decisão inglesa, pelo diário "La Nación", de Buenos Aires. •
L
Ser reacionário é considerado 11moderno"
J\ ntoine Compagnon, professor de r\. Literatura Francesa na Univer-
Peer Steinbrueck, governador socialista derrotado nas últimas eleições
socialismo alemão sofreu séria derrota nas eleições estaduais na Renânia do Notte-Westfália, que governava há 39 anos. Trata-se da região mai populosa da Alemanha ( 18 milhões de habitantes). Diante da magnitude da derrota, que completou uma longa série de resultados calamitosos para as esquerdas alemãs, o chanceler socialista Gerhard Schroeder julgou não dispor mais de condições para governar e anunciou que convocaria eleições antecipadas. Logo engajou-se na campanha pela Constituição Européia, na França, e colheu mais um fracasso. •
Líder homossexual fala da decadência do movimento an?' ~ ramer, criador do lobby homossex ual Act Up, lamentou ~ deca dencia da corrente homossexual nos EUA, patenteada por ocasião da reeleição de Bush e dos plebiscitos que banem o "casamento" homossexual . "Quase 60 milhões de pessoas[. .. ] votaram contra nós. Quase 60 milhões [. .. ] julgam que somos uns imorais", disse Kramer. Segundo ele, os homossexuais têm culpa pela Aids: "Desde o primeiro momento.foi-nos dito que essa doença seria causada por um vírus. Não quisemos aceitar nossa responsabilidade e optamos por não escutar. [. .. ] Essa atitude acabou sendo mortal". O longo e amargo queixume acaba de ser publicado em livro. •
L
Putin reacende nostalgias da URSS
º
CATOLICISMO
O
ogo atrás da moda dos piercings vem a dos implantes metá licos, que desfiguram atrozmente homen e mulheres. Chifres, sal iências, vértebras horripilantes, fi guras antinaturais sob a pe le, língua cortada pela metade à semelhança das cobras, são alguns dos efeitos monsb·uosos. Mas poucos - até mesmo enb·e adeptos dessas modas - conhecem o fundo oculto delas, estabelecido numa "igreja" com seus "reverendos": a Igreja da Modificação do Co,po, sadomasoquista e satani sta, que ao mes mo te mpo pretende ser ecumênica ! •
sidade da Sorbonne, em Paris, defendeu numa entrevista ao "Figaro Magazine" que hoje ser moderno não é mais exibir-se com a última coqueluche da moda inte lectual ou materi al , mas sim mostrar-se reacionário e até contra-revolucionário. Vi vemos, segundo ele, um momento em que a dianteira está com a antimodernidade. •
pres idente russo Vladimir Putin está reavivando a nostalgia do império soviético. "A queda da URSS foi a maior catástrofe geopolítica do último século", disse ante o Parlamento. Ele fez desfi lar o exército do país sob a bandeira da foice e martelo, ao som dos hinos da era comuni sta, na come moração do 60º aniversário do término da II Guerra Mundial. O pres id e nte a me ri ca no George W. B ush qu alificou a ocupação da Europa Orienta l pelos ru ssos co mo "um dos maiores erros da História" . Recon heceu a c ulpa dos EUA nessa inv asão, por tere m assinado os malfadados acordos de Ya lta. O Krem lin protestou . •
Sucessivas derrotas do socialismo alemão
iniciação no satanismo
Milagre eucarístico confirmado pela ciência
N
o século VIII, em Lanciano, Itália, um monge que duvidava da presença real de Cristo nas espécies eucarísticas viu a sagrada hóstia transformar-se em carne e o vinho em sangue . No século XX, o Dr. Edoardo Linoli, professor de Anatomia e Histologia Patológica, de Química e Microscopia Clínica, analisou as relíquias do milagre e constatou tratar-se de carne do miocárdio (coração), e que o sangue é do grupo AB, o mesmo do Santo Sudário de Turim. Uma comissão da Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou durante 15 meses meio milhar de exames científicos, que confirmaram esses resultados. O prof. Linoli apresentou tais informações em Roma num Congresso sobre milagres eucarísticos.
Após 70 anos de espera, católicos recebem sacramentos
l
Obesidade, e não fome, é problema nas periferias de São Paulo
A
Radicalidade anticristã em ambientes esquerdistas
S
egundo o "Washington Times", certos centros unive rsitários dos EUA, impregnados de esquerdismo, querem eliminar o uso das abreviaturas a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois de Cristo), ou A.D. (Anno Domini, Ano do Senhor). As abreviaturas substitutivas seriam B.C.E (Before Comm.on Era, ou Antes da Era Atual) e C.E. (Common Era, Era Atual). O neopaganismo moderno leva até esse ponto o ódio a qualquer referência a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Igreja Católica. •
cidade de São Paulo está rodeada por "um cinturão de obesidade nas regiões mais pobres da periferia ", segundo o secretário municipal de Saúde, Cláudio Luiz Lottenberg. Nos bairros mais pobres, verifica-se maior índice de mo1tes ligadas a excessos alimentares. Mas, por demagogia, os equipamentos médicos apropriados para resolver tais problemas encontram-se nos bai1rns mais ricos, onde são menos usa.dos. O estudo que revelou esse paradoxo foi constatado por médicos do Hospital Albert Einstei n. •
Ti nte e dois católicos do Azerbaijão os sacramentos do Batismo e/ou da Confirmação, após suportar 70 anos de perseguição comunista, esperando que um sacerdote lhes proporcionasse a recepção desacramentos. O catolicismo foi varrido daquele país pelo socialismo soviético . A catedral da Imaculada Conceição, na capital Baku, foi demolida . Os sacerdotes foram mortos, e os católi cos não podiam usar nomes cristãos. Mas perseveravam na clandestinidade, sem contar com um padre sequer que os sustentasse. O Núncio Apostólico no país, Claudio Gugerotti, que lhes ministrou os sacramentos, comentou: "Lia-se em seus rostos as palavras do velho Simeão : 'Agora, Senhor, podes levar teu servo em paz"' (Lc 2,2).
V receberam
JULHO2005 -
'
NACIONAL
'.
. ;,. •·.·.... ••··.. O deputado Roberto Jefferson depõe no CPMI dos Correios, no Senado
Liderança c/il'ere11te Há três anos, em plen a campanh a eleitoral para o pleito de 2002, o candi dato eleito - atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva - era apresentado como um home m simples, que viria a alcançar a suprema magistratura da Nação com o slogan "a esperança venceu o medo ". Se nas três vezes anteriores o seu nome incutia te mor a grande parte da população, uma propaganda be m orquestrada levou 60% do eleitorado a sufragá-lo no segundo turno. Um líder diferente dos que anteriorme nte governaram o País, um operário que chegava à chefia da Nação. Isto fez com que muitos brasileiros encontrassem ne le-sua esperança, vendo nessa alternativa a possibilidade de nossa Pátri a caminhar no rumo certo.
Um "trator" na Casa Civil
O povo brasileiro aguarda solução A crise política atual só pode ser resolvida se for respeitada a índole de nosso povo, que rejeita o caos em que se debatem algumas nações vizinhas. n
PLíN1 0 V1 0 1GAL XAv1ER oA S1LvE1RA
/
E
tarefa ingrata anali sar - no moment? em qu_e escrevo est~ arti g_o, e m f111 s de Junho - a s1tuaçao nac ional. Não é mi ssão de uma revista me nsal, como Catolicismo , tratar de uma situação que pode ser alterada a qu alquer momento . Mas a gravidade do qu adro exi ge qu e se fale a res peito. E xceto se a lgo de muito in es pe rad o oco rre r, a situ ação po líti ca do B ras il deve seguir por um caminh o mais o u
~
CATOLI C I SM O
me nos pre vi sível. Mas é pouco prová_vel que, no momento em qu e a edição de julho sai a a lume, o País tenh a ve ncido a crise e estabili zado seu quadro in stituc io nal. A política sempre apresenta surpresas. Quem diria, há três meses, que junho se encerra ri a com o quadro convul sionado de hoje? Que razões levaram o País à situação atual?
Potto pacato e ordeil'o Já escreve mos nestas pág in as sobre
a índole pacata e ord eira de nosso povo. Essa índole, que nada ind ica ter-se alterado, é o fund o de q uadro e m que se processam todas as manobras políticas, as acusações mútu as entre governi stas e opos icio ni stas e as denún cias cada vez mais graves. E o púb li co, mais uma vez, ass iste atô ni to aos acontec ime ntos q ue se desenrolam. N osso po vo atravessará essa crise e sa irá, se mpre cordato e ordeiro, do outro lado do túnel? É uma questão importa nte a terse em vista.
Formado o novo governo, constatouse que sua figura mais p roe mine nte era o ministro José D irce u, chefe da Casa Civ il da Presidência. Antigo terrorista, homem que não ace itava transigir, considerado o "trator" que conduz ia o regime. O Brasi l j á ti vera antes, no governo Fernando Henriq ue, outro "trator", que anunciara que o PSDB governaria por 20 anos: o ministro Sérg io Motta, prematuramente falecido ainda no primeiro q uadriênio de governo do seu chefe. Passado po uco mais de um ano do governo Lula, veio a lume o caso Waldogate: o primeiro caso envolvendo o Sr. José Dirceu. O seu principal articulador político, Waldomiro Diniz, foi acusado de grave irregularidade. Afastado esse auxiliar, o min istro da Casa Civil esperou restabelecer, com seus métodos impositivos, a estabilidade do governo. Seu estilo mostrou-se diferente do de Fernando Henrique, que sempre agia de modo prudente, afastando imediatamente qualquer auxiliar sobre o qual pairasse suspeita de irregularidade. Sabendo bem o que queri a, José Dirceu enfrentou a primeira crise e logo voltou a ser visto - por todos os radi-
cais do PT - como o homem capaz de lev a r a uma reeleição do presid e nte Lul a.
Tsunami político Vários órgãos de imprensa passaram a denuncia r fatos grandes ou pequenos, que modificaram a situação. Chegou-se a um fl agrante: o caso de corrupção, por três mil reais, na Empresa dos Correios e Tel égrafos. Quem diria que uma importânci a relativamente peque na poderi a convul sionar o País? Mas era o início, outros casos surgiram. Os três mil reais tran sformaram -se em um tsunami político. E nvolveu o presidente de um dos partidos da base do governo, o deputado Roberto Jefferson. Co nhec ido criminali sta, que já enfrentou árdu as sessões de júri , experie nte orador, esse deputado resolveu ac usar, para ass im não ficar como a única víti ma de um caso po lítico que lhe custari a, ta lvez, a cassação do mandato. Inic iada a batalh a, entrou e m cena o chamado " mensa lão". Para usar um jargão caro aos pec uaristas, era o "estouro da boiada" - um só a ni mal que, no meio de uma boiada, se ass usta e corre, pode provocar uma disparada incontrolável de toda ela.
Roberto Jefferson está sendo julgado pela Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Instaurou-se a CPI sobre o caso dos Correios. Renunciando e voltando à sua cadeira de deputado, Dirceu relembrou seus tempos de guerrilheiro e conclamou o MST e quejandos para manifestarem-se nas ruas em favor do governo. O STF mandou reabrir a CPI dos bingos , várias mudanças no ministério se vão sucede ndo. Como terminará tudo isto?
O brasileirn rejeita o caos E m meio a esse assustador tsunami político, o que deseja nosso povo? Antes de mai s nada , que se restabeleça a ordem no País. Mas é preci so considerar qu e a verdadeira ordem con siste na "paz de Cristo no Reino de Cristo" , fru to de um a civilização autenticamente c ri stã. Q ue o B ra sil reencontre sua trajetória, fi e l às vi as traçadas pela Divin a Providê ncia, é o qu e de melh or pode aco ntecer ao nosso po vo, pa ra trazerlhe a orde m e a· paz autê nti cas a que ta nto as pi ra. • E-ma il cio autor:
pi i n ioxa v icr @ca tol ic i smo.co m. br
José Dirceu chego à Câmara dos Deputados, poro assumir suo cadeira nesta
JULHO 2005 -
Franceses interpelam bispos sobre a constituição européia A denominada "Conslituição Sodoma e Gomorra ", apoiada até por alguns bispos, foi rejeitada na França. Aderentes da associação Avenir de la Cullure foram mobilizados para dizer NÃO a uma constituição contrária à moral cristã. ·n
BENoiT B EMELMANs
U
m calham aço de quase 200 páginas tamanho ofício, contendo um texto em letras diminu tas, fo i distribu ído aos franceses com vi stas ao plebiscito de 29 de maio úl timo. É o Tratado
estabelecendo uma Constituição para a Europa, ou seja, a futura constituição européia. A segunda parte desse calhamaço corresponde à Carta dos direitos f undamentais da União, baseada sobretudo na convenção euro péia de salvaguarda dos di reitos do homem, datada de 1950.
"Passa-moleque" favorece lwmossexuais A citada convenção estipulava que "a
partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de se casar e de f undar uma fam ília". A constitui ção que se quer impor aos europe us declara simplesmente: "O direito de se casar e o direito
de fu ndar uma fa mília são garantidos
conforme as leis nacionais que regem o seu exercício". Esta no va fo rmulação, que exclui a menção a homem e mulher, parece ter sido lav rada expressamente para favo recer as uniões homossexuais, pois a fraquíssima baireira das "leis nacionais" não poderia se opor ao "direito de se casar e de .ftm. dar uma f amília", reconhecido a todos os indivíduos, inclusive do mes mo sexo. Estaria excluída assim, entre outras coisas, a fi nalidade primária do matrimônio, que é a perpetuação da espécie. 1 Nota-se a inda que, ao uprimir a referê ncia a duas pessoas ("o ho mem e a mulher"), a constituição e uropéia abre as portas tam bém para a poligamia ... O diário católico fra ncês "La Croix" - insuspeito de qu alquer hostilidade à constituição européia - afirma: "Os ho-
mossexuais que reivindicam o casamento não hesitarão em referir-se ao texto da constituição européia, ou de recorrer à corte de justiça européia para cuida r de levar a cabo sua reivindicação".2
Todos pelo "sim ": homossexuais, políticos e bispos! Por outro lado, na França os lobbies homossexuais, próximos tanto do paitido do gove rno (UMP de Chirac) quanto da oposição (sociali stas), não hesita m em faze r propaga nda em favor do "s im" à constituição européia.3 Se tudo i so não bastasse, o aitigo II81 da própri a constituição proíbe "toda discriminação em nome da orientação sexual". E j á se sabe que afinnai· os princípios da moral cri stã, que reprova mais do que justamente os atos homossexuais, é considerado di scri minação pelos ati vistas que procuram impor uma revolução moral. Ora, a consti tuição esti pul a que as leis européias se impõem às legislações nacionais. Assim, amanhã a constituição euro pé ia poderá impo r o "casa mento" homossexual e a correlata adoção de crianças a todos os Estados membros, e m nome da "não-discriminação". Assim a aprovação j urídica da prática homossexual seria imposta pela lei fu nda-
"La Croix" é condenado pela Justiça por negar direito de resposta a Avenir de la Culture Principal jornal católico da França, "La Croix", em 31 de março último, reconheceu que o aitigo II-69 do tratado que institui a constituição européia deixa "a porta aberta para o casamento homossexual". Apesar disso, o diário incitou seus leitores a votar "s im" no ple bi scito de 29 de maio ! "La Croi x" aprova ass im uma constituição que vai permi tir impor na França um "casamento" antinatural entre dois homens ou entre du as mulheres. Não surpreende que tal j ornal - sem qualquer mandato para falai· em nome da Igrej a católica - costume denegrir a ação da as ociação
-
CATO LI CI SM O
francesa A venir de la Culture, valorosamente oposta ao "casamento homossex ual" e a outros atentados legais contra a instituição da fa nú lia. No mesmo número em que toma essa posição a favo r da constituição européia, o jornal foi obrigado pela Justiça a publicar um "Dire ito de resposta", fo rmalidade legal que impôs a seu diretor a pena de pagai· multa por ter recusado direito de resposta a Avenir de la Culture . "La Croi x" protelou o q uanto pôde tal publicação: o julgamento foi há mais de um ano (5 de março de 2004) por um artigo que remonta a 2002 ...
mental européia! É justain ente o que João Paulo II pedia que se evitasse, quando declarou com ênfase:
"A aprovação jurídica da prática homossexual não é moralmente aceitável " (Angelus de 20-9-94). Interpelação à Co11ferência Episcopal francesa O pior é que o presidente da Conferência dos Bispos da França, D. Jean-Pierre Ricard, num documento do Conselho das Igrejas Cristãs da Frai1ça, de 29 de março de 2005, conclaina à aprovação desse tratado constitucional. Pai·a um católico, votai· por um texto constitucional que abre cainpo à aprovação jurídica da prática homossexual é, em consciência, moralmente inaceitável. Por isso, a associação frai1cesa Avenir de la Culture lançou uma petição dirigida ao presidente da Conferência Episcopal, na qual milhares de famílias francesas pergun tam respeitosan1ente a Mons. Ricard, que é também Arcebispo de Bordeaux: "- O Sr. Arcebispo não teme que, ainanhã, quando o "casainento" homossexual e a adoção de crianças por homossexuais ti verem sido impostos pela lei fundai11ental européia, os cristãos possam pensar que Vossa Excelência os aconselhou mal? "- O Sr. não teme que, quando os católicos forem ai.-rastados diante dos tribunais europeus por terem seguido o que ensina o catecismo católico sobre a homossex ualidade, eles pensem com tri steza no entusias mo um tanto cego com o qual V. Exa. os levou a votar 'sim'? " - Com todo o respeito devido a V. Exa., somos obrigados a dizer que 'a aprovação j urídica da
prática homossexual não é moralmente aceitável'". Feli zmente os aderentes de A venir de la Culture foram sensíveis a essa petição e se mobiliza.iam pai·a fazê- la distribuir entrn seus círculos de am izade ou difundi-la através da Internet. Isso permitiu alertar muitos incautos, que de outro modo ter-se-iam deixado levar pela lábia da mídia, dos políticos ... e de bispos a favo r de um dispositivo legal que a mencionada petição pôde chain ai· de "Constituição de Sodoma e Gomorra", por favorecer a dissolução da moral cristã.
"Os bispos da Europa apóiam a Constituição", estampa "La Croix" em sua manchete de 24 de mai·ço de 2005. A resposta da França em 29 de maio foi um vigoroso brado: NÃO! •
-
E-ma il do autor : benoit @cato li cismo.com.br
Notas: 1. A geração e educação da prole corresponde ao mandato divino: "Crescei e multiplica i-vos, enchei toda a Terra e dominai-a" (Gen. l , 28). 2. "La Croix", Pari s, 31-03-05. 3. Ver "Libération", Pa ris, 28-03-05.
Multitudinária manifestação contra o "casamento" homossexual em Madri
Cardeal lembra o dever de opor-se ao "casamento" homossexual A aprovação de um projeto de "casamento" de homossexuais pela Câmara de Deputados da Espanha, em 21 de abril último, levantou uma onda de protestos naquele país. A polêmica acendeu-se ainda mais com as declarações do Cai·deal Alfonso Lopez Trujillo, presidente do Conselho Pontifício para a Família, que lembrou aos católicos o dever de se oporem à le i que institui o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo e as autoriza a adotare m crianças.
"Não podem.os impor coisas injustas aos povos. Ao contrário, porque são injustas, a Igreja conclama com urgência a f avor da liberdade de consciência e do dever de se lhes opor", decl arou o Purpurado. "Os cristãos, inclusive funcionários estatais, estão chamados a exercer a objeção de consciência, pois a lei de que tratam.os constitui uma f erida profunda à moral e à Fé", afirmou. Segundo o Cardeal Trujillo, o proble ma agravou-se porque as uniões homossexuais são apresentadas como a lternativa para o casamento, quando na realidade só significam um retrocesso moral. Su as declarações, publicadas pela agência "Fides", da Santa Sé, denunciam o fa lseamento da questão, ao se fa lai· e m casainento entre duas pessoas sem precisar que devem ser de sexos di ferentes . A carapuça serve sob medida à redação do tratado estabelecendo uma constituição para a E uropa. E m decorrência de seu apelo, numerosos prefeitos espanhóis j á declai·aram que se recusarão a celebrar o "casamento" c ivil de homossex ua is, apesar de o Rei Juan Caifos ter afirmado que assinará a le i. E m um comunicado, os bi spos espanhóis também condenaram a lei como "radicalmente injusta e nociva ao bem comum ", concluindo: "O bem superior dos filhos exige que eles não se-
j am fabricados em laboratórios nem adotados por uniões de pessoas do mesmo sexo".
JULH02005 -
C ,NO
Carlos Mogno lançou a semente do Sacro Império, cujos g lórias foram rejeitados pelo Europa dos tecnocratas
,...,
Os que souberam dizer NAO! A "Queda da Bastilha" da Europa Unida: na França e Holanda, a Constituição Européia recebeu um golpe fatal do qual muito dificilmente se recuperará. w.
GABRIEL DA SILVA
C
hamados a se pronunciar em 29 de maio sobre o tratado que estabeleceria a Constituição da União Européia, os franceses responderam com um vigoroso "não": 54,87% rejeitaram o tratado, contra 45,13% que o aceitaram. Dois dias depois, em outra consulta popular, os holandeses exprimiram recusa ainda mais contundente: 62% contra 38% dos eleitores desaprovaram o tratado. É interessante analisar os resultados, segundo estudos das pesquisas de opinião.
~
CATOLICISMO
O "não" foi pronunciado em sua maioria por jovens, pequenos empresários, assalariados, pessoas maduras de menos de 60 anos e a França rural em peso. A França profunda votou " não" maciçamente, com exceção da Bretanha, Vendéia e alguns departa. mentos isolados. Votaram "sim" sobretudo pessoas de mais de 60 anos, os mais bem situados na vida e os habitantes das cidades maiores: Paris (66%) e Lyon (61%), Estrasburgo, Nantes e outras capitais regionais. Mas ainda nesse setor da população houve exceções, como Marselha (6 L% votaram "não"), as regiões operárias do norte
e da região parisiense. No total, o " não" foi proclamado com empenho e clareza em toda a França.
Sacl'o Império ou União Soviética? Esse fato - a rejeição da constituição européia no referendo francês - como deve julgado? O que significa esse " não"? Ao leitor brasileiro, acostumado a considerar a Europa o continente civilizado por excelência, pode parecer urna charada a recusa da União Européia. Pois, se cada um dos países europeus - por exemplo, França, Itália, Áustria, Portugal, Espanha, Ale-
manha - nos encantam com suas riquezas culturais e artísticas, o conjunto não seria ainda melhor? A pergunta é compreensível. Tratando -se de nações muitas vezes oriundas cio mesmo tronco racial, correspondendo a uma área de civi1ização com traços gerais muito afins, formadas por povos irmãos, por que não pensar num continente constituído na harmonia da convivência e dos princípios, como o foi e m certa época o Sacro Império Romano Alemão? Seria tal situação sumamente bela. Mas, neste início ele século, não passa de urna ilusão. Pois o que acabamos ele evocar é a Europa cristã, fruto cio preciosíssimo Sangue ele Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua santa Religião. A nova União Européia nega tão claramente as raízes cristãs da velha e tradicional Europa, que os seus artífices recusaram-se terminan-
temente a incluir na sua constituição qualquer menção explícita nesse sentido. E quem talvez exprimiu essa negação do modo mais contundente foi o presidente Jacques Chirac, o principal punido pelo plebiscito de 29 de maio. Não! A nova Europa dos tecnocratas nada tem a ver com as antigas glórias do Sacro Império Romano Alemão, cuja semente foi lançada por Carlos Magno. Ao contrário, es tá mais próxima de uma nova União Soviética, com sua nomenklatura burocrática, seu regime tirânico, anônimo e omnipresente, pronta a pesar sobre o cidadão, impondo-lhe obrigações socialistas. E tais imposições mexem a fundo com a vida concreta de muita gente, suprime costumes e tradições seculares, leva a padronizações obrigatórias, controles e ingerências que modificam substancialmente as índoles nacionais. ·
Do queijo pastem'izado à cul'vatul'a da banana ... Vejamos um exemplo concreto. Há uns três ou quatro anos travou-se acesa polêmica na França, porque as autoridades européias proibiram que se empregasse leite não pasteurizado no fabrico de queijos. Um dos queijos atingidos era o famoso époisse. Ora, muitos queijos devem a especia(jdade de seu sabor justamente ao fato de não serem feitos com lei11 te pasteurizado. Eis por que o decreto de Bruxelas significa a morte desses queijos. Outro exempl o é a agricultura. Na França, diz-se que o agricultor é praticamente um func ionário do Estado. E le não planta o que deseja, mas o que o governo manda. Como se tal não bastasse, acima disso pairam agora as diretrizes de Bruxelas. A intromissão totalitária chega a tal ponto, que me disseram se r impossível comercializar na Europa as bananas que não tenham uma determinada medid a de curvatura! Banana meio reta ou curva demais é proibida ... Até onde chegará esse espírito totalitário, quando apli cado aos servi ços de informação e contra-informação eriçados devido ao terrorismo? O Big Brother de Orwell vai ficando ultrapassado ... Em suma, terá o português de abandonar seu caráter lusitano para ass umir a frieza do escandinavo? O Decreto de " peno de morte" pelo novo constitui ção européia poro o queijo époisse e todos os que como ele são feitos com leite não pasteurizado
JULHO 2005
~
Só bananas com o tamanho e a curvatura decretados pela constituição poderão ser comercializadas na Europa ...
veneziano melódico e teatral terá de tender para o holandês taciturno? O ale mão raciocinante terá de adaptarse à mobilidade eslava? Será isso possível sem cada um perder a própria identidade? Pode-se compreender o mal-estar de incontáveis europeus ante a construção de uma E uropa hostil, na
qual eles não encontram o seu lugar natural.
Pânico a bordo. Um tratado morto e e11tel'l'a<lo Do ponto de vista político, o "não" da França, reforçado pelo da Holanda, representa um "terremoto" cujo alcance vai muito alé m das frontei -
ras desses dois países. Ele atinge toda a Europa. E não se limita ao campo político, mas abrange também o terreno social e religioso. Na França, o "terremoto" de 29 de maio de 2005 evoca o sismo político de 21 de abril de 2002, quando os eleitores puniram a esquerda socialista ao desclassificar no primeiro turno do pleito presidencial o ex-primeiro-ministro Lionel Jospin. O golpe foi tão duro, que este teve de se retirar da política, e o Partido Socialista até hoje não encontrou substituto à altura das circunstâncias. Como um formigueiro que leva um pontapé, correm os políticos desesperados em busca de seus alvéolos ou das larvas perdidas. As várias tendências se dil aceram, e isso ocorre tanto à esquerda como à direita. "O Partido Socialista está à beira da crise de nervos", diz o revolucionário Montebourg. As divisões aprofunda m-se, as bases distanciam -se, as coisas complicam-se. Em conseq üência, a nau capitânia de Bruxelas começa a fazer água. Ministros britânicos, Tony Blair à frente , dizem que o tratado está em grande dificuldade e é preciso fazer uma pausa para reflexão. O presidente ita-
A prevalecer esse espírito totalitário, terá o veneziano (como o gondoleiro à esquerda) me lódico e teatral de tender paro o holandês taciturno?
-
CATOLICISMO
Lionel Jospin, à semelhança de Chirac, apóia o SIM em manifestação do partido socialista . Em outras palavras, partidos políticos europeus não defendem as idéias e muito menos os ideais que deveriam representar.
lia no Sílvio Berlusconi afirma igualmente que a União precisa repensar certos aspectos da burocracia européia. Já se diz até que o tratado está " morto e enterrado".
Um sistema que não representa os anseios da população Se a constituição européia morre, "é uma libertação", proclama um editorial d a revista norte-a me ri ca na "Weekly Standard" de 29 de maio, redi gido antes de saírem os resultados do referendo. Para ele, os sistemas políticos europeus são arrogantes e não representam os anseios da população. Assim também a constituição: "Se ela morre, é a vida", come nta outro conservador americano . Em outras palavras, os partidos po1íticos europeus não defendem as idéias e muito menos os ideais que deveriam representar. Na realidade, eles já não têm nem estes nem aquelas. Constituem um sistema que só produz decepções, morte do espírito. A constituição européia é fruto desse sistema. Tal realidade não escapou aos observadores mais argutos, mesmo os insuspeitos de qualquer conservadorismo, como Gilles Lapouge. Sobre o referendo, escreve ele:
"O que aconteceu? Uma bofetada desferida por todo um povo em suas elites [políticas e rnidiáticas]. No fundo , nesse referendo, não havia somente pró-europeus e antieuropeus. Havia sobretudo o establishment político midiático de um lado, e de outro a população" ("Sim " perde mesmo que ganhe, em "O Estado de S. Paulo", 29-5-05). A análise do jornalista francês é verdadeira, mas ele omite um dos elementos mais importantes na composição do establishment. Este não é apenas "político-midiático" (ou seja, o governo, os partidos, a mídia que os promove e sustenta). É também religioso. Ora, bispos católicos e mpenharam-se claramente pela aprovação da constituição européia, apesar de esta admitir o casamento homossexual (vide artigo anterior).
Não obstante essa lacuna, Lapouge descreve bem o fenômeno: "O debate europeu cavou uma.fissura, uma fissura que atravessa de lado a lado toda a França, da direita à esquerda, e isola os profissionais da política (da inteligência, da comunicação, do poder, da fortuna ... ) daqueles para os quais a política deve supostamente trabalhar. É nesse sentido, em primeiro luga r, que esse referendo constituirá uma data na história da França: ele celebrará o curioso momento em que se percebeu que a política desliza sobre o corpo real da França como a água sobre as penas do ganso . Nada é mais perigoso que esse descolamento entre os cidadãos e a poUtica". (O negrito é nosso) Faltou apenas ele di zer para quem é perigoso esse descolamento. Ao que tudo indica, não é para os cidadãos.
Metáfora apropriada: cabeça e cauda da serpente É do mestre Plínio Corrêa de Oliveira a seguinte metáfora. A vid a da serpente se concentra e m sua cabeça, a qual tem grande agi Iidade para diri gir o corpo, que até certo ponto se confunde com a cauda. A cabeça imprime o impulso vital, mas o movimento é feito pela cauda. Poré m, se alguém separar a cabeça da cauda, naturalmente a serpente morre. O "estab lishment político-midi át ico" europeu, ao qual se une em boa medid a parte do clero e toda a alta classe dirigente qu e deseja impor a União E uropé ia, correspo nd eri a à cabeça da cobra. O resto da sociedade, ao corpo ou à cauda. Qualquer semelhança com o descolamento entre a política e os cidadãos, mencionado por Lapouge, não é mera coincidência ...•
E-mail do autor: w-gabri cl @catoli cismo.com.br
JULHO 2005 -
A RÚSSIA DE OUTRORA
,,
l
'
A Rússia dos Czares, um sonho estritamente real
Atrás do chamada Ponte de Pedro , o artista (F. Ya . Alexeev, Séc. XIX) retrotou o majestoso panorama do Kre mlin, altaneiro conjunto arqu itetônico, que evoco com vivacidade a spectos típicos do antiga Rússia . "Kreml" significo cidade fortificad o. As muralhas magn íficos são, de espaço e m espaço , reforçadas por torres e to rreôes. Atrás delas vê em-se belos palácios, e ao oito uma catedral, cujo a g ulha graciosa se ergue elegante paro o céu. Em seu cimo, uma cúpula bizantino tã o leve que pare ce prestes o alçar vôo. O Kremlin foi a sede do governo, desde Ivan o Terrível até Pe dro o Grande. O lindo a zu l das á guas do rio, os suas barcos e os casos particulares ribe irinhas com pletam o q uad ro, mostra ndo certo e ntrosa mento entre o monumentalidade d o pa lác io, o povinho miúdo e o burguesia.
N o público que visitou a fabulosa exposição A Herança dos Czares, algo novo despontou: uma maior apetência pelo requinte, pelo nobre e elevado, em oposição ao chulo, vulgar e vil. ·□
LEO
Ü AN IELE
N
os grandes salões do Museu de Arte Bras ileira, onde se realizou a exposição A Herança dos Czares, em São Paulo, num eroso públi co desfilou diante de quadros, trajes, objetos da época dos imperadores da Rússia. Nessa exposição de peças dos museus do
Kremlin - organizada pela Fundação Armando Álvares Penteado, e ntre 27 de abril e 26 de junho último - os jovens predominavam. Jovens . Czares. Pareceri am duas real idades que não casam. Mas, sim! O fato é tão mais significativo quanto os objetos expostos nos fa lam de uma época que fo i arrasada pelo comunismo sov iético, e portanto adqu irem um cará-
ter anticomunista implícito. Eles nos falam de uma Rú ss ia de legenda e de sonho. É a Rússia imperial que está ali representada, contrária à de Stalin, Krutchev ou Gorbachev. Alguém poderia perguntar, de o utro lado, se a Rússia ali representada não era a do c isma, a Rússia que se afasto u de Roma e do Papa. Em termos. É sab ido que a igreja cismática russa, ao separarse da Santa Igreja, conservou consigo um enorme cabeda l de costumes, objetos e devoções que são próprias da Igreja Cató li ca e não cio cisma. Como um filho desnaturado que abandona inju stamente os pais, leva entretanto consigo toda uma herança genética, hábitos, modos de ser e até roupas que são próprias ela família e não da revolla cm que se meteu. Olhando-o, mesmo na sua indi gênci a moral , podem-se ver muita. e importantes características da família. Por isso, falando ela Rú ss ia anterior ao sécu lo XVIll, o Prof. Plínio Corrêa À maneiro bizantino, Nosso Senhora, no ícone à esquerda, parece estar foro do tempo e da matéria . Mos, se se prestar atenção no relacionamento entre Elo e o Menino, noto - se todo o calor de uma relação mãe-filho, retrotado esplendidamente. Jesus literalmente se lançou em seu seio de Mãe : veja-se suo mão e seus pezinhos. E Maria, com suo cabeço inclinada e encostada na do Deus-Menino, segurando-O com dedicação e cuidado, tem ao mesmo tempo uma atitude de grande ternura e profundo veneração. Esta é uma cópia ilustre do famoso ícone de Vladimir, procedente do Império Bizantino, e que foi trazido à Rússia no século XI. Troto- se de imagem inteiramente diversa de, por exemplo, uma Madonna de Rafael, pois é uma síntese de duas qua lidades aparentemente opostas: o sagrado e o materno.
-
CATOLICISMO
de O li veira (em 13 -5- 1992) a comparava à Idade M édia sac ra!: "A Rússia de
Moscou, czarista, era tão sacra! quanto o Estado medieval. Sacral de uma religião falsa, mas sacra/. Era tão pundonorosa nos traj es, etc., quanto a Europa medieval; era tão séria, as diversões tão pouco saracoteadas, tão pou co hol/ywoodianas quanto possível, paredes grossas, vitrais impedindo que a lu z natural entrasse den tro da sala; tra jes pesadíssimos, exp licavam-se em parte pelo clima, mas em parte por uma mentalidade ".
* * * É curioso: naq ueles salões da exposição conversava-se pouco, hav ia um c lima de recolhimento corno que religioso. Em nenhum m useu vi algo semelhante. Pergu ntei a um guia o que o numeroso público estava ac hando . - Ah! muito ouro! Ju lguei que poderia ser urna crítica tipo esquerdista, e perguntei: - Mas então não estão gostando? - Gostando? Mas eles estão adorando!
•,D Realmente, dava a impressão de que sobretudo os mais moços estavam apreciando, e tinham o ar de quem acabava de descobrir algo que muito lhes fa lava à alma. Para o comprovar, aproxi mei-me de uma roda. Outro gui a tinha terminado o percurso completo das salas e estava
dizendo algo para encerrar. Diante dele, un s cinco ou seis rapazes e moças. E le di z: - Até aqui vocês perguntaram e eu respondi. Agora vou fazer eu uma pergunta. O que vocês gostari am de receber como herança? Herança? Urna pergunta sem dúvida singular, como que caída de pára-q uedas ! É de se perguntar onde ele queria chegar. Mas os rapazes e moças responderam com muito boa vontade. Só guarde i as duas primeiras respostas : - Um sobrenome. (!) - O rdem. Um mundo co m ordem. O g uia disse, ao final, que não esperava aq uelas réplicas. E, francamente, eu também não. Pois, de aco rdo com os modelos até há pouco dom inantes, a resposta seria: dinheiro, carre ira, prazeres - ou congêneres.
A palavra boiardo é inseparável do conceito de Rússia antigo: Rússia autêntica de Moscou, e não o ocidentalizado de Saint Petersbourg . Esses antigos senhores feudais foram perseguidos e extintos por Pedro o Grande, que se empenhara no ofroncesamento do nação e no fortalecimento do poder central. O traje à direita, amplo, pesado, sério, aristocrático, de certo rudeza cheio de forço, grandeza e inspiração, lembro a saga dos boiardos. No peito, o águia bicéfalo do Império.
JULHO 2005 -
Foi o Czar Alexandre Ili quem ' pela primeira vez ofereceu um ovo de Páscoa Fabergé à czarina sua esposa, em 1885, inaugurando um costume. Elaborado pelo joalheiro francês Peter Carl Fabergé, é uma jóia em ouro, prata, diamantes e esmalte, decorada com águias bicéfalas, coroas reais e as miniaturas dos czares da dinastia Romanov. Foram oferecidos 56 ovos, desde esse ano até 1 91 7. Na foto, vemos o ovo de Páscoa do tricentenário da dinastia . A jóia tem menos de oito centímetros ê:le altura, mas contém minúsculas aquarelas dos 18 czares da Casa Romanov, pintada s sobre esmalte branco . As miniaturas foram reproduzidas em tamanho grande pelo museu; podem ser apreciadas com detalhes, e são maravilhosas. Os ovos tradicio nalmente continham uma surpresa, que se descobria abrindo a tampa . No ovo que foi exposto havia um globo giratório imitando o mar, com a Terra trabalhada em ouro de diversas cores.
(D) Prestando bem atenção no que
estava se passando, as respostas não eram tão surpreendentes. Pois os jovens em visita à expos ição estavam realmente muito interessados, alguns admi rados, outros literalmente maravilhados. Aquelas imagens defl agravam neles le mbranças inexprim íveis e uma espécie de saudade. Mas como
poderi am ter lembranças e saudade de realidades que não viram ? Esses jovens, como autênticos representantes da "geração milêni o", di stavam 88 anos do fim do czari smo na Rúss ia, possivelmente pouco tinham lido a respeito e estavam ori entados para gostar de co isas completamente diversas daq uelas. Em seu subconsciente, parec iam cansados do mundo moderno. Das agressões psicológicas - e hoje em dia ninguém pode dizer que está li vre das físicas também - da fei úra, Para manter o espírito de finura e compostura, mesmo em circunstâncias adversas como são as viagens, a aristocracia russa levava consigo, nos deslocamentos, conjuntos de prata como o da foto à esquerda, com bandeja, bule, açucareiro, cafeteira, leiteira, pinça, coador e colheres de chá. Por detrás de certa influência ocidental, o espírito russo se faz ver com força e de forma magnífica (Moscou, 1873) .
-
CATO LI CIS M O
da fumaça, do barulho, das greves, da corrupção, das invasões, da fa lta de sentido, etc. Eles tinham um vago desejo do contrári o, que não sabi am exprimir. De repente, vêem-se num ambiente de beleza, nobreza, compostura, elevação. Conseqüência: para usar a pal avra imprópri a do guia, "adorara m". No fundo de seu mundo interior havia o Belo, o Bom e o Verdadeiro. Inesperadamente, vêem estes valores no mundo exterior. Há um encontro, uma espécie de "click". "Então, outra civili zação é viável?", pareciam perguntar. E chegavam à conclusão de que um universo maravilhoso seria possível. Por quê? Por uma razão muito simples: já foi possível, e as provas estão ali diante de seus olhos. Eles as podem apalpar. Se foi possível, é porque ainda é possível.
H) i
Hl > O mundo dos czares não é como, por exemplo, a Disneylândia, que tem aspectos interessantes, mas é algo artificial, fabricado . Aqui não, tudo é real. Foi um mundo maravilhoso, nobre e mais sério que o atual. A seriedade é um elemento bastante presente nessa mostra. O esmero
Neste quadro (Autor anônimo, Rússia, Séc . XVIII-XIX) a fisionomia de Catarina, a Grande, exprime o paradoxo de ser uma "déspota esclarecida" - portanto, uma precursora da Revolução Francesa - e, ao mesmo tempo, o senhorio próprio a uma soberana. Ela adotava todos os símbolos monárquicos . Envergando um "vestido russo", vê-se em seu manto imperial um broche de diamantes; no peito, uma corrente de diamantes e a cruz da Ordem de Santo André Apóstolo. Com sua mão esquerda, faz um gesto elegante, aristocrático; em sua mão direita, o cetro com o famoso diamante Orlov; sobre a almofada, o globo e o grande co roa imperial de coroação. Trata-se de uma pessoa cheio de vita lidade. Mas, ao contrário da imperatriz católica Maria Teresa da Áustria, em seu olhar não se vê maternalidade nem afeição.
e o requinte na execução dos obj etos - de uma coroa ao estribo de uma se la - desvendam um mundo em que cada coi sa tem seu sentido, seu valor próprio. E em que, portanto, tudo é sério. Uma famosa jóia, um dos ovos de Páscoa de Fabergé, está ex posta numa sala espec ial. Nele todos os czares da dinastia Romanov estão retratados em mjnj atura, e uas figuras se vêem, nas paredes, em tamanho grande. É algo de fa buloso ! Que impressão de fo rça se desprende daq uelas fisionomi as! Que sensação de sacralidade deflui de seus trajes ! M uito se poderi a obj etar, examinando suas biografias. Mas quanta personalidade eles têm! Que desolação se sente, comparando com o desbotamento de alma das notabilidades de nosso tempo ! Dir-se-ia que um demônio passou por aqui e embaçou tudo. 0 ))
Todos os objetos da exposição, dos paramentos li tú rgicos aos trajes de caçada, tran smitem um cl ima de seriedade. Mas é uma seriedade temperada pela fantas ia, pois o ambi ente é de son ho. E portanto de pensamento, porque, como afi rma taJ)l
Fazia parte do guarda-roupa do infortunado Czar Pedro li - coroado em 1727 com apenas 12 anos, morto de varío la aos 14 - o magnífico traje cerimonial abaixo, constituído por colete de sedo esplendidamente bordado em prata e casaco de lã azul.
Plínio Corrêa de Oli veira, "exprimir em termos de arte um sonho é uma das mais altas f ormas de pensar" (Catolicismo, junho, 1994, nº 522). Ao charme dessa seri edade sorna-se a superioridade do mistéri o, sempre presente na cultura do Oriente. Um clima de lenda cobre o conjunto como uma nuvem dourada. Uma lenda que não é pura imaginação, mas cuj a rea lidade hi stórica ninguém pode di scutir. 0)9 A certos intelectuais
empenhados em conhecer a favela da Rocinha ou a tribo dos pataxós - o que teori camente é meritóri o - , sugeriri a vire m a esta exposição para ass istir a um fe nômeno sociológlco mais dig no de nota: o espetáculo de uma juventude sedenta de ordem, beleza, calma e luxo. • E-mai l do autor: leoclani ele@ca toli cisrno.co rn .br
JULHO 2005 -
CARLOS EDUARDO Set-lAFFER Correspondente - Áustria
"' ]"'
{ ~
Viena - As tentativas mais sistemáticas e organizadas de afastar Deus das cogitações do homem datam dos primórdios da Revolução universal que, desde o ftm da Idade Média até nossos dias, se empenha em destruir a Civilização Cri stã até seus mais elementares -fundamentos. O humani smo da Renascença substituiu Deus pelo homem no centro ele todas as considerações. Se não chegava a negar Deus explicitamente, colocava-o sub-repticiamente em segundo pl ano (cfr. Revolução e Con/ra-Revolução, de Plin io Corrêa de Ol iveira). Tais esforços e tentativas, entretanto, não prevaleceram ele todo, pois as raízes ela Fé eram muito profundas, sendo preciso abalá- la para que o humani smo desse seus frutos. Esta foi a obra ela Revolução protestante, que contestou o magistério supremo cios Papas, atribuindo a cada indivíduo a capacidade de interpretar a Revelação. Ganhava assim o racionalismo um terreno muito importante, para arvorar mais tarde a razão em instrumento único para o conhecimento da verdade. Este passo segu inte fo i finalmente dado pelo ilu minismo e pela Revolução Francesa, durante a qual o culto da Razão teve sua encenação mais simbólica. Em longo cortejo, a deusa razão, representada (m uito apropriadamente, diga-se de passagem) por conhecida prostituta de Paris, foi entronizada na catedral de Notre Dame. Confmlllil' o bom senso - tática da Revolução
Mas não bastava situar a impiedade no campo elas idéias. Era prec iso destruir o bom senso dos homens, que a cada passo da vida encontram mais uma prova da exi stência de Deus. Faltavam substitutos para os atributos de Deus: Criador, Onisciente, Onipotente, Eterno, Pro~ vidência Divina etc. Os desenvolv imen-c 8 tos científicos, tecnológicos, das ciênci~ as sociais, da psicologia etc. - em si mesmos louváveis - foram em larga medida conduzidos, especialmente nos sécul os XVIII, XIX e XX, de modo a
JULHO 2005 -
·, ignorar os atributos divinos e até a própria existência de Deus. O avanço da ciência foi motivo para propagar a idéia de que um dia a humanidade chegaria a conhecer todos os segredos da natureza; a curar todas as doenças e até elimi nar a morte; a prover, através do Estado, todas as necessidades do homem e eliminar suas contingências; a criar a vida e a matéria; enfim, a dominar o Universo inteirn. Evolucionismo Jla Astronomia e 1la Biologia
Em dois ·campos paralelos - na Ast:ronomia e na Biologia - começaram a sui·gi.r teorias para explicar a existência dos seres humanos e outros, através de fenômenos puramente naturais. Nos séculos XIX e XX a ciência foi considerada uma aliada do ateísmo, e alegava-se que chegaria a provar que Deus não existe. Os cientistas, salvo honrosas exceções, eram considerados uma classe naturalmente atéia, e segundo muitos deles a ciência não precisa de Deus. Afirmações muito freqüentes eram: ciência e religião não se misturam; a teologia não apresenta nada como contribuição para o progresso da ciência; querer colocar Deus no âmbito dos conhecimentos científicos é limitar o progresso da ciência. A insinuação era a de que a religião (concretamente a católica) era fruto de mitos e sonhos irracionais.
Começaram então a aparecer explicações "científicas" para as origens do Universo, que exigiam quase mais fé para aceitá-las do que é preciso ter pa.ra acreditar na narração da Sagrada Escritura. Para tantos e tantos racionalistas, o Universo ou sempre existiu ou apareceu por um fenô meno de geração espontânea. A ordem nele existente seria devida unicamente às leis da matéria. Tratava-se na prática de um materialismo crasso: não seria necessário um Deus criador e ordenador para explicar o que vemos e conhecemos. Tal materialismo prático, em questões de astronomia, foi largamente aceito, quase sem resistências. Charles Darwin (1809- 1882) foi um medíocre estudante secundá.rio que, desejando cursar Medicina, após dois anos abandonou este estudo e passou a estudar teologia na Universidade de Cambridge, com a intenção de tornar-se clérigo da igreja anglicana, o que também acabou não . realizando. Desenvolveu a teoria do evolucionismo, sintetizada na sua principal obra A Origem das Espécies (1859). Tal teoria pretendia explicar o aparecimento do homem sobre a face da Terra através de um processo puramente natural: por mutações sempre muito pequenas, ao longo de muito tempo, e por um processo de seleção natural, formas primitivas de vida teriam evoluído até chegar ao seu estágio atual mais elevado, que é o homem. O evolucionismo de Darwin foi praticamente imposto no en ino secundário e superior em todo o mundo, e acabou de fato sendo ensinado corno a única teoria verdadeira para explicar o aparecimento e o desenvolvim~nto dos seres vivos. A narração bíblica da criação do gênero humano ficava relegada. à categoria de mito ou de linguagem simbólica. até em muitos colégios católicos. Elaborou-se depois uma teoria intermediária, que a.inda salvaguardava. em alguma medida os dogmas da Fé, pela qual Deus, para criar o homem, serviu-se de algo preexistente, pois isto está O evolucionismo de Darwin (esq .), foi universalmente imposto, durante anos, no ensino secundário e superior
A Igreja condenou as doutrinas evolucionistas do Pe. jesuíta francês Teilhard de Chardin (dir.)
CATOLICISMO
dito no Gênesis (2, 7). Segundo tal composição doutriná.ria, o homem teria sido criado a partir de um macaco evoluído, no qual uma alma humana foi infundida por Deus. Nesta hipótese, Adão e Eva não seriam seres humanos de rara beleza e perfeição, o que se compagina com a teoria criacionista, mas sim seres intermediários entre macacos e homens, peludos, feios, emitindo a.inda grunhidos animais como maneira de exprimir seus pensamentos, vivendo em plena natureza., com há.bitos de primatas. Paraíso terreno, pecado original, expul são do paraíso, tudo isso fica evidentemente a explicar dentro desta perspectiva que busca ser concilia.dora. Começam os problemas para a Revolução
Dentro das fileiras católicas, teve o evolucionismo um defensor ardoroso, o Padre Pierre Teilhard de Chard in (18811955), jesuíta francês cujos escritos sobre a evolução do Universo foram proibidos e colocados no lndex Librorum Prohibitorum. Embora o Index tenha sido posteriormente abolido pela Igreja, a inclusão nele desses escritos do Padre Teilha.rd de Chardin mo tra que a Igreja se opõe às suas teorias. Catolicismo dedicou à refutação das idéias desse paleontólogo e teólogo vários artigos, na década de 1950.
Até cerca de 1950, t11do parecia ir muito bem para os evolucionistas e materialistas. Dentro de alguns anos ou décadas ou talvez séculos, na pior das hipóteses tudo estaria explicado evolutivamente, até a própria aparição da matéria no Universo. Para infel icidade cios evol ucionistas e materialistas, no entanto, de uns 50 ou 60 anos a esta parte, muito especialmente nos últimos 10 ou 15 anos, a própria ciência vem, de maneira cada vez mais irrefutável, chegando a conclusões diametralmente opostas às dessas correntes. E isto se dá tanto no macro-universo sideral como no micro-universo do átomo, das formas primitivas de vida celular bem como dos vegetais, dos animais e do homem. A teoria do . "lntellige11t Design"
No campo da Astronomia., as sondas e os chama.dos ônibus espaciais americanos, os rádio-telescópios, os telescópios espaciais e outras tecnologias para medir os fenômenos do espaço sideral aprofundaram muitíssimo o conhecimento do Universo e permitiram testar experimentalmente teorias elaboradas no passa.do sobre a estrutura deste. Os argumentos científicos demonstrando a falsidade da teoria evolucionista. e da
~
1;
:8:, :,:
-;;
'[ "3
o ·5.
'§
~" ---No macro-universo sideral como no micro-universo do átomo (dir.), a ciência vem chegando nos últimos 15 anos a conclusões diametra lmente opostas às teorias evolucionistas
visão materialista do Universo foram setornando tão evidentes, que no início dos anos 1990 começou a se fo1mar nos EUA uma conente de cientistas em tomo do chamado Intelligent Design Movement (Movimento do Desenho Inteligente - IDM). Esta corrente defende que a ordem e a complexidade do Universo e dos seres vivos não podem ser explicadas sem se admitir a existência. de uma inteligência. superior que tenha "desenhado" o mundo que conhecemos. A expressão Intelligent Design (ID) foi emprega.da. pela prime.ira. vez por William Paley (1743-1805),2 utilizando para ilusWil liam Paley (esq .) afirmava que só uma inteligência superior poderia ter criado a ordem do Universo, a exemplo da inteligência do relojoeiro em relação ao re lógio
trá-la um exemplo muito simples: se alguém andando por um campo encontrar um relógio no chão, não lhe passará pela cabeça que tenham sido as forças da natureza que o produz.iram. Atribuirá sua existência, sem sombra de dúvida, a.o trabalho de um relojoeiro e considerará. débil mental quem opte pela prime.ira hipótese. Nesse relógio, cada peça tem sua função, e se uma só delas faltar ou estiver desloca.da o relógio não funcionará correta.mente. E completava: ora, a ordem do Universo inanimado e dos seres vivos é incomensuravelmente mais complexa do que a de um relógio, logo uma inteligência superior a "desenhou". Na realidade, esta expressão é apenas um eufemismo para evitar que algum cientista. escrupuloso, influenciado pelas correntes que afirmam que ciência e religião não se relacionam, possa atribuir tudo a um ser que ele não ousa chamar de Deus. Isto tem a vantagem de tornar mais suaJULHO 2005 -
·,
ve para estes a passagem de uma posição atéia para outra aber a à existência de Deus. Analisemos em primeiro lugar o erro deste materialismo prático na consideração do Universo.
A gl'andeza e a beleza do Universo Para avaliarmos bem a complexidade do Universo e termos uma idéia da ordem e da beleza daquilo que nos cerca, lembremos um pouco os conheci mentos que a Astronomia· nos proporciona sobre ele. Utilizaremos o texto do jesuíta espanhol Padre Jorge Loring3 no livro Deus, capítulo Origem do Cosmos. O autor percorreu os maiores observatórios astronômicos do mundo e falou com os mais renomados cientistas. 4 Citaremos somente os dados científicos aí contidos, sem entrar na parte teológica. Apenas sendo mencionados, alguns desses dados já bastam para provocar ve1tigens: "A Lua está a 384.000 km da Terra; o Sol, a 150.000.000 km; Plutão, a 6.000.000.000 de km. 5 Fora do sistema solar, Sírio está a oito anos luz; Arturo, a trinta e seis anos luz. A luz, a uma velocidade de 300.000 km por segundo, percorre em um ano uma distância igual a 236 milhões de voltas em torno da Terra, cerca de 9,5 trilhões de quilômetros. 6 Para nos darmos conta da magnitude desses números, lembremos que um trilhão de segundos são quase trinta e dois mil anos. A velocidade da luz, segundo as leis da Física, não pode ser superada. 7 Ela é um limite máximo, como demonstrou matematicamente Einstein. 8 A nebulosa de Andrômeda, que é a mais próxima de nossa galáxia (Via láctea), está a 2 milhões de anos-luz; 9 Coma de Virgo, a 200 milhões de anos-luz; e o Cúmulo da Hidra a dois bilhões de anos-luz. 10 Este é o limite de percepção dos telescópios óticos. 11 Mas os rádiotelescópios aprofundam muito mais a observação. O astro mais longínquo detectado é o Quásar PKS 2.000-330,
que está a quinze bilhões de anos-luz. 12 Os quásares são rádio-estrelas que emitem ondas hertzianas. Foram detectados pela primeira vez em 1960. [. .. ] "No universo há milhões e milhões de astros muitíssimo maiores do que a Terra. A Terra é uma bola de 40.000 km de perímetro (meridiano). O Sol é (em volume) um milhão e trezentas mil vezes maior do que a Terra. Na estrela Antares, da constelação do Escorpião, o Sol cabe 115 milhões de vezes. 13 Alfa de Hércules, que está a 1.200 anos-luz e é a maior de todas as estrelas conhecidas, é oito trilhões de vezes maior que o Sol. Para se ter uma melhor idéia desses volumes descomunais, diremos que a órbita da Lua em torno da Terra cabe dentro do Sol, e que o raio de Antares é igual ao diâmetro da
órbita da Terra em torno do Sol, isto é, 300 milhões de quilômetros; e o diâmetro da órbita de Plutão, que é 12 bilhões de km, é a décima parte do raio de Alfa de Hércules. Tudo isto me foi calculado por um astrônomo. A maior rádio-estrela conhecida é a DA-240, que tem o fabuloso diâmetro de seis milhões de anos luz. O diâmetro desta rádio-estrela é sessenta vezes maior que o diâmetro de nossa galáxia, a Via láctea, que é de 100.000 anos-luz". Comentando as dimensões do Universo, certa vez o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira afirmou: Deus fez os astros suficientemente grandes para mostrar seu poder, mas os colocou suficientemente distantes para que fossem proporcionais ao homem, e assim mostrnu sua sabedoria.
Um imenso sistema limcionai1do com precisão espantosa Estes dados publicados pelo Padre Loring nos dão uma "pequena" idéia da imensidão do Un iverso. Mas dentro desta imensidão reina uma tal ordem e precisão de movimentos e fenômenos, que muitos cientistas já compara ram a precisão dos movimentos dos astros com os mais perfeitos mecanismos criados pelo homem, e isto ainda é dizer muito pouco. Aliás, a precisão de nossos relógios é calcul ada pelo movimento dos astros. Podem ser calculados com perfeita exatidão, por exemplo, quando se deram ou se darão (dia, hora, minuto e segundo), e também de onde podem ser observados, os ecl ipses do Sol ao longo de toda a história da humanidade. Albert Einstein, em seu livro The World
as I see it, escreveu: "As leis do Universo revelam uma inteligência de uma tal superioridade, que comparado com ela todo pensar humano é insignificante".
A ordem <lo Universo e o "planeta pl'ivilegiado" A Fundação americana lllustra Media1 '1 publicou um DVD, The Privileged
Planet (O Planeta Privilegiado), o nde reúne estudos de grandes astrô nomos q ue, através de suas pesquisas, chegaram à concl usão de que houve uma inteligência e poder superior que planejou e criou a ordem do U niverso. Este DVD pode ser comprado nos EUA através da página-web da organização. Em The Privileged Plane! esses cientistas analisam a enorme quantidade de
condições necessárias para a vida com o grau de complexidade que há na Terra, e concluem que elas só ex istem na Terra e em nenhum outro lugar do Universo que conhecemos. É por isso que a Terra foi chamada de "planeta privilegiado". Alguns exemplos dessas condições: • A órb.ita da Terra em torno do Sol. Bastaria um pequeno deslocamento desta órbita para mais ou para menos, e já as temperaturas seriam demasiadamente baixas ou demasiadamente altas para que houvesse vida; • A Lua, como satélite da Terra, tem exatamente a órb.ita e as dimensões necessárias para manter o e ixo da Terra na inclinação ideal para as estações do ano se produzirem, com todos os seus efeitos be-
::, ~
1 ~ :;
.si
Pe . Jorge Loring
CATOLICISMO
J JULHO 2005 -
, néficos para o desenvolvimento das plantas e dos animais; • O campo magnético terrestre gerado pelo ferro do centro da Terra repele as iJradiações do Sol que seriam nocivas à vida, além de regular mil outros aspectos da vida sobre a Terra; • Os movimentos das placas tectônicas (por exemplo, as que causaram o terrível tsunami de 26 de dezembro úl timo) são na realidade fenômenos geológicos necessários para o rejuvenescimento da superfície da Terra; • O fato de a Te1Ta ser uma imensa bola de matéria incandescente em seu interior, coberta por uma fina camada de material resfri ado, mantém de maneira conveniente as temperaturas dos oceanos e da crosta habitável; • A composição de nossa atmosfera é exatamente a necessária para perrnifü a existência da fauna e flora terrestre; • Sem água não é possível haver vida animal ou vegetal. Nela são dissolvidos e transP.ortados os elementos químicos que alimentam ou purifica m os o rga1úsmos.
E assim poderiam ser enumeradas centenas de outras condições necessárias para a existência da vida sobre a Terra.
A 1'el'l'a, platéia ideal para a observação do U11iver so O "desenhador" do Universo colocou na Terra todas essas condições para a existência do homem e de tudo que o cerca. Mas além disso Ele quis colocar a Ten-a na posição ideal , dentro da Via Láctea, para que desse ponto o homem pudesse observar o Universo. Se a Terra estivesse mais no centro da galáx ia, os demais astros impediriam a vi são do resto do Universo. Fomos, pmtanto, colocados no local ideal da platéia para contempl armos o magnífico espetáculo oferecido pelo movimento dos astros. A Lua tem a dimensão e a trajetória exatas para que, nos eclipses totais do Sol, os dois discos celestes se superponham com pe1feita exatidão. Por causa desta feliz "coincidência", foi possível aos cien. tistas- analisar fenômenos que ocorrem na superfície do Sol e con:firm ar diversas hipóteses feitas anteriormente sobre a luz. Se a Lua fosse um pouco maior, esses fenômeno não seriam visíveis. Se ela fosse um pouco menor, a intensidade da luz enútida pelo Sol no momento da superposição ofuscaria a visão e impediria a análise.
A teoria do "big bang" e a doutrina católica
Tal teoria é apresentada como fruto da ob-
Tem surgido na Internet um número enorme de páginas-web dedicadas às idéias do lntelligent Design Movement 15 e à contrnvérsia evolucioni smo-criacioni smo. Em algumas delas são publicados não somente os aitigos em defesa do IDM ou do criacioni smo em gera l, mas também as opiniões contrárias. Outras dão notícias das batalhas legais que o IDM está conduzindo em diversos Estados dos EUA para fazer com que os órgãos que aí regulamentam o ensino obriguem as escolas a - pelo menos - expor as teorias do ID ao lado das teori as do evolucioni smo e da vi são materialista do Universo. Houve um e1TO entre os criacionistas no passado, especial mente entre protestantes fundain ental istas, de confundir a idade da humanidade com a idade do Universo, e este erro gerou um cetto descrédito da escola criacionista, pois há evidências irrefu táveis de que o Universo e a Terra têm uma idade muitíssimo maior que a da humanidade. A teoria que hoje em dia vai sendo cada vez mais aceita pelos astrônomos sobre as origens do Universo é conhecida em inglês pelo nome de Big Bang ("Grande Explosão", numa tradução livre). 16 Segundo a teoria do Big Bang, toda a matéria, no início, teria estado concentrada; por efeito de uma grande explosão, ocorrida há uns 15 bilhões 17 de anos, começou a se expai1dir a uma velocidade próxima da velocidade da luz; nós nos encon-
servação de muitos fenômenos do Universo e de cálculos físico-matemáticos. Pode-se calcular o tamanho atual do Universo, com base nessa teoria: seu diâmetro é aproximadamente igual ao dobro da distância que a luz dessa ime nsa explosão terá percorrido nesses 15 bilhões de anos. O leitor poderá calculá-lo, tendo em mente que em um segundo a luz percorre 300.000 quilômetros. Mas não se esqueça de que, quando terminar o cálculo, o U1úverso já será alguns milhões de quilômetros maior. .. A comp rovar-se essa teoria, que em princípio não contradi z a doutrina católica, Deus teria criado em um só instante toda a matéria co ncentrada, dando aos anjos a tai·efa de ordená-la utili zando-se das próprias leis da matéria e do poder que E le lhes deu sobre ela. Executando assim um plano pré-estabelecido, Deus foi criando os d iversos animais e plantas até que, um d ia, Ele criaria sobre a face da Terra o homem. O professor Dr. Walter T hirring, Di retor do Instituto de Física de Alta Energia da Academia de Ciências de Viena, por nós entrevistado, afirma em se u Ii vro Kosmisc he Impress ionen Gottes Spuren in der Natu rgesetze (Impressões Có m icas - Os Vestígios de Deus nas Lei s da Natureza) q ue Pio XII foi favorável a esta teoria desde a sua
t:ramos hoje nesse processo de expansão.
Deus teria criado em um só instante toda a matéria concentrada , atribuindo aos an jos a tarefa de ordená - la
fo rmul ação por Alexandre Fri edmann , pelo Padre Georges Lemaí't:re S.J. (teólogo e físico) e por Georges Gamow. Se a teoria do Big Bang for verdadeira, a necess idade de um "desenhador" é ainda muito ma ior. Não admitilo, seria semelhante a afirm ar que, da explosão de um monte de tij olos, argamassa e made ira pudesse surg ir o palácio de Versalhes. E esta co mparação ai nda é pobre. A teoria das probabilidades e do acaso tem seus limites. Damos um exemplo fácil de imaginar. Se j ogarmos muitíssimas vezes um dado sobre uma mesa,
O fato de a Terra ser uma imensa bola de matéria incandescente em seu interior, coberta por uma fina camada de material resfriado, mantém de maneira conveniente as temperaturas dos oceanos e da crosta habitóvel
A composição de nossa atmosfera é exatamente a necessária para permitir a existência da fauna e flora terrestre
~
CATOLICISMO
Sem ógua nao e possível haver vido animal ou vegetal. Nela são dissolvidos e transportados os elementos químicos que alimentam ou purificam os organismos.
todos os números de l a 6 tenderão a aparecer com a mesma freqüência. Poderão aparecer os números sucessivamente na ordem de l a 6 ou de 6 a 1, mas isso j á será muitíssimo difícil. Mas é certo que essas ordens não e repetirão 5 vezes sucessivamente, sem interrupção. Não precisamos faze r a experiência, porque só o bom senso já nos faz sentir que isto será assim. Por mais que um matemático possa calcular a probabilidade de isto acontecer, teoricamente ela existe, mas na prática não fun c iona: o acaso não produ z uma ordem complexa, só um ser inteligente pode produ zi-la.
A necessidade ele um Criado,; segundo a Biologia No campo da Biologia, a necessidade de um "desenhador" é ainda muito maio r, pois nela se conjugam as complexidades da Fís ica e da Quínúca com as da Biologia. Ta mbé m aí os estudos se desenvo lveram enormemente nas últimas décadas . O aprimoramento dos instrumentos de análise e observação permitiu um aprofundamento dos conhecimentos, que pu seram em ev idência a enorme
, co mplex idade, antes nunca suspeitada, na composição das unidades mais elementares de vida. lllustra Media publi cou um o utro D VD, Un locking the Myste ry of Life (Descerra ndo o M istério da Vida), mostrando o trabalho de um grupo de biólogos, entre e les Phili p E. Johnson, Paul A. Nelson, Dean H . Kenyon, Stephen C. Meyer, Jonathan Wells e outros, alguns deles adeptos ini cialmente da teo ri a evolucioni sta, mas insatisfeitos com a falta de fu ndamento científico das hipóteses evolucionistas. A partir de 1993, vindos de importantes universidades dos EUA e da Europa, eles se reunira m e m Paj aro D unes, na Ca lifórn ia, e começaram a pôr em comum seus conhecimentos e aprofundar seus estudos. O res ultado foi uma adesão de todos ao lntelligent Design.
descendentes etc. A partir destes conhecimentos definiu-se um conceito novo, o de complexidade irredutível, isto é: se da complexidade das formas mais primitivas de vida for eliminado um elemento, este ser vivo já não pode existir, pois não é mais capaz de executar suas funções vitais. O DNA de uma célula pode conter até três bilhões de informações genéticas, e todas elas têm de estar corretamente ordenadas para que a célula possa existir e cumprir suas funções. Passar, portanto, do mero estado de substâncias químicas para o de célula viva das mais elementares suporia
A árvore cio <leseJ1volvime11to das espécies está mm•c/,a11do Darw in consumiu sua vida construindo a árvore do desenvolvimento das di versas espécies animais. Na base estão as formas mais elementares de vida. À medida que o tronco vai se desmembrando em galhos, estes vão representando as formas mais complexas de vida até chegar aos animais que hoje conhecemos, e finalmente ao homem. Mas ele não abordou suficientemente o problema do aparecimento dessas formas primitivas de vida. Os cientistas reunidos em Pajaro Dunes dedicaram seus estudos especialmente às formas mais primitivas de vida, pois aí estava o maior problema do evolucionismo.
A complexidade frredutível e os códigos gelléticos Darwin chegou a afirmar em sua obra A origem das Espécies: "Se puder ser demonstrado que um organismo complexo possa ter existido, que não tenha sido formado por numerosas e sucessivas pequenas transformações, minha teoria seria destruída por completo". Ora, analisando a forma mais elementar de vida, que é a célula, chegou-se à conclusão de que ela não tem a simplicidade que se imaginava até poucas décadas atrás, mas é formada por um sistema extremamente complexo de órgãos e funções, é dotada de um código genético, transmite este código para seus
1111111111
CATOLIC I SMO
A Fundação americana /Ilustra Media demonstra neste DVD: a célula não tem a simplicidade que se imaginava, mas é formada por um sistema extremamente complexo de órgãos e funções. Mais um argumento anti-evolucionista.
um passo tão gigantesco, que está fora das possibilidades do acaso ou da lei das probabilidades. Seria como querer que milhões de letras formassem por acaso as Sagradas Escrituras. Mas a descoberta da existência dos códigos genéticos nos seres vivos cria mais um grave problema pma os evolucionistas: são os códigos genéticos que determinam o desenvolvimento dos órgãos e das funções. Para que um órgão se desenvolva, é preciso que o respectivo código genético preexista. Ora, pela teoria de Darwin, seria a necessidade que criaria o ór-
gão ou a função, o que coloca o efeito ex istindo antes da causa.
Hipóteses, hipóteses, hipóteses ... Para cada objeção nova, os evolucionistas são obrigados a form ular hi póteses também novas, que precisam de pesquisas para serem demo nstradas. Provas irrefutáveis dessas teorias nunca foram fornecidas. Para os evolucionistas, enquanto não se provar o contrário, a hi pótese deles passa a valer como tese. Desde Darwin, foi isto o que sempre fizeram. Enquanto no campo da micro-biologia a ciência engatinhava, era possível criar hipóteses que, com a ajuda de um bom sistema de propaganda, fossem lidas como teses. Utilizando teorias mais pertencentes ao campo da filosofia do que das ciências naturais, os defensores do ateísmo alimentaram amplamente essa máquina de propaganda. Para eles era necessário, de qualquer maneira, provar que não precisamos de Deus para explicar o aparecimento do Universo e da vida. Mas a própria ciência vai aprofundando conhecimentos que tornam cada vez mais difícil acreditar em hipóteses não devidamente comprovadas. A divulgação dos conhecimentos científicos nas escolas, nas universidades, na Internet vai fazendo com que o público em geral vá atingindo uma espécie de maturidade neste campo e acredite cada vez menos em "contos da carochinha". Daí a enorme proliferação de páginas de Internet que criticam o evolucionismo.
O que prepara a Pmvidêlwia Divh,a para o futuro? A São Tomé, que não quis crer na Ressurreição, Nosso Senhor disse: "Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé". Respondeu-lhe Tomé: "Meu Senhor e meu Deus!". Disse-lhe Jesus: "Creste porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!" (Jo 21, 27-29). De forma análoga, parece isto acontecer com o homem moderno. Afastando-se de Deus, ele perdeu a fé e quis negar a existência do Criador. Então, por misericórdia, Deus de tal modo se manifesta, que torna quase impossível negar sua existência. Durante aproximadamente 6.000 anos, a qua-
se totalidade das maravilhas do Universo e da vida ficou desconhecida para a humanidade. O homem quase só conhecia aquilo que sua vista alcançava. Na passagem do milênio, pelo progresso da ciência, Deus como que se revela e Lhe diz novamente: "Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem defé". O mundo está diante do fato, mas falta-lhe dizer: "Meu Senhor e meu Deus!". Quantos terão esta atitude? Acreditamos nas profecias de Fátima, e por isso parecenos que tudo nos leva para um triunfo da Fé, embora provavelmente ainda tenhamos que passar por tremendos castigos, conseqüência do mal que a humanidade praticou nesses cinco séculos de Revolução.
Esclarecimentos finais - Aliança entre Fé e ciência De agressores do criacioni smo, os evolucio ni stas estão sendo obri gados a passar a uma atitude defensiva em relação às suas teorias, pois cada avanço da ciência leva nta novas objeções contra o darwinismo que exigem resposta. Pesqui sas fe itas por evolucioni stas de boa fé, para encontrar estas respostas, acabam levantando para eles pro bl emas praticamente impossíveis de responder, chegando até a motivar o abando no dessa teoria por vários deles. O materiali smo e o evolucionismo estão sendo colocados em situação cada vez mais difíc il.
Qu e este arti go, se m prete nder ser uma refutação cabal desses erros, tenha pe lo menos o mérito de convidar para uma di sc ussão aprofund ada e ho nes ta sobre a matéria os brasile iros interessados. A verdadeira Fé não te me o avanço da ciência. Pelo contrário, Fé e ciência são ali adas. Tanto a esfera ·natu ral (objeto da ciência) quanto a sobrenatural (objeto da Fé) fora m criad as pelo mesmo Deus e não podem contradizer-se. O le itor que j á freqüentou aulas de B iologia, C iências Naturais ou História pode ter presenciado o professor, co m muita seriedade, expo r a teoria da evolução das espéc ies como sendo a única explicação razoável para a existência dos a nim a is e do ho me m sobre a Te rra . Aquela série de fig uras de macacos, que aos poucos vão se erguendo sobre as patas traseiras e adquirindo fis ionomi a parecida com a do homem, era dada como certa e provada. Se o leitor ainda tem relação co m esses professores, envie-lhes este arti go, como prova de sua a mizade, para q ue eles não se exponham ao rid ículo de continu ar ensinando coisas que a ciência vai refutando. •
-
E-ma il do a uto r: csc ha ffer@cato licismo .com.br
Notas : 1. O atua I estágio desse debate no Estado ele Kansas pode ser encontrado nas seguintes páginas de Internet:
h tt p: / /www. in le i I i ge ntcl es i gn ne two rk .o rg/ sei stanclarcls.htm e h t tp : / / w w w . ka n sassc ie n ce2005 .co m / Summary%20of%20Key%20Proposa ls.pclf As di sc ussões no Fórum organi zado pe lo Departamento ele Educação ele Kansas (5 a IO ele m a io úl ti m o), so bre o e n s in o ci o evo luc ionismo nas esco las daque le estado ameri ca no, provoca ram reações no mundo inte iro. Catolicis1110 aborda neste arti go aspectos deste tema. As pág inas ele ln ternel mencionadas nas no- tas nem sempre ex pressam o pensa me nto cio auto r des te a rti go, mas mostra m a intensid ade elas di scussões e m to rn o do ass unto. O núm ero delas em todas as línguas é enorme. 2. h.Up://ourworlcl .co mpu serve.co m/ homepages/ ross uk/ Paley. htm 3. O Pe. Jorge Lorin g S.J . nasceu em Ba rce lo na e passo u a ju ventude e m Maclri , sendo ordenado sacerdote aos 33 anos. Seu li vro Para Salvarte teve ta l ace itação, q ue ve ndeu mais ele um milh ão ele exemplares na Espanha, tendo s ido pu blicado também no Méx ico, Peru e C hile. Fora m fe itas tradu ções pa ra o português, ing lês, árabe e hebra ico, e ta mbé m p ara o G uje rati na Índia. Está e m andamento a trad ução para o ru sso e o japonês. També m é autor cios li vros Cuarenta Conferenc ias e La Sá/Jana
Santa. 4. Seus escritos podem ser encontrados na sua pág in a-web : h.11. : / e r so n a l5. icl cleo.es/ jorge lor in g/ conte nido. html 5. BERNARD LOW ELL (D iretor do Observatóri o el e Radi oastro no mi a) e Joeire i! Ba nk: Conocimiento actua/ dei universo, 11 Ecl. Labor, Barcelona, 1975 6. MANUEL CARRElRA, S ..J .: E/ creyen te ante la Ciencia, 11 , 3, C uaclern os BAC, nº 57, Mad ri , 1982 7. Rev ista lnvestigaci6n y Ciencia, nº 45 (Vl-80), p. 78 8. STEPHEN W. HA WK ING : Historia dei tie111po, 11. Ecl. Crítica, Ba rce lona, 1988 9 . STEPH EN WE INBERG : los tres pri111eros 111i1111.tos del Universo , li. Ali anza Ed ito ria l, Madrid . 10 . FRED HOYLE: EI Universo inteligente , Ed. Grij albo , 1984, p. 169 11. PASCUAL JORDAN: Creaci6n y Misterio, l , 2. EUNSA, Pamp lo na, 1978 12. Rev ista !11 11estigaci611 y Ciencia, nº 80 (V-83). 13. [GNACIO PUIG, S.J.: Astronomía popular, V. 6 14. http ://www.i llustramecl ia .co m 15. http://www .genesis net.info ; http://www .worl-uncl-w isse n.de; b..t.tp_J_Lne rso n a 15. iddeo. es/ j orge Io ri n g/ contenido. htm l· www.lllustramecl ia.conr hllp://www.di scove ry.org/; h ttp://www .intel I i gentclesi gnnetwork.o r g; h l tp :/ /ww w. acti o n b io sc ie n ce. o r g/es p/ evo lution/nhmag.htm l hllp://en.wikipecl ia.org/ wik i/lnte lli ge nt design 16. Ver hllp://www.freehomepages.com/pgostrov/ l .html 17. http://www. lu ca lm.hpg.ig.eom.br/mat esp/ big ban g/big bang.htm
JULHO 2005
B1111
O maravilhoso plano de construção do Universo A fascinação que a ordem do Universo exerce sobre cientistas,
muitas vezes não está ao alcance dos não cientistas. O Prof. Walter Thirring tem o objetivo de proporcioná-la ao grande público.
O
Prof. Walter Thirring nasceu em Viena em 1927, filho de Hans Thirring, físico de renome internacional. Depois de ter cursado Física na Universidade de sua cidade natal (1949- 1958), prosseguiu suas atividades em diversas instituições da Europa e dos EUA, como o Instituto Max-Planck de Gõttingen, Universidade Técnica de Zurique, Universidade de Berna, Instituto de Es tudos Avançados de Princeton, MIT, Cambridge. Foi professor de Física teórica na Universidade de Viena e diretor do departamento de mesmo nome na Organização Européia para Pesquisa Nuclear, em Genebra. Publicou em 2004 o livro Kosmische lmpressionen - Gottes Spuren in den Naturgesetzen (Impressões Cósmicas - Vestígios de Deus nas Leis da Natureza), Editora Molden, ISBN 3-85485-110-3, prefaciado pelo então arcebispo de Viena, Cardeal Franz Kõnig, já falecido. O Prof. Thirring recebeu nosso correspondente em Viena, Carlos Eduardo Schaffer, para uma entrevista exclusiva para Catolicismo.
*
*
*
Catolicismo - O que o levou a escrever o livro Kosmische lmpressionen, que no próprio título já contém uma afirmação da existência de Deus criador, fato tão incomum entre cientistas?
Prof Walter Thirring -
~
CATOLICISMO
O maravilhoso pl ano
Prol: Waltc1· Thi11111g: "Rellexões sobre a criação co11duzem ao Criador. Muitas vezes deparamo-11os com a allrmação de que a ciê11cia co11duz ao areísmo. Esta opÍIIÍão, Julgo-a até absurda"
de construção do Universo sem pre me causou grande veneração e respeito. Entretanto, nem todos compreendem inteiramente a linguagem da ciência, e eu pretendi apresentar nesse livro, de maneira acessível ao leitor, a maravi lha de tal panorama. Em última análi se, entretanto, reflexões sobre a cri ação conduzem ao Cri ador. Ouvir isto pode surpreender a muitos, pois freqüentemente nos deparamos com a afirmação de que a ciência conduz ao ate ísmo. Esta op ini ão, eu não a posso comparti lh ar, jul gando-a até absurd a. Qu ando somos dominados pela ad mi ração ·por um maravi lhoso edifício - uma catedral , por exemplo - e compreendemos suas majestosas proporções, quem poderia então dizer: "Agora não precisamos mais do arquiteto, pois talvez ele nem tenha existido, isto pode ter sido apenas um produto do acaso!"? Tive a felicidade de conhecer não somente em encontros, mas também mediante discussões, o pensamento dos grandes construtores da ciência do Universo de nosso tempo, como Albert Einstein, Werner Heisenberg, Erwi n Schrõdinger, Wolfgang Pauli e muitos outros. Quero transmitir esse conhecimento ao grande público, não para aumentar a glória desses pensadores, mas para apresentá-los como eles ainda vivem em minha memória, com toda a sua força de fascinação, com todas as suas particularidade . Catolicismo - Como o Sr. conheceu Einstein, e que impressão ele lhe causou?
Prof Walter Thirring -
A propósito de um tra-
A terceira é o comportamento de certas partícul as atômicas e de certos átomos, cuja estrutura se degenera ou se transforma. São fe nômenos que, pod endo ser medidos, permitem-nos calcul ar quando começou essa transformação. Como as três colunas da teoria do Urknall são totalmente independentes entre si, elas formam um fundam ento que gera grande confiabilidade.
balho que fiz, e que exponho um tanto no capítulo II de meu livro, recebi convite para trabalhar por um ano no Instituto de Estudos Avançados de Princeton (EUA), onde trabalhava Einstein. Tive o privilégio de conhecê-lo e discutir com ele algumas questões de Física. Certa vez ele co ntou-me que, quando morava na Suíça, gostava de passear na parte velha da cidade de Berna, e ia até uma cova de ursos para ver o guarda alimentá-los. Observou então que os animais andavam com o foc inho colado ao solo e só encontravam o alimento que lhes caía di ante do nariz. Às vezes, entretanto, um deles se levantava sobre as patas traseiras para, do alto, procurar os pedaços mais apetitosos. A observação desse fato levava Einstein a pensar nos físicos que, geralmente debruçados sobre seus blocos de cálculos, só vêem aquilo que lhes está diretamente diante do nari z. As grandes descobertas só se dão qu ando se olha para os grandes panoramas, dizia ele. Einstein fo i, sem dúvida, o maior físico do século XX. Em toda a história da hum anidade, somente Isaac Newton talvez lhe possa disputar o lugar. Catolicismo - Em que se baseia a teoria do Big Bang, a grande explosão que teria ocorrido no início do Universo?
Prof Walter Thirring - A teoria do Big Bang ( Urknall , em alemão) é sustentada por três colunas: A primeira delas é a variação dos raios luminosos emitidos pelos astros. Isto foi descoberto através de um fenôme no observado por um físico de Salzburg, Clu·istian Doppler, há mais de 150 anos. Se ouvimos o apito de uma locomotiva que se aproxima de nós, o som nos parece mais agudo do que quando ela se afasta. Com a luz acontece algo semelhante. Se um objeto que emite luz se aprox ima de nós, sua luz é mais azulada. Se ele se afasta de nós, a luz torna-se avermelhada. Através da intensidade desta variação, pode-se determinar a velocidade do objeto em relação a quem o observa. O aperfeiçoa mento dos aparelhos de medição da luz permite-nos hoje determinar essas velocidades com muita precisão. Com isto constatou-se que os corpos ceie tes movi mentam-se como os fragme ntos de uma explosão, que se afastam uns dos outros em direções determinadas pela explosão. A segunda é que o fulgor dessa explosão inicial vai grad ualmente se enfraquecendo, com a expansão do Universo, mas ainda hoje pode ser medido por aparelhos muito sensíve is, apenas no campo das micro-ondas.
Catolicismo - O Sr. considera que o Universo é finito?
Prof Walter Thirring - Do ponto de vista do tempo, ele é fini to. O início foi essa grande explosão. Existem vários indícios de que o Universo ex iste há 10, 12 ou talvez 15 bilhões de anos, segundo cálculos mais recentes. Se conhecemos aproximadamente a id ade do Universo, podemos calcular também aproximadamente suas dimensões. Ele começou como uma bola de fogo, que explodiu e se expande a uma velocidade próxima da velocidade da luz. Seu raio é, portanto, cerca de 10, 12 ou 15 bi lhões de anos lu z. Em 2004 o Prof. Thirring publicou o livro
Impressões Cósmicas Vestígios de Deus nos Leis da Natureza, prefaciado pelo então Arcebispo de Viena , Cordeai Franz Kõnig, já fa lecido.
"Se co11J1ecemos aproximaclame11re a idade do Umverso, podemos calcular aproximadame11re suas dil11e11sões. Sell raio é ce1'Ca de 1O, 12 Oll 15 bilhões de a11os luz"
Catolicismo - O que aconteceria a uma pessoa que pudesse viajar a uma velocidade altíssima? Encontraria ela o fim do Universo?
Prof: Walter Thirring ponto de partida.
Não. Ela voltaria ao
Catolicismo - Além da edição em alemão de seu livro, está prevista alguma edição em outra língua?
Prof: Walter Thirring - Sim, já fora m fe itas tratativas para uma ed ição em inglês, e julgo que seria interessante uma ed ição em espanhol, o que tornaria a obra acessível também às pessoas de língua portuguesa. Depende do interesse que ela despertar no público. Catolicismo - Agradeço, em nome da revista Catolicismo, a entrevista que nos concedeu, e tenho certeza de que sua publicação causará interesse em relação à sua obra. O Sr. conhece o Brasil, país onde esta entrevista será publicada?
Prof. Walter Thirring - Estive duas vezes no Brasil a convite do Prof. Guido Beck, um dos mais conhecidos especialistas em Física teórica na América do Sul. A primeira foi em 1965, e a segunda nos anos 70. O Brasil tem em São Paulo um bom desenvolvimento no campo da Física teórica; e de Matemática, no Rio de Janeirn. Mantemos constante contato com cientistas brasileiros. • JULHO2005 -
Aos c inco a nos de idade Isabel perde u seu virtuoso avô e voltou para o lar paterno, onde cresceu e m graça e santidade. Aos oito anos j á rec itava di ariame nte o ofício divino .
A Santa Rainl1a dá um grande impulso a Portugal
•
Santa Isabel de Portugal Modelo de rainha, esposa e mãe N a santa soberana de Portugal conjugam-se o fulgor da coroa real com a virtude de exímia caridade e um dom especial de pacificadora, que marcaram toda sua vida PUNIQ M ARIA SOUMEO
J
Jaime I de Aragão, avô de Santa Isabel
-
CATOLICISMO
aime 1 de Aragão, a História o registra com os epítetos de Conquistador, por suas glórias mili tares, e de San/o, por s ua admirável piedade. Havia rompido relações com seu filho e he rde iro Pedro (a quem foi atribuído o cognome de Grande) devido a seu casame nto em o consentimento paterno com a Princesa Constança, filha do Rei da Sicíl ia. Essa situação anômala terminaria do modo m a is inesperado: Jaime I considerou o prim e iro fruto dessa união, Isabe l, um sinal de predi leção de sua tia-avó, Santa Isabel da Hu n-
gria. O g rande guerreiro foi tão conqui tado pe la recé m-nascida, que perdoou o filho e desejou exercer a guarda da menina a fim de g uiá-la em seus primeiros anos. Assim começou, desde o berço, a ação da futura santa, nascida provavelmente e m 1271, no palácio real da A ljaíeria, cm Zaragoza. Pode-se dizer que nela a piedade nasceu com o despertar para a vida ; quando chorava como qualquer outro bebê, bastava alguém mostrar-lhe um C rucifixo ou uma imagem da Virgem para que silenciasse. Daquele pequeno ser e manava tanta unção e suavidade, que as damas do palácio consideravam uma graça o poder contemplá-la.
Isabe l pensava em consagrar a Deus sua virgindade, mas por iluminação divina e recomendação do confessor compreendeu que, como princesa, deveri a aceitar um esposo e fazer brilhar no trono as virtudes e vangélicas. Por isso, aos 12 anos contraiu matrimônio com Dom Dinis, re i de Portugal. Na corte portug uesa e la conti nuo u a ser um mode lo de virtude, como fora na de Aragão. Seu bom exemplo le vou muitas damas da nobreza a viver tão cristãme nte co mo a rainha. A fama desse bom exemp lo chegou rapid a me nte a todos os rincões de Portuga l, excita ndo e m toda parte uma santa e mulação. Quando Isabe l c hegou, Portugal já havia varrido de seu território o jugo maometano e ampliado suas fro nteiras até os limi tes atua is, e ntra ndo numa nova era de paz e prosperidade. Dom D inis reconstruiu cidades devastadas pe la guerra, fundou hospita is e escolas, entre elas a célebre Universidade de Coimbra. Restaurou e construiu igrejas, orfanatos para os filhos dos mortos na guerra, e sobretudo dedicou-se à agricultura com tal afinco, que recebeu da posteridade os títulos de Rei Lavrador e Pai da Pátria. Evidente mente, Santa Isabe l exerceu grande papel em tudo isso, o que lhe valeu na época o epíteto de Rainha dos Agricultores.
DOI' e paciência ante infldeli<lades conjugais [sabe i foi um exemplo de respeito, amor e obed iência ao marido. Este, embora dotado de muitas qualidades que o tornavam amigo da justiça e da verdade, deixou-se levar, quando jovem, por maus exemplos, mantendo mui tas ligações ilíc itas das quais nasceram vários filhos
bastardos. Pesando-lhe mais a ofensa fe ita a Deus que a si própria e o escândalo público que representava tal procedimento, a rainha sofria e praticava a virtude da paciência para com as misérias morais do marido, rezando e sacrificando-se por e le, e procurando atraí-lo para uma vida virtuosa. A bem ela verdade, é necessário dizer que D. Dinis soube compreender a grandeza de alma da esposa, concedendo-lhe inteira liberdade tanto para suas devoções quanto para a prática
privou-a de todas as rendas e desterrou-
ª para a cidade ele Alenquer. Afonso solicitou o auxílio de Aragão e de Castela contra o pai . A g ue rra civil era inev itável. Tendo conhec ime nto do perigo desse conflito, Isabel a bandonou Alenquer contra a ordem do marido e dirig iu-se a Coimbra, onde estava o re i. Lançando-se a seus pés , suplicou que perdoasse o filho. Dom Dinis recebe u-a com bondade e autorizou-a a tentar estabelecer a paz com o filho . A rainha fo i a Pombal , onde o Príncipe se e ncontrava à frente de suas tropas , e assegurando-lhe o perdão do re i, conseguiu restabelecer a paz.
Impl'essio11ante exemplo da justiça de Deus
Santa Isabel contrai casamento aos 12 anos com Dom Dinis, Rei de Portuga l
da caridade. Tal pac iência levou-o fin almente a reconhecer seus erros, emendarse de sua depravação e fazer pen itê nc ia por seus pecados. Quem não sofria com a mesma res ig nação os pecados do rei era o lnfante Afo nso, seu filh o, que desejava nobremente fazer cessar o ultraje fe ito à sua mãe. Certo dia, declarou-se em aberta revo lta contra o pai . Este resolveu apris ionar de surpresa o fil ho e encerrálo numa torre até o fim .de seus dias. A rainha descobriu o plano do marido e mandou a lettar o filho do perigo que corria. Alguns cortesãos mal-intencionados acusaram-na perante o rei de ser partidária cio filho rebelde e auxi liá- lo até com armas. Demasiado crédulo, o monarca ex pulsou Isabe l do pa lácio,
A rainha tinh a um paj e m muito virtuoso e prudente, digno de toda confiança, a que m inc umbia ele conceder aos pobres gra nde parte de suas esmol as. Outro paj e m , invejando-o, foi dize r ao monarca que a confi ança da ra inha por aquele paje m era fruto ele uma inclinação pecam inosa. O re i, que naquele te mpo estava entregue a uma vida irregular, ac reditou na ca lúni a, e planejou matar secretamente o referido paj e m. Certo dia, passando pelo local o nde havia uma usina de cal, c hamou os operários e o rdenou-lhes que, quando a lg ué m viesse, de sua parte, pe rg untar se e les hav ia m feito o que o rei ordenara, que. o pegasse m e o lançassem ao grande forno para aí perecer. No dia seguinte, D. Dinis mandou o pajem da ra inha ir à us ina perguntar se o q ue e le hav ia ordenado havia sido fe ito. E ntre tanto, a Prov idê nc ia ve lava pelo virtuoso j ovem. Passando no caminho por uma igreja, o pajem entrou para rezar. E vendo que ia começar uma Mis sa, pe rm a nece u a lg um tempo para ass isti-la. Termi nada a primeira mi ssa, começou uma segunda, depoi s uma terceira, e o piedoso pajem ficou ta mbé m na ig reja para rezar no transcorrer delas .
JULHO 2005 -
de pobres, havia uma mulher com uma úlcera que exalava insuportável mau odor. Lavou e tratou da ferida, e para vencer sua repugnância, osculou-a. Ao contato com os lábios da rainha, a ferida desapareceu. Numa no ite, du ra nte o sono, Isabel teve uma inspi ração do Di vino Espírito Santo para edificar uma igreja em seu louvor. Mandou alguns arquitetos ao local que lhe pareci a mai s conveniente, para estudarem a edificação. Eles voltaram di zendo que os fund amentos já havi am sido lançados, e que se podia, portanto, dar início à construção. Todos se espantaram com esse fato surpreendente, pois até a véspera não havia vestígio desses fund amentos. O rei, tendo e m vi sta constar para a posteridade tal prodígio, mandou que se lavrasse uma ata do sucedido. Tendo a rainha ido ao local para ver o mil agre, e ntrou e m êxtase à vista de muitas teste munhas. É dos mais conhecidos o mil agre das rosas. Quando levava no avental dinheiro para socorrer os pobres, encontrou-se com o nutrido, que perguntou-lhe o que guardava ali. Isabel respondeu-lhe que eram rosas. Ora, estava-se no inverno europeu, qu ando toda a natureza parece morta, e portanto não vicejam flo res. O rei quis e ntão ver o que ela realmente levava no avental. A rainha abriu -o, e surgiram belas e odoríferas rosas.
Enquanto isso o rei, levado pela impaciência, chamou outro pajem - providencialmente, o mesmo caluni ador - e enviou-o à usina, a fim de se inteirar se sua ordem has vi a sido cumprida. Imedi atamente os operários apoderaram-se do infeliz e lançaram-no ao forno. O primeiro pajem chegou depois àquele local e perguntou se o que o rei ordenara fora executado, recebendo a resposta afirmativa. De volta ao palácio, foi dar conta de sua missão ao soberano, que fi cou muito surpreso de vê-lo vivo e quis saber o que acontecera. O pajem contou-lhe então que, quando ia a caminho da usina, passou pela igreja para uma rápi da oração. E que seu pai, ao morrer, havia lhe recomendado assistir a todas as missas que visse em andamento. Por isso ele assistira a três missas sucessivas, e só depois fora executar Dedicação heróica por o que o rei ordenara. O monarca reconheceu no fa to ocasião da morte do t'ei Estando o rei enfermo, desejou um julgamento de Deus, testificando a inocência da rainha, a virtude · ir de Lisboa a Santarém, para mudar de clirna. Na viagem, aumentou-lhe de seu pajem e a malícia do calumuito a febre. Isabel apressou-se em ni ador. mandar avisar o filho. Ao chegar com Numerosos milagres o rei em Santarém, não o abandonou oper ados ainda em vida mais dia e noite, dele cuidando com suas próprias mãos. Estudava os A Rai nha Isabel operou vários momentos favoráveis para falar-lhe milagres ainda em vida. Certa vez em de Deus, do rigor do julgamento dique ela por devoção lavava os pés
-
CATOLICISMO
vino, do horror aos pecados, da compunção com que se deve detestá-los e da pureza de consciência com que se deve apresentar diante de Deus. Ao mesmo tempo, distribuía muitas esmolas na intenção do soberano e mandava rezar orações especiais em todo o reino por ele. Após a morte de D. Dinis, a 6 de janeiro de 1325, a rainha depôs as vestes reais, c01t ou o cabelo e vestiu um simples hábito da Ordem Terceira de São Francisco. Depois de procurar por todos os meios o sufrágio da alma do falecido rei, entregou-se de corpo e alma ao cuidado dos pobres e enfermos nos hospitais e demais obras de misericórdia. Sendo ela rainha, fazia-o com paiticular elevação de alma e eficácia. Nesse mesmo ano, fez uma peregrinação a Santiago de Compostela pelo eterno repouso do ma.rido, e lá deixo u sua coroa, jóias, vestes rea is e muitos outros do ns de grande valor. A santa rainha faleceu no di a 4 de julho de 1336, aos 65 anos. Junto a seu túmul o multiplicaram-se os mil agres. E ntretanto Isabel só seri a beatificada em 15 16 e canoni zada e m 1625. Nessa ocasião, quando abriram o túmulo, encontrai·am seu corpo incorrupto, apesar de já terem transcorrido quase trezentos anos de sua morte. • E- mai l cio autor:
-
Obras consul tadas:
Les Petits Bollanclistes, Vies des Saint.1·, Bloud et Bam1J, Paris, 1882, tomo 8°, pp. 33 e ss. Pe. Ribadane ira, Fios Sanctoru.m, in Dr. Eduardo Mari a Villarasa, La Leyenda de Oro, L. Gonzá lez & Corn paii ía, 1897, Barce lona, torno 3º, pp. 47 e ss. Edelvives, E/ Santo de Cada Dia, Ed itorial Luis Vives, S. A ., Saragoça, 1948, tomo IV, pp. 81 e ss. F r. Ju s to Perez ele Urbel , O .S.B. , Afio Cristiano, Ed iciones Fax , Madrid, 1945, tomo □l , pp. 66 e ss. Pe. José Leite, S.J ., Santos de Cada Dia, Editorial A.O. , Braga, 1998, tomo II , pp. 375 e ss.
Terrorismo, Reforma Agrária, reserva -indígena Quem estará certo? - O D r. A]do Pedreschi , conhecido agropecuarista e vice-presidente da Associação Ru ra l de Ribeirão Preto, pergunta: "Quem estará certo? 1) No Brasil: Os atos praticados pelos integrantes do MST e Cia., como invasões de propriedades rurais, prédios públicos etc, são ace itos pelas autorid ades como normais, além de terem todo o apoio e serem elogiados pelo preside nte L ul a como o melhor movi mento social que ex iste em nosso País; 2) Nos Estados Unidos: O Departame nto de Justiça e de Defesa americano define o terroris mo como sendo "o uso ilícito de força ou de violência contra indivíduos ou propriedades para coagir ou intimidar governos ou sociedades afim de alcançar objetivos políticos, religiosos ou ideo lógicos"; as penalid ades são grandes, além de não existir impun idade. Fazemos nossa a pergunta do Dr. A ldo: quem estará certo? Objetivo da Reforma Agrária O presidente-ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, está levando adiante a Reforma Agrária. Num primeiro momento, desapropriou as fazendas que abasteciam o país e as transformou numa espécie de assentamentos. Os assentados se mostraram incapazes de produzir, e a fome se espalhou. Agora o partido do ditador, Zanu-PF, "descobriu" uma solução, conforme declarou Nathan Shamuvarira, portavoz do partido: Ele propõe pura e simplesmente abolir o direito de propriedade da terra, através de uma emenda constitucional; em seguida, o Estado arrendaria as terras por 99 anos aos interessados, inclusive aos
sença de três co nhecidos agro-reformistas: João Pedro Stédil e, chefão do MST, Rolf Hackbart, presidente do INCRA, e Bernardo Mançano, geógrafo da Uni camp. O qu arto debatedor era o preside nte da Soci edade Rural Brasileira, João Sampaio. O debate corri a morno, quando foi aberta a palavra ao público presente para perguntas. Um advogado que atua na Associação dos Fundadores da TFP mostrou então que a Reforma Agrária conduz ao sociali smo, e que as invasões de terra foram condenadas por João Paulo II. Finalizou perguntando se era o socialismo de tipo cubano ou soviético que se desejava implantar no Brasil. Os debatedores de esquerda deram respostas um tanto evasivas, mas a partir daí outras pergun tas colocaram os agro-reformistas na defensiva. O ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, agora quer arrendar as propriedades expropriadas aos antigos donos. Incoerência dos agro-reformistas ...
antigos fazendeiros . Estes passariam assim de proprietários a arrendatários. Com isso Mugabe quer também parar todos os processos abertos contra o governo nos últimos cinco anos, por desapropriações injustas ("BBC News", 30-5-05). Fica claríssimo nesses acontecimentos que o móvel capital de Mugabe é-extinguir o direito de propriedade. E nesse sentido ele se aparenta ao MST, à CPT e a outros do gênero.
O debate tomou v ida - Realizou-se no auditório da "Folha de S. Paulo", em 9 de junho, um debate sobre Reforma Agrária; com a pre-
Ladrões na reserva indígena Por participar em assaltos a veículos em final de maio, armados com revólveres e escopetas, dez índios guajajaras foram presos pela polícia de Grajaú e Barra do Corda, no Maranhão. Quatro foram indiciados. Um dos assaltados, Francisco Valfredo Filho, contou que o ônibus foi obrigado a parar numa barreira montada pelos índios. Cerca de 50 veículos foram parados. O delegado Michel de Sousa Sampaio disse que na obstrução da rodovia houve o emprego de "tática de guerrilha" pelos indígenas. Eles roubam os passageiros e correm para dentro da área da reserva, onde a polícia não pode entrar ("Folha de S. Paulo", 28 e 31-5-05). Este parece ser mais um fruto da política indigenista do governo. • JULHO 200 5 -
Dupla fraude:
.
J.
Nossa estimativa com base matemática
~·-~~,, J
dois milhões(!) de homossexuais N o noticiário da mídia, os participantes da passeata homossexual na Av. Paulista variam de 1,8 a 2,5 milhões. Comprovamos matematicamente que isso é um exagero grosseiro e denunciamos sua dupla fraude. n
G1LBERTO M1RANDA
A
mpla1.n ente alardeada pelos promotores da passeata homossexual na Av. Paulista (29-5-05), e longamente antecipada pelos principais órgãos da mídia, a partic ipação de doi s milhões teria mesmo de ser consignada pelo noticiário. Urna verdadeira imposição de números, corno se houvesse urna ditadura interessada em propagandear um crescimento exponencial do número de homossexuais ou simpatizantes. Ninguém nega que hav ia urna multi dão na Paulista. Mas ... dois milhões?! Em nosso informe anterior (vide Catolicismo, novernbro/2004), demonstramos que em toda a Av. Paulista não cabem mais de 600.000 pessoas de pé, mesmo se estivessem aglomeradas corno em elevador lotado. Esse é o número máximo possível, resultante de cálculos objetivos. O número total, incluindo no cálculo a área da Consolação e outras, é reduzido para 500.000 pelo matemático Tristão Garcia, e para 550.000 pelo Prof. Pablo Augusto Ferrari, da USP. Na passeata de 2004 não havia pessoas aglomeradas como em elevador lotado, além de não ocuparem durante o pico toda a extensão da Pau li sta. As notícias sobre o evento acenavam para 1,5 milhão, mas sustentamos que o número real teria de ser reduzido para muito menos de 600.000. Na passeata deste ano o total era significativamente maior, mas os mesmos cálculos e conclusões são ai nda inteiramente válidos. Portanto, permanece inalterada a afirmação: não havia na A v. Paulista mais de 600.000 pessoas. Mas
-
CATOLICISMO
esses números matematicamente calculados e indiscutíveis são espichados ao gosto dos interessados. Como se arranjaram para comprimir (ou imaginar) lá três ou quatro vezes mais pessoas? Num passe de mágica, sai da cartola uma imensurável "população flutuante", quadruplicando inexplicavelmente com fantasmas o público estatisticamente quantificável. . Mais de três fantasmas para cada pessoa. Isso acrescenta diversidade ao grupo, que merece passar a GLBTF. Eis aí a primeira fraude: é impossível juntar na Paulista mai s de 600.000 pessoas, mas o número propagandeado oscila entre 1,8 e 2,5 milhões. Houve até exaltados que foram muito além, chegando ao inimaginável : 5 milhões. Bem ... papel aceita tudo. E na cabeça de ativistas os números podem ser metabolizados à vontade.
A grande maio,·ia eram espectadores não homossexuais Mas há uma segunda fraude: eram todos homossex uais ? Algum leitor que te nha estado na Paulista como curioso, mero espectador, pode estranhar a pergunta. Mas é isso mes mo que o noticiário procura insinuar: dois milhões de homossexuais na Paulista. As reportagens passam "corno gato sobre brasas" sobre o assunto, para elidir a pergunta. Uma pesquisa predominantemente entre os que desfilavam - e que, portanto, estavam pelo me nos manifestando o seu apoio - mostrou que grande percentual destes não eram homossexuai s. É importante distinguir uns de outros, e o assunto tem de ser encarado de frente. É o que faremos a seguir. Para documentar o que afirmaremos, tivemos o cuidado de fotografar e filmar
Momento de densidade máxima na passeata de homossexua is, com l . l 70 participantes em 550 m2
A exposiçã o fotográfica prolongada apresenta "tremidos" apenas os participantes, pois só estes se deslocavam
toda a passeata do alto de um edifício com localização adequada, entre as ruas Augusta e Haddock Lobo. Era um ponto por onde passariam obrigatoriamente todos os que desfilavam. A partir do início do desfile às 15 :40h até o final, fizemos 235 fotos com uma câmera de 3,J megapixels e 133 com outra de 6, 1 megapixels. O intervalo entre as fotos foi de aproximadamente I minuto, tempo suficiente para abranger inequivocamente todos os participantes do desfile à medida que se punham no ângulo ele visão das câmeras. As fotos demonstram de modo incontestável que havia duas populações distintas: l) os que desfilavam ; 2) os que apenac; assistiam. Os paiticipantes, ou seja, os que desfilavam, usavam apenas a pista ParaísoConsolação. Os mesmos que por ali passavam ocupavain depois a Consolação, e pode ser qualificado ele fraudulento o cálculo que considere, para efeito da estimativa do número de participantes, a soma das áreas dos dois logradouros, pois estai-ia computando grosso modo as mesmas pessoas nos dois lugai·es, o que aproximadamente dobra os valores encontrados. Em vários qua11eirões, nas proximidades do MASP c Cásper Líbero, o público ocupava todo o restante da área local na Paulista, e também um pouco em ruas laterais, embora não ocupasse toda a Paulista até os seus dois extremos.
O número ele espectadores era muito maior que o dos participantes. Quando passou o último trio elétrico com ore pectivo bloco, a mesma multidão ele espectadores ainda permanecia no local, só então começando a se dispersai·. Não pai·a integrai·-se ao desfile, como gostariam de fazer crer os organizadores, mas rumo às conduções que os levariam às suas casas. O desfile foi organizado pai·a trai1sformar-se num verdadeiro show. Vejamos o que acontece em outro evento que sempre atrai multidões - um desfile militar. Nas ai·quibancadas e calçadas se posicionai11 os espectadores, que pouco se deslocam elas suas posições. Na pista, devidamente isolada pelos encai-regados da segurança, passam os veículos, pelotões, bandas de música, fanfai-ras, po1ta-bandeiras, balizas e demais paiticipantes. Compacta e imóvel nas suas posições, a multidão ele espectadores geralmente supera ele longe a de pa1ticipantes. E estes se deslocam, o que exige manterem entre si uma distância conveniente. Exatamente a mesma coisa ocorreu no desfile de homossex uais. Por que não se fez no noticiário essa distinção? Pai·a dai· a impressão de que eram todos homossexuais? Seria o mesmo que incluir como militares, num des fil e de 20.000 destes, os 180.000 espectadores, alegando "duzentos mil na parada militar".
Vamos agora apresentar a nossa estimativa cio número real de participantes. Tendo em vista que todo o desfile se fez na pista Paraíso-Consolação, podemos considerar espectadores os que se posicionavam fora dela, atraídos pelo show ou por qualquer outro motivo. A pista usada para o desfile tem a largura de 12,5 metros, ao longo de 2.500 metros, perfazendo 3 1.250 m2 . Se os participantes estivessem parados e aglomerados como em e levador lotado (5 pessoas por m2), seriam no máx imo l56.250. Mas eles estavam se deslocando, o que ex ige densidade muito menor, e isso pode ser clai·amente comprovado nas fotos. Havia também grande espaço 1-arefeito ou praticamente vazio entre os blocos constituídos em torno dos trios elétricos. Selecionamos uma foto dentre as que tinhai11 máxima densidade de pa1ticipantes (foto nº Ol 11 , feita às l 7: 19 h) e encontramos 1.170. A área abrangida pela foto mede l 2,5x44 m, perfazendo 550 m2 • Po1tanto, a concentração máxima nas fotos que fizemos era 2, 13 pessoas por 111 2. Projetando esse índice máximo para toda a pista ParaísoConsolação (3 1.250 m2), podemos concluir com segurança que nela caberiai11 no máximo 66.560 participantes em movimento. Este número tem de sofrer reduções, pois a densidade máxima não foi atingida em toda a extensão do desfile, como vimos. Fizemos também contagens em fotos com clen-. sidades média e mínima, encont:rai1do números drasticamente menores. O matemático Tristão Garcia estabelece como pai·âtnetro de cálculo o índice máximo de 1,5 pessoa por m2 em toda a área da mailifestação, o que leva em consideração as várias densidades populacionais aí existentes. Isso reduz o que encont:ramos em nosso cálculo pai·a 46.875. Portanto, o número de patticipantes do desfile situa-se entre 46.875 e 66.560. Qualquer extrapo lação desses limites pode ser qualificada de exagero ou fraude. Existem grandes grupos interessados em inflai· o balão homossexual, por isso não temos a ilusão de que os números divulgados venham a ser retificados. Mas fica a nossa denúnci a de que eles são grosseiramente falsos e fraudul entos. • E-ma il do autor: gil bertorn iranda @catolicisrno.corn.br
JULHO 2005 -
-
Lições da Suíça Ü "político profissional" passa seu tempo procurando reeleger-se e também obtendo ou concedendo favores; o "profissional político", um idealista e autêntico representante da sociedade □
Cio
ALEN CASTRO
m amigo brasileiro res idente na ltál.ia envia-me curioso artigo pu blicado naquela cantante nação ' e sugere que seja comentado em nossa revista. A sugestão é boa, e eu a aceito av idamente. Esclareço desde já que o artigo é sobre a Suíça, pequena co nfederação de nações com quatro línguas ofic iais: italiano, francês, alemão e romanche. O artigo anali sa algumas práticas do povo suíço, muito adequadas para outras partes do mundo , sem dúvida também para o nosso Brasil. Vejamos.
r
Políticos profissionais e prnfissionais políticos O Poder Legis lativo suíço, equivalente ao nosso Congresso Naciona l, não ocupa o tempo todo dos parlamentares. Reúne-se apenas dois meses por ano, no outono e na prim avera. Os eleitos são cidadãos comuns que trabalham em seus afazeres: profissionais liberais, agricul tores, operários, ou que outra profissão tenham. Não são políticos profissionais, mas simplesmente executores de um dever cív ico. O curto tempo das reuniões naturalme nte limita o número de leis aprovadas, o que ninguém lamenta. O leitor já imaginou que maravilha seria para o Brasil, caso cessasse a avalanche contínua de leis que deputados e senadores fab ricam sem cessar em Brasíli a para nós cumprirmos? Sem falar das estaduais e municipais! E estava me esquecendo das Medidas Provisórias ... Além do mais, que enorme benefício seria para nossa Pátria a existência de profissionais políticos, conforme sugeriu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "Quando alguém se destaca de modo CATOLICISMO
Curia Confoederatíonís Helvetícae, Parlamento suíço na cidade de Berna
notável em qualquer setor de atividade - na respectiva profissão, por exemplo - adquire com isso uma autêntica representatividade daquele setor. Assim, se um Carlos Chagas ou um Oswaldo Cruz estivesse vivo hoje, ele se destacaria certamente como representante natural da classe médica em todo o País. [. .. ] Porém não só dela. Os habitantes da região onde nasceu, seus companheiros e amigos no campo das relações sociais e do lazer etc., todos os brasileiros inteirados de seus feitos e de seus méritos através dos mass media, se sentiriam - a um título ou a outro - representados por ele. "Análoga coisa se pode dizer de outras profissões, como comerciantes, industriais, agricultores, professores, militares, diplomatas, bem como funcionários públicos das mais diferentes atividades, engenheiros, advogados e técni-
cos de toda ordem; [. .. ] proprietários rurais tanto como bóias~frias ou colonos, proprietários urbanos tanto quanto locatários, empresários industriais ou comerciais como trabalhadores na indústria ou comércio. E há que incluir ainda, nessa lista, grupos ou categorias naturais de outra índo le, como associações de filate lia, de enxadrismo, de esportistas, de atividades recreativas honestas etc. Enfim, as pessoas notáveis de todos os ramos de atividade devem ser particularmente viáveis como candidatos a um mandato eletivo". 2
* * * Na Suíça não é qualquer gaiato que pode aboletar-se numa vaga parlamentar. Existe lá uma norma que obriga sim, obriga ! -os deputados a lei·em dois livros por mês, com o dever adicional de
Curiosa forma de de mocracia direta com 600 anos de tradição : os homens de mais de 20 anos votam anualmente, participando da Assembléia Constitucional na cidade de Appenzell, na Suíço
inserir citações desses livros em seus discursos parlamentares. Imagine-se no Brasil, essa norma ... Não seriam poucos os nobres deputados que prefeririam largar seus privilégios a ter que fazer o sacrifício "des umano" de ler dois livros por mês . Sobrecarga insu -
portável para mentes nem sempre afeitas aos pedregosos caminhos do pensamento! E o pior é ter que entender o que se leu, para depois citar. • E-mai l do autor: cidalencastro @cato licismo .com.br
Notas:
-
J. "Avvenire", Mil ão 4-5-05 . 2. Projeto de Constituição Angustia o País, São
Paulo, 1988.
JULHO2005 -
5
10
Santo Antonio Maria Zaccaria , Confessor
Beato Pacífico, Confessor
+ Itália, 1539. Foi um dos grandes santos que se empenharam na restauração da Igreja na Itáli a antes do Concílio de Trento. Fundou a Congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo, ou Barnabitas.
1 Santo Olivério PlunkeLL, Bispo e Mártir
do Príncipe lgor, Grão-duque de Kiev. Com a morte do ma.rido, assumiu a Regência, recebendo o batismo em Constantinopla. Teve a alegria de ver o catolicismo estabelecido como Religião do Estado por seu neto São Vladimir.
2 São Bernardino Realino, Confessor
Bea tos Rogério Dickenson e Raul Milner, Mártires
+ Lecce (Itália), 1619. Forma-
+ Winchester (Inglaterra) , 159 J. Raul , agricultor analfabeto, abjurando o protestantismo, foi preso no dia de sua Primeira Comun hão. Liberado, passou a auxiliar os católicos perseguidos .•Para isso uniu-se ao Pe. Rogério, ajudando-o em seu ministério oculto entre os católicos. Encarcerado com o mencionado sacerdote, recusou-se a abjurar a verdadeira fé, sendo executado com ele.
(Neste ano) .
Santo Anatólio, Bispo e Confessor + Laodicéia (Síria), Séc. III. Natural de Alexandria, brilhava nas c iências profanas. D irigiu-se para a Ásia Menor (hoje Turquia), onde fo i aclamado Bispo de Laod icéia.
4 Santa Isabel de Portugal, Viúva (Vide p. 42)
Santo Ulrico, Bispo e Confessor + Augsburg (A lemanha), 972. Zelou pela disciplina do clero em sínodos anuais , reafervorou o povo por meio da pregação e vi sitas pastorais, protegeu os pobre s e f und ou moste iros.
São Bento, Abacte. Santa Olga , Viúva
Santa Mmia Goretti, Virgem e Mártir. Isaías, Profeta e Mártir
7
3
11 + Kiev (Ucrânia), 969. Esposa
Séc. VIII a.C. Previu que o Messias nasceria de uma Virgem, e também os sofrimentos de Nosso Senhor na Paixão.
COMEMORAÇÃO DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO
converteu-se aos 50 anos ouvindo pregar São Franci sco, que o recebeu em sua Ordem e enviou-o depois para estabelecê-la em Paris.
6
+ Londres, 1681. Irlandês, foi ordenado sacerdote em Roma. Depois, eleito Bispo e Primaz da Irlanda. Foi martirizado em Londres. Primeira Sexta-feira do mês.
do em Direito C ivil e Canônico, advogado fiscal de Alessa ndria, no P iemo nte, tudo abando nou para servir a Deus na Companhia de Jesus. Primeiro Sábado do mês.
+ Bélgica, 123 0. Trovador,
8 São Quiliano, Bispo e Mártir + Wurtzburg (Alemanha), 689. Irlandês de origem, partiu para evangelizar a Baviera. Quando seu apostolado ia ser coroado de sucesso com a conversão do Duque de Wurtzburg, a cunhada deste mandou assassi ná-lo na ausência do Duq ue.
9 Santa Pauli na do Coração etc Jesus Agonizante, Virgem + São Paul o, 1942. Oriunda da Itália, aos I Oanos emi gro u com a família para Santa Catar in a. F und ou a prim e ira congregação religiosa fe minina brasileira, das Irmãzin has da Imaculada Conceição.
12 Beatos João ,lones e João Watt, Mártires + Inglaterra, 1598 e 1679. De
família católi ca ga lesa, João Jones entrn u na Ordem Franc iscana em Roma. Enviado para a missão inglesa, acabou sendo preso, decapitado e esquartejado por ódio à fé. João Wall, também franciscano, trnbalhou na clandesti nidade durante 22 anos no Condado de Worcester, onde fo i executado.
13 Santo llenrique li e Santa Ctmeguncles
se ao serviço dos enfermos nos hospitais, especialmente dos pestíferos, fundando para isso a Ordem dos Mini stros dos Enfermos . Morreu vítima de sua caridade, com molé tia contagiosa que contraíra. Leão XIII o declarou patrono dos hospitais e dos enfermos.
15 São Donald, Conressor + Ogilvy (Escócia), Séc. VII. Ao morrer, a esposa recomendou-lhe que encontrasse bons maridos para as nove filhas. Como todas manifestar a m vocação reli gios a, transformou a casa num mosteiro, do qual foi superior.
16 Nossa Senhm'a cio Carmo. São Sisenando, Mártir + Córdoba (Espanha), 85 L. Português de origem. Pregador audaz e fogoso, foi lançado ao cárcere e depois martirizado.
17 Beato Inácio ele Azevedo e Companheiros, Mártires. BeaLa Teresa ele Santo Agostinho e Companheir•as, Mártires + 1794. Essas 16 carmelitas de Compiegne foram guilhotinadas por ódi o à Fé, cm Paris, durante a Revolução Francesa, oferecendo suas vida. "pela paz da Igreja e pela França".
+ Alemanha , 1024 e 1033. Santo Henrique era Duque da Baviera, quando recebeu do Papa a coroa do Sacro Império Romano Alemão por seu zelo pela propagação da fé e sua vida profu ndamente rel igiosa. Sua esposa, Santa C uneg undes, após a morte do marido, ingressou num mosteiro por ela fundado.
14 São Camilo de Lcllis. Conrcsso1· + Roma, 1614. De nobre família, ingressando no exército, foi expulso por mau caráter e vício de jogar. Perdeu a fo rtun a e teve de mendigar. Tocado pela graça, entregou-
lH São I• ilastro, Confessor + Bréscia (llália) , 386. Acérrimo inimi go dos arianos, foi nomeado pároco d ' Bréscia.
H) Santo Arsênio, Colll'cssor + Mênfis (Egito) , 41 2. Rom ano, retirou -se para o d 'Scrlo no Egito, a fim d· ru 1 ir das c iladas do mundo.
21 Santa Praxecles, Virgem + Roma, séc. II. Contemporânea dos Apósto los e irmã de Santa Prud e nc ia na, foi de suma generos idade para com os cristãos, manifestando in trepidez em auxiliar os mártires.
22 Santa Maria Madalena, Penitente. Beato Agostinho Fangi, Conl'essor + Veneza, 1493. Dominicano, apresentado como modelo de paciência e humildade em meio às dores e às doenças.
23 Santo Apolinát'io, Bispo e Mártir + Dalmácia, séc. 1. Discípulo de São Pedro, fo i por ele sagrado Bispo de Ravena, de onde foi ex pul so pelos pagãos, send o martirizado na D almácia.
24 Santa Luíza ele Sabóia,Viúva + Orbe (Suíça), 1503. Descendente do Beato Amadeu IX de Sabóia, casou-se com Hugo de Châlons. Perdendo o marido IO anos depois, entrou num convento franciscano.
25 São Tiago Maior, Apóstolo e Mártir. São Cristóvão, Mártir
20
26 São Joaquim e Santa Ana, pais ele Maria Santíssima. Santa Bartolomea Capitanio, Virgem + Bréscia, 1833. Sua paixão
Pouco se sabe da vido d ·ssa má rtir. Seu c u I to f"oi I rn 1/.ido ao Ocidente pe los 'l'U 1/.Hdos.
27 Santa Natália e Companheiros, Mártires + Córdoba, 852. Natália e o marido, de origem muçulmana, converteram-se ao cristianismo, sendo imitados por Félix e Liliosa, também cristãos ocultos. Todos foram condenados à morte junto com um monge palestino, Jorge, a quem davam abrigo.
28 Santo Inocêncio I, Papa + Roma, 417. Papa numa das mai s turbulentas épocas da história da Igreja , em que a Itália era invadida pelos godos e pela heresia pelagiana. Condenou esta última a pedido de Santo Agostinho.
29 SanLo Olavo Rei, Confessor + Noruega, 1030. Estabeleceu g loriosamente o catolicismo como Religi ão oficial do Estado.
era servir aos necessitados de
Intenções para a Santa Missa em julho Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisq uin i, na s seg uintes inten ções: • Com especial menção a Nossa Senhora do Carmo - cuja festividade a Santa Igreja celebra no dia 16 de ju lho - suplicando-Lhe todas as graças necessá ria s para a sa lvação eterna de cada um dos assinantes e leitores de Catolicismo, bem co mo de nossos amigos e benfeitores. Também por uma maior expa nsão, no Brasil e no mundo, da devoção ao Santo Escapulório do Carmo.
30 São Justino ele ,lacobis, Confessor + Etiópia, 1853. Lazarista italian o, foi Vigário Apostólico na Abi ssínia.
31 + Síria, séc. III. Segundo a Santo Inácio ele Loyola, trad ição , era um gigante de Confessor. estatura. Atravessou caudaloSão Germano ele Auxerre, so rio levando o Menino JeBispo e Confessor sus e m seus ombros, tendo então se convertido. Por esse + Ravena (Itália), 450. Doutor motivo, tornou-se o patrono em Direito Canônico e Civil. dos motoristas. De sua vida Ao morrer Santo Amador, Bispouco se conhece, tendo sido • po daquela cidade, Germano martiri zado por ser cristão. foi eleito em seu lugar.
Santo Elias, Pr·ol'ct.H . Santa Mar·gur·i<l:i, M:Ír'l,ir' + Co nstantin o pl a, s '- ·. Ili.
alma e corpo, fazendo-o no hospital da cidade, nas escolas e em suas casas. Fundou o instituto que leva seu nome.
Noto : Os Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem noto biográfico .
Intenções para a Santa Missa em agosto • Pelo Brasil, para que o País vença a grave cri se que atravessa atua lmente, e a qual não venha exercer influ ência malsã em nossa juventud e . Q ue os pais e mães de família se jam proteg idos pela Providência Divina e possam ed uca r se us filh os, segundo os ensina mentos da moral autenticamente cató lica, para, assim, obterem um futuro virtu oso.
Lu1s DuFAUR
N o dia 26 de junho, aproximadamente 2. 500 pessoas afluíram ao castelo do Jaglu, na França, para a Fête de la Musique organizada pela associação Avenir de la Culture
Fête de la Musique consistiu num concerto de trompas de caça a cargo dos conjuntos Le Rallye Trompes de Bonnelles e Le Rallye Quand Même - Trompes de Versailles. As trompas de caça foram co ncebidas para as caçadas em fl orestas. Os conjuntos executaram um vasto e variado repertório cláss ico e barroco francês, muito aprec iado pe lo públi co presen te. Es te era co mposto por pe soa das cerca ni as do Château d u Jag lu e convida da po r Avenir de la Culture - associação fra ncesa bastante conhec ida no país pelo seu combate à imoralidade na TV e pela defesa das tradições e da cultura francesas. O destaque fo i para a apresentação de trec hos seletos da Missa de Santo Huberto, liturgia tradiciona lme nte celebrada ao ar li vre e m honra do padroeiro dos caçadores . Santo H uberto - bi neto de Clóvis, primeiro rei da Fn nça caçava numa Sexta-Feira Santa q uando encontrou um cervo extraordinário q ue tinha na testa brilhante cru z. Correu cm se u encalço até fica r esgotado. E ntão ouviu uma voz que o exorto u a se converter. Foi bispo de Liege e g rande ap ·to lo dos pagãos. A M issa inclui a bênção dos cãe que servem aos caçadores. Foi entu siastica me nte apla udido o Équ ipage No rm and P iq u 'ha rd i de Dre ux, co m seus cavale iros e grande matilha de cães adestrados. O Équipage (equipe para a caçada a cavalo) fez uma demonstração de momentos da caçada nos bosques, com cavalgada e comandos da matilha.
O interesse excepc ional do p úbli co, de aprox imadamente 2.5 00 pessoas das cercanias, fo i ta mbém uma amostra das tendências que genninam na E uropa, no sentido de restaurar tradições regio nais de fundo ca tóli co, que vê m se nd o esmagadas pela União Euro péia. A caça a cavalo renasce fortemente na França, onde o número de équipages aproximase de 450, com 17 .000 cães e cerca de 100.000 caçadores e escoltas. Na In g laterra, fo i rece nte mente aprovada uma abs urda lei proibindo a caça à raposa, o que levantou verdadeiro c lamor popular co ntra a nova legislação. En tre os presentes, destacavam-se o Duque e a D uq uesa de O ldenburg, be m como vários prefeitos de cidades daq uela região. • E-rnuil do uulor: ,· · ufaur(rv ·uto.JiL<,;.'LS.'l!IIQ&!!.!illillI- --- - - --
- - - - - - " ' - ' ' --
-"""'
JULH O 2005
B1111
-
Perseguição motivada pela distribuição da Medalha Milagrosa e TFP francesa, vítimas de brutal perseguição. Após larga distribuição gratuita de Medalhas Milagrosas a pessoas de todos os recantos da França, deseja-se impedir tal difusão. Quem?
 venir de la Culture
■ ROBERTO GUIMARÃES
A
s associações francesas TFP e
Avenir de la Culture acabam de denunciar publicamente vio-
lenta perseguição jurídico-policial realizada em suas sedes, levada a efeito em 15 de junho último. Repleta de irregularidades e mesmo de ações ilegais, ela não configura entretanto senão a ponta de um iceberg que tem por base calúnias oriundas de certos setores religiosos aliados a representantes do laicismo político, segundo ampla documentação disponível no site www.tfp.asso.fr.
* * * Em 10 de outubro de 2001, a TFP francesa colocou no correio seu primeiro envio da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças a seus amigos e simpatizantes mais próximos, num total de 18 mil pessoas. Era o que permitiam os meios da associação naquela data. Posteriormente, o entusiasmo e o apoio dos doadores fez a campanha crescer como bola de neve. Hoje, são cerca de 4 milhões de medalhas enviadas gratuitamente a pessoas de todos os recantos da França. Dezenas de milhares de cartas recebidas pela TFP francesa atestam os benefícios espirituais e a utilidade dessa camCATOLICISMO
Prtsentation .Llnsl. ~
La Franca a besoln de la Salnte Vlerge: une campagne de la TFP 1
&sh!ltu
« 1\Jerci pouJ" tout ce que vous faites ! » L,i EMnçe ;1 hesotn •le ii) S;1jme Vj(l(ll(l i D '1m l'l'êll·e nmi de Ro1nU1e (42) : « Je une ÇilllJl><lCJue de t,, constate que vous faites l' impossible pour I.EfJ répandre la médaille mirnculeuse ... ( ... )La Lisez le Vierge Marie nous l' a donnée, il faut la dernier foire connrull'e ... et il me semble que vous bulletin de la réi1ssissez. »
« Ils veulent bloquer la diffusion de la l\lédaille l\Iiraculeuse ! Jusqu'oit irontils ?
►}
Bif'1llif'm·e1L\: senz..vous lonqu 'ou vous m:nulin1 . et qu 'ou vous pusécuten1. e qu'ou clinl fous semeut clf' vous campagne et toute so1te ele mal fe la lettre aux Mine A. F. de Saint Sylvain d'Anjou (49) cause clf" moi. « En rent.rant d'une reimite spirituelle en amis de la abbaye, quelle joie I Une médaille de la Réjouissez...vous alou TFP 1 Vierge m'attendait. Je vous envoie clone et tl"essnillf'Z ele joie, U'.;R:: !ft~Y•:l?::: t n~d•='.ª:'.:=M~éd~•= l11 •~ 1!.!.).ml'a_,! D.! r.A!drt;n_ .l'! .n. nnru~\!!tR!l!: 11'! ..!!R!n!fiil!., . <ld!l'L!. J1mml!J 11~s..trrnunwnitr tr~~r:.?Jtn!l!!nl..__.!l•~a~1·~ ce que ,_,o_tt_·e_ __
panha. Uma amostragem de tais cartas encontra-se à disposição dos interessados no site acima citado. Entretanto, apenas uma semana após a postagem das primeiras medalhas, o episcopado francês já tentava bloquear essa campanha. Com efeito, em 17 de outubro o secretário da Conferência dos Bispos, D. Bernard Lagoutte, escreveu à superiora das freiras da Rua du Bac, em
«
Paris ( onde se encontra a famosa capela na qual a Santíssima Virgem comunicou as revelações da Medalha Milagrosa a Santa Catarina Labomé), acusando gratuitamente a TFP de "angariar fundos " e de nunca publicar suas contas. Mons. Lagoutte teria sido alertado a respeito pelo então Arcebispo de Tours, hoje arcebispo de Paris, Mons. Vingt-Trois. A carta foi afixada pelas freiras no
painel da Rua du Bac, a fim de expor a TFP à execração pública, pois a capela é freqüentada por peregrinos de todo o orbe. A TFP respondeu às acusações inju stas envi and o às relig iosas seus balanços financeiros deficitários, para que a sup riora també m os afixasse, se quisesse. * * * A esse propósito entab ulou se lon ga corre pondência entre a TFP francesa e as autoridades religiosas concernidas, a saber: o Núncio Apostólico, o secretário ela Conferência Episcopal, os superiores da Congregação da Missão. A TFP colocou tal correspondência à disposição do público em se u mencionado s ite. Constatou-se a imposs ibilidade de estabelecer um diálogo, e a TFP ficou se m compreender por que razão era repreendida. Com efe ito, Nossa Senhora não veio pedir a difu são da medalha? Esta é vendida livremente em todo o mun do, ninguém tem exclusiv id ade para a sua difusão. A campanha da TFP evita qualquer confu ão com a Rua du Bac. Por que então esse ódio contra a associação? Em que consiste m as " numerosas queixas" que o capelão da Rua du Bac afirma ter recebi do, em nota afixada no quadro em fevereiro de 2002? Nenhum esclarecimento ...
* * * A partir dessas acusações vagas, começou uma campanha de detração da TFP, através de alguns boletins diocesa no s. O sema nário "Paris Notre-Dame", da arquidiocese, publicou dois ataques em maio de 2002. Num deles, acusou a TFP de "seita". A TFP desmentiu mediante dois "direitos de resposta" . Em junho de 2002, o boletim "Le
tólico parecem ter encontrado o meio de jugular a associação sem envolver-se diretamente, como fez o Sinédrio enviando Nosso Senhor a Pilatos. Por quê? Porque a TFP defende a tradição cristã contra a paganização da França? A família monogâmica e indissolúvel contra o "casamento" homossexual, o abo1to, a eutanásia e a corrupção (São Mateus, 5, 11-12). da juventude? A denúncia da TFP francesa registra um fato significatiLien" foi mais longe na hostilidade, vo, por ocasião da recente batida poafirmando: "A Congregação da Mis- licial em sua sede. Um dos policiais são e a Associação da Medalha Miteria declarado que, para cessar o inlagrosa, com a ajuda da Conferên- quérito policial, "basta vocês suspen-
"Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos Céus, pois assim perseguiram os profetas, que existiram antes de vós"
cia dos Bispos da França, estão estudando como apresentar queixa na Justiça para fa zer cessar essa campanha". Logo depois, começou um processo judici ário ... Em dezembro de 2002, "La Croix", o principal jornal católico do país, próximo ao episcopado, publicou um art igo de página inte ira contra a TFP, acusandoª de "desvio da meda1ha" . A TFP respondeu. O diário rec usou-se a publicar a contestação. Seu diretor acabou sendo condenado a uma multa e a publicar a resposta, , 1 mas isso ocorreu dois a no s após a desinformação ...
* * * Com o atual inquérito, nos moldes totalitários denunciados no site da TFP francesa, os setores mais radicais do progressismo ca-
derem a campanha ... " Se a razão dessa verdadeira perseguição é a difusão da Medalha Milagrosa, pode-se aplicar à associação as palavras que dizem res peito a Nosso Senhor Jesus Cristo na Paixão: "Ataram- lhe
as mãos porque faziam o bem" (sobre esse tema, vide Catolicismo, nº 16, abril/ 1952). Para um católico, nada mais g lorio so do que imitar assim o Divino Mestre. Em seu relato, a TFP francesa afüma que, serena, confia suas atividades, seus , numerosos amigos e mesmo seus inimigos encarniçados à proteção maternal de Nossa Senhora das Graças, a qual é
"terrível como um exército em ordem de batalha". •
E-ma i l do auto r: robe11oguimaraes @catolicismo.com.br
JULHO 2005 -
Regularidade clássica entre torres medievais n PuN10
A
CoRR ÊA DE OuvE1RA
família dos príncipes de Rohan descendia dos antigos duques da Bretanha, mas não eram descendentes legítimos. Os duques da Bretanha desfrutavam a categoria de príncipes e casavam-se com pessoas de famílias reais. Os Rohan não possuíam esse status, mas constituíam, com algumas outras famílias da alta nobreza francesa, um verdadeiro escalão intermediário entre a Família Real e o comum dos nobres da corte. O palácio de Rohan (fotos acima) internamente ostenta uma decoração maravilhosa, e se caracteriza por uma regularidade clássica muito bela e distinta. Chamam muito a atenção as duas torres medievais pontudas, com os tetos em cone, bem altos; que apresentam um contraste com o estilo do edifício, inteiramente dos Tempos Moderno . Em História, chama-se Tempos Modernos a época que se estende do fim da Idade Média até a Revolução Francesa. Portanto, esse estilo é marcadamente anterior à Revolução Francesa, mas não é medieval. Essas duas torres eram uma reminiscência histórica. Antigamente estava construído naquele lugar o palácio dos príncipes de Lorena - o ramo francês da família de Lorena. Seus
membros eram muito bons políticos e detinhan1 grande pod •r político e financeiro. O castelo deles foi derrubado para lar origem ao dos Rohan. Estes, provavelmente compranm o antigo edifício dos Lorena e edificaram o palácio. Cons rvuram, porém, do castelo anterior os aposentos que fi ca m 110 andar térreo e as duas torres. Estas são próximas uma da ou lrn , e há uma sala localizada entre elas. Mas por que razão roram elas conservadas? Porq1,1e a saJa era utilizada pelo prfn ·ip ·s de Lorena - que foram os líderes dos católicos na luta ·0111rn os protestantes - quando mantinham confabuJações políti ·as impmtantes e muito secretas. Eram reuniões das quais parli ·i pavam os elementos mais decisivos da ala católica da Françu, e que impediram que o país se tornasse protestante. Essas duas torres são, portanto, históricas. Se bem que vários dos príncipes de Lorena ross · 111 objetáveis do ponto de vista de costumes, a Casa d Lor · 1111 era muito abençoada e possuía em alto grau o charme fran · s. Basta dizer que pertenceram a ela duas rainhas célcbr ·s 1111 História, tanto por seu charme único quanto por cu inl"orl11 nio sem nome: Maria Stuart, Rainha da Escócia, que morr ·11 decapitada; e Maria Antonieta, Rainha de França, vfli m:i da Revolução Francesa. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 13 de janeiro de 1989. Sem revisão do ui r.
P11N10 CoRRÊA DE OuvE1RA
Agosto de 2005
Corrupção política. Haverá remédio? Fée recomposição moral das elites: a solução para o
gravíssimo problema da corrupção que se espalha, deixando o País numa dramática situação e o povo escandalizado
4
CARTA DO DmETOR
5
PÁGINA MAmANA
7
Lm'l'lJRA Es1•11un1A1, Purgatório - IV
8
CORIU:SPONl>l~:NCIA
t2 A
E
m conferência proferida no dia 4-12-93, Plinio Corrêa de Oliveira tratou da problemática da corrupção na sociedade. As sábias considerações então desenvolvidas aplicam-se de modo muito adequado à presente situação do Brasil. O texto abaixo foi extraído da gravação em fita magnética, não tendo sido revisto pelo orador. Dessa conferência, apresentamos os excertos que focalizam especialmente a questão da liceidade ou não de contribuição financeira a candidatos a cargos públicos.
* *
*
Em tese, uma pessoa rica contribuir para obter a eleição de um candidato não é, em si, um ato desonesto. M as se ela co ntribui finan ce iramente porqu e, por exempl o, o candidato à pres idência da República combina que lhe dará ta is e tais negóc ios, isso se transforma em negociata. Entra ni sso- muito mai s do que uma amizade particul ar - uma solid ari edade de interesses, porque o empresário que faz al guém galgar ao cargo públi co recebe, em co mpensação, um contrato vantajoso. O que equivale a ser contratado para um negócio públi co não o mai s competente, mas aquele que fac ilitou a subi da de tal candidato. Aí começa a aparecer o lado es púrio. Um fato que em si mesmo não tem nada de censurável pode, entretanto, dadas as circun stâncias, ser uma operação francamente ilícita.
-CATOLICISMO
Além do mai s, não só aquele que contribuiu com dinheiro tem faci lidades para receber o negóc io, mas também para ampli á- lo. Ou seja, ele pode cobrar do Estado uma quantia muito maior do que cobraria alguém que não prcslou ajuda ao candid alo. l sso seri a clcsoncslo, porqu e enlra um a 'cavação' pela qual o financiador cobra um va lor que não Lem prop rçã com servi ço que vai prestar. E le cobra muito mai. , faz uma execução rel axada do se rvi ço, e o Poder Público não recl ama. Tudo isto em razão do dinheiro que foi dado para o candidato galgar o mais alto poder, e da possibi l idacle ele, em outra eleição, o mesmo beneficiário receber outra quanlia
mai. polpuda ainda. cnlão temos uma operação ilícila cm cena. Sã varianlcs maiores ou menores de um mesmo pensa m nlo cenLral , que se poderia descrever cm Lorno da sentença do Direi Lo Romano: "Do ui des,facio ut des, do ui fa ·ias, facio ui facias " (Eu te dou para que Lu me dês, faço para que me dês, dou I ara que raças, faço para que faças). 1 .. um a combinação que pode ser feiLa aladroadamcnle ou honestamente, conforme as partes engajadas no tipo ele negócio. A questão, no seu eixo , no que ela tem d mais ccnlral , não está na fo rm a ele gov rn o nem na forma da econom ia, ela cslá no grau de moralidade pública. !continu a na p. 18]
Nº 656
O desvelo de Nossa Senhora por seus filhos
Rl•:i\1.mAm: CoN<:1sM11w1·..:
14
D1scm~N1NDO
16
IN'l'l-:RNACIONAI,
19
M1,:MómA
Artimanhas de teólogos da libertação Por que "maquiar" a palavra tel'J'orista?
Quem ainda é católico na Igreja Católica?
29
INl•'ORl\-li\TIVO RtllUI,
30
CAPA
38
ENTm-:v1sTA
4 1 P<m
Células-tronco: esperanças e falsidades Células-tronco: esclarecimentos essenciais
Qrn,: NossA S1,:N1101~A C11mu '!
42
VmA m: SANTOS
45
D..:s·1·Aolll•:
46
SANTOS..: FESTAS
48 AçAo
52
Prof. Plínio Corrêo de Oliveira
São João Maria Vianney
Importante ação anti-abortista
no
M1~;s
CoNTIV\-R1,:vo1,t1cmNAmA
Ai\mmNTES, Cosn1i\n:s, C1v11.1zA<;üi,:s
A expressiva hnagem de Santiago Menor da Sainte Chapelle
Nossa capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo
Quarto do santo Cura d 'Ars
AGOSTO 2005 -
Caro le ito r,
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito FIiho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos B rretto Registrado na DRT/DF sob o n° 311 6 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Conj . 62 - Santa Cecília CEP 01225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Tel (0xx11) 3333-6716 Fax (0xx 11) 3331 -6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp@ uol.com.br
A propósito das experiênc ias co m c lul as-Lron ·o ( T , -riou-s' mui1o alvoroço e enorme confu são. E isso tem sido exp l rado p h mídia, d ixa ndo a op ini ão pública iludida devido à veicu lação de promessas irr ali záve is. Muitas vezes noticiam-se curas a partir de CT, mas sem o esclarecimento de que se tratava de curas operadas medi ante o uso de célul as-tronco Jldultas (CTAH), e não por células-tronco embrionárias (CTEH). Do po nto de vista c ientífico, têm-se alcançado significativos êx itos em pesqui sas com CTAH (como as célul as encontradas no sangue do cordão umbilical e na med ul a óssea), que poderão rea li zar curas de graves enfe rmidades e sem perigo de efeitos colaterais. M as esses express ivos resultados são pouco divulgados. E ntreta nto , as pesquisas co m CTEH (condenáveis, po is s upõem práticas abortivas, de vido ao extermínio de embri ões humanos) têm sido divulgadas com sensac ionali smo, induzindo os incautos a acreditar na possibilidade de se chegar à cura de todas as doenças e até à eliminação da dor. Fa lseia-se a verdade, poi s não há qua lquer ga rantia de que as cé lul as ex traídas de embriões poderão curar, a lé m de os experime ntos com CTEH terem produzido ass ustadoras anoma li as. A lém de não ter nenhuma base c ientífi ca, ta is pesqu isas são inaceitáve is do ponto de vista moral, porque, destruindo embriões, aborta m-se seres que j á são vivos desde a fec undação. "O.fim não j ustifica os meios", é um princípio da mora l cató lica. Ainda que o fim fosse bo m - a c ura de enferm idades - , é absolutamente rejeitáve l o me io, que seri a a elimin ação de uma vida. Não se pode, sob alegação de curar enfermi dades , mata r um e mbri ão para utilizá- lo co mo coba ia, co mo se fosse a lgo descartável ou "peça de reposição". O contrá rio seria adm itir que o fim justifica o crime. A matéria de capa desta ed ição, de autoria do Dr. M igue l Beccar Varela, bem como a entrev ista concedida à nossa revista pela Dra. Líli an P ií'íero Eça, demonstram o que ac ima fo i sinteticamente exposto. O projeto de Lei de B io-Segurança, que permite pesqui sas com CTEH, foi ap rovado pela Câmara dos Deputados em 2-3-05, e sancionado 22 dias depois pelo presidente L ul a. Essa lei entretanto fo i questionada pelo ex-procurador-geral da República , C láud io Po nteies. Ele protocolou no STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra o artigo da nova lei que trata do tema das CTEH, pois ta l artigo " viola dois princípios da Constituição: o direito à vida e a
dignidade da pessoa humana ". Home Page: http://www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Agosto de 2005:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grar.ide Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ R$ R$ R$ R$
96, 00 140,00 260,00 420,00 9, 00
CATOLIC ISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA.
Assim, caro leitor, nossos esforços e orações devem se empenhar para impedir que se coloq ue em prática esse condenável dispositivo legal, que permüe a prática de um crime e a violação do 5° Mandamento da Lei de Deus, "Não matarás ". Por isso destacamos a importância das duas referidas matérias, pois, para combater eficazmente um mal , primeiro é necessário conhecê-lo bem. Desejo a todos uma boa le itura. E m Jesus e Maria,
9~
7 D IRETOR
paulobrito @catolicismo.com.br
Nossa Senhora e São Maximiliano l(olbe Rira uma boa mãe, nenhum detalhe relacionado com seus filhos é pequeno. Para a Santíssima Virgem Maria, nossa soberana Mãe, muito 1nais ainda. ~. V ALDI S GRIN STEINS
N
ão deixa de ser lamentável a deformação da idé ia que habitu almente se faz de um sa nto. Muitos ac ha m qu e sa nto é simpl es me nte uma pessoa um pouco melhor do que os demais homens. O utros acham que santo é quem faz mil ag re. A lém disso, ser bom é um critério sumamente vago. Por exemplo, j á tenho visto pessoas "cano ni zarem" outras, só porque iam todos os dias à missa, ou porque rezavam mais do que os outros. Q ue isso possa ser louvável, ninguém o nega. Daí inferir-se que essas pessoas tenham a lcançado o patamar da santificação ...
Pela doutrina católica, a santidade é a prática heró ica das virtudes. É bom notar que não se trata só de praticar todas as virtudes, mas de praticá-las num grau heróico. Já o praticar todas as virtudes (castidade, paciência, fé, fortaleza, caridade, etc.) é difícil. Fazê-lo de forma heróica seria algo fora de nossas possibiLidades naturais, se não contássemos com a graça de Deus, que nunca falta.
O "advogado do diabo" Q uando se abre a causa de beati li cação e canonização de uma pessoa, é nomeado um personagem popularmente conhecido como "advogado do diabo". Sua missão é descobrir, na vida do candidato a santo, fatos, atitudes ou idéias que o tornem não merecedor dessa honra. Para isso,
ele le vanta detalhes que nos pareceri am mínimos, ou até ridículos. Mas são detalhes que podem esconder falhas de virtude, indicando que a pessoa não é santa. Por exemplo, o "advogado do di abo" na causa do Beato Stefano Bellesini levantou o ponto de ele, sacerdote reconhecidamente afável com todos, ter entrado em sua casa, onde sua irmã se encontrnva com um pequeno grupo de amigas, e sem cumpri mentar ninguém, ter subido correndo ao primeiro andar. Na realidade, ao invés de um ato de grosseri a, ele hav ia praticado um ato de vi1tude, pois acabara de fazer uma obra de caridade, trocando pela calça rota de um pobre a que usava por debaixo da batina, e não queria aparecer diante elas senhoras com a ca lça esfarrapada. Ele pensou que isso poderia escanda lizar as senho-
AGOSTO 2 0 0 5 -
ras. Assim, subiu primeiro f¾ seu quarto, a fun de trocar-se. Mas o advogado do diabo pegou esse pontinho de falta de caridade (não saudar as amigas da irmã, reunidas em casa) pai;a tentai· impedir a beatificação. Qual a importância desse pontinho? As grandes faltas começam muitas vezes por peque nas tran sgressões. Ninguém normalmente se torna ladrão de bancos sem antes roubar pequenas coisas de amigos e vizinhos. Da mes ma fo rma, um a descortes ia pode perfeitamente indicar grave defeito de caráter, como fa lta de paciênc ia ou desprezo pelos outros, neste caso falta de caridade. Não podemos imag inar um verdade iro sa nto qu e sej a temperamental , dando ponta-pés nas portas ou dizendo palavras ofensivas, pois esses são si nai s de impaciência, e portanto o problema da fa lta de virtude é maior. Mas a paitir de uma pequena descortesia, como no exemplo citado, pode-se pe,fe itainente chegar a tudo isso. Muitas vezes, para formai· bem uma pessoa, devemos corrigir esses pequenos defeitos, poi s eles são o indíc io de outros maiores. Se queremos frear a impac iência de algué m, começaremos por corrigir nele o costume de resmungai·, por exemplo. Se queremos corrigir sua preguiça, podemos começar corrigindo sua demora no cumprir o dever. E é esse desejo de corrigir pequenos defe itos que nos cond uz ao assunto que nos propusemos, de anali sai· a hi stóri a da aparição da Virgem a São Max imili ano Kolbe.
Me11ino que gostava de briJ1car São Maximi li ano Kolbe é um dos mais conhec idos santos do sécu lo XX . Conseguiu reali zar obras extraord inári as, até mesmo fundar um a c idade ded icada à Virgem Imacu lada . Sua influência sente-se a inda na vida cotidiana da Po lô ni a, país onde nasceu . Mas a santidade é um caminho difícil. É preciso vencer as propensões más com que nascemos, e São Maximiliano tinha, quando menino, um defeito muito definido: gostava demasiado de brincar. Era uma criança muito viva e alegre. A mãe insistia que ele chegasse num determinado horário em casa. Mas ele violava com freq üência esse limi te de tempo. Um defeito sem importância? Não, porq ue subjacente a e le
- C A T O L I C ISMO
Nossa Senhora apresenta as duas coroas a São Maximiliano
· encontra-se uma grave falta de obed iência. E para um futuro sacerdote franc iscano, cham ado a praticar o tão difíci l voto de obediência, isso não era bom. A mãe, sumain ente reiigiosa e perspicaz, deu-se conta da futura gravidade que poderia adquirir esse pequeno defeito. Certo di a, quando ele tinha 10 anos, chegou especialmente atrasado em casa, devido a brincadeiras com seus amigos. A genitora então decidiu chainar-lhe a atenção. De modo firme, porém com carinho, mostrou-se desgostosa com ele, e no fi nal pergun tou-lhe: "Meu pequeno, o que vai ser de você? ". O futuro santo nada disse, e retirou-se.
Col'J'igido por Nossa Sc11hol'a Pareceria que tudo co ntinuaria como antes, mas o me nino mudo u radicalmente . E le já era re li gioso, e tornou -se mui to mai s. Fo i progred indo na v irtude, e çlepoi s entrou na O rdem dos franc iscano, conventu ais. Tornou-se um dos grandes promotores da devoção à ]macu lada Conce ição , e morre u mártir da bru ta lidade nazista em Auschwitz, onde a inda se visita a ce la - que tive a graça de conhecer - o nde e le foi martirizado. E le nunca contou que Nossa Senhora lhe tinh a aparecido, exceto à mãe. E foi e la que reve lou o fato, numa carta escrita a 12 de outubro de 194 1, após a morte do filho:
"A verdade é que não pensei mais nisso, mas observei que o menino mudou de comportamento, a ponto de não se poder mais reconhecê-lo. Tínhamos um. pequ •no al/r,r escondido, junto ao qual ele se recolhia sem se fa zer notar, e nele rezava chorando. Mos1rava-se su perior à sua idade, pelo seu co111por1amento habitualmen/e recolhido. Quem do rezava, chorava. Isso me preocupou: estaria por acaso doente? Portanto, perguntei-lhe: o que acontece com você, meu filho? E comecei a insistir, dizendo: à mãe você deve contar tudo. "Tremendo de emoção, e com lágri1nas nos olhos, ele me contou o segredo: 'Quando a senhora me perguntou, mamãe, o que iria ser de mim, rezei muito a Nossa Senhora para Ela me dizer o que seria de m.im. Em. seguida, indo à igreja, rezei novamente. Então Ela me apareceu, tendo nas mãos duas coroas, uma branca e outra vermelha. Olhava-me com c1feto, e me perguntou se queria essas comas. !\ branca significava que perseveraria 11r1 prâlica da pureza; a vermelha. que eu serio mártir. Respondi que as querio. Entc7o <t Virgem me olhou doce111e111e e desaporeceu. Desde ellfão, quando vou à igrejo cmn a senhora ou com meu avô. parece-111e que não são minha mãe e avô. mas Nossa Senhora e São José'. "A muda nça e:rlrn ordin rí rio qu e houve 11.0 111 eu .filho co1111J1 DV<11 •0 o Feracidade do fa10 . Ele esla 1•0 seguro de que 1110rreria 11/Úrti r. e sempre 1i11!ta o face radiante qu ondo lh e l'inh o esso idéia. Eu j á so/Jio que meu .fi'lh o se ria má rtir, e por isso esta\lo preporada, como Nossa Senhorn depois da prqfecia de Sim eão" .* Lindo epi sódio, que nos mostra como Nossa Senhora se preocupa por nossos menores probl emas. Po is, para uma verdade ira mãe, nada do que d iz respe ito a seus fi lhos é peque no . Peça mos à Virgem Santíss im a ajuda para co rri g ir todos os nossos defeitos. grandes o u peque nos, e E la com certeza nos ajudará. • E- mai l do autor: valcli s rinsteins catolicismo.co m.br
Nota :
* Pao la Giovcui , Le appari zioni dei/a
Vergi11 e
Maria , Ecl . San Pablo, M ilano, 1996, p. 184.
O purgatório
(Parte IV)
N a parte III, vimos trechos do Pe. Schouppe a respeito da localização do Purgatório e dos padecimentos. Reproduzimos abaixo o pensamento do autor sobre a duração e a razão das penas a serem purgadas.
fé não nos fala sobre a duração prec isa das dores do Purgatório . Sabemos em geral que elas são medidas pela Ju sti ça Divina, e que cada uma delas é proporc ionada ao número e à gravid ade das fa ltas ai nd a não ex piadas. De us pode, no entanto, sem prejuízo de sua Justiça, abrev iai· esses sofrimentos au rnentando sua intensidade; a Igreja Mi Iitante pode também obter sua re missão pelo Santo Sacrifício da Missa [princ ipalmente pela chamada "Missa Gregoriana" , isto é, uma séri e ininterrupta de 30 Mi ssas] e outros sufrágios oferecidos pelos fa lec idos. De acordo co m a comum opini ão dos Doutores, as penas expiatórias são de lo nga duração. "Não há dúvida, di z São Roberto Bellarmino, de que as penas do Purgatório não são limitadas a dez ou vinte anos, e de que elas duram, em muitos casos, séculos". [... ] Por que as almas devem sofrer antes de serem admitidas a ver a face de Deus? Qual é a matéria, qual o objeto dessas expi ações? O que tem o fogo do Purgatório que purificar, que consumir? Dizem os Doutores que são as manchas deixadas pelos pecados.
Pagar os "<lébitos de soli'ime11to " Mas, o que se entende por manchas? De acordo com a maioria dos teólogos, não é a culpa do pecado, mas a dor ou débito Altar tradicional em homenagem às Almas do Purgatório de dor vindo do pecado. Para ente nder bem isso, devemos nos le mbrar de que o pecado produz um duplo efeito na alma, a que Esses déb itos de sofrimento são os remanescentes do pecachama mos débito (reatus) de culpa e débito de sofrimento. O do e uma espéc ie de mancha, que inte rcepta a vi são de Deus e pecado torna a alma não somente culpada, mas merecedora da coloca um obstácu lo na união da a lma co m seu fim último. dor ou castigo. Ora, depois que a culpa é perdoada [pe la confisUma vez que as almas do Purgatório fiquem li vres da culpa do são], geralmente acon tece que a dor permanece para ser sofri peçado - escreve Santa Catarina de Gênova - não há outra da, inteiramente ou em parte, e isso tem que ser so frido na prebarreira entre elas e sua uni ão com Deus, sa lvo os remanescensente vida ou na vida futura. [... ] tes do pecado, dos quai s tê m que ser purificadas. [...] O débito vem de todas as fa ltas cometidas durante a vida, Almas que se permi tem ser ofuscadas pe las vaidades do especialmente de pecados morta is [perdoados] não expiados • mundo, mesmo que tenham a boa fortun a de escapar à da naquanto à culpa, e que se negli genc iou em expiar com frutos ção, terão que sofrer terrível punição. [... ] meritórios ou pen itênc ia exterior. [... ] Aqueles que tiveram o info rtúnio de dar mau exemplo, fe rir Toda mancha de culpa desapareceu então, mas a dor perou causar a perda das almas pe lo escândalo, deve m ter o empema nece para ser sofrida em todo seu rigor e longa duração, nho em reparar tudo neste mundo, se não querem ser sujeitos à pelo menos pelas almas que não são assistidas pelos vivos. E las mais terrível expi ação no outro.* • não podem obter o menor alívio por si próprias, porq ue o tempo do mérito passou; não podem merecer mais, não podem seNota: não sofrer, e desse modo pagar à terrível justiça de Deus tudo o * Padre F.X. Schouppe, S.J ., Purga101y, illus/rated by lhe ti ves and legends que devem, até o último ceitil. of th e Sa i111s, TAN Book s anel Publi shers, lnc., Rock ford , USA, 1973 .
-
AGOSTO 2 0 0 5 -
na minha cabecinha é como podem alguns bispos franceses apoiar uma constituição que inclui uma lei que favorece um ato tão antinatural!!! TOTALMENTE condenado pela Igreja católica. (A.C.B. - PE)
A hera11ça dos czares B] Parabenizo pelo trabalho de vocês
Darwin e
seus macacos
B] Ainda bem que chamam de "teoria" a tese fajuta de Darwin, e não de ciência. Mas o mais ajustado se ri a chamar de hipótese, pois, pelo que se . vê, sobretudo lendo essa linda matéri a da revista, há necessidade de ter muita fé, mas muuuiiita mesmo, para acreditar nela. Uma teoria tão lunática e descabelada, que se precisa de mais fé para crer nela do que para crer no c ri acioni smo. Mas, tristemente, tem muita gente que prefere acreditar e adorar Darwin e seus macacos, do que crer e m Deus, nosso divino criador do universo e dos homens. Por fa vor, transmita ao autor da matéria as minh as fe licitações, vou g uardála com todo carinho. (M.U.N - RJ)
O NÃO à U11ião Européia Na minh a opini ão, acho que a França (depois de todas as maluquices cometidas) está voltando a ter juízo, votando em massa pelo NÃO. Queira Deus que aq uela maravilhosa nação entre nos trilhos, de acordo com seu passado que até hoje atrai pessoas do mundo inteiro. E como a França é modelo para muitos países, espero que esses também entrem nos trilhos. Somente assim é que os europeus conseguirão vencer a invasão dos terroristas em suas próprias nações. O que não entra
-CATOLICISMO
de Catolicismo. Todas as partes da revista me satisfizeram, mas agradou-me so bre mane ira, alé m do te ma do evolucionismo, a repo1tagem sobre os objetos dos czares da Rússia que foram expostos na FAAP. Esses eventos culturais é que devem ser incentivados, porque abrem muitas perspectivas para nossa juventude. Estive visitando a exposição e fiqu ei e ncantada mes mo, juntamente com minha filha; e o netinho também gostou. Meu genro, quando foi ao museu, j á tinha terminado. Dissemos que agora só mesmo ele viajando até a Rússia para ver... Mas vale uma viagem só para ver aquelas maravilhas. Parabéns. (V.C.P.A. - SP)
Al·autos <la mentira B] Minha esposa gravou naq ue le velho videocassete, mas um aparelho ai nda muito útil e prático, muitas partes dos depoimentos dos petistas que j á foram interrogados na CP[, e eu assisti no final de semana. Tanto ela como eu catalogamos uma coleção de mentiras que eles disseram, sobretudo o tal do Delúbio (tesomeiro do PT) e o Silvio Pereira (secretário geral do PT). Um competiu com o outro quem dari a a versão mais mentirosa. A única coisa verdadeira: aq uilo fo i um campeonato de mentiras. Nem pescadores contam tantas ... Para mentir à vontade é que eles foram munidos de habeas corpus, para não serem presos no ato. Mas em vez desse recurso jurídico, o que deveria ter lá era um aparelho detectador de mentira. Certamente a cada resposta o alarme soaria ou emitiria o sinal. Mas como " mentira tem pernas curtas" (ou como dizem os portugueses: "a verdade é como o azeite: vem empre à tona"), agora estão surgindo as verdades e
aque les dois caras sumiram . Estarão preparando a fuga? Minha es posa di sse muito be m que esse pelistas são arautos da mentira e p dcriam ser registrados no livro dos re oreis como ca mpeões da falsidade. Eu co mentei co m ela que os peti stas se lambu za ram ta nto no dinheiro alhe io , qu e ago ra e tão enchafurdados no lamaçal, e por isso eles precisam de Land Rover para e ncarar tanta lam a no pa rtido do "excelentíssimo" presidente da repúbli ca. Mas parece que essa la ma é movediça, o PT está submergindo nela , e e m poucos dias não ex istirá mais co mo partido. Até o Stédile, chefe máx imo do MST, já di sse que "o governo Lula aca bou". Podemos acrescentar que não deixará saudades. Copiei, para vocês verem como os petistas estão realmente submergindo, um trecho que li do Boechat no JB. Me pareceu muito reveladora a notícia, que tem o título "Minguando": "Está falindo a loj a virtual que vende acessórios do PT na internet, como chaveiros e cami setas. De 17 mil cli entes em 2002, despencou para 38 no mês passado. Ontem , o fa tu ra mento foi de R$150. Nas circunstâncias, é um mil agre". (P.E.S.N. - RJ)
Missa ou comício (g] F iquei indignado quando, ao começar a proci ssão em comemoração ao dia de Nossa Senhora do Sagrado Coração, dia 29-5-05, na catedral de Vila Formosa, em SP, percebi que o caminhão de som, que haviam ced ido para a festa de Nossa Senhora, levava em todos os lados, além do nome do si ndicato , o e mblema da CUT (Central Única dos Trabalhadores), e aqueles q ue se encontravam em cima do caminhão faziam comentários políticos a cada duas orações rezadas pelos fiéis!! ! Após a procissão, a missa mais parec ia uma peça de teatro ou um show, com danças, banda tocando ao lado do altar. Enfim, muito diferente daq uilo que nós católicos queremos para nossa Igreja (respeito
e tradição), e é justamente isto que a esquerda quer derrubar. (A.D.A. - SP)
Método MS1' - "método galtmhoto" B] Prezados amigos de Catolicismo . Recebi por e- mail o texto abaixo, e como a revi sta trnta com freqüência da questão da Reforma Agrária, do MST e das invasões que tal movimento faz de propriedades particulares, lembreime dos senhores. Por isso, envio-lhes cópia para publicação, se desejarem, é claro. Espero que gostem. (D.F.D.C. - SP)
Nota da redação: O mencionado texto circula, via Internet, sem referência ao autor. Trata-se de uma adaptação da fábula de La Fontaine A formiga e a cigarra. Esta foi substituída, sem explicação, pelo gafanhoto. Aceitamos a sugestão de nosso ami go leitor, pois a aplicação feita ao MST é realmente espirituosa. E assim como se extrnem lições morais e de bom senso das fábulas de La Fontaine, o mesmo pode-se faze r lendo a "versão brasileira" da fábula , que retrata aspectos da atual situação do País. Este tipo de crítica remete o espírito ao adágio latino: "Castigat ridendo mores" (corrige os costumes rindo). A FORMIGA E O GAFANHOTO Versão clássica: Era uma vez uma formiga que trabalhava dLu·o, de sol a sol, construindo sua toca e acumu.lando suprimentos para o longo inverno que se aproximava. O gafanhoto viu aquilo e pensou: "Que idiota !" E passava o tempo todo dando garga lh adas, ca ntando e dançando. Assim passou todo verão. Ao chegar o inverno - enquanto a fo rmiga es tava bem aq uec ida em sua toca, bem alimentada e co m a despensa cheia - o gafanhoto não tinha a bri go ne m co mid a; passou muito frio e morreu de fo me. MORAL DA ESTÓRIA: Trabalhe duro! Seja previdente e responsável.
Versão brasileira : Era uma vez uma formiga que traba lhava duro, de sol a sol, construindo sua toca e acumulando suprimentos para o longo inve rno que se aproxima va. O gafanhoto viu aquilo e pensou: "Que idiota!" E passou o verão dando gargalhadas, cantando e dançando. Ao chegar o inverno, o gafanhoto, lTemendo de frio, armou uma barraca de plástico preto na entrada da toca da formiga, convocou toda a imprensa para uma entrevista e ex igiu explicações: "Por que é permitido à formiga uma toca aq uecida e boa alimentação, enquanto os gafanhotos estão expostos ao frio e morrendo de fome?" Todos os ó rgãos de impre nsa co mpa receram à e ntrev ista (SBT, BAND, ZERO HORA , JORNAL DO BRASIL, ESTADÃO, REDE GLOBO, CNN e outros); tiraram muitas fotos do gafanhoto trêmulo de frio e com sinais de desnutri ção. As imagens dramáticas na te levi são mostraram um gafanhoto em dep Io ráv e l co ndi ção, se ntado num banquinho debaixo da barraca, e mai s adiante mostraram a fo rmi ga e m sua toca confo rtável, com uma mesa farta e variada. O povo brasil eiro ficou perplexo e chocado co m o contraste. A BBC de Londres mandou ao Brasil um a equipe para fazer uma reportagem especial, a ser distribuída em rede para toda a Europa. Algumas TYs e uropéias inte rrompera m um a coletiv a sobre a gue rra no Iraqu e, antes da entrega do Oscar, para mostrar o desrespeito dos direitos humanos dos gafanhotos bras ileiros. A notícia recebeu apoio imedi ato de José Dirceu, com a ressa lva de que os rec ursos devem ser diri gidos ao programa "Fome Zero" do governo Lula. E prepara uma Emenda Constitucional , que aume nta os impostos para as formi gas e aind a obri ga as comunidades a promover a integração soc ial dos gafanhotos. A formiga, multada por suposta-
mente não entregar sua quota de folhas verdes ao "Mini stério das Folhas", e não tendo como pagar todos os impostos e contribuições que fo ram apurados retrnativamente, pede falência. A Câmara Federal instala uma Comi ssão de Inquérito para investigar a falência fraudulenta de inúmeras formi gas abastadas. O "Ministério das Folhas" nomeia uma comissão de auditores fi scais, suspeitando que as formigas tenham desviado recursos do FF5 (folhas frescas nº 5, do Banco Central), e também de lavagem de folhas. O gafanhoto decide invadir a toca da formiga, e lá acampa. A formiga pede ajuda da polícia, e esta informa que não dispõe de efetivo para atender ocorrências desta natureza, e também por orientação do Secretário de Segurança, que deseja evitar confronto com o "Movimento dos Sem Tocas" (MST). A formiga entra na justiça para obter a reintegração de posse da toca, mas esta lhe é negada. O juiz sentenci a que a formiga não provou a produtividade da toca. O Ministério da Reforma Agrária desapropria a toca da formiga, por não cumprir sua função soc ial, e a enb·ega ao fri orento e desnutrido gafanhoto. O Ministério da Justiça, examinando notícias de jornais, descobriu que o gafanhoto foi preso no passado, por pro mover algumas greves, assa ltos e seqüesb·os (crimes políticos ... ), e conseguiu sua inclusão no grupo dos perseguidos políticos ani stiados, com dire ito a indenização federal e pensão vitalícia. Agora começa novamente o verão, as formigas trabalham e os gafanhotos cantam e dançam ... mai s do que nunca . MORAL DA ESTÓRIA : TEM?
Cortas, fax ou e-mails paro os seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote : enviar aos endereços que figuram no pág ina 4 desta edição.
AGOSTO 2 0 0 5 -
1ft Cônego JOSÉ LU IZ VILLAC
Pergunta - Recentemente li o livro A catedral, do escritor espanhol Vicente Biasco Ibafíez, e a primeira afirmação que ele faz sobre a Santa Igreja, e que me chamou a atenção, é o seguinte: "Gabriel, ao chegar a este ponto, ficou embaraçado lendo os nomes obscuros de Cixila, Elipando e Wistre Miro. A este último chamavam-lhe Santo Eu lógio, 'facho do Espírito Santo e luz da Espanha', porém a Hi stória nada dizia dos seus atos. Santo Eulógio é martirizado e morto pelos mouros em Córdova por causa do seu excessivo entusiasmo religioso". Percebe-se, nesse trecho, que é posta em dúvida a existência de alguns santos, ou pelo menos de Santo Eulógio. E a minha pergunta é: existem santos sem nenhum registro histórico? E, se for possíve l, qu e m foi de fa to Santo Eulógio?
Resposta - Os dados hi stóricos sobre Santo E ulógio são abu ndantes, de modo que não há nenhuma razão para esse escritor afirmar que "a História nada di zia dos seus atos", indu zindo o le itor a duvid ar de s ua ex istê nc ia, co mo aco ntece u co m o mi ss ivi sta. Pois o próprio trecho citado termina, contrad itoriam e nte, forn ece ndo um d ado hi stó ri co co ncre to e resumitivo de sua vida: "San to Eulógio é martirizado e morto pelos mouros em. Córdova por causa do seu excessivo entusiasmo religio-
~
CATOLICISMO
so ", o que efetivame nte consta (com a ressalva do "excessivo" ... ) da biografia d o Santo. Tal biografia foi escrita por seu compan heiro de lutas contra os maometanos e católicos tíbios, Paulo Álvaro, di scípulos ambos do Abade Esperaind eo na esco la cri stã de Córdoba. Não há, portanto, por que duvidar da existência desse sa nto e da exatidão do registro histórico de sua vida. Vida, ali ás, muito oportuna pa ra os nos os dias, como veremos em segu ida.
A tl'iste situação da Espanha moçárabe Na primavera do ano 711 os árabes· maometanos invadem a península ibérica, governada pe los reis vi sigodos, que constituíam então um a cri standade organizad a co m arquidioceses, dioceses, ig rejas, escol as, etc. O último rei godo, D . Rodrigo, morre com a flor de seu exército na batalha de Gu ada lete Uulho de 711 ). E le foi traído pelos partidários do des tron ado re i Witiza, e junto com eles o Arcebispo de Sev ill a, D . Oppas, be m como pe los judeus que viviam em más re lações com o povo godo. Daí para a fren te vão caindo nas mãos de árabes, uma a uma, as cidades da península. Na imperial Toledo, fez sua e ntrada triunfante o e mir Mu za- be n-Nosa ir, proclama ndo qu e a partir de então todo s o es pa nh ó is deviam obedecer ao califa de Damasco (os ca lifas se ap resentavam como sucessores de Maomé). Co nv ocado a D a ma co pelo cali fa, Mu za de ix a no governo da penínsu la seu filho Abde laz iz, que hav ia se casado com a rain ha viúva de
D. Rodri go. Este casamento já dá idéia da mi stura e ntre vencedores e vencidos, que caracterizará a s itu ação da Espanha daí em diante. Mas, para a fusão entre ambos os povos , hav ia um obstác ulo in supe rável: a diferença de religião. E este foi o motor da Reconqui sta , que se rá um a guerra de religião, uma cruzada pel a fé. Os cristãos que abraçaram o islami smo o fizeram gera lmente por motivos interesseiros, conservando embora, de a lg um modo , s ua tradi çã o cri stã: chamavam-se m.uladís. Os que permaneci am fi éis à fé cristã, ainda que submeti dos à autoridade civil dos árabe s, são conhecidos co mo moçá rabes (de motasarab, que signifi ca arabizados). Para manter a sua dominação política, nos primeiros tempos os muçulmanos tiveram que refrear um tanto seu fanatismo, permitindo que os moçárabes conservassem não ape na s a fé, como também certa autonom ia civi l e administrativa. Na esfera ecles iástica, era- lhes reconh ec ida a autoridade dos bi spos e podiam freqüentar seus templ os, e mbora não pudessem construir novos. É neste qu adro de fundo que se insere a epopéia de Santo E ul óg io , que o mi ssivi sta nos pede para descrever.
Verdadeiros católicos: perseguições e martí,·ios E m 755, na Pe nín s ul a toma o poder Abderrahmán , da dinastia dos Omeyas, destituíd a e m Damasc p I s Abbasidas, que ini cia m n va dinastia e farão de Ba dá sua cap ita l fa usto a e cl s lu mbrante. Abderrahmán r ·in a na Es panh a, co m p i na ind e-
pendência dos califas orientais, e dá início ao que mais tarde se chamará o califado de Córdoba, rival do de Bagdá em esplendor e poderio. O episód io de Carlos Magno e Roncesvalles pa sou-se dentro deste reinado (756-788). Com os s uc esso res de Abderrahm á n recrudesce a perseguição reli giosa: proíbese aos cri stãos o uso da I íngua latina e são obrigados a freqüentar as esco las árabes, meio seg uro de corromper suas tradições, seus costumes, e sobretudo abolir a sua fé. Era preciso dar um brado de sa nta intransigênc ia, ca o se qui sesse sa lvar a civili zação hi spano-roma na e a fé de Cristo. Muitos foram então os qu e de rra ma ra m o sa ng ue pela sua fé, entre e les as virgens Flora e M ari a, imortali zadas ambas nas be las e e mocionantes páginas que lhes dedicou Santo Eulógio no seu Documentum Martyriale. Escre ve o Pe. GarcíaVilloslacla S.J., no tomo II da co nh ec id a Hi sto ria d e la l glesia Católica publi cada pe la Biblioteca de Auto res Cristian.os (BAC): "Convencido Abderrahmán li de que com a espada não conseguiria amortecer o entusiasmo religioso dos cristãos, porque quanto mais vítimas ca íam maior era o número dos que corriam a deneg rir em. públi·o a Ma omé e confessar a Cristo, quis valer-se dos bispos para estabelecer a paz, mas uma paz em. que a religião cristci enlanguescesse no silêncio e na servidão. Não se distinguiam. pelo.fervor aqueles bispos que, reunidos em. concílio sob a presidência de Recafredo , m etropo lita de
Sevilla (852) e criatura de Abderrahm.án, declararam. que a Igreja não reconheceria com.o mártires os que espontaneamente e de forma pro vocativa se apresentassem ao martírio " (pp . 168-169).
Sa11to Eulógio enfrenta os bispos moçárabes Continua o Pe. Yilloslada: " Parece fora de dúvida que alguns .fzéis se deixaram. arrebatar por um f ervor indiscreto, expondo-se ao martírio com. g rito s insultant es a Maomé e a seus sequazes, não só nas praças, mas até dentro das mesquitas. Porém., no conjunto, não podem.os com.partilhar o juízo de modernos historiadores que os acusam. de fanatismo, porque embora a Igreja condene a provocação dos verdugos e perseguidores, e não veja com. bons o lh os, em circunstâncias
normais, os martírios espontâneos, há ocasiões em que é necessário adiantar-se a professar a sua f é, ainda que isto irrite os inimigos. E isto cremos que foi o que aconteceu em Córdoba, salvo algum. caso não bastante justificável. De fato, a Igreja reconhece u aqueles h e róis com.o mártires. E os melhores daquela com.unidade cristã, [.. . ] com.o Esperain.deo, Eulógio, Álvaro e Sansão, se puseram de seu lado. É que viam em perigo sua fé, sua raça, sua cultura; viam. que a tibieza se ia apode rando d e muitos moçá rabes e o islã se inftltrava nos espíritos e na vida toda, com risco iminente de acabar com. o cristianismo, se este não se levantasse em pé com. um gesto galhardo. Adem.ais, [... ] muitas vezes a provocação partia do inimigo. Os mo çárabes ti-
Martírio de Santo Eulógio , Catedral de Córdova, Espanha
nham. se acomodado aos costumes do vencedor em tudo que era possível. Muitos tinham. adotado a língua árabe, o turbante, o albornoz e o calção largo dos maometanos; estes, contudo, não dissimulavam seu desprezo e ódio aos cristãos. [... ] O primeiro a protestar contra o covarde oportunismo e transigênc ia de Recafredo e demais bisposfoi Santo Eulógio, o que lhe valeu ser colocado numa prisão " (p. 169). Tendo sido por fim solto, foi ordenado sacerdote e exercia seu sagrado ministério em Córdoba, visitando com freqüência os mosteiros circunvizinhos. Viajou até o norte da Península, avivando ali suas esperanças de wna restauração da Espanha católica. Em 858 anunciam-lhe que fora nomeado arcebispo de Toledo. O emir tenta de todos os modos impe-
di-lo. Pouco depois, sucede que uma donzela moura, de nome Leocrícia, conve1tida ao cristianismo, vem pedir-lhe conselho, fugindo de seus pais. As leis proíbem todo proselitismo, mas Eulógio a recebe sem medo. Uns soldados se precipitam em sua casa e levam ambos ao tribunal do vizir e outros ministros da corte. Eulógio pode, com wna só palavra, salvar a sua vida, mas prefere confessar publicamente a Cristo e impugnar Maomé, cujos erros refutou em seu Liber apologeticus m.artyrum.. No dia 11 de março de 859 sua alma voava para o Céu, junto com a de Leocrícia. O entu s ia smo por tão grande Santo nos levou a dar longos pormenores de s ua vida. Não nos sobrou espaço para mostrar a atualidade de seu exemplo para os cristãos do mundo moderno, que devem enfrentar uma sociedade secularizada e paganizada que corrói silenciosa.mente - e nem sempre tão silenciosamente - os princípios de nossa fé católica. Mas será necessário? O leitor certamente saberá fazer essa e muitas outras aplicações atualíssimas para as circunstâncias nas quais vivemos. E, de qualquer modo, o nnissivista pode se dar conta de que Santo Eulógio ex istiu realmente, em circunstâncias concretas bem conhecidas e documentadas historicamente. Sem dúvida, nessa época da qual tratamos, terá havido outros heróis anônimos, dos quais a Hi stória não registrou nem o nome, mas que a Igrej a celebra como mártires, porque diante de De us não há heróis anônimos! • E-mail cio autor: concgo josclui z@catolicismo.corn .br
AGOSTO 2005 -
-
Pequim' reprime crescentes protestos
Lobos vorazes protegidos pelo ecologismo
M
ais de um mjlhão de chineses renunciaram quase simultaneamente ao Partido Comunista e à Liga dos Jovens Pioneiros. Este êxodo em massa é apenas um sinal das convul sões internas na China comu ni sta, segundo Accuracy in Media, associação espec ializada nas deturpações da imprensa ocidental. A reação da ditadura de Pequim foi radicalizar a repressão, numa proporção que assustou até o esq uerdizante diário "New. York Times". •
Mais uma fuga do 11 paraíso11 castrista
A
partida de voleibol da Liga Mundial entre a Itália e C uba ia começar, mas Xavier Augusto González Pantón, o capitão do time cubano, não apareceu. Ele havia fugido disfarçado do hotel, e pedi u as il o político às autoridades italianas. "Na minha terra os direitos humanos são palavras vazias, faltam liberdades elementares", declarou ele, segundo "IJ Corriere della Sera", de Mi lão. É apenas mais um caso da hemorragia de fugitivos da ilha-prisão, que entretanto atrai alguns petistas brasileiros como se fosse um novo paraíso. •
CATOLICISMO
M
ais de 850.000 espanhóis protestaram nas ruas de Madri contra o diálogo - a bem dizer, concessão - que o governo soc iali sta de Zapatero vem mantendo co m a organização terrorista basca ETA. O ato foi convocado pela Associação das Vitimas do Terrorismo. O povo bradava "Zapatero embusteiro", "Não se dialoga", "Negociação no meu nome, NÃO". As autoridades sociali stas ausentaram-se da manifestação escandalosamente, segu ndo os jornais madrilenos. Simultaneamente, o partido ilegal Aribatasuna - fac hada dos terroristas da ETA - promoveu marcha em Bilbao de apoio ao diálogo desejado pelo governo sociali sta. •
O
min. istro francês do Ambiente permitiu que se abatessem alguns lobos, para tranqüilizar os pastores da Sabóia. Desde que a Convenção de Berna, bafejada pelo ecologismo, declarou os lobos "espécie protegida", eles se multiplicaram a ponto de dizimarem os rebanhos. Sempre mais numerosos, os lobos devoram as ovelhas às dezenas, segundo o diário parisiense "Le Figaro". Como na fáb ula de La Fontrune, a convivência pacifica entre lobos e ovelhas acabou muito mal . Mas o fanatismo ecologista rejeita o bom senso, e como conseqüência as vítimas são as ovelhas ... Têm pena dos lobos, mas não das ovelhas. Símbolo da atuação dos defensores dos chamados "direitos humanos". •
Precursor da fecundação in vitro se arrepende
O
850.000 espanhóis contra o diálogo entre socialistas e ETA
Prof. Orazio Piccinni , um dos precursores da fec undação in vitro, agora prega o fim dessa prática, segundo a agência "Corrispondenza Romana" . Afirmou que ela exige "o sacr~f"ício premeditado de muitas vidas humanas. De fato, cerca de 90% dos embriões produzidos em laboratório são imolados, para se obter uma criança a qualquer preço". A mídia e certo establishment, que antes incensavam o médico, passaram agora, após a sua sensata mudança, a marginalizá-lo e até hostilizá-lo. •
ONU: fracasso no combate à AIDS baseado em métodos -antinaturais
O
Evolucionistas americanos fogem de discussão científica
N
os EUA, 48 % da população julgam que um Ser inteligente é o autor da Criação, enquanto só 28 % acreditam no evolucionismo. John Wachholoz, professor de ciências em Salina, Kansas, deplorou que quando disserta sobre a evolução os alunos "enfiam a cabeça no banco e fingem não entender nenhuma palavra do que lhes é dito". No estado de Kansas, as autoridades patrocinaram um debate entre cientistas sobre a inclusão do evolucionismo no currículo escolar. Entretanto os darwinistas não tiveram coragem de se apresentar ao debate. Do outro lado, os criacionistas convocaram uma vintena de cientistas para sustentar sua tese na discussão. Convém lembrar que o cdacionismo está atestado no livro do Gênesis, na Sagrada Escritura. •
secretário-geral da ONU, Kofi An nan, reconheceu que o combate à ~ Aids arti cul ado por essa organi zação - baseado, aliás, \ 1 esse nc ialm ente em métodos antinaturais e imorais, como o V IN TERNATIONAL uso de preservativos - cons10s CONFERENCE titui um fracasso. A meta ele reduzir em 25 % os novos casos de infecção nos jovens não será cumprida em 2005, embora se pretenda aplicar 8 bilhões ele dólares para esse fim. Segundo Annan, o au mento da Aids em 2004 foi o mais alto já registrado: 3,1 milhões de mor- Kofi Annan: conferência contra a AIDS tese 4,9 milhões de novos contágios. Apesar das evidências em contrário, autoridades em todo o mundo negam-se a reconhecer o óbvio: a única solução segura para combater a terrível pandemia é a prática da Lei de Deus. •
R ------------- ~.-~
Itália: vitória católica contrn a fecundação in vitro
J\
imensa maioria do eleitorado ca-
1':tólico na Itália anulou, por ocasião de um plebiscito, a tentativa de ampliar a lei de fecundações artificiais con trárias à moral católica . A extrema esquerda pleiteou a consulta popular com o intuito de liberalizar amplamente essa lei, que é a mais restritiva da Europa (embora também contrarie a moral católica) . Apenas 26% dos eleitores apresentaram-se para votar, tendo o plebiscito fracassado por falta de quorum .
Suíça: voto protestante aprova 11 casamento11 homossexual
O
voto protestante foi decisivo para que a Suíça aprovasse em referendo o "casamento" homossexual, ou Pacto Civil de Solidariedade (PAC), que equivale a um casamento civil, segundo a agência "Zenit". A Federação das igrejas reformadas empenhou-se na aprovação desse contrato antinatural. Os católicos votaram pelo "não". Dos sete cantões que recusaram a propos ta, seis foram os que têm maioria católica, como o de Lugano, de língua italiana . Catedral católica de Lugano
11.669 prefeitos franceses repudiam 11 casamento11 homossexual
N
a França, 11 .669 prefeitos assinaram apelo contra o "casamento" homossexual. Eles "desaprovam todo projeto de casamento entre pessoas do mesmo sexo" e "contestam o envolvimento do prefeito numa celebração desse tipo". Num apelo ao primeiro-ministro da França, os prefeitos reafirmaram que "o casamento, para nós, consiste verdadeiramente no engajamento de um homem e de uma mulher, visando fundar um lar", e que "isto é parte fundamental no ed{ftcio social de nosso pais". •
AGOSTO 2005 -
1 de Jesus ", e diz que precisaria ser levada a todos os campos da convivência humana, inclusive à economia. Uma espécie de comunismo, portanto, que ele chama de "democracia sem fim". De onde ele tirou isso? Sua mente é reconhecidamente fecunda.
AntidiSCl'iminatÓl'iO que discrimina
A "democracia" de Genésio
Essa democracia seria "absolutamente antidiscriminatória ". Mas, curiosamente, a característica central apresentada por Genésio para sua democracia é precisamente uma discriminação: ela seria "antihierárquica ", po1tanto seriam discriminadas todas as hierarquias e os que a elas pertencessem ou as defe ndessem! Diziam os antigos que não ex.iste herege sem concubina. Poderíamos parafraseá-los, afirmando que não existe herege sem contradição. Ele evita dizer que as parábolas de Jesus descrevem hierarquias be m definidas, em que aparecem senhores e servos, e o próprio Divino Mestre freqüentava casas ricas como a de Lázaro. E reconhecia ademais o poder legítimo da autoridade, mesmo quando exercida por
pessoas indignas ou malévolas, como é o caso do Sumo Sacerdote Caifás e do próprio Pilatos.
Forçando textos da Bíblia a flm de impol' /'alsas teol'ias Mas logo em seguida Genésio procw·a dar visos escriturísticos às suas afirmações. Refere-se ao conhecido episódio dos primeiros cristãos que tinham tudo em comum, mas não menciona que essa situação era livre para quem a quisesse adotar, e não imposta, como fica claro nas palavras de São Pedro ao defender a livre disposição dos bens. No episódio citado, tendo Ananias vendido um campo, mentiu, dizendo que trazia todo o dinheiro recebido, quando na verdade depositava aos pés dos Apóstolos apenas uma parte: "Pedro, porém, disse: Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo ? Acaso não o podias conservar sem vendê-lo ? E depois de vendido, não podias livremente dispordessa quantia?" (At 5, 3-4). Segundo Genésio, "a lei básica era 'o que concerne a todos, deve ser deci-
dido por todos '". Não é o que se depreende da Sagrada Escritura, pois a autoridade dos Apó tolos, e sobretudo Pedro dentre eles, aparece inconteste, inclusive "o povo lhes tributava grandes louvores" (At 5, 13). Também é preci so considerar que esse modelo vivido pelos primeiros cristãos é factível apenas para conjuntos pequenos de pessoas, a tal ponto que, com o crescimento do número de devotos, ele deixou de ser vi ável. Prosperou depois, isto sim, nas ordens e comunidades religiosas, como mais tarde a dos franciscanos, que o ex-frei Boff abandou. De fato, nos primeiros tempos da Igreja, sob ação do Espírito Santo, modelou-se um tipo de convívio em comum, que foi a semente das ordens religiosas, mas que não cabe aplicar a toda a sociedade temporal, com sua extensão e complexidade. Genésio anda inquieto para querer impor teorias que só pequenos círculos de iniciados na Teologia da Libertação aceitam. E mesmo esses não as praticam. • E-mail do autor: cidalencastro@catolicismo.com.br
C ontradições e artimanhas de pregadores da Teologia da Libertação procuram interpretar as Sagradas Escrituras, forçando textos para "justificar" disparates n Cio
A LENCASTRO
enés io Darcy anda inquieto. Genés io é mai s co nh ec ido como Leonardo Boff, ex-frade franci scano e amigo de Frei Betto. E mbora tenh a abandonado a Igreja Católi ca e m 1992, porque suas heresi as não o deixavam à vontade na instituição, nem por isso parou de gravitar em torno dela. Compreende-se. É tal a força divina que emana da Santa Igreja de Jesus Cristo, que mesmo seus inimigos acabam por viver em função dela. Mas Genés io continua a contar com apoio de companheiros seus da chamada Teologia da Libertação, que não ti-
CATO LICISMO
veram a coerência dele ou fo ram mai s espertos, e continuam a pregar de dentro da Igreja as mesmas coisas que ele prega do lado de fora. Postados de um lado e outro, por cima das sagradas muralhas dão-se as mãos .
"uma democl'acia sem fim ... um l'egime igualitál'io De modo que as arengas de Genésio conti nuam a ter interesse, não tanto para saber o que diz um ex-frade, mas para conhecer quais rumos trilham aqueles que, dizendo-se membros da Igreja, professam a Teologia da Libertação . Estes podem vir a fazer ainda um grande mal, que é preciso o quanto possível denunciar para tolher, ou pelo menos circunscrever.
.
Em arti go difundido pela agê ncia progressista de notícias Aditai, e publi cado na edi ção de 24-7-05 do "Jornal do Brasil ", Boff procu ra justificar suas teorias com base na Sagrada Escritura. Se é absurdo o método protestante de ler a Bíblia e interpretá- la como parecer melhor a cada um, o dele é ainda mai s lamentável: in ventar uma teoria própri a, e depoi s proc urar forçar textos ela Sagrada Escri tura para lhe serv irem de base. É o que encontramos no referido artigo. Tudo começa com uma espécie de dogma: "Há urna experiência de democracia muito mais radical que a grega e que foi vivida pelas duas primeiras gerações de cristãos". Essa "democracia radical cristã", ele a atribui à "prática
AGOSTO 2005 - -
-
"Baldeação ideológica " e "pala,1ras-talismã" A esco lha que a imprensa faz entre as pal avras rebelde ou lerrorista não me signifi caria nada, se não tivesse lido o livro Baldeação ideológica inadvertida e diálogo. Nesse magistral estu do, publicado em meados da década de 1960 , o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira de monstrou como era in strumentali zado o uso siste mático qu e se faz ia e ntão da palavra diálogo, em lugar de palavras que mais corresponderi am a debate. Tratava-se de disso lver as di fe re nças e ntre lados o pos tos de um de bate fil osó fi co, tran sfo rm and o um anticomuni sta co nvicto em alguém que só desej a fazer co mpromi ssos, concessões e recuos. Exercendo essa infl uênc ia psico lóg ica sobre o públi co, essa e outras palavras adquire m um caráter como que mágico, tali s mâni co, e o autor as rotu la por isso de " palavras-talismã". E las são ampl amente utili zadas ainda hoje, para alterar pontos-de-vi sta e mesmo convicções do públi co. Detul'pação das pala vras em prejuízo da 11il't ucle
À medid a que ho mossex ua is não
Rebeldes ou terroristas? Rrvezes procura-se dar um sentido diferente a certas palavras, em geral deturpando-as ou "maquiando" os termos - o que tem favorecido a tolerância em relação ao mal, e nunca a solidificação da virtude. ,
N o RMAN FuLKERSON
Washington - Afirma-se que uma figura vale mais do que mil palavras . Mas uma palavra bem escolhida pode tornar obsc uro um quadro de si claro. Para mim , isso se tornou evidente quando li recentemente um artigo da Associated Press sobre a morte de 76 rebeldes iraqui anos num combate fe roz. CATO LI C ISM O
Desde que começaram os atentados no Iraque, tenho me perguntado o que é exatamente um rebelde. Parecia-me mais um daqueles eufemismos, tão comuns na imprensa, cunhados para tornar os terroristas menos aterrorizantes. E no referido a.itigo, eles se tornaram ainda menos aterrorizantes ao se transformai-em em
"suspeitos de serem rebeldes".
Tais de nomin ações sugerem altamente que nossas tropas no Iraque estão matando gente inocente, e que algo como uma corte marcial deve ser constituída para definir se um desses "suspeitos" é realmente um terrorista, ou apenas um muçul mano que por acaso gosta de usar bombas presas à cintura e um rifle ao ombro.
são chamados como tais, a fim de não lhes ser ofensivo, e relações sexuais ilegítimas vi ra m "estilos de vida alternativos", a oposição a uma vid a pecami nosa se e nfraquece. O aborto j á não sig nifica o assass inato de um a cri ança ainda não nascida, reduzida a um simples "feto" sem indi vidualidade, e os que apó iam a "eliminação do fe to" se tran sfo rm a m em defensores de uma "opção". Quem se atreve a sustentar as normas tradicionais da moral corre o ri sco de ser taxado de " in sensível". A elasti cidade dessas "palavras-talism ã" torna-as inadeq uadas a uma defi nição, inatingíveis po r um bom dicio nári o. O di cionário Webster, na acepção que estamos analisando, defi ne " rebelde" como "quem se rebela contra
autoridade ou governo constituído, especialmente quando não considerado beligerante ". Quem tenha visto videotapes das horríveis decapitações pra-
ticadas por " rebeldes" iraqui anos, sabe que e les estão muito longe de se enquadrar nesse conce ito. M as há muita gente preocupada co m o ar condic ionado insufi ciente das pri sões em Guantânamo ...
Pequena sondagem diret;a com o público Conhecendo a intenção da mídia esqu erdi sta, de apresentar e m boa ro upagem esses bene méritos " rebe ldes", decidi pesqui sar de que modo as pessoas comun s, o " home m da ru a", entendem o termo. Nada me lhor para isso do que abordá- las e m praça públi ca, à entrada o u saída de loj as co merc ia is vi zinhas. As quinze pessoas que entreviste i não representam ne m de longe uma enquête, mas as respostas fora m todas notave lmente consistentes. E u receava levantar o tema terroristas co m desco nhecidos , mas meus temores se des vaneceram quand o abordei dois ve lh os em anim ada conversa, sentados num banco da praça. Depo is de conseguir a custo que eles interro mpessem a conversa, logo um me respondeu que rebelde é um a palavra enganosa, apresentando terrori stas como " pessoas qu e não são más", achando que e les "lutam por uma causa justa". Um sargento aposentado da Força Aérea fo i direto ao ponto: "O termo rebelde é usado pe la mídi a para descrever gente ruim , faze ndo-os parecer Lu-
tadores pela Liberdade". U m professor de Hanover (Pensil vânia - EUA) comentou com satisfação o valor das palavras, e afirmou que, embora rebelde possa ser ente ndid o como uma pessoa que toma pa.it e numa revol ta armada, tem sido hi storicamente usado para definir os qu e se rebelam contra um regime ti rânico, como os que lu taram na guerra de ind epe nd ência americana. Como a maiori a dos entrevistados, ele tinh a a impressão de que as pessoas entende m a pa lavra co mo aplicável a quem luta por um a causa nobre. Todos os entre vi stados consideram terrorista um termo muito m ais negativo do que rebelde.
Uma jornali sta de 35 anos, que colabora num jo rna l loca l, admitiu que para ela o sig nifi cado da palavra rebelde mudou ao longo dos anos, por cau sa do modo como os rebe ldes vê m sendo apresentados pe la mídi a. Acentuou as irregul aridades no modo de a imprensa referir-se a re be ldes no Iraque, mostrando qu e esses combatentes são estra ngeiros, não usa m uni fo rmes e siste mati ca mente evita m e ntrar em combates com os " in vasores" (a meri canos). Pelo contrári o, preferem usar ho mens-bomba, que massacram di ari amente civi s inocentes, inclu sive mulheres e cri anças.
Iraque, Londres e Madl'i: a mesma ação tel'/'orista O debate em torno do te ma segurança te m po larizado a nação, e os ame ri canos se consideram mais seguros com um pres idente que não te m receio de dec larar guerra ao terro r. No centro desse debate está a guerra no Iraque. Ne le re presenta pape l importante uma palavra que possa verga r a opini ão pública, po is a dec isão de lu ta r fica se ri a me nte co mpro me tid a qu ando se ame ni za a situação de um terrorista ao chamá- lo simples me nte
rebelde. Passemos à co ntra-prova. Nas reportagens sobre os trág icos atentados de Londres e M adri , um a palavra se fez notar pela ausênc ia: rebeldes. A mídia não a usou uma única vez, e os que os praticaram receberam exatamente a deno minação que lhes cabe : terroristas. M as qual a dife re nça entre os que assass inam civi s inocentes em Londres e os que o faze m no Iraque? Paralelamente aos mortais conflitos no Iraque e no Afega nistão, há uma batalh a mais importante dentro do no so pa ís, pe la co nquis ta dos co rações e me ntes dos a mericanos. Pe lo ampl o uso dessa " palavra-tali smã", torn a-se evidente que alg uns se sente m incomodados com nossa dec isão de vencer essas guerras. • E-mail cio autor: norm anful kerson @ca toli ci smo.co m br
AGOSTO 2005 -
-
1
EXCERTOS
MEMÓRIA
CoilJllpção política. Haverá remédio?
Da misericórdia nervosa da Ação Católica ao nudismo de hoje
[continuação da p. 2) Muitas pessoas vêem que a falta de religião é raiz de todo mal, mas não querem absolutamente propagá-la de modo a criar um ambiente de moralidade. Porque obrigá-las-ia a não serem ladras. Ora, elas podem concordar que o roubo é uma coisa abjeta, mas deduzir daí que elas não ro ubarão, é uma coisa muito diferente. Para elimi nar a corrupção é preciso haver um apostolado de caráter essencialmente religioso, pelo qual se torne presente o auxílio da graça de Deus, que toque as al mas, as inteligências e as vontades; de maneira que elas se conve1tam, e, a partir desta conversão, alguma coisa se consiga. Ora, tal conversão é evidentemente dificílima em épocas de imoralidade generalizada. Assim sendo, é preciso, se se quiser descer aos últimos recônditos do problema, haver apóstolos - corno os recomenda Dom Chautard2 - de vida interior autêntica, desejosos verd adeiramente do Reino de Deus antes de todas as coisas, e de que se faça a vontade de Deus assim · na Terra como no Céu. Praticando eles mesmos tais virtudes, e incitando pelo exemplo e pela palavra - como também pela repressão do Estado, em algum a medida - as pessoas a mudarem de procedimento. Se não houver isso, não adianta nada. O suborno di ssemina-se corno mancha de azeite que cai sobre uma folha de papel: vai penetrando e espalha-se por toda a contextura do papel. Em certo momento o número de ladrões pode tornar-se tão grande, que é praticamente impossível reprimir o crime sem se colocar a nação intei ra na cadeia. Nessas circunstâncias, surge uma alegação: é preciso dar um jeito. Qual é o jeito? Um acordo: o indivíduo pode subornar, e não irá para a cadeia; apenas terá que pagar certa mul ta. É a roubalheira que continu a, com preços ainda mais altos. É a ofic iali zação do roubo. Um ladrão de galinhas, visto pul ando o muro de madrugada com duas ou três ga linhas na mão, é preso. Vai para a CATOLIC I SMO
pri são e fica desmorali zado. O outro, que arranj ou a negociata, não fica desmoralizado, não é preso; tudo acaba num arranjo, e ele ganha mais dinheiro. Conclu são: todos ro ubam de todo mund o; o ro ubo es tabelece-se como costume oficial; o trabalho perde o seu prestígio e a co mpetência perde a sua influência. *
*
*
Desse modo, qualquer regime que seja, comunista ou capitalista, afunda no roubo e se desfaz; resulta numa "roubolândia", em que uma minoria de ladrões acaba dominando o país. Dá-se o desfazimento da sociedade e uma adulteração da polêmica. Uns dizem·se socialistas; alguns, comunistas; e outros, capitalistas. Os comunistas acusam os capitalistas, porque no regime capitalista o roubo se generaliza de todos os modos. Os capitalistas acusam os comunistas, porque no regime comunista o roubo se instala de todas as formas . Todo o mundo acusa todo o mundo de ladrão, todos são ladrões. E, afinal, a situação geral descamba para a anarquia e o caos. Assim , vamos caminhando para uma ordem de coisas em que a di scussão capi tali smo-comunismo perde sua consis-
tência. O comuni smo é capitalismo; ocapitalismo é comuni smo; todo mundo é ladrão, a não ser uma meia dú zia de pessoas que ainda crêem verdadeiramente em Deus. Trata-se de uma deterioração gradual, e enquanto não houver uma conversão religiosa, as instituições vão apodrecendo. Nesse quadro, ninguém pode ter ilusão a respeito. Levando-se uma vidinha, que à primeira vista pode parecer tranqüil a, a corrupção das mentes ainda é pior do que a corrupção da economi a. E todo mundo acaba se acostumando com essa situação. Mas então, qual o remédio para isso? É preciso recompor as elites - elites morais, antes de tudo - , mas elites por excelência, de famílias, nas quais ainda alguma coisa se conserva pela recordação de seus maiores, que foram célebres por sua honestidade etc. Ou se trabalha para restaurar verdadeiras elites, ou não há solução. O remédio é restabelecer a ordem hierárquica na sociedade. • Notas: 1. D igesto, 19.5.5 (adaptado). 2. O conferencista refere-se ao re no mado li vro A alma de todo o apostolado, do Abade do Mosteiro de Sept-Fons (França), Dom Jean-Bapti ste Chautard ( 1858- 1935).
U n1a relativização da doutrina católica levou muitos a aceitarem como normal o que a Igreja sempre condenou. Daí a indagação de Plinio Corrêa ele Oliv<'irn· "n1wm ainda é católico na Igreja Católica?" ' JUAN G O NZALO LARRAÍN C AMPBE LL
A
ace itação ela mais crua pornografia na T V, nos jornais, revi stas, cinemas, teatros, internet; a genera li zação do biquíni nas praias, piscin as etc.; o uso habitual de "traje" de du as peças separadas; a práti ca habitual do contro le da natalidade e a matança de mi lhões de inocentes, por meio do aborto ; a legalização do divórcio e das uni ões homossexuais - são fa tos, entre muitos outros , à vi sta de qualquer pessoa na vida cotidi ana, que levantam algumas perguntas: Como, desde quando e por que se difu ndiu de tal maneira a imora lidade entre os católicos, que constituem a grande maioria dos bras ileiros? Parte da resposta a estas perguntas, procuraremos dá- la neste artigo, publicando denúncias e advertências que o Prof. Plinio Corrêa de Oli veira fez aos meios católicos há 62 anos, em seu livro Em Defesa da Ação Católica.
Para que os católi cos apertassem a mão que os comuni stas lhes estendiam, e péu-a que se abri ssem à imoralidade do século, era necessfü·io operar-se um a modifi cação na menta lidade dos fiéis. Esta manobra de modificação teve seu mais dinâmico centro de irradiação nos setores mais infl uentes cio movimento Ação Ca1ólica, cujos principais elementos eram continuadores da heresia modernista, condenada em 1907 por São Pio X. Plinio Corrêa de Oliveira (no círculo), junto a amigos na época do lançamento do livro Em Defesa da Ação Católica . Do esq . poro a dir.: Dr. José Fernando de Comorgo, Dr. Adolpho Lindenberg, Prof. Fernando Furquim de Almeida e Dr. José Carlos Castilho de Andrade .
Mudança de melltalidade através da Ação Católica Até a década de 30 a Igreja apresen tava no conjunto de sua Hierarquia, encabeçada pelo Santo Padre, assim como na totalidade de seus ensinamentos, uma posição monoliticamente anticomunista e defensora da moral e dos bons costumes, o que constitu ía o obstáculo mai s importante que o comunismo - a III Revolução, depois do protestantismo e da Revolução Fran cesa - encontrava diante de si em seu desígnio de conquistar o maior número possível de adeptos. AGOSTO 2005
~
-
.
Plinio Con-êa de Oliveira discerniu em sua origem os métodos e os erros que renasciam, mostrando que estes constituíam um sistema de pensamento e ação. Unificou-os e denunciou-os em seu livro Em Defesa da Ação Católica, editado em 1943, prevendo as conseqüências que a difusão de tais en-os trariam p,u-a a Igreja e a Cristandade. Já anos antes da publicação dessa obra, vinha ele adve1t indo os leitores do "Legionário" - órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo, do qual era diretor - sobre a deformação que se estava operando em certos meios cató li cos. Cons istia e la na introdução de uma mentalidade emocional e dulçorosa, que ardilosamente ia colocando de lado a fé e a razão, substitl1indo-as por sentimentos humanos de natureza laica e filantrópica, que não consideravam a existência do mal. C hegava-se assim a uma deformação completa de certos princípios católicos dos mais sagrados. Procissão no Rio de Janeiro, em 1931 : o pujante movimiento católico influencia va possantemente a sociedade.
CATOLICISMO
Nervosismo misel'icordioso e misericórdia nervosa Uma das características dessa mentalidade, que estava na origem do progressismo, era o erro liberal de que todos os homens são bons. Daí decorria uma compl acência sentimental ilimitada em relação aos inimigos da Igreja, destituída de qualquer fundamento. Complacência esta que, por outro lado, continha em si um ód io implacável aos católicos que defendi am a Igreja contra seus adversários . Esse estado de espírito foi constante mente denunc iado pe lo Prof. Plinio. E m 194 1, por exemplo, ao comentar uma brochura apa re nte me nte impressa nos Estados Unidos , na qual se asseverava que o catoli cismo, o nazismo e o com uni smo eram so lidários na obra de destruição da democracia, e le escreveu: "Mas como é possível que semelhante disparate encontre campo na opinião pública? Como há ainda quem tenha a · audácia de afinnar que a Igreja, que tão duramente luta contra o nazismo e o com.unismo, é aliada de um e de outro?
"A culpa, em boa parte, cabe aos católicos de meias tintas, aos católicos expostos a acessos de nervosismo misericordioso, ou misericórdia nervosa, que os enche de inexplicáveis ternuras,.finas suscetibilidades, agudo espírito de .fi·aternidade com todos os inimigos <la Igreja. Se um católico ataca um adversário da Igreja, contra quem se indignam tais indivíduos ? Contra o adversário da Ig reja ? Não, contra o católico. Mais os irrita um possível excesso contra os adversários, do que os notórios excessos dos adversários contra a Igreja". 1 A inju s tiça co ntida na deformação romântica da misericórdia é desvendada mai s uma vez no mesmo artigo: "Isto equivale a ter mais pena de Malco do que de Nosso Senhor. Ter pena de Malco é bom, Nosso Senhor nos deu disto exemplo. Mas chorar sobre a orelha de Malco e irritar-se contra São Pedro, a ponto de perder qualquer presença de espírito para pensar nos sofi·imentos de Nosso Senhor e na i,~fâ.mia de Judas, não será evidente desacerto?" 2
Igualitarismo e liberalismo na Ação Católica Era nos setores mais dinâmicos da Ação Católica que se difundiam os erros que estamos ass inalando. Tai s setores eram animados por um profundo espírito igualitário e libera l, que não tolerava nem a organização fundamenta lm e nte hierárquica da [grej a, como Nosso Senhor Jesus Cristo a instituiu, ne m a separação e a luta e ntre o espírito católi co e o espírito do mundo. Enquanto igualitários, inculcavam a diminuição ou eliminação da distânci a que separa o reljgioso do leigo. Desejando equiparar todas as crenças, derrubavam as barreiras que diferenciam o católico do herege. E nqu anto liberais, tendiam a destruir a muralh a existente entre a moral católica e a impureza reinante no mundo, dando livre curso às paixões, pela rejeição sistemática da ascese e das práticas re ligiosas tradicionais . Jovens em Estrasburgo (França) :
falsa fraternidade cristã nivela sexos, idades e condições sociais nos dias de hoje
Neste artigo nos limitaremos a expor denúnc ias que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira fez sobre este último ponto em seu livro Em Def esa da Ação Católica, e que hoje verificamos confi rmadas pelos fatos.
Concessões ilimitadas em matéria <le modas · A nova tática apostólica da Ação Católica parec ia basear-se no respeito hu mano. De fato, como conseqüência da tendência dela a adaptar-se ao mundo, a firmeza dos princípios se ia di lui ndo paulatinamente, diminuindo também a coragem para defendê- los, dando lugar a um esp írito de concessões ilimitadas em matéria de costu mes: "Sob pretexto de romper com a rotina, jàlou-se em 'apostolado de infiltração'. A necessidade deste apostolado é premente. Não obstante, nada autoriza a que, sob o rótulo desta verdade, posta como as outras em franco delírio, se faça uma c01ule11ação radical de todos os processos de apostolado <lesassombrados e de viseira ergui<la. Dir-se-ia que o respeito humano, que
nos leva a calar a verdade, a adocicá-la, a fugir de qualquer luta e de qualquer discussão, passou a ser a/onte impiradora de uma nova estratégia apostólica, a única a ter curso oficial na A.C., segundo os desej os de certos círculos. A par disto, começou a formar-se um espírito de concessão ilimitada diante do surto das novas modas e novos costumes. Isto se di4à.rçou, aliás, sob o pretexto de uma obrigação grave de fa zer apostolado nos ambientes CL/ja freqüência a Teologia Moral declara vedada a qualquer católico que não queira decair da dignidade sobrenatural que lhe f oi conf erida pelo Batismo ".3
Camamdagem sexual, movida pelo igualitarismo Um dos reflexos do espírito igua litário e liberal da A.C. era a eq uiparação gradual dos sexos, que se realizav a nesses meios como conseqüência da adaptação ao mundo : "Uma camaradagem completa nivela sexos, idades, condições sociais, em uma igualdade apresentada como a re-
AGOSTO 2005
D11111
,
-
O feminismo, nos meios católicos, foi assim denunciado na sua origem: "Agasta-os [aos membros da A.C.] tudo que, lembrando a delicadeza feminina, acentua a diversidade dos sexos. "Combatem, por exemplo, o uso de véus nas igrejas. Não censuram o uso de calças masculinas para as mulheres, nem o do cigarro". 9
alização da fraternidade cristã . Não espanta que, considerando supressos os efeitos do pecado original4 [ ... ] e das tentações diabólicas, [na A.C.] desprezem e se riam de muitas das barreiras que uma tradição cristã introduziu entre os sexos, na sociedade. "Dessas barreiras, algumas não se destinam tanto a proteger a inocência quanto a reputação da jovem. Muito vivazes no Brasil, constituem preciosa proteção de integridade da vida doméstica. Ademais, são expressamente conformes ao que nos diz São Paulo, quando nos preceitua que evitemos o mal e até 'nos guardemos de qualquer aparência de mal'.5 "Esses elementos, sob o especioso pretexto de que a infração desses costumes não é intrinsecamente imoral, não só toleram mas aconselham que os membros da A.C. os ponham de lado . "Exemplifiquemos: ninguém ignora que, em tese, é possível que uma moça saia à noite inteiramente só, com um grupo de rapazes estranhos à sua família, sem com isto cair em pecado. "Mas em um país como o nosso, em que esse perigoso hábito não se introduziu, todo o mundo sabe quanto tem que lucrar a sociedade com o repúdio de uma prática tão imprudente. "No entanto, estes elementos não só permitem como aconselham a assim se proceder na A.C. ". 6
O silêncio nos meios da A.C. contra as modas indecentes fac ilitou sua difusão em todos os ambientes cató li cos: "Tendo embora a San.ta Igreja estabelecido uma distinção prudente entre os ramos masculino e f eminino da A. C., há espíritos em citjas concepç6es esta distinção é quase nega<la na prática, pela inte,penetração a bem dizer completa que desejan·,. para as respecti vas atividades, horas de laze r, etc. Tudo quanto signifique combate direto e de viseira erguida contra as modas indecentes, as más leituras, más companhias, maus espetáculos, passa muitas vezes sob o mais projimdo silêncio . "Não espanta, pois, que a educação da pureza seja feita freqüentemente de modo temerário, impregnada de um sentimentalismo mórbido e de idéias paganizantes, cheias de perigosas concessões aos costumes modernos". 10
Suprnssão dos rntil'os e generalização dos bailes
25 anos depois ... libertinagem completa
A supressão dos retiros espirituais e a generalização dos bailes imorais, de que hoje, infelizmente, participam praticamente todos os católicos, como também a "legitimação" da freqüência a lupanares, também foram denunciadas, em sua nascente, pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "Ninguém ignora os múltiplos perigos que os bailes trazem consigo. Tais bailes, entretanto, não são tolerados mas recomendados, não são recomendados, mas até impostos: os retiros espirituais durante o carnaval são considerados uma deserção , pois que o membro da A.C. deve fazer apostolado nas f estas pagãs do carnaval. 7 "Houve quem pretendesse que, indo a lugares suspeitos e escandalosos, faria apostolado, levando ali o Cristo". 8
A radicalização dos erros aqui denunc iados é hoje ev idente. A imoralidade que há 62 anos germinava e m setores da A.C. penetrou com tal intens idade nos ambientes cató li cos, que a perversão do mundo e dos referidos ambientes passou a constituir um só todo. Eis dois exemplos de como-se manifestava a mais escandalosa imoralidade em meios religiosos, descritos por Pli nio Corrêa de Oliveira em 1968, em arti go para a "Folha de S. Paulo": "Com isto [com a campanha contra infiltração comuni sta na Igreja, promovida pela TFP], evitou-se para o País um imenso drama de consciência. 'Não entendo mais nada', 'estouficando louco', eram expressões que em cada canto se ouviam, ou diante de inovações religiosas que iam
CATOLICISMO
Silêncio em relação
à propagação <la imoralidade
A liberdade sexual, mesmo entre católicos, conto com o aprovação de certos diretores de consciência, que admitem implícita ou explicitamente mudanças no moral católica .
muito além da linha de Concílio Vaticano ll, ou diante de fatos escabrosos como o de uma Congregação de Religiosas q,ue permitiu que suas freiras fossem fotografadas por uma revista de enorme tiragem, postas em shorts e avançadíssimos trajes de banho. "Ou ainda o do Boletim Telepax, publicado sob os auspícios da CNBB, em que no número 125 o Pe. Cuido Logger, diretor da Central Católica e de Cinema, afirma textualmente: 'Admito o palavrão no teatro, o nu no cinema e a cena de alcova, quando isto tem sentido dentro da obra, uma necessidade de dramaturgia interior, da caracterização psicológica do personagem ou de uma situação. Existe um erotismo sadio, limpo, no teatro e no cinenu1. O eros faz parte da vúla do homem, e onde se dá um retrato do homem, o eros tem que aparecer, senão a imagem do homem, contemporâneo ou não, não seria completa. Seria mentirosa e menos convincente"'. 11
A responsabilidade das a11to,'idades Isto nos idos de L968 ! O que escreveria hoje o Prof. Plinio, verificando a c rescente apostas ia de religiosos que contraem " matrimônio" ou a expansão ass ustadora da homossexualidade e pedofilia em setores do clero, como també m o misterioso s il êncio, para dizer pouco, ele tantos ec les iásticos frente à legali zação do divórc io, da prática do aborto, dos casos de uniões homossexuais e m quase todo o Ocidente? Parte do qu e seria seu julgamento, podemos conhecê- la através do arti go, publicado 32 anos após o livro Em Defesa da Ação Católica, na "Folha de S. Paulo", assinalando a responsabilidade de elementos do clero pela prática da liberdade sexual entre os católicos. Mostra ele como essa liberdade conta com a aprovação de diretores de consciência, que adm item implícita ou explicitamente ter havido uma mudança na moral católica. Tal atitude, sendo um pecado contra a fé, formali za uma apostasia, confirmando as denúncias que fizera em 1943: "Em uma sala junto à Igreja da Piedade, em Salvador, religiosos capuchinhos permitiram que instalassem uma boutique, na qual vendem obj etos 'unissex', entre os quais biquínis.
"Como bem se pode imaginar, a iniciativa causou escândalo a muitos freqüentadores do templo [... ] "Quando, há alguns meses, publiquei uma notícia de um convento de religiosas da Espanha que fabricava biquínis, 12 causei entre os leitores explicável sensação. E, se bem que ninguém ousasse desmentir tão insólita notícia, não faltou quem a julgasse duvidosa: tanto escândalo não podia acontecer... "Agora, caso análogo estoura em Salvador. Pois não há tanta diferença entre fabricar biquínis e vendê-los. "Contudo, nem do caso espanhol nem do baiano a imensa maioria das pessoas tira as conclusões devidas. " Uma destas, entretanto, salta aos olhos. Se desde sua fundação até nossos dias a Igreja considerou com horror o nudismo - do qual o biquíni é uma das manifestações mais agressivas -e se em nossos dias entidades eclesiásticas.fabricam e vendem biquínis, de duas uma: " 1) ou a Moral católica mudou totalmente, e ·então a Igreja não é infalível nem divina; "2) ou essas entidades eclesiásticas - ao afirmarem, implícita mas ostensivamente, a legitimidade do biquíni adulteram o ensino da Igreja, e por si mesmas se excluem desta . "Ora, como a primeira hipótese é de todo em todo inaceitável, a segunda se impõe. * * * "Não tenhamos medo de ver a verdade de frente. Este tema - do nudismo - levanta uma pergunta que vai muito além do caso dos dois conventos 'biquinistas '. "É absolutamente impossível que o uso do biquíni e de outras formas de rombuda agressão sexual se tenha generalizado tanto, sem que haja muitos diretores espirituais que concedam absolvição a pessoas que, por seu modo de trajar, não poderiam recebê-la. A eles, também, a pergunta deve ser feita. "Se acreditam que a Moral da Igrej a mudou, como ainda se dizem católicos? E, se permitem às suas penitentes que usem. biqu íni, com que direito se inculcam como padres católicos?
*
* * AGOSTO 2005 -
-
"Obviamente, a pergunta vai ainda mais longe. Das pessoas do sexo f eminino que participam da agressão sexual, inúmeras aprenderam, no Catecismo, que a Moral católica não muda. "Se elas acham que mudou, como podem admitir a infalibilidade e a divindade da Igreja? "E se acham que não mudou, como querem ser tomadas como católicas?
* *
*
"Mas - dirá alguém - usar biquíni é pecado contra o 6º ou o 9º Mandc1mento, conforme o caso. Contudo, uma pessoa não peca contra a Fé por violar um desses Mandamentos. Logo, minha argumentação é sem base. "Evidentemente, não digo que quem. fabrica ou vende biquínis, ou os usa, peca contra a Fé. Mas quem afirma, implícita ou explicitamente, que a Moral da Igreja mudou, este sim, peca contra a Fé". "E daí uma pergunta que, também a propósito da conduta face ao comuCATOLICISMO
nismo e a diversos outros assuntos, pode ser.feita: quem ainda é católico apostólico romano <lentro desse imenso magma de 600 milhões de pessoas - cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos - habitualmente tidos como membros da única e imperecível Igreja de Deus?" 13
Se esta cm a situação cm 1975, como estará cm 2005? Se as autoridades tivessem levado na dev ida conta as advertências feitas pelo Prof. Pl ínio Corrêa de Oliveira em 1943, não teríamos hoje essa imensa derrocada dos costumes e mesmo da fé, dentro da própria Igreja. Começando no movimento Ação Católica, ela dissem inou se por todos os meios católicos, e destes entrou em consonância co m a imoral idade no mundo inteiro, atraindo sobre o gênero humano os terríveis castigos anunciados por Nossa Senhora em Fátima. • E-mail do autor: onzal
Notas:
-
l . " Legionário" nº465 , 10-8-4 1, 7 dias em revista. 2. lcle m, 7 dias em revista. 3. Plínio Corrêa de O live ira, Em Def esa da Ação Católica, Artprcss, São Pau lo, 1983, 2' ecl., p. 13. 4. Nos círcul os ela AC in sinu av a-se qu e, co mo co nseqüê ncia do " mandato" que ha veri a incorporado seus me mbros na Hierarqui a, estes fi cavam imunes aos e feitos cio pecado ori g inal. 5. 1 Tes. 5, 2 1-22. 6. Em Defesa da Ação Católica, pp. 98, 99. 7. Neste sentido, é altamente eloqüente a fotogra fia publicada em "Catolicismo" , na ediçcio de março de 2005, na qual fi gura D. Mauro Mo re/li, bispo de Duque de Caxias (RJ), participando de um cortejo ca rnavalesco. O texto diz: "D. Mauro More/li aparece dando a mão a uma foliona, em atitude de quem está sambando". 8. Em Defesa da Ação Católica, p. 99. 9. Op. cit. , p. 99. 10. Op. cit. , p. 99. IJ. "Folha de S. Pau lo", 21-8-68, " Das páginas da imprensa para as da História". 12. Sobre o convento biquinista , cfr. Catolicismo nº 522, junho de 1994, p. 24. 13. "Folha de S. Paulo", 5-1-75, Quem ainda é católico na Igreja Católica?
~
Prezad<;> leitor,
Corte aqui
---L---------------------------------7 A revista Catolicismo , como já é de seu conhecimento, é uma das mais antigas revistas brasileiras de inspiração catóLica, com especial enfoque na boa formação da familia, hoje ameaçada por tantos fatores de desagregação. Redigida por uma equipe altamente capacitada de jornalistas católicos, desde 1951 proporciona mês a mês matérias selecionadas, muito adequadas para você se manter informado e para ajudá-lo na grande tarefa da formação de seus filhos . Catolicismo comenta notícias da atualidade, sempre sob a ótica católica, mostrando a realidade mais profunda das coisas, com uma penetração que os meios de comunicação social geralmente não apresentam. Catolicismo trata de assuntos culturais e históricos, em artigos bem escritos com ilustrações coloridas, sempre de modo interessante e atraente para leitores de todas as idades. Você, seu cônjuge, seus filhos e netos, todos sem exceção encontrarão nas páginas de Catolicismo matérias fascinantes, que alimentarão sua vida intelectual e espiritual. Problemas como a ameaça das drogas, da AIDS , a instabilidade das famílias , a violência e a imoralidade da TV, a decadência do ensino brasileiro, etc. são abordados em Catolicismo , por especialistas seguros e bem orientados. Catolicismo publica também, todos os meses, interessantes relatos das vidas de santos e santas das mais diversas condições. São homens e mulheres como nós, que enfrentaram e venceram problemas parecidos com os nossos e alcançaram a heroicidade das virtudes. E agora estão no Céu à nossa disposição, rezando por nós, auxiliando-nos nas mesmas dificuldades pelas quai s j á passaram. Essas vidas de santos são, para cada um de nós e para nossas famílias , mensagens de esperança e confiança num füturo melhor. Catolicismo oferece também uma seção muito especial , intitulada A palavra do Sacerdote, na qual o Revmo. Cônego José Luiz Villac, com sua experiência de quase 50 anos de vida sacerdotal, responde a todas as dúvidas dos leitores sobre os mais variados assuntos. Ter Catolicismo no lar equivale a dispor, numa única revista, de verdadeira enciclopédia, disponível a todos os momentos, para os membros da sua família. Difundir e propagar Catolicismo constitui obra meritória, que atrai bênçãos e graças de Deus para você e sua família. E pode igualmente lhe ser algo muito lucrativo. Como? - perguntará você. É muito fácil. Obtenha, entre seus parentes, colegas e amigos, três novos assinantes para a revista. Preencha cuidadosamente todos os dados na folha seguinte, destaque-a, dobre-a e mande-a pelo correio para nossa Administração, acompanhada por um cheque no valor de apenas duas assinaturas. Nem precisa selar, o selo já está pago. Durante um ano, os três novos assinantes receberão cada mês a publicação em sua casa, gozando de todas as vantagens e privilégios dos amigos da revista. Além dos benefícios da boa leitura, outros benefícios espirituais estarão ao alcance deles: todos os assinantes e seus entes queridos, vivos ou falecidos, serão incluídos nas intenções da santa Missa que Catolicismo faz celebrar todo mês, por seus leitores e anugos e pelas intenções particulares deles . Não deixe para amanhã uma obra boa que você pode fazer hoje! Procure hoje mesmo os três novos assinantes! Se você preferir, pode encontrar apenas dois assinantes e mandar o valor correspondente a duas assinaturas, ganhando então, inteiramente grátis, uma assinatura para você mesmo. Caso você já seja assinante, sua assinatura será prorrogada por mais um ano, a partir da data de seu término. Faça propaganda da boa imprensa. Deus Nosso Senhor, pela intercessão e méritos da Santíssima Virgem, o abençoará e recompensará por esse generoso ato. Atenciosamente,
A Catolicismo:
SIM, eu quero participar ela Campanha ele Expansão de Catolicismo, na seguinte modalidade:
D
Estou indicando três novos ass inantes e envi ando anexo cheque no valo r de R$ 192,00, ou 3 cheques de R$ 64,00.
D
Estou indicando apenas dois novos assinantes, e envi ando cheque no valor de R$ 192,00, ou 3 cheques de R$ 64,00. O prêmi o consistirá na prorrogação gratuita de minha própri a ass inatura, por um ano.
Cheque cruzado e nominal à Editora Padre Belchior de Pontes Ltd a.
( Siste ma inteiramente seguro)
·5 O'
g
Indico ele modo especi al as seguintes intenções para a santa Mi ssa que Catolicismo manda ce lebrar mensalmente por seus ass inantes, amigos e benfeitores:
"' Q)
e o ü
~
1l 1s 1 1
1
Novos ass inantes indicados (preencher com letra legíve l):
1
Nome: ...... ... ... ... ..... .... ..... ... ........ ...... ........ .. ........ .. ...... ............... ...... ...... .. ...... .. .. ... ... .. ..... ..... ... .... ........ .. ...... .. . .
1
Endereço: .. .. ... ... ....... .... ....... .............. .. ... ................. .......... ........... ........... .. ........ ..... ... ..... ... .... .. ... ... ..... .. ....... ...
1 1
Bairro: .. ........ ... ......... ........ .......... ..... ..... ............... ...... ... ..... .. .. ..... ..... .. ............ ... ... ... .... .. .... ...... ....................... .
1
CEP: ...... ...... ....... ....... .. ........ ..... ............... .. ........... ..... ... .... ... ... .... ..... ..... ....... ......... .. .. .. ... ... .. ... .. ........ ......... .. ... .
) /1 /
C idade: ... .... ... ... ...................... ............... ... .... ....... .... ..... ....... .. .... ..... .......... Est.: ...... ....... ... .. ... ....................... .
1
Te l. : .......... .... .. ...... .. ...... ..... .... ........................ .... .. Fax.: ... .... ....... .. .. .............. ..... ...... ......................... ... .. ... .... .
l_
Profi ssão: .... ........ .... ...... ..... ..... .......... .... ... ... .. ..... .... .E-mail : .... .... ... .. .. .. ..... .. .... .. ..... ............. ........ .... ... .. .... .... .
1
(
1
1
No me: ... ..... ... .... ..... .................. .. .. ... ........ ..... .. .. ..... .... ....... .. ..... .. ... ..... ... .. .. ...... ...... .... ....... ................... .......... .. 1
E ndereço: ... ....... ...... ... ... ..... .... ...... ....... ...... ... ..... .............................. ... ...... .. .... .. ... ....... ...... ... ..... .... .... .. ..... ...... .
1
1
Bairro: ...... ... ...... ..... ... ....... ..... ... ... ... ..... .... ... .... ....... ........ ................... ...... .......... .. .. ... ... .... ... .... ...... ...... .. .... .......
1
CEP: ....... ....... .... ... ....... .... .... ... .. ... .... ........ ........ ..... ............................ ............... ..... ....... ............. .. ...... ... ........ .. .
1
C idade: ....... ....... .. .......... ..... .......... ........ ... ..... ............ ... ........... .................. Est. : .... ............... ........... .... .. ..... ... .
1 1 1
'51
!1
t
81
o
Tel.: ................... .... ......... ... .. ....... ..... ... ......... ... .... . Fax. : .. .... ................... .. ...... .. .... .. .................... .... ..... .. ........ .
E
P rofissão: ........ ...... ..... ......... ... ....... ... ...... .... ..... ..... ... E-ma.il : .................... ..... ....... ......... ................... ....... .... .. .
~
8. :,
8ã, (D
<J
(D
:,
Q)
.;
s.
(D
Nome: .. ..... ... .......... ...................................... ........ ... .......... ... ... ... ... ...... .. ... ... .... .. ..... ... .... .......... ... ....... .......... .. .
Q) Q)
(D
·~ Q)
*
E ndereço: ... .... ... .. ... ... ........................... ......... ..... ...... ... ........ ... ... ......... ... ... .... ........ ... ... ... ... .. ....... ... ............ .. ....
Q)
o
~
Q)
1
8
1
·5
Bairro: ............ ... .. ..... .. ... ..... .... .... ......... .... .. .. ...... .. ...... .... ........ ............ ......... ...... .. ..... ...... .. ........ .... ... .. .......... ... .
,,3
CEP: ... ...... ..... ... ... ...... ... ........ ........................... ........ 7.... .... ..... ... ......... ..... ...... ... ... ...... .•. .. .... .... .... ..... ..... ...... .... .
o 8
(D
g
1 1
C idade: .. ........ ... .. ..... ............. ........... ....................... ... .... .... ..... .... .... .. .... .. . Est.: .... .. .... ... ...... .......... .... .... ... .... .
1
Te l. : ............... .... ....... ........ ............ ..... .... ...... .. ...... Fax.: ...... .. ...... ....... ........ ..... ........ ....... ..... ... .. ... ....... .... ... .. .. .
1
;il 9·
Profi ssão: ..... ...... .............. ....................................... E-mail : .. ....... ...... .. .... .... .... ....... ..... .... .... ........ .. .. ..... ...... ..
1
?~--==7 Diretor
Nota: se você deixar em branco este espaço reservado à terceira ass inatura, entenderemos que deseja você mesmo ser o bene fi ciário da terceira ass inatura, e automatica mente prorrogare mos o prazo de sua assinatura por mais 12 meses; ou, caso você ainda não seja ass inante, conceder-lhe-emos uma assi natura gratuita por esse período.
1
1 '-..
~"- ______ ~~~ ~~e~~s~ ~~l~r~ ~~s~~ ~~l~r- e_ ~o~~c-a~ ~~ ~~i~a- ~e- ~o~~e~~ ~~i~ ~~~x~~~ ______ -Y / " ·
\
Dobre aqui, cole e envie este cupom pelo correio.
/
\
/ \
/
r------------ . ----------------------------
---- 7
Projeto impede alteração dos índices de produtividade
Remetente _______________________________ Endereço------------------------------
· Cidade _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ Estado_______
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1 I_ -
1
Dobrar aqui -
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-l
1
dS - OlílVd Oy'S - OL6-HC:~0
·ep11 sa1uod ap JO/LJ:J/aa aJped eJOl!P3 :8Qd 08'v'd 'y83S 073S O 8'7'73S 018'y'SS3'.J3N
~
Oy'N
V .lSOdS31:1-V.ll:IVJ
OlílVd Oy'S/l::lO SVIXV~YO ':JV díl LB/099 ~ - Ov-l::JSI
Projeto importante - O deputado Lael Varella (PFL/MG) apresentou um proj eto de fundamental importância para a sobrevivência e progresso da agropecuária nac ional, sobretudo no atual momento em que o agronegócio é tão combatido pelas forças de esq uerda, como o MST e a CPT. Sob o nº PL-5422/2005, dispõe que os índices de produtividade não possam ser aumentados ao bel prazer do governo, mas apenas a cada 15 anos. Maiores detalhes podem ser obtidos no site: hup://www2.carnara.gov.br/ proposicoes. Como se sabe, existe um forte movimento das esquerdas para que tais índices sejam imediatamente aumentados, de maneira a considerar " improdutivas", e assim poderem ser desapropriadas pelo INCRA, as propriedades que atualmente escapam à sanha da desapropriação por serem altamente produtivas. Exposição de motivos - Na justificação do projeto, o deputado Lael Varella afirma: "Presenciamos atualmente um boom da agricultura e pecuá-
ria nacionais. É a agropecuária que eleva o nosso PIB, fa z com que a balança comercial seja altamente compensatória, e sobretudo alimenta com vantagem nosso sofrido povo, quando políticas desastradas de Reforma Agrária e outras congêneres vão lançando à margem da sociedade e das estradas milhares de nossos compatriotas. Se a varinha mágica de uma fada má fizesse de repente cessar, ou pelo menos diminuir consideravelmente a produção agrícola nacional, os maiores atingidos seriam esses pobres que, para sobreviver, precisam do alimento que outros produzem. No Brasil, parece que produzir, dar condições de alimentação para o povo, ex-
Deputado Loel Varela, autor do projeto que beneficio o ogronegócio, vem sendo apoiado pelo Associação dos Fundadores da TFP
portar, fornecer divisas, equivale a um.a maldição. Se não superarmos esse estigma ideológico de que tudo deve reduzirse a pequenas propriedades, e de que a coletivização é o ideal do campo, estaremos irremediavelmente caminhando para o fracasso e para o abism.o. Colocar sobre a cabeça de produtores, já constantemente ameaçados por hordas de invasores, mais a espada de índices que os oprimem e os obrigam a uma superprodução que não se exige nem da indústria, nem do com.ércio, nem do rendimento escolar nem de nenhuma atividade humana, é mais do que um contrasenso, é conspirar contra o País e discriminar deforma radical uma determinada classe. A política de fixação de índices de produção por parte do governo é medida dirigista, de inspiração marxista, e torna-se especialmente perversa quando se atrela a ela a pena de desapropriação". Trâmite ordinário -
O projeto foi apresentado e m 15-6-05 , e trata-se de proposição suje ita à apreciação conclusiva pelas comissões. Deve passar pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) e pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). E m 24-6-05 foi encaminhado à CAPADR, e em 1-7-05 foi designado o relator, Deputado Dilceu Sperafico (PP-PR). No momento em que escrevemos, aguardase o parecer do relator. E m 5-7-05 foi aberto o prazo para emendas.
Apoio - Segundo apurou nossa reportagem, a Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade está apoia ndo esse projeto, que tanto beneficia a agropec uária nacional. •
L - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ,- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ~
AGOSTO 2005 -
, , MIGUEL
BECCAR VAR ELA
N
o mundo pós-moderno, a realidade objetiva é manipul ada e profun da me nte defo rm ada pe lo s me ios de comuni cação . Estes " informam" as pessoas sobre um a realid ade qu e j á não é ma is a ve rdad e ira, mas aquil o que os estudi osos cha mam " hi pe r-realid ade", artifi c ial me nte c riad a pela tec nolog ia d a co muni cação. A propaga nd a da TV , por e xe mpl o, s imula imagens que intens ifi ca m a rea lid ade, fa bricam um " hiper-rea l" es petac ular, um " rea l" ma is rea l e mais in te ressa nte qu e a pró pri a rea l id ade. As pessoas, num estado que se poderi a chamar de hipnótico, sofrem indefesas essas influências que subve1tem sua visão das co isas, e conseqüentemente, sua atitude perante elas. Tal "hiper-rea lidade" as submerge num mundo de sonhos de uma realidade que não ex iste. Sonhos de uma fe licidade consistente no gozo da vida, longe de toda a esperança do Céu. A Lei natu ral, e a moral católica sobretudo, são deixadas de lado ou atacadas de frente por essa indústri a do sonho. Não encontra ndo no ambi ente fami li ar - cada vez ma is e vanecido - o apo io à voz da própri a consc iênc ia, suas certezas morais vão se apaga ndo, e cada vez mais as pes oas se sentem sós. É essa a situação. Cada um é uma ilha no meio da multidão. A Lei natura l, e sobretud o a mora l católica, são de ixadas de lado ou atacadas de frente por essa indústria do sonho. As ciências re lac ionadas com a vida - como a Medicina, a Biolog ia etc. são o bj eto de especial interesse nessa manipul ação avassa lado ramente hedonista e narcisista da realidade, na linha de a limentar o sonho de uma vida sem do r, se m e nfe rmidades, e ta lvez se m m orte. O terrível é que, co mo sempre acontece, tal sonho é apresentado como sendo realizável ao preço do crime, ao preço do atentado contra a vida. É expressão da menta lidade pagã, que di zia:
"Meu bem-estar ao preço de tua desgraça, de tua morte". AGOSTO 2005 -
, duzir uma cópia (clone) do paciente a partir de um núcleo de uma célul a tomada do próprio paciente. Introduzida num ovócito (gameta femi nino) ao qual se retirou o núcleo, produz-se um embri ão humano cl onado do paciente. Ex iste nos EUA e na Europa um poderoso lobby que promove a li beração total da clonagem terapêutica e das pesq ui sas co m CTEH. A lei nos EUA proíbe que o Governo Federal financie esse tipo de pesq ui sas, mas elas não são il egais quando reali zadas com fundos priv ados. Daí resulta, por exempl o, que nos EUA são oferec idos 400 dólares por um óvul o humano .2 Não é difíc il imaginar que muitas mulheres, atraídas pelo dinheiro, aceitam degradar-se assim à condição de animais de laboratório.
Há tempos já, a ciênc ia da propaganda se ocupa das "células-tronco", terreno onde a verdadeira ciênc ia tem reali zado notáveis avanços, e que os técnicos da "hiper-realidade" têm deformado até tran sform á- lo numa peça a mai s do son ho de um mundo sem dor; ainda que contra Deus.
Células-uonco embrio11ál'ias e células-tmnco adultas Célul as-tronco (CT) são célul as não dife renciadas, que Cérebro se encontram no embri ão humano e também no corpo do I homem adulto, e que se distinguem dos outros tipos de ) ' ~ Medula célu las por duas características importantes. A primeira é ____ .f' ~ ósse que elas são capazes de se reprodu zir medi ante divi são celu lar por longos períodos de tempo. A segunda é que sob certas condições fi iológ icas - podem ser induzidas a se tran sformar em célul as específicas com fun ções especíCé lula estromótic fi cas, tais como célul as mu sculares cardíacas, nervosas, a medula pancreáti cas produtoras de in sulina etc . São cham adas Cé lula ~ epitelia l "tronco" por semelhança com o tronco de uma árvore, que se ramifica e se divide em vários ga lhos. Elas são capazes ::•:: ~. . : ' de se "ramifi car" em vári as espécies de célul as. São conhecidos dois tipos de célul as-tronco (humanas Neurôn io Músculo cardíaco ou animai s): as embrionárias (CTEH) e as adultas ( T AH). Segundo sua plasticidade, isto é, sua capacidade de diferenciar-se numa h1aior variedade de tipo de cé lul as, as Célula glial CTEH são consid eradas " pluripotentes"; as CTAH são "multipotentes", isto é, capazes de di ferenciar-se em menor número de espéc ies. Essas célul as, que há mais de 20 anos os cienti stas isolam dos ratos, fora m também iso ladas e cul tivadas a partir de embri ões humanos em
~V
-,. \............
Pessoa
Células-tronco adu ltas, re movido s de tecidos como o medula ósseo ou sa ngue
que precisa de órgão ou tecido novo
As cé lulas são cu ltivados poro produzir uma ma ssa suficiente de cé lulas-tronco adulta s
As célulastronco são reinjetadas no paci ente, para que produzam tecido novo o nde é necessório
flf/
2Ji~~
P'Apl"a •
As cé lulas-tron co são cu ltivados poro que desenvolvam tecido diferenciado
O novo tecido é reintegrado no paci ente
Estranha insistência ante o fracasso de um mito Deve-se notar que não ex iste di ferença qualitativ a entre clonar um embri ão com fins terapêuticos ou fazê- lo com fins reprodutivos, isto é, produzir um clone humano completo. 3 A revisão da li teratura científi ca sobre as pesqui sas com CTEH com fins terapêuticos mostra que os resultados têm sido repetidos fracassos. lsso se deve a várias razões . A primeira é qu e elas provoca m reação imunológica e conseqi.iente rejeição no corpo do pac iente, devido a estar nelas contida toda a fórmu la genética do embri ão de onde foram extraídas, o qual era um ser humano distinto do
Esquema da ação da célu la-tronco adulta
1998. 1 As pesq ui sas com CT para fin s terapêuticos dera m até agora diferentes resultados. As CTEH têm se revelado um fracasso, ao passo que muitos e promissores resul tados têm-se obtido com as CT AH.
Condenável utilização do ser humano Quando o embri ão humano conta com cerca de cinco di as de vida, é chamado blastocisto e contêm em seu núcleo um as 150 célul as embri onárias pluri potentes. São essas as célul as extra ídas para a experimentação terapêutica. Ev identemente, tal extração de célul as significa a morte do embrião, o que contraria fro ntalmente a moral e a ética. Os embri ões para essas experi ências provêm das fec undações reali zadas em clíni cas de fecundação in vitro . Como esse processo de fecundação exige a fo rmação de muitos embri ões, dos quais apenas um será impl antado no útero, os outros são descartados, porém conserv ados vivos em câmaras de baixíss ima temperatura. A quantidade de embriões que podem ser obtidos por este meio é totalmente insufici ente para as experi ências que se realizam com as CTEH. Por isso, outra li nha de pesquisa ex iste hoje, a "clonagem terapêutica". Muito sintetica mente, consiste em pro-
CATOLICISMO
Reconhecimento de fracassos em investigação com células-tronco embrionárias Centenas de cientistas que apóiam a investigação de células-trnnco embrionárias se reúnem nesses dias na Ca li fórn ia, para discutir o estado atual do controvertido campo de estudo. Na entrev ista, admitem que não progrediram muito e estão perdendo milhões, ao tratar de aperfeiçoar seus polêmicos experimentos. Como informa LifeNews. co111, o Presidente da Celgene, Alan Lcwi , declarou à Associated Press (A I ) que "muilas das /ecnoWashington -
logias que mos1rw11os ao público ainda não dão re.mllado ". Por sua parte,
James Thomson, o biólogo de Wisconsin que foi o primeiro a isolar célul as-
tronco embrionárias, também admite que seus méritos foram exagerados. Thomson assinalou também que a tecnologia tem ainda um longo caminho a percorrer, e admitiu que as célulastronco embrionárias ainda não se utilizam em testes clínicos com seres humanos. "Espero que exislam algumas aplicações para esta tecnologia nos transplantes, mas vão ser muito complicadas. Isto.foi tão divulgado pela imprensa, que as pessoas acreditam que o sucesso se alcançará logo". Segun-
do Thomson, as curas que possam provir deste tipo de célu las só ocorreriam dentro de " 10 ou 20 anos, contando a partir de agora ".
Dr. James Thom son
(" Agência AC I", 27-6-05).
AGOSTO 2005 -
-
As células-tronco adultas têm conseguido restaurar músculo cardíaco lesionado Músculo cardíaco lesionado
paciente. O segu ndo grande obstáculo é que elas têm um a forte tendência a produzir tumores cancerosos, ao invés de cél ul as sad ias. "Na China, por exemplo, foi levada a cabo uma experiência com CTEH Iam.adas de ratos, que foram injetadas em determinada região do cérebro de um paciente que sofria do mal de Parkinson. Os resultados foram horríveis. As células embrionárias começaram a crescer descontroladamen/e e se transformararn num teratoma, úm dos mais primiti vos e malignos fu mares que se conhecem.. Na autópsia da vítima, enconlraram-se pedaços de pelos, ossos e pele no lugar onde fora feita a i,7:jeção das CTEH" .4 Com relação à "cl onagem terapêuti ca", os resultados tê m s ido igualmente negativos. Um dos muitos inconvenientes desta técn ica é apontado pela Dra. Ali ce Teixeira Ferre ira, da Unifesp: "Na clonagem terapêulica se produzem embriões com o genoma do paciente, a fi m de se obter células-tronco ciijo transplante não seja rejeitado. Mas se a doença do paciente é genética, as células portarão o mesmo defeilo". 5
Manipulação de células -tronco para experiências em laboratório
Mét0<los promissores 11eglige11ciados pela mídia
Dra. Catherine Verfaille : possibilidade de transformação de CTAH em quaisquer tipos de tecidos
CATOLIC ISMO
Tem sido constatado que as CTAH também podem ser utilizadas para produz ir novos tecidos que substituam tec idos enfermos ou lesados de diversas enfermidades. A plasticidade dessas células multi potentes se constata, por exemplo: 1 - As CTAH que se acham na medula óssea são capazes de e diferenciar em células musculares cardíacas. O número de pacientes com insufici. ência card íaca grave, que têm sido curados com implantes dessas célul as, cresce conti nuamente em vários países, inclu ive o Brasil: "Desde 2001, pesquisadores brasileiros do Instituto do Milên io de Bio-engenharia Tecidual vêm tirando pacientes da fi la do transplante cardía co, com o sucesso do auto-transplante de células-tronco adultas" .6 Também vêm sendo utilizadas no Bras il as CTAH para regenerar lesões de nervos periféricos. 7 2 - Também colhi das da medula óssea, CT AH têm sido "orientadas" a se transformar em células do tecido nervoso, com êxitos enormes no tratamento de doenças como o mal de Parkinson. 8
CTAH adulta vista no microscópio : capaz de diferenciar- se em menos tipos de células
3 - Têm-se também obtido êx itos no trata me nto da di a betes tipo r, implantando CTAH que se diferenciam em célul as pancreáticas produtoras de in sulina.9 Além dos êx itos terapêuticos, também as pesqu isas com CT AH avançam rapidamente. Por exemplo, uma comun icação científica da Dra. Catherine Yerfaille, ela Un iversidade de M innesotta, relata a poss ibilidade de CTAH extraídas da medula óssea se transformarem em qu aisquer tipos de tecidos, o u seja, e las se torn am pluripotentes, co isa que até agora se pensava só ser poss íve l nas CTEH. As ex periências rea li zados até agora co m essas cé lulas mostram que elas possuem o mes mo potencial das CTEH. Vcrfai ll e afirma que seu laboratório tem conseguido iso lar sem dificuldade essas célul as em 70% das tentativas rea li zadas com adul tos voluntári os . Re lata qu e as célu las parecem estar crescendo indefinidame nte no amb iente de c ulti vo, como se fosse m CTEH. Alguns desses cu lti vos vêm crescendo d urante quase dois anos, conservando suas característi cas e se m dar sinais de envelhec imento. 10
Dr. Rudolf Jaenisch
Êxiws ohti<los na utilização icrapêulica <le C'l'All Mais recentemente o Dr. Rudolf Jaen isc h, membro do Instituto Whilehead, que tem seus laboratórios no Massachusetts lnstitule of Te ·hnology-M!T, cm arti go publicado na rev ista espec ializada "Cell ", afirmou ter desve ndado o mecani smo que permite às cé lula -tronco ad ultas comportar-se como e mbrio nári as, com a capacidade de se multip li car em laboratório ao mesmo tempo que se ma ntê m indiferenciadas. O segredo está g uardado numa "chave" mo lecular, o gene Oct-4. 11 A uti li zação terapêu tica das CTAH não apresenta as desvantagens das em bri onári as. Prime iro, porque sendo as célul as ori gi nadas no corpo do próprio paciente, não ap resenta m perigo de rejeiAGOSTO 2005 -
-
Declaração da Academia Pontifícia para a Vida sobre a produção e utilização científica e terapêutica das CTE humanas Resultados das pesquisas com célu las-tronco : mais uma promessa do que uma rea lidade
ção imunológica. Também porque as CT AH não produzem tumores cancerígenos ao serem enxertadas. Por fim, e sobretudo, porque não existe o obstáculo moral, que é a destruição de embriões. Em suma, são muito conclusivas as numerosas comunicações científicas que mostram os êxitos obtidos com a utilização terapêutica das CTAH, enq uanto as CTEH ac umulam fracassos. Mas, apesar das vantagens, a imprensa científica e a de divulgação geral parecem tender a silenciar os avanços no campo das CTAH, ao mesmo tempo que destacam muito quaisquer avanços no terreno das pesquisas com as CTEH. Sobre a posição moral e ética da Igreja no assunto, nossos leitores poderão tirar grande proveito ela clara exposição que faz a Academia Pont!f"ícia para a Vida, transcrita na página ao lado.
Não se deve criar l'alsas expectativas, alardeadas pela mídia Para termin ar , é preciso reafirmar o que já foi exposto neste artigo. Os resultados das pesquisas com células-tronco são uma promessa que se faz para o futuro , muito mais do que uma realidade presente. A ciência deve avançar ainda muito no conhec ime nto de como funcionam as célul as-tronco, e como controlar seu crescimento. Sua aplicação na medicina prática é ainda muito perigosa. Por isso, quando a imprensa divulga, por exemplo, fotografias de doentes nas galerias do Congresso Nacional, exigindo que os congressistas aprovem leis imorais, não devemos deixarnos impressionar por essa montagem. É dever de um católico ter sempre presente que se eleve obedecer antes a Deus que às exigências da demagogia, ou de certos órgãos ele impren sa. •
-
E- mai l do autor: mi guelbeccar@cato li cismo.com.br
Notas: 1. Cfr. National lnstitute of Health , "NIH stem cell informati on" . 2. Cfr. Diane Sc haub, "Science" , 18-6-04, vo l. 304. 3. Cfr. "Executive lntelligence Review", Adu.lt stem cells, ne w therapies, no cloning, 10-5-02. 4. Charles Krauthammer, The greclt sten,. cel/ hoax (O grande engano co m as células-tron co), in www.FreeRepublic.com, pri meira publ icação em 20-8-0 1. 5. Cfr. " O Globo", 20-8-04, editorial Opinião, p.7. 6. Cfr. Alice Teixeira Ferrei ra, id. ib. 7. "O Estado ele S. Pau lo", 13-5-05. 8. Cfr. "Exec utive Intell igence Re view" , 10-5-02. 9. Cfr. National lnstitute of Health , Adult stem cells, p. 4. 10. Cfr. "Executive Intelli gence Re view", id. ib. 11. Cfr. "O Estado de S. Paulo", 7-5 -05.
CATOLICISMO
"Em vista da índole deste documento, formulam-se brefruto ·da geração hum.ana, desde o primeiro instante da sua existência, o respeito incondicional que é moralmente vemente os problemas éticos essenc iais que estas novas devido ao ser humano na sua totalidade e unidade corpotecnologias implicam, indicando a resposta que resulta de ral e espiritual: 'O ser humano deve ser respeitado e trauma atenta consideração do suj eito humano desde o momento ela sua concepção - consideração essa que está na tado como um.a pessoa desde a sua concepção e, por isso, desde esse mesmo momento, devem-lhe ser reconhecidos base da pos ição afirmada e proposta pelo Magistério da os direitos da pessoa, entre os quais, e primeiro de todos, Igreja. o direito inviolável de cada ser humano O primeiro problema ético, que é funinocente à vida"' (n . 60). damental, pode ser formulado ass im: "É moralmente lícito produzir e/ou utilizar embriões humanos vivos para a prepa* * * ração de CT?" O segundo problema ético pode ser "A resposta é negativa", pelas seguinformulado ass im: "É moralmente lícito tes razões: efetuar a chamada 'clonagem terapêul. Partindo ele uma completa análise tica' através tla produção de embriões biológica, o embrião humano vivo é, a humanos clonados e a sua posterior despartir ela fusão elas gametas (fec undação truição para a produção de CTEH?" do óv ul o por um espermatozóide), um "A resposta é negativa", pela razão si1;jeito humano com uma identidade bem definida, que começa, a partir daquele insseguinte: Todo o tipo de clonagem terapêutica, tante, o seu próprio desenvolvimento coque implique a produção ele embri ões ordenado, contínuo e gradual, de tal forhumanos e a posterior destruição dos mesma que, em nenhuma etapa posterior, se Prof. Juan de Dios Vial Correa mos com o fim de obter as suas célul aspode considerar como um simples aglotronco, é ilícita; cai-se no mes mo problemerado de células . 2. Conseqüentemente, como "indivíduo humano", tem ma ético anteriormente exposto, que não pode ter senão uma resposta negativa. direito à sua própria vida; e, por isso, toda a intervenção que não seja em benefício do próprio embrião constitui um ato que viola este direito. A teologia moral sempre * * * ensinou que, no caso do "jus certum tertii " [o direito certo O terceiro problema ético pode-se formular assim: "É de um terceiro], o sistema cio probabilismo não é aplicável moralmente lícito utilizar as CTEH, e as células diferen[quer dizer, agir com base na probabilidade de que não ciadas delas obtidas, que sejam eventualmente forneciseja ai nda um ser humano]. 3. Assim, a ablação da massa celu lar interna (ICM) do das por outros pesquisadores ou encontradas à venda?" "A resposta é negativa", porque, para além de comblastócito, que lesiona grave e irremediavelmente o empartilhar, formalmente ou não, a intenção moralmente ilíbrião humano, interrompendo a sua evolução, é um ato gravemente imoral e, portanto, gravemente ilícito. cita do agente principal, no caso em exame dá-se a cooperação material próxima na produção e manipulação de 4. Nenhum fim considerado bom - como seja o uso embriões humanos por parte do produtor ou fornecedor. das células-tronco obtidas a partir deles para a preparação de outra células diferenciadas em ordem a procedimentos Vaticano, 25 de agosto de 2000 terapêuticos há muito esperados - pode justificar tal in- · tervenção. Um fim bom não faz boa uma ação que, em si + Prof Juan de Dios VIAL CORREA - Presidente mesma, é má . + Mons. Elio SGRECCIA - Vice-presidente 5. Para um católico, tal posição está confirmada pelo Magistério explícito da Igreja que, na encíclica Evangelium vitae - referindo-se já à Instrução Donum vitae da Trechos extraídos do documento no site do Vaticano: Congregação para a Doutrina da Fé - , afirma: "A Igreja http://www. vat ica n. va/roma n_c u ria/pontifica l_ academ ie s/acd Ii fe/
'
sempre ensinou - e ensina - que tem de ser garantido ao
documents/rc_pa_acd life_doc_20000824_ce llule-staminali_po.html
AGOSTO 2005 -
Pesquisas com células-tronco embrionárias As pesquisas com células-tronco adultas -
existentes após o nascimento - trazem vantagens sobre as embrionárias. Estas, além de serem terapeuticamente ineficazes, utilizam métodos abortivos.
O
debate sobre o aspecto moral da ampliação legal do aborto no Brasil está envolto num clima de confusão . Ao mesmo tempo, começam a surgir os primeiros sinais de uma campanha visando a legalização da eutanásia. Falsos argumentos dos mais radicalmente contrários à moral católica têm, infelizmente, livre curso e contam com vultoso apoio de certos setores da sociedade . E metódica campanha de desinformação, abordando aspectos científicos do assunto, é promovida por meios de comunicação social. Intimamente ligadas à questão do aborto, em particular, e ao valor sagrado da vida, em geral, situam-se as pesquisas referentes às "células-tronco", com finalidade terapêutica. A propaganda em torno do assunto tem sido muito grande. Nesse terreno, verifica-se verdadeira bara funda quanto à divulgação científica posta ao alcance de leigos no assunto . Para esclarecer a referida temática de grande importância para nossos le ito re s, entrevistamos abalizada especialista na matéria . Lílian Pinero Eça é doutora em Bi ologia Molecular pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP) e di retora científica do Centro de Atualiza ção em Saúd e (CAS), sediado na capital paulista . Embora as convicções da Profº . Dra. Lílian Pi nero Eça encontrem fundamento nos
-
CATO LI C I SMO
J)ra. U/ia11 l'iíiCl'O Eça:
'i'ls células-ll'o11co adultas são as células existentes após o nascimenUJ;
por exemplo, as cio col'<lão wnbili-
princípios morais, ela quis apoiar seus argumentos somente na ciência que constitui sua especialidade, a Biomedicina. Os dados fornecidos pela entrevistada revelam quanto é deformada - quando não silenciada - a verdade científica no que diz respeito a um dos temas essenciais para a sobrevivência de nossa cultura e civilização de raízes cristãs. O ex-procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, tendo ouvido a argumentação de especialistas, entre os quais a Dra. Lílian Pi nero Eça, protocolou no dia 30 de maio último, no Supremo Tribunal Federal, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra o artigo da Lei de Bio-segurança que permite pesquisas com células-tronco embrionárias, congeladas por pelo menos três anos em cl ínicas de fertil ização in vitro, por atentarem contra a vida d e um ser humano o embrião. A Profº. Dra . Lílian Pinero Eça rece beu a mave lme nte a reporta g e m de Catolicismo e m se u escritório no Centro de Atualiza ção em Saúde, em São Pa ulo .
*
*
*
cal e as existentes nos vários tecidos
Catolicismo - O que são as células-tronco, numa formulação sintética?
huma nos"
Dra. Lília11 Piíiero Eça - As célu la s- tro nco embri onárias humanas (CTEH) são as existentes no bl astoc isto do e mbrião, estrutura fo rmada após sele di as da fec undação, e são toti potentcs, isto é,
têm a capacidade de se transformar nos 256 tec idos do organi smo hum ano. As cé lulas-tronco adultas (CTAH) são as célul as indiferenciadas existentes após o nascimento; por exemplo, as do cordão umbilical e as exi stentes nos vários tec idos humanos para a repos ição das célul as mortas do nosso organi smo. As cé lulas- tro nco, especialmente as adultas, são objeto de intensas pesqui sas hoje , poi s podem funcion ar como células substitutas em tec idos lesados ou doentes, como nos casos de Alzheime r, Parkinson e doenças ne uromusculares em gera l, ou ainda no lugar de células que o organi smo de ix a de produ zir por al g uma defici ência, como no caso de di abetes. Catolicismo - Quais as desvantagens e os perigos na utilização de células-tronco embrionárias com fins terapêuticos? Dra. Lília11 Piíiero Eça - A propósito da di scussão referente à Le i de Bio-segura nça recentemente aprovada, fui convocada a depor em comi ssão da Câmara dos Deputados pe lo líder cio governo, deputado peli sta Arlindo C hinag lia, partic ipando de um debate com a articul adora ela dita lei, D ra. Maya na Zatz. Apresente i as 12 principais razões pe las qu ais se deve recusa r a utili zação das célul as-tro nco e mbrionári as, por sere m noc ivas e peri gosas. Cada um a das razões que ex pu s foram apoi adas com a apresentação de comuni cações c ientíficas . A pos ição contrária não fez o mesmo. Menc ionemos alguns ci os peri gos da utili zação de CT EH : Prime ira razão: os partidári os das CT EH a legam qu e e las cura m doenças . Isso é fa lso. As CT EH até o presente momento não curaram nenhuma mo léstia. Segunda: ta is célul as tendem a produ z ir tumores, chamados teratomas. São tumores e mbrio ná rios que for mam vári os tecidos ele fo rma desordenada, co mo unhas, cabe los e outros. Na China, por exemplo, a utili zação dessas CT EH produ z iu graves ac ide ntes: injetadas no cérebro ele pa rkin soni anos, co meçaram a produ z ir unh as, cabe los, dentes ... Terce ira: esses teratomas fac ilmente transforma m-se em tumores cancerosos, cios mais malignos que ex istem. Q uarta : as cé lul as-Lr nco emb ri o ná ri as são muito in adequ adas pa ra fin s de pesqui sa, po is, qu ando conge lados os embriões (a menos 193º), eles se " meti Iam", isto é, ". il cnc iam" o gene a ser estudado. Quinta: di z-se que ex iste m no Bras il 30.000 e mbri ões conge lados prontos para pesq ui sa. fsso
"Apl'esentei na Câmara dos Deputados as 12 principais rnzões pelas <11,ais se eleve r ecusa,· a utilização <las células-tronco embrionâ rias"
é fal so. E xi ste m apenas 3.21 9 e mbri ões conge lados. Qua ndo fo rem desco nge lados, 40 % de les morrerão. Restariam ass im 1.600 embri ões. Desses, a ind a seri a necessário descontar aqueles cujos pais recu sarão que sej am utili zados para pesquisa. Restari am uns 1.000 e mbri ões? Isso signi fi ca, no máx imo, o número sufic iente para um ano ele pesqui sas. O que será feito quando esses 1.000 aca bare m ? Onde e ncontrarão novos e mbri ões? Pretende-se produz ir novos, com fin s de pesqui sa, violando a le i? Sexta: ac ho mais grave o fa to de que, para cultiv ar essas célul as embri onári as , é necessári o fazê- lo sobre uma "ca ma" de célul as feitas ele lâminas de fe tos vivos de qu alquer idade, qu e são vendidos em dó lares, nos E UA . Estas não podem ser ele rato, como se afirm a, porque as proteínas desses animais contaminarão as célul as humanas, e isso é muito peri goso . Sétima: a reje ição é outro dos inconvenientes. Ela ocorre porque o DNA do enxerto é diferente do D NA do receptor. AGO STO 2005 -
tua uma manipulação da opinião pública, criai1do falsas esperanças em relação às pesquisas com células-tronco embrionárias.
Do diretor espiritual
Catolicismo - E os tratamentos com célulastronco adultas têm obtido bons resultados?
Oitava: o blastocisto tem 100 células. Para fazer um tratamento, por exemplo, de uma cardiopatia, é necessário um milhão de células por mililitro. Sendo indispensáveis uns quarenta mililitros para injetar no paciente, esse volume conterá 40 milhões de CTEH. Logo, isso exigi.ria uns 400.000 embriões! Catolicismo então?
Qual a conclusão que se tiraria,
Ora. Lília11 Piííero Eça - Atualmente, não há uma saída científica para as células-tronco embrionárias. Catolicismo - A Sra. foi à luta para quebrar o silêncio por parte dos meios de comunicação sobre as vantagens da pesquisa com CTAH e os perigos que apresenta a utilização das CTEH?
Dra. Lílian Pbiero Eça - Sim, pois os paitidários da lei tentam transmitir ao público a idéia de que seria só aprovai· a lei, que as pessoas já estai-iam, no di a seguinte, deixando a cadeira de rodas. A mídia efe-
..m
CATOLICISMO
Dra. Lílian Piíiero Eça - Com as células-tronco adultas, já se têm alcançado resultados muito posi tivos no tratainento de cai·diopatias graves, Parkinson, diabetes infantil, certas doenças imunológicas. As células-tronco adultas têm um gene, chamado "Oct 4", que é uma espécie de "chave moleculai·". Colocado em um meio adequado, consegue-se desativá-lo, e as células-tronco adultas passan1 a comportar-se como se fossem células-trnnco embrionárias, sem apresentai· os seus inconvenientes. Adernai , sua maiúpulação é muito mais simples no laboratório. E, sobretudo, a utilização das célul as-tronco adultas não ex ige a destruição da vida de um novo ser, que é o embrião. Isso significa que não há necessidade de recorrer ao "mercado negro" da vida (nos EUA, paga-se cerca de 400 dólares por um óvulo femi nino), nem de ativai· o "mercado negro" do aborto, legalizando-o. Existem certas proteínas, chamadas "sinais" das células, que criam o ambiente favorável ao desenvolvimento ou não das enferm idades. Tais proteín as devem ser estudadas, e no futuro a chave das pesqui sas terapêuticas não serão sequer as CT AH, mas essas proteínas, os "s in ais celu lares". As célul as-tronco serão um meio para se poder estudar quai s são esses fatores. Sendo eles descobertos, não será mais preci so utilizar sequer as CTAH do próprio paciente. Ta lvez até seja possível industrializá-los, e então injetá-los diretamente na pe soa doente, evitando-se assim o sempre complicado processo de obtenção, ativação e desenvolvimento das CT AH.
•~ mídia efetua uma manipulação da opinião pública, Cl'iamlo falsas espera11ças em rnlação às pesquisas com células-tronco embl'ionárias"
Catolicismo - Haverá outros motivos menos manifestos aos olhos da opinião pública, na insistência em estudar as células-tronco embrionárias?
Ora. Lílian Piíiero Eça - Com efeito, o exministro de C iência e Tecno logia, Humberto Costa, declarou - logo após o projeto de lei ter sido sancionado pelo presidente Lula, em 24 de março de 2005 - que a Lei de Bio-Segurança é o primeiro passo. O segundo deverá ser a clonagem terapêutica, que é uma fonte de muitos lu cros. Depois será o aborto, e o quarto passo a aprovação da eutanásia. Os defensores desse processo perfi lham uma "linha da morte", e não ela cura, como pretendem fazer crer. •
ao coach atual
A
onfissão sacramenta] contaA última moda no gênero consiste va, até há pouco tempo, com num tipo de personal trainers um complemento harmonio(orientadores pessoais) que atende pelo so e delicado que a santidade da Igreja nome de l(f'e coach (treinadores da destilou ao longo ele séculos de experivida), contratados pai·a auxiliar as pesência no pastoreio das almas: a diresoas a lidai· com seus problemas. E les ção espiritual. Seja durai1te o sacrainenorientam o cliente (não é mais o penito da penitência, seja fora dele, o fiel tente) a identificai· suas deficiências e podia encont:rai· uma palavra de apoio, a traçai· um plano de metas. Em enum rumo seguro pai·a resolver ou ao contros que dmam em média uma hora, menos mitigai· os problemas que afl io coach utiliza técnicas da terapia gem a hu manidade peregrina nesta tercognitivo-compo1tai11ental, da prograra de exfüo e provação. O portador desmação nemolingi.iística e da inteligênsa palavra era geral mente um acerdocia emocional, a.Jém de uma série de te, mas poderia também ser um leigo estratégias típicas de programas de revirtuoso e experiente nas vias de Deus. cursos humanos, para ajudar as pessoPor isso a Revolução anticristã, que há as em busca de wna vida melhor. séculos avança inexoravelmente rumo "O coa.eh é um profissional que à irreligiosidade e ao ódio a Deus, não trabalha o desenvolvimento pessoal, podia supo1tai· que os católicos e beajudando o cliente a descobrir seus neficiassem dessa instituição, tão ligavalores e estabelecer metas. Depois da à penitência. disso, ajuda-o a partir para a ação, A campanha contra a direção estudo com base em perguntas que são p iritual teve dois modos principais de se cer uma legião de psicólogos, terapeutas, feitas durante as sessões", afirma a exercer. De um lado, a disseminação de p icanalistas e outros que tais coach Andrea Lages. "O papel do coach uma falsa igualdade entre os homens, orientadores laicos (para não dizer ateus) é similar ao do treinador da equipe espela quaJ todos seriam auto-suficientes e tentando resolver problemas cujo fundo é portiva, que trabalha com o atleta para não necessitariam de conselhos nem orievidentemente religioso. que ele fique mais consciente do que preentações. De outro, uma ação sorrateira cisa desenvolver", explica o coach Um dos numerossos sites que no interior dos meios eclesiásticos, atinRhandy Di Stéfano. A atividade ainda oferecem serviços de /ife coach gindo de taJ modo a formação sanão é regulamentada no País ("O cerdotaJ, que o fiéis começassem a Estado de S. Paulo", 6-5-05). desconfiar da segLU·ança e mesmo da A seu modo, como se vê, é um ortodoxia de muito conselhos que substitutivo laico para a direção es,- ,.. whot 1$ mlntl bu, lnou 8r mo conchln!J recebiam. :~~:Vw'!~fi~!::, Cnnc:hh11J fnr llfu ond fhn hrn~t. piritual católica. Não se fala, eviden,....r, ; ~ltetun lht bo,mdlfV bt-twun p1nont1 A direção e pirituaJ de vaneceutemente, em paz de consciência, a til 1ronc hH :~ ::'!ri~·•N ,.... ..... nlloul ti;;;,,-""""º'VOU, se, e a primeira con eqUência foi que r'clnu os, única que dá condições para a peswork1iho1>, , ond WluU lf • Cnnch f pr1vn11, A l.lft~SltWH ,o.eh dott wht& tn as almas ficaram abandonadas, insoa ser inteiramente equilibrada. "l•olnn• ,OWnlc CO"h or P4'fl0f'm1"'• co,ct, ,- r donno's ~ WOIJld do CH'WV ln I mor• fHPIMNI WIV , A tn ,us coech chlltng11 yot,, to ,_.., thf ,im. 1nd seguras, ansiosas, alguma até deAh! estava me esquecendo: adi,- ,.. ll11k1 mul t rforl to dllCOVff whlt fUÇCHdln9 ln Mft mtlnt to vou, A Co.tCh 1, I*• vour Plttrttr rn~m,rcui._ _ sesperadas. reção espirituaJ católica é fruto da ,- -;; 1tnlhl lJ c;,n ICComplith ptr1on:V nh~ ~e~ YCK#" brl#l'tnct, Thtv brMttoon wlo, you 1nct htlp vou to Proliferaram então soluções virtude teologaJ denominada caridar .,hm.ln uu, • llto hold VOUfftt( KC:Ou,,t•b'- for vou,~,•. 10 mlkt Wft VOY K IYIHV , mu hlng IWt up 10 voor fuNHl P01fnll,,, r tn• I hnon111111 "substitutas". Fazendo tabula rasa d de. O coach tem um preço que varia U dotitn•, m1u..- wh,r, vou"' lfl ~,, r'IOW, Tfltrt 1, ,1w,vt 1 r hmnn dt1W't for mor, '"'cttt, montv, ,1 0,., rel1tlonJihiPt, 1 MtJ'fr aspecto religioso, começou a aparemt1nlno ln ltft, tio, U't our hf.#n1n n11ur, co Gtffl't l'lktltr de R$ 80 a R$ 350 por sessão ... •
=~:~~:.:,,,~~t:n:~
r:m,:,:::,~r:,~~.:~rpn:::,v::
AGOSTO 2005
1111111
.
São João Maria Vianney O Santo Cura d'Ars Pouco dotado intelectualmente, atingiu esse santo vigário alto grau de santidade. Seu êxito foi tão grande, que atraiu n1ulticlões de todas as partes da França e de vários países europeus. r.
-
CATOLICISMO
M ARIA
SouMEo
futuro Cura d' Ars nasceu na pequena loca liclacle ele Darclil ly, perto ele Lyon, na França, no dia 8 ele maio ele 1786, ele família ele agric ultores piedosos. Foi consagrado a Nossa Senhora no próprio dia cio nascimento, data em que foi também batizado. Sua instrução foi precária, pois passou a infância em pleno Terror ela Revolução Francesa, com os sacerdotes perseguidos e as escolas fechadas. João Maria tinha 13 anos quando recebeu a Primeira Comunhão das mãos
º
Confessionário onde o Santo Curo d'Ars atendia fiéis diariamente
PuN10
de um sacerdote " refratário" (q ue não tinha jurado a ímpia Const ituição do Clero), durante o segu ndo Terro,; em 1799. 1 Com a subid a de Napoleão e a Concordata com a Santa Sé, fo i possível a João Maria iniciar seus estudos ec les iá. ticos aos 20 anos, term inando-os aos 29, depois de mil e uma con trariedades. É impossível , nos limites de um artigo , abranger toda a vida apostólica cio Cura d' Ars. Por isso li mitar-mee i a abordar um aspecto dela, que foi como transformou a pequena localidade ele Ars ele modo a tornar-se ponto de admiração de toda a França.
Ars ao tempo ela chegacla do santo Quando o jovem sacerdote chegou a Ars, esta era um pequeno aglomerado de casas, contando apenas 250 habitan tes, quase todos agriculto res. Como a maior parte das localidades rurai ela França, sacudidas durante IO anos pelos vendavais da Revolução Francesa, encontrava-se em plena decadência re li giosa. Vivia-se um pagani smo prático formado de negligência, indiferenti smo e esqu ec ime nto das práticas religiosas. A cidadezinha de Ars asseme lhava-se às paróquias vizinhas, não sendo nem melhor nem pior que elas. Havia nela um certo fundo religioso, mas com muito pouca piedade. Como trans formá-la num modelo ele vicia católi ca, ambição de São João Maria Vi anney? Santificando-se para sa11tilica1· os outros Primeiro, pela oração e pelos sacrifícios do vigário por suas ovelhas. Já no dia de sua chegada, o Padre Vianney deu o colchão a um pobr e deitou-se sobre uns sarmentos junto à parcele, com um pedaço de macieira como travesseiro. Como a parede e o chão eram úmidos, contraiu ele imediato uma nevralgia, que durou 15 anos. Seu jejum era permanente, habitualmente passando três dias sem comer; e quando o fazia , alimentava-se somente ele batatas cozidas no início ela semana e já emboloradas. Mas ele sobretudo pas ava horas e horas ajoelhado di ante do Santíssimo Sacramento, implorando a conversão ele seu paroquianos. Uma ele suas primeiras medida s práticas foi re formar a igreja que, p r respe ito ao Santíss im o Sac ramento, desejava que fosse a melhor possível.
"Esf'orccmo-11os para ir para o Céu" Outra ele suas solicitudes foi para com a juventude. Atraía todos para o catecismo. Exigia que este fosse aprendido ele cor, palavra por palavra, e só admitia à
Primeira Comunhão quem estivesse assim devidamente preparado. Instava com os meninos e adolescentes para que cada um levasse sempre consigo o Rosário, e tinha no bolso alguns extras para aqueles que houvessem perdido o seu. Paulatinamente os esforços do santo fo ram sendo coroados ele êx ito, de maneira que os jovens de Ars chegaram a ser os mais bem instruídos da comarca. Nas missas dominicais, pregava sobre os deveres ele cada um para consigo, para com o próximo e para com Deus. Falava constantemente cio inferno e cio que precisamos fazer para evitá-lo: "Ó, meus queridos paroquianos, esforcemo-nos para ir para o Céu. Lá. havemos de ver a Deus. Como seremos felizes! Que desgraça se algum de vós se perder eternamente!" E le ex igia a devida compostura e atitude própria a bons católicos na igreja, por respeito à Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.
"Al'l'uinados todos aqueles que abrirem tabe1•nas" A guerra que moveu contra as tabernas também foi bem suced ida. Aos que a e las iam , e m vez de comparecer à missa no domingo, dizia: "Pobre gente, como sois ú~felizes. Segui vosso caminho rotineiro; segui-o, que o inferno vos espera". Ameaçava-os ele não só perderem os bens eternos, mas també m os terrenos. Aos poucos, por fa lta de fregueses, as tabernas foram se fec hando. Outros te ntaram ab ri -las, mas eram obrigados a cerrá- las . A maldição de um santo pesava sobre e les: " Vós vereis arru inados todos aqueles que aqui abrirem tabernas", disse no púl pito. E ass im fo i. Quando elas se fecha ram , número de ·indigentes di minuiu , po is suprimiu-se a causa princ ipal da mi séria, que era moral.
Lma co11tra blasfêmias e tl'a/Jalho aos domh1gos "81(/.\:fêmias e trabalhos nos domin go.,·, bailes, cabarés, serões nas
vivendas e conversas obscenas, englobava tudo numa comum maldição". Por anos a fio pregou contra isso, exortando no confess ionário, no púlpito e nas visitas que faz ia às famílias. Dizi a: "Se um pastor quiser se salva,; precisa, quando encontrar alguma desordem na paróquia, saber calcar aos pés o respeito humano, o temor de ser desprezado e o ódio dos paroquianos [e denunciar o mal] ". A guerra do santo cura contra as blasfêmias, juramentos, imprecações e ex pressões grosseiras foi sem quartel; e tão bem suced ida, que desapareceram ele Ars. Em vez de las passouse a ouvir entre os camponeses expressões como Deus seja bendito! Como Deus é bom! E m vez das cançõezinhas chulas da época, hinos e cânticos religiosos. A luta co ntra o trabalho nos domingos foi tam bém tenaz e durou quase oito anos. "A primeira vez que do púlpito abordou o tema,fê-lo com tantas lágrimas, tais acentos de indignação, com tal comoção de todo o seu ser que, passado meio século, os velhos que o ouviram ainda se lembravam com emoção. [... ] Vós trabalhais, di zia ele, ,nas o que ganhais é a ruína para a vossa alma e para o vosso corpo. Se perguntássemos aos que trabalham nos domingos 'que acabais de fa zer?', bem pode riam responder: 'Acabamos de vender a nossa alma ao demônio e de crucificar Nosso Senha,: Estamos no caminho do inferno'". Depois de muita insistênci a, em Ars o domingo tornou-se verdadeiramente o Dia do Senhor. Combate aos bailes durante 25 anos Ars era o lu gar predileto dos jovens dançarinos elas vizinhanças. Tudo era pretexto para um baile. Para acabar com e les, o Santo Cura d' Ars levou 25 anos de combate renhido. Exp li cava que não basta ev itar o pecado, mas deve-se fugir também das ocasiões. Por isso, ab rangia no mesmo anátema o pecado e a ocas ião de
AGOSTO 2005 -
1 pecado. Atacava assim ao mes mo tempo a dança e a paix ão impura por ela alimentada: "Não há um só mandamento da Lei de Deus que o baile não transgrida. [ ... } Meu Deus, poderão ter olhos tão cegos a ponto de crerem que não há mal na dança, quando ela é a corda com que o demônio arrasta mais almas para o infe mo ? O demônio rodeia um baile como um muro cerca um j ardim. As pessoas que entram num salão de baile deixam na porta o seu Anjo da Guarda e o demônio o substitui, de so rte que há tantos demônios quantos são os que dan çam" . O Santo era inexorável não só com quem dançasse, mas ta mbé m co m os que fossem somente "assistir" ao baile, poi s a sensual id ade també m e ntra pelos olhos. Negava-lhes també m a abso lvição, a me nos que prometessem nun ca ma is fazê- lo. Ao reformar a igreja, e ri giu um altar e m honra de São João Batista, e em seu arco mandou esculpir a frase: Sua cabeça foi o preço de uma dança! ... É de ressaltarse que os bailes da época, em co mparação co m os de hoje, sobretudo o pula- pul a fren ético e imora l do carn ava l e as novas danças mod ernas, era m como que inocentes. Mas era o começo que desfechou nos bailes atu ais. A vitória do Pe. Vianney neste campo fo i total. Os bailes desapareceram de Ars. E não só os bail es, mas até algun s divertimentos inofe nsivos que ele julgava indignos de bons católi cos. Junto a eles combateu també m as modas que julgava indecentes na época (e que, perto do quase nu-
-
CATOLICISMO
di smo atual, poderi am ser consideradas recatadas !). As moças, di zia, "com seus atrativos rebuscados e indecentes, logo darão a entender que são um instrumento de que se serve o inferno para perder as ai-
mas. Só no tribunal de Deus saberse-á o número de pecados de que fo ram causa". Na igreja jamais tolerou decotes ou braços nu s. transl'orma<la pelo santo
É que, ao mesmo te mpo em que reprimia os abusos, semeava também a boa semente. E ele aspirava, para seus paroquianos, ao ideal de perfeição do qual os cri a capazes. Recome nd ava- lhes que rezasse m antes e depoi s das refeições, rec itassem o Ângelus três vezes ao di a onde qu e r que es tiv esse m; e que, ao levantar e deitar, fi zessem a oração da manhã e a da noite. Esta passou a ser feita também em com um na igreja ao toq ue do sino. Os que ficavam e m casa aj oe lh ava m-se diante de algum qu adro ou imagem religiosa, ali faze ndo suas orações. Co m o tempo passo use a dizer que em Ars o respeito humano fora invert id o: tinh a-se vergonh a de não fazer o bem e de não prati ca r a Re li gião. O que é um auge de vitória da Igreja! Ars tornou-se também um centro de piedade e reli giosidad e. Por isso, os peregri nos admiravam nas ruas da cidade a serenidade de certos semblantes, reflexo da paz perfeita de almas que v ive m co nstantemente unid as a Deu s. •
A 1'S
Um sacerdote santo torna piedosos seus paroqu ia nos. Ass im , apenas três anos e meio depois de sua chegada, o santo Cura já pod ia escrever: "Encontro-me numa paróquia de muito fervor religioso e que serve a Deus de todo o seu coração". Em 1827 (se is anos depois), exclamava entus ias mado do púlpito: "Meus irmãos, Ars não é mais a mesma! Tenho co11fessado e pregado em missões e jubileus. Nada encontrei como aqui".
Notas:
-
m h·
1. Fra nc is Trochu , O Santo Cura d'Ars, Ed ito ra Lille ra Mac ie l Llcla., Contagem, MG , 1997 , p. 27. Todos os tex tos ci tados sem menc ionar a font e fo ram ex traídos desta obra.
Outras obras consultadas: - Ede lvives, E/ Sa nto de cada Dia, Editori a l Luis Vives, S.A. , Saragoça, 1948, tomo 4, pp. 403 e ss. - Fr. Ju sto Pe rez ele Urbe!, O.S.B. , Alio Cristiano, Ecl ic iones Fax , Mad rid , 1945, to mo 3, pp. 3 13 e ss.
DESTA UE
Categórica repulsa ao aborto A Assodação dos Fundadores da TFP desenvolve uma campanha pela revogação da Portaria nº 1.145, que per·mite a ampliação da lei do aborto - mais uma ameaça a incontáveis vidas indefesas e inocentes.
A
e nt_idad e e~ tá c~ nvocando seus am igos e s1mpat1zantes para enviarem mensagens ao novo mi nistro da Saúde, José Saraiv a Felipe, e ao pres idente da Confe rência Nacional dos Bispos do Brasil , o Cardeal-Arcebispo de Sa lvador, D. Geraldo Maj ell a Agne lo, protesta ndo co ntra a Portari a nº 1.145, que torna desnecessária a apresentação de BO (Bo letim de Ocorrência) para a reali zação do aborto, e m caso de estupro, na rede pública de saúde, e pedindo que se tomem medidas para sua urgente revogação. Catolicismo assoc ia-se a tal iniciativa , reco me nd ando a e us le itores que também envie m seus protestos por meio do site: h ttp ://www.tfp-fu nd adores.o rg. br/acao/ 130705/dcamp.asp?camp= l Para me lh or e nte ndim e nto dessa campanha, transcrevemos abaixo a carta enviada ao novo ministro da Saúde pelo pres idente da Associação dos Fundadores da TFP, Dr. Luiz Nazareno de Assumpção F ilho. Carta análoga fo i re metid a també m ao presidente da CNBB, pedindo-lhe que atue junto ao ministro .
* *
*
"Senhor Ministro Segundo notícias da imprensa, V. Exa., ao tomar posse do cargo, anunciou oportunamente a dec isão de suspender a aplicação de 80 portarias baixa.elas nos últimos di as pelo seu predecessor, manifes tando a preocupação de que algumas dessas medidas Livessem sido 'tomadas de afogadilho'. O noticiário não deixa inteiramente claro se entre as portari as cuja u pensão foi anunciada por V. Exa. enconlrase a de nº l.145 , que autoriza os médi cos da rede pública do SUS a rea lizarem
abortos em vítimas de violência sex ual sem a apresentação do boletim ele ocorrência (BO). Essa medida de seu predecessor sob pretexto de 'garantir aos profissionais de saúde envolvidos no procedimen-
Seres humanos inocentes vítimas do aborto
to segurança jurídica' - na prática introduz, por via adm inistrativa, mais um caso de aborto ' legal', não contemp lado pela legislação em vigor, qual seja o de 'alegada violência sexual '. Pois, como é de todo ev idente, a desobri gação da apresentação do BO permitirá a qualquer mulher que deseje interromper uma gravidez indesejada, alegar ter sido vítima de uma agressão difícil de ser de outra forma verificada. A Porta.ria nº l.145 , em flagrante usurpação de atribuições, transfere da alçada da segurança. pública para o campo da saúde pública a tarefa de apurar ato criminoso, isto é, a ocorrência de violência carnal contra a mulher, a fim de que ela possa interromper a gravidez com base no inciso II do artigo 128 do Código Penal.
Efetiva.mente, lê-se no a.rt. 3º: 'A primeira fase [do Proced imento de Justificação e Autorização de Interrupção da Gravidez] é constituída pelo relato circunstanciado do evento criminoso, realizado pela própria mulher, perante dois profissi onais de saúde'. Ass im , enfermeiros e médicos farão as vezes de escrivães e delegados de Po lícia! Essa maneira de 'legislar' constituiu sempre uma das marcas dos regimes tota litári os - nazi-fascistas ou comunistas, dá no mesmo - nos quais o Executivo se sobrepõe ao Legislativo e ao Judici á ri o, imp ondo a toda a nação sua vontade ou a sua agenda ideológica por meio de decretos, portarias, regulamentos, ' normas técnicas' e outros instrumentos de poder discricionário. À vista disso, a Associação dos Fimdadores da TFP manifesta sua esperança de que a referida Portaria - ao que parece também ela baixada 'de afogadilho' - esteja entre aquelas cuja suspensão em boa hora V. Exa. an unciou. Mais a.inda, apreensiva e inconformada, solicita sua urgente revogação, por constituir flagrante atropelo ao estado de Direito e, sobretudo, afronta a consciência cristã de nosso povo - a maior popul ação católica do mundo - pois favorece a violação do quinto mandamento da Lei de Deus: 'Não matarás'. A revogação de tal medida, Senhor Ministro, despertará a mais calorosa simpatia dos setores nacionais conscientes do sagrado valor da vida humana, bem como, e sobretudo, atrairá as bênçãos de Deus sobre sua gestão à frente desse importante ministério, assim como sobre nossa Nação, que tanto precisa delas neste tão conturbado momento de sua História. É com estes sentimentos que nos subscrevemos apresentando os protestos de nossa cordial e elevada consideração". • AGOSTO 2005 -
pedido de tomar posse dessa diocese, refugiou-se na Bélgica, onde morreu entregue à oração e penitência por suas ovelhas. Primeira Sexta-feira do mês.
6 Transfigmação de Nosso Senhol' ,Jesus Cristo Primeiro Sábado do mês.
l Santo Afonso Maria de LigÓt'iO, Bispo, Confessor e Douto!' ela Igreja. Santo Etelvolclo, Bispo + Winch es ter, 984. Mon ge be neditino , abade e de poi s bi spo de Winchester, ''foi um dos principais reformado res da vida monástica em seu país, depois da grave crise do séc . IX" (do M a rtirol ógio Romano - Monástico).
2 Santo l~stêvão 1, Papn e Conl"cSSOI' + Roma, 257. "Opôs-se energicamente ao costume africano de rebatizar os hereges, quemdo estes retornavam à Igreja Católica" (do Mattirológio).
3 São Pc<ll'0 de Anagni. Bispo e Conl'üsso,· + Anagni, 1105. De fam íli a nobre, tendo entrado ainda jovem num moste iro de Anagni , foi nomeado bi spo da cidade pelo Papa lá exilado, e por ele envi ado a Constantinopla co mo embaixador junto ao Imperador bizantino.
4
7 São Sisto II, Papa, e Compan heiros, Mártires + 258. O perverso Imperador Valeriano estabelecera a pena de morte no Império Romano "sem julgamento, só com, verificação da identidade ", contra bi spos, padres e di áconos cristãos. Sisto II foi executado na Via Ápia, no mesmo lugar em que ce lebrav a clandestinamente os Santos Mistérios. Com o Pontífice fora m m artirizados seis diáconos que o a sisti am.
8 São Domingos de Gusmão, Confessor.
9
5 Snnl.O bel ctc Rcims. Bispo e Conl'cs:or + Lobbes (Bélgica), séc. VIII. São Bonifácio, chamado pelo Rei Pepino, o Breve pat·a reformar a Igreja na Gália, escolheu Abel pat·a bispo de Reims. Im-
1~J
estudado em Cracóvia, tomou o hábito dos.frades /Jregadores em Roma, das mãos do próprio São Domingos. Fundou a província dominicana da Polônia e estendeu seu apostolado para a Rússia e a Prússia" (doMai.·tirológio ).
Santa Radegunda Rainha, Viúva
18
+ Poiti e rs, 587 . Esposa de Clotário I, re i dos francos, por s ua virtude exerceu gra nde influência na corte. Retirouse depois para um mosteiro que fundou em Poitiers.
14 Santa Anastácia , Abadessa + Eg ina (Gréc ia), séc. IX. Por duas vezes teve que se casar co nt ra · ua vontade. M as o segundo marido, com o qual se dedicava às boas obras, resolveu fazer-se monge, e e la fundo u no deserto de Tímia um moste iro , que governou até sua morte.
15 (Neste a110 a l'esla fia /\ss1111çfio l'oi Ll'a11sl'el'ida pal'n o dia 21)
Santos ,Juliano, Miwiano e Companheiros, Mártires
São Tarcísio, Mártir cta 1,;ucai•istia
+ Constantin opl a, séc. Vlll. Esses 10 eclesiásticos, por terem defendido o culto das imagens, sofreram "inúmeros tormentos e foram mortos pela espada " (do Martirológio).
+ 257 . Jovem romano, "levava os mistérios de Cristo quemdo mãos criminosas se empenharam em profaná-los. Pref eriu deixar-se chacinar a entregar aos cães raivosos o corpo do Sa lvador" (da inscrição de São Dâmaso, Papa, segundo o Martirológio Romano).
10 São Deodato. Confcssol' + Roma, séc. VI. Era sapateiro. "Segundo São Gregório, ele distribuía no sábado tudo quanto havia gan ho na semana precedente" (do Martirológio).
Sflo ,loiio Mmin Vianncy,
o Santo Cum d'Ars (Vide p. 42)
pido cristão, movido pelagraça, apresentou-se à entrada do tribunal da cidade e g ritou: "Desej o morrer, porque sou cristão". Depois de diversas torturas, foi decapitado.
li Sant.a Susana. M::Íl'Lir +Séc.III. Matrona romana, fo i decapitada por ód io à fé em sua própria casa, transformada depoi. , no sécu lo VI, em igreja dedicada ao seu culto.
Santo /\gapito, Mártir + Palestina, séc. UI. Com apenas 15 anos, mas já iJ1flarnado pelo amor de Deus, foi duramente flagelado com nervos de boi, depois entregue aos leões, que não o tocaram, e finalmente fo i decapitado.
19 São ,João Eudes, Confessor + França, 1680. Dele disse São Pio X: "A rdendo com,amor extraordinário aos Sagrados Corações de Jesus e Maria, foi o primeiro a pensar, e não sem inspiração divina, em tributarlhes um culto litúrgico. ". Fundou o Instituto de Jesus e Maria (Eudi stas) e a Filhas de Nossa Senhora da Caridade.
São Bernardo, Abade + França, 11 53. Foi o monge mai s il ustre de se u séc ul o. Fundou a Orde m isterc ie nse, tendo sido conse lhe iro de Papas e príncipes . Pregou a Segunda Cru zada e o mbateu os hereges. Devotíss im o de N ossa Senhora, receb u o títu lo de Doutor Mel(fluo . É considerado o último dos Pad res da Ig rej a latina.
1fi
') 1
São Roque, Confessor
(neste an )
+ Montpellier, séc. XIV. Perdendo os pais aos 20 anos , partiu em peregrinação para Roma, passando pelos lu gares empestados para tratar dos enfermos. Voltando à sua cidade natal, foi tomado como revoltoso e levado à pri são , onde morre u de miséria ao cabo de cinco anos.
ASSUN(;Ao Dl NO,SS/\ SbNI IOR/\ /\OS c1,;us São Pio X, Ptipo e Confessor
12
17
Santo l~uplúsio. Mál'Lil' + Catânia, séc. IV. Esse intré-
São Jacinto. Conl"essor + Polônia, 1257. "Depois de ter
1 ;
+ 19 14. O lema do seu Ponti fi cado foi Re.1·twm1r 111<10 e111 Cristo. Por sua admirável aluação , é co ns id e rado gra nd e Papa da E ucari stia, do Cal ' ·ismo, do Direito anf,ni ·o, do Canto Gregoriano, ' sohn.:1udo o ingen te batalhador cc111tra os erros da heresia moderni sta, que hoje renasceu ·0111 o nome de progress ismo.
')2
27
NOSSA SENJ !ORA R/\JNI 1/\
Solenidade de Nossa Senhora dos Prazeres
(A nti gam ente esta festa comemorava-se a 3 1 de maio, e no dia 22 de agosto ce lebrava-se a fe sta do Imac ul ado Coração de Maria).
Santa Rosa de Lima, Virgem. Padroeirn da América Latina.
Um de seus santuários mai s famosos, no Brasil, é o dos M ontes Guararapes, onde se travou a batalha mirac ulosa e dec isiva dos bras il eiros contra os hereges calvini stas, na qual estes foram definitiv amente derrotados.
São Felipe Benício, Conl"essol'
2B
+ Florença, 1285. Jovem médico, ingressou na Ordem dos Servos de Maria, recé m-fundada, que governou até a morte. E mpenhou-se em resolver o co nflito e ntre os partidos dos Güelfos e dos Gibelinos, que dilacerava a c id ade de F lore nça.
+ Séc. TTT. "Companheiro de São Ferreolo, seguia secretamente Cristo sob o un!f"orme militai'. Durante a perseguição de Diocleciano, foi detido e decapitado" (Do Martirológio) .
2a
24 São Bartolomeu Apóstolo. Santa Emília de Vialar, Virgem + Marselha, 1856. "Fundadora da Congregação das Irmãs de São José da Aparição, que se dedicmn oo se,viço dos doenres e dos rwbres" (Do Martirológio Romano - Monástico).
São ,Juliano, Mártir
29 Martírio de São João Batista São Seba Rei, Confessor + Essex (Inglaterra), 700. Rei de Es. ex, dele di z São Beda, o Venerável: "Era homem muito dado a Deus. Pref eria uma vida isolada de ca ráter monástico a todas as riquezas e rodas u.1· honras do reino".
Intenções para a Santa Missa em agosto Será celebrada pelo Revmo. Padre David Fran cisquini , nas seguintes intenções : • Pelo Brasil, para que o País venço o grave cri se que atravessa atua lmente, e o qual nõo venha exercer influ ência ma lsã em nossa juventude. Que os pais e mães de família se jam protegidos pe la Providência Divina e possa m edu ca r se us filh os, segu ndo os ensinamentos da mora l autentico mente cató lico, para assim o bterem um futuro virtuoso.
'U) São Luís JX, Rei de França e Cruzado, Confessor + Áfri ca, 1270. Árbitro entre reis da E uropa, e mes mo entre infiéis , quando empreendeu a VI Cru zada. Fo i pa i de se u povo, jui z para os ímpios e defensor da fé contra os muçulman os . Mo rreu vitim ado pela peste nas costas da Áfri ca, durante a VII Cruzada.
São Fiacre, Confessor + França, 670. F ilh o do rei da Escócia, insta lou-se na França, o nde construiu um mosteiro, tendo sido um monge desbravador.
3 São Paulino ele Tréveris, Bispo e Confessor
+ Tréveri s, 358. Defen sor da fé no Co nc íli o de N icé ia e grande pa rtidário de Sa nto Santa Teresa de Jesus Atanásio, tendo s.ido, por isso, ,lomet-e-lbars, Virgem ex ilado pe lo fmperaclor Con stâncio, que e ra ariano, para a + Lí ri a (Es pa nh a ) , 1897. "Nascida na Ca talunha, de • Ásia Menor, onde morreu entre não ca tóli cos, vít im a de u111a família de agricultores, sofrim entos e fadi gas . consagrou-se inicialmente ao ensino, e depois.fundou o Instituto das Irmãzinhas dos Ido Nota: sos /\bandonados " (do MarOs Santos aos quais já fizemos ti ro lóg io Romano - Mon ásreferê ncia em Cale nd ários anti o) , que logo se es praiou por teriores têm aqui ape nas seus tod a a Es pa nh a e ta mbé m nomes enunciados, sem nota biográfica. pura o ex teri o r.
Intenções pa ra a Santa Missa em setembro • Neste mês, no qua l co memo ra-se, no d ia l 4, a Exaltação do Santa Cruz, será rogado à Divina Providência, por meio de Nosso Sen hora das Dores, que nosso País - nascido com o tão sign ificotivo nome de Terra de Santa Cruz - permaneça sem pre fie l nas vias da C ivil ização Cristã. Poro isso, pedir-se-á que não se promu lguem em nossa Pátria leis abom ináveis que favoreçam o cri me do aborto, o qua l vio la graveme nte a Lei de Deus.
AG
-
Caravana da 'l FP no Reino Unido 1
1
Polônia: programa de farmação católica
r!
lr
a Polônia, por iniciativa da seção de estud a ntes Lepanto, da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga, com sede na histórica cidade de Cracóvia, realizou-se de 4 a 9 de juU10 em Brenna, nas montanhas Tat:ras, mais um programa de verão para a formação de jovens católicos. Constou da programação: assistência à santa Missa, conferências, debates, equitação, projeção de filmes documentários, esportes e visitas a cidades históricas da região, como Cieszyn e Olomuniec (na República Tcheca, região da Morávia). Nesta cidade, os participantes do programa visitaram, além do belo centro histórico medieval , especialmente o local onde São João Sarkander foi martirizado pelos hereges hussitas. •
N a Escócia, con1 cer'ca de 5 milhões de habitantes de maioria presbiteriana, jovens cal'avanistas da TFP dif'unden1 a devoção mariana, que olJtém excelente acoJhida no público M PAUL FOLLEY
té há pouco seria uma te meridade di stribuir nas ru as da Escóc ia, em cidades com minori a católica, folhetos sobre a devoção a Nossa Senhora. Mas fo i exatamente isso que a TFP do Re ino U nido decidiu faze r. Para tal, fo i constituída uma caravana, na qual se incorporaram j ovens americanos da Academia São Luís de Monf/o rt. No roteiro, G lasgow, Edinburgh, Inverness, Stirling, Dundee. A mais populosa, Glasgow, com numerosos católi cos o riundos da imi gração irlandesa, fo i por isso esco lhid a para início da campanha. A di stribui ção dos folhetos era fe ita a todos os passantes, apro ve ita ndo-se para conversar com os mais interessados sobre a devoção a Nossa Senhora. Apesar de muitos se dec lararem sem reli gião, todos recebi am os folhetos com curi osiCATOLI CI SM O
dade e mes mo simpati a, ra ramente com hosti Iid ade. O traçado antigo das cidades, com ruas estreitas e freqi.ientemente ingmgitadas, facilitava o trabalho e possibilitava abordar muitas pessoas em pouco tempo. A hi stóri a do país desfil ava diante dos o lhos dos caravani stas enquanto visitavam c idades como Stirling, ponto estratégico entre as Terras Altas e as Terras Baixas, bem como palco de numerosas batalh as, numa das qu ais o rei Ro bert Bruce de rrotou o exérc ito inglês mui to mais numeroso, conqui sta ndo depo is a independência da Escócia. E m D undee, os jovens da TFP visitaram a ruín as da Abadi a de Arb roath, que torno u-se fa mosa e m toda a Europa, e cantaram o Pequeno Of ício de Nossa Senhora na única parte do co njun to arqui tetô ni co ainda intacta, a bela sacri sti a gótica do século XIV, que conserva impress ionante acús-
tica. Segundo infor mou a equipe de fun cio ná rios e ncarregada da manutenção dos ed ifíc ios, esta foi a prime ira vez, dcpo i da pseudo- refo rma protes ta nte, q ue se cantou ali o Offcio de Nossa Senhora, ace ndendo nos caravani stas a espe rança de que o futuro restaure todo aq uele glorioso passado . •
LEONARDO PRZYBYSZ
E-maj J do autor: leonardop17.ybysz @cato licismo.com.br
As fotos apresenta m flagrantes do programa
E- mail do autor: pa ulfolley @catoli cismo.com .br
AGOSTO 2005 -
-
,
'~ventura mais bela do mundo"
Lançamento
A história das Ordens de Cavalaria -
instituição denegrida por historiadores revolucionários - desperta enorme interesse e entusias1no em jovens simpatizantes da TFP norte-americana rn
FLÁv10 M ATIHARA
N
esta era de alta tecno logia , os videogames, o cinema e a te le visão mergulham desde cedo as crianças e j ovens num mundo que tornou banal o uso de armas de grande precisão e elevado poder destrutivo. Assim, pode parecer estranho que rapazes em idade escolar se interessem por cursos de form ação nos quais lanças, alabardas, espadas, arco e flecha dão o tom. Mas foi exatamente isso que atraiu a Norwood, na Louisiana, seleto grupo de jovens empenhados em conhecer o Código de honra da Cavalaria medieval, a história das Ordens M ilitares, especialmente a Ordem Hospitalar de São João de Jerusalém, berço da O,dem de Malta, bem como a sua atuação nas Cruzadas e na defesa da Cristandade ocidental contra o poderio muçulmano. Associando o tema dos estudos com a práti ca de in úmeros jogos em que se aplicavam os bo ns princípi os de cavalhe irismo, honra, lea ldade e heroísmo e m defesa do bem, o program a desse aca mpamento pro mo vido pela TFP americana estendeu-se de 27 de ju nho a 7 de ju lho. O lema de uma das Ordens Militares - "Nossa aventura é a mais bela do mundo" - fo i motivo de e ntusias mo para todos os participantes . Imbuídos dos princípios e das práti cas ali apre nd idos, os jovens pudera m aco mpa nhar também a exposição de como os estudan tes da Academia São Luís de Montj-'ort, manti da pe la TFP americana, vê m atuando nas uni versidades do país, através da distribuição de obras e tex tos e m defesa espec ial me nte da fa mílía, ameaçada por desagregadores mov imentos de massa e por le is que fa vo recem o aborto, a eutanás ia, o "casa mento" ho mossex ual. As fa míli as dos participantes so lida ri zara m-se com a iniciati va, colaborando na preparação e no curso das atividades, bem corno no banq uete de encerramento, no qual fo ram servidas comidas típicas numa tenda decorada com motivos medieva is. • E-mail do autor: fl atamat@cato licismo .com.br
CATO LI C I SM O
Descubra a empolgante e pouco divulgada história das lutas e glórias da Igreja Católica na Índia, no Sri Lanka e na Coréia!
Maravilhas da Igreja no Oriente Autor: Afonso de Souza 11 ,5x17cm, 88 págs., ilustrado
..,
Preço unitário:
SANTIAGO o Me11or Sabedoria, experiência da vida e da Religião ■ PuN10 C oRRÊA DE OuvE1RA
D
ir-se-ia que esta imagem do Ap stolo, que foi Bispo de Jcrusa l m, r ece beu influ ê nc ia da Sai11 1e Chapelle, na qual fo i colocada. Pela imagem, é um homem que está na porta da velhice, mas ainda c m muita vi tal.idade. Chamam a atenção a abu ndânc ia de cabelos e o rosto sisudo, embora não e nve lhec ido. Seu corpo, que j á so íreu o embate de mil esforços, conserva-se cntr '· tanto vi goroso e va ronil. É notáve l sua serenid ade, co mo qu '111 contempla com calma e consciênc ia tran/\ 1 ·N:r, qüila um magnífico passado j á vivido. Espera ele, com serenid ade e confiança na Providência, o que lhe resta viver. É verdaQ, deirnmente um santo. É ilustrativo fazer a co mpaN,' ração da image m desse sa nl com Q\J as dul çorosas que e e nco ntram por n , Un s bonequinhos ele gesso, pintados ·0 111 face cor-de-ros inh a, imberbes e os t ·11t t111 do sorrisos bobinhos, sem e ntend er do qu · se trata ... Esta imagem de Santiago, o Menor, 11:10! É um homem repleto ele sabedoria, qu ' l l'lll experiência da vicia, sobretudo las coisas du Religião, da vida interior, seguindo r 'so lut u mente para a frente, em sua caminhada • Nota da Redação: A Sa.inte Chapelle foi construída na Ili · ti · 111 ( 'lll' Pari s, Fra nça - por São Luís IX ( 12 15- 1 70), lfrl t111 Fra nça , para receber as re líquia s qu · l11111 \l' tl1· Constantinop la, es pec ialmcn l c a corn11 ti l' 1•~111111!11~ de nosso Redentor.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 12 de abril de 1989. Sem revi s o do m1tor.
P11N1
.
Setembro de 2005
A criação dos anjos e dos homens: reflexo da glória Deus N o admirável conjunto dos seres criados, cada um reflete o Criador de modo único. Com a expulsão dos anjos maus que se ,·ebelaram no Céu, os homens são chamados a restuhelece,, a ordem ocupando os tronos que ficaram vaiios.
O
s aLribuLos de Deus são Lai s, que um a só criatura não os pode refletir por inLeiro. Daí a necess idade de haver muilas cri aLuras . Conclui -se que toda a criação é um a espéc ie de coleção, e que D eus criou os seres para que cada ente reflita, de modo inconfundível, um dos atributos d'Ele. I sso va le sobretudo para os anjos. A cri ação angé li ca deuse de tal maneira, que ela parece refl etir no seu todo, com as miríades de Anjos que há e que são incontávei s, um quadro tota l de Deu s. E é uma co leção-espelho, em que cada anjo não repete o outro, porque D eus não gagueja, não se repete. Os anjos todos constituem uma prodigiosa e fabu losa coleção, em que todos os atributos de D eus parecem devid amente espe lhados. Então, serafin s, querubin s, tronos, dominações, virtudes, potestades, principados, arcanjos e anjos, todos eles constituem, no total , uma imagem do Criador. Examinando-se as vári as ordens angéli cas internamente, cada uma delas é uma espécie de co leção dentro da co leção, e a representação de um atributo denlro do aLribulo. Entretanto, uma parte dos anjos, induzida por Lúcifer, recusou a homenagem devi la a Deus. Resultado: a rcvo lla. Et .factum est proeli1,1111 in coe/o travou -se no éu um a gra nd batalha .• ão. Mi u I Ar anjo co locou as coisas no. term os cm qu dcv ' riam s ' I' ·o lo ·.id.i s, precipitando saLanás e os ouLros anjos rcb •lados no inh·no, restabelecendo imediatamenlc e d uma s) v "1, a ortl ' lll , A ss im, com a queda dos anjos rcvo lLosos, os tronos ti ·l 'S ficaram va zios no Céu. Como preencher ess vazio? Deu s constituiu um pl ano segundo, medi anlc o 1ual os homens fossem ocupar os tronos dos anjos reb lei s ' ·ompl '· tar as harmoni as que ficaram defi cientes no éu. Imag inemos um maestro qu e, perdend o alguns mú si ·os de uma orqu estra, convoca outra orqueslra pan formar novo
-CATOLICISMO
UM
RRrA 1 1: ÜUVEIRA
4
CARTA oo Dm.E TOR
5
PÁGINA M.Al{IANA
7
L1,:1TlJRA ESPIRITUAi,
8
CommSP()NDl~:N(~IA
1O A
1
Nº 657
Nossa Senhora das Dores Purgatóâo - V
PALAVRA DO SA.cmmoTI•:
14
NACtONJ\I,
16
INTtmNACIONAI.
18 Pm~
Reforma Agrária na atual crise brasileira Força do Islã baseia-se na fi'Bqueza do Ocidente
Qm: NossA S1,:N1101~A C110RA?
19
ENT1mv1sTA
23
INF01n1AT1vo RrnML
24
D1s(:1mNINDO
Orientação socialista na Reforma UniversitiJ.ria
Estão se r ealizando as profecias de Fátima?
26 C \.PA A11jos: gládio do Altíssimo, escudo dos homens 36
VmAs DE SANTOS
39
SAGIMDA :Escmn 11~A
43
D..:sTAOlll•:
46
AçAo CoN'mA-R1-:vo1.t 1c10NÁmA
52
AMnmNT..:s, Cosn11,u:s, C1v11.1zAç{u,:s
São João Crisóstomo
Imagem de Nossa Senhora de Fát ima
O resto, a IJdelidade e o triunfo
A calma do inglês, a perspicácia do francês
O g~ande estilo da nobreza francesa
·onj1111t o, pmq11 · o rn 11 j111110 l' 111l'llHH' qt1l' ·ada parle. Há, pois, t1111:i vocw;,10 do lH >1111·111 p 111 11 pt'l'l' tl ·h ·r os lugares dos anjos 11 H1us, q111· lor11111 1·x p1il sns do< \·11 , l' for mar com os anjos fi éis t111111 so i111111•l' 111 dv I k11 s, 1·11 11t n1· 11mu s > glóri a de Deus.* •
Nossa capa: Imagem de São Miguel Arcanjo da Igreja de São Miguel em Viena (Áustria) . Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo . Fotos: Diogo Waki e José Robc110 Dias Tavares
* 'l'1l'l'h11 til' l'1111l,•11111 111 ti ,
1'1 111111 ( '1111 'li d · Oliveira , c m 17- 1- 1967. Se m tl'V IN1\11 tl 11 n11tl1•11•11, 1 Ili q111, , oh1l' IUtlo cm matérias teológ icas, semp re 1itlll! 111 v111•111 tl111•1 11111• ,1111n11tl11 v11 pr ·v ia rnc nlc e inl eiramenle <.:um Ludo qu 11111 11 loNNI' 1•11Nl1111d 11 p,•lo M11gb1é ri o inf'a lívcl da Igreja.
Congresso em Gaming, Áustria
SETEMBRO 2005 -
Caro leitor,
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n• 3116 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Conj. 62 - Santa Cecília CEP 01225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Tel (0xx 11) 3333-6716 Fax (0xx11) 3331 -6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol.com.br
Eles são nossos melhores aliados, lutam por nós, agem diuturnamcnle em prol de nossa salvação e estão continuamente a nosso lado. Entretanto .. . eles são desconhecidos. Eles quem? - Os anjos ! Nossos maiores defensores que tanto ignoramos. Cada pessoa, sem exceção, logo ao nascer, recebe de Deus um anjo para a sua guarda. Esta criatura - a mais sublime do ponto de vi sta da perfeição natural acompanhará individualmente cada pessoa até seu último suspiro nesta Terra; e, no Céu, caso ela se salve, estará em sua companhi a por todos os sécul os dos séculos. Os anjos tudo fazem para no ajudar a cumprir a finalidade para a qual nascemos, para vivermos em estado de graça, no c umprimento dos preceitos divinos, e nos condu zir ao Paraí o Celeste onde, juntamente com eles, glorificaremos a Deus e desfrutaremos da visão beatífica. Para tal fim, os anjos servem-nos de escudo e gládio contra a ação diabólica, contra as me ntiras e ciladas dos demônios , que tudo fazem para perder nossas almas e obter sua condenação eterna. Com o objetivo de proporcionar ao estimado leitor um maior conhecimento acerca da missão dos anjos - esses grandes desconhecidos em nossa época materi alista - , Catolicismo publica, nesta edição do mês comemorativo dos três gloriosos arcanjos, Miguel, Rafael e Gabriel, matéria de capa dedicada às criaturas angélicas e sua mi ssão junto às almas e no governo do Universo. Acima, fizemos apenas uma breve referência à missão do anjo da guarda, mas há outros oito coros de anjos de hierarquia superior a esse coro angélico, sendo o primeiro deles o coro dos Serafins. Qual a missão de cada coro angélico e de cada um dos incontáveis anjos, mais numerosos que as areias do mar e as estrelas do céu? O leitor poderá ir direto à p. 26 desta edição, onde encontrará importante explanação a respeito. Mais do que nunca é urgente - devido à nefasta influência da Revolução e à ação de Lúcifer e dos anjos rebeldes para a perversão de todos os povos - recorrennos aos anjos fiéis como nossos guardiões. Especialmente imploremos o auxílio d ' Aquela que é o terror dos demônios, a Santíssima Virgem, Rainha dos anjos e dos homens, que, conforme as Escrituras, esmagará para sempre a cabeça da serpente infernal.
Por que celebrar as Dores de Maria? N o dia 15 deste mês, os católicos celebram a festa das Sete Dores de Maria, em honra da Ma ter Dolorosa. Só entendem bem Nossa Senhora aqueles que compartem suas dores e suas preocupações. mVAL01s
G R1 NsTE1Ns
Desejo a todos uma boa leitura. Home Page: http://www.catolicismo.com.br
E m Jesus e Mari a,
ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Setembro de 2005:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ R$ R$ R$ R$
96,00 140,00 260,00 420,00 9,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
? ~7 1 IIH!' l'OR
p1111 I< lh1 i1<1<111l':1tol ic ismo.com.br
M
uitas pessoas, deformadas pela mentalidade neopagã dos dias de hoje, julgam no mínimo esqu1s1to a festa da Igreja comemorali va das Dores de Maria Santíssima . Celebrar a dor ? Comemora r a tragé dia da Crucifixão? Acham preferíve l deixar isso de lado e ce lebrar só aqui lo que é aleg re: o Natal , a Ressurreição, a Assunção de Maria. Modo de pensar errado, pois muti lar desta for ma o que en sina a doutrina católi ca é o mesmo qu e adm itir "Deus ter se equivocado um tanto ". Não são
poucos os presunçosos que se conve ncera m poder cri ar o mundo melhor do que Deus o fez , e governar a Igreja de modo mais perfeito do que o Espírito Santo. Se a Igreja propaga essa devoção, altíssimas razões levam-na a isso. Como exp li cá-las?
Icléia errada e idéia correta Observando a forma de governar de hoje, numerosas são as pessoas que preferem ser o melhor amigo daquele que está no topo do governo. Pensam elas que tal posição lhes permitirá obter cargos, honras e o utras fo rmas de privilégio. Nem passa por suas cabeças que isso não deve ser ass im. Na época e m que a dou-
trina católica influenciava profundamente governos e governantes, a mentalidade rein ante e ra muito diferente dessa. Exercer um alto ca rgo, ser parente ou ami go do rei não consistia apenas em receber benefícios. [mplicava sérias responsabilidades como, por exemp lo, ir à guerra. Os plebeus normalmente combatiam nas guerras, mas os nobres e os mais próximos do monarca era m obrigados a participar da ativid ade bélica. Não sei se hoje muitas pessoas gostar ia m de ser ministros, caso fossem obrigadas a combater nas frentes de batalha. Isto se explica, pois a doutrina católi ca sempre e nsi nou que quem recebe mai s do Cri ador deve dar mais a Deus. É
SETEMBRO 2 0 0 5 -
a parábola dos talentos. Se Deus concede um dom, segundo sua justiça, Ele espera que lhe seja devolvido o que foi cedido, acrescido de mais algo. Esta é a verdadeira idéia do que significa ser prefe rido cio governante: estar disposto a dar mais do que os outros, que receberam menos. Pois bem, Nossa Senhora fo i a criatura mais aquin hoada de dons divinos. Dons, talentos, graças e revelações, teve Ela mais do que ninguém. E sendo E la perfeitíssima, quis devolver, acrescida de sua correspondência à graça, aq uilo que recebeu do Criador. O verdadeiro amor a Deus consiste nisso. Deus pediu a Ela coisas que .não foram solicitadas de uma pessoa comum, e de forma admirável Ela correspondeu a tal pedido. Por exemplo, estar ao pé da Cruz, vendo seu Filho expirar. E Ela aceitou tal sofrimento dilacerante, porque esta era a vontade de Deus. Quantas mães tolerariam isto? Quantas, se fossem sujeitas a essa prova, não julgariam que "Deus estaria exagerando "? Nossa Senhora nunca se queixou , dando-nos admirável exemplo de submi ssão à vontade divina.
Festa com raízes na História Quando a Santa Igreja celebra as Dores de Maria, na realidade comemora sua maravilhosa correspondência às graças recebidas. Celebra sua perseverança, sua força materna, sua inamovível fi delidade aos pedidos divinos, por árduos ou incompreensíveis que parecessem ser. Ela sofreu muitíssimo, e ficamos admirados de ver como levou sua cruz até o fim, sem queixas, desfalecimentos nem susceptibilidades. Sendo Ela Mãe de Deus, a rigor poderia pedir a seu Divino Filho que lhe apresentasse uma cruz menor. Nem sombra disso. Pelo contrário, sempre continuou presente em seu es pírito sua resposta ao Arcanjo São Gabriel : "Eis aqui a escrava do Senhor". Sendo Ela assim, pode nos pedir que a imitemos. Se queremos amar a Deus como Ela o fez, devemos também estar dispostos a dar mais do que aqueles infelizes que nem O amam nem O conhecem. Mas é esta a realidade? A res po sta , encontramo-la numa longínqua aparição, que está na origem dessa devoção.
-CATOLICISMO
A grande Santa Brígida, princesa sueca que morava em Roma no século XIV, teve numerosas e impressionantes aparições de Nosso Senhor e de sua Santíssima Mãe. Certo dia Nossa Senhora revelou-lhe o seguinte: "Olho todos os que vivem no mundo, para ver se há quem tenha compaixão de Mim e medite minha dor, mas acho muito poucos que pensem em minha tribulação e padecimentos. Por isso, minha filha, não te esqueças de Mim, que sou esquecida e menosprezada por muitos. Olha minha dor, e imita-me no que puderes. Considera minhas angústias e minhas lágrimas, e lamenta que sejam tão poucos os amigos de Deus ".* A Ordem dos Servos de Maria já difundia desde o século XIII uma oração lembrando os sete episódios mais dolorosos na vida de Nossa Senhora. E com o tempo os fatos acima mencionados acabaram se fundindo na devoção atual.
Uma lamelltação inútil? Algum leitor poderia pensar o seguinte: Não entendo por que Nossa Senhora deseja que meditemos suas dores. Admirar sua fidelidade, eu entendo. Mas fica r pensando no que sofreu? De que serve isso? Uma lei da vida é a seguinte: quem admira, acaba se parecendo com o que adm irou . Se discernimos algo admirável, acabamos imitando-o, consc ientemente ou não. O mesmo se passa quando meditamos as dores de Maria Santíssima. O próprio fato acaba inclinando-nos a ser como Ela. E isto, por sua vez, no move a agir como Ela. Se prestarmos atenção à revelação feita a Santa Brígida, constataremos que Nossa Senhora não pede só para meditarmos. Após solicitar que pe n. e mo s n'Ela, reco menda que a imite mos na medida do pos. íve l. Ou s ja, qu' a imi ontínu a, no s ·u le mos na sua oraçã d sej de saeriíí io , na sua íid•lidad • às graças recebidas. Not •mos b •m qu nunca pocleren os obl ·r o rau d' p ·rfeição que la alcançou , ' p >r isso usamo ares. alva " na m ·d ida do possível". Nossa Senhora mo nos p ·d' c isas impossíveis. Ma · eslá p rí ·iltlm nle ao nosso ai-
ca nce a maior ele todas as armas nesta bala lh a espiritual: a oração. Quantas pe:soas lamentam o número de drogados enlre s jovens, mas nem se lembram de reza r para que venha a ruir esse império das drogas, seja m punidos os responsávei, e ajudadas as vítimas. Outros lamentam a existência do crime organizado, mas não rezam pela resta uração da ordem. Muitos desejam o fim da desordem moral no País, mas nem se lembram e não falam da necessidade de orações. E não basta rezar. Faci lmente podemos fazer mais do que isso. No meio da desgraça, quantas e quantas vezes um apoio espiritual representa um valor incalculável. Se não, que o digam aqueles que sofreram a perda de um familiar próximo e receberam um apo io moral. Nada nos impede de dar um telefonema de apoio àqueles que , por exemplo, lutam contra o aborto. Se pudermos fazer mais, como desmascarar os que querem a implantação do aborto, será melhor ainda. Mas aquilo de que Nossa Senhora se queixa é, no fundo, a indiferença e o esquecimento. Sintoma, aliás, de egoísmo. Ficamos pensando em nós mesmos e em nossa vidinha particular, e nos esq uecemos de que Deus e Sua santíssima Mãe são ofendidos. Atitude diametralmente contrária à de Nossa Senhora, que vivia pensando e m Deus e esquecendo-se de si mesma. Quantas pessoas, recebendo bens , logo se esqueceriam do resto e ficariam pe nsando só na forma de desfrutá- los! Uma a lm a co m grandeza semelhante à de Nossa Senhora faz exata me nte o contrário. Quanto mai s recebe, mais pensa co mo retribuir, ou seja, co mo louvar a Deus e combater seus inimi gos. Essa é uma oportuna meditação para o presenl mês, durante o qual a Santa 1 reja comemora a festividade de Nossa nhora das D res! • E-mail do au1or: valcl isgri nsteins@catolicismocom.br
Nota:
* http ://www coruz siete dolores. h1n1
ic s.ori;/ rn a ria/
O purgatório
(Parte V)
N a edição anterior, o Pe. Schouppe discorreu sobre a duração e a razão das penas do Purgatório; nesta, reproduzimos o que ele escreveu sobre certo alívio que as almas padecentes podem receber. misericórdia de Deus é exercida, em relação ao Purgatório, de uma tríplice maneira: l - consolando as almas que nele estão; 2- nútigando seus sofrimentos; 3 - dando-nos mil meios ele evitar esse fogo punitivo. [ .. .] As almas do Purgatório também recebem grande consolação da Santíssima Virgem. Não é Ela a Consoladora dos Aflitos? E qual aflição pode ser comparada à das pobres almas cio Purgatório? Não é Ela Mãe de Misericórdia? E não é com relação a essas santas almas padecentes que Ela mostra toda a misericórdia de seu coração? Não nos devemos , pois, espantar de que, nas Revelações de Santa Brígida, a Rainha do Céu atribua a si o nome de Mãe das Almas do Purgatório. "Eu sou - disse Ela à santa - a Mãe de todos aqueles que estão no lugar de expiação; minhas preces mitigam os castigos que lhes são infligidos por suas faltas" . [... ] Além do consolo que as almas recebem da Santíssima Virgem, elas são também assistidas e consoladas pelos santos Anjos, e especialmente por seus Anjos-da-Guarda. Os Doutores da Igreja ensinam que a missão tutelar dos Anjos-da-Guarda termina somente na entrada de seus protegidos no Paraíso. [... ] O Anjo guardião conduz a alma ao seu lugar de expiação e lá permanece com ela para proporcionar-lhe toda a assistência e consolações em seu poder. [ ... ]
Dimhmição e mitigação da pena Se Deus consola as almas com tanta bondade, sua misericórdia brilha ainda mais claramente no poder que dá à sua Igreja de encurtar a duração de seus sofrimentos. Desejando executar com clemência a severa sentença de sua justiça, Ele concede diminuição e mitigação da pena. Mas faz isso ele maneira indireta, através da intervenção dos vivos. A nós E le concede todo o poder para soeoJTer nossos aflitos falecidos, por meio do sufrágio, isto é, através dos meios da impetração e ela satisfação.
A palavra sufrágio, em linguagem eclesiástica, é sinô1úmo de prece; contudo, quando o Concílio de Trento declara que as almas do Pw·gatório são assistidas pelos sufrágios dos fiéis, o sentido da palavra é mais compreensível. Inclui, em geral, tudo o que se pode oferecer a Deus pelos falecidos. Podemos assim oferecer a Deus não somente nossas preces, mas também nossas boas obras, tanto quanto elas sejam impetratórias ou satisfàtórias. Para entender esses termos, lembremo-nos de que cada uma de nossas boas obras, feitas em estado de graça, ordinariamente possui um tríplice valor aos olhos de Deus: 1. A obra é meritória, quer dizer, aumenta nosso mérito; dá-nos direito a um novo grau de glória no Céu; 2. É irnpetratória (impetrar, obter), pois, como a prece, ela tem a virtude de nos obter algumas graças de Deus; 3. É satisfatória, tendo, por assim dizer, um valor pecuniário e podendo satisfazer à divina justiça e pagar nossas dívidas de punição temporal diante de Deus. O mérito é inalienável, e permanece propriedade da pessoa que pratica a ação. Pelo contrário, os valores impetratórios ou satisfatórios podem beneficiar outros, em virtude da Com unhão dos Santos. [... ] Quais são os sufrágios pelos quais, de acordo com a doutrina da Igreja, podemos ajudar as almas do Purgatório? Respondemos : Consistem nas orações, esmo las, jejuns e penitências de qualquer gênero, indulgências, e sobretudo no - santo Sacrifício da M issa. Nosso Senhor Jesus Cristo permitenos oferecer à Divina Majestade todas as obras, feitas em estado de graça, para alívio de nossos falecidos no Purgatório, e Deus as aplica a essas almas, de acordo com sua Justiça e Misericórdia.* •
-
Nota: Padre FX . Schouppe, S.J ., Purgatory, illustrated by the lives ond legend.1· of the Saints, TAN Books and Pub li shers, Inc., Roc kford , USA, 1973.
*
SETEMBRO 2 0 0 5 -
são. M as os estudos sérios, co mo esses atuais mostrando que se pode produ zir células-tronco sem a elimi nação de embriões, mas apenas com a fusão celular, os aborti stas não publicam. (P.M.T.R. - RJ)
O Unive,-so em timção do homem [8] Fez-me um enorme bem espiritual a leitura do artigo da revista sobre a criação do Universo. Especialmente conhecer que Deus, com bondade infinita, criou todo o Universo (claro que para sua glóri a), mas para aproveitamento dos seres humanos, tendo cri ado tudo, não apenas a Terra, em função dos homens e das mulheres, para dessa maneira louvarmos o Deus criador de todas as co isas. (A.P.O. - MG)
A ficção e a ma/idade [8] Meu grande abraço ao Dr. Miguel
Beccar Varela e à Dra. Lílian Pifíero · Eça pelos estudos particularizando as experiências controvertidas com células-tronco, inteli gentemente mostrando o certo e o errado nessas experiências. Eles souberam questionar muito bem o que é ficção em tudo isso e o que é realizável para o avanço da medi cin a, qu e bu sca eticame nte a cura de algumas doenças , mes mo incuráveis até o presente. Aplicação de céul as- tronco para a cura: TODO MEU APOJO. Aplicação de célulastronco que e nvolva elimin ação de qualquer fe to, portanto da vida de um ser huma no: MINHA OPOSIÇÃO COMPLETA. Corno mostram muito bem, os fins não justificam os meios, não se pode matar (abortar) com o pretexto de salvar outra vida. Gostei muito també m do modo como eles mo trama mídia manipulando as me ncionadas experiências. É impressionante como a imprensa faz a torcida, sem base científica, por uma coisa imaginária, no mundo da fantasia, sem os pés na terra. Com essa distorção de um ass unto tão sério, a mídia, e também os partidários do abo rto, só favorecem a confu-
-CATOLICISMO
A Palavra do Sacerdote [8] Sou assinante de Catolicismo, e a primeira coisa que faço ao receber a revista é procurar "A Palavra do Sacerdote". No nº 652, a sua [do Cônego José Luiz Villac] dissertação sobre os casais em segundas núpcias foi simplesmente mag istra l. Há tempos eu aguardava uma explanação sobre o assunto, apenas para saber, porque felizmente sou bem casado, graças a Deus. Escrevo-lhe só para dar-lhe os parabéns. (W.I. - SP)
A Palavra <lo Sacenlote - II [8] Feli cito-o pelo artigo que escre-
veu no mês de agosto em Catolicismo. Se mpre que leio seus artigos, agradam-me muito. Recomendo-me muito a suas orações para mim e minha família. (S.A.L.C. - Argentina)
Engolirão? [8] A corrupção política, com
um câncer, vai se expandindo na "Ilha da Fantasia" de Brasília, mas a p pulação não suporta mai e, scgund minha pobre opin ião, eles n, o poderão comemorar o fim da Pls cm algu-
ma pizzaria daquela Ilha. Acho que, entre o impeachmente a pizza, o cheir do irn.peachment é mais forte . Minha irmã disse-me que leu no "Correio .Braziliense" uma ótima observação desta si tuação que estamos vivendo : "O PT mentiu antes de subir ao poder, dizendo que 'e ra um partido diferente de todos os outros'. Agora, no poder, mente dizendo que 'é um partido igual a todos os outros'" ... O povo brasileiro não aceita mai s tanta mentira, tanto desrespe ito aos bens públicos. Mas não te nho certeza se o presidente Lula fica realmente até o fim , ou "o teremos que engo1ir" por mais te mpo. Lembram da defi nição dada pelo Brizola do "sapo barbudo"? Resta saber se será com a barba do Fidel ou com a boin a do Chá vez. Em relação a isso, os senhores viram o artigo do Cony na "Fo lha de S. Paulo" sobre tal "engolição"? Para terminar, e nvio-lhes uma xerox da notícia e minhas felicitações. (N.P.S.F. - SP) Trecho do me nc ionado arti go, publicado na "Folha de S. Paulo" de 6-8-05 , de Carlos Heitor Cony: "A imprensa destacou em manchetes a ameaça do presidente Lula feita num comício de campanha eleitoral em Garanhuns, berço natal de Sua Excelência. Mais uma vez, revelando sua notável cultura futebolística, ele repetiu uma frase do treinador Zagallo: "Eles terão de me engolir". Estranhamente, os jornais reduziram a declaração, talvez para poupar quatro letras no espaço da página, deixando a frase em o ujeito. A ameaça foi veiculada como "terão de me engolir". Faltou o "eles". Daf a pergunta que faço: "eles" quem, senhor presidente? As elites, o capital estrangeiro, a imprensa, a CIA, Osama bin Laden, a Tradição, Família e Propriedade, o Fernandinho Beira-Mar, o Paulo Maluf, o cardeal Ratzinger, hoje reinante como papa Bento 16, o truste
do petróleo, os bicheiros da Baixada Fluminense, o Bei de Túnis? Quem, afinal , são "eles", presidente?".
O "salvado1' do planeta " [8] O presidente Lula, logo no início de seu governo, apresentou-se maqui ado pelo grande publicitári o e gra nde torcedor ele bri ga el e ga lo, Lula (digo Duda) M e ndon ça como um "salvador da pátria". Mais ainda: o marketing .quis transformar o preside nte brasileiro num "salv ador do mundo", pois Lula da Silva era apresentado como " modelo" para a esquerda do mundo inteiro. Hoje esta mos vendo do que é capaz a propagand a: os "ído los", eri gidos e m novos mess ias, es tão envoltos no furação ele lama da corrupção. Será qu e o grande marketeiro cio governo conseguirá :fazer uma estátua ele lama e transformá-la e m ídol o? Haverá adoradores para essa rejeitável estátua? (C.F.D. - RJ)
O (não) exemplo [8] Se hoje estivesse e ntre nós o inesquecível Rui Barbosa, e comentasse a quadrilha de in co mp e te nte s e nca rapitados no govern o, ele bem poderia usar exatamente as mes mas palavras imortali zadas e m seu célebre pronunciamento no Senado, em 17 de dezembro de 1914: "De tanto ver triunfar as nulidades; "de tanto ver prosperar a desonra; "de tanto ver crescer a injustiça; "de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, "o home m chega a desanimar-se da virtude, "a rir-se ela hon ra e a ter vergonha de ser honesto". (A.P.P. - PE)
Rezar com co11fiança [8] "Nossa Senhora e o valor da ora-
ção"; esse artigo resolveu um problema muito meu. Agradeço ao autor, Valdis
Grinsteins, e peço que Catolicismo escreva mais sobre essa proposição. Também sobre os eIT0S cio ecumenismo, sobre o perigo do crescimento da China e sobre a questão abordada na entrevista de Joseph d' Agostino (subpopulação/ superpopulação), poderiam escrever mais em outros meses. (P.E.K. - RN)
Atualidade católica [8] Gosta.ri a de parabeni zar a todos
da revista Catolicismo, poi s é um a revi sta atu al, que trata de pontos i mportantes sobre a doutrina católica, sobre as Leis de De us e so bre atualidades e m geral, fa land o a verdade como Jes us pede. Ficam aqui me us res pe itosos c umprime nto s a todos da redação desta re vi sta. De us os abençoe! (L.G.O. - SP)
Catolicismo e desarmamento Sim, a Igreja é a favor da vida. E por isso mes mo ensin a, em sua doutrina moral, a li citude da reação defensiva contra o inju sto ag ressor, uti li za ndo-se dos meios adequ ados e proporcion ais, o que inclui o rec urso às armas de fogo. Santo Tomás já precisava, com sua maestria hab itual, a moralidade da leg ítim a defesa, ainda que com a morte do bandido (cf. S. Th., II-II, q. 64, a. 7), pal avras reco lhid as pelo Catec ismo da Igreja Católi ca (cf. nn . 2263-2265), documento oficial de referência para a ex pos ição do catolicismo, que não só confirma a tese tomista. como a desenvolve. Nesse sentido, é estranha a posição de parcela do episcopado brasile iro , media nte co muni cado ela CNBB , recomendando que os católicos votem "sim" no referendo para proibir o comércio cle·armas no país. Ora, sem armas resta impossível, na prática, a leg ítima defesa, e com isso a Conferência dos Bispos fe re gravemente o Magistério da Igreja. Com o máx imo respeito a nossos Pastores, e com toda a obediê ncia fi-
lial que de vemos às suas ordens, a esta não poderemos obedecer, poi s contrasta com o ensino cató lico perene . A CNBB não te m autoridade ontológica el e governo . Não pode, nesse diapasão, dar ordens que contrariem as do Papa ou as dos Bispos em suas dioceses, nem que exorbitem dos limites da delegação, ou que fu jam do escopo da autoridade propriamente episcopal. Desse modo, ordens (ou conselhos) da CNBB para entregar armas ou votar "sim " no referendo, são interferências indevidas no campo que não lhe é próprio, extrapol ando, inc lu s iv e, a a uto rid ade que detém. Além cio mais, agindo assim a conferê ncia contraria frontalmente a moral católica! Entre o que pensa a CNBB e o que pontifica o Santo Padre, fiquemos com este. Importa crer na Igreja, não nos seus membros, por mais eminentes que ejarn ; crer no ensinamento do Papa e obedecer às suas ordens, mesmo que a assembléia geral da Conferência dos Bispos diga o contrário. Ve ne re mos os dirigentes d a CNBB fa voráve is ao "s im ", mas, porqu e nesse ponto contradi zem a doutrin a tradicional e hi stóri ca el a Igreja, res istamos, cre ntes que este é o melh or serviço que a e les prestamos (por mai s paradoxal que pareça), e votemos " não", permanecendo fiéis ao e nsin o ele sempre, tal qual os Papas sempre ex pu seram. Eles, os Papas, são a máx ima e in falível autoridade mag iste rial na Igrej a Católi ca ! (Rafael Vitola Brodbeck - RS)
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na pógina 4 desta edição.
SETEMBRO 2 0 0 5 -
-
■ Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - O que o jejum, a maceração corporal, a oração e a comunhão freqüente fazem na alma? Quando sabemos que as reparações são aceitas? Desculpe, sei que minha pergunta parece tola, mas sempre me pergunto por que fazê-las [as obras acima mencionadas], e sempre respondo porque Deus o quer. O sr. poderia, por favor, dar uma breve explicação?
Resposta - A muitos leitores a pergunta acima parecerá irrelevante, e a própria consulente pondera que sua pergunta parece tola. Entretanto, ela aborda um ponto central da vida espiritual do católico, e portanto é da mais alta importância compreender bem o seu significado. Quem lê os Evangelhos com o coração reto não pode deixar de perceber que eles situam o leitor num patamar elevadíssimo, de onde se descortina a vida eterna bemaventurada, para a qual Deus chama todo homem. E desde logo fica claro, pela leitura dos Evangelhos e pelo que a Igreja nos ensina, que só poderá entrar no Céu a alma inteiramente purificada de seus pecados. Ora, olhando cada um de nós para dentro de si mesmo, perceberá tantas manchas, que Jogo conclui que não está em condições de se apresentar diante de Deus e de ser aceito num lugar - o Céu, morada do Santo dos santos e Reino da santidade - que repugna toda e qualquer mancha, por ínfima que seja. Daí a pergunta: o que fazer para apagar essas manchas que nos impedem a CATOLICISMO
entrada na bem-aventurança eterna? Essa é justamente uma importante razão de ser do jejum, da maceração (ou mortificação) corporal, da oração e mesmo da comunhão freqüente feita com a alma isenta de todo pecado mortal. Pois tais atos , realizados com o desejo sincero de expiação e de agradar a Deus, sobretudo quando oferecidos por meio de Nossa Senhora e unidos ao Sacrifício redentor de Cristo, purificam nossa alma inclusive dos pecados veniais e nos habilitam a entrar inteiramente purificados no Céu. Se, apesar disso, no fim de nossa vida restar na hora da nossa morte um saldo negativo para nós, ele será pago no fogo purificador e santificador do Purgatório.
Um mundo inteiramente afasrado de Deus Ademais, acontece que o homem não está só, neste
mundo, mas vive em sociedade com outros homens, os quais, por sua vez, travam ou deviam travar - a mesma batalha. Muitos porém não o fazem , e até deliberadamente se opõem aos Mandamentos da lei de Deus, encaminhando-se assim para a perdição eterna. Quis entretanto a misericórdia divina que os atos expiatórios de uns pudessem suprir o déficit dos outros. De modo que os méritos de uns alcançam de Deus graças para outros pecadores, que assim podem vir a salvar as suas almas . Disse-o Nossa Senhora categoricamente aos três pastorinhos de Fátima: "Vão
devemos nos perguntar se temo feito tudo quanto podíamos e devíamos, para alcançar as graças necessárias para que as almas abandonem o caminho da perdição e voltem para as vias benditas da salvação. Tanto mais quanto Nossa Senhora adve1tiu em Fátima que, se os homens não fizerem a penitência devida, um grande castigo purificador desabará sobre o mundo, após o qual, então sim, virá wn dilúvio de graças que restabelecerá a ordem cristã sobre a face da Terra. Será o triunfo do Imaculado Coração de Maria, também profetizado em Fátima.
muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas".
São Paulo: "O Justo vive da tê"
Esta é a mais pura doutrina do Evangelho, que a Santa Igreja exprime no dogma da Comunhão dos Santos . De forma que, quando vemos o mundo afastado de Deus,
Mas a consulente quer saber também como podemos conhecer que nossos atos de reparação pelos nossos pecados, ou pelos dos outros, estão sendo aceitos por Deus.
Mais uma vez, trata-se de uma pergunta oportuna, porque nem sempre recebemos a graça sensível que torne isso evidente aos nossos olhos. São os pedodos de aridez da vida espiJ'itual. É o que São João da Cruz chama de "noite escura", pela qual Deus faz geralmente passar as almas destinadas a alcançar alto grau de santidade. Nesses momentos, é preciso perseverar fortemente nas boas resoluções que tomamos quando o Céu estava claro diante de nós, e prosseguir com nossos atos de oração, penitência e freqüência aos Sacramentos (principalmente o sacramento da Confissão e a Eucaristia), pois, como dizia São Paulo, "justus exfide vivit'' (o justo vive da fé Rom . 1,17). É o que a própria missivista diz que faz ("porque Deus o quer" ), e merece louvor por isso. No mundo secularizado e ateizado em que vivemos, esta postura é mais meritória do que nunca, pois tudo nos leva hoje
chegam á existência de Deus. em dia a crer tão-só no que os Por isso, o mesmo São Paulo nossos sentidos percebem direobserva com razão que os tamente. Mas essa é uma posiincréus são culpados pela sua ção racionalista, que se recusa incredulidade: "ita ut sint a ver dois palmos adiante do inexcusabiles" (Rom. 1,20). nariz. Disse, de propósito, dois A mesma consideração serpalmos - e não um só, conve para avaliar os resultados de forme a expressão usual porque à distância de um palnossas obras e exercícios espimo certan1ente muitos de nosrituais. Posto que Deus nos mandou fazer atos de penitência sos contemporâneos vêem, tanto assim que a ciência vai pelos nossos pecados e os dos outrns, ainda que não tenhamos cada dia descobrindo novas nenhum conhecimento sensível maravilhas na natureza. Mas, em seguida, se recusam a ver de que eles estão sendo agradáveis a Deus, podemos ter a cerum palmo mais à frente, isto teza de que Ele os recebe é, se recusam a refletir sobre favoravelmente, desde que os o que viram e perceberam pratiquemos com a consciência pelos sentidos. Com efeito, reta (isto é, com o desejo de serembora Deus seja invisível mos agradáveis a Ele, e não por aos nossos olhos, e portanto qualquer desejo de vanglória não O possamos alcançar dipessoal). Palavra de Cristo e retamente pelos sentidos, pela maravilha de suas obras facil- • ensinamento da Igreja. Mais ainda. A penitência, mente podemos deduzir que Ele existe. É a evidência (a e sobretudo a Sagrada Comunhão, quando praticadas por maior de todas as certezas) amor de Deus, dão glória a inata que leva as crianças ou Ele e reparam os Sagrados outras almas inocentes à esCorações de Jesus e Maria, pontânea convicção de que tão ofendidos. E esta é a finanão pode existir efeito sem lidade maior, pois a criatura sua causa adequada. E, por aí,
existe para glorificar o Criador. Por isso é que devemos louvar Maria, excelsa Mãe de Deus e Mãe dos homens. No dia do Juízo Final, esse misterioso entrelaçamento espiritual que constitui a Comunhão dos Santos será patenteado diante de toda a humanidade reunida no Vale de Josafat. Então conheceremos com pormenores tudo quanto recebemos pelos méritos de outros, às vezes desconhecidos de nós nesta Terra, e ser-lhes-emos eternamente gratos. E também conheceremos quanto as nossas boas obras beneficiaram a terceiros que, por sua vez, nos agradecerão também por toda a eternidade o que fizemo s por eles. E num júbilo eterno cantaremos o louvor de Deus, que misericordiosamente acolheu as nossas boas obras e nos purificou de nossos pecados pelos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim seja! • E- mai I do autor: conegojosclui z@catolici smo com.br
SETEMBRO 2005 -
-
A REALIDADE CONCISAMENTE
a~dosistas marxistas comemoraram na Rú ss ia o 80º aniversário da morte de· Leni ne. Houve passeatas e discursos. Alexander Projanov, escritor e co-pres ide nte da União Patriótica da Rússia, fez uma exaltação do sanguinário líder da revolução bolchev ista de 1917. Nela destacou que o herdeiro atual de Lenine é Bin Laden. Segundo a agêncià EFE, para Projanov "toda a rebelião radical muçulmana contra a globalização é uma idéia das esquerdas pintada de verde islâmico". Por isso mesmo, acrescentou, o legado leninista continua vi vo e atuante. •
):ii;L
Empresas européias financiam repressão comunista
Bin Laden, o continuador de Cenine
S
.
rod utores de fil mes de desenhos animados da Espanha, Itáli a e França contratai.·am a agência de propaganda da ditadura marx ista da Coréia do Norte "SEK" para elaborai.· os seus filmes. Desta maneira, a máquina de re pressão comuni sta nortecoreano - uma das mais sanguinárias da História - obtém fi nanciamento extra. Os contratos dão oportunidade pai.·a a difusão no Ocidente dos "valores mora.is" do regime, que mantém milhões de pessoas passando fo me para "economi zai.·" e produzir a bomba atômica, e ameaçai· o vizinho Japão e mesmo os EUA! •
P
Populares letões dispersam passeata homossexual
N
a pri meira mai.·cha denominada. de "orgulho homossexual" em Riga, capital da Letônia, os manifes tantes homossex uais - por volta de 100 - precisai.·am fu gir de ônibus, face à indignação popular, embora tivessem autorização oficial e grande cobertura policial. A manifestação acabou sob uma chuva de ovos e outros obj etos. Os letões estão etnicamente mui to divididos, mas o repúdio dessa marcha fez com que os grupos opostos esquecessem suas rivalidades. M uitos políticos mudaram de posição, percebendo o mal-estai· da população, e reprovara m aquela mani fes tação em fa vor da sodomia., informou o semanário "Ba.ltic Times" . O Cai.·deal da Letônia., Janis Puja.ts, qualifico u a passeata de "exibicionismo de pecado", e acrescentou: "Na era soviética enfrentamos o ateísmo que oprimia a religião; agora estamos num.a era de ateísmo sexual". •
Descalabro e anarquia no interior da China comunista
A
s revoltas camponesas na China são cada vez mais violentas e generalizadas. O socialismo não consegue garantir a subsistência alimentai.·, e a desastrada industriali zação mul tiplica os protestos, informou o diário "Le Monde" de Pari s. Nas aldeias de Yiwu, província de Zhejiang, conhecidas como "a cidade do câncer", a popul ação expulsou mais de 3.000 policiais que tentavam recuperai.· 13 fábricas químicas pai.·ali sadas pelos protestos. "Todo o mundo estava com os olhos vermelhos. Tínhamos vontade de vomitar", disse uma mulher. As crianças nasc iam disformes. Centenas de veíc ulos fora m destruídos pela população indignada diante da brutalidade e da inépcia da política econôm ica comunista. •
CATOLIC ISMO
Perseguição anticatólica aumenta na China vermelha
B
ispos da chamada "Igreja católica cisma dependente da ditadura marxista de Pequim - vêm dando sinais de querer aproximar-se da Santa Sé . Porém a polícia chinesa continua prendendo o clero fiel a Roma, o qual é contrário ao cisma . A agência vaticana "Asianews" informou que o bispo de Hebei (norte do país), Dom Júlio Jia Zhigou, foi detido pelo governo comunista sob pretexto de "controles médicos" . A polícia o li bertou pouco depois. Foi a sua segunda detenção em duas semanas, visan do arrasá -lo psicologicamente. De seus 25 anos como bispo, Dom Júlio passou 20 no cárcere e quase todo o restante em prisão domiciliar. Outros 18 bispos católicos e 29 sacerdotes estão atualmente encarcerados ou desaparecidos no país. A política de distensão com o governo marxista chinês, na prática , em nada parece arrefecer a perseguição anticatólica . E pode vir a desanimar os bons católicos. patriótica" chinesa -
Passeata homossexual feita por ódio à lgreia
A
pós impress ionante passeata contra o "casamento" homossex ual, ocorreu em Madri a " marcha do orgulho homossexual", mui to inferi or em número, mas prestig iada por um mini stro e vários líderes sociali stas. "Que a Igreja cale a boca ", fo i um dos slogans insultantes bradados pelos mani festa ntes. Homossex uais fa ntasia.dos de Nazareno, de Nossa Senhora, de Papa, de cardeais e de fre iras parodiaram procissões e cerimônias religiosa , despejaram uma torrente de blasfêmi as e ameaças ca rregadas de ódi o co ntra a fa míli a, in stigara m as pessoas a apostatarem da Reli gião Católica. O fundo anticristão da ofensiva homossexual aflorou nessa ocasião em toda a sua verdadeira dimensão. •
Pan tomima de ordenação de mulheres acaba em excomunhão
Descoberta arqueológica confirma autenticidade do Evangelho
U
A
rqueólogos da Universidade de Ha.ifa descobriram as ruínas da piscina de Siloé, onde Nosso Senhor Jesus Cristo curo u um cego de nascimento . Foi uma nova confir mação da hi storicidade e aute nticidade do Evangelho de São João. Estudiosos progressistas a.firmavam que a piscina fora uma invenção desse evangeli sta, e que seu Evangelho era pu ramente espiritual, sem nenhuma. base histórica. Eli Shukron, do insuspeito Israel Antiquities Authority, garantiu estar " 100% certo" de que se trata da pisc ina. da qual falam os Evangelhos. •
Im igração muçulmana foi danosa, concluem europeus
S
omente 12% dos cidadãos britânicos muçul manos se consideram britânicos e 88% preferem dizer-se membros da comuni dade islâmica mund ial . Além do mais, 21% dos muçulmanos co m passaporte inglês não querem cooperar na procura dos terroristas, segundo enquête da "Sky News". Segundo o "Corriere dell a Sera" de Mi lão, os resul tados são ai nda mais preocupantes. Ernesto Galli dell a Loggia, editoriali sta desse periódico mil anês, afirmou: "Notícias como estas jogam uma espessa sombra de dúvida sobre toda a estratégia [. .. ] de adoção de políticas generosas de integ ração e cidadania em. relação aos imigrantes islâmicos". •
ma mulher foi "ordenada" sacerdotiza, numa pantomima blasfema e inválida, por três "bispos" pseudocatólicas, num barco em Lyon (Fran ça). As denominadas "bispos" dizem que foram "sagradas" por bispos ca tólicos, fato que em nada mudaria a invalidade intrínseca da administra ção do Sacramento da Ordem a mulhe res. O público desdenhou da paródia da "ordenação", mas havia, na ocasião, uma multidão de jornalistas e fotógrafos ... A pseudo-cerimônia caricaturizou o cerimonial tradicional da Igreja sob o sloga n "Igualdade" . A m ulhe r "sa cerd oti za" a cabou exco mung ad a pelo Cardea l de Lyon .
SETEMBRO 2005 -
Esquerda Católica e a atual crise brasileira J ornalista espanhol afirma que o fracasso da Reforma Agrária é uma das causas da crise do governo Lula, em torno do qual criou-se enorme expectativa, entretanto sem fundamento n PLíN10
V1 01GAL XAv1ER DA S1LvE1RA
s situações políticas, com freqüência, são difíceis de analisar por quem está à margem do núcleo dos acontecimentos. Muitas vezes, porém, um texto de comentarista que vive nos meios políticos pode esclarecer o que não se desvendava. Em 7 de agosto último, o "Estado de S. Paulo" publicou uma entrevista
~
CATOLICISMO
com Juan Arias, correspondente no Brasil do diário "El País", de Madri. •Transcrevemos trechos dela por serem muito esclarecedores do que se vem passando na atualidade. * * * "Você já acompanhou duas crises no Brasil - a cambial, em 1998, e a do mensalão. Há diferenças fundamentais entre os dois momentos? Sim. Quando Lula ganhou , criouse um expectativa mundial. Sua vitó-
ria nos fez lembrar da ascensão de Felipe Gonzales, pelo PSOE, em 1982. O partido socialista mudou a cara da Espanha em 14 anos, ainda que ao término desse período o PSOE tenha se afundado em corrupção. Os espanhóis imaginaram que, com Lula, iria se dar a sonhada transformação social do Brasil com desenvolvimento econômico. Que o governo iria colocar no mercado de consumo esses 40 milhões de brasileiros que vivem à margem - enfim era uma esperança. Meu país apostava no Brasil e, ao longo do primeiro ano do governo, tornou-se o segundo investidor estrangeiro no País. Em resumo, a vitória de Lula nos fez pensar que o Brasil poderia ser o laboratório da quarta via. "O que significa a quarta via? Seria um caminho intermediário entre a via marxista clássica e a via social-democrata com ênfase para experiências já testadas pelo PT. Esse caminho político deveria se abrir à participação da sociedade civil, dentro dos marcos do capitalismo. E a experiência poderia ser expandida para outros países latinoamericanos. "Por que acharam que isso seria possível? Porque o presidente eleito tinha o respaldo de um partido organizado, o PT. Um partido com base social, capital intelectual, um time de economistas e forte presença nas universidades. Assim surgiu a confiança de que Lula não iria provocar um crack econômico, mas ao contrário, iria propor mudanças seguras para todos os estratos da sociedade. Lula encarnou a possibilidade de êxito de uma esquerda com os pés no chão. "E quando você começou a duvidar desse projeto? Quando me dei conta de que a experiência começava a fracassar, depois de quase um ano de governo, propus uma série de artigos ao "El
País". Meus editores não acreditavam que o projeto fosse desandar e me perguntavam: 'Você quer dizer que estávamos enganados?!'. O primeiro artigo crítico que escrevi chamavase "As dez goteiras do governo Lula". Analisava projetos sociais emperrados, entre eles o da reforma agrária, da reforma educacional e o Fome Zero".
*
* *
Fracasso também da esquerda católica O comentarista espanhol informou ter analisado projetos sociais emperrados, entre eles o da Reforma Agrária, o da reforma educacional e o "Fome Zero". Ele tinha visto, já em fins de 2003, que o governo brasileiro estava fracassando, e no Brasil isso não foi percebido pelos especialistas? O emperramento do projeto de Reforma Agrária é apresentado como uma das causas do fracasso do governo. Será que nosso povo já notou isso? Foi o governo que não apoiou a Reforma Agrária? Ou, na verdade, terá sido o fracasso do projeto de Reforma Agrária, dentre outros, a causa do que estamos assistindo no País? É o que parece mais provável.
Em toda a crise que o Brasil vive neste momento, causa estranheza o silêncio e a inatividade quase totais do MST, que praticamente cessou suas tão conhecidas invasões. Dir-seia que os sem-terra não querem atrapalhar o governo do PT, que está com tantas dificuldades. Somente um ano depois do que retrata o jornalista espanhol, Frei Betto um dos principais mentores do presidente atual, tomou a iniciativa de abandonar seu amigo Lula! E mais alguns membros da esquerda católica o acompanharam ... Que papel teve nesse quadro a esquerda católica? Ela também fracassou? Ao levantar tais questões, aflora uma nova interrogação: onde é que entra nisso a sucessão de escândalos de corrupção que a imprensa vem denunciando? Reforma Agrária, "Fome Zero", reforma educacional, corrupção política, qual é o principal fator na crise que vivemos? E o caso do Banestado? E o assassinato de Celso Daniel? Que mistério há nisso tudo? Talvez se desvende ao cabo desse processo. Ou quiçá, não seja desvendado por enquanto e fique para a História revelar. • E-mail do autor: plini oxav ier@cato li cisrno.co rn .br
SETEMBRO 2005 -
A bandeira turca nas muralhas de uma cidadela muçulmana em Ankara
Os cruzados tomam Jerusalém
O crucial prohlema da imigração muçulmana
Ocidente cristão na encruzilhada Ü adversário maometano aproveita-se do sono otimista do Ocidente para introduzir seus homens-bomba no bojo de um novo cavalo de Tróia, desta feita um cavalo de Alá □ H ÉLIO VIANA
N
unca se falou tanto de paz. E nunca ocorreram tantas guerras como na atualidade. Para comprová-lo, basta deter-se nos noticiários dos jornais. Mas a guerra, como ela se apresenta em nossos dias, vale-se da importante variante que é o terrorismo. Este constitui uma guerra sem declaração prévia, CATOLICISMO
deles. Trata-se, em todo caso, de uma ofensiva muito mais ampla e organizada, verdadeira guerra de conquista.
praticada por inimigo traiçoeiro, multiforme e desconhecido, diante do qual ninguém se sente seguro. Em vez de mísseis, são homens-bomba que penetram em qualquer ambiente e, em nome de Alá, explodem tudo. Isso não ocorre somente em meio ao confronto árabe-israelense, no Iraque ou no Afeganistão. Lembremo-nos dos ataques às torres gêmeas de Manhattan , tra-
gédia que neste mês completa quatro anos; dos atentados de Madri, em março de 2003; e dos ocorridos há pouco em Londres. Outras grandes capitais européias aguardam, receosas, a sua vez. A fisionomia desses terroristas é tão enigmática quanto a de Maomé, cujo rosto não pode ser desenhado, o que constituiria falta grave. E enigmático também parece ser o plano qu e está por detrás
Na Idade Média, os cruzados queri am libertar o santo sepulcro das mãos dos infiéis, e se dirigiam a Jerusalém dispostos a tudo . Hoje, no momento em que no Ocidente a idéia de bem e de mal se acha combalida pelo relativi smo , ecumenismo e laicismo, são os infiéi s que querem " libertar" a Europa do poder dos antigos cruzados. E esse é um velho sonho deles, que remonta a 1492, quando perderam definitivamente o reino mouro de Granada, na Espanha. Foi quando a velha Aixa Fátima, vendo o pranto ele seu filho Boabdi l, disse-lhe: "Choras agora conw mulher o que não soubeste defender como homem". Não se sentindo fortes para retomar manu militari suas posições no velho continente, e amargando tratativas fracassadas de reconquistá-las nos séculos XVII e XVIII, os islâmicos continuadores ele Boabdil as estão retomando agora, numa primeira etapa, através de uma imigração em massa ao longo das últimas décadas. Assim, nessa Europa com baixíss ima taxa de natal idade - e que ai nela pretende assimilar a populosa Turquia os muçulmanos, com suas famíli as numerosas, suas mesquitas e seus centros de doutrinação, ganham cada vez mais espaço. Não espanta que, de seu meio, comecem a surgir terroristas que bradam os princípios errôneos do Corão.
Um l'also ecumenismo de concepção anticatólica Mas esse processo de conquista islâmica, é preciso ressaltar, não seria de nenhum modo possível sem a colaboração de autoridades civis e religiosas que favoreceram e continuam a favorecer a imigração em massa de muçulmanos, e que em nome de um mal entendido ecumenismo não exigem nenhuma contrapartida dos países islâmicos. Assim, enquanto nestes últimos a cateq uese ou qualqu er atividade religiosa que não a do Islã é punível, inclu si-
O terrorismo muçulmano deixa sua marca na Espanha
ve com pena ele morte, a prefeitura de Roma cedeu um terreno para ser construída, com dinheiro do petróleo, a mai or mesquita em terras de "cruzados". Quiseram-na inclusive mais alta que a Basílica de São Pedro, o que não foi autorizado. Mas onde estão esses líderes ocidentais, para exig ir dos turcos a devolução à Igreja Católica da majestosa basílica de Santa Sofia, uma das pérolas da Cristandade bizantina, hoje transformada em museu? Enquanto o Islã assim se afirma e expande, os líderes da Europa, na ânsia de formar um bloco de nações sem fron teiras, com uma só moeda e um só exército, propõem uma constituição que renega o glorioso passado cristão do continente. E passam a aprovar práticas diametralmente opostas à Lei de Deus e a esse passado, tais como o aborto, a eutanásia e o "casamento" de homossex uais. No entrechoque de um pote de ferro com outro de barro: não espanta que o primeiro leve a melhor. Ou seja, de um lado uma civilização com grande densidade demográfica, baseada em falsos pressupostos religiosos levados ao paroxismo, e de outro uma civilização que rejeita o seu passado cristão e nem sequer menciona o nome de Deus em sua projetada constitui ção, ao mesmo tem-
po que promulga leis violando sistematicamente os divinos preceitos.
Necessi<lade de reação, antes que seja tal'de demais Em épocas de grandes crises, há dois tipos de homens: os que se deixam devorar pela crise e os que se levantam para lhe resistir, e assim mudam os rumos da Hi stória. Mais do que nunca, torna-se necessária esta segunda categoria, segundo o pensamento de Plínio Corrêa de Oliveira. Na remota década de 1940, o Prof. Plínio apontou o Islã, contra todas as aparências, como o principal inimigo contrn o qual a Igreja e o Ocidente haveriam de se defrontai·. A Europa não estai-ia cc1tamcnte a braços com esse angustiante drama, caso seus dirigentes religiosos e civis o tivessem visto na sua verdadeira dimensão, e contra ele lutado. Possa a Europa, a exemplo de certas correntes conservadoras nos Estados Unidos, despertar ele seu letargo, e em uníssono com os heróis e os santos que construíram sua milenar e gloriosa hi stóri a, articular a defesa dos princípios e valores cristãos. Pois o adversário está dentro de casa, com o corpo envolto em bombas e pronto a imol ar-se, a qualquer momento e em qualquer lugar. • E-mail do autor: heliov iana@catoli cismo.corn .br
SETEMBRO 2005 -
-
Reforma Universitária: anteprojeto danoso para o ensino supenor
· Silêncio indignante
N
este ano, mais precisamente em julho, deu-se a soturna comemoração dos 30 anos do massacre da população do Camboja pelas tropas comunistas de Pol Pot e seus asseclas. Desse terrível acontecimento pouco se falou, enquanto a mídia está repleta de críticas à atuação dos Estados Unidqs no Iraque. Tais contradições fazem lembrar a increpação feita por Plínio Corrêa de Oliveira, após a queda da Cortina de Ferro, aos inocentes úteis no Ocidente, pela sua conivência com o que se havia passado no império soviético: "Os inocentes úteis eram adestrados em apagar a noção da nocividade do comunismo, e de sua importância como perigo próximo para cada país. Inocente útil era de preferência um clérigo de aparência conservadora, um pacato e despreocupado burguês, um político que se diria absorvido inteiramente nas tricas, micas e moxinifadas a-ideológicas da politicagem. E assim por diante" ("Folha de S. Paulo", 14-2-90).
30 anos de silêncio Sobre o Camboja, transcrevo alguns trechos da reportagem de Dorrit Harazim, intitulada 30 anos de silêncio ("O Estado de S. Paulo", 17 e 187-05): "Po r que ninguém chora ou canta pelo Camboj a? Trinta anos atrás, a comunidade internacional assistiu em silêncio à metódica eliminação do modo de vida dessa nação de sete milhões de habitantes. Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, entre outros expoentes da civilização ocidental, compactua ram com os interesses da China emergente dos anos 70 e permitiram que a máquina de desumanização do Camboj a vingasse. CATOLICISMO
Entre o 'Ano Zero' (1975) do que seria a construção de um novo povo até a derrocada do Khmer Vermelho (1979), Pol Pot tinha abolido dinheiro, religião, propriedade, escolas, indi vidualidade e família da vida cambojana. A partir dos sete anos de idade, toda criança passou a p ertencer a Angkar, a Organização. Todas as c idades e vilas do país deveriam ser imediatamente esvaziadas para que o contaminado modo de vida urbano pudesse ser e rradicado para sempre. Em pouco tempo, toda uma população de sete milhões de pessoas teve suas raízes ·arrancadas e foi colocada em marcha. Sem saber para onde, nem por quê, ou até quando. As ordens eram repetidas em tom mecânico, não ameaçador, desprovidas de qualquer eco emocional. Conseguiram que a massa se pusesse em marcha de forma absurdamente silenciosa. Os exaustos, desesperados ou doentes iam ficando para trás. Os deportados inicia riam ali seu brutal processo de purificação ideológica. Começou assim uma revolução de profundidade jamais alcançada.
Na prática, o extermínio através da diminuição progressiva de ração diária e aumento do trabalho forçado. 'No novo Kampuchea (nome antigo do reino cambojano) só precisamos de 1 milhão de pessoas para continuar a revolução. Não precisamos do resto', dizia um dos editais. Bebês e crianças pequenas eram arremessados contra troncos de árvores ou degolados com a f ace cortante de folhas de palmeira doce. Foi somente no fim dos anos 90 que esse genocídio silencioso conseguiu merecer a atenção da ONU e ser qualificado como crime contra a humanidade. E não são poucos os ex-líderes mundiais e governos que prefeririam protelar para sempre a exumação de sua conivência com os campos da morte cambojanos. Como apontou o jornalista e escritor americano William Shawcross já em 1979, o mundo a tudo assistiu como um drama menor, sem relevância. "
* * * Não nos iludamos, este é o mundo em que vivemos! Como ter surpresa pelo fato de que Nossa Senhora chora? E como ter surpresa se, de repente, essas lágri mas se transformarem em açoites? •
•
•
•
Ü Dr. Maurício de Sousa Neves Filho, presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos Particulares de Ensino Superior do Distrito Federal (SINDEPES/DF), faz uma penetrante análise do tema incapacidade deste de gerir seu ensino fundamental. Não conseguindo gerir seu ensino fundamental, o Estado quer interferir no 3° grau, o que levará cada vez mais à piora do ensino universitário. Já basta o que foi feito no governo passado: a criação e abertura de um número sem fim de faculdades . Hoje estas estão captando alunos como se fosse m feiras li vres. A guerra entre as faculdades é muito grande. Foi ela provocada também pelo governo. Há um interesse em dar acesso a muitos à universidade, e isso não é bom para o País. A universidade vai se tornar o que é o ensino fundamental hoje: nada. Então, o que valerá será a pós-graduação, e não mais a faculdade. Ela ficará deteriorada, e isso é muito preocupante.
ém de presidente do mencionado sindicato, o ilustre entrevistado é secretáriogeral do Centro Universitário de Brasília (UNICEUB) . É formado em Direito e Administração de Empresas, tendo obtido pós -grad uação em Administração de Recursos Humanos. O tema da Reforma Universitária já foi abordado como matéria de capa na edição de junho
de Catolicismo, por meio de substancioso artigo do Dr. Leo Daniele, que denunciava aspectos condenáveis do referido Anteprojeto de Lei . A entrevista abaixo vem complementar essa análise crítica. O Dr. Maurício de S. Neves Fº foi entrevistado em seu escritório no UNICEUB, por nosso correspondente em Brasília, o jornalista Nelson Ramos Barretto.
*
*
*
Catolicismo - O anteprojeto de Reforma Universitária do ex-ministro Tarso Genro está provocando fortes reações das entidades particulares. Quais são os principais erros dessa reforma?
Dr. Maurício Neves F" - O projeto é totalmente autoritário. Um projeto bem fascista, sem ouvir as entidades. Mesmo a segunda versão continua com limitações às entidades particulares nos conselhos, com restrição à sua movimentação e quanto às cotas. Há uma interferência do Poder Público na universidade, apesar da
/)1; Malll'ÍCÍO
Neves Fº:
"Mesmo a segw1da versão do Pl'ojeto colltinua com limitações -às e11tidades particulares, com restrição à sua movimentação e quanto às cotas"
Catolicismo - Quais os pontos de interferência na universidade que o Sr. vê nesse projeto?
Dr. Maurício Neves Fº - O anteprojeto interferirá nos conselhos, no capital da empresa, no sistema de avaliação proposto. O sistema de avaliação é bom, mas precisa ser bem aprimorado. Não pode ser exclusivo de uma casta dentro do Ministério de Edu cação e Cultu ra (MEC), habitu ada com faculdades públicas, nas quais o conselho todo é formado pelos notáveis. Estes irão examinar as fac uldades particulares, sendo todos eles oriundos da fac uldade pública. A faculdade pública e a universidade pública não têm os mesmos requisitos da fac uldade e da universidade particulares. Ela não tem a mesma mobili zação. O SETEMBRO 2005
1111111
-
te-se na Espanha, na América Latina, na América do Sul. Procure-se no Chile, para encontrar modelos de universidades que deram certo. Mas trazer modelos ultrapassados, da União Soviética ... Excluam-se a União Soviética, a Venezuela e C uba. Catolicismo - Quais as tendências mundiais do ensino universitário? De que maneira a reforma universitária contraria a experiência mundial?
governo não pode querer ex igir da univers idade particular o mesmo que exige da universidade pública. A universidade particular é tratada como pertencendo a um segundo plano. Só depois de muita in sistência, pedidos, muitas reportagens, muitas críticas, é que fomos chamados para ser ouvidos no Fórum Nacional da Livre Iniciativa. E mesmo assim, foram pouquíssimas as sugestões nossas adotadas pelo Fórum e pelo anteprojeto em sua segunda versão, cujas alterações em relação à primeira foram cosméticas. Catolicismo - A autonomia das universidades remonta, desde suas origens, à Cristandade medieval. Em que sentido essa reforma universitária extingue a autonomia das universidades?
Dr. Maurício Neves Fº - É requisito da uni versidade essa autonomia. A reforma aumenta a autonomia das universidades públicas, e em sentido oposto verifica-se urna interferência muito grande nas universidades particulares, tanto as com fins lucrativos quanto as sem fins lucrativos. e as confessionais. Estabe lece regras, mediante as quais as particulares vão trabalhar para atender ao governo, sendo obrigadas a fazer-lhe relatórios e prestar-lhe contas. Outra coisa: o anteprojeto quer limitar a participação do capital estrangeiro. Isso é um absurdo. O mundo hoje está globalizado. Em vez de se procurar os modelos de educação da Venezuela e de Cuba, é só procurar os da Europa, como o de Portugal e da Espanha. Caso não se deseje ir para a Inglaterra e a França, tenCATOLICISMO
"O vif!s ideológico [do antepmjeto] é o dos m1tigos países comunistas e socialistas, totahnente ce11tralizado1; que conduz o Estado bmsileim ao socialismo"
Dr. Maurício Neves Fº - As tendências mundiais são de abertura do ensino superior, através de maior interação entre os cursos. Hoje em dia, nos grandes centros ed ucacionais, nas grandes facul dades, não ex istem cursos específicos, engessados. Escolhem-se as disciplinas que interessam ao aluno para sua vida profissional. E le próprio escol he seu currículo em determinado curso, para ter urna formação humanista, daquilo que ele deseja. E hoje, nas facu ldades mais atrasadas ex istentes no Brasil, o governo compõe o currícu lo e o aluno não pode variar aq uil o que, no anteprojeto, continua sendo ainda mais amarrado. Urna associada nossa, por exemp lo , c ursa Ciência da Computação, curso muito bem aceito no mercado. Entretanto, espec iali stas do MEC declaram que ela não pode conhecer a ciência da computação em seu curso, porque este, para ser chamado de Ciência da Computação, precisa incluir mais duas disciplinas totalmente teóricas. Isto é um resquício da esco la pública: os especialistas vêm com aquele en.gessamento das universidades federais. Não é possível seguir tal orientação. Todos, nas universidades, julgam que essa liberdade de esco lha seria urna so lução muito melhor. Apesar disso, estamos retrocedendo. Em vez de melhorar, estamos piorando. Não conheço, como disse, a terceira versão do anteprojeto que vai ser apresentada. Mas não tenho muitas esperanças. Todas as informações que circu lam sobre ele são de que piora a segunda versão. Catolicismo - Qual o viés ideológico que está orientando essa reforma proposta pelo governo do PT?
Dr. Maurício Neves Fº - Como já comentei antes, o viés ideológico é o dos antigos países comunistas e socialistas : da ex-União Soviética, da Venezuela com as transformações efetuadas pelo Chá vez e um pouco da Cuba de Fidel Castro. Portanto, um viés ideológico totalmente centralizador, que conduz o Estado brasileiro ao socialismo. É um perigo que estamos presenciando. Estamos vendo os chamados movimentos sociais querendo conduzir o País a uma soc ialização.
Pode-se constatar isso pelos pronunciamentos do presidente e de ministros, que estão querendo articular um levantamento das classes sociais para levar o País a uma situação como a da Venezuela: o povo vai para a rua apoiar o governo do Chávez. Só que, aq ui no Brasil, isso não é possível. Graças a Deus, a ideologia do povo brasileiro não permite que se estabeleça tal situação. Catolicismo - Como é feita a interferência na gestão das universidades, através do chamado assembleísmo? O que lhe parece do papel que poderão exercer os Conselhos Comunitários Sociais?
Dr. Maurício Neves Fº - Na primeira versão do anteprojeto eram os Conselhos Com.unitários que mandavam. Na segunda versão foi realizada uma maquiagem: a mantenedora possui uma força no conselho. Mas ela não pode exceder um terço dos membros do conselho. Assim, as faculdades mantenedoras serão obrigadas a exercer um papel de cooptação de membros do conselho a fim de poder aprovar suas propostas. E perder a força nesse conselho equiv ale a perder a administração da sua faculdade . Então, o governo obterá a direção das faculdades, realizando a cooptação dos membros desse conselho, a fim de poder ser eleito aq uele que o Poder Público desejar. Será um tipo de mensalão nas facu ldades, visando a eleição do co nselho. Se as mantenedoras só poderão dispor de um terço do conselho, elas terão que conqu istar pelo menos mais um terço para obter maioria. É uma coisa muito perigosa querer colocar a sociedade na direção da facu ldade. Se o governo fosse eficiente no campo das faculdades, ele já disporia de muitas áreas, não precisaria dominar as faculdades particulares. Hoje, 70% do ensino superior é ministrado em faculdades particulares. Logo, não sei o porquê dessa perseguição estatal contra as entidades particulares. Se o Poder Púb lico não tem capacitação suficiente para fornecer ensino no terceiro grau, por que perseguir quem o está fa zendo, e está realizando isso com sua autorização e fiscalização? Por que deseja interferir cada vez mais nessa área? Nós ternos experiência da atuação negativa do Estado no Brasil. Em todos os setores em que o Estado interfere, só resulta prejuízo, só se provoca o caos. Analisem-se as empresas privatizadas hoje : a siderúrgica Vale do Rio Doce é a maior empresa do mundo no setor. Outros exemplos di sso: a telefonia ce lular, e mesmo a dos telefones fixos. Quando tudo estava nas mãos do governo, era urna dificuldade. Depois que esse setor foi aberto à iniciativa privada, as empresas particu lares souberam atuar efi cazmente. O governo teme aquele que obté m lu-
"Temos experiência da atuação negativa do Estado 110 Brasil. Em todos os setores em que o Estaclo interfere, só resulta prejuízo, só se provoca o caos."
cro. O orçamento do MEC é enorme, mas o resu Itado é pequeno. Aplicaram muita coisa no MEC, mas o fizeram mal: pesquisas que não vão servir para nada. Fi nanci am pesquisa para saber qual o sexo dos anjos, enquanto temos aí o segundo grau, o ensino fundamental e básico aos frangalhos! Professores ganhando menos de um salário mínimo: é uma barbaridade! Os programas de bolsa-escola não funcionam. O professor, com pena do aluno, não reprova ninguém, dá presença para ele, porque sabe que o estudante precisa trabalhar; o professor necessita também. Hoje, no interior, há alunos de terceiro ano que não sabem escrever, não sabem fazer uma conta. Como eles estão passando em seus cursos? Que ed ucação é essa que está sendo dada? E depois, ainda querem mexer no ensino superior! É preciso, isto sim , interferir na base. Se não se começar pela base, não ad ianta nada. Catolicismo - Esse sistema de cotas para os pobres, populações indígenas e afro-brasileiras poderá interferir na qualidade e na busca de excelência dos centros que devem nortear as universidades?
Dr. Maurício Neves Fº - Já está interferindo. O governo criou o Pró-Uni, urna tentativa de inclusão do carente na sociedade. Eu interpreto isso corno uma exclu são. O aluno que vem da escola
SETEMBRO 2005 -
-
É um despropósito, uma exclusão, uma humilhação para esse aluno. E as cotas para negros e índios? É uma discriminação. Por que eles não estudam no segundo grau, não aproveitam um bom ensino no segundo grau? Nas faculdades federais, o número de negros é proporcionalmente o mesmo da sociedade. O mesmo percentual que existe na sociedade, há na faculdade. Portanto, essa é uma jogada política que, em vez de melhorar, piorou a situação. Essas cotas constituem uma humilhação para a raça negra. Catolicismo - Quais as propostas e as ações que as universidades particulares pretendem realizar para evitar a aprovação dessa reforma universitária?
pública é colocado na Pró- Uni. A renda familiar dele é de três salários mínimos, ao lado de aluno que está andando com carro importado, sapato bonito, camisa importada; a menina com bolsa Louis Vuitton, que na hora do intervalo sai para tomar um suco, comer um sanduíche. E o outro, que vem à aula de sandália havaiana, não tem condução própria, não possui dinheiro para alimentação, para comprar os livros, todos na mesma sala, lado a lado. Isso não criou uma comoção social até hoje - tenho visto nas faculdades que adotaram o sistema do Pró-Uni - por causa da bondade do povo brasileiro, do aluno do País. Já observei que, se o aluno é carente, o colega dele diz: vamos ali, eu lhe pago um lanche. A menina diz para a colega: vou trazer para você uma roupa que não uso mais. Em outros termos , o carente está vivendo de caridade entre os colegas. Até quando ele vai depender dessa caridade? O que adianta o governo colocar lado a lado um rapaz com uma renda de três sa lários-mínimos, estudando de graça, e um outro pagando mil reais de mensalidade? CATOLICISMO
"É mell10r que tal relorma não se aprese11te através de Prnjeto de Lei. Vamos lutar para que realmente seja aprovada uma reforma como a sociedacle deseja. "
Dr. Maurício Neves F" - Em nosso entender, é melhor que tal reforma não se apresente ao Congresso através de Projeto de Lei. Como tudo está levando a crer, o governo com tais combinações - o ministro da Educação sa indo do cargo para ser presidente do PT, e as alterações que estão sendo feitas dentro dos círculos governamentais - pode introduzir uma reforma universitária mediante Medida Provisória. rsso seria o caos na Educação. Vamos lutar, na Comissão de Educação da Câmara e cio Senado, para que realmente eja aprovada um a reforma universitária como a sociedade deseja. Quem conhece o que a sociedade quer é quem está lá dentro. São diri gentes de faculdades, são governadores, senadores, deputados, que rea lmente estão inseridos na população, em convívio direto com o público. Não aqueles que ficam e ncastelado s dentro de gabinetes , querendo gerir a educação e m um país co mo o Brasil. Confiamos muito em nosso Congresso Nacional , no sentido de que impeça essa desmontagem de nosso sistema educacional, e contribua para sua melhora. Pois, através do Ministério da Educação, já sabemos que não haverá aperfeiçoamento. Catolicismo algo?
O Sr. gostaria de acrescentar
Dr. Maurício Neves F" - Desejo que todas as entidade e conjuguem, e a soc iedade una-se às faculdades. Numa hora como esta, não pode haver rivalidades entre as universidades e entre as faculdades isoladas. Devemos nos unir em prol de um ensino superior que di gnifique a Nação. Não deve prevalecer uma guerra de ressentimentos, de rivalidades. Precisamos er humil des para que, todos juntos, obtenhamos uma boa educação no País. •
E Fidel Castro demorou 40 anos ... Corrupção -
A crise do governo Lula, todos o dizem, deve-se à corrupção financeira em larga escala do PT. Parece até a Nomenklatura na extinta União Soviética ... No caso do governo Lula, porém, é preciso considerar um fator que não tem sido salientado. Mesmo antes das denúncias de desvios financeiros, o governo já vinha se mostrando inviável. Lula ascendeu ao poder mediante manobras de marketing conhecidas como Lulinha paz e amor, mas com a finalidade de fundo de implantar no Brasil um regime de índole socialista, cujo carro-chefe era a Reforma Agrária.
nimas para a esquerda tentar uma aventura socialista nas cidades (arespeito, vide a seção "Nacional", desta edição). Pouco depois, a corrupção no PT começou a escancarar-se à luz do dia. E ainda agora, a grande dor da esquerda católica consiste no fato de a Reforma Agrária não ter prosperado . Para o Arceb.ispo de Mariana (MG), D. Luciano Mendes de Almeida, "a corrupção precisa ser com-
batida. Mas os jornais não podem ocupar a maior parte de seu espaço somente com isso. Há muita coisa no País que também precisa ser discutida, como saúde, reforma agrária e a situação dos idosos. Por que a imprensa não cobra a situação da reforma agrária?" ("Folha de S.
O documento da TFP - Esse afã de socialização igualitária, que o PT haurira desde sua origem na chamada esquerda católica, mostrou-se um programa inviável em face da reação da opinião pública brasileira. Uma resistência na maior parte das vezes passiva, como a de um elefante que se deita sobre os trilhos, sendo quase impossível removê-lo. Acresce a isso o fato de que, ao fim do primeiro ano do governo Lula, a TFP ( então com uma diretoria fiel ao fundador, Plinio Corrêa de Oliveira), lançou um manifesto que denunciava a manobra em curso, pela qual o governo e a CNBB se uniam para impor ao Brasil a Reforma Agrária. Tal união foi confirmada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, ao referir-se à Reforma Agrária: "A CNBB é nossa parceira nessa questão" ("Folha de S. Paulo", 1-11 -03). Dizia o documento da TFP: "Es-
taremos a caminho de uma república clerical, à maneira do regime dos
Paulo", 11-8-05).
aiatolás, em que o Alcorão seria substituído pela Teologia da Libertação, o novo 'evangelho' da 'esquerda católica?"'. A repercussão do pronunciamento foi extensa, tendo inclusive a TFP recebido um contra-golpe fortíssimo, que a seu momento será historiado. Mas valeu a pena, pois a partir daí a reação passiva de muitos tornou-se alerta e desconfiada, e com isso a Reforma Agrária socialista e con:fiscatória não pôde ser levada adiante. •
A socialização empacou Sem realizar uma Reforma Agrária radical, que pusesse abaixo toda a estrutura de produção nacional e reduzisse a nada a propriedade privada no campo, não havia condições mí-
É difícil cubanizar - Esse é o questionamento de fundo das esquerdas mais radicais em relação ao governo Lula, e não a corrupção. Para justificar-se ante essas esquerdas, que lamentam não ter ele se mostrado suficientemente socialista, "o presiden-
te lula explicou que é uma questão de governabilidade, e que a democracia é um processo. E lembrou que Fidel Castro diz que ainda está construindo o socialismo e as mudanças sociais em Cuba. Portanto, se ele, Fidel, que está há 40 anos no poder, ainda está construindo um processo de socialismo, de inclusão social, e ainda não conseguiu, imagina nós, que estamos com menos de quatro anos" ("Ag. Estado", 4-8-05 , reproduzido no site da Yahoo ). Ou seja, cubanizar o Brasil não está fácil. Graças a Nossa Senhora Aparecida. • SETEMBRO 2005
D11111
-
• 1
"Fátiina, a grande esperança" A s advertências de Nossa Senhora anunciadas em 1917 vão se cumprindo; os castigos previstos pairam sobre o mundo; por um movimento da graça de Deus, há um lamor pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria. O furacão Katrina, prn11úncio dos castigos de Fátima? □
0D
ALEN CASTRO
Plinio Corrêa de Oliveira afirmou que as aparições de Fátima foram o maior acontecimento do século XX. Em seqüência a essa afirmação, tudo está a indicar que o grande acontecimento deste início do · século XXI será a realização plena da profecia comunicada por Nossa Senhora durante tais aparições. De fato, o que vemos de todos os lados senão a concretização paulatina dos castigos anunciados na Cova da Iria? Guerras, convulsões e ameaças de guerras se multiplicam. Guerrilhas e germens de guerrilha atuam em diversas nações: as FARC na Colômbia, o MST no Brasil, os piqueteiros na Argentina, movimentos ditos indigenistas no Equador e na Bolívia, são exemplos. O terrorismo internacional alastra-se e é visto até com indulgência por certa mídia. Os erros doutriná.rios, que encontraram guarida e germinaram na Rússia soviética, hoje espalham-se pelo mundo todo. É a luta de classes, o igualitarismo, a investida contra a propriedade privada, insuflados até por governos. A imoralidade galopante não só não arrefeceu com a epidemia de AIDS , como até encontrou nela motivo para mais se disseminar e aprofundar. Desde o nudismo das modas, passando pelo amor livre e pela intensificação da prática do aborto, até as piores formas de homossexualismo, como é o caso da pedofilia, vão alcançando ressonância cada vez mais favorável no mundo atual. CATOLICISMO
Tudo isso parece dizer-nos que está próxima a conclusão final e terrível desses castigos previstos por Nossa Senhora em Fátima: se os homens "não deixarem de ofender a Deus, [Ele] vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre". Nossa Senhora recomendou insistentemente que se fizesse penitência. Onde está essa penitência? É, pois, necessário ver as coisas de frente. Conforme advertia Plinio Corrêa de Oliveira, "há uma trama colossal para derrubar nos fiéis a convicção de que o mundo moderno é mau, de que vai receber o castigo de Deus, de que a Mensagem se cumprirá em razão do pecado. Tudo isto não se crerá mais. No momento em que não crerem e em que o demônio der gargalhadas, dizendo 'desta vez nós logramos Aquela em cima, cujo nome não ousamos pronunciar', Ela fará conhecer que jamais deixou de pisar a cabeça da Serpente". 1 O tsunami, de 26 de dezembro de 2004, terá sido um prenúncio daquilo que ainda vem? E o furacão Katrina, que devastou Nova Orleans - cidade onde a famosa imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima milagrosamente verteu lágrimas em 1972 - , não foi um providencial sinal dos castigos anunciados em 1917? (na próxima edição Catolicismo tratará dessa catástrofe).
Reações sadias começam a despontar É verdade também que aqui e acolá, com destaque para os Estados Unidos e marcada influência no Brasil, vão sur-
gindo movimentos de reação sadia na opinião pública, antes inexistentes ou de pouca vitalidade, e agora portadores de muita esperança. Como explicá-los? Vemos , por exemplo, o crescente desejo de moralização dos costumes na nação norte-americana, que redundou na derrota esmagadora do assim chamado "casamento" homossexual em todos os plebiscitos ali realizados ; e na proliferação do amor à castidade entre significativo número de jovens. Ao mesmo tempo em que, no mundo todo, vai ressurgindo um sentimento religioso, ainda vago, mas que pode vir a orientar-se para uma autêntica conversão, em oposição ao materialismo crasso e vulgar, difundido a pretexto de ciência especialmente desde o final do século XIX. É igualmente notório o desligamento de grande parte da opinião pública mundial do trem frenético da esquerdização, há tempos conduzido pelos que se rotulam progressistas, esquerdistas, socialistas, avançados, modernos. Trata-se por vezes de movimentos de reação minoritários e desconexos entre si. Mas chama a atenção o fato de nascerem e se desenvolverem apesar do terreno pouco propício, como é o caos contemporâneo, e de se apresentarem com decisão e galhardia, sobretudo com vontade de lutar e de crescer.
Ato blasfemo nas ruas de Nova Orleans, em 2 de agosto último Nova Orleans submersa em 30 de agosto
Clamor pela rnalização plena da Mensagem de Fátima Também a existência dessa reação sadia fala a favor da realização plena da Mensagem de Fátima. Pois é claro que tal reação, a se avolumar por uma ação da graça de Deus que a inspira, não poderá ser tolerada pelas estrutmas entranhadamente revolucionárias do mundo contemporâneo, que abarcam, infelizmente, até setores incalculavelmente vastos e importantes ela Santa Igreja Católica. Já atualmente, como estão as coisas? Em muitos lugares, "perseguido e punido pela lei é o médico católico que se recusa a praticar um aborto; perseguido e punido pela lei o católico que afirma, como ensina o catecismo, que a prática da homossexualidade é um pecado contra a natureza; perseguido e punido pela lei o professor ou o diretor de escola católica que se negue a ensinar a libertinagem sexual no seu es-
tabelecimento; perseguidos os sacerdotes que se recusem a violar o segredo de confissão; perseguidos os católicos que, isolados ou reunidos em associações, queiram fa zer ou.vir sua voz na sociedade como eco do Magistério da Igreja ... sem falar dos numerosos países em que, hoje, é derramado abundantemente o scmgue dos cristãos pelo rnartírio ". 2 Um possível embate de ordem moral e religiosa, que vise extirpar definitivamente das almas aquilo que de são e sagrado vai nelas germinando, não se pode consumar sem uma interferência ela Providência Divina para proteger os que são seus. Daí a pergunta que aparece no horizonte próximo: a presente reação não prepara já os esp íritos para secundarem
e prolongarem o momento, glorioso entre todos, em que eleve triunfar o Coração Imaculado de Maria , conforme foi prev isto em Fátima?
*
*
*
Tais refl exões insi ste nte mente me vieram ao espírito ao ler o admirável livro Fátima, a grande esperança, de meu amigo Marcos Luiz Garcia, grande conhecedor das aparições e da Mensagem da Cova da [ria. A todos recomendo sua leitura. •
-
E- rnaiI do autor: cida lencas1ro @catolicismo.co111 .br
Notas: 1. Palestra pronunciada em 20- 1- 1990. 2. Beno7l Bemelmans, Fátirna, mensagem de tragédia e de esperança, Catolicismo, seternbro/2000.
SETEMBRO 2005
a.Ili
CAPA
A festa dos três arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, que se poderia estender a todos os santos anjos, leva-nos a pedir-lhes que nos ajudem contra a perversidade e as insídias dos demônios que infestam a civilização neopagã atual
li
m nosso mundo tão materializado, os homens não crêem mais senão naquilo que podem perceber pelos sentidos. Falar-lhes, pois, de Anjos, é quase o mesmo que discorrer sobre fadas ou contos infantis. Entretanto, nunca a devoção aos santos Anjos foi tão necessária como atualmente, pois o que resta de civilização cristã praticamente agoniza, e os atos de satanismo, velados ou declarados, vêm ganhando direito de cidadania. Uma impressionante onda de crimes horripilantes abala a sociedade atual: ataques terroristas, que espezinham o valor da vida humana; matança de inocentes pelas próprias mães, por meio da prática do aborto; prostituição infantil ; ·pedofilia; imoralidade desbragada, que praticamente resultou na implantação do amor livre. Pecados contra a natureza, que bradam aos Céus e clamam a Deus por vingança, vêm-se estabelecendo legalmente em vários países. Para não falar das modas, atingindo tal índice de imoralidade, que para o nudismo completo falta pouco.
E ~
D
o ~0) __ ~ 2 2\1 - J i
(O)
l
-
t
j
~~
C) L(lCD jl- f
él~
1
" ~
i
!
~
'fl
] ~
g
8
PUNI O M ARIA SOLIMEO
Ora, tudo isso não se processa sem intensa ação direta ou indireta do espírito das trevas. Indireta (ou disfarçada), pois para ele convém mai s agir como se não existisse, e não aparecer assim como o principal inspirador ou promotor de grande parte do mal que campeia na Terra. Tais considerações, de suma gravidade, levam-nos a votar uma devoção crescente aos santos Anjos e a rogar-lhes instantemente seu auxílio e proteção. É o que pretendemos com o presente artigo que, entretanto, tem como base as linhas gerais do ensinamento dos estudiosos católicos sobre o assunto, sem entrar nas legítimas disputas que existem arespeito de alguns pontos da angeologia.
A admirável natul'eza angélica Nas Sagradas Escrituras, a presença dos Anjos é citada com freqüência. Deus, tendo criado tão variegada ordem de seres corporais, quis também criar seres imateriais, espirituais, incorpóreos, invisíveis e incorruptíveis co mo são os Anjos. Por suas perfeições, eles SETEMBRO 2005 -
representam mai s plenamente a bondade e a onipotência do Senhor que os ti rou do nada . Segundo a opini ão de vários Doutores da Igreja, os Anjos foram criados logo no início da criação do universo. São incorruptíveis e imortais, pois, como não têm corpo, não estão suj eitos à morte, fri o ou calor, fome e sede, cansaço e enfe rmidade, nem às outras mi sérias a que está submetido o corpo humano. São dotados de uma mobilidade espantosa em sua ação, como não há símile na Terra, pois têm a . mobilidade do pensamento. Ass im , para eles, basta pensar e desejar para estar em qu alquer parte. Por outro lado, o seu entendimento não é di scursivo; basta-lhes ver, para conhecer cada coisa em sua essência, de modo muito mais completo que o conhecimento humano. Desde sua criação, têm um conhecimento perfeito e consumado de todas as coisas que se podem conhecer naturalmente. Ademais, sua vontade é constante e efi caz, querendo eles tão cabalmente o que desejam, que nunca se apartam do que escolheram. Por isso, do pecado dos anjos maus decorreram conseqüências infinitas, pois a escolha que fi zeram foi de uma vez para todo o sempre.
Mil1istério de r eger e conser var o mundo Quantos são esses ministros do Senhor, co mo os chama São Paul o? São {l,g João, no Apocalipse, di z: "E ouvi a voz ::t e de muitos anjos em volta do trono [... ] e (l pres idem os países, prov íncias, Estados era o número deles milhares de milhae cidades, são os conservadores de todas res " (A poc. 5, 11 ). O Profe ta Daniel, as espécies visíveis, distribuidores dos fa lando ta mbém de seu número, di z: "Eram milhares de milhares [os anj os] dons e executores da vontade de Deus. Cada homem, desde o primeiro até o que o serviam, e mil milhões os que assistiam diante d'Ele " (D a n. 7, 10) . último que fo r criado, teve, tem e terá, como nos ensina a Santa Madre Igreja, um anjo Acrescenta o pseudo-Dionísio que o número dos anj os excede ao das coisas cor- da guarda. A única exceção foi para Nosso pora is e materi ais. Pois Deus, em sua . Senhor Jesus Cristo em sua natureza humana. Pois, como também é Deus, não teve perfeição e em seu poder infinitos, criou necessidade de anjo que O guardasse. seres ta nto mais numerosos qu anto mais Tend o as im todos os homens um perfeitos eram em si mesmos. anj o custód io - não havendo ni sso exOs anj os são os principais mini stros da Divin a Providência para reger e con- ceção para bons ou maus, fiéis ou infiéi serva r o mundo. São eles que pres idem - são eles milhões e milhões. Marav ilha aind a maior é que cada os mov imentos do mundo sideral e, com sua concertada ação e influência, regem anj o difere do outro como único em sua espécie, como um infindável campo cotoda a vida, variedade, distinção e belealh ado de numerosíss imas fl ores, em que za que há nas criaturas corporais. Eles CATOLICISMO
não houvesse du as da mes ma espéc ie. Ass im é o uni verso angélico. Pelo que sabemos dos anj os infe riores, sendo já tão grande ua perfe ição e exce lê nc ia, co mo serão os serafi ns? Como será São Miguel Arcanj o, Príncipe da Milícia celeste, que, segundo alguns autores, ocupa o lugar supremo na H ierarquia angéli ca?
Papel <los anjos, segundo sua hierarquia Considerando os anjos dos três pri me iros Coros angélicos, os do prime iro, os serafins (do grego "séraph ", abrasar, queimar, consumir), excedem os anj os dos demais Coros no fervor de sua cari dade. Os querubins (do hebreu "chérub", que São Jerônimo e Santo Agosti-
nho interpretam como "plenitude de sabedoria e ciência") excedem os dos Coros infe riores na plenitude de sua ciência. No terceiro Coro da primeira hierarquia temos ainda os tronos, chamados algumas vezes de sedes · Dei, sedes do Todo Poderoso, que excedem os dos demais Coros inferiores no ver a Deus e, com mais perfeição, na compreensão da razão de suas divinas obras. Os anj os dos três Coros seguintes estão mais relacionados com a conduta geral do universo. Aqueles que distribuem aos anjos inferiores suas funções e seus mini stérios são chamados Dominações. Os que executam as grandes ações que dizem respeito ao governo universal do mundo e da Igreja, e que operam para isso prodígios e milagres extraordinários, são chamados Virtudes. Aqueles que mantêm nas criaturas a ordem desejada pela divina Providência e impedem eficazmente que esta sej a perturbada pelos esforço dos demônios e de qualquer outra causa maligna, são chamadas Potestades . Enfim, os anjos dos três Coros inferiores são os que mantêm relação com a conduta particular dos E tado e das pessoas, que presidem os países, as províncias e as dioceses. Os Principados são os que têm uma intendência mais estendida e mais universal. Os que são enviados por Deus para executar tarefas de maior importância e levam as mensagens mais consideráveis são chamados Arcanjos . Finalmente, os que têm como missão a guarda de cada homem em particular, para o desviar do mal e o encaminhar ao bem, defendê-lo contra seus inimigos visíveis e invisíveis e conduzi-lo à salvação, são chamados anjos, "pela apropriação que lhes f oi f eita em particular do nome comum a todos os espíritos celestes". 1
fe nder o povo escolhido, o anjo do Senhor apareceu no campo dos ass írios e feriu 185 mil homens; no di a seguinte pela manhã só havia cadáveres (II Reis, 19,35). E ainda outro levou o profe ta Habacuc pelos cabelos até Babilônia, para dar de comer ao profe ta Daniel na cova dos leões (Dan. 32-35), e fechou a boca dos animais famintos para que não despedaçassem esse Profeta (ld. 6, 21).
Foi também um anjo que, depois de ter levado o diácono Felipe para batizar o eunuco etíope de Candace, Rainha da Etiópia, levou-o depois pelos ares até a cidade de Azoto (Atos 8, 26-40). São Paulo diz que todos os soberanos espfritos angélicos são ministros do Senhor, enviados para o bem dos que hão de herdar a salvação e a bem-aventurança eterna. E a:füma o real profeta: "Bendizei ao
Seranns enviados em missões na Terra Ao ler as Sagradas Escrituras, constatamos fa tos admiráveis a respeito de anjos em favor dos homens . Por exemplo, um anjo luto u com Jacó a noite toda, e não pôde prevalecer contra ele (Gen. 32, 22-25); outro desceu do Céu para despertar e animar o profeta Elias e darlhe de comer (1 Reis 19, 5-8). Para deSETEMBRO 2005 -
-
"/louve no Céu uma grande batalha"
O "11011 serviam" dos anjos rebelados
Ao falarmos dos espíritos angélicos, é forçoso tratar também dos anjos maus rebelados, ou demônios. Depois da queda, eles conservaram sua natureza angélica com os dons que lhe são naturais. Santo Tomás "observa
Um problema se põe: como foi possível a esses anjos pecar, não estando sujeitos às paixões nem ao erro do entendimento como nós homens? "Como
que, depois da queda, o demônio é ainda chamado 'querubim', mas não mais 'serafim'. É que a palavra 'querubim' significa 'plenitude de ciência', enquanto que serafim significa 'que abrasa' do fogo da caridade. A ciência é compatível com o pecado, mas não a caridade ". 2 Como se deu a queda dos anjos maus? O conceituado teólogo e autor francês Mons . Henri Del ass us diz a esse respeito: "Desde a sua criação, Deus chamou
a inumerável multidão dos anjos a contrair com Ele uma aliança de amizade tal que, se eles permanecessem fiéis, ela levá- los-ia a gozar da vista de seu Ser, a contemplá-Lo face a face, a penetrar na sua vida íntima e a dela participar. Sua Bondade os cumulou de amor; a eles incumbia o dever de corresponder a essa antecipação". 3
Senhor, vós todos os seus anjos, fortes e poderosos, que executais as suas ordens e obedeceis as suas palavras" (Sl 102, 20). Entretanto, segundo teólogos e doutores, os anjos dos três primeiros Coros comumente não são enviados aos homens. Somente em algumas ocasiões muito importantes podem vir até nós, visando nosso bem. Assim, São Gabriel Arcanjo, que disse de si mesmo que era um dos que "assistiam diante do trono de Deus" (isto é, segundo alguns, um Serafim), "desde o primeiro ano de
Dario medo, estava junto dele para o sustentar e fortificar" (Dan 11, 1). Foi enviado também ao sacerdote Zacarias para anunciar-lhe o nascimento do Precursor, e à Virgem Santíssima para pedir-lhe o consentimento para a Encarnação do Verbo de Deus. São Rafael,
CATOLICISMO
que também disse de si que era "um dos sete (espíritos principais) que assistimos diante do Senhor" (Tob 12, 15), portanto, também seria um Serafim, foi escolhido para guiar Tobias. E, de São Miguel, é dito também, no livro de Daniel (10, 13), que é "um dos primeiros príncipes" (da Corte Celeste) . E acrescenta que foi incumbido de ser protetor do povo hebreu. São Miguel também, segundo São João, "guerreou contra o dragão". Na era da Redenção, ele é o anjo tutelar da Santa Igreja. Foi um Serafim quem purificou os lábios de Isaías com um carvão ardente, antes que ele começasse a pregar (Is 6, 6). Por outro lado, foi um querubim o anjo enviado ao Profeta Ezequiel sob a aparência de uma figura misteriosa (Ez 1, 4-28).
Santo Tomás diz que todos os anjos, sem exceção, sob a moção de Deus , fizeram primeiramente atos bons, que os uniram mais a Deus, autor de sua natureza. Restava-lhes fazer um segundo ato de amor mais perfeito, o ato de caridade, o ato de amor sobrenatural. A isso a graça os convidava e os levava a se voltarem para Deus enquanto objeto da Beatitude.4 Ora, nem todos os anjos a isso corresponderam. Enquanto São Miguel e o grande número dos que com ele estavam responderam com entusiasmo e gratidão a esse chamado divino, Lúcifer e os que o seguiam recusaram-se a dobrarse à munificência divina. Seja como for, São João diz no Apocalipse que "houve no Céu uma grande
batalha: Miguel e os seus Anjos pelejavam contra o dragão, e o dragão com os seus anjos pelejava contra ele; porém estes não prevaleceram, nem o seu lugar se encontrou mais no Céu. Foi precipitado aquele grande dragão, aquela antiga serpente, que se chama demônio e satanás, que seduz todo o mundo, foi precipitado na Terra, e foram precipitados com ele os seus anjos " (Ap 12, 7-9).
compreender semelhante opção e rebelião contra Deus, em seres dotados de tão viva inteligência?", pergunta o Papa João Paulo II. Ele mesmo responde : "Os Padres da Igreja e os teólo-
gos não hesitam em falar de cegueira, produzida pela supervalorização da perfeição do próprio ser, levada até o ponto de ocultar a supremacia de Deus, a qual exigia, ao contrário, um ato de dócil e obediente submissão. Tudo isto parece expresso de maneira concisa nas palavras: 'Não servirei' (ler 2, 20), que manifestam a radical e irreversível rejeição de tomar parte na edificação do reino de Deus no
mundo criado. Satanás, o espírito rebelde, quer seu próprio reino, não o de Deus, e se levanta como o primeiro adversário do Criador, como opositor da Providência, como antagonista da sabedoria amorosa de Deus". Como criaturas racionais e livres, tinham eles a capacidade de escolher a favor ou contra aquilo que lhes era apresentado. Continua o mesmo Pontífice:
"Também para os anjos a liberdade significa possibilidade de escolha a favor ou contra o bem que eles conhecem, quer dizer, o próprio Deus".5 Essa questão de saber qual terá sido a prova apresentada aos anjos não está definitivamente resolvida, e há várias hipóteses de qual teria sido seu teor. Uma das bem aceitas, defendida pelo eminente teólogo jesuíta Suárez, do século XVII, é a de que Deus Pai teria comunicado aos anjos a futura Encarnação do Verbo de Deus na Virgem Maria. Com a conseqüência de que e les teriam que hon rar a Mãe do Verbo Encarnado, a qual, por sua di gnidade sobrenatural, ficaria colocada acima deles próprios. Portanto, teriam que honrar Nossa Senhora, cuja natureza humana é inferior à angélica, mas que pela graça de Deus seria colocada acima dos próprios anjos. Em seu orgulho, parte dos anjos, chefiados por Lúcifer, não quis aceitar isso e se revoltou . Em todo caso, é crença comum que o pecado dos anjos maus teria sido um pecado de orgulho, de soberba, pois a Sagrada Escritura afirma que "foi na so-
berba que teve início toda a perdição" (Tob 4, 14). Assim sendo, em vez de se inflamarem no amor de Deus, esses anjos rebel des preferiram o amor de si mesmos, isto é, o amor-próprio. Pelo que , afirma Mons. Delassus: "Essa foi, infelizmen-
te, a conduta de numerosos anjos! Essa é também a conduta de numerosos homens. Criados para uma eterna felicidade, eles dela se desviam, e o fazem para co rrer para sua ruína". 6
"DomÍlladorns deste nuuulo de trevas" Como diz São Paulo, "não temos que lutar somente contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra SETEMBRO 2005 -
-
as potestades, contra os dominadores deste mundo de trevas, côntra os espíritos imundos espalhados pelos ares" (Ef 6, 12). Que a ação do demônio ocorre hoje em dia, certam,ente de modo mais eficaz que em outros te mpos, demonstra-o o grau de maldade a que chegou o mundo contemporâneo. Assim, diz o Pe. Aureliano Martinez O.P. , comentando Santo Tomás: "O demônio tem suas doutrinas perversas, às quais o Apóstolo chama espírito de erro e ensinamentos do demônio (1 Tim 4, 1), com as quais, como deus deste mundo, cega a inteligência dos homens para que não brilhe nela a luz do Evangelho (2 Cor 4,4); doutrinas que propala mediante falsos apóstolos e operários enganadores que se disfarçam em apóstolos de Cristo; e não é de espantar, pois o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz (2 Cor 11, 13-14), tentando os fiéis de incontinência (1 Cor 7, 5) e de ira (Ef 4, 27)". 7 Entretanto, ensina Santo Tomás que os anjos bons, mesmo que por natureza pertençam a uma hierarquia inferior à de algum demônio (por exemplo, em relação a satanás), sempre têm um domínio sobre ele e o geral dos anjos decaídos. Pois gozam da perfeição da amizade de Deus, da qu al estão privados os demônios; e esta perfeição é superior à mera excelência natural, a única que permanece nos demônios. 8 E o mesmo pode ocorrer com o homem. Ele, pela graça santificante, está ligado à ordem sobrenatural. Como o sobrenatural estabelece entre os seres uma hierarquia de ordem superior, o homem em estado de graça pode subtrair-se ao império do demônio. Por isso é que este se esforça em arrastálo ao pecado, para que perca essa prerrogativa que a graça lhe dá sobre ele, como diz São João: "Todo o que comete o pecado é escravo do pecado" (Jo 8, 34) e, por conseguinte, do demônio.
Lúcifer domiJ,a todos os seus escravos pelo orgulho Para mostrar em que situação se encontra o culto de satanás em nossa época, citamos o autor Bernhard Wenisch, que oferece dados elucidativos a respeito: "Estima-se que mais de 10 mil jovens se reúnam em grupos na Alemanha para CATOLICISMO
cem ter muita aceitação no mundo atual, se não explícita, pelo menos implicitamente: "Satanás representa a satisfação dos apetites ao invés de abstinência. [.. .]. Satanás representa vingança em vez de oferecer também a outra face [...]. Satanás representa todos os assim ditos pecados, porque todos eles levam à satisfação corporal, espiritual ou sentimental ". 14
O demônio tenta infiltrar-se na própria Igreja
Santo Tomás de Aquino
adorar satanás e praticar a magia negra ", a maior parte é de adeptos do rock anel roll. 9 Isso foi afirmado em 1992. Quantos serão hoje em di a? Por outro lado, "em muitas partes da Alemanha são celebradas missas negras. [... } Já aconteceu que nessas cerimôniasforam sacrificadas pessoas ao diabo". Em 1985, "a TV francesa não só informou sobre a crença das bruxas, que continua persistindo entre o povo, mas tarn.bém apresentou um 'bruxo' que, com a ajuda de forças demoníacas, produzia feitiços". 10 O mesmo autor afirma que, nos Estados Unidos, "milhares de crianças são vítimas anualmente do culto a satanás; 10 milhões de americanos praticam magia negra; aproximadamente cem milhões sucumbiram a práticas de ocultismo", 11 sendo que a "magia e o ocultismo se alastram cada vez mais nos movimentos femininos. A onda esotérica aparece também nos grupos alternativo-ecológicos". 12 Citando o fil ósofo Kurt E . Koch, continua o mesmo autor: "Os satanistas devem ao demônio certas capacidades ocultas e assombrosas: poderiam pairar no ar, matar pássaros em vôo usando a magia, fa zer aparecer e desaparecer obj etos em recintosfechados. Os 'praticantes de missa negra ' seriam 'as tropas de elite de satanás'". 13 Alguns pontos da profissão de fé da Igreja de Satã, fundada em 1966, pare-
E Mons . Del assus tece a respeito da ação diabólica considerações que merecem destaque: "Lúcifer pôde assim prometer a si um império sobre a Terra, semelhante àquele que tinha conservado nos infernos sobre os que o haviam seguido na apostasia. Ele domina todos seus f llhos pelo orgulho. [... ] Satã f ez erguer para si templos e altares sobre todos os lugares da Terra, e conseguiu que se rendesse a ele um culto tão únpio quanto supersticioso. [... ] É necessário que o reino que ele constituiu seja reconquistado, é o magnum praelio do Céu que vai prosseguir sobre a Terra nas mesmas condições. Freqüentemente a Igreja parecerá expirante; e sempre, em sua morte aparente, ela tirará uma vida nova. O duelo dar-se-á primeiro entre cada alma e seu tentador. [... ] Para reconquistar seu império, satã atacará o corpo social como ataca as pessoas: 'porei inimizades entre tua descendência e a dela'. [.. .] [satã] diz que seu triurifó seria assegurado para sempre se ele lograsse formar, no seio da própria Igreja, uma sociedade de homens que permaneceriam. mesclados aos católicos, como o levedo é mesclado à massa, para aí produzir uma fermentação secreta que levaria vários séculos para se desenvolver, se fosse necessário, mas que chegaria infalivelmente a expulsar do corpo da Igreja o espírito sobrenatural. [... ] Ele esperava chegar, por esse envenenamento lento, insensível e ignorado, a uma dissolução completa do reino de Deus sobre a Terra". 15 Essa conspiração, o autor a chama de Revolução. E mostra como ela foi vitoriosa desde o protestantismo, humanismo e enciclopedismo até os modernistas, que eram os mais recentes hereges infiltrados na Igrej a de seu tempo. SETEMBRO 2005 -
-
fa zer mal à Igreja". E apresente "ao Altíssimo as nossas preces, a jzm de que sem tardar o Senhor nos faça misericórdia", e "contenha o dragão, a antiga serpente, que é o demônio e satanás, e o lance encadeado no abismo para que não mais seduza as nações". 11 • E-ma iI do auto r:
-
pmsolimeo@cato licismo.co m.br
Notas:
Falando dessa Revolução em sua obra-mestra, Revolução e Contra-Revolução, diz o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "A mais possante f orça propulsara da Revolução está nas tendências desordenadas. E por isto a Revolução tem sido comparada a um tufão, a um terremoto, a um ciclone. É que as forças naturais desencadeadas são imagens materiais das paixões desenfreadas do homem. [... ] É que as paixões desordenadas, indo num crescendo análogo ao que produz a aceleração na lei da gravidade, e alimentando-se de suas próprias obras, acarretam conseqüências que, por sua vez, se desenvolvem segundo intensidade proporcional. E na mesma progressão os erros geram erros, e as revoluções abrem caminho umas para as outras". E conclui: "Estamos nos lances supremos de uma luta, que chamaríamos de morte se um dos contendores não fosse imortal, entre a Igreja e a Revolução. [... ] A primeira, a grande, a eterna revolucionária, inspiradora e fautora suprema desta Revolução, como das que a precederam e lhe sucederem, é a Serpente, cuja cabeça foi esmagada pela Virgem Imaculada ". 16 Daí a necessidade de recorrermos à Rainha dos Anjos no momento tão caótico em que vivemos. A isso nos convida a Santa Igreja. CATOLICISMO
·São Miguel Arcanjo, defendei-nos 110 combate Devemos rezar intensamente a São Miguel Arcanjo, pedindo-lhe que defenda a Igreja e nos defenda "no combate e na luta contra os principados e as potestades, contra os dirigentes deste mundo de trevas, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares. Vinde em socorro dos homens que Deus criou imortais e f ez à imagem de sua própria natureza, e resgatou por grande preço da tirania do demônio" (Sab 2; I - Cor 6). Pedimos a São Miguel, comandante da falange dos Anjos fiéis: "Combatei hoje, com o Exército dos Anjos bons, o combate do Senhor, assim como outrora lutastes contra Lúcifer, chef e do orgulho, e contra os seus anjos apóstatas, e não prevaleceram, nem foi mais encontrado o lugar deles no Céu. Mas foi expulso aquele grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e satanás, que seduziu todo o orbe; e foi lançado na Terra, e seus anjos juntamente com ele (Apoc 12). Vinde, pois, General invictíssimo, e dai a vitória ao povo de Deus, contra as perversidades espirituais que irrompem". E rogue ao Deus da paz por nós, para que Ele "esmague satanás sob nossos pés, a fim de que não mais possa manter cativos os homens e
1. Cfr. Les Petits Bollandistes, Vies des Sainls, d'apres le Pere Giry, Bloud et Barrai, LibrairesÉditeu rs, Pari s, 1882, tomo lJ , pp. SOI -502. 2. Mon s . Henri De la ss us, La Co njuratio n Antichrétie nne, Soc iété Saint-August in Desc lée, De Brouwer et Cie, Li lle, 1910, tomo III, p. 676. 3. Mons. De lassus, op. c it. p. 777. 4. Cfr. Suma Teo lógica, Pars I, q. 63, a. 5, apud M ons. Del assus, op. cit. , p. 768 . 5. In C. Ba lducci, El Diablo, p. 20, apud Gustavo Antônio So limeo e Lui z Sérgio Solimeo, Anj os e Dem.ônios - A Luta Contra o Poder das Trevas - Artpress, São Paul o, 1996, p. 65-66. 6. Mons. De lassus, op. cit. p. 768. 7. Tralado de Los Angeles - Introducc ión, p. 5 l l , apud Gustavo Antônio Solimeo e Lui z Sérgio Solimeo, op. cit. , pp. 80-81. 8. C fr . Suma Teológ ica, I, q. 109, a. 4, ap ud Gu s tavo Antônio So lim eo e Lui z Sérg io Solimeo, op. cit. , p. 83. 9. Bernhard Weni sch, Satanisnw, Livraria Vozes, Petrópoli s, J 992, p. 28. 10. -Id. ib ., p. 30. 11. ld . ib., p. 31. 12. Id . ib ., p. 38. 13. Id . ib., p. 45. 14 . Id. ib ., p. 32. 15. Mon s. Delassus, op. c it. , tomo III, pp. 780 a 803. 16. Plinio Corrêa de Oli veira, Revolução e ConLra-Revolução, Artpress, S. Paulo, 4' ed ição em português, 1998, Parte I, Cap . VI e Conclusão. 17. Exorcism.o contra Satanás e os anjos apóstatas, Ritualem Romanum , tit. XI c. 3.
Outras obras consultadas: - DicLionnaire de Théologie Catholique, Letouzey et Ané, Éd iteurs, Pari s, 1903, tomo l º, Verbete "Ange", colunas 11 89 e ss . - Pe. Pedro de Ribadaneira, Fios Sanctorwn, apud Dr. D. Eduardo Maria Vil arrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Compaiíía - Editores, Barcelona, 1897, 3° tomo, pp. 635 e ss. - Gabriel C . Galache, Os Anjos, Edições Loyola, São Pau lo, 1994. - João da Si lva Passos, A verdade sobre os anjos, Edições Ave Maria, São Paulo, 1995. - Pe. Paul O ' Sullivan, O.P., Ali aboul Lhe Angels, TAN Books and Publishers, Inc. , Rockford , USA, 1990. - Maria Pia Giudici, Os Anjos exislem!, Edições Loyo la, São Paulo, 1995 .
SETEMBRO 2005 -
-
do esse rapaz à frente de minha escola, mas os cristãos m'o tomaram". 1 Era ainda pagão quando iniciou sua vida de orador no Fórum. A elevação de sua linguagem, a força de suas expressões, a beleza de seu discurso levaram se us conterrâneos a compará-lo a Demóstenes, o famoso orador grego da Antiguidade.
abraçar a verdadeira filosofia do Evangelho, a vida monástica. Então, o equilíbrio entre nós dois foi inteiramente rompido. O prato de sua balança elevou-se ligeiro para o céu; o prato da minha, todo carregado de paixões mundanas e dos ardores da juventude, recaía pesadamente para a terra ''.2 João recebeu o batismo das mãos de São Melécio, bispo de Antioquia. Após a conversão, resolveu abraçar a carreira eclesiástica. Tornado clérigo, João, a quem já chamavam de Crisóstomo (Boca de Ouro), renunciou completamente a fazer carreira no mundo e começou o árduo trabalho de vencer o império de suas paixões. Para combater a vanglória, começou a praticar a humildade. Para ter domínio sobre si, passou a domar seu corpo, limitando o sono a três ou quatro horas e a alimentação a uma só refeição por dia, abstendo-se de carne. Sua vitória sobre o temperamento fogoso foi tão completa, que seus biógrafos o descrevem como dotado de grande doçura e amável mod6stia, além de caridade terna e compadecida para com o próximo. Passaram-se quatro anos sem que Crisóstomo recebes e a ordenação sacerdotal. Nesse meio tempo, ouviu rumores de que estava m pensando nele e em seu amigo Basílio para o epi co pado. Crisóstomo, conhecendo perfeitamente seu amigo, sabia o quanto era digno do ep iscopado. Por isso não lhe comunicou que fugiria , o que fez. Nesse ínterim, São Basílio recebeu a sagração episcopal.
São Basílio leva seu amigo à conversão
Mo11ge e a11acorcta, aprn11dcu a Bfbiia de cor
Aos 25 anos, quando sua fama já se firmara no Tribunal, por influência do amigo Basílio, que também chegaria à santid ade , converteu-se ao cristiani smo: "Esse bem-aventurado servidor de Jesus Cristo resolveu
Para evitar episcopado, e uma vez que sua mãe tinha falecido, Crisóstomo reso lveu fugir para o deserto. Admitido em um cios mosteiros do Monte Casiu , entregou-se com grande valentia à vicia de perfeição.
São João Crisóstomo Grande batalhador da Igreja no Oriente C ognominado "Boca de Ouro", pela força e beleza de sua eloqüência, com sua palavra desarmou os bárbaros, combateu o arianismo que infectava o Oriente e os desmandos da decadente Bizâncio ■ PUNIO M ARIA SOLIMEO
Cópia de texto de São João Crisóstomo
CATOLICISMO
J
oão Crisóstomo nasceu em Antioquia por volta do ano 344, filho de Segundo, principal comandante das tropas do Império do Oriente. Sua mãe, Antusa, ficando viúva aos vinte anos, não quis contrair segundas núpcias, para dedicar-se inteiramente à educação de seus dois filhos e às boas obras. Adolescente, João completou sua educação com o célebre filósofo Libânio. O progresso do aluno, cuja privilegiada inteligência começava abrilhar, fez o mestre, estando às portas da morte, exclamar: "Eu teria deixa-
Passado algum tempo, dando-se conta os monges do tesouro que tinham , escolheram Crisóstomo para seu Superior. Quando tomou conhecimento dessa decisão, fugiu, indo viver como anacoreta em lugar mais inacessível. Na solidão, aprendeu as Sagradas Escrituras de memória. Dois anos depois, por ter sua saúde se deteriorado, teve que abandonar o deserto e voltou para Antioquia. Nesse meio tempo a paz havia volta-
calma voltou, a população se deu conta do que fizera, e o temor foi geral. Todos sabiam que o imperador Teodósio era bom, mas terrível nos seus primeiros impulsos. O que faria com a cidade prevaricadora? São Flaviano dirigiu-se à cidade imperial a fim de pedir clemência para seus diocesanos, e Crisóstomo ficou à testa da diocese. Empenhou-se em acalmar o povo e fazê-lo aceitar o possível castigo. Nos 20 dias seguintes, pregou uma série de sermões excepcionais, chamados depois de "homi lias das estátuas", cada um mais persuas ivo que o outro, que formam um monumento de erudição e eloqüência. Por fim, veio a notícia de que o Imperador, por amor a Deus e atendendo à suplica do Arcebispo santo, perdoava Antioquia.
Arcebispo de Co11st.a11tiJJ.opla e PalJ'iarca do Oric11te
do para a Igreja, com a morte do Imperador ariano Valente e ascensão do piedoso Teodósio. João Crisóstomo foi ordenado diácono, dedicando-se novamente ao aposto lado da palavra. Ci nco anos mais tarde, São Flaviano, que havia sucedido a São Melécio na Sé de Antioquia, conferiu-lhe o sacerdócio.
As "homilias sob,·c as estátllas" Em 387 o imperador Teodósio estabeleceu novo imposto para a cidade de Antioquia. O povo se revoltou , arrancou sua estátua e a de sua mulher e filhos, que arrastou pelas ruas ; perseguiu os funcion ários do fisco e se entregou a outros excessos. Quando a
João Crisóstomo passou 12 anos em Antioquia, exercendo o múnus pastoral como o modelo mais acabado de sacerdote. Em 397 vagou a Sé de Constantinopla. O clero e o povo, que já conheciam sua fama, o elegeram para bispo do lugar. O novo imperador Arcádio aprovou a escolha. Como fazer para que o candidato aceitasse o fato? Utilizaram um estratagema: o prefeito de Antioquia o convidou para um passeio, para tratar de vários assuntos. Quando estavam fora da cidade, o prefeito cedeu seu lu gar de condutor da carruagem a um enviado do Imperador. Fustigando os cavalos, este o levou para a capita l do Império. Lá já estava reunido um grupo de bispos, que sagrou Bo ca de Ouro como Arcebispo de Constantinopla e Patriarca do Oriente. Começava para o novo Prelado uma etapa na qual deveria enfrentar os desmandos da corte imperial, toda sorte de injustiças, um clero e um povo decadentes.
SETEMBRO 2005 -
-
... '; ,,
. ..... . /..,
~ ~
..
. ...
--
.
,.
.
Empenhou-se em primeiro lugar na reforma do Clero, admoestando, corrigindo, suplicando e, quando não havia outro jeito, expulsando os maus padres da Igreja. Havia tal sofregu idão para ouvir o santo arcebispo, que uns atropelavam os outros. Ele teve que colocar seu púlpito no meio da igreja, para ser ouvido por todos. Aos poucos a piedade voltou a florescer em Constantinopla, e muitas alm as ati ngiram alto grau de perfei ção. João Crisóstomo reorganizou uma pia associação de viúvas e virgens consagradas, pondo-as sob a direção de Santa Olímpia, viúva aos 23 anos, que pa sso u, com sua fort un a, a secu nd á- lo em todas as pias obras.
da capital. O mar inundou a parte da cidade chamada Calcedônia e os quarteirões baixos. Grande parte da população fugiu . Os aproveitadores lançaram-se ao saque das casas vazias. Em meio ao pânico universal, só o Patriarca permaneceu em seu posto. Increpando os assa ltantes, fê- los entregar-lhe o produto do roubo, do qual se constituiu guardião. Quando a norma-
O povo prevarica apesar dos castigos No mês de abril de 399, um temporal ininten-upto tudo inundava, ameaçando as plantações e a conseqüente falta de alimentos. João Crisóstomo ordenou uma procissão rogativa até a igreja de São Pedro e São Paulo, do outro lado do Bósforo, e a chuva cessou. No dia seguinte, Sexta-Feira Santa, houve corrida de cavalos no hipódromo local, com grande concurso de povo, que não respeitou nem o castigo recente nem a santidade desse dia. A indignação do santo arcebispo subiu ao auge: "Como, daqui para a frente, apaziguar o castigo celeste? Ainda não passaram três dias da grande chuva que, levando tudo consigo e tirando o pão da boca do agricultor, vos levou a recorrer às súplicas e às procissões". No ano seguinte, um terrível tremor de terra destruiu um terço
CATOLICISMO
lidade voltou, mostrou seu desvelo pela propriedade privada, devolvendo tudo aos seus legítimos donos. Mal tinha passado um mês, quando um novo circo foi inaugurado com imenso concurso e aplausos frenéticos de um povo inconstante. João Crisóstomo subiu ao púlpito: "Trinta dias apenas são passados depois de nossas desgraças, depois dessa terrível catástrofe, e eis que voltais às vossas loucuras! Como vos justificar? Como vos perdoar?"
Os cruéis desterros e a sa11ta morte A imperatriz Eudóxia, tendo-se entregue ao vício da avareza, infringiu a justiça apropriando-se indevidamente de propriedades de outrem. As vítimas recorreram ao Arcebispo, que a chamou paternal-
mente à razão. Mas ela, dando-se por ofendida, obteve do Primaz ariano de Alexandria que convocasse um concílio. Com os seus correligionários, condenou João Crisóstomo como indigno do ep iscopado, obtendo seu desterro. Quando a população soube disso, fez tão grandes manifestações diante do pal ácio imperial , que a Imperatriz, temendo por sua vida, pediu a volta do Patriarca. Pouco depois, porém, conseguiu novamente seu exílio. Aos doi s soldados que acompanhavam João Crióstomo ao degredo, foi prometida promoção se, por meio de mau s tratos, o fizessem morrer no caminho . Foi o que aconteceu em setembro de 407, quando o Sa nto cai u exausto e expirou, confortado com a Sagrada Comunhão. • E-mail do au tor: pmsolimeo@catolicismo.com.br
-
Notas : l .Cfr. Pe. Pedro Ribadaneira, Fios San ctorwn, in Dr. Eduardo María Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. Gonzá le z y Compaiiía - Ed itores, Barcelona, 1896, tomo I, p. 270. 2. Les Petits Bollandistes, Vies des Saints , Par is, Bl oud et Barrai, Libraire s Éditeurs, 1882, tomo II, p.3 . Outras obras consultadas: - Fr. Ju sto Pérez de Urbe l, O.S.B. , Afio Cristiano, Edic iones Fax, Madrid, 1945, tomo I, pp . 155 e ss. - Edelvives, El Santo de Cada Dia, Ed itorial Luis Vives, Saragoça, 1946, tomo I, pp. 27 J e ss. - Pe. José Leite, Santos de Cada Dia, Editori a l A. O. , Braga, 1987, tomo III, pp. 44 e s. - Abbé Jean Croi ss et, Afio Crist iano, Saturnino Ca ll eja, Madrid, 190 1, tomo I, pp. 347 e ss.
Com sólida base na Sagrada Escritura, a teoria de que o bem
acaba vencendo - mesmo quando reduzido a mn simples resto, e na iminência de ser esmagado - é alta razão de confiança para os que hoje resistem aos desmandos do inundo n1oderno ', GREGÓRIO VIVANCO LOPE S
uila gente se pergunta hoj e em dia: o Brasil ainda tem jeito? Mai s: para o mundo atual ainda haverá so lução? Compreende- e a perplexidade. Vemos que ludo cam inha por vias tortuosas. As promessas de felicidade a ser obtida pela ciência e pela técnica não se reali zaram; as ulop ias igualitárias fracassara m uma apó · outra ; a so luções não aparece m e os males se ap rofundam. Tem-se a impressão de que entramos num túnel tenebroso e sem fim . Não conseguimos mais voltar para o passado, e o futuro se nos afigura negro. O que fazer? Desesperar? Jamais. Mas confiar em quê, numa civilização que degringola por todos os lados? Em que a fa-
mília se desfaz, a propriedade é vilipendiada, as tradições são esquecidas e desprezadas; em que a Igreja - oh, a Igreja ! ficou reduzida ao estado em que a encontramos ... Ela, o lugar sagrado por excelência, foi penetrada, segundo o Papa Paulo VI, pela "fumaça de Satanás"! Adianta resistir? Para que serve um punh adinho de gente inconforme, um resto de C ristandade boiando num mar poluído pela revo lução? Não podemos mudar o mundo que _está aí, e que engole tudo ao nosso redor.
Sei· medíocre ou salvar a alma, sé,'io dilema A grande tentação é aderir à sarabanda geral, como tantos fazem, e deixar as águas rolarem. É a saída mais fáci l. É colocar um tampão sobre a co nsciência e viver os dias que nos restam; no sosse-
go, sem lutas, sem problemas, na medi ocridade .. . e vendo a "abominação da desolação" (Me 13,14) tomar conta de tudo. À espera despreoc upada do momento em que a ira de Deus se abata sobre o mundo ... e sobre nós. Deixando de lado essa vileza, entretanto freqüente, é claro que a resistência se justificaria, ainda que fosse apenas pela importância da salvação das almas. Só por isso valeria largamente a pena resistir, pois nada é mais precioso no âmbito individual do que salvar a própria alma. "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo todo, se vier a perder a sua alma?" (Mt 16, 26). Além disso, há a glória que todo homem é obrigado a prestar a Deus nesta Te1rn, e sem o que a própria salvação eterna fica comprometida. Mas a resistência tem ainda um outro sentido, e é o que neste artigo examinaremos. SETEMBRO 2005 -
Uma lei da llistól'ia: o l'esto voltará O Prof. Plinio Corrêa de Olive ira deixou-nos uma orientação segura, porque baseada na doutrina cató li ca, a respeito do que se poder.ia chamar a "teoria do resto ". Os que resistem por amor à Igreja e à Civilização Cristã - sejam eles bi spos, padres, leigos - constituem hoje, no seu conjunto, um resto de fidelidade à Igreja disperso pelo mundo. E a Igreja é imortal. Ela não morrerá e deve novamente vencer, em primeiro lugar devido à graça ele Deus , mas também pela resistência cios que são fiéis. A teoria do resto , baseada e m numerosas passagens bíblicas, põe e m ev idência o ressurgimento do bem, sempre que ele está na iminência de ser totalmente esmagado. O mome nto ele seu supre mo esmagamento é exatamente a hora de sua ressurreição. Esta é, a seu modo, uma lei ela História, que a Sagrada Escritura nos ensina. São os hábitos de Deus, são as vias da conduta divina, são os desígnios de Deus que constituem, no fundo, as leis históricas. No J>mfeta Isaías, as bases da "teoria do I'CSto " O profeta Isa ías teve dois filh os, aos quais deu nomes proféticos. Ao primogênito, chamou-o Shear Yashub - em latim, Residuum Revertetur; em português, o resto que voltará - para mani festar sua confiança e sua esperança no Messias que haveri a de vir. É a interpretação que dão, ele modo gera l, os exegetas. Eu a ouvi pela primeira vez na minha remota ado lescência, ela boca ele um erudi to professor de História Sagrada, Frei Jerônimo van Hintem, frade carmelita holandês rad icado no Brasil. Por que Nosso Senhor Jesus Cristo é um resto? E por que E le é o resto que voltará? A humanidade toda tendo caído no estado ele pecado, deu-se o dilúvio e ficou um resto - Noé e sua famí li a qu e e m seg uida reflore sce u. Depois, quando os povos foram se tornando cada vez piores, surgiu uma nação eleita Abraão e seus descendentes - que era o resto que se salvara ela humanidade apóstata. Um povo eleito, um a gota de ntro
~
CATOLICISMO
da imen sidade do mundo antigo. Este resto , por sua vez, não foi fiel, e dele salvou-se a Casa de David. Mas a Casa de David também não foi fiel, e dela salvaram- se No ssa Sen hora, S ão Jo sé, Sant' Ana e algumas outras pessoas; e sobretudo veio Nosso Senhor Jesus Cristo. São restos concêntricos, restos uns do outros. Há uma catástrofe, salva-se um resto; esse resto entra em decadência, sucede depois outra catástrofe, salva-se o resto; quando o que sobra chegou quase às proporções de um indivíduo, este é Nosso Senhor Jesus Cristo. E com esta Pessoa dá-se então uma epifani a: tudo aq uilo que tinh a sido apagado, contrariado, ca lcado aos pés, jorra para o alto ele um modo magnífico, é o Redentor do gênero humano que vai faze r o Império de Deus voltar à Terra. Nas sin1ações de catástrofe, se esse resto não se deixa aniquilar, quando ressurge, ele é mai s forte do que era no período de seu antigo esplendor. Aqu e les que res iste m aos costumes re volu cion ários de nosso tempo constituem tam bém um resto que procura ser fie l à Santa Igrej a e à C ivilização Cristã. Se ass im permanecerem, serão como o farol no meio do mar, que atrai e orienta todos aqueles que desejam seguir o bom caminho no meio da noite e da tempestade. A pregação do Profeta Isaías insiste em ali mentar a esperança do resto que voltará , mesmo nas piores circun stâncias: "Um resto voltará. Ainda que teu povo fosse inumerável como a areia do mar, dele só voltará u,n resto. A destruição está resolvida, a justiça vai tirar a de.~fo rra" (Ts 10,22). "Naquele dia o Se nhor dos exércitos será uma coroa resplandecente, um diadema esplêndido para o resto do seu povo " (Is 28,5).
Numa situação de calamidade para o povo eleito, a esperança de salvação estava no resto: "O rei Ezequias mandou os deães dos sacerdotes, revestidos de sacos, ao profeta Isaías, para dizer-lhe: Roga por este resto que ainda subsiste !" (II Reis, 19,4). E o Profeta respondeu: "O resto, que subsistir da casa de Judá, lançará novas raízes no solo e produzirá.frutos no alto. Pois de Jerusalém surgirá um resto, e do monte Sião sobreviventes. Eis o que.fará o zelo do Senhor dos exércitos " (II Reis, 19,30).
Já 110 Gê11esis, a insistência 11a "teoria do resto " A fo rça do "resto que voltará" é uma das insistências mais marcantes da Sagrada Escritura. Já no livro do Gênesis, o Patriarca José, primeiro-ministro do faraó cio Egito, senhor de todas as riquezas do país, recebe seus irmãos que mal conseguiam sobrev iver, para lhes dar o sustento necessário. O que significava aquele contraste gritante entre José rico e poderoso e seus 11 irmãos pobres e sem ter o que comer? Por que o Senhor tinha separado José e o tinha elevado tão alto? Ele mesmo responde: "Deus enviou-me adiante de vós para que subsista um resto de vossa raça na Terra, e para vos conservar a vida por uma grande libertação (Gen 45,7). O livro do Ec les iásti co (48, 16-17), ao descrever os grandes mil agres fe itos pelo Profeta E li as, lamenta: "E, apesar d e tudo isto, o povo não fez penitência, não se afastou dos seus pecados, até que foi expulso de sua terra e espalhado por todo o mundo. Só ficou um resto do povo".
Jeremias, Ezequiel, ,Joel, Esdras Entre os Profetas, não é apenas Isa ías que in siste a respeito do papel do resto nos planos de Deus. Profeta Isaías
a) Também o Profeta Jeremias se refere a esse grande perdão que será concedido ao resto que tiver permanecido fiel: "isto diz o Senhor: Lançai gritos de júbilo por causa de Jacó. Aclamai a primeira das nações. E.fazei retumbar vossos louvores, exclamando: O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel" (Jer 31,7). "Naqueles dias e naqueles tempos buscar-se-á a iniqüidade de Israel, mas ela terá desaparecido, e também o pecado de Judá, mas não o acha.reio, porque perdoarei ao resto que tiver poupado " (Jer 50, 20). b) O Profe ta Ezequiel nos fala de urna dispersão e de um massacre, do qual escapará apenas um resto : "Eu vos deixarei um resto, quando vos tiver dispersado entre as nações. Os sobreviventes que escaparem ao massacre se recordarão de mim " (Ez 6,8-9). É preciso que esse resto permaneça para contar às gerações futuras as abominaçõe que se fizeram: "Hei de poupar um resto deles. Alguns hão de escapar ao gládio, à.fome e à peste, para que venham a contar aos povos, entre os quais se estabelecerem, as abominações. E conhecerão eles que sou eu o Senhor" (Ez 12,16). e) O Profeta Joel nos ensina que farão parte desse resto os que invocarem o nome do Senhor, e entre eles estarão os que receberam um chamado especial de Deus: "Mas todo o que invocar o nome do Senhor será poupado, porque, sobre o monte Sião e em Jerusalém, haverá um resto, como o Senhor disse, e entre os sobrevivente.1· estarão os que o Senhor tiver cham.ado " (Joel 3,5). d) O sa erdote Esdras, cativo juntamente com o povo hebraico na Babilônia, foi cios primeiros a retornar à Palestina. Ele agradece a pre ervação de um resto , pede perdã a Deus pelos pecados cometidos, e propõe que não mais se cometam as abominações: " O Senhor, nosso Deus, testemunhou-nos por um momento a sua misericórdia, permitindo que subsistisse um resto dentre n6s, e concedeu-nos um abrigo em seu lugar santo. Nosso Deus quis assim fa zer brilhar a nossos olhos a sua luz, e nos dar um pouco de vida no meio de nossa escravidcio" (Esdras 9,8).
São Paulo prego aos gentios
"Depois de tudo o que nos aconteceu por causa de nossas más ações e nossa grande culpabilidade, vós nos conservastes, ó nosso Deus, mais do que mereciam as nossas iniqüidades, e deixastes subsistir um resto dentre nós. Poderíamos recomeçar a violar vossas leis, aliando-nos a esses povos abomináveis? [. .. J Senhor Deus, Vós sois justo, porque presentemente nada mais som.os que um resto de sobreviventes; eis-nos aqui diante de vós com nossa falta, porque não poderíamos subsistir em vossa presença depois do pecado" (Esdras 9,13-15).
No pl'imeiro Concílio de Jerusalém e em São Paulo Seria um engano crer que a teoria do resto está fund amentada apenas no Antigo Testamento. Naq ueles tempos, ao referir-se ao resto cio povo eleito, os textos profetizavam também e sobretudo a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. No Novo Testamento, a mes ma teoria reaparece, referindo-se ora ao resto dos pagãos que deveri am converter-se à verdadeira Fé, ora ao resto da outrora nação eleita que deveria ser salvo. Em qu alquer dos casos, pode também aplicar-se àq ueles que, depois da vinda do Messias e ao longo dos tempos, permanecem fi-
éis à sua doutrina, ao seu espírito e à sua Igreja, em meio às vici ssitudes e calamidades próprias de cada época. a) Já no I Concílio de Jerusalém, o Apósto lo São Tiago - citando São Pedro (Simão) e o profeta Arnós - ensina que se deveria acolher aqueles componentes do resto das nações pagãs que se converteram: ''Tiago tom.ou a palavra: Irmãos, ouvime, disse ele. Simão narrou como Deus começou a olhar para as nações pagãs para tirar delas um povo que trouxesse o seu nome. Ora, com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito: 'Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi que caiu. E reedificarei as suas ruínas, e o levantarei para que o resto dos homens busque o Senhor, e todas as nações, sobre as quais tem sido invocado o meu nome. Assimjàla o Senhor que fàz estas coisas, coisas que ele conheceu desde a eternidade"' (Am 9,lls.) (Atos 15,13-18). b) O Apóstolo São Paulo, baseando-se em Isaías, mostra que um resto de Israel será salvo, para que não fique tudo como as cidades malditas de Sodoma e Gornom1: "A respeito de Israel, exclama Isaías: Ainda que o número de filhos de Israel fosse como a areia do mar, só um resto será salvo; porque o Senhor realizará plena-
Carlos Tadl!11 de Carva lho
SETEMBRO 2005 -
-
;1
DESTA UE
A tranqüilidade britânica perante a tragédia D e autor anônimo, a fotografia desta página como que transcende o tempo e o espaço, para remeter o espírito a uma grandiosa realidade histórica: a Cristandade. ■ PAULO CORRÊA DE BRITO
Fº
U
Apocalipse de São João : por causa da "Mulher vestida de sol", os Anjos lutaram contra os demônios
mente e prontamente a sua palavra sobre a Terra (J0,22s). E ainda como predisse Isaías: Se o Senhor dos exércitos não nos tivesse deixado um rebento, ficaríamos como Sodoma, seríamos como Gomorra" (Is 1,9) (Rom 9, 27-29). Numa evocativa remissão ao Profeta EJjas, São Paulo prossegue mostrando que o novo resto subsiste por uma ação da graça divina: "Deus não repeliu o seu povo, que ele de antemão distinguiu! Desconheceis o que narra a Escritura, no episódio de Elias, quando este se queixava de Israel a Deus: Senhor, mataram vossos profetas, destruíram vossos altares. Fiquei apenas eu, e ainda procuram tirar-me a vida? (1 Rs 19,10). Que lhe respondeu a voz divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram o joelho diante de Baal (1 Rs 19,18). É o que continua a acontecer no tempo presente: subsiste um resto, segundo a eleição da graça" (Rom 11, 2-5).
O Apocalipse fala também de nossos tempos O Apocalipse é o livro profético por excelência do Novo Testamento. Escrito por São João Evangelista na ilha de Pat-
CATOLICISMO
mos, sob a inspiração direta do Divino Espírito Santo, ele nos fala do futuro da Igreja, das lutas, sofrimentos e alegrias que marcariam a Esposa de Cristo em todos os tempos até o fim do mundo, portanto também do nosso tempo. Nele é marcante a referência ao resto de fiéis que sempre subsistirá em meio às maiores perseguições e abominações dos que não querem arrepender-se de seus crimes. "Ao anjo da igreja de Sardes, escreve: Eis o que diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas. Conheço as tuas obras: és considerado vivo, mas estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que ia morrer, pois não achei tuas obras perfeitas diante de meu Deus. Lembra-te de como recebeste e ouviste a doutrina. Observa-a e arrepende-te. Se não vigiares, virei a ti como um ladrão, e não saberás a que horas te surpreenderei. Todavia, tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes; andarão comigo vestidas de branco, porque o merecem. O vencedor será assim revestido de vestes brancas. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, e o proclamarei diante do meu Pai e dos seus anjos. Quem tiver ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Ap 3, 1-6). O mesmo Apocalipse descreve admiravelmente a perseguição que o demônio (a serpente, o dragão) exerce contra Nossa Senhora (a Mufüer), e não podendo atingi-la, lança- e contra o resto de seus filhos fiéis: "A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir. A terra, porém, acudiu à Mulher, abrindo a boca para engolir o rio que o Dragão vomitara. Este, então, se irritou contra a Mulher e foi fa zer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (Ap 12, 15-17). Que maior glória do que ser perseguido pelo demônio e seus asseclas, pelo fato de pertencermos ao "resto da descendência" da Virgem Santíss ima!? Na.da há a temer. Lutemos por Nossa Senhora, viva. mos para servi La, e Ela nos protegerá contra as investidas do dragão maldito, até o momento decisivo em que se consume sua vitóri a, esmagando para sempre a cabeça da serpente infernal. • E-ma il do autor: gregorio@catolicismo.com.br
ma assídua leitora de Catolicismo, da França, teve a amabilidade de nos enviar um aitigo admirável, publicado no diário parisiense "Le Monde", de 166-05, observando que talvez pudesse ser aproveitado em nos a revista. É com prazer que atendemos a essa oportuna sugestão, poi s realmente o tema abordado pelo cotidiano francês presta-se, de modo muito adequado, a um comentário consoante à posição que Catolicismo há anos tem defendido quanto á questão da União Européia. Com o significativo título em inglês " We' re not afraid" (não e ta.m os com medo), o artigo tece um comentário da fo to (ao lado), no qual se patenteia o brilho do espírito francês. Do texto, destaca mos os tóp icos mai s salientes: "E.1·w é. de longa data. uma de nossas f ofos pref eridas. Nüo se conhece seu uulor, so111en/e suas circuns!âncias. Es1ct111os em Londres. em 011111bro de 1940, a i 11erra se lm vll !,â vários meses. os bo111hardeios l1!e111cie.1·süo diários e bo111has i11ce11 diúrias l1 rra,1·w11 11111 qul1rleirc7o da capilal brilâ11ica. Nos escombros de w11a biblioteca, ho111e11,1· impassíveis exami11am co11sciencio.1·r1111c'11/e as es/allles, escolhem livros co1110 co11/,ecedores da maréria e os abrem, co11w se relomassem sua atividade cos1u111eiro, 11 lei111ra. A cena parece imóvel, s11spe11so .f<1ra do /empo, irrea/ sobretudo, de la/ 111<111eira os contraste.1· en/re a violência do s de.1·1miç<ies, a calma dos leitores e o 11m11rio 11/~jero de sua paixcio pa rece111 real<·11r li i11wginação. Esla deca/agem é .1·1i/icie111c 11ara conferir wna oculta ironia, não t•.1·camc•cedora ou mordaz, mas de dis1â11cio e de olrw ,eria." E'urOJHI: jó/11 ('0111/JOSl a
de rmí/1,/JJ/u.-.; t><·<ll'm,
,,,.cciosas
Lendo o 1•x to acima, veio-nos à mente a antiga grand •za da Europa, fruto sobre-
tudo da graça divin a e do vigo r da Civili zação Cri stã, que atingiu o apoge u ele sua concreti zação hi stórica na Idade Média. Ocorre u-nos também um símbo lo material que, a nosso ver, representa bem a ve rdadeira civili zação e uropéia: um a jóia composta de vá ri as pedras prec iosas diamantes, rubi s, esmeraldas, sa firas, etc. Ass im co mo tais pedras espelham diveros atributos da jóia, cada uma das nações que compõem essa gloriosa civili zação foi chamada, de modo análogo, a representar, pe la vocação es pec ífica que recebeu do Cri ador, múltiplas qualidades divinas. A foto ressalta uma dessas qualidades - importante atribu to da divindade - a imobilidad e tran, ce nd ente de Deu s enquanto Morar Im.6vel. Atributo que se nota especialmente na calma, na fl e ugma, na "d istância psíqu ica" do povo inglês, como que encarnadas nos três leitores. O próprio comentário de "Le Monde" é reflexo, por sua vez, de outro as pecto saliente dessa preciosa jóia: o ful gor, aprecisão e a penetração do espírito francês .
Outras sugestivas fotos poderiam indicar, por exemplo, a tenacidade e pugnacidade da mentalidade alemã, o heroísmo e desprendimento do povo espanhol, o sólido bom senso do português , o pendor teológ ico , a vivacidade e o gênio artístico da popul ação italiana, etc., etc. Infeli zmente, toda essa riqueza, hoje existente e m forma de vestígios da Cristandade, está seriamente ameaçada de desaparecer com a União Europ éia. Esta, conforme nossa revista tem ressaltado em várias ocasiões, espec ialmente no artigo Europa desunida: da apostasia ao fracasso (Catolicismo, março/ 2004), tornar- eá como que um triturador de todas as aludidas pedras preciosas, pai·a reduzi-las a um pó amorfo e incolor. Especialmente - caso venha a ser ap licada a abominável constituição e uropéia, que omitiu qualquer referência a Deus e rejeitou aquilo que o continente europeu possuiu de mais precioso - suas gloriosas raízes cristãs. • E-mail do autor: mrn lobrito @catoljcismo,com .br
SETEMBRO 2005 -
beu de Deus a missão de libertar o povo de Israel oprimido no Egito pelo Faraó. Falava com Deusface-a}ace como se fala a um amigo" (do Martirológio Romano - Monástico) .
5
1 Santa Margarida de Riéti , Virgem + Florença, 1770. De abastada famíl ia, grande mística , entrou para o Carmelo aos 19 anos, vindo a fa lecer aos 23 incompletos. Pelo seu empenho em não aparecer, ficou conhecida como a Santa da Vida Oculta.
2 Santo Antônio, Mártir + Síria, séc. IV. "Jovem cristão de 20 anos, cortador de pedras por'profissão, quebrou em pedaços ídolos pagãos. Por esse motivo,foi condenado a morrer na própria construção de uma igreja em que es tava trabalhando" (do Martirológio Romano - Monástico) . Primeira sexta-feira do mês
3 São Gregório Magno, Papa São Remáculo, Bispo e Confessor + Stavelot, 664. Natural da Aquitânia, em sua juventude converteu Bourges num centro de vida cristã e de piedade. Santo Elói, mjni stro do rei merovíngio Dagoberto, indicou-o para a sé de Maastricht, cujos cristãos estavam ainda tão li gados à sua origem bárbara, que assassinavam seus pastores. Para apaziguá- los, Remáculo convenceu o rei de que a solução seria estabelecer lá vários mosteiros. Primeiro sábado do mês
4 Patriarca Moisés, Profeta + Palest in a, séc . XIII a.C. Profeta e Legislador. "Rece-
São Bertino, Confessor + Luxeuil (França), 700. Este Patriarca fundou com Santo Omer a Abadia de Luxeuil , da qu al 22 monges foram elevados às homas dos altares .
6 Seis Bispos Africa nos, Mártires + África, séc. VI. Estes pre1ados, "como verdadeiros pastores, ofereceram suas vidas por seus rebanhos durante a perseguição do Rei Hu nerico" (do Martirológio Romano).
7 Santa Regina ele Alésia, Virgem e Mártir + Borgonha, Séc. II. Seu cu lto na Borgonha "é documentado desde o século V por uma basílica edificada sobre seu sarcófago. Uma tradição designa ass im o lugar do ma rtírio de Alésia: 'Aq ui Césa r venceu a Gália; aqui uma virgem venceu César'" (do Martiro lógio Romano Monástico).
8 NATIVIDADE DE NOSSA SENI IORA
9 São Pedro Clave,~ Confessor + Cartage na (Co lô mbia), 1654. Apóstolo dos Neg ros, nasceu na Espanha e partiu para a então Nova Granada, di zendo: "Quero passar toda minha vida trabalhando pelas almas, salvá-las e morrer por elas". Foi o que fez por mais de 40 anos entre os negros, morre nd o vítima de mol éstia contraída ao atender empe tados.
10 Sant,a Pulquéria Imperatriz , Viúva + Bizâncio, 453. Batizada por São João Crisóstomo, ainda jovem fez, com suas duas irmãs mais novas, o voto de virgindade. Aos 15 anos sucedeu ao pai, pois seu irmão, Teodósio II, ainda não havia atingido a maioridade. Tendo que se afastar da corte devido aos ciúmes da cunhada, a ela voltou a pedido do Papa São Leão, a fim de combater as heresias de Eutiques. Com a morte do irmão, tornou -se imperatriz. Para estabel ecer sua autoridade, casou-se com o ge nera l Marciano , com quem viveu em estado de continência.
15 NOSSA SENJ !ORA DAS DORES (vide p. 5)
16 Santa Edite, Virgem + Wilton (Inglaterra), 984 . "Filha do Rei Edgar, da Inglaterra. Consagrada a Deus desde a mais tenra infância (no Mosteiro de Santa Maria, em Wilton), morreu aos 23 anos, pranteada unanimemente por suas irmãs" (do Martirológio Romano - Monástico) .
17 São Roberto B larmino, Bispo, Conl'essor e Doutor ela Igreja
11 São João-Gabriel Perboyre, Mártir + China, 1840. Depoi s de haver trabalhado na formação da juventude em várias escolas cató li cas da França, fo i enviado para a mi ssão da China. Deus atendeu seu pedido, co ncedendo-lhe a graça do martírio num a in es perada perseguição.
12 SANTÍSSIMO NOME DE MARIA
13 Santo Amado, Confessor + França, 627. Primeiro eremita, e ntrou depoi s para o mosteiro de Luxeuil , de onde saiu com São Romárico para fundar o mosteiro dúplice de Remü-emont. Estabeleceu entre as monj as o ofício perpétuo, dividindo-as em sete coros que se revezavam dia e noite, cantando o louvor divin o. São João Crisóstomo (vide p. 36)
14 EXAI:l'AÇÃO DA SANTA CRUZ
Santa l lildegarda, Virgem + Alemanha, 1179. Grande mística, ficou célebre devido às suas visões, palavras e escritos, sendo a glória da Ordem beneditina na Alemanha.
18 Beato João Macias, Confessor + Lima, 1645. Contemporâneo de São Martinho de Porres, e dominicano, como ele,embora em outro convento de Lima. Foi exímio em todas as virtudes, principalmente na obediência e pureza.
19 Aparição de Nossa Senhora em La Salette (França) Em 1846, a dois pastorinhos, Maximino e Melânia, recomendando a oração quotidiana e a santificação dos domingos.
20 Santos l~ustáquio Companh iros, Mártir s + Roma, 120. Eu táquio foi um dos maiores generai do exército romano imperial e notável por sua caridade, apesar de pagão. Numa caçada, o cervo que perseguia voltouse para ele com uma cruz en-
tre os chifres. Eustáquio converteu-se e sofreu o martírio com a esposa e doi s filhos, assados dentro de enorme estátua ele metal aquecida.
21 São Mateus, Apóstolo São Castor, Bispo e Confessor Apt (França), séc. V. Bispo de Apt, loca lidade próxima de Avinhão, incentivou a vida monástica. Pediu ao famoso anacoreta Cassiano que lhe esc revesse a re speito dos exercícios e usos monásticos da Tebaida, no Egito, a fim de aplicá-los no Conv ento de São Faustino, que fund ara.
22 Santo Emerano, Bispo e Mártir + Alemanha, séc. VII. Apóstolo da Baviera, foi martirizado pelos pagãos. Sobre o seu túmulo foi erguida a Abadia beneditina de Kleinchelfendorf, que se tornou lugar de peregrinação.
23 Santa Tecla, Virgem e Mártir + Selêucia (Turquia), séc. I. Convertida por São Paulo , sofreu inúmeras perseguições para conservar seu voto de virgindade, saindo incólume do tormento da fogueira, dos leões e das serpentes. Embora depois disso a tenham deixado livre, ela é considerada pelos Padres da Igreja como a "primeira das mulheres mártires", e "semelhante aos Apóstolos " (do Martirológio Romano).
24 Nossa Sen hora das Mercês
25 Beato Hermano Contraclus, Confessor + Baden, 1054. Filho de condes, foi vítima de um traumatismo obstétrico ao nascer, e teve que ser carregado no
co lo durante toda sua vida. Daí o cognome de Contractus ou Entrevado. Mas a Providência compensou essa lacuna corporal com dons de inteligência, que lhe mereceram outro cognome, o de Maravilha do século, por sua ciência e virtude.
26 Santa Teresa Courclec, Virgem + Lião, 1885. Fundadora da Congregação de Nossa Senhora do Cenáculo, dedicada à obra dos retiros espirituais para sen horas, sofreu toda sorte de humilhações, ingratidões e rivalidades , sendo destituída do cargo de Superiora da obra que fundara , e foi-lbe negado mesmo o título de Fundadora.
27 São Vicente ele Paulo, Confessor
28 Santa Eustóquia, Virgem + Palestina, 418 . Virgem romana que, com sua mãe Paula, mudou-se para a Palestina a fim de se tornarem religiosas sob a direção de São Jerônimo .
29 Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael
30 São Jerônimo, Confessor e Doutor da Igreja. Santo l lonório, Bispo e Confessor + Cantuária, 653. Discípulo e sucessor de Santo Agostinho • na sé de Cantuária, seguiu-lhe os passos na evangelização dos anglo-saxões. Nota: Os Santos aos quais jó fizemos referêncio em Calendórios anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biogrófica.
Intenções para a Santa Missa em setembro Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções: • Neste mês, no qual se comemora, no dia 14, a Exalta ção da Santo Cruz, será rogado à Divina Providência, por meio de Nossa Senhora dos Dores, que nosso País - nascido com o tão significativo nome de Terra de Santo Cruz permaneça sempre fiel nos vias da Civilização Cristã. Para isso, pedirse-á que não se promulguem em nossa Pátria leis abomináveis que fa vo reçam o crime do aborto, o qual viola gravemente a Lei de Deus.
Intenções para a Santa Missa em outubro • Em louvor a Nossa Senhora Aparecida como Padroeira e Rai nha do Brasil. Pedindo que Ela zele muito especialmente por todos os brasileiros, a fim de que se ja m seus súditos inteiramente fiéis. Para que o Brasil jamais se afaste da maternal proteção de sua Rainha, particularmente na atual crise que assola o País, e que cada brasi leiro passe a corresponder às abundantes gra ças co nce didas pela Padroeira .
-
As conferências ocorreram na "Sala do Prelado", em estilo barroco
8 ôI1L"l ·y ()L11 1 ~
Ü estudo da ação demolidora da Revolução Cultural, bem como dos meios para reagir eficazmente em defesa dos valores da Civilização Cristã, foram os principais temas do evento L C ARLOS EDUARDO SCHAF FER Correspondente - Áustria
Viena - Uma opinião muito difu ndida hoje em dia, até mesmo em meios conservadores, é que com a queda cio Muro de Berlim e o desmantelamento dos regimes com un istas cio leste europeu deCATOLICI SMO
sapareceu uma das maiores ameaças à Cristandade. Na verdade, di zem os que assim pensam, agora outros inimigos nos ameaçam de modo especial, como o Islã, o desfazimento da familia, a corrupção da j uventude. Para esses, a ideologia comuni s ta não ma is re presenta peri go . C uba, Coréia cio Norte e Vietnã se debate m nas mesma s c ri ses qu e aca bara m
com o regime soviético russo. A China vai progressivamente aderindo ao regime capitalista. Hoj e não mais existe a organização bolchev ista, que nos agredia de dentro e de fora de nossos países. Não era essa a visão dos fatos apresentada por Plinio Corrêa de Oliveira. Bem antes ela queda da Cortina de Ferro, previ u ele a metamorfose do comunismo. Po-
d em os hoj e di zer q ue o pró pri o fund amentali smo islâmico, o terrorismo, o desfazimento da família estão ligados à nova face d comun -socialismo. Sem renegar seus fa lsos princípios, ele os "supera" mediante a Revolução Cultural. Esta, embora contida m germe na fi lo ofia comuni sta, recebeu a partir de maio de 68 enorme impulso. O Flagelo da Revoluçc7o ul!ural - A réplica da Contra-Revolução , ~ i o tema escolhido p;u·a o V Curso de Vi rão de di versas TFPs e entidades irmãs, rea lizado entre 24 e 29 de julho. Se há um local apropriado para se
estudar a agressão cultural à civilização ocidental e cri stã nos dias de hoje, é certamente a Cartuxa de Gaming, na Baixa Áustria. Construída no século XIV sob os auspícios dos Habsburgos, ela sobreviveu a di versas vic issitudes da Hi stória, até mesmo à dura ocupação comunista e à Segunda Guerra Mundi al. O curso contou com a participação de 120 pessoas da Alemanha, Argentina, Áustria, Bielo-Rú ssia, B rasil, Chile, Estados U nidos , F ra nça , Irl anda , Itá li a, Po lônia e Romêni a. Foram convidados de ho nra o bi spo emérito de San Lui z, Argenti na, Dom Juan Rodo lfo Laise, e o C hefe da Casa Imperi a l do Bras il , D . Lu iz de O rl eans e Bragança. Na sessão de abe1t ura, Dr. Ca io Vidigal Xavier da Silveira ressaltou a importância de se anal is;u· as metas e os métodos da Revolução Cultural que, atu;u1do especialmente nos jovens, abala os princípios da fé, destrói os valores morais e transforma as mentalidades, através das modas, dos costumes, da música, da arte, etc. Entre os diversos àssuntos abordados, o Prof. Guido Yignelli analisou o processo de desmantelamento do Estado rumo a uma sociedade anárquica e caótica. O Sr. Julio Loredo mostrou como a Revolução, por um processo preparado de longa data, penetrou na própria Igreja católica, influenciando através de correntes teológicas como o modernismo, o progressismo e a Teolo-
gia da Libertação. O Sr. Luiz Dufa ur explicou aos p;u-iicipantes como, após o fracasso do comunismo, a Revolução Cultural, servindo-se das modas instigadas pela mídi a, vai mudando as concepções e o comportamento para fo rmar o "hom.em novo revolucionário"; fin alizou com um apelo à res istência a essas influências. O Sr. Math.ias von Gersdorff discorreu sobre a dissolução dos costumes através da mídia, do movimento homossexual e da educação sex ual. O Sr. Jo hn Horvat tratou da cibernética, dos computadores, da internet. Revelou os desígnios da corrente revoluc io ná ri a, que co nfere à cibe rné tica g lobali zante um conte údo messiânico , apontando a Civili zação C ri stã como a única verdadei.ra solução p;u·a a cri se contemporânea. A vida e obra de Plínio Corrêa de O liv e ira constituiu maté ri a de um audiovisual. H av ia tradução simultânea para as diversas delegações. Os círculos de estudos, após cada conferência, permiti am um apro fund ame nto dos temas e a troca de idé ia , revelando impressionante unidade de espírito apesar da diversidade das origens dos participantes. O que mais os an imava era o desejo de conhecer mais profundamente a Revolução universal e os meios de melhor combatê-la, levando em conta as peculiaridades de suas respectivas pátrias. Para isto, muito contri buíram exposições que apresentavam SETEMBRO 2005 -
-
campanhas de rua, campanh as em uni versidades, ou promovidas através da imprensa, em diversos países. Na sessão de encerramento foi ouv ida uma gravação das palavras do Prof. Plínio, proferidas em 1983, no encerramento da Semana de Estudos e Formação Anticomunista (SEFAC). O fundador da TFP brasileira mostra aí que os processos destrutivos como o incêndio ou o câncer, depois de consu mü o corpo sobre o qual se abatem, matam-se a si mesmos. O fogo "morre", depois que tudo consumju ; também o câncer desaparece, ao puti-efazer-se o corpo que matou. A Revolução é um processo destrutivo, que se abateu sobre a florescente sociedade católica medieval. Ela CATOLICISMO
se aprox ima, pois, de seu fim, à medida que desaparece a Civili zação Cri stã. O Prof. Pliruo termina, na gravação ouvida, conclamando os tefepistas a empreenderem o camjnho contrário ao da Revolução, rumo à constrnção do Reino de Maria. Sintetizando os diversos temas abordados no Curso de Verão, discursou o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança. Suas considerações continham também ampl a visão do Livro Revolução e ContraRevolução, obra-chave do Prof. Plíni o. Dom Juan Rodolfo Laise encerrou o ato, mostrando como o grande exemplo a seguir é o de Plínio Corrêa de Oliveira, fundador e inspirador dessa famílja de almas que hoje atua nos ci nco continentes.
O programa não foi apenas acadêmico. Os paiticipantes tiveram ocasião de manter contacto direto com diversos monumentos vivos ou históricos da Civilização Cristã numa apropriada e concreta contestação à Revolução Cultural - tais como a cripta da igreja dos capuchinhos em Viena, onde estão enterrados muitos imperadores e membros da família Habsburgo, ou a Escola Espanhola de Equitação de Viena, fundada no século XVI, conservando ainda hoje as suas cai:acteríst:icas. Não faltou mesmo uma visita mu.ito significativa a uma das historicamente fai11osas confeitai·ias da capital austríaca. Diante da magnífica catedral de Santo Estevão, de Vi ena, fora m desfraldados os grandes estandartes da TFP e associações co ngêneres, propiciando contacto direto com um público muito admirativo. Numa viage m de barco pelo ri o Danúbio, fo i possível apreciar, em uma e outra de suas mai·gens, vilai·ejos e igrejas, castelos e fortalezas, marcados pelo esplendor dos tempos qualificados como a doce primavera da Fé - a Idade Média. No Castelo de Artstetten está enterrado, junto com sua esposa, o arquiduque Francisco Ferdin ando, cuj o assass ínio em Sarajevo constituiu o pretexto para a declaração da Primeira Guerra Mundial. A visita ao castelo permitiu considerar essa tragédia, junto a preciosos documentos da Fam íli a Habsburgo. A Santa Missa fo i diariamente celebrada por Dom La ise. Seus sermões impressionaram a todos os participantes. Foi incentivada a recitação diária do santo Rosário, e o escapul ári o de Nossa Senhora do Carmo foi imposto aos novos participantes. A Imagem Peregrin a Mi lagrosa de Nossa Senhora, que verteu lágrimas em Nova Orleans (EUA), presidiu os atos religiosos , bem co mo as conferênc ias. Uma vigíli a perm anente diante dessa imagem fo i mantida durante a sua estad ia de oito dias na Áustria. No banquete de encerramento, reali zado na deslumbrante Sala do Prelado, um representante de cada delegação teve a oportunidade de relatar suas impressões sobre o evento , o que reve lou o aproveitamento, a resolução e o entu si asmo do conj unto dos participantes. • E-mail do autor: cschaffer@catolicismo.com.br
Força jovem a serviço do Brasil C aravana da TFP-Fundadores percorre o Estado de Goiás difundindo obras que defendem o direito de propriedade, tão vulnerado por políticas agro-reformistas ■ Gu1u-1ERME FÉLIX DE SousA M ARTINS
ovens universitários e secundai·istas, co laboradores da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade, fizeram duas viagens consecutivas pelo interior do Estado de Goiás, com o objetivo de difundir o li.vros da coleção Em. defesa do Agronegócio, esclarecendo a opinião públi ca bras ileira e alertando-a contra a ação maléfica das forças de esquerda no País. Foram visitadas as seguintes cidades: Anápolis, Trindade, Inhumas , Itaberaí, Cidade el e Goiás, I tauçu , Nova Veneza, Nerópoli s, Luziânia, Silvânia, São Mi guel do Passa Quatro, Piracanjuba, Cromínia, Guapo, Goiânia, Pirenóp I i. e Corumbá de Goiás. As tranqüilas id ades interioranas viram mais uma vez o estandarte rubro áureo desfra ldado em suas ruas, evocando os ideais perenes da tradição, da família e da propriedade. O leão rompante de espada em punho mostrava a disposição para o combate contra os fa tores de desagregação da sociedade moderna. eguindo o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, os earavanistas foram "sinal de contradição" (Lc 2, 34) por onde passaram, congregando os fi éis católicos e criando obstáculos à ação dos que não suportam o bem a verdade.
* * *
A seguir, algumas rep rcussões selecionadas entre numerosas outras: Um escritor da c id ade de Silvânia afirmou, após alguns minutos de conversa: "Vosso movimento é respeitado pelos brasileiros, porque sempre diz a verdade. Realmente, o mundo está virando uma Sodoma e Gomorra. E os valores mais atacados são justamente os que vocês defendem. O MST, com.o você disse, ataca a propriedade, assim como a imoralidade da televisão ataca a fam{/ia. Continuem nesta luta! " Em Anápolis, após adqu irir os dois livros, uma senhora observou, a respeito da esquerda católi a: "A gente não pode aceitar coisa errada só por que algum padre falou. Teve um. padre aqui que mandou a gente votar no PT. Eu não votei, porqu , vai contra os meus princípios, eu que sempre fui formada na doutrina católica ". Depois de lhe serem apresentados os livros pelo cooperador, uma senhora de Goiânia contou que, nos seus tempos de faculdade, vivia brigando com os professores, por causa ela doutrinação comunista que .estes empurravam aos alunos; ela chegava mesmo a ser olhada com desconfiança pelos colegas. Terminou relatando que, em certa ocasião, discutiu com um dos professores que era sacerdote, e no entanto defendia a doutrina marxista. Ela se firmou em sua posição, e diss : "Padre, desse j eito não dá. Ou saio eu da faculdade, ou sai o senhor". Resultado : o sacerdote acabou tendo que moderar seu discurso comunista. • E-mail do autor: 1:11Uhcrmenmrtjns@catoHcismo.com.hr
SETEMBRO 2005 -
-
Pela propriedade rural D e norte a sul do País, a TFP-Fundadores tem promovido conferências em defesa da propriedade privada no agronegócio. Só neste ano, atuou nas principais Feiras Agropecuárias e em cerca de 100 cidades. A seguir, um exemplo desse tipo de atuação. ■ FAUSTO J o RG E B oRSATO
os dias 12 e 13 de agosto, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil e Diretor de Relações Institucionais da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade, esteve em visita a Lavras (MG), para tomar contato com autoridades locais, amigos e simpatizantes da entidade. A visita foi organizada pelo Prof. João José Marques, da Universidade Federal de Lavras (UFLA). O intenso programa incluiu visita à Reitoria da UFLA, o nde Dom Bertrand foi recebido pelo . Reitor Antônio Nazareno Guimarães Mendes, pelo Pró-Reitor Administrativo Hi lário Antonio de Castro e pelo Vice-Reitor, Ricardo Pereira Reis. Na visita à Prefeitura, o Príncipe foi recebido pela Prefeita Dra. Jussara Menicucci, estando presentes também os secretários Jânio de Bragança Macedo Soares, de Obras, e Álvaro Roberto Sad, de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Na Câmara Municipal, o Diretor de Relações Institucionais da TFP-Fundadores manteve longo contato com os vereadores, discutindo temas de interesse nacional. O Diretor Executivo da Rádio Universitária FM de Lavras, Sandro Freire de Araújo, entrevistou Dom Bertrand, que também gravou um programa para a TV UFLA. No sábado 13, o Príncipe esteve presente ao lançamento da pedra fundamental do Fórum, onde teve a oportunidade de conversar longamente com autoridades e com a população local. A vi sita a Lavras incluiu importante contato com o Sindicato dos Agricultores de Lavras, onde Dom Bertrand mostrou ao Presidente a campanha que a TFP-Fundadores vem desenvolvendo em defesa do agronegócio em todo o Brasil - diante das injustiças cometidas pelo socialismo e pela esquerda católica contra o setor mais produtivo do País. Na ocasião solicitou o apoio dos agricultores da região à petição que o movimento Paz no Campo está promovendo, a fim de pedir ao Presidente da Câmara dos Deputados que seja sensível ao grito de socorro do campo, colocando em pauta, com urgência, o Projeto de Lei 5422, de 2005, do deputado Lael Varella, que congela os índices de produtivi dade por 15 anos. •
CATOLICISMO
Dom Bertrand na Rádio Universitário FM de Lavras, concede entrevisto o Sandro Freire de Araújo, Diretor Executivo
Toda a verdade histórica sobre o Apóstolo São Pedro Apóstolo ao seu alcance! Biografia completa e impressionante análise psicológica do primeiro Papa, escrita pelo norteamericano William Thomas Walsh (1891-1949), um dos maiores escritores católicos do século XX. Nova e bem cuidada tradução da obra clássica, editada em Portugal e importada com exclusividade pela Petrus.
São Pedro Apóstolo Autor: William Thomas Walsh 15x22,5 cm, 288 págs.,
Preço unitário:
Dom Bertrand recebido na Câmara Municipal de Lavras
No visito à Prefeitura, o Príncipe foi recebido pelo Prefeita Dra. Jussora Menicucci e vários de seus secretários
o NOBRE FRANCÊS Coragem, gentileza, distinção e beleza de gestos n
PuN 10 C oRRÊA DE OuvE 1RA
O
Francisco I - Jean Clouet, (séc. XVI)
Carlos V - Tiziano, (séc.XVI)
nobre francês rivaliza em coragem com os mais corajosos dentre os fidalgos europeus. Sem embargo conserva uma gentileza, uma distinção, uma beleza de gestos que indicam o requinte de sua educação e da civilização que o fo rmou. Forte e ao mesmo tempo requintadamente civili zado, ele é o mais gentil , o mais amável na guerra como na paz; o mais brilhante na indumentária, tanto na guerra como no salão de fes ta ; o mais cortês, o mais atencioso, até mesmo com pri sioneiros de alta categoria que porventura tenha feito durante o combate. Um exemplo hi stórico. Francisco I, Rei da França (1494-1547), depois de perder na Itáli a, em 1525, a batalha de Pavi a, foi preso pelas tropas espanholas. Antes de ser entregue ao exército do Imperador Carlos V (1500-1 558), escreveu uma carta à sua mãe, na qual di zia: "Madame, tout est perdu hormis l'honneur. François ". De modo respeitoso e elegante ele se dirige à própri a mãe com o tratamento de Senhora. Depois acrescenta "tudo está perdido exceto a honra ". Ou seja, quando a honra não está perdida, não se perdeu nada. Carlos V, em vez de receber Francisco I com honras reais, mandou colocá-lo numa horrível prisão com a intenção de forçá-lo a assinar um tratado marcadamenle favorável ao Império. Libertado, Francisco I saiu da prisão com a altaneria de um sol que nasce, cl monstrando uma dignidade de pasmar. Tempos depois, recebe ele uma carta de Carl os V ex plicando que prec isava atravessar o território fra ncês e solicitando-lhe a garanti a de que não seria preso nem sofreri a qualquer lesão de seus direitos. Qual a atitude de Francisco I? Ele poderi a ter concedido um salvo-conduto a Carlos V com a intenção traiço ira de aprisioná-lo e de encerrá- lo numa masmorra. Ou abertamente ameaçado: Nc1o vos deixo passar; se entrardes em meu território, prender-vos-ei e vos colocarei numa enxovia semelhante àquela em que Vossa Maj estade me lançou. O monarca francês, pelo contrário, deu ao Imperador todas as garanti as desejadas. Recebeu-o com fes tas esplêndidas, acompanhou-o num trecho de ua via en, , e por fim despediu-se dele com elegância e cortesia. É um modo de ser verdadeiramente senhor e nobre. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 1° de maio de 1993. Sem revisão do autor.
,
UMARI
PU NIO C O RRÊA DE ÜLIVEIRA
Oul.Ulwo de 2005
1\ º (füB
Vítima expiatória A coragem de expiar. Eis o sentido mais prol'undo <ia hct'Úica vocação de Santa Teresinha do Menino llesus: suc,•ificm· sw1 vontade própria para sempre fazer u vontade de Deus. 80 anos era canonizada Santa Teresinha, "a maior Santa dos tempos modernos", segundo o Papa São Pio X. Essa grandiosa solenidade ocorreu em 17 de maio de 1925, na Basílica de São Pedro, perante imensa multidão de devotos.
H
á
2
Excmnos
4
CARTA DO DIIU:'l'OR
5
Comu:sPONDl~:NCIA
8
NACIONAi ,
11
IN·1·1.:nNACIONA1,
14
EN'l'Rl-:VISTA
20
CAPA
40
M1-:Mú1~1A
44
VmAs m: SANTOS
47
DESTA()UE
48
SANTOS 1,: F1,:sTAs Do M1~:s
50
AçAo CoN'mA-R1-:vowc10NAmA
A festividade desta imortal Santa , conforme o calendário litúrgico, é comemorada no dia 12 de outubro, mas no calendário antigo era celebrada no dia 3 desse mesmo mês. Abaixo transcrevemos trecho de um artigo de Plínio Corrêa de Oliveira, com o título em epígrafe e publicado no "Legionário'; de 29-9-1947.
*
*
*
" Há no jardim da Igreja almas que Deus chama à vida contemplativa. Em conventos recl usos, certas almas de escol se dedicam especialmente a amar a Deus e a expiar pelos pecad s dos homens. Estas almas corajosamente pedem a Deus que lhes mande todas as provações que qui ser, desde que com isso . e sa lvem numerosos pecadores. Deus as flagela sem cessar, de um modo ou de outro, colhendo delas a flor da piedade e do sofri mento, para com estes méritos sa lvar novas almas. Consagrar-se à vocação de vítima expiatória pelos pecadores, nada há de mai s admirável. E isto tanto mais quanto mu itos há que trabalham, muitos que rezam, mas quem tem a coragem de expiar? Este é o sentido mais profundo da vocação dos Trapistas, Franciscanas e Dominicanas, e também das Carmelitas entre as quais floriu a suave e heróica Teresinha. Seu método foi especial. Praticando a conformidade plena com a vontade de Deus, ela não pediu so frimentos, nem os recusou. Deus fizesse dela o que entendesse. Santa Teresinha esmerou-se nesse tipo de mortificação: fazer a toda hora, a todo instante, mi l pequenos sacrifícios. Jamais a vontade própria; jamais o cômodo, o deleitável; sempre o contrário do que os sentidos pediam. E cada um desses pequenos sacrifícios era uma pequena moeda no tesouro da lgreja. Moeda pequena, sim, mas de ouro de lei: o valor de cada pequeno ato consistia no amor de Deus com que era feito. E que amor cheio de méritos! Santa Teresinha não tinha visões, nem mes mo os movimentos sensíveis e naturais que tornam por vezes tão amena a pi edade. Aridez interior abso luta, amor árid o, mas admirave lme nte arde nte, da vontade
- C A T O LICISMO
dirigida pela Fé, aderindo firm e e heroi ca m nt a 1 ' ll S n:i atonia involuntária e irremediável da sensibi li dud ·. /\111or 6ri do e eficaz, sinônimo, em vida de pi edad , d' :111H>r perl'l'i lo .. . Grande ca minho, caminho simpl es . N: o si111pll's fa zer pequenos sacrifícios? Não é mai s simpl 'S 1u10 ll'I' vi socs do que as ter? Não é mai s simp les aceitar os s11c1ilfrios em lugar de os pedir? Ca minho simples, caminho parn lodos. /\ 1111 ss:10 de Sa nta Teresinha foi de nos mo trar u111:1 vid11 l'111 q tll' pudéssemos todos trilhar. Oxalá ela nos :iu xilil' 11 111•111111 11 l'Sta estrada real, que levará ao altar ·s 11110 111H·11 11s 11111.1 011 outra alma, mas legiões inteiras" , •
Desarmamento: falácias de um refer endo Nova Orleans, o aviso "esqueôdo " e o Katrina
Vicia quolidjana ele Plínio COl'f'êa ele Olivejra
Plinio Corrêa ele Olfreú•a: plena IJdehdade à mjssão Na atMdade, o papel ela contemplação Santo Antônio Maria Ciaret
Nova edição de Revolução e Contra-Revolução
Dr. Luiz Nazareno de Assumpção Fº
52
AMBmN'l'ES, CosTUMl•:s, C1v11,1zA<;fms
Conjunto harmonjoso de todos os dons em Nosso Senhor
OUTUBRO 2005
-
"Balão de e11saio"
Caro le itor, 3 de outubro de 1995 ... Na longa hi stóri a de 54 anos lc xistênc ia d nossa rev ista, essa data é, sem dúvida, para nós a mais dolorosa : 1 linio orrêa d li vcira entregava a Deus sua bela e aguerrida alma. Data inesquec íve l, po is a e le devemos a ho nra d participar de sua luta contrarevoluc ionári a; de reag ir à decomposição mora l do mundo moderno e de atuar e m prol da restauração da C ri tandade, por e le tão almejada e tão confo rme às promessas de Nossa Senhora em Fátima. No transcurso deste décimo aniversário do passa mento daquele que é alma de Catolicismo , não poderíamos deix ar de manifestar-lhe nossa imorredoura grati dão. O grande Santo Ambrósio legou-nos uma frase lapidar: "Não há dever mais
urgente que o de agradecer". Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n° 3116 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 · Conj. 62 - Santa Cecília CEP 01 225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Tel (Oxx 11) 3333-6716 Fax (0xx11) 3331 -6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Ed itora Lida. E-mail: epbp @uol. com. br Home Page: http://www.catolicismo.com.br
Como agradecer adequadamente ao idea lizador, orientador, sustentáculo e principal colaborador de Catolicismo, por tantos favo res? Não temos meios suficientes para isso. Entretanto, uma forma si ngela de e m algo manifes tar nosso pre ito de gratidão é relembrar a heróica gesta do fundador da TFP brasile ira. E também os princípios aos quais esse homem de fé e coragem, de pensa mento e ação, consagrou sua vida que marcou o éculo XX e - como está consigna.do no título de capa desta edição - "apontam o caminho que o
mundo seguirá nos próximos séculos". Esta fra se, que extraímos do Auto-retrato .f,!os6.f,co de Plínio Corrêa de Oliveira - redi g ido cm 1976, atuali zado em 1994 e publi cado por nossa rev ista em outub ro de 1996 - apre e nta um comp lemento também lap idar: "Os céticos poderão sorrir. Mas o sorriso dos céticos jamais conseguiu deter a marcha vitoriosa dos que têm fé". Tal "marcha vitoriosa" continua. E isso o caro leitor poderá constatar lendo esta edição de Catolicismo, sobretudo a matéria de capa, bem como as seções Entrevista e Memória. Uma década tran scorreu do falecimento do ino lvidável pensa.dor e líder católico. Contudo, os princípios a que ele consagrou sua vida continuam iluminando - como portentoso faro l, erg uido na no ite tempestuosa dos confusos acontec imentos de nossos tempos - a senda que devemos seguir. Não é um caminho fácil. Nele encontram-se múltiplos obstáculos e mesmo perseguições. Por isso, não poucos o abandonaram. Mas desse cam inho jamais pretendemos nos desviar, contando com a graça de Deus e sob a materna l proteção da Santíssima Virgem. Convidando o estimado le itor a me lhor conhecer e trilhar tal senda, árdu a por certo, mas g loriosa e muito meritória, desejo-lhe uma boa le itura.
ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Outubro de 2005:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avu lso:
R$ R$ R$ R$ R$
96,00 140,00 260,00 420,00 9,00
Em Jesus e Maria,
?~ ,7 1RH'l'OI<
aulobri1 o (il)ç11 loli1·1s11111, ·0111 ,br
CATOLICISMO
Próximos, mas desco11hecidos Simplesmente apaixonante o estudo so bre a c ri ação dos anjos (tão próx imos de nós, e que nós os conside ramos tão di stantes; que nos conhecem tão bem , e que nós os desconhecemos). Uma be leza imaginar que Deus, que nos dá uma prova para merecermos o Céu, nos dá também um "gua rda-costa" celeste para nos ajudar a vencer a prova e sa lvar nossas almas e, desse modo, ocuparmos os luga res que os anjos mau s deixaram vagos quando foram ex pul sos do Paraíso. Gostaria de mais coisas sobre a Virgem Mari a enqu anto Rai nh a dos Anj os. (N.N.G. - PR)
A11jos de verdade (gJ As pinturas dos anjos publica.das na revista são maravilhosas. Só conhecia aquelas de anjinhos e aquele anj o da guard a para a menininha atravessar a ponte sem cair no ri o. Mas essas pinturas que a.gora conheci, anjos com espada na mão, anjos lutando por nós contra os demônios, de São Mi gue l, de anj os louvando a Deus , são maravi lhosas. (M.A.A.P. - RJ)
121 O Ministério da Educação planeja impl e mentar no Brasil o sistema cubano de ensino, numa cooperação (ainda meio secreta, mas que já vazou entre amigos meus). Trata-se de uma cooperação entre o governo lulista e o governo tidelcastrista. Os ministros da educação desses 2 (des)governos já estão fazendo um " bal ão de ensaio" para impleme ntação de tal siste ma comunistiza.nte (certamente segundo a cartilha do materiali smo dialético) em algumas cidades do nordeste. Corno isso está sendo feito às escondidas, peço a Catolicismo, que está competentemente denunciando a ruinosa reforma universitária, se poderia pesquisar isso para nos informar me lhor. Tenho contato mensal com aproximadamente 25 professores, e eu poderia passar para e les a posição de vocês a respeito desse plano pouco transparente do MEC. (O.V.F.F. - PE)
Egoce11tôsmo O louco Boff se auto-promove di zendo que sentou na mes ma cade ira. em que sentou Galileo Galilei diante da Inqui sição. Quanta arrogância! Alguém tem que ex plicar a esse louco que entre e le e Galilei ex iste uma pequena e básica diferença: este foi inquirido por afirmar não ser a Te rra o centro do Universo. Já Boff, por se considerar o próprio e único universo viáve l, ou sej a, deus ! (F.R.I. - CE)
"PatrulJla ideológica " l'8) Queria para.beni zar pela maté ri a na revista Catolicismo que trata sobre o e volucioni smo, criacionismo e materia li smo. Gostei muito. Sou estudante de hi stóri a e m urna faculdade de Brasília e ofro muito por ser católico praticante, pois acham que reli giosidade é coisa da Idade Média. Na maté ria de "Histó ria Antiga" é colocada a tese do darwinismo corno sendo a única tese cientificamente provada. Precisamos de outras maté-
rias com a visão católica sobre a criação do mundo. (A.C. - DF)
E11ca11tamc11to? l'8] Parabéns a.os "catolici stas", arevista está arrebatante, quase mágica. Em casa brigamos para ver quem vai ler primeiro. Apenas lastimo que o número de agosto chegou-nos só em meados do mês e gostamos de acompanhar no "Santos e Festas do Mês" o santo de cada dia. Por causa do atraso, perdemos o acompanhamento di ário de 15 santos. (K.S.B. - SP)
A história se l'epete 110 Brasil 121 Em uma viagem para Sorocaba, li num pára-choque de caminhão: "SE
VOCÊ É DE FERRO, ENTREGUE SUA ARMA ... " Achei interessante. Depois fui procurar pela internet alguma coisa sobre o próximo plebiscito do desarmamento e e nco ntrei o s ite www.catolicisrno.corn.br e, num outro site, encontrei uma outra frase ainda mais interessante: "QUANTO MAIS
CORRUPTO UM GOVERNO, MAIS LEIS CONTRA A POSSE DE ARMAS". Essa frase é de Corne lius Tacitus, hi storiador ro mano, 1 16 dC. Além de interessante, achei curioso corno j á naque le tempo a tática governamental era a mesma atual. A frase é mui to elucidativa do e mpenho do nosso governo na proibição do uso de arma s. Es tá claríssimo que querem proibir àqueles que usam armas e m leg ítima defesa, e não proibir para o meliante criminoso. (V.M.J. - SP)
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA.
OUTUBRO 2 0 0 5 -
u
Pergunta - O padre Quevedo di sse num curso que apenas três co isas agem no nosso mundo: Deus, o ser humano e a natureza. O demôni o não te m influência . Todas as coisas ruin s que aco ntecem no mundo são res ultado da vontade dos seres humanos.
Resposta - Segundo o relato do mi ss ivi sta, o padre Quevedo, da Co mpa nhia de Jesus, negaria a influê nci a do demônio sobre "todas as coisas ruins que acontecem no mundo", as quais resultariam apenas dos erros humanos. Bastaria le mbrar a tentação de Adão e Eva no Paraíso, e as três tentações do demônio contra o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, narradas no Evangelho - além de muitas o utras passagens da Sagrada Escritura - para desmentir essa afirmação at ribuíd a ao padre Quevedo. A qual, aliás,
-CATOLICISMO
corresponde genericamente ao que se ouve contar da doutrinação do referido sacerdote. Tomamo-la, pois, como o le itor a transmite , sem nos questio narmos se ela representa bem exatamente o pensamento dele. Pois, qualquer que sej a a tese exata do padre Quevedo, tal co mo nos foi re latada e la expressa um pensame nto muito difundido no mundo contemporâneo, e assim nos dá o ensejo de mostrar aos le itores qu e tal posição co lide frontalmente co m o ensinamento de Nosso Senhor Jesus C risto e, portanto, com a doutrina e a prática da Santa Igrej a. Sem dúvida, houv e no passado e _continuam a existir no presente pessoas excess iv a me nte crédulas qu e atribuem ao demônio qualquer comportamento estranho que notam numa pessoa, comportamento esse que às vezes resulta de doenças psíquicas ou físicas do paciente em questão. Por isso a Igreja recomenda que, antes de proceder ao exor-
Cônego JOSÉ LU IZ VILLAC
cismo, o sacerdote autori zado a praticá-lo se certifique tratarse da presença do Maligno e não de uma doença, a qual se resolveria com um tratamento médico adeq uado, e não com um exorcismo (cfr. Catecismo da Igreja Católica, nº 1172). Ma s daí a ge ne raliz a r, afirm a ndo qu e o d e mô nio nunca intervé m nos acontecime ntos des te mundo , é um gravíss im o erro que ju stamente exp lica por que o Anjo do ma l se ins inu a por toda parte, sem encontrar obstáculos que barrem a sua ma léfica influênci a.
Exclusão arbitrária que afmnta a boa douuina Segundo o e nsin a me nto da Igreja, "o Diabo e os ou-
tros demônios foram por Deus criados naturalmente bons, mas eles por si mesmos se fi zeram maus " (Concíli o IV de Lat rão e m 12 15: Denzinger nº 800). São Pedro
di z que esses anjos pecaram, e por isso foram "precipitados no tártaro " (inferno) e ali entregues "às cadeias das tre-
vas para serem atormentados " (Ir Pt 2, 4). Embora São Pedro não exp li cite qual tenha sido esse pecado, ele necessariamente implica numa rec usa radica l e irre vogável de Deus. É esse ca ráte r irrevogável da sua opção que faz co m qu e o pecado dos anjos não tenha condições de ser perdoado. Como di z São João Damasceno, "não há
arrependimento para eles depois da queda, tal como não há arrependimento para os homens depois da morte" (A Fé ortodoxa, II, 4). É durante a vida que o ho me m, usando de sua vontade livre, decide sua eterna sorte. A Sagrada Escritura atesta a influência nefasta q ue esses anjos exercem no mundo, a ponto de tentarem desviar Jesus da missão receb ida do Padre Eterno (cfr. Mt 4, 1- 11 ). Se fizeram isso com o próprio Fi lho de Deus, não é de surpreender que o tenham feito com Adão e Eva, no Paraíso terrestre, induzindo-os a desobedecer a Deus (cfr. Gen 3). E é essa a obra maléfica a que se dedicam desde então : desviar os homens do cam inho da sa lvação e levá-los co nsigo para os tormentos do inferno. O Apóstol Pedro nos prev in : "Sed ' sóbrios e
vig iai. Vosso adversário, o demônio, ando ao redor de vós co,110 o leão que ruge, h11.1·1·m1rlo ri quem devorar" ( 1 Pt ,8) . O ( 'otecismo da Igreja ( '0111 /i m , ·ntrelanto, pondera ( 11 " \<) ): "No entanto, o po-
dl'I' r/1• Satan.ás não é infinito.
Satanás é uma simples criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas, de qualquer modo, criatura: imp oten te para imp edir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás exerça no mundo a sua ação, por ódio contra Deus e o seu reinado em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves prejuízos - de natureza espiritual, e indiretamente também de natureza física - a cada homem e à sociedade, essa ação é permitida pela Divina Providência, que com força e suavidade dirige a história do homem e do mundo. A permissão divina da atividade diabólica é um grande mistério. Mas 'nós sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus' (Rom. 8, 28)". O dom da li be rd ad e faz so bressa ir no Anjo e no ho mem a imagem e seme lhança de seu C riador. Portanto, o demônio exerce um a ação constante e perversa neste mundo, tanto de natureza esp iritua l co mo de natureza física, tanto sobre cada ho me m e m parti c ular como sobre o co njunto da soc iedade. E estão no erro todos aq ueles que fec ha m os o lh os para essa at uação, e mais ainda os que a negam. A exc lusão da atuação do demônio sobre o mundo é portanto arbi trá ri a e co lid e do modo mais frontal com o ens inamento ininterrupto da Igrej a. Nosso Senhor Jesus C risto, só nos Eva ngelhos, fala 15 vezes do in ferno.
Atuação cio demônio para disseminar a confusão O Cardeal Jorge Medina Estévez, prefeito da Congregação para o C ulto Divino e
a Disciplina dos Sacramentos, ao apresentar em Roma o Novo Rito dos Exorcismos do Ritual Romano, d esc rev e como se exerce o influxo nefasto do de mô nio e de seus sequazes para perder os homens: "Como Jesus é a Ver-
dade (cfr. Jo 8, 44), assim o diabo é o mentiroso por ex-
celência. Desde sempre, desde o início, a mentira foi a sua estratégia pref erida. Não há dúvida de que o diabo consegue enrolar tanta gente na rede de mentiras, pequenas ou clamorosas. Engana os homens fa zendo-lhes crer que a f elicidade se encontra no dinheiro, no poder, na concu-
piscên.cia carnal. Engana os homens persuadindo-os de que não têm necessidade de Deus e que são auto-suficientes, sem necessidade da graça e da salvação. Justamente engana os homens diminuindo ou até fa zendo desaparece r o senso do p ecado, substituindo à Lei de Deus, como critério de moralidade, os hábitos ou convenções da maioria. [... ] Por detrás das mentiras e falsidades, que estampam a imagem do Grande Mentiroso, se desenvolvem as incertezas, as dúvidas, um mundo onde não há mais segurança nem Verdade, e onde reina o relativismo e a convicção de que a liberdade consiste em fa ze r o que se quer; assim, não se compreende mais que a verdadeira liberdade é a identifteação com a vontade de Deus, fonte do bem e da única f elicidade possível " (Bo letim d a Sala Stampa da Santa Sé, 26- 11999). E não ser escravo das paixões, ou do mundo, ou do demô nio. A conseqüência é que a presença do demônio e da sua ação faz da vida do homem uma luta contínua contra a potência das trevas, luta tremenda que durará até o último dia, e que só se vencerá com a aj uda da graça de Deus, obtida por intercessão de M a ria Santíssima , Medianeira de Todas as Graças. E mbora esteja be m c iente da ação do ma li gno , que proc ura nos desencoraj ar e di sse min a r a co nfu são, a [g rej a está segura da vitória fin a l de Cr isto, porque se apó ia na s ua palavra: "Ten-
de confia nça, Eu venci o mundo " (Jo 16, 33). • E-mai I do autor : concgo joseluiz@catoli cismo.com.br
OUTUBRO 2 0 0 5 -
NACIONAL
•.,/ :.:. · re lações intrín secas do crime. C riminoso mata criminoso em disputa po r ponto de tráfico. Traficantes de e nto rpece ntes mata m po bres vítimas do vício qu a ndo estas não podem p aga r sua, dívidas. Ba ndidos m ata m c id ad ãos comun s e policiais nos e ntreveros de rivados de sua atividade ilícita o u para assegurar o produto do crime .
Proibir-se-á o uso de instrumentos domésticos?
Desarmamento das pessoas de bem: afronta ao Direito Natural N o próximo 23 de outubro, os eleitores brasileiros serão chamados a dizer, em referendo, se querem ou não a proibição total do comércio de armas de fogo e de munição em todo o território nacional CEL.
PM JAI RO PAES DE LI RA
Ex-Comandante do Policiamento Metropolitano de São Paulo
A
naciça propaganda do cambaleante governo atualme nte in talado no Planalto Central afirma que as a rmas de fogo são as ferrame ntas da c rimina lidade. De fato, elas são os instrumentos da maioria dos crimes de ro ubo, ho micídi o do loso (i ntencional) e lat:rocínio (matar para roubar). No e ntanto, tais armas são as ilega is, e m mãos de criminosos, não as registradas possuídas
-CATOLICISMO
por gente de bem. O caso dos crimes de roubo e de latroc ínio não exige maior análi se, pois qualquer pessoa compreen·de que tais atos são praticados por criminosos habituais, assim como entende que bandido não compra arma em loja, não registra arma, não declara à a utorid ad e qu e possui a rma e muito me nos entrega arma alguma ao governo. A estudada falác ia d a propaganda do Governo Federal atu a, pois, na vertente dos homicídios dolosos, procurando conve ncer, a modo de lavagem cerebra l, que tai s c rimes ocorrem " po r motivos fúte is são
praticados por pessoas comuns que conhecem e convive m com as vítima ". Desse modo, passa um perfi I dos homicidas corresponde nte ao ele nosso vizi nho, d e nosso irmão, do sapateiro da esquina . N ad a ma is fa lso. Para começax, todo c rime vio lento Lem motivação fútil. Ou será qu ' a finalidad e eco nômi ca il ega l dos roubos a mão armada pode s r ·onsiderada não-fú til? O fato ele qu •, '111 , ·rnl, autor e víti ma conhec 111-se 11 110 d · ·orre, exceto rara mente, d · rl· l:H;llo rnnjuga l, trabalhista, familiar ou <k vi1,inhança. Decorre, sim, d as
N ão estou afi rmando que não ocorram homicídios por desavenças banai s entre pessoas se·m a ntecedentes c rimi nais. Mas tal tipo de fato é estatlsticamente residual e acontece até sem e mprego de a rm a de fogo. Uma co letâ nea de notícias que tenho em meu poder, publicadas no curto período e ntre l 8-0505 e l 0-06-05, demonstra que quando um ser humano toma a deci são de matar o utro, pouco importa se tem uma a rma de fogo. São 15 casos , e m so me nte 23 dias, em que hom icíd ios do losos foram perpetrados com in strume ntos como: faca de coz inh a, veneno, e n xada, sote rrame nto, socos e po ntapés, fogo, tábua de passar roupa, macaco hidráulico, estrang ul a men to, degola, ro lo de maca rrão . Não creio que passe pe la cabeça de pessoa sensata a lg uma proibir a fab ricação desses in strume ntos, que não são projetados para matar, mas podem ser usados como armas. Ademais, nos ra ros casos passio na is, mesmo as armas de fogo uti li zadas qu ase nunca são as registradas, mas as ilegais. __5º Resta o aspecto dos acidentes, que sem dúvida acontecem . Um estudo de Steven J ·5 Leav itt, reconhecido pesquisado;· da Uni- .J vio le nto. Logo depois, ao pe rceber que vers idade de C hicago, recém-publicado essa idéia-força não fun c ion ava - pois , no livro Freakanomics [Excentricidades exceto e m São Paulo, os índices contieconô mi cas], demonstrnu que, e m termos nuara m a subir, tendo como caso mai s de acidentes e nvo lvendo c ri a nças, as pisextre mo o da c idade do Rio de Janeiro c inas domésticas são 100 vezes ma is leo Governo Federal mudou de tática: tais do que as armas de fogo possuídas passou a afi rmar que a lei não viera para pe los pais. Imag ino o que pensaria o c idesarmar os c rimin osos, trabalho qu e dadão comum a esse respeito: devem-se competia à Polícia, mas para desarmar proibir as piscinas? mesmo as pessoas de bem, a fim de ev iNão parn desarmar o c1·imi11oso, tar os tais "crimes de re lac iona me nto". mas o cidadão honesto Esse trata mento d a questão, constatável nas e ntrevistas de autoridades, es pec ia lO c ha mad o Estatuto do Desarmamente do Mini stro da Justiça, é ma is cio me nto fo i " ve ndido" à população como que suficie nte para e vide nc iar que, como uma panacéia para acabar co m o c rime
di zia m os nossos avós, o povo "compro u gato por lebre" ao recebe r de seus legislado res o tal Estatuto. Se vingar a pro ibição de comé rc io, a ser votad a no referendo do próx imo di a 23, só se produzirá res ultado contra o c idad ão de be m, aqu ele ho me m ou aquela mulhe r qu e, atende ndo aos requi sitos restritivos da le i (a usênc ia de antecede nte criminal , habi litação técnica e adequado pe rfil psicológico), sinta-se com disposição de possuir uma arma de fogo para defende r, nos casos ex tremos e m que a Força Pública não possa socorrê- lo, a própria vida e a vida de pessoas de sua família. OUTUBRO 2oos
lJIII
-
Os criminosos, compete'•'à Polícia desarmá-los, é claro; mas, e m sã consciência, pela responsabilidade social e ética que me confere m os meus 35 anos de combate ao crime, devo dizer aos concidadãos brasileiros qu e é impossível à Força Policial garantir a vida, a incolumidade física e a propri edade de todas as pessoas de bem, e m todas as partes e por todo o tempo. Sempre haverá uma ocasião e m que algum cidadão, na iminência de sofrer crime por parte de c riminosos armados, não conte co m o socorro do Estado. E é e m tais mo me ntos críticos que advogamos a todos o inali enável direito de autodefesa, nos limites da le i.
Cl'ime viole11to diminui
nas comunidades al'madas Os estudos de Lott e Mustard , da Pública? Como mobilizá-los em defesa Un iversidade de Chicago, demonstraram da Pátria ou das instituições, se não resque o crime violento diminui nas co mu~ tarem senão pessoas que tenham medo nidades armadas, porque o bandido avade armas e que aceitem a paz a qualquer lia os riscos e ópta por procurar vítimas · custo, mes mo que seja a escravidão, a sem capac idade de autodefesa, ou busca dominação estrangeira, a sufocação da o crime patrimonial não-violento, muito liberdade, a tranqüilidade própria dos mais tolerável sob o ponto de vista socimauso lé us? É a isso - a emasculação al. E os estudos de Wright e Rossi, da nacional - que condenaremos o nosso Universidade de Massachusetts, demonsPaís, em curto prazo, se as pessoas distraram que os criminosos, não importa o postas a defender-se passarem às páginas da História. nível de contro le exercido pelo Estado, sempre conseguem as armas de fogo com que agridem a soc iedade. Já ao cidadão Paz e JibeJ'dade só Sel'ãO assegul'a<las pol' gente honesta honesto, o que restará? Depender totalmente do Estado. Mas, se o Estado em A violência, em todas as suas facearmas lhe fa lhar, o que acabará por acontas, é um mal social. Também nós, que tecer, será um cordeiro entre feras: lodefendemos o direito à legítima defesa, bos que já estão, garanto-lhes, afiando compartilhamos do sonho de extirpá- la os dentes. totalmente. A diferença entre nós e os autoproclamados pacifistas é que sabeO Esta<lo não pode arrogal'-se mos que a cultura da paz está muito disem monopólio <la comgem tante no tempo. No mome nto, e nas déNão posso, adema is, deixar de levancadas que viverão nossos filhos e netos, tar a questão mais crucial: o Estado não a paz e a li berdade só poderão ser assetem direito de tutelar a disposição hu - g uradas por gente de bem, armada até os mana para o enfrentamento do perigo; dentes. Não se entende por que as armas não pode arrogar-se o monopólio da codos bravos policiais que nos protegem ragem. Qualquer pessoa de bem que e m nossas cidades, dos bravos so ldados atenda aos restritivos req ui sitos da lei brasil eiros que correm risco de vida na pode exercer o direito natural à autodeForça de Paz do Haiti , são consideradas . fesa e à defesa dos seus. Ainda que isso in strumentos de pacificação - e o são ! caro lhe custe. O que seria de uma nação - enquanto as armas em poder decidacujos c idadãos fossem todos educados dãos comuns, gente de bem que também para a repulsa às armas e ao direito de constró i nossa Nação, são tachadas de defesa? Q uem iri a às fileiras da Força instrumentos malignos. O mal di sfarçaCATO LICI SMO
do projeto totalitário do atual poder talvez explique essa espécie de dialética.
Direito à legítima delesa por meio de armas Combater o crime é investir nas forças que nos defendem. É apare lh ar a Po lícia, fo rmar policiais com qualidade cada vez maior e pagar-lhes salários dignos, não os de fo me que são a regra em nossos Estados. É unir a Força Pública ao povo de modo estreito e indissolúvel. É impedir a cooptação de nossa juventude pelo crime organi zado, oferecendo aos jovens, por meio das políticas públicas adeq uadas, oportunidades reais no mercado de trabalho e na vida associativ a. É acabar de vez com a legislação penal e processual penal len iente, que favorece a impunidade, reforçando o Ministé rio Público e o Poder Judiciário. Mas certamente não é desarmar os cidadãos de bem, eles mesmos frentes indi viduais de resi stência à arrogância dos criminosos. Para terminar, relembro textualmente a Constituição Pastora l Cauclium et Spes e o Catecismo da Santa Madre Igreja: "Em um mundo marcado pelo mal e pelo pecado, existe o direito à legítima defesa por rneio de armas. Esse direito pode tornar-se 11111 dever grave para qu •m é re.1·11011sâvel pela vida dos outros, pelo he111 co11111111 da família ou ela co11·w11id({r/e civil, " • l i 11111 il do 11 11 101 : caloli cismo a ca tolicismo.co m.br
Foi em Nova Orleans que ... Nossa Senhora de Fátima chorou pelo mundo E m 1972, uma imagem da Mãe de Deus verteu lágrimas na cidade hoje arrasada pelo furacão KatrÍna. Aquele milagroso aviso não foi atendido. Aviso apenas para Nova Orleans? Não. Para o mundo todo! Lu1s DuFAUR
M
ais um alerta. Muitos deram de ombros. Já estavam acostumados a furacões ... O Katrina exibia violência inusual: ventos de até 280 km/h. Mas, julgavam, tudo daria certo em Nova Orleans, a "cidade da música e da alegria" - leia-se a cidade do Jazz que preparou o rock anel roll, do vodu,
dos festivais homossexuais que afrontavam a Deus. O mais acintoso de tais "festivais" era o Southem Decaden'"ce (Decadência Sulista). Em 2004 contou com 125.000 participantes e dw-ou uma semana, dw·ante a qual foram praticados atos sexuais em lugares públicos, diante da polícia, da Prefeitura e da Câmara de Vereadores. A provocação foi filmada e a gravação entregue às autoridades. Estas não só não tomaram providências, mas fizeram propaganda encora-
jando mais uma semana de abominações para a edição de 2005 - a 34ª - e esperavam-se 150.000 participantes. Porém...
Prnl'ético pranto de Nossa Senhora A primeira Southern Decadence fora em l972. Naquele ano uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima verteu lágrimas miraculosamente em Nova Orleans. Pela cidade, sem dúvida, mas sobretudo pela humanid ade. OUTUBRO 2005
11111111
-
O Southern Decade nce e ra o mais acintoso
A notícia percorreu o mundo. No Brasi l, um diário paulista estampou impressionante foto (na página anterior). O Prof. Plinio Corrêa de Oliveirn publicou então no mesmo jornal o artigo Lágrimas, milagroso aviso , descrevendo as circunstâncias do fato sobrenatural. Desde 1972 muitos furacões passaram por Nova Orleans, mas nada aconteceu de especiaJ mente trágico. E o aviso de Nossa Senhora fo i sendo esquecido. No mesmo período, muitos - e, al iás, incomparavelmente piores - furacões se abateram sobre a Santa Igreja Católica, soprados pela revolução progressista. Abateram-se também sobre a ordem temporal , sobre o nosso Brasi l, atiçados pelo mesmo espfrito de revolta e de imoralidade que anima o progressismo religioso. Nova Orleans e o mundo fizeram questão de esq uecer o "milagroso aviso", afundaram na vidinha e na cegue ira q ue precede a tragédia. Fo i assi m q ue estava marcada para este ano mais uma semana de passeatas e orgias ho mossexuais do "Southern Decadence" para o 31 de agos to naq uela c idade. Porém , o Katrina chegou dois d ias antes ... 1
Colapso de uma grande cidacle moclenm E nq uanto escrevo, Nova Orleans aglomeração de 1.500.000 habitantes, tercei-
CATOLICISMO
giões, Norman E. Me Swan Jr. , dormia oculto num saco de lixo hospitaJai· no telhado da gai·agem, pai·a não ser apanhado pelos criminosos.5 No estádio Superdome houve até suicídio de um desesperado diante de 15.000 pessoas. Incêndios ocorreram um pouco por toda parte. Os socorristas que chegavam de helicóptero eram recebidos à bala. Policia is e bombeiros abanclonai-am a assistência aos sobreviventes para . ~~~. -=-~-..!... conter os bandos ele dehnqi.ientes e "'~~::_, ":.!.:::..,-::.:::-:i;::: .. saqueadores. O mito cio homem sem ♦ll:~~".!:~~•.1~~1 ♦"" pecado original , bom por natureza, foi '-'"~~;:_-~;;::~ ~~\11 ,u ~...!~'''' mais uma vez desmentido e patenteou a sua hipocrisia. Exaustos e t:raumatizaclos, alguns policiais e bombeiros suicidaram-se. Espantosas e terríveis reações de um corpo social onde a MoraJ foi esquecida! Teria sido muito diferente em quaJquer megalópole moderna posta em circunstâncias análogas? dos "festivais" da cidade 144.000 km 2 de áreas costeiras foram . ro po1to dos EUA - em paite está reduzida arrasadas pelo fw·acão. Em vastas praias de a escombros e vários de seus baÍ.Ims contiquatro Estados as ondas devastaram até mil nuam submersos. Não há energia elétrica, metros terra adentro. Para o governador cio água potável , rádio, TV, telefone ou esgoMississippi, as ruínas de Gulfport, Waveto. Soldados, policiais, bombeiros e socorland e Biloxi evocam um bombardeio atôristas evacuam os últimos residentes. Temico.6 E m B ilox i, "paraíso" das casas ele mem-se epidemias favorecidas pelas águas jogo e da dissolução moral, cassinos flutupútridas onde se decompõem cadáveres, antes foram jogados pai·a o iJ1terior como se animais, plat1tas e toda espécie de objetos fossem simples rolhas, pelo mai· em cólera. que até há pouco faziam o aconchego dos Percepção de um lai-es. É verossímil que a cidade fique clecastigo dM110 se1ta, em grai1de patte durante um ano, mas vozes como a do presidente da Câmara se A imprensa americatia fez freqüentes perguntam se é razoável reconstrui-Ia. 2 aJusões à dimensão bíblica da tragédia. O O "The New York T imes" compai·ou presidente do Conselho de Nova Orleans, o desastre à destruição da antiga Pompéia Oliver Thomas, após ouviJ· uma compai·ae ao recente tsunami asiático. 3 O secretáção da situação da cidade com Sodoma e rio geral adj unto pai·a Assuntos Humanitários da ONU, Jan Egeland, classifico u o Katrina como uma das piores catástrofes naturais da H istória, maior ainda que o tsunami "pela quantidade de casas destruídas e pelo número de pessoas qfetadas ou deslocadas". 4
Gomorra, confidenciou : "talvez Deus vá nos purijicar". 7 O Arcebispo D. AIfreei C. Hughes saiu ela cidade antes ele o Katrina chegar. Hoje tenta reorganizai· o seu clero e fi éis dispersos. Pela primeira vez desde 1725, deixou de haver Missa dominical em Nova O rleans.8 As igrej as estão abando nadas, até mesmo a catedral São Luís.
lnacreclitável o empedernimento homossexual Apesar de tudo, adeptos cio taJ Southern Decadence qui seram real izá-lo, pouco se importat1do com o luto da cidade. Esquálidos magotes ele provocadores homossexuais, lésbicas e travestis desfilaram em Bourbon Street, onde se amontoam lojas pornográficas, bares de nud ismo e prostituição.9 O mesmo anunciaram na cidade ele Lafayette. A par disso, a corajosa TFP americana propulsionou uma campanha de e-mails pedindo ao prefeito a interdição desse infame ato. O prefeito assim dispôs, mas clua dúzias de fanáticos, viol a ndo a norma munic ipal, realizaram um a rre medo cio Southern Decadence. Sócios e correspondentes da TFP de Lafayette rezaram em ato público de reparação a Nossa Senhora da Assunção, padroeira do Estado, atestando o vigor católico que subsiste em meio a esse ambiente de castigo. 10
Uma reedição de Sodoma e Gomoffa "Sodoma e Gomorra" , sintetizou o jornaJista português José Pacheco Pereira. "Esta catástrofe se tornou uma metáfora moral sobre o mal castigado. Quem co-
nhece a sua Bíblia sabe de onde isto vem: do episódio de Sodoma e Gomorra. Deus, na sua absoluta ira, pune com o fogo as duas cidades viciosas. [... ] É uma forma de justiça, não é?" 11 Se isso afirmou um jornalista - arespeito do qual não consta que seja especialmente devoto - o que não deveríamos estar ouvindo dos púlpitos e das cátedras cató licas? Vasculhei a Internet à procura ele qualquer exo1tação ele algum alto prelado católico conc lamando à penitência a propósito do Katrina, a fim ele comunicá-la ao leitor. Apenas encontrei apelos humat1itários à ajuda e à solidariedade aos flagelados, com as notas religiosas ele praxe. Mais nada ... Se o leitor descobrir exortação mais significativa ele algum prelado católico, por favor, me envie. Terei imensa alegria em divulgá-la.
Nova 01'/eans e o mundo estavam avisaclos Neste contexto ressoam opo1tunas, hoje mais cio que nunca, as palavras do P rof. Plinio no artigo acima mencionado, sobre as lágrimas vertidas por Nossa Senhora em Nova Orleai1s: "O misterioso pranto nos mostra a Virgem de Fátima a chorar sobre o mundo contemporâneo, como outrora Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém. Lágrimas de dor profunda, na previsão do castigo que virá. " Virá para os homens de nosso século, se não renunciarem à impiedade e à corrupção. Se não lutarem especialmente contra a autodemolição da Igreja, a maldita fuma ça de Satanás, que no dizer do pró-
prio Paulo VI, penetrou no recinto sagrado. [... ] Não é preferível - pergunto - ler hoje este artigo sobre a suave manifestação da profética melancolia de nossa Mãe, a suportar os dias de amargura trágica que, a não nos emendarmos, terão que vir? "Se vierem, tenho por lógico que haverá neles, pelo menos, uma misericórdia especial para os que, em sua vida pessoal, tenham tomado a sério o milagroso aviso de Maria". 12 •
-
E- mail cio autor: lui sclu faur @ca101ic is111o.co111.br
Notas:
1. "Folha ele S. Pau lo", 6-8- 1972. 2. " La Cro ix", Paris, 9-9-2005. 3. "Thc New York T imes", 3 1-8-2005. 4. " Assoc iatecl Prcss", 1-9-2005. 5. "O Es tado de S. Pa ul o" , 10-9-2005. 6. " MSNBC", 3 1-8-2005. 7 . LifeS it eN e ws. co m. , 1-9-2 00 5, h!!p:// www. li fes ite. ne1/ldn/2005/se )/050901 11.html. 8. "The New York T imes", 5-9-2005. 9. LifeSileNews. com , icl. ibid . 10. h llp ://www.lfp .o rg /w h a l_ we _ cl o/ i ndex/ lou is iana_ fa m i Iies_su ff"cr. hlm . 11 . "O Púb li co", Li sboa, 8-9-2005. 12. "Fo lh a de S. Pa ul o" , 6-8- 1972.
/11imagiJ1áveis ce11as "de fim de mulldo" Após a tempestade, gangues rumadas fizeram ela cidade um cenário dantesco. Refúgios e hospitais viraram infernos, onde os flagelados eram ameaçados, roubado. , assass inados, ou estupradas as mulheres. No hospital Big Charity o chefe dos ·irurOUTUBRO 2005
111111
-
Pequenos episódios, grandes lições
dade que compõe a geração 'Glostora '!" Essa loção, muito em voga na época, era um símbolo bem apropriado de um estado de espírito emoliente, não afeito à luta. Após a conferência de 1944, ouvi outra, desta vez dirigida ao corpo co leg ial. Fiquei encantado, e tive uma desavença com um colega mais velho, o qual , invejoso, disse- me que Dr. Plínio "não respeitava os ecos abruptos" . Ora, esse indivídu o estava atado a regras sem matizes, enquanto eu apreciava o estilo com que Dr. Plínio sabia passar por c ima dessas regras, quando fosse o caso, e adotava um estilo que nada tinha de um academismo pesado e vaidoso. Ao contrári o !
P elas grandes obras e pela doutrina contra-revolucionária de Plinio Corrêa de Oliveira, podemos conhecer a sua vida; mas os pequenos fatos quotidianos nos auxiliam a melhor entendê-lo.
ara esta edição especial em homenagem a Plínio Corrêa de Oliveira no 10° aniversário de seu falecimento, entrevistamos uma pessoa que o acompanhou de perto, desde tempos remotos até seus últimos dias. Solici tamos ao Dr. Luiz Naza-reno de Assumpção Filho que nos falasse acerca do eminente pensador e líder católico . Fomos gentilmente atendidos, com a habitual amabilidade que bem caracteriza o atual Presidente da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição,
conhecem razoavelmente a vida pública e a obra de Plínio Corrêa de Oliveira. Entretanto, para se aprofundar no conhecimento de uma rica personalidade, além de analisar os fatos públicos há necessidade de se esmiuçar sua existência, estudar seu dia-a-dia, investigar sua "petite histoire", os pequenos episódios. Desse modo, podem - se tirar grandes lições e formar uma idéia mais abrangente sobre a personalidade de um grande homem.
Família e Propriedade.
Catolicismo - Em que ano e ocasião o Sr. conheceu Dr. Plinio?
P
O entrevistado nasceu em São Paulo em 1931; ingressou no "Grupo do Plínio" ainda muito jovem, em 1950; destacou - se como um dos primeiros e mais ardorosos propagandistas e colaboradores do
mensário Catolicismo, fundado em 1951; em 1960, já formado em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, foi um dos signatários da ata de fundação da So -
ciedade Brasileiro de Defeso do Tradição, Família e Propriedade, exercendo nas décadas seguintes vários cargos de direção na entidade. As perguntas versam particularmente sobre aspectos do convívio entre mestre e discípulo e a respeito de pequenos episódios da vida quotidiana. Optamos por tais aspectos, pois os leitores de Catolicismo já
CATOLIC ISMO
*
/)1: Luiz Nazam110 de Assumpção /i'ilho:
"Voz brilhante, forte, var011il
e incomum. Extremamente comunicativa e atraente. A exortação feita aos rapazes era fervorosa e sem vislumbrn de pieguice."
*
*
Dr. Luiz - Em 1944. Dr. Plinio fo i à Congregação Mariana do Colégio São L uís fazer uma palestra para um grupo de elite denominado Guerreiros de Cristo Rei. Na ocasião contava eu apenas 13 anos de idade. Catolicismo - O que mais despertou sua atenção nos primeiros contatos com ele?
Dr. Luiz - A voz brilhanle, forle , varonil e incomum - mais tarde vim a saber que ela denomina-se voz de estentor - extremamente comun icativa e atraente. De out ro lado, a exortação feita aos rapazes era fervorosa , calorosa e sem nenhum vislumbre de pi gui · ', d · que c u Linha horror. Ao mesmo Lempo, a li ava uma linguagem e levada, sem temer o cmpr ·go d • neologismos vivos, de que d u um 'X ·111plo : "Nâo sejam como a moei-
ela e zelosa ele sua casa. Seus juízos refletiam o apreço pelas condutas pessoa is que julgava sérias e adequadas. Assim é que, certo dia, ela di sse a Dr Plínio: "Meu.filho, que bom uso f az da herança o Luizinho, comprando revistas como essa ". Guardo del a uma impressão de muita bondade, aliada a uma cerimônia no trato, sem nada de hirto . Pelo contrário, muito ameno. Catolicismo - O Sr. nos desculpe, Dr. Luiz, em fazer-lhe perguntas um tanto pessoais, mas cremos que aos nossos leitores agradariam muito esses aspectos pouco conhecidos de Dr. Plinio por assim dizer, as "petites histoires" - episódios quase que domésticos, ou por vezes revestidos de alguma intimidade, que não se encontram em livros sobre a vida e obra dele.
Catolicismo - O Sr. já conhecia a família de Dr. Plinio antes de seu ingresso no grupo que precedeu a fundação da TFP? Que recordações guarda da família materna e da família paterna dele?
Dr. Luiz - E u conhec ia de nome e de vista um a irm ã e uma sob rinh a dele. Da fa míli a mate rna , tenho recordações de um modo de ser a me no e cerimon ioso, amável , polido e agradável. Da fam íli a paterna co nh ec i, já depois de meu ingresso na pré-TFP, Dr. João Paulo Corrêa ele O li veira, seu pai, personagem muito inteli gente , piloresco a mais não poder, segund o o e stilo pernambucano , tranqüilo e eguro de s i. Era um anc ião muito simpático, que medistinguia co m muita nat uralid ade, e do qual g uardo uma prazerosa le mbran ça. Ass im co mo de Da. Lucília, a quem Deus Nosso Se nh o r o uni ra em l 906. Catolicismo - Que impressão mais especialmente o Sr. guarda de Da. Lucilia?
Dr. Luiz - A de uma senhora muito e muito afetiva, como j amais tinha visto. A "festa" que faz ia ao filho, quando ele e ntrava em casa, despertava em mim a impressão de um relacionamento mãefilh o ac ima dos pad rões qu e conhec ia. Fo i- me dado uma vez, nos ultimíssimos anos de Da. Luc íli a, ouvir de uma sala contígua a leitura que Dr. Plínio faz ia para ela de uma rev ista francesa, "Plaisir de France", que eu comprava e emprestava a e le para entreter sua mãe nos domingos à noite. Explico por que eu ouv ia de longe: Da. L ucí li a estava com a audição debilitada, e seu filho fa lava alto para que ela ouvi sse. O diálogo do filho ad ulto com a mãe idosa era comovedor. Da. Lucília encarnava a dama muito pondera-
Da. Lucilia encarnava a dama muito ponderada e zelosa de sua casa . Seus juízos refletiam o apreço pelas condutas pessoais que julgava sérias e adequadas .
"Guardo de Da. Lucília uma imJJl'essão de muita bondade, aliada a uma cerimônia 110 trato, sem 11a<la de hkto. Pelo COlltl'ál'iO, muito
a111eno. " .
Dr. Luiz - Então reg istro aqui outro ep isód io doméstico: Da. Lucília era exempl ar clona de casa, e se preocupava em manter uma muito boa mesa para seu filho que, por sua vez, era "bom garfo". Uma pessoa da fa mília, comentando com e la o trabalho e tempo que lhe tomava poder sati sfazer Dr. Plíni o, recebeu uma resposta gentil , mas firm e: "É porque Plínio cumpre o dever mais que os outros". Muito bom filho, procurava, apesa r de seus abso rventes afaze res diários - pois costumav a trabalhar co m afinco em s ua vida profissiona l, a lém de ded icar largo tempo à causa católica di strair ·seus pais à hora elas refeições. Sobretudo sua mãe que, em virtude de seu espírito conservador e sério, padecia de isolamento. O mundo se moderni zava, mas ela não queria, com razão, seguir essa tendência. Dr. Plínio, como todos sabem, era dotado de extraordinário dom de conversação. A sua era das melhores prosas de São Paulo. Reservav a assim para sua mãe toda a arte ele entretê-la, pe rmitindo-se, não raro, pequ enas e alegres provocações. Receb ia como resposta um simpl es sorri so. Catolicismo - Durante muitos anos o Sr. privou com Dr. Plinio nos jantares dos domingos à noite, no restaurante Ca 'd'Oro. O Sr. poderia contar-nos algo desses jantares?
Dr. Luiz - Sobre isso Leria muito a dizer. Seleciono um fato significativo. O maftre, de origem italiana e muito esperto, certa noite perguntou a Dr. Plínio se e le conhecia a roda que ocupava uma mesa grande do outro lado cio restaurante. OUTUBRO 2005 -
- Sim, sei quem são, ma~ conheço apenas de nome. O maítre acrescentou: - lá., entre eles, comentam muito o Sr., e o conhecem bem.
simbologia, raciocinava sobre o que comia, ainda que estivesse falando ele outro assunto. Seus pratos preferidos sempre foram as massas e os pães. No Ca'd'Oro pedia geralmente macarrão grati nado, elaborado com farinha vinda de países onde o trigo era de melhor qualidade.
Parou um pouco, e afi rmou:
- Mas também, quem é que não conhece o Sr.?! Com efeito, a mesa era composta por pessoas da mai s alta burguesia de São Paulo. Como é que Dr. Plínio, um homem que colocou o ideal acima cios proventos que poderiam lhe advir ele sua capacidade profi ssional, p0dia chamar tanto a atenção? Estou seguro de que se passava o seguinte: Dr. Plínio tinha o dom da presença; onde entrava, ele marcava o ambiente. Certa vez ele entrou no Ca'd'Oro com muletas, devido ao desastre ele automóvel de 1975, em que os desígnios ele Nossa Senhora lhe sacrificaram sua locomoção normal. U m amigo seu de infância membro ele uma elas melhores famílias ele São Paulo, e muito bom observador - notando a segurança e a superioridade com que Dr. P linio se movia naq uelas condições que de si são penosas, fez o seguinte comentário: "Depois que o
Pl inio Corrêa de Oliveira, tendo a seu lado o ent revi stado num jantar sol ene
pre me lembro das descrições maravilhosas que o Sr. fazia nas aulas". Seus o lhos estavam úmidos de lágrimas ... Catolicismo - Dr. Plínio foi conhecido por ser um excelente gourmet. O Sr., que o acompanhou em diversos restaurantes de São Paulo, o que poderia nos dizer a respeito de seus pratos prediletos?
Dr. Luiz - Respondo com gosto, pois o bem-comer se dilata quando alguém que aprecia a cu linária está na companhia de outro apreciador. No caso de Dr. Plinio, mais cio que um apreciador, ele era quase um filósofo ela gastronomia. Explico-me. Dotado ele alto senso para as considerações metafísicas e para a
'-::m
CATOLICISMO
E a respeito de doces?
Dr. Luiz Para se conhecer o que Dr. Plínio achava cios doces, é preciso lembrar essa preferência que ele tinha pelos pães. O pão ele qualidade, para e le, como que substituía os doces, sobretudo quando acompanhado de uma muito boa manteiga. Sem e mbargo, um bom sorvete ou um doce afrancesado eram ele seu agrado. Catolicismo bebidas?
Plínio entrou, inverteu-se a situação: todos que estavam jantando é que.ficaram de muletas, e ele não". Nesses jantares presenc iei, mais ele uma vez, pessoas que procuravam Dr. Plinio para cumpri mentá-lo, sobretudo ex-a lunos. Uma ex-aluna da Faculdade Sedes Sapientiae (onde lecionara História), junto com o marido e um amigo, acercouse da mesa onde estava Dr. Plinio, e disse: "Sem-
Catolicismo -
"Mais cio que um apreciado,; e/e era quase um fllósofo da gastro110mia. Dotado de alto senso parn as considerações metafísicas, racioch,ava sobrn o que comia."
E quanto a
Dr. Luiz - Dr. Plínio não era especialmente propenso às bebidas a lcoó li cas. Dava-lhes valor, e considerava com adm iração os que sabiam aprec iar certas bebidas. Sei que na transição da infâ ncia para a juventude, em certos momentos de repouso e le itura, gostava ele tomar um vinho doce muito conhecido, o Moscatel de Setúbal, misturando-o à água em proporções que variavam segu ndo os dias. Os correntes ,vinhos ele mesa, tintos ou brancos, não era de seu hábito tomá-los. Como se sabe, um cios elementos do vinho é a acidez, e e le tinha muita aversão a essa característica. Na Itá lia, ele gostava de tomar orchata, bebida composta de um xarope de amêndoas e água gasosa. Todos sabemos que limonada é muito apreciada, porém não para Dr. Plínio. Com seu modo de ser "truculento", rejeitava o limão. Catolicismo - Sobre que assuntos giravam as conversas em tais restaurantes?
Dr. Luiz - Nos últimos anos dos jantares no Ca'd'Oro, eu costumava levar trechos extraídos das memórias do D uque de Saint-Simon c lêlos. O comentários que ele fazia, eu os registrava num pequeno gravador. Eram verdadeiras lições de história viva, pois sempre muito densos e sérios. Catolicismo -
Das inúmeras conversas parti-
culares que o Sr. teve na residência dele, o que poderia nos contar em algumas palavras?
Dr. Luiz - Essas conversas versavam muito freqüentemente sobre São Paulo anti go, critérios de sociedade, de ed ucação, ele finura, e como essas qualidades apareciam e apareceram em pessoas que ele conheceu pessoalmente, ou ele vista ou de nome. O elemento ele comparação era sempre a E uropa, especialmente a França. Dr. Plinio se comprazia em salientar as superioridades cios países que carregavam mais tradições que nós. Não queria com isso nos diminuir, mas sim elevar-nos. Aliás, seja dito de passagem, ele afirmou que, em todo o seu trato, tinha a preocupação de e levar o seu interl ocutor. Catolicismo - Num período em que esteve na direção da Casa de Estudos Nossa Senhora de Jasna Gora, mantida pela TFP e situada no bairro de ltaquera, e não podendo estar pessoalmente com Dr. Plinio, devido à distância daquela chácara, o Sr. conversava com ele por telefone. Por quanto tempo e como eram esses telefonemas?
tumava di zer que para be m resolver os problemas era preciso ter bem c laros os princípios. Ora, os princípios de vicia, os princípios ele ação e os princípios que regem a orde nação das coisas, ele os tinha prec isos, claros, e até mesmo cristalinos, pode-se dizer. Catolicismo Dr. Plinio?
"Possuía em grau
eminente o discen1imcnto dos espíritos e o senso moral. Com esses dois ,·ecw·sos, mesmo sendo leigo, era um diretor de almas incomparável."
Dr. Luiz - Quanto às orientações esp irituais, ele as resolvia como ninguém . Com efeito, possuía em grau eminente o discernimento dos espíritos e o senso moral. Com esses dois recursos, mesmo sendo leigo, ele era um diretor de almas incomparável. Quanto às orientações de ordem prática, cos-
Dr. Luiz - E le era dotado ele uma capacidade de trabalho que e u diria não só invul gar, mas quase inimagin áve l. Com co mpl eto domínio de suas emoções, e habituado a refletir e a pen sar desde sua infância, à medida que a ca usa cató li ca lhe fo i pedindo mais trabalho, não poupou nada de si mesmo. Devo sali entar que, se m a virtude do inteiro domínio de si, não teria s ido poss ível agir e trabalhar como e le. Catolicismo -
E sobre a vida de piedade?
Dr. Luiz - A impressão que clava era de que ele tinha a mente sempre voltada para Deus e para os aspectos mais elevados da ordem criada. Era muito fervoroso em todas as suas devoções, na piedade eucarística, na devoção a Nossa Senhora e na contemp lação da Igreja Cató lica, que tinha por mestra , mãe e senhora.
Dr. Luiz - Rea lmente não sei como agradecer a Nossa Senhora o favor que para mim constituía a chamada diária ele Dr. Plínio. Em princípio, o telefone soava às 10:30h da manhã, e poderia durar até meia hora. Tudo dependia dos horários de le, ele seus programas e ele suas solicitações. Nessas conversações, ele tratava um pouco de tudo. Desde os cumprimentos e perguntas sobre saúde até novidades, faits-divers, pequenos fatos, muitos conselhos espirituais e uma paterna "cobrança" de incumbências. Certo dia, estando na casa dele à Rua Alagoas, percebi que sobre seu criado-mudo, entre outros papéis, havia um em que anotara o que tinha a tratar comigo. Sem ter propriamente uma agenda, era muito metódico, e tinha na memória ou em papéis avu lsos aqui lo que receava esquecer. Ele anotava, e depois "cobrava". Catolicismo - Como o Sr. caracterizaria o modo de Dr. Plinio dar orientações espirituais, conselhos, etc., e o modo de orientar em questões práticas?
Como era a vida de ação de
Catolicismo - Como o Sr. descreveria a vida de pensamento?
Dr. Luiz - Dr. Plíni o era capaz de pensar ininterruptamente sobre assuntos sérios. A um velho companhe iro seu, já fa lecido, e le confessou (por volta de seus 40 anos) que não se lembrava da data em que ti vera o último pensamento chocho. Ou seja, sua me nte estava sempre voltada para considerações e levadas, sérias, próprias à sua vida inte lectual e espiritu al e a seu zelo na atuação contra-revoluc ioná ri a. Catolicismo - Poderia definir o modo de ser de Dr. Plinio?
Não sei como agrade cer a Nossa Sen hora o fav o r que para mim constituía o telefonema diário de Dr. Plin io
Dr. Luiz - Dou um aspecto que exprime muito seu modo de ser. Era muito cerimon ioso. Em certa ocas ião, um interlocutor lhe disse: "Dr. Plinio, não sej a tão ceri monioso com igo, pode ser mais natu ral". Dr. Plinio redargüiu: "É que eu sou naturalmente cerimonioso ... ". Catolicismo - Dr. Plinio gostava mais da vida de campo ou da vida urbana?
OUTUBRO 2005 -
que ele tinha dos povos e da opinião pública, que seria até mesmo difícil de exprirnir em poucas palavras. Despertava muito a atenção o fato ele ele descrever povos de países que não tinha visitado, e dos quais tinha apenas conhecimento por alguma leitw·a, ou por contacto com pessoas descendentes de tais povos. Ce11a vez, com três nisseis membros da TFP, ele fez uma profunda dissertação sobre os diferentes feitios de espírito que via no mundo nipônico. Ora, não seria fácil, apenas através ele contactos com fiU1os ele imigrantes japoneses, penetrar tão a fundo na psicologia desse povo.
Dr. Luiz - Inegavelmente, e ele mesmo o reconhecia, era um citad ino. Não tinha pelo campo nenhuma antipatia, mas gostari a de viver em uma cidade pacata, talvez como a que descreveu em um de seus artigos para a "Folha de S. Paulo", intitulado "Turi smo do sossego". Catolicismo - Que tipo de leitura ele mais apreciava?
Dr. Luiz - É uma pergunta fác il de responder: memórias . Sobretudo memórias de personagens que tiveram relação com amb ientes nobres ou eram eles mesmos pertencentes à nobreza. Entre as memórias, quiçá. ne nhuma despertou tanto gosto e interesse quanto as do Duqu e de Sa in t-S imon. Com efeito, é uma obra das mais importantes ela li teratura francesa; e o esti lo cio autor ia muito ele acordo com o feitio de Dr. Plinio. Como ele nunca reli a algum li vro que não fosse ele estudo, lamentava j á. ter lido Saint-Simon ... Essa obra é mui to extensa: a ed ição em que ele a leu tem aproximadamente 7 mil páginas em papel bíb li a. Catolicismo - O Sr. viajou com Dr. Plinio à Europa. Qual o objetivo da viagem?
Dr. Luiz - Estive três vezes em companhi a de Dr. Plinio na Europa. A ele que mais me lembro fo i a de 1950. Ainda não conhecia a atração que sua conversa despertava. Quando íamos, ele e outros am igos, em um carro ele minha propriedade que eu gui ava, causava preocupação aos passageiros o que estes temiam ser uma incompatibilidade entre a velocidade que eu imprimi a ao veículo e a atenção que eu prestava aos comentários que ele ia fazendo. Mais tarde fiquei sabendo que chegaram a pedir-lhe que moderasse a vivacidade ele suas palavras, em vista do ri sco que temiam. Quanto ao objetivo, Dr. Plinio viajava para estabelecer contactos com ecles iásticos ou leigos que tivessem li gação com o pensamento contra-revolucioná.rio. Catolicismo - Pelas conferências, artigos e livros escritos por Dr. Plinio, podemos notar que ele tinha um senso de observação extraordinário e um como que discernimento das situações criadas na opinião pública, dos quadros políticos que se constituíam em cada país, etc. O que o Sr. diria a respeito?
Dr. Luiz -
~
Digo que era tão vasto o conhecimento
CATOLICISMO
Catolicismo - Em uma palavra sintética, que aspectos Dr. Plinio mais admirava nos povos? Para não tomar muito seu tempo, falemos somente dos europeus. Por exemplo: nos austríacos?
Dr. Luiz - O senso do uni versa l, a capac idade de condu zirem em harmon ia outros povos, capacidade ele síntese e a leveza de espírito no mundo germânico. Dr. Plinio admirando, numa de suas viagens à Europa, maravilhas da Civilização Cristã
Catolicismo -
E nos alemães?
Dr. Luiz - O senso de hierarqui a, ele orde m, a aptidão para compreender a soc iedade orgânica fe udal , a seriedade e o brilho militar. Catolicismo -
Nos franceses?
Dr. Luiz - A luz, a graça, a precisão, o dom da palavra e ela conversa e a aptidão para compreender a Santa Igreja. Catolicismo -
"Era tão vasto o conJ1ecime11to que D1: Plinio tinha dos povos e da opinião ptíblica, que sel'ia até mesmo dil'ícil de exprimir em poucas palavras"
Nos italianos?
Dr. Luiz - O raciocínio claro e muito apto para o estudo e o pensamento teológico. O senso cios universais, que os aj udou através dos sécu los no governo da Igreja. Creio que admirava também o talento artístico e a criatividade dos ita li anos. Catolicismo -
E nos portugueses?
Dr. Luiz - A fé, a bravura, o espírito de co nquista de outros povos para a fé catól ica, o acerto em conduzir o que eles chamavam o Portugal de ultramar. Nos portugueses, admirava também a doçura, o pitoresco e o bom senso. Catolicismo -
Nos espanhóis?
Dr. Luiz - Penso que era o espírito do "si si, no no" , ou seja a tendência deles de radicalizar as posições. Daí uma queixa de Dr. Plinio e m rela-
ção ao regime franquista e ao que se lhe seguiu: promoveram um espanhol aburguesado, indiferente e hedonista. Catolicismo -
E nos ingleses?
Dr. Luiz - Por ocasião da coroação da Rainha, em 1953, Dr. Plínio assistiu ao filme da cerimônia. Não poupou elogios à categoria, ao cerimonial, à solenjdade e à beleza. Eram restos de uma tradição que vinha da Inglaterra católica. Catolicismo - Saindo da Europa para o Brasil, como Dr. Plinio considerava os brasileiros?
Dr. Luiz - Em certa ocasião, escutei o que ele dizia a um brasileiro radicado na Europa, membro da TFP: "As maravilhas todas com as quais você convive, certamente não lhe ofuscam na memória as lembranças de nosso Brasil; veja a bondade, e pen e se há outro país onde ela tenha tanto espaço quanto no Brasi l". Admirava de sua Pátria a unidade na diversi dade, o espírito ágil e de fácil compreensão da síntese de um tema ou de um estudo, embora reprovasse nos seus compatriotas o fato ele não explorarem todos os seu s valores, bem como sua infidelidade à doutrina da Igreja. Ele via o Brasil como uma terra de bênçãos ; e o povo como jeitoso, dócil e destro, podendo aspirar à genialidade cultivando a riqueza das qualiclacles que a Provi dê ncia lhe dispensou. Catolicismo - Sabemos que, se o Sr. fosse narrar as lembranças que guarda de Dr. Plinio - para falar apenas dos últimos dias dele elas preencheriam livros e livros. Mas o Sr. poderia nos contar uma?
"De sua pessoa emanava tanta calma, tanta segurança, tanta fé na vit6ria de seus ideais, que fui levado a concluir: um homem assim já ganJ,ou a Juta"
Dr. Luiz -Assistida por Nossa Senhora, junto a Quem ele está. no Céu, sua obra continua. Apesar da terrível perseguição que sofre a TFP autêntica em nossos dias. As campanhas continuam, como a atual em favor do direito de propriedade e contra a Reforma Agrária. Os que lhe ficaram fiéis não deixaram de reunir-se regularmente, os temas tratados nessas reuniões procuram pautar-se nos ensinamentos e métodos cio mestre. Como que em um abrir e fec har de olhos, 10 anos se passara m, mas sua obra não cessou. Pela perenidade dela, rezamos sempre que nos reunimos. Catolicismo - Desses 1O anos de ausência, de sua privação desse convívio tão intenso com Dr. Plinio, o que poderia nos dizer resumidamente?
Dr. Luiz - Dou uma apreciação muito pessoa l: viver sem o senhorio que di stinguia sua chefia e sua liderança é um sofrime nto mu ito e muito grande. Falei expressamente em senhorio, porque Dr. Plínio se cond uzia como verdadeiro patriarca. Catolicismo - O Sr. poderia dar algum conselho a nossos leitores, na linha daqueles conselhos que Dr. Plinio lhe dava?
Fui até seu escritório e o encontrei sentado no sofá, com uma prancheta, papel e caneta na mão
Dr. Luiz - Dr. Plinio, a fim ele animar ainda mai s aqueles que com ele segui am na luta contra-revolucionária, costumava exclamar: "Vamos! Força, energia, ênfase, resolução!". Assim era, e assim quer que sejamos. •
Dr. Luiz - Nunca imagin ei que pudesse haver tanta serenidade num varão, como observei e m Dr. Plinio. Certa noite, entrei em sua casa e notei que ele estava só, apenas com du as ou três pessoas que lhe faziam o pl antão telefônico e o serviço pessoal. Fui até seu escritório e o e ncontrei sentado no sofá, com um a pranc heta, papel e caneta na mão . Sempre afá vel, sorriu e me apontou uma cade ira para sentar, mas dando a e ntender que não podia interromper o que estava escrevendo. De sua pessoa emanava tanta calma, tanta segurança, tanta fé na vitória de seus ideai s, conjugada co m seu estilo de trabalho tão dife rente da trepidação do mundo moderno, que fui levado a concluir: um home m assim é invencível, já ganhou a luta que importa na vitória de seus ideais. Catolicismo - A obra de Dr. Plínio continua, uma década após seu falecimento?
OUTUBRO 2005 -
■
LEO
D ANIELE
U
m jovem vinha de uma reuni ão do Serviço de Imprensa da TFP, e entrou e m nossa roda: - " Vocês não sabem o que aconteceu! Grandes planos! Dr. Plinio resolveu. que em nossa próxima campanha no centro de São Paulo vamos hastear estandartes medievais iguais aos que servem para decorar nossas sedes! " ReaJmente, até então o estandait e era usado apenas pai·a decoração interna. Nossa sede principal, na Rua Pai·á, em São Paulo, estava adornada com um muito belo estandarte de veludo de seda, confecc ionado em Florença, na Itália; era de um verde-azulado profundo, e nele estava bordado um leão com uma cru z ao peito. Mas não passava pela cabeça de nenhum de nós erguer em plena rua um estanclatte - no século XX, um símbolo de inspiração medieval! A sensação que tínhamos era de que até as pedras do calçamento iam se levantar em sinal de protesto. E de u certo ! No dia 30 de março de 1965, fi zemos a campanha, 1 e e no rmes estanclartes 2 de cor vermelho-sa ngue fora m hasteados nas po ntas cio Vi adu to do C há, com exce lente repercussão. O sol ne les batia e o vento os faz ia ondul ar nobremente. O leão cio estandarte estava vigoro o, desembaraçado, seguro de toda a sua fo rça e di gnidade. In augurava-se o mito dos estandartes verme lhos marcados pe lo leão do urad o, que depo is se ergueri am em dezenas de pa íses e - sublime desafi o - em 6 de dezembro de 1990, na Praça Vermelha, em Moscou, prenunc iando a des integração da URSS.
Esta11<lal'tcS "me<lievais" hasteados 1w moderna São Paulo N as ca lçadas, passava o públi co surpreso. Então, o idealismo é possível?- perguntavam transe untes, mergulhados em seus própri os interesses. Um fo lheto anônimo exprimiu a sensação dominante: "São Paulo f oi assaltado por a17:jos medievais. De repente, surgidos das entranhas obscuras da mitologia, eles in vadem as ruas, dorninam as praças, f ixam posições de ataque.[... ] Não podem.os negar que há certa beleza imemorial nesses estandartes que lembram leões dourados em campos vermelhos". O Viad uto do Chá to rnou-se fam il iar à TFP. Fo i uma espécie de tri buna de mui tas campanhas e de algumas passeatas, planejadas e capita neadas pelo Prof. P lini o. Essa impressionante massa de concreto in augurada em 1938 , com seus 240 metros de comprimento sobre o Vale do Anhangabaú, liga o então chamado "centro velho" ao "centro novo" . É um dos "cartões postais" de São Paul o. O UTUBRO 200 5 -
Em algumas campanhas, os propagandistas escalavam não sem risco! - o segmento superior das quatro grossas_ pilastras que dão sustentação lateral ao viaduto, e que o ultrapassam em altura. De um lado da pilastra, consideravelmente abaixo, estava a calçada do viaduto. Do outro, um precipício sobre o Vale do Anhangabaú, exercendo a perigosa atração dos abismos. No topo, cooperadores da TFP empunhavam estandartes e bradavam slogans em megafones. Diante deles , um pouco abaixo, um formigueiro de passantes surpresos. O arquiteto do Viaduto jamais imaginaria que essas pilastras se transforma.riam em pedestais para proclamação de tão altos ideais!
"O estandarte do leão dourado é o rei da rua " Não muito tempo depois, qu ase todo o imenso Brasil havia tido oportunidade de contemplar essas insígnias medievais flutuando ao vento. Em uma cidade, um cooperador da TFP colheu a seguinte repercussão de um passante: "O estandarte do leão dourado é o rei da rua no Brasil". O público, aliás, familiarizou-se com esse espetáculo. Às vezes ouvíamos: "Deve estar acontecendo alguma coisa grave, porque quando vocês saem às ruas é porque há algum perigo". Apreciação, aliás, acertada.
O iça mento do estandarte pela primeira vez foi um dos marcos mai s importantes da hi stória da TFP. A ent id ade mostrava assim ao público sua im agem, e é um a grande coisa encontrar a própria image m a ser apresentada. Seu perfil se exprimia por inteiro, e publicame nte, em pleno ce ntro de São Paul o - "exportando-se" depois para os cinco continentes. "A audácia é um sinal precursor da vitória", disse o fun dador da TFP. A associação tinha atingido sua idade adulta. Um novo cântico se fazia ouvir: o canticum novum de Plínio Corrêa de Oliveira. A partir de 1969, o Prof. Plín io equipou nossas campanhas com as capas rubras, que respondi am, no peito dos propagandi stas, ao vermelho-sangue dos estandartes. Muito já se tem falado e escrito sobre esses símbol os feli zes - há mesmo quem chegue a falar em genialidade - da altaneria, da cortesia. e da luta doutriná.ria contra os inimigos da Civilização Cristã e da Pátri a. Mas o hasteamento do estandarte de Plínio Corrêa. de Oliveira no centro de São Paulo foi precedido por um longo processo de preparação, que nos faz recuar até 1908, ano de seu nascimento.
Sob a liderança do jovem Plínio Corrêa de Oliveira o crescimento do movimento mariano no Bra sil, especialmente em São Pau lo, foi algo extraordinário
Quem é
o "metteur-en-scene"? Descreve um jornalista carioca: "A TFP estava em sessão de gala. Confesso que, vendo-a de longe, ela me agrada. Há bom gosto nas cores que leva para as ruas, tanto nos uniformes (sic) como nos estandartes. E há um sentido de teatro total nas suas evoluções. Enquanto um rapaz grita num altoJalante apresença de grupos ocultos tramando a subversão da Igreja, um outro, heráldico, esfingético, soturno,faz balançar levemente o estandarte do terror (sic!). Outros correm, em harmoniosa coreografia, em direção aos pedestres que se aproximam, e oferecem um j ornal[. ..]. Vista de longe, portanto, a TFP impressiona pela dimensão plástica, pelo arranjo das cores, pela presença, invisível, de um 'metteur-en-scene' ". O autor dessas palavras, o colunista Oliveira Bastos, da "Tribuna da Imprensa", não oculta sua condição de adversário da entidade, o que o torna insuspeito. E termina dizendo: "Se toda propriedade, se toda família e se toda tradição tivessem um terço da harmoniosa apresentação deste grupo - eis que eu próprio seria capaz de ir para as ruas, estandarte nas mãos, defender estas instituições. [. .. ] Todos querem saber o nome do 'metteur-enscene' do grupo e do desenhista de suas roupas". 3 O jornalista indaga sobre o "metteur-en-scene ", ou
-
CATOLICISMO
-!PASSADO LUMINOSO
seja, quem teria nas campanhas o mesmo papel que o diretor artístico faz numa peça teatral. Talvez ele imaginasse um profissional famoso, pois a "mise-en-scene" das campanhas tem :realmente algo de geni al. O "metteur-en-scene" era Plínio Corrêa de Oliveira. Ele dava a idéia, depois controlava meticulosamente os detalhes da execução, e, além do mais, animava a todos, dando-lhes ao mesmo tempo ampla liberdade de atuação. Foi assim com os estandartes, com a flor-de-lis no alto de seu mastro, a capa, a formação em forma de farpa, o brado "Pelo Brasil! Tradição, Família, Propriedade - Brasil, Brasil, Brasil!". Ele elaborava os slogans que eram proclamados nos megafones, e inclusive orientava como deviam ser entoa.dos.
No começo de tudo, uma infância inocente, sob o olhar materno e inefável de sua mãe, Da. Lucí lia Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira, a batuta fo rmadora de um a governante alemã, e faze ndo seus estudos secundários no Colégio São Luiz, dos Padres Jesuítas. Plínio ingressou no movimento católico em 1928, destacando-se imediatamente. Sua eleição para a Constituinte de 1934 foi quase legendária; ele tinha apenas 24 anos, e obteve sozinho nada menos que 9,5 % do eleitorado paulista. Nos anais ela Câmara Federal cio Brasil, até hoj e apenas um deputado foi eleito com votação percentualmente maior que a dele. Terminado seu mand ato, ele se dedicou ao gigantesco movimento das Congregações Marianas - no Brasil, 25.000 congregações, com perto de 150 mil congregados - do qual foi líder inconteste, à publicação do jornal "Legionário" e a lançar as bases do que ficou sendo chamado de o Grupo do Plinio. O "Leg ionário" tornou-se um baluarte na Juta contra ocomunismo e o fascismo . O Grupo do Plinio exercia influência em todo o Brasil católico. OUTUBRO 2005 -
Uma ameaça, o "kamikaze" e a lidelida<le a uma missão "Plinio! Plinio! Plinio!" - o nome ecoou ao longo do Vale do Anhangabaú. Foi assim que centenas de milhares de participantes do IV Congresso Eucarístico Nacional de l 942, em São Paulo, aclamaram o vibrante discurso do jovem professor. Mas, apesar do grande fe rvor ex istente no Congresso Eucarístico, nem tudo corri a bem nos círculos cató licos. Começava a germinar uma nova mentalidade. Um congregado mari ano, j á naque la época adepto de idéias pré- progress istas, abordou-o: UI DEFES\ D\ - Plínio, ou você adere à nova mentalidade, ou fi cará completamente à margem, porque esta ~(.Í\0 UTÓLICI\ mentalidade avança por toda parte e está prepara~..,:--................. do um trabalho enorme em favor dela. Essa advertênc ia soou como uma ameaça. N o que consistia a "nova mentalidade"? E m conc ili ar a Igreja com o mundo neopagão, reformando o dogma e a moral , as leis eclesiásti cas, a liturgia, o modo de ser católico. E ra o progressismo que ensa iava seus primeiros passos. Seus seguidores desprezavam as devoções ao Sagrado Coração de Jes us, a No a Senhora, aos Santos. Faziam críticas à espiritualidade trad icional de Santo Inácio de Loyola e Santo Afonso M ari a de L igóri o, aos atos de piedade particul ar e à veneração a imagens. Pregavam uma no va liturg ia e m que o sacerdote celebra nte era nivelado ao simples fiel. Por outro lado, o iguali taris mo que professavam abria caminho para o esquerdismo católico. Plínio Corrêa de O liveira, porém, não era homem de se inti midar com a "ameaça" do seu colega de tendências pré-progressistas. Com trinta e poucos anos, ocupando o cargo de Presidente da Jun ta Arquidiocesana da Ação Católica, percebeu que era sua obrigação fazer algo. Depois de estudar os documentos pontifícidos desvios que surgiram depois, e que hoje afligem a Igreja, no os relati vos ao tema, publicou em 1943 o livro Em Defesa da Brasil e em todo o mundo. Ação Católica, refutando o progressismo nascente. O próprio reM as a cl arividência tem um preço: a "ameaça" daque le presentante do Papa, Dom Bento Aloisi-Masella, Núncio Aposcongregado mariano, infl uenciado pela onda da úl tima moda tó lico no Brasil, prefaciou o livro. de certos ambientes católicos, cumpriu-se ao pé da letra. Após Como se sabe, as doenças têm maiores possibiJidade de cura a publicação do livro, uma como que calota polar cercou o se forem diagnosticadas precocemente. O mesmo acontece quanto autor, e ele e seu Grupo foram marginalizados nos meios caaos erros e desv ios. O livro fo i um diagnóstico precoce de muitos tóli cos. o,IOtQJr,LOIMW,1,1:lÃ
"
Mas é o melhor orador do Brasil"
A maneira de falar do Prof. Plínio era clara, bela, mas ao mesmo tempo natural. O encanto das palavras realçava a clareza e a lógica. A locução era fácil e rápida. A linguagem era viva, cheia de imagens. Os pensamentos se sucediam encadeando-se velozmente, formando conjuntos sugestivos, originais. Tinha o dom de perceber o que o auditório apetecia, quais as dúvidas que estavam passando pela cabeça das pessoas, e qual o grau de tolerância delas para algo que as desagradasse, mas que convinha ao orador dizer. Falava quase sempre de improviso, com entusiasmo comunicativo. Um conhecido professor de oratória em São Paulo, J. J. Silva d ' Azevedo, costumava dizer: " O Plínio não segue nenhuma das minhas regras. Mas é o melhor orador do Brasil".
-
CATOLICISMO
O livro div idiu os campos: alguns bispos tomaram pos ição pró, outros contra. Desatou-se uma onda ele calúnias, sempre desacompanhadas ele provas, contra esse núcleo de católicos exemplares. Ass inantes e colaboradores cio " Leg io nári o" começa ram a abandonar o mensário. Dr. Plínio perdeu o al to cargo que até então ocupava na Ação Católica e também a direção do "Legionário". Ele ass im resume os acontecimentos:
Plíni o dec idiu e nfre ntar a ond a esquerdi zante . E laborou um liv ro, ao qual deu o títul o Reforma Agrária Questão de Co nsciência . Co nto u para essa tare fa com a cooperação de do is bi spos e um econo mi sta. A difu são fo i rápida. A prime ira edi ção esgotou-se em 20 di as. Segui ram-se três o utras, torn ando-se um famoso best-seller, inesgotável fon te de argumentos para a polêmica que se estabeleceu e perdu ra até hoje . Atingido em cheio o esquerdismo católico, achava-se lrnvada a própri a marcha do BrasiI rnmo à esquerda. Pois então, como hoje, maus católicos constit11em o principal apoio da esquerda. Foi assim que o Grupo do Plinio ressurgiu , e com prestígio ainda maior. Passo u a rea li zar vári as ca nwanhas em todo o te rritório nacional, não só nas cap itais, mas também em nosso vasto interi or.
"Era um gesto de kamikaze. Ou estouraria o progressismo, ou estouraríamos nós. Estouram.os nós. Nos meios católicos, o li vro suscito u aplausos de uns, a irritaçãofuribunda ele outros, e uma estranheza profu nda na imensa m.aioria" .4 Sim , o prog ressismo não estouro u. Mas não escapou ileso. O progressismo no Bras il , depo is do li vro Em Defesa da Ação Católica, fo i comparado a um leão, vivo e ainda perigoso, mas de apenas três patas .5 E uma fera parcia lmente aleijada ainda é temíve l, mas não representa o mes mo peri go ! Perdeu o me lhor de sua capac idade de ava nçar. Desde l 943 co meço u a de lin ea r-se ma is c lara me nte se u pe rfil de ho me m p rov ide nc ia l: tinh a sido c la ri v ide nte e pre vi sto o ma l logo e m se u nascedo uro. E co mo to do home m p ro vid e nc ia l, te ve ele sentir o tra vo amargo da pe rseg ui ção. M as após um período de isolamento, inaugurou uma nova fase na luta, até que, em 1959, publicou o Livro Revolução e Con-
-11A FORTALEZA SITIADA "O combate travado é pesado; dentro da.fortaleza os .1·0bre viventes são poucos. Os que ainda resistem percorrem. escondidos o parapeito pelo lado de dentro da muralha, atirando detrás, ora de um, ora de outro cadáver. É preciso não apenas lutar, mas se multiplicar!" A hi storieta - que lembra o estil o de Alexandre Dumas, embora talvez seja de outro autor - serviu , certa vez, ao Prof. Plínio para uma descrição da luta de seu Grupo em prol da Civilização Cri stã: o adversário é numeroso e fo1te, mas a luta prossegue, e é preciso multiplicar-se para continuar a peleja. Prestase para descrever o combate do próprio Prof. Plínio entTe 65 e 75. Depois de hastear o estandarte com o leão rompante, no Viaduto do Chá, as campanhas se multiplicaram. E também as conferências, os estudos, as pesqui sas e as publicações.
tra-Revolução.
Obra pmfética no melhor sentido da palavl'a Revolução e Contra-Revolução é sua obra- mestra. Alé m de expor uma doutrina e um prog rama, é o sentido da sua própri a vida. É o li vro-s íntese de seu pensamento, sua bandeira inte lectu al. A ·obra é célebre nos me ios in telectua is, tradiciona li stas e anticomuni stas de todo o mundo, com numerosas ed ições nas princ ipais línguas. O padre Anastasio G utiérrez, eminente cano ni sta e consul to r de várias congregações vaticanas, afirm ou que Revolução e Contra-Revolução é uma obra "profética no melhor sentido da palavra", tal seu acerto. 6 Pouco depois, com base nas idéias expli citada nessa obra, fund ou a Sociedade Brasileira ele Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP).
Rel'orma Agrária - Questão de Consciência Logo depois apresentou-se um grande problema nacional : furi osa agitação em fav or de uma Reforma Ag rária sociali sta, confiscatória e anticri stã.
Problema delicaclo, visto com p1•0/'undo discen1ime11to •
O Conc íli o Vaticano lJ encerrou-se sem uma explícita condenação do co munismo. Afi rma Robe1to de Mattei na excelente e documentadíssima biografia Plínio Corrêa de Oliveira, o Cruzado do Século XX, que o professor brasileiro "sabia com quanta.fácilidade uma mi-
noria organizada pode assenhorear-se ele uma assembléia e impor a própria vontade a uma maioria passiva e desorientada. Foi o que aconteceu. durante a Revolução Francesa e ocorreu. novamente durante o Concílio Vaticano li, não por acaso definido por alguns como 'o 1789 da lgrej a"'. 8 OUTUBRO 2005
-
l -1: JIIICII W D ISIUCI IIIINIIWA /II Dllll"
Na ocasião, uma pergunta'ficou no ar. Seria lícito fazer uma barganha com os comunistas, pela qual estes concederiam à Igreja certa liberdade de culto, atrás da Cortina de Ferro, em troca do silêncio dos católicos sobre seus erros? Estando em Roma dw-ar1te o Concílio, o Prof. Plinio discutiu o problema com alguns Prelados. Concordavam eles que esta barganha não seria lícita, mas achavam difícil prová-lo. Ele se dispôs a fazê-lo, e redigiu o en- ...iil~~llliillii..= saio A liberdade da Igreja no Estado comunista.9 Traduzido em oito línguas, foi distribuído aos 2.200 Padres Conciliares presentes em Roma. Uma grande polêmica se estabeleceu arespeito, sobretudo em Paris e na Polônia. Mas a tese não-colaboracionista do Prof. Plínio foi calorosamente elogiada pela Santa Sé, em Carta da Sagrada Congregação dos Seminários e • Universidades, assinada pelo Prefeito daquele Dicastério, o Cardeal Giuseppe Pizzardo, e pelo Secretário, Mons. Dino Staffa, que depois foi elevado ao cardinalato.
Estuda11do o efeito mágico de certas palavras
"Diálogo ..... diálogo .. ... , palavra mágica para enganar as multidões", proclamava ao megafone, em 1966, um jovem membro da TFP. Com habilidade, ele sabia fazer ecoar de maneira sugestiva a palavra
\
diáááloogoo, que ao mesmo tempo qualificava de mágica. Também hoje em dia há "palavras mági cas", como por exemplo paz, discriminação, ecumenismo, povo. Os órgãos de publicidade em geral as julgam modernas, simpáticas, atraentes. Por isso os conferencistas, oradores ou escritores as empregam com ou sem propósito, a tal ponto que elas se tornam como que amuletos. Daí o termo "palavra-talismã", com que o Prof. Plínio as denomina no livro Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo. Alguém toma, por exemplo, um trem em Curitiba rumo ao Rio, e sem perceber acaba indo parar em Porto Alegre. Essa situação é semelhante à de alguém que muda de ideologia sem que o perceba, uma baldeação que resulta de um prodígio na manipulação das idéias. Existe isto hoje em dia? Como negá-lo? O livro não critica, é claro, o diálogo em si, e menos ainda a paz em si, mas tão só o uso tendencioso desses vocábulos como talismãs.
''A chave de prata" e o conceito de Cristandade
1 J
O livro A Liberdade da Igreja no Estado Comunista provocou intenso polêmico no Polônia, com repercussões no França
Imbatível polemista
SEO H lEl•:.- OI Sfl\fO .SUA $ Af'llll l).
tr
São os próprios inimigos do Prof. Plinio que atestam - involuntariamente, é certo - a segurança de seus juízos. Ele travou não poucas polêmicas em sua vida. Se nessas controvérsias pudessem desqualificálo por desvios doutrinários, falhas de lógica, dados errôneos ou falta de bom senso, não deixariam de fazêlo. Nunca o fizeram. E isso porque era tarefa inviável. Cada um de seus livros é uma espécie de torre inexpugnável. A resposta à sua argumentação sempre respeitosa e cortês foi uma só, até monótona: o silêncio. Nunca houve réplicas. O que demonstra ... de maneira simples a superioridade de sua argumentação, porque, como diz um provérbio grego, "o silêncio é uma declaração". No caso, uma declaração de que a seta atingiu o alvo. 4it f•.!I•••'" :u, A Santa Sé também atestou sua ortodoxia. Pio XII enviou ao professor brasileiro uma importante carta de aprovação de seu livro Em Defesa da Ação Católica, por meio de seu subsecretário de Estado Mons. João Batista Montini, o futuro Papa Paulo VI. Uma Congregação romana qualificou seu livro A Liberdade da Igreja no Estado Comunista de "eco fidelíssimo de todos os Documentos do Supremo Magistério da Igreja". 1 Lendo a carta, Plínio ressaltou que "eco fidelíssimo" era o título que ele mais desejaria para si. E ele o mereceu.
,- 1Nt1bto 1 V•f•f• 'lil ,
U
/if L------
CATOLICISMO
l
O Prof. Plínio, além de escritor e exímio jornalista, deixou 16 livros e mais de 2500 artigos, manifestos e outros escritos. Suas obras têm várias traduções e numerosas edições. Entretanto, além desses livros e artigos, há um enorme acervo de doutrinas ainda inéditas - nada menos de trinta e três mil conferências e palestras gravadas e anotadas! - relativas em grande parte à História, à ordem do Universo e à Civilização Cristã. Não são pensamentos inteiramente catalogados, ordenados, sistematizados. Na movimentada vida de luta que levou, seria impossível fazê-Lo. Ao lado dos livros, esse conjunto inédito seria comparável a um cabochon, ou seja, uma pedra ainda não lapidada. Com o desenrolar do século XXI, o incremento dos estudos plinianos ev idenciará a envergadura de seu pensamento. Neles com certeza se atribuirá grande importância à estreita relação existente entre as idéias e as tendências. Estas últimas "começam por modificar as mentalidades, os modos de ser, as expressões artísticas e os costumes, sem desde logo tocar de modo direto - habitualmente, pelo menos - nas idéias. Dessas camadas profundas, a crise passa para o terreno ideológico". 12 E depois, para o terreno dos fatos . Esta é a teoria pliniana das três profundidades da Revolução: nas tendências, nas idéias e nos fatos. Profundamente religioso, católico ardoroso, seu pensamento entretanto não se desenvolveu no campo da Teologia, no sentido corrente da palavra, a não ser a teologia da História. Ele foi sempre, e convictamente, um leigo católico. Desde muito jovem voltou-se para a admiração entusiasmada da Cristandade. A partir daí, subia para a consideração de grandes verdades metafísicas, e depois para as realidades religiosas. Pretendia elaborar um livro com o título A Chave de Prata. O título se refere ao escudo de armas do Papado, em que se vêem duas chaves, sendo uma de ouro, outra de prata. A de ouro representa a missão sobrenatural de São Pedro; e a de prata, o seu poder indireto (no que diz respeito à moral) sobre os fatos da sociedade temporal. A chave de prata é, portanto, um símbolo muito adequado do tipo especial de poder do Papa na esfera temporal , ou seja, na Cristandade. Como veremos, seu interesse de leigo católico pela sociedade temporal é em boa parte o que o qualifica para o título de "homem providencial", que lhe deu o Cardeal Echeverría.
Nossa Se11llora do Bom Co11sellw de Ge11azzano
- Será que meus amigos não percebem que estou muito doente? Foi o que pensou em 1967 o Prof. Plínio, sentindo-se debilitado e vendo sua figura, muito abatida, num filme documentário. De fato não percebiam, porque ele, sempre muito apostólico e desejoso de animar eus discípulos, disfarçava e não reclamava dos sofri mentos que a Providência lhe pedia. Dias depois revelou-se a enfermidade: uma terrível crise de diabete, com ameaça de gangrena, que o fez internar num
hospital às pressas. O prognóstico mais provável era ter de submeter-se a algumas cirurgias, que seriam cada vez mais radicais e de eficácia duvidosa. Uma primeira intervenção, com amputação de alguns artelhos do pé, foi executada. Um de seus amigos, visitando-o, trouxe uma reprodução italiana, em grande formato, de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano. O enfermo olhou para a estampa Longamente. Depois seu estado de ânimo mudou , mostrando-se mai s bem disposto . Algo de sublime se passou naquele momento, pelo qual ele se ligou estreitamente a Nossa Senhora de Genazzano até o fim de sua vida. 13 A partir daí ele começa a recuperar-se, até retomar suas atividades habituais, sem necessidade de novas intervenções cirúrgicas. Durante a convalescença da crise de diabete, teve de suportar também a dor pela morte de sua extremosa mãe, em abril de 1968. Aos 92 anos de idade, ela exti nguiu-se suavemente, fazendo um grande sinal da cruz.
Um homem providencial Afirma o Cardeal Bernardino Echeverría Ruiz (foto) que a vida de Plinio Corrêa de Oliveira "nos convida a refletir sobre o fato de que, quanto mais intensos são os males de uma época, tanto mais notáveis são as figuras que a Divina Providência chama para os combater, pois seu desígnio é debelar as crises suscitando almas de fogo".'º Vários dos desvios apontados, muito tempo depois, pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, em seu livro A Fé em Crise (1985),já estavam denunciados pelo Prof. Plínio no remoto ano de 1943, quando foi publicado Em Defesa da Ação Católica; e também em várias publicações subseqüentes. Quanto a Revolução e Contra-Revolução, o ilustre teólogo Padre Anastasio Gutiérrez declara que "seu conteúdo deveria ensinar-se nos centros superiores da Igreja". 11 Veremos o que representou para o Ocidente a denúncia planetária feita pelo Prof. Plínio do socialismo autogestionário, bem como o abaixo-a ·sinado de mais de cinco milhões de assinaturas apoiando a independência da Lituânia, nação que serv iu de estopim para a dissolução da URSS. Através dessas iniciativas, fica patente o caráter providencial da figura do grande brasileiro.
OUTUBRO 2005
-
da TFP, um conjunto em gera l de nove jovens numa kombi, sem dinheiro no bolso, mas com muito ideali smo, munidos de estand artes, capas e megafones, a fazer propaganda dos idea is católi cos da entidade pelo Brasil afora. Nessas campanhas - e mencion amos apenas as principais, por fa lta de espaço - tudo é brilho, tudo é movimento, tudo é cor, a serviço de idéias ex postas com lógica e precisão, sob o som penetrante e combativo dos megafones e dos brados uníssonos de hora em hora: Pelo Brasil! Tradição, Família, Propriedade! Cada campanha tinha uma mensagem própria, que variava sempre. Mas havia também out ra mensagem que jamai s vari ava: era poss ível ter fé e coragem apesar da maldade dos tempos. O idea li smo essa forma de nobreza de alma - era ass im enaltec ido com brilho.
Uma li<lei-ança sempl'e presente
J>l'ossegue a Juta: mil/iões de assinaturns Restabelec ido, Plinio Corrêa de Oli veira volta à luta. E le nun ca se limitou a defe nder suas idé ias academi ca mente, mas as co locava ao alcance do grande público, muitas vezes nas ruas. Merece destaque todo especial a epopéia de dois abaixoass inados promovidos por ele: um em defesa da fa mília brasil eira, co m um milhão de assinaturas; dois anos depois, outro, pedind o respeitosamente a Paulo VI med idas efi cazes contra a infiltração comunista na Igreja, que provocav a uma grande fe rmentação nos meios católicos. Nesta campanha de co leta de assinaturas para uma "Reverente e filial mensagem a Paulo VI", pedindo providências, em 58 dias foram co letadas 1.600.368 ass in aturas em 229 cidades do Brasil, co m um total geral de 2.025 .201 , considerando as angariadas na Argentina, Chile e Uruguai. No entanto, o silêncio mais frio e co mpl eto seguiu-se à sú pli ca.
Gl'upos ocultos tramam a subvel'são na lgl'eja No ano seguinte os estandartes da TFP saíram mais uma vez às ruas, para a difusão de um estudo sobre a conspiração enrai zada dentro da Igreja Católi ca, denun'ciando-a com base em importantes documentos da rev ista inglesa "Approaches" e do peri ódico espanhol "Ecclesia". Três di as antes hav ia sido dinamitada e semi-destruída uma sede da organi zação em São Paulo, à Rua Martim Francisco. Inútil tentativa de intimidar o Prof. Plínio, que no dia da explosão estava tomando as últimas providências para o lançamento da citada campanha. Ela se ini ciou como se nada houvesse acontecido! Para esta campanha, ele planejou uma novidade: a divulgação por meio de caravanas. Que é uma caravana? No caso
~
CATOLICISMO
A alguns leitores pode parecer que o Prof. Plínio dirigia a TFP, especialmente nas suas campanhas, como um general bem protegido num quaitel, enquanto nas frentes ele batalha os seus auxiliai·es se expunham aos riscos físicos. É bem o contrário que ocorria. Quando não podia participar pessoalmente elas camp,mhas, desfiles e manifestações públicas, ele se punha ele fato a trabalhar em seus escritórios, mas todos sabiai11 que poderia ser solicitado a qualquer hora pai·a resolver os mais intrincados problemas que surgissem. Quando, por exemplo, explocliu_çle maclrugacla a bomba na sede ela Rua Mrutim Francisco, ele foi acordado, e poucos minutos depois estava no local, tomando todas as providências cabíveis.
Quando participava pessoalmente elas campanhas e mani fes tações públicas, ex punha-se com ga lhardia aos ri scos, como qu alqu er outro, freqüentemente liderando contra-ataques a agressões ele qu alquer· natureza. Em uma campanha pública de divulgação ele obras no centro de São Paulo, durante o auge da agitação comunista, um magote de baderneiros partiu pru·a a ameaça física aos participantes, a fim ele impedir a campanha. Ele então se pôs de frente pru·a esse grupo, completamente desru·mado, e exigiu repetidamente em altos brados: "A rua é de todos!", no que foi logo secundado em coro pelos outros participantes. O grupo de agitadores se dispersou, sem maiores conseqüências.
Oratório: dois jovens rnzam por você Falamos do estampido da dinamite. No local da explosão, no lado externo do prédio, ele fez construir um oratório, no qual entroni zou uma imagem que tinha sido danificada pela bomba, e que passou a ser denominada desde então Nossa Senhora da Conceição, Vítima dos Terroristas. Sem dúvida, uma invocação muito apropriada também para este início do século XXI, tão marcado pelo terrorismo ! A partir daquela data, todas as noites e durante a noite toda, das 19:00 às 6:00 horas - enquanto a sede pertenceu ao Grupo do Plinio, ou seja, durante 35 anos - houve vigília diante daquela imagem. O público que passava pela Rua Martim Francisco se clepru·ava com uma cena sugestiva. Dois grandes tocheiros acesos, um de cada lado do Oratório. Diante deste, um ou dois jovens, ajoelhados num genuflexório colocado em plena calçada e dando as costas para a rua, rezavam o Rosário de Nossa Senhora.
Grande elevação de alma Onde Dr. Plínio estava, não havia tédio. Era um homem muito dotado do ponto de vista humano. Tinha especial capacidade pru·a elevar, mesmo de forma natural, o ambiente em que estava. Sua inteligência era universal , cintilante, dotada de uma grande firmeza de princípios. Amava a História e tinha grande admiração pela Idade Média. Um grande senso estético, não só pru·a obras ele rute, mas também para os objetos do quotidiano. Forte ação de presença. Fino e jovial, calmo e eloqüente, sabia se fazer respeitai· e, ao mesmo tempo, cativar.
Os católicos estão felizes sob Fidel, diz Mons. Casaroli Desde sua mocidade, o Prof. A politica de distensao Plinio havia combatido a política do Vaticano com da mão estendida, lançada pelos os governos comunistas socialistas franceses. Estes prePan, a Tl'JJ: ,ru,;,.... p ~ nuú,Vp tendiam que a Igreja, protetora natural dos pobres e oprimidos, deveria cooperar com os prutidos comunistas, na pretensa luta contra a miséria. Ocorreu uma divisão entre os católicos, que até hoje permanece. Alguns continuaram firmes na antiga posição antiesquerdista; outros apertru·am a mão que lhes era estendida, relativizando a oposição à seita coletivista. Entre essas duas correntes, a maioria católica, perplexa, via atenuar-se gradualmente a oposição ao comunismo. Em 1974, no Pontificado de Paulo VI, um fato novo agravou a situação. Mons. Agostino Casaroli, secretário do Conselho para os Assuntos Públicos do Vaticano, adotava uma política de entendimento com o comunismo. O Cardeal Mindszenty, Primaz da Hungria e herói da resistência anticomunista, foi destituído pela Santa Sé da Arquidiocese de Esztergom, a fim de facilitar a aproximação com o governo comunista húngaro. Por ocasião de uma viagem a Cuba, Mons. Casaroli havia afirmado que "os católicos que vivem em Cuba estão felizes sob o regime comunista ", e que "os católicos e, em geral, o povo cubano, não têm a mais mínima dificuldade com o governo socialista". Poucos dias depois, em 10 de abril de 1974, a "Folha de S. Paulo", jornal de maior tiragem da capital paulista, publicava, como matéria paga, uma ampla declaração das TFPs, de auto0
OUTUBRO 2005 -
outro grande profeta, e ao mesmo tempo grande Doutor, São Luís Maria Grignion de Montfort. A Idade Contemporânea [... ] tem um privilégio maior. Nossa Senhora mesma veio falar aos homens". 17
-m-
o APOGEU, NOS ÚLTIMOS 20 ANOS "Quando a desgraça chega, abre o portal", diz um provérbio russo. Ou seja, as desgraças nunca vêm sozinhas: uma chama outra. Assim foi no ano de 1975. Na estrada entre as cidades de Jundiaí e Itatiba, no Estado de São Paulo, um homem está estirado no asfalto. Ali peito, quatro veículos violentamente batidos (foto embaixo). Procura-se ajuda para levar a vítima a um hospital. O dono de um ca.iTo diz que não deseja manchai· seu estofamento com sangue. Outro é mais explícito: este homem vai morrer, não adia.i1ta fazer nada. Tratava-se de Plinio Corrêa de Oliveira. Vítima de um acidente automobilístico, com vá.rias fraturas, é recolhido a um hospital. E dois dias depois começava a seqüência de operações.
ria do Prof. Plinio. Seu título: A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas - Para a TFP: omitir-se ? ou resistir? Nesse documento, as TFPs externam sua obediência irrestrita à Igreja e ao Papado, nos termos preceituados pelo Direito Canôn ico, e dizem ao Pastor dos Pastores: "Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe". 14 As TFPs afirmavam o direito e o dever de resistir à orientação diplomática do Vaticano, na medida em que esta discrepe da orientação tradicionalmente adotada pela própria Igreja em relação ao comunismo. Essa resistência se haveria de fazer no espírito em que São Paulo "resistiu emface" a São Pedro (cfr. Gal. 2,11). O acatamento à hierarquia eclesiástica, que o catecismo e a mesma Fé nos impõem, não é incondicional; ·ele certamente possui limites, como afirmam todos os teólogos e a própria doutrina da Igreja. Donde ser lícita uma atitude de "resistência": "uma resistência que não é separação, não é revolta, não é acrimônia, não é irreverência. Pelo contrário, é fidelidade, é união, é amor, é submissão". A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé - presidida pelo então Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI - publicou, posteriormente, a Instrução sobre alguns aspectos da teologia da libertação, que definia o marxismo como uma vergonha do nosso tempo. Robe1to de Mattei observa que o documento "pa-
r..m
CATOLICISMO
recia dar razão à declaração de 'resistência ' da TFP e dos católicos anticomunistas de todo o mundo à Ostpolitik". 15
Prol'u11da vi11c11Jação à Sa11tíssima Virgem "A Rússia espalhará seus erros pelo mundo", disse Nossa Senhora em Fátima. É impossível não lembrar estas palavras no contexto do que estamos tratando. Foi com emoção que o Prof. Plinio viu, em 1972, uma foto da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima em prantos. Ela vertera lágrinrns na cidade - hoje tão famosa devido ao furacão Katrina - de Nova Orleans (EUA), e a imprensa diária divulgara instantâneos daquela lacrimação (milagroso aviso não correspondido). E le formou o propósito de não medir esforços para que a imagem viesse em peregrinação ao Brasil. O que realmente ocorreu, no ano seguinte. Daí se originou um vínculo todo especial com Nossa Senhora de Fátima, que prometera ao mundo o triunfo de seu Coração Imaculado. A verdadeira imagem ou fiéis réplicas dela, executadas pelos artesãos de seu Grupo, visitam paróquias e casas pa.iticulares em todo o Globo. O Prof. Plínio assim comenta Fátima: "O Império Romano do Ocidente se encerrou com um cataclisma iluminado e analisado pelo gênio daquele grande Doutor que foi Santo Agostinho. O crepúsculo da Idade Média foi previsto por um grande profeta, São Vicente Ferrer. A Revolução Francesa, que assinala o fim da Idade Moderna, foi prevista por
Ele está liquickulo, diziam seus adversários. E uma revista de grande tiragem chegou mesmo a demonstrar certo regozijo. Lembro-me de sua fisionomia pouco antes da primeira cirurgia. Deitado de costas em uma cama hospitalar, a barba por fazer, o olhar grave e decidido, parecia um guerreiro medieval. Pouco tempo depois, os enfermeiros o vêm buscar, numa maca, para levá-lo à sala de operações. Na po1ta. do elevador, vê um jovem discípulo um tanto abatido: - Então, quinta-feira faremos nossa reunião? - Diz, para o animar. Ma.is uma cirurgia., e o Prof. Plínio pôde ir para casa, mas - • nova provação - o ortopedista prescreve a imobilidade. Uma ca.ina especial, vinda do hospital, parece um instrumento de tortura: no alto, uma espécie de viga, com uma roldana de onde pende um peso, tracionando sua perna mediante um cabo de aço, por 60 dias.
Dirigindo uma campanha do leito <le </oi'
motores tenham querido tirar proveito da sua ausência forçada. Pensavam então que teriam o caminho livre. E se enganaram. Ainda imóvel em sua cama, ele montou uma campanha. Gravou até mesmo a entonação conveniente pa.i·a os slogans que os jovens brada.i·iam. Ele poderia ter dito: "Vou cuidar disto quando me restabelecer" . Não! A campanha foi à rua e constituiu um sucesso. Devido à mobilização da opinião pública, a ofensiva antifamília naquela ocasião foi derrotada no Congresso Nacional.
Ellh.·e11taJJdo mn "est1·011do publiciUHio" Ainda todo fraturado, sem condições de atender ao telefone nem de fazer as refeições sem ajuda, pelo portal largamente aberto entraram novas desgraças. Iniciou-se em todo território nacional um possante estrondo publicitário promovido pela esquerda, visando o fechamento da TFP. Durante
"Uma hora de conversa vale mais que cinqüenta cartas" "Conversava com prazer sobre tudo o que tivesse relação com o mundo cultural ou com questões ideológicas. Suas conversas - com muitas metáforas, ditos de espírito e análises de pessoas, comparações surpreendentes entremeadas de grandes explicitações, mas também, ao mesmo tempo, com características caseiras e despretensiosas - sempre foram consideradas interessantes e agradáveis até por pessoas hostis a seu pensamento, interessantes e entretidas. Um beneditino alemão que ia freqüentemente ao seu escritório de advocacia para tratar de assuntos da Ordem me confidenciou que discordava de quase tudo o que ele dizia, mas julgava sua conversa de tal modo interessante, que nunca perderia a oportunidade de estar com ele. Foi sempre um ótimo ouvinte. "Costumava dizer: 'A gente conversa sobre o que o outro quer, não sobre o que a gente quer'. Atento, paciente e benquerente para com os tímidos, como que mergulhava no mundo dos pensamentos daqueles com quem conversava". Seu primo Adolpho Lindenbcrg, autor das palavras ac ima, afirma que a conve r a foi o ponto forte de seu apostolado. E tem toda razão. "Uma hora de con versa vale mais que cinqüenta cartas", dizia Madame de Sév ig né, famosa prec i amente por suas magnífica mi ssivas ... 16 (Cfr. Plínio Co rrêa de Oli veira - de z anos depois ... )
Ne ta situação, ele toma conhecimento de uma ofensiva divorcista contra a família brasileira. Há quem julgue que os pro-
OUTUBRO 2005
-
"Sou católico, posso ser contra a Reforma Agrária?" Este era o título ele outro livro. Bati a no ponto-chave da questão. E a resposta era po itiva: posso e devo ser contra a
reforma ag rária. O probleina agrário, sempre quente no Brasil, ensejou vári as campanhas, baseada em seus livros geralmente apoiados em uma nutrida parte econômica, a cargo do mestre pela Universidade da Cali fó rnia, Carlos Patrício ele] Campo.
Autogestão, espel'ança <las esquerdas em pa11e
O socialismo autogestionário parecia tomar conta da França e do mundo. Contra ele, Plinio Corrêa de O liveira escreveu sua famosa Mensagem, que alcançou enorme repercussão . Depois disso, a rosa socialista murchou .
o ito meses - o ito longos meses de conva lescença - 1.923 ataq ues fo ram publicados na imprensa. Extenso manifesto, intitul ado A TFP em legítima defesa, reduziu a pó os argumentos adversários. 18 Real mente, foram muitos e graves os info rtúni os em 1975. Deles, aliás, só estamos narrando a linha geral; há detalhes pungentes. No entanto, algo brilha especialmente nesse acidente e nos acontecimentos que se lhe segui ram. Naq uela situação ninguém estranhari a se o Prof. P línio se aposentasse ou dimi nuísse seu ardor combativo: estava com 66 anos, em condições precárias de locomoção. Mas não teve um momento de hesitação : retornou à luta, com decisão. E a retomou como um gigante, com req uintes de combatividade e aceito.
"É nos grandes perigos que se revela a grande coragem", diz um provérbio. Foi na hora de mais essa adversidade que se revelou melhor o ânimo, a têmpera, a fibra; a garra de P lí nio Corrêa de Oli veira enquanto verdadeiro guerreiro. T inha 20 anos de vida pela fre nte. Para quem sabe ver, com certeza foram os mais belos de sua existência. Pois, além de terem sido o mai frutíferos - pois sua ação se internacionalizou - , foram os mais árduos e aq ue les em q ue ele exerceu mais notavelmente sua inquebrantável combatividade.
O guerrniro está de volta ao campo de bata/J,a Se o ano de 1975 fo i crucial para o Prof. Plini o, o fo i também para a situação internacional. Os Estados Unidos passavam pela CATO LICI SM O
humilhação de ver os comunistas tomarem o contro le do Vietn ã, Laos e Camboj a. Os verme lhos d isputava m o poder e m Portuga l e na Espanha, in stalavam-se e m Angola e M oça mbique. No Líbano, começou sangre nta guerra c ivil. P ior do que tudo isso fo i o que se deu no campo da psicologia humana. Diante da multiplicação das catástrofes e ruínas morai s e materiais, o homem ele hoje passa por um processo de como que desistência de pensar - uma espécie de perda da luz ela razão. As coisas não significam mais nada. Os acontecimentos parecem cada vez mais absurdos e sem razão. U m jornalista disse tudo em uma frase con~isa: quem não está confuso, é porque está mal in formado ... Assim sendo, além dos inimigos visíveis, a C ivilização Cristã se depara com um inimigo embuçado: o caos. Daí por diante, este será um componente obrigatório na análise que faz de todas as situações. Além di sto, setores autoproclamados católicos inclinava mse cada vez mais para o esquerd ismo, para o comuni smo e a subversão. Q ue um bispo e todo um setor da Igreja tome m atitudes comuni stas, é sem dúv ida um aspecto do caos na Igreja. D. Pedro Casaldá liga publ icara poesias escandalosamente prócomuni stas. O P rof. Plin io se pôs a campo, e publi cou em junho de 1976 A Igreja ante a
escalada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos Silenciosos, vigoroso brado de a lerta contra a infiltração vermelha na Igreja, uma luz para iluminaJ em meio ao caos. O cenário eminentemente urbano do Viaduto do Chá pre enciou também campanhas sobre temas não citadinos. Uma delas fo i sobre o indigenismo, em 1977, com a difusão ela obra de Dr. Pli nio Tri-
balismo indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil do século XXJ: o títu lo já resume a denúncia que contém.
A atuação de Plinio Corrêa de Oliveira foi ganhando força e tendendo para a cena internacional , na qual , mediante vários golpes de mestre contra a esquerda global, se firmou sobretudo a partir de 198 1. Nesse ano, o pres idente fra ncês Franço is Mitterra ncl, com grande apo io micli áti co, te ntou co locar em moela e m âmbito mundial um novo paradigma: o socialismo
autogestionário. Pela autogestão, queria transformar a sociedade em um conjunto de corpúsculos, simples e primitivos, nos quais tudo seri a comum : bens, trabalh os, frutos, quiçá também as fanúlias . Exa minando essa situação, o Prof. Plínio fez publicar nos principa is jornais do mundo o fa moso encarte de seis páginas, qu e le va o títul o: O socialismo autogestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte? Prova que o social is mo autogestionário, que se ap resentava como uma alternati va para o comunismo, de fato não passava de uma posição ava nçada que daria sustentação a e le . Como cri tério de anál ise, to ma o ensinamento do Magistéri o tradi c iona l ela Igreja, cio q ual c ita os textos pertinentes . Todas as afi rmações e comentári os se baseiam em tex tos cio própri o Partido Socialista Francês. A de núnc ia fo i publicada nos principa is jorna is ele 52 pa íses dos c inco continentes, com tiragem total de nada menos que 33,5 milhões de exemplares, e uma reperc ussão inte rn ac iona l retumbante. As reações iniciais do governo e do PSF foram intensas. A li nha de conduta adotada foi a ele se esquivar sistematicamente à análise do texto-denúncia. Uma das fontes cio Min istério elas Relações Ex teriores chegou mesmo a declarar que "neste gênero de situações, l sempre é mais conveniente não dizer nada ". 22 O " Inte rnationa l Hcralcl Tribunc" descreveu a reação do governo social ista francês: "Em Paris, fontes go vernamen -
r...
tais autorizadas disseram que não esta vam preparadas para responder a esta publicação, mas que elas a estavam estu dando. Absolutamente não há péinico". 23 Com pânico ou sem pânico, o fato 6 que o esquerd ismo "clássico" estava jogando uma grande cartada - talvez a última - no mundo. Essa cartada fracassou, pois o governo Mitterrand recuou . A Mensagem foi publicada em 19 países, mas não na França de Mittcrrancl , por óbvia pressão do governo soc iali sta sobre a mídia. Em conseqüênc ia, as TFPs divulgaram cm todo mundo
um co municado redi g ido pelo Prof. Plíni o, intitulado "Na França, o punho estrangulando a rosa". A repercussão dele fo i intensa. Nas eleições de l982, a opini ão pública fran cesa rej eitou a autogestão sociali sta. E ela foi arquivada. A Hi stóri a do mundo seri a outra, se o novo paradi gma autogestionário tivesse se firn1 ado e difundido por todo mundo, co mo estava nos pl anos.
Estimulando a católica Es1>anha A campanha contra o sociali smo autogesti onário era uma pro va ele que o P rof. Plíni o muito apreciava a F rança - "este sonho que põe o mundo a sonhar" - e as diversas nações européias, e por isso queria vê-las livres cio sociali smo. Como grande admirador de tudo o que é saudave lmente típico, apreciava muito as diversidades entre os po vos e sabia val ori zar com admi ração e amor todas as nações. Po r esta e outras razões, ele tinh a grandes restrições a um europeísmo muito em voga em nossos di as, e o criticava: "Que-
rem fa zer dos países que outrora constituíam a Cristandade cadáveres de nações j ogadas na vala cornum da Federação Européia". Especia lmente querida era a cató lica Espanha. Observava q ue, se ne la "o f ervor se apagasse, a Espanha se apagaria da lista das nações". Por isto inspirou e incentivou vivamente uma Comi ssão de Estudos de TFP-Covadonga, a qu al em 1988 preparou e lançou com sucesso o livro "Espaíia - anestesiada
sin percibirlo, amordazada sin quererlo, extraviada sin saber/o - la ob ra dei PSOE" (Partido Soc ia li sta Espa nhol) . Mostrava que, na década de 30, enfre ntava m-se na Espanha
Um "expert" em fisionomias Não longe da sede do Grupo do Plinio hav ia uma igreja j unto à qual se arrimava m a lgu n mendigos, geralmente bêbados. O Prof. Plínio gostava de observá- los, "porque percebia no fundo dos olhos de-
les uma centelha. E essa centelha da alma humana no fundo do lodo e da sujeira continha um particular elemento de realce". 19 "O homem contemporâneo não sabe entender a beleza de uma alma. Não sabe entender quão bela é qualquer alma, a alma do último maltrapilho que se encontra bêbado na rua ". 2º Ele possuía um grande senso psicológico, e num re lance via as potencialidades das pessoas que encontrava, mesmo as mais simples, tanto para o bem como para o mal. Dizia: "O conhecimento das fisio-
nomias é a mais alta forma de cognição que o homem pode ter na Terra".
OUTUBRO 2005
-
Uma comissão inter-TFPs} tendo à frente o Dr. Caio Vidigol Xavier do Silveira , entregou o abaixo-assinado ao Presidente lituano Vytoutos Londsbergis, em 4 de dezembro de 1990 (foto à direito). Dois dias depois, o glorioso estandarte do TFP foi desfraldado na própria Praça Vermelha, em Moscou .
Um colosso assim estruturado tem evidentemente pés de barro. E, quanto mais cresce, mais está prestes a cair".21 Disso lvida a URSS, ele não se deixou levar por um otimismo sem fund amento, e declarou: "No meu modo de ver, o comunismo está simplesmente numa fase de metamorfose". E, como que vendo no horizonte as manobras ditatoriais de Putin e da China, acrescentou: "Esto u persuadido de que, se realmente o comunismo continuar sobrevivendo por meio da presente metamorfose, notar-se-á, dentro de não muito tempo, que é o mesmo comunismo, igual ao que semprefoi ". 28
A nobreza, as elites análogas e o futuro Mas seu programa de ação não se .limitava ao combate ao comunismo. Ele desejava ardentemente a implantação sobre a Terra de uma Civilização Cristã. E m 1992, três anos antes de sua morte, realizou um desígrüo que tinha desde os anos 50: publi car um trabalho sobre o
"Corriere dell a Sera" de Milão (7-3-90), em "O Dia" de Lisboa, e numerosos jorn ais da Améri ca do Sul. Ele interpela os dirige ntes dos PC s di sse minados pelo mundo livre e pergunta se nada tinh am vi sto, no constante contato que mantiveram com Moscou. E, "se conheciam o trágico fra casso do comunismo, por que o queriam para suas pátrias ?". uma posição católica militante e um anticlericalismo furibun do. Poucas décadas depois, passou a reinar um estado de apatia generalizada, que tornou possível a revolução socialista. O livro analisava com maestri a como ocorreu essa surpreendente transformação .
Nos EUA, "o estrai1ho direito de h1sultar a pátria" Em Revolução e Contra-Revolução, Plínio Corrêa de Oliveira insiste na manutenção de todas as sadias características locais em qualquer terreno, na cultura, nos costumes, etc., e portanto defende o patriotismo, embora sem "o caráter de depreciação sistemática do que é de outros, nem de adoração dos valores pátrios como se fossem desligados do grande acervo da civilização cristã".24 Por isso, acompanhou com indignação o noticiário da atitude de Gregory Johnson, que queimara publicamente uma bandeira americana no Texas. Inicialmente ele estimulou e depois apl audiu a atitude da TFP norte-americana que, em plena Quinta Avenida, em Nova York, e em todo o território norte-americano, coletou assinaturas pedindo a proibição legal da queima da bandeira nacional (1989). O texto indaga: "É eqüitativo, é lícito, é digno que um cidadão aqui nascido a odeie? É lícito que a insulte? Que a destrua ? Tem nosso país o direito de se deixar conspurcar de tal maneira em seus símbolos e suas honras? Entre as liberdades constitucionais norte-americanas está a de esbof etear os símbolos da Nação ?".
111111111
CATOLICISMO
Se esti vesse vivo, ele se agradaria sabendo que em 2001 , após o Jutuoso atentado às torres gêmeas, houve um verdadeiro fes tival de incontáveis bandeiras americanas ondul ando por toda parte, à janela das casas particulares, no alto dos prédios, na antena dos carros e até no alto dos guindastes. Os Estados Uni dos tinham mudado, e para melhor. Ele saudava com freq üência o acerto e o an1plo progresso da TFP americana: "É uma verdadeira razão de contentamento, pois, de todos os países, excetuando o Brasil, aquele em que a TFP mais se desenvolveu foram inegavelmente os EUA. Não foi a Espanha heróica, não fo i o Portugal querido, nem a França incomparável, nem a queridíssima Alemanha, nem a veneradíssima Á ustria, nem a Itália, mas fora m os EUA. Isto é uma graça muito grande" .25
Face às 1·11ín as do Muro de Berlim O mundo assistiu aliviado à queda do Muro da Ve rgonha. O movimento comun ista internacional passou por uma espécie de terremoto. O acontecimento representava uma ocasião propícia para uma refl exão em profundidade sobre a curva da História. Além disso, os culpados deveriam ser responsabilizados. Com esse intuito, Plinio Corrêa de Oliveira lançou o manifesto Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio. Foi publicado no jornal de maior tiragem dos Estados Unidos, "The Wall Street Journal" (27-2-90), no
O maiol' abaixo-assinado da ·11istól'ia Outro golpe de mestre fo i a campanha pela independência da Lituânia. Em 1989, sete anos após o "arquivamento" do sociali smo autogestionário e depois de ruir o Muro da Vergonha, restava ainda sini stra, cinzenta , ameaçadora, uma rea lidade chamada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A in surreição pioneira da peq uena Lituâni a fo i o estopim da exp losão que frag mentou o grande império vermelho, fa to reconhecido uni versalmente. Disse-o, por exemplo, o britânico Eric Hobsbawm, tido como um dos mais famosos historiadores de nosso tempo: "A Lituânia testou as águas [do secessioni smo dos países da então URSS] com uma provocativa declaração de independência total em março de 1990". 26 Plínio Corrêa de Ol iveira lançou um abaixo-assinado internac ional apoiando a Lituâni a, que atin gi u mais de 5 milhões de ass inaturas: o maior até aquela época, o que foi devi damente ate tado pelo livro internacional dos recordes, o Guiness Book. Assim começou o fim da URSS e assim e cumpriu uma previsão feita cm 1969: "Não me farto de insistir sobre a insensibilidade da opinião pública à propaganda comunista. De Marx a nossos dias, os comunistas só conquistaram o poder e só se mantiveram nele pela f orça. Jcunais pela persuasão. Quanto mais estendem seu poder, tanto mais se lhes torna difícil manter sob jugo o crescente número de suas vítimas.
"Pessimólogo" Era o lançamento de urna campanha no Viaduto do Chá. O Prof. Plínio deu início aos trabalhos . Os jovens se dirigiram para os locais pré-fixados , e a campanha começou. Ele ficou no local por alguns instantes com um grupo pequeno, analisando com olhar aparentemente distraido o público que passava. A horas tantas, di sse: esta campanha não vai ser como a do ano passado. Os transeuntes estão diferentes, a opinião pública está mudada. Vai ser um trabalho difícil. E ocorreu exatamente como ele tinha dito. Um máximo de acerto com um mínimo de dados ou indícios. Ele dizia que não era nem otimista, nem pessimista, mas "pessimólogo", ou seja, um homem consciente de que o péss imo, em nossos di as, acontece com relativa freqüência. A "pessimologia" sempre o ajudou a ser um homem realista de ação eficiente. Para dar outro exemplo, a humanidade ainda considera com espanto o atentado que em 2001 destruiu totalmente as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Oito anos antes, quando uma bomba muito menos possante foi colocada no mesmo local, matando seis pessoas, ele comentou: "No fundo, é uma mensagem aos EUA: Entendam que vocês podem ser atingidos por esse processo. E que isso acontecerá a qualquer momento". Externava uma preocupação: quem sabe se dentro de algum tempo "não vem a mesma mão criminosa e repete o mesmo atentado". 21
OUTUBRO 2005
-
-
generosidade, coragem, qualidades que podem florescer em todas as classes sociais, e que caracterizam a nobreza de alma. Nobre za e elites tradicionais análogas recebeu o aplauso de quatro Cardeais: Mário Luigi Ciappi, Sílvio Oddi, Alfons Maria Stickler e Bernardino Echeverría Ruiz. Nos Estados Unidos, o livro foi apresentado em Washington, no Hotel Mayflower, perante um público de 850 pessoas. Retumbantes lançamentos se sucederam na Itália, França, Espanha e Portugal. Em Roma, repercutiu vivamente na imprensa. O jornal comunista "L'Unità", da Itália, entrevistou a Princesa Elvina Pallavicini: A Princesa: "A única salvação é o retorno aos valores verdadeiros". "L'Unità": "E quais seriam estes, Princesa?" A Princesa: "Tradição, Família e Propriedade, naturalmente". 31
Uma promessa, uma esperança, uma missão póstuma
O último livro publicado por Pl\nio Corrêo de Oliveira, Nobreza e Elites Tradicionais Análogos, foi lançado em diversos cidades do Europa e do~ E:todos Uni_dos. A esquerdo, lançamento no Hotel Moyflower em Washington . No f~to ~ire1to, o port_ir do esquerdo, o Arquiduque Martin de Hobsburgo, o Cordeai Alfons M . Stikler, o Príncipe Carlos de Borbon S1cil1os e o Arcebispo português D. Custódio Alvim Pereira prestigiaram o lançamento em Roma, no Palácio Pollovicini .
~º-
papel da aristocracia e da nobreza na sociedade. A magistral obra recebeu o título Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana. Foi traduzida para o inglês, o francês (duas edições), o italiano e o espanhol. Analisa a formação da nobreza medieval e pós-medieval, e conceitua o papel das elites tradicionais análogas inclusive nos dias de hoje. Através do exercício da liderança, se destilam naturalmente as elites e, numa etapa posterior, a nobreza. Os erros do igualitarismo, em sentido contrário, geraram a sociedade massificada de hoje. Ele vê com bons olhos o aparecimento de novas elites:
"A existência das elites aristocráticas, em lugar de excluir ciumentamente, tacanhamente, o florescimento pleno de outras elites, pelo contrário, serve-lhes de padrão para fecundas analogias, e de estímulo para fraternos aprimoramentos".3º Desejava escrever um livro sobre o povo, simétrico ao que escreveu sobre a nobreza, mas a morte o colheu antes. Nessa obra, discorreria sobre a sociedade orgânica, ou seja, uma sociedade toda ela inspirada na Lei natural, nem totalitária, nem liberal nem igualitária. É provável que discorresse sobre a Civilização Cristã e o idealismo cristão, que proporcionam o pleno florescimento das classes populares. Idealismo que é desinteresse, entusiasmo,
O ilustre brasileiro foi chamado por Deus a 3 de outubro de 1995, tendo recebido os sacramentos da Igreja e a bênção papal. Como já foi afirmado acima, o Cardeal Bernardino Echeverría Ruiz observou que a vida de Plinio Corrêa de Oliveira "nos convida a refletir sobre o fato de que, quanto mais intensos são os males de uma época, tanto mais notáveis são as figuras que a Divina Providência chama para os combater, pois seu desígnio é debelar as crises suscitando almas de fogo" .32 Desapareceram os intensos males de nossa época, de que fala o Cardeal Echeverría? Vai desaparecer a ação pliniana contra tais males? Muitas respostas podem ser dadas . Mas prefiro um critério mais seguro, meramente descritivo. * Antes de tudo, é preciso notar que o antiplinianismo difundido por certa esquerda continua. Há um preconceito, uma prevenção contra o Prof. Plínio, que não esquece sua integridade, não perdoa e não transige. Se ainda existe o antiplinianismo, é porque - não há como escapar - a irradiação pliniana também continua. * Outro fato é a presença do livro "Revolução e ContraRevolução", com sua análise profética do nosso tempo. O diagnóstico contido em "Revolução e Contra-Revolução" vai se revelando cada vez mais atual , com o pas ar do tempo. A onda c_onservadora que hoje ganha o mundo pede apreciações objetivas, e é o que na obra sobeja. Um diagnóstico acertado dura enquanto permanece a doença. Este princípio confere um brilho cada vez maior a "Revolução e Contra-Revolução". Nele há um diagnóstico impecável ~a imensa crise que abalou a Igreja e as nações no nosso tempo. E por isso que o teólogo Padre Anastasio Gutiérrez o qualificou de profético. Se a crise permanece, "Revolução e Contra-Revolução" também permanece, como que de pé diante dela. E com o livro, a figura de seu autor. * Ao lado do ensinamento, permanece o exemplo pessoal
de seu autor: seu espírito de luta - sempre elevado e cordial, cheio de fé e coragem - fazendo lembrar a antiga cavalaria. E o exemplo é outra forma de ação. * Sempre ativa, se expande continuamente a família das associações co-irmãs e autônomas da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade, da qual o Prof. Plinio é inspirador e mentor intelectual. Essa família hoje se estende por muitos países. Além de atuar vigorosamente no sentido contra-revolucionário, sua simples presença edifica os que lutam contra os erros modernos, e ao mesmo tempo causa incômodo à Revolução universal. Como dizia o conhecido
Um movimento formado por filhos Numa visita ao Congresso Nacional, em Brasília, em torno de uma mesa estão o Prof. Plínio, elementos de seu Grupo e alguns políticos de grande destaque. Sorrindo, ele interpelou seus seguidores, pedindo que dissessem se alguma vez lhes tinha prometido carreira, cargos ou dinheiro. A resposta, também sorridente, foi enfática e negativa, o que encheu os políticos de espanto ... quem sabe até de inveja! Mas se não era carreira, cargos ou dinheiro, então o que levava muitos jovens a dedicar-sefull-time ao Grupo do Plínio? A remar contra a correnteza? A ir às ruas em campanha, sob o sol escaldante, com o risco de serem agredidos? Qual era a fonte de seu desejo de atuar, sem promessa de carreira, cargos ou dinheiro? Não abordar este tema, seria deixar uma lacuna na presente exposição. De um lado, havia a ação da graça. Basta lembrar que, de ordinário, no Grupo do Plinio todos se consagram a Nossa Senhora, segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort. Como líder católico, congregado mariano e terceiro carmelita durante toda sua vida ele rezou o rosário diariamen~ te; praticou e propagou as principais devoções a Nossa Senhora. Entretanto havia outro elemento: em relação aos seus seguidores ele era um pai. E sem espírito filial não se pode entender certo tipo de zelo. É conhecido um fato ocorrido após a batalha de Aljubarrota (1385). Alguém perguntou a um soldado como tinha sido possível a 7 mil portugueses vencer as forças inimigas, de 35 mil homens. Ele respondeu: "Nosso rei venceu, porque seu exército não é de soldados, mas de filhos". Essa resposta, com as devidas adaptações, esclarece bem a questão. O "exército" de Plínio é um "exército" de filhos .
CATOLICISMO OUTUBRO 2005 -
A plenitude refletida em um homem Ao termjnar esta leitura, é possível que fique a sensação confusa de ter lido, não traços de uma biografia, mas de várias: afinal de contas, Plinio Corrêa de Oliveira foi um pensador ou um homem de ação? Um ideólogo ou um mestre em propaganda? Um lutador ou um sofredor? Um paciente ou um inconforme? Um juiz ou um pai? Um polemista ou um apóstolo da bondade? Um "pessimólogo" ou um entusiasta? Um espírito ardoroso ou um homem calmo? E assim por diante. Para se retratar a realidade, seria preciso constatar: ele somava todos esses perfis. Compreendeu-o o conhecido publicista católico e historiador polonês Prof. Jacek Bartyzel, que afirma: "Plinio Corrêa de Oliveira foi um homem completo, apóstolo da Contra-Revolução, em cuja alma havia a gravidade de São Pedro, a sabedoria de São Paulo, a visão de São João, o intelecto do Doutor Angélico, a doçura do Doutor Seráfico, o místico ardor do Doutor Melífluo. E nisto exatamente consistia a excepcionalidade desse extraordinário batalhador da Ecclesia Militans ". 29 Estas características conferem à alma de Plinio Corrêa de Oliveira algo de inedutível ao convencional e conente. Curiosamente, a própria etimologia do nome Plínio indica esta característica. Assim como o nome Inácio vem do termo latino ignis, fogo, Plínio deriva de plenus, ou seja, pleno, completo, inteiro.
especialista em sociologia e propaganda política Jean-Marie Domenach, "não há melhor agente de propaganda que uma comunidade de homens vivendo dos mesmos princípios em uma atmosfera de fraternidade". Ora, tal família de associações é um prolongamento da presença de Plinio Corrêa de Oliveira. * Os homens contemporâneos estão saturados de problemas, inquietos, cansados, desencantados, à procura de algo que não sabem exprimir. Deveriam ser ainda muito mais numerosos os que conhecem Plínio Corrêa de Oliveira e sua obra. Mas ele foi, como sumari amente se mostrou, a melhor expressão desse algo tão desejado: por sua vida, seu ensinamento, sua ação, seu espírito. Ninguém sabe o que poderá ocorrer quando se der o encontro bendito das populações, que procu ram algo , co m este mesmo algo que alguém lhes oferece. * No entanto, o principal não é palpável nem mensurável. "Legenda" e "mito" são palavras escorregadias, pois têm vários signifi cados e podem indicar meros produtos da fantasia. Mas , tomadas essas palavras em seu sentido legítimo, pode-se dizer que Plínio Corrêa de Oliveira é hoje um mito, uma le-
'-E
CATOLICISMO
genda. E uma legenda carregada de esperança. Ele continua presente.
E a vitól'ia? E a vitória? No sa Senhora a prometeu, quando di sse: "Por fim, meu Imaculado Co ração triunfará". Lembro-me de que o Prof. P lini o terminou um discurso com esta frase, acrescentando: "E triunfará mesmo! " "The song is out'' - a canção da modern idade chega a seu fim . Cada vez mai s pessoas percebem que essa toada fez seu tempo. Com muito acerto, até a chamada "vanguarda" recon hece hoje o que chama de "decadência do futuro": "O futuro está doente", diz Edgar Morin. E um cantor popular brasileiro complementa, com espírito: "O futuro não é mais como antigamente .. . " Ao mesmo tempo, os tons graves, suaves, nobres do cântico novo de Plinio Corrêa de Oliveira pairam sobre o Brasil e o mundo de hoje, e nos dizem algo sobre o triunfo de Nossa Senhora. Ela "triunfará mesmo !" • E- mail do autor: leodaniele@catolicismo.com.br
Notas: 1. Fo i divu lgado o ensa io A liberdade da Igreja no Estado comunista, de que falare mos adiante . 2. T inham 4,5 m, e seu ma stro 6 111 . 3. "Tribuna da Imprensa", Ri o ele Jane iro, 26-7- 1969. 4 . "Fo lha de S. Paulo" (doravante FSP) , 15-2- 1969. 5. E lo i de Maga lhães Taveiro, Para evitar as prescrições da HisLória, Catolicismo, nº 270, junho/197 3. 6. Parecer emitido em 8-9- J 993 . 7. Serviço de Documentação da TFP, Um Homem, uma Obra, uma Gesla , Ecl. Bras il ele Amanhã, São Pau lo, 1989, p. 239. 8. O Cruzado do Século XX (doravante CSV), Ecl. C ivil ização, Porto, 1997 , p. 278 . 9. Republicado com o títu lo: Acordo com o regin,e co111 1.1n.ista : para a Igreja, esperança ou au1odemolição? 1O. Plinio Corrêa de Oliveira: apóstolo insigne, polemista fogoso e intrépido, in Calolicism.o , nº 542, fe ve re iro/1996. I 1. Parecer emitido e m 8-9- 1993. 12. Revolução e Conlra -Revolução, I, V . 13. C fr . do Prof. Plín io Una Dichiarazione, in "Madre dei Buon Co nsigli o" , Genazza no, julho-agosto ele 1985, p. 28. 14. FSP, 10-4- 1974. 15. CS Y, p. 299. 16. Ca rta a Pierre Linct, 25-3- 1649.
17. Plínio Corrêa de O li ve ira, prefác io à obra de Antoni o Augusto Borelli Machado, As aparições e a mensagem de Fálim.a confor111e os manuscrilos da Irmã Lúcia. 18. FSP, 2 1-29-3 0/5/1975. 19. A Sede de Almas, C IRC. vn, nº 5. 20. ldem, CJRC. VII, nº 5. 2 1. 3-7- 1992. 22. "Jeun e Afrique", Pari s, 3-3- 1982. 23. 1 1- 12- 198 1. 24. JI, XI, 3. 25. Reuni ão para uma comissão de estudos sobre assuntos america nos, p. 11 4 . 26. Era dos Exlremos. Companhia das Letras, São Paul o, 1998 , p. 476. 27 . FSP, 10-9- 1969. 28. "Ex preso" (Guayaqu il , Equador), 3 1-5- 1992. Declaração aná loga domesmo autor pode se enco ntra r no "D iari o Las Americas" (Mi ami , US) , 145- 1992. 29. In trod ução da tradução para o polonês da obra ele Roberto de Mattei, Plinio Con "êa de Oliveira - O cruzado de Século XX. 30. P. 143. 3 1. Nobreza e elites tradicionais análogas, C ivili zação, Porto, 1993 , p. 22. 32. Plin.io Con -êa de Oliveira: apóstolo insigne, polernista fogoso e intrépido, in Catolicismo, nº 542, fevere iro/! 996. 33. Jean-Marie Domenac h, La Propagande Politique, PU F, Pari s, 1973 , p. 67.
OUTUBRO 2005
-
-
maneciam ambos longos mo mentos junto à grande e bela imagem que naquela igrej a se venera. Nascia também em Dr. Plínio essa profunda devoção, e ele se di rigia à image m com o um menino de quatro anos que conversasse com Nosso Senhor. Quando tinha por volta de 12 anos, Dr. Plínio passou por um aperto espiritual, em que se sentia indigno de aproximar-se daquela imagem. Desolado, no fundo da Igreja, fo i ele à nave direita, onde havia uma imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, e e pôs a rezar a Salve Rainha. Em sua tenra idade, interpretou a invocação Salve Rainha por "Salvai-me, Rainha", o que lhe trouxe uma grande consolação interior. Parecia que Nossa Senhora lhe sorria. Na seguinte inv ocação dessa bela oração, Mãe de misericórdia, ele pensou: "mas é disso exatamente que preciso" . Depo is,
vida doçu ra e esperança nossa, salve:
Plinio Corrêa de Oliveira, um contemplativo Realizando monumental obra, que exigiu atividade ímpar, mesmo na voragem de intensos trabalhos, ele nunca abandonou um modo de ser todo posto na contemplação das coisas mais elevadas, muito acima da agitação da vida moderna □ F ERNANDO ANTÚNEZ ALDUNATE
ui to se te m anali sado P lini o Corrêa de O liveira como ho me m de ação. O que é verdade, ficando no entanto sem maior destaque o que me parece ser a fo nte da qual brotava toda sua atividade de luta em prol da C ivilização C ristã. Ela nascia de uma profunda vida espiritual, de contemplação e oração. No fragor da batalha, em ati vidades que lhe preenchiam todos os dias até as três horas da madrugada, ele era um contemplativo, mesmo em meio a tantas ocupações. CATO LI C I SM O
O Prof. Ro berto de Mattei, em seu esplêndido liv ro O Cruzado do Século X.X, descreve muito bem a personalidade e as múlti plas e intermináveis lu tas pe la Igrej a, a que Dr. Plínio dedicou sua vida. Já no título está tudo consignado: era um cru zado em lu ta pela C ivilização Cri stã. A luta na sociedade temporal, ele a e mpreendi a em nome da Cruz.
"Salvai-me, Rainha" E m meus longos 18 anos de convívio mui to próx imo com ele, por ter tido a graça de ser seu secretári o particular,
pude observar em mil minú c ias co mo nele a oração e a contempl ação enchi am sua vid a, sem tirar nada ao ímpeto do combate contra- revo luc ionário. É necessá ri o ass inalar que sua piedade era de fo rte predominância mari ana, e isso desde sua adolescência. Desde muito pequeno acompanhava sua mãe, Da. L ucí li a Ribeiro dos Santos Corrêa de O liveira, à Igreja do Sagrado Coração de Jes us, ao lado do L iceu d irigido pelos pad res sa lesianos. E la ti nh a especia l zelo em cul tivar a devoção ao Sagrado Coração de Jes us, e assim per-
Da . Lucília segura maternalmente Plínio em seus braços
tudo lhe parecia aplicar-se à sua necessidade. A vós clamamos, os degredados.fi-
a base e o fu nda mento de sua devoção à Santíssima Virgem. Com freqüência, às tardes, ia visitar a imagem.
lhos de Eva, a vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas: real-
RecolhimeJJto
mente não poderi a ser mais apropriado, concluiu ele. Ó clemente, ó piedosa, ó
doce Virgem Maria. Este fa to marcou sua vid a inteira. Já na ancianidade, ainda d izia q ue essa era
Mais de uma hora das tardes de Dr. Plinio era consagrada à oração, além das orações que faz ia pelas manhãs, no período noturno e na ação de graças após sua comunhão diári a.
Diante da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, Dr. Plínio, com 12 anos, interpretou a invocação "Salve Rainha" por "Salvai-me, Rainha"
O di a dele começava com aproximadamente quinze minutos de orações di versas, acrescidas ao longo da vida; pois, segundo ele, aq uilo que se oferece a Nossa Senhora não se lhe tira mais. Assim, salvo casos circ unstanciais, se e le incluía na li sta de suas orações alguma outra particul ar, ela continuaria até o fi m de sua vida. D iariamente costumava rezar suas orações a caminho de alguma igreja onde pudesse se recolher. N uma época em que os telefones portáteis eram ai nda raros, ele escapava assim das interrupções e outras preocupações que pudessem distraí-lo nas orações. Já ao sentar-se no automóvel, sua fisionomia mudava, inic iando uma longa lista de orações, entre as quais sobressai a Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São L uís Maria Grign1on de Montfort. Os salmos do Santíssimo Nome de Maria, o Pequeno Ofício de Nossa Senhora, novenas perpétuas, orações pelo Sumo Pontífice, terços de jac ulatórias e múltiplas outras orações, ele as rezava com notável piedade.
A alma de toe/o apostolado Três piedades eram centrais na sua vida de oração, mui tas vezes chamadas OUTUBRO 2005 -
-
·,
ção. Voltei as costas a meu futuro, e fiz daquele passado carregado de bênçãos o meu porvir". Uma consideração contemplativa fez, pmtanto, que ele se devotasse às ruínas da Cristandade e renunciasse a um brilhante futuro político, social e econômico. "Ruínas da Cristandade", "carregado de bênçãos": aqui também encontramos as duas partes do arco gótico entre o temporal e o religioso, que ele tinha tanta facilidade de ver, e no qual, por assim dizer, Dr. Plinio vivia. Na luta contra-revolucionária sem quartel que ele levava a cabo, com um dia pleno de atividades até a madrugada, não perdia de vista o que D. Chautard denomina "a guarda do coração". Nada, absolutamente nada o tirava da tranqüilidade sobrenatural e contemplativa: preparação de campanhas de ação pública; conselhos a representantes seus em lu gares-chave no Brasil, ou às TFPs de outras nações; orientações esp iritu ais parn seus discípu los.
Dr. Plínio em seu escritório: no meio das tempestades que tantas vezes os inimigos da Igreja desencadearam contra sua obra, costumava dizer: Alios ego vidi ventos; alias prospexi animo procellas - Já vi outros ventos e contemplei outras tempestades .
dial (ângulo pelo qual a pessoa é chamada a admirar e a glorificar a Deus): "Minha luz primordial é uma visão amorosa de toda a ordem do Universo. Uma visão harmônica, arquitetônica, hierárquica e monárquico-a ristocrática da Criação, desde um anjo até um grão de areia, ressaltados os pontos que a Revolução mais procura combater". Analisemos a definição: "Visão amorosa ", donde se remete para o primeiro Mandamento da Lei de Deus; "de toda a
Calma no fragor da luta
"as três brancas" : devoção à E ucaristia, a Nossa Senhora e ao Vigário de Cristo. Grande influência teve na sua vida interior o livro A alma de todo apostolado, de Dom Chautard (1858-1935). O célebre monge trapista sustentava que, para levar adiante uma obra de apostolado, era necessário antes de tudo ter urna profunda e densa vida espiritual. Quando leu essa obra, já depois de ter ingressado no movimento mariano, chegou à conclusão de que não bastava cumprir os mandamentos e rezar algumas orações, mas seria preciso ser santo para vencer a luta que travava contra inimigo tão amplo e tão poderoso. Ele comentou: "Como recrutar, como atrair, como despertar o entusiasmo nas almas dos outros? Há por detrás disso um mistério. Exatamente porque, visto no primeiro olhar, esse o~jetivo é inatingível, e s6 se pode consegui-lo por um mistério. E há exatamente o mistério sobrenatural da vida da graça, e tudo aquilo que D. Chautard ensina, que é de fato a alma do apostolado. Se está bem imbuída desse espírito, a alma é súplice e resignada, pois suplica e está disposta a percorrer todos os CATOLICISMO
vais-e- vens da luta, resignada inclusive a não ter êxitos imediatos".
Elevação da mente a Deus O que mais me chamava a atenção era a capacidade de Dr. Plínio, esta ndo em outras atividades, de elevar a mente a te mas metafísicos, e daí ao sobre natural. Elevatio mentis a Deo é bem a definição da oração. Seja em reuniões sobre temas político-sociais, sej a em despachos, seja em tantas reuniões sobre temas acerca da sociedade te mporal , dos quais tratava abundantemente, ele tudo relacionava com temas de religião, com Nossa Se.nhora, a Santa Igreja. Um exemplo. Em meados da década de 70, Dr. Plínio dirigia uma reunião em que tratava de assunto muitíssimo concreto, a partir do qual subiu a altíssimas considerações. Perguntaram-lhe então como ele conseguia fazer isso. Ele respondeu que a pergunta deveria ser outra: como é que, contemplando, ele conseguia ver coisas tão práticas. E acrescentou que, sem deixar os altos patama-
res da contemplação, era de lá que analisava os pe quenos e pi sód ios, fazen do como certos pássaros que, para pegarem sua presa, voam mais alto para depois, em vôo fulminante, pegar o que estava na mira . Como uma gaivota, por exemplo, que "pesca" seu peixe que estava se deslocando tranqüilamente nas ág uas. A nossa dificuldade, está claro, era compreender algo que na realidade era o oposto ao que pensávamos que se dava em sua mente. Poder-se-ia dizer que a mentalidade dele estava constantemente em um inter-relacionamento entre o temporal, o metafísico e o espiritual. E isto lhe permitia passar de um a outro campo, com uma agilidade e uma facilidade toda natural.
Entrega à Cl'ista11dade No üúcio do livro sobre as atividades da TFP, Meio Século de Epopéia Anticomunista, ele quis colocar uma frase que reflete a sua posição de entrega à contemplação, renunciando às grandezas mundanas desta Terra: "Quando ainda muito jovem, considerei enlevado as ruínas da Cristandade, a elas entreguei meu cora-
Reflexão, se re nidade , pi edade eram frutos dos altos páramos onde se situava o espírito de Dr. Plínio. No meio das tempestades que tantas vezes os inimigos da Igreja desataram contra sua obra, costumava di zer: Alias ego vidi ventos; alias prospexi animo procellas - Já vi outros ventos e contemplei outras tempestades. E o escritório de le, onde se passava o fragor da batalha, era o lugar onde se encontrava mais paz. Enquanto dü·igia a TFP, com suas ramificações em 26 países, info rmando-se e opinando sobre os acontecimentos nacionais e internacionais e levando uma vida pública intensa, nunca perdia a clave ele contemplação sobrenatural, que o distinguiu em toda sua vida. Ele dizia que a parte principal do seu tempo era para a contemplação, e a luta contra-revolucionária uma conseqüência. De temperamento muito plácido - e até, como ele dizia, com uma tendência para a moleza, quando menino - ele soube vencer-se, para resultar no grande batalhador contra-revolucionário do século XX.
A luz primordial Nos anos 1960, ele definiu para os seus discípulos a sua própria luz primor-
Plinio Corrêa de Oliveira oscula com fervor uma relíquia
ordem do Universo ", quer dizer, abarcando todas as criaturas; "harmônica, arquitetônica", ou seja, a ordem em que tudo está em seu lugar devido, formando a harmonia do Universo; hierárquica e m.onárquico-aristocrática, não só vista de seu ponto mais alto, mas também nos seus intermediários; "desde um anjo até um grão de areia", destacando que abarca toda a criação, desde o mais espiritual até o mínimo material ; "ressaltados os pontos que a Revolução mais procura combater", e aqui encontramos essa prodigiosa sinergia da contemplação com a luta, que ele levava até os seus extremos. Começa pelo amor de Deus, refletido na ordem do Urüverso, e termina na Juta contra as forças do demônio que impulsionam a Revolução. Um belo programa de vida.
Sacralização da vi<la social Os pensamentos ele Dr. Plínio voavam entre considerações sobre o Céu empíreo, os "possíveis de Deus" (criaturas que Deus poderia ter criado, e m sua perfeição infinita), aprofundamentos sobre as três Pessoas da Santíssima Trindade e diversas outras altas elucubrações, sem nunca perder o senso da realidade na qual atuava. Não eram sonhos ou devaneios inúteis e estéreis, mas um empenho em aprofundar-se continuamente nas coisas de Deus. Desses pensamentos ele tirava novas explicitações, que alimentavam muitos círculos de estudos ou reuniões para seus discípulos . Da cerimônia da Vigília Pascal , por exemplo, destilou uma noção que aplicava à ordem temporal. Quando o sacerdote entra com o Círio Pascal em meio às trevas, e canta "Lumen Christi" , refere-se à luz ele Nosso Senhor penetrando nas trevas . Daí uma analogia rica de substânci a a respeito elas trevas do mundo revolucion á rio: nos dias de hoje, como está o "Lumen Christi"? Essa batalha entre o poder das trevas e a Luz de Cristo, como vai se desenvolvendo? Este era um ponto fundamental na análise que fazia da soc iedade temporal. Ele desejava sacra lizar todos os momentos do dia. Como trabalhava normal mente até a madrugada, perguntava-se por que não poderia haver um Ângelus que se rezasse à meia-noite. Assim, algumas vezes rezava o próprio Ângelus naquela última hora do dia, outras vezes repetia por três vezes uma jaculatória: "Dignare Mater die isto", ao que serespondia: "sine peccato nos custodire". No final do di a, múltiplas orações e ósculos de relíquias, antes de se deitar, ocasião em que ainda fazia alguma leitura, geralmente de ass untos históricos. A História o fascinava, pela contemplação da psico-sociologia, das pessoas, dos povos e das circunstâncias, bem como dos reflexos que nela há da ordem posta por Deus no Universo. • E-mail do autor:
Nota:
-
111
br
Este arti go fo i também inc luído em Plínio Co rrêa de Oliveira - Dez anos depois ... , li vro publi cado em homenagem ao em inente pensador católico no 1Oº aniversário do seu falecimento.
OUTUBRO 2005 -
-.m
Santo Antônio Maria Claret "O Santo de todos" U ma das maiores figuras católicas do século XIX; a história da Espanha, nessa época, não pode ser compreendida sem o estudo da vida do grande missionário. "Eis que se me apresenta Maria Santíssima, [... ] e me disse : 'Antônia, esta coroa será tua se vences"'.
li PUNIO M ARIA SO LIMEO
S
anto Antôn io Maria Claret fo i um dos grandes esteios da Santa Igreja no seu tempo. Pio XII, quando o canon izou em 1950, chamouo de "Santo de todos". Isso porque, diz o Pontífice, "nele olham os artesões, os sacerdotes, os bispos e todo o povo cristão,já que se encontram nele exemplos preclaros com que se alentar e encorajar-se, cada qual segundo seu estado, nessa perfeição cristã da qual unicamente podem saú; nas perturbações presentes, os oportunos remédios é atrair tempos melhores". 1
CATOLICISMO
Esse santo, de uma atividade espantosa, fo i "apóstolo da palavra, pregando inumeráveis sermões; apóstolo da pena, publicando muitíssimos volumes; apóstolo da Imprensa, criando academias, livrarias e bibliotecas; apóstolo da ação social católica e dos exercícios espirituais. Foi catequista, missionário, formador do clero, diretor de almas, fundador de congregações, pedagogo e 'anjo tutelar da família real', em frase de Pio Xi; mas, sobretudo, eminentemente santo". 2 Pregador popular, fundou a Con gregação Missionária dos F ilhos do Coração Imaculado de Maria. Fo i Arcebispo de Santiago de Cuba, confes-
sor e conselhe iro da rainha Isabel Jl, da Espanha. No Conc íli o Vaticano I, destacou-se como intrépido defensor da infalibilidade pontifícia. Como não é po sível abaJcar aq ui toda a obra desse incansável batalhador, limitar-nos-emos a algumas rápidas pince ladas. Antônio João Adjutor nasceu no dia 23 ele dezembro de 1807 em SalJent, diocese ele Vich, província de Barcelona, na Espanha, quinto dos 11 filho de João Claret e Josefa Clará. Proprietários de uma pequena tecelagem, eram eles "honrados e tementes a Deus, m.uito devotos do Santíssimo Sacramento do Altar e de Maria Santíssima", como diz o santo em sua autobiografia. 3 No Crisma, "por devoção a Maria Santíssima, acrescentei o dulcíssimo nome de Maria, porque Maria Santíssima é minha Mãe, minha Madrinha, minha Mestra, minha Diretora e meu tudo depois de Jesus ".
bário, fu i pergun.tado por um grande senha,; que veio visitar a escola, o que queria ser. Eu lhe respondi que queria ser sacerdote".
Ace11tuado espfrito missio11ário Adolescente, começo u a trabalhar na tecelagem do pai; como fez muitos progressos nessa arte, foi especiaJizarse em Barcelona, grande centro da indústria têxtil. Com muita aplicação no
Pieda<le e verdadcil'a vocação sacerdotal De uma piedade precoce, desde a idade de cinco an s já se preocupava com a eternidade e o destino do homem . Adulto , pondera: "Não sei compreender como os outros sacerdotes que crêem nestas mesmas verdades que eu e todos devemos crer - não pregam nem exo rtam para preservar as pessoas de caírem nos infernos". Sua devoção à Santíssima Virgem surgi u qua, e que com o uso da razão: "nunca me cansava de estar na igreja diante de Maria do Rosário, e fa lava-lhe e rezava com tal confiança, que cria bem q11e a Santíss ima Virgem me ouvia ". Compreen lc-s que, assim, a vocação sacerd tal d s pertasse nele muito cedo: " endo ainda muito pequeno, quando estava ainda no Sita-
dias foi atacado por terrível tentação contra a pureza. Recorria a Nossa Senhora, ao Anjo ela Guarda, aos seus santos padroeiros, mas tudo em vão. Finalmente, "eis que se me apresenta Maria Santíssima, formosíssima e graciosíssima, [... ] e me disse: 'Antônio, esta coroa será tua se vences '.[ ... ] E a Santíssima Virgem me punha na cabeça uma coroa de rosas que tinha no braço direito ". Essa não fo i a única graça mística que recebeu. Em sua vida, há várias manifestações palpáveis do sobrenatural. No dia 13 de junho de 1835, festa de seu patrono, Antônio recebeu a ordenação sacerdotal, e fo i nomeado coadj utor em sua cidade nata l. Compreendeu então que sua vocação era a de ser missionário, e quis evangelizar os povos da Cata lunha, órfãos desde a supressão das Ordens relig iosas. Como isso não era factível por causa da guerra civil, foi a Roma pedir admissão na Congregação das Missões Estrangeiras.
Pregai' "oport1111a e inoportu11ame11te"
trabalho e um taJento fora do comum, dominou tão bem a aite têxtil, que iria longe se se dedicasse exclusivamente a ela. M a o apelo de Deus se fez mais premente, e ele resolveu.romper de uma vez com o mundo e retirai·-se pai·a uma cartuxa. Ma acabou optando por ser sacerdote secular. Em 1829 Antônio ingressou no Seminário de Vich . Ne sse tempo, como pegou uma forte gripe, mandaram-lhe guardar o leito. Num desses·
Na Cidade Eterna, depois de fazer os Exercícios Espirituais com padres da Companhia de Jesus, resolveu nela ingressar, e começou o noviciado. Mas sobreveiolhe aguda dor em uma perna, e teve que voltar pai·a a Espanha. Pouco depois o Padre Geral da Companhia de Jesus lhe escrevia: "Deus o trouxe à Companhia, não para nela ficar, mas para que aprendesse a ganhar almas para o Céu". Antônio Maria obteve então licença pai·a pregai· missões na Catalunha e nas ilhas Cai1árias. Operava curas milagrosas, tai1to materiais quanto espirituais, expelindo demô1úos dos possessos, regulai-izando casais maJ-casados. A isso movia-o o intenso desejo de li-
OUTUBRO 2005 -
-
:11·1
i~ .
. vrar almas do inferno, pois "obrigame a pregar sem parar o ver a m.ultidão de almas que caem nos infernos, porque é defé que todos os que morrem em pecado mortal se con~ denam ". Animava-o o exemplo de São Paulo: "Como corre de uma parte a outra, levando, como vaso de eleição, a doutrina de Jesus Cristo! Ele prega, escreve, ensina nas sinqgogas, nos cárceres e em todas as partes; trabalha e fa z trabalhar oportuna e inoportunamente; sofre açoites, pedras, perseguições de toda espécie, calúnias as mais atrozes". Pode-se dizer que essa descrição cabe também a Santo Antônio Maria Claret. Diz ele: "Quando ia missionando, tocava nas necessidades e, segundo via e ouvia, escrevia um livrinho ou um folheto. Se na população' observava que havia o costume de cantar cânticos desonestos, publicava um folheto com um cântico e.1piritual ou moral. Por isso os primeirosfolhetos que publiquei, quase todos, são de cânticos". Em 1849 o Pe. Antônio Maria fundou , com mais cinco sacerdotes, um a Congregação relig iosa cujos membros seriam seus auxiliares na obra das missões, com o nome de Missionários F ilhos do Imaculado Coração de Maria. Ass im descreve como deve ser esse missionário: "Um Filho do Imaculado Coração de Maria é um homem que arde em caridade e que abrasa por onde passa; que deseja eficazmente e procura por todos os meios acender em todo o mudo ofogo do divino amo,: Nada o pára; goza nas privações; procura os trabalhos; abraça os sacrifícios; compraz-se nas calúnias e se alegra nos tormentos. Não pensa senão em como seguirá e imitará a Jesus Cristo em trabalhar, sofrer e no procurar sempre e unicamente a maior glória de Deus e a salvação das almas".
Nomeado Arcebispo de Santiago de Cuba em 1850, afirma em suas palavras de saudação que "a verdadeira Prelada será a Virgem Santíssima, e a forma de governo a que Ela me inspire ". Na primeira mi s ão que pregou na Ilha o fruto foi tão grande, que 40 confessores não fora m suficientes para atender todas as confi ssões. A comunhão geral , distribuída por lTês sacerdotes, durou seis horas! Somente nessa missão, foram legitimados 8.577 matrimônios. Os "es píritos fortes " fizeram várias tentativas infrutíferas para matá-lo, mas Nossa Senhora velava por ele.
Desvendando o futuro <le Cuba e Espanha Santo Antônio C laret fez mui tas profecias. Por exemplo, quando em Cuba, profeti zou "g randes terremotos ". Estes vieram. Quando as autoridades qui sera m remover os escombros, alertou : "Haverá outro". Depo is profetizou: "Se os pecadores não despertam com os terremotos, Deus passar6 a castigá-los no corpo com a peste ou cólera". Veio a epidemia ele cólera-morbo, que em três meses fez 2.734 víti mas. Afirmou , no entanto, que isso fora uma misericórdia de Deus, porque "muitos que não se haviam conf essado na missão, se confessaram para morrer; e outros, que se haviam convertido e co11fessado na missão, se haviam precipitado outra vez nos mesmos pecados. E Deus, com a peste, os levou". E m 186 1, já como confessor ela Rainha Jsabel 11, "o Senhor me fez conhecer os três grandes males que ameaçavam a Espanha, e são: o protestantismo, ou melho,; a descatolização, a república e o comunismo. Para atalhar estes males, me deu a conhecer que se haviam de aplicar três devoções: o Triságio, o Santíssimo Sacramento e o Rosário ".
Combatell(/0 os erros dos socialistas Escrevendo sobre uma visita que fez às provínc ias ela Andaluzia, na Espanha, no ano ele 1862, o indômito Arcebispo comenta o trabalho dos socialistas naq uela região, aproveitando-se ela apatia ele governantes e eclesiásticos. Anota vários erros espalhados por eles, dos quais, por sua atlialiclacle, cita.remos um que poderia ser subscrito hoje pela CPT, MST e congêneres: "Até agora os ricos desfrutaram as terras. Já é tempo que as de~fi·utem.os e as dividamos entre nós. Essa divisão não só é de eqüidade e justiça, mas também de grande utilidade e proveito; pois os terrenos aglomerados pelos ricos ladrões são infrutíferos. Divididos entre nós em pequenos lotes, e cultivados por nossas próprias mãos, darão abundcmtes colheitas". Comenta o Santo: "Com essas perorações e demais meios tão aliciantes e fascinantes, e ameaçando e insultando aos que não cediam logo, foi como [o movimento socialista] tomou grandes proporções em tão pouco tempo". Santo Antônio Maria C laret faleceu no dia 24 de outu bro de 1870, no mosteiro cisterciense de Fontfroide (França), sendo canoni zado por Pio Xll em maio de 1950. • E-mail do autor: pmsolimeo @catolicismo.com.br
-
Notas: 1. AAS 42 ( 1950), 480. Apud Sa n Antonio Maria Claret - Escrito.,· Autobiográficos y espirituales, Biblioteca de los A utores Cristianos (BAC), Madrid , 1959, Prólogo, p. xv. 2. Edelvives, E/ Santo de Cada Dia, Edi toria l Lui s Vives, S. A., Saragoça, 1955, vol. V, p. 543. 3. Autobiograf'ia , BAC, edição acima. Todos os tex tos cita dos cnt re aspas sem menção da fonte foram ex traídos desta obra.
DESTA UE
Nova edição de Revolução e Contra-Revolução A Asociación Tradición y Acción por un Perú Mayor acaba de publicar a primeira edição peruana do 1nagistral livro de Plinio Corrêa de Oliveira li
ALEJANDRO EZCURRA N AóN
Correspondente
Lima - Primoro amente editada, a obra teve seu lançamento no dia 1º de setembro p.p. na c idade de Lima, reunindo ma is de 100 conv idados ele vários setores da soc iedade peruana: membros do Clero secul ar e de Ordens re li g iosas; ela e li te social, do mundo acadê mi co, inte lectu al, militar e artístico; de profiss ionais liberais, empresários e de associações sindicais e estudanti s. Os assistentes ficaram muito bem impress ion ados com a exce lênc ia do ato reali zado nos jardins da ampla sede de Tradición y Acción. Eminentes personalidades peruanas abriran1 a sessão, ressaltando sobretudo a coragem e o acerto do Prof. Plínio na.exposição dos princípios defendidos em sua magna obra. Primeiramente discursou o Dr. Enrique ele Rávago Bustamante, destacado advogado e empresário limenho, Cavaleiro de Honra e Devoção ela Ordem de Malta. Em seguida falou o Dr. Juan Vicente Ugarte dei Pino, ex-Presidente da Cotte Suprema de Justiça e do Colégio ele Advogados de Lima, atual presidente da Sociedade Histórica cio Peru . Depoi s fez uso da palavra o Dr. Pau lo Corrêa de Brito Filho, diretor de Catolicismo, conv idado ele honra como representante da Associação dos Fundadores da TFP bras ileira. Fechando o ciclo ele discursos, falou o pre iclente de Tradición y Acción, o Sr. José Antonio Pancorvo Beingolea, tributando uma filial homenagem ao autor de Revolução e Contra-Revolução. U ma obra que, com essa publicação no Peru, atinge 34 edições em 16 paíse , em 8 línguas, alcançando a tiragem de 139.350 exempl ares. As conversas que sucederam às exposições permitiram aprofundar os vínculos da Asociación Tradición y ;;: Acción com seus simpatizantes e amigos, hoje espalhados de norte a su l daquele país de marcante tradição ca~ tólica. •
*
E-mail do autor:
CATO LICISMO
ezcurrn@catolicismo.com.br .-~
OUTUBRO 2005 -
hospedaria dos Cavaleiros de São João de Jerusalém para cuidar dos doentes e peregrinos.
6 Santa Maria l"rancisca das Cinco Chagas, Virgem
1 Sa nta Teresinha do Menino ,Jesus, Virgem, Doutora ela Igreja (Vide Catolicismo, set./1997) Primeiro Sábado do mês.
2 SANTOS ANJOS DA GUARDA
3 São F'rancisco de Borja, ·confessor + Roma , 1572. Vi ce-Re i da Cata lunha e Duque de Gandia, renunciou às atrações do mundo ao ver o cadáver da outrora belíssima Rainha Isabel. E nviuvando aos 40 anos, in gressou na Companhi a de Jes us, da qu al foi depoi s Superior Geral.
4 São Francisco de Assis, Confessor + Assis (Itá lia), 1226. O Poverello de Assis amou tão apaixonadamente o Salvador, que adq uiriu Seus estigmas e a té uma se melh a nça física co m E le. Co m São Domingos, foi uma das co lunas da Igreja em seu tempo, renovando os costumes, bem decaídos já naq uela época, com seus heróicos exemp los. É um a das maiores g lóri as da Santa Madre Igreja em todos os te mpos.
5 Sa nta Flor ou Flora, Virgem + Beaulieu (França), 1347. Filha de pais nobres, ingressou muito cedo como religiosa na
+ Nápol es, 1791. Ao s 16 a nos, e ntrou para a Ordem Te rce ira de São Franci sco, entregando-se à oração, jejum e penitê ncia, sendo visitada por seu anjo da guarda, que a animava. Foi retirada do convento pelo pai , que a encarregou dos cuidados da famíl ia.
7 NOSSA SENI IORJ\ DO ROSÁRI O (Vide Catolicismo, maio/2001) Primeira Sexta-feira do mês.
8
Dizia: "Prefiro um homem que tenha pecado, reconhece esse pecado e fa z penitência, a um. que não tenha pecado e se considere justo".
12 NOSSA SENI IORA APARECIDA, RAINI lA E PADROEIRA DO BRASIL (Vide Catolicismo, setembro/2004)
13 Santos Fausto, ,Januário e Marcial, M(11'Lire::. + Córdoba, 307. Esses tTês irmãos increparam o novo governador romano da Espanha, E ugênio, por sua crueldade para com os cristãos. Em resposta, sofreram o suplício do cavalete e depois o da fog ueira.
Santa Taís, Penitente
14
+ Eg ito, séc. [V. Inspirado por Deus, São Pafúncio deixou seu retiro no deserto para conduzi-la ao bom caminho. Ela queimou seus vestidos e jóias e foi para um mosteiro no deserto.
São João Ogilvie, Mártir
9 São Luís Beltrão, Confessor + Valência, 158 1. Sacerdote domini cano, aos 23 anos era mestre de noviços . Seu extraordinário ze lo levou-o a desejar co mbater os protestantes. Mas a Providê ncia encaminhou-o para a Co lômb ia, onde durante sete anos evange li zou os índios.
10 São Pa ulino ele York , Confessor + Inglaterra, 644. Enviado por São Gregório M ag no para evange lizar a Inglaterra, reali zou frutuoso apostolado nas regiões de Kent e da Nortúmbri a, converteu o Rei Ed win e fundou o B ispado de York.
11 São Sárm atas, Má rtir + Tebaida (Egito), 357. Discípulo de Santo Antão, fo i morto pelos sarracenos por ódi o à fé.
+ Glasglow, 16 15 . Ca lvini sta inglês convertido pelo célebre exegeta, o jesuíta Cornélio a Lápide. Entrou para a Co mpanhia de Jesus, voltando a seu país para socorrer os católi cos perseguidos. Depois de converter mui tos hereges, fo i traído e entregue ao arcebispo protestante. Na prisão, durante três di as teve o corpo constante mente perfurado por ag ulh as e estiletes, sendo depois executado em ód io à fé.
15 Sa nta Teresa ele Ávila, Virgem, Doutol'a ela Igreja + Alba (Espanha), 1582. Alma ardente e enérgica, co m São João da Cruz empreendeu a reforma cio Carmelo. "Sofrer ou morrer", foi o desejo que viu plenamente sati feito nos muitos trabalhos e doenças que suportou. Unia a mais sublime contemplação a uma extrnordinária capacidade ele ação. Por seus admiráveis esc ri tos, fo i declarada Doutora da [greja.
16 Santa Margarida Maria Alacocque, Virgem + Paray- le-Moni al (França),
1690. Religiosa visitandina, entregou-se desde cedo à contemplação da Paixão do Rede ntor,. rece bendo de Nosso Senhor Jesus Cristo a men agem sobre a devoção ao Seu Sagrado Coração e a incumbê ncia d e difundi - la pe lo mundo inteiro.
17 Santa Mamelcta, Virgem, Mártir + Pérsia, 340 . "Sace rdotisa do templo pagão de Artemis, foi convertida àfé por uma de suas irmãs, que era cristã" (do Martirol ógio).
18 São Lucas Eva ngelista, Mártir + Séc. l. Médico de Antioquia
se e partiu para o de erto, onde foi dirigido por Santo Antão.
22 Sa nta Maria Salomé, Viúva + Palestina, séc. 1. Segundo a tradição, prima da Santíssima Virgem e mãe de São Tiago e São João Evange li s ta , era uma das Santas Mulheres que estavam ao pé da Cruz.
23 Santo Inácio, Bispo, Confessor. + Síria, 877 . Filho do Imperador Miguel , tornou-se monge aos 14 anos, e depois abade, fundando três mosteiros. Patriarca de Antioquia.
24
co nv e rtido por São Paulo , acompanhou -o em várias viagens. Autor do III Evangelho e dos Atos dos Apóstolos. Embora não se ten ham dados concre tos a respeito de sua morte , trad ição a utorizada afirma que so freu o martírio.
San to Antonio Maria Clmet, Bispo e Confessor (Vide p. 44)
19
26
Santos ,João de Br6beur, Isaac ,Jogues e Compa nlleiros, Márti res + América do Norte, séc. XVII.
25 Beato Antônio Sant'Ana Galvão, Confessor (V ide Catolicismo, set./1 998) Santos Luciano e Marciano, Mártires
Jesuítas fran cscs 1uc evangelizavam o então anadá (atual norte dos Es tados Unidos). Regaram essas terras com seu sangue ao ser 111 martirizados pelos índios iroques 'S.
+ Nicomédi a, séc. III. Condenados a serem queimados vivos, por se terem convertido ao Cristianismo, disseram ao juiz: "É a glória dos cristãos ganhar a ve rdadeira vida eterna ao perder aquilo que tu crês ser vida ".
20
27
São Pectro ele Alc:'\nt.ara, Cont'csso,·
Santos Vicente, Sabina e Criseta , Mártires
+ Arenas (Espan ha), 1562. Padroeiro princi1 ai do Brasil, foi admirável por suas 111or1ilicações e penitências. R •formador dos franciscanos da Espanha, auxiliou e com seus conselhos incentivou Santa Teresa na reforma do Carmelo.
+ Ávila, séc. IV. Vicente, depois de defender corajosamente a Fé diante de Daciano, governador romano, em Talavera, fugiu com as duas irmãs para Ávila. Send o aí aprisionados, louvaram o Senhor até terem suas cabeças esmagadas a pedradas.
21 Santo Hilal'ião, Abndc + Palesti na, séc. IV. F ilho de pagãos, que o enviaram a estudar em Alexandria, converteu-
28 Santos Simão e Judas Tadeu, Apóstolos + Séc. 1. São Judas Tadeu era
irmão de São Ti ago Menor, filho s de C leófas e Maria , primos de Nosso Senhor. Pregou o Evange lho na Judéia, Samaria, Síria e Mesopotâmia. Escreveu uma epístola exortando os fiéis a perseverarem na fé, atacando vi gorosamente os so berbos, os luxu1'iosos e os falsos doutores. São Simão, cognominado Cananeu, ou Zelador, era ori giná rio da Galiléia. Su põe-se que tenha pregado na Mauritânia e e m outras regiões da África, dirigindo -se depois ao Oriente. Na Pérsia encontrou-se com São Judas Tadeu , sendo ambos martiri zados naquele país.
29 Santa Ermelinda, Vil'gem + Meldert (Bélgica), séc. VI. Adol escente , filha de pai s nobres e ricos que a desejavam casar, cortou os cabelos para dedicar-se inteiramente a De us, retirando-se para a solid ão.
30 São Mmcelo CenLUrião, Mártir + Tanger, 298. Pai dos santos mártires Cláudio, Luperco e Vitório, esse centurião espanhol fo i decapitado por haver dec larado qu e era cristão e servia a Jesus Cristo.
31 SanLa ,Joana Delanoue, Virgem + França, 1736. Herdou do pai um modesto bazar, que com habilidade fez prosperar. Começou a dedicar·-se também a obras de caridade, a ponto de ser chamada mãe dos pobres. • Fundou um asilo ao qual denominou A Providência.
Nota : O s Santos aos quais já fizemos referência em Calendários anteriores têm aqui apenas seus nomes enunciados, sem nota biográfico .
Intenções para a Santa Missa em outubro Será celebrado pelo Revmo. Podre David Fron cisqu ini , nos segu intes intenções : • Em louvor o Nosso Senhora Aparec ido como Padroeiro e Rai nha do Brasil. Pedindo que Elo zele muito especio lmente por todos os brasi leiros, o fim de que sejam seus súditos inteiramente fi éis. Poro que o Brasil jama is se afaste da materna l proteção de sua Rainha, particularmente na atual crise qu e asso la o País, e que cada brasileiro passe a corresponder às abundantes graças co nced id as pe la Pad roe ira .
Intenções para a Santa Missa em novembro • Missa de Fina dos, pe las a lmas dos fami1iares dos leitores de Cato licismo e por todas as sa ntas almas do Purgatório . Rogando o Nossa Senhora das Graças, cuja festi vi dade a Santa Igre ja comemoro no dia 27 de novembro, co nceda superabun dantes graças para todos os nossos leitores e simpatiza ntes e uma especia l proteção àque les que portam sua Meda lha Mi lagrosa .
C om muito esforço, a Lituânia livrou-se das garras do regime ·comunista, mas cicatrizes daquela tirania ainda persistem 15 anos depois. É a impressão de jovens de TFPs em recente visita àquela sofrida nação. n
FEuPE DEL CAMPO
embros de TFPs de diversos países foram recebi dos em agosto último pelo Comitê dos Deputado s, signatários da ata da Ind epe ndência da Lituânia em re lação à ex-URSS, em 1990 (foto à direita). A Sra. B iru te Valionyte, presidente cio mencionado conl.itê, recordou o abaixo-assin ado de cinco milhões ele assinaturas empreendido pelas TFPs: "A ação dos senhores há J5 anos foi muito importante, porque nós estávamos sem apoio. Nos anos 90, os grandes países disseram-nos para esperar; para não criarmos problemas, a fim de não perturbar a política com a URSS. Com isso, entendemos que estávamos sozinhos. Ninguém. queria fazer o trabalho pela nossa independência. Assim, eu quero dizer uma palavra de especial agradecimento: a campanha dos senhores ajudou a mudar a atitude da URSS e dos outros países que depois reconheceram a nossa independência. Depois da assinatura, no dia JJ de março, vimos a onda de outros países da URSS também pedindo a independência". No almoço oferecido pelo Sr. Ceslovas Jursenas, atual vice-presidente cio Parlame nto lituano, ele afirmo u :
~
CATOLICISMO
Mons. Antanas Vaicius, bispo emérito de Telsiai, coroa a imagem de Nossa Senhora de Fótima
"Estamos contentes pelo que os senhores fizeram pela Lituânia e outros Eslados". Ao longo de uma semana, os membro. das TFPs foram recebidos em lugares marcados pela crueldade anticatólica, perpetrada pelos comunistas. As histórias eram estarrecedoras: igrejas transformadas em fábricas ou depósitos, atrocidades cometidas com sad ismo contra ca mponeses, marcas ele tiros cm imagens religiosas. A mcntali laclc comuni sta deixou sua marca. Ela continua vi sível na arquitetura sem beleza, no 111 iscrabi Iismo que custa desgarrar-se dos costum s, na alarmante inércia frente à imoralida lc das moelas, na diminuição ela frcq i.iência cios jovens à igreja. Mons. Antanas Vai c ius, bispo emérito de Te ls iai, vendo 11 ·1 TFP le igos que dedicam todo seu tempo à Sa ntíss ima Virgem, sa lie nto u: '' Vo ·ês dão o bom exemplo para os ou tros católicos. Estamos agradecidos p •lo que os senhores fi zeram quando estávamos presos e pelas visitas que vocês re tlizam aqui". Portando um a im age m de Nossa Senhora ele Fá tima , a lc lcgação elas TFPs parti c ipo u el a hi sl ri a proc issão, rea lizada anua lmente ao sa ntuári o mariano de Siluva - símbol o ela res istênc ia do povo lituan o. • E-mai l cio autor:
f. 111npo n
a oli ismo.com.br
Juventude americana em defesa de princípios católicos N
ão é só com atividades intelectuais e conferências que se rea li za uma Semana de Estudos para os jovens da TFP ameri cana. Organi zada para incutir nos jovens o conhecimento e a prática cios princ ípios que norteavam a ca va lari a medi e val , co nsto u també m do progra ma rea lizado em meados de agos to deste ano, be m ao gosto americano, a apli cação prática em um a ca mpanha contra o aborto, empreendida diante de uma clínica aborti sta e m Harri sburg, Pensilvâni a. Conforme dec larou na ocasião o instrutor Cesar Franco, "é importante ensinar os jovens a defender publicamente os princípios católicos. Por isso os trouxemos para participar desta campanha, e estou certo de que fo i muito benéfico para eles". Como já se tornou costu me, boa parte ela o rganização e execução da Semana de Estudos coube aos própri os pais , comparecendo parti cipantes de todo o país , e ta mbém da Polôni a. • E-mai l cio autor: flatamat @catolicismo com.br
OUTUBRO 2005 -
A plenitude de
Nosso Senhor Jesus Cristo O divino Redentor continha em Si todos os dons de todos os povos ■ PuN10 CoRRÊA DE OuvE1RA
%. Felipe li praticou certos virtudes corocte rísticos do povo espanhol
o homem uma limitação, mediante a qual muitas perfeições se excluem. Mas Nosso Senhor Jesus Cristo nenhuma perfeição se excluía. sim, podemos considerar todos os povos da Terra: o francês, com sua precisão, clareza e ''l'esprit de répartie" (o espírito de resposta imediata); o alemão, com seu vigor, profundidade e senso do sublime; o italiano, com seu dom teológico, subtileza e critério diplomático; o espanhol, com a variedade de dons que tem na arte, literatma, filosofia, teologia e espírito guerreiro; os nos·sos caros e bons port ugueses, com todos os talentos que herdamos ... Podemos considerar individualmente cada povo - os árabes, os japoneses, os chineses - e chegamos à seguinte conclusão: cada um tem uns tantos dons, e porque tem esses, não pode ter outros. Não é poss ível, por exemplo, um povo ter ao mesmo tempo o espírito fi no e leve do fra ncês e o modo vigoroso e combativo do alemão. São coisas que se excluem. Mas em Nosso Senhor Jesus Cristo isso é possível. Ele, como cabeça da humanidade, ti nha em Si todos os dons de todos os povos da Te rra, co nc ili and o-se harmonicamente. Ele possuía a suprema grandeza ele espírito, somada ao charme fra ncês, mais a fo rtaleza alemã, mais a subtileza política italiana, etc., etc., contendo até a intuição do brasileiro. Mas tudo elevado a um grau inimaginável. Quem conversasse com Nosso Senhor Jesus Cristo, ou apenas o visse, dispunha de elementos, ainda que apenas do ponto de vista humano, para ficar completamente deslumbrado. Fazendo essa meditação e lendo o Evangelho, entendemos melhor o marav ilhamento de todo o povo, quando Nosso Senhor passava. Por exemplo, naquela ocasião em que Ele foi entrando pelo deserto; a multidão caminhando atrás cl'Ele, esqueceu-se até de levar alimentos. Entretanto, não devemos considerar apenas o aspecto terreno, porque Ele era Homem-Deus: havi a uma uni ão da natureza humana com a natureza di vina. Em nosso Salvador não há duas pessoas, mas uma só. Po rtanto, ac ima dessa pe rfe ição intelectu al inimaginável, ainda fluía a união hipostáti ca com a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Ou seja, um escachoar ele dons sobrenaturais, perfe itamente deslumbrantes e insondáveis. •
Luís XIV - o brilho do espírito francê s está magnificamen te representado nele
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 8 de outubro de 1971 . Sem revisão do autor.
u
PuN10 C o RRÊA DE O uvE1RA
Novcm bt'O de 2005
Fundamentos do instituto da família S e toda lei que faz vio1ência à mentalidade e aos costumes de um povo é fator de mal-estar, desajustamentos e crises, especialmente o ·é quando dispõe sobre matéria relacionada à família
V
ersando a matéria de capa desta edição sobre fatores desagregadores da família, golpeada nos presentes dias por toda sorte de leis imorais, parece-nos oportuno aqui relembrar os fundamentos cristãos dessa sagrada instituição. O texto abaixo foi extraído da obra de Plinio Corrêa de Oliveira, Projeto de Constituição Angustia o País, publicado como edição extra de Catolicismo em outubro de 1987.
* *
*
"A família cri stã assenta entre nós e m um a tradi ção a nte rior ao próprio País. Ve m-nos e la cio Direito Canônico e cios mais ve lhos monume ntos leg is lativos ele nossa Mãe Pátri a, a que rida nação lusa. M a nteve- e co ns ta nte e m no ssas le is durante o período co lo ni al, como durante o Impé rio e a República, até nossos dias, em consonânc ia com nossa me ntalidade e nossos co.tumes. [... l Segundo a doutrina católica tradicional, o casamento e a família se fundam em princípios ine rentes à natureza humana. Dado que Deus é o a utor do unive rso e cio home m, tais princípios são a expressão da vontade divina. Por isto mesmo se consubstanciam eles em três M andame ntos da súmul a perfeita do Direito natural , que é o Decálogo: rv - Honrar pai e mãe; VI - N ão pecar contra a castidade; rx - Não desejar a mulhe r do próximo. -CATOLICISMO
É nestes preceitos, imutáveis como tudo quanto constitui ordenação fundame ntal da natureza huma na , que se baseiam a família, o casa me nto, a unidade e a indi sso lubilidade cio vínculo conjuga l, o pátrio poder. Da le i feita po r De us, só Deus pode di spe n ar. Ne nhuma le i huma na - ainda que ela seja ecles iástica - pode mandar validamente o contrário cio que De us preceituou. Nosso Senhor Jesus C ri sto elevou à dignidade de Sacrame nto o contrato matrimonial , conferindo-lhe assim um título ele indissolubilidade ainda ma is augusto
e vigoroso. De o nde, até a consumação dos séc ul os , o ca amento cri stão será indi so lúve l. A capacidade procriativa foi dada ao homem para povoar toda a TeITa. E la se eleve exercer, pois, em condições que lhe assegurem a proli(icidacle e - corolário necessário e capita l - proporcionem aos filhos a formação moral e física adequadas. Al é m de s ua primordi a l mi ssão educativa e formativa , a uni ão entre os esposos tem o fim secundário, se bem que importa nte, ele contribuir para a felic idade ele um e do outro, mediante o mútuo apoi o moral e material". •
2
Exct-:t~Tos
4
CAR'I'/\ DO D11u:T01~
5
P ÁGIN/\ MARIANA
7
Lm'l'UR/\ EsPIRITll/\1,
8
COIUU:SPONDl~:NCI/\
Nº 659
A Virgem Negra de Paris Purgatório - Conclusão
1O A
PAl,/\VRA DO SACERDO'l'E
12 A
R1,:Al,ID/\D1<: CONCIS/\MENTI<:
14
INTERNi\CION/\1,
t6
Cm,ôMBIA
18
Pcm
l9
EN·nu:v1S'I'/\
Katrina: castigo de Deus
Manifesto de Tradición y Acción
orn~ NOSSA SENIIOl~A C1101M? Pe. Locli: Juta eficaz contra o aborto
23
INl•'ORM/\TlVO RtlR/\1,
24
D1s<:1mN1N1>0
26
CAPA
36
VmAs oi,: SANTOS
3B
GRANtms PERSONAGENS
43
D1,:sTAQt 11<:
44
SANTOS ..:
46 A<,;Ao
52
Nosso Senl101; a força da Jgreja
Revolução Sexual e o naufrágio da família São Carlos Borromeu Jacques Catheüneau
Carta a S.S. Bento XVI
l1 ..:s·1'/\s
r>o M,~:s Pe . Luiz Carlos Lodi da Cruz
CoNTRA-R1,:vo1,t1c10NAmA
AMBIEN'l'Es, Cosn11\ms, C1v11.11.Ac;fH,:s
A majestosa rigidez das Muralhas de Ávila
Nossa capa: Fotomontagem do ateliê artístico de Catolicismo .
Jacques Cathelineau
NOVEMBRO 2005 -
Caro leitor,
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o n• 3116 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Conj. 62 - Santa Cecília CEP 01225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Tel (0xx11) 3333-6716 Fax (0xx11) 3331-6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Pau lo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mal/: epbp@uol.com.br Home Page: http://www.catolicismo.com .br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Novembro de 2005:
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso :
R$ R$ R$ R$ R$
96,00 140,00 260,00 420,00 9,00
CATOLICISMO
A instituição familiar constitui poderoso obstáculo ao avanço da Revo lução. Empenhados em demolir o que resta de ivili zação ri stã, com vistas a implantar uma nova sociedade igualitári a e neopagã, importa aos rcvolu ionários eliminar tal obstáculo. Com o fracasso do sistema comuni sta sov iético, os promotores ela Revolução unive rsa l planeja m abolir compl etamente a fa míli a. I. ois a sobre vivência desta sagrada institui ção - ed ificada segundo os e nsinamentos perenes ela Santa lg rej a - fru stra o avanço revo lucionário. [ so ex plica o surgime nto da nova face maq ui ada ela revolução comunista, que é a revolução sexual. Esta visa a total descristi ani zação do mundo, mediante a desagregação dos bons costumes e do senso mora l e a conseqüente di ssolução do que resta da institui ção fa mili ar. Um dos meios capitais através cios quai s se opera essa desagregação é a aprovação de leis anti-cri stãs. Frente a essas le is, se somos realme nte católicos, apostólicos, ro manos, nossa atitude não poderá ser outra senão o ensi namento cio Apóstolo São Pedro: "Importa obedecer antes a Deus que aos homens" (At 5, 29). Com este ensinamento, o Príncipe dos Apóstolos deixa claro que, entre seguir as Leis santas de Deus e as leis iníquas dos homens, a escolha é evidente. Entretanto, nos di as atuais, até mesmo em famílias católicas, não poucos preferem obedecer aos ditames da moela a seguir os preceitos divinos. Se isso não ocorre med iante afirmações explícitas, dá-se pela omissão. Muitos gostariam até de viver de acordo com as le is divinas, mas não combatem aq ueles que atuam para abolir os Mandamentos da Lei de Deus. Ca lam-se diante do mal, quando deveriam bradar em defesa da verdade sem qualquer temor. Omitem-se quando a castidade é vilipendiada; também em face da disseminação da promiscuidade sexual ; da propaganda imoral; das modas atuais; da imoralidade e da pornografia na TV e na Internet. Omitem-se diante do chamado "casame nto" homossex ual; co ns id era m co m natu ralidade os div orciados que se " recasaram" ou os que vivem em concubinato. Por vezes criticam os defensores do aborto, mas não apó iam as campanhas contra a matança de inocentes. O mesmo em relação à e utanás ia. Chegam a aprovar e às vezes até utili zar os anticoncepcionais. Eis aí apenas alguns pontos que poderiam serv ir para um frutuoso exame ele consciência. Com a finalidade de aj udar nossos leitores a esc larecer e aconselhar bem seus fami liares, am igos e conhecidos, Catolicismo oferece oportuna e substancial matéria de capa, de autoria ele nosso colaborador Alfredo MacHale. Nela poderão e ncontrar subsíd ios de considerável importância para a formação de uma fa míli a verdadeiramente cató lica, bem como argumentos contra os propagadores da disso lução fami li ar, e m curso de modo avassa lador na soc iedade neopagã ele nossa época. De cjo a todos uma boa leitura. Em Jesus e Maria,
? ~07
Publ/cação mensal da Editora
D IR ETOR
PADRE BELCHIOR DE PONTES LTDA.
paulobrito@catolicismo.com.br
Nossa Senhora da Boa Libertação N as provações as mais terríveis, sempre há um refúgio seguro: a Virgem Maria. Basta que a Ela recorramos. É o que nos ensina a história da devoção à "Virgem Negra de Paris". LI
VALDIS G
RINSTEI NS
ucas palavras francesas são mais de i ica das para traduzir do que délivrance . Quer di zer entrega, 1ibertação; ou, em termos médicos, parto; nascimento. Libertação não tem aq ui o senti do profundamente anticatólico caro aos prog ressistas da Teologia da Libertação , ou sej a, luta de classes e ód io entre irmãos por motivos econômi cos. Trata-se de ser libertado de uma provação, de uma carga. Neste sentido, é também uma entrega: entregamos um problema e nos libertamos dele.
Nunca foi tão be m utili zado este vocábulo como no caso de São Franci sco de Sales. Como bispo .de Genebra, ele estava destinado pela Providência Divi na a luta r contra os erros do calvinismo, que apresentava um Deus rígido, capri choso, sem mi sericórdi a, que condena ao infe rno quase sem motivo. Segundo o herege Calvino, Deus dividiu os homens em uma ínfima minori a de e leitos, predest in ado s ao Cé u, e os predest ina dos ao inferno, a grandíss ima maiori a da humanidade. Em resumo, um Deus 111 justo, amargo e nada paterno.
Uma telllação afastada Ju stamente a São Franci sco ele Sales, chamado a lutar contra esses erros, veio a tentação ele que e le estava predestinado ao in fe rno . Portanto, de nada adi antaria o que e le fizesse, seu destino tinha sido determin ado independente elas suas boas ou más obras . Terrível provação ! Ele era então j ovem e estudava num colég io em Paris. Perto hav ia um convento, no qual se encontrava uma image m de Nossa Senhora em tamanho natural, de cor preta, chamada da Boa libertação (Bonne Délivrance, em francês) . Aos pés NOVEMBRO 2005
dessa imagem ele costu mava r zar com muito fervor: "Se devo ir ao inferno, que
sa ele cede r a imagem às re ligiosas, se esse perigo fosse afastado. As freiras começara m uma novena, e Maclame de Cari gna n arriscou a vida o utra vez. Dirig iu -se aos re volucionários do distrito, onde clcf'cncle u as freiras e seu trabalho des in teressado c m favor dos doentes. Os cartazes de venda j á tinham s ido colados na parede do préd io, mas no di a cio le il ão foram arrancado., e nin gué m apareceu para comprá-lo.
ao menos nesta vida eu ame a Deus de todo meu coração. Se eu devo ir ao inferno, que ao menos eu não blasfeme lá". Uma oração, como se vê, de um a utê ntico filho da lu z, pois não se revolta e procura sempre a maior g lória de Deu s. Durava já algum tempo essa angustiante prova, e São Francisco voltou mais uma vez a rezar diante dessa imagem. Renovou o voto de castidade que ali tinha fe ito antes, e prometeu que, se fosse libertado de suas angú tias, rezaria todos os dias o Rosário. Por fi m, ao rezar a conhecida oração "Lembrai-vos, 6 piíssima Virgem Maria ... ", a provação terminou. Nas suas próprias palavras, sentiu "uma crosta de lepra que se desprendia de mim". T inha s ido libertado ela provação.
Santos devotos da imagem
Diversas p1·ovações A hi stória ela imagem de Nossa Senho ra da Bonne Délivrance co meça nos séculos XIII-XIV. Para quem a vê pela prime ira vez, parece de madeira preta, mas está talhada num bloco ele pedra esc uro de um metro e meio de altura. Ori ginariamente a imagem estava numa capela latera l da igreja de Santo Estêvão des G rés, e m Pari s, bem próxima da famosa univers idade ela Sorbo nne. Como na unive rs idade e ns in ava m os padres domin icanos, não surpreende que entre os seus devotos estivessem os prime iros sa ntos dessa Ordem, como São Dom ingos, Sa nto Tomás de Aquino , Sa nto A lbe rto Magno e o Be m -ave nt urad o Jordão de Saxe. No século XVI contagiou Paris o protestantismo, com todas as suas pragas. Para co mbatê- lo, foi organ izada uma confraria cm honra ele Nossa Senhora da Bonne Déli vrance. Era bem preciso li be rtar-se dessa doutrin a, que c us tou à França três g uerras civi s com milha res de mortos. Em 1533, a confrari a fo i o rgani zada pelo Pc. Jean O li vicr. hcgou a ter 12 .000 membros, entre eles vários re is, como Luís XHJ e Luís XCV. Toda obra boa tem inimi gos, po is o demônio não tira fér ias . E la fo i atacada, e em meados cio sécu lo XVIH fec hada sob a a legação ele "prob le mas legais", que ele fato escondi a m o ód io anti-reli g ioso. Esse ód io se m an ifesto u pouco -CATOLICISMO
Santo Sofia Borat, grande devoto de Nos so Senhora do Boa Libertação
depois, com a Revolução Francesa: sace rd otes assass in ados, conventos des truídos, persegu ição gera l contra os cató licos . Entre o utras medidas , todos os ben s ela Ig reja foram po ·tos à venda. Como injúri a suprema, os revo luc ionári os co locara m em leil ão também a imagem da Bonne Délivrance. Mas uma senhora piedosa , Maclame de Ca ri g na n, dec idiu não to lera r isso. Arri sca ndo a própria vicia para ev itar a profanação ele uma vencia pública , a ntec ipou-se e fo i ao vendedor, comprando-a por um alto preço. G ua rdou a imagem na sua casa, à espera ele me lhores d ias . Mas Deus, que escreve certo por linhas tortas, tinha o utros planos. Permi tiu que a piedosa senho ra fosse encarcerada, por ser nobre e cató lica. Na pri são se encontrava m várias freira s da Ordem Hospita lar ele São Tomás ele V ill an va, ini ciando-se uma am izade e ntre elas e a dama, que lhes c ntou a hi stória ela imagem e seus mi lagres. D cidi ram pedir juntas a libertação da prisão, e f'oram ouvidas muito mai s rápido cio que pensavam. Mas os revolucioná rios colocaram em venda púb lica a casa das freiras, deixando-as na ru a. N um gesto admirável , Madame ele Cari gna n fez a promes-
A imagem está ainda hoje na cape la das freiras ele São Tomás de V ill anova. Por a li passaram vários santos q ue aveneraram. Um deles é o conhec iclíssimo São João Bosco, que na s ua viagem a Paris, e m 1883, ce lebrou missa diante del a. A capela estava rep leta, tendo muitas pessoas assistido à missa do pátio , chegando até a rua. O utra alma devota era Santa Sofia Barat, que rezou muito dia nte ela imagem durante a elaboração das constituições da Ordem que fundou. Não pensemos, no entanto, que Nossa Senhora atende sobretudo os santos. Ela atende especialmente aq ueles que, em peri go de pecar ou de desesperar, pedem seu socorro. Foi o caso cio acerdote Claude Bermu·d, no século XVID, que levava uma vicia mundana e pouco santa. D urante uma peste num bairro de Paris, uma senhora am iga o av isou de que, por medo cio contágio, iria passar uns dias na sua casa. E mbora estivesse certo ele que cairi a na te ntação que tal presença representava, não teve fo rças para recusar o pedido. Vendo o abismo de que se aprox imava, correu para o local onde estava a imagem, pedindo aj uda. Após rezar, inteirou-se de que a senhora amiga tinha mudado ele idéia. Isto bastou-lhe para sentir quanto Nossa Senhora cu idava clclc, o que o levou a mudar ele vicia comp letamente. Tornou-se depois um virtuoso e exemplar sacerdote, chegando a ser chamado de pai cios pobres de Paris. - stcs exemp los nos mostra m como podemos pedir a Nossa Senhora que nos livre de nossas misérias, sendo Ela a mãe que ou tira os prob le mas e afasta as te ntações cio · seus filhos, ou lhe dá forças para vencê-las. • E-mai l do autor: va ld is rin ste ins
calo lic ismo.com.b r
Ü
Purgatório
(Conclusão)
N a parte Vdesta série, tratou-se do modo como podemos mitigar as penas que devem cumprir as almas padecentes. Com a presente, conclui-se a série a respeito do Purgatório.* e pois cio Santo Sacrifício da Missa, temos uma multidão de meios muito eficie ntes para alivi ar as santas almas, se os e mpregamos com espírito de fé e fe rvor (e estando e m estado de graça) [.. .]. Sabe mos que o Santo Rosário manté m o primeiro lugar entre todas as orações que a Igreja recomenda aos fié is. Essa excele nte prece, fonte de tantas graças para os vivos, é também sing ul arme nte eficaz no alívio dos fa lecidos. 1... l Se as boas obras ord inárias obtê m tanto alívio para as almas, qual não será o efeito ela obra mai s sa nta que um católico pode fazer, o u seja, a sagrada comunhão? [ ... ] Depois da santa comunhão, falaremos da Via Sacra. Esse santo exercício pode ser considerado em si mesmo e nas indulgências com que é enriquecido. Em si, é uma solene e muito excelente maneira ele meditar na Paixão de nosso Salvador, e, conseqüenteme nte, o mais salutar exercício de nossa santa Religião. [... ] Assim , essa de voção, tanto pelas muitas exce lê ncias de que é objeto, qua nto e m razão de suas indulgênc ias, constitui um sufrág io de gra nde valor em favo r das sa ntas almas. [.. .]
A grali,lão pelo que fazemos pelas almas As indul gências são, na Igreja, um verdadeiro tesouro que permanece abe rto aos fi éis. A todos é permitido dele se servir para pagar as próprias dívidas e as dos outros. [ .. .] As almas do Purgató rio, que se e ncontram em tão extre ma necess idade, suplicam-nos com lágrimas e m meio aos seus to rmentos; te mos os meios de pagar suas dív idas por me io elas indul gências, mas não nos e mpenhamos e m fazê- lo. [... ] O Doutor Angélico dá preferê ncia às esmolas em relação ao jejum e à oração, qu,rndo se trata da expiação das faltas. Diz ele:
"Esmolas possuem mais completamente a virtude da sati.~fàção do que a prece, e esta mais completamente que o jejum ". Esta é a razão por que grandes servos de Deus e grandes santos a escolheram como um principal meio de assistir aos fa lecidos. [...] A esmola c ri stã, essa mi sericó rdia que Jesus Cristo tanto recome nda em seu E vangelho, compreende não só a assistê nc ia corporal aos necessitados, mas també m todo bem que fazemos ao nosso próximo, trabalhando para sua sa lvação, suportando seus defeitos e perdoando suas ofensas. Todas essas obras de caridade podem ser oferecidas a Deus pe los fa lecidos, e contêm grande virtude satisfatória. [.. .] Falamos da gratidão das santas almas. Isso elas podem alg umas vezes manifestar de maneira cl ara, mas freqüenteme nte o fazem inv isivelmente, por suas preces . As almas rezam por nós não somente depois de sua libertação (do Purgatóri o), quan-
do estão com Deus no Céu, mas mesmo e m seu lugar de ex ílio e e m meio a seus sofrime ntos. Se be m que não podem rezar por s i mes mas, no e ntanto, pelas suas súpli cas, elas obtêm grandes graças para nós . [ ... ] Se as almas são tão gratas a seus be nfe itores, Nosso Senhor Jesus Cristo, que ama essas almas, que recebe como feito a si todo o be m que e mpree nde mos e m re lação a elas, concedernos-á abundante recompensa, muitas vezes nesta vida, e sempre na próx ima. E le o lha para aqueles que praticam essa misericórdia, e pune os que se esquecem ele fazê- la para as almas do Purgatório.* * •
-
Notas: * Os le itores de Catolici.l'mO podem sugerir lemas para esta seção de nominada Leitu ra Espiritual. Esc revam-nos indicand o assuntos re lacionados à vida espiritua l sobre os qu ais têm mai s inte resse. ** P.idrc F.X. Sc ho uppe, S .J. , Purgatory, i//11.,·trated /Jy the tives and !egends of:' 1l1e Sa ints, TAN Books anel Publ ishers, lnc., Rockford, USA , 1973.
NOVEMBRO 2 0 0 5 -
.
Mestre do catolicismo De ponta a ponta a revista de outubro está excelente. Extraordinários os artigos sobre o saudoso mestre do catolicismo, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Muito especialmente a entrevista, o artigo sobre a plena fideli dade de nosso mestre à Santa Madre Igreja e a respeito dele enquanto tendo um modo de agir peculiar, em contemplação ao mesmo tempo . Muito oportuno também o artigo contrário ao desarmamento. Vamos em frente no bom combate desta marcha vitorio sa, porqu e Deus será vitorioso sempre . Logo, seus filhos não serão derrotados ! A obra de nosso mestre é deveras monumental e não será derrotada! (N.P.S.F. - SP)
Gra11des horizo11tes Embaixado1· jullto a Deus O mundo, sobretudo o que eu chamo de "o mundo católico de verdade", há uma década perdeu o estimadíssimo Dr. Plinio. E ntretanto esse mundo agora pode contar com um embaixador no alto dos Céus. A pregação dos princípios dele es tá viva, e a prova disso é que tal pregação causa até hoje aborrecimento nas forças ocultas que tramam contra a fé católica. Uma trama que tenta apagar o restinho de fé, o restinho da chama que ilumina o mundo cató]jco, o restinho do tecido social que persevera fiel. Por manter vivo o pensamento de Dr. Plinio, e u agradeço muito e muito a vocês, não deixando apagar em nossos corações a lembrança desse grande homem de tanta fé e de tanta coragem. Ainda.que com peri go de vida, ele, o cavaleiro leal, teve a coragem de enfrentar os inimigos da Santa Igreja, a coragem até de expiar por e la, se fosse preciso, ele estava disposto. São apenas algumas simples palavras para registrar nossos agradecime ntos nesta data inesquecível. (A.N.R.V. - PB)
-CATOLICISMO
Abriram muito meus horizontes a respeito das considerações da luta dos católicos no século XX, bem como dos ag itados dias em que vivemos, as matérias ancoradas na vida pública e na vida particular do Prof. P linio. Quero comprar mais 2 exemplares da rev ista de outubro (nº 658). (M.U.N- RJ)
Na luta de sempre ~ Sempre leio a revista Catolicismo através da Internet, e me agrada
muitíssimo. Felicito-os por continuar na luta. Nunca tinha desfrutado tanto de uma seção como agora, neste mês de outubro, com a entrevista de Dr. Luiz sobre o Dr. Plinio. Fiquei encantado, foi para mün uma graça. (R.D.M. - Colômbia)
Na revista de sete mbro, gostei dos artigos doutrinários combatendo a revolução, mas queria fazer uma referê nc ia a um de que gostei especialme nte. Fo i o artigo de Dr. Plínio Vidiga l Xav ier da Silveira comentando a c ri se da reforma ag rári a e do governo L ul a. Estou de acordo em tudo. Esse governo está deixando a desej ar, e não sei aonde vamos parar se Nossa Senhora Aparecida não interferir logo, pois, como di z um outro artigo na mesma e di ção, "cubanizar" o Brasil está difícil graças a Ela. Também achei muito expressivo o artigo em que o título se refere ao " resto que voltará". É muito significativo esse artigo e m me io a tantas provações que a Santa Igreja vem passando. E até mes mo a tão estimada TFP. Realmente esse artigo veio do céu. (H.P.M.N. - RJ)
Milagroso aviso Gostei demais do artigo a respeito da tragédia oco rrid a e m Nova Orleans e a respeito do aviso de Nossa Senh ora. Acredito muito ni sso, pois sou devota dessa Mãe tão linda e bondosa que está tentando, de todas as formas, segurar o braço de seu Filho. Porém, parece que a humanidade ainda não aprende u a discernir os av isos mandados do alto, e continua na mais retumbante dissolução de costumes, j amais vi ta. Vou proc urar divulgar essa mensagem a todos os meus conhecidos, para que se previnam e possam ale rtar outras pessoas menos avisadas.
(R.M. -MG)
à crimi11alidade
Graças a Nossa Se11hora
NÃO
t8J A revi sta deste mês, dedicada a Dr. P líni o Corrêa de Oliveira, ficou realmente mai s bonita do que eu esperava no mês do falecimento de Dr. P lini o. Os autores e toda a equipe organizadora estão de parabéns!
Parabéns a Catolic ismo por se posicionar frontalmente contra a proibição da venda de armas e munição ao cidadão de bem. Penso que, além do direito de defesa, há que se considerar o seguinte: se o SIM vencer, os
traficantes serão be neficiados com enormes lucros, pois deterão, na ilegalidade, o monopólio do comércio de armas. Teremos mais viol ência, devido à di sputa por pontos de revenda. Haverá, ainda, mais aliciamento de menores, mais bal as perdidas e maior corrupção policial. (J.A.M.L. - RJ)
Uma no,· ao tigre ... ~ Nesses últimos dias, tenho lido muito sobre a polêmica do desarmamento. Em mjnha "caixa postal" de e- mail, tenho recebido uns l O todos os dias. O que é sinal do interesse geral em debater e em não aceitar a imposição da mídia, do clero da esquerda, junto com as estrelinhas pacifistas d a Globo , que obedecem àque la emi ssora de TV sem saberem sequer o qu e es tão di zendo . Para mim, ser pacificista com o criminoso é o mesmo que oferecer uma flor ao ti gre fa minto, na esperança de que este não o devore ... Vai nessa? ! Mas a maior parte dos artigos que recebo não tem muito conteúdo. E ntretanto, de todos arti gos que li até agora, o que e ncontrei com mai s conteúdo foi o do Coronel da PM Jairo Paes de Lira, publicado no Catolic ismo d es te m ês [outubro] , intitulado "Desarmamento das pessoas de bem: afronta ao Direito Natural''. O ilustre coronel coloca brilhantemente que esse desarmamento será somente do cidad ão honesto, e não do crimjnoso. Mas para mim foi um presente o texto que o coronel tiro u do catecismo, falando da legitimidade da defesa por meio até de armas de fogo. É um texto escondido, que os padres deveriam pregar nas portas das igrejas, ler nos sermões, mas só os tenho visto distribuindo folhetos pedindo para votar a favor do desarmamento, até em sermões eles estão tentando persuadir os católicos a votarem pelo "sim", portanto contrariando o próprio catec ismo romano. Contrariando o próprio Jesus, que
usou arma daque le tempo, que era o chicote. Com essa arma ele e xpulsou aqueles que faziam negócios no templo. Para que os católicos não fos sem enganados por esses padres de esquerda da Igreja, mandei o artigo do coronel, em negrito o referido texto do catecismo, para toda minha lista de e-mails, e pedindo a todos que o repassassem. É claro que queremos a paz, mas para ter paz é prec iso impedir a ação daque les que promovem o crime. Por isso é que Jesus di sse: "N ão vim trazer a paz, mas a espada" (São Mate us , LO, 34 ). Para ter paz, foi preciso usar a espada. Vamos ver no que vru dar, mas todos os católicos deveriam di zer "não" ao desarmamento, para imitar a Jesus que usou o chicote e a espada. (C.N.H. - ES)
A CNBB a gm11de perdedom ~ O desatino da CNBB e dos bispos e sacerdotes li gados a e la, que ficam pregando - melhor seria dizer " marte lando" - assuntos alheios à sua esfera (como os sociais e econômjcos), e silenciando os assuntos próprios da Igreja (refiro-me aos relig iosos e morai s), é a principal causa da pe rdição das ovelhas para os pastores evangélicos. Isto ficou muito patenteado nestes dias pré-referendo sobre a questão do desarmamento. A CNBB se meteu de cabeça neste assunto e ignorou as questões morais importantes nestes mesmos dias, como a questão do aborto, que quase foi aprovado, se não fossem algumas reações de le igos. Por que eles não se meteram também de cabeça para alertar os católicos contra o aborto? Quase todas as igrejas, certamente por ordem da CNBB, ficaram se encarregando de recolher armas de fogo e do convencimento dos fié is católicos a votar pelo "sim", insistindo até demais (pela proibição do comércio de armas). Graças a Deus, aqueles que são realmente fiéis e re-
almente católicos percebem que tal posição dos bispos da CNBB não está de acordo com a posição católica. É uma posição pessoal deles, não a posição oficial da igreja. E não sendo um dogma da Igreja, os católicos não ficam obrigados a votar pelo "sim". Podem votar pelo " não" para manter a fidelidade ao que ensina o próprio catecismo. É melhor obedecer à teologia do cateci smo que obedecer à teologia da libertação. Até me pergunto: a insistência da CNBB em desarmar a população não visaria facilita r as invasões do MST? Porque, desse jeito, os " msti stas" poderiam inv adir sem encontrar resistência dos proprietá rios. Se o "sim" ganhar, as ovelhas fi carão desarmadas (sem meio s de exercer a legítima defesa) e os lobos bem armados. Se o " não" vencer, a gra nde perdedora no referendo será a própria CNBB, poi s meteu-se de cabeça em defesa de um erro. Sim, um erro, porque agiram para desarmar as ovelhas, deixando-as indefesas à mercê dos lobos. (N.P.E.P. - PA)
/11coer ê11cia igJ Concordo com a posição de Catolicismo contra o desarmamento,
porque o governo não faz nada para impedir que os criminosos adquiram armas e faz tudo para desarmar aqueles que têm arma apenas para defenderem-se a si próprios, sua família e/ ou propriedade. (P.E.N. - SC)
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
NOVEMBRO 2 0 0 5 -
-
n Cônego JOSÉ
Pergunta -
E u gostaria de saber, na minha ignorância de principiante no catolicismo, como devo proceder para jejuar, fazer penitência e mortificação com a finalidade de agradar a Deus, de louvá-Lo e de obter misericórdia na hora da mo1te. Eu me confesso freqüentemente, recebo a Eucaristia· todo domingo e tenho procurado fazer alguns sacrifícios para agradar a Deus, para ajudar a salv ar almas do inferno, para ser abençoada e viver na vida eterna. Acho extremamente maravilhoso viver nesta Terra podendo dedicar a vida a Deus. Obs .: estou lon ge de ser santa , muito longe ... Por favor, reze por mim para qu e e u con siga viver minha vida inteira do lado de Deus. Obri gada pela atenção .
Resposta - É grato e reconfortante para um sace rdote receber a presente carta , de uma alma que respira uma atmosfera primav eril de vida espiritual. De modo que a resposta poderia ser a simples frase: tenha ardentíss ima devoção a Nossa Se nhora e continue ass im para a lcançar a sa ntidade e a vida etern a ! Porém, um sacerdote com alguma experiência na guia das almas sabe que o longo percurso que vai do início de nossa vida espiritual até o momento extremo da entrega da alma a Deus, no terrível transe da morte, está muito longe ele ser tão simples assim. Ali ás, nem é preciso er sacerdote para saber di sto, pois qualquer alma, por pouco que caminhe na vicia espiritual, dá-se logo conta ele que nossa trajetória nesta vida está CATOLICI SMO
cheia de percalços de toda ordem. Cabe então, em primeiro lugar, mostrar a beleza da atmosfera primaveril, e em seguida prevenir a alma sobre os obstáculos que, mais cedo ou mais tarde, se levantarão diante dela.
Deus e a salvação eterna, o centl'o de tudo A missivista considera "extremamente maravilhoso viver nesta Terra podendo dedicar a vida a Deus" e manifesta seu desejo ele viver sua vida inteira "do lado de Deus ". E la escolheu o lado certo, o lado de Deus, e m face de tantos outros - a imensa maioria, neste mundo em que vivemos :-- qu e ass umira m posição contra Deus e a Santa Igreja. É, portanto , do lado de Deus que devemos estar. E isto implica, desde logo, uma devoção entranhada a Nossa Senhora , qu e nos condu z irá seguramente a Jes us C risto, verdadeiro Deus e verdade iro Homem. [mplica também um e mbate com aque les que se colocaram contra Deus, poi s estes logo começam a não gostar de nossa posição religiosa, censurando as nossas de voções, o s princ ípios da moral católica que praticamos, as vestes modestas que usa mos, a nossa repu lsa à imoralid ade re in ante e m quase todos os ambientes, a nossa recusa em folhear as revistas imorais que penetram mesmo em casas ele famílias que se di zem católicas, e também a nossa recusa em assistir os programas imorais ele TV, Internet, etc. Nestas condições , se estes embates não começaram para a fe li z mi ss iv ista, aprove ite e la essa trégua que Deus permi te e m se u e nto rno , p ara
LUIZ VILLAC
consolidar a convicção de que é cio lado ele Deus que elevemos estar em todos os dia ele nossa vicia, e assim alcançar a bem-aventurança eterna no Céu, para a qual nascemos, e evitar o inferno. E aq ui vai um primeiro conselho à missivista: sempre que estiver diante de pessoas aparentemente corretas, mas nas quais logo se percebe que, no seu horizonte mental, não ocupa o primeiríssimo lu gar essa necess idade suprema de agradar a De us e louv á-Lo, alcançar o Céu e evitar o fo go do inferno , tom e cuid ado , porque qu ando menos esperar, essas pessoas estarão tom a ndo po s iç ões e dando conse lhos que, na melhor das hipóteses, fa zem caso o misso de Deus. É o "ate ísmo práti c o " . Ora , ne m se mpre o de mô ni o nos arrasta diretame nte para o pecado , mas muitas vezes apenas para uma posição não pecaminosa, porém da qual De us está ausente . Quando uma pess o a se aco s tumou a prescindir d e Deus, pouco falta para o demônio arrastá- la para o pecado direto e form al. De modo que o simpl es "esquecimento" de Deus j á é uma infide li dade a Deus, uma falta moral, ra mpa para o pecado venia l e de po is para o pecado mortal.
corromp id a . Nesta vida, o homem está continu amente sujeito a sofrimentos e doenças no corpo, aborrecimentos e contratempos ele toda ordem em sua vida material e social. As almas são muito diversas umas das outras, e mesmo entre pessoas virtuosas surgem divergências que nos fazem sofrer. Além disso, em conseqüência do pecado orig inal , os nossos defeitos pessoai s e os dos outros entra m
está continuamente voltada para o norte magnético do planeta, assim também, quando abalados pelos percalços da vida, devemos nos esforçar por reconduzir a orientação de todas as nossas ações para o nosso pólo espiritual, que, como diz a própria missivista, é sempre Deus! E assim, qualquer que seja a doença ou contrntempo, insulto ou vexame por que passemos, devemos dizer como sugere a Imitação de Cristo: "Sit nomen tuum, Domine, benedictum in saecula, quia voluisti lume tentationem et tribulationem
venire super me", ou seja: "O teu nome, Senlwr, seja bendito por todos os séculos, porque quiseste que esta tentação e tribulação se abatesse sobre mim" (Livro·m,29, l).Esteatodeconformidade com a vontade divina, nas circunstâncias mais adversas, reconduz a alma para o seu pólo supremo, que é e não pode ser outro senão Deus. A bondade e a proteção da Virgem Santíssima são-nos indispensáveis nessas horas. Para que a alma não se abale jamais com as adversi-
dades da vida, convém ter em vista, e quiçá repetir muitas vezes, as conhecidas aspirações de Santa Teresa de Jesus:
Nada te perturbe, Nada te espante, Tudo passa, Só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem tem a Deus, Nada lhe falta, Só Deus basta. É mais um conselho, perfeitamente conforme aos melhores autores espirituais, para que a agulha magnética de nossa vida espiritual se volte continuamente para o seu pólo único e insubstituível que é Deus.
Apelo especial à SaJltidacle
~
Os autores espirituais mostrnm que o apelo de Deus à santidade é universal, isto é, dirigido a todos os homens. Porém, algumas almas são favorecidas por Deus com graças pa.iticulares que constituem um apelo especial a praticar a máxima evangélica: "Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito" (Mt 8, 48). A missivista pede que se reze por ela para alcançai· essa santidade, da qual ela se sente ainda muito longe. Fá-lo-ei com gosto, pedindo também que ela faça o mesmo por mim e por todas as almas necessitadas de um conselho e de uma orientação. E naturalmente pedire i por interm é dio de Maria Santíssima, Medi a neira de todas as graças, a Qual está sumamente voltada a nos unir, o máximo possível , a seu divino Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. •
«:
E-mail do autor: conego joselui z@catolicismo.com.br
·e:"'
Doenças e contratem- ::;;5"' pos, insultos e vexames ~ Mas a vida nesta Terra não se situa apenas nesse pata mar e le vado dos prin cípi os e lu tas espiri tuais, que devemos e n fre n ta r ga lh a rd a me nte . Pelo bati smo fomos incorporados à Igreja - mililante e pe lo sacramento do Cri sma fo mos ungidos e armados cavaleiros , para combater o infe rno, o mundo e a natureza
em choque, e causam desavenças que não raro dão origem a insultos e vexames, para não fa larmos de desfechos mais graves, como crimes e tumultos. Os jornais estão cheios de acontecimentos trágicos de toda ordem, dos quais podemos ser vítimas quando menos o esperamos. Como fica , no meio disso tudo, a alma que, em sua generosidade inicial, não pensava senão em agradar a Deus e servi-Lo de todo o coração? Como a agulha magnética
! u:
-a
j ,
~
§
NOVEMBRO 2005 -
-
A REALIDADE CONCISAMENTE Educação mista e igualitária é preiudicial às crianças
M Italianos satisfeitos por terem tropas no exterior 77% dos italianos apóiam a presença de suas tropas no· Iraque, Afeganistão e outrns países em conflito. A metade está contente pelo fato de a ]tália "estar presente no plano internacional com suas próprias Forças Armadas". A pesquisa foi feita para o diário "Il Giornale" de Milão pela firma Arnaldo Nasi & Associati. Esta sublinha que tais resultados eram impensáve is poucos anos atrás. O conservadorismo avança. Há L0.589 soldados italianos em J9 países, cumprindo 28 missões. •
Zôo de Londres exibe homens em iaula zoológico de Londres expôs oito seres humanos quase nus numa jaula, por sugestão da Sociedade Zoológica de Londres. A finalidade é convencer o púb lico de que "o homem perten.ce ao gênero animal". Finalidade totalmente absurda, pois na realidade ele faz parte de um gênero próprio, o humano, dotado de alma espiritual e imortal. Outro objetivo é "mostrar que sua proliferação [a do homem] é uma verdadeira praga para as outras espécies" , patenteando o fundo anti-humano e praticamente satânico da ecolog ia radical. •
º
eninos e meninas têm pronunciadas diferenças físicas e psicol ógicas, e por isso não elevem ser educados no mesmo esWHAT PARENTS ANO TEACHERS NEED TO KNOW ABO UT THE EMERG ING SCIENCE OF SEX OIFFERENCES quema, expli cou o psicó logo e médico norte-americano Leonard Sax, em seu recente livro Why Gender Matters. Segundo Sax, cada vez mais moços e moças pedem tratamento psiqui átrico, porque as escolas não respeitam as formas dife rentes de apreender dos dois sexos. Eles e elas têm características físicas e psicol ógicas próprias, emoções, senti mentos e gos tos que não são iguais, os quais a esco la precisa levar em conta para não lhes fazer mal. A ed ucação mi sta e neutra pre parou, segundo Sax, o ambiente para aberrações como o "casamento" homossexual. •
Why Gender Matters
Aborto: maior causa de mortalidade na Espanha
O
aborto é a ma ior causa de mortes na Espanha, muito superior às provocadas por acidentes de trânsito, homicídio, suicíd io, AIDS, drogas ou doenças. Mata-se uma criança a cada 6,6 minutos. Cada dia, 220 bebês não chegam a nascer. A denúncia é do Instituto de Política Familiar, de Maclri. Desde que nova lei foi aprovada na Espanha em 1985, "as mortes por aborto aumentaram de modo vertiginoso", inclusive entre adolescentes, registrou o relatório. U m de cada seis casos de gravidez termina nessa tragédi a abominável, mas tal morticínio não impressiona o fa natismo dos que defendem o aborto. •
Novos estudos demonstram: videogames induzem à violência
A
Associação Americana de Psicologia (APA), mundialmente acatada, co ncluiu que os vicleogames violentos impelem cri anças e adolescentes a agir viol entamente. Ela baseou-se nos estudos reali zados há 20 anos no mundo todo. Um deles provou que, após 10 minutos de jogo violento, o jogador adota conduta agressiv a. "Mostrar atitudes violentas sem as devidas conseqüências é ensinar aos j ovens que a violência é boa para resolver conflitos", acrescentou a psicóloga Elizabeth Caril, diretora do Comitê de Violência em Videoj ogos e Mídia Interativa, ela APA. •
Habeas corpus para macaco; aborto e eutanásia para homens
A
Promotoria do Meio Ambiente ela Bahia ped iu habeas corpus para a chimpanzé S uíça, "presa" no Zoológico de Salvador. Assinaram o pedido o promotor Eron Santana, cinco professores de Direito e mili ta ntes ambientali stas. Santana observou que a chimpanzé tem 99,6% de genes cio homem, e por isso "é um.a pessoa que não pode permanecer presa" . O juiz da 9ª Vara Criminal ele Salvador, Edmundo L úcio, admitiu considerar o pedido - fato que foi comemorado co mo um a vitória ecologista. Porém, Suíça morreu logo depois. O promotor ex igiu autópsia. No Brasil, em nome da liberdade, qualquer absurdo é invocado em favor cios animais. Entretanto, entre os homens, feitos à imagem e semelhança de Deus, a prática do aborto expande-se assustadoramente. Também a eutanásia já começa a ser adotada nas legislações de alguns países. •
Monges belgas recusam alterar vida religiosa por razões econômicas
A
cerveja Westvleteren 12, produzida na Abadia ele São Sixto de Westvleteren (Bélgica), foi eleita a melhor do mundo por milhares de especiali stas de 65 países. Em conseqüência, os pedidos dessa bebida se multiplicaram, a cerveja se esgotou e muitos clientes exigiram aumento de produção. A abadia, contudo, não pretende elevar a produção. "Para nós, a vida na abadia vem primeiro, não a cervej aria" - explicou o monge Mark Bode ao jornal "De Morgen". Na abad ia, cerca de 30 monges cistercienses levam uma vida ele reclusão, orações e trabalho manual. Restos saudáveis da Idade Média, num mundo corrompido como o nosso. •
CATOLICISMO
China promove isla,mismo e comunismo na Africa
A
China comunista vetou as sanções internac ionais que coibiri am os genoc ídi os praticados pelos go vernos do Sud ão (fundamentalista islâmico) e de Zimbábue (comunista), di sse Princeton Lyman , ex-embaixador dos EU A na África do Sul. Ante o VS-China Economic anel Security Review Committee, em Washington, ele declarou que esses governos estão exterminando setores da população e destruindo seus países, concluindo que a China usa os recursos econôrnjcos que o Ocidente lhe fac ilita para promover a revolução no continente africano. •
Cardeal de Mumbai interdita roupas imorais nas igrejas Cardeal Ivan Dias, Arcebispo de Mumbai (Índia), elaborou um código moral para as roupas dos fiéis. "A igreja é o coso de Deus. Então, aquele que vem aqui deve apresentarse de uma maneiro condizente", disse . Diana Motthew, 55 anos, comentou : "Eu vou rezar ao Criador,
º
portanto devo me vestir decentemente. Estou muito feliz, vendo que afinal foi adotado um código de roupas". Seemo Jacob, 22 anos, da Universidade SNDT, opinou: '~ igreja não é um local poro pessoas de mini-saia ou roupas que descobrem o corpo". A medido desagradou o clero progressista e aqueles fiéis que professam o relativismo moral, informou Express News Service.
Socialismo persegue a Religião católica e introduz o Islã l)or decisão do governo socialista esI panhol, começaram as aulas de islamismo nos escolas públicos dos populosas regiões de Andaluzia , Aragão e País Basco. Ao mesmo tem po, o socialismo hostiliza o ensino do Religião católico. Segundo Moría Rosa de la Cierva, membro do Conselho Escolar do Estado, o governo menospreza com "inflexibilidade total" os anseios de milhões de pais de família católicos . Ele apresenta leis de fundo jacobino, laico e anticristão, nas quais o ensino do catolicismo é severamente amputado e marginalizado . Para ela, "isto é uma ditadura, um foto de enorme gravidade".
NOVEMBRO 2005 -
-
M. Hannan, de 92 anos, arcebispo emérito de Nova Orleans (EUA), em declarações à TV local. Ele esteve à frente da diocese durante 23 anos. Agora é diretor da rede católica WLAE TV e Focus Worldwide TV. Ele é tão respeitado na cidade, que foi chamado de "o Papa de Nova Orl eans".
Os fiéis quel'cm co11llccc1· a vel'dade inteira
''Foi um castigo de Deus",
proclama arcebispo emérito de Nova Orleans L eis e costumes imorais. corno o ahorto e os escândalos do clero. atraÍl'am a punição cli\ irw l'('presenlada pelos furacões Katrina e Rita, denunciou Mons. Philip Hannan, sendo aplaudido pelos fiéis
1 Lu1s
DuFAUR
"Tenho
pregado nas paróquias locais, e ven ho dizendo que somos responsáveis perante Deus não apenas pelas nossas ações pessoais. Somos também cidadãos de uma nação, e no Antigo e Novo CATO LI C ISMO
Testamentos está dito que somos co-responsáveis pela sua moralidade. Como cidadãos, somos responsáveis pela atitude da nação em questões sex uais, pelo desrespeito aos direitos da família, pelo uso ele drogas, pela morte de 45 milhões de crianças abo1tadas, pelo procedi mento escandaloso ele alguns sacerdotes. Portanto devemos compreender que certamente Deus
tem o direito ele ca tigar. Se me perguntarem se Deus tinha conhecimento dessa que foi a maior tempestade em nosso país, direi que certamente E le a perm iti u. Negálo, seria uma tolice tão grande quanto afirmar que Henry Ford não conhecia como füncio na o automóvel". Estas graves e transcendentes lições religiosas foram dadas por Mons. Philip
Mons. Hannan fi cou na cidade du rante e após o furacão Katrina, e dedicou-se a socorrer vítimas e visitar as igrejas devastadas. Segundo ele, o povo "está começando a reagir; a:finando com a moral". Quando ele pregou a noção de castigo, num domingo em Mandeville, di ante ele L.000 fiéis, "o povo aplaudiu intensamente. Eles queriam que lhesfosse dita a verdade. Atingimos um grau de imoralidade nunca visto, e o castigo fo i o Katrina. Devemos contar à nossa posteridade como ele f oi terrível, para que ela entenda que se tratou de um castigo, o qual deve melhorar nossa moralidade. "Eu penso que nos corresponde pregar muito fortemente, sinceramente e diretamente que isto foi um castigo de Deus. Deus nos deu direitos e tudo o mais. Mas também nos deu deveres. Nós temos que prestar atenção neste castigo. [... ] Para quem lê seriamente as Escrituras, não há como escapar disso. Todos os que eu conhe ço, sacerdotes e bispos, acreditam nisso também ". No arvoredo de um jardim atrás da catedral de Nova Orleans há uma bem conhecida imagem do Sagrado Coração de Jesus com os braços abe1tos (foto acima). As árvores foram arrancadas de vez, mas a imagem ficou miraculosamente em pé. Só perdeu dois dedos, logo recuperados e entregues ao arcebispo emérito. "Os protestantes ficaram muito impressionados pelo fato de que as árvores caindo não a tivessem derrubado ", explicou o prelado. Nessa proteção surpreende nte, pôde-se
apalpar mais uma vez que a mão de Deus guiou o arrasador furacão.
Silenciar o castigo divino é gravíssima omissão Em Fátima, em 1917, Nossa Senhora veio pedir penitência, e até chorou miraculosamente pelo mundo em Nova Orleans, em 1972, por meio de sua imagem. Pregações destemidas e seriamente fun dadas nas Esc rituras, com o a de Mons. Hannan, atendem ao apelo lancinante de Nossa Senhora. Também vão ao encontro das necessidades das almas since-
Imagem do Sagrado Coração atrás da catedral de Nova Orleans
ras, pred ispondo-as à mudar de vida e ru mar para o Céu. Entretanto, não se pode dizer o mesmo daqueles que - leigos, sacerdotes e até al tos prelados - , nessas circunstâncias, timbram em pregar que o bom Deus jamais pune. Para onde levam eles as almas? Seria natural que a mídia, sobretudo a mídi a católi ca, desse proporcionado
espaço a declarações como essas, indi spensáveis ali ás para interpretar o que houve. Mas fez-se um silêncio como que universal. Da parti cipação de Deus nesse flagelo, nada fo i dito. A imoralidade generalizada e sistemática segue se espraiando sobre a Terra, e a " fum aça de Satanás" - para e mpregar os termos de Paulo V[ - não cessa de pe netra r na Santa Igreja.
Teimosia oficial nas causas que atrafram o castigo A pregação do a rcebispo emérito de Nova Orlea ns por certo há de fi car in scrita nos anais da Históri a da Igreja, por sua oportuni dade e veracid ade. Num se ntid o inte irame nte co ntrá ri o, c hego unos uma notícia estarreced ora. As a utorid ad es d e Nova Orleans anun ciaram que um dos eventos orgíacos que se faz iam publi came nte na cidade, o Mardi Gras, será reali zado no próximo a no. O governo local, e mpresas turísticas e patroci nadores confirmara m o financ iame nto.* O fato lembra- nos as palavras qu e Sa nto Afo nso Maria de Ligório recomendou que fosse m pregadas em tempos de grandes calamidades: "A lguns vêem os castigos e.fingem não vê-los. Outros ainda, diz Santo Ambrósio, não querem ter medo do castigo se não vêem que j á chegou. Irmão meu, quem sabe se esta é a última chamada que Deus te fa z". Quando o pecador reconhece a sua culpa e glorifi ca a Justiça divina, atra i sob re si as doces e inefáveis torre ntes de misericórdia de Nossa Senhora. Porém, quando se torna ind ife rente ao castigo, só atra i maiores e mais terríve is puni ções. • E-mai l cio au tor: lui scl ufaur n catolic ismo.com.br
* http://fr.news.yahoo.co m/ 12 102005/5/mardi gras-a ura-b ien- 1ieu- la- nou ve l le-orlea ns. ht m l
N OVEM BRO 2005 - -
-
Reeleição na Colômbia: um clamor nacional No início de outubro p.p ., quando a Corte Constitucional colombiana deveria julgar se a reeleição presidencial seria possível, a Sociedade Tradición y Acción publicou manifesto (cuja transcrição segue abaixo) no jornal "EI Tiempo", o principal do país. O documento faz um apelo ao
alto Tribunal para não interferir nos veementes desejos da opinião pública, de que o Chefe de Estado possa ser novamente eleito. Três semanas depois, a Corte aprovava tal possibilidade, eliminando a incerteza reinante. Se o apelo fosse rejeitado, a insegurança cresceria rapidamente.
Que a sentença da Corte Constitucional não frustre as justas aspirações do povo colombiano
N
os próximos dias, a Corte Constitucional deve reunir-se cm sessão plenária para decidir em Direito sobre a reforma à Carta aprovada pelo Congresso na legislatura passada. Trata-se da reeleição presidencia l, um tema que gerou não poucas polêmicas entre seus defensores e detratores, e que é da maior transcendência para o futuro de nossa Pátria. A Sociedad Colombiana Tradición y Acción, como entidade cívica insp irada na doutrina cató li ca, que ana li sou atentamente todo o processo sócio-político ela Co lômb ia nos últimos 30 anos primeiramente como Tradición, Familia y Propiedad - TFP, e agora como Tradición y Acción - não pode deixar passar este momento histórico sem fazer um pronunciamento público.
A Colômbia viveu duas <lécadas de caos A p,utir cios anos 80, a Co lômbia veio se convertendo em um cios paradi gmas mundi ais do caos. A guerri lha marxista e o mu·cotráfico, numa guerra sem quartel contra a sociedade e o Estado, demo!iram a ordem jurídica, fazendo de nosso país um dos mais violentos e perigosos cio mundo. Incontáveis cidadãos honestos e trabalhadores foram literalmente massacrados por hordas assass inas, com dezenas de milhares de mortes por ano. Centenas de pequenos povoados foram arrasados pela ação desses grupos
CATOLICISMO
criminosos . O eqücstro alcançou níveis escanda losos, com mai s de duas mil vítimas por ano. A ex torsão se apo. derou dos campos e das cidades, levando incontáveis cidadãos honestos a se esconder ou ir para o exterior, enq uanto bandidos e assassinos campeavam desafiantes por toda parte.
Claudicando ante o crime, não se co11segue a paz
Fac símile do manifesto publicado em " EI Tiempo"
Ante la proximidad dei tal/o sobre la reeiec ·, . . L ciunprestdenc,at: a sentencia de la e t C no debería frustrar Jor_ e onstitucional deJ pueblo coJombi as Justas aspiraciones En los próximos dl I C ano ,eunlrse eo seslôn pie;;, ª º:l:cf ºnsliluc/onal dfbe
la ie/orma a la C.irta a 13 p,1ra
pasada reglslalura.So 1,~{a~1f
d/r en Ocrix:ho sobte
,:f e/ Cong,eso en ia
un1ema quehagenerado ecc16npresldcoc/ar defensores f do!faclo,~ Pocas polêmicas enlre sus' lrascendoncia para el fLJ, Y r1u3 es do la mayo, l a SocJadad e uro o nues1ra Pafria como cnl/dad cfv,~~o~nblano Trad/cldn Y Acclón alentamente todo oi procel:olówca que ha anal/2adÓ en ro, 611/mo, 30allo, soe 0·POlll<o do Corombi, YPropfedad-TFP- y-Jri~~ro con~ Tradiclón, Firrnha no puoo, de/ar PJsa como rOdrcrón yAcclón un pronunc/amfeoro ~i:,t~mento hls/Orico sin hacei Cofombla vl11ló dos décadas de caos A"'11u do los ano, 80 C-Olomb e,i ooo de los pa,ad;gíll3S ia se vinoconvi1hendo íl'larXJSlaye1na,eo1ràt,co frllldialescfelcao, laglf!r,itla $0C/edad y el Estado' : , :1 ,stncuariel coni,a ,..,cfendo de nuestro p 'r on e mden 1urfd1co pc/ig1o:sosd!lmundo 1~t"bº1de los más v,01en1os Y yfrilbaJ,ldores lue, . a e., c1udadanos hooeslos
L~ g~"ª Como pôde acontecer tudo isso, à vista de todo o país, sem que ninases/nas, con decC:nmaSék:1ados/rlefalmenteporno,das Cenlenas de '" de mllos de muer1cs por afio guém o impedisse? - Essa é uma porloocclón alcanzónlvclos laexiorslónse das grandes interrogações que a Hisalpun/odeqoe tória deverá responder. Durante duas décadas, muitos de nossos diri gentes políticos preferiram claudicar diante cios agressores, em vez de enfrentá-l os de acordo com a Lei. Entregou-se tudo ante as ameaças dos subversivos, alegando que assim se obteria a paz. E cada dia que passava, a paz estava mais di tante, enqu anto a extorsão e o crime dominavam todos os ambientes da nação. O sangue ele muitos inocentes foi derramado caudal osamente, demonstrando que a paz não se obtém claudicando ante os deJ fondo de Jas s J cludades7 " (CI, EI 11111 ª' corozdn de 111 criminosos , mas lutando com aMlls/s, poco csêuc 1 empo, Nov 9 de 1.982) Est ~b, Pata que lodos sus squovendrán,quJenes a O.'lC8f denuncia p,oMrlca de ~dq~en '~...momenro, tue una heroísmo na defesa dos princísuc:V\fe1/a dur11n1e 10.120 {:)_bl, deooso,,os umflOC100 pios e instituições ameaçados. 1 DeteotllOIJlr ljempWfsiwp,-..dcxuntnlO Nornbrt Bispos, magistrados, juízes, miCaue 23 No,re No. 3.33 o; 402 ' e ' , ' Dfrecç!ótL Ttl, Tclolono (2) 6674576 ~ Fax(2/ :~4~mbia Cluaad_ nistros, govern adores, prefeitos, E'maU; 1,adiaccfon@leles.,rcom co
mi~::t:~~::;
!,,
1
°"'"
:
• I
I
l
j
'
generais e cand idatos presidenciais caíram abatidos por causa do erro de que através ela transigência se obtém a pacif"icação dos violentos. M as, apesar das ev idênc ias, os que detinham os cargos de maior responsabilidade continuavam impondo à opini ão pública suas cap itulações, fazendo o impossíve l para que continuasse o processo de demolição da nação co lombi ana.
ter escondidos ou trânsfugas para não serem capturados ou mortos; e os co lombianos honestos j á podem sa ir para o ca mpo, pelas estradas , mover-se e trabalhar livremente, dentro de um processo de recuperação notáve l qu e apenas começa, e no qual ainda falta muito caminho para percorrer.
táveis em recuperar a confi ança da população, sem a qual uma nação não progride, mas se empobrece, arruin ando as fontes ele emprego e de bem-estar do país. Truncar essa obra na metade do caminho, qu ando a imensa mai oria dos co lombianos a apóia com vigor e entusi asmo, eq uivale a decapitar as aspirações mais profundas da Colômbi a e a recoApoio ou recusa a meçar o funesto processo de demolição um clamo,· nacional nacion al. Uma advertência O que então está em jogo, com a deEssa é a razão pela qual, en tre os profética que rec usa m a ree leição presidencial, cisão a ser tomada nos próximos dias pela E m novembro de 19 82, encontram-se muitos ci os que quando começava o carrossel foram indol entes ou cúmpli O presidente Álvaro Uribe (primeiro plano) lntel'Velo ante a Corte Constitucional para defender de capitulações, um do cuces quando a Pátria estava os critérios do Governo mento anunciou o que havesendo destruída. Por isso faria de vir. A Sociedad Colomze mos um apelo público à rebiana de Defensa de la Traflexão, espera ndo que a Cordición, Familia y Propiedad te Const ituc ional saiba inter- TFP - entidade que já não pretar as mais legít imas e noexiste, tendo alguns de seus bres as pirações do povo cointegra ntes fundado Tradicil ombi ano, no momento de toón y Acción - publicou um mar um a decisão ele tanta transcendênc i a. man ifesto nos nove principais j orn ais do país: "Anistia aos A opinião pública não poguerrilheiros: Medida de paderá ser emudec ida em um asc(f"icação, ou transferência sunto desta importância, pois da guerrilha do fundo das todas as pesquisas que ausc ul selvas para o coração das citaram o se ntir da Co lômbia dades?" (cfr. "EI T iempo", 9indi cam que esta deseja de 11 - 1982). Essa aná li se, pou modo categórico a reeleição, co ouvida na ocasião, foi uma precisamente porque anseia a denúncia profética do que suverdadeira pacificação, co m cederi a durante os 20 anos sebase no império da Moral e do guintes, caso o país não reagisse ao proDireito. Jsto não deve ser ignorado pela Corte Constitucional , não é só se o povo cesso de fa lsa pacificação que o cond ucolombiano poderá ou não reeleger o atuhonrada Corte Constitucion al, pois fazêzia ao desastre. lo desvirtuaria a própria essênc ia de nosal Presidente por outros quatro anos. Decide-se ta mbém al go muito mais Quando os pertinazes disparates dos sas instituições e relançaria o país no claudicadores chegaram ao extremo de transcendental: se se reconhece a transabismo . entregar à subversão partes importantes Como cató li cos, imploramos a interformação profunda de nossa Pátria, que de nosso território, começou finalmente exige dos governa ntes, dos líderes esp icessão do Sagrado Coração de Jesus, a um a reação vigorosa e sa lvadora. A opirituais , das autoridades civi s e militares, Quem nossa Pátria está consagrada há ni ão pública, saturada de tantas menti da Po lícia e dos órgãos de segurança, dos quase um séc ul o, para que ilumine com ras, sofismas e crimes, tornou-se implajuízes e dos magistrados, dos congressua Sabedoria e Prudência aq uel es que cável na censura contra todos aq ueles que têm em mãos um assunto de tanta imistas, dos deputados e dos vereadores, e propiciaram a entrega da Co lômb ia aos de todos que têm er~ suas mãos os destiportância. Da resposta que eles emitam grupos ilegais. nos da nação, uma atitude firme, intrépiproximamente, depende que na Co lômEssa sã reação levou o Dr. Á l varo da e sem concessões em face das minobia continue sendo restaurada a vigênUribe à Presidência e, uma vez no Porias criminosas que nos impuseram o cia dos princípios da civ ili zação cri stã, der, seu combate frontal a todos esses caos durante 20 anos. ou que de novo seja subju gada pelos males mudou completamente a fisionoNinguém pode negar que no plano partidários do crim e, graças à indolênmia de nossa Pátria. Hoje, depois de três político essa luta fo i assumida pelo Precia de num erosos homens públicos. anos de govern o, os papéis se invertesidente da República, e essa é a razão ram. Os bandidos voltaram para as selSociedad Colombiana pela qual goza de tão altos índices de vas ou saíram do país, tendo de se manpopularidade. Ele obteve resultados no1'radición y Acción
www.co/omt>ia-a111onr1ca.o,g
NOVEMBRO 2005 - -
-
.
Nudistas velhas
D
o livro Contraponto, de Aldous Huxley , que li há muitos anos, uma cena ficou-me gravada na memória, por demonstrar a fina percepção psicológ ica do autor. Relato-a como e la se me apresenta ao espírito. É um ro~1ance, em que um dos principais personagens é um libe1tino. Após experimentar todo tipo de prazeres sensuais, a tal ponto ficou deles saciado que passou a procurar o grotesco. Já não mais buscava, como de início, as mulheres belas; deixara de sentir atração por elas, e procurava no mundo tenebroso da prostituição aquelas que mais se haviam degradado moral e fisicamente, as mai s feias , as mais repugnantes, as que causavam maior repulsa, pois no sórdido encontrava algum prazer. O personagem afu ndou-se depois, sucessivamente, nos vícios mais abjetos, até que um dia foi vi sto chicoteando umas belas flores. A deformação moral, que começara co m uma sensualid ade sem freios, termina com um ódio contra toda beleza, mesmo a beleza cândida e singela das flores de um jardim . De modo semelhante, o barão d e C har lu s , personagem de Proust, fazia-se chicotear em espantosas cenas de masoq ui smo, para te ntar arrancar à natureza torturada o prazer que não mais encontrava na retidão de uma vida norm al. É o cam inho que os vícios fazem percorrer. Nem todos chega m ao fim da rampa, mas ela desce até lá. V iciados na sensualidade, sempre insatisfeitos com o que conseguem, desejando sempre mai s e mai s, não há aberração que os detenha. Ao contrário CATO LICISMO
da virtude, que ordena o espírito, traz equ ilíbrio e paz de alma.
Nova tática de revistas nudistas Existem nos dias de hoje diversas revistas que exploram o nudi s mo feminino (como já existem também as que exp loram o nudismo m asculino , mas deixemos isso de lado). Sempre se entendeu que, para captar melhor seus leitores, tais revistas pornográficas escolhem suas modelos entre as mais jovens, pois é em face da juventude que a atração desregrada da sensualidade se exerce com mai s força. Pois bem, a imprensa noticiou que uma dessas revistas vai reproduzir fotos de uma mulher de 47 anos inteiramente sem roupa. E informa que outra dessas revistas, a mai s conhecida, fará o mesmo com uma viúva de 51 anos.
Se a divulgação de foto s imorais de jovens é um incitamento à transgressão do 6º Mandamento da Lei de D eus, a publicação, nessas cond ições, de foto s de mulheres mais do que adultas te m j á algo de particularmente pervertido. Atenta também contra a dignidade fe minin a. Quantas mulheres honradas devem sentir-se profundamente chocadas com tai s fa tos ! Mas não pára aí. " Doze senho ras de cidem posar nuas em calendário para levantar recursos destinados a um hospital de câncer. [... ] Nuas e segurando .flores, .ftze ram fotos para um calendário de 2006 que estará à venda em todo o Brasil. [ ...] As modelos estão nafaixa etária entre 50 e 80 anos". * A mais idosa tem 82 anos e já é bisavó. A organizadora é avó e tem 60 anos. Ajudar os cancerosos é muito bom. M as será que essas senhoras não encontraram outro meio para fazê- lo?
* * * Tais notícias, aparecendo na impre nsa em datas muito próxi mas, levantam a suspeita de uma ca mp a nh a para im pulsionar a imoral idade e a degradação também nas gerações de ad ultos e velhos . Mas o que se pode es perar de uma sociedade em que até as gerações mai s antigas deixam de representar a moralidade e a dignidade e passam a levar água para o moinho do nudismo e mesmo da li bertinagem? Nossa Se nhora, Rain ha da Pureza , por enquanto chora através de suas imagens. O que fará depois? • * Cfr. "Folha On line" (26-9-05) e "Folha de S. Paul o" (25 e 28-9-05) .
Aborto, jamais. Nenhuma circunstância o justifica  nda que se alegue um fim bom - por exemplo, a saúde da mãe - , para alcançá-lo não se justifica o emprego de um meio mau; e nenhuma lei poderá tornar lícito um ato intrinsecamente ilícito, porque contrário à Lei de Deus.
e
son Ramos Barretto, esteve em Anápolis a fim de entrevistar esse valoroso sacerdote. Sobre tal polêmica e temas relacionados à questão do aborto, o Pe. Lodi esclarece pontos muito importantes.
onhecido por sua dedicação na luta contra o aborto, o atual presidente da associação Pró-Vida de Anápolis (GO) desde 1997, Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, é engenheiro eletrônico pela UFRJ em 1985, bacharel em Teologia pelo lnstitutum Sapientiae (Anápolis) em 1992, tendo sido ordenado sacerdote em 31 de maio de 1992, em Anápolis. É professor de Bioética na Faculdade de Filosofia São Miguel Arcanjo Anápolis (FAFISMA) e acadêmico
do 4º ano de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG) . Atualmente o Pe. Lodi está no centro de uma polêmica, simplesmente por ter utilizado o adjetivo "abortista" para qualificar uma pessoa que defende o aborto. Por isso, foi condenado a pagar uma multa e proibido de adjetivar de "abortista" a qualquer um favorável ao aborto. A sentença condenatória, sem qualquer sustentação lógica e jurídica, consiste numa arbitrária perseguição aos católicos que defendem a vida , e visa si lenciar aqueles que atuam para evitar a "matança de inocentes". Devido às perseg uições que o Pe. Lodi vem sofrendo - a ele poderíamos aplicar as palavras de Nosso Senhor: "Bem-aventurados os que sofrem persegu ição por amor à justiça" (Mt, 5, l O) - , o correspondente de Catolicismo em Brasília, jornalista Nel-
*
*
*
Catolicismo - O caráter persecutório contra a Igreja Católica parece evidenciado na sentença condenando o Sr. e seu movimento PróVida por ter simplesmente empregado a palavra "abortista" - referindo-se a alguém que defende o aborto_ Como está esse processo? O Sr. recorreu da sentença que, além de ilógica, é absurda?
l'c. Luiz Cal'los L0<li:
"O motivo do
alegado 'dano moral' sol'riclo por aquela sel{hora l'oi o uso ela expressão 'antropóloga abortista' na legenda de sua f"otogmfia"
Pe. Lodi - No dia 16 de agosto de 2005 , a 1ª Turma Recursai dos Juizados Cíveis do Distrito Federal, composta de três juízes, confirmou por unanimidade uma sentença de primeiro grau, em que o Pró-Vida de Anápolis foi condenado a pagar R$ 4.250,00 (quatro mil , duzentos e ci nqüenta reais) a uma defensora do aborto, a lé m de ser o bri ga do a ret irar d o s i te www.providaanapolis.org.br uma foto (e sua respectiva legenda) em que ela aparec ia em um debate público comigo e com outras pessoas. O motivo do alegado "dano moral" sofrido por aquela senhora foi o uso da expressão "antropóloga abortista ", que figura na legenda da fotografia. Até a prese nte data (5-10-05), ainda não foi pu blicado o acórdão. Depo is da publicação, pode-
NOVEMBRO 2005 - -
-
'
.
re mos 111terpor um recurso extraordinári o junto ao Supremo Tribunal Federa l. Catolicismo - Se não se pode mais usar a palavra "abortista", que palavra empregar? Se, por exemplo, posso usar a palavra divorcista para quem defende o divórcio; ecologista para quem defende a ecologia, etc., que termo usar para quem defende o aborto?! Pe. Lodi - Essa é uma pe rg unta até agora não res pondida pe los juízes que nos condenaram . Trata-se de uma simpl es e arbitrária proibição do uso de uma palavra da líng ua portug uesa, sem que haja outra, co m ig ua l sentido, que a possa substituir. Catolicismo - Como a Igreja reputa o aborto? Respondo com as palavras cio sa udoso Papa João Pau lo II: "O aborto direto, isto é,
Pe. Lodi -
"Quem pratica o lwmicÍ<lio é a mãe ou o pai <la vítima, que mais <leveriam amá-la, ou um médico, que tez o jumme11to ele sempl'e de/'ell(lel' a vicia"
querido como .fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente" (Encíclica Evangelium Vitae, nº 62). E m I997, no Rio de Janeiro, durante o II E ncontro Mund ia l com as Famíli as, o Santo .Padre qua lificou o abo rto de "crime abominável" e ele
"vergonha para a humanidade". De fato, e le difere cios o utros tipos de ho micídio pelas segu intes notas: a) a vítima é totalmente inocente; b) a vítima é totalme nte indefesa; c) quem pratica o ho mi cídi o é a mãe o u o pai ela vítima, que m a is deveri a m _ ~ _. _ ~ 0 amá- la; ou um méd ico, que fez o jura,nento de Hipócrates de se1n-
-.:..:..:.:..!:~- ·- "' ·
. e;; a
«sl _ _..,_,. _ _ _ _ _ . . , _
pre defender a vida; d) a vítima morre sem poder ser batizada; e) os meios utili zados para matá-la são horrendos: asp iração e m pedaços (s ucção), esq uartej ame nto (c urctage m), e nve ne namento em so lu ção sa lin a (que queima toda a pele do bebê), expulsão precoce cio útero (a cria nça resp ira, chora, e é deixada para mo rrer à míng ua); () a vítima não tem honras fúnebres . Seu cadáver é misturado aos detritos hospitalares (o u então utilizado para a limentar indústrias ele cosméticos, que se aproveita m da gord ura fetal). Com razão dizia meu Bispo E mérito Dom Manoe l Pestana F ilho, fundador cio Pró-Vida de Aná-
polis: "Uma nação que legaliza o aborto não merece subsistir". Catolicismo -
Os que defendem o aborto que-
CATOLICISMO
Site do associação Pró-Vida de Anópolis
rem a morte dos inocentes dizendo que ela é justificável quando há risco de vida para a mãe, ou em caso de gravidez resultante de estupro. O que o Sr. acha dessa alegação? Pe. Lodi - Não se pode matar diretamente um inocente, ne m sequer para salvar o utro inocente. Não pode mos matar a criança para salvar a vida da mãe, ass im co mo não pode mos mata r a mãe para sa lvar a vida da criança. Yale le mbrar o ens ina mento perene do Papa Paulo Y[, re lativo à anticoncepção, mas que é pe rfeitamente aplicável ao aborto: "Nunca é lícito, nem sequer por razões gravíssimas, fa zer o mal [po r exemplo, matar a cria nça], para que daí provenha o bem [a saúde da mãe]" (Encícl ica Humanae Vitae, nº 14). E m o utras palavras, um fim bom, por ma is sub li me que sej a, não j ustifica um me io ma u. Pergunta-se, porém: ocorre alguma situação em que a morte do bebê causaria a salvação da vida da gestante? Já e m 1965 o méd ico legista Dr. Costa Jún ior, professor catedrático da USP, respondia negativamente. Dizia ele iron icamente que o aborto praticado a pretexto de salvar a vida da gestante, ao invés de se chamar de "aborto necessário" ou "aborto terapêutico", deveria ser cha mado "abo rto des necessário" ou "aborto antiterapêutico" (Por quê, ainda, o aborto terapêutico"! Revista da Faculdade ele Direito ela USP, São Paulo, volume IX, p. 3 12-330, 1965). E m 1996, a Academia de Medicina do Paraguai di zia textualmente: "En casos extremos, el aborto es un agravante y no una solución ai problema" (Declaración aprobada por el Plenari o Académ ico Extraord ina• Cl • rio e n su sesión de 4 de Julio de 1996) . A conc lusão seme lh a nte chegara m méd icos brasi leiros de várias especialidades, autores do livro Aborto: o direito à vida (ALVES, João Evangelista dos Santos; BRANDÃO, Dern iva l da S ilva. Rio de Ja ne iro: Agir, 1982), obra esta laureada pela Academ ia Nacional de Medicina. Mas ... e se tal caso ex istisse? Nada poderíamos fazer. Entre dois males morais, temos o dever de reje itar os dois. Narra o historiador F lávio Josefo que, durante o cerco de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 d.C., uma mulher, opri mida pela fome, matou seu próprio bebê e devorou-lhe a carne. Tinha ela o direito de fazer isso, para salvar a própria vida? Não. Nem sequer a necessidade autoriza-nos à prática de um homicídio direto. Se a gravidez resulta de um estupro, o aborto é igualmente imoral. O estupro é, no caso, urna circunstância acidental que não muda a moralidade do ato.
Do mesmo modo não se pode matar uma criança nascida de um ad ultério ou de um ato de prostituição. Yale lembrar nova.mente as palavras do Papa João Paulo U:
"Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à Lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela razão, e proclamada pela Igreja " (Encícl icaEvangelium Vitae, nº62).
Edifício do Supremo Corte dos Estados Unidos
Aliás, que culpa tem a criança para merecer a mo,te? Transferir a pena do autor do estupro para a criança inocente é uma inju s tiç a monstru osa. Mais monstrnosa que o próprio est11pro! Alguém mataria uma criança de três anos concebida e m um estupro? Se não podemos matá-la após o nascimento, por que então será lícito matá-la no útero materno? Se admitirmos o abo1to em caso ele estupro, deveremos logicamente autori zar o assassinato de todos os adu ltos nascidos de um estupro (e eu conheço muitos deles). A repugnância contra o crime nunca pode converter-se e m repugnânc ia contra um inocente concebido neste crime. A vida é sempre um dom de Deus, ainda que gerada em circunstâncias pecaminosas. Catolicismo - E no caso de o nascituro vir a morrer em conseqüência de uma cirurgia sofrida pela mãe durante a gravidez, o que preceitua o magistério da Igreja? Pe. Lodi - Neste caso a mo rte da criança não é diretamente provocada nem seque r desejada, mas somente to lerada como efeito secundário de uma ação boa. Por exemplo: uma inte rvenção c irúrgica card iovascu lar em uma mulhe r grávida pode ter como conseqüência a morte do nascituro. Em tal caso, a morte do inocente não é um fim visado pela cirurgia (o fim é a cura da card iopatia). Também não é um meio (pois não é a morte da criança que causa a cura da mãe). É simplesme nte um segundo efeito. Para que se possa, porém, to le rar um efeito sec undário mau, é preciso que o bem a ser alcançado seja proporcionalmente superior o u ao menos eq ui va lente a e le. No caso relatado , a c irurg ia não seri a lícita se fosse possíve l esperar até o nasc ime nto do bebê o u se ho uvesse o utro meio terapêutico que fosse inofens ivo para a criança. Catolicismo - O que afirma a doutrina católica a respeito do direito da mulher sobre o próprio
"Translel'ir a pena do autor do eswpro para a criança iuocente é uma injustiça monstruosa. Mais monstl'llOSa que o pl'Óprio eswpro! "
corpo? Pode ela abortar alegando tratar-se de um problema íntimo? Pe. Lodi - Os abortistas precisavam de algumas aulas de anatomi a ... Todos nós aprende mos que o corpo humano se compõe de três partes: cabeça, tronco e membros. Para os defensores do aborto, o corpo humano é composto de qua tro partes: cabeça, tTo nco, membros e criança. Esta última pode ser cortada e lançada fora, como se cortam as unhas o u os cabelos. Ora, desde quando a criança é " parte" do corpo da mãe? As célul as somáticas de um bebê têm um código genético diferente do das célul as somáticas de sua mãe. O absurdo ele reivindicar· o aborto com base no dire ito ao próprio corpo asseme1ha-se à pre ten são de um 1 motorista de dispor sobre a vida ou a morte cios passageiros que estão no seu veícul o. E m 1973, a Suprema Corte dos Estados Uni do , na in fa me decisão Roe versus Wade, dec larou que o direito da mulhe r à s ua intimidade/ privac idade obrepunha-se ao dire ito cio nascituro à v icia. A partir de tal data, o aborto foi imposto aos c inqüe nta estad os ela fed eração, por um golpe do Pode r J udi c iári o. Seguindo essa " lóg ica", voltaríamos à época e m que a Lei das Doze Tábuas, cio Impé ri o Romano, clava ao pai poder ele vida e de morte sobre o filh o recémnasc ido. E ningué m pod ia censurá- lo, sob pe na de intro meter-se na " intimidade" da família. Ora, até mesmo o domicíl io, que é invio lável, pode ser invadido se seu morador estiver ne le praticando um delito (art. 5º, XI, Constituição Federal ). O d ireito à intimidade está muito longe de poder e ncobrir o direito de praticar um crime: sobretudo um crime conlrn a vicia, como é o abo rto. Catolicismo - Num Estado laico e democrático como o Brasil , os legisladores são obrigados a ouvir a voz da Igreja na questão do aborto? Pe. Lodi - Os defensores do aborto a legam que o Bras il é um Estado " la ico" , e m que os argume ntos re li g iosos seri a m irre levantes. É fáci l provar a fa lsidade de tal afirmação. O Preâmbu lo de nossa Constituição Federa l invoca explicitamente a "proteção de Deus". Segundo o constitucionalista A lexandre ele Moraes, "o preâmbulo não é
juridicamente irrelevante, uma vez que deve ser NOVEMBRO 2005
~
'
<
,.
'
. : em excomunhão latae sententiae" (cânon 1398), isto é, fica automaticamente afastado da comunhão com a Igreja. Sofrem essa pena as pessoas que concorrem cfüetamente para o abrnto, qualquer que seja o modo ou o fim com que é praticado. "A Igreja não pretende, assim, restringir o campo da misericórdia, mas deixar clara a gravidade do crime cometido, o dano irreparável para o inocente que foi morto, assim como para os pais e para toda a sociedade" (Catecismo da Igreja Católica, nº 2272).
observado como elemento de interpretação e de integração dos diversos artigos que lhe seguem" (Direito Constitucional, 13ª ed., Atlas, São Paulo, 2003, p. 49). Assim sendo, a existência de Deus e o respeito a Ele devem nortear a interpretação de toda a ordem constitucional, Donde se conclui que a religião (o liame entre o homem e Deus) tem relevância em nosso Direito e os argumentos re1igiosos não podem ser desprezados como não pertinentes. Impertinente seria rejeitar a priori os argumentos vindos de membros da Igreja. Nenhum Bispo ou sacerdote deixa de ser cidadão por pertepcer à Igreja. Deixar de ouviT a sua voz seria praticar uma inaceitável cliscriminação religiosa. Ademais, os que defendem a democracia absoluta, na qual a maioria pode até decicfü sobre a vida ou a morte de inocentes, deveriam, para ser coerentes consigo mesmos, considerar que, segundo pesqui sa da Sensus realizada em abril de 2005 a pedido da Confederação Nacional de Transpo1tes (CNT), 85% dos brasileiros são contrários à prática do aborto. Que democracia é essa em que se despreza a vontade da imensa maioria, para impor a vontade de uma minoria favorável ao abo1to, ricamente financiada por dinheiro externo? Por último, o direito à vida não provém de deliberação da maioria. É um direito natmal, que a Igreja não pode deixar de defender. Se os cliscípulos de Jesus se calarem, "as pedras gritarão" (Lc 19,40). Catolicismo - Se os legisladores resolverem votar leis que favorecem o aborto, qual a obrigação dos católicos? Como fica o ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de que devemos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus?
Pe. Lodi - Os católicos serão obrigados a desobedecer a leis do abmto que eventualmente vierem a ser aprovadas. Devemos dar a César o que é de César, mas não podemos dar a César o que é de Deus. A vida só a Deus pertence. O Estado não pode usurpar o direito divino de dispor sobre ela. São Pedro, que pregava o respeito às autoridades humanas (lPd-2,1314), não hesitou em dizer aos membros do Sinédrio que queriam proibi-lo de pregar em nome de Jesus: "Julgai se é justo, aos olhos de Deus, obedecer mais a vós do que a Deus" (At 4, 19). Catolicismo - Quais são as penas canônicas que a Igreja reserva às pessoas que praticam o aborto? Pe. Lodi - Segundo o Código de Direito Canônico, "quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre
-
CATOLICISMO
Catolicismo - No caso de uma pessoa que tenha praticado o aborto e se arrependido, qual deve ser o caminho para se reconciliar consigo mesmo, e sobretudo com Deus? Pe. Lodi - Ela deve procurar o Bispo de
sua diocese - ou um sacerdote que tenha recebido do Bispo a faculdade de suspender a excomunhão por crime de abmto confessar seu pecado e pedir a absolvição. A absolvição não será negada se o penitente estiver arrepenclido e disposto a cumprir a penitência imposta pelo confessor. Catolicismo - Com a experiência de sacerdote e como dirigente do movimento Pró-Vida de Anápolis, que conselhos e sugestões o Sr. gostaria de dar aos leitores de Catolicismo, para juntos combatermos o aborto? Pe. Lodi - Nossa luta não é contra a carne e o
"Os católicos
serão obriga<los a desobedecer a leis do aborto que eve11tualme11te vierem a ser aprovadas. A vida só a Deus perte11ce"
sangue, mas contra os espíritos mali gnos que povoam os ares (Ef 6, 12) . Nosso inimigo é aq uele que é o "homicida desde o princípio", o "mentiroso e pai da mentira" (Jo 8,44). Por isso, além de enviar mensagens a nossos políticos, de fazer manifestações e caravanas, de recolher assi naturas, de oferecer aconselhamento às gesta ntes desesperadas, é preciso usar as armas espirituais: a oração, o jejum, os sacramentos e, sobretudo, a Santa Missa. Precisamos ainda estar prontos para todo tipo de perseguição. Nos Estados Unidos, onde o aborto foi declarado " lega l" há mais de 30 anos, é comum os militantes pró-vida serem presos ao tentarem impedir a morte de um inocente. No Brasi l, a perseguição já começou. Eu e o Pró-Vida de Anápoli s estamos sofrendo três ações judiciais, corno reta li ação por termos denunciado certo órgão do Mini stério Público do Di strito Federal que promove a prática do aborto ele bebês mal -formados. Uma li ção que todos nós, defensores ela vicia, devemos aprender: só é possível sa lvar a vida alheia se renunciarmos à nossa. Em outras palavras : "É morrendo que se vive". •
INFORMATIVO ' RURAL
.
. .. ~-.. .
'
'
. ..
•
.
Tropelias da esquerda agrária feita durante o programa dominical de Chávez, Alô, Presidente!, transmitido de uma das quatro fazendas que sofreram intervenção do governo venezuelano. O líder do MST elogiou Chávez pela luta contra o latifúndio, e Chá.vez também disse admirar o trabalho do MST no Brasil. A Reforma Agrária na Venezu ela, corno em outros lugares, fere o direito à propriedade privada (Cfr. "O Estado de S. Paulo", 26-9-05) .
A caminho do Zimbábue -
A África do Sul anunciou que [orçará pela primeira vez um fazendeiro branco a vender sua propriedade para um projeto de Reforma Agrária. A decisão da desapropriação foi divulgada pela Comissão de Restituição dos Direitos à Terra . A vítima da desapropriação, Hannes Visser, disse que vai contestar judicialmente a decisão ("BBC Brasil", 23-9-05). A África do Sul corre o risco de se tornar um novo Zimbábue, onde a implantação da Reforma Agrária, com o conseq üente desrespeito à propriedade privada, trouxe a fome à população.
Em 26-27 de setembro o MST invadiu 28 escritórios do INCRA, 9 do Banco do Brasil, 7 pedágios e 9 fazendas ("O Estado de S. Paulo", 28-9-05). Tentativa de mostrar que ainda está vivo, após período ele inatividade forçada devido às dificuldades por que vem passando seu padrinho, o governo Lula. Quanto às invasões de sedes do INCRA, não têm maior significado, uma vez que o grosso dos dirigentes desse órgão são afins com o MST. É como se o demônio invadisse e ocupasse o inferno. Preocupa entretanto que nada aconteça com os invasores quando ocupam propriedades particulares, bancos, pedágios. É a impunidade mais completa.
Bispo ameaçou suicidar-se -
Tentando mostrar força -
O presidente Chávez, da Venezuela , admira o trabalho do MST e levou Stédile para apoiar a Reforma Agrária em seu país
Depredadores - Cerca de 300 mi1itantes do MST invadiram a sede da Usina Aliança, no município do mesmo nome na Zona da Mata pernambucana. Quebraram grades, arrancara m a fiação e acabaram por incendiar a casa-grande, o galpão e uma área ele canavial. A usina Aliança está desativada ("O Estado de S. Paulo", 26-9-05).
O líder máximo do MST, João Pedro Stédile, conclarnou os agricultores venezuelanos a ocupar terras sem esperar pela Reforma Agrária. A proclamação subversiva foi
Chávez e Stédile -
D. Luís Flávio Cappio ameaçou chegar até o suicídio, caso o governo continue seu projeto de transposição das águas do rio São Francisco
Entidades como CUT, pastorais ela CNBB, MST e UNE são contrárias à transposição das águas do rio São Francisco. Sem entrarmos nos aspectos técnicos do problema, cumpre salientar a tentativa, propulsionada e gerenciada pela esquerda católica, de produzir um movimento nacional de protesto que una as forças de esquerda no Brasi 1. Foi parte saliente ela orquestração a greve de fome do bispo de Barra (BA), D. Luís Flávio Cappio, que ameaçou chegar até o suicídio por falta de alimentação, se não conseguisse seus objetivos. Como se sabe, qualquer forma de suicídio é condenada pela Igreja, por se tratar de um ato gravemente imoral que co mpromete a salvação eterna de quem o pratica. D. Cappio celebrou missa num sítio localizado a 4 km da cidade pernambucana de Cabrobó, tendo a seu lado D. Tomás Balduíno, presidente da CPT (Cfr. "O Estado de S. Paulo", 5-L0-05). Pífias manifestações - Na Praça dos Três Poderes, em Brasília, houve manifestação a favor de D. Cappio por paite de um grupo de padres, freiras e integrantes de movimentos ditos "sociais". Em Belo Horizonte, os religiosos não conseguiram reunir mais do que 200 pessoas. Em Cabrobó (PE), onde o bispo fez sua greve de fome, a maioria da população não apóia sua causa. Faixas lembran1 que "a transposição abastecerá 12 milhões de nordestinos". • NOVEMBRO 2005
D11111
-
A imortalidade da Igreja ";\
r\. Igreja é bastante forte para nunca silenciar perante o erro, ainda mesmo quando, humanamente, ela se apresenta mais destituída de vigor. Sua força é Nosso Senhor Jesus Cristo" Cio
ALEN CASTRO
3 de outubro último transcorreu o décimo aniversário do falecimento de Plínio Corrêa de Oliveira. Provide ncialmente chegou-me às mãos um pequeno texto por ele escrito e publicado também em 3 de outub ro, mas de J937. Portanto, há 68 anos, quando o autor tinha apenas 28 anos de idade. Impressiona o fato de que, nessa jovem idade, sua convicção sobre a fo rça da Igreja no mundo moderno já estava formada. Instituição divina, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, capaz de vencer quaisquer adversários que se lhe opuserem, por mais frági l que ela humanamente estiver - eis seu pensamento cheio de admirável fé. Corroborada, al iás, por dois milênios de vida da Igreja, em que esta enfrento u terríveis batalhas, em condições freqüentemente desfavoráveis, e saiu-se vitoriosa.
O texto de 1937 Mas vamos ao texto. Para compreendê- lo convém ter em vista as circunstâncias em que foi redigido. Estávamos a apenas dois anos da eclosão da segunda guerra mundial , quando já fe rmentavam os fatores que viriam a produzi- la. Na Itália, o tascismo pressionava o Papa: "Mussolini queria fechá-la [a Ação CatóLica], Pio XI não queria consentir. [... J Parecia certo aos espíritos prudentes, arnantes da Itália católica e tradicional, que a Igreja deveria, a todo o custo, evitar a luta com o fascismo. Para eles, a Igreja era fraca demais para agir com independência". Pio XI, porém, "atacou o fascismo muito de frente e muito de rijo ". Aprovando essa atitude de Pio XI, Plínio Corrêa de Oliveira prossegue: "A Igreja é bastante forte para nunca silenciar perante o erro, ainda mesmo quando, humanamente, ela se apresenta mais destituída de vigor. Sua força não está, essencialmente, nofascismo, no exército ou até na própria Ação Católica. Sua força é Nosso Senhor Jesus Cristo, e só Ele. Ainda mesmo que Pio XI tivesse de enfrentar o fascismo e o comunismo simultaneamente, e CATO LICISMO
ainda que estivesse tão desarmado quanto São Leão perante Átila, ele nada teria a recear" ("Legionário", 3- I0-1937). Tal posição, ele a reafirmaria muito tempo depois, em 1959, na sua obra-mestra Revolução e Contra-Revolução. Referindo-se às vitoriosas batalhas da Santa Igreja, cita a poética passagem de Cícero (Familiares , 12,25,5): "'Alias ego vidi ventos; alias prospe.xi animo procel/as' (Já vi outros ventos e contemp lei outras tempestades), poderia ela dizei; ufana e tranqüila, em meio às tormentas por que passa hoje. A Igreja já lutou em outras terras, com adversários oriundos de outras gentes, e por certo e,~frentará ainda, até o fim dos tempos, problemas e inimigos bem diversos dos de hoje".
Parn os llOSSOS <lias Ta is reflexões são muito importantes hoje e m dia, quando a secu larização dos costumes e das leis faz a mídia alardear uma diminuição do número de católicos e um enfraq uecimento da influência da Igreja na sociedade. A insinuação é de que ela em breve morrerá. Pior ainda. Mu itos dos mais altos dirigentes da Igreja parecem ver no diálogo com o mundo uma tábua de salvação para a instituição divina, em lugar de afirmar os direitos de Jes us Cristo e da Igreja. Tim idez ou cumplicidade, não entro no mérito. Mas a atitude é a de quem teme as conseq üências de uma posição firme e desassombrada. Não se trata, evidentemente, de menosprezar os valores da diplomacia, que a Igreja sempre utiljzou com tato requintado. Mas uma diplomacia católica que não tem atrás de si uma fé segura, uma convicção firme, e conforme o caso uma disposição de defender a todo preço, princípios doutrinários imprescritíveis, mais se assemelha à moleza, quando não ao entreguismo. É a lição que nos deixa PLinio Corrêa de Oliveira. • E- mail do autor: cidalencastro catolicismo.
·0 111
br
ALFREDO M ACHALE
H
á cerca de 15 anos a tirania soviética desmoronou em todo o Leste e urope u, apesar das atrozes med idas repress ivas exerci_das contr~ a População, vítima da miséria uremed'.ádo estatts. · vel resultante do colet1v1smo, mo e da inércia genera li zada. A partir de e ntão, fracassados_ n_o ' tico , os fautores da descn st1 ~ m~ p011 . . - do mundo transformaram a. .. ie.. an1zaçao volução sexua l, e a consequente ? est1u: ão da fa mília, na via preferencial pa1_a ç . . e demolir o Oc1conqui·stai . corromper, dente, certos de que O 1•esto da human1. dade não porá obstácu los em seguir o mesmo caminho.
1
1an
•
rim
■
10 omo ■
-
O caso espanhol, paracligm~ de como se perverte um pa,s A revo lu ção sex ual alcan ço u s_eu mai s recente avanço com ª. i1~pos1çao, feita pelo atual governo sociali sta espanhol , do pseudo-casame nto homossex ual e do "divórcio express" - ou seJa, a di sso lução do matrimônio num processo sumário, bastando a vontade de um dos cônjuges - , desprezando as _censL'.ras de João Paulo II, o qual adv_ertw p~1 a a perseguição religiosa que assim se p1 epara. Mais ainda, o gove rno espanhol resolveu não só afro ntar o falecido Pontífice e seus porta-vozes, mas ameaçar a Igreja e a opi nião católica _espanhola com ataq ues od iosos, em detrimento da mo. ral e da vida re li giosa. Tanto ód io à Igreja não se via na Espanha desde fins dos anos 30'. no auge . ·1. A resposta indignada da da g uerra c1v1 . ·- católica a essa prepotenc1a secop 1111ao , d t ·a tária do ooverno de Zapatero eu-se a I , vés de ;olossa is manifestações de _ru a. Ao mesmo tempo, a Santa Sé mantmh~ atitude severa, mobilizando diverso~ ~a1deais romanos em defesa d~ familia e fazendo sentir que não cedera ante essas A
•
ameaças. . deveri a Co ntrari ame nte ao que se esperar, a Conferência Epis~opal espanhola mostrou -se muito tímida, elegenNOVEMBRO 2005 -
do para seu presidente o bispo ;na is condescendente com o governo soc iali sta, tentando subtra ir-se o quanto possível à po lêmica e m curso. A maiori a dos prelados espanhó is parece esperar que se ev ite ass im o confli to, mas, como é freqüente nesses casos, o mais prováve l é que apenas o ad ie . . . e também o agrave, po is este é o fruto habitual da pus il ani midade diante do mal. É entretanto ind iscutíve l o peri go de uma nova perseguição religiosa ec lod ir na Espanha, porq ue a simples existênc ia de setores que não se deixam convencer pela imora lidade crescente pode mover a ta l os soc iali stas no poder. A isso se somam panoramas també m so mbrios e m outras nações da Uni ão Européia, nas quais políticos laicistas e sectários - mu itos dos qu ais há duas décadas eram marx istas dec larados, e hoje não têm coragem de se manifestar como tai s - mostram de novo suas garras de fo rma cada vez mai s agressiva e incontida, ao mesmo tempo que, com freqüência, vêem com simpatia o islamismo ameaçador. Acrescenta-se ainda o fato de haver, tanto no Canadá como nos EUA, setores de muito peso nas respectivas popu lações, com numerosos e poderosos representantes no mundo político, que também demon stram extremo libera li smo em matéria de costumes. Ass im , o pseudo-casame nto homossex ua l fo i aprovado recentemente no Canadá, enquanto setores da esquerda se esforçam por introduzi -lo nos EUA, apesar da vigorosa reação moral izadora de grande parte da opin ião pública do país.
Qlle caminho adotará a América Latina? Nes e contexto, qual é o panorama na América Latina? Muitas nações dessa reg ião são governadas pela esq uerda, que se apresenta em algu ns países cautelosa quanto à forma, mas com profun da viru lência de fundo. No Bras il, já sabemos qua l é o desejo do governo peti sta, pois este há um ano apresentou à ONU moção para incluir a "opção sex ual" entre os chamados "d ire itos humanos" protegidos por aq uele organismo. Isto constitui um grave elemento de pressão sobre as demais -
CATO LI C ISMO
PORONA SEXUAllDAD NO REPRODUCTIVA
YOABORTO, TÚ ABORTAS, TODOS/AS CAllAMOS
nações para que aceitem como normal a homossex ua li dade, inc lus ive o "casamento" entre pessoas do mesmo sexo. Nessa ocasião, por influência do Vaticano e de alguns países muçulmanos, o debate sobre o ass unto fo i ad iado, mas a proposta não foi recusada, permanecendo como ameaça que poderá efetivar-se de um momento para outro. Uma pos ição ideo lóg ica aná loga a favor da divers idade de "opções sexuais" - slogan adotado pelo perm iss ivi smo extremo em maté ria de costumes - observa-se e m setores da esquerda e m vário s outros países da Amé ri ca. Tende a crista lizar-se em diversas ini ciativas legais; passíveis, e m muitos casos, de se tran sformar em le is num fu turo próximo. O divórc io, infelizmente, já e to rnou i·egra sem exceção no continente americano, graças aos opositores mornos, medíocres e concessivos que encontrou. No C hile, por exemplo, onde foi introduzido mais recentemente com inédita rad icalidade, isso ocorreu devido à defecção de grande parte dos parlamentares cató1icos, com a colaboração de numerosos representantes do clero e a omissão manifesta e lamentável de boa parte da Hierarq uia eclesiástica.
"Divórcio por $299" .. . A lei do divórcio já se tornou regro sem exceção no continente americano
Cartaz o favor do aborto no Argentino . Uma dos frases diz: Se o popa fosse mulher, o aborto serio lei.
Espantoso a1Jme11to da promiscuidade sexual
a imorali dade tem di reitos , mas a moralidade não. E m nenhum país da América Latina os governantes pensam em promover a castidade como único meio eficaz de impedi r a expansão da Aids, embora em mui tas nações a distri buição de preservativos e o conseqüente aumento da promiscuidade sexual não tenham feito senão aumentar o número dos afetados pela doe nça. Vão sendo também promulgadas, mais ou menos em todos os países, leis de proteção aos chamados "direitos sexuais e reprodu tivos", cujo papel verdadeiro é promover as formas mais Jjcenciosas e agressivas de vida sexual, para todas as idades e conilições, bem como impedir toda coerção - inclusive a dos pais que desejam preservar a retidão moral dos fil hos - , procurando fazer com que as mais diversas aberrações e taras passem a ser consideradas como simples "opções" pelo comum da população.
Tornou-se també m regra geral na América Latina a igualdade legal imposta entre fi lhos leg ítimos e il eg ítimos, entre a esposa verdadeira e a concubina, entre o casamento e o concubinato. De tal modo que a famíl ia autêntica já não tem reconhecidos os seus direitos, sendo equiparada a uniões que são dela uma caricatura ou paród ia, ou que usurpam suas legítimas prerrogativas. Aumenta ass im cada vez mais a proporção de nasc imentos il egítimos. Em vários países estes já superam os legítimos , enquanto em outros o Estado negase a considerar a diferença entre eles. Vai endo e rodido também, nesse processo, o direito de herança da família verdadeira, que é amiúde forçada a dividir os bens com os filho s adu lterinos. Generalizou-se uma cauda losa difusão de anticoncepcionais e prese rv ati vos e m praticamente todas as nações, com o patrocínio habitual do Estado . A pretexto de combater a Aids , essa difusão se realiza com a in solente obsessão de querer fazer sentir à pop ul ação que
Aborto: a mata11ça de inoce11tes este11de-se p el o mundo Embora o aborto tenha sido legalizado em quase toda a Europa e na América
PORONA MATERNIDAD NO OBllGATORIA
SIElPAPA FUERA MUJER, El ABORTO SERIA lEY
do Norte, ainda não o foi em muitos países latino-americanos. Nestes, contudo, ex istem projetos de lei e reiteradas tentativas de aprová-lo, e e m vári os se teme que o seja nu m fu tu ro próx imo. No que tange à tolerância com a prática do aborto clandestino, ela se estende por toda parte, praticamente sem medid as policiais nem judiciais para impedi -lo. Pior ainda, em várias nações ele vai sendo introdu zido sub-repticiamente, sem que se produzam maiores protestos. No Brasil já não são punidos legalmente, e até são oficialmente incentivados, o denominado aborto terapêutico e aquele autorizado para os casos de violação da mulher. Ambos absolutamente ilícitos e criminosos, por consistirem na privação da vida de um inocente. Com eles se introduz a prática desse crime a título supostamente de exceção, mas sem o menor rigor para conferir, antes de praticá-lo, se efetivamente houve estupro ou mal formação do feto. Mais ainda, sob a alegação de que se discute se a "pílula do dia seguinte" é ou não abortiva - embora sej a óbvio que o é, pois ao administrá-Ia estabelecem-se condições que tornam imposs ível a subsistência do óvulo j á fec undado - generaliza-se a sua difusão. Em diversos
países e la é di stribuíd a gratuitame nte pelo Estado a todas as mulheres interessadas e m tomá- la, e m especial às jovens, o que e m muitos casos viola sentenças judiciais que pro íbem tal prática, acentuando també m, gravemente, a degradação mora l da soc iedade.
Aliança mundial pró-aborto Há em todos os quadrantes poderosas fo rças a bortistas que, sem contar e mbora com muitos aderentes, estão conectadas internacionalmente com ativi stas e nqui stados no seio da ONU e de numerosos governos, em geral sob o pretex to de pseudo-direitos da mulher. Tais fo rças freqüenteme nte atuam como ativistas em colaboração com governos ele esquerda. Essa ação chega à audácia de prete nder que entre os direitos ela mulher se incluiri a o ele "dispor do próprio corpo", alegando que quando ela está grávida o filho que ainda não nasceu é parte do seu corpo; ou seja, negando ao filho não só a vid a, mas ta mbé m a própria natureza humana individuada. A ONU reali zou diversas convenções mundi ais nas quais se firm aram acordos cada vez mais favo ráveis ao aborto, qualifica ndo-o de um "di reito humano" que deve ser defendido, a fi m de forçar os países signatários a que o introdu zam nas suas legislações; e são constantes as pressões nesse sentido. Isso chega ao auge com a qualificação do aborto como um meio de "anticoncepção de emergência", isto é, fica legalmente autorizado para os casos em que a mulher grávida não tenha usado eficazmente os meios anticonceptivos alegação a que sempre poderá recorrer qualquer mulher que deseje desfazer-se criminosamente do fil ho que engendrou . Numa palavra, enquanto uma aliança mundial de abortistas exerce pressão sobre cada nação para que legalize esse crime, o conj unto da população, que o rec usa tota lm ente, não te m a me no r idéia sobre essa conspiração e simplesmente abstém-se de intervir contra ela na vida pública, e mesmo de interessarse por ela. Pelo que sua resistência ao processo de degradação é ape nas de inérc ia, não se ouvindo vozes de alerta NOVEMBRO 2005 -
Atualmente não há país latino-americano que não seja cenário dessa campanha em prol da homossex ualidade, e onde, como conseqüência, não estejam em debate projetos ele lei para favo recêla. E constantemente dão-se fatos que provam o esforço manco munado de governos e ativi stas, desenvolvendo nesse sentido todos os favores da tolerância e os recursos da propaganda.
O Estado opressor 11s11rpa o /Játrio pode,, Obviamente, para demolir a família e perverte r cri anças e jovens, cumpre aniquilar o pátrio poder, poi s na maioria dos ca os os pais desejam que seus fi lhos se mantenham dentro de certa correçã~, dão- lhes formação e lhes impõem disciplina. Para isso os inimigos da família aproveitam-se de casos em que os progenitores não cumprem os seus deDicussõo sobre o papel da mulher na sociedade moderna, no Vasanta College, escola feminina em Rajghat, Índia . A tendência de contestar o papel tradicional dos sexos visa implantar uma nova cultura sem normas nem princípios morais.
em número suficiente para frear o avanço da imoralidade.
A J'alácia da não-discriminação das "minorias sexuais" Os promotores dessa torrente de aberrações sabem naturalmente que, com o tempo, ela poderá provocar reações capazes de freá- la. Como enfrentar de antemão esse ri sco? Como dificultar ao máx imo o surgimento e a atuação dessas reações? Resposta: pôr em prática a tática da "não-discriminação". Começaram pedindo simples tolerância em relação às "minorias sexuais" prostitutas, homossex uais, lésbicas, travestis , etc. - alegando maus tratos e crimes de que ta is categorias seriam vítimas. Depois passaram a exigir igualdade absolu ta e ntre tai minorias e o grosso da população em matéria de postos de trabalho ou estudo, o que rap idamente se converteu na exigência de um status privilegiado proibindo as di scriminações com base na opção sexual. Assim, em numerosas nações um pai de fa mília que se negue, por exemplo, a contratar um homossexual como professor para seus filhos arrisca-se a sofrer denúncias policiais, processos judiciais e inclu sive prisão, sob alegação de que a -
CATOLIC ISMO
negativa foi causada pela opção sex ual do postulante. O mes mo poderá suceder com o diretor de um colégio que prefere não admitir um homossex ual como professo r, e muitos outros casos análogos. Vai-se com crescente êx ito pleiteando que se destine a essas "minorias sexuais" uma determin ada proporção de postos de trabalho em organismos públicos, nos estabelec imentos educacionai s; e como sempre tais minori as alegam um número muito maior de adeptos do que a rea lidade, terminam ped indo e conseguindo um status claramente privilegiado e m comparação com a popul ação normal.
A p1·omoção do "casamento" entre pessoas do mesmo sexo Outro a pecto da revolução sexual é a promoção da homossexualidade, exagerando o número dos que se entregam a essa prática viciosa. Não só se realizam atos públicos de propaganda cio vício contra a natureza, aumentando- lhe a verdadeira dimensão, como se chega a apresentar o conjunto de seus adeptos como um mercado potencial que as empresas comerciais estariam disputando. Pede-se para eles impunid ade, quando não proteção, também sob o argumen-
to de que muitos deles "nasceram assim", e que portanto não têm c ulpa; ex igem para eles as condições de vida mais vantajosas, o que equivale a um privilégio para os que praticam o víc io. É claro que, pela doutrina católi ca, os que possuem tendê ncias desviadas, mas as combatem e praticam a castidade, são pessoas dignas . Mas o primeiro passo para isso é, evide nte mente, reconhecer sua má tendência. Não é essa, infeli zmente, a orie ntação inculcada por esses movimentos que fazem da homossex ual idacle um a ba nd e ira indu z indo c laramente à prática do vício co ntra a natureza. Em suma, transforma-se em alvo de admiração social o que antes era objeto de justa execração, blindando-o de qua lquer ataque e prestigiando-o tanto quanto possível. Assim, aos grupos sodomitas é permitido atacar odiosamente como homóf obos pe rsonagens ele pr imeira plana, inclusive altos prelados e chefes de Estado, como se o vício tivesse direitos, e a autoridade não . E alguns nem se esforçam em ocu ltar o ód io, porque sentem parte da opin ião pública suficientemente deteriorada para não recusar a voz do vício, preferindo-o à defesa da moral.
veres ou se excedem em relação aos fi1hos. Vão se tornando freqüentes proj etos de lei que fac ultam a intromi ssão de funcionários estatais no âmbito da família. Cri am-se organismos de "proteção ao menor"; co locam-se em colégios agentes que pervertem os menores, e em seguida os "consc ienti zam" sobre como se "defenderem" ele suas famílias ; promulgam-se leis que garantem às ado lescentes o acesso a antico ncepcionais e ao aborto sem conhecimento dos pais; estabelecem-se sistemas de proteção aos menores portadores de desvios sexuais, para que evitem castigos e resistam a se submeter aos tratamentos que seus pai s lhes queiram impor, etc. Desse modo os agentes da perversão de menores ficam protegido pela lei, e os seus defensores naturai s imobilizados, tudo num clima de extremo permi ssivi smo, completa fa lta de formação e geral
A adoçõo de crianças está deixando de ser exclusivade dos casais normais como o da foto . Na Espanha, pseudo-casais homossexuais já gozam desse "direito".
apatia. Com isso as mais importantes instituições vão se desfazendo, e as almas lançando-se em tropel no pecado.
Verdadeira ,·evolução em nome da ideologia de gêncl'o Por detrás dessas audazes reivindi cações, dessa séri e de pseudo-direitos da mulher - ao mesmo te mpo que ela negação de seus mai altos atributos - , cio desejo de transformar os adeptos elas pi ores aberrações numa verdadeira classe privil egiada com o fim de difundi -las, ocu lta-se uma ideologia. Que ideologia é essa? Trata-se de um marxi smo rec icl ado, que se serve ele pretextos diferentes dos anteriormente utili zados em favor do comuni smo, mas que co nserva a mesma sanha para acabar com a tradição cristã, a fam íli a, a propriedade privada e toda forma de hierarqui a na orde m soc ial. É a chamada ideologia de gênero , surgida nos anos 70 nos meios acadêmi cos ele vanguarda dos EUA. Procura dar apoio pretensam ente intelectu al à revolu ção sex ual e m curso, com vistas a transformar o feminismo numa fo rça revolucionária ele extrema radicalidade. Durante anos ela fo i cu lti vada em círcu los reservados, para e m seguida ter uma difusão progressiva graças a importantes universidades, nas quai s se enquistou, e a poderosas fund ações privad as que lhe financiam a expan são e as atividades . Uti liza amplamente os meios ele comunicação, que a difundem por toda parte, espec ialmente no mundo dito desenvolvido . De algum tempo para cá, começouse a usar cada vez mai s a pa lavra gênero em lu gar de sexo , mas de início não eram muitos os que conheciam a razão da mudança. No fundo , trata-se de eli minar a idéia de qu e os seres humanos se dividem e m doi s sexos, como foi estabe lec ido por Deus e é inerente à natureza humana. Segundo sustenta essa ideo logia, não ex iste m dois sexos, mas pelo menos cinco gêneros (enquanto não apareçam outros, em virtude das novas taras que vão surgindo): o heterossex ual masculino, o heterossexual fem inino, o homossex ual, a lésbica e o bi ssex ual. A todos essa corrente considera legítimos, recusando que NOVEMBRO 2005 -
, uns sejam aprovados e outros não. Mais. Tal corrente afi rma que os dois sexos seriam meras "construções sociais", ou seja, teriam surgido não da mesma natureza humana, mas de convenções e imposições culturais que agora importaria desconstruir - isto é, eliminar supostamente para defender a "dignidade da mulher". Desconstruídos os sexos e impostos os "gêneros", cada pessoa teri a que optar por algum dos cinco acima mencionados ou por alguma outra "nov idade" que apareça, sem que ninguém possa pressioná-la ou condicionála a favor ou contra qualquer deles. A paitir da IV Conferência Mundial da ONU sobre a Mulher, realizada em setembro de 1995 em Pequim, a ideologia do gênero se estendeu ve1tiginosamente, favorecendo o aborto, a homossex ualidade, o lesbianismo e todas as fo rmas de sexualidade fora do casamento. Seu fim é implantai· uma nova cultura sem normas nem princípios, de tolerância extrema para com o pecado, que excl ua o ca amento e a fa mília; que aceite as piores práticas sexuais, em especial as antinaturais, tentando relegar a fidelidade e a fecundidade conjugais - e, no fundo , a própria família - a meras recordações. Para is o afirma a necess idade de "desconstruir os papéis socialm ente construídos" em matéria de sex ualidade - ou seja, traduzindo: mod ificar totalmente os papéis do homem e da mulher tais como se exercem há séculos - para impor outros sem relação alguma com a natureza humana, e inclusive contra ela. Advoga também a promoção da "livre escolha em assuntos de reprodução e de estilo de vida", o que significa o aborto livre e a legitimação e promoção da homossex ual idade, do lesbianismo e de outras formas aberrantes de sexualidade.
Contra a instituição /'amilia1' e a Religião católica O ''feminismo de gênero" considera que a família e o trabalho do lar são "cargas negativas" pai·a os ''projetos profissionais" da mu lher, querendo que ela se emancipe e viva sempre em função de outros papéis na sociedade. Por isso deseja desconstruir a educação presente e impu lsionai· outra educação supostamente Jiberadora. Esta é vista como uma estratégia
-
CATOLICISMO
Convite na Universidade de Utah (EUA): tenta-se transformar o feminis mo em força revolucionária radical
importante para mudai· os preconceitos sobre os papéis do homem e da mulher na sociedade, para assegurar que meninas e meninos faça m um a seleção profissional "informada" [pelas fem ini stas, obviamente], e não com base nos tradicionai s preconceitos sobre o gênero agora vige ntes (Cfr . Dal e O'Leat'y, "The sacraments anel authentic womanhood" em ht tp :// ww w . cat h o I ic-pages. co m/di r/ fe mini sm.asp). Ass im, as meninas, segundo essa id eo log ia, deve m ser ori e ntad as sempre para áreas não tradi cionai s,
não se lhes devendo expor a imagem da mulher como esposa ou mãe, nem tampouco colocá-las para exercer as atividades fe minin as habituais, po is do contrário muitas escolheriam espontaneamente essa forma de ser, que o fem inismo rad ical pretende erradicar. No intuito de equipai·ai· o papel feminino natw·al e tradicional com as perversões contrári as à natureza, figuram como prioritários na agenda do "feminismo de gênero" não apenas os "direitos reprodutivos" da mulher lésbica, mas o "direito" das duplas lésbi cas de co nceber filhos mediante inseminação ai·tific ial, e a adoção legal destes quando não os têm. Este ataq ue à famíli a e à maternidade estende-se obv iamente à reli gião. Para o "feminismo de gênero", embora pare-
ça grotesco, a reli gião não é senão um a inve nção dos homens para oprimir as mulheres. Ataca muitas religiões, mas é ao catolicismo que denigre mais intensame nte, acusando-o de impul sionar o abu so infa ntil e a suposta opressão da mulher. É uma mal-disfarçapa "cruzada" anti-cató li ca. A ideologia de gênero, seja em sua fo rma radical ou atenuada, produziu incontáveis dramas: rompimento de casame ntos, vi olência doméstica, abu sos e violênci as sex uais (intra e ex tra-familiares), pederastia, esterili zações cirúrgicas mac iças de jovens, abortos, aberrações sexuais de toda espécie etc. Pior do que isso, vai in spirando a demolição radical da famíl ia, principalmente no mundo cri stão, lançando-o numa degradação moral sem precedentes. Por exemp lo, na Espanha, a cada quatro minutos desfazse um casamento, e a cada sete pratica-se um aborto. Como se tudo isso não bastasse, o Estado ainda lança o pseudo-casamento homossexual, inclu sive com a possibilidade ele adoção de crianças, as quais ficam assim expostas a serem tota lmente pervertidas. Isto porque o governo sociali sta adota a ideologia de gênero, promovendo-a através do apai·elho estatal. Nesse sentido, já an unciou para o próx imo ano letivo uma nova matéria ob rigatória sob re educação sexual, baseada justamente na referida ideologia. Utili zar a pa lavra gênero, no linguajar moderno, não é apenas sinal de moda ou ele aggiornamento; por detrás desse termo esconde-se uma ideologia malsã, que abre cam inho nas consciências e na sociedade para instalai· uma cultura cada vez mais andrógina ou unissex. Trata-se de uma revolução extrema, visando instaurar uma contrac ultura que exclua o casamento, a maternidade e a família, aceitando todo tipo de práticas sexuais.
Por detrás da ideologia de gênero, as abe1Tàções de Marx Como se sabe, "abolir a fanu1ia" fo i uma das principais metas de Marx e Engels, que o comunismo durante três quartos de século procurou impor aos países que subjugou. Hoje tornou-se o objetivo principal da esquerda internacional, em união com o feminismo radical e com poderosas organizações que procuram
control aL" a população (tanto ou mais que o nazismo ou o comunismo), sob o di sfarce dos direitos humanos e ela igualdade da mulher. A ideologia de gênero é uma reinterpretação das idéias de Marx , segundo as quais a história é uma contín ua luta ele classes entre ·"opressores" e "oprimi dos", caracterizada, durante o sécul o XX, pela opos ição entre operário X patrão e pobre X rico. Hoj e essa aberração fo i tran sposta para a famíl ia, onde o homem seria o "opressor", e a mulher ou os fi lhos os "oprimidos" . Procura-se, assim , impor mudanças, le is e medidas coerc itivas: aborto para as mulhe res, cri a nças li vres da tutela paterna, "casame ntos" homossex ua is, quotas idênticas para homens e mulheres nas e mpresas, governos, colégios e univers idades. Tudo confo rme o desejado expressamente por Marx, visando a extinção das classes e o triunfo da utopia igualitári a. A semelhança entre o marxismo e esta forma de pensar já era palpável no livro A origem da família, a propriedade e o Estado, de Engels: "O primeiro antagonismo de classes coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher unidos em casamento monogâmico, e a primeira opressão de uma classe à outra, com a do sexo .feminino pelo masculino " (Cfr. Frederick Engels, The Origin of the Family, Property anel the State, lnternational Pubhshers, New York, 1972, pp. 65-66). Karl Marx exig ia que os meios de "produção e reprodução" fossem arrebatados dos opressores e dados aos oprimidos. E afirmava que as classes desapareciam quando: se e liminassem a propriedade privada e a família encabeçada por um pai; se estabelecesse a libertinagem sexual; se fac ilitasse o divórcio unil ateral; se aceitasse a filiação ilegítima; se conferisse às mulheres direitos reprodutivos que incluem o aborto ; se forçasse a entrada delas no mercado de trabalho; fossem coletivizadas as tarefas domésticas; se colocassem as crianças em instituições estatais, livres da autoridade dos pais; se eli minasse a religião . Tudo isso procuraram realizar as tiranias comunistas. Estas se viram conNOVEMBRO 2005 -
-
tudo obrigadas a retroceder nos ataques à família por causa do repúdio da população, cingindo-se primordialmente à coletivização econômica. E quando o regime soviético se desfez, tomou força a ideologia de gênero como um ma.rxismo metamorfoseado, que recolheu e lançou seus mais notórios erros já não no Oriente, mas em todo o Ocidente. A esse respeito, numerosas ''feministas de gênero" reclamam dos líderes da seita vermelha no sentido de que o colapso da revolução comunista na Rússia deve u-se ao seu fracasso em destruir a família, que é a verdadeira causa da ·opressão psicológica, econômica e política (Cfr. Dale O 'Leary, artigos em http:/ /ww w. cathol i c-pages. com/d ir/ fe mini s m.asp; ver ta mbé m Shulamith F irestone, The Dialectic of Sex, Bantam Books, New York, 1970). Segundo e las, o sexo implica cl asse, e esta pressupõe desigualdade. Para eliminá-la, elaborouse a teoria de que o gênero não é defi nido pela natureza, mas é uma construção social ou cultural . Ou seja, é inculcado e
aprendido; portanto é pass íve l de ser mudado, podendo uma pessoa do sexo masc ulino adotar um gênero feminino, e vice-versa. Segundo essa ideologia, não se nasce como homem ou como mulher, mas se aprende a ser uma coisa ou outra, como afirma a ex istencialista bissexual Simone de Beauvoir. Ela diz também que a atração heterossexual é aprendida, e que o instinto materno não existe. Enquanto tais aberrações percorrem o mundo, organismos internacionais de esquerda impõem a diversos países subdesenvolvidos sua "agenda de gênero", promovendo o aborto e a homossexualidade. A ajuda finan ceira internacional é condicionando ao alinhamento dos governos a essas posições. Para Uganda a ONU cortou as verbas, porque aquele país africano resolveu incentivar oficialmente, em vez dos preservativos, a castidade e a fidelidade conjugal como antídotos contra a Aids. Se demolida dessa forma a família, se inundada a sociedade pela promiscui-
Abolir a família : uma das metas precípuos de Marx e Engels (estátuas abaixo) . Hoje tornou-se o objetivo principal da esquerda universal e do feminismo radical.
CATO LI C ISMO
dade mais abjeta, se os piores vícios têm cidadania e a moral é perseguida, como poderão formar-se as crianças e os jovens dentro de certa retidão, para que cheguem a ser adultos úteis à sociech'lde e respeitosos da moral e da lei? Com muito poucas exceções, será quase impossível. Terá sido a reali zação completa dos desígnios de Marx . Por mais monstruosa que seja tal ideolog ia, conta ela com numerosos adeptos, muitos deles bem colocados, que vão passando de contrabando seus propósitos. Na maioria dos casos, sem que haja uma oposição clarividente e organizada. Alguns bi spos - um no Peru, outro na Espanha, ainda outro no M éxico, além de um na América Central - a censuraram fortemente. Mas a imensa ma iori a dos prelados, como é tão freqüente em relação a temas graves de moral católica, não se pronunciou. E m conseqüênc ia, a grande maioria dos católicos ignora que essa aberração está se tornando dominante .
Os "direitos Jwmanos ", ao sabor do relativismo Soma-se ao anteriormente di to o utra cade ia de aberrações doutrin árias, lançadas co m suposta base nos decantados "direitos hum anos". N a maioria dos am bi entes, fala-se de les sem que sequer se saiba quais são esses direitos , o que inclue m, co mo devem ser ente ndidos e hierarqui zados, quais deles prevalecem quando entram em conflito, e que limi tações têm , em virtude do bem com um . Por exemplo, por que não apresentam o direito de propriedade como um dire ito humano? E o direito à vida do nascituro? É claro que, sob o rótulo de "d ireitos humanos", a esquerda inclui tudo aq uilo que serve aos propósitos e métodos da Revoluçã anticristã, e nada do que a contraria, mesmo quando se trate do direito mais básico, universal e indiscutível. Ou seja, está vigente um conceito relativista, que proclama hoje como "d ireitos hum a nos" atos qu e ontem não era m considerados tais, e q ue amanhã tampouco o serão. S implesmente porque terá passado a hora em que convinha à Revolução uni ve rsa l servir-se deles, e chegado o momento de su bstituí- los po r
Oboedire oportet Deo mogis quam hominibus. (Importa obedecer antes a Deus do que aos homens - At 5, 29). Assim, Nosso Senhor Jesus Cristo reinará sobre todos.
outras fó rmul as sofísticas, que serão a bandeira cios novos revolucio nários que entrem e m cena. Os ideó logos cios "direitos humanos" afirmam sem pejo que o conceito destes é evo lu tivo, clepenclenclo da id eo logia cuj o predomín io eles mesmos desejam. Por exemplo, quando queriam exp licitamente implantado o comunismo stalini sta, consideravam que os supostos direitos do pro letari ado - ou seja, as facul dades que os marxi stas atribuíam a este - eram fundamentais, e as vítimas não tinham direito alg um . Como ago ra desej am a explosão ela "cliversiclacles" para a instauração cio caos moral, doutrin ário, cultu ral e legal, o que qualificam de indi spensável é o "dire ito à diferença". Há poucas décadas, a ninguém em sã consc iênc ia ocorreria pensar que a homossexual idade e a prática do aborto poderiam alg um dia ser con siderados "direitos humanos" . Hoje, contudo, são
re lativamente poucos os que se atrevem a negá- lo. De modo inverso, durante séc ul os os direitos ele propriedade privada, de herança e ele livre inic iati va foram considerados, de acordo com a ordem natura l e a moral cató li ca, co mo absolutamente essenciais à natureza humana. Hoje eles são negados de modo ufano e desafiante por demagogos baratos, por poli tólogos pedantes e por clérigos avançados.
Quem e11ti'e11ta tal p1'ocesso de descl'istianização cio 1mmclo? O mundo contemporâ neo se submeteu ao mais crasso relativismo. Por quê? Sem dúvida porque grande parte daqueles que têm por obrigação proclamar os princípios verdadeiros - com validade absoluta e permanente baseada na vontade de Deus - raras vezes o fazem. E quando o fazem, é co m tais vacilações, timidez e cautelas, que dão a impressão
de crerem muito po uco neles, e portanto não os considera m essenciais. Procedem assim porque temem o ri sco de ser qualificados de intra nsi gentes, intolerantes e reacionários. Diversos documentos emanados ela Santa Sé, nos últimos anos, impugnara m o relativi smo imperante no mundo ele hoj e, muitos cios qu ais ass inados pelo atual Papa Bento XVI quando dirigia a Congregação para a Doutrina ela Fé, ou j á na Cátedra ele Pedro. Aponte-se um só pronunciamento ele alguma Confe rênc ia E piscopal no mundo que lhes tenha fe ito eco de modo categórico até o mome nto ... Haverá algum b ispo ou sacerdote que o tenh a fe ito para o be m ele seus própri os fiéis , em espec ia l daqueles que não têm acesso fác il aos documentos ponti fícios? É possível, mas após uma cuidadosa in vest igação, não e nco nt ra mos qualquer notícia que fa le nesse sentido. Ou seja, documentos de grande importância - quer pelo conte údo, quer pela e minência ela auto ridade que os exarou - caem simplesmente no vazio, para se colocar e m rea lce ideo logias a bsurdas e sini stras como as ass inaladas acima. Após descrever sumariamente o panora ma da destrui ção da família, cabe perguntar: onde estão os defensores da família verdadeira, que Deus dotou de todos os atributos e dire itos, consignado co mo está em incontáve is documentos pontifícios ao lo ngo de 20 séculos? São muito escassos, pois a grande maioria se reduziu ao silênc io, com temor de enfrentar o virulento processo de descristianização em curso. Eis o principal campo de batalha dos católicos de hoje: resgatar do silêncio os irmãos na Fé, para que sejam preservados da sanha revolucionária, lembrando-lhes que tal sanha não se vence com silêncios ou contemporizações, mas sim com a afirmação destemida e completa da verdade católica. A animá-los e orientá-los, deve prevalecer a invencível máxima: Oboedi-
re oportet Deo magis quam hominibus (Importa obedecer antes a Deus do que aos homens - At 5, 29). Seguindo esse ditame, Nosso Senhor reinará não só em nós, mas também em torno de nós. • E-mail do autor: mac halc@catoli cismo.com.br
NOVEMBRO 2005 -
no. Apesar da pouca idade, Carlos estava ciente de que as rendas da abadia era m patrimônio dos pobres. Pediu ao pai que as considerasse assim, e que fossem empregadas exclusivamente para esse fim. Sua infân cia e juventude, como predestinado desde o berço, foi de grande inocência e perfeita integridade de costumes. Mesmo quando foi terminar seus estudos na Universidade de Pavia, geralmente co nhec ida pela debochada vida de seus estudantes, Carlos soube permanecer il eso naquele ambiente, com o auxílio da Virgem Santíssima, por quem nutria filial e confiante devoção, e dos sacramentos da confissão e com unhão.
mão mais velho, a quem o Papa chamara também a Roma e cumulara de honras. Todos esperavam que Caifos, não tendo ainda sido ordenado sacerdote e sendo agora o único herdeiro do nome
Cal'deal Al'cebispo aos 22 anos
São Carlos BoITomeu, arquétipo de bispo católico P eça-mestra da Contra-Reforma católica, grande propugnador do Concílio de Trento, realizou profunda reforma na arquidiocese de Milão. Foi um exemplo de verdadeiro PasLor, por seu zelo pelas almas e santidade de vida. a
PuN10
M ARI A
SouMEO
Detalhe de carta escrita por São Carlos Borromeo
C
arlos Borro meu nasceu n.o ca telo de Arona, nas margens do Lago Maior, Ducado de Milão, a 2 de outubro de 1538, filho do condes Gilberto e Margarida de Médici. A mãe era irmã do ardeal João Ângelo, que seria elevado ao só li o pontifício com o nome de Pio IV. Diziase do conde que levava mais a vida de monge que a de grande senhor, rezando diariamente o breviário e dedicando muitas horas à oração e às boas obras. A condessa emulava com ele em piedade.
-
CATOLICISMO
Todos os biógrafos do futuro santo mencionam uma claridade extraordinária que envolveu o castelo de Arona quando nascia o menino, tomada como sinal a denotar a lu z de santidade que o recém-nasc ido projetaria em toda a Cristandade. Com pais tão virtuosos, era natural que também se desse logo cedo à piedade, sendo suas distrações montar altares e repetir cerimôn ias que via na igreja. Desabrochou logo cedo em Carlos a vocação sacerdotal, de modo que já aos oito anos recebeu a primei ra tonsura; aos 12, seu tio, Júlio César Borromeu, resignou em seu nome a Abadia de São Graciano e São Feli-
Aos 2 l anos Carlos doutorou-se nos Direitos civil e eclesiástico. Seus pais tinham já fa lecido. Sua carreira começaria cedo, pois no ano seguinte seu tio João Ângelo, eleito Papa, chamou-o para junto de si e o fez Cardeal Arcebispo de Milão. Encarregou-o, apesar de seus 22 anos, da maior paite do governo da Igreja. Isto é, fê-lo Secretário de Estado sem o título, além de Protonotário Apostólico da fuma pontifícia e várias outras honrai-ias. Não movido pela ambição, mas pela obediência, Caifos entregou-se ao lrnbalho. Diz um biógrafo: "Foi coisa admirável que, quanto possuía (causa comumente de ruína para os demais) foilhe de não pouca ajuda para a perfeição a que anelava, porque, ocupando tão grande posto e gozando de todos os bens que o ânimo mais altivo apenas atreveria prometer-se, achava tudo tão sem gosto e substância, que generosamente se deu a buscar um só e pe,feito bem no qual achasse plena satisfação e cabal paz". 1 Carlos alojou-se, vestiu-se e mobiliou seus aposentos com magnificência, para sustentar sua qualidade de príncipe, ele cardeal e de sobrinho cio Papa. Mas repentinamente ocorreu o falecimento do Conde Frederico, seu ir-
Acima, São Carlos venera o Santo Sudário em Turim. Embaixo, ele próprio ministra o ensino do catecismo às crianças.
da familia, deixasse a caiTeira eclesiástica e se casasse para perpetuar o nome. Ele, pelo contrário, acelerou sua ordenação e consagração total a Deus de modo irrevogável. Considerando então a sublime dignidade sacerdotal e a obrigação que tinha de ser o bom odor de Cristo, despojou-se das ricas vestes de seda, simplificou o serviço de sua casa e escolheu o piedoso Pe. João Batista Ribeira, jesuíta, para seu diretor espiritual. Vendeu também boa paite do seu patrimônio, entregando o valor aos tios com a condição de darem parte da renda para a assistência dos seminário , escolas gratuitas, hospitais, conventos e pobres.
Grnnde pmp11g11ado1' <lo Co11cílio de Tre11to Uma de suas iniciativas mai s importantes foi trabalhar para a conclusão do Concílio de Trento, que fora interro mpido. Não podendo dele participar, por causa de seus afazeres em Roma, e mpenhou-se na publicação de suas Atas e do Catecismo Romano, conforme dispunha o Concílio, e da reforma do breviário. Trabalhou também para pôr em prática as reso luções dessa assembléia conc iliar, principalmente no que diz respe ito à reforma do clero, contando para isso com a ajuda muito eficaz de São Felipe Néri. Cooperou também para a reforma da música sacra, decretada pelo Concílio, e pela adoção da polifonia proposta e executada pelo grande compositor Giovanni Pierlui gi da Palestrina. Como a missão ele um bispo é gu iar suas ovelhas, começou, para esse fim, a exercitar-se na pregação, com assombro de todos, pois não era costume na época que cardeais se entregassem a esse min.istério. Suas palavras penetravam a fundo, obtendo grande fruto. Sabendo como era necessário aos bispos o conhecimento da doutrina cató lica para opor-se às falsas doutrinas dos hereges, começou o estudo de lóg ica e filosofia. Mas sobretudo queria pôr em prática as normas do Concílio em sua Arquidiocese ele Milão, como pastor de almas que era. Depois de muito insistir, obteve do Papa licença para dela tomar posse.
A11tê11tica reforma 11a diocese Chegando a Milão, o Cardeal Borromeu, seguindo a orientação do Concílio, começou a reforma do clero. Que este necessitava urgentemente de reforma, é certo, pois "os padres eram ainda mais desregrados que o povo; sua ignorância era tão grande, que amaioria não sabia as fórmulas dos sacramentos; alguns não acreditavam mesmo que fossem. obrigados a se corifes-
NOVEMBRO 2005 -
-
sar, porque confessavam os outros. vida a viver só de pão e água uma vez por dia. Sua delicada saúde resA bebedeira e o concubinato eram muito comuns entre eles, e acrescentavam a esses sacrilégios outros mais execráveis, pela administração dos sacramentos e celebração dos Santos Mistérios em um estado criminoso e escandaloso. [... ] Os mosteiros f emininos estavam [também] abertos a toda dissolução ". 2 Como o mal não era somente da cidade de Milão, mas de toda a arquidiocese, Carlos convocou um concílio provincial para promulgar os decretos do Concílio de Trento. A ele acorreram 11 bispos da região. Chegou a convocar seis concílios provinciais e 1 l sínodos diocesanos co m o mesmo fim. Ele começou por sua própria casa a reforma que pregava, estabelecendo nela um regulamento para que todos vivessem com simplic idade e modéstia. Havia horário para as orações vocal e mental e sentiu-se disso, e foi necessário apepara o exame de consciência, e ninguém podia ausentar-se desses atos lar para o novo Papa, São Pio V, para que lhe ordenasse atenuar um tanto sem permissão. Os sacerdotes eram suas penitências. obrigados a confessar-se todas as semanas e a celebrar o Santo SacrifíNa terriJicante peste cio diariamente. Os não-sacerdotes deveriam confessar-se e comungar de 1576 As obras do santo foram incontásemanalmente e assistir à Missa diariamente. As refeições eram em coveis. "Estabeleceu uma ordem edifimum, com a leitma de algum livro cante na catedral de Milão; a devode vida espiritual. Enfim, ordenou ção dos eclesiásticos, a magn(ficência dos ornamenlos, o esplendor das sua casa como se fosse um colégio da Companhia de Jesus, com exercerimôniasformavam um conjunto do mais tocante efeito. Edificou muitos cícios, costumes e ofícios semelhantes aos que há nas casas da Compa- · seminários, fundou um colégio de nhi a. Ele dava o exemplo, sendo o nobres; os edifícios eram soberbos mais observ ante de todos. Mas, e as regras traziam o cunho da sacomo tinha mais responsabilidade, bedoria do santo fundado ,: Estabepois era o pastor, passou a levar uma leceu em Milão os padres teatinos. vida de verdadeiro anacoreta: dor[... ] Recebeu os padres da Compami a poucas horas, sobre umas prannhia de Jesus. Fundou também uma chas, flagel ava-se impiedosamente congregação de sacerdotes sem votos (Padres Oblatos de Santo Ambróe comia pouco, chegando no fim da
CATOLICISMO
sio ), dependentes só dele como seu chefe imediato, a fim de os ter à mão para os empregar consoante o pedissem as necessidades da diocese". 3 Entretanto, onde o zelo do santo mais se desdobrou foi por ocasião da viol enta peste que assolou Mil ão em 1576. Todos que puderam fugiram, inclusive as autoridades civis. Mas o Pastor não podia abandonar suas ove lh as ferid as . Vendeu toda a prataria do palácio episcopal para socorrer os atingidos, deu-lhes todos os móveis de sua casa e até seu próprio le ito. Ele os ia confessar e administrar-lhes os últimos sacramentos, visitava-os nos hospitais ou nos tu gúrio s, ordenou preces e procissões para pedir o fim da epidemia, e ofereceu-se como vítima pelos pecados de toda sua diocese. As co isas que fez durante essa ep ide mia foram tão admiráveis, que encheram de assombro toda a corte romana e toda a Cristandade. São Carlos Borromeu morreu aos 46 anos, e m 4 de novembro de 1584, se ndo ca no ni zad o e m 1610.4 • E- mail cio auto r: msolimco a cato licismo.com.br
Notas:
-
1. Pe. Pedro Ribaclanei ra, Fios Sanctorwn , in Dr. Eduardo Ma. Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Cornpania, Barcelona, 1897, tomo 4°, p. 237. 2. Les Petits Boll anclistcs, Vie.1· de.,· Sa int.,· d'apre.1· /e Pêre City, Pa ri s, B lo ucl et Ba rra i, 1882, tomo 13, pp. 180- 18 1. 3. Pe. J osé Leite, S.J., Sa ntos de Cada Dia , Ecli t.orial A.O. , Braga, 1987 , tomo 111 , pp . 263 e ss . 4. Outras obras co nsultadas : Fr. Ju sto Perez ele Urbe!, AFío Cristiano, Ecl icio nes Fax , Madrid , 1945, tomo IV , pp. 264 e ss.; Ecle lvives, E/ Santo de Cada Dia , Edi toria l Luis Vives, Saragoça, 1949 , torno V I, p.41 e ss .
Jacques Cathelineau "O santo do Anjou" E ntre os que lutaram contra u Revolução Francesa, a Divina Providência suscitou um grande herói. Sua epopeia n1ar'cou a História <' ecoa até nossos dias, apesar de nflo ser focalizmlo pelos holol<>le8 rc oh1cirn1cÍrios. NICOLAS PARI S
noite caía sobre Pin-cn-Mauges (a alde ia Pinhe iro nos Maugcs) naqu ele 12 de março de 1793 , uma terça- feira, quando uma ag itação inusitada veio perturbar a q uietude vespertin a dessa pequen a aldeia de camponeses da reg ião do Anjo u. 1 S itu ada no planalto que desce rumo ao rio Loire, compunha-se ele pequenas casas ag rupadas em torno da praça da igrej a. A casa ele Jacq ues Cathe lineau , modesto ve ndedor ambulante, ficava a doi s passos dali , do outro lado da estrada principal. Na praça , home ns discutiam co m ca lor os acontecimentos cio dia, e ouviam com atenção o re lato de Jean Blon, primo de Cathe li neau. Sem dúvi da, Cathe lineau era o homem mais considerado da paróquia. Os repub licanos vinham multipli cando os atos de tirania contra a Religião e a monarqui a. Os Mauges sofreram particu larme nte a persegu ição reli g io a, que baniu , prendeu, deportou e condenou à morte s padres que se recusaram a prestar juramento à constituição civ il do c lero, imposta pe la Revolução France a, e que co locava a autoridade civil acima da reli giosa. As igrejas foram fechadas, os padres fiéi s a Roma expul sos pe la força pública. O soberano legítimo, Luís XVI, rei un g ido pela Igreja, fora guilhotinado em 2 1 de janeiro daquele ano. Diante da ameaça de in vasão que rondava as fronteiras da F rança, as auto ridades repub li ca nas
de Paris decretaram o recrutamento de 300.000 homens. Decidiu-se que o alistamento de jovens para o Exérc ito seria fe ito por meio de sorteio, uma espécie de loteri a. Na reg ião dos Mauges o sorteio fo i marcado para o dia 12 de março, e esse era o assunto que Jean Blon expunha à popul ação.
. . · .
dres fiéis a Roma expulsos pela força pública. O soberano legítimo, Luís XVI, rei ungi- · do pela Igreja, fora guilhotinado em 21 de janeiro." NOVEMBRO 2005 - -
manhã de 13 de março, reuniu os voluntários, abriu
à força a igreja fechada pelas autoridades revolucionári as, rezou e depois pronunciou uma breve exortação para encoraj ar seus companheiros, os quais contavam corno armas apenas algumas foices : "Se for preciso morrer, ao menos que seja combatendo os inimigos de Deus e nossos! Marchemos já sobre Jallais: a vitória nos dará armas e munições".
O homem que, de certo modo, com eçou uma crllzada Cathelineau nasceu a 5 janeiro de 1759 na mesma aldeia do Pin , segundo filho de uma fam ília de cinco. Seu pai era talhador de pedras. O pároco notou logo a piedade, a inteligência e os dons daquele jovem catequista, e certamente pensou que ele poderia tornar-se sacerdote. Confiou-o, de 1770 a 1776, ao Pe. Marchais, vigário da paróqui a vizinha, La C hapell e-du-Genêt. Esse santo homem completou a instrução do jovem Jacq ues, e sobretudo revi gorou-lhe o espírito de fé e a confiança na Providência. Seu exemplo de devotamento e suas palavras falam de uma visão do mundo centrada na ação constante de Deus na vida dos homens. Ao contrário de numerosos eclesiásticos da época, o Pe. Marchais via os perigos da impiedade que se difunDetalhe do Massacre Firme resolução de resistil' di a no país at ravés das id é ias do s fil ósofos do Moinho da Rainha . aos rnvolucio11ál'ios iluministas, corno Rousseau, Voltaire e outros do Inúmeros católicos fo ram mortos pelos solda A população local - assinalada pela prática fergênero. E alertou seus fiéis a esse respeito. dos republicanos. vorosa da Religião católica, graças ao estímulo dos Mas Jacques Cathelineau não era chamado ao sermões e ao bom exemplo de seus párocos, como sacerdócio. Voltou à sua aldeia e foi trabalhar com também dos missionários de urna congregação funseu pai. Casou-se em 1777 com Louise Godin e teve dada por São Luís Maria Grignion de Montfo1t 10 filhos, dos quais cinco morreram na infânc ia. 2 via tudo aquilo como uma agressão à sua fé. O Exerceu a humilde profissão de vendedor amdescontentamento rugi a havia vários meses, • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • bulante. Deslocando-se de vila em vila, freqüentando feirns e mercados, conheceu mui mas sem desencadear ainda uma ação de conjunto. Foi a recusa de servir à república antita gente e todos louvavam sua honestidade. religiosa e persecutória, e a indignação de se Por ocasião dos acontecimentos que relaverem obrigados a dar a vida por ela, que detamos, Cathelineau tinha 34 anos. De estatusencadeou a epopéia vendeana. ra elevada, sua voz forte e profunda impressionava. Era apreciado por sua eloq üência, e Nas vi las mais importantes como Sai ntFlorent-le-Vieil , próximo do Pin, os jovens sobretudo por sua piedade e sabedoria, o que que se apresentaram para o recrutamento apolevou muitos a apelarem a ele para reso lver deraram-se dos canhões que apontavam conli tígios e pedir-lhe conselhos. O Pe. Cantiteau, tra eles para intimidá-los, e puseram os repucura da aldeia do Pin a partir de 1785, testeblicanos a correr. No ftm do dia, todos voltamunh ará a retidão de seu julga me nto e a ram às suas paróquias trazendo a notícia da nos dará armas e muexempl arid ade de s ua vida . O nome d e Cathelineau aparece muitas vezes nos regisinsurreição, que começara espontaneam ente. nições." 3 Nem sequer tinham chefes, só no dia seguu1te •••••••••••••••••••••••• tros da paróquia, da qual se tornou síndico. iri am pedir a alguns nobres que não haviam CaU1eliI1eall comanda deixado o país, e que eles sabiam ter alguma exas primeiras reações periênci a militar, para com,mdá-los . Pelo mesmo motivo, os insurgentes da véspera Durante o verão de 179 l e o ano de 1792, a perenviaran1 um emi ssário a Jacques Cathelineau, peseguição levada a cabo pelos republicanos aumendindo-lhe que conduzisse sua paróquia ao combatou e as peregrinações dos camponeses aos santuáte. Após madura reflexão, ele tomou a decisão na rios próximos se multiplicaram. É Jacques quem
Cathelineau aceitou · comandar a reação e · • exortou: "Se for preci. so morrer, ao menos que seja combatendo · os inimigos de Deus e nossos! Marchemos já · sobre Jallais: a vitória
~
CATOLICISMO
dirige as peregrinações que vão implorar a ajuda de Nossa Senhora. Ante multidões que acorriam em procissão, rezando o rosário e cantando hinos religiosos, os republicanos mandaram destruir a capela de Nossa Senhora da Caridade. O deputado da Vendéia, La Révelliere-Lépeaux, protetor da falsa religião deísta propagada pela Revolução Francesa, compareceu no fim de março de 1792 para derrubar o carvalho sobre o qual a voz popular afirmava ter aparecido a Santíss ima Virgem. A indignação das populações cresceu sem cessar, diante das vexações a elas impostas pelos revolucionários. Durante todo esse período, Cathelineau julgou que a hora de agi r ainda não chegara. Aos que o solicitavam nes e sentido, respondia que dev iam rezar mais. Chegada a hora da Prov idência, Jacq ues Cathelineau comandou o ataque a Jall ais em J 3 de março de 1793. A praça, defendida por algumas dezenas de guardas- nacionais munidos de um canhão, fo i tomada de assalto. Sem perder sua calma, Cathe lineau relançou a operação para a tomada de Cherni llé naq uele mesmo dia. Esta segunda praça, apesar de mais bem defendida, ío i ocupada à noite. Ligeu·arne nte ferido por um golpe de sabre na cabeça, Cathelineau mo trou sua bravura e capacidade de comando. Compreendeu também que era prec iso explorar o sucesso e não permitir que depois o desânimo viesse a vencer seus homens, então tomados de um entusiasmo transbordante, mas frág il. O ataque a Cholet, capital dos Mauges defendida por uma fo rte guarnição, deu-se com sucesso no dia 14, graças à ajuda ele homens que acorreram de toda a região, parte dos quais sob as ordens de Stoffl et, o enérgico guarda-caça da família Co lbert, vindo de Maulévrier. No d ia 15 foi tomada Yi hiers, na direção de Saumur. E m ação imultânea , o marqu ês de Bonchamps e d'Elbée tomavam as localidades em volta de Saint-Florent. O reagrupamento das forças ocorreu no di a 2 1, para atacar a praça republicana de Chalonnes-sur-Loire, que caiu no dia 22.
com efeito, muitos homens voltaram despreocupadamente para . uas casas, a fim de cuidar de seus ca mpos. A situação militar só se equilibrou com a entrada dos homens de La Rochejaquelein, vindos da região de Poitiers, cujo levante ocorreu a partir de 13 de abril. A junção dessas duas forças deu o ri gem ao "grande exército católico e realista". As localidades tomadas pelos "azui s" 4 foram todas reconquistadas em uma série de vitóri as que cu 1- • • • • • • • • minaram com a tomada de Thouars, em 5 de maio, por um exército de católicos que realizou o assalto da cidade cantando hinos. A procl amação publicada no dia lJ pelos chefes do exército enunciam claramente os fins da insurreição: "Só pegamos em armas para defender a religião de nossos pais e devolver ao nosso augusto e legítimo soberano Luís XVII 5 o brilho e a solidez de seu trono e de sua coroa; não tendo outro objetivo que não seja promover o bem geral ". Nessa proclamação fig ura a assinatura de Cathelineau ao lado das firmas dos outros generais.
A fol'mação de wn "exél'cito católico "
Perso11ilicação do lídel' cat6Jico-111011arq11ista
D urante todos esses combates, Cathelineau impôs a disciplina, deu ao mesmo tempo exemplo de coragem e de profunda piedade, de calma e de clarividência. Despontou como o chefe natural de todo um território. Foi contudo atingido na pessoa de e u irmão mais jovem, Joseph, capturado pelos republicanos e guilhotinado no dia 27. Em seguida o exército católico sofreu revese diante da contra-ofensiva republicana que se desenvolveu nos Maugcs. Depois dos primeiros êx itos,
Entretan.,to , o fracasso na tentativa de tomar a cidade de Fontenay-le-Comte6 no dia 16 representou rude golpe no moral do exérc ito católico. Cathelineau interpretou-o corno um castigo da Providê nc ia, pel a pilhage m d a v il a de La Châtaigneraie no dia 13. Mas foi ele quem reconfortou os chefes e a tropa . Com seu estímulo, aq uela praça foi finalmente tomada no dia 24 de maio . Cathelineau tornou-se então uma das maiores fig uras da insurre ição .
· ·
·
· ·
Conselho de Guerra dos líderes da Vendéia planejando a luta contrarevolucionária
••••••••••••••••
"Durante os comba- · tes, Cathelineau impôs a disciplina, deu ao mesmo tempo exemplo de coragem e de profunda piedade, de · calma e de clarividêneia. Despontou como o chefe natural de todo um território. "
Símbolo adotado pelas forças contra revolucionárias
NOVEMBRO 2005
-
-
, No começo de junho, o exército católideir~~\Rei Luís XVII co marchou rumo a Saumur, às margens do »otrada por um Loire. Mais de 10 mil homens defenderam deano a cidade, e chegaram ainda mais reforços. Não obstante a resistência feroz dos republicanos, ela foi conqui stada brilhantemente pelos católicos realistas em 10 de junho. Era o caminho de Paris, e a Revolução compreendeu o perigo que a ameaçava. No dia 12, por iniciativa do marquês de Lescure, um conselho de guerra se reuniu em Saumur para e leger um general chefe. Sem que ele se apresentasse, ou mesmo suspeitasse, Cathe lineau foi aclamado como tal. A escolha recaiu sobre ele em razão de suas capacidades de suscitar o entusiasmo dos homens e de saber comandá-los no ardor da batalha. Mas talvez se pudesse dizer que foi sobretudo por causa da a lta • •••••••••••• •• ••••• •••• imagem da fé, q ue ele encarnava. Nesse • momento ele personificava a insurreição católica e monarqui sta.
Duro I'evés para os co11tra-revolucionários Com a tomada de Saumur, a estrada de Paris estava aberta. Napoleão o testemunhará mais tarde, afirmando que os vendeanos poderiam então ter derrubado a Revolução. Com La Rochejaquelein, Cathelineau teria ce1tamente querido tentar esse golpe de audácia, mas as opiniões contrárias prevaleceram no conselho, a favor de uma ofensiva contra Nantes. Após ter tomado Angers sem combate em 20 de junho, o exército dirigi u-se rumo a Nantes, atacando na manhã do dia 29. À frente de um destacamento, Cathelineau encontrnu uma falha no dispositivo de defesa do inimigo e penetrou na cidade. A um palmo da vitória, ele foi gravemente atingido por um atirador emboscado numa casa. Seus homens recuaram, levandoo, e o ataque fracas ou. Transportado a Saint-Florent, ele morreu lúcido no dia 14 de julho. Deu diretrizes até o fim, enquanto se preparava serenamente para a morte, como testemunha o Pe. Cantiteau, que veio assisti-lo. Seu corpo foi enterrado secretamente, para evitar as profanações que os azuis estavam acostumados a praticar. Durante algum tempo, tentar-se-á mesmo dissimular sua morte, a fim de evitar o desânimo dos combatentes. CATOLICISMO
"Sem ilusões quanto · aos perigos, lançou-se na ação porque a Providência assim o desejava. Aceitou o martírio, mas estava convencido de que seu de. ver religioso era lutar contra a Revolução para vencer." • •••••••••· ••••••••••••••
Jacques Cathelineau é hoje conhecido por ter levado à frente uma epopéia que não durou mais de três meses . Além dos seus surpreendentes dons de chefia e de sua clarividência na ação, sua figura moral caracterizava-se por uma visão sobrenatural dos acontecimentos. Sua confiança em Deus, sua calma ativa, não se desmentiam em nenhum momento. Ao partir para a guerra, em 13 de março, sua esposa tentou retê-lo, lembrando os riscos que correriam seus filhos . E le respondeu : "Tenha confiança. Deus, que
Beatíssimo Padre, dizei uma só palavra e milhões de inocentes serão salvos! Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Fan1ília Propriedade reage ern vista de iminente votação de um Projeto de Lei abortista de autoria da deputada comunista Jandira Feghali
quer que eu combata, cuidará deles". Sem ilusões quanto aos perigos que o ameaçavam, lançou-se na ação porque estava convencido de que a Providência assim o desejava. Aceitou de antemão o martírio, mas estava igualmente convencido de que seu dever religioso era lutar contra a Revolução para vencer. Simbo li zou e personificou a reação de um povo inteiro, que se reconheceu nele porque levantou-se sem nen huma ambição pessoal contra um Estado ímpio e opressor da fé. Não é inútil ressa ltar como sua família seguiu seu exemplo: seu irmão Pierre prosseguiu no combate até a morte, em 1794. Seu filho Jacques tomou armas contra Napoleão ao lado de Auguste d e la Rochejaquelein, em 1815 , e foi enobrecido em 18 16 pelo Rei Luís XVIII. Surpreendido sem armas, foi assass inado em 1832, quando tentava sec undar a tentativa legitimista da Duquesa de Berry, nora cio Rei Carlos X. • E-mail para o auto r : catolic isrno @cato li c isrno.co rn .br
Notas: 1. O Anj ou é a reg ião onde se loca liza Angers, c idade im portante já naquela época, s ituada a 40 km a noroeste da aldeia. Os Mau ges, urn a sub-reg ião do Anjou, ocupam o planalto ao sul do rio Loi re, entre os pequenos ri os Sevre, Hyro me e Layon. 2. A mortalidade infantil era muito elevada na época. 3. Res ponsável da administração civil da paróquia . 4 . No me dado aos revo lu c ioná ri os pelo s vendeanos, devido à cor dom inante dos uni formes republi canos. 5. Trata-se do De lfim , filho de Luís XVL e da Rainha Maria-Antonieta, guilhotin ados pela Revo lução. 6. Os revo lucionári os mudara m seu nome para Fo ntenay- le- Peupl e.
A
votação do projeto abortista no Congresso Nacional estava programada para o dia 19 p.p. A TFPFundadores mobilizou rapidamente seus aderentes e simpatizantes para um maciço envio de protestos aos deputados da Comissão de Seguridade Social e Família. Também en viou uma carta a S.S. o Papa Bento XVI , pedindo sua intervenção para barrar a aprovação desse iníquo Projeto de Lei. Abaixo segue a transcrição da carta.*
* São Paulo, 17 de outubro ele 2005
À Sua Santidade Papa Bento XVI Cidade do Vaticano Beatíssimo Padre, Pedimos vên ia a Vossa Santidade para expor o segu in te problema que angustia os cató li cos bras il eiros. A Deputada Jandira Fegha li , cio Parti lo Com uni sta cio Brasil , partido ela maioria governi sta cio Presidente Lul a ela Silva, re latora cios projetos ele libera lização cio aborto no se io ela Comissão ele Seguridade Socia l e Família da âmara dos Deputados, apresentou intempestivamente um projeto substituti vo que deverá ser votado na dita Comissão na próx im a Quarta-feira , 19 de outu bro. O proj lo ela Deputada Fegha li estabelece, cm seu arti go primeiro, que o aborto é um direito ele toda mulher. E e suposto "d ire ito" asseg urado irrestritamente até doze semanas de gestação (l 'vadas até vinte no caso ele grav idez res ultante ele "c rime con lra a liberdade sex ual "), ou mesmo até o fim ele gestação, no caso d' grave ri sco para a saúde materna. O proje10 pr ·vê ainda o "direito" ao aborto em qualquer tempo no caso d' diagnosti ca r-se no feto qualquer ma lformação congênita "incompatível" co m a vida ou doença grave e incuráve l. Em resumo, s' o projclo da Deputada Feghali for aprova-
Graças a Deus, a votação sorratei ra desse radical projeto (PL 1135/91) foi adiada. Mas não podemos nos desmobilizar. Com tal adiamento, todos os brasileiros contrários ao aborto ainda dispõem de tempo para enviar protestos. Convide seus parentes, amigos e vizinhos para participarem dessa campanha contra o massacre de inocentes, acessando o site da entidade: http://www.tfp-fundaclores.org. br
*
* cio, o Bras i I passará a ter uma elas leg islações mais abortistas do mundo, contrariando o sentimento profundo cio povo brasileiro que, segu ndo as pesqu isas mais recentes, é compactamente oposto a qualquer liberalização do aborto. Aflitos a nte a iminência ela aprovação ele um crime que c lama a Deus por vingança , vimos pedir a intervenção de Vossa Santidade junto às Autoridades religiosas e civi s cio Brasil para que seja cumprida a Lei de Deus e a Lei Natural em conformidade com as repetidas condenações do aborto fe itas pela Santa Sé. Beatíssimo Padre, dizei urna só palavra e milhões de inocentes serão salvos! Pondo aos pés ele Vossa Santidade os esforços que esta Associação, auspice et ajjlante Beata Maria Virgine, está fazendo e continuará a fazer para impedir por todos os meios lega is que dito pecado púb li co seja cometido, pedimos humil demente a Bênção Apostólica. Luiz Nazareno de Assumpção Filho Associação dos Fundadores da TFP Tmdição Família Propriedade Pres idente
Nota: * Ca rta com teor semelhante foi também enviada ao Pres ide nte da CNBB (Confe rênc ia Nac ional dos Bi spos cio Brasil), Card ea l D. Gera ldo Magell a Ag ne lo.
NOVEMBRO 2005
a:.1111
4 São Carlos Borromeu, Bispo e Conl'essor (Vide p. 36) Primeira Sexta-leira do mês.
5
1 TODOS OS SANTOS Celebrada já no século V como festa de Todos os Mártires. Posteriormente se deu a esta festa um caráter mais universal, sendo fixada neste dia. É a comemoração da Igreja Triunfante, formada por todos os bem-aventurados, mesmo os não-canonizados, que já gozam da glória eterna (este ano, transferida para o Domingo, dia 6).
2 DIA DE TODOS OS FIÉIS DIWlJNTOS Comemoração da Igreja Padecente, formada pelas numerosas almas que sofrem no Purgatório. "Aos que visitarem o cemit ério e rezarem pelos defuntos, concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos; diariamente, do dia 1 º ao dia 8 de novembro, nas condições costumeiras, is/o é: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice; nos restantes dias do ano, Indulgência Parcial (Enchir. lndulgentiarum, nº 13)".
3 São Martinho de Porres, Confessor + Lima, 1639. Mestiço, descendente de cruzados pelo lado paterno, sua mãe era uma escrava liberta. Entrou como "doado" para um dos conventos dominicanos de Lima, onde levou uma vida extraordinária pela humildade, penitência, caridade e dom de milagres.
Santos Zacarias e Isabel, Pais do Precursor·, São ,João Batista + Séc. l. Sua fé mereceu-lhes, já na velhice, gerar aquele que prepararia os cam inh os do Salvador. Santa Sílvia, Viúva + Roma, séc. VI. Patrícia da mais alta soc iedade romana, mãe do Papa São Gregório Magno. Primeiro Sábado do mês.
6 Beato Nuno Álvares Pereira , Confessor + Armado cavaleiro aos 13 anos, Condestável de Portugal aos 25, a ele D. João 1 deveu seu trono, e Portugal sua independência, pela retum bante vitória em Aljubarrota.
7 São Vilibrardo, Bispo e Confessor + Alemanha, 739. Nascido na Irlanda, foi sagrado Bispo de Echternach, de onde seus missionários partiam para evangelizar a Renânia. Seu zelo chegou até a Dinamarca.
8 São Claro, Confessor + Tours, 386. Pertencente a família de alta nobreza, foi ordenado sacerdote ainda jovem, deixando tudo para ir viver junto ao grande Bispo de Tours, São Martinho.
9 Dedicação da Basílica de São João de Latrão, Roma Catedral dos Bispos de Roma, foi das primeiras basílicas dedicadas por Constantino ao culto cristão, consagrada por São Silvestre em 324.
10
15
São Leão I Magno , Papa e Conl'essor + Roma, 46 l . Governando a Igreja por 2 1 anos durante a invasão dos bárbaros, lutou contra os hereges eutiqui anos e donatistas , deteve o hun o Áti la às portas de Roma, defendeu intrepidamente os direitos da Sé Apostólica, incrementou e deu novo esplendor às cerimônias litúrgicas. Por tudo isso recebeu da posteridade o título de "Magno".
Santo Alberto Magno, Bispo e Doutor da Igreja + Colônia (Alemanha), 1280. Pouco dotado para o estudo, mas grande devoto de Maria, d'Ela recebeu a ciência que lhe valeu de seus contemporâneos o título de Doutor Universal. Foi professor de Santo Tomás de Aquino.
11 São Bartolomeu Abade, Confessor + Grotaferrata, l065. Ca labrês, muito jovem entrou para um mosteiro ítalo-grego, colocando-se sob a direção de seu fundador, seu compatriota São Nilo.
12 São Teodoro Studita , Confessor + Constantinopla, 826. Considerando as ordens monásticas como "os nervos da Igreja", fez do mosteiro bizantino de Studios, que contou até com mil monges , um centro de santos e sábios.
13 Santo l•:stanislau Kostka, Confessor + Roma, 1567. Pertencente a família das mais nobres da Polônia, sua vida é palmilhada de maravilhas. Recebido por São Pedro Canísio no noviciado da Companhia de Jesus na Alemanha, foi enviado a Roma e paternalmente acolhido por São Francisco de Borja.
14 São ,José Pignatelli , Confessor + Roma, 1811. Nobre espanhol de origem italiana, entrou aos 15 anos para a Companhia de Jesus. Ordenado sacerdote, dedicou-se ao magistério e ministérios apostólicos.
16 Santa Gertrudes, a "Magna", Virgem + Helfta (Alemanha) 1303. Tendo entrado para um mosteiro aos cinco anos de idade, é considerada uma das maiores místicas da Idade Média.
17 Santa Isabel da llungria , Viúva + Turíngia, 1231. Fi.lha do rei da Hungria, casada com o duque da Turíngia, enviuvou aos 20 anos com três filhos. Abandonada e perseguida pelos parentes do marido após a mo11e deste, sem recursos, ofereceu seus serviços a um hospital de leprosos, falecendo na paciência, pobreza e humilhação aos 24 anos de idade.
18 Santo Odon, Confessor Abade de Cluny, mosteiro considerado a alma da Idade Média, pela grandeza das vutudes que dele se ui-adiaram para toda a sociedade da época. Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo Na prime ira , localizada no Vaticano, encontra-se o túmulo de São Pedro, o primeiro Papa; a segunda, na Via Óstia, foi construída no local do sepultamento de São Paulo.
IH Santos Roque Gom:ález e Companheiros, Mártires + Rio Grande do Sul, 1628. Missionários jesuítas que evangelizaram a região das Missões. Na de Caaró (RS), quando o Pe. Roque terminava a missa, índi-
os sublevados pelo pajé prutiram-lhe a cabeça com a clava. O mesmo fizeram com o Pe. Afonso Rodtíguez. O Pe. Juan del Castillo tinha sido martirizado anteriormente, na missão de Pirapó.
populru·es dos primeiros séculos, aos l 7 anos tinha recebido o dom da sabedoria, de tal maneira que era tida como a mais sábia das jovens do Império.
20
21
São Pedro de Alexandria, Bispo e Mártir + 311. "O historiador Eusébio saudava-o como um desses pastores divinos pela vida virtuosa e por sua sagrada eloqüência. Foi uma das úllimas vítimas das perseguições romanas" (do Mrutirológio Romano).
APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA
27
NOSSO SENI lOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO Festa instituída em l 925 por Pio XI, para proclamar a realeza social de Nosso Senhor Jesus Cristo.
22 Santa Cecília, Virgem e Mártir + Roma, séc. IIL Uma das mais veneradas mártires da Igreja primitiva, Cecília tinha feito voto de castidade quando o pai a casou com Valeriano, a quem ela converteu junto com o cunhado Tibúrcio. Manteve-se virgem. Os três sofreram o martírio pela Fé.
23 São Clemente 1, Papa e Mártir + Roma, séc. 1. Terceiro sucessor de São Pedro, conheceu os Apóstolos e conviveu com eles. Sua cru1a dirigida aos Coríntios é documento fundamental pru·a comprovai· as teses do primado universal do Bispo de Roma e da constituição hierárquica da Igreja.
24 Santos André Dung-Lac e Companheiros. Mártires + Vietnã, séc. XVI. Vietnamitas "convertidos pelos missionários dominicanos que haviam começado a evangelizar a região, foram martirizados sob a acusação de estarem introduzindo no país uma religião estranha " (do Martirológio Romano).
25 Santa Catarina de Nexandria, Virgem e Mártir +Séc.IV. Uma das santas mais
26
Santa Catarina Labouré, Virgem + Paris, 1876. Recebeu de Nossa Senhora a revelação da Medalha Milagrosa, que tantas graças, conversões e milagres tem obtido em todo o mundo. FESTA DE NOSSA SENI IORA DA MEDALIIA MILAGROSA
28 Santo Estêvão e Companheiros, Mártil'es + Constantinopla, 764. Monge do Mosteiro de Studios (vide dia 12), foi martirizado com centenas de outros companheiros por terem defendido o culto às imagens.
Intenções para a Santa Missa em novembro Será celebrado pelo Revmo. Podre David Froncisqu ini, nos seg uintes intenções: • Mi ssa de Finados, pelos almas dos famili ores dos leitores de Catolicismo e por todas os so ntos almas do Purga tório. • Rogando o Nossa Se nh ora da s Graços, cu jo festividade a So nto lgrejo comemoro no dia 27 de novembro, que co nce da sup era bun dantes graços poro todos os nossos leitores e simpatizantes e uma especial proteção àqueles que portom sua Medo lha Milagrosa.
29 São Francisco Antonio Fasani, Confessor + Itália, l 742. Franciscano no convento dos Frades Menores Conventuais de Lucera, doutorou-se em Teologia, tornando-se exímio pregador, diretor de almas, conselheiro, defensor dos pobres e hu mildes .
30 Santo André Apóstolo, Mártir. São Zózirno, Confessor + Pa lestina, séc. VI. Monge na Palestina, era considerado por São Teodoro Studita (vide dia 12) como "a jóia da humildade".
Intenções para a Santa Missa em dezembro • No missa do Santo Natal , rogando ao Di vino Menino Jesus, por mediação de suo Santíss ima Mãe, conceda especiais e abundantes graças às famíl ias doqueles que nos opoiora m ao lo ngo deste ano.
NOVE
-
Diante do Monumento da Independência, prece a Nossa Senhora Aparecida
-
Orações junto ao túmulo de Plinio Corrêa de Oliveira
Homenagens no décimo aniversário do falecimento S olenidades organizadas pelos dirigentes da TFP-Fundadorcs no décimo aniversário do passamento de Plínio Corrêa de Oliveira. Ele marcou profundamente o século XX, e nos presentes dias seus ideais repercute1n no mundo inteiro. ['J
Ü SCAR YIDAL
ranscorreram LO anos do fa lecimento de Plinio Corrêa de O live ira, e sua cruzada continua. ·seus seguido res, di sseminados pelos cinco contine ntes e tendo como arma eficaz os idea is contra-revolucio nários, persistem com â nimo no mes mo combate ideológ ico contra a Revolução g nóstica e igualitária, vi sando a resta uração da Civ ili zação Cri stã. Uma cruzada que prossegue sua marc ha, com aque les que se ho nram de te r como mestre, mode lo e g ui a a q ue m, a justo títu lo, fo i qualificado de "Cruzado do Século XX". Diversas homenagens tiveram lugar no Brasi l e e m outros países, * mas reportare mos aq ui apenas aJgumas delas ocorridas na cidade-berço do fu ndador da TFP brasileira, a capital paulista.
CATOLIC ISMO
[nic iaram-se com a rec itação do Terço, e m conjunto, de muitos di scípulos de Plini o Corrêa de O li veira ante seu jazigo no cemitério da Conso lação - o nde també m se encontra sepultada a senhora sua mãe, Da. L uci li a Ribeiro cios Santos Corrêa de Oliveira. Naquele loca l, re uni ram-se no dia 2 de outubro último, e ta mbém no dia seguinte, para prestar o merec ido tributo ao ex ími o defensor ela C ivilização Cristã. Estivera m presentes ao ato de legações cio exte rior e de muitas cidades brasi leiras. Diante daquela sepultura, S. Excelê ncia D. Juan Rodolfo Laise, bispo e mérito de San Luis (A rgentina), rezou co m todos os presentes especialme nte pe la expansão da obra de Dr. P líni o no B ras il e no mundo inte iro.
Fotos: Bcno 1-lofschult, Diogo W:tki, Fra nc isco Dozsa, José Anto nio Ureia, Jose ph Ferrara, Marcelo Dufaur. M iguel Vidi gal
E m . egui cla todos dirigiram-se ao Monumento cio Tpiranga para uma so lene prece a Nossa Senhora Aparec ida, Rainha e Padroeira do Brasil.
"l'rc/'criu hcroicamc11te o martírio <hl i11compree11são" O principal ato se deu à tarde: a Missa solene celebrada por D. Rodolfo Laise na Igreja de Nossa Senhora do Paraíso. Esse te mplo católico, localizado no bairro cio Paraíso, ficou superlotado na ocasião. A eguir, alguns trechos cio sermão do celebrante: " Há 10 anos, em 3 de outubro de 1995, expirava plácida e sanlamen le 11 es/a cidade de São Paulo o Dt: Pli11io Corrêa de Oli veira. [... l "No curso de quase todo o século XX, defe11deu o Papado e a i grej a conlra os a1aq11es do totalitarismo nazis/a e co1111111isla e conlra o processo de a111ode111olição da Igreja Católica, parlirnlarmente durante a realização do 011c flio Vaticano li e no pós-concflio, alé sua morte. [... ] "Essa é a 111e1116ria que hoje celebrarnos: a recordação de Plinio Co rrêa de Oliveira, ft!/10 fiel de Deus, milila111e da Igreja, coerente na sua fé, co rqjoso cruzado de Crislo, tes/e111unha luminosa da verdade, que preferiu
heroicamente o martírio da incompreensão e da injusta perseguição dos homens a ceder, ante as exigências da sua consciência sernpre il11111i11ada e.furtUicada pelos princípios imutáveis do D irei/o nalura/ e divino.
"Seja o seu exemplo norma de vida para aqueles que hoj e conlinuam a sua missão de ser testemunha luminosa da verdade de Deus, pedindo nes/a Missa o que dizia San/a Teresin/za de Lisieux, a quem. D,: Plinio professava uma grande devoção: 'Je n 'ai j amais cherché que la verilé' (N unca procure i outra coisa se não a ve rdade)".
Lançamento de livl'o sobre l'linio Corrêa <le OJi1,cira Term inada a santa M issa, todos dirig iram-se ao São Paulo Clube. No a uditó ri o d esse aprazíve l loca l - que tra nsbordava ele gente por todos os lados - s ituado no bairro de Higienópolis, rea1izo u-se uma sessão e m homenagem ao inconteste líder cató lico, na qua l foi la nçado o livro Plinio Corrêa de Oliveira - Dez anos depois .. . , patroc inaclo e prefaciado pelos diretores da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade. Na ocasião, os presentes pudera m adq uirir a me nc io nada o bra , bem como uma meda lha comemorativa, cunhada espec ialmente para esse décimo a niversário cio fa lec imento. O livro ele 332 páginas, com excele nte acabamento e bem ilustrado, conta com a colaboração de 19 arti c uli stas que discorrem sobre a vicia, pensamento e ação do Prof. P línio . Num estilo agradável e atraente, os colaboradores, descrevendo aspectos diferentes da vastíssima personal idade do ho menageado, proporciona m de1e uma excele nte visão ele conjunto.
NOVEMBRO 2005 -
disso, respondeu a outras indagações que se poderi am levanPatrono de uma "família' <le almas" tar sobre o entido das homenagens naqueles dias. Concluiu Na abertura da solenidade, falou o Dr. Luiz Nazareno de agradecendo a todos que, pe la numerosa presença, colaboraAssumpção Filho, presidente da Associação dos Fundadores ram para o brilho daquela solene sessão. da TFP. Iniciou ele seu discurso levantando e respondendo à seguinte pergunta: Dr. Plinio, nestes 10 anos de ausência, esCombatente de gloriosa luta teve sempre presente? que continua A seguir, um excerto de sua exposição: Em seguida falou o presidente da TFP francesa , Sr. Benoit "Em uma conversa que manteve, na intimidade de sua Bemelmans, que veio a São Paulo especialmente para ---casa, D,: Plínio disse de si: 'Ao morrer, se Nossa tributar sua homenagem ao mestre do pensamento Senhora tiver pena de mim, vou para o Céu. contra-revolucionário. Assim iniciou ele seu No Céu eu continuaria patrono da família discurso: "Eu não posso me esquecer, vendode almas que constituí, num relacionamenvos nesta sala toda repleta de um público de to que seria a continuação de minha hisescol, desta frase do Dr. Plínio: 'Para a Igretória'. ja, Deus quer toda a minha vida, quer or"Tais palavras respondem quase que caganização, quer sagacidade, quer intrepibalmente iJ. pergunta que formulei. Restardez, quer a inocência da pomba mas a asme-ia apenas indagar se.foi essa presença pertúcia da serpente, a doçura da ovelha mas a cebida e sentida por seus seguidores e por cólera irresistível e avassaladora do leão"'. aqueles que, com simpatia e não raro com enO presidente da TFP francesa discorreu acerca tusiasmo, aderiram à sua ação pública em prol da grande ad miração que Plinio Corrêa de Oliveira susda trilogia Tradição, Família e Propriedade - lema citou. E isso porque ele foi sobretudo um combatente, sua luta que ele forjou e que se tornou a razão de ser de sua vida. não terminou, e até hoje atrai pessoas em todo mundo. "Se é bem "Penso que, sem imprecisão, se pode declarar que sua verdade que D,: Plínio é um grande católico, é porque ele lutou presença nesses 10 anos foi muito atuante. Sim, atuante! Pelo pela Igreja a vida inteira, não hesilanclojamais em denunciar a apelo que tantos e tantos lhe fi zeram ern orações; pela consinfiltração esquerdista dentro do clero, a combater os lobos retante consulta às suas obras publicadas e a muitos milhares vestidos de pele de ovelha, que de maneira aberta vu velada, de de páginas de reuniões que nos legou, onde encontram.os dentro do santuário sagrado, colaboram com os demolidores da ensinamentos espirituais, sociológicos, estudos de opinião púCivilização Cristã". [ . .. ] blica, descrições de ambientes e costumes, análises psicolóReferiu-se depois à luta atual da TFP e concluiu seu disgicas, enfim, tudo o que ele.foi acumulando e, como uma precurso com estas palavras: "É a TFP rubro- áurea, com seu ciosa herança, deixou ao nosso alcance". leão de espada em punho, com seus estandartes ao vento da Dr. Luiz Nazareno comentou também que Dr. Plinio fezHistória, que avança como um grupo coeso, que avança como se presente pelo exemplo. Após dar algumas demonstrações
-
CATOLICISMO
um só homem; esta organização que avança sob a proteção, sob a direção, sob o olhar ele Maria Santíssima, 'terrível como um exército em ordem ele batalha', é o combate ele Plinio Corrêa de Oliveira que continua". Imenso tesouro da Igreja em nossas mãos Posteriormente, coube ao advogado Dr. Gregório Yivanco Lopes expor resumidamente o conteú do do livro recém- lançado. Sa li entou que as diversas co lab rações que constituem a obra põem cm realce a magna e providencial missão profética cio fundador da TFP brasileira. Concluiu lcn lo um texto publicado por Dr. Plinio 111 1942 no semanário "Legionário", e agora transcrito no livro, o qual, de algum 111 cio, resume o conjunto da obra. Diz esse texto: "Todo esse imenso tesouro natural e sobrenatural [que a Igreja acumulou ao longo do séc ul os! está como que depositado em nossas mãos! Se o fizermos vencet; transmitirem.os esse inestimável caudal de valores para os séculos vindouros. Se não o fi zermos vence,; esse tesouro será inútil para milhões de almas, não produzirá talvez a plenitude de seus frutos durante dezenas de séculos. E Nosso Sen hor bem poderia nos pedir contas por tal derrota, fazendo-nos a pergunta terrível que se lê na Escritura: Quae utilitas in sanguine m.eo ? ("Que utilidade houve no meu sangue?").
A onlem do Universo, espe/110 <las g1w1<lezas de Deus O principal pronunciamento ficou a cargo do Chefe da Casa Imperial do Brasil, o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança. Narrou ele corno ainda jovem, lendo a obra Revolução e ContraRevolução, considerava como a ordenação posta por Deus no Un:iverso vinha sendo destruída desde o fim da Idade Média. Mas não tinha urna idéia precisa da ordem do Universo em seu conjunto, quando numa conversa com Dr. Plínio este explicou-lhe, baseado em Santo Tomás de Aquino, a fin alidade da criação do Universo enquanto reflexo dos atributos de Deus, para glorificá-Lo. Explicou-lhe ainda que Deus não podia criar apenas um ser que, de modo suficiente, espelhasse o seu esplendor. Por isso foram criados inúmeros seres diferenciados e hierarqui camente ordenados, de modo que o conj unto pudesse refletir adequadamente o Criador. Dr. Plinio - prosseguiu o Príncipe D. Luiz - vendo como a Revolução satânica, gnóstica e igualitária trabalhava para desfigurar este re fl exo de Deus no Universo, lutou incansavelmente contra tal processo revolucionário. Urna batalha sem tréguas para restabelecer no mundo a ordem que reflita no plano criado o esp lendor de Deus. Desta luta nasceu uma obra g igantesca, que segue ava nte contra ventos e marés - enfre ntando até mesmo ca lúnias, perseguições e detecções - , mas sempre fiel ao curso traça-
NOVEMBRO 2005 -
-
Igreja Católica tradicional e a res istir ao comunismo. Derrubado o regime tirânico, a ação do líder católico brasileiro não cessou. Ele continua ajudando a Polônia nos dias de hoje e, graças a este auxílio sobrenatural, o grupo de discípulos de Dr. Plínio na Polônia floresce e age profic uamente.
L11ta, l11ta e l11ta para a maior glória de De11s
do por Dr. Plinio e confiante nas pro messas que Nossa Senh ora fez em Fátim a. Seg uind o os passos desse fi lh o de votíss imo que a Ela se consagrara como. escra vo de amor, segundo o método de São L uís Gri gni on de M ontfo rt, tal combate obterá a derrota fin al da Revolução e a vi tória do Imacul ado Coração de M ari a. Constituirá no triunfo contra os inimi gos in ternos e ex ternos da Santa Igrej a, o triunfo de uma ordem espi ritual e tempora l qu e será espelho marav ilh oso das gra ndezas de Deus Criador.
Ação de Pli11io CoI'J'êa de Oliveira na Polônia N ão esta va no programa daq uela noite, mas, do meio do auditório, levantou-se um jovem que viera da Polôni a, e ped iu a palavra - o que lhe foi concedido. Tratava-se de Slawomir Olej niczak, presidente da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Ska rga. Disse que, ouvindo os diversos oradores manifes tando veneração e respeito ao fundador da TFP brasileira, não poderia voltar para sua pátria sem antes prestar tam bém ele se u preito de grat id ão a Plínio Corrêa de Oliveira pelo que este fez por seu país. O jovem polonês lembrou alguns fa tos, mas sobretudo destacou o quanto o li vro de Dr. Plínio, A Liberdade da Igreja no Estado Comunista, foi uma obra prov idencial, destinada especialmente à nação polonesa quando ainda do minada pelo regime comuni sta: Ocasião em que até membros do clero colaboravam com o tirânico regime ateu e materiali sta. Dr. Plíni o condenou tal colaboração e ajudo u muitos a manter a fidelidade à
As palavras fi nais fo ram pronunciadas por S. Excelência D . Rodolfo Laise. Contou que, nesses di as passados em São Paulo, observou muito atentamente os membros da fa míli a de almas fundada pelo Prof. Plínio, e notou como estes segui am o exemplo do mestre. Relatou um pensamento que lhe ocorrera na manhã daquele dia. Estando presente às orações fe itas no Cemitério da Consolação, junto ao túmulo do Prof. Plínio, acompanhado de mui tos de seus di scípulos, pe nsava o seguinte: este homem que aqui está sepultado deixou um programa de vida, e isto até hoje influencia profundamente pessoas no mundo in teiro. São pessoas que, fiéis aos e nsinamentos daquele que ali jaz, permanecem dispostas a enfrentar todos os obstáculos para a maior glória de Deus. Fato sintomático dessa disposição - prosseguiu D. Laise fo i a cerimônia diante do Monumento do lpiranga, real izada apesar da chuva. Disse ele que, naquela ocasião, todos os presentes, jovens e adultos, senhoras e senhores, enfrentaram a chuva com valentia. Aquele modo decidido de fazer as coisas o marcou como um símbolo de como se deve enfrentar os obstáculos, pois, apesar do cl ima desfavorável, todos os presentes encontravam-se com ânimo fo rte. Mesmo debaixo do aguaceiro, valentemente procl amaram o brado instituído por P linio Corrêa de Oliveira, o qual ele traduziria como "Luta, luta e luta". O bispo emérito de San Lui s terminou suas pa lavras afirmando que esse estado de espírito combativo era o mesmo do Prof. Plínio. É a maneira de ser da Igreja mi li tante e daq uele varão, que ele não ti vera a graça de conhecer pessoal mente, mas que cada di a mais compreendia através da herança espiritual que deixou e de seus escritos: um homem cheio de fé, coragem e confiança na Virgem Santíssima. D. Laise deu sua bênção epi scopal aos presentes, estendida aos fam ili ares e amigos destes. Em seguida, teve lugar um coq uetel naquele me mo recinto. • E-mail do autor: ~ - ai.1ai·'.li.rn l· ~!dl!Jiliç_lfil11~.Qlll.lll:
Plinio Corrêa de Oliveira - Dez anos depois ... Com pref cio de D, Juan Rodolfo Laise, Bispo Emérito de San Luis (Argentina}, e colaboração especial do Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil. Edição da Associação dos Fundadores da TFP Obra enc dernada, com capa dura, formato 16,5 x 23,5 cm, 332 pp. + 36 PP- de ilustrações em cores. Obra co l ti v , de 19 autores, com ensaios sobre aspectos diversos da vida e obra de Plínio Corrêa de Oliveira, fu nd dor da TFP e um dos principais colaboradores de Catolicismo desde sua fundação , em 1951 .
Preço unitário: R$ 59,90 * Observnçiio Importante : A edição já está q u_ase inteiramente e sgotada, restando poucos exemplares. Faça hoje mesmo o seu pedido. Amanhã, poderá ser tarde demais.
Nota:
* Dev ido ao limi tado do espaço, Catolicismo na próx ima ed ição publicará reportagem a respeito da homenagem a PJini o Corrêa de O li ve ira transcorri da em Roma .
Central de atendimento: (11) 3362-0005 >tt
CATOLICISMO
Frete de R$ 5,00 para embalagem e postagem. Promoção válida enquanto durarem nossos estoques.
www.livrariapetrus.com .br
,
As muralhas da Avia Hieraticidade, firmeza e vigor , 1 PuN10 C oRRÊA DE OuvEtRA
'!f,
.
·:, ' s muralhas de Ávila, na Espanha, ostentam uma si nuos idade serpentiforme. ·-,, Delas não podemos dizer que apresentam um movimento sutil e com certo charme. As coisas que se esgueiram, normalmente tê m charme. Essas muralhas, entretanto, não manifestam charme, exibem sobretudo solidez. Hieráticas, firmes , vigorosas como se fossem muralhas e torres no alto de um abismo . Qual a razão disto? É claro que as numerosas pontas das ameias concorrem para causar essa impressão, bem como as vári as torres salientes e firmes ex istentes na muralha. Mas não é apenas isso. Há um imponderável, indefi nível, que é o mesmo imponderável da segurança que revela o guerreiro, o qual é hierático mesmo qu ando ass ume atitudes que não são hi eráticas. Tão seguro da sua hieraticidade, que qualquer movimento seu exprime uma atitude inteiramente segura da própria dignidade. É digno de nota não haver janelas nessas muralhas. O que manifesta indiferença em relação ao lado de fora - uma característica nos monumentos espanhóis - , como quem di z: "Eu sou e me proclamei para a eternidade. Vocês outros sabem o que sou, e o reconheçam; caso contrário, serão condenados. Se eu puder, coloco-os no cárcere; se não puder, Deus o fará, mas as nossas contas estão feitas para toda eternidade! ". Eis o que essas soberbas muralhas deixam subentendido. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plín io Corrêa de Oliveira em 7 de fevere iro de 1974. Sem revisão do autor.
,
UMA
PuN10 C o RRÊA DE OuvE1RA
Dezembro de 2005
A inocência e o senso do maravilhoso ·· D eixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará" (Lc 18, 16-17).
O
espírito da cri ança não é fa nado por cer.tas coisas que fa nam o espírito de muitos adultos. Em primeiro lugar porque a cri ança, em geral, ainda não se corrompeu. Em segundo lugar - o que é mais importante - , pelo efeito do Batismo a cri ança tem uma pro pensão a crer e uma fac ilidade para admitir o maravilhoso. Assim , o espírito da criança se encanta com a árvore de Natal. Ora, o que é a árvore de Natal? É algo que imerge para o _mundo do maravilhoso, para o mundo "contos de fada" . A cri ança tem uma grande retid ão para a fé, acredita e não pergunta as razões de crer. Ela vai logo crendo. Ora, o que é isto? É um senso virginal que a criança tem de um mundo além deste mundo; de uma realidade existente para alé m desta que nós vemos, e que é mais bela e sati sfaz anseios do espírito hum ano. Mas, à medida que a pessoa vai se apegando às coisas terrenas, vai perdendo o senso do extraterreno, que é o senso do metafísico - o senso de uma realidade qu e ex iste além do físico, o senso do maravilhoso e do sublime. Daí o episódio de Nosso Senhor elogiando os pequeninos, incentivando-os a aproximarem-se d 'E le. Elogio não da imbecilidade própria à criancinha, e que é um efeito do pecado original, mas elog io desses valores de alma que a criança tem, e que podem encontrar-se também no homem inocente. A alma do inocente é toda impregnada, desde os primeiros lampejos da razão, do senso do sobre natural e do maravilhoso. • Excertos de conferência do Prof. Plíni o Corrêa de Oli veira, em 28-6-69.
-CATOLICISMO
1
Nº 660
2
Excrm:Tos
4
CARTA
5
PAGINA MAIUANA
7
IJEITURA ESPIRl'l'UAI, A graça - I
8
CommsPONOÊNCIA
oo Dnu:·1·0R Apal'ições de Nossa Senhora e suas causas
10 A
PAI.AVIM DO SACl•:RDOTE
12 A
REAI.IOAJ)t: CONCISAMENTE
14
NACIONAr,
16
INTERNACIONAi,
19
NA'lt'\.í,
22
ENTREVISTA
26
CAPA
32
Po1,ÜNIA
34
TRADIÇÃO
36
VmAs DE SANTOS
39
CúrnGo
43
PoR Qtm Nossl\ SENHORA cnoRA?
44
SANTOS R F,,:s·rAs Do M1~:s
46
AÇÃO CON1'RA-Rl-:VOl,UCION.'\RIA
52
França sob a violência de neoguerrilheiros
A derrota do desarmamento no Brasil Neogueirilheiros - uma "intifada francesa"
A angústia de uma alma e sua contrição Vitória do NÃO-derrota do Governo Federal
NATAL-a alegria da fé e do sobrenawral Estllpenda vitória conser vadora Dois séculos de famosa salsicha
DA
V1Nc1
São Francisco Xavier Obra repleta de falsidades e blasfêmias
AMBIEN'l'l•: S, COS1'Ui\füS, CIVU,IZAÇÜES
Junto ao presépio há lugar para todos, sábios ou ignorantes
Nossa capa : Foto: José Roberto Dias Tavares
Refutação de livro anticatólico
DEZEMBRO 2005
-
Caro leitor,
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o n• 3116 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Conj. 62 - Santa Cecília CEP 01225-001 São Paulo - SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
Tel (0xx 11) 3333-6716 Fax (0xx 11) 3331-6851 Correspondência:
Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão:
Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol. com.br Home Page: http://www.catolicismo.com .br ISSN 0102-8502
Em Jesus e McU·ia,
Preços da assinatura anual para o mês de Dezembro de 2005:
Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
R$ R$ R$ R$ R$
Na noite de Natal, uma luz brilha mai s que todos o fu lgor s do di a. É uma luz sobrenatural, que se irradia sobre "os homens de boa vontade" (Lc 2, 14). Emergindo do emaranhado da profunda crise política que atinge nosso País como também da grave crise espiritual pela qual passa a humanidade - , elevemos nosso olhar aos Céus à procura dessa luz sacrossanta. Abramo as portas de nossas almas às graças natalinas, prontas a nos elevar acima das dificu ldades de cada dia. Com a intenção de atender ao desejo de leitores ansiosos de encontrar tal luz sobrenatural e de corresponder à graças próprias à época de Natal, nos idos de 1970 o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira redigiu um artigo, que transcrevemos na presente ed ição como matéria de capa. A finalidade dessa reprodução é auxili ar nossos leitores a reencontrar, co mo di z o autor, "um pouco da verdadeira alegria do verdadeiro Natal". Para isso, ele aconselhava, "abramo-nos à. luz do Natal, a fim de que se reanimem as nossas almas exaustas e desoladas. Depois retomaremos com maior coragem o fardo quase insuportável...". Nesta edição, sem deixar de abordar recentes e importantes eventos, Catolicismo concede espec ial destaque à magna festa da Cristandade. Como os pastores de Belém e os três reis que vieram cio Oriente, reservemos o melhor de nosso tempo para meditar este transcendente acontecimento: a Luz brilhou nas trevas o próprio De us fez-se homem no seio puríssimo da Virgem Santíssima, para re mir nossos pecados e oferecer a salvação a toda a humanidade. Genuflexos ante o presépio do Menino-Deus, peçamos-Lhe particulares graças para nós e nossos familiares, mas também para toda a Cristandade, a fim de que, o quanto antes, se restabeleça no mundo a ordem - que consiste na paz de Cri sto no Reino de Cristo. Supliquemos-Lhe que a Luz de Cri sto vença defi nitivamente as trevas cio neopagani smo; que os homens voltem à prática de seus Mandame ntos; e que "venha a nós o Vosso Reino ", ou seja, a aurora do Reino de Cristo, que é o Reino cio Imaculado Coração ele Maria. É nesse sentido que Catolicismo te m ininterru ptamente atuado, e prosseguirá nessa tarefa, auxi liando nossos leitores, em meio às atuais desordens que convul sionam o mundo, a se orientarem segundo os perenes ensinamentos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Agradecendo o valioso apoio de nossos estimados leitores ao longo do presente ano, aproveito o ensejo para desejar-lhes, bem como às suas excelentíssimas famílias, as mais esco lhidas graças de Natal, e enviar-lhes votos de um Ano Novo repleto de bênçãos do Divino Infa nte e de sua Santíssima Mãe.
96,00 140,00 260,00 420,00 9,00
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
9~7 DI RETO R
paulobrito@catolicismo.com.br
Aparições marianas e suas razões S endo perfeitíssima a Santíssima Virgem, suas aparições são sempre guiadas pela mais alta sabedoria e pelas necessidades da Igreja em determinado período histórico 1:11 V ALDIS GRINSTEINS
A
muitos católicos sempre intrigou o motivo pelo qual Nossa Senhora apareceu e m tal lugar e não e m outro, em tal data, a tais pessoas e não a outras, e m certas ci rcunstânci as e não em outras. Evidentemente estamos fa la ndo das aparições verdadeiras, e não das fa lsas. E mbora a Virgem Santíssima se gui e por razões muito supe rio res ao nosso e ntendimento, a ponto de ser humanamente impossível abcU·car todos os motivos das aparições, podemos compreen-
der ao menos os mais simples ou mais evidentes. Um desses moti vos é a proteção e expansão da Igreja Católica. Sendo Nossa Senhora modelo perfeito de caridade pcU·a com o próximo, fi ca impossível imaginar que Ela se desinteres~e da instituição encarregada oficialmente de realizar a máxima caridade possível, que é o auxílio na salvação das almas. Outro motivo evidente é a proteção dos católicos contra os inimigos da fé, aq ueles que desejam obstinadamente evitcU· ou destruir a tarefa da Santa Igreja. Também poderícUnos mencionar a difusão das obras de beneficência ou a proteção dos mais necessitados, além de
muitos outros motivos sérios. Mas neste arti go temos mais interesse em mostrar uma linha-mestra que guia as aparições de Nossa Sen hora: elas estão no núcleo da luta do bem contra o mal. "Militia est vita hominis super terram" - A vida do homem na terra é uma luta (Job 7, 1). Nosso Senhor diz de Si mesmo: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" . Como a verdade e o bem são conceitos transcendentai s inseparáveis, daí decorre que o Bem por excelência é Jesus Cristo, e como co nseq üênc ia a Igreja fundada por Ele para difundir sua doutrina. E o mal, por oposição, é tudo aq uil o que deseja destruir essa instituição.
DEZEMBRO 2 0 0 5 -
As primeiras apariçõ s A história da Igreja católica pode ser analisada como constituindo vários blocos contínuos e lógicos. Ela nasceu na luta, com milhares de mártires provando sua fortaleza. Após isto veio um primeiro período de expansão, ainda dentro das fronteiras do Império Romano. O mais característico dessa etapa da história eclesiástica é a luta contra as heresias. Vimos no artigo do mês de julho último como as aparições marianas dessa época privilegiaram pessoas especialmente encarregadas de lutar nesse câmpo. Vimos ainda, em artigo de abril de 2003, como Nossa Senhora aparecia para favorecer o conhecimento da verdadeira doutrina. Numa etapa posterior desaparece o Império Romano, e os bárbaros invadem os países povoados por católicos. A Igreja não só se manteve de pé e atuante, como ainda se dedicou à conversão desses povos bárbaros. Quais as aparições de Nossa Senhora nessa época? "Típico das aparições dos primeiros séculos é ocorrerem sobretudo para santos ou personagens de alta posição. Por exemplo, a Virgem aparece em 431 a São Maurílio, bispo de Angers, na França; em 455, ao Imperador Leão I em Constantinopla; em 552, aparece em Tagina ( Itália) a Narsete, condottiero do Imperador Justiniano; em 664, a Santo Ildefonso, arcebispo de Toledo; em 680, a São Bonito, bispo de Clermont, na França; em 754, a São Bonifácio, o apóstolo da Alemanha; em 766, a Santa Oportuna, abadessa do mosteiro de Montreuil, na França. A finalidade de todas essas aparições parece ter sido a difusão e consolidação da f é, à qual o testemunho dos fatos podia dar uma contribuição válida". 1 Apa11ções 110 período medieval Em outra etapa, o auge da Idade Média, os ensinamentos da Igreja dirigiam os povos cristãos. Que aparições ocorrem nessa época? São numerosas e de todos os tipos. Há aparições para fundar ordens religiosas, como a ocorrida a São João da Mata para fundar a Ordem dos Trinitários; a São Pedro Nolasco para fundar a Ordem das Mercês; aos sete fundadores dos Servos de Maria. Há numerosas aparições para que sejam erguidos conventos ou santuários, que por sua vez se tornam centros de
-CATOLICISMO
Na . Senhora de Coromoto, da Venezuela
afervoramento da população local. Chamam também a atenção as numerosas aparições para curar pessoas ou fazer cessar pestes e outras desgraças. Por exemplo, em 1105 Nossa Senhora aparece em Arras, na França, para fazer cessar uma epidemia de peste. Em 1285 aparece a São Nicolau de Tolentino, para curá-lo de sua doença, e daí nasce o costume do pão de São Nicolau, que por sua vez cura outras pessoas. Em 1426 aparece para exti nguir uma peste na região de Veneza, o que dá origem ao santuário do Monte Berico. Citamos só estas, dentre numerosíssimas outras. Qual a finalidade deste grupo de aparições? Em geral, é a consolidação da fé; além de mostrar um dos aspectos pelo qual a Igreja Católica é infinitamente superior a todas as outras instituições: suas obras de caridade. Com efeito, que outra religião ou filosofia pode atrever-se sequer a disputar com a Igreja a primazia do amor ao próximo, refletida nas obras de caridade?
Aparições e as lutas da época Uma etapa posterior da história da Igreja, depoi da revolta protestante, é a expansão da fé pelo mundo. Surg m então as grandes bras d conversã de povos pagãos na Am rica, Ásia e África. É sobretudo na América que s dão as aparições de Nossa Senhora para converterdesde pequenas tribo (como a aparição ao índio Coromoto, na Venezuela) até nações inteiras (como a aparição de Guadalupe,
no México). Há aparições para trazer de volta os protestantes para a Igreja. Seja para a conversão de uma só pessoa, como a de Notre Dame de l'Osier, na França; para a conversã de regiões inteiras, como a de Siluva, na Lituânia; para a conversão de jansenistas s mi-pr testantes, como as de Notre Dame de Laus. Com a explosão da R volução Francesa, houve uma nova ond a de ódio anticatólico, e novas aparições d No, sa Senhora para se opor a essa impiedade. Em Saint-Laurent-de-la-Plaine é que melhor e mostra o ód io revolucionário. Não apenas os revolucionários destruíram o santuário, mas cortaram a árvore onde se deram as aparições. Chegaram a fazer prisioneiros e guilhotinar os peregrinos, sob a única acusação de que "estiveram várias vezes na árvore de Saint-Laurent". 2 Vários desses peregrinos martirizados foram beatificados em 1984, no grupo dos mártires de Angers. A difusão da impiedade, resultante dessa revolução, trouxe como resposta da Virgem várias aparições muito conhecidas, como as de Salette, da Medalha Milagrosa e de Lourdes, entre outras. No século XX, no auge da investida revolucionária, a revolução comunista deu à Igreja milhares e milhares de mártires no México, em Cuba, na Rússia, na Europa Oriental , na China, etc. Face a esse perigo mortal, a resposta de Nossa Senhora para os católicos são as aparições de Fátima, em que nos advette sobre os castigos e a difusão dos erros comunistas. Nesta aparição há algo mais. Ela é como que o aviso da misericórd ia suprema e o início da vitória. Se bem que prenuncia dias terríveis, contém uma promessa espetacular: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará". É como se a Virgem dissesse: "Chegou o momento de acabar com essa onda de impiedade chamada Revolução. E não só ela acabará, como virá uma época completamente diferente, onde Eu serei a Rainha ". Dificilmente poderíamos pedir uma aparição que estivesse mais no centro da luta do bem contra o mal! • E-mail do autor: valdi sgrinste ins@ca1o li cismo.com.br
Notas: 1. Pao la Giovetti, Le apparizioni della Vergine Maria, Ed. San Pao lo, 1996, p.1 8- 19. 2. Yves Chi ron, Enquête sur les apparitions de la Vierge, Ed . Perrin-Mame, 1995 , p. 165.
A graça - alma de nossa alma Iniciamos na presente edição a publicação de algumas reflexões - extraídas de uma conceituada obra de espiritualidade* sobre a graça santificante, que nos faz participantes da vida do próprio Deus. É o apanágio de toda alma em estado de graça.
"
stas pág inas confiam muito na tua inteligência e na tua vontade. Cuida de lê-las com atenção, de ponderá-las com calma. Elas falam do dom de Deus por exce lência - a graça. Nada de mais elevado do que a graça, porque é um dom divino; nada de mais íntimo, porque está na alma; nada de mais precioso, porque vale a vida etern a. Serás feliz se considerares a graça de Deus acima de todos os bens e se a conservares zelosamente".**
Reconhecer a própria dignidade São Leão Magno, considerando a elevação sobrenatural do homem, exclama: Reconhece, ó cristão, a tua dignidade e, ciente de ter sido f eito partícipe da natureza divina, não te envileças mais, com uma conduta indigna, voltando à tua antiga baixeza. Nas palavras do grande Pontífice estão admiravelmente resumidos o sentido e o fim das nossas refl exões sobre a graça:
compreender a nossa dignidade cristã, viver em perfeita coerência com ela. Isto é mais do que necessário hoje, quando se difunde uma concepção pagã da vida: gozar, divertir-se, sem preocupar-se com os problemas espirituais.
1 - A dignidade cristã é tudo na nossa elevação sobrenatu ral a filhos de Deus. E la nos foi conferida no Batismo, pelo qual fomos regenerados para a vida da graça, entramos no Corpo Místico de Cristo, a Igreja, e nos tornamos capazes de obras meritóri as para a vida eterna e herdeiros do próprio júbilo de Deus. A dignidade cristã não desconhece a dignidade humana. Deus, autor da graça, é também autor da nossa natureza, e entre uma e outra não existe contraste, mas sim estupenda harmonia. A graça - a vida divina que Jes us difunde em seus membros - aderindo .à essência mesma da alma, a eleva acima de si e doa à sua faculdade o poder de cumprir atos de ordem sobrenatural , como a corrente elétrica que, incidindo num rude fio metáli co, o torna apto a difundir luz, calor e força. A dignidade cri stã é, portanto, uma sublimação da di gnidade humana. 2-Ser cristão é divina nobreza, mas supõe também altíssima responsabilidade consigo mesmo e com os outros. O cristão, vivendo em Cristo e de Cristo, deve manifestar a vida de Cristo. Disso provém a obrigação de pensar e de agi r, não mais como um simples homem, embora honestíssimo, mas sim como filho de Deus. E dado que a vida sobrenatural é sempre um dever, o cristão deve sempre agir como filho de Deus e m toda parte, nas contingências ordinári as e nas provas supremas, em particular ou em público, na igreja ou fora dela. De modo que, como homem, ele tem o seu posto no mundo e na sociedade, tem direitos e deveres como todos os outros cidadãos; mas, como cristão, ele deve regular sua vida interior e a sua conduta externa segundo as ex igências da sua elevação sobrenatura l. •
*
-
Mons. G iu seppc Zaffonato, O Dom de Deus - Reflexões sobre a Graça Santificante, Edições Paulinas, São Paul o, 1959. ** Trec ho ex traído de Ao leito ,; int rodução de D. Ferd inando, Bispo de Vicenza (Itáli a) à obra supra menc ionada.
DEZEMBRO 2 0 0 5 -
nou para a constituição da fa mília. Em profundidade, é uma furibunda revolta, ou revolução, melhor dito. Vocês estão de parabéns nesta Juta para que se mantenham os conceitos de uma verdadeira fa mili a. Continu em assim e contem comigo nesta luta. Sou um velho so ldado às suas ordens na luta pela fa mília, pela vida, pelos bons costumes morai s, contra o aborto e contra a corrupção sexual. E não ad ianta as ONGs antifa mília me acusarem de homofobi a, por não acatar os tai s dos direitos humanos pela livre orientação sexual. E u também tenho os meus direitos e sei me defender e defende r minha fam íli a, por mais que eles odeiem um a famíl ia bem constituída e .. . longe da AIDS. (P.P.C.F. - SC)
ção dos senhores de Catolicismo, infor mo que ser-lhes-ia co nve ni ente comprar a rev ista AVENTURAS NA HISTÓRIA (ed ição 27 novembro 2005 - da editora Abril). Se não tivera m co nh ec ime nto ainda, informolhes qu nas páginas de 36 a 41 foi publi cad arti go sobre Harry Potter: "Mago Novo - Mag ias Antiga ". Na pág. 41, o arti culi sta faz referência a Catolicismo como uma rev ista que condenou Harry Potter. Aproveito a oportunidade para externar meu agradecimento por esse arti go dos senhores denunciando o satanismo, involucrado nas aventuras narrad as pela Sra. Rowling, e todo o mal que tais aventuras têm causado à form ação mora l de milhões de crianças e jovens no mundo inteiro. (V.C.P.A. - SP)
BJ Muito constru tiva a revista em sua
"Casamento "
postura pelos fund amentos da famí- . lia. Esta é a co lun a que sustenta toda soc ied ade; é esta, por sua vez, que suste nta qualquer nação. Portanto, sem fa míli a não há nação e não há civili zação que mereça esse nome. Daí as cri ses a que assistimos bestificados. Por quê? Exata mente porque está em crise a própria fam ília, deformad a pelas novelas globa is e outras que fazem parte da mesma revolução. É a revolu ção sex ual, que a rev ista co mbate muito oportunamente como sendo a nova arma de um novo comunismo que não se diz comunista , mas maquina as mes mas idéias aberrantes do velho Marx. Se anali sarmos em profu ndidade, veremos que se trata de uma fúria dos movimentos homossexua is contra a família, uma fúria radical contra a própria ex istência dada pelo Criador, uma fúria contra o Cristianismo que sempre pregou o casamento entre homem e mulher. Devido a esse ód io à família, eles não faJam de dois sexos, mas de "gênero" (a tal da andrógina "ideologia de gênero"). Tudo isso ex ibe claramente o ódio evidente ao que ficou determinado por Deus nas diferenças entre os sexos, ódio ao que Ele determi-
BJ Apenas uma única sugestão eu lhes
Nota da redação: O mencionado arti go de Catolicismo, estampado em nossa edi ção de agosto/ 2001 , intitul ado "Harry Potter, o sinistro e diabólico anti-conto de fadas", de autori a de Renato Vasconcelos, encontra-se també m di sponível em noso site, no link: h ttp:/ /www .cato li cismo .com. br/ materia/m ater ia.cfm/idm at/69/mes/ Agos to2001
Familiafobia
-CATOLICISMO
faço: no artigo sobre a Revolução Sexual, no título menor onde está escrito "A promoção do casamento entre pessoas do mesmo sexo", eu escreveria "A promoção do casamento entre pessoas do mesmo LIXO" . . . Como pode CASAMENTO??? Com pessoas cio MESMO SEXO??? Nem entre animais! Deu a louca no mundo??? (M.M.S.D. - MG)
"10 anos depois" 'J'odo Brasil precisa!
BJ O Catolicismo está cada vez me1hor. As maté rias estão ótim as . A matéria principal é muito proveitosa para os pais de família, mas também para todos aq ueles que querem idéias para ajudar na campanha contra o aborto e a favo r da família. Os pervertidos sex ualmente agem pela ruína de tudo que é valor moral. Vamos lá nesta campanha pela moral. É di sso que a Bahi a precisa ! (S.M.E. - BA)
Repercussão ele Catolicismo
BJ Para conhec imento e do um nta-
BJ Não me enquadrem como rabugenta, mas tenho uma mágoa com os Srs. por não me terem av isado das come morações no 10º aniversá ri o da partida do saudoso Dr. Plinio. Na missa, seria difícil meu comparecime nto dentro do horário de meu trabalho, mas à noite no São Paulo Clube, teria ido com todo prazer. Ao ver as fo tos, qua e morri de inveja dos que lá co mpareceram. Mas a mágoa já se evaporou , pmquc já comprei o li vro 10 c111os depois, e estou muito feli z com :, 1•ituru maravilhosa, pois v ' rsa sobr · 11111a pessoa maravilhosa que foi I r. Plinio. Napróximaassemhll·iu, 11:10 se ·squeçam de mim ... (LN.E. -SP)
Em memó1'ia do P1'of. Plínio
BJ As solenidades de outub ro, e m home nagem ao Prof. Plínio, foram rea lmente muito merecidas. Devemos recordar sempre e sempre sua história, o mundo não pode esquecer esse grande homem, que dedicou sua vida para salvar a Igreja dos inimigos do tipo da teologia da libertação. (A.G.J. - SP) Vamos licar "ele olho"
BJ Anima-nos ver a TFP sempre alerta, o que despeitou os que dormiam sem saber que sorrateiramente tentavam aJgumas "excelências" de Brasflia, pelas pmtas do fundo do Congresso Nacional, passar a lei do aborto. Gostei muito da carta ao Papa pedindo que ele condene o projeto abortista da deputada comunista. Enviei, junto com familiares, 35 protestos aos deputados pedindo que votassem Não a tal projeto. Uma contradição monstruosa: deputados esquerdistas, e também os padres desbatinados da ala esquerda e de má formação, se esbaldaram para convencer a população a votar Sim ao desarmamento, sob alegação de mortes acidentais. Mas o aboito matando milhões de bebês, não os comove? Vamos fi car bem aleitas, ninguém pode dormir de to uca, porque se bobear a esquerda apro va até o genocídio de ne nês. A "matança de inocentes", como faJa o Padre Luiz Carlos Lodi. Este, sim, da boa ala, de batina e de boa formação. E, por isso mesmo, é perseguido simplesmente por ter dado o nome apropriado a qu e m defe nd e o aborto: ABORTIST A. É isso mesmo, e ainda é pouco. Se quiserem, podem me condenar também, porque eu também uso a paJavra ABORTISTA como está no dicionário, com todas as letras. "Bemaventurados os que sofrem perseguição por amor à justiça". O utro que será pe rsegu id o -pode escrever - será o bispo de Nova Orleans (aquele que falou que o furacão Katrina fo i um cast igo de Deus). Hoje em dia, quem fala a ver-
dade é perseguido. Gostei muito das palavras dele. (P.G.C.F. - RS)
Quem tiver ouvidos... que ouça!
BJ Como posso me concenti:ar para receber e participar da Santa Eucaristi a, se de 30 a 40 minutos antes do horário da celebração a "banda" de mú sicos já está ensaiando repetidamente, de modo quase infernal , uma verdadeira saturação de músicas com letras extremamente desconexas, que serão vociferndas durante a própria celebração, impedindo-nos de rezar e desfrutar dos verdadeiros benefícios da Santa Missa? Já não agüento mais tanta cantoria e m detrimento de pouca adora ção, contemplação e cumprimento dos deveres católicos durante a Santa Mi ssa! A cada semana os fi é is são obrigados a cantar músicas difere ntes, com melodias e mensagens duvidosas e incompreensíve is, como se a cada celebração houvesse o "hit parade" musical da "pentecostal" Igreja Cató li ca. É óbvio o que se percebe: a grande maiori a presente não canta tais canções, e o pior, acabam não tendo a oportunidade e o silêncio necessários para rezar, agradecer, louvar, pedir perdão, etc. Várias orações importantíssimas es tão se ndo s ub st ituíd as por cantori as, para que o estreli smo das bandas católicas e seu "ministério" de música estejam sob o olhar de todos, na vã e sacrílega tentativa de transformar a Santa Missa num show, com solos de guitarra, instrumentos sem propósito cristão (bateria, percussão, contra-baixo, etc.) e com a liderança de vocali stas que se embriagam de feroz e pura VAIDADE !! Será esse espetácul o - a que podemos denominar de _S liowMissa o desejado pela Igreja primitiva? Tenho comigo que, por muito menos, nosso Mesti·e expulsou os vendedores e cambistas do Santo Templo. O que Ele faria hoje? Quem tiver ouvidos ... E o que dizer das "coreografias" executadas durante a Santa Mis-
sa, com movimentos dos braços, agitar das mãos, dos pulinhos para o alto (se1ia uma aula de ginásti ca aeróbica com Cristo?) , sempre incentivados por alguns "sacerdotes pentecostais" que, auxili ados por devotadíssi mos assistentes leigos, ainda induzem a assembléia à oração em línguas? " Be lo exemplo " de E ucari stia mostrado pelos chamados "mú sicos": devoram freneticamente a hóstia sagrada, sem oração, sem nada, para em questão de segundos já estarem a dedilhar seus instrumentos e a impostar suas vozes para nos atrapalhar. Será que quem canta, dança e bate palmas denti·o da casa do Senhor durante a Santa Missa respeita o "FAZEI ISTO EM MINHA MEMÓRIA"? Nosso amado Jes us está lá presente .. . Tenham certeza disso. Quem tiver ouvidos ... Chega-se ao cúmulo de cantar a mais santa de tod as as orações, co mo se Jes us tivesse pedido aos Apóstolos uma banda para lhes ensinar o Pai-Nosso ! Exijo uma substancia l mudança na celebração da Santa Missa ! O que faze r? Abandonar a Igreja? Jamais!! Seria muito cômodo. "Nada vai me separar do amor de Cristo". Estou, por amor a Jesus e por amor à minha Santa Igreja Católica, ass istindo à Missa com protetores auricul ares( !), na desesperada tentativa de conseguir um mínimo de recolhimento e intimidade com Jesus Cristo lá presente. Vou à Missa para orar, louvar e comungar. Não para bater palmas e satisfaze r o ego e a vaidade de certas "estrelinhas" (líderes de bandas e sacerdotes). (R.M.F. - SP)
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram no página 4 desta edição.
DEZEMBRO 2 0 0 5 -
A Cônego JOSÉ LUI Z VILLAC
Plinio CoITêa de Oliveira 1995- IN MEMORIAM- 2005 E m lugar de sua colaboração habitual, em que responde a consultas sobre temas espirituais, o ReVIno. Cônego José Luiz Villac houve por bem, neste mês, presentear os leitores com o artigo abaixo, que transcrevemos na íntegra u ando me senti chamado por Deus ao ministério sacerdotal, encontrei no Dr. Plinio Corrêa de Oljveira estímulo como que inquebrantável a sustentar-me neste sublime i Já o seguia de perto, empolgado e até mesmo enlevado, admirando desde então todo o seu espírito católico, ob ervando que todas as fibra de sua alma estavam voltadas para Deus. Vi-o pela primeira vez no início cios a nos 40. Tinha meus 11 anos. Discursava ele em uma "quermesse", sobre improvisado palanque, no pátio da incipiente igreja dos padres dominicanos, no bairro das Perdizes, em São Pau lo. Já empolgava por sua eloqüência fulgurante e convincente, nada quixotesca. Sua palavra arrastava! Eram a convicção e a segurança que a autorizavam. Característica sua foi a acendrada ad miração por Sto. Inácio de Loyola, fundador da Companhia ele Jesus, defensor intrépido do Papado e autor cios famosos Exercícios Espirituais; e também por outro assinalado varão, São Luís Maria Grignion de Montfort, o mariólogo dos mariólogos, autor do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, que foi o seu livro de cabeceira. Passados alguns anos,já adolescente, segui-o de perto na Congregação Mariana do Colégio São Luís, até que, sentindo-mechamado, decidi-me pelo sacerdócio com seu esclarecido apoio. Providencialmente, nessa ocasião colocou em minhas mãos o Tratado da Verdadeira Devoção. Honrou-me, paraninfando minha ordenação sacerdotal em 1957, e desde então tomei-o como pólo de referência no tocante ao meu desejo da mais estrita fidelidade à Igreja e especialmente ao Papado. Dr. Plinio era o homem das iITetorquíveis cettezas. Ouvi-o dizer, e m l965, que considerava a Infalibil idade da Cátedra de Pedro a maior maravilha do Universo, nat11ralmente sem antepô-la ao Verbo Encarnado e à Sua Mãe Santíssima. Tal era seu deslumbrante amor pela Verdade. Era o homem da lógica, ela certeza e ela radicalidade. Parece ter sorvido já no leite materno o espírito católico, do qual resultou sua coerência aristotélico-tomista. Sempre vi em Dr. Plinio o defensor acérrimo da coerência. E por ser tomisticamente lógico, sua honestidade intelectual - por sinal ilibada - levou-o sempre a reconhecer e a proclamar a supremacia das Verdades da Fé sobre os ditames da razão e das ciências humanas, cujas conclusões, devidamente comprovadas, não podem estar em contradição com aquelas.
º
-
CATOLICISMO
Como Santo Tomás, tinha sempre presente a soberania absolutamente infinita ele Deus sobre todas as coisas. Essa convicção calçava seu modo de ver o homem, a sociedade e a vida. Concluía então, levado pela lógica, a necessidade iniludível de o homem, a família, bem como a sociedade com todos os seus corpos intermediários, deverem imperiosamente prestar como tai s seu culto a Deus, por ser seu Criador; e da ma neira desejada e disposta por Ele, ou seja, através de Jesus Cristo em seu Reino visível na Terra: a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana. Daí deduzia a indeclinável necessidade de o Estado - criatura de Deus - estar harmoniosan1ente unido à Igreja numa "feliz concórdia", como lhe aprazia dizer, citando as palavras de Leão XIlI na E ncíclica "lmmortale Dei": "Tempo houve em que a Filosofia do Evangelho governava os Estados... "
* * * E leito deputado federal em 1934, o mais votado no Brasil aos 24 anos, não violou suas convicções católicas para favorecer interesses contrários à sua coerência tomista e à doutrina da Igreja. F idalgo e generoso no convívio e no trato, foi ho mem de ação e de luta acérrima contra o espírito subjetivista, igualitário e agnóstico de nosso tempo. Sempre visando atuar na opinião pública, liderou nos anos 30 e 40 o Movimento Católico, chegando a ser nomeado Presidente da Junta Arqujdiocesana da Ação Católica; foi insigne militante nas fileiras das Congregações Marianas, com repercussões em todo o Brasil; sobretudo como diretor do semanário "Legionário", órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo, o nde comentava os principais acontecimentos da semana, além ele redigir attigos ele fundo, à luz dos altos interesses ela Civilização Cristã. Sua pena foi especialmente fulgurante na análise e denúncia das embusteiras idas e vi ndas de Hider e Mussolini, nas décadas 30 e 40, manifestando as im sua coerência e cu "sentire cum. Ecclesia "! Em 1951 promoveu o lançamento do mensário de cultura Catolicismo que, inü1tcrruptamente até hoje, vem noticiando e anali sando à luz da doutrina cató lica os temas e acontecimentos palpitantes da atualidade. Sua mais relevante obra, a ocicdade Brasileira de Defesa da Trad ição, Famíl ia e Propricclad , fundada por ele em 1960, expandiu-se como sociedades autônomas em 27 países dos cinco
continentes, difundindo o pensamento católico e combatendo denodadamente, sans peur et sans reproche, os inimigos da Civilização Cristã. Se mereceu o título de Cruzado do Século XX, como o qualifica o escritor e professor Robe1to de M attei, catedrático de História Moderna na Universidade italiana de Cassino, e m obra que tanto vem repercutindo na Europa e nos Estados Unidos, ouso designá-lo como Cruzado do Século XXI e dos séculos futuros!
* *
*
em 1917. Não temo exagerar ao dizer que, no assunto Fátima, tenha sido ele o ma is coere nte e profund o propulsionador dessa Mensagem celeste do século XX. Um opúsculo de sua inspiração, que relata e analjsa as aparições de 1917, vertido em 18 idiomas, já ultrapassa os 4,5 milhões de exemplares. Verdadeiro bestseller!
*
* *
São várias as obras de Dr. P línio Co rrêa de Oliveira tradu z idas e publicadas na E uropa e nas duas Américas; e não têm número as conferências e os artigos na grande imprensa, nos quai s, fazendo eco ao grande Bem-aventurado Pio IX, desmascarou as manobras e falácias cio "mundo moderno", em tudo quanto se opõe aos ensinamentos ele Nosso Corrêa de Oliveira, Senhor Jesus Cristo. Coerente na imitação de Cri sto, foi como o Mestre um Sinal de Contradição! Pagou por isso o preço da incompreensão e das perseguições em quase todos os dias de sua vida. Mas a prática inigualável da virtude da Confiança e do Segredo de Maria era o arrimo e o confo tto de sua vida. Era o que lhe dava a certeza indiscutível de um grande ca tigo ele porte universal que paira sobre a human idade, segundo a previsão de Nossa Senhora de Fátima, seguido da deslumbrante aurora do Reino de Maria, conforme previsto por São Luís Grigrüon no Tratado da Verdadeira Devoção (nº 217).
Sua co ncepção ari stocrá ti com o ná rquica do Estado - se m desconsiderar a de mocrac ia como forma legítima de governo - firmada e m Santo Tomás, e que se espelha no governo aristocrático-monárquico À esquerda do Prof. Plinio da Igreja por instituição divina, leo Côn. José Luiz Villac vou-o com seu olhar de lince e profético a di scernir e execrar as falácias e crimes das utopi as totalitárias nazi-fasc istas, e mais ainda os horrores do comunismo marxista-leninista, ir mão mais velho daquelas utopi as. Acompanhei-o e mpolgado no grande lance de sua vida de católico coerente e militante quando, e m abril de 1974, dirigiu a S.S . Paulo VI sua filial Declaração de Resistência (publicada em 73 jornais ou revi tas de oito países), manifestando reverente mas e nergicame nte sua posição de Resistência face à Ostpolitik vaticana, então conduzida por Mons. Casaroli, que propugnava a coexistência pacífica ela Igreja com os regimes comunistas, sob o * * * falso pretexto ele obter assim a liberdade de culto. Estratégia essa que, a título de "pa toral", se refletira no Concílio Vaticano II por Coube-me o privilégio de aco mpanhá-lo junto ao leito de sua seu silêncio absoluto -e, na realidade, antipastoral - a propósiúltima enfermidade, administrando-lhe quase diariamente a sato do comunismo, então o "lobo que investia contra o rebanho grada comunhão, e de colher seu último suspiro ao ungi-lo com o católico" ("Folha de S. Paulo", 10-4-74; Catolicismo, nº 280) . sacrame nto da Unção dos E nfermos, quando presenciei o Foi também sempre buscando a coerência e a fide lidade ao consummatum estde um vai.·ão verdadeiramente "tatus catholicus Magistério ela Igreja que, em 1981, difundiu em todo o mundo et apostolicus plene romanus ". (33,5 milhões de exemplat·es em 52 países e 14 idiomas) a ampla Sua palavra sapiencial e sonora calou-se, mas seus incontáveis e famosa Mensagem desmascarando com certeira e absoluta efiescrito continuam iluminando os discípulos da verdade católica cácia as falácias do socialismo autogestionário de Mitterrand, e da coerência ai.·istótelico-tomista. presidente da França, que visava sorrateiramente, sob o festivo Ao encerrar estas linhas, não posso fmtai.·-me ao dever de agraengodo de um novo socialismo, a implantação da Revolução iguadecer ex carde aos meus an1igos e irmãos de ideal católico conlitária em todo o mundo. O mesmo golpe fulminante feriu igual- • tra-revolucionário, que di rigem a revista Catolicismo, a mente de morte os me ntirosos m alabarismos da Perestroika, oportunidade que me propiciam de externar publicamente, na empreendida pelo então mundialmente famoso Mikail Gorbachev, Palavra do Sacerdote, minha adm iração e reco nhecimento comunista e ateu metamorfo eado, mas autêntico, feito presidenimorredouros a Dr. Plinio Corrêa de O liveira. te da União Soviética. Se "pelos frutos se conhece a árvore" - corno reza o ditado Como católico militante e verdadeiro cruzado, consagrou Dr. popul ai.· - , bem podemos avaliar a estirpe espiritual e humana da Plinjo Corrêa de O liveira as últimas décadas de sua vicia ao comSra. Dª Lucília Ribeiro cios Santos Corrêa de O li veira, a clama bate a essa hidra vermelha e a todas as suas ve1tentes, nmteandopaulista que deu ao mundo e à Igreja um Doutor Plinjo Corrêa de se sempre pela Cátedra de Pedro. Como home m ele fé, amparava-se Oliveira. • tan1bém nas revelações e profecias de Nossa Senhora de Fátima, E-ma il do autor: concgo joselui z@catolicismo.com.br
DEZEMBRO 2005 -
-.J
A REALIDADE CONCISAMENTE Fidel Castro recorre à lgreia para manter-se no poder
e
E
nquanto os prisioneiros políticos cubanos sofrem espantosas torturas físicas e morais, D. Tarcísio Bertone, Cardeal de Gênova, causou consternação decl arando ao "La Stampa" de Turim, após visitar a ilha-prisão, que em Cuba "a abertura já é total ". E logiou também os "bons exemplos " (sic) do chefe marxista , que ofereceu ajuda à Louisiana e ao Paquistão. O Cardeal ouviu o desejo de Fidel Castro de uma visita de S.S. Bento XVI à ilha. Castro pediu a colaboração da Igreja contra o aborto, que lhe tira mão-de-obra, mas de fato tem raízes no turismo sexual que o próprio governo comunista organiza. Dias depois, o bispo de Hol guín, D. Héctor Luis Pena Gómez, denunciou as .renovadas viol ências castristas contra os paroqui anos. A polícia confiscou um lote de Bíblias, sob pretexto de "subversivas e perigosas ". Entretanto, a política vaticana de aproximação com os governos marxistas continua como se nada tivesse acontecido. •
Nos EUA, defesa das comemorações natalinas
E
m cada Natal verificam-se tentativas de diminuir-lhe a essência religiosa. Nos EUA deseja-se banir os símbolos natalinos dos locais públicos e lojas, até mesmo uma simples árvore de Natal. Há tentativas para e proibir até a saudação Feliz Natal!. Porém, neste ano o Alliance Defense Fund anunciou que 800 advogados estarão a postos em todo o país, para atuar ante os juízes defendendo a liberdade de celebrar o Natal em toda a sua dimensão religiosa. O grupo The Truth Matters anunciou a Operação Natal, que promove presépios nos jardins das casas em sinal de protesto contra a ofensiva anticristã. Para este fim , presépios especiais de todos os modelos e preços encontram-se faci lmente à venda. •
New look de Hillary Clinton para tornar-se presidenciável
ada vez mais moças bem sucedidas nas melhores universidades americanas dizem preferir ser boas e felizes donas-de-casa, criando os seus filhos, do que ingressar em alguma alta profi ssão. Ass im respon deram 60% das estudantes da Universidade de Yale, uma das mais caras e reputadas do mundo . Elas alegam os fracassos morais e sentimen~ tais das mães-dirigentes de empresa. Informa o "New York Times" que as feministas estão indignadas porque, para elas, esta tendência não tem direito de existir. Mas as universitárias não ligam para esses protestos, que lhes parecem desinteressantes. •
la foi admiradora dos Beatles, participou de passeatas feministas e pac ifi stas , pleiteava aborto para todos. Agora apó ia a guerra no Iraque, quer mai s so ldados no combate, fala contra a pornografia, contrn o número de abortos e de imigrantes ilegais. Freqüenta cabeleireiro e passou a usar vestidos próprios de uma tradicional dona-de-casa. Trata-se da senadora de Nova York, Hillary Clinton, que aspira a candidatarse às próximas eleições presidenciais. Compreendeu que, se não adotar uma imagem conservadora, não terá chances ... •
E
Intolerância "ecumênica" contra monumento católico
N
o solo da famosa Basílica de Fourviere em Lyon, França, um mosaico representa uma dezena de hereges sob a figura de animais repugnantes. Entre eles, estava representado Lutero. O artístico mosaico suscitou a antipatia da assembléia ecumênica reunida pela comunidade Santo Egídio de Roma. Como a lei - anticlerical, aliás - impede a remoção das obras de arte, os participantes da assembléia deixaram uma placa de protesto no local, segundo o jornal "La Croix" de Paris. Mais um gesto de intolerância da "inquisição ecumênica" contra tudo aquilo que lembra a distinção entre a verdade e o erro, o bem e o mal. Basílica de Fourviere
Cena do novo filme : casamento de Maria Antonieta
Holanda realiza ''casamento" polígamo
A
Holanda registrou "lega lmente", na cidade de Amsterdã, o primeiro "casamento" civil polígamo, informou o "Brussels Journal". Após a legali zação das uniões homossexuais, já se aguardava a equiparação do matrimônio com qualquer tipo de união. Um abismo clama por outro abismo, diz a Sagrada Escritura . •
Reação pela família melhora sociedade americana
N
os EUA, desde o início dos anos 90 av iolênci a familiar caiu mais da metade; a violência juvenil, 71 %; mortes causadas por motoristas embriagados, 38%; consumo de bebidas fortemente alcoólicas, 30%. Menos crianças vivem na pobreza, há meno suicídi os de adolescentes e as notas na escola elementar subi ram. O que aconteceu? Com certa lamentação, o diário esquerdizante "The New York Times" responde: l) As pessoas "deixaram de acreditar em idéias estúpidas", como "a família tradicional está ultrapassada ", ou "todo adolescente deve ser rebelde"; 2) Muitos pai s reforçara m sua dedicação à família; 3) Muitos menores de 30 anos reagem contra o divórcio. •
CATOLICISMO
Universitárias bem sucedidas preferem ser donas-de-casa
Cresce o prestígio de Maria Antonieta e cai o da Revolução Francesa
S
obe sempre mais a popul aridade da rainha Maria Antonieta - guilhotinada em 1793, pelo ódio anticatólico da Revolução Francesa segundo "Le Figaro Magazine". A cineasta Sofia Coppola prepara uma superprodução para aproveitar a tendência pró-rainha. Livros em defesa da rainha-mártir são editados todo ano. Para Nathalie Brion, especiali sta em evoluções sociais, hoje "a popularidade de Maria Antonieta não nos surpreende, sobretudo porque a procura da renovação se fa z em clave de contra-revolução". A historiadora Evelyne Lever afirma: "Durante muito Lempo, o ideal republicano pretendeu justificar a condenação iníqua e bárbara de Maria Antonieta. Essa visão hoje foi abandonada. Isso explica a virada aluai". •
"Direitos dos animais" geram leis absurdas na Itália
A
prefeitura de Roma proibiu os aquários esféricos por serem "cruéis ", e. peixes de cores não poderão ser vendidos em feiras. Os donos de cachorros deverão levá-los a passeios todos os dias. Quem abandonar um cão ou um gato será preso. A responsável pelos "direitos dos animais" da prefeitura romana, Mônica Cirinnà, confirmou a notícia ao diário "O Messagero". A prefeitma de TLu-im já pune com 500 euros de multa quem não passear com seu cão ao menos três vezes por dia. Cada vez mais "direitos " para os animais e menos respeito aos do homem, criado à imagem de Deus. É o caminho da utopia ecologista radical. •
Bélgica: norma manda escrever Cristo com C minúsculo
S
egundo nova norma gramatical de fundo radicalmente anticristão, válida para a Bélgica e Países Baixos, será obrigatório escrever o nome de Cristo com "c" minúsculo, a partir de agosto de 2006 . A agência Kath . net informou que a regra faz parte do novo manual ortográfico O livrinho verde (Het Groene Boekje). Mais uma iníqua manifestação do ódio a Nosso Senhor Jesus Cristo.
DEZEMBRO 2005 -
ambas co m acentuada conotação marxi sta. Foi essa situ ação que levou o deputado Raul Jungman, do antigo e fracassado Partido Comunista Bras ileiro (hoje PPS ), a dec larar em e ntrevista à rádio CBN, em 24- 10-05 : "O pêndulo sempre esteve a nosso fa vor desde o fi m da ditadura. Ele semp re esteve de nosso lado. Ainda quando perdemos, como.foi o caso Collor, nós tivemos.força para bloquear a agenda dele e o Collor f oi realmente 'impeachado', saiu do poder. Daí para fre nte, Itamar somos nós, Fernando Henrique somos nós, o Lula somos nós".
A eleição de Lula
,-.,1
O NAO ao desarmamento
no Brasil Ü resultado do referendo revelou claramente -
com o categórico e eloqüente NÃO - que o Brasil verdadeiro, o Brasil católico, rejeita as idéias esquerdistas que há décadas se procura impor ao País ■ PUNIO V1DIGAL XAVIER DA SILVE IRA
O
correu no Brasil, no dia 23 de outubro último, o primeiro referendo sobre o desarmamento reali zado no mundo. Para grande surpresa do governo brasileiro, da mídia e do clero de esquerda, 64% dos eleitores disseram NÃO à pergunta: "O comércio de armas e munições deve ser proibido no Brasil ?". Somente 36% fora m a favo r da proibição. A abstenção girou em torno de 20%. Chamou a atenção que os votos em branco e nulos somaram apenas 3%, porcentagem mui to inferior à das úl timas eleições para o Legislativo e Executivo. -
CATO LI CISM O
Os cientistas políticos e a mídi a e m geral m anifestara m sua surpresa, sem saber explicar o que se passou. Agora, com um certo recuo, é a hora de fazer uma análise que possa explicar esse resultado.
1'ransição par a a democracia Retrocedamos um pouco no tempo. Em 1985, após 20 anos de governo mili tar que se iniciara em 1964, por oca ião de um grande movimento popular de repúdio à ameaça comuni sta, repr sentada pelo então Presidente João Goul arl , o Brasil voltou a ter eleiçõc di r tas para presidente. O primeiro prcs id nl · •I ·i to
a tomar posse foi Fernando Collor, que derrotou Lula da Silva em 1989. A parti r de dezembro de 1992 (com o impeachment de Collor e a posse de seu vice, Ita mar Franco), os políticos armara m situ ações cm que a eleição presidenc ial - a partir de 1994 - sempre se reso lvia e ntre a social-democracia esque rd ista do ex -preside nte Fern and o H nriqu' ardoso e o populismo trabalhi sta da ullra-csquerda. Nas quatro eleições rea lizadas - 1989, 1994, 1998 e 2002 o atual presidente L ula da Sil va foi andidato pelo PT. Ass im, nas tr ·s últimas eleições, a altern ati va apres •11tada era esquerda versus esquerda,
Em 2002 fora m quatro os candidatos à p residência: Lula da Silva (PT), José Serra (PSDB ), apoiado pelo e ntão presidente Fernando Henrique, Anthony Garo tinho (PDT), herdeiro de Leonel Brizola, e Ciro Gomes (PPS). No segundo turn o, o atu al pres ide nte Lul a obteve 60% dos votos. Uma campanha baseada no "Lulinha Paz e Amor" acabou elegendo o líder sindical para a pres idência ela Repúbli ca. Na obtenção desse resultado, foi dec isiva a cre nça ele que o PT, embora muito esque rdista, era um partido sério, que lu tou e continuari a a batalhar energicamente contra a corrupção. Durante o governo Lula, uma bem orquestrada propaganda ele imprensa te m apresentado dados indicativos de um sucesso econômico extraordinário, criando a impressão de que o País vai às mil marav ilhas. Isso justificaria qu e o governo apoiado pela CNBB e pelo MST - viesse a promover com rapidez um a Reforma Agrária drástica, com invasões de terras e graves ameaças aos faze ndeiros em geral.
O Estatuto do Desal'mamento Em fin s de 2003 o Congresso aprovou, sob enorme pressão política do governo, projeto de lei que proíbe o porte de armas à população em geral e restringe de modo substancial a legítima defesa dos homens ele bem. O próprio min istro da Justiça, o criminali sta Márcio Thomaz Bastos, afirmou que o Estatuto cio Desarmamento visava tirar as armas dos homens de bem, pois desarmar os criminosos é função da polícia.
Passados dois anos da aprovação do Estatuto do Desarmamento, as autoridades vangloriam-se de ter recebido quase 500 mil armas da população civil. Estatísti cas de pou ca c redibilid ade foram alardeadas pela imprensa, para dar a entender que a criminalidade diminuíra e m função dessa arrecadação de armas.
A propaganda do refer endo Marcou-se para o dia 23 de outubro o refere ndo para os eleitores respondere m se "o comércio de armas e munições deve ser proibido no Brasil ". Na redação da pergunta, j á se notava uma confusão. A res posta SIM seria contrária ao comércio de armas e munições. O NÃO significa ria ser fa vorável a esse comércio. O SIM é NÃO e o NÃO é SIM, como algué m o defi niu . A pergunta restri ta à questão do comércio de armas e munições se prestava ainda a outras confusões. Pois os elei tores votariam, de fato, para revelar sua posição em relação ao direito de um civil exercer a legítima defesa. A pro paganda ele ito ral gratuita de rádio e TV a fa vor do SIM, du ra nte 20 di as, tornou-se uma levi andade. Baseouse e m dois pontos principais: a) declarações de artistas, políticos e empresários fa voráveis ao SIM; b) argumentação casuísti ca- ridíc ul a do tipo "eu conheço uma senhora cujo filho fa leceu vítima de um disparo acidental.feito por seu irmão menot:.. " Os contrários ao desarma mento afirmavam que os governos vê m prog ressivamente eliminando três direitos: à propriedade, a constituir uma fa mília cri stã e à legítima defesa.
Reação conser vadorn Um mês antes do refere ndo, segundo a míd ia, as pesquisas indi cavam 80% de eleitores fa voráveis ao desarmamento. O resultado fi nal in verte u completame nte o quadro : 64% votaram NÃO. A que se deveu essa mudança tão radi cal? Seria simplificação inaceitável di zer que foi so me nte res ul tado da propagan da eleitoral. Na realidade, outros elementos precisam ser co nsiderados, e parecem ter sido os decisivos: O Normalmente o eleito r escolhe entre candi.datos - João ou José - porqu e o
cantor de sua preferência recomenda o nome de um de les. Mas qu ando e ntra ideologia, tudo é diferente; O As acu sações de corrupção contra o governo Lul a, e também contra alguns de seus adversári os, encontraram os eleitores insatisfeitos, cansados de escolher entre João e José sem acreditar em nenhum deles; O Há quase 50 anos os eleitores brasileiros não têm possibilidade de votar em um candidato pres idencial que se oponha realmente à esquerda; O Uma opinião públi ca com as características intuitivas do povo brasileiro viuse na seguinte situação: aprovar todos os últimos governos que vinham gradativamente socializando o País; ou mani festar sua inconfo rmidade com a crescente atuação de go vern antes que interferem cada vez mais nos direitos individuais, de molde a impl antar no B rasil nova "experiência" sociaüsta, repetindo situações já fracassadas em outras nações .
lnconl'onnidade com a esquerda Análise mais profund a do que se passou parece conduzir inevitavelmente a uma pergunta: estará crescendo no Bras il , de modo se melh ante ao qu e vem ocorrendo nos Estados Unidos, uma reação na população majori tari amente católica vulnerada em suas convicções, a qual reage de modo a manifes tar sua in conformidade com o esquerdi smo? Analogamente poder-se- ia perguntar sobre o "NÃO" à Constituição Européia, ocorrid o em pl ebi sc itos realizados na França e Holanda. Representari a a busca da fi delidade daqueles povos às verdadeiras raízes cri stãs da Europa, e um protesto à indébita ingerência de um Poder público europeu e m cada país independe nte? A análise dessas questões, com profundidade e sem paixão, parece levar-nos a uma conclusão ine vi tável: os brasileiros mani fes taram sua inconfor mi dade quanto a um sistema que lhes vem sendo imposto há décadas e rejeitaram idéias anticatólicas e esquerdistas. Os políticos deveri am entender o claro recado eleitoral que o referendo lhes passou. • E-mail do autor: pli nioxavier@catolicisrno.com.br
D EZEMBRO 2005 -
-
INTERNACIONAL Ônibus queimados na cidade de Trappes
distúrbios oconidos nas cidades dos cruzados , encorajando as gangues em guerrilha urbana. Mas não são islâmicos do tempo das caravanas ele can1elos. Na sua maioria, criaram-se na "cultura" libertária ocidental. São filhos da droga e do rock, da revolução sexual e da contestação sorboniana. Esse cocktail explosivo está no fulcro do hodierno fundamentalismo. Prenúncio de SUJ'toS anarcogue1Till1CÍJ'OS 110 llJllll(/O
Guerrilha urbana: hoje a França, amanhã o Brasil? A nação francesa foi abalada por neoguerrilheiros, um surto de anarquismo e islamismo, que põe em xeque sua identidade e ameaça estender-se ao mundo Lu1s DuFAUR
"M
aravilha é vermos
tudo pegando fogo " , disse Yusuf. "O que vamos queimar hoj e à noite? " , perguntou Mamadu. "Tudo o que possamos e ainda mais", responderam os primos. "É o início da guerra" , acrescentou um deles. Diálogos como este levaram comentaristas experientes a afirmar que nos incendiários de Paris "o que prevalece é o furor de destruir, o fitror do nada ".2 1
CATOLIC ISMO
O ódio anárquico patenteado nas periferias de cidades francesas evoca os incêndios de igrej as e palácios du ra nte a Comuna de Pari s, e m 1871. Naquele dias, os incendiários parafraseavam a frase de Marx: "Chamamos comunismo o movimento real que destrói a presente ordem de coisas" . Seus êmulos do século XX I vão mai s longe. Em 1871 , os commu11ard.1· alm •ju vam pôr em prática a tóx ic.i trilo •ia tia Revolução France ·a: Liberdtule-l!{11rt!dode-Fraternidade. Para isso s ' inspiravam
no Terror ele 1793- l 794. Os incendiários de 2005 ex eram até essa trilogia e querem terr r pelo terror, o niilismo pelo niili smo. Em concreto, a extinção de tudo quanto é civili zado, ordenado, genuina111 ·nt fra ncês e, pmtanto, requintadament' cri stão. Nestas semanas, a Europa, sua ·ultura, sua identidade, assistiu a uma tentati va de xeque mate por parte do Islã instal ado em suas entranhas. Nas fileiras dos neoguerrilheiros predomina a força islâmica. As redes de TV árabes levaram ao ar cenas de incêndios e
Essa g uerrilha não é nova. Neste ano ocorreram 70.000 atos de violência, foram queimados 28.000 veículos e travadas 442 batalhas de rua! Quando na 15" noite foram queimados "apenas" 374 veículo s, o chefe da polícia ele Paris, Michel Gaudin , di sse que parecia um ''.fim de semana comum " .. .3 O novo desses acontecimentos foi o aumento da intensidade: 8.500 veículos incendiados e 2.652 neoguerrilheiros presos em 15 dias, além de creches, escolas, fábricas e lojas calcinadas em 60 cidades. Foi também novo o destaque que lhe deu a núdia internacional. Era como se a "intifada francesa" prenunciasse uma nova onda revolucionária mundial que, partindo da França como na revolução da Sorbonne de maio de 1968, viria a tomar conta do mundo. Reforçou essa impressão o temor dos governos europeus de que essa onda contagiasse as suas cidades. Na Alemanha, Inglaterra, Holanda, Bélgica e Dinamarca, por exemplo, residem milhões de muçulmanos, e estão postas condições que podem gerar explosões análogas. No que desfechará tudo isto? Atingirá a América do Sul? Guerrilha e11dê111ica incrustada na F'ra11ça De imediato, um primeiro dado é certo. A guerrilha está oficialmente in stalada na França. Primeiramente nos subúrbios, mas os centros sentem-se como que sitiados e sujeitos a um assalto. A onda de violência poderá ser limitada pela polícia, mas não será extinta. lnstalar-se-á no dia-a-dia e ameaçará com novas erupções generali zadas. Grandes contingentes policiais ficarão em pé de guerra, prontos para a contra-insurgência. A g uerrilha anarco-islâmica poderá tornarse endêmica em Paris e nas grandes uJbes
da belle France. Fato sintomático: o governo francês instituiu o "estado de emergência" por três meses, algo inédito desde a ll Guerra Mundial, para tentar restabelecer uma paz duradoura.
Bairros dominados por animosidade rncíproca As gangues anarco-islâmicas marcaram um segundo ponto, talvez o mais importante. Elas inocularam o terror na poDEZEMBRO 2005 -
pulação desarmada das periferias urbanas, povoadas rnajoritariament por imigrantes ou filhos de árabes e africanos. Estes testemunharam a relativa impotência da polícia, enquanto das mesquitas brotavam espontâneas núlicias islâmicas que prometem astutamente garantir a segurança contra os agitadores. Fenômeno análogo começou a tornar corpo nos bairros de classe média e alta. Grupos de cidadãos iniciaram rondas noturnas de vigilância. Mas a iniciativa incuba um perigo potencial: a possibilidade de co11flitos entre milícias de procedências sociais, culturais e religiosas diferentes que degenerem em violências maiores. Tal perigo é tão real que um policial exclamou: "A lógica por trás desta perturbação é a secessão". Ao que o semanário alemão "Der Spiegel" cosustadoras entre bairros, grupos étnicos, mentou: "Seria um cenário de pesadelo religiosos, cu lturais e sociais. Se contide bairros e comunidades inteiras sepanuar tal esp iral de secessão, atiçada perando-se do Estado e essencialmente las tubas da mídia e pelos púlpitos dodeclarando sua independência, criando zonas com leis próprias, áreas às quais . minados pela esquerda católica, caminhar-se-á para urna gradual mas efetiva as autoridades não teriam mais acesso" .4 Situação em que, por um "dá cá desestruturação material e ocial da Franaquela palha", poderiam surgir confron- ça e da Europa. tos entre gangues e tais milícias, ou enNcoguen'ilha francesa: tre guerrilheiros e a polícia.
perigo para o Brasil
Mídia e esquerdas exacerbam a "secessão" De modo geral, a mídia não estabelece distinção entre os guerrilheiros urbanos e a imensa massa dos imigrantes que - embora destoem do ambiente cultural e religioso francês - basicamente desejam trabalhar e progredir. Estes não se associam à guerrilha anarco-islâmica e até figuram entre as suas vítimas. Mas o macrocapitalismo publicitário generaliza, apresentando os baderneiros como se fossem os autênticos representantes de uma revolta geral das periferias. Essa visão é reforçada por declarações de intelectuais formados nos velhos esquemas marxistas. Eles disseminam a idéia de que os distúrbios são urna amostra da luta de classe de pobres revoltados das periferias contra ricos; de negros discriminados contra brancos; de islâmicos desprezados contra cristãos; de africanos privados de educação contra europeus cultos. Tal visão impele artificialmente grupos contra grupos, abrindo brechas as-
CATOLICISMO
A partir do momento em que essa nova forma de guerri lha deitar raízes na França, será quase inev itável que ela seja imitada em outros países. No Brasil algo disso já existe, e em certos lugares está largamente desenvo lvido. Onde? Basta considerar os morros do Rio, bem como bairros controlados por gangues de narcotraficantes, ou fazendas e prédios invadidos pelo MST, por sem-teto, movimentos indígenas e subversivos análogos, bafejados por comissões pastorais da CNBB, como a CPT ou o CIMI, além de ONGs e dispositivos governamentai s.
A Igreja Católica: alvo fllial <los distúrbios Na França, o furor destrutivo nestes dias revelou um ódio tendente a eliminar tudo o que há naquele país de harmonioso e proporcionado, de hierarquizado e sublime; numa palavra, de autenticamente francês. No fundo, de católico. O objetivo comum que amalgama anarqu ismo e islamismo visa, e m última
análise, o aniquilamento da Santa Igreja Católica, Apostóli ca, Romana e sua influência sacralizante e nobilitante na ordem temporal. Influência que gerou os mais requintados frutos na França, a Filha Primogênita da Igreja. Até que ponto pernútirá a Divina Providência que esse espantoso crime seja cometido? A Igreja é imortal, por uma promessa divina. Mas as nações enquanto tais pagam nesta Terra suas infidelidades. E as nações europé ias deixaramse dominar há seis séculos pela Revolução gnóstica e igualitária. A França, em épocas de glória, esteve na dianteira da devoção a Nossa Senhora. Nela nasceram exímios doutores ma.riais corno São Bernardo e São Luís Maria Grignion de Montfort. Nela a Virgem Santíssima apareceu repetidas vezes, corno na Rue du Bac, cm Lourdes e La Salette. Que Nossa Senhora, mediante sua onipotência suplicante, obtenha da misericórdia divina que a Igreja, a Europa e a França, aconteça o que acontecer, saiam purificadas e restauradas de. se lance tão carregado de sini tras perspectivas. E que afaste de nós a devastadora ameaça da guerrilha anárquica e anticristã.•
-
Notas: 1. " La Nac i n", Buenos Aires, 8- 11 -05. 2. "O ·staclo ele S. Paulo", 8- 11 -05 . 3. "O Estado ele S.Pau lo", 14- 11 -05. 4. " Der Spi cgcl" (Seman ári o ale mão) , 08- 1 1-05 .
rn seu corpo dolorido, também a aima estava triste e ferida. Mais que o frio da noite, mais que as dores nos membros, de tanto errar pela cidade, ela sofria de um mal latente e profundo. Naq uela vigília de Natal, a alma atormentada vagueava pelas ruas procurando ignorar a causa de seu sofrimento. Há muito tempo ela havia se acomodado na indiferença. A última vez que se havia ajoelhado num confessionário para receber o perdão de suas faltas, quando foi? Não se creia que se trate de um grande criminoso, não. Era uma pessoa comum, que levava sua vidinha. Apenas se esq uecera da Lei de Deus, que substituíra por seu bel prazer, pelo ego ísmo e por toda espécie de baixezas que passavam por sua alma, corno o ruído de folhas mortas levadas pelo turbilhão de um sopro maligno. Era um homem? Urna mulher? Pouco importa. Era uma alma mergulhada na tristeza, fruto inevitável e amargo da má consc iência ao ver, sem mes mo querer confessar a si mesma, tudo o que perdeu ao rejeitar a amizade de Deus. Há tantas almas dessas pelo mundo neopagão de hoj e, endurecidas pelo háb ito do ceticismo! O dia inteiro ela se havia agitado para conclu ir os últimos preparativos de Natal. Pois, apesar do abandono de sua vida espiritual , essa alma se lembrava ainda da alegria e da inocência de seus primeiros natais. Tinha sede de urna felicidade que parecia escapar-lhe cada vez mais, e, na medida do possível, tentava recriar em torno de si o ambiente dos natais de sua infância. Era bastante dotada para isso, e conseguia, apesar de tudo, reunir ainda alguns amigos e familiares em torno de um pinheiro bem decorado, de um pequeno presépio e de um a ceia para urn a festa que não fosse muito me lancólica. Os anos haviam corrido, mas a alma imortal conservava a marca da infânci a inocente que ela havia tido.
Aliás, se o leitor prestar atenção nos adu ltos, verá que nas almas deles a criança nunca está muito longe, mesmo quando os pecados as tenham obscurecido. Essa criança acabará por despertar um dia?
A árvore brilhava havia vários dias com todas a suas bol inhas coloridas, e o presépio acima da lareira só aguardava a noite santa em que receberia o Menino Jesus.
Toda noite a alma se rejubil ava ao fazer avançar seu carneirinho de barro. Começou també m a faze r a oração que sua mãe lhe havia ensinado a rezar diante do presépio. O carneirinho partira do alto da colin a de pape l, e a alma se perguntava se ele chegari a a tempo junto à manjedoura, para a noite de Natal. Seu carneiro lhe recordava que também ela devia ap resentar-se junto à gruta, toda de branco, para dirigir uma fervorosa prece ao Div ino Infante por meio de Nossa Senhora. Era o me lhor presente que ela poderia oferecer ao Menino Jesus, que veio para nos salvar. - Salvar-me de quê? - perguntou-se ela. Salvá-la do pecado, abrir-lhe as portas do Céu, torná-la filha de Deus, resgatá-la das garras do demôn io, morrendo por ela na Cruz. No catecismo, a alma hav ia compreendido muito bem que, por causa do pecado cometido por nossos primeiros pai s que desobedeceram a Deus, a humanidade inteira, que deles procedeu, se tornara pecado ra, inclinada ao mal , privada da vida divin a, da vida da graça. Fo i para nos dar essa vida, livrar- nos da escravidão do pecado, que Jesus veio ao mundo e morreu na Cruz. Deitado na manjedoura, entre o boi e o asno, o Men ino Jesus abre seus bracinhos para nos acolher ... mas Ele j á os estende em forma de cruz! Quando fizera sua prime ira comunhão, o Natal tornara-
CATOLICISMO
se ainda mais be lo. Como era luminosa a missa de meianoite na igreja paroquial! Os círi os bri lhavam sobre o altar, os cânticos natalinos subiam ao céu com as nuvens de in censo ... Na hora da comunhão, a alma recebi a Jesus, seu Salvador. Ela O adorava como os pastores hav iam fe ito na gruta de Be lém, oferecendo-se a Ele e sendo inundada de fe li cidade por seu amor misericordioso. Ela tinha se preparado cuid adosamente para esse encontro marav ilhoso. Vários dias antes, tinha ido confessar suas fa ltas humil demente, com verdadeira contrição, a um velho sacerdote que sem pre a encorajava com bo ndade a persevera r no caminho do bem. - Reze também por mim. Dia virá em que não me encontrarás mais aqui para te aconselhar. A alma saía do confessio nário na maior leveza, cheia da tranqüi la felicidade de se ver na amizade de Deus. E todas as no ites recitava aq uela prece ensinada por sua mãe diante do presépio, em preparação ao Natal. Era uma be la oração dirigida à Virgem Santís ima, que tudo nos obtém de seu divino Filho.
- Como era mesmo essa oração ? alm a atormentada.
perguntava-se a
Do fundo dos anos de indiferença, as palavras esquecidas há tanto tempo foram pouco a pouco emergindo em sua memória: Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem. Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tenha recorrido à vossa proteção, implorado vossa assistência, reclamado vosso socorro,fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, com. igual confiança, a Vós, ó Virgem entre todas singular; como a Mãe recorro, de Vós me valho, e gemendo sob o peso de meus pecados, me prostro a vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo. Assim seja. Num primeiro movimento de orgulho amargo, a alma se perguntou : Serei eu a primeira a dizer que Nossa Senhora não veio em. meu socorro ? Depoi s percebeu claramente que não havi a se dado ao trabalho de pedir uma só vez esse socorro ... E caminhando por ruas vazias e frias, ela repetia as palavras da oração de sua infância: Gemendo sob o peso de meus pecados [... ] nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tenha recorrido à vossa proteção [... ]fosse por Vós desamparado! Animado eu, pois, com igual confiança [... ] como a Mãe recorro, de Vós me valho... Uma grande dor invadiu então essa alma atormentada, ao tomar consc iênci a do lamentáve l estado e m que se encontrava. Do mais fundo de seu ser, subia-lhe um desejo de reconquistar a amjzade de Deus e os perfumes primaveris de sua vida espiritual, de restaurar a inocênci a perdida. - Será ainda possível? - perguntava-se ela. - Nunca se ouviu dizer. .. - respondia- lhe uma voz interior. Movida pe la graça, repeUu ainda, com toda since ridade, as palavras do Lembrai-Vos e pediu a Nossa Senhora que viesse em seu socorro. - Vamos ver o que sucederá - pensou ela com uma ponta de incredulidade. E virou a esq uina.
A luz interior da igreja iluminava os vitrai s. A porta estava aberta. Hesitante e surpresa, entrou. Estava para começar a vigília de Natal. Pela nave lateral, avançou até o altar de Nossa Senhora. Uma melodia natalina partiu do órgão. A alma desmanchou-se em prantos. Depoi s de tantos anos de secura no egoísmo, ela se afogava em soluços de arrependimento . As lágrimas escorriam-lhe pela face em abundância, e seu tronco sacudi a ao ritmo convul sivo do pranto em soluços, como o de uma criança ... Lá havi a um padre para ouvir confissões. E este não foi o menor dos milagres, para os tempos em que vivemos. A alma foi acusar-se co mo pôde, um tanto confusamente, de sua triste vida afastada de De us. E recebeu a absolvição de suas faltas.
De ixo ao leitor o cuidado de pensar na alegria que, naque la noite, causou ao Coração de Jesus Infante a volta ao rebanho de sua pequena ovelha transviada. O Me nino Jesus veio sobretudo para os pecadores. Não recusa jamais o seu perdão. Acolhe com bondade e mi sericórdia toda humilde contrição. Ontem, hoje, sempre, Jesus Cristo é a solução para o mundo, que afunda na noite do neopagani smo. No maior drama de nossa vida, recorramos com confiança a nosso Salvador, por intermédio da Santíssima Virgem, a quem Ele nada recusa.''~..._: E-mai l do autor: enoit a catoli ismo.com. r
DEZEMBRO 2005 -
Referendo sobre o desarmamento: o NAO ao "politicamente correto" U m NÃO que teve muitos significados e recados, como, por exemplo: NÃO aos desmandos do Governo Federal; NÃO à ideologia esquerdista; NÃO ao totalitarismo; rejeição ao "politicamente correto".
A
polêmica em torno do desarmamento ou não das pessoas de bem no Brasil engajou, como nunca fora visto, brasileiros de Norte a Sul do País, pois estava em jogo o direito à legítima defesa, que se pretendia ce rcear. Contrariando as propaladas pesquisas de opinião - que de início apontavam uma folgada vitória do SIM - dois terços dos eleito-
res disseram NÃO ao desarmamento. Para analisar o surpreendente resultado, Catolicismo e ntrevistou um profun do conhecedor da temática: o Cel. PM Jairo Paes de Lira . O brilhante oficial da Polícia Militar paulista, ex-Comandante do Po liciamento Metropolitano de São Paulo e da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, durante a campanha do recente referendo proferiu inúmeras conferências a res pe ito do assunto, além de conceder muitas entrevistas e participar de diversos e a calo rados debates em emissoras de rád io e TV.
*
*
*
Catolicismo - O dia 23 de outubro de 2005, data do referendo que consagrou a esmagadora vitória do NÃO ao desarmamento da população, poderia ser considerado um marco na História do Brasil?
-
CATO LI CISMO
Cc·I. Pac•!; <lc l,il'a "A opinião pública brnsilcira decidiu-se cm massa 1101' preservar um direito consUtucional, opo11do-se às falácias do 'politicamente correto"'
Cel. Paes de Lira - O dia e m questão entrou para a história pátri a, e acredito que afetará a hi stória de outros países. Isso porque uma vitória da proibição do comércio de armas de fogo e da respecti va munição, aqui , seguramente estimul aria imedi atas iniciativas simi lares nos Estado s Unidos, na Argentina e em diversas nações da Comunidade Euro péia, apenas para começar. A frago rosa derrota da tese capitulacioni sta no Brasil dá alento aos combatentes de outros países. Pro va-o o fato de qu e a National Rifle Association (NRA), dos Estados Unidos, observou com nítido interesse o processo po lítico do referendo e levou ao ar, em seu progra ma nacional de rádi o, uma entrev ista comigo, em 24 de outubro, dia posterior ao do referendo. Foi um diálogo franco de 20 minutos, em cujo transcorrer os entrev istadores mostraram-se nada menos do que estupefatos com a amp li tude da vitória dos que lutam pelo direito à leg ítima defesa (64% de votos NÃO) e ansiosos por conhecer a estratégia que permitiu essa virada, rara na hi stória política do mundo. Também entrev istou-me a BBC de Londres, no mesmo dia, percebendo-se que a entrevistadora estava chocada co m o resul tado do referendo. Apesar do curto tempo di sponível, ainda insistiu em, mais do que entrevi star-me, debater com igo, utili zando os surrados argumentos da tese vencida, que cansamos de demolir.
Entendo que o 23 de outubro de 2005 representou, para os bras ileiros, um marco extremamente importante, qu e produ zirá maiores e mais signifi cativas tom adas de posição por parte da população: a opinião pública rejeitou a lavagem cerebral da máquina de propaganda do Governo Federal e do principal partido no poder, associada à da Rede Globo, e decidiu-se em massa por preservar um direito constitu cion al, opondo-se às falácias do "politicamente correto" e sinalizando, com muita clareza, que as artimanhas dos "esquemas Duda Mendonça" dei xaram definitivamente de funcionar. Catolicismo - No referendo, dois terços dos eleitores votaram pelo NÃO à proibição da comercialização de armas e munição. Entretanto, nas primeiras pesquisas o SIM contava com o apoio de 80% dos entrevistados, em agosto passado. O que levou o público a uma mudança tão radical? Em sua opinião, quais as principais causas dessa fragorosa derrota do SIM?
"O que explica
a tão csmagadorn vitória do NÃ O foi, cm uma palavrn, a mobilização das forças favoráveis à preser vação do direito à legítima defesa "
Cel. Paes de Lira - O que expli ca tão esmagadora vitória foi , em um a palavra, a mobilização das forças contrári as à proibi ção, portanto fa voráveis à preservação do direito à legítima defesa por meio de armas de fogo. Sempre afirmei que as pré-pesqui sas refl eti am apenas o mas acre de mídi a patrocin ado pe lo Govern o, e por con seguinte poderíamos virar o jogo a partir do momento em qu e dispuséssemos de espaço para o convencimento maciço da popul ação. Tal espaço teve qu atro vertentes, a saber, por ordem crescente de importância: os eventos públicos (debates e palestras ao vivo); a Internet; a cobertura de mídi a (entrevi stas e debates por rádio, TV e pela imprensa escrita, nesta última incluindo-se a franca tomada de posição edi torial pela revi sta "Vej a"); e o horário gratuito da legislação eleitoral. As três primeiras fun cionaram e deram fr utos exclusivamente pela ação da militância anti proibição. A úl tima, derivada diretamente da legislação, deu fr utos pelo trabalho da Frente Parlamentar, lastreado no da equipe de produção, devendo-se fri sar, não obstante, que isso aconteceu porque nós, a militância engajada na luta há 10 anos ou mais, convencemos, com alguma difi culdade, os parlamentares e marqueteiros a enfoca r na campanha o tema do direito constitucional à legítima defesa, abandonando a tentação de navegar no lema fl exíve l, e po r isso mesmo concessivo: "Desarmamento: seria bom se f osse verdade" . Esta linha [concessiva] pareceu-nos, desde o co meço, algo como aceitar o desafio do inimi go no campo e nos termos esco- ::i
lhidos por ele. Pois, de fato , o referendo não se refe ri a ao desarmamento, já praticamente imposto pelo grosso da lei 10.826/2003, mas à proibi ção total do comércio a civi s. Se aprovada, iri a muito mai s lon ge e se pultari a, pere mptóri a e absolutamente, o direito dos cidadãos de bem que se julgassem aptos a agir em defesa própria e de sua fa míli a, se necessári o por meio de armas de fogo lega is. Essa maciça mobili zação conseguiu o convencimento da maioria, co m base em uma mensagem simples e verdadeira: a de que estava em jogo um direito que não se poderi a atira r na lata de lixo, em prejuízo não so mente da atu al geração, mas das futuras gerações. Nossa mensagem foi levada ao povo sem truqu es ou artifícios. Todos os que se empenharam em levá-la ao eleitorado fi zera m-no de modo sincero, di reto e baseado em argumentos verifi cáveis e bem esgrimidos. Estes acabaram supl antando as mentiras repetidas à exaustão, as afirm ativ as meramente emocion ais e as fa las de "palminhos de , caras bonitas", mas sem pro fundidade intelectual ou espiri tual. As pessoas acostumaram-se a vê- las nas novelas que fo menta m exatamente a violência, a demolição da fa míli a e de todos os valores cri stãos, especialmente a defesa da vida, que a claque da rendição afirm ava ser sua bandeira. O papel da Internet fo i decisivo: em ter-
D EZEMBRO 2005 -
-
nac ional , compl eta mente enganados quanto à sua capacidade de manipular a opinião pública. Assim, os ma rqueteiros da proibição limita ram -se, no primeiro mome nto, a repetir um a fó rmula outrora vitoriosa: o "esq uem a Duda Mendonça". Em suma, um mi sto de programas de TV muito bem elaborados visualmente e ancorados em pessoas conhecidas da população, os arti stas das novelas globai s. Um cenário bonito, um estribilho capaz de popularizar-se, ao estilo "Lula-lá", e bocas bonitas, ainda que rasas de conte údo, a repetir dados torc idos ou completamente infundados, na certeza de que as pessoas não teriam capac idade ou interesse de submetê-los a a náli se crítica. O Governo Federal, ao qual ali aram-se nessa espúria tentativa governos como os de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, simples mente fez tábula rasa da capacidade de di scernimenº to po lítico dos elei tores brasileiros e de mon sj trou que pouco aprendera com as sucessivas 8 derrotas causadas pe lo escândalo do " mensa::i Ião". Rei ncidiu na sub-avali ação que sempre fez do eleitorad o nacion al e continuou a apostar na in capac id ade de análise crítica dos cidadãos brasileiros. Erros decisivos, e a me u ver incorrigíveis, que levarão providencialmente a um desastre eleitoral e m 2006.
f
mos de ca mpanhas po líti co-eleitora is (pois o refere ndo foi exatamente isto) é possível afirmar que, pela primeira vez no Brasi l, a mobilização via Web fo i tão decisiva. E mai s: o efeito do convencimento não foi apenas obter votos das pessoas atin gidas pelas me nsagens , mas faze r delas multiplicadoras de opi ni ão. Assim, o País assistiu a uma onda de convenc imento interpessoal, nos lares e nos loca is de trabalho, como nunca antes se vira. Some nte a exponencialidade de um fenômeno político como o descrito é capaz de explicar como se realizou uma inversão de expectativas de tal amplitude. Catolicismo - A midiatizada campanha de artistas a favor do SIM, promovida sobretudo pela TV Globo, pesou na derrota deles próprios, os "desarmamentistas"? Tudo leva a crer que o governo convocou o referendo porque tinha certeza de que o SIM ganharia estourado; e, neste caso, seria um aval dos eleitores ao desempenho do governo petista. Entretanto, como muitos disseram, "o tiro saiu pela culatra", a esmagadora maioria votou pelo NÃO. O Sr. julga que o governo não conhece bem o Brasil profundo?
Çel. Paes de Lira - A utilização dos artistas de novelas (os "palminhos de caras bonitas" a que me referi ) foi um erro grave, embora acessório, da campanha proibicioni sta. Nessa maté ri a, o Governo Federal e seus ali ados estavam, como de resto em mu itos outros aspectos do trato político CATOLICISMO
"Os fiéis têm sede e fome da mensagem de Cristo. E esse anseio deixou de ser atendido nas seculal'izadas igrejas inclinadas
à teologia da libertação".
Catolicismo - A CNBB também se empenhou enormemente na campanha pelo SIM. Como o Sr. julga esse apoio do episcopado ao desarmamento da população?
clara ad vertência, o nosso episcopado contrariou a do utrin a da própria Igreja , que cristaliza o ensiname nto de Santo Tomás de Aq uino e do autê ntico Mag isté rio eclesiástico, e orientou os fiéis a
país-chave. Ademais, como já referi nesta mesma entrevista, provocaria uma cascata de tentativas similares em outros países enquadrados no referido proj eto totalitário .
votar contra esses maiúsculos ensinamentos. Foram derrotados os purpurados que ass im procede ram, mas também os que sil enc iaram, restando aind a mais manifesta a brec ha ex istente e ntre eles e os que continuam a ag uardar, aflito s, a volta des ses hiera rcas às verdadeiras origens pastorai s da Igreja. Catolicismo - Em seu parecer, o MST e outros movimentos ditos "sociais" lucrariam, caso o NÃO fosse derrotado? Por que movimentos esquerdistas do mundo inteiro, torcendo pelo SIM, estiveram tão interessados nesse referendo realizado no Brasil?
Cel. Paes de Lira - Como já afirmei, o MST e os movime ntos que dele saíram são organizações marxi stas pré- insurrecionai s. Estão a um passo de pegar em armas (não somente fo ices e podões) para a te ntativa de realizar seu projeto, ali ás nunca negado, de es tabelecer nestas plagas a ditadura do proletariado . Ao movimento comun ista intern ac ional, ai nda vivo, interessa fazer do Brasil uma Cuba gigantesca e be m sucedida: a nova ponta de lança revo lucion ária do planeta. Para tanto, é necessário desa rm ar qualquer oposição, tanto e m cabeças pensantes quanto no âmbito das armas. A proibi ção obteria esse objetivo e m um
Catolicismo - Parece-lhe que o resultado do referendo revelou o quanto a opinião pública brasileira é conservadora?
''A.o movimento comm1ista internacio11al, ainda vivo, interessa fazer do Brasil uma Cuba gigantesca . Para tanto, é necessál'io desarmar qualquer oposição".
Dois terços dos eleitores votaram pelo NÃO à proibição de se comercializar armas e munição
Cel. Paes de Lira - É importante observar que o processo político do referendo propiciou notável grau de amad urecimento político a um povo cansado de ser enganado por "salvadores da pátria" como os que, para nossa desgraça, hoje estão no poder, encabeçados por um presidente da República desmoralizado e politicamente cambaleante. E m minha visão, o que conseguimos todos nós, os que nos engajamos nessa luta heróica e virtuosa, fo i cri ar um grande impulso cívico que se traduzirá, e m outub ro de 2006, na derrubada - via urnas eleitorais ! - desse governo que não serve aos interesses nacionais; e na concomitante formação de uma corrente conservadora apta a assumir, e m médio prazo, a li derança dos desti nos da Nação para recondu zila ao rumo histórico perdido desde que ascenderam ao pode r os politi queiros verme lhos, rosados ou simplesmen te demagógicos, manipuladores e empulhadores, que apostam na pobreza e na ignorânci a como fatores de poder e falam muito de liberdade, mas não perde m seu vi és totalitário . •
Cel. Paes de Lira - Esta pergunta pode considerar-se respo ndida com o último parágrafo de meu artigo Desarmamento das Pessoas de Bem: Afronta ao Direito Natural, publicado na edi ção de outubro de Catolicismo. Cabe acrescer no entanto que, na últim a reunião da CNBB, os hierarcas brasi leiros da Santa Madre Igreja mostraram-se publicamente consternados com a mac iça perda de fiéis para as denominações evangélicas. B uscavam - ao menos foi o que afirmaram - entender as causas de tal evasão. Não precisavam realizar esse esfo rço, poi s o conhecimento de tais causas (mais exatamente, uma só causa) é de domínio do católico co mum : os fiéis têm fome de espírito, têm sede da mensagem de Cristo. E acontece que esse anseio deixou de ser atendido nas secularizadas igrejas inclinadas à teologia da libertação. Muitos púlpitos tornaram-se palanques de pregação marxista. M uitos dos que bu scavam o seio da Igreja para aprox imar-se de Deus, de decepção e m decepção, bu scaram outros rumos. Recusando-se a compreender essa DEZEMBRO 2005 -
l?ARA]
evene n Pu N10 C o RRÊA DE OuvE1RA
ão res isti . Era minha intenção escrever sobre algum tema relacionado ao panorama político ou - ó amargura das amarguras, negrume dos negrumes ! - a crise interna na greja. Entretanto, senti que nem em mim , nem em torno de mim , avia condições para isso. Do fundo de minha alma subiam as eminiscências harmoniosas e distensivas dos meus Natais de utrora. E m torno de mim - no olhar de muitos dos conhecidos desconhecidos com que cruzo pelas ruas, no reflexo dos ami os ao lado dos quais luto e trabalho, e dos íntimos cuja amizade e tem acompanhado ao longo dos anos que se vão - noto uma de espiri tual mal sac iada, um desejo mudo e talvez até subnsciente de reencontrar um pouco da verdadeira alegria do verdadeiro Natal. Por certo, tal é também o estado de espírito de muitos dos meus leitores. Nestas condições, parecia-me censurável rec usar-me a mim mesmo, e a tantas outras pessoas, uma ocas ião para libertar das enxovias do olvid o tantas recordações áureas, e para desalterar a sede de maravilhoso, de doce, de sac rossanto de que re lu z o Natal. Para o lado, pois, vi sões tétri cas de povos opressos, de ti ranos sanhudos, de multidões eletri zadas por demagogos, de escribas sinu osos a modelar noticiários tendenciosos para enganar o público. Por algun s instantes, abramo- nos à luz do Natal, a fim de que se reanimem as nossas almas exaustas e desoladas. Depois retomare mos com maior corage m o fa rdo quase insuportável...
-
CATOLIC ISMO
-
O perlilme ele outrora e o aspecto comercial do Natal ele lwje Bem entendido, não fa lo da alegri a propaganclística e in autêntica que domin a esse Natal de hoj e. Perdeu ele e m nossos costumes sociais quase todo o seu perfume de outrora. E passou a ser uma fun ção do comércio. Uma propaganda frenética quase não deixa à popu lação liberdade psíquica para não fazer compras. Compras que cabem no orçamento de cada qual. E compras que não cabem. É prec iso "obrigar" o povo a comprar, para dar circulação aos estoques acumulados e avolumar o montante dos negócios. O Natal tomou assim , há anos, o aspecto afanoso e trepidante de uma imensa correria do povo a serviço do esforço desenvolvi menti sta. Ipso facto, a psicolog ia do presente e das festas mudou . Cada vez mai s, o presente vai perdendo seu caráter afetivo, desinteressado e íntimo. E le é um apêndice do negóc io. Sua razão de ser principa l é cri ar, entreter ou ampliar relações que sirvam aos negóc ios. Ao sopro dessa mentalidade, mes mo o presente desinteressado va i tomando ares comercia is. Cada qua l procura prever quanto custará o presente que receberá do amigo, para dar um de igual preço. Pois, se o presente dado valer mai s do que o recebi do, o doador se sentirá bobeado e frustrado. E reciprocamente. Em suma, o presente passou a ser uma troca, ca lcul ada em função do valor. Quanto à fes ta - preparada em gera l com superdi ficu ldade - quantas vezes é o interesse econômico que, em lugar da amizade, motiva a confecção da lista dos convidados, o vulto das despesas, etc. "Glória a Deus no mais alto dos Céus, e paz na Terra aos homens de boa vontade" (Lc 2, 14). Como este cânti co angélico encontrou ambiente adeq uado nas vastidões desertas dos campos de Belém e nos corações retos dos pastores que despertavam do pesado e tranqüil o sono ! Como, pelo contrário, as palavras do coro angélico parecem estra nhas, sem ressonância, sem afinidade com as cogitações dos homens, nestas megalópoles modernas dominadas pela obsessão do ouro, isto é, da matéri a.
Efusão ele graças peculiares nos dias de Natal Morreu o Nata l autêntico? Com um pouco de exagero, pode r-se- ia di zer que sim . Morreu na alma meta li zada de tantos milhões ele homens. Morreu até em certos presépios. Sim, nos presépios progressistas, _q ue nos exibem a Sagrada Fam íli a com os traços e a fisionomia desfigurados pela arte moderna, e com conotações que induzem à revolução soc ial. Mas, se há algum exagero em di zer que o Natal morreu, é verdade que alguns lampejos de vida ele ainda conserva. Vamos à procura deles .
CATOLICISMO
Encontrá-lo-e mos antes de tudo - e borbulhantes - no próprio fato de ser dia de Natal. Cada festa do calendário litúrgico traz consigo uma efusão de graças peculi ares. Queiram ou não queiram os homens, a graça lhes bate às portas da alma, mai s sublime, mai s meiga, mais insistente, nestes di as de Natal. Dirse-ia que, apesar de tudo, paira nos ares uma luz, uma paz, um alento, uma fo rça de idealismo e dedicação, que é difícil não perceber.
''A.té os piores pecadoms tudo podem pedi1' e esperar" Ademais, em inúmeras igrej as, em muitos lares, o presépio autênti co ainda nos põe diante dos olhos a imagem do Menino Deus, que veio para romper os grilhõe da morte, para calcar aos pés o pecado, para perdoar, para regenerar, para abrir aos homens novos e ilimitados horizontes de fé e de idea l, novas e ili mitadas poss ibilidades de virtude e de bem. Deus, ei-Lo exorável e ao nosso alcance, fe ito homem como nó , tendo junto de Si a Mãe perfeita. Mãe d' Ele mas també m nossa. Por meio d'Ela, até os piores pecadores tudo podem pedir e esperar. Ali també m está São José, o varão sublime que reúne em si a maravilhosa antítese das mai s diferentes qualidades. É
Certos presépios progressistas exibem a Sagrada Família com os traços e a fisionomia desfigurados pela arte mo~rna
-
príncipe da Casa de Davi e é também carpin te iro. É defensor intrépido da Sagrada Família. Mas, ao mesmo tempo, é pai terníss imo e esposo cheio de afeto. Esposo perfe ito, é entretanto o esposo castíssimo d ' Aquela que fo i sempre Virgem. Pai verdadeiro, entretanto não é pai segundo a carne. Modelo de todos os guerreiros , todos os príncipes, todos os sábios e todos os tra ba- ...: lhadores que, de fu turo, a Igreja engend rari a nesta Terra para o Céu, ele não foi principalmente nada disto. Seus títulos mais altos são dois : pai de Jesus e esposo de Maria. Títulos pequeninos e imensos, que ao mesmo tempo, paradoxalmente, pulverizam e comunicam vida, nobreza e esplendor a todos os títul os da Terra. Florescem os do11s, brill,a a alegria de se ter lê e virtude
Os pastores ali se apresentam em amável intimidade com os animais, bem como com Nossa Senhora, São José e o próprio Menino Jesus. É a imagem comovedora de Deus excelso, que leva a irrad iação de sua grandeza ao extremo de tocar e elevar até o que há de mais humilde e pequeno entre os homens; que, não contente com isto, atrai e cobre de bênçãos até as criaturas irrac ionais. Ao contempl ar isto, nossas almas crispadas se distendem. Nossos ego ísmos se desarmam. A paz penetra em nós e em torno de nós. Sentimos que em nosso vizinho algo também está enobrecido e dulcificado. Florescem os dons de alma. O dom do afeto. O dom do perdão. E, como símbolo, a oferta delicada e desinteressada de algum presente. Para que nada falte, o irmão corpo - como dizia São Francisco - também tem sua parte na alegria. Feita a oração j un to ao presépio, sentam-se todos à mesma mesa. Come-se sem comilança. Bebe-se sem embriaguez. É a festa em que brilha a alegria de se ter fé, de se ter virtude, de se ter, em ordem sacra!, feitas as ações e postas as coisas.
CATO LI C ISM O
Com as graças de Natal, florescem os dons de alma . O dom do afeto. O dom do perdão. E, como símbolo, a oferta delicada e desinteressada de algum presente .
A alegri a da Lê, do sobrenatural e da 01'</em sacra/
Alegria de Natal? Sim. Mas mui to mais do que isto. Alegri a dos 365 dias do ano, para o católi co verdadeiro. Pois na alma em que, pela graça, habita o Salvador, esta alegria du ra sempre e jamais se apaga. Nem a dor, nem a luta, ne m a doença e nem a morte a eliminam. É a alegria da fé e do sobrenatural. A alegri a da ordem sacra!. "Ó vós que andais pelo caminho, parai e vede se há uma dor semelhante à minha" (Lam 1, 12) - exclamou o profeta Jeremias, antevendo a Paixão do Salvador e a compaixão de Maria. Mas ele também poderia ter dito, profetizando as alegrias cri stãs perenes e indestrutíveis que o Natal leva a seu auge: ó vós que passais pelo caminho, parai e vede se há alegria semelhante à minha. Ó vós que viveis cupidamente para o ouro, ó vós que viveis tolamente para a vanglória, ó vós que viveis torpemente para a sensualidade, ó vós que viveis diaboücamente para a revolta e para o cri me, parai e vede as almas verdadeiramente católicas, iluminadas pela alegria do Natal . O que é a vossa alegri a comparada à delas? Não vejais nestas palavras provocação, nem desdém. Elas são muito mais do que isto. São um convite para o Natal perene, que é a vida do verdadeiro fiel: "Christianus alter Christus" - o cristão é um outro Jesus Cri sto. Não, não há alegria igual. Até mesmo quando o cató lico está, como Jesus Nosso ~en hor, cravado na cruz ... • Nota: Arti go pu blicado na " Folha de S. Pa ul o", e m 27 - 12- 1970. Os in tertítu los foram inse ridos por esta redação.
-
POLÔNIA
.
A faixa em polonês proclama : "Aqui é a Polônia! Poloneses, não construam a Euro-Sodoma!"
Reviravolta conservadora na Polônia A vitória dos conservadores, que a mídia qualificara como "impossível", tornou-se uma realidade. A força católica de direita virou o jogo e venceu com grande folga as eleições legislativas e para a presidência do país.
ve vitórias express ivas nas recentes eleições na Polôni a. Isso deveu-se ao fa to de que suas propostas agradaram à população católica. Entre e las, a liquidação do passado comunista; a defesa do casame nto e da fanúlia tradicional; a mudança no serviço de informações; o saneamento da corrupção e uma cobrança aos políticos de esquerda, responsáveis pela instável situação econômica. Tal partido, apresentando um programa de fundo moral conservador, conqui stou os mais altos postos: presidente, primeiro- mini stro e presidente do Parl amento. A mídi a, entretanto, difundia a idéia de que essa vitória seria imposs íve l. Na hora da verdade, Direito e·Justiça venceu as eleições para a Câmara e o Senado com 26,99% dos votos, seguido pelo partido Platc!forma Cívica, com 24, 14%. Os socialistas e pó. -comunistas, que até então governavam a Polônia, ficaram marginalizados, sofrendo humilhante derrota.
O partido Direito e Justiça foi apoiado por di versos meios católicos, especialmente pelo maior semanári o católico, Niedziela (O Domingo), e a Rádio Maria, dos padres Redentori stas. Tais órgãos destacam-se por uma decidida oposição aos comuni stas e liberais, bem como à U ni ão Europé ia - que, para muitos poloneses, afigura-se como uma variante enganado ra da fa lida UR SS. Ambos partidos passaram para o segundo turno. Lech Kaczynski , candidato de Direito e Justiça, quando prefeito de Varsóv ia destaco u-se pela proibição de uma passeata ho mossex ua l na capital. Mas as sondagens davam LO% de intenção de voto a ele e 24% para T usk, candi dato da Plataf orma Cívica, que obti vera ma io ri a relativa de votos no pri me iro turno. Na iminência do segu ndo, os mesmos institutos de sondagens in sistiam e m afirmar que tal vantagem tinha permanecido qu ase inalterada. Poré m os eleitores não se deixaram influenciar pelo jogo das sondagens, e Kaczynski obteve decisiva vitóri a sobre Tusk: 54,04% contra 45 ,96%.
Rejeição à União Européia
Sa<lia polal'ização
Convém acentuar que, nessa vitória para a assembléia e o senado, quase toda a núdia, tanto a estataJ quanto a privada, decididamente apoiou o outro candidato a presidente, DonaJd Tusk, do partido Plataf orma Cívica, liberal em matéria econômica.
O que aconteceu na Polôni a insere-se no marco mais vasto da polarização que se manifes ta no mundo inteiro. Por exempl o, apresenta analogias com a recusa da opini ão pública brasil eira ao desarmamento proposto pelo governo. Tal polariza-
LI LEONARDO PRZYBYSZ E SLAWOMIR SKIBA
Cracóvia - O partido de centro-direita Direito e Justiça obte-
CATOLICISMO
ção fa vo rece um despertar das consciênc ias e a reflexão sobre tra nsferidas durante a ditadura soviética ele suas regiões ori gio estado em que se encontra nossa civili zação. nári as, te ndo, e m virtude di sso, sofrido forte erosão qu anto às Contrari amente ao pressuposto marxista de que "o ser desuas tradições e seus valores morai s. termina o conhecimento" , nestas eleições verifi cou-se mais Verificou-se, desse modo, o que mais temia o mundo políuma vez que o problema principal não é a econo mi a. ti co de esquerd a e a mídia: forte e sadia polarização em torno Isso fi co u pate nte so bretudo no segundo turno da ele idos valo res e tradições cri stãs, além do desejo de justi ça na ção , qu ando a esquerda ma nifestou -se quase maciça mente ação govern ativa , de eliminação da corrupção, ele luta contra pelo ca ndid ato liberal. Poré m, Tu sk recebeu apoi o de Jerzy a crimina lidade, de defesa cios nasc ituros e dos dire itos da faUrban, anti go diretor de imprensa dos governos comuni stas mília, baseada na uni ão entre homem e mulher. e aberto inimi go da Igrej a; de M arek Bo rowski, chefe da nova A tirania <la União Européia soc ia l-democracia; de Lech Wa lesa e Al eksande r Kwas niewski (pósLogo após os res ultados finai s co muni sta, e até há pouco pres idendo pl e ito, os diri gentes da Uni ão te do país). Esses apoios constituíEuropéia ameaçaram as autoridades ram uma das causas de sua derroeleitas da Polô nia, ainda não e mposta. Cerca de 8% dos que votaram sadas, com sanções, caso introduzise m Tu sk no prime iro turn o votasem a pena ele morte ou "discrimiram e m Kaczynski no segundo. A nassem as minorias sexuais ". des peito de todas as pressões e so nEm face da manifes tação conserdage ns di sto rcidas, os po lo neses fivadora do povo pol onês, a mídia e zeram uma esco lh a de fundo ideomuitos políti cos europeus reagiram lógico e moral. como que atingidos por um a cri se Pouco ou nada ajudo u a grande de alergia. "A Comissão Européia propagand a da mídi a em fa vor de ad verte a Polônia de que o país Lech Kaczynski, novo presidente da Polônia Donald Tu sk, apresentando-o como pode perder o direito de voto na um " verdade iro europeu, represenUnião Européia se o novo presidentante das pessoas li vres" e " ho mem abe rto, que não iria cri ar te se opuser aos direitos dos homossexuais e tentar restaurar di visões ne m organizar a caça às bruxas". O veredicto popua pen.a de morte", ameaçou o di ári o inglês "The Guardian " . lar signi fico u mais uma derrota da mídia soc iali sta- liberal, que Valery G iscard d'Esta ing, ex- pres ide nte ela França e resatribui a si o direito de modelar a rea lidade sóc io-política poponsáve l pe la redação da repudi ada Co nstitui ção Europé ia, lo nesa. numa entrevista ao diário polonês "Rzeczpospolita " (República), afirm ou: "A Polônia pode f icar isolada na Europa. O Desconcel'to <la mí<lia novo governo precisa tom.ar cuidado. Vi vem.os na ComunidaNão é ele espantar a frustração ela mída ante o resultado do de Européia. A Polônia pode às vezes não concordar com. alple ito. As emi ssoras ele TV, que costumam con sagrar muitos guns países. Mas não pode atacá- los frontalmente, porque comentári os aos resultados, fi caram sem ter o que di zer. De então o sistema da união pára de funcionar". modo inesperadamente rápido, encerrara m suas reportagens, Corne lius Ochman, perito ela Fundação Bertelsman, refeanunc iando para os dias seguin tes comentários " mais aprorindo-se ao partido ve ncedor, disse ao j ornal "Rzeczpospolifundados", que depois não foram divu lgados ... ta ": "Parece que esse agrupamento político está pronto para O establishment midi ático procurou ridic ul arizar o eleitose apoiar nos populistas e nas fo rças nacionalistas. Se tal cerado de Kaczynski. Disse que ele fora apoiado pelos aldeões, nário se conjtnnar, não se pode excluir a hipótese de que a pobres, idosos e pessoas sem fo rmação, enq uanto que Tusk União Européia seja propensa a com.parar a situação da Porecebeu o voto dos jovens, das pessoas enérgicas, livres e halônia à da Áustria de alguns anos atrás. Lembremos as sanbitantes elas grandes c idades. Atitude essa contrá ri a à "humilções da V.E. à Áustria, após a posse da coalizão governade preocupação pelo povo", que esses mesmos comentaristas mental. Podemos recear que sanções semelhantes possam ser afirm avam ter em relação a milhões de polo neses que não penaplicadas à Polônia ". sam co mo e les, ou seja, que não são esque rdi stas . O di ário francês "Le Mo nde", e m 25 de outubro, descreNenhum dos candidatos era idea l. A escolha de Lech Kaveu o partido Direito e Justiça e seus líderes como encarnação czy nski entreta nto foi a manifestação do desej o popul ar de ter do "populismo direitista" . E Lech Kaczyn ski , novo presidenpontos de referênc ia e valores morais. Também o mapa e leitote, como pessoa que "compartilha as idéias h.om.ófobas e conral mostra claramente isto. Assim como nos Estados Unidos, a servadoras da Liga das Famíli as Católicas sobre a fa mília". Polônia dividiu-se em dois pólos. Lech Kaczy nski venceu nas Os eleitores de Kaczynski espera m que o novo presidente regiões onde o amor às trad ições e à Fé católica é mais fo1te não se de ixe intimidar por pressões e ameaças, e cumpra suas no leste e no sul. Ao contrário, Tusk venceu nas regiões menos pro messas enunc iadas no início desse artigo. • re li giosas do oeste. Ta i, reg iões, sobretudo as chamadas terE-mail para os autores : catolic ismo@catolicismo,com.br ras recuperadas (da Ale manha), ão habitadas por pessoas D EZEMBRO 2005 -
-
A mais famosa de todas as salsichas comemora neste ano seu bicentenário, fato que está sendo lembrado em muitos países, e festejado sobretudo na Áustria e na Alemanha
CARLOS EDUARDO SCHAFFER Correspondente - Áustria
Viena - Praticamente não há no mundo quem nunca tenha comido um saboroso cachorro-quente. Se o pãozinho e a salsicha são de boa qualidade, o cachorro-quente aco mpanhado de urna boa bebida - no mundo germânico, a cerveja é a preferida - é bem aceito em qualquer idade e dá "água na boca" a muita gente. Lembro-me especialmente, e com muita saudade, de dois cachorros-quentes que na minh a juventude eram célebres . Um em minha cid ade n ata l, C uritiba, num pequeno bar da rua XV de Novembro que tinha exatamente o nome de cachorro-quente. Lá se podia saborear a famosa salsicha com pão, ou acompanhada de urna memorável salada de batatas e de um excelente chope. O utro em Porto Alegre, o Cachorro-
CATOLICISMO
quente do Bambi, era vendido em um desses carrinhos de ru a que ficava estacionado sempre no mesmo lugar, na praça Dom Sebastião, ao lado da avenida Independência, não longe do centro da cidade. Na hora do almoço a fila para comprar o apetitoso sanduíche era sempre bem grande .
Um "g,·andc ÍllVCJ1tol'": Gcorg Lalmer A salsicha que compõe o cachorro-quente, em muitos lugares conh ecid a corno Wienerwurst, e em outros como Frankfurterwurst, foi criada na cidade de Viena em 1805 por Johann Georg Lahner (1772-1845), um aço ugueiro e fabrica nte de salsichas nascido em Gasseldorf, numa região do notte da Baviera denominada Francônia, e que aprendeu em Frankfurt seu ofício. Ainda jovem, como grumete em um navio, desceu o Danúbio e foi se estabelecer em Viena. Depois de trabalhar como apre ndiz junto a algun s mestres, com a aj uda de um a dama da nobreza - cuj o nome a história infelizmente não guardo u, e que lhe doou 300 guldens - abri u seu próprio comérc io no número 272 da rua Am Schottenfeld, hoje 11 2 da Neustiftgasse, bem na esquina da Kaiserstrasse. O comércio subsistiu até 1967 em mãos de seus descendentes. Hoje ainda se pode ver no local a placa comemorativ a de tão pitoresco acontecimento (foto à esq.).
Conta- se que o Imperador da Áustria Francisco li (17 68- 1845), acima, consumia diariamente no seu segundo desje, jum algumas das já famosas salsichas. Franz Schubert (embaixo) e muitos outros personagens famosos figuram entre seus grandes apreciadores.
No aço ugue de Johann Lahner, a salsicha era composta de uma cuid adosa mi stura de carnes bovina e suína finame nte trituradas sobre uma placa de mármore, temperada, embutida em tripa de carne iro e, por fim, levemente defumada. Não creio que hoje em dia a receita sej a seguida à risca por todos os fabricantes, mas ainda se pode encontrar esse tipo de salsicha de muito boa qualidade em quase todo o mundo. Em pouco tempo ela ganhou a preferê ncia até da a lta sociedade de Viena. Conta-se que o Imperador Franc isco II (1768-1845) consumia diariamente no seu segundo desjejum alg umas das já famosas salsichas. Franz Schubert, Johann Strauss, Franz Grillparzer e muitos outros personagens famosos figuram entre seus grandes apreciadores. Parece que foi em urna exposição internacional nos Estados Unidos que surgiu a idéia de colocar a saborosa salsicha quente dentro do pão, uma espécie de pequena baguette. Alg um americano deve ter percebido que este sandwich poderia re nder bom dinheiro e deu -lhe o nome de hot-dog, com que foi e espalhand o pe lo mundo inte iro. • E-mail d autor:
cschaffer @catolicismocorn.br
DEZEMBRO 2005 -
"Depressa, desvestindo sua própria batina, o Fundador da Companhia de Jesus tirou uma veste de .flanela que estava usando, efê-la vestir em Xavier. Era como se, com essa parte de sua vestimenta, desse uma parte de si mesmo ao filho que partia".' "Ide: acendei e inflamai todo o mundo", foram as últimas palavras do antigo capitão de Pamplona ao ex-mestre do Colégio ele Beauvais. Essas palavras tornaram-se proféticas, po is o que esse hidalgo espanhol fez o resto de sua vida não foi senão inflamar tudo com o ardente fogo de seu amor ele Deus.
Reformando a "Goa dourada, a Roma do Oriente"
São Francisco Xavier, Apóstolo do Oriente e taumaturgo .Abrasado pelo amor a Deus, Francisco Xavier inflamou os lugares por ele evangelizados, com o fogo do amor divino e o brilho de seus milagres , 1 PLI NIO M ARIA SO LI MEO
P
ara ~ant? I~1ácio de Loyola não havta duvid a. O Papa , para atender ao Rei João III de Portugal, estava pedindo- Lhe membros de sua recé m-fu ndad a Companh ia para evangelizar os domínios portugueses de ultramar. Como Francisco Xav ier era o único de seus di scípulos disponível no mome nto para acompanhar Simão Rodríguez, teria que ir. No entanto, dos seus primeiros filhos espirituais, Xavier era o predileto, aq uele que planejara ter consigo como conselheiro e provável sucessor. Mas Inácio de Braço de prata com rel íquia do Santo
-
CATOLICISMO
Loyola hav ia escolhido como lema de sua milícia Ad Majorem Dei Gloriam (Tudo para a maior glória de Deus). Se bem que tivesse sentimentos muito profundos , não era um se ntimental. Chamou logo Francisco. Sempre pronto a obedecer, o futuro Apóstolo das Índias exclamou: "Pues! Heme aqui!" (Estou pronto! Vamos!). No dia 16 de março de 1540, provido dos títulos de Núncio Papal e Embaixador de Portugal para os países do Oriente, Francisco Xavier foi despedirse de seu pai espiritual. Santo Inácio, pondo-lhe as mãos sobre os ombros, percebeu que a batina era muito rala. "Como, meu caro Francisco! Ides cruzar as neves dos Alpes com roupa tão leve?" O discípulo sorriu timidamente.
F rancisco Xavier tinha 35 anos quando cruzou o oceano para chegar a Goa em 6 de maio de L542. Essa cidade, capital das possessões portuguesas no Oriente, atraíra toda , orte ele so ldados de fort una e aventureiros, os qu ais, longe de s ua pátria, família, parentes econhecidos, tinham caído numa ~ vida licenciosa que escanda- ~ lizava não só seus correligio- j. nários, mas até os pagãos. ~ Dom João de Castro, um ~' dos maiores vice-reis das Índi- =ª as, descreve assim a ·situação ! de Goa à sua chegada:• "As co- ..,i biças e os vícios têm cobrado ~ tamanha posse e autoridade, -~ que nenhuma cousa já se pode -~ ·E fa zer por feia e torpe, que dos ~ homens seja estranha ''.2 ~ Impe lido "pela necessi- i dade de perder a vida temporal para socorrer a espiritual de seu próximo ",3 São Francisco Xavier atirou-se ao trabalho , começando pelas crianças e doentes. Aos poucos sua fa ma no confe si nário e no púlp ito ati ngi u outras ár as, e gente de todas categorias passou a procurá-lo para purificar ua alma. "Aqui em Goa eu moro no hospital, onde confesso e dou a comunhão para os enfermos. Mes-
mo assim, é tão grande o número dos que vêm pedir-me para ouvir confissões que, se eu estivesse em de z lugares ao mesmo tempo, não teria falta de penitentes" ,4 escreveu ele a Santo Inác io apenas um mês depoi s de sua chegada. Goa, a "dourada" ou a "Roma do Oriente", era uma cidade cosmopolita e tinh a atraído gente ele todas as partes do mundo. São Francisco Xavier viu a necessidade de criar uma escola de nível médio para aj udar a evangelização. Menos de um ano depois ele sua chegada, tinha já fundado o Colégio da Santa Fé. Sua finalidade, como ele explica, era "para que os nativos destas terras e os de diferentes nações e raças possam ser instruídos na fé. E para que, quando tiverem sido bem instruídos, sejam enviados às suas pátri-
A história do Cristianismo no Japão inicia-se com a chegada de S. Francisco Xavíer e seus companheiros. Depois vieram as perseguições e os martírios.
as, de modo que ganhe~ fruto com o ensinamento que receberam". 5
Os "flllws de São Francisco Xavier" Sua presença era requi sitada també m em outras partes: "Num reino
longe daqui (Travancore, sudoeste da Índia), Deus moveu muitas pessoas a se fa zerem cristãs. De tal modo que, num só mês, batizei mais de dez mil, homens, mulheres e crianças " .6 Nessa nova á rea ele foi receb ido pelo marajá "com honras, e tratado com gentileza "; o rei deu a ele "permissão para pregar o Evangelho em todo seu reino, e para batizar aqueles de seus súditos que quisessem. tornar-se cristãos ". 7 Como escreveu para os membros da Companhia, em Goa "eu tenho estado ocupado batizando todos os infantes. [... ] Os mais velhos deles não me dão paz, pedindo-me sempre para ensinar-lhes novas orações. Eles não me dão tempo para reza r meu breviário nem para comer". 8 São Francisco Xav ier desceu até o extremo sul da Índi a para evangeli zar os Paravas, quase todos pescadores de pérolas. "Padre Francisco fala desses Paravas como de uma nobre raça, inteligente, trabalhadora e perseverante, a única tribo na Índia que se tornou inteiram.ente católica. [... ] Eles se orgulham. de chamar-se a si próprios 'os filhos de São Francisco Xavier'", escreve um Prelado no início do século passado. 9 Foi nessa Costa da Pescaria que o " Padre F rancisco" realizou muitos dos seus mais espetaculares milagres. Foram tantos e tão notáve is, que fica difícil a escolha. Uma vez os ferozes Badagas cruzaram as montanhas, devastando o Travancore. O marajá, mal preparado para fazer face a esse perigo, ape lou a São Francisco Xavier. O apóstolo juntou-se ao improvi sado exérc ito, colocando-se na primeira fila. T ão logo sua voz pôde ser ouvida do outro lado, "o Padre Francisco, segurando seu Crucifixo, caminhou para o inimigo [... ] e gritou em alta voz: 'Em nome de Deus, o terrí-
DEZEMBRO 2005 -
-
Qual era o segredo da eficácia apostólica de São Francisco Xavier? Era uma heróica observância do maior mandamento de Cristo: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo teu entendimento " (Mt 22, 37). "Tenho tão grande corifiança em Deus, cujo amor somente me move, que, sem hesitar, com o único bafejo do Espírito Santo, afrontei todas as tempestades do oceano na mais débil barca". 12
vel, eu vos ordeno que pareis'". 10 Os bàdagas das filas dianteiras, aterrorizados, pararam e começaram a recuar. A debandada foi total.
O segundo apóstolo da ÍJJdia recorre ao primeil'o
Para saber se deveria avançar mais para o Oriente em sua evange"Eu te orde110, leva11ta-te lização, Francisco resolve fazer um dos mortos!" recolhimento junto ao túmulo de São Tomé, em Meliapor. A cidade de Quilon, entretanto, O segundo apóstolo da Índia, em não se impressionava com esses micontato com o primeiro, recebeu lagres, e as palavras de fogo do apósmuitas graças: "Aqui Deus lembroutolo não penetravam nos corações se de mim segundo sua costumeira endurecidos de seus habitantes. Um misericórdia; Ele tem consolado india, quando estava rodeado por uma finitamente minha alma, e me f ez multidão a que não era capaz de tosaber que é sua vontade que eu vá car, o Santo ajoelhou-se e pediu ferpara Málaca, e de lá às outras ilhas vorosan1ente a Deus que mudasse o da região ". 13 coração e a vontade daquele povo O resto da história é muito coobstinado. Depois de um instante, dinhecido. Com o mesmo zelo, São rigiu-se ao local onde um jovem haFrancisco evangelizou não somente via sido enterrado na véspera. Pediu Málaca e as Molucas, mas também que o desenterrassem. "Verifiquem muitas outras ilhas vizinhas, e chetodos se ele está mesmo morto ", disgou até o Japão, do qual foi o prise à multidão. Alguns, ao abrirem o meiro e mais importante apóstolo. caixão, recuaram exclamando: "ele Ele morreu só e desconhecido nas não só está morto, mas cheirando costas da China, com os olhos posmal". Xavier então ajoelhou-se e, tos em suas misteriosas terras, cuja com potente voz para que todos ouantiga e rica civilização queria convissem, disse: "Em nome de Deus e quistar para Cristo. em testemunho da fé que eu prego, No processo de canonização do eu te ordeno: levanta-te dos mortos". Um tremor sacudiu o cadáver e a vida • grande Apóstolo do Oriente, a Santa Sé "reconheceu vinte e quatro resretornou plenamente a ele. O númesurreições juridicamente provadas e ro das conversões foi grande, e a oitenta e oito milagres admiráveis fama do milagre acompanhou Fran11 operados em vida pelo ilustre Sancisco Xavier através das Índias. 14 Na bula de canonização são to". Para formar um clero nativo camencionados muitos milagres ocorpaz de trabalhar entre seus irmãos, ele em vida e depois da morte de ridos fundou mais quatro seminários: CranSão Francisco Xavier. Um deles foi ganor, Baçaim, Coghim e Quilon.
CATOLICISMO
que as lamparinas colocadas diante da imagem do Santo, em Colate, ardiam muitas vezes tanto com óleo como com água benta. O último milagre relacionado a ele foi seu corpo incorrupto por séculos, cujos restos, mumificados e danificados por homens e elementos, podem ainda ser vistos em Goa, coroando um dos mais notáveis exemplos do Evangelho posto em prática. •
Mensagem ocultista anticatólica em O Código Da Vinci M isturando conceitos gnósticos co~ grosseiras invenções às quais atribui veracidade histórica, num enredo de pura imaginação, o livro O Código Da Vinci inocula no espírito do leitor desprevenido as dúvidas ocultistas contra a fé católica.
-
E-mail do autor: pmsolimeo@carolicismo.com.br
Notas: 1. Mary Purcel l. Don Francisco - lhe sto,y of St. Francis Xavie1; The Newman Press. Westmin ster, Maryland, 1954, p. 108. 2. Cônego Arsênio Tomaz Dias, da Sé Patria rcal de Goa, Memó ria Histó ricoEclesiástica da Arquidiocese de Goa. Tip. A Vo z de S. Francisco Xavier, Nova Goa, Índia, 1933. p. 344. 3. G . Schurhammer - 1. Wi c ki , S.l.. Epistola.e S. Francisco Xaverii , Romac , J 944, - Epist. 55, t. 1., p. 325), citada pelo Papa Pio XII em sua mensagem aos católicos ela Índi a, in "Boletim cio Insti tuto Vasco ela Gama", Bastara , Goa, Índia, Dez. 1952. p. VIIJ. 4. Mary Purcell , op. c it. , p. 147. 5. P. Rayanna, S.J. , SI. Fran cis Xavier and hi.1· shrine, 2nd ecl., Bom Jesus, Old Goa, Índia, 1.982, p. 72. 6. ln Dr. E. P. Antony - 11ie History of Latin Catholics in Kerala , l.S. Press, Ernakul an, Índia, 1992, p. 44. 7. D. Ladislau Mi g ue l Zaleski, Saint François Xavier, Missiona.ire et son Apostolar en lnde, Ensielcleln , Germany. 19 10. p.102. 8. Mary Purcell, op. cit. , p. 165 . 9. D. Ladislau Zaleski. op. c it. , p. 204. 1O. D. Ladis lau Zaleski. op. cit., pp. l 151 16. Ver também "Memória ... ", p. 344, Antony, pp. 45 -46, P. Thoma s, Christian s And Christianity ln lndia And Pakistan, Lonclon, George Allen & Unwin Ltd., 1954. p. 56 e J.M.S. Daurignac, São Francisco Xavier, Li vraria Apostolado da Imprensa, Porto, 5" ecl. , pp. 183- 184. 1 1. Cfr. D. Ladislau Zaleski . op. cit., pp. 114- l 15 . 12. Ca rta ele 8 de mai o de l 845 para os membros ela Companhia, em Goa. ln J.M .S. Daurignac. op. cit., p. 2 15. 13. Mary Purcell . op. ci t. . p. 182. 14. J.M.S. Dauri gnac, op. cit. , p. 482.
1;1
Luiz SÉRGIO
SouMEO
A
Comissão de Publicações da TFP americana acaba de lançar o livro Rejeitando o Código Da Vinci, que qualifica a obra de Dan Brown como uma novela brutalmente agressiva a Nosso Senhor e à Igreja Católica. O livro da TFP forma uma trilogia com dois outros anteriormente publicados: Eu já enfrentei outras tempestades (uma resposta aos escândalos e aos reformistas que querem democratizar a Igreja) ; Em defesa de uma lei suprema (por que é nosso dever resistir ao "casamento" homossexual e ao movimento homossexual). 1
O segredo assim mencionado, que serviu de base para a novela de Dan Brown, é a alegação de que "quase tudo o que nossos pais nos ensinaram sobre Jesus Cristo é mentira".2 A pretensão de O Código Da Vinci é mostrar-nos o que seria o "verdadeiro evangelho" e provar que Nosso Senhor Jesus Cristo não é Deus. Trata-se, portanto, de um livro de "apo logética" religiosa, sob os disfarces de uma obra de pura ficção. Uma "apologética" em defesa do ocultismo pagão - a gnose (ver quadro na próxima página). A pretensão absurdo de O Código Do Vinci é apresentar o que serio o "verdadeiro evange lho" e provar que Nosso Senhor Jesus Cristo não é Deus
Um livro ocultista sob a l'orma de romance policial Da mesma forma que ocorreu com a fantasmagoria ocultista do bruxinho Harry Potter, a novela O Código Da Vinci tornou-se um bestseller, e logo se transformará também numa superprodução hollywoodiana. Alguns podem encará-lo como uma novela frívola para ser lida em salas de espera ou durante uma viagem, mas ele é muito mais do que isso. Um trailer de propaganda do filme ilustra muito bem o clima psicológ ico que a novela cria. Com um fundo musical New Age, uma voz carregada de mi stério fala de "uma mensagem que foi ocultada durante séculos, [... ] um segredo que pode mudar a trajetória da humanidade para sempre". E conclui: "Não importa o que você tenha lido, não importa o que você acredita, a caminhada já começou".
DEZEMBRO 2005 -
A confusa teoria da gnose
Muitas pessoas que não se di spõem a ler um livro de fo rm ação re lig iosa, freqüenteme nte são atraídas pe la le itura de um romance em que, em meio ao suspense, aventura e mi stéri o, o noveli sta desenvolve os princípios de uma religião . E nvolvidos pela excitação da trama, tais leitores facilmente ass imilam pelo menos parte da mensagem reli g iosa nele co ntida. Ao longo das suas páginas excitantes, de suspense e ação, O Código Da Vinci alega que o Novo Testamento é um in strumento da Igrej a pa ra engana r o povo a respe ito de Cri sto. Para o seu relato da vida de Cri sto, cita os gnósticos "O E vangelho de Felipe" e "O E vangelho de M aria M adale na", a legando que se trata dos "mais antigos registros cristãos" e dos verdadeiros "evangelhos ori-
ginais e inalterados". 3
Docume11tos gnósticos sem base histórica N a introdução , Brown in fo rma ao le itor sobre a exi stência do "Priorado de Si ão", que teria sido fund ado em 1099 por Godo fredo de Bouillon. Esta info rmação, e le a equilibra sobre um hipotético documento que teri a sido descoberto em Paris e m 1975, na B ibliotheque
-
CATOLICISMO
Nationale, e denomina-o "les dossiers secrets". E ncerra a introdução defendendo a exatidão de suas descrições. Com isso ele cria na mente do leitor uma sensação de credibilid ade, pre parando-o para aceitar a mensagem gnóstica oculta e m seu e nredo novelesco. No centro da sua tram a abs urd a e blasfemató ri a de Nosso Senhor Jes us Cri sto, o autor coloca um suposto casamento com Santa M ari a M ada lena, cujo filh o teri a sido o início de uma linhage m divina. Para impressionar leito re. crédulos, um dos personagens, S ir Teab ing, afirm a que essa descendência de Jesus Cri sto e M aria Madalena é atestada por numerosos hi stori adores .4 N a verdade, trata-se de escri to res clara mente oculti stas, que usam "o espectro de disciplinas
conhecidas coletivamente como 'esotéricas': astrolog ia, alquimia, cabala, tarô, numerolog ia e geometria sagrada". 5 Uma das autoras consul tadas por Da n Brow n, Deike Begg, é as tróloga consultora da London Faculty o_f"Astro-·
log ical Studies. Esses " hi stori adores" ocultistas não faze m distinção e ntre realidade e imaginação. M argaret Starbird , princ ipal fo nte de Dan B rown para sustentar o suposto casamento de Nosso Senhor com Ma-
Sinteti zando muito, e tomando só o que é característico desse sistema relig io o de cunho oculti sta e inici ático, a gnose (conhecimento ou sabedori a, em grego) atribui a criação do homem e do universo a um "deus" mau, o qual teria apri sionado algumas partículas divinas na matéria. Para os gnósticos, esse "deus" mau, a quem chamam de demiurgo, seria o Deus da Bíblia, ao qual nós cristãos adoramos e ao qual prestamos culto. T ambé m, para eles, não existe a queda dos anj os maus ou o pecado original, ou mesmo o pecado pessoal: a existênc ia do mal é atribuída à existência d a matéria, e, no caso do homem , ao corpo humano. Ao co ntrário de concebe r o home m co mo um composto de corpo e alma substancialmente unidos, eles o vêem como tun espfrito aprisionado no corpo, e por isso desprezam o corpo e tudo aquilo que leva à reprodução humana, como o reto uso do matrimônio. Não admi tindo a noção de pecado no sentido cristão da palavra, eles não têm o conceito de Redenção, e não aceitam po1tanto a divindade de Nosso Senhor Jes us Cristo. Para eles a salvação estaria numa " iluminação" da inteligência, pe la qual o ho mem entraria em contacto direto com a divindade aprisionada dentro de si mesmo, e por meio de práticas mágicas se libertaria desse corpo materi al. E m geral os gnóstico são ree ncarnacion istas, julgando q ue são necessári as vári as reencarnações para libertar a partícul a d ivina de sua união com a matéri a corpórea. Como todo absurdo, as explicações da gnose são as mais contraditórias entre si e as mais confusa que se possa imaginar.
Dan Brown chega ao cúmulo de afirmar que no célebre quadro Mona Lisa, Leonardo da Vinci ter- se- ia pintado a si mesmo em trajes femininos
ria M adalena, afi rm a co m desenvo ltura:
"Minha narrativa de Ma ria Madalena e da pequena Sarah (a s uposta filh a de Nosso Senho r) [... l é jicção. 6 [ ••• ] É claro que eu não posso provar [... ] que Jesus se casou ou que Maria Mada lena fo i a mãe da suajilha". 7
Vilões católicos e heróis ocultistas Quando se lê com atenção O Código Da Vinci, procura ndo manter o fio lógico do acontecimentos e sem se deixar levar pe los truques literári o. q ue compli cam os fatos para provocar su pense, o que se encontra é uma hi stó ri a ridícula e uma tra ma absu rda. Façamos aq ui o seu res umo. Um Papa ini migo ela organização católica Opus Dei 8 decide acabar com e la. Seu Bispo Prelado recebe um misterioso telefonema ele um desconhecido, que lhe propõe um pacto: ele lhe porá nas mãos o Santo Graal, ca o o Opus Dei lhe fo rneça um de seus membros para obedecer-lhe cegamente. O Prelado (a contrário de tudo o que é crível) seria tão ingênuo e amoral, a ponto de confiar num desconhecido e aceitar sua proposta abs urda. E ntão o desco nhecido, que (depoi s fi ca-se sabendo) é um cu lti ta gnóstico, inimi go da Igreja, fa z o suposto membro cio supos to Opus Dei matar várias pessoas. U ma de la é, pretensamente, o
encarregado cio Mu seu do Louvre, e m Paris, o qual seria o grão- mestre de uma sociedade secreta ocul tista, o Priorado de Sião, que teria sido fund ada por Godofredo de Bouillon, um cios líderes da P rimeira C ru zada, e teria como seu " braço armado" os Cava le iros Templ ári os. Estes seri am ocul tistas e adorariam Santa Maria Madalena como uma cleusa. 9
Leonardo da Vinc i teri a sido um dos grão-mestres do Pri orado de Si ão, e suas pinturas estariam che ias de oculti smo . Por exempl o, no quadro da Santa Ce ia e le teria pintado Santa Maria Madal ena em vez ele São João E vangeli sta, contrari ando a concepção corrente da cena. Isso provari a o casamento de Nosso Senhor com a Santa. 10 No célebre quadro "Mona Lisa", Leonardo te ria se pintado a s i mesmo em traj es fe mininos. 11 A neta cio oculti sta curador do Louvre e um professor americano de "s imbol og ia re li giosa" são envolvidos no assassin ato cometido pe lo " mon ge" do Opus Dei, e passa m a ser perseguidos por um po lic ial cató li co , o qual quer inocentar a orga ni zação católi ca. Começa então um a correri a através ele Pari s e da F rança, e depois na Inglaterra e Escócia, com o casal fu g indo , pe rseguido pe lo " monge", e ao mesmo te mpo procurando o Santo Graal. Contrari am ente à lenda medi eval, o G raal não seria o cálice no qual Nosso Senhor consagrou na Quinta-feira Santa, e no qual José de Arimatéia teria recolhido o sangue que Jesus verteu na cruz, mas o corpo de Santa Maria Madalena. Isto porque esta seri a uma deusa e teria se casado com Jesus, e daí teria surgido uma linhagem divina que existiria até hoje. E m meio a correrias desabaiadas, a neta do dirigente cio Museu do Louvre e o professor americano vão discutindo todas as teses gnósticas e faze ndo críticas à Igreja. Junta-se a eles o ocultista que está por trás de toda a trama, o qual passa a explicar que a verdadeira religião é a gnose, e que a Igreja Católica é uma impostu ra. De acordo com esta versão, Nosso Senhor não seria Deus nem o fundador da Igreja, mas esta teria sido fu ndada pe lo Imperador Constantino. Do mesmo modo a Bíblia teria sido obra desse imperador, como também o "mito" da divindade de Nosso Senhor Jesus Cri sto. Além disso, de acordo com o plano primi ti vo, o chefe da Igreja não seri a São Pedro, mas Santa M ari a M adale na (o que estari a provado pelos "evangelhos gnósticos"). No fi m do romance o casal consegue se li vra r das garras de seus perseguidores e o professor americano descobre o " verdade iro Santo G raal," que seri a a tumba de Santa M ari a M adalena em pieD EZEMBRO 2005 -
-
no centro de Paris: num gesto idolátrico, ajoelha-se e adora seus re tos .
Uma rejeição total de O Código Da Vinci O Código Da Vinci não é uma novela histórica. É um trabalho fantasioso, uma narrativa envolvente para disseminar crenças gnósticas sobre a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e a Igreja. Um leitor pouco atento, hipnotizado pela narrativa, pode não discernir essa propaganda gnóstica. Mas, talvez sem perceber, poderá ser picado pela dúvida: será que Brown está certo? Será que a Igreja ocultou a verdadeira história de Cristo durante 2.000 anos? Mesmo se O Código Da Vinci se ap rese ntasse como um mero trabalho de ficção, que não alegasse basear-se em fatos e documentos dignos de crédito, seu ataque bl asfemo à Fé católi ca mereceria nossa rejeição in dignada. Essas investidas e insinuações nos incentivam à reparação e ação. Nós adoramos Cr isto como Homem-De us e cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica, que é o Corpo Místico de Cristo. Por isso rejeitamos as bl asfêmi as de Dan ~ Brow n co ntra nosso adoráve l Salvador e as suas afirmações historicamente falsas e fantasiosas de que Constantino fundou a Igreja e impôs a crença na div indade de Cristo. Ao vermos nossa Fé atacada e nosso Deus ofendido desse modo, nós também nos consideramos ofendidos e temos o dever de protestar. Nosso pacífico protesto adquire especial urgência pelo fato de O Código Da Vinci não ser urna obscura obra de ficção, e sim um livro de sucesso, extremamente favorecido pela propaganda, com mais de 35 milhões de exemplares em todo o mundo. Investindo seus melhores recursos numa versão cinematográfica que disseminará amplamente essa mensagem ao redor do mundo, Hollywood se empenha igualmente numa inimaginável promoção das falsidades contidas no li vro. O objetivo da TFP americana, ao publicar o li vro, foi fo1talecer os leitores diCATOLICISMO
ante das dúvidas insidiosas contra a Fé, difundidas sub-repticiamente em tão grande escala. Muitos católicos não dispõem dos argumentos necessários para refutar tais acusações absurdas, e o texto da TFP americana procura colocá-los ao seu alcance. Pretende também ser uma defesa pública contra uma ofensa pública, reafmnan-
O Código Da Vinci não é uma novelo histórico. É uma obro fantasioso, poro disseminar crenças gnósticos sobre o vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e o Igreja
do o que a Igreja sempre ensinou ao longo de dois mil anos - uma posição firme apoiada na Rocha de Pedro. A Igreja Católica, ao contrário dos seus inimigos, não tem nenhum segredo ou código oculto, e nunca temeu proclamar a verdade na sua integridade. É pretensiosa e vã a ostentação dos promotores do filme, na sua tentativa de "abalar os fundamentos da Cristandade" ou "mudar a trajetória da humanidade para sempre". Neste nosso mundo inseguro, em que nos ameaçam o terrorismo, drogas, doenças, assaltos, temos o direito e o dever de prevenir-nos contra os perigos morais e espirituais representados por tal ataque,
que busca ati ngir-nos no fundo de nossas almas com a ameaça de destruir nossa fé, convicções e princípios. Nossa melhor defesa consiste em opor-nos com decisão e co nvicção a essa enorme onda de blasfêmias. •
Protestante apedreja imagem da Virgem de Nazaré
E- ma il para o autor: catoli cismo @cato lici smo.com .br
Notas: 1. Os li vros podem ser obtidos através do s ite www .tfp. o r g. (http :// www.tfp.org/0 n I i n e% 20S t o r e/ store.htm). 2. Da n Brown, O Código Da Vin ci, Sextante, 2004, p. 223 . 3. Op. cit. , pp. 233 e 235. 4. Op. cit., pp. 24 1-242. 5. Mi c hae l Ba ige nt, Ric ha rd Leig h anel He nry Lin co ln , Holy 8/ood, Holy Gra il (New York: De li Publi shin g, 1983), p. 19. 6. Margaret Starbircl , Ma ,y Magdalene: Th.e Beloved, www .magda le ne.o rg/ beloved essay .php 7. Margaret Starbird , The Woman With The Alabaster l ar: Mary Ma gdalen and the Holy Grail (Rochester,Yt.: Bear & Co., 1993). 8. Co mo se sabe, o Opus Dei é um a pre lazia pessoa l pl enamente aprovada pela Igrej a, nada tendo em comum com as fa ntasias inventadas por Dan Brown. Como vários autores assinalaram, voltamse hoje contrn o Opus Dei as mesmas acusações que o anticlerica li smo do sécul o X IX usava contra os jesuítas. 9. Essa é mais uma das inverdades que O Código Da Vinci toma do s a uto res ocul tistas. Para uma correta inteqiretação da históri a dos Templ ári os, ver Charles Moeller, The Knights Templars, http://www.newaclvent. org/ cathen/ l 4493a.htm 1O. Todos os críticos de arte negam tal sa ndi ce. Por exemplo: Bruce Boucher, curador de artes decora tiv as e esc ul turas e uropéias do Art lnstitute of Chicago, no artigo Does The Da Vin ci Code Crask Leonardo? (The New York T imes, 3-8-03); Av iacl Kle inbcrg, professor ele Hi stória na Te/ Aviv University (Jerusa lé m), The femin.is t 1nystique, Haaretz, 7- 11 -03. 11 . Trata-se de mais um absurdo num livro cheio de absurdos. De acordo com o primeiro biógrafo ele Leonardo, G iorgio Vasari ( 15 11- 1574), a mulher representada na pintura é Li sa Gherardini, esposa de Francesco dei G iocondo. Daí o quadro ser conhecido também como La Gioconda ou La Joconda. Outro absurdo de Dan Brown é afirmar que "Mona Lisa" é um anagrama dos nomes Amon e lsis, deidades egípcias da fe,tilidade. É apenas mais um exemplo da sua fa lta ele seriedade intelectual. Na verdade "Mona" é um títu lo de cortesia itali ano, significando "Minha Senhora". Portanto, Mona Li sa significa simplesmente Maclame ou Senhora Li sa.
A
·magem de Nossa Senhora de Nazaré - Padroeira do Pará e uma das mais importantes represe ntações da Virgem Santíssima existentes no Brasil* - foi apedrejada na manhã de 10 de o utubro último por um evangélico, José Ub iratan Leite, 34 anos, que portava carteirinha da chamada "Assemblé ia de Deus". A imagem estava sem o vidro de proteção e foi bastante danificada pelas pedras. Uma delas atingiu o pino de sustentação da imagem, e esta se soltou do pedestal. "Ela sofreu alguns danos na lateral. Como a imagem é de madeira, saíram algumas lascas", lamentou o Padre Francisco S ilva, pároco de Nazaré. Também a coroa ficou danificada. A Virgem Santíss im a havia sido reverenciada de modo espec ial no dia anterior, domingo, por dois milhões de pessoas, durante o Círio de Nazaré, festa religiosa tradicional do norte da Nação. Na hora do ato sacrílego, os fiéis q ue visitavam a imagem ficaram justamente indignados com essa manifestação de ódio à Mãe de Deus. "Foram eles, inclusive, que conseguiram conter o homem, evitando que a destruição fosse ainda maior", esclareceu o sacerdote. A multi dão que se aglomerava em volta da im agem tentou também linchar o protestante, ma este fo i protegido por po liciais, uma proteção que a imagem de Nossa Senhora não recebeu.
Ubiratan Leite foi preso em flagrante na Praça do Santuário, e como sempre acontece quando se trata de sacrílegos, começaram imediatamente a aparecer notícias na imprensa procmando desculpar seu ódio, dizendo tratar-se de um doente mental. A única acusação levantada contra ele, ao menos na mídia, é a de que causou "dano ao patrimônio público". A ofensa feita à Virgem Santíssima não conta para nada!?
Vál'ios graus de por Esta seção de Catolicismo visa comentai· fatos marcantes do mundo atual q ue poderiam explicai· as razões pelas quais Nossa Senhora chora através de suas imagens. E com isso ajudar os leitores a compenetrar- se dos males que nos cercam. Tais lágrimas são símbolo de uma dor de alma que a Virgem
Santíssima quer externar. M as essa dor te m gra us, e o abominável episódio acima relatado nos ajuda a entre ver algo desses difere ntes graus: a) Primeiramente, Nossa Senhora chora devido à manifestação de ódio de um protestante, que atingiu sua imagem ; b) A dor é maior por causa da verdadeira sabotagem que autoridades civis e órgãos da mídia manifestam a respeito da gravidade do fato, procurando minimizá-lo; c) A dor ainda cresce quando Nossa Senhora contempla a indiferença de tantos católicos, q ue reagiriam com fúria se o apedrejamento fosse dirigido ao quadro ou foto de s ua m ãe terrena. Entretanto tornam uma atitude distante quando se trata da imagem de sua Mãe do Céu; d) Por fim, o respeito qu ase no s impede de falar, mas a realidade dos fatos nos obriga a expor toda a verdade: quanta dor de Nossa Senhora por não terem as autoridades ecles iásticas tomado medidas de repa.ração à altura. Era imperiosa a reali zação de Missas, procissões de desagravo, sermõ es, m anifestações religiosas e explicações ao povo sobre a gravidade de ofensa tão grande praticada contra Nossa Senhora , a fim de sustentar a repulsa que ela de ve causar. Entretanto, onde está essa repai·ação !? •
* A respeito ci o te ma, vide Catolicismo , outubro/ 2003.
DEZEMBRO 2005 -
1 Santos Edmundo Campion, Roberto Southwell e Companheiros, Mártires + In gla te rra, e ntre 158 1 e 1679. Desses 1Ojesuítas, oito eram ingleses e dois do País ele Gales. Foram todos marti rizados por ódio à Fé.
2 São Cromácio, Bispo e Confessor + Itália, 407. Bispo de Aquiléia, no Vêneto, desenvolveu e m sua Sé uma vida clerical e m comunidade. São Jerônimo de n o min o u-o "o ma is santo e o mais douto dos Bispos". Primeira Sexta-feira do mês.
3 São Francisco Xavie1~ Confessor (Vi cie p. 36) Primeiro Sábado do mês.
6
13
São Nicolau, Bispo e Confessor
Santa Luzia, Virgem e Mártir.
+ Mira, 324. Bispo de Mira, na Ás ia Menor. De emine nte caridade, foi desterrado pelo Imperador Licínio. Derrotado este por Constantino, voltou à sua di ocese, onde ope rou es tupe nd os mil ag res. N o Conc ílio de Ni cé ia, fo i dos mais ardo rosos adversá rios do ari ani smo.
+ França, Séc. VII. Esta santa, cega de nascença, quando compl etou 15 anos foi le vada a um mosteiro, onde foi bati zada, recebendo nessa ocas ião a visão.
7 Santo Ambrósio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. Santa Maria Josefa Roselho, Virgem + Savo na, 1880 . F und o u a Co ngregação das F ilh as de Nossa Senhora ela Mi sericórdi a, destinada ao amparo ele moças abandonadas, que logo se difundiu na Itália e Améri ca Latina.
8 FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM
9 São Pedro Fourrier, Confessor + França, 1640. Entrou para a Congregação cios Cônegos Regulares, à qual deu novo vigor por sua virtude e talento.
4
10
Santa Bárbara, Virgem e Mártir
Trasladação da Santa Casa de Loreto
+ Séc. III ou IV. Desta Santa não fo i possível prec isar o lugar do nascimento e martíri o. Padroeira da Artilharia, é invocada co ntra ra ios, morte súbita e impeni tência fin al.
São Daniel EsLilita, Confessor
5 São Sabas, Confessor + Palestina, 532. Cognom inado a "Péro la do O ri e nte". Após vida eremítica nos desfi ladeiros do Cedro n, reuniu e dirigiu numerosos eremi tas, fu ndando o mosteiro que levou depois seu nome.
11 + Constantinopla, 493. Depois de visitar os Lugares Santos, fixou-se numa coluna às margens do Bósforo, aí vivendo como estiLita por 33 anos.
12 Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira Principal da América Latina
Santa Otília (ou Odília)
14 São João da Cruz , Confessor e Doutor da Igreja. São Venâncio Fortunato, Bispo e Confessor + França, 600. Trovador venez iano, te ndo ido vi sita r o túmu lo de Santo Hilário, e m Poitiers, a rainha Santa Radeguncla e a abadessa Santa Inês co nvenceram-no a deixar a vici a nô made, o rde nar-se e compor hinos religiosos.
15
vido res de Cristo, Filho do Deus Vi vo, e estamos prontos a morrer por Aquele que morreu e ressuscitou por nós" (do Marti ro lógio).
18 São GaLiano, Bispo e Confessor + Tours (França), Séc. IV. Primeiro a ir pregar o Evangelh o na reg ião ele Tours, da qu al fo i bispo.
19 São Nemésio, Mártir + Alexandria, Séc. III. Absolvido de uma falsa acusação ele ro ubo durante a perseguição de Déc io, quando saía foi denunciado co mo cristão e condenado pelo juiz a ser queimado vivo, recebendo ass im a coroa do martírio.
20 São Teófilo de Alexandria e Companlleir·os, Mártires + Séc. III. "Estes so ldados
mão do g lori oso Im perador Carl os Magno, por sua autori dade e energia fo i des ignado bispo para governar a região ainda bárbara ele Thérouan ne (norte da França).
cristãos do tribunal imperial, vendo um de seus irmãos na fé vacilar diante do j uiz, fizeram- lhe sinais para encoraj á- lo. Ao perceber os seus gestos, o juiz os intimou e eles não hesitaram em confessar sua f é, sendo imediatamente condenados à morte" ( do Martirológio).
16
21
Beata Maria dos Anjos, Virgem
São Pedro Canísio, Conf'essor e Doutül' da Igreja
São Folcuíno, Bispo e Confessor + França, Séc. IX. Primo- ir-
+ Turim, 17 17. Uma dos 11 fi lhos do Conde de Santena e Baldi ssero, que descendia da família de São Luís Gonzaga. E ntro u aos 16 anos para o Carmelo de Turim .
17 Cinqüenta Soldados de Gaza, Mártires + Eg ito, 630. Ao general árabe que os intimava a apostatar sob pena de morte, responderam: "Ninguémpoderános separar do amor de Cristo; nem nossas m ulheres, nem nossos j tlhos, nem as riquezas do mundo, pois somos ser-
+ Friburgo, 1597. Discípul o de Santo Inácio, notabi lizouse pela eficácia com que combateu, pela palavra e escritos, a heresia protestante, especialme nte entre os povos de língua ale mã. Graças a ele a Renâni a e a Áustri a p rmaneceram católicas.
22 Santa Juta, Virg m + Alemanha, Sé·. XI. •oi ter com ela, aos oito anos ele idade, a futu ra profe ti za d Reno, Santa Hildegard a. Ju ta ins-
truiu-a, dando-lhe noções de latim , medi c in a e Históri a Natu ral, fa mili arizando-a tão bem com os textos litúrgicos e a Sagrada Escri tura que, ao falecer, Hildegarda a substituiu como abadessa.
23 São Sérvulo, Confessor + Roma, 590. São Gregório M agno re la ta sua vida nos Diálogos: paralítico, vivia de esmolas sob o pórtico da igreja de São Clemente em Roma.
24 São Charbel Makhlouf, Confessor.
ciano, fo i le vado a Roma e merg ulh ado num tac ho de azeite fervente, de onde saiu rejuvenesc ido. Foi então deportado para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse. Tendo morrido seu pe rsegui dor, vo ltou a Éfeso, tendo escrito e ntão, a pedido dos fíéis, seu Evangelho e três epístolas, pa ra refu tar as heres ias que negavam a divindade de Nosso Senhor e pregar o amor entre os cri stãos.
28 FESTA DOS SANTOS JNOCENTES, MÁRTIRES
29 São Deliim, Bispo e Confessor + França, Séc. IV. Paladino e intrépi do defensor da Igreja, fo i bi spo de Bordeaux e participou cio Concílio de Saragoça, onde mui to contribuiu para a condenação dos hereges pri scili ani stas.
25 NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
26 Santo Estêvão, Protomártir. São Dionísio, Papa + Roma, 268. "Eleito após as perseguições de Valeriano, que haviam feito numerosas vítimas entre o clero romano, teve que reorganizar sua Igreja. Manteve relações epistolares com as igrejas do Oriente, sobretudo a de Alexandria" (do Martirológio).
27 São João, Apóstolo e Evangelista + Éfeso, Séc. I. O Discípulo Amado po r s ua virg ind ade representou a humani dade ao receber, junto à Cruz, Nossa Senhora co mo M ãe . Foi o Evangelista por excelência da divindade de Cri sto . Pe rseguido pelo Imperador Dorni -
Santo Davi, Profeta + Judéia, séc. X a.C. Escolhido pelo próprio Deus pa ra suceder Saul , primeiro Rei de Israel, entro u a serviço deste como tocador de cítara e derrotou o gigante Golias. Subindo ao trono, instalou a Arca da Aliança na cidade de Sion, que transformou na capital de I rael.
Intenções para a Santa Missa em dezembro Será celebrada pelo Revmo. Pad re David Fra ncisq uini, nas seg uintes intenções: • N a missa do Sa nto Nata l, rogando ao Divino Men ino Jesus, por med iação de sua Sa ntíssima M ãe, que conceda especiais e abu ndantes graças às fa mílias daq ueles q ue nos apoiaram ao lo ngo deste ano.
30 FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA Santo Anísio, Bispo e Conf'essor + Macedônia, 407. Discípul o de Santo Ascólio e seu sucessor na Sé de Tessalônica, fo i nomeado Vi gário Pontifical na Tl íri a, por São Dâmaso e seus sucessores.
31 São Silvestre I, Papa e Confessor. • Santa Melânia a ,Jovem, Viúva, e São Piniano, Confessor + Palestina, Séc. V. M elân ia
Intenções para a Santa Missa em janeiro • Pelos assinantes, leitores e benfe itores de Catolicismo, a fim de que suas famílias, neste novo ano que se inicia, se jam espec ia lme nte proteg idas pela Sag rada Fam íl ia, para serem preservados do pecado, da vio lência, do desemprego e das drogas que constituem grande peri go sobretudo para os mais jovens.
casou-se mui to jovem com Pin iano. Tendo- lhes morri do os filh os, fi zeram voto de continência, li bertaram os escravos e di stribu íram pa rte de seus be ns aos pobres. DEZE
Em Roma, atos ln Memoriam de Plinio Corrêa de Oliveira Por ocasião do décimo aniversário do falecimento do fundador da
TFP brasileira, ocorreram na Cidade Eterna atos em sua homenagem, com a participação de diversas autoridades eclesiásticas e civis 11
MIGUEL DA C O STA C ARVALHO V IDIGAL
s eventos realizados em Roma , em memória do déc imo aniversário do passamento do Prof. Plínio, iniciaram-se na manhã do dia 8 de outubro último com um a Santa Mi ssa celebrada por D. Juan Rodolfo Laise, O.F.M. Cap., bispo emérito de San Luis (Argentina). O ato religioso, celebrado no rito romano anti go, ocorreu na igreja Santo Spirito in Sassia, perto da Praça de São Pedro, -
CATOLICISMO
que ficou lotada com quase 300 pessoas. Entre os presentes, Mons. Camille Perl, da Pont!f'ícia Comissão Ecclesia Dei; Mon s. Gi lles Wack, superior gera l do Instituto Cristo Rei; Duque Paul de Oldenburgo; Marquês Luigi Coda Nunziante; membros e co labo rado res da Associazione Tradi zione Famiglia Proprietà - TFP de vári as partes da Itália; membros do g rupo de militantes da Alleanza Cattolica e do Centro Cu!turale Lepanto, fundados e dirigidos respectivamente pelos intelectuai s Giovanni Canto ni e Roberto de Mattei , além de outros amigos da TFP de várias cidades.
de Oliveira, com quase 87 anos, em 3 de outubro de 1995, solidamente imbuído do seu ideal de vida consagrada à defesa e promoção dos princípios e valores do Evangelho, da Igreja e da civilização cristã, celebramos hoje a Santa Missa. [.. .] "Desde a juventude, Plinio Corrêa de Oliveira deparou com a imagem das duas cidades de Santo Agostinho, das duas bandeiras de Santo Inácio, senlindo profundamente no seu espírito que a vida do homem sobre a Terra é uma luta dura, luta sem trégua, na qual não é possível permanecer apático ou indife rente, passivo ou insensível, como explica va respondendo a uma pergunta formu lada por ele mesmo: 'Qual é a nossa vocação? A nossa vocação é a de fa zer na Terra aquilo que fizeram os anjos no Céu, quando Lúcifer se rebelou contra Deus'. [...] "Vnamo-nos sinceramente nesta Missa ao agradecimento de Dr. Plinio dirigido a Nossa Senhora em seu testamento espiritual, quando, dizendo não encontrar palavras para fá zê-lo, demonstrava o seu reconhecimento por lutver podido ler e difundir o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Grignion de Montfort, e de ser a Ela consagrado na qualidade de escravo perpétuo. Agradecimento a Nossa Senhora que era a luz de sua vida, e da qual esperava que, na sua clemência, fosse o seu auxílio até o último instante da sua existência, pedindo aos sócios e cooperadores da TFP que fossem em sumo grau devotos a Ela por toda a vida. [... ] "A melhor homenagem que podemos oferecer a Plinio Corrêa de Oliveira, nesta sentida recordação de seus filhos e • de seus admiradores, na celebração dos dez anos de sua morDurante a Missa, o Coro Santa Susanna, dirigido pelo te, é a de renovar hoje e sempre, cada vez mais, a consagramaestro Aur li o Porfiei, organista da Basílica de São Pedro, ção a Maria, que tem como fruto a civilização cristã, ideal que foi o objetivo de toda a sua vida. Consagração que tem cantou missa polifônica intercalada com peças cláss icas para órgão e trompete. As vozes masculinas pertencem igualmencomo fim subordinar o homem e a sociedade a Deus, como te ao coral da apela Sistina do Vaticano. ensina Santo Agostinho no livro De C ivitate Dei , e que é o Seguem al guns trechos do sermão de D. Laise, no qual programa do ministério do Santo Padre Bento XVI, como o exaltou a vida de luta pela Igreja e pela Civilização Cristã proclamou aos jovens em Colônia, no mês de agosto deste levada a bom termo pelo Prof. Plíni o. ano: dar a Deus o lugar que Lhe corresponde na vida priva"Ao completarem-se dez anos da morte de Plínio Corrêa da.familiar e social". DEZEMBRO 2005
~
Nos salões medievais do Recolhimento di Santo Spirito in Sassia realizou -se um ciclo de conferências, organizado pela Associazione Tradizione Famiglia Proprietà - TFP.
Após a Santa Missa , um almoço solene para convidados especiais
Após a Santa Mi ssa, teve lugar um almoço so lene para convidados es pec iais. Em seguida, realizou-se nos salões medievais do Recolhimento di Santo Spirito in Sassia um ciclo de conferê ncias, organ izado pela Associazione Tradizione Famiglia Proprietà - TFP E ntre os participantes destacaramse diversas personalidades eclesiásticas e civ is. Os palestrantes foca li zaram aspectos di fe re ntes da rica personalidade de P línio Corrêa de Oli ve ira. Seguem alguns trechos das ex posições. Prime iram e nte fa lou o rege nte nac ion al de Alleanza Cattolica, Giovanni Cantoni : "Em relação ao Prof Plínio sempre nutri e continuo a nutrir uma enorme gratidão. Em Revolução e Contra-Revolução - afirmou o líder católico italiano - há um aspecto -
CATO LICISMO
posto em relevo por Plínio Corrêa de Oliveira, e que desejo aqui ressaltar. Trata-se da ref erência à responsabilidade indi vidual de cada um dos que f oram chamados a combater contra a Revolução. '"A i de quem está só', diz a Sagrada Escritura. Mas não devemos esquecer que para encontrar uma companhia devemos, antes d.e tudo, tomar uma decisão pessoal. As associações reúnem pessoas que tomaram decisões individuais. A obra e as obras de Plinio Correa de Oliveira continuam a viver, a atuar e a se organizar. Mas devemos ler presente que sua gênese teve origem em um que iniciou es/a ação contra-revolucionária. Não se trata de um número inverossúnil de pessoas. [.. .] Gostaria de sublinhar o fàto de que antes de que venham muitos, vem um, alguém que começa. Ninguém é por demais pequeno para começar a combater grandes batalhas. Para que se inicie uma associação, ainda que Sl!ͪ de duas pessoas, é necessário que um comece. [.. .]Sou infinitamente grato ao Prof Plinio não somente porque m.e indicou uma 'grande via' de tipo genérico: 'seja bom '. Mas me indicou também uma 'pequena via', percursos que se podem realizar, e que sobretudo envolvem o indivíduo enquanto indivíduo. Não podemos olhar para o outro e perguntar: 'Por que você não é um contra-revolucionário?' Mas antes devo olhar para o espelho e devo me perguntar: por que eu não sou um contra-revolucionário? Por que não estou - implícita ou explicitamente - atuando em determinada direção?".
* *
*
Depois usou da palavra o professor ela Universidade Católica do Sacro Cuore de Mil ão, Massimo de Leonardis: "Numa época em que, com freqüência, pareceu aos católicos engajados pela causa da civilização que a única opção que ficava era entre a fidelidade que leva à impotência e a participação no poder baseada na traição, o Dr. Plínio e as associações que ele criou demonstraram que a doutrina contra-revolucionária, hoje mais do que nunca, pode orientar a ação dos católicos e torná-la eficaz; que se pode ter um estilo de vida absolutamente conforme ao Evangelho, aos Mandamenlos e aos preceitos da Igreja; que, como verdadeiros cavaleiros no sentido nobre do termo, na sociedade contemporânea em via de dissolução, é possível aproveilar os inslrumentos de comunicação modernos para difundir sem adulteração os valores do Catolicismo; e, sobretudo, que os a ·ontecimentos tumultuados de um mundo em desordem só se podem enlender à luz das categorias do pensamento contra-revo!t, ·ionário".
* * * O Prof. Ro berto de Mattei, pres idente cio Centro Cu lturale Lepanto e aul or da célebre biografia "O Cruzado do século XX", já traduzida c m diversas línguas, em sua palestra afü mou que a I Oanos da morte do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, "as ruínas {fll <' se discernem no horizonte não são mais as da Cristandade, 11 w .1· as dos mitos que abriram triunfalmente o século XX: o 111ilo da Ciência, o mito raciona/is/a, o mito do progresso e do socialismo. As ruínas da Europa são as ruínas da modernidade, sâo o f racasso do projeto prometéico de construir a cidodl' do homem sobre as ruínas da Cidade de Deus. Sobre esle lwrizonle de escombros, reflorescem os ideais de Plinio orrêa d , Oliveira, que são os nossos. [ ... ] "Nossa e11hol'(I e111 Fálima explicou os moti vos da crise contemporânea e i11dico11 o seu remédio, profetizando a catástrofe caso os lw111ens não ouvissem a advertência. Uma nota distintiva do e11si110 d ' Plinio Co rrêa de Oliveira foi exa-
Apresentou - se uma edição especial da revista da associação, toda dedicada ao inspirador das TFPs
tarnente a referência àquilo que ele chamava 'bagarre': um castigo infligido pela Divina Providência ao mundo, se este não se convertesse. A certeza da 'bagarre ', como casligo, mas também como grande ocasião de regeneração para a humanidade, para Plínio Corrêa de Oliveira sefundamen/ava, antes mesmo que na mensagem de Fátima, sobre uma grande visão de teologia da História. [... ] "Dez anos após a morte do Prof Plínio, nós estamos certos, por nossa parte, de que os princípios aos quais ele consagrou a sua vida serão vitoriosos no século XXI; de que se encontrarão homens que os farão seus, com a sua mesma • dedicação, co,41ando à Graça divina o êxito de sua batalha".
*
* *
Na ocas ião, a Associazione Tradizione Famiglia Proprietà - TFP apresentou uma ed ição especial de sua revista, toda dedicada ao inspirador das TFPs , com numerosos artigos apresentando dive rsas facetas de seu pensamento e de sua personalidade, incluindo vasta docume ntação fotográfica. • E-mail para o autor: catol icismo@catol icismocom.br
DEZEMBRO 2005
~
-
• ·Congresso Anual da 'l FP americana 1
R ealizado nos dias 8 e 9 de outubro último, o Congresso prestou homenagem ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira no 10° aniversário de seu falecimento, e coincidiu com o lançamento do livro Rejeitando o Código Da Vinci. n
FLAv10 M ATIHARA
*
CATOLICISMO
D ivulgar a suma importância do instituto da família, foi a temática principal do II Congresso Conservador, iniciativa da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga SLAW MIR S KIBA
tema predominante, abordado pelos conferencistas no Congresso Anual da TFP americana, realizado na sede da entidade em Spring Grove (Pensilvânia), foi a multiforme Revolução Cultural, que representa na prática o prosseguimento da revolução comuni sta no mundo ocidental. Em face das inúmeras frentes de atuação da Revolução, com vistas a demolir os fundamentos da Civilização Cristã, cabe à TFP, dentro da limitação dos seus meios de ação, atuar do modo mais adequado a colocar obstáculos ao prosseguimento desse proces o revolucionário. Esta luta contra-revolucionária, segundo os métodos desenvolvidos pelo Prof. Plíni o Corrêa de Oliveira em sua obra Revolução e Contra-Revolução, foi destacado pelo Sr. Michael Drake, diretor da entidade, em conferência sob o título Por que alguns pontos e não outros: golpeando o ponto mais dolorido.
* *
O lançamento do livro Rej eitando o Código Da Vinci enquadra-se perfeitamente nessa tática sapiencial, denunciando um ponto sensível e muito caro aos demolidores da Civi lização Cristã. De fato, a obra blasfema O Código Da Vinci dissemina entre os católi cos dúvidas sobre Nosso Senhor Jesus Cristo e a Igreja Católica, camufladas numa novel a envolvente. Devido em grande parte à propaganda, já foram vendidos mais de 35 milhões de exemplares dessa obra em todo o mundo . O li vro-refutação elaborado pela Comissão de Estudos Americanos da TFP contém uma só lida contestação dos erros doutrinários e hi stóricos de caráter gnóstico que O Código Da Vinci insere numa trama novelesca excitante (vide resumo às pp. 39-42). Contém ainda um apelo aos católicos para oporse com firmeza a tais erros, numa campanha nacional de esclarec imento e de protesto. A oportunidade para isso consiste no próximo lançamento do filme baseado no li vro, uma superprodução de Hollywood programada para o início do ano. Como j á se tornou costume, o Congresso Anual incluiu números musicais executados pela banda e coral dos rapazes que cursam a Academia São Luís Grignion de Mon(fort, mantida pela TFP americana. Após a Missa tradicional sole ne na Igreja St. Patrick, da cidade de Harrisburg, os participan-
O papel da família na Civilização Cristã
Aspectos do congresso
tes se reuniram em banquete no Yorktowne Hotel, encerrando-se o evento com uma saudação do Sr. Thomas Drake, diretor da entidade na Louisiana. • E-mail do autor: flatam at@catoli cismo .com.br
Cracóvia - Ncs la hi stórica cidade polonesa, rea li zou -se no dia 15 de outubro último o li ongresso Conservado,; du rante o qual f i lançada a mais recente publicação ela séri Biblioteca da Contra-Revoluçr o , o li vro O Espírito defa mília, do ·on ce iluado autor franc ês Mon en h r 11 nri Oelass us. Falando sobr o t ma A j àmília cristã, transmissora da f é e dos bons costumes, o Padre Prof. J rzy Bajcla afi rmou que "o dom da vida est6 inseri/o na própria essência do amor conjugal. Assim, qualquer ato de rejeição co11.1· ·iente a esse dom. deve ser entendido co1110 traição por parte dos cônjuges contra si 11, ,,1mos, conlra Deus e contra a h1.1111(111idade. Isso resulta da indivisibilidade 1; inseparabilidade do símbolo que constit11en-1 os cônjuges. Romper esse símbolo representou urna tragédia e .fim da humanidade". O presiclent da Associação Droit de Naftre (França) , Dr. Nelson Fragelli, discorreu sobr o pap ·1das famíl ias reinantes na vida da so ·iedade. Lem brou que a hierarquia está inscrita na ordem da criação, e deve ex istir tanto na família quanto na socie lad •. /\ o rdem hierá rquica indica, de modo natu ral , o caminho para a perfeição, tanto na organi zação social quanto na ori · nLaçuo para a santidade. Neste contexto, faze nd o referência ao livro de aut ria do I rof. Plini o Corrêa de Oliveira Nobreza e elites tradicionais análogas nas alornçlJes de Pio XII, lembrou o dever a vocação das elites na C ivilização ri stã. Repre entanclo a Alemanha, falou o pres ide nte da Asso ·iação Alemã pela
Cultura Cristã, Mathias von Gersdorff, mostrando as conseqüências desastrosas da revolução sexual de 1968 e suas ligações id eo lóg icas com o com uni smo. Apresentou importantes estatísticas que indicam o estado de degradação moral em que se encontram muitas fam ílias na Alemanha.
* * * Após o almoço, representando a Sociedade Francesa de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, o Sr. Jean Goyard abordou o tema das tradi ções cristãs nas famílias francesas. De modo muito vivo, o conferencista falou sob re a França anterior à Revolução Francesa, bem como o que restou das tradições católicas e m seu país. Lembrou ainda as virtudes e qu alidades que caracterizavam outrora a Filha Primogênita da Igreja e o ato de barbarismo que constituiu o despojamento desse antigo esplendor por aq uela iníqua revolução . Após a exposição do representante da França, a Sra. Ewa Polak-Palkiewicz, conhec id a jornali sta católica polonesa, autora da introdução à ed ição polonesa do mencionado livro de Mons. Delassus, discorreu sobre o papel c ultural e social das famílias ari stocráticas na Polônia,
descrevendo o quadro da antiga e católi ca Polônia, época em que as mansões da aristocracia da terra constituíam o bastião da Jgreja e da c ultu ra. C itou numerosos exemplos de he roicidade de virtudes na nobreza polonesa. Indi cou, por o utro lado, as lamentáveis ruínas causadas pelo co muni s mo, e limin ando as referidas mansões e se us habitantes. A oradora descreveu também o trágico destino dos membros das famílias nobres, expul sos de suas casas e condenados aos campos de trabalhos forçados. Por fim, como presidente da Associação pela Cultura Cristã Padre Piotr Skarga, falou o Sr. Slawomir Olejniczak, descrevendo a atuação dessa entidade, no presente ano, em defesa do matrimônio e da instituição familiar. Lembrou també m a batalha travada pela Associação contra o projeto de lega li zação da prática homossexual, destacando o envio de mais de 120 mil protestos ao presidente da Assembléia Legislativa do país. O congresso foi encerrado com um concerto de música ant iga exec utado pelo conj unto Camerata Cracóvia. • E-mail para o autor: catoli c ismo
catoli c ismo.com.br
DEZEMBRO 2005
1111111
Os três Reís Magos , e alguns pastores .,. Pu N10 C oRRÊA DE OuvE1 RA
Grandes e pequenos junto ao berço do Menino Jesus uis a Providênc ia que o Men ino Jesus recebesse a vi sita de três sábios - que segundo uma venerável tradição eram · is - e alguns pastores. Precisamente os doi s extremos da escala humana dos va lores. Pois o re i está de direito no áp ice do prestígio socia l, da autoridade po lítica e do poder econômico, e o sábio é a mais alta expressão da capacidade intelectua l. Na escala dos valores o pastor se encontra, em matéria de prestígio, poder e ciência, no grau mínimo, no rés-do-chão. Ora, a graça divina, que chamou ao presépio os Reis Magos do fundo de seus longínquos países, chamou também os pastores do fundo de sua ignorância. A graça nada faz de errado ou incompl eto. Se ela os chamou e lhes mostrou como ir, há de lhes ter ensinado também como apresentarse ante o Filho de Deus. E como se apresenta-
ram eles? Bem caracteristicamente como eram. Os pastores lá foram levando seu gado, sem passar antes por Belém para uma " toilette" que di sfarçasse sua co ndição humilde. Os Magos se apresentaram com seus tesouros - ouro, incenso e mirra - sem procurar ocultar sua grandeza que destoava do ambiente supremamente humilde em que se encontrava o Divino Infante. A piedade cristã, expressa numa iconografia abundantíssima, entendeu durante séculos, e ainda entende, que os Reis Magos se dirigiram para - ~ a gruta com todas as suas insígn ias. Quer isto dizer que ao pé cio presépio cada qual se eleve apresentar tal qual é, sem disfarces nem atenuações. Pois há lugar para todos, grandes e pequenos, fortes e fracos, sáb ios e ignorantes. É questão apenas, para cada qual, de conhecer-se, para saber onde se pôr junto de Jesus. •
Excertos de artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Catolicismo, dezembro de 1955.