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ANO DE CATASTROFES NATURAIS \
MORON
PUNI O (
RI r A I E ÜUVEIRA
Nossa Senhora do Milagre U,n cios fatos marcantes da história religiosa do século XIX foi a aparição ele l\ossa Senhora ao judeu Afonso Ratisbonnc -e sua retumbante conversão ao catolicisn10
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Exc1mTos
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CARTA
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PAGINA MAmANA
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l◄'ATIMA Lisboa consagrada a Nossa Senhora
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PoR ot1i-: NossA S1,;N11oiu c1101<\?
no Dm1•:ToR Nossa Senhora de Guadalupe
Nossa Senhora de Guadalupe
A graça - ff
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uito distante da fé católica vivia o jovem banqueiro Afonso Ratisbonne, natural de Estrasburgo, nascido em 1814, de riquíssima família israelita. No dia 20 de janeiro de 1842, em viagem turística a Roma, por curiosidade meramente artística ele acedeu entrar na Igreja de Sant'Andrea delle Fratte, acompanhado de um amigo, o Barão de Bussiéres. Enquanto este foi à sacristia, a fim de encomendar uma missa, o jovem judeu apreciava as obras de arte daquele templo. Quando se encontrava diante do altar consagrado a Nossa Senhora das Graças da Medalha Milag rosa (hoje conhecido como altar da Madonna dei Miracolo - Nossa Senhora do Milagre}, Ela apareceu-lhe e o converteu instantaneamente de inimigo da Igreja católica em seu fervoroso apóstolo. Na data comemorativa da impressionante aparição e conversão, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira recomendava que se rezasse especialmente à Madonna dei Miracolo. Assim, numa ocasião ele dirigiu a Ela as seguintes palavras:
" Ó Ima c ul ada M ãe d e D e us, Madonna de i Miracolo, que qui sestes conquistar com um singular prodíg io de vossa mi seri córdi a o is rae lita Afonso Rati sbonne, aco lhei as súpli cas que vos apresentamos com confiança, co mo um di a acolhestes as s úpli cas daque les que a Vós recorreram ped indo a conversão do filho jude u. Obtende-nos tai'nbé m um a sincera e tota l co nve rsão à graça e todos os bens da a lma e do corpo. Vossa clemênc ia triunfou sobre Rati sbonne, persuadindo-o a receber o batis mo e a empe nhar-se com vontade séria na observância dos M and amentos. Por esta conquista do vosso amor, obtende-nos a perseverança no cumprime nto das promessas do bati smo . Fazei com qu e ne nhum obstácu lo se interponha à Altar do Muclonno e/,/ M ,m o/o 110 1 r jo nossa observância dos preceitos de Deus e da Igreja . d o ,, t'And, t u d, li, l 11, th , 1 m Roma Vossas mãos resplandecentes são símbolo das inumeráveis graça que com maternal bondade dis1 cnsais prol"us11111('t1l l' . 11lu l' 11'li-1 ra. Fazei resplandecer também sobre nós um raio da vossn 111isl•1krndi11".
- C A T O U I MO
Nexo entre esquerda e elimina/idade
19 l◄~NTREVISTA /\borto: "Um verdadeiro projeto de genocídio "
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INl-'01-tMA'l'I\O l~llR\I,
23 D1,:ST\Qt1i-: Imposição da Lei de Ensino na Espanha e reação 2(), (', \P\ 2005: crises, calcislrofes e esperanças
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Andreas Jfoler
São Bernardo de Corleone
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Santo Inácio enriqueceu o conceito de santidade
Nosso copo: Terremoto no Paquistão.
Andreos Hofer
JAN EIRO 2006 -
A Virgem de Guadalupe: desafio à ciência moderna
Caro leitor,
Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável: Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n° 311 6 Administração: Rua Frederico Abranches, 389 Conj. 62 - Santa C cíll CEP 01225-001 S o P ulo • SP Serviço do Atendimento ao Assinante: Tol (0xx l 1) 3333-6716 ex (0xx11) 3331 -6851 Correspondência: Caixa Postal 1422 CEP 01065-970 São Paulo - SP Impressão: Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. E-mail: epbp @uol.com.br Home Page: http://www.catolicismo.com.br ISSN 01 02-8502 Preços da assinatura anual
para o mês de Janeiro de 2006: Comum : Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA.
Passar em revista o ano de 2005 não é tarefa simpl es. ntrctanto, p dimos a um de nossos prestimosos articuli stas, o Sr. Lui s Du fa ur, que se in um bisse da tare fa . E, após exausti va pesqui sa, preparou ele para esta edição matéri a q u proporc iona a nossos le itores uma primorosa vi são de conjunto do ano fin lo. Trata-se de uma aná li se dos principa is aco ntecime ntos cio ano, evidentemente abrevi ada, devido à avalanche avassaladora dos fa tos. Apesar da conc i ão, tra tase de análi se séri a, pe netra nte e sem o cunho de superfi cialidade, como a míd ia costuma apresentar certos retrospectos do ano. 2005 caracteri zou-se pe la ocorrênc ia de fe nô menos naturais de proporções até certo ponto apocalípticas, so mados a atos t rro ri stas , sobretudo ele origem islâmi ca, que causaram grande im pacto cm todo o mun lo. No plano mora l, ocorreram verdadeiros tsunamis, abalancl ainda n1 i.l is a strulu ra de nossa soc iedade. Exemplo ignifi cati vo: os simul a ·ros ele " ·asamcntos" entre pessoas do mesmo sexo. M as fo i ta mb m um ano durunl o qual b. ervo u-se uma saudáve l reatividade, que des pertou do I tar 'º vastos setores ela op ini ão pública mundi al. A reação do povo bras il iro, qu proferiu um categórico N ÃO no recente referendo sobre o desarmam nlo, constitu iu eloq üe nte exemplo di sso. A mal ria lc capa relembra di versos acontecimentos - tanto cata tróficos quanto pro mi ssores - que nos faze m pressentir os passos de Deus intervindo na História. Ora constatamos a Divina Providê nc ia adve rtindo o mundo co m castigos; ora cl i cernimos Deus, por assim di zer, estendendo a mão a seus fi lhos, procura ndo salvá- los desse naufrágio caótico em que vai afund ando o mundo moderno. N ão estará soando neste novo ano a hora da conversão ela hu manidade que após ter voltado as costas a seu C ri ador e passado pe los casti gos purificadores retomará o caminho de volta à "casa paterna", à mane ira cio " filho pródigo" do E vangelho? Em me io ao caos hodierno, vi slumbram-se no ho ri zonl sinais nessa d ireção, ou sej a, um crescente anseio pe la restauração da rei m, con ·cbida segundo a lapidar defini ção fo rmulada por Plini o Corrêa de O li v ira : "Por Ordem não en-
tendemos apenas a tranqüilidade material, mas a disposiçl o das coisas segundo seu fim, e de acordo com a respectiva escala de valores. 1... 1 Se a Revolução é a desordem, a Contra- Revolução é a restauração da ordl'111. H por ordem. entendemos a paz de Cristo no reino de Cristo. Ou s :)a, a 'ivilizaçc o ristã, austera e hierárquica, fu.ndamentalmente sacra[, antiig110 /itdria 1• a11ti/iberal ". É muito provável que nos defronte mos, n ·si · 006, ·0111 fulos ainda mais inesperados do que os de 2005 . Contudo, a nl ' ·11 o qu • u ·ont' · ·r, sobrevenham os castigos que vierem, sej a sempre firm n >ssu ·011 f'i1111çn nn bondade misericordiosa de Deus. Ele nos concedeu por mé su11 pr pri11 Mi •, parn ajudar- nos. Portanto, não temos o que temer no pro cgui m nto d · 11oss11 luta •m prol da restauração de uma civili zação que sej a digna d s ·r ·h1111111du ni slt. Desejo a todos uma boa I itu ro, t· ,11 It /\110 Novo cumulado de especiais bênçãos divinas. Em Jesus e Maria,
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paulobrito @catolicismo.com.br
P ara o ateu moderno, acostumado a dar valor só ao que julga provado pela ciência, o milagre de Guadalupe, no México, é no 1níni1no constrangedor. Pois a ciência prova que houve 1nilagre!
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1 VALDIS GRINSTE INS
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ma pessoa não totalmente atéia, mas profundamente contaminada pelo pe nsamento moderno, di zia- me que aqui lo que não é provado c ientifi camente não ex iste. M as - típi ca contradi ção da alma humana - não queria fa lar do Santo Su dá ri o ele T urim , po is as descobertas c ientíficas sobre e le a abalavam; e se fosse obri gada a olhar o ass unto ele frente, teria de negar o valor ela ciênc ia ou .. . converter-se. Vej a mos o prob lema cio po nto ele vi sta desses amantes indi scriminados ela ciê nc ia. Para eles, tudo aquilo que não se de mo nstra e m laboratório entra para o domíni o da fa ntas ia. Ciências, com C maiú sculo, são para e les a Física, a Química, a Bi o log ia, etc . Já a Hi stó ri a lh es pa rece sus pe ita, po is é irrepetíve l e muito subj etiv a, ao depender de teste munhas . Muito mais ainda se for hi stória ecl es iás tica, e o auge cio suspe ito lhes parecem as histórias dos mil agres. São como o Apósto lo São To mé, que precisou ver para crer. Para esse tipo de a lmas incrédul as, qu e havi a até e ntre os Apósto los , Nosso Senh or reali za certo tipo de mil ag res, de form a que não possam alegar a fa lt a ele provas. E uma dessas pro vas é a image m de Nossa Senhora de G uadalupe, no Méx ico. 1
Breve resumo da história No dia 9 de dezembro de 153 1, na cidade do M éx ico, Nossa Senhora apa receu ao nobre índio Qu auhtl atoatz in - que havia sido batizado com o nome de Juan Di ego - e pediu-lhe que dissesse ao bispo ela cidade para construir uma igrej a em sua honra. Juan Diego tra nsmitiu o pedido, e o bispo ex ig iu alguma pro va de que efetivamente a Virgem aparecera. Recebendo ele Juan Diego o pedido, Nossa Senhora fez crescer fl ores numa colina semi-desértica em pleno inverno, as quais Juan Diego dev ia levar ao bi spo. Este o fez no dia 12 de dezemb ro, aco ndicionando-as no seu manto. Ao abri-lo diante do bispo e de várias outras pessoas, verificaram admi rados que a imagem de Nossa Senhora estava estampada no manto. Muito resumidamente, esta é a hi stóri a, que fo i registrada em documento escrito. Se ficasse só ni sso, fac ilmente poderiam os céticos dizer que é só história, nada há de científi co.
Imagem miraculosa de Nossa Senhora de Guadalupe
Os problemas para e les começam com o fato de ter-se conservado o manto de Juan Diego, no qu al está impressa até hoje a imagem. Esse tipo de manto, conhecido no Méx ico co mo filma, é feito de tecido grosseiro, e deveri a ter-se desfeito há muito• tempo. No século XVIII, pessoas piedosas dec idiram
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fazer uma cópia da imagem, a mais fidedi gna possível. Teceram uma lilma idêntica, com as mesmas fibras de maguey da original. Apesar de todo o cuidado, a tilma se desfez em quinze anos . O manto de Guadalupe tem hoje 475 anos, portanto nada deveria restar dele. Uma vez que o manto (ou tilrna) ex iste, é p s ível estudálo a fim de definir, por exemplo, o método usado para se imprimir nele a imagem. Comecemos pela pintura. Em 1936, o bispo da c idade do M éx ico pediu ao Dr. 'Richard Kuhn que anali sasse três fibra s do manto, para descobrir qual o mate rial utili zado na pintura. Para surpresa de todos, o cientista constatou que as tintas não têm origem vegetal, nem mineral , nem animal , nem de algum dos 111 elementos conhecidos. "Erro do cientista" - poderia objetar al gum cético. Difícil, respondemos nós, poi s o Dr. Kuhn foi prêmio Nobel de Química em J 938. 2 Além do mais, e le não era católico, mas de ori gem judia, o que exclui parti-pris religioso. No dia 7 de maio de 1979 o prof. Phillip Serna Callahan, biofísico da Un ivers idade da Flórida, junto com espec ialistas da NASA, analisou a imagem. Desejavam verificar se a imagem é uma fotografia. Resultou que não é fotografia, pois não há impressão no tecido. Eles fizeram mais de 40 fotografias infravermelhas para verificar como é a pintura. E constataram que a imagem não está co lada ao manto, mas se encontra 3 décimos de milímetro di stante da tilma. Para o céticos, outra complicação: verificaram que, ao aproximar os o lhos a menos de IO cm da tilrna , não se vê a imagem ou as cores dela, mas só as fibras do manto. Convém ter em conta que ao longo dos tempos foram pintadas no manto outras fi guras. Estas vão se -tran formando em manchas ou desaparecem. No caso delas, o material e as técni cas utilizadas são fácci. de determinar, o que não acontece com a imagem de Nossa Senhora.
Os olhos da imagem Talvez o que mais intriga os c ienti stas sobre o manto de Nossa Senhora de Guadalupe são os olhos de la. Com efeito, desde que e m 1929 o fotógrafo Alfonso Marcué Gonzalez descobriu uma figura minúscula no olho direito, não cessam de aparecer as surpresas. Devemos primeiro ter em vista que
-CATOLICISMO
os olhos da imagem são muito pequenos, e as pupilas de les, naturalmente a inda me nores. Nessa superfície de apenas 8 milímetros de di âmetro aparcc m nada menos de 13 figura s! O cientista José Aste Tonsmann , engenhe iro de sistemas da Uni versidade de Corne ll e espec iali sta da IBM no processamento digital de imagens, dá três motivos pelos quais essas imagens não podem ser obra humana: • Primeiro, porque elas não são visíveis para o o lho humano, salvo a figura maior, de um espanhol. Ninguém poderi a pintar silhuetas tão pequenas; • Em segundo lugar, não se consegue averiguar quai materiais foram utili zados para formar as figuras. Toda a imagem da Virgem não está pintada, e ningué m sabe como foi estampada no manto de Juan Diego; • Em terceiro lugar, as treze fi guras se repetem nos dois olhos. E o tamanho de cada uma delas depende da di stânc ia do personagem em relação ao o lho esquerdo ou direito da Virgem. Esse engenhe iro fi cou seri amente comov ido ao descobrir que, assim como os o lhos da Virgem refl ete m as pessoas diante de la, os olhos de uma das fi guras refl etidas, a do bi spo Zumárraga, refletem por sua vez a figura do índio Juan Diego ab rindo sua ti/ma e mostrando a imagem da Virgem. Qua l o tamanl10 desta imagem? Um quarto de mícron , ou seja, um milímetro dividido e m quatro milhões de vezes. Q uem poderia pintar uma figura de tamanho tão microscópico? Mai s ainda, no século XVI. ..
Tentativa de apagar o milagre Assim como meu conhecido não desejava falar do Santo Sudário, outros não querem ouvir falar dessa imagem, que representa para eles problemas insolúve is. O anarqui sta espanhol Luciano Perez era um desses, e no dia 14 de novembro de l 92 L colocou ao lado da imagem um arranjo de fl ores, dentro do qual hav ia dissimulado uma potente bomba. Ao ex plodir, tudo o que estava perto fico u seriamente danificado. Uma cruz metálica, que ficou dobrada, hoje se conserva no templo como testemunha do poder da bomba. Mas ... a imagem da Virgem não sofreu dano algum. E ai nda ela está hoje ali , no te mplo construído em sua honra, assim como urna vez esteve Nosso Senhor diante do Apóstolo São Tomé e lhe ordenou colocar sua mão no costado aberto pela lança. São Tomé colocou a m ão e, verificada a realidade, honestamente acreditou na Ressurreição. Terão essa mesma honestidade intelectual os incrédulos de h je? Não sei, porque assim como não há pior cego do que o qu não quer ver, não há pior ateu do que o que não d seja a ·reditar. Ma , como católicos, devemos reza r tamb m por ·ss' tipo de pessoas, pedindo a Nossa Senhora d' Guadalup ' que lhes dê a graça de serem honestas consi o 111 ·s111as . • E 111011 do 1111101 ynl hs1,1rinste ins@ca1olicismo.com .br Notas : 1. Para n •lnhor11çil11 tl1·~I1· 111 ll go, 111il izamos o materi al publicado no siI c h11p://www ,11•11111d1•h'11'111.01 g/l'slrnctura .asp?intSec= 1&intld=42. ao qu al l'Cll1l'le111m os l •111111·, llll i' l l' SSll d OS cm mai s dados. 2. hIIp://11olwlp1 I11• 111 1!,/1 h1·111isl ry/laurcatcs/indcx .htm l
A Graça Santificante (Parte n) Daobra de Mons. Zaffonato' já consideran1os dois pontos: "a dignidade
cristã'' e "ser cristão é divina 11obrcza". No trecho que hoje reproduzimos, o autor nos mostra como a graça eleva os homens 3 - É verdade, infelizmente, que se pode faltar à própria dignidade. O homem já inclinado ao pecado encontra hoje, talvez mais do que no passado, ocas iões e incentivos à culpa. Todo pecado contrasta com a dignidade cri stã, além do que, se g rave, impede a graça e embrutece a a lma mediante o servi ço de Satanás. A dignidade cristã é o domínio de Deu s sobre o espírito e sobre os sentidos. O pecado emana da concepção egoística do mundo e da vida, e encontra na arte, na literatura, no c inema, no rádio [televi são] e também no esporte os seus veículos potentes. Diante dessa situação, estabeleçamos algumas metas precisas que deveremos alcançar para manter a nossa dignidade cristã: ♦ o conhecimento e a estima do dom divino da graça, fru to da Redenção; ♦ o senso de responsabilidade, pelo qual nos esforçaremos por viver segundo a nossa e levação sobrenatural; ♦ a vontade constante de lutar e de vencer todas as insídias que atentam contra a vida divina; ♦ a necessidade de apostolado para difundir, por todos os meios possíve is, a concepção da vida. í... l Isso fará compreender que a vida cristã não é constituída apenas de práticas de piedade, às vezes forçadas, muitas vezes somente exteriores, e por isso fa lhas de espírito . Mas é, ao contrário, uma vida de hori zontes vastíss imos e com possibilidades verdade iramente divinas. Viver de Deus! Nada mais perfeito e sublime, nada mai s atraente, grandioso e eficaz.
A ordem natural Neste imenso universo, que cada dia a ciênci a no-lo revela mai s extenso, o homem e o planeta sobre o qual vive ocupam um ínfimo lugar. Se a Via Láctea que o circunda contém um bilhão e meio de estrelas comparáveis ao nosso Sol; se essas estrelas se encontram a uma distância tal que sua luz, à velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, deve empregar 20.000 anos ou mais para chegar até nós; se outras vias lácteas foram recentemente descobertas, em número de quase um milhão, a distâncias in comparave lmente mais formidáve is - isto é, di stâncias de milhões de anos- luz - , podemos não nos sentir esmagados e quase aniquilados por esse comp lexo maravilhoso de grandeza e de ordem ? No entanto, Pascal responderia ai nda hoje: "O homem nada
mais é do que um caniço, o mais fi'ágil da natureza, mas é um caniço que pensa. [... ] Mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria sempre mais nobre do que aquilo que o mata, porque ele sabe que morre, enquanto o universo nada sabe da vitória que sobre ele alcança. Toda a matéria não vale o mínimo do espírito, porque o espírito conhece a ·i mesmo; e a matéria, enquanto corpo, nada conhece". Esta é a superioridade do homem: ter um a inteligência e uma vontade. Por natureza entendemos aquilo que é necessário para constituir a essência de um a coi sa ou sua propriedade e potência ele operação; no caso do homem, o corpo e a alma, o sentido do corpo e as faculdades da alma. Tudo isto é natural ao homem porque lhe é devido em virtude da sabedoria e da justiça do Criador. Não que se devam imag in ar exigências do homem em re lação a Deus, ou um débito do Cri ado r para com o homem. Trata-se, antes, do dever que Deus tem perante Si mesmo, de infundir bondade e harmonia nos seres que cria. Deus não pode agir a não ser como Deus, segundo os ditames da sua bondade, da sua beleza e da sua santidade. Criando o homem, deu-lhe por isso um corpo nobilíssimo na sua estrutura, potente nos seus órgãos , nos sentidos e nas suas atitudes. Infundiu-lhe uma alma livre, inteli gente e volitiva. · Designou-lhe um fim proporcionado e concedeu- lhe os meios para a lcançá-lo. E, finalmente, tratando-se de um ser livre e por isso responsável, Deus devia preparar ao homem uma retri buição final proporcional ao mérito de suas ações. •
Nota:
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1. M ons. Giuscppc Zaffo nato, O D0111 de Deus - Rejlex(ies sobre a Graça Sa11.1ijica111e, Edições Paulinas, São Paulo, 1959.
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sidênc ia. Os arti gos e as hi stóri as de Natal, sem desmerecer os outros arti gos muito importantes também, estão nos preparando para a chegada do Deus M en ino e a Mãe Santíss ima no dia 25. Só não me conformo de não ter conhec ido o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, mas confo rta- me ver o carinho que os senhores tê m por ele. Mesmo na Itália as homenage ns e as mi ssas certamente agradaram muito aos ad mi radores que e le te m no mundo inte iro . Nossos aca lorados c umprime ntos natalinos aos senhores . (E.C.N. - PE)
d e rea li zações. De us vos abençoe agora e sempre. (D.G.X. - GO)
Aos "guerreiros <le Cristo" BJ Boas festas , fe li z Natal e um gra nde novo ano a TODOS catolicíss imos ela rev ista que chamo de "A Guerreira de C risto" . TODOS estão de parabéns pelo que fazem , melhor, pelo que lutam . A TODOS peço orações para poder ajudar nesta luta por Cri sto. (I.F.F. - RS)
Presente de Natal Um col'f'eio celeste? B] E ncantamento? Não sei! Não sei
que palavra usar, mas a le itura da revi sta de dezembro, com co isas lindas do NATAL, deixou-me sem saber o . que di zer, de enca ntada que fiq ue i. A revi sta está junto à arvore de Natal de nossa cas inha , e o Men ino Jes us da capa serve de pr sépio para a legria das cri anças. Lendo e vendo as fi guras de um NATAL como era a ntigamente, tive a emoção de estar assistindo a um film e de um mundo e m paz, que tem amor de Deus, onde as pessoas vivem para as coisas que na rea lidade tê m valor, onde o dinheiro não é o valor ma is importante. Vocês nos comunicaram a verdadeira alegri a do verdadeiro Nata l. Rezo ao Me nino Jesus para recompensar muito e muito todos que trabalhara m neste ano para nos fazer chegar esta enca ntadora revista. E la parece vinda da eternidade do Céu por alg um carteiro que não é desta terra. Um anjo? (M.A.A.P. - RJ)
B] O exempl ar de dezembro fo i para
nós o melhor presente de Natal. Como gratificar tão bom presente? Rezando muito pe lo e mpree ndime nto da equipe dessa re vi sta . Fiquem co m Deus. Saibam que Ele também está agradec ido pelo presente que recebe dessa equipe sincera mente católi ca. Esse p rese nte é a hom e nage m da eq uipe trabalhando por ele com toda devoção. (N.N.G. - PR)
l11felizme11te, "poucos louvor es" B] A Bem-aventurada Virgem Ma-
ria vos recompensará pe lo que fazem pelo divino F ilho nasc ido na fria noi te de Natal. Os vos os louvores (como esses da revista de dezembro) aquecem o pobre berço do Men ino Jesus, que, nesta gruta do mundo modernopagão do século XXI, recebe poucos lo uvores. Q ue a Luz do Divino Espírito Santo vos abençoe ilumin ando todos vossos passos. (T.G.O. - MG)
B] Para Catolicismo, tenham certeza di sso , este a no fo i um MUITO GRANDE A NO . Na mi ssa de sse Natal vou orar para que vocês tenham um novo ano ai nd a MUITÍSSIMO MAIOR. Com minha s sa ud ações marianas: Salve Mari a ! (S.C.P. - SP)
Dádiva de Deus BJ Lemb ro sempre el e reza r pe los srs. da Catolicismo, mas, em ação de g raças para agradecer todos os nú me ros que recebi de janeiro até dezembro, vo u rezar a inda mai s, de coração, pelos srs. no di a 25. Espero q ue de j a neiro a dezembro do próx imo ano e u possa continu ar com essa dád iva de Deus. Fiq ue m com E le e com Nossa Senhora. Feli z Natal e muitas feli c id ades e muita saúde e m 2006! !! (P.E.K. - RN)
Vox JJOpuli, 1rox Dei B]
Confortante As graças natalinas realmente bateram em nossos corações com ac hegada da revista de Natal. O calendári o que veio junto vai marcar todos os nossos dias de 2006 em nossa re-
Nunc et semper B] Aos nossos ami gos da rev i ta Ca-
tolicismo, falo em nome d toda mi nha fam íli a, envi amos nossos votos de Feliz Natal e prósp ro ano r •pi ·to
. p ro que o g vem o tenha e n-
tendi do o r cado da urnas com oresultnd o do refe re ndo do desar mam ·n to. O resultado foi o mais negai i vo possível para o PT. Espero, mas nao acredito muito que tenh am e n1 · ndid o, pois e les não e ntendem nada, assim como não viram nada de
nada da ladroeira acontec ida nas barbas deles . Espero também, mas nesse caso quero acred itar, que a C NBB tenha ente ndido o recado das urnas: o povo católico não caiu no erro de votar pelo SIM, apesar de ter sido induzido pelos pad res, e até por bi spos, alinhados ao PT, a votar pelo desarmamento . Esse povo percebeu a tempo que, para seguir os ens inamentos da Igreja, não poderi am dar ouvidos aos bi spos e padres que pregaram in sistente mente pe lo SIM . Espero também que agora e les façam o " mea culpa" por terem in sti gado o povo ao erro, quase que instigando a cometer um sui cídio. Si m, seria um suicíd io vota r pe lo desarmamento, porque seria de ixar nas mãos dos bandidos a arma para nos matar, sem que tivéssemos me ios para nos defender. Que base esses padres esq uerdi stas tê m para dizer que não se pode faze r uso da legítima d efesa? Ne nhum a ba se. Onde na Bíblia se proíbe a legítima defesa? Em nenhum lugar. Pelo contrário, o catecismo di z que a legítima defesa não é apenas um direito, mas um dever. Aí está a resposta: o NÃO ganhou de goleada. Viva o bom senso do povo brasile iro. A voz cio povo é a voz de De us ! (C.N.H. - ES)
Gue,rilhefros e macaquinhos B] Enquanto o governo agili zava o desarmamento da população, ele fi ngia que não sabi a que os guerrilheiros colomb ianos das FARC treinavam turmas do MST, conforme noticiado pelo "Estado de Minas" em 30/ 10/2005 , na reportagem de Maria C lara Prates, que leva o títu lo "FARC treina MST": "Guerrilheiros colom-
bianos ensinam suas técnicas a semterra e a quadrilhas do Rio e de São Paulo". [... ] Preparam uma união pró-guerrilha. Serviços de inteligência do Brasil e do Paraguai descobriram que os guerrilheiros querem criar a Força Revolucionária da América (FRA).
Os peli stas que nunca sabem de nada ... - parece m co m aqueles macaquinhos: um tampando os olhos, o outro fec hando os ouvidos, e o terceiro a boca - sabe m perfe itamente que os futuros guerrilhe iros do MST obterão maior e fi các ia na guerrilha urbana e no ca mpo se não encontrarem res istência da popul ação. Daí o empenho governamental no referendo pe lo desarmamento. Os ele itores bras il e iros percebe ram a j ogada e votaram pelo não ao desarmamento. Gostaria de estar errado, mas o governo não respeita rá a resultado do refere ndo e prosseguirá no seu projeto de deixar a popul ação indefesa à ação guerrilheira. (B.J.A. - MG)
1'iro pela culatl'a Vocês estão com toda razão . A vitóri a do NÃO fo i uma derrota do governo. Os governi stas deram um tiro, e este sai u mes mo pe la c ul atra. E les promovera m o referend o porque im ag in ava m que o "s im " à le i d o desarmamento ganh a ri a co m um a ma rge m bem fo lgada . Mas ... vimos o resultado: mais de dois terços dos e le itores preferira m g ritar " não" ao go verno. " N ão" ao favo recimento dos malfeitores armados até os de ntes. (N.A.B. - AM)
A repamção que não llouve BJ Agradeço- lhes muitíss imo pe las rev istas. Muito impress ionante o que se passou com o atentado contra Nossa Senhora de Naza ré, no Pará. Magnífica a reação dos fiéis que quiseram linchar o protestante que tento u d es truir a Ima ge m da Virge m Santíss ima. O artigo stá excelente, baseado nos e nsi name ntos de Dr. P linio, narrando a seqüência da gravidade dos fatos, sendo ainda mais grave o fato de aq ueles eclesiásticos não terem organizado nenhum ato de reparação digno de Nossa Senhora.
Se ho uver poss ibilidade de enviar-me por e- mail , ou por correio, algumas notícias a mais sobre esse sacrilégio, desde j á agradeço. (D.G.A. - Argentina)
Ao /'ogo B] Desde alguns meses esperava que
a nossa valente Catolicismo fi zesse uma crítica do livro " O Códi go Da Vinci", poi s uma professora recomendou à minha filha a leitura desse li vro. Ela começou a ler e des istiu , di zendo que "era tudo errado o que o escritor dizia" .. . Não sabia das razões disso, mas agora esta mos entendendo me lhor que esse livro é infamante da nossa fé católi ca, como está no Evangelho. Valeu a pena esperar pe la crítica que vocês publicaram. E u di zia para minha filha que um dia Catolicismo faria uma a valiação desse livro, que só serve para fazer fog ueira. E fiquei muito conte nte de saber que tinha razão. Agora estou mandando para a professora de minha filh a um xerox dessa avaliação. (M.M.S.D. - MG)
O Código Da Vinci B] Li com grande interesse o artigo
" Mensagem ocultista anticató lica em 'O Cód igo Da Vinci"', vei cul ado na Rev ista Catolicismo nº 660, de dezembro/2005, da qua l sou ass inante e le itor assíduo desde J 993. Desejo parabenizá- lo pela elaboração de tal artigo. (C.C. - SP)
-CATOLICISMO JAN EIRO 2 0 0 6 -
Pergunta - Primeiramente quero agradecer-lhe do fundo do coração o esc larec imento que me deu e m março último . Gostari a de solicitar um novo esclarecimento, caso não seja incômodo: Tendo em vista que é muito difícil para o homem manter a mente limpa em um mundo cheio de distrações, sugestões e más influências, gos taria de perguntar-lhe: o pecado por pe nsamento é tão g rave quanto o pecado por ação?
Resposta - É justo di stinguir, como faz o missivista, entre pecado por pensamento e pecado por ação, esta última compreendendo, segundo a formulação clássica, as palav ras e as obras (entre as quais é bom incluir os olhares, como sa lientam os bons morali stas). Então, é possível pecar somente por pensamento, sem passar à ação. Neste caso, a pergunta do missivista parece ser qu al pecado é o maior: aquele que fi ca só no pensamento, ou o que se consuma na ação.
Perf'eita advertência e pleno conse11timento Para compreender bem o problema, é preciso considerar que, para haver pecado mortal , é preciso que haja perfeita advertência do entendimento e pleno consentimento da vontade. Então, é possível conceber que, num mundo corrompido como este e m que vivemos , sejamos assa ltados por toda espéc ie de pensamentos e desejos maus, contra os quais devemos lutar denodadame nte, pedindo o -
CATOLICISMO
auxíli o da graça divina, especialmente por meio de Maria Santíssima, Medianeira de todas as graças. Se recusamos inte iram e nte o mau pensamento, não só não há pecado, como fazemos um ato virtuoso. Não há uma derrota. Há uma vitória! Nessa luta, poré m, pode acontecer que, pela debilidade que deixou em nós o pecado original, tenhamos momentos de fraque za e m que não rechacemos com a devida energia e prontidão o pensamento mau que nos assaltou. Neste caso, não teremos dado o pleno consentimento de nossa vontade, mas apenas um nebuloso meio consentimento . Idem quanto à advertência de nosso e ntendime nto. E m meio ao corre-corre da vida de hoje, com mil problemas que nos passam pela cabeça, pode acontecer que esses pensamentos maus esvoacem por nossa mente, sem que tenhamos pe1feita adve1tência da maldade deles ou do desejo que nos assaltou. Em ambos os casos, haverá ceitamente pecado venial, que desagrada a Deus, mas não nos leva à rnptura com Ele, causada esta pelo pecado mortal. Mas pode acontecer que seja duvido o para nós se incorremos ou não em pecado grave. Se possível, o melhor é rezar ao Divino Espírito Santo e a Nossa Senhora, recorrer logo que pudermos a um prudente confessor, e expor a ele o estado de nossa alma. Mas se não está a nosso alcance um confessor prudente, como fazer? Caso se trate de uma pessoa de comunhão diária, aregra é procurar fazer um ato de contrição perfeita de seus pecados e não deixar de comungar, a não ser que se tenha a
certeza de ter tido perfeita advertência do entendimento e p le no co nse ntim e nto da vontade, como salientamos de início. Nessa desastrosa hipótese, o mali gno se terá instalado em nossa alma ... Mas em matéria de pecado mortal , é sempre muito peri goso simplificar, sobretudo pela tendênci a que todo homem tem de fazer um juízo benévolo a respeito de si mesmo. Há espíritos laxos que reso lvem sempre em favor da própria inocê ncia , como há espíritos escrupu losos, às vezes doentios, que se afli gem desnecessariamente. Como já dissemos, a ajuda de um con-
fessor douto e prudente é de suma importânci a. O problema será, muitas vezes, onde e ncontrar esse co nfesso r douto e prudente, numa Igreja ela mesma engajada num mi s terio so processo de autodemolição e infestada pela fum aça de Satanás, da qual falou , já em seu tempo, Pau lo VI...
Grnvida<le do pecado <le pensamento Isto posto, volto à pergunDavi pede perdão a Deus pelo pecado cometido
ta específica do co nsu lente: um pecado grave que ficou apenas no pensame nto (mas com perfeita advertênc ia e pleno consentimento), porém não se co nsumou na ação, será menos grave do que aquele que fo i até suas últimas conseqüências? Neste caso, a resposta é cl ara, e foi dada pelo próprio Nosso Senhor Jesus Cristo: "Ouvistes o que foi dito: Não cometerás adultério. Eu, porém, digo -vos que todo o que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já come/eu adultério com ela em seu coração" (Mt 5, 27-28). Os judeus, interpretando mal o mandamento dado por Deus a Moisés - "Não cometerás adultério " - , estavam imbuídos da idéia de que o pecado por pensamento não se incluía nesse preceito, e po1tanto, para todos os efeitos, não constituía pecado. Com a frase que acabamos de citar, Nosso Senhor os previne e a nós contra esse erro de interpretação. Sem dúvida, a li teratura rabínica de todas as épocas condena a impureza que se comete apenas com os olhos ou por pensamento. Mas a prática devia ser bem distinta, a ponto ele Jesus Cristo ver-se obrigado a condenar o adu ltério também por desejo e urgir o cumprimento autê ntico do sexto e nono preceitos do Decálogo. O pecado ele pensamento plenamente consentido equi vale portanto ao ato cometido. Neste caso, não cabe fazer di stinção de grav idade entre pecado por pensamento e pecado por ação. Daí a vigilância que devemos ter quando um pensamento impuro se in sinua em nossa mente, para o rejeitarmos pronta e energicamente,
"Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus"
em vez de ficarmos contempori zand o com ele, com o ri sco de chegarmos ao pleno conse ntimento. Para isso, os autores espirituais dão excelentes conselhos, que devemos zelosamente pôr em prática: regularidade de nossos exercícios espirituais e orações; invocação amorosa de Maria Santíss ima; exame de consciência diário; freqüência regular aos sacra me ntos da Confi ssão e Eucaristia; fu ga enérgica das ocasiões próximas de pecado; convívio somente com pessoas honestas; vocabul á rio e conversação
irrepreensíveis ; modéstia no olhar e nos trajes; cu idado extremo ao manipular jornais e revistas, diabolicamente paginados para mostrar as maiores aberrações; rej eição e nérg ica aos programas de TV, impregnados, na sua quase totalidade, de imoralidades • de toda ordem, etc. Em suma, trata-se de fazer um ro mpimento de alma total e profundo com esse mundo imerso no pecado, em que vive mos, pois qualquer complacê ncia que tivermos para com ele, a porta de nossa alma ficará de vassada para
pensamentos que poderão nos induzir ao pecado grave, e portanto para o risco da condenação eterna. Que Nossa Senhora aj ude o bem intencionado consulente a - na oração, na vigil ância e na luta - preservar a pureza de sua alma, a fim de merecer o prêmio da bem-aventurança eterna, conforme a promessa do Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus " (Mt 5,8). • E-mail do autor: concgojoseluiz@catolicismo.com br
JANEIRO 2006 -
A REALIDADE CONCISAMENTE Moradores de rua entusiasmados com casamento de alto luxo
Imensa maloria nos EUA não acredita no evolucionismo s meios darwinistas já estavam muito incomodados com a ofensiva conservadora para suprimir o exclusivismo evolucionista no ensino escolar. Agora as coisas pioraram ainda mais para eles. Caíram como uma bomba nos meios darwinistas os números da sondagem de Today/ CNN/Gallup: 88% da população dos EUA crêem que a Criação é obra de Deus, ou pelo menos é fruto de um A Criação do Mundo, "p rojeto inteligente". de Giovanni di Poolo Apenas 12% acred itam na teoria evolucion ista da "seleção das espécies" e no acaso. •
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Turquia não concede liberdade aos católicos liberdade re ligiosa na Turquia é só no papel, disse o Núncio Apostólico em Istambul , Mons. Ed mond Fa rhat, ao di á rio " La Stampa" de T urim . " Na Turquia há um.a 'c ristianof obia ' institucional ", ac resce ntou. Desde 1967 os núncios não obtêm licença para ver a igreja de Adana, e há 130 anos a própria Nunciatura não consegue estatuto diplomático. Em 1927, os cristãos turcos eram 900.000 numa popul ação de 13 milhões. Hoje apenas restam 150.000 e m 71 milhões, segundo a agência "Corri spondenza romana". Porém, a Uni ão Européia finge não perceber essa perseguição reli giosa velada e tudo faz para o ing resso desse país islâmico no organismo europeu. •
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Venda de criancinhas na China comunista . governo de Pequim abandona as crianças ó rfãs, alimentando o sini stro negócio da venda de bebês. Na Internet, o preço de um menino de 100 dias é 3.500 dólares; e se for menina, L. 600. O site com essa "ofe rta" só saiu cio ar quando denunciado, informou a agência vaticana "Asianews". Este é um dos muitos subprodutos monstruosos das políticas soc iali stas de controle da natalidade. •
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CATOLICISMO
azia frio quando 400 seguranças afastaram meninos e moradores de rua na Praça ela Sé, em São Paulo. A causa da medida foi um casamento da riqueza e da tradição, com 1.200 conv idados. A praça virou estacionamento de carros deslumbrantes. Quando chego u a noiva, elas centenas el e pobres nasceu um burburinho de admiração e estourou um espontâneo coro: "Fe-li-ci-dades! Fe-li-ci-da-des!". Um sacerdo-
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te ela Pastoral de Rua, em sandálias de couro, ca lças e camisa esporte, chegou e ouviu dos moradores de rua emocionados: "Aí, padre, entra lá na igreja. Vai nos representar no casório ". O re ligioso alegou ter esquecido o RG em casa. Na saída, a noiva foi ovac ion ada como uma princesa. Realmente, falar ele luta de classes no Brasil soa como piada ou especu lação de intelectual marxista ... •
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Mais uma fuga do paraíso" comunista cubano
viagem_acabou mal para Fide l Castro. E muito bem para os artistas . Os 38 mtegrantes do Coral Nacional de Cuba reali zavam recente tournée de apresentações no Ca nadá. Quando os agentes castristas cortaram as di árias do hotel, para tentar impedir que os canto res fugissem , mai s de 20 deles abandonaram o grupo e pediram asi lo político . Pre feriram correr qu alquer ri sco antes que vol tar ao inferno da ilha-pri são de Ficlel. •
Coral Nacional de Cubo
Cadáver de suicida confundido com boneco de Halloween
Ciência recomenda refeições em família
alloween (o dia das bruxas, anualmente comemorado) é mera brincadeira? Não parece, poi s habitua os homens ao torpe e ao infernal. Em Delaware, EUA, um fato deu uma reposta a essa pergunta, ele modo tétrico. O cadáver ele uma infeliz mulher suicid a ficou pe ndurado e m uma árvore a uma altura faci lmente visíve l. As pessoas passavam sem tomar qualquer iniciativa, acreditando ser mais uma monta ge m de Halloween, exp lico u a es posa do prefeito William G landen para o di"Bruxa" no dia de Ho//oween á rio "The Wilmin g ton Ne w s Journal". Cabe a pergunta: se um di a o preternatural diabólico se mani fes tar sensivelmente, as pessoas não estarão já preparadas para aceitá- lo? E qual o papel do Halloween nessa preparação? •
s refeições em famíl ia reforçam os vínculos, melhoram a qualidade das comidas, protegem cios excessos de alimentação ou dejitness [exercícios físicos], reforçam a saúde psíquica, favorece m o co ntato com a rea lid ade, são 'i ,:,:'..,}.:i_}_i~.•.~_:.i 1:_(I f: fo rmativas quanto às boas maneiras, sendo ótimas para educar crianças e adolescentes. Tais conclusões não são de um saudosista, mas rePOW[R OF :: ·; sultado de amplas e sérias pesquisas científiFAMILY M[ALS....,.-~::·)U cas recentes, sobretudo com adolescentes, rett, ... [ 'nl1f\t lo3ethn ,NIO~f'~ u:r.~),\~; sumi das no livro da jornalista Miriam ~),,wl.-,.· 5111,n~r.r, liuhh~;/~\\. :_'. :'• Weinstein, O surpreendente poder das refei..,j 11:rr·r ,. fr-, . ções em..fàmília: comer juntos nos torna mais inteligentes, mais.fortes, mais saudáveis e mais felizes. Tudo isso é verdadeiro quando o convívio durante a refeição não é sabotado pela TV Ligada, esclarece Weinstein . •
Rádio na Internet para cães e gatos. Ou para os donos?
Jovens lideram oposição ao aborto na Inglaterra
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m Los Angeles (EUA) funciona uma rád io exclu siva para anim ais domésticos, transmitindo em inglês e espanhol , via Internet: a DogCatRadio. Os locutores "fala m" para os bichos e tocam músicas, que supõem sejam do gosto animal. Na verdade, a emissora mais parece vo ltada para os donos, aos quais ele fato se diri gem as mensagens e as propagandas. O iso lamento psi ·ol6 ,i ·o · moral dos homens, num mundo ·m qu · a fumíliu • menospreza da e os ·rian çus sao lida s como emp cilhos , chegou ao ponto d· haver quem proc ure o uvir um a r6dio dirigida a gatos e cachorros! •
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SURPRISÍ~lG :,:·
Exéquias de bispo chinês anticolaboracionista
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ma onda de veneração popular ignorou as proibições marxistas às exéquias públicas de D. Pierre Chang Bairen, bispo de Hanyang (China) . Ele é considerado um herói da resistência católica contra a coexistência com o comunismo . D. Pierre passou 24 anos preso por não aderir à chamada Igreja Patriótica, vincula d o ao regime comunista. A Cardinal Kung Foundotion noticiou que ele consagrara sua diocese ao Imaculado Coração de Maria, pedindo duas graças: "l) Que nossa diocese ficasse isenta da pestilenta reforma religiosa contra o Papa de Roma; 2) Que eu, o mais débil dos homens, não seja um Judas". Obviamente, ele desagradou os eclesiásticos e civis que promovem a política de aproximação entre o Vaticano e Pequim.
Natal: coragem católica vence gigante dos supermercados
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Wal-Mart, maior rede mundial de
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a Inglaterra, onde se pode abortar até a 24ª semana de gestação, 80% da população afirmam que 200.000 abortos anuais "é demais". 89% acreclitam que a legislação sobre o aborto deve ser continuamente revi sta e levar em consideração os progressos da medicina, que permitam aj uda e atenção cada vez mais precoces em relação aos nascituros . 62% acham que a lei de ve ser rest-;:ingida "significativamente". 75 % dos jovens de L8 a 24 anos apóiam essa posição, formando o grupo social mais oposto ao massacre de inocentes. "A enquête mostra quão desatualizada e fora da pista ficou a lei de aborto", disse a responsável da sondagem, Citra Abbot A Comm.unicate Research pesquisou 1005 britânicos no 38º aniversário dessa cruel legislação abortista. •
supermercados, sofreu nos EUA boicote nacional liderado por advoga dos católicos . Fingindo desconhecer o Natal, a rede baniu o tradicional cum primento cristão Merry Christmas e promoveu as festas de outras religiões. O Wal-Mart reagiu ao boicote com uma esdrúxula declaração de que se baseava em doutrinas sobre uma suposta origem pagã do Natal. No fim, a pressão católica prevaleceu e o WalMart pediu desculpas públicas por sua resposta "imprópria e inflamada". Os católicos americanos estão empenhados na restauração da festa do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo em seu país.
JANEIRO 2006 -
Afinidades A consonância entre esquerda e banditismo não revela nexos apenas em nossos dias; se analisarmos as revoluções ao longo da História, sempre encontraremos o mito da igualdade como fundamento para essa consonância 0D
A LENCASTRO
jovem com o qual entabulei uma dessas conversas ocasionais, na sala de es pera do dentista , era bastante intuitivo. De tal modo que suas palavras logo beliscavam nervos sensíveis da trama da vida, sem usar frases feitas nem se atrelar às costumeiras injunções da mídi a. E ntretanto, a fa lta de experiência própri a da idade não lhe permiti a avali ar bem a importância das coisas que percebia. Não atinava dar uma ex plicação para aquilo que ele mesmo via ; não uma explicação qualquer de algibeira, mas uma resposta de larga visão, que raspe o fundo do problema, para além da mera po lítica - a metapolítica, na expressão cara ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira.
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Uma pergunta-surpresa Ta lvez por isso, depois de um algum tempo de conversa, ele di sparou de modo direto e sem maiores lapidações a pergunta que o tornava inquieto:
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CATOLICISMO
- Por que existe tanta afinidade entre a esquerda e os bandidos? Tomado de surpresa, titubee i um pouco, e e le aproveitou minha hesitação para co mpl etar: - Aquele José Rainha, do MST, chegou a dizer que queria abrir as portas das cadeias para soltar os malfeitores de toda espécie; 1 os soviets de Lenine, quando tomaram o poder na Rús ia, faziam ua movimentação de rua utili za ndo bandidos ; a Revolução Francesa de 1789 arrebanhava gente da pior espécie para seus moti ns tumultuários contra a Religião e contra o re i; as FARC, o MST, o Fernandinho Beira-Mar, as ONGs de esquerda, os traficantes, tudo faz parte da mesma panela ... Só então, provocado por aquela questão borbulhante, pude precisar algo que estava confuso em minha mente. Tentarei ex pli cá- lo ao leitor, como procurei fazê- lo ao meu jovem interlocutor.
Desde Lutero O princípio capital que está na origem
das esquerdas de todos os matizes é a igualdade. Foi em nome dela que Lutero se insurgiu contra a supremacia que Jesus Cristo concedera ao Papa na Igreja; que Danton, Ma.rat e Robespierre se levantaram contra a instituição da Realeza, não hes itando parai soem usar aguilhotina como arma de guerra; que os soc ialistas utópicos construíram suas quimeras; que Lenine e seus bolchev iques declararam guerra à burguesia. É em nome da igualdade, ainda hoje, que a esquerda açula o quanto pode as populações contra os que conservam alguma preeminência social, política ou econôrn:ica. A idéia funda.mental dessa pregação é que toda desigualdade é uma injustiça, porque necessariamente os que se sobressaem, em qualquer campo, sempre o fazem à custa dos outros. A desigualdade é uma culpa coletiva, uma espécie de pecado original da sociedade, que só pode ser redimido pela implantação da igualdade total. Quem sobressai cm relação aos outros é um pecador público, sempre culpado, que deve ser apedrejado.
Mas não se trata apenas de combater as desigualdades aberrantes e anti-naturais, como as de imperadores e potentados pagãos que se consideravam deuses. Mes mo as hierarqui as santas e as desig ualdades harmôni cas e proporcionais, tão defendidas pela Igreja Cató lica e tão benéficas para a sociedade, essas mesmas devem ser repudiadas, pelo simples fa to de serem des igualdades.
Um 11ocab11Jário pl'ópl'io As críticas que a esquerda costuma fazer ao capitalismo não se devem a este ou àquele defeito que o regi me apresenta nesta ou naquela nação em concreto. Falhas ou abusos rea is até podem ser utilizados como pretexto para a increpação. Mas a verdadeira razão é que o capitalismo, ao manter a instituição natural da propriedade privada, conduz à desigualdade. Por is o é preciso um socialismo que impeça absolutamente os mais capazes ou mais esforçados de alcançar um nível de vida melhor que o dos outros. Nessa concepção, a luta de classes prospera: há os capita.Li stas de um lado, e de outro os marginalizados (postos à margem dos lucros e dos bens), entre estes os pobres, mas também os bandidos. Daí o fato de que, há j á algum tempo, a esquerda pôs em circulação a palavra " marginal" para designar o bandido . Ou seja, o criminoso não seria culpado pe lo seu crime, não teria responsabili dade moral , mas a cul pa recairi a sobre a soc iedade capitalista por tê- lo margina-
li zado. Posto em situação de infe rioridade, ele naturalmente se revolta, pois a condição normal seria a igualdade total. Mai s recentemente foi cunhada també m a ex pres são "exc luíd os" , com o mesmo significado: aque les que foram excluídos da mesa do capital.
O desarmamento cm /'oco É claro que há diferentes graus e modalidades de esquerda. Não cabe aqui elaborar um tratado sobre o assunto. Mas, na medida em que alguém é autenticamente de esquerda (e não um simples oportunista ou enganado), levado por seu igualitarismo, sente uma afinidade profunda, a.inda que subconsciente, com todas as categorias de "marginalizados", mesmo os bandidos, como no caso de José Rainha, citado pelo meu jovem interlocutor. Curiosamente, no referendo ati nente ao desarmamento dos homens de bem, os eleitores brasileiros parecem ter sentido coletiva.mente essa realidade: enquanto o grosso da popu lação estava preocupada e m defender-se dos bandidos, e não em facilitar sua tarefa, a esquerda desejava a proibição da compra e venda de armas e munições para os homen honestos. A fi sionomia inte ligente e atenta do inte rl ocutor estimul ava minh a loquacidade. À medida que eu lhe fa lava, recordei-me da seguinte descrição que o Prof. Plíni o Corrêa de O li veira fez das equi vocadas disposições de um esquerdi sta típico e m face dos criminosos: "O crime nasce entre nós das con-
vulsões sociais originadas da fome. Elimine-se a f ome, desaparece o crime. Como, aliás, tam.bém a prostituição .[ ... ] "Quem você chama de criminoso é uma vítima. Sabe quem é o criminoso verdadeiro? É o proprietário. Sobretudo o grande proprietário. Principalmente este é que rouba o pobre. Seu crime social é de uma maldade sem nome! [... ] " Um gove rno consciente de suas obrigações tem por dever desmantelar a repressão e deixar avançar a criminalidade. Pois esta não é senão a revolução social em marcha. Todo assassino, todo ladrão, todo estuprador não é senão um arauto do furor popular". 2
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A secretá.ria do de nti sta avisou que era minha vez de entrar para a sala de torturas. Meu jovem interlocutor permaneceu pensativo, e ainda ass im estava qu ando o encontre i ao sa ir. Talvez o mes mo possa ocorrer com o leitor que conseguiu chegar até aqui. • E-mail cio autor:
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cidalcncastro @catolicisrno.com.br
Notas:
1. A meu ped ido, ele me pa ssou depoi s por e- mai 1 a frase tex tual cio José Rainha: "Esse país s6
va i ser sério quando os portões das cadeias fo rem aberto.,·. Temos q11e tirar quem est6 /6 dent ro e colocar /6 esses ve11dilhões da pátria" ("Jorn al cio Brasil ", 27-7-2000). 2. Plíni o Corrêa ele O li ve ira, Quatro dedos sujos e f eios, "Fo lha ele S. Paulo", 16- 11 - 1983.
JAN EIRO 2006 -
cente, vão manifestando desconcerto, est:ranheza e opos ição aos fatores de caos e desagregação moral e material da soc iedade e - oh! dor - até na Santa Igreja, bu scam em Nossa Senhora de Fátima proteção e re fúgio seguro para suas almas e procuram, através de sua mensagem, decifrar o enigmático e, por vezes, estapafúrd io desenrolar dos acontecimentos.
A cmpolga/Jlc consagração <lc Lisboa a Nossa ScJJhora
Grandiosa procissão e consagração de Lisboa E m impressionante manifestação de fé, meio milhão de pessoas acornpanharam pelas ruas a ln1agem de Nossa Senhora de FáLirna, vinda da capelinha das aparições para a consagração da capital portuguesa hI JOSÉ C ARLOS SEPÚLVEDA DA FONSECA
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átima continua a ocupar pape l centra l no d e se nro lar do s g rand es acontec im e ntos mund iai s. Diríamos até que esse papel é crescente nos espíritos, apesar de mui tos terem prognosticado - qu ão equivocadamente ! que as apari ções e a mensagem de Nossa Senhora constitu íam um c iclo hi stórico e ncerrado e, portanto, votado ao paulatino esquecimento. As reve lações e advertências proféticas confi adas pe la M ãe de Deus, no
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CATOLICISMO
remoto ano de l 9 17, aos três pastorin hos a respeito dos erros e dos fato res de desagregação da soci edade e das nações; a predição das provações que se abateriam sobre a Igreja e os j ustos; os pedidos de e menda e de afervo ramento re lig ioso; o anúncio dos casti gos que se sucederi am na eventualidade de uma recusa ao atendimento de ta is pedidos; e, por fim , a promessa do triun fo do Imacul ado Coração de Mari a, marcaram de modo inde lével a hi stória do século XX. Mas não só ! Continuam a marca r deci ivamente este nosso século.
Fátima: cJ,a vc <los aco11tccimc11tos hodicnws N o fund o da me nta lidade de um a imensa parte de nossos contemporâneos, a mensagem de Fátima - mesmo quando silenc iada - fo i faze ndo seu cami nho; e hoje, até entre pessoas que dizem não ter fé, são muitos os que percebe m que a chave dos acontecime ntos hodiernos se encontra nas palavras da M ãe de Deus. Nossa Senhora de Fátima continua a chamar à conversão e à piedade, no fundo das almas. E aqueles que, em número cres-
Nossa Senhora qu is a inda há pouco mani festa r, de modo inconteste, que é Ela a Rainha dos corações, a Ra inha da hi stó ri a humana. E, uma vez ma is, o fez em Po rtuga l, país qu e esco lheu para reve lar sua mensagem ao mund o. Li sboa ass isti u a um a impress io nante manifestação de fé e devoção em torno da imagem de Nossa Senhora de Fátim a, vi nda da capeli nha das apari ções. Ta l im age m, que só excepc iona lme nte sa i do Sa ntuário de Fátima (até hoj e o fez apenas nove vezes), esteve na capi ta l portuguesa para a so lene co nsagração da cidade a Nossa Senhora, por ocasião de um Co ngresso Intern acional para a No va Evangeli zação. Pe las princ ipais arté rias do centro de Lisboa, no início da no ite fri a e chuvosa do sábado 12 de novembro, e mpun hando ve las, entoando cânti cos e rezando o terço, um a multi dão de ma is de me io milhão de pessoas, para surpresa de muitos, acompanhou a Imagem, que po rtava a coroa prec iosa oferec ida pe las mulheres de Portuga l, na procissão das ve las que antecedeu a consagração à Santíssima Virgem.
"IJJé<lito, grn11dioso, clc1raclo e r cgc11c1-ador" O impacto de tal mani fes tação e o amb iente de intensa piedade ali vivid o transparecem e m artigo esta mpado nas páginas de um dos principais di ários portug ueses, do qual nos permi timo tran screver alguns trechos: "São impressionantes, para um católico, mas igualmente para qualquer outro cidadão de outra religião, ou ateu, ou simplesmente desatento, as imagens defé que levaram centenas de milhares de pessoas a acompanhar a imagem de Nossa Senhora de Fátima pelas ruas de Lisboa.
"Não é vulga1; nem comum, em país algum, que uma procissão, numa capi!al despovoada, ao .final da tarde, com um tempo pouco agradável, junte tantos fiéis, homens da Igreja, católicos serenos ou af astados das igrejas e dos rituais dominicais, para seguir com/é e evidente crença a manifestação que deu lugar à consagração da cidade a Nossa Senhora. E as imagens mostraram pessoas de todas as idades, j ovens e idosos, classes distintas, raças d(/erentes, mas todos unidos pela mesma devoção. [... ] "Foi inédito, gràndioso, elevado e regenerador, particularmente num momento do País e dos portugueses em que nada dá esperança, em. que o f uturo é uma incógnita e em que as dificuldades se avolumam. [.. .] "Nossa Senhora de Fátima desta vez desce u à capital e produziu o milag re de juntar mais.fiéis do que, eventualmenle,
alguma vez se concentraram em Fátima. [...] Lisboa foi um santuário improvisado, repleto, mostrando que tem uma fé inabalável na Igreja Católica Romana e na Mãe de Cristo. Calem-se, por um momento, os que achavam o conlrário, e que no seu pessimismo agnóstico e militante tentavam reduzir a Igreja a um bastião ultrapassado e sem fúturo " (Luís Delgado, A f orça de Fátima, "Di ário de Notíci as", J4-1J -05).
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Resta apenas uma indagação: por que os bras ileiros não tiveram a oportun idade de to mar co nhecime nto, por nossos ó rgãos da mídi a, dessa tra nscende nte manifestação de fé, quando hoje qualquer b analidade ocorrid a e m um long ínqu o lugar é pronta mente notic iada? • -mai I pura o autor:
JAN EIRO 2006 -
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.Ecologismo, suicídios
e nudismo
A
reta preservação da natureza sempre esteve presente nos costumes das pessoas de bom senso. Mais ainda, saber apreciar uma bel a paisagem, enca ntar-se com um pássaro, aspirar o perfume de uma rosa podem constituir atos de amo_r a Deus, na med ida em que se saiba ver, nessas belezas naturais, reflexos do Criador de todas as coisas. U ltim amente, porém , ce rto ecologismo desvairado vai além de todas as medidas, ao deificar a natureza e apresentar o ser humano como seu predador inveterado. Cria-se assim, em certos círculos, verdadeira mani a que pode chegar a conseqüências catastróficas. Vejamos a seguinte notícia.
O espetáculo deprimente deu-se em meio a um protesto de ambienta listas que reunia cerca de 150 pessoas no centro de Campo Grande. Pouco antes de suicidarse, Anselmo escreveu numa espéc ie de delírio: "A minha vida sempre foi um sacerdócio em defesa da nat.ureza ". Ele era presidente da Fuconams (Fundação para Conservação da Natureza de MS). Conforme ensina a doutrina católica, o suicídio constitui pecado grave contra o 5° Mandamento da Lei de Deus, que manda não matar. Nos bon s tempos, a Igreja não rezava mi sa pelo suicidas nem permitia que fossem sepultados em cem itérios de católicos.
Desvario ecológico
O suicídio é comum também entre certas tribos indígena . Competiria aos missionários pregar entre eles a doutrina católica para que se convertessem e abandonassem estas e outras práticas pagãs. Mas, nesta época de progressismo católico, grande número de missionários mais parecem interessados em evitar que os índios sejam batizados do que em trabalhar para que siga m a Jesus Cristo. "Mais uma j ovem indígena tentou o suicídio em São Gabriel da Cachoeira (AM). A tentativa da adolescente de 17 anos, no sábado, foi a sexta entre índios
O ambientalista Francisco An elmo Gomes de Barros "estendeu dois colchonetes em forma de cruz na calçada, ensopou-os com dois galões de gasolina e ateou fogo por volta das 12h de sábado. Teve queimaduras em 100% do corpo". O su icídio ocorreu em "protesto contra a instalação de usinas de álcool e açúcar na bacia do rio Paraguai, onde fica o Pantanal. [... ] Teve Lodo o corpo queimado e morreu na UTI da Santa Casa de Campo Grande" ("Folha de S. Paulo", 14-11-05).
CATOLICISMO
Índios privados cio catecismo
de 12 a 17 anos em outubro e novembro. Nesse período, três adolescentes índios morreram por enforcamento na cidade. Outros 15, segundo a Polícia Civil, '1nanifestaram o desej o' de suicidar-se" ("Folha de S. Paulo", 23- 11 -05). Nmlismo "católico"
E nquanto isso, o progressismo va i avançando. A maior revista cató lica itali ana, "Famigli a Cri stiana", publi co u foto de uma mulher nua, em anúnc io de um istema de ventilação para banheiros. A mu lher aparece de costas e é vista através de uma porta de box um ta nto embaçada. Para tornar a imagem mai s "picante", a legenda diz: "Se queres ver claro, chama logo o teu eletricista ". O diretor de "Famigli a Cristiana", D. Antoni o Sciortino, afirmou: "Nós vimos o anúncio e o aprovamos. [...] Cont.amos com a maturidade dos leitores". Felizmente a opinião católica italiana escandal izou-se com a imoralidade, o que obrigou D. Sciortino a pedir desculpas . Mas bastam desculpas? Não deveriam as autoridades eclesiásticas exigir o fechamento da revista, ou ao menos que ela não mais fosse tida como católica? Enq uanto isso, surgem notícias de imagens de Nossa Senhora vertendo lágrimas. •
Quando começa a vida humana? Pode-se eliminar um embrião? A essas e outras questões responde, com clareza e segurança, a Profa. Dra. Alice Teixeira Ferreira. E1a demonstra estar cientificamente comprovado que a vida humana tem início desde a concepção.
O
Projeto de Lei sobre o aborto (PL 1135/91 ), atualmente em trâmite, apresentado pela deputada Jandira Feghali (do Partido Comunista do Brasil), colocaria o Brasil entre os países mais radicalmente abortistas do mundo. Torna-se assim urgente empregar todos os esforços para impedir que essa tra gédia se torne realidade . Contra tal crime inominável, é de grande importância fazerem-se
ouvir vozes autorizadas. Na área da ciência, a palavra da Profº. Dra. Alice Teixeira Ferreira é do maior peso . Convicta anti-abortista, desenvolve ela intensa atividade em defesa da vida e contra a legalização do aborto no Brasil. Em seu laboratório no Departamento de Biofísica na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), onde é livre docente, a Dra . Alice, médica pesquisadora na área bioméd ica, recebeu gentilmente a reporta gem de Catolicismo. Ela pesquisa há 15 anos na área de biologia celular, sobre os mecanismos de sinaliza ção celular. A renomada pesquisadora é também coorde nadora do Núcleo interdisciplinar de Bioética da UNIFESP e professora de Bioética no curso biomédico dessa Universidade.
Catolicismo - No dia 7 de dezembro último o governo desistiu de forçar a votação, ainda naquele mês, na Comissão de Seguridade Social da Câmara, do Projeto de Lei que descriminaliza o aborto, pois havia a possibilidade de a proposta ser rejeitada. A Sra. nesse dia esteve em Brasília, trabalhando para impedir que tal projeto fosse aprovado. Como considera o resultado obtido?
Profª Alice
'/'cixeil'a: "Baseio mi11/,a posição contra o aborto em razões cie11tíflcas C
éticas. Está demo11strado que a origem do ser lwma110 se situa 110 momento da concepção."
Pn~f" Alice Teixeira - Em termos, considero um êx ito. Quando perceberam que estávamos com a maioria para recusar o projeto, o pres idente da Comissão simpl esmente impediu que a votação fosse realizada. Para isso, a deputad a Jandira Feg hali (PCdoB/RJ) apresentou um req uerimento para ad iar a votação. O presidente da Com issão declaro u que a contagem de votos concedi a uma maioria de 16 a 15 pelo adi amento por du as sessões. Assim, o projeto deverá ser votado provavelmente só em fevere iro próximo. O que a deputada Feghali provavelmente fará agora? Será um trabalho junto aos líderes dos partidos para indicarem deputados favoráveis ao aborto, montando outra Comissão de Seguridade Social com maioria de membros que tenham a mes ma posição dela ... Catolicismo - Quais as razões que fundamentam sua posição contrária ao aborto?
JAN EIRO 2006 -
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o zigoto, as do embrião e as do homem já nasci do, têm a mesma organização genética, irrepetida em todos os demais indivíduos. Com base nessas evidências experimentais, o papa Pio IX aceitou, em 1869, a concepção como a origem do ser humano. E, do ponto de vista da ética, nós temos que respeitar a digni dade do ser humano que está pr~sente ali , na concepção. Então, por estas razões, eu sou contra o aborto. Porque no aborto, seja com a " pílula do dia seguinte", seja com curetagem ou aspiração, se está eliminando um ser humano. Se o embrião humano é um ser humano, uma pessoa humana, e u não posso matá-lo, destruílo, nem mesmo para utilizar as suas célul as e m pesquisas. O argume nto que usa m alguns, de que são embriões não viávei s, é falso. Se não fossem viáveis , estari am em processo de morte, e não se faz pesqui sa com célul as em processo de morte. Catolicismo - A Sra. considera que existe uma indústria do aborto no mundo?
Prof" Alice Teixeira - Eu baseio minh a posição contra o aborto em razões científicas e éticas. Porque está demonstrado pe la ciência que a origem do ser humano se situa no momento da concepção. O Sr., e u, todos nós tive mos nossa origem na concepção. Esse é um fato que foi descrito pela ciência. A ciência não dá o " porquê", e la dá o "como". Já em l 827 isso foi descrito por Karl Ernst von Baer. Ele observou o ovo, ou zigoto, e m divisão na tuba uterina e o blastócito no útero de animais. Em duas obras descreveu os estág ios correspondentes ao dese nvolvime nto do embrião. Por isso é chamado " pai da embriologia moderna". Todo li vro moderno de embriolog ia humana traz esta desc ri ção. Todos os textos consultados, nas suas últimas edições, afirmam que o desenvolvimento humano se inicia quando o ovócito é fertilizado pelo espermatozó ide. Todos afi rm am que o dese nvolvimento humano é a expressão do fluxo irreversíve l ele eventos biológ icos ao lo ngo do tempo, que só pára com a morte. O embri ão se forma a partir de uma única célul a: o zigoto, que, por me io de muitas divisões celulares, forma os tecidos e órgãos do ser vivo. Já desde o primeiro momento da concepção você tem o aparecimento de um genoma humano específico, característico de cada indivíduo, que é único, e que não se repete mais. Isso significa que todas as célul as de um mesmo indivíduo, seja
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CATOLICISMO
".Já desde o primcil'o momc11to da co11cepção você tem o apareci11w11to de um ge110ma lwma110 específico, caractcl'Ístico de cada i11divfrluo, que é lÍllÍCO."
Prof" Alice Teixeira - Ex iste. O Dr. Bernard Nathanson, por exemplo, que foi um dos principais líderes que promoveram o aborto nos EUA (reconheceu ter praticado e le mesmo 5.000 abortos na década de setenta), informa que se paga 300 dólares por um aborto nos EUA. O Dr. Jorge Andal aft Neto, médico do Hospital do Jabaquara - único hospita l onde se pratica oficialme nte o aborto - diz que no Bras il um aborto custa entre mil e doi s mil reais. Também a deputada Jandira Fegha li afirma que ternos no Brasil " milhões" de abortos clandestinos. Esse dado é muito difícil ele se confirmar, porque se trata de aborto clandestinos, que não são dec larados. Como p de ela afirmar esses números? Quais as fontes de tai s dados? Catolicismo - A Sra. acha plausíveis os números divulgados que Indicam algo em torno de 45 milhões de abortos por ano no mundo inteiro, sem contar países como a China, onde o número é provavelmente ainda maior?
Prof'Alil'<' 1l'i.n•ira - Pode ser. Na China existe um~ indústri a de c rebros de fetos . É o que acontece quando s ' p ·rele o conceito de vida humana. Catolicismo Qual a lógica que está por detrás da Insistência em pesquisas com CTEH (células embrionárias), que supõem a morte do embrião, em vez de se utilizar na pesquisa CTAH (adultas)?
Prof' Alice Teixeira - Dinheiro .. . O próprio James Watson - descobridor da composição do ADN, que lhe valeu o Prêmio Nobel - se opôs ao Projeto do Genoma Humano . Mas, como foram investidos no projeto cinco bilhões de dólares, e le acabou aceitando ser o diretor ecoordenador do projeto no NIH (Nati-
onal lnstitute of Health, dos EUA). Catolicismo - Existe uma ideologia escondida nesses intentos? Proj" Alice Teixeira - J. Watson era
partidário da eugenia ("higiene racial"). Afirmava que com o genoma e le chegaria a di stinguir quem era mais inteli gente, sa udável, etc., e que seria possível fazer uma seleção a fim de determinar quem teria o dire ito de viver, e quem não ... [vide quadro ao lado]
Catolicismo - A Sra. gostaria de transmitir uma mensagem ao nosso público católico, contrário ao aborto?
"Engenharia Genética"
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lguns propulsores da engenharia genética no s e mbriões hum a nos já abandonaram qualquer pretensão de estar interessados nessa técnica só com fins terapêuticos. James Watson declarou em um congresso da UCLA (Universidade ela Califórni a - Los Angeles) , em 1998: "Se
podemos fabricar melhores seres humanos sabendo como agregar certos genes, por que não o faríamos?". E, numa declaração ante o Comitê Científico do Parlamento Britânico, afirmou: "Se os cien-
tistas não suplantam Deus ( "play God"), quem o fará ?". ("St. Louis Post-Dispatch", 25-7-2000).
Catolicismo - Qual a relação entre o Projeto do Genoma Humano e o aborto no mundo?
Prof' Alice Teixeira - É lógico que estão li gados. Porque, se o aborto é tornado lícito, então o embri ão humano perde todo direito e pode ser usado para as pesquisas do projeto. Catolicismo -
Prof" Alice Teixeira - O problema que hoje enfre ntam os é de salvação ela espéc ie humana. Observamos o que está acontecendo hoje na Europa. Devemos despertar e defender nosso futuro brasileiro. Devemos ex igir dos nossos diri gentes as melhores condições de vida para os brasi le iros: ed ucação, sa neame nto básico, me lh or atendimento na saúde. Ni sso é que reside o problema, e não na descriminalização cio aborto. •
Ili
Existe algo mais por detrás?
Proj" Alice Teixeira - É um verdadeiro projeto de genocídio no chamado "terceiro mundo". Grandes in stitui ções internacionai s, co mo "Plan ned Parenthoocl", promovem o aborto e a esterili zação mac iça como um meio de diminuir a população " inferior" . Alegam, por exemplo, querer acabar com a fome no mundo. Catolicismo - Como a Sra. considera a posição do público brasileiro face ao aborto?
Proj" Alice Teixeira - O povo si mpl es, aquele que é chamado " proletário" - justamente porque tem muitos filhos - encontra a sua felicidade nos filhos. Poré m, na maioria cios países ela velha Europa, a bai xa nata lidade atinge um índice de crescime nto popul acional nulo, ou até negativo. A imigração maciça de povos muçulmanos para a Europa é uma conseq üê ncia di sso, e se tem transformado em um problema grave. Muitos declaram hoje aberta mente o pe nsamento do Islã: "Pelas leis democráticas dos europeus, nós
podemos invadi-los; pelas leis da nossa religião, nós iremos dominá-los". JANEIRO 2006 -
INFORMATIVO RURAL
. 'Justiça" estranha: miséria para os não-índios; latifúndio para indígenas...
E
ntrevistado pela conhecida emisora alemã Deutsche WelleWor{d,1 o Arcebispo de Salvador e presidente da CNBB, Cardeal Geraldo Majella Agnelo, fez afirmações surpreendentes·. A ex plicação delas pode-se encontnu- na defesa reiterada das reformas de base socialistas, que vem sendo feita por essa entidade episcopal. Veja-se o texto abaixo:
não lhes pertence. Todo o bem feito ao País pela classe rural ao longo dos anos é assim ignorado. É uma afirmação notoriamente injusta.
Fundamento ideológico - Logo a seguir, porém, o Sr. Cardeal apresenta o fundamento ideológico de sua posição: " [Não querem] ficar apenas com o que é
Deutsche Welle - O governo Lula falhou na área social? D. Agnelo - [... ] Nós bispos achamos que a prioridade deve ser a realização das reformas sociais. Temos problemas que vêm de longa data, como reforma agrária [.. .]. Deutsche Welle - O que impede o governo Lula de fa zer uma reforma agrária mais conseqüente do que seus antecessores? D. Agnelo - É a tradicional ques- ~ > tão da concentração da propriedade nas D. Geraldo Mojello, mãos de poucas pessoas, que não quepresidente do CNBB rem dividir de j eito nenhum com os que não têm nada e ficar apenas com o que Índios, grandes latifundiários, cidadãos privilegiados ... é justo para a sua sobrevivência. Temos casos, por exemplo, de terras indígenas em Roraima, que mesmo depois de delimitadas pelo governo e esgotadas as medidas judiciais, são reivindicadas à força pelo homem. branco.
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Injustiça - Atribuir os problemas agrários brasileiros ao fato de que "pou-
cas pessoas não querem dividir de j eito nenhum com os que não têm nada" é, no mínimo, de um simplismo chocante. A ser verdade o que diz o Sr. Cardeal, os propri etários agrícolas brasileiros (ao menos os grandes e médios) seriam todos uns aproveitadores sem escrúpulos, que se estariam apropriando daquilo que
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CATOLICISMO
justo para a sua sobrevivência". O sentido natural dessas palavra é que o "justo" seria o proposto pelo comunismo . Desde que alguém tenha o suficiente para não morrer de fome, ele se e ncontra numa situação "j usta", e o que vai além disso seria uma injustiça. Não seria "justo", assim, querer progredir, almejar condições melhores de vida. A frase parece propor a doutrina da igualdade na miséria, o que entra em choque aberto com a autêntica doutrina social da Igreja.
Latifúndio indígena - Depois disso, o Purpurado defende exatamente o contrário ... quando se trata dos índios. Estes podem e devem tornar-se grandes latifundi ários! Segundo o insuspeito Conselho Indígena de Roraim.a,2 nos estados de Roraima, Amazonas, Tocantins, Pará e Maranhão, "cerca de 870 índios
NO ESTAIS SOLOS Aspectos do gigantesco manifestação contra o novo Lei de Ensino do governo socialista de Zopotero
Socialistas tentam impor lei liberticida de ensino
vivem. nas cinco reservas homologadas [em 19-4-2005]. Somadas, as áreas totalizam 224,8 mil hectares ". O que dá, para cada índio, 258,38 hectares. Se considerarmos uma pequena família de quatro pessoas, totalizaria 1.033,52 hectares por famfüa . Será que a sobrevivência dos índios exige que eles sejam grandes latifundiários, enquanto os não-índios têm de se contentar apenas com o necessário para sua sobrevivência, ou seja, uma situação de miséria? O Cardeal Majella Agnelo dar-se-á conta de que está fazendo uma discriminação descomunal a favor dos silvícolas, instituindo-os como os cidadãos pávilegiadíssimos do Brasil? É esse um conceito ba tante insólito de "justiça"! •
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Notas : l .w ww . dw - wor ld . de/dw/article/ 0,2144 1793926.00.html 2. www .ciror~.br/noti cias 050419 cinco.asp
Ü governo socialista espanhol pretende aprovar uma nova Lei de Ensino de cunho liberUcida, naturalista e ateu. A opinião pública reage indignada. r,
RENATO MURTA DE V ASCONCELOS Correspondente - Espanha
N
o último dia 12 de novembro, mais de um milhão e meio de pessoas encheram as ruas de Madrid, em portentosa manifestação contra o projeto de lei do governo socialista de Za-
patero que pretende impor uma nova Lei de Ensino (LOE - Ley Orgánica de Educación). A nova legislação de e nsino, se aprovada, vai eliminar dos colégios a aula de religião; impedirá que os pais escolham livremente a escola de seus filhos ; proibirá o financiamento das escolas parti culares por fundações ou donativos; tor-
nará obrigatória a educação mista e in troduz irá a educação sexual no currículo escolar. O projeto te m suscitado ondas crescentes de inconformidade, tanto mais que os soc ialistas, muito "democraticamente", mostram-se refratários à di scussão e aos debates, querendo impor de modo ditatorial uma reforma de ensino cujas
JANEIRO 2006 -
3. Apoio financeiro - Contro le excessivo sobre a ajuda eco nômica dada pe lo governo a co légios parti culares, pressão que vem se ndo exerc ida há anos.
enseiíanza en libertad
ANCI!«! ll\V.-:ll!ICO"' 'llCICflfll Cio Oe,,1ro, CIO t.Cluc,.eo-. lN'llt~IIO
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Apesar do forte reação católico contra os reformos propostos pelo primeiro - ministro Zopotero {à esq.), este insiste em implantar um governo antirreligioso no Espanha. À direito, cartaz convoco o público poro protestar contra o Lei de Ensino, em Madrid .
raízes j á se podiam notar, por exemplo, na Comuna de Paris do sécul o X IX. 1
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A manifestação do dia 12 de novembro, da qual participaram seis bispos e incontáveis sacerdotes e religiosas, é verdadeiramente insólita, seja pela avalanche de participantes, seja pelo grau de sua rejeição à plataforma governamental. E não é para menos. O primeiro-mi ni stro Zapatero tem feito ouvidos moucos aos c lamores do desconte ntamento popular, prec isamente e le que dois anos atrás, quando deputado opos ic ion ista , reclamava que o governo de Azna r não ouvia a voz do povo. E agora, depoi s do dia 12 de novembro, atacou rijamente a l greja por haver apo iado a manifestação e ameaçou cortar- lhe o financiamento público. 2 Os princípios igualitários que norte iam o projeto de le i soc iali sta podem ser assim sintetizados:
Qua11to aos pais: l. E mbora principa is res ponsáve is pel a ed ucação dos filho s, nega- lh es o -
CATOLICISMO
dire ito , reconhec ido pe la Constitui ção e. panhola, de esco lher onde, co mo e o que se deve ensinar a seus filhos. 2. Com os critérios (zoneamento, comis sões de adm issão) que de ve m ser aplicados para o in g resso no co lég io, atenta-se contra o dire ito e a liberdade dos pai s de escolherem a escola que julguem mai s adequada para seus filhos.
Quanto aos alunos: 1. Conhecimentos - A le i de ixa de lado o papel fundamental do e nsino, que é precisame nte transmitir conhecimen tos a cri anças e j ovens, tornando ainda mais grave o problem a do baixo níve l escolar. 2. Esforço pessoal - O esforço pessoa l perde sua importância; o a luno pode passar de um curso a outro sem have r a lcançado o níve l de escolarização adequado. Surge um vazio difícil de ser preenchido ao cabo dos anos, e que ameaça o futuro dos j ovens. 3. Supressão de notas - A elimi nação das notas nas respectivas matéri as impede que se avalie o níve l ele conhec imento alcançado pelo a luno. 4. Assistência às aulas - Os a lun os
pode rão decidir, por me io de voto, se querem assisti r às au la ou não, sem que o professor ou a diretoria do colégio possa intervir.
Quanto aos pro/'cssorns: 1. Autoridade - Mantém a linha atua l que favorece a redução ela autori dade dos professores e da diretoria dos co lég ios. 2 . Remuneração - Ausência de propostas para o aumento dos sa lários dos professores, peças-chave no processo educacional. 3. Professores de Religião - Deixa inde finida a situação cios atuais 17 .000 professores, uma vez que as aul as de Re li g ião foram excluíelas do currícul o; a assistência a e las é opc ional e não há mais notas.
Quanto aos colégios:
1. Imposição da educação mista a todas as escolas. 2. Introdução de matérias escolares com forte viés ideológico - como por exemplo a matéria "Educação para a c idada ni a". 3
Fica bem claro o objetivo visado pelos soc ialistas com a nova Lei de Ensino. Trata-se de acabar com a influência católica no ensino e plasmar "democraticamente" as futuras gerações. Logo na Espanha, basti ão da catolicidade na Europa. As reações a esse plano pipocam ele todos os lados . Co m o fito de sopitá-las, Luiz Pizarro, secretário cio PSOE andalu z, ini ciou há pouco uma campanha de esc larecimento sobre a LOE. Contudo, sem fornecer dados sobre o proj eto, in sulta seus opositores, atribuindo- lhes o desejo de "enfraquecer o governo" sob pretexto de combater o proj eto de le i. Mas deixa claro: "A nova lei de ensino é um instrumento de poder para conseguir democraticam.ente a igualdade entre os espanhóis". 4 O secretário provinci a l do PSOE de Cácl iz, Francisco Gonzá lez Cabana, atropela a verdade de modo descarado ao dizer que "a LOE visa que os pais escolham os colégios de seus filhos, e não o conLrário como quer o Partido Popular". Fazendo uma referência à manifestação de J 2 de novembro, ameaça os descontentes: "Devemos nos pôr em pé de guerra, porque parece que a direiLa pegou o costume dos j ovens de fa zer mani,f'estações; ela gosta das ruas aos sábados, mas esse vício ncio lhe sairá grátis. Vamos e,~frenLar quem usa a rua para obter privilégios". 5
* * * O PSOE defrauda desta forma aqueles que esperavam uma campanha informativa séria e que explicasse o conteúdo da lei. Dando sinais do nervosismo que domina suas fileiras depois de resultados pouco animadores colhido na últimas pesquisas eleitorais, próceres sociali tas recorrem à mentira e à ameaça. E com seu projeto de reforma da Lei de Ensino mostram a sua verdadeira face de inimigos da Igreja e da Civilização Cristã. • E-mail do autor: re natovasconcelos@cato licismo.com.br
Educação cristã
S
obre a ed ucação sexual e º. ensino misto, ensinou Pio XI em sua Encíc li ca Divini illius magistri, de 3 1-12-1929: "65. É muito comum o erro cios que, com perigosa segun111ça e com um termo horrível, promovem uma ass im chamada 'educação sexual', imaginando fa lsamente que poderão imunizar os jovens contra os perigos da sens ualidade através de meios meramente naturais , tais corno uma iniciação temerária e uma instrução preventiva para todos, indistinta e até publicamente; e pior ainda, expondo-os numa tenra idade às ocasiões, a fim de os acostumar, segundo argumentam , e forta lecê- los contra tais perigos. 68. Igualmente errôneo e pernicioso à educação cristã é o método chamado de 'co-educa ção '. Este também é fundado , para muitos de seu propugnadores, no naturali mo e na negação do pecado original, mas o é sobretudo numa deplorável confusão de idéias que toma urna promiscuidade e uma igualdade niveladoras pela legítima convivência entre os sexos".
Notas: 1. A Com1111a de Paris tentou instalar uma repúbli ca co munista na capital fran cesa. A ex peri ência durou menos de três meses, de 18 ele março a 28 ele mai o el e 187 1. Entre as reform as da Co111u11a de Paris constava uma nova le i ele e nsino que previa: "Em breve desaparecercio nas escolas de Paris as a11/as de religicio. Co11111do, em. m11.iw.1· escolas permanece ainda a lembrc111 ça dessas aulas sob a forma de cm cijixos, i111age11.1· da Virgem e 01.1/ros s(111bolos. Os 111es1re.1· e mestras devem. relirar estes objelos, cuja pre.,e11ça r!f"ende a liberdade de co11sciê11cia. Objelos desses que sejam de 111e/C/I 110/Jre devem ser enlreg1.1 es à Casa da Moeda '" (Decreto cio Delegado para o Ensino, Ecl. Vaillant , de 1.5. 187 1, in Die Pariser Ko11111u111e 187 I, DTV , Mlinchen, 197 1, p. 233). 2. A es te res pe ito é inle ressa nle a ca rta q ue Al ej anclro Díaz Garcia escre veu ao clirctor ele " Hi spaniclacl", ele 17- 11 -05: "Em 2004, flf ra vé.,· do IRPF, o Es1ado co111rib11iu co111 30,2 milhõe., de euros para a Igreja. Ora, some111e a orga11izarcio ca16/ica Ca rila.,· gas/011 57. Os colég io.,· da Igreja a1e11de111 a 990. 774 a/11110.1· co111 11111 cus/o de 2.961 milhões de euros, dos quais o Es1ado só )inancia /. 783. A Igreja di.1·püe de /OI hospitais com 5 1. 312 lei/o.,, 596 residência.,· para a11cicios, 876 casas de acol/1i111e1110, 937 01fc111a1os, 3 12 jardins de in)ância e 365 ce111ro.1· de edu caçcio para excepcionais. O c11.,·10 anual dessa a.1·.1·i.1·1ência social ascende a 5. 056 bil/1üe.1· de euro.,·. Para o.,· espa11!,6i,1· sai 111ais bara/o que a Igreja se encarreg ue de pre.1·1ar esses serviços do que pagar salários a novosji111 cio11ários. É .1·upé1f/110 dizer que o desapareci111e1110 de lodo esse co11jun10 de obras sociais represe111aria um aulê11 1ico de.rnslre lu1111a11i16rio. A Igreja 1a111bé111 dese111pe11ha u111 gra11de lrabalho de co11serva çcio do pa1ri111ônio /1i.1·16rico e artúlico, em grande medida de ca r61er religio.rn. Sem a colaboraçcio dos religiosos encarregado.,· de 111os1eiros, igreja.,· ca1edrai.1· e respecli vos 11111seus, seria i111poss(vel ao Es!ado c11s1ear a 111a11111ençcio de lodos e.,·ses bens cul/urais. Ncio se deve .,er hipócrila. É preciso menos demagog ia e mais seriedade". 3 . Neste co ntcx lo há g rave risco de que sej am introdu z idos tex tos como o Guia para Moças, di stribuído pe la Comunidade de Castilla- La Man cha . Numa demon stração ele ódi o à liberdade cios pai s de educarem seus fi lhos, o " ln stilulo ele la Muj er ele Castilla- La Mancha" pretende difundir e m todos os centros educati vos da região um "Guia para c/1icas '", que prom ove a maslurbaçiio, o uso de anti concepcio nai s, as re lações ho mossex uai s e o a bo n o co mo al ternativa para gravidezes in es peradas. 4. "Pizarro (PSOE) cree que e/ PP 1ie11.e ' 1.111 se11 1ido pobre ' de la educación ", www.lukor.com , 7. 12.05. 5. "El PSO E basa en insul!os y a111e11azas .\"li campaiia informaliva ", www .hazteoir.org. 2611 -05.
JANEIRO 2006 -
"1 Lu1 s DuFAUR
./a11cim: efeitos do devastado,, tsunami No primeiro dia de janeiro de 2005: em Nova York, caras sorridentes, quase histéricas de alegria, atrás de enormes óculos com vidros vermelhos e armação formando o número 2005. Mas, do outro lado do planeta, na Tailândia, a passagem do ano foi marcada por cerimônias fúnebres. O contraste dominou um ano marcado pelo tsunami asiático, cuja extensão o mundo pôde aquilatar melhor naquele início de ano. Ele estremeceu a Terra e, ao pé da letra, o planeta ficou mais achatado, seu eixo mudou de posição, ilhas e continentes deslocaram-se. Mas nem as destruições nem a cifra das vítimas abalaram tanto quanto a percepção da fragilidade da babilônica civi li zação globalizada. "Os únicos exemplos de desastres simbolicamente capazes de aniquilar toda a humanidade eram o dilúvio ou o apocalipse. Hoje, o que não passava de virtualidade começa a ganhar realidade histórica", comentou um embaixador brasileiro. 1 Uma pergunta veio à tona: "Então Deus existe e age? Ele pode ter permitido ou enviado o tsunami? E se foi Ele, não poderá permitir ou causar outros eventos análogos?" Não poucos formularam tal questão. Muitos tentaram esquecê-la. Alguns puseram-se a rezar. Outros, em cáteclras religiosas, tentaram exorcizá-la como se Deus devesse ser alheio a acontecimentos de tal magnitude.
Jii~vc1•ei,•o: morte da última videllte de Fátima Enquanto brigadas de adolescentes indonésios recuperavam aproximadamente 400 cadáveres por dia , a Irmã Lúcia falecia no Carmelo de Coimbra. Ela encarnava a esperança de que mais uma palavra do Céu viesse a esclarecer os presentes dias, em atenção à insondável misericórdia divina. Seu falecimenJANEIRO 2006 -
to fo i de molde a provocar a sensação de proximidade da calamidade mundial prevista e m Fátima.
Mal'ço: agonia de S. S. João Paulo 11 Mal se extingui am os ecos do falecimento da Irmã Lúcia, quando urn a o utra notícia relampagueou como raio em céu sereno: João Paulo II era urgentemente internado na Policlínica Gemelli de Roma. Arrostando longas enfermidades, o desfecho era previsto. Suas idas e vindas ao Gemelli ; a traqueotomia; a agon ia no Vaticano - foram acompanhadas minuto a minuto em todo o orbe.
Ahl'il: lllOJ'le <le João Paulo JJ e eleição ·de Be11to XVI Em 2 de abri l, o Arceb ispo Leonardo Saridri an unciou o fa lec imento de S. S. João Paul o II. Ocorreu então um movimento único na História: cerca de 200 chefes de Estado e de governo compareceram às suas exéqu ias no Vaticano. Algo in teiramente inédito: o presidente cios EUA, juntamente com dois ex-presidentes desse país, todos protestantes, ajoelharam-se diante do catafalco do Papa. Até potências islâmicas acharam melhor comparecer aos funerais cio chefe da [greja Católica ... por eles tão od iada. Mais de três milhões de fiéis, jovens na maioria, convergiram para Roma, a fim de prestar derradeira homenagem àquele Pontífice. Foi um tsunami moral e religioso, em cuj a origem seria árduo negar uma ação ela graça divina atestando a santidade ela Igreja Católica. A fumaça branca anunciou logo a escolha do novo Papa. A imprensa irreverente apelidou Bento XVI de rottweiler de Deus. E muitos comentários procuravam documentar uma tendência, como este de um jornalista brasileiro: "Primeiro Bush 2º, agora Bento 16. A onda conservadora que assola o mundo desde o começo deste século agora chega a mais um momento apoteótico". 2
Maio: o NÃO francês à Constituição Européia Ainda se falava do tsunami religioso de Roma, quando um outro - ele natureza diversa, mas também de fundo moral - fez sentir seu efeito salutar. A França disse NÃO à Constituição Européia, visceralmente anti-européia e anticristã. Em referendo nacional, 55 % a rejeitaram enquanto só 45 % a apoiaram. O resultado constituiu imensa surpresa. A grande mídia, o · establishment político francês e europeu, bem como as sondagens de opinião davam por certa a aprovação do documento. Mesmo os bispos da França não se haviam oposto ao texto que ignorava totalmente as origens cristãs da Europa. Entretanto, o eleitorado francês disse NÃO à abs urda constituição. CATOLICISMO
J1ml10: também a Holamla diz NÃO. Tsunami es/)anhol Em junho, o povo holandês respondeu com outro sonoro NÃO à mesma consulta: 62% contra 38%. Fo i o go lpe ele misericórdia na nefanda carta constituciona l. À luz dos resultados francês e holandês, a opini ão pública espa nhola, que previamente dissera SIM, percebeu que tinha sido informada "com sectarismo". O referendo espanho l - no qual 57% dos eleitores se abstiveram - constituiu uma "fraude eleitoral", segundo o diário "ABC" de Madri. Nesse mês , um milhão e meio de espanhó is encheram grandes avenidas de Madri para protestar contra a lei de "casamento" homossex ual impingida pelo Partido Soc ial ista . Também a Itália teve o seu tsunami moral: a pedido do episcopado, os ita lianos abstiveram-se em massa de votar em um plebiscito para aprovar a chamada "reprodu ção ass istida" - que inclui vários tipos ele ferti lização artificial - , torna ndo invi áve l a iníqu a proposta por fa lta de quorum. Julho: turor islâmico ataca Lo11dres e assusta a Europa No pior ataque sofrido por Londres desde a Segunda Guerra Mundia l, o terrorismo islâmico fez 54 mortos e 700 feridos. As bombas foram co locadas em meios ele transporte público como metrô e ônibus, atingindo civi s desarmados. Enquanto isso, na Itál ia, o pregador islâmico Abclel Qader Fadlall ah Mamour ameaçava com um ataque químico "em breve" a Roma, Mi lão, Bolonha e Veneza. A França logo fechou suas fronteiras, e m previsão ele eventuais atentados na festa nacional do dia 14 de julho, refletindo o medo que tomou conta cio continente europeu .
Agosto: o Katrina al'J'asa Nova Orleai1s Em 29 de agosto a natureza, submissa às leis estabelecidas por Deus, abateu-se sobre Nova Orleans, nas vésperas de um dos mais degradantes festivais homossexuais do mundo, marcado para realizar-se naquela cidade norte-americana: o Southern Decadence. O arcebispo emérito da cidade, D. Phüip M . Hannan, qualificou o furacão Katrina de "castigo de Deus", devido aos maus costumes da população, ao aborto e aos escândalos do clero. As destruições materiais foram proporcionalmente superiores às do tsunami asiático.
Setembro: grande terremoto na Cachemira O tremor de terra na Cachemira (dividida entre o Paquistão e a Índia) causou mais de 87.000 mortos e de 100.000 feridos - cifras ainda incompletas. O cômputo final poderia superar até mesmo o número de vítimas do tsunami asiático, tendo em vista as condições deploráveis em que ficaram os sobreviventes.
No Caribe, o furacão Rita agravou as destrui ções cio Ka1rina.
Out11hl'o: tsunami mo1'éll recusa 111·oposta antinatural Até o Brasi l teve o seu tsunami moral. Em 23 ele outubro, os brasi leiros tiveram que respo nder em referendo se aprovavam a interdição da venda e comerciali zação de armas e muni ções . A proposta era antin atural, anticonstitucional e contrária à mora l cató lica, que estabelece o direito à legítima defesa. O Brasil reagiu com inte ligência e bom senso. O NÃO (64 %) venceu em todos os Estados e todas as capitais.
tv,wemh1·0: tsunamis de to<los os Li11os Mais um furacão de máx ima intensidade, o Wilma, arrasou Cancún, o maior balneário caribe nho, loca li zado no México; varreu Key West na véspera ele outro gra nde festiva l homossexual - o Fantasy Fest - e alagou Havana, a tal ponto que Fidel Castro chegou a aceitar auxílio dos EUA. Na França, a atuação de magotes ele anarq ui stas e islâm icos ca usou a impressão ele que um incê ndi o consum ia as periferias das c id ades . A repres são policia l, e ntretanto, foi aplaud ida signifi cativamente pe la opinião púb li ca francesa . Inclusive pelos moradores elas per ife ri as, de quem os ince ndiários seriam representa ntes naturais segundo os chavões 111 idi áticos. Na Espanha, mais um lsunami moral levou quase dois mi lhões às ruas contra a reforma soc iali sta que desclassificou o ensino ela Re i igião cató li ca nas esco las . Porém , apenas seis dentre uma centena de bispos cató li cos compareceram à passeata para defender a religião ... Os eleitores cio Texas aprovaram , em pleb iscito, a reforma ela Co nstitui ção estad ual que proíbe o "casa mento" homossexua l.
/Jezembro: l'uído midiático e descolamento universal <las esquerdas O destaque concedido pela grande mídia ao recém-e leito presidente da Bo lívia, Evo Morales, expôs, por co nstraste e ele modo notório, o esvaziamento das esq uerdas nos pontos nev rálgicos do mundo. O governo L ul a, esperança cio soc iali smo mundial para os tempos atuais, li derou o ranking mun dia l de perda de confiança popular. Na Venezue la, malgrado as ameaças e as espalhafatosas promessas de Hugo Chávez, 75 % do ele itorado a usentou-se das urnas, supe rando o abstencionismo argentino que reduzira a migalhas o voto kirchnerista. Na gera l estagnação do esquerdi smo eu ropeu, o socia li smo espanhol constitui exceção. Aprovou a marginalização do catol ic ismo nas esco las , porém sofrendo oposição cada vez mais numerosa, articulada e fortemente católica. Na China, as revo ltas camponesas passaram de 74.000. Novas ex pl osões de fábricas e envenenamento de rios e cidades puseram a nu o castelo de areia a que se reduz sua indu striali zação. Apesar das críticas, nos EUA os índices de aprovação do presidente Bush subiram , e na Co lômbia o conservador presiJANEIRO 2006
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dente Uribe obteve elevados írtdices de popularidade. No Iraque o povo votou em massa, desafiando o terrorismo e o pessimismo midiático.
Pesadelos assustadores durante o ano O significado profundo de tantas catástrofes bem pode ser um salutar aviso da Providê ncia, de que os e ventos terrívei s anunciados em Fátima pode m estar próximos , e que é preciso uma conversão profunda das almas. Não obstante isso, a mídi a explorou de modo sensacionalista e imprude nte algumas especulações, habituais nos meios científicos, sobre possíveis catacli smos. Veiculou meras possibilidades como sendo realidades próximas, alimentando assim um cli ma de temores naturais sem fun damento sólido. À gripe aviária atTibuiu-se a capacidade de matar 150 milhões de pessoas ou mais. Falou-se de um tsunami que destruiria Nova York e Lisboa; de um super-vulcão a explodir nos EUA; de um cometa que se chocaria com a Terra, causando a eliminação de centenas de milhões de homens, além dos reiterados exageros sobre a poluição global e o aquecimento da Terra.
O que nos espera neste novo ano O mundo do início de 2005 parece pertencer a um passado longínquo. Se assim fo i o ano passado, co mo será 2006? Se já era uma aventura prognosticar 2005, ainda mais o é prever 2006. Pois, se a escalada de surpresas continu ar, o que há para prever é o imprev isível. Por quê? A defasagem do mundo dos políticos, da mídia e
dos eclesiásticos de esquerda em relação à opinião pública tornou-se abismal. Esse descompasso é de molde a produzir efeitos futuros que, enunciados hoje, poderiam parecer francamente exagerados. Por outro lado, é necessário levar em conta a Providência Divina. Antes de ocorrer o tsunami asiático, ateus e moleirões na virtude raciocinavam como se o Criador, na prática, tivesse se desinteressado dos ass untos da Terra. Hoje, a sucessão de catástrofes, das quai s mencionamos apenas algumas que mais se destacaram, fez com que muitos se interrogassem: é inerente aos planos divinos intervir no acontecer humano? 2005 testemunhou tsunam is morais, med iante os quais pode-se supor o início de uma ação provi dencial. Ora, quando a Providência Divina, infinitamente sábia, começa a atuar, não de ixa sua ação pela metade. É de se esperar, poi s, que, pela intercessão de Nossa Senhora, Ela continue a bafejar movimentos bons ainda mai profundamente do que em 2005. Em sentido oposto, as forças do caos e da Revolução não cessara m de atuar durante todo o ano. Nada indica que pretendam deter sua marcha enlouquecida para a igualdade anárq uica e a sensualidade de bragada. O ano de 2005 nos fez entrar olhos adentro a ex istênc ia de duas macro-tendências conflitivas. A primeira precipita-se no paroxismo do caos e da negação de Deus. A segunda aponta para o início da conversão de setores da humanidade. Tudo ponderado, pode-se então supor movimentações grandes, tanto para o lado do mal quanto do bem, de tal modo q ue o final de 2006 poderá nos faze r crer que 2005 terá sido um ano tranqüilo, por mais abs urdo que isso hoje possa parecer. ..
Brasil: Polarização ideológica e desarticulação da ofensiva petista A gastado pela empáfia e pelos descalabros do social.ismo pelista. o Brasil disse NÃO ao atual Governo. Um ano sob uma avalanche de escândalos de corrupção, seguidos de manobras escusas para abafá-los e cubanizar o País.
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PT e a esquerda católica irromperam em 2005 com um embalo tumultuoso. Com que objetivo? Cubanizar o Brasil. Mas o plano avançou atropeladamente. E incorreu em
CATOLICISMO
todos os erros característicos de quem não conhece a alma e o modo de ser do brasileiro. Resultado: o Brasil, empurrado para uma das maiores mudanças ideológicas da sua história, não gostou.
Esquerda católica abandona o bal'co do PT No início do ano , a Reforma Agrária socialista e confiscatória em grande estilo - condição indispensável para a comunistização do País - tornara-se invi áve l. Expoentes da esquerda católica foram os primeiros a abandonar o barco petista. Os outros poderiam parafrasear o ex-secretário de imprensa do presidente Lula, Ricardo Kotscho: "O vento virou e eu não percebi ". 3 A CNBB lamentou que o peti smo não tivesse completado a revolução prometida. Em fevereiro, seu vice-presidente, Dom Antônio Celso de Queirós, fez um balanço positivo dos 25 anos do PT e da revolução petista. 4 Em maio, o secretáriogeral, Dom Odilo Scherer, afirmou que os movimentos promovidos pela CNBB, como o MST, vi am em Lula a "melhor a/te rnati va, apesar de suas f alhas". 5 2005 foi transcorrendo, e a CNBB foi tomando distância em relação ao PT. Não a respeito do ideário socialista do partido, mas a propósito de temas como abo1to e manipulações genéticas. Embora cruciais para um católico, tais temas não tinham impedido outrora o quase iJTestrito engajamento da CNBB com a revolução petista. Em agosto, em Itaici, o Cardeal do Rio, D. Eusébio Scheid, qualificava de "pura hipocrisia " 6 a cruta do presidente Lula prometendo apurai· as denúncias de com.1pção. "É dij{cil acreditar que Lula não soubesse" da com.1pção montada pelo PT, comentou resignado o presidente da CNBB, D. Geraldo Majella Agnelo (foto 1),7 pouco após o Presidente ter negado que sabia.
Brasil empm1·ado para o embate ideológico Em fevereiro, o povo brasileiro sentiu-se aliviado quando a Câmru·a Federal não elegeu para seu presidente o deputado pelista Luiz Eduardo Greenhalgh; em seu lugar foi eleito Severino Cavalca.ilti. Os aspectos aparentemente conservadores do novo presidente ajudru·am a descompressão. Patenteou-se então a dimensão do mal-estar do Brasil profundo com a ofensiva pelista. O deputado Severino Cavalcanti (foto 2) entretanto não atendeu às expectativas; posteriormente renunciou, e o governo Lula conseguiu substituí-lo pelo deputado Aldo Rebelo, do PC do B. Também em fe vereiro notou-se uma das maiores ondas de repúdio ao governo Lula. Mais de mil associações de comerciários, advogados, médicos e engenheiros, entre outras, lançaram manifesto contra o aumento opressivo da carga tributária contido na Medida Provisória 232 (foto 3).
A família e a vida
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tritllrador petista
Em março o governo decidiu efetuar a distribuição gratuita da abortiva "pílula do dia seguinte". E órgãos do Poder Judiciário concederam licença para a prática do aborto em caso • de anencefalia. O Presidente sancionou a lei que suprime os crimes de adultério, de "seduzir mulher virgem", de "raptar mulher honesta". A própria expressão "mulher honesta" foi eliminada da legislação. E sancionou ainda a Lei de Biossegurança que legaliza a pesquisa com células-tronco embrio nárias (foto 4), suscitando forte reação em largos setores. Um grupo homossexual da Bahia concedeu ao presidente o troféu Triângulo Rosa, por se ter dirigido a eles "deforma tão carinhosa ". JAN EIRO 2006
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Facilidades para Cuba, 111às não Cúpula das Américas, o Mercosul ficou só com o pres idente venezuelano Hugo Chávez (foto 7). Os demais países das três para os brasileiros ho1iestos O diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) viAméricas preferiram firmar acordos de livre comércio com os ajou a Cuba para conhecer melhor os sistemas de controle da EUA, contrariando os apelos do governo petista. Insignificantes foram os protestos contra a visita posterior do pres idente ditadura castrista, e o governo brasileiro se dispôs a reestrutuBush ao Brasil. A população do País mostrou estar di stanciarar o correio cubano, além de lhe conceder créditos para geradores, exploração de petróleo e fábricas, que poderiam gerar da da atitude anti-EUA do novo Itamaraty . empregos no Brasil. Escâ11dalos desvia111 a atenção Os chamados movimentos sociais continuavam invadindo <lo desco11tenta111ento geral e depredando fazendas, seqüestrando funcion ários, assaltando armazéns e caminhões, queimando carros, ocupando sedes A partir de maio, a opinião pública foi atraída por uma de órgãos estatais e pedágios. Proliferavam as notícias sobre enxurrada de escândalos. Começou com denúncias de corrupfinanciamentos ocultos e aulas de guerrilha das FARC ao MST ção nos Correios, seguida pelas acusações do mensalão, vale(foto 5). O tratoraço foi mais um sinal do mal-estar reinante rioduto, Caixa 2 e várias outras. Verificou-se então a formaentre os produtores rurais . ção de rumorosas CPis no CongresCuba deu dinheiro para campanha de Lula so Nacional, bem como tentativas A demarcação da reserva RaPA!ILMIIIITARH(ONMD!RAM 11A AMAI S ORAVEOIN~NCIA CONTRA OOOVERNO fEOERAI. posa/Serra do Sol provocou a redo governo para abafá- las. volta da maioria dos índios in seri Corrupção ad ministrativa, desdos na cultura e na produção de vio de fundos públi cos, crimes obsc uro s co mo os assassinatos dos Roraima. Ficaram evidenciados os "'e: malefíc ios, mesmo para os índios, :fil) prefeitos de Santo André e Camo. pinas e financiamentos ideo lóg icos da política indigenista do petismo .,.; externos - como teriam sido os de e do esquerdismo católico. 8 Em maio, a espalhafatosa Mar- 0~ Cuba ou das FARC - são ingredientes que não faltam e m revolucha Nacional pela Reforma Agrá- ; e: ções soc ialo-comuni stas, viol entas ria acabou em pancadaria na Es- i planada dos Ministérios. Ela cus- -8o o u democráticas. M as a extensão tou milhões aos cofres públicos, e s ele acusações fundad as e suspeitas ül seus participantes saquearam e inlevantadas contra o PT arrep iaram vad iram à vo ntade durante o percurso, recebendo apoio do o País. Elas se agravaram quando, por detrás dos escândalos, clero local e da cúpula da CNBB. 8 As fotos dos desordeiros emergiram os obj etivos ideo lógicos da co nduta petista. O agro-reformi stas sendo dispersados pe la polícia (foto 6), forBrasil, durante meses a fio, se estarrece u com a am plitude neceram uma imagem viva do isolamento a que está reduzido dos escâ ndalos. o esquerdi smo. Volta à tona o anticom,mismo uw1qüilo do Brnsil Demagogia autodemoli<lora A tensão ideológica fo i se avolum ando ao estrépito dos e J'mstração política escând alos. Foram freq üentes qualificativos como "stalini s-
GUERRILHEIROS DAS FARC TREINAM MILITANTES DO MST
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Em maio, a cartilha governamental Politicamente correto qualifi cava de discriminatórios termos e frases como comunista, burro, ladrão, aidético, barbeiro, "a coisa ficou preta" e "mulher no volante, perigo constante". 9 Devido à reação contrária que provocou , foi logo tirada de circu lação, mas deixo u claro até onde q uer chegar a demagogia esquerdista. No mesmo mês, Brasília abrigou a Cúpula América do Sul e Países Árabes, que ressalto u a utopia petista da luta de nações, ao modo da lu ta de classes. Seria a luta dos países ditos "pobres" do Sul contra os ditos " ricos" do Norte. No encontro, os países árabes impuseram uma declaração final com certa conotação pró-terroristas. Os presidentes da Argentina e Chile saíram no meio da reunião, e a comun idade israelita considerou que o governo "importou a guerra" do Oriente Médio para o País. Frustrou-se a política exterior petista em relação à Santa Sé, quando S. S. Bento XVI não recebeu o presidente Lul a, por causa de "outros compromissos" 1º. Em Mar dei Plata, na CATOLICISMO
mo", " lenini smo" ou "sovieti smo" aplicados a um PT domi nado pela sua Corrente Majoritária ou " bolchevista". Como as invasões de terras e de casas são altamente impopulares, os invasores rurais, urbano e indi genistas pactuaram uma "trégua" para não desprestigiar ainda mais o governo do PT e promoveram atos ele apoio ao Pre idente Lu la. Em o utubro realizou-se o re ícrendo sobre a proibição da comercialização de armas e munições. Ideólogos e "teólogos" socialo-comunistas, agitadores das reformas de estrutura, esfregavam as mãos. O cidadão honestos desarmados não teriam mais condiçõe de resistir, material e psicologicamente, à ofensiva revolucionária. A tarefa para a cubanização do País ficaria assim facilitada . A CNBB propôs ao clero pedir o voto pelo SIM em todas a missas do domingo imediatamente anterior à votação. O Brasil silencioso, profundo e não ouvido mostrou contudo uma vivacidade calma, uma lucidez rápida para perceber a armadilha cio SIM. A virada foi veloz e contundente. Dos anunciados 70% ou 80% a favor do SIM se chegou à "virada"
para o NÃO : 64% pelo NÃO contra 36% pelo SIM. O pêndulo da opinião pública balançou para o conservadorismo. E o desfec ho fez vaticinar efeitos análogos e duradouros em outros campos da vida nacional.
Fim de 2005: terremoto no P1' e polarização ideológica Mídia e políticos tomaram ares de terem esquecido essa mani festação do e leitorado e a sarabanda dos escâ ndalos, e no centro das ate nções foi colocada a cassação do ex- mini stro José Dirceu (foto 8). As idas-e-v ind as da cassação foram consideradas por muitos co mo sintom a para se med ir o grau de instrumentalização do Judi ciário pelo Poder Executivo. Pesquisa ela Associação ele Magistrados Brasileiros (AMB) reve lou que o Supremo Tribunal Federa l (STF) é considerado pela maiori a dos juízes co mo "a instância da Ju stiça a
mais parcial do País ". 11 A votação cio relatório final ela CPI da Terra serviu de indicador da tensão ideológica no Brasil. Contra todas as provas co letadas pela CPI, o relator João Alfredo (PSOL, di ssidência do PT) apresentou um texto virulento contra os proprietários e altame nte e logioso ao MST. A maioria dos deputados ela CPI recu sou esse texto e aprovou outro. Este recomenda indi ciar as cooperativas li gadas ao MST e pede o ressarcime nto dos danos causados ao patrimônio público. No ato, a senadora petista Ana Júlia Carepa, aos gritos, c hamou os proprietários de "assass inos" e rasgou o documento ofic ial da CPI. 12 No dia seguinte a CPT (Com issão Pastora l da Terra) emitiu violento e provocador comunicado contra o texto ela CPT e contra os proprietários. 13 Outro exemp lo de polarização fo i a acirrada oposição e ntre g rupe lhos abortistas e numerosos defensores ela vida, presentes às reuniões da Com issão da Seguridade Social e Saúde da Câmara que tentou , sem sucesso, aprovar em dezembro o projeto ele descriminalização do aborto. O PT e a esque rda católica e mpe nh aram-se durante décadas para montar a e norme máquina que tenta jugular o Brasil. No final de 2005, esse dispositivo encontra-se desconjuntado e desmoralizado, mas áv ido de retomar a revolução. E o País, que iniciara 2005 já agastado pela arrogância soc ialista, no fim do ano clava sinais de enfu rec imento. Disto foi revelador e simból ico o quase folc lórico ep isód io das bengaladas do escritor Yves Hub let no ainda deputado José Dirceu. Um parlamentar confidenc iou que, se o líder petista não fosse cassado, "seríamos 5 13 deputados tomando bengala-
das pelo País afora ". 14 · E o Brasil em 2006? Merncerá ainda o 110111e de País católico? Na virtual incapacidade de fazer que o Brasil aceite uma utopia deletéria, igualitária e mjserab ili sta, o que tentará a revolução empree ndid a pelo PT e pela esquerda católica em 2006? Uma aventura? Qual? Se o quadro internacional é imprevisível para 2006, tanto mai:, assim se afigura o panorama nacional. A perspectiva das
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eleições, a indigência ideológica' de políticos de oposição como alternativa para o PT e o PSDB, a ambição utópica do PT de se perpetuar no poder, suas tendências inatas para se aproximar de Castro e de Chávez, apresentam um emaranhado tumultuado de possibilidades indecifrávei s. Então, não haveria solução para o Brasil? As possibilidades de que em 2006 o Brasil adote um caminho digno da sua missão histórica deveriam repousar, mai s do que nunca, nas mãos dos membros do Episcopado Naciona l. Se os senhores Bis pos pregassem destemidamente que o socialismo é incompatível com a doutrina da Igreja; se iniciassem um a cruzada pela prática séria e corajosa dos Mandamentos da Lei de Deus ; se denunciassem os movimentos propugnadores do caos, que até hoj e vicejam impunemente à sombra do nome católico, o futuro do Brasil não seria odes-
se caos nem das trevas, que caracterizam o moloch socialista. Entretanto, a atitude da CNBB e de tantos senhores Bispos durante o ano de 2005 não fa z prever nada nessa linha para 2006. Resta pois apelar aos católicos fiéis à doutrina tradicional da Igreja, e aos brasileiros de bom senso de modo geral, para que não se deixem embalar pelas iníquas promessas do sociali smo, mesmo quando revestidas de rótulo relig ioso. Que continuem a defender a família, a propriedade privada; a combater o aborto, o "casamento" homossexual e tantos males de que o Brasil se vê ameaçado; a não se deixar enganar pela quimera de uma "Reforma Agrária" socialista e confiscatória. A graça divina não abandonará os que lutam pela Civilização Cristã. Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil , os protegerá.
Religião e cultura: Desmoronamentos rumo ao "homem-nada" Ü
irracional e o absurdo invadiram meandros impensáveis da vida quotidiana. Nisso houve um método, que visou achincalhar a imagem de Deus impressa na alma humana e banir sua irradiação na Terra.
l º de janeiro: dois turi stas ele tanga bebericavam uma cerveja numa praia da Tailândia, tendo ao fundo um amontoado de entulho, árvores desgarradas e, quiçá, cadáveres. Dias antes o loca l fora atingido de cheio pelo tsunami. A contradição entre a tragéd ia e a ficção de não percebê- la pôs em ev idê ncia uma tendência que em 2005 atin giu um paroxismo: a entrada da irracionalidade na vida quotidi ana. Homens-bomba e atentados suicidas co nstituíram mani festação ma is proe min e nte do irracion al como in strumento de demolição da ordem. Mas foram apenas a ponta do iceberg. As políticas "alternativas" apelara m largamente para o disparate e o apalhaçado. Nisso destacaram-se os grupos e líderes "anti-globalistas" que se reuniram no início de 2005 em Porto Alegre. Bem analisado, houve lógica na aparente loucura de 2005: tentar erradicar a cultura e a ordem na Terra e rebaixar o ser humano, que Deu s fez à sua imagem e semelhança, para colocá-lo abaixo dos animais. E instalar, e m lugar da ordem, uma anti-ordem, em tudo contrária à hierar-
CATOLICISMO
guia harmoniosa de seres que Deus instituiu no U niverso. Recapitulemos.
Irrncio11al até
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Poder Jll(/iciário
E m 'março, morreu cruelmente de sede Terry Schiavo (foto 9), uma doente inerme condenada por todas as instânci as judiciais norteamericanas. O clamor da opinião pública mundial, em nome do sagrado direito à vida e dos deveres básicos para com um a inválida, foi acintosamente contrariado em todos os níveis do Judiciário. O diário "ABC" de Madri denunciou a enxurrada de decisões esdrúx ulas de juízes espanhó is, à procura da celebridade ou da imposição de sua ideologia. Para isso, contrariaram princípios gerais do Direito, declararam alegreme nte anticonstitucionais leis que não serviam a seus propósitos, e demoliram assim o próprio fund amento do Poder Judiciário. Nos EUA, as esquerdas recorreram a juízes ideologizados para sancionar ou anular tudo o que não conseguiam modificar
pelas vias democráticas próprias. Foi o caso de dec isões em favor do "casamento" homossexual em vários Estados (foto 10).
Abismo <lo "casamento " homossexual atraiu outros abismos Após o Supremo Tribunal de Massachu setts, E UA, aprovar o "casame nto" homossexual , quatro legisladores estaduais irítroclu ziram projeto para liberali za r a besti alidade. E a administração estadual aboliu o uso dos termos "ma rido", "mulher", "pai " e "mãe", substituindo-os por "parle A " , "parte B "; "genitor A" e "genitor B ". No vizinho Canadá, e m Ontário, mandou-se tirar dos registros oficiais as pal avras
"esposo" , "esposa", " viúvo", "viúva" e "pessoas de di;f'erente sexo" . A Holanda, após aprovar o "casamento" homossexual , registrou legalmente um "casame nto a três" e passou a estudar a legali zação da eutanásia até para bebês. Nesse mesmo país, um c idadão matou a sua mãe, arrancou-lhe a pe le e passeo u vestido com ela no Carnaval , como se tudo agora estivesse permitido. Na Inglaterra, a M arinha Real (foto 11 ) apelou para um lobby homossexual a fim de recrutar marujos. Na França, um transexual e um travesti apresentaram-se cinicamente ante as autoridades para se "casare m".
Exemplos de modas achh1calhantes
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Virou moda em Nova York realizar "festa de divórcio", comemorando assim o que antes era uma vergonha e um fracasso. Outra moda foi a cio The Happy Slap em Londres: adolescentes golpeiam as pessoas na rua, filmam a cena com celulares e depois trocam gravações para "entretenimento". Após piercing e tatuagens, entraram os implantes metálicos sob a pele e a abe rração de cortar a língua em doi s, a fim de parecer serpente. Uma igreja subterrânea promove essa moda: The Church of Body Modi;fication (foto 12). Em matéria gastro nô mica, a nouvelle nouvelle cuisine empenhou-se em "desconstruir" a culinária francesa apelando para produtos pré-fabricados, matérias-primas comuns ou vul gares e extravagâncias como molho em pó, que se aspira direto pelo nariz com um canudo.
Ecologismo militallte contl'a o homem Em conseq üência de leis ecologistas insensatas, na Amazônia chegou-se a contar 2.000 espécimes de jacaré-açu em 1 quilômetro de rio. Nos Alpes, lobos passaram a depreda r os reban hos de ovelhas. A c idade de Caldas, no sul de Minas, sofreu cortes freqüe ntes ele energia, danificação de telefones e • telhados, dev ido à invasão de maritacas, tirivas e periquitos, pois é proibido caçá-los. Muitos animais e aves, outrora domésticos, não podem ser mantidos em casa devido a leis ecológicas, sendo substituídos por bichos exóticos como as serpentes boa-constrictor e piton (foto 13), o canguru e a iguana . Na Bahia, a Promotoria cio Meio Ambiente requereu habeas corpus para um chimpanzé cio zoológico, alegando que e le ünha "direitos humanos".
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Em nome dos direitos dos' animais, a prefe itura de Ro ma pro ibiu a venda de aquári os redo ndos e obri gou os propri etári os a passearem seus cães no mínimo uma vez ao dia. A cid ade de T urim di spôs o mesmo, mas ali a absurd a obri gatori edade é de pe lo menos três vezes ao di a, sob pena de multa de 500 euros. E m B lac kpool, Inglaterra, os burros que condu zem tu ri stas ganharam "direitos trabalhistas". E uma simpl es camponesa, na Galíc ia (Espanha), recebeu mul ta de 6.000 euros por chicotea r seu burro. Na Internet, a DogCatRadio começo u a transmitir este ano exc lu sivamente para aliviar a solidão de cães e gatos. E ntre j ane iro e outubro de 2005, fo ram lançados no mundo 465 produ tos para cães e gatos mirnados (foto 14). Entre estes, prod utos para lhes. ting ir o pelo de cor do urada, laranja, rosa, bron ze ou azul ; pinta r-lhes as unhas com es maltes espec iais para caninos e fe linos; ág uas de co lô ni a, tal co perfum ado e cre me so lar excli.1 sivos.
O 110111cm, o despreza do por excelência, rcduzielo a nada? Os animais vão se tornando intocáveis. E os homens? O hotel de luxo Cortisen, na Áustria, anunciou que não receberá cl ientes com cri anças. Na Bélgica, fo i descoberta uma rede ele alugue l ele mães e de leilões de cri anças por nascer. Pedaços de fetos, sob pretexto ele aproveitamento ele cé lulas- tro nco, também fora m postos à vencia na Internet. Na C hina, uma empresa farmacêutica utiliza pele cios corpos de presos executados para produ zir cosméticos e cremes anti-rugas, que são exportados para o Ocidente. O cemitério ele Granada (Espanha) oferece tra nsformar as c in zas dos mortos em di amantes artific iais (foto 15) para o parentes usarem em jóias ou roupas. Nova York acolheu macabra mostra de cadáveres hu manos sem pele, vindos ela China (foto 16), provavelmente de presos po líticos executados. Na A lemanha, uma pessoa sui cida-se a cada 47 minu tos, e o total mund ial de suicíd ios av izinhou-se a um milh ão. A assoc iação suíça Dignitas, que ap lica lega lmente a eutanásia e m seus "cli entes", só e m o utub ro mato u 253 alemães. Na China, 3,5 milhões de pessoas tenta ram elimin ar a própria vida em .-..-::;;..--.....i um ano. Até um bi spo, D. L uiz Flávio Cappio, de Barra (Bahia), ameaçou suic idar-se mediante greve ele fo me, po r causa ele um projeto de transposição de águas do rio São Francisco. A secretaria ela CNBB ma ni festou solidariedade à atitude do Prelado; a qu al, "considerada por colegas dúb ia e desastrosa, [... ] forçou uma intervenção do Vaticano" , 15 e a cúpul a da CNBB vo ltou atrás. Nunca a AIDS cresceu tw1to: mais de 40 mi lhões de soropositivos (dos quais 600.000 no Brasil) e 5 mi lhões de novos contagiados (foto 17). Nunca provocou tantas mortes (mais de 3 mi-
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!hões), revelou a Onusida. Os únicos países e organi zações que conseguiram diminuir a epidemia - com base na continênc ia pré-matrimoni al e na fidelidade conjugal - foram hostilizados pela mídi a e por organi smos internacionais e nacionais. O zoo lóg ico de Londres ex ibiu oito seres hum anos quase nus, como animais em j aula, co m o obj etivo de "mostra r que sua proliferação é uma verdadeira praga para as outras espécies". O Movimento pela Extinção Voluntária dos Humanos lançou em São Franc isco (EUA) um apelo em favo r da eliminação mac iça da popul ação mundial e supressão da reprodução hum ana, sob o pretex to de "revitalizar o ecossistema planetário".
Expulsão ele Nosso Sc11ho1' e de seus símbolos 11a 1'crrn O Nata l cri stão sofre uma ofensiva q ue visa descaracte rizá-lo, especialmente nos EUA, o nde lojas como a Wal-Mart tentaram inte rd itar o f-lappy Christmas e eliminar ta nto o presépio quanto a árvore nata lina. T reze cidades e alde ias ela G rãB retanha fora m ameaçadas ele perder os crédi tos o fi c iais se prom ovessem iluminações ele Natal com sentido re li gioso, consideradas "di scriminatóri as" . Na Espanha, o governo socia li sta se apressa para extinguir as aul as ele catecismo nas escolas, e ao mesmo tempo introduzir aulas de islami smo. Professo res e acadêmicos ele esquerda americanos promo veram o abandono elas expressões "a ntes de C risto" e "depo is ele C ri sto". Em São Paulo, estimul ados pelo li vro bl asfemo O Código Da Vinci, inic iaram-se cultos à natureza no MASP. Como que coroando essa onda contra Nosso Senhor Jesus C ri sto e sua santa M ãe, hóstias suposta mente co nsagradas em ce ri mô ni as pres ididas po r S. S. João Paul o II fora m postas à vencia em le il ões na Internet.
Antes da penlição, o c11louquccimc11to Um jornalista lembrou o antigo aforismo latino, baseado no pensamento do teatrólogo grego E urípedes: "Quos vult Jupiter perdere dementar prius" (Júpiter primeiro enlouquece os homens que deseja perde r). Eis uma lição que se pode tirar, no fi m ele 2005, da avalanche de sina is de demê ncia. S inais ele um mundo que renegou o batismo, recusou a Santa Igreja Cató lica, traba lhou pw·a demolir os últimos vestígios da Civi lização Cristã. E, por fim , atacou o próprio homem, chamado a ser filho de Deu por adoção, am á-Lo e servi-Lo nesta vicia, para desfrutar a fe licidade eterna na outra, j unto ao Div ino Criador. Foi assim que setores diversos da humanidade percorreram caminhos opostos no decorrer do ano que passou: alguns no sentido do caos infernal; outros, menos numerosos mas muito significativos, rumo à virtude.
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Possíveis 11ra11tos ele Nossa Se11hora cm Saigo11 e 11a Calil'ór11ia Apenas um fato, a ser considerado com a prudência que a Igreja ensina nestes casos. O governo mw-xista do Vietnã dihmdiu em novembro a matéria "A Virgem Maria chorando, uma deplorável notícia ". 16 Refere-se a uma imagem erigida na praça central de Saigon (hoje Ho Chi Minh), em frente à catedral. Milhares de pessoas a: viram ve1tendo lágrimas. Patt iculares registraram o até agora inexplicaclo fato e o exibiram em todo o mundo. A imagem é uma répli ca daqu e la esculpida seguindo as indi cações de Santa Catarina Labouré. Suas mãos seguram um g lo bo coroado co m um a cru z, o que sugere a idé ia ele domíni o, poder, senhori o e autori dade sobre o mundo, possíve l pré-fi gura cio Re inado de Nossa Senhora sobre a Terra. Representa a Mãe ele Deus como apareceu à vidente, quando ped iu que se cunhasse a M edalha Mil agrosa . Três semanas depo is, uma imagem de Nossa Senhora das Graças verteu lágrimas de sangue ou cor ele sangue diante da igreja dos Santos Mártires Vietnamitas, em Sacramento, capital ela Califórnia (EUA). Lavada a imagem, as lágrimas voltaram a escorrer. O fenômeno alcançou di fusão mund ial, mas a dioce e onde se deu o prodígio decid iu não se pronunciar sobre ele. A se confirm ar, os fatos ocorridos em Saigo n e Sacramento (foto 18) signi fica ri am algo para 2006? Pelo menos dão margem a uma re fl exão - piedosa, mas qu ão séri a e grave ! a respeito da e fetivação das advertênc ias e promessas ele Nossa Senhora e m Fátima e na R ue clu Bac, em Pa ri s. Sobre a atualidade das advertênc ias, parece oportuno co nsiderar a avançada difu são da imora lidade no c lero progressista cató lico. As reações negativas ao documento emitido pe lo Vaticano sobre a admi ssão de ca nd idatos co m te ndênc ias homossexuais ao sacerdócio, publi cado e m fin s de novembro, consti tuem uma prova di sso. A respeito das pro messas, os eventos de Sa igon e Sacramento coloca m-nos na perspecti va cio triun fo do Im ac ul ado Coração de Maria. M as ele um triunfo q ue parece custar a Nossa Senhora abundantes lág rimas derramadas na no ite do caos, da impenitência, cio igualitari smo e ela imora lidade revolucionári a em que vive mos. •
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E-mail cio autor: lui scl uíaur a " oli ismo.e m. r
Notas: 1. Ru bens Ricupcro, Uma tragédia bíblica, "Folha ele S. Paulo" (FSP), 9- 1-05. 2. lgo r G ie low, FSP, 20-4-05. 3. FS P, 25-5-05. 4. FSP, 10-2-05. 5. "O G lobo" (OG) Ri o, 13-5-05. 6. "O Estado de S. Paul o" (OESP), 10-8-05 . 7. FSP, 11 - 11 -05. 8. OESP, 15-5-05. 9. OG , 30-4-05. 1O. "D iári o de Notícias", Li sboa, 16- 10-05. 11. OESP, 30- 11 -05. 12. OESP, 30- 11 -05. 13. OESP, 1- 12-05. 14. Pauclerncy Ave lino, FSP, 1- 12-05. 15. OG , 13- 11 -05. 16. "Viet Nam News Agency", 3 1- 10-05; "Le Courri er du Yi etnam", 29- 11 -05.
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São Bernardo de Corleone Exemplo de radicalidade na conversão D otado de te1nperainen1,o violento, extraviou-se no caminho da turbulência; convertendo-se, com a mesma radicalidade seguiu o cmninho da virtude de modo a alcançar a honra dos altares LI PUNIO M ARIA SOLIMEO
F Painel com a imagem do santo no Vaticano, no dia de sua canonização
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CATOLICISMO
elipe, como se chamava no mundo esse santo capuchinho, nasceu em Corleone, na Sicília, no ano de 1605. Seu pai era humilde artesão; e a família, tão piedosa que sua casa era conhecida como a "casa dos santos". Embora não pudessem dar aos filhos uma educação esmerada, t:ransmitiram-Lhes a riqueza da prática e ensinamentos de nossa santa Religião. Entretanto Felipe tinha um caráter fogoso e independente, dificilmente control ando seu espírito rebelde, insensível a ameaças e castigos.
Com o pai aprendeu a profissão de sapate iro , mas, independente e ambi cioso como era, logo começou a trabalhar por conta própria.
Na ca,reirn das armas, C/JCl'C/JQllCÍl'O 11ato Após o fal ec imento do pai , que ti nha certa autoridade sobre ele, Felipe resolve u fazer-se so ldado. Com seu espír ito belicoso, logo começo u a mete r-se e m e ncre ncas, c hega ndo mesmo a tornar-se algumas vezes feroz. A um comissário de guerra que se dirigiu a ele de modo altivo, cortou a cabeça com um golpe de sabre. Também decepou o braço de um fi -
dalgo que leva ntara a mão para esbofeteá-lo. Matou três bandidos que o assaltaram c ameaçavam tirar-lhe a vida. Travou vários duelos com companheiros de armas que dele discordavam em qualquer ponto. Em meio a esses desvarios, entretanto, Felipe tinha alguns bons movimentos. Certo dia, por exemplo, em que dois soldados roubaram de um compatriota seu o dinheiro do trigo que vendera a duras penas, ele os persegu iu e fê-los devolver o dinheiro. Outra vez, passando com um amigo por um bosq ue, ouviu gritos de socorro. Acorrendo pressuroso, viu uma jovem que se debatia entre quatro facínoras que queriam roubar-lhe a pureza. Não teve dúvidas: descarregou a pistola sobre o mais afoito deles e fez os outros fugu·em espavorido . Quando se nti a re morsos por sua má vida, fazia alguma boa obra para alivi ar a consciência. Mas não ia além. Um dia em que ganhou uma so ma considerável, pensou: "É justo que eu resgate alguns dos meus pecados". E depositou a quantia no cofre de esmolas do hospital. Seu ra ncor era proverbial e não perdoava nem mesmo os mortos. Assi m, certa vez, quando se realizavam os funerais de um senhor com quem havia tido um atrito, entrou na igreja no momento da e ncomendação do corpo e, diante da viúva e dos parentes do fa lec ido e m lágrimas, começou a gargalhar, para dar mostras de sua alegria por aquela morte. Isso lhe valeu um a boa sova . Mais ainda: os parentes do falecido entraram em processo criminal contra o brigão, que foi perseguido pela polícia, tendo que se refugiar numa igreja para gozar do direito de as ilo.
Hora da Providência: a co11versão Chegara, finalmente, o momento para mudança de vida. Abandonado,
perseguido pela justiça e pela própria consciência, Felipe foi aos poucos caindo em si. Não tendo outra coisa a fazer, começou a considerar a miserável vida que levava, e quão perto estava de sua eterna perdição. A graça, penetrando em sua alma, fez o resto. Com um coração contrito e humilhado, pediu a Deus perdão por seus pecados e prome-
neria e foi lançar-se aos pés das pessoas afetadas, pedindo-lhes humildemente o perdão. Aqueles bon s cristãos, vendo seu sincero arrependimento, o concederam de coração. Assim Felipe foi recebido no noviciado, mudando seu nom e para Bernardo de Corleone, que o imortali zaria . Tinha então 27 anos de idade.
Radicalida<le sa11ta 1,a prática da virtude
teu retiJ-ar-se do mundo para terminar seus dias em atos de penitência e de piedade. Depois de uma contrita confissão geral, dirigiu-se ao convento capuchinho de Palermo. O superior, conhecendo sua reputação, tratou-o com rigor e mandou-o falar com o Padre Provincial, então de visita ao convento da cidade. Este também conhecia a má fama de Felipe e não o quis receber. Finalmente, tocado pelas insistências do infeliz, deu-lhe esperanças de o admitir na Ordem se ele fizesse, à fanúlia enlutada, reparação cabal pelo escândalo dado. Felipe, apesar do obscuro nasc imento, era dessas almas que se entregam com ardor ao bem, após ter-se entregue ao mal. Tinha horror à mediocridade e não gostava de meios termo . Assim, por mais dolorosa que fo se a prova, enfrentou-a com alta-
Urna vez postas as mãos no arado, Frei Bernardo não olhou mais para trás, e caminhou a passos largos pela senda da hu mühação e da penitência com o mesmo ardor co m que se tinha e ntregue ao mal. De esp írito inde pe nde nte antes, mostro u-se agora o mai s obediente dos reli giosos, proc urand o mes mo adivinhar o menor desejo dos superiores. Como antes tinha sido ganancioso e desejoso dos bens terrenos, observou de tal mane ira a santa pobreza, que muitos o comparavam ao Poverello de Assis. Nada possuía, a não ser um hábito gasto, um terço, uma cruz e uma di sciplina para domar os impulsos desregrados de seu temperamento. Passou a dormir no chão, e apenas três horas por noite. Disciplinava-se até o sangue e vivia a pão e ág ua. As rudes provas a que o submetiam seus superiores, por mais humilhantes que fossem , apenas aumentavam- lhe o fervor. Sofreu inúmeros assaltos do demônio , o quais, em vez de abalar sua constância, o fortaleciam cada vez mais. Frei Bernardo, embora simples e sem cultura, atingiu as mais sublimes alturas da oração e mereceu a honra de ser distinguido por graças especiais de Nosso Sen hor e da Bem-aventurada Virgem Maria, chegando a conhecer os mais profundos mistérios de nossa Fé. E m Palermo todos comentavam tão profunda mudança. U m alto funcionário do rei foi um dia ao conven-
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IN MEMORIAM
Na ex.11mação, corpo e11co11trado i11co1·r11pto
to para comprovar o que diziam do antigo malfeitor. Quando o viu junto a si, tratou-o com altivez e desdém. Mas as respostas de Frei Bernardo foram tão sobrenaturais, tão humildes e desapegadas, que o fidalgo acabou abraçando-o efusivamente, pedindo-lhe desculpas por sua altivez e recomendando-se às suas orações. No dia da profissão religiosa de Fre i Bernardo, o povo de Corleone acorreu em multidão para edificarse com esse exemplo tão cabal de conversão re li giosa.
cidade. Assim , os habitantes da região passaram a ver nele um anjo tutelar, a quem recorriam em todas as vicissitudes. E vários fatos provaram a caridade e bom senso desse irmão leigo.
Preso e feito escravo pOI' COl'Sál'iOS lllllÇllllllaJlOS
Deus queria que Bernardo, por novos sofrimentos, expiasse mais caba lmente as fa ltas da vida passada. Certo dia os religiosos o mandaram fazer uma viagem por mar, de Palermo a Messina. O barco em que viajava fo i atacado por corsáCal'idade exímia rios muçulmanos, e ele .l evado priparn com os necessitados sioneiro para o Magreb, onde foi vendido como escravo. Foi com verdadeira alegria que recebeu a função de enfermeiro Já essa situ ação de escrav idão numa época em que havia no conentre infiéis é de si penosa. Mas a vento vários frades com moléstia dele foi agravada pelas importunacontagiosa. Frei Bernardo prestavações impuras de uma jovem escralhes os auxílios mais humilhantes, va. Evidentemente ele se opôs com tratando a cada um como se fosse o toda tenacidade àq uele pecado. O próprio Cristo Jesus. Foi também aj uque levou a mulher, irritada, a obdante de cozi nha e, para exercer · ter do patrão comum que, depois melhor a humildade, lavava as roude o ter espancado severamente, pas dos sacerdotes do convento. pusesse Frei Bernardo a ferros em Entretanto, queria mais. Por isso, imundo cubículo. implorou aos superiores licença para Finalmente Deus quis recomsocorrer os habitantes de Scarlato, pensar seu servidor, e numa troca muitos dos quais mon-iam por causa ele prisioneiros ele voltou para a Itália. de uma epidemia que assolara a
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Frei Bernardo de Corl eo ne fazia-se notar por sua terna devoção à Paixão ele C ri sto, um profundo amor à Virgem Maria e à Santíssima Eucaristia - e, coisa rara para a época, tinha a dita de com ungar diariamente. Praticando o primeiro Mandamento em grau heróico, amava a Deus sobre todas as coisas; e também ao próximo como a si mesmo. Por isso , asso lando a peste a cidade de Castelnuovo, obteve dos superiores li cença para acompa nhar cinco religiosos capuc hinh os que Já iam soco rrer os ati ngidos. E ntregando-se ele corpo e a lma ao cu id ado deles, sua natureza, antes tão robusta , mas gasta por penitências e privações voluntárias, sucumbiu . Atingido pela peste, Frei Bernardo fa leceu no dia 12 de j aneiro de 1667, na idade de 60 anos. Seu funeral foi um acontec imento no reino da Sicília. Tal era a fama ele sua sa ntidade, que os grandes do reino qui seram ter a honra de carregar sobre os ombros seu ca ixão. Muitos milagres ocorreram junto a seu túmulo, o que levo u o arcebispo de Palermo a trabalhar pelo seu processo de canonização. Seu corpo foi exumado sete meses depois de sua morte e encontrado incorrupto. O Papa C lemente XIII beatificou-o em maio de 1768 e João Paulo II canonizou-o em 2001. • E-mail do autor:
Dr. José Fernando de Camargo
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onfo,taclo pelos Sacramentos da Santa Igreja, faJeceu em São Paulo o Dr. José Fernando de Camargo, aos 87 anos ele idade. Natural ele Piracicaba, pertencia a tradicionais troncos paulistas. Formado em Direito pela Faculdade do Largo São Ft:anc isco, chegou a ocupar o ca rgo de vicediretor da e ntão Guarda Ci vil de São Paulo. Fez o seu curso secundário no Colégio Arquidiocesano, e desde jovem incorporou-se às fileiras das Congregações Marianas. Ingressou no movimento católico, ao qual dedicou sua vicia por inteiro . Integrou o círcu lo cios que, sob a lidera nça cio Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, compunham o grupo de redatores do "Legionário", destacado semanário da Arquidiocese de São Paulo, co m larga repercussão nesta cidade e em todo o Brasi l católico. Em 1960, tendo o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira fundado a TFP, passou a colabora r intensamente com essa entidade. No momento ele seu fa lec imento, compunha o quadro dos diretores da Associação dos Fundadores da TFP -
Tradição Família Propriedade. Deixa a seus amigos e irmãos de ideal a saudade ele sua comu ni cativa am izade e de marcante fidelidade a seu mestre - Plínio Corrêa de Oliveira. O enterro partirá às 12 horas ela Sede da TFP- Fundado res à rua Avaré, 359, para o Cemitério da Consolação.
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Nota da Redação: O texto acima foi distribuído pelo Serviço de Imprensa da Associação dos Fundadores da TFP em 12 ele dezembro p.p. Julgamos conveniente acrescentar a essa nota, para os leitores ele Catolicismo , que o Dr. José Fernando de Camargo teve com o Prof. Plínio e os mais antigos da família de almas fo rmada ao longo de seis a sete décadas em torno cio "Legionário", e a partir de 195 1, do Catolicismo, e com os que foram fiéi s aos ideais ele Tradição, Família, Propriedade, um convív io in te nso, am istoso e mesmo fraterno, legando a eles a imagem de um varão destemido, ardoroso partidário da militânci a católica. Durante aproximadamente seis anos de penosa enfermidade (que não raro Deus Nosso Senho r reserva a seus e leitos), deu constante exemplo de conformidade e resignação. Guardou seus hábitos de piedade, sua devoção ao santo Rosário, e teve a graça ele receber diari amente a sagrada comunhão. A Redação desta revista põe em relevo a devotada assistênc ia que prestou ao falecido o Sr. José Lu iz Fábio, antigo e generoso membro do grupo que hoje compõe a TFP-Fundadores. E roga a nossos leitores que incluam o repouso eterno da alma ele José Fernando de Camargo em suas orações, agradecendo-lhes antecipadamente por esse ato de piedade.
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pmsolimeo@catolicismo com.br
Notas: Obras consu ltadas: - Les Petits Boll andistes, Vies des Saint.1·, Bloud et Barra i Libraires-Éd iteurs, Paris, 1882, tomo l, pp. 334 e ss. Pe. Jean Croisset, Afio C ristiano , Saturnino Ca ll eja, Madrid, 190 1, tomo I, pp. 166 e ss. - Pe. José Leite, Santos de Cada Dia, Ed itorial A. O. , Braga, 1993, tomo I, p. 57.
O cortejo fúnebre dirige -se à sepultura
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Andreas Hofer, líder contra-revolucionário do Tirol
ap rendeu em casa e na igreja os fundamentos da Relig ião cató li ca; uma fé viva e profunda piedade m arcarão seu futuro. Na esco la comunal, in tituída pela imperatri z Maria Teresa anos antes, ele aprendeu a ler, escrever e contar.
O "Ge11el'al Bal'bone",
presença mal'ca11tc 110 Tirol
A pesar de alguns senões en1 sua vida, o cheíe Liro1ês tornou-se símbolo da resis-
tência católica contra
forças revolucionárias de seu telnpo e de fiel servidor da Casa d'Áustria as
11 JOSÉ M ARIA DOS SANTOS
T iro l, essa pitoresca provínc ia a ustríaca no centro da cadeia dos Alpes, no início do século XIX limitava-se a oeste co m a Suíça e o Vorarlberg austríaco; ao norte, com a Baviera; e ao sul , com a Itália. Reg ião montanhosa - dezenas de seus picos se e levam a mai s de três mil metros de altitude - suas comunicações se faz iam pelos vales, principa lmente os dos rios Tnn e Adige. Constituía uma província do Sacro [mpério Romano Alemão. 1 Por sua altitude, a neve cobria o Tirol durante seis meses. Sendo suas vil as di stantes umas das outras, era normal que os entro nca mentos das estradas fos sem sa lpicados de albergues, não só onde os v iajantes pudessem passar a noite, mas que servisse m também de ponto de encontro para o povinho em busca de notícias. Fo i num desses albergues, o de Sandhof, que nasceu Andreas Nikolaus Hofer à meia-no ite do dia 22 de novembro de l 767. Seu pai , JosefHofer, ating ira j á os quarenta e três anos, e sua mãe, Maria Hofer, tinha pouco menos e j á hav ia dado à luz três me ninas. E la morreri a apenas três anos depo is. Josef co ntrairá segundas núpcias, mas morrerá em l 774, deixando Andreas, com apena sete anos de idade, duplame nte órfão. O menino fo i cri ado pela irmã mai s velha e o cunhado, que tomaram a direção do albergue que de de o século XVII pertencia à fam íli a. Formado no cad inho das tribul ações, Andreas habituouse a resolver por si só seus problemas, o que lhe deu uma precoce maturidade. Nessa região extremamente re ligiosa, Andreas -
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Apenas entrado na adolescência, Anclreas de ixou o lar para ir ao extre mo sul do Tirol trabalhar com a lbergui stas e comerciantes de vinho. Nessa área itali ana da província, aprendeu com faci li dade a língua local, falando-a fluente mente. Aos 20 anos ele idade, voltou para Sandhof e tomou a direção do albergue familiar; a irmã e cunh ado in stalaram-se em outra província. O jovem e esforçado alberguista, para liquidar as dívidas pendentes do estabelecimento, resolveu ac rescentar a e le o comércio de vinho, licores e cava los. No ano seguin te, em 2 1 de julho de 1789, com 2 1 anos de idade, Andreas contraiu matrimônio com Anna Ladurner. Nascerão dessa união se is Batalha de Bergisel: e quantas badaladas podi am dar os sinos paroquivitória dos tiroleses ais durante o dia. meninas (das quais duas morrerão cedo) e um f . e reconquisto O memno . de Innsbruck s tirol eses eram pro und amente católicos. E m toda parte erigiam oratórios e calvários . PasAndreas era então, por sua maturidade e desando diante deles, o viandante persignava-se. Se terminação, um homem feito. Seu porte era mediano, largo ele espáduas, de uma força física ad estava com tempo, ajoelhava-se e rezava o terço. Encontrando um conhecido, audava-o com o tramirável. Tinha o rosto arredondado, pequenos olhos castanhos e cabelos pretos. Mas o que elesdicional "Griis Goa" (Deus vos abençoe). Aos tacava mais sua presença era uma abundan- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • domingos toda a aldeia assistia devotamen"Os tiroleses eram te, de joelhos, ao santo Sacrifício da Missa. te e prestigiosa barba negra, que mais tarde fará co m que o chamem de "Gene ral E à ta rde, participava das Vésperas ou de Barbone". Andreas era jovial, afável, semprofundamente católi- ' alguma procissão. pre contente, e se comprazia em conversar. cos. Em toda a parte . Isso explica a reação generalizada da proEm breve ele se tornou uma das figuras víncia contra as reformas cio Imperador José mai s popul ares no su l do Tirol. erigiam oratórios e . II: "O Tirol entrou em resistência aberta. As calvários. Passando . práticas piedosas proibidasforam mantidas,
Reação católica co11tra despotismo revolucio11ário de José H
diante deles, o vian-
a despeito da lei. Os editos imperiais afixados nos povoados foram arrancados. No púlpito os padres tronavam contra o Imperador, invocando a cólera do Céu sobre e!e". 2
O Imperador José II, imbuído das idéias • dante persignava-se. . revolucionárias da época, sancionou várias Se estava com tempo, leis de caráter igualitário e totalitário, as quais Não é pois de se admirar que também, visavam nivelar as autoridades locais segunquando as tropas revolucionárias francesas do um modelo admi nistrativo un iforme, com invadiram a Áustria, os tiroleses considerasfun c ionários diretamente li gados a Viena. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • sem Napoleão como o Anticristo, por ter pren[sso era muito mal-v isto pelo conservador Tirol. dido o Papa. Mas foram sobr ' ludo suas medidas c m relação à Tirol, profll11dame11te Igreja cató li ·a que mais violentamente repercuti 1rJ11c11lado à Casa d'Áustria ram na reg ião . O monarca dissolveu conventos das ordens contemplativas, instituiu um seminário úni Em agosto de 1805, na guerra da coalizão conco em [nnsbruck, capital do Tirol, dotado de protra a França, o Arquiduque João, de 23 anos, foi fessores adeptos das idé ias novas, e chegou a susnomeado comandante-em-chefe das forças impepender as peregrinações e as procissões seculares, riais na região dos A lpes. A estima entre o prínciaté decretar quantas velas se podiam acender nas pe e o povo tirolês fo i recíproca, e deveri a durar igrejas, quais preces públicas estavam autorizadas até mesmo na derrota.
. ajoelhava-se e rezava o terço. "
JAN EIRO 2006 -
N o iníc io de novembro desse mesmo ano, ma ssac r a ndo uma g ua rni ção tirol esa e m Scharnitz, o ge neral napo leônico N ey penetrou e m Innsbruck. No fim desse mês, os franceses foram substituídos pelos bávaros. E no di a 26 de dezembro desse ano a Áustria assina va a paz. No acordo estabe lecido nessa ocasião, o Tirol ficaria perte nce ndo à Baviera, se be m que "com os mes-
À esquerda, concessão a Andreas Hofer da comenda de honra e de 3000 ducados por parte do enviado do Imperador
o
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mos títulos, direitos e prerrogati vas que ele possuía sob Sua Majestade, o Imperador da Áustria ou os príncipes de sua Casa, e não de outro modo ". Apesar de serem vizinhos, de terem uma líng ua co mun~ e a me s m a R e li g ião, tirol eses e bávaros não se estimavam . Imbuído dos princípios da Revolução Francesa e pertencendo à fra nco- maçonaria, o rei bávaro, Maxi mili a no José, aderira plenamente às idéias liberais. M esmo tendo prometido sa lvag uardar integralmente o dire ito de propri edade e das pessoas, o m o na rca b ávaro não era bem v isto pelos ti roleses, que o julgavam um a nticle ri ca l, e sobretudo porque um vínculo muito profundo os li gava à Casa d' Áustria.
1'odos acorrem f)ara lutar pol' Deus, pelo Imperador, pelo 1'irol De 1806 a 1808 o governo bávaro, imbuído das idé ias do livre-pensamento do século XVII, procurou aplicar no Tirol uma política religiosa que feria os sentimentos, os costumes e as aspirações da população. Foram proibidas a Missa do Galo, as cerimônias religiosas noturnas, a bênção do Santíssimo de po is da Missa cantada ; fo ra m interditadas as rogações, as novenas, a Via Sacra, as procissões, as peregrinações, etc. De acordo com o pensamento unânime dos historiadores, essa foi a causa principal da insurre ição de 1809. E m uma reunião clandestina, no fim do ano de 1807, os tiroleses comprometeram-se a fazer tudo para salvar o cato licismo no Tirol. E ntre os presentes estava Andreas Hofer. O recrutam ento de soldados para engrossar o exército bávaro também foi o utra medida malrecebida, tanto mais que tal medida visava o combate à antiga pátria, a Áustria. Os conscritos fu giam para as montanhas e não se apresentavam. Começou então a insurreição. De todas as vilas alpinas acorrera m voluntários para lutar por Deus, pelo Imperador e pelo Tirol. Os tiroleses infligiram duas tremendas derrotas às tropas fra nco-bávaras, inclusive uma delas contra o fa moso marecha l de Napoleão, Lefebvre. Andreas Hofer se fez notar como líde r nato. Seu pres tígio era imenso. Compreendendo suas limitações, nas batalhas deixou o comando tático para companhei-
CATOLICISMO
Napo leão confi o u a Eugêni o de Beauharnais a Franc isco [, e nfim , fez algo pelo vassalo tão mi ssão ele submeter o Tirol. O genera l francês , fi e l desaparecido. Concedeu uma pensão à espoauxili aclo pelas tro pas bávaras, infli g iu der- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • sa e filhas de Andreas Hofer, e re novo u o filho adoI certificado ele no bilitação ele seu filh o, asrotas sucess ivas aos tiro leses. tivo ele N a po leão conc la mo u os vencidos a segurando sua educação. O s tiroleses não se esqueceram do g rane ntregar as arma e a reconhecer as a utori de líde r. Em cada lar havi a uma estampa dades bávaras co rn o legítimas go vernantes do Tirol. Os tiroleses receberam ao mesmo sua. E a tradi ção ora l ma nteve viva sua te mpo men sagem do Arq uiduque João, comemória. Sua fi g ura e ncontra-se por toda pa rte: e m so lcladinhos de chumbo, e m xímunicando o seguinte: "Eu devo fa zer-vos saber que o desejo de Sua Majestade é que caras de café o u c inze iros. Uma estátua g iga nte do c hefe tirolês fo i os t.iroleses permaneçam tranqüilos, e não se sacrifiquem inutilmente". inau g urada e m Be rg ise l pelo Impe rado r austríaco Franc isco José. E m Sandhof foi Mancha tcmf)orál'Ía e ri gida uma capela o rn ada co m afrescos
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e f)icdosa morte
Embaixo : proclamação de Andreas Hofer aos "cidadãos tiroleses italianos", em 4 de setembro de 1809
ros que julgava ma is competentes. Seu pape l e ra o de, com sua presença, dar segurança e confian ça aos combatentes.
Andrnas Ho/"e1· é escolhido como rngente do 1'frol D epois dessas grandes vitó ri as, e le ass ina por vez primeira: "Andreas Hofer, comandante nomeado pela Casa d'Áustria ". E le pede preces públicas ele ação de graças. E, fie l ao voto que havi a feito antes da batalha, promulgo u um ed ito estipula ndo que a festa do Sagrado Coração de Jesus deveria ser erigida pe rpetu ame nte, e m uma sole nidade in scrita e m ve rmelho no cale ndário tirolês. Te ndo as a uto rid ades bávaras fugido , e não havendo o utras no meadas pelo Imperador ela Á ustria, os tiroleses esco lheram A ndreas Hofer como regente do Tirol. Durante dois meses ele governo u o Tiro l de uma maneira sing ular. Formou seu conselho escolhendo os membros e ntre seus amigos. Todos levanta vam-se às cinco horas da manhã e começavam o dia assistindo à Missa no palácio do governo. À noite, de pois do j antar, recitava m de joelhos um Rosário completo. E ntretanto, no di a 14 de o utub ro de 1809 a Áustria assinou outro tratado ele paz com a França, que não alterou a situação cio Tirol. E m outros termos, e le continuaria perte ncendo à Baviera ! Ao mesmo tempo,
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"Andreas Hofer, fiel ao voto que havia feito antes das batalhas, promulgou um edito estipulando que a festa do Sagrado Coração de Jesus deveria ser erigida perpetuamente e inscrita no calendário tirolês."
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"Francisco determinou que Andreas Hofer fosse sepultado em Innsbruck, na igreja da corte. Ordenou também que um monumento lhe fosse dedicado , encimado com uma estátua do valoroso chefe contra-revolucionário."
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inte riores que narram sua vida. A constatação desse abandono por parE m J 9 19, pe lo tratado ele Saint Germain, te do Impe rador a ustríaco provocou em • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • as regiões cio Trentino e do Alto-Aclige pasAndreas Hofer profunda depressão. E e le que era saram a pe rte ncer à Itá li a. E ntre o utras medidas tão re li g ioso, estranha me nte, e m vez de busca r tomadas por Musso lini e m 1923, figurava a proi confo rto na Re lig ião, procurou-o infe li zme nte na bição de se ter retratos ele Andreas H ofer nessa bebida, to rnando-se um líde r indec iso, à me rcê antiga provínc ia cio Ti ro l. ele todas influê nc ias. Isso o levou a uma impru H ofer, devido à sua posição contra-revoluciode nte bata lh a co ntra os bávaros, na qual os ná ria, torno u-se um símbolo do patriotismo austiroleses fora m arrasados. tríaco co ntra os inimigos cio norte e a anexação Andreas Hofer esconde u-se e ntão nas mo ntada Áustria à A le manha, e m 1938. nhas. Uma soma de 1.500 florins fo i oferec ida a E m l 945 o govern o de Inn sbruck re novo u o quem denunciasse seu esconderijo. Na lo nga sovoto ao Sagrado Coração de Jesus, fe ito por Hofer, 1id ão, Hofer e recompôs, rezou , medito u e ofee a constituição provincial adotada e m 1960 coreceu seus sofrimentos pela sa lvação de sua a lma meça com a "fidelidade a De us" e m primeiro lul l de novembro e pelas dos que morreram pelo T iro l. gar, como Andreas Hofer teria fe ito. • de 1809: recomeço do levante tirolês Como sucede com freqüênc ia na hi stóri a hu E- mail do autor : josemari a@catolicismo.com.br após breve trégua. mana, apareceu um Jud as, pronto para e ntregálo. Franz Raffl visitara Hofer e m seu esconde ri Notas: jo. Tinha participado também da in surre ição. M as 20 de fevereiro de 1. Todas as referências deste arti go foram ex traídas do li vro 18 l O: fuzilamento de a recompe nsa oferecida pe la delação te ntou-o e de Jean Sév illi a, Le Clw uan c/11. Tyrol, Perrin, Pari s, 199 1. Andreas Hofer em e le traiu . No dia 27 ele j ane iro, A ndreas foi preso 2. Op. cit. p. 60. Mãntua juntamente com a esposa e fi lho, que o hav iam ido vis ita r, e um a mi go, Sweth, q ue com e le se e nco ntrava. Condenado à morte, confesso u-se e recebeu a sagrada Comunhão na manhã de sua execução. E escreveu uma carta a seu a mi go Vinzenz von Pi.ih ler, re ple ta ele piedosos sentimentos e da c re nça no Purgatório e na vida ete rna.
A11drnas flote,· penna,wce na memória fJOfJular E m jane iro de 1823, ci nco so ldados de um regimento de caçadores que estava em Mântua levaram de vo lta para o Tirol os restos mortais de And reas Hofer. O Imperador Francisco I determinou q ue fosse sepu ltado em Innsbruck, na igreja da corte. Orde nou também que um monumen to lhe fosse ded icado, encimado com uma estátua cio valoroso c hefe contra-revo luc ioná rio. JANEIRO 2006 -
tra nsfer id o pos te ri o rm e nte para a Sé arquiepi scopal de Valê ncia. Primeira Sexta-feira do mês.
7 São Ca nuto Lava rd , mártir + Din amarca, 11 3 l. Filho do
1 SANTA M/\ RI A, MÃI~ D1,; DEUS (antigamente, Circuncisão)
2 São Basílio Magno e São Gregório Nazianzcno, Bispos, Confessores e Doutores ela Igreja.
rei da D in amarca, chamado por seus compatri otas Lavarei ou o Senhor, favo receu a atividade mi ss io ná ri a de São Vice lino. Fo i D uque da Jutlândi a e recebeu do Imperado r do Sacro I mpéri o Ro mano Ale mão o títul o de re i, o q ue provocou a ira do sobera no da D in a ma rca, te nd o sido, por essa razão, assass inado por seus primos. Primeiro Sábado do mês.
:i SANTÍSSIMO NOME DI~ ,JESUS
4 Santa Ângela ele Foligno, Viúva + Itáli a, J 309. Das maio res místicas da Idade Média, por sua marcante personalidade é considerada fi gura ímpar do mov im ento fra nc isca no da Jtá lia central.
EPIFANIA DO SENHOR, OU SANTOS Rl~IS (Neste ano)
BATISMO DE NOSSO SENI IOR .JESUS CRISTO (Neste ano)
São Pcelro ele Urséolo, Confesso!'
5
11,;a) , 987. ,,•1.a, exer1ii lidade e \'elmente , da espoiara oconu1ça, onde ·111 oração
+ Fil adélfia, 1860. Natural da
6 São João de Ribcra , Bispo e Confessor + Valê ncia, 16J l. Filho do Duque de Alcalá e Vice-rei de Nápoles, recebeu as ordens sacras, tornando-se professor de teologia na célebre Universidade de Salamanca. O Papa São Pjo V nomeou-o Bispo dessa cidade aos 30 anos, por instâncias de Felipe II, sendo
+ Córdoba, 852. Abderra mán II, que do min ava Córdo ba, pro mulgou um a lei pela qual q ualque r muç ulma no podi a matar um cri stão que criticasse Maomé. Tendo Gumerc indo ido àq uela cidade acompanh ado do mo nge Se rvideo, muçulmanos os de nunciaram como cri stãos, decapitandoos por ód io à fé.
14 São Sahas, Bispo e Confessor· + B ul gá ri a, 1237. Filh o de Estêvão [, fundador da di nasti a e do Estado independente da Sérv ia, aos J7 anos retiro use para um mosteiro do Monte Athos. Seu pai seg uiu -o depo is de abd icar ao tro no. Jun tos fundaram um mosteiro para os sérv ios.
15 São Paulo l~remita , Confessor + Egito, 342. O prime iro e
São Jo[lo Ncumann , Confessor Boêmj a, fo i para os Estados Unidos como mjssionário dos imigrantes de língua ale mã. Nomeado por Pio IX Bispo de Fil adélfia, promoveu a educação católica das crianças, fu ndou uma Congregação religiosa femjnina com essa fi nalidade e tro uxe outras da Europa.
1:i Sa ntos Gumercindo e Servielco, M{1rtires
I',,
São Teodósio, o Cenobita, Confessor + PaJt,s .:tirando-se para o d, , de Belém para vive 1imento, sua fama dt·. atra iu- lhe inúmeros o Constru iu três hospü ão Sabas, lt: contra a lutou vai , sendo por heresia IllOltl)I 1>, isso destc>rwdo pchi Imperador.
ma is fa moso dos e rem itas. D ura nte a pe rseg ui ção do Imperador romano pagão Décio, fug iu para um a gru ta no deserto. M il agrosamente um corvo trazia- lh e um pão a cada di a.
Hi São Bernardo e Companheiros, Mártires + Marrocos, 1302. São Bernardo e quatro outros rebgiosos franciscanos foram enviados por São Francisco de Assis para converter os mouros de Sevilha. Expu lsos desta cidade, dirigiram-se para o Marrocos como capelães de mercenários cristãos do exército marroqu ino. Como pregavam ao povo e recusaram-se a cessar suas prédicas, o sultão mulçumano decepou-lhes as cabeças com sua própria cimitarra.
17 São Bernardo de Corlcone (Vide p.
~
São Sabino Bispo. Confessor + Piacenza, 420. Amigo de
Sa nto Ambrósio, pa rti cipou de vários concílios e fo i e nviado pelo Papa São Dâmaso ao Ori ente, por ocas ião dos distúrbios provocados pelos arianos em Antioqui a. Co mbateu também outros hereges.
18 São Leobardo Recluso, Confessor + França, 593. Depois de consagrar-se ao e. tudo , passou seus bens ao irmão e foi viver em contemplação perto de Tours, sob a direção de São Gregório, bi spo dessa cidade. Deus concedeu-lhe o dom dos milagres e onhecimento do dia de sua morte .
H) São CanuLo Rei, Confessor + D inamarca, l086. Filho ile-
de levar os católicos a participar intensamente do trabalho apostó lico. Para isso fun dou a Sociedade do Apostolado Católico.
2a Santa Emerenciana, Virgem e Mártir + Roma, 304. De acordo com o Martiro lógio Ro ma no, Emerenciana era irmã de le ite de Santa Inês. Após o martírio desta, foi rezar j un to a sua tum ba. Ainda catecúmena, recebe u o batismo de sangue, ao ser morta ali mesmo a pedradas pelos pagãos.
24 São Francisco ele Sales, Bispo, Confessor e Doutor da lg1•eja
São Sebastião, Mártir'.
+ Annecy, 1622. Bispo de Genebra, animado de profu ndo amor de Deus e das almas, uma das grandes figuras da ContraReforma catóbca, lutou contra a heresia calvinista. Dotado de bondade e suavidade excepcionais no trato, sóbda cultura e ortodoxia, foi um apóstolo entre os nobres, fundador e diretor de incontáveis almas que guiou com passo firme no caminho da perfeição. É patrono dos jornali ta e publicistas católicos.
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25
gítimo do Rei Sweyn, da Dinamarca, sobrinho de seu homônjmo que conqui stou a Inglaterra, subiu ao trono após a morte de seu irmão. Vítima ele uma rebelião, Canuto fugiu para a ilha de Funem, onde se preparou para a morte. Foi assassinado pelos rebeldes enquanto orava aos pés do altar.
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BeaLo ,João Bat,ista Turpin de Cormic,· e Companheiros , Mártires + França, 1794. Pároco de Lavai, com sua constância e valor encorajou outros 13 sacerdotes a não prestarem o ismático j uramento constitu ional imposto pela Revolução l •nmcesa, incitou-os à paciê n ia e perseverança. Intimados outra vez a prestar o juramento, todos se recusaram, sendo condenados à guilhotina pelo tri bunal revolucionário.
Conversão de São Paulo /\pósLolo
26 Santa Paula , Viúva + Palestina, 404. Matrona romana da mais alta ari toeracia, edificava Roma, juntamente com seu marido, pela vittude. Tendo falecido seu esposo, foi convencida por Santa Marcela, também viúva, a entregarse totalmente a Deus.
')7 São ViLaliano, l 'apa e Confessor
São Vicente Pallotti, Confessor + Roma, 1850. Doutor e m Teologia, ramoso confessor e exorcista, seu programa foi o
+ Ro111a , 672. S ucessor de Eug~nio I no Sólio Pontifício, enviou i\ Inglaterra São Teodoro d · Tarso para a Sé de Can tu aria, • Santo Adriano
como Abade do Mosteiro de Sa nto Agostinho.
28 Santo Tomás de Aq uino, Confessor e Doutor ela Igreja + Fossa Nuova, 1274. O maior teólogo da Igreja foi, aos cinco anos, _confiado aos mo nges benedi tinos de Monte Cassino, entrando depois para a Ordem Dominicana, da qual é a maior glória junto com o fu ndador São Domingos. Com razão foi cognominado Doutor Angélico, por sua pureza de vida e elevação de doutrina, que transcende a pura intebgência humana. Refutou cuidadosamente as heresias. É o patrono das escolas católicas. Sua filosofia é a filosofia católica por excelência.
29 São Sulpício Severo , Bispo e Conressor + França, 591. São Gregório de Tours refere-se a ele com m uito respeito, elogi ando sua virtudes. Foi nomeado para a Sé de Bourges em lugar de candidatos simoníacos.
Intenções para a Santa Missa em janeiro Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisq uini , nos segu intes intenções : • Pe los assinantes, leito res e be nfe itores de Catolicismo, a fim de que suas famílias, neste novo ano que se inicia, se ja m espec ialme nte proteg idas pela Sagrada Fam íli a, para serem preservados do pecado, da vio lência, do desemprego e das drogas que constituem grande peri go sobretudo para os ma is jovens.
:10 Sa nta Batilcle, Viúva + França, 680. Inglesa de nascimento, levada para a França, encantou Clóvis II por sua virtude e prudência. Este a fez sua esposa. Mãe de três reis - Clotário III, Childerico II e Thierry III - , tornou-se regente após a morte do esposo, governando o reino com rara habilidade.
:u São João Bosco, Confessor São Francisco Xavier Bianchi , Confessor + Nápoles, 1815. Entrou para os barnabitas, tornando-se apóstolo do confessionário. O povo napolitano o tinha em tanta veneração que, durante uma erupção do Vesúvio, levaram-no até o rio de lava que de le desc ia. A um s inal da cruz feito pelo Santo, as lavas pararam imediatamente.
Intenções para a Santa Missa em fevereiro • Rogando a Nosso Senhora de Lo urdes (1858), cu ja festi vidade é comemorada pela Sa nta Igre ja no dia 11 de fevereiro, para que conceda a todos os lei tores de Catolicismo bem como àqueles de seus familiares mais necessitados - uma vigorosa saúde de alma e de corpo .
JA
Ca usa estranheza notar que isso se faz no momento mes mo e m que várias pesquisa ele opini ão comprovam a rejeição cio povo bras ileiro a essa abom inação que é o aborto . E, mais c uri oso ainda, simul taneamente ao levantamento ela di scussão ela mes ma proble mática em vári os outros paíse . O que haverá por detrás di sso? De in íc io, parec ia não haver dificul dade para o projeto ser aprovado na refer ida comi ssão, pois a maioria de seus integ ra ntes manifes tava certa simpatia por ele. A reação, porém, não tardou. A Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Família Propriedade, dando seq üência a esforços já fe itos no sentido de barrar a ampli ação legal ela prática do aborto no Brasil - o que constituiri a uma maldição para o País - e fi el à luta travada com esse objeti vo por seu in spi rador e mestre, o Prof. Plíni o Corrêa ele O li veira, nova mente entrou em cena para alertar a opinião pública brasile ira e convocá- la a se mobili zar contra a impos ição dessa abominável lei.
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Cresce a reação católica contra o aborto Ü Projeto de Lei 1135/91 pretende descrilninalizar o aborto, tornando essa nefanda prática mn "direito". Enél'gica reação a isso vem pro1novendo a associação Til) - Fundadores. !' 1 GU ILHERME
FÉLIX DE SO USA M ARTINS
Brasília - "A Rússia espalhará seus erros pelo mundo", ad ve rtiu a Sa ntíssi ma Virgem a 13 de julho de 191 7, e m uma de suas aparições na Cova da Iri a (Portugal). A constituição comuni sta ru ssa, elaborada algum tempo depois, passo u a prever e m seu tex to o "dire ito" ao aborto. A Al emanha sob o domíni o na-
zista - re verso da mesma moeda do comuni s mo - imito u-a, impondo mais tarde o mesmo absurdo à Polôni a conqui stada. Agora, c umprindo ameaça fe ita no ano de 2004, o Governo Federal, através de uma comissão triparti te (formada por membros do Poder Executivo, do Poder Legislativo e ela sociedade civil), ressuscitou a discussão sobre a legali zação do aborto. O Projeto de Lei 11 35/9 1, ele au-
toria dos ex-depu tados Eduardo Jorge (PT/SP) e Sandra Starling (PT/MG), agora co m relatóri o ela dep utada Ja ndira Fegha li (PCdoB/RJ) , foi colocado na pa ut a de vo tação ela Co mi ssão d e Seguridade Social e Fanu1ia da Câmara dos Deputados, significa ndo um primeiro pa so para sua aprovação.
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Logo que o I rojeto entrou na pauta ele votação, os deputados mem bros da comi ssão vira m suas caixas de e-mails lotarem-se com quase 70.000 mensagens enviadas de todos s antos do Brasil por pessoas mobili zad as pela TFP- Fundado res. Sentindo a pressão ele seu eleitorado, os parlamentares r solveram dim inui r a marcha. Marcaram uma audiência pública para, reco lhe ncl a pinião de autoridades no assunto, fu ndamentarem melhor suas posições. Nova iniciativa da TFP- Fundadores: abaixo-a s inado ao Prof. lves Gandra, um dos partici1 antes da audiência, demonstrando apoi à posições tomadas pelo ilustre jurista contra o aborto. Em apenas um dia, mais ele mil ass inaturas eletrônicas foram co lh idas, e depoi s enviadas aos deputados, mostrando uma vez mais a disposição dos brasileiros católicos de não permitir a descriminali zação do aborto. O vento foi aos poucos mudando de direção, indicand uma derrota certa do ignóbil proj eto. A cada nova votação, aumentava o númcr de anti-abortistas
na assistência, o que estimulava os depu tados re prese ntantes dessa posição . Isso foi logo percebido pela relatora, a deputada do Partido Comunista Jandira Feghali , que o retirou de pauta, a fim de "aproveitar" as contribui ções dos colegas - uma desculpa para ganhar tempo e rever sua estratégia de ação.
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O projeto, que de in íc io prete ndi a transformar o aborto de c rime em direito, e esta belecia um a série de normas, de u um passo atrás. O novo relatóri o, surgido após a man obra sorrateira, defe nde "apenas" a descrimin alização do massacre de inocentes, propondo a abrogação de artigos do Códi go Penal que criminali zam o aborto. Prevendo o perigo de uma guinada na situação, a TFP- Fundadores conclamou seus colaboradores a agir novamente, desta vez escrevendo aos Bispos do próprio Estado para pedir-lhes que, por sua ascendência moral e espiritual sobre os fiéis, promovessem uma grande reação da opi nião pública católica, em nível nacional, e barrassem esse projeto que, se aprovado, atrairá com cetteza a cólera ele Deus sobre o País. Um total de 16.305 mensagens (até o momento) foram enviadas aos Prelados de todo o Brasil. O plenário da comissão
ficou repleto mais uma vez, com a presença ele pessoas oriundas de diversos Estados brasileiros, o que levou os deputados a adiarem mais uma vez a votação. Simultaneamente, no edifício ela Câmara, realizou-se o lº Seminário Nacional em Defesa da Vida. Disso tudo resultou um impasse para os defensores do aborto . Tendo a intenção de ver quanto antes seus desígni os alcançados, a cada passo deparam com uma oposição firme, dec idida a não ceder terreno. Como avançar? Tentarão eles novos golpes e manobras, medi ante algum artifício regimental, para aprovar o projeto na calada ela noite? Iniciativas desse tipo já têm acontecido no Congresso Nacional. Estejamos todos vigil antes. Cabe a cada brasileiro a mi ssão de lutar, na medida de suas possibilidades, para impedir que tal maldição se abata sobre nossa Pátria. Não podemos permitir que o coração de Cristo Nosso Redentor seja ferido por mais essa chaga; não podemos permitir que a Terra de Santa Cru z se torne palco de novo massacre de inocentes a exempl o do perpetrado por Herodes, como também que os e rros da R úss ia encontrem guarida e m nosso solo. • E-mail do autor: guilhermemartins@catolicismo.com.br
Da esq . para a dir.: Antonio Carlos Biscaia (PT/RJ), Nestor João Masoti, pres. da FEB, Cardeal Geraldo Majella Agnelo, pres. da CNBB, Bassuma (PT/BA) e Adelor Vieira (PMDB/SC), membros da mesa que presidiu o 1° Seminório Nacional em Defesa da Vida
Iº
SEMINÁRIO NACIOl EM DEFESA DA Vll JAN EIRO 2006 -
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CATOLICISMO
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Uma mobilização da 'I,FP americana
Simpósio para jovens M ÁRCIO C QLJTIN I-I Q D!:_ SOUSA
C ontra onda de blasfêmias, especialmente as dissimuladas na péssilna obra O Código Da Vind, jovens da TFP americana promovermn diversas atividades, como conferências e carnpanhas públicas
. ! FLÁVIO M ATI HARA
pós o lança me nto do livro Rej eitando O Código Da Vinci, durante o 8º Congresso da TFP americana em outubro último (vide Catolicismo , dezembro/2005), a entidade in ic iou a mpl a di stribui ção da obra e m todo o país, para seus ami gos, cooperadores e simpatizantes , como també m para amplos setores do clero e cio público católi co e m gera l. A divul gação está sendo fe ita ta mbém pela Internet, e pode ser acompanhada pelo site www.tfp.org. Co nferênc ias mu ito concorri das, em que membros ela entidade esc larecem a verdadeira posição católica ante as blasfêmias contidas no romance O Código Da Vinci, têm sido promovidas em várias cidades. Em Washington, o Sr. José Aloysio Schelin i expôs com abundantes detalhes os argumentos contidos na obra, e ressalto u que "o livro O Código Da Vinci não pode ser encarado como uma simples novela sem importância, pois trata-se indiscutivelmente de um bestseller; e seus promotores estão ultrapassando todos os limites afim de difundir os seus erros ". Em Topeka e Saint Louis, o Sr. John Horvat afirmou ante nu meroso público que o li vro paiticipa de uma onda de blasfêmias através da arte e ela literatura, zombai1do e levantando dúvidas sobre tudo o que a Igreja considera sagrado. Paralela me nte, os j ovens da TFP Student Action têm visitado diversas universidades, a fim de d istribui r folhetos contendo os princ ipais arg umentos do livro da entidade. E também coletam assinaturas em um abaixo-assinado a ser CATOLIC I SMO
e nviado à Co lumbia Pictures contra o fi lme baseado em O Código Da Vin ci, prog ramado para ser d istribuído prox imamente. Além dessa campanha que agora se inic ia, a TFP Student Action tem atuado também nas universidades para esclarecer os estudantes sobre diversos temas. Na . University of Pittsburgh, foi d istribuído o
bem documentado folheto Dez motivos que tomam o aborto um mal. Na Un iversity of Ne braska, partic iparam ele um protesto contra a peça teatra l blas fe ma Co rpus Christi, que estava pai·a ser encenada, apresentando Nosso Senhor Jesus Cri sto e os Apóstolos como homossexuais. • E-mail do autor: fl ata ma1 @catoli cis111o.co111.br
tra íd os I c ios id ea is q ue nun ca m rreram - da Trad ição, Famíli a Propriedade - jo vens compare ·eram ao sim1ósio rea li zado nos d ias 12 a I ele nove mbro últ imo, pro movido pela A.1·socioçüo dos Fundadores da TFP Temas orno a epopéia de Plín io Corrêa ele Ol iveira, o espírito combativo do povo brasileiro, acontec imentos que marcaram o mundo em 2005, f'o ram acompanhados com ótimo aproveitamento. A nim a das co nve rsas e s ta be lecera m-se d ura nte o te mpo el e lazer e de refe ições, na ma io ri a el as vezes Le ndo co mo te ma os ass un tos abo rd a los nas pales tras . Cantos, músicas, visitas a museu e ex posição ele arte também fi zeram parte cio variado programa. Atendendo ao pedido ela Santíssima Virge m em Fáti ma, os partic ipantes do simpós io mpre rezavam em conjunto o te rço, meclita n lo os res pec tivo s m istérios. • E-mail para o aul or: Cl ll oi i eisrn n@catnl ic ismo.com .br
Flagrantes da campanha
Na cidad d Vinhedo (SP), um grupo de amigos e ade rentes do Asso iaçõo dos Fundadores da TFP - Tradição Famf/io Propri dade assisti u a uma palestro sobre os último a 0 11 1 cim ntos catastróficos que têm atingido a huma nidod , anali sados à luz da Mensagem de Fáti ma , pelo Dr. Gr g6rio Viva nco Lopes.
JAN EIRO 2006 -
Santo Inácio de Loyola Pugnacidade, penetração política e psicologia finíssilna ~y,IEN 7-.,_ <-'J' .
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hamo a atenção para os princ ipais t~·aços do ho mem retratado ness.e quadro. É bem ev idente que não é um sueco. E um europeu do Mediterrâneo. Note m que está com uma batina preta como traj avam os padres do século X VJ , muito ampla, mas adaptada ao corpo. U m pequeno colarinho bra nco como usavam os eclesiás ticos até o momento em que infe li zmente tal costume fo i abandonado. É ainda digno de menção o barrete, que também quase todo o clero abandonou. Barrete preto, di vidido em três gomos, representando a unidade na trindade de Deus. A cabeça é de um ho mem magro sem ser magé rrimo, com as maçãs do ro to muito sa lientes. Nariz aquilino, e m fo rma de bico de águia e co mprido. Cabe lo preto, barba e sobra ncelhas escuras . Olhos pequ e nos , negro e profund a mente encovados. A fis iono mi a, muito pe nsativa, não exprime nem alegria ne m tristeza; revela pensamento, meditação e uma enorme segura nça. Em outras palavras, é um ho mem que está inteiramente seguro da verdade que medita e da fé que abraça. O domínjo que exerce sobre si manifes ta-se, em larga medida, pela impassibilidade do rosto. Santo Inácio de Loyola é o ho mem retratado, o gra nde fundador da Companhia de Jesus, ao qual se deve, e m boa medida, a mais gloriosa e e fi caz das Contra- Revoluções, que foi a Contra-Reforma Católi ca. O autor do quadro - o pintor Jacopino de i Conte (nascido em Florença em 15IO, e morto em Roma em 1598) - fo i o único artista que pintou o santo em vida. Santo Inácio tornou-se fam oso por seu espírito pugnaz, sua penetração política, sua psicologia finíssima e exími a capacidade que ti nha de pregar seus fa mosos Exercícios Espirituais. Podem-se notar vários traços dessa obra do santo retratados em sua fis ionomja: ho mem capaz de guardar segredos; capaz de faze r no silênc io uma longa e complexa tra ma políti ca ; competente para pregar os Exercícios Espirituais de modo incomparável; homem com espírito dotado de autoridade invulgar, e que exercia sobre seus reli giosos um mando total, transformando a Companhi a de Jesus no próprio símbo lo da obediência. Parece- me que ver esse quadro de Santo Inácio enriquece a idéia que se tem do santo. M ais: aprimora a própri a idéia de santidade . E, mais a fundo, como é um santo da Igrej a Católica Apostó li ca Romana. E miquece a idéia da santidade da Igreja e da santidade do próprio Deus! •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 17 de janeiro de 1986. Sem revi são do aut. r.
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,
UMARI
PuN10 C o RRÊA DE OuvE 1RA
l◄'cvcrciro
de 2006
2
Exc1~1nos
4
CARTA DO DIRETOR
5
PAGINA MAmANA
7
LmTURA EsPIRITlJAl,
8
Comu:SPONDl~:NCIA
JO A p Al,AVIM 12 A
Nº 662
Por que se odeia a obra-prima da cdação?
A tentação (catedral de Chartres)
A graça - III
1)0 SA<:1-:RDOTE
Rl•:ALIDADE CoNUSAM1wr1-:
14
NACION/\l,
18
POR ()I li•: NOSSA S1•:NIIORA CIIOR/\?
19
EN·nmv1s·1'/\
Ecologismo, embuste que paralisa a prosper idade
Análise da atual crise do Brasil e perspectivas
22
D1<:s'J'A()l J1,:
26
CAPA
38
VmAs DE Si\N'l'OS
4 1
lNFOl~M/\'l'IVO Rl lR/\1,
42 SOS
Beatificação do heróico Cardeal von Galen
Revolução Cultural: afronta à sabecloria crist,ã
F'AMÍl,IA
São João Batista da Conceição
Jovens, leminismo e corrupção moral
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D1sc1mN1NDO
46
SANTOS E F1,:sTAS DO
48 AçÃo
Fátima: mensagem de justiça e clemência
Mí~s
CoN'l'IM-Rt~vowcmNÁRlA
52 AMm1w1·Es, CosnJM1•:s, C1v11,1zAçõ1,:s
Cordeai Clemens Augusto von Golen
O galeão francês Roya l Solei!: elegância clominando os mar es
Nossa capa: Fonte Stravinsky, construído em 1982 / 83 , Chotelet- Les Holles, Praça lgor Stravinsky, Paris. No primeiro plano: escultura Pá ssaro de fogo. Ao fundo : igreja gótico SointMerry, símbolo do sabedoria cri stã, em contraste com o horrível escultura moderno .
CATOLICI SMO FEVEREIRO 2006 -
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Pau lo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/DF sob o n° 311 6 Administração:
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Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol. com.br Home Page: http://www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Fevereiro de 2006:
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CAT OLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
Caro le itor, Honra esta edição de nossa revista a co laboração - publicada co mo m atéria de capa - de auto ria do Príncipe Do m L ui z le O rl ea ns e Bragança, Chefe da Casa Imperial do B ras il. Ele descreve e denunc ia, co m perspicácia e penetração, a chamada Revolução Cultural, uma elas mais importantes e atuais manifestações do multi ssecular processo revolu cionário qu assola o mundo desde os fin s ela Idade M édi a. O te ma é abordado sob um ponto d vista sobremane ira im po rtante, rara me nte apresentado: tal revo lução constituin do grave afronta à sabedori a cri . tã. Essa visuali zação, rep leta de conseq üênc ias, d ifici lmente é encontrada em órgão. da mídia. O plano de Deus para a humanidade fo i traçado com infinita sabedori a e se manifesta desde o princípio da Criação. Poré m, com o pecado original cometido por nossos prime iros pais, torno u-se mais difícil perceber na sociedade humana o reflexo da Sabedoria divin a. O homem, e mbora cri ado à imagem e semelhança de Deus, ficou com a inteligência obnubila da, sua vo ntade perdeu vigor e sua sensibilidade tornou-se desordenada. O nobre arti culista, com profund a vi são hi stórica, a pós narrar sinteti camente alg un s dos períodos m ais importantes na Hi stória da humanid ade, a po nta a R evo lucão Cultural co mo um a re vo lta contra a orde m sapienc ial estabelec id a por Deus na Criação; uma co ntra-cultura que, co mo um câncer, vem corroendo os valores morais e até mes mo os vestígios de Civili zação Cri tã. Essa revo lução, além ele submeter os princípios da Fé ao esp írito de dúvida, vem transformando as mentalidades co m o lançamento ele novas modas , costumes, músicas, modos de ser, etc., te ndo como meta a im plantação ele u m s istema tribal, e m opos ição ao esple ndor d a Cr ista ndade. E ass im des virtua, e mes mo proc ura anul ar, o maravilhoso plano d ivi no. O Príncipe Dom Lui z apre.-enta como reação a essa ímp ia tentativa de implantação ele uma (dcs)orclcm ele coisas - anti-sapiencial , atéia e amoral - o surg imento cm d iv rsos países, inclusive no Brasil , de sintomas ele um a apetência pe la restauração da ordem. Por meio ele Maria, Sede da Sabedoria, peça mos a Deus o pronto advento dessa bend ita restauraçã e a graça de s obter a verdadeira sabedoria. E, uma vez obtida tal graça, pr s rvá-la corno o mai s precioso ele todos os tesouros, pois somente ass im estaremos protegidos dos maléficos tentáculos da Revolução Cultural. Desej o a todos um a boa leitura.
Em Jesus e Mari a,
~~7 D IRETOR
paulobrito@catolicismo.com.br
Nossa Senhora, obra-prima de Deus N a origem dos ataques à Santíssima .Virgem, constatamos o ódio de seus inimigos à sua superioridade majestosa. O que é causa de alegria para seus devotos constitui motivo de ódio para os maus. [I
V ALDI S GRINSTEINS
S
empre me chamou a atenção a mani a dos adeptos de seitas protestantes em atacar Nossa Senhora. Não só eles, mas também comunista , ateus e outros inimigos dec larados ou e ncobertos da Igrej a Cató lica. Poder-se- ia supor que, por mero interesse tático, eles se absteriam de atacar a M ãe de De us, para assim podere m afastar das fi leiras sagradas da Igrej a os incautos. E isso mais especialmente e m países como o nosso , nos qu ais a fi g ura matern a é obj eto de admi ração e respeito. Mas dificilmente conseguem eles cessar suas invectivas. P referem perder todas as va ntagens que lhes tra ri a a camuflagem ideo lógica, se fi cassem calados nesse ponto e atacassem outros. Q ua l o motivo de conduta tão po uco razoá vel?
O ódio à superiol'ida<le Para entender be m a questão, devemos prime iro anali sar por que uma pessoa dominada pelo vício do orgulho não consegue se refrea r diante da superi oridade evidente de o utro. Quando Deus criou o mu ndo, decidiu colocar muitas perfe ições nestas ,. ou naque las pessoas, em graus e fo rmas diversos. Convinha à perfeição de Deus que houvesse um ser humano com todas as perfeições possíveis a uma criatura humana. Por que convinha? Porque Deus criou o universo à maneira de uma escada, onde um degrau leva a outro, urna perfeição conduz a outrn. E, de degrau em degrau, chega-se ao alto. Alguém deveria ser o degrau superior, como que representar a soma das diversas perfe ições dos degraus inferiores. E Deus escolheu, para ocupar tal lugar, justamente aq uela criatura que desejou ter como Mãe. Po r isso , E le a fez não só pe rfe ita, mas perfeitíss ima.
Para o homem de hoje, subjugado pela obsessão do prazer, isso significa que Ela necessariamente teria todas as vantagens e nenhuma das cru zes at1-ibuídas por Deus ao resto do gênero humano. E ntretanto, seria difícil imaginar engano mais completo. Pois Ela também teri a que refl etir perfe ições como a paciência na adversidade, a dignidade no sofrimento, a esperança no socorro divino. Basta pensar que Deus quis d'Ela que assisti sse à morte de seu Divino Filho. Numa situação como a da Santíssima Virgem, o normal é que urna mãe sem grande vir tl1de se pusesse a gritar, agredisse alguém, ou simplesmente desmaiasse de dor. Pior ainda, se fosse ímpia, poderia até blasfemar, julgando que Deus lhe pedira um sacrif'ício demasiado. Po is bem, a atitude de Nossa Senhora ao pé da C ruz não poderia ser mais admirável e mais confo rme à vontade de Deus. E mais dolorosa. Fo i a de uma mãe perfe ita.
O demônio odeia Nossa Sc11/10rn Devemos ressaltar que no mundo neopaganizado de hoje, quando fa lamos de perfe ição, normalmente as pessoas pensam na perfe ição física, mais do que na perfeição moral, esquecendo-se de que a alma vale muitíssimo mais que o corpo. Do ponto de vista físico, basta lembrar que Nossa Senhora não estava sob o jugo do pecado original. E m vi sta disso, não sofri a s uas co nseqü ê nc ia s, como os achaques da velhice, por exemplo. M as o mais importante é o aspecto mora l. Pois neste âmbito , d iversamente do estrito ca mpo fís ico, te mos a poss ibilid ade de crescer, de ser melhores. Ou de ser piores. Nossa perfe ição de pende em boa med ida de nós mesmos. Não bas ta receber uma graça, é p rec iso ser fi e l a e la; não basta ter sido dotado de talento, deve mos desenvo lvê-lo.
Pietá - Maestro de Alzira (séc. XVI) - Museu de Belas Artes. Va le nça (Espanha)
FEVE REIRO 20 0 6 -
A
Graça Santificante (Parte III)
N a parte que vimos anteriormente, Mons. Zaffonato* descreve como a graça eleva a natureza humana. Na seqüência, ele trata da distinção entre a ordem natural e a ordem sobrenatural.
E No sa Senhora, neste ponto, atingiu a perfeição máx ima. Não só porque tenha recebido evidentes e inigual áveis graças e talentos, mas porque soube ser fi el a eles e desenvolvê-los ao máx imo. Tal esforço, Deus o pediu d'Ela. É verdade que as graças eram superiores, mas a fidelidade a elas era neces ária. E aqui se encontra a razão mais profund a cio ódio que o rgulhoso vota ao perfeito: este conseguiu ser fi el às graças, ao passo que o orgulhoso não o foi . E isto torna-se patente por ter ele o vício do orgulho. O orgulhoso não tolera a procl amação do seu fracasso, e o perfe ito proclama esse fracasso simplesmente pelo fato de existir. Se não houvesse vitoriosos ne sa luta pela virtude, ele não se sentiria humilhado, seria apenas mais um que falhou. Mas, como existem aqueles que triunfaram, a inferioridade deles torna-se óbvia. O demônio foi um anjo, e como tal foi submetido a uma prova, tendo falhado miseravelmente por sua culpa. Entende-se por isso que ele não possa supo1ta.r a simples existência de Nossa Senhora, que passou magnífica e vitoriosamente pela prova que lhe foi apresentada.
Superioridade esplendorosa O que mais irrita as pessoas orgulhosas não é apenas que outro seja superior, mas que tal superi oridade sej a difundida, reconhec ida, e logiada, apresentada como modelo. Talvez lhes fosse suportável uma superioridade que ex isti sse escondid a, posta ele lado, abafada. E m termos re li g iosos, os o rgulhosos até não têm g rande difi cul dade e m admi tir a supe rioridade de Jes us C ri sto, porque Ele, embora sendo verd ade iro ho me m, é também verda-
CATO LICISMO
de iro De u ; e co mo nó , ho mens co mun s, não pode mos ser deu es , isso lhes parece mais to le rável. Mas que alguém que seja sim ples mente um ser humano como e les, te nha chegado a um gra u ele perfe ição que e les são incapazes não só de atingir, mas até de co nceber inteiramente, isso os deixa fo ra de si. Por esta razão, não supo rta m ver ou ouvir fa lar de Nossa Senh ora. Ta mbém ni s o comprovam eles como estão longe ela perf'c ição. Toda pe soa de reta intenção gosta de reconhecer o progresso dos utros, não se importa ndo que sejam mais do que la. P ele ser que uma pessoa não tenha nenhuma capac idade para pinta r um quadr . Ma se sua alma está em ordem, fica contente cm ver a aptidão e o progresso de outros aos quais esse talento fo i concccliclo. Irritar-se diante da superi oridade ele Nossa enhora, como agem ta ntos protestantes, compro va tão só a deficiência espiritual deles. Para terminar, basta pensar o que seria o mundo se não houves e uma criatura perfeita e admirável como Nossa Senhora. Se cm todas as criaturas meramente humanas, por melhores que foscm, pudéssemos sempre apontar este ou aquele defeito, faltaria ao conj unto cios homens aquele esplendor de perfeição que Nossa Senhora lhe comunica. Seria como mesa sem verniz, ou um piano a qual falta uma nota. E o conjunto todo fica.ria afetado. Que Nossa Senhora sej a perfeitíss ima, só pode alegrar os que preferem a harmonia do conjunto a.o interesse própri o. Que Ela aj ude a todos nós a compreender e amar isto. • E- mail do autor: va lcl is~ rin steins@catolicis mo.com.br
el a ordem puramente natural, isto é, exigida por sua natu-reza. e poss íve l às suas fo rças, o homem teria tido : ♦ a razão, não a Revelação; ♦ a sua capacidade natural, não a graça; ♦ e, cumprindo o seu dever, uma.felicidade natural, não o Paraíso. Irmão, verás como Deus, infinitamente bom, tanto te amou a ponto de elevar-te a uma ordem superior, ordem sobrenatural, sem que tivesses o mínimo direito. Mas deves conhecer agora três deveres: ♦ considerar-te a obra-prima de Deus, o rei da criação, um mundo pleno de vida e não te deixares dominar pela matéria, mas sim dominá-la; ♦ agradecer efu sivamente a Deus pelo riquíssimo patrimônio que te concedeu com o corpo e a alma, com os sentidos e as potências; ♦ regular e desenvolver as tuas forças natura.is segundo a vontade do Senhor, porque elas tornar-se-ão o instrumento de tua elevação e atividade sobrenatural .
A ordem sobrenatural O Divino Mestre premia o criado bom e fiel com o convite: "Entra no gáudio do teu Senhor". É possível ao homem gozar a felicidade de Deus? Sim, se Deus lhe comunica. a sua vida. Ele o faz elevando-o ao estado sobrenatural . Sobrenatw·al é aquilo que nada deve à natureza, e portanto supera a essência, as forças, as exigências e o mérito da natureza. Isso, porém, é um dom divino, gratuito, que aperfeiçoa e eleva o ser acima do plano natural. Por isso se chama graça. Co mo se vê, o sobrenatu ral não é supersensível. Para os profanos, é sobrenatural tudo o que ultrapassa o limite da experiência sensível, como Deus, a alma, os anjos, a vida futura, os milagres. Há nis-
so um equívoco. Não existem seres sobrenaturais. Cada ser tem a sua natureza. O sobrenatural é algo sobreposto à natureza, algo de superior que eleva a natureza, algo de gratuito que é concedido à natureza sem que lhe seja devido. Exemplos: uma planta não pode ter a vida do animal, um gato não pode ter a inteligência do homem, o homem não pode naturalmente ter a vida de Deus. Se uma planta pudesse ter a vicia sensitiva, um gato a intelectiva e o homem a vida divina, deveríamos co ncluir que e les têm uma sobrenatureza.. Por isso é que se diz que o sobrenatural é algo de sobreposto, de superior e de gratuito. Não porém contrário à natureza, não para depender dela, mas parçi utilizá-la. Os
seres inferiores devem obedecer aos superiores, e a natureza deverá ser o instrumento do sobrenatural . É claro, portanto, que o sobrenatural, longe de excluir a ordem natural, considera-a. essencialmente como base, não sendo outra coisa senão a sua própria elevação, a sua transposição para um plano superior. Ora, nós afm11a.mos com toda a certeza que o homem foi elevado a uma ordem sobrenatural . É esta a realidade ensinada em todo o Evangelho e pe la Tradi ção. Negá- la é negar toda a Rede nção e o Cristianismo. •
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Nota : *Mons. Giuseppe Za ffo nato, O Dom. de De11s Reflexões sobre a Graça Sa ntificanle, Edi ções Paulinas, São Pa ul o, 1959.
FEVEREIRO 2 0 0 6 -
minada pelo srs., pulou fora do barco do governo Lula. Dizem que quando o barco está para afundar de vez, os ratos pulam para fora. O primeiro que pulou fora foi o Frei Bett:o, não foi? (A.C.B. - PE)
Quase igJ 2005 não foi o fim do mundo, mas
Quem viver vel'á Nes te início de ano li algum as reportagens com retrospectivas do finado ano, mas grande parte dessas · reportagens corresponde a fofocas . Mostram também fatos importa ntes, mas vi stos lev ianamente e/o u co m brinc adeiras. Também ass ist i um progra ma de TV espec ial de retrospectiva, mas boa parte era sobre esporte e tolices. Perdi meu tempo revendo tais futilidades. Mas por isso mesmo, e pela diferença, gostei muito da retrospectiva de 2005 publicada pela nossa revi sta Catolicismo. Os fatos vistos com conteúdo e com seriedade e, ao mesmo tempo, revelando os sinais de Deus nos acontecimentos do ano, só encontrei na reportagem de Luis Dufa ur. Por exemplo, mostrando os av isos de Deus, com os ca. tigos da natureza, fartamente "pre. enteados" no ano passado. A humanidade entendeu esses avi os? Veremos neste novo ano ... (G.N.H. - SP)
Canoa fürada 1g] Chamo u-me particul a rmente a
atenção, na leitu ra do documentário sobre o ano de 2005, como a "esquerda católica", assim muito bem deno-
-CATOLICISMO
quase ... Meu Deus , quanta catástrofe, quantos desmoronamentos . A gente, que vai vivendo o ano dia por dia, não se d á co nta do tamanho do tsunami moral , c os físicos també m, que atravessamos. Mas, le ndo a soma de todos os acontecimentos, a gente percebe o drama homérico, os estragos incalcul áveis. Queira o bom Deus que as pessoas acordem para o bem depois de tantos castigos. (M.P.P.K. - PR)
Nauf'l'ágios morais 1:8:] Realmente, fo i um ano em que os
países passaram por naufrágios nunca vistos e m anos anteriores. Não se i bem, mas acho que nunca se teve tantos naufrágios. Para dar um só exemplo: essa coisa de homem com homem. Tá tudo de ordenado, tá tudo maluco. Obri gado por pux ar as nossas orelhas para esses problemas. Se a re vi sta Catolicismo não puxar as orel has, ninguém pux a. (H.C.E.M. - CE)
Luta contra o aborto igJ Gostaria de deixar anotados meus parabéns pela ação contra o aborto, descrita nas páginas 48 e 49, e meus parabéns à professora Alice Teixeira pela sua luta em defesa da vida. São pe soas ass im que merecem todo espaço da mídia, mas esta (que se ju lga campeã na d fcsa dos direitos humanos) não libera s us espaços para aqueles e aquelas que defendem os direitos humanos do mais necessitado , quero dizer, dos bebês que não têm como se proteger sozinhos.
Ne sta lu ta pela vida, já que estamos assisti ndo perseguições própri as de uma tirania, sugiro ao Padre Lvici e e ntrevista co m o Padre Luiz Carl os Lod i da C ru z, Catolicismo, novembro/2005] que fo i processado e condenado por usar uma palavra que está no próprio dicionário, usar apenas algumas letras da palavra proibida .. . Dessa maneira ninguém teria como condená- lo, e ele poderia continu a r esc reve nd o co ntra as ab*rt*st*s, mesmo durante o tempo que resta ao governo dos pet*st*s . (S.M.E. - BA)
usou para deixar um "galo" na testa desse governo. Um "galo" que fi cará marcado perpetuamente na testa de todos os pelistas. (P.D.M. - RJ)
Gelltileza
12J Parabéns e obrigado pela publi cação de Catolicismo. A revista está cada vez melhor, ou está sempre ótima, difícil decidir ... (L.A.F.Z. - DF)
Nota 10 Sau<ladcs e vcrgo11Jw igJ Ex-aluno jesuíta que sou, morro de saudades daqueles velhos tempos colegiais, entre professores que ainda segui am a linha e davam formação consoante com Santo Inácio de Loyo la. Mas morro de vergonha ve ndo meus dois netos estudantes de colégio inac iano, que recebem uma formação que nada tem a ver com Santo Inácio. É o contrário, desgraçadame nte. Quero pedir que a revista publique outros artigos como aq uele com co mentários do Prof. Plinio Corrêa de O li veira sobre Santo Inácio. (O.J.J. - PE)
A bengalada do ano A guerra da revista Catolicismo contra a demagogia do governo, pelo desa rmamento dos brasil e iro s que não são bandido s, foi uma be la bengalada. Uma bengalada na cabeça oca desse governo padrinho de todos os companhe iros de Fidel e de Chávez. Como está de moda fa lar de benga lada, devido à bengala que um cidadão, num muito bom momento, deitou na cabeça de um ex-guerrilheiro que desejava importar para o Brasil as idéias de um cadáver apod recido, sepultado na URSS, uso dessa alegórica bengala. O belo NÃO ao desarmamento foi para mim, sem dúvida nenhuma, a melhor bengalada do ano, a mais bela bengala que o povo
Catolicismo "é 10". Um próspero ano novo, com muitas bênçãos e muita Paz, cheio de grandes real izações pela nossa Igreja. (E.M.T.J. - MA)
Difüsão inigualá vel O empe nho de Catolicismo na difusão da Boa Nova de Cristo Jesus é ini g ualáve l entre os órgãos de difus ão, mes mo os que le vam o nome de difusores católicos. Apresento-lhes me us c umprimentos nata lin os, rogando aos Céus para que tenham um novo ano repleto de boas rea li zações. (D.G.X. - GO)
A Palavra do Sacerdote Só recentemente pude ler na página de Catolicismo o artigo sobre Dr. Plinio, com muita ad miração e ficando muito tocada por suas palavras fdo Cônego José Lui z Yill ac]. Aproveito para envi ar ao Sr. meus votos de Bom Ano, pedindo ao Menino Jes us e à Sa ntíssima Mãe d'Ele muitas bênçãos para o Sr. (M.E. - EUA)
Época de heroísmo igJ Sempre leio com vivo interesse
as revistas Catolicismo. Confes o que tenho admirado cada vez mais tudo
que ela tem apresentado; tanto os arti gos primorosa me nte esco lhid os, como sua apresentação gráfica. Parabéns . Um artigo, entretanto, me chamou espec ial atenção na edição Nº 659 de nove mbro p.p., devido à sua atuali dade e importância. Refiro-me ao artigo sobre Jacques Cathe lineau, estampado nas pág inas 39 a 42. Especialmente para nós estudantes universitári os, expostos a toda fo rma de má informação ou informação tendenci osa por parte de professores esquerdistas, esc larec imentos como este são da máx ima vali a. Ao focar o caráter ateu, anti -catól ico e persecutório da Revolução Francesa, Catolicismo presta um imprescindível apoio a todos aq ue les que não querem se de ixar levar pelas máx ima falac iosas ela propaganda revolucionári a. O conhec imento desses heróicos exempl os também nos fo rta lece, pois também nós vivemos num a época e m que é preci so ser herói para perseverar na verdadeira doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sempre que possível, peço que publiquem essas histórias, tiradas de boas fontes, para que nossa visão da Hi stória seja mais completa e objetiva e possamos ter argumentos no aposto lado que fazemos com outrns pessoas. Aug ura ndo ao Sr. e a todos que co laboram na execução da revi sta as maiores graças da Santíssima Virgem neste novo a.no, me despeço atenciosa mente. (M.A.C.T. - RJ)
Dúvida sobre a absolvição
Mo ntmerle. Não tinha dançado, mas fo i ao lugar "onde se dançava". (A.L. - SP) Nota da redação: Prezado sr. Alex, A absolvição que se recebe no Sacramento da Confissão tem efeito imediato somente se a pessoa tiver um verdadeiro arrependimento de seus peca.dos e um firme propósito de não ma.is pecar. Sem isso a confissão será nula. O que o sr. conta do Cura d' Ars é que ele adiou a absolvição nos dois casos citados. Ora, a absolvição depende, como dissemos, do firme propósito de ev itar não só o pecado, como também toda ocasião próxima de pecado. No caso da jovem Catarina, que o sr. cita, é bem provável que o Santo Cura d' Ars não tenha visto nela um propósito muito firme. Ou julgou que faria bem cm ad iar a absolvição até a Ascensão, para ela faze r tal propósito com mais determinação. O que não só é lícito a um confessor zeloso faze r, como també m recomendável. Pois, repito, sem o firme propósito não há confi ssão verdadeira, mas apenas uma mera acusação dos pecados, insuficiente para a absolvição. No caso da senhora Butill on, ta lvez São João Yia nney te nha julgado prefe rível ad iar a absolvição por 15 dias, devido a alguma razão espec ial que se prendia ao próprio bem esp iritual da penitente. Convé m lembrar que o Cura d' Ars tinha, como se sabe, o carisma de ler os corações, e muitas vezes lembrava. às pessoas alguns pecados de que estas se esqueciam. Nos dois casos apontados , vê-se pois a prudência e o zelo do Santo Cura d' Ars.
A absolvição da confissão não deveri a ser imediata.? Pergunto isso, pois, segundo Francis Trochu, biógrafo de São João Baptista Vi anney (conheci do como "C ura d ' Ars"), a jovem Catarina Treve disse a.ele que uma vez dançou em uma festa de casamento, e o Cura d ' Ars adiou-lhe a absolvição até a festa da Ascensão. A senhora Butillon teve que esperar 15 dias para ser absolvida, só por ter ido à feira de
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Pergunta -
Tenho 41 anos, so u católico, rezo muito, vou à Missa sempre. Tenho passado por uma renovação espiritual profunda, na proporção e m qu e me dedico cada vez mais às orações e a Deus. As coisas mudaram muito na mi nha vida e também se tornaram mais difíceis, mas sinto muito a presença de Deus e de Nossa Senhora. Gostar ia de saber mais a respeito desse assunto: é verdade que, quando buscamos mais a Deus, o demônio procura nos desviar através de tentações e tenta nos confund ir?
Resposta -
S im , é exatamente isso que se passa. O demônio não seria ele, se não se empen hasse em tentar mais intensamente aqueles que procuram levar uma vida mais virtuosa. Mas, de outro lado, Deus ajuda muito especialmente os que são tentados, sobretudo quando estes recorrem à ajuda da Virgem Santíssima. A este propósito, nada melhor que c itar um trecho do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Grignion de Montfort, cuj a leitura recomendo muito ao missivista . O trecho é o eguinte:
"Onde está Maria, não entra o espírito maligno; e um dos sinais mais infalíveis de que se está sendo conduzido pelo bom espírito é a circunstânc ia de ser muito devoto de Maria, de pensar nela muitas vezes, e de falarlhe freqüentemente. É esta a op inião de um santo [São Germano de Constantinopla], CATOLICISMO
que acrescenta que, como a respiração é sinal inconfundível de que o corpo não está morto, o pensamento assíduo e a invocação amorosa de Maria é um sinal certo de que a alma não está morta pelo pecado" (op. cit., nº 166). O demônio, o que mais desej a - por ódio a Deus é afastar as almas do caminho da sa lvação e, portanto, da uni ão com Deus neste mundo e sobretudo na outra vida, e assim imped ir a uni ão com Deus por toda a eternidade. Quando o demônio percebe um movimento bom numa alma - e ele pode conhecer isto pelos atos e sinais exteriores que a pessoa manifesta na própria fisionomia - ele ataca essa alma. E não só com formas grosseiras de atração ao pecado, mas também com formas sutis de tentação. Por exemp lo, desviando-a insensivelmente para as vias tortuosas que desembocam no mal. Os ard is do demônio são inumeráveis, pois, sendo ele de natu reza angélica, muito superio r à do homem, sabe nos atacar no ponto mais fraco de cada um de nós. E se não recorremos a Deus, por meio de Nossa Senhora como o le itor fez muito bem de sali entar em sua carta fac ilm ente poderemos s ucumbir nesta batalha. Se, como o le itor afirma, sente muito a presença de Deus e de Nossa Senhora, aproveite esse momento de graça que Deus lhe concede para manter esse colóquio
assíduo e amoroso com Ela, com a simp licidade de um filho que conversa com s ua mãe, pedindo-Lhe que desvende os ardis do demônio e o ajude nos momentos difíceis pelos quais todos os ho-
Cônego JOSÉ LUIZ VILlAC
mens te mos que passar. E se o aspecto sensível dessa graça não se fizer presente, não se incomode com isso. Toque para frente do mesmo modo, pois a virtude não depende do que sentimo s, mas sim da uni ão de nossa vontade com os Mandamentos de Deus.
Duas virtudes prnciosas: pureza e humildade Os autores espirituais indicam os me ios que a Santa Igreja nos oferece para combater as insídia · do demônio, tais como o recurso freqüente aos Sacramentos da Con-
fissão e Comunhão, a oração e a penitênci a, a devoção a Nossa Senhora, à qual já nos
referimos, etc. Dentre esses meio s, queremo s destacar aqui a prática de duas virtudes que mais espec ialmente afugentam o demônio: a pureza e a humildade. Com efeito, o pecado de Satanás foi essencialme nte de soberba, tendo ele se recusado obsti nadamente a obedecer c servir a Deus, sendo por isso precipitado no Inferno. Como co nseqüênc ia de sua Os medievais representaram com expressividade nas catedrais a ação tentadora do demônio em relação aos homens . À esquerda, Catedral de Notre Dame de Paris . Embaixo, Catedral de Chartres.
revolta, ele é o ser irre mediavelmente torto e sórdido, e o prime iro revolucion ário que se compraz na desordem e na imundície, e não cogita senão em afastar as almas de Deus e arrastá-las para o mesmo infortúnio ao qual está condenado por toda a eternid ade . Por isso, Nosso Senhor dirá aos condenados no Juízo Final : "Retirai-vos de mim,
rnalditos. Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos" (Mt 25,41 ). Como nós todos também pecamos e m Adão (pecado original), de certa fo rma participamos desse pecado de revolta, que é o pecado de
" Revolução". Pois o sacramento do Batismo, que nos perdoou o pecado original, não elimina todas as suas conseq üê ncias. Assim, subsiste e m nos, a ser ve ncido , um fundo de revolta, como conseqüência do pecado original. Antes do pecado original, o homem era um ser todo ordenado, e m que a vontade segu ia as orientações da razão, e as faculdades sensitivas se subordinavam aos ditames da razão e da vontade. Depois do pecado de Adão e Eva, que se transmitiu a toda a humanidade, as fac uldades sensitivas se revoltaram contra a razão e a vontade; e a vontade, por sua vez, não segue facilmente os ditames da razão. Nesta queda original, a própria razão ficou algum tanto obnubilada, não tendo mais a lucidez e a penetração que tinha antes do pecado de Adão. Daí que as virtudes ela hunúldade (submissão de nossa razão e da nossa vontade a Deus) e da pureza (sujeição das nossas facu ldades sensitivas à razão) sejam particul armente d ifi cu ltosas para o homem, sem o indispensável auxílio da graça. E daí também que a prática dessas virtudes, juntamente com a oração perseverante, seja espec ialmente benéfica para ordenar o homem todo e afugentar o demônio.
Posição bata/J,ac/ora é condição para vencer Mas isso exige de nós uma posição batalhadora, pois nossa tendência é ver em nós qual idades e virtudes que não temos, e exagerar o valor das que temos. Não se trata absolutamente ele falsear a verdade e alardear defeitos que não temos, nem . diminuir as qualidades
que efetivamente temos. Como dizia Santa Teresa de Jesus, a humildade é a verdade. Mas, posto que existe em nós esse olho vesgo que exagera as nossas virtudes, é preciso sempre desconfiar de nós mesmos e não nos atribuir qualidades que não temos. A regra de ouro nesse ponto é não ficar falando de nós mesmo, a não ser e m caso de necessidade ou quando as c ircunstâncias claramente no s indiquem que, excepciona lmente, o nosso bom exemplo, leal mente exposto, pode estimular o próximo no caminho cio bem. Nesse sentido , pode até ser proveitoso para nós quando nos censuram injustamente e não replicamos (o que é lícito fazer, se o que nos atri buem não é motivo ele escândalo para terceiros). Ta l atitude de mansidão é, ademais, muito meritória diante ele Deus. Absolutamente fundamental é a oração constante e humilde. Ela é, segu ndo e ns in a Sto. Afonso Maria de Ligório, "o grande meio de
salvação". São alguns conse lh os esparsos mas benéficos, cuja autenticidade o cons ul ente poderá constatar em alguns tratados de vida espiritual tradicionais, que abordam o assu nto com muita lucidez e unção. Para citar um deles, a famosa "Filotéia" de São Francisco ele Sales. E, ainda em tempo, não nos esqueçamos da arma invencível da Cruz, que é "o terror do demônio", e do uso superabundante da "água benta", poderosíssimo sacramental da Igreja para pôr em fuga o império infernal. • E-ma il do autor: conego joseluiz@catolicismo.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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Tirania anti-aborto na Europa choca deputados católicos
A mais antiga empresa familiar da Alemanha caba de completar 750 anos o Vinhedo dos Príncipes de Hohenlohe-Oehringen, em Baden-Wü1ttemberg, a mais antiga empresa famili ar da Alemanha. Essa casa da mais alta nobreza recebeu as vinhas e m l 253. Hoj e é diri g id a pelo Conde Constantin zu Hohenlohe-Oehringen, da 27ª geração viticultora da família. O Conde Hans Konrad, pai do Conde Constantin, restaurou as vinhas destruídas na li Guerra Mundial, as quais hoje produzem prestigiosos vinhos. O Conde Constantin trabalha para que o costume dure mais 750 anos, apoiado na propriedade tradicional de uma fa mília . Tradi ção, estabil idade, egmança, nobreza, família e propriedade - valores indissoluvelmente unidos. •
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Produ~ão petrolífera venezuelana amea~ada
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pres idente venezuelano Hugo Chávez aparelhou com simpatizantes a estatal Petróleos de Venezuela - PDVSA . Desde então, a produção vem caind . Qua e todo di a alguma instalaçã pega fogo. Os investimentos são parcos e os eq uipamentos envelhecem. As petroleiras privadas garantem a estabilidade da produção, mas Chávez pretende estatizá-las. Assim , ele matará a galinha dos ovos de ouro de sua revolução e vai empobrecer o país. Mas isso parece não o preocupar, à medida que seu país se assemelhar ao miserabilismo cubano. •
Lenine despenalizou o crime do aborto
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ditador co muni sta Vladmir Lenine foi o primeiro go vern ante a descriminali zar o aborto. Sua le i teve que ser suspensa para ev itar o despovoamento da URSS , mas fo i restaurada em 1955 e vigora até hoje. Na Rúss ia, 60% das concepções terminam com esse abominável crime. Na Romên ia, hoje o aborto mata três vezes mais cri anças do que as que nascem. Revolução comuni sta e aborto estão irmanadas por um monstruoso pacto, de fund o ideológico. •
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ir Patrick Moore, fundador de Greenpeace, poderosa ONG ecologista, incitou os EUA a não ratificar o Protoco lo de Kyoto, que deveria limüar a emi ssão ele gases polueútes. "Acho que todo o processo de Kyoto é um colossal gasto de tempo e dinheiro", di sse Moore na l 1" Conferência M undial sobre a Alteração Climática, cm Montreal. E le também rejeitou as previsões alarmistas sobre o aquecimento global. Para Moore, o movimento ecologista está dominado pela esquerda radical e não tem autenticidade . Isso o levou a sair do Greenpeace. •
Parlamento Europeu proibiu uma ex posição anti -aborto com fotos do ca mpo de concentração de Auschw itz, organizada por eurodeputados polonescs . Es tes se sente m fe rid os pe lo viés anticatólico desse Parlame nto, escreveu "The New York Times". "Se querem conhecer nossas opiniões, leiam as opiniões da Igreja Católica", revidou o eurod eputado polonês M ac iej Giertych. Para ele, a intolerância esquerdista da União Européia lembra a ditadura sov iética. É lamentável que no Brasil quase nunca parl amentares falem com essa clareza. •
"Direitos humanos" seletivos excluem os não-homossexuais
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as Ilhas F iji , no Pacífico, um grupo protestante que representa 25% da popul ação do país pediu li cença para protestar contra a anticonstitucionalidade de decisões judiciais que favorecem a homossexualidade. Mas ta l licença lhe foi negada pe la Comissão Nacional dos Direitos Humanos. Al ém do mais, o g rupo foi coberto de injúri as pelos núcleos ho mossex uais das ilhas. Segundo a agência LifeSiteNews, os cató licos canadenses sofrem análogo tratamento. Tai s fatos atestam que a agressividade dos ho mossex uai s contra os que a eles se opõem dissemina-se peri gosamente pe lo mundo. •
Indícios arqueológicos da luta de Davi contra Golias
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Fundador de Greenpeace desqualifica ecologismo
CATOLICISMO
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Brasil: gigante em descobertas petrolíferas marítimas
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Brasi l virou o gigante dos descobrimentos ele jazida marítimas de petróleo, escreveu o e pccialista Jerome R. Cor i. O País desenvolveu tecnologia específica, podendo tornar-se logo auto-suficiente e importante exportador de petróleo. O sucesso brasileiro leva outros países a explorar j azidas análogas, mas Corsi diz que os grupos ecologistas de esquerda querem impedir que isso se torne realidade. Será que o Brasil também se tornará vítima de manobras semelhantes das esquerdas ecológicas? •
rqueó logos de Jerusalém descobriram vestígios que confirmam, de modo colatera l mas precioso, o re lato bíblico da luta e vitória do Re i-profeta Dav i contra o gigante filisteu Go li as. O local si tua-se e m Tel es-Safi, no sul de Israel, onde antigamente esteve Gat, a cidade fi li stéia de onde provinha Goli as. O Dr. Aren Maeir, diretor elas escavações, confirmou ao "Jerusalem Post" que os achados provam que o co mbate de Davi contra Go li as não é le nda, e qu e ex isti am representações artísticas dele feitas aproxi madamente 50 anos após o fato bíblico. •
Proclamado ol'icialmente o 67° milagre de Lourdes
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om Gerardo Pierro, Arcebispo de Salerno, Itália, reconheceu oficial mente a cura miraculosa de Anna Santaniello, hoje com 94 anos . Ela pe regrinou a Lourdes há 50 anos, quando sofria de letal reumatismo articular agudo, ou doença de Boui//aud, de natureza cardíaca. Essa enfermidade desapareceu enquanto Anna Santaniello tomava banho na piscina da Gruta. A Comissão Médica Internacio nal de Lourdes (CMIL), composta por médicos de todas os crenças, analisou o caso durante décadas e concluiu não haver explicação científica paro o cura . Este é o 67° milagre de Lourdes pro clamado pela Igreja.
Frniras espancadas covardemente na China vermelha
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sbirros do governo comunista chinês surraram 16 freiras católicas na cidade de Xian . Uma delas teve a perna quebrada e outra perdeu um olho. Todas pertenciam à Congregação das
Missionárias Franciscanas do Sagrado Coração. Cerca de 40 agentes socialistas entraram com bu/dozeres para demolir uma igreja católica e a Escola do Rosário anexa . Encontrando as religiosas, começaram a agredi-las, informa a agência China Aid. O governo alega a "função social" da propriedade e d iz que vai punir os culpados. Esse é mais um brutal ataque anticatólico dos comunistas chineses . A declaração de que os agressores serão punidos, ao que tudo indico, é "para inglês ver" .
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NACIONAL
O Brasil e seu agronegócio
ameaçados pelo leviatã ecológico E cologismo e ambientalismo absurdos ameaçam impedir que o Brasil, engessado e sem expandir suas fronteiras agrícolas, torne-se grande potência católica e realize sua missão providencial •
H ÉLIO BRAMBILLA
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títul o de breve retros pectiv a do ano de 2005, o ministro da Agric ul tura Roberto Rodrig ues assim se exprimiu : "Nós vivemos em 2005 o pior dos mundos na agricultura". ' É claro que houve também mui tos fato res pos itivos, sobretudo por efeito do CATO LI CIS M O
agronegócio . Mas este teve de enfrentar terríveis fatores negativos, que a seguir enumeramos exemplificativamente.
Fatores 11egativos pam o agronegócio em 2005 1) Uma seca envolveu regiões altamente produtivas do sul do Brasi l e Mato Grosso do Sul, comprometendo a pro-
dução de grãos em 19 milhões de toneladas, com perdas de até 15% na produção de cana-de-açúcar e outras culturas. O prejuízo, avaliado pelo mini stro da Agricultura, fo i de 21 bilhões de reais. 2) A política camb ial foi desastrosa para o setor. O agronegóc io foi a princ ipal vítima dessa política; os insumos fo-
ra m comprados com o dólar entre R$ 3,00 a 3,30, e a colheita vendida com o dólar a R$ 2,20. Para exemplificar: a soja, que em 2004 fo i vendida em média a R$ 40,00 a saca, no fin al de 2005 estava sendo negoc iada a R$ 25,00. Cumpre ressaltar que a política cambial não é unanimidade dentro do próprio governo, te ndo vários mini stros e o próprio vice-presidente discord ado dela. 3) A fe bre aftosa. O Bras il possui o maior rebanho de gado vacurn do mundo, que já se aprox ima de 200 milhões de cabeças (qu ase o dobro dos EUA, que poss ui 105 milh ões). Graças à competência do setor pecuário, o pa ís é hoje o maior exportador de carne, couros e calçados. Esta cadeia produtiva, que gera milhões de empregos e bilhões ele dólares, foi afetada pela ecl osão ela aftosa, po is muitos especiali stas já vinham alertando: "Não é se, mas quando iriam irromper os focos de aftosa". Até a região já era previ sta: o sul do Mato Grosso do Sul, com muitos quilômetros defronteira seca co m o Paraguai, onde não há controle eficaz na parte bras ileira, e com inúm eros asse ntame ntos de Reforma Agrária, onde o MST impede a devida vigil ância. O res ul tado aí está. De acordo com a revista da Coopavel,2 uma das maiores cooperativas do Bras il , o prejuízo foi ele l ,7 bilhão de dólares.
4) O MST atuou invadindo propriedades, pedágios e órgãos públicos, obstruindo rodovias e demolindo propriedades, sem que o governo tomasse qualquer atitude para impedir tais vandalismos.
Fator a/tamente posi ti vo: atuação da TFP-Ji'tmdadores A Associação dos Fundadores da TFP atuou a mplamente durante o ano de
2005 , participando de mais de 40 grandes eventos em 170 cidades do País, alertando os produtores agropecuários para os perigos que rondam o agronegócio. T iveram papel de destaque as brilhantes palestras profe ridas pelo Prín cipe Dom Bertra nd ele O rleans e Braga nça, dire tor de Re lações In stituc io nais da TFP-Fundadores, e m defesa do agronegócio. Concedeu ele também três entrevi stas ao Canal do Boi, uma delas juntam ente com o jornali sta-responsáve l ele Catolicismo, Ne lson Ra mos Barretto. Este trato u de temas abordados em dois de seus li vros: uma reportagem que denuncia a fave li zação dos assentamentos da Refor ma Agrá ria; e outro e m qu e a ponta os desvari os do projeto sobre o c hamado "trabalho escravo". A Comissão de Estudo doAgronegócio, da TFP-Fundado res, atuou ain da clenodada rne nte pe lo " não" ao desarmamento, no vi torioso plebisc ito de 23 ele o utubro. Caso o "sim" tivesse venc ido, os produtores rurais ver-se- iam à mercê das hordas de invasores e demais subversivos do campo.
O leviatã ecológico: equivocada política do meio ambiente Apesar cios fato res negativos apo ntados , o agronegóc io reagiu vitoriosamente, gerando novos empregos, manFEVEREIRO 2006 -
, tendo outros milhões j á exi stentes e produ z indo alime nto farto e ele exce lente qu alidade; sustento u nossa balança comerc ial , fator dec isivo para atingirmos o recorde histórico ele ex portações ele 1.17 bilhões ele dólares. E m 2003, logo no iníc io cio governo Lul a, uma destacada autoridade política brasile ira confidenciou que o grande probl ema, a médi o e lo ngo prazo, seri a a equivocada po lítica cio me io ambi ente, qu e poderia trazer o engessamento ele todo o setor produ tivo cio agro negóc io. É bo m sa li entar que ningué m é contra a preservação cio meio ambiente, que tem em vista conservar a bela e va ri ada natureza que Deus cri ou para espelhar suas infinitas perfe ições. O que não se compreende é a aplicação ele uma repressão ele tipo eco-nazicomunista, que provocou a prisão ele um pai e filho por te rem matado do is "quero-q uero" para comerem no janta r; e outra vítima ele ta l repressão, ta mbém presa por raspa r a casca ele uma árvo re medic inal a fim ele faze r chá para a esposa doe nte ! Certos eco logistas atuam hoje em d ia com base numa ideologia ectári a, verdade ira relig ião q ue adora a natureza, faze ndo le mbrar os bárba ros germanos que adoravam árvores, e em particul ar o hi stórico carva lho irminsul, cuj as raízes tocariam no centro ela terra; e q ue o grande lmpe raclo r Ca rl os Mag no ma nd o u derru bar a go lpes ele mac hado, para provar que nada ele grave ia ocorrer. Poderosas ONGs e fo rças internac iona is inimi gas ele todo prog resso vi sa m li te ralmente engessar o desenvo lvimento cio nosso Brasil. Ode iam e las sobretudo a idé ia ele um Bras il católico e próspero, atu ando no fu turo como potência mundi a l sob o bafej o ela Prov idê nc ia D ivina, para o bem ele todas as nações cio globo, como sempre almejou o Prof. Plinio Corrêa ele Oli veira.
Engcssamclllo de Pl'OIJriedades l'U/'aÍ S Por mais contrários que sej am ao atua l ambi entali smo, um po uco mais, um pouco meno , todos os propri etários rura is co ncordam com a necessidade de certa preservação ambienta l, para garantir um meio ambiente saudável às novas
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CATOLI C ISMO
gerações; e també m são favoráve is a preserv ar florestas tocadas ou de vas tadas pelo homem, be m como os animais que co mpõem os chamados ecossiste mas. A pantagruéli ca fome cio diri gismo estatal e m qu estões ambientais é insac iá ve l. Va mos limitar nossas considerações a suas conseqüênc ias sobre as propriedades rurai s e sobre o ag ronegócio. O Novo Código F lorestal brasil eiro (le i 477 l /65) e suas alterações posteri ores, espec ialmente a MP 2166 ele 25-08200 l , introdu zira m uma verdadeira paralis ia em certos setore (made ire iro, por exe mpl o) e e ngessa me nto e m o utros. Sem co nsiderar que essa co nfusão fo i a inda aume ntada pelo Projeto ele Lei conhec ido como ele gestão de .florestas, ele feve re iro ele 2005, encaminhado às pressas ao Congresso Nacional como med ida ataba lh oada para conte r o co nflito surgido com o assassinato ela freira Sting. O Códi go F lorestal introd uziu o con. ceito ele reserva legal em propriedades rurais e impôs a reserva ele 50% el a área para aqu e las situadas na A mazô ni a e 20% para as demais regiões. A medida o ne rou a prod ução ele ai ime ntos e ele produtos fl o resta is, to rnando in viável para diversos proprietários a exp loração econômica ele suas terras. Em 1966 o presidente Fern ando Henriq ue Cardoso ed itou a med ida prov isória 2 166, que aumento u para 80% a reserva legal na região amazô nica, 35% para o cerrado na região amazônica, 25% para o cerrado em outras regiões e 20% para as de mais . Com essa med ida, somando-se as terras indígenas, as áreas de preservação am bi ental, as flo restas, os parques nacionais etc. , segundo a opinião quase un ânime cios ag ricultores, praticamente 50% do te rritório nacional está virtualmente indi sponível para a prod ução econômica. Sem considerar as reivindi cações que co meçam a ser fo rmuladas, de que o Brasil cumpra a Convenção 169 da Organização Internac ional do Tra balho, "que ga rante a p opulações tradicionais reaverem seus 'territórios perdidos': os indígenas e quilombo/as, por exemplo. Segundo Maria Emitia de Morais, do Conaq - Coo rdenação Nacional dos Quilombolas - um quarto do território nacional pode estar enquadrado hoj e nessa categoria de terras tradi-
cionalmente ocupadas" (in Marco Aurélio We issheimer - A Agenda recuperada, - tex to apresentado para di scussão da Conferência Internac ional Sobre Reforma Agrária e Desenvo lvimento Rural, a ser rea li zada em Porto Alegre no iníc io do mês de março de 2006, organi zada pe la F AO e pe lo governo brasile iro). A este respeito, é sinto mático ocomentári o do presidente da FUNAJ (Fundação Nacio nal do Índi o), Mérc io Pere ira Gomes, sobre as reserv as indígenas, o q ual de ixou furi osos os indi geni stas e as ONGs q ue se ded ica m à ass istência às etni as: "É terra demais" - decl arou e le sobre os 12% da área do País ocupados pelos 450 m il íncl ios. 3 Esse cenário de incertezas fi cou ai nda mais agravado a partir de setembro ele 200 1, qua ndo a e me nda constituc ional nº 32 redefiniu os prazos das MPs, de ixando num vazio ju rídico a MP 2 166, que apesar de tudo contin ua a ser aplicada, como uma verdadeira espada ele Dâmocles sobre as cabeças dos produ to res rurais e sobre o futuro do agro negócio. Produção de biocombustível para subst:itllÍ I' o petróleo Certa imp rensa de esq uerda e a totalidade dos "verdes" afirmam que elementos ul tra nac ionali stas preoc upavam-se com a invasão da Amazô ni a por estrangeiros. De jure isto não se deu, mas de fato a "seita" eco-nazi-comun ista, co m seus podero os lobbies, está conseguindo engessá- la e encarquilhá- la, para futuramente transferir talvez o do mínio amazônico para alg um super-governo mundial que possa aparecer. O ex-p res idente francês François Mitterra nd, em l99 l, declarou que "o Brasil precisa aceitar a soberania relativa sobre a Amazônia". Declaração que equi va le a uma ameaça contra o Brasil. Afirmação que casa perfeitamente com a de Pascal Lamy, ex-comissário de Comércio da União Européia, de que "as .florestas tropicais como um todo devem ser submetidas à gestão coletiva, ou seja, gestão da comunidade internacional ".4 O panorama é ainda mais revoltante porque para a Amazônia converge nossa fro nteira agrícola, destinada a produzir alimentos saudáveis e baratos para a limentar o Brasil e o mundo.
Outro as pecto impo rtante a sa lientar 7 a I O de novembro de 2005 no Centro é a prox imidade ela escassez de combu sde Co nve nções do Anhe mbi , e m São tíveis fósse is, to rn ando a oferta ele pePaul o, fo i larga mente tratado e mostratró leo cada vez menor, e por conseguindo (foto abaixo) um frasco com bi o-di ete, a um preço cada vez maior. Só o Brasel, composto por 75 % ele ó leo de soj a e sil tem condi ções ele suprir em larga es25% ele álcool anidro. cala essa escassez, atendendo as demanVári as o utras pl antas pode m forn edas mundi ais de bi oco mbu stíveis. cer ó leo para o bi o-di ese l: cano la, girasNa passagem de ano, o Brasil se torsol, ma mona, clendê e soj a, entre outros, nou auto-sufic iente em matéria ele petrópassa ndo por um processo chamado ele leo, ultrapassando o marco de I milhão e deses terifi cação, o u sej a, retirando do 800 mil barri s produzidos por d ia. Secunó leo a g licerina. dado pelo álcool para mi sturar na gasoli Para ser auto-sufi ciente, o Brasil prena (o anidro) e para consumo direto nos c isari a prod uzir ma is 7,5 bilhões ele li veículos (o hid ratado), cuja produção atintros de álcoo l e 23,5 bilh ões de ó leo veg iu l 8 bilhões de litros na safra, ou seja, getal. Nossa fro nteira ag ríco la esta ri a o equi valente a 300 mil barri s/di a. apta para produzir e superar esta meta. A lém di sto, as usin as produzem 27 milhões ele tone ladas ele aç úcar: 17 mi lh ões para exportação e 10 m ilhões para consum o interno. A fim ele fazer face à demanda, 42 novas usinas e ntrarão em fu ncionamento até 20 1O, e outras 40 até 20 13, aumenta ndo o pote nc ial de álcoo l no mercado in terno e ta mbé m suprindo a crescente dema nda de exportação. No ano de 2005, ma is ele 2,5 bilhões de litros fora m exportados. O Bras il produz álcoo l pe los preços mais co mpetitivos do mundo. Além d isso, cada vez mais as usin as tê m utili zado tecno logias ele cogeração ele energia e létrica, através do ca lor excede nte da q ue im a do bagaço ela ca na. A somatóri a ela energia ass im gerada j á chega a aproModelo m undial de produção ximadamente 50% ela energia produzida de "energias limpas" pela usin a ele [ta ipu , a maior hi drelétri ca do mundo. Alg um leitor perguntará: caso se atinFa la-se cada vez mais no bio-d iesel, j a essa auto-s uficiê ncia, o que o Bras il ou sej a, no óleo de origem vegetal para fa rá com o petró leo, j á em fase de autosubsti tuir o di esel de petróleo. Ali ás, é suficiênc ia? A resposta é simpl es: ex porbom le mbrar que Ruclo lf Diesel inventaría mos, gerando muitas di visas para o to u o seu motor com ó leo vegetal, e só País; ou de ixa.ría mos para " reservas esdepois usou o ó leo de petróleo, q ue pastratég icas", que todas as grandes nações sou a chamar-se "di esel" em sua homeposs ue m por razão de segurança; ou se nagem. gua rdari a para fi naljdades mais nobres Por dec reto governamenta l, neste ano no futuro. de 2006 será obri gató ri o adic ionar 2% O professor José W alter Bautista Vi ele óleo vegetal ao diesel de petró leo, cujo cia i, um dos ma io res fís ico- quími cos consumo gira em to rno de 30 bilhões ele bras il eiros, participou há pouco mai s de li tros; ou sej a, no prime iro ano o Brasil um ano, na Ale manh a, de um Fó rum prec isará de 600 milhões ele litros de óleo M un dia l de ene rg ias re no váve is. E m vegetal. conversa co m este redator, conto u que Na Feisucro/2005 (Feira In ternac ioestavam prese ntes re prese nta ntes de nal do Setor Sucroalcoeiro) rea lizada de ma is ele 150 países, sendo e le o do Bra-
sil. Ao encerrar o Fórum , um dos ma iores c ienti stas a le mães e m ene rg ia, qu e co nh ece mui to o Bras il e sua ma tri z ene rgética, ho me nageo u na pessoa do ilu stre professor Viciai o País, apresentand o-o como mode lo na produção ele "energ ias li mpas": usin as hidroelétri cas pa ra gerar e letri c id ade, e ,'í lcoo l pa ra mover os carros. Assegurou que "o Brasil será a Arábia Saudita do terceiro milênio", e co ncluiu , após o vação, "for ever " (para sempre).
Que conclusões 11odcmos tÍl'al' cio ex11osto? Ve mos grandes interesses inte rn ac iona is revolucionári os, com for tes ra mifi-
cações no País, rond ando-o como hi enas fa mintas, pro ntas a nos estran g ul ar e impedir que o Brasil cató lico se torne a grande potência no cenári o mundi al, j á prenun c iada desde seu desco brime nto pe lo C ruze iro do Sul , que cio céu nos abençoa! A Nação saber,'í lutar para sobreporse a essas pressões e más influênc ias? E is a questão. • E- mail do autor: brarnbilla @cato li cis rno.corn.br
Notas: 1. "O Estado de S. Paul o" , 23- 12-05. 2. "Cooperati va Agríco la ele Cascavel", nov./2005, p. 5. 3. "O Estado de S. Pau lo", 16- 1-06. 4. Ca rl os ele Me ira Mattos , /\ !11tem aciona/i zação da Amazônia, "Fo lha ele S. Paulo", 13-4-05.
FEVE REIRO 2006
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Crises no Brasil em 2005 e perspectivas para 2006
Questionário perverso "prepara" primeira comunhão
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m questionário com as opções "vou à zona [de prostituição]", "sexo com animais" e "com bonecos" foi passado a um grupo de crianças de uma pequena cidade de Santa Catarina . A enquete, que indignou pais e mob ili zou o Mini stério Púb lico, foi fe ita durante uma aula de preparação para a primeira comunhão. O caso ocorreu e m Iomerê, cidade de Santa Catarina com 2. 500 habitantes. As 32 crianças, entre 10 e 12 anos, receberam um "exame de consciência" que pedia a e las para "marcar ou pintar os quadradinhos dos seus pecados come tidos ". As opções eram divididas por mandamentos. No sexto ("não pecar contra a castidade"), havia os quadradinhos "vou à zona [de prostituição]", "pratico relações homossexuais", "sexo com animais". No quinto ("não matar"), as opções eram "cometi aborto", "abuso no volante", "tentei suicfdio". O documento continha ainda perguntas relativas a pecados como ver filmes pornográficos e masturbar-se, ir a cultos não católicos e não pagar dívidas.
apenas expressa a realidade". Para D . Eccel, as perguntas eram fruto de uma aul a sobre os dez mandamentos. "Não era bem para responder. Era só para terem consciência do que é pecado".
Mãe justamente indignacla Uma das mães disse que fo i até a paróquia pedir explicações, e que "só .faltou o padre me chamar de retardada". Informou que soube do formu lário quando sua filha, de dez anos, lhe perguntou: "Mãe, estou com duas dúvidas: · o que é uma relação de lesbianismo e o que é sexo com an.bnais ? ". " Minha reação foi de revolta. Tentei conversar com. o pároco, e ele disse que aquilo era normal, que os pais não querem enxergar os.fzlhos que têm". A mãe afirmou ainda que as crianças ficaram co nstrang idas, e que sua filha chorou ao falar com o padre.
O caso está na Justiça Para o filósofo e ed ucador Alípio Casa li , da pós-graduação em educação da PUC-SP, a enquete é "descabida" e "representa uma violação": "é um ab-
"
Lame11tável posição O mai s aterrador é que o pároco local, C lair Kozik, procurou justificar a abominação: "Eu lamento o fato, mas acredito que a intenção (dos cateq ui stas que e laboraram as perguntas).foi a mais reta possível, [... ] ninguém pensou em atingir o lado maléfico". Não pára aí. O bi spo de Caçador (389 km de F lorianópo li s), L ui z Carlos Eccel, afirmou que o padre não será advertido ne m punido. Mais ainda, disse não entender o porquê da discu ssão e m torno do assunto: "O questionário CATO LICISMO
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surdo. É uma violência moral, intelectual, social e cultural fa zer perguntas dessa natureza". A promotora de Justiça Maria Reg ina Forlin Lakus afirmou que já está investi gando o caso. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, é crime "submeter criança ou adolescente a vexame ou a constrangimento" . A pena pode chegar de dois meses a seis anos de prisão. O M ini stério Púb li co de Santa Catarina determinou que o Conselho Tute lar ouça as 32 crianças q ue receberam o questionário sobre seus hábitos sex uais na preparação para a prime ira com unh ão e m Iomerê (cfr. "Folha de S. Paulo", 10-12-05 e "O Estado de S. Paulo", 14-12-05). *
Por tudo isso, Nossa Senhora chora! •
tt~,;8_~ ifª':!tt'fTl des_te~ p~quenos que crêem
/A'ô Toi'â qué•,'lf,~ 'ófa~sfrr:1 ao pescoço a mó de '
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* *
É oportuno lembrar aqu i a advertência de Nosso Senhor: "Se alguém escandalizar um destes pequenos que crêem em mim, melhor f ora que lhe atassem ao pescoço a mó de um rn.oinho e o lançassem nofundo do mar" (Mt 18,6).
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A profcssonJ, jornalista e socióloga Maria Lúcia Victor Barbosa faz penetrante análise da situação atual do País, formulando prognósticos para o presente ano eleitoral
A
É membro da Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina. É autora de diversos livros, dentre os quais ressaltamos: O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto - a Ética da Malandragem, (Zahar, Rio, 1988); América Latina - em Busca do Paraíso Perdido (Saraiva, SP, 1995); A Colheita da Vida - Resgate Histórico da Sociedade Rural do Paraná (Editora Midiograf, Londrina, 2000) . Arguto observadora política, a Profa. Maria Lúcia Victor Barbosa concedeu entrevista exclusiva para Catolicismo, por meio de nosso colaborador Paulo Henrique Américo de Araújo.
entrevistada graduou-se em cursos de Sociologia e Política e em Administração Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) . Exerceu o magistério na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), em Belo Horizonte; na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Maringá/PR; no Centro de Estudos Superiores de Londrina CESULON (atual UNIFIL); na Universidade Estadual de Londrina (UEL); e na Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), também
em Londrina/PR. Como editora de pesquisa, colaborou no Jornal Panorama, de Londrina . Proferiu inúmeras palestras, tendo participado de diversos simpósios e congressos no Brasil e no exterior. Publicou também vários artigos em revistas culturais e científicas, nacionais e internacionais. Tem colaborações estampadas em numerosos jornais brasileiros, entre os quais destacamos: "Jornal da Tarde" (SP), "O Globo" (RJ), "Jornal do Brasil" (RJ), "Gazeta Mercantil" (SP), "O Estado do Paraná" (Curitiba), "Valor Econômico" (SP) e "Folha de Londrina". Seus artigos são também publicados em muitos jornais e letrônicos.
l'l'Of'a. Mal'ia Lúcia: "Em 2006 teremos el ei ções, inclusive preside11ciais, e o desfecho da Cl'ÍSC /JOJítica
e moral pela qual estamos passando terá seu teste nas urnas"
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Catolicismo - Qual seu parecer sobre a crise política ocorrida no Brasil em 2005?
Projà. Maria Lúcia - Em 2005 tivemos o ápice de um processo no qual se acumularam no governo petista a corrupção, a incompetência e a ganância desmesurada. Naturalmente, sempre existi u corrupção no Brasil e no mundo, mas o partido ora no pod er se co loco u durante muitos anos co mo dono do monopólio da ética e prometeu que viria para mud ar. O res ultado ca uso u vergo nh a e frustração aos brasileiros que mantêm a capacidaFEVEREIRO 2006 -
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Lula e muito esperavam do PT, estão des iludidos e o partido perdeu um terço de seus militantes no ano que passou. Recursos retidos durante três anos, e que deveriam ter benefi c iado áreas importantes, serão agora utilizados com fin s e le itore iros. Por isso o governo ainda te m se us trunfos. Tudo d e pe nd e do s opo s itores qu e o pres idente enfrentará. O governo não sabe governar, e as chamadas oposições não sabem se opor. Mesmo ass im , cada vez mais diminui o que antes era certeza no tocante à reele ição. O PT está des morali zado, e o pres ide nte cada vez menos convincente. E m março j á teremos um quadro mais definido em torn o de o utras candidaturas e poderemos avaliar me lhor as tendê ncias ele ito rai s. No momento, só o pres idente Lul a fa z ca mpanha. M es mo ass im , pa rece qu e até e le es tá percebendo qu e dific ilmente será reele ito.
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de de se indignar e cultivam ainda valores que foram se banalizando ou mesmo desaparecendo na atual sociedade. Catolicismo - Que evolução tal crise poderá ter no decurso de 2006? Profa. Maria Lúcia - E m 2006 te re mos eleições, inclusive presidenciais, e o des f'e cho da crise po lítica e moral pe la qu al estamos passa ndo terá seu teste nas urn as. As e le ições mostra rão se o e le itor bras ile iro co mo um todo amadureceu. Catolicismo - O atual presidente terá condições de enfrentar a próxima eleição presidencial , apesar dos escândalos e casos de corrupção envolvendo o PT? Profa. Maria Lúcia - Cenários políticos mudam ra pida me nte. Se recordarmos a e ufo ri a popul ar que hav ia quando da posse do atual pres idente da Repú blica, chega a ser impress ionante o que se observa agora . O prestígio deste ca iu pela metade, e onde quer que vá, depara com mani fes tações de desagrado ao seu governo. Até os mo vimentos ass im c hamad os soc iai s, qu e se mpre apo iara m
"Os escândalos em que se cmroJveram altos <lirigelltes petistas tornaram muito difícil uma atuação mar cante do par tido na vi<la 11acio11al"
Catolicismo - Quais as possibilidades de atuação que terá o PT na vida política do País, após a estrondosa crise de 2005? Profa. Maria Lúcia - Os escânda los em que se e nvo lvera m a ltos diri ge ntes pe ti stas to rna ra m muito difícil uma atuação marcante do partido na vida nac iona l, pe lo menos a médio prazo. Desde as últim as e le ições municipais j á se verif'i cava o enfraquec imento da s ig la. A reeleição da prefeita de São Paul o era dad a como certa, e Marta pe rdeu. Pe rdeu o PT seu "feudo" de l6 anos e m Po rto Alegre. Na maioria dos Estados o Partido dos T ra balhadores fo i superado por outras sig las. O número de 800 prefe ituras a serem ga nhas, conform e intentou o então pres idente nac ional do PT, José Geno in o, não se concretizou nem em termos da metade desse número. Certamente a te ndênc ia é piorar a performance ele ito ral dos peti stas em 2006, em que pese o esforço prometido pe lo deputado cassado José D irceu e por outros a ltos di rigentes peti stas, no sentido de resgatar a cred ibi lidade profundamente aba lada cio PT. Catolicismo - Certos órgãos de imprensa afirmaram que o Governo Federal havia perdido o rumo. Qual sua opinião a respeito? Profa. Maria LLÍcia - O PT, ao chegar finalmente ao poder no plano federal na quarta tentativa, nunca teve rumo, ou seja, nunca teve um projeto de governo. Além do mais, abandonada a retórica esquerd ista (pelo menos no tocante à macro-economia) e tendo-se to rn ado s itu ação, o PT in s istiu e m faze r apenas o que sabia: oposição. Para camuflar sua incompetência administrati va, os novos donos dopoder passaram a pôr a culpa de seus pesados erros na " herança ma ldi ta" (que o ministério da Fazenda copiou do governo FHC, de forma mai s ortodoxa),
em Pedro Álvares Cabral..., em Bush..., num nebuloso neolibe ra li s mo que nin g ué m sabe o que é. Esse e te rn o comp o rta me nto opos icioni sta te m sido estratégia de defesa, para isentar o presidente e o governo de qualquer responsabilidade sobre o "espetáculo" da corrupção. E tal comportamento funcionou até começa r a es barrar na rea lid ade, qu er di zer, na percepção um tanto tardia de muitos brasileiros, antes anestes iados pela propaganda. Sem projeto de gov e rno , ass ol ado pela cri se mo ra l produ z ida pelo próprio pa1tido e por membros cio mais alto escalão governamental , o PT no poder se mostrou sem rumo, tendo como objetivo apenas manter-se no poder, o que tentará a qualquer custo através ele seu único candidato Lula. Catolicismo - Outro tema que alcançou muito realce em 2005 foi o referendo sobre a proibição do comércio de armas e munição no País. Quais os fatores que, em sua opinião, causaram a esmagadora vitória do NÃO e a fragorosa derrota da proposta defendida pelo governo? Profa. Maria Lúcia - A vitóri a do NÃO foi a de monstração cabal ela insati s fação popular com o governo peli sta. Nesse referendo os ele itores não se de ix aram enganar, mesmo porque o Estado tem falh ado estrondosamente naquilo que deveri a ser um a d e s uas pri o rid ad es: a seg uran ç a ci os c idadãos . Alguns ana li stas te ntam ex pli car d fenô meno de vári as mane iras, e ntre e las a propaga nd a não be m fe ita o u po uco c la ra d o referendo. Acredito, poré m, que aque le NÃO signifi cou um estro ndoso NÃO ao governo Lul a, dado consciente mente pe los brasil eiros.
o que será difícil. Como a economia e a política são áre as inte rli gadas, o fracasso econ ô mico sempre conduz ao fracasso políti co.
"A 11itória do NÃO foi a demo11stração cabal ela insatisl'ação popular com o governo peUsta. Nesse referendo os eleitores 11ão se deixaram engana,,"
Catolicismo - Quais seriam, em seu parecer, as perspectivas gerais para nosso País neste ano que se inicia? Profa. Maria Lúcia - É temerário fa zer previ sões em política, mas com base nos dados e fatos atuai s penso que, do ponto de vista econômico, continuare mos a crescer aquém de outros países, inclusive da América Latina. Na política interna tere mos uma e leição viol enta. Na políti ca exte rn a, se continuarmos como estamos, não iremos liderar, mas estaremos a reboque de Hugo Chávez , Néstor Kirchner e outros caudilhos de esquerda qu e estão re in sta lando na América cio Sul um novo ciclo cio atraso. Com isso perderemos a oportunidade de nos tornarmos um grande país e continuaremos sendo ape nas um país grande. Resta ao própri o povo brasileiro, através de s ua escolha nas urnas, perman ece r na contra-mão da Hi stóri a ou progredir. •
Catolicismo - Fala-se que há uma crise no agronegócio. Quais as conseqüências que tal crise poderia causar na economia e na política do Brasil? Profa. Maria Lúcia - Em que pese o to m eufó ri co cio pres idente da República quando se refere à econo mi a, o u me lhor, à macro-economi a, fo mos um dos países emergentes que menos cresceu, apesar da ca lmari a inte rnac ional qu e fa voreceu o cresc imento mund ial. Nesse ano fi camos, com nossos pífi os 2,5%, apenas à frente do mi serável Ha iti , que cresceu 1,5%. A produtividade está crescendo devagar, e o agronegócio, maior sustentácul o de nossa ba lança comercial, sofreu aba los no ano passado por questões c limáti cas e também com o problema da feb re aftosa, ainda mal explicado no Para ná. Ex istem ainda as invasões do MST, que devem ser anali sadas como focos de de estab il ização do agro negóc io. Esses fatores, sem dúv ida, vão repercutir neste ano, apesar de o preside nte ter assegurado um "espetác ul o de c resc ime nto" de 5%,
CATO LICI SMO FEVE REIRO 2006 -
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DESTA UE
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o·"Leão de Münster" elevado à honra dos altares D escendente de família nobre, intrépido defensor da lgrcja, adversário indônüto do nazis1no, o Cardeal von Galen não se deixou dobrar ncn1 pelos louvores ncn1 pelo tcn1or: modelo para nossos dias. Von Galen nasceu em 16 de março de 1878, no Castelo de Dinklage em Oldenburg, Alemanha
RENATO MuRTA DE VASCONCELOS
panhado ele seu irmão Franz, frequentou a Faculdade de Fribourg, na Suíça. Foi ali que reso lveu torna r-se sacerdote. E m 1899 ingressou no seminário jesuíta de Innsbruck. Ordenado e m 28 de maio de 1904 na Catedral de M ünster, fo i nomeado no mês seguinte vi gário cap itula r e cape lão de seu t io , bispo-a uxil iar de Münster, Mons. Maximi li an von Galen. E m J 906 fo i transferido para Berlim , onde se to rnou capelão da paróquia de São Mathias. Além de seus cu idados pastorais, dava a ulas de Re li g ião e m gi násio ela c idade.
21 de fevereiro de 1946 -
Bas íli ca de São Ped ro. Em seu tro no S.S. o Papa Pio XII, cercado ele altos prelados. Atmosfera de grande ga la, presentes o corpo diplomático e persona lidades vindas lo mundo in te iro. O lo ngo cortejo de 32 novos Cardea is estende- e ao longo da nave centra l. Dentre e les, um sobressai por sua estatura muito e levada e a rrebata o e ntu siasmo dos fi é is, q ue começam a ap laudir e a bradar: "Viva o Conde de
Galen!"
1
O Papa havia elevado em 23 ele dezembro de 1945 ao cardinalato o B ispo de Münster (A le manha), me rec idamente célebre por ve rberar, já nos primeiros anos da Segunda Guerra Mund ial, os c rimes nazistas, espec ialme nte a perseguição à Igreja e a prática abom ináve l ela eutanásia contra doentes e idosos. 2 Quem fo i essa personalidade arrebatadora, entusiasticamente aplaudida pelos fiéis roma nos? Por que foi tão importante sua oposição ao nazismo? A lguns breves dados biográficos esc larecerão essas questões. 3
Alias virtudes sacerdotais e lm111a11as No di a 5 de setembro de 1933, Pio
XI 5 e levou-o ao ep iscopado, des ignando- lhe a sede ocupada anteriormente por
Freqüentou de 1890 a 1894 a escola jesuítica
Stella Matutina em Feldkirch, Áustria
seu tio. No dia de sua sagração episcopal, 28- 10-1933, escreveu dele o Cardea l Schulte: "Aussi Clement, qu 'Auguste" (Ig ua lm e nte C le mente e Augusto). O novo b ispo de Mi.inster adotou como le ma de seu brasão as palavras "Nec laudibus nec timore" (Não me movo nem por lo uvores nem por temor), indicando destarte a firmeza de seu caráter. A seu respeito escrevia o "Mi.inste rsche Anzeiger" de 12-9- 1933: "Assinalam o novo
bispo altas virtudes sacerdotais e humanas. Como cura de almas em Berlim, [... l levantou continuamente sua voz contra a crescente secularização da vida, exigindo um retorno aos claros princípios da Igreja Católica". 6 Oito meses antes havia o Part ido Nacional Socia lista (nazista) galgado o poder. Co m sua doutrina pagã da raça
ari a na pura, o nazismo iri a e ntrar necessariamente em c hoque com a Igreja, a qua l começou a perseguir, de in ício disc reta, mais ta rde aberta e feroz me nte.
Bispo ller6ico, apelicla<lo "Leão ele Mü11ster" Mons. vo n Ga le n logo percebeu os e rros contidos na obra Mito do Século XX, de Rosenberg, o ideó logo do partido nazista . E combateu-os rij amente em s ua Carta Pastoral de 19 de março de 1935, denu nc iando o "mito do sangue" de Rosenberg como uma nova religião pagã. Empolgados com a coragem de seu b ispo, os cató li cos deram- lhe a a lcunha de " Leão de Mi.i nster". Isso se deve não apenas a s uas críti cas constantes aos erros nazistas, mas sobretudo por três fa-
Em Carta Pastoral denunciou a doutrina de Rosenberg, ideólogo nazista
Tradição cat6lica, ilustre passado, nobrn origem Clemens August conde von Gale n (1878- 1946) nasceu em 16 de março no Castelo ele Dinklage em Oldenburg, Alemanha, como décimo-primeiro de 12 irmãos. Seus pais foram o Conde Ferdinand Heribert e E lisabeth, nascida Condessa von Spee. A família, ele antiga cepa católica, deu à Igreja aJmas de escol como arcebispos, bispos, clérigos e numerosas freiras. 4 E também ardorosos defensores de seus direitos no campo temporal. O Conde He-
CATOLICISMO
ribert foi destacado deputado católico do
Zentrumspartei (Particl do Centro) no Reichstag (Parlamento alemão). Em seu lar túmido de virtudes cristãs, recebeu o jovem Clemens A ug ust
uma esmerada educação. Freqüentou de 1890 a 1894 a escola jesuítica Stella Matutina em Feldkirc h. Nos dois anos seg uintes estudou e m Vechta, onde concluiu seu curso colegial. Em 1897, acom-
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do por uma apendicite aguda, fa leceu na tarde do dia 22 de março de J946. E m seu sermão fúnebre, o Ca rdea l Frings salientou que, enquanto houvesse uma diocese em Mi.inster, Mons. von Ga len seria o seu adorno. E acrescentou: "Enquanto houver uma história do povo alemão, ele será apontado como o alemão ideal, o orgulho da Alemanha".
O Cardeal Schulte referindo -se a Mons. von Galen, disse : "Aussi C/ement, qu 'Auguste" (Igualmente Clemente e Augusto)
mosos sermões 7 que proferiu nos dias 13 e 20 de julho e 3 de agosto de 194 J na igreja de São Lamberto, de cujas torres se podem ver ai nda hoje penduradas as gaiolas nas quai s apodreceram os restos mortais dos chefes anabatistas. Desaliando os nazistas, conde11a a eutanásia No sermão do dia 13 de julho, criticou o con fi sco de mosteiros e conventos, apontando para um "ódio profundo contra o Cristianismo, o qual querem exterminar". Dia 20 ele julho, empregou a fig ura da bigorna e cio martelo: "Atualmente não so-
mos martelo, mas bigorna. 1--- 1 A bigorna não pode e nem precisa rebater. Ela precisa apenas ser.firme e dura ". No dia 3 ele agosto, increpou o cri me da eutanásia, praticado em pessoas idosas, paraiíticas e com doenças incuráveis. A reação suscitada por este sermão fo i imensa. Altos funcioná.ri os do partido nazi sta ex igiam que se movesse um processo contra o bispo e o enforcassem numa praça pública de Mi.inster. Goebbels, o ladino min istro da propaganda, percebeu que tal medida alienaria do esforço de guerra os catól icos de toda a Alemanha. E recomendou a Hitler que deixasse o "acetto de contas" para depois da "vitória final ". Teve ele viver com essa espada de Dâmocles sobre sua cabeça e a aceitou heroicamente, sem recuar. A "vitória fina l" não houve. Com a capitulação ela Alemanha em maio de 1945 e o processo de Nurcmbcrg, que julgou os crimes dos principais chefes nacional-socialistas, o nazismo desapareceu ingloriamente do cenário mundial, deixando atrás de si, a exemplo do comunismo, morte, escombros e miséria.
* * * Em 9 de outubro de 2005 o Cardeal von Galen foi beatificado pelo Papa Bento XVI, que na ocasião enalteceu a luta do novo bem-aventurado contra a eutanás ia. Na Praça de São Pedro, milhares de fiéis - só da diocese de Mi.i nster compareceram cerca ele cinco mil - acompanharam por telões a cerimônia que se desenrolava no interior ela Basílica, também ela repleta de convidados especiais, entre os quais se encontrava a Condessa Johanna von Westfalen, sobrinha do novo Beato e destacada líder anti-abortista na Alemanha. Após 60 anos da queda cio nazismo e ele seu desaparec imento nas brumas ela História, muitos se perguntarão talvez que importância tem, para nossos dias, a resistência cio bispo ele Mi.inster ao nazismo. O desassombro ele Mons. von Galen ao condenar o crime ela eutanás ia é mais atual cio que nunca. Numa época como a nossa, em que mundialmente dezenas de milhões ele nascituros são abortados, em que a eutanásia vai entrando na leg isla-
Torre da igreja de São Lamberto : cestos onde permaneceram restos de anobatistas
CATOLICISMO
ção de muitos países, é preciso ter coragem para defender a vicia inocente. Mesmo com perigo de morte, o "Leão de Mi.in ster" não se acovard ou. Magnífico exempl o a ser seguido. • E-mail do autor: rcnatovasconcelos@catoli cismo.com. br
Notas: 1. Um "apptauso trionfále", escreveram os jornais itali anos. O secretário de M ons. von Galen, P. Heinrich Portmann , fa la de "11,n verdadeiro .fiiracão ". O Pe. Po rtmann é autor da exce lente bio gra fia Kardinal vo n Gcd e11 - Ei11 Gotte.1·111a1111 sei11er Zeit (Ca rdea l vo n Galen Um homem de Deus de seu tempo). São também de sua lav ra : Bischof von Ga le11 spricltt (Sermões do Bispo vo n Ga len) e Duk11111e11te u111 de11 Bisclwfvo11 Gctle11 (Documentos relativos ao Bispo von Galen). 2. Integravam igua lm ente o co njun to de novos ca rd ea i s do i s heró i s da res i stênc i a antico muni sta: Mons. Mindszenty, A rcebi spo de Eztergom e Primaz da Hungri a, que se tornari a mais tarde famoso por sua infl ex ibilidade diante dos títeres comuni stas húngaros; o prelado croata Mon s. Stepin ac, também ele intrép ido opositor cio reg ime vermelho, fa lecido em 1960 ern conseq üência dos maus tratos sofrido s na s cnxovias comu n istas. Mons. Stepinac fo i beatificado em 1998 e seus restos mortai s repousam incorruptos num escrínio de cr istal d iante do altar-mor da ca ted ral de Zagreb . 3. Catolicismo publi cou, em sua edição de feve reiro de 1984, matéri a a res peito, sob o título
Ca rdeal von Gctlen, indômito advers6rio do nazismo. 4. Entre essas destaca-se a fi gura ímpar ela Condessa Maria Dros te zu Yi sc herin g, prim a-irm ã do Cardea l von Galen e Superi ora do Co nvento do Bom Pastor na cid ade do Porto. Fa lec ida em 1899, foi beati ficada por Paulo VI em 1975. 5. Pio X I nutri a espec ial simpatia pe lo Bispo de Münster. Certo dia, após recebê- lo cm aud iência, co mentou corn Mons. Ruffini : "Gigas est co,pore, sed 110n tantwn corpo,-e" (Ele é gigante ele corpo, mas não só de corpo). 6. C i tado por Lothar Groppe SJ, Zu r Seligs -
sprecltung 11011 Kardinal Graf von Gctlen, Katholi sche Bi lcl un g, Oktober 2005, p. 7 7. A res peito dos sermões de fogo de Mons. vo n Galen, escreveu o protestante e antigo M ini stro do Reich, Co nde Schwerin v. Krosigk, em seu livro Es geschah i11 De11tschta11d: "Os ser-
O alemão ideal, ol'gulllo da Alemanha Depois de receber o chapéu cardinalício, Mons. von Galen ficou ainda alguns dias na Itália, visitando soldado alemães em diversos campos ele concentração. Em meados de março esperava-o cm Mi.inster uma acolhida triunfal. Deus, por6m, tinha outros planos para seu "Leão". Acometi-
Mons . von Galen enfrenta os nazistas na "Grande Procissão" de 1936 em Münster
Momento do beatificação do Cordeai von Golen na Basílica de São Pedro
mões do Conde Ga le11, bispo ca tólico de Miinster, vão entrar para todo o sempre na história da resistência interna (ao 11azi.rn10). Os sermões e comunicc1dos do Bispo eram di f(ce is de ser in criminados, porque se abs1inha111 de entrar na política; não atacava111 ninguém pessoalmente; {... } apenas aponta vam o pecado, aquilo que segundo a concepção cristã é pecado".
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A.vesar de o processo revolucionário ter atingido um auge com a Revolução Cultural, surge em muitas almas o desejo de voltar à sabedoria da casa paterna , conforme a parábola evangélica.
, , DoM Luiz DE
Ü RLEANS E BRAGANÇA
Chefe da Casa Imperial do Brasil
E
ncontramo-nos, nos di as de hoj e, numa situação e m que no mundo inteiro tudo parece ter e nlo uquecido. A s relações internacio nais, a política, a econom ia, a c ultura, os costumes e as modas, a pró pri a vida de fa míli a, tudo imergiu numa c rise e m q ue nada parece te r lógica, nada parece te r solução. No Oc ide nte, a causa de ta l s itu ação é uma g igantesca Revolução - magistralmen te descrita pelo Prof. P líni o Corrêa de O li veira e m seu livro Revolução e Contra-Revolução - q ue é, e m última aná li se, um afastamento, uma recusa da sabedoria cr istã. Ela se processou ao lo ngo dos séculos, a partir ela decadê nc ia da C ristandade med ie val no séc ul o XIV , e teve também seus efeitos nos países não c ri stãos. Para não alo ngarmos de m a is este artigo, referir- nos-emos unicame nte à c rise no Oc ide nte . Não se trata ele um processo fortuito, mas provocado. O Papa Pi o XII fal a de um "inimigo" da Igreja, sutil e m isterioso: "Ele se encontra em todo lugar e
no meio de todos: sabe ser violento e astuto. Nestes últimos séculos tentou realizar a desag regação intelectual, moral, social, da unidade no organismo misterioso de Cristo. Ele quis a natureza sem a graça, a razão sem a f é; a liberdade sem a autoridade; às vezes a autoridade sem a liberdade. É um 'inimigo' que se tornou cada vez mais concreto, com uma ausência de escrúpulos que ainda surpreende: Cristo sim, a Igreja não! DeFEV EREIRO 2006 -
perfeitamente seu Criador e suas criaturas. Tinha a graça de Deus em sua alma, pela qual ele era inocente e agradável aos olhos do Altíssimo. Tinha em seu corpo a imortalidade. Tinha o puro amor de Deus em seu coração, sem medo da morte, pelo qual ele O amava continuamente, sem cessar e desinteressadamente, por arnor a Ele mesmo. [... ] Sem que tivesse nenhuma paixão a vencer nem nenhum inimigo a cornbater". 4 Pecaclo original e pecados atuais
Deus criou o Universo magnificamente diversificado: anjos, homens, animais, vegetais e minerais se organizam hierarquicamente
pois: Deus sim, Cristo não! Finalmente o grito ímpio: Deus está morto; e, até, Deus jamais existiu. E eis, agora, a tentativa de edificar a estrutura do mundo sobre bases que não hesitamos em indicar como as principais responsáveis pela ameaça que pesa sobre a humanidade: uma economia sem Deus, um Direito sem Deus, uma política sem Deus". 1
O plano de Deus na criação Para nossos leitores compreenderem melhor toda a profundidade desse processo, que de um auge de fé, de sabedoria e de C ivili zação C ri stã nos arrastou até a loucura dos nossos dias, começaremos por algumas noções preliminares, que revelarão, na medida do possível , aquilo que Deus desejava para os homens; e como eles, com o pecado, afastaram-se desse plano divino. Ao criar o Universo, em sua infinita sabedoria, Deus Nosso Senhor o fez magnificamente diversificado : anjos, homens, animais, vegetais e minerais se organizam hierarquicamente. Uma pri meira hierarquia se subdivide em outras hierarquias menores, em múltiplas espé. es e subespécies, elas mesmas com ande número de ramificações e indi CATOLICISMO
víduos diversificados. Deus ass im o qui s para que o co njunto das cri aturas e a soma de seus incontáveis atributos refletissem tanto quanto possível seu infinito esple ndor, poder, bondade e riqueza, também infinitos. Nesse magnífi co conjunto de criaturas, Ele quis que o homem fosse como que o resumo de todas as outras: com corpo e alm a, e le está situado abaixo dos anj os, que são puros espíritos, e acima dos anima is, vegetais e minerais. Sua natureza tem algo de angélico, algo de animal, algo de vegetal e mineral. Sua alma imortal é esp iritual e possui inteli gênci a, vontade e sensib ilid ade; seu corpo é animal e contém também em si qualidades e atributos dos vegetais e minerais. Ele, por assim dizer, compagina toda a Criação. São Luís Grign ion de Montfort afirma em seu li vro O Amor da Sabedoria Eterna (nº 35): "Se o poder e a doçura da Sabedoria e/erna se manifestou com tanto esplendor na criação, na beleza e orden·1 do universo, brilhou mui/o mais ainda na criação do homem, pois ele é sua admirável obra prima, a imagem viva de sua beleza e de suas perfeições, o grande vaso de suas graças, o tesouro admirável de
suas riquezas, e seu único auxiliar sobre a terra: 'Sapientia tuafecisti hominem, ut dominaretur omni creatura quae a te facta est"' (Sab. 9, 2). (Por vossa sabedoria formastes o homem para ser o sen hor de todas as vossas criaturas). 2 A luz da sabedol'ia 110 homem No Paraíso terreno, Adão e Eva eram detentores de ab undantes virtudes e dons e, em particular, o da sabedoria, que é, segundo a aludida obra de S. Luís G rignion de Montfort (nº J 3), "uma ciência saborosa, 'sapida scientia', ou o gosto de Deus e de sua verdade". E esclarece que: "a verdadeira sabedoria se distingue em sabedoria natural e sobrenatural. A sabedoria natural é o conhecimento das coisas naturais de uma maneira eminente em seus princípios. A sabedoria sobrenatural é o conhecimento das coisas sobrenaturais e divinas nas suas origens". 3 Mais adiante, ensina o adm irável santo: (nº 38) "Tudo no homem era luminoso sem trevas, belo sem feiúra, puro sem manchas, regrado sem desordem e sem nenhuma mácula nem imperfeição. Ele tinha como apanágio a luz da Sabedoria em seu espírito, pela qual conhecia
E ntretanto, com o pecado original, Adão e Eva ficaram privados da graça de Deus e da sabedoria em sua integridade. Seus espíritos ficaram entenebrecidos, seus corações perderam o puro amor de Deus, suas paixões se tornaram desordenadas. Eles se transformaram, e com eles toda sua descendência, em escravos do demônio e réus de morte. Mesmo as demais criaturas se revoltaram contra eles. Inúmeros males passaram a atormentá-los nesta vida, e o inferno os aguardava na outra, se Deus não tivesse tido pena deles e lhes prometesse env iar um Redentor. Seus descendentes , na med ida em que foram acrescentando ao pecado ori-
ginal pecados atuais, continuaram a acumul ar c ulpas e a deca ir na sabedoria e outras virtudes. Por justo castigo, seu modo de ser e de viver foi se tornando cada vez mais selvagem e bárbaro. Joseph de Maistre, e m seu livro Les Soirées de Saint Petersbourg, defende a tese de que nin gué m é decadente sem ter sido castigado ; ningué m é castigado sem ter pecado; e ningué m pecou sem c ulpa. Sustenta també m que o grau de cultura e de civilização, ou de barbári e e de selv ageria dos grupos humano s oriundos da dispersão dos povo s ocorrida como castigo ela afronta feita a Deus, que foi a tentativa de construção da Torre de Babel - depende do maior ou menor grau de virtude ou ele pecados que eles foram acumulando no correr dos séc ulos. As grandes civili zações da Antigüidade eram oriundas de povos que, se bem que fossem idólatras e sumamente supersticiosos, ainda guardavam restos de sabedoria e de observânci a da Lei natural. E nqua nto outros descambavam de pecado em pecado, de abom inação em abominação, até o último grau de decadência e primitivismo.
Entretanto, Deus, em sua infinita mi sericórdia, esco lheu um povo para ser aquele que guardaria a verdadeira fé e a Lei natural e divina, e do qual deveria nascer o Rede ntor de todo o gênero humano. O povo judeu recebe u graças especiais para isso; seus patria rcas , juízes e profetas foram os porta-vozes da sabedoria divina para mantê-los na fi delidade à Re velação contida no Antigo Testamento, ou reconduzi-los a ela, quando ca íam no pecado e eram castigados. Contudo, por ocasião do nasc imento de Nosso Senhor Jesus Cristo, até o povo eleito, dominado por fariseus e escribas perversos, havia perdido a noção do que deveria ser o verdadeiro Redentor, enquanto as civili zações greco-romanas e as demais degeneravam imersas num relativi smo e imoralid ade espantosos. A sabedoria, exceto e m almas muito escolhid as, tinha deixado de existir sob re a face da Terra.
A obm da Rede11ção Foi nesse momento, o qual também era o da ple nitud e dos tempos , que a Seg unda Pessoa da Santíss im a Trindade, o Verbo Eterno de Deus, por obra do Espírito Santo se fez carne no seio puríssimo da Virgem Maria. Era a própria sabedoria de Deus que vinha não só resgatar a dívida que o gênero humano contraíra em relação à inf inita justiça ele Deus, mas também restaurar entre os homens a sabedoria na sua integridade. Nosso Senhor, com a sua pregação, completou a Antiga Lei; e com a sua crudelíssima Paixão e Morte, reparou o pecado original e todos os pecados que os homens cometeriam ao longo da História. Mediante a fundação da Igreja, seu Corpo Místico, deixou-nos a mestra e guardiã infalível ele seus ensinamentos, da Lei natural e ela Lei de Deus. Representava isso grande misericórdia, munificência, e bondade realmente infinitas ele Deus para com a humanidade pecadora. Depois da Ascensão de Nosso Senhor e da vinda do Espírito Santo em Pente-
N. Senhor reparou o pecado original e todos os pecados que os homens cometeriam
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verdadeira sabedoria; e as in stitui ções, qu e ele gerava como que in stintivamente, vinham profundamente impregnadas dessa sabedori a. Floresceram então, profund amente marcadas pelo espírito católico, monarqui as, o feudali smo, a cavalaria, as universidades, os hospitais, as corporações de ofício. Construíram-se as catedra is e os castelos, o estilo gótico nasceu e se expandiu por toda a Europa, surgiram obras de arte - de arquitetura, escultura, pintura e os vitrais - em qu antid ade e qu ali dade excepc ionais. Formaram-se nessa época as nações da
A ordem temporal medieval era monárquica, aristocrática e orgânica . Constituía a seu modo um reflexo da ordem espiritual instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo
O Papa Urbano li prega a I Cruzada em Clermont, no ano de 1095
Grand Palace, Bruxelas
ratura, artes e ciência que então existiam. No grande deserto criado pelos bárbaros, a Igreja de Nosso Divino Redentor lançou as sementes de uma nova civil ização inteiramente fundamentada sobre sua doutrina e seu espfrito. Era a Civilização Cri stã, que germinava na alma e nas instituições dos novos povos formados pela conjunção de romanos e celtas católicos, que sobreviveram às invasões dos germanos. Se bem que bárbaros e pagãos, tinhan1 estes conservado muito da Lei natural e não estavam desfibrados e amolecidos pela civil ização romana decadente. E após convertidos à verdadeira fé, forneceram sangue novo e vigoroso àquelas populações. Era a Idade Média que nascia, austera e sacra!, orgânica e hierárquica, a "doce primavera da Fé", como foi qualificada por um autor francês.
costes, os Apóstolos começara m a evangeli zação do mu ndo inte iro. A Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana deitou raíze pri ncipalmente no Impéri o Romano, onde, após três séculos de violentas persegui ções, obteve a liberdade para seu culto, mediante o Edito de Milão, promulgado pelo Imperador Constantino em 313.
Decadência do lmpél'io Romaiw Entretanto, o Império Romano, apesar de adotar a verdadeira Religião como Religião de Estado no reinado do Imperador Teodós io I, o Grande (379-395), conservou em si os germes de corrupção e decadência herdados do paganismo. Essa foi a razão pela qual tal Império não teve forças para resistir aos bárbaros germânicos. Em sucessivas hordas, eles invadiram todo o seu território e destruíram, em larga medida, a civilização. De pé só fico u a Igreja Católica. Ao contrário dos funcionários do Estado romano que abandonaram seus postos, os bispos e os sacerdotes, por ordem dos Papas, permaneceram em suas dioceses e paróquias, ecomeçaram a catequizar os invasores. Concomitantemente, os mosteiros, na medida cm que eram poupados, conservaram os tesouros da teologia, filosofia, liteCATO LI CI SMO
A Civilização Cristã medieval A ordem temporal medieval era monárquica, aristocrática e orgân ica. Constituía a seu modo um reflexo da ordem espiritual instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, podendo ser considerada como que uma emanação da Santa Igreja. O homem medieval, não obstante defeitos e problemas inerentes a este vale de lágrimas, possuía em sua essência a
dade civil deufrutos superiores a toda expectativa, cuja memória subsiste e subsistirá, consignada com está em inúmeros documentos que art!f'ício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer". 5 A Cri standade medieval teve de combater os inimigos internos e externos da verdadeira Religião: o demônio, o mundo e a carne, bem como as heres ias, os maometanos na Penín sula Ibérica e na Terra Santa e os pagãos do leste europeu que investiam. O homem medieval era dotado da sabedori a cri stã, tinh a a noção de que esta vida co nstitui um a batalha contra o mal, e que a cru z deve ser carregada éom coragem e altaneria até a morte , seguindo o exemplo divino de nosso Sa lv ador. No sécul o Xlll a C ri sta ndade se ntia que, grosso modo, tinh a venc ido seus inimi gos in tern os e externos. E qu e a fo rça intrínseca de sua superioridade relig iosa, esp iritual e cul tura l co nquistaria o mund o in te iro. Era uma questão de tempo. Mas o grande perigo de toda vitória, seja no plano espiritual, seja no campo tempora l, é o desejo de fr ui r a segurança e o bem estar que o tri unfo traz consigo. O lvida-se que, nesta Terra de ex íli o, a vida é um combate constante contra as más paixões e tudo o que o demônio suscita para solapar a obra da Redenção.
A decadê11cia ela Idade Média O homem medi eval, no século XIV , qui s aproveitar o bem-estar que seu tri unfo lhe oferec ia. Ocorreu então a decadê ncia , fe nô me no mag istralm e nte descrito pelo Prof. Plíni o Corrêa de O liveira: "No século XIV começa a observarse, na Europa cristã, uma transfo rmação de mentalidades que ao longo do século XV cresce cada vez mais em nitidez. O apetite dos prazeres terrenos se vai transformando em ânsia. As di versões se vão tornando mais freqüentes e mais suntuosas. Os homens se preocupam sempre mais com elas. Nos traj es, nas maneiras, na linguagern, na literatura e na arte o anelo por uma vida cheia de deleites da fantasia e dos sentidos vai produzindo progressivas manifestações de sensualidade e moleza. Há um paulatino deperecimento da seriedade e da austeridade dos antigos tempos. Tudo tende ao risonho, ao gracioso, aofestivo. Os corações se desprendem gradualmente do amor ao sacrifício, da verdadeira devoção à Cruz, e das aspirações de santidade e vida eterna. A Cavalaria, outrora uma das mais belas expressões da austeridade cristã, se torna amorosa e sentimental, a literatura de amor invade todos os países, os excessos do luxo e a conseqüente avidez de lucros se estendem por todas as classes sociais " .
Papa Leão XIII
Cri stand ade, difere nciadas entre si por suas peculi aridades e cu lturas própri as. O Papa Leão XIII descreveu com palavras inspiradas essa bend ita era histórica: "Tempo houve em que a f ilosofia do Evangelho go vernava os Estados. Nessa época, a irifluência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a Religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao f avor dos Príncipes e à proteção legítima dos Magistrados. Então o Sacerdócio e o Império estavam ligados entre si por uma f eliz concórdia e pele permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim, a sacieFEVEREIRO 2006 -
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Exemplo típico de homem renascentista foi o Rei de França, Francisco 1
No séc ul o XV, se be m que o ideal católico ainda estivesse vivo, paulatinamente a cultura, a arte e a literatura não mai s se in spiraram e m valores cri stãos, mas tomaram como modelo o paganismo greco- rom ano. O estilo gótico deu lugar ao esti lo c láss ico, o modelo de perfe ição humana não fo i mai s o cavaleiro católi co, o ideal de vida não mai s consistia no servi ço de Deus e na santidade, mas, a exemplo dos antigos pagãos, na satisfação dos doi s vícios mais viol entos que assaltam o homem: o orgulho e a sensua lidade. E ra todo um mundo qu e mudava de rumo.
Renascença: berço <la Revolução O tipo hum ano ideal da Re nascença não é mais o santo ou o ca valeiro cristão forte, sério, sacra! e vivificado pel a vida da graça, mas um homem que e limin ou a vid a sobre natural : inteli ge nte, fino , culto, forte, be lo, bom guerre iro, dançarino exím io, alegre, que só pensa na felicidade terrena, e não mais e m conqui star o Céu. A sensua lidade manifesta-se nos reis, espec ialmente pe la adoção de conc ubin as ofic iais. Exemplo típico de homem renascenti sta fo i o Rei de F rança, Franc isco I.
"Tal clima moral, penetrando nas esf eras intelectuais, produ ziu claras manifestações de orgulho, como o gosto por disputas aparatosas e vazias, pelas argúciasfâtuas de erudição, e lisonjeou velhas tendências filosóficas, das quais triunfara a Escolástica, e que já agora, relaxado o antigo zelo pela integridade da Fé, renasciam em aspectos novos. O absolutismo dos legistas, que se engalanavam com um conhecimento vaidoso do Direito Romano, encontrou em Príncipes ambiciosos um eco favorável. E pari passu foi-se extinguindo nos grandes e nos pequenos a fibra de outrora para conter o poder real nos legítimos limites vigentes nos dias de São Luís de França e de São Fernando de Castela". 6 Dar-se- ia nessa época, fome ntada por conspiradores de habilidade consumada, a primeira Revolução Cultural - a Renascença.
A sabedori a cristã fo i aos poucos sendo substituíd a por uma mentali dade naturali sta. Nosso Senhor Jes us Cristo não era ma is o modelo perfeito ele todos os homens, cedendo lugar ao neopagão ela [clacle Moderna.
Orgulho e seJJsualidadc A exacerbação cios víc ios cio o rg ulho e da sensua lidade, que se instaurou na Renascença, não podia ficar apenas nas tendências. Deveria também se manifestar nas idéias e nos fatos. O racionali smo ele pensadores como Descartes, que superestimavam o poder ela razão, deveria dese mbocar no iluminismo cio séc ulo XVIII, no deísmo, e finalmente no comunismo dito científico. O orgulho que odeia toda superioridade, e a sensua lidade que rejeita toda lei, provocaram no século XVI a Pseudo-Reforma protestante, que deu origem ao espírito ele dúvida, ao livre exame e à interpretação natura lista ela Sagrada Escritura, à negação cio caráter monárquico ela Igreja Católica, à supres ão, cm algumas seitas, ela aristocrac ia eclesiástica (os bispos), e em outras à abolição cio sacerdócio hierárquico, para conceder todo poder à comunidade dos fiéis. E, no campo moral, à abolição cio celibato eclesiástico e à introdução cio divórcio. Dois séculos mais tarde, as mesmas paixões desordenadas produziram a Re-
volução Francesa. Co m o le ma "Liberdade, lgualclacle , F ratern id ade", tal revolução se in surg iu contra as desigual dade s no ca mp o sócio- políti co. De modo análogo ao protestantismo, revo ltou -se contra o Papado. Derrubou a monarq uia na França, conhecida co mo o Reino Cristianíssim.o, procurando abolir a nobreza, como o protes tanti smo fez co m o Episcopado, e instituiu o sufrág io universal. Segundo os revolucionár ios fra nceses, o poder não mais viria ele Deus, mas cio povo; a única forma ele governo legítima seria a República. No campo reli g ioso e moral , a Revolu ção Francesa in stituiu o deísmo - uma for ma ele ateísmo mitigado - , a s ubmi ssão ela Igrej a ao Estado mediante a Co nstituição Civil cio Clero, além cio casamento civil e o divórc io. Os costumes e os traj es tornaram-se sumamente imorais no período em que esse movimento ati ngiu a maior virulência . S ua in fluência provocar ia no Oc idente a
queda el e quase todas as mon arquias, e se us ímpios princípio s difundiram -se praticamente por todo o mundo .
Ataque à ordem sapiencial O Prof. Plín io Corrêa ele Oliveira afirma que "as tendências desordenadas se
desenvolvem como os pruridos e os vícios, isto é, na medida em que se sali.\ fazem, crescem em intensidade. As tendências produzem crises morais, doutrinas errôneas, e depois revoluções. Umas e outras, por sua vez, exacerbam as tendências. Estas últimas levam em seguida, e pur um movimento análogo, a novas crises, novos erros, novas revoluções". 7 Segundo essa dinâmica, o igualitarismo e a sens ualidade exacerbados produz iram, no começo cio século XX, mais uma revolução: o comuni smo, profundamente ateu. Sob a denominação ele materia li smo cie ntífico, este in vestiu contra as últimas desig uald ades no campo sóc io-econôm ico, abolindo a proprieclaFEVEREIRO 2006 -
CATOLICISMO
Entretanto, os própri os Fó runs Socia is não conseguiram suscitar na opini ão pública, nem mesmo e m seus participantes, o entu siasmo desejado por seus organizadores. Com isso, os mentores da Revolução Universa l, não conseguindo fazê- la progredir por pressão proveniente de baixo, proc ura m agora impô-la de cima. E o caminho escolhido é a chamada Revolução Cultural.
Avançado estágio revolucionário
Cenas da revolução de maio de 1968 na França
de privada e a livre iniciativa, submetendo ao Estado todos os bens materiais e toda a produção; e, no campo do. costumes, facilitou de tal maneira o divórcio, qu e praticame nte estabeleceu o ass im chamado "amor li vre". Essas três revoluções co nstituíram um imenso pecado contra a ordem sapi encial posta por Deus na criação. Suas doutrinas era m fro ntalmente contrári as aos ensinamentos da Igrej a Católi ca, e por isso representaram ime nso pecado contra a sabedori a divina, ocasionando efeito profund ame nte deform ante nas mentes humanas. Nesse sentido, tais revoluções j á poderiam ser cha madas "revoluções culturais". Entretanto, elas não negava m o pri mado da razão sobre as outras potências da alma. Pelo contrário, exageravam o papel da razão. No protestanti smo, esta era como que a intérprete última da Sagrada Escri tura. Na Revolução Francesa, a razão humana fo i até adorada como deusa. E no comuni mo, o planejamento estatal consistiu num auge cio rac io nalismo, pois pretendia dirigir todas as atividades humanas segundo esquemas preestabelecidos.
Revolução da Sorbonne Foi a revolta estudantil da Sorbonne, de maio ele 1968, que lançou a subversão no próprio âmago da alma do homem -
CATOLICI SMO
O Estruturalismo de Claude Lévi- Straus inspirou a revolução de maio de 68
e iniciou o que podemos chamar o auge da R e volução Cultural. Seus lemas Nem Deus, nem senhor; É proibido proibir; A imaginação tomou conta do poder - eram profun damente anárq uicos e levavam o igualitarismo radi cal até às potências da alma humana. Não é mais a inteligência iluminada pela fé que deve dirigir a vontade, e e ta dominar a en ibilicladc: as paixões desordenadas se impõem a uma v ntade débil e a uma inteligência embotada; os impulsos primários determinam o com-
portamente hu ma no; o clesbraga mento sex ual mais exacerbado, a " mú sica" mais aluc inante, as drogas, os traj es mai s extrav aga ntes foram apresentados co mo lícitos e normais. Portanto, estabelec ia a anarquia na alma humana, nos costumes, nos modos de ser, na arte e na cu Itura, bem como na organi zação socia l. O Estrutu ralismo de C laude Lév iStra us e a doutrina do pseud o-fil ósofo Marcuse, qu e inspi ra ram essa revolução, propunh am como ideal de soc iedade o sistema tri ba l, vigente em grande parte das Améri cas e da Áfr ica pré-co loni ais, no qual tudo era co mum . Não havia hierarq ui as soc iais, sendo a tribo diri gida por pajés, q ue interpretavam de modo ocul tista tendências mais ou menos subconsc ientes dos membros da comunidade. A religião consistia numa crença em fo rças da natureza, que se manifestavam de modo mi sterioso e eram captadas pelos feiticeiros. O eterno perambular pela selva, sem rumo definido, era o ideal. A civili zação, por ser nefasta, devia ser completamente abolida. Era o auge da revolta do homem co ntra a sabedoria e contra os seus refl exos na sociedade.
ln811êncla da revolta estudiantil Contudo, a opinião pública mostrouse ave. sa a tal revolução anárquica. U ma manifestação de mais de um milhão de
pessoa nos hamps Élisées, em Pari s, aliada a reaçõ s corridas em vários países onde a revolução da Sorbonne deitara metástascs, forçou os revolucionári os a se reco lher c m antros e sacri sti as ultra-prog ressistas. Mas, apesar di sso, à mane ira de um gás maléfico, sua influênc ia continuo u a se faze r e ntir no mundo inte iro. U ma lenta e progressiva Revolu ção Cu ltural fe z co m q ue as modas, os trajes, os modos de ser, os co lumes , as músicas, a arte se tornassem cada vez mais assemelhados aos mode los da revolta de 1968, embora o mode lo tri ba l de sociedade não consegui sse se impor, a não ser c m algumas seitas muit o minoritári as da extrema esq uerda. Nos anos noventa, no bojo do fracasso do comunismo clássico, o mito iguali tário do partido. comu nistas e sociali stas perdeu grande parte de seu fasc ínio, tendo entrado cm franco declíni o. Para tentar compensa r essa perda, novas explosões ele anarqui smo, como a pseudoreação contra a "globali zação" capita lista e o chamado neo libera li smo, se fizera m sentir em Seatle, Gênova e Porto Alegre. Nesta última cida le, e depois na fndi a, reali zaram-se os Fóruns Sociais mw1 diais,8 que congregaram anarqui tas, ecologistas, indigenistas, homossex uais, dependentes de drogas, grupos esotéricos, budi stas, bru xos de várias seitas, guerri lhe iros sul -ameri cano., movimentos de
"trabalhadores sem terra", teólogos da libertação e até comuni stas de velha guarda, numa barafunda de ideologias contraditóri as e caóticas. Nesses eventos manifestaram-se influências dos pseudo-fil ósofos Toni Negri e Noam Chomsky .
De um lado, procura-se cada vez mai s implantar no mundo uma República Uni versal completamente atéia e amoral, na qual todos os povos, com seus costumes, modos de ser e culturas própri as, se fun dem num magma informe, onde só resta o homem amorfo, sem personalidade, sem vontade e sem iniciativa própri as. Certos organjsmos internacionais, como principalmente a Europa Unida, já constituem significati vos passos nessa direção. O proj eto de Constituiçêío Européia é uma amostra daquilo que desej am os fautores desse processo. Comp letame nte atéia, re lativi sta e totalitária, fa zendo tabula rasa das orige ns c ri stãs da Eu-
As propostas anticristãs inseridas na Constituição Européia estão encontrando fortes reações em v\rias nações '
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Num contexto de Revolução Cultura/ pro liferam seitas esotéricos, bruxaria e satanismo . No foto, Mercado de Bruxaria no Bolívia .
ropa, procura abrir campo para as piores abominações, como o control e de natal idade e a libera li zação co mpl eta do abo rto, a eutanás ia, o "casamento" homossex ual, as práti cas antinaturai s da biogenética, a proliferação das drogas, etc. , tudo sob o slogan da " não di sc ri minação" . Na fímbria do horizonte j á aparece um a perseguição re li giosa feroz contra aq ueles que defendem a autêntica doutrin a de Nos o Senhor Jes us Cristo e de sua Igrej a. Pois, afirmar que determ in ado ato é pecaminoso, e que não é lícito ao ho me m praticá-lo, é considerado por tal me ntalidade como "discrimin ação", que deve ser punid a severamente. No mundo inteiro, leis cada vez mais permissivas e a e nxurrad a de imorali dade derramada diariamente pelos mei os de comunicação soc ial, em sua quase totalidade a servi ço da Revo lução Cultural , no s fazem le mbrar o que o então Cardeal Ratzinger qualificou de Ditadura do Relativismo, po uco antes de sua elevação ao S um o Pontificado. Não há verdade nem erro, be m nem mal; belo e fe io , tudo se equival e; o único crime é afirmar que alguém está no erro ou pratica o mal. Q uem declare isso, este sim , deverá ser castigado impl acavelmente. CATO LICISMO
Erros espalhados pelo n11mdo Nesse co ntex to, não é de es pantar que o demô ni o se introdu za cada vez mai s abertamente, e que pro life rem se itas esoté ri cas , bruxaria e satani smo; e que se disseminem crimes cada vez mais hediondos , com sacrifíc ios humanos e canibalismo ritu al. Não deve també m ca usar surpresa que a Prov idê ncia divina pe rmita qu e aconteçam catástrofes naturai s espantosa , como o tsunami, o Katrina - ciclone que devastou Nova Orleans - e o terremoto que atingiu o Paqui stão. Ante esse quadro, não causaria espanto se, muito em breve, se rea li zar a advertência de Nossa Senhora em Fátima: "Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofre,; várias nações serão aniquiladas". A humanidade, como um todo, não atendeu aos pedidos de Nossa Senhora, não se converteu nem fez penitência; e portanto, na lóg ica da Mensagem, esse castigo virá. Ao mesmo tempo, no fundo de muitas almas está nascendo um desejo de sabedoria, de certeza, de verdade, de bem e de
belo objetivos, uma repul sa à ditadura do relativismo. D ir-se- ia que parte da população do mundo, farta da confusão, do caos, do aviltamento, da imoralidade e da vileza de nossos dias, começa como o filho pródigo a ansiar pela casa paterna, ainda que mais ou menos subconscientemente.
Aspil'ação <le sabedoria No mundo inteiro há vários sintomas desse anseio, dos quais cito apenas alguns: • Indepe ndente cio que se pense cio presidente George W . Bush, é fato que as duas eleições que o levaram ao poder nos Estados Unidos constituem manifestações de uma forte corrente conservadora; principalmente a segunda vitória eleitoral, obtida apesar de violenta campan ha cont:rária da mídia americana e internacional. • Os plebi sc itos locais e m 1 1 Estados norte-americanos, em que o chamado "casame nto" homossexual sofreu fragorosas derrotas . • As mani festações e m Madri, de milhões de pessoas contra o "casa mento" homossexual e contra projeto ele Lei do E nsino , do primeiro-ministro espanhol Zapatero, que pretende retirar o ensino obrigatório de Reli gião nas escolas públicas do país. • Os referendos na França e na Holanda, q ue resultaram e m derrotas frago-
rosas do Projeto de Constituição Européia, apesar da pressão v.irulenta do "establishment" político e midiático a favor dessa legislação. • O plebiscito na Itália, que rejeitou, por enorme abstenção, as chamadas leis de reprodução assistida, como a fecundação artificial de seres humanos. • A esco lha, em pesquisa realizada entre cerca de três milhões de norte-ameri canos, do falec ido presidente conserv ador Ronald Reagan como o maior ameri cano ele todo os tempos . Foi reali zada co njuntamente pelo Discovery Channel e pe la AOL, em junho de 2005, coloca ndo-o à frente de fi guras como Abra ham Lincoln (2°), George Wash ington (4°) e Be nj amin Franklin (5°). • O referendo brasileiro sobre a proibição ou não da venda de arma e mun ições a particulares, que concedeu esmagadora maior ia ao NÃO, apesar de imensa pressão cio Governo e cios meios de comunicação em favor do SIM. O referendo mostrou que dois terços dos brasileiros não estão dispostos a abrir mão do direito natural de legítima defesa de suas vidas, famílias e bens, mesmo com o emprego de armas de fogo, se for necessário. • Os funerais de S. S. João Paulo II, realizados com a presença de 160 chefes de Estado, em sua maioria não católicos, e milhões de fi éis. Is o tornou evidente quanto a única Igreja verdadeira tem prestígio no fundo da alma de todos os povos , e é vista como aquela da qual podem vir soluções para a cri e atual.
O t1'iw1l'o de Nossa Se11horn Exceto o primeiro , de ab rangência mais ampla, esses fatos ocorreram no ano passado, e todos eles refletem a mesma tendência conservadora. No limite da interpretação, poder-se-ia dizer que, no
mundo louco, caótico, vu lgar e pecami noso de nossos dias, res ide em muitas almas um desejo mai s ou menos subconsciente de outra coisa: de uma volta à sabedoria cristã; um desejo de certezas, de distinção entre a verdade e o erro, o bem
e será dado ao mundo um tempo de paz ". Já São Luís Maria Grignion ele Montfort, o gra nde apósto lo mariano do séc ulo XVIII, refere-se a esse Reino de Maria que deve vir. 9 Esse triunfo do Imaculado Coração de Maria só pode ser concebido como a vitória da Santa Ig reja Católica sobre seus inimigos internos e externos, a instauração de uma C ivili zação Cri stã ainda mai s esplendorosa do que a med ieval. Cabe a nós cató licos co nfiar nas promessas de Nosso Senhor, de que as portas do il1/'e rno não prevalecerão sobre a Igreja, fundada em Pedro; e vigiar, orar e lutar para que o triunfo do Imaculado Coração de Maria se dê o mais cedo possível, para a maior glória de Deus. • E-ma il para o autor: cato! icismo @catolicismo.com.br
e o mal, o belo e o feio, uma recusa daquilo que a Revolução quer impor. Dada a extensão e a profundidade do fe nô meno, talvez não fosse temerário supor uma ação da graça divina na parte recôndita dos espíntos daqueles a quem Nossa Senhora quer salvar, para serem as pedras vivas de seu Reino, o qual deverá se estabelecer sobre a Terra, após os castigos purificadores previstos por Ela em Fátima. Falam nesse sentido as palavras finais de sua profecia de julho de 1917: Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará, a Rússia se converterá
Notas: 1. Aloc ução à Uni ão dos Homens da Ação Cató li ca Italiana, de 12 de outubro de 1952 (D iscorsi e Radiom essag i, vo l. VIV , pg. 359). 2. Le Livre D 'Or, Nouve lle Cité, Pari s, 1989, p. 36. 3. Op. cit. , pp. 18- 19. 4. Op. cit. , pp. 26-27. 5. Encíclica lmmortale Dei, de 1° de novembro de 1885 . 6. Plínio Co rrêa de Ol iveira, Revolução e Contra-Revolução, Parte 1, Cap. III 5-A, Artpress, 4" ed., S. Paulo, 1998. 7. Op. cit. , Parte I, Cap. VI 1-C. 8. Ver a respeito: Gregorio Vi vanco Lopes e José Anto ni o Ureta, A pretexto do co 111bate à globalização, renasce a Luta de Classes Fó rum Social Mundial de Porto Aleg re, berço de uma neo-revolução anárquica , Ed itora Cruz de Cri sto, São Paulo, 2002. 9. Sobre a co ncepção católica de Reino de Mari a, oposta ao mi le nari smo, ver a colaboração de Roberto de Mattei, intitu lada Plinio Corrêa de Oliveira, teólogo da História , no li vro Plínio Corrêa de Oliveira, 10 anos depois , patrocinado e prefaciado pelos diretores da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Farnflia Propriedade, outubro/2005.
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São João Batista da Conceição, Reformador dos Trinitárias J oão Garcia, quando ainda jovem universitário, era conhecido como "o santo rapaz". Foi um dos grandes reformadores que ilustraram a Espanha na época da Contra-Reforma católica.
1J PUNIO M ARIA SOUMEO
ntrépida Santa Teresa d' Áv il a, passando por Almodavar dei Campo durante a epopéia de suas fundações, hospedou-se na casa de Marcos Garcia e Isabel Lopez. O casal pediu-lhe que desse uma bênção aos seus numerosos filhos. Fixando os olhos sobre o pequeno João, disse-lhe a reformadora: "Es tuda bem, Joãozinho, porque tu me imitarás um dia". O que queria ela dizer? Numa seg und a visita àq ue la casa, Santa Teresa pediu para v r novamente as crianças. Pondo a mão na cabe-
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ça de João Garcia, ela foi desta vez mai s precisa: "Tendes aqui um .filho que se tornará um grande santo. Ele será o pai e diretor de muitas alm.as e reformador de uma grande obra, que se conhece rá opo rtunamente". De fato, ele correspondeu às predições da reformadora do Carmelo. João Garcia nasce u no dia l O de julho de l56 l naquela cidade, sendo assim conterrâneo e coetânco de outro grande anto, São João de Ávi la. Desde o berço foi inclinado à piedade; sua mãe, para aplacar o choro comum nas c ri anças, apenas mostrava-lhe um a imagem da bendita Mãe de Deus, para logo ele sorrir embevecido.
Aos 10 anos de idade João Garcia já era um asceta: pa sou a usar um cilício no corpo, a tomar diariamente a di sciplina e a comer de modo muito fr ugal. O mais im pressionante para nós, do século XXI, é que isso tudo era fe ito com conhecimento dos pais, que nele viam uma alma eleita. Passou a do rmir em uma prancha de madei ra , tendo co mo travesseiro um a pedra. U m dia o pai, vendo-o nesse leito de penitência, ca iu em prantos. Pegando o peq ueno nos braços, levouo para seu próprio leito, sem res istência. Ma , tão logo o pai adormeceu, levanto u-se e vo ltou para sua prancha e sua pedra. Assim agindo, seguia as lu zes do Divino Espírito Santo . Exe rc ia uma caridade ex trema para com os pobres. Certo dia, de u a própri a camisa a um mend igo que sofria feb re e f"ri o. Logo que este vestiu a camisa, viu-se curado.
escarrou na face da miserável e fo i para a catedral, indo lançar-se aos pés de uma imagem mil agrosa de Nossa Senhora, renovando nessa oportunidade seu voto de virgind ade.
Religioso tl'initál'io por inspiração divina Ai nda ado lescente, resolveu entrar o quanto antes para um convento. Mas tinha dúv idas entre os carmelitas des-
Na univcn,i<lade, co11llecido como "o santo ,·apaz" Aos nove anos João Garcia soube que uma santa hav ia consagrado sua virgindade a Deus. Correu então a lançar-se aos p6s de uma imagem da Virgem das virg ns, e pediu-lhe que ace itasse tamb6m sua virgindade, concedendo-lhe a raça de viver sem a mais leve mancha. João Garcia fez com brilho seus primeiro stuclos com os carmelitas descalços cl sua cicl acle, e o curso univer itá ri o cm Bacza. Sua piedade atraía as at nçõ s, seus condiscípulos o conheciam c 1110 o santo rapaz. Mas nem todos. Sempre onde está o bem, aparecem os maus para od iá- lo e persegui-lo, c mo aconteceu com Nosso Sen hor. Em certa ocas ião alguns de seus companheiros ele pensão, libertinos, procuraram provocálo com injú rias e sarcasm s. omo ele se mantivesse calmo e infcnso às impertinênci as dos colegas, estes introduziram no quarto uma mu lher de má vida para indu zi-lo ao pecado. João Garcia, praticando ele modo exím io as virtudes da castidade e da fortaleza,
para o sacerdócio. "Tinha recebido do Céu um talento tão raro, que Lope de Vega o chamava 'o mais belo gênio da Espanha'; adquiriu tantos conhecimentos, que o Pe. Entrade, j esuíta, assegurava se r ele 'o homem mais erudito do seu século'", 1 o que não é di zer pouco numa época em que os grandes espíritos não eram raros. Por sua eloqüência, seus confrades o comparavam a São João Cri sóstomo e a São Bern ardo de C laraval. Frei João Garcia freqüentemente fo i a lvo de ataqu es dos de môni os. Certa vez lançaram-no num poço, mas seu Anjo ela Guarda o amparou na queda e o trouxe à tona. Também fo i vítima dos homens. E m Sev ilha, entregara-se à conversão de um gru po de mouros. Alguns deles se convertera m, mas a maior ia não. Te ntara m mesmo matá- lo, envenenando sua comida . O reli gioso fez o sin al da cruz sobre o alimento, que se cobriu imediatamente de vermes. Os infiéis tentaram então assassiná- lo, mas Deus o protegeu, nada sofrendo.
Re/'ormado1· da Ordem dos T1'initários
calços, então em seu primitivo fervo r, e os trinitários, fundados alguns séculos antes por São João da Mata e São Ra imundo de Pefiaforte, mas que estavam infel izmente decadentes. Quando rezava para que Deus o inspirasse a fazer aqui lo que fosse para sua glória, ouviu distintamente uma voz cüzendo-lhe que daria mais glória a Deus entrando no~ trinitárias, o que fez ao 19 anos de idade. Em se u noviciado, João Garcia teve por mestre o Beato Simão de Rojas. E mbora por humildade não quisesse tornar-se presbítero, os supe riores, vendo seus dotes tão extrardinários, o obrigaram a preparar-se
Frei João Garcia levava uma vida santa entre os trinitários quando, em 8 de maio de 1594, um capítul o geral reu nido em Ya ll ado li d, para combater a decadência da Ordem, decretou que em cada província dela houvesse dois ou três conventos nos qua is se praticasse a regra primitiva, co mo Santa Teresa o fizera no Carmelo. Frei João Garcia foi designado para o de Valdepefias. Entrou para essa reforma no início de 1597. Eleito superior, restabe leceu a regra pr imitiva, fez co m que os religiosos trocassem o nome de família pelo de um santo - ele tomou o de João Batista da Conceição - e fez com que se observasse a vigília de todas as festas da Santíssima Virgem. Em sua reforma encontrou inúmeros obstáculos por parte dos religiosos, que não queriam viver uma vida
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de penitência. Por isso v1aJou a Roma para obter a sanção do Santo Padre. No caminho, parou em F lorença, onde vivia Santa Maria Madalena de Pazzi , para consultála sobre seus projetos. E la lhe predisse muitas provas que o esperavam, mas afirmou- lhe que, por fim , e le venceria.
Dois grandes santos o f!ÍU<lam em sua obra Em Roma seus superiores o haviam precedido e minado o terreno, de maneira que e le se viu prati camente só. Não totalmente, pois recebeu o conforto e amparo de dois grandes santos: São Cami lo de Lelli s, fundador dos cami lianos, e o grande São Francisco de Sales, então bi spo e leito de Genebra, e que fora a Roma receber a sagra_ção episcopal. Também este santo lhe predisse os sofrimentos pelos quai teria que pa sar, e que Deus abençoaria seus esforços. Qu ase doi s anos depoi s, finalmente, o Papa concedeu o Bre ve de aprovação dos Trinitárias Descalços e Reformados, autorizando-os a se erig ir em uma nova Ordem , com superiores separados e constitu ição distinta. De volta à Espanha, Fre i João Batista entrou na posse do convento de Valdepefí as. Mas à noite os reli giosos antigos, que haviam deixado o convento por reje itarem a reforma, invadiram o prédio, amarrara m o santo com cordas e o arrastaram pelo cl austro . Quiseram mes mo lançá-lo num poço , mas depoi s, dado seu estado de fraqueza, reso lveram co locá-lo na pri são: Enfim, na manh ã seguinte, temendo a repressão do poder c ivil , esses péssimos reli g iosos liberta ram seu superior e fu g iram. Fre i João Batista ficava assim só, com sua reforma. Mas em breve a Providência susc ito u novos súd itos, e logo se lhe juntaram 16
CATOLICISMO
frades desejosos de um a vida mais perfeita. Após ter feito um ano de noviciado juntamente com os frades fi é is, Frei João Batista pronunciou de novo seus votos. A reforma assim estava salva. Convencido de que, para um religioso de sua ordem, deve haver uma proteção co ntra di g nidades contrárias ao espírito de humildade que deveriam seguir, obteve do Papa que, aos três votos de obedi ê ncia, pobreza e castidade, fosse acrescentado um quarto, pelo qual não podi am procurar, nem mesmo indiretamente, nenhuma dignidade. Nesse sentido, pode-se ler em suas obras: "É claro que, se eu te amo, Senhor, não devo querer nesta vida nem honra nem glória, mas sim padecer por teu amor". Esse voto, e m vez de afastar os ca ndid atos, atraiu muitas vocações. Em poucos anos foram fundados oito conventos da reforma, e em 1605 Frei João Batista foi eleito Provincial. Quando da fundação do convento de Madri , muitos de seus reli giosos, julgando-o muito severo, pediram ao Núncio Apostólico um visitador para temperar os ri gores da regra. O novo Provinc ia l os reuniu , pôs-se de joelhos di ante deles, desnudou o dorso e lhes di sse: "Se eu sou a causa dessa tempestade, lançai-me ao mar, eu o consinto. Batei em minha espádua, eu a abandono a vossos golpes. Mas eu vos conjuro: salvai a reforma". O vi sitador nomeado rendeu os mais e ntusiastas elog ios ao sa nto, que retomou seu ofício de superior.
Milagres portentosos ainda em vida Cita mos aq ui apenas um dos numero o milagres do santo, em vida, pelo seu aspecto pitoresco. Na construção de certo c nvcnto, um pedreiro levava e norme pedra ao
Encontro preocupante
Convento dos Trinitários em Córdoba, onde residiu o santo
alto dos andaimes, quando perdeu o eq uilíbri o e cai u com a pedra. Fre i João B ati ta, leva nta ndo a mão, g ritou : "Em nome do Altíssimo, parem 1" . Tanto o pedreiro quanto a pedra pararam no ar, após o que, a uma no va ordem do santo, começaram a descer suavem e nte a té atingir o solo. Enfim, Frei Jo ão Batista da Conce ição, gasto pelos inúmeros trabalhos e pe nitências, chegou ao termo de sua vida. Co m apenas 52 anos de idade, rendeu sua alma a De us no d ia 14 de fevereiro de ] 613, exc lamando: "Senhor, vós bem sabeis que euftz tudo que pude para executa r vossas ordens ". 2 • E-mail do autor: nmso limeo
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Notas: 1. Les Pel its Boll andi stes, Vies des Saint.,·, Bloucl et Barrai , Pari s, 1882, to mo li , p. 5 18. 2. Ou tras obras consultadas: - Pe. J oão Cro iss e t, Afio Cristia no , Saturn in o Ca ll eja, Madrid , 190 1, tomo 1, pp. 550 e ss. - Pe. João Le ite, S.J ., antas de Cada Dia, Editori al A. O ., Braga, 1993, vol. 1, pp. 223 e ss. - Dr. D. · clu ard o María Yil a rrasa, La Leye 11 da de O ro , L. Go nzá lez Y ompai fa, Barce lona, 1896, to mo 1, pp. 432 e ss.
Fracasso total -É notória a inconformidade das esquerdas, sobretudo da esquerda católica, com o fracasso da Reforma Agrária no Brasil e no mundo, sem exceção. No caso brasileiro, quanto mais o governo investe dinheiro público nos asse ntam e nto e acampamentos, maior é o vulto do fracasso . Benefici am-se os aproveitadores , os oportuni stas, toda gama de sang uessugas, as lideranças do MST. Mas o agric ultor au têntico e a produção nacional , esses vão à breca. Note-se que assentamento não se confunde com pequena propriedade ou propriedade fam ili ar. Esta sempre teve papel de realce na agricultura naciona l e, com as propriedades grandes e médi as, é um dos pilares da prosperidade nac ional. Terrorismo agrário - As esquerdas têm nece sidade vital da Reforma Agrária para levar a cabo a revolução socialista. É o que afama o guerrilheiro comunista Che Guevara ( foto 1) em seu livro "Guerra de Guerrilha ". Para ele "o guerrilheiro é, antes de tudo, urn revolucionário agrário" e "a base das reivi11dicações sociais que levantará o guerrilheiro será a mudança da estrutura da propriedade agrária. A bandeira da fwa durante todo este tempo se rá a refor111a ag rá ria" (http:// www. ma rx i. ts.-org/es panol/guevara/ guerrra/cap l .htm cap.2. htm). Salvar o fracasso? - Uma tentativa gigantesca de reavivar a Reforma Agrária, e portanto o so iali smo, está em curso e terá seu apogeu no pr ximo mês de março, em Porto Alegre, com representantes de 55 países, capitaneada pela FAO (organismo da ONU para agricu ltura e alimentação), juntamente com o governo L ula. Pelas informações pub li cadas na mídia - especialmente no site www.icarrd.org (foto 2), criado para divulgação do encontro - deduz-se que
A vi.sion for the wff,l.r& "11arrotl(M'IQI Conference on >.t;µ,.on RnlormO!"ldAIXd D f t ~ I
agora a estratégia é superar o fracasso da Reforma Agrária por meio de uma ação muito mais ampla . A Reforma Agrária não mais seria conduzida como política de um determinado governo, mas como política mundial propugnada pela ONU e seus organismos, com participação dos governos e a colaboração de ONGs e da sociedade civil organi zada Uargão hoje em dia usado mundialmente pelas esquerdas para designar grupos de pressão política). O projeto prevê monitoramento e supervisão permanente da ONU, com seus mecanismos de imposição, para fazer cumprir as resoluções. A reboque estão sendo propostas medidas de c unho coletivista, ambientalista, indigenista e outras, tendo a Reforma Agrária como carro-chefe. Buscar-se-ia assim sufocar, juntamente com a desigualdades injustas e rejeitáveis, aquelas que, pelo contrário, são harmônicas e proporcion adas e sempre foram defendidas pela doutrina católica.
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Agronegócio - Tendo como fundo de quadro a idéia falsa e perniciosa de que a justiça social se identifica com a igualdade, e de que a fome se erradica com o sociali smo, o encontro pretende promover em escala mundial a pequena propriedade, apre entada como forma de garantir o desenvolvimento sustentável e asoberania alimentar. No caso brasileiro, o encontro visará atingir seriamente o agronegócio (foto 3), cujo expressivo sucesso se deve, em grande parte, ao fato de ser conduzido pela iniciativa particular, harmonizando grandes, médias e pequenas propriedades: estas últimas constituem 40% dessa atividade. Que autonomia teriam tais "propriedades" ditas familiares, fruto do esfarelamento geral das propriedades, frente a um Estado todo-poderoso ante o qual elas não pudessem mais contar com o anteparo natural e orgânico das propriedades maiores? • FEVEREIRO 2006 -
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ventre, de modo a exibir o umbigo e frequentemente as próprias roupas íntimas. Sem falai· no nudismo exibido em tantos programas de televisão, que habitua os telespectadores a cenas cada vez mais desavergonhadas e vulgares. O mais contraditório é que, embora tais comportamentos e modas representem urna evidente degradação da mulher, contra tal não se levantam as femi nistas; pelo contrário, em nome de uma pretensa autonomia e falsa di gnidade, defendem a liberdade sexual, o divórcio e até o aborto.
Sem moral, não subsiste a lei e o crime impera
Para onde está sendo levada a juventude? D evassidão moral é instilada nos n1eios juvenis, enquanto o chamado feminismo defende comportamentos que degradam a mulher, transformando-a em "objeto de desejo" BRUNO DE SANTAMARI A
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ão de estatrecer as tendências que vão se manifestando na juventude, como fruto das modernas influências que recebe. As gerações criadas pelas babás eletrônicas - televisão, internet, viCATOLICISMO
deogames, etc. - começam a apresentar sinais preocupantes. Ainda crianças, já manifestam ter conhecimento de baixezas do mundo que escandalizariam seus avós, pertencentes à geração que viu explodir a revolução de maio de 1968 na Sorbonne. Hoje, especialistas já se de-
bruçam sobre o escabroso tema. Limitemo-nos ao que diz respeito às meninas e mocinhas, cujo comportamento foi objeto de pesquisas nos Estados Unidos e na Europa. As feministas dos anos 70 ou 80 defendiam suas delirantes teses libertárias, apresentando-as em oposição
ao chamado "machismo", que fat"ia da mulher um objeto. Muitas jovens de hoje, ao contrário, parecem querer tornar-se mulher-objeto. E sujeitamse a tudo o que cm outros tempos caracterizaria o li xo ela sociedade. A norte-americana Pamela Paul constata, num livro intitulado muito significativamente Pornified, que "a pornografia banalizou-se totalmente e quase não choca mais ninguém".
Pornograflainvade o quotidiano Outra escritora, a jornalista Ariel Levy, colaboradora habitual do semanário "New York Magazine", fez uma pesquisa entre as jovens de 15 a 25 anos. Não ouso traduzir aqui o
título de seu livro: Female Chauvinist Pigs: Women and the Rise of Raunch Culture. Em todo caso, trata de uma espécie de exibicionismo sexual debandado, que tomou conta de boa parte da juventude pelo menos nos últimos 10 anos. Ariel fico u horrorizada com o que descobriu: a pornografia invadiu o quotidiano de colegiais e universitárias. Vestem-se elas como outrora se trajavam mulheres cle má vida dos piores antros. E prestam-se a concursos de poses indecentes e filmagens ele strip-tease. A generalização dessa tendência nos países ocidentais levou, por exemplo, à moda tão difundida de roupas que deixam a descoberto o
Justificar tal comportamento, dizendo que a malícia está em quem vê, mais se pat·ece a hipocrisia do que a outra coisa. Conforme demonstram dados citados pelo semanário "Courrier International", de 22-12-05 a 4-1-06, há uma tendência pat·a o desbragamento sexual e a pornografia, e o sucesso alcançado pelo livro imoral de uma atriz pornô confirma isso. Do ponto de vista católico, não é preciso dizer quanto essa onda de imoralidade é ofensiva à Lei de Deus. E não só os comportamentos, mas também, e talvez sobretudo a indiferença largamente difundida, mesmo entre adultos e velhos, ante o avanço escancarado da imoralidade dentro dos lat·es. Até onde chegat·á a degradação da sociedade atual? A experiência comprova: onde não há moral não subsiste a lei. E não vigorando a lei, o crime impera e a sociedade fica exposta, mais cedo ou mais tarde, à autodestruição! • E- mai I para o autor:
catolicismo@catolicismo.com.br
FEVERE IRO 2006 -
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Mensagem de Fátima, visão suprema U ma alegoria nos ajuda a ver quão elevado é o patamar em que se situa a Mensagem de Nossa Senhora de Fátima (1917), ao mesmo tempo justiceira e misericordiosa □
CID
ALENCASTRO
C
onhec ido conto medieval aprese nta-nos um cavaleiro passando junto ao local onde três operários afi ncadamente trabalhavam com grandes peclras - hoje se dir ia um canteiro de obras. Chamou-lhe a atenção aquele esforço pelo qual tais homens pareciam lançar os fu ndamentos de algum futu ro edifíc io. Espicaçado pela curiosidade, ao mais próx imo perguntou o que fazia. Este prontamente lhe responde u: Estou cortando pedras. Não satisfeito com a resposta, tocou um pouco o cavalo, e aproximando-se do segundo, repeti u-lhe a pergunta. Estou preparando os f undamentos de um muro - foi a resposta. Por fi m, indagado o terceiro sobre sua ati vidade, este respondeu: Estou construindo uma catedral! Ora, os três faz iam exatamente o mesmo trabalho, se considerado o aspecto material de sua ativ idade. Mas cada um
deles se dedicava ao labor com um estado de alma peculiar. O primeiro só era capaz de enxergar as pedras que tinha diante de si; o segundo elevava mais as vistas, e j á via o mu ro que iria subir; o terceiro, por fi m, alçava-se ainda mais, e dali contemplava a bela catedral que surgiria. Não é descabido supor que antev isse os maravilhosos vitrais a iluminá-la, o incenso a impregnar-lhe as paredes, o cântico do Kyrie a ecoar nas abóbadas, a glória a Deus manifestada nos santos ri tos al i celebrados.
O patamar mais elevado Trata-se evi de nteme nte de uma a legoria sobre a cond ição humana. Todos nós vivemos juntos nessas cidades mode rn as, nos e ncontra mos nas mesmas ruas e praças, va mos aos mesmos locais de trabalho, aos mesmos supermercados, ve mos as mes mas cenas da vida. No en-
tanto, se sondamos as a lmas, quantas diferenças no modo de julgar cada coisa ... Fica aqui um convi te ao leitor para julgar o mundo que nos cerca de um patamar muito elevado, do alto da torre de uma catedrnl. Não se trata de perder o contato com a realidade. Longe disso. Nada pior que sonhos quiméricos que só servem para transviar os espíritos que correm atrás deles. Trata-se de ver uma realidade mais alta, que ilumina e condiciona as realidades do cotid iano. O homem que construía a catedral não estava fora da realidade, ele a conte mplava de seu mais alto patamar. Por assi m dizer, é olhando como que através dos olhos de Deus que se alcança o suco da realidade.
A /11z mais reve/adom É por isso que Catolicismo insiste na divulgação da Mensagem de Fáti ma, a qual nos mostra o mundo contemporâneo sob a luz mai reveladora. De fato, a realidade presente pode ser visualizada ele patamares sucessivamente mais elevados. Podemos ver as dificuldades que a sociedade atual, perm issiva e igualitária, a arreta para cada ind ivíd uo (para os interessados, seus problemas pessoais parecem enormes, mas para o conjunto ela hu manidade são pequenos). Numa visão mais ampla, topamos com o processo em curso d dissolução elas famílias e da propriccladc. Podemos ver, em escala regional, os terremotos, os maremotos, as guerras e revoluções , os desvari os dos mov imentos pacifi stas. A Mcnsa cm de Fátima, sem negar a autenticidade da vi são obtida a partir de cada um dos patamares, mostra-nos entretanto com Deus vê o mundo atual no seu conjun to: arr gado de pecados, partícipe de um process revoluc ionári o que leva tudo de roldão - simboli zado pelos erros da Rússia, ou seja, o omuni, mo em suas vá.rias formas e diluiçõ s - provocando a ira de Deus, cuja manifo tação se dará por meio de guerras e revoluçõ s, de per eguições à Igreja e tudo o mais. Manifestação grandi osa, ao mesmo tempo justiceira e misericordio a, porquanto pune o mal mas repõe as coisas no seu lugar, criando novamente condições para a prática da vi.Itude e do amor de Deus. • E-mail do autor: ciclalencastro @catolicismo.com.br
CATOLICISMO
FEVE REIRO 2006 -
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Santa Águeda, Virgem e Ml:Íl'Lir
Santa EscolásLica , Virgem
6 São Guat'ino, Bispo e Confessor + Bolonha, 1159 . Cônego
1 Santo l lenrique Morse, Mártir + Inglaterra, 1535. Estudante em Londres, fugiu para a França para tornar-se católico, ordenando-se sacerdote em Roma. De volta a seu país como mi ssionário, foi preso com o Pe. João Robinson, que o recebeu como jesuíta, fazendo ele seu noviciado durante os três anos de cativei ro . Exi lado, retornou à Inglaterra e, sob um pseudônimo, obteve muitas conversões. Preso e exilado mais uma vez, ainda retornou à sua pátria, tendo sido encarcerado,j ulgado e esquartejado por ódio à Fé. Exemplo de perseverança na luta pela Igreja.
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agostiniano da Santa Cruz, renomado por sua santidade, fugiu pela janela do convento quando quiseram fazê-lo Bispo de Mortária. Tendo passado 40 anos no convento de Mortária, de edificante observância religiosa, o Papa obrigou-o a aceitar o arcebispado de Palestrina com o chapéu cardinalício.
7 Lucas, o Jovem ou o TaumalUl'go, Confessor + Grécia, 946. Só aos 18 anos a mãe permitiu-lhe ir viver como eremita num monte perto de Corinto. Começou então a atrair multidões . Devi do aos inúmeros milagres que operava, ficou conhecido como o Taumaturgo .
8 São NiceLas, Bispo e Confessor
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+ França, 611. Amigo de São Gregório Magno, restabeleceu a Sé de Besançon, cidade esta destruída pelos hunos. Após tal destruição, o santo transladou-se para Noyon, na Suíça, retornando depois para Besançon e reconstituindo sua sede episcopal.
São Brás, Bispo e MárLir Primeira Sexta-feira do mês.
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J\Pl~l~SENTJ\ÇÃO DO MENINO ,JESUS NO Tl~MPI ,O 1~ PURWICJ\ÇÃO DE NOSSA SENI 101~;\ (Nossa Scnl101·a das Ca ndeias ou Ca 11dclá1·ia).
4 Santo f\ ndró Co1·si11i , Bispo e Co111'csso1· + Fiésole, 1373. Convertido pelas lágrimas da mãe (como Santo Agostinho, o famoso Doutor da Igreja), tornou-se grande pregador carmelita, depois Bispo de Fiésole. Sua caridade para com os pobres, sobretudo os nobres empobrecidos, foi extrema. Primeiro Sábado do mês.
São Nicél'Ol'O, M{i rtil• + Antioquia, 260. Leigo, teve uma desavença com um sacerdote, Sabrício. Embora procurasse várias vezes obter dele o perdão, este sempre o recusou, mesmo na hora do martírio. Isto fez com que Sabrício fraquejasse e, apesar das admoestações de Nicéforo, apostatasse. Nicéforo então declarou-se cristão e morreu em seu lugar.
11 NOSSA SENHORA DE LOURDES (1858). São Gregório 11 , Papa e Confessor
+ Roma, 731. Acompanhou o Papa Constantino I a Constantinopla para combater o Concílio de Trullo, que declaram a independência do Patriarca de Constantinopla em relação ao Papa. Sucedendo a Constantino I no sólio pontifício, combateu heresias, reformou costumes, convocou concílios, mandou reconstruir grande parte das muralhas de Roma.
12 São Bento de Ani~mc, Abade, Confessor + Alemanha, 821. Abandonou a corte de Carlos Magno, tornando-se monge beneditino. O Imperador Luís, o Piedoso, filho de Carlos Magno, para conservá-lo junto a si, construiu para ele um mosteiro em Cornelimunster, confiandolhe a inspeção de todos os mosteiros do Império. A este santo deve-se principalmente a redação dos cânones para a reforma dos monges no Concílio de Aix-la-Chapelle, e m 817. É conhecido como o restaurador do monaquismo no Ocidente e como um segundo Bento.
13 Sa11La CaLé.11·i11a de Ricci , Virgem + Itália, 1590. Esta extraordinária santa entrou aos 12 anos no convento das dominicanas em Prato, aos 13 foi nomeada mestra de noviças, depois superiora e, aos 30, priora vitalícia.
14 Sí"io ,João BaLista da Conceição, Co111'csso1• (Vide p. 38)
15 São Cláudio la Colomhicre + Paray - le -Monial , 1682 . Apóstolo do Sagrado Coração de Jesus, confessor e diretor espiritual de Santa Margari da Mari a Alacoque.
16 Santo Onésimo, Bispo, Mártir + Roma, séc. l. Escravo de Filemão, depois de roubar e u amo, fugiu para Roma, onde encontrou São Paulo na prisão. O Apóstolo, depois de tê- lo convertido, mandou-o de volta a Filemão, a quem pediu que não o recebesse como escravo, mas como um irmão (cfr. Col. 4, 7-9). Segundo São Jerônimo, Onésimo tornou-se pregador do Evangelho e Bispo de Éfeso, sendo lapidado em Roma.
17 Sete SanLOs l<'undaclores dos ServiLas, confessores + Florença, Séc. Xm. Estes comerciantes florentinos tudo deixaram para seguir a Cristo, fundando para is. o a Ordem dos Servo de Maria. Foram tão unido em vida, que ão comemorados juntos depois de sua morte.
18 São Simão, Bispo e MárLi1• + Jerusalém, 107. Filho de Maria Cleofas e primo de Nosso Senhor, sucedeu a Santiago Menor na Sé de Jerusalém. Avisado sobrenaturalmente da destrnição da cidade, saiu com os cristãos para a cidade de Pela, às margens do Jordão, voltando depoi para estabelecer-se junto às ruínas da Cidade Santa dest:ruída. Foi martirizado sob o Imperador Trajano.
H) São BeaLo ele l ,iébana, Conl'cssor + Espa nh a, 798. Quando o Bispo de Toledo começou a pregar abertament e a heresia nestoriana, o monge Beato, do mo steiro de Liéban a, e seu amigo o sacerdote t ri o, de-
pois Bispo de Osma, sa íram a campo para atacá- lo pela palavra e por escritos, num mag nífico exemplo de luta contra a heresia , me s mo quando o herege é Bispo.
se todos sace rdotes, foram ap risionados um ano após seu mestre, torturados e decapitados por ódio à Fé sob o procurador romano Solon.
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São Cesário Nazianzeno, Conressor
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SanLo Euquéri o, Bispo e Confessor
+ Constantinopla, 369. Irmão
+ Orléans, 743. Logo após ser nomeado Bispo de Orléans, condenou abertamente Carlos Martel , devido a seu costume de apodera r-se dos ben s da Cgreja para empreender suas guerras. Foi por isso ex ilado para Colônia, Liege, e finalme nte para o moste iro de Saint-Trond, onde terminou sa ntamente seus dias.
do grande São Gregório Nazianzeno, tornou-se médico da corte imperial de Juliano, o Apóstata, que tentou pervertê- lo . Por isso renunciou à sua fun ção e afastou-se da corte, para a qual foi reconduzido pelo novo Imperador. Exemplo de como se deve fazer passar a Fé católica na frente da carreira pessoal.
21 São Pedro Damião, Bispo e DouLor da Igreja
26 São Vítor ele Areis, Confessor
+ Ravena, 1072. Entrou na Ordem dos Camaldulenses. Nomeado cardeal-bispo de Óstia, a contra-gosto e sob pena de excomunhão. Deixou mais de 158 cartas, 60 opúsculos, várias vidas de santos e admiráveis sermões. Sofria muito de insônia e de terríveis dores de cabeça, sendo por isso invocado contra esses males.
ministério sacerdotal por algum tempo, mas logo retirouse para um lugar ermo, a fim de entregar-se à contemplação, j ej um e penitência. A fama de seus milagres Jogo lh e atraiu visita ntes ilustres, e ntre os quais o rei.
22
São Lea ndro, Bispo e Confessor
Cátedra de Pedro Festejar a cadeira de São Pedro é venerar, na pessoa de Pedro, os desígnios providenciais de Deus, que o escolheu para chefe dos Apóstolos e primeiro Pastor de sua Igreja.
23 São Sereno, o ,Jardineiro, Má rtir
+ Alemanha, 307. Jardineiro " vivia na solidão, santificando seu trabalho manual com orações e penitências, até ser preso e decapitado por causa de sua fé" (do Martirológio Romano).
24 São MonLano e companheiros, Mártires + Cartago, 259. Estes sete discípulos de São C ipri ano, qua-
+ França, 610. Dedicou-se ao
Intenções para a Santa Missa em fevereiro Será celebrada pelo Revmo. Padre David Francisqu ini , nas seguintes intenções: • Rogando a Nossa Senhora de Lourdes (1858), cuja festividade é comemorada pela Santa Igreja no dia 11 de fevereiro, que conceda a todos os leitores de Cato li cismo - bem como àqueles de seus fami liares mais necessitados - vigorosa saúde de alma e de corpo.
27 + Sevilha, 596. Irmão de Santo [sidoro, "encarregado da form.ação do rei dos visigodos arianos, trouxe de volta toda a Igreja da Espanha para a verdade e unidade católicas" (do Martirológio Romano).
28 Santo Osvaldo, Bispo + Worcester (Inglaterra), 992. Monge bened itino, indicado para a diocese de Worcester pelo • Rei Edgar, por recomendação de São Dustan. Como bispo, auxiliou este santo e Santo Ethelwold a reavivar a Religião católica na Inglaterra, encorajou a vida monástica e escolar. Nomeado também Bispo de York, ocupou ao mesmo tempo as duas sedes episcopais, a pedido de. seus diocesanos.
Intenções para a Santa Missa em março • Em memória da Anunciação e Encarnação do Verbo de Deus e também em memória de São José - festividades que se comemoram em março - ro gando a Nossa Senhora e a se u glorioso e casto Esposo que proteja m e guardem as famílias dos leitores de Catolicismo .
FEVE
deres, a fim de influenciar e marcar uma indispensável presença cató li ca contrarevolucionária nos meios universitários.• Emai l do autor: ezcurra@catolicismo.com.br
A obra Revolução e Contra~Revolução lançada em Cuzco
Peru:
Simpósio Universitário binacional E m Cuzco, La Ciudad Imperial, realizou-se um simpósio universitário para a formação de jovens líderes católicos peruanos e chilenos. Ocorreu também o lançamento de Revolução e Contra-Revolução. ltl
A LEJAN DRO
EzcuRRA
N Aó N
assoc iação Tradición y Acción por un Perú Mayor promoveu no início do ano um Simpósio Universitário de Formação Católica. O evento ocorreu nas esp lêndidas instalações do Hotel San Agustín Monasterio de la Recoleta, antigo convento franciscano do século XVII erigido no legendário Valle Sagrado de los Incas, abandonado depois das
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CATOLICISMO
· guerras de independência e hoje transformado em moderna hospedagem. De 5 a 11 de janeiro último, nesse prédio histórico tão adequado à finalidade do encontro, universitários peruanos de Lima, Trujillo y Cuzco, bem como jovens chilenos procedentes de Santiago e Viíía dei Mar, puderam anali ar a cri e contemporânea em seus múltiplo. a. pectos espirituais e temporais. Estudaram também, à luz do ensaio Revolução e Contra-Revolução,
de Plinio Corrêa de Oliveira, os meios para contrapor-se aos efeitos de tal crise. O programa foi comp lementado com visitas aos magnífi cos monumentos que testem unham a admirável graça de fun dação da cri standade hi s pano-americana, na Ciudad Imperial de C uzco como no va les c ircundantes, emo ldurados por majestosos panoramas andinos. Tradición y Acción prossegue assim seu programa de formação de jovens lí-
Concluído o mencionado simpósio, no dia 12 de janeiro ocorreu em Cuzco a apresentação da l3 edição peruana da obra magistrnl de Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução. O ato realizou-se no Salón Capitular dei Monasterio de la Merced,jóia do estilo barroco peruano, e fo i acompanhado por numeroso público, incluindo destacadas figuras da sociedade local. Após uma conferência em homenagem ao autor da obra, seguiu-se uma análi se do irreversível crepúsculo da chamada "modernidade processo que gerou a sociedade extraviada e desesperançada de nossos dias - e das novas tendências que emergem em nossa época, çujo futw·o nos é possível vislumbrar, segundo os princípios de Revolução e ContraRevolução. Ao término da sessão, um animado cocktail permitiu aprofundar os laços de afi nidade entre o católico público cuzq uenho e os ideais de Trad ição, Fam ília e Propriedade. •
FEVERE IRO 2006
EIIIII
Polônia: STOP à depravação homossexual EmCracóvia, movimentos
C ARIOS
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CATOLIC ISMO
E.
Corr spond nl
SCIIAFFER na Áustria
Viena - Os Jo 11e11s A II stríacos por uma Ci11ilização Cri.1·tã , associação coirm ã da
Ili LEONARDO PRZYBYSZ
E- mail cio autor: lconarcloprzybysz@catol ic ismo.com. br
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"Cegcn den St rom" (Contra a CorTentc): co,n este sugestivo nome l'oi fundado jornal dirigido a estudantes universitários catúlicos (' conservadores do numdo de língua alemã.
homossexuais, procurando influenciar crianças, distribuíram propaganda em colégios ..A Associação Padre Piotr Skarga mais uma vez reage com êxito contra essa depravação.
or iniciativa da Associação pela CultuCristã Padre Piotr Skarga , em dezembro passado apareceram nas ruas de Cracóvia (Po lôni a) mai s de mil cartazes de 1 metro por l,40 cm com o titu lo STOP à depravação homossexual (foto ao lado), como protesto contra um movimento, cada vez mai s in si ste nte, de promoção do homossex ualismo. Motivou tal ação um programa pseudoeducacional sobre AIDS, realizado no dia 29 de novembro na prefeitura de Cracóvia, dLU"ante o qual ativistas de organizações homossexuai s distribuíram entre os estudantes material, textos e desenhos promovendo as mais perversas práticas do vício da homossexualidade. Levando em consi deração que a di stri bui ção foi feita entre crianças e jovens, a Associação Padre Piotr Skarga decid iu diri gir-se aos diretores e professores de escolas po lone as, alertando-os para o fato de · que no futuro provavelmente serão objeto da campanha homossex ual ; alguns deles, ali ás, já o foram. Com esse objetivo, na segunda quinzena de dezembro foi enviada à direção de todas as escol as de Cracóvia uma carta acompanhada de se is brochuras que abord am o probl ema causado por essa prática víc iosa. •
Jornal universitário conservador na Austria
DEWIACJI
STOP
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W PltAl'IIIOUNI O NI MA MltJ!CA DIA (11/ 1
TFP-Fundadores, lançou no ano passado o j orn al " ' 11 d ' 11 Strom", com um a tiragem ini cial d ' 3. 000 exemp lares. Sob o I ri sma dos I rin cfpios enunci ados pelo Prof'. Plini o orrea ele O li vei ra em Revolu çrio e '0111ra-Revolução, abo rda temas da alualid ade de espec ial interesse para o mundo estudantil. Constitui exempl o di sso a mal ri a rccligicla por se u co laborador ' hri stian Machek recém-form ado m iências Políticas e em Teologia - sobr ' o cri acioni smo e o " in telli gent des i >n", qu stões atua lmente obj eto de intenso d ·ba te na Á ustria. Em seu último nú111 ' ro, " Gegen den Strom" pub li ·a inl •r 'ssantes declarações do mini stro da 'u ll ur:1 da Itáli a, Rocco Buttiglione, sobr · as raíz ·s cri stãs ela Europa. Como s • r 'corda , a indicação do nome de Butli lion ' para inl grar a Comissão Europ ia · 111 Brux ' las suscitou no ano passado rand ' ·ontrov rsia e repul sa por parte le parlam ·ntar 'S europeus de esquerda, r · osos d ' 1•r ' 111 ' 111 seu meio um ca tóli ·o anIi:ihorIi sIa ' contrári o ao pseudo-casam ' 111 0 lto111oss ·xual. "Gegen dcn SIro111" v ' 111 s ' 11 lo recebido com simp:llia não ap ·nus nos círculos estudanti s da /\ uslri a, mas também da Alemanha. Há pou ·o o vi· ' •primeiro- mini stro austría o, l lub ' rl 1orbach, envi ou carta de apoio ao j mal , na 1ual afi rm a: "Eu vos encorajo 110 desejo de fortalecer 11alores como afam.(/io e a lra dição, ou, mais amplamente dilo, o ·1tltura ocidental, e vos desejo ainda m.uilo êxito na redação de vosso j ornal.".
Em meados de março "Gegen den lr m" es tará reali za ndo em Frankfurtam -Main um simpós io para a formação cl jovens redatores. O que se torna premente, po i vasto é o campo qu e se abr para sua atuação nos meios es-
tudan ti s austríacos e ale mães , onde a opinião co nse rv adora é ge ralm ente abafada pe lo vozerio de um a esquerda fa rfalhante. • E-ma il cio autor: cschaffer@cat olicismo.co m.br
FEVERE IRO 2006 -
O Ro.,val Solei],
galeão de Luís XIV Palácio tluLuante, triunfo da graça e da elegância nos mares m Pu N10
Este
é um navio fran cês do Anci.en Régime o Royal So lei! (So l Rea l), um ga leão luiscatorziano lindíssimo, elegantíssimo, com grandes velas, verdadei ro palácio esculpido em made ira para sin gra r os mares , um Versalhes ambu lante, um Granel Trianon flutuante . Imaginemos essa embarcação de manhãzinha, no porto de Brest ou do Havre, no meio das brumas. A tripulação entra e começam os preparativos para a partida. Em determinado momento, ouve-se uma música. Na proa do nav io, os homens ti ram os tricórnios (chapéus com três pontas) com plumas; e as senhoras, usando saias-balão, faze m grandes saudações. Aq ueles que estão no cais respondem do mesmo modo. Depoi s, adeuses com lenços delicados, e o navio vai afastando-se, mas em terra ainda se ouve algo da mú sica que a bordo se toca. O Royal Solei! entra no alto mar, até perder-se completamente no horizonte de um dia calmo, esplendoroso. No mar plácido, o Royal Solei! constitui uma espécie de triunfo da graça, da elegância, cortando os obstáculos e as ondas. É a força do homem do minando os mares, como Luí. XIV reinava sobre a França. Vemos ni sso uma atmosfera de vitória. É a graça e a elegância dominando a técni ca, e quase di sfarçando-a, mas apo iando-se nela para ve ncer o mar - esse e le me nto indômito - e afirmar a sabedori a do home m. No tombadi lho, pode-se imaginar a presença de pessoas solenes, e legan-' tes. Por exemplo, um duque que virá a ser govern ador do Canadá, que passeia empunhando uma bengala com castão de marfim . Caminha olhando para o mar, aspira uma pitada de rapé, e depois ob erva uma gaivota. Uma corte de admiradores o circunda, ele é dentro do Royal Soleil o que o ga leão é nos mares. São círculos concêntricos de brilho, de dominação e ordem. O Royal Solei!, flutuando sobre a incerteza das ondas e dos abi smos marítimos, afirm a a superioridade do espírito so bre a maté ri a. O hom e m pequenino, do ponto de vista material , -
C o RRÊA DE OuvE1RA
encontrou ass im na sua alma um modo de vencer a matéria . Quanto a alma é mais do que o corpo! Quanto o esp iritual supera imensamente o material! Quanto o que é eterno va le mais do que o contingente! E quanto, portanto, é apropriada a evocação de Deus pairando sobre o caos primitivo - dominando o universo como o Royal Solei! subjuga os mares - ponpo tudo em ordem, e diante do qual nada resiste. Todas as desordens se aniquil am, se di ssolvem, e se estabelc ·e a ordem pe lo império da vo ntade divina. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 19 de agosto de 1973. Sem revis o do autor.
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Mm'ço de 2006
Maomé renasce Ü perigo maometano, que hoje salta aos olhos, foi previsto por Plinio Corrêa de Oliveira com muita antecedência. Entretanto seus contemporâneos não lhe deram ouvidos.
A
propósito de charges de Maomé, publicadas em periódicos europeus, estamos assistindo a violentas manifestações contra o mundo ocidental e cristão, bem como uma implacável perseguição aos católicos que vivem em países maometanos. Recentemente um sacerdote italiano, Pe. Andrea Santoro, foi baleado pelas costas e morreu quando rezava na igreja de Santa Maria Kilisesi, na cidade de Trabzon (Turquia); católicos são torturados ou assassinados, simplesmente pelo fato de não serem muçulmanos; sacrários são profanados ; igrejas católicas incendiadas; imagens sagradas destruídas, etc. Plínio Corrêa de Oliveira fez inúmeras advertências a seus contemporâneos sobre o perigo da ameaça islâmica. Se estas tivessem sido acatadas, tudo poderia ser muito diferente nos dias de hoje . Por exemplo , imigrações indiscriminadas de muçulmanos para a Europa teriam ocorrido? A respeito do perigo islâmico, já na década de 1940, o Prof. Plínio publicou diversos artigos no "Legionário", então órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo. A seguir, excertos de um deles de 15-6-1947 com o título Maomé renasce.
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rai s, de suas possibilidades políticas e militares e cio progres o fin anceiro que estão alcançando. Dia a dia elas se enriquecem Nas suas arcas, o ouro adquirido pelo alto valor do petróleol . e vai acumulando. Ouro significa pos ibilidade de comprar armamentos. arm amentos si nifi ·am Ir slf io mundial I ... J. Tudo isto transform ou o mundo islfi rni ·o, L' dl't •rn1i11011 ·m todos os povos 11111rn 11 ·t11 11 os, d:i I' 11di 11 l lll M111 1(1( 'Ili,, Ili 11 l'l,I I l'l l ll'l' Í li 1•1110 1"' 1. O 111•1 11 11li d11 1:-. l111111:-. 1110 1 ·viw ·111 lodos 1• h• JHI 11,, l 1111•1ulo 11·1111s 'l' r 11 ·I 'S o gos to pl"i11 Vlll li l,i 1 1 11 1ab ·, uma co n fe dera ção V,hll :-. 111111 d • povos muçulmanos, une hoj e 111do o 111u11do maometano. É, às avessas , o q111 · 1111 11,1 ld11d1· Ml'dia a 'ri stanclade. A Li ga Árabe age como 11111 ,. 1 111 lilorn, p ·rante as nações não árabes, e fom nta por 111d11 11 111111t· da África a insurreição [ .. ."!. S1·111 pr 'l: iso ter muito talento, muita p rspi ·(i ·ia, informa~·1Ws ·xc ' pcionalmente boas, para perceber o qu • si >ni fi ca csle Jll'IÍgo?" e
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" Quando estudamos a tri ste hi stória ela queda do Impéri o Romano cio Ocidente, custa-nos comi reender a curteza de vi stas, a di splicência e a tra nqüilidade cios romanos di ante do peri go que se avolumava [ ... ]. D es ta ilu são, viv emos aind a hoj e. como os romanos, não percebemos que fo- · nômenos novo e ex tremamente graves s' passam nas terras cio Corão. Falar na poss ibilidade dar ·ssurr ·içao do mund o ma metano par e •ria ai 'º dl' 1110 irrea li zá vel ana ·rôni ·o qua1110 o r 'IOI 11 0 110, 11 1111', , 110, 11 H' todos de u ·rra • ao mapa polílirn d11 ld 11d1· M1·d1 11 1 1 1•,111 poh IH 11 , p11 Todas ·slas n :Hi<ll'S 111111111111•111 1111, I d ' mos cli ;,, ·r Sl' s1· 111 1· 111 rn p11IIH 1~11, d1· ,1• 11 p11 ,s111h1, d1 · 1111· lradi,·m•s, ck s11 11 l'11ll11 1:1 , 1· d1'. 1·111 111 1rn1 1· 1v 1 111 11111111l11H 11 /\o 111 ·s 1110 l( 111po, 1110Hl1 11 I11 111· 111 11 111 d1• • 1111 11q1 11•111 11,1111 1
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Agentes policia is turcos trasladam o cadáver do Pe . italiano Andrea Santoro
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Excmnos
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CAR'l'A DO DtRE'l'OR
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PAGINA MARIANA
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LmnJRA EsPIRl'l'LJI\I,
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Co1umSPONDÍ~NCIA
no
Nº 6G~~
Nossa Senhora de Laus A gra ça santi/Jcante - IV
1O A
PALAVl{A
12 A
Rt-:Al,IDADI~ CONCISAMEN'J'E
SAcmIDO'l'I•:
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IN'l'l•:RN \(;10N 1\1.
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ENTREVISTA
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SOS l◄'AMÍl,IA
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ESPl,ENDORES Oi\ CIVll,IZ/\ÇÃO
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CAPA
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VtoAS OE SANTOS
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D1SCERNINDO
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SANTOS 1~ l◄'EsTAS oo M1'ts
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AÇÃO CON'l'RA-REVOl,UCIONÁRIA
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Socialismo derrotado no Canadá e Porwgal
Incoerências de defensores do aborto
:ambridge brJ~J1ffiiõ1ItY.Wm!Ll
Refeições em família
Conservador vence no Canodó
A pitoresca carrocinlJa
Conseqüências f'llnestas cio laicismo ele Estacto São Nicolau ele Fliie
Afinal uma conctenação cio comumsmo
AMBIIWl'ES, COS'l'UMES, CIVll,IZ/\ÇÕES
O imponente Castelo ele Sant'Angelo em Roma
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Nossa capa: Fotomontag em do ateliê do Catolicismo: no porte superior, visão interno do cúpula da Basílica de São Ped ro; a ba ixo, " o hemiciclo" do Senado francês .
Na Europa: comunismo condenado
/\ IOll ( I MCI
MARÇO2006 -
Nossa Senhora de Laus
...
Apelo à freqüência aos sacramentos
Caro le itor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na DRT/ DF sob o n° 3116 Administração:
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Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. E-mail: epbp @uol. com.br Home Page: http://www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Março de 2006:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
E ntre Ig rej a e Estado : uni ão ou separação? Le vantar ta l problema é o mes mo que perg untar sobre a pertinê nc ia da uni ão entre a lma e corpo. É evide nte que o corpo sem a lma não subs iste, mo rre e e ntra e m decompos ição. Conc isame nte, nos responde Leão XIII: "A Igreja sem o Estado é uma alma sem corpo. O Estado sem a Igreja é um corpo sem alma". E m razão do re lativi smo dos tempos modernos, até mes mo princípi os ev identes vê m sendo corro ídos, di scutidos, negados e olvidados. A do utrina cató li ca a res pe ito da uni ão e ntre Igrej a e Estado é posta e m dúvida pe los propug nadores do laicismo. Assim, o te ma é de sum a importâ nc ia para a vida de todos os católicos, po is, e m nossa época, há os que pregam a obrigato riedade do Estado laico ; o divórc io entre I g rej a e Estado; a abolição do ensino reli gioso e das orações nas escolas; a e limin ação dos "d ias sa nto " nos cale ndári os; a retirada de s ímbolos católicos (cruc ifixos, por exemplo) dos lugare públicos, como hospitais, parlame ntos, colégios, prefeituras e tc. Catolicismo, em sua mi ssão de reafirmar verdades que estão sendo esquecidas, demonstra, na matéria de capa desta ed ição, como a ordem es piritua l nada tem de contraditória e m relação à o rdem temporal, mas que elas devem compl eme ntar-se harmo nio a me nte, como sucede com a a lma e o corpo. É nesta vida temporal que o homem caminha para atingir seu fim último, que é a g ló ri a de Deus, a sa lvação de sua a lma e a ete rna bem-aventurança. Logo o Estado, a lé m de promove r a prospe ridade pública, de ve cri ar condições que favoreça m o prog resso espiritual dos povos - é o fim sacra! do Estado, que se realiza no regime de união entre Igreja e Estado. Isso não s ig nifica afirmar que nós - que estamos defendendo e m tese a união e ntre a Igreja e o Estado - a desej a mos na prática para os di as atua is. O regime de união e ntre os poderes espi ritua l e temporal é o idea l; mas dadas as circunstanc ias conc retas de nossos dias (po r exemplo, dev ido à infiltração esq uerdista e progressista nos me ios católicos e à penetração de e rros do liberali smo nos Estados do mundo moderno), tal regime poderia gerar, e m muitos casos, proble mas a inda mais graves à sociedade humana. Rog ue mos à Divina Prov idê nc ia para que susc ite as condições necessárias a que uma efetiva e fe li z uni ão e ntre Igreja e Estado possa dar-se de modo frutuoso. O que ocorrerá certame nte com o triunfo do Imaculado Coração de Maria, profeti zado e m Fátima. E também prev isto por São Luís Grignio n de Montfort c m sua cé le bre obra Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Vir~e111 , quando di scorre sobre o advento do Re ino de Maria. Desejo a todos uma boa le itura, mediante a q ua l o 1·itor m ·lhor compre ndc rá a be leza de uma socied ade temporal sacra 1, ou s ·ju, or •aniz.ada segundo os princípios imutá ve is da Santa Igreja at6 1i ·a /\posl ili ·a Romana .
E m Jes us e Maria,
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,7 D IRETOR
paulobrito@cato lic ismo,rn111 hr
N ada mais importante do que acertar nossas contas com Deus durante a vida. A história ocorrida em Saint Etienne de Laus patenteia como a Virgem Santíssima nos incita à freqüência aos sacramentos. [J V ALDIS G RINSTEINS
M
ui tas vezes ouvi , de pessoas com má fo rmação relig iosa, q ue não precisam da Ig rej a e se arra nj a m diretamente com Deus, sem necessidade de intermed iário . E m muitas delas, essa posição resulta do orgulho: por um lado julga m-se muito valiosas, podendo dispe nsar intermediários para tratar com Deus; por outro entra a ig no rânc ia da majestade de Deus que, estabelecendo a Igreja, de terminou que todos o ho me n precisassem dela para rece ber os sacramentos. Os sacramentos são de tal importânc ia, que a própria Vi rgem Santíssima tem
Nosso Senhora aparece o Bento Rencurel
aparecido e m locais remotos, estimul ando as pessoas a que os freqüentem. E a lg umas apari ções se deram em locais mi nú sculos como Lau , na F ra nça.
Aldeia ele oito casas Saint Etie nne de Laus está locali zada no sul da França. Ainda hoje tem poucas edificações, mas e m 1664 era prati camente deserta. Para isso hav ia m contribuído as g uerras de re lig ião, que devastara m a região e destruíram casas, moinhos, estradas, ig rejas, etc. Basta pensar que, das l 90 igrejas da região, 120 ficaram inutili zadas. Como acontece habitualmente, com a gue rra veio a pobreza. E a fa mília de Benta Rencurel, a menina a quem Nossa Senhora apareceu, era rea lmente pobre. Aos 17 a nos e la cu idava dos ani ma is da famí li a, não sab ia le r ne m escrever. Era mu ito s impl es, residindo próximo à a lde ia. E m ma io de 1664 e la c uidava do seu rebanho, quando viu no prado uma Se-
nhora co m seu filho . Fez- lhe uma pe rg unta, mas não obteve resposta. Disse a inda a lg umas coisas, mas não conseguiu fazê- la fa lar. Não se importou muito, po is sentia-se à vontade na sua companhia. No dia seguinte, lá estava a mes ma Senhora. Novo intento de ini c iar conve rsação, e nada. lsso prosseguiu ass im po r mai s do is meses, mas Benta não desani mo u. Afina l a Virge m co meçou a lhe fa lar. D urante mais doi s meses, di a ri amente E la e ns inava Benta a rezar, a ser pac ie nte, a desapegar-se das coisas, etc. No dia 29 de agosto, Nossa Sen ho ra d isse que ia se re tirar. Benta fi cou desolad a, sem saber o que fazer, mas após um mês viu um a lu z brilhar na co lina diante da qual se e ncontrava . Indo lá, e ncontrou Nossa Senhora e qu eixou-se a E la por ter-se ausentado tanto tempo . Atitud e impe rtin e nte, até certo po nto compreensível numa s imples pastorinha, mas N ossa Senhora lhe respondeu co m suavidade: "Quando quiser me ver, da-
qui para.frente, poderá.fazê-lo na capela que está em Laus, onde cheira bem". Visto panorâmico de Saint Etienne de Lous
A frase pode parecer exóti ca, poi s não seri a nada norm a l reconhecer uma capela pe lo fato de que "che ira bem". Acontece que, apesar de Lau s ficar perto do prado o nde Benta cuidava dos seus a ni ma is, e la nunca tinha ido lá, po r ser o caminho de acesso difíc il. Além d isso a capela loca l não e ra grande, parecendo uma casa como as o utras.
Capela que cheira bem A pequeno capelo semi-abandonado, dedicado o Nosso Senhora do Bom Reencontro, onde Elo apareceu o Bento sobre o altar poeirento
No di a seguinte Benta fo i a Laus. No sentido mais lite ra l da pa lavra, como boa ca mpo nesa, cheirava de casa e m casa pa ra descobrir a ta l capel a. As casas não
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, ficavam uma ao lado da outra, e ao aproximar-se de uma última construção, notou que ali de fato cheirava bem. Entrando, viu sobre o altar a Senhora, e esta lhe disse que tinha feito bem, ao ser paciente e procurar a capela. O altar estava coberto de poeira, e Benta ofereceu seu avental para que a Virgem ficasse sobre ele. Mas Ela agradeceu e não aceitou , acrescentando: "Em pouco tempo nada faltará, e você verá toalhas de altar, velas e outros ornamentos. Quero que vocêfaça construir aqui uma igreja em honra de meu Filho. Muitos peca- Avental de Benta para os pés da Virgem dores e pecadoras aqui se converterão". Como os leitores bem podem imaginar, num local tão pequeno as notícias do acontecido correram rapidame nte. Ma muitas pessoas não acreditaram e as autoridades ordenaram uma in vestigação para constatar se algo havia de verdadeiro no que Benta estava contando. Em setembro de 1665 começou a investigação. Os membros da comi ssão, Basílica de Nossa Senhora de Laus sacerdotes experimentados, inicialmente duvidaram de Benta. Faziam-lhe todo tipo de perguntas escorregadi as, mas ela se saiu bem. No quinto dia aconteceu um milagre: Catarina Via!, menina da localidade, inválida das duas pernas, levantou-se e foi caminhando até a capela, para a mi ssa. Diante de milagre tão evidente, o resultado da investigação fo i favorável. O passo seguinte era ampli ar a capela, ou melhor, constru ir a nova igreja, conforme o pedido da Virgem. Na capela só cabi am trinta pessoas, o que se agravava por já começarem a chegar peregrinações de outros vilarejos . Após o início das peregrinações, há relatos de numerosas curas esp irituai s e morais. Como a região era pobre, para constrnir a nova igreja não hav ia recursos. De fo rma que se estabeleceu o costume de cada um que fosse em peregrinação levar uma Altar de N ossa Senhora pedra. Assim, com pouco dinheiro e boa vontade, acabaram fazendo tudo. O bom senso das pessoas do campo levou-as a não demolir a pequena capela para fazer a igreja, mas fizeram esta englobando aq uela. Assim como Benta reconheceu pelo perfume onde estava a capela, houve depois numerosas oportunidades em que grupos de pessoas sentiam um perfume Túmu lo da Venerável Benta na Basílica desconhecido. Por exemplo, em 1690, de
-CATOLICISMO
A Graça Santificante (Parte IV)
24 de março até o fim de mai o, as pessoas o enti am, sendo que as flores tinham sido banidas da igreja, justamente para ev itar confusões.
Avós as distinções entre ordem natural e ordem sobrenatural
Pmvação e recompe11sa Mas não pensemos que tudo correu sempre bem para Benta Rencurel. Em julho de 1692 estouro u uma gue rra, e o exército do duque de Savóia devastou a região. Benta, como a maioria da população, fugiu durante algum tempo. Ao voltar, tudo estava danificado. Pior ainda, dois dos bons padres que cuidavam da nova igreja hav iam morrido. O bispo loca l nomeou dois novos padres, mas estes eram contra as peregrinações. Chegaram até a proibir, durante 15 anos, que Benta fa lasse aos peregrinos, os quais só pod iam ass istir à Mi ssa dominical. Como se fosse pouco, alastrou-se uma epidemia de falsas aparições na região, cada uma mai s ridícu la que a outra, à maneira das fa lsas aparições que hoje em dia procuram des virtuar Fátima. O despres tígio ca iu também sobre Benta. Afinal ela superou todas essas provas, e a calm a e a ordem vo ltaram a reinar. Benta viveu 7 1 anos, falece ndo no dia 28 de dezembro de 17 18 em odor de santid ade. As aparições foram aprovadas pela Igreja, e no dia 23 de maio de 1855 teve lugar a solene coroação da imagem, realizada pelo cardea l de Bordeaux, com seis bispos , 600 padres e 40.000 fiéis presentes. Chama a atenção a preocupação de Nossa Senhora com a falta ele assistência religiosa numa tão pequena popu lação . Não é que as pessoas do local fossem atéias ou pouco religiosas, pois o fato ele terem respondido com entusiasmo ao pedi do da Virgem Santíssima para construir uma igreja mostra o contrário. Mas não basta ter boa vontad e praticar a reli gião sozinho, os sacramento são ind ispensáveis. Nessa aparição, Nossa Senhora mostra que eles devem ser recebidos por todos, mesmo que residam em locais minúsculos, de pequena população. Devemos rezar à Virgem, pedindo que nos dê sempre a graça ele receber com freqüência os sacramentos, e p dir também que todos os possam r ceber. • E-mail do autor:
- de que tomamos conhecimento na parte III -, Mons. Zaffonato responde à pergunta: Qual é a essência do sobrenatural? essênc ia do sobrenatural é o dom de Deus, porque Deus dá ao homem não uma coisa, mas a Si mesmo, pela participação imediata e direta e pela união da natureza. Participação que será um dia realizada plenamente na glória, mas que hoje tem o seu germe necessário na graça. Com isso entramos na família de Deus e temos o direito ao seu próprio gáudio. Sublimidade do sobrenatural! T inh a razão Jesus ao chamá-lo "tesouro escondido", "pérola de preço inestimável". Tinha razão em di zer à Samaritana: "Ó, se tu conhecesses o dom de Deus!" Com a elevação ao estado sobrenatural, o homem poderá alcançar algum dia a visão intuitiva de Deus, isto é, verá Deus em Si mes mo, face a face, e poderá gozar o que Ele mesmo goza. Este é o seu fim sobrenatural. No Paraíso será } realizada de u1n modo con1pJe- ~ to a divinização do homem, "E ~ embora ele permaneça sempre , ~ criatura e seja glorificado se- j gundo os seus méritos. ~ Para conseguir o seu fim, ~ terá os meios proporcionais: a reve!açc7o sobrenatural o põe em contacto com as verdades, que o de outro modo permaneceriam escond idas no segredo de Deus; a graça, tornando-o partícipe da natureza divina, "sobrenaturaliza" a sua ativ idade e o faz deste modo capaz de atos meritórios para a vida eterna. A lei divina positiva confirma e aperfeiçoa a lei natural. Inúmeras graças atuais aj udam as suas potências no movimento sobrenatural. [... ]
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A graça eleva a
natureza humana A Encarnação do Filho de Deus é a forma upereminente e excepcional do sobrenatural. Nela a natureza divina unese à natureza human a na Pessoa do Verbo, e o Verbo não modifica nem funde a natureza humana assumida: esta continua
a subsistir n'Ele. Do que resul ta este extraordinário prodígio: Cristo é Deus e homem; todas as suas ações, mesmo as míni mas, têm dignidade e valor infinitos pelo fato de pertencerem à Pessoa Divina. A união é verdadeiramente substancial, e temos aq ui um sobrenatural de caráter único. Na graça sa ntificante, comum a todos os justos deste mundo, e na visão beatífica da qual será o fr uto eterno, Deus, com a sua natureza, se une ao pobre home m. Com isso E le toma posse ele nossa natureza, modificando-lhe divinamente as capacidades ele ação. Estas tornam-se deiformes, super-elev adas, capazes de alcançar Deus em Si mesmo para vê-Lo face a face e para gozá-Lo eternamente. Esta modificaç ão divin izante, porém, não transforma substancialmente o nosso ser humano. Temos aí a forma ord inária ou comum do sobrenatural. Isso sign ifi ca que Deus se dá ao homem com uma com unicação direta por meio d a união. É o Pai que, por sua pura bondade, deseja difundir a sua vida divina; é o F ilho, que vem produzi-la com a sua Paixão e Morte; é o Espírito Santo, que vem irradiá-la em nossas almas para ungi- las e consagrá-las como templos vivos da Divindade.* •
Nota:
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* Mons. Giu seppe Zaffonalo, O Dom de
Deus Rejlexüe.1· sobre a Graça Sa111ifica11te , Ed ições Pau linas, São Paulo, 1959.
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a um primitivi smo como nunca a História reg i trou. (P.M.T.R. -
RJ)
As pl'imeiras vítimas
Ao Prfocipe Dom Luiz B] Mag nífica a exp lanação feita por
Vos a Alteza , na últim a ed ição do ·
Catolicismo, dos motivos que levaram a hum anidade ao caos e m que vive mos. Co nso lado ra, porém, é a espera nça de que virá o triunfo •do Imaculado Coração de Mari a. Artigo muito eluc idativo e brilhante. Parabéns a Vossa Alteza. Co m todo apreço. (1.R.S. -
SP)
Civilização X primitivismo B] A co locação exposta pelo Príncipe Dom Luiz na revista Catolicismo moveu meu coração por um mundo refeito das fea ldades e bai xezas incrustadas e m nossa soc iedade. Precisa mos nos organi zar para aj udar nossos contemporâneos a faze r as coisas como Deu estipulou. Dessa mane ira a humanidade ating irá um a grandiosid ade co mo nunca. C hegaremos a uma civilização brilhante. Contudo, se se continuar como estamos, violando tudo aq uil o que foi estipul ado pelo Criador (por exemplo, é uma violação à sabedoria o ato abo rtífero - a elimin ação de uma vida c ri ada por Deus é um ultraje a E le), chegaremos
-CATOLICISMO
Rega lou -me muito o artigo do Chefe da Casa Impe rial do Brasil. Penso ter tido a honra de c umprime ntá-lo em Curitiba; se não foi Dom Luiz, foi o irmão dele que conheci numa co nferê nc ia , lá pe los anos 90. Os devastadores efeitos da revolução contra a sabedoria tê m crescido muito, e os jovens e as crianças são as primeiras vítimas, as mais prejudicadas. Nos colégios , muitas vezes, quando falam de sabedori a, dão uma noção falsa e a cri ança cresce com um a idé ia equivocada do que é a sabedoria. Nela é incul cada a noção do sáb io segundo o mundo (falsa sabedori a), ma não segundo Deus (a sa bedoria eterna). P rec isamos realmente co mbater essa tão daninha transgressão, difundida por ta l revolução. (W.C.I. -
PR)
Sabedoria e loucura B] Meus parabéns ao príncipe autor do estudo publicado por essa revista. Há sabedo ri a e sabedoria. Uma mera mente hum ana, e o utra que nos é co muni cada pela graça ele Deus. Esta pode propo rc io nar um a vida perfeita segundo o Evangelho . E nquanto a sabedoria munda na co nsidera os bens deste mundo o fim supre mo, isso é loucura e não sabedori a. A sabedoria virtuo a sabe subordinar os bens desta vida à posse da felicidade etern a no Céu. (A.P.O. -
MG)
no artigo "Revolução Cultural: oposição radical à sabedoria" . Por isso agradeço a oportunidade que colocaram à minha disposição com esse artigo. Na área de Revolução cultural apenas conheço um pouco daquela operada na China na fase de Mao Tse-Tung, que qui s à força reescrever a história daquela gigantesca nação, impondo uma igualdade injusta entre as classes soc iais, liquidando as ebtes e aqueles que lhe faziam opos ição. Co m o menc ionado artigo publi cado no Cato licismo, e nte ndi d e modo ma is abrangente a questão da "Revo lução cultural" . Para mim fie u claro o intento das fo rças secretas para apaga r, por ass im dizer, o primoroso qu adro " pintado " por Deus com a criação da humanidade. As fo rças secretas sustentam a Revolução c ultural para obstaculizar que a humanidade brilhe com as cores utili zadas po r De us e, pelo contrário, fazem tudo para deixar a humanid ad e se m cores, um mundo igualitário de uma única cor, po rque as cores re fl ete m a Deu s. A no ta anárquica que querem dar à nossa juventude é res ultado di sso. Gostaria de um outro arti go descrevendo a estratég ia e as armas utilizadas pela cha mad a Revolução c ul tural para atingir seu obj etivo. D esse modo poderemos organi zar a Contra-Revolução cultural para imped ir que o mal vença na Hi stória. (A.E.J. -
implantação de uma anti-cultu ra e cont.rarianclo a sabedori a de Deus, nunca tinha lido algo tão elucidativo como
(C.F.D. -
RJ)
Afinidades B] Gostei muito de seu arti go titul a-
do "Afinidad es" frefere-se ao artigo pub li cado e m Catolicismo, jane iro/ 2006, ele auto ri a de C id Alencas troJ. Aprendi alg um as re ferê nc ias importantes. Sua visão da desigualdade como uma rea li dade de responsab ilid ade individ ua l ficou bem c lara. fsso tudo só faz sentido no co ntexto catól ico, onde temos a con vi cção ele que o único e verdadeiro mestre é Nos o Senhor Jesus Cristo. Viva a liberdade! (R.B. -
Washington-DC)
Mom1111e11tal B] Ami go V ill ac. Quem está man-
Lilrro repleto de falsidades
dando este e-mail é o Ary, seu contemporâneo no Colégio São Luiz. Li sua página no Catolicismo de j aneiro e ac he i-a si mples mente MONUMENTAL! Um abraço do am igo .
B] Realmente li o livro "O Cód igo
(A.Q.B. -
Contra-Revolução cullllral B] A Re vo lu ção c ultura l, co mo a
MG)
proporcionou a observadora política Profa. Maria Lúcia. Percebe-se que ela acompanha atentamente as movimentações no xadrez governamental do presidente Lula. Um governo que tenta até hoje, apesar de todas as evidências, esconder as sujeiras debaixo do tapete. Ou, na melhor das hi pótese s, reco nhecer al g uma s "sujeirinhas", mas alegando que foram feitas com boas intenções ... , para o be m do partido ... , etc. Mas o povo brasil eiro não é tonto. De 2005, podese di zer que foi o ano em que nossa população, depoi s de calar a tantos des mandos, de engolir calada tantos sa pos barbudos, resolveu dar um basta a tais desm andos. Neste ano o governo receberá a resposta clara do povo bras ileiro: Lula lá? NUNCA MAIS LÁ!
SP)
Nunca mais Já! B] Admirável o apurado ba lanço do
governo peti sta no ano findo, que nos
Da Vinci" de um só fô lego, encontrei contradições e coisas esqui sitas, diferentes das que os meus pais me passara m, do que aprendi , do que ensinei para os meu filhos. Como uma boa cristã, não duvidei um minuto seq uer de Deus e de sua Divina Providência, mas fiquei louca de vontade de conversar com um padre ou alguém como você [refere-se a L uiz
S é rgio Solimeo, autor do artigo intitulado " Mensa ge m ocultista anticatólica em O Código Da Vinci", publicado em Catolicismo, agosto/ 2005]. Eu precisava ler ou ouviJ algo assim. O livro torna humano demais e simplista demai s Nosso Senhor Jesus Cristo. Confesso a você que fiquei balançada com isto, e me fazendo mil perguntas a respeito. O seu texto me fez muito bem , obrigada, muito obrigada. (D.M.B. -
RJ)
"Tsunamis" também morais B] Sirvo-me deste si mples e- mail
para parabenizá- lo pela exce lente reportagem publicada na revi sta Catolicismo em janeiro deste ano [referese ao artigo intitulado Ano de tsunamis materiais e ,norais, de autoria ele Luis Dufaur] . V. S: mostrou com cl areza e sabedoria acontecimentos, tantos negativos como positivos, ocorridos em 2005, dos quais muitos não foram noticiados pe la mídia, princ ipal me nte os " ts un am is morais" . Não sab ia, por exemplo, que du as imagens de Nossa Senhora verteram lágrimas em Saigon e Califórn ia. Real mente foi uma matéria que me prendeu do começo ao fim e me fez enxergar que também preciso me converter e santificar a cada di a, para que eu sej a um bom católico. Que Deus lhe pague pelo bem que fez, não só a mim, mas a todos os que leram a refe rid a reportagem. (A.C. -SP)
Criacionismo
Deus. Ele nos fez, projetando-nos perfeitamente. (A.O.D.S. -
DF)
Beato von Galen B] Como pertencente a uma família
apaixonadamente contrária ao nazi smo, li, e meu pai também , a publicação de Re nato Murta de Vasconcelos com o título "O Leão ele Münster elevado à honra dos altares", falando da luta do Conde e Cardeal Clemen s von Galen contra os nazi s, seus desafios, etc. E também fala que ele foi bea tifi cado e m Roma pe lo Papa Bento XVI. Ficamos curiosos para saber o que agora seria necessário para que o Conde Cardeal de Mün ster seja Santo Clemens, ou São Clemens , ou seja, qu e e le passe a ser chamado ele santo. Canonizado? Não sei bem se é isso, e gostaríamos de uma ex pli cação. (W.F.H.G. -
RS)
Nota da redação: Após uma pessoa ser beatificada, antes ele ser declarada santa, é instaurado um ri goroso processo e m que se es tudam meticulosa me nte todas as fases de s ua vida. Isso para certifi car-se com todo cuidado, e sem qualquer sombra de dúvida - o que pode de morar anos, ou mesmo décadas - , ele que e la tenha praticado em gra u heróico as virtudes teologais (fé, esperança e caridade) e as virtudes cardeais (prudênc ia, justiça, fortaleza e temperança) . Há também necess idade da comp rovação inequívoca de doi s milagres operados por intercessão do novo santo.
B] M ui to especia l este ite www.catolic ismo.com.br. O ass unto sobre o criacioni smo me fo rtifico u ainda mais . Eu semp re dou para as pessoas um exemp lo: se deixarmos uma fo lha em branco com um láp is em cima ela mesa, sozinhos, será que surgirá a lgum desenho? C laro que não. Devemos atuar sobre o lápis para que algo apareça. Ass im o Senhor
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■ Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - Sou um perseverante leitor dos Tesouros da Fé, e em especial da página A palavra do Sacerdote. Admiro como é esplêndida a doutrina de nossa Santa Igreja Católica, que sempre tem resposta para tudo . Padre, desejaria que me respondesse, com a sabedoria de nossa Igreja Cató Ii ca, se existe alguma restrição de idade quanto a tornar-se noivo (ou noiva) de uma pessoa de maior (ou menor) idade, inclusive com a intenção de chegar ao matrimônio. Tenho vivido es a angústia pessoal, porque se me apresentaram ocasiões de relacionamento com pessoas mais novas do que eu, inclusive me fizeram a pergunta que formu lo, e não soube responder. Resposta - O Código de Direito Canônico estabelece qu e "não p odem contrair matrimônio válido o varão antes dos dezesseis anos completos, nem a mulher antes dos 14 anos, também completos" (cânon 1083 ). Mas a Igreja leva em consideração também os costumes locais, e por isso estabelece, no cânon 1072, que "os pastores de almas procurem dissuadir da celebração do matrimônio os jovens que ainda não alcançaram a idade em que, segundo os costumes da região, ele costuma ser contraído ". Como vê o mis sivi sta, nada consta no Código sobre a diferença de idade entre os nubentes. Mas o consulente deve levar em conta também os costumes estabelecidos no ambiente que o cerca, e assim já terá percebido como uma grande diferen ça de idad e CATOLICISMO
Creio ter dito o suficiente para orientar o missivi sta em sua conduta, e livrá-lo da angústi a que afirma estar vivendo .
Pergunta - Segundo a doutrina católica, o ato conjugal só é legítimo na vigência do matrimônio e tendo por objetivo a geração da prole. Tenho dois filhos (um casal), mas depois minha esposa teve o útero extirpado, por motivo de sa úde, tornando-se estéril. A questão é: após a cirurgia, os atos conjugais se tornaram ilícitos, co nstituindo pecado mortal, e portanto devemos no s abster de les? Como deve agir um casal nesta situação, à lu z da doutrin a cató lica, e ainda buscar a santidade familiar?
costuma chocar não só os membros da fanúlia como a sociedade e m geral. Assim, deve ponderar be m as circunstâncias que tornem conveniente, para o seu caso pessoal, o casamento com uma moça muito mais jovem. Deveríamos então entrar em considerações que abrangem uma gama infinita de problemas, o que evidentemente não é po ss ív e l fazer aq ui . Restringimo-nos, pois, às linhas gerais. Além da afinidade pessoal, que sempre é da máxima impoitância verificar, releva notar o conjunto de qualidades humanas e virtudes morais da candidata, sobretudo do ponto de vista cristão, que a tornem uma presumível esposa e mãe exemp lar,
enriquecida também de prendas domé ticas, com a decisão de ser "dona-de-casa". Com os co tumes cada vez mais apartados, hoje em dia, da moral católica, esta quaJidades, que vão escasseando, podem até ser uma boa justificativa para um casamento muito díspar no que se refere à idade.
Resposta - Pelo Código de Direito Canônico (cânon 1084, § 3), "a esterilidade não proíbe nem dirime o matrimônio", máxime se ela resulta de uma cirnrgia que se tornou necessária posteriormente, por motivos de saúde. Assim, a esterilidade prév ia ou superveniente não elimina os direitos constitutivos do matrimônio, entre os quais se enumera a prática dos atos conjugais.
Sem dúvida, estes têm como finalidade primária a constituição da prole, mas só se tornam ilícitos quando o casal interpõe meios que cerceiam o curso normal da natureza, como os preservativos ou outros métodos artificiais genericamente rotulados de anticoncepcionais, hoje infelizmente tão disseminados, e sobre cujos efeitos colaterais nocivos à saúde os médicos e a imprensa costumam calar. A Igreja admite, sob certas condições, os métodos naturais de controle da natalidade, baseados no conhecimento dos períodos de in fertilidade da mulher, os quais não violam as leis da natureza. Mas isto não significa que eles possam ser usados irrestritamente, porque sobre eles prevalece o princípio que muito a propósito o missivista colocou no início de sua pergunta. Isto é, o matrimônio tem por objetivo primordial a geração e a educação da prole. Como motivo secundário, inclui também a santifi cação mútua dos cônjuges. E isto a tal ponto que se um casal, ou pelo menos um dos cônjuges, tivesse desde o início a determinação bem deliberada de não ter filhos, isso constit11iria motivo de nulidade do próprio matrimôn io. Portanto, os métodos naturais podem ser usados por um casal católico, desde que não se ornitam de constit1lir uma prole proporcional às suas possibilidades de manute nção e educação dos filhos . E aq ui entra o que, também muito a propósito e digno de encômio, o missivista coloca no fi nal de sua consulta: como deve agir um casa l cató li co para não perder de vista a busca da santidade pessoal e fa mili ar?
Numa soc iedade desenfreadamente hedonísti ca, encharcada de sensualidade e de escândalo , como essa na qual vivemos, é muito importante um casal católico ter bem presente que sem uma ascese constante (isto é, intensa vida de oração e prática das virtudes para co ibir os movimentos de orgulho e sensua-
lida.de a que estamos sujeitos devido ao pecado origi nal), a vida matrimonial acaba se tornando in suportável e condenada ao fracasso ; o que, aliás, está manifesto à vista de todos . O número de separações vai sobrepujando o de casais que permanecem unidos. Dilacerações ime nsamente dolorosas marcam com
o traço de uma infelicidade profunda os cônjuges, e sobretudo os filho s, vítimas maiores dessas separações. Assim, seríamos tachados de incompl etos (e quiçá de retrógrados , ou ao menos desatualizados) se não mencionássemos a ex istência dos tais métodos naturais de controle da natalidade. Mas sobretudo nossa consciência nos acusaria de omissos se não alertássemos que o uso desses métodos, cm i legítimos, não comporta o abandono dos conselhos gerais de mortificação da carne, que a Santa Igreja pregou durante os dois milênios de sua ex istência. Estas considerações são postas aqui porque guardam uma certa analogia de situação concreta com o caso de es terilid ade proposto pe lo consule nte, e assim serve m para uma melhor elucidação do tema. Se se trata ele indi car uma via segura de santificação para os casais católi cos, torna-se indispen, ável a rememoração destes conse1hos da espiritualidade católi ca tradicional. Repetindo, pois, o que já dissemos, a esterilidade prévia ou superveniente, que não foi provocada por razões imorai s, não elimina os direitos constitutivo do matrimônio, entre os quai s se enumera a prática do s atos conjugais. Tanto assim, que a Igreja celebra e abençoa a união matrimonial mesmo de pessoas de idade avançada, como também permite o uso do matrimônio mesmo durante a gestação ou lactação, sempre no entanto aconselhando a moderação, para não favo recer a sensualidade desordenada. • E-mail do a utor:
conego joseluiz@catolicismo.com.br MARÇO2006 -
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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Fruto da crise familiar: prostituição infantil
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uando tinha 13 anos, Justin Berry, res idente em Bakersfield , na Ca lifórnia, começou brincando com uma webcam conectada à Internet. Acabou sendo seduzido por adultos e se transformou num astro da prostituição infantil. Os pais não prestaram atenção nessa situação por causa de contínuas bri gas que travavam entre si. Justin entrou numa ampla comunidade vir-
tual de adolescentes conhecidos por ccunwhores (prostitutos de câmeras). Ganhou muito dinheiro, mas alguns anos depoi s tentou o suicídio. Por fim , preferiu denunciar clientes e métodos da Internet à polícia; deseja agora entrar numa facu ldade. Infelizmente, poucas crianças que descambam para essa deplorável via acabam tentando se corrigir como Justin. •
EUA condenam o trabalho escravo na China Reforma Agrária sob enquadramento militar
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endo fracassado a Reforma Agrária sociali ta e confiscatória do Zimbábue, o ditador socialista Robert Mugabe mobilizou o exérc ito. Como os assentados nada produzem, ele declarou-os "opositores de direita " e os submeteu ao regime militar, seguindo a lógica da Reforma Agrária soviética e chinesa. Porém , nem os soldados sabem o que fazer, disse à BBC um oficial cio exército. Os hospitais regurgitam de desnutridos desesperados, sobretudo crianças. Um futuro análogo aguarda o Brasil, se algum dia a Reforma Agrária for implantada plenamente em nosso território. •
Congresso norte-americano aprovou moção por 411 votos a I condenando a China comunista, devido ao trabalho escravo executado em seu campos de concentração. A moção pediu à comunidade internacional , notada mente à UE, que condene o sistema repres ivo chinês, e solicitou ao governo americano ap licar a lei que proíbe importar produtos provenientes de campos de trabalho forçado. Também propôs que uma comi ssão estudasse toda a verdade da rede de escravatura socialista chjnesa. O documento, porém, corre o risco de ser simplesmente arquivado caso a opinião pública mundial não cobre a sua aplicação. E o público não foi informado a respeito do assunto pela grande mídia. No Brasil , por exemplo. •
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Filme sobre monges cartuxos lota cinemas na Alemanha
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Chung Myunghee, da Universidade Nacional de Seul, denuncia a fraude
Clonagem com células-tronco humanas: fraude
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único e pione iro "sucesso" de clonagem humana a partir de células-tronco embrionárias, isto é, extraídas de fetos, reve lou-se imensa fraude. A Universidade de Seul, onde ensinava o bi ólogo sul -coreano Hwang Woo-suk, concluiu que todos os seus resultados foram fo1jaclos, pediu sua destituição e seu incliciamento por desvio de fundos públicos. A famosa revi sta Science, que se de ixara iludir, publicando artigo do falsário Hwang, retrato u-se logo. No Brasil, meses atrás, foi aprovada a reali zação ele experiências com célul as-tronco embrionárias. Servirá a fraude cio biólogo sul-coreano como sinal de alerta para nossa autoridades, que aprov aram a eliminação homicida de e mbriões humanos, sob alegação ele incentivo às pesquisas científicas? •
Kit para o ""suicídio assistido" à venda na Bélgica
Site de bispos norteMulheres preiudicadas pelos falsos
""direitos da mulher"
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egundo o jorna~ m~dico britânico "~h_e Lancet", 10 m1lhoes de fetos fem1111nos foram abortados nos últimos 20 anos na Índia, em conseqüência dos incentivos , oficiais ao controle da natalidade. Para se encaixar nos planos oficiais, os pais sacrificam as meninas, porque ao casar iriam ingressar em outra familia; e só preservam meninos que possam trabalhar. O censo indiano verificou que hoje há apenas 927 mulheres para cada 1.000 homens. Mais uma vez, constata-se que a mulher é a grande vítima da contracepção, apresentada como um dos supostos "direitos da mulher", proclamados de boca cheia pelos promotores do femj nismo. •
CATOLICISMO
americanos elogia filme homossexual
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números católicos americanos reagiram indi gnados quando o site da Co nfe rê nc ia do s B ispos dos EUA teceu rebuscado elogio ao fil me Brokeback Mountain (O segredo de Brokeback Mountain) , que faz chocante propaganda das relações homossex uais. Muitos grupos pró-vida e pró-fa mília criti caram fortemente o péss imo comentário do site episcopal. Devido à reação provocada por tal elogio, o site mudou a class ificação do filme de "audiência limitada" para "moralmente ofensivo". Numa atitude incompreensível, manteve e ntretanto os tortuosos elogios ao filme imoral. •
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s farmacêuticos belgas já podem vender um monstruoso cocktail para a eutanás ia, informou L!feSiteNews. Desde a aprovação do assass inato premeditado de doentes em 2002, já foram extintas 200 vidas . Agora, em virtude de nova regulame ntação, o farisaico "suicídio assistido" tornou-se sini stramente acessível para todos. O kit da morte custa mais ou menos 180 rea is e pode ser usado em casa. Esse cokrail para a eutanás ia constitui mai s um amargo fruto do neopaganismo ele nossos dias. •
Especialista atribui quadro de macaco a pintor moderno
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doutora Katja Schneider, diretora do Museu Estadual de Al'te de Moritzburg (A lemanha), olhou para o quadro e logo apontou o uso elas manchas de cores. Garantiu então tratar-se de obra de Ernst Wilhelm Nay, pintor que ganhou o prêmio Guggenheim. Porém, a "obra " era de autoria ela chimpanzé Banghi, do zoológico de Halle, na Alemanha, informou o di ário "The Australian". Segundo os guardas desse zôo, o aludido símio gosta de pintar, mas seus "quadros " são depois destruídos pelo chimpanzé Satscho. Eis aí a que situações degradantes para o espírito humano conduz a Revolução Cultural. •
documentário O Grande Silêncio lotou cinemas na Alemanha. Com três horas de duração, retrata a vida dos monges cartuxos da Grande Chartreuse, na França . Os cartuxos constituem a mais severa ordem contemplativa católica. O cineasta Philip Groening esperou 17 anos pela autorização, viveu meses no mosteiro sem luz elétrica, viu os monges com seus hábitos sacrais entoarem cantos gregorianos durante as noites e saiu, segundo ele, mudado. O que causa tanta admiração nessa vida tão oposta à do mundo atual? É que no silêncio o Espírito SanCena do filme to fala, e diz coisas de uma doçura que nossa era de comunicação frenética e global desconhece totalmente .
U11ião Européia: fúria cont1·a o catolicismo
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ministro de Justiça de Malta, Carmelo Mifsud Bonnici, anunciou que o país não se curvará à União Européia (UE}, que exige a aprovação do divórcio e do aborto na ilha de Malta. A UE também ameaça processar a Espanha se prosseguir neste país a coleta de impostos para a Igreja Católica. Como se fosse pouco, Franco Frattini, comissário da UE, declarou no Parlamento Europeu que os países que não aprovarem o "casamento" homossexual e outros privilégios para os homossexuais serão punidos. O presidente do grupo interparlamentar para assuntos de homossexuais e lésbicas, o socialista Michael Cashman, propôs a expulsão das nações "homófobas" . Cashman é vice -presidente do grupo Gay & Lesbian Humanists, que prega guerra contra "a homofobia inspirada no catolicismo".
MARÇO 2006
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INTERNACIONAL 1
Murchou o cravo de abril A derrota do Partido Socialista nas últimas eleições em Portugal revela uma apetência da opinião pública portuguesa pelos valores que estão sendo desprezados pela União Européia Ili PEDRO AMARANTE
Lisboa, 23 de janeiro - A vitória de Aníbal Cavaco Silva nas eleições presidenciais rompeu a hegemonia da esquerda - de mais de 30 anos - na chefia do Estado em Portugal, con eqüência da Revolução dos cravos de abril de 1974. Cavaco Silva, apoiado por uma coligação de centro-direita, venceu já no primeiro turno com mais de 50% dos votos, tornando-se o primeiro presidente do país eleito no 1º turno e desalojando a esquerda do Palácio de Belém. Por certo a vitória de Cavaco Silv a é do centro e da direita, e revelou o desencanto da população com as políticas da esq uerda. Mas o resultado eleitoral carrega em seu bojo diversas outras conclusões. A esquerda não parece suficientemente dinâmica para congregar em torno de um projeto arrebatador a opinião CATOLICISMO
pública, nem sequer suas próprias hostes. Os candidatos de esquerda, de diversos matizes, declaravam como meta principal a derrota de Cavaco Silva ou, pelo menos, a realização de um segundo turno eleitoral. Nada disto alcançaram. Mas a eleição evidenciou mais. Há anos os partidos socialistas em todo o mundo - sobretudo após a queda do Muro de Berlim - demonstram considerável desorientação tática. Obrigados a camuflar cada vez mais suas metas radicais, produzem em suas próprias filei ras incompreen ões, divisões e rupturas. Foi o que se verificou com o Partido Socialista em Portugal.
Mesmo "camuflados", os socialistas são rnchaçados O grupo "pragmático" do primeiroministro José Sócrates, que domina atualmente o Partido Socialista, decidiu indicar como candidato oficial o ex-presi-
dente Mário Soares, ícone da agremiação e figura proeminente da política portuguesa. O grupo "dissidente", mais abertamente perfilado com a ideologia de esquerda, apresentou o poeta Manuel Alegre, figura de destaque na Revolução dos Cravos. O Partido Socialista assim se dividiu, e seu candidato oficial Mário Soares acabou por obter apenas o 3º lugar, atrás de Manuel Alegre, com menos de 15 % dos votos. Uma dupla derrota! Houve quem afirmasse que o Partido Socialista, como era até agora conhecido, acabou na eleição de 22 de janeiro. É impossível negar que a votação vitoriosa de Cavaco Silva denota também os fortes temores que, de modo crescente, se fazem sentir na opinião pública face a projetos de lei que as esquerdas de todos os matizes tentam impor, como a despenalização do aborto e a legitimação do aberrante e mal-chamado "casamento" homossexua l.
Expressiva frustração com U11ião Eumpéia A vitória de Cavaco Silva revela igualmente o crescente distanciamento do e leitorado em relação às máquinas partidárias e aos políticos profissionais, um fenômeno de alcance cada vez mai s universal. Cavaco Silva, apesar de já ter sido primeiro-ministro, é sobretudo conhecido enquanto economista e professor catedrático, e boa parte de seu prestígio provém de estar distante do mundo dos políticos profissionais. Era notório que a opinião pública buscava um candidato representando o fortalecimento e a estabilidade das instituições, e que sobretudo pudesse constituir uma esperança diante do panorama político e social sem futuro e_ sem horizontes que se vive no país após mais de 30 anos de governos esquerdistas. A crescente frustração com o projeto político da União Européia, distante dos anseios profundos das populações e de suas reais aspirações, fo i outro fator a justificar a grande votação no candidato do centro-direita. A derrota do projeto de Constituição européia, nos plebiscitos da França e da Holanda, cristalizou e cimentou tais descontentamentos em Portugal, e o eleitorado buscou uma salvaguarda para seus legítimos sentimen-
O exército sublevado, nos ruas de Lisboa, durante o Revolução dos Cravos (197 4)
tos de nacionalidade em Cavaco Silva, paradoxalmente o homem que introduziu o país na Comunidade Européia.
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Em Portugal, no já distante abril de 1974, os aderentes da Revolução dos Cravos saíam às ruas com cravos vermelhos, símbo lo do esquúdismo que se
implantava pela força das armas. Em janeiro de 2006, o entorpecido cravo soc ialista murchou acentuadamente. Esperase que nasçam lá flores e plantas melhores, capazes de reverdejar campos hoj e meio desertos e abandonados. • E- mail para o autor: catolicismo@cato licismo.com.br
MARÇO2006 -
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INTERNACIONAL 2
Canàdá: deITota socialista N a última eleição geral no Canadá - uma das sete maiores economias do mundo - o conservadorismo obteve importante vitória. Mas a grande mídia pouco informou o público brasileiro. u Lu1s DuFAUR
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otam-se singulares unilateralidades na grande mídia. E la abafa acontecimentos transcendentais e exagera outros em sentido oposto. As recentes eleições na Bolívia e no Canadá deram uma amostra palpável disso. A respeito da Bolívia, onde venceu um cand idato a gosto do comuno-tribali smo, porta-voz dos c ultiv adores de coca, o macro-capitalismo publicitário fez uma festa. Mas em relação ao Canadá - um dos figurantes no cenácu lo das grandes potências mundiais - que elegeu um governo conservador, ap li cou a regra inversa: informação fraca e desinteressante.
CATOLICISMO
Beverley Mclachlin, presidente da Corte Suprema de Justiça
de e vai se autodemolindo. Em co nseqüê ncia, o país cam inha rumo a um soc ia l ismo utópico quase destituído de leis e de poderes constituídos.
lístico americano. As esq uerdas também temem que e le faça uso das prerrogati vas do Parlame nto que permite m anu lar deci sões aberrantes do Judi ciário. O aumento da votação conservadora surpreendeu até na região de Quebec, no Canadá fran cês, muito traba lhada por um separati smo intoxi cado de esquerdi smo, que age como um spray de caos.
Devastação causada pela Revolução cultuml
Revolução Cllltlll'al e autodemolição A mudança no Canadá não foi insignificante. Com alguma exceção, nos últimos 40 anos a esquerda implementou naquela nação um sociali smo multicolor, fantasiado de Nova Era. Tudo muito de acordo com o progressismo católico. Na prática, esse sociali smo colorido gerou um estatismo ass istenciali sta monstruoso. É verdade que os serviços públicos canadenses, se comparados com os do Bras il , podem parecer bons. Porém , em função dos exorbitantes im postos arrancados do bolso do contribuinte, eles têm comprometido a saúde econôm ica da nação, que é riquíssima. Mais insid ioso e medulm· fo i o dano que a esq uerda tem causado ao Canadá, med iante a Revolução cultural. A província de A lberta, por exemplo, aprovo u lei pela qual os filhos podem processar suas mães por não os terem abortado ... A Suprema Corte de Justiça lega li zou sex
D. Frederick Henry, bispo de Ca lgary
clubs para ado lescentes de 14 anos . Na prática, é a legitimação da exp loração d· menores de idade, como mostrou Jw ·11 Landolt, vice-presidente da · ntidad · Real Women o.f Canada.
O J>od ·r Judiciário fo i dom inado pelas l' Squcrdas, que o vêm manipulando p:irn combater a fa míli a e a moral. A vant:i 'l'lll ~ dupl a, pois o Judiciário, dessa 1'01rna desv irtuado, perde respeitabilida-
A própria Suprema Corte de Justiça ca nade nse pro nun c io u-se a favor do aberrante "casamento" homossex ual , e o Parlamento legi lo u nesse sentido. E isso de tal fo rma, que deixou aberta a porta para a poligamia. Seguindo a mesma trilha, a província de Ontário abo liu dos registros oficiais o uso dos termos marido, mulher, pai, mãe, viúvo e viúva. Como se o país estivesse em queda li vre no plano moral , passou-se a discutir a aprovação legal da eutanásia, da prostitui ção e do uso da maconha - j á di stri buída pela Previdência Soc ia l como remédio em certos casos. O bispo de Ca lgary , D. Freder ick Henry, le mbrou em corajosa Carta Pastoral as le is básicas da orde m natural e da mora l católica sobre o pseudo-matrimônio entre sodomi tas. E co mo esse docume nto epi scopal movimentou o ambiente católico, o ministro das Relações Exteriores, Pierre Pettigrew, ex igiu insole ntemente que a [grej a Católi ca não se pronunc iasse sobre a matéria. Ativ istas homossexuais levaram o pre lado ante os tribunais e a Comissão Nacional dos Direitos Humanos. O Canadá é famoso por sua produção de tri go. Mas no úl.timo ano o valor da co lhe ita desse cerea l foi superado pe lo do cultivo da maconh a. A atual presidente da Corte Suprema de Justiça, Beverley McLachlin , exortou
Pierre Pettigrew, ministro das Relações Exteriores
os juízes a ignorar a lei escrita e se guiar por suas preferências pessoais, seguindo o que ela considera novos valores da sociedade. E o ex-min istro de Defesa, Paul Hellyer, secundado por três ONGs, pediu ao Parlamento que comece a discutir o tema das civilizações extra-terrestres e o perigo de uma guen-a interplanetária causada pelas novas armas do vizinho EUA !
Fol'tes l'eações de setores sadios da nação Essa galopada delirante da esquerda ocasionou duas grandes vítimas: a família e a propriedade privada. Porém, o vencedor das últimas ele ições, Stephen Harper, do Partido Conservador, adotou essas duas instituições fundamentais como bandeiras. E a partir de então sua popularidade subiu de modo impressionante. A propaganda de esquerda tentou "diabolizá-lo". Apresentou-o como um conservador fanático em matéri a familiar e social, ac usou-o de ser financiado pela extrema-direita republicana dos EU A, de ter um secreto plano hitleriano e de ser amigo -;- crime supremo! do presidente Bush. A dose foi excessiva e contraproducente. E Harper reagiu com uma ponderação que desarmou a campanha difamatória. Defensor da propriedade privada e da livre iniciativa, ele também prega a revitalização das Forças Armadas e a recompos ição das alianças com o vizinho EUA, inclusive a adesão ao escudo ba-
Esperança conservadora e mal-estar esquerdi~ta A esperança dos melhores setores da opinião pública canadense é que Harper ponha um freio e até reverta o curso da Revolução cultural, cio estatismo, da corrupção e da escalada dos impostos. Especialmente que ampare a instituição familiar e tome decisões acertadas para anul ar o chamado "casamento" homossexual. Harper já acenou com a reali zação de um plebiscito sobre o assunto. A simples menção da consulta popular tirou o sono das esquerdas, que gostam de ver o povo soberano de boca fechada, votando somente as opções que elas apresentam. Harper concluiu o discurso da vitóri a co m um "Deus abençoe o Canadá", o que causou um salu tar terremoto. Resta esperar que ele aja em conseqüênc ia dessas atitudes corajosas. Tal vitória conservadora rep resenta uma lufada de oxigênio para os que desejam ver o Brasil trilhando as sendas da ordem e da C ivili zação Cristã. Obviamente a mídia de que fa lávamos no início do artigo detestou esses acontecimentos, deix ando os brasileiros praticamente des informados a respeito deles. • E-mail do autor: lui sdu fau r@catolicismo.com br
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Aborto: Projeto Matar
Dr. Cícero Harada - Realmente, o substitutivo orig inal, no artigo 9º, a rigor abria as portas para o abortamento amplo e irrestrito até os in stantes que precedem o nascimento. Pensei que esse seria o artigo "boi de piranha", isto é, aq ue le que em meio às pressões e negoc iações seria retirado para fazer passar a boiada, possibilitando que se mantivesse, ao menos de início, o aborto até a 12ª semana. Deu-se o contrário. No mais recente substitutivo, suprimiu-se o artigo que fazia referência ao aborto até a 12ª semana e manteve-se aquele que o permite até momentos antes do nascimento. Derrubada a inviolabilidade do direito à vida nessa fase de grande fragilidade humana, restará apenas o critério convencional do tempo. Alguém, com razão, perguntará depois: se posso matar uma criança até o último instante que precede o parto, por que não poderei fazê-lo um dia depoi ? Se posso um dia depois, por que não no dia seguin te? De dia em dia, tudo será possível. Será uma questão simples de a maioria convencionar quando, como e em quais circunstâncias poder-se-á matar alguma minoria. Isso, claro, sempre em defesa e em nome da " liberdade" ou de algum reluzente pseudovalor. É um cam inho perigosíss imo. Basta relembrar os totalitari smos do século XX.
Dr. Cícero Harada - De fato , com o aumento da sensibilidade dos microscópios, o momento do início da vida foi reso lvido, em 1827, por Karl Ernest von Baer. Com os microscópios de então, foi poss ível ver o óvulo e o espermatozóide, a fecundação e o desenvolvimento embrionário, verificando-se que o início da vida ocorre na concepção. Diante dessa evidênc ia, os méd icos passaram a defender a vida hum ana desde a fecundação. É um fato científi co, e não um dogma reli gioso. A ilustre professora Dra. Alice Teixeira Fe rreira lembra- nos que, ainda em 2005, embri ologistas afirmaram não só que a origem da vida cio ser humano dá-se na fecundação, mas também que, sob o aspecto mol ecular, a primeira divisão do zigoto é da maior importância, pois define o nosso destino. Participei de inúmeros debates a respeito do tema. Nel es, os defensores do abortamento, nesse ponto, sempre asseveravam: "não sabemos quando começa a vida, portanto o aborto pode ser.feito". Diziam também: "o embrião e o f eto são punhados de células desca rtáveis, por isso a mulher tem o direito de escolher se aborta ou não ". Não agüentava mais ouvir esse disco . Reso lvi escrever um artigo e lançá- lo na internet. Denominei-o: "O Projeto Matar e o Projeto Tamar: o Aborto". Nele quis mostrar de modo simples, quase intuitivo, a fa lsidade dessas premissas: a dúvida quanto ao início da vida ; e que o embrião e o feto são amontoados de cél ul as descartáveis. Deixo c laro que até uma criança se encanta co m a vida nos ovos de tartarugas protegidos pelo Projeto Tamar. Ninguém duvida que dos ovos de tartarugas nascem tartaruguinhas, ninguém contesta que neles está o início da vida, ninguém afirma que ovos de tartarugas são punhados de cél ulas descartáveis. O arg umento é quase intuitivo, e qualquer pessoa do povo, qualquer criança o entende c laramente. Quem destrói um único ovo comete crime contra a fauna . Agora, quanto ao Projeto nº 1.135/91 , que pretende abrir as portas ao assass ínio de crianças não nascidas - "o projeto matar" - ocorre exatamente o contrário. Os abortistas afirmam que o embrião e o feto do ser humano são agregados de células, descartáveis como copos de plástico. Portanto , podem ser destruídos . Mais: põem em dúvida o início da vida. Isso é uma hipocrisia.
Catolicismo - A ciência não comprova desde 1827, com base em estudos de Karl Ernest von
Catolicismo - O projeto nº 1.135/91 (e seu substitutivo, que legaliza totalmente o aborto)
A supervalorização da vida de tartarugas e o menosprezo total
da vida de seres humanos. Crueldade dos defensores do aborto, incoerências de nosso século neopagão.
N
criminalizam a prática do aborto, não introduz a faculdade de abortar o nascituro em qualquer fase da gestação?
osso entrevistado, Dr. Cícero Harada, é advogado, Procurador do Estado de São Paulo e Conselheiro da OAB/ SP. Ele está atualmente no centro de uma polêmica iniciada com um artigo de sua autoria, dispo-
nível na Internet, intitulado O Projeto Matar e o Projeto Tamar: o Aborto. O que susci-
tou aplausos e contestações, réplicas e tréplicas, ocasionando acalorados debates . O Dr. Cícero Harada denuncia com clareza as incoerências dos defensores do aborto, que condenam até mesmo a eliminação de um ovinho de tartaruga, mas são favoráveis à eliminação de um ser humano no seio materno. Enquanto se estabelece lei para criminalizar a destruição de um ovo de tartaruga (Lei 9.605/ 98), tento-se descriminalizar totalmente o aborto. Liberdade para matar? É o que ocorrerá caso venha a ser aprovado o nefando e inconstitucional substitutivo do Projeto de lei 1.135/91, atualmente tramitando na Comissão de Segurança Social e Família da Câm·a ra dos Deputados.
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Catolicismo - O substitutivo do Projeto de lei nº 1.135/91, apresentado pela deputada Jandira Feghali (PC do B), fala em direito ao aborto até a 12@ semana de gravidez. Contudo, o último artigo do substitutivo, revogando os arts. 124 a 127 do Código Penal que
~ CATOLICISMO
o,:
Cícero //arada:
"Del'rubada a inviolabilidade do direito à vida 11essa fase de grande fragilidade lmmaiw, l'estará apenas o critério convencional do tempo"
é inconstitucional pelo fato de opor-se ao princípio da inviolabilidade da vida, prescrito pelo artigo 5º da Constituição Federal?
Baer, que a partir do momento da concepção existe uma nova vida? Os defensores do aborto apresentam alguma argumentação contra esse dado científico?
"Quem destruil'
um lÍ11ico ovo <le tartan,ga comete crime. Mas o Pmjeto nº 1.135/ 91, pretende abrir as pol'tas ao assassinato <le cria11ças não nascidas"
Dr. Cícero Harada - O projeto nº 1. J 35/91 e, é claro, o substitutivo atua l, sem a menor dúvida, é inconstitucion al. Aliás, o processo legislativo, nesses casos, não pode sequer ser deflagrado. Em fase de análise prelimin ar e preclusiva, deve-se afastar seu trâmite ante a flagrante ofensa ao referido artigo 5º da Con tituição Federal, que decl ara o princípio ela inviolabilidade do direito à vida. Além di sso, tratando-se de direito fundamental , a matéria constitui cláusula pétrea, não podendo nem mesmo ser objeto de emenda constitucional. Assim, antes mesmo do exame de méri to em fase preliminar, o projeto deve ser fulminado , já que trata de matéria que equer pode ser discutida pelo Congresso Nacional. No entanto, caso não se observe essa importante questão prévia ao exame do projeto - o que será verdadeiro absurdo, ante a manifesta incon stitucionalidade - haverá de ser rejeitado por padecer desse insanável vício, atentatório ao princípio da intangibilidade do direito à vida, consagrado pelo artigo 5° da Constituição da República. Catolicismo - Defensores do aborto procuram apresentar a temática como pertencente exclu-
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tural, ao Direito natural. Ten ho repetido mil vezes que o Estado não pode, pela maiori a de seus cidadãos, estabelecer quando, como e em que circunstâncias uma minoria pode morrer. Foi por isso que o Papa João Paulo II afirmou que o direito à vida é um limite da democracia. Catolicismo - Sendo o aborto um tema abrangido pelo Direito natural, não é legítimo e compreensível que a Igreja Católica se pronuncie sobre ele, na qualidade de tutora desse Direito?
Dr. Cícero Hara,La - Sem dúvida. Tenho lido inúmeras manifestações de Sua Santid ade, o Papa Bento XVI, defendendo e proclamando a in tangibilidade do direito à vida. Lembro-me de que recentemente, em audi ência ao sec retário-geral de Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Norbert Neuhaus, voltou a manifestar grande preoc upação com a política de certas instituições da ONU sobre a saúde reprodutiva, que inclui o aborto. Dias depois, ensin ou que "toda vida humana, enquanto tal, merece e exige ser defendida e promovida sempre". Catolicismo - Em manifestação contra o artigo de sua autoria - O Projeto Matar e o Projeto Tamar: o Aborto -, a socióloga Heleieth Saffioti alude à organização denominada Católicas pelo Direito de Decidir. Defendendo o aborto, essa entidade não se opõe frontalmente à doutrina da Igreja Católica? Não é portanto contraditória a qualificação de "católicas", inserida na denominação que utilizam?
sivamente ao âmbito temporal do Direito positívo. Entretanto, sendo a questão atinente ao próprio Direito natural, não deve ser regida prioritariamente por este?
Dr. Cícero Harada - De fato, há matérias em que ao direito positivo incumbe o reconhecimento da realidade, da natureza das coisas. Seria um absurdo tentar revogar a lei da grav idade. O mesmo se dá com a vida. Ela é ínsita à natureza humana . O direito à vida decorre da própria natureza do ser humano. É anterior ao Estado, que deve reconhecê-lo. A Lei natural é o esteio fundamenta l da ordem jurídica. Cícero, no "De republica", com elegância ini gualável, definiu-a como "vera lex, recta ratio, naturae congruens, diffusa in omnes, constans, sempiterna". É conforme à natureza, por isso é a "recta ratio", pois é racional a natureza humana. Se o D ireito natural precede o Direito positivo, é preciso sempre salientar que direitos fundamentais, como é o caso do direito à vida, não são criados, não são constituídos pelo Estado. A este cabe apenas declará- los. Declara-se algo que já pré-existe. É assim que se entendem os direitos fundamentais. A ordem jurídica deve conformar-se à Lei na-
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CATOLICISMO
"A vida é ínsita à 11atureza lmma1w. O direito à vida decorrn da própria natureza do ser lmmaiw. A Lei natural é o esteio Jimdamental <la ordem jurídica".
Dr. Cícero Harada - Fiquei estupefato com a resposta da doutora socióloga Saffioti. O matemático gaúcho Anderson Mito escreveu-me, informando que o número de palavras da única frase do artigo "O Projeto Matar e o Projeto Tamar: o Aborto", em que aludo ao Papa João Pa ul o II, comparado com o número total de palavras, indica que eu teria cuidado de reli gião em 4% do artigo . A doutora socióloga, se adotado o mesmo critério, tratou de religião e m 88% do texto. [sso, para atacar vio lentamente a Igreja Católica, o Papa João Paulo II, o atual Papa Bento XVI, afirmando que a igreja dela não é a cató li ca, que a religião dela não é a católica, que o deus de la não é o católico, que não prec isa da Igreja Católica (apesar de ser professora da PUC-SP ... ). Depois defende u, elogiou e aplaudiu rasgadamente essa entidade, que se diz católica mas luta pelo aborto. Será q ue o simples nome altera a natureza das coisas? Se denomino uma serpente venenosa de pomba, deixará ela, por isso, de ser serpente
venenosa? A conclusão que tirei, de que a referid a entidade é apenas "soi disant" católi ca, decorreu do próprio texto da doutora soció loga Saffioti . Além disso, o Código de Direito Canônico, no Cânon 1398, estabelece que "quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão 'lataesententiae" (isto é, "ipsofacto commissi deLicti" - pelo simp les fato de cometer o delito, ou seja, automaticamente). Ora, que católicas são essas que pregam e defendem esca ndalosamen te a prática do aborto, ato que acarreta a excom unh ão "ipso facto"? Diante disso, essa militância declarada a favor do aborto pode ser denominada apenas de acatóli ca? Não seda mais um a típica atitude anticatóli ca? A denominação católica altera a natureza anticatólica da militânci a pró-abo rto da entidade? A conclusão é ev idente: o nome pomba, dado a uma serpente venenosa, não lhe extrai o veneno nem a transforma numa pomba.
demia. Além disso, ela im agin a que alguém que vive sua sexualidade em contradi ção com a moral cristã torna-se, do dia para a noite, fiel e obediente ao Papa quando se trata do uso do preservativo. É um absurdo. O certo é que não fo i refutada a comparação entre o valor do ovo datartaruga e a insignificância da vida do ser hum ano não nascido . A evidência é tão clara, que eu diria que é irrespondível. Além disso, o trocadilho
Catolicismo - As alegações apresentadas no artigo da referida socióloga não carecem de fundamento, contendo apenas considerações meramente sentimentais, destituídas de argumentação válida e lógica?
Dr. Cícero Harada - Quando li a resposta da doutora soc ióloga Saffioti, não conseguia entender como alguém como ela, acostumada à discussão de teses e análises c ien tífi cas, poderia escrever um texto mali c ioso e contraditório. Fa lo malici oso, porque já no começo do artigo, diri g indo-se a mim , afi rma veementemente que as mulheres não são tartarugas. O desmentido é surpreendente, porque dá a entender, para quem não hav ia lido meu artigo, que eu teria afirmado tal e normidade. O que fi z foi simpl es mente comparar com o valor atribuído ao embrião e ao feto da tartaru ga a insignificância que se pretende da r, com a aprovação do aborto, ao direito à vida do ser humano ainda não nascido . Daí o títu lo, "o projeto matar e o projeto Tamar". Diante dessa afirmação da soc ióloga, de que as mulheres não são tartarugas , julguei melhor não di scutir essa bobagem , e simpl es mente agradeci a informação. Logo no começo ela nega que defenda o aborto como método contraceptivo. Aventar a possibi I idade do aborto como forma contraceptiva é um contra-senso, po is o aborto pressupõe a concepção. De modo cruel, ela conc lui que o Papa João Paul o II foi o "Papa da morte", porque, tendo condenado o preservativo, ele foi , segundo a referida socióloga, o culpado pela disseminação da AIDS . Isto é falso porque, se todos tivessem segu ido seu conse lh o em favor da abstinência sexual, a AIDS não seria uma epi-
"A denominação católica não altera a 1wtureza anticatólica da militância próaborto. O nome pomba, dado a uma se1pe11te, não a transforma numa pomba".
matar/Tamar toca fundo na a lma e na lembrança de todos. Qualquer criança o entende e o grava na memória. Recebi uma mensagem e letrônica de uma men ina de 11 anos, que adorou o artigo e concluiu: "Conheço e respeito o Projeto Tamar. Se nós lutamos pela vida das tartarugas, com muito maior razão devemos lutar pelo di reito à vida do ser humano. Sou contra o proj eto matar". Foi isso, creio, que gerou esse descontrole mani festado na rép lica. Descontro le que levou a do utora Saffioti ao absurdo de atribu irme pa lavras, para depois afirmar infundadamente o que qui s, sem refutar co m objetividade e razoab ilid ade o texto por mim escrito. Trata-se de uma tát ica para sustentar algo que não fica em pé por conta própri a. Onde o fu ndamento coerente? Onde o arg umento lógico? • MARÇO2006 -
Uma contribuição parn a solidez <la vida em família
Procuram-se Babettes N o célebre filme A Festa de Babette, apresentando um magnífico jantar do século XIX, com saborosas iguarias francesas, encontra-se um incentivo para o bom costume de refeições em família -, B RUNO DE SANTAMARIA
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ma realização ci nematográfica ele conteúdo bastante útil e formativo, ao lado de milhares de obras perversas, é A Festa de Babette. A personagem do título é uma jovem francesa que, obrigada a fugir ela guerra, vai parar numa aldeia da Dinamarca, notável por seu protestantismo rígido e puritano . Aí é acolhida por duas observantes so lteiro nas filhas cio falecido pastor. Babette mede bem a diferença entre a vida borbulhante de seu país e aq ue la tac iturna e tristonha do vi larejo nórdico, mas nada parece ter força para mudar os costumes locais. Em certo momento ela ganh a um prêmio na loteria, e manda vir
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CATOLICISMO
da França a melhores iguarias para oferecer um banquete ao habitantes do lugar. Os saborosos pratos da cu lin ária francesa acompanhados dos me lhores vinho ·, num amb iente decorado com requintado bom gosto, conseguem afinal quebrar o gelo imposto pela mentalidade protesta nte, e acabam tocando fibras enrij ecidas dos até e ntão rudes e sombrios camponeses. E a alegria vo lta a brilhar naquelas fisionomias carregadas pela interpretação mal compreend ida e deformada do Evangelho. O filme não chega a fa lar em conversão, mas é notório que o espírito católi co acaba adq uirindo algum direito de cidadania naquele ambiente hirto e desprovido de louçani a.
Na vida diária, não é preciso um banquete para dar alegria a um lar. Basta um pouco de esforço, de dedicação e vontade de agrada r. Conheci casas pobres, onde a mãe de família não di spunha de
o utra matéria-pri ma além do trivial arroz, feijão, frango ou bife, a lgum legume ou verdura. No entanto , conseguia fazer aprazíveis refeições com os pou cos elementos ele que disp un ha. De muitos lábios se ouvia o comentário: "Nada como o arroz da fu lana, ou
o fefjcio da sicrana ... ". Era a consagração do esforço ou dedicação amorosos da dona-de-casa que não tinha pregui ça, que se aplicava e m aprender e criar. E que c umpria com amor seu dever, procurando a perfeição. E la contribuía assim para a aleg ri a cio lar e para a solidez do casamento. O pai e a mãe têm obrigação de educar os filhos, e o bom exemplo é ótima escola. Entretanto, às vezes não basta, é preciso ter a paciência de ensiná-los. Educar não é apenas repreender alguma coisa mal feita ou palavra feia. É também e sobretudo ensinai· de modo atraente o cumprimento do dever, encamjnhando-os a con iclerar o futuro, a fazer o bem. Os pais que c um prem o seu dever, em geral são premiados com o amor dos filhos. Podem também sofrer desilusões cruéis, é verdade. Mas terão o conforto da co nsciência limpa, que, segundo o ditado, é o melhor travesseiro. As refeições em família são excelentes oportun idades para toda essa atividade formativa. Se houvesse mais Babettes, menor seri a o número de divórcios. E muitos teriam aq uela felic idade de situação, por vezes tão simples, que a ilusão criada pelas novelas de televisão, pelas nov idades das modas e pelos mexericos destrói impl acavelmente . • E-mail para o autor: cat o!icismo @cat ol icis1110.co111 .br
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A carrocinha n W.
G ABRIEL DA S1LvA
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a torre da velha igreja da paróquia o relógio marca as 10 horas de uma esplêndida manh.ã primaveril, no antigo condado cio Perche, província histórica que só no século XVI foi incorporada ao Reino da França e desmembrada entre quatro departamentos em 1790. Destronada pelo automóvel, ali em frente uma antiga carrocinha, pitoresca e bem conservada, transformou-se em floreira. E como as flores lhe vão bem! Pode-se imaginar a carrocinha em outros tempos , a levar seus donos à Missa nessa mesma paróquia de Chassant: o chefe de família, sua esposa e as crianças. E o vigoroso cavalo percheron a trotar pelas estrad inhas de terra, acostumado aos duros trabalhos do campo nessa região eminentemente rural. A Missa de outrora, com a solenidade que lhe dava o antigo rito conhecido como de São Pio V, mas que na realidade remonta aos primórdios da Igreja, era o momento mais importante da semana, pondo em contacto as fanúlias e os amigos em traj es domingueiros. Além de ato eminentemente religioso, era pretexto para uma boa prosa, um convite, um galanteio, uma tratativa. Em suma, a carrocinha carrega também outro tipo de flores - uma insuspeitada lembrança de outros tempos. No Brasil, diríamos "saudades" ... *
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A carrocinha lembra o leiteiro, o padeiro, o oveiro, o feirante, o lavrador - personagens todos conhecidos do vilarejo. E que lhe davam vida. A era do automóvel e da televisão os matou . E agora todos se entregam ao tédio de uma diversão contínua. e sem sabor, mas que lhes transmite a sensação enganosa de que possuem o mundo. O homem moderno tem ao seu alcance um universo de conhecimentos, de máquinas, de técnicas que lhe dão a ilusão cio poder. Seu antepassado, ao contrário, era lento, acompanhava o trote cio CATOLIC ISMO
cavalo ou o passo do burrinho. Esse ritmo natural lhe permitia ver uma cena e de la tirar um tesouro de observações. O ho mem de hoje vê um film e, deg lute mil informações, mas não tem tempo para di geri- las, para pensar no seu conteúdo. Se se apli casse, o home m antiao poderia tornar-se sábio. Se não tiver pregui ça, o de hoje será um sabichão. Este conhecerá :s coisas. Aquele, a vida. *
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Com um pouco ele exagero didáti co, talvez se possa dizer que aí se encontra a diferença fundamental entre o homem típico cio século XIX e o ho mem méd io cio século XX. Sobre o século XXI, que vai se alçando, paira uma interrogação angustia nte. Até agora, o que vimos? O uso dos conhecimentos acumulados para adestrnição. Já as guerras do sécu lo XX foram espantosas. Mas atentados terroristas - como o de Jl de setembro de 200:I em Nova York, e o de l l de março de 2003 em Madrid, ou os de quase todas as semanas em Bagdá - primam pela violência estúpida, brutal , contra inocentes, sem a menor sombra ele humanidade. Por quê? Certame nte devido à maldade dos home ns, que não encontra mais remédio na Religião cató lica. No tempo da carrocinha, o Deus verdadei ro ainda ocupava um lugar nos corações. Hoje o ateísmo e as falsas religiões dominam a cena, e os meios católicos estão infil trados por todo tipo de abs urdos morais e doutrinários. A ciência, evidentemente, não é um mal em s i. Ao contrário, é um bem. Mas, se o homem não faz acompanhar o progresso da ciência pelo progresso da moral, ela se transforma em arma poderosa nas mãos ele loucos e ímpios. • E- mail do autor: w-gabriel@catolicismo.com.br
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m dezembro de 2005 co mpl etaram-se 100 anos de um a lei francesa que dete rminou a separação entre Igreja e Estado e deu ori gem a vi rulenta perseg uição à Reli gião católica naquele país. Em nome ela laicidade do Estado, as orações fora m abolidas nas escolas, os crucifixos retirados dos tribunais e outros edi fíc ios públi cos, as festas religiosas eliminadas dos calendários. Organ izo u-se e ntão uma ofe nsiva contra toda e qualquer manifes tação pública de religios idade não só na França, mas em vários países, inclusive o Bras il. E m nossos d ias, assistimos à tentativa de ban ir cios trib una is brasil eiros a presença do crucifixo. E de há mu ito o ens ino religioso deixou de ter o merecido lugar nos currícu los escolares. Por outro lado, em nome da laicidade do Estado são propostas as leis mais abs urdas e contrárias à moral católica, como o chamado "casamento" homossex ual, o aborto, a eutanásia. Em conseqüênc ia, a sociedade entrega-se de modo crescente à di ssolução dos costumes, aos vícios, à corrupção e ao crime, na amoralidade mai s vergonhosa. Por quê? Porque na rea lidade, por trás da escolha entre união ou separação, encontram-se duas concepções de vida. Daí MARÇO2006 -
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a utilidade de exami narmos a questão sob o ponto de vista da douti"ina cató li ca, sobretudo depois de um sécu lo em que tanta coisa mudou fora e mesmo dentro da Igreja.
modo genera li zou-se a separação, que até muitos católicos a consideram normal. Entretanto, o regime de separação habitua os homens a um estil o de vida que, a prazo menor ou maior, produz um dano gravíss imo, como bem alertaram os bispos ital ianos em pastoral co letiva
O contrário corresponde precisamente ao laicismo. A visão laica ela sociedade considera o homem, sob o prisma do materialismo hi stórico, como um produto da evo lu ção ou do acaso. E tende a organizar a vida ig norando o lado O que se entende pol' união espiritual do ser humano, o seu destino entrn lgl'eja e Estado? eterno, a ex istência de Deu s e de seus O regime de união signidireitos como Criador e Refica que ambos os poderes, dentor da humanidade. enqua nto sociedades perfeitas Tal concepção produz e soberanas no seu âmb ito, conseqüências terríve is. Já deve m respeitar-se e co laboem 1956 , Mons. Angelo Deli ' Acqua, substituto da Serar entre si para alcançar orespecti vo fim . cretar ia de Estado (cargo Num pa_ís católi co como a equ iva lente ao atual SecretáEspanha, o regime da união se rio de Estado), considerava ex primia no artigo 6° do Fue"amortecido ou quase perdido na sociedade moderna o ro de los Espaiioles, que estasentir da Igreja, [.. .] em conbelecia: "A profissão e prátiseqüência do agnostic ismo ca da Religião católica, que é religioso dos Estados". 4 a do Estado espanhol, goza da proteção oficial. Ninguém Note-se que perder o sentir da Igreja não é muito difeserá molestado por suas crenrente de perder a fé. Pode enças religiosas nem no exercítão o católico tolerar o triunfo cio privado de seu culto " . 1 do laicismo agnóstico na vida Nada mais s impl es e claro. pública? Garantem-se a todos a liberdade de consciência e a prátiNão parece ser este o penca privada de seu culto, mas a samento do Papa atual, pois Religião oficial, com direito a a ind a recentemente Bento cu lto público, é a católica. XVI deixou claro que "atoleUma bela exp ressão da rância - que, por assim dizer, admite Deus com.o uma honra que o poder temporal opinião privada, mas Lhe redeve tributar ao espiritual em última aná lise a Deus, que cusa o domínio público, a recriou e mantém tudo o que Felipe li, Rei da Espanha, encontrando uma procissão com o viótico alidade do mundo e nossa vida existe - é o fato narrado em na rua , sempre acompanhava o Santíssimo até a casa do doente - não é tolerância, mas hipocrisia ". 5 crônicas sobre o reinado de Felipe II da Espanha. Passando por alàs vésperas do Concílio Vaticano II. A Igreja Católica condena a guma rua, o rei deparava às vezes com Esse dano vem de o Estado laico nos tese da separação obrigatória uma pequena proci ssão conduzindo o colocar "frente a uma concepção puraYiático (a Comunhão) a algum moribunNão é de se estra nhar, pois, que o mente naturalista da vida, na qual os Magistério da Igreja tenha agido com do. Descia então de seu cavalo ou carruvalores religiosos ou são explicitamenagem e juntava-se ao humilde cortejo dos energia contra a obrigatoriedade da sete recusados ou são relegados ao recinto paração dos doi s poderes, reivindicada fiéis para acompanhar o Santíss imo Sa- f e.c hado das consciências e à mística pelas seitas agnósticas. Mais ainda, afircramento até a lgum casebre, onde um penumbra dos templos, sem nenhum mou que em princípio o regime de união pobre súdito do rei terreno ia receber o direito a penetrar e a influenciar a vida 2 é o normal. Leão XIII, na Encíc li ca lmRei do Céu e da Terra. pública do homem". mortale Dei, de .1° de novembro de 1885, Ora, como bem adverte Pio XI com Concepção laica, ao condenar tal separação forçada, enubase em Santo Agostinho, os homens ateísmo pl'ático mera os pronunciamentos ele seus antenão estão menos submetidos à autoricessores no mesmo sentido. O reg ime de união entre Igreja e Esdade de Cristo em sua vida coletiva do Assim Gregório XVI, em 15 de agostado foi muito mais comum do que se que em sua vida privada, pois a soc ieto de J 832: "Não podemos esperar para imagina. A bem dizer, foi a regra gera l dade não é senão um conjunto de indie o Estado melhores resultados a Igreja na Cristandade. Em nossos dias, de tal víduos. 3 CATOLICISMO
existência, do mesmo modo qu e nos sustenta. Nós devemos honrá-lo, portanto, não apenas com um culto priva do, mas um culto público e soc ial" .
do-se subordinada à conquista desse bem supremo e absoluto, não só o poder civ il não deve opor obstácu lo a essa conquista, mas deve ainda ajudar a isso. Daí o normal ser a uni ão entre a lgreja e o Estado. Sempre segundo a encíc lica ele São Pio X, a separação transtorna igua lmente a ordem muito sab iam e nte estabe lec ida por Deus no mundo, a qual exige uma harmon iosa concórd ia entre as duas sociedades. De modo que é condenável erig ir e m princípio que o Estado não deve reconhecer o culto católico. "Essas duas sociedades a sociedade religiosa e a sociedade civil - têm, com efeito, os mesmos subordinados, embora cada uma delas exerça em sua esfera própria sua autoridade sobre eles. Daí resulta, forço samente, que haverá certo número de matérias que concerniSelltença <le um gra11de rão uma e outra, por estar na santo: São Pio X alçada de ambas. Ora, desapa A condenação mais contunrecendo o acordo entre Igreja e dente e específica, e ntretanto, Estado, nessas matérias comuns foi pronunciada por São Pio X irão pulular facilmente os gerna encíc li ca Vehementer Nos, de mes das dissensões, que se tornarão gravíssimos dos dois la11 de fevereiro de 1906, após medidas cio governo francês no dos. A noção da verdade esta rá abalada, e as almas cheias de sentido de abolir todos os atos grande ansiedade". públicos ou s in a is que pudessem lembrar a religião, além de Após aprese ntar as razões que limitamos aqui ao essencial "laicizar as esco las e os hospitais , arrancar os clérigos de - pelas quais a separação entre seus estudos e da disciplina Igreja e Estado não pode ser erieclesiástica para constrangê- São Pio X:"É tese absolutamente falsa e erro perniciosíssimo gida e m princípio, o Papa pronuncia sua sentença solene: "Eis los ao serviço militai; dispersar que se;a preciso separar o Estado da lgre;a" e despojar as congregações re por que, lembrando-nos de nosso cargo apostólico e conscientes do A tese da necessária separação entre ligiosas e reduzir seus membros à. n·1.aior indigência". Considerando essas e Igreja e Estado, adverte o Papa, constiimperioso dever que Nos incumbe de deoutras medidas como etapas para chetui a negação claríssima da ordem sobrefender contra qualquer ataque e de manter na sua integridade absoluta os direinatural; ela limita, de fato, a ação do Esgar a uma separação comp leta e oficia l, com a lei de 1905 , São Pio X protos invioláveis e sagrados da Igreja, em tado apenas à busca cla prosperidade duclama: "É tese absolutamente falsa e rante esta vida, o que é apenas o fim próvirtude da autoridade suprema que erro perniciosíssimo que seja preciso Deus Nos conferiu, Nós, pelos motivos ximo das sociedades políticas. Tal tese separar o Estado da Igreja. Com efeiacima expostos, reprovamos e condenanão se ocupa de nenhum modo, como se mos a lei votada na França sobre a selhe fosse estranha, do fim último que é a to, baseada no princípio de que o Estado não deve reconhecer nenhum culparação da Igreja e do Estado como profelicidade eterna, proposta ao homem to religioso, essa tese é muito gravequando esta vida tão curta tiver chegado fundamente injuriosa diante de Deus, que ela nega ojzcialmente, ao erigir em mente injuriosa a Deus, pois o criador ao termo. do homem é também o fundador das No entanto, como a presente ordem princípio que a República não reconhesociedades humanas e as conserva na ce nenhum culto". de coisas se desenrola no tempo, acha n-
das tendências daqueles que pretendem separar a Igreja e o Estado e romper a concórdia m.útua entre o sacerdócio e o império. Na rea lidade, os fautores de uma liberdade dese17:f'reada temem essa concórdia, que sempre foi tão favorável e sa lutar aos interesses religiosos e civis ". Pio IX, no Syllabus, condena a proposição segundo a qual "é preciso separar a Igreja do Estado e o Estado da Igreja" (Prop. L V). O próprio Leão XIII, na Encícl ica Hwnanum Genus, de 20 de abri l de 1884, ac usa os maçons de propor-se "a reduzir a nada, no seio da sociedade civil, o magistério e a autoridade da Igreja; donde essa conseqüência que os franco-maçons se aplicam a vulgarizar, e pela qual eles não cessam de combate,; a sabe,; que é preciso absolutamente separar a Igreja do Estado".
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Igreja e Esta<lo à luz <la <loutri1w católica
O Reino <le CI'isto e a missão <la Igreja
Segundo a concepção cató li ca, Deus criou a imensidão do universo e colocou e m se u ce ntro o homem, feito "à sua imagem e semelhança" (G n 1, 27). Verdadeiro microcosmos, isto é, miniatura da ordem do universo, o homem é uma espécie de res um o da Criação, contendo em si elementos de todos os re inos da natureza (espiritu al, anima l, vegetal, mineral). Q ui s Deus que Adão e seus desce nde ntes dominassem a Terra. Dotou-os de instintos e aptidões naturais com vistas ao seu fim. Os mai s for tes desses instintos são o da conservação da vida, o da procriação e o da sociabi li dade. Pois, como diz a Sagrada Escritura, viu Deus que "não era bom que o homem estivesse só" (Gn 2, 18) . E por isso crio u Eva para seu auxílio. Constituíase assim a primeira sociedade sobre a Terra - a soc iedade conjugal, a família , base de toda outra soc iedade. "Crescei e multiplicai-
Com a desobedi ência de nossos primeiros pais (o pecado origi nal), o gênero humano fo i castigado. E ntraram no
vos, enchei e dominai a Terra", íoi o mandato divino
no dos céus. Tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu" (Mt 16, 18-20). Nessas palavras de fundação da Igreja, Nosso Senhor estabe lece claramente uma hierarquia, cujo pinácu lo visíve l é o Papa, sucessor de Pedro e Vigário de Jesus Cristo; abaixo dele, os bispos em união com e le, enquanto sucessores dos Apósto los; depois os si mples sacerdotes. E por fim os leigos. E is o princípio definido pela autoridade do Conci li o Vaticano I (e . 10): "A Igreja
de Jesus Cristo não é uma sociedade de iguais, como se todos os fiéis tivessem entre eles os mesmos direitos; mas ela é uma sociedade desigual, e isto não somente porque entre osjiéis uns são clériROS e outros leigos, mas ainda porque há na Igreja, por instituição divina, um poder de que uns são dotados em vista de santifica,; ensinar e governar, e de que outros não são dotados". Com que objetivo comum? Deus quer reunir sob a chefia de Jesus Cristo, o novo Adão, todas as coisas que há no Céu e na Terra (Ef I, l 0) ,
(Gn 1, 28). Ser soc ial, dotado de cor- Para alcançarmos o Céu, fundou Deus o Santo Igreja : "Tu és Pedro, po e alma, o homem tem ape- e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16, 18-20) e "a Igreja é o sinal e o meio tências de ordem espiritual como de ordem fís ica. O homem tem mundo o pecado e o crime. Mas o Padre de união íntima com Deus e de unidade de todo o gênero humano", conforme a necess idade da Religião mais do que do Eterno e nviaria o Messias para resgatar alimento, pois foi cri ado para conhecer, declaração Dominus Jesus, publicada em a humanidade. "Meu Reino não é deste 6-8-2000 pela Congregação para a Douamar e servir a Deus nesta Terra e obter mundo", disse Nosso Senhor Jesus Cristo trina da Fé, c uj o Prefe ito era e ntão o a fe lic idade eterna. às vésperas do supremo holocausto (Jo 18, 36). O que significam uas palavras? Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI. E nsina Leão XIII n a E ncíclica lm"A missão da Igreja é anunciar o Reino A vida terrena é o caminho, a vida mortale Dei sobre a constituição cristã eterna é o fim do homem. O Reino de de Cristo e de Deus e instaurá-lo em todos Estados, de l º-11- 1885: "O homem das as nações, formando o germe e o nasceu para viver em sociedade porque, C risto não é deste mund o, mas neste começo desse Reino sobre a Terra", não podendo obter no isolamento o que mundo se encontra o caminho pelo qual acrescenta esse documento. lhe é necessário e útil à vida, nem adchegaremos a ele.6 E como escada para quirir a perfeição do espírito e do coraPortanto, de certo modo, o Reino de chegarmos ao Céu e à felicidade eterna, Cristo j á se forma incoativamente nação, a Providência o fez para unir-se a fundou E le a Santa Igreja Católica, Aposquelas almas que são fiéis aos e nsin atólica, Romana: "Tu és Pedro, e sobre seus semelhantes, na sociedade domésesta pedra edificarei a minha Igreja, e mentos do Divino Mestre. A Igreja é tica como na civil, única capaz de proporcionar-lhe o que precisa para atin- as portas do inferno não prevalecerão uma sociedade que tem seus pés na Terra e os olhos postos no Céu. O Reino de gir a per.feição da existência". contra ela. Eu te darei as chaves do reiCATOLICISMO
Deus se realiza na sua plenitude no o utro mundo, mas devemos fazer com que comece a realizar-se em estado germinativo j á neste m undo; e não apenas no íntimo de cada fiel , mas no conjunto visíve l da soc iedade.
Autori<lac/e co11stituí<la por Deus, segun<lo São Paulo O Estado é, como a fgreja, uma sociedade perfeita, nobre em seu fim e soberana em seu âmbito. O poder temporal tem seu fundamento na ordem natural , pois toda sociedade necessita ele um chefe, uma autoridade, para poder cumprir a sua íinalidacle. 7 E tem Deus por a utor. São Pau lo é explícito: "Não há
também o fim último do homem, que é a felicidade eterna. Se a soc iedade temporal se estruturar conforme a doutrina cató lica, acabará produzindo uma cu ltura e uma civili zação, uma ordem de coisas que Plíni o Corrêa de O li veira qualifica como "fundamentalmente sacra!". Uma ordem sacra ! comporta o reconhecimento, pelo Estado, dos poderes da fgreja e particularme nte do Sumo Pontífice: poder direto sobre as co isas esp iri tuais, poder indireto sobre as co isas te mporais, enquanto dizem respeito à sa lvação das almas. 9 Com base em Santo Tomás de Aquino
(De Reg imine Principum, [, 14 e 15), o pensador brasilei ro cone!ui que a sociedade e o Estado têm um fim sacra!, pois ambos devem favorecer a vida virtuosa em comum.
autoridade que não tenha sido constituída por Deus" (Rom I 3, 1). Escrevendo a T ito, o mesmo Apóstolo manda le mb rar aos fi é is "a
A <loutrina cristã é civiliza<lora
submissão e a obediência aos chefes e às autoridades". E manda "fugir de todas as contestações", a menos q ue as le is dos homens contenham prescrições contrárias à le i de De us. Neste caso a 'ü§ justiça consiste em não obe- z decer. Na Encíclica Sapientiae Christianae, de L0-1- :§o:) 1890, Leão XIII recorda a s: ,e, atualidade desse ensinamen- '.S to do Apó tolo obre os deveres cívicos dos cristão . ;;'
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A socieda<le e o Esta<lo têm um nm saem/
Deline iam-se assim as obri gações cio poder civil , voltado espec ifica mente para o govern o da sociedade temporal. Genericamente, ele deve procurar o bem comum. Este corresponde à disposição dos meios para que os indivíduos e a soc iedade em seu conjun to alcancem a perfeição da sua existência, realizando as
De acordo com esses princípios, não é difícil compreender como as ordens espiritual e temporal nada têm de contraditórias. Ao contrário, completrun-se ha.rmonicrunente, como a alma e o corpo.
"Obra imortal do Deus de misericórdia - escreve Leão XIII ao iniciar sua Encíclica lmmortale Dei sobre a constituição civil dos Estados, de 1-11-1885 - , se bem que em
si e de sua natureza ela tenha por fim a salvação das almas coroação. e a felicidade eterna, a Igreja é entretanto, na própria esf era das coisas humanas, a fonte de tantas e tais vantagens, que ela não poderia lhe propiciar mais numerosas nem maiores [... ] com vistas a assegurar a f elicidade desta vida. Com efeito, por toda parte onde a Igreja penetrou, ela mudou imediatamente a face das coisas e impregnou os costumes públicos não somente com virtudes desconhecidas até então, mas ainda com uma nova civilização".
Henrique li de França toca os escrufulosos no dia de suo Como deve agir a autoriMuitos deles ficavam curados. dade investida de um poder civil , para cumprir a sua missão? legítimas aptidões e apetências com que O Pe. TaparelLi é bastante claro a esse foram criados , em harmonia com a Lei respeito: "A operação social tem seu prinnatural e a Lei divina. Trata-se de uma cípio na autoridade falando pela boca do sociedade orgânica, ou seja, dotada de superior; a autoridade tem o dever de lemembros com fun ções diferentes e desivar o homem inteiro a cooperar para o guais, como no organismo humano. bem comum e, para esse efeito, ela deve Como advertiu São Pio X na Encíempregar os meios que estejam em harclica Vehementer Nos, de 11-2- 1906, a monia com as propensões naturais daqueação do Estado não deve visar apenas a les que ela governa. O bem comum reside prosperidade pública durante esta vida, na conformidade da operação social com o que é apenas o fim próximo das socieO Estado só tem a ganhar com a dios desígnios do Criador". 8 dades políticas. Ele deve 'ter em conta fusão da doutrina cristã, pois esta formará
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Havia antes da crise que se manifestou na Igreja após o Concíli o Vaticano II - ainda as há, mas e m número reduzido - nume rosas ordens, congregações e associações relig iosas cujo fim específico era promover o apostolado junto aos souber coordenar sua ação com a do doentes, em as il os, casas ou hospitais. Os governo espiritual, mais este o favorecamilianos, por exemplo. O número de cerá e sustentará, e mais também coninstitutos fem ininos dedicados às obras correrá para a conservação do Estado. hospitalares era e norme. Os Porque enquanto o superior re li giosos e freiras que se deecles iástico se esforça em di cava m a esse apo sto lado formar o bom cristão com a não estavam fili ados a sindi autoridade e os meios espicatos, não faziam greve, não rituais, segundo o seu fim, tinham proble mas de horáriele consegue ao mesmo temos. Eles não tratavam apenas po, por uma conseqüência o corpo do doente, mas tamnecessária, formar o bom bém , e com maior atenção, a cidadão tal qual este deve alm a. Não traba lhava m po r ser sob a dependência da auum bom sa lári o nem esperatoridade política. Isso é asvam qualquer recompensa sim porque na Igreja Católinesta vida. Por amor de Deus, ca Romana, cidade de Deus, cuidavam de tarefas por veo bom. cidadão e o homem de zes as mai repugnantes e hube,n são absolu ta,nente a g z mildes . Por isso ta is entidamesma coisa". 'º des eram muito mai s e fici enPio XI lembra igualmen- ~ ~ tes do que qualquer instituto te o desafio que lançavam em o:,í'l de previdência socia l ou serseu tempo Tertuliano (séc . ~ viço médico estatal de nossos li - UI) e San to Agostinho ~ dias, nos quais freqüentemen(séc. IV-V): " Pois bem! - ~ te se encontram a burocracia dizia este último - Que que faz corpo mole e tudo aqueles que nos dizem que a "' ·s: emperra, o desleixo dos fundoutrina da Igreja é inimiga o:,§ cionários, a ga nân cia dos que do Estado nos dêem um exérquerem ga lgar cargos nas recito composto de soldados partições públicas. tais como os quer a doutrina , Ainda um exemplo, no e os ensinamentos da lgrecampo da educação. Por Dija; que nos dêem súditos, <3 reito natural, a ed ucação de maridos, esposas, pais, fi- .,: Por amor de Deus, as ordens religiosas cuidavam de tarefas por veuma cria nça cabe em primei 1hos, senhores, servidores, zes as mais repugnantes e humildes lugar aos pais, à família, e ro reis, juízes, contribuintes e só sup letivamente à soc iedaagentes do fisco tais quais o l. Mas o homem tem uma a lma, e de civi e ia e as autorid ades civis se imporiam exige a doul.rina cristã, e que ousem dea Igreja é a guardiã da ordem sobrenatu com maior respe ito. pois dizer que essa doutrina é nociva ao 12 E la te m a missão de ensinar a todos ral. Serva ordinem et ordo servabit te , Estado; que não hesitem um instante, ao os povos e de batizá- los (cfr. Mt 28, 18contrário, em proclamar que onde se diz um ditado latino. Se as almas estive20). Por isso a educação é tarefa tamrem em ordem, tudo correrá melhor e o obedece à Igreja encontra-se por excebém da Igreja, sobretudo no que diz respaís progred irá a passos largos. Comprelência a salvação do Estado". 11 peito ao ensino reli g ioso nos países caende-se assim como possam atingir um Assim, em lugar de prejudicar o Estólicos. alto grau de c ivilização povos q ue se detado, a Igreja contribui para o seu meQ uantas ordens e congregações re i isenvo lvam nessas condições, como ocorlhor desempenho e garanti a. g iosas se imo laram na tarefa da educareu na Europa cristã. É para essa situaAs obras da Igreja são ção e do ens ino entre povos por vezes ção, acresc ida de grande esp lendor, que um auxílio para o Estaclo primitivos? O número é incontável. Basta parece apo ntar a Mensagem de Fátima lembrar, a títu lo de exemplo, as caravequando nos fa la do futuro triunfo do ImaTranspondo isso para termos moderlas portuguesas que fundearam na costa cul ado Coração de Maria. nos, se fosse oficialmente adotada pelo bons cidadãos da ordem civ il. É o que explica Pio XI na encíclica Divini Illius Mag istri, de 31-l2-1929, citando o Cardeal Antoni ano, di scípulo de São Felipe Neri : "Quanto rnais o governo temporal
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CATOLICISMO
Estado a verdade ira doutrina da Igreja - não nos referimos, ev idente mente, ao progress ismo que infesta largos setores ec les iásticos - teríamos um país onde bastaria um número reduzido de poli ciais e de prisões para manter a ordem pública. Os impostos seriam muito mai s suaves, porque a corrupção seri a ra ra. A justiça se far ia com muito mais efici ên-
do Brasil em 1500, abordando a Terra de Santa Cruz e m nome da Ordem de Cristo. Elas já traziam em seu bojo mi ssionários franciscanos. Os filhos de São Francisco, de Santo Inác io, de São Bento, de São Domin gos e da Orde m de Nossa Senhora do Carmo estiveram presentes em toda a epopéia da evangeli zação das Américas . Colégios jesuítas, sales ianos, maristas e tantos mais são até hoj e esta be lec imentos de e nsino in signe . Não constituiu isso uma preciosa aj uda à soc iedade tempora l, que os detentores do poder estata l devi am oficia lmente reconhecer? Essa descrição, contudo, arranca do fund o do coração um gemido de dor. Depo is q ue o progress ismo in vadiu a Igrej a, e nela penetrou a ''.fúrnaça de Satanás", 13 " padres de passeatas" filomarxi stas e freiras de mini -sa ia ou calças compridas cons id e ram " pate rnal is tas", "ass istenc ialistas" e inúteis as obras de caridade. Só lhes interessa a revolução social. Podese ai nda chamar ele cató licos os que assi m atiram lama na túnica im ac ul ada da Esposa ele Cristo, como tantos eclesiásticos e nvo lvi dos em escânda los?
2) a inspiração cristã da leg islação; 3) a def esa do pal.rimônio religioso
do povo contra qualquer assalto de quem pretendesse arrebatar-lhe o tesouro da f é e da paz religiosa ". 14 " O Estado tem o dever de professar também socialmente a sua Religião", acrescenta o Purpurado. E fundamenta:
" Os homens, unidos socialmente, não
premo, causa primeira e senhor absoluto tanto do homem quanto da sociedade, bem como de todo o vínculo de lei transcendente derivada de Deus como de sua fonl. e primária". 16 Pio XII mostra que, "renegada de tal modo a autoridade de Deus e o império de Sua lei, o poder civil, por conseqüência inelutável, tende a atribuir a si mesmo a autonomia absoluta que só compete ao Supremo Fauto1; e a subsl.ituir-se ao Onipotente, erigindo o Estado ou a coletividade em.fim último da vida e critério supremo da ordem moral e jurídica". 17 Esse endeusa mento do Estado só pode, evide ntemente, produzir a derrocada da própri a soc iedade. Fo i o que oco rre u com os regimes totalitários o nazismo e o comuni smo, principais exempl os - que levara m popu lações inte iras às ruínas da guerra e da escravidão . Os inimi gos ela Igreja, tão prontos a c riti car o poder temporal de algun s pontífices ela Renasce nça, esq uecem-se metod ica mente ela fác il propensão à tirani a ci os Estados laicos, inclusive em nossos di as.
O Estado tem obrigação <le prestal' culto a Deus
O icleal da civilização autenticamente Cl'istã
Muitos cons ideram que torAo nac io na li smo que e nnou -se anac rôni co o regime de deusa o Estado, ao humanismo uni ão e ntre Igreja e Estad o, que endeusa o ho mem, a conmesmo e m nações de maioria cepção católica opõe o ideal da Plinio Corrêa de Oliveira: "Uma a/ma em estado de graça está católica. Para estes, o Cardeal na posse, em grau maior ou menor, de todas as virtudes" Civil ização C ri stã. Alfredo Ottav iani, Prefeito do O que é a Civili zação CatóSanto Ofício (atua l Congregalica? "É a estruturação de toção para a Doutrina da Fé) no pontificaestão menos sujeil.os a Deus do que corno das as relações humanas, de todas as do de Pio XII, afirmava em J 953: "Se instituições humanas, e do próprio Esparticulares, e a sociedade civil, não
existe verdade certa e indiscutível entre os princípios gerais de Direito público eclesiástico, é a do dever dos govem cmtes, em um Estado composto na quase totalidade de católicos e, conseqüentemente e coerentemente, reg ido por católicos, de informar a legislação em sentido católico. O que importa em três conseqüências imediatas: I) a profissão social e não som.ente privada da Religião do povo;
menos do que os indivíduos, está obrigada para com Deu 'que a reuniu, por cuja vontade ela se conserva, de cuja beneficência ela recebe a inumerável abundância de bens de que está dotada ' ( Leão XIJI, Enc. lmmortale Dei)". 15 O Cardeal aduz o ensinam ento de Pio
XII no mesmo sentido, condenando "o erro contido naquelas concepções que não duvidam em desligar a autoridade civil de toda a dependência ao Ser su-
tado, segundo a doutrina católica ". 18 Plinio Corrêa de Oliveira explica que uma alma em estado de graça está na posse, em grau maior ou menor, ele todas as virtudes. Iluminada pela fé, dispõe dos elementos para formar a única visão verdadeira do universo. Tal visão do universo, elaborada segundo a doutrina da Igreja, é o elemento fundamenta l da cultura católi ca. Esta última abrange todo o saber humano, reflete-se na arte e implica a M ARÇO2 006 -
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afirmação de valores que impregnam to., dos os aspectos da existência. 19 Uma ordem assim estabelec ida corresponde ao reinado de Nosso Senhor Jes us Cristo nos corações de seus fi é is e em toda a sociedade. E is o mais alto sentido da devoção a Cri sto Re i. Essa ordem sacral não é vã utopia. Não só é reali zável, mas realizou-se, como o testemunha Leão XIII na Encíclica lmmortale Dei.
l<lade Mé<lia, um apogeu da ordem saem/ Historicamente, ta lvez se possa dizer que essa ordem sacra) começou a estabelecer-se na Europa a partir da conversão de Clóv is, Rei dos francos, em fins do séc. V, 20 arrastando consigo todo um povo g uerre iro que , abrindo-se à influência da Igrej a, favo receu a cristianização não só das Gáli as, como de toda uma vasta região da Europa. Ao cabo de três séculos, Carlos Magno veio dar novo impulso a essa obra, posteriormente coroada com a formação do Sacro Império Romano Germân ico. Surgiu assim o ideal da Cristandade, unindo um conjunto de Estados sob a observ ância da Lutero: doutrina de Jes us Cristo Nosso muitos Senhor. Transposto um período de novas invasões bárbaras e de certa anarq uia fe udal, tal ordem cristã continuo u a desabrochar até atingir a sua mais alta perfeição histórica no apoge u da era medieval (sécs. XII e XIII). Deu-se então o feli z conúbio entre o sacerdócio e o império, a que se referiu Leão XIII. Sobre essa época, escrevem conceituados historiadores eclesiásticos: "O homem da Idade Média, cheio de espírito cristão, movia-se num ambiente de fé e de vida sobrenatural; sua existência neste mundo não tinha outro obj etivo que o de realizar o Reino de Cristo; daí lhe parecer óbvio que seu Vigário (o Papa) interviesse em todos os atos da vida social e política. Não só o indivíduo, mas a sociedade enquanto tal devia ser governada de acordo com as norCATOLICISMO
mas da religião. Sua profúnda mentalidade cristã não concebia a separação da Igreja e do Estado. Acima de todas as nações da Cristandade pairava a dupla autoridade do Papa e do Imperador, este corno braço armado daquele". 2 1
beça do Sacro Impéri o, rebelou-se contra o Papado a propósito das investiduras. O santo Pontífi ce dobrou-o no episódio de Canossa, mas ne m por isso o Imperador deu-se por vencido. Q uando o homem se entrega ao orgulho e à sensualidade, a lei passa a ser ditada em função do seu prazer e do seu egoís mo. O absolutismo dos leg istas, que se enga lanavam com um conhecimento vaidoso do Direito Romano, encontrou em prínc ipes ambiciosos um eco favorável. 22 São Luís IX, Rei de França o Rei-cruzado contemporâneo de Santo Tomás de Aqu ino, de São Boaventura e de São Francisco de Assis-, certamente não imaginaria que seu neto F ilipe IV, o Belo, viesse a ser o paradigma da revolta contra o Papado. Bonifácio VIII publicou a Bula Unam Sanctam em 1302. Essa reafirmação contundente da superioridade do poder espiritual sobre o tem pora l não pod ia ser aceita pelos espíritos rena scentistas , como Fili pe IV da França, que mandou Guillaume Nogaret pressionar o Papa em Anagni . Nogaret o fez por meio de Sciarra Colonna. O resultado é conhecido: o Papa foi preso e humilhado em sua "Fora com Roma!" Em troca de vantagens pessoais, res idência. A população da cidapríncipes alemães apoiaram o monge apóstata de libertou-o, mas o Pontífice morreu um mês depois, de desgosto. Decadência do espfrito A essa altura j á estão em cena os atocatólico medieval res do Hu manismo renascentista, que iria triunfar por toda parte ao longo dos séChamando os fiéis à sobriedade e à vigilância, São Pedro diz que o demôcul os XV e seguintes. Ora, a doutrina humanista tira Deus do centro das cogitanio, nosso adversári o, está sempre ao ções para aí colocar o homem. Contam inosso redor rugindo, procurando a quem nada a ordem temporal, seus efeitos Jogo devorar. É preciso res istir- lhe com a fortaleza da fé (cf. 1 Pe 5, 8-9). Em deterse fizeram sentir na ordem espiritual, na qual penetrou igualmente o espírito reminado momento falto u essa vigilância à sociedade medieval. E sua decadência nascentista, inclusive na corte de certos tornou-se inexorável. Os vícios campePapas. Condições suficientes para a iraram nos palácios reais, nas feiras e ruas, rupção de todos os abusos , de parte dos nos parlamentos e uni versidades dos dois poderes. Outro brado de revolta levanta-se conmais importantes centros europeus. Na realidade, a concórdia entre Igretra o Papado da boca de Lutero: "Fora com Roma!" Em troca de vantagens pessoais, ja e Estado já sofrera um abalo nos tempos gloriosos de São Gregório VII (Papa muitos príncipes alemães apoiaram o monde 1073 a 1085), quando Henriq ue IV, ge apóstata. Estabeleceu-se o princípio falsucessor de Carlos Magno enquanto caso de que cada povo deve adotar a religião
de seu príncipe. Alastrou-se pela Europa a revolta protestante e uma guerra de religião que ensangüentou o velho continente. Esses erros são precursores do atual laicismo, que mata nas almas o sentire cum Ecclesia.
A deusa razão em Notre-Dame de Paris
cos esse mesmo lema. É por ódio à Igreja católica, à sua doutrina e ao seu Divino Fundador. Ao expor o regime ideal da união entre a Igreja e o Estado, não queremos significar que, na prática, e le deva ser adotado necessariamente em nossos dias. Numa época em que a Igreja, infiltrada pelas correntes progressistas, se encon-
ternalmente o Brasil de modo muito particular, como também as demais nações ameaçadas pelo mesmo adversário. • E- mail do autor: w-gabrie l@cato licismo.com.br
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Notas: No clima descrito acima, claro 1. Citado pe lo Cardeal Alfredo Ottaviani em seu artigo Deveres do Es1ado católico para com que se haviam deteriorado as condia Religicio, in Catolicismo nº 33, set. de 1953. ções para um perfeito entendimento 2. Episcopado Italiano, li Laicismo - Pastoral entre Igreja e Estado. Mesmo assim, coletiva diri gida ao C lero da Itáli a em 25 de o regime da união entre os dois pomarço de 1960; Catolicismo nº 11 6, agosto de 1960, reproduz os princ ipais tópicos desse doderes ainda irá perdurar na maioria Í cumento. dos países católicos até o fim do An- ~ 3. Cf. Encíclica Quas Primas, de 11.- 12- 1925, < cien Régime, até que o tufão da Re- E nº 13. volução Francesa tentasse impor a 4. Mons. Angelo Deli ' Aqua, citado por Plínio '!:: ' Corrêa de Oliveira, in Revoluçcio e ContraConstituição Civi l do Clero, violan- ~ o.. Revoluçcio, Ca1olicis1110 nº 100, abril de 1959, do brutalmente os direitos da Igreja. ,:ii , Introd ução. E be m con hecido o ep isód io da .g 5. Homilia fe ita na Bas íli ca de São Pedro, em 2- 10-2005, po r ocas ião da abertura da XI ex ibi ção de uma mulher de má vicia, Assemb lé ia Geral O rdin ária do Sínodo dos na catedral de Notre-Dame de - Os republicanos laicistas franceses afixam nas igrejas Bispos. Pans, representando a deusa razão confiscadas o lema "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" 6. C f. Plí nio Corrêa de Olive ira, A Cruzada para ser adorada enquanto ta l. Orado século XX, in Catolicismo nº l , j ane iro de 1951. c ionali smo , o iluminismo, co mo 7. Cf. Lui gi Taparc lli D' Azeg li o, SJ, Saggio igua lmente o espírito de dúvida carTeoretico di Dirillo Na111rale, Ed. La Civi ltà tesiano, estão na raiz filosófica do Cattoli ca, Roma, 1949, vo l. I, nº 730 ss. protestantism o e da Revo lução 8. [dem, nº 734. Os des taq ues são da Redação. Francesa. Todos encontram-se per9. Cf. PIini o Corrêa de O li ve ira, Revoluçcio feita mente involucraclos no laic ismo e Conlra- Revoluçcio , Parte I, VII, 2, B. agnóstico que impôs a separação enJO . S íl v io A nto nian o, Dell 'ed uca zion.e tre Igreja e Estado. c ri s1 ia11.a d e i figliuoli , I, apud P io Xl, Encíc lica Divin.i !llius Magist ri, de 3 1- 12Depo is da perseguição reli gio1929, Bon ne Pres e, Pari s, 1962, pp. 23 e s. sa que ensangüentou a França d u1 1. Santo Agosti nho, Epist . CXXX VIII, 15 rante o Terror, a Revolução mudou PL XXXlll 532, a pud Pio XI, E ncíc li ca Divin.i lllius Mag istri, ibidem, pp. 22 e s. de tática para uma nova metamor12. "Observa a orde m e e la te preservará" . fose. Com Napoleão, "a Revolução 13. A conhec ida ex pressão é de Pau lo VI, na em botas" chegou a uma composiO povo indignado tenta evitar que o governo se apos- Alocução Resislite for1 es in. jide, de 29 de ção com a Igreja mediante uma se dos bens do igreja de Riaillé, na França junho de 1972. 14. Card . A. Ottav iani , Deveres do Eswdo concordata. Mas vo ltou à carga no católico para com a Relig icio, in Catolicismo tempo de Napoleão III e especia lmente tra no que muitos cons ideram ser amainº33,set. / 1953. na III República, com as características or crise de sua história, e na qual os Es15. Ide m, ibidem. do anticlericalismo furibundo que pertados estão corroídos por toda sorte de l 6 Pio XII, Encíclica Su111111.i Pontificatus, de 20 de outubro de 1939 . durou até a I Guerra Mu ndial, iniciada venenos revolucioná.rios do mundo mo17.Ide m. em 1914. derno, ta l união, em vez de produzir bons 18. Cf. P lí nio Corrêa de O li ve ira, Revoluçcio e A lei de J905 desencadeou nova perfrutos, poderia constituir-se e m fonte de Conl ra- Revo lu ção, Parte I, ca p. 7, 2, B, segu ição religiosa. As nota de 20 franerros e injustiças ainda maiores que os Artpress, S. Pau lo, 4' ed. 1998, p. 59. 19. Idem. cos da época traziam a frase "Deus proatua is - poderia ser "pior a emenda do 20. Considera-se o ano 496 como o mais provável teja a França". Um decreto de 7 de jaque o soneto". da co nversão de C lóv is. Ver Godefroid Kurth, ne iro de 1907 mandou substituí-la pelo O triunfo do Imacul ado Coração de Clovis, ed. de la Saine/fa ll and ier, Pari s, 1978, lema da Revol ução Francesa: "LiberdaMaria, previsto em Fátima, é de molde a p. 285. 2 J. Pe. Ricardo Garc ia Villoslada, S.J ., B. Ll orca de, Igualdade, Fraternidade". Não é por modificar substancialmente essa situação. e outros, Hisloria de la lglesia Católica, BAC, mero espírito burocrático, portanto, que Até lá, peçamos a Maria Santíssima que Mad ri d, 1953, T. II , p. 683. os repub li canos laicistas franceses afi nos proteja contra novas investidas do lai 22. Cf. Plín io Corrêa de Oli veira, op. c it. , Parte 1, xam nas igrej as confiscadas aos católicis mo anticatólico; que Ela proteja macap. 3, 5", p. 27.
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Uma al'ma numa das mãos e o te1·ço na outra Em 1446, aos 29 anos, Nicolau fo i defe nder se u ca ntão na ba ta lh a de Ragaz. Partici po u de outras campanhas, incl usive a de 1460, chamada guerra de T hurgau . Demonstro u tanta brav ura nessa g uerra , que recebeu uma medalha de ouro . Por sua influênc ia, salvo u do furor dos confederados o convento dominicano de Santa Catarina, onde os austríacos se hav iam re fu giado . "Irmão s, disse- lhes,
tlamada, e não havia conversa em que e le não entre measse fra ses sobre as excelê ncias, o poder e a bo ndade dessa terníssima Mãe. Ele fazia periodi camente peregrinações aos seus inú meros santuários.
não mancheis com a crueldade a vitória que Deus nos deu". Na guerra Ni co lau levava a espada numa das mãos e o terço na outra. Mostrou-se sempre um guerre iro coraj oso e um cri stão mi sericordi oso.
São Nicolau de F1üe "Pai da Pátria" suíça G uerreiro indomável, de ardentíssima devoção a Nossa Senhora, com arma numa das mãos e rosário na outra, salvou a Suíça de grave crise e marcou os rumos de seu país nas vias de Deus , , PUNIO M ARIA SOUMEO
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ico lau de F lüe , ou Bruder Klaus (irm ão K la us), como é
con hecido em sua pátri a, nasceu em Sachseln, no cantão de U nterwald, na Suíça, em l4 17 . Os bi ógrafos não são concordes quanto à sua ori gem: "De uma f amília de bons e piedosos pastores", di zem os Bolandistas. 1 "De urna das
mais nobres e antigas fa mílias do país", diz outro biógrafo .2 O que pre-
Durante os últimos 20 anos de suo vida, ele não comeu nem bebeu, mos viveu só do Sagra do Eucaristia!
CATOLIC I SMO
valece é que ele pertenc ia a uma abastada fa míli a, muito influente no povoado natal. 3 Seja co mo for, seus bi ógrafos afirmam que Ni colau era um "j ovem cas-
to, bom, virtuoso, piedoso e sincero,
dado à oração, mortifi cado, e que cumpria conscienciosamente se us deveres" . D iz um seu bi ógrafo : "Ni colau deixou de ser criança tão cedo, que parecia ter-se antecipado nele a piedade à razão, assim com.o a razão à idade. Notou-se desde logo nele um juízo tão maduro, um entendimento tão claro e uma prudência tão superior a seus anos, que se creu que havia alcançado o uso da razão antes de sair do berço, contra as regras ordinárias da natureza".4 O utra nota dom ina nte nesse privil egiado santo é a constância no humor, bondade de coração e suavidade de trato, que atraíam todos seus conc idadãos.
Modelai' família de <lez Jillws Para obedecer aos pais, casou-se com uma conterrânea virtuosa, Dorotéia Wyss. Tive ram dez filhos, c inco ho me ns e cinco m ulhe res. Ni co la u ded icou-se inteiramente à educação da nu merosa pro le, tanto re li giosa qu anto c ivil. Do is de seus fi lhos chegaram a ser sucessivam ente governadores do cantão, des inc um bi ndo-se do cargo com honra e e fi ciênc ia. Um terceiro, que e le fez estudar em Bâle e Pari s, torn o u-se pi edoso sacerdote, do utor em teo logia. E m sua vid a matrimonial, N icolau não só não arrefeceu na práti ca da virtude, mas cre ceu ai nda em devoção. Para satisfazê- la, segundo seu fi lho João ele F lüe, "meu pai ia sempre
se deitar na mesma hora que seus .filhos e domésticos; mas todas as noites eu o via levantar-se de novo e rezar em seu quarto até a man hã" .5 Muitas vezes ele ia tam bém, no silênc io da noite, rezar na vi zinha igreja de São N icolau o u caminhar pe lo bosques circun vizinhos. Essas cami nhadas noturnas, em que ele se senti a mais perto de Deus, eram para ele as melhores horas. N ico lau tinha uma profunda devoção à Santíssima Virgem, terna e in-
uma resignação tranq üil a co nsentiu , prometendo termj nar de educar os fi lhos no temor e amor de Deus. Com exceção da abnegada Dorotéia, todos os parentes foram contra essa idéia que Uies pareceu estapafúrdia, incl usive os dois filhos mais velhos, se bem que só momentaneamente. No dia 16 de outubro de 1467, tendo posto em ordem se us negócios e d ividido seus bens, Nicolau apareceu d iante dos parentes e am igos descalço, com longa túnica de peregrino, bastão nu ma das mãos e o terço na outra. Agradeceu o bem deles recebido e pediu perdão por alguma falta invo lu ntária. Exortou a todos a te me re m a Deus e a j amais esquecerem seus mandamentos. Depois, dando a bênção a todos, partiu , com o coração di lacerado pela afeição ao que deixava.
Por 20 anos, seu único alimento foi a Eucal'istia
Nicolau apareceu diante dos parentes e amigos descalço, com longo tún ica de pereg rin o , ped indo perdão por a lguma fa lto invo luntá rio
Mes mo trabalhando no ca mpo, o sa nto não de ixava seu rosá rio, q ue aproveitava para rezar em qu alqu er tempo livre.
Chamado a uma dedição total a Deus O amor às coisas celestes e algumas visões que teve fizeram reavivar em N icolau o desejo ele se dedicar excl usivamente a Deus. Estava chegando aos 50 anos, os filh os estavam praticamente criados, e não havia mais tempo a perder. Procurou sua virtuosa esposa e explicou-lhe a vocação que Deus tão premente m~nte lhe dava, suplicando-lhe liberdade para seguila. Estavam casados havia 20 anos, tin ham numerosa prole com alguns {'i lho ainda pequenos. Mas a heróica mulher, conhecendo bem seu marido e sabendo que não se tratava de um fervo r passageiro o u fa ntas ia, co m
Nicolau pensou em ir para outro país para estar mais longe daq uilo que amava. Mas depois, por uma inspiração cio alto, voltou para uma sua propriedade, onde construiu pequena cabana para nela viver entregue à oração e à contemplação. Seu irmão Pedro foi proc urá-lo, resolvido a le vá-lo de volta para casa, alegand o qu e pode ria morrer de fr io ou fom e, iso lado no terrí vel inverno suíço. Nicol au respondeu-lhe: "Saiba, meu irmão, que não
morrerei de fo me, pois já f azem onze dias que não com.o e não sinto necessidade de alimento. Tampouco morrerei de frio, pois Deus me sustém". E aqui está o mais impressionante mil agre da vida de São Nico la u de Flüe, raro mes mo nos anais ela santi dade : durante os últimos 20 anos de sua vida, ele não come u nem bebeu, mas viveu só da Sagrada E ucari sti a ! Mas e le não fez isso sem aconselhamento, para não tentar a Deus. Um venerável sacerdote, o Pe. Osvaldo lsner, pároco de Kerns, deixou este relato no livro de sua paróqui a, em 1488:
"Quando Nicolau começou a se abster de alimentos naturais, e havia assim
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passado onze dias, mandou procurar-me e me perguntou secretamente se devia tomar algum alimento [... ]. Em seus membros não restava senão pouca carne, pois tudo estava dessecado até a pele. Quando vi e compreendi que isso não podia provir senão da boafonte do amor divino, aconselhei ao irmão Nicolau que persistisse na prova tão longamente quanto lhe fosse possível suportar sem perigo de morte [... ]. Foi o que fez: desde esse momento até sua morte - quer dizer, por volta de vinte anos e meio - continuou a se abster de qualquer alimento corporal [...]. Ele me confessou que, quando assistia à Missa e o padre comungava, recebia uma força que lhe permitia permanecer sem comer e sem beber, pois de outro modo não poderia resistir'.6 "Se durante 20 anos - diz · o Papa Pio XII - ele se alimentou unicamente do pão dos anjos, este carisma foi o complemento e a paga duma longa vida de domínio de si mesmo e de mortificação por amor de Cristo".7
Grandes conversões seguidas de maravilhas Quando começou a se propalar esse fato prodigioso, uma multidão crescente passou a acorrer de todos os cantos para ver o homem a quem Deus dava tal graça. Os magistrados da cidade enviaram g uardas, que ocuparam durante um mês, dia e noite, as redondezas da cabana do irmão Nicolau e comprovaram que o piedoso eremita não tomava mesmo outro alimento que a Sagrada Eucaristia. O bispo de Ascalão foi à própria cela de Nicolau, obrigando-o, em v.iitude da obediência, que comesse o alimento e tomasse o vinho que havia levado. Tentou fazê-lo, mas imediatamente começou a sentir tão violentas dores de estômago, que se temeu por sua vida. E não se insistiu mais sobre isso.
CATOLICISMO
Ranft. Nicolau passou a noite a redigir um projeto de constituição que, no dia seguinte, foi aprovado por unanimidade p ela mesma Assembléia, o que restabeleceu para sempre a unidade e a paz". 8
* A cela do santo em Ranft, à qual foi anexada uma capela, conservada com rendas dos arquiduques Continuando a crescer o número de peregrinos que vinham ver o irmão Nicolau, seus concidadãos lhe edificaram uma cela de pedra em Ran:ft, com uma capela anexa, à qual a piedade dos arquiduques da Áustria assinalou as rendas necessárias para sua conservação e manutenção, com um capelão para a servir. Assim Nicolau pôde assistir dia.riamente ao Santo Sacrifício sem sair de sua cela. Aumentando ai nda o afluxo dos fiéis, o irmão Nicolau , para lhes fazer algum bem, começou a fa zerlhes uma prática espiritual. Com isso reformaram -se os costumes, houve g randes conversões seguidas de muitas marav ilhas. Ele tinha o dom dos milagres e da profecia. "Retirar-se do mundo não marcou todavia, para São Nicolau, o fim duma obra histórico-política. Foi antes um princípio de mais pronunciada fase. Nicolau fora juiz e conselheiro do seu cantão. Fora também deputado na Dieta federal de 1462 e recusara o cargo de chefe de Estado. O seu influxo nos assuntos federais mostra-se já evidente no tratado de paz perpétua com a Áustria em 1473. Evitando a guerra civil, f ez renascer a unidade da Suíça, o que lhe valeu o título de 'Pai da Pátria '. Em 1481, quando Unterwald estava decidido a separar-se de Lucerna e de Zurique, o que poria fim à existência da Confederação, um emissário da Assembléia, que se dispunha a homologar a ruptura, correu a trazer a notícia ao ermitão de
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Afinal, um brado! Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa, reunida em Estrasburgo, promoveu uma condenação internacional dos crimes dos regimes comunistas no século passado. Auguramos que essa iniciativa se desdobre.
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Uma das mais terrívei s profecias feitas por São Nicolau foi a respeito da pseudo-reforma protestante, que haveria de dividir també m seu país. Predisse que, após sua morte, "vão chegar infelizes tempos de revolta e de dissensões na Igreja. Ó meus filhos - disse ele com lágrimas nos olhos - não
vos deixeis seduzir por nenhuma inovação! Uni-vos e mantendevos firmes. Permanecei na mesma via, nos mesmos caminhos que nossos piedosos ancestrais, conservai e mantende o que nos foi ensinado. É assim que resistireis aos ataques, aosfitracões, às tempestades que se elevarão com tan ta violência" .9 São Nicolau de FIUe faleceu no dia 21 de março de 1487 , sendo canonizado por Pio XII em maio de 1947. • E-mail do autor: pmsolimeo@catolicismo.com.br
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Notas: 1. Les Petits Bollancli stes, Vies des Sairlls ,
Bloucl et Barrai, Libraires-Écl iteurs, Pari s, 1882, tomo 4°, pp. 83-84. 2. Eclelvives, EI Santo de Cada Dia, Editorial Lui s Vives, S.A., Saragoça, 1947, tomo 11, p. 31l. 3. Por exemplo, The Catholic Encyc!opedia, Volume XI, Copyright © 1911 by Robert Appl eto n Compa ny, On line Eclition Copyright © 2003 by Kevin Kn ight. 4. Eclelvives, icl. Jb. 5. Les Petits Bollanclistes, op. cit. , p. 85. 6 . Jd. , p. 87. 7. ln Pe. José Leite, S.J. , Santos de Cada Dia, Ed itorial A.O., Braga, 1993 , vol. [, p. 363. 8. lei . , p. 363. 9. Guido Goerres, Le Bienheureux Nicolas de Flue, tracluit ele l'allemand. ln Les Bollandistes, op. cit. , p. 91.
Cio
ALENCASTRO
Muro de Berlim ruiu em 1989. A Cortina de Ferro acabou de dil acerar- se em 1991. Em fevereiro de 1990, no mundo todo era estampado um impressionante manifesto assinado por Plinio Corrêa de Oliveira, cobrando urna condenação do comunismo e de seus crimes, corno fora feito com o nazismo. E apontando, com uma clarividência ímpar, a pa.1ticipação que nesses crimes tiveram incontáveis setores no Ocidente, corno os partidos comunistas, uma parte do clero, os colaboracio11istas, os inocenLes úLeis, etc. Um silêncio constrangedor seguiu-se à publicação. Os interessados em que não se levasse a cabo tão necessária condenação utilizaram todos os meios para abafar o clamor das vítimas do comunismo, às quais dera voz o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Aparentemente os abafadores tiveram êxito. Continuouse a falar dos crimes do nazismo (com razão), mas silenciavam -se obstinadamente os crimes do comunismo. Ma.is de 100 mi lhões de vítimas eram assim relegadas ao olvido. Mas ao horror dos cri mes espantosos juntaram-se a força luminosa da lóg ica e - por que não! - a ação da Providência Divina. Passados 16 anos do referido manifesto, contra toda a expectativa dos que preferem esquecer para não serem incomodados, um brado se levanta. agora contra os crimes do comunismo. Trata-se, é verdade, de um brado ainda tímido, muito incompleto, ao qual caberiam retoques importantes. Mas, afinal, é um brado! Após tantos anos de silêncio poluinte e de cumplicidades abjetas, um importante órgão internacional levanta-se e proclama: os crimes do comunismo são graves e devem ser condenados.
Comlc11ação Internacional A A sembléia Parlamentar do Conselho da E uropa, reunida em 25 de janeiro Gõran Lindblad em sua sede em Estrasburgo, França*, promoveu " uma condenação internacional dos crimes dos regimes comunistas totalitários" , aprovando relatório do sueco Gõran Lindblad, membro do Partido Popular Europeu. "Estou muito contente, porque nossa Assembléia, que representa 800 milhões de pessoas, é a primeira organização
Resolução 1481/2006 da J\sscmbléia ParlamcnLar do Conselho da Europa condenando os crimes do comunismo (excertos) - Os regimes comun istas totalitários que estavam no poder na Europa centra l e orienta l no séc ulo passado, e que existem ainda hoje em diversos países do mundo, foram marcados, sem exceção, por violações maciças dos direitos do homem, [... ] incluindo assassinatos e execuções individuais ou coletivas, as mortes em campos de concentração, a morte pela fome, as deportações, a tortura, o trabalho forçado e outras formas de terror físico coletivo, as perseguições por motivos étnicos ou religiosos; 2 - Os crimes foram justificados em nome da teoria da luta de classes e do princípio da ditadura do pro letariado. A interpretação desses do is princípios tornaria legítima a elimin ação de categorias de pessoas consi deradas como perniciosas para a construção de uma sociedade nova, e, como conseqüência, como in imigas dos regimes comunistas totalitários; 3 - A queda dos regimes comunistas totalitários da Europa central e oriental não foi seguida de uma pesquisa internacional exaustiva e aprofundada, nem de um debate sobre os crimes cometidos por esses regimes. Ademais, os crimes em questão não foram condenados pe la comun id ade internacional, como foi o caso dos horríveis crimes cometidos pelo nacional -socialismo (nazismo); 4 - Os partidos comunistas ainda atuam lega lm ente em certos países, sendo que, por vezes, nem sequer tomaram distância em relação aos crimes comet idos no passado pelos regimes comunistas tota litários; 5 - Ainda há reg imes comunistas totalitários em alguns países do mundo, e os crimes continuam ali a ser cometidos; 6 - A Assembléia Parlamentar condena vigorosamente as violações maciças dos direitos do homem cometidas pe los regimes comunistas totalitários e presta homenagem às vítimas desses crim es; 7 - Além disso ela convida todos os partidos comunistas ou pós-comunistas de seus Estados membros a reexaminar, se ainda não o fizeram, a história do comun ismo e seu próprio passado, a tomar claramente distância em relação aos crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários e a condená-los sem ambigüidades . (Assembléia ele 25 de janeiro de 2006 - 5' seção. A íntegra pode ser consultada em: http://assembl y.coe.int/Mainf.asp?link=/Documents/ AcloptedText/ta06/FRES 1481.htm).
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internacional a ter esse gesto" , declarou ele à saída da votação. A resolução foi adotada por 99 votos contra 42 e 12 abstenções. Os partid0s comuni stas ai nda ex istentes na E uropa protestaram cinicamente. Ao que parece, para e les, assass inar barbara mente não tem ne nhuma importância, desde que sej a em no me do comunismo.
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Lembramos aq ui , co m espec ia l veneração, que e ntre as primeiras vítim as dos carrascos com uni stas estivera m o Czar Nico lau II e seu filho, que era também seu sucessor, sua esposa e suas quatro filh as. No Conse lho de Min istros da Europa, infe li zme nte não foi aprovado um documento do mesmo tipo, o qua l convidava os governos dos 46 Estados membros a adotar uma dec laração simil ar e a lançar urn a campanha de sensibili zação . Embora aprovado por 85 votos contra 50 e 11 abstenções, os regulamentos do Conselho prevêem que, para ser adotado, exige-se urna ma ior ia de dois terços. Promover a referida "campanha de sens ibili zação" seri a muito importante.
Um acontecimento "histórico" Nos debates prév ios à ap rovação pela Assembléia Parlamentar, muitos dos deputados europeus consideraram " hi stórico" o aco ntec imen to.
Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio A TFP apresenta uma análise da situação no mundo - no Brasil (14-2-1990,
excertos) PUNI O CORRÊA DE ÜLIVEIRA
E
sse brado [das vítimas do comunismo] se dirigirá, antes de tudo, contra os responsáveis diretos por tanta dor acumulada ao longo de tanto tempo, em tão imen as vastidões, sobre uma tão impressionante massa de vítimas. E, a menos que a lógica tenha desertado totalmente dos acontecimentos humanos as vítimas de tantas calamidades unirão seu ulular para exigir do mundo um grande ato de justiça para com os responsáveis. Tais responsáveis foram, por excelência, os dirigentes máximos do Partido Comunista russo que, na escala de pode-· res da Rússia soviética, sempre exerceram a mais alta autoridade, superando até a do governo comunista. E, pari passu, os chefes de PCs e de governos das nações cativas. Pois eles não podiam ignorar a desgraça e a miséria sem nome em que a doutrina e o regime comunistas estavam afundando as massas. E, contudo, não titubearam em difundir essa doutrina e impor esse sistema.
CATOLICISMO
Outros culpados pelos crimes do comunismo: 1 - Historiadores otimistas e superficiais amorteceram a reação dos povos livres contra as tramas do comunismo internacional. Por que, em suas obras de síntese, lidas e festejadas por certa mídia no mundo inteiro, se contentaram em dizer tão pouca coisa sobre desgraças tão imensas? 2 - Os homens públicos cio Ocidente, por que fizeram tão pouco para libertar da noite espessa e infinda da escravidão soviética esse número incon tável de vítimas? 3 - As subvenções do Ocidente prolongaram a ação dos carrascos. As subvenções enviadas pelo Ocidente foram entregues, o mais das vezes, não diretamente aos pobres supliciados, mas aos carrascos, a quem tocava governar estas salas ele tortura ele dimensões nacionais. Esses governos-carrascos é que, o mais das vezes, recebiam as benesses do Ocidente. Nós precisávamos de uma
"O comunismo jamais foi condenado, ao contrário do nazismo, entretanto a amplidão de seus crimes nada tem a invejar em relação ao nazismo", disse o deputado francês Bernard Schreiner. Numerosos parlamentares, vindos dos países do Leste, testemunharam os sofrimentos vividos nas suas próprias fa míli as, colocadas sob a bota vermelha. Os bálticos e os ucranianos lembraram especialmente as deportações maciças para a Sibéria.
"Devemos condenar esses crimes, não apenas para acertar as contas do passado, mas também para que eles não se reproduzam mais", afirm ou a estonian a Katrin Saks. "Alguns dizem que eles desapareceram, mas eles existem ainda na Bielo-Rússia, em Cuba ou na Coréia", constatou a búl gara Naclezhda Mikhailova. * * * Esperamos ele toda alm a q ue este seja não um documento úni co, mas sim um prime iro passo, urna primeira tornada de
cruzada que nos libertasse - exclamarão elas [as vítimas] - e vós nos enviastes tão-só um pouco de pão que nos ajudasse a ir agüentando por tempo indefinido o nosso cativeiro. Ignoráveis porventura que, para o cativo, a grande solução não é apenas o pão, mas sim , e sobretudo, a liberdade? 4 - Cooperadores suicidas para a difusão do comunismo. Se Moscou dispôs de ouro para minar, com suas redes de propagandistas e de conspiradores, todas as nações da Terra, é bem certo que, nas faraônicas despesas utilizadas para tal, não entraram parcelas consideráveis das quantias fornecidas, a este ou aquele título, pelos doadores ocidentais? Neste último caso, a par de benfeitOJes das vítimas do comunismo, não terão sido eles cúmplices involuntários concedamo-lo - dos verdugos? 5 - Os líderes dos diversos partidos comunistas do Ocidente - Nada viram? Durante décadas a fio, os líderes comunistas dos diversos países mantiveram constante e multiforme contacto com Moscou, e ali estiveram, mais de uma vez, recebidos normalmente como comparsas e amigos. Nada contaram? Nada haviam indagado? Em nenhum momento dessas visitas, haviam e les procurado tomar conhecimento direto das condições em que viviam os russos e outros povos subjugados? Não haviam visto as filas intérminas que, pelas frias madru gadas afora, se formavam às portas de açougues, padarias e farmácias, à espera ela mercadoria qualitativa e quantitativamente miserável, cuja aquisição disputavam como se fosse esmola. Não haviam percebido os andrajos nas costas dos pobres. Não haviam notado a total falta de liberdade que afligia todos os cidadãos . Não se haviam impressionado com o tristonho e geral silêncio da população, receosa até de falar, pois temia a brutalidade das suspeitas policialescas. 6 - Se conheciam o trágico fracasso do comunismo, por que o queriam para suas pátrias? Se os chefes comunistas no
atitude, que já se fazia demorada. E que se siga toda uma série ele outros documentos, pronunciamentos, atitudes, uma verdadeira cruzada enfim, contra esse regime ideológico que assolou o mundo durante quase todo o século XX. E cujos miasmas se espalharam por toda parte e nos atacam através das mil formas veladas de comunismo, como as investidas contra a propriedade privada e contra os vários aspectos da moral fami liar. No Quadro I (pág. 39), o le itor encontrará trechos da Resolução da Assembléia Parlamentar cio Conselho da E uropa. E no Quadro II (pp. 40-41), trechos do monumental mani fes to do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, acima citado. • E- mail do autor: cidalencastro@cato lic ismo.com .br
* C fr. "Le Monde" (www .le monde. fr) , 26- 1-06. O Co nse lho da Europa é a mais antiga organização política européia ( 1949). Distinta da Uni ão Européia, agrupa 46 países e concedeu statu s de observador à Santa Sé, Estados Unidos, Canadá, Japão e Méx ico
mundo livre sabiam que o fruto do comunismo era o que agora o mundo inteiro vê, por que conspiravam para estender esse regime de miséria, escravidão e vergonha a seus próprios países? Por que não poupavam dinheiro nem esforços com o fim de atrair, para a árdua faina de implantação do comunismo, as elites de todos os setores da população, a começar pela elite espiritual que é o clero, e a seguir as elites sociais da alta e média burguesia, as elites culturais elas Universidades e cios meios de comunicação social, as elites ela vida pública, quer civil, quer militar, ademais dos sindicatos e organizações de classe ele toda ordem, para atingir por fim a juventude e a própria infância, nos cursos de primeiro grau? Cegou-vos a paixão ideológica, a ponto de não perceberdes que a doutrina e o regime que pregavam para a nossa Pátria não poderiam deixar de produzir nela frutos de miséria e de desgraça iguais aos que produziram nas imensas longitudes do mundo soviético, desde as margens berlinenses do Spree, por exemplo, até Vladivostok? 7 - A opinião pública perguntará mais agudamente aos chefes dos PCs, em todo o Ocidente, por que consentiram em chefiar um partido político que não tinha outro objetivo senão arrastar para essa situação de penúria, escravidão e vergonha os próprios países cio mundo livre, em que haviam nascido. 8 - Essas investidas do inimigo não se têm restringido a calúnias cochichadas [contra os anticomunistas], mas se têm avolumado a ponto de tomar as proporções de verdadeiros estrondos publicitários promovidos com grande estardalhaço contra a TFP brasileira nos últimos 24 anos. Este tufão encontra desde logo o apoio ele todos os clãs ele inocentes úteis disseminados pelo país, com suas diversificadas e infatigáveis equipes ele detratores especialmente afeitos a operar nos recintos das fanu1ias, das sacristias, cios clubes e dos grupos profissionais.
A íntegra deste manifesto pod e ser encontrada em: http ://www. pi in iocorreadeol iveira. info/ l 990-02- l 4 %20- %20Comu n ismo%20e%20anticomun ismo%20na %20orla.asp
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a fim de prestar-lhes auxílio. Preso, foi açoitado e depois lançado aos leões, que correram para ele submissos. Teve então a cabeça decepada.
1 Quarta-feira de Cinzas Dia de jejum e abstinência.
2 Sa nta Inês da Boêmia , Viú va + 1282. Filha de reis, casada aos 13 anos com o príncipe da Silésia, foi admitida num mosteiro cisterciense para terminar sua formação. Falecendo seu marido, resolveu entregar-se toda a Deus, fundando um asilo destinado aos pobres e um sodalício---:- a Ordem dos Cruc(feros ou da Stella Rubra para deles cuidar.
3 Santos Marino e Astério , Mártires + Palestina, 262. "Marino ia ser promovido ao gra u de centurião quando foi denunciado como cristão por um rival. Obrigado a esco lher, preferiu a palma do martírio às honras militares. O senador romano Astério, que havia assistido ao seu suplício, foi condenado à morte por haver-lhe recolhido o corpo " (do Martirológio Romano). Primeira Sexta-feira do mês.
4 São Lúcio I Papa, Mártir + Roma, 254. Foi um dos ilustres presbíteros de Roma que seguiram São Cornélio ao desterro , tendo sucedido a este no Papado. Primeiro Sábado do mês.
5 Santo Adriano , Mártir + Palestina, 308. Sabendo que os cristãos eram perseguidos em Cesaréia, para lá se dirigiu
6 São Conon, Mártir + Galiléia, 251. "Jardineiro cristão, foi condenado a correr na frente de um carro tendo seus pés atravessados por cravos, por haver confessado ser discípulo de Jesus crucificado" (do Martirológio Romüno).
7 Santo Esterwin Abade, Confessor + Inglaterra, 686. Deixou a corte de Nortúmbria pelo claustro de Wearmouth, sob a direção de São Bento Biscop, seu parente.
8 Santo Aria no e Compan heiros, Mártires + Egito, 311. Ariano "exercia funções de juiz em Antino , quando, testemunhando a constância dos cristãos que acabara de condenar, converteu -se com quatro campanheiros. Foram levados para Alexandria a fim de serem afogados no mar" (do Martirológio Romano).
9 São Gregório de Nissa, Bispo e Confessor + 400. Forma com seu irmão São Basílio e seu amigo São Gregório Nazianzeno a tríade dos Luminares da Capadócia, caracterizados por esta forma: "Basílio, o braço que atua; Nazianzeno, a boca que fala; Nissa, a cabeça que pensa".
10 São Macário de ,Jerusalém , Bispo e Confessor + 335. Foi um dos firmantes do Concílio de Nicéia contra os arianos. Venerado pelo Imperador Constantino e sua mãe Santa Helena, com ela descobriu vários dos instru -
mentos da Paixão, inclusive a verdadeira Cruz.
ll São Sofrônio, Bispo + Alexandria, 638. Nascido em Damasco, viveu 20 anos como eremita, para depois "ser colocado à frente da igreja de Jerusalém, que viu ser destruída pelos sarracenos" (do Martirológio Romano).
12 Santo Inocêncio 1, Papa e Confessor + 417. "Estendeu a solicitude da Igreja Romana ao Oriente, defendendo São João Crisóstomo quando de sua expulsão da sé de Constantinopla; e à África, apoiando Santo Agostinha contra a heresia donatista. Na Itália, teve que enfrentara invasão dos visigodos" chefiados por Alarico (do Martirológio Romano).
13 Santos Rodrigo e Salomão, Mártires + Córdoba, 857. Rodrigo, muçulmano convertido ao catolicismo, era sacerdote. Apazi guando uma disputa doméstica, seu irmão islamita denunciou-o ao califa. Na prisão encontrou Salomão, também cristão preso pelo mesmo motivo. Ambos foram decapitados pelos muçulmanos por não quererem apostatar.
14 Santa Florentina , Virgem + Cartagena, 633. Irmã do homem mais notável da Espanha, São Leandro de Sevilha; de São Fulgêncio, o Pai dos pobres, Bispo de Ecija; e de Santo Isidoro, sucessor do irmão na Sé de Sevilha; tia do mártir Santo Hermenegildo. Tomou o hábito beneditino.
15 São Clemente Maria Ilofbauer, Confessor + Viena, 1820. Aprendiz de padeiro, trocava o forno pe-
los livros, formando-se na Universidade de Viena. Fezse redentorista em Roma, onde foi ordenado.
16 Santa Eusébia de Hamage, Virgem + França, 680. Filha de Santo Adalberto e de Santa Rietrudes. Aos oito anos, após a morte do pai, foi viver com a avó, Santa Gertrudes, abadessa de Hamage. À morte desta, foi eleita em seu lugar, apesar de ter somente 12 anos.
17 São José ele Arimatéia, Confessor "Homem bom é justo", esteve presente na Crucifixão, conseguindo uma lic e nça para sepultar Nosso Senhor.
18 Santo Alexandre de Je rusalém, Bispo e Mártir + 250. Discípulo de São Clemente de Alexandria, foi eleito bispo da Capadócia, e depois de Jerusalém. Deu testemunho da sua fé nos pretórios e morreu coberto de grilhões numa prisão de Cesaréia.
19 Sfio José, Esposo da Santíssima Virgem, Patrono da Igreja Universal e da Boa Morte Para se ter idéia da grandeza de São José, considere-se apenas que foi digno esposo da Rainha dos Céus e pai adotivo de Jesus.
20 São Wulfrano, Bispo e Confessor + França, 703. Filho de alto funcionário do exérc ito de Clóvis II, abandonou a corte e fez-se monge. Foi nomeado para a Sé de Sens enquanto seu titular, Santo Amatus, estava ainda vivo. Mas resignou o cargo para ir evangelizar os frísios.
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guido. Escondeu-se e posteriormente apresentou-se ao prefeito, que o mandou queimar vivo. Antes de morrer foi beijar sua mãe, que assistia ao suplício.
São Nicolau de Pliie (Vide p. 36)
22 São Zacarias, Papa e Confessor + 752. Grego de origem, "por sua forte personalidade soube impor-se junto a vários saberanos lombardos,francos e bizantinas. Em Roma restaurou diversas igrejas e fez grande número defundações em favor dos pobres e peregrinos" (do Martirológio Romano).
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São Sisto m, Papa e Confessor + Roma, 440. Ainda presbítero, combateu tenazmente a heresia pelagiana, secundando nisso os grandes santos da época, São Zózimo e Santo Agostinho. Sucedeu a São Celestino I no Sólio Pontifício, dedicando-se a extirpar em sua raiz novas heresias que germinavam na Igreja, bem como perigosas inovações que surgiam a cada dia.
23 São José Oriol, Confessor + Barcelona, 1702. De origem humilde, com o auxílio de aiguns sacerdotes conseguiu ordenar-se e doutorar-se em Teo logia. Grande pregador, era mu.ito procurado para adireção das almas, por suas luzes sobrenaturais e pelo dom de profecia.
29 Santo Eustásio, Abade e Confessor + França, 625. Discípulo e sucessor do grande apóstolo da Irlanda, São Columbano, na abadia francesa de Luxeuil. Sobrinho de São Mieto , Bispo de Langres, deu novo brilho a essa abadia que contava com 600 monges .
24 Sama Hildelita, Virgem + Inglaterra, 524. Não bavendo ainda conventos na lnglaterra, essa princesa atravessou o canal da Mancha, fazendose religiosa na França. Voltou então à sua pátria, onde organizou a vida monástica em Barking.
Anunciação do Anjo e Encarnação do Verbo O acontecimento culminante da História: o Verbo de Deus se encarna no seio puríssimo de Maria.
26
27 Santo I labib, Mártir + Edessa (Iraque), 322. Diácono, exercia a pregação no campo, sendo por isso perse-
Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre David Francisquini, nas seguintes intenções: • Em louvor da Anunciação e Encarnação do Verbo de Deus e tombém em memória de São José - festividades que se comemoram em março - rogando a Nossa Senhora e a seu glorioso e casto Esposo que protejam e guardem as famílias dos leitores de Cato licismo.
30 São João Clímaco, Abade e Confessor + Palestina, 649. Após brilhantes estudos, retirou-se ao deserto do Monte Sinai, onde no princípio viveu isolado. Mas, correndo a fama de sua santidade e saber, muitas pessoas passaram a procurá-lo em busca de conselho. Tornou-se o mais popular escritor ascético de seu tempo com a obra Escada do Paraíso.
25
São Teodoro e Companheiros, Mártires +Líbia. Estes 43 cristãos, vindos do Oriente, possivelmente sofreram o martírio sob Diocleciano.
Intenções para a Santa Missa em março
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3·1 São Daniel, Mártir + Veneza, 1411. Alemão de origem, estabeleceu-se como comerciante em Veneza. Bem sucedido, dava seu lucro aos camaldulenses, no convento dos quai s morava como hóspede-leigo. Foi assassinado por ladrões que assaltaram o mosteiro.
Intenções para a Santa Missa em abril
•
Nesta Semana Santa, pelos méritos infinitos da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, pedindo as ma is escolhidas graças para nosso País, paro que sejamos dignos de misericórdia e o Brasi l cumpra plenamente sua missão histórica de se tornar baluarte da Cristandade.
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D urante o período de férias, jovens colaboradores da TFP-Fundadores dedicaram-se a percorrer numerosas cidades incentivando a restauração moral da sociedade
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m janeiro último, mais uma caravana da Associação dos Fundado-
res da TFP - Tradição, Família e Propriedade, partindo de Brasília e constituída por 15 jovens, percorreu 5.540 km através de três estados da Federação Go iás, Bahia e Minas Gerais - , além
CATOLICISMO
do D istrito Federal. Dentre as 29 cidades visitadas, mencionamos Salvador, Canudos , Fe ira de Santana, Montes C laros, Três Marias e c idades hi stóricas como Diamanti na e Serro. No contato com o públi co de todas as c lasses sociais, os caravanistas não hes itara m e m ·~pontar e condenar severamente
os erros do mundo moderno, completamente opostos à fé e moral católicas. E encorajaram as pessoas à mudança de vida e a uma maior devoção à Santíssima Virgem. Para isso divulgara m o livro Rosário - a grande solução para os problemas de nosso tempo e di stribuíram pôsters e medalhas. MARÇO2006 -
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' Chamou muito a atenção do s caravanistas a situação de abandono em que se encontram os católicos de várias cidades. Numa delas a diretora da escola, que gentilmente os hospedou, contou que no passado quase não havia protestantes na cidade, até que chegou um sacerdote adepto do progressismo. Ele aboliu as festas religiosas e eliminou as imagens. Resultado: o número de prote tantes cresceu enormemente ... Em cidades nas quais muitas vezes o clima moral deixa a desejar, a presença da caravana da TFP- Fundadores é impactante. Os membros dela erguem na praça central seu -estandarte rubro com o leão dourado de espada em punho; rezam em voz alta, bradam slogans e iniciam a campanha de difusão de opúscu los. Em seguida, vão conversar com os moradores, que freqüentemente se mostram ávidos dos temas da doutrina católica e se maravilham. Uma moça comentou : "Até que enfim, católicos saindo às ruas! ". Em outra cidade, uma senhora muito emocionada disse a um dos caravanistas: "Parabéns! Vocês são os soldados de Jesus e de Maria. Continuem sempre assim e não desanimem nunca!". Com a certeza do dever cumprido, retornaram os jovens caravan istas à capital federal , ansiosos por participar das próximas caravanas pelo Brasi l afora. •
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E-muil pum o uutor:
cmolicismo@cotolici~mo.com.br
Chile: Acción Família dirige urgente pedido aos bispos "É lícito aos católicos votar por Michelle Bachelet? As consciências católicas necessita1n de uma orientação definida para as próxin1as eleições". Católicos perplexos com atitudes episcopais.
Santiago - No último dia 4 de janeiro, a associação Acción Família - ded icada à defesa da família e à boa formação da juve ntude no Chile - enviou à Conferência Epi scopal Chilena respe itoso pedido de orientação pastoral aos fiéis cató1icos em vista da eleição presidencial. [sto porque um dos candidatos, a Sra. Michel le Bachelet, incluía em seu programa o aborto e a aceitação das ex igências dos homossexuais - pontos totalmente inaceitáveis para a consciência católica. Milhares de ami gos de Acción Família se som aram ao pedido da entidade, e nviando mensage ns pessoa is ao preside nte d·i Conferência Epi scopa l. Em resposta a tais mensagens, D. Al ejandro Goi c, bi spo d Rancagua e presidente da Conferência Epi copa[ , dirigiu su rpreende nt e ca rta a Acción Família, recordando tópico de anter ior declaraç ão dos bi spos, sem uma orientação sufi i nte: " Uma
democracia com valores f ... / contém os critérios gerais pelos quais.fazendo uso de sua liberdade de co11sciê11 cia, retamente informada, os leigos católicos podem orientar-se". *
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Em sua réplica a D. Goic, Acción Família observou que "o documento CATOLICISMO
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'Uma democracia com valores ', emitido pela veneranda Conferência Episcopal, assinala não menos que 20 itens dignos de consideração e análise, e que são de desigual importância, pelo que é difícil para muitos. fiéis - sobretudo os menos instruídos - formular por si sós um juízo certeiro e justo nesta contenda eleitoral". E acrescentava: "Se, como lamenta o recente Sínodo, muitos católicos '11{io compreendem por que é pecado O/Joiar politicamente um candidato oberta11tente favorável ao aborto',
D. Alejandro Goic, bispo de Rancagua e presidente da Conferência Episcopal
MARÇO2006 -
Michelle Bachelet ainda ministra de Defesa do Chile
quem poderá persuadi-los disso senão os bispos, no exercício da tríplice fun ção de governar, ensinar e santificar o povo fiel?". Considerava ainda que "os bispos sempre devem evitar imiscuir-se sem necessidade - na política. Mas quando está em risco a introdução de leis contrárias aos princípios católicos, [. .. ] a intervenção não somente é justa, mas também necessária em virtude da própria missão pastoral da hierarquia". E exemplificava: "o Santo Padre Bento XVI fe z um apelo aos católicos para que se abstivessem de votar no referendo convocado para introduzir na Itália a reprodução assistida. Apenas 25% compareceram às urnas, o que resultou ser a emenda constitucional bloqueada".
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Acción Família publicou ainda um comunicado no "Publirnetro" (diário de grande circulação, que se distribui nas bocas de Metrô), intitulado: "É lícito aos católicos votar por Michelle Bachelet? - Leiam o pedido urgente de Acción Famfü a aos bispos: As consciências católicas necessitam de uma orientação definida para as próximas eleições" (O leitor que desejar conhe-
llllll!J
CATOLIC ISMO
cer a íntegra desse documento, bem como dos demais citados neste arti go, podem fazê- lo através do site: http:// www.accionfa mi1ia.org/n ovedades/ news.htrn ). A Conferência Ep iscopal Chilena não se pronunciou sobre a eleição e enviou à imprensa no dia 12 de janeiro urna declaração oficial, publicada com o título: "Episcopado chileno não patrocina envios de mensagens a bispos sobre eleições". E acrescentava que "o envio maciço de mensagens eletrônicas promovido pelo grupo Acción Família não é uma iniciativa do Episcopado nem conta com seu respaldo". O que era óbvio, já que se tratava de um pedido dirigido aos Srs. bispos. E concluía: "Não corresponde aos bispos indicar aos católicos em quem votar, pois são pastores de todo o povo fiel e não podem forçar a consciência d.as pessoas".
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No dia seguinte venceu a eleição a candidata sociali sta, declaradamente agnóstica, sendo que grande parte dos votos a Sra. Bachelet os obteve dos católicos, muitos dos quais, obviamente, ignoravam sua posição abo1tista e a favor de várias exigências inaceitáveis dos homossexuai s.
O Cardeal Arcebi spo de Santiago, D. Francisco Javier E rrázuri z, e o presidente da Conferência Epi scopal, D. Al ejandro Goic, vi sitaram a presidente eleita Miche lle Bachelet e, segundo versão da Conferência Episcopal, o purpurado expressou sua "aleg ria ", qualificando a nova presidente, entre outras coisas, corno "símbolo do reencontro dos chilenos" e de "paz em um país reconciliado". E acrescentou: "Alguém que foi golpeada pelo ódio, mas que preferiu superar esse ódio através da compreensão, da tolerância". D. Goic afirmou: "Expressamos à Sra. Michelle Bachelet o apoio da Igreja em tudo o que nos concerne, pois cremos que seu governo deverá ser muito bom porque será bom para o Chile". A perplexidade dos católicos ante tais declarações manifestou-se em nu merosas cartas enviadas ao diretor do principal matutino chileno. O se nador soc ia li sta Ca rl os Ominami declarou à imprensa que a eq uipe de Bachelet ev itou de todos os modos os ass un tos "de valores" durante a campanha eleitoral. "Até o dia 15 de janeiro tivemos que fa zer um exercício muito grande de autocontenção"; mas "agora posso dizer coisas que antes não podia " . Em outras palavras, ocul taram seu pensamento ao ele itorado .. . Pior ainda. No dia segui nte às eleições, numa atitude sem precedentes, o presidente da Conferência Episcopal recebeu o representante de conhecido movimento de ativistas homossexuais chilenos - que hav ia queimado a bandeira do Vaticano diante da catedral de Santiago, em protesto pelas declarações do Papa- em ato que foi amplamente divulgado pela imprensa. Tal encontro está sendo utili zado como propaganda em favor desse nefasto movimento. Com tudo isso, a perplexidade dos católicos aumentou ainda mais. • E-ma il para o autor: lui smo ntes@ catolic is mo.com.br
VII Conferência Mariana Anual E vento na cidade americana de Saint Louis contou com a participação do Príncipe brasileiro Dom Bertrand de Orleans e Bragança, irmão do Chefe da Casa Imperial do Brasil.
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FLAv10 M ATIHARA
cidade de Saint Louis, no estado americano de M issouri , tem esse nome em homenage m ao Rei francês São Luís IX ( 12 141270), que comandou as duas últimas cruzadas. Muito sensível a essa tradição, que é ressaltada em vários edifícios e monumentos, a população católica da cidade rejubilou-se ao receber nos dias 12 a 16 de janeiro a visita do Príncipe Imperial do Brasil, descendente em linha direta daquele monarca francês, universalmente reconhecido como modelo de soberano católico. Dom Bertrand foi convidado pelos organi zadores ela VII Conferência Mariana Anual, realizada no Adam'.s· Mark Hote l , na qual o Arcebispo Raymo nd B urkc ap resentou- lhe oficia lmente as boas vindas m nome da cidade e do referido evento. Mais de 1.500 partic ipantes lotavam o auditório quando Dom Bertrand pronunciou a confe rê nc ia de ab rtura , sobre o tem a Nossa Senhora de Fátima e o Reino de Maria. O príncipe fo i homenageado com um banquete no Rose Garde11 Room do Adam '.s· Hotel. Pronunciou também outra conferência para 80 correspondentes-esclarecedores da TFP local e de alguns estados vizi nhos. Visitou ainda o Oratório São Franc i, co ele Sales, onde assisti u em local de ho nra à Missa dominical, cele brada cm rito trad icional por Mons. Michae l Schm itz. • E- ma il do autor: fJ atarnat@catolicisrno.co rn .br
MARÇO2006 -
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milhares de partic ipantes, sacode poderosamente as consciênc ias amortecidas ao relembrar publicamente a mon struosidade cio pecado do aborto, a tremenda injusti ça e crueldade que se comete em re lação ao nasc ituro. Terminada a Marcha, centenas de líderes anti-abortistas visitaram os depu tados e senadores que os representam e cujos escritóri os ficam em prédios adjacentes à Suprema Corte, ex igindo deles que se esforce m em prol da revogação da lei cio aborto.
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Antonos Rofos (à direito), deputado lituano, ao lodo do redator do matéria
Na "Marcha pela Vida"
a - - - - -,1,F~,P americana e entidades afins Na33ª March for Life, iniciativa conjunta de centenas de ,novimentos anti-abortistas dos EUA, participaram a TFP americana e entidades co-irmãs do Brasil, França, Itália, Polônia e Ale1nanha ■ RENATO MURTA DE VASCONCELOS
Washington - Os prognósticos do serviço de meteorologia para o dia 23 de janeiro, em Washi ngton, eram sombrios. Baixa temperatura, chuva intermitente e vento cortante não eram perspectivas propriamente animadoras para uma passeata. Nada disso entretanto afugento u os participantes da Marcha pela Vida, provenientes de todo o imenso país. Por volta das 10 hs da manhã, uma verdaCATOLICISMO
deisa multidão ! Mais de 100 mil opositores ao aborto, em grande parte composta de jovens, j á lotava as avenidas adj acentes da Con.stitution Avenue, por onde passaria o desfile rumo ao prédio do Supremo Tribun al Federal, edifício em estilo c láss ico s ituado atrás do Capitóli o e que traz in scrito em se u fro ntispício "same rights for ali under the law" ("Mesmos direitos para todos sob o império da lei"). É isso o que pediam os manifestantes da Marcha pela Vida , reali zada to-
dos os anos na segunda-feira mais próxim a do di a 22, poi s foi prec isamente neste dia, em 1973, que a Corte Suprema dec idiu no processo Roe versus Wade que o nasc ituro não é "pessoa" - portanto, um ser ao qual não se podem atribuir dire itos - abrindo deste modo a porta para o aborto nos Estados Unidos. A partir daí o número de vidas sacrificadas no seio materno ascende à cifra de quase cinqüenta milhões. O equi valente à soma de vidas humanas perdidas nas duas guerras mundiais.
Do Rio de Janeiro, o seleto grupo de jovens do Juventude pelo Vida
A primeira Mar ·ha p ,fa Vida rea li zou-se no ano seguint ao da aprovação ela lei, em 23 de janeir d 1974. Dela partic iparam 20.000 anti -ab rti stas, que se foram torn ando cl ano para ano cada vez mai s numeros s.
* * * Na véspera el a Ma r ha , o ar leal William Kee ler, arceb ispo cl Baltimore, j untamente com trê outros purpurados, 60 bi spos e 400 sacerd t s, co ne I brou uma Mi ssa assistida por cerca cl 10.000 fiéis que lotavam a Basílica do antu ário Nacional da Imaculada o n c1çao . Depo is da Mi ssa, um milhar d jov ns passou a noite em vigília de orações p las vítim as do abo rto e pe lo êx ito la "Marcha pela Vida ". Sob uma chuva fina, o desfile inic iouse às 11 ,30 hs depois ele a lgun s rápidos
di scursos de abertura. Logo nas primeiras fila s podi am-se ver seis grandes estand artes rubros, com o leão dourado, ela TFP americana e um da Associação dos Fund ado res da TFP brasil eira, cuja delegação foi chefiada pelo Príncipe Impe rial cio Bras il, Dom Bertrand de Orleans e Bragança. A fanfatrn da TFP americana, composta por jovens da Academia St. Louis Grignion de Montfort, comunicava ao desfile uma nota de gat'bo e ufania, próprios daqueles que têm a favo r de si o direito. Portando cartazes e fa ixas, bradando slogans, cantando, rezando em voz alta, os pa rti c ipantes da Marcha pela Vida demonstravam de mod o pac ífico mas determinado sua repul sa à lei iníqua . Magnífica de mon s tração el e como ponderável parte da opinião pública americana le va a sério princípios bás icos da C iv ili zação Cristã e ela ordem natural , como a condenação ~o aborto. U ma das faixas portadas por membros ela TFP americana di zia: "A aceitaçcio do aborto não só muda a moral das pessoas, ,nas transforma sua visão cristci em um secularismo neopagão ".
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A TFP ameri cana vem se empenhando para que a March for LU'e adquira um caráter inte rnac ional. Por sua inic iativa estiveram presentes neste ano alé m de membros da Assoc iação cio s Fundadores da TFP - representantes de mov imentos pró-v ici a de vári os outros pa íses. Do Rjo de Janeiro veio um seleto grupo de jovens da Juventude pela Vida ; de Pari s, participantes do movimento Droit de Na'itre; de Roma, do Voglio Vívere; de Frankfurt, cio SOS Leben; de Varsóvia e Cracóvia, o movimento Diga Não; da longínqua Lituânia, um amigo da TFP, Antanas Ra~as, deputado signatário da declaração de independência ele seu país em 1990, acompanhado de sua esposa. *
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O Rose Dinner, um jantai· solene realizado num cios salões do Hyatt Regence Hotel para 600 convidados, encerrou o programa da Marchfor Lij'e 2006. Na ocasião, a Sra. Nellie Gray, presidente do comitê organ izador, agradeceu à American So ciety for the Defe nse of Tradition, Family an.d Property, que desde l975 ve m participando ininterruptamente da Marcha, com seus estandartes auri-rubros, sua fa nfarra e seus jovens. Sim, jovens, um traço distintivo da M archa. Ao vê-los tão numerosos, o Sr. Antanas Ra~as cobrou novo alento e exclamou: "Estou compreendendo que para um número incontável de jovens americanos os princípios não são palavras vazias. Agora posso olhar para o futuro co,n ânimo e esperança". •
número, apo iando a razão, tem sua inf'lu 'ln ·ia . A Marcha pela Vida , co m seus
E- mai I do autor: renatovasconcelos @catolicismo.com.br
MARÇO2006 -
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Castelo de SanfAngelo Escabelo para os pés do Arcanjo São Miguel 1" PuN10 C oRRÊA DE O uvE1RA
a ilustração acima, vemos o rio Tibre e m Roma, com a ponte que conduz ao castelo de Sant' Angelo. Ao lo ngo dessa ponte m o nume n ta l , construída para res istir aos séculos , percebem se imagens de anjos. Os fi éis que tran spõem lentamente a ponte, rezando di ante dessas imagens certas orações prescritas pela Igreja, ganham indulgênc ia plenária, desde que depois vi sitem o castelo.
* * * Os antigos imperadores romanos pagãos tinham o hábito de construir para si monumentos nos quais se faziam sepultar. E este, inserido na cidade de Roma, que serviu de base para o futuro castelo de Sant' Angelo, foi mandado construir pelo Imperador Adriano (78 138), a partir do ano de 135. Na época dos romanos, chamava-se Mol_e Adriana (Mole significa algo com grande massa). Apresenta um diâmetro colossal, é uma afümação do poder romano. Na Idade Média, dev ido às contínuas guerras, esse monumento passou a ter uma finalidade diversa. A construção que se vê sobre a Mole Imperador foi edificada posteriormente, para diverAdriano sas finalidades.
Quem o lha de fora o palácio do Vaticano perceb que, e 111 determinada altw-a, parte um corredor construído sobr' ar ·:i das, que atravessa o Tibre e atinge o castelo. Qual a linalid.i(k' desse corredor? Quando hav ia perigo iminente de o I apu s •1· aprisionado, ele utilizava-o para atingir o castelo. Era a sup1 t' ma defesa do Pontífice. Não era simpático um Papa t\H\n11· numa fortaleza, mas era muito cômodo ele ter uma , disposi ção para escapar de seus inimigos.
* * * No início da Idade Média di seminou-se uma e pide mi a muito grave em R oma. O Papa ão Gregório Magno (590 - 604) ordenou procissões na cidade em louvor a São Miguel Arcanjo, para af"ugentar a peste. Pouco depois, o Arcanjo São Migu •l apa receu em 590 a esse Papa anunciando o lim ela ' pid ·mio . H viu-se também o Arcanjo em cima da Mole Adriana, trunslo, mando portanto em escabelo para eus p s a g l riu d ' u111 i111 perador pagão. É por isso que fo i colocada no alio tio ·dil1 ·i11 a imagem de São Miguel , donde a denominaçao til' ·:isll'lo d1· Sant' Angelo. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 11 de novembro de 1988. S m r vi
•
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maioria centrista e conservadora quer conhecer o que pensam os candidatos. Ou, uma vez mais, teremos eleiçþes sem idÊias 7
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UMARI
P1INI0 C ORRÊA DE O LIVEIRA
J\l>ril de 2006
Nº 6<H
O Santo Sudário de Nosso Senhor "Sou Eu mesmo a vossa recompensa demasiadamenle grunde"
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CA1nA DO D11mToR
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Co1rnESPONDl~:NCIA
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Nossa Senhora da Pobreza (Colômbia) A graça sanlillcante (Final)
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P A1,Av1u no SAcmmoTE
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R1,:AUDADE CoNc1sAMENT1•:
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IN·nmNACIONAI,
1 Chile e Bolívia pós eleições presidenciais
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2 Apoio latino-amelicano ao Irã: suicídio
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S1,:MANA SANTA
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Símbolos comunistas elevem ser condenaclos Inlicleliclade dos ApóslOlos, e nossa também
Eleições com idéias ou estelionato eleitoral? Santa Gema Galgani
0111-: NossA Si-:N1101u <:mmA?
SANTOS •·~ I◄ ESTAS no M1~:s
46 AçAo " Ponha-se di ante de uma boa im agem de Nosso Senhor Jesus Cri sto, e pergunte-se que a pecto d' E le mais ansiari a por conhecer no Céu. Quanto a mim, seri a a El_e enqu anto sendo aquela perfeição que a ord em d U ni verso no seu conjunto refl ete. Espec ialmente a grandeza de N osso Senhor - insondável, séri a, plác ida, serena e ordcnati va . A grandeza tão aco lhe lora , mas tão incli zivclm nt superior, que cu me senti sse pequenino di ante dela. Quanto mais cu cs ti v ssc próx imo dessa grandeza, melhor a conheceri a e mais me extasiari a com ela, e não ca befr, cm mim ele dei ite cm ver a grandeza cl 'Ele. Ponha-se, por exempl o, diante cio Sagrad Sudári o de Turim e considere aquele comentário de Deus Nosso Senhor, que E le próprio seri a a nossa recompensa demas iadamente grande". * •
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CoNTRA-R1,:vo1,uc10NÁRIA
AMBIENTES, COS'l'lJMES, CIVll,IZAÇÜES
Afresco de Giotto (séc. XIV} : Judas Jscariotes, o traiclor!
* Tópi co ex traído de co nferência pro nunciada por Plín io Corrêa de Oli veira, cm 19- 12-80.
-CATOLICISMO
Santo Gemo Golgoni ABRIL2006 -
Nossa Senhora da Pobreza
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Em Jesus e Maria,
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Um manifesto da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição Fa mília Propriedade, lançado à Nação brasileira, é a maléri a d capa desta edição. Nesse documento, a entidade anal isa o qu adro pré-eleiloral do País a sete meses das eleições presidenciais; e faz propostas no sentido ele que, ao menos desta vez, tenhamos "eleições-com-idéias" e não se repita o "estelionato ele itoral" ocorrido, por exemplo, nas eleições ele 2002. Naquele pleito, a grande faixa conservadora e centrista da opinião pública não se sentiu representada, pois os quatro principais contendores que disputaram as eleições eram de esquerda. Tivemos, portanto, uma eleição inautêntica, sem representatividade, sem alternativas para satisfazer de modo adequado os anseios de todo o eleitorado. O oportuno manifesto é uma contribuição para ev itar que o quadro ele itoral seja falseado uma vez mais, e para que seja apresentada uma candidatura autenticamente conservadora. Para isso, pede-se aos candidatos que · exponham suas idéias e se definam claramente frente às graves questões formu ladas no documento. Ass im, o imenso setor centrista e conservador dos brasileiros poderá escolher alguém qu de fato o represente. Do contrário, tememos que o futuro presiclenle do Brasil venha a implantar políti cas e diretrizes que atentem ainda mais gravemente contra a Lei natural e a Lei Divina, es pecialrn nl no qu diz respeito à propriedade privada e à família, tais como a descriminalização cio aborto e a aprovação do "casamento" horn ssex ual. Caro le itor, "estelionato I itoral" ... nunca mais! Para isso, não podemos ficar em silêncio e c.l ' braços cruzados. Precisamos atuar para que os candidatos se manifcsl 111 ideologicamente e incluam em seus programas os reais interesses do Brasil - o Brasil profundo, verdadeiro e cristão. Recomendando a toe.l os uma aplicada leitura desta matéria, a fim de que possam esclarecer a r spcito seus parentes, amigos e conhecidos, aproveitamos o ensejo para env iar-Ih s votos de especiais bênçãos e graças nesta Semana Santa, além d um a Santa Páscoa.
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA .
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N ão importa se o que fazemos tem repercussão junto aos homens. Mesmo nos trabalhos mais humildes, podemos dar muita glória a Deus. 1~ o que nos ensina a história desta devoção nas terras colombianas. r, V AL0 1s GR1NSTE1Ns
quela longínqua época, tinha-se que ir a um local onde a água fosse renovada, e como as fontes eram reservadas para se ter água para beber, não restava outra opção avia na cidade colombiana de Cartago, no início senão ir a um rio ou lago. Tsto supunha sair da proteção do séc ulo XVII, um co nvento de padres das :nuralhas da cidade e ir ao campo, onde ainda havia franciscanos. Dedicavam-se ao apostolado junto índios selvage ns, feras , bandidos, se m contar os incôaos índi os, numa região onde o modos naturais, como as chuvas, Evangelho estava apenas sendo iminsetos, etc. E lá ia Maria Ramos Representação do relato antigo do milagre plantado. Naq uela época de fé , toa c umprir sua função , confiada na dos compreendiam a importância proteção da Virgem. deste fato. Evangelizar os índios era Tempos depois, um dos índios também civili zá- los , fazendo-os selvagens da região converteu-se e prevalecer sobre seus ferozes cosfoi batizado, tomando o nome de tumes. Isto favorecia todos os habiJuan Guabio. Ele contou que sua tantes da região, até do ponto de tribo de índios pijaos várias vezes vista material. Por exemplo, ao tortentou matar esta moça, quando a nar mais seguras as com unicações. viam lavando roupas nas margens Sendo sobretudo uma obra de do rio Otún, mas que " uma Senhomise ricórdia, era comum que oura levando um fogo" os impedia ele tros habitantes da região , numa fazê-lo. Curiosamente, outro sinal época de fé ardente, procurassem mais discreto de proteção da Virajudar de uma forma ou outra os gem está no depoimento das outras abnegados sacerdotes que se dedimoças que lavavam roupa. Elas cavam a tão difícil como admirágostavam de sair junto com Maria vel tarefa. Havia na cidade uma Ramos, porque quando ela lavava, moça chamada Maria Ramo s, de freqüentemente havia depois bom costumes exemplares. Não tendo tempo para secar a roupa. outra forma de ajudar os sacerdotes franciscanos , ia ela ao convento buscar as roupas . Ol'igem incomum de uma devoção dos padres para lavá-las , costurá-las e arrumá-las. Mais Num dia do ano de 1603 - havia já 12 longos anos que Maria Ramos perseverava na sua ajuda de lavar a humilde não poderia ser essa forma de ajuda, mas de um valor prático inegável. Além do mai s, a importânroupa do convento - , tendo apanhado a trouxa, dirigiuse ao rio para lavá-la. E nesse dia os padres haviam posto eia da ajuda se mede em função do amor de Deus que se põe nela. para lavar um pano ve lho, que usavam para polir as Mas não se pense que essa tão humilde função era lamparinas da igreja. Esse pano estava muito sujo, além cômoda ou isenta de perigos. Hoje as pessoas lavam a de roto em várias partes . Após lavá-lo e secá-lo, quando roupa em casa, com máquinas de lavar automáticas. Naia remendá-lo, notou a moça que o pano tinha umas li-
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, nhas pintadas. Ao prestar atenção, viu que era uma antija, mas e m boa parte por amor à sua própria repu tação, ga pintura ou alguma antiga imagem de Nossa Senhora. mi sturando isso co m um verdadeiro desejo de ajudar. No Seria um pano usado alguma vez corno esboço de um caso de Maria Ramos, ela faz ia um trabalho realmente quadro, posto de lado depois? humilde e despretensioso, Não sabemos, mas o fato é que nada que hoje apareceria nos havia algumas vagas linhas jornais u na televisão. Mas o Catedral de Pereira em 1900 que formavam a fi gura de Maque e la fazia tinha grande varia Santíssima. lor aos olho. de Deus, e seu Contente pela descoberta, humilde trabalho até hoj e é levou Maria Ramos o pano ao louvado. Não con heço outro convento e o mostrou a Frei caso em que o nome de uma Bernardo Macías. O padre viu catedral se origine duma devode fato qu e ·alguma imagem ção nasc ida de trab alho tão fora pintada nele alguma vez, di screto co mo efetivo de uma mas considero u o estado do piedosa moça. pano tão precário, que não teOutro ponto a ressaltar é a ri a se ntid o conservá-lo no perseverança ao fazer até mesconvento. Por isso, deu -o à mo as obras menores. Notemoça, para que ela o levasse mos que foi só após 12 anos Catedral hoje para casa e o colocasse num que ela recebeu o pano no qual local decente. estava a imagem. Poderia bem Foi isso que fez Maria Ratê- lo recebido muito antes, mos, que colocou o pano na quando ele estaria em melhosua residência e começou areres condições materiais. Mas zar diante dele. Com o tempo, acontece que os caminhos de convidou outras pessoas atamDeus não são os caminhos dos bém rezarem lá. E Nossa Sehomens. Hoje muitas pessoas têm a mentalidade de Hollynhora favoreceu essa devoção popular, atendendo os pedidos wood, pela qual só têm valor que lhe eram feitos diante de as coisas espalhafatosas e que tão modesta como primitiva todo mundo admira. Alguns teimagem. riam mais facilidade em acreNum determinado momento, foi necessário levar a ditar nesta devoção se ela fosse acompanhada de uma descoberta retumbante ou de um milagre estremecedor. imagem para outro local, de tal maneira aumentava o Deus bem poderia fazê-lo assim, e a História nos mostra número de pessoas que iam rezar diante dela, o que nos que se tem vai ido desses meios. Mas, no caso presente, mostra como Deus pode atuar por intermédio de imaquis a Divina Sabedoria nos ensinar a valorizar o trabagens as mais diversas. Hoje o venerável tecido se enconlho contínuo, despretensioso e paciente. tra na catedral de Pereira (Colômbia) e dá o nome ao A perseverança tem alto valor na vida do cristão. templo, conhecido como Catedral de Nossa Senhora da quando Nosso Senhor nos diz "Pedi e vos será dado ", a Pobreza. única condição que põe é a da perseverança. Deus atende Amor de Deus e pel'severnnça nossos pedidos, mas quer nos ensinar, por meio da perDa hi stória desta devoção podemos tirar algumas liseverança, a vencer nossa natureza decaíd a, que procura ções para nossa vida espiritual. A primeira delas é como aquilo que é cômodo e não exige longos sacrifícios. tudo o que fazemos por amor de Deus é recompensado, Finalmente, esta história nos ajuda a dar valor às pemesmo as coisas mais humildes. Muitas vezes gostaríaquenas coisas que fazemos , pois mesmo nas mais simmos de fazer isto ou aquilo para ajudar uma pessoa huples podemos dar glória a Deus. Devemos adequar nossa milde, um nobre empobrecido ou algum grupo religioso escala de valores à escala divina, pois no fundo só é imque sofre perseguição por manter sua fé. Mas infelizportante aqu ilo que tem repercussão na eternidade. • mente, muitas vezes mistura-se o amor próprio às nossas E-mail do autor: va ldi sgrinste ins @ca tolic ismo.co m.br boas intenções. Há pessoas que até construiriam uma igre-
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A Graça Santificante
(Final)
Emnossa última edição, tratou-se da essência do sobrenatural. Neste último capítulo: a definição e a existência da graça santificante, que torna o homem partícipe da natureza divina Ela é um dom sobrenatural, e por isso ultrapassa em valor unto do poço de Siquém, o Redentor convida a Samaritana toda coisa criada. Ultrapassa o próprio milagre, porque será para a vida divina: "Ó, se tu conhecesses o dom de Deus!" sempre obra maior recuperar uma alma do que ressuscitar um Qual era esse dom de Deus? A graça. morto. A graça aperfeiçoa a nossa Na linguagem teológica, "granatureza e eleva-a acima de si mesça" é o dom sobrenatural dado por FERIA JrI . .POST DO:AU N. III. Q_Y,ADRAG. ma. [... ] Deus à criatura inteligente, em visDe Sanwritatt<L , 35 r~., ,'iij, ..Aw"" ....,·.ci'. l,' Ela nos faz partícipes da natuta da salvação eterna. reza divina. É pela união e pelo É um dom, isto é, um benefício dom que Deus comunica-nos a granão devido à natureza humana, mas ça e vem habitar em nós, não para totalmente gratuito. urna visita passageira, mas para É um dom sobrenatural, e assim urna morada estável. " Não sabeis o distinguimos dos dons naturais e que os vossos membros são templos indicamos a sua qualidade de supedo Espírito Santo? Santo é o temrar toda exigência da natureza. plo de Deus que sois vós". É um dom dado por Deus, porTornamo-nos filhos adotivos de que só Ele pode dar uma participaDeus, tanto que O devemos invoção na sua natureza divina. car "Pai nosso ..."; não por formaO dom é dado à criatura intelilidade, mas porque o é verdadeiragente, porque somente os Anjos e mente. Tornamo-nos também os homens podem valor izá-lo . membros vivos do Corpo Místico Como ninguém semeia sobre as pede Jesus, a Igreja. Ele é a videira, dras e oferece pão às plantas, assim nós os ramos. Ele a cabeça, nós os Deus não poderia dar a graça a crimembros. Separados d'Ele, somos aturas desprovidas de razão. mortos para a vida divina; unidos Por fim, dizemos que a graça é a Ele, vivemos e operamos sobredada em ordem à salvação - quer naturalrnente. [... ] dizer, em ordem ao nosso fim soA graça extingue os pecados. O brenatural - porque toda graça é A. &muwÍtt ,,.g,t,, ,.,J,i vrlv Samnrt~ ,fl11 D, .Aful,'tr mlÍ,11s ,,J l1W1ritnJam "!]Uam , pecado transforma-nos em inimiordenada para a conquista do Céu. E. HÃ,,r Jíui,u C,,,.í/1,u al/°1_,uÍ·u r n . s,/,,fl, . n. S,i/,,.,,,' t,W Siri-,,·, ,ur J,n.v:ul !,,i,t ,ru1ri F , Emunt "1.foru St'k,• ri/.w .AJ!'V foi, , gos de Deus, a graça faz- nos seus Ela tem um elemento negativo, G, &Jcwrt:mirnntur rut· .11'.!SVS """' X,rol, . , ,,,,,Jirre ftxJuerY"'r. Nrmo tmne11 C , 11..S'VS fa_tÍfpthu o: itÚtrrt,j;Jrtjír amigos, torna-nos justos, isto é, não que exclui a indignidade do peca,1;.,;,.6i•, J~1~1:ft111ttm , apenas colocados na justiça, mas do ; e um elemento positivo, que dispostos a exec utar tudo aquil o "Ó, se tu conhecesses o dom de Deus"! confere à alma uma qualidade perque é justo à luz da fé. manente, como uma natureza nova, Reveste-nos de um esplendor e de uma beleza toda celestial , acompanhada das próprias fac uldades que são as virtudes incomo a inocência, que dá às crianças uma luz e um encanto fundidas; e requer toda uma série de inspirações e de atos des· todo particular. tinados a prepará-la, conservá-la e acrescê-la. Faz-nos também partícipes da santid ade de Deus. E de Graça: dom sobrenatural que ultrnpassa fato chamamo-la "graça santificante", porque dispõe a alma o próprio milagre a tornar-se uma magnífica imagem da bondade e santidade de Deus. • A qualidade permanente na alma é a graça habitual ou santificante; os impulsos e as ajudas constituem a graça atual. Toda a Revelação fala da graça santificante; basta pensar Nota: no ensinamento de Jesus e na instituição da Igreja e dos Sacra* Mons. Giu seppe Za ffonato , O Dom de Deus - Reflexões sobre a Graça Santificante, Ed ições Pa ulin as, São Pau lo, 1959. mentos. [... ]
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Em tese, não na prática - Do universo de ternas católicos abordados pela revista Catolicismo, tirei muito proveito do estudo publicado por Wil son Gabriel da Silva. Defrontado com a pergunta "Entre a Igreja e o Estado: uni ão ou separação", numa primeira visualização eu estava favorável à uni ão, mas com o estudo cheguei à mesma conclusão do autor, po is, na situação crítica em que se encontra a Igreja, e na situ ação catastrófica e m qu e se encontra o Estado (corrupção moral e material, sem proporção com outros governos), ta l uni ão não seria bem sucedida, seria um casamento errado. Então fico teoricamente favorável à uni ão, mas sem qu erer aplicá-la atualmente no Brasi l, corno bem explica o autor cio form idável estudo. (J.F.S. -
BA)
Moml, garantia da ordem B) Acho que se deveria fazer um referendo no Brasi l para sa ber se a maioria dos brasileiros deseja ou não a união entre a Igreja e o Estado. Com a mesma pergunta quanto às armas: SIM ou NÃO. Estamos ou não numa democracia? Então vamos às urnas. Portanto, governantes ateus
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não podem dec idir sobre um ass unto que afeta a raiz cri stã deste País. Não sabem tais governantes que o poder que eles têm vem de Deus? Eles não sabem que o que resta de ordem em nossa Pátria é devido à moral sempre ensinad a nos catec ismos às crianças? Corno seri a a mai or parte cios adultos de hoje se, em criança, não tivesse m estudado o catecismo? Retirem tal moral , e a comilança cio s ben s públicos , a roubalheira comum entre os políticos - como estamos carecas de ver - será também comum em todo nosso povo. Retirem tal moral, e ninguém mais acatará as lei s cio Estado . Sem moral, deixaria de ex istir até a comum urbanidade, pois as leis não garantem nada. O pouco respeito que ainda se tem pelas leis civi s deve-se à moral cio Evangelho, queiram ou não queiram os agnósti cos. (N.P.E.P. -
PA)
Vamos à Juta! Muito oportuno o artigo-capa da revi sta. A ação movida por um juiz de nossa reg ião, Roberto Arriada Lorea, propondo a retirada cio crucifixos cios tribunais , representa um atropelamento de todas nossas tradi ções cristã . Não pocl m s ccclcr, depois vão querer também retira r os cruc ifixos de tod os os demai s lugares públicos. Ele alega que o Estado é laico. Sim , até pode ser, mas o p vo brasileiro não é, e tal retirada seri a atropelar seus sentimento mais profundamente cristãos. Não ceder m s ! Se cedermos quanto a cruc ifixo , depoi s retirarão todos os demai s símbolos religiosos, imagens, etc. Chegarão a propor a retirada de Nossa Senhora Aparecida como Rainha do Brasil. Não, não cederemos a tal absurda proposição. Parabcni zo o autor pela argumentação explanada no artigo, de máx ima importância porque, pelo andar da carruagem, a turma do ateísmo começa a co lo car as manguinhas de fora e quererão mais tarde impor a nossos filhos e netos um ensinamento ateu nas escolas e
depois quererão até proibir a mani fes tação pública de nossa fé. Vamos à luta para defender os fundamentos cri stãos de nossa história e de nossa cultura ! (G.K.F. -
RS)
Magisll'al & didático [gJ Felicíssimo, magnífico, magistral
e didático o artigo "Revolução Cultural", de S.A. Dom Luiz de Orleans e Bragança, veiculado na edição de fevereiro último. Só urna mente pri vileg iada pela clareza, pela coerência, pela sabedoria e pelo temor de Deus, poderi a produzir frases de conteúdo ini g ualáv e l como aqu ela da pág. 28, acerca da diversidade da Cri ação: " Deus assim o quis para que o conjunto das criaturas e a soma dos seus incontáveis atributos refletissem tanto quanto possível seu in:finilo esplendor, poder, bondade e riqueza, também infinitos". Se não o conhecesse pessoa lmente, poderia até ficar surpreso; mas não, o que S.A. escreveu, a mim já era de se esperar. Dizer mai , é supérfluo. (J.R.P.M. -
SP)
Generosas palavras Venho parabenizar a revista pelo excelente padrão artístico e técnico ele sua apresentação, bem como pela riqueza do utrinári a de suas várias seções, sempre dentro de uma linha católica fidelíssima, que muito me consola nestes tempos de confu são. Só me dá prazer elogiar Catolicismo como a melhor rev ista cató li ca do mundo (e olha que eu con heço italianas, francesas, espanholas ... ). (C.C. -SP)
"Pérolas" COlllllllÍStas [gJ Recebi po r e-mai l diversas anedotas que circulam pela internet a respeito do regime co muni sta. Ao lê- las, de ta l modo as aplicações ao governo pelista me vieram à mente, que não resisto em enviar-lhes ao menos algumas delas com as ap li cações que fiz:
l) Qual a diferença entre o cinema mudo e o programa "Fome Zero"? - No cinema mudo só se vê o filme mas não se ouve nada. Do programa "Fome Zero": Só se ouve falar, mas não se vê nada ... 2) Numa das repúblicas da União Soviética, é dia de eleições. O governo as organiza como de costume, de acordo com o cerimonial de praxe. Os ele itores se apresentam , recebem os envelopes fec hados com o nom e do candidato úni co, e vão um a um, di sciplinadamente, depositar os envelopes na urna eleitoral. A certa altura aparece um eleitor especialmente alcooli zado e, sem atinar com o que faz ia, tenta abrir o envelope. O secretário local do Partido Comunista, horrorizado , se prec ipi ta: - "Não sabe, camarada, que o voto secreto é um dos pilares da nossa democracia?!" No Brasil, nas últimas eleições: o eleitor tem a " liberdade" de votar e escolher entre 2 candidatos. Na pri meira cédula co nsta: "Candidato esquerdista l "; na seg und a co nsta : "Candidato esquerdista 2". Você, democrático eleitor brasileiro, pode livremente escolher entre um dos dois .. . 3) Por di stração, um estrangeiro que visitava Cuba deixo u escapa r, dura nte a co nversa, um "graças a Deus". Foi imediatamente corrigido pelo funcionário público comunista: - Co mpanh eiro! Não se deve dizer "graças a Deus"! Deve-se dizer "graças ao camarada Fidel". - E como se dirá quando o camarada Fidel Castro morrer? - Aí sim , se poderá dizer "graças a Deus" ... 4) O jornal cubano "Grarnma" lançou um concurso de redações li vres sobre Fidel Castro. Primeiro prêmio: "paredón" ... Segundo prêm io: 20 anos de pri são com trabalhos forçados .. . 5) Os cubanos exilados em Miami receberam do Partido Comunista cubano urna provocante proposta: mandarem faze r um a im age m de São
Fidel Castro e a colocarem no altar da Igrej a Católica que freqüentam em Miami ... Resposta dos cubanos exilados: "Perfeitamente. Mandem logo as re1íqui as" ... (P.D.M. -
RJ)
Uma COllSlllta vaga Suas reportagens são muito vagas. Para mim , em relação à questão de agronegócio, está subentendido que a congregação defende interesses de terce.iros porque são algo rentável. .. Não é vergonhoso querer servir o dinheiro e não Deus Nosso Senhor Jesus Cristo? Não pertencemos a este mundo e não devemos nos apegar ao mundo ... (C.M. -DF)
Nota da redação: Prezada Sra. Cri stina Mari a, A respeito de sua surpreendente carta, teríamos a dizer, em resumo, o seguinte: l ) Se as nossas reportagens são vagas, a Sra. poderia apontar o que lhes falta de específico ? Se a Sra. disser no que elas são vagas, talvez possamos atendê-la. Mas sua observação é por demais vaga para que se possa aquilatar o que ela quer di zer. .. 2) A acusação de que defendemos interesses de terce iros cai no vazio. Quem seriam esses terceiros? A Sra. não diz. Quais são os interesses deles qu e defendemos? A Sra. também não espec ifica. Ou sej a, trata-se de urna acusação tão vaga, que a rigor poderia ser qualifi cada de irresponsável. Acusa r se m prov as é grave, e conforme o caso pode ser pecado . Co nvém obse rv ar que, do ponto de vista cató li co, defender interesses de terceiros pode alé ser muito meritório, pois a pessoa pode fazê- lo por razões altruísticas e não por egoísmo ou vantagens pessoais. Não é o que fizeram durante sécul os tantas e tantas dedi cadas irm ãs de caridade, defendendo os interesses dos necessitados? A Sra. considera isso um mal?
No caso do agronegócio, a acusação é totalmente gratuita e infundada. A propósito do terna, o que defendemos são os princípios católicos expressos nos escritos cios grandes Doutores da Igreja e em documentos do Magistério eclesiástico, que defendem a propriedade privada. A Sra. já leu alguns desses escritos e documentos? Deseja uma relação del es? Ademais, a Sra. fala em "cong regação". De que "congregação" se trata? Nossa revi sta não pertence a nenhuma "congregação". 3) Por fim a Sra. pergunta "se não é vergonhoso querer servir o dinheiro e não a Nosso Senhor Jesus Cristo". Se, de fa to , nossa revi sta servi sse o dinh e iro e não a Jes us Cristo, seria não só vergonhoso, mas, tendo em vista o idea l a que ela se propôs, pecaminoso. Entretanto, dessa vez a Sra. não :fez uma afirmação vaga, mas viol enta, específica e injusta contra a honra de Catolicismo e sua fidelid ade à moral católica. E acusar gra vemente, sem fund amen to nenhum , uma publi cação que vem defe ndendo a Igreja e a Civilização Cri stã com total dedi cação e des interesse pessoa l há 55 anos, pode constituir uma falla grave ! Procure na coleção compl eta de nossa rev ista algo qu e destoe dessa posição retilínea em prol da lídim a doutrina católica e da Cristandade, a Sra. não encontrará! A ac usação é, poi s, gratuita e inteiramente inju sta. A e la pode-se aplicar plenamente o conhecido adágio romano: "Quod gratis asseritur, gratis negatur " (A quil o que é gratuitamente afi rmado, deve ser negado gratuitamente).
Carlos, fox ou e-mails para os seções Correspondência e/ou A Polavro do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram no página 4 desta edição.
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■ Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - O que acontece com a validade do casamento, se a pessoa que se casou na Igreja católica não se considerar mais católica? Como a pessoa deverá proceder para que ela não seja mais católica?
Resposta - É de supor que a missivista não está propondo um caso pessoal, mas o de uma pessoa· dela conhecida, pois do contrário não se dirigiria a um sacerdote católico para saber a solução. Como quer que seja, a pergunta, na sua aparente simplicidade, toca num dos problemas cruciais dos dias presentes e, ao que tudo indica, também do futuro próximo. Por isso merece ser respondida, apesar de conter - além de triste ignorância - uma provocação e até mesmo um ins~lto implícito à Igreja católica. Para o leitor que tenha talvez considerado fortemente indelicado - quiçá mesmo grosseiro - o parágrafo inicial desta resposta, bastaria fazer uma comparação: o que diria ele de uma filha que procurasse sua mãe e lhe dissesse: "Não me considero mais sua filha; que elevo fazer para deixar de sê-lo de fato?". Evidentemente, a mãe se sentiria ultra-ofendida e, conforme as circunstâncias, poderia até ter um colapso. É este, em última análise, o teor da pergunta que a missivista nos dirige, e por nosso intermédio à Igreja católica, que muito justamente chamamos de Santa Madre Igreja. Cumpre, pois, analisar a pergunta apresentada e mostrar a brutalidade cio seu conteúdo, que justifica a severidade de nossa resposta. CATOLICISMO
Quando se deixa de se1· católico Deixar de ser católico é a coisa mais fácil do mundo, e, paradoxalmente, algo impossível. É fácil porque basta deixar de se considerar tal, a pessoa não é mais verdadeiramente católica. Portanto, se uma pessoa não se considera mais católica, ela de fato deixou de sê-lo. Mas isso não implica invalidar todos os compromissos que assumiu enquanto católica. Voltaremos dentro em pouco a esse aspecto do assunto. Completemos antes o pensamento iniciado. O fato ele uma pessoa ter sido católica implica certamente ter sido batizada. Ora, o batismo é um sacramento que imprime caráter na alma, e portanto ela está marcada com o signo católico para todo o sempre: ela permanece cristã (católica), mas, no caso de repudiar sua fé, torna-se uma católica apóstata. E o será - é duro dizê-lo até no Inferno. Nem adianta, como fizeram algum tempo atrás alguns homossexuais norte-americanos, ir diante da cúria diocesana da respectiva cidade e rasgar sua certidão de batismo, pensando com isso insultar a Igreja que reprova seus atos pecaminosos. Com isso eles não deixavam de ser cristãos, apenas se tornavam cristãos apóstatas. Portanto,. vista a questão deste ângulo, uma vez recebida a graça inestimável do batismo, é impossível deixar de ser cristão: se se permaneceu fiel à fé, isto é, dando indiscutível adesão às Verdades Reveladas, é-se um cristão autêntico (embora pecador); se se abandonou a fé, é-se um cristão apóstata (pecado mui-
to mais grave, irremissível se não se recupera novamente, por obra da graça, a fé). Por isso os pintore medievais, quando pintavam o Inferno, não tinham escrúpulos de lá colocar cabeças tonsuradas (a tonsura era um corte redondo no cabelo, que indicava o estado eclesiástico, costume hoje praticamente abandonado), representando sacerdotes, bispos e até papas. Por não terem se arrependido de seus pecados mortais, eram assim representados como tendo sido condenados à pena eterna. Assim, eles não deixaram de ser padres, bispos e papas em razão cio "caráter" indeléve l do Sacramento ela Ordem, ou então leigos cristãos bati zados, apesar de estarem ardendo no fogo do Inferno.
Conseqüentemente, o projeto ineficaz e desastroso, de uma pessoa abandonar a fé católica para desvencilhar-se de um casamento contraído perante a Igreja, é a priori um péssimo negócio, tendo em vista o futuro eternamente infernal após a morte.
O matrimô11io católico é indissolúvel A missivista pergunta se, tendo alguém deixado de ser catól ico, oca amento na Igreja perde a validade. A resposta é, simplesmente: NÃO! Os noivos cristãos conhecem bem a frase: "Até que a morte os separe". Somente a morte rompe o vínculo conjugal contraído perante a Igreja. Não é pelo fato de um dos
cônjuges ter apostatado da fé católica que o matrimônio deixou de ser válido. A Igreja nunca "a nula" um casamento. O que pode ocorrer, na esfera eclesiástica, é a declaração de nulidade. Isto é, anali sado o casamento como se processou perante a Igreja, pode verificarse a ex istência de fatos que o tornaram nulo in actu, isto é, aquele casamento não existiu desde o princípio. Ass im, por exemplo, se um dos cônjuges já era casado, mesmo em outro país, não podia contrair novo matrimônio. Ou se os dois cônjuges pactuaram não ter filhos (ou pelo menos um deles tinha definidamente essa intenção), o matrimônio foi nulo desde o princípio, pois a geração de prole é um fim primário do casamento.
Há outras várias causas de nulidade, como o célebre caso, hoje pouco compreensível, de erro de pessoa (a pessoa pensava estar casando com A e casou-se com B) . Cada diocese dispõe de um tribunal especial para anali sar esses casos cuj os processos são trabalhosos e demorados, e costumam terminar em Roma para confirmação.
Perseguição religiosa à vista E assim desembocamos num problema crucial de nossos dias. Depois de um processo várias vezes secular, como mostrou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no seu monumental ensaio Revolução e ContraRevolução, o mundo foi se distanciando de Deus e da Igreja, a ponto de já se ter falado
blasfemamente até da "morte de Deus", que implica conseqüentemente a "morte da Igreja". Expressões evidentemente absu~·das e loucas, posto que Deus é im0ttal - os homens não passam de seres criados, dependentes e limitados, pera.nte a infinitude de Deus e Jesus Cristo prometeu que as portas do Inferno não prevaleceriam contra a Igreja. Mas isso não impede que o príncipe deste mundo, Satanás, tente reduzir a Igreja à sua proporção mais ínfima, segundo esteja nos desígnios ele Deus permiti-lo. E é neste ponto que a ca.rta que estamos analisando provoca um certo estremecimento; pois, quando uma pessoa, em nada diferente de tantas outras que conhecemos, está disposta a rasgar sua cer-
tidão de batismo para livrarse de um mau casamento que se lhe tornou oneroso, isso indica a ex istência de um grau de insensibilidade religiosa próxima daquela "morte de Deus" que descreveram pseudo-filósofos. Ora, como mostra a História, essa insensibilidade é precursora de situações em que os maus se enchem de arrogância e de atrevimento, a ponto ele passarem diretamente das burlas e provocações para os insultos e perseguições aos verdadeiros cristãos; cujo desfecho será a prisão, a tortura, o incitamento à apostasia e, por fim, a entrega às feras - bestas feras ou feras humanas. Tudo isto apo nta para a maior perseguição ela História, como aliás está anu nciado literal e simbolicamente no Segredo de Fátima, ele todos conhecido. O que nos an ima é que esse holocau sto dos mártires catól icos produzirá o sangue que, unido ao Sangue redentor de Cristo, misturado às lágrimas de Nossa Senhora, será derramado sobre o restante da humanidade, a qual desse modo retornará a N.S. Jesus Cristo de uma maneira tão completa, que se estabelecerá na Terra redimida o Reino ele Maria, conforme prometido também em Fátima. E ass im se cumprirá o prognóstico en unciado por São Luís Maria Grignion de Montfort no seu célebre Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem: "Ut adveniat Reg num Christi, adveniat regnum Maria e" (nº 217). • E-mai I do autor: conego joseluiz@catoli cismo.com.br
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Mídia desinforma Ocidente sobre o Iraque
Ecologistas e ,,atividades terroristas
domésticas"
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Manifestação o favor do juiz Samuel A. Alito em Washington
Abortistas dos EUA reconhecem o próprio fracasso "Acho que 'Roe vs. Wade' [acórdão da Suprema Corte de Ju stiça que insta lou o aborto no EUA] será desmantelado em breve praza", disse à agência Reuters Nancy Keenan, presidente ele NARALPro-Choice America, conhecida ONG favo rável ao aborto. "Temos um presidente antiaborto, um Cong resso anti-aborto, e agora, com a confirmação do juiz Alito para o Supremo, temos em vista uma Suprema Corte anti-aborto". Keenan silenciou o mais importante: sobretudo a maioria cio povo norteamerica no é co ntra o aborto, e na de mocracia moderna o povo é soberano. Mas isto não interessa aos pro motores ela revolução sexual. Com a posse do juiz Samuel Alito, muitos defensores ela vida esperam que venha a cessar o monstruoso massacre lega lizado de inocentes. Corresponderá ele às expectativas? Deus queira. •
Ocidente ignora o que acontece de fato no Iraque, denunciou no "Was hin gto n Post" Ben Co nnabl e, major do Corpo de F uzileiros Navais dos EUA. A experi ênc ia haurida no local por dois terços cios oficiais militares lhes dá certeza de que o Iraque segue por bom caminho. "Conhecemos muito melhor as ruas, as pessoas e os insurgentes do que qualquer acadêm.ico em sua poltrona ", di sse. Contudo a difusão sistemática de imagens horrendas e hi stóri as deprimentes, por parte da míd ia, deforma a visão objetiva da realidade: "A impressão do fraque como um atoleiro insondável éfalsa e p erigosamente desorientado ra", sublinho u. O maior perigo para o Iraque não são os terroristas, mas a imprensa esquerdi sta disfarçada ele imparcial. • Soldados americanos brincam com meninos no Iraque
magine ter no prato, ou no sanduíc he, um pres unto ve rd e fosfo rescente. A conclu são norma l é que estari a estragado e faria mal à saúde. Entretanto, c ienti stas da Universidade Nacional de Taiwan, mi sturando materi a l genético suíno com o de ág uas-v ivas, criara m três porcos tra nsgênicos de carnes esverdeadas, que brilham no escuro. São verdes até o coração e os ó rgãos inte rn os, seg und o Wu Shinn-Chih, do Departamento ele C iênc ia e Tecno logia Animal. As possibilidades da c iênc ia são incalculáveis, mas, exploradas sem sabedoria, introduzem o caos e o absurdo na ordem natura l. •
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A
CATO LICISMO
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Brasil: cada vez menos terra para não-índios
Fanatismo islâmico fascina libertários ocidentais jovem belga Muriel Degauque, convertida ao Islã, jogou-se com bombas contra soldados americanos no Iraque. A infeliz suicida levou uma vida "liberada " ele todos os "preconceitos" do catolicismo: consumi u drogas, trocou à vontade de "nuiridos", até que por fim, já no desespero, adotou o Islã e se fezfundamentalista. Tais "conve rsões" não são raras, e ajudam a compreender o fascín io do fanatismo islâmico sobre aque les que, renegando a Igreja católica, adotaram os costumes imorais e igualitários que corroem a C ivilização Cristã. •
Porcos verdes fosforescentes: caos na ordem natural
Polícia chinesa espanca oposicionista até a morte
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u Xianghu , editor cio "Taizhou Evening News", j ornal do leste da C hin a que ousou criticar a corrupção no sistema de repressão comunista chinês, fo i surrado até a morte por 50 policiais. Não é o primeiro caso de tortura e coerção de jornalistas por parte da polícia de Pequim. Este foi mais um fruto amargo das "conquistas" e "liberdades" do socialismo. •
s poucos índios ex istentes no País vão ficando cada vez mais ricos em terras, enquanto aos demais bras il eiros resta espaço cada vez menor para ocupar. É o que se deduz do anúncio da FUNAJ, ele que o governo quer aumentar as reservas indígenas de 12,5% para 13,5% do território nacional. O pres ide nte da FUNAI, Mércio Gomes, disse que nessas áreas há proprietários e lavouras, e por isso haverá "dificuldades" na execução do plano. Porém esclareceu que este, "em termos absolutos, é um processo que não termina ". Em verdade, só terminaria quando os não-índios não tivessem mais lugar no Brasi l. .. •
m júri de Oregon (EUA) condenou 11 eco log istas dos grupos Frente pela Libertação Animal e Frente pela Libertação da Terra. Cometeram 65 crimes, incluindo incêndi os premeditados, fo rmação de quadrilh a e depredação de propri edades públicas e privadas. Para os promotores púb licos, o caso é um "m.odelo de ati vidades terroristas dom ésticas". Eles ag ira m nos es tados de Oregon, Wyorning, Wash ington, Ca li fórnia e Co lorado, de 1996 a 200 1. Embo ra condenados, os extrem istas seguem influ enc iando por meio de ONGs "moderadas" que enganam os ingênuos. •
Não obstante investimentos, a Venezuela cai aos pedaços
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araca está quase isolada, pelo abandono sistemático da infra-estrutu ra, mas o pres idente Chávez promete financiar megalomaníacos projetos, como um gasoduto do Caribe até a Patagônia, atravessando a Amazônia. Também prometeu comp rar grandes qu antidades de arm a. brasi!eiras; mas , quando o Bra il tentou formal izar a venda, Chávez não deu resposta. O din heiro do petróleo é na prática engolido pelo colossal apare lh o estata l, poli tizado e inoperan te. Na Venezue la, C hávez é apelidado "Don Momento em que desabo o Regalón" (O Senhor Pre- importante viaduto que comunico Corocas o Lo Guoiro senteador), e suas promessas a governos a mi gos soam desagrada velmente aos o uvid os dos venezuelanos que vêem seu País ir à breca. No carnaval ele financiou um a escola de samba brasi le ira, que apresentou um enredo esquerdista. •
Empresas da Internet pactuam com censura comunista
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oogle, o maior moto r de pesqui sa de Internet, estabeleceu um acordo com a máquina repress iva do com uni smo chinês, censurando palavras e links indicados pela ditadura verme lha. Outros gigantes da in formática, corno Yahoo e Microsoft, j á vinham agindo desse modo. Para John Pai frey, do projeto OpenNet ln.itiative, um a dezena de mi lhares de termos e expressões, corno "direitos humanos" ou "independência de Taiwan", passarão a inexistir para os chineses do continen te. O "Drudge Report" cunhou a expressão "communist Goog le", e um ed itori al do diário parisiense "Le Monde" estampou o título "Google tartufo ". A cumplic idade do macro-capita lismo public itário com as nomenclaturas com unistas parece continuartão escandalosa quanto na era de Brej nev ... •
É preciso um "clamor i11exti11guível" contra o aborto ':,\ Igreja não pode deixar de clamar contra [o aborto], como os profetas de Israel, [... ] ainda que seja chamada de retrógrada e antiprogressista", escreveu o Arcebispo de Burgos (Espanha), D. Francisco Gil Hellín. O prelado esclareceu que não deve ser um mia-do de gato, mas "um e/amor inextin guível que se levanta [... ] do mundo todo até o Céu, pedindo justiça e misericórdia". Comparando a Dom Francisco matança de crianças Gil Hellín não - nascidas com o bruaó da mídia pelos maus-tratos de presos no Iraque, concluiu: "Esses fatos são um 'conto de Branca-de-Neve' comparados com o que acontece com os abortados: a maioria é despedaçada, outros são envenenados, outros ainda picados com uma faca de aço".
Padre sincrctista escandaliza Salvador
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padre José Souza Pinto, pároco da Lapinha, vem escandalizando os fiéis de Salvador. Nas missas, fantasiou se de baiana, de índio e até de Oxum, um orixá (representação do demônio) do candomblê . Misturou sacrilegamente de modo sincretista o rito católico com outros supersticiosos; maquiado, executou danças estapa fúrdias com autorização da diocese, segundo ele. Para o arcebispo de Salvador, Cardeal Geraldo Majela Agnelo, que afastou o sacerdote da referida paróquia, se o padre Pinto, entretanto, voltar a ter um comportamento "normal", poderá celebrar missas na paróquia . Eis aí um sintoma da auto demolição da Igreja, que prossegue a passos largos sem a oposição proporcionada dos que deveriam cortar-lhe o passo.
ABRIL2006 -
Vitória eleitoral da esquerda na Bolívia e no Chile As recentes eleições presidenciais na Bolívia e no Chile
acentuam o evidente perigo da formação de um bloco de governos socialistas no Continente, não longe da tutela de Fidel Castro
■ ALFREDO M AC H ALE
A
Bo lívia e o C hile têm sido apresentados pe la mídia co mo pó los opostos na América Latina. Não só em decorrência da guerra que privou a Bolívia de uma saída para o Oceano Pacífico, mas também por outra causa: enquanto o primeiro país é pobre, anárquico e fracassado, afund ado cada vez mai s numa crise de agitação e populismo, o segundo é próspero, relativamente ordenado, ufano e bem-sucedido, após ter abandonado os falsos dogmas do socialismo radical sob o regime de Allende. Os resultados das e leições presidenciais em ambos países fo ram favoráve is a fó rmulas de esquerda, cada uma concebida na justa medida da nação que visa ating ir. No primeiro caso, um indígena sem o menor preparo para tornar-se chefe de Estado, orgulhoso de não possuir
ta is predicados e fátuo dos frutos que imagina obter; no segundo, uma esquerdi sta que se apresenta como convertida à democrac ia liberal, e que busca o di álogo com as nações desenvo lvidas, com os bancos e os investidores internac ionais, mas que não renunc iou a impl antar a longo prazo o sociali smo radi cal. U m e outro pod~m agravar a crise na qual se debate o Continente. Por um lado, consumando o fracasso da Bolívia e sua imersão em graus ai nda maiore de primitivi smo e de miséria; por outro, acabando gradualmente com o êx ito do Chile.
füiminadas as elites, Bolívia tl'élnsfol'mou-se num cmpo sem cabeça Há mais de meio século a Bolívia sofreu uma revo lução nefasta - incluindo uma Reforma Agrária que arrasou totalmente a estrutura soc ia l do país, chegando a graus extremos de populismo, de Evo Morales
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C ATOLICISMO
perseguição às elites e de luta de classes - que a de ixou quase prostrada até hoje. E m toda sua parte andina, os ca mponeses, ao se rebel arem contra os patrões, de ixaram-se levar por um iguali tarismo absurdo, caindo numa situação de miséri a e abandono notáveis, po is se di stanc iaram dos que poderi am civili zálos, educá- los e organizá-los. Assim, a Bolívia fo i fi cando cada vez mais relegada, em grande parte por não mais ter tido uma e li te suficie nte mente numerosa e influente. E, embora seja duro dizê-lo, tornou-se uma nação acéfala, que lo nge de aprender com os males que a faze m sofrer, tende a agravá- los. Com efeito, muitos dos camponeses " libertad s" de seus patrões passaram a dedicar-se a pequenas culturas. M as esta.· não lhes permiti am subsistir, razão p la qual as fo ram abandonando para se dedicarem ao cultivo da coca. Consumida durante séculos pelos indígenas como estimulante, a coca é hoj e mais utili zada para produzir cocaína, em grande parte destinada à ex portação clandes tina. O processo que conduziu Evo MoraJes à Presidência da Repú blica começou há anos, com uma ag itação dos camponeses indígenas que pl a ntavam coca, contrári os aos programas de erradicação desse c ul tivo promov idos pelos Estados U nid os. A essa ag itação so ma ra m-se outras ele setores operári os e camponeses, nas quais a esquerda católica desempenhou um papel-chave, através da agi tação igualitária e demagógica. Contudo, ao chegar ao poder, a fren te ampla de esquerda - que sempre criou obstác ulos, às vezes derrubando governos - não tem pl ano definido e coeren-
te, pois a massa indígena e muitos de seus líderes não compreendem a maior parte das necess idades do país. Limitam-se a insistir naquelas coisas que julgam vitais para suas próprias urgências, as quais obvi ame nte são dife rentes para os vári os setores. Por is o não há muito consenso entre os defensores do governo de Evo M orales. Sa lvo para press ionar a nacionalização de recursos naturais, principalmente o gás, o que muito provavelmente fracassará, como aco ntece u em todos os governos populi stas, sociali stas e comuni stas, porque estes co nsideram necessári o submeter a produ ção aos fa lsos dogm as igualitá rios . A agitação popular continu a, às vezes contra o próprio Morales, enquanto ele to ma as prime iras medidas. Uma delas fo i a passagem forçada de quase tri nta altos ofic iais militares para a reserva, num ge to que pode significar a transfo rmação das Forças A rmadas em algo parecido com os "exércitos popul ares" de tipo castrista ou sa ndinista.
Não p odendo extú1guil' a pm pl'iedade, volta-se co11trn a familia O esq uema da esquerdização do C hi le é muito diferente do da Bolívia. Há 16 anos vive o país sob governos da chamada Concertaci6n, na qual se articul am a Democracia Cristã e a esquerda social is ta, de origem marx ista. No vamente venceu essa coalizão para governar quatro a nos mais, agora com uma orientação da esq uerda mai s aguda. De in íc io, nas eleições de 1990 e 1994, foram os socialistas - marxistas incl uídos - que apoiaram os candidatos pres ide nc ia is democrata-cristãos e depo is os seus governos. Contudo, nas duas últimas contendas, apesar do prejuízo trazido a seus próprios líderes, foi a Democracia C ri stã que apoio u os postulantes sociali stas. Ela esquerdi zou as próprias bases e não corrigiu sua atitude, indignamente concessiva aos socialismos mais radicais. Apesar d isso, nesses 16 anos a Concertaci6n manteve vigente a propriedade privada, a econom ia de mercado, a livre empresa, a liberdade no co mércio exterio r e a abertura ao investimento estrangeiro, pois nessas matérias o gover-
Michelle Bachelet e Evo Morales por ocasião da posse desta em Santiago do Chile
no marxista de Salvador Allende (19701973) causou tais estragos, q ue quase ninguém no Chile quer nova me nte algo parecido. Em contrapa rtid a, em matéria de moral e costumes os governos da Concertaci6n foram fu nestos, graças à inércia da Democrac ia Cri stã e, in felizmente, de grande parte dos bispos chil enos. T ud o indica que o governo da recémeleita Michelle Bachelet será ainda pio r, pois a maioria dos socialistas é totalmente favorável ao aborto, à "pílula do di a seguinte", a uma pseudo-educação sexual da infâ ncia e da j uventude, aos costumes licenciosos, à tolerânc ia face à homossex ual idade. A "opos ição" de centro-d ireita também fo i inerte dura nte os úl timos anos, o que permi tiu à esquerda dar passos nefastos . No fundo, a centro-direita pouco se importou com a crise moral, principalme nte porque o país continua próspero e tranqüilo do ponto de vista econômico . Assim, a fa mília vai sendo demo li da: foi aprovada uma lei de divórcio ultra- radical; mais de 50% dos nascimentos ocorrem fora do matri mônio; os canais de televi são disputam e ntre si transmissões de progra mas cad a vez mais imorais e abjetos. E tudo indica que M i-
chell e Bache let, seguindo seu programa, procurará in trodu zir o aborto , a uni ão homossexual e ma is leis contra a discri minação, o que degradará moralmente o país em forma progressiva. U m senador socialista e ex-membro do MIR (gru po te rrori sta) afi rmou, após a vitória de Bachelet, q ue j á podia d izer coisas que du rante a campanha ele itoral não havi a podido me nc io nar: pedi a a despenalização do aborto terapêuti co e uma lei a fa vor da uni ão homossex ual. Ou seja, revelou que a esquerda radical e nganou a opini ão p ública chil ena, ex ibindo uma moderação que na verdade não tem e ocultando um radicalismo que conserva.
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Com a fa míli a destruída e os costumes degradados, que solidez poderá ter o desenvolvimento sócio-econômi co do C hile, uma vez que a moral é a base do Direito e da ci vili zação? De que servirá que se garanta, por exemplo, o dire ito de herança, se muitíssi mas fa mílias vão coexistindo com ra mos ilegítimos, q ue já não são considerados tais, e aos quais as novas leis permi ss ivas darão vantagens semelhantes às dos legítimos? • E-mail do autor: macha lc
catoli cismo.co m.br
A BRIL2006 -
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Colaboração brasileira com fundamentalismo islâmico deve ser rejeitada
Aescalada nuclear do Irã traz de novo à cena mundial a ameaça
da bomba atômica. Seria. atitude suicida qualquer colaboração do Brasil e de países latino-americanos com fundamentalistas islâmicos. LJ Lu1s DuFAUR
A
crise do Oriente Médio ruma vertig inosa mente para uma colisão a propósito da fabricação e eventual utilização de armas nucleares por prute do Irã. No limite, esta colisão poderá provocai· uma CATOLIC ISMO
intervenção rumada ocidental preventiva contra as usinas nucleares iran ianas. E o regime dos aiatolás não tem afastado a hipótese de praticar algum atentado nucleru·. No início, o presidente irania no Mahmoud Ahmadinejad propôs "varrer Israel do mapa ". 1 A seguir, um derrame
cerebral tirou cio cenári o o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, que condu zia um plano de pacificação muito co ntes tado. Logo após, a Irmandade Muçulmana - foco do hodie rno fund amentali smo islâmico - obteve sign ifi cativ a asce nsão nas eleições egípc ias.
Imedi atamente depois o g rupo terrori sta Hamas - braço armado da mesma Irmandade Muçu lmana - assumi u a d ireção da Autoridade Palestina. Assim, o Hamas passou a gove rn a r milhões ele palestinos, q ue vivem nas entranhas do Estado de [srael pregando a guerra santa, e nqu anto ape lava para um nac ionali smo com conotações nazistas. A essa esca lada seguiu-se uma ação o rqu es trada pe los gove rn os islâmi cos: chusmas de baderneiros atacru·am legações diplomáticas da Dinamru·ca e outros países europeus, sob pretexto de protestai· contra charges, consideradas ofensivas ao Islã, mas que há meses vêm sendo publicadas - até mesmo na capa do di ári o egípcio Al-Fagr, de 17- 10-05 -sem que, até aq uela ocasião, ninguém as levasse a sério. Por fim , o pres idente iran iano ordenou retomar o progrru11a atômico do país, violando lacres e retirando câmaras de segurança instaladas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão controlador do uso pacífico da energia nuclear. O presidente da AIBA, Mohamed elBaradei , confirmou que o programa iraniano vi sa também produzir material para bombas termonucleare . Ele encaminhou o dossiê do Irã para o Conselho de Segurru1ça da ONU tomar providências.
Rússia age pol' trás dos extl'emismos islâmicos As potências européias sentirrun a magnitude do perigo e concordru·am em levar o caso irani ano ao Conselho de Segurança. A França anunciou mudança essenc ial na sua doutrina de di ssuasão nuclear. De
agora em diante ela usará suas ogivas atômicas contra qualquer país que utilize ou acoberte o terrorismo ou ameace fazer uso de engenhos nucleares. A nova doutrina atinge obv iamente o Irã. Q uando parecia estabelecer-se um sa1utar isolamento em torno do Hamas- lrã, surgiu a surpresa: a Rússia convidou os di ri gentes terroristas do Hamas a Moscou e enb·ou em confusas articulações pru·a produzir em so lo russo o combustível atômi co que os aiatolás cio Irã procura m. Patenteou-se assim que a Rúss ia de Putin acobe rtava ladi namente as ações fund amenta li stas islâm icas. Não é de se estran har. H istoricamente, o atual te rrori smo islâmico foi montado, doutrinado e te lediri gido décadas a fio por Moscou. Qu a nd o a U ni ão Sov ié ti ca desa bou , aque le terrorismo con tinuou o mes mo, não mais em nome do Capital de Marx, mas cio Corão de Maomé. Putin , o omni arca russo, tenta agora por todos os me ios obter novamente para a Rú ss ia a liderança revo luc ionári a mundia l, que alcançara na época da fa lida URSS.
Extremistas muçulmanos buscam apoio latino-americano Ao mes mo tempo , o [rã e o Hamas estendera m tentác ulos para a América Latina. Receberam ca lorosa so li lari edade pe lo me nos de C uba e ela Venezue la, pa íses que também votaram a favo r do programa nuclear iraniano na AIE A. Vem-se delineando, assim, a tentativa de estabelecer um a frente ampl a árabe- latino-americana anti -EUA , anticapitali sta e anti-ocidental. Dessa manobra co nstituiu e loq üe nte marco a Cúpula América do Sul-Países Árabes, reunida por inic iativa do preside nte L ul a em ma io de 2005, na cap ital brasil e ira. O s pontos de afi nidade que tê m com o fund ame nta lismo is lâmi co certas esquerdas latino-a mericanas , espec ia lmente as infectadas pela Teolog ia da Libertação, são mai s prof'l.mdos e estre itos do que se pode supor à prime ira vi sta. O atual presidente do Irã é um exemplo típico. Sua po lítica consiste em promover o soc iali smo, a Reforma Agrári a e a participação dos operários na d ireção elas empresas, co lando nessas medidas a etiqueta islâmica, de modo tão g rat uito quanto o rótulo cristão aplicado pe lo
progressismo cató li co ao sociali smo e às reformas ele estrutura . Em plena cri se das charges, ante uma multidão em Teerã, Ahmaclinejad convocou os cristãos cio mundo - exceção feita ao que e le qualifica de cruzados e ele "extrema direita " - a se insurgirem juntamente com os muçulmanos contra os "que ofendem a santidade dos profetas". 2 Nada disso, porém, está no Corão. Este, em relação aos cristãos, só prega a guerra, o extermínio, a escravatura ou um regime de submi ssão vergonhosa conhec ido como dhima. Q uanto às formas econômicas ou políticas, pode-se criti car o Corão pelo seu primitiv ismo ignaro, mas é ridículo afirmar que dele se deduzam o soc iali smo, a Reforma Agrári a ou a participação cios operários na gestão das empresas.
Aliai1ça islâmico-católicopl'Ogl'essista: suicídio Os fundamentali stas islâmicos e os cató licos progressistas rea lizam uma análoga manipulação de suas religiões para investir contra o Ocide nte, o capitalismo e a propriedade privada, ex plorando o nome de Deus, ela fam íli a e até da moral. Dessa possível confrontação, podemse esperar apenas ruínas. Máx ime agora, quando a d isputa é pe la produção e/ ou uso ele ex plosivos nuc lea res, sej am convenc ionais, sejam mi sturas de ex plos ivos com un s co m materi al radioat ivo (bombas SL!jas). Nesse embate, quem levará a me lhor? É difíci l di zê- lo. Mas é certo que, na penumbra, Rú ss ia e C hina j á antevêem consideráveis vantagens. É indispensável, portanto, que o Brasil e toda a América Latina - região ele maioria católica - para seu bem temporal e o da Santa [greja, se recusem energicamente a toda forma ele colaboração com as forças fundamentali stas islâmicas, qualquer que seja o pretexto ou razão aparente que venham a serem ad uzidos. • E- mail do autor: lui sduíaur @cato li cismo.com.br
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Notas: 1. "O Estado de S. Pau lo", 1- 1-06. 2 . Membri, Spec ia l Di s patch Se ries - Nº 109 1, February 14, 2006, Nº 109 1, http://me mri .org/ bi n/ar li c les.cg i ? Pa ge=co u ntri es@ A rea =iran& ID=SP 109 106
ABRIL2006 -
Proposta a proibição dos símbolos comunistas
jornali stas, especialmente os comentadores políticos, para os quais a história recente da E uropa não de ve ser indifere nte, compreendam isso inte iramente.*
Ü s símbolos nazistas são compreensivelmente abominados. Porém, não se promoveu aversão similar aos símbolos do regime comunista, cujos crimes e horrores vão ficando, assim, relegados ao esquecimento.
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osso correspondente de Minsk (Bielorússia), Sr.Alexander Stralcov-Karwacki, entrevistou em Bruxelas o ex-presidente da Lituânia, prof. Vytautas Landsbergis, atualmente deputado lituano ao Parlamento Europeu. Oferecemos a nossos leitores uma tradução da entrevista feita em russo . O temo foi a proposta do prof. Landsbergis e do deputado húngaro József Szájer, apresentada ao Parlamento Europeu, pedindo a condenação de símbolos comunistas como a foice e o martelo, a por dos símbolos nazistas. Landsbergis começou sua carreira docente ainda quando jovem estudante, em 1952. Lecio nou até 1990, quando foi eleito presidente do Supremo Conselho da Lituânia . De 1978 a 1990, foi professor de história da música na Academia Lituana de Música. É autor de dez livros sobre musicologia, arte e história da música . Tem vários /ong -p/ays gravados com música lituana para piano . Escreveu ainda cinco outras obras versando sobre temas políticos. Em 26-3 - 1989 Landsbergis foi eleito de~ putado da Lituânia ao Congresso da União Soviética; indicado como membro do Conselho Supremo da Lituânia em 24-2 -90; eleito no dia 11-3-90 (dota da declaração de independência de seu país) presidente do Conselho e Chefe de Estado, cargo que exerceu até as eleições de novembro de 1992 . Em 4-12 -90 Landsbergis recebeu o delegação de membros das TFPs de diversos países que retornavam de Moscou, onde en -
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CATOLICISMO
tregaram no Kremlin copia do maior abaixo -assinado da Histó ria, promovido pelas TFPs em prol da independência da Lituânia . Em 25 - 11-96 foi eleito presi dente do Parlamento Lituano . Des de 2002 é deputado lituano ao Parlamento Europeu .
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Catolicismo - Por que o senhor acredita importante proibir o uso de símbolos comunistas nos pa íses da Comunidade Européia?
Prof Landsbergis - Penso que a questão não se c in ge propriamente tanto à pro ibição quanto a uma vis uali zação obj etiva e paritária da possibili dade do uso de símbo los nazistas e comun istas.
''Até agorn a llistória foi apresentada de modo unilateral, calam/o os cl'imes do comunismo. Por causa disso, não é fácil chegar a um consenso".
Catolicismo - Por que sua proposta, tão coerente, pedindo que paralelamente à proibição dos símbolos nazistas se proibisse também os comunistas, não recebeu o apoio que merecia no Parlamento Europeu?
Pn~f. /,amlsbergi.\· -
Estamos passando no mome nto por um processo de compreensão crescente e de conscientização de toda a hi stóri a européia d século passado. Até agora a hi stória fo i apresentada de modo un ilateral, calando os crim s do comunismo sov iético. Por causa di sso, não é fác il chegar a um consenso. Não bas ta dar apenas alguns passos; trata-se de um processo de compreensão complexo, atualmente em andamento. E cm muitos doc umentos do Parl amento E uropeu, bem como na Com issão E uropéia, o assun to foi tratado por in iciativa do comissário Franco Frattini. É necessário que a elite política e os
Catolicismo - Em sua opinião, por que se fala livremente na Europa sobre os crimes nazistas, ao mesmo tempo que existem "tabus" quando se trata dos crimes do regime comunista?
"Quando falamos dos crimes e dos símbolos nazistas, seria injusto calar a respeito dos crimes dos dil'igentes ela URSS e cio sistema soviético"
justo calar a respeito dos crimes dos dirigentes da URSS e do sistema soviético. É preciso apresentar o outro lado da moeda, não para. justificar o nazismo, mas para fazer justiça a milhões de víti mas do regime comuni sta, para fazer justiça a seu martírio, e para que se compreenda o papel destrutivo deste regime quanto à sociedade que herdamos depois de extinta a União Soviética. É preciso que se entenda isso.
Catolicismo - Que papel o senhor atribui ao Prof. Landsbergis - Trata-se de uma longa tradiCristianismo para o futuro da Europa? ção exi stente desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os diplomatas ocidentais, sob fo rte inProf Landsbergis - A tradição cristã repousa sobre profundos fundamentos morais, indispensáveis fluência da di plomacia soviética e do regime stalipara a construção de uma sociedade democrática e ni sta, encontraram e aplicaram uma dupla medida. justa. Por exemplo, o conceito de "dizer a verdade" Por exemplo, os iniciadores do Processo de Nuremou de " não rnentiJ''. O conceito "dizer a verdade" berg recusaram analisar os termos do pacto Ribbenenvolve o de "dizer toda a verdade", pois o empretrop-M olotov, segundo pedira o advogado de Ribgo de meias verdades implica uma mentira. Exembentrop. Essa recusa serviu para apresentar sob uma plo disso é o tema sobre o qual estamos falando. A luz negativa exclusivamente Ribbentrop e os chefes meia verdade é escrava da mentira. E se a civili zanazistas. Em minha opinião, um exame dos termos ção européia tender para a busca da verdade, ela redeste pacto de modo algum teria diminuído a graviali zará o que está dito no dade dos delitos naz istas, E vangelho: "A verdade vos mas forneceria um quadro libertará". A E uropa não ma.is objetivo do que então será inteiramente livre ense passa va . Lame nta ve lmente as democracias ociquanto permanecer indifedentais aceitaram o "veto" rente à menti ra ou calar a verdade em função de alguda Uni ão Soviética.; e, com obre a ini ciativa de que se proibissem, juntamente com os isso, desacreditaram em boa ma razão especulativa desconhecida. Neste caso, estamedida todo o processo de símbolos nazistas, também os comunistas corno a foice e o remos bastante distantes do martelo, proposta pelos deputados europeus Vytautas LandsberNure mberg, tendo em vista ideal de liberdade. A meia ligis e József Száj er (Hungri a), o Parlamento Europeu preferiu que qualquer tribunal deve berdade é similar à taça de abs ter-se. A explicação dessa inexpli cáve l abstenção, deu-a a ser objetivo e procurar a vervinh o c he ia pe la me tade. dade inteira. deputada Sylvi a- Yvonne Kaufman, vice-presidente do PDS (ParCertame nte pode mos nos tido Comuni sta alemão): Catolicismo - Como o alegrar por termos uma meia "A proposta dos dois deputados do parlamento europeu Józsenhor gostaria de agir liberdade, mas também posef Szájer e Vytautas Landsbergis, de proibição na Comunidade para que, na Comunidade demos lamentar pelo fato de Européia dos símbolos comunistas, a par dos nazistas, é apoiaEuropéia, a atitude face não sermos inteira e responda também por outros representantes de países da Europa Cenaos símbolos comu nistas tral. Adotá-la, entretanto, é inteiramente contraproducente e sa ve lm e nte li vres. Seri a seja equiparada à que se muito mais importante ter mesmo politicamente perigosa. A mensagem transmitida seria tem diante dos símbolos uma total liberdade do que tirar totalmente a gravidade dos crimes do f ascismo alemão, nazistas? adotar pressupostos que apeúnicos na História, e sobretudo no que diz respeito ao holocausProf Ltmdsbergis - Não nas levam à reticênc ia, à to, bem como o planejamento e a condução de uma guerra de existe a.inda propr iamente agressão que custou a vida de milhões de homens."* mentira e ao seu apoio. • nenhum documento regulando este problema. Dis* *• * * A r es peito ci o processo de cutimos a.penas a questão co nsc ienti zação dos crim es do Será que a deputada comunista nunca ouviu fa lar dos 100 de que não se pode adotar comuni smo, de que fala L anclsdo is pesos e duas medida . mil hões de vítimas do comunismo no mundo inte iro? Ela bem bergis, ver em nossa edi ção ele Pensamos que a verdade que lucraria e m ler O livro neg ro do comunismo - Crimes, termarço o comentário ele Cid A lencastro "Afinal, u111 brado! ", sohi stórica de ve ser apresenror e repressão, inteira mente insuspe ito porque escrito por intebre a condenação intern ac ional tada por inteiro . E qu ando lectuais de esquerda. cios cri mes do regime comunista, falamos dos crimes e dos feita pe la A ssembléia Parl amen* Dec laração de imprensa do PD S, www. pds-europa.de símbolos nazistas, seri a intar do Conselho da Europa.
Uma "explicação" que não justifica
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na cru z, os Apóstolos se deixaram dominar por um abatimento que fazia transparecer clara me nte toda a vacilação que lhes ia na alma. E São Tomé qui s tocar com os dedos o Salvador, para crer na objetividade da Ressurreição. Ora, a realidade é que também nós estamos sujeitos à mesma fraqueza, e não raramente ela vence em nós, contando com nosso próprio consentimento. Certamente todos nós cremos, graças a Deus, com toda Passo da Paixão - Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho . Congonhas do Campo (MG)
a firmeza e sem a menor vacilação, na objetividade da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas há uma outra verdade que sem dúvida admitimos, mas que admitimos às vezes com tanto temor, que lhe damos um sentido quase puramente especulativo; e tão restrito, q~,e nos tornamos perfeitamente merecedores da censura do Espírito Santo: "Estão diminuídas as verdades entre os filhos dos homens". Não se trata ele uma verdade posta em dúvida, mas sobre a qual temos, em nosso espfrito, uma noção diminuída. Entretanto, quantos e quantos erros daí decorrem!
Imortalidade da Santa Igreja Católica Essa verdade que Nosso Senhor afirmou de modo insofismável, e a respeito da qual sua palavra não é menos infalível do que quando predisse sua Ressurreição, é a fecundidade sobrenatural da Santa Igreja Cató lica, Apostólica, Romana, que permanecerá de pé, sobranceira em relação às investidas de todos os seus inimigos, até a consumação dos séculos, sempre capaz de atrair pela graça os homens de boa vontade. Todos os cató licos, ev id ente mente, estão obrigados a crer nesta verdade. A Igreja jamais perderá esse dom de atrair as almas. Negá-lo impli ca em negar que Jesus Cristo é Deus, ou que os Evangelhos são livros in sp irados. Negá- lo é, pois, negar a própria Religião. Mas esta verdade que todos aceitam, todos a possuem em igual ex tensão? Todos a vêem com igual clareza? Todos tiram dela as mesmas conclu sões? Ameaças à Igreja não justificam (Jualque1· concessão
A "sim como os Apóstolos, nós também muitas vezes duvidamos. Nesta Semana Santa, peçamos muito especialmente a graça da fé que nunca vacila; de sempre lutar contra os erros imperantes em nosso século; e de não ter a menor condescendência com tais erros. -
CATOLICISMO
1J PUNJ O CORRÊA DE ÜLIVEIRA
s meditações que tão freqüentemente se fazem a respeito da ingratidão, da covardia e da cegueira dos Apóstolos, durante a Paixão, não devem ter, para nós, interesse meramente especulativo. Também nós temos , para com Nosso Senhor, ingratidões, covardias e cegueiras muito parecidas co m as dos Apósto los, e seria ridículo pensar apenas nos defeitos deles, sem tomarmos também cm con ideração a "trave que está em nosso próprio olho". Ninguém se santifica pela meditação sobre as virtudes ou defeitos alheios, se não o fizer de modo a acrescer suas próprias virtudes ou combater seus própri s defeitos. Assim, pois , olhos postos na Paixão de Nosso Senhor, não devemos por isto
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nos esquecer de nós mesmos, pois que Nosso Senhor nos pede, não tanto que choremos com Nossa Senhora os padecimentos do Cordeiro de Deus, mas que cuidemos de não transformar nossa própria alma em uma segunda edição dos que O imolaram.
Abatill1Cllto dos Apóstolos, e nosso também Essa reflexão, absolutamente verdadeira no que diz respeito às suaves tristezas da Semana Santa, também se apl ica, ponto por ponto, às austeras alegrias da Ressurreição. Tanta gen te se admira e se indi gna com a perturbação cheia de abatimento e a vacilação de espírito manifestada depois da morte de Nosso Senhor, pelos Apóstolos, a propósito da Ressurreição. O Redentor tinha predito de modo positivo que res surgiria dos mortos . Entretanto, tendo Ele expirado
Nos dias torvas que atravessamos, quando vemos a heres ia se dilatar por toda a Europa e ameaçar o mundo inteiro, quanta gente há que julga a Igreja tão ameaçada, que se sente inclinada a concessões doutrinárias perante os atuais dominadores do mundo. Hoje em dia, a paganização gera l dos costumes penetrou em todas as esferas da soc iedade e cavou um ab ismo, que se vai tornando cada vez mais profundo, entre o espírito da Igreja e o espírito da época. À vista disto, quanta gente aconselha concessões morais capazes de A reconciliar com esta sociedade sem cujo apoio se receia, no mundo, que E la venha a sofrer um co lapso; o qual, se não fosse a morte, seria ao menos um prolongado desmaio. À vista ela formação de correntes pseudo-científicas cada vez mais contrárias aos e nsin amentos infalíveis da Igreja, quanta gente desejaria que a Igreja, se não alterasse as verdades já definidas, ao menos não exp li citasse sua doutrina em pontos ainda controversíveis, em que qualquer definição por parte do Cato lici smo poderia tornar as divergências com a no ssa época ainda maiores. ABRIL2006 -
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Tentar adaptar a doutrinâ católica é tentar mat{t-Ja Evidentemente, todos estes erros procedem de um temor mais ou menos inconsciente quanto à fecundidade da Igrej a. De fato, o que é a doutrina católica? É um conjunto de verdades. Desde que nesse conjunto uma só verd ade fosse adulterada, a doutrina católica já não seria ela mes ma. Ass im , tentar acomodála, àdaptá-la, ajeitá-la, é trabalhar para que Ela perca sua identidade consigo mesma. Em outros termos, é tentar matála. E achar que o apostolado não é poss ível sem essa adaptação é achar que a Igreja só pode vencer morrendo! E videntemente essa vacilação, em um verdadeiro católico, não se pode referir a certas verdades já irretorqui velmente definidas pela Igreja. Mas há um sem número de aplicações práticas de princípios, ou de deduções do utrinári as a respeito de princípios já definjdos, em que essa fraqueza se manifesta. Em lugar de se procurar na utilização doutrinária ou prática. dos princípios a verdade, toda a verdade e só a verdade, as reflexões fe itas a este respeito se deixam imbuir mais ou menos pela preocupação de condescender com os erros do século. E assim, em vez ele procurar tirar do tesouro das verdades católicas todos os frutos de ordem intelectúal e moral que contêm , procura-se saber mais o que pode ser rotulado como discutível, e portanto como matéria livre, do que o que pode ser rotul a.do como verdadeiro, e portanto como matéria certa.
,lornalistas católicos: "Dilatai o campo da verdade" E m outros termos, a mania invariável de condescender leva muita gente a procurar dilatar os espaços intelectuais rese rvados à dúv ida. E m presença de uma afirmação deduzida da doutrina católi ca, a pergunta deveria ser esta: posso incorporar mais essa riqueza ao patrimônio de minhas convicções? Mas, em gera l, é esta outra: que razões posso descobrir para duvidar também disto? Pio XI, recebendo em audiência o Ex mo. Revmo. Sr. Arcebispo de Cuiabá [Dom Aquino Corrêa], lhe deu como palavra de ordem para os jornalistas católicos do Brasil : "Dilatate spatia veritatis" [DilaCATOLICISMO
tai o campo da verdade]. Muita gente gosta de fazer o contrário: em lugar de se esforçar por descobriJ novas verdades doutrinárias deduzidas das já conhecidas, ou de estender o mais possível a aplicação dessas verdades na prática, todo seu esforço vai em negar o mai s possível qualquer coisa de positivo que se faça neste caminho. Em suma, isto é exatamente o oposto do verdadeiro espírito construtivo, é dilatar espaços, não da verdade, mas da dúvida. Cristo "Patiens" com São João Evangelista e Nicodemo - Vicente Macip (1550) . Mu seu de Belas Artes, Valença (Espanha)
A graça da ortodoxia virginal da /'é Se a Revelação é um tesouro, e a difusão do Evangelho um bem, quanto mais esse tesouro se espalha e esse bem se distribui, tanto mai s contentes devemos ficar. Muita gente, entretanto, acha que é o contrário: Quanto mais se ocultam os desdobramentos lógicos da Revelação e se encurtam as conseqüências do que está no Evangelho, tanto ma.is caridoso se é! Como Deus teria sido caridoso, se tivesse imposto uma moral menos severa! Por que não previu ele que no século XX essa moral
seria um trambolho indifusível? Corrija.mos a obra de Deus: encurtemos o que na sua. obra está por demais longo, empanemos a luz do que brilha demais, e assim teremos beneficia.do largamente a huma.njdade. Quanta gente, na prática, rac iocina assim! Ora, proceder assim reflete o receio de que a Igreja já não conte com o apoio de Deus, e, se não se baratear, já não possa arrastar as turbas. E essa dúvida sobre o auxílio sobrenatural que Deus dá à Igreja se paJece muito com a. dúvida que, antes da Ressurreição, os Apóstolos sentiram a respeito deste fato. Reflita.mos ni sto. E peçamos a Nosso Senhor que, fazendo ressuscitar em nós os tesouros das graças que rejeitamos , voltemos novamente àquela ortodoxia virginal da fé e àquela perfe ição de vida que talvez o peca.do, por nossa máxima cu lpa, nos tenha roubado. • Nota : Artigo publicado origina lmente em "O Leg ionário", São Paulo, nº 448, 13-4- 1941. O subtítul o e os entretítul os foram inseridos pela redação de Catolicismo .
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ano de 2006 iniciou-se sob os efeitos ele um verdadeiro pesadelo político: a cri se ele denúncias e revelações que, há muitos meses, se desenro la ante o olhar atôn ito, surpreso e j á cansado da opini ão púb li ca, assombra ndo o Brasil e imerg indo o País num ambi ente caotizado e de av iltamento das in stitui ções. O PT - que sempre se apregoou como partido ela ét ica, e sob essa bandeira conqu istou espaço no cenário político naci ona l - viu boa parte de sua cúpu la demitir-se sob o peso de gravíssim as acusações. E um cios seus mais destacados diri gentes, José Dirceu, ministro todo-pode roso do Presidente Lula, renunciou e posteriormente teve seu mandato parlamentar cassado, bem como seus direitos políticos suspensos por dez anos. Deteriorando ainda mais o cenário político, ao trágico das denúncias soma-se agora a tentativa, cada vez mais explícita, ele manter impunes os acusados.* Tentativa que se estende ainda aos integra ntes de partidos ela base a liada, envolvidos no escândalo, e que tem contado com o apoio até de fi guras decisivas de partidos da oposição.
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* "Foi lima pajelança. Sob o mote 'errar é hL1111ano', proclamado pelo presidente Lula, o PTfez dafes/a dos seus 26 cuws, em Brasília, a celebração da impunidade. O ritllal de exorcismo purificoll a alma petisla das Cllipas que nela ainda pudessem subsislir pelos ilfcilos de corrupção comelidos em nome de llln projeto de poder que presumivelmente lran.~figuraria a fac e social do País. (... ) "O roteiro é conhecido. O 111ensalão não existiu, apenas o caixa 2 - o que se fa z 'sistematicamen.Je' na polílica brasileira, atenuou Lula numa enlrevista em Paris . (... ) "Diante disso 'dessa gellle qlle fica jogando casca de banana', 11.as palavras de Lula, nem os compa nheiros faltosos merecem ser execrados " (O PT exorciza. a sua culpa, Notas & informações, "O Estado de S. Pa ul o", 15-22006). Não é de estran har que o descrédito da classe política se torne dia a dia mais palpável e a autenticidade representativa do regime democrático seja cada vez mais posta em
· causa. É nesse ambiente degradado e confuso que os brasile iros começam a ver definirem-se os contorno da corrida eleitora l à Presidência, de outubro próximo. Os primeiros passos já fazem sobressair o caráter eleitoreiro de nossa política, com sua forte carga demagógica e personali sta, sua desfaçatez, seu oportunismo desenfreado, sua ambição desmedida, seu vazio de idéias, prenunciando uma e leição - novamente! - túm ida de in autenticidade.* ABRIL2006
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* O editori al do "Jorna l da Tarde", inti tul ado A baixaria como regra , é cl ar9 a esse res pe ito : "A j ulgar pelos prolegômenos registrados no noticiário político, 2006 tendo como destaque a campanha para a sucessão presidencial de outubro -estará a anos-luz de distância. do 'belo ano democrático', de 'bons debates para o fu turo do País', previsto pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Ao contrário: o que se prenuncia é uma temporada de baixarias,
que só não será inusitada porque as anteriores nunca foram grandes exemplos de nobres discussões sobre o interesse nacional" ( 12-2-2006).
A cri se em que se debate o País, bem como o quadro préeleitora l que se vai config urando, convidam, pois, a uma análise serena e a uma reflexão aprofu ndada.
I - Crise ética e ideológica decorrente do "estelionato eleitoral" de 2002
A
al tarefa se propõe aqui a Associação dos Fundadores da TFP- Tradição FaIDJ1ia Propriedade, iluminada pelo exemplo e pelo pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira, que em tantos momentos cruciais da história recente do Brasil ergueu sua voz para aleitar contra as insídias dos adversários da Civilização Cristã; e apontou, com sagacidade, discerni mento e espírito de Fé, soluções e rumos, que constituíram verdadeiras mensagens de esperança para um Brasil cristão.
Atitude superlicial e ingênua: r eduzir a atual crise a "mera" col'J'upção É ev idente que a atual crise se reveste, em larga medida, de um aspecto ético, já que têm sido inúmeras as denúncias e
apurações que apontam um amplo esquema de corrupção para não dizer gigantesco - tendo como base o aparelho estatal, as institui ções governati vas e partidárias. Entretanto, seri a superficial e até ingênuo querer reduzir a situação vivida atualmente a uma repetição, mais ou menos agravada, da corrupção que, infelizmente, grassa há muito tempo e com bastante freq üência em esferas públicas. Ou simplesmente, como pretende boa parte dos envolvidos nos escândalos, reduzir tudo a um "mero" fenômeno de caixa dois. * * O Professor de Teoria Política do JUPERJ, Renato Lcssa, em artigo para a imprensa, recusa, como natura l, a banalização que se tenta fazer do cri me de caixa dois, para
ele tão ou mais grave do que o chamado mensalão: "A utilização de caixa dois pertence a um padrão de financiamento oculto das campanhas eleitorais. (... ) seu caráter secreto erode a própria idéia de representação. A quem. afinal representa um parlamentar cuja campanha fo i financia da por agentes ocultos?( ... ) A lógica do 'crime menor ', posto que comum, é cínica e anti-republicana" (Defender a honra, j amais as idéias, "O Estado de S. Paulo", 12-2-2006).
Torna-se indispensável atentar para o caráter ideológico dessa crise. Por trás dela se escondem manobras e articulações para impor ao País um projeto de Poder, de cunho socialista e de caráter totalitário.* * Ao comentar o depoimento à CPI dos Bingos de Pa ulo de Tarso Venceslau, ex-diri gente petista, expulso do partido após denunc iar a ar recadação criminosa de fundos, o articul ista de "Veja", Tales Al varenga, afirma: "Tudo se encaixa. Mensalão, Delúbio Soares, operações de Ma rcos Valério, sangria dos coji·es públicos e o papel ativo de Lula na funda ção do esquema. Toda a operação de enriquecimento do PTfoi planejada para garantir o caixa dois de um partido que queria bilhões para realizar o sonho de ficar vinte anos no poder" (Maturidade e desonra , 25- 1-2006).
Aliás, era o de que setores decisivos de nossa opinião pública de há muito se vinham apercebendo, e contra o que demonstravam um, agastamento cada vez mais acentuado. Basta recordar a eleição municipal de 2004, em que o PT, ai nda que fo rtemente coadjuvado pelo Governo e pelo próprio Pres idente Lul a na campanha eleitoral, viu vários de eus mais destacados candidatos penarem derrotas fragorosas em importantes prefeituras.
Encurralado pelo dilema decorrente do próprio quadro eleitoral, Lul a precisava avançar com cuidado. De um lado, não pod ia assustar aqueles que, mais numerosos, por ingenuidade ou desprevenção, tinh am acredi tado em sua nova fórmula dulçurosa e engravatada; de outro, não podi a desapontar as bases mais militantes e radi cais que viam na sua eleição o advento da oportunidade hi stórica pru·a " mudar tudo o que aí está''; ou seja, implantar no País um regime fortemente esquerdi sta, muito próximo do modelo cubano para o qual tendem as simpatias declaradas de muitos peti stas. Assim, em um ambiente de certa tranqüilidade e até mesmo de otimismo, co m uma economia que não enveredava pelas aventuras da esquerda ex tremada, Lula dava in ício a seu mandato. Mas logo viriam as surpresas e os sobressaltos. Com efeito, anunciou-se um "esquerda, volver"; uma aprox imação aberta com os regimes de Fidel Castro e de Hugo Chávez; relembraram-se os ideais socialistas do partido e proclamou-se a necessidade de uma "revolução social" pru·a o País. Mais ainda, o Brasil assistiu à velha "esquerda católica" (autenticamente esquerdista e pouco ou nada cató li ca), insuflada pelas correntes da Teologia da L ibertação, aboleA aproximação aberta com os regimes de Fidel Castro e de Hugo Chávez (foto abaixo) evocou os ideais socialistas do PT e sua meta da necessidade de uma "revolução social " para o País
Do "paz e amor" à "revolução social" A campan ha eleitoral de 2002, sem verdadeiras alternativas e com ausência completa de idéias, veio ao encontro de certo imobilismo ideológico do público, menos empenhado em di scernir qual dos contendores tinha razão e mai s esperançoso de algum inesperado jeitinho que tudo resolvesse ... sem rixas. Assim, embalado pelo efeito temperamental do slogan "paz e amor", Lula foi conduzido à vitória. O atual Presidente é inequivocamente um homem de esquerda, mas haveria um enorme engano em daí concluir que todos os votos por ele recebidos estivessem marcados por tal ideologia. O per onalismo que caracteriza a vida política brasileira e a vasta máquina publicitária em torno de um candidato apresentado como homem simples e trabalhador, de ativo senso filantrópico, explica boa prute desses votos dados a uma figura que os eleitores julgavam capaz de remediar a situação da classe pobre. M ais ainda, o contínuo anseio de cordialidade, que ao brasileiro compraz ver presente em todos os ambientes e circunstânci as, mesmo nas disputas políticas, fez com que até muitos dos que não tinham votado em Lula manifestassem, após a eleição, o desejo de que tudo desse certo, marcando o País co m uma nota de despreocupação e de esperança num regime distendido.
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CATOLIC ISMO
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S urgiram sinto mas de práti cas autoritári as do E stado: a ABIN (Agênc ia Bras il eira de Inteli gência) anunc iou uma colaboração estre ita com a po líc ia po lítica de F idel Castro; importantes líderes po líti cos denunciaram a cri ação, a partir de investigações conduzidas por integrantes do PT, de arquivos de inform ações sobre c idadãos , mais abrangentes do que os do reg ime militar. O Pa ís fo i in vadido po r uma propaganda ofi c ial q ue a lardeava a ex istênc ia de uma mi séri a e l'o me generalizadas. Sob o bo mbardeio de dados suposta mente c ientíficos - que va ri avam , a bem di zer a cada di a, e davam conta de dezenas ele milhões ele esfomeados o u subnu tridos - pre parava-se o c lima psico lóg ico para tra nsformações soc iais profu ndas. Progra mas como o " Fome Zero" esco ndi am sob sua capa ass istenc ial ista estranhos desígni os políti cos .* * A imprensa denunciou que, atreladas aos benefícios cio "Fome Zero", faziam-se fi li ações ao PT. E apontou a tentativa ele criação ele uma es tru tura política para lela às estruturas cio Estado, cm que os comitês gestores cio Program a seri am embriões ele organizações popul ares ao estilo cios comitês ele D efesa el a Revolução cm Cuba ou cios Círculos Boli varianos el a Venezuela.
Frei Betto, expoente do esquerdo católica . Verdadeiro inspiradora e mentora de Lula, esta via chegado o momento de impor ao Brasil suo cruzado sem cruz
tar-se em muitos postos-chave do Estado - e do. mais aJtos ! Verdadeira inspiradora e mentora de Lula, essa "esquerda católica" via chegado o momento de impor ao Brasil sua cruzada sem cruz, sua visão "libertadora" da religião, com a conseqüente mudança global elo sistema sócio-político-econômico vigente. Era compreensível a eufo ria do conselhe iro espiritual do Prc idcntc e seu assessor especial, o conhecido Frei Betto, expressa no artigo "Esplanada dos M in istérios" .*
* Frei Bctto lembrava aqueles que no governo recém empossado tinham mi litado na CEB s, na Pastoral Operária, na JEC, etc.: "Ao lado de minha sala eslá o gabinele presidencial (sic). Lula sollbe capilaliza r os nossos sonhos de ju ventude, dar-lhes co11si.1·1ê11cia polf! ica e, graças ao sell carisma, transfo rmá- los e111 realidade: agora, na Esplanada dos Ministérios, somos w11a co111unidade· responsá vel pelo governo do Brasil " ("Correio Brazil icnse" , 23- 1-2003).
Ass istiu-se, a partir daí, ao aparelhamento do Estado, conhec ida tática comun ista de co locar pessoas do Partido c m todos os escalões da máquina púb li ca. Ressurg iram idé ias estatizantes na econom ia. O Judici ár io passou a ser afrontado, po liti zado e alvo de um contro le externo . Ve io a criação onímoda dos Conselhos (so vie ts! ) e as tentativas de controlar a imprensa, a Universidade, a Cultura, a Internet, etc . -
CATOLICISMO
A íntima co laboração e ntre o Governo e os " movimentos soc iai s", cm partic ul ar o M ST, to rnou-se aberta. Aca lentados pe lo apo io o íi cia l, os " movime ntos soc iais" passa ram a violar impunemente a le i e des res pe itar dire itos íundamentai s, como o ele pro priedade privada e até mesmo o de ir e vir. Um mo mento auge dessa colaboração se de u quando o Pres idente envergou o boné do MST, causando comoção no Pa ís. Como prêmi o ele sua atuação ilega l, esse mov imento juntamente com sua in sp iradora e principa l colaboradora, a Comissão Pas tora l da Te rra (CPT), receberam importantes cargos no aparelh o estatal, sobretudo no JNCR A. Ve io, um pouco mais tarde, a ou sada tentativa ele impo r um Pl ano Nac ional de Reform a Agrári a (PNRA), ampl ame nte confi scatório. P lano que L ul a e ncomendara pessoalmente a um importante líder da "esquerda cató li ca" e do PT, P líni o ele Arruela Sampaio, e para cuj a aplicação contava com o apoi o decidido de altas fi guras ec lesiásticas e de órgãos d iri gentes ela CNBB , numa inusitada aliança entre o pode r esp iritual e o poder te mporal. *
* Em 18 el e novembro el e 2003, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, publicou no j orna l "Folha ele S. Paulo" o imporLante man ifesto "Bispos encam inham o País para a lllta de classes e a revolução social ?". Es tampado, posteriormente, em j ornais ele todo o País, o manifesto teve larga repercussão. O mencionado PNRA acabou por não ser adotado. Pouco tempo depois, por decisão judicial que ainda se discute em ju ízo, o controle ela TFP foi entregue a um grupo de di ssidentes que colaboram simpati camente com a ala católica progressista.
A po lítica externa, ro mpendo a tradição d iplomáti ca brasile ira, passo u a ter cunho interve nc ioni sta. E, em muitos ca-
sos, de ixo u de ate nder aos verdade iros interesses nac ionais para se subordinar a interesses ideo lógicos, * le vando o Brasil a privil eg iar re lações dipl o máti cas equívocas e até a ter atitu des dúbi as ou cúmplices diante ele orga ni zações e Estados vinc ul ados com o terrori smo.
* Em lúcido arti go, Milton Lourenço, diretor-presidente el a Fiorde Logísti ca Intern ac ional, ele São Paul o, observ a: "Os form uladores da a tual política externa brasileira 11.ão precisa reio esperar o .fim do governo Lula pa ra ver os reSllltado.1· da es/ratég ia que /raça ,·a,n para af astar o Brasil d e 1.1111 acordo promisso r com os Estados Unidos, Canadá, Méx ico e outros países latino-am ericanos, a teia combatida Área de Livre Com.ércio das Américas (A LCA ). ( .. .) O industrial e o gove rno passaram décadas temendo a com petição desigual do produto industrializado dos países ricos, especialrn.ente dos EUA , e agora descobrem que a a111eaça vem mesrn.o de um país emergenle I China]. E pior: de w 11 país que o governo brasileiro reconheceu como eco11 0111ia de me rcad o, embo ra do minado a inda po r uma decrépila aristocra cia co111u11.is1a. E sem le var vantagem 11.e11h11111a" (A ameaça que vem de ba ixo , " O Estado el e S. Paulo", 2-3-2006).
"Estclio11ato eleitoral " O que se passo u durante estes três anos poderi a resumirse a uma grande surpresa do eleitorado ao descobrir, por k ás dos sot-risos distendidos da campanha eleitora l de 2002 e do vazio ideológico ela mes ma, a face sanhuda das desgastadas utopias socialo-comunistas. Os ve lhos fa ntas mas da ditadura, cio estatismo e do coletivismo passaram a asso mbrar os espíritos. Ta lvez se encontre nessa progressiva e, para mui tos, inesperada marcha rumo à csquerdi zação do Brasil a razão de ser mais profu nda do que se veio a deno minar corrente mente de "esteli onato e le itoral " . O sobressalto sadio condu z iu a um distanciamento do brasile iro em re lação à esquerda no poder, de iníc io sil enc ioso, depo is agastado e ressentido. A esquerda começara a perder a par tida ela popu laridade. Revive ceu o ambiente ideológico, e as te ndênc ias conservadoras, latentes na opinião púb lica, recrudesce ram e se firm ara m .*
masl. É possível q1.1e a gen.le comece a viver uma real lwstilidade, e que a gente comece a ser dominada mais pela direita, pelos conservadores ". 2) O jornal '"Folha ele S. Paulo" dedicou recentemente ampla matéria à renovação elas tendências con servadoras no País, intitul ada Direita volver! "De repente passou a ser bacana o si(ieito, n.uma festa ou n.urna m.esa de bcu; rodopiar a taça de vinho e desfilar fi'ases do lipo 'essa ca11all11.1 bolche vique do PT não sabe nem f alar po rluguês ', seg 1.1idas de elogios à atuaçcio de George W Bush no Iraque. ( .. .) "Cada vez mais à vontade no país q1.1e se seguiu à estabilização mone!ária e, principal111 e111e, ao to111.bo é1ico da administração pelista, uma n.ova direita esbalda-se no Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva" (M arcos Augusto Gonçal ves e Rafael Cari ello, 15-2-2006). 3) Também o j ornali sta Vinicius Torres chamou a atenção para o fenômeno: " O .florescimento ideológico da direita é a conseqüência mais imediata e e vidente do desastre do pelismo-lulismo além da desmoralização quase ji11.al da polílica. ( ... ) "A direi/a agora se enraíza - 11a imprensa, nos costu mes, nas idéias histórica.1· e novas do direi/ismo " (Direita, sem medo de ser f eliz, " Folha el e S. Paulo", 3 1- 10-2005).
A po lítico externo do presidente Lula levou o Brasil o privilegiar relações diplomáticos equívocos e o ter atitudes dúbios em relação o organizações e Estados vinculados com o terrorismo
* 1) Em entrevista à rád io CBN (24- 10-2005), o deputado Rau l Jungman, ci o antigo Pa rli clo Comuni sta (atual PI ), desaba ra: "Eu acho que nós estamos talvez diante de uma área conservadora e as forças democrálicas - eu me refiro, e11tre 011/ras, ao PSDB, ao PT, ao meu partido PPS - preci.1·w11os .ficar dentro do seg uinle: o pêndlllo sempre es1e ve a 11osso favor desde o .fim da ditadura. Ele sempre esle ve de 11osso lado. Ainda qua11do perdemos, como fo i o caso ollor, 11ós ti vemosforça para bloquear a agenda dele e o ollor jr1i rea l111 e11te impeachaclo, sai1.1 do pode,: Daí para f ren1e, l1a111ar somos nós, Fernando Henrique somos nós, o Lula .1·01110.1· 11ós. Mas é inequívoco que agora há um certo cansaço. H11 tão é possível que se abra brecha para propostas co1110 essa Ido referencio sobre o comércio ele ar-
A BRIL2006 -
No l'Cl'el'Cndo sobre comél''cio de armas, um resultado de inequívoco sentido ideológico O referendo sobre o comércio de armas constituiu, desse ponto de vi sta, um exemplo cogente e de g rande importância, a exigir ac urada análise. Após o esforço de anos dos setores politicamente corretos para impor ao País uma política de desarmamento dos homens honestos e, portanto, de cerceamento de seu direito fundamental à legítima defesa, o governo decidiu promover o dito referendo. Pretendia assim , por vias transversas, impor sua política desarmamentista, a qual sofria crescente oposição da opi ni ão pública brasileira, justamente alarmada pelo aumento da criminalidade, cada vez mais impu ne . Certo de poder criar um fato político a ltamente favorável - que, entre outros efeitos, fizesse dissipar a crise em que estava envolto - o Governo se lanço u à empreitada do referendo, anunciando desde logo , baseado em pesqui sas, altíssimos índices de apoio popular à sua proposta. O bras ile iro, com seu espírito ágil e intu iti vo, discerniu por trás da consulta os desígnios últimos do Governo, de cercear um dire ito fundamental e, desse modo, forta lecer o proj eto autoritário da esq uerda no poder. Disse NÃO à proibição da venda de armas e mun ições, com uma votação em que os números não deixaram margem a dúv ida (63,94% pelo não e 36,06% pelo sim). O NÃO triunfo u e m todos os estados, to-
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das as capitais e todas as de mais cidades importantes, na mai s compacta e iniludíve l manifes tação das urnas de nossa históri a recente. A derrota da iniciati va governi sta/petista ganha ainda mais rea lce ao se considerar que o governo contava nesse esforço com o apoio de muitas forças políticas (até ditas de opos ição, como o PSDB); de lideranças empresariais; de boa parte da mídi a; de ONGs nacionais e estrangeiras; e, por fim, da "esquerda católica" encastelada na CNBB , a qual decidiu dar apoio maciço à campanha governamental. Todas essas forças eram unân imes em apresentar a política do desarmamento e a proibição do comércio de armas como um anseio progressi sta e popu lar. A resposta das urnas foi, entretanto, um inequívoco e enorme desmentido, com grande repercussão nacional e internacional,* e com c laro sentido ideológ ico. **
* O Vi ce- Pres ide nte Exec uti vo ela N ati o na l Rifl e Assoc iation (NRA) , cios Es tados U nidos, Way ne LaPierre, apontou e m artigo a e norme im portânc ia intern ac io nal que cercava o refere ncio no Bras il. So bretudo , para ONGs e forças po líticas - mu itas elas q ua is financ iadas pe lo mu lti mil ionário George Soros - que aguarelavam o resul tado favoráve l para fazê- lo reperc utir pelo mundo e ajudar a impor a política clesarmamentista a vários países. ** Logo após ver seus d ireitos políticos cassados, José
Dirceu em entrev ista afirm ou: "Todo mundo qu.e apoiava o 'sim.', na hora do enfren.tamen.lo político-ideológico se escondeu. Isso está virando urna norma no Brasil, se esconder na hora do enfi·en./amento, precisanws criar wn 'Biolônico Fon.toura ' icleol6gico no Brasil " (Dirceu afirma que Lula é 'personagem cl(fícil', "Folh a ele S. Pau lo", 9- 12-2005).
Sério alel'ta a se,· guanlado pelo Brasil oficial O resultado do referendo de outub ro é portador de uma importante lição e de um grande alerta. As forças laten tes e mais genuínas da opinião pública se manifestaram contra grande parte das máquinas oficiais político-partidárias, midiáticas, e mpresariai s e até ec lesiásticas. Aprofundou-se o divórcio entre o Brasil oficial - o da po líti ca e da pi·opagancla - e o Brasil profundo . Ora, neste c lima pré-e le itoral q ue já se vive, essas máquinas ofici a is parecem tudo encam inhar para uma repetição , quase sem alterações , do quadro e le itora l de 2002. Um de bate forteme nte impreg nado de efeitos de marketing, sem idé ias, e limitado quase exc lu sivamente a assuntos econô micos e co rre latos (emprego , sa lá rio mínimo , e tc.) tra tados de modo e leitoreiro e supe rfic ial; e um e le ito rado fadado , um a vez mais, a ter de esco lher e ntre ca ndidatos apena s de es qu e rd a, e m seus vá ri os matizes.*
- será que, ainda mai s uma vez, deixarão sem um candidato próprio e autêntico essa maioria silenciosa e conservadora de nossa opinião pública, silenciosa exatamente porque se vê condenada a quase nunca ter voz nem vez? - permitirão que se estabeleça e se consolide no quadro e le itoral uma torção que de ta l modo desvirtue o próprio regime dito democrático e vá acumulando nos espíri tos fatores de incompreensão e indignação?
Necessiclade de prnstal' atenção no Brnsil prolimdo e consel'vador Diante das perspectivas da disputa e le itoral que co meçam a se delinear, e que só tende m a ag ravar o divórcio ele que falamos , e ntre o Brasil profundo e o oficia l, não podemos de ixar de ressaltar a sábia advertência que Plínio Corrêa ele O li veira deixou expressamente co ns ignada em um a de suas obras, para os que ele futuro atuassem em nossa vida pública:
"A população do Brasil se divide em duas cam.adas. Uma, que reluz na publicidade, e é constituída pelos setores ricos, poderosos ou. então cultos da população, é .fortemente cosmopolitizada pelo contato com as 'últimas modas' indumentárias, ideológicas ou outras. ( .. .) Nesses setores, a tendência para a esquerda constitui verdadeiramente fator de popularidade ( ...). "Mas, abaixo dessa superfície reluzente, há um Brasil que é e quer continuar a ser autenticamente brasileiro, em leg ítima continuidade com seu passado, e cujos passos se orientam na linha dessa continuidade, * É signifi cativa, nesse senpara constituir um Brasil em ascentid o, a ap rec iação qu e faz são, ftel a si próprio, e não o contráJo nathan Power, em arti go purio daquele que ele f oi e é. blicado no " Jntern ational Heralcl "Esse Brasil profundo, marcadaTri bu ne" e reprodu zido na im- Jó em 1987, Plinio Corrêa de Oliveira mente majoritário, tem pouca presenprensa nac ional: "Serra, IC/111 - alertava sobre o divórcio ça na publicidade. Em Brasília e nas bé111 11111 adversário político dos entre o Brasil profundo e o oficial grandes capitais de Estado, ele é semgenerais que o obrigaram a fu gir do país, é ião progressista em seu pensamenlo político pre mais ignorado. Mas é ele o Brasil real. (...) quanto Lula. A d(/erença é que ele poderia Jazer o que Lula "À medida que o Brasil de supe,fície caminhe para a exapenas prometeu " (Fim de eslrada para Lula?, "O Estado . trem.a-esquerda, irá se distanciando mais e mais do Brasil de ele S. Paulo", 2 1- 1-2006). profundidade. E este último irá despertando, em cada região, do velho letargo. Restam, di ante desse quadro, al gumas indagações : "E de futu ro os que atuarem na vida pública de nosso - será que as forças dirigentes de nossa vida política País terão de tomar isto em consideração. E, em vez de olhanão se dão conta do perigo que comportaria uma reedição rem. tão preponderantemente para o Brasil cosmopolitizado do "estelionato eleitoral" de 2002, para impor novamente que se agita, terão de olhar para o Brasil conservador" (Proao Pa ís sua farândola reformista rumo às utopias da esj eto de Constituição angustia o País, "Catolic ismo", outubro querda radical ? de 1987). ABR IL2006 -
II - Torna-se imperiosa a definição dos candidatos face às transformações progressivas, impulsionadas pela revolução cultural
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ção o u an iquilação da C ivili zação Cri stã, que moldou nosso passado e ainda marca ele modo significativo nosso presente. Não será difícil perceber que o Brasil está , há anos, sendo levado a reboque desse mesmo processo. O avanço dessa autêntica mas discreta revo lução press upõe, e ntretanto, que se inculque no público a desprevcnção, o amortecimento do espírito crítico e o ambiente de consenso. Antes de tudo, negando a ex istênc ia de crenças político-ideológicas dogmáticas . A lém disso, e sempre em no me do espírito de to lerânc ia, esse nco-sociali smo - alegando dar voz a anseios profundos da soc iedade - visa " libertar" o home m e a sociedade dos dog mas, da moral, de todas as de fini ções doutrinári as, desvalorizando a lóg ica e corroendo as instituições. Pretende, desse modo, modelar um novo tipo ele homem que pre cinda ele verdades absolutas, de leis morais imutáveis, de uma ordem social hierárquica, com normas legais definidas. Para alcançar tal fim, e para evitar sobressaltos salutares da opinião pública, torna-se necessidade imperiosa esvaziar o debate público de qualquer conteúdo ideológico* e fazê-lo centrar-se em temas secundários ou, até mesmo, irre levantes.
cabamos de chamar a atenção para a grav idade da ausência, no espectro e le itoral que se vi slumbra, de verdadeiras opções conservadoras que representem as aspirações autênticas da Nação . Não menos grave, entretanto, para a autenticidade do processo eleitoral , seria os candidatos à Pres idê ncia, be m como os ca ndidatos a cargos leg islativos, deixarem relegados ao esquecimento e ao silêncio os temas que afetam em profundidade os destinos
do País. Diante ela CJ'ise ideológica das esquel'das, a tática da revolução cultural Há décadas as esquerdas de todo o mundo se debatem com uma crise de valores e de referências ideológicas, com uma acentuada perda ele capacidade de mobilização. Cri se decorrente, em boa medida, ela queda do Muro de Berlim - que deixou a nu o estrondoso fracasso do estatismo comunista - bem como cio desprestígio das revoluções violentas e ditatori ais. Diante desses fatos, a opini ão pública mundi a l - incluída a brasileira - aba ndonou certo fatalismo que a atra ía hipnoticamente para a esquerda, e muitos espíritos voltaram-se para outras poss ibilidades sócio-políticas, num fe nômeno que pode ríamos qu alificar de "dire iti zação" . Desconcertadas e convencidas da inviabilidade ela ditadura do proletariado, como meio ele reformar as estruturas sócio-econômicas, as esquerdas passaram a buscar outras vias para alcançar sua meta socialista, à qual obstinadamente se apegam. A maioria dos partidos e movimentos socialistas, e m nome da modernidade e do pragmatismo, passou a enfatizar a necessidade de uma transformação paul atina das mentalidades, por meio da chamada revolução cultural. E, a partir desta, a transformação também gradual, mas permanente, das instituições soc iais . Processo difu so, que a propaganda soc iali sta apresenta como fruto espontâneo de uma evolução soc ial, dada como incoercível , e cada vez mai ex igente de liberdade plena e de igualdade radical, nos mais variados âmbitos do relacionamento humano. Até al cançar uma completa descaracteri za*
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Associação dos Fundadores da TFP-Tradição Família Propriedade entende ser este o momento propí-
cio para tecer algumas reflexões sobre tem as de capital importância para o futuro do País. Te mas a respe ito dos quais o e le itor deve exig ir dos cand idatos uma posição objetiva e sem rode ios. Dos candidatos à Presidência da Nação, desde logo. Mas igualmente de cada um dos postul antes à Câmara dos Deputados e ao Senado, posto que aos eleitos caberá legislar sobre ta is temas.
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CATOLICISMO
* Ao ab rir o projeto "Presidentes da América Latina", o ex- presidente Fernando Henrique Ca rdoso afirmou que o governo Lula fo i um a oportunidade hi stórica perdida para o País, es pecialmente após a transição bem suced ida de seu governo para o do peti sta. E prego u como solução para a cri se a "desideologização" dos problemas no Brasil (cfr. 'Definidos como inimigos, f omos à guerra', Mariana Caetano, "O Estado de S. Paul o", 8-2-2006). Aqui está, de modo suc into, a descri ção e a razão de ser essencial da enfermidade crônica que atinge nossa rea lidade sócio-po lítica e, mai s proximamente, nossa realidade eleitoral: ausência de um debate sério a respeito de transformações que alteram em profundid ade a soc iedade, destruindo suas raízes cristãs; ausência de candidatos que representem de modo claro e sem rodeios o sentimento conservador
de grande parte de nossa população. *
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.1. Aborto: um aJ'ícte na ofensiva co11tra a família Cl'istã Pilar da moral e da soc iedade cristã é a fam íli a. O ambiente fa mili ar sadio comunica a seus membros uma mentalidade e um modo ele ser que os torna, em boa medida, refratários às te ndências desagregadoras. E m face do instituto familiar, podemos di stinguir na opinião pública nacional duas posições bem definid as. Uma niti damente a favo r de tudo quanto re presente, com fide lidade e
clareza, os princípios perenes de nossa tradi ção cristã; outra, influenciada pelas idéias ou te ndências materiali stas ou simplesmente pelo hedonismo, visa, clara ou veladamente, a abolição por compl eto ela família. Entre essas duas posições, encontram-se inúmeras outras mai s o u me nos conservadoras, mais ou menos concess ivas às doutrinas ditas " modernas" . Aproveitando-se de tais inc linações co ncess ivas, bem como da perm is. ividacle bafejada pela propaga nda, esquerdas de difere ntes matizes - muitas vezes coadjuvadas pe las correntes liberais e falsamente conservadoras - buscam a extinção gradua l da fa mília, matri z da ordem social que deve desaparecer cm no me ela modernização cios costumes . Ten tam abal ar o instituto fam iliar em sua estrutura definida e em sua es tabilidade jurídica, e min á- lo e m seus fundamentos morais. Nes a ofensiva oc upa pape l de destaque o aborto. De acordo com a ética amora l que preside a ideo logia socia li sta, constitui direito inviol áve l, inerente à liberdade da pessoa, dispor li vremente ele seu corpo . Essa prerrogativ a, arbitrária e absoluta, estaria por cima elas le is naturais e morais. E, cm seu nome, o aborto estaria justificado como um dire ito ela mulher. Sobre os direitos do pequeno e frágil ser, réu ela pena de morte, nem uma palavra! Ora, para a grande ma iori a cios brasileiros, a aprovação ela prática cio aborto importa na lega li zação ele um crime, agravado pela c ircunstância ele ser praticado contra inocentes indefesos. E que, além de afronta r a Le i ele Deus e a ordem natural elas coisas, afronta a c láusula pétrea constituc iona l cio direito à vida . Espec ia lmente para os cató licos, que co mpõem a imensa maioria da popul ação, o aborto consti tui grave problema de consciênc ia, uma vez que co li de frontalmente com o ensinamento e a moral ela Igreja . Os Sumos Pontífices são inequívocos a este respeito: o direito à vida antecede qu alqu er lei, qualquer constituição. Ditos ens inamentos ressa ltam ai nda o dever de o católico se opor - pela obj eção de c nsc iência - às decisões judiciai ou aos dispos itivos legai que autorizem e promovam o aborto, já que nunca é lícito cooperar forma lmente com o mal. Na ncíclica Evangelium Vitae, João Pau lo II recorda a inda a grave responsa bilidade que recai sobre os legisladores que prom ovam ou aprovem leis abortistas. Nestes últimos anos, e com acentuada ênfase nos últimos meses, re novaram-se as tentativas ele estender a prática cio aborto 111 nosso País. Na próxima legislatura será por certo este um tema candente. Que posição adotarão os candidatos ante assunto tão crucial como o aborto? Urge exigir deles uma definição clara e inequívoca para que os eleitores saibam cm qu ·m estão votando.
costumes "evo luídos" aceitem sem maiores traumas a deg ringolada final ela família cristã. Infe li zmente, a legislação tem fe ito "avanços" nesse sentido, e hoje o verdade iro matrimônio, monogâmico e indi ssolúvel , acaba por ser eq uiparado, quando não rebaixado, em re lação a todo o tipo de uniões mora lmente ilegítimas. Há algum tempo ganha mórbido destaque, na in vestida antifamíli a, a "revolução homossexual". Diri gida e cu idadosamente art icul ada por mov imentos ativistas, com ampl o apoio micli ático, vi sa à reabilitação da homossex ualidade. Cons idera os homossexuai s uma classe ele oprimidos, já que a moral cri stã - que em boa medida impregna nossa soc iedade, e vê nessa prática antinatural um vício execrável - lhes cria restrições psico lógicas, morais e legais. Numa atitude sectária, vi sa ainda a alterar as mentalidades para que aceitem a práti ca homossex ual co mo uma liberdade ele opção, criando ass im um contexto de rechaço à unici dade da família, de es poso e esposa para a formação da prol e. Por isso propu gna m tais de fensores dos "dire itos" homossex uai s o reconhecimento legal das chamadas uni ões civ is ele fato e do mal denominado "casamento" homossex ual. No
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2. Lcga/Jza(•{io ,10 "casamento" homossexual: tentativa scc·tf11'hl <le trnnslonna,· as mentalidades Como di ss ·111os , a revolução cultural, abraçada pelas mai s diversas corrc nl ·s d ' •squcrcla, tem lançado o Brasil no caminho das reformas •rnduais - cada uma delas preparando a seguinte - ai • o ponto •111 que o es pírito público, as leis e os ABRIL2006 -
Brasil j á se conhecem dec isões judiciais controversas nesta matéri a, e vozes começam a se fazer ouvir em favor de tal prática antinatural. Esse será igualmente um tema candente que enfrentará o governo do próx imo Presidente, be m como o Congresso a ser ele ito e m outubro. Estarão os candidatos dispostos a,
sem subterfúgios, abordar esse tema durante a campanha eleitoral e a declararem de modo inequívoco sua posição? É impresc indíve l que o façam. 3. A11111e11to dese11freado de impostos: e1'osão da propriedade privada e <la livre iniciativa
passam a viver, virtualmente, sob a tutela do Estado cada vez mais hipertrofiado, constitui també m importante fator de socialização da economia. Por fim, a promoção de novas formas de desenvolvimento econômico, como a chamada "economi a so lidária",* torna-se instrumento subreptíc io de transformação social rumo à implantação de um soc iali smo autogestioná rio . * A chamada "economi a so lidári a" , que visa, entre outras coisas, cri ar cooperativas de produção e de cons umo entre populações beneficiadas por pro gra ma s ass istenciali slas do Governo, pressupõe a negação ela relação empregador-e mpregado, a sociali zação ela riqueza, a condenação do lucro e ela co mpeliti viclacle, etc. O economista do PT, Paul Si nger, atual secretári o ele Economia Solidária do Mini stéri o cio Traba lho, ao insistir em que o PT deve recuperar a bandeira ciosociali smo, afi rma: "A área em que
A eliminação brusca e gera l da pro priedade privada, com a estatização çlela decorrente, sempre co nstituiu , para largas faixas do público, um fator de receio na perspectiva da ascensão da esq uerda ao poder. Esse erro tático, o neo-soeu trabalho no gove rno, a ecocial ismo prag mático não está nomia solidária, vai nessa diremais disposto a cometer. Uma ção de recuperar o socialismo, de vez ga lgado o poder, não cosimplantar formas socialistas de tuma enveredar pelo camj nho produção " (Resga te ético é possível, di z Sin.ger, "Fo lha ele S. da estatização, mas co nvive Pau lo", [3-2-2006). com o empresariado capitalista e adota políticas "ortodoA elevação da carga tribuxas". Chega mesmo a ser acutária a níveis confiscatórios é sado de neoliberal por parte de um dos e lementos cruciais desradi cais de esquerda, o que lhe sa ofen iva para ca tigar a profacilita a obtenção da confianpriedade privada e a livre iniça dos numerosos incautos. ciativa e, na prática, socializar Exemplo eloqi:iente dessa a economia. tática é a política econômica do No Bras il a sistiu-se, nos govern o do Pre idente Lul a, governos de Fernando Henricond uzida por seu Ministro que Cardoso e de Lula da SilAntonio Palocci. va, a um aumento ass ustador E ntretanto, ainda quando da voracidade tributária. não enunciada, a meta coleti- ~ O que propõem a tal respeivista continua a ser o ideal do ~ to os candidatos? Pmsseguineo-socialismo. E aos poucos, rão a política socializante ou, em meio à despreocupação, vai .9 pe lo contrário, baixarão de sendo promovida a relativiza- ] modo drástico a carga de ção institucional da proprieda- ::;: A atuação, praticamente impune, do Movimento dos Traba impostos, desonerando a ecode privada. lhadores Rurais Sem-Terra (MST) tem constituído um fator de nomia e incentivando sadiaEsta é progressivamente forte debilitamento da propriedade privada no Brasil mente a propriedade privada condicionada - melhor diríapara que cumpra seu verdadeiro papel? mos cerceada - pelas exigências de uma imprecisa e mal definida função social. Concomitantemente, um crescente di 4. Reforma Agrária conl1scatória, rigismo estatal e burocrático da economia estrangula a proatentado à florescente agropecuária priedade privada com obrigações, normas e dispositivos legais. Tudo sob a ameaça de pesadas multas ou até de exproUma das investidas mais acérrimas contra a propriedade priação. Às vezes até de prisão. privada em nosso País se dá no campo. Aliás, numa contradiBasta lembrar, como exemplo, a perseguição que atualção gritante com a realidade florescente e próspera que essa mente se move aos proprietários em nome de um mal conceimesma propriedade privada vem criando, por meio do que, latu sensu, se convencionou chamar de agronegócio, pilar da tuado e vago "trabalho escravo" ou "degradante". economia. A promoção e manutenção de programas assistenciali stas A agropecuária bras ileira ocupa uma posição competitiva (como, por exempl o, o Bolsa-Famíl ia), em que populações
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e destacada no cenário mundial, benefici ando o País com e levados índices de exportação; sua crescente produção, como foi demonstrado em diversos estudos, vem criando urna enorme quantidade de empregos e carreando benefícios palpáveis para o níve l ele vida da população, bem corno para seus hábitos alimentares. As deficiências que nela infe li zmente ex istem têm sua origem na desastrosa política governamental para o setor e não na estrutu ra ele posse e uso da terra, j á que a propri edade agríco la ou pecuária é cada vez mais casti gada e cerceada com ex igências ele todos o, tipos: regulatóri as, trabalhi stas, ambi entais, etc. O proprietário ru ral q ue quer trabalhar e produzir - num esforço ab negado que tem servido de exemplo para todo o País - se nte-se ameaçado também, de te mpos em tempos, pelo confi sco, embutido em algum projeto de Reforma Agrária socia li sta, ora mais ora me nos rad ica l, que se aplicada jogará por terra toda essa prosperidade. Enquanto os incentivos oficiais aos proprietários rurais, quando existem, são módi co , a esq uerda, como no caso do Governo Lu la, contin ua a esbanjar dinhe iro público em fracassadas experiências de propriedade coletivista.
Invadindo propriedades, destruindo por vezes suas culturas e patrimônios, interro mpendo rodovias, ocupando e depredando prédios públicos, mantendo até pessoas em cárcere privado e dando ocasião a mortes no campo, o MST tem levado ao nosso vasto inte rior a incerteza e a indi gnação . Um sentimento de impotência vai perigosa mente se apossando daqueles que vêem seus direitos violados frontalmente, muitas vezes ante a pass ividade das autoridades di spostas a não "cri minalizar" o mo vimento. Movimento "social" in spi rado pe la "esqu erda católica" - nasc ido da Co mi ssão Pastoral da Terra (CPT), órgão da CNBB espec ializado e m invasões de terras - o MST te m gozado, no Governo Lula, de uma ac intosa proteção. Mais ainda, vários de seus integrantes passaram a ocupar ca rgos de relevo no aparelho estatal. E o mov ime nto, esperta me nte sem estrutu ra jurídica defini da, te m-se benefic iado largamente de rec ursos públi cos para financiar sua atuação cri minosa e subve rsiv a. Outras sig las apa rece m e desapa recem art ifi cialmente na imitação cio MST.
Qual a posição dos candidatos em face do MST e congêneres, e das invasões de propriedades por eles promovidas? Es tarão dispostos a levar a cabo uma meticulosa investigação sobre sua organização, s ua doutrina, suas metas últimas, seus métodos, se us agentes, se u recrutamento, seus mecanismos de apoio e suas contas? Estarão
Persistirão os candidatos em modelos de Reform a Agrária socialistas e confiscatórios? Continuarão a desperdiçar dinheiro do contribuinte em fracassadas experiências agro-reformistas que vão criando verdadeiras favelas rurais no campo? Ou estarão determinados a coorde-
nar uma verdadeira e abrangente política agrícola, que permita à agropecuária brasileira aperfeiçoar-se tecnica-
O célebre quadro da primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles, gravou na tela o contacto inicial entre populações nativas e os chamados colonizadores
mente, aumentando qua li tativa e quantitativamente sua produção, mulliplicando os empregos, dando O[) rtunidades aos mais aptos, mais capazes ou mais esfor ados, beneficiando assim o Brasil interna e ex-
ternamente'? 5. Contimmrão <J MST e congêneres a violar a lei ú a gozar de impunidade? A atuação, prati ·a menle impune, cio Movimento dos Trabalhadores Rurais S m-Terra (MST) tem constituído um fator de forte d bilitam ·nto da propriedade privada no Brasil, de desrespeito às I is ' de corrosão elas instituições.
dispostos a ap li car as leis civis e penais cabíveis, ou , pelo contrári o, serão propensos à conivência com sua atuação e a continuar a e ncher de benesses, com dinheiro oriundo dos impostos pagos pelo contribuin te, esses "movimentos
sociais", em prejuízo da propriedade privada e de toda a sociedade?
'6. Índios transfol'mados em uma "aristocracia étllica" Uma das glórias da ação missionária da Santa Igreja em nosso País foi, por certo, a conversão de populações indígenas e a correlata ação c ivilizadora, que estabeleceu laços de colaboração e de afeto destas populações nativas com os chamados colonizadores, Jogo aprofundados pelos próprios laços de sangue. O célebre quadro da primeira Missa no Brasil , de Victor ABRIL2006 -
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, Mei re lles, gravou na te la o contato ini cia l entre un s e o utros, aos pés da Cruz e cio Altar, a prenunciar os séculos ele hi stória vindoura de uma harmoni a vivida na paz de C ri sto. É contra essa ação mi ss ionária e c ivili zadora que se desata também a ofensiva ela re volução cultural. Com efeito, correntes ideo lógicas de esq uerda, nas qua is proli feram , sobretudo, clérigos inspirados na Teologia ela L ibertação, voltamse contra ta l ação evangelizadora e c ivi lizadora ela Igreja. Acusam g lori osos missionários, como o Beato Anchi eta, e os povoadores portugueses de terem exerc ido uma ação perniciosa sobre os índios, na medida em que lhes anunciavam a relig ião cristã, com os padrões morai s com ela cond izentes e os valores cu lturai s dela decorrentes . A com unidade de bens ela tribo, a poli gamia, a ausênc ia de a utor id ades, ele noção de lucro, de cap ital, de salários, de patrões, de e mpregados, de institui ções de qualquer espécie, constitui ria um mode lo antropológico perfeito. O qu e, no extremo, levaria a que os home ns ditos civ ili zados se devessem "converter" às cul turas indígenas, pagãs e primitivas. Por isso, defendem tai s correntes, as comun idades indígenas devem ser "preservadas" do contágio de " nossa civilização consumista e capitali sta". Condenam assim as popu lações si lvícolas a um estilo ele vida marcado tantas vezes por hábitos primitivos, por práticas cruéis, por crenças supersticiosas. E excl uem-nas ele antemão do acesso ao progresso materiaJ e, sobretudo, aos benefícios da verdade de Nosso Senhor Jesus Cristo. A neo mi ss iolog ia católica - na qua l exerce destacado papel o Conselho lndigeni sta Missionário (CIMI), organi smo da CNBB - e movimentos de esquerda afi ns tê m proposto e levado a cabo uma po lítica incl igen ista que se vai , aos poucos, impondo em nossos in stitutos jurídicos. Política que, ao considerar como modelo o coletivi smo da tribo, vi sa à transformação radical da estrutura agrária do País, com a e li minação da propriedade privada, considerada iníqua; e se traduz por de marcações de imensos territórios, nos quais os índios devem preservar seus usos, costu mes, línguas, crenças e hábitos. Áreas absoluta mente latifundi árias onde, pelo estado de incultura e de atraso a que os condenam tais correntes, a exploração é inefic iente ou si mpl esmente inexiste;* e nas qua is os índios gozam de privilég ios legais negados aos demai s bras ileiros. CATOLICISMO
* Em ta is áreas deve m desa parecer todos os vestígios de c ivili zação. Ironi ca mente, muitas vezes contra a vontade dos próprios índ ios, que não co mparti lh am tai s teo ri as ex tremadas e utópicas. Foi o qu e se viu , por exe mp lo, na rece nte po lê mica em torno da rese rva Raposa Serra do So l, em Roraima, em que se ex ig ia o abandono forçado de propriedades ru ra is com altos índ ices de produtiv idade e a remoção de c idades in te iras '
Ass im , os índios vão sendo transformados e m uma "a ri stocrac ia étn ica" beneficiada por vantage ns lega is e soc iais ele vu lto, enqu anto os bra ncos são considerados adventícios que não pode m ser igua lados a e les. De onde decorrem ameaças às in st itui ções e à própr ia coesão cio es pírito nacional. Em sua investida, tais e leme ntos de esq uerda susc itam e estimul am o conflito e ntre índios e brancos, ap resentando estes últimos como espoliadores, réus de genocídio, etc. Segundo essa co nce pção hipertrofi ada cios direitos indígenas, é lógico que se venh a a reco nhece r às comun idades silvíco las, viv enci o e m seus ime nsos territórios, uma autodeterm inação, lacerando o conce ito de pátria soberana, una e puj ante. Quando se pensa que algumas dessas reservas se e ncon tram em nossas fro nteiras, ou próxi mas delas, o temor ela in segurança e da instabilidade só tendem a aume ntar. Durante o governo Lu la, e especia lme nte nestas últimas se manas, a questão indígena tem suscitado conflitos particularmente agudos.
Estarão os candidatos determinados a levar adiante os desacertos e absurdos da atual política indigenista, carregada de excessos unilaterais e quase fa náticos? Ou, pelo contrário, levados pelo desvelo legítimo e simpático pelos índi os, ali ado ao bom senso, estarão dispostos a despolitizar por completo essa questão, a proporcionar a essas populações uma integração harmoniosa com a sociedade e a preservar a unidade nacional? 7. A política das cotas empul'ra o País para wn ambiente ele rnssentimento e secessão Com o fracasso cios regimes comunistas por detrás da Corti na de Ferro, tornou-se inviável para as esquerdas pregar uma luta de classes geral, soi-disant redentora do proletariado.
A partir ele então, tiveram a necessidade de pulverizar seus cio cio trabal ho e assim sucessivamente, irá lançando o País numa esfo rços para arregimenta r e articular minorias - um neoampla planifi cação estati sta. Em decorrência dessa plan ifica"pro letari ado" - bem como instigar e politi za r suas lutas ção, a sociedade verá mi nguar o valor cio mérito, a tendência soc ia is, e m bu sca de reais ou pretensos direitos. natural ao aprimorame nto e a legítima competitividade, valoNo Bras il , aprove itando-se ele fa tores históricos ligados à res classificados depreciativamente de capita li stas pelos prenossa formação enq uan to nação, bu scaram in stigar os chagoeiros da utopia igualitária. mados problemas rac iais. Ma is ainda, a política ele cotas raciais, a pretexto de repaUma das características primordiai s de nosso povo - em rar " injustiças hi stó ri cas", ergue cortinas de f erro psicológiboa medida herança de Portugal - é a facilidade co m que se cas entre etni as, o que, longe de conduzir à mútua compreenestabelece a harmoni a rac ia l, não só pelo convívio soc ial amesão que co nsolide a unid ade bras ileira, empurra o País para no, cordato e compreens ium ambiente el e resse ntivo, como até pe la amplísme nto e até ele secessão. si ma mi sc ige nação, que Sem seq uer atentar para a não de ixa de se acentuar triste experiência cios paícom o correr cio tempo. ses em que a aplicação ele Manifestações ele ódio rapolíti cas s imil ares acarrecial, se as há, são esparsas tou ód io rac ial. * e, sobretudo, destoantes do modo de ser cio brasi leiro. * O Estatuto da Ig ua ldaProva disso fo i a made Racia l, já aprovado no Sene ira sábia e sem ma iores nado e tra mi tando na Câmatraumas com que o Brasil ra, "de!ermina a classificação ra cia l co111pu/sória de cada soube, no encalço da abobrasileiro por 111eio da idenli1i ção pro c lamada pe la .ficação obrigatória da 'raça' Princesa Isabe l, eliminar a em todos os documentos gechaga da escravidão. rados nos sistemas de ensino, Mas a esquerda, semsaúde, lrabalh o e p revidência. pre utópica cm sua busca Os modelos seio a Áfi'ica do de uma sociedade igualitáSul do apa rth eid e a Ruanda ria, para co mbater uma aledos belgas, com suas ca rteigacl a " xclusão rac ia l", ras d e identidade e /n o- ra ci" uma opressão e discrimiais. A naçcio deixará de ser um contrato entre indi víduos para nação hi stórica", dec idiu se tornar U/11.a cor(f'ederação promover "po líticas afi rde 'raças'. ( ... ) À luz do es1amativas" o u de "discrim iAssumindo critérios de classificação racial , 1u10, a nova co,~f'ede ração de nação pos iti va" (Co tas, Dios cotos têm forçosamente gerado tensões, 'raças' não é um.a naçc7o, ,nas reito e De111ocracia, Tarso arbitrariedades e absurdos du as, separadas pelo e vento Genro, "Jo rn al do Bras il", histórico da escravidão. Eis a 12-4-2004). Surgiu, então, a política elas cotas raciai s, q ue o lógica pela qual a 'naçcio branca' deve reconhece r-se como Presidente Lula , cm aras da " igualdade racial", disse estar herde ira dos proprietários de escra vos e pagar repara di sposto a cst •ndcr a todo o País. De início aos afrodescenções à 'naçcio C!{m -hrasileira '. É ela que justifica a d iscriminação negativa conlra os 'brancos', mesrno que trabadentes, e qu ' s' vai estendendo agora aos indígenas. lhadores e pobres" (Constitu.içc7o do Racisrno, De métrio Ass umindo c rit rios ele classificação racial (herança dos Magno li , "Folh a de S. Pa ul o", 12- 1-2006) . escravag i tas!), têm forçosa me nte as cotas gerado tensões, arbitrariecl(lcl s • absurdos,* sobretudo em nosso País onde a Um dos bens que nós, brasile iros, prezamos de modo parmiscigenação · a bem dize r geral. ticular - motivo ele admiração para outros povos - é essa * Na
NB é conside rado neg ro todo aq uele qu e se de-
c lare co mo tal e ten ha o "fenótipo de neg ro". Os cand idatos são fot o,graf'aclos e se us traços racia is julgados por um a co mi ssão. E impossível afasta r da lembrança as cenas e m qu e ag 111 ·s do regime na zista class ifi cava m jude us por se us traços rt1 ·iais para serem envi ados aos ca mpos de conce ntra ção.
A imposição ele cotas raciais, de momento às Univers idades, mais tarde, pela lógica decorrente dessa política, ao mun-
imensa unidade de nosso País, dentro da grande d iversidade, 'inclusive racial; tudo permeado por uma bondade e doçura emine ntemente cristãs. Diante do perigo de atritos raciais que a po lítica de cotas tende a gerar, com conflitos tota lmente alhe ios à índole de nos so povo, que posição assumem os candidatos? Estarão dispostos a reverter sub sta ncial me nte tal política ou, pelo contrário, desejam aventurar-se pelas sendas tortuosas e ines peradas dessa utopia que pode tornar- se trágica? ABRIL 2006
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8. /Jireito il legítima defesa e ao porte legal de armas Com base em suas concepções relativi stas e opostas à moral cristã, o neo-soc iali smo visualiza como ponto importante de sua revolução cultural o enfraquecimento de todo o sistema jurídico. Propugna a diminuição do poder coercitivo do Estado em matéria criminal, a redução das penas e até mesmo a despenalização de certos delitos. No limite, considera o criminoso apenas como um excluído social, antes vítima da sociedade do que malfe itor. * * "Nos últimos anos se vem. afirmando uma espécie de ideologia (... ) que estabelece que, por causa da pobreza, todos ,5ão culpados por tudo de ruim que acontece. Se alguém rouba, mata, estupra ou corrompe, a culpa é de todos e, portanto, a condenação do criminoso, tanto penal quanto rn.oral, deve ser relaxada e esquecida o rnais rapidamente possível. Esta idéia de que 'somos todos culpados' (...) cresceu muito nos últirnos anos. A banalização da violência urbana é só uma amostra de sua presença e de seu poder. A banalização da corrupção política é outro exemplo. ( ...) Acontece, porém, que a ideologia da 'culpa geral pela desigualdade social' fa z com que o brasileiro honesto acabe transformado involuntariamente em cúmplice das ações dos criminosos" (A vez da banalização do terror, Héctor Ricardo Leis, pro fesso r da Universidade Federar de Santa Catarina, "O Estado de S. Paulo", ll - l-2006).
Esse neo-socialismo favorece a ofensiva publicitária contra as in stituições que representam a lei e a ordem, como as Polícias civis e militares, a Magistratura, etc. E, concomitantemente, leva a cabo políticas públicas de combate à criminalidade, débeis, reveladoras de uma postura de leniência e de impotência diante do crime que cresce, e em alguns lugares até impera. Esta atitude vai esfu maçando, na psicologia soc ial, as linhas divisórias entre a conduta ilícita do delinqüente e a postura do homem de bem. E vai extinguindo hábitos e costumes que seriam, segundo a ideologia socialista, expressões de uma moral repress iva.* * O co nhecido invasor de terras, José Rainha, do MST, manifestou a seguinte aspiração : "Esse país só vai ser sério
quando os portões das cadeias forem. abertos. Temos que tirar quem está lá dentro e colocar lá esses vendilhões da pátria" ("Jornal do Brasil", 27-7-2000). Vêm-nos à mente as hordas de bandidos que Lênin desatou na Rúss ia para impor o comunismo em 19 17.
Muito característica nesse sentido é a política de desarmamento dos homens honestos que, há anos, e com afi nco no atual governo, se tenta impor ao País. A posse e o porte legal de armas, o exerc ício da legítima defesa constituem direitos que pressupõem valores e condutas morais bem delineadas, avaliações que distinguem o bom do mau, o lícito do ilícito. Por tal motivo torna-se necessário, do ponto de vi sta da esqu erda, impor o desarmamento dos homens honestos, que, cerceados assim em seus direitos, passarão a estar subjugados psicológica e fisicamente pelo caos, pela desordem e pela delinqüência que progressivamente imperam na sociedade. Diante de tal absurda e perversa política, a opinião pública deu uma ineq uívoca manifestação de seu desacordo e de seu desagrado, ao votar largamen te pelo NÃO no referendo sobre a proibição do comércio de armas, como referimos. Resultado que seria de molde a fazer com que os governantes, sempre tão propensos a pregar os louvores da democracia,* mudassem radicalmente a orientação de suas políticas e revissem as drásticas leis ul timamente promulgadas. * É pelo menos curioso o modo pelo qual o deputado Ferna ndo Gabeira (PV-RJ) considera as consultas pop ulares. Em declarações à imprensa, afirmou ele que nem todas as discussões polêmicas no Congresso devem ser temas de co nsultas populares: "O ideal para os conservadores é colocar tudo em referendo, pois a tendência (do resultado) é conservadora". E completo u: "É preciso analisar se as questões são adequadas ao referendo" (cfr. "O Estado de S. Paulo", 23- 10-2005).
O que propõem nesta matéria os candidatos? Tentarão esquecer a manifestação do eleitorado e impor essa controversa política? Ou, pelo contrário, serão firmes em garantir o direito inviolável da legítima defesa, com o respectivo direito à posse e ao porte de armas, dentro da lei e da ordem?
III - Eleição carente de autenticidade: ameaça intrínseca ao regime de democracia representativa / o momento de resumir e concluir. O Brasil encaminha-se para um pleito eleitoral decisivo em sua história. Cabe neste momento indagar se o mesmo transcorrerá conforme os princípios norteadores da democracia representativa, vigente em nosso País. Ao fazê- lo, a Associação dos Fundadores da TFP- Tradição Família Propriedade não exorbita de sua condição extra-
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partidária, nem assume uma posição no debate doutriná.rio a respeito das formas de governo. Apenas pede que o regime em vigor no País seja coerente com seus próprios princípios e regras. Sendo a democracia a forma de governo em que a direção do Estado cabe ao povo, é no caráter genuíno do mandato conferido pelo eleitor a seu candidato que repo usa o cerne da legitimidade e autenticidade da democracia representativa.
Se tal mandato for di storcido ou falho, o regime democráse for do sexo masculino. Ninguém quer saber dele. Nenhwna ONG o protege, não está inserido em nenhum protico não passará de uma aparência, de uma ilusão e - por que grama de cota, ninguém o chama para uma passeata, e a não di zê- lo? - de uma fraude. mídia não se interessa por suas agruras. Um branco, poPara que o mandatário - e, afortiori, o supremo manbre, católico e heterossexual é um ze ro à datário da Nação - seja fiel ao manesquerda, é um nada. ( ... ) A maioria é dato que recebeu, deverá atuar em silenciosa. E os políticos no Brasil ainperfeita consonância com o prograda não a descobriram, o que Bush fe z ma que fez conhecer, sem subtercom sucesso nos EUA " (De barulhentos fúgios , aos eleitores. e silenciosos, Re inaldo Azevedo, "PriNão poderá um candidato, me ira Leitura", junho de 2005). pois, eximir-se de assumir comproConforme a amplitude dos vícios missos a respeito dos grandes proque atinjam o princípio da represenblemas nacionais, como os que acatatividade na próxima eleição, esta bamos de anali sar na parte II deste poderá ser tachada de inautêntica, texto. Só em função de tais comde fraudulenta ou até mesmo de promissos, claramente enunciados nula. e plenamente assumidos, um voto Compreende-se bem que os homerece se,· chamado de refletido mens que dirige m nossa vida públie idôneo . ca tenham isto em mente, e tentem Os candidalos, a propaganda e a evitar ao Brasil e ao regime demomídia (por sua função de informar) crático um tal desfecho. devem contribuir para que o eleitor possa formar com segurança sua opi* * * nião sobre os diversos assuntos em pauta no préli o e leitoral. E, dessa forEncerramos estas reflexões com ma, eliminar certa imprevidência otio olhar voltado para Nossa Senhora mi sta e sistemática que negligencia Aparecid a, Rainha e Padroeira do o estudo e a refl exão em nossa vida Brasil, que em tantos momentos tem pública. Há mais. Em democracia consti- Nossa Senhora Aparecida , Rainha do Brasil, que feito valer sua intercessão decisiva e tui ideal impraticável obter-se a una- em tantos momentos tem feito valer sua interces- maternal em favor desta Terra de Sansão decisiva em favor desta Terra de Santa Cruz ta Cruz. A seus pés virginais deposinimidade de opiniões ou ele escolhas. tamos nosso esforço, com a certeza de que sua bênção multiPor isso as decisões são tomadas por maioria. Seria, entretanpi icará. os frutos deste, acalentará as esperanças dos que n'Ela to, um desv irtuamento querer traduzir a forma democrática confiam e confundirá as tramas dos inimigos da Civilização de governo como um a simpl es dominação da minoria pela Cristã em nosso País. maioria. Tal dominação do candidalo ou das idéias da maioria se tornari a ainda mais grave se sua con trução fosse fruto de um processo inautêntico e falho. Ou seja, se nem todas as tendências com peso na opin ião pública pudessem expressar suas São Paulo, 6 de março de 2006 idéias e ter seu cand idato, acabando por se conformar, como mal menor, com a escolha de algum candidato alheio a suas Luiz Nazareno de Assumpção Filho idéias e convicções. Teria sid con truída uma maioria distorcida em nome Plinio Vidigal Xavier da Silveira da qual governaria o vencedor. Ora, vencer não importa Paulo Corrêa de Brito Filho necessari amente cm estar revestido de autêntica representatividade. Eduardo de Barros Brotero Essa representatividade ficará seriamente posta em Caio Vidigal Xavier da Silveira causa se o amplíssimo setor centrista e conservador de nossa opinião públi ca, que tanta pujança tem deixado enAdolpho Lindenberg trever no panora ma nac ional, continuar a ser reduzido a Celso da Costa Carvalho Vidigal uma "maioria silenciosa" ,* sem voz nem vez, sem candidato próprio.
* "Ocorre que o verdadeiro oprimido brasileiro, hoje, é o branco, pobre, ·atólico e heterossexual - pior ainda ABRIL2006 -
Santa Gema Galgani D e uma pureza angelical e enorme devoção a Nossa Senhora, essa jovem participou, de modo místico, de praticamente todos os atos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo
LI PU NJO M ARIA SOLIMEO
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anta Gema Galgani , que fa leceu no in ício do século XX, aos 25 anos, foi favorecida por toda sorte de carismas, como os estigmas da Paixão, a coroa de espinhos, a flagelação e o suor de sangue. Teve freqi.ientes êxtases, espírito de profecia, discernimento dos espíritos e visões de Nosso Senhor, de sua Mãe Santíssima, de São Gabriel e da Virgem Dolorosa, e uma incrível familiaridade com o Anjo da G uarda. Foi constantemente atacada pelo demônio, que lhe aparecia em forma humana ou de an imais. Enfim, teve o matr imônio místico com Nosso Senhor Jesus Cristo e morreu como vítima expiatória pelos pecados do mundo. "Toda
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CATOLICISMO
a vida de Gemafoi em síntese uma vida de união com Deus, de sofrimento com Jesus Cristo e de zelo ardente pela salvação das almas. No trabalho e no estudo, à mesa e nas conversas, no passeio e até no sono, Deus não se afasta um ponto de sua mente".
Santidade, apesar de tudo e de Wdos Gema nasceu na aldeia de Cam ig li ano, perto de Luca, na Toscana, no dia 12 de março de 1878, filh a de Henrique Ga lga ni, fa rmacê uti co do povoado, e Auréli a La ndi. Ambos eram tementes a Deus, tendo a esposa uma piedade incomum. Gema foi a quarta dos oito filhos do casa l e a primeira menina. Dona A urélia, vendo a boa índole da fi lha, qui s pessoalmente educá-la
na piedade. E a menina correspondeu além das ex pectativas . Certo dia, por exemplo, te ndo apenas quatro anos de idade, ajoelhou-se diante de um quadro do Coração de Maria na ca a da avó paterna. Com as mãozin has postas, fi cou absorta rezando. A avó, passa ndo pelo aposento, fi cou e nca ntada com o espetác ul o, e corre u a chamar seu filho para que também o visse. Este, depo is de ter contemp lado detidamente aquela oração, não achou nada melhor do que inte rro mpê- la: - Gema, o que está fa zendo ? perguntou-lhe. Como quem sai de um êxtase, a menin a o lhou-o e responde u com a maio r seriedade: - Estou rezando a Ave-Maria. Saia, que estou em oração. Desde seus primeiros anos, Gema queria ser anta e o dizia explic itamente. Já ma is c rescida, esc re veu: "Apesa r de tudo e de todos, hei de ser santa". Essa expressão mostra bem as contra ri edades qu e já então sofria. Nosso Senhor ratifi cou esse desej o, afirmando- lhe: " Dentro de alguns anos tu serás, por obra minha, Santa, farás milag res e serás elevada à honra dos altares".
Sem nada, carecell(/o de wdos os bens materiais Gema perdeu a mãe q uando tinha sete anos. Como fize ram outros santos, pediu à Santíssima Virgem que a substituís e. A partir daí, sua devoção à Mãe de Deus tornou-se mais terna. Ela a invocava sempre com o carinhoso apelativo ele "mamãe". Inteli gência viva e memória feliz fizeram com que Gema tivesse muito sucesso nos estudos, sendo gera lmente a primeira a lun a da c lasse . Quando terminou o colégio, com a idade ele 16 anos, o pai quis muito, por causa de seus êx itos, que ela entrasse na unive rs idade. Mas Gema asp irava a e ntrega r-se tota lmente a Nosso Senhor em alg um a congregação religiosa.
Casa da família Gianini
Nessa época o pai de Gema, que gastara muito na prolongada doença da esposa, não mai s conseguiu equilibrar as finanças , e acabo u indo à falência, perdendo todos os bens. A fa mília caiu a sim na mais negra mi séria. O bom homem não suportou o go lpe e sucumbiu pouco depois . Gema afirma em sua autobiografia: "Morto papai, nos encontramos sem nada, carecendo absolutamente de meios de vida". A família se dispersou, indo cada irm ão para a casa de um parente. Gema fo i para a casa de um tio em Camayor. Naquela loca lidade surg iram alguns pretendentes à sua mão. Desgostosa, reso lveu voltar então para casa, apesar da mi séri a. Santa Gema padeceu muitos sofrimentos não só morais, mas também físicos, e teve que passar por duas intervenções cirúrgicas sem anestésicos. A virtuosa família G ianini a recebeu em casa nos últimos anos de s ua vida. Es a fam ília cons iderava Gema como filha e a venerava como santa, ocultando aos olhos do mundo os favores celestiais de que ela era cumulada. Graças a Da. Cecília, irmã do dono da casa, muitos êx ases e outros favores celestes de Gema foram reg istrados . Quando Gema sen tiu necessidade de um diretor esp iritu al, o próprio Nosso Se nhor lhe encaminhou um, mostra ndo-o numa vi são. Era o Pe.
Pe. Germano de Sto. Estanislau
Germano de Santo Estani slau , virtuoso e prudente sacerdote que guiará os último s anos de Gema, os ma is pródigos e m favores sobrenaturai s. Apenas quatro anos após a morte dela, publicará uma biografia da Santa e sua Autobiogra:fta. lsso muito ajudou o processo de beatificação.
Santa Gema e seu Anjo da Guar<la Gema vi a constantemente se u Anjo da Guarda, que a g ui ava e repreendia quando necessário. E la confiou ao seu diretor: "Jesus não me deixa estar só um instante, mas fa z com, que esteja sempre em minha companhia o Anjo da Guarda". Este lhe afirma : "Eu serei teu guia seguro e teu inseparável companheiro ". Em sua in ocênc ia ela pensava que todo mundo v ia o própri o Anjo da G uarda, principalmente as criancin has inocentes. Fo i só aos poucos que se persuadiu de que isso não era ass im . Ela via seu anjo às vezes em adoração à soberana Majestade; outras, es tendendo suas mãos sobre e la em si nal de proteção; no ato de defendêla contra os ataq ues do demônio ; ajoelhado junto a ela, sugerindo os pontos de meditação; o u simpl es me nte sentad o a seu lado, dando-lhe bons conselh os. Nosso Senhor queria dela um desapego total de todas as coisas. Certa
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Guarda um censor rigoroso . Este vez em que deveria ir ao palácio armiliaridade com ele, que chegava quiepiscopal para receber a medalha desaparecia por algum tempo ou mesmo a pedir-lhe para levar a corde ouro que merecera no curso cateJhe mostrava o aspecto severo, nerespondência ao seu diretor espiriquético, a tia quis vesti-la melhor. gava-se a dirigir-lhe a palavra ou tual e trazer a que ele tinha para si. Gema até consentiu em levar ao pesmesmo dirigia-lhe duras admoescoço uma correntinha com uma cruz tações, chegando às vezes a impor- Devoção à Medianeira de todas as graças e um relógio de omo, lembrança de lhe algum castigo. sua mãe. Quando voltou para casa e Também lhe dizia o que ela deSua devoção a Nossa Senhora, ia mudar de roupa, viu a seu lado o como já dissemos, era terna e filial. veria fazer para o progresso espiriAnjo da Guarda, que a olhava com A Mãe de Deus aparecia-lhe aos sátual. Por exemplo: "Sentou-se junto ar severo: bados, geralmente como ---: Lembra-te de que Mater Dolorosa, e lhe conão devem ser outros que municava algum detalhe os espinhos e a cruz as da Paixão de Nosso Sejóiàs que adornarão a nhor Jesus Cristo. Outras esposa de um Rei crucivezes lhe aparecia com o ficado. Menino Jesus, entreganGema atirou para londo-O para que ela o coge de si aqueles adornos, brisse de carícias. e prosternando-se no Quando Gema se via solo, em lágrimas, tomou atolada naquilo que julgaa segu inte re so luç ão: va o "abismo de seus pe"Po r amor a Jesus e para cados", e não tinha âniagradar só a Ele, propomo de dirigir-se diretanho-me nunca levar obmente a Nosso Senhor, j etos de vaidade, nem serecorria à Medianeira de quer falar deles". E afirtodas as graças: "Minha ma em sua Autobiogra- Autobiografia da Santa, que o demônio tentou queimar mãe, tenho medo de ir em fia: "Desde aquele dia busca de Jesus sem Vós, não voltei a possuir nenhuma desa mim e me disse: 'Por que dás a porque, se bem que misericotdioso, sas coisas". Era a fidelidade total Jesus este desgosto de não meditar sei que cometi muitos pecados, e sei todos os dias sobre a Paixão?'". Era à via para a qual Deus a chamava. também que Jesus é justo no castiverdade, reconhece ela. Lembrou-se go. Peço-vos uma coisa grande, não Familiaridade com de que a meditação sobre a Paixão, é verdade, minha Mãe? Mas que hei seu Anjo da Guarda de fa zer, se o que perdi por meus penão a fazia senão às quintas e sexOutro dia, anota em seu diário: cados não o aclw senão por vossa tas-feiras. "Deves fa zê-la todos os dias, não te esqueças". Ele também mediação? Ademais, pouco é o que "O Anjo da Guarda, que se mostra bastante severo em repreender-me, a incentivava no caminho da vutuvos peço em relação ao muito que me disse: 'Minha.filha, lembra-te de de: "É pela excelsa pe,feição de tua podeis fazer por mim". virgindade que Jesus te concede tanGema faleceu no Sábado Sanque cada vez que faltas à obediência cometes um pecado. Por que és tas graças" . Com efeito, ela era de to, 11 de abril de 1903, e foi canotão remissa em obedecer ao confesuma pmeza angélica. Nas várias innizada por Pio XII em 2 de maio sor? Lembra-te de que não há camitervenções cirúrgicas a que teve de de 1940. • nho mais curto e seguro para che- . submeter-se, era taJ o seu recato, que E-mail do autor: pmso limeo catolicismo.com.br chamava a atenção dos médicos. Uns gar ao Céu que o da obediência"'. O confessor lhe havia mandado esa tomavam por santa, e os ímpios a consideravam "fanática". crever as graças espirituais que tinha Fonte: Pe. Basílio de São Paulo, San.ta Gema nunc a saía só à rua. recebido, e em sua humildade ela tiGema Galgani, Ed itoria l Litúrgica Quando não tinha alguém da famínha muito escrúpulo em fazê-lo. Espai\o la, S.A., Barcelona, 1948. São lia para sair com ela, o seu Anjo da Assim, mesmo as ligeiras nedesta obra todas as citações do presente gligências de Gema no serviço diG uarda se oferecia para ser seu vi artigo, inclusive aquelas extra ídas das obras de Sa nta Gema Galgani . vino encontravam no Anjo da sível companheiro. Tinha tanta fa-
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CATOLICISMO
Imoralidade com aval de sacerdotes
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epo is que um furacão passa, ficam os destroços. Em fins de fevere iro ocorreram os dias de carnaval. Após um mês, o que podemos constatar? Não vamos bater na tecla, tão verdadeira mas tão conhecida, ela festa pagã, do despudor desbordante, dos preservativos e até da pílula abortiva distribuídos gratuitamente para incentivar a imoralidade. Com o pretexto de preservar a população da AIDS . E não vamos insistir nesses pontos porque, infelizmente, o homem moderno tende a minimizar a importância daquilo que se repete. Repetir desgasta. Como se a repetição não acrescentasse gravidade ao que já de si é mau. O que se acentuou neste último carnaval - e que faz pensar nas lágrimas de Nossa Senhora vertidas por numerosas de suas imagens - foi uma aprovação inaudita cios métodos carnavalescos por pessoa de grande responsabilidade dentro da Igreja.
Imagens de santos ao Ja,Jo de mulheres semin11as Interrogado sobre o fato de algumas escolas de samba levarem imagens religiosas junto com mulheres seminuas, o "Secretário de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, o padre Juarez Pedro de Castro não vê nenhum problema na utilização dos símbolos católicos pelas escolas. 'O Carnaval leva para a avenida aquilo que fa z parte da vida do povo. E a religião faz'. Ainda que os símbolos estejam ao lado de mulheres seminuas, afirma Castro, não há ofensas. 'Mulher nua não é pecado, a não ser que ela seja usada como um objeto, com uma conotação distorcida. As mulheres foram criadas por Deus, à Sua imagem e semelhança'" ("Folha ele S. Paulo", 24-2-06). O Pe. Juarez parece esquecer que houve o pecado original, e que depoi s dele o próprio Deus fez roupas para Adão e Eva: "O Senhor Deus fe z para Adão e sua mulher umas vestes de p eles, e os vestiu" (Gen. 3, 21).
Oliveira. 'Em outra alegoria, e também em uma ala, estarão o milagre de Jesus e a consagração do vinho como sangue de Crislo'" ("Folha de S. Paulo", 24-2-06). Em Recife, o Convento São Félix de Cantalice "vai realizar um baile de carnaval para angariar fundos" ("Jornal do Comércio", Recife, 5-2-06). Para o Guardião (Superior) do Convento, frei Evandro Fontes, a idéia "é totalmente cristã. Alugamos uma casa de festas e contratamos uma banda para que as pessoas se divirtam". A julgar pela notícia, ele só faz restrições quanto ao consumo de bebidas alcoólicas. Ao que parece, as imoralidades que se tornaram rotina nas festas carnavalescas, inclusive o uso de preservativos, não merecem sequer menção. Ante situações como essas, que vão arrebentando por todos os lados na Santa Igreja de Deus, como surpreender-se de que Nossa Senhora chore através de suas imagens, pedindo conversão? E se a conversão não vier, depois cio pranto o que virá? • "O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu" (Gen . 3, 21 )
Ji'mde p1·omovc lmllc <le camaval O sacri légio parece ter invadido o carnaval; e a própria presença real de Jesus risto na Eucaristia é objeto de burla pagã: "A Camisa Verde e Branco vai falar sobre o vinho. 'Vamos mostrar o profano e o sagrado. O abre-alas será um cortejo a Dionísio, o deus grego da bebida, com muitas mulheres seminuas como ninfas ', diz o ·arnavalesco Augusto
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milagres e dom de conselho, na velfoce acabou renunciando ao cargo e voltando à cozinha. É o padroeiro dos negros americanos.
5 Sa nta Juliana de Cornillon , Virgem + França, L258. Religiosa agos-
1 São Macário , o milagroso, Abade + Ásia Menor, 830. Abade de Pelecete, nas proximidades de Constantinopla, fa moso pelos mil ag res que operava, foi duas vezes ex il ado pelos imperadores bizantinos contrários ao cu lto das imagens, falecendo na segu nda vez, devido aos sofrimentos que lhe fo ram infligidos.
Primeiro Sábado do mês.
2 Santa Maria F:gipcíaca, Penitente + Palestina, 500. Atriz e pecadora, tocada pela graça, fu giu para o deserto, onde viveu mais de 40 anos fazendo pen itênc ia. A São Ciríaco, que a encontrou no fim desse período, contou sua vida pouco antes de falecer. Muito popular na Idade Média, sua vida deu ori gem a muitas legendas.
3 São Ricardo de Chichester, Bispo + Inglaterra, 1253. Chanceler da Universidade de Oxford, conselheiro dos arcebispos de Cantuária Santo Edmundo Rich e São Bonifácio. Teve que lutar contra a prepotência do rei Henrique III. Morreu em Dover, quando pregava a Cruzada.
4 São Benedito, o mourn, Conressor + Palermo, J589. Escravo liberto, irmão-leigo e cozinheiro do convento franciscano de Palermo, por sua virtude e prudência foi escolhjdo como superior, apesar de analfabeto. Muito procurado pela fama de seus
tiniana, grande devota da Eucaristia, Deus comunicou-lhe o desejo de ter uma festa dedicada ao Corpo de Cristo. Perseguida em sua própria comuni dade, teve que desterrar-se seis vezes até sua mo1te.
6 Os 120 Mártires da Pérsia + 344. E ntre esses cri stãos presos por ódio à fé contamse nove virgens consagradas e inúmeros clérigos. Depois de seis meses de prisão nas piores condições, todos pronunciaram o nome de Jesus ao serem degolados.
7 Sanw l legesipo, Confessor + Roma, 180. Judeu convettido, foi para Roma, onde "escreveu uma história da Igreja desde a Paixão do Senhor até seu tempo" (do Maitirológio). Dele djz São Jerônimo: "Muito próximo do tempo dos Apóstolos, foi imitador de suas virtudes e vida, bem como de sua maneira de falar". Primeira Sexta-feira do mês.
8 São Dionísio, Bispo + Corinto, 180. "Devido à ciência e à graça de que foi dotado, 1-.. J ilustrou o povo não somente da sua cidade e província, mas r... l também bispos"
m.ília cristã, depois de ter criado seus quatro filhos, todos honrados com.o santos, abraçou. um.a vida de oração e solidão. Juntando-se-lhe outras mulheres, originou-se o mosteiro em torno do qual formou-se a cidade de Mons" (do Martirológ io) .
·10 Sa nto l•:zcq uiel, Prol'cla + Palestina, séc. VI a.C. "Levado cativo para a Babilônia alguns anos antes da queda de Jerusalém, aí exerceu a maior parte de seu ministério profético. Como sacerdote, mostrou grande zelo pelo Templo e pela Lei. Como Prof eta, centrou sua pregação sobre a renovação ittterior do coração " (do Martirológio).
11 Santa Gema Galgani, Virgem (Vide p. 40)
9 Triunfal e ntrada de Nosso Senhor Jesus Cri sto em Jerusalé m poucos dias antes de sua Paixão na mesma cidade .
Santa Va ldetrudes, Viúva + Bélgica, 688. "Mãe de fa-
17 Sa ntos Elias e Isidoro, Mártires + Córdoba, 856. "Foram condenados à morte ao co11fessarem. sua fé cristã diante do islamismo" (do Maitirológio).
18 São l ,ascriano, Bispo e Confessor + Irlanda, 639. Monge, foi a Roma, sendo ordenado sacerdote por São Gregório Magno. Tendo viajado para a Irlanda, lá apoiou a liturgia romana e sua data para a fixação da Páscoa. Sagrado Bispo, e nomeado Legado papal para a Irlanda, consolidou essas reformas.
19 Santa l~ma, Viúva + Alemanha, 1045. Filha do rei dos saxões que, depois de
12
32 campanhas, foi vencido
São Vítor· de Braga, Mártir + 306. "Ainda catecúmeno, recusou-se a adorar os ídolos e co11fessou Cristo Jesus, Filho do De us vivo. Após muitos tormentos foi decapitado, e assim me receu se r batizado em. seu próprio sangue" (do Martirol óg io) .
por Carlos Magno e se converteu. A santa ca:ou-se com o Conde de Luclgero. Enviuvando ai nda moça, dedi couse à educação do filho único e a obras de misericórdia, falecendo num mosteirn por e la fundado em Bremen.
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São Teólimo, Bispo e Conl'essor + Ásia Menor, séc. V. "Nascido pagão, tornou-se especialmente célebre por seus conhecimentos de fi losofia grega, dando realce a esta ciência por uma rigorosa prática do cristianismo. Mais tarde tornou-se Bispo de Cítia" (do
QUINTA-FEIRA SANTA lnstiLUição da Eucaristia e do Sacerdócio
14 SEXTA-f◄'ElRJ\ SANTA Paixão e Morte de Nosso Senhor ,Jesus Cristo. Dia de jejum e abstinência.
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Martiro lógio) .
(Do Martirológio).
DOM INGO DE RAMOS
tou verdadeiramente, Alelui a!"
15 SÁBADO SANTO Jesus Cristo no sepulcro e a solcda(lc de Nossa Senhora
16 PÁSCOA DA RESSURRl•,IÇÃO "Cri to ressuscitou ; ressusci-
21 Domingo da Divina Miscric6 r<lia São Simão Bfu•sn hcu, Bispo e Mnr'l.ir· + Selêucia, 341 . Apri sionado e torturado por ter-se rec usado a adorar o sol durant a persegu ição de Sapor ll, ela
Pérsia, foi obri gado a assistir à decapitação de uma centena de cristãos antes de ser ele também martirizado.
22 São Leônidas, Mártir + Alexandria, 204. Retórico, filósofo e professor de renome em Alexandria, pai do célebre Orígenes. Este tinha J7 anos quando Leônidas foi preso, e o incentivou a enfrentai· o maitírio. Uma rica cristã socorreu depois a viúva e os sete filhos do mártir, cujos bens haviam sido confiscados.
23 São Gemido de Toul, Bispo e Confessor + França, 994. Cônego da Catedral de Colôn ia, foi nomeado Bispo de Toul, diocese que governou durante 31 anos. Notável pregador, transformou sua Sé episcopal num centro de saber, trazendo monges da Irlanda e da Grécia. Fundou mosteiros, edificou igrejas e um hospital.
24 São Gregório de Elvira, Bispo e Confessor
26 Nossa Senhora cio Bom Conselho de Genazzano Quadro trasladado miraculosamente pelos Anjos, no séc. XV, da Albânia invadida pelos muçulmanos para a cidade de Genazzano, nas proximidades de Roma. Essa pintura tornou-se famosa por seus mjl agres.
27 São Teodoro, Confessor + Egito, 368. "Discípulo de São Pacôm.io, 'cheio da graça de Cristo e ardente pela ação do Espírito Santo, mostrava -se hábil em reconciliar os irmãos divididos'. Também foi chamado a acompanhar seu sucessor, São Horsiésio, em seu. governo e em sua catequese " (do Martirológio).
28 São Luís Maria Grignion de Montfor'l, Confessor
lntenções para a Santa Missa em abril Será ce lebrada pelo Revmo. Pad re Da vid Fran cisquin i, nas seguintes inten ções: • Nesta Semana Sa nta, pelos méritos infinitos da Paixão e Morte de Nosso Sen hor Jes us Cristo, pedindo as mais escolhidas graças para nosso País, para que sejamos dignos de mise ri có rd ia e o Brasil cumpra plenamente sua missão hi stórica de se to rnar baluarte da Cristandad e.
29 Santa Ca tarina ele Siena, Vit'gem
+ Espa nha, séc. IV. Famoso pelo ze lo apostó lico, ciência eminente, santidade e inflexibi lidade de princípios, nunca qui s pactuai· com os hereges arianos . D esvendava seus ai·tiííc ios, desarmando suas invectivas, não recu ando nem mesmo di ante das ameaças do imperador, que era ariano.
25 São Marcos I~vangclista, Bispo e Mártir· Santo l lcl'mínio Abade, Confessor + Bélgica, séc . VIII. "Sua sabedoria maravilhou Santo Ursm.ério, que induziu seus monges a escolhê- lo com.o seu sucessor à.frente do Mosteiro de Lobbes, destinado a tornar-se um dos centros intelectuais mais intensos da Bélgica" (do Martirológio).
São Will'rido o Jovem, Bispo e Confessor + Inglaterra, 744. Um dos c in co prelados eminentemente santos, a respeito dos quais São Beda diz terem sido edu cados na Abadia de Whithy. O santo pôs-se a serviço de São João de Beverly, sucedendo-o na Sé de York. Grande pregador, pai dos pobres, resignou à sua diocese a fim de preparar-se para a morte na Abadia de Ripo.
30 Santos Mmiano e Tiago, Mártires + Numídia (África), 259 . "A vida da graça era tão intensa nestas testemunhas de Deus, qu e fi zeram vá rios outros mártires pelo exemplo de sua f é" (do Martiro lóg io).
Intenções para a Santa Missa em maio • Em comemoração do 89º aniversário da l O aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos, no dia 13 de maio de 1917. Pedindo para todos os leitores de Catoli cismo um aumento ainda maior na devoção à Santíssima Virgem .
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Um ano de luta contra a Revolução N o último carnaval, o II Simpósio da TFP Fundadores Jotou o Di Giulio Hotel, de São José dos Campos (SP), com a presença de delegações de numerosas cidades brasileiras Ili FREDERICO HOSANAN
ob a presidência do Dr. P linio Vidigal Xavier da Sil veira, realizou-se nos dias 26, 27 e 28 de fevereiro o II Simpósio de Correspondentes da Associação dos Fundadores da TFP - Tradição, Família e Propriedade, em São José dos Campos, acolhedora cidade do interior pauli sta. O numeroso públ ico presente acompanhou atentamente as diversas palestras sobre a imensa crise do mundo moderno: O leviatã revolucionário em marcha acelerada; O beco sem saída, o milagre e o triunfo da Contra-Revolução - foram alguns dos temas analisados. Com luxo de detalhes e abundante documentação, também se abordou a temática Luta entre a Revolução e a Contra-Revolu ção em 2005. Como método de combate aos erros revolucionários, a brilhante conferência proferida pelo Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, demonstrou que, a favor do bem, a radicalidade nos princípios e a constância na luta atraem as bênçãos de Nossa Senhora e significam a certeza da vitória. Foi também exposto o tema No Brasil, o adversário reconhece a eficiência da Contra-Revolução, o que muito incentivou os participantes a intensificar suas atividades ainda mais. Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, em sua conferência de encerramento, conclamou os participantes, de forma vibrante, a "combater o bom combate" em prol da ContraRevoJução. Estiveram presentes ao evento delegações de 27 cidades, bem como representantes dos EUA e da Argentina. O encerramento ocorreu aos pés da Padroeira do Brasil, em Aparecida do Norte, onde os participantes suplicaram à Mãe de Deus derramar copiosas graças sobre nossa tão conturbada Pátria. • E- mail para o autor: cato licismo@catolicismocom. br
CATOLICISMO
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Visita das várias delegações ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida
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D urante quatro dias animados por estudos sérios e atraentes, distantes dos desregramentos do carnaval, jovens universitários aproveitaram intensamente o simpósio realizado cm Belo Horizonte H ÉLI O VIANA
om 40 representantes do Distrito Federal e de quatro Estados (MG, PR, RJ e SP), realizou-se no Belo Horizonte Plaza Hotel, durante os dia de carnaval , mai s um simpós io de estudos para universitários, organizado pela Associação dos Fundadores da TFP - Tradição, Família e Propriedade. Os trabalhos foram orientados pelo Prof. Paulo Corrêa de Brito Fi lho, diretor da revista Catolicismo, que enriqueceu o evento com duas conferências muito apreciadas: A Teologia da História segundo a concepção de Plinio Corrêa de Oliveira; Aspectos da arte barroca brasileira. ConsCATOLICISMO
taram ainda do programa as seguintes exposições, sempre seguidas de "círculos de estudos": Dr. Pau lo Henrique Chaves Tratado da Verdadeira Devoção à San.tíssima Virgem; Sr. Hélio Brambilla -· A alma de todo apostolado; A ContraR evolução em 2005; jornalista Nelson Ramos Barretto - As três Revoluções; A falácia do "traba lho escravo"; Dr. Frederico de Abranches Viotti - Revolução cultural e Inocência primeva; As crises do Brasil atual; o acadêmico de medicina Paulo de Heráclito Lima fez um interessante relato sobre as ativ idade da associação anti-abortista Juventude pela vida, da qual é presidente.
A terça-fe ira de carnaval foi reservada para uma visita cultural a Congonhas do Campo, onde se encontram os 12 admiráveis profetas do átrio da Basílica do Bom Jesus do Matosinhos e os Passos da Paixão, obras-primas do Aleijadinho. Esta vi sita, junto com uma rápida passagem por Ouro Preto, impressionou a todos os participantes, de modo especial aos 13 membros da animosa delegação paranaense, que pela primeira vez tomaram contato com as maravilhas cio barroco n-tineiJO. Na página ao lado, outras cenas do simpó io. •
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Fo1os: Pau l Fo lley
"A Grã-Bretanha ;,;
o
precisa de Fátima"
.E
Acampamento na Serra da Bocaina (SP) Aiém de participarem de ações arrojadas e amenas, jovens entusiastas dos princípios da Civilização Cristã reservaram os dias de carnaval para jogos, proveitosas conversas e atos de piedade
C ATOLICISM O
PAUL FOLLEY
g J OSIAS B ATISTA DE PI NA
uma altitude de 1050 metros, próximo à Serra da Bocaina, jovens provenientes de diversas localidades brasi!eiras participara m de um aca mpamento entre os dias 25 e 28 de fe vereiro, promo vido pela Associação dos
Fundadores da TFP - Tradição Família e Propriedade. Nessa altitude o termô metro desce cons idera velme nle à medid a q ue va i anoitecendo. Nada melhor, portanto, do que esquentar o ambiente com uma fogueira. Ass im, belas fog ueiras fora m preparadas e acesas, contribuindo para o estabelecimento de animadas conversas, especialmente sobre ass untos de interesse da Civilização Cristã. Não faltaram também exercícios físicos co m variados jogos (vôle i, jogo da faixa, etc). O banho nas ág uas das ca-
choe iras fo i 1111 ii10 alra 'nte, preced ido de esca lada u' n 'l\' ll\ • montan ha. Co roo u il l' Sliidi :i um cortejo com tochas, qu ' ih1111 i1111va 11.10 apenas o loca l, mas sol11'e111 do uma bela imagem de Nossa ' nll on1 dl' F111ima , enqua nto se rec itava m os P11dn· Nossos e Ave Marias do terço. P ara f'i11 11 li1,11r t·o111 chave de o uro, todos fora 111 11 , 1·1 1dt·n·r Lão abençoado programa no S11 11111 11 1io Nacional de Nossa Se nhora /\pon·t'id a. • E-maiI para o 1111lrn . ~·11111 l11·ts11111<111·atol icismo.com.br
01110 resposta à urgente necess idade de materia l ed ucativo e re ligioso para a juventude britânica, a T FP do Reino Unido publicou o calendário mari ano para 2006 e CDs contendo contos de Natal . Ambos estão sendo difundi dos nas escolas católi cas pela ca mpanha Britain Needs Fátima (A G rã- Breta nh a p rec isa de Fá tima), dedicada à di vulgação da mensagem de Fálima e da devoção a Nossa Senhora. Tanto os CDs como os calendários são distri buídos gratui ta mente, tendo sido ate nd idos os ped idos de 345 escolas que manifestaram interesse em utilizá-lo . A boa receptiv idade pode se r ava li ada atra vés de duas das in úmeras cartas de agradecimento enviadas à campanha . Da Escola Primária de Saint C uth bert, de Hamilton: "Muito obrigado pelos calendários enviados à nossa escola na semana passada. Foram
distribuídos a todos os professores, e muito apreciados. É reco11f'ortante saber que as pessoas estão dando atenção à mensagem de Fátima no inundo de hoj e, e também batalhando por programas decen tes". Da Escola Sa int Patrick, de Troon: "Em nome da diretoria e dos alunos, gostaria de agradecer muito sinceramente pelo envio dos CDs contendo contos de Nata l. Estou certo de que os estudantes os apreciarão, tanto mais que cada classe dispõe de uma cópia para seu próprio uso". • E-mail do autor: paulfolley@catolicismo.com.br
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tr · PUNIO CORRÊA DE ÜUVEIRA
O
s dois personagens da ilustração estão confabulando, estão urdindo. O mais velho é um fariseu experiente, com ar sacerdotal, que recomenda discretamente a Judas agir de certo modo, indicando os detalhes da sini tra atuação. E Juçlas, inimaginavelmente cruel e sem escrúpulos, ouve as instruções num tom respeitoso, para aplicá-las bem exatamente. É o tom que todo filho da Luz ainda que tenha deixado de sê-lo- toma diante de chefes dos filhos das trevas, quando esse filho da Luz não corresponde à graça. Sem saber o que eles dizem, tem-se a im-
pressão de quase ouvir o murmúrio de suas vozes: "Olhe, não· deixe de fazer tal c isa". "Faça tal outra", etc. E Judas, naturalmente, já está recebendo o saquinho com dinheiro: as últimas r conll' II dações, junto com o dinheiro pela lrai ·110. Pode-se observar atrás de Judas a f'i •um dn demônio, como que o incentivando :i ro11s11 mar seu tenebroso plano. • Nota : Afresco pintado pelo célebre artisl11 i111 li11110 d1111 111111 1111•1111· vai, Giotto di Bondone ( 1267- 1337), 1111 ( '11 p1•l11 ,l,•Jl/1 S, ,,, vegn.i, Pádua (ltália), entre os unos d · 1 10 1 ,. 1 10'1
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 30 de novembro d
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Brasil: pregoeiro da devoção a Nossa Senhora N ão estaria o Brasil afundado no "mar de lama" da corrupção, se tivesse sido fiel à sua missão. Que missão é essa? Algo dela ficou registrado nas páginas de "O Legionário", num artigo de 7-10-1945. Ele nos aponta também o caminho para emergirmos desse mal.
"Fruto
de um esforço missionário, o Brasil foi sempre ardente devoto de Maria Santíssima. A festa de Fáti ma tem para nós um especialíssimo significado. Para Portugal , as aparições de Fátima signifi cam que a gloriosa fecundidade da nação missionária não esgotou suas possibilidades de ação ao serviço da Igreja. Para o Brasi l, lembram de modo muito espec ial que estamos no momento de produzir, para a dilatação do Reino de Cristo, os frutos que as inúmeras graças e don s so brenaturai s e naturai s, de qu e fomos cumulados, nos obrigam a dar ao mundo.[ .. .] É no Ocidente, é no próprio grê mio da Cristandade e m ruínas, que se instalou um paganismo mil vezes pior que o antigo. Ao neopaganismo contemporâneo não se aplica a explicação tantas vezes cabível quando se trata dos pagãos orientais: a ignorância. No pagani smo oc idental fermentam a apostasia, o pecado contra o Espírito Santo, o amor deliberado e satânico ao erro e ao mal. É contra os hereges de hoje, que perderam suas últimas tintas de cristian ismo, que o esforço missionário do Brasil se torna necessário . No admirável Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Grignion de Montfort, lê-se com freqüê ncia esta súplica: " Para que venha o vosso Reino, venha a nós o Reino de Maria". O Brasil tem de ser o grande arauto da .realeza de Jesus Cristo. E para que ele cumpra sua mi ssão, é preciso que ainda atenda ao apelo marial de Fátima e se torne um pregoeiro infatigáve l da devoção a Nossa Senhora. As devoções marianas são as estradas reai s pelas quai s se chega a Nosso Senhor Jesus Cristo. Em Fátima, Nossa Senhora recomendou duas devoções, de modo todo particul ar: uma é a do Coração Imaculado de Mari a; outra é a do Santo Rosário. A elas há de se apegar o Brasil , com o maior fervor. Se o Brasil quiser ser a grande nação de cruzados e mi ss io-
-CATOLICISMO
nários, é por meio de uma ard nt pi dad marial qu conseguirá essa graça. E se qui ser essa raça, há d impl orá-la pelos meios que a própria Virgem in li ·ou". • Imagem de Nosso Senhora de Fótimo no Carmelo de Coimbra, Portugal
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EXCERTOS
4
CA1n'A oo DnmToR
5
PÁGINA MAmANA
7
Lm'l'LJRA ESPIRITUAL
8
CommsPONDl~:NCIA
9
Dt•:STA()lJE
\Jº fl05
Por que Nossa Senhora não me atencle? John Howard com o Rainha Elizobeth li
Breve métoclo para rezar bem
Invasões, crimes e impuniclacle
1O A
PAl,AVIM oo SAc1m1>0T1•:
12 A
REAi.iDADE CoNCISAMENn•:
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INTlmNACIONAI,
16
NACIONAL
19
ENTRIWIS'l't\.
23
INl•'OHMA'l'IVO RlJIMI,
24
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26
CAPA
36
VmAs DE SANTOS
39
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CIDADE E'nmNA
44
1◄'1mt 1 1>1SMO
46
SANTOS i,; l◄'1,;s·1't\s DO M1~:s
48 AçAo 52
Revolução cultural: desvarios recentes
FAO: insistência na ma1ogracla l?ef'orma Agrária
11..1:l.---■ Multinacional dos invasões age no Brasil
Re/'orma Agrária mexicana: clamoroso fracasso
O império ela lê católica
Preligal'éls mariais no Antigo Testamento Santa Joana cf'Ar c
Cresce o encanto pela Iclacle Méclia Basílica ele São Peclro: 500 anos ele glória
Teoria ele Freucl opõe-se à doutrina católica
CON'IUA-n1,:v0t,lJ(:IONÁIU/\
AMBIENTES, COSTl lMl•:S, CIVII.IZA(j ÜES
Esplenclor cio Papaclo representado na praça ele São Peclro, em Roma
Nossa Capa : A Anunciação (detalhe), Fro Angélico (séc. XV), Museu dei Prado, Madrid . Ao fundo: algumas dos prefiguras de Nosso Senhora.
MAIO 2006
Nossa Senhora e o sofrimento P or que estou sofrendo? Por que não obtenho o que peço? Por que Nossa Senhora não atende meus pedidos? Há resposta para estas perguntas, que muitos fazem com freqüência.
Caro leitor,
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Paulo Co rrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
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"De Maria nunca se dirá o suficiente" (De Maria nunquam salis). É uma afirm ação de São Bern ardo, repetida por muitos mariólogos ao lo ngo dos séculos. Por mais que se fale da Santíssima Virgem, jamais há o que baste, sempre haverá maravilhas a di zer. São tantos e tão belos os aspectos de sua grandeza e el e suas sublimes virtudes, qu e nunca poderão se esgotar as refl exões sobre Aque la que excede em santidade a todos os anj os e santos. E, indi sc utivelmente, é arq uitetônico que ass im seja, pois Ela fo i escolhida para ser a mais admirável el as meras criaturas, a obra-prima da criação, a ele ita para ser a di gna M ãe ele Deus ! Catolicismo tem abord ado em diversas ed ições múltiplos e maravilhosos atributos de Nossa Senhora. Para esta edição de maio, o mês mari ano por excelência, apresentamos a nossos le itores como matéria de capa a lguns aspectos da mariol ogia aind a não ex postos nas págin as ela revista: as prefiguras da Be m-ave ntu rada Virgem Maria. São grandes personagens fe mjninas do Antigo Testamento, suscitadas po r Deus pa ra preparar o camjnho e prenunciar a vinda à Terra ele sua excelsa Mãe. F und amentado e m consagrados autor s, o artigo tece co nsiderações sobre E va, passando de pois por Sara, Re beca, Raq ue l e o utras mul heres no táve is, até chegar ao último livro cio Antigo Testamento e focal izar a heró ica mãe dos M acabeus. Relata as qu alidades dessas fig uras femin inas e co mo fora m elas prefigurativ amente um es boço simbólico das extraordinárias perfe ições d ' Aqu ela que gero u em seu seio a Jes us, Verbo E terno E ncarnado. Catolicismo, com este trabalho, oferece a seus leitores prec iosíss imo me io para aprofund arem seu co nhecimento a respeito da fi sionomia es piritu al da M ãe do On.ipotente e aumenta r ass im sua devoção a E la. Segu ndo muitos santos, a ve rd ade ira de voção mari ana sina l ineq uívoco de predestin ação. Rogando à Virgem Santíssima - q ue a lca nço u a plenitud e de todas as graças e é a M edianeira entre os bo rnen e Deus - nos conceda essa verdadeira devoção, desej o a todos urn a boa leitu ra.
Em Jesus e Mari a,
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V ALDIS GRINSTE INS
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enho um ami go dotado de várias qualidades, dentre as quais uma boa inte li gência e honestidade. Mas ele ass iste muito à televi são e se entu sias ma com produtos que vê nos comerciais; e isso o le va a ficar sempre sonh ando em possuir bens materi ais caros, vi sitar locai s exclu ivos, vestir à última moda. No fundo, quer ser admi rado nesta vida. Acontece que sua fa míli a não te m mui tas posses e e le adoece com certa freqüênc ia, e ni sso gasta boa parte do que poderi a econo mizar para adquirir o que lhe interessa. A fi m de ac umular o capital sufic iente para sati sfa zer seus desej os, teri a de tra balh ar du ro e com muita perseverança, se a doença não interferir. Ao invés disso, compra bilhetes de lo teri a e reza um tanto. Como a loteri a tem preferido fav orecer a outros, ele fi ca revo ltado e deprimido, jul ga uma fa lta de cooperação de Nossa Senhora para com ele . P ior, avali a que não ganhar na loteri a j á é ruim ; mas alé m disso Nossa Senh ora permi te que e le seja vítima de doenças, o que compli ca a inda mai s a situ ação econômica da famíli a. Acaso M ari a Santíss ima não poderi a curálo? E ntão, po r que não o faz? Como a resposta a esse ami go poderá ser útil a mui tos leitores, escl areço aqui com franqu eza que Nossa Senhora pode curá-lo e ainda ajudá- lo de outras fo rmas, sim . Mas cabe um a perg unta: se Ela não o faz, não será porque é me lhor para e le? E aqui toco num ponto de li cado, que se prende à essênc ia do prime iro Manda mento: Amarás a Deus sobre todas as coisas. Para e ntendê- lo bem, só com o auxíli o de uma graça espec ial, que peço a Nossa Senhora conceder a todos que se di sponham a compreender retamente o te ma.
O plano <le l)eus para o homem
Home Paga: http://www.catollcismo.com.br ISSN 0102-8502
L,
9~7 D IRETOR
paulobrito@catolicismo.com.br
O prime iro pl ano de Deus para o ho me m era e ncantador. Os ho mens vivi am num pa raíso. Depende ndo ele seu amor a Deus, iri am mais ou me nos ráp ido pa ra o Céu, sem passa r pela morte. E no Céu desfrutari am a ma is completa fe li cidade de corpo e de a lma. M as o pecado de nossos prime iros pais, Ad ão e E va, corto u esse plano. Retirando as graças especiais que havi a concedido, Deus estabe leceu um novo pl ano: aquele desej o de fe li cidade completa rea l.izar- e- ia, mas só no Céu; o ho me m de ixa ri a de viver num paraíso, e passaria a habitar a Terra ; teria um certo te mpo de vida, para adquiri r méritos que lhe permi tissem ir ao Céu após a morte. Co mo adquirir esses mé ri tos? L utando contra a péss ima inclinação para o mal, que o pecado o ri g ina l de ixo u na a lma do homem.
O santo Jó, exemplo de confiança nos desígnios de Deus no meio dos maiores sofrimentos
Cada um pode comprovar e m si a ex istênc ia dessa nossa inclinação para o mal: é mai s fác il ser mau do que bom; é mais difícil trabalhar do que ceder à pregui ça; mais fác i I ser - ladrão do que honesto; me ntir do que di zer sempre a verdade, e ass im por di ante. A tal ponto é d ifíc il luta r contra essas más inclinações, qu e o catecis mo nos ensina que, sem ajuda ela graça, não pode o home m pe rseve rar longo tempo sem pecar. O mérito do ho mem, que o habili ta a ir para o Céu, consiste e m lutar contra essas más inc linações e vencê-las. Ora, se isso é assim , uma pessoa que não tivesse provações, dificuldades, contrariedades, não conseguiri a adquirir méritos. Deus não poderia dar a e le o grau de fe lic idade perfe ita de uma
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pessoa que lutou , sofreu e batalhou para ser bom. Com a circunstância de que as penas e contrariedades desta vida são passageira , enquanto o Céu é eterno. Uma pessoa pode permanecer doente 80 anos nesta vida, mas se aceitou a doença com a resignação e fo rtaleza que Deus pediu , vai ser recompensado no Céu para sempre. Abolindo-se esta vi são cristã da finalidade do homem na Terra, resta-nos um mundo em que sofremos se m entender o motivo; em que procuramos o prazer, mas não o encontramos de forma permanente. No fundo, um local de frustração, onde procuramos o que não é poss ível possuir plenamente. O que pode levar à revolta e ao desejo de acabar com t11do. Deus permite o sofrimento porque há um motivo séri o e lógico para tal. Não o faz por vingança, nem deixa que algo nos fa lte, dev.ido a desinteresse por nós. Isso não seri a lóg ico, e admiti -lo implica.ri a negar a perfeição de Deus.
O verdadeiro amor de Deus Continuemos anali sando logicamente o problema. Se nesta vida devemos adq uirir méritos de tanto valor para a eternidade, eliminar a capacidade de obtê-los seria um mal , e não um bem. Obviamente, Deus conhece nossas capac idades, e nunca vai nos envi ar um sofrimento superior ao que conseguiríamos suportar. Mas tais sofrimentos, Ele quer que os suportemos de forma digna, decidida. Exemplo frisante de confiança e res ignação em face dos sofrimentos é o de Jó, um santo do Antigo Testamento. Quando nos ensinou a rezar o "Pai Nosso", Jesus Cri sto não di sse "eliminai todas as tentações", e sim "não nos deixeis cair e m tentação". Isso significa que seremo provados pela tentação, justamente para obter méritos. E o que devemos ped ir são as forças para nela não cairmos. Mas este plano tem ainda algo marav ilhoso: é a possibili dade de adq uirir méritos também para os outros. Quer dizer, por um admiráve l j ogo da graça, podemos conseguir para o utros aq uilo que eles no rm alme nte não conseguiram para si mesmos. E podemos consegui -lo para esta vida e para a vid_a eterna. Podemos rea li zar boas ações, pedindo a Deus uma graça, uma consolação, uma aj uda nesta vida para algum irmão que sofre. E m relação à outra vida., podemos pedir pela libertação das a lmas do purgatório. Neste sentido, uma pessoa que carrega muitas contrariedades é o verdadeiro rico, pois tem a riqueza cios méritos, podendo distribuí-los pela chamada Com unhão cios Santos. E uma pessoa que só tem os prazeres passageiros que a vicia oferece é, pelo contrário, um verdadeiro pobre, que no dia cio Juízo Particul ar não terá nada, ou quase nada p,m, apresentar como mérito. Santo Afonso ele Ligório, assistido na morte por Nossa Senhora, foi verdadeiramente rico na hora do Juízo Particul ar, devido às virtudes heróicas que praticou na vicia.
Escrevo o que não posso te dizer Volto aq ui ao caso do meu a.migo, como reflexo dos caso. que muitos leitores conhecem. Qui s Deus que ele não nascesse numa família com fortuna material, mas com a. imensa fortuna de conhecer a. verdadeira Religião. Devido ao pecado original, tem ele um apego enorme às coisas materi ais que dão prestígio diante
-CATOLICISMO
dos outros, sem contar a inveja de ver outros terem o que ele não tem. Se Nossa Senhora atendesse seu pedido e lhe desse o prêmio ele loteri a que e le tanto pede, tenho certeza de que começaria a comprar objetos de que não necessita, pecando contra a sabedoria; compraria roupas que o mundo elogia.ria mas No. sa Senhora la.menta.ria, como fez em Fátima; compra.ria não se i quanta coisa para fomentar a vaidade; deixaria ele trabalhar, o que eliminari a a possibilidade ele desenvolver sua inteligência, de esforçar-se, ser agradecido aos que o ajudam. Se E la curasse sua doença, não garanto que meu amigo continuaria tão respeitoso cm relação aos outros, como fe lizmente é. Pensaria ter ganho uma fortuna, mas não perceberia que perdera a verdade ira fo rtuna de adq ui rir méritos, aceitando e a.mando o plano de Deus para e le. Surge aqui uma dúvida : acaso não se pode adquirir méri tos na situação de riqueza? laro que sim , mas para isso se requer ascese, gran I equilíbrio espiritual para usar bem a riqueza, destinando-a para o que Deus deseja, e não para. satisfazer caprichos ou pecados. Além disso, Deus pedirá mais a quem deu mais. Os ricos terão muito ma.is contas a prestar, no dia do Juízo, cio que os que pouco ou nada têm. e Deus não qui s que eu fosse rico, é porque isso não me convém. Se me quis pobre, isso é o melhor para mim, porque tenho desta forma mais possibilidades de obter méritos . Pode ser que eu não entenda bem tal problemática, mas se aceitar ele coração aquilo que não entendo, terei grande mérito diante de Deus. Termino com uma afirmação que gostaria de poder r ' p ' tir sempre: caso você me pergunte, que rido amigo, se Nossa S •nhora quer o seu sofrimento, responderei que sim. Pois Ela quer darlhe como prêmio um alto posto no Céu, junto a Ela, por Ioda a eternidade. • E-mail cio autor: nlcli ·i.rinsl ·ins c111l'lllllll •I 111u . 'UH ·
or que nossas orações freqüentemente não são atendidas? Muitas vezes, é porque não as fazemos corretamente. Não nos preparamos para elas, não lhes damos a importância que merecem. Quando queremos insistentemente algo, agimos como se déssemos a Deus um cheque; e queremos logo o retorno, que na maioria das vezes não vem. Daí nosso desânimo e tristeza. Para auxiliar nossos leitores a melhorar a qualidade das suas orações, fazendo-as bem, transcrevemos a segu ir o método que, de acordo com um seu fiel discípu lo, * ensina o grande fundador da Companhia de Jesus, Santo Inácio de Loyola.
mas um colóq ui o, onde se é sempre dois, onde há sempre um face a face co m Deus. Nossas preces não se chocam contra uma parede, não são atiradas ao ar: elas vão direto ao coração de Deus. Há Deus, a quem rezamos , e nós, que rezamos. É o que fa z o encanto da prece, e porque nos olvidamos disso a prece nos parece insípida. 3º) Um objeto: Q uanto ao objeto, e is como Santo Inácio se exprime: 'É necessário pedir a Deus o que queremos'. Esse é todo o segredo da prece, é a. chave com a qual abrimos o tabernáculo por excelênc ia, o coração de Deus. Ped ir o que queremos, esperar o que pedimos, serv irmo-nos do que recebemos; o Cristianismo está inteiro nessas palavras. Mas é necessári o querer o que se pede; e é necessário ter esperança, até a certeza; então, recebe-se infa livelmente, e nada mais há além de servi r-se do que se recebeu.
* * * "U ma vez que é necessário rezar todos os dias, tenhamos antes uma idéia justa ela prece. A explicação se encontra em três palavras dos Exercícios Espirituais. Santo Inác io pede três * * * coisas para a prece: 1º) Uma condição: É a elevação da alma para Deus. QuanTornemos isso mais compreensível por uma comparação : do nossa boca murmura palavra sobre as quais não pensa, não uma criança tem fo me; ela pede à mãe que lhe dê pão; como há prece: a di vagação não é a prece. Também, antes de se pôr a e la sofre, como sente a necessidade daquilo que pede, e la quer rezar, é _necessário observar a lgumas preliminares; é necessá- • o que pede. Sua boa mãe a atende e lhe dá o pão. É tudo? ri o recolher-se exteriormente, e sobretudo interiormente; e é Evidentemente não. Se a criança, em vez de se alimentar com porque não se o faz que a prece se torna freq üentemente im~ aquilo que lhe é dado, não o faz e joga fora, morrerá de fome, possível. [... ] Devemos diri gir-nos ao Pai Celeste sem dúvidas, malgrado a bondade da mãe. Assim também conosco. É em com toda simplicidade, com um grande abandono, mas semvão que Deus nos concede as graças que lhe pedimos, se delas pre co m o respeito que deve nos in spirar o esp írito ele fé. não nos servimos" . • Recolhamo-nos antes de entrar na audiência com Deus. Nota: 2º) Uma forma: Santo Inácio chama a. prece um colóquio, * Pe. J.F. Kieckens, S.J ., l e Raphae/ des âmes Chrétiennes, Bruxelles, Maiso n e essa palavra ex plica tudo. A prece não é, pois, um solilóquio, Van ele Ví vere, 1894, pp. 45 e ss.
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MAI02006-
1 "Nós também "
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Mistério de iniqiiidade
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Felicito a cada um dos que trabalham nesta rev ista pelo que nos presenteiam todos os meses. Mas neste mês l_ abrilJ , eu pessoalmente fui presenteado em particul ar por uma dádiva divina. Com o artigo "NÓS TAMBÉM" de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira pude fazer uma interpretação diferente nesta Semana Santa, pois não fo i uma leitura apenas para retroceder na históri a do acontecido no ano 33 com a morte de Cristo, mas para examinar e interpretar a minha vida em função doD ivinoReclentorque deu a vi da por nós e.para nos salvar. Hoje Cri sto está também isolado como no Horto ele Jerusalém (E eu? Estou ao lado cl 'Ele, ou estou cochilando como cochilaram os 11 apóstolos? - Nem fa lo daq uele que seria o 12º apóstolo, porque este já traiu ele cara). Cristo está sendo fl agelado pelos pecados praticados à beça em todas as partes (E eu também não O estou flage lando?). O povo judeu fo i ingrato ao Messias (Eu também não sou um ingrato às dádivas que recebo?). Foram essas e outras perguntas que me auxil iaram a bem refletir nesta Semana Santa. Estes exames foram muito importantes para uma melhor reavaliação de minha vida. Tudo conforme o que disse o Dr. P líni o no artigo, no trecho que copio da pág ina 20: "Ta mbém nós temos, para com Nosso Senhor, ingratidões, covard ias e cegueiras muito parecidas com as dos Apóstolos, e seria ridícu lo pensar apenas nos defeitos deles, sem tomarmos também cm consideração a ' trave que está cm nosso própri o olho' . Ninguém se santifi ca pela med itação sobre as virtudes ou defeitos alheios, se não o fi zer ele modo a acrescer suas próprias virtudes ou combater seus próprios defeitos" . Por isto, eu fe licito o Dr. Plínio e todos os senhores da Rev ista Catolicismo. De coração deixo a todos meus votos de uma Feliz Páscoa co m o Salvador ao lado ele cada um cios se nhores.
-CATOLICISMO
(E.C.N. -
PE)
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E nvio- lh e es te e- ma il para parabenizá-lo ISr. Va ldis Grinsteins·1 pelo excelente arti go de sua autoria publicado no número de Catolicismo ele fevereiro ele 2006 (pp. 5-6). Ele não só descreve com precisão tomasiana as razões do prim ado de noss a Mãe Santíssima, mas de modo percuciente desvenda o mistério ele iniqLi idade pelo qual protestantes, ateus, com unistas não conseguem se conter no seu ódio a Nossa Senhora, ainda que com isto prejudiquem todo seu esforço para encobri r seus malévo los fin s de afastar os católi cos do grêmi o da Santa Igreja. Ficou para mim explicada uma grande contrad ição por parte de heresiarcas ele ontem e ele hoje. A explicação não se encontra na ordem lógica racional, mas si m no tenebroso mundo do preternatural. Gratíssimo. (C.C. -
SP)
Acertar ele cheio o alvo ~
Acabo de "devorar" a leitura cio Catolicismo ele março 2006, e se bem que no de fev ereiro passado nos tenha tocado sobremaneira o artigo de S.AJ.R. Senhor Dom Lui z de Orleans e Bragança, " Revolução Cu ltura l", a revista deste março toda ela é o que se pode chamar ele "simples mcnte em cheio na muche" nos artigos "Re lação entre [g reja e Estado" e todos os restantes que tocam o mesmo espírito de deitar por terra o Cri stiani smo, e que tão bem a maçonaria está a mani pular com a nossa indiferença. (D.M.C. -
Lisboa, Portugal)
Invasol' não é herói ~ Minhas congratu lações a este órgão de divu lgação po r sua luta em clc f"c. a ela vicia, fornecendo-nos fartos e só lidos argumentos para se im pcdir qu se 1-ga lize no Brasi l a mal dição do aborto. VocGs apontam os rea is proble ma s p · los quai s p:issa este País, s ·m fi ·ar cm sup ·rfi ·iali dad cs. ongratulo-os també m por sua luta pe la proteção do dire ito de propriedade. No passado, um direi-
to tão só li do e indi sc utível, mas hoj e um direito tão frag ili zado, dev ido a es te gove rn o qu e in ce nti va a crimin alid ade. Ju stifico esta afirm ação: quem incentiva as inv asões cios mov imentos tipo Via Campesina, e todos MSTs ela vida , in ce nti va a criminali dade. Eles incen ti vam esses mov imentos guerrilheiros que in vade m prop ri edades, es pa ndo nga m com tudo que encontra m pe la fren te, causam enorme prejuízo ao País, e depo is são recebidos no Pa lác io cio Planalto co mo heróis. (R.B.N.R. -
CE)
Quem tem ouviclos, ouça
C8J Tenho muita consideração por esta re vista co nstru tiva , in stru tiva e catequética. O que vou dizer pode parecer incoerência, mas não é: quando eu a leio, a "escuto" . Sim, literariamente, "escuto" na rev ista a voz de Deus. Esta é uma publicação na qual Ele pode se fazer ouvir. Claro, para aqueles que não fecham seus ouv idos p·tra a voz cio Altíssimo. Como fecharam muitos contemporâneos cio Professor Plínio. Isso para mim ficou ev idenciado no artigo "Maomé renasce", no qua l o preclaro Professor fez advertências sobre o perigo que rcpre. entava o mundo islâm ico, com sua avidez ele conqui star o mundo cató li co. Hoje tal peri go é mui tíss imo ma ior que naquele distante 1947, data do mencionado artigo, e que vocês tra nscreveram no número de março da revista. Rea lmente se os homens , sobretudo as autoridades civis e reli giosas daquela época tivessem escutado essa advertênci a, hoje o mundo não estaria tremendo de medo diante cios segu idores ele Maomé. Devido a tais seg uidores fan áti cos, a terro ri stas maometanos, a homens-bomba, etc, hoj e nin >u m viaja tranqLiilo, sequer dorme tranqLiilo. Meus cumprimentos de Páscoa, é minha manifestação muito veemente para que vocês sejam emprc para nós, aqui na Terra, a voz ele ri sto Ressu scitado. (A.N.R.V. -
PB)
DESTA UE
De tsunamis, vulcões e terremotos ,1 DOM BERTRAND DE Ü RLEANS E BRAGANÇA
,,Hoje,
o Bras il morreu um pouco." Ass im definiu UI~ ele nossos compatri otas o sentimento que perpassou inúmeros es píri tos depois cio vândalo ataque ele 2.000 mili tantes da Vi a Ca mpes in a (sob a lideran ça do Movi mento elas Mulheres Camponesas, li gadas ao MST) contra a empresa Aracru z Celul ose, no Ri o Grande do Sul. Os ditos "mov imentos sociais" usurpa m funções específicas ele agentes do Estado e assumem o papel de justiceiros pop ul ares. Após pern oitarem num semin ário ele padres ca puchinhos, as in vaso ras, em operação ele alta prec isão, depreda ram estu fas, siste mas de irri gação, vi veiros de mudas, instalações e equipamentos cio laborató ri o, destru indo o traba lh o de mais ele 20 anos de pesqui sa. Estu pefato, o país assisti u pela TV ao pra nto ela pesqui sadora fsabel Gonça lves , que viu o esforço ele anos aniquil ado pelo fa nati smo ideológico. Numa seqLiênc ia articul ada, ao terrori smo dos atos se segui u o das palavras. Os mais destacados líderes cio MST (João Pedro Stéclil e e Ja ime Amo rim ), e m agress ivas dec larações, escarnecera m do pran to da pesqui sadora e reiteraram seu apo io à invasão da Aracruz, a qual visari a, segundo seus demagógicos slogans, denunciar o avanço do "deserto verde" (s ic). Após lamentar fro uxamente a ação dos comparsas ideológ icos, um sorridente mini stro M iguel Rossetto recebeu, no di a seguinte, mil itantes ela Vi a Campesin a no evento a favo r da reform a agrári a organi zado pelo governo e pela FAO. Animados pelo clim a de impunid ade, cerca ele mil in tegrantes da Via Ca mpes in a (a ma iori a deles ligados ao MST) in vadi ram depois o campo experimenta l de sementes ela mul tinac ional Syngenta, no Paraná, alegando práticas il egais por parte ela empresa.
Os ditos "movimentos soc iais" (sempre habilmente resguardados pela ausênc ia de fi guras jurídicas definid as) passam, ass im , a usurpar fun ções específi cas ele agentes do Estado e a assumir o pape l de justiceiros popul ares. A comoção cri ada no País pela di mensão e grav idade cios atos criminosos, de natureza terrori sta, atentatórios aos interesses nacionais, c lamava po r uma interve nção imed iata e ineq uívoca do poder púb li co. Como bem afirmou esta Folha em seu edi tori al Cangaço revolucionário ( 10/3), é "co m polícia e processo judic ial que se 'di aloga ' co m quem in vade e destrói". Entretanto, à afronta se somou a sensação clamorosa ele impunidade. Inclusive por parte ele um pres idente que parece ter abd icado ele seu dever ele garantia da ordem e ela lei; ou, ma is grave ainda, de um pres idente que, desafivelando a máscara de sua postiça moderação, acoberta dec ididamente, em nome de determin ada ideo logia, ações de grupos margin ais e terrori stas. Stédil e, ao co nceder e ntre vi sta à grande imprensa a propós ito ela in vasão ela Arac ruz, deixa ndo de lado as cautelas, fo i bem ex plícito quanto aos ideais que pres idem seu movi mento in su rrecional. Vendo na pro priedade privada (o clemonizado "agronegóc io") a fo nte de todos os males, pro põe a abo lição do atual mode lo políti co-soc ioeconômi co e a imp lantação de novos meca ni smos ele participação popul ar. Na prática, um modelo que ponha fim ao capital, à competitividade, ao lucro, ao lu xo, aos avanços técnicos; que an iquile as imensas estru turas econômicas, po lít icas, ad mi ni trativas e sociais; um mode lo, enfi m, di gno dos de i írios mais extremados e assass inos, de regimes como o cio Khmer Vermelho, no Camboja. Será para um fu turo fa nati zado, as-
semelhado a esse, que nos condu zirão qu atro anos ele um novo govern o PT? A hipótese pode parecer exagerada. Mas, em meio às incendi ári as e impunes decl arações ele apoio à invasão da Aracru z, Stédile manifes tou sua firme es perança na reele ição cio pres idente. E nesta Folha, Frei Betto, arau to ela Teolog ia ela L ibertação, sugeriu o nome ele Stécli le para vice na chapa . Quando se analisa a conjuntu ra nac ional, se tem a im pressão ele que os atuais governantes e seus conselheiros parecem rea lmente não saber debruçar-se sobre a rea lidade de nosso público, anali sar seus anse ios, os temores, os descontentamentos, as inconfo rmidades e indi gnações. Encarcerados nos edi fícios de suas utopi as, cedem à tentação de imagin ar a realidade e querer confo rmá-la a seus desígnios, ignora ndo as mov imentações, de fundo ps ico lóg ico e ideo lógico, que se vão operando nas profundezas cio esp írito públi co. Um dos aspectos mais terríve is de fe nô menos co mo tsun ami s, erupções vulcâni cas e terremotos é o fator surpresa. Entretanto, esse caráter inesperado é só aparente. Antes que as massas avassa ladoras ele água, as co lunas de chamas e de lavas ou os tremores e abalos cau sem, na superfíc ie, males devastadores, uma gestação profu nda - e, às vezes, surda - se deu nas entranhas da terra. Não esta rão esses protagoni stas da esquerda (tantas vezes tragicamente acobertados por fig uras ec les iásticas) produzindo nas profun dezas da opini ão pú blica um a ruptura que, daqui a pouco, eclodi rá nu m ts un ami , num a erupção vul cânica ou num terremoto? Pergunta r não ofende. • (Transcrito da "Fo lha de S. Pa ul o", 11 -4-2006). Do m Bertra nd de Orlcans e Bragança, Prínc ipe Im peria l do Bras il , é tetraneto do Imperador Do m Pedro 1.
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Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC
Resposta - As duas pergunPergunta 1 - No livro do Apoca lipse, cap ítulo 11 , é re latado o aparec ime nto das "duas testem unhas de Cri sto", q ue aparecerão para combate r o Anti cristo. Mui tos vêe m na f igura dessas teste munha s doi s g randes nom es bíblico s, E noch e E li as. Gostari a que o senhor me explicasse se algum dos santos da Igreja j á escreveu a respeito dessa questão, e qual deve ser nossa postura diante ele tal ass unto, da s profec ias bíb licas para o fim cios tempos e das " revelações pa rtic ul a res", at ua lme nte tão divu lgad as e m nosso me io.
Pergunta 2 - Ando asso mbrado co m tantas me nsagens de "fi m dos tempos", principalme nte e m sites da Inte rnet q ue se di zem católicos, a lguns usando o nome ele Nossa Senhora, e outros até da própria Igreja, credenci ando-se como "cató li cos car ismát icos" o u some nte "católi cos". Pareceme um contág io "protestante" também em nossa Igrej a. Posso dar créd ito? E nossa Igreja católica também dá crédito a essas "mensagens do fim dos tempos"? Relac ione i abaixo a lg un s sites (todos "cató li cos") que já proc lamam a vo lta ele Jes us e até dão li stas de co mpra (k it tragéd ia a p oca lip e) para o ta l dia. Ju stame nte por ser católico e ler a Bíbl ia freqüen teme nte, "acho" um a bs urdo certas coisas com que temos de deparar nos dias de hoje ... E há mui tos cató li cos que dão importâ nc ia e até e ntram nessa onda 1
CATOLICISMO
tas - e nviadas por dois leitores distintos - versam sobre o mesmo ass unto e podem ser englobadas numa só resposta. Comecemos pelo livro do Apocalipse. Como o espaço é restrito, limitamo-nos a transcrever os ve rsículos cio capítulo J J indispensáveis para o esclarecimento das perguntas: "[3] E darei às minhas duas
testemunhas o poder de profetizcu; vestidos de saco [.. .]. [6] Eles têmpoderdefecharo céu, para que não chova durante o tempo que durar a sua profecia; e deferir a terra com todo o gênero de pragas, todas as vezes que quiserem. [7] E, depois que tiverem acabado de dar o seu testemunho, a besta que sobe do abismofará guerra contra eles e vencê-los-á e matá-los-á. [8] E os seus corpos.ficarão estendidos na praça da grande cidade, que se chama espiritualmente Sodoma [.. .]. [9] E os homens das diversas tribos, e povos, e línguas, e nações, verão os seus corpos durante três dias e
numerosas e oficiais aprovações ela Igreja.
meio; e não permitirão que seus corpos sejam sepultados. [ 1O] E os habitantes da terra se alegrarão por causa deles, e.farãofestas, e mandarão presentes uns aos outros, porque estes dois profetas tinham atormentado tcom a sua pregação] os [ímpios ! que habitavam sobre a terra. r11 l Mas depois de três dias e meio, o espírito de vida entrou neles da parte de Deus. E eles levantararn-se em pé, e apoderou-se um grande temor dos que os viram. 121E ouvi uma grande voz do céu que lhes dizia: Subi para cá. E subiram ao céu numa nuvem; e viram-nos os seus inim.igos. [ 13) E naquela mesma /, ora deu-se um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade; e no terremoto foram mortos sete mil hornens; e os restantes foram atemorizados, e deram glória ao Deus do céu" . J
Varieda<le <le interpretações cntrn exegetas O Apoca li pse é um cios li -
vros da Bíbli a mais difíceis de serem interpretados , e o trecho ac ima descrito é um dos mai s mi steri osos nesse liv ro todo e le che io de mi stéri os! Assi m, as in te rp retações dadas pelos exegetas católicos são as ma is variadas, e conseqüentemente não podemos ap resenta r aq ui um tratado comp leto sobre o assu nto. Porém, embora variadas, essas interpretações guardam a lgo e m com um , e esse substrato com um serve para esc larecer e confirma r os fié is em nossa santa Fé cató li ca . Não há i nco n ven iente, p rtanto , e m esco lher uma dela. e apresentá-la ao leitor, não corno a q ue goza de maior probabi I id ade, mas s irn 1 lesrnente corno representati va elas demais. Segu iremos aqu i, de for ma um tanto livre, as exp licações dadas na Bíblia Comentada dos professores ela Un iv ersidade de Sa lamanca (Pe. José Salguero O .P., Bi bli o teca el e A uto res
São João Evangelista em Patmas . Representa ção das sete Igrejas da Ásia .
Quando se <lará o 11m <lo 1mmdo?
Os dois profetas, a Igreja e a mulher vestida de sol
Cristianos, Madrid, 1965, vol. VII, pp. 412-421). O a uto r e m questão observa que essas duas testemunh as es tão " vest id as de saco", co rno os profetas do Anti go Testamento, em s inal de austeridade a nte um mundo corrompido pelo pecado. Sua missão será, pois, uma denúncia contínua das investidas avassaladoras do mal. E e las prof etizam , isto é, pregam a pe nitência a fim de exc itar os pecadores ao arrepe ndime nto. Os conceitu ados autores a ntigos e med ievais, em sua maio ria, identifi caram essas duas teste munhas com Henoc e E li as. Para outros autores, e ntretanto, elas rep resentaria m Elias e Moi sés, poi s a características descritas no versículo 6 parecem adaptarse melhor a esses dois personagens: E li as fechou o céu de modo que não c hovesse, e Moisés lançou sobre as terras do Egito vários gêneros de pragas. Como quer que seja, as duas testemunhas menc ionadas no Apocalipse parecem e pode m també m representar
todos aqueles que, nas perseguições contra a Igreja desencadeadas ao longo cios séculos, deram testemunho de Jesus Cristo e ele seu Evangelho. Nesse sentido, des ignari am a própria atividade apostólica e profética ela Igreja, desde a sua fundação até o fim dos tempos, pois é mi s ão ela Igreja denunciar destemidamente o mal e pregar a penitência pelos pecados cometidos. O que forçosamente provoca a reação dos maus através ele persegui ções aos bons. A ação benfazeja das "duas testemunhas" está em que, com a sua pregação, sustentam os bons e buscam a maneira mais apropriada para defender a Igreja contra os inimigos que quere m destruí-la.
Luta co11tm o Al1tiaisto e o triunfo de Deus O livro cio Apoca lipse prossegue descrevendo a luta intrépida das duas testemunhas contra o Anticristo e a precá ria vitó ri a deste, com regozijo gera l da humanidade corrompida: gentes de todas as tribos, povos, línguas e nações. Mas esta vitória é
breve, simbolizada pelos três dias e me io em que os cadáveres das du as testemunhas permanecem in sepultos. E m seguida Deus os ressuscita e os chama para o Céu, di ante de todos os seus inimigos humilhados e estupefatos. D á-se então um terremoto que destrói a déci ma parte da c idade, com gra nd e quantidade ele mortos, indicados pe lo número simbólico de sete mil. Esse espetác ulo ela ira de Deus provoca nos so bre viv e ntes um sentimento sobrenatural de temor, que os leva à rea l conversão e a dare m g lória a Deus. É o triunfo ele cl 'Ele ao qual se referem também algumas revelações privadas, com o retorno da humanidade a Deus . Aqui entra bem o esclarecimento pedido pelo primeiro missivista sobre o valor das • rev e lações priv a d as. Nin guém está obrigado a orientar-se por elas, mas podem ser aceitas se estão de acordo com a Revelação oficial constante ela Bíblia e da Tradição da Igreja, e se há razões sufi c ientes para se crer nelas. Fáti ma, por exemplo , recebe u
O trec ho do Apocalipse qu e es tamos analisando se aplica estritamente ao "fi m dos tempos"? É comum entre os exegetas a opinião de que se aplica a todas as épocas ela História ela Igrej a, e portanto de modo especial à é poca do fim do mundo. M as nada nos diz quando isto se dará. Quanto a este po nto , N osso Senhor Jes us C ris to foi muito exp líc ito, afir ma ndo que o dia e a hora da cons umação dos séc ulos "nin -
guém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai" (Me 13, 32). É, portanto, a bs urd o o fato, que provocou a justa indig nação cio segundo mi ss ivi sta, ele sites estarem anunciando como iminente o "fim dos tempos", até com a ridícula oferta ele um "kit tragédia Apocalipse" ... Tanto m ais que esses anúncios se baseiam em " revelações privadas" e m inte ira di stonia com a Revelação oficial das Sagradas Escrituras, como foi dito acima. De o utro lado, uma revelação inte irame nte confiáve l, como a ele Fátima e m 13-71917, nos fa la de uma era de paz que viria proximamente, após calamidades que não se id e ntifica m co m o fim dos te mpos. " ... Várias nações se-
rão aniquiladas; por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz". • E-mail do autor: conego joselui z@catolicismo.co m.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE
Para demógrafo1 os
conservadores herdarão a terra"
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O
s "conse rvado res herda rc7o a terra", concluiu deso lada a conceitua-
lmpeachment de prefeito patrocinador de blasfêmias
A Lei anti-abortista de Dakota influencia outros Estados
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governador de Dakota do Sul sanc i? no u importante lei qL~e pro íbe todo tipo de aborto nesse Estado. Q u111ze outros Estados estao elaborando le is análogas. O "New York Times" prevê uma "nova era de batalhas", pois a le i aprovada coli de com a malfadada decisão da Corte S upre ma, em 1973, no processo Roe vs. Wade, fa vorável ao aborto. P ara o ultra-esquerdista di ário "Libération" , ele Pari s, a le i é um verdadeiro míssil na atual guerra cultu ral americana. Pa ra e le, os partidos políticos não tê m unidade para enfrentar o desafi o, e as fe mini stas estão desesperadas . O pres idente B ush, que vinh a capitali za ndo o voto conservador, agora está sendo superado pela onda pró-v ida, concluiu o jorn al parisiense. •
níbal ]barra, astro das esqu erdas argentinas, f'oi destituído da prefeitLu-a de B uenos Aires. Em 2004 ele patrocinou a ex ibição de 400 obras de arte blasfemas com imagens de Nosso Senhor, Nossa Senhora e santos sendo torturados, tritu rados, fri tados cm panelas e outras perversidades. Nos mesmos dias, pavoroso incêndio numa danceteria ocasionou 194 mo rtes. Os cató li cos 1 ort nhos viram na tragéd ia um sinal da desaprovação div ina. De fato, essa catástrofe gerou a cri se políti ·a qu ' liquidou a carreira de [barra. •
Japão d eseia que os símbolos nacionais seiam honrados ..
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Secretaria de Educação ele Tóquio confirmou que os alunos de escolas e institutos públicos devem permanecer de pé e cantar o hino nacional (o Kimigayo, ou O reino de Sua Majestade) enquanto é hasteada a bandeira nacional (a Hinomaru, ou Bandeira do Sol Nascente). As esquerdas pacifis tas e an tipatrióticas sabotavam esse dever, mas centenas de professores faziam questão de que ele fosse cumprido com fidelidade. O país que não venera os seus símbolos nacionai , cedo ou tarde acaba desaparecendo. •
Alunos ouvem o Hino Nacional japonês
CATOLIC ISMO
Espanhóis dizem 11 não" a diálogo com a ETA
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ai s de 1,4 milhão de espanhó is protestaram nas ruas ele Madrid contra o d iálogo entre o governo e o movimento terrorista ETA. A marcha foi co nvocada pela Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT). Os manifesta ntes bradavam: "Que nenhum atentado f ique impune "; "Queremos paz na Justiça "; "Zapatero demissão ", "Espanha não se rende", "Exigimos vencedores e vencidos" . A ETA parece te r ficad o impress ionada e anu nc iou um cessarJogo permanente, mas a op inião pú blica espanho la desconfia de um embu ste combinado entre terroristas e o governo socialista. Face ao crime organizado não cabem concessões nem di á logo cú mpli ce. •
da rev ista esquerdi sta "Foreign Poli cy". A frase é cio demógrafo Phillip Longman. Ele di z que a di fe rença numéri ca entre as fa mílias conservadoras, que têm vári os filhos, eo "povo de esquerda " libertári o e egoísta, que não tem fa mília ne m filh os, provoca uma inevitável in ve rsão de ma io ri as re li g iosas e c ultura is no mundo. Segundo Longman, os Estados Phillip Longman americanos com famíli as mais pro líficas dera m a vitória a Bu sh. O de mógrafo depl ora um prováve l " retorno do patriarcado", pela restauração da autoridade patern a e pe lo reforço ela fa míli a . •
Putin consolida ditadura comunista na Bielo-Rússia
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chefe supremo ela Rússia impôs o candi dato comuni sta Alexandre Lukachenko nas recentes ele ições pres ide nciais na B ielo- Rú ss ia. Ne las re inou um generalizado "clima de intimidação", segundo os obse rv a d o res da U ni ão E uro pé ia. Lukachenko te ri a obtido mi ra bo lantes 82,6 % dos vo tos. Antes ela votação e le av isou que "qu ebraria o pescoço" ele quem contes tasse sua vitó ri a. Na campanha e le ito ra l os candidatos não-govername nta is foram hosti I izados e surrados pe la po líc ia. Na Praça de O utu bro, e m Manifestações anticomunistas M insk, uma multidão de clescontenreprimidas pe la polícia em Minsk tes ex ig iu a anulação da fraudu lenta ele ição. O governo ditato ri a l es mago u a ma ni festação de pro testo pre nde ndo mi lhares ele opos icioni stas. •
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Público se distancia do cinema engaiado com esquerdas
f tlmes j á nc7o lideram mais a cultura como no passado ", lamentou o in suspeito di ário "New York Times" por ocasião ela outo rga dos prêmi os Oscar de 2006. Na festa, o apresentador Jo hn Stewart invectivou Ho llywood por estar 'fo ra de compasso" em re lação às ape tênc ias do pú bli co. Atores e atri zes ev itara m roupas escandalosas e usara m modelos c lássicos , com pre ferência pelas cores esc uras . O film e O seg redo da Brokeback Mountain, preferido qu ase un animemente pela míd ia dev ido a seu enredo ho m ossex ua l, não obteve o prim e iro prê mio. •
Congr esso internacional defende as cmzadas
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eve lugar em Roma a Convenção Cruzadas entre mito e realidade, com a presença de eminentes especialistas europeus. Segundo o professor Roberto de Mattei, vice-presidente do Centro Nazionale dei/e Ricerche (CNR), a verdade histórica desfaz as "lendas negras" sobre as cruzadas. Ele defendeu que os cruzados foram mártires que "sacrificaram suas vidas pelo fé". O Prof. Robert Spencer lembrou que as cruzadas foram promovidas por Papas e concílios. O professor cateJesus Cristo à frente drático de Camdo exército cruzado bridge, Jonothan Riley-Smith, sublinhou que "é hora de dizer bosta" aos fa lsos mitos históricos, e que as novas gerações devem se orgulhar de descen der de cruzados. No contexto hodierno, as cruzadas estão sendo encaradas com mais simpatia pela opinião pública .
Canadá: religiosos revoltam-se contra moral da lgrcia
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Conferência dos Religiosos do Canadá, que representa 230 ordens religiosas, repudiou a inst rução do Vaticano que cerceia a admissão de homossexuais no sacerdócio. Também contestou a moral católica sobre o aborto, anticoncepcionais, o rdenação de mulheres, divórcio e eutanásia. Na mesma linha, 19 sacerdotes publica ram manifesto no diário "La Presse", de Montreal. Os Cardeais Jean -Claude Turcotte, de Montreal, e More Ouellet, de Quebec, encaminharam os protes tos ao Vaticano, sem faze r-lhes a mínima crítica . Luc Gagnon, presidente de Campogn e Québec-Vie, deplorou que com seu silêncio os prelados ca tólicos dêem "a impressã o de que aprovam sérios erros doutrinários ".
Cartaz do Oscar 2006 : público descolado
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INTERNACIONAL
Tentativa de implantar o caos no plano internacional A den1ais de anticristã, a ofensiva homossexual atropela cosLUmes, instituições, normas legais, constituições e acordos internacionais, e contribui para lançar o mundo na anarquia e no caos
pa e no Ca nadá, para a rede consistiria uma ilegalidade pô r no ar prog ram.as que tratam do homossexualismo". Isto
é, a abordagem do tema à lu z ela doutri na católica tornou -se incriminável. 6 Em janeiro, as agências do Registro Civil britânico receberam instrução para eliminar todo sinal que lembrasse o casamento tradicional, supostamente para não ofender os homossex uais. Foi atingido pela proibição, entre outros, o quadro Assinando o registro (foto ao lado) de Edmund Blair Leighton, cuj as reproduções ornavam muitas sa las do registro civil. As recomendações oficiais até banem a fórmul a "Vosso casamento"!7
· ,J Lu1s DuFAUR
andre Botha tinha quatro anos e morava com sua mãe em Joanesburgo, África do Sul. Quem teria suspeitado seu cruel fim ? Sua mãe, Hanelie Botha , é lésb ica e " unira-se" com outra mulher, Engeline de Nysschen. Esta ex igia da criança que a chamasse de "papai ". O menino, pela retidão in stintiva da alma hum ana, nunca atendeu tal ex igência. Então Enge line, em cumpli cidade co m a mãe, torturava a criança a fim de obter o tratamento de "papai". A perícia médica do processo crimin al constatou que o peq ueno Jandrc morreu com o crâni o fraturado, lesões cerebrai s, pernas, mãos e clavículas quebradas. ' O cri me evidenciou, mai s uma vez, o quanto repugna à natureza humana o "casamento" homossex ual. Outro caso patenteou o efe ito de letério cio ód io ant icri stão in cubado na campa nha pela união antinatural. A Inglaterra dispôs que os restaurantes não podem proibir atos libidinosos ele homossex uais. Ta mbém sofrerão persegui ção lega l hoté is e bed-and-brea kf'ast (B&B), que não aceitem homossexua is.2 Os B&B pertence m a famí li as que aluga m qu artos,. muitas vezes em co ndi ções exce lentes. Essa le i vi olenta sobretudo as consc iências cri stãs, pois ob ri ga as fa míli as a aco lherem nas suas casas satan istas, muçulmanos ou casa is não casaclos.3 Para estes a le i impõe compul sori amente todas as tolerâncias e favorecimentos. Para os qu e respeitam a Le i natu ra l e a Le i ele Deus, inco mpree nsão, intolerância e puni ção.
Desordem no âmbito 11aci011al e ÍJJtel'IW CÍOJWI
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CATO LICISMO
A guerra cultural contra o matrimônio natural e cristão vem opondo governos estaduais a nacionais. Assim, o Território ele Camberra, na Austrália, autorizou as "uniões civis" de pessoas do mesmo sexo, ludibriando a legislação nacional. O primeiroministro australiano, John Howard, afirmou que não permitirá esse jogo de palavras: "Acredito rnuito .firmemente que o matrimônio é exclusivamente a união pela vida toda de um. homem e de uma mulhe,; com exclusão de outrasfonnas". A lei Marriage Act de 2004 consagra essa definição. 8 Bandeiro dos homossexuais no prefeitura de São Francisco, Cal ifórnia
Subvel'são <la constituição e da lógica democrática A virulência anticatólica e antifamiliar atingiu um parox ismo em São Francisco, EUA. Lá o Board of Supervisors, alto órgão ela Prefeitura, condenou o ensino católico sobre a sodomia e incitou o arcebispo e as organizações caritativas católicas ela cidade a desrespeitarem tal ensino. A resolução acusou o Vaticano ele ser um país estrangeiro que se intromete nos assuntos da cidade. E rotulou os princípios mora is católicos ele "insultantes para todos os mora-
de w)Verno para atacar a Igreja Católica. Este oh11.1·0 de poder é u11·1ultraje e uma clara violaçt7o do Pri111eira Emenda". 4
Também foi desacatada a vontade sob ' rana, na lógica democrática - dos habitant 'S da alif'órnia. Em 2000, eles aprovaram mediante referendo o Defence of Marriage Act, lei que define o matTimônio como sendo união só entre um homem e uma mulher. O próprio governador Arnold Schwarzenegger, partidário desse pseudocasamcnto, vetou a lei estad ual que o intTocluzia, por contrari ar a vontade popular.5
dores de São Francisco, odientos, endurecidos, dijàmatórios, absolutamente inaceitáveis, insensíveis e ignorantes".
Aslixia até da liberdade <le expressão
Essas fe rozes invectivas transgridem a constitu ição do país. A im o ressaltou o advogado Robert Muise cio Law Center:
Ete rnal Word Te/evision Ne twork, da
"Os ativistas homossexuais em postos de direção em São Francisco estão abusando de sua autoridade e manipulando os órgãos
A maior rede de míd ia cató li ca, a Madre Angé lica, cortou programas sobre a homossex ualidade na uropa e no Canadá. A rede exp li cou que, "devido às novas leis an ti-homo.fóbi ·as na Euro-
Na Europa, o pres idente da República Checa, Vacl av Klaus, vetou lei que apro-
vava as uniões contra a natureza. Mas não é certo que ele consiga resistir às tremendas pressões da Un ião Européia (UE) em favor dos homossex uais.9 Com efe ito, o Parlamento Europeu (PE) emitiu draconiana reso lu ção para impor os "casamentos" homossexuai s na UE, sob pretexto de combate à homofobia. Os bispos da Polônia denunciaram essa resolução, porque coarcta a liberdade ele consciência. Os católicos ficaram tolhidos na profissão de sua fé e na práti ca dos Mandamentos. 10 O ativ ismo absurdo do PE parece ter perdido toda noção dos limi tes do Direito
John Howard, primeiro-ministro austra liano (esq .), forte defensor da família tradiciona l
e do bom senso. Assim, o grupo homossexual do PE chegou a condenar por homofob ia a Nigéri a (Áfri ca), outro país que proibiu o "casamento" entre sodomitas. Os cristãos ni gerian os fi ca ram pasmados quando tomaram con hecimento ela condenação e sublinharam o seu lado parcial. Isto porque nenhuma instância do PE jamais protestou contra a sharia, lei muçulmana aplicada por alguns estados nigeri anos, que pune o homossex ualismo com a morte. 11 Ficou mais uma vez ev idente o espírito anticristão da ofensiva homossexual e a aplicação ela política ele dois pesos e duas medidas voltada contra o cristian ismo. Eis outro aspecto dessa ofensiva: atropelando costumes, normas, constituições, acordos internacionais, ela introduz um caos que desarticula as sociedades, a harmonia entre as unidades dos países e as relações civilizadas entre as nações. Assim fazendo, favo rece a anarquia universal, com a qual os teóricos marxi stas tanto sonharam, e que por vias políticas jamais conseguiram implantar. • E-ma il do autor: Juisdufaur@catolicisrno.com. br Notas: 1. " Li feS iteNews", 24-3-06. 2. lei . ibid. , 15-3-06. 3. "The Guardi a n" , 26-3-06. 4. " LifeSi teNews", 5-4-06. 5. ld . ibid ., 24-3-06. 6. ld . ibicl. , 3-4-06. 7. ld . ibicl. , 16- 1-06. 8. lei . ibicl., 28-3-06. 9. Agência Cató li ca Internacio nal (AC I), 20-2-06. 10. Agênc ia "Zcnit", 3-2-06. 11 . " LifeS iteNews", 11-4-06.
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Que Confe rência Internacional era essa que se reali za va em Porto Alegre?
Vã tentativa <lc ressuscitar um fracasso
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Conferência Int ernacion al 5~~m: Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural
Conferência Internacional tenta em vão ressuscitar a Reforma Agrária E mbora a ilnplantação da Reforrna Agrária em diversos países tenha lançado na n1iséria seus "beneficiados", pcrsistrnn os socialistas em tal rcforn1a. Por que esta obstinnçéio no l'racm.;so? • N ELSON RAMOS BARRETTO
Porto Alegre - Camufladas, na calada da no ite, quando ainda não hav ia rompido a aurora do dia 8 de março, depois de perno itarem num seminário de padres capuchinhos, duas mil mulheres invasoras renderam dois vigi lantes e os trancaram cm um dos 37 ônibus utilizados para transportá- las para a be m orquestrada operação guerrilheira contra a Fazenda Aracruz. Ato contínuo, co mo hienas fa mintas, lançaram-se sobre as indefesas vítimas: mudas de e uca li pto, "filhotes da burguesia e da opressão" (s ic). As telas dasestufas fora m ro mpid as com afi adas facas ama rradas nas pontas de ba mbu s, e a de predação começou: 1 milhão de muCATO LI C ISMO
das de e uca lipto foram destruídas; um laborató ri o de melhoramento genético ele plantas, com experimentos res ultantes ele 20 a nos ele pesquisa, fo i pe los ares ... Em rápida inc ursão, e ntre gritos de gue rra e gargalhadas, a terra ficou arrasada. Faltava agora conqui star a I opulação <;la c idade através de um lance de guerra psicológica, calc ul ado para am drontar a burguesia. A "tropa" diri ge-se a Porto Alegre e efetua cs1n lhafato. a marcha pelas ruas da capital gaúcha, culmi nando com a e ntrada dos manifestantes no sa lão da PUC-RS, onde se realizavam as palestras da Conferência fnl ernacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, promovida pela FAO - organismo da ONU para Agricu ltu ra e Alimentação-em par-
ccria com o >ovcrno Lu la. Aos berros, clamavam contra o agronegócio, o latifúndio e o FMI. Um grupo de militantes carregava uma bacia com "Ji-ulos da terra ", a qual foi depos itada no centro da mesa, sob sorri sos e aplausos do então Ministro do Desenvolvimento Agr{u-io, Miguel Rossetto, na pre idência daquela se são. As militantes dessa operação ansiavam por repercussão midi ática internaciona l, com objetivo muito bem defi nido: tcnt~uressuscitar a fa lida Reforma Agrária. Pois, segundo um dos principais ideólogos da esq uerda, o fa lec ido co muni sta Ernesto Che Guevara, a revolução na América Latina deve começar pela Reforma Agrária, primeiro passo para a impla ntação do reg ime sociali sta.
culpa dos atuais sistemas de produção. A tecnologia para a produção de riquezas no campo ex iste. O que falta são governos que abandonem as políticas socialistas, favoreçam a propriedade privada - pequena, média e grande - e não criem obstácu los à livre iniciativa, dando-lhe condições de produzir e desenvolver tais regiões.
sacio. Em novembro de 2005, em Brasília, o Mini stério das Relações Exteriores reali zou reuni ões preparatórias. Dizia-se que a Reforma Agrária havi a sido abandonada em anos recentes e precisava ser recuperada, num conceito novo e amplo, abrangendo não só a distribuição de terras, mas promovendo também a revolução lribalisla, cullural, passa ndo pe las mulheres, pelos índios, pelo meio ambiente e pe las populações ditas marginali zadas. Na verdade, a Reforma Ag rária, enquanto chavão talismânico, presta-se a todo tipo de demagogia e é um passo fund amental para a efetivação de uma ampla revolução: "Reforma Agrária não é discutir um pedaço de terra, m.as é disculir a vida do ser humano como um todo". Frase colocada em epígrafe no artigo Reforma Agrária e Desenvolvimenlo Rural - A Agenda Recuperada, do jornalista Marco Aurélio Weissheimer da "Agência Carta Maior". Na Conferência Internacional tudo fo i organizado com c uidado, com dinhe iro farto para fazer pro paga nda da Reforma Agrária. Mas houve um senão: as delegações pró Re form a Agrária, de outros países ali representados, não eram tão esquerdi stas quanto os promotores da Confe rência Internacional imaginava m. Concertados ou não entre si, vem constituindo rotina durante a realização de tai s congressos internacionais a organização de fóruns paralelos, a fim de se levantarem
Para se entender a Conferência, é preciso levar em consideração que a última reuni ão desse naipe realizada pela FAO ocorreu em 1979, e nesses 27 anos transcorriUma "multinacional" ela dos a organização nada mais promove u soinvasão: a Via Campesina bre o assunto. Tal hiato se deveu ao rotundo Diante deste quadro, o Banco Mundi al fracasso elas várias Reformas Agrárias encetadas por toda parte. Como se sabe, as Repassou a incentivar uma "Reform a Agráformas Agrárias levadas a cabo nos países ria de mercado", sem confi scos ou conflitos. As terras são compradas através de um que se tornara m comunistas produziram fome e carestia, e a morte de milhões de crédito fundi ário, e o produtor tem um prapessoas. Quanto às Reformas Agrárias reazo longo para pagar com a sua produção. Tal política, se aplicada com crité rio, tem lizadas na América Latina na década de 60, a vantagem de apresentar uma alternativa até com apoio de governos norte-americanos, redundaram em completo fracasso. para os pequenos produtores sem terra. De oulTO lado, com a chamada revoluSeria mais adequado chamar tal "Reforção verde, a agricultura privada, através de ma Agrária de mercado" de "política agrágrandes aprimoramentos tecnológicos, vem ria", para diferenc iar do termo Reforma propiciando enorme aumento da produtiviAgrária, que acabou ficando marcado, a justo títu lo, por uma conotação socialista e condade. A carestia cedeu lugar ao problema ela super-prod ução de alimentos, e a fome fi scatóri a. Reforma Agrária é atualmente ficou restrita a regiões da África e da Ásia, uma "palavra talismã",* como tantas outras fl ageladas por guerras ou regimes comuni sdenlTO do processo revoluc ionário. tas e tribai s. O governo brasile iro, com o apoio dos chamados mov imentos sociais (CPT, MST Segundo publicação da própria FAO, e congêneres), fez articul ações em âmbito nos últimos 40 anos a produção de alimentos per capila cresceu 25%, e os preços dos mundial para que essa Conferência sobre alime ntos, em termos reais, d iminuíram Refo rma Agrária se reali zasse no Bras il. 40% . Como medida desse crescimento nos A pre paração deu-se ao longo do ano paspaíses em desenvolvimento, desde o início Militantes da Via Campesina, "multinacional" das invasões da década de 1960 até o fim da década de 1990, o rendimento dos cereais pas ·ou de 1,2 toneladas por hectare a 2,52 toneladas por hectare, enquanto a produção total de cereais aumentou de 420 a 1.176 milhões de toneladas anuais. Segundo a mesma publicação, "no ano 2000 ha via 790 milhões de pessoas que sofriam fome. Apesar do progresso ef eluado no consumo de alim.entos per capita, a população de 33 países ainda consome menos de 2200 calorias diárias. Se bem que a combinação de um crescimenlo da produção e mais importações de alimenlos significa que o consumo per capi ta poderá se elevar a cerca de 3000 calorias diárias no ano 20 15, estima-se que a insegurança alimenlar e a má nutrição ainda '.ii persista,n ". :~ ,!: Não negamos que a pobreza continua ~ em determinadas áreas rurai s, mas não por â
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questões que seri am compro metedoras, por sua radi calidade revolucionária, nas re uni ões ofic iai s. E m Po rto A legre não foi di fe re nte. Uma reuni ão paralela de ONGs e " mo vime ntos socia is" fo i realizada para comple me ntar a o fi cial. Na verdade, eram fili ados de uma multinacional de ONGs especializadas em invasões de te rras, chamada Via Carnpesina.
Esvaziamento da Confer ência Internacional Eram es pe rados na re uni ão ofi c ia l re presenta ntes de 18 1 países, mas só 96 ma rcaram piesença. Para a abe rtura do Cong resso esta va pre vi sta a parti c ipação do pres ide11te da República, mas L ul a fo i s ubst ituíd o pe lo vi ce- pres ide nte José A le ncar. Do Ita ma ra ty co mpa receu o sec retári o Sa mu e l G uim arães. Esteve ta mbé m presente a mini stra Marin a S il va, do Me io Amb ie nte. O governador do Rio G ra nde do Sul não foi, e e nvio u seu vice. O prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, compareceu e fa lou da re lação da Reforma Agrária com a capital gaúcha. E repetiu o slogan surrado, ta ntas vezes desmentido, de que a Reforma Agrária vai produzir alimentos para as cidades e ev itar o êxodo rural. No fin al da sessão de abertura da Conferência, surgiram alguns líderes do MST que estava m num prédio ao lado, participando do tal fó rum paralelo. João Pedro Stéd ile cobrou ele José A lencar a mudança dos índices ele produtividade para efe ito de desapropri ação para Reforma Agrária (no mo mento ele cri se cio agronegócio, os agroreformi stas quere m a e levação dos índices ele produtividade, para podere m classificar como improduti vas grande número de propriedades que produzem bem, e tornálas assim passíveis de desapropriação). Agentes da fa laciosa Reforma Agrári a procuraram incutir na cabeça dos brasi le iro que tal reforma conduziri a seus "benefi c iados" a uma e pécie de terra pro metida, onde correria leite e me l. N a verdade, as áreas já reformadas com os assentamentos não alcançam nenhum índice de produ tividade e, às vezes, nem sequer um índice q ue assegure a pró pri a subsistência.
Surpresa: <lepoimentos <lisconlantes Os depoi mentos das de legações cios
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CATO LI C ISMO
Pouco público e interesse: a tônica geral
vários países concordavam que a maior paite ela pobreza se encontra nas áreas rurais. Não ouvi relatos de resultados positivos de Reforma Agrária. De fa to, não os há. Entretanto, fora m feitas declarações surpreendentes. O representa nte do M éx ico (vicie entrevista nas páginas seguintes) disse que em seu país fo i reali zada a primeirn Reforma Agrária cio mundo, em 19 15. Mostrou que fora m 77 anos de experiência, mas que a divi são da terra só havia gerado miséria e empobrecimento. Em 1992 a Reforma Agrária fo i suspensa e resolveu-se entregar título ele propriedade às pessoas que ocu·pam as terras. Real izou-se o cadastramento, e agora estimula-se os idosos a venderem suas terras pai·a jovens e mpreendedores tocai·em a agricultu ra. O delegado do governo socia li sta do Chile relato u o histórico da Reforma Agrária e m seu país, iniciada na década de 60 na época do pres ide nte Eduardo Fre i, e acelerada pe lo socialista Salvador Allende até 1973 . Embo ra não tenha relatado seu estrondoso fracasso, j usti fico u entretanto que foi urna Reforma Agrári a política. Depo is dessa época, o regime militai· realizou uma contrn-Reforma Agrária, devo lve ndo as terras aos antigos proprietários. Q uando houve a redemocratização do Chile, não se pensou em repetir a fracassada Reforma Agrári a. Foi estabe lecido um grande pacto e concedeu-se apoio à agri c ultu ra de mercado. Com isso, conseguiuse reduzir a pobreza pela metade ... E isso fo i obtido através do apoio dado à agric ultura de iniciativa particul ar. A delegada do Zirnbabwc - onde a Refo rma Agrária vem provocando e norme caresti a, sendo o governo ma rxista obrigado a colocar até o exército para faze r o povo traba lhar - disse q ue as a utoridades ele seu país enfrentam mu itas dificuldades. E ntretanto, e nco ntrara m urna "so lução" que cons istirá e m mini. trar pri meiro um curso de capacitação pai·a as pessoas apren-
dere m a pl antar e o que plantar; es pe ram com isso que alguma coisa fun cione, daqui a três anos ... A declaração mais surpreendente fo i a do representa nte da China comuni sta. Explicou ele que entre as causas do fracasso da Reforma Agrária chinesa está o fato ele a terra não perte ncer ao produtor; e que isto gerou fo me pai·a 200 milhões de pessoas. Não se consegui a alcançar a "soberani a a li mentar". D iante di sso, o go ve rno c hinês decidiu entTegar a posse das propriedades rurais aos agri culto res, permitindo lucro para os produtores . A produção aumentou imed iatamente. Foi o q ue li vrou a China da fo me. Num congresso que visa propagar a Reforma Agrária sociali sta, apartes insuspeitos como os acima citados concorreram para salientar o seu fracasso. É claro q ue ho u ve pro nun c ia me ntos pró- Refo rm a Agrária, mas não fora m unânimes. Os esquerd istas preferiam pregar contra as multinaciona is, a volta da agricultu ra indígena para preservar o meio ambiente e a "cultura" reg iona l. O representante do Senegal, num ai-roubo ele nacionalismo, afirmou: "Por que te-
1nos de comer alimentos que vêm dos Eslados Unidos? Temos de com.er só o que plc111tamos no Senegal" .. . M as depois reconheceu q ue a produção local não era suficiente, e que em 2004 importaram 4,5 mi lhões de tone ladas de ai-roz pai·a um c nsumo de 9 milhões de toneladas.
* * * O pior cego é aquele que não quer ver, di z o ditado. /\pós esses depoimentos das várias de legações, a declaração fin al ela onforência parece uma colcha de retalhos, c m qu os princípios revolucio nários vê m na fre nte dos princípios da Lei natural, como o direito de propriedade, que só aparece no artigo 2 1. A insistênc ia em urna malfadada Refo rma Ag rári a soc ialista e confiscató ria vai contra toda a lógica e parece um castigo pai·a um mundo q ue abando no u a Lei de Deus e as vias da C ivil ização C ristã. • E-mail do autor:
*A
respe ito ela utili zaçfto ele " pa lavras-ta lismft" pelos revo lucionári os de todo naipe, ver a magistral obra do Prof. Plíni o orrCa de Oliveira. " Ba ldeação Ideológica In advert ida e I iálogo".
México: 77 anos de desastrosa Reforma Agrária. Lições para o Brasil Ü Secretário de Reforma Agrária do México, Sr. Florencio Salazar Adamc, apresenta o que se Lem fciLo para atenuar o desastre causado por tal Reforma em seu país história da Reforma Agrária - inclusive a que vem sendo aplicada no Brasil - tem sido um carrossel de fracassos no mundo inteiro. Ela começa originando o colapso na produção, daí decorrendo a falta de alimentos, o caos, a queda do investimento privado, além de p io rar a situação das famílias pobres rurais . Com a Reforma Agrária apenas crescem a pobreza, o desemprego, a violênci a no campo, a necessidade cada vez maior da importação de alimentos e o êxodo rural. Os males deco rrentes de Reformas Agrárias aplicadas em diversos países vêm provocand o g suas respectivas revogações, como ~ ocorreu no M éxico, na Rússia, na ~ China, na Polônia e, mais recen - ~ temente, no Egito. ] O M éxico rea lizou a primeira Reforma Agrária da História através de uma revolução sangrenta, atéia e socialista. No período de 77 anos, foram entregues 103,5 mi lhões de hectares (53% do território!) para 3,5 milhões de camponeses . U ma situação dramá tica em que somente 38% das terras perma neceram em mãos de proprietários privados. Quais foram os resultados desses quase 80 anos de Reforma Agrária ? Pelo tem po escoado, poderia algum desavisado imaginar que foi um sucesso. A realidade, contudo, é bem outra: "Empobrecimento e improdutividade são as conseqüências das características da reforma agrária no México", segundo o Informe Nacional sobre Reforma Agrária, distribuído pela delegação mexicana na Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e
s,:
Flol'e/lCÍO A,lame:
"A lei fatualm ente em
vigor 110 México/ inclusilre per mite que o que /'oi pi·opl'ieda<le social seja COIIVeI'li<lo em pmpl'ieda<le particula r "
Desenvolvimento Rural (ICARRD), realizada em Porto Alegre entre 7 e 1O de março p.p. e promovida pela FAO, organismo da ONU para Agricultura e Alimentação (vide artigo às pp. 16, 17 e 18). Esse empobrecimento e improdutividade deveu-se principalmente a que "as terras foram entregues em usufruto e não como propriedade " (idem). Tal violação do sagrado direito de propriedade foi uma decorrência do caráter socia lista da revolução mexicana . Que lições podemos tirar para o Brasil? A Reforma Agrária de nosso País, pelo seu caráter socialista e confiscatório, viola o 7° e o 10° Mandamentos da Lei de Deus "Não roubarás" e "Não cobiçarás as coisas alheias". Além da gravíssima transgressão moral, ela acarreta a fome e a miséria nas áreas "reformadas", isto é, nos assentamentos do INCRA, hoje comumente chamados de "favelas rurais". A experiência mexicana deveria, pois, servir como lição para uma mudança radical em nossa política agrária. * * * Catolicismo publica abaixo entrevista com o Sr. Florencio Salazar Adorne, Secretário de Reforma Ag rária do M éxico, colhida nas depen dências da PUC-RS pelo jornalista Nelson Ra mos Barretto, da Agência Boa Imprenso (ABIM), no Auditório da Conferência Internacional, por ocasião das atividades do ICARRD. A ABIM autorizou a publicação da entrevista em Catolicismo. A entrevista esclarecerá nossos leitores sobre as medidas que o governo mexicano vem adotando para reverter os graves danos causa dos pela Reforma Agrária .
M A lO 2006 -
Catolicismo - Em sua palestra, o Sr. falou da segunda fase da quase octogenária Reforma Agrária no México. O Sr. poderia resumir quais foram os seus efeitos e as medidas que estão sendo tomadas hoje? Sr. F. Adame - Ju lga mos estar num processo de Reform a Agrária que se ini ciou com a divi são elas terras em 19 15, e que durou 77 anos. Depois, em 1992, passou para o ordenamento da propriedade, que dura 14 anos e termina neste ano de 2006. Essa fase tem por objetivo determinar as terra s dos camponeses, titu lar os núcleos agrári os, e também conceder documentos a cada um dos benefic iários, para que possa m convertê-las em patrim ônio. A lei inclu sive permite que o que foi propriedade soc ial seja convertido em propriedade particul ar. Com isso, ca mponeses e indígenas podem assoc iar-se e atrair capi tais privados. Podem inco rp ora r sua terras ao mercado imob iliári o ou aproveitá- las em atividades fl orestai s, minera is e tu rísti cas , entre outras . E há uma terceira etapa que estamos empreendendo para facilitar o acesso de jovens. Porque durante esses largos anos ele processo agrári o no México, verifi cou-se um envelhec imento dos titul ares dos direitos agrári os. Como esse titulares mantêm paradigmas arca icos, cultivos de baixo rendimento, tanto no referente à extensão agrícola co mo na inserção ele mercado, prec isamos renova r os cultivos, levar tecnologia e capacitação, para que os ca mponeses não migrem para a cidade ou para o ex teri or, e para que os mai s velhos possam aposentar-se com rendimento. E ass im fazermos ju stiça com as duas pontas ela geração cio campo mex icano. Catolicismo - Quais foram os principais problemas resultantes desses 77 anos de Reforma Agrária no México? Sn F. Adame - O principal problema fo i a duração. Essa di stribui ção agrári a deveri a ter sido concl uída nos fin s cios anos 60 e princípio dos anos 70. Pelo fato ele as terras entregues posteriorm ente terem sido de má quali dade, isso ocasionou um a situação de ex istência de camponeses com terras carentes ele água e de recursos, sem condi ções mínimas de desenvolvimento. Então, aq uil o que começo u como distribuição ele riqu ezas terminou empobrecendo os camponeses.
CATO LICISMO
Catolicismo -
E a produtividade? Sr. F. Adame - Empobreceu os camponeses, porque as terras não foram produtivas. Ademais, os programas ele fomento, capacitação produtiva e financiamento foram inconstantes. E gerou uma burocracia que incorreu em atos de corrupção. Por exemplo, a seguradora ex istente podia entrar em combinação com o camponês, simular uma catástrofe e pagar o seguro. Então isto propiciou a seguinte situação: se um camponês obtém um ganho colocando-se em cumplicidade com um burocrata, para que trabalhar na terra? Esse foi o fator primordial cio insucesso, mas foi um dos muitos fatores que desv irtuaram o processo agrário no M éx_ico.
"Essa distribuição agrária <leveria ter sido co11cluÍ<la nos Jins dos anos 60,. COJIJeÇOll como distribuição <lc riquezas e tcrmino11 cm110hreccmlo os camponeses"
Catolicismo - Quando o camponês recebe o título de propriedade, ele tem a sensação de receber uma carta de alforria? S,: F. Adame - É uma c,u-ta de liberdade quando ele recebe o título ele propriedade. Porque ele deixa ele fi car submetido aos líderes corruptos, à burocracia oficial e ao humor dos regimes, que podem tirar ou mesmo não reconhecer os seus direitos agrários. Quando tem o títu lo ele propriedade, o camponês converte sua terra cm patrimônio, pode entregá-la em garanti a na obtenção de financiamento privado, pode incorporar para aproveitar as di ferentes vocações que existem no campo. E conseq üentemente, somente ele decide com responsabilidade seus atos. Catolicismo - E o agronegócio no México, como vem absorvendo esses novos proprietários? Sr. F. Adame - Nós lemos um segmento de produti vidade no México. Por um lado temos os grandes proprietários agrícolas , que exportam com sucesso ... Catolicismo - Esses grandes proprietários não foram atingidos pela Reforma Agrária? Sr. R Adame - O que ocorre é que eles aprovei taram a tecno log ia. Então têm um a agri cultura ma is intensiva. Além di sso, também arrendam terras, podendo assim formar unidades ele produção qu e ge ram grand es volumes ele produ ção. Também temos os produtores que satisrazcm o mercado nac ional. I gualmente são bem-sucedidos. Há, por outro lado, um gra nde segmento que surgiu com a Reforma Agrária, mas que parti cipa de
mercados muito estreitos ou cultiva para a subsistência. Jsto faz com que continue com produtos ele baixo valor ele mercado que servem para o próprio sustento. É deste último seg mento que se ocupa a Reforma Agrária do M éx ico. Porque ju stamente o que queremos dos campon eses mai s jovens, que receberam as terras cios seus pais e avós, é que continuem cultivando, porém co m uma agricultura intensiva. A gora estamos financiando proj etos produtivos para joven s. Em terren os ele 300111 2 tem sido possível a colheita ele tomates, co m uma renda igual à de um a plantação ele mi lho ou feijão em 16 hectares. O trabalho é de uma diferença brutal. Porém, o que ocorre com jovens é que eles têm capac itação, fin anciamento e acesso à tecnologia. E os camponeses mai s velhos careceram di sso e continuam cultivando como seus ancestrais.
Catolicismo - Se a idéia do plano consiste em incentivar os jovens empreendedores, e por outro lado convencer os idosos a lhes cederem o lugar, eu pergunto: os idosos, ao venderem a terra, receberão um apoio ou uma aposentadoria por parte do Estado? Sr. F. Adame - Es tamos trabalhando para que o dinheiro cios idosos vá para um a finan ce ira, e a essa qu antidade ele dinheiro o govern o ac rescente uma parte federal. Para acumular um valor que, através cio financiamento, lhe permita uma pensão. Porque o custo médio do hectare no México está por volta de US$ 1.000. A porção ele terra que pode ler um camponês às vezes possui duas ou três parcelas - no melhor cios casos são 15 hectares, 1Ohectares, 4 hectares, e o dinheiro que obtém pela vencia da terra não será suficiente para uma pensão. O governo vai complementar esse fundo para os camponeses idosos. Ademais, ele se incorpora ao seguro méd ico popular, que o governo federal acabou ele criar no ano passado, para incorporar todas as pessoas que não estão no sistema de seguridade oficial. Para quem não tem fundo de pensão, por não ser funcionário ou operário, acrescentar-se-á um seguro ele vicia ele 1.000 dólares. Portanto, um camponês idoso que se aposenta vai ter uma pensão de um salário mínimo. Dependendo ela zona, mais ou menos 1.500 pesos mensa is, que seriam 150 dólares mensa is, mais o seguro médico popular, com o qual não vai pagar
consu lta médica, nem medicamentos, nem operações cirúrgicas. M ais um seguro ele vida de 1.000 dólares.
Catolicismo casa?
E habitação, eles já têm uma
Sr. F. Adame -
H á programas ele habitação para camponeses, po i s geralm ente os ca mpon eses têm sua s casas co m piso el e terra. Então ex istem programas para colocar pisos de c imento. Mas ainda nos fa lta avançar muito e muito.
Catolicismo - O que o Sr. acha do debate nas várias intervenções desta Conferência, sobre o marco da reforma agrária de mercado, ou melhor dizendo, de uma política agrária de mercado, ou de tal política fora do mercado? Será possível executar uma política agrária sem resultado econômico? O Sr. vai conseguir um resultado social sem o resultado econômico? Sr. F. Adame - Se a reforma agrária - isto é, uma po lítica agrária não li ver uma v isão de mercado, não haverá resultados eco nômi cos. Por isso nós pensamos que a pol ílica agrária eleve conduzir a uma soc iedade rural de proprietários prod utivos.
"Em 77 anos ele divisão agrál'ia os camponeses não foram /Jroprietários, por isso não pu<leram aproveitar as <lil'crcntes oportunidades que lhes da n , a economia "
Catolicismo - O Sr. considera o direito de propriedade como a base para o progresso? Sr. F. Adame - Sim. No caso cio M éx ico, durante 77 anos ele divisão agrária os camponeses não foram propri etários, por isso não puderam oferecer suas terras como garantia, não obtiveram crédito, não puderam aproveitar as diferentes oportunidades que lhes dava a economia para ter melhor renda. Pelo contrári o, se viram obrigados a dividir suas terras entre os fi Ihos, e depois os íi Ihos entre os seus; afinal se criou o min i fúndio, e com esse uma maior improdutividade. A experiência nos está dizendo que a entrega de títu los e a possibi lidade ele o camponês dec idir o destino final de sua terra é que o torna cidadão. E também o torn a produtivo, podendo contribuir ele maneira importante para que haja um crescimento econômico. Se não há renda, tudo o que se faça é inútil. Catolicismo -
Seria dividir a pobreza? Dividir a pobreza ou acentuá- la, o que é ainda pi or. Queremos a democracia com riqu eza, e não a democrac ia co m a pobreza. •
Sr. F. Adame -
MAIO2006 -
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Governo dá-se mal no problema da teITa
AbeITações "normais" ngana-se totalmente quem ache que a onda de aberrações trazida pela imora lidade vai se deter nas micro-sa ias ou nas mini -blusas. O in stinto sexual desregrado não pára, e vai ga lopando de abs urdo em abs urdo. Ou se segue a moral cató lica, ou não há freio que segure:
E
Publici<ladc csca11cal'acla O parto da moça so lte ira A.F. , de Mi ssouri (EUA), foi patrocinado por uma empresa com sede e m Los Angeles. Fo i gravado em vídeo, e as imagens fi cam à di sposição da empresa, que as divul gará. A jovem chegou à maternidade "num
carro que exibia a logomarca da empresa". No quarto e m que ela deu à luz, "até o travesseiro tinha o logotipo da empresa, sem falar nas camisetas de seus acompanhantes e da própria A. F ". A venda dos "direitos" sobre o parto rendeu à moça mil dó lares, co m os quai s qui tou a compra de um carro. Para a professo ra d e es pa nhol qu e vive na Ca lifórni a, Aurora Coll antes, trata-se de
"umaforma de prostituição que também envolve um bebê". Foi a segunda empresa que participou da grav idez de A.F., poi s nos Estados U nidos (e logo mais a moda vem para cá)
"rnulheres grávidas of erecem a barriga como espaço publicitário". De novembro
de Soares barrou a entrada de duas alunas (J6 e J4 anos) devido aos trajes inapropriados. A escola possui um manual de regras que proíbe o uso de "blusas excessivamente decotadas". A mais velha das alunas xingou a diretora, que se viu na contingência de ap resentar queixa na delegac ia. O mais absurdo, poré m, é que a Secretaria de Estado da Educação info rmou, em nota oficia l, que "a atitude da diretora não foi adequada" , e que está apurando os fatos para tomar as providênc ias ("Folha de S. Paul o", 18-3-06). Ou seja, por ter cumprido seu dever, a diretora passa a ser a perseguida. O anol'mal considcraclo nol'mal As redes de televi são costumam ser propagadoras das piores imoralidades. Depois, é só imitar o que fo i apresentado no vídeo. Assim, a poli gamia está sendo difundida no horário nob re da TV a meri ca na , aos do mingos, co m a séri e Big Love, da HBO . A intenção dos auto-
res é fazer co m que a fa míli a políga ma pareça a mai s normal possível. Na séri e, o ma rido, um emp resá ri o de sucesso, dorme cada noite na casa de uma de suas três mulheres, seg uindo um a age nd a estabe lecida pel as três e m conjunto. Os sete filhos são bem tratados. A fem inistas não reclamaram. O que mostra que e las só reclamam contra as práti cas da moral c ri stã . E a no tíc ia ("G lobo", 25-3-06) já fala de "uma possível campanha pela legalização" da poli gamia . Décadas atrás, quando se co meçou a fa lar e m impl antar o d ivórcio no Brasil , o Prof. Plínio Corrêa de Olive ira mostrou que o divórcio era o mes mo que a po li gamia a prestação . A moralidade pública deca iu tanto, que o argumento já está sendo usado ao contrário: " Poligamia não é
necessariamente pior do que a alternativa atual, de uma série de casamen tos monogâmicos", di z John T ierney, co lu-
JEANNE
CHLOE
GINNIFER
HARRY DEAN
PAXTON
TRIPPLEHORN
SEVIGNY
GOODWIN
STANTON
SERIES PREMIERE SUNDAY, MARCH 12 AT1 0PM/9C
até jane iro , A.F. ex ibi a no abdom e a logomarca de um cassino on line que também "alugou" a barri ga de outras mães para inserir sua publicidade, entre e las as de três irmãs da F lórida ("O Estado de S. Paulo", 23-3-06). O nol'mal considcl'aclo anol'mal Mas não é só a aberração que vai ganhando dire ito de c idada ni a. É também a perseguição contra quem que ira manter uma posição morali zada. No co lég io estad ual Brasílio Machado, na Vila Mari ana, em São Paulo, a diretora Raquel Devai CATOLICISMO
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Dr. Gregorio Vivanco Lopes no animado debate sobre a situação agrária do País, na conhecida Facu ldade de Comunicação Social Cásper Líbero
ni sta cio "New York Times". •
BILL
BIG
Valores da propriedade - No dia 29 de março último, o co laborador de Catolicismo, Dr. Gregori o Vivanco Lopes, parti c ipou de um debate na conhecida Faculdade de Comunicação Social Cásper Ubero, em São Paul o, a respeito cio tema Reforma Agrária e invasões de terra. Na ocas ião, ele teve oportunidade ele apresentar os fundamentos do dire ito de propriedade, segundo o Direito natu ral e a doutrina el a Igreja cató lica, em oposição ao soc ia li smo. Também foram abordados temas candentes como as invasões c riminosas cio MST, a partic ipação da esquerda católica na subversão e o fracasso dos a sentamentos. As perguntas cios estudantes foram numerosas, so bre tud o cios favo ráve is à Reforma Agrária, proporcionando a oportunidade de respostas esclarecedoras. Fora m mai s ele duas horas ele animado debate.
POLYGAMY LOVES COMPANY. Com a série Big Love, da HBO, a intenção dos autores é fazer com que a família polígamo pareça a mais normal possível
Rejeição à Reforma Agrária A rejeição dos brasileiros não só às invasões de terras, mas também à Reforma Agrária, vai aumentando. A pesquisa CNT/ Sensus (realizada ela 3 a 6-4-06) apurou que as invasõe têm contra si 75,4% dos brasileiros e apenas 18,3% a favo r. Ainda a respeito elas invasões, 6 1,7% afi rmam que a atuação do governo é inadequada por não manter a ordem no campo. Quanto à Reforma Agrária, 18,7% manifestaram-se contra qualquer Reforma Agrária, 27,3% só a querem em terras do Estado e 12,8% não quiseram man ifestar-se, o que soma 58,8 %. Dos 4 l,2% que aprovam a Re~ rma Agrária em terras particulares, 30,2% só a qu e re m e m te rras improdutiva s (www .sensus.com. br/doc/PN l l 0406.cloc). Homologação cria desagrado Em 15 de ab ril de 2005 , o presidente Lul a ass inou o dec reto qu e homo logou como terra indígena a reserva Raposa/Serra do
A esquerda está maquinando a formação de um Parlamento Indígena , primeiro passo para a criação de t1ações independen tes do resto do País, informa jornalista
Sol, em Roraima, numa área contínua de 1,7 milhão ele hectares. Os 15 mil índios que habitam a reg ião, em sua m aior parte, mos traram-se indi g nados com essa homo logação, poi s com a expulsão cios não- índios (negros, brancos, orienta is) da reserva, e les fi cari am conde nados ao iso-
la mento soc ial, sem empregos, além de perder as vantagens ela civili zação. Também os arrozeiros e o governo estadu al se opunham à medid a ele Lula. Estimase que havi a cerca ele 300 famílias nãoíndias no local, incluindo um município. A homol ogação se de u por pressão ela esquerda católica, de ONGs e ela Funai , e era apoiada por uma minoria ele índi os. Co mo era ele pre ver, o governo federal não conseg uiu cumprir o prazo de um ano, dado pelo Mini stro Márcio Thomaz Bastos, para a retirada tota l da população não-índia, a qu al se rec usa até a receber as equipes do governo. Só foram retiradas 52 das 300 famíl ias. O pres idente interino ela Funa i, Roberto Lu stosa, ameaça colocar a Polícia Federal para remover a população à força. O prefeito de Pacaraima (RR) , Paulo César Quartiero, manté m-se firme co ntra a retirada, pois a cidade s itua-se dentro cios limites ela reserva. O governo ele Roraima j á e ntro u com ações no Supremo Tribunal Federa l contestando a medida de Lula (Cfr. "Fo lh a de S. Paulo", 15-4-06).
Assassinatos reiterados - E m 54-06, na Reserva Roosevelt, e m Rondôni a, dois garimpe iros de diamantes foram mortos a tiros por um índio cintalarga, e um terceiro ferido a bala. Trata.se ela mesma reserva indígena. em que, há dois anos, 29 garimpeiros foram executados pe los índios ("O Estado de S. Paulo", 7-4-06) . Alerta aos brasileiros - Informa o jornalista Gilberto Amaral que "alguns
intelectuais de esquerda, bem instalados em Brasília, estão maquinando a forma ção de um Parlamento Indígena, primeiro passo para a criação de áreas autônomas, nações independentes do resto do país" ("Jornal do Brasil", 7-4-06). • MA1O2006 -
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G ABRIEL DA S ILVA
atólico" quer d izer uni versa l. Isso
porque a Igrej a Cató li ca ex iste para todos os povos da Terra e sabe adaptar-se a e les, incorporando a si todos os valores e cult uras legítimos que eles e ngendrara m, purifi cando-os de seus as pectos pagãos. Foi assim que E la por vezes enriqueceu sua liturgia (ritos, cânticos, preces), costumes, estil os de arte. Há um verdadeiro dom da Igrej a de fa lar a todas as cul turas e a todos os povos. A Ro ma imperi al, apesar de todos os seus "deuses" pagãos e sua imora lidade, rep resentava inegave lmente uma grande c ivili zação. Ao mesmo tempo em que os cri stãos eram ati rados às feras no Coliseu, as conversões iam-se opera ndo e o Cristi ani smo erguia-se vitorioso das ru ínas do império que desmoronava. A foto ao lado ilustra essa rea lidade. Nela se vêem ruínas dos foros ro manos, entre as quais se nota o campanário de uma peq uena igreja católica. É a igreja-i nstituição que se ergue sobre os escombros do império ...
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O campanário da catedral de Sev ilha, conhecido como La Gira /da (foto da p. segu inte), poderia ser outro símbo lo dessa sabedori a com que o Divino Fundado r CATO LI CISMO
ex pressão cultural ele um povo igualmente c hamado a ser fi lho da Igrej a Católica. O martiri zado Líbano, por exempl o, j á fo i berço de grandes sa ntos. Antes de voltar ao pagani smo, o norte da África deu à [grej a Santo Agostinho, um de seus ma iores luzeiros. Quando incorpora uma cul tura ao seu patrimônio, a Igreja nada rouba: enriquece o povo que a ela se deu e se enriquece a si mesma, desenvolvendo neles certos dons que doutra fo rma ficariam talvez esti olados. Por tudo isso, a Gira/da pertence à Cristandade tanto quanto o povo da cidade de Sevilha, da qual ela é símbolo. E se algo soa como as notas mouriscas de uma saeta, é para dizer que somos todos filhos de Deus e de sua Jgreja. E que a Espanha, com seus ornatos moçárabes, é parle notável da Cristandade. *
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Como venceram os cri stãos o impéri o romano, as hordas inv aso ras de bárbaros? E como obti veram a reco nqui sta da Penínsul a Ibé rica? Sobretudo pe la fé. E é justamente a virtude que nos falta nos maus di as que vivemos. Aquil o que fo i a C ri standade, j á não o é. Dessorados pelo progressismo, pe la ânsia de pôr-se de acordo com o mundo, a maio ri a dos cató licos atuais não têm capac idade de atrair à conversão os pecadores, os pagãos, os adeptos de outras re lig iões. Se o sal não salga, para que serve? Os cató1icos somam hoje cerca de um bilhão. M as, qu a ntos de ntre e les se sa lv a m ? Qua ntos são verd ade ira mente fe rmento na massa de um mu ndo neopagão? Catolicismo augura que pe lo menos seus leitores faça m parte daque le punhado de fi éis que leva m ve rdade iramente a séri o os ensinamentos de Nosso Senho r Jesus C ri sto. • E-mail cio autor : w-gabriel@cato li cismo.com.br
dotou a Igreja. Gigantesca (96 m de altura), mas nada esmagadora - ao contrário, até e legante e sobretudo a ltaneira - , a íamosa Gira /da é uma fe liz incorporação do minaretc ela antiga mesquita à nova catedral gótico-re nascentista. Foi constru ída no século XV , no lugar do templo is lâm ico ali existente durante o domín io da d inastia almohade, senhora do no rte da África e sul da penínsul a ibérica. U m
artista cordobês conferiu à torre, no séc.
XVI, o aspecto que até hoje e la conserva. Os arabescos não a deformam ; ao contrári o, a ornam. É a vitóri a da fé católi ca sobre a relig ião de Mafoma. Concessão aos muç ul manos - diria a lg um es píri to rigo ri sta. Não! Ass im como os tapetes persas, as porcelanas da C hin a, os tec idos da Índia , o es tilo arq uitetôni co árabe pod' s 'r 1-g ítima
A o rtodox ia católi ca não ad mi te compos ições sincréticas com o utras relig iões, co mo igualmente recusa toda espéc ie de rac ismo, xenofob ia ou fanat ismo naciona l, pró pri os de re li g iões e ideo log ias pagãs. O impéri o de Jes u Cristo compreende todo o gênero hu ma no, como ensinam os Papas (cf. Leão X I[[, Enc. Anum sacrum, de 25-5-1899; e Pio XI, E nc . Quas primas, de I J- 12- 1925). O do mínio espiritual do Redentor é sobera no e abra nge, de dire ito, todos os homens, inc lu sive os que não pertencem a nações cató li cas ou se recusam a converter-se. É deve r apos tó li co de todo católico levar-lhes a boa do utrina e da r-lhes o exempl o das boas obras . M A lO2006
~
' M ARCO S AURÉLIO VI EIRA
A
vida de cada pessoa, em qu alquer idade, comporta urna sucessão de esco lh as de rumos: esco lh a do estudo, da profissão, de amigos, ele formas de diversão, etc. Dentre essas várias opções de rum o, a mai s importante ele todas, a f undamenta l e constante, é entre fazer a vo ntade de Deus ou seguir as própri as apetências e capri chos. Daí o pensa mento sublime de Santo Agostinh o: "Dois amores constru-
íram duas cidades: a cidade terrena, afez o amor de si mesmo a/é o desprezo de Deus; a cidade celeste, a fe z o amor de Deus até o desprezo de si rnesmo" ("Cidade de Deus", X [V , 26). E quem despreza a Deus está esco lhendo, ainda que implic itamente, o demônio. Urna consideração sobre essa esco lh a fund amental e constante dos rum os ele vida é parti cularmente úti l na época em qu e vivemo . De um lado, a autênti ca lgreja Católi ca, Apostóli ca, Romana - não, ev identemente, o chamado progressismo católi co - e de outro todas as formas poss íveis de corrupção e ele mal. M ediante tal conflito, pode-se ver bem clara mente que, no fundo, só há dois partidos: o de Deus e o do demôn io. No mundo, tudo quan to há de ordenado, de composto, de lóg ico, de limpo, di gno de respeito e de admiração, em suas conseqüências lógicas conduz à [greja Cató li ca. E desta a Deus. Em sentido contrári o, se tomarmos as inúmeras desordens existentes hoj e e tirarmos as últimas co nseqüências lóg icas delas decorrentes, chega-se ao culto cio pai ela mentira. Tomemos como exemp lo a im ora lidade. Já ex istem cm circul ação numerosas rev istas imorais em qu ad rinh os, como também desenhos an imados, que apresentam o demôni o como endo o termo normal da pornografia. E até já se preludia uma época que' não estaria longe, segundo tais rev istas, na qual o demônio aparecerá de modo sensíve l para estimul ar os homens à prática da imora lidade e se fazer adorar. Portanto, se se anali sa com profundidade esse auge de obsceni dade, concupi scência, ganâ ncia, incoerênc ia e confusão de espírito, em que cada vez mais afunda o mundo con temporâneo, não é difícil constatar que se está a cam inh o do que Santo A gostinho denom in ava "a cidade terrena" , onde predom ina a civili zação do demôni o. Ora , a finalidade da cri atura humana é conhecer, amar e servir a Deu s neste mundo, para depois contemp lá-Lo eternamente no Céu.
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pe rfe ita reali zação ele suas o bras, as ma is ma ravilhosas, de ma ne ira sucess iva, g rad ati va mente. É po r isto que, segundo abali zados estudiosos, Ele empregou cerca de quatro mil anos em di spor os caminhos para a vind a de Nosso Senho r Jesus C ri sto. Da mesma form a, as três Pessoas divinas prepara ra m com harm onia e g rande sabedoria, be m como com traços cada vez ma is acentuados , a cri ação da bem-ave nturada Virgem Ma ri a. É, po is, co m razão que os Doutores ela lgrej a reconhecem na Hi stóri a, ao lado das prefi g uras ele Nosso Senh or Jes us Cri sto, grande número de fi gura s simbó li cas das perfe ições de sua Mãe Sa ntíssima . E ntre estas fi guras estão, em primeiro lugar, dete rminadas personagens feminin as co mo re fl exo, e mbora pá lido, elas virtudes e das pre rrogativas espiri tua is de Nossa Senhora. A reuni ão de seus traços nos auxili a e norme mente a co mpletar o " retrato" ela Santíss ima Virgem. Na verdade, essas perso nagens feminin as são como "imagens" que um caminh ante do deserto pode ver, e qu e a seus o lho. refl etem pa nora mas cada vez ma is próx imos do loca l aprazíve l que e le espera brevemente alca nçar.
O conhecimento da verdadeil'a devoção à Samíssima Virgem Assim , num momento cruc ial da escolha entre um ca mi nho o u outro, é indi spe nsáve l que cada um , para escolher be m, procure conhecer ela me lhor mane ira poss íve l aquil o que há ele ma is autenticamente be lo na Terra. O que há ele mais belo na Terra é a verd ade ira face el a Santa Igrej a Cató li ca, Apostó lica, Romana. É conhecê-la segundo a sua verdadeira doutrina, seu verd ade iro espírito, seus ve rdade iros costumes, sua verdade ira fin aliclacle. Exatamente po r isso se torna mais necessári o do que nunca conhecer a verdade ira de voção a Nossa Senhora. Porque Nossa Senhora é a M edi ane ira ele todas as graças. É através d 'E la que sobem a De us todos os pecliclos feitos pe los homens. E é através d'Ela que vêm todos os favores que Deus concede aos ho me ns. Ass im , nós só sere mos capazes de faze r acertadamente essa grande escolha se nos aprox im armos dessa M edi aneira e d'Ela obtivermos os favores necessári os. Um modo excelente para conseguir e sa meta é proc urar aprofundar, sempre mais, o conhec imento ela fi sio nomi a espi ritual ele Nossa Senhora. Esta é a razão pe la qual julgamos particul arme nte importante falar sobre as pre fi g uras ele Nossa Senho ra .
Papel das /Jreliguras 1,a compreensão prolimda da llistória Numa pa lestra pronunc iad a e m 27-3-79, o Prof. Plini o Corrêa ele Oliveira ressaltou co m prec isão a importânc ia das
Nosso Senhora é o Medianeiro de todos os graças. É através d'Elo que sobem o Deus todos os pedidos feitos pelos homens .
prefi guras para uma autêntica compreensão ela Hi stóri a: "Os acontecimentos históricos não só são causadores uns dos ou1ros, são tarnbém pre.ftgurativos uns dos outros. Pois, em cada acontecimento hislórico pode-se ter uma noção, embora confusa , daquilo que ele prefigura. "Mais. Os acontecimentos passados não são apenas prefiguras, mas são incoati vos. Quando aparece a pre.ftgura, nas entranhas pro.fundas da realidade a .figura, que está remota, se aproxima mais do aconJece,: A prefigura atrai e começa a gerar a .figura. A cada nova prefigura, mais ela se aproxima da .figura e torna mais inlensa a sua geslação. Até o momento em que a .figura se !orna irreversível. "Daí a razão da 'energia ' das prefiguras. Neste sentido, Caim é pai dos celerados. O auge seria Judas, ou alguém que tenha pecado mais do que Judas. "Esle princftJio serve para compreender a realidade pro.funda da llislôria ".
Pl'el'iguras <la Virgem: "ensaios" <la obra-prima do Criadol' A Prov idência D ivin a não produz ele uma vez as suas grandes obras. O mesmo princípi o, guardadas as proporções, se aplica também aos ho mens. Como é fác il observar, os arti stas e os poetas costumam executar suas obras- primas após reali zar al guns ensaios. Do mes mo modo Deus, não por falta de poder, mas para nos instruir, apresenta seus desígnios a nossas me ntes, conduzindo a
Eva: Jigurn origh,al <la Mãe <le Deus N a ordem dos tempos , Eva - a mãe co mum de todos homens - é a prime i- •e: ra fi gura de Nossa Senhora. ;;:~ Suas qu alidades, que pren unc iava m ó a Santíss im a Virgem, era m: 1. Toda be leza da prime ira c riação ; 2. Natureza perfe ita sob lodos os aspectos e re lações; 3. Sublimi dade dos dons de justiça e de ~ graça; 4. Mi ssão: comunicar a seus inumeráveis fi lhos esses dons de j ustiça e ele graça.
mens o que a prime ira mulher lhes tinha fe ito perder. A Santíss ima Virgem é nossa Mãe no sentido mais e levado e verdadeiro.
Os quatro grupos <le 11religww, <le Nossa Senhora Para reconstituir a fi siono mia de Nossa Senhora, des fi gurada em Eva, a Pro vidênci a Divina susc itou, através do.· séc ulos, um a séri e de tipos fe mininos que, po r suas virtudes especia is, representaram sucessivamente as minúcias da grandeza primiti va de E va. A concentração da g ló ri a dessas prefi guras deu-se sobre a fronte única e virg inal da Santíss im a Virgem. Dividem-se em quatro grupos : 1º grupo: Representa a fecundidade de Nossa Senhora; 2º grupo: Recorda a força e a coragem; 3º grupo: S imboli za a be leza excepc ional e a graça irres istíve l; 4º grupo: Representa a be leza da dor.
1° grupo: A l'cc11mlid,ule da Virgem - Sara, Rebeca e Raquel I - Sara: Bela e estéril, tornou-se mãe de Isaac e de uma posteridade enorme. 1
Sara, em hebre u, quer di zer princesa. O nome Sara fo i-lhe <lado pel o própri o De us, qua ndo apareceu a Abraão:
"Disse /ambém Deus a Abraão: 'A Sarai, lua mulhe,; não chamareis mais Sarai, mas Sa ra' (princesa)". 2
E la era de um a excepc ional beleza. E mbora sendo es té ril , mil ag rosa me nte teve um filho, Isaac. Po r ter sido mãe de Isaac, que se torno u pa i de Jacó, é considerada a "mãe do povo eleito", de acordo com o Pro feta Isa ías (ls. , 51 ,2). Termos de comparação: a) Nossa Senhora gerou o verdadeiro Lsaac , Jes us C ri sto, no qu al fo ra m abençoadas todas as gerações; b) A maravilh osa be leza do nasc iM inúc ias da grandeza primiti va de mento e a alegri a que isto lhe proporc ioEva: no u; 1. Castidade; c) Sara de u à lu z por um mil ag re, po is 2. Valor; a velhice esgotara a sua fecundidade. En3. F ide lidade; tretanto, fo i a mãe de uma inumerável Adão e Eva expulsos do Poroiso. Eva é o mais 4 . Formos ura ; posteridade. Este mil ag re simboli za a feantigo prefiguro de Nosso Senhora 5. Beleza da dor. c undidade virg in a l de Nossa Senh ora , Eva e ra como que o co mple xo de todas as mulh eres, e qu e: Iº) deu à lu z o Home m-Deus; 2°) gerou para a vida divi so bretudo a gra nd e e ma is anti ga pre fig ura de N ossa Sena todos os homens. É, pois, a Rainha do Céu e da Terra. nh o ra. Mas, devido à sua queda, perdeu a celestial beleza de sua 11 - Rebeca: Belíssima, tornou-se mãe de duas raças (Jacó origem. Nossa Senhora - pe la sua d ignidade de Mãe de Deus, e Esaú). suas graças, suas virtudes, seus méritos, seus pri vilég io. e seus Rebeca 3 foi a esposa de Jsaac. Foi aind a mais bela do que poderes - ultrapasso u sobre modo Eva, pois restituiu aos hoSara. Nos di zeres da Escritura Sagrada, "era uma don zela lin-
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da em. extremo, e uma virgem'. formosíssúna "; ao e ncontrar Isaac pe la primeira vez, "t!Jmou depressa o véu e cobriu-se"; e "ele introduziu-a na tenda de Sara (sua mãe), e recebeu-a por mulher; e tão extremosamente a amou, que moderou a do r que lhe ocasionara a morte de sua mãe".
Rebeca teve dois filhos: Esaú e Jacó. Esaú simbo li za os réprobos, pois, dentre vários as pectos descritos por São Luís Mari a Grignion de Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção, pode-se destacar: "Pouco se incomodava de agradar a
sua mãe Rebeca, e nada fazia por ela; era guloso, e gostava tanto de satisfazer o paladar, que chegou a vender seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas; estava, corno Caim'. cheio de inveja de seu irmão Jacob, e o perseguiu sem tréguas"." Jacob, pelo contrário, simboi iza os fi lhos da luz: "Per-
manecia em casa o mais possível, para ganhar as graças de sua mãe Rebeca; arnava e honrava sua mãe; seu rnaior contentamento era vê-la; evitava tudo que pudesse desagrada r-lhe e fazia tudo que imaginava agradar-lhe; depositava nela uma co,~fiança sem limites; apoiava-se wúcamente na proteção e nos desvelos maternos; chamava por ela em todas as suas dúvidas; imitava, na medida de sua capacidade, as virtudes que via em sua mãe".5 Esta é uma das ra-
É, poi s: a) padroeira dos justos e b) reconc ili adora dos pecado res.
llI - Raquel: 7 Rara beleza e infatigável ternura (amenidade de caráter). Raq ue l era uma pastora "esbelta de forma e bela de aspecto". Pastoreava o rebanho de seu pai, que era tod a a riqueza da fa míli a. Destacam-se, em Raq uel, os seguintes aspectos: a) Apascentava o rebanho de seu pai; b) Mulher de rara beleza e de grande amenidade de caráte r; e) E ra animada de infat igável ternura . Por seu amor, Jacó acei ta, sem se lastimar, as hu milhações e os trabalhos que lhe são impostos. O sembl ante delicado de Raquel o consola e fortifica; d) Jacó vive de esperanças. A Santíss ima Virgem : a) Apascenta as ovelhas da grei de Nosso Senhor Jes us Cristo, conduzi nd o-as às paisagens celestes; b) É "bela e doce"
(valete decora, dulcis Virgo Maria - toda bela e amável
Virge m Maria); e) D e us a amou e reservou-a para si com incomparável soli c itu de. Aos três anos, oculta-a no interior do te mpl o . Já na s prim e iras graças da adole. cência, e desde então e mbe lezada de todos os encantos da natureza e ela graça, envia-lhe um prínc ipe §? ~ da cort celeste para pedi r seu zões pelas quais Isaac, ao c3 consentimento. Seu filho será abençoar Jacob (representan- Rebeca: modelo das vi rgens q ue abraçam o estado con juga l. Deus ... E este Deus suspende te, portanto, dos verdadeiros É paciente, doce, um pouco fraca, mas háb il. as leis da natureza para fazer devotos de Nossa Sen hora), inc luiu : "Aquele que te amaldiçoar, seja amaldiçoado; e o com que nem a menor mancha ele fig urasse sua virginal beleza; d) Deus lhe dirá " minh a mãe" ! que te abençoa,; seja cumulado de bênçãos". 6 Podem-se indicar inúmeros pontos de semelhança e ntre * * * Rebeca e a Santíssima Virgem. Destacamos: Rebeca: a) Modelo das virgens que abraçam o estado conPortanto, n stc prime iro grupo temos, resumidamente: juga l. Ao encontrar Isaac pela primeira vez, dá um adm irável E m Sara: a fccundiclacle de Mari a Santíssima. exemplo de modéstia; b) É pac iente, doce, um pouco fraca, E m Rcb ca: a sua modéstia. mas hábil. Sa lva Jacó, propondo-lhe um ardi l e forçando-o a uma longa ausênc ia. Em Raqu 1: a sua ternura e beleza. om isto j á se entrevê um primeiro delineamento ou esboAssim foi a Santíss ima Virgem. E la preferiu permanecer virgem a ser elevada às honras mais excelsas. Em face do anj o, ço de Nossa Senhora. ostenta uma modéstia incomparável. Co mo Rebeca - mãe de 2° gmpo: os três tipos da /orça e corngem Jacó e de Esaú, símbolos dos justos e dos pecadores - Nossa da Sa11tíssima Virgem Senhora é mãe de ambos (dos justos e dos pecadores). E m vez Maria (irmã de Moisés) , Débora e Judite. de os liv rar pela astúcia, inte rcede por eles e lhes obtém mi seTodas elas foram guerreiras che ias de heroísmo e de espíricórd ia. CATO LICISM O
ri to patri ótico. Representam, em particular no hino que cada uma canto u, um aspecto da luta dos filhos de Deus. Seus cânti cos fazem lembrar o Magn!ficat, brado de triunfo da humildade e da fé ele Nossa Senhora. Significado dos Câ nticos: Maria: a voz que canta a libertação (séc. XVI a.C.); Débora: in sp iração que condu z à vitória ( 1285 a.C.); Judite: mão que fere e prostra o inimigo.
Maria, irmã de Moisés:8 primeira mulher bíblica com o nome de Maria É a prime ira mulher bíbli-
neceu se mpre relacionado a esta g lori osa vitória de Israel sobre Sísara, seu inimi go. Débora foi também ''.juíza cio povo". Todo tipo de demanda era- lhe apresentado, pois naq uela época não hav ia ainda tribuna is para apli car a justiça. Débora a tudo dava solução por seu espírito de profecia, aprimorado sentido ele justiça, exce lente bondade e singul ar sabedori a. Razão pela qual fo i cognominada a " mãe de Israel". Trecho do cânti co de Débora : "Calca, ó minha alma, es-
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ses valentes; (Sísara) caiu entre seus pés (de Jael), desfaleceu e expirou; contorceu-se e ficou estendido por terra, exânime e miserável; 10 Assim pereçam, Senho ,; todos os teus inimigos; os que, porém, te amam, brilhem como o so l quando nasce". 11
ca que aparece co m o nome de Maria, o qua l, no decorrer cios tempos, tantas vi rgens se ufa nariam de o poss uir. O povo ele ito, libe rtado por Moisés, atravessou o Mar Vennelho. À frente de todas as mulheres, Maria cantou o marav ilhoso cânti co de seu irmão:
"Cantemos o Senhor, que é gloriosamente escoltado ". A Santíssima Virgem também atravessou o "mar vermelho ". Um "mar" tinto com o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que da terra de escrav idão do pecado condu z à terra da beati tudc e cio perdão. Também a Santíss ima Virgem entoou um hino que os ca- ~ tólicos repetem pcl s séculos, ~ '" sempre com entusiasmo: Mag- 8
n!ficat anima mea Dominum. ..
§? ~
("M inha alma g lorifi ca o Se- c3 nhor").
Dé bora : profetizou a Barac, comandante do exército dos israelita s que derrotaria o chefe do exé rcito do rei de Canaã '
V - Débora: 9 "Minha alma
esmaga com o pé os poderosos". Débora é uma mulher extraord inári a do primeiro período ela época dos Juízes. E la nos é apresentada pela Sagrada Escritu ra como profetiza, juíza cio povo, li be rtadora de Israel e poetiza. P rofetizou a Barac, coma ndante do exérc ito dos israelitas, que o Senhor entregaria em suas mãos o chefe do exército do re i ele Ca naã, opressor dos hebreus durante 20 anos, juntamente com seus carros de g uerra. Como Barac se recusou a ir sem ela ao combate, Débora lhe disse: "Está bem, eu irei con-
tigo, mas desta vez não te será atribuída a vitória, porque Sísara [nome do genera l inimigo] será entregue nas mãos duma mulher". Levantou-se, poi s, Débora e partiu com Barac. Apesar da fraqueza e da timidez ele seu sexo, Débora - juntamente com Jael - foi o in strumento ele que Deus se serv iu para assegu rar o triunfo cios israe li tas. O nome de Débora perma-
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A Santíssima Virgem é a Rainha dos Profetas e predisse que todas as gerações a cha marão bem-aventurada. Co mo mãe esp iritu al de todos os homens, a E la recorrem de todas as partes, e m suas necess idades esp iritu ais e materiais, os filh os da Igreja. Venceu um adversário não ele carne e sangue, mas o próprio infe rno, es maga ndo com o seu ca lca nh ar o orgulho feroz do demônio. E também, como Débora, entoou o Magnificat, em que exa lto u o triunfo de Deus sobre os soberbos da terra. Portanto, em Débora se vê, pois, uma imagem da in trepidez ca lma e mi seri co rd iosa de Nossa Senhora.
Jud ite: piedade aliada à coragem.
Judite era viúva, j á por um período de três anos e seis meses. Nesse período passava a maior parte do tempo em orações e jejuns, juntamente com suas criadas, exceto nas épocas de festas de Jsrael. Era de be líss imo aspecto, possuía muitas riquezas. Além disso era estimadíss ima de todos, porque era temente a Deus e não dava ocasião a que ninguém dissesse • de la uma palavra em desabono. O episód io central da hi stória de Judi te é o fato ele ela ter cortado a cabeça de Holofernes, genera l de Nabucodonosor, rei dos Ass íri os, e com isso te r livrado os israelitas de serem destruídos e escravizados. Ho lofernes s iti ou a cidade de Betúli a, onde se refugiaram os israe litas. Esgotara m-se as águas para todos os moradores. Então estes fo ram a Ozias, seu chefe, e lhe propuseram a rendição incontinenti, e que se entregasse a cidade nas mãos de
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viu-se obri gado a refugiar-se em bosques e grutas. Certa vez, Holofernes , preferindo morrer ~ela espada do que perecer pe la ele e um grupo de fi éis soldados esconderam -se nos montes sede. Ozias, entretanto, propôs aguardarem mais cinco dias, e da Judéia. Mais ou menos próximo, habitava um homem ele que nesse tempo orassem e fi zessem penitência . Se, transcornome Nabal. Abi gail era sua esposa. Ele era riquíssimo, poridos os cinco dias, Deus não lhes enviasse o socorro, então se rém mesquinho, péssimo e malicioso. David e seus seguidoentregariam . res abstiveram-se ele lhe causar qualquer dano. Tendo sabido, O socorro do Céu veio por intermédio de Judite. A princíno deserto, que Nabal fazia a tosquia ele seu rebanho - ocapio aparece na so lidão e na prece. Persevera no jej um e na sião ele abundância e própria a generosidades - David destaoração. Como está dito antes, a sua vida austera, bem como a cou dez ele seus servos para irem procurá-lo pacifica mente e piedade exemp lar, fizeram-na di gna de admiração pública. Ela pedirlhe, em seu nome, qualquer co isa que tivesse à mão. é adm irada por todos pela pureza de sua alma. Nabal , porém, os tratou muito mal , com in sultos, dizendo que Para ir ao enco ntro do príncipe inimi go, vestiu-se com os não conhec ia David e nem savestidos de ga la, adornou -se bia de onde eram. frado , Dacom as mais prec iosas jóias, vid se aprontou para ir destruir pôs bracelet~s etc. , calçou os tudo pertencente a Nabal e não melhores sapatos e ungiu-se de deixar vivo nada daquilo que prec iosos perfumes. Conforme lhe pertencesse. di z a Sagrada Escritura, o próAbigai l, tendo sabido ci o prio Deus aumentou- lhe os enqu e havia se pa ssa do e da ca ntos, porque todo este progrande desgraça prestes a cair ceder não tinh a em vista dessobre sua casa, às escond idas peitar a concup iscência, mas ele seu marido , e levando uma exc lu s ivam e nte a g ló ria de séri e ele agrados - carneiros Deus. Por isso E le aumentoucoz idos, farinha, cachos el e lhe ainda mai s a formosura de uva, fi gos secos, etc. - foi ao modo que seus próprios comencontro de David e o clis. uapatriotas ficaram estupefatos e diu ela vingança. Dav id aceimarav ilhados com sua incomtou tudo que ela lhe tinha traparável beleza. zido e mandou-a retornar em E ela, após sair da cidade e paz para casa, di zendo- lhe ter adentrar o campo inimi go, sem ouvido sua voz e honrado a prestar atenção aos elogios que sua presença. os sequazes de Ho lofernes lhe Dez di as depoi s, Nabal fafaz iam, reco lh eu-se um moleceu ... mento para orar. Depois, com Abi ga il , por sua be leza e a confi ança em Deus, enquan.- ua prudência, impede Dav id to Holofernes se entregava ao de derramar sangue. Por sua gozo e a toda sorte de exces- ~ ~:, causa Dav id perdoa e di z: "És sos, co m sua própria espad a o&,;.....,....,..-,..'"6.ló..;::.._-=== bendita, pois me impedis/e de corta- lhe a cabeça. Quando a Judite: com o próprio espada de Holofernes, derrarnar sangue!" (l Samuel notícia correu, todos os com- corto- lhe o cabeço e liberto Israel 25,33). bate ntes fu g ira m, g ritand o: Tendo fi cado viúva, Dav id a co nvicta para ser sua esposa e uma só mulher derrubou o trono do nosso poder. ela responde: "Eu sou a serva do Senhor" (I Samuel 25 ,41 ). É uma prefi gura da Santíssima Virgem , a triunfadora imaDeste modo torna-se a esposa do rei. culada, que, com a impliciclacle de sua virtude, sa lva a hum anidade inteira.
3º gmpo: Símholos da heleza cxccpciónal e <la graça irrnsistível Abigail, Sunamita e Ester Estas três outras prefi guras representam o amor e a beleza ela Virgem Santíss ima. Vil - Abigail: a beleza e a prudência. David, quando ainda muito jovem, fo i sagrado rei pe lo Profeta Samuel. Por ciúmes, o rei Sau l, até morrer, o perseguiu sem trégua . Por isso, durante um longo período, Dav id
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Ora, ele forma incomparavelmente mai s sublime, Nossa Senhora intercede a favo r ele seus servos, e por seus rogos Deus os perdoa. Quando São Gabri el saúda Nossa Senhora, Ela, depois de compreender a mensagem, respo nde: "Ecce ancil!a Dom.ini" ("Ei. aq ui a escrava do cnh or"). E daí uma tal intimid ade com Deus, que cri atura algum a poderia imaginar. Tornou-se Filha, Mãe e Esposa ele Deus!
Vlll - Sunamita (Abisag): acúmulo de todas as belezas naturais. Era uma donzela ele extrema beleza. Nela foram acumul adas todas as bel ezas naturais . Por isto foi escolhida para esposa cio Rei David , já na velhice dele (Ul Rei s, 1,3). Fo i a mais pura entre todas as esposas, porque se manteve sempre virgem, tanto antes ele morar com David quanto du rante o tempo de convívio com ele, poi s foi tratada sempre como irmã e não como esposa. A Santíssima Virgem possui uma graça imortal e cada vez mais bela. Cativou eternamente as complacências cio Rei dos Céus. Ninguém teve tanta intimidade com o Rei Dav id quanto Sun a mita . [gualmente, ninguém teve tão casta intimidade com o Rei cios Reis, Nosso Senhor Jesus Cristo, quanto a puríss ima Virgem Maria. Depoi s ele O ter nove meses em seu se io, manteve-O em sua mente e em seu coração.
A Santíssima Virgem obteve o resgate do gênero humano e sa lvou da morte eterna todos os seus filhos. São Boaventura proclama: "Virgem santa, verdadeira Este1; vós sois o apoio e a consolação de lodo bem ". Magnifi cências de Nossa Senhora: • mais maj estosa do que o ced ro, cujo c imo altivo domina as alturas do Líbano; ou o cipreste, que se eleva ac ima da montanha de Sião; • mai s graciosa do que as palmeiras de Cades; • mais agradável do que a rosa vermelha, que perfum a Jericó ; • mais doce do que a oliveira (graciosa erva dos campos); • mais amável do que os plátanos à margem das águas.
4° gl'upo: Noemi, Resta e a mãe cios Macaheus: 'ít Virgem /)olol'osa " Nossa Senhora é sa li entemente a Virgo Dolorosa - a Virgem das Dores. Esta característica teve também suas prefi guras.
IX - Ester: apoio e consolação. X - Noemi ("formosa") Xerxes I, conhecido com o Mara ("amargurada") . nome de Assuero, foi o terceiA hi stória de Noemi é na ro sucessor ele Ciro, rei cios Sagrada Escritura narrada no persas. Para manter viv a a lemLivro de Rute. Noemi res idia brança de seu matrimôni o com em Be lém. Em decorrência de Ester, concedeu indultos, di sforte carestia, viu -se obrigada tribuiu benesses e concedeu a em igrar,juntamente com seu paz a todas as províncias de seu esposo e doi s filhos, para as rein o. terras ele Moab. Lá Noemi perMas Ama n, primeiro-mi deu seu esposo e seus filhos, ni stro ele A suero , homem sofi cando só na terra. Após dez berbo e cru el, impôs a seus anos, viúva e sem filhos , Nosubordinados a obri gação el e em i volta para Belém, acomajoelharem-se diante dele. Ora, panhada de uma de suas noo hebreu Marcloq ueu (os heras, Rute, sua úni ca conso labreus tinh am . ido feitos cati - Ester, gracioso e amável, apresentou - se diante do rei ção. Co nseg uiu casar Rute vos pelos persas), ti o e pa i ado- e obteve dele misericórdia poro o seu povo com um ri co senhor, de nome tivo de Es ter, não quis proceBooz, parente de seu fa lec id o esposo. Desse matrimônio nasder dessa forma m Aman porque julgava que esta homenace Obed, pai de [saí, avô de David. gem era dev ida somente a Deus. Por esta razão, Aman fez As desventuras da vida de tal maneira alteraram a fi sionopro mulga r um decreto condenando à morte todo. os hebreus. mi a de Noem i que as pessoas de Belém não a reconheciam e, Ester, graci osa e amável, apresentou -se diante cio rei e obao vê-la, perguntavam se era aquela a Noemi. Dev ido a isso teve dele misericórdi a para o seu povo. Obteve a revogação trocou o seu nome de Noemi - que quer di zer "Formosa" cio ed ito promulgacl contra todos os hebreus. Havia uma lei na Pérsia, segundo a qual era morto quem • para o de Mara , que signifi ca " Amargurada": "Ne vocetis Noemi, id est pulchrum, sed vocate 1ne Mara, id est amaram" se apresentasse diante d rei sem ser chamado. Ester corajo- Não me chameis Noemi , isto é, formosa , mas chamai-me samente passou por cima dessa lei e se apresentou ante o rei. Mara, isto é, amargurada (Rt 1, 20). Este lhe di sse: "não morrerás, porque nossa ordem não concerne senão ao comum do povo" (Ester, 15, 13). É uma prefi * * * gura da [macul ada Co nceição, poi s a Nossa Senhora não foi aplicada a lei do pecado original , comum a todo o povo. Da mesma forma a Santíssima Virgem fo i submetida a um O primeiro mini stro Aman , que desejou a condenação dos hebreus, representa o príncipe das trevas, o demôni o. oceano de dores na Paixão e Morte de seu divino Filho. Seu MA1O2006 -
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coração foi opresso pe las dores' e a alma esteve amargurada e sem conso lação a lguma. Fõi a mãe cheia de dores e de angústias, embora, por outro lado, também repleta de aleg ria , de modo todo especia l pe la rede nção cio gênero humano.
Em conferênci a no di a lº-8-69, o Prof. Plínio Corrêa ele O live ira , referindo-se à epopéia cios Macabeus , co me ntou: " O
episódio, em última análise, é este: os .filhos dela f oram intimados a praticar atos de idolatria, numa situação em que não deixava de ter alguma coisa de parecido com os dias de hoj e. XI - Resfa: guarda os cadáveres Os meninos se negaram ao ato de idolatria que esta va sendo exigido e f oram mortos. de seus filhos crucificados. "Os Macabeus ffr:aram como símbolo da .fidelidade. Eles Resfa 13 foi esposa de Saul. Ocorreu qu e após a morte ele .ficaram, em relação à impiedade, o símbolo da Cruzada, da Saul houve um a carestia de três anos seguidos. Por reve laluta religiosa, da guerra e da contradição religiosa. De mação, o re i David soube que se tratava ele um casti go ele De us neira que todos os séculos os veneram. pelas iniqUiclacles com etid as por Saul contra os gaboanitas . "Essas crian ças f o ram Como reparação, os gaboani animadas por mãe admirável tas ex igiram que lhes fosse m para o martírio. E elas são, até entregues os .descende ntes de ce rto ponto, a prefigura de Saul , de ntre os qu ais os do is Nosso Senhor Jesus Cristo, o filh os ele Resfa . Estes foram Mártir dos mártires. então apri sio nados e crucifi "E a mãe deles é uma preficados pe los ga boanitas. Resgura de Nossa Senhora. Ela qjufa, po rém, estendeu um pano dou e apoiou o seu Divino Fisobre uma pedra e pe rmanelho - com o seu carinho, com ce u perto d os cad á ve res de sua presença - no momento seus filh os du ra nte se is metremendo em que Ele carregases. De di a defendi a-os d as va a cruz, em que fo i levado a ves do céu, e de no ite defenpara o alto do Calvário. di a-os contra as fe ras da ter"Fala-se do Cireneu, que ra . E la só os abando nou deqjudou Nosso Senhor a carrepo is que o re i David mando u gar a cruz. Que linda vocação! le vá- los para o sepulcro. "Quanto mais Nossa SenlwValo res a serem parti cul arra C {judou Nosso Senhor a carmente assinalados em Resfa : regar a cruz, com a presença, • mãe desolada; com, o carinho e com a oração • fun ção atroz (guard ar os cad' Ela! Alguém poderá algum dia clá veres dos fi Ihos sob todas as dizer: que vantagem incomparáinte mpéri es e contra todos os vel houve para Nosso Senhor, ataques ele animais); pelo fato de que Nossa Senhora • e amor enérg ico (fo i até o ·~ 8 esteve presente. Ela fez com, seu o fim). ~ Divino Filho - conservadas as Co m pa ração co m N ossa o distinções necessárias - o que Senh ora: Resfa protegeu das feras os corpos de seus filhos durante seis fez a mãe dos Macabeus. Ela O • seus filh os fora m, e são, ata- meses, até o Rei David autorizar que fossem enterrados apoiou, para o martírio, até o cados pelos inimi gos (mundo, último momento. de mô ni o, carne); "Nós estamos numa época de luta de idéias e de princípi• fora m atados aos pecados mo rtais e aos vícios; os. Devemos nos lembrar de imitar os Macabeus, símbolos da • E la permanece com eles e lhes apli ca os frutos da Redenção. .fidelidade. "E devemos pedir a Nossa Senhora que Ela seja o nosso XII - A mãe dos Macabeus: "Mãe, formadora e encorajaapoio. Que E/a f aça conosco o que f ez a mãe dos Macabeus. dora de mártires". "Mais ainda: devemos pedir a essa mãe heróica, e a essas Pa lavras da mãe dos Maca be us 14 ao seu filho mais novo: crianças, que intercedam por nós, para nos dar uma forta leza "Meu.filho, pelo amor que me tens, pois que te trouxe em meu que, com ânimo, sem choradeira e sem treme-treme, chegue seio, amamentei e nutri até hoj e ... olha o céu.. . não temas o até o último momento". carrasco, mostra- te digno de teus irmãos e recebe a morte de bom coração, a.fim de que, pela misericórdia de Deus, possa eu tornar a ver-te na glória que esperamos " (2 M ac 7,27-29). * * * ~
Por fim , ela mesma fo i entregue ao martírio.
* C ATOLI C ISMO
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Em face do acima exposto, podemos conc luir que o conjunto destas prefiguras fo rma um es boço, ainda im perfe ito,
Os Macabeus fora m an imados por sua admirável mãe para o martírio. Eles são, até certo ponto, prefiguro de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Márti r dos mártires. E o mãe é uma prefiguro de Nosso Senhora . ,
d ' Aqu ela cuj a sa ntida lc viri a a ser muito superior à ele todos os ho mens, mesmo os ma is favorec idos qu anto à natureza e à graça. •
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E-mail para o autor: cato li cismo @cato lic ismo.com.br
Notas : L Gen. 17, 16- 19; 18, 10- 14. 2. Gen, 17, 15. 3, Gen. 24, 1-67, 4, São Luís Grigni on ele Montfo rt , Ti-a tado da Verdadeira De voção , Editora Vozes Ltcla, Petrópo li s, 2" ccl ., 1943 , p, 180. 5, Idem, ibidem, p, 183, 6. Gen, 27,29, 7, Gen, 29, 18, 8. Êxodo, 11, 1- 1O,
9, J uízcs, 4,6 - 5,32 , 1O. Ju ízes, 5,27. 1 I , Ju ízes, 5,3 1, 12, Noe mi (Ru i, 1, 1- 14; 1, 15-22; 4, 11 -2 1) . 13, Res fa (2 Rs 2 1,7- 14): "E c111nprira111 toda,, as ordens do rei, e. depois di.,·to, Deus aplacou-se co11·1 a terra", 14, Mãe cios Macabeus (2 Mac. 7,27-29).
Bibliografia: - M. Paul Sauceret, Fig ures bibtique.1· de Marie, Mere de ./és11.,, - disposée.,, po11 r de11x moi.,· de Ma rie - Librarie ele Pouss ie lgue-Ru sancl , Lyo n, Fra nce, 1846,
- Gab ri el M, Rosc hini , O,S, M,, La Madonna Secondo la Fede e la Teolog ia - Roma, Ferrari , 1954. - Pc. Júli o Mari a, SDN, Por que amo Maria - Edi ções Pau lin as, São Paulo, 1960,
- René LaurenLin , Bre ve Trmado de Teolog ia Maria11a - Ed itora Vozes Ltcla, Petrópoli s, RJ , 1965.
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Santa Joana d'Arc
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Guerreira do Altíssimo Recebendo de Deus a missão de libertar a França do jugo <:los ingleses, a admirável donzela de Orleans enfrentou o martírio para o cumprimento dessa sublime missão L. PUN IO M ARIA SO LIMEO
Reino Cristianíssimo da França, aquela que era chamada a Filha Primogênita da Igreja, em 1429 estava prestes a desaparecer. Justamente casti gada por Deus com quase cem anos de guerras contra os ingleses, co mo conseqüência do pecado de revolta contra o Papado, cometido no início do sécul o X IV por seu Rei Filipe IV, o Belo, e pela elite da nação. Seu territóri o estava reduzido a menos da metade e os ingleses cercavam a cidade de Orleans, úl tim a barreira que lhes impedi a a conquista do resto do país. O herde iro do trono, o delfim Carl os, duvidava da legiti midade de seus direitos, e seus capi tães e so ldados estava m desmorali za-
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CATOLICISMO
dos. É significativo o seguinte relato dessa lamentável situação: " O Analista de Sa int Denis, corneçando a narração do ano de 141 9, escre via: 'Era de se tem.e,; segundo a opinião das pessoas sábias, que a Fran ça, essa mãe tão doce, sucumbisse sob o peso de angústias intoleráveis, se o Todo Poderoso não se dignasse atender do alto dos Céus as suas queixas. Assim apelou-se para as arm.as espirituais: cada sem.ana fa ziamse p rocissões gerais, cantavam-se piedosas ladainhas e ce lebravam -se Missas solenes. Em. sua terrível decadência, sentindo-se incapaz de salvar-se a si mesmo, o Delji.m guardava sua f é no Deus de Clóvis, de Carlos Magno e de São Lu ís, a sua co11fian.ça na Santíssirna Virgem ". Em sua infinita mi sericórdi a, quis Deus atender essas preces, e escolheu para sa lvar a França não um grande chefe de guerra ou um hábil político, mas uma virgem, a fim de mostrar que era unicamente d'Ele e de seu poder que vinha a vitória. Joana nasceu na fes ta da Epi fa ni a de 14 12, na pi toresca aldeia de Domrémy (Lorena francesa) . Seus pai s, Jacd' Are e lsabelle Romée, eram "exs trabalhadores e f ervorosos caque serviam a Deus corn um
Monumento a Joana d'Arc em Chinon
no trabalho e no temor de Deus", conforme testemunho de contemporâneos. 2 Joana tinha três irmãos e uma irmã, e logo se distinguiu por uma bondade e piedade particulares. Desde seus primeiros anos sua conduta foi pura e irrepreensível. Logo que a idade o permitiu , entregou-se aos trabalhos da casa. Mais que uma cri ança precoce, Joana era um a menina virtuosa. Tinha um coração bom e compassivo, uma prudência madura ; era modesta, humilde mas determinada, e apontada como exemplo em toda a aldeia.
A "gra11de pe11tíria " em que estava o Reino da li'rança A inocência de vicia e a simplicidade de coração de Joana atraíram-lhe os olhares cio Céu. E foi assim que lhe apareceu por vez primeira o Arcanjo São Miguel, rodeado de Anjos. O Príncipe da milícia celeste narrou-lhe o tri ste estado ("g rande penúria ") em que estava a França, di zendo-lhe que ela deveria apressar-se em socorrê-la; e que Santa Margarida e Santa Catarina viri am também, da parte de Deus, para incentivá-la a isso. E elas vieram . Fal aram também da "grande penúria" e danecessidade de ela cumprir essa missão. É verdade que, diante da mi ssão, a humilde pastora estremeceu. Como faria ela, "pobre moça que não sabia nem montar a cavalo nem. conduzir uma guerra "? Mas as " Vozes" fo ram irredutíveis, e ela teve que se curvar à vontade de Deus. Joana mostrou-se digna da missão que lhe fo i confiada. Seguindo as diretrizes cio "Senhor São Miguel, da Senhora Santa Catarina e da Senhora Santa Marga rida", venceu todas as objeções e fo i avante. E, de fato, chegou à corte cio rei, em Chinon . Como se Li vesse passado toda a vicia nesse ambiente, fez com graça as três reverências de praxe diante cio rei. O futuro Carlos VII, para prová-la, estava disfarçado entre os 300 nobres presentes, e um deles tomara seu lugar. Isso não atrapalhou a donzela, que foi direto
a ele. Segundo um contemporâneo, "seu discurso f oi abundante, poderoso e inspirado, como o de uma profe1iza". Disse ao rei que vinha da parle de "seu Senhor", o Rei cio Céu, a quem pertencia o reino da França, e não a ele. Mas "seu Senhor" queria muito confiar a guarda desse reino ao rei, ela o levaria a Reims para ser coroado. Para provar o caráter divino de sua mi ssão, em particul ar revelou a Carl os V[[ um segredo que somente ele e Deus poderiam saber. A retumbante vitória que Joana alcançou , fa zendo levantar o cerco de Orleans, conseguiu mudar o quadro de então. O caminho para a sagração em Reims eslava praticamente aberto. Após essa vitóri a, a donzela foi ter com Carlos Vil para apressá- lo a se fazer sagrar em Reims, porque - explicava ela - "eu durarei um ano, e não mais ", co mo lhe havi am dito as " Vozes " . Era preciso, pois, apressar-se.
A a<lmir{,ve/ e /Jt·odigiosa donzela sa/\ta a França Após a sagração cio rei Carlos VII na Catedra l de Reims, Joana afirmou ao Arcebi spo daquela cidade: "Praza a Deus, meu Criado,; que eu possa agora partú; abandonando as am ws, e ir servir meu pai e minha mãe guardando suas ovelhas, com minha irmã e irmãos, que terão grande alegria em me rever! ".3 No auge de sua glória, ela não desejava senão retirar-se para a sombra. No dizer de Dunois, o Bastardo de Orléans, isso fez com que aqueles que a vi ram e ouviram nesse momento compreendessem bem que ela vinha da parte de Deus.4 Mas Joana cria que sua missão consistia em reconquistar pelas armas todo o território francês sob domínio inglês. Entretanto o rei, influenciado por seu péssimo conselheiro La Trcmouille, não lhe deu o apoio necessário. Os so ldados insisti ram com ela para que continuasse a comandar as tropas. Aquiesceu, mas limitou-se a comanclfü· seguindo os conselhos cios generais, pois suas " Vozes " não mais lhe indicavam o que fazer. Elas se limitavam a lhe dizer que seria fe ita prisioneira e vendida a·os
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ing leses, mas que confiasse, pois Deus não a abandonaria. No dia 23 ele maio ele 1430, em Compiegne, apesar ele prodígios ele valor, Joana caiu nas mãos cios borguinhões, que a venderam a preço ele ouro para os ingleses. Ao tribunal iníquo reunido em Rouen, presidido pelo pés- ~ e§ s im o bispo Ca uc hon , Joana ~ afi rmo u: "Tudo o que eu fi z de j bem pela França, eu o fiz pela ~ graça e segundo a ordem de "' Deús, o Rei do Céu, como Ele me revelou por seus Anjos e Santos; e ludo o que eu sei, o sei unicamente pelas revelações divinas". Conscie nte ele que havia fe ito bem o que lhe fora pedido, ac resce nto u : "Tudo o que as vozes m.e ordeApós o martírio de Santa Joana naram, eu afiz do melhor modo que · d' Are, verificou-se uma re viravolta pude, segundo minhas forças e micompleta na situação da França. Os nha inleligência. Essas vozes não me ingleses perderam a coragem; e Carordenaram. nada sem a permissão e los VH, tendo afastado La TremouiJo beneplácito de Deus, e tudo o que le, e com seus capitães e solclaclos eu fiz obedecendo-as, creio ter bem impelidos por um novo ânimo, emfeito". 5 preendeu a reconqui sta cio território Após a farsa ele processo, em que francês que ainda estava sob o domíessa adolescente analfabeta responnio inglês. A vitória final , com o redeu perguntas que confundiam até teembarque dos últimos ingleses, ocorólogos, ela foi conde nada à fogueireu em outubro ele 1453, 23 anos após ra. Morreu a 30 ele maio ele 143 1, lano sacrifíc io que comprou ele Deus as çando um supremo brado ele fé e ele graças necessárias para a inteira liberconfiança: "As vozes não mentiram! tação ela França. Entretanto, os inquéJesus! Jesus! Jesus!" ritos prepéu-atórios para a reabilitação Seu corpo fo i inteiramente conele Santa Joana d' Are já hav iam cosumido pelas chamas, mas seu coração, por mais que o carrasco acresmeça? º um a no an tes. centasse le nh a, e nxo fre e carvão, permaneceu intacto, vermelho e Reabilitação 11ost-mo,wm che io ele sangue. Junto com as oue a glorillcação tras cinzas, foi posto num saco e joIncentivada e com o apoio do rei gado no rio Sena, por o rde m cios inCarlos VII, lsabelJe Romée, mãe ela gleses, para que o povo que assistiu santa, "resolveu prosseguira reabilicomov iclíssimo ao suplício não pu1ação de sua.filha. Reclamou de Roma desse colher re líquias. 6 Uma piedoa revisão da horrível iniqüidade, e a sa trnclição reza que esse coração será obleve. Antes de f ec/u1r os olhos, teve reencontrado, quando houver a plea augus/a alegria de ver o Papa Cana restauração re ligiosa, espiritual e lixto 1/1 reformar, abroga,; anular moral do Reino Cristianíssimo.
CATOLICISMO
com.o mentirosa, ilegal, injusla, a sentença do bi.1po de Beauvais '' .7 O Papa designou uma comi ssão formada pelo Arcebispo de Reims, os bispos de Paris e ele Coutances pru·a rever o processo iníquo que condenou Joana d' Are. A comissão, após ter estudado todo o processo e ouvido inúmeras testemunhas, concluiu afirmando:
"Nós pronunciamos, declarcunos e definimos que os processos de Rouen e as sentenças a que chegaram. são repie/os de dolo, de calúnia, de maldade, de ú1justiça, de contradição, de violações do direito, de erros de falo r.. l Declaramos que Joana, assim como seus próximos implicados, não incorreram na ocasião dessas sentenças ern nenhuma nota nem marca infamantes, que ela é pura dessas sentenças e, tanlo quanlo podemos, nós a inocentamos inleiramente". 8 Mas a maior glorificação da donzela de Orleans procederia da Igreja, que a beatificou em 18 ele abril de 1909, no reinado do grande Pontífice São Pio X. E Bento XV a canonizou e m 1920. • E-mail cio autor: pmso li n
Notas : 1. Mons. \ lcnri Dclassus, La Missio11 Pos1l111111e de Sai111e Jea1111e d 'Arc, Eclitions Suint Rémi, p. 223. 2. Lcs Pctits Boll ancl istes, Vies des Saints, Paris, Bloucl et Barrai, L ibraires-Écl iteurs, 1882, tomo XV , p. 389. 3. Réginc Pcrnoucl e Maric-Véronique Clin, .lea1111e d'Arc, Librairie Artheme Fayarcl, Paris, 1986, p. 1 16. 4. Cfr. Lcs Petits Bol lancli stcs, op. cit., p.40 1. 5. Lcs Peti ts Bollanclistes, Joana a se11sj11fze.1·, p. 39 1. 6. Cfr. Gcorges Borclonovc, .lew111e d 'Alt' et la Guerrede Cent A11.v, Editora I ygma lion, Paris, 1994, p. 300. 7. Cardea l Stan ilas-Trouchct, La Sai111e de la Pcl/rie, Dom iniquc Martin Morin, Boucrc, tomo li , 1>\J. 95-96. 8. lei. , p. 378.
A presença da Idade Média no século XXI V ai se desfazendo a legenda negra, com a qual revolucionários procuraram ocultar o brilho medieval. E nota-se no ho1nen1 do século XXI certa abertura de alma para os altos valores daquela época histórica. Cio
ALENCASTRO
bra r cordas até há pouco amortecidas da alma humana.
Cultuar a tradição é bom os te mpos já lo ngínquos e m que 1 freqü e nte i os bancos escolares, a moda era c riticar a Idade M édi a. "Idade das Trevas", "Época de Atraso" , "O túnel da Hislória ", "Dez Séculos Perdidos", "Fa nalisrno Religioso" era m a lg un s cios epítetos com que se mi moseava aquela é poca ela Huma nidade. Especialme nte du rante o sécul o XX, hi storiadores objetivos e conscie nciosos resolvera m debruçar-se sobre aq ue le período hi stórico, c ujo apogeu deu-se nos sécul os X[[ e X III da era c ri stã. E o que e nco ntraram? Uma civili zação profundame nte católica, uma "doce primavera da fé", como foi qua lifi cada po r um autor fra ncês. Época elas gra nd es cated ra is, ve rdadeiros monumentos ele a mor a Deu s e obras-primas ele arte; dos ad miráveis cas te los, símbo los ela epopéia ela Cavala ri a e das ru zaclas; tempos de luta e oração; de in vejável harmo nia soc ial. Dissiparam esses estud iosos a legenda neg ra , que aos olhos cio mundo proc urava e ncobrir, como fumaça malfazeja, o brilho da lclaclc M dia. Legenda toda e la tecida de ca lúni as e ód ios que medraram durante e após a Revolução Fra ncesa ( 1789), a qual espa lhou pelo mundo todo seu igualitari s mo pernicioso e suas " lu zes" fátuas. Hoje em dia as coisas belas e boas ela Id ade Média vão e ncontrando rcss nân c ia em nume rosas almas, ca nsadas elas fa lsas promessas de fe li c idade do mun do moderno. Monges, abad ias, espírito épico, vitrais colo ridos, vão fazendo vi-
para vender cerveja ... E di sso se ap rove ita a propagand a. Tendo e m vista vender seus produtos, as
e mpresas contratam espec iali stas que estud a m as apetências do público, para me lho r se adapta re m às ex igênc ias dele. Isso exp li ca a ilu s tração qu e aq ui publicamos. Trata-se el a propaga nda de uma cervej a, divul gada meses atrás em conhec id a rev ista brasileira. Não é nos-
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CIDADE ETERNA duto , mas apenas analisar o fato do ponto de vista da alvi ssare ira mudança de me nta lid ade que vai se afirmando em setores do público brasile iro, e que te m numerosas outras manifestações. O título da propaganda, escrito em letras góticas com a capitul ar em destaque e colorida, di z: "Demorou um pouco para
sair porque a fábrica é lá na Idade Média " . A garrafa e a taça estão colocadas sobre a saliência de um muro de pedra averme lhada que lembra urna abadia, sobretudo tendo em vi sta o vitral gótico que serve ele fundo. Ne le aparece, parc ialmente e ncoberto, o desenho de urna flor ele 1is. Essa fl or esti Iizada, tão usada na Idade Média, inclusive pelos reis ele França, é igualmente representada no alto ela garrafa e no alto da taça.
A taça al'tcsanal e r emi11iscê11cias medievais Um pequeno meda lhão, impresso no rótulo, parece represe ntar uma ca mponesa em trajes medievais, enquanto o título ele "Confraria" remete para as famosas confrarias da Idade Média - com seu Mestre, seus Companheiros e Aprendi zes - es pec ializadas no fabrico ele cervejas. E o tipo "Abadia" nos fa la ele um artesanato executado dentro cios muros sagrados de um moste iro. Na propaganda, embaixo, a exp li cação em letra menor diz: "No século XI,
os monges das abadias européias iniciaram a produção artesanal de uma cerveja para consumo próprio. Também foram os monges os primeiros afazer registros escritos das receitas de suas cervejas, multiplicando essa tradição por gerações. Séculos depois, o Mestre Cerve_jeiro de Boh.emia inspirou-se nessas receitas para criar urna edição limitada : Boh.emia Co nfraria. Uma cerve_ja feita cuidadosamente, do líquido à em.balagem, para ser apreciada entre amigos selecionados que dividem o prazer dessa tradição milenar". Mes mo na advertência feita para obedecer a ex igênc ias lega is - "Ap recie com moderação" - a letra gótica foi mantida, para não quebrar a linha do bom gosto. A taça, criada espec ia l me nte para essa cerveja e vendid a aos interessados, é fe ita artesa nalme nte em vidro sopraCATOLIC ISMO
cio, um a a urn a, com a logo marca Bohemia Co11fi-aria impressa e m dourado e verme lho.
e não é transparente, mantendo assim o clima rnisterioso que ronda a receita do líquido" . O vi sual imita a cerâmi ca.
Bom gosto de COllSllllli<IOl'eS cxige11tcs U ma entrevista da gerente de inovações da AmBev (a empresa fabrica nte), Yi vian Jacobsohon Serebrini c,* comp leta informações. O lançamento dessa cerveja se deve ao íato de que "o consumi-
dor.fica cada vez mais exigente e o mercado amadurece" . O produto é inspirado nas rece itas registrad as pe los monges be lgas durante a Tclaclc Médi a. Os monges foram os responsáveis pela adi ção cio lúpul o à receita. O lançamento não é íe ito no escuro. A empresa pesqui sou muito. A gerente destaca que, cerca ele um ano antes do lançamento, foram rea li zadas pesqui sas sobre a Bohemia Confi-aria, e que o público-alvo mostrou -se muito receptivo. '.' O consurnidur gostou rnuito da histó-
ria que envolve a Boh.emia Co,~fi-aria 1--- 1- Pela sua história rica, sua associação com os monges, o produto traz uma aura de mistério. Aliada à sua qualidade, proporciona uma verdadeira experiência ao consumidor". E acrescenta: "O clima das abadias, que produziam a cerveja em escala pequena, é traduzido por meio da embalagem, que tem produção quase artesanal
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Pod eríamos ter exemp lifi cado co m vin hos, com quitutes, com roupas, com decoração ele interi ores, com arqui tetura, etc. N ão nos fa ltari a matéria. Notamse por toda parte - em me io aos horrores e às cacofonias da babel conte mporânea - sintomas desse renascer cio bo m gosto tradicional e dessa aspiração vol tada para o sublime, e m última análi se para Deus. Que Nossa Senhora, Rainh a de toda ordem e de toda beleza, co loqu e seu manto virg in al sobre essa tenra pl anta que medra e m solo tão adverso, ele modo que e la possa crescer e desenvo lver-se até desabrocha r completamente no Re ino ele Maria, ele que nos fa la São Luís Grigni on ele Montfort. Mes mo que para isso te nhamos que at ravessar o vale escuro das provações e castigos anunc iados e m Fát ima, até o triunfo final cio Im ac ul ado Coração ele Maria. • E-mail do autor:
Notas:
* hll p:/tro ru
111 . rn xs tucl io.co rn .br/i ncl ex .ph p?show lopi c= 15094
"Sobre esta pedra edilicarei a minha Igreja '' Há500 anos, o Papa .Júlio H colocou a pedra fundarncntal da atual Basílica de São Pedro crn Ro,na. A imponência do 111aior templo da Terra refulge especialmente pelo seu significado sohrenaturaJ.
Lu1s DuFAUR
A
uni c icl ade el a Ig rej a Ca tó li ca, a ~nica verdadeira , a única santa, a un1 ca sucessora dos Apóstolos, a única genuinamente católica - universa l - é percebida ao vivo no excepc ional compl exo artístico el a Basílica de São Pedro e sua praça. Um exemplo eloqüente di sso deu-se há não muito te mpo. Um pastor ang li cano que visitara a Basílica, es tando ainda em Roma, confessou a um co lega que Lgreja verdade ira só pode ser MAIO2006 -
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universal, e que a igreja nac ió nal - a anglicana - não valia nada. Pouco depoi s abandonou o anglicanismo, tornouse católico juntamente com a sua paróquia, fez-se sacerdote e adotou os ritos católicos tradicio nai s. A grandeza e o esplendor do conjunto arquitetônico es tão intrin secamente unidos à glorificação de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos e cabeça da longa séri e de Papas que, como Vigá rios de Nosso Senhor Jesus C risto, tê m conduzido e conduzirão a Ig reja até o fim dos te mpos. A ~asílica foi construída em fun ção do túmulo de São Pedro. Representação material consoladora da promessa de Nosso Senhor: "Tu és Pedro, e
sobre esta pedra edi:ficarei minha Igreja " (Mt 16,18). Porém, quando São Pedro radicou o seu trono e m Roma, no ano 42, as aparências eram fund a me nta lme nte outras.
O local
11a
época ele São J>edt'O
No século I, funcion a va no local o circo de Calíg ula, um dos ma is depravados Césares pagãos. Esse c irco servi a para corridas de quadri gas e os mai s torpes esp e tác ulos. Quantas vezes São Pe dro teri a fitado co m horror a que le local, que exalta va o oposto d a c ultura e da civilização desejada pel o Divino M es tre ! Sua fé ardente e inabaláve l fazia-lhe prelibar o dia e m que Roma, a capital do mundo, prosternar-se-ia convertida aos pés do Redentor. Mas os fatos pa-
reciam contradizer essa certeza. São Pedro viu aquele circo ser restaurado, engrandecido e e nriquecido pe lo criminoso imperador Nero . O próprio São Pedro foi ali crucificado no ano 67, de cabeça para abaixo, após Nero desatar em 64 a primeira grande perseg uição contra os cristãos. O corpo do Apóstolo foi de positado num esquálido túmulo ao lado do circo; e os fi é is, nos interstícios das perseguições, o iam ve ne rar. Podemos imaginálos cheios de fé, iludindo a vig ilânc ia da soldadesca e talvez ouvindo os brami dos das multidões no circo, aproximando-se cautelosame nte para elevar uma prece naquele túmulo agrado e re vigorar sua certeza no triunfo da Ig reja.
Le11a11tam-se templos sucessivos Tem-se notíc ia de um sin gelo te mplo e rg uido sobre o túmulo de São Pedro pe los primeiros cristãos. Nada de le restou, poi s e m seu luga r, no ano 325, Constantino, à testa de um Império cristianizado, ma ndou construir uma magnífica bas ílica e m estilo romano, e m honra do Príncipe dos Apóstolos. Não se tinham completado três séculos do martírio do Pescador, e e le triunfava no ápice do mundo c ivilizado, como firm e me nte acreditara. Ao longo d os séc ulos esta bas íli ca constantiniana so fre u sucess ivas reformas e ac résc imos, e ta mbé m toda es pécie de ca lamidades. E m 847, os sarracenos a pilharam. Para protegê- la dos
Plantas superpostas mostram a posição exata do circo de Calígula e da atual Basílica de São Pedro . Pequena seta indica o lugar onde antigamente estava o obelisco .
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CATOLICISMO
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maome tanos, o Papa Leão IV a rodeou com um muro e torres fortificadas. A área assim protegida foi chamada de Cidade Leonina, que foi o e mbrião d a hodierna Cidade do Vaticano. E m volta d a basílica surgiram ig rejas e moste iros . Os Papas construíram um dos seus melhores pal ác ios. No inte rior, o ve nerando templo albergava quanto ha via d e ma is precioso ofertado por gerações de pereg rinos. Quando o Papa Martinho V retorno u a Roma, encerrando mais de um século de cisma, a velha basílica semi-abandonada ameaçava ruir. Nicolau V qui s edificar uma nova, mas faleceu e m 1455 , tendo completado apenas alguns a lice rces.
Bernini , do famoso baldaquino sobre o túmulo do Apóstolo e da conhec ida colunata que abraça a praça. E nqu anto L utero e seus asseclas rug ia m de ódio, o Papa Paulo V di spôs que a Basílica tivesse forma de cru z latina, para melhor se adeq uar ao esp írito d a Contra-Reforma. Vi stas do a lto, a Praça e a Bas íli ca formam o dese nho de uma c have. Pois , efetivamente, o sucesso r de Ped ro exerce o poder das c hav es: a c have de o uro (o poder supre mo na esfera eclesiástica e no tocante à fé e aos costumes) e achave de prata (o poder indire to sobre a esfera temporal).
Per egd11a11do Co11stl'ução da atual Basílica Era o tempo da Renascença, do inebriamento inte mperante pelo retorno aos estilos clássicos greco-romanos e pelas realizações aitísticas exuberantes. Desse ponto de vista, críticas fundad as se poderiam fazer ao edifício. O Papa Júlio II confiou o plano da Basílica e a sua execução ao famoso arquiteto Bramante. Júlio IT e m pessoa, na presença de 35 cardeais, colocou a pedra fundamental há 500 anos, e m 18 de abril de 1506. A construção da Basílica durou ma is de um século, tendo sido consagrada e m 18 de nove mbro de 1626 por U rbano VIII. Bramante fora sucedido por artistas como Rafael e Mic he langelo - este concebe u a majestosa c úpula, que se e rgue a 136,50 metros; Maderna é o autor da fachada ; e Antiga Basílica de São Pedro - afresco do século XVI
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seu interior
São tantas e tais as re líq ui as e tesouros que e ncerra a Basílica, que a s impl es descri ção preenc he ria um liv ro. Peregrine mos, ao menos esp iri tua lme nte, por e la. Beij e mos o pé d a multissecul ar estátua de bronze do Apóstolo São Pedro, gasta por incontáveis óscul os dos pereg rinos; ajoelhe mo-nos piedosamente dia nte do A ltar da Confi ssão, sobre o túmulo do Pescador; venere mos a cátedra de Pedro no A ltar do Trono; rezemos a Nossa Senhora diante da famosa Pietà de Michel a ngelo; ve ne re mos os túmulos dos Apósto los São S imeão e São Judas Tadeu; adm iremos agradecidos a pedra sobre a qual Leão nr coroou Carlos Magno, lança nd o os fundame ntos do Sacro Império; co ns i leremos a maternalidade da Igrej a dando sepu ltura, na Basílica, aos re ma nesc ntcs ela casa real da Escóc ia; à Rainha ri stina ela Suécia, convertida à fé cató lica; à condessa Matilde ele Canossa, grande a1 o io de São Gregório VII na querela elas in vestiduras contra o Imperador Henriqu e IV; e a Pierluigi ele Palestrin a, que o rn ou a Ig reja co m suas compos ições de mú s ica sacra pol ifôn ica; percorramos em es1 írito ele oração os túmulos ele Papas que tanto se distinguiram por seu zelo apostólico - como ão Pio X e o Bem-aventurado lno ê nc io XI; ele um bispo como São Josaphat, que recondu ziu os ucrani anos ele volta à Ig reja; contempl e mos a sagrada impo nê ncia la construção; reconstituamos e m me nte a so lenidade ele inúme ras canonizações a li pronun c ia d as e el e dogmas proclamados, como o ela infalibiliclacle pontifícia e o
Estátua de São Pedro. Seus pés estão gastos, devido à veneração dos fiéis
ela Imaculada Conceição. Teremos enchido uma j o rnada densa e inesquecível, reverenciando ape nas uma parcela dos infindo tesouros es pirituai s ela Basílica .
Ameaças e triunf'al vitória Hoje, ta lvez ma is do qu e o utrora, a Basílica não é imune a a meaças e in ícli as. De um lado, fa la-se que o terrori s mo islâmi co planeja ating i- la com um atentado. També m há décad as o progressismo cató li co, ostentando um fa lso ze lo pelos desfavorecidos , ve m difundindo a idé ia in s idi osa de que o Templo - com todos os tesouros artísticos do Vaticano - deve ria ser ve ndido e m be nefíc io dos "pobres". O túmulo de Pedro venceu torme ntas e a meaças que, e m suas várias épocas, podem ter parecido invencíveis. De todas e las a divindade ela Igrej a e a incolumidade do T ro no ele Ped ro sa iu mais rutil ante e m graça e esplend o r. Símbolo emine nte disso é o multimi le nai· obeli sco de 360 toneladas, que se e rgue no centro ela praça. Foi e le arrancado pelas leg iões romanas do Templo do So l e m Heliópolis, capital do Egito antigo. Esse obe li sco fora colocado no ponto central do circo de Ca líg ula e Nero, como s in al de que Ro ma do min ava o mundo . O Papa S ixto V transferiu-o para
Túmulo de São Pedro na cripta da Basílica
a praça, coroando-o com um c ru zeiro de bronze que leva e ncastoacla uma re líquia da Santa C ru z, s ig no triunfal ela mag nífica vitó ria de Nosso Senho r Jesus Cristo so bre todo o o rbe . Esse sin a l evoca o le ma d os ca rtu xos: "Stat Crux dum volvitur orbis" (a C ru z perma nece ele pé e nqu anto o orbe g ira). O utro tanto pode-se dizer da Igreja e ela g rande Bas ílica de São Pedro e m Roma. • E- mail do autor: lui sdufaur @catolicismo.com.br
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• ,Freud, propulsor da revolução sexual A doutrina freudiana -
muito conforme à teoria n1arxi8ta - colide cmn a moral católica e a próp1ia Lei natural, revoluciona os costumes tradicionais, destruindo as barreiras morais que todo homem deve manter 1,
CARLOS EDUARDO SCHAFFER
P
asseand o por Viena, aind a hoj e sentimos que pairam no ar, em algun s lu gares, restos do perfum e que fez desta cidade imperi al, duranle muitos séc ul os, a c id ade européia cio charme por exce lência. Co mo neste mês cumprem-se 150 anos cio nasc imento de Sigmund Freud (6 de maio de 1856), meus passos se diri giram ao famoso nº 19 da Bergstrasse. Uma ru a com um, não longe cio préd io central da U ni versidade de Vi ena. A li viveu por quase 50 anos o invenlor da psicanáli se. A lém de seu domicíli o, ele tinha ali lambém seu consultório. No local onde exam inava seus pacientes, não encontramos nada de especialmente pessoal. Chama a atenção apenas o famoso " divã", onde se recostavam os que aceitavam submeter-se a seus exames. Nada fazia prever que naquele lugar, paca to durante os anos em qu e Freud exerceu suas atividad es, monlava ele uma verdadeira rev olução cios costumes. Co m efeito, as tendências clesorclenaclas da sensualidade sem freios, que vinham crescendo ao longo de todo o sécul o XlX, lutavam para encontrar no terreno ideológ ico uma doutrina que as ju stifi casse; e ass im mais fac ilmente as libertasse das leis, da moral, dos costumes e da mentalidade provenientes ele épocas ele fé católica, que contrari avam profundamente essas más tendências. 1 Tal fo i o papel ela doutrina freudiana.
Contagiando com a "peste " Freud e o freudismo estão intimamente li gados à " revolução sex ual". 2 Conta
CATOLIC ISMO
diversas interpretações ao mundo; mas o de que se !rala é de lransformá -lo", di zia E ngels. E acrescentava: "Marx Über Feuerba ch " (Marx ac im a el e Fuerbach). 4 De maneira semclh anlc, o freudismo não é apenas uma leoria sobre a psico logia humana, mas sobretu do uma práxis - a lécnica ps icanal ílica lem como mela transformar o homem a partir ele seus funclamenlos instinli vos e lenclenciais. De tal maneira a metas ela Revolução co mporlam um a mudança rad ica l na cultura e na civ ilização, que a nalureza do home m ran ge ao lenlar acomodar-se ao novo mundo desejado po r ela. É necessári o pois que Slllja um "homem novo". Um " homem novo" coletivi zaclo, não "egoísla", amora l, em uma nova relação com a natureza, que terá repudi ado especia lmente a Religião calól ica co mo uma " ilu são". Ta l é a mela la evo lução ela psique, segundo a teo ri a freudiana, e que vem ao enconlro elas necess idades cios teóri cos cio com uni smo, que edificam sua utopia sobre a base desse homem-massa, homem escravo.
tin o do homem ", escrev ia Freud em seu arti go " W eltan schauung", 5 onde ex punha sua visão cio mundo. Poderes ocultos estes que, para ele e seus mai s imediatos co laboradores, fora m tomando cada vez mai s claramente a forma ele uma reli gi ão.
Figurinhas esotéricas sobre a escrivaninha de Freud
O "deus" 1~1·0s Freud em seu escritório . De suas doutrinas surgiu e se afirmou a "revolução sexual" do século XX
Ern est Jones - di sc ípul o de Freud que escreveu sua vicia - que, chegando ambos a Nova York, comentou Freud olhando cio convés cio nav io para o porlo dessa cidade: "Estamos lhes I razendo a peste" ,3 referindo-se ao método ele psicanálise que iri a espalhar entre os ameri canos. Com efeito, das doutrinas de Freud surgiu e se al'iirnou a " revo lução sexual" cio sécul o XX, ex pandindo-se sobretudo a partir cios EUA. Fabri cou-se então o homem dito cio séc ul o XX - " clescornpl exaclo", quer dizer, se m barrei ras morai s - o qual ass istiu sem espanto à instalação da inteira liberdade sex ual cios j ovens antes cio matrimôni o, o aborto, a queda das barre iras cio horror clianle ela homossexual idad e, etc. E. te foi o resullaclo da revolução freudi ana - até o momento,
poi s um a loco moti va sem freios não se clclém numa rampa descendente.
Surgimento do "homem novo" É possível ca ir mais bai xo? lnfel izmente, sim. Freud o tentou quando qui s divini zar o instin to sex ual , corno fi zeram al gumas rei igiões pagãs da A nti guidade na G réc ia e na Índia, por exempl o. Para consegui -lo, não basta dar livre curso às tendências clesorclenaclas cio homem, que o levam a afaslar-se ele Deus e até odi á- lo. É preciso dar-lhes uma nova visão cio mundo, idéias e meios para modificar tudo aqui lo em que se acreditava". O marx ismo e o fre udi smo estão intimamente l igados, na revolução cio sécul o XX. A filosofia marxista é umaprá.ú s que pretende mod ifi car o mundo. "Os .fil6sofos não .fizeram. mais do que dar
Segundo Freud, ex islem !ois instintos bás icos que govern am abso lu tamcnlc a vicia cio homem e ela socicclaclc: o instinlo ele morte, que preva leceu alé agora por meio da civili zação moderna, inclu slri al , dominada pela técnica, que tende a impor a viol ência ele uns sobre os outros dos homens sobre a nalureza, levando pouco a pouco e in ev ilavc lm enle à clcslruição da humanidade. Opondo-se a lhana tos (o inslinto ele morlc), surge elas profuncliclacles ela psique o instinlo sex ual , o " deus" Eros, que tende a unir todos os homens pe lo amor. A maturaçã final desse instinto deve resullar - mediante a uni ão panteí tica ele todos os seres humanos no seio desse "deus" - numa paz uni ver ai e perfcila.
"Poderes obscuros, insensfveis e com desamor de!erminam o eles-
"Divã", onde se recostavam os que se submetiam aos exames de Freud
"Freud tinha um. inleresse apaixonado pelo diabo. Rodeou-se de pessoas interessadas pelo diabólico, corno Jung, Fren.czi, Rank, Reik, Lou Salomé, etc. Vivia atraído por dois pólos: o racional e o irracional. Malerialista e rnecanicista por um lado, e interessado em ocultismo, parapsicologia, religião e mag ia por ou / ro ". 6 Que relação ex istia, na mente de Freud, entre o " homem novo" psicanalítico e sua fascinação pelo ocultismo? No mu seu ela Bergstrasse 19, após lançar um último olhar sobre as fi gurinhas esotéri cas, que evoca m o pretern atural , obre a escri vaninha ele Freud , sa ímos à ru a, onde o homem cio séc ulo XXI se agita inquieto, cheio ele ilusões ele fel iciclacle; e onde a fé encontra apenas um peq ueno es paço, na grande maiori a das pessoas, enquanto o neopaganismo avassa lador torn a-se terreno f értil para a ace itação cios mitos reli giosos cio mundo antigo, que não conheceu Nosso Senh or Jesus C ri sto. E le, que nos redimiu com seu sangue, nos ensinou ser "o caminho, a verdade e a vida" . É a única senda para alcançarm os o Céu. • E-mail do autor: csc hal'fer @catoli cismo.co m.br
Vista geral de seu escritório . Freud sempre interessou-se por ocultismo, parapsicologia, religião e magia .
Notas: 1. Cf'r. Plíni o Co rrêa el e O li veira , Revo/11 ção e Co11tra -Revo/11ção, 1, 5, A rtpress, 4" ecl ., São Pa ul o, 1998. 2. C J'r. Wi lh em Rei ch, La Révo /111io11 sex11 el/e, pró logo ela 4" edição. 3. " /I s 11 e sa ve 111 pa .1· q 11 e 110 11 .1· le11 r appor/011 .1· la pe.,·te ", Freud a Jun g, lorsqu ' i Is arri ve nt en Amé riqu e www . gri g ri . t v/ bla b la s/ 1i vre - no i r s chanal se4. Quell e: Marx -Engels Werk e, Band 3, Seite 553 rr. Dictz Yerlag Berlin, 1969. 5. Stcl . Ecl. tomo XX II , p. 167. 6. C J'r. Fre11d e o Diabo , Lui se Urtubey.
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co munidade de Circé, foi preso jun ta me nte co m mui tos outros cri stãos durante a perseguição ele Valeri ano. Foram alinhados na vertente de uma co lina, o nde tivera m a cabeça decapitada. Primeiro Sábado do mês.
Pedro o Venerável. "A elevada auloridade moral de Clu ny, que do século X ao XII estes abades colocaram a serviço da Igreja e da paz civil, explicase pela irradiação de suas personalidades, pela estabilidade de seus mandatos isentos de Ioda ingerência seculcu; e por sua .fidelidade, nada preferindo à Obra de Deus" (do Martirológio Ro mano-Monástico).
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Domingo do Bom Pastor
Santo Epil'ânio, Bispo e Confessor
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+ Chi pre, 403. Judeu converti-
São Pedro de Tarantésia, Bispo e Confessor
do da Palestina, viveu em sua vil a natal como monge durante 30 anos, quando fo i nomeado Bispo de Chipre. Grande pole mista, "sua erudição e amor pela ortodoxia levaram-no a denunciar várias dou trinas maculadas pela heresia" (cio Mmtirológio).
São Mariano e Companheiros, Mártires + Argéli a, séc. Ili. Leitor na
São .José Operário , Esposo ela Santíssima Virgem
2 Santo Atanásio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Alexandri a (Eg ito), 373. Grande defensor ela fé contra os arianos, ex il ado cinco vezes por imperadores favo ráveis aos heresiarcas, suportou toda sorte de calúnias de seus inimigos.
3 São .Juvena l, Bispo, Confessor + Itá li a, 376. Médico no Oriente, em igrou para Narni (Itáli a), sendo nomeado B ispo da c idade pelo Papa São Dâ maso. Sa lvou sua Sé da destrui ção por parte dos liguri anos, obtendo do Céu uma tormenta q ue os afogo u.
4 Santos ,João Houghton e Companheiros, Mártires + Londres, 1535. João, Roberto Lawrence e Agostinho Webster, cartuxos, e Ricardo Reynolcl, marti rizados por se terem recusado a aprovar o Ato de Supremacia, que aceitava o lúbrico rei Henrique VIII como chefe da Igreja na Inglaterra.
5 Santa .Jutta von Sangerhausen, Viúva + Alemanha, 1260. Natural da Turín gia, e nv iuvando mui to cedo, mudou-se para a Prússia, fe udo dos Cavaleiros Teutô nicos, dos quais seu irmão e ra grão- mestre. D oou toda sua fo rtuna aos pobres, dedi cando-se a seu serviço. Primeira Sexta-feira do mês.
+ França, 11 74. E ntro u para o moste iro c iste rc ie nse de Bonnevaux. Seu pa i e dois irmãos segui ra m-no nesta dec isão. Nomeado Arcebispo de Tarantésia, reformou a disc ipli na ecles iástica, substituiu um c lero corrupto de sua catedra l por cônegos regu lares e desapareceu, para to rn ar-se irmão leigo em um convento na S uíça. E nco ntrado, teve que reass umir suas funções.
9 São Nicolau Alberati , Confessor + Bolonha, 1443. "Ca rtuxo, ordenado Bispo de Bolonha,foi nomeado Núncio Apostólico do Papa Martinho V. Trabalhou com sucesso para restabelecer a paz entre a França e a Inglaterra" (cio Martirológio).
1o Santo Antonino de Florença, Bispo e Confessor + 1459. Antôni o, conhec ido pelo diminutivo por causa de sua estatura, tornou-se célebre por sua doutrina e obras. Defendeu o Papado no Concíli o de Basilé ia e a sã doutrina católica no de F lorença, contra os autores do cisma grego.
11 Santos Abades ele Cluny, Confessores + Séculos X a XII. Santos Odon, Majolo, Odilon, Hugo e
13 Aniversário da primeira aparição ele Nossa Senhora em Fátima
14 São Matias, Apóstolo e Mártir São Michel de Garicoits
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São Simão Stock, Confesso r
Sa nLo l lospício, Confessor + F ra nça, séc. VI. " Havia predito uma próxima in vasão dos lombardos, caso a Gália [atual França] não.fizesse penitência. Quando, efetivamente, os lombardos chegaram, dedicou-se a converter um grande número de in vasores àfé e aos costumes cristãos" (cio Marti rológ io).
+ Inglaterra, 1265. Gera l ela Ordem do Carmo, recebeu da Sa ntíss ima Virgem o escapulário com a promessa ele que não padeceri a a. penas do infe rno que m co m e le p iedosamente mo rresse.
17 São Bruno de Würzburg, Bispo e Conl'essor + Á ustri a, 1045 . Filho do D uque da Ca ríntia e da Condessa Matilde, torno u-se B ispo de Würzb urg. Construiu várias ig rejas e sua Sé catedral. Erudito escritor, por indi cação cl im perador Co nrado II fo i pro mov ido à Sé ele Mi.Ião. Fa leceu na Áustri a.
IH Santo 1'.:,·ico Rei, Má rtir + S uéc ia, 1150. Promoveu a e va nge li zação cios finlandeses, ainda pagãos . Suas "Leis de Érico" mui to favorecera m a Igrej a e as mulheres, tratadas até então com escravas. Fo i marti rizado pe lo pretende nte din amarqu ês ao trono ela S uéc ia, quand o acabava ele assistir à Missa.
+ França, 1863 . Francês, foi denominado no se1ninário "o novo São Luís Gonzaga". Corno pároco, reformo u espiri tualmente seus fié is. Corno professor ele se min ári o, fez progredir na piedade profe sores e alunos. Filho fidelíssimo da Igreja, combateu tenazmente a heres ia jansenista. Fundou a Sociedade dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.
15 Santo Aqu iles, Bispo e Confessor + Grécia, 330. Bispo ele Lm·issa, na Grécia, fico u célebre pelo dom dos mi lagres. FaJeceu em sua cidade episcopal ao voltar cio Concílio de Nicéia. Os búlgaros obtiveram suas relíquias, e as transportaram pm·a a cidade ele Presbo, que tomou então o nome de Aquili.
19 São Ivo, Confessor + França, I 303. Sacerdote, padroeiro cios advogados, estudo u D ireito e Teo log ia em Pari s e O rleans. Tra nsform ou o so lar q ue recebera cios pa is e m hosp ita l, asilo para ve lhos e c ria nças aba ndonadas. Lá esta be leceu ta mb m seu escri tó ri o para a tender consul tas dos pobres e dos desamparados, não havendo advogado el e ma is re nome ne m pessoa ma is es tim ada m toda a Breta nha, el a q ua l se to rno u um dos sa ntos ma is pop ul ares.
20 São Bernard ino ele Siena, Confessor (V ide Cato li cismo, ma io! 2000).
22 Sa nta Rita de Cássia, Viúva (Vid e Ca tolicismo, ma io/ 2005 ).
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ai da Igreja. Abençoada com graças místicas, deu o melhor de si mesma na .fide lidade quotidiana aos três votos de sua pro.fissão religiosa" (cio M arti rológio).
2fi São Quaclrato, Confessor + Atenas, séc. II. "Discípulo dos Apóstolos, na perseguição de Adriano reuniu, por sua fé e atividade, sua Igreja atingida pelo terror e dispersão, e apresentou ao imperador uma útil apologia da religião cristã, digna da do utrina que ele havia recebido dos Apóstolos" (do Martiro lógio).
Santa ,Joana An tida Tl1ourét, Virgem
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+ Nápoles, 1826. Esta deste-
São .Jú lio, Mártir
mida santa passo u por grandes peri gos e provações durante a Revo lução Francesa, ensin ando catecismo, cui da ndo ele doe ntes e da ndo esconderijo a sacerdotes em pleno Terror. Fundo u em Besançon um ra mo das Irmãs ele Cari dade.
+ Bul gária, séc. IV Veterano das leg iões romanas, às qu ais tinha servido por 26 anos, esta nd o e m servi ço num a el as fro nte iras cio Impéri o, fo i condenado à morte com dois companhe iros, na pe rsegui ção de D iocleciano, por ter-se recusado a sacrificar aos ídolos.
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Nossa Senhora Aux iliadora São Vicente de f.érins, Confessor
ASCENSÃO D8 NOSSO SGNI-IOR .J GSUS CRISTO
+ França, 445. Jovem gau lês, abandonou a ca rre ira mili ta r pm·a tornm·-se monge em Léri ns. Ordenado sacerdote, "ficou cé1eb re na história da Teologia por sua doutrina sobre a Tradição, em que a.firma que a inteligência da fé e a fo rmulação dogmática devem progredir na Igreja com o tempo, mas exclusivamente no mesmo sentido e na mesnut crença" (do Martirológio), e que são verdadeiras aquelas doutrinas que assim foram consideradas "sempre, em toda parte, e por todos os.fiéis".
25 São Gregório VII, Papa e Con fessor Santa Maria Mada lena de Pa zzi, Virgem + Florença, 1607. Carme lita aos 16 a nos, "ofereceu sua vida pela renovação espiritu-
Intenções para a San ta Missa em maio Será ce lebrada pe lo Rev m o . Padre Dav id Fra nc isq uini , nas segu intes intenções: • Em come moração do 89° aniversá ri o da l ª aporição de Nossa Senhora de Fátim a aos três pastori nhos, no dia 13 de ma io de 19 17. Ped indo para todos os leitores de Catolicismo um oumento ainda maior na devoção à Santíssima Virgem.
29 São Máximo ele Tréveris, Bispo e Confessor + França, 349. Sucedeu a Santo Agrício como Bispo dessa então c idade imperial, di stinguindo-se por seu zelo e fortaleza. Acolheu Santo Atanásio exil ado por sua ortodox ia, pm·ticipou cio Conc ílio de M il ão, no qual os arianos fora m conde nados . Morreu na França, para onde fora dev ido à perseguição desses mesmos arianos.
30 Sa nta .J oana d ' Are, Virgem (Vicie p. 36).
31 VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA A SANTA ISABEL [antigamente Nossa Senhora Ra inha].
Intenções para a Santa Missa em junho • Supli cando ao Sagrado Coração de Jesus - a principa l celebração de junho - que cumule de graças mu ito especiais a todos nossos leito res e suas respectivas famílias.
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pratica m em razão de conse lhos recebi dos através desse número te lefônico.
"Direito de Nascer"
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A associação francesa Drojt de Naitre (Direito de Nascer) exerce eficientíssima ação de resistência ao aborto na França, coordenando esforços para clin1inar tal prática criminosa 11 N ELSON FRAGE LLI -Diretor d e
Dro,t de Nartre
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esde o iníc io de sua fund ação, em 1995 , a associação Droit d e Naftre* estava convenc ida de que a onda pró-aborto tinha solução, e propôs medidas que de nortearam as forças abo rti stas. Nunca anteriormente os deputados, senadores, mini stros e o próprio presidente ela R e pública receberam, diretamente das famílias, ta ntos protestos pe la ex istênci a ele uma lei que não considera o aborto como e le realme nte é um crime. Para obter esses resultados, Droit de Naftre utili za todos os me ios legai s à d isposição: campanhas de inform ação, re uni ões públicas, apelos e interpe lações a altas autoridades do país. Droit de Naftre foi a prime ira assoc iação francesa pró-vida a alertar deputados, senado res e mini stros sobre a conseqüê nc ias psicológicas e traumáticas d aborto. Essa medida de alerta seguiu-se à publicação do livro "50 Questões - 50 Respostas sobre o aborto" (foto ao lado) em duas ed ições de 80 mil exemplares. Esta obra fo i pessoalmente apresentada a João Pau lo II em 17 de dezembro de 1997 .
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No último ano, a partir de junho, a ação públi ca ele Droit de Naftre visou sobretudo o esclarecimento da juve ntude, poi s, e mbora tenha diminuído o nú mero total de abortos praticados na França, aumentou drasticamente essa prática entre as menores de idade, de 15 a 17 anos. Esse aume nto fo i de 8 mil a 11 mil abortos anuais. CATOLICISMO
O s exames vestibulares realizados no mês de junho 2005, em toda a França, incluíram entre as questões a análise de um artigo já publicado pela imprensa, favorável ao aborto. Era pedido aos vestibulandos o desenvolvimento de novos argume ntos em defesa da prática abortiva. Diante dessa investida abortista junto aos jovens, por parte do governo, Dro it de Naítre denunciou em comunicado de imprensa a parcialidade do Mini sté ri o el a Educação. Como pode um órgão público constranger a consciência dos jove ns? O primeiro-mini stro, Dominique de Yillepin, recebeu petições de 4.640 me mbro s de Droit de Naít re, reclamando contra tal atitude e ex igindo medidas corretivas urgentes. Essas petições foram e nviadas a pedido de Droit de Naftre, por famílias a ela afi liadas. Pouco mai s tarde, e m sete mbro, os dois inspetores do Mi ni sté ri o da E ducação, responsáve is pela inclusão dessa questão no vestibular, foram de mitidos de suas fun ções . Ao mes11,1 0 tempo, aca lorados de bates na Assemblé ia Nacional e na impre nsa discutiam o escânda lo. D~bates não agrada m aos partidári os cio aborto. Eles preferem introduzir suas malévo las disposições nos costumes e na leg islação, em meio à apatia gera l.
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Na França a esco larização é obri gatória até a idade de 17 anos , e os jove ns
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Em j ane iro deste ano foi largame nte a nunci a da por rá dio s, televisões e internet um documentário científico sobre a vida cio embri ão, ele sua concepção até o nasc imento. Pe la prime ira vez o grande público via essas im age ns colhi das no útero matern o, as qu ais reve lam, indubitave lmente, tratar-se o fe to de um er humano. Droit de Naftre lan çou imedi atam ente co muni cado ele impre nsa para lamentar que na França o embri ão,
e mbora seja clarame nte um ser humano desde sua concepção, não tem reconhec ime nto legal. Em reuniões públicas, Droit de Naftre convida representantes de organizações afins, bem como médicos e e nfermeiras, para seriamente preparar seus associados a melhor enfrentar os promotores do aborto - prática de morte e de vergonha. • E-mai I cio au to r: nelso nfragel li @cato licismo.com .br
* Os le itores que desejarem ma io res in fo rm ações sobre essa atuante assoc iação francesa pode m obtê-las no site: www .clroitdenaitre.org
Droit de Na,tre em sua primeira
participação na March pro Life, em 1998
passa m di ariame nte mai s de sete horas na escola. Nesse tempo de ap re ndizad o elevem cabe r medidas no sentido ele esc la recer a juventude a res pe ito ela g rav id ad e do aborto. Mas , ao co ntrário, em 1999 fora adotada na s esco las fra ncesas a di stribui ção gratuita el a pílula a bortiva aos menores ele id ade, a pílul a dita " do dia segui nte ". O pretexto para essa medida ele e xtrema permi ss ividade era diminuir a pnhica do aborto e nt re me no res. Visto que e ntão 8 mil menores de idad e o praticavam, adotava-se o abo rto químico para evita r o aborto c irúrg ico. De todo modo, co ntinu ava-se a sacrifi ca r inocentes. Como sempre acontece com as fa lsas medi das , o efeito foi precisamente o co ntrári o: as interrupções ele grav idez passaram de 8 a I J mi 1; isto é: 9,6 abo rtos por g rupo de mil jovens. Esse número continua aume ntando. Uma segunda campanh a, no ano passado, co nsistiu e m e nvi ar diretamente ao Ministro da Ed ucação pedi do de med idas eficazes, a fim de conter o abo rto e ntre j ovens. Não fa ltam ocas iões favoráveis para le mbrar às autoridades o estatuto jurídico cio nasc ituro . Na França, há mais de I O
Bulletin trimestriel d'informotion provie - Février 2006
anos, os tribunais não mais reconhecem o nascituro como pessoa jurídica, fican do assim aberta a porta também à mani pulação ele embriões. Todas as vezes que uma ocasião se apresenta desfavorável ao respeito da vicia ele um e mbrião, Droit de Naftre convida seu público a reagir, opondo-se à propaganda abortista . Essas campanhas tiveram c mo efe ito um considerável aumento los associados de Droit de Naftre no último a no. As pe rspectivas de crescimento são animadoras. E m 2005 a associação ·ontava com 60 mil fa míli as adere ntes, · ·,wi ou 400 mil cartas a novas família s. Um núm ·ro l •lcfô nico gratuito de ass istê ncia a ·stanlcs desa mparadas é posto à cli sposi<_:ão cio púb lico. São numerosos os ·asos de jovens gráv idas pensando e m rccorr •r ao aborto, e que não o
Em 1999 a as ocio c;õo real izou brilhante componha contra o pílula abortiva défendons l'enfant à naitr
défendons l'enfant à naitre
JEVO~
PRO-VIE
39 Avenue Pasteur • 92400 Courbevole - www.droildenoifre.org
Le statut juridique de l'enfant à naitre
Malaise dans le corps médical P
our la science et la médecine , les mysléres de l'embryon commencenl â être déchlffrés el le fcetus n·est plus du tout un inconnu. L'échographie dévoi le son pellt corps. l'amniocenlése les caractérlsliques génétiques de ses cellules. De nombreux traitements sont dis• ponibles pour soigner sa sanlé fragile . Si son stalut avait déjà donné des soucis au x juristas et aux tribunaux notamme nt lors de la di scussion d e l'amendement Garraud qui voulail pur• ger la jurisprudence actuelle de l'aberration selon laquelle un animal d'esllmation est plus prolégé qu'un enfant non né - aujourd'hui ce sont ca rrémen t des cauchemars. li esl vrai qu·enlre-lemps li y a eu le scandale des 351 foc lus « oubliés » de l'hõpilal Saint-Vincent-de-Paul qui a servi de catalyseur au x sentiments profonds des professionnels de la santé confrontés au drama de la destructlon volontaire d'un être humain innocent. Commen l se fait-il que ce même bébé. qui est devenu pour la médecine un patlent à part enllére. puisse êlre tué comme si de ri en n'était ? Deux médecin s français ont expri• mé leur mataise dans des livres qui posent énorm ément de questlons. Même si les réponses données ne sont pas loujours bonnes ... Mais c'esl déjà une belle viclolre pour la cause du respecl de la vie : les bonnes questions - des questions que les avan~ cées de la science rendent de plus en plus inévitables - commencent au molns à être posées. Le travail persistant de Droit da Naílre et du mouvement pro-vie ouvre une fente dans le mur du silence du « médicalement correct >> .
Sommaire Lo mojorité des Européens
ve ule nt davantoge protégcr
l'enfont à noitre
poge 4
Un cardinal qui
no mâche pos ses mots
poge 4
Nouvelfes du monde poges 6, 7 et 8
Adroite, la lettre envoyée par te cablnet du Premler Ministre en réponse aux pétltions de Droit de Naitre domandant à M.de Villepin des mesures formes pour que cesse la maln•mlse du tobby de l'avortement sur l'Éducatlon nationale. Nous reprodulsons en pago 5 lo courrler envoyé
à l'assoclatlon parle Ministre de l'Educatlon
Nationate.
(suite pages 2 et 3)
MAIO2006 -
-
Anti-deSarmamentismo brasileiro aplaudido em Nuremberg R epercutiu enormemente no exterior a retumbante vitória . do NÃO no referendo, realizado em 23 de outubro p.p. no Brasil, sobre a proibição da venda de armas de fogo e munição ,] .SÉRGIO D INI Z BIDUEIRA
m vista da es pe tacular vitória do N ÃO à proibição do comé rc io de J armas no Bras il , o Cel. Ja iro Paes de Li ra foi convidado a partic ipar do" 1Oº E ncontro Anu a l do World Fo rum on the
Future of the Sport Shooting Acti vities" (WFSA), e m Nure mbe rg (Al e m an ha), re presentando a assoc iação bras il e ira
Pela Legítima Def esa. O ilu stre ofi c ia l da Po líc ia Milita r de São Paul o e nvio u-nos um relato do importante e ve nto . Segue a transcrição de alg uns trechos. "C ump ro, com gra nde praze r, o deve r de info rmar aos le ito res de Catolicismo q ue a partic ipação dos que luta m pe lo dire ito à leg ítima defesa, e m minha pessoa, na "Sessão P le nári a do 10º E ncontro A nu a l do World Forum on the
Future of t.he Sport Shooting Activities" (www.wfsa .net), ocorrid a no di a 9-3-06 na c idade ale mã de N ure mbe rg, fo i um sucesso muito ma io r do q ue o es pe rado. Trata va-se de uma pl até ia comedida, que apla udiu di scretame nte as pa lestras dos que me antecederam . Mas, após o meu di sc urso, os presentes a pl a udira m- me ca lorosa me nte, com saudações e m voz alta, e pu seram-se e m pé ao fazê- lo. E u não espera va tanto . A seg uir, o preside nte da mesa dire to ra dos traba lhos profe riu um e logio es pec ia l à nossa vi tó ria no refere ndo. Por fim , a pres ide nte da pode rosa National Ri:fle Association (NRA) , S a ndra F roma n, ao faze r se u bravo discurso de e ncerrame nto, que ela de no mino u "Call f or Action ", me nc iono u quatro vezes nossa vitó ria, co mo um
CATOLICISMO
lln11íhan lrnn l{cl··crcnuum ., By Ja,oP
det,,
exe mplo in spi rado r para o mundo, e a inda teve a gentil eza de e log iar- me no mi nalme nte por duas vezes . Após o e ncerrame nto d a sessão, re presenta ntes de o ito países fi zera m questão de a pe rta r-me as mãos e de e nvia r suas me nsagens de reconhecime nto e de ca rinho aos milita ntes a nti -pro ibi ção de nosso Pa ís".
Educação moral,
intelectual e física
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" Foi o Dio do Brasil no WFSA , em Nuremb •rg!" . Assim noticio u o Cel. Paes de L ira su·:1 vilo riosa interve nção. O tex lo ele seu d isc urso naque le evento foi franco, o nlundcnte e direto. E xplicou como foi J oss ívc l, e m tão pouco te mpo, vence r un a balalha antes considerada irre mediavclm ntc perd ida, devido à farsa po lítica mo nt ada pe lo Gove rn o Fede ral para enganar o povo cm no me de um fal so exercíc io cl de mocrac ia. O sucesso ela partic ipação de Paes ele Lira já resul l u c m pelo menos três convites de peso. D verá partic ipar no Co ngresso Anual da NRA (Milwaukee, Wisconsin, maio de 2006); também do E ncontro Anual da ONU ·obr ' o conLrole de armas leves (Nova York, junho d 2006) e da Conferência Anua l cl ·1 S •cond Amendment Foundation, o ul1"'l pod erosa o rg ani zação antiproibicio nista dos Estados Unidos (Carolina do No rl ', s ' I mbro de 2006). No fórum da O NU, at agora só falaram sobre o referendo brasile iro os perdedores. Finalmente, o.· vc n · ·dor s terão voz.
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□ LEONARDO PRZYBYSZ
o m a pa rti c ipação ele 15 estuda ntes po lo neses, a Associação Padre Piotr Skarga rea lizo u ele 20 a 25 ele fe ve reiro último ma is um prog rama ele fo rm ação da juve ntude nos mo ntes Tatra, o nde se e ncontra o po nto ma is a lto da Polô ni a, o Rysy, com 2.499 111 ele a ltitude . Numa atmosfera de autê ntica comun icatividade os j o ve ns partic ipa ra m de re uni ões sobre catec is mo, a lé m de estudar as pectos atuai s do processo re vo lucionári o e os me ios efi cazes para de nunc iá- lo e co mbatê- lo. També m tive ram ocas ião ele ass istir di aria mente à santa mi ssa. Alé m elas ativi dad es inte lectua is, não podi a fa lta r um adequado e xercício fís ico. Com esse objetivo, esqui aram à vo ntade naque las mo ntanhas e visita ram o be lo castelo ele Orava, na Eslo váqui a, pa ís fro nte iri ço co m Po lô nia. • E-mail cio au tor:
catolicismo.com.br
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A vi age m à Ai ' manha perm itiu ao Cel. Paes de L ira f'·1l ar sobre Lema a grupos de diri gentes das T I•Ps ·1 lc mã, austríaca e francesa e m F rankfurt, e d po i e m Viena e Pari s. Esses n ·onlros ~ ram importantes, porque ta is qua lros d · liderança puderam o uvir uma narrali vll mais aprofundada de que m esteve na linha le frente em toda a campanha cio N Ã . Por fim , c m tod us as ocas iões, Paes de Lira fez qucstto d ' d stacar o importante papel que a asso ·iaç, Pela Legítima Defesa clcsemp ·nh u nas negociações que re ulta ra m no ·01w itc q ue lhe fez o WFSA pa ra seu ' n ntr a nua l de Nuremberg . Foi g raças a ssc traba lh o que os ve ncedo res cl re fe re ndo brasile i.ro, por primeira vez, fi 7.eram cc ar sua voz e m foros intern aci na is. • E-mai I para o autor: · li ·.
,
·iuoJi '-liiJll.O
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MAl02006 -
A Praça de São Pedro Símbolo das chaves dos Reinos do Céu e da Terra
Visão aéreo do praça e do Basílica de São Podro ■ PU NIO C O RREA DE ÜUVEIRA
N
a ilustração acima, vemos a fachada da Basílica de São Pedro - a loggia, fro ntispício triangular com as colunas que o sustenta m. Na frente da Basílica, encontra-se a famosa praça de São Pedro. A gló ria do santo é afirm ada ni sso, mas também a do Papado, porque os Papas são sucessores de Ped ro. Bem no me io da praça, chama a atenção um obelisco, essa ag ulha de pedra muito a lta, coberta de inscrições egípcias. Os faraós mandavam erig ir obeli scos narrando os fatos do re inado de les, ou coisas do gênero. O Egito fo i a mai s g loriosa das nações antigas, e a Grécia formou grande p;ute de sua cultura aproveitando e lementos da cultura egípcia. Os romanos, por sua vez, inspirara m-se em larga med ida na cultura da Grécia. Assim, um obelisco no centro daque la praça tem muito significado. No a lto do obeli sco fo i
co locada uma cru z, simboli zando assim o triunfo da a11ln Cru z de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre o mundo int ' iro. A idé ia que pres ide o conjunto da praça e da Basfli ·u <k São Ped ro é a representação de uma chave. É muito significativa, e merece registro, essa idéia de apresentar a praça e a Basílica em fo rma de chave, • lembrando as chaves do Apóstolo São Ped ro - a chave dos Céus e a da Terra - o pod r exercido no Re ino do Céu e, indiretament , no Rei no da Terra! Habitualmente, no dia de Corpus Christi, o Papu rea li za na praça a procissão com o Santíssimo acramcnlo. Partindo do alt;u· do Ssmo. Sacram nto, e le sa i do lado du Ba ílica, dá a volta e retorna cl oulro lado. Uma mullid:10 dentro da praça e grande núm •ro d' fi is nos tlil'í ·ios prn ximos acompanham o itin ' rário da pro ·issao, ao srnn dos extrao rdin ári os sinos da Basíli ·a. •
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em 11 de novembro de 1988 .
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UMARI
CoRR A I e OuvE1RA
,Junho de 2006
Nº 666
As forças do caos Emface de crises, a opinião pública cm épocas passadas,
4
CAl~Ti\ DO D11mT01<
reagindo sadiamente, as debelava. Hoje, frente ao caos, a opinião pública parece encontrar-se nu1na situação de "beco scrn saída".
5
P ÁGINJ\ MAIUJ\Ni\
7
Lm·1·L11<A EsPIIU'l'lJ/\1,
8
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A ssim, fi ca-se numa dessas situ ações que é um beco sem sa ída, porqu e o contex to não pi ora consideravelmente, e sobretudo não melhora. E fi ca pairando sempre a ameaça de que, se a cri se não for reso lvida, descambar-se-á para o caos. E ta l sensação perm anece em todos os momentos da vida atual" . •
ão Paulo viveu alguns dias de terror, no mês de maio último. O poder da criminalidade , multiplicado pelos boatos espalhados através da mídia e da internet, transmitiu uma sensação de força do chamado "crime organizado" e disseminou o caos na maior cidade do País. Alguns classificaram esse período como "dias de Bagdá em São Paulo". As forças obscuras do caos, produzindo a desordem no organismo social, precisam ser analisadas, detectadas e combatidas. Somente com a restauração moral da sociedade, entretanto, tal combate poderá alcançar verdadeiro êxito. A seguir, transcrevemos trecho de um comentário feito por Plinio Corrêa de Oliveira em 15-4-91, analisando o modo pelo qual situações caóticas criam o "aspecto de um beco sem saída".
S
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"Atravessamos uma situação que se caracteri za pelo seguinte: tudo quanto se lê, todo e qualquer panora ma que v mos desenrolar-se aos nossos olhos, cm qu alqu er setor dus ati vidades humanas, tem hoj e em di a o aspecto de um b ' ·o sem saída. E m outras época: não era ass im . Em vá ri as amas da r ·11 li ladc surgiam di ficul dades, mas hav ia a r ação da opi 11 i:10 públi ca , resultan I qu cm vários I ontos apar ' ·iam ·lnr ·irus nos túneis e saídas nos becos. Hoj e, abrim os qualquer jorn al ' ·n ·onl rn mos um prob l ·11111 ; e na ponta do problema uma ·ri s ', s • ,1, 111 o f'or r ·sol vicio. Essa cri se, de outro lado, · ía ·ilm ' nl · 11pr ·scnl.i 111 ·orno podendo torn ar-se muito grave e ·ompli ·a r-s ·, ' t1l1" ln ·undose com outra das muitas cri ses qu ·svon ·am por aí. Enlfio as pessoas se movem para reso lver I rob lcma, ' f'i ·a ' lll ·nd ido que, caso não se consiga o r sullado cspcrad , o ·o,r rá uma catástrofe . Elas se mov imenta m para reso lver e não ·onscguem resultado, mas também a ca tástrofe anunciada não sobrevém. Ou, se pelo menos ela surge, apresenta-se muito menos grave do que pareceri a à primeira vi sta. M as a ca lamidad perm anece à espreita, e percebe-se que de uma hora para outra ela poderá vir.
-CATOLICISMO
O sacramento da penitência
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Maria Jugo Gengizu: devoção japonesa
Bolívia: inlluência malélJca de Castro e Chávez
A mensagem de Fátima e a VÍl'lllde da f'é
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Gabriel Car da Moreno
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CAPA
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AçÃo CoN'mA-R1,:vo1,t 1c10NA1uA
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"Novo índio " - Revolução anti-Brasjf Evangelho de Judas: um anti-evangelho
São Basílio Magno
Cardeal -APcebispo ele Sevilha, D. Pedro Segura y Sáenz
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Nossa Capa : Fotomontagem do ateliê artísti co de Catolicismo
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JUNHO2006 -
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PÁGINA MARIANA
Maria dos quinze mistérios Caro leitor,
Diretor:
Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
Nelson Ramos Barretto Registrado na ORT/ DF sob o n2 3116 Administração:
Rua Frederico Abranches, 389 Conj . 62 • Santa Cecília CEP 01 225-001 São Paulo • SP Serviço de Atendimento ao Assinante:
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Artpress Indústria Gráfica e Editora Lida. E-mail: epbp @uol.com.br Home Page: http://www.catolicismo.com.br ISSN 0102-8502 Preços da assinatura anual para o mês de Junho de 2006:
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R$ R$ R$ R$ R$
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
N ão é mi ssão da Igreja Católi ca evange li zar, converter c ivili za r também nossos irmãos indígenas? Por que então o movimento esq uerdi sta, juntamente com certas ONGs e a corrente progress ista da Igreja - a chamada esquerda católica - prega a manutenção dos índios nos costumes tribais de seus ancestrais, na paganização e estagnação milenar, e os instiga para agitações, luta de c lasses e de raças? Desde o primórdios de sua história, sempre foi mi ssão autêntica da Igrej a a catequi zação dos povos pagãos, procurando atraí- los para si, com vistas à sua salvação. E la recebeu de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu divino F undador, a mi são de ensinar e converter todos os povos, e m todos os tempos e lu gares . E nunca poderá renunciar a seu dever de evange li zá- los . No Brasil , foi admirável o heróico apostolado mi ssionário, por exemplo, de Nóbrega e Anch ieta, que tanto contribuiu para o engrandecimento da Nação. E ntretanto, em nossos dias, vemos populações indígenas sendo usadas pelo marketing esq uerdista e pela referida ala progress ista, a fim de que os índio engrosse m o contingente de movimentos de agitação, de luta de classes e raças. Assim, surg iu um " novo índio", com as características de um "sem terra" ... latifundiári o. F icou reduzido a um "sem terra" de cocar na cabeça ao in vés do boné do MST. Ele está muito di stante da simpática fig ura do índi o (ainda ex istente) que tanto contribuiu para a formação de nossa nacional idade . O arti go de capa desta ed ição desvenda a manobra empreendida por essa revolução indigenista e descreve como se dá a manipulação do " novo índio" subversivo, de celular, motosserra, antena parabólica e filrnadora di gita l - personagem exótico, caldo de cultura para a subversão com unista. Desmascara ainda o processo revolucionário de atiçar povos indígenas a invadir propriedades alheias e, ao mes mo tempo, impedir qu e seus " t rritórios-sa ntuário" sejam adeq uadamente cultivados e alcancem o ve rd adc ir progresso . T udo isso dentro do compl ô contra as desigualdades harmôni cas, o dire ito ele propriedade e a unidade nacional. Para isso, a missiologia "atua li zada" pr cura convencer os sil vícolas a ficare m confinados em reservas indígenas, cstag1n los, vivendo cm tabas com as antigas superstições e selvagerias, disponívei s para serem manipulados como massa de manobra marxista . Denunciar essa cruel utili zaçã cios índ ios afigura-se-nos um dever, enquanto católicos e brasileiros q ue prezam sua pátria e desejam o bem dos índios autênticos. E mpenhemo-nos para a sa lvação de suas almas e para que prevaleça a harmoni a entre todas as classes e raças, sob o bafejo da única e verdadeira Igreja, frustrando assi m os planos da revolução indigenista no Brasil. Aliás, tal revolução está sendo ensaiada na vizinha nação bolivi ana com seu novo mandatário, o presidente Evo Morales, sob bafejo do presidente venezuelano Chávez. Desejo a todos uma boa leitura.
Em Jesus e Maria,
9:~7 DIRETOR
pau lobrito@catolicismo.com.br
U ma i1nagem japonesa - MaI'Ía Jugo Gengizu - comprova a fervorosa devoção mariana séculos atrás, em meio às maiores provações. Uma grande esperança para os católicos do Japão atua]. 11 VALD IS GRIN STE INS
M
aria Jugo Gengiz_u é o no me de uma im age m de Nossa Sen hora, pmtada no Japão no século xvn. Na rea lidade, a pintura compõe-se de vários quadros: imagem de Nossa Senhora no centro ; imagem com quatro santos emba ixo; ao redor destas duas imagens maiores, l5 outras me nores, contendo os mi stérios do Rosário (foto à dir.) . Para um católico, im age ns como essas são sempre interessantes. Seu valor não reside no aspecto artístico nem no fato de datar de quatro séculos atrás, mas sim em ter sido e la testemun ha de uma das perseguições anticatólicas mais terríveis e represen tar uma esperança para os católicos do Império do Sol Nascente. Há 76 anos e la fo i descoberta no sótão de uma construção, onde permanecera escondida durante séculos para poder ser venerada. De ta l forma a persegui ção destruiu todos os objetos re lig iosos católicos da época, que e la é co nsiderada uma obra cul tural de importância nac ional. E, pela primeira vez, está sendo exposta na Universidade de Kyoto. Quando foi encontrada, estava enrolada num ci lindro de bambu , o qual, por sua vez, encontrava-se amarrado ao telhado de certa casa nas montanhas de Ibaraki , nas proximidades da c idade de Osaka. Nessa zona, havia antigamente a res idênc ia de um nobre cató lico, o daimyo Takayama Ukon, e não é co inc idência ter sido ela e ncontrada nesse loca l. Por quê?
Apostasia e perseguição Os primeiros cató licos chegaram ao Japão em 1543, e em 1549 desembarcou São F rancisco Xavier, que conseguiu considerável êxito no apostolado na parte sul do país. Nas cartas que escreveu, destaca ele as qua lidades do povo japonês, em relação ao qual nutria muitas esperanças. Graças a esse trabalho apostólico e ao de numerosos padres je uítas e francisca nos, no começo do sécu lo XVIJ existia no Japão grande número de católicos, mai s ou menos 10% da população. Havia entre eles vários nobres de importância, como Justo Takayama Ukon, filho do senhor do castelo de Sawa, especialmente reverenci ado pela fama de sua piedade, sendo hoje venerável depois de instaurada a causa de sua beatificação. O título dele era daimyo, que significa, literalmente, " um grande nome"; assim eram conhecidos os maiores senhores feudais japoneses até o século XIX. Em determinado mome nto, os católi cos tiveram a possibilidade de instruir na fé o principa l nobre do país, o qual votava certa simpati a em relação ao catolicismo. Mas, depois de ai-
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Bosque e bambus das montanhas de lbaraki, onde a pintura foi encontrada
JUNH02006-
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gum tempo, anunciou não querer deixar suas numerosas mulhe res . E logo após essa rej eição, sua boa vontade inicial se arrefeceu, e começou a perseguir a Igreja. Seu filho continuou nesse mau caminho, tornando-se o principal perseguidor dos católicos j aponeses. Devido à sua atuação, e também em conseqüência de uma intriga dos protestantes holandeses, em 1612 a Religião católica foi declarada fora da le i. Justo Takayama Ukon foi expulso do país, juntamente com 300 católicos japoneses que em_igraram para as Filipinas . Takayama morreu pouco depois. Os católicos que se negavam a abandonar ·a fé foram submetidos a teniveis torturas: queimados vivos; lançados em lagoas sulfúricas até que toda a pele caísse e o corpo ficasse em carne viva; jogados dentro do vulcão do monte Unzen. Houve numerosos maitfrios e, infelizmente, também apostasias. Para descobrir quem era católico, as autoridades costumavam colocai· no chão das entradas das casas imagens de Nossa Senhora ou cm cifixos, a fim de observai· quem evitava pisar nelas. Quaisquer súnbolos da Religião católica eram destrnídos com furor, e sua posse era motivo suficiente pai·a ser morto. Em determinado momento pai-eceu que já não havia mais católicos, de tal forma a perseguição tinha sido violenta.
pro fi ssional. Pedaços de papel de documentos sobre a colheita de arroz, que era entr ue a s nobres, foram utilizados para tal. Naoko lwasaki, professor associado de Hi st ri a na Uni versidade de Kyoto, afi rma: "O pr priofa10 de ter sido reparada tanlas vezes 110s diz qu • a pintura era muito usada. Te111os assim uma imagem nítida de fiéis retirando a imagem uma e outra vez, of erecendo suas orações". 1 "Esta imagem é a que rnelhor nos oferece a prova da perseverança dos cristãos durante as perseguições do período Edo ". 2
Imagem, símbolo ele esp erança
Vendo essa imagem, podemos bem imaginar gerações de fi éis implorando a Nossa Senhora seu auxíli o, fo rçados a uma ex istê nc ia com aparência externa de pessoas comuns, mas guardando no seu íntimo a verdade ira fé. Hoje, muitos dos cató licos de países como C hi na, Sudão, Coréia do Norte ou Cuba levam uma vida semelhante. Pareceria que nada sobrev ive a tão terríveis perseguições, mas constatase que, por debaixo da superfície, ainda há vida. E provém ela do fato de os fiéis estarem unidos pela oração à Santíssi ma V irgem, nossa advogada e protetora. O que para o homens eri a mu ito difícil, ou até impossível, para Ela não o é. Quem p deria pensai· que, no deImagem destinada e rrer de tão brutais perseguições, a manter a f'é durante as quai qualquer objeto de Justamente nesse cli ma de terulto encontrado significava a morte ror, foi pintada a imagem de Ma- Duas representações eloqüentes da força e do fervor violenta, restaria uma imagem que do nobre católico, o daimyo Takayama Ukon passou de geração em geração, como ria Jugo Gen.gizu. Do ponto de vista artístico ela é curiosa, pois assímbolo de esperança ! A imagem atravessou as t •mp 'Stade , como também famílias de católicos socia técni cas ocidenta is e j aponesas. Por exemplo, o artista pintou em parte com óleo e em pa rte com tinta ch ine a; o simperseveraram na clandestinidade. Mu itos morreram mártires e bolismo é ocidental; mas, ao mes mo te mpo, .a V irgem Ma ria é ainda me f"oram gl rilicados; mas a imagem reapareceu e foi cui ladosam 'nt re. taurada, lembrando sua glória original. Espeadornada por uma camélia, flor mais fa mil ia r aos jap nese.. r 111 s qu ', assim como a preciosa imagem foi restaurada, a DiviDo ponto de vista religioso, apresenta No sa Senhora n entro; as imagens que estão ao redor visam inspira r forta leza m na Provid ncia queira também restaurai· logo a cristai1dade no meio às perseguições. Representam cenas dolorosa da Pai Jap, o, d 'pois de tão dura e gloriosa perseguição. • E- ma il do autor: va ldi sgrin ste ins@catolic is111o.co111 .br xão, mas termi nam com a glorificação de Nosso Senhor e ua Mãe Santíssima. Parecendo com isso indicar que, após a traNotas: gédia, virá a reco mpensa. Como as imagens correspondem aos 1. Restaurado na sua glória pergaminho cristão escondido - "Asahi 15 mistérios do Rosário, pode-se bem supor que os católi cos Shimbum", 16-2-06. perseguidos o rezavam diante dela. 2. Pin tura de 400 cmos usada pelos cristcios escondidos é restaurada e exposta - "Japan Catho lic News", 16-2-06. A pintura foi repai-ada numerosas vezes, mas de forma não CATO LI CI SMO
O sacramento da confissão A confissão é i1nprcscindívcl para to<Jos os católicos, a fim de manter ou reconquistar a graça de Deus. Dada sua grande utilidade, apresentan1os algunias esclarecedoras considerações a respeito do tema.* a confissão o sacerdote, como representa nte de Deus, • (OHf l \ ~IONIL l P PIO • nos perdoa os pecados que depo is do batismo cometemos e, arrependi dos, lhe acusa mos. Todo o que, depois do bati smo, tiver cometi do pecado morta l, tem de receber o sacramento da confi ssão, pois não poderá entra r no Céu a não ser que o confesse, o u ao menos tenha séria vo ntade de o confessa r. Esta vo ntade es tá sempre, ao me nos implicitamente, ligada à verdadeira contri ção perfeita, por isso não é necessário excit,"í- la ex plicitamente. O sacramento da penitência confe re as seguintes graças: 1. extingue os pecado e in funde nova vida sobrenatu ra l na alma; 2. perdoa as penas eternas e, também, ao menos uma parte das penas temporais dev idas ao pecado; 3. forta lece a alma contra a recaída no pecado. Pelo sacramento da penitê nc ia (o u confissão), a graça santificante é aumentada; ou restituída, quando perdida pelo pecado mortal. Na recepção da penitência ainda se exercem diversas virtudes agradáveis a Deus, como fé, espera nça, caridade, penitência, obed iência, paciência. U ma boa confi ssão é gera lmente fonte de grande paz de coração e íntima consolação. Os bons efeitos da co nfissão serão tanto mai s profun dos quanto melh r r r a preparação e toda a d isposição de vontade do q ue se confessa. A santa confissão foi instituída na noite do prime iro dia da Ress urreição, por Jesus Cristo, por amor de nós e para a paz de nossas consciências. É o presente pasca l de Cristo RessuscitaPadre Pio, sacerdote santo atendendo em confissão do à humanidade. A confissão não n s deve, pois, ser penosa e repugnante, É igualmente lícito examin ar-se simplesmente, segundo suas mas antes servir-nos de motivo de verdadeira alegria espiritual. relações com Deus, com o próx imo e consigo mesmo. [... ] Para recebermos di gnamente o sacramento da peni tência, Ao exam inar a consc iênc ia, não se há de proceder com li devemos : geireza, mas também não se deve ser meticuloso em de mas ia. l. exam inar nossa consciência; Para os que se confessam freq üentemente, o exame será mais 2. excita r em nós sincero arrependimento; breve. 3. fazer fi rme propósito de emenda; Atenção particular nos devem merecer as fa ltas que são a 4. acusar os pecados; • fo nte de outras, bem como aq uelas para as qu ais sentimos mais 5. cumprir a pen itênc ia imposta. fo rtes tendências, as que perturba m grandemente a paz domésPara cumprirmos bem e do melhor modo todos estes pontica, e aq ue las cuj a confissão nos é penosa. O exame de constos, devemos implorar de ante mão a assistência do Divino Esciência para a confi ssão torna-se muito fác il para nós, quando pírito Santo. todas as no ites nos examinamos cuidadosamente". • Examina-se a consciê nc ia percorrendo menta lmente os mandamentos de Deus e da Igrej a, os sete pecados capitais, [ ... ] os deveres de estado, e, ao mesmo tempo, perguntando-se Notas: a si mes mo se nesses pontos e pecou por pensa mentos, pala* Fr. Antôn io Wa ll cnstc in O.F.M ., Ca 1ecis1110 da Pe,f eição Cristií, Editora Vozes , Petrópo li s, 1956, pp . 18 e ss. vras, obras e o mi ssão.
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prediletos pregoeiros ele Maria Santíssima. Eu que me chamo Raquel não sab ia qu e e la foi um a prefi g ura de Nossa Sen hora, vou procurar le r mais sobre sua vida, para imitar as virtudes desta fi gura simbó li ca . Acho que foi uma transmi ssão ele pensa mento, porqu e e u es tava mes mo, antes de receber a Catolicismo, querendo a lguma le itura sobre ela. Fiquem com Deus em seus corações. (R.C.M. -
SP)
A11tidesa1·mamc11tismo
Esboço <le belíssima pintllrn [81 Muito fel iz o arti go principal da rev ista ele maio, també m das co isas sobre a Basíl ica de São Pedro gostei muito. Mas especialmente me encan- · tou o artigo principal para honrar a Mãe de todas as Mães , nos ajudando a ap rofund a r no co nh ec im e nto da Santí ima Virgem. E tou encantada, porque vimos nas prefiguras as promessas de Deus já no Antigo Testamento, vimos Deus preparando, desde Eva no Paraíso, os caminhos futuros que Nosso Senhor e sua Mãe percorreriam nesta Terra. Esse é um ótimo incentivo para estudar melhor a Hi stória Sagrada, amar e conhecer a Deus. Achei muito impo1tante o papel ele Maria Santíssima como medianeira, retratado em suas prefiguras, e estas como sendo os pri me iros traço ou o es boço de uma belíss ima pintura que Deus foi desenhando ao longo cios mi lênios antes do nascimento ela Virgem, a obra-prima. Realmente acho uma predestin ação a devoção a Ela, como garantia ele sa lvação. E m agradecimento, todos os dias no terço rezarei por vocês. (M.A.A.P. -
RJ)
Raquel, ligurn simbólica [81 Que Nossa Senhora lhes dê todas as graças para continuare m como os
-CATOLICISMO
[8J O Cel. Jairo Paes de L ira e, tá de parabéns pela ação em Nurcmbcrg na Alemanha , re prese ntando a "voz" antiderrotista cio Brasil. A "voz" antipacifista, que é o pólo que mais agiu para imped ir, no último referendo, a entrega total com o desarmamento dos brasileiros e o armamento cios meliantes. Viva o direito ele leg ítima de fesa! Viva o Catolicismo, que dá guarida àq ueles que estão dispostos a lutar para que em nosso País não tenham " voz" as quadrilhas que se infiltraram por todas as partes. Quadrilhas que queri am a proibição do comércio de armas, poi s elas não compram armas no comércio, mas no contrabando. Só o sujeito honesto compra arma legalmente nas lojas. Mas graças a Deus o NÃO ao desa rmam e nto ga nh ou , apesar el e a CNBB insistir nas diversas paróqui as orientando todo mundo para votar IM. Um SIM que ravorcccria ainda mais as quadrilhas. Mas o povo católico soube ver claro qu a NBB , com lodo respeito, não tem um mandato divino para falar cm nom da I reja. Ela pode se pronunciar sobr ' o que quiser, mas seu pronun ·iam ' nlo não é infalível , ela po lc ·rrar ·01110 qualquer ser humano.
(C.N.H. -
ES)
"Une lcttl'c charma11te" [81 Só ontem recebi o número ele março - a França é tão distante! - tendo uma exclamação ele enlevo ao ver a capa: trata-se de um qua lro maravilhoso, que
dispensa qualquer ex plicação. A Igreja "plana" sobre o Estado e, com seu esplcnd r, o impregna. A idéia simbolizada facilmente emerge por si só. Os senado r s não estão co m os trajes do An ·ien Rég ime, mas ele paletó e gravata. Entretanto, nos di as ele hoj e, sendo os filhos espiritu a is do Prof. Plini o Corrêa de O li veira fi é is a ponto de poss uírem um a rev ista ele tal qualidade, nossa esperança ele uma soc iedade verclacle iramente cató li ca torna-se uma certeza. Quando se folheia Catolicismo, fica-se sem saber por qual arti go começar a le itu ra. Certas ilu strações entri stecem terrivelmente, outras nos alegram profundamente. A qua lidade ela doutrina exposta co loca as idé ias no lev ido lu gar, sem fatigar a atenção. E nrim , terminei a le itu ra contempl ando a mag nífi ca foto cio Caste lo ele Sa nt' Angelo e ele sua ponte, com co me ntá ri os c he ios ele um char me exc lu sivo ele Dr. Plinio. Um imenso " me rci" à equipe ele Catolicismo pe lo reconforto es piritual , ini gualável em nossos dias. Ag radeço cio fundo cio coração es. e aposto laclo q ue ass im chega à " vic ill c Europc", pro metendo minhas o rações a Nossa Senhora, a fim ele que la ab nçoc o trabalho dos senhores . (C.G. -
Paris, França)
A quem aproveita? [81 Inspirado nos ideais da doutrina da lgrej a, divul gados com muita fé na re vi sta Catolicismo , procuro fazer o Bom Combate, ocupando espaço nos meios de co muni cação, como nos j ornai s loca is, também envi o exe mpl a res desta rev ista a autoridades. Porto A legre, o utra vez , se rviu de pa lco e cenário, não para divulgar suas tradições e cultura, mas para propagar fracassadas utopias comuni stas. Como ex-a luno mari sta, repudio que a 2". Conferência da Reforma Agrária, a exempl o cio que já hav ia acontec ido com os Fóruns Sociais Mun diais (fórun s soc ia li stas), tivessem como sede uma Pontifícia Universi-
clade Católica, a PUC. Na mesma semana, o colég io marista Champagnat conv idou para uma au la " magna" o fre i Betto, "guru" do Lula. Ficou explícito que essa conferência, patrocinada pelas esquerdas, foi orquestrncla e serviu para testar a logística do MST. "Quo prodest "? A quem aproveita? Ao comunismo, que começa no campo; o MST é seu "Cavalo ele Tróia" e massa de manobra política ideológica subversiva. Impressionante, as esquerdas conseguiram incutir na opinião pública que a reforma agrária é necessária, não é politicamente correto condenála, trata-se de uma sanha com uni sta. Contudo e la é c riminosa, pois crimjnal iza a agricultura moderna. Agora criminali zam até o florestamento, quando 2/3 da macieira procede de matas nativas; oco rre que as áreas florestadas inviabilizam as invasões. Mas quanto mais te1rns recebem, maior a metástase revolucionária. O Brasil é um país-continente onde não fa ltam terras e onde são cri adas enormes reservas indígenas para poucos índios. Aqui no RS, até as margens elas estradas são cultivadas. Na Europa os produtores moram em pequenas co munidades, para melhor aproveitarem suas terras, pois a fun ção da terra é produzir alimentos. Aqui as terras são transformadas em grandes minifúndi os improdutivos, e os favelados rurais mantidos com cestas básicas. Também se converteram em grandes currais eleitorais, que a cada ele ição reelegem conhecidos deputacios de um mesmo partido . Isso é compra de votos com recursos públicos. (J.N.K. -
RS)
Toda terra pertence a Adão... Como compreender o direito ele propriedade sobre a terra hoje como um direito legítimo? Por exemplo, a compra legalmente de um terreno de "B" . Não sabe "A" que, na verdade, o bisavô de "B" roubou o terreno de "X". "X" é o tataravô de "C". Se "C" clamar para si o dire ito de propriedade, não seria este vá lido?
Mas , se o tatatataravô de "X" fosse um bandeirante "Z", que roubou a terra dos índios? E se alegarmos que os índios "zanbutas" roubaram a terra cios tupis? E se os tupis massac raram os aruanãs? E ntende mais ou menos o que eu quero dize r? Como parece, ·acred ito que o direito ele propriedade é inváli do ou , no mínimo, injusto em última instância. Caso discorde, caro am igo, por favor, argumente rac ionalmente e "catolicamente". Deu s lhe abençoe, e fiqu em na paz. (A.B.F. -
SP)
Nota da Redação: Prezado Sr. Aruan , Se preva lecesse a ilegitimidade cio direito ele propriedade nos termos em que o Sr. a co loca, ning ué m teria di re ito el e propri edad e e m re lação a nada . Qualquer um poderia entrar em sua casa e pô-lo para fora, porque o Sr. não teria direito. Ou seja, o seu raciocínio leva infalivelmente ao caos e à anarqu ia tota l. Seria o estabelec imento da lei ela se lva: sa lve-se que m pude r e m face do mai s forte. Compreendo sua perplexidade, mas ela vem de um tipo de raciocínio um tanto cartes iano e distorcido, que não atenta para o bom senso. Tal raciocínio parte de uma premissa única, e tira em linha reta uma série ele conclusões sem considerar as numerosas outras premissas fornecidas pela realidade. De fato, desde que numa sociedade civilizada se tenha alcançado uma certa segurança dos princípios jurídicos e de bom senso que a regem, e se norteie ele acordo com princípios da moral verdadeira, deve-se agir em conseqüência. O direito ele propriedade decorre da própria natureza humana, como o demonstram numerosos estudiosos. E já que o Sr. pede também que argumentemos "catolicflmente", aduzi mos aqui um texto de famoso documento cio Magistério eclesiástico, a E ncíclica "Rerum Novarum" de Leão X.Ia, 189 L, que ensina decorrer a propriedade pri vada da própria natureza: "É, pois, com razão, que a universalidade
do gênero humano, sem se deixar mover pelas opiniões contrárias de um. pequeno grupo, reconhece, considerando atentarnente a natureza, que nas suas leis reside o primeiro fundam ento da repartição dos bens e das propriedades particulares; foi com razcio que o costume de todos os séculos sancionou unut situaçcio teia co11fonne à natureza do hornem e à vida tranqüila e pacifica das sociedades". E para concluir transcrevemos, a título exemplificativo, outro tópico sobre o tema, extraído ele famosa encícl ica de um Papa mais recente: "O direito de propriedade privada, 1nesmo em relaçcio a bens empregados na produçcio, vale para todos os tempos. Pois depende da própria natureza das coisas, que nos diz ser o indivíduo anterior à sociedade civil e, por este motivo, ter asociedade civil porfinalidade o homem" (João XXIIJ , Encíc li ca Mater et Magistra, 196 1).
Prêmio celestial 18] Quero aqu i consignar minha má-
xima gratidão ao querido articuli sta e Amigo Valdis Grinsteins pelo arti go " NOSSA SENHORA E O SOFRIMENTO" (artigo que guardarei com carinho para re ler nos dias difíceis) . Cons idero o articulista um verdadei ro Ami go (com A ma iúsculo), pois mais que um prêmjo na mega-sena, ele prese nteo u-me com um prêmio a inda melhor: as razões para suportar alegremente os sofrimentos e as privações desta vida na Terra para co nqui star a vida ete rn a no Céu . Obrigadíssimo! (M.P.P.K. -
PR)
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote : enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição .
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Cône o JOSÉ LUI Z VillAC
Pergunta -
Poderia darme um come ntário sob re Romanos 12, 1 a 21 , e dizer como São Paulo nos mostra a Igrej a em sua Epístola?
Resposta - Devido aos est:rei tos limites desta coluna, e sendo extenso o trecho indicado pelo missivista, limitamo-nos aos versículos 3 a 8, em que São Paulo expõe as bases da doutrina ela Igreja sobre o Corpo Místico de Cristo. Assim, pensamos atender ao interesse específico destacado pelo consulente em sua pergunta, isto é,
"como São Paulo nos mostra a Igreja". Comecemos por reprodu zir o tex to e m questão, traduzi ndo da Vulgata:
Rom 12: [3] "Em virtude, portanto, da graça que me fo i conferida, digo a quem quer que se encontre no meio de vós, que não se estime mais do que convém sentir, mas sentir com temperança, cada um segundo a medida da f é que Deus lhe concedeu. [4] Porque, assim como num só corpo temos muitos m.embros, e os m.embros todos não têm amesma função, [5] assim, embora sejamos muitos, somos um só corpo em risto, e cada membro está a serviço dos outros membros. [6] Mas temos dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada: se a profecia, pratique-a segundo a regra dafé; [7] se o ministério, exercendo o ministério; se o dom de ensinar, ensine confor1ne a doutrina; [8] quem tem o dom de exortar, exo rtando; quem distribui, proceda com simplicidade; quem preside, faça -o com solicitude; o que exerce obras de misericórdia, faça-as com alegria". Para dar mai s autoridade
CATO LICISMO
à sua ad moestação, São Paulo começa por a lega r a sua condição de Apóstolo, lembrando que o faz "pela graça
que me foi dada " . Portanto, que ninguém se pres uma ac ima da "medida
da fé que Deus lhe concedeu". Porém, a "medida da fé", à qual alude São Paulo, não é a fé enquanto tal, isto é, o asse ntimento à verdade di vina, mas os dons ou carismas que Deus distribui de modo vário aos fiéis junto com a fé - ou seja, na medida ela fé - tendo e m vista a função que cada um deve desempenhar na Igreja (cfr. v. 6 ss.).
A <loutl'ina do Co1po Místico de Cristo Para ex plicitar sua recomendação, São Paulo se vale ele uma image m sumamente expressiva - o corp humano , qu e se nd o um só, te m gra nde variedade de me mbros, cada ·qual co m sua fun ção, e todos ao servi ço un s dos outros: "assim, embora
sejamos muitos, somos um só corpo em Cristo". Trata-se de uma realidade profunda, que constitui a doutrina revelada do Corpo Místico de Cristo, à qual São Paulo alude ele modo ex plícito também em outras de suas epísto las (T Cor. l O, 17 ; 12, 12-27;Ef. 1, 13;2, 16;3,6; 4, 4 e 12- 16; Col. J, 18 e 24; 2, 19; 3, 15). Segundo essa doutrina, a Igrej a não um cong lomerado amorfo ele indivíduos, mas um corpo organi zado, com di versos membros e suas próprias funções, sobre os qua is Jesus Cristo exerce uma ação uni tiva e vivificadora . Assim, é pe rfe itame nte adequ ada a ex pressão Corpo Místico de Cristo para des ignar a Igreja.
Nos vários textos menc ionados, São Paulo ressalta ora um , ora outro aspecto dessa divina doutrina. Quando quer in c ulc ar a necess id ade ele uni ão e colaboração entre os fi é is, sa lienta que nossa uni ão com C ri sto é tal que fo rma com E le uma unidade ou corpo único. Porém, quando prec isa denunciar os falsos pregadores que questionavam a posição úni ca de Cri sto, insiste sobretudo em que E le é a verdadeira Cabeça - e mbora invi síve l - ela comunidade c ri stã, ou seja, católica, apostó lica, romana, ponto de partida de todo o influxo vi tal na Igreja e seu Chefe indi scutível. Aqui cabe observar não sem espanto - que concepções errôneas a respeito cio Corpo Místico de Cristo perco rre m tod a a hi s tó ri a bimil enar da Jgrej a, a pont de o Papa Pio Xfl ter-se sentido obri gado a escrever uma encíc lica espec ial para refutar as falsa · doutrinas em curso nos meios católicos ele seu tempo, que chegam até nossos dias . Trata-se ela encíclica Mystici Corporis Christi, de 29 ele junho de 1943, cuj a leitura reco mend amos a que m qui ser se aprofu ndar no assunto.
lato IWl'lnal vi<la da I greja
DollS, l/111 11a
Esses dons o u cari smas
(carísmata , em grego), de que fa la São Paulo, não parece que devam conceber-se como algo extraordinário e passageiro, próprio dos começos da Igreja, conforme geralmente se pensa, mas algo estável que durará enquanto dure a Ig reja, portanto at o fim cios tem pos (à parte, claro, a lg un s ca ri sma s muito especiais,
co mo o dom dos mil ag res) . Segundo a concepção ele São Paulo, todos os c ri tãos form a mo · " um só co rp o e m Cristo" (v. 5), e cada qua l te m uma função a clesem1 enh ar em ordem à vida desse corpo ; e posto que, segundo o mesmo Apóstolo, a adaptação ele cada membro para o clese mpe nho ele sua função é obra dos dons que recebeu,
segue-se que estes devem ser um fato normal na vida da Igreja. Infeli zmente, a propósito desta riquíssima e também reve lada doutrina dos cari smas pululam hoje em d ia interpretações e ap licações ex travagantes e abus ivas, tal como ocorreu também com a doutri na cio Corpo Místico de Cristo, há pouco referida. Extravasaria, porém, os limites de te artigo re futar tais práticas. Contentemo-nos, por ora, com esta simples advertência.
Signilica<IO Oll conteú<lo dos do11s Os exegetas observam que em ne nhum dos lu gares e m que fa la dos dons ou carismas, São Paulo pretende dar um a li sta compl eta deles. No que se refere aos sete do ns mencionados no trecho em questão, segundo o Prof. Lorenzo Torrado, ela Universidade Pontifícia ele Salamanca (cfr. Bíblia comentada, BAC, 1965, vol. VI, p. 350), o seu significado ou conteúdo mais provável seria o seguinte: 1. Profecia - Dom em ordem à pregação ela mensagem evangélica, descobrindo às veze. segredos cio coração e preclizend o futu ro (cf'r. Act 13, 1; 1 or 14, 24-25). Falando daqueles a quem foi
conced ido o dom ela profecia, explica o C ardeal Charles Journet (1891 -1975) : "Eles Representação do Divino Espírito Santo. São Paulo mostra a importãncia dos·-dons e dos carismas na vida da Igreja .
saberão discernir, à luz divina, os sentimentos profundos de sua época; eles saberão diagnosticar os verdadeiros males e prescrever os verdadeiros remédios. Enquanto a massa parecerá atingida pela cegueira, enquanto até o.ç melhores hesitarão ou tatearão, eles, com um instinto sobrenatural e il1fálível, irão direto ao alvo" (L 'Église du Verbe fncarné, Descl ée de Brouwer, Pari s, 1962, 3· ecl., vol. l, pp. 173 a 175). 2. Ministério - Dom de sig nificado difícil ele precisar, mas que provavelmente eng loba as c inco funções o u serviços a segu ir mencionados. 3. Mini stério do ensino Dom para in struir convenientemente nas verdades ela fé . 4. Ministério ela exortação - Dom para chegar facilmente ao coração cios demais com palavras apropriadas. 5. Mini stéri o ela esmola - Dom que estimul a a dar dos próprios be ns e fazê-lo com simplicidade, com vistas a aj ud ar o próximo e não por motivos inconfessá veis . 6. Ministério ele governo - Dom para os que estão à fre nte elas vária obras ela comunidade, para que o faça m com ze lo e diligência. 7 . Ministé rio ela prática da misericórdia - Dom para atender com suavidade e boas maneiras ao cuidado cios enfermos, peregrinos , pessoas moralmente debilitadas, etc. Para encerrar, um comentário colateral: quando Lutero preconizou colocar a Bíblia nas mãos de todo mundo, acharia ele que cada fiel estava capacitado a chegar, por "inspiração" direta cio Espírito Santo, a to-
elas as explicações e comentários fe itos acima? Se o sacerdote responsável por esta coluna, depois ele todos os estudos ele seminário, teve que consultar livros, abalizados autores e documentos pontifícios para responder a este consulente, vêse bem quanto é falso e irreal o princípio do livre exame, sustentado pelo desencadeador da Pseudo-Reforma protestante, • também por isso herética e sacrílega. • E-mail do autor: conegojoseluiz@catolicismo.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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Canibalismo' prospera na. China
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Banco do Brasil reti ra obra blasfema
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po lícia de Gansu, na China comunista, encontrou os braços de duas crianças, com entre cinco e oito anos, condimentados com gengibre e pimenta malagueta para serem comidos. Esta repulsiva finalidade explicaria os 121 crânios humanos descobertos na mesma província, segundo o "South China Morning Post". Não são os únicos casos. Na cidade de Jiamµ si, fo i preso o auto r do desmembramento de seis crianças ou mais. E m Guangdong, alguns restaurantes vendiam até para empresários estrangeiros sopas com carne de crianças. Ali fu nciona há tempos uma rede de tráfico de fetos para sopas, usadas em tratamentos de beleza e rejuvenesci me nto - info rmo u a agência vaticana AsiaNews. •
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o Rio, o Centro Cultural Ban-
co do Brasil, que promovi a a
ex posição de obra pornográfica fo r-
Confirmação da autenticidade da San ta Casa de Loreto
mada com terços de Nossa Senhora, teve que reti rar essa "obra de
E
arte" bl asfema. O BB reconheceu Stephen Harper
ter recebido mais de 700 e-mail
Canadá descarta descriminalizar o porte de droga
com protestos, que incluíam acenos
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as contas no banco. A Revolução
prime iro-ministro conservador do Canadá, Stephen Harper, ar quivou projeto de seu predecessor de centro-esquerda, que visava descriminali zar a posse da maconha. O premiê foi vi vamente aplaudido pela Associação Profissional da Polícia do Canadá, segundo a agência Reuters. Se fosse descriminalizada a posse de droga, o combate ao narcotráfi co to rn ar-se- ia imp raticável. •
China estende tentáculos na América Latina
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de clientes que pretendi am fec har
Cultural anti c ri stã no Bras il só avança quando não encontra opo-
A rainha com seus sú d itos
sição. Exemp lo significati vo di sso:
Monarquia inglesa: 11estrela polar 11 face ao caos moderno
bastou uma manifestação popul ar co ntra essa ex pos ição bl asfem a para q ue tal revo lução desse marcha à ré. •
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China comuni sta fornece armas e trein amento a militares latino-americanos, in formou o " Washington Times". Para a BBC, emissora lo ndrina, o caso do Bras il é alarmante. O general americano Bantz J. Craddock mencionou o Peru , o Equador e a Bolívi a, além do Brasil. O senador James M . Inhofe, de Oklahoma, disse que a China proc ura firm ar acordos nucleares com a Venezuela e a Argentina. Ofereceu mísseis anti-aéreos à Bolívi a, alé m de vender armas diversas a Cuba, sua cliente habi tual. A Venezuela está comprando maciçamente armas da Rúss ia. O objeti vo dos chineses é vo ltar esses países co ntra os EU A, ex pl orand o a inex pli cá vel desinformação do governo americano sobre o continente sulamericano. •
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rainha da Inglaterra, E li sabeth II, completou 80 anos. O "New York Times" - totalme nte insuspeito de te ndências monarqui stas - publi cou reportagem com sugestivo título, composto com uma frase dita pela rain ha qua ndo mui to j ove m: "Eu não tenho outra coisa para vos dar senão amor". Nos mo mentos mais d ifíceis do longo reinado, a soberana tra nsitou em carru agens abertas e estreitou as mãos de multidões, enquanto os primeiros- mini stros britânicos c irculavam em helicópteros e carros blindados. "A História [.. .] galopa como uma desvairada. Ante o turbilhão espumante do tempo, a monarquia é uma estrela polar" , reconheceu um coluni sta fra ncês, ardido opos itor de todas as realezas. •
m 1294, a Santa Casa, onde viveu a Sagrada Família em Nazaré (Galiléia), foi trasladada milagrosamente pelos anjos a Loreto (Itália), onde está encerrada num magnífico santuário. A Santa Casa foi assim sal va dos muçulmanos, que tinham conquistado o reino franco de Jerusalém no século XIII. Desde então, todos os Papas confirmaram a autenticidade da sagrada habitação. Recente estudo arqueológico também confirmou sua autenticidade . As pedras do altar da Santa Casa de Loreto têm a mesma origem das que se encontram na gru ta da Anunciação em Nazaré, concluiu a análise dirigida pelo arquiteto Nanni Monelli.
Protesto em Bogotá, Colômbia
A Santa Casa de Loreto
Crescem perseguições ao catolicismo no Afeganistão
Líder ecologista exorta à dizima~ão da humanidade
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m conferência promovida pela Academia de Ciências do Texas (EUA), o ativi sta pelos "direitos do animais", Dr. Eric R. Pianka, propôs espalhar o vírus Ebola, mais fulmi nante que o HIV, para "matar os bilhões que devem morrer logo, se é que se quer resolver a crise populacional". E logiou também o controle da natalidade na China comunista. Reconheceu que a opin ião pública não se encontra "preparada " para o uvir essas monstruosas propostas, mas di sse estar ''./'alando para os convertidos ", os quais o ovacionaram. Pi anka é mais um dos ecologistas que pregam o ódio contra o gênero hu mano, no entanto criado à imagem e semelhança de Deus. •
Manifesta~ões contra aborto na Colômbia e na Argentina
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ais de 100.000 católicos man ifestaram -se contra o aborto, na praça Bolívar, centro da capital colombiana. Na ocasião, fo i levada sole nemente a imagem do Menino Jesus de Praga, o Divino Niíio, que há mais de 30 anos não saía em públ ico. A míd ia, muito incomodada pelo porte da manifestação , sil enciou-a no noticiário. Na Argentina, grupos de j ovens pró-vida entregara m aos deputados 250 mil ass inaturas contra a legali zação do abo rto. A respe ito do fato, a mídi a efetuou análoga sabotagem. •
bdul Rahman, o afegã o encarcera do porque se fez católico e quase foi vítima da pena capital, recebeu asi lo na Itália . Rahman disse à emissora inglesa BBC que o povo está desiludi do e " agora olha com atenção cada vez maior para o Cristianismo". Por isso, a minúscula mas crescente comunidade católica do paí s vive sob contínuas ameaças de fanáticos islâmicos acumpliciados com juízes injustos. Po rém, quando a gra ça sobrenatural atua nas almas, não há poder humano que a possa conter.
CATO LI CISMO JUNH O2 006 -
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INTERNACIONAL
::,r tecido socia l esgarçado, C hávez considerou-se um novo Simon Bolívar, investido ela missão como qu e " divina" de realizar a integração do continente em torno de uma comunidade tribal-socialista. E pôs mãos à obra. Assim , na América Latina, surge agora como candidato a ator principal o presidente venezuelano: homem messiâni co que pretende esticar seu mandato até 203 1; que não se incomoda com as ma11ifes tações ele centenas de milhares de pessoas contra seu governo, pois para ele o que a opini ão pública pensa ou de ixa el e pe nsar não impo rta; qu e mudou o nome ofi cial ela Venezue la e seus sím bolos; que importo u para a Venezuela mai s ele 15 mil médicos c ubanos; que, a exemplo de Hitler, deseja exec utar o desarmamento ela população c ivil ; que não é capaz de manter ele pé um viaduto vi tal para sua cap ital, enqu anto faz a outros países promessas ele gasod utos mastodônticos; que, para adoçar um pouco a vida, mando u co nstruir perto ele sua cidade nata l um for midável e ntreposto aç ucareiro, o qual redundou na maior fa lcatrua de se u governo ; que se a lia a países árabes como Irã, Síri a e Líbia, num ostensivo fr·ont antinorte-ameri cano.
Bolívia: elo para cubanização da América Latina? A preocupante situação boliviana, aprofundando ainda
mais o fosso que separa os países ibero-americanos entre si, revela como atuam os mandatários de Cuba e Venezuela l'J H ÉLI O VIANA
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ara se entender a situação boliviana, cumpre deitar os olhos sobre o cenári o latino-ameri cano e anaJi sar o papel de seus principais atores. Fidel Castro , há 47 anos se impôs através de um golpe à nação cuba na. Pouco tempo após assumir o poder, declarou-se adepto de Marx e in staurou o regime marxista, reduzindo a infeli z ilha
CATOLIC ISMO
a uma situação miserável. O próprio Castro, entretanto, desfruta uma fort una pessoal avali ada em 900 milhões de dólares, tendo sido há pouco considerado o sétimo governante mais ri co do mundo. Ao que indi cam as notícias sobre seu e tado ele saúde, está, como se di z, "mais para lá do que para cá", e pode não tardar a hora de ap resentar-se diant do terrív e l tribunal de Deus. Deverá ntão prestar contas de todas as uas obras e ouvir a eterna sentença correspo ndente.
Por causa disso a Revolução preci sa de algué m que o substitu a nessa eventu alidade e parece tê-lo encontrado.
Chávez 110 atual cenário Jati11oame1'icaiw E m nove mbro de 1999, subia ao poder na Venezuela, com considerável votação e cm meio a uma ond a ele otimismo, um ex-go lpista corone l ela reserva de no me Hugo hávcz r rfas . Manobrando uma Vcnczuch com o
Messianismo a serviço cio co11nmo-tribalismo São reveladoras as d ec larações de C hávez à T V Ecuavisa, ele Q ui to (Eq uador) e m 19- 11 -02, por ocasião da inauguração ela prime ira fase d a Casa ele Cu l-
tura La Capilla del Hombre, um edifício ele 15.000 m2 , 9ue tem a forma ele templo incaico, construído para abrigar sobretudo as obras ele arte do co muni sta Oswaldo Guayasamín. Tal edifício - ele grande significado para as esq uerdas, inclusi ve para Fidel Castro, que esteve presente à inauguração - é assim descrito na notícia que o jorna l "Granma", cio Partido Comunista cubano, publi cou sobre o evento em 2811-02: "Este monumento à paz e aos di -
reitos humanos é um símbolo da identidade cultural do Equador e da América, que reflete os avatares das sociedades vítimas da guerra e das torturas de toda espécie. La Capilla de i Hombre é também a esperança de conseguir uma sociedade justa, livre e solidária, a necessidade de render culto ao ser humano, a seus povos e identidades ... " E agora as declarações de Chávez à TV Ecuavisa: "É a hora dos povos, eu
acho que é a hora de uma grande revolução, está corneçando uma grande revolução". Para Chávez, a revolução que estari a sendo gestada na reg ião "vai terminar por volta de 2022, 2030, em uma América latina muito mais justa, mais igualitária". O governante venezuelano mostrou-se tão co nvencido cio que dizia, seg undo comento u a imprensa eq uatori ana, que inclu sive apos tou sua "vida e alma", vaticinando a mudança na região. As declarações de C hávez ocorrera m num mome nto em que se conj ectu ro u a formação de um e ixo esque rdi sta na
América do Sul, integrado pe lo venezuelano e pelos governantes do Brasil e cio Eq uador, respectivame nte Luís In ácio L ul a da Silva e Lúcio Gutiérrez. Por fim - e aqui fica clara a inclu são da Bolívia no mesmo e ixo - falou a presidente ela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Cona ie ), lza Leónidas: "Agora, Lula no Brasil, tu [Chávez], na Venezuela, e nós,
no Equador, vamos estreitar os laços de amizade entre nossos povos bolivarianos que foram excluídos durante séculos". Hugo C hávez parece, portanto , in cumbido da mi ssão de espa lhar o comuno-tribalismo na América Latina, através do grande contingente indígena nela ex istente, tendo para .isso recolhido a tocha das mãos trêmulas ele F iclel Castro.
JJolívia, ce11ário ideal para uma "experiência " Nessa e mpre itada revolucionária, a Bolívia deve ter seu papel. Pois se trata el e uma nação po liti ca men te instável, com a circunstância de que a ele ição ele um líder indígena incendiário como Evo Morales, membro do Movirnenlo al So cialismo e simpatiza nte de Mao TseTung e ele Marx, a lia e leme ntos facil mente combustíveis. Se a fag ulha revolucionária não for contida na Bolívia, o incêndio poderá propagar-se para o Peru , ativar-se mai s no Eq uador e atingi r todo o continente. Foi nesse contexto que ecl odiu a notíc ia-bo mb a de que o presidente Evo M o rales decretara a nac iona li zação cio petróleo e cio gás como medida soberania em relação a outros países que exploravam esses produtos na Bolívia, entre os quais - e princ ipalme nte - o Brasil. M as vejamos de que independência o governo daquele país deu provas nesse episódio. Os dados que a seguir reproduzo foram ex traídos de dois importantes j ornais espanhóis - "EI País", de Madrid, e "La Yang ua rdia", de Barcelona - , a partir das colaborações ele seus envi ados a La Paz, respectivamente Jorge M arirrÕclriga e Joaquim Ibarz. Primeiro ato: domingo, 30 ele abril , o presidente Evo M orales chega ao aeroporto internaciona l de ElAlto, em La Paz, JUNHO 2006 -
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sem motivo q ue o presidente da Câmara de Comércio de Santa C ru z, Gabriel Dabdoub, declarou: "Esta nacionaliza-
ção é uma questão ideológica. Morales está rodeado de assessores venezuelanos e cubanos". No mesm o sentido pronunciou-se o di retor do Instituto Boliviano de Comércio Exterior, Gary Rodríg uez, segundo o qual as exportações da Bolívia para C uba e m 2005 só lhe rendera m a ri sível cifra de 5 mil dó lares.
Subserviê11cia ao líder ve1,ezuelaiw Por o utro lado, segu nd o Fern ando Mess mer - do grupo Podemos, principal força política da oposição na Bolívia
- , "agentes venezuelanos estão na segurança, na distribuição de carteiras de identidade, na a(fabetização, na redação do decreto de nacionalização do petróleo e do gás". procedente de C uba. Dirige-se ao palácio do governo, onde trabalha até a l da manhã. Às 5 horas reúne o seu mjni stério . Depo is, ao invés de permanecer em La Paz para o 1° de Ma io, dirige-se à província de Tarija, no sul , o nde está loca li zado o campo petrolífero de San Alberto. Lá, rodeado de militares, assi na o "decreto supremo" de nacionalização dos hid rocarbonetos, o qual inclui sua extração, transformação, distribuição e tran spo rte, dando às e mpresas estran ge iras 180 di as para renegociarem seus contratos. Segundo ato: 48 horas depois, chega a La Paz o pres idente H ugo Chá vez, com uma comitiva de 30 técn icos da companhi a es tata l de petró leo venezuela na PDVSA. Estes vêm prestar auditoria ao Estado bolivi ano no processo de nacionali zação, unindo-se assim a o utro grupo de técni cos que, desde fevereiro, se encontra m no país para treinar os boli vianos. Terce iro ato: "Não houve nenhum
Chávez e Castro (esq . e centro), influenciam cada vez mais o Bolívia de Moro les (dir.)
Tal dec laração tenta " tapar o sol com a peneira", a fim de desfazer a fo rte impressão de que o decreto foi elaborado em C uba ou na Venezue la e, uma vez pronto, proclamado pelo seu fi el executor aos bolivianos e ao mundo. Não foi
assessor estrangeiro na decisão, o decretofoi elaborado pelo presidente e cinco especialistas que trabalharam nele durante do is meses", dec larou na última sexta-feira o vice-presidente Álvaro Garc ía Linera.
CATO LICISM O
"Exportações do Bolívia poro Cubo em 2005 só lhe renderam o risível cifro de 5 mil dólares"
A subservi ênc ia do atual governante da Bolívi a a Castro e Chávez é tão patente que, no m omento, estão no país 600 médicos cubanos (na Venezuela estes já somam LS mil!) , atuando em 20 hospitais regulares e em l l de campanha, segundo info rmou o Co lég io M édico Boli viano. Chegaram com prazo de permanê ncia de 90 d ias, mas depois, e m Havana, Castro e Morales reso lveram tornálo indefinido. Por outro lado, C hávez j á de u iníc io na Bo lívia a outras iniciativas demagógicas. E ntre e las, um a chamada "Operação Milagre" (veja-se o messianismo) , consistente em efetuar gratuitamente cirurg ias de catarata, mero símbolo d as intervenções que faz desabridamente e m todo o território boliv iano, a ponto de se falar de "tu tela". E m 18 de j unho, Chávez deverá vo ltar mais uma vez a La Paz, a fim de negocim· um contrato da estata l venezuelana PDVSA com a sua congênere boliviana YPFB, visa ndo implementar os meios para separar a parle líquida cio gás, em troca da soja qu' H Bo lívia deixaria ele exportar rara a Co lô mbi a. O contrato da Bolívia · 0 111 ·st • país será cancelado, em repr ·sá lia ao acordo de livre comércio estabel · ido e ntre a olômbia e EUA, a ser assi nado al o l"inal cio ano. Logo após as eleições de 23 de ja-
neiro, o atual vice-pres ide nte ela Bolívia, Álvaro García Linera, procurou minimi zar a influênc ia de C hávez nos ass untos internos ela Bolívia. Declarou ele ao jornali sta Joaquim Ibarz: "Desde logo, a
Venezuela não é nosso modelo a seguir". Ao que o jorná li sta observou: "Não obs-
tante, a crescente presença e contínua intervenção de Hugo Chávez nos assuntos internos do país evidenciam. que exerce uma espécie de tutoria sobre o presidente indígena ". E acrescenta esta preocupante observação: "Mora/es empreendeu um giro
rumo a um radicalismo político e ideológico de caráter socialista, procurando avivar a ei(foria nacionalista para arrasar nas eleições para a Assembléia Constituinte de 2 de j ulho. A nacionalização dos hidrocarbonetos e a Constituinte são as principais medidas que prometeu o presidente boliviano; e se o seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), obtiver dois terços dos deputados, terá o caminho livre para, seguindo o trajeto marcado por Chávez, reeleger-se e assumir todos os poderes. Desse modo, Morales estaria se aprox imando da linha política de Cuba e Venezuela ".
América Latina muito longe da propala<la w1ião O referido jornalista observa ainda que a crescente aproximação com a Venezuela começa a desagradar aos boli vi anos. Por exemplo, Chávez surpreendeu o público ao aparecer em La Paz para falar com Morales, e depois deu-lhe uma "carona" no av ião para a cúpula que teriam em Puerto Iguazú com Lula e Kirchner. Dez dias depoi s e le voltou novamente à Bolívia para subscrever nmnerosos projetos de colaboração. E Joaquim lbarz resume assim a conjuntura latino-a mericana: "A América
Latina nunca esteve tão dividida. Praticamente não há um país que se dê bem. com os seus vizinhos. A tão propalada integração continental converteu-se num bate-boca que, como num.a família mal constituída, se enfrenta com toda classe de acusações". Cita ele o desgaste verificado nas relações da Argentina com o Uruguai, ambos com presidentes ele esquerda; da Venezuela com o Peru, devido à ingerência de C hávez em favor de um dos candidatos à presidência daq ue le país; idem em relação ao Méx ico, pelos mesmos motivos; o mal-estar causado entre Chile e Bolívia pelas de-
clarações do mandatário venezuelano advogando uma saída ao mar para a Bolívia; e ainda aos mal-estares ocorridos pela intromissão de Chávez em relação à República Dominicana, Costa Rica, Colômbia, Nicarágua e EI Salvador. Fala-se tanto, e com todo o propós ito, dos desmandos ele Hitler que não foram cortados logo no início. Não se ria o caso ele di zer o mesmo e m re lação à atuação de Hugo C hávez na América Lati na e das impli cações desta na políti ca mundial ? E nquanto isso o Brasil - até o momento em que escrevo - , apesar da vi zinhança e de ter sido o país financeiramente mais afetado pela presente crise bo livi ana, a tudo parece ass istir inerte. Segundo es pec iali s tas, esta mos negoc ia ndo froux amente uma derrota inaceitável, contra a qual nossos atuais governantes pouco fa lam, uma vez que a ideo logia que a causou coincide com a visão socialista que eles têm do pape l do Estado, como aça mbarcador ela economia. Sim , daque le mes mo Estado o nipotente, como o representado pelo reg ime castri sta que transformou C uba numa ilha- pri são. • E-mai l do autor: heliov iana
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A nacional ização dos hidrocarbonetos na Bolívia criou forte tensã o em todo o Américo do Sul
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Crianças infelizes, futebol e prostituição
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os asse nta me ntos d e Reform a Agrária feitos pelo governo, a situação de desnutri ção das crianças é ca lamitosa. Pesquisa feita pelo Mi ni stéri o do Desenvolvimento Social, e divul gada em 28 de abril último, de monsti-a que "o índice de desnutrição crônica
nos assentamentos do senú-6rido atingiu 14,8% no ano passado. É mais do que o dobro da média obtida em oito Estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais, que .fi.cou em 6,6% no mesmo período" ("Folha de S. Paulo", 29-4-06). É incrível que o governo in sista em realizar Refor ma Agrária, com frutos tão danosos para a sociedade em geral e para a nutrição das cri anças em particul ar.
Ditrórcios assustam Euro11a O re latório Evolução da Família na Europa 2006, do Instituto de Política Fam ili ar (IPF), e laborado para a U ni ão E uropé ia (UE), mostra que a cada 33 segundos produz-se uma ruptura matrimon ial no Ve lho Continente. Só em 2004 produziram -se 955 mil rupturas. E m 25 anos ( 1980-2004) ho uve um c resc imen-
to de rupturas da ordem de 315 .360, in forma o presidente do JPF, Ed ua rd o He rtfe ld er. Em 15 anos ( 1990 -2004) romperam-se na UE 10.1 90. 000 casamentos, que afetaram mais de 16 milhões de c ri anças. O mai s preocupante, conclui o pres idente do IPF, é que o número de casamentos diminui ; de modo que a cada do is casamentos na E uropa, um se rompe (AC! , 2-5-06). O divórcio, a pílula e tudo o ma is foram ap resentados ao homem moderno como fato res de fe lici. dade. Na verdade estão transformando o mundo num infe rn o. E mais uma vez, as grandes atingidas são as cri anças.
Co11a do Mundo atrai 1Jrostitutas Para a Copa do Mundo em Berlim , capital da Alemanha, fo i organi zado um enorme mercado de prostituição de mulheres. Estima-se que 40.000 mulheres estão sendo " importadas" da Europa Cen-
trai e do Leste da Alemanha. Foi a li co nstruíd o um g iga ntesco co mpl exo prostitucional , prevendo um "boom comerci al". Trata-se de um mega-prostíbul o de 3.000 m2, levantado ao lado do principa l estád io de futebol do Mundi a l em Berlim. Segundo o advogado desse "complexo", ''. futebo l e sexo vão de mãos dadas " (Zenit, 2-5-06). Após o cumprimento definitivo das profecias de Fátima, o mundo futuro va i ter dificuldade de ac red itar que chega mos a tal grau de degradação.
Pornografia lil'r e no Ocidente A po lícia da Indonés ia interrogou os diretores de uma revista pornográfica de divulgação mundial, acusando-a de "violação da moralidade ". Apesar de ser uma versão mais recatada que as de ou tros países, a publi cação causa protestos no país com maior número de muçu lmanos do mundo. Ademais, a revi sta não encontra anunciantes no pa ís. É uma vergonha sem nome que, nos países d itos "c ri stãos" , tal revi sta possa c ircular impunemente, enquanl e ntre os muçulmanos sofra restri ções. •
Porto de Branden burgo, em Berlim
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CATOLIC ISMO
A necessidade de uma renovação da fé A difusão da mensagem de Fátima e·o incentivo na devoção à Santíssima Virgem como meios eficazes para reanimar a virtude da fé e pôr termo à crise moral e religiosa que assola o mundo
O
Livro da Confiança, do Pe. Thomas de Saint Laurent. De 1997 a 2005 , enviamos propaganda marial para 37 milhões de lares alemães, difundimos 550.000 exemplares de diversos livros, 88.000 rosári os, 110.000 meda lhas milagrosas e 83.000 livretos ensin ando como rezar o rosário. E no tempo de advento, 220.000 calendários mari anos. Os resu ltados j á alcançados são para nós sina l ele que, com a aj uda de Nossa Senhora, podemos desenvo lver ainda mais nossa ação. Este é um aposto lado mariano indi spe nsável no esforço de reanimar a virtude da fé em nosso país.
Sr. Carlos Eduardo Schaffer, além das atividades que exerce na Áustria, inclusive como correspondente de Catolicismo, é diretor do 11 movimento Deutschland braucht Mariens Hilfe 11 (A Alemanha precisa da ajuda de Maria). Enquanto diretor de tal movimento, con cedeu-nos oportuna e esclare cedora entrevista. Explica ele a nossos leitores a importância e atualidade da mensagem de Fá tima, bem como descreve diversas campanhas da mencionada entidade no ano passado .
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Catolicismo - Quais foram as iniciativas levadas a cabo pelo movimento "A Alemanha precisa da ajuda de Maria"? Sr. Carlos Schaffer - O obj etivo de nossa ação não se cinge apenas à difusão da me nsagem de Fátima, mas ta mbém ao fome nto da devoção à Mãe de Deus através de li vros, objetos de piedade e esclarecimento da opini ão pública. No ano passado envi amos para mais de do is milhões de lares propaganda oferecendo o Rosário. Um convite para conhecerem o conteúdo da mensagem de Fátima foi e nviado igualmente a mais de 800.000 lares. E m fevere iro, publicamos uma versão resumida do best seller de Antonio Augusto Borelli Machado, F6tima: Mensagem de Tragédia ou de Esperança; e em junho, um livro sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jes us, sob o títu lo Coração de Jesus, confio em vós. Em dezembro veio a lume a segunda edição do ad mirável
S1: Carlos Schal1cl':
"Os resultaclos já alcançados [no fomento da devoção marial [ são 11ara nós sinal de que, com a ajuda ele Na . Senhora, 11odemos clesenl'olve,· aimla mais nossa ação"
Catolicismo - O Sr., como diretor de um movimento que difunde a mensagem de Fátima, acredita que as profecias de Fátima se cumpriram com o desmoronamento da União Soviética? Sr. Carlos Schaffer - A parte mais importante das profecias de Fátima ainda está para se cumprir. Nossa Senhora ac hava-se profundamente preocupada com o número e norme de pecados e co m as almas que, por cau a disso, se perdiam. Ela mostrou aos três pastorinhos o inferno, para onde vão as almas dos pecadores, e indicou o que os homens deviam fazer para ev itar novos castigos, g uerras e perseguição à Igreja. Por fim, previu que a Rússia se converteria, e que seri a dada aos homens uma era de paz, com a vitória de seu Imac ul ado Coração. Como bem sabemos, a Rússia não se converteu, e nem os homens em seu conjunto. As leis e os costumes, espeda lme nte nos antigos países cristãos, entram cada vez mais em choque com a doutrina moral da Igreja. O aborto, o divórcio, a JUNHO 2006
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te ntic idade indi sc utíve l. E te rmina com uma profecia de esperança. De pois de pre ve r a preservação do dogma da fé em Po rtuga l e a conversão da Rú ssia, Nossa Senho ra promete u: "Por fim., meu
Imaculado Co ração triunf ará". Fátima apo nta, de modo concreto e atual, pa ra a luta entre a cidade de De us e a c id ade do de môni o , sobre a qua l falaram Sa nto Agostinho e numerosos Papas e santos. N ão será, quiçá, a mensagem de Fátima o foco de luz que nos falta, não só na E uropa, mas e m todo o mundo, e m meio a essa noite da virtude da fé?
eutanásia, e até o pseudo-casam ento homossexual, vão se impondo e m vários países gradual mente, por meios legais. E as mani pulações no campo da genética levam-nos a temer ter chegado a hora em que o homem coloque o Criador de lado. Estamos vivendo numa época e m q ue os home ns terão que decidi r por Cristo o u contra C risto, pela Igreja ou contra a Igreja, pela C ivilização Cri stã o u contra ela. Caso a huma ni dade decida, de fato , seguir pelas vias do pecado e do abandono da fé, o mundo será castigado uma vez m ais. Gos tari a de acentua r q ue, do ponto de vi sta de Deus, de Nossa Senhora de Fátima, está e m j ogo o futuro da Igreja e da humanidade. O futu ro de todos nós. Catolicismo - O Sr. fala de castigos terríveis. Eles devem vir forçosamente? Sr. Carlos Schajfer - Creio que não se acentu a sufic ie nte mente o caráter condicional das profec ias de Fátima. Elas fa lam cla ra me nte que os casti gos virão se a huma nidade não se converter e os ho me ns não fi zerem penitê nc ia. N este sentido , tanto e m seu conjunto quanto indi vidualmente, os ho me ns tê m a possibilidade de afasta r os ca ti gos q ue nos ameaçam. Para tal, bas ta apenas aba ndonar o pecado e faze r pe nitê nc ia. A sombria perspectiva de um eve ntual castigo não deve nos apa vorar. Embora te nha mos de nos pe nitenciar po r todos os pecados que cometemos, pode mos e ntretanto nos co nsolar com a proteção de Nossa Senhora, M ãe de misericórdi a. Ela suste ntar-nos-á nas horas difíceis, dar-nos-á forças e conceder- nos-á graças espec iais.
CATOLICISMO
Os homens têm a possibilidade de afastar os castigos que nos amea çam. Para tal, basta apenas abandonar o pecado e fazer penitência.
Catolicismo - Quando virá a prometida ajuda de Deus para a Igreja e a Cristandade? Sr. Carlos Schajfer - Essa ajuda nos fo i dada há q ua e 90 anos . A me nsagem de Fátima é a chave q ue a Providê ncia nos concede u para compreendermos os acontec ime ntos na l greja e no mundo, sem com isso ca irmos no desâni mo o u no otimismo. O P apa Joã Pa ulo 11 o e xp rimiu q ua ndo d isse: "A mensagem de Fátima é a versão do Evan-
Catolicismo - O Sr. fala de uma crise não só européia, mas mundial. Em que sentido o mundo precisa de uma renovação da fé? Sr. Carlos Schaffer - Pa ra muitos, o te rceiro milênio começou com uma grande esperança de di as me lhores. Infelizme nte, a s ituação atu al não faz jus a essa esperança. G uerras e conflitos sa ngre ntos vão la nçando o mundo inte iro num estado de gue rra g loba l, que abarca praticamente todos os países. O futu ro é incerto e túmido de apreensões. Por e xe mpl o, nos Es tados U nidos os a busos cometidos contra menores po r sacerdo tes, e até mesmo bi spos, faze mnos reco rdar os piores escânda los da hi stó ri a ec les iás ti ca. E a impre nsa a nti católica apro ve ita tais escândalos pa ra prej ud ica r a inda ma is a Igrej a Cató li ca. Ao mesmo tempo aumenta m os casos de pe rseguição a nticatóli ca e m países subjugados pelo comuni s mo, como Chin a, Vie tnã, C uba
"Se a mensagem de Fátima tosse af)lica<la tanto na vida plÍIJlica (JlJanto f)J'i Va(/a, terminal'ia 110 ,mmdo /J1teko a crise moral e r eligiosa que o assola "
A famíl ia e a educação encontram-se em crise. Em muitas nações foram introduzidas leis que se opõem diretamente aos Mandamentos divinos e à própria Lei natural
e Rússia; abe rta o u velada me nte, Sudão, Indo nésia, Paqui stão , Índia, e tc. É ta mbé m catas trófi ca e do lorosa a situ ação moral reinante e m países c ri stãos. A fa míli a e a educação e ncontra m-se e m c ri se. E m muitas nações foram introduzidas le is que se o põem diretamente aos Mandamentos divinos e à própria Lei natural ; por e xe mplo, o pseudo-casame nto homossexual, o aborto e a eutanásia. As estatísticas mostram que, de vido ao controle da natalidade, a população cri stã na Europa vai diminuindo, e 50% dos casais se di vo rciam. O número de abortos cresçe sem cessar, be m como o consumo de drogas e a criminalidade. Enquanto isso, as facções anticristãs no Parlame nto Europeu tê m o comando da situação. L a me ntave lme nte, també m a Al e ma nha fo i ating ida po r essa tre me nda cri se mo ral. Um a renovação da fé é algo de que prec isa mos com urgênc ia . Po r isso nosso país necessita, de modo preme nte, da aj uda de N ossa Se nho ra de Fátima e de sua me nsage m. E este é o contínuo convite que o movimento A Alemanha precisa da ajuda de Maria diri ge a nosso po vo . Esta mos co nvictos de que a Sa ntíssima Virgem ajudará a todos os que a E la recorre re m com fé e co nfiança. Assim , espe rando a ajuda da M ãe de De us, repito cheio de confia nça as palavras de São Be rna rdo: "Maria é aquela maravilhosa e incompa-
rável estrela que brilha alto sobre os mares. Rugem os vagalhões das tentações em ti, olha então para a estrela, invoca Maria! " •
gelho para os homens de nosso tempo ".
"Vi11en10s 11w1w época em que os homens tel'ão que deci<lir pol' Cristo 011 co11tn1 Cristo, p ela I greja ou contra a lgl'c/a, f)Cla Civlllzação Cl'istã ou co11tn1 ela "
Bem e nte ndido, a me nsagem de Fátima apresenta uma v isão do m undo de acordo com a do utrina católica . Ela co ncla ma todos os católicos a seguir a vontade de D e us em nossos dias. Se essa me nsagem fosse conhecida no mundo inteiro e aplicada tanto na vida pública qua nto p rivada, te rm inaria no mundo inteiro a c rise mo ral e reli g iosa q ue o assola. Termin ariam també m as di versas cri ses sociais, c ulturais e econômicas qu e nos ati ngem . A m e nsagem de Fátima tem um especia l significado histórico e teo lógico. Fátima fo i o acontecime nto sobre natural mais impo rtante do século XX; enqua nto tal, perm a nece até hoje. Mui tas me nsagens maria nas, ali ás reconhec idas pela Igrej a, referem -se à c rise da fé , pede m pe nitê ncia, oração e conversão. Fátima, p r 111 , va i mais longe. Ela fala de castigos e do d ·sapurcc ime nto de nações , anuncia g ue rras e apo nt a a Rú ss ia como fl agelo de D e us para casti >a r o mundo po r seus pecados . Essa mensage m co nté m tamb m I ro f'ccias . A lg umas delas j á se c um pri ra m, o q ue torna sua a u-
JU N HO2006 -
Garcia Moreno Heróico presidente do Equador V arão católico, firme e intransigente nos princípios, morto por inimigos da fé católica devido à sua coerência na ·aplicação desses princípios e por sua coragem na defesa da Igreja e do Papado C1 J OSÉ M ARIA DOS SANTOS
a br ie l Ga rc ia M o re no na sc e u e m G uayaquil , sul do Equado r, e m 24 de dezemb ro de l 82 l. Seu pai, Gabriel Garcia Gómez, espanho l, fa leceu re pe ntinamente quando ele era pequeno, po uco de pois de perder a fo rtuna. S ua mãe, Da. Mercedes M oreno, da ari stocracia loca l, procurou um sacerdote para ensin arlhe as primeiras letras. Estudou depo is no Co légio San Fernando, de Quito. M ov ido pelo fe rvor re lig ioso, recebeu as ordens menores em 1838. E ntretanto, convencido da fa lta de vocação, ingressou na fac uldade de ~ D ireito. Ao fo rmar-se, dedicou-se à política. D urante curto período fo i comi ssári o de guer- ~ ra na jurisd ição no rte, e em l 846 diri giu alguns ·5 ...l peri ódi cos opos icionistas, mas colaborou •••••••••••••••••••••••• co m o governo na ameaça de invasão cio • país pelo genera l Flo res em 1847 . Foi ati"De volta ao seu país, . vo membro do conselh o mu ni cipa l de Q ui - • dedicou-se novamen- . , , to, e de po is go ve rn ado r de G uayas . E m 1849 foi ex il ado pela prime ira vez, faze n- . • te a pohtica. Em 1853 , do no ano seguinte sua prime ira vi age m à • trabalhou com êxito E uropa. para que o Equ ador De vo lta ao seu país, dedicou-se nova- • aceitasse OS .CSUÍLaS, : 1 mente à política. E m 1853, tra ba lhou co m êx ito para que O Equador aceitasse os jesuíexpulsos da Colômbia. tas, expul sos da Colômbia. Foi eleito sena- • Foi eleito senador, dor, mas não pôde tomar posse. M ais uma vez fo i desterrado por três anos, aprove itan- • mas não pôde tomar . does e período para aprofund ar seus estu- • posse" . dos na França, e o fez com tal afin co, que • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
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CATOLICISMO
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Fervorosa vida espiritual elas reso luções a.notadas no liv ro de i:úeclade fmitação de Cristo, e ncontrado no bolso do pres idente Garcia Moreno qu ando de seu assassinato, pode-se ver o grau de virtude a que Linha chegado o futuro mártir: "Cada manhã, enquanto faço minhas orações, pedirei especialmente a virtude da humildade. "Cada dia ouvirei Mi $sa, rezarei o rosário e lerei, a lém de um capítul o da Imitação, esta regra e as instruções anexas. "Procurarei manter- me, tanto qu anto me for possível, na presença de Deus, esl?ec ialmente na conversação, de modo a não dizer palavras inúte is. Oferecerei constantemente meu coração a Deus, principalmente no início de cada ação. "Em meu quatto, nunca rezar sentado quando puder fazêlo de joelhos ou de pé. Praticar pequenos atos diários de humildade, como oscular o chão, por exemplo. Desejar toda so1te de humilhações mas ao mesmo tempo tomar cuidado para não as merecer. Re~oz ijar-me quando minhas ações ou mmha pessoa fore m insultadas e censuradas.
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"N unca fa Iar de mJm · mesmo, a não ser para reconhecer me us defe itos ou faltas. ''Fazer todo esforço, pelo pensamento de Jes us e Mari a, para controlar minha impaciência e contradizer minhas inc lin ações naturais . Ser pac ie nte e amável, mesm o qu ando qui serem abusar de mim ; nunca falar mal de meus inimigos. "Cada manhã, antes de começar meu trabalho, escreverei o que tenho que fazer, sendo muito cuidadoso em distribuir bem meu tempo, entregar-me somente a coisas úteis e necessárias, e continuá- las com zelo e perseverança. Observarei escrupulosamente as leis da justiça e da verdade, e não terei intenção, em todas as mi nhas ações, senão em buscar a maior glória ele Deus. "Farei exame particular duas vezes por dia do meu exercíci das diferenles virtudes, ~ um. exame geral cada noite. Confessar-me-ei toda semana".*
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Apucl Gary Potter, Garcia Moreno, Statema11 mui Marty1; hl tp .www.catholici s m.org/bookstorc/pri vatc/Housctops.htm
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~I IÍ fl a mej antes intervenções. A 2 de abril de 186 l fo i des ignado presidente d a nação.
Mi ssão JJl'Ol1Í (ICl1Cial: livra r o país do caos
Ga rcia M oreno:
"Infatigável, ;usto, enérgico em suas decisões, lógico em sua vida"
adoeceu. Numa carta, afirm a: "Reconhe-
ço que tenho abusado de minhas f orças, e pouco fa ltou para que me prejudicasse. Nem minha cabeça nem minhas forças estão em proporção com a energia da minha vontade" . 1 Voltando ao ' Equador, dese mpenh ou vários cargos e levados na vida cultu ral do país. Em 1857 fo i e leito prefeito de Qui to e reitor da universidade local. Ini ciou ua carreira de senador, na qua l se des tacou por
Cruz que o católico presidente do Equador carregou durante a Semana Santa, agora na catedral
Fazendo junta mente com a Venezue la parte da G rã-Co lômbi a, cri ada por Bolívm· logo depois da g uerra de inde pendência no início ci o séc ul o X JX , o Eq uador surgiu como nação autôno ma e m 1830, com o des moron amento daq uela uni ão. As revo luções q ue se seguira m lançaram o pa ís no caos. Ma us governos , a lé m de ressentime ntos nac io na is (lito ral contra a serra , burgueses ele G uayaqu il co ntra proprie tários ru ra is da reg ião alta, bra ncos contra índios e negros), fa ziam co m q ue o único traço - e este, sub lime - qu e uni a todos os equ atorianos fosse a Reli g ião Cató lica, Apos tó lica, Romana. Sobre essa força viva, a mais arra igad a e generalizada no E quado r, Garc ia M o reno procuro u mo ldar seu governo. Não era fác il , pois os católicos estava m praticamente órfãos. O clero, redu zido e relaxado, não cumpria devidamente suas fu nções. Os seminári os em decadência, a instrução re li giosa carente e pa rcelas da população inte ira mente sem gui a. O Equ ador prec isava nesse momento de mão fo rte . E os própri os adve rsá rios de ••••••••••••••••••••••••
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· "O Equador precisava de mão forte. E os próprios ad. versários de Gabriel · · Garcia Moreno são os · · primeiros a reconhecer que ele foi o homem pro videnc ial · para aquele momento crítico". JUNH02006 -
enérgico em suas decisões, admiravelmente lógico em sua vida, Garcia Moreno é uma das maio res personalidades da história americana[ ... ]. Em quinze anos lransformou completamente seu pequeno país segundo um vasto sistema político, que somente a morte o impediu de consumar. Místico do tipo espanhol, não se conforrn.ou com a contemplação esté ril; necessitava d e ação: foi organizador e criador". 2 A doutrina da Igreja seria sua guia para todos os atos governamentais. "Sua fi losofia foi inspirada na doutrina clássica do tomismo". 3
Resolução <lo 111·eside11te: Co11co1'data com a Santa Sé
Acima à esq. , quadro do Sagrado Cora ção de Jesus que presidiu a consagração do Equador à sua devoção
Quando Garcia Moreno assumiu a presidência, a situação da Igreja no Equador era de insubordin ação, imoraliclacle, relaxamento gera l. Isso Embaixo, o Papa Pio IX, devido em grande parte ao sistema do pad roado, que concedeu a Garcia que limi tava o poder da Santa Sé, deix ando ao Moreno a condecoração governo civil a prerrogativa de zelar pe la Reli- de primeira classe da Ordem de Pio IX gião. Para sanar essa situ ação, o presidente procurou logo fa zer uma concordata com Roma. Já seu primeiro artigo dá a tônica de toda ela: estipula que a Religião Católica, Apostólica, Rom ana continu aria sendo a úni ca do Estado e conservaria os direitos e prerrogativas que Ela eleve gozar seg und o a Lei de Deus e as di spos ições canônicas. Todo culto dissidente ficava proibido. Como conseqüência lógica, "a instrução da juventude nas universidades, colég ios, facu ldades, escolas públicas e particulares será, em tudo, conforme à dout rina da Religião católica". 4 Isso porque "a Religião católica era um dos poucos vínculos da nacionalidade equatoriana [...]. O catolicismo é uma força de coesão polí- •••••••••••••••••••••••• tica".5 Por isso, "os artigos fundamentais [da concordata] não foram · "Quando da invasão atacados, nem sobre eles se propudos Estados Pontifíseram emendas ". 6 . cios em 1870, foi o úni- •
Consagraçlío <lo Equador ao Sagra<lo Cornção <le Jesus
Garcia Moreno são os primeiros a reconhecer que ele fo i o homem providencial para aq uele momento crítico. Um hi storiador sinteti zou com precisão seu caráter e sua obra: "Infatigável, estóico, justo,
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cisava falar com ele co m toda urgência. Quando subia as escadarias do palácio, um celerado chamado Rayo, aos gritos de "morte ao tirano", at ingiu -o na nuca com um facão, e quase decepou-lhe os braços com os quai s procurava proteger-se, enquanto três cúmpli ces disparavam- lhe tiros no peito. Garcia Moreno, moribundo, foi jogado na praça, onde Rayo deu-lhe várias facadas na cabe,ça. Enquanto agoni zava , conseguiu fr!Olhar o dedo no próprio sa ngue e esc reve r no chão: "Dios no rnuere ". Levado às pressas para a cated ra l ainda com vida, recebeu a ex trema-unção antes de ex pirar. Ao saber da dol orosa notícia, o Papa Pi o IX declarou que o Equ ador "distinguiu-se milagrosamente pelo espírito de justiça e pela.fé inabalável de seu Presidente, que mostrou-se sempre o filho submisso da Igreja, cheio de devoção para com a Santa Sé, e de zelo para manter a Religião e a piedade em toda a sua nação [...]. Então, nos conselhos das trevas organizados pelas seitas, esses vilões de cretaram o assassinato do ilustre Presidente. Ele caiu sob o aço de um assassino como uma vítima de sua f é e de sua caridade cristã ". " •
· co governante a elevar · sua voz, enviando uma · nota de protesto contra o esbulho sofrido pelo Soberano Pontífice, e denunciando a • usurpação"
Quando da invasão dos Estados Pontifícios em 1870, Garcia Moreno fo i o único govern ante no mundo a elevar sua voz, envi ando ao mini stro das Relações Exteriores da Itália uma no ta de protes to contra o esbulho sofrido pelo Soberano Pontífice, e denunciando a usurpação que • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • rea li zava o governo italiano. O Papa, agradecido, concedeu-lhe a condecoração de primeira classe da Ordem de Pio IX, com um Breve de recomendação datado de 27 de março ele 187 l. 7 "Como manffestação de solidariedade à Santa
Sé, [Garc ia Moreno] decretou, em 1873, que se Placa que indica o lugar onde Garcia enviasse ao Sumo Pontífice dez por cento dos Moreno caiu ferido de dízimos que correspondiam ao Estado ". 8 morte e escreveu no Entreta nto, o ato mais simbólico do governo solo:"Deus não morre " ele Garcia Moreno foi a consagração ec les iástica e civil da República ao Sagrado Coração de JeE-ma il do autor : josernaria@catolicismo com br sus nesse mesmo ano. "Reconheço a f é do povo equatoriano, e essa fé me impõe o sagrado dever de conservar intacto o seu depósito", afirmou o Notas: pres idente nessa oca ião. 9 1. Cartas Inéditas. Garcia Moreno a Roberto Ascásubi. Piura, Já em 1861 um decreto da Convenção hav ia 20 de abril de 1855; apud Ricardo Pattée, Garcia Moreno d J d y · M ~ e o Equador de se u tempo, tradução de Cecíli a F. ec ara o a 1rgem da erces Padroeira • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • vargas, Ed.1tora "vozes, petr6po11-s, 1956 . , p. 126 . "Que 2. Ca lderón Garcfa, Latin A111 erica: its Rise anel da nação equatoriana. riqueza para Prog ress, Londres, Unwin , p. 220; apud Ri cardo Morte /1el'óica, devido mim, Santíssimo PaPattée, op. cit., p. 15. 3. Ricardo Pattée, op. cit., p. 329. ao ó<lio à l'é católica ' dre, ser odiado e caiu4. 3º artigo, apud Ricardo Pattée, op. cit. , p. 151. Até onde iria chegar esse governo em 5. Belisário Quevedo, Sociolog ia Política y moral, seu fervor reli gioso? Isso preocupava as • niado por meu amor ao Quito, Editorial Bolívar, 1932, p. 54; apud Ricardo Pattée, op. cit. , p. 152 · lojas maçônicas, que começaram a plane- ' nosso Divino Redentor! 6. J. Tobar Donoso, La lglesia Ecuatoriana en e/ sigla jar seu ex termínio. Que fe1ICI . 'dade se vosXIX, 1; apud Ricardo Pattée, op. cit. , p. 159. Num a carta a Pio IX , co mo q ue 7. E. MacPherson, The Cat/10/ic Encyclopedia, Volt.1antevendo seu fim, Garc ia Moreno escre- • sa bênção obtiver para me VI , Tran sc ribed by Kenn eth M. Ca ldwell , Copyright © 1909 by Robert Appleton Com pany. veu: "Que riqueza para mim, Santíssimo • mim do Céu a graça de On line Edition, Copyright © 1999 by Kevin Kni ght. Padre, ser odiado e caluniado por meu , derramar meu sangue ' 8. "El Nacional", nº 300, 1Ode outubro de 1873, apud amor ao nosso Divino Redentor! Que feliRicardo Pattée, op. cit. , p. 294. 1 ." cidade, se vossa bênção obtiver para mim 9. José Félix Heredia, La Consagración de la Repúd.o Céu a graça d e d erramar meu sangue • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • blica dei Ecuador ai Sagrculo Corazón de Jesiís, Qu ito, Editorial Ecuatoriana, 1935, p. 198; apud Ricardo por Ele, que, sendo Deus, quis derramar Seu sanp attée, op. c1t. · p. 295 . gue por nós na cruz!".'º 1O. The Catholic Encyclopedia, Online Edition. No di a 6 de agosto de 1875 Garcia Moreno 11 . Palavras do Papa Pio IX numa audiência pública em Roma, em 20 de setembro de 1875; apud Gary Potter, e ntrou na catedral para fazer uma vi sita ao Ga rcia M o reno, Stat eman and Mart y r , Santíssimo Sacramento antes de ir para o palácio hltp . www .ca thol ic is m. o rg/ bookstore/pr ivate/ Housetops. htm pres idenci al. Vieram avisar-lhe que alguém pre-
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· por Ele
CATO LI C ISMO JUNHO2006 -
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LEo DAN IELE
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le usa j eans, por vezes bermudas, não raro empunha uma motosserra, vende a madeira ao branco e se comunica por telefone celular. Não se distingue muito do habitante da periferia de uma grande cidade ou mesmo de um e mpresário. Entretenimento: televisão captada por antena parabólica. M as para a guerra ele se pinta, de acordo com seus costumes ancestrai s. Fica tal qual um sem-terra, mas um semterra pintado. Quem é e le? Esse agitador é o que chamamos ele " novo índio". Trata-se ele um indígena rec iclado, moderni zado e deformado pela ag itação . Nada a ver com o índio autêntico, merecedor de respeito e ele apo io, que tanto e tanto contri buiu e contribui para a formação da nacionalidade brasileira.
A charada du "11uvu í11diu" O grosso ela opin ião pública nacional vê com estranheza esses "no-
vos índios com barrigão, camionetas e... garimpas de diamantes, 'expropriados ' a tiros e porretadas ". 1 Uma variante. "De ar próspero, obeso e semblante matreiro", com Toyota, av ião, "camisa Lacoste e óculos importados, mantendo.firmes investimentos em vários ramos de negócios, entre eles, exportação de madeiras nobres, fazendas de gado e lojas de artesanato especializadas em plumagens e miçangas indígenas ": trata-se cio cacique Pio. 2 Outra variante: em agosto ele 1984, o caci que Mario Juruna, então deputado federal , fo i visitar a faze nda São L ucas, em Pau Brasil (Bahia). Constava que ela tinha sido invadida por índios. Mas Juruna declarou: "Não existe índio na Fazenda São Lucas. É tudo caboclo
de cabelo enrolado. Os caciques pataxós Saracwa e Samada não são índios também". 3 JUNHO2006 -
·, Quantos Saracuras e g,uantos Samadas não ex iste m hoj e no movimento indigeni sta !?
O í11dio autêntico, nosso irmão, clil'ere hem cio falso índio O índio autêntico, pelo contrário, é geralmente um home m rij o, primitivo, queimado pe lo so l, de tanga. Se armado, usa tacape, arco e fl echa. Na cabeça, um cocar com penas de vári as cores. Os di cio nári os ensinam que "s ilvícola" é sinô nimo de ín di o, e a palavra "s ilvícola" vem de selva. Muito intuitivo, e le é de me lhor índole do que os manipul adores faze m crer. Por isso, apesar de sua ignorância, não é tão fác il transform á- lo num agitado"r e fazê- lo manifes tar-se teatra lmente como um espoli ado revoltado, uma vítima do branco. Aqui e· ali ainda exi ste, perdido pela selva ou pe lo sertão, esse tipo de índi o. E le é genu íno, digno de estim a, e teve grande papel na formação de nosso País: é nosso irmão índio. Há também os ac ulturados, mas sem a influência desses agitadores comuni stas que Plinio Corrêa de Olive ira chama de "missionários de satã". 4 E les optaram por nossa cultura . Sej am benvindos !
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Em linhas muito gerais, existem no Brasil de hoje três tipos de índios : -
O não aculturado. Vive de acordo com a ima -
gem tradicional de um índio. O aculturado. Ele fez uma opção: escolheu nossa cultura . Essa opção precisa ser respeitada . Inclu sive por ele mesmo. Como afirma Plinio Corrêa de Oliveira, "seria irrefletido, simplista, e até fanático pretender que, em contato com a civilização ocidental, os índios só têm a perder e nada a lucrar". 5 Acrescenta um jornalista : "Alega-se que é necessário preservar-lhes a cultura, mas essa preservação depende da vontade que eles tenham de conservá-la, e não da nossa conveniência estética ou de remorso histórico". 6
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O "novo índio" . Ele cedeu à tentação de ser índio e não -índio ao mesmo tempo; um homem de dupla personalidade para tirar proveito das duas situações. Um exemplo dessa duplicidade parece ser o "estudo de mercado" exigido pela Conferência Na cional dos Povos Indígenas, que se reuniu em abril de 2006: 7 silvícolas e empresários ao mesmo tempo? Com facilidade o "n ovo índio" pode tornar-se um subversivo. Sobretudo sob a influência de algum agitador, talvez eclesiástico.
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- Há ainda uma quarta categoria: "Índios" do gênero dos "caciq ues" Saracura e Somada (como os acima referidos), que não são índios e se fazem passar por tal. São mais numerosos do que se imagina .
CATOLICI SMO
Um pl'o/Jlcma para o markct;ing imligc11ista O índio autêntico, o silvíco la, co nta com a simpati a do povo brasil eiro. Não o " novo índio", o subversivo. Por isso, di ante das câ maras, o marketing indigeni sta fa z o " novo índio" esconder o revólver e o ce lul ar, pegas o arco-e-fl echa e ass umir um ar de bugre primitivo. Ou sej a, ensinam-no a posar conveni enteme nte. Nessa pose ele grita por mais terra, com a agressividade de um ele mento da CPT o u do M ST. E le le va vantage m nesse travestimento: primeira mente, desperta mais compaixão; em segundo lugar, parece mais autêntico; por fim , assim fi ca mais fác il desfrutar a qu ase ilimi tada impunidade, inc lusive legal, que é privil égio dos aborígines no Bras il. E aqui começa uma cascata de incoerências. Sendo, voluntari amente ou não, um e leme nto de duas caras, o " novo índi o" é apresentado pelos marqueteiros ora como uma coisa, ora como outra, ao sabor das conveniências. Dir-se- ia que materi ais de tipos diversos fora m sendo juntados a esmo, às pressas, fo rmando um edifício capenga e bamboleante, incoerente e até estonteante. Mas, para que caprichar, se hoje em dia quase ningué m repara? A descri ção que faze m do " novo índi o" é um pastiche e uma pilha de contradições, e mais parece uma c harada. Entreta nto - pas me-se ! - co m tal "ferramenta" conseguem-se vantagens impensáveis. Vejamos. ■
Um "sem-terra"... latifundiário
O pres ide nte da Funai , antropólogo Mércio Pere ira Gomes, comenta o fato de que os índi os j á poss uem 12,5% do territóri o nacional. "É ,nuita terra" , li sse. "E até agora não há limites nas suas reivindicações por no vas terras". 8 Mas apenas J 7 dias depois, certamente sob pressão, disse que a meta do governo é ele var a área das reservas indígenas de 12,5% para 13,5% do tcrritóri bras il eiro ! Incontentáve l, o CIMI (Conselho Indi gcni sla Mi ss ioná ri o) , vinculado à CNBB (Conferência Nacional cios Bi spos do Brasil), protestou: "É fa ntasia de carnaval. 1--- 1 Este senhor [Mércio Pere ira Gomes] tem problemas co,11 11úmeros " , di sse o padre Paul o Suess, ex-secretári o-executi vo e hoje assessor teológico do CIMI. "Um por cento é um número aleatório, que não condiz nada com a realidade".•> Indolentemente deitado sobre a propriedade im produti va, intermináve l e intocável - ou sej a, uma área maior do que a França e a Itália juntas, países de nsa mente povoados - os índios são, ao todo , apenas 450 mit. 10 E m vá ri as reservas ind ígenas, cada índio di spõe de mais de mil h ctares ! Por exemplo, a reserva lano mâmi tem a área de 9.400.000 hectares para menos de 9.000 índi os. Faça as contas: são em méd ia mais de mil hectares por pessoa! A reserva do Baú é proporcionalmente ainda maior, são l ,4 milhões de hectares para 120 índios 11 - 11.667 hectares por índio! E, para ter tanta terra, eles não precisam faze r outra co isa além de existir. Parafraseando Churchill , 12 poder-se-ia di zer que nunca tanta terra fo i destinada a tão poucos.
A Conferencia Nacional dos Povos Indígenas aponta para um Estado dentro do Estado? Ou para a secessão e a guerrilha?
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m abril deste ano realizou-se em Brasília a Conferência Nacional de Povos Indígenas. Autode terminação e autogoverno são temas recorrentes no documento final. 13 Seria criado um Parlamento Indígena , "instância máxima e obrigatória" de to dos os temas e ações que afetem os indígenas "direta ou indiretamente". 14 No caso de condenação judicial de indígena, as autoridades tradicionais in dígenas teriam "total legitimidade para a definição e aplicação da pena". 15 Os militares formariam uma "parceria" com os indígenas para a fiscalização de nossas fronteiras. Mas teriam de ser autorizados pelos índios. A fiscalização deveria ser feita com a presença de indígenas. 16 Aliás, bem recentemente dois colombianos, supostos integrantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), foram presos na reserva indígena de Cucuí (AM) . O grupo das Farc tentava levar munição, armas e dinheiro para a Colôm bia . Com os guerrilheiros, havia "uma grande quantidade de dinheiro, munição e armas de fabricação brasileira, com o brasão do Exército". 17
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Invasor e amigo de invasores, mas contra invasões
quer ingresso aos territórios indígenas "deverá contar com o consentimento prévio, livre e i,~formado dos povos indígenas"_ 20 A palav ra e o conceito de discriminação nem sequer exi stem na mente de muitos aborígines. Entretanto, é continuamente pronunciada pe lo " novo índi o". A nova mi ss iologia desejaria estabe lecer, nas selvas, verdadeiras "cortinas de fe rro" para segregar os índios. "Muros de Berlim" como os que separava m a Alemanha livre dos domínios do comuni smo, antes de 1989. A maiori a cios índios se opõe a essa política segregacioni sta, pois compreendem que, retirando-se os brancos com suas benfeitorias, um pesado manto de mi séri a e atraso se estenderá sobre eles: "Os infelizes silvícolas são jogados em enorm.es reservas exclusivas, onde não receberão qualquer influência que possa civilizá-los, onde as leis vigentes no País serão letra morta, e a vontade despótica e arbitrária, os estouros temperam.entais e os desíg nios maléficos dos f eiticeiros tribais serão a nonna su.prema". 21 ■
Um ecologista nato e predador da natureza
Mais contradições. Dentre os simpati zantes do " novo índi o", muitos o são por causa de certa eco logia. Na ótica destes, o índi o seria o "home m natu ra l" em estado pu ro, como um panorama ainda não
O presidente da Funai, Mércio Pereira
ornes (esq .)
Uma foto , um quadro negro, um índi o ap rende ndo a ler. O que lê ele, escrito a giz na lousa? "Eu quero aprender a língua dos brancos {. .. ] para de.fender os meus parentes das invasões". A legenda da foto di z: "Paolo Yanomami na maloca Hawaripixapopeuthexi (RR)". 18 Se se tra tas e ele terras rea lmente de propriedade de índios, estari a be m defe ndê- las. Mas por que seus patronos não apóiam os não-índi os quando defendem suas terras contra in vasores do MST? O " no vo índi o" tornou-se ele mesmo in vasor e é ali ado dos in vasores "sem-terra" . Mas ... ai de quem tentar in vadir suas rese rvas ! É incoerente ser invasor e contra as invasões. Mas o marketing de esquerda expõe o "novo índio" a o utras contradi ções. ■
Um discriminado ... discriminante
O " novo índio" exi ge não ser di criminaclo, mas di scrimi na os brancos e negros ao pretender proibir sua entrada nas • reservas. Apenas índ ios poderão instalar-se aí; os brancos, negros ou as iáticos q ue se encontrem em cidades situadas dentro dos limites das reservas de ve m ser reti rados. Por isso, o " novo índio" é na verdade um discriminado di scriminante, ou um "excluído" exc ludente. 19 O doc ume nto fi nal ela Conferência Nacional dos Povos Indígenas, divulgado em abril de 2006, ex ige que todo e qu al-
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poluído pela modernidade. E por isso um protetor nato do meio amb iente. Sem discutir os aspectos fil osóficos da questão, vendo a realidade tal qual é, notamos que isto não é bem assim . Observa o agrônomo e doutor em eco logia Evaristo Eduardo Miranda, cri ador do sistema de monitoramento amb iental por saté lites: "A natureza intacta, como imaginam alguns, só podia ser considerada como i'al no Brasil até a chegada de populações humanas " ,22 ou seja, até a chegada dos índios anteriores a Cabral. As teorias mais correntes sobre a chegada dos índios à América dize m que eles teriam vindo da Ásia. Portanto, em 1500 a natureza brasileira já tinha deixado de estar intacta há muito tempo. O uso do fogo pelos índios, como técnica de caça, destrói florestas e cri a savanas: "Esse velho processo de savanização é antropogênico e ainda segue em curso em várias áreas do Brasil. Ele pode ser observado, em seqüências de imagens de satélite de áreas indígenas ao norte do Pará, na região dos tiriós, _fi-onteira com o Suriname. Ali, os índios promovem. o crescimento da área dos cerrados em. detrúnento da flores /a pelo uso generalizado do fogo , alterando a dinâm.ica vegetal com. a promoção de gigantescos incêndios anuais". 23 De seu lado, diz a ambientali sta Maria Tereza Pád ua: "Os usos, costumes e tradições dos índios que vivem na Ilha de Bananal acabaram nos úl!imos anos com o pirarucu, as tartarugas, os jacarés e as matas". 24 O índio preservador exímio da natureza é mais um mito a carregar água para o moinho da esquerda católica . ■
Um pagão: "exemplo" até para os padres
Nova incoerência: o " novo índio" é pagão, sim, e muito supersticioso - mas "exemplo" de religiosidade para os católicos e para os próprios missionários . Afirma Dom Tomás CATO LICI SMO
Balduíno: "Hoj e a atividade missionária descobre na cultura indígena valores evangélicos, de tal forma que o índio não só é evangelizado, mas também é capaz de nos evangelizar. [... ] A evangelização é capaz de descobrir a presença de Cristo no grupo tribal, o qual vive de maneira mais cristã do que nós ".25 Há muitas declarações de ec lesiásticos no mesmo sentido. É chocante que pensem assim, porque a verdadeira solução para o problema indigeni sta estari a, sem dúvida, na ação de verdadeiros missionários. Mas estes são criticados pela esquerda católica, como portadores de preconceitos. 26 Esses ho mens abnegados, que consagram sua vida ao apostol ado, por seu exemplo e sua palavra levam a religião e a civili zação aos primitivos que vivem à margem da História. Diz Plinio Corrêa de Oliveira, que estudou a fundo a problemática indígena: "Se r missionário, no Brasil, é principalmente levar o Evangelho aos índios. É levarlhes também os meios sobrenaturais para que, pela prática dos de z Mandamentos da Lei de Deus, alcancem seu fim ceies/e. É persuadi-los de que se libertem das supers tições e dos costumes bárbaros que os escravizam em sua milena r e infeliz estagnação. Em conseqüência, é civilizá-los". 21 ■
Um "aristocrata" contra os privilégios Mais um contra-senso: o " novo índio" seri a, para os intelectuais ela esq uerda, "naturalmente revolucionário", porém reivindica direitos hereditários intocáveis que se transmitiriam ele pai para filho desde muito antes de J 500. Para herdá-los, ele não faz se não nascer, tal qual os nobres ou os ricos legatári os, objeto das iras da e ·querda. Só que estes são vi Iões, ao pas o que os índios são he róis e merecem abocan har a herança. É o que Plínio Corrêa de Oliveira chama de "aristocracia é/nica" .28 Teria tudo para desagrada r os esquerdistas "cató licos", por ser anti -igualitária e racista, mas, tratando-se ele índios ... é ass im que eles gostam . Reivindica na Assembléia Constituinte o cacique Raoni Mentuktire: " Vocês tão pensando que seu avô nasceu primeiro aqui ? Vocês Ião pensando isso ? Nós nasceu primeiro, aqui, no Brasil inteiro". 29
O cacique Raoni dançando
Evo Morales, presidente da Bolívia, com Fidel Castro
alheias, ou seja, do MST; nômade quando é para conseguir Que c uri oso, o nasc imento cio índio produzindo o direito ao latifünclio! E logo sobre "o Brasil inteiro". reservas gigantescas para poder a ndar, caçar e pescar, mas ao mesmo tempo fixado ao solo, quando é para provar seus "diE quem vai garantir que cada elemento é um índio puro? reitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocuUm antropó logo ele plantão, só para isso? Será ex igida árvore pa ";32 "discriminado", como todo bom cliente da Teologia da genea lógica? E os mestiços? Libertação, mas discriminante po r não querer, co m grande O lema sociali sta "a terra para quem nela trabalha" fo i intransigênci a, absolutamente nenhum branco, negro ou orisubstituído por outra palavra de ordem: tirar a terra de quem ental em suas reservas; contra os privi légios, mas detentor de nela trabalha. prodigiosos direitos hered itári os, que passa m de pai para filho Foi o que fez F idel Castro em Cuba. Aliás, Evo Morales, índio do povo Aymara, e leito presidente da Bolívia, afirmou desde tempos imemori ais; bucha para canhão da esq uerda, mas categoricamente que "admira e respeita" Fide l Castro. "Lá exigindo o respeito de seus direitos humanos por parte de quem não é da esq uerda; pagão, sim, e muito supersticioso, por veexiste democracia", acrescentou, referindo-se ao regime caszes até canibal e in fantic ida, mas exemplo para os próprios trista. "Para mim, [Fidel] é um. homem democrático que deneomission ári os. f ende a vida, pensa no ser humano. Se para o senhor ele é um Assim , ao lado do "padre de passeata", da ''./reira de miniditador, é problema seu, não meu". 3º Para o caro leitor que vê Castro como um com uni sta empedernido, e Morales como um saia" - expressões j á consagradas na linguagem corrente temos agora o índio subversivo de celular e motosserra, um afl uente do ditador cubano, ele também diria : Se para o senho r ele é isto, é problema seu, não meu! personagem exótico. E a função soc ial da propriedade, de que fa la a Constitui O " novo índio", ao contrári o do índio au têntico, é um ser quimérico, caótico. Um ho mem co m dupla personalidade. A ção Brasilei ra, não se deve cobrar dos índios? Nem pense nisso. Nas reservas a função social não é exercida. A exigência União das Nações Indígenas formulou frase que talvez seja o va le contra o fazendeiro, não para o latifundiário indígena. A • melhor resumo de toda esta confusão premeditada pela esquerda: " Posso se r o que você é, sem deixar de ser quern livre disposição dos indígenas sobre as terras das reservas é um direito absoluto! 31 sou!" 33 Seria como um hipotético ho mem de cor querer ter cabe■ O enigma: invasor inimigo das invasões los loiros, ou um europeu desejar os cabelos enrol ados. O " novo índio" constitui uma charada. A Frente Única Pronto! stá feito , pelo marketing de esq uerda, um índio capaz de parti cipar da agitação nacional. Indígena, Negra e Popular, ondulando ao vento a bandeira verme lha da subversão, ou preta da anarq ui a, é a so lução da Pobre, nu e latifundiário ao mesmo tempo; inimigo de in vasões e m sua. · terras, mas invaso r e amigo dos invaso res das charada. JUNHO2006 -
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A·Frente Unica Indígena, Negra e Popular
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egundo o mani fes to ele Coroa Ve rmelha, B a hi a, do a no 2000,34 o índio está esta belecendo uma fre nte única co m
"os movimentos negro e popular; construindo urna aliança maior: a Resistência Indígena, Negra e Popular" .35 O re lacio name nto do MT (Movime nto indígena) com o MST (M o vime nto·dos Se m Terra) pe rcebe-se clara me nte nas me tas e na tática das oc upações, e mpregada por ambos. Não admi ra que sej a assim . O livro cio CIMI/CNBB , "Outros 500 - construindo uma nova história", 36 afirm a que a reto mada das te rras indígenas constitui , e ntre outras coisas, "uma vitória contra o latifúndio".37 Ora, o ass im cha mado latifúndio, como se sabe, é o alvo predil eto dos sem-te rra. F ica e ntão pate nte o e lo entre os do is movime ntos . M as para os sem-te rra, na práti ca, latifú ndi o é toda e xpl oração agríco la de alg um ta ma nho . E mais recente me nte o a lvo ve m se deslocando do cham ado latifú ndi o lmprodutivo para o ag ronegóc io, alta me nte produtivo, o u sej a, a te rra qu e c umpre la rgame nte sua fun ção social. A ligação MI-MST é pública e notória. Apenas um exemplo: o livro do CTMI/CNBB , que vimos citando, conta que uma assembléia do Capoib (Conselho de Articul ação dos Povos e O rgani zações Indígenas do Brasil), reunindo mais de 200 lideranças e m Lui ziânia (GO), e m abril de 1995, exigiu, alé m da demarcação elas áreas indíge nas, "refo rma agrária para os sern-terra" .38 As invasões indígenas fo rma m um dos te ntác ulos com que atua lme nte se procura estra ng ul ar o d ire ito de propri edade,
base da economi a e da o rde m socia l cio País. Outros te ntáculos desse po lvo são a Re form a Ag rá ria soc iali sta e confi scatóri a, as invasões do MST e dos sem -teto, sem conta r a ação dos po líticos e cios ideó logos de esque rda. 46
"Sem-terra " e "novo ín<lio: as táticas também coinci<lcm Funda mentalme nte, sem-te rra e índi o-ag itado r tê m a mesma tática. E essa co inc idê ncia é um ind ício veeme nte ele que há um conluio e ntre a mbos. "Os índios caiovás-guaranis es-
tão copiando as táticas utilizadas pelo Movimento dos SemTerra (MST) nas in vasões de fa zendas em Mato Grosso do Su.l. A semelhança vai do estudo estratégico das áreas a serern atacadas à f orma de e11f'rentamento nos co11flitos com a polícia ou os f azendeiros. [... ] Crianças f oram colocadas à .fi·ente da coluna que avançou em. direção aos ruralistas ". 47
tantas , que "não há exagero em falar de uma cópia pura e
simples " .49 Mais alg uns teste munhos significativos:
"A exemplo do MST, os caiovás usarn máscaras para evitar sua identi:ficação. Os líderes são trocados com.freqüência e há coincidência no uso de bordões e cantos de luta. Vizinhos da Aldeia Porto Lindo, em Japorã, existem dois assentamentos do MST Há ligações entre índios e assentados. [... ] Ao invés de fo ices e enxadas, exibem para as cârneras arcos, flechas e bordunas - as armas de fogo não aparecem. Para manter a disciplina interna, uma marca dos sem-terra, fo ram criados os chamados 'conselhos indíg enas '. Derrubada de cercas, abate de bois, depredação de instalações rurais e resistência às ordens judiciais são ,nétodos que os índios parecem ter aprendido com o MST [.. .] 'Os índios levam vantagem sobre os sern-terra, porque estão praticamente .fora do alcance da Justiça ', diz o Presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino José Ferreira " .5º Sej a como fo r, do ponto de vista p sicológ ico o índio-agitado r é um sem-terra com rosto pintado. A ambos e aos seus insti gadores irma na inte nso ódio.
Constitui maldade espec ial atacar cri anças . E a mídia não deixaria de ressaltar aos gritos essa crueldade. Po r isso, colocadas à frente de índios o u sem-terra, elas são usadas pelos semterra, e agora pelos índios, como uma espécie de escudo proteto r. O antropó logo M é rc io Pe reira Go mes , pres ide nte da F UN AI, pe rg un ta: "Essa mobilização indfgena por terra pode ser comparada aos atos do MST?". Depo is de esboça r uma negativa, e le reconhece: "Acho que pode ltaver semelhanças
no sentido tático de tornada da terra ".48
Índio pataxó da aldeia Guaxuma prepara -se para ato contra a empresa Verace/ em Porto Seguro- BA
As se me lh anças e ntre as táticas cio MST e cios índ ios são
Plantação de euca li pto da Verace/ em Porto Seguro
O índio não-subversivo começa a reagir O
s esquerdistas e a neomissiologia católica, sempre à busca de inocentes úteis para suas manobras, parecem frustrados com certas reações do meio indígena: são o contrário da que esperavam. Vejam-se algumas notícias recentes: - "Em 15 de abril de 2005, o presidente Lula assinou o decreto que homologou como terra indígena a reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima, numa área contínuo de 1, 7 milhão de hectares. Os 15 mil índios que habitam a região, em sua maior parte, mostraram-se indignados com essa homologação, pois com a expulsão dos não-
índios (negros, brancos, orientais) da reserva, eles ficariam condenados ao isolamento social, sem empregos, além de perder as vantagens da civilização. Também os arrozeiros e o governo estadual se opunham à medida de Lula. Estima-se que havia cerca de 300 famílias não-índias no local, incluindo um município. A homologação se deu por pressão da esquerda católica, de ONGs e da
CATO LI CISMO
Funai, e era apoiada por uma minoria de índios. O presidente interino da Funai, Roberto Lustosa, ameaço colocar a Polícia Federal para re mover a população à forço. O governo de Roraima já entrou com ações no Supremo Tribunal Federal contestando a medida de Lula". 39 - "Indígenas, agricultores e arrozeiros contrários à homologação da te rra indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, mantinham interditada até o fechamento desta edição parte de uma rodovia federal no Estado, segundo informações do CIR (Conselho Indígena de Roraima) . O bloqueio ocorre na BR-174, na região de Pacaraima (219 km de Boa Vista)[ ... ]. O advogado da Sod inr (Sociedade de Defeso dos Índios do Norte de Roraima ), Luiz Valdemar Albrecht, disse : "Eles estão pintados para a guerra, e a intenção é manter o protesto contra a homologação do governo
federal e a retirada dessas pessoas de dentro da reserva". 4º
O novo índio teima em agitar - 200 ín dios guojajoros seqüestram 4 funcionários do Val e .4 1 - Os 200 índios guojajaros que estão negociando com representantes da Fundação Nocional de Saúde (Fu nasa) e da Funai em Alto Alegre do Pindaré, a 300 km de São Luís, fizeram novos refén s ontem e ameaçaram volta r a ocupar a Estrada de Ferro Cara jás (EFC) . 42 - Apenas algum as horas após o desobstrução da EFC, outro grupo de guojajoras interditou o Rodovia MA006 no interior do Maranhão. Os indígenas cortaram o única ligação entre os cidades de Arome e Grajaú, a 500 km de São Luís.43 - Índios voltam o fechar ferrovia. Com arcos e flechas e algumas armas de fogo, o grupo avisou que a ocupação é por tempo indeterminado. Segundo representantes do Cimi, os índios ameaçam ampliar o protesto.44
- Pelo menos 70 índios de três etnias invadiram on tem à tarde a sede do Funosa (Fundação Nacional de Saúde) em Manaus (AM) . A invasão foi violenta : os 150 funcionários saíram do prédio quando os índios mundurucus, soterê-mauê e ticunas entraram armados com arcos e flechas - um engenheiro foi agredido. Em Tabatinga (AM), 180 índios mantêm um protesto similar • há mais de uma semana.
Assassinatos reiterados - Em 5-4-06, na Reserva Roosevelt, em Rondônia, dois garimpeiros de diamantes foram mortos a tiros por um índio cinta-larga, e um terceiro ferido à bala . Trata-se do mesmo reserva indígena em que, há dois anos, 29 garimpeiros foram executados pelos índios. 45
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Implacável luta de classes, de grupos e de raças
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ntenso ódio .. . A tática um t~n~o empoeirada, mofada e im~opular da velha e desprest1 g1ada luta de classes - ou seJa, a revolta do proletariado contra as classes mais abastadas - está sendo atuali zada por outra mais " moderna", que é a luta de grupos. Ou seja, antigamente as "classes subalternas" - os pobres - eram atiradas contra as "classes dominantes" - os ricos. Hoje esta luta adquiriu espectro mais amplo: todo tipo de grupos ditos "marginalizados", ou mesmo não " marginalizados", são atirados contra outros grupos com interesses diversos. Assim , as fe ministas se jogam contra o " poder" masculino; os consumidores contra os produtores; os inquilinos contra os proprietári os; os sem-terra contra os fa zende iros; os semteto contra os proprietários u rbanos; os sem-universidade contra os vestibul ares; o homem da rua contra os polic iais ; os homossex uais contra o resto do mundo, etc. T udo para produzir uma grande inquietação em toda a sociedade. Faz parte desse contexto a luta de raças. Portanto, não se trata propriamente de um arq uivamento da luta de cl asses, mas da inclu são de outros grupos em uma guerra aná loga e com os mes mos fi ns. 51
O Beato Anchieta , refém dos índios tamoios em Yperoig
Fre11tc tí11ica sul-americm,a A frente única indigeni sta inclui estrangeiros. O governo do Equador denunciou a infiltração estrangeira entre os índios, e me ncionou o govern o C hávez, da Venezuela. 56 A pergunta que fi ca é se, e m determinada altura, o MI (Movimento lndi geni sta) e o MST (Movimento dos Sem Terra) juntos e ao mesmo tempo, orientados respectivamente pe los organi smos eclesiásticos ClMl e CPT , em conexão com a CUT, o PC do B , ONGs e
Sinos, cânticos e saudades...
om relação às lutas dos abo rígines, o CIMI (Conselho lndi genista Mi ssionári o) se orgulha de seu pioneiri smo. O li vro "Outros 500", j á mencionado, info rma que o Conselho fo i criado e m 1972, "promovendo as Assembléias dos Chefes Indígenas, onde se desenharam os primeiros contornos da luta pela ga rantia do direito à dive rsidade cultu ral " .52 O CIMI atribui o surgimento da neomi ss io logia aos ventos soprados pelo Concílio Vatica no li, "quando a Igreja Católica começou a rnudar sua prática missionária e a valorizar as culturas indígenas" .53 Neo mi ss iologia é a corrente de mi ·s ionários e antro pólogos que segue m uma orientação de esq uerda e rejeitam as mi ssões como até aq ui fo ram, re pudi ando inclu sive fi guras veneráve is como a do Beato José de Anchi eta e do Pe. M anoel da Nóbrega. A fil osofia da esquerda calólica não admite as mi ssões trad iciona is. Vej a-se este texto: lNas mi ssões tra-
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CATOLI C ISM O
assemelhados - enfim , toda a esquerda, sem excluir, evidentemente, a influênc ia de Castro e C hávez - tentarão, numa g igantesca frente úni ca, abalar até os alicerces as instituições da Nação . O futuro dirá, mas j á te m havido passos pi oneiros. T alvez em breve ass istamos a um ensa io geral.
'l'l'ama-se contra a 1111icladc nacional. Aconla, Brasil!
"É preciso que os brasileiros oponham ao 'esquerdisrno católico' - inclusive à neomissiologia progressista e esquerdista - todos os obstáculos lícitos a seu alcance. Isto f eilo, a Providência fa rá o que fa tiar" . Palav ras que constituem um nobre inc itamento à ação. Uma ação toda ela impregnada de fé. Ta l é o ape lo de Plínio Corrêa ele Oliveira, ao fin a l de seu livro "Tribalismo indígena, ideal com.uno-missionário para o Brasil do século XX!" .59 Essas palavras, que se revelam tão oportunas para a situação atual, nos levam a exc lamar, preocupados: Acorda, Brasil! U m complô contra a unidade nac io na l e o progresso agropecuári o do País j á está em ava nçado estágio de execução. Agora també m os novos índi os se ati ra ram na subversão. Não se trata de nosso irmão índi o, tão di gno de respeito, mas de um a co ntrafação de le: o " novo índio", o índi o s ubversivo, de celul ar e motosserra, aç ul ado po r ON Gs e organi zações re li giosas e ofi c ia is.
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Tudo começou com o CJMI
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A essa luz, compreendem-se me lhor certas profundezas dos setores que procuram manipular o problema indígena: suas reivindicações se junta m e se somam com as de toda a esquerda. A gripe é uma doe nça di fe rente do câncer, da tuberculose, da varío la. M as e la refo rça a ação dessas doenças e de muitas outras, debilitando o organi smo e ajudando a levá- las a seu termo, ou sej a, a morte. Analoga mente, quer ocorra m no ca mpo, nas selv as, nas c id ad es, nas fá bricas, nas repartições pú blicas, etc. , as agitações de esquerda mutuamente se apóiam e se reforçam, pelo simples fa to de aco ntecerem.
dic io na isJ as habitações deixaram de ser cornunais e passa ram a ser uni.familiares; o cenlro da alde ia não era mais o pálio, onde se realizavam as reun iões e os rituais, mas a igreja. l... ] O casamento poligâmico se tornou monogâmico, e os riluais de iniciação das crianças e adolescentes foram substituídos pelo balismo, confissão e comunhão. Todo e ·se belo fru to da c ri stia nização, para a esquerda católica, foram "mudanças brutais" !54 T udo não passou de uma man ifestação de impe rialismo cu ltural e reli g ioso. A ma loca onde morava m várias famí lias juntas, em regime de poli gamia e sob o im pério dos rituais pagãos, dev ia ser conservada com o era. Saul o Feitosa, do CIMl, afirm a que "existe di visão também na própria Igreja Ca lólica, onde o conselho indigenista encontra fortes resislências" .55
e'.·ia ag_radáv~l pensa~ m~m Conse lho Tndigeni st_a 1'_:i ss1o nán o a mi go cios 111cl1os, pro movendo as m1 ssoes, apo iando ua. necessidades materi ais e os verdadeiros mi ss io nários. A descrição que segue fo i ex traída de uma obra do própri o IMI: "Todos os dias, amanhecendo, se tange a Ave-Maria, e daí a pouco para a Missa. Acabada esta, se lhes ensina a doutrina em sua língua, e depois vai cada um a seu serviço. Em alguns lugares, [... ·1 entre as Ave- Marias e a Missa se j untam os meninos e as meninas na igrej a ou à porta de fora, for111a11do coros, e cantam em português o rosário do benditf.1·simo nome de Jesus. [... l Eles parecem uma alvorada de anjos. 51 O leitor poss ivelme nte ficou agradado com essa descri ção, feita no sécul o XVll pelo Pc. Pero Rodrig ues, e aprovou o fato ele que um li vro do CIMI/CNBB a transcreva. Infelizmente, não é bem assim: a página acima consta ali como exemp lo do q ue seri a mau. Pois, segundo o Cl M I, numa atmosfera embeb ida de piedade e tradição cal li ca, como a da cena acima, "as crenças e manifestações reliRiosas, os modos de vida, padrões de trabalho e de co11d11w dos indígenas iam sendo combalidos ardua111e11te, de1110/idos e,.finalmente, transformados ". 58 Porl anlo, para a esquerda ca!ólica, o hu mil de irmão leigo qu e locava o sino para a M issa não sabi a, mas estava aj uda ndo numa obra de demo lição! Não estava colabora ndo para ·o nstruir algo de bom.
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1 Estamos assisti ndo a organi ~mos eclesiásticos, como a Pastoral da Terra e a Pastoral lndigenista, pregarem , alegando o Evangelho, a subversão anticristã, contrariamente ao Evangelho e ao sentir da maioria dos cató licos. Sem essa propulsão eclesiástica, a investida esquerdista no Brasi I não seria a rai z quadrada do que é. Infe lizmente, a ponta de lança da esquerda indigeni sta é, como vimos, uma organização provinda dos meios eclesiásticos: o Conselho Incligenista Missio nário (CTMI). E este, por sua vez, é - dói dizê-lo - vinculado à CN13B . Estamos ass istindo à diluição ele nossa unidade nacional , através da caotização do País, bem como ela constitu ição de reservas indígenas ime nsas ( 12,5% do território naciona l), em que o não-índio, seja ele branco, negro ou amare lo, é proibido de e ntrar, e e m que se quer imped ir mesmo a entrada da polícia . Uma secessão que ainda não ousa dizer seu nome. Estamos assistindo à constituição, junto às nossas fronteiras,
de "santuários" ideais para - quem sabe? - uma guerrilha. Tudo isso nos causa espanto. Mas soou a hora de sairmos cio nosso espanto. É urgente transformá- lo e m reação. Uma reação lega l e pacífica, mas efic ie nte e indomável. Como? Opondo "ao 'esquerdismo católico ' - inclusive à neomissiologia progressista e esquerdista - todos os obstáculos lícitos ao nosso alcance". 60 Apoiando também os que já fazem isto. A Nossa Senhora Aparecida, Patrona ele todos os brasileiros - índios e não-índios, negros, europeus, asiáticos ou pessoas ele qualquer origem, e sobretudo dos católicos - elevamos nosso pedido de que proteja nosso País; que o livre dos riscos vertiginosos que atualmente corre - e cios quais a questão indígena é um componente importante - e o conduza maternalmente pelos caminhos da Cristandade até a realização da grande missão que lhe está reservada na América e no Mundo. • E-mail do autor: leocla ni e le
DESTA UE
O Evangelho de Judas e o processo de "autodemolição" na Igreja Ü apócrifo Evangelho de Judas foi bafejado pela mídia de 1nodo a sCinear dúvidas em relação à Igreja Católica, em sincronia com a onda de blasfêinias impulsionada pelo romance O Códjgo Da Vinci Lu1s DuFAUR
cato li c ismo.com.br
notíc ia sobre um papiro, velho de J .700 a nos, deu vo lta ao mundo com grande orquestração publicitária, sobretudo em abril p.p. O nome doescrito inspira horror: Evangelho de Judas. O conteúdo é tão ofensivo quanto fa lso: Judas teria sido o discípulo perfeilo do Redentor! O mercador péssi1110 1 teria perpetrado a infame traição em combinação com o próprio Filho de Deus! E isso porque Nosso Senhor Jesus Cristo ansiava libertar-se do "invólucro carnal", segundo pregam as religiões pagãs mai s prenhes de panteísmo e gnose. Um documento sobre esse pseudoeva nge lh o, dito de Judas, foi e mitid o pe lo National C eographic Channel no Domingo ele Ramos, re incidindo no velho coslume anti cleri ca l ele difundir bl asfêm ias o u fraudes religiosas durante a Semana Santa.
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Notas : 1. 2. 3. 4.
Fern ão Lara Mesquita, "O Estado ele S . Paul o", 5-5-04. lpoj uca Pontes, Negócio de Í11dio & ONGs, "Jo rna l ela Tarde", 20-5-04 "Jorna l cio Brasil", 3 1-8-84. Plíni o Corrêa de O li vei ra , Tribalim10 l11dfge11a, Ideal Com11110-missio11 ário para o Brasil 110 Século XXI, Ecl . Vera C ruz, 1979, p. 28. 5. Plínio Co rrêa de O li ve ira, op. c it. , pp. 27 -28. 6. Mauro Sa ntayana, "Jornal cio Brasil ", 9- 1-06. 7. Documento final divul gado e m 19-4-06, nº 130. 8. "O Estado ele S. Paulo", 13- 1-06. 9. "O Estado ele S. Paul o", 30- 1-06. 10. Pedro Soa res, !BCE lança mapa digital, " Folha ele S. Paul o", 4- 12-03. 11. " Fo lh a de S. Paulo", 14-2-0 1, e "O Estado ele S. Paulo", 13-8-00. 12. A respe ito da bata lha ele Londres, Churchill a firm o u: "Nu11ca 1a111os de-
ve ram 101110 a tão poucos". 13. N°s 10, 3 1, 36. 14.N°6. 15. Nº 50. 16. Nºs 78 e 79. 17. "O Estado ele S. Paul o", 8-4-06. 18. C IMI/CNB B, Outro.1· 500 - con.strui11do uma nova história, Ecl. Sa lesiana, São Paul o, 2001, p. 18 1. 19. De acordo co m inúmeros docume ntos, o C IMI considera o indígena " um exc lu ído". Mas quem o quer trancar dentro elas reservas? Prec isa me nte o C IMI e assemelhados. 20. Nº 13. 2 1. Vítor ele To ledo Abrantes, Suprema crueldade contra os índios, Catolicismo, nº 639, março/ 2004, p. 29. 22. Eva ri sto Ed ua rd o ele Miranda , Na tureza, co11 se rvação e cu ltura, Meta livros, São Paulo, 2003, p. 17. 23. Miranda, o p. c it. , p. 17. Nessa exce le nte obra há um tópi co com um títul o ex press ivo: " Antes de Cabra l, caça, fogo e desmatamento" (p. 36). 24. "O Estado ele S. Paulo", 27-4-06. 25. Índio ensina ao branco os valore.,· cri.1·1cios, e ntrev is ta ele D. Tomás Ba lduíno ao semanário "Opinião" , apud "C IC - Centro In fo rmativo ató li co", Vozes, Petrópo li s, ano XXV, n" 1279, 22-2-77. 26. O C IMI criti ca os mi ss ionários tradi cio nais: "0.1· costumes tradicionais
- r... l a pajela11ça, a antropofag ia, a guerra i111ertribal - fora m classificados pelos missionários de vícios (teko poxy) que deveriam ser substitu fdos pelos 11w11da111.entos cristãos e pelos bo11s co.1'111111es". Tudo isso
sob o subtítul o " Preconceito" (CIMI/CNBB , op. c it. p. 74). 27. Plínio Corrêa ele Oliveira, Tribalismo l11díge11a, Ideal Co111u110-111issio11ário para o Brasil 110 Século XXI, Ecl. Vera Cruz, 1979, p. 24. 28 . Plíni o Co rrêa de O li veira, Projeto de Constituição c111g 11stia o País, Ed. Vera C ruz, São Pau lo, 1987, p . 170 e ss. 29. CIMI/CNBB , o p. c it. p. 123. Em 7-5-88. 30. "O Estado de S. Pau lo", 25- 1-06.
CATOLICISMO
3 1. As terras tradi ciona lmente oc upadas pe los índios são bens púb li cos ele domínio ela União Federal. São in alienáve is e indi sponívei s, e os direitos cios índios sob re e las , imprescritíve is. 32. Constitui ção Federa l, Art. 23 1, ca put. 33. "O Globo", 16- 1-06. 34. C IMI /CNBB , o p. eit. , p. 20. 35. O Brasil qu e a gente quer são outros 500 , docume nto final ela Confe rê nc ia cios Povos e Orga ni zações Ind ígenas cio Brasil , e m C IMf/CNBB, op. c it, p. 20 . 36. C IMI /CNBB , Ou tros 500 -co11stn.1indo uma 11ova história , Ecl. Sa lesiana , São Paul o, 200 1. 37. C IMI /CNBB, op. c it. , p. 175. 38. CIMí/CNBB, op. c it. , 129 . 39 . C fr. " Fol ha de S. Paul o", 15-4 -06 e 20-4-06. 40. " Fo lh a de S. Paulo", 15-4-06. 4 1. "O Es tado ele S. Paulo", 9-2-06. 42. "O Es tado ele S. Paulo", 9-2-0 6. 43. "O Estado ele S. Paul o", 1 1-2-06. 44. "O Estado de S. Paul o", 15-2-06. 45. "O Estado ele S. Paulo", 7-4-06. 46. Cf. Angustiado e Filial Apelo a S.S. .loc7o Pr111lo li, promov ido pela Assoc iação cios Funclaclores ela T FP - Tradi ção, Família e Propri edade, in Lopes, G regório Vivan co, Pastoral dr, Terra e MST i11ce11deiam o País, Coleção Em Defesa cio Agronegóc io nº 1, Editora Cru z ele C ri sto, S P, 2004, p. 5 1. 47 . José Maria Tomazela, "O Estado ele . Paul o", 25- 1-04. 48. " Diário Ca tarinense", Florinr1 poli s, 18-2-04. 49. "Jo rn al da Tarde", 27- 1-04. 50. José Mari a Tomaze la, " Estado de S. Pau lo", 25 - 1-04. 5 1. Pode-se até perguntar se não se trata de um a aplicação cio método ela segmentação, cio marketi11g moderno, à luta ele classes. A segmentação é um método publicitário que vem substitu indo a propaganda de massa. Consiste em direcionar as m.:nsagens para minorias bem definid as ("nichos"), e não para o público em geral. Analogamente, o marketi11g esquerdista - que é tão técnico quanto o elas grandes empresas capitalistas - procura dirigir sua " pregação" para grupos, e não mais para a massa em geral, como anti gamente. 52. IMI / NBB , op. c it. , p. 246 (gri fo nosso). 53. IMI/ NBB , op. c it. , p. 78. 54. CIM I/ NBB , op. c it. p. 75. 55. "Jornal cio Bras il " , 11 - 1-04. 56. "O Estado de S. Pau lo" , 23 -3-06. 57 . IM!/ NBB , op. c it. , p. 75. Pequenas a tuali zações no português arca ico. 58. IM I/CNBB , op . c it. , p. 75. 59. Plíni o Co rrêa ele O li ve ira, Tribalismo l11díge11a, Idea l Comu110-missio11ário para o Brasil no Século XX I, Ecl. Vera C ru z, 1979, p. 128 . 60. lei . lb.
Porém, bem anali sada, a manobra publi c itária acaba se voltando co ntra os seus autores. Pois o e tudo sere no cio velho papiro fornece, de um lado, uma inesperada confirmação ele ensin ame ntos da Ig reja; de outro, esclarece aspectos ne bulosos da " autodemolição" da Igreja, de que fa lou S.S. Pau lo VL Assim é a santidade da Ig rej a Católica. Q uando seus adversários julgam darlhe um go lpe formidável, es te vira-se contra e les, para maior g lorificação da Esposa de C ri sto.
Os falsos e milenares /J.:I /Jil'os e11co11 ll'a<los O Evangelho de Judas consta de 13 fol has escritas frente e verso, em língua copta, tendo poucos pa rágrafos c laramente leg íveis. Foi encontrado e m 1978 numa cavern a de E I Minya, no Eg ito, integrando um conjunto de apócrifos de conotações esotéricas.
C hamam-se apócrifos os livros n.ãocan.ônicos, ou seja, que não pertencem à Revelação. Há dezenas de les. Al g un s aportam dados hi stóri cos, muitos contêm graves erros e outros não passam de panfl etos mal -intencionados. Após muitas pe ripéc ias - algumas, por certo, bastante obscuras - os papi ros chegaram à National Ceographic Society, graças à Maecenas Foun.dation .for Ancient Art e ao Waiu Institute .for Historical Discovery, que m·cararn com os milionári os cuslos de resta uração e aná li se. Os estudos científicos foram efetivados por uma equipe de téc nicos especializados e m manuscritos coptas. Estes conc luíram que as folhas datam cios anos 220-340 da era cristã.
Origem do Hnmgelho de ,Judas denunciada IJOI' SanLo ll'incu Assim sendo, tratar-se- ia de cóp ia ele um apócri,fo - j á condenado no ano 180 por Santo lrine u, bi spo de Lyon e Padre da Igreja - do qua l não se conservava exemplar algum .
Acima, fragmento do papiro encontrado na caverna de EI Minya (à esq .), no Egito
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, O próprio Santo lrineu, em sua obra apologética Contra as heresias, transmitiu-nos o conteúdo do fraudulento Evangelho de Judas. Explica o santo bi spo de Lyon que, nos tempos apostólicos, houve numerosas tentativas de infiltração de heresias na· comunidades cristãs. Falsos conve1t idos espalhavam erros e perturbavam a união na fé e na caridade. O cabeça de tais perturbadores fo i Simão, o Mago. Esse feiticeiro qui s comprar dos Apóstolos o poder de faze r milagres. São Pedro repeliu-o, dizendo: "Tu estás preso nos laços da iniqiiidade" (Atos, 8, 23). Simão, o Mago, é tido como o "pai das heresias ", e de sua sacrílega tentativa vem o nome do pecado de simonia. Seus seguidores pregavam a velha doutrina da gnose (literalmente: "conhecimento"), segundo a qual os seres teriam sido criados por uma potência maligna ou seriam fruto de alguma desgraça cósmica. Para os gnósticos, seria bom que os seres deixassem de existir ou se di solvessem no nada. Em estu lta contradição, eles atribuem a esse nada um valor divino. No conhecimento dessa doutrina e dos meios para realizar seu objetivo niilista consiste a essência da gnose - talvez o pior dos erros .
isso mostram um livro que eles inventaram, que chamam. de Evangelho de Ju das ". Santo lrineu conta ter " recolhido esses escrilos, nos quais eles incilam adeslruir a obra do Criador do Céu e da Terra " .2
/í'also H,1a11gelho vatenteia iniqiii<lade ela gnose
Santo lrineu condenou o fraudulento Evangelho de Judas
Simão, o Mago, cai ao solo pe las orações de São Pedro
Entre o prosélitos de imão, o Mago, Santo hineu aponta a seita cios cainilas. Estes diziam que Cai m fo i criado por um poder superior. Ademais, julgavam-se irmãos espirituais de Esaú, de Coré, cios habitantes de Sodoma e outros semelhantes. "E dizem - acrescenta Santo lrineu - que Judas, o traido,; foi o único que conheceu todas estas coisas exatamente, porque só ele entre lodos conheceu a verdade, para realizar o mistério da traição [... ]. Para -
CATOLIC ISMO
O Evangelho de Judas faz compreender o oceano de maldade que contém a heresia gnóstica. Poi s somente um tal ódio à Criação pode levar a venerar Caim, assassino de seu irmão Abel, o justo, cujo sacrifício era grato a Deus (Gen. 4, 3- 15); a cultuar Esaú - fi gura bíblica dos réprobos - , que vendeu a primogenitura em favor de Jacó, o abençoado pai das doze tribos de Israel (Gen. 25, 29-34); a se identificar com os habitantes de Sodoma, que Deus reduziu a cinzas devido a seu vício inveterado da homossex ualidade (Gen. 19); a venerar Coré que, com Datã e Abiron, revoltou-se contra Moi sés, tendo a terra os engolido com corpo e al ma, junto com todos os seus, enquanto um fogo do Céu consumiu seus mini stros (Num . 16, 3 1-35). Só faltou incluir o culto a Lúcifer. .. Chegaremos até lá! Esse erro gnóstico atinge toda sua hediondez na exaltação de Judas, o traidor que por 30 míseras moedas vendeu Nosso Senhor Jesus Cristo. Segundo São João, o demônio poss uíra a alma de Judas (Jo 13, 2). Nosso Senhor disse do apóstolo traidor que "leria sido melhor que este homem não li vesse nascido" (Mt 26, 4). A esse homem, entretanto, os ' cainitas atribuíram o Evangelho ·aído da pluma deles. O Evangelho de Juda s torna patente o ódio a tudo quanto ex iste, acalentado por essa infiltração herética na [greja d ·éc ulo de <' Santo Irineu. Só des ·e séc ulo? 1
Trevas cio "e,1a11gclho" n1i11it.a
bel - gravura Doré, séc. XIX
!--iOIJl'C
O séc. XXI
Aqui começa o aspecto talvez mai, r 'vclador desse falso evangelho, tão favorecido pela orquestração anticatólica. Esl.a sugere um como que retorno vitorioso do cainismo, no atual auge de pecado e de clesliguramento da Igreja Católjca. O Evangelho de Judas encontrou o terreno psico-
lógico preparado, em largos setores da opini ão públ ica, por sucessivas ofensivas ele blasfêmia e ele contestação elas leis e ela disciplina da Igreja. Seria preciso um li vro para conter um sumário delas. Basta pensar no movimento gnóstico e neopagão que leva o rótulo ele Nova Era. O Código Da Vinci novela e (ilme - é um dos episódios mais recentes e notórios dessa ofensiva. Mas, se fosse só isso ... O postulado essencia l cio Evangelho de Judas vem sendo defend ido, com matizações diversas, por teólogos que estão no fulcro da revo lu ção ecles iástica que levou S.S. Paulo VI a afirmar que "a fumaça de Satanás penetrou no lemplo de Deus". Expoentes ela teo logia moderna defendem há décadas uma reabilitação de Jud as Iscariotes, forçando uma apresentação dele como instrumento ela vontade ele Nosso Senhor.
rios do século XlX; Freud, às santas virgens; Mru·x, aos mártires do comuni smo. No Brasil , a obra ele missionários santos corno Anchieta deveria ser rejeitada em favor dos costumes idólatras dos índi os primitivos, cujo estilo de vicia mais lembrasse os errantes filhos ele Caim. A mãe que aborta seu filho estari a mais em consonância co m Judas, que ajuda Jesus a se li bertar do seu " invólucro carnal " entregando-o à morte cruel e in justa. Outro tanto poder-se- ia di zer dos promotores da eutanásia. Afinal, a tão denunciada "cul tura ela morte" não estaria
Qual será a rnsvosta da Proviclência W vi11a?
Co11seqiiê11cia: telltativa ele demolição ela I greja Desde logo, a propaga nd a desse evangelho apócrifo semeia dúvidas entre os fi éis a respeito da Igreja e das Sagradas Esc ritu ras . Mas, se essa ofensiva conti nu ar, pode ir mais longe. Até onde? Para responder nos limites de um ruti go, co nsideremos o que aconteceri a se, corno querem insinuar tantas manchetes rnicli álicas, o onteúdo do Evangelho de Judas ~ ss verídico. Forçosamente, teríamos que on ·luir que os Evangeli stas deturpru·arn o Novo Testamento, pois entenderam mal o ve,r/adeiro ensinamento de Nosso Senhor. bm conseqüência, a Igreja católica s ri a uma l'alsa institu ição, fundada nesses Eva n , ·lhos. Seria necessário que Ela rev isse doi s 111il anos ele história e fi zesse públi ·a ·111e11da de sua atuação visando a sa lvaç.o das almas . Em sentido inverso, d v ·ria ·xall ar o evangelho ca inita e tudo o qu • 1\l:i condenou como heresia, mal ou p ' ndo. O culto dos sH nlos deveria ser substituído pelo cios h ·r li ·os que a Igreja condeno u: L utero ·sma ,nria Santo Inác io , Sru1ta Teresa ele J ·sus 'o oncíl iode Trento; Maomé sobrepor-s ·-ia aos Papas e cruzados santos; Robespierr ', a Luís XVI, a Maria Antonieta e aos contra-revolucioná-
hoje sob os holofotes: "Parte de um plano secreto,/ amigo fiel de Jesus,/ eu fui escolhido por ele/ para pregá-lo na cruz". 3 Em 1.973, na ópera-rock Jesus Cristo Superstw; Judas cantava: "Realmente não vim aqui por minha própria vontade". Em 1977 o mesmo conceito apru·eceu na novela ele TaylorCaldwell, Eu, Judas.4 Exemplos sintomáticos corno estes abundrun na cultura rock ou contestatária e no progressismo mais avançado. Corno esses autores chegru·arn a tal sintonia profunda com o Evangelho de Judas? Não sei. Apenas constato sua concordância, superando um espaço temporal de séculos. Mas, sobretudo, verifico que entre o espírito da "autodernolição" ela Igreja e, na ordem tempora l, a Revolução Cultural, existe uma afi nidade com a fil osofia desse anti-evangelho gnóstico.
"Salve o planeta, suicide-se" . A cultura da morte ganha cada vez mais adeptos
mais próx ima de urna "cultura cainita", sintonizada com o Evangelho de Judas? A revolução homossexual não seria areabilitação de Sodoma, e portanto mais uma vitória reparadora do caini srno? O caos mora l e rei ig ioso de nosso sécul o, à lu z do Evangelho de Judas, não teri a então uma coerência e uma lóg ica - ali ás, urna anti -lóg ica - pavorosamente estruturada?
Idéia do Evangelho de Judas cfrculava antes ele ser rcvelacla E m contrapos ição, alguém pode ri a argumentar: é árduo julgai· que os artífices desse caos atual. estivessem compenetrados do espírito e elas doutrinas ele um pseudo-evangelho, que há 1.700 anos aguardava numa caverna do Eg ito o momento de ser descoberto. Eis outro dos enigmas a respeito cio qual este evangelho gnóstico levanta urn a ponta de véu. Nos anos 1970, Pau lo Coelho e Rau l Seixas compuseram a música Judas . Nela cantavam a idéia central do papiro,
Os extremos a que chegou a Revolução gnóstica e anticristã sublinho o termo gnóstico-, denunci ada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oli veira em sua obra-mestra Revolução e Contra-Revolução, tem hoje um evangelho que os ex plica nas suas mai s profundas cap il aridades. O que fará a Providência Divina em rev ide a essa revel ação da gnose ca inita, contida no Evangelho de Judas, mas já professada por agentes revolucionários antes mes mo de se conhecer os papiros coptas? A ação de Nossa Senhora costuma ir indizivelmente além ele tudo o que de melhor possamos imaginar. Será sempre a resposta de urna bondade e de urna beleza que empolga os bon s e aterroriza os maus. A Ela volta-se pois nossa prece, confiando na vinda próx ima do Reino do seu Imaculado Coração, corno prometido em Fátima •
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E-mail do autor: lui sdufaur @catolic ismo.com.br
Notas: 1. Cfr. Responsóri o de Trevas. 2. Adver.1·us J,aerese.l', liber 1, nº3 1, li ber li , prólogo. 3. "O Globo", 12-4-06. 4. Cfr. Pe. Thomas D. Willi ams L.C. , deca no da Faculdade de Teo logia da Un iversidade Reg ina Apostolorum de Roma, Zenit, 6-4-06.
JUNHO2006 -
(j Sfio Feli pe. Confessor
1 Santo Inácio, Anacoreta + Espanha, Séc. XI. "Feito abade de Onha, onde se acabava de adotar a observância cluniacense, deu novo impulso ao monaquismo" (do Martirológio Romano).
2 São Plotino, Bispo, e Companheiros, Mártires + Lyon, 177. "Seus.fortes e repetidos combates sob [os imperadores roma nos] Ma rco Aurélio, Antonino e Lúcio Vero estão descritos numa carta que a Igreja deLyon enviou às autoridades da Ásia e da Frígia" (cio Martirológio Romano). Primeira Sexta-feira do mês.
3 São Ca rlos de Luanga e 22 companheiros, Mártires + Uganda, 1886. Carl os, oficial do rei de Uganda, convertido co m outros fu ncionários pe los Padres Brancos, foi com eles queimado v ivo. Primeiro Sábado do mês.
4 Domingo ele PentecosLes Os Apóstolos, até então tíb ios, fracos, de v istas baixas, tendo rezado no Ce nác ul o, receberam o Espíri to San to por intermédio da V irge m Maria, tra nsformando-se ele uma vez em destem idos heróis ele Jesus Cristo.
5 São Sancho, Mártir + Espanha, 851 . "Adolescente, apesar de educado na corte real, não hesitou em sofrer o martírio pela fé de Cristo na perseguição dos árabes" (cio Martirológio Ro mano).
+ Palestina, Séc. II. Um dos sete primeiros Diáconos ordenados pelos Apóstolos, é nomeado logo depois de Santo Estêvão, o Proto-Mártir. "Afamado por seus milagres e prodígios, converteu a Samaria à.fé de Cristo, batizau o eunuco de Candace, a rainha da Etiópia, e.finalmente terminou seus dias na Cesaréia" (Do Maitirológio Romano).
7 Santo Antonio Maria Gianelli , Bispo e Confessor + Itália, 1846. F undador das F ilhas ele Mari a Santíssima do Ho rto, dos M iss io nári os el e Santo Afonso ele Ligóri o e cios Oblatos ele Santo Afo nso.
8 Santo Guilherme ele Yorl<, Bispo e Confessor + Inglaterra, 11 54. Sobrinho cio Rei Santo Estêvão, mui to cedo fico u tesoureiro da igreja ele York e, e m segui da, seu a rceb ispo. Ca luni ado, fo i afastado do cargo. Depo is de sete anos ele humilh ações, fo i reabili tado pela Sa nta Sé.
9 Beato ,José de Ancllieta, Apóstolo cio Brasil São Columba Abade, Confessor + Escóc ia, 597. "Nature za aristocrática, brilhante em suas palavras, grandioso em seus conselhos, cheio de amor para com todos, repleto até o fundo de seu coração da serenidade e da alegria do Espírito Santo" (cio Martirológio Romano Monástico).
10 São Getúlio e Companheiros, Mártires + Séc. III. "Varão de grande nobreza e cultura, pai de sete bem-aventurados mártires tidos de sua esposa Santa Sinforosa; e também martírio de seus companheiros Cereal, Amâncio e Prim iti vo" (ci o Martiro lóg io Ro mano).
ll Domingo ela Santíssima Trinelade Santa Pa ula l•'rassineUi, Virgem + Itá li a, 1882. F undo.u as Irmãs ele Santa Dorotéia, ded icadas ao ensino, em me io às ma iores cl ific ul clacles e pertu rbações políticas.
12 Sfío Leão 111 , Papa e Confessol' + Ro ma, 8 16. "A quem Deus restituiu milagrosamente os olhos que os ímpios haviam arrancado e a lúigua que lhe haviam cortado" (do Martirológio). Coroou Carlos Magno imperador na Basíl ica Vaticana, na noite de Natal de 800, lançando ass im os fu ndamentos do Sacro Impéri o Romano Alemão.
l ~l Santo Anto nio ele Lisboa ou de Pádua , Confessor Sfío Peregrino , Bispo e Mártir + Itá li a, Séc. VI. B ispo na região ci os Ab ru zzos, sofre u persegui ções por ter proclamado a di v indade de C ri sto, sendo afogado pe los lo ngobardos no r io Aterno.
14 São Basílio Magno, Bispo, Confessor e Douto!' ela Igreja (Vide p. 42).
15 SANTÍSSIMO CORPO ~; SANGUl DE NOSSO SENJIOR JESUS CRI STO Santa Ma ria Micaela cio Santíssimo Sacramerllo, Virgem 1 :
+ Espanha, 1865. Vi scondessa de Jorbalán, recebeu fo rmação religiosa e literária, sob ressaind o desde cedo pela devoção à Eucaristia. Fu ndou o Institu to d a s Re li g iosas Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade, dedicado à adoração eucarística e ens ino.
16
21
Santa Luclga rcla , Virgem + Bélgica, 1246. "Monja cisterciense de Aywieres, na diocese de Namur, fo i cumulada de graças místicas por Jesus Cristo, que a instruiu no nústério do seu Sagrado Coração, a única luz na cegueira do seu fim de vida" (do Martirológio
26
São Luís Gonzaga , Conl'essor Santo Eusébio, Bispo e Márti r
São Vigílio, Bispo e Má rtir
Romai10 - Monástico).
17 Santos Manuel, Sabei e Ismael, Má rtires + Calcedônia, 362. "Embaixadores do rei da Pérsia para negociar a paz com Juliano, o Apósta ta, o imperador quis obrigá-los ao cullo dos ídolos; como recusassem com grande constância, mandou passá- los a fio de espada" (do Marti rológio Romano).
18 São Gl'egório Barbarigo, Bispo e Confessor
+ Síri a, 378. Ex il ado pa ra a Trácia pelo imperador ariano Valêncio, visitava as igrej as não arianas disfarçado como soldado, para confi rmá- las na fé. Voltando cio exílio após a morte de Valênc io, foi assassinado por uma mulher ari ana por causa de sua fé católica.
22 Sa nto Albano, Mártir + Inglaterra, 304. Destacado habitante ele Verulamium (hoje Santo Albano), escondeu em sua casa um sacerdote du ra nte a perseguição de Diocleciano. Convertido, fico u tão tocado pela doutrina católica, que trocou de vestes com o sacerdote, sendo preso em seu lugar. Após torturas, fo i degolado.
+ Itáli a, 1697. De fa mília patrícia ele Veneza, to rno u-se bi spo ele Pádua e cardeal, dedicando o melhor de s uas atividades ao sem inário episcopal, q ue transfo rmou num cios melhores ela Itá li a.
19 SanLos Gel'vásio e Pl'otásio, Mú rt ir·es + M il ão, Séc. Ill. O prim eiro fo i açoitado com po ntas ele chum bo até a morte; e o segundo, depois ele fl agelado, fo i degolado. anto Ambrósio descobriu seus ·orpos em 386.
20 Sn 111,o Mnlbel'Lo de Magdebul'g0, Bispo e Con fessor + A le manha , 98 l. E nviado pelo imperador Otão, o Grande, como chefe de um gru po ele mi ss io nários qu e foram evangeli za r os eslavos. Tendo sido mas sac rado s todos seus companheiros, Adalberto vo ltou à A lemanha, o nde fo i des ignado bispo da nova sede episcopal ele Magdeburgo, na Saxônia.
23 S!\GRADO CORAÇÃO DE JESUS Santa Agri pina , Vil'gem e M{11'Lir + Roma, Séc. III. Tendo fe ito voto ele virgindade, fo i aprisionada e maitirizada sob o imperador Valeriai10. Seu corpo foi trasladado para a Sicíli a, onde seu túmulo é afamado pelos muitos milagres ali operados.
24 Nati viclaele de São João BaUsta Por ter sido purificado ainda no ventre materno pelas palavras ela Santíssima Virgem, é o único santo, a lém da Mãe de Deus, de quem se comemora o nasci mento.
25 São Máximo ele Tu rim , Bispo e Confessor + Itália, Séc. V Célebre pe la do utrin a e santidade, seus di scursos revelam sua ciência e virtu de, a lcança ndo se melhança com os de Santo Agostinho.
+ Trento, 405. N asc ido e m Trento, foi educado em Atenas. Eleito B ispo de sua cidade natal, "tudo.fez para extirpar os últimos vestíg ios de idolatria. Por esse motivo, homensfe,'.Ozes e bárbaros abateram-no com uma rajada de pedras" (do Martirológio Romano).
27 Nossa Senhora cio Perpétuo Socorro Segundo a tradi ção, essa pintu ra fo i trazida de C reta para Ro ma por um negociante e permaneceu na igrej a de São Mateus até 1812, indo depo is para um a capela dos agostinianos. E m 1866, o Geral dos Rede ntori stas obte ve de Pi o IX a custódia da imagem, d ivul gando-a e ntão por tod a parte .
Intenções para a Santa Missa em junho Será ce lebrada pe lo Revmo. Pa dre Dav id Franc isq uin i, nas se gu intes intenções : • Sup licando ao Sa grado Coraçõo de Jesus - principa l ce lebração de jun ho - que cumu le de graças muito especiais a todos nossos leito res e suas respectivas fam íli as.
28 São Plutarco e Compa nheiros, Má!'tires + Eg ito, 202 . Ass istindo às aulas cio célebre Orígenes, e m A lexa ndri a, fora m po r e le convertidos à fé cató li ca, enfrenta ndo por isso o martíri o nas perseguições ele Severo.
29 Comemoração ele Sfío Pedro e Sfío Pa ulo, Apóstolos Sa nta l~ma, Viúva + Alemanha, 1045. Parente cio impe rado r Sa nto He nriqu e, casou-se co m G uilherme ele Friesach e te ve dois filhos, os q ua is fora m assass in ados. Após a morte do marido, santi fico u-se ded ica ndo-se a Deus e a obras de caridade.
~10 São Mmcial, Bispo e Confessor + França, Séc. III. Um cios primeiros a anun ciar a verdade ira Reli gião nas cercanias de L imoges (França), o nde é venerado com seus do is sacerdotes Alpini ano e Austric lini ano.
lnLenções pa 1'é:1 a Sa nta Missa em julho • Em agradecimento a Nossa Senhora do Carmo pela imensa proteção a todos aq ueles que usam ou usaram o sa nto Escapu lário do Carmo. Ped indo a Ela uma pa rti cu lar proteção aos assinantes e leitores de Cato licismo, livra ndo os da violência e da cri m ina lidade alarmantes em nossos dias .
São Basílio Magno Honra e ornamento da Igreja B ispo, Confessor e Doutor da Igreja, recebeu o título de PaÍ dos monges do Qrjente, assim como São Bento é considerado o PatrÍarca dos 1nonges do Ocklente o
S
PUNIO M ARIA SO UMEO
ão Basílio de Cesaré ia da Capadócia, na Ásia Menor, é de uma famíli a de santos. Sua avó paterna fo i Santa Macrina, a Antiga, que confesso u a fé em Jesus Cristo dmante a perseguição de Maximiano Galério. Seus pais foram São Basílio, o Velho, e Santa Emília, filha de um mártir. De seus nove irmãos, mais três foram elevados à honra dos altares: Santa Macrina, a Jovem, São Gregório de Nissa e São Pedro de Sebaste. Basílio, seu irmão Gregório de Nissa e seu amigo Gregóri o Nazianzeno formam o trio chamado "os três capad cianos" . Basílio nasceu cm esaréia no fi nal do ano 329. Seu pai era advogado e professor, vinha de famíl ia rica e consi-
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CATOLICISMO
derada latifund iária, da região do Ponto. Sua mãe era de fa mília nobre da Capadócia. O menino foi entregue aos cuidados da avó Macri na, para a primeira educação. Afümará ele depois: " N unca mais olvidei asfortes impressões que fa ziam à minha alma ainda tenra as palavras e os exemplos dessa santa mulher". Para defender-se da acusação de heterodoxia, afirmará: "Jamais traí a f é. Como a recebi ainda menino sobre os joelhos de minha avó Macrina, assim a prego e assim a ensinarei até o meu último alento". São Ba ílio estudou ini cialmente com o pa i, dcpoi · cm Cesaréia, Consta ntinopla e Atenas. Nas duas últimas, teve como ondiscípul os São Gregório Nazianzeno, a q uem se uniu e m estreita amizade, e a quem devemos muitos dados de sua vida.
Cristão não só <le .nome, mas <le fato São Gregório atesta no panegírico de seu ami go: "Am.bos tínhamos as mesmas aspirações; íamos atrás do mesmo tesouro, a virtude. S6 conhecíamos dois caminhos: o da igreja e o das escolas públicas. Não tínhamos nenhuma ligação com os estudantes que se rnostrava,n grosseiros, impudentes ou desprezavam a religião, e evitáva1nos os que tinham. conversas que poderiam nos ser prejudiciais. Tínha,no -nos persuadido de que era ilusão mesclar-se co111 os pecadores sob pretexto de procu rar convertê-los, e de veríamos tern er sempre qu e nos comunicass em seu veneno. Nossa sa,,tificação era nosso grande objetivo, e o de sermos chamados e sermos efetivarnent e cristãos. Nisso fa zíamos consistir toda nossa glória " .1
Onlenac/01• e legisl.:ulor <lo monacato 110 Oriente D esej ava fa ze r tudo da me lh o r mane ira poss íve l. Resolveu então vi aj ar pel a Síri a, Mesopotâmia e Egito para visitar os vários cenob itas desses luga res a fim de adq uirir um conhecimento profundo dos deveres do gênero de vida que tinha adotado. É preciso nota r que a vida re li giosa e m comum dava seus prime iros passos e a inda não havia aparecido qu em a or-
Mun<hmismo, \1a11glória e sua conl'Cl'são
Ruínas de Cesaréia, na Capadócia, cidade natal de São Basílio
E m esa ré ia passo u por um a "conversão" . E mbora tivesse sempre levado vida muito regul ar, procuran do s mprc a vo ntade de Deu s, os apl ausos e louvores que rece bia era m tantos 4u , segundo seu irm ão Gregóri o ele Nissa, isso deixou traços de mund ani s mo e auto-sufici ê nc ia no jovem prof' •ssor, que se ntiu a verti gem ela van 1 I >ri a. Mas em casa, vendo o ex mpl o de sua irmã Macrina, que le vav ,1 H vida austera de virgem co n agrada , im press io nou -se: "Co1necei a despl'rtar como de um sonho profú11do , {/ abrir os olhos, a ver a verdadeiro l11 z do Evangelho e a reconhecer o voidade da sabedoria humana ". S ·ntao , conforme costume da épo ·a, l'oi bati zado e recebeu a ordem sa Til d' Lc it r. Resolveu então vend ·r ludo o que tin ha, da ndo o produto aos pohrcs, e fa zerse monge.
denasse, como fez depois São Bento no Oc idente. Se a impureza de corpo chocava Basílio, mu ito mai s a de a lma. Por isso era imp lacável contra toda heres ia ou do utr ina dúb ia. Tinh a um profundo horror ao ariani smo, então triunfante até no trono imperi al. Voltando a Cesaréia, recomeçou a co laborar co m o bi spo local Di aney, a quem muito admirava. Mas, como este entrou numa espéc ie de acordo com os ari anos , rompeu com ele e retirou-se para o reino do Ponto, onde j á se hav iam fixado sua mãe e irmã. E las tinham fundado um convento feminino às margens do"Íris. Na margem oposta Basílio fundou um convento masculino , que diri giu durante quatro anos. Ne le ing ressaram també m seu am igo Gregório Naz ianzeno e se us irm ãos Gregório de Nissa e Pedro de Sebaste.
O governo que Basílio exercia no mosteiro era muito suave, todo ele de exemplo mais do que de palavras. Sua doçura e paci ênc ia eram a toda prova. Os monges levantavam-se antes do despo ntar do dia, para louv ar a Deus com a oração e canto de sa lmos. Liam os Livros Sagrados e a lternavam a oração com o estudo, dedicando-se, nos te mpos livres, ao trabalho manua l. De quando em quando Basílio os re unia para ouvir suas dúvidas ou propostas, e os orientava no cam inho d a p e rfe ição. Surgiu ass im sua obra Regras Maiores e Menores, suma de catequese monaca l, indi spensável no desenvo lvimento da vida cenobít ica. Graças a São Bas íljo Magno, a vida em comunidade iri a afi na l firmar-se no cristia ni s mo, dando base ao movimento monacal que fo1jou depois a Idade Médi a. "Se [São Basílio] não criou o monaquismo orien/al, in fundiu -lhe uma vida nova quando se achava ameaçado de um grande perigo: o de toma r-se uma sociedade de trabalhadores que rez.arn, ou de rezadores que se matam à fo rça de pen itências" .2 Em todo caso, ficou ele conhec ido como o pai do monasticismo do Oriente, como São Bento o é do Ocidente.
Sua firmeza contra O,<; arianos e a "Basilíacla " Em 370, ficando vacante a diocese, o povo de Cesaréia escolhe u Basíli o para pree nchê-la. "A notícia dessa escolha provocou uma satisfação extraordinária em Santo Atanásio, e ele anunciou a partir daí as vitórias que São Basílio alcançaria sobre a heresia reinante".3 Com efeito, protegidos pe lo imperador, uma minori a ele bispo s sufragâ neos de Basí li o, adeptos do ari ani smo, deram-lhe muito trabalho. Mas, com anos de tacto, "temperando sua correção com a con-
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sideração e sua gentileza com a.firmeza", no dizer de São Gregório Nazianzeno, conseguiu vencer seus oponentes. Para socorrer as mi sérias materiai s de uma c idade gra nde co mo Cesaréia, Basílio ne la fund ou, em grande terreno que lhe fora dado pelo imperador, uma verdadeira cidade da caridade, que passou a ser conhec id a co mo "Basilíada". Diz São Gregório que essa obra "pode ser ~onlada entre as maravilhas do mundo, tal é o grande número de pobres e de doentes que ali são recebidos, tanto siiu admiráveis a ordem e o asseio com os quais trata-se das diversas necessidades dos infelizes". O conjunto tinha hospital, albergue e escola para jovens. Homens e mulheres tinham pavilhões separados. Amplos jard ins os dividiam , e no centro estava espaçosa igreja.
me impressiona, respo nd e u- lh e Basílio. - Que dizes!? - Aquele que nada tem, está a coberto do confi.sco. Não tenho senão alguns livros e os trapos que visto; imagino que não sois zeloso de m 'os tirar. Quanto ao exílio, não vos será fáci l condenar-me: é o Céu, e não o país em que habito
E11/'re11ta11do o iml)erado,· aria110
Moeda da época do Imperador Va lente
O Imperador Va le nte era de um temperamento muito vio le nto, e para ev itar um choq ue na execução dos decretos de ex íli o dos bispos católicos, quis e le mesmo visitar as várias c idades do Império. Mas em Cesaré ia, dada a gra nde personalidade de São Basílio, quis prepara r o te rreno. Mandou então que alg uns bispos ari anos fossem conversar com Basíl io, para ver se con eguiam levá-lo a aderir à heres ia. Este não ó não qu is ouvilo , mas os excomungou. O prefeito Modesto chamou e ntão o bispo reca lc itra nte . Com boas palavras , tentou in duzi -lo a aceitar a heresia ariana. Como Basílio nem lhe desse ouvidos, ameaçou-o gradativame nte com confi scação de bens, ex íli o, tormentos e morte. São Gregório, que estava presente, descreve a cena: - Ameaçai-me de qualquer outra coisa, porque nada disso
que eu considero minha pátria. Eu /erno pouco os tormentos. Meu corpo está num tal estado de magreza e de fraque za, que não poderá sofrer por muito tempo. O primeiro golpe terminará minha vida e minhas penas. Temo ainda menos a morte, que me parece um favo,: Ela me reunirá mais cedo ao meu Criador, por Quem somente vivo. O imperador não teve êxito maior. Por isso reso lveu entregar- lhe logo a ordem de ex ílio. Mas a Providência velava. Essa noite mesmo o príncipe imperial Valentiniano Gálata, de seis anos, fo i acometido por uma febre tão violenta, que os médicos se confessaram impotentes para qua lquer coisa. A imperatriz fez notar ao marido que isso era uma justa punição por ter exilado o Bisp , e insistiu cm que o chamasse para curar o fi lho. Basílio ainda não tinha paitido. Mal chegou ao palácio, o me-
nino começou a melhorar. Afirmou ao imperador que o menino sararia, contanto que ele prometesse educá-lo na verdadeira religião, a católica. A condição tendo sido aceita, o Bispo rezou junto ao leito do menino, que ficou instanta11eamente curado. Enti-etanto, pressionado pelos bispos ai·ianos, Valente não manteve sua palavra. Pelo contrári o, fez batizar logo o menino por um dos bispos hereges. O menino teve uma imediata recaída e morreu pouco depois. O terríve l go lpe não converte u o imperador, qu e condeno u novamente Basílio ao ex íli o. Quando lhe trou xeram a ordem para assinar, a haste de bambu que lhe servia de caneta quebrou-se e m sua mão. Outra haste fo i trazida , e teve o mes mo fim . Uma terceira também quebrou-se. Q uando Valente fez vir uma quarta, seu braço foi tomado de tre mor e de uma ag itação extraordinária. Apavo rado, e le rasgo u a ordem e deixou o arcebispo e m paz. São Basílio, declarado "Magno" e " Doutor da Igreja", fa leceu no dia 1° de jane iro de 379. 4 • E-mai l do autor: pmso limeo@cato.licismo com
Notas:
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1. Les Petits Boll andi stes, Vies des Sai11t.1·, Bloud et Barrai , Pari s, 1882, tomo VII , p. 8. 2. Fr. Ju sto Perez de Urbe l, O.S.B. , Mio Cristiano, Ecl iciones Fax , M adrid, 1945 , tomo li , p. 6 16. 3. Les Petits Bo ll ancl istes, op. cit. , p. 14. 4. A presentamos neste mês a festa de São Basíli o, como era antigamente "por ser
a data de sua sagração como bispo de Cesaréia, na Capadócia " (Martirol ógio Romano, ed. de 1954 ). Atual mente ela é co memorada a 2 de janeiro.
Outras obras consultadas: - Edelvi ves, E/ Santo de ada Dia , Ed itora i L ui s Vives, S.A. , Sara oça, 1947, tomo Ili , pp. 453 e ss. - Th e Calho/ic E11cyclopedia , Vo lume VI , opyright © 19 11 by Robert App leto n ompan y, On lin e Edition , Co pyri ght (D 200 by Kcvin Kni ght
Na França, Centro de Estudos inaugurado pelo Cardeal Medina C entro de Estudos para a farmação de jovens católicos provenientes, de modo especial, de países europeus, foi inaugurado na cidade ele Cr·cutzwald, na Lorena, a pequena distância da fronteira aleinã RENATO
MuR rADE
V ASCO NCELOS
Centro d' Estudos No lre Dame de la 'lrririr)re, inaugurado pela Federaçiio l'rô 8uropa Cristã no d ia 7 de maio úl1i1110, l 'rá sua sede numa bela casa de ca mpo ( vil/o ) do início do sécul o passado, inl 'iram ·ntc resta urada e adaptada às suas no vas funções. Construíd a na o rl a da l"lor 'Sta de Warnd, rodeada de árvo res s • ·ul arcs, longe do bulício das grandes c idad 'S, a propriedade oferece co ndi ções 'XC 'pcionais para o estudo, re fl exão e oração.
O ato ele inauguração foi honrado com a presença de S. Emª. o Cardeal Jorge Arturo Medina Estevez, ex-prefeito da Congregação pai·a o Culto Divino e a Disciplina cios Sacramentos e protod iácono do Colégio Cardinalício; ele Sua Alteza Imperial e Real Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Bras il , alé m de membros de TFPs de diversos países europeus. Na homilia da Missa que celebrou na recolhida, austera e bela capela do CentTO de Estudos Notre Dame de la Clairiere, o Cardeal Medina foi acolitaclo por um sa-
cerdote, abbé Benoí't Merlyi , do lnstiluto Crislo Rei. Reportando-se às comemorações litúrgicas da Semana Santa, sa li ento u o Cai·deal que na vida há momentos de l:risteza e de alegria, e que o católico não pode se deixar abater nas horas difíceis. Depois da Sa nta Missa, com suas vestes ponti ficais , abençoou solenemente as dependências do Centro de Estudos. Em seguida, em roda de conversa num cios sa lões da casa, manteve com membros das associações qu e compõem a Federação Pró Europa Cristc7. uma anim ada conversa, dura nte a qual sua gra nde cultura, o bri -
CATO LI C ISMO
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Em defesa da vida e da Cristandade
lho de sua inteligência e a vivacidade de sua personalidade a todos cativaram .
* * * Ao meio-dia, numa grande tenda montada no jard im, fo i servido o almoço para cerca de 150 convidados, boa parte deles proveniente de Creutzwald e redondezas. Esteve também presente o prefeito da cidade, ex-Senador da República Francesa, Sr. André Bohl. Na mesa de honra, presidida pelo Cardeal Medina , alé m do Príncipe Dom Bertrand, encontravam-se ainda Dr. Caio Xavier da Silveira, Dr. Mário Navarro da Costa, diretor do Burô-TFP de Washington; Sr. Ben01t Bemelmans, pre idente da TFP francesa; Sr. Juan Miguel Montes, diretor do Burô-TFP de Roma; Sr. Carlos Schaffer, diretor da Osterreiclúsche Jugend de Viena; Sr. Slawomir Olejnicak, presidente do Instytut Pe. Piotr Skarga ele Cracóv ia; Sr. Silv io dalla Valle, diretor de Luci sull'Est de Milão; Sr. Nelson Fragelli , diretor de Droit de Naítre de Paris. Em outras mesas, presentes também o Sr. Benno Hofschulte, pre iclente ela Deulsche Vereinigung fiir eine Chrisl fische Kultur e. V. (Associação Alemã pró-Civi li zação Cr istã) e Sr. Jorge Saicl l, direto r ela Krikfciondkos ios kCt ft uros gynim o asociacija (Assoc iação lituana de defesa ela Cultura Cristã). * * * Ao fina l cio almoço, o Sr. Mathias von Gersclorff, presidente da Federação Pró Eu ropa Cristã, expressou sua esperança de que esse Centro ele Estudos se torne um eficiente foco ele formação especial mente de jovens contra-revolucionários ele toda a Europa, não só ocidental mas também oriental. Em breves pa lavras, o Sr. Bemelmans agradeceu o empenho ded icado daqueles que tornaram possível a abertura do Centro de Estudos. Antes das orações finai s, o Cardea l Medina fez que tão de man ifestar seu contentamento com a iniciativa ele Pró Europa Cristã . Enfatizou a impo1tância ele os leigos também fazerem apostolado. E após uma última bênção, retornou a Frankfmt, onde embarcou ele volta a Roma. • E-111ail do autor: rcnatovasconcelos@catolicis1110.co111 .br
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CATO LICISMO
A Colômbia recusa totalmente a ameaça de implantação do aborto O Cardeal Medina durante a ce le bração da Santa Missa
Apelo à Corte Constitucional da Colômbia contra o aborto Sociedad Colombiana Tradición y Acción , após uma campanha pela in violabil idade da vicia, publicou um apelo à Corte Constitucional daquele país, soli citando que rejeitasse a prática do aborto. Neste mesmo sentido, organ izou com seu s s impatizantes o envio ele milhar sele cartas àquela Corte. Apesar ele a imensa maioria d p vo co lombiano ser contrária ·10 aborto - segundo o insti tuto c1 pesquisa Ga flup, 76,6% dos o lombianos rejeitam tal criminosa ' aberrante prática - a Corte aprovou a despenali zação do ab rt '111 três situações, por 5 v t s ontra 3. Dadas as semelhanças com a s itu açao no Brasil quanto à desp nali za ,o do aborto, aqui transcr v ·mos o incisivo mani festo , publi ·udo por Tradición y Acció11 no importante jornal "EI Ti mpo", de Bogotá, no dia 10 de mui o último, ante s da aprovaç, o. Aqu ,1•s qu • desejarem maiores informn '< •s, podem obtê-las, acessancl o sil ' tia entidade: www.col mhia-m1 tentica.org
A
país se depara com a perspectiva iminente da sentença sobre a despenalização do aborto, e m certos casos, que deverá ser emitida e m breve pela Corte Constitucional. Nessa circunstânc ia, a Sociedad Colombiana Tradición y Acción julga seu dever manifestar-se ele modo categórico contra essa eventual despenalização, porque contrad iz gravemente não só a própri a Constitu ição, mas também a moral e a consciência cristãs, ass im como lesa a fundo o bem da nação. Uma vez mai s, certas forças, vendo que a opin ião nac ional é totalmente contrária ao aborto, e que portanto censuraria severamente os congress istas se o aprovassem, querem que a Corte Constitucional assuma o ingrato papel de abrir caminho a essa prática criminosa, legislando e extrapolando ele suas funções , pela via ele uma interpretação arbitrári a da Carta, consagrando como legal o que sem dúvida esta proíbe.
A meta cios promowres do aborto é a sua total libe1'<1lização Os promotores cio aborto dizem agora que ele deve ser admitido em certos casos extremos e precisos: violação, malformação e risco ele vida para a mãe. Entretanto, a regra que até hoje não teve exceção, nos países onde esse crime foi legalizado, é que sua aceitação nesses casos é uma brecha pela qual depois penetra - seja por interpretações extensivas e abusivas, seja por sLTCessivas ampliações da lei - sua total aceitação de acordo com a vontade da mãe, por qualquer pretexto ou razão; de modo que esta é a ameaça que hoje paira sobre a Colômbia. Mais ainda, os defensores da despenalização cio aborto para certos casos repetem sofismas conhecidos, que procuram justificá-lo em todas as situa-
ções, pois é isso o que na verdade desejam . Acham que a mulher, por ser dona ele seu próprio corpo, segundo di zem, poderi a dispor a seu bel-prazer do filho ainda não nascido, co mo se este fosse pa rte daque le. Argumentam que se ri a urgente aprovar o aborto, devido às numerosas grav idezes não desejadas que se dão atualme nte, jogando com cifras ele impossíve l verificação, o que indica sua pretensão de que se apliquem em todas elas, e não só quando haja violação, malfor mação ou ri sco para a vida ela mãe. Assim abre m as portas a outro gravíssimo crime contra a vida humana, que é a eugeni a, a qual pretende limitar a reprodução dos indivíduos portadores de caracteres desfavoráveis, tal como ocorreu sob o nazismo. Outra pretensão cios aborti stas é que as norm as constitucionais sejam " interpretadas segundo alguns tratados internacionais de direitos humanos" que favorecem o aborto, e m vez de reconhecer que o país pode subscrevê- los só quando seja m compatíve is com a Carta, como é abso lutame nte elementar. Por que esta incongruência? Simplesmente porque a ONU organiza e promove acordos internac ionais, cuja interpretação varia segu ndo o conceito de "direitos huma nos" que ela põe em voga, a ponto de o Protoco lo ela CEDAW (Convenção para a elim in ação ele todas as formas de discriminação contra a mu lher) incluir o aborto entre os "d ireitos da mulher", sob os nomes de " interrupção da gravidez" e de "meio anticonceptivo de emergência".
Silê11cio cúmplice cios dete11sorns cios "dil'eitos lmmanos" Paradoxalmente, quando chegam ao auge os argumentos em prol cios direitos humanos, a ponto de a Constituição gaJUNHO2006 -
rantir ex pressamente vá rias dezenas deles, inc lu sive para os piores criminosos, as forças aborti stas tentam tornar impune a mac iça violação do ma is básico de todos os di re itos, que é o direito à vicia; e não para qualquer pessoa, senão para as mai s indefesas e inoce ntes de todas e las, que são as crianças por nascer. Durante décadas, o país so fre u o ataq ue sang uinário da g ue rrilha, cio te rro ri s mo e cio na rcotráfico, com dezenas ele milhares de mortos, contra o qual ouviram-se as mais justas e acesas que ixas dos ma is vari ados setores. Pois bem, quando essa tragéd ia começa a ser superada pela restauração ela o rde m e o império do D ire ito, e quando começam a re nascer as espera nças de norma li zação nac io nal , procura-se impor uma infâmja muito ma ior, que é o crime cometido, não vio la ndo a Constitui ção e as leis, mas ao amparo das mesmas; não e m casos contados, mas e m fo rma maciça; não ele modo cl andestino, mas aberto e desafiante; não pe la tramitação ele uma lei, mas pe la interpretação arbitrária de um tex to lega l que estabelece o contrá rio. Muitos abortistas querem ver nesta matéri a mera questão de "saúde pública", sem implicações re lig iosas, morai s, éti cas nem jurídicas . Ao fazê-lo, não reconhecem muitas ev idências: que a aceitação do infa nticídio impune, praticado com
o consentime nto cios própri os pai s, impli ca para estes, e e m espec ial para as mães, traumas inde léveis na consciê ncia, justame nte por viol ar de modo gravíssimo a ordem natural e atentar mortalme nte contra o ser humano ao qua l deram vicia; trau m as que co m o te mpo terão efe itos de molido res para as suas próprias me ntes e e m geral para suas fa míli as. É ó bvi o o efeito a lentador que exerce na sociedade a presença de numerosas c ri anças inoce ntes, de fa míli as prolíficas e respeitosas da mora l cri stã, de mães e pai s que se sacrificam pe lo bem de seus filh os e que ao mes mo te mpo põem ne les muitas esperanças; como é ev ide nte o efeito benéfi co para a sociedade ela forma ção que as famílias bem constituídas dão a seus filhos, merecendo em troca afeto, obed iênc ia e respeito. Com o aborto, tudo isso fica ameaçado. Dir-se- ia qu e é preci samente isto que os abortistas que rem destruir. Mai s ainda, como j á sucedeu em várias nações, à aprovação desse c rime segui r-se-á e m breve outra infâ mia, que será a coação sobre os médicos; po is se quererá obrigá- los a praticá- lo, a in da que contra as suas consc iê nc ias, a legando tratar-se ele um " direito humano" da mulher, que esta sempre poderi a ex ig ir, e que seria uma di scrimi nação in to le ráve l negá- lo por qual quer motivo . Por esta via, o país se ap rox imaria de um c lima de pe rseg ui ção re li g iosa contra aque les que desej a m cumprir integralme nte os preceitos cio Decálogo. Es perando que estes arg ume ntos, por estar e m fundado s na doutrina moral infalíve l da Santa Ig reja e nos princípios do Dire ito Natu ra l, sejam aco lhidos pelo a lto Tri bunal que tem em suas mãos assunto de tanta transce ndê nc ia, a
Sociedad Colombiana Tradición Acción e leva à Santíssima Vir-
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gem o ped ido fili a l para que evi te à P á tri a a vergonha da ace itação do a borto e dê fo rças a todos os que q uerem preservar a índ le cristã cio país. f.ll~Tdcfax: ll\ 1487564 EmaU: lmdlaedOn01cltsaLtUll.t'O
,,ww,tt,klmbla-autcntlca.or&
Fac-símile da publicação no jornal "EI Tiempo", de Bogotá
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CATOLIC ISMO
Sociedad Colombiana Tradición y Acción
TFP americana promove protestos contra O Código da Vinci "Que1n der testemunho de mim diante dos homens, tarnbém eu darei LcsLrnnunho dele diante de meu Pai que está nos Céus. Aquele, porérn, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai". Lu11 SÉRGIO So uMEO
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i o mai?r protesto orga ni zado du hi stó ria dos Estados Unidos contra um film e. om ·f"•ito, a TFP america na mobili io u, atl: o mo me nto , l .7 l 8 organizador 'S de protesto contra o filme b lus l" •1110 O Código Da Vin ci, que fo i lan <;ado nos cinemas do país na sex ta - l" •iru 19 de maio. Cada uma dessas p ·ssoas lid e ro u um g rupo que se postou diante de um ci ne ma q ue ex ib • o film e, po rta ndo cartazes e rezando o terço. C ord ·nados através dos escri tórios da ·nti dadc na Pensilvâ nia e no Kan sas , · atra vés de seu web site, esses or •ani zndores permaneceram em conta ·to constante com a direção da ·11111p1111ha, através de celulares e ·- muil. Continuame nte chegavam m •nsa >cns de todas as partes cio t •rril<írio ame ricano : do A laska à l ,oui s i1111a, ela Califó rnia ao Massachus<:tls m1 à Virgínia. O espírilo qu · animou esses mi lhares de p ·sso11s estudantes, profi ssiona is lilwr11is , donas de casa, sace rdot s l'l'll um só : DESAGRAVAR O S/\CiRADO CORAÇÃO DE JESlJS p •las ofensas gratuitas do fil111 l' de fundo g nóstico, que não som ·11( L' lll'ga a div indade de Nosso •11hor Jesus Cristo, mas qualifica s ua lprL·jn como "rn.aior
embuste da lt istrírio da humanidade". A tese do li vro, · portanto do fi lme, é a de que "qrl{/se tudo o que nossos pais ,ws r•11si11aram sob re
Jesus Cristo é ,nentira " (Código da Vinci, pp . 236 e 223). Mesmo antes de o filme ser lançado, durante semanas fo ram realizados protestos preve ntivos e m várias c idades como Rochester (Estado de Nova York), H arrisburg (Pensilvânia), Balti mo re (Maryland), Los Angeles e San D iego (Califórn ia). A TFP americana começou a artic ular a presente campanha há mai s de um a no , tão logo fo i a nunc iado que o li vro de Da n Brown iria ser adaptado e m fi lme. Robe rt Ritchi e, diretor ela Arnerica Needs Falima ("Os Estad os Unidos Preci sam de Fátima" - uma ca mpa nha da TFP ameri ca na), passo u a e nviar cartas aos numerosos ade re ntes, denunci ando as blasfê mi as de O Código Da Vinci e ped indo que as pessoas rezassem e m re paração e protestassem contra o filme (v id e Catolicismo, dezembro/2005). Foram coletadas, até o mo mento, 100.946 assinaturas e m carta à Co lu mbia Pictures (q ue perte nce atualmente à Sony Co rporation) mani festa ndo repúdio à exibição do filme blasfemo. E m o utubro de 2005 sa iu a público o livro da Comissão de Estudos da TFP a me ri ca na intitul ado
Rej eitando o Código Da Vinc i Corno uma novela blasfema ataca brutalmente Nosso Senhor e a Igreja Católica (um a edição adaptada foi recentemente lançada no Bras il). Nesse li vro é de nunciado o estratage ma de se servir de uma obra de ficção para atacar a Igreja Católica e negar a divindade de C risto, e JUNHO 2006
IJillllll
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·, ao mes mo te mpo most, a a fa ls_a doutrina re ligiosa que o livro veic ula: 0 velho gnosticismo pagão. 60 mil exe mplares da obra fo ram e nvi ados a ade re ntes da ca mpanh a America Needs Fatima, com o ta mbém a bi spos, sacerdotes e pessoas de destaque.
Apoio de altos prelados
tólica, bem como d!f'undir sua doutrina tradicional".
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·s MOCKI OURfO J[SUSCU
A TFP americana escreveu aos senhores bi spos pedindo apoio para a campanha de protestos contra o filme o Código Da Vinci. Dentre o grande número de cartas recebidas, destacamos trec hos de algumas :
Cardeal Justin Rigali, Arcebispo de P hil ad el phi a: "Envio meu ap o io no momento em que vos reunis em vigílias de oração para proclamar publicamente vossa f é em Jesus Cristo e man!festar vosso repúdio às errôneas informações sobre Jesus que são aprese~tadas como sendo fatos verdadeiros no o Código da Vinc i. Que o Senhor abençoe todos os vossos esforços e que Maria, sua Mãe, queira interceder por vós". Cardeal Luis Aponte, Arcebispo Em éri to de San Juan, P ue rto Rico:"Na qualidade de [... ] padre há mais de 55 anos; bispo há 45; arcebispo há 41; cardeal há 33, do fundo do meu coração rejeito todos ·os erros e blasfêmias contidos na des p rezíve l novela O Código Da Vi nci, a qual infelizmente terá sua versão cinematogr6fica apresentada muito brevemente". Arcebispo Raymond L. Burke, St. Louis: "Fiquei muito satisfeito de receber sua carta de 5 de abril último, na qual O Sr. me convidava para tomar parte nos protestos organizados pela America Needs Fáti ma contra o filme O Código Da Vinci. [... ] Conte com minhas orações em pro l do t raba lh o da Ame1:i~an Soc iety for the Defense ofTrad1t1on, Fam ily and Property e de sua campanha America Needs Fati ma, que procura dar seu apoio à Igreja CaCATO LI C ISM O
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DA
Arcebispo Wilton D. Gregory, de Atlanta: "Jesus Cristo, o Filho de Deus, q uando q uis ident(ficar o anjo d ecaído, Satã, deu a ele o nome de 'Pai da Mentira'. [... ] O Códi go Da Vinci[ ... ] é umafalsificação da pior espécie - um tecido de mentiras entremeadas com algumas deturpadas verdades, apenas o suficiente para dar alguma aparência de realidade e fo rmar uma curiosa f igu ra, mas defo rmada e f a ntást ica. [... ] En vio meu apoio e meus encorajamentos a todos aqueles que estarão rezando e protestando durante estes próximos dias contra as mentiras de O Códi go Da Vinci. Incentivo os crisLãos a rejeita r esse livro e o filme bas:eado nele: eles não podem ser vistos como mera e inocente distração, po rque o ataque que fa zem à nossa fé é um truque, e nós sabemos quem, em última análise, está por trás desse truq ue [ o Pai da mentira]. Mantenhamo-nosjuntos, pois, como DEFENSOR ES de Nosso Senhor, seu Evangelho, sua Família [a Igrej a] da qual fa zemos parte. Por meio de nossas orações e protestos, apressemos o dia em que o Código Da Vinci se torne uma pequena curiosidade, um mau livro que se transformou num mau fi lme e foi esquecido". Arcebispo Oscar H. Lipscomb, de Mobile: "Eu aprovo vossos esforços de uma rede de ativistas. Se a presença desse testemunho público fi zer com que pelo menos um~ pessoa se ponha a pensar a respeito da propaganda ideológica à qu~l eStá sendo submetida [pelo O Código Da Vinci], vosso esforço terá valido a pena. Que Deus abençoe eJaça prosperar a vossa campanha . Bispo John C. Nienstedt, de New Ulm, Minnesota: "Envio ao Sr. (Raymond Drake, pres idente) e aos membros da TFP americana meu apoio ao protesto contra a versão
cinematográfica de O Códi go Da Vin ci" .
B is po R aymond J. Pen a , de Brownsville, Texas: "Ficoencorcyado em. saber que pessoas de boa vontade como os membros da TFP americana irão exercer seu direito legal de protestar pa •ifica111 •nle contra o filme, que não tem outro o~jetivo senão o de ridicularizar a doutrina católica e incitar as massas ao erro. [... ] Tenho a fávorosa esperança de que, por meio das orações da !rnaculada Vitgem Maria e O testemunho dos discípulos de Cristo, a vacilantefé daqueles que vão assislir ao filme [O Cód igo Da Vincil será fortalecida contra as fa lsidades representadas nele". Bis po M ichael J. She 1·idan, de Colorado S1Jrings: "Ag rada-me muito saber que 1m110.1· .fiéis estarão fazendo u 111a pr,c(/im de111ons/ração de sua /'é e rezando rt 11ranle o lam:;arnento des:i·ejil111e nos ti11e111a.1· do P ds·. Que 0 Senhor os abençoe por vossa ·orajosa atitude, e soiha111 que os terei presentes e111 111i11lws orações de ,nodo rnuil.o espe<"Í(I I". A 1·cc/Ji8J)O /lmaw,
<la Co11~1·,·~arão da DOllll'ilm tlll l 1'é
Confo nn , l'oi amp lamente noticiado, 0 /\r , •b ispo Ange lo Amato, secretá ri o dn 'ong regação pa ra a Do utrin a dn F , um dos ma is importantes di •nstC- ri os da San ta Sé, recome nd o u pii hli •umcnte o bo icote ao film O (' )(liRO /)a Vinci. o j o rn a li sta I hilip Pu lle ll a, da Agência N<'lllt•rs , assim apresenta a dec la ração do /\rc ·hi spo Amato: "A mato, (' llt rft•l'lo mçries enunciadas duranlr' 11111r1 trlt({erência católica rea-li'<.Orlfl ,.,,, No111a, disse que li vro 1 'pmji,nda m ente 0 anticrisll1o ' <' q111, 1,.1·/rí 'cl1eio de calúnias, of en.i·r,.1, ,. 1,rms históricos e teológicos O rt•,1·i1<•i10 de .Jesus, dos Evangelhos e r/(I IMfC'}a ". o arcebi spo 11 ·r ·s · ·ntou: "Espero que vo •és bolrn/1•111 o.filme". [... ] Ao di scursa r 11 n sex ta-re ira, Amato
Gustavo Antonio Solimeo e Luiz Sérgio Solimeo O Código Da Vinci, por detrá s de uma mirabolante trama policialesca, esconde uma doutrina anticristã e ataca diretamente a pessoa adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Igreja . , A gravidade desse ataqu e e aumentada pela enorme publicidade em torno desse livro (que agora se trans fo rmou em filme), e por e le se inserir n u m longo processo de bla sf ê mias desferido contra o Catolicismo e o Cristianismo e m geral.
Em
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Código Da Vinci - Menti-
ra e Falsificação, 0 leitor encontra rá de m o d o sucinto e claro , a refuta çã~ dos erros his~óricos, t~ológico~, exegéti cos e a rtísticos contidos no li vro de Dan Brown. Trata -se de uma leitura obrigató ria pa ra to dos aqueles que buscam a verdad e ira realid ade dos fatos, deturpados sem a m e nor cerimônia na referida nove la .
1 ~ )-
Façajá ·-1 , o seu pe d luO.
afirm o u que os cri stãos de veria m mostrar-se mais ativos na "rejeição de m.entiras e de d!fámações gratuitas". Segundo O arcebi spo, "se tais ,nentiras e enganos tivessern sido di rigidos contra o Alco rão ou o holocausto, eles teriam provocado, j ust!ficadarnente, wn levante mundial. Porém, quando são dirig idos contra a Igreja e os cristãos, propagarn-se impunemente". A mai s recente investida de Amato faz parte de uma séri e de ataq ues semelhantes co ntra o livro e o film e. Antes da Páscoa, o utra a uto rid ade do Vaticano criticou O Código Da Vinci du ra nte um evento no qual Bento X Vl estava presente. O li vro e o fi 1me fora m classificados como novos exemplos de Jesus co locado em leilão po r um a onda de arte " pseudohi stórica" . 1 Del esa <la honra <lc ca tólica
Lembremo-nos da adve rtê ncia de Nosso Senho r: "Portanto, quem der testemunho de rnim diante dos homens, também eu darei testernunho dele diante de meu Pai que está nos Céus. Aquele, porém, que me negar diante dos hornens, tam.bém eu O nega rei diante de rneu Pai que está nos Céus. 2 A oora é a hora de darmos esse b ' teste munho. Unamo- nos as oraçoes e aos protestos reali zados em todo 0 mun do diante dos cin e mas que ex ibirão O Código da Vinci. • E-mail para o autor: cato lic ismo@cato lic ismo.com.br
Notas: 1. hllJ>:l/ br.news.ya hoo.com/06 0428/5/ 146c3. html. 2. São Mateus, 10-32-33 .
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I }ove Our Lord Jesus Cbrist! JUNHO 2006
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"Enquanto estiver vivo, lutarei!"
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bserve-se o Cardeal Segura.* Bela veste, muito digna, que os eclesiásticos usavam nas funções reli giosas. Mas merece atenção especial sua fisionomia. Vale a pena ver a evo lução. Homem moço (foto 1), direito, preservado, mas hesitante diante da vida. Percebe-se sua retidão, mas não se imagina que se tornaria o futuro leão lutador, que depois foi . No contato com os adversários ela Igreja, sua retidão de consciência foi se t:ransformanclo em heroísmo. Na foto seguinte (2), o Cardeal está saindo do palácio, preso. Entretanto, notem a tranqüilidade do Cardeal, e sua inteira firmeza. Sério, sem falar com ninguém nem comentar nada. Está preso, e o prisioneiro não deve se comunicar com o carcereiro. Na outra foto (3), nota-se que a fisionomia cio então Cardeal-Arcebispo ele Sevi lha, não mais está indecisa. É como um homem que está sentindo algo do efeito cios anos e da vicia. Sua atitude é de quem perscruta o horizonte e vê aproximar-se Llm inimigo longínquo, mas que é terrível. E como que se pergunta: "Então essa é a luta, a qual terei que enfrentar? Nota-se que ele está entrando dentro ela neblina do combate que vai travar.
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Na pintura do Cardeal já idoso (4), percebe-se o peso da idade, e que o sofrimento o atingiu. A firmeza, entretanto, é maior. É o Cardeal que travou todas as batalhas. Tem-se a impressão de um navio que singrou tantos mares, que está cansado de navegar. Contudo, está animoso e disposto a prosseguir o combate. Ter-se-ia vontade ele escrever embaixo a frase da Sagrada Escr itura: "Dolores mortis circundederunt me " (As dores da morte me circundaram). O olhar é pensativo, sobrecarregado de p1:evisões pesadas, ele lutas e de batalhas, mas como quem diz: Enquanto estiver vivo, lutarei! Estas cons iderações sirvam como estímulo para rezarmos pela canonização cio Cardea l Segura y Sáenz. Seria magnífico exemplo para a Cristandade, e um ato de justiça. Modo também ele glorificar devidamente o Co lég io Cardinalício e ens inar quais são as virtudes próprias de um cardeal. •
* D. Pedro Segura
y Sác nz.
Nascido cm C arazo ( lfor gos, Espanha), cm 4 d dl' zernbro 1880. Ordenado s11 cerdote cm 1906 e Sll!\1'11 do Bi spo cm 1920. S ·is anos mai s tarde, Are ·bispo de Toledo. Elevado i\ p111· pura card in alícia no ('011 si stório de 18 de tlczcn1hrn de 1927. l:lm 1937 foi lil' signado ardcnl - Arcdii., po de evi lha, cuja scdL· ll\' ll pou ai sul\ 11101 lc, \'111 H d • uhril ele 1957.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de O li veira, em 6 de maio de 1988. Sem r vi
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A "jogada" da fome A propalada questão da fome vem 8rn1<lo 11m11ipulada para provocar a Juta de classes no povo lwasilcir'o e impor ao País reformas radicai8 de <'rn'nl,<'1' 11u11' ist.a
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ão raramente divulgam-se declarações de certas personalidades, tanto do plano temporal quanto representativas da esquerda católica, que utilizam como pretexto o problema da fome para provocar a luta de classes. Segundo tais pessoas, é necessário que a elite rica abra suas contas e distribua seus bens aos pobres a fim de sustentar a miséria social e, desse modo, se evitar invasões de propriedade, criminalidade ou greves. Plínio Corrêa de Oliveira, já nos idos de 1994, desmascarou essa "jogada" da esquerda, especialmente a católica, formada em sua maioria por membros da Teologia da Libertação. Eis alguns tópicos:
três demolidores que ava nçam ·or111·11l'111 : o invasor, o bandido e o 1r ·v iHt11 . lº - Os pobres, indi nados ·orn o 1'11to de nunca verem essa di strih11i,·1lo l'Vi dentemente [segundo os m1111 ip11l11dor ·s i 1·0111 • por causa da ganância dos ri ·os çam a se organi zar: nas· ·111 as i11 v11so ·s dl' propriedades; 2º - O indivíduo, po11 ·o 1'11 vw·v ·ido, assalta. Daí o ban litismo; 3° - E algun s, qu · uns ·i111n pw· llll' lhores condições d' vida , l11 11c,·11111 Sl' 1 s greves'. Ne. sa situaç;. o, npr ·st·11t 11da ·orno rnui to delicada 1 •los qu ' 1'111/. ·111 11 '. /oµ{l(l11 ·, apar ce algu n - ai · •llrHlo q11 ,,. •r cvi lur o estrangulam ·nto dos ri ·os qut· ,, itn:
proferind "Muitas pessoas querem , a todo custo, promover e impor reformas rad icais utilizando como argumento a FOME. Digo mais: essas pessoas visam manipular o problema da fo me, utilizando-a para fazer ameaças de guerra civil, a qual resu ltaria da 'indignação popular '. Indignação gerada - segundo elas - espontaneamente pela inconformidade do povo com as más condições de sua xistência. Faz parte dessa "jogada" dizer o seguinte: 'Ex iste a mi séri a, fruto do capitali smo. 1Este sistema produz muito, mas di stribui mal. Esta é uma ordem sócio-econômica injusta que precisa ser remed iada, obrigando o ouro que se concentra ~ nas camadas mai s altas a circul ar nas !l ~ camadas mais baixas. Disso surgem os :i três inimigos da sociedade capitalista, ~
-CATOLICISMO
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' P,·01 ri •tári s, tratem de ceder e de di stribuir! aso co ntrário, não consegui r •i •v itar qu e os pobres es trangulem VO ' •s !' ' a classe dos proprietários der ouvidos a esse enganoso aviso, encontrars ' -:'.Í irremedi avelmente perdida. Quem está tentando essa jogada? A l'sq11erda ·atólica, fo rmada em sua mai oria p r membros da Teologia da Liber11,çcio, a qua l não esconde simpatias pelo ·omunismo. A esquerda catóüca empenlw-s' ' 111 tran sformar a Igreja Católica, qu' anti a mente era a Igrej a ela ordem foi · 01110 nós a conhecemos - em l 1r ·ja da revo lução". • (13olctim " Informativo Rural ", junho/1994)
logla da Libertação, ramo Fome Zero no
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EXCE.:R'l'OS
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CJ\R'J'A DO DumTOR
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PAGINJ\ MJ\Rli\NJ\
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L1,:1TURJ\ Esrm1TLJJ\1,
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{~ommsPONJ)l~:NCIA
Nº 667
A Virgem de Avioth (França) O sacramento da penitência
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Imagem de Nosso Senhora de Avioth
Revolução Cultural na Amél'ica Latina
A reabiJitação de jovens delmqüentes
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A fortaleza de Tomar
santo 1nac10: Esteio da Contra-Reforma católica 1
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A família latino-americano em perigo
M t 1s1cJ\1, Mozart - 250 anos do nascimento Padre Eustáquio, missionáiio no BrasH
Elegância de um portão (Palais de Justice - Paris)
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Uma das torres da fortaleza de Tomo~
Alla Turca
Nossa Capa :
' Mozart
~uodro de Santo Inácio de Loyola, por Alonso Sánchez Coello (1531 - 1588), pintor espanhol da corte de Felipe li. Ao fundo, documento manuscrito e assinado pelo santo (Col égio Romano).
JULHO2006 -
Caro leitor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
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Nossa Senhora de Avioth
cerbados. E se ontem o ensinamento inociano era atual e útil, hoje pode-se dizer que se tornou atualíssimo e utilf.\·simo ". Desejamos que a presente matéria de capa sej a para os le itores de Catolicismo
A fé pode mover montanhas, e Nossa Senhora não fica
contributo significativo, n· o somente na luta para vencer as dificuldades do dia-adia, mas também para amparar seus espíritos no mais nobre dos combates: a batalha em defesa da anta Igrej a e ela Civilização Cristã. C ivilização esta profundamente vulnerada pelo n ulti ssecular processo revolucionário, na origem do qual se situa a revolução protestante, intransigentemente combatida pelo indômito Santo Inácio de Loyo la.
alheia aos esforços das pessoas cheias de fé. É o que
nos mostra a história desta devoção mariana na França u V ALD IS G RINSTE INS
Desejo a todos uma boa leitura.
ISSN 01 02-8502
Comum: Cooperador: Benfeitor: Grande Benfeitor: Exemplar avulso:
Há quase cinco séculos, dois brados se confrontaram, um radica lmente oposto ao outro. Um deles constituiu ato de amor ele Deus levado até o he roísmo, praticado por que m se dispôs a servir, lutar e, se necessário, dar a vida e m defesa da Igreja e cio Papado. Do lado oposto, um brado de ódio, uma explosão de orgulho e sensualidade, numa revolta contra os ensinamentos do supremo M agistéri o da Igreja. O primeiro, um brado de fidelidade: "Ad Majorem Dei Gloriam" (Fazer tudo para a maior glóri a ele Deus). O segundo, um bramido de insubordinação: "Los von Rom" (Livres de Roma). Do lado da fidelidade estava um grande santo: Inácio de Loyola. Do lado oposto, um ignóbil frade apóstata: L utero. Na primeira metade do século XVI, numa época em que o incêndio da revolução protestante e aJastrava por diversas nações, a Divina Providência susc itou Inácio de Loyola, seu condestável, para cap itanear a Contra-Reforma católica, a fim de conter a pseudo-Reforma protestante. Neste mês, celebramos os 450 anos do fa lecimento do santo fundador da Companhi a de Jesus, a muitos títulos g loriosa. E m vista desta celebração, Catolicismo - que norteia s ua linha de ação segu ndo o pensame nto de Plínio Corrêa de Oliveira, que, por s ua vez, fundamentava muito de sua posição doutrinária na lógica inac iana - publica nesta edição matéria espec ial sobre a extraordinária epopéia realizada por Santo Inácio . Tal gesta a inda repercute, quatro séculos e meio de po is , serv indo como exemplo de vicia para os contra-re volucionários dos di as atua is. Além da parte hagiográfica, reproduzimos também excertos de arti go do Prof. Plínio, publicado em Catolicismo há 50 anos, no quarto centenário ela morte do fundador da Companhia de Jesus, mas d suma atualidade. Como o próprio autor aí afirma: "Os problemas de hoje são os d ontem, agravados, requintados, exa-
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
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contraste não pode ri a ser mai s notório: uma igreja enorme, para uma cidadezinha muito pequena. Os 125 habita ntes de Avioth, vil a francesa a poucos quilômetros da fronte ira com a Bé lg ica, podem entrar todos juntos na igreja e ainda sobra muito, mas muito espaço mesmo. A primeira pergunta que ocorre ao espírito é se a cidadezinha j á foi bem maior e, se i lá por que motivos, hoj e mora pouca gente no local. Mas não é isso. A resposta está ligada à história da imagem de Nossa Senhora de Avioth . No ano de 1100 os lavradores descobri ram uma imagem num matagal de es pinhos, no loca l chamado "d ' avyo" , que
com o tempo se transformou em Avioth . Passada a surpresa, decid iram levá-la à igreja de Sa int Brice, a do is quilômetros dali . Mas na manhã seguinte a imagem tinha voltado ao exato • focal de onde a tinham tirado. Resultado: dec idiram de ixá-la no lugar e venerá-la a]i mesmo. Análi ses mostram que a imagem foi esculpida em madeira, antiga de uns 900 anos. Nossa Senhora tem um cetro na mão e segura o Menino Jesus. Houve vários mi lagres no início, e as peregrinações começaram a afluir em número crescente. Talvez o peregrino ma is céle bre tenha s ido São Bernardo de C lara.va i, fund ador dos monges ci sterc ie nses e pregador ela II cru zada contra os muçulmanos. Quando esteve e m Avioth, decidiu que na sua or-
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l A enorm~ igreja gótica (abaixo}, em honra de Nossa Senhora de Avioth, foi construida entre os séculos XIII e XIV
metido pecado, por isso ba ta que sejam batizadas para ir ao Céu. Mas para ser bati zada é preciso que a criança esteja viva - geralmente se considera o prazo de umas duas horas para a alma abandonar o corpo. Mas se a criança morresse sem que alguém a bati zasse? Nada pior para os pais, já que o morto, além de ter perdido a vida terrena, poderi a perder a vida eterna no Céu e ser conduzida ao Limbo! Por isso os pais vinham de até 60 km ao redor de A vioth, trazendo os corpos dos pequenos mortos, que deixavam aos pés da imagem durante uma hora. Durante esse tempo, rezavam e esperavam algum sinal de vida. Este sinal poderia ser um pouco de suor, efusão de sangue, algum calor corporal , movimenlo de veias ou de membros, um pouco de vermelhi dão, ele. Dando-se isto, considerava-se que havia vida, por menos inLensa que fosse, e o sacerdote podia batizar o falecido, o qu al assim ganharia o Céu de forma segura. Durante o século XV lf, eram batizadas desta forma umas 12 crianças por ano. O objetivo desta devoção não era pedir a Nossa Senhora a ressurreição, mas um pequeno intervalo de vida suficiente para o morto poder ser batizado. Depois, pouco antes da Revolução Francesa, esta prática foi proibida.
"Lad,·õcs" piedosos .. .
dem fosse sempre rezada a Salve Rainha após a missa, costume que depois se estendeu a toda a Igreja. Graças às peregrinações, pessoas foram se instalando no local, e a partir de 1180 A vioth já era um povoado. Com as peregrinações, veio o desejo de se construir uma igreja digna da Santíssima Virgem. A capela original foi erguida no século XII, e a enorme igreja entre os séculos XIII e XIV, sendo que o auge das peregrinações se deu no início do século XV. Hoje, alguns perguntariam por que construir algo tão grande. Mas, para os habitantes do local e os peregrinos da época, essa pergunta não se punha. Eram pessoas de fé ardente, e nada lhes parecia demasiado grande para Nossa Senhora. Além di sso, o número dos peregrinos era enorme, dev ido a uma particularidade da devoção.
Meninos mortos sem batismo A imagem era conhecida inicialmente como padroeira das causas desesperadas. Por isso iam lá pessoas seriamente doentes, de modo especial as contam inadas com lepra, doença incurável na época, e que exigia comp leta separação do resto da sociedade para evitar o contágio. lgualmenle conduziamse para lá doentes mentais, que eram deixados numa ala ao lado da imagem, para que esta os tranqüilizasse. Mas o motivo principal das peregrinações era levar lá s corpos das crianças que tinham morrido sem receber o batismo. Ensina a doutrina católica que o Céu, fec hado para nós devido ao pecado de Adão, tornou-se aberto pelos méritos infinitos da Paixão de Nosso Senhor. As pessoas que recebem o batismo e morrem em estado de graça vão para o Céu. Ora, as crianças que morrem numa idade tão tenra não podem ter co-
-CATOLICISMO
Na hi stória da imagem existe um episódio realmente pitoresco. Corri a o ano de 1905, e na França tinha sido aprovada uma lei anli -religiosa, pela qual os bens da Igreja passavam a ser propriedade da nação. Com isso, iam oficiais a todas as igrejas e catalogavam os objetos nelas contidos, podendo depois permüir o us (não a propriedade) deles pelos católicos. O pároco local, padre Soyez, e uns piedosos vizinhos decidiram que a imagem não seri a catalogada no inventário de objetos presentes na igreja, e imaginaram um simulacro de roubo. Uma noite os '" ladrões" entraram na igreja e levaram só a imagem. Deixaram no local a r upa, a coroa e o cetro, objetos de valor material , tudo em per~ ita rei m. Definitivamente, eram "ladrões" piedosos ... Cl,u·o que a polícia dos revolucionário suspeitou que o roubo não havia sicl praticado com fim ele obter dinheiro. A imagem foi deixada numa ·asa d ' famíli a, nde ó seus quatro habitantes e o padr tinham onh ·cimento do fato. A polícia realizou algumas bus as, mas s ·m consegui r encontrá-la. Certo dia, passru1do c 111 ai uns s •nhores elas redondezas diante dessa ca a, o padre y z 0111 ·teu a imprudência de dizer: "saudemo a Virg m d Avioth". Obviamente, os outros desconfiaram qu ela cstavu na casa diru1te da qual passavam, mas nada diss rum . Quando . e acalmou a perseguição religiosa, a imagem voltou cm procissão para a igreja. Uma hi stória menos edificante aconteceu quando os alemães uparam o local durante a Primeira Guerra Mundial. Al gum ofi cial anti-religioso decidiu transformar a basílica em cavalariça! Pregaram nas paredes ferros para amarrar os cavalos. Esses ferros fora m deixados até hoje, para faze r constru· a barbárie dos que não têm religião. Em 1934 a Virgem foi coroada solenemente, e t dos os anos a procissão da imagem se realiza a 16 ele julh . • E-mail do auto r: ·ll di ·i.rirtst •ins <111 ·1t10li ·ism i
O sacramento da confissão (cont.) P rosseguimos com as considerações extraídas do Catecismo* , que iniciamos na úlLima edição. Nesta parte, o autor insiste especialmente na necessidade da contrição. "Temos arrependimento de nossos pecados quando, de coração, nos pesa tê-los cometido. Articular ape nas com os lábios as palavras do ato de contrição não é ainda ter verdadeiro arrependimento. A contrição deve partir do coração. [ ... ] Ademais, quem deveras quer faze r uma boa confissão, já por isso dá a conhecer que está arrependido de seus erros. Uma prova segura de verdadeiro arrependimento é um propósito prático e decidido . Nossa contrição é boa para a confissão, quando: a) de testamos todos os nossos pecados , ao menos todos os mortai s; b) os detestamos porque por eles ofendemos a Deus; c) os detestamos tão sincerame nte, que nunca mais os queremos cometer. A contrição é o requisito ma is necessário da confissão. Sem contrição não há nunca o perdão de pecados. D eve-se excitar a contrição antes da confissão, ou ao menos antes d a absolvição. Quem não tiver de confessar senão pecados veniais, procure sempre arrepender-se de pecados graves da vida passada, incluindoos na confissão. Assim a contrição se torna mais certa, mais fác il e eficaz. Para a validade da confissão [do ponto de vi sta d a contrição], é sufic ie nte a contri ção exc itada pelo temor dos castigos divinos ; ma s também n os havemos de e mpen har em arrependernos de nossos pecados por amor de Deus infinitamente bom, nosso supremo Benfeitor e ~ui•'ll•-:!.,.•i• r• ,., amabilíssimo Pai . O bom propós ito é a vontade firme de emendar a vida, e d e nunca mais pecar. O propósito é bom quando estamos firmemente resolvidos:
a) a evitar todos os pecados, ou ao menos todos os pecados mortais; b) a fugir das ocasiões próximas de pecar, e a empregar os necessários meios de emenda; c) a cumprir a penitência imposta, e a reparar os danos causados. [... ] Por ocasião próxima de pecado entende-se tudo que nos possa provavelmente induzir a cair e m pecado, podendo ser, por exemplo, uma pessoa, uma companhia, uma diversão, um livro, etc. "Quem ama o perigo, nele perecerá " (Ecli. 3, 27). Que pecados se devem confessar? Todos os pecados mortais de que nos lembramos, indicando o número de vezes que foram cometidos, be m como as circunstâncias mais importantes . Em toda confissão é necessário acusar coisa que seja realme nte pecado. [ ... ] As circunstâncias que, por sua importância, convém declarar na confissão: a) as que tornam mortal um pecado em si venial (p. ex., furto de um objeto de grande valor, grave dano) ; b) as que muda m a espécie de um pecado mortal (p. ex., pecado contra a pureza, cometido por pessoa ligada pelo voto da castidade). Depois da confissão deve mos agradecer a Deus, renovar o propósito já feito, es pecialmente o de fugir das ocasiões de pecado, e cumprir ime diatame nte, sendo possível, a penitência imposta" . • * Fr. A ntôni o Wall e ns te in O.F.M., Ca1eci.1·1110 da Pe1:feição Crislã , Ed itora Vozes, Petrópoli s, 1956, pp. 18 ss.
Nforin M<ula/1!1111 , .~~e.XV Ili - Olici1m de Li sboa, Mu seu Nacio11.1 I
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tra negros, uns e outros contra os índios e vice-versa. Temos como resolver esse problema? Acho que só e aparecer um novo Garcia Moreno e fizer por esse pobre Bra s il o qu e aq ue le pres id e nte equatoriano fez por sua nação. Pobre Brasil , po rque home m ass im muito dificilm e nte a parece. [ ... ] Garcia Moreno é o antípoda de um C hávez ou de um Morales. Termino dizendo que desfrutei com a história que a revista publicou sobre este santo presidente do E qu ador no século XIX. Agora vou pesquisar mai s sobre ele. (P.E.N -
Pobrn Brasil 1B] Os "novos índios", como descre-
ve a revista, com o chapéu do MST na cabeça, no lugar do cocar indígena, estão sendo usados e abusados pelos agitadores esquerdistas, para fazer uma grande luta de raças no Brasil. Isto é de uma maldade sem nome, porque divergências entre raças no Brasil é coisa que não existia. Isto fo i criado artificialmente para tirarem proveito para a esquerda. Antes ela usava o MST e MLST para as inv asões, mas como estes movimentos já estão desacreditados aos olhos do público, agora estão usa ndo os co itados dos índios como massa de manobra nas mãos dos d irigentes da esquerda, tanto a esquerda política quanto a religiosa. Ambas em combinação com o mandatário da Venezuela, Hugo Chávez, para tumultuar tudo e jogar o continente su lamericano no caos. No Brasi l, antes dcs. as agitações comun istas, todos viviam na santa paz, em todas a classes e raças. Não é raro em qualq uer cidade brasi leira convive-. rem, sem nenhuma divergência, negros, brancos e índios; sírios, japoneses, alemães, italianos, portugueses, espanhóis, americanos ou coreanos, etc. Todos irmãos, todos alegremente vizinhos nas ruas, no trabalho ou no lazer. Mas agora estão atiçando fogo para subverter esta paz, procurando jogar brancos con-
-CATOLICISMO
Os
JlOVOS
SC)
ÍJ1dios
passapmte para fazerem as cabeças dos indígenas. (H.1.M. - PA)
'i1 Palavra do Sacerdote" ~ste e-mail é só para agradecer ao ô ncgo J sé Luiz Yillac pelos ensinamento. que aprendo a cada mês com s uas c larivid e ntcs re. postas. Apesar de minha idade j á um tanto avançada, e de ter sido cateq ui sta, sempre aprendo coisas novas nas páginas " A Palavra do Sacerdote". Para mim aparecem novidades como na época em que aprendia o catecismo. Peço ao ilustre sacerdote uma bênção pru·a toda minha família. (N.E.B. -
1B] Realmente esses índios de sandá1ias havaian as, jean s, ou calção (ridiquérrimo!) nada têm a ver com os índios rea is. C urioso qu e esses padres moderninhos (estes também vestindo jeans, "sem batina" e amigos dos que se dizem "sem teto" ou "sem terra"), que poderiam tanto trabalhar para a salvação dos índios, os enterram ainda mais no paganismo. O que diriam Nóbrega e Anchieta a tais " moderninhos sem batina"?
(M.U.P.F. -
RJ)
1'erroristas das selvas 1B] Gostei muito da matéria sobre os índios. Catolicismo aponta o problema do momento no momento certo, qual seja, esta manipulação dos ínc]jos para criar um "novo apattheid", numa nova "cortina de ferro" que são os ditos "santuários indigenistas". De ta is "reservas", os índios só saem sob orientação dos manipuladores profissionais, com o objetivo de jogá-los contra a sociedade. Esses manipuladores, ou movimentos ditos ociais, as famigeradas ONGs, não dão a menor bola para o bem do índio, querem sim transformálos cm t ·rrorislas das selvas, a fazerem incursõ ·s nas ·idad ·s e o ·upac,;õ ·s de propri ·dad ·s rurais. As ONGs , par.i Lerem entrada nas ald •ias, dao uma cn ríssima picape para o cacique e obt ·m
MG)
A hom·a dos católicos 1B] Parabéns a Catolicismo, uma re-
vista empenhada e m proteger a honra dos católicos e em acordru· os católicos apenas de nome . De fato, precisamos levantá- los pru·a que honrem o fato de serem cató licos, para que rejeitem todas essas coisas que esses deboc hados estão faze ndo, blasfemando contra tudo que temos de sag rado, d ifamando nossa Religião e n gando a nossa fé. A cada mês lançam uma difamação nova, agora é esta do "Evangelho de Judas" e do "Código da Vinci". Neste li vro e no filme, fala- e até em relações pecaminosas de Cristo com Santa Maria Madalena! Como pode um católico, sabendo dessas blasfêmias, ir ao cinema assistir Nosso Senhor ser tratado desse jeito?! Precisamos mesmo acorda r os cató li cos, se não os vituperadores ela Igreja Católi ca não pararão; vão espalhar outras e outras blasfêm ias, seja com novos livros, filmes ou programas de te levisão. (T.M.M-MG)
Sobre a pergunta-exclam ação "Como pode um católico, sabendo dessas blasfêmias, ir ao cinema assistir Nosso Senhor ser tratado desse j eito ?!", convém repetir aqui a advertência contida na Sagrada Escritura, transcrita na ed ição anterior de Catolicismo: "Portanto, quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos Céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos Céus" (São Mateus, J0-32,33).
O espertinho Da11 Brown Tive que ler, sem nenhum atrativo, o livro O Código Da Vinci, de Dan Brown. Que leitura tediosa! Livro inc]jgesto ! Narrativa absurda e improcedente ! Só mesmo poderia prosperar uma novela dessas com muito c]jnheiro para propaganda e devido à pobreza intelectual generali zada em todos os povos deste século. Em épocas normais quando ainda se difundia literatura ele alto nível - não teria o menor sucesso um livro desses, sequer encontraria uma única editora a arri scar suas fichas numa historieta sem pé nem cabeça. O autor, ou o seu ori entador, é um prodigioso explorador cio mau gosto e ela imbecilidade at ua is . Mas também é um espe1tinho plagiador, que teve noção do quanto pod ia encher suas contas ele dólares, explorando o vazio existente nas cabeças. E le sabia perfeitamente que sua invenção fantasmagórica não resistiria à menor crítica séria de um hi storiador idôneo, mas sabia também que a massa, acostumada a engolir novelas e ficções televisivas, faci lmente acredita em qualquer fantasia quando misturada com verdades semkonheciclas. Refiro-me ao Evangelho semiconheciclo, Cristo, a Santa Ceia, Mat"ia Madalena, o Apóstolo João, etc., fatos reais, mas meio ignorados neste século. (S.C.E.N. -
BA)
Nohl ela rcda\"ão: '0111 todo apreço, felicitamos a missivista pelo comentário reparador n Nosso Senhor Jes us Cristo e em def •sn d' sua honra ultrajada.
Não tolera,· pode ser vil'tude ~ Excelente a matéria "Se r tolerante? Sim, não? Por quê?". Eu, como
adolescente, não paro muito para pensru· em temas como tolerância, mas depois de ler a matéria aprendi muito, percebi que não tolerar pode ser uma virtude muito maior cio que ser tolerante. Mas isso varia ele caso para caso, eu pude tirar as minhas próprias conclusões e pensar mais sobre o que é certo e errado. Acho também que a intolerância tem um grande papel na repressão do mal. Apesar de ser uma revista católica, esse tema não se aplica so mente para quem segue essa religião, mas pru·a todos, sem restrições. Acredito que entre ser tole rante e xagerad a me nte e não ser nada tol erante isto é o mai s correto. (M. N. N. -
SP)
O câncer da Revolução Cultural 1B] Tudo que traz a revista me interessa . Mas muito espec ialme nte os artigos mostrando todas as destruições produzidas pe la Revolução Cultural. Isso é como uma espécie ele contra-c ultura, que está demo lindo os valores de nosso querido Brasil. A revi sta mostra muito bem, por exemplo no artigo ele Luís Dufaur, que essa revolução é uma espéc ie de câncer que vem destruindo nossos valores mais preciosos e destrói até mesmo os vestígios de nossa missão cristã. Peço-lhes, se possível , o utras repo rtagens sobre esse tema.
(F.B.S. -
MT)
WWIBcatolicismo.com.br jgJ Pela primeira vez que eu entro no seu site, pude perceber a grande riqueza que a Igreja Católi ca contém dentro de si. Parabéns pelo site.
(T.D. -
cos que tomem alguma atitude. Há wna crescente onda ele "anticatolicismo" no mundo, e principalmente no Brasil. Como católica, sinto-me profundamente revoltada com os meios ele comunicação que apresentam esse tipo de "notícia" (do pseudo-evangelho ele Judas), e com a Rede Globo, que em suas novelas faz questão ele ridicularizar a Santa Igreja e os padres. Faz com que homens sem nenhuma moral vistam-se ele padres e frades franciscanos pru·a se aproveitarem das mulheres à sua volta. Como católica e fiel , fico revoltada, pois fui criada no ambiente da Igreja, e entre os padres sempre fui tratada com respeito e dedicação pelos mesmos. De ixo aqui meu protes to , poi s, como católica não ridicularizo a reli gião de ninguém. (P.C.S. -
RS)
Nota da redação: Catolicismo endossa e pa1ticipa da tão justa indignação manifestada pela leitora. Se todos os católicos assim agissem, promovendo uma campanha de protestos, sobretudo contra os meios de comunicação que divulgam programas anticatólicos, não estru·íamos assistindo a tamanhas aberrações morais, atos blasfemos, sacrilégios e injúrias à Religião católica. A respeito desse tema, muito bem qualificado pela missivista como "urna crescente onda de 'anticatolicismo' no mundo, e principalmente no Brasil ", recomendamos a leitura ele algumas matérias de capa de Catolicismo, e que se encontram também à disposição cios interessados no site da revista www .catolicismo.com.br. , nas seguintes edições: novembro/2005, novembro/2004, abri 1/2002, março/1999 e julho 1998.
PI)
Uma santa indignação ~ Li o artigo, de autoria de Lu is Dufaur, sobre os evangelhos apócrifos e achei muito interessante e esclarecedor. Estou tomando a liberdade ele enviar uma mensagem ele indignação a todos que conheço, e pedindo aos católi-
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na pógina 4 desta edição.
JULHO 2006
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■ Cônego JOSÉ LUIZ YILLAC
Objeção -
A paz de Cristo. Gostaria de expressar através destas linhas minha discordância quanto às explicações referentes às perguntas feitas quanto às passagens que se referem ao ladrão na cruz e à parábola do rico e de Lázaro. O Apóstolo São Paulo, um dos formadores d~ espinha dorsal da doutrina do Novo Testamento, é bem nítido em suas palavras em Efésios (cap. 2, vers. 8 e 9): "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se orgulhe". Fica claro, neste e em muitos outros textos do Novo Testamento , que o único elemento necessário à salvação do homem é a fé em Cristo Jesus . "Mas a todos quantos o receberam, aos que Crêem [sic, em maiú scula] no se u nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus" (Evangelho de João, cap. 1, vers. 12). Vale ainda mencionar as palavras de Paulo e m Romanos cap. 3, vers. 16: "Sabemos, contudo, que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas sim pela fé em Jesus Cristo. Nós também temos c rido em Cristo Jesus, para sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obra da lei, pois pelas obras da lei ninguém será justificado". Desde já agradeço a atenção. Na graça de Cristo Jesus.
Resposta - A presente seção de Catolicismo tem por finalidade a orientação e formação dos católicos; portanto, é a eles primordialmente dirigida. CuCATOLICISMO
riosamente, ela tem sido lida também por protestantes, que têm manifestado freqüentemente sua discordância, às vezes em termos agressivos, out:ras vezes em termos cordatos, como é o caso da presente missiva. Pareceu-nos conveniente, como exceção, aproveitar o ensejo para apontar aos que nos lêem um dos equívocos fundamentais da exegese protestante, que os leva a não aceitar a interpretação católica das Sagradas Escrituras. Quiçá isso possa ajudar as almas retas que entre eles existam a reencontrar o caminho da verdade e aceitar o ensinamento da Igreja.
Mentalidade racio11alista levou ao pmtestantismo O protestantismo nasceu sob o signo do racionalismo, que, principalmente a partir do teólogo franciscano inglês Guilherme de Occam (1300-1350), vicejou então nos meios católicos, e foi fazendo o seu caminho até ser mais tarde, por assim dizer, codificado pelo filósofo francês René Descartes (] 596-1650) em seu tristemente célebre Discurso sobre o método. A meio caminho, o racionalismo infectou o frade agostiniano Martinho Lutero (1483-1546), que criou o protestantismo. O racionalismo se caracteriza por uma simplificação artificial do raciocínio, que o inabilita a perceber a realidade em toda sua complexidade, cheia de nuances e matizes . Como alguém que quisesse desenhar uma curva com uma seqüencia de segmentos retos ... Não sem razão, Pascal comparou-o ao raciocínio geométrico (esprit geométrique), em oposição ao espírito de finura (esprit de finesse), que sabe
captar e se conformar à multiplicidade de aspectos dos entes, fatos e situações. A carta que estamos analisando está voltada a defender a conhecida tese protestante da solafide, que tínhamos impugnado nesta seção no nº 655 de Catolicismo (em julho do ano passado). Isto é, a falsa tese de que "o único elemento necessário à salvação do homem é a f é em Cristo Jesus", como afi rma o missivista. Conseqüentemente, para ele, como para os protestantes em geral, não há necessid ade das boas obras para alcançar a salvação: o indivíduo pode pecar à vontade, cometer os maiores crimes; se tiver fé, se salvará. É uma doutrina muito cômoda, mas falsa, e evidentemente não leva à salvação. O missivi sta aduz em sua defesa dois textos de São Paulo, que analisaremos em seguida.
A fé, se não tiver obras, é morta em si mesma Antes de fazê-lo, porém, convém apontar desde logo a falta de bom senso do raciocínio, característico da mentalidade racionalista. A fé em Jesus Cristo é necessária à salvação, é claro! Mas se eu tenho fé em Cri sto Jesus, devo ser coerente cm seguir os seus mandamentos, e portanto praticar as boas obras que ele mandou! Qu sentido l'az ter fé cm Jesus Cristo e não conformar a vida aos s us ensinamentos? Por i so diss' Jesus aos fariseus: "h' vÓ.\' também, por qu , transgredis () ma,u/amento de Deus? 1.. . 1 1/ipócritas, b ,m profetizou d , vós /safas, dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim " (Mt 15, 3 e 7-8). E no Evangelho de São João (14, 15): "Se me
amais, observai os meus mandamentos". De onde conclui São João: "Quem diz que O conhece [a Deus]. e não guarda os seus mandamentos, é um mentiroso e a verdade não está nele " ([ Jo 2, 4). O Apóstolo São Tiago resume toda essa doutrina de modo lapidar: "Que aproveitará, irmãos meus, se alguém diz que tem fé e não tem obras? Porventura poderá salvá-lo tal f é ? l...JAssim, também afé, se não tiver obras, é morla em si mesma. [... ] Mas queres tu saber, ó homem vão, como a fé sem obras é morta? Abraão, nosso pai, não foi ele justificado pelas obras, oferecendo seu .filho Isaac sobre o altar? Tu vês que afé cooperava com as suas obras; e que aféfoi consumada por meio das obras . [... ] Vedes, pois, que o homem é justificado pelas obras, e não pela fé somente?[ .. .] Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também afé sem obras é morla " (Tg 2, 14-26). O trecho é tão concludente, que Lutero, para salvar a doutrina que inventara, teve a desfaçatez de excluir a Epístola de São Tiago da lista dos livros canônicos ... Excl usão inútil, poi , como vimos, ela nada mais é do que a conclusão lógica das palavras de Nosso Senhor relatadas por São Mateus e ão João, que citamos no parágrafo m1terior.
/)e que obms /'ala o Ap6stolo São Paulo? Não obstante, São Paulo afirma taxativamente que "pelas obras da lei não será justificado nenhum homem diante dele [de Deus]" (Rom. 3, 20). E mais adiante: "Porquanto sustentamos que o homem é
justificado p ela fé, sem as obras da lei " (Rom 3, 28). [Nossas referências à Sagrada Escritura diferem das do missivista, pois naturalmente ele utilizou uma versão protestante, co m outra numeração dos versículos]. "Aí está bradará o missi vista - a doutrina de Paulo contradiz a de Tiago!". A exegese católica, diante dessa aparente contradição, analisa profundamente o texto em questão, para ver exatamente em que contexto se encaixam as palavras de um e outrn Apóstolo, pois não há contradição na doutrina revelada. Ora, lendo o trecho todo de São Paulo, vê-se que ele não está falando das boas obras de modo geral, mas sim de certos preceitos da le i mosaica que cabia aos judeus observar, e que alguns destes, já convertidos ao cristianismo, queriam que os gentios também convertidos observassem como a circuncisão, por exemplo - , ao que São Paulo se opunha. Essa questão foi levada a São Pedro e demais Apóstolos reunidos em Jerusalém, os quai s, no chamado Concílio de Jerusalém, o primeiro concílio da Igreja, resolveram de acordo com o parecer de São Paulo (cfr. Act 15, 1-34). À luz destes esclarecimentos, re le iamo s São Paulo : "Onde está pois, fó judeu·! a tua glória ? Foi excluída. E porque lei? Pela das obras ? Não; mas pela lei da fé. Porquanto sustentamos que o homem é justificado pela lei da fé, sem as obras da lei. Porventura Deus só o é dos judeus? Não o é ele também dos gentios? Sim, certamente ele o é também dos gentios; porque há um só Deus, que justifica pela fé os circuncidados, e que também pela fé
justifica os incircuncisos. Destruímos nós, pois, a lei com a fé? Longe disso; antes confirmamos a lei " (Rom 3, 27-31). Mais adiante, prossegue São Paulo: " Também David proclama bem-aventurado o homem a quem Deus atribui a justiça sem obras[ ... ]. Ora, esta bem-aventurança é somente para os circuncidados, ou também para os incircun-cisos ? Porquanto dizemos que afé foi imputada a Abraão como justiça. Como lhe foi ela, pois, imputada? Depois da circuncisão ou antes da circuncisão? Não foi depois da circuncisão, mas antes dela. E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça, recebida pela fé antes da circuncisão, afim de que fosse pai de todos os crentes incircuncisos, para que
também a eles lhes seja imputada a justiça" (Rom. 4, 6 e 9-11). Fica claro que as obras às quais São Paulo está se referindo são aqueles preceitos legais (cerimoniais) que os judeus deviam observar como ratificação de sua Aliança com Deus, como a circuncisão, repetidamente mencionada, a qual não havia necessidade de impor aos gentios convertidos. Quanto aos Dez Mandamentos da Lei de Deus, dados a Moisés no Monte Sinai, constituem uma síntese da Lei Moral, que tanto circuncisos quanto incircuncisos devem observar. O que resulta na prática de boas obras. Não há, pois, contradição entre São Paulo e São Tiago . O outro trecho alegado pelo
Lutero, paro salvar a doutrina que inventara, teve a desfaçatez de excluir a Epístola de São Tiago da lista dos livros canônicos ...
missivista é da Epístola de São Paulo aos Efésios: "Porque é pela graça que fostes salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, porque é um dom de Deus, não vem das vossas obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2, 8-9). Aqui temos um exemplo típico do vezo protestante de isolar uma frase da Escritura e começar a raciocinar a partir dela, sem verificar o contexto. Ora, bastaria que o missivista tivesse lido o versículo seguinte, para perceber que Deus não dis pen sa a prática das boas obras: "Porque somos obra sua, criados em Jesus Cristo para boas obras, que Deus preparou para caminharmos nelas" (Ef 2, 10). Qual é a interpretação autêntica deste versículo, dada pela Igreja Católica? É que as boas obras são dispostas por Deus no no so caminho, isto é, Ele é Quem nos dá o impulso (a graça) para as praticarmos, de modo que a fonte de-
las vem toda da graça de Deus. Nem por isso Deus dispensa a nossa predisposição à cooperação, sem a qual Ele não nos salva. Essa cooperação - portanto, fruto da graça - é necessária, e conseqüentemente meritória para alcançarmos a salvação. Daí a frase lapidar do grande Santo Agostinho: "Qui creavit te sinete, non salvabit te sinete" (Aquele que te criou sem tua cooperação, não te salvará sem tua cooperação) (Serm. 169, XI; PL 38, 923). Como se vê, estamos diante de raciocínios um tanto complexos, pouco ao gosto da mentalidade racionalista, mas nem por isso deixam de ser inteiramente verdadeiros! • E-mail do autor: conego joseluiz@catolicismo.com.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE Jesuíta enuncia males insanáveis do Islã
Iranianos desafiam legislação dos aiatolás
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Pe. Piersandro Vanzan, SJ, professor de teologia pastoral na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e redator de "La Civiltà Cattol ica", apresentou judiciosa anáJi se sobre o Islã na revista Studium. Eis algumas de suas conclusões: 1. Não há Islã moderado, mas convergência de objetivos entre a teologia islâmica e a ideologia terrorista fundamentaJjsta; 2. Mesquitas e páginas muçulmanas da web na Europa pregam o ódio. "Sim, o ódio. Um sentimento em relação ao qual já há muito tempo mostramos uma tolerância suicida"; 3. O Islã não conhece o conceito de liberdade; 4. Dialogar com quem deseja "nos reduzir a súditos de segunda ordem, simplesmente não faz sentido" ; 5. Os ingênuos em relação ao Islã lembram os que sorriam face à ascensão de Hitler. •
Instituto mede 11escravidão" do contribuinte brasileiro
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egundo o Instituto Brasileiro de P lanejamento Tributá.rio (IBPT), a "escravidão do contribuinte" cria a seguinte situação absurda: na prática, considerando o período de um ano, é como se a classe média brasileira trabalhasse até 26 de mruo só para pagar impostos. E o que ela ganha dessa data até 15 de setembro é destinado a custear saúde, educação, previdência privada, segurança e pedágio, serviços que, em tese, o Estado diz fornecer. Só daí para a frente é que "o contribuinte vai começar a trabalhar para a família comer, vestir, morar, comprar bens, gozar férias e poupar", disse Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT. Não é possível aumentar os dias do ano. Apesar disso, a voracidade do sociali smo tributário não pá.ra de crescer no País. •
Passeata anti-ecológica faz sucesso na Inglaterra
A
violência dos ecologistas pelos chamados "d ire itos dos ani mais", ou ecoterrorismo, tem depredado laboratór ios e fazendas de ape1foiçoame nto de animais. Para isso, usam métodos que vêm sendo cop iados no Brasil pela Via Campesina (uma multinacional das invasões) e o MLST. Devido a essa onda, Laurie Pycroft, estudante de Swindon, Inglaterra, organizou uma passeata a favor dos testes científicos com co bai as , nas ruas de Oxford, sede da famosa Universidade, onde os ecoterroristas bloqueavam a instalação de um laboratório novo. "Salve vidas huma1;as, teste em animais" e "Abaixo as ameaças, abaixo o medo, queremos pesquisas com animais aqui" - di ziam os cartazes. O sucesso da marcha comprovou a repu lsa da opinião pública inglesa às imp osiçõ s antinaturais dos verdes. •
o Irã, policiais espec iais control am nas ruas o modo de a população se vestir. Aplicaram-se mai s de l0.000 multas. 3.000 lojas foram inspecionadas, e 290 punidas. Entretanto, dissemina-se a desobed iê nc ia cultural aos aiatolás. Nos lares, as leis referentes ao trajes são burladas. A censura da mídia é transgredida por T Vs via satélite, e por mais de 100.000 sites na Internet, elaborados por iranianos exi lados. A ira fundamentalista revida com sabotagens e ameaças pessoajs_ A opos ição assumiu posições ousadas. Em vá.rios campus universitários de Teerã, estudantes manifestaram-se bradando "Não queremos energia nuclear" e "Esqueça a Palestina, pense em nns". Ta.is protestos constituem aberto desafio ao presidente Ahmadinejad . Nem a ditadura cultu ra l muçulmana é aceitável, nem as modas indecentes do Ocidente. Só a moral cristã tradicional apresenta solução. •
Embaixador de Taiwan é batizado em Roma
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Surto conservador cresce no Canadá: 6 mil pessoas na Marcha pela Vida
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uase 6.000 pessoas, jovens na sua maioria, participaram ela primei ra Marcha pela Vida e m Ottawa, Canadá. Os organizadores esperam I0.000 participantes para o próximo ano. Segundo enquete do Instituto fpsos Reid, 65% dos canadenses aprovam o háb ito do premiê Stephen Harper de concluir seus discursos com a frase "Deus abençoe o Canadá". Os políticos conservadores canadenses estão surpresos di ante ela extensão do "conservadori smo profundo", que antes não tinha canal de ex pressão, mas que agora aplaude as medidas pró-família e os cortes de imposto do novo governo. Este, mediante tais iniciativas, aumenta sua popularidade. •
Medalhas de Santa Joana d'Arc pam soldados no Iraque
A
Desperdiçados bilhões de euros emprestados à Rússia
P
"Não queremos energia nuclear", é o grito de universitários em Teerõ
CATOLICISMO
hou Seng Tou, embaixador da República da China (Taiwan) junto à Santa Sé, recebeu o batismo na igreja de Santo Eugênio, Roma . Ele sentia se frustrado pelo confucionismo e o budismo . O protestantismo não lhe dizia nada. Na Itália, ficou tocado pela paz e a felicidade interior que observou nas religiosas e impressionou-se com a vida dos santos. Quando abriu sua alma a essas realidades, sentiu-se inundando de alegria e entendeu que o Espírito Santo o chamava. Ele pediu ao Vaticano para ser batizado pelo Papa. Porém, recebeu uma recusa, pois o Vaticano segue uma política de distensão com a China comunista - o que tem prejudicado os autênticos católicos chineses - e quer evitar fric ções com ela, dado que o regime de Pequim não reconhece a independência de Taiwan .
rojetos abandonados na metade do cami nho, objetivos inatingíveis, revenda fraudu lenta de equipamentos: a enorme ajuda econôm ica da Un ião Européia (UE) à Rú ssia resu ltou em esbanjamento de dinheiro público que atingiu bilhões de euros, segundo o Tribunal de Contas da UE. Imperícia adm ini strativa, descontrole geral, desconhecimento da realidade, interrupções inexplicáveis, sumiço do dinheiro, burocrac ia cúmplice - a li sta de "erros" é inacreditável. •
artista americana Pat Benincasa fi cou muito sensibilizada quando ouviu que as tropas dos EUA no Iraque precisavam de mais coletes antibala . Não sabendo o que poderia fazer para proteger os soldados, por fim, concebeu uma medalhinha de Santa Joana d' Are a fim de ser usada pelos militares . "Na medida em que dependia de mim, Joana está cavalgando de novo", afirmou. A medalha representa a santa a cavalo, com couraça e estandarte, figurando as e..- , seguintes palavras grava- ,;p;. das: "Santa Joana, ficai a · meu lado". Escolas compraram pacotes de medalhas para enviá-las às tropas no Iraque. Um capelão militar naquele país foi dos primeiros a encomendar 500. Cá e lá a ofensiva islâmica vai despertando, a contrário senso, certo espírito de cruzada e uma sadia reatividade.
JULHO 2006
a..
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INTERNACIONAL
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·Revolução Cultural corroendo a América Latina A meta que o comunismo nunca conseguiu atingir através de bombas ou das urnas, seus sequazes estão obtendo indiretamente por meio da degradação moral da sociedade. A principal vítima: a família. Ela reagirá? ALFREDO M AC H ALE E
■ A LEJANDRO EzcuRRA N AóN
A
s eleições presidenciais na Bolívi a, no Chile, na Co lômbi a e no Peru ensejam urna análise de conjunto. Não para tratar da posição de seus respectivos governantes em matéri a sócio-econômica - da extrema-esq uerda de Evo Morales a certas atitudes conservadoras (embora com notórias e crescentes incoerências) de Álvaro Uribe, e do respeito (em franca diminuição) de Mi chelle Bachelet pela economia de mercado, passando pelo jactancioso populi smo sociali sta de Néstor Kirchner - , mas para denunciar o avanço da Revolução Cultural nesses países e no continente .
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Em nível internacional, o debate se degradou até cair em extremos inéditos, com o in sul to soez, a intervenção prepotente e a violação de regras diplomáticas, co rno o fizeram repetidas vezes o presidente ve nezuelano H ugo C hávez, seu ê mulo bo li viano Evo Morales e o fo lclórico c hefe de E. lad o arge ntin o Néstor Kirc hner, pi soteando regras básicas do convív io civi li zado. No âmbito nacional de vários países onde se ce le braram recente me nte eleições, reinou corno nunca a confusão den tro de urna desol adora pobreza temática, de modo tal que ass untos episódicos e subalternos tomaram a dianteira face a matérias atinentes ao Estado. Confirmando o temor manifestado em numerosos estudos de opinião, as campanhas eleitorais deixaram claro a ex istênCATOLICISMO
eia na popu lação de um crescente desencanto co m o mundo político, e muitos acham que os diversos partidos se distanciam, mais ou menos por igual , de tudo quanto é relacionado com o bem comum, afetando ass im a própria aute ntici dade democrática dos regimes vi gentes.
Ausência de autênticos líderes, drama da América Latina Nesse contexto de fa lta de líderes e de seriedade se entende o caudal de votos obtidos por alguns candidatos de esquerda, mas errari a quem supusesse que esta avançou, poi s em vários casos as eleições - destituídas ali ás de substrato ideo lóg ico - deixaram pulveri zada a esquerda ex plíc ita. O voto desse amplo eleitorado descontente constituiu a ex pressão de um estado de espíri to mai s do que o de uma ideologia; e revelou a sua frustração pela indifere nça dos governos, não só em relação às necessidades da pop ulação, como também pelas aspirações de realização regional, ou seja, por um progresso que dê vazão às características próprias e orgânicas. O maior problema é que o centrali smo absorvente, o sociali smo e em certos casos o terrori smo arrasaram as elites locais, destruindo os canais ele interlocução natu ra l com o poder centra l. /\ lém cio mais, a mi gração dos líd ·res d' todos os níve is deixou ac falas as populações, ficando estas à mercê de políticos adventícios tão ambiciosos corno ineptos, o que contribuiu para imergi -las cm uma cri se de identidade. É claro que os demagogos se aproveitam das frustrações assim acumul a-
das para converter esses descontentes sobretudo os mais incultos - em "companheiros de viagem" das aventuras revolucionárias, como se vê hoje na Bolívi a e na Venezuela. Contudo, a expl oração do descontentamento e m pro l das utop ias da esquerda - agora de caráter neotribal e anárq uico - está sendo tentada e m toda a América Latina.
Revolução Culwral ~eomarxista, a nova ameaça Mas não é este o único perigo que espreita o continente. A. tendência anarqui zantes também nos ameaçam em outra frente - a ele uma imensa degradação moral, com efeitos demolidores na instituição básica da sociedade que é a família. Se nas matérias sócio-econômicas as diferenças entre os chefes de Estado são muitas, neste aspecto elas são poucas, pois a família - e com ela toda a sociedade civilizada - está sendo corroída na América Latina pelas mesmas forças revolucionári as mundiais que outrora tentaram imporlhe a utopia marxista no campo político. As classes dirigentes parecem não terse dado conta de que as correntes ele esquerda, substitui ndo a revolução proletária pela cultural, ao invés de se terem tornado moderadas, na realidade se radicalizaram, pois esta última implica a corrupção m gra nde esca la dos costumes e forma parte da visão mais atual izada, perversa e extrema do próprio comun ismo. cria por demais extenso ind icar todos os autores com unistas e sociali'stas que promovem essa neo-revolução, toda ela de caráter psicológico e tendencial. Parn compreendê- la cabalmente, importa mostrar a lógica que a in spira: l ) para
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A Espanha dá triste exemplo de até onde chega esse extremismo revolucionário, ao exfüir os mais altos índices europeus de dependência às drogas e licenciosidade nos costumes. Seguindo a agenda socialista, o governo de Rodríguez Zapatero não só confere status jurídico aos pseudo-casamentos sodomitas, como também aos "direitos sexuais", cada vez mais extremados. E essa mesma agenda é acompanhada, um pouco mais atrás, pela presidente Bachelet no Chile ou por Kirchner na Argentina - e o que dizer do Brasil? ... - assim como por todos os partidos filiados à Internacional Socialista.
implantar o chamado comunisrrl,o total a anarquia - é preciso de ubar a sociedade "capitalista", centrada na família "burguesa"; 2) e para desmantelar esta, deve-se dar livre curso ao sexo e à completa libertinagem.
Marxismo e abolição da instituição familiar Já no Manifesto Comunista de 1848, Marx e Engels lançaram a sinistra proclamação: "Abolir a famz1ia!" ( "Aujheburg der Familie!"), lema assumido e desenvolvido depois por todos os seus sequazes, entre eles Antonio Gramsci, fundador e mais tarde secretário-geral do Partido Comunista Italiano (PCI), considerado o maior ideólogo marxista do Ocidente. Por volta de 1930 Gramsci elaborou sua estratégia de que, para estabelecer duravelmente o regime comunista, cumpria em primeiro lugar alterar o sistema vigente de convicções, tradições e costumes regionais; 1 e a esta mudança ele denominou Revolução Cultural. Depois de Gramsci, muitos ideólogos marxistas adotaram essa estratégia. Herbert Marcuse, por exemplo, denominou-a "marxismo cultural" e precisou seu objetivo: derrubar "a moral da sociedade existente", com vistas a anular as resistências às reformas anarquizantes marxistas. E não deixou dúvidas ao dizer: "Acabaram-se a idéia tradicional de
revolução e a estratégia tradicional de revolução[ ... ]. O que devemos empreen-
Incompreensível omissão, triste paradoxo A agenda política de perversão dos costumes (divórcio, aborto, concubinato e união homossexual, a caminho do amor livre, etc.) tem como meta o desaparecimento da família tradicional
der é uma espécie de desintegração di/usa e dispersa do sistema". 2 Essa desintegração está hoje em marcha acelerada. Desde os anos 70 ela faz parte dos programas das esquerdas políticas da Europa e da América, e em particular dos partidos socialistas europeus. Estes apontam para uma "revolução total", definida como "uma revolução nas formas de sentir, àe atuar e de pensar, uma revolução nas formas de vida coletiva e individual, em suma, uma revolução da civilização". 3 É também chamada de revolução psicossexual, porque sua "força decisiva", como explica um ideólogo francês, é a "sexualidade expansiva" (leia-se: sem freios), a qual "deve acompanhar o curso da revolução econômica, social e política". 4 Por efeito desse fenômeno, a agenda política de perversão dos costumes (divórcio, aborto, concubinato e união homossexual, a caminho do amor livre; igualdade entre esposa e concubina, assim como entre filhos legítimos e naturais; recusa progressiva da influência da Igreja na educação e na cu ltura), que no início do século XX só era apoiada pelos partidos nitidamente marxistas, hoje é tolerada por grande parte dos partidos,
inclusive por muitos que se crêem e se dizem de centro ou de direita. E naturalmente essa agenda se vai impondo nas leis e na vida quotidiana.
Multiforme ofensiva neopagã e desintegradora Nossos países são desse modo alvo de uma ofensiva neopagã e desintegradora, cuja investida se faz sentir a todo momento: pela inundação da pornografia dura na imprensa popular, ou branda na imprensa "séria"; nas torrentes de telelixo que as emissoras de televisão lançam diariamente nos lares; nas modas sempre mais vulgares, procazes e tendentes ao nudismo; na indução ao permissivismo crescente; nos programas de educação sexual que conduzem à libertinagem e nos planos de "saúde sexual e reprodutiva" que os amparam; no aborto legalizado ou clandestino, abertamente tolerado; nas diversões cada vez mais frenéticas e desvairadas oferecidas a adolescentes e jovens; no gigantesco esforço midiático em derrubar as barreiras da homossexualidade, etc. Em suma, na obsessão sexopática que satura o ambiente publicitário e cultural, empurrando os países para uma decadência. moral e social sem precedentes.
Paro estabelecer duravelmente o regime comu nista, cumpre em primeiro lugar alterar o sistema vigente de convicções, tradi ções e costumes regionai s. A esta mudança Gramsci denom inou Revolução Cultural.
CATOLICISMO
O anteriormente vi sto permite compreender que a nova estratégia. revolucionária visa acabar com a família pela introdução da anarquia sex ual, ante-sala da anarquia total. Aqueles que não ti-
verem isso claro, simplesmente não entendem quase nada do que ocon·e, nem do que poderá ocorrer em nossos dias. Diante da Revolução Cultural em curso, farão o triste papel - sobretudo se de diri gentes se tratar - do "cego que guia outros cegos" (cfr. Mat. 15, 14). Como isso é generalizado, a família verdadeira quase não enco ntra líderes políticos que a defendam; o que é inaudito, à vi sta do papel vital que ela tem
para o presente e o futuro, e da assiduidade com que é combatida. Eis um tema sempre ausente de todas as campanhas eleitorais, em grande parte porque a esquerda deseja o quanto possível demolir inadvertidamente a família, e também porque os demais partidos são coniventes com esse programa. Numerosas nações vivem assim um triste paradoxo. Enquanto as eleições confirmam a recusa do eleitorado à esquerda radical, a Revolução Cultural
empurra os países, de forma gradual, para a meta mais extrema perseguida por ela. E o que o comunismo nunca conseguiu diretamente através de bombas ou das urnas, seus sequazes estão conquistando indiretamente por essa via. Nessas circunstâncias, os líderes de inspiração cristã deveriam assumir a defesa da família ameaçada, enfrentando com inteligência, constância e destemor a ofensiva dos lobbies ideológicos internacionais que promovem a sua desintegração através do crime do aborto, da perversão homossexual e da libertinagem, e não como vem ocorrendo, quando o fazem raras vezes e mediocremente.
Cumprirão as classes dirigentes seu dever de resistir? As calamidades sócio-econômicas causadas desde os anos 60 pelo socialismo se deveram, em grande medida, à
O governo de Rodríguez Zapatero (foto abaixo) na Espanha não só confere status juríd ico aos pseudo-casamentos sodomita s, como ta mbém aos "direitos sexua is", cada vez mais extremados
indolência das classes dirigentes, que não souberam prevê-las nem enfrentá-las. Até o momento, parece que essas mesmas classes repetirão essa atitude em face da devastadora Revolução Cultural, da qual seus próprios membros infelizmente foram, e tantas vezes ainda são, cúmplices por ação ou omissão. A tais elementos aplica-se a advertência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em sua consagrada obra Revolução e Contra-Revolução: " Uma autoridade social que se degrada é, também ela, comparável ao sal que não salga. Só serve para ser jogado na rua, para que sobre ele pisem os transeuntes (cfr. Mt. 5, 13 ). Assim o farão, na maioria dos casos, as multidões cheias de despreza ". 5 Outro tanto cabe dizer do conjunto da Hierarquia Eclesiástica que, o ma.is das vezes, parece ter preferido nos últimos tempos evitar conflitos com o poder temporal, a defender os princípios atacados. Sem notar que dificilmente voltará atrás a deterioração dos costumes que se produz; e caso volte, não se sabe por que preço. Não obstante, se alguns representantes das classes dirigentes, e afortiori do clero, derem exemplo de verdadeiro zelo pelo bem moral das nações, assumindo com intrepidez o dever que lhes corresponde, poderão ainda reve1ter a situação, pois em muitos ambientes há almas - dispersas e isoladas, mas também indignadas com a corrupção que avança - que poderão aglutinar em torno de si incontáveis pessoas perplexas, à espera de uma voz autorizada convocando-as a resistir. E, muito mais impotta.nte, a essas almas a Divina Providência certamente dará, no momento-chave, ajuda, luzes e forças inéditas para conduzi-las à vitória. • E- mail cios auto res: ezc urra @cato li cismo .co m.br 111 acha le@ca1oli c isrno.co 111.br
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Notas: 1. Cfr. P. Alfredo S,íenz, Anlonio Gramsci y la Revo luc ión Cu /1ural, Ecl. G lad ius, Buenos Aires, 1997. 2. Herbert Marcuse, La Sociedad Carnívora, Ed itorial Ga lerna, Buenos Aires, 2" ecl., 1969, p. 45. 3 . Pierre Fougeyroll as, Marx, Freud e/ la révolu1io11 tola/e, Anthropos, Pari s, 1972, p. 390. 4. Idem, p. 367. 5. Plínio Corrêa ele Oliveira, Revolución y Con/ra -Re volución , Ed . Tradic ió n y Acc ió n, Lima, 2005, Parte li , Cap. XI, 1, A.
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Paganismo e Satanismo
A grave situação das instituições regeneradoras de menores infratores
que o número de crentes encontra-se entre 50 mil e 200 mil. O Serviço de Prisões anunciou no ano passado que os presos pagãos teriam os mesmos direitos de culto que os.fiéis do cristianismo. "O xamã Arturafaz sessões regulares de cura, nas quais entra em transe e 'comunga' com espíritos que entraram no paciente" ("O Globo", 4-6-06).
Tributo ao demônio
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A
No dia 6-6-2006, que alguns supersticiosos ape lidaram de "dia da besta", o roqueiro Rob Thompsoo estreou em Atlanta (EUA) o musical "666: um tributo ao demônio e ao heavy metal", versão de um disco popular da banda lron Maiden, Number of the beast (Número da besta). O musical , exp lica Thompson, "tem muitos efeitos de sangue, muito ritual satânico falso " ("O Globo", 7-6-06). Evidentemente, tais mu sicai s vão hab ituando o públi co às orgias satânicas.
lgum tempo atrás, quando se dizia que estávamos retornando ao paganismo, mui ta gente protestava: Exagero! Absurdo! Agora está mais difícil protestar, pois os fatos estão aí para o comprovar. O paganismo avariça, e com ele o demônio, pois, como diz a Sagrada Até 110 Judiciál'io Escritura, omnes dii gentium daemonia (todos os deuses dos gentios são demônios) (S I 95,5). "Duas cartas psicog rafadas ísupostamente A vo lta do paganismo antigo, com todos escritas por pessoas m rta , através de um méos seus horrores, é a conseqüência lóg ica do di um espírita]foram usadas como argumento de abandono de Jesus Cristo e sua Igreja, levado Cartaz do Federação defesa no julgamento em que Iara Marques BarPagã Internacional a cabo sob os mais diversos pretextos. Ao se celos, 63, foi inocenlada, por 5 valos a 2, da acudefender a tese de que todas as religiões são sação de mandante de homicídio. Os textos são atribuídos à boas e podem ser igualmente praticadas, nivelou-se a Igreja vítirn.a do crime rassassin ada em 2003] ocorrido em Viamão Católica - ún ica verdadeira - com qualquer seita de (RS). O advogado Lúcio de Constantino leu os docurnentos arrabalde que adore um ídolo. Ao se dizer que deve ser resno tribunal para absolver a cliente da acusação de ordenar peitada a liberdade de consciência de qualquer um para aceio assassinato do tabelião Ercy da Silva Cardoso". Nas cartar o erro ou a verdade, o bem ou o mal , negou-se o caráter tas, o m rto inocentava a acusada. divino da Santa Igreja. E assim por diante. O advogado disse ter estudado a teoria espírita para a defesa e define as cartas como "ponto de desequilíbrio do Paganismo e prnconceito julgamento", atribuindo a elas valor fundamental para a abOnde Jesu s Cristo é expu lso, o demônio entra. solvi ção. Os documentos foram aceitos, porque foram apre"Usando um. casaco de veludo verde e uma coroa de marsentados em tempo legal e a acusação não garidas sobre seu cabelo pintado de verde, ped iu a impugnação del es ("Folha de S. Mike, um advogado de Herifordshire, era Paulo", 30-5-06). umas das 700 pessoas que participavam do Diz a Sagrada Escritw-a: "Não se encondesfile do Orgulho Pagão no centro de Lontre em teu meio quem. se dê à adivinhação, dres, dias atrás, para demonstrar que as à astrologia, aos agouros, ao f eili -ismo, à fés politeístas dos tempos antigos estão bem magia, ao espiritismo, à adivinhaçc7o ou à vivas na Grã-Bretanha. invocação dos mortos, porque o Senhor, teu "O paganismo é atualmente o oitavo Deus, abomina aqueles que se düo a essas agrupamento religioso no país, com cerca práticas" (Dt 18, 10- 12). • de 40 mil pessoas aderindo a ele, de acordo com. o censo de 2001. A Federação Pagã da Disco do bando lron Maiden, Grã-Bretanha, que representa muitos desNumber of the beast (Número do besta) ses grupos - de bruxas a druidas - estima CATOLICISMO
Umprmnotor, que não tem medo de dizer a verdade de frente, critica
uma espécie de "cultura da bandidagem" nos centros para recuperação de jovens marginais, os quais saem piorados dessas instituições
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Dr. Tha les Cezar de O li veira , formad o em Direito pela Pontifícia Un iversidade Católica de Sã o Paulo (PUC) em 1989, ocupa no M inistério Público desde 1990 o cargo de Promotor da Infância e Juventude no Estado de São Paulo . Ele tem se empenhado na regeneração dos delinqüentes infantojuvenis. Seu intento é recuperar o jovem infrator por meio de boa formação, segundo sólidos princípios morais e bons costumes . E assim , reintroduzi- lo na família e na sociedade. Ao longo de anos de trabalho intenso, depois de muito estudo e observação da delinqüência infanta-juvenil, bem como do f comportamento e da psicologia z tanto do infrator quanto da víti ma, Dr. Thales chegou com mui ta precisão a conclusões que, uma vez expressas, saltam aos olhos. Para esta esclarecedora entrevista concedida a Catolicismo, Dr. Thales atendeu gentilmen te nosso colaborador, Sr. Edson Neves.
traba lho e a educação. Que fique bem claro: eu não defendo a tortura, e acho que as instituições como a FEBEM e os presídios, que são feitos para regenerar, apresentam grandes problemas. Os jovens saem de tais instituições piores do que entraram. Sou crítico, porque acho que temos que humanizar tais instituições que se tornaram apenas depósitos de del inqüe ntes. Catolicismo - A fim de defender a vítima, é louvável discordar da constante presunção de inocência do delinqüente. O Sr. é criticado por adotar essa posição?
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Catolicismo - Gostaríamos que esta entrevista tivesse caráter informativo e instrutivo, abordando o ponto em que o Sr. nota mais desinformação na opinião pública. Pois, com imenso gosto, desejamos colaborar para a boa formação de nossa juventude, tão transviada.
Dr. Thales - Há uma espécie de cultura da bandidagem nos presídios, e as crianças crescem lá dentro achando que ser bandido dá status, é prestigioso . Não se aprende a valorizar o
/>,: 1'/Jalcs:
"Somos cl'Íticos dos inl'ratores. Sendo a população brnsileirn composta em sua maioria, grnças a Deus, de pessoas iwnestas, elas merecem nosso apoio e proteção ".
Dr. Thales - Recebemos críticas sim, porque na verdade somos nós os críticos dos adolescentes infratores dentro da esmagadora maioria das instituições. Não tenha dúvida disso, porque, sendo a população brasileira composta em sua maioria, graças a Deus, de pessoas honestas, decentes e trabalhadoras, e que normalmente são as vítimas, elas merecem esse nosso apo io e proteção. O problema é o seguinte: tais vítimas formam uma massa silenciosa: elas não tê m um veículo de comunicação, não têm uma voz, um líder para defendê-las. Hoje, infelizmente, várias entidades que se preocupam exclusivamente com os ado lescentes infratores tê m espaço na mídia bras il eira, têm projeção nacional. Muitos políticos preferem, por exemplo, ir dormir num pres ídio para ver como um preso é tratado, mas se recusam a ir para a fila do hospital para ver como a dona-de-casa é tratada; recusam-se a ir a uma esco la para ver co mo as crianças são tratadas pelo próprio Estado; recusam -se a ver como uma vítima estuprada está passando; rec usam-se a ver JULHO2006 -
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a dor de um pai ou uma mãe que perdeu um filho num assalto. Por essas e outras razões, sou favorável à responsabilidade penal aos 14 anos. Como as vítimas são preponderantemente de classes menos apoiadas, mas honradas, eu acabo sendo uma dessas pessoas que tenta levar a elas tal mensagem de proteção e defesa de seus direitos, e também mostrar aos bandidos que ainda vale a pena ser honesto.
Prédio da Promotoria da Infância e da Juventude, em São Paulo
Catolicismo - Que providências se têm em vista para atender melhor a vítima, e não apenas o infrator?
Dr. Tlwles - Não somente nós, mas a maiori a dos promotores aqui da Infância e da Juventude, temos a mesma posição. Ou seja, no dia-a-dia fazemos a defesa das vítimas em cada um dos processos, e as aconselhamos a saberem se defender. Por exemplo, uma vez que já ex istem ONGs para a defesa do infrator, por que não haver uma organização també m para a defesa da vítima? Preocupa-nos não haver essa mesmas organ izações para a defesa das vítimas estupradas, das crianças violentadas, etc. É necessário uma união das vítimas, que se reúnam e m seus bairros para denunciar os bandidos ex istentes na região, para qu um a vítima apóie a outra vítima também agredida. Isso é católico, vamos sentar e conversar sobre nossas ex periências, etc. Julgo também que a polícia peca no seguinte: por vezes a vítima, já tão fragilizada pelo próprio crime, vai a uma delegacia de polícia e é mal receb ida pelo funcionário. E la é obrigada a ficar esperando horas e horas pelo atendimento, seja CATOLICISMO
"llá uma espécie de mística da marginalidade, que somente com o esforço de funcio11á1'ios se consegufria extirpar dos jovens estagnados 110 vício".
qual for o crime. Mas a vítima merece atendimento especial, separada do ambiente dos bandidos, onde muitas vezes ela se sente atemorizada e intimidada. É preciso dar atenção a quem foi agredido, numa sala separada. O bandido ou o infrator que espere, não a vítima. É comum a pessoa chegar na delegacia, para fazer uma queixa, na hora da troca do plantão do delegado, às 19:00 h. Nem o delegado que está saindo atende, e o que está entrando demora para se inteirar do exped iente - o que é inevitável. Resultado : a vítima, às vezes, fica sozinha esperando, ao lado da família cio bandido, sendo pressionada, para só ser atendida às duas ou três horas da madrugada . As pessoas respo nsáveis têm que se conscientizar de que é a vítima que preci sa de nossa atenção nesse momento, de toda a atenção, todo carinho, todo apoio psicológico, social e espiritual para que supe re o trau ma, que certamente qual quer tipo de crime acaba gerando nos indivíduos. Catolicismo - Desejamos ser de algum auxílio, esclarecendo a opinião pública a respeito dessa árdua tarefa que os Srs. realizam, procurando recuperar os valores morais sadios, esquecidos pela nossa sociedade decadente.
Dr. Thales - A soc iedade está perdendo os valores morai s, éticos , religiosos e sociais. Eu sou da época em que se tratava os pais de senhor e senhora. Eu aprendi com eles que quem não respeita pai e mãe não vai respeitar mais ninguém. E é uma lição que e u ap lico até hoj e, para co nhecer os jovens. Volto a di zer: sou favo rável à maiori dade penal aos 14 anos, para que as soc iedades protetoras deixem de ver os delinqüentes da FEBEM como vítimas, e de pensar que sempre a FEBEM é qu e está errada e o delinqüente adol escente é um presumível inocente. Catolicismo - Não lhe parece que, diante da alta periculosidade de muitos adolescentes, que são corruptores em série de outros adolescentes, estas ONGs e associações ditas protetoras e humanitárias protegem escandalosamente os infratores?
Dr. Tltales - Há um desejo de esconder a realidade, e de dcixá-1 s à mercê de sua sorte dentro dos presídios. Dcss modo, quando postos em li bcrclaclc, obv iament ' saem piores do que na época anterior ao inl ·rnam ·nto . 1l'í uma •sp ·i' d· mística da marginalidade, um a atraçao para o ·rim •, que somente co m o es forço d fun cion á rios d ·d i ·ados , pacientes e competentes se conse uiria extirpar da mentalicl aclc dos jove ns estagnados no vício. É impres-
cindível um trabalho corpo-a-corpo com o interno dentro do pátio da FEBEM. Ficar apenas nas muralhas , vigiando os detentos , não rea liza a finalidade sócio-educativa da instituição. São tan tas as regalias lá dentro dos presídios, que normalmente os líderes não querem fazer rebeliões, por temer as represálias , perder as visitas íntimas, os aparelhos ele som e TV colorida no quarto, o fri gobar, etc. Catolicismo - Gostaria que o Sr. fizesse algumas considerações sobre os últimos acontecimentos relacionados com o PCC, ocorridos em meados de maio em São Paulo, tendo em vista a aplicação de penas alternativas brandas adotadas por nosso sistema judiciário.
Dr. 11wles - Desejo deixar bem claro que estamos criando um monstro. A sociedade está ficando refém dessa idéia de que o Direito Penal deve ter uma intervenção mínima em nossa sociedade, e que as penas alternativas devem ser priorizadas . lsso é uma gra nde falácia. Na verdade, a pena altern ativa é ap licável quando se pensa em países como Suíça ou Al.emanha. Mas, na sociedade de hoje, tendo e m vista o caos soc ial brasileiro, é impen sável tratarmos o marginal apenas com pena alternativa. Realm nte, a pena tem que ser endurecida, temos que tratar o bandido como bandido. Precisamos dar o exemplo ao honesto e mostrar-lhe que vale a pena ser honesto no Brasil. Hoje em dia, é difícil o pai convencer o filho a ser honesto. Porque o filho argumenta com o pai deste modo: "Mas pai, eu vou ser honeslo para quê? Olhe nosso vizinho: ele é ladrão, é traficante, é isso e aquilo, mas está sempre com dinheiro no bolso. Não trabalha, não /em patrão aborrecendo, e está aí em liberdáde na sua boa casa, acompanhado de mulheres e com carros bonitos. O senhor é lrabalhador, uma pessoa digna e honrada. Nós, quando temos emprego, precisamos acordar cedo, pegar ônibus na chuva, no frio ou no calor; lemos que trabalhar para ganhar salário mínimo ... ". Então o pai reclargúi : "Mas o bandido vai preso ". Replica o filho : "Ele vai preso hoje, e no dia seguinte j á está de volta. Vale a pena ser honesto no Brasil de hoje?" A classe política brasileira tem que deixar de pensar na Suíça e voltar os olhos para a realidade brasileira, para conter essa onda crescente de c riminalidade. Nossos juízes, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribun al de Justiça deveri am descer um pouco à realidade da nossa soc iedade para ver o que está acontecendo. Eles estão tomando dec isões - como, por exemplo, afastando a questão da heclionclez cio crime - que
"Precisamos exigil' uma lei mais 1'igorosa 110 combate à criminalidade. Estamos aiando um mo11st1·0, que está crescem/o cac/a vez mais e vai nos devo,·ar".
deixam o criminoso em liberdade. Recentemente o STJ considerou que o uso de celular nas prisões não é falta grave! São dec isões divorciadas de nossa realidade. Se eu torno uma lei branda priorizando penas alternativas, se beneficio os sentenciados, na verdade estou priorizando o bandi do! Assass inos recenteme nte julgados e condenados por crimes hediondos, como por exemplo o jornalista Pimenta Neves, vão recorrer da sentença em liberdade ... Precisamos ficar de olho nesta situação e exigir uma lei mais ri gorosa no combate à criminaliclacle. Repito : estamos criando um monstro que está crescendo cada vez mais, e atingindo um tamanho tal que vai nos devorar. Catolicismo - A criminalidade está quase se tornando um poder paralelo ao do Estado.
Dr. Thales - Sim. Um colega meu usou uma imagem muito interessante: "O Estado, através de suas leis, amarrou tanto as mãos do próprio Estado, que hoj e, quando se fala de Estado e bandido, é como nwnjogo de xadrez: o Estado tem de respeitar todas a regras do jogo para movimentar suas peças no tabuleiro de xadrez. Mas o bandido não tem que respeitar regra nenhuma". Quer dizer, eu mexo lá o meu peãozinho na minha primeira jogada; e o bandido, não seguindo as regras cio jogo, pega a torre e de imediato dá o xeque-mate ao meu rei. Por quê? Porque ele não é obrigado a seguir regra nenhuma; ele faz o que quer, na hora em que ele quer. E eu? Estou obrigado a seguir rigorosame nte as regras. Temos que seguir as regras, sim , mas temos que fazer com que também os marginais sigam as regras. É claro! •
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Socialismo há dois mil anos. História de um fracasso N o império chinês do início de nossa era , uma tentativa de Reforma Agrária levou o povo à mais negra miséria e produziu revoltas. "Nada de novo sob o Sol", já dizia Salomão, o Rei Profeta de Israel. Wong Mong fez sucessivos refundições do numerário (donde o quantidade surpreendente de moedas que são encontrados portando seu nome), ao longo dos quais não cessou de diminuir seu valor real
"H
istoire .de la Chine",* um livro do historiador René Grousset, membro da Academia Francesa de Letras, narra fatos que fazem lembrar muita coisa dos dias atuais. Desde o ano de 202 antes de Cristo, o império ch inês era governado pela dinastia de Han, que tinha marcado uas fronteiras definitivas, adotado uma administração centralizada e uma escrita única. Ela se apoiava também sobre uma aristocracia militar, que ajudava a manter a ordem interna e defender as fronteiras contra as incursões dos hunos, nômades turco-mongóis que vagueav am pelas estepes da Ásia Central ao norte da Ch ina. Faziam oposição a essa aristocracia os "letrados" confucianos, pacifistas que, com o tempo, difamariam e tornariam totalmente desprestigiada a profissão das armas. Esses " letrados", que poderiam ser comparados aos nossos " intel ectuais de esquerda", também alimentavam utopi as sociais e dariam origem à classe dos mandarins. No ano 9 de nossa era, o aventureiro Wang Mang assassinou, dandolhe a beber uma taça de veneno, o imperador da China, da dinastia Han - um menino de nove anos de idade, de quem tinha a tutela - , e proclamou a si mesmo "Filho do Sol". Reforma Agrária de Wa11g Deixemos a palavra a René GrousCATOUCISMO
Um dos imperadores do dinastia Hon e o ma pa do território imperial
sel: "O reinado desse usurpador íWang Mang - de 9 a 22 depois de ristol assinalou o lriu11/<> do pctr1ido dos lelmdos. Ele esla va impreR1wdo dl' seus <'11 sinamen/os e ·omparlilfwvo .1·11a.1· ll'Ori as sobre o governo pai ria~ ·ai, o pre/e11 so governo dos soberanos rnf.\·1i ·os • dos primeiros Tcheou, o qual tinha por lá um
pouco o papel de uma Salerne ideal, ou então do estado de natureza caro ao nosso Rousseau. Segundo esse espírito, Wang Mang de -re/ou uma série de reformas 1... 1. "Desde o adve1110 do cesarismo chi11 Ps os lal(/iíll(lios 1i11lwm crescido e a clas.1·,, dos /J l'l/lfl'110.1· proprietários tinha di111i111ddo e111 proporção, para aumenlor o 111í111ero dos clientes e dos escravos". IW ang Man, r solveu então] trazer de vol!a 'o 1e111po em que todo ho-
mem possuía cem acres de terra e pagava como imposto ao Estado o dízimo dos produtos de sua propriedade'. Desde então - acrescentava ele, colocando o ferro na chaga - os poderosos adquiriram propriedades imensas, enquanto os pobres não têm mais nem uma polegada de terreno. [... ] "Em conseqüência disso , Wang Mang, no ano 9 de nossa era, retomando uma velha utopia do.filosofo Mencius, concedeu a cada família de oito pessoas uma propriedade de cinco hectares, e ao mesmo tempo obrigou os donos de áreas mais vastas a distribuir o excedente a seus parentes ou a seus vizinhos. Para impedir a reconstiluição das grandes fa zendas, declarou que, em princípio, o Estado era o único proprietário do solo; proibiu toda e qualqu er modificação desse estatuto, portanlo qualquer compra ou venda de terras; vetou qualquer tráfico de escravos, só o Estado tendo o direito de os possuir".
adquirido e o revendiam quando a falta de um produto ameaçava fazer subir os preços. Banqueiros oficiais emprestavam a juros (bem altos) de 3 o/o ao mês. "Ao lado disso o imposto se baseou sobre o dízimo do lucro. Excluindo os agricultores, para os quais o cálculo era fácil a cada colheita, exigiu-se uma declaração de pro.fissão das diversas atividades - caçadores e pescadores, criadores de gado ou de bichos da seda, .fiadores e tecelões, operários em metal, mercadores, médicos, adivinhos e feiticeiros - , todos devendo declarar suas receitas e paga r o dízimo ao Estado. " Wang Mang fe z também sucessivas refundições do numerário ( donde a quantidade surpreendente de moedas que são encont radas portando seu nome), ao longo das quais .não cessou de diminuir seu valor real. Para isso, decretou o monopólio do ouro e pôs o embargo sobre o cobre. [... ]
O Estado totalitál'io
"Seu estatismo minucioso e suspicaz não tardou a provocar uma resistência generalizada. O monopólio do ouro tinha arruinado a nobreza; o valor rebaixado das novas mo'edas, acrescido à obrigação de trocar com o Estado pelo mesmo preço as antigas, de melhor teor, arruinava o comércio. Por.fim, o monopólio do Estado sobre o corte dasflorestas e sobre a pesca lesava gravemente os camponeses. "A economia estando desorganizada, logo que surgiram más colheitas a fome
"No ano seguinte [ano 10 de nossa era], Wang Mang instituiu uma série de funcionários encarregados de regulamentar a economia, vigiando os mercados para determinar a cada trimestre o preço máximo de cada produto. Agiam como 'equalizadores de preços', para comprar no preço corrente as mercadorias (grãos, sedas e tecidos de linho) trazidas ao mercado, e que não tinham encontrado compradores. Esses agentes guardavam em armazéns o estoque não
Socialismo,
fome e 1·esistê11cias
devastou as províncias. Revoltas espocaram, notadamente no Chan.-tong, região superpovoada cuja fertilidade natural não resisle a alguns meses de seca ou de inundações, e que por isso sempre serviu de foco às agitações sociais e às seitas de iluminados taoístas. [... ] "No ano 11 de nossa era o rio Amarelo rompeu seus diques, inundando as planícies do Chan-ton.g e do Ho -pei; em 14 a fome foi tal que os camponeses se tornavam antropófagos. Um chefe de bando reuniu os revoltosos em grupos organizados, dando-lhes como sinal de reconhecimento o pintar as sobrancelhas de vermelho. Os "sobrancelhas vermelhas ", apoiados pela simpatia das populações, derrotaram as tropas regula res e se tornaram pouco depois senhores da bacia do Houang- ho [ano 18 de nossa era]. "No ano 22 os legítimos príncipes da família de Han, que tinham conservado muitos partidários, reconquistaram o poder e o conservaram até o século III. Sob seu cetro - sempre segundo René Grousset - o país alcançou um tal grau de prosperidade e de esplendor de civilização e cultura, que até meados do século XX os chineses gostavam de se dizer 'Filhos de Han'". O socialismo agrário fracassa em qualquer época, em qualquer país, pois é contrário à natureza humana. •
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* René Grousset, Histoire de la Chine - Edições Fayard, Paris, 1.976, pp. 76 a 79.
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Ü CONVE3NTO-FORTFILE3ZR
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GABRIEL DA S ILVA
Convento -fortaleza de Tomar, no Ribatejo
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Cavalaria, que um autor francês chamou de "a mais bela aventura da História", é fruto do amor de Deus numa época em que sociedades inteiras moviam-se em conformidade com os 10 Mandamentos e as leis da Igreja. São Miguel Arcanjo, prín cipe da milícia celeste, é o patrono da Cavala.ria. Enquanto instituição, ela nasceu das relações feudais, pelas quai s os homens se apoiavam mutuamente para defender-se ante as freqüentes invasões bárbaras. Essa confiança mútua baseava-se na noção de honra lastrada na caridade cristã. Dentre as mais célebres ordens de cavalaria destaca-se a dos Templário , criada em 1119 na Cidade Santa por cavaleiros francos. Seu nome liga-se ao Templo de Salomão. Sua divisa era: "Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam" (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso Nome dai glória). Faziam o voto de não recuar nas batalhas. Por isso eram terríveis e temíveis, impondo profundo respeito aos inimigos. CATOLICISMO
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Com exceção das duas prim ira. cruzadas, as sucess ivas roram muitas vezes ma.readas por desastre , devido às misérias humanas: cobiça, intriga, vanglória,
etc. om o rim do Reino franco d· Jerusa lém, as ordens de cavalaria rcl'luíram para a Europa. A dos Templários foi das mais prósperas, chegando a possuir, só na França, erca de 9.000
commanderies (espécies de fazendas fortificadas). Seu patrimônio, adquiri do mediante doações, era imenso. Mas seu ideal infelizmente já entrara em decadência. No começo do século XIV, era rei de França Filipe IV, o Belo - homem de espírito revo lucionário, oposto ao de seu avô São Luís IX. Em disputa com o Papa Bon ifácio Vlll, mandou esbofeteá-lo em Anagni, o que provocou a morte do Pontífice por desgosto , pouco depois , em 1303. Em I 305, subia ao trono de São Pedro o francês Bertrand de Got, com o nome de Clemente V. Sensível às instâncias do rei fran cês, o novo Papa mandou fechar, em 13 12, a Ordem do Templo, baseado em acu ações graves e obscuras, que até hoje a História não desvendou cabalmente. E a coroa francesa apossou-se dos bens da Ordem. Ora, os templários estavam também em Portugal desde os tempos de D. Afonso Henriques, e ali nenhuma su peita
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caste lo e o convento dos templários, doados à Ordem de Cristo.
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pôde ser contra eles levantada. Nem por isso estavám isentos de sofrer a mesma punição. Foi hábil a decisão do Rei D. Dinis de Portugal, de executar a ordem pontifícia de fechar a Ordem, mas não para apossar-se de seu patrimônio, e sim para doá-lo à Ordem Militar da Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou simplesmente Ordem de Cristo, que criou em l 318. O Papa João ;\:XII nomeou D. Gil Martins seu primeiro grão-mestre, que antes o fora dos cavaleiros de Aviz. Quis El-Rei que a nova Ordem tivesse seu quartel-general em Castro Marim, para defender o Algarve das incursões dos mouros dos reinos do Marrocos e de Granada. Em 1356, transferiu-se para Tomar, no Ribatejo. Ali existiam, desde 1160, o
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Sete mestres cavaleiros teve a Ordem de Cristo até ser nomeado seu Regedor o Infante D. Henrique, Conde de Viseu, chamado o Navegador ( 1394-1460). Daí em diante ficou ela vincu lada à Casa Real. Herdou esse governo D. Manuel, o Venturoso, conservando-o durante todo o seu reinado. Dispondo a Ordem de grandes recursos, empregou-os D. Henrique em seus projetos de navegação, com vistas à expansão da fé cristã e à conversão dos povos pagãos. Foi assim que as naus comandadas por Pedro Álvares Cabral vieram ter ao Brasil, tendo estampadas em suas velas a Cruz de Cristo, símbolo da Ordem que patrocinava as navegações, e à qual o descobridor da Terra de Santa Cruz também pertencia corno cavaleiro. As ordens de cavalaria representaram uma das mais altas expressões do espírito cristão, que é o espírito de luta. A vida do católico neste mundo é um combate, pois ele pertence à Igreja Militante. O Lutador por excelência foi Nosso Senhor Jesus Cristo, que levou o seu combate até à agonia e morte na Cruz. Agonia, em grego, quer dizer precisamente Juta. Nessa perspectiva, o convento-fortaleza de Tomar pode ser considerado um dos lugares mais sagrados de Portugal. • E-mai l do auLor: w-gabriel @catolicismo.com .br
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450 anos transcorreram desde a morte de Santo Inácio, e sua gesta repercute até nossos dias. Dos maiores vu1tos da humanidade, suscitado pela Providência num dos momentos mais críticos da história da Igreja. Fundou uma milícia "para a major glórÍa de Deus", combateu a heresia, conquistou povos pagãos, di1atou o Reino de Cristo por todos os continentes. Modelo exímio para os contra-revolucionários atuais.
PAULO ROBERTO CAMPOS
A
no jubilar na Companhia de Jes us, po is e m 2006 a ínclita Com panhi a celebra três grandes aco ntec ime ntos: os quatro sécul os e me io da morte de seu fund ador, Santo In ác io de Loyola, em 31 de julho de 1556; os 500 anos do nasci mento de São Franc isco Xavier, em 7 de abril de ] 506 1 e os 500 anos do nasci mento do Beato Pedro Fabro - segundo gera l da mil íc ia inac iana - e m 13 de abril de l 506. Tais centenários não são comemorados apenas na Co mpanhi a de Jes us, mas també m por todos os católicos autê nticos, especia lmente aq ueles q ue to ma m esses santos jesuítas como mode los de vida .
Brasil, "Tcn'a de Santa Cruz" Nos cinco continentes , mui tas nações devem sua for mação cató li ca, e m boa med ida, à gesta imp ul sionada por Santo Inác io. M ui to espec ialme nte o Brasil.
Basta le mbrar dois exemplos ex ponencia is: Nóbrega e A nchieta. Do is filh os esp iritu ais daque le gra nde santo, qu e dedi cara m suas vidas para que noss a Pátri a fosse verdade ira mente "Terra de Santa C ruz". O Padre Serafim Leite, S.J., que pode ser considerado o maio r hi stori ador da Companhia de Jesus em nossa Pátria, sinteti za nestas palavras o caráter transcendenta l do trabalho reali zado pe los filhos espiritu ais de Santo Inác io, nos primórdios de nossa hi stória: "A história da Companhia de Jesus no Brasil, no século X VI, é a própria história da.formação do Brasil nos seus elementos catequéticos, morais, espirituais, educativos e em. grande parte coloniais".2 Não tratare mos aq ui de Nó brega e Anchieta, nem de São Francisco Xav ier o u do Beato Pedro Fabro. Para ta l seri a 1iecessária uma volumosa obra. Trataremos apenas da é pica hi stóri a de Santo Inác io de Loyo la, e assim mes mo nos liJU LHO2 006 -
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mitaremos a alguns aspectos desse infatigável combatente "Ad Majorem Dei Gloriam" (Para a maior glória de Deus) - lema por e le criado para a sua Companhia de Jesus. "Dies mali sunt" (Ef 5, 16) - "Os dias são mau s". Os males que conturbam a Santa Igreja nestes tempos pós-conci liares não pouparam sequer a milícia inaciana, como o reconhecem até algun s de seus me mbros. Mas isto não é motivo para que deixemos de nos voltar com admiração para a enorme fi gura de Santo Inácio e sua monumental obra apostólica, que marcou a fundo a hi stória da Igreja, do Brasi l e do mundo.
"deu-se muito a todos os exercícios das armas, procurando avantajar-se sobre todos seus iguais e alcançar renome de lw mem valoroso, honra e glória militar". 3 Levava vida prazerosa de cortesão gaJanteador, ou, como ele mesmo reconhece humildemente, "até os vinte e seis anos fui um homem dado às vaidades do mundo, e principalmente me deleitava no exercício das armas e no vão desejo de ganhar honra". 4
Nobre nascimento de lim futuro cruzado Um ano antes do descobrimento da América, Tiiigo López de Oí'iaz y Loyola na eia no castelo de Loyola, em Azpeitia, na Biscaia (Espanha). Foi o último dos 13 filhos de D. Beltrán Yanez de Oí'iaz y Loyola e Da. Marina Sáenz de Licona y BaJda. Cresceu no seio de uma família católica, que se orgu lhava de seu passado guerreiro e da profunda fidelidade ao rei. Em sua 6poca, reinavam na Espanha os reis católicos, Fernando de Aragão ( 14521516) e Isabel de Castela ( 145 1- 1504). Aos 16 anos lí'iigo (somente quando começou seus estudos em Paris é que passou a chamar-se lgnácio) foi enviado como pajem cio nobre cavaleiro Juan Velázquez de Cuéllar, ministTo elas fi nanças cios reis católicos, o que lhe permitiu estar em contato contínuo com a coite. Bem clotaclo física e intelectualmente, o jovem de Loyola CATOLICISMO
Padre R ibadeneyra, princ ipal biógrafo de Santo Inácio, descreve: "O semblante de seu rosto era alegremente grave e gravemente alegre; de maneira que com sua se renidade aleg rava aqueles que o miravam, e com sua gravidade os recompunha".
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(E11ciclopedia U11i ve r.rn t l/11 s tra da, spasa- alpe S.A . Editores, Mad rid, Torno XXV III !. Primeira Partel, 1925,
p. 952).
Coso senhorial de Loyolo, Espanha, construído no século XIV
A hora da Providência - o início da convel'são Em 1517, após a morte do cavaleiro de Cuéllar, lí'iigo colocou-se a serviço do duque de Lara, D. Antonio de Manrique de Lara. Para seu novo senhor, Ií'iigo defendeu , juntamente com algumas centenas de soldados, a capital da Navarra (Pamplona - assediada pelos franceses em 1521) contra um exército de 12.000 homens. Após heróica resistência ao inimigo, no dia 20 de maio daquele ano, urna baJa de canhão feriu gravemente sua perna, obrigando-o a abandonar o campo de bataJha. Teve que retornar ao castelo de seus pais, a fim de recuperar-se. Mas os ossos quebrados começaram a soldar-se defeituosamente, ficando uma perna mais curta que a outra. Para não ter que mancar, o que prejudica.ria seu prestígio mundano, ele ordenou quebrar novamente a perna - sem anestesia, recurso inexistente naq uele século - para melhor endireitá-la. Esteve à beira da morte. Durante longa convalescença, para se entreter, pediu romances de cavalaria, pelos quais era apaixonado. Como não os hav ia, começou a ler o que encontrou à disposição: livros sobre a vida de Cristo e de santos. A graça o tocou com tais leitu ras e ele se tomou de entusiasmo por Nosso Senhor e pelos santos. omprccndeu que a Igreja também tinha a sua cava laria de heróis, ainda maiores que os demais. Decidindo mudar de vida e tornar-se seme lhante aos santos, tomou a resolução de imitar esses heróicos praticantes da virtude e empreender
Vitral representando Santo Inácio vestido de guerreiro
uma peregrinação à Terra Santa, para fazer penitência por seus pecados.
De cavalcll'o mundano a excelso cavalefro de Cristo Em março de 1522, Ií'iigo de Loyola dirigiu-se ao famoso mosteiro beneditino de Montserrat, na Catalunha. Fez uma confissão geral de toda sua vida, uma vi gília de armas aos pés da imagem de Nossa Senhora, segund o costume dos cavaleiros medievais, e depôs ua espada e adaga de fidalgo no altar la Virgem, agora sua nova Soberana enhora e Rainha. De índole natural inquieta e ardorosa, ele foi, entreta nto, passar algum tempo de recolhimento e oraçã no Hospital de Santa L uzia, em Maru·esa. Retirou-se a uma gruta das proximidade , onde escreveu, inspirado pela Santíssi ma Virgem, os cé-
lebres Exercícios Espirituais (Vide quadro na p. 30), depois de passar por terríveis provações, seguidas de intensas consolações interiores. Ií'iigo era um home m de têmpera verdade iramente medie val. De cava leiro cortesão e mundano, tornou-se cavalei ro penitente. Depois, vencendo a si próprio para poder vencer os inimi gos de Deus, tornou-se cavaleiro de Jesus Cristo, seu único Senhor e Rei Soberano, e de Nossa Senhora, sua Rainha. Fortalecia seu desejo de fundar uma ordem de cavalaria, uma mi lícia ou companhia, para formar uma falange de heróis da fé, visando combater a heresia, sa lvar as almas, conquistar os povos pagãos e dilatar o Reino Cristo por todo o orbe. Assim, despontava a contra-ofensiva católica, que opôs-se corajosame nte à expansão do protestantis mo . A esse respeito, podemos ler no Missal quotidiano de Dom Lefebvre: "E sua alma generosa, outrora seduzida pela glória mundana, não mais aspira senão pela maior glória do grande Rei q,ue doravante servirá. Na noite da Encarnação, dia 25 de março, depois da confissão de suas faltas, fe z a vigília de armas; e, pela Mãe de Deus, ef armado ca-
valeiro de Cristo e da Igreja militante, sua esposa. Será, em breve, general da admirável Companhia de Jesus, suscitada pela Providência a fim de combater o protestantismo, o j ansenismo e o paganismo renascente".
O nascimento <le uma l'alange de co11tra-1·evolucionál'ios Depois de mil dificuldades, no dia 4 de setembro de 1523 lí'iigo chegou a Jeru sa lé m, peregrinando pelos Lugares Santos. Mas já no mês seguinte foi obrigado a retornar ao velho continente, devido à situação tensa re inante na cidade de Jerusalém. De volta à Espanha, decidiu preparar-se para o sacerdócio. Para tal, foi estudar e m Barcelo na (de l 524 a 1526), depois em Alcalá de Henares, e mais tarde em Salamanca ( 1527). Com a repercussão das pregações que fazia pel as cidades por onde passava, bem como pelas reuniões com discípulos, foi denunciado ao Tribunal da Inqui sição e chegou a ser encarcerado. Seus escritos, sobretudo os Exercícios Espirituais, foram minuciosamente analisados. Como nada fosse encontrado em contradição com a fé católica, fo i posto em liberdade. JULHO2006 -
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Exercícios Espirituais
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Papa Pio XI referiu-se aos "Exercícios Espirituais" como "admirável livro dos Exercícios, pequeno no tamanho, mas cheio de sabedoria celeste, foi solenemente aprovado, louvado e recomendado pelo Nosso Predecessor de boa memória Paulo Ili " (Encíclica "M ens Nostra", 20-12-1929). "Exercícios Espirituais" , de autoria de Santo Inác io, não é um mero livro de le itura, mas um método de meditação. Tem o objetivo de, através da argumentação lóg ica, impedir qu e os homens siga m pelas vi as que levam à perdição eterna. Bem como a finalid ade de reconduz i-los ao único Senhor e Soberano que merece toda nossa dedicação, Deus Nosso Senhor Jesus Cristo. Esse " método inaciano" ocupa-se em apontar o fim último para o qual o homem foi criado - conhecer a De us, amá-Lo e servi-Lo e, por esse meio, obter a bemaventurança eterna - , e apontar o pecado, e todas as desorde ns e afeições terrenas, co mo obstáculos para se atingir tal finalidade e a perfeição espiritual. Ocupa-se também em meditar a vida, paixão e morte de Nosso Redentor, como o modelo a ser seguido. Nos di as dos "Exercícios" são reservados alguns instantes 11.P, lL'IIII. para exame de consciência, com vi stas a fazer, no final , uma confissão geral.
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"Por seu nome 'Exercícios Espirituais ' entende-se toda a maneira de examinar a Primeiro edição em consciência, de meditar, de contemplar, de latim, editada orar vocal ou mentalmente, e de outras opeem Roma em 154 8 rações espirituais. Porque, assim como passear, caminhar e correr são exercícios corporais, da mesma maneira todo o modo de preparar a alma para tirar de si todas as afeições desordenadas, e depois de tiradas, buscar e achar a vontade divina na disposição da sua vida para a salvação da alma, chamam-se exercícios espirituais". (Sa nto Inác io de Loyola, Exercfcios Espirituais, Livraria Aposto lado da Impre nsa, Porto, 1966, p. 11 ).
CATOLICI SMO
No ano de 1528, Inácio de Loyola fo i estudar na U ni versidade de Paris, onde conquistou os primeiros seguidores, com os quais fundari a sua sonhada Companhia para combater os inimigos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na festi vidade da Assunção de Nossa Senhora, em 15 de agosto de 1534, Inácio fo i com seu primeiro gru po de discípulos a uma capela pouco freq üentada em Montmartre (Paris). Eram eles: Francisco Xavier, Pedro Fabro, Nico las Bobad ill a, D iogo Lainez, S imão Rodri gues e Afonso Salmerón. Após a Santa M issa celebrada por Pedro Fabro o único daque le grupo que já havia recebido, naquele mesmo ano, as ordens sacerdotais - eles fizeram as promessas de viver em regime de pobreza e castidade; e de, terminados os estudos, irem à Palestina para trnbaJ har na conversão dos infiéis . Nascia a Companhia de Jesus - era ocomeço da contra-ofensiva do bem, contra os erros que proli feravam naq uela época, a heres ia e o neopaga1úsmo renascentista; era o in ício de uma Contra-Revolução que, como um sol, iluminaria o mundo inteiro com a espiri tualidade inaciana, a radicalidade de vida, a lógica e coerência com os princípios católicos. Como não pudera m reali zar a viagem à Terra Sa nta, os primeiros jesuítas reso lveram d irigir-se a Ro ma, a fi m de co locarem-se à d isposição do S umo Pontífice para tudo aq uil o q ue melhor ate ndesse às necess idades ma is prementes da Cristandade. De in íc io, na Cidade Eterna, em obed iê nc ia ao Papa Paulo III, ficara m ajudando os pobres, servindo e m hosp ita is, catequizando cria nças, faze ndo pregações e ensinando o método dos Exercícios Espirituais, além do aprofund amento nos estudos teológ icos nos in terv a los de s uas mi ssões apostóli cas. 5
A limdação inspimda muna Ol'dcm <lc cavalal'ia Na festa de São João Baptista, 24 de junho de 1537, aq ueles jesuítas originários foram ordenados sacerdotes e fizeram os votos solenes de pobreza, obediência e castidade. Em fins de junho de 1539, Inácio de Loyola elaborou um esboço das Constituições da Companhia, as quais foram aprovadas defi nitivamente um ano depois pelo Papa Paulo III. Santo Inácio
Abertura do Concílio de Trento, em 1548. O papel da Companh ia de Jesus contra o protestantismo foi dec isivo .
Pseudo-Reforma e Contra-Reforma Residência dos primeiros jesuítas, e m Roma
fo i eleito, contra sua vontade, o primeiro Superior Gera l da Companhi a de Jesus, fundada à maneira de uma ordem de cavalaria. Por "companhia" ele entendia na concepção militar da palavra. P líni o Co rrêa de O li ve ira ace ntua bem a analogia entre o caráter mi litar e a estru tura co mo também o esp írito da Companhi a de Jesus: "Santo Inácio de
Loyola desej ou fundar uma Cavalaria que se opusesse à degradação da Cavalaria [devido à sua decadência no fi na l da Idade Médi a]. Ele desejou a restauração da idéia de Luta pelo Rei Sagrado contra o herege, seu adversário. Era a volta da sacralização da Cavalaria. Essa foi a idéia de Santo Inácio: uma arquisublimação da Cavalaria. E, por isso, ele concebeu sua ordem religiosa em termos militares. Ou seja, uma "Companhia" que, naquele tempo, queria dizer exército - um exército de Jesus, onde o chefe era um general, o Geral que manda em tudo e que opera como um general, com uma hierarquia militar, com uma obediência milita ,: O estilo de ação de seu apostolado era um-estilo de ação militante, combativo e guerreiro. Daí vermos que a Companhia de Jesus foi muito guerreira e muito guerreada, e que viveu como uma verdadeira ordem de cavalaria - enquanto ela existiu em sua vida autêntica". 6
N
a obra Revolução e Contra-Revolução, Plínio Corrêa de Oliveira designa como Revolução, em síntese, o processo multissecular que vem demolindo a Civilização Cristã, desde o declínio da ]dade Média - época em qu e o ideal católico de sociedade mais se aproximou de sua realização. Ele aponta a causa profunda da Revolução como "urna
explosão de orgulho e sensualidade que inspirou, não diríamos um sistema, mas toda uma cadeia de sistemas ideológicos. Da larga aceitação dada a estes no mundo inteiro, decorreram as três grandes revoluções da História do Ocidente: a Pseudo-Reforma, a Revolução Francesa e o Comunismo.[ ... ] "A Pseudo-Reforma foi uma primeira revolução. Ela implantou o espírito de dúvida, o liberalismo religioso e o igualitarismo eclesiástico, em medida variável aliás, nas várias seitas a que deu origem. "Seguiu-se-Lhe a Revolução Francesa, que foi o triunfo do igualitarismo em dois campos. No campo religioso, sob a forma do ateísmo, especiosamente rotulado de Laicismo. E na esfera política, pela falsa máxima de que toda desigualdade é uma injustiça, toda autoridade um perigo, e a Liberdade o bem supremo. " O comunismo é a transposição destas máximas para o campo social e econômico". * * * Na Parte ill de Revolução e Contra-Revolução, o autor descreve o nascimento da IV Revolução - Revolução Cultural, que procura implantar uma sociedade tribal e anárquica - e acena para o surgimento de uma V Revolução, na qual se percebe a entrada do satanismo.
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E por Contra-Revolução, o pensador e escritor cató lico entende a reação organizada que se opõe à Revolução e visa restaurar a Cristandade:
"Se tal é a Revolução, a Contra-Revolução é - no sentido literal da palavra, despido das conexões ilegítimas e mais ou menos demagógicas que a ela se juntaram na Linguagem. corrente - uma 're-ação '. Isto é, uma ação que é dirigida contra outra ação. Ela está para a Revolução como, por exemplo, a Contra-Reforma está para a Pseudo-Reforma".
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Lutar varonilmente e lutar até o fim R blicamos abaixo excertos capitais do artigo que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu para Catolicismo (nº 67, julho de 1956), há 50 anos, por ocasião do quarto centenário da morte de Santo Inácio de Loyola
A A partir de 154 1, Santo Inácio passou a receber pedidos de todas as partes da Te rra para e nviar membros de sua Companhi a, sej a para atender na corte, seja para aco nselhar príncipes, re is e rainhas; ou a inda para imuni zar a ju ventude cios erros da heres ia protestante; para fund ar colégios e uni versidades; parti c ipar de conc íli os; e envi ar mi ss ionári os aos mais dife rentes países, desde o Extremo Oriente, passa ndo pe la Etiópi a, até o Bras il.
Fl'ente à Pscudo-Rel'orma, o e,Yército da Conu a-Rel'orma Incontáveis fora m as extrao rdinári as proezas cio santo fu ndado r da Companhia de Jesus. E ntretanto, um cios mais estupendos, e menos focalizado e m muitas hagiografi as, fo i sem dúvida seu destemido combate à revo lução protestante, a chamada "pseudo- reforma" pregada por Lutero (vi cie qu adro na p. 3 1) Martinho L utero, monge agostiniano apóstata, em suas freqüentes idas a tabernas e em me io a bebedeiras, desti lou mu itas de suas doutrinas heréticas e lançou o brado de revolta e orgulho contra os ensinamentos do Supremo Magistério da Igreja: "Los von Rom" ("Livres de Roma"). A E uro pa do sécul o XVI - já muito decad e nte dev id o à dege ne rescê ncia moral produz ida pelo humani smo renascentista - estava sendo convul sionada pela rebe li ão de Lutero e seus sequazes. CATO LI C I SM O
Diversos países estavam apos tatando da fé cató lica e, a partir da Ale manha, adota ndo como re li g ião a doutrina lutera na. Outras nações, se bem que não tivessem caído na heres ia, estavam sendo contagiadas pe los e rros dos heresiarcas L utero e Calvino. Até mes mo nas cató licas França e Itáli a ta is erros se alastravam. Naquele trágico século, a D ivina Providê nc ia susc itou a Contra-Reforma cató lica, para opor-se à no va heres ia q ue se expandia ameaçando a C ristandade. O Pad re Ribade neyra, S.J., princ ipal biógrafo de Santo In ác io, ass im o quali fi ca nesse ingente combate: "Deus Nosso Senhor quebrou a perna do Padre Inácio no castelo de Pamplona para curá/o; e, de soldado desga rrado e vão, fa zêlo seu capitão e chefe, e defensor da Igrej a contra Lutero". 7 Como genera l de um exérc ito esp iri tua l, Santo [nác io, segundo o estil o de obed iência mili ta r, mandou seus discípu los de escol aos países onde o catoli cismo corria ma ior risco. A lula da mil íc ia inac iana atingiu um ápice. Pouco a pouco aqueles santos jesuítas foram reconq uistando para a grei católica "ovelhas desgarradas" e evitando apostasias e m massa cm mu ita naçõcs.8 Se não fosse a contra-ofensiva de fec hada por Santo [nácio para proteger a Igreja e o Papado, certamente o câncer da revolução protestante teria se espalhado mui tíss imo mais por toda a Euro-
Canoniza ção de Santo Inácio . Junto com ele tam bém foi canonizado Santo Teresa
pa e, conseqüente mente, contagiado profunda mente o Novo Mundo. *
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450 ,mos depois, sirva-nos o exemplo de Sa nto Inácio de Loyola de coragem e incentivo na luta, ai nda mais trágica nos presentes dias, contra os erros cio progressismo d ito cató lico, que se alastram em todo o mundo. Roguemos ao grande santo fundador da Companhi a de Jesus que seja muito especialmente protetor cio Brasil , para que nosso País venha a ser autenticamente a "Terra de Santa C ru z", fo rj ada na fase inicial de sua história por heró icos missionários jesuítas. •
Notas: 1. Vide Ca10/ici.1·1110, deze mbro/2005 2. Páginas de His16ria do Brasil, Companhia Edi tora Nac iona l, São Pau lo, 1937, p. 13. 3. Pedro de Ribadeneyra, Vida de San lg11acio de loyola, Espasa-Ca lpe Arge ntina S.A ., Buenos Aires, 1946. 4. Saint lgnace de Lo yo la , A111obiof1 rc,plii e , Éd itions du e uil , Pari s 1962, p. 43. 5 . Cf'r. Rohrba c her , lli.1·1o ire U11i vers el/e d e l 'Éf: lise Ca1/wliq11 e, Pari s, Gaume Frê res, ibra ircs, t 846 , Tomo 23. 6. Plíni o orrGu de Oli veira, conferênc ia em 307- 1966. 7. Padre Ribadencyra, S.J ., His10ria de la Co11 1rarefon11a , BAC, p. 142. 8. A respeito desse le ma , vide Ca10/icis1110 , dczembro/2004.
passagem, no dia 3 1 deste mês [j ul ho de 1956), do quarto centenário da morte de Santo Inácio de Loyo la dá- nos ocasião de escrever algo sobre o grande santo. Fazemo-lo com certa hesitação. Pois tanto teríamos a dizer sobre sua vida, sua espiritua lidade, sua obra, que não nos bastariam as di mensões, ainda que alentadas, de um artigo de rev ista. Consola- nos que parte do que teríamos a afirmar e m lo uvor de Santo Inácio, já o pub licamos no li vro Em Defesa da Ação Católica, em momento em que tão insistentes eram certos ataques à sua espiritualidade. Desse livro, colhemos fr utos tipi camente inac ianos: di ssabores, inimizades, um prefácio ori entador desse grande Nú ncio, hoje Cardeal Masella, e uma carta de louvor enviada em no me do augusto Pontífice Pio XII. Tribulações de um lado, louvor do Santo Padre do o utro. Parece-nos que Santo Inácio jamais desejo u para si outra coisa ... Mas o Em Defesa da Ação Católica foi publicado há tempo, há perto de 15 anos. Hoje, sobre este tema, o q ue d izer? Mudaram as circun stâncias. Terá mudado a ap licação que lhes pode ser fe ita, dos princípios da espir itualidade inac iana? M udaram-se os tempos, sim, e mu daram-se as circunstâncias. Mas "plus ça change, p /us c'est la m.ême chose" ("Quanto mais muda, mais é a mesma coisa") . Os problemas de hoje são os de ontem, agravados, requ intados, exacerbados. E se ontem o ensinamento inaciano era atua l e útil , hoje pode-se dizer que se tornou atualíssimo e util íssimo. Dos múlti plos aspectos da realidade contemporânea aos quais as normas de
Sa nto Inácio poderiam aplicar-se, e na imposs ibilidade de tratar de todos, destaquemos pelo menos um . Como se verá, por sua importância e profundidade bem merece ele ser tratado.
Diante dos 110vos ventos cio espÍl'ito igualitário, o que fazer? Vamos antes de tudo à realidade miúda dos fa tos triviais de todo di a. Co mo se sabe, um vento de igualitari smo sopra e m toda a sociedade contemporânea. A todo mo mento, os pa is se vêem na contingênc ia de preservar sua autoridade e seu prestígio, contra manifes tações do espírito de independênc ia de seus fi -
lhos. O mesmo se dirá cios patrões em re lação aos e mpregados, dos mestres em relação aos di sc ípul os, das pessoas gradas o u idosas e m relação aos que lhes deve m consideração e respe ito. Diante deste fato, que atitude manter? Claro está que é prec iso reagir, antes de tudo, ensinando com pac iênc ia e bondade as máximas e m que se fund am a obedi ência e o respe ito aos superi ores. Mas pensar que, simpl es mente com isto, tudo se reso lve, é a mais re matada ingenuidade. Antes de mais nada, porque as pessoas picadas pela mosca do liberalismo e do igualitarismo detestam máximas, normas e princípios, estão sempre apres-
Um vento de igualitarismo sopro no sociedade ·contemporâneo. A todo momento, os pais se vêem no contingência de preservar suo autoridade e seu prestígio, contra manifestações do espírito de independência de seus filhos .
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sadas e não gostam de ouvir explicações doutrinárias dadas com coerência, calma e bondade. Elas vivem de emoções, e nada se lhes afigura mais monótono do que tais explanações. A calma as irrita ou lhes dá sono, a bondade lhes parece insossa e sem valor. Só consentem em ouvir algo se lhes é dito com certo sal, em duas palavras, e de maneira muito fácil Como os doentes que só consentem em tratar-se se o remédio fo r uma pastilhinha fácil de engolir, de cor atraente e sabor agradável. Ora, não é todo o mundo que tem a fo rma especial e até especialíssima - de talento necessária para dar esta apresentação à verdade. E mesmo quealguém conheça truques para transformar a boa doutrina em pílulas, é muüo de duvidar que com pílulas destas se consiga fo rmar uma pessoa. A alma, sob este ponto de vista, é comparável aos pulmões, que exigem para seu normal funcionamento, não apenas duas ou três lu fadas esporádicas de ar fresco, mas o contato estável, permanente, largo, com uma atmosfera natural e pura. O espírito hu mano só é o que deveria ser quando respira sempre numa atmosfera de bons princípios. Não é - em via de regra, pelo menos com uma ou outra lufada de boa doutri na que uma alma se fo rma. E, assim, toda pessoa séria será obrigada a reconhecer que os bons conselhos, a brandura, a mansidão não resolvem todos os casos. Então, o que fazer?
A picada da mosca ve11e11osa cio liberalismo Não se julgue que este problema existe apenas no âmbito restrito da vida particular e doméstica. Visto em escala mais vasta, toma ele o aspecto de um grande problema social. Os que cuidam especialmente da questão operária teriam muita vantagem - parece-nos - em cogitar detidamente no ass unto. E o mesmo se diria de todas as pessoas que arcam com maiores respo nsabi li dades no corpo social. Consideremos, com efeito, não só um professo r em sua aula, ou um patrão em sua fábrica, ou um pai em seu lar, mas o conj unto dos pa is, dos professores ou dos patrões de uma nação. Se eles souberem tomar uma atitude coerente e acertada diante da maré montante do igualitarismo, claro está que terão feito a si mesmos e ao país um grande benefício. Mas se agiCATOLIC I SMO
pela pseudo-Reforma no sécul o XVI, e transformado pela Revolução Francesa em cataclismo universal?
A tática limesta de ceder para 11ão perder Há, pois, a necess idade de recorrer a outros meios, que não a mera ex plicação fe ita com bondade, a qual aliás continuará a ser sempre a arma primeira, e predi leta, de qualquer católico. Que meios serão estes? Se ensinar e sorrir não basta, o que fa zer e ntão?
Governar homens picados pela mosca venenosa do liberalismo, é função de domador de feras
rem com desacerto, terão li teralmente votado sua pátria à perdição. 1- -- 1 Q uando e m um país o vagalhão do igual itarismo se torna como que irresistível, deve ele preparar-se para um triste porvir, pois só lhe restam dois caminhos: ou a desagregação, fruto fatal do liberalismo, ou então uma ditad ura policial implacável. Pois o métier de governar homens se t:ransforma., quando estes homens se deixaram picar pela mosca venenosa do liberalismo, na função de domador de feras. E então só se evitam os piores desastres mediante jaulas e chicotes. Jau las, chicotes: paupérrima alegoria para ocultar uma realidade mil vezes pior - os aparelhos de tmtura, a onipresença da espionagem, a supressão de todos os direitos, as guerras de nervos, a propaganda dirigida. que imbeciliza multidões inteiras, mil outros meios de opressão que os ditadores aplicam com um execrável luxo de requintes proporcionado por todas as técnicas conjugadas da era cicntílica cm que vivemos. Liberalismo, totalitarismo, não é bem esta a abominável, a sinistra alternativa cm que se debate o mundo de hoje? E de onde veio isto, senão do fato de que o século XTX e o sécu lo XX não resistiram a.o tufão de anarquismo igualitarista, desencadeado
O século XX não resistiu ao tufão de anarquismo igualitarista, transformado pela Revolução Francesa em cataclism o universal 1
Há no mundo inte iro toda uma corrente, toda uma família de almas, que tem uma fó rmul a surpreendente. Se ensinar e sorrir não basta, sorri a sem e nsinar. E m outros termos, não afi rme princípios, não suste nte máx imas, não provoque di scussões. Se seus filh os lhe fa ltam com o respeito, so rri a, finj a não perceber, mantenha seu bom humor. Eles acabarão por se co mover e se corrigir. Se seus alunos faze m desordem em aula, ri a esportiva.mente como se fosse um deles, finj a divertir-se co m o fa to. Eles fi carão desarmados e voltarão atrás. Se seus operári os se revoltam, não se zangue, eles acabarão por amá-lo. Mas esta corrente a.inda não chega até o fim do cami nho. Há os que acham que não en inar máximas e princípios é bom, sorrir é melhor, porém nada disto é óti mo. O ótimo consiste em ceder, recuar, conceder. Silêncio sobre os princípios, sorriso diante das explosões de independência. e revolta, concessões, concessões e mais concessões. Eis a fórmula perfeita. Alguns exemp los desta tática serão talvez elucidativos . Se os fi lhos se desagradam e m um ambiente imp regnado pelo princípio da autoridade paterna, o pa i deve democratizar-se. Isto é, deve fazer-se chamar por "você"; deve renunciar à poltrona. em que preside as refeições; deve abando nar a atitudes naturais a uma pessoa de idade ma.du ra; deve
transformar-se e m ga lhofeiro, e m contador de anedotas e piadas; em uma palavra, deve ser o me ninão mais velho da casa. Ou melhor, o meninão velho. Despida de todos os seus ele mentos externos e acessóri os, que são irritantes, a autoridade paterna não mais chocará. E o pai terá feito cessar a revolta dos fi lhos. Se um patrão está sendo vítima de uma pro paganda de magógica, proletari ze-se. Tome o modo de andar, de falar e de vestir-se dos ope rári os (pelo menos quando estiver na fá brica). Faça cessar todos os usos e estilos que marcam a sua pessoa com o sinal da autoridade e da superioridade social. Terá deixado ele irritar. E o probl e ma terá sido reso lvido como que por encanto. O professor deve navegar nas mesmas águas . Tenha espírito es portiv o. Co nte pi adas na aul a. Transforme sua preleção numa conversa animada. Iguale-se, incruste-se, afunde-se, suma-se na massa dos alunos. Será então estimado. E todos farão o que ele desej a, não porque ele o orde ne, mas porque todos quererão o que ele que r.
O mito ele que com bondade se consegue tudo C laro está que muita gente não enunc ia. estes princípi os com tanta ni tidez. Mas eles flu tuam no ambiente moderno como uma nu vem impalpá vel, se bem que mui to real, e dão ori gem a um destes estados de espírito indefiníveis, que pe netram e m tud o, ma nifes ta m-se e m tudo, e nunca, ou quase nunca, são niti da me nte perceptíveis pela pessoa em que ex istem. É que o bom e o mau espíri to são nas sociedades humanas o que a saúde e a doença são no corpo. Transparecem por toda a parte, mas é impossível mostrar concretamente, e de modo absolutamente exato, no que essas transparências consistem. Poderíamos di zer que tal estado de espíri to está construído sobre um mito, isto é, o mi to da bondade. A bondade tudo consegue. As únicas armas são as da bondade. Toda resistência irrita o adversário. Toda concessão o tranqüili za. Empregar qualquer forma de discussão, de luta, de med ida repressiva. contra os tumores que se fo rmam no corpo social é mais ou menos tão estúpido qu anto raspar bem, ao JU LHO2006 -
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Luís XVI acreditou no do sorriso. Sorriu, ced concedeu até ser guil
levam com veemência ao pecado. Estas propensões são reforçadas não raras vezes pela ação do demônio. As sim, o homem sente uma viva atração para o mal. Tal atração se apresenta por vezes com uma franqueza desabrida. Mas outras vezes se manifesta por meios indiretos, como que a medo . Para lutar contra este terrível perigo, o homem tem as forças sadias de sua própria natureza e os socorros da graça de Deus. E ntre as forças que o levam para o bem e para o mal está, como fi el da balança, o livre arbítrio humano. Desde que o homem incline o livre arbítrio para o lado do bem, tem de lutar contra sua natureza corromp ida e a ação diabólica.
segredo; e como, pelo contrário, lhe desagrada muito que a moça ou a esposa descubra ao pai ou ao marido as suas conversas levianas e intenções depravadas, pelo receio que tem de lhe sair mal a tentativa - assim também o inimigo do gênero humano, quando inculca à alma do justo suasfraudes e sugestões, quer a todo o custo que sejam recebidas e guardadas em segredo" (ibid., nº 12). De tudo isto res ulta um princípio. É que o verdadeiro cató lico pode ceder em tudo ... desde que sua concessão não ali mente as más paixões. Pois toda concessão que tenha este efeito agrava os problemas em lugar de os resolver. Conseqüência a tÍl'a1· das sapientíssimas regras de Santo Inácio
Necessidade de combatel' enel'gicamente os defeitos nível da pele, uma ferida protuberante, com a ilusão de assim curá-la. Os ungüentos da bondade resolvem tudo. A era da violência, da cirurgia social, passou. Entramos no doce período da clín ica. As pomadas da paciência e da condescendência contêm todas as penicilinas necessárias para curar os problemas individuais e sociais ... Se se deseja conhecer um tema recente em que tal estado de espíri to se tenha manifestado, basta lembrar a questão da anistia aos comunistas brasil eiros. Segundo certas op iniões, o verdadeiro seria renunciar a qualquer repressão legal e policial. Po is esta apenas irritaria os ânimos e agravai·ia o problema. A ani sti a seri a, pelo contrár io, um go lpe tremendo nos comunistas, etc., etc . A "bobeira" - não há outro termo - co m que em certos círculos do Ocidente se estão acolhendo os sorri sos de K.ruchtchev e Bu lganin resulta do mesmo estado de espírito. No mais fundo da alm a dos senhores do Krem lin , o so l do sorri so lançou os primeiros raios de uma aurora, que já ninguém conseguirá deter. É prec iso co ncordar com eles em tudo, aceitar tudo, crer em tudo. Com nossa boa vontade, adoçá- los-emos ainda mais. Luís XVI acred itou nestes princ ípi os. So rriu , cedeu, concedeu. Ve rificado qu e nad a adiantava , CATOLICISMO
achou que era porque o remédio tinha sido mini strado em dose in suficiente. E por isto sorriu ainda mais , cedeu ainda mai s, concedeu ai nda mai s. A dose não bastou. Ele reforçou a receita. E ao que parece só abriu os olhos qu ando estava preso entre os muros e as grades da To rre do Templo. [... ]
Santo Inácio: b011dade, mas também intransigência E o que nos di z sobre este grave problema Santo Inác io de Loyola? Sua bondade tornou-se proverbial entre todos os que tiveram a dita de com ele tratar. Nem poderia ter sido elevado à honra dos altares, se não preferisse em todas as ocasiões as armas da bondade às da reação e da severidade. Mas na vida espiritu al, bem como na ação apostólica, não achava ele que os sorrisos, os silêncios "prudentes", a concessões fossem a úni ca ou a principal arma. Nem considerava que era ni sto que consisti a a verdadeira bondade sobrenatural cio cristão. Basta, para se convencer disto, ler alguma ele suas páginas que fi guram entr as mais célebres, isto é, as qu e consagrou ao "discernimento dos espíritos" e ao "sentire cum Ecclesia". Infeli zmente, neste artigo trataremos só daquelas, por !"alta de espaço. As regras relativas ao discernimento cios espíritos constituem uma aplicação inteli gentíssima do que a doutrina cató li ca nos ensina sobre a natu reza humana decaída, a graça e o demônio. A alm a de todo homem é um campo de batalh a, no qual lutam o bem e o mal. Todos nós temos , e m conseq üê ncia do pecado or ig in al, inclin ações profundamente desordenadas que nos
Como se trava esta luta? Por meio de uma intransigência absoluta co m tudo quanto possa direta ou indiretamente, clara ou veladamente, condu zir ao mal. Se um sentimento de alegria leva ao apetite dos prazeres ilícitos, deve ser inexoravelmente rejeitado, pois qualquer concessão ou contemporização só agravará a tentação, em lugar de a eliminar. Se, pelo contrário, esse mesmo sentimento nos conduz à virtude, ao bem, à piedade, deve encontrar abertas as portas de nossa alma, pois leva a Deus. O mesmo se diga da tristeza. Há tristezas que suscitam o arrependimento, a emenda da vida, que procedem do Espírito Santo e merecem plena correspondência de nossa vontade. Mas há tristezas como a de Judas, que impelem ao abatimento, ao desespero, pois provêm ela moleza do homem ou das sugestões do demônio, e em conseqüência merecem guerra sem quartel. A aridez deve ser vista à luz desta concepção militante da vida espiritual. Por vezes, é ela uma prova que vem de Deus. O homem eleve neste estado de desolação redobrar de vigilância contra o demônio e a ca rne. Deve desconfiar de si, não tomand o resolu ções que possam ser sugerida pela situação interior em que se encontra. Deve intensificar as orações. Vencerá assim a prova, para bem de sua alma e glória de Deus. Mas se a aridez provier de negligência e tibieza, é preciso combater energicamente estes defeitos para
Há tristezas como a de Judas, que levam ao abatimento, ao desespero, pois provêm da moleza ou das sugestões do demónio
que, cessada a causa, desapareçam seus infeli zes frutos.
Sa11to Inácio: conselhos para enfrnntar e vencer o demônio E nesta luta, insistimos, é necessário que sejamos desconfiados e rijos. Sobre a desconfiança interior contra os ardi s do demônio, tem Santo Inácio este trecho saboroso: [...] "Se o exercitante começa a ter medo e a desanimar em meio das tentações, então não há no mundo inteiro f era tão sanhuda e que com tanta malícia persista em seus maléficos intentos, como o inimigo da natureza humana " (Regras sobre o discernimento dos espíritos, nº 13). E sobre a rijeza, encontramos pouco antes estas palavras: "O demônio procede também como um falso enamorado, que corteja às escondidas e não quer ser descobe rto. Pois, assim como o enamorado que com suas torpes solicitações vai seduzir a filha de um pai honesto, ou a esposa de um marido honrado, procura que suas conversas insinuan_tesfiquem em
Ora, o que se diz da luta que cada um de nós trava dentro de si mesmo, deve-se dizer também das lutas que tenhamos de travar com o próximo: a caridade nos leva a ceder, sempre que a prudência o permita. Mas esta prudência estabelece muitos limites. E um deles resulta da suma combustibilidade das paixões humanas. O pai, o mestre, o patrão, o homem público devem absolutamente lutar contra as más inclinações de seus súditos. E se abandonarem esta luta, abandonam pura e simplesmente seu dever. Ora, sempre que uma concessão alimente o desregramento das paixões, sempre que um sorriso pareça um recuo diante do espírito de revolta que com isto se torna mais insolente, sempre que um gesto de fraqueza possa dar ao etTo, ao vício ou ao crime a impressão de que está autorizado a expandir-se, é preciso recusar este sorriso, evitar este gesto, negar esta concessão. Mais: é preciso substituir o sorriso pelo semblante sombrio e carregado, substituir a concessão por uma ameaça, e impedir o mal com todos os recursos de que se possa dispor. Em uma palavra, é preciso lutar, e lutar até o fim. É a grande conseqüência - válida na escala individual, como na social ou na política - que podemos tirar das sapientíssimas regras sobre o discernimento dos espíritos. •
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Nota: O subtítu lo e os entretítulos são nossos.
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Um novo estilo musical?
gênio universal da música N este ano, o inundo inteiro comemora os 250 anos do nascimento ele um dos maiores gênios n1usicais de todos os tempos. Suas melodias ecoam pelos séculos.
Em Salzburg, sua cidade natal , foram apresentadas todas as suas obras cênicas, e ntre as quais algumas já quase esquecidas, como la Finta Giardinera. Já desde o fim do ano passado, foi ime nso o número de gravações novas ou anti gas de suas composições lançadas no mercado. Poder-se-ia perguntar se todo esse entu sias mo em torno da obra musical de Mozart se justifica, ou se há ni sto algum exagero provocado pelo desejo das gravadoras e direções das salas de concerto ou óperas, de aumentar seu faturamento. Sem negar que possa haver também interesse comercial, ana liso a obra ele Mozart como eu a vejo em seu contexto histórico. Quando da morte de Johann Sebastian Bach (16851750), encontrava-se de certa mane ira em seu auge a música chamada barroca, a qual começara aproximadamente no início do século XVII com Cláudio Monteverdi. Depoi s de Bach, parecia necessário encontrar um novo rumo mu sical , caso não se quisesse permanecer em formas que já hav iam alcançado sua máx ima ex pressão, e portanto não podiam mai s trazer algo de fundamenta lme nte novo. Era preciso, portanto, cri ar um novo estil o. Em sua forma inicial, este novo estilo, que chegou à Alemanha vi ndo da França, foi denomi nado "estil o galante". Entretanto, a França não entregou ao mundo mu sical um esti lo inteiramente desenvolvido. Coube essa tare fa à "Escola ele Mannheim", cuj o nome se deve ao fato de os seus músicos e sua orquestra estarem a serviço da corte do príncipe Karl T heodor, soberano do Palatinado, cuj a capita l era Mannheim. Por esta corte passaram numerosos compositores e intérpretes famosos, como Sta mitz, Can-
No quadro abaixo, Mozart ainda criança toca o órgão da Igreja de São Francisco, em Ybbs, na Áustria
, J C ARLOS EDlJARDO SCHAFFER Correspondente - Áustria
nasceu em Salzburg a 27 de janeiro de 1756 e fa leceu em Viena a 5 de dezembro de l 79 J. É um dos compositores mais conhecidos no mundo. Durante todo este ano está sendo festejado na Áustria com intensos programas o 250º ani versário de seu nascimento. É ocasião oportuna para muitas de suas obras, até mesmo as menos conhecidas, serem aprese ntadas não somente em sua terra natal, mas em todos os quadrantes da Terra. Caminhando por Vi ena, em toda parte se vêem cartazes anunciando ora concertos, ora exposições de objetos relacionados com sua vida e época, ou ainda alguma con fe rência sobre o tema. No di a 27 de j aneiro, dia de seu nascimento, nas sal as mais importantes de ópera ou de música do mundo inteiro foram reproduzidas obras suas . WoLFG/\N<; AM/\l>hUS MOZ/\RT
CATOLICISMO
Acima, quadro representando Mozart ··entre sua irmã e seu pai . Na parede, uma pintura de sua mãe.
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do pe lo sentime ntali smo romântico. Em quase todas as composições de Mozait notam-se, ao contrário da segunda fase ela produção musical de Beethoven, muitas das características do ocaso cio Ancien Ré-
nabich , Holzba ue r e outros mais, que levaram o "estilo galante" à sua perfeição. Wolfga ng Amadeus Mozart, em uma de suas inúme ras viagens, passou por Mannheim e conheceu de perto essa escola, que fo i uma das suas principais fontes de inspiração. Foi também influenciado por um dos filhos de Bach, Johann Christian, famoso hoje sobretudo por suas s infonias, e que desenvolveu um "estilo galante" li geiro e melódico. É interessante notar que, enquanto Mozart foi influe nciado por Johann Christian B ach, Joseph Haydn se inspirou em Carl Philipp Emmanuel B ac h, outro filho do grande Bach, que compôs num estilo barroco muito mais próximo do de seu pai . Isto ex plica e m parte por que a música de Haydn , se comparada à de M ozart, parece mai s séria, ma is grave. Mozart desenvolve u, em gera l, aspectos ma is ga lantes e a legres da produção musical.
gime.
Um estilo· muito próprio Reconhec ido desde cedo como gênio musica l, Moza rt viajou muito desde a sua juventude, apresentando-se para tocar num sem número de cortes europé ias. Ao mesmo tempo, ouviu todos os compositores importantes de sua época. E le poss uía uma memória musica l impress ionante e uma g rande capacidade de captar intuitivame nte o es pírito das peças mus icais. Tinha gra nde senso me lódico, e seu ouvido era abso luto. Com tai s dotes, captou em suas viagens o melhor do espírito mus ical de seu tempo. Devido à sua genialidade, não é de surpreender que te nha conduzido a música de e ntão a um auge de pe rfeição, criando um estil o que realme nte me rece ser cha mado de cl ássico, por seu valor estético universal. E ta mbé m, convé m ressaltar, seu estil o apresenta uma nítida e lo uváve l nota aristocrática Mozart fo i compositor na corte do bispo-príncipe de Sa lzburg, que e ra ao mes mo te mpo bi spo e senhor temporal do principado de Salzburg, te rritó rio sobe rano até a di sso lução do Sacro Império. Permaneceu e m Salzburg até os 25 a nos, quando, por causa ele clesente ncli mentos com seu e mpresário, mudo u-se para Viena, e mbora contra a vontade de seu pai . E m Vie na, não foi serv ir no pa lácio imperial o u em a lgum cios muitos palácios ela a lta nobreza a li ex istentes. Preferiu ser compos ito r independe nte, vivencio, por ass im dizer, ela ve nda elas obras que compunha. Esta independê nc ia que mais tarde, com Beethoven, passou a ser a norma - nos dias ele Mozart era in us itada. Se bem que ten ha composto no esti lo ele sua época, Mozart c ri o u um estilo muito próprio . Apresenta uma incli viclua liclacle característica, que o diferencia ela gra nde maioria dos a utores seus contemporâneos. Sua mú sica tem , por assim dizer, sua "assinatura". Por isso, mesmo pessoas que não ouvem habitualmente música cláss ica são capazes ele ide ntificar Mozart, quando se toca uma música ele sua autori a.
Comparações entre estilos Estrita me nte falando, se discute se foi com Mozart que se c hegou ao fim cio período clássico ela mús ica. Se é verdade que Beethoven, bem no iníc io ele sua produção artística, seguiu os cânones c lássico,, inspirando-se ele modo particular em Haycln, é preciso reconhecer que, especia lme nte a partir ele sua terceira sin fon ia, rompeu com as no rmas do período clássico. E passou a adotar um estilo caracteri za-
CATOLICISMO
Alguns comentários esparsos do insigne pensador católico sobre a música de Mozart
1 - Há três aspectos lo uváveis na mús ica de Mozart: a) uma nota a ristocrática; um ta nto frívola, é verdade, mas ind iscutivelme nte aristocrática; b) uma certa lógica, q ue é inerente ao aristocráti co de M oza rt; c) é prec iso reconhecer um terceiro va lor naq ue la mús ica - certa castidade: a m ús ica de Mozart é casta, ao contrári o da música ele Beethoven , que já é besuntada de sentimenta li smo (Pa lestra em 27-3- 1973). 2 - Há certas músicas ele Mozart que convidam tan to a não ser corru pto quanto a um estado de espírito que é oposto à corrupção (Palestra em 16-3- 197 1) . 3 - Um minueto ele Mozart reflete toda a felicidade daq ue la calma, daquel a tranqüilidade, daque la racio na lidade expressas nessa peça musical. Comparem o minueto com a valsa, em que se da nçava aos pares, num verdadeiro turb ilhão (Palestra em 7-5- 1971). 4 - A meu ver, Viena se exprime ainda muito me lhor em Mozart do q ue em Schubert ou cm Strauss. Propriamente a Viena anterior à decadênc ia é a Viena de Mozait. E de fato aquela doçura mozartiana - que nós, por causa dos traços franceses ele nossa cultura, somos habituados a ver ligados à douceur de vivre francesa - viu a luz em Viena. Mozart é fruto claqu la atmosfera que ele Viena se irradiava para toda a Áustria. E creio que é bem cm Mozart que essa douceur de vivre se faz sentir (Palestra cm I O-7- 1970).
A nova era que viria pode ser denominada ele " pós-Revolução Francesa". N ela, tanto nas óperas como na música instrume nta l, está presente a idé ia de um novo humanismo, de triunfo do racionalismo sobre a mentalidade antiga. Para quem tenha a possibilidade de ouvir as inúmeras obras de Mozart, recomendat11os compat·ai· entre s i algumas que tenham sido compostas com uma certa distânc ia no tempo. O ouvi nte perceberá não somente uma diferença na capacidade ele composição - as obras vão se tornando mais complexas, mai s interessantes cio ponto ele vista analítico, mas ta mbé m vão mudando de estado de espírito, de intenção filosófica, de visão do mundo subjacente. Ta l mudança é mais fác il ele pe rcebe r nas óperas, pe lo fato ele que, alé m de serem obras musicai s, o são também teatra is. Para se perceber em que medida as obras de Moza rt se situam numa fase de tran sição entre o Ancien Rég ime e o período " pós-Revolução Francesa", convé m comparar as suas primeiras ó peras - bastante descon hec idas, difíceis de se e ncontrai· e m gravações de boa qualidade - com aquelas compostas mais tarde. Mas també m observar, de ntro ele uma mesma obra, co mo até mesmo do ponto ele vi sta musical a lg uns pe rso nagens se opõem a outros. Assim , por exemplo, comparai· na Flauta Mágica a "Rainha da Noite" com Zru-astro, ou ainda Tamino e Pamina com as clamas da "Rainha da Noite". Em "Don Giova nni", comparar os camponeses Zerline e Mazzareto com os nobres Don Giovanni e Dona E lvira, e assim por diante. Moza rt ap resenta nestas o bras não somente diferentes classes sociais ou gerações, mas opõe nova me ntalid ade revo lucioná.ria à do Ancien Régime, o que se re fl ete nos diá logos e na caracterização cios personagens, mas clai·ame nte também na música que interpreta m . Muito mais ainda se poderia di zer de Mozatt. Espero, entre tanto, que este breve artigo, em que procuro apresentai· uma análise rápida cio autor, possa incentivar os le itores de Catolicismo a aprofundar seu conhecimento sobre a prodigiosa obra desse genial co mpositor. •
Cartazes como o de cima , d ivulgaram o comemoração dos 250 anos do nascime nto de Moza rt
No mundo todo as homenagens a Mozart se expressam mediante CDs com os gravações de suas músicas, bonecos, chocolates, etc .
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DESTA lJE
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·Padre Eustáquio
de novembro de 1890 nasceu Humberto van Lieshout, que adotaria mai s tarde o nome religioso de Eustáquio.
A Providência <lestú,a ao Brasil o sa1Ito missionário
S acerdote holandês, missionário no Brasil por dezoito anos, onde se dedicou incansavelmente à saúde dos enfermos e à salvação das almas. Foi solenemente beatificado no dia 15 de junho ú1tirno. ■ HÉLIO VIANA
ala-se tanto dos políticos sagazes de Mina$ Gerais, que por longos anos se alternaram no comando da Nação com os da hjerática e djnârnica São Paulo, na famosa política do café com leite. Entretanto, cite-se porventura um que, em apenas poucos meses, se tenha alçado à máxima consideração de todos os seus conterrâneos! Para isso não basta ser político; nem sequer mineiro; é preciso antes de tudo ser homem de Deus, que procura não a própria glória, mas a do Criador. Perguntado certa vez, no auge de sua glória, se não se sentia um outro Cristo, Napoleão replicou que não, em absoluto, pois para tal era preciso deixar-se crucificar e morrer pelos outros. Foi o que, pelo exemplo de sua vida, fez o Pe. Eustáquio van Lieshout nos lugares por onde passou levando o bom odor de Jesus Cristo : impôs-se de tal modo à ad miração de todos , grandes e pequenos, ricos e pobres, que não existe hoje, pelo menos em Minas, alguém mais popular do que ele. Admiração que se transformou em veneração no sentido mais estrito, neste momento em que a Santa Igreja acaba de elevá-lo à honra da bem-aventurança.
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Ambiente l'amiliar de autêntica catolicidade Para se ter uma idéia do ambiente em que veio ao mundo o Pe. Eustáquio, nada melhor do que reproduziJ os primeiros parágrafos do excelente livro Padre Eustáquio van Lieshout SS.CC. ,
No alto, uma das últimas fotos do Padre Eustóquio. Embaixo, ele ainda criança na escola (no círculo).
CATOLICISMO
de autoria do Pe. Venâncio Hul selmans, pe1tencente à mesma Congregação: "Numa aldeia do interior da pequenina Holanda, Aerle Rixtel, o velho fa zendeiro Guilherme van Lieshout estava nas últimas. "Todos os filhos, entre os quais um sacerdote e duas religiosas, rodeavam o leito do moribundo. Só não viera uma filha, religiosa também, em obediência às reg ras de sua Congregação, que não permitia a visita à casa paterna, nem mesmo em caso de morte. Este fato causou descontentamento entre os parentes: " - 'Todos os filhos deviam despedirse do pai, e as Congregações religiosas deviam compreender que os pais também têm os seus direitos', opinava um irmão. " - 'Se eu fosse a Maria, viria assim mesmo, nem que aquela Superiora me quisesse segurar'. " - 'Também eu.fugiria ', disseram as irmãs casadas. " O moribundo, ouvindo esses comentários, sentou-se na cama e, com a característica de fa zendeiro católico até à medula dos ossos, que professa sua f é, sublinhando cada palavra com o indicador levantado, disse: " - 'Pois eu, se a Maria viesse sem licença, a mandaria de volta na mesma hora. Ela prometeu obediência, e se viesse contra a ordem da sua Superiora, eu não a receberia' ". Hauriu assim o Pe. E ustáquio excelsas virtudes cio lado paterno, que porfiavam com as de sua mãe, Isabel van de Meulenhof, a qual "também vivia sua religião como somente as fa zendeiras brabantinas a sabem viver", acrescenta o Pe. Venâncio. Nesse ambiente de piedade e de senso do dever, no dia 3
Desde pequeno, Humberto nutria o desejo de se tornar sacerdole. Enquanto cursava a escola latina de Gernert, uma das mais antigas da Europa Ocidental , caiu-lhe nas mãos a biografia cio Pe. Dami ão de Veuster, da Congregação dos Sagrados Corações, apóstolo dos leprosos na distante ilha de Motokai , morto heroicamente devido ao contágio. Decidiu então ingressar nessa Congregação. Tendo concluído os estudos de Filosofia e Teologia, foi ordenado sacerdote na capela conventual de Ginneken, em lO de agosto de 191 9. Foi enviado no ano seguinte a Maassluis, pequeno porto do Mar do Norte, próxi mo de Rotterdarn, onde perm aneceu durante quase dois anos, dando assistência a urna colônia de vidraceiros valões expulsos ela Bélgica pelo invasor alemão. Depois os superiores dec idiram envi á- lo à América do Sul junto com dois companheiros, tendo-se cogitado inicialmente a Venezuela, a Bolívia e o Uruguai . Como era preciso aprenderem o idioma, mandaram-no então em 1924 a Miranda dei E bro , na Espanha, juntamente com os padres Gil van de Boogaart e Matias van Rooy. Corno as trata tivas para o envio dos religiosos àquel es três países hispanos não deram certo, seus superiores decidi ram mandá-los ao Brasil. Assim, no di a 12 de maio de 1925 eles aportavam no Rio de Janeiro . Após passarem os padres Eustáquio e Matias vários dias como hóspedes dos Prernonstraten e ele Petrópolis, enquanto o Pe. Gil acompanhava o Provinci al nas tratativas com D. Antonio Lustosa, Bispo de Uberaba, ficou finalm ente assente que o destino deles seria aquela diocese mineira. Para lá rumaram, fixando-se no dia 15 de ju lho de 1925 no pequeno lugarejo de Água Suja, onde se erguia um santuário dedicado a Nossa Senhora d' Abad ia.
Pmvações vencidas pelo JJ1trépido sacerdote Em seu livro, o Pe. Venâncio Hul selmans mostra corno o ambiente de Água Suja e adjacências era desolador, formado em sua maioria por garimpeiros que tudo perdiam com a rnes-
ma facilidade com que ganhavam, e cuja vida atribulada com freqüência miserável - provinha da irreligiosidade, da dissolução e do crime. Água Suja surpreendeu os sacerdotes sob vários aspectos. Não se continham de estupefação ao ver como aquele povo, ao mesmo tempo que possuía urna devoção que chegava às raias do entusiasmo, em particular a Nossa Senhora d' Abadia, tinha uma conduta de vida diametralmente oposta àqueles sentimentos. Cumpria mudá-la. Com a divisão das atribuições, os padres Gil e Matias partiram para Araguari a fim de fundarem um colégio, enquanto o Pe. Eustáquio ficava em Água Suja e seria ajudado por dois novos auxiliares. A população foi aos poucos tomando gosto pela vida virtuosa. Infelizmente havia os que não se deixavam tocar pela bondade do sacerdote, chegando inclusi ve a proferir certas ameaças. Mas não sabiam com quem estavam lidando, pois Pe. Eustáquio não se intimidou; pelo contrário, tornou-se ainda mai s vigoroso nos sermões, vituperando a corrupção ainda largamente reinante. Certa vez morrera alguém, e dois cavaleiros armados dirigiram-se ao Pe. Eustáquio para pedir-lhe a encomendação do corpo, que aguardava em frente da matriz. Inquirindo-os ele quem se tratava, obteve esta resposta: "O nome não tem importância; é um católico, e nós queremos a encomendação! ". Redargüi u e ntão: "Sem sab er quem é, não afaço! ". Obtida finalmente a informação de que era certo fazendeiro abastado de Marrecos, o fogoso vigário respondeu sem delongas: "Podem enterrá-lo como bem endenclerem; não vou! ". Os cavaleiros então saíram e voltaram com urna comissão, também ela armada, que em meio às discussões passaram a ameaçar, dando tiros no ar. Mas Pe. Eustáquio não arredava o pé, repetindo inúmeras vezes: "Quem • em vida não entra na igreja, também depois ele morto não entrará!". A notícia deste incidente correu, e se receava algo de grave. O receio se transformou em apreensão quando, no domingo seguinte, a população viu descer do morro de Marrecos No alto, uma das p1"imeiras fotos do Bem -aventurado na Congregação dos· Sagrados Corações . Embaixo, ele a cavalo, em seus trabalhos apostólicos.
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cerca de 60 a 70 cavaleiros. 0 ' suspense foi geral, e muitos fiéis chegaram a se oferecer para defender o vigário em caso de agressão. Chegados à praça da Matriz, qual não foi a surpresa ao vê-los tranqüilamente apear, amarrar os cavalos às árvores, e em seguida e ntrar na igreja para ass isti r à Missa ... pois ningué m queria terminar os dias como aq uele desditoso fazendeiro, sem a bênção da Igreja. O bondoso Pe. Eustáquio os domara pela sua fibra de leão.
Milagl'es operados em gra11de prol'usão Em 1935, após quase 10 anos de intensos combates, arrancara aq uela população das garras do Maligno e dos piores vícios; praticara atos de heroísmo, tanto sob o aspecto do bom sa maritano qu_e se debruça sobre as dores e mi séri as alheias como no do leão que ru ge quando necessá rio , ficando patente a sua santidade . Deixava o povo regenerado, à sombra da majestosa Basílica de Nossa Senhora, que edificou. Era chegada a terrível hora de partir, poi s a voz da obedi ência o chamava para outra seara. E m 15 de fevereiro de 1935, tomava posse como pároco de Poá (São Paulo), sob o patrocínio de Nossa Senhora de Lourdes, ali permanecendo até 13 de maio de 194 L F icou tão impressionado com a influência do espiritismo naquele lugar, que para combatê- lo - e também para fazer face à paganização do operariado, que trabalhava em indústrias da capital paulista - julgou oportuno incentivar a devoção a Nossa Senhora de Lourdes, bem como a construção de uma gruta na qua l corresse água mil agrosa trazi da daquele famoso santuário europeu. Aconteceu poré m que Nossa Senhora não quis operar mi lagres com a água trazida de Lourdes, pois, apesar de o Pe. Eustáquio insi tir em co locá- la, nada de extraord inário acontecia. Quando essa água escasseou, ele se viu na contingência de abençoar a água comum que havia na gruta. Aí começaram os milagres em quantidade! Essa água, bem como toda que ele depois abençoasse, sanava as mai s diferentes enfermidades, fato comprovado até por médicos que fo ram objeto de mil agres. Pe. Eustáqui o atendi a também horas a íio no confess ionário, e dava bênçãos cujo va lor de cura era ainda maior que o da água. Sua fama de taumaturgo começou portanto a crescer, e com ela també m o afl uxo de peregrinos, que de todas as partes acorriam à minúscula Poá para receber os favores do Pe. Eustáq uio. Os trens da Central do Brasil, por exemplo, chegavam litera lmente abarrotados, conduzindo a maioria dos cerca de três a quatro mil peregrinos que para lá se dirigiam di ariamente. Com freqüência começou a imprensa paulistana a publi-
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CATOLICISMO
car manchetes dando conta dos sucessos de Poá, seguidas de um relato do que aconteceu com cada pessoa: O médico foi curado pelo Santo de Poá; O Comendador Pompeu, 13° tabelião de S. Paulo, curado milagrosamente pelo Padre Eustáquio; "Meu .filho, j ogue fora essas muletas!". O lugarejo entrou naturalmente em confusão, por falta de infra-estrutura, embora na população já houvesse um movi mento para melhorá- la, visando adaptá- la às atuais necess idades. Pois, pensava-se, o bem esp iritual que ali se operava era inestimável, e todo sacrifício para conservá- lo e incrementá-lo seria pouco.
Duras perp/exida<les, ve11ci<las virtuosame11te E ntretanto o Sr. Arcebispo de São Paulo, D. José Gaspar de Affonseca e Silva, acabou se curvando diante das in stâncias do Interventor do Estado de São Paulo, que se di zia acossado por reclamações da classe médica - uma vez que muitos doentes procuravam mais o Pe. E ustáqui o que aos médicos ... Decidiu então removê- lo de lá, não lhe permitindo sequer res idênci a fixa na Arquidiocese enquanto ele continuasse a atrair as multidões. Diante do martírio de alma que essa med ida lhe importav a, no sentido de ver coarctados determinados planos de Deus, env iou ao Arceb ispo uma missiva, que ass im conc luía: "[ ... ] Eis aí a santa vocação que em mim sinto: aliviar as dores corporais para poder avivar a fé abalada de nossos tempos. "Renova a f é, pelas obras da f é, sob a santa proteção de S. José, cuja intercessão se revela como poderosa e infalível por nossos tempos. "E sinto o santo desejo de levantar um santuário a este glorioso Santo, pois estou convencido do grande bem que Deus deseja fa zer, por ele, aos nossos tempos, e mais ainda ao nosso querido Brasil". Cabe aqui uma reflexão, para a qual encontraremos resposta só no Juízo Fina l. A Providência indicara esse cam inho ao Pe. Eustáq ui o, ou seja, de grandes planos em relação à grandeza espiritual do Brasil. Diante da impossibilidade de ele o realizar nessa proporção, seria de estranhar se Deus lhe tenha então abreviado os dias, permitindo que o apósto lo e taumaturgo morresse prematuramente doi s anos depoi , aos 53 anos, vitimado por uma mordedura de carrapato? Saiu de Poá sem destino certo, e havia se tornado um estranho diante de muitos colegas de sacerdócio, sem excetuar até mesmo alguns de sua Congregação que, conquanto o admirassem, não queriam comparti lhar a sua cruz, por demais incômoda. A esta altura ele fo i convidado por famílias da sociedade carioca a ir para o Rio de Janeiro, porém com esta
condição, imposta pelo Cardea l Dom Sebastião Leme: "Que as bênçãos se processem discretamente, e sem publicidade de eventuais fatos extraordinários". Estava, por exemplo, proibido de curar paraJíticos. Assim, chegou ele à cidade maravilhosa em 1º de julho de 1941 , ficando no convento de Santa Margarida Mari a. Recebido ali pelos co nfrades, estes lhe perguntaram se teriam o prazer de conservá-lo em seu meio por muito tempo. Pe. E ustáq uio replicou: "Deus o sabe! Na minha vida atual, o Domingo de Ramos e a Sexta-f eira da Paixão se sucedem continuamente, com esta diferença que o fora com ele!' se segue, bem mais depressa, à entrada triunfal. Sou um segundo Ahasverus, um verdadeiro judeu errante, e só Deus sabe aonde vou parar ainda. " E de fato a s im se de u, poi s a notíc ia da sua presença no Rio de ta l modo corre u, qu e a cidade quase e m peso se lançou ao seu e nca lço. O que levou o ardeal Leme, escoados ape nas três dias , a exigir que se retirasse imediatamente, embora já fosse meianoite. Pernoitou então na casa de uma família, e na tarde do dia seg uinte foi conduzido pelo Dr. Lineu de Paul a Machado à sua be la Fazenda São José, próx im a de Ri o Claro (SP) , onde permaneceria durante 11 meses .
"É um horror como se revoltam contra Mim. E ainda fa lam como se.fossem inspirados pelo Espírito Santo, enquanto sua inspiração não passa de uma sugestão do mau espírito, que é o demônio em pessoa. "E sob este fingimento de santidade invadem muitas almas, muitos corações e muitos lares. E depois de o mau espírito haver tomado posse destes corações, vê-se logo o estrago e o veneno que por aí derramaram. "Ó astúcia diabólica, que chegou a tal ponto que soube inclinar o ouvido do povo mais para o lado do mau espírito do que para o lado do próprio Deus.[ ... ] "E os médiuns, que tomam o lugar dos santos, falam, escutam e enganam o próximo. E aí se vai afé, se vai a religião, se vai a amizade com Cristo. E chegam as multidões a obter confiança de quem não é de Cristo, e a perversidade tom.ase o hábito natural destas pessoas". [... ] "Vai, meu .filho, com franqueza e liberdade, em combate a este grande mal. Sê o Moisés de hoje; que livres teu povo dessa péssima escravidão! "Revoltar-se-ão contra ti, pois o dedo será posto na f erida. Mas as curas que em meu nome operares destruirão os fenômenos diabólicos com que obcecaram o meu bom povo".
Usa-se a máscara da Religião para e11ga11ar
Glól'ia: populaôdade dos hel'óis e dos sa11tos
Foi naquela faze nda que Nosso Senhor, no dia 25 de julho de 194 1, lhe comun icou uma Mensagem, da qual transcrevemos um trecho: "Eu vejo a minha religião ameaçada, caluniada e perseguida mais do que nunca. Não sai mais a voz, como no tempo medieval, do erro de uma só boca, está saindo de milhares de bocas; de bo ·as que não sabem o que dizem, ncio sabem o que fa lam; apenas empurradas por uma força que eles não conhecem, ne111 procuram conhece,; gritam contra Mim, blasfemam contrn Mim ; uns fogem da minha companhia; outros, como ramos secos, ficam se agarrando ao tronco antigo que é a religião ot6lica, Apostólica, Romana. [.. .'J "E o fa lso poder que invade os corações, invade as al1nas, in vade os lares, aumenta cada vez mais, penetra cada vez mais na i11ti111idade da vida, até no templo em que habito. "O poder il1/á 11al que se desencadeia nestes tempos, não em violência.1· 11e111 e111 martírios sangrentos, tal como nos tempos antigos, 111a.1· co111 as palavras de Deus e de Santos nos lábios, vem dar o he!jo venenoso a todos quantos se apresentam na sua fre nte. "Grita-se 'Deus ', escreve-se 'Deus' e nada há de Deus no coração, senão peste e veneno que, sob a falsa máscara de fé e de religião, querem espalhar-se sobre a multidão cuja fé, embora fraca, não está totalmente apagada.
Saído da solidão, e atendendo pedido do Arcebispo de Uberaba, Pe. Eustáquio serviu durante menos de 2 meses - de l2 de fevereiro a 2 de abril de 1942 - como pároco na cidade mineira de [biá. A convite de outro Arcebispo, D. Anton io dos Santos Cabra l, viajou para aquele que seria o último posto de sua jornada terrena, Belo Horizonte, aonde chegou a 7 de abril de 1942, falecendo em 30 de agosto de 1943 . Como os limites deste artigo não nos permitem estendermos mai s sobre a admirável vida de Pe. Eustáquio, di zemos apenas que sua gloriosa, rápida e providencial passagem por Belo Horizonte -cidade onde viveu e acaba de ser solenemente beatificado, no dia 15 de junho ele 2006 - pode ser aqui resumida num a paráfrase de C hurc hill : "Nunca tantos deveram tanto a um só, em tão pouco ternpo!" "A popularidade é a glória dos demagogos; a glória é a • popularidade dos heróis e dos santos". Com esta frase lap idar do Prof. Plín io Corrêa de O liveira - admirador e, e m certa ocasião, con fidente do Pe. Eustáquio - concl uímos o presente artigo, rogando a especia l intercessão do novo BemAventurado para que possamos, como ele, perseverar até o fim no bom combate . •
E-mai l cio autor: heliovi ana@catolicismo.com.br
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1 Sanlo Aarão, Levila + Palestina, 1250 a.e. Irmão de Moisés, foi seu porta-voz junto ao Faraó, quando das tentativas de libertar o povo hebreu do cativeiro no Egito. Foi declarado por Moisés, por ordem de Deus, o primeiro e Supremo Sacerdote da Ordem levítica. Primeiro Sábado do mês.
2 Sanlo Olon de Bamberg, Bispo e Confessor + Alemanha, 1139. "Na época da querela entre a Igreja e o Império, soube, por sua correção e lealdade, servir sem choques a corte imperial e a Sé Apostólica. Pregou o Evangelho aos povos da Pomerânia e da Germânia do Norte" (do Martirológio Roman o-Monástico).
3 São Tomé, Apóslolo. São rcio li, Papa e Corúessor + Roma, 683. Eloqüente pregador, notável por sua caridade para com os pobres e seu amor à música. Confirmou o III Concílio de Constantinopla, sendo elogiado no Liber Pont!ftcalis por suas qualidades naturai s e virtudes cristãs.
4 Santa Isabel, l~ai nha ele Porlugal, Viúva. (Vide Catolicismo, 07/1986)
tigação da mãe deste, a ódio e maus tratos. Para manter a paz doméstica e obter a conversão de seus perseguidores, Godoleva resolveu sofrer tudo pacientemente com espírito sobrenatura l. Foi mandada enforcar pelo marido que, para não comprometerse, pretextou uma viagem. Depois, moído de remorsos, confessou o crime e foi expiar seu pecado num convento.
6 Sanla Maria Gorelli, Virgem e Márlir (Vide Catolicismo, 07/1996)
7 São Panteno, Confessor + Alexandria, séc. II. "Varão apostólico, repleto de sabedoria, tão grande era seu zelo e amor pela palavra de Deus que, abrasado de fé e piedade, saiu a pregar o Evangelho de Cristo aos povos que habitavam os mais remotos confins do Oriente" (do Martirológio Romano). Primeira Sexta-Feira do mês.
8 São Prncópio, Mártir + Palestina, séc. IV. Primeira vítima da perseguição de Diocleciano, segundo o historiador Eusébio. "Era originário de
Jerusalém e vivia como asceta. Sua cultura pro.fàna era fraca, mas a Palavra de Deus era sua.força. Foi decapitado após ter co,~fessado valorosamente sua fé" (do Martirológio Romano-Monástico).
9 Santa Paulina do Coração Agonizante ele .Jesus (Vide Catolicismo, 05/2002)
10 Sete Irmãos Má rlires
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+ Roma, séc. II. Estes sete ir-
Sc1nt,a Godoleva, rnárlir da fidelidade conjugal
mãos - Januário, Felipe, Félix , Silvano, Alexandre, Vital e Marcial - enfrentaram o martírio sob o imperador Antonino, exor tados por s ua mãe, Santa Felicidade.
+ Holanda, 1070. Todo o amor e consideração aparentados pelo marido antes do casamento passaram, por ins-
11 São Bento Abade, Con fesso,~ São Sigisberto, Confessor + Alemanha, séc. VII. "Monge irlandês, deixou a caravana monástica de São Columbano, que passava pela Suábia em direção à Itália, para fundar junto à nascente do Reno um novo centro de vida religiosa chamado Disentis" (do Mmti-
17 Bealo Inácio el e Azevedo, S.,J. e 39 Companheiros, Mártires do Brasil. SanLa Marcelina, Virgem + Milão, Séc. IV. Irmã de Santo Ambrósio, recebeu o véu das virgens da mão do Papa Libério , na Basílica de São Pedro, em 353.
rológio Romano-Monástico).
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Sa nta Sinforosa e filhos, Mártires
Santos Narbor e Félix, Mártires + Itália, séc. IV. Estes dois irmãos soldados, de origem africana, sofreram vários tormentos sob Maximiano, sendo por fim degolados.
13 São Silas, Confessor + Macedônia, séc. I. Foi designado pelos Apóstolos para acompanhar São Paulo e São Barnabé em suas pregações aos gentios. "Cheio da graça de Deus, exerceu f ervorosamente o ministério da pregação" (do Martirológio).
14 São IIéraclas, Bispo e Confessor + Egito, séc. III. Estudou na Escola de Alexandria, tornando-se depois Bispo dessa cidade. Sua grande fama atraía à sua Sé episcopal muitos erud itos que vinham para conhecê-lo.
15 São Boaventura, Confessor e Doulor da Igreja (Vide Catolicismo, 07/1995)
16 Nossa Senhora cio Carmo Festa prescrita a toda a Igreja em 1726 por Bento XII, tem por fim agradecer a Nossa Senhora as extraordinárias graças que concedeu à Ordem do Carmo e a todos os que, usando o escapulário, se confessam seus dignos servos. Segundo revelações de Nossa Senhora, o uso piedoso do escapulário do Cru·mo salva as almas do inferno e abrevia seu Purgatório.
+ Itália, séc. m. Esposa do mártir São Getúlio, mon-eu também pela fé católica juntamente com seus sete filhos, Crescêncio, Julião, Nemésio, Primitivo, Justino, Estácio e Eugênio.
19 Santo Ambrósio J\utpert, Conl'essor + França, séc. VIIl. "Qficial da corte de Pepino, o Breve, foi preceptor do futuro Imperador Carlos Magno, entrando logo depois para a abadia de São Vicente, no Ducado de Benevento. Autor muito apreciado na Idade Média, escreveu vários comentários à Sagrada Escritura e várias obras litúrgicas e hagiográficas" (do Martirológio Romano-Monástico).
20 Sanlo l•:lias, Profeta (Vide Catolicismo, 07/1994)
2 ·1 São LOUl'Cll ÇO ele Brindisi , Conlesscw e DouLOr da Igreja + Lisboa, 1619. Religioso capuchinho italiano, pregou durante 20 an s na Itália e Alemanha, sendo um dos mais terríveis adversários do protestantismo em seu tempo. Hábil diplomata, foi encarregado pelo Papa de delicadas mi ssões, falecendo em P rtugal , nesse exercício. Deixou várias obras de polêmica e exegese.
22 Santa Maria Maclalcna, PenilenLc. São João Lloyd, M81'li1· + Inglaterra, 1679. Natural do
País de Gales, estudo u em Guent e Valladolid, onde foi ordenado. Voltou a seu país para dar assistência aos católicos, mas foi preso e condenado à morte como padre clandestino, juntamente com São Philip Evans. Canon izado entre os 40 Mártires da Inglaterra e País de Gales.
23 São .João Cassiano, Confessor + França, 432. ProvençaJ, fezse monge em Belém e depois viveu 15 anos como eremita no Egito. Ordenado, fixou-se em Marselha, onde fundou diversos mosteiros, nos quais implantou o ascetismo e a espiritualidade dos monges do Egito.
24 São .João Boste, Mártir + Inglate1rn, 1594. Tendo estudado em Oxford, conve1teu-se ao catolicismo em 1576, indo para a França, onde foi ordenado. Designado para as missões inglesas, esteve atendendo os católicos residentes no noite da Inglaterrn. Tendo sido descoberto, foi enforcado e esquattejado, morrendo assim gloriosamente pela fé católica.
25 São Tiago Ma ior, ApósLolo + Séc. 1. Irmão de São João, foi um dos três Apóstolos presentes na Transfiguração e na Agonia do Horto. Pregou na Judéia, Samaria e Espanha. Patrono e Protetor deste último país. Seu sepu lcro em Compostela foi um dos mais famosos da Idade Média.
27 São Celestino 1, Papa e Confessor + Roma, 432. Romano de nascimento, foi atraído a Milão pela santidade de Santo Ambrósio. Eleito Papa, combateu as heresias de Nestório e de Pelágio, convocando para isso o Concílio de Éfeso, que proclamou a divina maternidade de Nossa Senhora.
28 Santos Mártires da Tebaicla + Egito, séc. III. Padeceram sob Décio e Valeriano os mais diversos tormentos. A um dos mártires, "brandamente liga-
do a uma alcatifa de .flores, chegou-se uma desavergonhada mulher para o provocar à lux úria. Ele, porém, cortou com os dentes a própria língua e cuspiu-a no rosto da sedutora", sendo depois martirizado. Glorioso exemplo de castidade por amor a Deus (do Martirológio Romano).
Martirológio Romano).
Será ce lebrado pelo Revmo. Podre David Froncisqu i ni, nos se guintes intenções: • Em agradecimento o Nossa Senhora do Carmo pelo imensa proteção o todos aqueles que usam ou usaram até o morte o Santo Escapulário do Carmo, sinal de sa lvação. Ped indo o Elo uma particular proteção aos assinantes e leitores de Catolicismo, poro li vrá-los do violência e da criminalidade alarmantes em nossos dias.
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São r.obo, Bispo e Confessor + França, 478. Bispo ele Troyes, esteve na Inglaterra com São Germano combatendo o pelagianismo. De volta a seu país, Átila, o bárbaro rei dos hunos, o reteve como refém, de le recebendo benéfica influência.
30 Sanla Julita, Mártir + Ásia Menor, 305. Rica viú-
va de Cesaréia, tendo sido despojada por meios fraudulentos de toda sua fortuna por um dos principais da cidade, resolveu processá-lo. Intima26 da, durante o processo, a saSão .Joaquim e Santa Ana, crificai· aos ídolos para obter pais de Maria Sanlíssima. a restituição de seus bens, preSão ,Jacinto, Mártir • feriu perdê-los, e à vida temporal, para ganhar a eterna. + Itália, séc. II. "Lançado priBelo exemplo de desapego meiro no fogo, e depois projetado numa torrente, saiu incó- aos bens e à própria vida por lume. Depois, sob o imperador amor de Deus.
Trajano, terminou sua vida ao fio da espada. A matrona Júlia sepultou-lhe o corpo em sua quinta perto de Roma" (do
Intenções para a Santa Missa em julho
31 Sanlo Inácio de Loyola, Confessor (Vide p. 26)
Intenções para a Santa Missa em agosto • Pelos méritos e gra ças próprios à Assunção da Mãe de Deus aos Céus - principal celebração mariano no mês de agosto - , rezando pelas olmos dos policiais crue lm ente mortos nos ataques do "crime organ izado", no mês de maio último em São Paulo. Pelas mães que perderam seus filhos no cumprimento do dever, durante aqueles dias de caos. E por todos os policiais que arriscam suas vidas poro manter o segurança público. Rogando a Nossa Senhora do Assunção que, em situa ções trág icos como aquela vivida em São Paulo, Ela proteja de modo maternal os simpatizantes de Catolicismo e seus familiares.
Estados Unidos: o filme O Código Da Vinci fracassa U ma reação muito saudável, sobretudo manifestada pela opinião púb1ica norteamericana, impediu o sucesso do filme baseado no livro de Dan Brown. Lição para aqueles que pretendem atacar a fé católica com novas blasfêmias. ■ LUIZ SÉRG IO SOLIMEQ Estados Unidos
filme O Código Da Vinci, baseado no romance do mesmo título, tinha tudo para ser o maior sucesso cinematográfico de todos os tempos. Desde que o livro foi lançado, em 2003, recebeu apo io contínuo e sem precedentes da mídia do mundo inteiro. Segundo se propaga, foram difundidos mais de 30 milhões de exemplares nas principais línguas vivas. Em torno da novela de Dan Brown - a qual repete os velhos clichês anticlericais do sécu lo XIX contra a Igreja Católica, nega a
11111m
CATOLICISMO
divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e apresenta a velha doutrina da gnose corno sendo o "verdadeiro cristianismo" - criou-se uma espécie de "c ultura paralela" com livros explicativos, álbuns, vídeos,jogos eletrônicos, fóruns de discussão, etc. Para manter sempre no noticiário o romance e preparar o lançamento do filme, até um processo foi abe1to nos tribunais de Londres contra o autor de O Código Da Vinci.
No entanto , sobretudo nos Estados Unidos, uma reação sempre crescente fezse sentir contra a novela blasfema. Inúmeros livros, ensaios e artigos foram escritos para desfazer os erros teológicos, hi stóri-
cose factuais da novela gnóstica. Entre eles destacou -se o estudo da TFP ameri cana intitulado Rej eitando o Código Da Vin ci. A partir do lançamento do filme , em 19 de maio último, a TFP americana promoveu, por mai s de um mês, uma campanha de protestos em frente a cinemas de todo o país. No total , foram realizados 2.082 protestos, do Alaska à Flórida, da Califórnia à Nova Inglaterra. No domingo J8 de junho, a TFP convocou os organizadores dos protestos para fazerem uma hora de adoração ao Santíss imo Sacramento, como reparação contra as blasfêmias de
Outras ce nas da brilha nte campa nha contra o film o bla f mo
O Código Da Vinci. JULH02006 -
A campanha de protestos contra a novela vro "Rechazando el Código Da Vinci", pue o filme ence1rnu-se solenemente no sábado blicado pela "Asociación Santo Tomás de 24 de junho p.p., com as concentrações pro- Aquino", dezenas de conferências a respeito movidas pela TFP e America Needs Fatima foram realizadas por membros do movimentanto em Nova York como na Califórnia, di- to "Tradición y Acción ", em Lima e provínante dos escritórios e dos estúdios da Sony . cias, assistidas por milhares de pessoas de Corporation, produtora do filme. todas as idades e condições. Na Itália, além do livro-denúncia " ll Já nos dias anteriores, as previsões do tempo eram de fo1tes chuvas no sábado, fesCodice da Vinci:fàlse rivelazioni e autentiche ta de São João Batista. E, de fato, choveu o menzagne contra la Chiesa ", a "Associazione dia todo. Quando os manifestantes chegaram ao local, caiu uma pancada fo1tíssima durante uns 15 minutos. M~smo assim, 450 pessoas já estavam a postos, portando cartazes para o início da manifestação. Assim que começou o evento, às 14:00 h, a chuva amenizou. Robert Ritchie, diretor de America Needs Fátima, anunciou o programa, e o Padre Carpens iniciou as orações. Em seguida sucederam-se vários oradores, assinalando a importância da manifestação, entremeados por orações, especialmente a do terço, cânticos, brados de SOS Ragazzi" fez uma vasta campanha de slogans, numa vibrante participação dos ma- envio de crutões de protesto contra O Códinifestantes, os quais, para defender a honra go Da Vinci. Tais crutões foram enviados de Nosso Senhor Jesus Cristo, tinham ido abundantemente à sede italiana da Sony, condebaixo de chuva à concentração e lá se denru1do energicamente o filme, pois ele "se mantiveram até o fim. permite jogar na lama a honra de Jesus CrisDo mesmo modo e à mesma hora, reaJito, negar a veracidade dos Evangelhos e zou-se outro protesto em frente aos estúdios ofender a Santa Igreja, em seus membros e da Sony em Los Angeles, reunindo mais de na sua história", como informa o Comuniuma centena de pessoas. Com essas duas cado de Imprensa de 19 de maio p.p., assinaconcentrações encerrou-se a campariha, que do pelo diretor daquela associação, o Sr. demonstrou o aspecto combativo e o zelo dos Guido Vignelli. católicos norte-americanos. * * * * * * O ceita é que o filme O Código Da Vinci Além dos Estados Unidos, em diversos não teve, nem de longe, o sucesso esperado. outros países ocorreram manifestações con- Em sua semana de lançamento nos Estados t:ra o ignóbil filme inspirado em Dan Brown. Unidos, ficou em segundo lugar nas bilheteAté o momento, temos notícias de lançamenrias, com um total de 77 milhões de dólru·es. tos de livros refutando o autor, em edições A prutir de então, e sob a ação dos protestos adaptadas da publicação 1101te-americana, no junto à opinião pública, o filme não fez seBrasil (com a obra O Código Da Vinci não despencar, caindo 80% em relação à sua Mentira e Falsificação); no Chi le, Colôm- receita inicial ao cabo de quatro semanas. Do bia e Peru; na Alemariha, Áustria, França, segundo lugar, passou pru·a o quinto lugru· dos Inglaten-a, Itália e Po1tugal. Houve também filmes em exibição, com apenas 14 milhões protestos na África do Sul, Austrália, Filipi- de receita. nas e Canadá. Tendo em vista que os gastos pru·a a reaNo Peru, ademais do lançamento do li- lização do filme foram de 125 milhões, mais
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CATOLICISMO
cerca de 70 milhões gastos com propaganda, só nos Estados Unidos, o filme representaria um prejuízo colossal para os produtores, não fosse o fato de no exterior - especialmente na Europa, onde foram raros os protestos o filme ter tido melhor acolhida . Para se ter uma idéia da reação saudável da opinião pública noite-americana, para a qual contribuírrun sobremaneira os protestos organizados pela TFP americana, basta comparar dois filmes que aqui estão sendo vistos como contraditórios: A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, e O Código Da Vinci. Enquanto o primeiro não teve apoio da mídia, mas, pelo contrátio, enfrentou o fogo cerrado da crítica e da intolerância da mídia liberal, o segundo recebeu todo o apoio possível. No entanto, compru·ando a receita de lançamento de ambos os filmes, temos que A Paixão de Cristo, lançado em fevereiro de 2004, obteve um total de 83.848.082 dólares, enquanto, apesru· do enorme apoio, O Código da Vinci recolheu precisrunente 77 .073.388. Considerese ainda que A Paixão de Cristo foi exibida em apenas 3.043 salas, contra 3.735 pru·a O Código Da Vinci. Comparando todos esses dados, o jornalista Austin Ruse publicou na "National Review" (13 junho de 2006) um aitigo com o título sugestivo: "O Código da Vinci está morto". Por esse resultado, devemos dar graças a Deus, e também aplaudir o esforço de incontáveis pessoas de todas as categorias e idades, que sacrificru·an1 seus fins de semana enfrentado as intempéries, por vezes chuvas e ventanias fortíssimas, próprias ao fim de primavera no hemisfério n01te, para defender a honra de católico e desagravar publicamente a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, atacada soezmente. Essas manifestações mostram como existe muito mais reação contra o mal, na opinião pública, faltando apenas lideranças adequadas que despertem e coordenem a reatividade. Esse foi o grande papel desempenhado pela American Society for the Defense of Tradition, Family anel Property - TFP. • E-mail para o autor: cat lic·s mo
Aspectos do protesto diante dos escritórios da Sony Corporotion , em Nova York
cato li cismo .com.br
JULHO 2006
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O Palais de Justice, situa-se na lle de la Cité ("Ilha da Cidade", de excepcional beleza, rodeada pelas águas do rio Sena, é o berço de Paris). Na Idade Média esta construção serviu como Palácio Real. (Faz parte do conjunto a famosa Sainte Chapei/e, que São Luís IX fet edificar para abrigar as relíquias da Paixão Nosso Senhor Jesus Cristo, que trouxe d Constantinopla). No século XVI passou a ser o Pal Parlamento (a corte suprema de ju ti~ no). Atualmente é a sede da autorl judiciária.
SUMÁRI Agost.o de 2006
A arquitetura medieval, so-
bretudo a arte gótica, auxilia os fiéis a terem, por assim dizer, "saudades" do Céu. A partir de suas construções, tal arquitetura eleva as almas para algo de celestial.
" A Igrej a aprcs ·ntava-se habitualmente com uma aparênc ia de(' u na T ·rra, de modo tal que a pessoa, ao ana li sá-la e conl •mpl á-la, senti a-se convidada para ingressa r nu ma ·s p ·i • de u da alma nesta Terra. Tudo q uanl o 111 ·d icva l, e que se orienta nessa linha - dir-s -ia u nota tô ni ca da Idade Média -, é impregnado disso: uma soc iedade qu e, mesmo em seus asp ctos 1· mporai s, apresenta algo de celeste na Terra. Assim, uma ogiva, o vitral, a torre de um ca. tclo, uma ba lalh a, a armad ura de cavale iro, etc., causam-nos ssa imprcss10, que conté m a lgo d c l st •".* •
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Exc,:m Tos
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PÁGINA MARIANA
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ferid a pelo Prof. Plíni o Cor u deOli veira , cm !J 5 I \IK I. , m rev isão do uutor,
"E1ros da Rússja" espalhados no mundo O Sacramento ela Eucaâ sUa
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PAl,AVIU DO SACERDOTE
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NACIONAL
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PoR ()til•: NossA S1~NIIOIU CHORA?
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* Excertos de confcrêndu pm
Nº 668
Elejções, conser vadoâ smo e esquerdÍsmo A jnfJuência ca tólica nas eleições mexkanas
O ú1timo COJJJO Militar Nobiliárquico "Descodifjcando" o Código Da Vinci
IN1•·onMA'l'IVO RtmA1.
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CAPA
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VIDAS m: SANTOS
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DISCERNINDO
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SANTOS 1,; 1"1,:sTAs Do Mf.:s
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Arquiteturn sacra tradiôonal X arquitetura sacra modema São Pedro Julião Eymat'd Mem de Sá
Escapou de um crime
Maclonna dei/a Strncla - afresco que se_venera na Igreja cios jesuÍlas em Roma
Nossa Capa : Na parte superior: interior da Catedral Saint Denis, na França. Abaixo: interio r da Catedral do Sagrado Coração, na Argél ia .
AGOSTO 2006 -
Nossa Senhora de Fátima e os eITos morais da Rússia
Caro leitor, Michael Rose, jovem arquiteto norte-americano , lançou um livro sugestivamente intitul ado Feia como o pecado - Por que transformaram nossas igrej as de lugares sagrados em salas de reunião, e como voltar atrás. O que ele considera Feia corno o pecado? A arquitetura mode rna de igrejas católicas, edificadas sobretudo nas décadas seguintes ao Concflio Vaticano II. O autor denunc ia uma verdadeira revo lução estética, oposta à arqu itetura religiosa tradicional , principalmente em oposição à arte gótica nascida na Cristandade medieval - arte que poderíamos, para frasea ndo o Dr. Rose, definir como:
M uitos católicos, deformados pela mentalidade neopagã moderna, não entendem como um erro moral pode destruir uma sociedade. A ex-União Soviética é exemplo eloqüente disso.
"Bela como a virtude".
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
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Na arquitetura sacra tradic io nal, pode-se vis lu mbrar a lgo dos atributos de Deus, ela refl ete a luz da beleza divin a. E nas igrej as construídas segundo o estilo dito moderno, deparamos com te mpl os q ue poderiam ser qualificados como neopagãos. Nestes, nada é hi erárquico, tud o é igualitário; nada se reporta à ete rnidade, tudo é meio descartá vel; nada apo nta para o Céu, mas para o qu e é te mporal e passageiro . Nas igrej as e catedrais anti gas, percebem-se a santidade e a sacralidade da casa de Deus. Está presente o bo m gosto artístico, contrário ao mau espírito que paira nas igrej as modernas. Estas, poder-se-ia afirmar, foram dessacrali zadas, po is não elevam a alma ao sagrado e ao C riador. O arquiteto americano mostra como esses estil os - tanto o tradicional quanto o moderno - influenciam tendenc ialmente os fiéis, podendo, conforme o caso, incrementar ou enfraquecer , e mesmo levar a extinguir sua fé. Tudo isso ilustra a tese defendida por Plini o Corrêa de O live ira em sua magna obra Revolução e
Contra-Revolução: "Quanlo às arfes, Deus estabeleceu misteriosas e admiráveis relações entre certas f ormas, ·ores, sons, perfumes e sabores e certos estados de alma, é claro que por estes meios se pode influenciar a fun do as mentalidades ". Indo diretamente à p. 26 desta edi ção, para a leitura de nossa maté ria de capa, o leitor verá como o home m moderno está posto d iante da escolha entre ambos os estilos ali analisados: um te m cm v ista levar os fi é is à adoração de Deus, e o outro visa condu zi-los a uma como que ido latri a do moderno; um conv ida as almas à co ntemplação do Céu, à prática ela virtude e à reflexão sobre valores eternos; o outro inclina o espírito ao terreno, às coisas efêmeras desta vida, à extravagâ ncia e mesmo ao horrendo. Lendo a parte fi nal da referida matéria, o caro leitor compreenderá o que é necessário fazer para restaurar o estilo ela construção sacra, para que possa real mente ser considerada como autêntico santuário de Deus, ponte entre o Céu e a Terra, casa de oração e refú gio das almas. Desejo a todos uma boa le itura.
E m Jes us e M ari a,
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V ALDIS GRIN STEINS
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s palavras de Nossa Senhora em Fátim a, e m 19 17, fora m extre mamente c la ras: "A Rússia espalhará seus erros pelo mundo". U m erro é uma deformação, um e ngano, a lgo q ue desv ia do caminho certo. O que sig nifica espalhar um e rro, em concreto? Confo rme o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, "espalhar" vem de "separar a pa-
lha (dos cereais); despalhar. Lançar para diferentes lados; dispersar; espargir". Para separar a palha do grão, ambos eram lançados para o alto, sendo que o grão caía no mesmo local, de vido ao seu peso maior, e a palha era le vada pelo vento para lo nge, dispersa ndo-se na d ireção em que ele sopra va. Exemplo muito ilustrativo, po is o que é bom - neste caso, o grão - não é dispe rsado, mas só aquil o que é ruim. M as cabe aqui uma outra pergunta: qua lquer um pode espalhar um erro? Utili zemos uma analogia, para esclarecer. É natural que uma doença contagiosa sej a espalhada por quem a poss ui, especialmente pelos mais infec tados. Igua lme nte , é lógico que o ma is infec tado pela doença sej a quem mais sofra suas conseqüênc ias. Portanto, ao mes mo te mpo ele é vítima e causador de vítimas . Ora, os erros, especialmente os erros morais, são como as doenças contagiosas: o mais deformado pelo erro é aquele q ue mais o espalha, sendo ao mesmo tempo o q ue sofre mais os seus efeitos. O exemplo da doença apresenta um outro ponto interessante para meditar. Normalmente uma pessoa infectada não quer contami nar os outros, e precisa ser muito, mas muito desumana mes- . mo, para desejar contaminar os outros com a doença que a faz sofrer. Com os erros morais acontece o contrário. Para alguns, não lhes basta cometer o erro e sofrer suas conseqüências; chegam ao grau extremo de se tornar apóstolos do erro, desejando para os outros a mesma infelicidade em que caíram. Neste sentido, espalhar um erro é um ato de maldade deliberada. Não é um equívoco, um efeito do pecado original em nossa inteligência, vontade ou sensibilidade. Aqui se trata de difundir aq uilo que sabemos por experiência que é to1to, não funciona, é ineficaz, faz sofrer, deforma. Ao avisar que a Rússia espalharia seus erros pelo mundo, Nossa Senhora advertia também que, partindo desse país infeliz, haveria uma persistênc ia em difu ndir , de forma contínua e por muitos anos, o que se sabia ser mal. E cabe
aqui a pergunta: como sabiam os dirigentes russos que o comunismo estava errado? Não seriam eles bem intencionados, iludidos pelo sonho ou delírio de uma paz universal? Pois, até prova em contrário, todos são bons e não podem querer espalhar consc ientemente o mal. Para responder a esta pergunta, comecemos por relembrar um pouco de História.
Rússia: <lo atraso à decadência Q uando Nossa Senhora apareceu em Fátima, em 19 17, a Rúss ia tinh a até então sido governada pelos czares, e só a partir da revo lução de outubro daquele ano passo u a ser ti ranizada pelos comunistas. A Rúss ia dos czares era uma mistura de verdadeiro es plendor co m autêntico atraso, de inércia com desej o de conqui sta, de fatalismo embri agado com mag níficos sonhos e devane ios . Todos os hi stori adores sérios concordam hoje que, apesar de seus numerosos defeitos, ela estava avançando decididamente no caminho do progresso material, e se tivesse continuado nessa trilha, tornar-se- ia uma potênc ia de primeira orde m. Uma potência verdade ira, não a tapeação chamada União Soviética. E ntre seus fatores pos itivos, a Rúss ia e m 19 17 era um dos países com maio r número de nascimenAssassinato da família imperia l russa pelos comunistas
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tos no mundo, e onde o divórcio estava severame nte pro ibido. A legislação fa vorecia a fa mília tradicional. Com o comunismo tudo isso mudou, e mudou logo. Defensores do permi ss ivismo moral, os comunistas apro varam le is fa vorecendo o amor livre e o divórc io, e em 1920, durante o governo de Lenine, a Rússia foi o primeiro país do mundo a permitir o crime do aborto. O resultado dessa lamentável situação não tardou a aparecer: divórc ios numerosos, trazendo como conseqüência fa mílias cada vez menores, nas quais o número de filhos era limitado em função da perspectiva de estabilidade cio "cônjuge", do trabalho, ela moradia ou do capricho dos pais. Filhos abandonados ou entregues a orfanatos, dos quais fugiam depois para formar pequenos bandos de criminosos, logo se tornaram uma praga nacional. Uma geração que crescia sem conhecer o que fosse respeitar os outros. O crime chegou a tais níveis que, vi sando limitar seus efeitos, Stalin modificou a legislação em 1936, chegando a proibir o aborto. Como não houve nenhum ·arrependimento verdadeiro, mas apenas interesse político, pouco depois da Segu nda Guerra Mundial o abmto voltou a ser introduzido na legislação comunista, bem como todos os outros ditos "avanços". E a situação tornou-se ainda pior.
A r uína da ex-União Soviética Num país polic ialesco, no qual uma de lação fac ilmente faz ia alguém ser enviado à S ibéria ou a uma Lubianka, podese bem imaginar quantos, afetados pe lo divórcio ou pe lo abando no do cônjuge, aprove itavam essa situação para se vingar. As delações chegaram a ta is extremos, que as pessoas se isolavam umas das outras, pe lo medo de sere m de nunc iadas . Mesmo dentro das própri as fa míli as, que com isso fo ram se esfacelando ainda mais. A tal ponto que hoje, J5 anos após a queda do império comun ista, cm mi nhas freq üentes viagens pela ex-União Soviética, tenho pod ido observar as conseqüênc ias trágicas dessa política: pessoas que a du ras penas conseguem saber se têm tios ou tias, ignoram completa.mente os nomes dos avós, ou onde se encontra seu irmão; orfanatos lotados; bandos de delinqüentes muito jovens na rua; e uma bebedeira generalizada, a ponto de não ser raro ver moças com uma garrafa na mão às I O horas da manhã. Sem contar q ue, em média, os homens morrem ao 50 e poucos anos de idade, ~m geral de
- C A T O L I C ISMO
doenças ligadas ao alcooli smo, ou então à AIDS , que j á chegou a níveis ass ustadores. A cada ano, a popul ação diminui em 700.000 pessoas, e o gove rno não sabe o q ue fazer para ev itar esse decrésc imo popul acio na l. A contracepção viro u um a ve rdade ira praga nac ional. Parcelas cada vez maiores da Sibéri a estão sendo ocupadas por imi grantes clandestin os da Chin a, Coréia o u Turqui a. É inacred itável o grau de desrespeito entre as pessoas. Os mais j ovens não respeitam de nenhum modo os ma is ve lhos, e todos se insultam da pio r fo rma poss íve l, por quaisquer motivos. Nem seq uer no comércio os vendedores respe itam os fregueses, sendo alguns de um grau de desatenção impress ionante. Não ex iste a norma comercial de que "o cliente
sempre tem razão ".
E os ví cios /'oram espalhados ... Hoje, o que Nossa Senhora ele Fáti ma previu está à vista de todos: erros morais que só existiam na Rússia na década de 20 são moeda corrente no mundo. De forma sistemática, sabendo que aquilo só traria a desgraça, os o ligarcas russos insistiram em espalhar suas doutrinas, cujas conseqüências são os mesmos males de que padeciam . O que acontece na Rússia de hoje é o infe liz futuro para o qual caminham todos os países que aceitaram os mesmos erros. A ún ica solução e tá numa volta aos valores morais do catolicismo. Não há outra. E a própria. Rússia o prova. Com a riq ueza proveni ente do petróleo, o governo vem intentando todo tipo de políticas para revetter o descalabro deixado pelo comuni smo, e nenhuma tem dado ce1to. É que o dinheiro não faz surgir a moral . Ela é rruto da Religião. No a Senhora de Fát ima, que nos adverti u q uanto à disseminação dos erros ela Rú ssia pelo mundo, nos auxi li e com sua graça para erradicá-los de nossas pátrias. E para que esta verdade fique gravada em nossos corações. Basta que Lho peçamos com confiança e perseverança. • E-mail do autor: valdisgrinsteins@cato licismo.com.br
Exér_çito soviético ·
Aigumas considerações sobre a Eucaristia,* de um valor muito prático, que podem ser de grande utilidade para a vida espiritual de nossos leitores , ,
Prefiro não fala r d fracasso econô mico, pois, se a lgum di a ti ver que escolher entre morar numa fa vela o u num edifício pré-fabricado dos que ab undam em bairros de Vilnius, R iga, Lvov ou Min sk, julgo que escolherei a favela .. . Nela, pelo menos os vi zinhos serão melhores.
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A Sagrada Comunhão (Parte I)
Stalin
a Sagrada Comunhão recebe-se Jesus Cristo, o Ho memDeus, como alimento da alma. A Sagrada Comunhão é o mais sublime dos Sacramentos porque, comungando, não só recebemos graças divinas, mas também o próprio Autor de todas as graças. E la nos une do modo mais íntimo a Cristo, fo nte de todas as graças, e em particular produz os seguintes efeitos: 1. aumenta a vida sobrenatural da alma; 2. purifica a alma dos pecados veniais e a preserva dos mortais; 3. enfraquece as más inclinações e dá gosto e conforto para o be m; 4. é um penhor de nossa gloriosa ressurreição e eterna bemaventurança. A Sagrada Comunhão é, pois, de uma importância máx ima para se alcançar a perfeição. Por isso se deve comungar o mais amiúde possível. Pode comungar diariamente aquele que estiver isento de pecado mortal e tiver reta intenção. A Santa Igreja desej a muito que todos os fié is comunguem muitas vezes, até di ariamente sendo possível, como se usava geralmente nos primeiros tempos da era cristã. Quem tiver caído em pecado mortal não pode comungar sem que primeiro confesse esse pecado no santo Sacramento da Penitência ou Confissão. Neste caso, não basta faze r simplesmente um ato de contrição. Que m estiver em dúvida se pecou ou não mortalmente, geralmente falando, poderá comungar depois de ter feito um ato de contrição perfeita. Caso tais dú vidas se repitam com· freqüência, consul te-se um confesso r como se deve proceder. Pecados venia i , tais como distrações voluntárias na oração, impaciências, leves faltas contra a caridade fraterna., etc., não tornam indigna a Comunhão. Não se deixe, pois, por causa deles, de comungar. Mas, como tornam o Santíssimo Sacramento menos efi caz, cumpre extingu i-los antes por um ato de sincero arrependimento, e depois se vá com tanto mais confiança partic ipar da Mesa do Senhor. A intenção é reta quando se comunga, por exemplo, para. preservar-se de pecados, para se obter um lugar mais alto no Céu, para agradar a Nosso Senhor Jesus Cristo, ou por outros motivos sobrenaturais. A intenção não seria reta caso se comungasse por mero hábito, por respeito humano, por vaidade ou outros fi ns seme lhantes.
O Padre Pio era entusiasta da Primeira Comunhão na infância
A preparação para a Sagrada Comunhão pode ser feita com as seguintes considerações e afetos: l. Quem é que vem? Jesus, o Deus o nipotente, o Rei dos Céus e da Terra, o meu futuro juiz (atos de fé e de adoração). 2. A quem Ele vem? A uma pobre e pecadora criatura, que tantas vezes e tão gravemente o tem ofendido (atos de humil dade e contrição). 3. Por que Ele vem? Por amor e misericórdia, para se uniJ· a mim do modo mais íntimo e para me enriquecer com seus dons celestes (atos de esperança, de caridade e desej o ardente). Quanto melhor for a preparação, tanto mais copiosos serão os frutos da Comunhão". • Fonte:
* Frei Antôni o Wall enslein , O.E M ., Catecismo da
Pe ,fe ição Cri.1·tü, Editora
Vozes, 1956, pp. 27 e 28.
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A auzada de Sa11to I11ácio 181 Com que gratidão devemos, todos nós bras ileiros, aj oelhar di ante de um a im age m d e Santo In ác io e m agradecimentos sem fim pelo fato de sermos uma nação católica. Há coisa mais honrosa do que essa? N ão, não há nada mais alto do que ser e poder dizer: eu sou católico ! M a acho que as pessoas não se dão conta dessa magnitude . As pessoas não se dão conta da importância que fo i essa cruzada comandada por Santo Inácio e seus discípulos pela evangelização do Brasil. Q ue seríamos nós, se não fossem os jesuítas que aqui chegaram? Eles enfrentaram as selvas bravias e os aborígines que aq ui viviam. E les conseguiram tirar mul tidões de índios da barbárie e tudo mais. Convertera m nossos índ ios que receberam essa suprema honra: podiam ser considerados CATÓLICOS. Depois os jesuítas congregaram todos contra os invasores protesta ntes q ue vieram arrancar nossa fé católica para impo r · o credo da pseudo-religião. Os j esuítas conseguira m essa faça nha: uni r brancos, índi os e negros contra os invasores seguidores do porco L utero (desculpe-me a palavra, não encontro outra que possa classificar aq uele porco imundo) . As três raças se uniram, pela ação missionária da Com-
CATO LI C ISMO
panhia de Jesus, e enfrentara m corajosamente os holandeses protestantes invasores . Todos se uni ra m contra os protestantes que profa navam nossas simples e aprazíve is igrejinhas; que viol avam as mulheres ; que roubavam nossos be ns. Todos se unira m para mante r be m de pé a C ru z que aqui pl antaram os conqui stadores portugueses que chegaram nas caravelas de Cabral. Todos se uniram e expul saram os hereges luteranos . Obrigado, Santo In ác io de Loyo la ! Quero, no Céu, aj oelhar a vossos pés e vos agradecer por tudo que o B ras il vos deve. Obrigado, Catolicismo , por publi car a hi stória dos jesuítas que é a nossa própri a hi stó ri a. Obri gado por nos apresentar este santo como modelo de v ida e nos animar na continuação da cru zada jesuíti ca . Seguindo esse modelo, quem sabe, um dia poderemos numa Cru zada brasile ira atra ir para a Ig rej a Cató li ca a Ho landa e ta ntas outras nações que ficara m luteranas. Já conquistamos muitas vitórias, vamos à vitória fin al, apesar de nossos governantes darem de o mb ros para esse nosso passado catolicíssimo ! (U.F.P. -
BA)
O imortal Santo /11ácio 181 Sempre tive grande apreço por Santo Inácio de Loyola. Desde meus tempos colegiais, proc uro cultivar um certo xodó que tenho por este santo de minha devoção, e essa publicação em iqueceu-me com aspecto novos, sobretudo um aspecto pouco comentado: Santo Inácio como General militar e a Companh ia de Jesus como um exército às ordens de Cristo, uma espécie de braço armado para ser a guarda da Igreja de Cristo. É exatamente este aspecto que deve ser ressaltado, uma vez que este nobre santo viveu lu tando. Sua vida fo i uma confirmação da sentença de Sêneca: "VIVER É LUTAR". Quero receber uma revista extra, pois desejo dar uma a um colega, tam bém ex-aluno dos padres jesuítas, que sempre afirma em suas colocações: "Santo Inácio foi um
ho me m qu e podi a ser mo rto, mas nunca vencido". A.M.D. G. (W.N.I.F. -
RJ)
Não cedei; para 11ão /Jerder 181 Lendo o arti go "Lutar varo nil mente e lutar até o fim", de auto ri a de nosso mestre inesquecível, o Prof. P lini o, fiqu e i maravilh ado co m o corre lac ionamento que ele fa z para os di as de hoje a propós ito da concepção militante da vida es piritual pregada por Santo Inác io. Como este pai espiritua l dos jesuítas lutou contra a reforma protestante, nós devemos lu ta r contra o li bera li smo atual. Nosso g ra nde mes tre não f ica só e m teori zações, ele aplica mui to bem a Juta mais d ifíc il naquele século X VI com a luta em nosso século. Nos dias de hoj e, para reso lver qualque r problema, só se fa la em concessão, em conte mpori zação. E ntretanto, prec isa mos não somente da virtude da bond ad e, m as ta mbé m d a virtud e d a in trans igênc ia com o mal, não lhe ceder um palm o de nosso es paço. Sem isso não se resolverá nada. Estou realmente maravilhado com o ar tigo. Não consigo explicar o que sinto, ma não queria deixar de escrever- lhes para d izer que goste i muito mes mo. (A.G.J. -
SP)
Uma discordâ110Ja 181 Olá! Li no site de vocês sobre o posicionamento da Igreja Católica na colonização do Brasil e discordo de tudo isso, porque não devemos nenhum favor a Anchieta e a outros jesuítas. Com que direito vocês podem elogiar o comportamento dos jesuítas no B rasil, invadindo esta terra que p erte nc i a aos índi os? Í ndi os q ue vocês chamam de " povos pagãos". Por que pagãos? Só porque não eram católicos? Com que direito vocês podem dizer que os jesuítas fiz ·ram bem a esta terra? Terra qu • vo · ·s chamam de Terra de ant a ruz . Os jesuítas impuseram um a cru:,, qu · os índios e
as índi as não conhec iam e viviam nessas imensidões com a cultura nativa de les, que lhes foi extirpada pelos ditos jesuítas. Imagino que mereço uma respos ta ... (K.D.G. -
RS)
Nota da redação: Catolicismo j á tem tratado destas questões levantadas pela miss ivi sta - que ignoramos a que relig ião pertence, ou se é uma católica adepta da neo mi ss io logi a influ e nc iada pelo progressismo cató lico, ou mesmo se ela crê e m Deus. Em todo caso, recomendamos-lhe a leitura da matéri a de capa e da entrevista publi cad as na edi ção de Catolicismo de a bril de 2000 (encontra-se disponíve l no site www .cato li c is mo.co m.br, no ite m "edições anteriores") . T ambém conv id a mos a missi vista à le itura das maté rias de capa de nossa re vista de março de 2004, bem como da recente edição de junho último. M as, para j á responder algo breve me nte, pod e mo afirm ar qu e o mencionado direito fund ame nta-se, entre outras coisas, em que a Igrej a Cató lica fo i instituída por Nosso Senhor Jesus C ri sto, e E le ordenou a seus Apósto los: "Ide por todo o mun-
do e pregai o Evangelho a todas as criaturas. Quem crer e f or batizado será salvo, mas quem não crer será condenado" (São Marcos 16, 15-16). Foi o que fizere m os heróicos mi ssionári os jesuítas que aqui aportaram nos primórdi os do século XVI. Sacrificaram e le a vida segura e m suas pátri as , e nfrentando enormes riscos para expandir a Igreja Católica por essas imensidões da Terra de Santa C ru z. A lé m d a fé verdadeira, eles trouxeram ao Bras il os pri ncípios da civili zação, auxiliando os nativos a abandonare m seus costumes se lvagens, como por exemplo a antropofagia; aj udando-os a saírem do atraso próprio ao primitivi smo tri ba l; evangelizando-os, educando-os, ensinando- lhes a m oral cristã, c ivili zando-os e, desse modo, co ntribuindo para a formação, a pros peridade e a
grandeza de nossa Nação. Ass im , os jesuítas fo ra m intermedi ários para a salvação eterna de nossos irmãos in dígenas. Que maior bem poderiam os missionários da Companhi a de Jes us prodi gali zar aos nativ os? Imag in amos que também nós merecemos uma resposta ...
Impol'tante alerta
(A.J.B. -
181 Li sua reportagem [de autori a de Lui s Dufa ur] sobre o Evangelho de Judas e achei magnífica, porque nos traz à luz da verdade a nossa própri a fé, que deve ter base sólida para que não sej amos envolvidos por notíc ias e manchetes de impacto. M as o que eu questiono e lamento é que a nossa Igrej a, no di a-a-dia, não coloca à di spos ição dos cristãos a verdade histórica. A Ig rej a Cató lica, que todo di a proc ura trazer aos seus fi éis a palavra de Deus, não pode simplesmente ig norar o que está se passa ndo ao seu lado; talvez seja por essa atitude de longas datas que tantos fi éis ão fac ilmente iludidos ! (W.1. -
fragar, a Divina Prov idência levanta um movimento em defesa da igreja e E la emerge engrandecida, forta lecida por ter passado pela luta e venc ido as dificuldades. Um forte abraço e meus parabéns ! Só tenho que reclamar do atraso de ma is ou menos 2 semanas para receber a revista. Neste ano o atraso aconteceu meses seguidos.
via e-mail)
E11ca11tos da Santa Jgrnja 181 Está ótima a revista deste mês fju lho]. Desde a estocada nos de magogos que vive m explorando a questão d a fom e; pa ssa ndo pe la de voção m a ri a na d o mês; pass and o pe los ensinamentos do Cônego Villac; pelos aco ntec imentos internacio nais e nacionais (como o probl ema dos meno res infra tores); passando por uma vi sitinha à fo rtaleza de Tomar; ven. do a importância da soc iedade dos j esuítas na é poca de Santo Inácio; pelas sono ridades harmo ni osas de M ozart; pela vida, não menos sonora, do Padre E ustáquio, que ainda não conhecia; até chegar à vitória obtida contra o fil me do Código Da Vinci e ao portão dourado fec hando a rev ista. T udo me encantou. São os encantos da Santa Igrej a que, depois de ter passado por muitas tempestades nas q uais a Barca de Pedro pareceri a nau-
AL)
Nota da redação: Muito lastimamos certo atraso em envios de nossas edições . Estamos tomando algumas providênc ias, a fim de agili zar as expedições da revista.
MS1' e vamlalismo 181 E xcelente o artigo [" De tsunamis, vulcões e terremotos" ] do Prínc ipe Imperi al Dom Bertra nd de Orleans e Braga nça, publicado nessa conceituada revista católica, transcrito da "Folha de S. Paulo". Incrível que militantes da Via Campesina, sob a liderança do Movimento das Mulheres Camponesas, ligadas ao M ST, tenham feito, por fa nati smo ideológico, o vandalismo descrito por Sua Alteza. Fe li zmente, fo i no tic iado que o Mini sté rio Públi co de nun c io u 37 orga ni zado res desses atos, entre eles o líder João Pedro Stédile. A Justiça instaurou processo, enqu adrando-os e m vários artigos do Códi go Pena l. T al informação talvez amenize a expectativa de um futuro inqui etante, causado por esses movimentos nefand os, co mo fo i de line ad o po r Do m Bertrand e m seu magnífico tex to. (1.R.S. -
SP)
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na pógina 4 desta edição.
AGOSTO 2 0 0 6 -
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Cône o JOSÉ LUIZ VILLAC
Pergunta - São Paulo, na segunda carta aos Coríntios (] 2,JO), afirma: "[... ] quemdo eu me sinto fraco, é então que sou forte". Por favor, esclareça-me este versículo : que exegese podemos fazer? Muito obrigado, e peço sua bênção presbiteral.
Resposta - A pergunta dá ensejo ao esclarecimento de alguns aspectos da vida da Igreja em todos os tempos , desde os primórdios até hoje, os quais muitos católicos de nossos dias perderam de vista. Conseqüentemente, têm uma visão obliterada da realidade, que importa corrigir. Comecemos por citar o texto de São Paulo indicado pelo 1russivista, enquadrandoº (da forma mais resumida pos ível) no seu contexto: "[11, 3] Temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, também corrompa vossos sentimentos e vos aparte da simplicidade que há em Cristo. Porque, se viesse alguém pregando um outro Cristo diferente do que vos pregamos, ou comunicando-vos outro espírito diferente do que recebestes, ou outro evangelho diferente do que aceitastes, de bom grado o receberíeis. Eu, porém, julgo que nada tenho feito de menos do que os maiores Apóstolos. [.. .] Mas o que eu faço,fá-loei sempre, a fim de tirar ocasião àqueles que desejam uma oportunidade de serem reconhecidos semelhantes a nós, para daí se gloriarem. Porque esses são falsos apóstolos, operários fingidos, que se transfiguram em apóstolos de Cristo . E não é de admirar, visto que o próprio Satanás se CATOLICISMO
transforma em anjo de luz. [... ] Mas o seu fim será segundo suas obras. [... ] Porque vós, sendo sensatos, sofreis de bom grado os insensatos. Porque sofreis quem vos põe em escravidão, quem vos devora, quem vos rouba, quem se exalta, quem vos esbofeteia. [... ] São hebreus, também eu; são israelitas, também eu; são descendentes de Abraão, também eu; são ministros de Cristo (falo como menos sábio), mais do que eles sou eu: mais nos trabalhos, mais nos cárceres, em açoites sem medida, freqüentemente em perigos de morte. [...] [12, 1] Se importa que alguém se glorie (o que não convém, na verdade [a não ser por motivo justo]), farei agora menção das visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo, o qual há 14 anos foi arrebatado (não sei se foi no corpo, se fora do corpo [só com a alma]; Deus o sabe) até o terceiro céu. [...] Relativamente a este homem me gloriarei, mas,
quanto a mim, de nada me gloriarei, senão das minhas fraquezas . [... ] E, para que a grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi-m e dado um estímulo na minha carne, um anjo de Satanás, que me esbofeteie. Razão pela qual roguei ao Senhor três vezes para que ele se afastasse de mim; e Ele me disse: Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que o poder [de Deus] se manifesta por completo. Portanto, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, para que habite em mim o poder de Cristo. Por isso, sinto complacência nas minhas enfermidades, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo; de modo que, quando me sinto fraco, então sou forte" (II Cor. 11 , 3-23; 12, 1-10).
O apostolado de São Paulo em Col'into Corinto era então uma das cidades mais importantes do
Império Romano, situada no istmo que une a Grécia ao Peloponeso. Calcula-se que o número de seus habitantes ultrapassasse meio milhão, com predominância dos de origem latina, mas também com gregos e asiáticos, e não poucos judeus. Seus portos, abertos para o mar Egeu e para o mar Jônico, tinham um extraordinário movimento co me rc ial. Sua co rrupção , entretanto, se havia tornado proverbial no mundo antigo. São Paulo fundou essa cristandade em sua segunda viagem apostólica (anos 5053), ali permanecendo até fin s do ano 52. Das vicissitudes dessa fundação fala S ão Lucas nos Atos dos Apóstolos (cfr. 18, 1-18). São Paulo sofreu ali muitos dissabores e perseguições, ao ponto de o mesmo Jesus, aparecendo-lhe numa visão, ter de animá-lo, dizendo: "Não temas, mas fala e não te cales; eu estou
Ruínas do templo dedicado ao deus pagão Apolo, em Corinto
.... Escombros da praça de mercado de Corinto, onde São Paulo pregou
contigo e ninguém se atreverá a fa zer-te mal, porque tenho nesta cidade um povo numeroso " (Act. 18, 9-10). De fato , a co munidade cristã de Corinto, com grupos fora da capital, deve ter sido uma da mais numerosas entre as fundadas pelo Apóstolo, a julgar pelos dados que ele mesmo dá em suas epístolas. Parece que predomi nava o elemento gentio sobre o judeu. Não faltavam convertidos de boa posição social (cfr. I Cor. 1, 16; 11 , 17-34), embora, em sua imensa maioria, os convertidos fossem de condição humilde (cfr. J or. l , 26-29). O elemento feminino também era importante (cfr. I Cor. 11, 1-16; 14, 34-36). Mai s ou menos um ano depois de São Paulo ter deixado Corin to , ali chego u Apolo, judeu alexandrino muito versado na Sagrada Escritura, o qual continuou a evangelização iniciada por São Paulo (cfr. Act. 18, 27-28; I Cor. 3, 4-6). Algum tempo depois, Apolo regressou a Éfeso e se reuniu a São Paulo (cfr. I Cor. 16, 12). É provável que, não muito depois de Apolo, chegassem a Corinto outros evangelizadores,
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judeus palestinenses aparentemente convertidos ao cristianismo, mas cuja ortodoxia doutrinaJ deixava muito a desejar. São Paulo os denuncia nos quatro últimos capítulos da segunda Epístola aos Coríntios, chamando-os de ''falsos apóstolos, operários fingidos, que se transfiguram em apóstolos de Cristo" (II Cor. 11 , 13 - ver acima). Esses "falsos apóstolos" atacavam descaradamente a pessoa de São Paulo e seu título de Apóstolo (cfr. II Cor. 10, 9-10; 11 , 5-7; 12, 11-13). É muito prováv el que a eles deva atribuir-se grande parte dos abusos e problemas nacomunidade cristã, que produziram séria inqui etação em São Paulo, e que ele trata de corrigir (cfr. I Cor. 1, 10-12; 4, 18- 19; 9, 1-3): existência de facções ou partidos entre os fiéis (1, 11 ); lassidão em matéria de impureza (5, 2); pleitos ante tribunais pagãos (6, l) ; demasiada liberdade das mulheres nas assembléias litúrgicas (11, 16; 14, 36); conduta pouco caridosa de alguns na celebração da "ceia do Senhor" (11, 20). As notícias vindas de Corinto informavam São Paulo também de
dúvidas e disputas referentes a pontos doutrinais, tais como matrimônio e virgindade (7, 1); carnes imoladas aos ídolos (8, 1); uso dos carismas (12, 1) ; a ressurreição dos mortos (15, 12). Alguns autores relacionam esses ''falsos apóstolos " com os agitadores judaizantes que, por essa mesma época, perturbavam as comunidades cristãs da Galácia (cfr. Gal. 1, 7; 3, 1; 4, 17; 5, 12 - sobre a questão dos judaizantes, já escrevemos nesta seção na edição de julho/2006). O certo é que esses ''falsos apóstolos" tratavam de desacreditar São Paulo, semeando a desconfiança em torno dele, diminuindo-lhe os dotes humanos, imputandolhe comportamentos pouco limpos, e sobretudo acusando-o de ser um intruso no apostolado (ele não era do número dos Doze, mas fora escolhido diretamente por Jesus Cristo, conforme a célebre cena da estrada de Damasco). Contra tudo isso São Paulo se defende com vigor e altaneria, alertando os fiéis e denunciando os ''falsos apóstolos, operários fingidos, que se transfiguram em apóstolos de Cristo", como consta no trecho acima selecionado.
lmpol'tante lição pam os nossos dias Talvez mais de um leitor terá ficado pasmo com o fato de que uma figura do po1te de São Paulo - uma das colunas da Igreja junto com São Pedro, que detém a primazia - tenha sido objeto de uma perseguição virulenta e mesquinha dentro da Igreja, como a descrita acima. Mas esse é o quinhão dos grandes apóstolos de Cristo, em todas as épocas da história da
Igreja. Devemos, pois, corrigir nossa visualização ingênua dos fatos internos da Igreja, como se os inimigos estivessem só fora dos seus limites sagrados. Não! Eles se insinuam Igreja adentro, misturamse com os verdadeiros fiéis e procuram transviá-los, semeando a divisão entre eles e incutindo-lhes falsas doutrinas que aberram da verdadeira doutrina do Evangelho, custocüada pelo Magistério autêntico e infalível da Santa Igreja, sob a guarda e inspiração do Divino Espírito Santo. Lembremo-nos dos hereges modernistas, condenados por São Pio X, e dos progressitas de hoje. Lembremo-nos de .A.rio, Nestório, Pelágio, Fócio, Lutero, etc. Mas também recor-demo-nos que as portas do Inferno jamais prevalecerão contra a Igreja (Mt 16, 18), porque "Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo" (Mt 28, 20). Nessas circunstâncias, os apóstolos autênticos podem ver-se reduzidos a uma posi ção de aparente fraqueza. Mas, sustentados pelo apoio do Divino Mestre, e ademais amparados pela proteção da Virgem Mãe de Deus, eles serão verdadeiramente fortes, "porque é na fraqueza que o poder [de Deus] se manifesta por completo". Tal nos parece ser a exegese do versículo da segunda Epístola aos Coríntios, que o 1russivista nos pediu para interpretar, e que nos propiciou a visão panorâmica de uma realidade mai s profunda da vida da Igreja, inimaginável para muitos fiéis de nossos dias. •
E-mail do autor:
cone1,1 ojoseJujz@ca10Iicismo.com.br
AGOSTO 2006 -
A REALIDADE CONCISAMENTE Mais um sucesso brasileiro em matéria de biodiesel
A
té o fin al do ano, a refin ari a de Manguinhos entregará à Petrobrás 3 l milhões de litros de biodiesel produzido a partir de sebo bovino. É mai s um êx ito da agro- indú stria e da iniciativa privada. Carl os Zveibil Neto desenvolveu essa tecnologia com ajuda do Centro de Pós-gradução da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nas cond ições atuais, o Brasil poderá produzir 350 milhões de litros de bi odiesel de sebo por ano. Caso o governo permita aos bras ileiros trabalhar em paz, livres da intromi ssão estatal , muitos problemas nac ionais, como o abastecimento energéti co, irão se resolvendo organicamente. •
30% dos iovens russos em estado de 11 inanição crônica 11 4J.000 dos 125.500 jovens russos convocados para servir no exército sofrem "inanição crônica", reconheceu o genera l Valeri Ku li kov, chefe da Comi ssão Médica Central do ministério ru sso de Defesa. Segundo a agênc ia oficial lntetfax, Ku li kov confesso u que a "insiificiência de massa corporal" é o maior problema em todas as regiões da Rússia. O país continua sofrendo as conseq üências da herança deixada pela ex-URSS. E ntretanto, as nações oc identais fingem que não percebem , e reconhecem à Rússia níve l de potênc ia, admitindo-a no grupo dos países mais industrializados do mundo, o G8 1 •
Morte de líder abala AI-Qaeda
O
exÚcito americano eliminou o líder da Al-Qaeda no Iraq ue, Abu Musab al -Zarqawi, e vários de seus assessores. Obteve também documentos que levaram à pri são ou mo rte dezenas de terrori stas. Os parentes das vítimas dos terrori stas come moraram o aco ntecimento nas ruas de Bagdá. E ly Karmon , chefe cio Institu to de Contraterrorismo de Herzli a, Israel, disse que a Al-Qaeda há te mpo está dividida, e a perd a de al-Zarqaw i fo i grave, pois Bin Laden, se ainda vive, apa rece fu gazmente e só em gravações. O sueco Ma.gn us Ranstorp, maior espec iali sta mundi a l e m terrorismo, constatou desconcerto nos comuni cados da Al-Qaeda pe la Jnternet, apó a morte do líder terrori sta. •
Morte de terrorista é festejada
Chávez e fornecimento de armas à esquerda latino-americana
E
nt.re suas últimas provocações, o presidente venezuelano Hugo há vez anunciou a compra de 50 aviões supersônicos russos Sukhoi-30 e uma fábri ca de fuzis AK-103. Sukhoi-30, que caiu até em show aéreo de Paris, não preocupa tanto qu anto a fábrica, pois e la terá uma capacidade de produção que supera as necessidades do país. O Depa rtamento de Estado am e ri ca no te me que Chávez pre te nd a form a r na Venezuela milícias populares armadas, além de fornecer fuzis para movimentos guerrilheiros da reg ião, como as FARC da Colômbia e o recém-ativado Sendero Luminoso do Peru. •
CATOLICISMO
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AIDS em Zõmbia
Castidade e abstinência freiam a AIDS em Zâmbia
Z
âmbi a alcan_ça sucessos na l_u ~a p~ra deter a AíDS, graças à pr~moção da castidade e da abstmenc ,a sexual nas aulas de catec ismo, narrou o Pe. Alick Mbanda . E denuncia que "o go verno f ez muito pouco e tarde demais". De fato, ONG s financiadas pe la ONU e fundações ocidentai s promovem a distribui ção de preservativos e deni gre m a atuação da Igreja. Assim ag indo, o governo promove a morte de incontáveis zambianos. O país conta com l ,2 milhão de aidéticos numa popu lação de 11 milhões, e 34% das cria nças são órfãs por causa da pande mia. •
Colégio de advogados portenho: aborto é homicídio
Nossa Senhora de Copacabana
Bolívia: invasão até do terreno de santuário
M
ilitantes do MAS, partido do presidente Evo Mora les, in vad iram as terras do santuário da padroeira da Bolívi a, Nossa Senhora de Copacabana. As terras serviam para s ustento do santuário. Alegaram tratar-se de "terras improdutivas da Igreja" em mãos de "padres Iatijú ndiárias ". Os métodos usados fo ram os mesmos empregados pelo MST. Os invasores cortaram as árvores e lotearam o terreno. A Igreja e a piedade católica foram vu lncradas no que têm de mais sensível naquele país. Mas os bispos bolivianos que apóiam Evo Mora lc. não cogitam ofercc r res istênc ia proporcionada ao e bu lho. •
E
ssa p"restigiosa entidade de B uenos Aires afirmou em decl aração pública que o aborto "é uma fo rma de homicídio, [...] com a agra-
vante de que tal atentado se realiza quando a vítima não tem capacidade de se defender". O govern o Kirchne r tenta introd uz ir esse crime na legislação argentina, violando a Constituição, a tradição jurídica do país e acordos internac ionais. Os tratados são farrapos de papel, sentenc iava o Kaiser Guilherme II da Ale manha. Desconhecer o Direito positivo é mais uma constante do aborti smo. A res istência a esse abominável crime, entretanto, continua crescendo no país. •
Altura do Redentor: revelaçãQ baseada no Santo Sudá1·io
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ual era a altura de Nosso Senhor Jesus Cristo? "Um metro e 87 centímetros", concluiu com segurança o professor Nicolo Cinquemani, baseado na análise de fotos do Santo Sudário de Turim. Cinquemani - neurocirurgião e ex-chefe da divisão de traumatologia do Hospital de San Giovanni, em Roma conferiu os resultados com os relatos evangélicos, segundo o diário "li Giornale" de Milão. Mais uma vez, o Santo Sudário fornece dados preciosos sobre nosso Salvador.
Polônia: colaboração de eclesiásticos com o comunismo
O
padre Tadeusz lsakowicz-Zalewski, ex-capelão do sindicato Solidariedade, anunciou que publicaria os nomes de 28 sacerdotes que colaboraram com a repressão comunista na diocese de Cracóvia, durante a ocupação soviética. O Cardeal Stanislaw Dzwisz, arcebispo da cidade, lhe im pôs silêncio, talvez temendo que a lista fosse por demais comprometedora e envolvesse altos escalões do clero. O purpurado criou uma comissão para estudar o caso e pediu publicamente perdão pela colabora çã o eclesiástica com o regime comunista na Polônia .
AGOSTO 2006 -
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NACIONAL
Próximas eleições: repete-se a tendência... P ela quarta vez consecutiva, o eleitorado conservador não tem candidatos que o representem autenticamente. Por que os dirigentes políticos não ievam em consideração o conservadorismo de nosso povo? ■ PUNIO VI DIGAL XAVIER DA SI LVEIRA
O
referendo sobre o desarmamento, em 2005, surpreendeu o País ao revelar a existência de um público conservador que sufragou o NÃO de modo esmagador, com 64% dos votos. Neste último semestre, a deputada Jandira Feghalli, do PCdoB, foi obrigada a retirar de votação um projeto abortista do governo federal , ao perceber que o público presente às sessões da comissão que debatia o te ma na Câmara Federal era, em sua grande maiori a, contrário ao projeto. Seriam estes dois fatos, que surpreenderam muitos observadores políticos e a imprensa em geral, sinto mas de que está havendo uma reação saudáve l na opini ão pública brasileira? Não se deveri a acrescentar a isso a grande derrota dos candidatos petistas no pleito munic ipal de 2004? As eleições de outubro próx imo poderiam ser uma excelente ocasião para dissipar as dúvidas a respeito dessa questão, confirmando ou desmentindo tal tendência.
O quadro político nacional Qual o panorama que se vislumbra a partir de uma aná li se de nossos partidos políticos? Dois ou três deles são c laramente comunistas, sej a quanto ao no me, ao programa ou às atitudes de seus membros. Outros tantos, que se di zem sociali stas, em quase nada se diferenciam dos prime iros, a não ser em uma aparênc ia CATOLICISMO
que procura velar seu grau de esquerdismo. Completam essa visão geral diversas outras siglas, com maior ou menor grau de esquerdismo, de conservadorismo ou de fi siolog ismo, algumas ainda contendo quadros partidários expressivos.
As eleições de outubro Dentro de dois meses teremos eleições gerais no País, em níve l federal e estadual. Para a presidência da República concorrerão o atual Chefe de Estado L ula da Silva, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin , a senadora alagoana Helo ísa Helena, o anti go governador do Distrito Federal e ex-ministro Cristovam Buarque e mais três ou quatro nomes de protesto ou folclóricos. Nos 26 estados e no Di strito Federal , apresentaram-se algumas dezenas de candidatos representa ndo diferentes matizes ideológicos, desde marxistas com distintos graus de esquerdi smo até conservadores - estes, infe li zmente e m menor número - e talvez um ou outro mai s direitista, sem grande expressão política. Que atitude assumirão os ele itores, cansados de proc urar candidatos q ue atenda m às suas tendências anti-soc ialistas? M uita vezes são eles levados a anul ar seu voto, a votar em branco ou a se abster. Desse público poderi a surgir uma grande surpresa nas apurações, caso se apresentassem candidatos nos quais um eleitorado, há vários anos fru strado, pudesse encontrar guarida para suas expectativas e ansiedades.
Haverá nas ele ições que se aproximam, candidatos que atendam a essa inclinação? E m face dos nomes j á conhecidos e indicados pelos grandes partidos nacionais para cargos majoritários, é possível que não se encontrem fi guras que sati sfaçam os anseios profundos dessa camada insatisfeita dos eleitores. Essa é a incógnita que paira no quadro político brasil eiro. P arece e xistir mes mo uma grande faixa do eleitorado, há anos sem encontrar candidato que a satisfaça, ávida por encontrar uma maneira de se manifes tar de modo espontâneo contra a situ ação unil ate ralme nte esquerdi sta que lhe é apresentada . Nas três últimas ele ições pres idenc iais , não teve ela a opção de votar por um nome conservador. Sempre fo rçada a escolher e ntre no mes de esquerda, só lhe foi dada a oportunidade de optar entre FHC, Lula, Garotinho e outros candidatos q ue não a atraem.
A eleição presidencial L ul a, agora candidato à reele ição, está termin ando bastante desgastado seu primeiro quatriênio, após uma série de escândalos indi cando gravíssima corrupção em seu governo. U ma política demagógica e assistencia li sta pare e ser a ún ica reali zação que o mant m até agora como, segundo as pesq ui sas e leitorais, provável ve ncedor. .. ntretanto as mais recentes sondagens passaram a revelar o início de uma virada, qu ' poderá res ultar numa de rrota do atual presidente. N as p sq ui sus, ; ' ra ldo Alckmin,
a inda pouco conhec ido nacio nalmente, começou a subir desde as primeiras semanas de julho. Entretanto, sua eventual vitóri a somente sig nifi cará um Pa ís menos desgove rn ado . Prov a velmente, nada mais fará do que consolidar o programa seguido po r FHC e Lula nos últi mos 12 anos, no qu al fi gurarão atitudes fra ncamente esquerdi stas, como o prosseguimento da Refo rma Agrária, indeni zações a ex-te rroristas, fin anciamentos altamente fa voráveis à agricultu ra fa mi liar (incluindo pequenos proprietári os o que é louvável - , mas também para assentados da Reforma Agrária, os quais, de modo notório, quase nunca produzem satisfatori amente) .
Eleições estaduais A presença das candidaturas de José Serra para o governo de São Paulo e de Aéc io Neves para Min as Gerais, também sem opositores com posições reconhecidamente conser vadoras, significa apenas repeti r, nos dois mais populosos estados da União, um quadro semelhante ao federal. Nos demais estados aparecem algumas fig uras representando posições um tanto conservadoras, e mbora em número a inda reduzido. Assim sendo, o eleitorado local fica também forçado a dar seu voto, muitas vezes, a candidatos que pouco lhe agradam.
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E m resumo, a insatisfação conservadora, mani festada ineq ui vocamente no referendo do desarmamento, não parece te r s ido levada e m consideração pelos di rigentes do quadros políticos bras ileiros. Até quand o continuarão a não levar isso em conta? Q ue Nossa Se nhora Aparecida, Padroeira do B ras il , ilumine os eleitores, para que no próx imo pleito se obtenha o quanto possível a reno vação de nossos qu ad ros po líticos. Ass im , e só ass im , pe las vias e le itora is pode re mos ter, a partir de 2010, um País a caminho da restauração dos autênticos valores morais, q ue têm desaparecido q uase compl etamente da vida política nacional. • E-mail do autor: pl ini oxav ier @catoli cismo.com. br
AGOSTO 2006 -
INTERNACIONAL
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ma estranha onda de ág ua poluída chamou-me a atenção junto à Ilha Fiscal, jóia da Baía de Guanabara. Ela carregava toda espécie de detritos, com um quê de ameaçador que não correspondia a seu ridículo tamanho. Morria de modo ing lório contra o ca is e continuava a movimentar incessante mente aquele lixo. Lembrei-me dela quando a vaga de populismo que açoita a América Latina colheu sucess ivos fracassos nas elei ções gerai s do Peru e do Méx ico. Foram fatos análogos, mas o mexicano é mais recente e envolve um país de projeção e população (a segunda mundial em número de católicos) maior que a do ari stocrático Peru.
operá ri os : "Senhores, que a Virgem de Guadalupe, padroeira dos trabalhadores, vos abençoe"; ou "a rebelião.ferninista é um ataque conlra o.fundam.ento da sociedade civilizada; tra z graves conseqüências para as crianças, afeta as relações interpessoais, estimula o amor livre, a homossexualidade, a prostituição, a promiscuidade, o aborto, e no .fim a destruição da família". 2 Deploravam as esquerdas também que as "descargas de artilharia contra [López Obrador], disparadas pelas tropas herdeiras da tradição cristera, acertaram no alvo. A multidão de torpedos que enviaram. através dos celulares, para sacudir a consciência dos fiéis, parece ter causado ef eito. Adve1tia um desses torpedos: 'México, 1,es!ás seguro de que [López Obrador] permitirá nossa Religião católica? San/a Maria de Guadalupe, salvai nossa Pátria e preservai nossa Fé'". 3 Naqueles di as, o epi scopado do país consagrou o México ao Sagrado Coração ele Cristo Rei do Universo. Sugestivamente, o ato concluiu com o brado "Viva Cristo Rei e San/a Maria de Guadalupe", 4 o mesmo dos cristeros, os heróicos combatentes católicos mex icanos ele décadas atrás. Fo i por isso que o escritor ana rco-comunista mexicano Carlos Fue ntes concluiu - ali ás, lamentando - ter sido o resultado do pl eito "um triunfo da Virgem de Guadalupe, a santa padroeira do México. Ela é a única realidade verdadeira no país, é l.udo em. que o povo acredita. A Virgem penetra em !.Odas as camadas sociais. Os mexicanos mais miseráveis [... ] confiam principalmente na Virgem. Calderón venceu, na medida em que conseguiu se apresenl.ar como candidato católico". 5
Onda populista derrotacla 110 México
Fatos importantes: lembrança cios .má1'tirns c1'istems
Andrés Man uel López Obrador, ex-prefeito da C idade do México, era cognomi nado o "Lul a mex icano". A ele opunhase Felipe Calderón, do governi sta Partido de Acción Nacional (PAN). Ca lderón, apesar de declarações duv idosas como as relativas à Cuba comunista, te m fama de católi co e bom ad ministrador, ele ser contra o aborto e o casamento homossexual, de defender a família e a livre iniciativa. Mas, di zia-se, não tem o carisma do populi sta López Obrador. É inegável que um visgo malsão parece impregnar a personalidade deste. Há do is anos ele liderava as pesquisas de op inião (pesquisas ! - quantos blef es se difundem com este nome!!). Outro carismático, o pres idente da Venezuela Hugo Chávez, o financiava. Como, aliás, também financiara a malograda campanha de mais um carism6tico: o candidato peruano derrotado Ollanta Humala. A maioria dos eleitores mexicanos r agiu com bom senso e patriotismo quando percebeu que Chávez agia por trás de López Obrador. E este baixou nas sondagens de opinião como estrela cadente. E ntão, o candidato populista e Chávez tudo fi zeram para disfarçar sua cLm1plicidade, voltando Obrador a ocupar, desta vez por pequena margem, o topo das enquêtes. Contudo, na votação real Felipe Calderón, que se apresentou como conservador, reagiu e venceu apertadamente, obtendo também seu partido, o PAN , maioria nas duas casas do Congresso. A que se deveu a inesperada vitória conservadora?
Não sabemos que direção tomará o futuro governo Calderón , e se ele conseguirá res istir às pressões da esquerda. Seja como for, eis a razão mais profunda da virada mex icana: Nossa Senhora de Guadalupe, pad roeira do México e das Améri cas, representa a permanência do espírito dos cristeros, mártires e heróis da fé, dezenas cios quai s já elevados à honra dos altares . Foram massacrados na primeira metade do século XX, após desastroso acordo políti co estabelecido entre o Episcopado mex ica no, a Santa Sé e o governo do México, anticlerica l e pró-Reforma Agrária. Poré m, hoje a gesta dos cristeros é rememorada co m saudades e veneração pelo que há de melhor no cato li cismo mexicano. Envolvidas na poeira dourada ela História, as fi guras dos cristeros mártires - sacerdotes fuzi lados até co m paramentos de Missa; leigos cavalgando com bandoleiras cruzadas no peito e cheias ele balas, o terço na mão e Nossa Senhora de Guadalupe estampada nas bandeiras - permanecem na piedade e no imagin{u·io dos católicos do país. Face a esses sintomas, que podem indicar um res urgir do México católico, compreende-se que as esquerda mexicanas queiram conduzir a nação ao caos, para reverter, pela violência e confu são, o revés eleitoral. Tal é o objetivo da rebelião social "pacífica", insufl ada pelo esq uerdista inconformado López Obrador. Até o momento em que escrevemos, ele não aceitou a derrota e conclama o povo para grandes manifestações de massa.
"Triunfo da Virgem de Guadalupe" destroça onda populista no México Avós várias décadas de governos anticatólicos, o México derrotou o candidato esquerdista. A mídia brasileira entretanto quase ignorou este dado essencial da questão. n
SANTIAGO F ERNÁNoEz
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CATOLIC ISM O
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Jorge Caaral1cd11, ex ca11c/tlcr de Vicemc J.'ox, ascguró que t i Coblerno ticnt vídeos
"Venezuela sí intervino en la campaõa mexicana"
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Principa l jorna l da Venezuela denuncia intervenção de Chávez nas eleições mexicanas
Nossa Se11J10ra de Guadalupe dcclcllu a eleição A eleição no Méx ico trouxe o ' . fi111 da idéia de que h6 uma onda esquerdisla na Arnérica lc1Ji11a" ,1 comentou o cientista político Octavio Amorim Neto . Acertou, mas não di sse tudo. Ignorou ele a questão re iigiosa. As esquerdas insurgiram-se contra frases como as do secretário cio Traba lho, Carlos Abasca l Carranza, falando aos
VÍl'gem de Guadalupe, pmtetora de nosso continente Estas cons iderações valem só par·a o México? No Céu, os bem-aventurados formam um só corpo sob o cetro real de Nossa Senhora. C usta-nos acreditar que cada um dos bem-aventurados se interesse apenas pelo seu país. Então, à luz da virada mex icana, é- nos lícito perguntar se, sob o influ xo de Nossa Senhora de Guada lupe, pad roeira das Américas, o Céu não estará se movimentand o em favor do continente. •
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Notas: 1. "O Globo", Ri o, 8-7-06. 2. " La Jornada", Méx ico, 4-7-06. 3. " La Jornada", id. , ibid . 4. http://www.cem.org. mx/prcnsa/ccm/060622. htm. 5. "O Es tado de S. Pau lo", 5-7-06.
AGOSTO 2006
lfJIIII
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O último Corpo Militar nobiliárquico da História Q uem não conheceu a profunda dedicação de certas famílias de todas as camadas sociais ao Papado e à Igreja de Roma - dos porteiros dos sacros palácios aos "sampÍetrÍni" da basílica vaticana,1 da Guarda Suíça à antiga Guarda Nobre - não pode ter uma idéia do· "senUre cum EcclesÍa" que anima todo esse círculo laical, que viveu por séculos à sombra da grande cúpula de São Pedro. A Guarda Nobre ocupa nesse conjunto um papel de destaque
O
marquês Giulio Patrizi di Ripacandida foi o último Coronel-Ajudante do Comandante da Guarda Nobre Pontifícia, o Corpo Militar dos fidalgos italianos dedicados à segu rança do Papa, dissolvido em 1970 juntamente com o resto da Corte Pontifícia. Ele gentilmente concedeu entrevista a nosso correspondente em Roma , Sr. Juan Miguel Montes. Descendente de uma família que deu à Igreja nada menos que quatro santos e beatos, o marquês Giulio Patrizi revela precisa memória ao apresentar lú cida análise da história daquele corpo militar, que nos faz reviver com emoção páginas gloriosas de serviço à Sé Apostólica . M esmo quando fala sobre os
com a qual viu na televisão , há pouco mais de um ano, o anúncio, feito do balcão da Basílica de São Pedro, da eleição de um novo Papa. Houve tempo em que os g uardas - nobres podiam estar fi sicamente ao lado do Romano Pontífice; hoje, aqueles que ainda vivem podem vê- lo somente na pe quena tela de TV, mas o seu cora ção bate sempre em uníssono com o dele.
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"melancólicos acontecimentos de 1970" - refere - se à dissolução da Guarda Nobre por Paulo VI - ele o faz com elegân cia senhorial e com o respeito de filho de votado da Ig reja . Durante toda a conversa transparece uma grande nobreza de sentimentos. Pode - se compreender que, se fos se po r ele, de bom grado teria continuado pelo resto de sua vida no serviço do Papa . Mas os tempos, como se diz, quiseram de outro modo. Nada, porém, fez diminuir seu a mor aos sucessores de Pedro, e seus olhos brilha m quando nos conta a comoção
CATO LI C ISMO
Marquês l'atrizi di Ripacandida:
"Não nos ocupamos apenas da Guarda Nobre, mas igualmente de todos os personagens da Corte, inclusive reu11i11do retratos dos Papas que ainda fal tavam"
Catolicismo - Marquês, quem hoje visita o Museu Lateranense pode admirar os uniformes e o estandarte da Guarda Nobre, da qual o senhor fez parte até a sua dissolução em 1970. Passaram -se 36 anos , poucos para a história bimilenária da Igreja, mas que, no entanto, podem parecer muitos para a história de um indivíduo. Como quer que seja, é uma página que merece ser reaberta a nossos leitores. Poderia ajudar-nos a fazê-lo?
Marquês Patrizi di Ripacandida - Depois dos melancóli cos acontecimentos de 1970, o Marquês Guido Avignone di San Teodoro, que era o arqui vista-hi storiógrafo do Corpo, e eu, que era Coronel-Ajudante do Príncipe Mario Dei Drago, montamos no Palácio de Latrão o museu da dissolvida Corte Ponti fíc ia.
Não nos ocupamos apenas da Guarda Nobre, mas igualmente de todos os perso nagens da Corte, in clu sive reunindo retratos dos Papas que ainda faltavam no palácio lateranense. O Cardeal Poletti deu-nos um apartamento no prim e iro andar, aqu ele no qu al fora assinada a Concordata [o Tratado de Latrão], e recebemos assistência do Professor Pietrangeli , diretor dos Museus Vaticanos. Fo i um trabalho de paciência, de anos, e hoje devo confessar que se encontra um pouco abandonado. A li podemos ver o último esta ndarte, os uni fo rmes e outras relíquias da Guarda Nobre. Este Corpo res ulto u da fu são de dois outros: a Guarda dos Cavale iros-Ligeiros e o Corpo delle Lance Spezzate. 2 Em 1801, com a inv asão de Roma [pelas tropas francesas revolucionárias], os dois corpos foram s upressos pelos franceses. Ao voltar a Roma [depois do cativeiro na França], Pio VII reintegrou os dois corpos em um único, que desde então usou o nome de Guarda Nobre do Corpo de Nosso Senhor [o Papa]. A continuidade foi garantida pelo fato de que o comandante e os oficiais fora m os últimos dos Cavaleiros-Ligeiros e Lance Spezzate dos corpos precedentes. Mais tarde, em 1968, Paulo VI quis chamá-la Guarda de Honra ele Sua Santidade, e por fi m, em 1970, dissolveu-a. Depo is de seu fechamento, o Príncipe Cario Colonna di Stig]iano escreveu uma frase que me tocou muito: "Desaparece o último Co rpo Militar Nobiliárquico da História ". Catolicismo - O que sucedeu precisamente naquela ocasião?
Marquês Patrizi di Ripacandida - Quando tivemos conhecimento daquela dec isão de dissolver o Corpo, pedimos uma audiência ao Santo Padre, para entregar-lhe solenemente o es tandarte. Pessoal mente escrev i ao Cardea l Villot, Secretário de Estado, para que nos fosse co ncedida esta última homenagem, e lhe disse: "Veja, Eminência, podemos ser despojados de tudo, segundo as exigências dos tempos: dos privilégios, da nobreza, do Corpo a que pertencemos, da patente militar, das honras, mas não dos nossos sentimentos e da indefectível fidelidade ao Papa e à
Giulio Potrizi di Ripocondido, jovem guardo-nobre, monto o guardo no Polócio Apostólico.
"Depois do fechamento, o Pl'Íllcipe Carlo Colonna escreveu uma frase que me tocou muito: "Desap arece o lÍltimo Co1po Militar Nobiliárquico da História"
Igreja. O Cardea l me respondeu que se havia dirigido ao Papa para fazê-lo ler minh a carta, e que o Sumo Pontífice a havia "apreciado muito e a recebia com ag rado" e me "exprimia o seu paterno reconhecimento". Todav ia, a audiência não nos fo i concedida, creio que por sugestão de Monsenhor Benelli , então Substituto da Secretari a de Estado. De qualquer maneira, no decurso de breve e sugestiva cerimôni a pudemos restituir o estandarte ao Secretário de Estado. O Comandante Dei Drago, com a voz embargada pela emoção, di sse algumas breves palavras e concluiu assim : "Desde 1485 até hoj e a denominação do Corpo que tive a honra de comandar mudou várias vezes, segundo as exigências do momento e os costumes do tem.po; [... ] o que nunca mudou foi a ininterrupta tradição de fidelidade ao Papa, que com o curso dos séculosfoi consagrada com o scmgue e com a prisão ". E m seguida o Cardeal Villot inclinou-se ligeiramente, para receber o antigo estandarte arriado, e trai u um sinal de comoção. Com palavras gentis e de ci1·cunstância, muito comedidas, agradeceu o serviço fielmente prestado. O Substituto da Secretaria de Estado, Monsenhor Benem , permaneceu ereto, impassível, quase alheio. Entre os guardas- nobres, algumas lágrimas sulcaram as faces . Catolicismo - A que se referia o Príncipe Dei Drago quando mencionou a data de 1485?
Marquês Patrizi di Ripacandida - À constituição do Corpo pelo Papa Inocêncio VIII, com o nome de Guarda dos Cavaleiros-Ligeiros, formada de duas companhias que tinham quartel junto à Porta Posterla, que desde então tomou o nome de Porta dos Cavaleiros-Ligeiros (Porta Cavalleggeri ), próxi mo à Praça do Santo Ofício. A inda hoje pode-se ver sobre a velha porta o brasão daquele Pontífice. Catolicismo - O Príncipe Mario Dei Drago falou também do sangue derramado e das prisões sofridas pelos guardas-nobres, em defesa do Papa.
Marquês Patrizi di Ripacandida - Sim, em particular o sangue derramado no saque de Roma em A GOSTO 2006 -
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e iro do Corpo; para os exercíc ios espirituai s de Páscoa; e na comemoração dos defuntos, em novembro .
1527. A G uarda dos Cavaleiros-Ligeiros teve então seu mo mento mais brilhante, q uando Roma foi posta a saque pelas hordas do Grande Condestável de Bourbon. Os cavale iros puseram o Papa Clemente VII a sa lvo no Castelo de Sant' Â ngelo; depois, correram para o Túm ul o dos Apóstolos e o defendera m estrenuame nte, até que ca iu o último cavale iro . Morre u todo o Corpo dos Cava leiros-Ligeiros; morreram quase todos os guardas-s uíços e todos os cavaleiros-li geiros . Em 180 1, quando Ro ma fo i ocupada por Napoleão, os guardas- nobres que se recusaram a usar o laço tricolor fra ncês fora m ap risionados no Castelo de Sant' Ângelo. Voltaram a ser encarcerados na revolta de 1831. Catolicismo Spezzate?
Como nasceu o nome Lance
Marquês Patrizi di Ripacandida -
Depo is do saque de Roma o Corpo fo i reconstitu ído, e o Senado Ro mano q uis co locar ao seu lado 100 "cavaleiros de guarda", gentis-homens ro1nanos que o Papa Paulo IV queria que se chamassem "cavaleiros da fé", mas que o povo logo batizou de Lance Spezzate. O nome acabo u reconhecido até mesmo em doc umentos oficia is. Q uando fomos dissolv idos, nós, da Guarda Nobre, quisemos retomar o nome antigo, fundando uma associação civil denominada Compagnia delle Lance Spezzate (Companhia das Lanças Partidas), que devia reun ir-se três vezes por ano: na festa de São Sebastião, padro-
CATOLICISMO
O Marquês Potrizi di Ripocondido tendo no mão o bastão que simbolizava o comando que o Guardo Nobre tinha sobre todo o antecâmara pontifício, incluindo os guardas-suíços e os gentis - homens.
"Durante todo o pedodo <la ocupação alemã 11a Segunda Guerra Mtmdial, a Gua,·da Nobre esteve <le serviço todas as 110ites 110 apartamento do Santo Padre"
Catolicismo - Quais eram os encargos da Guarda em relação à pessoa do Sumo Pontífice? Marquês Patrizi di Ripacandida - Tanto a G uarda Suíça como a G uarda Nobre estavam junto à pessoa do Papa; mas, enquanto a G uarda Suíça tinha outras o bri gações extrínsecas à pessoa do Pontífice, a G uarda Nobre tinha a tarefa espec ífi ca da custódi a física de sua pessoa. Por exemplo, du rante todo o período da ocupação alemã na Segunda G uerra M undi al, a G uarda Nobre esteve de serviço todas as no ites no apa rtamento do Santo Padre. D ura nte o dia, acompanh ava-o nas audiênc ias, escoltava-o nos passeios pelos j ardin s; de noite, com um candeeiro sobre uma escrivaninha, estávamos sempre à sua porta. Morríamos de frio, porque o Papa Pacelli (Pio XII], para dar o exem plo, não queri a o aquec imento, e nós gelávamos no vestíbul o. Por sécul os presta mos servi ço com o sabre, mas durante a guerra portávamos a pistola automática. Uma noite e m que eu estava de guarda, um avião, ta lvez inglês, lançou um artefato lu m inoso que caiu no terraço do Papa e ficou aceso por longo te mpo, ameaçando um incêndio. Av isados por uma fre ira, G iorgio Saccon i e eu sa ltamos para o terraço, e com nossos casacos extinguimos as chamas e carregamos triu nfa lme nte o artefato com a mecha ex.tin ta. Foi necessária a intervenção de Monsenhor Montin i, que nos pediu genti lmente para e ntregar o artefato aos bombeiros. Eles o dev iam examinar, enquanto da nossa parte queríamos conservá-lo como um troféu de guerra. Catolicismo - Além da proteção da pessoa do Papa, havia também uma espécie de secretariado do Papa? Marquês Patrizi di Ripacamlida - O ofic ial de serviço da G uarda Nobre era o c hefe de todos os corpos mi li tares da antecâmara pontifíc ia, incl usive a G uarda Suíça e os gentis-homens, e ti nha um delicado bastão como emblema de seu comando. O oficial de serviço anotava tudo com extrema meticulos idade e fazia um relatório semanal para o Monsenhor Mestre ela Câmara Apostólica; esse relatório abrangia as audiências reservadas do Papa, não publicadas e m "L'Osservatore Romano". Uma doc umentação preciosa. Às vezes o comandante me fazia ler esses relatórios, que continham coisas até divertidas. Por
exempl o, por ocasião de uma vi sita que fez à Basílica de Santa Inês, Pio IX hav ia subido ao primeiro andar ele um pequeno convento adjacente para receber os párocos ela redondeza. O ofi c ial ele serviço anota: "Não se tinha calculado o ex-
cessi vo peso sobre esse velho terraço, e o piso cedeu, caindo no andar de baixo. Graças a Deus, Sua San/idade não se machucou, nem tampouco algum dos meus guardas- nobres, uma vez que depois do longo serviço matutino eu os havia dispensado da audiência aos párocos". Todos esses docum entos, algun s dos qua is muito importa ntes, també m tive mos qu e de vo lver. Catolicismo - Como se constituíam os quadros da Guarda e quais eram os uniformes? Marquês Patrizi di Ripacandida - A G uarda tinh a um cap itão-genera l comand ante, que não exerc ia direta mente o comando mili tar, mas detinha a representação cio Corpo e era coadju vado por um corone l-ajudante; o último coro ne l-ajudante fui eu. O comando militar competia ao ofic ia l-ajudante maior. Vin ham depo is dois brigade iros genera is, q ue comandavam a brigada de serviço e a bri gada ele honra. U m de les, nos últimos tempos, era o P ríncipe Marcanto nio Pacelli , sobrin ho cio Papa, que ainda vive; nós do is somos os decanos do Corpo. Ele é decano quanto à patente, e me delego u a pres idê nc ia da Co mpanhi a de lle Lance
'i1 Guarda Nob,·e não prestava juramento. O Papa lnocêncio VIII, que a estabeleceu, declarou que a l'idelida<le da Guar<la Nobre não esta va em <liscussão".
Inic ialmente a G uarda era aberta apenas aos nobres p rovenientes dos Estados Pontifíc ios, mas depois de 1929 [com o tratado ele Latrão] ampliouse para a nobreza de toda a Itália . C uri osa mente, o último g uarda- nobre, no meado por Paul o V[, fo i um espanho l. Catolicismo - Obrigado, Marquês, por haver feito de um modo tão cativante uma recapitulação deste glorioso Corpo, que nenhum historiador da Igreja deveria negligenciar, com nada menos de 485 anos de serviço aos Romanos Pontífices. •
Notas :
1. Sa111piet ri11i : São ass im chamados os guardas ela Basíli ca, ass i111 co1110 os artesãos ele todo gênero que estão ali e111 per111 anente serviço ele 111a nutenção. 2. Litera l111ente, "elas lanças pa rti das". A ex pressão ita li ana /ancia spezzata (plu ra l lance spezzate) é usada para referir-se ao ho111e111 ele arm as " pro nto pa ra o que der e vier".
Spezzate. Aba ixo dos brigade iros hav ia nove ofi c iais e os g uardas eram su bdivi di dos e m diversos graus. Normalmente o Corpo era co mposto de ·uma centena ele guardas, mas no mo mento da di ssolução éramos cerca de 80. A farda ele parada consistia numa tún ica vermelha bordada a ouro, com calças brancas e botas altas. O uniforme d iári o e ra uma túnica negra e vermelha e calças azu is. E m a lgumas ocasiões , como nos funerais, a tú nica era negra, mas usávamos ca lças brancas e botas altas. O elmo o u capacete se usava sempre, e nas paradas se acrescentavam o penacho e a crineira. Catolicismo - Qual era a remuneração e qual o juramento que os guardas-nobres deviam prestar? Marquês Patrizi di Ripacandida - A rem uneração, chamada "so ldo", era uma cifra simból ica que dava apenas para manter o un iforme . A G uarda Nobre não prestava juramento. Tin ha essa prerrogativa desde o início. O Papa [nocêncio VIII, que a estabeleceu, declarou que a fidelidade da G uarda Nobre não estava em discussão .
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DESTA UE
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Como escrever uma fábula que fisgue o leitor P or fim, a revelação: o segredo das técnicas de redação de O Cócligo Da Vinci. Descubra como escrever um livro que faça sucesso e como vendê-lo aos milhões em pouco tempo. Mesmo dizendo falsidades. [] BENOIT BEMELMANS Correspondente na França
S
abe por que O Código Da Vinci , como outros livros de sucesso lidos por milhões de leitores no mundo inteiro ("Harry Potter", por exemplo), fisgam o leitor e o fazem devorar as páginas praticamente sem parar, mesmo não tendo hábito de leitura? Essa capacidade de induzir a uma lei tura compulsiva é freqüentemente creditada ao livro: este seri a bom porque "faz ler". A leitura "apaixonante" seria uma prova do seu valor e das idéi as que ele veicula. Mas isso é falso. Qual o segredo que faz vender livros como O Código Da Vinci? Não passa de uma "receita de cozinha", e vou revelá-la a seguir. Ela não se encontra em nenhum manuscrito secreto pertencente ao tesouro dos Templários; Leonardo Da Vinci não a pintou em nenhum quadro como deusa grega disfarçada em velho barbudo, e nenhuma pirâmide foi construída por Mitterrand para designar a sua localização. Não. A "receita de cozinha" literária que faz ler está descrita em muitas obras .. . que poucos lêem! Para o leitor de Catolicismo, anotei as principais regras de como escrever uma boa ficção. Foram extraídas principalmente de um livro de James Frey : How to write a damn goodfiction (Como escrever uma ficção arrebatadora). Depois você mesmo descobrirá facilmente quais os truques aplicados em cada página do Código Da Vinci. E poderá até escrever um livro de sucesso, seguindo essa receita! CATOLICISMO
1 nobre, e seu leitor se identificará com ele, mesmo que no passado ele tenha sido um crintinoso horrendo. No pior dos casos, dêlhe um código de honra pessoal e que suponha a defesa de uma nobre causa. Crie a empatia Empregue detalhes sensíveis e que provoquem emoção no seu leitor, a fim de que ele sinta o que sente o personagem da ficção. Seu leitor irá colocar-se facilmente no lugar do personagem. Com o emprego de detalhes sensíveis que provoquem a emoção, você le-
Cl'ie um sonho-ficção Seu leitor deve ser tran sportado em um sonho-ficção. Este é criado pelo poder da sugestão. Você deve apresentar cenas que criem uma imagem na fantasia do seu leitor. Você deve mais mostrar do que dizer. Mostrar mais por meio de detalhes sensíveis do que pela razão. O rac iocínio tira o leitor cio sonho-fi cção. Você vai cri ar uma image m que se proj etará na tela mental de seu leito r. Depois conseguirá que e le se engaje emocionalmente ; para isso é preciso ganhar a simpati a dele.
Identificação com o personagem Não confunda simpatia com identifi cação. A simpatia nasce porque o personagem sofre e seu leitor sente pena dele. A identificação se dá quando , além da simpatia, seu leitor faz seus os objetivos e as aspirações do personagem e tem um forte desejo de que este ati nj a a sua meta. Dê ao seu personagem um objetivo
Leve o seu leitor ao i1real Você precisa transp01tar seu leitor a um outro mundo, corno se ele mergulhasse numa bolha, a ponto de se evaporar o mundo real e ele viver o mundo da ficção. Esse é o seu objetivo como redator de ficção: conseguir que seu leitor fique completamente absorto pelos personagens e pelo enredo da história. Para conduzir o leitor a esse estado, além da simpatia, da identificação e da empatia você precisa explorar os conflitos internos. Fabl1que co11/Jitos i11teI1ores
GanJ,e a simpatia cio Jeitol' Ganhar a si mpatia do leitor é crucial para induzi-lo ao sonho-ficção. Para que o seu leitor tenha simpatia por seu personagem, faça-o sentir pena dele. Todas as situações nas quais seu personagem sofre - física, mental ou espiritualmente - atraem a simpatia do seu leitor. A simpatia é a porta pela qual seu leitor se engaja emocionalmente na história. Sem simpatia, não há emoção. Uma vez adquirida a simpatia, você levará o leitor mai s longe no sonho-fi cção fazendo-o identificar-se com o pers.onagem principal.
vará o leitor à experiência íntima do seu personagem. O leitor então se colocará no lugar do personagem. Descreva assim as informações que os sentidos lhe comunicam, o que ele vê, o que ele pensa, o que ele sente fisicamente . Não diga, faça-o sentir, utilizando o poder da sugestão. Simpatia, identificação, empatia ajudam a criar uma ligação entre o leitor e o personagem. Só falta levá-lo aonde você quer.
Você precisa transportar seu leitor a um outro mundo, como se ele mergulhasse numa bolha, a ponto de se evaporar o mundo real e ele viver o mundo da ficção.
O conflito interior é como uma tempestade que ruge no âmago da alma do personagem: dúvidas, erros, faltas, culpas, remorsos, indecisão ... Seu leitor vai sentir as dúvidas do personagem, compartilhar seus remorsos, oscilar com todas as suas hesitações. Mais: ele vai tomar partido nas decisões que o personagem será forç ado a tomai·. Essas decisões serão, em sua maioria, de cai·áter moral e com graves conseqüências para o personagem. É a paiticipação nesse processo de torna.da de decisões que transporta seu leitor: quando ele sente as dúvidas , a culpabilidade, os remorsos, as hesitações, os erros do personagem, ele acaba acompanhando este último, inclinando-se pai·a. tal solução em cletTimento de tal outra. Seu personagem está diante de um dilema: é aí que você queria conduzi-lo. Para mantê-lo absorto, basta aumentar o suspense.
O suspe11se - ponl1a um enigma Faça o possível pai·a. que o leitor fique paralisado, preso pela leitura. Mantenha-o no suspense, porque a história ainda tem um mistério a desvendar e algo a decidir.
Coloque uma questão possante desde o começo do enredo e fisgue o leitor, de maneira que ele não possa mais parar de ler. A curiosidade cria o suspense. Desencadeie a ansieclade A ansiedade e a apreensão produzem um suspense ainda mais forte que a curiosidade. A primeira condição para gerar a ansiedade é ter suscitado a simpatia pelo personagem; e a segunda é fazer perfilar contra ele uma ameaça, não necessariamente física . Isso ao longo de toda a ficção, e não só na abertura. O maior erro que você poderia cometer seria de não mergulhar seu herói nos maiores dissabores, desde o início e ao longo de toda a história. Ameace o seu personagem e coloque-o nos maiores problemas; se ele conquistou a simpatia do leitor, este será vítima da ansiedade. Acenda o cleto11ador Algo de terrível vai acontecer em certo momento já fixado. E o personagem principal deve impedi-lo, antes que seja tai·de demais. O suspense consiste portanto em levantar questões que dão base ao seu enredo, colocar o simpático personagem em situações de ameaça e acender a mecha do perigo de uma catástrofe. Isso levai·á o leitor a preocupar-se e a mai·avilha.r-se com o destino dos personagens. Ele irá se identificai· com o herói e adotai· sua maneira de pensai· e de agir. Último co11sell10 Sua fábula literária deve ser escrita para uma certa elite intelectual sensível a certas finuras de redação, bem corno a situações filosóficas e existenciais. Esteja bem ao corrente do que está em voga no meio ao qual você se dirige: tramas, segredos, perigos planetários, religiões esotéricas, difamação da Igreja católica ... Pai·a.béns! Você acaba de escrever O Código Da Vinci! Quando ouvir alguém impressionado por esse livro, é só revelar-lhe a "receita de cozinha" que permitiu a sua elaboração, e esse alguém tomai·á a distância crítica necessária. • E-mail para o autor:
benojt @catolicismo.com.br AGOSTO 2006 -
Agricultura sob ataque Prostíbulo e igualitarismo
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odos os a uto res esp iritua is (no t~rnpo em qu e os havia! ) adve rtiam para o fato de que o in stinto sex ual desregrado não se sati sfaz com nada e faz o home m precipita r-se de abismo e m abismo. No Rio de Janeiro, e m pl e na Copacabana, proj eta-se agora criar a Cidade do Sexo, um centro de entretenimento sex ua l ( imag ine-se o que pode ser isso !) e també m ele estudos, comé rc io, me móri a e medi c in a li gados ao te ma. Foi concebido por um tal de Igo r de Yetyemy, arquiteto, para ocupar a Aven ida Princesa [sabei. Na parte de e ntre te nimento, e ntre o utras ai rações, haverá cabines isoladas. O que parece sig nifi car que haverá também es paços co munitá ri os para práticas sexuais. Felizmente há um forte movimento na população do ba irro opondo-se à construção desse complexo que, segundo tudo indica, seria um prostíbulo sofisticado. Para a presidente ela Câmara Comuni tári a ele Copacabana, E ma Fonseca, os moradores de Copacabana lutam para li vrar o bairro do estigma da prostituição. Na opinião ele Fern ando Polônia, presidente da Associação Comercial de Copacabana, a idé ia é absurda: "Com certeza, iria instituciona-
lizar a prostituição que, infelizmente, já existe no bairro". P revendo a polêmica, o prefeito César Maia, ao invés ele to mar todas as med idas lega is para ev ita r que a c id ade seja infectada pela reali zação desse projeto,
"of ereceu ao arquiteto um helicóptero para sobrevoar o Rio e escolher outra área" ("O G lobo", 2 e 4-7-06). Yetyemy calcu la e m nada menos que R$ 260 milhões o c usto de impl antação. Para consumar o horror, no desenho ele Vetyemy a si nuos idade do edifíc io remete à prática sex ua l. O prefeito c hegou ao cúmulo de e log iar o projeto, q ue considera "excelente" e "de cunho educativo" . Só não concorda com o nome Cidade do Sexo e com
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CATOLICISMO
o desenho ela cobertura, que pode riam provocar reações. E m outras pal avras, se o nom e e o d ese nh o forem m e no s rombudame nte imorais, as consciências pode rão ser adormec idas, e assim far-seá e ngo lir a abe rração no seu conjunto.
Igualitarismo l'anático Deus crio u ho mem e mulhe r fundamentalmente ig uai s quanto ü sua natureza (a mbos tê m a mesma natureza humana) e desiguais quanto aos seus acidentes e atributos. Tal fato, de ev idê nc ia prime ira, é corroborado pela doutrina católica, que atribui dire itos e deveres di ferentes a ambos. Por exe mpl o, do ho me m se ex ige que e mpreg ue ma is fo rça, da mulh e r mais suavidade; o esposo deve proteção à sua mulher e esta lhe deve cari nho e apo io. A relação deles co m os fi lhos ta mbé m é diferenciada, segundo as aptidões de cada um . De tal maneira tudo isto é de bom senso, que quase dá ve rgo nha le mbrar. E ntretanto, vai ga nhando ca mpo nos
tristes di as em que vive mos uma mentalidade fanaticame nte igua li tária, que passa por cima até d as evidê ncias primeiras. Ass im , um proj eto d a dep utada Iara Bernardi , d o PT, j á aprovado pela Câmara dos Deputados e e ncaminhado para a sanção do pres ide nte, proíbe o uso de palavras masc ulinas e m doc ume ntos ofic ia is, para designações coletivas que inc lu a m mulhe res. Caso a le i seja sanc ionada por L ul a, o termo "bras ile iros", usado para des ignar o conjunto da população, te rá de ser substituído por "bras il e iros e brasileiras". Caso sanc io nada, a le i vai ex ig ir que a pa lavra " homem", quando estiver se refe rindo a pessoas de a mbos os sexos, seja substituída por " home m e mulher". Iara é a mes ma deputada que conseguiu a extinção do a rti go que considerava crime o adulté rio, o que favorece o amo r li vre; e também a aprovação de uma lei que retirou do Código Penal as referências a " mulhe r hon es ta" e "m ulh e r virgem", reba ixando assim as honestas à mesma cond ição das outras. •
Perigo para os agricultores Se a provad a a nova tabela dos índices de produti vidade das propriedades rurai s, muitas das atuais propriedades produti vas passa rão a ser co ns ideradas improdutivas, fica rão s uj e itas a desapropriação pe la Reforma Agrária e cairão sob a mira do MST. A agric ultura é o único ra mo da produção do qu a l o governo ex ige índices de produtividade. Não ex istem índi ces para a indú stria ne m para o comé rc io. A pressão co ntra o agronegócio baseia-se em razões ideo lógicas, poi s a liberdade ele produzir no campo opõese aos desígni os soc iali stas.
Assentamentos improdutivos Ag ri cul tura fam iliar sempre existiu no Brasil e é um modo natural e orgânico, não apenas de sobrev ivência, mas também de progresso geral do País. E la faz parte do esforço globa l da agricultura naciona l. Poré m, a pretexto de favorecê-la, vai sendo separada do esforço agrícola geral da produção nacional para ser apresentada em opo ição à agricultura chamada patronal. É uma espécie de luta de classes elas propriedades agríco las. Com isso os grandes favorecidos são os assentamentos ele Reforma Agrária e o MST. O presidente Lula deverá sancionar uma lei que estabe lece as diretri zes nac ionai s para a agric ultura fa miliar. A proposta reconhece a agricultura fa miliar como categoria organizada e transforma o programa nacional de forta-
lecimento do segmento, o Pronaj; em política pública de Estado. Haverá també m um reg ime especia l de pre vidê ncia social para o agricultor familiar.
MST e convulsão social -
E m ju-
lho, o MST afirmou e m nota que "é difícil evitar uma convulsão social ou um.a catástrofe" na Fazenda Teij in, e m Mato Grosso do Sul, onde cerca de 7 mil sem-terra, armados com foices e facões, aguardam o cumprime nto de ordem de despejo d ada pela Justiça. Ainda segundo a nota, divulgada pela direção nacional, a dec isão judicial de despejo, confirmada pe lo Superior T ribunal de Justiça (STJ), é " fria e desumana". Os sem-terra fizeram barre iras com tratores e caminhões e ameaça m soltar cerca de 10 mil bois da fazenda na Rodovia BR-267. O INCRA tomou posição a favor do MST.
Perda de investimentos -
A mai-
or e mpresa no Brasil em sementes e defensivos agrícolas é a Syngenta. Ela está reavaliando seus pla nos de investimentos . O motivo é a invasão e a ocupação das instalações de sua área de pesquisas e desenvolvimento de sementes, no Oeste do Paraná, por milita ntes d a organ ização Via Campesina (uma multinacional da invasão) junto com o MST. Para os investidores, "jàlta segurança jurídica no País". Casos semelhantes são o ela Aracruz e da Monsanto, que também enfrentaram invasões
A pressão contra o agronegócio, cuja pujança a foto simboliza bem, baseia-se em razões ideológicas
rece ntes. "É difícil explicar como funcio na a Justiça no Brasil", reclama executivo da Syngenta.
FARC matam no Brasil - Guerrilhe iros colombianos das Farc "podem ter executado brutalmente a advogada criminalista Sandra Medeiros Rodrigues, de 29 anos, grávida de dois meses, e seu marido, o corretor de seguros Adriano Peixoto Rodrigues, de 33. O casa/foi metralhado dentro do carro ", e m São Paulo, deixando um filh o de 2 anos. As fa míli as das vítimas já foram ameaçadas por quadrilha fortemente e nvolvida no trá fico internacional de drogas. A Polícia C ivil descobriu que, há cerca de três anos, as víti mas se envolveram com um rico casa l de colom bi a nos, primeiramente ide ntificado como Humberto e Bea-tri z Parra. Arti c ul ados, esses co lomb ianos se di ziam vítimas de este lionatários do pa ís de origem . Rapida me nte, o casal e as vítim as se tornaram amigos íntimos. Q uando descobriram que estavam sendo usadas pelas Farc, as vítimas contac taram a PF. Pouco depois foram mo rtos. Co mo se sabe, alg um te mpo atrás o go verno bras ile iro recusou-se a cons iderar as Farc como sendo mov ime nto g ue rrilhe iro ... •
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Nota: Para os dados citados, cfr "O Estado ele S. Pau lo", edi ções ele 3 a 7-7-06.
MICHAEL S. ROSE
Michael S. Rose e as capas de seus dois bestsellers
Igrejas modernas, "feias como o pecado" X Igrejas tradicionais, antecâmaras do Céu
Paa arquiteto americano, muitos sentem, mas poucos dizem: as igrejas modernas criam um ambiente que leva à perda da fé. Em sentido contrário, as igrejas antigas, fiéis à tradição, estimulam a fé e a piedade, tornam atraente a virtude e alimentam o desejo do Céu.
Lu1s DuFAUR
P
or certo o le itor já terá visto igrejas católi cas em estilo rn.oderno ou modernizado, ou mesmo entrado em alguma delas. Que impressão causam? Para muitos, as formas e esti los artísticos não tradicionais causam mal-estar psicológico. Por isso, não raramente lamentam-se, e confessam ter saudades cios esti los antigos. Se o leitor conhece gente assim, ou é um deles, encontrará aqui aJgo que lhe explicará muitas coisas. Faltava a publicação de um estudo que apontasse com clareza , conhecimento, seriedade e respeito o que a nova arquitetura católica tem ele cens urável. M ichae l S. Rose, jovem arqu iteto americano, doutor em Be las Artes pela Brown University (dos EUA), pôs o dedo na ferida. E a repercussão foi vasta. Seu livro, Feia como o pecado - Por
que tran~fonnaram nossas igrejas de lugares sagrados em. salas de reunião, e como voltar atrás 1 , tornou-se leitura de
referência. Na esteira desse s ucesso, o autor publicou Em camadas da glória: o
desenvolvimento orgânico da arquitetura das igrejas católicas através das épocas2 e entrou na li sta dos bestsellers do "New York Times". No texto que segue, o primeiro livro será citado com a letra U (de Ugly, feia), seguida do número da página. E o segundo Jjvro será citado com a letra T (de Tters, camadas), também seguida pela página correspondente.
Ambiente a1·q11itetônico infl11encia tendencialmente os fiéis Embora Dr. Rose seja cató lico, escreveu sua obra do ponto de vista de um arquiteto. Identificou os princípios e usos que guiam os profissionais quanto à fe iúra arqu itetônica religiosa moderna. Vasculhou na tradição e na hi stória da Igreja as razões pelas quais um templo é católico independente de estilos, escolas e eras históricas. Encontrou um tesouro de doutrinas - a lgumas reveladas AGOSTO 2006 -
por Deus, e muitas outras elabo radas pelo Mag istério tradicional da Igreja. Co nstatou que os fundamentos dos estilos católicos para construir ig rejas ao lo ngo de do is milê nios foram contestados e expul sos pe la nova arquitetura eclesiástica. N ão é uma dive rgência de gostos, preferências, comod idade o u c ustos, segundo o auto r. Trata-se de uma opos ição med ula r entre dois modos de cons idera r a o rdem do Universo, da Redenção e da Ig reja, ap li cados à a rquitetura . As duas concepções passam mensagens a ntagô nicas, através ele formas estéticas, cores, proporções, num se m- núme ro ele ele mentos simbólicos materi ais. Elas modelam o modo ele sentir, ele praticar e de aderir à fé e atingem algo muito íntimo: o próprio modo ele ser de quem freqüenta as igrejas. Dr. Rose timbra em ressa ltar: "Um postulado básico que os arquitetos aceitaram durante milênios é que o ambiente a rquitetônico tem a capacidade de iJ1fluenciar profundamente a pessoa, o modo corno ela age e sente, o que ela é" (T, 9). E acrescenta: "A arquitetura da igreja afeta o modo mediante o qual o homem pratica o culto; o modo de prestar culto afeta o que ele crê; e o que ele crê afeta não somente sua relação pessoal com. Deus, mas o modo como se comporta na vida diária" (U, 7). Como isso acontece? Rose o mostra, histo riando a origem ele ambas concepções.
suas igrejas os altos, ricos e impone ntes ed ifíc ios c ha mados basílicas. Eram as construções ma is próximas do Templo ideal. Possuíam ci nco naves e uma abs ide reservada para os mag istrados, a qual apresentava o c hão elevado. Os c ri stãos ac rescentaram um transepto para que a planta cio ed ifício formasse uma cru z. No c ru zamento cios braços da Cru z instalaram o altar. Em Roma, podem-se visitar alg umas das mais fa mosas dessas basílicas, como a de São Paulo fora dos Muros, São João de Latrão e Sa nta Maria Maggiore. [foto l]
um movimento interno no protestantismo reivindicou prédios ma is consentâneos com o seu espírito . Esses templos fo ra m construídos foca li za ndo le itura e reunião, e não o sacrifíc io do altar. E les
O sécu lo XIX misturou os estilos, e até viu renascer o gótico. A variedade fo i pasmosa, mas o espírito e o ambiente das ig rej a cató li cas continuou sempre ma rcado pelo recolhimento, a sacralidacle e a unção sobre natural, sinais da aprovação divina. · Esta continuidade, explica o autor, elevese a que todos e les respeitaram os princípios ela tradição arq uitetônica católica.
imitam anfiteatros e aud itórios. Surgiu assim uma arquitetura "deliberadamente não-eclesiástica, sem altar, sem tabernáculo e sem presbitério" (T, 99). Tendê ncia análoga processava-se no moderni smo católico. "Após a II Guer~a Mundial, os católicos começaram a experimentar novas formas e configurações. [... ] Algumas destas experiências foram inspiradas pelo movimento liturg icista católico, e dirigidas por lideres da arte e da arquitetura modernista [.. .]. A estatuária foi evitada, a estrutura de basílica foi descartada e o sagrado não fo i mais diferenciado do pro.fàno. Utilizando linhas retas e geometrias abstratas, arquitetos como Rudolpli Schwartz e Dorninikus Bohm criaram 'espaços de culto' frios e secos muito antes que estas experiências atingissem o seu auge nas décadas que seguiram o Concílio Vaticano /f" (T, I001O1). Nessas "experiências", a piedade e a unção sobrenatural desapareceram.
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Fi<lcfülade das igrejas antigas às ol'igens bíblicas e canôJ1icas O arcabouço do temp lo católico fo i ditado por Moi sés durante a travessia do deserto. Ele mandou que os judeus demarcassem nos acampamentos um espaço retang ul ar sagrado. Numa extrem idade era montada a tenda, o u tabernáculo, que continha a Arca da A li a nça com as Tábuas da Lei . D iante da tenda, erigiase o a ltar do sacrifíc io. Este esquema guiou a construção, pelo rei-profeta Salomão, do Templo de Jerusa lé m, completado em 966 a.C. Durante as perseguições romanas, os primeiros cristãos foram constrang idos a se congregarem e m casas ou nas catacumbas . Quando obtiveram a li berdade e m 3 13, com o edito de Milão, do Imperador Constantino, eles escolheram para
cá lido e aco lhedor, contrapôs-se à visão do protestanti smo: ressequida, hirsuta, c in zenta e utilitá ria. Podemos aprec iá- lo e m inúmeras igrejas co loniais brasileiras. [foto 2]
Origens p1'otestantcs das igrejas católicas modemas Planto de Santo Maria Moggiore
Essas basílicas cristianizadas constituíram o ponto de partida do esti lo ro mânico. Neste, o teto plano foi substituído pelos arcos de meio ponto que nos remetem à abóbada celeste. Surgiu depois o esti lo gótico, com a ogiva que acena para altu ras infinitas. E le é hierático, sacra! e solene; lógico, matizado e requintado; um resumo da ordem do Universo. O estilo barroco deu ê nfase ao movime nto, às cores e à estatuári a, manifestando aos fi é is a proxim idade do mundo sobre natural com o terreno. Luminoso,
Na primeira metade do século XX apareceram igrejas em estilos modernos, desprovidas desse espírito. Como foi isso possível? O arquiteto americano mostra que o protestantismo, estéri l por natureza, foi incapaz de gerar um esti lo arq ui tetônico próprio. Seus here iarcas fundadores preferiram galpões sem graça. Porém , os pastores he réticos conservaram antigas ig rejas cató licas usurpadas, para se darem ares de credibilidade. É a razão pela qua l, no Brasil , eles construíram alguns templos de insp iração neogótica. Até q ue, e m meados do sécu lo XIX,
dois exemplos típicos da nova a rquitetura em s into ni a com a nova teologia. "Sua Notre Dame du Haut ( 1950- 1954) [foto 3] em Ronchamp, França, é talvez o epitome de uma igreja desenhada como uma escultura abstrata. O mosteiro dominicano de La Tourette ( 1951) [foto 4]. I... ] com seus espaços áridos e opressivos, foi um .fi·acasso monumental " (T, 101 -I02). 3 Le Corbusier sustentava q ue a casa é uma "máquina para morar" . Portanto, máquina, e não a figura huma na, eria o paradigma para a arquitetura. Este critério in sano ''.foi ap licado na arquitetura eclesiástica cató lica dos anos 60, enq uanto que a Igrej a, desorientada como foi pelo novo m.ovimento litúrgi co, sucumbiu à idéia de que a arquitetura da nova igreja deveria explorar os ,nateriais e os métodos modernos. Então, a maioria das obras desta época foram efetuadas com aço, vidro e concreto, desenhadas como grosseira.1· massas, obedecendo à forma de conchas, navios, arcas e outros temas náuticos; zigg urats, naves espaciais, colméias, toldos de índio, artefatos para pouso lunar, e vários tipos de origami" (T, 102). 4 Entre esses temp los revolucionários, Dr. Rose cita a catedral cio Rio ele fanei-
Le Corbusic1· Cl'ia igrnjas-máquina, ou de pcsa<lelo O arq ui teto suíço Le Corbusie r c riou
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CATOLICISMO
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capara as igrejas. Mas paga tributo aos últimos cinqüenta anos de estruturas para escritório, banais e sem inspiração, que têm poluído a paisagem do centro de Los Angeles e da maioria das outras cidades americanas" (T, 105). , A terceira grande experiência foi a Catedral Christ the Light, em Oakland,
Califórnia. O projeto vencedor, de Santiago Calatrava, propôs "uma concha gigante sem.i-aberta, uma caixa torácica ou pança de uma baleia. Foi a primeira catedral que iria ter um teto retráctil. [... ] "The San Francisco Chronicle" descreveu a propos~ ta como 'uma estrutura de costelas de aço pintado, vidro e concreto, que parece tão
7
ro. 1foto 5] Igreja cônica, algo sem precedentes no catolicismo, lembra ela os templos babilônicos, dos quais o maior foi a Torre de Babel (T, 100). O autor alude também à catedral de Brasília que compara a uma torre para esfriar água - e à de Maringá, cuja forma cônica reporta-se ao satélite soviético Sputnik, lançado em 1957. [foto 6]
Protótipos pam o século XXI causam
IIOI'l'Or
O desconcerto e o mal-estar cresciam. Mas o pior estava por vir. No ano 2000, segundo o arquiteto americano, três projetos visaram marcar a arquitetura do novo milênio. O primeiro foi a Igreja do Jubileu 2000, [foto 7] na paróquia romana em Tor Tre Teste, construída pelo arquiteto Richard Meier. Dela "se diz que.foi concebida pela diocese de Roma como um protótipo para o lJl Milênio ". Reúne uma "série de paredes de concreto retilíneas e curvilíneas recheadas com vidro, todas num plano horizontal, como se o prédio pudesse ser arrancado qualquer dia e transportado a alguma outra superfície" (T, 104). Para os críticos, evoca mais a Opera de Sydney ou uma sala protestante perfeitamente puritana. CATOLICISMO
O segundo foi a catedral de Nossa Senhora, de Los Angeles, EUA. [fotos 8-9] Teve-se em vista uma catedral que "com o seu aspecto grosseiramente volumoso, contrastes agudos, estrutura assimétrica desprovida de ângulos retos, rompesse deliberadamente com a continuidade histórica de dois milênios de arquitetura católi-
.fitturista com.o os restos de um esqueleto de uma criatura pré-histórica corcunda'" (T, 106-I07). Após descrever a divergência existente nas origens das duas tendências, o autor desce aos pormenores das oposições.
Notre Dame de Pal'Ís, arquétipo <le catedrnl católica A arquitetura eclesiástica católica bem sucedida é uma corporificação material das doutrinas da fé. Dr. Rose exemplifica isso com a cateclral Notre Dame de Paris. Ela é ajóia-dacoroa da Cidade Luz, o verdadeiro epicentro, a alma da capital francesa. Solene e maternal , ela irradia sua influência a partir da fle de la Cité, como uma grande dama a paitir do palácio, no centro do seu feudo. Ela é a representação do Cristianismo na sua totalidade: desde o império universal de Nosso Senhor Jesus Cristo até os sofrimentos dos precitos no inferno. Nela, o peregrino percebe a luta entre o bem e o mal , entre o sagrado e o profano, entre o eterno e o passageiro. [foto 10] AGOSTO 2006 -
Not.re Dame, ele insiste, é arte no sentido mais nobre do termo, é -arquitetura da mais alta classe, um "lugar sagrado" que espelha as realidades eternas. Ela é, antes de tudo, a casa onde Deus habita na Terra.
Deus", porque antecipa a vi são beatífica. Representa também a pe rfe ição, o equilíbri o e a harmoni a da alma purifi cada, qu e se prepara para ingressar no Reino Celeste eternamente.
Visibilidade, hiernl'quia e simbolismo da igreja
A nave, símbolo ela AJ'(:a da Salvação e ela matel'lúdade da Igreja
Para os construtores de igrejas, diz Dr. Rose, as palavras de Cri sto são normativas. E o Divino Mestre ensinou no Serm ão das Bem-a venturanças: "Não pode se esconder uma cidade que está situada sobre um monte. Nem os que acendem umá luzerna a metem debaixo do alqueire, mas põem-na sobre o candeeiro, a .fim de que ela dê luz a todos que estão na casa " (Mt 5, 14- 15). Por isso, a igreja não pode fi car dissimulada ou escondida. A igreja tem que sobressa ir no panorama. Esse destaque deve ser audíve l també m. Os s in os le mbram a presença de Nosso Senhor na Terra, convocam à oração, marcam os acontec imentos transcendentais da vida, espantam os demônios. [foto 11]
O nártex (vestíbul o sob o coro) é o primeiro espaço sagrado da casa de Deus. Também é conhecido como galilé, porque dali parte a procissão que, no início da Mi ssa, diri ge-se até o ,úta r, simboli zando a jornada de Cri sto desde a Ga li léia até Jerusalém, rumo ao sacrifício do Calvário. No nártex, a ág ua benta lembra o bati smo, a necess idade do perdão dos pecados , e te m efeito exorcíst ico sobre o demônio e as tentações. A nave encarna a "Arca de Salvação". A Igreja, Ela própria, é essa arca, a Barca de Pedro. Simboliza também o seio materno, poi s a Igreja gera as almas para o Céu. E la é ainda imagem do Corpo Místico de Cri to posto a serviço de sua cabeça: Deus Nosso Senhor. Um famoso di agra ma coloca o C ru c ificado so bre a planta de uma igreja típica. Sua divina
cabeça repousa no presbitério, os braços no transepto, o corpo e as pernas na nave. As colunas da nave representam os Apóstolos, e as colunas do cruzeiro simboli zam os quatro Evangelhos. Os genuflexórios servem para a posição corporal essencial do culto: a genuflexão, que é própria da adoração, necessária para se obter o perdão dos pecados. São Carlos Borromeo recomendou que os confessionári os sejam situados nas partes laterais da igreja; que o pe ni tente nele esteja ajoelh ado, separado do confesso r por uma tela, num a pos ição onde possa ver o presbitéri o. [foto 131 O púlpito, de preferência hexagonal, encontra-se no lado norte da igreja, à di reita de quem entra . Como no hemi sfério setentri onal o norte é o lado menos luminoso, simboli za as trevas, a bru·bárie e o erro, que os sermões devem di ss ipar, ou de vem ser eliminados pela pregação destemida das verdades evangélicas . Também no lado norte deve situarse a pi a batismal , poi s as cri anças que ali chegam ainda não pertencem à Igreja. As igrejas devem apontar para o Oriente, poi s de lá veio o Salvador, e por ali
chegará em sua segunda vinda, em pompa e maj estade.
A i11dispe11sável posição 111011á1·q11ica do presbitério A ru·ca de sa lvação está ordenada em função do presbitério, local do altar do sacrifício e do tabernáculo, que está di ri gido para o Oriente. É o eq uivalente cristão ao Santo dos Santos dos hebreus, no deserto e no Templo de Salomão. O nível do presbitério é mais alto que o da nave. A ele se destinam os mais ricos materiai s e a arte mais elaborada. Desta forma , lembra-se ao fiel que a Igreja é hierárquica, composta de membros diferentes, endo Nosso Senhor a cabeça, representado pelo Papa, bispos e sacerdotes, e com os religiosos e leigos cumprindo suas funções na Igreja militante. O arquiteto Ralph Adams Cram explicou qu e "cada linha, cada massa, cada detalhe deve ser concebido e disposto para exaltar o alta,; conduzir a ele" (U, 84). Outro elemento indi spensável no presbitério é um C rucifi xo, que o Abade Suger chamava de "estandarte da salvação". 1foto 14)
Porque é sagrada, a igreja tem uma superioridade natunú sobre os prédios profa nos que a circundam. O bom encaixe estético e hierárquico fo i bem alcançado com uma transição harmônica. Onde possível, uma praça ou um largo, que pertencem à esfera temporal, faz o primeiro espaço de transição. Logo vem o átrio, pátio aberto que lembra o átrio do Templo de Salomão, e que pertence à igreja. A fac hada é o rosto da igreja. E la evangeli za, ens ina, catequi za. Na Idade Méd ia, bastava ao catequista expli car o signifi cado das inúmeras estátuas e cenas entalhadas na pedra, para dar aulas perfeitas sobre as ve rdades fu nd amentais da fé, as virtudes e os vícios opostos, a Históri a Sagrada, a ordem do Uni verso, a hi erarquia das ciências, etc. No coração da fachada de Notre Dame encontra-se a rosácea. E la forma a coroa da Santíssima Virgem. A rosa é emb le ma de Nossa Senhora. Na Idade Média, quase todas as catedrais foram dedicadas à Mãe de Deus. [foto 12] A rosácea é denominada "olh o de
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CATOLIC ISMO
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As l'u11ções do coro e dos vitrnis 1,as igrejas O Concílio de Trento dispôs que o coro e os instrumentos ficassem na galeria acima do nártex. Não é desejável que músicos e coristas sejam visíveis. Eles devem ir à igreja como fiéi s, e não como artistas. As "vozes desencarnadas" do coro evocam o canto dos anjos, proveni ente de cima para baixo e ressoando de modo belo nas abóbadas da igreja. Os vitrais ocupam um lugar especial na arquitetura eclesiástica. O Abade Suger, na Idade M édia, chamou-os ''.janelas radiantes que iluminam as mentes dos homens de maneira que, por meio da luz, possam chegar à percepção da luz divina ". Ele dizia serem "sermões que tocavam o coração, através dos olhos, ao invés de entrar pelo ouvido" (U, 77). Toda outra forma rutística no recinto sagrado, como pintura e escultura, está concebida para ser vista sob uma luz filtrada. O artista deve pintai· com a luz de Deus, explica o Dr. Rose. Quando o sol se põe, através dos vitrais a luz projeta figuras multicolores no interior da igreja, criando uma sensação do além, uma faísca da beleza do Céu. O co11tl'aste do moder11ismo: igl'ejas "sem-rosto" A seguir, o autor fornece exemplos da revolução da arquitetura eclesiástica moderna em seu país, os EUA, e que apresenta casos análogos no Brasil. A igreja moderna não pode ser localizada a olho nu nem pelo som dos sinos. Uma sinalização Church Parking (estacionamento da igreja) avisa que a estrutura ao lado é uma "casa de culto", e o mapa confirma que é wna moderna igreja católica.
A fachada dessa igreja é sem-rosto. [foto 15] Não evangeliza, não ensina, não catequiza. Até se confunde com outros prédios da rua. A fachada é sem-rosto porque concebida par·a ser só uma "pele da ação litúrgica", no linguajar da nova ru·quitetura. É uma estética agnóstica, que não reflete nem a tradição católica nem a História. Arquitetos e consultores de projeto litúrgico - LDC, sigla do inglês Liturgical design consultant - de igrejas modernas evitam os símbolos católicos como o Crucifixo ou a cruz latina. No máximo, quando colocam a cruz, ela aparecerá como um signo a ser decifrado - por exemplo, na estrutura metálica que sustenta a vidraça exterior. [foto 16]
Espaços i11teriores mudam, seg1111do o cap1'icho da moda A ar·quitetura moderna apresenta portas semelhantes às de um prédio público ou supermercado [foto 17]. Sandra Schweitzer, LDC na renovação da catedral dos SS. Pedro e Paulo, em Indianápolis, EUA, explicou: "Substituímos as portas pesadas, grossas, de metal, pelas portas de vidro que dizem 'vocês são sempre bem-vindos aqui'" (U, 101). Essas portas inculcam a idéia de que o prédio não é sagrado, observa Rose. Após essas portas, a igreja moderna inclui um espaço vasto e vazio. É um local de reunião após a Missa, bem iluminado e despojado. Se há algum objeto de devoção, situa-se num canto, junto a um bebedouro, às toaletes ou a um telefone público. Nesse espaço pode encontrar-se uma fonte bati smal estilo banheira. [foto 18]
Nos anos 80, o progressismo exaltou o batismo de imersão. A forma preferida foi a sauna, conhecida pelo nome comercial Jacuzzi. Na verdade, como escreveu a consultora de desenho litúrgico Christine Reinhard, a pia batismal "desde o Vaticano li, tem girado um pouco por toda a igreja. De início, os litúrgicos julgavam fundamental que ela ficasse bem visível. Agora, o consenso é que a visibilidade é o menos importante ... " (U, 105). Um muda- muda caprichoso e errático, próprio de uma relig iosidade em contínua evolução rumo ao ignoto. A partir dos anos 90, tornou-se moda incluir obras de arte temporárias de "símbolos universalmente reconhecíveis", como o pagão e gnóstico yin-yang, quadros de " modelos contemporâneos", de "testemunhas do bati smo", projeções ou encenações. Os personagens e os temas vão mudando sobre um fundo laici zante ou esquerdizante: Martin Luther King ou o teólogo contestatário Karl Rahner, por exemplo.
/J1terior <lecapitado, sem po11to mo11á1·q11ico Michael Rose de creve o ambiente típico de uma igreja americana moderna. As cadeiras circundam o altar. Não há genuflexórios, e as poltronas convidam a cruzar· as pernas, passar o braço por cima do espaldar· do vizinho ou pôr os pés no respaldo da frente. As posturas informais calham bem com a atmosfera criada pela nova ru·quitetura. Não há espírito de oração nem reverência. Não há arte sacra. Há burburinho e bate-papo entre os fiéis. Uns procuram arnigos e par·entes com o olhar·, e trocam "tchau-
zinhos". Não há ponto monárquico. Não raro o altar· está baixo demais para ser visível. O sacerdote, quando senta, desapar·ece. Se alguém está lendo, só se fica sabendo por causa das caixas de som. A igreja moderna não é hierárquica: tudo é igual. N ão há lugar sagrado. O presbitério não se distingue da nave. Esta foi decapitada. É mais um local de reunião. A igreja de Cristo Rei, em Las Vegas, é reconfigurada de tempos em tempos. Por vezes o altar está no centro, outras vezes junto a uma das paredes. As cadeiras, ora em torno do altar, ora dis•postas em asas. Os pru·oquianos não sabem o que os espera a cada domingo. O atril ou ambão (pequena tribuna em forma de plano inclinado, onde se colocam livros ou pautas para serem lidos) está em a lguma parte perto da mesa. Cantores e músicos se exibem num local proeminente, em que possam aparecer destacadamente. Coro, pianista, guitru-ri sta, violinista, baterista ficam olhando para a assemb léia. O chamado "ministério da mús ica" é mais perceptível que o do altru·. E como o agradável e o comum são objetivos da nova arquitetura, a mú sica também tem que ser prazenteira e popu lar. Os cânticos dos fiéis são abafados pelo sistema de som. O altar não faz referência ao sacrifício, asseme lha-se a uma mesa de jantar. Não há iconografia sacrifical, e poucas vezes um Crucifixo destacado. Na hora da comunhão, muitos leigos distribuem as hósti a ; e se colocam em tantos lugares, que é difícil escolher de qual deles se apr ximar. Quando a Missa termina, os fiéis saem onver. ando, rindo. Em instantes
o "espaço de culto" fica abandonado, folhetos cobrem as cadeiras e o chão fica como após o término de partida de beisebol. Domina a sensação de vazio. E o Santíssimo Sacramento? Nas últimas décadas, a tendência foi levá- lo para uma sala à parte. O tabernáculo do novo estilo pode assemelhar-se a uma gaiola de passru-inhos ou até a um totem, como no Santuário de Marylake, Canadá [foto 19]. Outros são cilíndricos ou cônicos, conhecidos como " torres do sacramento". O ambiente em torno nada tem de sacra!, acolhedor, nobre ou elevado, e não convida à adoração.
Igrejas deliberndame11te 11ão-igrejas O que há na cabeça dos desenhistas desses "espaços de culto"? Rose reproduz axiomas de um maftre-à-penser da ar·quitetura eclesiástica moderna, Edward Sõvik. Este ar·quiteto luterano de Minnesota desenhou mais de 400 projetos pru·a igrejas católicas e protestantes. Ele forjou o conceito de não-igreja, ou casa do povo: uma estrutura que poderia não ser uma igreja e onde o povo pode ter seu culto. Portanto, um recinto o mais descaracterizado possível, sem respeitabilidade nem beleza. Pru·a Sõvik, "se o local é reservado para a liturgia, logo vai ser inte17Jretado como 'casa de Deus ', vai ser visto como um lugar santo, enquanto outros locais serão vistos como profanos ou seculares" (U, 157). A santidade e a sacralidade da "casa de Deus" é o mal a ser evitado! O padre católico Richard V osko [foto 20], LDC da nova catedral de Los Angeles, EUA, explicou à imprensa que não quis criar um lugru· sagrado, mas uma "forma arqui-
tetânica que possa acolher formas rituais de uma religião, seja ela judaica, católica, muçulmana, ou não seja nada" (U, 170). Pmtanto, válida para qualquer crença ou e1TO: pru·a falsos deuses ! "Móveis e instrumentos simbólicos, pregou ainda Sovik, devem ser portáteis, variados, para serem trocados, mudados de lugar ou abandonados, na medida que o desejarem os paroquianos do futuro" (U, 157). Tudo deve ser perecível, banal, incapaz de transmitir tradições, tidas como um mal a evitar. ório de Marylake, Canadá
-L Santa Edwiges, Cracóvia
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Cristo Rei, Abindgon, Virgínia
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foram fe itas para durar pouco e servir para outras fun ções. Então, que se construam no mesmo lugar outras igrejas, f iéis à estética anti ga. Michael Rose menciona novos grupos de arquitetos formados em prestigiosas universidades, e que desenvolvem projetos inspirados nas obras-primas cios séculos de glória da Igreja e de acordo com as necessidades do século XXl. [fotos 21-221 Mas isso não é tudo.
Vias para uma contra-revolução na arquitetura católica Dr. Rose não fi ca na críti ca. E le propõe normas de ação positivas aplicadas em paróquias dos EUA. Lá, o desprezo pelas cafajestices arq uitetônicas alimento u a tendência para que as igrejas vol tem a ser como eram. Rose refere o caso da igreja de São Patríc io em Forest C ity, M issouri. Ela fo i modernizada por dentro com painéis de compensado. A Via Sacra, o velho altar, imagens e objetos sagrados desapa recera m. E m 1999, o pároco, Pe. Joseph H ughes, iniciou a restauração. Objetos como a lâmpada do Santíssimo, o tabern ác ul o e os candelabros, piedosamente guardados pe los fi éis, foram reaproveitados. Onde o altar principal foi poupado, di z Rose, ele ve-se reinstalar o Santíssimo Sacramento no tabernácul o, remove ndo as modernidades acrescentadas, e laboradas em geral co m materi ais de CATO LICISMO
segunda classe e já caducos. Resta urado o ponto monárquico, não é difíci l devol ver a hierarquia, a sacralidacle e a be leza à igreja. No luga r em que os a ltares foram cle moliclos, a restauração poderá ser uma oportun idade para se desenhar e construir algo ainda mai s rico e mai s belo do que o orig inal , segundo o autor. Ass im ocorreu na catedra l São Paulo, ele Worcester, e em várias igrejas hi stóricas na diocese ele Victoria, Texas. Nas igrejas novas, como a arquitetura moderna montou estruturas tipo "use e j ogue f ora " , Rose propõe aplicar esse princípio e jogar fora os acréscimos modernosos . A seguir, deve-se dar à igreja um senso hi erárquico, definindo um presbitério, uma nave, ele vando um altarmor, corrigindo as ass imetrias, expurgando os ares de auditório ou teatro. No tocante às igrejas tão ousadas que nem adi anta reformar, Rose le mbra que
i'ormação da opinião católica, inclusive do clero Para dar estabilidade à recuperação do patrimôni o arquitetôni co cató lico, é necessária uma campanha de fo rmação do clero e dos fiéis. Como no caso do tratame nto de alcoó latras , o primeiro passo é que eles admitam que anelaram mal. Ou seja, ad mi tam serem feias e antifuncion ais, bana is e incapazes de in spirar a relig ião, as igrejas novas pósVaticano II. O segundo passo consiste em identificar a causa cio prob le ma: as agendas teo lógicas que desej am mudar (desfi gurar !) o rosto do catolicismo. O terceiro passo é "remover o câncer", ou seja, os LDCs devem dei xar de interferir na hora de construir ou renovar as igrejas. Quarto: contratar arq uitetos que tornem manifesta a fé no préd io da "casa de Deus". Quinto: bispos, sacerdotes e le igos de ve m engaj ar-se na preservação e enriquec imento elas igrejas com os melhores materiais razoavel-
mente disponívei s. Por fim: educa r seminaristas , clérigos e leigos sobre o significado da igreja e sua íntima relação com a fé católica. Dr. Rose conclui que os católicos do século XXI podem corrigir a ca lamjtosa situação atual e impul sionar um renascimento da arq uitetura sagrada, recuperar os tesouros do passado no seu esplendor ori g inal e erigir novas igrejas, belas, duráveis, verdadeiros vasos de significado para as gerações vindouras de fi éis. O autor restringe-se a seu campo de arqui teto e faz um balanço substancioso de quase um século ele Revolução Cultural na arq uitetura religiosa. E le não aborda diretamente a crise que grassa na Igreja Católica. Neste contexto, a restauração para a qual ele acena merece encorajamento, compreendendo-se porém que, sem a penitência e sincera conversão ped ida por Nossa Senhora e m Fátima, não se recuperará a ple ni tude de san idade e glória na Igreja. Sem essa conversão profunda, o sadio mov imento - auspiciado pelo talentoso arqu iteto Michae l Rose - poderá im por um retrocesso parc ial à Revolução Cultural religiosa, mas à la longue pod e rá ser tragado pela voragem progressista . Po is o foco causador da revolução estéti ca é o processo de autodemolição, denunc iado por Pau lo VI, e m curso na Igreja. Sem que este cesse, nada de durável poderá rea liza r-se. Ta l autodemolição seri a fata l, caso não ex istisse a promessa infalível de Nosso Senhor, de que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja. •
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E-mail do autor: lui sdufaur @catoli cis111o.co111 .br
Nota s:
1. M ichael S. Rose, Ug ly as Sin -
Wh y th ey churches .fi-0111 .m ereci places to m.eeJ.i11g ,\'paces and how we can change 1he111 backagai11, So1hia lnstitute Press, Manchester, cha11ged
Otll"
NH , 200 1, 239 pp. (C itado no tex to com a letra U). 2. M ichael S. Rose, /11 Tiers ofG!ory : the Orga,,ic
Development of Catlw !ic C!turch Architecture T!,rough lhe Ages , M esa Fo li o Ecli tions, 2004, 135 pp. (C i lado co m a letra T). 3 . N esse mostei ro aca bo u se sui c i d and o o domin ica no frei Tito ele A lencar, reli gioso envo lvido co m a guerrilh a no Brasil. 4. Ori gam i: arte mi lenar japonesa, que consiste em dobrar papel a fi 111 ele formar obj etos sem o au xílio de tesoura ou cola.
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gar para extrair óleo de nozes, tudo muito rústico, mas que dava o suficiente para viver.
Mãe e fllllo com especial devoção eucarística
São Pedro Julião Eymard O Apóstolo da Eucaristia F avorecido desde criança com terna devoção ao Santíssimo Sacramento, foi fundador de duas congregações religiosas com o fim de prestarem adoração perpétua a Jesus Sacramentado. ■ PLINI O M ARIA SO LIMEO
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O famoso artista Rodin esculpindo o busto de São Pedro Julião Eymard
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elas ruas da pequena cidade de La Mure , perto de Grénoble (França), apareceu um modesto amolador de facas. Trazia pela mão uma menina de uns cinco anos de idade, pobremente vestida. Enquanto o pai amolava as facas , a pequena ia batendo de porta em porta, pedindo trabalho para ele. O ar de inocência da criança c a maneira educada como falava, logo atraíram o interesse geral. Quem era ela? De onde vinham? E a mãe? Eram algumas perguntas que lhe faziam . A menina, embora precocemente amadurecida pelas vicissitudes da vida, pôde dizer pouca coisa: seu pai chamava-se Julião Eymard; a mãe havia fale-
cido havia pouco; dos seus cinco irmãos, os três mais velhos tinham saído de casa à procura de emprego; os dois mais novos foram deixados em casa de parentes; só ela tinha ficado para ajudar o pai em seu trabalho. Marianinha , como se chamava, poderia ter acrescentado que Julião tinha sido um agricultor com certa fartura, antes de irromper a diabólica Revolução Francesa contra o Altar e o Trono. Como autêntico católico, fora perseguido, tivera que andar foragido e perdera tudo o que tinha. Com a morte da esposa, foi preciso dispersar a fanúlia e começar esse modesto trabalho de amolador para sobreviver. O calor e simpatia que encontrou em La Mure levou-o a nela radicarse. Aos poucos abriu um negócio de funileiro , e mais tarde montou um la-
A conselho do confessor, Julião contraiu novo matrimônio, com Maria Madalena Pelorse. E novos filhos foram vindo. Mas a esse convicto católico, Deus Nosso Senhor reservara sua Cruz: em menos de cinco anos, ele perdeu sete filhos, alguns de pouca idade. Seria uma compensação o nascimento de Pedro Julião, em 4 de fevereiro de 1811? Numa família virtuosa, o menino desde cedo sentiu-se atraído para as coisas da Religião. Sua mãe, que assistia à Mi sa diariamente, começou a levá-lo com ela, como também às visitas diárias que fazia ao Santíssimo Sacramento. E o menino se mostrava muito comportado nesses atos. Em La Mure havia o piedoso costu me de dar a bênção do Santíssi mo Sacramento na intenção dos agonizantes. Maria Madalena levava então o filho ainda bebê à igreja e o erguia na hora da bênção suplicando ao Senhor que o abençoass . Quando mais crescido, nas sextasfeiras a mãe fazia-o dormir sobre palha, em vez de pô- lo a dormir no berço, em louvor da paixão de Nosso Senhor e para acostumá-lo a alguma mortificação. Com o fal ecimento da mãe, coube à irmã acabar de criá-lo. Ce,to dia o menino, então com cinco anos, desapareceu. A irmã, depois de procurá-lo em vão por toda prute, teve a inspiração de ir à igreja. Quando olhou por detrás do altru·, viu-o sentado quietinho na escada utilizada para colocar o Santíssimo Sacramento para exposição, o rostinho encostado no sacrário.
- O que você fa z aqui? - perguntou-lhe intrigada. - A minha oração - respondeu o menino. - Mas, por que aí? - Porque aqui estou perto de Jesus, e o ouço melhor. Mais tarde, já adolescente, Pedro Julião passou a entregar o óleo prepa-
rado pelo pai na casa dos fregueses. Mas era tanta sua atração pelo Santíssimo Sacramento que, passando pela igreja paroquial, entrava sempre para fazer-lhe uma visita. Antes de sua Primeira Comunhão, quando a irmã comungava, pedia-lhe que ficasse bem junto dele, para sentir a presença de Nosso Senhor na alma dela.
Missi011ário oblato de Maria Imaculada Foi com muita dificuldade que Pedro Julião obteve licença do pai para entrai· no seminário e, depois de muitos percalços, ser ordenado sacerdote. O caminho da Divina Providência, que dele queria fazer o apóstolo da devoção eucarística, passou por vári-
os meandros. Sentia em si vocação religiosa, e acabou entrando para a Congregação dos Oblatos de Maria Imaculada, de fundação recente, que além da educação da juventude, dedicava-se também às missões rurais e acabava de mandar os primeiros missionários para a Oceania. Nessa congregação foi exercendo várias funções, mas não deixava de cuidar dos pobres e doentes, de maneira que passou a ser conhecido por eles como "o Santo". Um dia, em Lião, durante a revolução anarquista de 1848, o Pe. Eymard passava por uma das ruas da cidade quando deparou-se com um grupo de revolucionários. - O quê?! Umpadre por aqui? - gritaram alguns . - O padre ao Ródano! gritaram em coro vários deles, ameaçando jogá-lo ao rio, e avançaram para agarrá-lo. Nesse momento um dos revolucionários gritou: - Mas é o Pe. Eymard! A este nome todos pararam em silêncio, e depois gritaram : - Viva o Pe. Eymard! E o puseram nos ombros, levando-o em triunfo até o convento.
Defl11e-se a vocação de um grande fundador Em sua primeira viagem a Paris, o Pe. Eymard tomou contacto com a Adoração Perpétua e conheceu um judeu convertido, Ermano Cohen, que iniciara a adoração noturna dos homens. Nos meios eucarísticos, conheceu também um capitão de fragata, Conde Raimundo de Cuers, que depois seria seu auxiliar na nova congregação dos Sacramentinos. Um dia o Pe. Eymard orava na basílica de Fourviere, diante do altru· de Nossa Senhora. Assim descreve inspiração que lhe veio ao espírito nessa ocasião : "Estava rezando,
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quando se apoderou de mim um pensamento tão fo rte, que me absorveu. a ponto de perder completamente todo outro sentimento: para glorif icar se u Mistério de Amor, Jesus, no Santíssimo Sacramento, não tinha um corpo religioso que fi zesse disso sua .finalidade e a isso dedicasse todos os seus cuidados. Era necessário que houvesse um". E que m tinh a a graça
Hóstia para reparação de.tantos pecados que cobrem a Terra, exercer aos pés da Eucaristia uma missão perene de ação de graças e impetração pela Igreja, pela paz entre os príncipes cristãos, pela conversão dos pecadores, dos hereges, dos in-
para fazê- lo era e le pró pri o. Quanto lhe c ustou para levar essa obra avante ! Re ligioso, com os três votos, não era li vre para dedicar-se inte iramente à obra que a Providência lhe pedia. E o superi or geral dos Obl a tos de M a ri a I mac ul ad a não queria di spe nsá- lo dos votos, para não perder um tão útil e le mento para sua congregação. Pe. Eymard consul tou o própri o Papa P io IX sobre a poss ível fu tura congregação. Respo ndeu o imo rta l Pontífice: "A obra vem de Deus,
estamos convencidos. A Igreja necessita disto : que se sigam todos os caminhos para tornar conhecida a di vina Eucaristia". F inalmente o Pe. Eymard conseguiu dispensa dos votos. Com o Conde de C uers, a essa al tu ra ordenado sacerdote, deu iníc io à Congregação do Santíssimo Sacramento . Ao arcebispo de Paris, que daria autorização para a nova congregação, explicou que "a nossa não é uma congrega-
ção puramente contemplativa. Nós f azem.os a adoração, é certo. Mas queremos também levar outros a serem adoradores, e devemos nos ocupar das Primeiras Comunhões tardias. Enfim, queremos pôr.fogo nos quatro cantos de Paris, que tanto necessita". Entretanto, a vocação do verdadeiro adorado r do Santíssimo Sacramento era, segundo e le mesmo, mais ampla: "Adorar perpetuamen-
te Nosso Senhor no trono da graça e de amor, agradecer-lhe pelo inefável benefício da Eucaristia, tornarse uma mesma vítima com Jesus
fiéis, dos judeus: eis o elemento perene da vida do religioso do Santíssimo Sacramento". E para sua concretização tinha se dedicado inteiramente: "Disse sim a
tudo e fiz voto de dedicar-me até a morte à.fundação de uma congregação de adoradores. Prometi a Deus que nada me deteria, de vesse eu embora com.er pedras e acabar no hospital. E, principalmente, pedi a Deus (e talvez fosse isto presunção de minha parte) trabalhar sem o menor co11forto humano". Ass im, no d ia 22 de ma io de 1856, d ia de Co rpus Christ.i - há 150 anos - , fo i inaugurado o primeiro "cenáculo", nome típico q ue o santo daria a todas as casas do Instituto. F undou também a congregação das Servas do San tíss imo Sacramento, para a adoração perpétua.
Nas diliculdades, o apoio <lo Santo Curn <l'Ars Quem m ui to aj udo u São Pedro J uli ão com suas orações e incenti -
vo, nas muitas difi c uld ades qu e teve que e nfre nta r, fo i o Sa nto C ura d ' Ars, com que m este ve ma is d e uma vez, e que de le fa lo u a o utros nos me lho res te rm os . O Pe. Eymard, que fora a Ro ma pm·a tratar da aprovação canônica de sua congregação, teve um êxtase na Bas ílica do Vaticano, justam ente no local e m que deveria passar o cortejo pontifíc io. Pio IX, ve ndo aque le padre tão reco lhido, fez s in al aos gum·das que se desviassem e não pe rturbassem seu recolhimento. Uma pessoa que conheceu be m o Pe. E yma rd d escre ve-o ass iin:
"Era de estatura mais bem alta, magro, ossudo; tinha uma.face não propriamente bela, mas marcada com traços salientes, que a tornavam verdadeiramente escultural. A f ronte era larga, os pomos salientes, os olhos celestes, um olhar pmf undo e límpido sob sobrancelhas bem. definidas. O nariz reto, os lábios nem grossos nem f inos, abertos num sorriso benigno". O Pe. Eymard compunha poes ias e tinha dotes musicais. Tocava piano, vio lino e g uitarra, tendo composto vários moletes eucarísticos. Sobre as graças próprias ao fun dador de uma obra, dizia ele a seus sacerdotes: "Não compreendeis o f á-
vor, a graça que o Senhor vos.faz ao colocá-los junto da própria nascente do Instituto. Não me perguntais nada, não vos valeis disso. Eu também sou rn.ortal, e quando não estiver mais aqui, nenhum outro terá as graças do fu ndador". São Pedro J uiião Eymard faleceu no dia 1º de agosto de 1868, aos 57 anos de idade. • E-mail do autor:
pmsolimeo@catolicismo com br
MemdeSá Governador Geral do Brasil Ü terceiro Governador Geral desempenhou papel proeminente na História do Brasil. A esse valoroso português deve-se a expulsão dos hereges que invadiram o Rio de Janeiro. J OSÉ M ARIA DOS SANTOS
Do utor Mem de Sá, fi da lgo da Casa e Conselho de i-Rei, irmão do re novador da poes ia port ug uesa, Fra nc isco de Sá ele M ira nda. De Mem de Sá d iz o Beato Anch ieta na obra que sobre e le esc reveu: "Arraigado no seio
traz u111 amor de Deus, santo, .fi./ial, verdadeiro, e a fé de Cristo jamais desmentida. No peito incendiado pelo sopro divino, ferve- lhe o zelo de arrancar as almas brasílicas às cadeias do inferno".' O seg undo Gove rnador-Gera l cio Brasi l, D . D ua rte d a Costa, não fo ra fe li z e m s ua admini stração . Por isso, "a situação crítica em. que es-
tava o Brasil pedia governador ativo, en lendido, e sobretudo honesto. Todos estes do tes reunia o desembargador Mem de Sá, r.... ] •••••••••••••••••••••.•• e no cargo de chefe da administração-geral do Brasil sustentou os créditos de que já gozava como 'homem de grande coração, zelo e prudência, acompanhado de paz e de guerra "'. 2 Mem de S á fo rmou-se em D ire ito e m
Nota: Este artigo baseou-se na esplêndida obra cios Pes. Q u i r ino Mora schini e Mo nclo l fo Pecl rin azzi , Sacra mentin os: San Pietro
Gi11/iano Ey111airl - Apo.1·10/o dell 'E11caristia, Cúria Genera li zia dei Padri dei SS. Sacramento, Roma, 1962.
J533, mesmo ano c m que se casou com Dona Gu io ma r de Fari a. "Fez rápida carreira dejuiz probo e enérgico, qualidade que rnais lhe realçou a administração colonial - a ponto de subir ainda moço ao desembargo da Casa da Suplicação". 3 Nomeado Govern ador-Ge ral do Bras il cm 23 de julho de 1556, por três anos, com
"Arraigado amor de · Deus, santo, filial, verdadeiro, e a fé de Cris. to jamais desmentida. · No peito incendiado pelo sopro divino, ferve-lhe o zelo de arran· car as almas brasílicas às cadeias do inferno" . ••••••••••••••••••••••• :
os mesmos vencimentos e poderes q ue o seu predecessor, partiu de L isboa e m 30 de a bril de 1557 e só c hegou à Ba hi a e m 28 de dezemb ro do mesmo ano . D ura nte sua viagem, fa lecera em Portugal o rei D . João II1 e su bira ao tro no o me nino- re i D. Sebastião, qu e con tava ape nas três a nos e me io de idade. Porta nto, inic iara-se um a nova Regênc ia.
Começa o governo com os "Exercícios Espirituais" Apenas chegou a Salvador, Mem de Sá fez os "Exercíc ios Esp iritua is" de Santo Inácio, dirig idos pe lo Pad re Ma noel da Nó brega, e "começou. a mostrar sua pru-
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Os hereges franceses no Rio de Janeim
Aparição de São Sebastião - Mural de Carlos Oswaldo, Palád~ de São Joaquim - JU,
No Espírito Santo, Mem de Sá pôde informarse melhor, por um francês trânsfuga, Jean de Coynta, do que se passava com os franceses no Rio de Janeiro. Escreveu então o Governador à corte: "Todo o seu fundamento é fa zerem-se for-
tes; têm muita gente e bem armada; as suas roças não são senão de pimenta. Prazerá a Nosso Senhor que se lhes desfarão todos estes pensamentos " . 1
Energicamente agia na ciência, zelo e virtude. Cortou as longas demanrepressão aos abusos das que havia, concertando as partes; e as que de novo nasciam, atalhou da mesma maneira; A todos os índios vizinhos da Bahia proibiu, ficando as audiências vazias e os procuradores e sob graves penas, a prática da antropofagia. escrivães sem ganho, que era uma grande imunUm índio principal, Cururupeba, da ilha qu~ dície que comia esta terra.fazia gastar mal o temlhe tomou o nome, desrespeitou essa lei. O Gopo e engendrava ódios e paixões. Tirou • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • vernador mandou Vasco Rodrigues de Calquando pôde o jogo, que era outra traça, das buscá-lo, com 15 ou 20 homens. E prenfa zendo a todos entender em seus traba"Ornam-lhe o rosto deu-o por quase um ano, findo o qual ocalhos com fruto", escreve o Pe. Manoel da barbas brancas e macique se mostrou dócil e submisso. Nóbrega.4 Eis como o Beato Anchieta descreve Mem de Sá em seu poema: "Ornam-lhe o rosto
jestosas: alegres as
Outra tribo, a dos Paraguaçus, fazia sempre emboscadas para as canoas dos portusombreadas gueses e espalhava o terror pela região. barbas brancas e majestosas: alegres asfeide senil gravidade, vimesmo Caldas foi mandado contra e les. ções, sombreadas de senil gravidade, vivos vos os olhos, másculo Sem a perda de um homem, venceu-os e os olhos, másculo o arcabouço do corpo,fressubjugou-os. cas ainda, como de moço, asforças de adul- ) o arcabouço do corpo, Por esse tempo revoltaram-se os índios to. Muito mais excelente é a alma: pois lha frescas ainda, como de do Espírito Santo, e para reduzi -los Mem poliu vasta ciência, com a experiência longa • moço' as forças de . de Sá enviou uma tropa comandada por seu do mundo e a arte da palavra bela ".5 filho Fernão de Sá. Quando os portugueses O novo Governador prosseguiu as obras adulto". se aproximavam, os índios fu giram, poré m da catedral, concluiu a construção de um • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • , • voltarn m-se inesperadamente contra os que engenho do Estado, j á começado, levantado para os perseguiam, trucidando muitos deles. Fernão receber as canas dos lavradores que não tivessem de Sá, que ficou para trás fazendo-lhes face na engenho próprio, cobrando-lhes uma parte do propraia, foi morto a flechadas. Quando os remanesduto. Mas sobretudo dedicou-se com empenho ao centes do desastre voltaram, o Governador não cuidado do gentio. Reuniu os índios de cada quaos quis receber, porque haviam abandonado seu t:ro ou cinco tabas em uma missão dirigida por um filho na praia. Mas depois qui s ele mesmo comeirinho deles, sob a supervisão de um padre da mandar a repressão aos in subordin ados. "Em Companhia de Jesus. Aos silvícolas era ensinada menos de dois meses que lá esteve [Ilhéus], deiuma disciplina de vida e trabalho. O centro dessas xou os índios sujeitos e tributários, [... ] obrigaaldeias era a igreja. Era o início das missões dos a refazerem os engenhos e não comerem car6 jesuíticas, das quais depois tanto se falou . ne humana ", relata Nóbrega.
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feições,
o
Em novembro de 1559, chegou do Reino a armada destinada à expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Reunindo todos os homens válidos disponív e is em Salvador mais os índios catequizados, e pedindo reforço à capitania de São Vicente, M em ele Sá partiu para o sul com duas naus e oito embarcações menores, entre as quais a nau Conceição, comandada por seu jovem sobrinho Estácio. Chegando à ilha de Villegaignon, onde estavam os franceses, os lusos atacaram com fo1te rutiJharia por dois dias e duas noites, fu gindo os franceses sem água nem pólvora, em J 5 de março de 1560. Erru11 eles 74 mais alguns escravos. Mas os índios que estavrun a seu favor errun mais de mil, "tudo
em latim seu famoso poema à Virgem, de mais de 6 mil versos, que reteve na memória.
Fundação de São Sebastião e morte de Estácio de Sá Determinou Estácio de Sá que, em vez de atacarem novamente os franceses diretamente, se fortificassem antes em terra firme.
o desem-
barque se deu na enseada ao pé do morro Cara de Cão. Cortando árvores, carregando pedras, todos se puseram ao trabalho para fazer uma fortificação. Estácio despediu os navios, pru·a tirar aos companheiros a tentação de abandonar a luta.
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"Os jesuítas [e ninguém mais do que Nóbrega] colaboravam com intensidade na guerra. Não apenas contra O estrangeiro; sobretudo contra o he- . rege. Melhor do que os demais, sabiam a im- .
Apesar das constantes escaramuportância daquilo". ças cornos índios inin1igos, para dar ••••••••••••••••••••••• : foros de cidade ao novo povoamento - a que deu nome de São Sebastião, em homenagem ao jo-
gente escolhida, e tão bons espingardeiros como os franceses", informa Nóbrega.
Segw1<la expedição contra os franceses A solução para o Rio de Janeiro seria povoálo. Estác i ele Sá foi advogru· essa causa em Lisboa e vol tou com uma frota para a expulsão dos franceses - que tinham agora invadido a terra firm e - e a ocupação definitiva da reg ião. E ntre os índios que, de Salvador, acompanharam a fr ta, destacava-se como o principal deles Arru·ibóia, da tribo dos termiminós do Espfrito Sru1to, batizado com o prenome de Mrutim Afonso. Desta vez o Governador Geral não foi. Convenceram-no a deixar a empresa nas hábeis mãos de Estác io. "Os j esu.ftas [e ninguém mais do que Nóbrega] colaboravam com intensidade na guerra. Não
apenas contra o estrangeiro; sobretudo contra o herege. Melhor do que os demais, sabiam a importância daquilo: antes de ser uma luta de bande iras, era um choque de mentalidades". Para evitar que os índios tamoios entre São Vicente e a Ilha Grande se unissem aos do Rio de Janeiro no auxflio aos franceses, Nóbrega foi a Iperoig, acompanhado do então noviço José de Anchieta. O jovem jesuíta ficou como refém por três meses entre os selvagens, escrevendo na areia
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Rio de Jan e iro - Ól eo d e Firmino Monteiro
A sobrevivente [Conto] Cio
os 11 anos, Adriana era uma menina triste. Ela era uma sobrev ivente . Não passara por nenhum naufrágio em alto mar, nem estivera sujeita aos abalos de a lgum terremoto em terra firme, muito menos fora atingida pelas ondas arrasadoras de um tsunami. Entretanto sua vida era uma hi stória de sobrevivências ante perigos iminentes, dos quais só escapara graças ao carinho especial que lhe tinha a Providência Divina. Seus pais tiveran1 dois filhos antes dela, um menino e uma menina. Como eram ainda jovens e queriam gozar a vida, confabularam entre si e decidiram que não teriam mais descendência. Nada de pesos a carregar na vida. Entretanto ... Um descuido? Adriana era uma menina triste, Uma falha dos anticoncepcionais? Outra mas amada por Deus razão? Não ficou muito claro, mas o ce1to é que Adriana, a indesejada, foi concebida. nú ncias. Não queriam correr o risco. AsEra sua pri meira sobrevivência. A mão bensim nasceu Adriana. Uma bonita menina, fazeja de Deus ti nha querido dar-lhe o ser. olhos verdes como o mar, porém tristes, Tão logo se deram conta de sua exiscomo se ela conhecesse a rejeição de que tência, seus pais a odia.ran1. "Não é possíera a vítima inocente. vel agora essa intrusa a atrapalhar nosMas aquele novo ser não podia existir. sos programas de viagens, de f estas, de Era um trambolho diante dos planos de gozo gozar a vida!" E a idé ia sinistra veio à tona da vida e bem-estar dos pais. Estes, já precom conseqüência imediata: "é preciso abortá-la". Tu lo aceitado: o médico mercenário, uma clínica escusa, a hora tardia. Lá stavam à espera os pais de Adriana. Mas nada ... Passa o tempo ... e nada. Souberam depois que o médico, ao dirigir-s à línica, fora vítima de um terrível desastre de automóvel e morrera no próprio loca l, sem sacramentos. Adriana sobrev ivera, após o início de uma vida não desejada. ódi o dos pais contra ela transformara-s ' cm fúria. Mas havia também mcd . Os sinais externos da gravidez já s f'a:r,iam notar. Amigos e vizinhos pocl ri am ter percebido. Tentar mais uma v 'Z o ab 110 era perigoso. Poderia Altas horas da madrugada, um automóvel causar mal -estares, desagrados, até de- estaciona numa rua deserta ...
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vem rei de Portugal - Estácio de Sá nomeou um juiz ordinário da cidade e um alcaide-mor, e proibiu o jogo. Nesse me io tempo, sabendo Me m de Sá o apuro que os portugueses passavam na nova colônia, embarcou para o Rio de Janeiro, com reforço vindo de Portugal, levando consigo o Pe. José de Anchieta, recém-ordenado. No dia de São Sebasti ão, 20 de j ane iro de 1567, os portugueses atacaram as trincheiras de Biroaçumirim. Apesar da vitória, o bravo Estácio de Sá recebeu uma flechada envenenada no rosto, falecendo piedosamente no di a 20 de fe- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • vere iro seguinte. Em várias batalhas Mem de Sá expulsou os franceses para a região de Cabo Frio, fez um a severa ca mpanh a de repressão aos tamoios e mudou a nova cidade para o morro de São Januário. Erigiu duas igrejas da Companhia de Jesus e a matriz de São Sebastião. Para capitão-mor da cidade, designou seu outrn sobrinho, Salvador Correia de Sá. A Martim Afonso Araribóia, que muito havia auxiliado com seus índios em toda a campanha do Rio de Janeiro, o Governador doou uma sesmaria para que ele habitasse na nova cidade com toda parentela e índios.
Fernandes de Vasconcelos. Com e le embarcaram para o Brasil o Pe. Inác io de Azevedo e trinta e nove jesuítas. A frota era de seis navios. Em 15. de julho de 1570 fora m assaltados por corsários franceses que, apresando o navio em que estavam os religiosos, lançou-os todos ao mar. Tornaram-se eles os Quarenta Mártires do Brasil. D. Luís escapou e voltou ao re ino. Quando regressava ao Brasil , sua nau foi novamente assaltada por corsários, e e le morreu com a espada na mão. Mem de Sá passou assim 14 anos no Brasil. • • • Faleceu na Bahia em 2 de março de 1572, sendo enterrado na igreja nova do colégio dos jesuítas, que ajudara a construir. •
· "Em várias batalhas Mem de Sá expulsou · os franceses, fez uma · severa campanha de · repressão aos tamoios e mudou a nova cida. de. Erigiu duas igrejas da Companhia de Je. sus e a matriz de São Sebastião".
Os gloriosos quarenta mártires do Brasil E nfim , a rainha de Portugal atendeu ao apelo de Mem de Sá e enviou-lhe um substituto, D. Luís CATOLICISMO
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E-mail cio autor : josemaria @calolicismo.co m.br
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Notas:
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1. Padre José ele A nchieta, De Gestis Mendi de Saa (Feitos ele M em ele Sá), Mini stério el a Educação e Cultura, São Paulo, 1970. 2. Fra ncisco Ado lfo ele Varnhagen, Visconde ele Porto Seguro, História Geral do Brasil antes de sua separação e independência de Portugal, Ed ições M elhoramentos, São Paulo, p. 299. 3. Pedro Ca lmon, História do Brasil, L ivrari a José Olympio Editora, Rio ele Janeiro, 1963, p. 270. 4 . Carta a Tomé ele Souza, 1559, apucl Varnhagen, op. cil. , p. 300. 5. Beato Anchieta, op. cil. 6. ln Pedro Ca lmon, op. c it. , p. 278. 7. Ca rta ele 1° de j unho ele 1558, apucl Varnhagen, op. cit., p. 30 1. 8. Pedro Ca lmon, op. cit. , p. 284.
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ALENCASTRO
viamente a seu nascimento, haviam combinado até os detalhes. Eles se mudariam para outra cidade onde ninguém os conhecia, e antes disso se livrariam da menina. Escolheram o terreno baldio onde a deixariam, de preferência numa hora noturna, e na manhã seguinte paiti1:iam bem cedo pai-a seu novo destino, suas novas aventuras, suas novas alegrias, livres por fim do fai·do que a Providência incômoda teimava em colocai· sobre seus ombros. Altas horas da madrugada, um automóvel estaciona numa rua deserta, bem em fre nte a um antigo campo de futebol, agora tomado pelo mato. Envolta em roupas negras, a mãe de Adriana sai do automóvel dirigido por seu mai·ido, tendo nos braços um pequeno embrulho do qual pretende se desfazer. Inesperadainente, dois fai·óis surgem na extremidade da rua. Um carro se aproxima e pára bem atrás deles. A luz interna acesa deixa perceber uma família que se aperta dentro do veículo. Dois homens descem e perguntam à mãe de Adriana se precisa de algo. E les estão vindo de uma festa de aniversário e moran1 naquela rua, bem ao lado do campo abandonado. A mãe de Adriana gagueja; o pai sai e diz aos recém-chegados que não é nada importailte, apenas um pequeno defeito no automóvel, mas já está consertado. Os moradores estranham o fato, mas àq uela hora, naquele local, não há muito o que fazer nem dizer. Despedem-se, e o cairn parte levando Adriana, deixando no local pessoas desconfiadas. Pela terceira vez a menina sobrevivia. As tentativas de livrar-se de Adriana cessaram, os pais cada vez mais nervosos e inquietos. Em pouco tempo se sepai·ai·am. Cada um tomou seu rumo, e nenhum deles quis ficai· com Adriana. A menina fo i recolhida por uma fainíLia, que cuidou dela. Adriana sobrev iveu. Era uma menina triste, mas amada por Deus. • E-mai I cio autor : ciclalencastro @catoli cismo.com.br
AGOSTO 2006 -
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1 Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. São Félix de Gerona , Mártir + Espanha, séc. IV. "Depois de sofrer vários tormentos,foi açoitado por ordem de Daciano até entregar a Deus sua alma invicta " (do Martirológio Romano).
2 São Pedro Julião Eymard, Confessor (Vide p. 38)
3 São Dalmácio, Confessor + Constantinopla, séc. V. "Era monge havia 48 anos quando, em 431, saiu pela primeira vez de sua clausura, acompanhado de sua comunidade, para intervir no Concílio de Éfeso em favor dos Bispos fiéis, privados de sua liberdade pelos nestorianos" (do Martiriológio Romano-Monástico).
4 São João Maria Vianney, Cura d'Ars, Confessor, Patrono dos Párocos + Ars, 1859. Sua fama de pregador e confessor atraía gente de todas as partes da França. São Pio X o nomeou patrono de todos os párocos e pastores de almas.
Primeira Sexta-feira do mês.
5 NJ\. SENI lORA DAS NEVES Primeiro Sábado do mês.
Transfiguração de Nosso Senhor ,Jesus Cristo
Bispo dessa cidade. Notável por seu zelo e fé, favoreceu a nascente Ordem de Cister.
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Santo Alberto de Trápani, Confessor
Santo Alexandre o Carvoeiro, Bispo e Méír'Lir
+ Itália, 1307. Carmelita. A eficácia de sua pregação e o poder dos milagres obtiveram inúmeras conversões, especialmente entre os judeus. Provincial de Messina, abasteceu milagrosamente a cidade de alimentos durante o cerco das tropas do Duque da Calábria.
+ Ásia Menor, séc. III. Vagando a Sé de Cornona, na Ásia Menor, alguém, por zombaria, sugeriu para preenchê-la o carvoeiro local. São Gregório, o Taumaturgo, levou contudo a coisa a sério, pois percebeu sob aparências humildes urna grande alma. Alexandre era füósofo e exercia aquela função por humildade. Recebeu a coroa do martírio sob o Imperador Décio.
8 São Domingos de Gusmão, Confessor. ·J 4 Santos Auxiliares Esses Santos são assim denominados pela eficácia de sua intercessão nos seguintes casos: São Jorge (contra as doenças da pele); São Brás (garganta); Santo Erasmo (intestinos); São Pantaleão (fraqueza); São Vito (coréia ou dança de São Vito); São Cristóvão (furacões, pestes, viagens); São Dinis (possessões diabólicas); São Ciríaco (olhos e possessões); Santo Acác io (doenças na cabeça); Santo Eustáquio (preservação do fogo eterno); Santo Egídio (pânico, loucura, medos notw-nos); Santa Margarida (rins e gravidez); Santa Bárbara (raio e morte repentina) e Santa Catarina de Alexandria (estudantes, oradores, advogados).
9 Santo Osvaldo de Nortúmbria, Confessor + Inglaterra, 642. Fugindo para a Escócia quando seu pai foi derrotado e morto, converteu-se ao Cristianismo. Com ajuda celeste, derrotou os reis da Mércia e de Gales, reconquistando o reino da Nortúrnbria, do qual foi rei.
10 Santo Hugo de Montagu, Confessor + França, 1135. Monge de Cluny, foi eleito Abade de São Germano de Auxerre, e depois
12 Santa J-lilária e Companheiras, Mártires + Alemaqha, séc. III. Mãe de Santa Afra. Depois do martírio da filha, foi apanhada por pagãos quando rezava em sua sepultura. Estes atearam fogo às suas vestes, morrendo ela pela Fé de Cristo com três criadas: Digna, Euprébia e Eunônia.
13 São Cassiano, Mártir + Itália, séc. III. Mestre-escola muito consciencioso no cumprimento do dever, por sua fé em Cristo foi condenado à morte. Seu juiz deu plena liberdade a seus alunos pagãos para fazerem com ele o que quisessem, até levá-lo à morte.
14 Santo Eusébio, Confessor + Roma, séc. IV. Por sua fidelidade à ortodoxia católica, foi preso pelo herético Imperador Constâncio num quarto de sua própria casa onde, sete meses depois, rendeu seu espírito.
15 ASSUNÇÃO DE NOSSA SENI IORA [neste ano, no Brasil, transferida para o dia 20) Festa mariana de muito antiga tradição, a Assunção da Mãe de Deus foi solenemente procla mada como dogma por Pio XII, em -1950.
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anto Alsácio, Confessor
São Pio X, Papa e Confessoe
+ Ásia Menor, 358. Persa, servindo no exército romano, foi aprisionado por ódio à Fé, mas depois solto. Tornou-se então eremita numa torre na Nicom édia.
17 Santa Clara de Montefalco, Virgem + Itália, 1308. Entrou aos sete anos de idade para o convento da Santa Cruz, onde era superiora sua irmã, e Jogo demonst:rou tanto fervor quanto as melhores noviças. De elevadíssimo grau de recolhimento, foi agraciada por inúmeras aparições de Nosso Senhor e da Virgem Santíssima.
18 Santos l"lorêncio e Lauro, Mártires + Ásia Me nor, séc. II. Irmãos, talhad r s de pedra, quando terminaram de edificar um templo pagão, foram conve1tidos juntame nte c m os proprietários daquele, Pr ·ulo e Máximo, que os precederam no maitírio.
19 São João J ◄:u d cs , Confessor: Santo Ezequiel Moreno Dias, Bispo e Con fessor + Espan ha, 1906. Miss ionário agostiniano , passou 15 anos evangelizando as F ilipin a e de pois a Colô mbia , ond e fo i e levad o a Vigá rio Apostólico de Casanare e depoi a B ispo de Pasto.
20 Neste ano, no Brasil: Assunção de Nossa Senhora (ver dia 15). Sno Sam uel, Profeta do Antigo Testa mento Jud ia, séc . XI a.C. "Amado por Ol'11,1·, (. .. ] Profeta do Senho,; <'Slabeleceu a realeza íem Israel J e julgou a assembléia .l'<'Rllndo a lei de Deus. Antes do tempo do sono eterno, 11i11R11é111 se levantou para o ornsm·" (Do Ma rtirológio Romano - M onástico) .
22 NOSSA SENHORA RAJNHA (antigamente: Imaculado Coração de Maria). Santo Hipólito, Bispo e Mártir + Itália, séc. III. Célebre por sua erudição, "por causa de sua brilhante confissão de fé, sob o imperador Alexandre, foi precipitado de mãos e pés atados dentro de uma cova profunda cheia de água, onde alcançou o martírio" ( do Martirológio Romano).
23 Santa Rosa de Lima, Padroeira da América Latina e das Filipinas + Peru, 1.617. Aos cinco anos fez voto de virgindade, vivendo entre extraordinárias penitências e mortificações, perseguições diabólicas e comunicações divinas. Tinha freqüentes colóq uios com a Mãe de Deus e com seu Anjo da Guarda. Foi a prime ira santa a ser elevada à honra dos al tares no Novo Contine nte.
24 São Bartolomeu, Apóstolo
25 São Luís IX, Rei de f◄'ra nça, Confessor + Tunísia, 1270. Foi modelo de estadista, g uerreiro e ad ministrador cristão. E mpreendeu duas Cruzadas, morrendo na segunda, atacado pela peste. Devotíssimo da Paixão de Cristo, fez construir a famosa Sainte Chapelle, relicário de pedra e vitrais, para abrigai· a coroa de espinhos do Salvador.
ciais e estimulou a instituição monástica redigindo duas regras, nas quais tentou uma síntes·e das tradições egípcia e agostiniana" (do Martirológio Romano-Monástico).
27 NOSSA SENIIORA DOS PRAZERES.
28 Santo Agostinho, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja + Hipona, 430. Dele disse Leão XIII: "É um gênio vigoroso que, dominando todas as ciências humanas e divinas, combateu todos os erros de seu tempo". Morreu quando os vândalos punham cerco à sua sede episcopal, a cidade de Hipona, no norte da África.
29 Degolação de São João Batista + Século I, Palestina. Conforme narra o Evangelho, a santa intransigência do Precursor e m condenai· a vida pecaminosa de Herodes fez com que este, cedendo às maquinações de sua concubina, o mandasse degolai·.
30 Santa Margarida Ward, Mártir + [nglate rra, 1588. Da nobreza britânica, foi presa com seu servente irla ndês João Roche, por ter ajudado a fuga do Pe. Ricardo Watson. Foi- lhes oferecida a liberdade se pedissem perdão à ímpia rainha Elisabete, protestante, e denunciassem o esconde rijo do sacerdote. Tendo-se recusado a isso, foram enforcados e esquartej ados em Tyburn.
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São Paulino de Tréveris, Bispo e Confessor
São Cesáreo de Arles. Bispo e Confessor + F rança, 543. " Monge de Lérins, eleito mais tarde Bispo de Arles, fe z-se advogado da população galo-romana junto aos fran cos, presidiu importantes concílios provin-
+ Tréveris, 358. Defensor da Fé no Concíl io de Nicéia e grande partidário de Santo Atanásio, foi por isso exilado pelo Imperador ariano Constâncio para a Ásia Menor, onde morreu entre não católicos, vítima de sofrimentos e fadigas.
Intenções para a Santa Missa em agosto Será celebrada pelo Revmo. Padre David Fran cisqu ini, nas seguintes intenções: • Pelos méritos e graças próprios à Assunção da Mãe de Deus aos Céus - principal celebração mariana no mês de agosto - , rezando pelas almas dos policiais e carcereiros cruelmente mortos nos ataques do crime organizado, em São Paulo. Pelas mães que perderam seus filh os no cu mprimento do dever, contra os cri minosos. E por todos os policiais que arriscam suas vidas para manter a segurança pública. Rogando a Nossa Senhora da Assunção que, em situações trágicas semelhantes à que está sendo vivida em São Paulo, Ela proteja especialmen te todos os Estados brasil eiros e ampare de modo maternal os simpatizantes de Catolicismo e seus familiares.
Intenções para a San ta Missa em setembro • Em honra da Exaltação da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo - festa que se comemora neste mês - , pedindo para todos os colaboradores, assinantes e leitores de Catolicismo o amor à Santa Cruz e as forças necessários para não aban donarem nunca as cru -
Quem recebeu o mandato? Foram as pessoas por quem hoje humildemente falo , os milhões de possuidores lega is de armas de fo go do meu País e os outros vários milhões de eleitores que, mesmo não sendo eles próprios proprietários de armas, entenderam e apoiaram. a profunda necessidade de conservar para todos um precioso direito constitucional. Foi um ,nane/ato que rej eitou toda tentati va posterior de erosão de direitos. Foi um mandato que rejeitou a interferência internacional. Foi um 1nanda10 que deve ser reconhecido e respeitado".
Embora seja difícil avaliar o grau de impacto do discurso, o fato é que o milionário lobby desarmamentista, que atua com total desenvoltura nos gabinetes da ONU, fracassou em incluir as armas de possuidores civis respeitadores da lei no chamado Programa. de Ação objetivado pela mencionada Conferência. A oposição dos Estados Unidos foi , certamente, decisiva. Mas a voz dos vencedores do referendo brasileiro, na pessoa do Cel. Pacs de Lira, fez-se ouvir de modo muito convincente, a contragosto da poderosa
O "não" ao desarmamento: afinal, voz e vez na ONU L iderança antiproibicionista do referendo de 2005, o Cel. Paes de Lira discursou no plenário da Conferência sobre o controle de armas leves da ONU, perante delegados de mais de 100 nações [1 SÉRGIO D INIZ BIDUEIRA
m 30 de junho de 2006, a convite do World Forum on Lhe Future of Sport Shooting Acli vities, com patrocínio do mo_J vimento Pela Legítima Defesa, o Cel. Jairo_ Paes de Lira discursou no plenário da Conf erência sobre o controle de armas Leves da Organização das Nações Unidas, relatando aos presentes a épica mobilização que levou 60 milhões de brasileiros a pronunciarem-se contra o falacioso desarmamento dos homens de bem. Eis um eloqüente trecho do discurso: "O resultado do referendo no Brasil, em outubro úllimo,foi um mandato... Os desarmamentistas internacionais, especialmente poderosas ONGs, estiveram ú1.tima e extensivamente envolvidos em dar apoio ao banimento do direito às armas na campanha do referendo. Eles perderam. Eles não receberam o mandato!
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CATO LICISMO
IANS/\ - lnternational Action Network on Sma/1 Arms (Rede de Ação Internacional so-
bre Armas de Pequeno Po1te) e de seus associados no Brasil, como o Viva Rio, Sou da Paz e outras ONGs. O ·I. Paes de Lira, que já havia pa.tticipad o do Congresso anual da presti giosa N.R.A. 111 Milwaukee, em maio último, teve agora a ocasião de tomar contato em Washington com numerosas lidera.i1ças locais, acompan hado pelo Dr. Mário Navarro da Costa, 1 irctor do Bureau da TFP americana naquela capital. Após paJestrn no dia 28 de junho úllimo, proferida na sede do Bureau, o iJustr • mil itar foi agraciado com a Medalha da Associação São Gabriel Possenti, por John Snyd •r, s •u fundador e presidente. A entidade ·on •rega diversos movimentos defensores do dir •ito ao uso e posse de a.imas. 1or lim, o Cel. Paes de Lira visitou a sede prin ·ipnl da TFP no1te-americana, em Spring Grov ·, na Pensilvânia, onde teve a ocasião de -1' •tuar contatos e debates com membros e coop ·radores daquela valorosa entidade. • E-mull pum o autor: catolicjsmo@catoli cismo.com,br NotnN:
Cel. Paes de Lira recebe do Sr. John M . Snyder a medalha de São Gabriel Possenti, padroeiro dos atiradores
Polônia: Marcha contra o aborto e pela família N a capital polonesa, manifestação expressou bem a sadia reação católica, que não admite certos projetos e leis impostos pelo Parlamento Europeu, e que contrariam o ensinamento da Santa Igreja n LEONARDO
PRZYBYSZ
Correspondente na Polônia
Cracóvia - No dia 4 de julho, com a pa.tticipação de mais de 2 mil pessoas - entre elas o ministro da Ed ucação, Roman Giertych, o deputado Wojciech Wierzejski , dois ju ízes do Supremo Tribunal da Ju stiça e vários representantes da TFP norte-americana - realizou-se em Varsóvia a primeira Marcha pela Vida e Pela Família. A manifestação fo i uma iniciativa da Associação pela Cu ltura Cristã Padre Piotr Skarga e da Fundação Pro. Com slogans, cartazes, faixas contra o aborto e o homossexuali smo, a marcha fo i animada por uma fa nfa rra, durante todo o trajeto de vári os quilômetros. Encerrou-se na praça do Teatro, no centro da capital polonesa. Face ao grande interesse e entusiasmo dos pa.tticipantes, os organizadores anunciaram a intenção de realizar idêntica manifestação no próx imo ano, e quiçá todos os anos, a fi m de contrapor-se à insistente pressão do lobby anticatólico, atuante no Parlamento Europeu no sentido de legali zar os pecados de sodomi a e aborto. Uma reação por pa.tte da opinião católica na Polôni a tem crescido, visando opor-se vigorosamente a tais aberrações, que atentam contra a Lei natural e clamam a Deus por vi ngança. • E-mail do autor: leonardoprzybysz@catolicismo.com.br
Worlrl !-'ort1111 on lhe Future of Sport Slwot ing Activ/1/1 •,,·: wfsa.or Pelo l,1•11/1/1110 Defe.w : www.pelaleg itimadefesa.org.br
AGOSTO 2006 -
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Na França, conferência do Príncipe Imperial do Brasil No centro de Paris, a TFP francesa organizou evento evocando o glorioso _passado medieval como inspiração para o presente e para uma civilização ainda mais perfeita mJEAN
G oYARo
França
pouca distância das nobres grades do Parque Monceau e a três minutos do Arco do Triunfo, no grande sa lão Hoche, às 19 horas do dia 23 de maio de 2006, um acontecimento arrojado: 400 convidados estão à espera de Sua Alteza Imperial e Real Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, para ouvi- lo discorrer sobre tema relevante: A Civilização Cristã - valor ultrapassado e incômodo, ou farol para o futuro? Ao convidar o Príncipe Dom Bertrand, a TFP francesa atend ia ao crescente interesse dos seus correspondentes e amigos não só pela Famíli a Imperial do Brasi l, mas por esse país-continente de pai sagens de sonho, cuja fecunda agricultura não pede senão a liberdade de iniciativa para se tornar a primeira do mundo. O Príncipe Imperi al do Brasil desenvolveu de modo muito pedagógico o tema proposto, abordando aspectos variados e apaixonantes, tais como: - A sociedade contemporânea conhece verdadeiros progressos: não é falso pretender que a hum anidade não fez senão decair após o fim da Idade Média? - Pode haver verdadeira civilização em povos não cató licos? - Como se apresentariam eventuais civi li zações cristãs não medievais? - Para ser fiel ao passado, eleve o futuro ser necessariamente uma cópia ela Jclacle Média? - Tudo isso não seria um sonho? Cumpre engajar-se no caminho ela novidade, sob pena ele ser posto ele lado por todo o mundo? CATOLICISMO
- Como co nci li ar o amor ela época medi eva l e uma ação eficaz na sociedade? A resposta ele Dom Bertrand à quarta questão foi um exempl o de sua destreza e med ida, ao dizer: "Mencionar a Idade Média como um exemplo a imita,; não significa copiá-la. Assim, a Igreja recomenda a todos osfiéis imitar Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Divino Fundado,; e não ·opiá-lo nos detalhes de Suas ações, o qu , seria ridículo. Uma era hist6ri ·a pode inspirar uma outra, mas é impo.1·.1-fvel, , mesmo não desejável, que a copi '; 11111ito do que existiu na Idade Média deve nos inspirat; mas não tudo". /\ um tempo entusiasmado e atônito, o auditório quis prolongar por 45 minutos esse co nvívio com o Príncipe, fazendo- lhe numerosas perguntas sobre o Brasil , seu idea l d' ontra-Revolução, e até mesmo
suas idéias sobre certos aspectos da Revolução na França! Um público muito parisiense, amigo e em ambiente ameno: eis as características desse evento que cercou a vida soc ial da cap ital francesa antes da interrupção costumeira do verão. Tinha-se vindo na esperança de ver um príncipe digno, e se encontrou um cató li co empreendedo r, um ari stocrata responsáve l, um cruzado refl etido que fazia apelo aos valores tradicionais para oferecer uma visão de civili zação resolutamente voltada para o futuro.
Seguiu-se um coq uetel, dominado por uma efervescência alegre e ca lmamente sati sfeita. No momento em que o caos parece submergir o mundo contemporâneo co m o igualitarismo e as monstruosidades que aí estão, esta confe rência foi como ox igênio em ambiente rarefeito, que revigorou a confiança de todos aqueles que se recusam a cruzar os braços. • E-mail para o auto r:
AGOSTO 2006 -
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Afresco no qual se destacam a seriedade das fisionomias e o pudor
■ Pu N10 C oRRÊA DE OuvE 1RA
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sta é a pintura da Virgem Santíss ima conhec ida como Madonna della Strada (Nossa Senhora da Estrada), situado numa capela entre o altar de Santo In ác io e o altar-mor da igreja ll Gesi't, dos jesuítas, construída em Roma entre 1568 e 1594. Alguém poderi a objetar: "Mas não é estranho que haja naquela igreja um altar entre o de Santo inácio e o altar-mor? Não se compreenderia melhor que ele estivesse bem junto ao altarmor?". Eu responderia que, onde se encontra Nossa Senhora, todo mundo recua, por reverência. E o altar d'Ela não poderia figurar depois da imagem de um santo. O afresco miraculoso da Madonna della Strada, particularmente caro a Santo Inácio, é muito venerado. É uma bela e expressiva pintura. A Santíssima Virgem dá vagamente a impressão de usar trajes de uma imperatTiz bizantina, num estilo meio orientalizante, embora a pintura apresente indícios de pertencer à escola romana do século XV. Sua fisionomia é muito séria, como também muito séri o é representado o Menino Jesus. É fl agrante a dife rença entre esse Divino Infante todo vestido, cheio de pudor, em traje de gala, e imagens do Menino Jesus despido, ou quase tanto, que se vêem em tantas igrejas; como se Nossa Senhora fosse uma Mãe despreocupada e indolente, que não ~ tivesse o cuidado ném a di spos ição de cobrir o corpo sagra- 15 do de seu Filho. • ]
A igreja do Gesu
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essa principal igreja dos jesuítas, encontra-se o quadro da Madonna della Strada. O edifício foi construído por Vignola ( 1568), apó s ter sido rejeitado um projeto d Michclangelo em 1554. Em seu interior está sepultado o fundador da Companhia de Jesus, Santo Inácio de Loyola. A fachada, de autoria de G. della Porta, data de 1594. A planta da igreja segue a orientação do gosto da época: o espaço interno sofre a influência, do ponto de vista d perspectiva, da curvatura da abside e da cúpula, enquant as capelas laterais, subordinadas à nave central, apr s nt m a característica de uma real unidade com esta.
Exce rtos da conferência proferida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em 11 de novembro de 1988. S
Nยบ 669 - Setembro 2006 - Ano LVI
Para este mundo convulsionado, . ' . em meio a crise que abala a lgieja
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Pu N10 C o RRÊA DE OuvE1RA
SeLembro de 2006
Desconcertante! C om o título em epígrafe, Plinio Corrêa de Oliveira publicou um artigo na "Folha de S. Paulo" cm 30-4-1 non. Continua tão atual, depois de 37 anos, que dispensa comcntúr·ios.
-CATOLICISMO
" O Epi scopado cubano está co m uma pastora l co letiva pro nta, a ser lid·1 cm todas as igrejas, protestando em term os vi o lento. contra o bl oqueio estabelec ido pelos Estados Unidos em torno da Ilha. Uma vez que, notoriamente, o govern o de Fidel Castro utili za o território cubano como entreposto so vi ético e chin ês de exportação de idéias subversi vas e de guerrilheiros para toda a Am éri ca, vejo no bloqueio de Cuba uma medida justa, e indi spensá vel para a defesa do nosso continente. A atitud e do Ep iscopado cubano me parece, poi s, exatamente o contrári o da qu e deveria ser. Se nesta matéri a alg um a coisa pudesse pasmar hoj e em di a, eu diria que esta é pasmosa. N ão quero, entretanto, deter-me ne te ponto. Como se sabe, Fidel Castro fez de La Cabana um do lugares mai sini tro · de nossos dias. Ali são detidos, maltratado t:ru idado quanto ag m contra o comunismo. D e algum modo, toda Cuba é uma La al ema, uma imensa pri são onde os cubanos de ambos os sexo. , que não fora m mortos ao pé do pared6n ou qu não conseguiram e capar para o exteri or, são sujeitos a arbitrariedades de toda ordem, a trabalhos forçados nas propri edades agríco las do Estado, etc. Por que os bi spo. de uba são tão frios na defesa das vítimas da tirani a co muni sta? Minha pergunta vai mais fu ndo. Os bi spos cubano sabem perfe itamente que, pleiteando a supressão do bloqueio ameri cano, trabalham para a consolidação do governo Fidel Castrn. I sto é, para a perm anência do carrasco no poder. Mais urna vez pergunto: não se compadecem eles de seus compatriotas? Estes prelados imaginarão tal vez, com atitudes tais, aproximar da I grej a os comunistas. Se for assi m, dão provas de urna falta de tino desconcertante. A o mesmo t ·11po qu • s · pn •111 •I •i, a pastorear lobos corno e foss m v lhas, v, o p rd ·ndo ·rn11 rnp11h •1 vertiginosa sua influênc ia sobr suas v ·rtlad ·irns ow ll 111~, o~ c11111li1·111, fi éis, sempre mais eh cados com atilud ·s 11o · •11s11r 1wiN. Vendo tanta de ori ntaç,) · tn hora 1,1o r niw, l i\'11 11 11 11' p1·1 t11111 :11 com que t rm )S um hi stori 11d0t 11·1i111 w 11h· 1111111i v11, daqui a · 111 anos , há ti · ·0111 ·11111r 11110.~ 111 1 "
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Excmnos
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CARTA oo DnmTOR
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PÁGINA MAmANA
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LEITURA EsPIRl'l'lJAI ,
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Co1mESPOND1~:N<:tA
Nº 669
Apa1ição de Na. Sra. para toe/a a cidade O sacramento da Eucaristia
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P ALAVl~A DO SA<:mmoT..:
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REAl,IDADI~ CONCIS/\1\11-:N'l'E
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NACIONAi,
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ENTmWtSTA
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Pro jeto Jaíba: após [J'acasso, agora prospera
A Inquisição, segundo a verdacle históâ ca
om: NossA
S1•:N1m1v\ C110RA?
INFOl~MATIVO RtJRAI,
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Esrl,l~NDOIU:S DA CRISTANDADE
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CAP/\
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VIDAS m: SANTOS
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INTEl~NACIONAI,
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D1s<:m~NINDO
44
SANTOS ..: F1,:sTAS DO Mf.:s
4(i
AÇÃO CON'l'IM-REVOUJCIONÁIUA
Veneza: uniclade e va1iedade
Revelações de Nossa Senhora de La Salette São Pedro de AI'bués
Pseudo-sucessão para manter fidelcastrismo O Diá1io de Mal'ie-Edmée (excertos)
52 AMnnwn:s, CosnJMl•:s, C1v11.1~Açü..:s Vocação do povo japonês: espMto abstrativo
Nossa Capa : Imagem de Nossa Senhora de La Salette, no local da aparição . Ao fundo, lizaçã o. o santuário erigido em sua honra pouco acima dessa loca_
SETEMBRO 2006 -
Caro le itor,
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Paulo Corrêa de Brito Filho Jornalista Responsável:
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Mai s do que nunca , o mundo precisa le var c m consid ração as revelações de Nossa Senhora de La Salette. E ntretanto, apesa r ele a mai ori a cios ca tó li cos j á ler ouvido fa lar a respeito do te ma, poucos conhecem o conteúdo ele ta is rcvc laçõ s. Em 1846 - prec isa me nte há 160 anos - e las fo ra m co n l"i adas a doi s pastorinhos, M é lanie Ca lvat e Max imin Giraucl, nas be las mo ntanhas ela reg ião ele Grenoble, nos contrafortes cios Alpes fran ceses. Poucas aparições da Santíssima Virgem foram reconhecidas oficialmente pe la autoridade ecles iásti ca, e La Salette é uma dessas, aprovadas canoni ca mente pe la Igreja. Assim co mo as apari ções a Santa Catarina Labouré, em Paris ( 1830); a Santa Bernadette Soubirous, em Lourdes ( 1858); e aos três vide ntes ele Fátima ( 1917) ; a lém ele quase I O outras aparições me nos conhec idas. Nossos le itores, ao tomarem conhecimento ela maté ri a de capa desta edição, perceberão que, para nosso séc ulo convul sio nado pe las mais diversas desordens, as reve lações ele La Sa lette indi ca m o ca minho seguro para a única solução: a conversão cios pecadores, ta nto le igos qu anto ec les iásticos. A Sa ntíss ima Virge m apareceu cho rand o; para isso, motivos não faltavam naqueles idos ele 1846. M as obretuclo na época alua i eles não fa lta m, e bem mai s graves e tristes. Os home ns conte mpo râ neos, ele modo gera l e crescente, encontram-se em estado de rebeldi a contra seu C ri ador, afastados ele se us mandamentos, imersos no pecado. Após a Redenção, nunca a virlucl foi tão esca rnec ida e o vício tão exaltado; nunca a cri se que aba la a Sa nta Igreja foi tão intensa. Em La Sa lette Nossa Senhora adve rtiu contra a "abornin.açüo nos lugares santos"; e m 1972, Paulo VI afirmou que a ' jiuna.ça de Satanás" penetrara no Templo ele Deus. Diante dessa trág ica situ ação, não é prev isível um casti go, também anunc iado em Fátima? Até quando a Sa ntíss im a Virgem conterá o braço ele seu Divino Filho, pronto a desfechar um a jusli cei ra punição? Não deverá haver depois desses acontecimentos, co mo di z ã Luís Grigni o n ele Montfort, um a renovação ele todas as co isas e um R ino ele Maria? Catolicismo ap resenta a seus le itores essas importantes reve lações, com base em documentada obra cio padres Michel Cortev ille e René Laurentin, editada e m 2002 com ap rovação eclesiástica cio B ispo ele Év ry (França), Mo ns. Michel Dubost. Cabe a todos nós lifunclir as proféticas palav ras el a Santa Mãe ele Deus reve ladas em La Salette, ressa ltando a necess idade de reparação, de penitênc ia e de um a conversão sincera e profunda. Desejo a todos uma boa le itura.
Nossa Senhora de Valenciennes, um milagre notório A Santa Virgem bem pode mostrar-se a muitos de seus filhos, assim como deixar um sinal da sua presença. Por que não há aparições mais freqüentes da Virgem Santíssima nos dias de hoje? •
V ALD IS GRINSTEINS
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CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
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M
uitas vezes as pessoas se deixam levar pe las impressões e não aprofundam o estudo dos proble mas, especialmente em assuntos religiosos. Isso se deu com um amigo meu. E le chegou à conclusão de que, quando a Virgem aparece, é sempre a uma só pessoa, no máximo duas ou três. E ele preferência a mulheres. Motivo? Ele conhece apenas as aparições de Fátima (a três pastorinhos), Lourdes (a Santa Bernarclette Soubirous) e a ela Medalha Milagrosa (a Santa Catarina Labou ré). Como nessas aparições os videntes são poucos, conc luiu que sem-
pre é assim. Como quatro cios cinco videntes são mulheres, daí lhe veio a conclusão correspondente. Ora, se nos dedi carmos um pouco a esse estudo, veremos que essas conclusões não têm fundam ento. Dois estudiosos ele aparições marianas, Michael Carrol! e Yves Chiron, têm estudado o tema com base em documentos, e de forma c ientífica . Ambos chegaram a conclusões semelhantes: a maiori a das aparições tem como videntes pessoas do sexo masculino: 58 %, sendo 42% para pessoas cio sexo fe minino. 1 Quanto ao núm ero de videntes, o assunto é muito mais co mpli cado, pois há de tudo, litera lmente. Há aparições em que duas pessoas estão presentes, mas só uma vê a Virgem.
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Em outras, como as de Fátim~, um vê, ouve e fala (Lúcia); outro só vê e ouve (Jacinta); e outro apenas vê (Francisco). Há numerosas aparições em que o be neficiário é uma só pessoa. Mas em outras elas são tantas, que ninguém as contou. Há até o caso d e um a c id ade inte ira , o de No ssa Senhora de Vale nciennes, que passo a narrar.
Uma peste e uma avarição
cio Nossa Senho ra que deixa cair uma fita. Faz parte ela proc issão um a co nrrari a med ieva l chamada Raiados de Nossa Senhora do Santo ore/ão. Essa denomin ação é devida ao fato de que seu traje (ra iado) te m li stas azui s e brancas. Qual era a população ela c icladc na época? Pergunta nada fácil ele responder, claclo que não havia os censos regulares ele hoje. Há algum tempo a população está estabilizada cm torno ele 40.000 habitantes. Mas é difícil caJcul ar quantos era m no século X I. E m todo caso, para levantar uma cifra, suponhamos que a peste tenha matado metade da população. Isso faria com que ainela houvesse 8.000 pessoas vivas para ver a Virgem. É muita gente !
Com os progressos da medicin a moderna, não temos idé ia cio pavor que despertava antigamente a palavra peste. O conhec ime nto cio que são as bactérias causadoras da peste, como se prop aga m e como podem se r E nos e/ias de hoje? combatidas era praticamente nulo, Quando conto às pessoas os mi e saber que a peste começou numa lagres da Virge m, muitas me pe rcidade era de apavorar. No ano de guntam por que isso aco ntec ia an1008, na cidade de Val e nc ie nnes, tes, e não nos dias de hoje. Para ennorte da França, o pavor tinha razão tender o motivo, elevemos prime iro de ser, po is em poucos dias morreobserv ar q ue o mil ag re está in tim aram cerca de 8.000 pessoas! me nte re lac io nado com a fé. Um Saber que a morte está por permilagre costuma ser um prêmio pe la to, sempre torna as pessoas ma is reíé co m que se acred ita o u se rezo u, 1ig iosas. Além di sso, na Fra nça, as o u e ntão é fe ito para fo rtal ecer a fé. pessoas dessa época eram rea l e sin Os milagres não ocorre m por moti ceramente religiosas. Por isso nada vos banai s, po is o mesmo Deus que estranh a que e las se tenham voltado Visto de Volenciennes, França opera o milagre é o que fez as le is ao Céu para pedir que as protegesse ela natureza, elas quais o mi !agre é da peste mortal. uma suspensão. E seri a contrário à sabedoria estabe lecer leis Havia perto da cidade um eremita2 de nome Bertelai n, o qual que podem ou devem ser suspensas a todo momento. também pediu à Virgem proteção para os habitantes. Nossa SeNossa Sen hora faz milag res tendo co mo meta to rn ar as nhora apareceu-lhe, e disse que faria um grande mil agre visíve l pessoas melhores, e não s praticaria para que seus filhos se para todos, na noite ele 7 de setembro. O eremita percorreu a citornassem piores. Pense mos um momento no que aconteceri a dade, contando o fato, e na data marcada a população encheu as se na c idade onde moramos houvesse o mes mo qu e em mu ralhas, torres e lugares mai s elevados. Nessa noite, efetivaVale nciennes: Nossa Sen hora aparece no céu e todos a vêem. mente, no me io de uma grande luz bem visíve l para todos os Passado um primeiro momento de encanto, logo Leria que hahabitantes, Nossa Sen hora caminhou em redor da cidade, deiver uma mc lh ra si gnificativa na íé e na mora l. Quantas pesxando cair no trajeto uma fita vermelha. Não se pense que foi soa es tariam di spostas , em nossa cidade atua l, a de ixar seu coisa de um instante, ou que Nossa Senhora percorreu poucos modo de vida afastado ele Deus ou co ntrári o a E le, e passar a metros. Foram nada menos que 14 quilômetros, e a cidade inteira viver re lig iosamente? Mais ainda, quantos estariam d ispostos ass istiu ao fato. A ponto ele, ao contrário ele outras aparições, nas a aba ndonar seus vícios morais e reformar seriamente sua vida? quais as fo ntes hi stóricas são poucas, todas as crônicas da cidade Não haveri a o peri go de, pelo contrário, as pessoas se revoltae da época falam do ocorrido, como sendo de notoriedade públi rem por ter que deixar seus roubos, mentiras, in vejas, tele vi ca. Mais ainda, a fita se guardou num relicário na cidade durante são imora l, modas indece ntes? Quem recebe um mil agre e não muitos séculos, até que durante a Revolução Francesa fo i quei muda, fica pior cio que era antes. Para que fiqu em piores, Nosmada! Pois os revolucionários não querem saber de provas: com sa Senhora certamente não va i aparecer... O que nos leva a elas ou sem elas, seu ód io é igual contra Deus, a Virgem e a me li tar quão longe estamos ela fe li z Val encienn es med ieva l verdadeira Igreja. em que, por sua fé e virtudes, as pessoas mereceram ver a Uma procissão e o milagre Virgem . Peçamos a E la que reali ze em breve sua promessa do triunfo cio Imac ul ado Coração, para assim podermos viver Nossa Senhora fez saber ao eremita o significado dessa numa civi li zação realmente cristã. • fita: E la queria que no dia seguin te, festa ele sua Natividade, E-mail do autor: va ldi si;:rinstcin s@catoli cismo.co m.br fosse fe ita uma proc issão seguindo o percurso da fita, e com isso acabaria a peste. E se a procissão fosse re petida a cada ano, Ela protegeri a a c idade de outras pestes seme lhantes. Notas: No dia seguin te, efetivamente, a proc issão foi rea li zada 1. Yves Chiron, E11q1.1ête s11r le.1· apparitio11.1· de la Vierge, Ed . Perrin -Ma me, por toda a popul ação da c idade, e a peste cessou. Até o dia ele Fran ça, p. 37. 2. Pessoa que vi ve isolada, dedi cada à oração e penitência. hoj e se faz a proci ssão, co nduz indo uma imagem representan -
-CATOLICISMO
A Sagrada Comunhão
(Conclusão)
N a edição anterior, publicamos um trecho* sobre as graças próprias àquele que recebe a Eucaristia. Concluindo, reproduzimos um texto sobre como agir após a comunhão e a respeito da comunhão espiritual.
"
epois de ter recebido a sagrada comunhão, eleve mos permanecer algum tempo em devota oração, adorando a Nosso Senhor, entretendo-nos confiantemente com Ele, rendendo-Lhe graças, oferecendo-Lhe todo o nosso ser e pedindo-Lhe favores para nós e para os outros. A ação ele graças eleve durar no mínimo LO minutos. O melhor é estendê- la por quinze minutos. Os minutos durante os qu ais Jesus, e m sua humanidade e divindade, está rea l e verdade iramente presente em nós são os mai s prec iosos e fe li zes ele nossa vida. C umpre, poi s, que os passe mos em recolhime nto o mais profundo. Isto exige a consideração dev ida ao Divino Hóspede e a nosso próprio proveito. Para se fazer uma boa comunhão, não é preciso ex perimentar um a devoção se ns íve l. Apesar ele tod as as di strações involuntárias e ela maior aridez espiritual , poderemos estar certos de ter fe ito uma boa comunhão quando, depoi s dela, nos levanta mos com o firme propós ito de empregar o presente dia em servir a Deus com toda a fidelidade. [... ] Durante o di a em que comunga mos, elevemos estar ele espírito recolhido. Co mo continuação de nossa ação de g raças, empreguemos todas as horas até ao meio-dia ou até às vésperas; e daí e m diante comecemos a nos preparar de novo para a comunhão do dia seguinte. Deste modo tornar-se-á este augusto Sacramento o ponto central de toda a nossa vida. Quando não pud e rmos comungar sacra me ntalmente , façamo-lo espiritualmente. A comunhão espiritual , quando bem feita, tem um valor indizíve l. A comunhão espiritu al se faz: 1. preparando-se sumariamente, como se costuma para a comunhão sacra mental; 2. convidando Nosso Senhor a entrar em nosso coração; 3. adorando-O, re nde ndo-Lhe graças e pedindo-Lhe favores, como se E le realme nte estivesse presente em nosso coração. Devemos fazer muitas vezes a comunhão espiritual: 1. porque e la é muito do agrado de nosso Divino Salvador ; 2. porque ela produz e m nossa alm a frutos seme lhantes aos ela comunhão sacra mental; 3. porque ela é muito fácil ele se fazer, podendo ser prati cada quantas vezes qui sermos. A comunhão es piritual pode ser feita a qua lque r te mpo,
Os minutos durante os quais Jesus, em sua humanidade e divindade, está real e verdadeiramente presente em nós são os mais preciosos e felizes de nosso vida
em qualquer lugar e nas mais diversas circunstâncias. É ela uma excelente preparação para a recepção do Santíssimo Sacramento . Faça-se a comunhão espiritual principalmente: a) nos dias em que não se comunga sacramentalmente; b) durante as vi sitas ao Santíssimo Sacra mento; c) depois do exame de consciência; d) toda vez que se sinta impelido a fazê-la". • Fonte:
* Frei Antônio Wallenst.ein, O.F.M. , Catecismo da Perfeição Cristã,
Ed itora
Vozes, 1956, pp. 29 e 30.
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aq ue les conhecimentos técnicos mais rudimentares, construíram-se edifíc ios grand iosos que estão de pé há 1000 a nos. E que continu arão po r mais 1000 anos, constituindo atração turística para pessoas de todo o p laneta, que ficam extas iadas diante daque las g ra ndi os id ades. Em no ssa é poca constroem-se modernices com materiai s ord in á ri os, e na Idade M édia com maté ri as preciosas, mármores lindíss imos, etc . Q ua l é a é poca de tre va ? A medieval o u a mode rn a? (P.E.K. -
RN)
Co11struções "1,etas de Deus" ~
Co1po Místico de Cl'isto ~
Acabei de ler a reportagem sobre
as construções das igrejas como antigamente e nos dias modernos. F iz um raciocínio que não sei se é falso ou verdadeiro: a igrejas construídas seguindo os estilos tradicionais são imagens perceptíveis do Corpo Místico de C ri sto, mas nas construções modernas das igrejas, por assim dizer, procedeu-se à decapitação da cabeça desse Corpo. E las não são imagens de Cristo, que é a Cabeça do Corpo Místico da Igreja; ao me nos as mais hi per-modernas como aquela da página 30. Que diferença com a catedral da página 31. Esta, por assim dizer, parece ser algo do Céu na Terra. O mesmo podemos dizer das duas construções na capa da revista: a de cima é uma entrada para o Céu, e a de ba ixo ... para uma caverna infernal. (A.P.P. -
PE)
Época de trevas? Qual? Ex is te uma co ntrad ição muito g ra nde nessas edificações modernas, porque em nossos tempos, nos q ua is a e nge nharia e a técn ica a ting iram a ltíssimo patamar de con hecimentos como nunca se viu , ed ificam-se ig rejas como palhoças, "ma is fe ias que o pecado "; e na Idad e M éd ia, com
-CATOLICISMO
S upo nho que li numa revista a n-
tiga (p rocure i, mas não a e ncontrei) que as construções são " netas de Deus", porque são filhas dos home ns que as construíram. Os homens, como fo ra m c ri ados à im age m de Deus , construíam as ig rej as procurando que e las fossem em a lgo im age ns do Céu, imagen s do Criador. Das construções de estilo moderno, ninguém se atreveria a dizer que são " netas de Deus", porque não retratam as belezas de Deus. Não apo ntam para o Cé u, mas ape nas para a matér ia terrena. Então são netas de quem? Ne m ten ho coragem de responder, mas torço para que, com as reações que estão acontecendo - como explica o artigo - apareçam engenheiros que construam dignas " netas de Deus". (N.N.G. -
PR)
Deturpação da estética -
E u ti nh a lá meus J 8 a nos quando
e ntrei pela primeira vez numa igreja de arqu itetura modern a. F iquei com a impressão de que estava de li rando. Co mparava me nta lm e n te a ve lha ig reja (e rg uida no sécul XVIU) de minha c idade co m aq ue les espaços arqu itetôn icos extravagantes que estava vendo pe la prime ira vez. Fo i para mim uma decepção, porque não percebia Deus presente. Comente i com um amigo, e ele disse-me que era uma nova estética, ao que respondi que era
um a deturpação da estética. Depois de muito bate-boca, e le acabou concordando mais o u menos com igo. Mandei para e le esta rev ista, ac ho que vai convencê- lo me lh o r, poi s com uma a rg umentação muito me lhor do qu aque la q ue e u tinha aos 18 anos ... (A.P.O. -
MG)
Giulio Patrizi di Ripacandida, da história de M em de Sá, da vida de São Pedro Julião Ey mard, como também das fotos e pinlllt"as desses personagens. (M.A.Z. -
(D.G. -
SE)
O aspecto ela beleza Para um ed ifício de escri tórios, ou res ide nc ial , há constru tores que infe li zmente não levam em cons ideração o as pecto do belo, e tem-se que e ngolir contra a própria vontade. Mas para uma igreja, que deve ser um lugar sagrado, a ca ·a de De us, não levar em consideração o aspecto do belo é inadm issível, não combina, não é apenas fe io, é ho rroroso. Mesmo préd ios que não tenham caráter re lig ioso poderiam levar e m conta também o aspecto da beleza. Esta não f"az mal a ningué m e faz bem para lodos os moradores. Até o trabalho re nlc mai s num local belo, sendo mais difíc i I as pessoas ficarem estressadas. Mas há gosto para tudo ... D izem que gos to não se discute. Eu não concordo muito com isso. Nas artes plásticas, essa discussão é muito impo rtante para se obter a volta da arq uitetura com estilos de real valor artístico. (E.E.I.M. -
RJ)
Em toco A lém do artigo de capa, também gostei muito da entrev ista do Marquês
RJ)
Vale a pena A formidáve l coluna deste mês [Ca-
tolicismo, Agosto/2006] do ilustre sa-
Pode-se definir como " mode rn a" a c hamada arte moderna? É uma questão que precisa ser melhor definida, poi s mais parece arte primitiva, porque inspirada, em certa medida, no paganismo antigo. Esse chamado "moderni smo" é um esti lo velho, de "arte" muito anterior à Idade Média, que remete ao primitivi s mo de tempos ime moriais. Parece-me que os senhores o defin iram muito bem como "estilo neopagão".
(P.D.M. -
BA)
"Fiat lux" ~
Ncopaganismo
suas roupas e apela aos sentimentos que se alojam no coração de todas as pessoas".
cerdote [Cônego José Luiz Villac] solidifico u algumas de minhas reflexões atinentes aos ininligos internos. Sem dúvida, os estragos que ta is inimigos fazem são piores do que aq ueles feitos pelos que combatem a Igreja de fora para dentro. Para mim fo i o "fiat lux", a.o ler vossa explicação do trecho da segunda carta. do Apóstolo São Paulo aos Coríntios: "Porque esses são .fál-
sos apóstolos, operários fingidos, que se transfiguram em apóstolos de Cristo. E não é de admirw; visto que o próprio Satanás se tran~fonna em anjo de luz" (Il Cor. 11 , 13). E, conforme esc reve o Senhor no seu comentário, "objeto de uma perseguição virulenta e mesquinha dentro da Igreja. Devemos, pois, corrigir nossa visualização ingênua dosfatos internos da Igreja, como se os inimigos estivessem só fora dos seus limites sagrados. Não! Eles se insinuam Igreja adentro, nústuram-se com os verdadeiros fiéis e procuram transviá-los, semeando a divisão". Isso me impressionou a tal ponto, que fez rev iver na memória um trecho de Cícero que eu tinha copiado, e que confere inte i.ramente com o de São Paulo. Feli zmente e ncontrei o trec ho do gnu1de Cícero e o envio para o Senhor comentar, se desejar: "Uma nação
pode sobreviver aos idiotas e até aos gananciosos. Mas não pode sobreviver à traição gerada dentro de si mesma. Um inimigo exterior não é tão perigoso, porque é conhecido e carrega suas bandeiras abertamente. Mas o traidor se move livrem.ente dentro do governo, seus melijluos sussurros são ouvidos entre todos e ecoam no próprio vestíbulo do Estado. E esse traidor não parece ser um traidor; ele fala com .fàmiliaridade a suas vítimas, usa suaface e
~
A cada mês percebo que valeu a
pena. voltar a assi nar esta encantadora rev ista. A descrição do Palácio da Justiça francês é admirável, bem como o artigo sobre o nosso grande Sa nto Inácio. Que Nossa Senhora abençoe muito o trabalho do Catolicismo. (L.R.P. -
SP)
Beato Eustáquio Van Lieshout
B Para.benizo o a utor [Sr. Hélio Viana.] pelo exce le nte a rti go "Padre E ustáq uio", de sua a uto ri a, veiculado na Revista Catolicismo nº 667, de julho/2006, da qual sou assi na nte e le itor assíd uo desde 1993. Tive a grata. felic idade de participar da ce lebração da beatificação de Pe. E ustáq ui o, em Belo Horizonte (MG), no dia 15 de junho. Seu artigo fez- me reviver emocio nantes momentos transcorri dos durante aq uela ce lebração. C hamo u- me particularmente a ate nção em seu artigo a referê ncia., constante no último parágrafo, de que o saudoso e inesquecível Prof. Plínio Corrêa de O liveira, em certa ocasião, foi confidente do Pe. Eustáqu io. O Sr. poderia informar-me, se possível, como transcorreu o encontro entTe os dois? Agradece ndo sua a.tenção, despeço-me desejando- lhe abunda ntes bênçãos celestia is, pela intercessão da Virgem Santíssima e do Beato E ustáquio Van Liesho ut. (P.C.E.C. -
Oliveira a. descrição do contacto que e le manteve com o Beato E ustáquio. Ele re lato u que certa vez fo i de táxi de São Paulo a Poá, a pedido de a lguém próximo da. família. dele que se e ncontrava muito doente, com o objetivo de pedir ao Pe. E ustáq uio a caridade de dar ass istênc ia à referida pessoa . Ao que e le assentiu co m o maior prazer. Como naq ue la ocasião o Prof. P líni o j á era um líd e r cató lico de muita projeção (presidente da Junta Arquidiocesa na da Ação Cató li ca e diretor do "Legio ná ri o", prestigioso semanário o fi c ioso da Arquidiocese de São Paulo) , o Beato Eustáquio, no percurso, relatou-lhe as muitas perseguições de que era objeto, na espera nça ele que o seu inte rl ocutor pudesse interceder por e le. Mas não podia imagi nar que este também se e ncontrava em idê ntica situação, senão ai nda pior. .. Diante disso, o Prof. Plínio o uviuo atentamente, procurou confortá-lo, porém ev ita ndo comentar com ele tudo quanto por sua vez também sofr ia, para não aumentar a inda ma is os padecimentos do Padre E ustáqu io e afasta r dele qualquer tentação de desâ nim o. Prova disso é que, a lgu m tempo depois, à medida que cresc ia a. crise prog ressista denunciada pelo Prof. Plínio no livro Em Defesa da Ação Católica, perdia e le efetivamente aq ueles cargos. Eis o que me ficou na memória do re lato que ouvi do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira arespeito do Beato Eustáq ui o va n L iesho ut, junto de c uj o túmulo lembrar- me-ei de rezar pelo caro amigo e condescendente leitor.
SP)
Resposta do autor: Caro S r. Paulo César, Alegl"o-me em sa bê-lo devoto do Bem-aventurado Pe. E ustáquio, e que teve inclus ive ocasião de vir a Belo Ho ri zonte para as cerimôn ias de sua beatificação. T ive ocasião de ouvir diretamente do saudoso Prof. Plínio Corrêa de
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na pógina 4 desta edição .
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Cônego JOSÉ LUI Z VILlAC
Pergunta -É possível afirmar, à luz da Tradição e do Evangelho, que o fim dos tempos está próximo? Estamos vivendo o começo da terceira g uerra mundial ? Haverá coincidência entre o fim dos tempos e a terceira grande g ue rra mundial , tão come ntada pela ficção?
unfará (. .. 1e será concedido ao mundo algum tempo de paz". É o Reino de Maria , ou
A perg unta envolve aspectos teológicos e exegéticos, bem como aspectos soc iais e políticos do momento histórico atual, com uma ponta da pergunta re metendo para a literatu ra ficcio nal. Como esta co luna é um consultório teológico e moral, e o espaço limitado para tema tão abrangente, nos restrin g ire mos aos aspectos teológicos e morais, tocando tangencialmente os soc ia is e políticos enq uanto estes se refletem num julgamento moral da sociedade hodierna. Comecemos por estes últimos , pois se m dúvida há neles facetas de importânc ia cap ital que podem até projetar luz decisiva sobre o fundo da questão.
século de Maria, tamb é m anunciado 200 anos antes por São Luís Grignion de Montfort. De tudo isto, podese deduzir que: 1º) Do ponto de vista teológ ico- moral (pois não nos co mpete pronunciarmo- nos do ponto de vista político-diplomático), não se pode descartar a hipótese de que graves focos de tensão esparsos pelo mundo de hoj e, total mente afastado da obediência aos Dez Mandamentos, acabem numa hecatombe como uma terceira guerra mundial; 2°) Entretanto, caso i so aconteça, nada indica que se trate j á do fim do mundo, ou "fi m dos tempos", pois após esse castigo ainda viria um tempo de paz, de duração não especifi cada, mas longo o suficiente para caracterizar um triunfo - que é urna vitória com g lór ia, e portanto com esp lendo r - do Coração Imaculado de Maria, vale di zer, de Nosso Senhor Jesus Cr isto e da Santa Igreja: o Reino de Maria!
Castigo, sim; pol'ém, não o fim cio mune/o
Quanclo suce<lerão estas coisas?
Ninguém pode negar, em sã consciência, que o mundo moderno está numa situação de deterioração moral tal, que faz tudo por merecer um castigo apocalíptico. E na Mensagem de Fátima e ncontramos a co nfirmação da iminência de uma punição com essas proporções. Não será, porém, o fim do mundo, pois na mesma profecia de Nossa Senhora em Fátima (segunda parte do Seg redo) está dito: "Por fim, o
O texto básico para ana li sar a questão do "fim dos tempos" é o cap itul o 24 do Evange lho de São Mateus, do qual passamos a transcrever os versículos êssenciais (lamentando não have r espaço para o reproduzir por inteiro):
Resposta -
meu Imaculado Coração triCATOLICISMO
"E tendo saído Jesus do templo, ia-se retirando. E aproximaram-se dele os seus discípulos, para lhe fa zerem notar os edi,fteios do templo. Mas ele, respondendo, disselhes: Vedes tudo isto ? Em verdade vos digo que não ficará
pedra sobre pedra que não seja derrubada. E estando senlado sobre o monte das oli veiras, aproximara,n-se dele seus discípu los à parte, dizendo: Dizenos, quando sucederão estas coisas? E qual o sinal da tua vinda e do fim do mundo? E, respondendo Jesus, disse- lhes: Vede que ninguém vos engane. Porque virão
muitos em rneu nome, dizendo Eu sou o Cristo, e seduzirão a rnuitos. Porque ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis; porque importa que estas coisas aconteçam, mas não é ainda o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e
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São Mateus escreve o Evangelho inspirado pelo Anjo
haverá pestilências e fomes e terremotos em diversos lugares. E todas estas coisas são o princípio das dores. Então sereis sujeitos à tribulação e vos matarão; e sereis odiados por todas as gentes por causa de meu nome. E muitos então serão escandalizados, e um entregará o outro, e se odiarão uns aos outros. Elevantar-se-ão muitos falsos profetas, e seduzirão muitos. E, por causa de se multiplicar a iniqüidade, se resfriará a caridade de muitos. Mas o que perseverar até ao fim, esse será salvo. E será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes; e então chegará o fim . Quando, pois, virdes a abominação da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel, colocada no lugar santo - o que lê enlenda en tão os que se acham. na
Judéia fujam para os montes; e o que se acha sobre o telhado não desça para tomar coisa alguma de sua casa; e o que está no campo não volte a tomar a sua túnica. Mas ai das mulheres grávidas e das que tiverem crianças de peito naqueles dias! Rogai pois que não seja a vossa.fuga no inverno, ou em dia de sábado; porque será grande a tribulação, como nunca.foi desde o princípio do mundo até agora, nem jamais será. E se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma; porém, serão abreviados aqueles dias em atenção aos escolhidos. [.. .] E logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerse-á o Sol, e a Lua não dará a sua lu z, e as estrelas do céu e as potestades dos céus serão abaladas. E então aparecerá o sinal do Filho do home,n no céu; e todas as tri-
bos da Terra chorarão, e verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade. E mandará os seus anjos com trombetas e com grande voz, e juntarão os seus escolhidos dos quatro ventos, de uma extremidade dos céus até a outra. [ ... ] Quando virdes tudo isto, sabei que o Filho do homem está perto, às portas. Na verdade vos digo, não passará esta geração sem que se cumpram todas estas coisas. O Céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. Mas, quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas só o Pai. [... ] Por isso, estai vós também preparados, porque não sabeis a que hora virá o Filho do homem".
OJJinião comum e11trn os exegetas Retomando o texto desde o princípio, vê-se que os discípulos apresentam ao Senhor dua s perguntas distintas :
"Quando sucederão estas coisas [a destruição do templo de Jerusalém]? E qual o sinal da tua vinda e do fim tio mundo?" Os exegetas não são unânimes na inte rpretação deste trecho, mas é comum entender- se que Nosso Senhor s uperpõe três espécies de acontecimentos cronologicamente di stintos: 1) a destruição do templo e da cidade de Jeru além, executada pelo general Tito (futuro imperador romano) no ano 70 de nossa era; 2) os últimos acontecimentos que representarão um ponto final na história da humanidade, " fim dos tem pos" ou "fi m do mundo"; 3) a vinda de Jesus Cristo, em
grande poder e majestade, para o Juízo Final, no qua l será emitida a sentença definitiva: os maus "irão para o
suplício eterno; e os justos, para a vida eterna " (Mt 26, 46). E exegetas há que consideram os acontecimentos pormenorizadamente narrados no cap. 24 como ap licáveis, por ana logia, às tribu lações pelas quais a Igreja passa s ucessivamente ao longo da História. São incontáveis as lições que se poderiam tirar deste trecho, que encheriam as pág inas de um livro, mas devemos nos restringir às perguntas do missivista, ao qual , portanto, responde mos sinteticamente : 1 º) Do ponto de vista meramente exegético, ninguém pode se arrogar o direi to de afirmar que o fim do mundo está próximo: nem os anjos do Céu o sabe m. 2º) Conseqüentemente, também ning uém pode afirmar que uma e ventual terceira g uerra mundial, que pode estourar a qua lquer momento, coincidiria com o fim dos tempos, ou fim do mundo . É o que decorre do texto extraído do cap. 24 de São Mateu s, apresentado anteriormente. O melhor mesmo é ter bem presente a adve1tência de Nosso Senhor no final do trecho por nós transcrito: "Estai prepara-
dos, porque não sabeis a que hora virá o Filho do homem" (Mt 24, 44). E a melhor preparação consiste em crescer continuamente na devoção a Nosa Senhora, que é a celeste Medianeirn de todas as graças, a invicta Mãe da Igrej a que sempre "esmagará a cabeça
da se,pente infernal". • E-mai I do autor : co nego joselui z@catolicismo.com.br
SETEMBRO 2006 -
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A REALIDADE CONCISAMENTE
Inglaterra: abortado mega-atentado do terrorismo islâmico
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proximadamente 4.000 pessoas teriam morrido, caso as polícias inglesa e americana não tivessem ne utra li zado um grave atentado terrorista, detendo os criminosos pouco antes da execução do plano. O bando de terroristas islâmicos tinha sede em Londres e era composto, na maioria, por j ovens descendente de imigrantes, mas j á com passaporte inglês, curso univers itário e treino para manipular as bombas, que explodiriam vá.rios aviões e m pleno vôo com destino aos EUA. E ntre e les há ingleses recentemente "convertidos" à fa lsa reli g ião de Maom é . Cresce o vínculo entre o novo fanatismo islâmico e o niili smo disse min ado pela Revolução Cu ltura l no Ocid e nte excri stão. •
Frente comum de ditaduras marxistas e islâmicas
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presenta ndo-se como líde r ela Améri ca Latin a, o pres ide nte venezuelano Hugo Chávez fo i recebido calorosa mente pe lo presidente ira ni ano Mahm o ud Ahm ad inej ad (foto à dir.). Chá.vez insistiu no realejo de bravatas anti-americanas, também alardeadas pe la ditadura cios aiatolás, e defendeu o programa nuclear do Irã. Chávez chegou vindo ela Bielorússia, onde homenageara a úl tim a di tad ura sob revive nte da exURSS, e seguiu depois para onde impera outra ditadu ra marxista: o Vietnã. Configura-se assim uma fre nte comum de ditaduras marxistas e islâmica , articulada por um regime populista latino-americano. •
Vetado financiamento público de experiências criminosas
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Manuscrito de carrasco reabilita Luís XVI Pobre no Brasil 11
é louco por luxo11
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esa de jantar à meia- luz, cast iça is co m ve las acesas, baixela fin a, champanhe em balde ele prata, siri, f oie-gras e taças ele coquete l de camarão. Ceia de luxo, como querem só os ricaços? Não, a cena é da novela Cobras & Lagartos. O prin c ipa l cenári o é a loj a Lux us, que emula míticas lojas ele São Paulo. O autor da novela, João E manue l Carne iro, expli cou: "O público mais pobre, em geral, é louco por luxo". Entretanto, as atrizes sofreram mui to para aprender a comer pétalas ele alcachofra, perna ele siri ou escargot. Os gostos dos "famosos" da televisão vão no senti do oposto ao cios me lhores anseios populares. O povo sente falta ele eli tes tradicionais autênticas e req uintadas às q ua is possa ad m ira r legitimamente. •
le ilão, e m Londres, do re latório de Charles-Henri Sanson, carrasco cio rei da França Luís XVI, causou sensação. Segundo Sanson , face à morte, o martiri zado soberano "manteve u.m sangue~fi·io e uma f ortaleza qu.e nos deixou a todos admirados. Estou. muito convencido de que ele tirava essa f orça dos princípios da religião. Ninguém jamais me pareceu tão compenetrado e persuadido deles". O verdugo descreve o do mínio que o re i tinha sobre si mes mo, e como lhe estendeu espontaneamente as mãos para serem amarradas antes ele ser guilhotinado. As difa mações dos asseclas ela Revolução France a contra o monarca, hoje lembrado com respe ito por inúmeros fra nceses, fi cam assim desacreditadas . •
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Reaejões ao 11 casamento11 homossexual nos Estados Unidos
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Corte de Apelações ele Nova York ratificou a constituc ionalidade da le i estad ual q ue defi ne o casa mento como sendo so mente entre ho mem e mulher. No estado ele Geórgia, a Supre ma Corte ele Ju sti ça manteve a dec isão cio plebi sc ito que proibiu o "casa me nto" homossexual. O Supremo Tribun al do Estado de Was hington confirmou a Lei ele Defesa do Casame nto. 45 estados proibira m esse pseudo-casamento, med iante reformas constitucionais ou leis estaduais. Só Massac husetts o reconhece. Yermont e Connecticut o disfarçam sob o véu ele "contrato civil". E m sete outros estados, os homossex ua is tentam revogar por vi a judic iári a leis anti-sodomíticas democratica mente aprovadas. •
presidente dos EUA, George W. Bush, vetou projeto de lei que financiaria com dinheiro público experiências com células-tronco embrionárias, porque matariam embriões humanos, o que constitui grave violação da Lei natural e da moral católica . O veto deveu-se à salutar pressão dos movimentos conservadores pró-vida e pró-família, a maioria deles de inspiração religiosa. Muitas esquerdas pseudo-moderadas e humanitários reagiram com furor e tiraram a máscara. Em sentido contrário ao veto do presidente americano, o Conselho de Ministros da União Européia aprovou o financiamento dessas experiências moralmente criminosas. O tema é dos mais importantes nas polêmicas de grande atualidade: religião-ateísmo, conservadorismo-Revolução cultural, direito-esquerdo . Bush veta experiências com células-tronco embrionárias
Abalos na China ameaCjam tumultuar o mundo
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vistam-se grossas turbu lênc ias na China, escreveu Nicholas D. Kristof no "New York Times". A ditadura co muni sta tenta um equi líbrio impossível entre liberdade econômica controlada e ditadura socialista. De um lado, o povo quer mais li berdade e menos comunismo, de outro os marxistas estão irados contra a expansão da iniciativa privada. E as realidades antagôni cas geram inúmero motins e a escalada da repressão. O aba los da China afetarão o mundo, especialmente aq uele países que imprudentemente fixaram lá fábricas das quais dependem para progredir do ponto ele vista econômico. •
CATOLIC IS M O
SETEM BRO 2006
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NACIONAL
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Minas e o período recente - havia discussões relac ionadas com as possibilidades ele um projeto ele coloni zação nas terras cio Jaíba. C ita um di scurso do então vereador Antonio Veloso: "As terras de Jaíba of erecem todos os elementos para a fu ndação de uma ou de dive rsas promissoras colônias, cuja idéia, se ocorrer aos poderes públicos e f or promo vida à realidade, há de trazer um importante melhorcunento para o Estado, pelo maior desen volvimento, pelo in vento de novas indústrias, pelo incremento do com.ércio .fluvial do São Francisco e pelo conseqüente aumento das vendas". É cio conhecimento dos pesquisadores que D. Pedro II, com vi são ele estadi sta, mandou efetuar estudos para a transposição cio rio Tocantins, a fim ele pereni zar o rio São Francisco, e só e ntão transpô- lo para o Nordeste. Quem me informou a respeito desse pl ano do Imperador fo i o prof. Dr. Caio Lossio Botelho, engenheiro geógrafo, exprofessor da Universidade Federal do Ceará e ex-presidente da Academia de C iências do Ceará, autor de mais de 30 li vros. O in signe professor atesta que D. Pedro II contratou um engenheiro fra ncês, geógrafo e potogrâmico de renome mun dial, para faze r um estudo sobre a interligação das bacias hi drográfi cas brasileiras. Partia ele da constatação segura ele que, a partir do pl analto central, é poss ível atingir todo o Brasil por vi as fluvi ais interli gadas . Trabalhou com o mencionado espec iali sta fran cês o Barão Homem de Mello, um dos maiores geógrafos brasileiros. Como sub produto elas pesqui sas, chegaram à concl usão ele que, com relativa facilidade, se consegui ria tra nspor parte elas ág uas cio rio Tocantin s para pereni zar o ri o São Francisco, sem danos ao meio ambie nte. Partiam ele uma eq uação lógica: quando a
bacia do Toca ntins está com excedente hídrico (nove mbro a março), é o período em que a seca mais castiga o nordeste (ri o São Franci sco).
o llOVO prnjeto Na década de 50 o governo federal destinou uma área ele 200 hectares à Universidade ele Viçosa, para que identificasse as atividades que poderi am ser ali praticadas. Ao mes mo te mpo, outra parte elas terras fo i entregue ao Instituto Nacional de Irrigação e Colonização (INIC), com o obj etivo de desenvolver um projeto de coloni zação, beneficiando 200 fa mílias com lotes que vari avam entre 25 e 30 hectares. Tais inic iativas vi savam à transformação ela base econômi ca loca l, ou seja, a passagem ela prevalente agricultura de subsistência para uma agri cultu ra comercial. Contudo, a falta de apoio governamental, no que respeita à infra-estrutura básica e ao fin anciamento, imposs ibilitou a concreti zação dessas intenções. Novas medidas fo ra m adotadas pelos governos na década de 60, co m a ass inatura de um convênio com o Bureau of Reclamation dos EUA. Reclamation se e ntende por "land reclamation proj ect", ou seja, projeto el e recuperação de terras. Fundado e m 1902, é o mais conceituado Bureau cios EUA , responsável pela construção de represas, usinas hidrelétricas e ca nais em 17 estados do oeste americano, incluindo as legendárias represas Hoover (Colorado) e Granel Coulee (Columbia) . Hoje é a maior di stribuidora ele águas dos E UA, para mais de 31 milhões de pessoas; irriga mais de I milh ão de hec tares, que produ zem 60% dos hortigranjeiros e 25% elas frutas e grãos daquele país. Possui 58 hidrelétricas que produ-
Iniciativa privada recupera Projeto Jaíba E xemplo de rotundo fracasso da Reforma Agrária socialista, o Projeto JaÍba está sendo, atualmente, prova do êxito do direito de propriedade e da livre iniciativa 1111
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H ÉLI O BRAMB ILLA
oncebi do para ser o maior projeto de áreas irrigadas e m terras contínuas da Améri ca Latina, o Proj eto Jaíba no vale do São Francisco, extremo norte de M inas Gerais, às margens dos ri os Verde e Grande - não fi ca atrás das mais importantes áreas irri gadas e m escala mund ia l. Na úl tima Exposição Agropec uári a de Montes C laros (Expomontes 2006), cha mara m a atenção as possi bilid ades de desenvolvimento da região de Ja íba, mostradas na palestra Dia
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CATOLICISMO
do proj eto Jaíba e seu potencial bioenergético, do Dr. Luís Afonso Vaz de O li veira, gerente executivo do projeto. Vaz de Oli veira res. altou a importância da Etapa II do Proj eto Ja[ba, que compreende 684 lotes ele 10 a 90 ha, cujo leil ão de arremate acaba ele ser reali zado com interesse ímpar dos proprietários, que pagaram 97% de ág io sobre o preço estipul ado.
Um pr ojeto antigo Desde fi ns do século XIX - relata a profes ora Luciene Rodri gue. e m seu li vro Fo rmação Econômica do Norte de SETEM BRO 2006 -
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zem mais de 40 bilhões de kilowatts, co locando-o como 2° produtor de energia dos EUA. Originou-se desse convênio o re latóri o Recolhimento dos Recursos Hidráulicos e de Solos da Bacia de São Francisco, que identificou uma área de 230.000 hectares na região denominada Mata do Jaíba, sugerindo que 100.000 hectares fosse m destinados ao desenvolvimento da agri cultura irri gada, e 130.000 a cultu ras de seque iro (terras não irrigadas). Posteriormente, grande parte das ações destinadas à promoção da agri cultu ra irrigada na região foi transferida à Companlúa de Desenvolvimento do Vale São Francisco (CODEVASF), constituída em 1974 a partir da ação conjunta deste órgão com a Ruralminas, estabelecendo-se efetivamente como meta irri gar 100.000 hectares. Etapas de implantação do Pro;eto Jaíba - áreas: bruta/irrigável
l) A Etapa 1, já implantada, compreende: a . 1824 pequenos irrigantes com lotes de 5 ha ; b. 325 irrigantes com glebas de 20 a 50 ha ; c. 3 grandes irrigantes no restante da área ; 2) A Etapa li compreende 684 lotes de l O a 90 ha .
É importante sa li entar que, no iníc io da década de 90, a presença da ini ciativa privada ficou mai s marcante com a cri ação do D/J - Distrito de Irrigação do Jaíba, entidade privada sem fin s lucrativos gerida pelos irrigantes, e que tem por finalid ade adm ini strar toda a infra-estrutura construída. A razão da criação do DIJ foi rea li zar as ini ciativas dopoder público, que eram morosas e burocratizadas. Por exemplo: uma rachadura no canal-mestre de condução da água fi cou quase seis meses sem ser consertada, porque a autori zação corria de mesa em mesa nos escaninhos burocráticos do governo. Com a criação do DIJ, o proble ma foi sanado em poucos dias.
Ora, aq ui começou a ob literação de vi stas na consideração do problema. Conforme explica o Prof Plinio Corrêa de Oliveira: "Pressuposto implícito ou explícito das posições agro-igualitárias é que o direito de propriedade e a livre iniciativa são intrinsecamente opostos ao interesse social e ao bem comum, de sorte que, quanto mais mutilados, melho ,: E em conseqüência, se extintos, melhor ainda. Cabe mostrar o erro desse pressuposto. "Não é possível que a ordem posta por Deus, injúútamente sábio e bom, seja contrária ao interesse social. A realidade é que o favorecimento dos interesses privados importa na promoção do bem comwn. Pois a coletividade se compõe de indivíduos. E se determ.inada situação sóciu-ecunônúcajúvurece a todos, ipso facto.favorece a coletividade. Ademais, 54% do solo pátrio são ocupados por terras devolutas, pertencentes ao maior latifundiário do Pais, o Estado. Terras devolutas, sim, que o Estado tem o dever de repartir; prioritariamente à expropriação de quaisquer terras particulares ". As terras do Projeto Jaíba, que são devolutas - isto é, pertencentes ao Poder Público, no caso concreto, ao estado de Minas Gerais - , devem ser colonizadas com a distribuição dos títu los de propriedade. Fazer uma Reforma Agrária, que reduza nossa estrutura fundi ária a uma imensa rede de assentamentos, "nc7o proporcionará ao pobre a condição de proprietário, mas o atirará numa aventura que pode levá-lo à mais negra miséria". 2 Assim , a lgun s tecnocratas de mentalid ade soc ia li sta do Banco Mundia l e outros órgãos estatais se obstin am e m não reconhecer que o melhor investime nto social é aque le que visa ao forta lecimento da propri edade parti cul ar, poi s é o proprietário, seja e le individu al ou e mpresarial , que gera rá empregos dig nos, sa lári os adequados, seguridade soc ial ; que produzirá a lime ntos saudáve is e baratos, contribuindo poderosa me nte para a solução dos prob le mas soc iai s; e que tem res po ndido aos desafios do Bras il no mundo globali zado atual. 1
Um 1·ct11m/Ja11te fracasso Passados 11 anos, as pe rspectivas cios mencionados tecnocratas resultaram no ma is retumbante fracasso. Conforme o livro-re portagem do jornali sta Nel son Ramos Barretto sobre os asse ntam entos, quando e le vi sito u o Projeto Jaíba em l 995, a s ituação do assentamento ne le existente era ele "favela rural ". 3 O autor deste artigo voltou ao Jaíba e m julho de 2006 e confrontou com a situação anteri or daquele projeto: não há praticamente nenhum dos assentados de 95; as posses foram " vendidas" para " novos donos"; em alg uns lotes, as transferências sucessiv as já ultrapassa m o número de 10; os novos posseiros as "comprara m" por preços irri sórios ou as trocaram por automóve is velhos e outras quinquilharias . O quadro é ele deso lação e mi séria. Vários detentores de lotes rec lamaram ela fa lta ele condições para gerir e tocar o negócio para frente. Muitos arrendam o lote para pessoas que às vezes nem são do projeto, e que pagam uma quantia mensal pelo arrendamento dos 5 ha. E contratam info rmalmente os detentores dos lotes para cu idar dos pivôs da irrigação. Com isso conseguem renda bruta acima de R$ 500,00 mensais. Portanto, bem acima da média dos assentados, segundo o gráfico do folheto di stribuído pela Codeva~f (vide quadro embaixo). Como podemos observar, no último levantamento de 2003 a renda fo i de R$ 2.296, J I anuai s, resultando em média mensa l de R$ 191,35. Dispensa comentários ! Funcionários do proj eto afirmaram q ue, ao abandonar os lotes, muitos dos assentados os dil apidam, levando tudo o que pode m: canos, hidrantes e, e m alguns casos, o próprio relógio marcador do consumo ele água.
A pl'ivatização salva o projeto O projeto, de si, é impress ionante. Na parte dita empresarial (pequenos, médios e grandes empresários), inserida no agrone-
Uma "se1pe11tc" 110 paraíso Assim como uma serpente pôs a perder o Éden bíblico, ass im também os assentamentos de Reforma Agrária obstaram o floresc imento do Projeto Jaíba . O projeto fora idealizado para ser um dos maiores pólos de produção do mundo, sobretudo de frutas tropicais, tendo sido gastos em torno de 600 milhões de dólares para o seu aparelhamento. Acontece que, a certa altura, o dinheiro acabou. O governo Sarney (85/89) recorreu então ao Banco Mundial, que so li c itame nte ofereceu cento e poucos milhões de dólares para a conc lu são. Mas fo i estabe lec ida uma exigência: não fazer na região apenas um desenvolvimento e mpresari al, mas também "social", com assentamentos socia li stas de Reforma Agrária, distribuindo glebas de c inco hectares para ~.824 assentados , sem o títul o de propriedade. ' Ao que parece, o governo teve de convencer ampl os setores da op ini ão pública de que não havi a como dissoc iar a aj uda do Banco Mundial das condi ções que este impunh a ... Era o macrocapita lismo intern aciona l querendo e mpurrar o Brasil para as vias do soc iali smo, desconsiderando para esse efeito até mes mo o comprometimento do próprio projeto. CATOLIC I SMO
RENDA FAMILIAR/ANO 1994 ... ....... ...... ................ l 995 ...... ........... .... ....... ..... ... 1996.......... ...... ............... . 1997.. ................................... l 998 ............................ ........ . 1999 .................. .............. .. 2000 .. ..... .. .... .......... .... .. ... 2001 ..... ..................... ........ 2002 ...... ....... .. ....... ............ 2003 .... ... .. ............. ............
R$3 .729,00 R$3 .895,00 R$5 .6 71 ,00 R$4.0l 9,00 R$3 .95 5,00 R$4 .326,00 R$3 .912 ,00 R$2.727,84 R$3.599 ,05 R$2.296, 11
gócio, as coisas vão esplendidamente, apesar dos percalços inerentes à atividade agropecuária. Muita produção, sobretudo de frutas, geração de empregos e grande desenvolvimento da região. A c idade de Jaíba, por exemplo, que contava com J0 mi I habitantes há LO anos, quadruplicou esse número, e hoje está se tornando uma cidade-pólo. Grandes grupos empresariais estão investindo intensamente no projeto, que hoje produz em torno ele 30% elas bananas e 60% ele todas as sementes ele hortaliças no Brasil. Um desses grupos, de Minas Gerais, comprou 4.400 hectares para plantação de cana irrigada e implantação de uma usina de álcool. Nos taliões (espaços ele terreno entre dois regos) experimentai s, te m-se obtido 280 a 300 toneladas de cana bruta por hectare, três vezes mais cio que a produção ela plantação convenc ional cio Triângulo Mineiro. O mesmo grupo adq uiriu nova área de ma.is de 3.000 hectares, que estava invad ida por "sem terra". Depois de intensas negociações com o governo de Minas, membros da Igr~ja Católica e o MST, chegou-se a um acordo, visando à transferência dos invasores para uma área ela Igreja fora do projeto, cedida ao Incra com a finalidade de assentar as famíl ias. A empresa se comprometeu a doar durante certo período, aos "desocupantes", cestas básicas e um subsídio mensal. Nessa área, a referida empresa pretende plantar "pinhão manso", originário ela Índia, o qual se adaptou muito bem ao solo e ao cEma brasileiro, e que na forma de arbusto perene é o campeão ele produtividade de caroço oleaginoso, produzindo até 6.000 kg por hectare. Com o álcool e o óleo extraídos do pinhão, a empresa, que atua no setor de transportes, produzirá o biodiesel para sua frota e venderá o excedente na região. A estimativa é de um preço do combustível alta.mente competitivo: R$ 0,86 o litro, enquanto o diesel de petróleo é vendido a R$ 1,80 na região. Quanto à área de assentamentos, a sagacidade mineira percebeu que a única solução para o problema ela "favela rural" era o restabelecimento da propriedade privada, titulando os lotes com escrituras públicas, com o registro ele imóveis e todos os requisitos legais, uma vez que, conforme foi dito acima, as terras inicialmente eram devolutas. Assim sendo, já foram titulados praticamente 50% dos 1.824 lotes, possibilitando a venda ou a compra com o fim de acumular lotes e funcionar no regime de livre mercado e competividade de produção. Com o restabelecimento da propriedade privada e da livre iniciativa, o Projeto Jaíba reúne as condições para o desenvolvimento daquela região, ideali zado desde o século passado. • E-mail para o auLor: cato li cismo @cato li cismo.co m.br
Notas: 1. Plini o Co rrêa ele Oli veira, A Reforma Agrária socialista e confiscatória a propriedade pri vada e a li vre iniciati va, no li(fão ag ro-r~fo r111is1a, Edi tora V era Cru z, São Pau lo, 1985 , pp. 24-25. A inda que se considere qu e, hoje em dia, a porce ntage m de terras devo lutas tenha variado um tanto, nem por isso o princípio enunciado é menos coge nte, pois essa porcentagem co ntinu a bastante alta. 2. Idem. 3. Nelson Ramos Barretto, R~fo rrna Agrária, o mito e a realidade, Ed itora Artpress , São Paulo, 2003.
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Inquisição: mito e realidade histórica A verdade é bem diferente da ficção que se divulga sobre a Inquisição. Há necessidade de analisá-la com serenidade, com base na ciência histórica e dentro do contexto da época de sua existência.
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Catolicismo - Em seu livro Em defesa da Santa Inquisição, o Sr. explica que a Inquisição não era a responsável pela execução das penas de morte , mas sim os tribunais leigos. Não será esse ponto de vista semelhante às opiniões de alguns historiadores judeus, que dizem não ter sido o Sinédrio o responsável pela morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas o Tribunal Romano?
Prof. Dr. Roman Konik, nascido em 1968, além
de publicista e comenta-
rista de fatos quotidianos de seu país, é doutor em filosofia, pro fessor adjunto da cátedra de estética na Faculdade de Filosofia da Universidade de Wroclaw (Polônia) . É autor do livro Em Defesa da Santa Inquisição. A obra suscitou muita polêmica, e apesar do boicote sofrido por
Pn~J: Ko11ik - Sempre que toca mos
parte de livrarias - devido à legenda negra que se criou em torno do tema, apontando os inquisidores como "carniceiros", torturadores, etc. - despertou bastante interesse, já tendo sido vendidos mais de 35 mil exem -
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plares. Com a polêmica, o jovem professor vem sendo convidado ;;;
para conferências em diversas cidades de seu país, a fim de expor sua visão objetiva e bem documentada sobre o assunto, oposta aos mitos criados por certa literatura liberal contra o Tribunal do Santo
Ofício. Na entrevista concedida ao Sr. Leonardo Przybysz, nosso correspondente em Cracóvia (Polônia), comprova-se como os fatos alicerçados na realidade histórica, e que se tornaram patentes mediante rigorosas pesquisas - diferem inteiramente das fantasias criadas e das detrações anti - Inquisição, embora não se negue que tenha havido certos abusos cometidos por alguns poucos inquisidores.
CATOLI CISMO
Pl'ol: Konil,:
"Bandidos in ve11t a vam motivação r eligiosa p ara cair na esfer a da justi ça <la I nquisi ção e não da ci vil. Era garanti a de i1nrestigação, em vez da f ogueira"
no assunto do fu nc ionamento da lnq u is ição , prec isa mos co ns id e rá- la sob o pri sma da época e m q ue e la atuo u. Na Idade M édi a, a Re li g ião consti tuía a garanti a e o fa tor ele coesão cio Estado. Sempre que tentamos de limi tar o Dire ito civ il e o ecles iástico, encontra mos d ifi cu ldades . O s leitores das crôni cas ele Gall Anonim (mo nge be ned itino que escreve u a hi stóri a da Polônia desde o início até o século XII; não se conhece seu nome; a lguns d izem que vinha da Gália, daí o nome Gal] Anônimo) mui tas vezes faze m a pergunta: quebrar os dentes publi camente com um pedaço ele pau, devido à quebra ostensiva do j ej um, con tituía uma pena c ivil o u ec les iá tica? Na verdade, era uma pena civil à q ual a Igrej a se opunha. Na Idade Méd ia, os prob lemas cri minais, civis e reli g iosos e interpenetrava m. Lendo os autos dos proce sos inquisitoriais, mais ele uma vez enco ntramos bandidos com uns q ue, s urpreendi dos pe la polícia no ato de violação, de roubo, de assalto à mão armada, rap idamente in ventavam uma motivação religiosa para explicar o seu proced imento. Por quê? Simplesme nte para cair na
esfera ela justiça ela Inqui sição e não da justiça civ il ou temporal. Po is a justiça inquis itori al gara ntia pelo menos uma investi gação, e m vez el a pena de fo gueira imedi ata, a qual - como a pena ele morte ou o decepame nto ela mão ,-- não fo i abso lutame nte invenção cios inqui sidores. Lembre mo-nos ele que nesse pe ríodo hi stóri co aplicava-se a pena de morte até pe la fal sificação ele dinheiro ou pe la ofen sa à majestade rea l. Ana loga mente aceitava-se o fa to de que a ofensa diri g ida a a lguém superior ao re i, ou seja, a Deus, só poderi a ser pun ida da mesma fo rma . Os he reges pertinazes, mais freq üente mente os heres.iarcas (isto é, os autores ele heresias) e que se rec usava m a abandonar o erro eram tratados co mo rebelados comun s. Isso se co mpreende, considera ndo-se que a atuação ele herejes co mo os cátaros destru ía a ordem social. Eles não aceitavam o fun cio namento ela soc iedade civi l e ecles iástica, incitava m à renúncia ela medicin a e à co mpleta abstinência sex ual, inclusive no casamento, ou ao ritual chamado endura (morte volun tária pela extenu ação cio organi smo, ou mo rte pe la fo me). Promoviam o aborto, acreditando ser melhor uma criança não nascer neste "vale de lagrimas", e ir ass im diretamente para o Céu. Grupos de hereges revoltosos atra íam os pobres para suas fil e iras , sob a
São Pio V antevendo a batalha de Lepanto . Antes de ser Papa ele foi inquisidor-mor na Itália .
"lá/e a pena lembrar que o tribunal i11q11isitorial, entregando o herege à autoridade civil, i11cl11ía uma carta r ecome11dél.lldo prudência na <lecisão"
pro messa de que, roubando aos ricos, contribuíam para criar uma igreja nova, na qual as chances seriam igua is para todos. Isso não era uma contrave nção estritamente re li g iosa, razão pe la qu a l muitas vezes, após o julgame nto e definição cio grau de heres ia, os rebe ldes eram entregues ao braço civil para que se procedesse ao devido processo penal que di zia respeito a questões crimi na is: roubo ou vi olação. Freqüe nte mente acabava e m pe na ele morte, mas a responsabilidade dos inquisido res e m relação ao dire ito era igual à de cada cidadão. Uma situ ação equiva lente, hoj e e m dia, consistiri a e m a [grej a concluir de acordo com o Direito Canô nico um processo ele sacerdote por crime de pedofili a, e em seguida e ntregar o caso à Procuradoria para que conc luísse a investigação e apli casse a devida pena. A mai or parte das he res ias nasc idas na [clade Médi a atingia sobretudo a justiça c ivil. Vale a pena le mb ra r que o tribunal inquisitori al, entregando o herege à auto ridade c ivil , incl uía uma carta recome ndando prudência na dec isão. Catolicismo - Também em seu livro o Sr. aponta a criação de um quadro negativo da Inquisição através de livros (sobretudo O Nome da Rosa, de Umberto Eco), pinturas, filmes ou exSETEMBRO 2006
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posições. Realmente, muitos artistas que retrataram a·1nquisição (por exemplo, Goya) não viveram na época de sua existência. Pode-se pois perguntar se é fidedigno o que apresentaram. O Sr. conhece artistas que viveram no tempo da Inquisição atuante, que a mostraram de modo fiel? Pr<~/: Konik - Na mente cio homem ele hoje, há uma idéia comum que considera o inquisidor como um velho monge encapuzado com inclinações sád icas, inflamado cio desejo ele autoridade. O melhor exemplo disso é a figura ele Bernard Gui, inquisidor ele Toledo, descrito pelo conhec ido medievalista italiano Umberto Eco em seu livro O Nome da Rosa. Pior ainda é a imagem apresentada no filme realizado com base em tal obra. Bernard Gui, como figura histórica real, fo i inquisidor ele Toledo e durante 16 anos exerceu esse cargo. Julgou 913 pessoas, elas quais apenas 42 ele entregou ao tribunal civil como perigosos rebeldes (reincidentes , pedófilos, criminosos), o que não significava absolutamente pena ele morte para eles. Em muitos casos Gui indicava tratar-se de doença psíquica, suspeição de heresia, desistindo de interrogatórios. Segundo a visão preconceituosa cios protestantes, é certo que essas pes oas iriam para a fogueira, ao contrário da verdade histórica. É importante registrar que escritores protestantes, pouco simpáticos à Inquisição, começaram a escrever a história dela de maneira desfavorável, apresentando-a deformada. Também nas expressões artísticas das épocas posteriores à medieval verificou-se um reflexo dessa visão caricatural. Mas basta analisar o mundo artístico medieval para observar quadros que apresentam São Domingos convertendo os hereges , São Bernardo ele Claraval discutindo com eles, ou então pinturas ele inquisidores-mártires morrendo nas mãos ele hereges - por exemplo, o martírio ele São Pedro ele Verona; ou ele São Pedro ele Arbués, assassinado na catedral ele Saragoça
(vide p. 36). Exemplo de ódio radical contra a Igreja e ela manipulação a que me referi é um quadro no MuCATOLICISMO
seu Nacional ele Budapeste, apresentando uma sala de torturas, intitulado no catálogo "Inq ui sição". Só depois de muitos protestos de hi sto ri adores, mostrando que o quadro ap resentava cena de tortura num tribunal civ il , é que o título foi mudado para "Sa la de torturas". Lembremo- nos de que foram as descrições caricaturai s de Diderot, Voltaire e até Dostoiewski que formaram na mente do homem ele hoje a visão ela Inquisição como um espectro. Os hi storiadores poloneses também não ficaram atrás dos hi storiadores "progress istas". Deparando diariamente com essa visão distorcida da Inquisição, o homem comum é inclinado a aceitá-la como verdadeira.
São Pedro de Verona, inquisidor-mórtir morto por ódio à fé por hereges
"Escritorns protesta11tes, pouco simpáticos à Inquisição, começaram a escrever a l1ist6ria dela de mai1eira desfavorável, apresentai1do-a deformada"
Catolicismo - O Sr. diz que os inquisidores eram pessoas simpáticas, esclarecidas. Mas tanto ouvimos falar deturpadamente sobre as inimagináveis e sádicas torturas ... Prof Konik - Se isso fosse verdade, e ntão por que tantos malfeitores esforçavam-se em demonstrar que suas infrações eram de natureza religiosa, para que dependessem de juízes-inquisidores? Certamente não era porque gostassem de ser torturados ... Lembremo-nos ele que nesse tempo os tribunais civis em geral aplicavam torturas como forma, por exemplo, de um acréscimo de castigo, que precedia a morte. Já nos tribunais inquisitoriais as torturas , quando aplicada , o eram somente com o objetivo de obter informações muito importantes. Na legislação medieval a aplicação de torturas era geral, mas o tribunais inquisitoriais as adotaram de forma muito abrandada. Proibiam torturar mulheres grávidas, crianças ou pessoas idosas . Para aquela época, isso era considerado inovador, pois nos tribunais civis tais pessoas não eram excluídas ela possibilidade de serem torturadas. Era proibido também torturar duas vezes a mesma pessoa. A aplicação de torturas devia ser decidida por aclamação de todos os juízes - como também do defensor do réu e com a aprovação cio bi spo local e de um con s ultor independente. Ressalto que as torturas aplicadas pela Inquisição eram raras. Na França, onde se efetuava a lu ta contra a seita cios albigenses, durante 200 anos só três vezes de-
cid iu -se aplicá-la. A tortura mais freqi.iente era privar o conde nado de alime ntação, ficando e le totalmente iso lado. Os tribunais ela Inquisição for a m os primeiros a gara ntir a defesa ex-ofíc io e o que hoje é praticado: a prisão domiciliar e a liberdade mediante ca ução. As informações obtidas através de torturas não podiam ser cons ideradas como prova e deviam ser co nfirmadas num período posterior de 24 horas. Os in q uis idores eram recrutados sobretudo entre os melhores religiosos, de alta formação e de fama ilibada. A idade mínima era 40 anos, devido à experiência de vida, e tendo em vista precaver-se contra decisões apressadas, próprias da juventude. Os inquisidores não podiam usar arma. Eram pessoas normais do povo, freqi.ientemente viajantes , in telectuais curiosos de con hecer o mundo. A autorid ade do inquisidor era gera l na sociedade. Após o assassinato de Pedro de Verona, um dos mai s conhecidos inquisidores, a multidão bradou: santo súbito. Este fato está em clara contradição com a idéia que as pessoas hoje fazem sobre os representantes dessa " profissão". Também a carta dos bispos do Sínodo de Toledo causa surpresa, pedindo aos inquisidores que sejam moderados nos jogos e não fiquem até tardias horas nas praças.
São Domingos manda queimar livros de herejes albigenses
"Lembremo-nos de que foram as descrições caricaturais de Diderot, Voltaire e até Dostoiewsld que formaram a visão da Inquisição como um espectl'o"
cios hereges cátaros, nunca apa rece o e leme nto de responsabilidade pessoal. Não está presente o Juízo Final, o Purgatório não ex iste, mas somente o Céu, e este é destinado a todo . Como no socialismo: a visão ela vicia na Terra sem que se assumam responsabilidades fo i, é e será sempre algo que atrai. •
Catolicismo - Será que a comparação que o Dr. Roman Konik Sr. faz em seu livro, das seitas heréticas com autografando seu livro grupos comunistas, não constitui analogia um Em Defesa da tanto exagerada? Santa Inquisição ProJ: Konik - Mas, de fato, não fo i isso (ou seja, medidas de caráter comunista) que fizeram os irmãos dulcianianos (seita medieval, muito esquerdista, liderada por Dulci an, que atuou sobretudo na Itália), os qua is lutaram para introduzir a comunidade de bens, e assim privar a todos da propriedade privada? Lembremo-no de que a atuação do hereges não era apenas na linha da persuasão, mas freqi.ientemente obrigavam as pessoas ricas a "distribuírem aos necessitados" seus bens; os quai s, como sempre acontece nessas situ ações, eram imediatamente defraudados. A semelhança também exi te na esfera da propaganda: tanto a esquerda moderna como os hereges de outrora empenhavam -se em introduzir a "justiça social", utilizando chefes caris máticos para enganar a população. É digno de nota que os movimentos heréticos nunca tentaram arregimentar membros da classe intelectual, procurando sempre apoio nas classes mai s baixas, de pouca in strução. A semelhança entre os hereges medievais e a esquerda moderna é notória também pelo fato de que ambos os movimentos dirigem-se às pessoas numa ·1 ling uage m que e las querem ouvir. Nas homilias ;;; - - - - - -----,,...._~~ .i..lllfl'"ll'l:íí;J
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"Desconstruindo" o pensamento católico /
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conhecida a tática da 5ª co lu na . Pessoas o u g rupos de in divíduos que qu e re m destruir um movime nto infiltram-se ne le, fin ge m perte ncer àq uele movime nto , e e mpree ndem contra e le um tra balho de d e molição. Assim, os defen sores das aberrações morais, que odeiam a Igreja Católica porque E la é a g uardi ã- nata da pureza dos costumes, muitas vezes fazem-se passar por catól icos, para mai s eficazm e nte tenta r de molir a moral. O le itor j á terá pe rcebido qu e estamos fa l a ndo cio movime nto a utointitu laclo Católicas pelo Direito de Decidir. Como pode m c hamarse "católicas" mulh e res que investe m contra a moral católi ca? A ind a qu e a lg um dia te nham s ido católicas, o fato d e inv estirem co ntra a do utrina da Igreja co loca-as fora da Igreja. E m se u site na Inte rnet, essas mu 1heres es tão co nvid a ndo para um curso: Igreja Católica e Mulheres: Desconstruindo tabus. Pregam que
"o comportamento das mulheres ainda está cercado de tabus, especialmente no que tange aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos". Quais são esses " ta bu s"? "Virg indade, uso de métodos contraceptivos, maternidade como destino, homossexualidade, aborto". Lamentam a fa lta de "liberdade para decidir sobre seu corpo e sobre seu praze r". E passam ao ata qu e: "Muitos desses tabus são originados pelo pensamento cristão e, no caso espeCATO LI C ISMO
c(fico do Brasil, especialmente pelas idéias advindas da Igreja Católica. Isso ocorre porque a cultura brasileira está f ortemente permeada por valores c ristãos". Critica m o fato d e que "nossas vidas sofrem grande influência de idéias religiosas restritivas da liberdade sexual e do controle da reprodução humana" . Durante o c urso, "trabalharemos as questões contempo râneas que colocam em cheque esse pensam ento ca tó li co hi s torica m e nte construído ".
persuasão; b) Demonstrar capacidade de expressão gestual; c) Demonstrar capacidade de realiza rfantasias eróticas; d) Demonstrar capacidade lúdica; e) Respeitar o silêncio do cliente; f) Manter sigilo profissional ; g) Respeitar código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho; h) Proporcionar praze r; i) Conquista r o cliente ; j ) Dernonstrar sensualidade.
O curso é diri g ido, e ntre o utros, a homo ssex ua is, lés bi cas e transexua is, també m a "agentes de pastoral da Ig rej a Católica". As aulas se rão n a sed e das Cató licas pelo Direito de Decidir, s itu a d a ( pa sme m!) em um prédio perte ncente aos padres carme litas ... Todo o se u sexto a ndar foi alu gado para se rvir de sede nac io nal às Católicas pelo Direito de Decidil: O quinto andar é oc upado pela sede da Regional S ul d a C NBB , e o sétimo pela sede d a Conferência dos Religioso do Bras il. Uma vizinhança m ui to co nstra ngedora. O u s into m á tica ...
de comunicação em língua estrangeira.
Mhlistél'io <lo Trabalho ensina como ser pl'ostituta
É oficia l! No s ite do Ministério do T raba lho, no setor "Classificação Brasileira de Ocupações", desc revem -se quai devem ser as "competências pessoais" da "profissionais do sexo". E ntre os req ui s ito recomendado estão : a) Demonstrar capacidade de
Tendo e m vista, ce rtam ente, in ce ntiv ar o turi s mo sex ual, recomenda a ind a: Demonstrar capacidade
T u do isso p e rte n ce ao it e m " M e nu da famíl ia". E ntre os " profi ss io na is do sexo", o Mini stério inc lui : Garota de pro-
grama, Garoto de programa, Meretriz , Messalina , Michê, Mulh er da vida , Prostituta, Quenga, Rapa riga, Traba lh ado r do sexo , Trans exual (profissiona is do sexo), Traves ti (profissionais do sexo).
FARC, "Sem-teto" e Agronegócio Padre comunista - A Co lômbi a pediu ao Brasil a extradição do sacerdote comuni sta co lomb iano Francisco Antoni o Cadena Co lazzos, con hecido como "Padre Medina". E le é guerrilheiro das FARC e acusado de "execução de crimes· de homicídio com fins terroristas" e m sua pátria. Surpreendentemente, o Co mitê Nacional para Refugiados (Conare) negou a extradi ção, co ncede ndo condição de refu giado ao padre guerri lheiro, que vive no Brasil desde l997. E m 2005 ele fo i detido e m São Paulo, pela Polícia Federal representando a Interpol, e desde então está no Presídio da Papuda em Brasíl ia. É in vestigado pela participação no ataque a uma base militar da Colômbia e m deze mbro de 1990 e j aneiro de 1991. Esteve e nvolvido na uspeita de doação de 5 milhões de dólares das FARC para a campanha do PT em 2002 (cfr. "O Es tado de S. Paul o", 19-7-06 e "Fo lha de S. Paulo", 20-7-06). Faz parte do Conare a Cáritas Arquidioce ana de São Paulo e Rio de Janeiro, alé m de rep resentantes de vários ministéri s do governo Lul a.
"Sem-teto", com carro de luxo - 180 fa mílias pré-se lec ionad as para receber moradi a tê m patrimônio maior do que os benefíc io que prete nde m receber. Alguns têm ônibus, camin hões e carros nac ionais ou importados, como um Ford Ranger (ava li ado em R$ 40 mil), um Blazer Executive (R$ 33 mil) e um Vectra Classic L(fe (R$ 20 mil). Um dos "sem-teto" tem 23 veícu los em seu nome, somando R$ 170 mil. Houve o caso de uma fa míli a com três mi cro-ônibus e um carro, e outra com se is carros, duas cami onetes e uma moto. O le vantame nto foi feito pelo governo de Goiás. As famíli as cadastradas participaram da invasão ao Parque Oeste Industrial, que obri gou a Polícia Militar a exercer uma desocupação violenta em fevere iro de 2005. A "esperteza" fo i descoberta a partir do cru za me nto de informações de órgãos como o Detran (Departamento de Trânsito), a Ce lg (Co mpanhia Energética de Go iás), a Saneago (Saneamento de Goiás S.A.) e cartórios de registros de imóveis. Anteriormente, já haviam sido excluídas 42 1 famí li as por terem outros
imóvei s ou renda superior a três sa lários mínimos ("Fo lha de S. Paulo", 22-7-06) . Agronegócio - No fa lso debate entre o agronegócio e a agricultura familiar, vale a pena destacar o estudo coordenado pela Dra. lgnez Vidigal Lopes, da Fundação Getú lio Yargas em contrato com a CNA (Confederação da Agricul tura e Pecuária do Brasil). De acordo com a pesquisa, cujo título é "Quem produz o que no campo: quanto e onde", já em 1995 o censo mostra uma realidade oposta à propaganda do governo e do MST: o agronegócio gerou 76,4% do valor bruto da produção (VBP) da agropecuária brasileira, incluindo a indústria rural , enquanto a agricultura fa mi liar contribuiu com apenas 23,6%. A nova realidade agrícola brasileira aponta para que, no próximo censo, a distância entre o agronegócio e a agricultura fam iliar deverá ser ainda maior. Trata-se de um fa lso debate, promovido pelos que gostam de pescar em águas turvas, pois, na verdade, cada setor depende do outro, e será nas relações harmônicas entre ambos que teremos o desenvolvimento do setor rural. •
O ogronegócio gero u 76,4% do valor bruto do produção (VBP) do agropecuário brasileira ...
Tais indivíduos, segundo o Mini stér io, "ba talh am programas se-
xua is em locais privados, vias públicas e garimpas; atendem e acompanham clientes homens e mulheres, de orientações sexua is diversas. Trabalham por conta própria, na rua, em bares, boa tes, hotéis, portos, rodovias e em garimpas. Atuam em amb ientes a céu aberto, fe chados e em veículos, em horários irregulares". Nem no pagani s mo antigo a deg radação moral era assim oficializada! • SETEMBRO 2006 -
Veneza, do charco à glória
Cada a no Veneza revive seus
1 W. G ABRIEL DA SI LVA
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rimeiros a anunciar-se no hori zonte, o esgui o campanile da catedral de São Marcos e a cúpula da igreja de Santa Maria della Salute, na ilha São Jorge, antec ipam-se a outras torres e cúpul as de igrejas e palácios. À medida que o barco se aprox ima e as brumas se dissipam, vaise des velando suavemente a deslum brante beleza das fo rmas e co res de Ve neza , como se um quadro imp ress io ni sta se transformasse em real idade. Seu fu ndadores habi tavam outrora as cercani as do Lido, na praia adriática.
Ameaçado pelos fra ncos, em 8 11 fu giram para as ilhas mais seguras da laguna, e ali realizaram a tarefa ousada de construir uma cidade cujas ruas são canais, em condições ele di sputar com vantagem o título ele a mais bela cidade do mundo. A ilha protege quem a habita, mas pode constituir-se também numa pri são. Os venezianos venceram as limi tações para se tornarem senhores da laguna, cio mar, cio comércio e dos territórios vizinhos, até as ilhas gregas. Enriquecidas, suas duzentas fam íli as apuraram uma aristocracia na qual elegiam o chefe cio Estado, o Doge. Porta do Oriente, a República Sereníssima tornou-se no século XV um dos mais poderosos Estados europeus. Seu povo elaborou um gênero de vida e de cul tura único. *
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"Despon.samus te, mare, in sign.um. veri perpetuique dominii " (Desponsa mos a ti, ó mar, co mo sinal de verdadeiro e perpétuo domíni o). A cerim ônia se encerra com Missa na igreja cio convento de São Nico lau, e a comitiva regressa a Veneza. Tudo se passa em meio a gra nde so leni dade, ao som de músicas e fa nfarras. É o tema cio quadro na parte superior da página anteri or, ele Canaletto (1697- 1768), fa moso pintor veneziano que dá bem a idéia do coração da cidade. *
Desenho antigo das várias ilhas que conformam Veneza
No ano 1000, os venez ianos conquistaram a Dalmác ia, que fi ca do outro lado do mar e hoje pertence à Croác ia. Em l 177 o Papa Alexandre Ili reco nhece ulhes a soberania cio Adriáti co. Para comemorar, criaram a festa dos esponsórios ele Veneza com o mar: no di a da Ascensão , uma es plêndi da e mbarcação, o Bucenlauro, co nduz o Doge e sua comi tiva, acompanha lo de numerosos barcos, até o porto de São Nicola u do Lido. Dali sa i para o mar, onde o Doge lança um anel previ amente benzido pelo Patri arca de Ve neza , pro nu nc ia ndo a fr ase :
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À direita, no referido qu adro, achegada do Bucentauro, de volta do mar. No cais e na praça, o povo se apinh a para recebê-lo. No conju nto arquitetônico dominado pelo campanário ela Basílica de São Marcos, destaca-se o pa lác io ducal, no centro el a ce na. O edifíc io equilibra co m perfeição a fo rça do estil o gótico e a leveza dos orn amentos. É um símbolo notável do esplendor cio poder temporal. À sua esq uerd a, duas colun as servem de portal para a Praça de São Marcos, em cujo fund o, à direita, se encontra a catedral-basílica do mesmo nome; e à esquerda, ainda mai ao fu ndo, a torre do relógio. No alto da coluna j unto ao palácio, o leão de São Marcos: o Eva ngelista é patrono ele Veneza, e seu símbolo o é igualmente da cidade. O ca mpanári o, a
desponsórios com o mar
bas ílica bi zantina, o palác io gótico, a torre cio relógio renascenti sta, edifícios cl ássicos ou barrocos, todos se harmoni za m obedecendo ao princípi o ela unidade na variedade. A variedade bem se vê. Onde está a unidade? Na ordem, num princípi o superior representad o pelo equilíbrio harmôni co de elementos des iguais que sim boli za m poderes, classes sociais, aspirações de alma. No campanário se poderi am ver o direitos de Deus: está ac ima de todos. Sem ele, o palác io duca l se impori a, apesar do es plendor oriental da bas ílica. A alguns metros da Praça temos a vida burguesa e popular, ri ca ou pobre. O povo não está ausente do qu adro. É ele que acl ama a chegada cio Doge. É o homem do barquinho, é o gondoleiro, são os passageiros - todos em primeiro plano, sem vi olar a hi erarqui a. Co m o es forço de se us habitantes Veneza emergiu, a bem di zer, do charco para a glóri a de uma potência naval, que contribuiu dec isivamente para a derrota dos turcos muçulmanos em Lepanto. A Veneza de hoje vive desse passado, que talvez já não ame. Nem por isso deixa de ser verdade que, da ra iz católi ca, vem o fato de ela ter-se torn ado uma elas mais belas cidades do mundo. • E - mai l do autor: w -ga bri el @catolic is111o.co111. br
Découverte du secre ele La Salette
U ma obra documentada lança Juz sobre o segredo e a mensagem de La Salette. No dia 19 deste mês comemora-se o 160° aniversário das aparições. n Lu1s DuFAUR
N
a manh ã ele 19 ele setembro ele 1846, a pastorinh a M élani e Ca lvat, ele 14 anos ele id ade, conduzia as vacas cio seu patrão para pastar nos morros ele La Salette, na região ele Grenob le, contrafortes cios Alpes franceses. U m menino ele 11 anos, que ela não conh ec ia, in sistiu em acompanh á- la. Era M ax imin G iraucl, também ele pastorinh o a servi ço ele um vizinho. Mélanie aceitou. N enhum cios doi s podia imaginar o evento sobrenatural que haveri am ele testemunhar naq uele dia providencial. M élani e gostava ela so lidão, ci o si lênc io e ela oração. Maximin era ingênu o e loq uaz. Logo começou a pedir a M élani e que lhe ensin asse um jogo. Ela lhe propôs o seu entretenimento preferido: faze r um paraíso, isto é, uma cas inha de pedras toda recoberta co m maços de fl ores sil vestres. Após muito trabalho nessa constru ção, os doi s ti veram fome e sono. Comeram um fruga l lanche, dei taram na relva e dormi ram.
Nossa Sc11hora, rainha dcstl'onada cm prantos Quando acordaram, tiveram uma surpresa: uma lu z mais brilhante que o so l pousava so bre o paraíso qu e haviam construído. Maximin empunhou seu bordão e garantiu a M élanie que, se a lu z fosse má, ele a defenderi a. Aproximara m-se cio fulcro luminoso . N o cern e dele havia uma outra luz ainda mais brilhante, que se movi a. Era uma Se nhora coroada ele fl ores, cuja celesti al ex pressão M élanie descreveu co m palavras insp iradas. Sentada sobre o paraíso , a Senhora chorava com o rosto nas m ãos. Era a Santíss im a Virge m, hoj e conhec ida sob a invocação ele Nossa Senhora ele La Sa lette. O lhando para as cri anças, leva ntouse e di sse: "Vinde, meus filhos, não te-
nhais medo, estou aqui para vos trazer uma grcmde comunicação". Vi11culação prohm<la cnuc La Salcllc, LOlll'dCS e Fátima Comunico u- lhes então um a mensagem a ser divul gada e um seg redo para
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ser revelado em 1858, ano em que N ossa Senhora apareceri a em Lourdes, inaugurando um a era de graças que dura até hoj e. D e fato, essas duas manifestações da M ãe de Deus constituem um só todo. Em La Salette, como veremos, E la anun ciou o futuro do mundo até o fim dos tempos e as puni ções universa is que pai ravam sobre a hum anidade impenitente. Em Lourdes E la deu início a um dilúvio de graças para reerguer essa mes ma hu manidade e dar- lhe forças e es tímulos para se afastar do mal e da Revo lução. O nexo profundo entre Lourdes e La Sa lette inclui Fátima, que, absolutamente fa lando, é a coroação dessas irrupções ex traordin ári as da Rainha do Céu na históri a humana.
Grande inter esse e comoção 110 clero e 110 povo M élanie e Maximin correram de volta às casas dos patrões e depois contaram tudo ao pároco. Este, ouvindo-os fa lar, comoveu-se até às lágrim as e fez um sermão na Missa, que impressionou vivamente os paroquianos. O bi spo local, M ons. Philibert de Bruillard, de Grenoble, lendo o ingelo relato, caiu em lágrimas. A notícia es palhou-se como rastilho de pólvora. E não é de espantar, pois a França estava dividida religiosa e politi ca mente. De um lado havi a os católi cos ditos liberais e sociais, precursores do progressismo que hoj e devasta a I greja, co nlui ado s co m os co ntinu adores do igualitari smo libertin o e anticatóli co da Revo lução Francesa; esses cató li cos liberais sentiram-se apanhados e denunciados pela M ensagem no que tin ham de mais interno. De outro lado, os cató li cos autênticos, defensores de todas as formas de leg itimidade, ao lerem a mensagem de La Salette, ti veram uma confirmação de tudo o que a f é e a fidelidade à l grej a lhes in spirava. Os sucess i vos governos da época monarqui a ilegítima de Luís Feli pe, segunda e terceira Repúbli cas, bem corno o impéri o de Napoleão II1 - eram considerados co m horror pelos melhores representantes do catoli cismo francês. Ta is governos não oc ultaram seu ódi o co ntra L a Salette. Sobretudo N apo leão III, cuj o jogo fa lso ficara des vendado em La Salette. A ss im, a mensagem de Nossa Se-
CATOLICISMO
O nexo profundo entre Lourdes (acima) e La Salette inclu i Fátima (dir.), que é a coroação das irrupções extraordinárias da Rainha do Céu na história humana
a eles a opinião de que "estavam bem, que
nhora incidiu na carn e viva dos prob lemas reli giosos, políticos e ideo lógicos da França. Muta tis mutandis, esses problemas era m os mes mos em todo o mundo ca tólico oc idental daq uela época . Jnimi gos velados de La Sa lette, aventureiros, fa lsos místicos, políticos interesse iros co locara m em circul ação versões embaralh adas da mensage m e até ad ulteradas, para justificar posições políticas prev iamente adotad as ou simple mente des mora li zar as palavras de Nossa Senhora. Independente dessa polêmi ca, peregrin ações cresceram logo e co nstataramse os primeiros mi lagres no loca l.
em favor da aparição e o Cardeal Lambruschini , prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos, julgou que os documentos "não deixavam nada a desejar" e aprovou o "edificante e inteiramente louvável rigo r" com que agiu Mons. Bru illard. Fortalec ido pela aco lhida favo rável cio Sumo Pontífice e da Sa nta Sé, o bispo ele G renoble reconh eceu o fi cialmente a aparição e fez pub li camente seu elogio ao clero e aos fi éis. Por isso, La Salette é uma das raríssimas apari ções reconhec idas canonica mente pela I greja. Se a mensage m ele Nossa Sen hora fosse sem gra nde transcendência, a decisão de Roma teria posto fim às po lêmi cas. Porém a tempestade, longe ele amainar, recrudesceu ao máximo.
Papa acolhe /'avora velmellle e. bispo reconhece olicial111e11te Mons. de Bruill ard abriu um inquérito oficial sob os cui dados de uma comissão de 16 sacerdotes ex peri entes . O videntes escreveram de próprio pun ho o relato do acontec id o. A co mi ssão pronunciou-se pela autentic idade da apari ção . Mas o Ca rdea l Lou is ele Bona ld, A rceb ispo de Lyon e metropo litano do bispo de Grenoble, se opôs ativamente a essa conclusão aprobatóri a.
O bispo de Grenob le ordenou que os videntes, separadamente, redigissem de novo e com es mero os fatos e as pa lavras de Nossa Senhora. Estes relatos foram levados a Roma e entregues em mãos ao Papa então fe li zmente rein ante, o Bem-a venturado Pio IX. N o V aticano, o Santo Padre di scerniu a transcendência da mensagem. Abriu os lacres na presença dos portadores ela importante correspondência, dois cônego da diocese de Grenoble. Fazendo o comentário "aqui há a candura e a simplicidade de uma criança", pôs-se de pé e se aprox imou da j anela para ler com mais atenção. Seus lábios se contraíram, suas maçãs do rosto se incharam. Termin ada a leitura, di sse-lhe : "Trata-se de.flagelos dos quais
a França está ameaçada. Mas ela não é a única culpada. A Alemanha, a Itália, a Europa toda o são também e merecem os castigos. Tenho menos a temer de Proudhon [teórico socialista] do que da indiferença religiosa e do respeito humano". 1 E acrescentou: "Não é sem razão que a Igreja é chamada militante, e que vós vedes aqui o seu Capitão". No ato, encaminhou o documento a Mons. Frattinj , promotor ela Fé, anexando
ele estava contente e que eles exalavam. a verdade". 2 Mons. Frattini pronunciou-se
Vendaval rnvol11cio11ário contra La Salettc Os cató li cos liberais desprezaram La Sa lette desde o início. A li ás, o pranto de N ossa Senh ora era espec ialm ente por cau a deles. Vendo que a obra ele Nossa Se nh o ra prog red ia com a bênção cio Papa, tai s católi co passaram à contestação e à di famação aberta, com intri gas e escritos clesa bonadores.
Mon s. de B rui li arei lefencleu a autentic idade ela aparição e a difusão da mensagem. M as, sendo já muito idoso, teve que renunc iar à diocese. O imperador Napoleão IJJ e o Ca rd ea l Jacques M athi eu, líder dos bi spos galicanos (que co ntestavam prerrogati vas inclerrogáve is ela Sa nta Sé), impin giram seu ca ndid ato para a sucessão: Mon s. Jacques Gi noulhi ac . A ss im qu e o Vati cano fo i in fo rmado di sso, desaprovou a nomeação e urg iu ao Núncio Apostó li co em Pari s para que impedi sse a posse. A Concordata da época, infeli zmente, conced ia regali as - abolidas depois - ao governo ci vil para a de ignação ele bi spos. O novo prelado tomou posse ela diocese antes ele chegar o veto de Roma. Pio IX tinha razões por demais graves para não aprovar a nomeação: Mons. Ginou lhiac era um líder liberal. Posteriormente fo i grande opos itor à proclamação cio dogma da infalibilidade pontifícia, a ponto ele abandonar Roma para não participar cio dia glorioso ela promu lgação desse dogma no Concílio Vaticano L Era também acérrimo in imigo ela mensagem de La Salette. Quando doi s ec les iásticos da diocese publicaram sem li cença um libelo difamatóri o contra os videntes, com a ass inatura de 50 padres, o Papa ex01tou-o a permanecer dentro dos li mites do Direito Ca-
nônico e pediu-Lhe que difundisse a mensagem. M ons. G inou lhi ac aparentou aceitar a solicitação do Pontífice e censurou o libelo. M as, desde então, empenhou-se em abafar a mensagem e silenciar os pastori nhos. Católicos liberais, poderes civis e associações anticató licas sabiam que se a mensagem fosse bem recebida, a causa ela Revolução estava perdida. Para co mpli car ainda mai s o quadro, vári os pseudo-v identes espalhavam mensagens parec idas, mas manifestamente fa lsas. Uma pretensa mística - a condessa Pauline de Ni colay - dizia tran smitir revelações qu e desc lass ifi ca vam mora lmente os pastores. Propôs sibilinas fórmu las, av idamente enclo s adas pelo bi spo li beral , no sentido de que o pai el de M élani e e Maxirnin hav ia terminado antes ele 1858, ano no qual dev iam revelar a íntegra do Segredo ! Some nte o relato das vic iss itud es dessa controvérsia dari a matéri a para um artigo ela ex tensão cio prese nte. Mas nosso obj etivo neste arti go é aprese ntar o segredo de La Sa lette, de acordo com os estudos mais recentes, aos quais ad iante nos referiremos.
Impunha-se 11111 estudo a pal'til' dos clocwnentos Ul'iginais A polêmica enb·e os fran ceses atingiu uma tal confusão, que a Santa Sé, por meio de decreto cio Santo O fício de 2 1 de dezembro de 19 15, proibiu a publicação ele toda a versão do segredo, mas de maneira alguma desencoraj ava a devoção a Nossa Senhora de La Sa lette. Em 9 de maio de J923 , uma edição do segredo com imprirnatu r cio bi spado ele Lecce datado ele 1511 - 1879, foi inscrito no lndex de li vros proibidos. Essa edição fora aprovada em numerosas dioceses por cardeais e bispos. Impunha-se fazer um estudo a partir cios documentos ori ginai s para deslindar a controvérs ia. Entretanto, como fazê- lo, se os origin ais tinham desaparec ido no próprio V aticano? Co m isso, toda clifu ão púb lica fi cava bloqueada, tal vez para se mpre. Para sempre?
Marn11ilhosa e inesperada r eclescobcrta No ocaso do séc ul o XX, o sacerdote francês Pe. Michel Cortevill e preparava
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Moximin e Mélonie, os videntes de Lo Solette, no época dos aparições
sua tese de doutorado. Escolhera o tema La Salette. Informado de que a Cong regação para a Doutrina da Fé tinha liberado ao público os arquivos anteriores à morte de S.S. Leão Xlll (20- 11 - 1903) , obteve lice nça para pesq ui sar ne les. E m 2 ele outubro de 1999, enquanto o s ino anunciava o fim cio horário ele consultas, o Pe. Michel co nte mplav a maravi lhaclo os velhos docume ntos cio pacote que acabava ele ab rir: era o clossiê completo com os documentos oficiais de La Salette encaminhados a Pio IX e à Santa Sé em diversas datas! Estudados minuc iosamente esses documento ·, o Pe. Cortev ill e pôde dissipar as dúvidas que pairavam sobre o ass unto, e assi 111 defender com sucesso sua tese na cé lebre Faculdade de Teologia Angelicum, ela Ordem Dominicana em Roma. Sua tese, ele ma is de mil páginas, fo i inic ial mente publicada sob o título La "Grande Nouvelle " des bergers de La Salette, vo l. I, L 'apparition et les secrets ( Pars Dissertatio ad Lauream Facultatis S. Theologiae apud Pontificiam Universitatem S. Thomae de Urbe - Roma, 2000 - Téq ui , Paris, 200 1). E em seguida resumida em livro, com a co laboração do Pe. René Laurentin, sob o títuCATOLICISMO
lo Découverte du secret de La Salette (Paris, Fayarcl, 2002), co m lmprimatur ele Mons. Mi che l Dubost, Bispo ele Év ry , e nihil obstai ele Dom Bernard Billet, da abadi a ele Notre-Dame de Tournay.
Di/'iculdades na transcrição <la ,1isão Maximin era pouco háb il em redação. Foi necessário que reesc revesse tudo, devido às manchas de tinta do seu
Mons. de Bruillord quem enocominhou os revelações o Pio IX em 1851
escrito. Sua pobreza de recursos refletese na redação. O modo como se deu a revelação também contribui para um certo vai-e-vem na ordem cronológica cio relato dos videntes. Mélanie exp licou que, quando Nossa Senhora falava, "um grande véu se levantava, os acontecimentos se desvendavam. ante m.eus olhos e ante minha imaginação à medida que Ela pronunciava as palavras, e um grande espaço se abria diante de ,nim. Eu via os acontecimentos.[ ...] E ainda mais longe viam-se mil e mil vezes mais coisas do que os ouvidos ouviam". 3 Registrar no papel esse gigantesco espetáculo cio mundo e cios séculos futuros, por certo colocaria em graves dificuldades até um literato consu mado. Maximin e Mélanie foram beneficiados por um privilegiado e manifesto auxílio sobrenatural para serem fiéis a tudo o que tinham visto ou ouvido. Sempre que interrogados sobre os pontos claro-obscuros elas redações, os videntes responderam com uma segurança e uma riqueza ele detalhes que maravilhou os eclesiásticos mais experientes. Porém , a complcxiclacle da visão e as limitadas forças inte lectuais dos videntes criaram dificuldades para verter a visão no papel. As sucessivas redações do segredo resultam exatamente desse esforço ele explicitação cios videntes, em especial ele Mélanie.
O segredo na sua l'ol'ma mais completa A primeira redação ofici al cio segredo foi feita por Maximin e m 3 de julho ele 1851 e por Mélanie Lrês dias depois. Os manuscritos foram lacrados pelo bispo de Grenoble, M ons. de Bruillard, e entregues a Pio IX. E m 1858, ano da apari ção de Nossa Senhora em Lourdes, Mélanie enviou ao Papa o conleúdo completo do segredo. Os videntes, a li ás, fizeram mai s ele um relato, alguns perdidos, outros felizmente preservados nos arquivos da Santa Sé. Por brevidade, transcreveremos apenas aq uele que é considerado pelo Pe. Cortevi lle o mais completo. É uma redação mais aprimorada, feita por Mélanie e m 21 ele novembro ele 1878, considerada definitiva pela vidente. Intercal aremos intertítulos para auxili ar a leitura. Eis o texto do segredo:
Decadê11cia <lo clero atrairá a vingança divi11a " Mélan ie, o que eu vou di zer-vos agora não.ficará sempre segredo, podereis publicá-lo em 1858. "Os sacerdotes, ministros de meu Filho, pela sua má vida, sua irreverência e impiedade na celebração dos santos mistérios, pelo amor do dinheiro, das honra rias e dos praz.e res, tornaram-se cloacas de impureza. Sim, os sacerdotes atraem a vingança, e a vingança paira sobre suas cabeças. Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela sua ú1/idelidade e má vida crucificam de novo m.eu Filho! Os pecados das pessoas consagradas a Deus bradam ao Céu e c/ama111 por vingança, e eis que a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais urna pessoa que implore misericórdia e perdão para o povo; não há mais almas generosas, não há mais ninguérn. digno de oferecer a Vítima imaculada ao [Pai] Eterno em favor do inundo.
Papo Pio IX
/Ji111e11são dos castigos auairá a cólera divina " Deus vai golpear de modo inaudito. A i dos habitantes da Terra! Deus vai esg otar sua cólera, e ninguérn poderá fú gir a tantos males acumulados. "Os chef es, os condutores do povo de Deus 11egligenciaram a oração e a penitência, e o demônio obscureceu suas inteligências; tra11.~formaram-se em estrelas cadentes, que o velho diabo arrastará com sua cauda para f azê-los perece,: Deus permitirá à vellro serpente introduz.ir divisões entre os que reinam, em. todas as sociedades e em todas as f amílias. So.fi·er-se-ão tormentosfrsicos e morais; Deus abandonará os homens a si mesmos e enviará castigos que se sucederão durante mais de trinta e cinco anos. "A sociedade está na iminência dos .flagelos mais terríveis e dos ,naiores acontecimentos; de ve-se espemr ser govern.ado por uma chibata de f erro e beber o cálice da cólera de Deus.
As revelações advertem Pio IX o desconfiar de Napoleão 111, pois "seu coração é falso, e quando e/e quiser tornar-se ao mesmo tempo Papo e Imperador, Deus se qfostorá dele"
Advertência a Pio IX contra Napoleão IIJ, perseguição ao clel'o "Que o Vigário de meu Filho, o Soberano Pont(fice Pio IX, não saia mais de Roma depois do ano 1859; mas seja firme e generoso, combata com as armas dafé e do amor; Eu estarei com ele. Que ele desconfie de Napoleão [IlI]; seu coração é falso, e quando ele quiser tornar-se ao mesmo tempo Papa e Imperador; Deus se afasta rá dele; ele é como a águia que, querendo subir sempre mais, cairá sobre a espada da qual queria se servir para obrigar os povos a elevarem-no. "A Itália será punida pela ambição de querer sacudir o jugo do Senhor dos Senhores; será também entregue à guerra, o sangue correrá por todo lado; as igrejas serãofechadas ou profanadas; os sacerdotes, os religiosos serão expulsos; darse-lhes-á a morte, e morte cruel. Muitos abandonarão a f é, e o número dos sacerdotes e religiosos que se qf'astarão da verdadeira religião será grande; entre essas pessoas se encontrarão até bispos. /i'alsos pro<lígios sobre a 1'crrn "Que o Papa esteja em alerta contra osfautores de milagres; pois chegou o tem.po em que os prodígios mais assombrosos terão Lugar sobre a Terra e nos ares. "No ano de 1864,'1 Lúcif'e re um grande núrnero de demônios serão liberados do inferno; eles abolirüo a fé pouco a pouco, até nas pessoas consagradas a Deus; eles as cegarão de tal maneira que, salvo uma graça particulc11; adquirirão o espírito desses maus anjos; rnuitas casas religiosas perderão inteira111e11 te a f é e perderão muitas almas. "Os maus li vros abundarão sobre a Terra, e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um. relaxamento universal em tudo o que se refere ao serviço de Deus; eles terão grandíssimo poder sobre a natureza; haverá igrejas para cultuar esses espíritos. Pessoas serão transportadas de um lugar a outro por esses espíritos maus, até sacerdotes, porque não se terão conduz.ido pelo bom espírito do Evangelho, que é um espírito SETEMBRO 2006
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de humildade, caridade e zelo pela glória de Deus. Far-se-ão ressuscitar mortos e justos (quer dizer, tais mortos tomarão a .figura de almasjustas que viveram na Terra, para seduzir mais os homens; esses supostos mortos ressuscitados, que nc7.o serão outra coisa senão o demônio encarnado nessas.figuras, pregarão outro evangelho contrário ao do verdadeiro Jesus Cristo, negando a existência do Céu); ou ainda almas de condenados. Todas essas almas aparecerão como unidas a seus corpos. Em todos os lugares haverá prodígios extraordinários, porque a verdadeira fé se apagou e uma falsa luz ilumina o mundo. Ai dos príncipes da Igreja que então estarão ocupados apenas em acumular riquezas, salvaguardar sua autoridade e dominar com orgulho!
Sol'riJ11e11tos de Pio IX. Caos e a11arq11ia 1111iversal "O Vigário de m.eu Filho terá rnuito que sofre,; porque durante algum tempo a Igreja será entregue a grandes perseguições; será o tempo das trevas, e a Igreja passará por uma crise pavorosa. "Tendo sido esquecida a santa fé em Deus, cada indivíduo desejará guiar-se por si próprio e ser superior a seus semelhantes. Serão abolidos os poderes civis e eclesiásticos; toda a ordem e toda justiça serão calcados aos pés; não se verá outra coi-
sa senão homicídios, ódio, inveja, mentira e discórdia, sem amor pela pátria nem pela família. "O Santo Padre sofrerá muito. Eu estarei com ele até o .fim, para receber o seu sacrifício. " Os maus atentarão várias vezes contra sua vida sem poder abreviar seus dias, mas nem ele nem seu sucessor ... verão o triunfo da Igreja de Deus.
A aboll1inação nos lugai·es santos " Os governantes civis terão todos um mesmo obj etivo, que consistirá em abolir e fa zer desaparecer todo princípio religioso, para dar lugar ao materialismo, o ateísmo, o espiritismo e a toda espécie de vícios. "No ano 1865, ver-se-á a abominação nos lugares santos; nos conventos, as flores da Igreja serão apodrecidas e o demônio tornar-se-á como que o rei dos corações. Que os dirigentes das comunidades religiosas estejam atentos em relação às pessoas que devem recebe,; porque o demônio usará de toda sua malícia para introduzir nas ordens religiosas pessoas en-
tregues ao pecado, pois as desordens e o amor dos prazeres carnais estarão espalhados por toda a Terra. "A França, a Itália, a Espanha e a Inglaterra estarão em guerra; o sangue correrá nas ruas; o fran cês combaterá contra o fran cês, o italiano contra o italiano; a seguir haverá uma guerra geral que será pavorosa. Durante um tempo, Deus não se lembrará mais da França nem da Itália, porque o Evangelho de Jesus Cristo não será mais conhecido. Os maus estenderc7.o toda sua malícia. Até nas casas as pessoas se matarão e se massacrarão mutuamente.
Jnterve11ção divi11a qual1(/0 tudo parecer perdido "Ao primeiro golpe de sua espada fulgurante, as montanhas e a natureza inteira tremerão de espanto, porque as desordens e os crimes dos homens transpassarão a abóbada celeste. Paris será
queimada, e Marselha engolida [pelas ág uas]; várias g randes cidades serão abaladas e traP,adas por trenwres de terra; crer-se-á que tudo está perdido; só se verão homicídios, se ouvirão apenas ruídos de armas e b/a5fêmias. "Os justos sofrerão mui/o; suas orações, sua penitência e suas lágrimas subirão até o Céu e todo o povo de Deus pedirá perdão e misericórdia, pedirá minha ajuda e intercessão. Então Jesus Cristo, por um ato d.e sua j ustiça e de sua grande misericórdia em relação aos justos, ordenará a seus Anjos que dêem. morte a todos os seus inimigos. De repente, os perseguidores da Ig reja de Jesus Cristo e todos os homens entregues ao pecado perecerão e a Terra tornarse-á como um deserto. 5
Triw11'0 da Igreja nas alll1as, domí11io cio Eva11gell10 "Então será feita a paz, a reconciliação de Deus com os homens; Jesus Cristo será servido, adorado e glorificado; a caridade .florescerá por toda parte. Os novos reis serão o braço direito da Santa Igreja, a qual será.forte, humilde, piedosa, pobre, zelosa e imitadora das virtudes de Jesus Cristo. O Evangelho será pregado por toda parte e os homens.farão grandes progressos nafé, porque haverá unidade entre os operários de Jesus Cristo e os homens viverão no temor de Deus. 6
Falsa paz precederá a viJ1da do A11ticristo
em choro pe los ameças oirom sobre o Igreja
"Esta paz entre os homens não será longa; 7 vinte e cinco anos de safras abundantes far-lhes-ão esquecer que os pecados dos homens são a causa de todos os castigos que sucedem na Terra. "Um precursor do Anticristo, com tropas de várias nações, guerreará contra o verdadeiro Cristo, único Salvador do mundo; derramará muito sangue e tentará aniquilar o culto de Deus, para se fa zer cultuar como um deus.
Desgraças 110s tell1pos do A11ticrlsto e perseverança dos fiéis "A Terra será atingida por toda espécie de pragas (além.da peste e dafom.e, que serão gerais); haverá guerras até a última guerra que será então movida pe-
"Os demônios do ar, ;unto com o Anticristo, farão grandes prodígios no terra e nos ares, e os homens se perverterão cada vez mais"
los dez reis do Anticristo, cujo obj etivo será o rnesmo, e serão os únicos a govern.arem o mundo. Antes que isto aconteça, haverá uma espécie de fa lsa paz no mundo; não se pensará em outra coisa senão em se divertir; os maus entregar-se-ão a toda sorte de pecados. Mas os filhos da Santa Igreja, os.filhos da fé, meus verdadeiros imitadores, acreditarão no Amor de Deus e nas virtudes que me são mais caras. Felizes essas almas humildes conduzidas pelo Espírito Santo! Eu combaterei junto a elas até que atinjam a plenitude da idade.
Ações dos deJ11ônios e do Anticristo "A natureza exige vingança por causa dos homens, e estremece de pavor na espera do que deve acontecer à Terra emporcalhada de crimes. Tremei, ó Te rra, e vós que fizestes profissão de servir a Jesus Cristo, mas que no vosso íntimo adorais a vós próprios; tremei, pois Deus vai entregar-vos a seu inimigo, porque os lugares santos estão imersos na corrupção; muitos conventos não são mais casas d.e Deus, mas pastagens de Asmodeu e os seus [demônios]. Durante esse tempo nascerá o Anticristo de uma religiosa hebraica, umafalsa virgem .que terá co-
municação com a velha serpente, e o mestre da impureza seu pai será bispo; ao nasce,; vomitará blasfêmias e terá dentes; nurna palavra, será o diabo encarnado; dará gritos aterrorizadores, fará prodígios, alimentar-se-á de impurezas. Terá irmãos que, embora não sejam como ele outros demônios encarnados, serão fi lhos do mal; aos doze anos eles se f arão notar pelas valorosas vitórias que obterão; logo estará cada um à testa de exércitos, assistidos por legiões do ú~ferno. "As estações mudarão, a terra só dará rnaus.fi·utos, os astros perderão seus movirn.entos regulares, a Lua não projetará senão urna débil luz avermelhada; a água e o fogo darão ao globo terrestre movirn.entos convulsivos e horríveis tremores de terra, que engolirão rnontanhas, cidades, etc. "Roma perderá afé e se tornará sede do Anticristo. "Os demônios do cu; junto corn o Anticristo, farão grandes prodígios na terra e nos ares, e os homens se perverterão cada vez mais. Deus tomará sob seus cuidados os .fiéis servidores e os homens de boa vontade, o Evang elho será pregado por toda parte, todos os povos e todas as nações terão conhecimento da verdade. SETEMBRO 2006 -
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Nossa Senhora e os apóstolos dos últimos tempos · "Faço um premente apelo à Terra; apelo aos verdadeiros discípulos do Deus vivo que reina nos Céus; apelo aos verdadeiros imitadores de Jesus Cristo f eito homem, o único e verdadeiro Salvador dos homens; apelo aos meus.filhos, meus verdadeiros devotos, àqueles que se deram a mim para que eu os conduza a meu divino Filho, àqueles que levo por assim dizer nos meus braços, àqueles que vivem de m.eu espírito. Enfim, apelo aos apóstolos dos últimos tempos, aos fiéis discípulos de Jesus Cristo que viveram no despreza do mundo e de si próprios, na pobreza e na humildade, no desprezo e no silêncio, na oração e na mortificação, na castidade e na união com Deus, no sofrimento e desconhecidos do mundo. É chegado o tempo para que eles saiam e escla reçam a Terra. Ide e mostrai-vos como meus.filhos amados; estou convosco e em vós, contanto que vossa fé seja a luz que vos ilumina nestes dias de desgraças. Que vosso zelo vos.faça como que famintos da glória e honra de Jesus Cristo. Combatei, ftlhos da luz, pequeno número que isto vedes; pois aí está o tempo dos tempos, o fim dos fins. No fim do mundo, Deus e11Viará Enoch e Elias
"A Igreja será eclipsada, o m.undo estará na consternação. Mas eis Enoch e Elias cheios do Espírito de Deus; eles pregarão com a força de Deus, os homens de boa vontade acreditarão em Deus e muitas almas serão consoladas; eles farão grandes progressos pela virtude do Espírito Santo e condenarão os erros diabólicos do Anticristo. Ai dos habitantes da Terra! Haverá guerras sangrentas e fome, peste e doenças contagiosas; haverá chuvas de graniza espantosas para os animais; trovoadas que abalarão as cidades, terremotos que engolirão países; ouvir-se-ão vozes pelos ares; os homens baterão as cabeças contra asparedes; pedirão a morte, e por outro lado a morte será seu suplício; o sangue correrá de todo lado. Quem poderá resisti,; se Deus não diminuir o tempo da prova? Deus se deixará dobrar pelo sangue, CATOLIC ISMO
"Chegou o tempo, o abismo se abre. Eis o rei dos reis das trevas, eis a Besta com seus súditos proclamando-se o Salvador do mundo. Ele se elevará orgulhosarnente nos ares para ir até o Céu; será a4ixiado pelo sopro de São Miguel Arcanjo. Cairá; e a Terra, que durante três dias estará em contínuas evoluções, abrirá seu seio cheio de fogo; ele será submerso para sempre, com todos os seus, nos despenhadeiros eternos do inferno. Então a água e o fogo purificarão a Terra e consumirão todas as obras do orgulho dos homens, e tudo será renovado; Deus será servido e glorificado". Fim da aparição. Nossa Senlwra sobe ao Céu N o fim dessas palavras, Nossa Senhora acrescentou: "Pois bern, meus .fi-
lhos, co municareis isto tudo a me u povo". E ca minho u até um a e levação O segredo destaca o papel que desempenharão Enoch e o profeta Elias (acima)
lágrimas e orações dos justos. Enoch e Elias serão mortos; Roma pagã desaparecerá; o fogo do céu cairá e consumirá três cidades; todo o universo será tomado de terror e muitos deixar-se-ão seduzir, porque não adoraram o verdadeiro Cristo vivo entre eles. Chegou a hora, o sol se obscurece, só afé viverá.
próxima. Seus pés ape nas tocavam a fím bri a das ervas, sem as dobrar. Tendo atingido o topo, E la se deteve o lhando com terna bondade os vide ntes. E começou a se e.levar insensivelmente até a a ltura de um metro. Ficou ali ape nas um instante, o sufi c iente para o lhar o céu, a terra, à sua direita e à sua esquerda. Depois E la pousou seus o lhos "tão doces, tão amá-
veis e tão bons que eu julguei que ela me atrairia até seu interio1; e parecia que ,neu coração se abria ao d 'Ela", narrou Mélanie. A luz que a rodeava tornou-se mais in tensa, co mo envo lvendo Nossa Senhora, e Ela desapareceu pouco a pouco. A luz ascendeu suavemente rumo à direita, até sumir do olhar das crianças amadas da Virgem.
Apóstolos <los últimos tempos e a vinda de Elias e Enoch
S. Luís Grignion profetizou a entrada em cena dos apóstolos dos últimos tempos
Esta última e ma is acabada redação do segredo desenvolve co m maior riqueza de pormenores e precisão a sucessão de eventos futuros já contida nos relatos ofic ia is de J85 J. Mas ac rescenta no fim dois e.lementos novos de enorme s ig ni ficação. O primeiro é o apelo para a entrada em cena dos apóstolos dos últimos ternpos. Para isso Nossa Senhora erve-se de expressões que ecoam poderosamente os termos com que o in signe doutor mari a l
São Luís Maria Grignion de M ontfort profetizo u tai s apóstolos no século XVIII. Nossa Senhora, aliás, segundo relata Mélanie, ditou-lhe uma regra para os apósto-
los dos últimos tempos. Por fim, o segredo destaca o papel que desempenharão o patriarca E noch e o profeta E li as, fundador da Ordem do Carmo, nos combates finais co ntra o Anticristo.
Mensagem que convida à oração e à penitência A descobe rta dos textos oficia is do segredo de La Sa lette nos arqu ivos vatica nos permite e nunc iar uma vasta série de cons iderações. Feitas num esp írito de fide lidade incondicional à Santa Igrej a e de respe ito e nl evado pela Hierarqui a ecles iástica in stituída por Nosso Sen hor Jes us Cristo, e las podem in sp irar graves e piedosas reflexões que este artigo, j á por de ma is extenso, não tem condições de acolher. O le ito r di spõe, e ntreta nto, com o exposto ac ima, de ab undante matéria para meditação, vig il ância, oração, e - não é demais lembrá- lo - para uma penitênc ia sincera, proporcionada à situação de cada um. •
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E-mai l do autor: lui sdufa ur@catoli cisrno.corn .br
Notas: 1. René Laurentin - Michcl Cortevi ll e, Découven e d u secret de La Sale11e, Pari s, Faya rd , 2002, p. 139. 2. La Sale11e exa111inée à Ro111 e, Ré /atio11 de M. Rous.l'elot, selon L. Basse 11e, Le Fait de La Sa le 11 e. Ce r f, Pa 1·i s, 1955 , p. 227, apucl Laurentin-Cortevi lle, p. 139. 3. Lau rentin -Cortev ill e, p. 44. 4. Naquele ano foi fu ndada a Associação lntem acional dos Trabalhadores, ou I Jntern ac ional Comuni sta; Napoleão Ili e o rei do Piemonte, Vittorio Emm anue le, assi naram um aco rdo que aca rretou a usurpação dos Estados Ponti fícios e ele Roma, onde o Papa fi cou pri sioneiro (cfr. R. P. A I freei Pa rent, Le Secret Complet de La Salelle, Martocq, Pari s, 1903). 5. 111 outra ocas ião M élanie confid encio u trata rse ele " 11111 triunfo inaudito da Ig reja" (cfr. Laurentin - ortev il le, p. 70. 6. Esta fase hi stóri ca co in cide co m o Rein o el e M aria u sécul o de Maria, pro feti zado por São Luís G ri g nion de M ontfort, grand e doutor marial cio séc ulo X V II I. E es tá de aco rdo com a prom essa de Nossa Senh ora em Fátima: " Por .fim, o me11 Im aculado Coração triw(f'ará". 7. M élani e foi i nterrogada pelo pároco de Diou a res peito da duração do tempo de paz, tendo ela prec isado que durari a "11111. número de gerações bastante g rande". (Laurentin-Cortevi ll e, p. 7 1.
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zentos e cinqüenta culpados punidos. Sobre esse número, quantos foram postos à ,norte? Nenhum! llorente o reconhece. As punições consistiam geralmente em. urna penitência, wna recitação de salmos". 2 O Santo Ofício tinha por lema
Misericórdia e Jus/iça, desconhecido então pelos tribunais civis do tempo.
A Santa /JJquisição, para os males da Es1Janha
São Pedro de Arbués Mártir vitimado pelos que odiavam a Inquisição Inquisidor, defensor da fé no reino de Aragão, foi morto a mando de judeus pretensamente convertidos ao cristianismo, quando rezava na catedral de Saragoça ■ PuN10 M ARIA SouMEO
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maior glóri a da Espanha era sua catolicid ade destemida, ufana, reali sta. O e pírito racionali sta do século XlX detestava parti cu larmente esse admirável espfrito espanhol. Daí organ izar uma campanha de difamação contra esse país e contra suas mais legítimas in stituições, cobrindo-os com uma legenda neg ra, que nosso tempo herd ou em espírito de crítica. O objeto ele maior difamação dessa " legenda" foi o Santo Tri -
bunal da Inquisição contra a Pe,:fídia dos Hereges. É bem verdade que hi storiadores Escudo da Inquisição
CATOLICISMO
consc ienciosos têm rec entem ente mostrado a parcial id ade e exagero cios
críti cos desse Santo Tribunal, sobretudo as cifras exageradas que apresentam. Um historiador, insuspeito por ser protestante, afirma que "um auto-
de-fé não se passava nem a queimar nem a pôr à morte [suas vítimas], mas em parle a pronunciar a quitação das pessoas falsarn ente acusadas, em parte a reconciliar com a Igreja os arrependidos. E houve muitos autos-defé nos quais não se viu queirnar senão o círio que os penitentes tinham. na m.ão, em sinal de suafé". 1 " O mesmo Llorenle, o historiador que, sob prelexto de falar sobre a Inquisição, a de~:f1gurou com tanta obslinação, cita para o ano de 1486 quatro autos-deJ é em. Toledo, onde não ha via menos que um. total de três mil, Ire-
Após a reunifi cação da Espanha sob seus cetros, os Reis Católi cos, Isabel e Fernando, tiveram qu e enfrentar dois peri gos: os mouri scos, que conspiravam proc ura ndo rec uperar sua antiga supremac ia; e os judeus conversos, ou crislãos novos, que muitas vezes, aparentando verd adeira conversão, procuravam, através el a riqu eza e do pod er po lítico cada vez mai s cm ·e suas mãos, também a su- ~ prema c i a, co m peri go para a verdade ira fé. .g
sua garra". 3 E o hi stori ador Pe. M ari ana acrescenta: "Nenhum tribunal há em todo o mundo para maior espanto dos maus, nern de maior proveilo para toda a Cristandade. É um. rernédio dado pelo Céu, que sem dúvida não baslaria prudência humana para preveni-lo ". 4 O antigo confessor da rainha I sabel na infânc ia, o frad e dominicano Tomás de Torquemada, conhec ido por sua vi rtu<.l e e saber, foi designado co mo [nquisidor Geral e encarregado ele levar avante a anti ga in stitui ção.
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"O qu e fa zer em tal ~ co n/1ito reli gioso, co ,n ~ !ais i11i111igos domésti - ~ cos r" - indaga o reno- -~ macio esc ritor espan ho l ] M c néndcz y Pe layo. E ~ responde: " O inslinlo da ] 1
própria conservar:ão se '-1'sobrepôs a ludo; e,' para 1 ~ "< salvar a qualquer preço a unidade religiosa e social, para dissipar oq11 •la dolorosa incerteza em que mio se podia dislinguir o j,el do irifiel, ne111 ao lraidor do amigo, surgiu e111 todos os espírilos o pensamento da ln q11isiçc7o ". Sobre seu resulta do, afirm a: "Nunca se escreveu mais ne111 111el/Jor no Espanha que nesses dois sé('{llo.1· de ouro da Inquisição. No sérnlo XVI, inquisitorial por excelê11cia, a f~'spw1ha dominou a Europa, ainda 11wis pelo pensamenlo que pela ação, e 11üo houve ciência nem disciplina e111 que nüo se marcasse a
Escolheu para auxili á- lo como Primeiro Inqui sidor o cônego do capítul o da Sé de Saragoça, Pedro ele Arbués, co njuntamente com Frei Gastar fn glári o, domini ca no.
"Mastrepila" - o santo Mestre de Epila Pedro ele Arbués era oriundo ele nob il ís. ima família, nasc ido em Epila, no reino ele Aragão, no ano ele 144 1. Tinh a cinco irmãs, quatro elas quais se casaram com os mai ilustres genti s-homens de Aragão.
D epoi s de terminar seus estudos em Huesca, foi para a então famosa univ ersidad e ele Bolonha, um a elas mai s brilhantes na época. "Cornpa-
nheiro arnável, coração generoso e ca ritativo, talento humilde quanto esplêndido, centrava sobre si a admiração de seus meslres e o aplauso de seus condiscípulos, diante dos quais passava como o melhor representante do mundo estudantil". 5 Com o grau ele doutor, voltou então para a pátria. Sendo seu talento e virtude logo reconhecidos, foi eleito membro cio Capítul o ela Sé ele Saragoça, como cônego regular, segu indo a regra de Sa nto A gostinho. Não é ele ad mirar que ele fosse esco lhido para o difícil cargo de Prim eiro I nqu isiclor, pois por seu ca r áter firm e, douto e austero, j á se hav ia tornado conhec ido na cidade, onde o povo co meçara a chamá - lo ele "el santo Ma eslro de Epila ", ou simplesmente "Ma s/repila". Esse in stinto sa lutar do povo não deixava de ser atraído pela sua virtude. Di z um seu antigo bi ógrafo que ele, desde sua in fânc ia, hav ia dourado o ferro do pecado original co m o ouro ce les te das virtudes 6 Pedro de Arbués entrego u-se por inteiro à sua nova fun ção: "Ardente em procurar conver-
sões, ele não era menos prudente em aceilar senão as sinceras e provadas, lanto para evitar a profanação dos sacramentos quanto para diminuir o perigo de def ecções que expusessem em seguida o culpado a todo o rigor da lei. [... ] Era enconlrado por Ioda parte onde se achasse uma alrna tocada pela graça de Deus, por toda parte onde um coração vacilante e de perseverança duvidosa lhe era apontado: na cabana do pobre e no balcão
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\' do rico, na cabeceira dos doentes, nas prisões onde estavam encerrados os relapsos e apóstatas, e até ao pé dos cadcifalsos onde alguns iam expiar tristemente sua inconstância". 7 E ntretanto, o novo tribunal encontrou oposição entre os aragoneses, que queriam preservar vários privilégios regionais. Uma revolta, fomentada e a lim e ntada po r muitos conversos judeus, foi num crescendo. Mas a atitude franca e destemida cio novo Inquisidor e nfrentou toda oposição, pela palavra e sobretudo pelo exemplo. Sendo cônego, baniu de sua casa todo luxo, e entregava-se a severas privações. Mostrava-se um pai para os pobres e procurava toda ocasião para exercer as obras de misericórdia, tanto espirituai s quanto temporais. E le fo i mesmo dotado cio dom de profecia, tendo predito a queda de Granada quando parecia temerário fazê-lo.
Matar 11111 inquisido1; para não surgir outros No ano de l 484, tendo falecido o outro inqui sidor, Fre i Inglário, e não tendo a inda sido substitu ído, todo o ô nu s cio ofício ca iu sobre o Cônego Pedro de Arbués. Muitos cios judeus pseudo-convertidos, temendo que o Tribunal da Inquisição pesquisasse suas duvidosas vicias de piedade e sua sinceridade na prática da re li gião, se reuniram contra aq ue le que era seu inimigo comum . O que fazer contra e le? O veredicto fo i dado por Ga rc ia de Moros: "Matemos um
inquisido,; e com o medo não virão outros". A sorte de Pedro de Arbués estava selada. Vários atentados foram praticados contra ele, sendo que uma vez mal se livrou do punhal assassino, e outra teve as grades da habitação limadas, o que foi descoberto a tempo. Alertaram-no para que anelasse
protegido. Ele resolveu confiar só em Deus, dizendo que, de mau padre que era, queria fazer um bom mártir.
"Morro por Jesus Cristo. Louvado seja seu Nome" Na mad rugada de 14 para 15 de setembro, o Cônego Arbués dirigiu-se para a catedral, como faz ia diariamente, para rezar com os cônegos o Ofício Divino. C hegando próximo ao altar, aj oelhou-se para rezar as orações preparatórias. Saindo os sicários dos judeus das trevas onde se tinham escondido, um deles deu-lhe um a punha lada na garganta. O mártir tentou ainda escapar indo para o coro, onde estavam os outros reli giosos. Mas um segundo assass ino o varou com sua espada. Ca indo ao solo, Pedro de Arbués exclamou: "Morro por Je-
sus Cristo. louvado seja seu Nome". Levado para casa, aí morreu dois dias depoi s, tendo perdoado seus assass inos que, encontrados depois, foram decapitados. A consternação e a revolta popular pelo sacrílego atentado ati ngiu o auge. O povo saiu pelas ruas, clamando por punição para os conversos e pedindo a expu lsão de todos os judeus da Espan ha. Para ev itar um massacre cios judeus, fo i preciso que o vice- re i Fernando de
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INTERNACIONAL
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Aragão, meio-irmão cio re i, saísse às ruas prometendo severo castigo do crime. O mártir Pedro de Arbués teve um apoteótico enterro . Quando seu corpo c hegou à catedral onde seria sepultado, e foi depositado no solo, viu-se um milagre: seu sangue, que por respeito não hav iam limpado do piso, e que se encontrava seco e escuro, readquiriu vida ao contato com o ca ixão, tomou brilhante cor e aumento u e m tal ab undância, que a multidão pôde molhar ne le le nços e o utros objetos, que guardaram como relíquias. O prodígio se repetiu 15 dias depois, como é relatado na Acta Sanctorurn.
"Santo Mastrcpila, J'eSSllSCita meu JjJJ,o" E ntre os milag res aprovados para a beatificação do mártir, estão as ressurreições de dois me ni nos, um cios quais era dos arredores de Saragoça. Quando o corpo ia descer ao túmulo, a mãe, tomada por súbita in spiração, pegou-o nos braços , c lamando em a ltas vozes: "Santo Mastrepila, eu te ofe-
A sucessão de Fidel: tentativa de manter o regime castrista
reço este .fi·ut.o de minhas ent.ranhas. Ele é t. eu. Ressuscita-o, por favo,; meu Santo". No mesmo instante as cores vo ltaram ao menino, que se levantou. A mãe levo u como ex -voto ao túm ul o de São Pedro de Arbués o sudário em que o menino estava sendo sepultado. •
Ü papel do miserabilismo e dos falsos carismas, favorecidos pela esquerda católica, para a preservação da atual situação cubana.
Uma pseudo-sucessão para manter o tirânico regime comunista.
E- mai I ci o aut or: p111 so l i111eo @cato l ic is111 o.co 111 .br
SANTIAGO FERNÁNDEZ
Notas: 1. Héfélé, Xi111e11es, p. 322, apucl Les Petit s Bo ll ancli stes, Vies des Sai11t.1·, B loucl et Barra i, Pari s, 1882, t. X I, p. 190, nula. 2. Les Pet its Bo ll ancli stes, id. , ib. 3. ln Ecle lvives, E/ Santo de Cada Dia , Ed itori al Lu is Vives , S.A. , Saragoça, 1955 , 10 1110 V , p. 172. 4. ln Fr. Ju sto Perez ele Urbel, O.S.B. , Aiio Cristiano, Ecl icio nes Fax, Madrid, 1945 , 101110 111 , p. 6 19. 5. Ecle l vives , o p. c it., p. 173. 6. ln Fre i Perez ele U rbel, op . cit., p. 6 19. 7. Les Petits Bo ll anclistes , op. cit. , p. 190.
C
omo na maratona olímpica, onde o corredor exausto passa a tocha acesa ao seguinte, Fidel Castro vai se apagando após um lon go percurso revoluc ionário. A quem vai transmitir sua fumarenta e malche iro a toc ha? Eis o enig ma. Algumas mãos já se e tendem, querendo pegá- la. Na ilha, o primeiro candidato é Raúl Castro, seu irmão. A mídia especula sobre sua rad icalidade (ou não), , ua fi delidade ao marxismo (ou não), sua ausên-
eia de "carisma" (n isto todos estão de acordo), conclu indo que a pequenez de sua figura não o torna apto para perpetuar o "mjto" casb·ista. Consta também que na ilha há uma multidão de potenciais herdeiros de Castro, todos eles ignotos. Dir-se-ia um exército ele liliputianos sem rosto brigando em torno do corpo, que ainda respira, de um gigante barbudo. O presidente venezuelano Hugo Chávez e o boliviano Evo Morales anseiam herdar a malsinada tocha no que se refere à liderança regional. O primeiro tem mais chances, tem realizado mais bravatas revolucionárias e é detentor de mui-
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rompa a concórdia entre cubanos, nada perturbe a paz entre nós" 1• "Paz é ·a tranqüilidade na ordem", ens ina Santo Agostinh o . E ntretanto, no regime castri sta impera a desordem mais profunda, na suprema intranqüilidade. Também a Conferência de Bispos Católicos de Cuba (COCC) ma ndou rezar em todas as igrejas por F ide l Castro, pelos membros do PC cubano - encarregados de gara ntir a continuidade marxista na ilha - e pela preservação da "esta-
bilidade e harmonia social que imperarn em Cuba",2 inaceitáveis pe la doutrina e
tos petrodó lares. Mas nenhum dos doi s convence. A tocha tremu la co mo lâ mpada ele ó leo prestes a apagar. Ela escapa dos vacilantes dedos do ve lho gue rrilhe iro, e mais parece que vai prejudicar cio que favorecer a lgum dos prete nde ntes que rode iam seu leito.
Sonho comunista J'rustrnclo: Brasília substiWimlo o Krnmlin Ah! como te ri a sido idea l para ovelho comuni smo soviético, e ncarnado por Castro, passar a tocha a um pres ide nte cio Brasi l à testa ele um neocomuni s mo latin o-a mer ica no, co m plumagen s da Teologia da Libertação e cio neomissionarismo comuno-tribali sta! Q uanto teria desejado o Kremlin, no passado, ver Brasíli a transformada na nova Meca do comuni s mo inte rnac ional, o pólo emergente da luta de classes mundial cios países " pobres" cio S ul contra os cio Norte rico 1 Os imensos recursos do País, e com e le da América Latina toda, postos a serv iço de um com unismo de rosto reciclado, prestes a fazer o que a URSS não conseguira em seu próprio território! É verdade que, ao tentar executar esse projeto, o Bras il teria sido dizimado pelas reformas ele estrutura soc ial is tas e confi scatóri as - ag rá ri a, em presa ri a l e
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CATO LICI SMO
urbana - apli cadas e m larga escala. 180 milhões de bras ile iros teriam sido j ogados na mi séria, na desgraça, no caos e no desespero. Mas isso não teria importado aos seus iníquos autores, te ndo e m vista as ce nte nas de milh ões ele seres humanos escrav izados na Rússia, C hina e C uba. Nessa hipótese, M oscou teria derrubado o Muro de Berlim sem traumas e e ntrado na cova com res ignação hinduísta, certo ele que seu esp íri to se te ri a ''re-e ncarnado" num o utro canto cio mundo . Décadas a fio, tudo fora preparado nesse sentido. Mas nosso País, pacato e tra nqüil o, c ri stão e orde iro, não se dei-
xou lograr. Moscou e Ficlel, cada um em sua ho ra decisiva, ficaram sem o sucessor do so nho. Sem continuado r incontestáve l, mui tos comuni stas c ubanos teme m um a sucessão tumu ltuada. Na confu são, o opressivo esq ue ma soc ialista pode ruir; e C uba poderia vo ltar para o regime capita li ta, que os teó logos el a revo lução progressista apost rofa m como se ndo o s upremo mal: o consumismo! Pois e les elegeram o miserabilismo - a misé ria e infelicidade tribal e soc iali ta - como idea l ele vicia para o home m nes ta Terra.
Uma pseudo-sucessão: ma1mte11ção cio lidelcastl'ismo "Salvar o salvável". Essa expressão resume a política seguida há mais de uma década pelo Cardea l Jaime O rtega y Alamino, arcebispo de Havana. Deve-se ente nder tentar "salvar" a lgo do reg im e com uni sta, e não favorecer o estabe lec imento ele um regime natural, que respeitasse a li vre inic iativa e o princípi o ela propriedade privada. O Cardeal Ortega recentemente conclamou a que se rezasse "para que nada
Bispos cubanos pediram orações por Castro
pela consciênc ia católicas. Em outras palavras, pela preservação ela convivê nc ia com o antinatural com unis mo, a qual impeliu Mons. Casaro Li , e m 1974, a articular uma ousada política ele concessões, favorecendo a aproximação ela Santa Sé com os regimes marxi tas. Desde aq uela época, afirmações como as do Cardea l Ortega e dos pre lados cubanos têm sido uma componente da política de distensão da Santa Sé com os regimes comunistas, imp lacáveis perseguidores da Santa Igreja e dos católicos fié is. O dissidente cristão Osvaldo Payá vem agindo em Cuba com ori entação do Cardeal Jaime Ortega. Payá usufrui de um estatuto singul ar. Apesar de uma espalhafatosa e estranhamente inoperante espionagem policial, ele viaja e dá entrevistas por telefone para a imprensa mundial, sem ser por isso punido segundo a lei comum que Castro aplica a seus adversários autênticos. Em declaração à "Folha de S. Paulo", Payá insistiu e m que, na sucessão, Cuba não imite a Rússia, a qual concedeu passageiramente uma tal ou qual liberdade à iniciativa privada. Defendeu a manutenção de "conquistas soc iais" do regime cast.rista, especialmente em matéria de educação e saúde, as quais, na prática, constituem instrumentos ele e cravização dos c idadãos desde a mais tenra idade. A liás, Payá acabou reconhecendo o ambiente de intim idação que ro leia os católicos: "O clima nas missas ainda é pesado. [. .. ] Agentes
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tis.feito pelo fato de os bispos da Igreja Católica Lerem pedido orações por Fidel ". 4
Utopia ma/sã: 11ova era dos l'alsos carismas Não se pode negar, entretanto, coerênc ia à po líti ca cio Cardea l Ortega. Para o progressisrno, se o regime co muni sta tem algo de mal, esse ma l, vi sto no flu xo hi stóri co, traz um a co nseq üênc ia bené fi ca. Fun c io na ri a como parteiro de uma nova era, porque exerce a fun ção ele triturador do mundo velho e, coisa ma is importante, cio homem velho. Esmaga nas pe soas o senso da individu alidade, da propriedade, da família e cio destino eterno pessoal, que o progressismo procura g rat ui ta me nte id e ntifi ca r com o egoísmo. Ass im agi ndo, seg undo essa visão progress ista, o soc ia li smo acelera a vinda do Reino cio Espírito. Pois o home m desestruturado, miserabili zado, seria assim a massa idea l para receber carismas, visões, revelações e fe nômenos místicos de modo ha bitu al. Nasceria então um novo pentecostes, uma igreja nova Latino-americana, modelo para a Igreja univer al.
Eclesiásticos latino-americanos na sem/a dos bispos cubanos A doença ele Castro poderá ter vaise-vens, durar muito ou pouco; as intri -
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gas pa ra se apropriar ela chefia abso luta poderão ser mais o u menos intensas. É possível aparecer governos ele transição, inc luindo di ss identes cristãos, na linha soprada pe lo Cardea l Ortega, e desde j á o processo va i se desenvo lvend o sob o seu influ xo esp iri tual. [nflu xo di screto que visa sa lvar, sobretudo, a coex istência e ntre co muni smo e progressismo, na expectativa cio ad vento da era ma lsã cios falsos cari smas. E m fun ção desta encru zilhada, será muito reve lado r observar como se conduzirá a esquerda católica no resto cio contine nte . Pois em cada país há líderes ec les iásticos que segue m po líticas análogas às do Cardea l de Havana. Na superfície parecem discordar da ond a populista pró-co muni sta, mas na rea li dade a aca lentam e protegem. Isto pesará dec isiv amente para o rumo do futuro , pois hoje ta l onda populista dá sinais de perder fô lego, inc lu sive no Brasil. • E- ma il do autor: sanl ia i;orcrnancl ez@calo licisrno .corn.br
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Notas: 1. AC I Press, 6-8-06. 2. "Diário las Américas", 9-8-06. 3. "Folha el e S.Pau lo", 16-8-06. 4. "O Es tado el e S. Paul o", 15-8-06.
do regime vigiam as missas, o que intimida a comunidade e os sacerdotes". 3 Frei Betto viajou a Cuba; nem percebeu , "naturalmente", o clima opressivo que pesa sobre as igrejas. E mbora não tenha conseguido ver o líder cubano, na volta declarou que "o governo ficou muito sa-
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•• Anti-Revolução Francesa
Oh Civilização Cristã!
"Será necessário fazer aqui o elogio de Henri de la Rochejaquelein ? [herói da região da Vandéia, que combateu a Revolução Francesa]. O que eu posso dizer é que a palavra vencléen (vandeano) sempre encontrou eco em meu coração; ela é para mim sinônirno de herói e de mártir. É sernpre com entusiasmo que pronuncio ou ouço pronunciar esse nome.
P ensamentos admiráveis colhidos no Diário de Marie-Edmée* (1845 -1871), jovem francesa da Lorena, irmã do General Pau, que teve papel destacado na 1ª Guerra Mundial
CID
vezes era um belo olhar que me revelava toda uma alma; outras vezes era uma palavra saída do coração, que respondia à acolhida bondosa e simpática de minha querida tia.
ALENCASTRO
um quarto fec hado, uma pessoa com clificulclacle o ar rarefeito e poluído daquele ambiente. De repente alguém, ele fora para dentro, abre uma janela e o ar puro e perfumado de um campo fl orido inunda o aposento. Que sensação de alívio! Foi a que tive em meio aos afazeres deste fui ig inoso e malfazejo ano de 2006, ao ler o Diário de uma jovem de antigame nte, mais co ncreta me nte do sécul o X IX, em que e la re lata suas reflexões sob re a vicia quotidiana e os acontecimentos ele seu tempo. Alguns juízos ela jovem e inexperiente lorena, inclusive sobre pessoas ou correntes de pensamento de sua época, são passíveis de contrové rs ia. Mas erraria quem quisesse fixar-se nisso para infirmar o conjunto do Diário, que denota uma alma pura, combativa, profund amente católica, que ama a virtude, sem nunca ter querido ser freira nem casar-se. A elevação ele seus pensamentos ele tal modo impressiona, que eu quis comunicar ao menos uma parte deles aos leitores. A idé ia da morte como libertadora está continuamente presente em suas reflexões. Mania? Vocação divina? Esta última hipótese ganha cons istênc ia quando se tem presente que e la morreu aos 26 anos de idade. A nós, cidadãos deste início do século XXI, envoltos a conlrngosto nos miasmas espal hados pela mídia invasora, pelo progressismo que ll1do corrompe, pela imoralidade ambiente, a leitura desses textos leva a exclamar: Oh Civilização Cristã! Quantos e quão maravilhososfi·utos produziste, e que crime sem nome cometeram e cometem. todos quantos trabalharam e traba-
1respi ra
CATOLICISMO
Alma comhativa !' Um corpo de exército se faz ouvir numa cerimônia militar):
Pensamento pl'oJ-imdo "As despedidas, as despedidas! Deverse-ia incluí-las no número das mais cruéis dores humanas, pois elas são, de cada vez, a imagem da última separação. Ação ele graças ao Sei1/10r
Gene ra l Pau
/ham para tua demolição, dentro efora da Santa Igreja! Vamos, pois, aos magníficos textos. Senso psicológico "Nos dias em. que o mau tempo nos impedia qualquer passeio, seja a pé, seja em. veículos, eu rne instalava no salão, atrás da poltrona de minha tia. Lá se encontra, diante de uma janela, urna pequena escrivaninha à qual eu me sentava para desenhar comodamente. Desse pequeno observatório eu examinava e j ulgava as pessoas. Quantas pessoas am.áveis ou insípidas, tímidas ou ousadas, surgiam. um.a por uma diante dos meus olhos. Quemtos belos tipos a desenha ,; banalidades de toda espécie a descrever; se eu sentisse alguma malícia em m.eu espírito. E se eu tivesse urna pena graciosa e fina, como me estenderia longamente tarnbém sobre as raras exceções, .fisionornias doces e poéticas, percebidas cá e lá. Por
"Que tenho feito a mais do que tcuitas outras, para que o Senhor me de ixe sobre a terra, enquanto em torno de mim minhas amigas, meninas de minha idade, me deixam. no caminho que seguíamos j untas, para deitarem-se sob a fi'ia lápide do túm.ulo ? Ah! meu Deus, eu nada tenho feito para vos agradecer a graça de viver: Na minha idade [ 15 anos), tantos santos já haviam merecido vosso amor! Eu vos peço perdão. Mas a esta graça da vida acrescentastes a de me fazer nascer no seio de umafarnília sinceramente católica, da qual tantos outros se encontram. privados! Ainda uma vez, obrigado, m.eu Deus! Mas, eu vos peço, acrescentai ainda um novo favor; o da perseverança em. todas as graças recebidas; a perseverança para cumprir minhas boas resoluções, porque sem. Vós, Senho1; eu não sou senãofi·aqueza e miséria. Com vossa graça, eu me reergo e a força se torna meu quinhão. Visita à Catedral ele Cha1'tl'es "Quantas gerações passaram sucessivamente sob estes arcos [góticos]! Quantas almas santas rezaram a Deus neste mesmo lugar onde agora eu me ajoelho, por onde eu passo! Ah! essas milhares de alm.as estão esquecidas. Daqui a cem anos, o que restará de mim,
gassem com. sua sublimidade. Seu corpo de don zela está coberto corn uma couraça, e suas mãos, cru zadas castamente, pressionam uma espada contra seu coração. Um capacete, luvas de ferro repousam. a seus pés. A chuva que cai neste momento lustra seus cabelos e sua couraça de aço; as folhas mortas turbilhonam em torno dela e se amontoam sobre o pedestal, corno os anos sobre sua lembrança. Que importam. as folhas mortas à natureza'! A primavera sairá gloriosa do inverno, e as renova. Que únportcun tam.bém o sol ou a neve à estátua ? Ela permanece de pé apesar de tu.do. Que importam os anos, minha Joana tão arnada, a quem. deixou sobre a terra 11111 nome semelhanle ao teu ? Ele vive na memória dos povos e se conservará nos corações". • E- ma il cio aulor: cicla lencas 1ro @ca1o licismo.co111 .br
* Mari e Eclmée Pau, Le Jo1 ll'11 al de Marie-Ed111ée, Plon, Pa ri s, 1876.
de meu nom e, de minha lembrnnça? Nada. Assim carn inha o m.undo, tudo passa e tudo morre. Só Vós, ó meu Deus, só Vós sois imutável e eterno, e vosso Nome subsistirá para sempre! Amhicnte acolhedor elas igrejas "É sempre com em.ação que eu " assisto a essas Missas malinais. Na obscuridade que reina na igreja há um não sei quê, que conduz o pensamento aos dias de ful o e perseg uição em que os primei ro.1· cristãos, refúgiados nas catacumbas, celebravam seus mistérios. Quanto f ervor nas almas desses generosos discípulos de Cristo, que se aproxinw va111 da mesa santa para receber o I ão dos f ortes, o penhor de uma eterna vida, ignorando se o dia que se levantava aci111a de suas cabeças não seria o último de suas vidas! Não está ainda muito afastado de nós esse outro tempo de perseguição, durante o qual os cristãosforam obrigados a es ·onder-se para celebrar seu culto. Sim, Jesus de Nazaré, 11.0 tempo do Terror [período ela Revo lução Francesa) havia ainda .fiéis adoradores na terra de França, e a lernbrança de tantos apóstolos mártires reanima meu.fervor. Gosto de rezar nas nossas igrejas, à /uz ji-aca e bruxuleante das velas. Em meio à obscuridade, do 111eu coração brotam então as rnelhores preces.
"A música mililcu; os tambores rufam nos carnpos, os clarins, a voz celeste dos sinos, o troar do canhão, tudo isso chega até mim e me embriaga. Eu rne encontro num arrebatamento de glória. Um estranho arrepio me agita dos pés à cabeça. No fundo de minha alm.a há um eco que responde a essas harmonias longínquas. Por que meu coraçcio bate assim ao rufar do tambor? Por que o troar do canhão, o cheiro da pólvora me agitam assim ? Meditando em Sta . .Joana cl'Arc "Sua fronte [ele uma estátu a ele San ta Joana d' Are] está inclinada, como se os pensamentos que a assaltam a esma-
Santa Joana d'Arc
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1 São l,obo, Bispo e Conl'essor + França, 625. M onge na famosa abadia de Lérins, sucedeu Santo Artêmio na sé epi scopal de Sens. O rei Clotário - dev ido às más informações de seu e mi ssário e do abade de São Remíg io, que desej ava fi car com a sé de Sens baniu o sa nto bi spo para uma á rea a ind a pagã. São Lo bo converteu o governador local e muitos proeminentes personage ns à verdadeira fé, quando então foi chamado de volta por C lotário, j á melhor informado. Primeira Sexta-feira do mês.
2 São Guilherme, Bispo e Confessor + Dinamarca, 1070. Ing lês, ca pe lão do re i Ca nuto, fez com ele uma viagem à Dinamarca . Impress ion ado com o las timável estado de abandono dos pagãos, decidiu evange li zá- los. Ele ito bispo de Roskilde, censurou ene rg icamente o rei Swey n por ter executado muito s hom e ns sem julgamento. Mais tarde o rei co nfesso u publicamente esse pecado e tornou-se ami go do sa nto. Primeiro Sábado do mês .
3 São Gl'egório Magno, Papa, Conl'essol' e Doulor ela Igreja
Virgem reco me ndou-lhe que deixasse o mundo, envi ando dois anjos para guiá-la até uma gruta. Como os pais a procurassem na região, os anjos apareceram-lhe de novo e a levaram para o alto do monte PeUegrino, onde viveu na contemplação e penitência os 16 anos que lhe restaram de vida. A descoberta de suas relíquias em 1624 foi ocasião de muitos milagres. É a padroeira de Palermo.
5 São VitOl'ino, Bispo e mártir
+ [tá li a, séc. II. Bispo da c idade de Amiterno, por sua fi delidade a C ri sto fo i pendurado de cabeça para baixo sobre águas mefíticas e sulfurosas, e ntrega ndo s ua a lm a a Deus no terceiro di a.
6 São Magno, Confessor + França, séc. VIII. Discípulo de São Co lumbano, tinha o dom espec ial de afastar co m seu bastão predadores e parasi tas do cam po. Após s ua morte, vários desses bastões co ntinu aram operando os mesmos prodíg ios.
7 Sanla Regina ele /\Jésia, Virgem e mártir·
+ França, séc. II. Filha de um pagão, fa lecendo sua mãe, foi ed ucada por um a cri stã. Expulsa de casa pelo pai quando este soube que e la era c ri stã , foi mora r co m a mulher qu e a ed ucara, trabalhando como pastora. Recusou-se a casar com o prefeito ro mano, e por isso foi apri sionada, torturada e decapitada. Na Borgonha há uma basílica sobre o seu sa rcófago desde o século V, co m os dizeres "Aqu i
César venceu a Gália; aqui urna virgem venceu César".
4
8
Sa nta Rosália, Virgem
NaLivielade de Nossa Senhora
+ Palermo, séc. Xll. Era muito bela, e aos 14 anos a Santíssima
Também: Nossa Senhora da Luz, Nossa Senhora da Vitó-
ri a, Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Sen hora de Monteserrate.
9 São Severiano, Mártir + Armêllia, séc. IV. " Visitava muitas vezes os [fl.1turos] quarenta má rtires, que estavam no cárcere. Por ordem do prefeito Usias, foi então erguido ao ar com uma pedra aos pés, rnoído de pancadas e lanhado de açoites. Nesses tormentos entregou sua alma a Deus " (do Martirológio Romano).
10 Santo Alberlo, Bispo ele Avranches + França, séc. Vill. São Miguel Arcanjo apareceu-lhe, pedi ndo a construção de um santuário a ele dedicado no Monte Tombe, no litoral da Normandia. Em 866 tal santuário tornou-se uma abad ia beneditina, a famosa abadi a de São Miguel, considerada uma das maravilhas do Ocidente.
11 Sfto Pafúncio, Conl'cssor + Egito, séc. IV. "Monge, que se tornou Bispo da Tebaida e corifessou a Fé sob o Imperador Maximino. As mutilações das quais foi vítúna deramlhe grande prestígio junto aos Padres do Co ncílio de Nicéia" (do M artiro lóg io Romano - Monástico).
12 SanLíssimo
orne ele Mal'ia
Esta festa foi instituída pe lo Bem-aventurado Inocêncio Xf (Papa de 1676 a 1689) para celebrar a libertação de Viena por João Sobieski , rei da Polônia, ocorrida em 1683, quando estava siti ada pelos turcos. Na manhã do dia da batalha, Sob iesk i co loco u-se, bem como a todo seu exército, sob a proteção de Maria Santíss ima. E ass istiu à Santa Missa, durante a qual permaneceu rezando com os braços em fo rma de cruz. Ao sair da igreja, ordeno u o ataq ue. Os turcos
fu g ira m c he ios de terror e aba ndonara m tudo, até o grande estandarte de Mao mé, que o vitorioso rei católico enviou ao Soberano Pontífice como homenagem a Maria.
13 São Fel ipe, Mártir + Eg ito, séc. 1IL " Pai de Santa Eugênia, virgetn; depois de renunciar à dign idade de pref eito do Egito, recebeu a graça do Batismo. Enquanto fazia oração, fo i degolado por ordem. do prefeito Terêncio, seu sucessor" (do Martirológ io Romano).
14
19 Santa Emília Maria ele Rodat, Virgem + França, 1852. De nobre famíli a, dedicou -se a prepara r cri anças para a Primeira Comunhão; e depois, com outras três compa nhe iras, lançou os fund amentos das Irmãs da Sagrada Família, dedicadas à ed ucaçã da juventude. Durante 32 anos conheceu terríveis provações, crendo ter perdido a fé e a esperança, e que se achava condenada. Nos úl timos anos de vida, recuperou a paz interior e Deus lhe fez sentir s ua amizade. Faleceu santamente, sendo canoni zada por Pio XU em l 950.
Exaltação ela Santa Cruz
20
15 Nossa Senhora elas Dores
16 Sanla Eelile ele Wilton + Ing laterra, 984. F ilha do re i Edgar, da Ing late rra , fo i ed ucada na abad ia de Wilto n, onde mais tarde sua mãe també m se fez re i ig iosa. Professa ndo aos 15 anos, recuso u vá ri as abadias e não qui s tornar-se rainha , qua nd o seu meio-irm ão, Santo Edua rd o Mártir, foi assassinado.
17 São Roberlo Belarmino. Bispo, Confessor e Doutor ela Igreja. São Pedro de Arbués, Mártir (Vicie p. 36) .
18 São José ele Cuperlino , Con fessor + lr áli a, 1663 . Esse filho espiriL ual de São Fra nc isco compensava ab undantemente em inocênc ia e simp li c idade o que lhe falLava de dons naLurais. Era tão pouco dotado de La lento, que chamava a si própr io Frei Asno. Mas seu amo r a Deus era Lão intenso, que entrava em êxLase à vista da me no r ele s uas manifestações nas c riaturas.
Santo André Kim Taegon e Companheiros, Mártires da Coréia + séc. XJX. Este sacerdote nativo sofreu o martírio precede nd o aos mi ss ion á ri os franceses, entre os quais dois bi spos e muitos le igos convertidos por e les, em meados do sécul o X IX.
21 São Maleus, Apóstolo São Lourenço lmbert, Bispo e Mártir + Coré ia, 1839. Este missionári o francês, Vi gário Apost61 ico na Co ré ia, seg uiu o mártir André Kim na grande persegui ção que visou exterminar a Religião católica do solo corea no.
no na direção da abadia de lona, na Escócia, exerceu benéfica ü1/luência sobre a Igreja e a sociedade de seu tempo " (do M artirol ógio Romano - Mon ástico).
24 Nossa Senl1ora das Mcrcês
25 São Cleofas, Discípulo ele Cristo + Palestina, séc. L "Mo rto pelos judeus na mesma casa onde preparara a ceia para o Senho1; porque havia professado sua fé n 'Ele. Para gloriosa reco rdação, teve ali mesmo sua sepu ltura " (cio Martiro lóg io Romano) .
26 Sanlos Cipriano e JusLina , Mártires + Nicomédia, séc. IV. "Cipriano, que era mago, foi convertido pela graça sobrenatural da virgem Justina, que ele tenlara em vão corromp er através de seus sortilégios. Os dois sacrificaram a vida por Cristo" (cio Martirológio Ro-
Intenções para a Santa Missa em setembro Será ce lebrada pe lo Revmo. Padre Dav id Francisqu i ni, na s se guintes intenções: • Em honra da Exalta ção da Santa C ru z de Nosso Senhor Jesus Cristo - festa que se comemora neste mês - , pedindo para todos os colaboradores, assina ntes e leitores de Cato licismo o ornar à Sa nta Cruz e as forças necessárias para não abandonarem nu nca as cruzes que se apresentarem ao longo de suas vidas.
mano - Monástico).
27 São VicenLe ele Paulo, Confessor São Caio. Bispo e Mártir
Intenções para a Santa Missa em outubro
+ séc. 1. Di sc ípulo de São Barnabé Apóstolo, fo i morto na perseguição de Nero.
• Para que Nossa Senhora Apa recida , Rainha e Padroeira do Brasil , livre nossa Pátria da vio lênc ia do chamado "crim e organ izado" e das ag itações promovidas por certos movimentos ditos "sociais" . E prote ja reg iam ente nosso País de qua lquer tentativa de lançá- lo no caos. Suplicando também à Virgem Santíssima que todas as famíli as cató li cas no Bras il tenham uma devoção fervorosa ao Santo Rosário.
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28
Santo Emerano, Bispo e Confessor
Bem-aventurados Mártires cio ,lapão
+ Alemanha, séc. VII. Evange l izaclor da Ba vi era, se u nome permanece li gado ao da abadia de K le inehe lfe nd orf, levantada obre seu túmulo, que tornou-se lugar de pereg rinação.
+ séc. X VIJ . Vári os re li giosos agosLinianos e seus cateq ui stas foram martirizados durante a persegui ção e ntre 16 17 e 1632.
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Gloriosos Arcanjos Miguel, Gabl'iel e Rafael
Sa nto Aelanano. Abade e Confessor + Escóc ia, 704. "O maior dos sucessores de São Columba-
São ,Jerônimo, . Doutor ela Igreja
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SETE
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TFPs da França e da Alemanha promovem a VI Universidade de Verão 150 participantes provenientes de diversos países reuniram-se em Kleinheubach (Alemanha) sob o olhar materno de Nossa Senhora, representada pela Imagem Peregrina de Fátima Ili CARLOS EDUARDO SCHAFFER Correspondente - Áustria
palácio cios príncipes ele Lowenstein-Wertheim, em Kleinheubach , Baviera, aco lheu ele 23 a 29 ele julho 150 participantes, a maior parte estudantes, provenientes cio Brasil, Argentina, Chile, Paraguai , Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha, Itália, Alemanha, Polônia e BieloRússia para uma Sommerakademie, isto é, uma semana ele estudos, cujo leitmotiv foi Desafios para um ccllólico militante nurn mundo secularizado. Longe cio bul íc io elas grandes c idades, o ambiente não poderia ser mais propício ao estudo e à reflexão. O palácio barroco, construído no início cio sécul o XVlII pelo arquiteto fran cês Louis Remy ele la Fosse, apesa r ele barbaramente pilhado CATOLICISMO
ao final da Segunda Guerra Mundial, conserva ainda uma atmosfera ele grandeza acolhedora, nota presente ele modo especial em sua capela. *
*
*
O programa ela se mana ele estudos foi variado. Constou não apenas ele co nfe rências, círculos ele estudos e debates, mas também de visitas culturais à abad ia de Bronnbach - onde esteve enterrado Dom Miguel , rei ex ilado de Portuga l e irmão ele Dom Pedro I cio Brasil - , ao palácio-fortal eza de Marienberg e à Resiclenz, ambos em Würzburg, antiga capital ela Francôn ia, bem co mo à sede ela Ordem dos Cavaleiros Teutônicos em Bad Mergentheim. No Salão Joseph, da abad ia ele Bronnbach, puderam os partici pantes ela Sommerakademie ouvir um concerto de música
clássica com peças de Johann Christian Bach e outros compositores, acompan hadas ele explicações de Dr. Caio Xavier da Sil veira. Durante o churrasco servido no jardim do palácio ele Kleinheubach, as gaitas de fo le da Academy St. Louis de Mon(f'ort, com os jovens americanos portando o trad icional kilt escocês, atraíram a curiosidade até dos meninos da viz inhança. O programa começava diariamente com o hasteamento cio estandarte ao canto do Credo . Ponto alto da vicia de piedad e e ram as Missas ce le bradas por Mons. Lai se, bispo emérito de San Lui s, /\rg ' ntina . Suas homilias, paternas mas rogosas, constituíram um convite sempre renovado para todos terem em vista, na vida de cada dia, o tema que era desenvolvido na semana de estudos.
* * * A abertura ela Somm erakademie deuse na manhã ele 24 de julho co m urna Missa solene. Às palavras de abertura, pron unc iadas por Dr. Ca io Xavie r da
SETEMBRO 2006 -
Silveira, seguiu-se a palestra de M athias von Gersdorff, presidente 'da Fundação Pró Europa Cristiana e diretor da Aktion Kinder in Gefahr, o qual esboçou um quadro da crise mundi al em 2006, sob o ponto de vista reli gioso, social e geopolítico. Muito apreciado foi o terna exposto por Julio Loredo de l zcue, presidente da TFP itali ana, sobre A ordem cristã nas
Luiz de Orleans e Bragança. O Chefe da Casa lrnperi al do Brasil conclamou os participantes a seguir o exemplo que nos legou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua longa história de militância cató-
lica contra-revolucionária. Ourante o banquete final, realizado no salão nobre do palácio Lowenstein, discursaram participantes do Brasil, Parag uai, Estados Unidos, Austrália , França, ltália, Áustria, Polônia e Bieloalmas, na sociedade e nas instituições. Rússia. Era patente ern todos o desejo O prof. Guido Vi gnelli discorreu sobre de levantar bem alto o estandarte da cona influência da mídia nas jovens gerações: tra-revolução em suas pátrias. E de volos mecanismos para transformar as ,nentar muito mais numerosos para a próxitalidades, através da televisão, do cinema ma Universidade de Verão. • e de livros como O Código Da Vinci . John Horv at, diretor da TFP dos E-mai l do au\or: cschaffcr@catolicismo.com.br EUA, abordou com exemplos cogentes a tese, enunciada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ern Revolução e Contra- Revolução, de que o sonho do homem revolucionário consiste na busca da total liberdade na igualdade total. De grande alcance foi a substanciosa conferência de José Antonio Ureta sobre
A intolerância dos pseudo-tolerantes, mostrando que, sob a ég ide de um a pseudo-tolerância, vai-se preparando a maior perseguição religiosa da História. Essa exposição deu azo a interessantes aprofundamentos nos círculos de estudos. Vindo especialm e nte de Roma, o prof. Roberto de Mattei - autor, entre outros li vros, da excelente biografia do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, O Cruzado do Século XX - abordou o terna A
teologia da História. A vocação dos cavaleiros da Ordem Teutônica foi exposta pelo Duque Paul
As ' vésperas da posse do novo governo peruano, a Associação Tradición
y Acción publicou um manifesto sobre as ameaças de desintegração social representadas pela degradação moral que devasta o país vizinho 1D ALEJANDRO EzcuRRA N AóN Corresponden te
Lima - Manifesto da Associação Tradición. y Acción por um PerLÍ Mayor (v ide fa c-s ímile ao lado) expli ca que urna dese stabilização da instituição da família é promovida deliberadamente pelas mesmas forças revolucionárias que ern vão tentaram impor outrora a utopia marxista no campo sócio-econômico. Elas agora levam a cabo uma revolução diferente - achamada Revolução Cultural - corruptora dos costumes, "a versão
mais atualizada, perversa e extremada elo próprio comunismo". Em seguid a, traça uma sucinta história da Revolução Cu ltural desde o Manifesto Comunista de 1848, quando Marx e Engels lançaram a si ni stra proclamação de "Abolição da família". Tal Revolução é impulsionada pelos partidos sociali stas e movimentos afins, tanto no terreno das idéias (por exemplo, com a chamada ideo logia do gênero) como no campo educativo e legal ("educação sexual", despenalização do aborto, promoção da homo sexualidade, etc.) . Seus próximos pasos são a "revolução sexual das crianças", também denominada "libertação infanti l" (ou seja, dar li vre curso à pedofilia),
·i;;
von Oldenburg, terna ilustrado posteri - ;;; o rme nte com a visita gui ada em Bad Mergentheim. Slawomir Olejniczak, diretor do Instituto Cultural Pe. Piotr Skarga, da Polônia, discorreu sobre a Importância
da Mensagem de Fátima hoje. Encerrando o ciclo de conferências, Beno'it Bernelrnans, diretor da TFP francesa, abordou com verve e clareza o papel que a Santíssima Virgem desempenha na vida de todo católico contra-revolucionário militante.
* *
No Peru, conclamação à defesa da família
*
A VI Un iversidade de Verão encerrou-se com as palavras do Príncipe Dom
a liberação da bestialidade e do incesto. Apó lamentar que esse terna tão crucial tenha estado ausente do debate eleitoral, o manifesto mostra o "o sinistro paradoxo" em que vive o Peru: enquanto as e leições parl amentares de abril deste ano "confirmaram. a arrasadora recusa do
eleitorado aos partidos declaradamente de esquerda, contudo a Revolução Cultural vai empurrando o país a se aproxi111ar gradual e inadvertidamente rumo às metas mais extre11wclas de ssa mesma esquerda através da ofensiva psicote11de11cial demolidora da família. E o que o comunismo nunca co11seg t1it1 diretamente pelas armas nem pelas urnas, seus continuadores estão conquistando indireta e solapadarnente pelos estrata gemas da Revolução Cultural". F inalmente, Tradición y Acción conclama as novas autoridades peruanas e as forças vivas do país a "assumir resolutamen te a defesa da instituição familiar ameaçada, enfi·entando inclusive a ofensiva de lobbies ideológicos anticristãos", e portanto a "elaborar uma agenda exaustiva de proteção e forta lecimento dafamília em todos os planos: educativo, sócio-cultural, econômico, legal, etc. "
O manifesto teve profunda repercussão nos ambientes mais diversos, a ponto de um jornalista de esquerda afirmar que, ern decorrência dele, o debate direita-esquerda no Peru fo i definiti vamente transferido do campo sócio-econômico para o ideológico . Ne te debate, Tradición y Acción aparece como um indi scutível pólo de pensamento na opinião pública peruana: o pólo da Tradição, da Família e da Propriedade. • E-mail do au\Or: czcurra @calOli cisrno.com.br
SETEMBRO 2006 -
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Cursá de Verão na Louisiana Ü evento teve em vista valorizar o combate em prol de um ideal social e religioso, destacando as virtudes da cavalaria medieval, o heroísmo dos contrarevolucionários do Tirol e dos Cristeros no México ri
F LÁVIO M ATIHARA
sicó logos e educadores americanos ma nifes tam cresce nte preocupação com a decadência da varonilidade entre os jovens, evide nte me nte agravada pela o nímoda atu ação da mídia e m favor da homossexualidade. Num livro intitulado Missing.from action: vcmishing manhood in America (Sedentari smo: definh amento da masculinidade nos Estados Unidos), são apontadas as causas do fenômeno. No Curso de Verão de 2006, promovido pela TFP americana em No rwood (Loui siana), todas as atividades tiveram também em vi sta contrapor-se a essa te ndê nc ia, procurando despertar nos jo ve ns participantes o interesse da luta e m prol de um idea l social e religioso. Neste ano o c urso contou com a presença do Príncipe Impe ri al do Brasil , Do m Be rtrand de Orlean s e Bragança, que profe riu palestra a respe ito das virtudes da cavalari a medieval. Além das conferê ncias sobre fa tos hi stóricos em que predomino u o combate pelos valores da C ivili zação Cri stã - a defesa do Tirol contra as hordas re voluci onári as de Napo leão, a luta dos Cristeros mexi canos contra o governo anti cristão - constaram no programa j ogos e dispu tas em que o valor e a va le nti a dos partic ipantes eram co locados à prova e m ag ue rridos combates simulados. E les tive ram ainda a o portunidade de atuar num protesto públi co contra o aborto, di ante da Delta Clinic de Bato n Ro uge, como parte das ativi dades desenvolvidas no país pe la TFP ame ri can a . • E-mail cio aut or: f'lara111 a1@ca toli cis1110.co 111 .br
hesterto n escreveu que os Santos são pessoas que ·se caracterizam por se oporem. aos erros do seu tempo. De fato, se considerarmos a história da Igreja, todos ós Santos, · sem exceção, tiveram çssa característica de modo muito marcante. · Preço uni É precisamente o que aconte-
R$ ceu, ainda em tempos bem recentes, ' ' cóm São Pio de Pietrelcina, o. populm· Paclre Pio, sacerdote it3:liano da Ordem . 1 dos Capuchinhos, grande apóstolo do confessioná-. rio, que foi agradado pela Divina Providência com o · dom miraculoso de ter em seu corpo os sagrados es- . tigmas da Paixão de Nosso Senhor. · Falecido em 196,8, depois de urna longa vida de sacrifícios, renúnciás e perseguições, Padre Pio foi um exemplo de oposição sistemática aos principais erros do século )ÇX. Com seu exemplo e sua palavra; c-o:mbatbu tenazmente o materialismo, o naturalismo, o egoísmo e o hedonismo predominantes numa época esquecida de Deu . 38 anos'.depois de sua morte, São Pio de Pictrelcina continua um exemplo para todos nós. '
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Capacidade de concentração de espírito o
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respe;to do povo japonês, d"·ei algo q, e parece estar
na linha da sua vocação: a capacidade de concentração de espírito, de abstrai r, de caminhar para o teórico. Consta- me que os j aponeses são bons j ogadores de xadrez, e m que se exerce exatamente essa qualidade. Outra característica: o gosto pela coisa miúda. Explica-se um tanto pelo panorama e pela própria anatomia do povo, qu e não é co nstituíd o po r gigantões à moda sueca ou norueguesa, mas é um povo de estatu ra física tendendo para o miúdo, e ao qual se compreende qu e o miúd o p ossa comprazer. Tem-se então um apelo para a de licadeza de alma, para a elevação doespírito, para o enlevo com aquilo que é fino, mas de modo diferente do ocidental, pois e le co ntinu a inte ira me nte másculo, guerreiro e senhor de si. U m atributo que não sei se é decorrência do pecado capi tal, mas se não fo r, dará uma pista para o encontrar: um ce rto s il ê nc io, ce rto mu t is mo, ce rta Não existirá nessa impassibidode do japonês uma espécie de alheamento de si mesmo, de sono interior um ton to esquisito e indecifrável, tal vez ligado ao budismo?
S
impass ibilidade. De onde provém? Resulta de um refl exo natural? A contemplação conduz, de fato, ao silêncio? Ela nasce do silêncio, mas ~S postula a palavra, pede a comunicabilidade, a exC\ pansão. Não faltará esta expansão ao japonês cl ássico, tão quieto? Não existirá nessa atitude a lgo que é uma espécie de alheamento de si mesmo, de sono interior um tanto esqui sito e indecifráve l; talvez ligado ao budismo? Até que ponto o silêncio do japonês é meditação, ou é aquela soneira do Buda? Confesso que isto para mim , às vezes, se afigura como um enig ma. Entretanto, no nissei nascido no Bras il noto que e le é muito expansivo, aprecia a conversa, apresentando em re lação a seus pais notáve l di fe rença. E me dá a impressão de estar um tanto alivi ado. Algo de pesado, melancó lico, sombri o, que não deixa de haver no j aponês do Japão, se esvanece no ni ssei, notando-se uma te ndência para o riso e a comunicação. Tenho observado algun s nisseis de tipo racial completamente nipônico, nos quais não entrou uma gota ele sangue brasile iro ou outro sangue, e que possue m a ex pansão de espírito cio ocidenta l. Assim , tal transformação não resul ta ele um fator de raça, mas de uma tradição cultural. Até que ponto, nessa mudança para a expansão ocidental, podem-se evocar influências cristãs? Acho que em medida não pequena, sobretudo com a graça cio Batismo. •
-a
Nisseis de tipo racial compl to mente niponico , nos quc11 ~ I1<10 entrou uma gota d s mHJlH 11111 si leiro, po ssu 111 a xpoI1soo clt p1rito do ocidr 11tol
Exce rtos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 22 de junho de 1970. Sem rovlsno cio 111llrn
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UMARI
I IVrl RA
Outubro de 2006
Nossa Excelsa Soberana
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CARTA oo DnmTOI{
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PÁ(;1NA MAmANA
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L..:1n 1RA Esi-11unJA1,
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CommSPONDl~:NCIA
1O A
Há75 anos Nossa
Senhora Aparecida foi solene e publicamente proclamada Rainha e Padroeira do Brasil, em apoteótica cerimônia na cidade do Rio de Janeiro
-CATOLICISMO
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a atual encruzilhada que o País atravessa, mais do que nunca necessitamos da proteção de nossa Augusta Rainha e Padroeira, cuja festa é comemorada no dia 12 deste mês. Em 31 de maio de 1931 , Nossa Senhora Aparecida foi proclamada Rainha e Padroeira do Brasil. No ano anterior, no dia 16 de julho, Ela já havia recebido do Papa Pio XI esses gloriosos títulos. A solene proclamação ocorreu na Esplanada do Castelo, no Rio de Janeiro (então capital do País), depois de esplendorosa procissão com a milagrosa Imagem da Virgem Mãe Aparecida, com a participação de todos os bispos brasileiros, do Chefe de Estado, ministros, autoridades civis e militares, lém d mais de um milhão de fiéis. Para recordar tão grata e triunfal com emor ção, transcrevemos abaixo trecho extraído de um cartão de Natal redigido por Plínio Co rrêa de Oliveira, em dezembro de 1991 .
Nº 670
A Virgem ele Bermonl Diariamente, lehura e r eflexão Batalha de Guararapes
PAl,;\VRA DO SACl-:RUOTI•:
14
INTlmNACIONAI,
17
PoR orn•: NossA S..:NIIORA C110RA?
18
GR\Nm:s P1msoNArn-:Ns
22
ENTm-:v1sTA
26
CAPA
40
VmAs m: SANTOS
43
INFORMATIVO RlllMI,
44
DISCERNINDO
46
SANTOS 1,: FESTAS
4H
A<,;Ao CoN'l'RI\-R1,:vo1.t1c10NÁmA
52
A Europa in \laelkla por hnigranles ilegajs
Líeleres ela Insurreição Pernambucana
Visão cu/lura / e simbófjca cio univer so
Plínio Corrêa de Olil'eira: seu estilo de redação O Evangelista São lucas
O DiáLio ele Marie-Edmée (conclusão)
"º M1~:s
Al\mmNTES, CosT11M1<:s, C1v11.1zA<iH•:s
A Caleclral de Reims: vitrais espledorosos
* * * " É com os olhos I ostos em Nossa Senhora Aparec ida que tran spomos os umbrais le. se ano se m nos I ixa rm os n' ·tir p las ameaças que o futuro parece trazer co nsigo, e ao mes mo tempo sem nos d ' ixa nnos sedu zir pe las perspecti vas não raramente ilu sóri as, que ainda se apresentam por v z s ao homem contemporâneo. O Brasil lerá um espl êndido porvir,. e ele seguir o caminho de N o sa S nhora. E é e' se provir, carregado de bênçãos, de virtude e de grandeza cri stã, que imploro a Nossa Senhora Aparec ida para nossa pálri a". •
São Lucas é recebido pelos Apóstolos
OUTUBRO 2006 -
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Como matéria de capa, em nossas edições de outubro, sempre publi camos um artigo espec ial em homenagem àq uele que poderíamos considera r como a alma de Catolicismo , o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, cuj o passa mento ocorr ' u cm 3 de outubro de 1995. A cada ano abord amos um aspecto diferente da ri ca perso na lidade desse excepc ional pensador cató lico e homem de ação. Em outubro de 2005 ressa ltamos seu papel co mo fundador de um a esco la de ação. Neste ano, co loca remos em relevo sua brilh ante contribui ção à l greja e ao mundo intelectual , enqu anto fundador e mestre de uma esco la de pensamento co ntra- revo Iuci onári a. Tratando-se, porém, de tema por demai s vasto e profundo para ser ana li sado num arti go de rev ista, opta mos por um a vi são mai s ace . . ível cio tema co mo um incentivo ao leitor para futura s ampli ações. Assim , convidamos o jornali sta Armando Al exandre dos Santo para descrever aspectos de Plinio Corrêa de Oliveira enquanto escritor e jornali sta. Em sua atraente co laboração, trata ainda da ri queza e variedade de vocabul ári o cio Prof. Plinio e de seu estilo ele redação. Um e tilo muito própri o, ex traordin ari amente claro, criativo e inconfundível - quali dades, ali ás, reco nhecidas até por adversári os seus. Mesmo dotado de tanto. talentos, Plinio Corrêa de Oli veira foi , devido à integrid ade do seu pen sa mento contra-revo lucionário, met icul osa mente sabotado pela intelligentsia esq uerdi sta e sil enciado por boa parte da mídia. Apesar di sso, legou-nos ampla e brilhante produção intelectual , sendo muito conhec ido ele norte a sul do Brasil e no Exteri or, torn ando-se um pólo de pensa mento dentro e íora do Paí . Outro aspecto de Plínio Corrêa de Oliveira - sua elevadíss ima visão cu ltural e simbóli ca do universo - é abordado na entrev ista com o co nhccid engenheiro Adolpho Lindenberg. Como primos- irmãos, tivera m eles desde a in fâ ncia intenso convívio no âmb ito fami li ar e ao longo de década. de militft ncia cató li ca e contrarevolucionári a. A entrevi sta revela aspectos de alm a cio eminente líder cató li co, que so mente um parente muito próx imo poderia ter nolado e registrado com tanta perspicáci a. Ambas matérias serão certamente ele grande proveito para a vicia intelectua l, cultural e es piritual de nossos caros leitores. Para Plínio orrêa le O li veira, os bons livros constituem poderosos elementos na formação do pensa mento, mas não deveri am ser únicos e nem me mo principai s. ontrariamcnte à cultura livresca e à preponderância da erudi ção atualmente cm voga, ele dava maior importância à observação das realidades, com ba e no bom scn s católi co, nos primeiros prin cíp ios da razão e, sobretudo, na virtude da l'é na vici a sobrenatural. Desejo a todos uma boa leitura.
Preços da assinatura anual para o mês de Outubro de 2006:
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Em Jesus e Mari a, R$ R$ R$ R$ R$
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~~7 DIR ETOR
CATOLICISMO Publicação mensal da Editora PADRE BELCHIOR DE PONTES L TOA.
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Nossa Senhora de Bermont U ma devoção mariana especial de Santa Joana d'Arc. Muitas vezes, o que torna popular uma devoção é o elo entre um santo e a imagem da Virgem preferida por ele. V ALDIS GRINSTE INS
J
á ouvi adversários da fé católi ca queixarem-se de que somos " triunfali stas". Parece querereI~1 di zer com isso que só gostamos ci os espl end ores, daquilo qu e va i bem, daquilo que vence, etc. Por um lado, nad a mai s normal do que admirar a grandeza do triun fo, po is nosso Deus é o etern o triunfador, e prometeu à sua I grej a que as portas cio inferno não preva leceri am contra Ela. Por outro lado, se bem que a fgreja ensine a amar a cru z, há algo de profund amente des trutivo nessa mania modern a de desejar só o mínimo, o minúsc ul o, o se m-brilho. É uma atitude que nada tem a ver com o amor à cru z. A cru z é glori osa, símbolo da dor que nos leva ao Céu. Mas gostar daqui lo que é miserável, com adesculpa de ser humilde, é deprimente. Essa má tendência do miserabilismo, tipo Cuba, se refl ete também em certa aversão pelas representações de Nossa Senhora que melhor indi cam seu triun fo. Por exemplo, há pessoas que não gostam do lado brilhante de imagens rodeadas de j óias do adas pe los se us devoto s. Co mo Nossa Se nh ora de Copacaba na, na Bo lívi a, qu e ostenta num erosas es mera ldas. Outros são mais ideológicos, e não gostam ele Nossa Senhora de Fátima exatamente porque promete um triunfo bri lhante sobre o mal. E há ainda aqueles que nos censuram por falarm os el as im age ns que realizam milagres, ou ela s apa ri ções el a Sa ntíssima Virgem com provadas hi storica mente. São deformações ele espírito, fruto lamentáve l ele doutrinas favoráveis ao 111iserabilismo, infiltradas nos meios cató li cos há muitos anos. Isso dito, podemos esclarecer que na I grej a Católica a devoção não se expande apenas por meio ele imagens utili zadas pela Prov idência D ivina para rea li zar mil ag res , ou imagens representativas de apari ções co m grande atração popular, co mo as ele Lourcles, Guada lu pe, Fátima ou Aparec ida. A l greja fa -
vorece todas as devoções mari anas que leva m a uma pi edade sã, que aumentam nosso desejo ele perfeição individual ou co letiva. Há im agens que movem multid ões, outras que tocam as almas de poucas pessoas. Por que isso? São os mi stéri os ela graça, que só um di a a Divina Sabedori a revelará. Mas toda im agem que move à pied ade, mes mo que sej a em favor ele um a só pessoa, é di gna de nossa devoção . Se bem que o hab itual seja a Igrej a favorecer espec ialmente as devoções que mais tocam seus fi lhos, nem por isso deixa ele promover ou reconhecer as devoções mai s modestas. Como é o caso de Nossa Senhora de Bermont, na França.
Uma pasiol'inha para salvar
11111
gramle país
A hi stó ri a de Sa nta Joana d' Are é muito conhec ida. N o auge el a decadência da França no séc ulo XV, Deus dec idiu sa lvar essa nação filha primogênita da I greja. E para que fi casse_muito claro que era o poder ele Deus que fa zia isso, e
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A boa leitura P ublicamos em cada edição a seção Leitura Espiritual, mas é recomendável que se leia diariamente algo nessa linha. Não precisa ser um texto extenso, basta breve trecho; o importante é que se reflita a respeito. ~,
não o poder dos homens, usou como in strumento uma moça, Joana cl ' Are. E la conseguiu o que parecia impossíve l: coroar o re i da França na catedra l ele Reims, e que os ing leses fossem expu lsos cio país. Conv inha para os planos ele D e us que fosse uma jovem , não um cavaleiro, e igualme nte que e la fosse um a jo ve m s impl es . Joana era pastora e m uma cidadezinha simpática, mas minúscula - Domremy. A casa onde ela nasceu está ao lado ela ig reja, e a basílica ele Domremy - construída em fin s cio século XIX no local onde apareciam a ela São Migue l, Santa Catarina e Santa Margarida - que di sta dois quilômetros ele sua casa, parece enorme e m re lação à pequena população local. Joana era uma típica pastora ela é poca, com muita piedade. Costumava ir a uma pequena cape la no me io duma colina, construíd a no século XII, onde moravam un s e re mitas que administravam peque na hospedagem para os viajantes. Joana d ' Are ia todos os sábados a pé ela sua casa até a capela, a uns três quil ô me tros, para le var ve las à imagem ela Virgem. Esta imagem, conhec ida como Notre D a me ele Bermont, te m um me tro ele altura e é ta lh ada e m macie ira. É uma boa imagem , mas s imples, não uma obra ele arte. Como nas imagens c láss icas ela pi edade popular ela é poca, Nossa Senhora usa coroa e cetro; num braço suste nta o Menino Jesus, o qu al tem uma pomba nas mãos. Todas as teste munhas cios processos feitos pa ra reabilita r Santa Joana cl' Are são unâ nimes e m afirmar que ela tinha muita devoção a Nossa Senhora representada por essa im age m. Não consta que a im age m tenha s ido ocas ião de a lg um mil ag re, nem sequer que alg ué m tenha recebido algum a graça es pecial
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diante de la. Mas fi cou o e lo espiritual e ntre Santa Joana d ' Are e sua imagem preferid a. Foi g raças a esse e lo que a imagem começou a interessa r às pe . . oas. No fim cio século X IX houve na Fra nça um surto ele patri otismo, e os cató licos cio país . inte ressara m es pecialmente pelas figuras hi stó ricas im1 o rla ntes que a nossa Reli g ião ti nha produzido, e ntre as qua is Sa nta Joana d ' Are, que te m um papel ele destaque até o di a de hoje. Nessa época ini ciou -se a construção ela basíli ca ele Domremy, e começaram as pessoas a ir ver a imag 111 diant da q ual Joana d ' Are tinha rezado. Com a decadê nc ia re li g io. a poste ri o r, que se acentuou nos a nos 60 cio século XX , a cape la vo lto u a ser pouco freqüe ntada, motivo pe lo qu al foi d c id iclo tras ladar a imagem elas co linas onde e tava para a bas íli ca ele Domremy (co nhecida co mo bas ílica de Bo is-C hc nu ), o nde se e ncontra atua lme nte.
Na Igreja há lugar para <livcrsas tlcvoçõcs Vi s itando a bas íli ca, o bserve i ele perto a image m. Rea lme nte não pode ser considerada uma obra de a rte, mas é um a imagem a ute nti camente piedosa, be m fe ita. U ma image m que nos leva a o utra é poca histó ri ca, na qu a l se e ncontrava e m pe ri go uma nação espec ialme nte querida pe la Divina Prov idê nc ia. S a F rança ele. aparcc ssc como nação, o prejuízo ating iri a toda a C ivili zação ri slã. Deus leve mi sericórdia del a e o utorgo u a Joa na d ' Are sua be la vocação. N ão pude deixar d p nsa r nas seme lhanças com os di as ele hoje. Q ua ntas nações queridas por Deus estão e m peri go ! E qu e I crigos ! Dcv mos rezar es pecialme nte por aque les qu e tê m a missão ele condu zir essas nações rumo à realização ela sua vocação hi stórica, para que sejam fi é is e carregue m com constâ nc ia e uf"a ni a as cruzes ine re ntes à sua atuação. E també m de ve mos pedir es pecialme nte a Nossa Senhora que, ass im como uma vez Ela o utorgo u tão be la vocação a quem rezava diante de sua image m, hoje també m te nha pe na da C ivili zação C ri stã ameaçada e outorgue novas vocações para defender tão preciosa he rança. • E-mai l do autor: va ldinrinsteios@cmolicismo.com.br
or le itura espi ritual ente nde-se a le itura de livros piedosos fe ita com o fim de se aprofundar no conhec imento e estima do bem, como na detestação do ma l. N ão é, pois , a aq ui sição de novos conhecime ntos, e muito menos a satisfação de nossa curiosidade, o que e m primeira plana se deve ter e m vista na leitura espiritual. A vantagem da leitura espiritual consiste em: L - esc larecer o espírito nas co isas da salvação eterna; 2 - estimular poderosa mente a vontade para o be m; 3 - facilitar a prática da meditação.
"Quando oramos, somos nós que falarnos com Deus; mas, quando lemos um livro espiritual, então é Deus que fala conosco", diz Santo Isidoro. A hi stória cios Santos refere maravilhosos exemplos ela eficác ia da leitura espiritual. Por exemplo, Santo Agostinho, São Franc isco ele Ass is, Santo Inácio ele Loyola, Santa Teresa e outros mais. Como é que deve mos fazer a leitura espiritual? 1 - implorando fervorosamente, antes de começá-la, graças e luzes; 2 - procedendo vagarosa e ate ntamente na leitura, aplicando à nossa vida o que se le u, como na meditação, e despertando em nós santos afetos e boas resoluções; 3 - depoi s, g ravando na memória os .pontos mais notávei s, rende ndo g raças a Deus e esforçando-nos por executar as boas resoluções.
Dial'iamc11tc uma lcitlll'a cspfritllal O que importa não é ler muito, mas ler bem. Muito de se recome ndar é que se tome nota, e m caderneta apropriada, dos pensame ntos mais notáveis. Dê-se preferência às obras que foram escritas por santos, o u que versem sobre santos. O Santo C ura d' Ars lia todos os dias vidas dos santos; por mais ocupado ou fatigado que estivesse, nunca deixava de fazer esta devota le itura.
Quan<lo é que co11liamos cm Deus? Confiamos dev idamente em Deus quando firme me nte cremos que Ele liberalme nte nos concede graças suficientes, mediante as quai s pode re mos a lca nçar a perfe ição e a e te rna be maventurança. N ão confia devidame nte em Deus quem pensa que: l - Deus não lhe concederá com libe ralidade graças sufi cientes; 2 - D e us fará tudo sozinho, não precisando a pessoa cooperar com a graça.
A verdadeira confiança e m Deus faz com que: l - exerçamos grande domínio sobre o coração de Deus; 2 - gozemos ele viva animação e gra nde segurança. Impossível é que Deus desampare aquele que ne le põe toda a sua confiança fili al. É de grande importâ ncia re novar muitas vezes esta confia nça em Deus, sobretudo depois de quedas e em tentações à pusilanimidade e ao desalento. A par ele uma confiança total em Deus Nosso Senhor, devemos ter uma humilde desconfiança em nós próprios . Possuímos humilde desconfiança em nós mesmos quando estamos persuadidos de que: 1 - nossa natureza, em conseqüência do pecado original e cios pessoais, é fraca e inconstante para o bem e inclinada para o mal; 2 - por nossas próprias forças, não somos capazes de rea lizar o mínimo ato sobrenaturalme nte bom, nem fazer obra alg uma meritória para o Céu . A humilde desconfiança em nós próprios faz com que: 1 - nos unamos tanto mais estreitamente a Deus; 2 - sejamos c uidadosos em nos vigiarmos a nós mesmos, e assíduos no emprego dos meios necessários à perfeição; 3 - atribuamos unicamente a Deus a glória de nossos sucessos e prosperidades. Não se deve confu ndir humilde desconfiança com pusilanimidade e desânimo. Antes, a humilde desconfiança é o melho r remédio para essas indisposições ele ân imo, visto como as mais das vezes estas procedem de fa lsa confiança em si mesmo" .* •
* Fr. Antôn io Wall enstein, O.F.M. , Ca1ecis1110 da
Pe,fe ição Cristã, Ed itora
Vozes, Petrópoli s, 1956, 3" edi ção.
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Para este mundo convulsionad~, em meio à crise . que abala a lgre1a
mundo (tão convulsionado) e na Igreja (tão em desordem), caso os sacerdotes que sabiam daquilo não se tivessem calado, e até mesmo censurado as referi das profecias. Os padres deveriam fazer mi ssões por todas as cidades, pregando aquelas profecias. Ainda não me "caíram as fichas", mas depois que conseguir reali zar meu pensamento, voltare i a escrever- lhes. Fiquem com Deus, e muito obrigado pela publicação. (C.K.P. -
SC)
1_;a Salette: já esperá,ramos
Censura? 121 Uma coisa muito curiosa gostaria de contar-lhes: já tinha lido alguma co isa so bre Nossa Sen hora de La Salette, sobretudo já tinha ouv ido fa lar muito sobre essa aparição, mas os livros que obtive (acho que 3 ou 4) não tratam, se minha memória não estiver fa lh ando, daquelas profec ias apocalípticas. Digo "profecias" porque algumas já se rea lizaram, como toda descrição da crise que aba la a Igreja e da corru pção moral no clero. Tudo isso para mim seri a I-NA-CRE-DI-TÁVEL se não fosse tudo tão bem documentado e com aprovação ela autoridade eclesiática. Parabéns pela publicação com tão boa documentação. Se eu tivesse o endereço cios autores cios li vros que li sobre La Salette (se é que esses autores ainda vivem), teria vontade ele mandar-lhes essa publi cação cios senhores e ex igindo-lhes uma explicação de porque fa laram tanto e tanto de La Salette e não disseram nadinha sobre o principal! São páginas e mais páginas descrevendo as circun stâncias, até detalhadas, elas aparições, mas esconderam o principal! Por que que escondera m? Nossa Senhora não di sse aquilo para ficar só co m os doi s viclentezinho . O que E la disse era para espalhar para o mundo inteiro. Quem sabe se tudo não seria tão diferente no
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121 Primeiramente desejo parabenizálos pela rev ista ele grande utilidade para ed ifi cação ela verdadeira fé católica. Acompanho as edições, lendo a revista na internet (tal cl isponibiliclacle ela revista na íntegra via internet é algo louvável), mas gostaria ele saber se Catolicismo é vendido em bancas de jornal cio Rio, ou se é vend ido em alguma loja, paróquia ou instituição relig iosa. Voltando às congratulações, fique i muito feli z e satisfeito em ver Nossa Senhora ele La Salette na capa. Tal manifestação ela Virgem é pouco clifunclicla, infelizmente. Ver Catolicismo divulgando as verdades sobre a pioneira e fundamental apari ção ela Mãe ele De us e m La Salette é algo que eu e minha fam íli a sempre esperávamos. Muito obrigado pela cli sponibiliclacle online ela revi sta, por vossa dedicação e compromisso. (F.S. -
Divulgação <le ta Salette
Católica <le vercla<le
[BJ É muito importa nte difundir ao máx imo as revelações de Nossa Senh ra ele La Sa lctt ! Q ue re ve lações i mpress ionantcs ! Estamos arrepiados com elas ! Estamos também distribuindo por e- mai I para ami gos, e por xerox para a lguns padres conhecidos no sos, mas necessitamos cio texto cm ing les e espanhol. Se possíve l, tam bé m e m outras línguas como o ita li ano, a lemão e fran cês. Essa difusão é muito meritóri a.
121 Gostaria de parabenizá- los pe las informações conc isas, in strutivas e cató li cas ele verdade. Sou arti sta pl ástica, e nvo lvida e m construção ele igrejas e sua decoração (a lém ele ter estudado o tema durante a facu ldade), e me interessei imensa mente pe la matéria el a capa sobre os estilos de arquite tura nas igrejas.
(K.S.B. -
SP)
Igrejas moclenws 121 " Feia como o pecado" (cfr. Catolicismo , agos to/2006). Estava le ndo o que o sábio arqu iteto ameri cano, Mi chae l Rose, di sse elas nossas igrejas " modernas". Concordo plename nte co m e le, são o retra to el a moclerniclacle: sem gosto ne m decoro, estão como qu e profanadas por verdad e ira s e nxurradas litúrg icas . Uma co inc idência: fi z tal leitu ra hoje, dia ele São Pio X, o meu santo ele devoção! Peço a ele que me gui e, poi s a lmejo com a graça ele Deus subir ao a ltar sagrado, ao a ltar ele Deu s! Estou cursando o 3º ano ele Teo log ia, também peço orações ao am igo! Um forte abraço, cor li a lm ente em Cristo e M ari a . (F.L.J. -
RJ)
RJ)
Reparação e pe11itê11cia
/.,ugarcs sagm<los
F ico sem ter o que di zer elas mensage ns el e No ss a Sen hora e m La Sa lette. Es tou ate rror izada. Essas mensagens conferem com a: ele Nossa Senhora ele Fátim a e co m o dito cio papa Paulo VI sobre a fum aça ele Satanás que entrou na Igreja d Deus. O mundo e a l greja (di go me mbros ela Igreja) preci sam se converter enqu anto é te mpo. O castigo vi rá para purifi car o mun lo ele tantos pecados. Precisa mos, si111 , reparar as ofensas contra Deu , e precisa mo fazer penitê nc ia e ele muita oração. Deus ele Mi seri córicla ! Tende piedade ele nós !
Parab ns pela re vi sta ele agosto (" asa ele Deus na Terra e sua conspurcação"). Prec isa mos ele publicações como esta para proj etarmos ele maneira mais co nsc ie nte nossos espaços ele celebração.
(N.E.J. -
SP)
(C.C. -
PA)
Aberrações arquitetônicas 121 Li o arti go ela rev ista Catolicismo, publicado també m na In ternet, e fiqu ei preocupado co m as ah •rraçõcs a rquitetô ni cas qu e são rroduziclas mundo afora, no toca nt e a proj ' los de ig rej as cató li cas. (R .T. - AL)
(L.S.G. -
DF)
Lei; emprestar e guanlar 121 Nunca perdi ne nhuma ed ição ele Catolicismo , que ass ine i em janeiro ele 1957 e venh o renovando minha ass in atura até a presente data. Depo is que faço sua le itura, e mpresto e guardo com muito carinh o. Tenho todos os números encadern ados. S into mui to que, por questões fin anceiras, não possa ajudar mai s na sua divulgação, poi s deveri a ser uma revi sta mai s cli funclicl a não só em nosso querido Brasil , mas também no ex terior. A re vista está ótima, ac ho qu e melh orá-la mais não tem cond ições, mas a cada número que sa i, vemos que e la melhorou cio mês anterior para o outro mês. É o caso da revista do mês ele agosto corre nte, especia lmente o artigo "CASA DE DEUS NA TERRA E SUA CONSPURCAÇÃO", do Sr. Luí s Dufaur. Como foram descobrir tantos ass untos bons, dos quais sei que muitas pessoas não têm conhecimento! Imagino a enorme dedicação de todo que compõem o corpo redatorial , bem como das pessoas que organizam as fotografias e a diagra mação. Nem mes mo erros ele grafia encontra mos. A entrev ista cio mês de março : " ABORTO: proj eto Matar", do Dr. Cícero Haracla, Advogado, Procurador do Estado de São Paulo e Conselheiro da OAB/SP, foi excelente. Nosso País, graças a Deus, tem homens cultos como o entrevistado, e é desta pessoas que ele precisa, para mostrar ao mundo as no sas qualidades. Ao ler a entrevista, impressionou-me o conhecimento que ele tem da matéri a, e como a socióloga He le ieth Saffioti - que, pelo nome, parece não ser de nacionalidade brasi-
leira - , professora da Pontifícia Universidade ele São Paulo (PUC), uni versidade esta pertencente à Arquidiocese de São Paulo, portanto católica, tenha a coragem ele ser a favor cio aborto, sendo que até uma menina de 10 anos, apresentou-se contra o "Projeto Matar", como in fo rmou o entrevi stado. Infelizmente nosso mundo está todo virado, as pessoas não respeitam as leis ela Igreja Católica e caem na barbárie. Ser favo rável a matar inocentes seres humanos em formação, indefesos, e tratar co mo humanos os cachorros, os macacos, as tartarugas, etc. , que são seres que Deus colocou no mundo para servir ao homem, é uma aberração. Para tais pessoas, a vida de uma pessoa humana hoje em dia não vale nada. Mas para bichos, até cemitérios conslrnem, até pl ano ele saúde para cachorros já existe aqu i em Belo Hori zonte. Peço- lhe o obséqu io, como não tenho o e ndereço do e ntre vi stado , ele agradecer-lhe a colaboração na luta conb·a o aborto. Peço-lhe ainda a gentileza de dizer a ele que tal luta está apenas começando, e teremos que enfrentar ainda muitas batalhas no Senado e na Câ mara dos Deputados brevemente. (1.N.F. - MG)
Desafio 121 Primeiramente, gos tari a el e parabeni zá- los pela magnífica revi sta que estão publicando me nsalmente, e ele modo particu lar agradecer pe la belíssima matéri a publicada na edição de julho com o Dr. Th a les Ceza r de Oliveira, que de maneira brilh ante ex pôs o pen sa mento - que é o mesmo da imensa maioria do povo brasilei ro, formado por pessoas ele be m - e o co nhecimento de causa que o nobre promotor adquiriu neste s anos de trab a lh o. A g rata aportun iclacle que esta rev ista dá aos seus le itores, de tomar conhecimento de pessoas sérias, competentes e atuantes e m nosso Judiciário, que co m a visão c lara dos probl e mas, como o Dr. Tha les e o Dr. Cícero Harada (Catolicismo março/2006), fazem dimi -
nuir a desc rença que te mos em re lação à capac idade ele so lução ele problemas por parte cio Poder Público. É preci so apenas que estas pessoas séri as, competentes e capacitadas ass umam po s ições ele co mand o, e assim possa m disseminar o seu modo de pe nsa r para toda a in stitui ção. Cabe-nos o desafio de conseguir que isso aco nteça o mais breve poss íve l, para o bem do Brasil e o nosso próprio bem. Gostaria também de so lic itar aos senhores, se po sível, anali sar os progra mas ele governo dos diversos candidatos que concorre rão à próxima e le ição presidenc ial, tendo sempre em me nte apresentá- las sob o aspecto cristão, de mane ira a esclarecer o que há ele rea l por trás cios tais programas. Que Deu s os abençoe e ilumine seus ca minhos, po is necessitamos muito que este me io de com uni cação verdadeiramente católi co continue atuante e cresça. (P.R.C. -
PR)
l)ifilsão ela fé católica 121 Caríss imos irm ãos, e is que, du rante uma despretensiosa pesqui sa na net sobre tem as católi cos, "dei de cara" com a vossa revista! E fiquei muito positi vamente impressionado. Parabéns pe lo excele nte trabalho, e co ntinuem a divulgar a fé cató li ca. Sou membro cio coro de minha paróquia e responsável pela colocação cios le ito res na Santa Mi ssa de 12: 00 h do domin go; portanto, fo i com muito agracio que li os vossos artigos e opini ões. Bem hajam na Santa Paz de Deus. (J.C.M.F. -
Portugal)
Cartas, fax ou e -mails para as seções Correspondência e/ ou A Palavra do Sacerdote: enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
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Pergunta -
Uma sobrinha, freqü e ntad ora ass ídua de baladas, sustentava hoj e, no alm oço de fa mília , qu e a Igreja está perdendo o jovens porque não te m fl ex ibilidade para se adaptar aos no vos modos de pe nsar e de ag ir da juventude de nossos di as. E por isso elog iou os padres e bi spos que aprovam o rock e introduzem ritmos modernos e até danças na celebração da E ucari sti a. Até onde a Igrej a pode ir, nas co ncessões aos gostos d os j o ve ns a tu a is, p a ra conqui stá- los e atra í-los à práti ca da Reli gião?
Resposta -A afirmação de que "a Igrej a está perdendo os j ovens", e mbora se ouça co m re lativa freqü ê nc ia e m certos me ios e é co mum na impre nsa, é contestá ve l so b diversos ângulos.
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CATO LI C ISM O
Quando numa fa míli a um filh o se desencaminha, devese di zer que a mãe perdeu o filh o? Ou , mais propri ame nte, deve-se di zer que o filh o perdeu a mãe? Um exemplo esclarecerá o sentido da pergunta.
Quem perdeu quem? Um exemplo responde Im ag ine mos uma rainha, soberana de um re ino ri co e poderoso, cuj o herdeiro va i aos poucos to mando caminhos inconveni entes, chegando ao po nto de se tornar abso lutamente indi gno de ascender ao tro no. E m conseqüênc ia, a rainh a o o briga a a bd ica r de seus dire itos à sucessão, segundo as regras do re in o (a Históri a reg istra vá rios casos concretos de situações análogas, e ass im o exempl o não é merame nte hi potético). Cabe pe rg untar: Fo i a ra inh a que perdeu o filho indi gno, ou fo i o filh o q ue perdeu co m justi-
Cônego JOSÉ LUIZ VILLAC
ça o direito de suceder à mãe? Ora, a Igrej a pro mete aos seus filhos fi éis uma herança eterna no Reino dos Céus. Se de le algué m se torna indi g no, que m é que sa i perdendo : a Igreja, que perdeu um filh o, ou o filho que perde u a herança eterna a que estava destinado? A perg unta que pu semos de iníc io é, portanto, che ia de sentido, não um mero jogo de pal av ras.
"Compromisso com a mo<lerni<lade" É um fa to que muitos jovens de nossos dias, de ambos os sexos, cedem às más inclinações que deixou em cada um o pecado original. Atraídos pelas so licitações cada vez mais ousadas e até mesmo inconcebíveis dos cenb·os de enb·eten i me nto (c in e ma, tea tro, shows, dancings, etc.) e dos manipulados meios de comunicação social (imprensa, rádio,
compromisso imoral de ntro da Igrej a. T V, aos quais é preciso hoje ac resce nta r a devas tad o ra Internet), e ntrega m-se a uma vida sensual esca nda losa, pelo que, em núme ro maj oritário, po uco estão I iga ndo para os ma nd a me ntos e as no rm as morais da Igreja. Alguns, entretanto, con ervam um certo sentido re li gioso da vida, e gostari a m que fosse possível estabelecer um utópico compromisso entre a prática de a lgumas devoções, aprendidas na infâ ncia, com a vida desbragada mente sensual q ue levam. Nesses casos, pode surg ir o desej o de que a Igrej a re laxe certas no rm as morais " mui to ríg idas" [sic !J e aceite o pretendido "compromi sso com a moderni dade". Esse cl amor fo i capi ta neado "sacrilegamente" até por certos etores ecles iás ti cos e leigos ditos " progress istas", que se fizera m porta-vozes desse
Os 1O Mandamelltos da Lei <le D eus A l g rej a e ntre ta nto não pode abdi car da pregação e da cobrança dos IO Manda mentos da Le i de Deus, pelo que qu alquer "co mpro mi sso com a modernidade", que implique na in observânc ia ou simples atenuação eles e · Manda mentos, é absolutamente imora l. Co m efeito, a Igreja recebe u de Nosso Se nho r Jes us C ri sto um conjun to de prin cíp ios re li g iosos e mora is aos qua is deve ser fi e l, sob pe na de de ixa r de ser e la mes ma. P rec isa me nte para qu e isso não aco ntecesse, e la é ass istida continu ame nte pelo Divino Esp írito Sa nto, que a ilumina pa ra d iscernir "os sinai s dos te mpos" - como hoje se costuma di zer - ap roveita ndo o qu e é bo m (isto é, segundo Deus) e m cada época da Hi stóri a, e rejeitando categoricamente o que é mau. Há então ele mentos bons no mundo moderno, que a Igrej a poderia incorporar nas suas práti cas? Sem d úvida ! Ne m tudo que o mundo modern o prod uziu , e continua a prod uzir, é conb·a a Lei natural e a Lei de Deus. Seria grosseiramente sim plificante di zer: "É moderno; logo, é ruim". Mais matizado seria di zer: "É moderno; logo, to me cuidado, porque pode estar impregnado de mate ri a li smo e de secul arismo tateísmof'. Com as devidas e, quase di ríamos, in fi nitas cautelas é possível, pois, ass umir certos progressos cul turais, científi cos e tecno lógicos atuais e incorporá- los a uma civili zação e a uma cul tura verdade ira me nte cató li cas . Po r exemplo, a cosmologia moder-
na teve tais avanços que, por ass im d izer, vai toca ndo com as mãos o ato criador de Deus (palavras de um cientista). Queremos nos referir especialmente à tese do fntelligen.t Design, que some nte a incredulidade coriácea de uma parte significativa de cienti stas agnósticos continua a recusar. O lntelligenl Design é a teori a segundo a qual a fe nomenal complex idade e harmoni a do Uni ver o postula uma inteligência criadora infinita mente pe rfe ita . Este tema já tem sido objeto ele importantes artigos publicados em Catolicismo, o que nos di spensa de tratá-lo aqui . M as o ponto em que a teori a cio "co mpro mi sso co m a modernid ade" pega mais na carne vi va da rea lidade, para um núme ro mui to gra nde ele nossos co nte mporâneos, é o ca mpo mora l. Por isso tratamos de le de iníc.io. O cerne da perg unta fi ca ass im respond ido. Poré m, e la abarca a lguns temas específicos mui to sensíveis, que não queríamos de ixar em resposta. Um de les é a questão cio rock perante a mora l católica.
Roei(, música sensual e diabólica Para os efe itos deste come ntá ri o, não e nt ra re mos
aqui nas di stinções que os espec iali stas faze m entre os di versos estil os e modalid ades de rock. A nosso ve r, mes mo o chamado rock leve (soft) e m o pos ição às diversas mod a l id a d es d e rock pesa d o (hea vy metal) - aprese nta ta is inco nve nientes, que eleve ser rec usado po r um c ri stão verdade ira me nte imbuído do esp írito ele Nosso Senh or Jesus Cri sto. Qua lquer cató lico que tenha conservado um mínimo de sua in ocênc ia batis ma l não pode de ixar de se sentir profund amente ag redido em sua integrid ade moral pe lo ritmo ma ni fes ta me nte e rót ico ci o roc k , e m qu a lqu e r el e se us graus ou moclaliclacles. É desagradáve l d izê- lo, mas não podemos deixar de faze r notar q ue o sim ples ritmo dessas músicas - desconsideradas as palavras, freqüentemente libi clinosas e, ma is grave ainda, não raras vezes de cunho explicita mente satani sta - procura in sinuar e mesmo imitar a prática cio ato sex ua l. O que fi ca ma is cl aro ainda devido aos passos de dança correspondentes ao ri tmo. N ão ve mos, po rta nto, co mo a Igrej a pode ri a fazer co ncessões nesse terre no para "atra ir" os jovens. Seri a, isso
sim , tra ir os princípios mais fund ame ntais ela moral cató1ica e co ndu z ir os j ovens à perdi ção. É prec iso també m observar que ex iste, ele modo cresce nte, um certo núm ero de j ovens que desejam as mi ssas tra di c io na is, co m ca nto g rego ri a no e reco lhim e nto. M as desses a pro paga nda não fa la !
Oanças mo<lernas nas ce1·imô11ias litúrgicas Q ue di zer, por fim , ela introdução de danças e ritmos mod e rn os pa rale la me nte à rea li zação el as ce rim ô ni as li túrg icas? Al g un s sace rd o tes qu e lança m mão desses "atra tivos" to mam o cuidado de admiti -los apenas antes ou depo is do ato litúrg ico. É bem a prova d e qu e reco nh ece m com o esses ri tmos e dan ças são in co mp a t íve is co m a sacraliclade do santo Sacrifício ela Missa, renovação ipsis litteris, embora incruenta, cio que se passo u no Calvári o. Esse reconhec imento im plíc ito nos dispe nsa ele ma iores come ntári os. Para bo m e nte nd e d or, me ia pa la vr a bas ta ... • E-mail cio autor: licismo.co m.br
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A REALIDADE CONCISAMENTE
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Ex-homossexuais arrependidos: é possível abandonar a sodomia
Conferência mundial sobre a AIDS volta-se contra a família
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os EUA , ex-homossexua is lideram um protesto contra a American Psychological Association (APA) , que susten ta sob especiosos sofismas que não se pode abandonar esse vício antinatural. O grupo Focus on the Family qualifi cou de " hipócrita" a po ição políti co-ideológica da APA, po i a instituição se apresenta como c ientífica. "O f ato é que dezenas de milhares de homens e mulheres como eu superaram a homossexualidade. Nós sornas a prova viva" - di sse Al an Chambers, presidente de Exodus lnternational, grupo de pessoas que abandonara m essa form a de atos contra a natureza. •
Escolas inglesas deixam de ensinar distinção entre bem e mal
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elo novo currículo ofi cia l, os mestres ingleses não e nsinarão mais a distinção entre o bem e o mal, o verdade iro e o fal so, mas inculcarão pseudo-valores re lativi stas . Também fo ram abolidas as referênc ias ao bem comum. As novas linhas fo ram ex postas por Ken Boston, chefe executi vo do Qualifications and Curriculum Authority (QCA), noti c iou "The Times", de Londres. Se m a fundam enta l distinção entre o bem e o mal , entre o verdadeiro e o fa l o, o belo e o fe io, todas as fo rma de crime, ig norância e horrores podem grassar e ntre os ho me ns; e m co nseqü ê nc ia, a soc iedad e fi car á insustentável. •
Ossadas confirmam sacrifícios humanos coletivos entre os índios
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rqueó logos desenterraram perto da cidade do Méx ico o restos de aproximadamente 550 pessoas sac rifi cadas ritu alm e nte pelos sace rd otes aztecas, que queriam deter a chegada dos espanhó is em 1520. As vítimas fora m guardadas em ga io las du ra nte meses, tiveram os corações arra ncados, o ossos foram fervidos e os crâni os escalpelados. Co m freqüência os restos morta is a inda pa lpitantes eram devorados por bru xos e dema is ind ígenas. A satâni ca chacina durou seis meses. Esses sacrifíc ios coleti vos e ram co mun s e ntre índi os a ntes d a e va ngeli z ação d as Am é ri cas. Ap esar di sso, a neomi ss iologia co muno-progressista pretende que a cultu ra indígena é a boa, e que os males começaram co m a ação evangeli zadora dos mi ssionários ca tó li cos, ap ós a d esco be rta d o co n t in e n te americano. •
EUA: 15 estados ampliam direito à legítima defesa
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o período de um ano, 15 estados ameri canos aprovara m le is que expandem o direito de legítima defesa, aume ntando as possibilidades de resistência armada das vítimas em perigo de morte, noti ciou o "The New York Times". Os cidadãos respo nsáveis e assoc iações como a National Rifle Association se rejubilaram. Mas os partidários do desarmamento reagiram à nova legislação co m sarcasmo e desprezos, depl orando que se permita o direito natural de usar armas de fogo para defender a propriedade privada. •
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CATOLICISMO
Manipulação de células-tronco embrionárias é imoral e anti-ética
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empresa Ad vanced Cell Techn.ology anunc iou ter desenvolvido um método "ético" para coletar célul as- tro nco de e mbriões humanos sem destruí-los. Porém, Mons. Eli o Sgreccia, ela Pont!f'ícia Academia pela Vida, mostrou que esse método é incompatíve l com a moral ela Igrej a. O prelado sublinhou que a simples ex perime ntação co m e mbriões é imora l, e que os c ienti stas devem desenvo lver os métodos que usam as célul as-tronco ele adultos, ap rovados pe la Ig rej a. •
m certo ecologismo irênico, muito pouco conhecedor ela natureza, faz pensar que os bichos são sempre " bons" se tratados com carinho. Recente tragédi a de impacto mund ia l desmentiu essa falácia. O natu ralista australi ano Steve lrwin morreu vítima de uma raia, que lhe fe riu o coração enquanto te ntava ou ada film agem no litoral da Austrá li a. • n 'cessário que o home m exerça seu re inado sobre s a ninn is, fa vorecendo os benéficos, eliminando os peri osos ' s •I ·c ionanclo os demais. Mas o ecologismo revo lucio nário r ·vo lta-s • contra esta supremacia ela natureza humana, fund ado nos Sagradas Esc rituras, na ord m do niv ·rso · 1H> proprio bom sens . •
Ecologia dá novo fôlego à Teologia da Libel'tação
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Teologio do Libertação ganhou novo impulso no congresso reunido em Lima pela Conferência de Religiosos e Religiosos do Peru (CONFER), filiada à Confederação Latino-americano de Religiosos e Religiosos (CLAR), que tem correspondente no Brasil. O congresso não tinha aprovação eclesiástico e foi presidido pelo patriarca dessa teologia subversiva, o Padre Gustavo Gutiérrez . Na ocasião, o beneditino Simón Arnold defendeu uma "re-fundação da lgre;a" e uma "re-fundação dos congregações religiosos com base numa teologia do libertação renovado" que inclua temos novos "como o ecologia".
"Casamento" homossexua 1 d ivide pré-candidatos na França
"Bispa" e "bispos" homosse-
icolas Sarkozy, ministro ele Interi or da F rança e pré-candidato presidencial, defe nde u e m Marselha a famíli a tradic ional e censurou a adoção de cri anças por homossexua is, seg und o no ti c io u o pe ri ó di co " Libérati on", de Paris. O mjnistro percebeu a vantagem e leitora l da posição, so bretud o após rece be r milh ares de ca rtões el e adere ntes da assoc iação Avenir de la Culture, reafirm ando o d ireito ele professar a doutrina tradic ional ela Igreja na matéria. Em sentido contrári o, a pré-ca ndidata soc iali sta Nicolas Sorkozy e o pré-candi- Ségo le ne Roya l a nun c io u qu e institu c ionali zará o aberrante "casadato socialista Ségoléne Royal me nto" sodo mita e a adoção ele crianças por casais ho mossex ua is. Ela tem ca ído nas pesqui sas. •
Cardeal Walter Kasper, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, declarou que se os anglicanos nomearem "bispos", o diálogo e a unidade no ecumenismo ficará "inatingível". Pouco depois, a "bispo" de Nevado, Kotharine Jefferts Schori, foi eleita primaz da igre;a episcopaliana (nome dos anglicanos nos EUA). Nessa ocasião, a cúpula dessa confissão religiosa decidiu que não "sagraria" mais "bispos" homossexuais. Na realidade, como tais "bispos" não têm o verdadeiro sacramento do Ordem, nenhum deles é auten ticamente bispo ou sacerdote.
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Tragédia desmente utopismo ecologista
Steve lrwin
s responsáveis inte lectuais pe los sucessos ele Uganda (Áfri ca) no combate à AIDS condenaram a co11f'e rência internacional sobre essa epide mi a reunida e m Toronto, Canadá. Denunc iaram o ódi o ele fund o anticri stão manifestado na ocasião contra a continência sex ual, a maternidade e a fa míli a. Durante o evento, pediu-se a legali zação el a prostituição e a libera li zação do consumo de drogas pesadas, além ela rotine ira apo log ia imoral dos preservativos e ela educação sex ua l e m voga, que habitu almente aniquil a a inocênc ia das cri anças na mai s te nra idade. Até o mili ardário Bill Gates - um Bill Gates e o dos pro motores do encontro - fo i vi oex-presidente Clinton lentame nte vaiado ao menc ionar o programa ABC, que inc lui a continênc ia e a ficl eliclacle conjuga l. •
xuais entre episcopalianos
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INTERNACIONAL ·.
cri stian ismo, qu e moldou a civili zação oc idental. E a imi gração em massa de muçulm anos para a Europa leva ág ua para esse moinho, espec ialmente no contexto psico-político atual. Depo is do ate ntado de J l de setembro de 200 l contra as torres gêmeas do WTC em Nov a Y ork , ace ntuou-se a olh os vistos a presença na Europa de imi grantes oriund os de paí es muçulmanos . A s mesquitas multipli cam-se por todo o continente europeu, financiadas por correntes islam itas da Aráb ia Sa udi ta , A rgéli a e M arrocos, e em algun s lugares os muçulmanos assumem atitudes francamente provocadoras e desafiantes. A polêmi ca suscitada na França a propósito do laicismo acentuou ainda mais o uso de véus e trajes muçulmanos na Europa.
Imigrantes chegam às praias da Espanha
Ameaças coni,·a o Papa
Imigração, Islã e choque de civilizações Ü rganizadas por redes clandestinas, ondas sucessivas de imigrantes ilegais chegam à Europa todos os dias. Teme-se o acirramento do conflito Islã versus Cristandade. 11
w.
GABRIEL DA SILVA
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imi gração de pessoas, grupos ou famí li a de um país a outro sempre fo i vista co mo fato norm al. Guerra s, catástrofes natura i , situações de penúri a podem castigar pro longadamente determin ada reg ião, provoca ndo o êxodo de seus hab itantes para terras estra ngeiras. Em ta is circun stâ ncias , é dever de carid ade cri stã dar conforto e auxílio a tai s pessoas, a fim de que possa m reconstruir a vida. As Améri cas e a A ustrália foram e conti nuam sendo con-
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CATOLIC ISMO
tinentes de imi gração, pe la amp litude ele seu território e ele seus recursos. Sit11ação diversa, porém, é a ela Europa, que ati ngiu um grau de civi lização e desenvolvimento superi or. A necessidade de im igração no velh continente explica-se não por nece idade cl ocupar e desenvolver o território, mas pelo d4/icit popu lacional devido ao bai xíssimo índice ele natalidade, conseqüência la limitação da natalidade e da aberrante prática do aborto.
Choque de civilizações É conhec ida a tese de Sam uel Hun ti ngton sobre o choq ue elas civili zações.
Segund o ele, a queda cio Muro de Berlim an unciaria a passagem ele um mundo caracteri zado por cli vagens ideo lóg icas - comuni smo versus capitali smo ª um mundo de clivagens culturais. Nessa perspectiva deveri a ser visto, segun do ele, o des pertar d Islã radical no mundo muçulm ano, co mo ta rnh 111 o l'cnôme no chama lo da , loba I ização ou mundi ali zação. Se m entrar no 111 <rito d:i teoria de ·onl •st6ve l e111 varios de Huntington seus aspectos l'oru de d1ívid:i que no contex to ;11ual o lsla st· ll lll'l'S ·111u como uma f'orça arn ',1<.;mlorn •111 oposiçüo ao
Para se compreender a anim os idade do [slã rad ica l e o peri go que representa para a Europa, basta lembrar a violênci a com que o mundo muçulmano reagiu às cari caturas dinamarqu esas a respeito de M aomé e, mais recentemente, os insul tos lançados ao Papa e à Reli gião cató li ca por persona li dades muçulm anas, devido a uma c itação hi stóri ca feita po r Bento XVI em sua co nferência na Un iversid ade de Ratisbona, no decurso ele sua visita à Baviera. O Pontífi ce reprodu ziu um a citação ele 139 1, do Imperador bizantin o Manuel ll Pa leó l go, na qual este afi rma:
cheios de ódio" (cfr. agênc ia Frctn ce Presse, in " Fo lha Online" de 16-9-06). "Só descansaremos quando vossos tronos e vossas cruzes estiverem destruídos, em vosso próprio território", vocifera ainda o grupo, conhec ido por suas operações contra as tropas americanas egovern amentai s no Iraque.
Bomba /Jolítica M es mo do ponto de vi sta laico dos govern os europeus, a 1m1gração em massa apresenta dificuldades. A totalidade dos países europeus mais desenvo lvidos não dispõe ele mão- de-obra sufi c iente para f azer face à demanda da eco nomia. A causa, j á di ssemos, é o envelhec imento da popu lação, dev ido à política sui cida e imora l de limitação da natalidade, inclu sive pelo aborto. Por isso, reconhece m que a imi gração é uma necess idade, com efe itos positivos na economi a. Mas os prob lemas qu e ela cri a constitu em urn a " din amite políti ca", co mo disse o primeiro-mini stro britâni co Tony Blair. E se a exp losão dessa " dinamite" ocorrer no contexto ex tremamente deli cado de um a guerra árabe-israe lense envolvendo o Irã, a Síria e outros países muçul manos? A Europa teria o inimi go j á dentro da própri a casa ... Em discurso no Instituto Demos, o secretário inglês do Interior John Reid fa lou no mesmo sentido: "A imigração
é o principal desafio ao qual os governos europeus devem fa zer face" . E um
ex- mini stro traba lhi sta , Fra nk Field, derrubou o pau da barraca ao afi rmar qu e a onda de imigração ficou incontrolável, tornando o mercado de trabalho in acessível aos britânicos. Pragmáti cos como são os ingleses, eles querem contabi li zar as vantagens e as desvantagens, em term os de qualifi cação dos imigrantes e de seu peso nos gastos com hosp itais e esco las. A inda segundo John Reid, é preciso acabar com a noção " politi camente correta" ele chamar de " rac ista" quem critica a imi gração. E propõe um melhor controle das fro nteiras para barrar a imi gração clandestina. A pos ição cio governo inglês encontra simil ares na maioria cios países europeus, embora, de um modo gera l, os políticos de esq uerda no poder sejam mui to mai s I ibera is nessa matéria.
l11vasões pelo MeditCl'l'â11eo Na realidade, espl endidamente iso lado em sua ilha, co m forças de segurança efici entes e um contro le fé rreo dos aeroportos londrin os, o Reino Un ido não é o caso mai s problemáti co em matéri a de imigração ilega l. A Itáli a enfrentou período crítico após as guerras do Kosovo e da Bósni a. N essa ocas ião, levas ele imi grantes albaneses e ele outros países dos Bá lcãs chegavam às costas ad ri áti cas ela I tá li a. Atualmente as in vasões vêm do sul : imi grantes clandestinos ori undos do Maghreb, da África subsa harian a ou do Oriente
" Mostrai-me o que Mao mé trouxe de novo. Não encontrareis senão coisas más e desumanas, como o direito de defe nder pela espada a fé que ele pre1tava ". O I slã, ao que e saiba, não respon deu àq uele imperador por tai s pa lavras pronunciadas há mai s de se is sécul os . A gora, porém, reage contra o Papa e a Igrej a Cató li ca co m um a violência que bem co mprova o esp írito com que são fe i tas outras ac usações lançada por muçulman os radica is.
"Juramos destruir sua Cruz no coração de Rorna, {... J e que o Va ticano será atacado e vai chorar por seu Papa ", apregoa o grupo arm ado iraq uiano Jaiech ai Mi1 jahedin, em comunicado divulgado na internet, o qual criti ca duramente os "c ristãos sionizados e os cruzados
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Méd io tentam desembarcar nas ilhas européias do Med iterrâneo, tomo Malta, Lampedusa ou Sicília. Do mes mo modo, africanos desembarcam aos milhares nas Ilhas Canári as, situadas no Oceano Atlântico e pertencentes à Espanha, na esperança de serem dali transferi dos ao co ntin ente, que vêem como um E ldorado. Até 4 de setembro tinham chegado àquelas ilhas 2 l .50 l , dos quais 4.75 l só em agosto, e 2.662 no primeiro fim-de-semana de setembro. Essas ondas começaram após o Partido Socialista Espanhol (PSOE) anisti ar 700.000 imigrantes ilegais. O progressism.o católico, entretanto, dá cobertura à vaga invasora e ignora o direito superior das sociedades católi cas a manterem sua fidelidade à Igreja e sua própria identidade.
Ali'icanos em Paris Recentemente o Instituto Nacional de Estatística e de Estudos Econômicos da França tornou público um estudo sobre a imigração de 1999 a 2005. Mostra um forte aumento de imigrantes vindos da África subsahariana, da ordem de 45%. Eles se concentram sobretudo na região metropolitana parisien e e seu entorno, que constituem a fle de France, berço histórico do país. O número de turcos, que já há tempos constituem a primeira "colônia" na Alemanha, também aumentou espetacul armente na França (cf. "Le Figaro", 24-8-06). O número de imigrantes legais na França é da ordem de 8, l % da população. So mando-se os il egais, essa percentagem pode chegar aos 10%. Como se estabelece o fluxo imigratório? Para as imigrações hi stóricas, de modo natural: o marido vem só, depois traz a mulher e os filhos, um irmão, um amigo, e assim por diante. Em 1996, 300 imigrantes ilegais (sans-papiers, no jargão francês) ocupa. ram a igreja de São Bernardo, em Paris. Só saíram após truculenta intervenção da polícia. Eram em sua maioria africanos, e seu líder o jovem Ababacar Diop, senegalês. Em 1999, Ababacar montou um cybercafé com dois amigos e batizou-o de Vis@vis (Face@face). Seis meses depois, o poderoso grupo Vivendi Universal lançou um portal eletrôn ico: Vizzavi (mesma pronúncia). E a coexistência das duas marcas rendeu a Ababacar Diop a CATOLICISMO
Cruzada católica impede sex shop
N fabulosa quantia de 24 bilhões de francos (cerca de 10 bilhões de rea is!). Diop, que se definiu como "um com uni sta bili onário", fundou uma imobili ári a, in vestindo em apartamentos em Paris e no Senegal. Depois vendeu sua participação no cybercafé e mudou-se para o Senegal, onde é próspero empresário. Não é curio o que um autodenominado comunista tenha ganho de um gigante capitalista tão fabulosa "loteria", sem comprar bilhete? Não é de suspeitar que as organizações de imigrantes ilegais tenham por trás apoios bem mais consistentes do que os pequenos grupos de bairro? Por outro lado, que miragens não terá criado na cabeça de outros jovens africanos o sucesso espetacul ar de Ababacar Diop?
Bandeira da esquerda Tais interrogações não são arbitrárias, pois a mencionada ocupação da igreja de São Bernardo teve o apo io de toda uma troupe de estrelas de show-bizz, intelectuais e artistas, entre os quai s Emmanuelle Béart, Léon Schwartzenberg e Ariane Mnouchkine, com ampla cobertura. da mídia. Em conseqüência de toei e se movimento, o governo soc iali sta de Lionel Jospin fez, na oca ião, a primeira regularização em massa de imigrantes: 80.000 entre 1997 e 1998. Número espantoso, se se considera o rigor com que as autoridades francesas tratam ha.bitu-
almente os imi grantes isolados, que não co ntam com o patrocínio das organi zações (ONGs) de esq uerda. Na recente conferência de imprensa que lembrou os 10 anos da ocupação da igreja de São Bernardo, quem apresentou os antigos invasores fo i Alain Krivi ne, da Liga Comunista Revolucionária, ao lado de delegados do Partido Comunista Francês e da Luta Operária (cf. "Le Figaro", 24-8-06). E m nome da igualdade para todos, os partid os de esquerda ão favoráve is à abertura das co mporta da imigração. Esta é, portanto, um a bandeira da esquerda, ainda que grande número dos eleitores não acompan he s p lítico nesse tema. Com papel de destaqu e, ao lado desse partidos, encontram-se freqüentemente o setores mais radicais ela esquerda. dita católi ca, comprometidos com ONGs e movimentos de apoio aos imi grantes il egais. Desse ponto de vista, a Europa enc ntra-se mais ou menos como um a fortaleza sitiada.. Se continuar a avalanche das imigrações provenientes de países pagãos, sua paisagem religiosa, cultu ral e até fís ica será forçosame nte alterada. Mesmo abstrai ndo de po síveis agr ssões violentas, tal eventualidade poderi a ocasionar, mais cedo ou mais tarde, o fim definitivo da E uropa cri stã. A 111 ' nos que fatores sobrenaturais int ·rvcnhum . • E-mai I do aut or:
•1:;ilJ1k' l (r,lm tt1 lt ·hiuo, ·1 1 r
ormalmente notic iamos nesta seção horrores do mundo moderno que faze m Nossa Senhora chorar. Hoje, porém, apresentaremos uma enérgica e vitoriosa atuação contrária à onda de desagregação moral. T rata-se de autêntica cruzada mora li zadora ele católicos, que impedi u que um horror se consumasse. E m janeiro ele 2006, a diretoria de planejamento da cidade de Nyack, no Estado de Nova York, autori zou a abertura na cidade de um a loja com arti gos pornográficos, denominada sex shop, com oito saleta de vídeo para a ex ibi ção de filmes eróti cos. O proj eto foi di scutido durante um ano em reuniões públi cas mensa is no prédio da prefe itura. A decisão da diretoria de planej amento de Nyack fo i unânime a favor da instalação da sex shop. Mas não contava com o fervor de um g rupo de cató licos, que lançaram uma autêntica cruzada contra a in stalação desse estabelec imento pornográfico. A alm a desse movimento fo i o ator Stephen Balclwin, que se converteu ao catolicismo em 11 de setembro ele 2001 , ao presenciar os atentados ao World Trade Center: Em fevereiro deste ano, e le apareceu em fre nte à futura sex shop muni do de uma câmera digital, a fim de fotografar os operários que estavam traba lh ando na in stalação. Na ocasião, disse aos repórteres de um jornal local que pretendia fotografar cada um dos financiadores da sex shop e as placas dos seus carros. As fotos seriam ofereci d as a jornai s ou publicadas n a Internet. Uma cruzada inteligente, pois o mal perde suas garras quando denunciado. Posteriormente e le tentou fotografar os fregueses, mas estes não apareceram.
"Essa é a única.forma de nos protegermos desses porcos " , afirmou o ator. "Desde que me tornei uma pessoa religiosa, percebi o quanto o nosso país está se deteriorando. Estamos mais preocupados com árvores e rios do que com as pessoas [ ... ]. Nós olhamos para a nossa constituição. Ela é tão repleta de direitos, que tudo acaba se confundindo e acabam os limites. Por exemplo, se um Estado após outro permitir o casamento de homossexuais, talvez daqui a 10 anos acabe sendo legal uma pessoa se casar com a própria filha. E o que acontecerá depois ? Uma mulher poderá se casar com o seu cão pastor alemão? Há 20 anos, os norte-americanos normais consideravam o casamento homossexua l como sendo algo tão errado e equivocado quanto o casamento entre uma mulher e o seu cachorro. Para onde esta tendência nos conduz ?".
lmorafülade e tel'l'o1'ismo A cru zada dos católi cos produziu seus efei tos. Os 6 mil moradores de Nyack entenderam que na Rota 59 estava e m jogo mais do que um simples estabelec imento comercial. Perceberam que a loja co m janelas pintadas de negro e o 11 de setembro tinham relação entre si. Os moradores começaram a mencionar os esta.nel es de vídeos pornográficos e a Lei Patriota co ntra o terrorismo, na mes ma co nversa. Na cabeça deles , tudo está relacion ado - Deus , guerra, o declínio moral do mundo e a Constitui ção dos Estados U nidos. Nyack se transformou em um ca mpo de batalha para os dois principais pólos na sociedade norte-americana os conservadores religiosos e os liberais. Em 3 de março, um grupo cha-
macio Cidadania Católica entrou co m um processo na Corte Suprema de Nova York contra a Diretoria de Planejamento de Nyack e os operadores da planejada sex shop. E m entrevi sta, um dos membros do grupo apresentou documentos comprovando que as sex shops atraem pervertidos e maníacos sexuais: "A constituição é importante, mas o bem-estar emocional do nosso povo é ainda mais importante".
Vitória Houve nova re uni ão . A peq ue na sa la da prefeitura d e Nyack ficou lotada . Baldwin falou sobre Deus, a proteção ambi enta l da mente e o aume nto da utili zação de drogas e da criminalidade, qu e está vinculad a a esse tipo de negócio. Apesar de tudo , a sex shop abriu as portas um mês mais tarde - apenas durante quatro dias! Durante esses di as Baldwin levou sua câmera ao estacionamento para fotografar os fregueses. Mas nunca havia ninguém lá para ser fotografado. Foi quando os donos do estabe lecimento receberam a determi nação da Corte Suprema de Nov a York cance lando a lice nça para o negóc io. Em maio, a loja preta e envolta por vidraças lembrava um caixão. O pátio de estacionamento estava vazio. As prateleiras, repletas de DVDs, revistas e artigos eróticos encalhados. Em fins de julho, um pequeno av iso na porta da caixa de vidro negro da sex shop anunciava que o estabelecimento estava saindo defini tivamente de Nyack.. . • Nota : Resumo de arti go de Alexander Osang, publicado em Der Spiegel e tradu zido por Danilo Fonseca. http://noticias.uol .com .br/midiagl oba l/clersp iegel/ 2006/08/05/ult 2682u 179.jhtm
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João Fernandes Vieira e os heróis
da Insmreição Pernambucana J untamente com Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e Henrique Dias, Fernandes Vieira liderou a expulsão dos hereges holandeses que invadiram nosso território e oprimiam o povo católico André Vidal de Negreiros
!71 JOSÉ M ARIA DOS SANTOS
ntre as várias potênci as estrangeiras que cobiçaram e mesmo invadiram o território nacional, a que mais nele permaneceu fo i a Holanda, de 1630 a 1654. Contra os invasores leva ntaram-se representantes das três raças que formariam nossa nação - portugueses, índios e negro - irmanados no amor à Religião e à terra em que nasceram, ou que adotaram como sua. Entre esses ressa ltam as figuras de João Fernandes Vi eira - que sacrifi cou seu bem -estar, a fortuna e a própria energia para expul sar o herege invasor do so lo pátrio - , Vida) de Negreiros , o índio Felipe Camarão e o ex-escravo Henrique Dias. João Fernandes Vieira nasceu em F uncha l, ilh a da Madeira, em 161 3. Era filho do fidalgo Franc isco d'Ornelas Muniz e de uma mu lher de condição humilde. Aos 11 anos em i01'ganiza-se a insurreição contra grou para o Brasil, vindo a estabelecer-se os hnrasores protcstai1tes e m O lind a, Pernambuco, o nd e se empreEm 1644, tendo voltado o conde Mau gou no comérc io. Quando os holandeses in rício de Nassau para a Ho landa e piorado vadiram Pernambuco em 1630, e le resistiu a opressão a que os hereges submetiam os aos in vasores no forte de São Jorge, com pernambucanos, João Fernandes Vieira 20 homens, por quase um mês . D urante a vijulgou que era o momento para romper o trégua estabelecida entre Port uga l e jugo cio invasor. Holanda, ele viveu na Pernambuco ocupaNessa época, passando cm I crnambuco da, assoc iando-se ao mercador judeu Jacob o Tenente-general André Vi da i d' Negrei Stachowe r, conselhe iro da Companh ia Horos, paraibano vindo da Bahia pnra visitar landesa das Ín-d ias Ocidenta is, e fez boa seus parentes, com 'lc traço u os planos fo rtun a. Ao casar-se com rica he rd e ira para uma subi 'vação. 1 ·citl iram •scrcve r pernambucana, torno u-se um dos mais prósperos senhores de engenho do nordes- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ao governador e capilao , ·rui ti' lodo o Estado do Brasi l, Dom /\nl mio T·I ·s tia Silva, te. E ra muito caritativo e esmoler.
.-EJ
"Passando em Pernambuco o Tenente-ge. neral André Vidal de Negreiros, paraibano vindo da Bahia para . sitar seus parentes, com ele Fernandes Vieira traçou os planos · para a sublevação".
CATOLICISMO
Felipe Camarão (indicado pelo nº 4) lidera seus índios na luta contra os holandeses
"na qual carta.forcun assinados os mais principais surgente assinou secretamente em lpojuca, a 23 e maisfiéis homens de Pernambuco, assim ecleside maio de 1645, o 'Compromisso Imortal'. Nesse documento, em que pela prúneira vez aparece ásticos como seculares, na qual lhe manifestaram por exlenso todas as calamidades e aflições claquea palavra pátria n.o continente americano, os la miserável Província, e outrossim as traições, aleiluso-brasileiros man(feslam a disposição de lu tar até o fim pela liberlação de urna terra com a vosias, qfrontas, roubos, tiranias e crueldades que os pérfidos holandeses executavam nos po- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • qual j á mantinham vínculos indissolúveis ". 2 bres e angustiados moradores, pelo que já batalha do Monte quase desesperados, eslavam. resolutos em se • "D t ' d d ·• A das Tabocas de.fender daqueles carniceiros atrozes e vender-lhes, à custa de sangue derramado, atertreinamento da tropa, Os holandeses, te ndo lutado co ntra os ça parte das vidas que lhes haviam deixa a liderança do movi- lu so-bras il e iros em escara muças diversas, do ". João Fernandes Vieira escreveu tam· · • com grande poderio os surpreenderam num bém ao índio poti Antônio Felipe Camarão matagal de tabocas (espécie de bambu muito nou o 'Compromisso espinhoso), querendo acabar de vez com sua - que, por sua va len tia e lealdade à Coroa Portuguesa, havia recebido título de nobreza Imortal'' em que pela reação. Mas os nossos heróis lhes fizeram face e ele "Governador e Capitão-general de todos primeira vez aparece a e o combate fo i renhjdo de parte a parte. Dada a inferioridade numérica, e sobretudo de muos índ ios do Estado do Brasil" - pedindolhe para juntar-se, com os seus, aos insurretos. • palavra pátria no connições, os insurretos foram perdendo terreno Escreveu, no mesmo sentido, ao ex-escravo tinente americano". e começaram a desfalecer. Foi então que um Henrique Dias, a quem EI-Rei dera o cargo sacerdote, que estava com uma imagem de de "Governador dos pretos, criou los, minas e • • • • • • • • • • • • • • • • , , • • • • • , Cristo crucificado, fez uma patética preleção pedindo ao Senhor que, pelo seu Sangue, pelas anmulatos". João Fernandes Vie ira fo i aclamado "gogústias e dores de Maria, "não atentasse para nosvernador da independência". O governador geral A ntônio Teles da S il va sos pecados, merecedores de eterno castigo, senão e nviou em J 644 para Pernambuco experi entes para Seu amor e misericórdia, e que não permitisse militares, liderado por Antô ni o Dias Cardoso, que os inimigos de Sua santa Fé, que tantos agrapara que atuassem co mo in strutores. Mas tudo vos lhe tinhamfeilo, profanando Seus templos e desisso fo i fe ito muito sec retamente, porque a trépec!açando as sagradas imagens dos San.tos, Lriung ua ass inada e ntre Portuga l e Ho landa não perfassem cio seu povo católico, que estava pelejando mi tia que se ag isse às c laras. por Sua honra; e que, pois a empresa era Sua, nos "Durante o período de lreinamento da tropa desse vitória contra aqueles tiranos hereges, para por D ias Cardoso, a liderança cio movimento inque o mundo soubesse que aos que pelejavam por a
uran e o peno o e ·
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mento msurgente ass1-
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canelo a gloriosa vitória alcançada pelos merecimentos da Virgem Maria Mãe de Deus". 4 No dia seguinte, os católicos o uviram dos holandeses apri sionados este impress ionante testemunho: "viam andar entre os portugueses uma mulher muito formosa corn wn menino nos braços, e junto a ela um velho venerando, vesLido de branco, os quais davam atmas, pólvora e balas aos nossos soldados, e que era tanto o resplendor que a mulher e o menino lançavcun, que lhes cega va os olhos e não podiam olhar para eles de .fito a .fito. E que esta visão lhes f ez logo virar as costas e retirar-se descompostamente". 5 O mesmo fato é narrado por Frei Manue l Ca lado. Aí se fundou a vil a de Vitória de Santo Antão, em honra do anc ião que com a Virgem aparecera.
As batalhas <le Guararapes e a reconquista No mesmo ano João Fernandes Vie ira participou ainda da batalha de Casa Forte; e nos anos de l648 e l649, das duas batalhas dos Guararapes. Na prime ira de las, que se deu no dia l9 ele abril , honra de Deus, não lhes faltava o divino domingo ela Pascoela e festa ele Nossa favor e ac(jutório. [... ] Todos prometeram Se nhora do s Praze re s, Fernandes cilícios, disciplinas, jejuns, romarias e Vi e ira e Vida] de N egre iros, auxili aesmolas; e o Gove rnador João dos por Felipe Camarão comandando Fernandes Vieira, como não é menos crisseus índios, e Henrique Dia o seus tão que bom e valoroso soldado, promenegros, levaram à vitória as hostes cateu de levantar duas igrejas, uma a Nossa tólicas, apesar ela desproporção de 2.200 Senhora de Nazaré, e outra a Nossa Senhoh me ns para 7.400 hereges holandeses . ra do Desterro".3 Na segunda batalha dos Guararapes, que Nossa Se11hora com o Menhw se deu no dia 19 ele fevere iro de l649, a dessocorrn os católicos proporção era menor, se bem qu e considerável: Fortalecidos por um espírito sobrenatural , os 5.000 ho landeses contra 2.600 luso-brasile iros, ínli os e pretos. Nela morreram 2 mil holandeses e nossos bravos atacaram o inimigo ele tal modo, Maurício de Nassau que Fernandes Vi eira teve que deter seus guerapenas 47 coli gados. Mas entre estes estava o hereiros, tal o ardo r com que se entregaram • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ró ico Henrique Dias, que deu assim a sua vicia em defesa da Relig ião e ela Pátria. ao ataque. Entretanto, tendo ac uado o ini"Fernandes Vieira, venAs perdas elas duas bata lh as, que somamigo, este voltou -se contra os agressores com grande ímpeto, o que mudou outra vez • do O perigo' gritou: . vam quase 5 mil homens, fi zeram ver aos a sorte da batalha. Foi aí que Fernandes protestantes vindos da Ho landa que estava Vieira, vendo o perigo, gritou: "Valorosos • 'Viva a Fé de Cristo. A custando muito caro a invasão e conquista portugueses: viva a Fé de Cristo. A eles, a • eles, a eles'. Pe. Made nossa terra. eles". O padre Manuel de Morai s, erguen- •. Em 1654 João Fernandes Vieira tomou os do a imagem de Cristo, pediu a todos que nuel de Morais pediu a . fortes de Salinas e Altenar, enquanto o inimirezassem uma Salve Rainha à Mãe de Deu s, • todos que rezassem . go abandonava os de São Jorge e la Barreta. pedindo-lhe auxílio. "E em dizendo todos • uma Salve Rainha à Enfim, os holandese retiraram-se clefi em alta voz 'Salve Rainha, Madre de Misenitivamente do Brasi l. E a 27 de jane iro desricórdia', se viu logo o favor da Mãe de Mãe de Deus, pedindose mesmo ano a in aram 'l cap itul ação da Deus, porque o inimigo se começou a retilhe auxílio". Campina cio Tabord a, pela 1ua l deveri am rar descomposto e ir perdendo terra a olhos • entregar Rec ife todas as rorta l ':,,,as que ainvistos, e os nossos começaram a gritar 'Vi- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • da lhes restavam. ' João 1' 'rnand cs Vieira tória, Vitória', e acometeram com tanto ímpeto, tomou posse d R c i r c m no m ' ti ' Sua Majcstaque o desalojaram e deitaram fora do campo, fi de, o Rei D. João IV d Po,tu 1 ul. l ◄' i c uva ass im o
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Brasil definitivame nte livre dos hereges que tentaram várias vezes assenho rear-se de parte ele nosso imenso território.
Batalha de Guararapes, (detalhe) - Óleo de Victor Meirelles
Goven1ado1· da Paraíba, Capitão-geral de A11gola João Fernandes Vieira foi reco mpen sado pelo Re i Dom João IV co m os ca rgos de gove rnador da Paraíba ( 1655- 1657) e de capitãogeral de An go la (1658- 1661). E m 1672 fo i nomeado administrador e s upe rintendente da s fo rtificações de Pernambuco e cap itanias vi zinhas , até o Ceará. Esse grande herói de nossa Pátri a faleceu em 1681 e m Olinda. Por sua relevante partic ipação na In surre ição Pern ambuca na, fo i esco lhido co mo um dos patriarcas cio Exérc ito Brasileiro . •
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E- mai l do autor : jose111aria@ca tolicis111o.co111. br
Notas:
Oficiais holandeses são aprisionados pelas forças luso-brasileiras
"As perdas das duas batalhas [Guararapes], · que somavam quase 5 mil homens, fez ver aos protestantes vin. dos da Holanda que estava custando muito caro a invasão e con-
1. Frei Manoel Ca l ado, O Val eroso Lu cideno e 1ri1.111pho da liberdade, Ed ições ultura, São Pau lo, 1943, 101110 1, p. 3 18. 2. Texto: Co l aboração do Cc l. Rosty/COTER. http:// ' www .ex e r c i t o. g ov. br/0 5 N ot i e i / V O/ 175/ • tabocas. ht111 3. Frei Manoel Ca lado, ld. , lb. , tomo li , p. 12. 4. l ei. lb., p. 14. 5. Diogo Lop es Sa nlia g o , f-lisi ó ria da Guerra de Pem a111buco, Fund ação do Pa1ri111ôni o Hi stóri co e Artísti co de Pern ambuco, Rec i fe, 1984, p. 258.
quista de nossa terra".
P:1inc l na lg rcj,1 de Na. Sra. da Conce içJo dos Militares. Rec ife
CATOLICISMO
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A visão artística e simbólica do mundo em
Plinio Corrêa de Oliveira A dolpho Lindenberg destaca na personalidade de Plinio Corrêa de Oliveira, seu primo-irmão, um dos traços mais marcantes e originais daquele homem de ação, pensador e líder católico
N
ascido em São Paulo, em 1924, Adolpho Lindenberg, conhecido no Brasil como um dos mais renomados arquitetos de nossa época, licenciou-se em Engenharia Civil e Arquitetura pela Universidade Mackenzie em 1949 . Em 1952 fundou sua própria empresa a Construtora Adolpho Linden berg (CAL) - , que se tornou em pouco tempo uma da s construtoras mais conceituadas do País . A CAL tem seu nome associado à reintrodução do estilo colonial na prática arqu itetônica moderna brasileira . O estilo de seus edifícios marcou profundamente a capital paulista. Além de engenheiro e empre - 3~ sário , Adolpho Lindenberg dedi - '3 ca seus dias ao apostolado con - 3 tra-revolucionári o iniciado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira . Com ele conviveu e dele gua rda imorredouras lembranças, desde a infância na casa de sua avó, Da . Gabriela Ribeiro dos Santos . De pois, na juventude, participou do chamado Grupo do Legionário e do Grupo de Catolicismo, ambos fo rmados e liderados por Pl íni o Corrêa de Oliveira, bem como da fundação e das atividades da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade .
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Catolicismo - Para conhecer a personalidade do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, seu primo, o Sr. julga suficiente conhecer os fatos
CATO LICI SMO
que marcaram sua vida e as doutrinas que defendia, ou há algo mais?
Dr. Adolpho Lindenberg - Erra m aq ue les que pensa m conhecer bem a personali dade de D r. Plíni o q ua ndo o mi te m uma elas facetas mais ori ginais ele se u modo ele ap rec iar e inte rpretar a reali dades el a vida - refiro-me a seu ex tremo gosto e fac ili dade em detecta r o valor sim bó li co elas co isas, cios costumes, cios fato s hi stó ri cos e so bre tu do ci os gestos, o lhares e reações psico lógicas.
1)1: A<lol/Jho
l,imlenherg: "Eram extrnmos o gosto e a l'acilidade com que detectava o valor simbólico das coi sas e sobretu<lo dos gestos, olhares e reações psicológicas"
Catolicismo - "Valor simbólico"? O que vem a ser isto? Dr. Adolpho Li11de11berg - Símbolo, e m sua acepção mais nobre, é a ex pressão materia l ele a lg uma co isa im ateri a l, imponde ráve l. De us, co m efe ito , cr iou seres mate ria is q ue apre. e ntam ana log ias s urp reende ntes com valores cl or 1cm s uperior, espiri tua l, e cabe a nós ficar alento · para detec ta r e aprec iar essas evocações. A razão principal de cada co isa não é a fu nciona l, mas a simbó lica. Os deve res cios pa is, por exemp lo. Sua razão ma is a lta não é a ele ali mentar e ed ucar os fil hos, mas sim a de representar Deus junto a e les. Deus enquanto gerando, nu trindo, fo rma ndo, etc. Essa fu nção sim bó lica é, na ordem natura l, o que há ele ma is poderoso para a for mação das a lmas. É conte mp lando essa simbo logia que, de modo especia l, nos exercitamos na prática do amor de Deu . Catolicismo - A apreciação do aspecto simbólico das coisas eleva o homem até Deus?
Dr. Adolplw Li11de11berg - Para o home m, nesta terra, não basta ir direta me nte a Deus, é preciso compreender a linguage m muda cios símbo los e ouv ir seus ecos q ue sobem até o C ri ador. Deus, uno e trino, é sempre o termo último elas analogias. Tanto é assim que podemos afi rmar: todo o uni verso, ele um modo ou ele outro, é símbolo ele Deus. N isto co locamos a nota tô nica. E co locamo- la porq ue a fu nção simbóli ca é semp re a ma is a lta na ordem das causas. Lembrar a altíss ima fu nção cios seres e m o rdem ao a mor do Deus pessoal, como que torna De us perceptíve l aos home ns. Existe uma simbo log ia natural - jogos ele lu zes podem lembra r estados de espírito - e uma sim bo log ia artificia l co mo, por exempl o, a linguagem, as artes, etc. O belo, em certo se ntido, é símbo lo cio bom , e a verdade ira be leza sim bo liza o be m. Desta mane ira, a ve rdadeira arte simboliza a mo ral. Catolicismo - Isso, que aliás pode-se observar em artigos e livros de Dr. Pl inio, ele o manifestava já na infânc ia e juventude?
Dr. Adolpho li11denberg - Dr. PIin io, desde criança, come ntava prazerosamente o olha r ele s ua mãe, os gestos e a postura de seus tios, a fi nu ra o u a
Vendo, por exemplo, um bonito panorama suiço ou preciosos rubis, podemos afirmar: todo o universo, de um modo ou de outro, é símbolo de Deus
"Desde cl'ia11ça, come11tava prazerosamem;e o olhar de sua mãe, os gestos e a posturn de seus tios, a /iJm1'a ou a ca1'ê11cia dela neste ou naquele visitante"
carê nc ia de la neste ou naque le vi sita nte, etc. E le tinha ta mbém um gosto todo espec ial pe las pedras - suas cores, seu luz ir, suas transparênc ias, seu mi stéri o, sua ca pac idade de sim boli zar va lores esp iri tua is. Com efeito, qua ndo a conte mplação chega aos píncaros ele seres meramente natu ra is, o espíri to cam inha para um sentimento reli gioso. Por exemplo, qu ando o Cardea l Merry dei Va i visitou a Suíça e conte mplou aque les cumes nevados das montanhas, tiro u o chapé u e canto u o Magn(ficat. O ve rme lho cios rubi s, q ui ntessênc ia da grandeza, da fo rça esp iritual, da g lóri a e m se u es tado p uro; o ve rde da es meralda , s ua tra nsparênc ia le mbra nd o a pureza el a a lm a, seu lu sco-fu sco enco brindo mi stéri os e profu nd id ades a sere m desve ndados; os d iamantes, símbo los da suprem ac ia, da rea leza; se u brilho é a mat ri z ele todas as lu zes . Se assim e le d iscorria sob re o simbo li s mo ele seres materiais inanimados , o q ue di zer de s uas di ssertações sobre seres vi vos? Por exempl o, gatos, cac horros e, sobretudo, cava los? Ao se referir às pessoas, sua ate nção, co mo seri a ele se espera r, co ncentrava-se no o lhar. O porte, a c lasse, a segura nça - num a pa lavra, a presença OUTU BRO 200 6 -
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to, com visitantes que vieram conhecê-lo, ou com simples personagens de nosso dia-a-dia, procurávamos depois Dr. Plínio para ouv ir seus comentários. E não raras vezes ficávamos surpresos com a saliência dada por ele a detalhes que nos tinham passado despercebidos ou com as interpretações que ele dava de certos movimentos de alm a do indivíduo observado, e que nunca nos teriam chamado a atenção. Quanta objetividade, quanta benquerença, quanta simplicidade - e, algum as vezes, quanta severidade - podíamos perceber naquelas oca iões. Catolicismo - A severidade não era a nota predominante?
também pesavam; mas a impronta, como dizem os espanhóis, é manifestada pelo olhar. O olhar tanto pode ser o símbolo da alm a, da vida, da virtude da pessoa, como também do vício ou da apatia. Lembro-me muito bem - no reino das lembranças, os anos não contam - de uma visita que Dr. Plinio e nosso pequeno grupo foi fazer ao José Gustavo de Souza Queiroz, amigo e coITeligionário nosso, que se restabelecia de doença grave num hospital. Na saída, uma freira veio nos convidar para visitar um velho padre, com fama de santidade, que estava para morrer naquele dia. Nos meus verdes anos, 16 ou 18, senti meus membros vacilarem diante da morte. Fiquei bem atrás, mas minha curiosidade levou-me a observar de relance o rosto do moribundo. Confesso que a espiritualidade, a força, e eu diria até mesmo a feli cidade de seu olhar marcaram-me para o resto de minha vida. Dr. Plinio, que possuía como uma espécie de carisma o discernimento dos estados de alma, sempre considerou o olhar das pessoas como o símbolo adequado para se conhecer seu caráter. Não raras vezes, ao cumprimentar pessoa de nosso grupo, ele como que penetrava seu estado de espírito, suas crises ou seu progresso espiritual. E ao conhecer estranhos, com facilidade apontava as características de sua personalidade, suas arriere-pensées (segundas intenções), suas tendências revolucionárias ou contra-revolucionárias. E tanto era assim que nós do grupo, após encontros com possíveis integrantes do movimenCATOLICISMO
O menino observa a rainha numa atitude admirativa
'~o se referir às pessoas, sua ate11ção concentrnva-se no olhar. O 0JJ1a1' tanto pode se,, o símbolo da alma, da vl<la, da virtude, como do vício ou da apatia".
Dr. Adolpho Lindenberg - Em numerosas ocasiões, me diverti ao observar como os comentários de Dr. Plinio, para gra nde desconcerto dos ouv intes, revelavam pontos de vista inteiramente originais e inesperados. No auge da Guerra Fria, um príncipe alemão veio nos visitar vestido co m as características calças curtas e o chapéu tirolês. A maioria dentre nós estava convicta de que esse modo um tanto rústico de se apresentar iria despertar não poucas críticas por parte de Dr. Plinio. Qual não foi nossa surpresa ao ouvir dele um comentário fran camente elogioso da naturalidade, segurança e sobranceria com que se apresentou o príncipe, vestindo um traje típico de su a região. Em seqüência, passou para temática muito cara a ele - a nobreza considerada como o "núcleo duro", a essência das essência do caráter de um povo; e, na ocasião, nos fez uma belíssima conferência. Essas e outras exposições sobre temáticas do gênero prepararam, ao longo de sua vida, a elaboração de sua monumental obra Nobreza e elites tradicionais análogas. Afirmações colhidas ao longo de conversas, a leitura de biografias, a observação de fotografias antigas, davam oportunidade para Dr. Plinio delas extrair comentários sem fim, análises portentosas, configurações inesperadas, correlações surpreendentes. • Catolicismo plo?
O Sr. poderia dar algum exem-
Dr. Adolpho Undenberg - Lembro-me de que certa vez Dr. Pli nio comentou uma fotografia publicada numa revista, onde se via a rainha da Inglaterra numa carruagem. Ele chamou-no a atenção para um menino de uns 7 anos de idade que assistia à passagem da oberana com um olhar irradiante de admiração, verdadeira person ifi cação do entu siasm . Nã de um entusiasmo trivial, ma, daque les que , urgem do âmago
do ser, e tão profundo que, se preciso fosse, o levaria a dar sua vicia pela sobera na. A propósito da cena, Dr. Plinio fez vários come ntários . Exemplifi co com dois: se esse menino se mantivesse fiel a essas disposições, provavelmente se converteria ao catolicismo. E nessa fotografia, se comparássemos a figura da rainha com a de seu pequeno súdito, para ver qual delas simboli zava melhor a monarqu ia, a gra ndeza cio império britânico e a intrepidez do caráter dos ingleses, e le esco lheri a o menino.
que é autenticamente popular. Além disso, seri a um a leitu ra su mame nte agradáve l sobre uma temática origin al e muito reveladora ela personal idade ele nosso sempre saudoso Dr. Plíni o. Aqueles que o conheceram, ao ler ou re ler estes.flashes que tão bem retratam o declínio ela Civili zação Cristã, certamente terão diante de si a figura íntegra desse grande pensador. E terão ai nda saudades em dobro dos dias em que ele conversava ou escrevia co m tanto enlevo sobre "as ruínas da Cristandade", às quais ele dedicou toda sua vicia. •
Ambientes, Costumas, C/vllizaçbes / 1
ll/ll[t}lllll11lm {/l[l/(ll m
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Catolicismo - Esse discernimento que Dr. Plinio tinha das pessoas manifestava-se também nas artes?
Dr. Adolpho Lindenberg - Fazia parte de seu carisma conhecer estados de espírito e ter sensibi lidade para detectar o espírito revolucionário, igual itário e chulo nas mais diversas manifestações artísticas.
À esquerda fac símile de página da seção
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Ambientes, Costumes, Civilizações
Assim , por exemp lo, enqu anto ~ ; ~; ; - - . - - - -.......__...,.,_ _ para nós era difíci l explicitar a razão pela qual percebíamos que a arq uitetura de certas igrejas modernas era revolucionária, Dr. Plin io discorria com faci lidade, mostrando corno a ausência de ornatos, a brutalidade de certas formas, a red ução intencional das manifestações simbólicas em funç ão da "utilidade" e da "simplicidade", e outros elementos que constituem os ícones de tudo "Fazia pal'te de o que é moderno, ao invés de exaltar os valores seu carisma esp irituais, na verdade os rebaixam. As igrejas co11hecer estados modernas, como ficou provado no magnífico arde espfrito e ter tigo sobre o tema, que Catolicismo publicou no se11sibilidade mês de agosto, mais parecem garagens cio que parn detectar o loca is de oração. Catolicismo - Nossa revista publicou inúmeras colaborações de Dr. Plinio, nas quais se nota sua elevada visão simbólica das coisas e a percepção dos aspectos revolucionários e contra-revolucionários nas manifestações artísticas.
Dr. Adolpho Limlenberg - Dr. Plínio sempre julgou a visão s im bólica das coisas tão vital para a boa formação espiritual de seus seguidores, que ele mesmo escrevia durante anos, nas edições de Catolicismo , aq uela seção denominada Ambientes, Costumes, Civilizações. A reunião ele todos estes arti gos num li vro, com boas fotografias, viria a constituir um instrumento eficientíssimo para a formação de uma Weltanschauung (v isão do universo) tradicional , ortodoxa, aristocratizante, com grande apreço pelo
espíl'Íto revoluci011ál'Ío 11as mais <lilrersas 111a11ifestações"
À direita : Dr. Plinio com Dr. Adolpho na década de 50
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Um estilo original, criativo e inconfundível
Esses doi s fatos me vêm à mente quando, a pedido da Direção de Catolicismo , principio a redi gir, para a edi ção de outubro deste ano, um artigo em homenagem à memória do Prof. Plini o Corrêa de Oliveira. Foi-me pedido que foca li zasse de modo especial seu estilo como escritor e jornali sta cató li co e contrarevolucionário. A tarefa não é fác il , poi s o estudo aprofundado de um estil o orig in al, criativo e inconfundível como o dele ex igiria um espaço muito mais ex ten so do que o di sponível nas págin as da rev ista. Ademai s, para tratar de seu estil o, é indi spensá vel falar antes ele seu pensamento - pois fo i em função deste que se formou aq uele.
P linio Corrêa de Oliveira como escritor e jornalista
1. Homem de p ensamento e de ação
ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS
Como fundador e como chefe ele uma escol a de pensamento co ntra-revolucionário, Plini o Corrêa de O li veira teve uma produção in te lectual vasta, rica e muito variada. Mas sua esco la de pensamento é sui generis: não apenas de pensamento, mas também de ação.
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ecordo certa conver a que tive com um eminente intelectual e político nordestino, homem de proj eção e prestígio nacionais, durante uma longa e, ali ás, agradabilíss ima e saudosa vi agem que fi zemos juntos pelos sertões da Bahia, em bu sca das ruí rias da velha Ca nudos. D urante mai s de I O horas vi ajamos lado e l ado e, naturalmente, conversamos se m parar de omni re scibili et quibusdam aliis ... (De todas as co isas que podem ser conhecidas, e mes mo de muitas outras ... ) A simpatia, a inteli gência, a educação e a loq uaci dade do meu interlocutor eram realmente encantadoras . A certa altura, de chofre, ele me disse: - Sincera mente, não posso entender como você, um discípulo confesso de Plini o Corrêa de Oliveira, tenha a mente tão aberta e sej a capaz de con versar sobre tantos assuntos ... Respond i imediatamente: - É prec isa mente para essa abertura de horizon tes que Dr. Plinio convidava seus di scípulos. A partir daí, nas estradas poeirentas do sertão baiano, a co nversa girou em torno de Plíni o Corrêa de Oliveira. E mbora de orientação algum tanto esq uerdista, meu in terlocutor demonstrava, a par da inteligência bri lh ante, grande honestidade intelectual. Ao cabo de 40 ou 50 minutos de conversação sobre o saudoso líder católico, disseme com uma sinceridade e uma ênfase que me surpree nderam: - Você tem toda a razão; nós, da intelligentzia brasileira, fomos profundamente injustos com Plíni o Corrêa de O li veira. Nunca tivemos a coragem de reconhecer de público o imenso valor intelectual e moral que esse homem teve. De fato, talvez nenhum homem, na hi stóri a j á cinco vezes sec ul ar de nossa Pátri a, terá sido tão co mbatido, tão incompreendido, tão boicotado, como Plínio Corrêa de Oliveira. E talvez também nenhum lenha sido tão sincera, mas silenci osamente, ad mirado. Digo "sincera, mas silenciosamente", porque muitas vezes as manifestações dessa admiração eram discreta ·, quase envergonhadas, fazendo lembrar Nicodemos, que foi conversar com Jesus na calada da noite (cfr. S. João, 3, l -2ss.), ou José de Arimatéia, "que era discípulo de Jesus, se bem que oculto, por medo dosjudeus" (S. João, 19,38). E às vezes até partia de adversários ideológicos declarados. Recordo ainda ter lido, no últimos anos de sua vida, uma crôn ica publi cada na imprensa diária, de um muito ce lebrado jornalista de esquerda que e referia a "um intelectual brasileiro" cujas "idéias odiosas" eram "insistentemente apregoadas", mas que, "é preciso reconhece,; escreve realmente bem ". Esse jornali sta não ousava citar nominalmente a Plini o Corrêa de Oliveira, mas o contexto em que escrevi a não deixava a menor possibi lidade de dúvidas acerca de que só podia estar se referindo a ele.
CATOLICISMO
"Sou tomista convicto. O aspecto da Filosofia pelo qual mais me interesso é a .filoso.fZa da História. Ern função desta encontro o ponto de junção eJJ.tre os dois gêneros de atividade em que me venho dividindo ao longo de minha vida: o estudo e a ação" - escreveu na in trodução ao seu Auto-retrato.fZlosó.fZco. Essas palav ras rea lçam os dois aspectos principai s que devemos ter em vista na consideração de sua personalidade: o pensador e o homem ele ação. De tal maneira esses dois aspectos nele se conjugavam, que é difíci l analisá- los separadamente, pois era em ordem à ação que pensava, e era em fun ção do pensa mento que agia. A curiosa interpenetração desse dois aspectos, o mais das vezes exc ludentes, é o que mais chama a atenção de quem estuda sua vida e sua obra.
2 .. IJó/o <le pensamento no panorama cultural IJrasileiro
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Pensa ndo, esc revendo e ensinand o, de um lado, agindo e lutando de outro, Plíni o Corrêa de Oli veira tornou-se através das décadas, e sem embargo do boi cote sistemático da intelligentzia e da quase total idade dos meios de com unicação soc ial, conhecidíss im o no Brasil inteiro. Nos últimos anos ela vida, era comum ser entrev i stado por j ornai s qlie desejavam conh ecer sua opini ão sobre ass untos dos mais diversos, muitos dos quais nem seq uer tendo rel ação com sua atuação pública. Em maio de 1994, por exem plo, um importante j orn al pediu sua opini ão sobre o trágico ac idente que vitimou A irton Senn a. O aco ntec im ento nenhuma relação tinha co m a atu ação pública de Plíni o Corrêa ele O li veira. Mas o j orn al jul gou que, entre os bras il eiros que entrevistou na ocas ião, era indispensáve l inclui r Plíni o Corrêa de O li veira, que na reali dade se tinha tra nsform ado num verdadeiro pólo de pensamento, num a personalidade cuj as op iniões, no panorama cultural , ideológico e político do País, eram respeitadas e tornadas em consideração. De fato, não existe bras il ei ro cul to que não conheça e respeite a extraordin ári a personalidade de Plíni o Corrêa de Oliveira. Mesmo aqueles que não concordam co m suas idéias não podem deixar de recon hece r que sempre manteve uma trajetóri a reti línea. Na vida dele não se conhece m hesitações, revi ravo ltas, contorções. E le foi semp re o mesmo, sempre o fiel lu tador pela Igrej a, pel a C ivi li zação Cristã, pe la Pátri a. Com urna inteli gência que até os adversári os mais ferrenhos reco nheceram, e com uma capacidade de ação que invej aram, ed ificou ao lon go da vida doi s monumentos notáveis, aos quais correspond em as duas facetas de sua personalidade mencionadas no citado Auto-retrato fi losófico.
"Sou tomista convicto. O aspecto da Filosofia pelo qual mais me interesso é a filosofia da História"
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O primeiro monumento: uma obra escrita volumosa, ori ginal e rica, composta de mais de 2.500 títulos publicados, entre livros, ensaios, artigos e estudos diversos, aos quai s se devem somar dezen as de milhares de conferências e au las gravadas, que a inda não vieram a lume. Isso corresponde à faceta de Plinio Corrêa de Oliveira como pensador, escritor, fundador e mestre de urna escola de pensamento. M as há outro monumento notável que ele também edificou: as TFPs e entidades congêneres que se espalharam, ao longo da sua vida, por nada menos que 27 países dos c inco continentes. Simultaneamente com esse crescimento de sua obra, manteve durante décadas uma luta tenaz, inteligente e bem sucedida contra o comunismo, o sociali smo, o progressismo católico; e ainda contra as conseqüências desses erros em outras área da civili zação e da cultura: por exemp lo, a imoralidade, a introdução do divórcio, o enfraquecimento ela propriedade privada, elas boas tradições nacionai s, etc. Esses doi s monumentos, e le os edificou numa época em que todos os fatores de desagregação o atrapalhavam, fo rçando-o a re mar contra a maré. Foi um home m que combateu àrdu amente os erros do seu tempo. Foi, por isso mesmo, um homem de uma atualid ade inimag in ável.
.'J. A escola de pensamento: grall(/C w1idadc no essencial ...
"O que é o necessário na
escola de pensamento da TFP? Antes de tudo, uma adesão total e entusiasmada à doutrina da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, expressa nos ensinamentos·dos Romanos Pontífices e do Magi~tério eclesiástico em geral (atribuindo a cada documento, segundo a natureza dele, toda a medida de acatamento preceituada pelo Direito Canônico) "
CATOLICISMO
Falemos um pouco da escola de pensamento de Plinio Corrêa de O li veira. Ele foi não somente um grande inte lectual e pensador, mas foi também formador, mestre e inspirador de toda uma escola de pensamento, entendida esta última expressão num sentido muito amplo e abrangente. Permito-me transcrever, de seu livro A réplica da autenticidade, alguns parágrafos a respeito: "O que caracteriza as escolas de pensamento é jusLamente que seus seguidores tenham em comum não só os grandes princípios gerais, mas também toda uma série de princípios menores, por sua natureza secundários - o que não significa pouco importantes - como são, por exemplo, os de ordem operativa. "Dentro desse patrimônio comum, dentro dessa unidade fundamental, é próprio às escolas de pensamento bem constituídas que haja uma grande variedade e uma grande liberdade na aplicação dos princípios gerais. "Não seria sem propósito estabelecer uma certa analogia, naturabnente com as devidas proporções, com o princípio clássico que a Igreja admite para as di,ferenças que, dentro de seu regaço materno, as várias escolas de pensamento legitimamente têm: ln necessarii s unitas, in dubii s libe rtas, in 'ü mnibu s cari tas naquilo que é necessário, unidade; no que é duvidoso, liberdade; e em todas as coisas, caridade, ou seja, amor ele Deus". Se isso é assim, cabe perguntar: - Na escola de pensamento de Plin io Corrêa de Oliveira, o que e le reputava necessário? Prossigamos a transcrição de seu livro:
"O que é o necessário na escola ele pensamento da TFP? Antes ele tudo, uma adesão total e entusiasmada à doutrina da Santa Igreja Católica Apostólica Roma1ia, expressa nos ensinamentos dos Romanos Pont(/ices e do Magistério eclesiástico em geral (atribuindo a cada documento, segundo a natureza dele, toda a medida de acatamento preceituada pelo Direito Canônico). "Em seguida, adesão a uma série de princípios teóricos, ou teórico-práticos, que .foram deduzidos, com escrupuloso rigor de lóg ica, da doutrina católica ou ela análise da realidade - seja a atual, seja a histó rica - segu ndo metodologia e critérios elaborados cuidadosamente na TFP, e cuj os fundamentos se encontram largamente expostos no ensaio Revo lução e Contra-Revolução, j á mencionado.
"Por.fim, adesão a uma série de princípios operativos que foram sendo constituídos pela análise atenta ela prática, ao longo de décadas de atuação comum. Tais princípios também têm seus fundamentos traçados em Revolu ção e ContraRevolução. Esses princípios todos constituem um conjunto que é o patrimônio fundamental da escola ele penscunento da TFP ". Tai s são o e lementos essenci ais e necessários, característicos da esco la de pensamento da TFP. E m torno de les sempre houve muita coesão, de modo que, durante toda a vida de Plinio Corrêa de Olive ira, pouquíss imas pessoas de ixaram a, · fileiras da T FP por di scre pâncias doutrinárias. ... coexistindo com uma enorme liberdade. A unidade no essencial, e ntretanto , coexistia com uma liberdade muito grande. É extremamente difíc il , para pessoas com fo rmação liberal e relativi sta como a do me u simpáti co interloc utor do sertão baiano - entender como era poss ível conciliar um a unidad e de pensamento tão forte com tanta liberdade. Unidade de pensamento e li.herdade parecem, a·muita gente, conceitos incompatíve is ... A esse propósito, Plínio Co rrêa de Oliveira costumava usar a seguinte metáfora. Imag ine-se um avião es tacionado num aeroporto. Se ele quiser voar livremente, de verá submeter-se à disciplin a de não sair da sua pi sta senão na hora de leva ntar vôo. Somente assim poderá alçar-se aos céus, e então gozará de uma liberdade muito ampla, como jamais automóvel algum pode ter. Imagine-se, entretanto, um avião hipotético que e revoltasse contra a imposição de s ua pista de vôo e, invejando a liberdad e com que se movem os simp les automóveis, pretendesse sair do aeroporto e deslocar-se pe las ruas da cidade, como um carrinho qualquer. Obviamente, não conseguiria ir muito longe; seu tama nho , suas asas, sua aerodi nâmica o impediriam; ele foi feito para as altu ras, não para rastejar ao nív el do solo . O intelectual católico deve sujeitar-se ao ensinamento da Igreja, à sua doutrina e à sua moral; em tudo o mais, é livre. Essas sujeições, o intelectual não católico as despreza e, pretendendo-se mais li vre, prefere rastejar pelo so lo ... enquanto o católico voa nas alturas. A liberdade, a legítima liberdade intelectual, ele a concebia de modo muito amplo. Dentro das fileiras da TFP, sernpre qui s que houvesse, em tudo o que não fos se o necessário de que se falou acima, muita liberdade intelectual. Prossigamos a citação do livro A réplica da autenticidade : "Essa grande ·unidade de metas, ele métodos de pensamento e ele ação não sign{fica nem um pouco que na TFP as idéias sejam impostas por f orça. "Que existe uma sadia e ampla liberdade na escola de pensamento da TFP, é fácil demonstrar. Pois sem a necessária medida ele liberdade, nenhuma escola de pensamento pode ser verdadeiramente fecunda. Pelo contrário, toma-se repetitiva e enfadonha em suas produções, seus adeptos vão rareando, os leitores desaparecem, ela se estiola e acaba morrendo. "Ora, a vitalidade, a f ecundidade e a pujança ela TFP como escola de pensamento são atestadas pelos mais de 20 livros ou ensaios publicados pela TFP brasileira. "Em seus livros, a TFP tratou e trata dos mais variados temas - religiosos, filosóficos, poUticos, sociológicos, artísticos, psicológicos, históricos, econômicos, etc. - sempre dentro das linhas gerais acima referidas, mas com a mais ampla liberdade de aplicação e ele desdobramentos. "Isso para não falar na também muito considerável produção intelectual das TFPs de outros países, que, sem prejuízo de sua inteira autonomia, se inspiram nos mesmos princípios da TFP brasileira e se inserem na mesma escola de
Princípios teóricos, ou teórico-práticos, foram deduzidos, com escrupuloso rigor de lógica, da doutrina católica ou da análise da realidade - seja a atual, seja a histórica - segundo metodologia e critérios elaborados cuidadosamente na TFP, e cujos fundamentos se encontram largamente expostos no ensaio Revolução e Contra-Revolução.
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pensarnento. Todas elas editam habitualmente jornais e revistas, e várias delas têm livros publicados. "Aliás, qualquer pessoa que conheça um pouco os ambientes internos da TFP sabe quão grande é a liberdade que existe dentro da entidade para qualquer um estudar o que quiser, como e quando quise1; sem nada de artificial ou imposto. Normalmente, as iniciativas intelectuais que surgem nos mais variados setores da TFP são acolhidas com boa vontade, e recebem todo o incentivo dos dirigentes. [ .. ."I "A direção da TFP tem por norma nunca lançar uma campanha pública ou uma iniciativa importante sem reun ir os sócios e cooperadores - mesmo os muito j ovens - e expor-lhes suas razões e suas metas, ouvir as perguntas de todos, esclarecer as dúvidas, responder as eventuais obj eções. "Em todas as reuniões de rotina, a palavra é sempre fiwiqu eada aos presentes - inclusive aos mais moços - e todos podem, com inteira liberdade, ponderar; perguntar ou objetar o que queiram.. "Nessas reuniões, qualc1uer que seja o co11ferencis1a, nunca há uma palavra que não seja exiniiamente polida, nunca se expõe uma tese que não seja .fàrtcunente apoiada em argumentos ou em documentos, nunca se fa z wna afirmação sem que todos os presentes tenham tempo, ocasião e ambiente para examinar e contra-argumentar à vontade. Nunca uma objeção ou dificuldade que não seja resolvida com toda a atenção e ji·aterno qfeto". Assim era Plinio Co rrêa de Oliveira. Quem conviveu com ele pode atestá-lo.
4. Qual a real projeção cio eminente pensaclor? Quando se quer avaliar a real projeção de um homem de pensamento, algumas perguntas são forçosas: a) qual é a extensão e qual é o valor ela produção intelectual desse home m? b) em que medida esse homem efetivamente conseguiu pu blicar suas proRepresentantes de várias TFPs, reunidos na Alemanha, em julho deste ano
"Em nossas reuniões, nunca se faz uma afirmação sem que todos os presentes tenham tempo, ocasião e ambiente para examinar e contraargumentar à vontade. Nunca uma objeção ou dificuldade que não seja resolvida com toda a atenção e fraterno afeto".
duções intelectu ais? c) que repercu ssão tiveram, na ordem concreta dos fatos, as co isas que publicou ? A produção intelectual publicada de Plinio Corrêa de Oliveira é, co mo vi mos, muito ampla e ele altíss imo valor intelectua l: 20 livros e mais de 2.500 artigos em jornais e revi stas. Seus livros não apenas foram publicados, mas obtivera m tiragens co lossais ele autênti cos best-sellers. Num país em que obras de cunho ideológico e doutrinário raramente atingem vendas acima de 3 ou 4 mil exempl ares, o seus livros saíam às dezenas ou mes mo centenas de milhares. Quanto à repercussão que tiveram , foi sempre muito grande, atuando em profundidade na ordem concreta dos fatos. Co m exceção, em algum a medida, de Revolução e Contra-Revolução - li vro predominantemente teórico, no qual sintetizou o principal de seu ensinamento - todos os seus livros, como também seu arti gos, foram esc ritos em ;neio à ação, para atender a necess idades específicas ela luta ideológica anti comuni sta e contra-revolu cionári a. Nesse sentido, ele não foi um pensador teórico e descolado da realidade, mas também um homem ele ação e ele luta ideo lógica. Para cita r um úni co exemp lo, fa lemos ele um desses livros. Reforma Agrária - Questão de Consciência, publicado cm 1960 em colaboração com doi s bi spos e um econom ista, transformou-se rapidamente em verdadeiro best-seller, com quatro ed ições e 30 mil exempl ares vendidos. Em torno ela Reform a Agrária, que constituía o objetivo principal ela política esquerdista cio governo brasi leiro, es e livro levantou uma grave que ·tão ele consciência: - Será lícito fazer uma
Reforma A grária ele cunho socialista e confiscatório, passando por cima cio sagrado direito de propriedade, obretudo se considerando que isso é absolutamente clesnece sário, sendo mais ela metade cio território nacional domínio cio Poder público, es e sim o maior latifundiário? Muitas dezenas ele livros e estudos universitários de peso, publicados não só no Brasil , mas também em universid ades norte-a mericanas e européias, atestam que após a divulgação ele Reforma Agrária - Questão de Consciência, e por causa cio livro, a maioria católi ca e conservadora ela população brasileira, até então dorm ente e silenciosa, acordou e manifestou-se di ante cio governo filocomunista ele João Goul art. Note-se que a maior parte desses autores, sendo esquerdistas, lamentam tal reação anticomunista, pois desejavam que Goulart não tivesse caído, e sim levado a cabo seu programa ele reformas ele base. Em outras palavras, que ele tivesse comuni . tizaclo o Brasi l, tran sformando-o numa imensa Cuba. Ao levantar uma questão de consciência - uma questão religiosa, portanto - em torno ele um assunto que a maioria el as pessoas considerava apenas econômico, político e ad mini strativo, Plinio Corrêa de Oliveira havia lev antado um quase intransponível obstácu lo, que 46 anos· depois ainda persiste, para a ap li cação ela Reform a Agrária em nosso País. A TFP não participou ativamente ela Revolução ele 1964; nem lhe competia, na observância cios seus estatutos e na prática cios seus métodos ele ação bem conhecidos, agir em outro campo que não fosse o ela propaganda ideológica e cu ltural. Mas é fora de dúvida que ela contribuiu pos antemente para a criação ele um clima ele opinião pública que tornou possível a derrocada ele Gou lart. Pode-se, portanto, afirmar com toda a segurança que, se o Brasil não se tornou comunista nos anos 60, em larga medida o deve à atuação ela TFP e cio seu fundador. A influ ência da esco la ele pensa mento ele Plinio Corrêa ele Oliveira não se limitou, naturalmente, ao Brasi l, mas atingiu intelectuais ele valor em numerosos países ela América Latina, nos Estados Un idos, na Europa e até em países qu e outrora fizeram parte da mal ograda União Soviética. Não é este, ev identemente, o local apropriado para relacionar todos os pen sadores , escritores e jornalistas ele in spiração contra-revo lucionária que, ele um ou outro modo, se beneficiara m cio seu ensinamento e se honram ele filiarse à sua esco la ele pensamento e ação. ·
A TFP não participou ativamente da Revolução de 1964; nem lhe competia, na observância dos seus estatutos e na prática dos seus métodos de ação bem conhecidos, agir em outro campo que não fosse o da propaganda ideológica e cultural. Mas é fora de dúvida que ela contribuiu possantemente para a criação de um clima de opinião pública que tornou possível a derrocada de Goulart.
5. Algumas caracl,el'Ísticas cio seu modo ele pensai·:
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uma cultura nada livresca
Plinio Corrêa ele O li veira era um intelectual e pensador nada li vresco. Seu espírito ia normalmente ela vida concreta para a teoria, e muito raramente o contrário. Toda a ·ua volumosa obra esc rita , assim como todas as centenas de milhares ele páginas reco lhidas ele seu ensinamento ora l, foram quase sempre produzidas em ordem à ação, e nunca pelo mero gosto ela elaboração especulativa. Não se considerava um erudito e tinha verdadeiro horror à erudição fátua e vazia, julgando-a a maior inimiga ela verdadeira cultura. Por isso, nunca iniciava o estudo ele alguma matéria a partir ela bibliogra fia ex istente sobre a mesma. Segundo ele, se a pessoa necessita ler antes o que outros escreveram sobre um assunto, para poder depois pensar sobre ele, a semelha-se a alguém que vai a um estádio ass isti r a um jogo de futebol , mas necessita levar um rádio para ouvir o locutor explicar aquilo que ela mesma vê e não é capaz ele entender. .. Os livros, di zia, podem trazer subsídios e inform ações importantes para esclarecer certos aspectos da rea lidade que, depoi s ele um clil igente esforço de
OUTUBRO 2006 CATOLICISMO
Plinio Corrêa de Oliveira era profundo observador da realidade, em todos os seus aspectos, até mesmo os mais simples e corriqueiros. Observava as pessoas, os modos de ser, de falar e de vestir, as casas, os veículos, os fatos.
À tarde, gostava de dar um giro de carro por alguns bairros de São Paulo
observação e análi se, não fomos capazes de captar inteiramente. M as não devem ser tomados como o início do processo intelectual. Às vezes até ironi zava, dizendo que para certos pseudo-intelectu ais livrescos, "in principio erat liber" ... I sso não quer di zer que não recomend asse a leitura, na formação que dava aos seus di scípul os. E le a recomendava, e muito. Certa vez, gracej ando, di sse que um homem que aprendeu a ler e esc rever , mas não tem o hábito de estar permanentemente lendo pelo menos um livro sério, não pode ser considerado um alfabetizado de verdade; quando muito, faz parte da "classe alta do anaUa-
es tendeu longa mente sobre a grandiosa vocação cio Brasil, nos planos da Proviclê1icia divin a. Fez uma conferênci a não só ele notüvel beleza oratória, mas também de grande profundidade, uma verdadeira análise psico-sociológ ica do Brasil e do povo de nossa Pátri a. Concluiu -a com modésti a, di zendo que, aos setenta e tantos anos ele idade, pen sava j á conhecer tod as as virtualidades e capacidades ela alma brasileira, mas reconhecia que naquele dia tinha aprendi do, co m o modesto puxador ele ca rrocinha, muitas co i ·as novas sobre o que o Bras i I poderá ser no futuro, se for fiel à graça ele Deus e à sua altíssima vocação .. .
betismo". Incentivava a leitura, mas recomendava que não se lesse pass ivamente, sem análise crítica. Recomendava também que os novos conhecimentos hauridos pela leitura não fossem atirados ao depósito da memória desordenadamente, "à trouxe-mouxe" (expressão antiga que às vezes gostava de utili zar), mas fossem enca ixados à maneira de pedrinhas de um mosa ico, no panorama interior da cosmovi são que todo espírito bem formado tem. Muitas vezes, poi s, a assimilação de um dado novo requer um questionamento ou remanejamento de noções j á anteriormente arma zenadas na mente.
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profunda observação da realidade
Plínio Corrêa de Oliveira era profundo observador da realidade, em todos os seus aspectos, até mesmo os mais simpl es e corriqu eiros. Ob ervava as, pessoas, os modos de ser, ele fa lar e de vestir, as ca as, os veículos, os fatos. As vezes , depois ele ter estado poucos minutos co m uma pessoa, era capaz ele descrevê-la com espantosa riqueza de pormenores. Lembro certa conferência em que narrou uma observação que fizera poucos minutos antes, enquanto ·e dirigia para o auditório no qual fa lava: em meio ao trânsito caótico ele São Paulo, um homem alto e elegante, de raça negra, puxava sua carroci nha cheia ele ca ix as ele papelão empilhadas, e com j eito e desembaraço gingava o corpo, equilibrando sua imensa pilha ele materiai s e deslocando-se agi lmente por entre automóvei s, ônibu s e caminhões. D epoi s ele descrever co m vivacidade o j eito, a elegânci a e o "j ogo de cintura" cio carregador, passou a falar dessas qualidades na alma brasileira, e daí se
Outra vez, narrou numa conferência a co nversa que ouvira ele dois servi ça is seus, um mineiro e um baiano, ambos de nível cultural muito modesto. Os doi s recordavam co mo, em meninos, costumavam brincar co m teias de aranh a. Plínio Corrêa el e Oliveira tirou , daq uela ponta de conversa, ensinamentos muito interessantes que lhe permitiram, mais tarde, fazer profundas ex plicitações sobre a psicologia cios dois importantes Es tados brasileiros. Esses fatos, aqui lembrados entre muitíssimos outros, mostram muito bem o fluxo habitual do pen samento dele: ia do fato concreto para a mais alta das teorias, chegando freqüentemente ao campo ela metafísica e até ela teologia. Formulava e sustentava uas idéias co m ri gor de lógica inflexível. Durante toda a vida polemizou - contra inimi gos da Igreja e ela Pátria, e até, com suma dor de alma, por vezes precisou pol emi zar contra eclesi ás ticos - e nunca foi venc id o ou refutado por adversário algum. Sabia teorizar e istemati zar seu pensa mento, se mpre que necessári o, mas não o fazia pelo mero gosto ele teorizar, e sim co mo auxili ar poderoso· para melhor conhecer a realidade. "Jamais devemos trocar a teoria pelo.fato", di zia. E acre centava: "Por mais bonita e aliciante que seja a nossa
teoria, devemos ter o desapego de renunciar imediatamente a ela se os Jatos demonstrarem que está errada ". -
criatividade e originalidade
Outra característica de seu pensamento é a profunda originalidade. Ele era um espírito eminentemente criativo, nada rotineiro, incapaz de se repetir em nada. Muitas vezes fazia, nas·tarcles de sábado, uma conferência para os mai s antigos da TFP, e anunciava que, à noite, iria expor a me ma matéria aos mais j ovens; mas, na realidade, a adaptação que fazia para as mentalidades juvenis era tão original e singular, que em quase nada se assemelhava à reunião ela tarde. Mui tas vezes fui testemunha el e ele, enqu anto el aborava um livro, pegar dois tex tos que red igira anteriorm ente, e di zer que iri a faze r uma fu são dos dois. Mas isso lhe era impossível. .. Invariavelmente ele selecionava o primeiro parágrafo de um dos textos, indicava o terce iro ou o quarto parágrafo do outro, e se punh a a ditar um parágrafo curto que - dizia - faria a ligação entre os dois. Mas esse parágrafo " puxava" outro, e mais outro, e mais outro, e acabav a sa indo um terceiro texto riquíssimo e original, que muito pouco tinha em co mum com os doí primeiros . No fina l, di zia: - Pode j ogar fora os doi s primeiros textos , que es tão superados.
"Por mais bonita .e aliciante que seja a nossa teoria, devemos ter o desapego de renunciar imediatamente a ela se os fatos demonstrarem que está errada".
Cabia então ao Eng. Antonio Augusto Borelli Machado, que durante muitos anos co laborou dedicadamente com o Prof. Plini o Corrêa de Oliveira na revisão e editoração de seus escritos, de obedecer ao autor. .. Por conta própria, Dr. Borelli não jogava fora os doi s primeiro textos, mas os reapresentava, na fase seguinte da
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rev isão, sugerindo hábeis inserções no corpo geral da obra, de maneira a reaproveitar a maior parte dos texto · condenados sem quebrar a arquitetoni a cio con junto. Em via de regra, Plini o Corrêa de Oliveira concordava. El e era, aliás, ex tremamente dócil no tocante às sugestões cios rev isores. lnteiramente isento de amor-próprio ou da chamada "vaidade dos escritores", de bom grado aceitava as sugestões recebidas. Só não aceitava alguma delas por exceção, quando tinha algum motivo muito ponderável - de ordem doutrinári a ou de estratégia política - para isso. E sempre exp licava, para a formação do auxili ar, o porquê de sua decisão. Outra manifes tação de sua ex trema cri atividade pode ser facil mente veri ficada nas co leções de seus arti gos . Se tomarmos, por exempl o, os que escreveu sobre o Natal ou sobre a Semana Santa em época· e circunstâncias muito diversas, nunca encontraremos algo que seri a mais cio que ex pli cáve l: ele repetir o mesmo pensamento. Lsso não acontecia, a cada ano ele produzia uma peça in te iramente original. Redigiu , ao longo de sua vicia, dezenas de milhares de cartas, dos mai diversos gêneros. Seria normal que nelas usasse um as tantas fórmul as-padrão para, por exempl o, conc luí-las. fs o também não acontecia: cada fecho de carta é único, é absolutamente único. Até nesse pormenor se manifestava sua ex traordinária originalidade.
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Sempre teve em relação a seus adversários gestos de educação e cavalheirismo, e até mesmo chegou a socorrer ocultamente a alguns quando, mais tarde, se viram de alguma forma necessitados. Uma biografia completa de Plinio Corrêa de Oliveira, quando vier a ser publicada, revelará fatos tocantes nesse sentido.
CATOLICISMO
espírito unive1·sal, horror à "mentalidade de especialista"
Outro aspecto de sua vida in telectual é o horror à " mentalidade ele especiali sta" . Daí sua crítica severa a certa forma de ensino superior moderno, cada vez menos universa l (como o próprio nome U niversidade requereria) e cada vez mai s compartimentado e bitolado. Ele costumava referir-se à j ocosa definição de es peciali sta: um homem que sabe cada vez mai sobre cada vez menos. Referi a-se por vezes, nas conversas, a "esses especialislas em pata de form iga ". Seu espírito era muito prof undo, mas não era o de um especia li sta. Como professor catedrático de História, tinha respeito pelos pesqui sadores que vasculham arquiv os à procura de documentos, reconhecendo que a ciência histórica muito deve a eles. Mas, sempre dizia, isso não fazia o seu gênero. Seu espírito era o dos l argo horizontes, procurando em tudo a arquitetonia das grandes visões de conjunto, da Fil osofia e da Teologia da História . · Ainda outra característica dele como pensador é não ter aquela forma ele medo doentio - tão freqüente em meios universitários - por mostrar paixão a favor ou contra o que está estudando. O amor e o ódio podem, no homem mau, cegar e imped ir a visão ela verdade. Na alma reta, porém, longe de imped irem a objetividade, co nstituem poderosos in strumentos para a captação da verdade e cio erro.
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equilíbrio, elegância e caridade nas polêmicas
· Nas muitas polêmicas que travou , nunca se deixou arrastar pela paixão a ponto de e exceder no ataque a algum adversário. Pelo contrári o, sempre teve em relação a eles gestos de ed ucação e cava lheiri smo, e até mesmo chegou a socorrer ocultamente a alguns quando, mais tarde, se viram ele alguma forma necessitados. Uma biografia completa de Plinio Corrêa de O li veira, quando vier a ser publicada, revelará fatos tocante nesse sentido. Declarou certa vez um velho embaixador brasileiro, cujas idéias, ali ás, eram muito di scordantes das ele Plini o Corrêa de Oliveira, acerca de uma carta-aberta que este publicou , no ca lor de uma controvérs ia ideológica muito vi va:
- O Plinio esmagou o adversário com grande classe; ele soube reco lher, no seu estil o, algo de valor inapreciável que era da escola cio nosso antigo ltamaraty , mas que, in fe li zmente, os meus jovens co legas j á não mai s aprendem do Instituto Ri o Branco. Sua vicia foi uma sucessão de pol êmicas. O ambi ente da pol êmi ca foi sempre aquele em que viveu, em que respirou, em que produ ziu intelectualmente. Mas não gostava ela polêmica pel a polêmi ca, não era com gosto, e só por senso do dever, que "espadachinava" contra seus adversários ideol ógicos.
" Os que me conhecem no trato diário podem dar testemunho de que sou, por temperamento e fo rmação, cordato e infenso a discutir pelo mero gosto de discutir", escreveu ele na "Folha ele S. Paulo", ele 29- 11 - 1970. Dois anos depois, em outro artigo para o mesmo jornal, escrevendo num contexto inteiramente diverso, voltou ao assunto:
" Passo, entre os que não me conhecem na intimidade, por homem batalhador e afeito à polêmica. A verdade é precisamente o contrário. Sou cordato a ponto de chegar quase ao .fleumático. Alegro~me em. concordar e elogiar. Se entro em tanlas conlrovérsias, não é por gosto, mas pelo senso do dever: De fato, nos dias em. que vivemos, são muito mais numerosos os temas que obrigam à critica, do que os que convidam ao elogio. A ocasião de fa zer um elogio sério e sincero raras vezes se apresenta. Isso torna tanto mais preciosa a alegria de o fa ze r quando se dá azo a tal. Nesta alegria há um. requinte, quando o elogio tem por obj eto palavras de um alio lúerarca da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Para um.filho, nada há de mais grato do que elogiar seu pai. E, em certo sentido, o católico vê um pai em cada hierarca da Santa Ig reja de Deus ". (icl ., 18-6- 1972).
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espírito profundamente católico, apostólico e romano
· E m tudo o que estudava, refletia , escrev ia ou ensinava, demonstrava plena docilidade ao Magistério e ao espírito ela Igrej a. Muitas vezes dizia que, se era um homem seguro ele si e afirmativo, devia-o ao fato ele haver na Igreja um Papa infalível. E ex plicava: " Se eu não tivesse a certeza ele que existe alguém infalível que me corrigirá se eu errar, eu teria tanto medo ele errar que deixari a ele pensar, seria o mais in segu ro cios homens".
Seu estilo de escrever, aliás, era semelhante ao de falar, ambos muito agradáveis.
6. /!,'stilo /JCSsoal e incon/'un<lível, agra<lávcl JJaJ'a os JcitOl'CS Foi no contexto ela formação ele sua ampl a escola ele pensamento e ele ação que formou e consolidou seu estilo pessoa l ele escrever. Segundo Santo Agostinho, três qua lidades são necessári as ao bom escritor: agr'tclar, e clarecer e mover os seus leitores. Para agraciar - dizia o grande Bispo ele Hipona - é preciso escrever com bel za; para escl arecer, obv iamente, há que ser claro; e para mover o. leitores, há que escrever co m calor, com entusiasmo. Essas três características sempre estiveram muito presentes no esti lo ele escrever - como também no ele falar - el e Plinio Corrêa ele O li ve ira. Seu e ti lo ele escrever, ali ás, era semelhante ao ele fa lar, ambo muito agradáveis. Enquanto escrevia, sempre parecia estar se diri gindo pessoalmente a um leitor imaginário, mantendo com ele uma conversação personali zada, acompanhando o fio do s u pensamento, adap-
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tando a exposição ao "interlocutor" e utili zando freqüentemente o recurso às prolepses, ou seja, prevendo e respondendo antecipadamente as objeçõe·s que poderiam nascer na cabeça do leitor. "Gravidade com ornato", Quando, em 1979, participou de um almoço na sede da "Folha de São Paulo", com os demai s colaboradores do matutino, foi colocado como segundo convidado de honra, à esquerda de Octavio Frias de Oliveira, proprietário e diretor do jornaJ , que tinha à sua direita Gilberto Freyre, o principal homenageado, a esposa deste e, logo a seguir, como terceiro homenageado, o então suplente de senador Fernando Henrique Cardoso. No início do almoço, Frias advertiu os três colaboradores que "Uma linguagem dinâmica, destacara entre todos os demais, que à frente deles estava sentado um jovem repórter conhecido por sua memória perfeita, e que tudo o que dis ·essem durante o almoço poderia ser publicado no jornal cio dia seguinte. A certa altura cio almoço, o jovem com algo de arcaico, jornalista não se conteve e exc lamou: faz parte do - É incrível , Dr. Plinio! O Sr. fala exatame nte do mesmo jeito como escreve! charme grandioso da TFP" Dr. Plínio sorriu e respondeu amavelmente, louvando o senso de observação do jovem. Mas - comentou depoi s - seu desejo real teria sido responder de oulro modo: - Engana-se redondamente, meu caro. Eu não falo como escrevo, eu escrevo como falo ... Na primeira fase el e sua vicia pública, ainda estava em moda o estilo florido e demas iadamente ornado, carregado de adjetivos e advérbios, ao gosto cio sécul o XIX. Muitas vezes esse excess ivo ornamento esco ndia um pe nsamento vazio e pouco consistente. Plínio Corrêa de Olive ira reag iu contra esse modi smo, desenvolvendo um estilo pessoal mais simples e direto, mas ao qual não fa ltava uma discreta e be m calibrada nota de ornamento. Em maté ria de est ilo , foi um inovador, chegando a ser criticado pela simplicidade com que escrev ia. À medida que o século XX foi avançando, foi ta mbé m crescendo o gosto generalizado pela simplicidade de lin guagem, chegando-se a ex tremos de empoo - . . . . oi..... , .., . . . - -. ... _..He~c....-0.,.... ,,... ..,. ~ e_,._ e,..i, ""P---••- OI.,.._,,._, ,.... brecimento e coloquialismo. Do exagero do ornato passou -se ao exagero da ,.,1.tu • ......,.,,. e.._ .._ ,.,._... ,.,_ , c..-.. c....... .,.-.... • • ,...t ..,,,..... e....,.. ......... ,.....,.. . •• ... ••-•ffl ... ,.,..... .... c...., 1.. ,.,.-> ...... .......... ...._osimpli c idade. Plinio Corrêa de Oliveira não acompanhou esses modi smos, mas Encontro heterogêneo na "Folha" ficou no seujuste milieu, equilibrado e extremamente agradável. Uma utili zaNllMillf""°""o.i°" ção judiciosa de metáfo ras e figuras de lin guagem constitui co mo que sua marca Iraram TaM!ltm com• mo:mbrol -•·klli<l<N, comt(ar, rn registrada. 1r...o - •o•~ . "Gravidade com ornato", foi como e le defi niu a característica principal de h t seu estilo. " Uma linguagem. dinâmica, com algo de arcaico, f àz parte do charme Almoço na "Folha de S. Paulo", em 1979 grandioso da TFP" - dec larou outra vez. O resultado é que seus escritos sempre foram lidos e apreciados, desde os _,.. ,., . ........ ..,,. .. remotos anos 20 até quase o final do século, por le itores de todas as idades e condições - objetivo extremamente difícil de ser atingido por um escritor ou jornalista.
se você conseguir escrever bonito, será muito bom. Mas nunca sacri,ftque a clareza à beleza. Um advogado que apresente uma petição inicial bem clara tem metade da vitória garantida. Mas se ele apresenta uma petição Linda, cheia de beleza Literária, mas forçando o juiz a lê- la três ou quatro vezes para descob rir o que é que, ajtnal, está postulando, j á tem metade da derrota assegurada".
· Oliveira -
foi como ele definiu a característica principal de seu estilo.
- declarou outra vez.
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- clareza, acima de tudo; fé e entusiasmo contagiantes Dizia ter recebido de seu pai , que era advogado muito e xpe ri e nte, um bom conselho que o aco mpanhou du rante toda a vida: ac ima de tudo, visar à c la reza. "Meu filho - di zia ao jovem Plinio o Dr. João Paulo Co rrêa de
CATOLICISMO
Esse bom conse lho sempre foi seguido à risca. Suas aulas eram modelos ele clareza para os alunos. Seus artigos, mes mo os que tratavam de assuntos doutrinários de difícil intelecção, eram compreendidos pelos le itores. Se us livros, sempre sucessos de vendas, igualmente eram lidos e entendidos pe lo públi co. Escrevia com sere nidade e placidez, sem recorrer à ênfase excessiva de um panfletário. M as a convicção profunda ela veracid ade cio que estava ex pondo, e o entusiasmo de alma pelos ideai s que defe ndia, eram facilmente ass imil ados pelo leitor. Sua fé e seu entusiasmo era m contag iantes.
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utilização de imagens e 1·ecursos jornalísticos Plínio Corrêa ele O li veira, o mai s tradicional dos homens, sabia, entretanto, utili za r criteriosamente os rec ursos da modernidade. Quando jovem professor no o légio Un ivers itário da Universidade de São Paulo, foi o primeiro docenl que teve a idéia ele levar quadros e im agens hi stóricas para desenvolver a partir deles suas aul as. Tal recurso, qu e depois se banali za ria, chamou enorme mente a atenção cios a lunos , que muitas décadas depois ainda se recordavam daquel e professor que, com métodos tão modernos e inu sitados, defendia as idé ias mai espantosamente tradicionais ... O mesmo recur o às imagens foi utilizado anos a fio por Plínio Corrêa ele O1-iveira, para a redação ele Ambientes, Costumes, Civilizações, seção que marcou época na hi stór ia de Catolicismo. Sabia despertar a c uri osidade do público pelo uso ele títulos surpreendentes, notávei s pela originalidade e pela criatividade. Muitos le itores eram levados a ler seus artigos, a.traídos pelo inusitado dos títulos, e às vezes somente no final da le itu ra compreendiam a razão de ser deles. Apenas à guisa de exemplo, alguns dos títulos que mai s chamaram a atenção na época em que foram publi cados: "2 + 2 ainda é igual a 4?"; "Sapo de guarda-chuva, perigo r'nâx.imo "; "Não encontrei título para este artigo " ; "A bengala e a laranja" ; "Churchi/1, o avestruz e a América do Sul"; "No avião, com Gogó"; "Thiobacillus tiopharus "; "Em casa de Dona Edeltrudes"; "34-7577 " ; "Desde que se case com José " . -
um vocabulário rico e variado Seu vocabulário era ri co e variado, se bem que não artifi c ialme nte rebuscado. Abominava., é claro, o palavreado vulgar e pouco elevado, mas sab ia utilizar, na hora oportuna. e cio modo adequ ado, expressões até muito populares , quando ricas de conte údo. Dizia qu faz parte da função social ela aristocracia saber resgatar de seu plebeísmo cerla expressões populares muito "carregadas de realidade", que enriquecem o idioma de um país. Certa vez, iniciou um artigo na "Folha de S. Paulo" com a conhecida. expressão caipira: "Vem chumbo grosso por aí". Achava também rica e ugestiva a expressão "dar angu de caroço". Lembro que uma vez usei, na frente dele, a palavra "rnarmelada" para me referir a uma eleição que estava sendo rea li za.da naquele dia; para minha surpresa, ele assentiu enfaticamente: - "Você tem razão, é marmelada mesmo!".
Quando jovem professor no Colégio Universitário da Universidade de São Paulo, foi o primeiro docente que teve a idéia de levar quadros e imagens históricas para desenvolver a partir deles suas aulas. Tal recurso, que depois se banalizaria, chamou enormemente a atenção dos alunos.
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Sustentava que o domíni o de um vocabul ári o ri co é indi spensável para a expressão exata do pensamento e, portanto, para a plena rea li zação de quãlquer homem - cri atura rac ional cri ada à imagem e semelhança de D eus - sej a qual for seu nível intelectu al ou cultural. M ais de uma vez louvou, em conversas com ami gos, a forma de ex primir-se de um velho mordomo portu guês que era analfabeto, mas sabi a fal ar co m correção gramati ca l e fazendo uso de um voca bulári o muito rico. Gostava de saber a etimologia das palavras, e sustentava que somente conhece inteiramente o signi ficado de um termo quem lhe conhece a ori gem. Certa vez teve a curiosidade de procurar o sentido exato da expressão arcaica "à sorrelfa", que ele ainda ouvira nos seus tempos de menino, no sentido de sub-repticiamente, disfarçada mente. U m bom dicionário clássico português esc lareceu que "à sorre(fa" tinha ori gem em zorra, ou raposa. "À sorre/fa" significa, pois, "à maneira da raposa". Ao tomar conhecimento dessa etimologia, comentou: - "Agora, sim, posso dizer
que conheço pe1feitame1ite o sentido; antes, eu usava corretamente, mas meu conhecimento era incompleto". Daí seu amor à ortografia antiga, que era etimológica, com as palavras conser-
Ele dizia, por exemplo, que a forma etimológica chrystal tem algo de cristalino que a forma moderna cristal perdeu completamente. E que o pescoço de um cysne, escrito com ípsilon, é mais elegante do que o do prosaico cisne...
vando letras aparentemente supérfluas, mas que indicavam sua ori gem. Ele dizia, por exemplo, que a forma etimológica chrysta / tem algo de cri stalino que a forma moderna cristal perdeu completamente. E que o pescoço de um cysne, escri to com ípsilon, é mais elegante do que o do prosaico cisne ... As letras supérflu as, di zia ele, não são tão supérfluas ass im , mas têm um papel muito importante nas palavras. Um exemplo típ ico, que deu ce rta vez: imagine-se o fabuloso cas telo francês de Chenonceaux, se escri to fonetica mente co mo Xenõçô: ficaria medo nho ! Considerou uma decadência da língua, a adoção, nos anos 40, da or tografia moderna, fo nética e simp lificadora, repl eta dos chamados acentos diferencia is. Adotou-a a contragosto nos seus li vros e arti gos, mas manteve o costume de, nos apontamentos manu scritos pessoais, escrever com a ve lha ortografia etimológica que aprendera na in fância.
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Riqueza vocabular do idioma português
A dmirava mui to a riqueza de vocabulário da língua portuguesa, que é, por isso, bem aparelhada para a expressão de conceitos mui to precisos e matizados. O português tem mai de mais de 20 mi l verbos, somente na prime ira das conj ugações, enquanto algumas línguas européias não chegam a esse número mesmo somando os vocábulos de todas as categoria gramaticais ... A riqueza estonteante da nossa língua co loca, à disposição de quem sabe u ·ála convenientemente, uma variedade enorme de vocábu los, de sentidos mu ito próx imos, mas com diferenças de matiz. E isso confere uma riqueza especia l ao idioma português. Plinio Corrêa de Oli veira se comprazia, sempre que as circunstâncias o permiti àm, em explicar aos eus discípulos mais j ovens as diferenças de matiz de pa lavras de sentido mui to próximo, como, por exemplo, caridade, fi lantropia e assi stência; ou causa, motivo, razão e pretexto. Era, para ele, agradável e enriquecedor o exercício intelectual de procurar distinguir bem esses matizes.
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Noção dinâmica da Língua Portuguesa
Não entendia o id ioma como algo fixo e imutável , mas pelo contrário, como algo mui to dinâm ico. Esse dinamismo está na própria índole da nossa língua. Não tinh a, por isso, o horror por princípio aos neolog ismos. Dizia que a lín-
CATO LI CIS M O
. gua é como a institui ção da Nobreza: não deve ser uma casta fechada, mas deve ser aberta para a admi ssão de novos el ementos, e também deve ter portas abertas para eliminar os que não estão à altura de permanecer nela. Chego u a sustentar, num a co nfe rência, a tese de que é legítimo cri ar-se uma palav ra para usá- la urna úni ca vez, desde que ela sej a conveni ente para fo rmul ar co m preci são um pensa mento, por exemplo, num a reuni ão ou aul a que esti vesse dando. Co mentou mais de uma vez a diferença entre o i dioma português e o castelhano. Comp reendia bem que o castelhano manti ves e um diciom'írio o fi cial - o da Rea l Academi a de Madri - pelo qual se pautasse a lín gua caste lhana no mundo inteiro; mas não considerava, de modo algum, uma inferiori dade o fa to de não ex istir, no português, um dicionári o desse nível. Tsso porque a próp ri a riqu eza extrema do português - e a sua ca racterística peculiar de ser por índole aberto ao surgimento de novas pal av ras - im pedi am que um dicionári o eles es fosse fe ito. É bem ab ido que, no sécul o XVIII , a Rea l Academi a Portuguesa prin cipi ou, por ordem ele D. João V, a elaborar um dicionári o ofi c ial ela lín gua, mas depois de 20 anos ele traba lh o insa no deu à luz o primeiro vo lume, co rrespondente à letra A .. . e desistiu de prosseguir o empreendimento! Ass im com não rejeita va, em princípio, os neologismos, Plíni o Corrêa ele Oli ve ira também aceitava ele boamente os estrangeiri smos que rea lmente enri quecessem a língua portuguesa com expressões para as quais não hav ia equi valente entre nós. Mas rejeitava os estrangeiri smos, os neo log ismos e os mod ismos de mau gosto, espec ialmente qu ando apresentados com uma nota ele faceiri ce revolucionári a. Não gostava, por i so, de numerosas expressões ele ori gem in glesa que ent raram no Bras il j un tamente co m a menta lidade - que ele critico u acerba mente - ele Hol lywood, em substi tuição ela influência lu so- francesa trad icional: por isso, nunca falava em stress , mas sim, em surmenage; ev itava também know-how, preferin do savoir~faire. Sem embargo clis . o, ass i mil ou numerosas ex pressões norte-americanas que, di zi a ele, conti nham mu ito " suco ele rea li dade" e enri quec iam o po rtuguê:, como, po r exemp lo, wis/7:fúllthinking, th inktank, psy-wa ,~ ( pen. amento carregado de· desejo, tanqu e ele pensa mento, guerra ps ico lóg ica).
No século XVIII, a Real Academia Portuguesa principiou, por ordem de D. João V, a elaborar um dicionário oficial da língua, mas depois de 20 anos de trabalho insano deu à luz o primeiro volume, correspondente à letra A... e desistiu de prosseguir o empreendimento! O Rei Dom João V de Portugal
7. Mesll'c ela Língua Plini o Corrêa de Oliveira fo i profundo co nhecedor ela lín gua portuguesa, que amava e admirava, e soube extrair e aproveitar os imensos recursos que ela pro1 orciona. Embora tenha vi vido num a época ele inegável decadência da "última .flor do Lácio, inculta e bela", produziu algun s dos mais belos textos jamais escri tos nesse idioma. Estou certo d que no futuro, quando ti ve rem sido sepu l tados pelo pó da H i stóri a os modismos ideológicos que ain da marcam nossos tempos, ele se rá reco nhec ido como um cios grandes mes tres da língua de Ca mões. Só me resta co nc lu ir estas recordações e observações - co l igidas rap idamente e sem a pretensão ele esgo tar o ass un to - com uma expressão francesa mui to con hecida, que em di versas ocas iões Plí nio Corrêa ele O I i vcira utili zo u para encerrar se us artigos de prognósticos po líticos: Qu i vivra, verra .. . (Quem viver, verá... ). • E- mai l para o autor: catoli ci smo @catolici smo.com. br
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dos Apóstolos. Crê-se que, seg undo costume da época , depoi s de estudar em Antioquia, Lucas foi aperfe içoarse na Grécia e no Eg ito, poi s ressa ltam os estudiosos que seu estil o é puro, exato, elega nte. N ão parece ter sido judeu de religião, se bem que mostre um con hec imento detalhado do jud aís mo, de seus ritos e cerimôni as. É mai s provável que tenha sido um prosé lito dessa reli gião, e que não chegou a ser circunc id ado. Poi s São Paulo, em sua E pís- ~ • tola aos Co lossenses, depoi s ~ de citar " todos os da circunci- ]' são", passa aos de n,ais, entre ~ E os quai s cita "o muito amado ::,
da adoração dos pastores, da C ircuncisão, Apresentação no Templo e pu rifi cação ele Maria Santíssima, e da perda e encontro do M enino Jes us entre os Doutores da Lei. Pelo que seu Evangelho mereceu ser chamado por al guns de O Evangelho de Maria San tíssima. Com efe ito, "dentre esses
úiorrnantes, sobretudo nos prim.eiros
São Lucas Evangelista de Nossa Senhora M édico e literato, este apóstolo virgem é o mais acessível e rico dos evangelistas. Segundo a Tradição, São Lucas pintou quadros da Santíssima Virgem. llil PLINI O M ARIA SOLIMEO
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ss im São Jerônimo descreve o evan geli sta São Lu cas, cuja festa co memoramos no dia 18 de outubro: "Era discípulo e compa-
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CATOLICISMO
nheiro inseparável de Seio Paulo; nasceu em. Antioquia, exercia a profissão de médico; ao mesm.o tern.po, cultivava as letras e chegou a ser ,nuito versado ern. língua e literatura gregas. Seu gosto literário ressalta nessa preciosa História [Atos dos Apóstolos] que nos deixou da origern do cristianism.o, mais completa em rnuitíssimos pontos que a dos dem.ais evangelistas, melhor ordenada e de rnais agradável leilura". 1
"O muiio amado Lucas, médico" No sécul o l da Era Cri stã, Antioquia da Síria era muito celebrada pel a sua agradáve l situação, esplendor de seus monum entos, riqueza de seu comércio, progresso de sua civili zação e, infeli zmente, também por causa dos seus costumes pagãos. Foi a pri meira Sé de São Pedro antes de ele mudar-se para Roma, e foi nel a que, pela primeira vez, os seguidores de Jes us Cristo receberam o nome de "c ri stãos". Nela nasceu e estudou o evangeli sta Lucas, autor do 3º Eva ngelho (o I º é o de ão M ateus, o 2° de São M arcos, e o 4° de São João) e dos Atos
de o princípio, os vira111 e fora111 ministros da palavra " ( 1, 2). Quer dizer, com ba e em t st munhas oculares dos fatos que narra.
O "E11a11gclho <lc Mal'ia Santíssima " Entre essas tcs t munha. ele pôde consultar São Pedro e os d mais Apóstolos e Di scípulos, as antas Mulheres, e ex iste a hipótese prováv I ele ele ter recebido inform ações prec i sas da própria Mãe ele Deus. Daí ler sido ele o úni co evange li sta a falar da An unciação, da visita a Santa I sabel com o excel so cântico do Magn!ficat, do nascimento do Menino Jesus em B elém,
De fato, segundo o Apóstolo São Paulo, "todos sois filhos de Deus pela
f é em. Jesus Cristo. Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revesJistes de Cristo . .lá não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher; pois todos vós sois um em Cri.1·to .Jesus " (Ga l 3, 26-28). Por outro lado, nesse Evangelho ele uma simpli ci dade encantadora, "as ações e a dou -
Lucas, médico" (4, 10- 14). O mai s prov,1vel é que tenha ido pagão, grego de estirpe, e que, ao conhecer o cri sti ani smo, o > tenha abraçado com fervor. ; E m ge ral aponta-se sua -,;;, conversão à época cm que São 'êál Paulo e São Barn abé prega- g ram na nascente igreja de An- ) tioquia (At 11 , 22 e ss.). H á .~ quem afi rm e qu e ele era do '[ número dos setenta e doi s dis- .;; cípulos , e qu e, a sim , teria con hec ido pes oa lm nle Nosso Senhor. Esta hipótese tem contra si a afirmação do própri o São Lucas, de que escreveu seu Evangelho com os fatos que "nos ref erira,11 os que, des-
sus Judo o que pode realçar o valor e estima que teve pela mulher". 3
Quadro do Anunciação: São Lucas é representado anotando os palavras
capítulos do seu Evangelh o, pode-se ouvir ainda a voz suave da própria mãe de Jesus". 2 São Lucas foi chamado também
"o escritor da mansideio de Cristo", porqu e em seu Evangelho res salta muito a bondade mi sericord iosa e a patern al beni gnidad e do Filho de Deu s, como se expressam em suas parábolas. O que se nota principal mente nas da ovelha perdida, do fi lho pródi go, do bom sama ritano, e sobretudo no dolorido olhar de Jesus a Pedro depoi s de suas negações. Outros apontam também o importante papel que as mulheres desempenham no E vangelho de São Lucas. O pagan ismo as tinha reba ixado ao nível quase de escravas. "Seio Lucas
recolhe da vida e ensinarnento de Je-
trina do Salvador ne le seio apresentadas da maneira mais tocante; cada palavra encerra mistérios ocultos, oferece riquezas infindas ", além do que "a dignidade com a qual nos seio apresentados os rnistérios mais sublimes, que esteio acima de toda expressão e de nossa man eira de conceber as coisas criadas, essa dignidade na qual neio se encontra nenhuma palavra po111posa, te111 qualquer coisa de divino ". 4 São Lucas "possui ademais o sentido da História, e da História considerada corno auxiliar da fé. Ele quer fa zer urn relato 'seguido e ordenado' ; para isso, 'examinou cuidadosamente as coisas desde sua origern ', e consultou 'os que desde o princípio foram testemunhas oculares e mi11istros da palavra '; tudo a fim de que Teófilo ía quem diri ge seus livros] 'reconheça a solidez dos
ensinamentos dos que o catequizaram ' (cfr. Luc. l , 1-4) ". 5 Muitos vêem no Eva ngelho de São Lucas uma influência muito grande de São Paul o e, "seneio seu prirn.eiro im-
pulso, certamente sua característica: a universalidade da salvaçeio, suas portas abertas aos gentios, a inexaurível misericórdia divina, o perdão dos pecados, a oração e a perseverança seio os temas que de mais relevância se revestem nesLe Evangelho, que, pela suavidade de c!f'etos de que é impregnado e pela graça da expressão, é de todos o mais atraente". 6
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Segundo a Tradi ção, São Lucas é um apóstolo virgem, era também pin tor, e teri a pintado vári os quadros da Sa ntíss im a Virgem, dos quais algun s perm anecem até hoj e, e mes mo de N osso Senhor Jes us Cri sto.
São Jerônimo e São Gregóri o N az ianzeno jul ga m que L ucas escreve u se u Eva nge lh o durante o ano 53, qu ando pregava na Aca ia co m o A pósto lo Paul o.
JllleSll'C e (/ÍSCÍJJIIIO
De acordo com os intérpretes, fo i durante o segundo cativeiro de São Paulo em Roma, no ano 63, que São Lucas terminou seu Atos dos Apóstolos, co mo co ntinu ação de se u Evangelho. Nessa narrativa cheia de
muiW zeloso
Os Atos dos J\1Jóstolos, JJl'imór<lios <lo crislia nismo
Q uand o L ucas se reuniu ao A póstolo Paulo? É mais provável, como sustenta Santo lrineu, que tenha sido quando este embarcou para Troade, na M acedôni a, em sua segunda viagem mi ssi oná ri a, no ano 5 1. É quando os vemos pela pri meira vez juntos. A parti r de então, os dois apóstolos não se separarão mais, a não ser por interva los e q uand o as necess id ades das novas cri standades o São lucas é representado pelo boi; ped iam . L ucas apa rece como e(llblema dos sacrifü:ios sempre como discípul o e vida, ele se propunha refutar os fa lcolaborador zeloso. sos relatos que se publicavam sobre A dedicação de São L ucas a São a vida e os traba lhos apostólicos do. Pa ul o é toca nte. Partic i pa ele de propagadores do cristiani smo, bem suas aleg ri as e de suas dores, e como a deixar uma hi stóri a autêntimesmo do seu cati ve iro. "Só Luca das marav ilhas que Deus operou cas está comigo", di z São Pa ul o na formação de sua Jgre_ja. tri stemente na segunda epísto la a N os 12 primeiros cap ítul os desT imóteo (4, 11 ) du ra nte seu segunsa ép ica hi stóri a, ele narra o que do cati veiro em Roma. f i zera m os prin c i pa is Apósto los Depois vemos os dois apóstopara estabelecer o cristianismo delos em Fili pos . Mas, tendo o Apóspois da ascensão de Nosso Senhor, to lo se tras ladado para Sa lôni ca sobretudo o prínc ipe deles, São Pecom Sil as, L ucas provave l mente dro. Na quase tota lidade dos capíperm aneceu em Fili pos para contul os restantes, co nta as ações e soli dar os cri stãos na fé recebida. mil agres de São Paul o, como tesSeis anos mais tarde, São Paul o, em te munh a oc ul ar ou protago ni sta sua terceira viagem, vo lta à Maceque fo i de mui tos deles . dôni a e nela encontra São L ucas. Como ele narra com mui tos deLá escreve a segunda epístola aos ta lhes suas v iagens marítimas, leCoríntios, encarregando T ito de a vanta-se a hipótese de antes, como levar. Nela d iz que T ito terá por médico, ter traba lhado em algum compan heiro "um irmão muito cénav io. lebre em todas as igrejas". A lguns Segundo Santo Epifân io, após - São Jerôni mo, em pa rticul ar o martírio de São Paul o São L ucas afi rm am q ue esse irmão era São pregou na Itáli a, na Gá li a, na Da iL ucas.
CATO LI C ISM O
mác ia e na M acedôni a. Embora alguns afirm em que ele sofreu o martíri o, a op ini ão mais aceita é a de que fa leceu de morte natural aos 84 anos de idade, na B i tíni a. Mas, co mo enf ren to u muitos peri gos pela fé de Cri sto, é con. iderado por mui tos co mo márti r. Suas relíq ui as, que no século IV se achava m em Tebas da Beóc ia (Grécia), foram trasladadas para Constantinopla em 357, a ped ido do l mperador Constâncio, filho de Constantino, sendo depositadas na igreja dos Santos A póstolos com as de Santo A ndré e São T imóteo. O Cardeal Barôn io diz que São Gregório Magno levou para Roma a cabeça de São L ucas, quando vo ltou de sua nu nciatura em Constantinopla, e a depositou na igrej a do mosteiro de Santo A ndré, que ele tinha f undado no Monte Céli o. A tua lmente o corpo desse Evangeli sta é venerado em Pavia, na ltáli a. Se se ap licam aos quatro evangeli stas as representações simbó licas menc ionadas pelo profeta Ezequi el , São L ucas é represe ntado pelo boi, como emblema dos sacri fícios, po is ele é o evange li sta que mais in siste no sacerdócio le Jesus Cri sto. •
INFORMATIVO RURAL
Agro-reformismo no Brasil e no Vietnã Favela rural - O assentamento Ena, no municíp io de Feli z Natal (MT) , é ma is uma prova do gra nde fracasso da Reforma Agrária. Era para ser um núcleo de prod ução agropecuária fa mil ia r - um pólo produtor de alimentos - e acabou v ira ndo uma verdadeira "fave la ru ra l", expressão em boa hora vul garizada pe lo Prof. Plí nio Co rrêa de O liveira. lnaugurado há IO anos, o assentamento apresenta hoj e um espetácul o deso lado r: dos 450 lotes ini ciais, ape nas 150 estão oc upados; há prod ução ag rícola em apenas 1% da área loteada; e as famílias que lá ficaram ma l têm o que comer (Cfr. " O Estado de S. Pau lo", 4 e 6-9-06).
Terra arrasada -
A situação do assentamento E na asseme lha-se à de 22 outros da região do Xingu, confor me estudo divul gado pelo Instituto ln.teramericano de Cooperação Agrícola (fica). Lotes são abandonados e outros são vendidos (o que é ilegal), di vididos, arrendados ou anexados a proprieclacles vizinhas. No assentamento anta Lrícia, o índice de res identes é de 13%. Boa parte dos assentados vende a mad ira dos lotes e so me do mapa, outros som m depo is de receber o c1 '. o para produção - afora os que vendem peças le equipamentos e furtam instru mentos de traba lho - , num rodízio predatório que leixa como produto apenas a terra arrasada . D vastado o lote de
um assenta mento, par te-se para a obtenção de outro lote em outro assentamento, e ass im por diante (idem) . Esta é a Reforma Agrári a!
Pol ítica agrária comunista -
O Vi etnã pode ri a se r o seg undo expo rtador mundi al de arroz. O prod uto é abundante nesse pa ís, em que a ag ri cul tura representa 80% do tota l da economi a. Seria uma fo nte de ri queza para os hab itantes. Entretanto o govern o comuni sta proíbe que o arroz sej a vend ido no li vre mercado, e seu preço é tabe lado. l sso impede a circul ação norm al do produ to, do que se aprovei ta m in termed iári os que criara m um ca rtel ilícito. Os agri cul tores vendem então o arroz a esses atravessadores a preço aind a menor do que o tabe lado, para ev itar que o prod uto pereça. A co nseqü ência é que mui tos agri cultores estão abandonando suas terras para poder sobreviver nas cidades, ain da que mendi ga ndo, e acabam se entregando às drogas, à prost i tui ção , à A i ds ("As i a News.it", 3-8-06).
Agronegócio, não! - O presidente L ul a da Si lva negou-se a gravar um vídeo para os participantes do Congresso Brasileiro do Agronegócio, nu m programa que prev ia d poimenlos dos principais candidatos à Presidência. "Se este Fórum .fósse do MST, leria patrocín io do governo f ederal
e o presidente teria vindo gravar", comentou o pres idente da Sociedade Rural Brasileira ("O Estado de S. Paulo", 6-9-06).
Negócio perigoso - Os proprietári os de terras no Paraná têm questionado as avali ações do IN C RA qu e, em muitos casos, oferece valores abai xo do mercado para as terras que estão sendo negoc iadas. O utro probl ema enfrentado são as in vasões nas razendas em negoc iação. Segundo depoimento de um faze ndeiro: "Acho que o INCRA avisa os integrcm.tes do 111ovi111e11.to, porque ninguém sabia que a fa zenda estava sendo negociada" ("Folh a de Londrina", 9-7-06).
Líder do MST na cadeia -
a) E m 2 1-8 fo i preso Jaime A morim , agitador do M ST que cos tuma comandar in vasões e depredações de terras em Pern ambuco; b) ele req uereu habeas corpus, acompanhado de ped ido de li minar. Esta lhe fo i negada pelo T ribu nal de Justiça daquele Estado (TJPE) em 23-8; c) inconforme, A morim recorreu a Brasíli a, e o Superi or T ri bunal de Justiça (STJ) mandou soltá- lo em 28-8; d) em 6 de setembro, porém, o TJPE julgou o méri to do habeas co,pus e mandou A mori m de vo lta para a cadeia. Enfi m, uma atitude não apenas justa, mas ta mbém coraj osa dos desembargadore pernambucanos. Preva lecerá? (Cfr. "D iári o de Pernamb uco", 7-9-06). •
Notas:
1. C \'r. Ecle lvives, E/ Sa 1110 de Cada Dia , Ecli1oria l Lui s Vives, S.A .. Sa ragoça, 1955, 101110 V, p. 483. 2. Pe. Matos Soa res, /111rod11ção a Lucas, Bíb li a Sagrada, Ed ições Pau linas, 1980. 3. Pe. José LeiLe, S.J ., Sa,11os de cada dia , Ecli 1ori al A. 0. , Braga, 1987, 101110 Ili , p. 195. 4. Les Peti ls Boll and isles, Vie.1· eles Sai111.,·, Bloud el Ba rra i, Paris, 1882, 101110 XII , p. 445 . 5. Fr. J usto Perez el e Urbe \, .S .B. , Aíio Cris1iw10, Editorial rax , Madrid, 1945, pp. 142- 143 . 6. Pe. Ma1os Soa res, icl ., ib.
OUTU BRO 2006 -
t • último brado de Joana d' Are no tribunal que a condenou foi diri gido ao infa me bispo de Beauvai s. Ah! quantas coisas eu tenho no coração a esse respe ito ...
Pensamentos admiráveis
Alma sofredora e comhativa
C oncluo a transcrição de a1guns textos* de Marie-Edmée Pau (1845-1871 ). Impressionam a profundidade de pensamento e a firmeza de princípios dessa jovem francesa. Cio
ALENCASTRO
vida seri a rea lmente um labirinto sem saída, um problema sem solução, se não tivéssemos no Catecismo alguns ensinamentos cuja profundidade apenas há poucos dias eu consegui penetrar: 'Deus nos criou. para conhecê-
Lo, amá-Lo, servi-Lo, e por esse meio ga nhar a vida e/ema'. Esse é verdadeiramente o fim dessa sucessão de anos, de alegrias e de sofri mentas. Oh! por que não temos nós sempre presente essa verdade? Por que tantos desvios numa rota que é importante seguir sem demora? Na capela da Visitação, vi num canto a Virgem do Carm o, que estendi a eu manto sobre as ord ens rei igiosas . Sua fi sionomia pálida e seu gesto místico me levavam à co ntemplação enquanto eu meditava, no fundo de meu coração, sobre o estran ho e terrível mistéri o desta doçura sem fraqueza, desta força sem excesso, desta energia sem rud eza, deste zelo sem violência. Eu me lembro das cerimônias na admirável igreja de Sa int-Nicolas de Port. Eu tinh a 4 ou 5 anos e não sab ia ainda rezar corretamente o meu Ro ário, mas exu ltava de alegria ao chamado dos sinos para a prece da tarde. A poes ia de minha infância está lá, escondida sob os pilares dessa catedra l. [ ... ] Oh! como tu és bela, minha santa Reli gião.
Senso psicológico Uma grand e man são ci nzenta, na praça Mangin , recebia de vez em quando nossa vi sita [de Mari e-Edmée e de seu irm ão mai s novo, Gérard Pau , futuro general Pau]. Após ter subido os três degrau s da escada , tocávamos a campainha e a porta se abria. Depoi s, sem-
CATOLICISMO
Órgã o da catedra l de Saint-Nicolas de Port
pre sil enciosa mente, seguíamos o empregado qu e, após nos ter anun ciado, nos deixava na entrada de um grand e aposento, no qual reinava um a perp étua penumbra. M eu primo, qu e eu olhava como um perso nagem mi sterio so, velho e curvado no seu robe de chambre, meneando a cabeça e sorrindo com um so rri so qu e me fazia arrepiar de medo, estava sentado junto à lareira, num a amp la poltrona de doente. No lado oposto, sua bela e ain da jovem esposa trabalhava, sentada junto à janela, enquanto sua irmã, a enhorita Améli a, junto a uma mes inha coberta de peq uenos trabalhos de mulher, tricotava fazendo mei a . Nós, Gérard e eu, éra mo instalados num canto junto a outra janela, de onde podíamos ver a praça; dois livros de gravuras eram
abertos sobre nossos joelhos, e nossa prima mandava trazer bandejas cheias de doces e bombons, com os quais a senhorita Am élia aba rrotav a nossos bol sos. Sempre amei loucamente as grav uras, mas prestava bem pouca atenção àquelas de minha prima. Para mim , a grande sa la formava um quadro muito mais interessante, e eu observ ava . Examinava as pinturas in sertas em grandes molduras, que guarneciam as paredes, e os personagens das enormes tapeçarias que se misturavam às pessoas vivas. Eis, sem dúvida, o que comunicava aos componentes desse trio as cores mi steriosas das quais eles sempre se revestiram aos meu s olhos. [ ... ] Tudo isso se instalara em minha imaginação como um sonho no qual adq uiriam vicia duas ou três gerações, mi sturando-se aos vivo ·. Tanto é ass im que minha prima tão bela e desafortunada, meu primo quase decrépito, a senhorita Amélia com suas hi tóri as ru ssas, impressionavamme tão a fundo como se fossem verdadeiros fantasmas.
Pensamentos vários Minha divi sa: 'Q uem. sabe morrer não pode ser vencido'. Sobre seus contemporâneos: "Aos
Se fosse necessário que eu perm anecesse sempre tão tranqüilamente feli z como nes te momento, eu acabaria por definh ar e morrer de tristeza ; mi nha vontade amoleceria como a corda molhada de um arco; no repouso minha alma perderia o vi gor. Eu me sinto melhor so frendo e lutand o. [ ... ] Não trocari a meu futuro pelo de algum a outra moça ri ca, que se casa co m alguém para tornar-se alguma co isa: uma senhora cuj a vida se passa a conversar futilid ades e a vestir-se .
Ao saber que iria iniciar-se uma guerra elltre a França e a Prússia (1970): "Nós [franceses] temos larga-
Marie-Edmée rezava muito pelo Papa Pio IX, perseguido furi osamente pelos inimigos da Igreja
lucionários de 1789) e do martírio de Santa Inês: "A ni v rsári o de uma gran -
onze se e cond iam em Jeru sa lém e que Pedro renegava seu M estre, eu sei que o
de vergonh a fran cesa , de um duplo martírio: o de um r i bom, santo e nobre, gui lhoti nado por seus súditos, e o de uma bela jovem roman a, nobre, pura co mo uma estrela, e co mo ela respla ndecente: Sa nta Inês.
mente merec ido essa punição que começa. Mai s do que os outros crim e , a covardia não se lava a não ser no angue. Ó Polônia, teu abandono [pela França] clama por vingança.[ ... ] Creio que a dor, para a soc iedade como para o indi víduo, 1 1 . da a reerguer a natu reza hLrmae, cest1na na, purifi cando-a , mas com a condi ção de ser compreend ida. 1 ... 1 Se a guerra é vi sta apenas co mo um a decapitação ele porcos, nós recuaremos alguns passos e prepararemos nossa ca ma para ir novamente dormir. Antes morrer do que prese nciar tal coisa!
Sobre a perseguição aos católicos poloneses e ao Papa Pio IX, em seu século: "Há alm as qu \ apesa r de boas e
Previsão de castigos e regeneração tia humanidade, na linha de Fátima:
acessíveis ao bem, não fazem eco aos nobres infortúni o. e às >randcs dores. T udo quanto se pas. a rora do lu arzin ho onde moram, do círcul o d · s 'U S íntimos, dos conh ecid os de sua ramfli a, e mesmo por vezes fo ra de sua p ·ssoa , é para elas como não aconl ec ido, não ex iste. A essas alm a , o que lhes imporiam a Po lôni a, o Papa e o rcsl ant ' dessa grande fa lange de herói s e ele mártir •s contemporâneos , que combatem por sua fé, por uma idéia ou pela pátria ?
"Em nosso tempo, nas aspirações inqui etas dos espíritos, na dúvida e na obsc urid ade que nos cercam do lado cio futu ro, em certos brado de aflição que escapam aos Noés de nossa época, eu creio co m muitos outros numa revelação mai s terrível que a cio Sinai, mai s fecunda do que aquela feita a Pedro no dia de Pentecostes, creio num catacl ismo semelhante ao que pôs fim ao Império Romano e na regeneração que fundou a [cl acle M édia. E c lamo do fundo cio coração: 'Se-
pés da Cru z eu os acho tão cu lpados, tão absurd os, que compreendo o furor de Moisés e o ch icote do qual Jesu , doce e humilde, se serviu para expul sar os vendilhões do templo . A flor-de-lis é para mim o radioso símbol o da inocência e da liberd ade mora l ; embl ema da pu reza, dessa virtude sublime que no liberta da vergonhosa escrav idão à matéria.
Falando dos que se calavam diante da perseguição aos católico.,· tia Polônia: " Nem por isso eu cr io menos na
Dia 21 de janeiro (1864), aniversário da morte do Rei Luís XVI (guilhotinado pelos revo-
ju sti ça e no direito dessa ca usa , porque eu sei que fo i em nome ela lei de Moi sés que Jesus fo i condenado, eu ·ei que os
nhor, san10s! dai-nos santos!'". • E-mai l do autor: cida le ncastro @catolic ismo .com.br
Napoleão Ili derrotado pelos a lemães em Sedan, no ano de 1870
* Mari e Eclm ée Pau , Le .!our11a / de Marie-Ed111ée, Plon , Par·is, 1876.
OUTUBRO 2006 -
e de lá para as Américas. Primeira Sexta-feira do mês.
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1 Sa nta Teresinha cio Menino ,Jesus. Virgem, DouLora ela Igreja
2 Sa ntos Anjos ela Guarcla
3 Sa ntos Veríssimo, Méíxima e Júlia, Márt ires + Portuga l, séc. Ili. Martirizados durante a persegui ção de Diocl ec iano, já eram cultuados no século VI. Nos séculos X e XI havia pelo menos sete igrejas a eles dedicadas entre os rios Mondego e Minho.
4 São l•'ra neisco ele Assis, Co nressor
5 Santo Apolinário, Bispo e Confessor + França, 520. Filho de Santo Hesíqui o, estudou so b a d ireção de São M a me rto, sendo sagrado Bispo de Valle nce por seu irm ão, Santo Av ito, de Vi enne de França. Co mbateu tenazmente os ari anos de sua di ocese, restabelecendo nela a Re li gião católica.
6 Sa nta l<'é, Virgem e Má rtir + França, éc. m. Sofreu o martírio em Agen , na França. Seu cu lto adquiriu muita popu laridade qu ando um monge levou suas relíqui as para Conques, que fi cava no roteiro das peregrin ações de Compostel a. Daí seu cu lto difundir-se pela Penín su la Ibérica,
ossa Senl1ora cio l~osário Festa instituída por São Pio V em ação de graças pela vitória obtida em Lepanto contra os maometanos em 1571 , atribuída à recitação do rosário. Primeiro Sábado do mês.
8 São Demétrio, Mártir + Ásia Menor, séc. JJT. " Procônsul romano que, depo is de converter muitos àfé de Cristo, foi trespassado de lanças por ordem do imperador Max imiano" (do Martirológ io Romano).
9 Patriarca Abraão + Palestina, séc. XIX a.C. " Esperando contra toda espercmça, obedeceu a Deus que o mandara deixar seu país, e mais tarde a sacrificar seu filho Isaac, único herdeiro da posteridade prometida. Teve f é em Deus, que o declarou justo, e ele se tornou o pai de uma multidão de fiéis" (do Marti rológio Romano - Monástico).
10 Santos Mártires Ft·a nciscanos ele Ceuta + África, séc. xm . Daniel, Samuel, Ângelo, Leão, Nicolau e Hugolino, sacerdotes, e Don o, irmão leigo, tendo ido a Ceuta pregar o Evangelho, e tendo refutado os erros de Mafoma, foram cobertos de opróbrios , açoites e prisão antes de receberem a palm a do martírio pela espada.
11 Santa Soledaele Torres. Virgem + Espanha, 1887. Filha de pequenos comerciantes , começou a ajudar o sacerdote Miguel Martínez na guarda dos doentes, e com ele fundou as religiosas Servas de Maria.
12 Nossa Senhora ela Conceição Apa recicla, Ra inha e Padrneira cio Brasil Em 1717 ocorreu o encontro da mil agrosa imagem.
13 São Gera ldo Abacle, Confessor + França, 909. Conde de Au ri ll ac, fundou em . eu condado uma célebre abad ia, que se tornou parada obr iga tó ri a para os peregrinos de Co mposte la. De la fo i abade o grande Santo Odon, antes de o ser de Cluny, o qual escreveu a vida de São Gera ldo.
14 São Justo, Bispo e Confessor + Egito, 382. "Bispo de Lião, de.fendeu afé de Nicéia antes de se retirar para a Tebaida com o leitor de sua igreja, São Viator. Ambos 1norreram com intervalo de poucos meses, e seus corpos foram le vados mais tarefe de volta para Lião" (do Martirológio Romano - Monástico) .
18 São l ,ucas, Evangelista . (Vicie p. 40) São Monon Eremita , Confessor + França, 630, De ixando sua Escócia natal para ir a Roma, encontrou na Bélgica o B ispo de Maa tricht, São João, o Cordeir , e a ele se li gou por laços de amizade, A conselho cio Bi po, fixou- e nas Ardenas, nos bosq ues el e Sa intHubert, onde foi assassin ado por bandidos. É cios Santos mai s venerados na reg ião.
19 São Peclro ele Alcfi ntara, Patrono cio Br·asil + A re na s (Espanha), 1562. PADROEIRO PRJN C lPAL DO BRASlL, foi adm iráve l por suas mortifi cações e penitê nci as. Reformador cios Franciscano ela Espanha, aux iIiou e incentivou Santa Teresa na reforma cio Ca rme lo mediante conse lhos. Quando fa leceu, a Santa o vi u subindo ao Céu e di zendo: "Bendita penitência, que me valeu tal recornpensa ".
demônios não f açam para inte rrornp e r e st e p od e ro so rneio de os desarrnar "' (do Martirológ io Romano - Monás tico) .
que para a glória do nosso tempo vos aponta o caminho pela valentia de suafé"' (do Martirológio Romano - Monástico) .
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São Donato, Bispo e Con l'cssor + Itáli a, 875. Era mon ge irland ês. Em peregrinação a Roma, passa ndo por Fiéso le, foi ac la mado B is po pelo po vo da clioc e e vacante. Durante 48 anos, foi pastor dessa reg ião ela Toscana, reerg ue ndo-a após a inv asão dos norm andos .
São Gonça lo ele Lagos, Confessor + Portuga l, 1422. Agostiniano, notável por sua vicia el e jejum e penitência, recusou o título de doutor e outras di stinções.
23 Santos Servancto e Germano, Mártires + Espanh a, séc . .IV. Convertidos cio pagani smo, tornaramse apóstolos, o que lhes valeu a prisão e tortura . Libertados, tornaram a pregar co m grande êx ito, o que determi nou serem novamente presos , torturados, e enfim decapitados pela fé em Cri sto.
24 Sa nto Antônio Ma ria Claret, Bispo e Confessor
28 Sa ntos Simão e ,Judas Tadeu, Apósto los São Firm iliano, Bispo e Confessor + Ásia Menor, 268 . Ardoroso co mbatente el a heres ia dos donatistas . O hi stori ador Euséb io o class ifica como uma das fig uras mais notáveis ele seu tempo .
29 São Zenóbio, Mártir + Ás ia Menor, séc. IV. Médi co, tornou-se sacerdote. "Na derrade ira p e rs eg u1 çao, exorta va os outros ao martfrio. Por isso tornou-se também digno dessa graça" (elo Martiro lógio Romano).
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Santa Teresa ele Ávila, Virgem, Refo rmadorn
Santa Ma rin Bcrti la Bosca rcli n, Vir•gem + Itália, 1922. 1 ' humilde origem, entrou no Instituto de Santa Dorotéia, onde sua rude aparência levou a superi ora a co locá-la na cozi nha. Te ndo que ajudar na enf •rnrnria das crian ças clurant ' u11rn ·ri se de difteri a, mostrou -s · urna enfermeira capai., int ·li , ·nl ' e pac iente. uidou d ·poi s cios soldados feri los na Prim ·ira Guerra Mundi al. S ·mpr ' hu milde e so líc ita, foi • · ·u aos 34 anos.
Santos Crispim e Crispiniano, Mártires + França, séc. lIT. Irmãos, foram eva nge li za r a Gá li a com São Q uintin o; durante o dia evangelizava m, e à noite trabalh avam como sapate iros para sustentar-se. Por ocas ião de uma perseguição aos cristãos, foram aprisionados, torturados e mortos à espada.
Sa nta Dorotéia Schwmtz, Viúva + Alema nha, 1394. Fi lha ele camponeses, casada com um operári o, teve nove filhos. O mau gênio cio marido a fazia . ofrer. Com a morte cio esposo, levou vida reclusa, sendo favorec id a co m êxtases, viões e reve lações.
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Sa nto Aga tão A11aco1·u1.a, Confesso,· + Ásia Menor, séc. IV. "Celebrado por seu discemi111e11 to; segu ndo ele, 'não /tá nado mais dif{cil do que a oraçcio, pois não há esforços que os
Snntos Rogaciano e l•'clicíssimo, Má rtires 1- Áfri ca, séc. lll. "São Cipri<1110 de11 tes temunho deles 1111111a carta dirigida aos cristâos perseguidos: 'Sigam, em 111do o sa ·erclote l?ogaciano,
São Ouintino, Mártir + França, 287. Fi lho de um se nador romano, fora à Gáli a com São Luciano, como apósto lo. Foi martirizado no lugar que tomou o seu nome, tornanclocse célebre na França.
16 São Guilherme ele Malavalle, Confessor + Itália , 1 157 . Nat ura l da França, converteu-se depo is de um a vida dissipada, entregando-se à ex istência eremítica na Itália, onde viveu na contemplação e penitência.
17 Sa nto Ilerão, Bispo e Mártir + Ás ia Menor, séc. II. "Discípulo do Bem-aventurado Inácio, a quem, sucedeu no episcopado, e CLt;jas pegadas seguiu como f iel imitado,: Em seu amor a Cristo, deu a vida pelo rebanho que lh e fora co,ifiado" (do Martirol óg io Romano).
25 Beato Frei Antônio ele Sa nt'Ana Ga lvão , Confessor
Intenções para a Santa Missa em outubro Se rá ce lebrad a pe lo Rev m o. Padre David Fran c isqu ini , na s segu in tes intenções: • Para que Nossa Senhora Aparecid a, Rai nha e Padroeira do Brasil, livre nossa Pá tria da vio lênc io d o chamad o "crim e organizado" e das ag itações pro mov ida s por ce rtos movimentos di tos "sociais" . E prote ja reg iamente nosso Poís de qualquer tentati va de lan çá- lo no .caos. Suplica ndo também à Virgem Santíss ima que todas as famí lias ca tólicas no Brasil tenham um a devoção fe rvoro sa ao Sa nto Rosá ri o .
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Intenções para a Santa Missa em novembro • Mi ssa de Finod os pelas santas alma s do Purgatório, rogando a intercessão de N ossa Se nho ra da M edalh a M ilog rosa - devoção especia lm ente ce lebrada no dia 27 de novembro - pe lo sufrá gio das a lmas de parentes e co nh ec id os dos leito res de Catolicismo.
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N a quinta- feira , dia 24 de agosto, o prefe ito de Siauliai recebeu os membros ela caravana no sa lão nobre da prefeitu ra, ocasião em que, depois ele agradecer mais uma vez a campanha ele col eta ele ass inaturas ele 1990, sa lientou a importância ele sua cidade, a quarta maior cio país. Uma equipe el a TV loca l film ou o evento, e no final entrev istou o chefe ela caravana.
Caravana internacional percorre a Lituânia P ela décilna segunda vez consecutiva, percorreu o território lituano uma caravana de jovens portando uma bela cópia da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima , RENATO M URTA DE_ VASCQ NCE LQS
epresentantes do pensamento cató li co e co ntra- revo lu c io nári o , vindos de diversas partes do mundo (Bras il, A rgentina, Estados Un idos, França, A lemanha, Itáli a e Polôni a), reun iramse na ciclaclc lituana de Kelme no dia 23 ele agosto cio corrente, di ante ela igreja-matri z. Era o iníc io ele mais uma caravana, anualmente promov ida pela entid ade alemã DYCK e.V. (D eutsche Vereinigung .fi,er eine christliche Kultur - Associação A lemã pró-Ci vili zação Cri stã).
CATOLICISMO
Construída no in íc io cio século passado e marcada pelo estil o trad icional, a igreja- matri z Linha suspensa no seu pórtico uma bandeira litu ana ta1j acla ele neg·ro. Transcorri a a data el a ass in atura cio exec ráve l Pacto Ribbentrop-Mo lotov , pelo qual nazistas e com uni stas combi naram entre si ele entregar a Lituân ia subjugada aos ditadores cio Kremlin, no in ício ela Segunda Guerra Mundial. Acon teci mento trágico para esse país ele pop ul ação maj oritari amente católi ca, Assinatura do abominável Pacto Ribbentrop-Molotov
opressa a partir ele então, durante meio século, pelo tacão da bota sovi ética. Contudo, a qu eda cio Muro de Berlim em outubro ele 1989, conseqüência ele um descontentamento insop itáve l nos países de além Co rtina de Fe rro , deu alento às fo rças ele res istência anticomu ni ta dentro cio impéri o soviéti co. E m meio ao assombro gera l, fo i promovido por ini c iati va do Prof. Plini o Corrêa de O li veira, cm mais ele 20 países nos cin co cont i ncnles, um abaix o-as-. sinaclo hi stóri co de apoio à independência litu ana. m 130 dias foram coletadas 5.200.000 ass inalu ra s, cifra que entrou para o Guines.1· !3ook (?/' Recoreis.
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ac im a menc ionados , a ca rava na co ntou ainda co m a parti c ipação el e três ami gos da B ielo-Rúss i a. Co mo nos anos anteri o-re , por tod os os lu ga res onde passa ram - Siauli ai , Ka un as , Silu va, Ba i soga l a, Tauragé e Ke lm e - , os ca rava ni sta di stribuíram largamente obj etos ele pi edade e v isitaram loca is onde fora m torturados e mortos co mbatentes cató licos anticom uni stas , bem como cemitéri os, para hon rar- lhes a memóri a e rezar por suas almas.
Kaunas, a segunda cid ade cio país e antiga capital fo i visitada na sex ta-feira. N a igrej a ela R ess urreição, a maior ela Litu âni a, o Pe. Yytautas G regara vic ius recebeu efu sivam ente os ca rava ni stas , que também vi sitaram a prefeitura loca l. N o di a seg uin te, novame nte em Siauli ai, participando ele cerim ôni a cívica junto ao monumento em memóri a ci os patri otas cató licos que se levantaram em 1863 con tra a domin ação ru ssa , diri giram a pal avra ao numeroso públi co presente. Ao final da cerim ôni a, portando uma bela imagem, cópia ela im age m peregrin a de Nossa Senhora de Fátima que verteu lág rima s em N ova O rl ean s em 1972, diri g iram -se em procissão até a catedra l , o nde os rece beu o bi spo dioce ano, M ons. E ugeniju s Bartuli s. A peregrinação de Tytu venai ao sa ntuário nac ional marian o ele Silu va deuse no domingo. De la participaram cerca el e 5.000 fi éi s, leigos, sace rdotes e freiras. Reza ndo o Rosá ri o e entoand o
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Coube à Lituânia li g lóri a de ser a pri m eira nação da anti ga União das
R epublica .1· So<·iol ista s Sov ié ti cas (URSS) a proc lamar sua independência, em l l de março d ' 1990. Era o pi gmeu enfrentando o co losso moscovita. A partir de niüo, TFJ>s ·uropéias e entidades afi ns pcrm ancc.:em li gadas ele modo especial à L itu âni a, 'frrra de Maria co m o é c ham ada . ' ontribui para manter vivos tai s laços de amizade a caravana anu al, durante a qu al seus participantes mantêm contatos com autorida~ des c ivi s e ecles iásti cas e com p ssoas . '§ Ceri~ô,wi civ,ca n9 -;_,_c-;;fin'! dos J.ns.Úrgéfite~ · de todas as idades e cla sses soc iai s. ~
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Al ém dos representantes ci os países &3
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OUTUBRO 2006 -
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cânticos reli giosos, Mon s. Bart~li s, bi spo de Siau li ai, animava a todos . Os membros caravana foram depoi s convidados por Mons. Tamkevi cius, arcebispo de Kaunas, para um almoço no centro ele estudos ecles iásticos ele Siluva. Ao final cio almoço, Mons. Tamkevicius dirigiu agradecimentos ca lorosos aos membros das TFPs européias presentes, não só pelo colossa l abaixo-ass inado ele 1990, como também pelo fato ele não haverem eles abandonado a Lituânia.
* * * Passados J6 anos daquela hi stóri ca campanha, os lituanos, agradecidos, não se esqueceram dos "amigos certos da hora incerta ". É o que asseverava o ex-deputado Antanas Racas, um dos signatários ela declaração ele independência em 1990: "Os senhores talvez não consigam avaliar bem o que o abaixo-assinado das TFPs representou para nós. Num momento em, que batíamos desesperados às portas dos governos ocidentais e ninguém nos dava sequer uma palavra de apoio, as únicas entidades que ouviram nossos apelos e se levan/aram em, prol da Lituânia f oram as TFPs. Por isso, somos-lhes eternamente gratos". O idea lizador e grande propul sor do abai xo-ass in ado foi o Prof. Plini o Corrêa ele Oliveira. E m 2006 a Lituânia enfrenta probl emas bem diversos dos ele 1990. Quando asfix iada sob o peso da bota sov iética, com sua liberdade reli giosa fortemente coa rctada e esp io nada por cerca de 300.000 agentes da KGB , a Lituânia não se dobrou di ante do ateísmo. Hoje, com a liberdade recobrada, e que lhe traz a olhos vi stos uma prosperid ade crescente, o país sofre a tentação de ed ificar uma vicia na qual Deus esteja ausente e nada representem os princípi os constitutivos da Civilização Cri stã, ou seja, a trad ição, a fa mília e a propriedade. No sa ntuári o nacional de Siluva, os membros das TFPs e uropé ia ped iram especialmente à Mãe de Deus que mantenha vivo na Lituânia aq ue le espírito indômito de outrora, baseado na fé católi ca e na coragem para enfrentar vitoriosamente os grav íss imos per igos que a ameaçam. • E-111ai l ci o aut or: rcnatov asconce los@catoi ic is1110.co 111 .br
CATOLICISMO
Peru: Feira Internacional do Livro E m evento organizado para incentivar a leitura e aquisição de livros, o movimento O Peru necessita de Fátima divulga suas obras e amplia seus contacLos
A IJJANDRO EZCURRA N AóN
Correspondente
Lima - A ·arnp1111l1t1 W Pení necesita de ·Fátima, in spirada em ini ciativas d s ·11 vo lvidus por entidades contra-revo lucion árias do Brasil , Estados Unidos ' algun s países europeus, fez-se presente com um stand ' al11 ou na pr •sti giosa Feria Internacional dei Libra, reali zada cm Li111t1 de ~ 1 a . O de j ulho passado. Dezenas de milhares de pe. soas d · tod us as idades vis itara m essa importante expos ição. Ela tivcra111 u •rntu surpresa de encontrar um stand com literatura de genuína fon1t tl(;:10 ·nt >li ca para toda a família , incluindo edições em espanhol d · duas obras mag istrai s cio Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: l? e1111!11rilo <' Con/ra -Revolução (ed itada no Peru por Tradición y /\cl'io11) , l' Nohrezc, e Eliles Tradicionais Análogas. Um dos li vros 11,uis procurados foi a versão espanhola da obra ela TFP nort '-:1111 ·ric1111:i , Nec/w zando el Código da Vin ci (ed itada em abril p.p. p ·lo 1novit1ll' llt o E/ Perú necesita de Fátirna), que em pouco tempo trn11s l'or111 ou ,se num beslseller. As vendas naqu ele evento superaram ii S l' XPl'l'talivas . Entretanto, aind a mai s signifi cativo fo i o grand · 11u11tl'm d ' visitantes que manifestaram o desejo de vincular m-s · d · algtttllH fo rma à campanha mariana, sobretudo para a divul gaçrio d11 Ml'll sag 'm de Fátima. Tal campanha já conta com milhares d· :tdL·n· 1tl l'S ~111 cerca de 100 cidades tanto do litera l quanto da serra ' da s ·lvn do 1>eru . • H 111:i il do autor: czcurra@ca1ol icismo. co111 .br
OUTUBRO 2006 -
, PUNIO
C
UMARI
RRÊA QE ÜLIVEIRA
No\cmln'o de 200G
Nº G7 I
Diagnóstico da crise
A
tualmente muito se fala da profunda crise que assola o País. Tudo parece insolúvel, como se o Brasil padecesse de uma doença incurável. Muitos percebem que se trata de uma crise de origem moral , mas ninguém aponta a solução realmente eficaz. Entretanto, já em 1932, Plinio Corrêa de Oliveira diagnosticou o problema e indicou a solução ideal - a única possível e de ordem moral: a recristianização do Brasil.
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"O mal de que padece mos tem ori gem exc lu sivamente moral. Este é o ponto de partida de todas as nossas considera-
-CATOLICISMO
ções, relativamente às crises políti cas, cconôm i ·as soc iai s que nos assoberbam. Ora, um mal moral, só com um remédio ele ordem moral pode ser cu rad o. Dado que o reméd io mora l por exce lência é o cato li cismo, um a so lução, e uma úni ca, vemos nós para os graves problemas co m qu e lutam nossos es tadi stas: a recristiani zação do Brasi 1. Daí nossa firm e resolução ele não encarar nossos problemas políti cos senão pelo ponto ele vista estritamente reli gioso, fazendo assim obra de verd adeiros patriotas".* •
* Trecho cio arti go de
Plíni o Corrêa de Oli veira , publi cado em " O Sécu lo", Rio de Janeiro, 3-4- 1932.
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Exc1mTos
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CA1nA no DnmToR
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PAGINA MARIANA
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LEITURA EsPIRl'l'lJAI,
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CommSPONDÍ<:N(;IA
Como Na. Sra. pralicou o 1° mandamenlu Devoção à Santíssima Virgem
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A
PAI.AVIM 1)() SACERDO'l'E
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A
REAl,ll>ADI<: CONCISAMIWl'E
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NA<:JONAI,
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INTERNA<:10NA1,
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Questão religiosa derrota ,Jandira Feghalli
Coréia do Norte: bazar de armas nucleares
Poi~ ouE NossA Si-:N1m1~A C110RA?
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ENT1mv1sTA
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LA SAu:TTE
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CAPA
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VmAs DE SANTOS
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INl•'ORMATIVO RtJRAI,
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D1sc;1mN1NDO
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SANTOS 1,: F..:sTAs Do M1~:s
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AçAo CoNTl~A-R1-:vowc:mNÁmA
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AMnuwn,:s, Cosn1M1~s, C1v11.1zAçü1,:s
No mundo islâmjco não há liberdade para cristãos Vida e morte dos videntes
Guarda Suíça Ponliffda: 500 anos em delesa cio Papado Santa Margarida, Rainha ela Escócia
Surpreendente apetência pelo estudo do latim
Consjcferações sobre o mar: aliança entre o belo e o prático
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PÁGINA MARIANA
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Caro le itor, Por ocas ião da cé lebre confe rênc ia de Ya lla ( 1945) Lri stC111 ' nle célebre, po is importa ntes interesses da causa cató li ca fo ram prej udi ·ados m b ne fíc io cio comuni smo internac io na l - , Churchill , imaginando o gra nd d sgoslo qu I ri a Pi o XH quando to masse conhec ime nto das ímpi as reso luções daque la co nfe rê nc ia, perguntou a Sta lin : "O que achará o Papa de tudo isso?". O sini stro ditado r sovi éti co, me nospreza ndo o poder ela Igrej a cató li ca, responde u ironi ca mente: "O
Papa? Quantas divisões tem o Papa ?".
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CATOLICISMO
Nossa Senhora e o pnme1ro mandamento
Divi sões .. ., rea lmente o Papa não as tinha. Di spunha apenas ele alg um as centenas de g uardas- po ntifíc ios. fn capazes, porta nto, ele impedir que divi sões ele blindados ru ssos arrasassem a C idade cio Vatican o naque la época. Mas a grande força da Santa Jgrej a não provém do mero poder militar. S ua força é sobrenatural , se u poder encontra-se n, Aque le que a in stituiu . Ele, o Todo- Poderoso, o Criador do Céu e da Terra, é quem s ustenta e ilumina a Ig rej a. Entretanto, apesar de não ter um exérc ito e m grande estil o, seri a legítim o que o chefe ela Igreja, como qua lquer chefe le Estado soberano, pudesse constituir suas própri as fo rças regul ares. Tanto para a segura nça da pessoa cio Papa e cios Estados ela Igrej a qu anto para incre mento cio espl end or que é apro pri ado à Corte Pontifíc ia. Tese, ali ás, que mui to desagrada à a la prog ressista ela [grej a, co mo os adeptos da Teolog ia da Libertação, po is estes de fe nde m uma igrej a miserabilista, pobre, despoj ada ele qu a lquer es pl nclor. Das qu atro fo rças regul ares de que cli . punha a anta Sé, a única ainda hoj e ex istente é a Guarda Suíça Pontijrcia - o me nor exército cio mundo. Neste ano e la co mpletou 500 anos de serviço ao Papado. Fun lacl a em 1506, a Gu arda Suíça passo u por val e e montes, por tragédi as e g ló ri as, por cli spersões e reconstitui ções, dando inúmeros teste munho. de heró ica ficle li clacle à Sa nta Igrej a. Em ra zão di sso, ocorrera m na Itáli a e na Suíça di versas ce lebrações ao longo cio presente ano. Em homenagem a esses cinco séculos ele heroísmo, dedicação e ficleliclacle ela G uarda Suíça, Catolicism.o esco lheu e te tema para figurar como matéri a de capa desta edição. Oferecemos a nossos leitores um artigo que não se limita apenas à narração cios acontecimentos, ma · procura 1110 t rar a conjuntura histórica na qual os guardas-suíços lutaram em defesa cios suce sores de São Pedro e cios territóri os pontifícios. Uma grande lição decorre eles ·a épica e multi ssecul ar hi stóri a: a santidade e imorta lidade da fgrej a, Co rpo Místico de Cristo. Nos c inco últimos sécul o , te mpestades vio lentíss imas ameaçara m ca usar o naufrág io da barca de Pedro; a Igrej a passo u por inúmeros in fo rtú ni os, e atualme nte atravessa um cios ma is do lorosos de les, devido sobretudo ao processo de autodemolição apontado por Paul o VJ. E ntretanto, o Senhor De u O nipotente j amais abando na sua Igrej a. E la, portanto, triunfará sempre. Outra grande lição para nós: mesmo quando tudo parecer perdido, tenhamos confi ança e a certeza no triun fo fin al ela causa cató li ca. Desejo a todos uma boa le itura. Em Jes us e Maria,
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Publicação mensal da Editora
D IRETOR
PADRE BELCHIOR DE PONTES L TDA .
paulobri to @catolicismo.com .br
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M odelo admirável para nossas vi-
das, a Virgem Santíssima nos ensina como cumprir o preceito divino: Amar a Deus sobre todas as coisas. , , VALD IS GRI NSTEINS
As bodas de Caná - Duccio di Buoninsegna, séc. XIII
P
or in s ufi c iente formação re li g iosa, muitos não sabem que os mandame ntos da Le i de Deus são hi erárquicos. Isto quer di zer que o prime iro de les impli ca mai s obri gações que o outros. Sendo ass im , para a perfe ição na vici a espiritua l deve mos ser es pec ialmente zelosos em c umprir o prime iro mandamento. Ora, na fo rmul ação desse mandamento - Amar a Deus sobre todas as coisas - há du as partes bem c laras: a primeira é amar a Deus; a segunda, fa zê- lo mais do que a iodas as outras coisas . Quando pensa m sobre esse mandamento, ou quando faze m o exame de co nsc iência, mui tos te nde m a separar uma parte da o utra. Perguntam a si mes mos : E u amo a Deus? Respo nde m que sim , e muito até . Co m isso fi cam sati sfeitos, mas se esquecem da segunda parte . Ora, ao des li gar uma parte da outra, deform am-lhe o sentido. Pois não basta amar a Deus um pouco, ou bas tante, ou de forma pass io nal. É prec iso amá- lo sobre todas as coisas, o que inc lui também os amo res legítimos, até mes mo os mais leg ítimos, como o amor matern al ou fi Iial.
O mais alto amol' <le D eus Por exempl o, é difíc il encontrar algo mai s legítimo do que o amor de uma mãe pelo seu filho. M as, no caso em que Deus coloque para a pessoa a escolha entre o amor de De us ou o amo r ao filh o, uma mãe verdadeiramente cri stã deve sempre escolher o amor ele Deus, por maior e mais leg ítimo que seja o amo r a seu filh o. Mesmo quando esse for seu único filh o. E a partic ipação ele Ma ri a Santíssim a na Paixão ele Nosso Senhor é a pro va di sso. C hegado o mo mento de esco lher entre o amor natura l da mãe po r seu filho, o u levar o a mor de Deus ao ponto de preferir para o filh o todos os torme ntos físicos e mora is antes que desobedecer a Deus, Nossa Senhora preferiu sempre o ma is perfeito.
Al guém poderia di zer que esse exemplo é muito bo nito, mas ... não é prático . Afinal, a qu antas mães Deus pede que ass istam à cruc ifixão cio filh o? O pedido de De us não chega geralmente até a crucifix ão cio filh o, ou algo seme lhante, mas pode chegar, por exemplo, a que a mãe aceite separar-se de le. Di gamos que o filho o u filh a tenh a vocação para entra r num moste iro conte mpl ati vo, o nde os fa mili ares não podem entra r ou tê m as vi sitas severamente limitadas . Mãe verdade ira me nte cri stã aceitará, por amor de Deus, essa separação. Por quê? Exatame nte porqu e o amor de Deus deve passa r por cima cio amo r ao filho. Ora, é nesta maté ri a que notamos uma qu antidade e norme de loucuras, mes mo de pessoas que se di zem cató li cas. Recentemente, tomei conhec imento cio caso de uma mãe que freqüentava todos os di as a igreja, e que, quando a filh a dec idiu entrar para um convento de fre iras carmelitas, fo i domin ada por uma ra iva tal que chegou ao extremo de j ogar di ariame nte rev istas imorai s por c ima cio muro cio convento, na esperança de que a filh a as vi sse e dec idisse mudar de vicia. C hegado o momento da provação, fi cou claro que ela não ti nha um amor de Deus sobre todas as coisas.
As ho<las de Caná N a Sagrada Escritura Nossa Senhora é menc io nada em poucas oportunidades. Uma delas é o epi sódi o das bodas de Caná. Seu coração comoveu-se por ter a fa míli a cios no ivos fi cado se m vinh o sufi c iente. Apresentou a N osso Senhor a situação, e Ele respondeu-lhe de fo rma evas iva. Q ue fez E la? Acaso usou de sua autoridade materna? Não. Manifes tou de fo rma públi ca o dever de amar a Deus sobre todas as co isas. Co mo? D izendo aos servidores: Fazei tudo o que Ele vos disser. Aq ui convém sa lie ntar a palavra tudo e a fl exão verbal faze i. A Virgem não res po ndeu algo como vej am se é possível
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Devoção a Maria Santíssima U m dos pontos ·mais salientes da Religião católica é a devoção à Santíssima Virgem, aos anjos e aos sanLos. Por isso julgamos de muita utilidade tratar dessas devoções nesta seção. eve mos te r uma d e voção tod a part ic ular a Maria Santíssima porque: 1. E la é a Mãe de Deus e ta mbé m nossa mãe; 2. Ela supera e m graças e santidade a todos os anjos e santos;
3. Ela, por , ua inte rcessão, possui o ma ior va lime nto diante de Deus. E la mes ma disse: "Eis que, de agora em dian te, m.e chamarão bem-aventurada todas as gerações, porque me fe z grandes coisas Aquele que é poderoso, e santo é seu Nome" (Lc 1, 48-49).
fazer o que ele sugerir, ou e ntão seria conven iente tentar algo do que ele disser. Não, E la é inc isiva: Fazei tudo. É o dever ele amar a Deus sobre todas as coisas levado à prática. Acontece que o dever ele amar a Deus sobre todas as coisas é parti c ul arme nte d ifícil pelo fato de não compreendermos sempre o que Deus quer. Isso também aco nteceu, em alg umas ocas iões, com Nossa Senhora, mas E la nos mostra como agir nesses casos.
A perda do Menino Jesus Tomemos o episód io do Menino Jesus que ficou alg um tempo desaparecido (Lc 2, 41-52). Aos doze a nos E le foi com os pais a Jerusalém, e no caminho ele volta desapareceu. Os pais o buscaram afli tos durante três dias, e afinal o e ncontraram no Templo. Nossa Senhora perguntou: Meu filho, por que fi zeste isto? Teu pai e eu, angustiados, te buscávamos. Estas palavras nos provam que a Santíssima Virgem não e nte ndi a o motivo ele ta l comportamento. Mais ainda, o pró prio Eva ngelho o di z claramente. Jesus respondeu: Por que me buscáveis ? Não sabeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai? E o evangeli sta ac rescenta que eles não e ntenderam suas pa lavra . Realmente, dava para não e ntender! Se Jesus tivesse dito a eles: Vou a Jerusalém, ocupar-me das coisas de meu Pai, eles teriam consentido sem relutar. Mais ainda, sabendo que Ele é De us, ba tava que lhes tivesse simplesmente dito vou partir ou vou voltar, que e les teriam ente ndido. Por que partir dessa forma, sem avisar, de ixando-os perp lexos e podendo suspei-
-CATOLICISMO
tar que Deus estava irritado co m e les? Po r que fo rçá- los a procurá-Lo por três dias? Deus tinha motivos a ltíssimos para isso. Q ueria dar um exemplo para toda a História, e é a partir desse ep isód io que São Tomá ele Aquino mostra como devemos a ba ndo nar tudo , até os pais mais santos, para seguir a Deus. Mas como pod iam São José e a Virgem saber di sso naquele mo me nto? Nossa Senhora certa mente não e nte ndeu o motivo , poi s o Evangelho é muito c laro nes e ponto. Ma isso não s ig nifi ca que permaneceu sempre sem e nte nder, porque a continuação do Evangelho relata q ue Sua Mãe meditava todas essas coisas no seu coração. O amor ele Deus levou Nossa Sen hora pelo cam inho correto. Nada de revo lta, nada de queixas, nada de repreensões ou mau humor. Pelo contrári o, dedicou-se à meditação para buscar entender o motivo que leva um Deus perfe ito a praticar um ato como esse . Pe la meditação, pe la submissão, pela humildade, E la encontrou a verdade. Este é um exemplo lumi noso para nós. Pois muitas e mui las vezes Deus nos e nvia provaçõe que não e nte nde mos, seja uma doença, seja a separação ciuma pessoa querida, seja uma perda econômica, etc . Se realmente desejamos c umprir o primeiro mandame nto nesse momento de provação, tomemos Nossa Senhora como modelo. Sem nos revoltarmos, meditemos seriamente os motivos que levam um Deus perfeito a permiti r tal coisa. Assim, teremos ap roveitado a lição que a Santa Virgem nos e nsin a . • E-mail cio autor: va ldis~ rin stci ns@catol icis1110.co111 .br
O me lho r exemplo de c ulto a Maria Santíssima nos dão os santos, sobreLudo a Santa Igreja e, e m certo sentido, a própria Sa ntíssim a Trindade. Maria Sa ntíssima é, depois ele Jesus C ri sto, o ma is sublime modelo de todas as virtudes: piedade, pureza, humildade, paciê nc ia, fo rta leza e sobretudo de arde nte amor a Deus e ao próx imo . Jesus, mo rre ndo na cru z, nos legou sua Mãe por nossa mãe: "Filho, eis aí tua mãe. Mãe, eis aí teu jilho". "Um servo de Maria não se perde" (São Bernardo). Nunca se o uviu dizer que tivesse a lgué m recorrido a Maria Santíss ima, que não ho uvesse sido atendido. Uma ge nuína e sólida devoção a Maria Santíssima é um s ina l evicle nle de predestinação à be m-aventurança etern a. A verdadeira devoção a Nossa Senhora consiste: 1. em a má- la com tern ura filial ; 2. em lo uvá- la com fe rv or; 3. e m invocá- la com confi ança; 4. e imitá-la com diligência e perseverança. Em seu louvor, rezemos pontualme nte as "Ave-Mari as" ou "Anj o do Senhor", o terço; e com espec ial preparação, devoção e entu siasmo, celebremos suas fest ividades. De Loclas as formas de devoção, a que mais agrada a Maria Santíssima é por cerlo a fiel imitação de suas virtudes. Pe la imitação de Mari a é que também se con hece ser genuína, e não mero sentimentali smo, a devoção para com Ela. Segundo S. L uís Maria Grig ni on de Montfort, exerce a verdadeira devoção a Maria Santíss ima quem todas as coisas faz: a) em Maria, isto é, no espírito e nas disposições q ue a an imavam; b) com Maria, isto é, com seu auxílio, que e le sempre está in voca ndo; e) para Maria, isto é, para q ue Ela ele tudo disponha li vreme nte; confi ante e le depõe e m suas mãos todas as suas obras, merec imentos e sua própria pessoa, a fim de que E la ele tudo
isso di sponha à vontade para a ma ior g lória ele Deus e salvação das almas; d) Por Maria, isto é, por sua mediação; por sua poderosa intercessão e le pede a Deus todas as graças, e pela mão desta a mo rosa Mãe e le se encam inha a Deus".* •
* Fr. A ntô nio Wa ll cnstci n, O.F.M ., Cateci.1·1110 da Pe1fe ição Cristã, Edi tora Vozes, Petrópo li s, 1956, 3" ed ição.
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tão sortid os. Catolicismo sempre 111 surpreende a cada mês. No mês passado fo i com as mensag ns ele Nossa Senhora ele La Sa lelle, agora neste mês co m esse enfoque novo em outros talentos ele Dr. Plinio. O que será no próximo? Fico à espera ele novas surpresas, sempre aprazíveis, que os Srs. oferece m aos leitores. (LN.E. -SP)
Visão simhólica <las coisas [8J A entrev ista às págs. 22, 23, 24 e
Mestre <le nossa língua Paraben izo o jornalista Armando A lexandre dos Santos pelo aitigo sobre o esti lo de redação do intelectl1al brasileiro Prof. Plinio Corrêa de Oli veira. Pelo estilo de escrever de uma pessoa podemos conhecer bem sua psicologia, e com esse arti go " lemos", por ass im d i ze r, a grandiosidade da alma, da personalidade eda mentalidade do ilustre professor. Realmente, em 1995 o Brasi l perdeu um gigante da intelectualidade, um dos maiores mestres de nossa língua. D ifíci l surgir um semelhai1te que possa igualar tão excepcional capaciclacle ele expressão. Graças a Deus, além do que tenho lido sobre nosso mestre na rev ista Catolicismo, procurando o nome Plinio Corrêa de O li veira na Internet, encontrei o site www.plinioco1Teadeoliveira. info, no qual temos uma enorme vai·iedacle ele temas ele sua lavra. Manifesto-lhes minha gratidão por prestai·-me o favor, um grande privi légio, ele poder conhecer um tão grande homem, com o qual não tive o prazer ele estai·. INFEUZMENTE! (E.C.N. - PE)
/\fJl'aZÍl!eis Slll'/Jl'esas [8J O Dr. Plini o visto por seu lado ele escritor e jornali sta, eis aí um enfoque que passava-me meio cl espercebiclo, acostumado co mo eu es tava a estudar o Dr. Plinio por outros aspectos
-CATOLICISMO
25 com o engenheiro Dr. Linclenberg despertou em mim um forte desejo ele conhecer mai s a biogra fia ele Plinio Corrêa de O li veira. Sobretudo o que conta o Dr. Linclenberg sobre a visão simbólica elas coisas criadas por Deus. Certamente fo i uma grande felicidade ele ter podido privar com um convív io fami li ar co m Dr. Plini o, certamente uma vicia cultural muito acima do comum dos mortai s. Deixo- lhes o meu email para av isar-me imediatamente, se possível, ele novas publicações sobre a vicia ele Plinio Corrêa ele Oliveira. (B.N.N. - RJ)
Insurreição Pcrnamhucana
fatos, e os obri gue a serem fi éis à realilade? Se não se conseguir isso, toda uma geração ficará com um conhecimento fa lseado ele nossa hi stóri a. (U.F.P. - BA)
Nota da Redação : /\ Pala vn-1 <lo Saccrc/otc V os escrevo I ao
toriadores nacionais! Pelo menos os ele nosso tempo. Nos li vros ele H istóri a cio Brasi l, somente desaprende-se a real históri a ele nos. a Páu-ia, como no caso ela narração feita por José Maria cios Santos na revista deste mês loutubro·I sobre os heróis ela Insurreição Pernambucana. No que (cles)aprendemos na escola, os heróis são apresentados como sendo os holandeses, e os nossos heróis como sendo bandidos. Uma inversão ela realidade, onde o " mocinho" é o band ido e o " bandido" é o herói. E m meus livros cios tempos colegiais, o que nai·ram é que os holandeses nos trouxeram o progresso. Veja só que falsiclacle. Os holandeses são elogiados, mas eles invadiram nosso território para nos roubar e nos tornar corruPTos. O que podemo fazer para impedir que nossos h istoriaclore fujam da real idade dos
Vide resposta à carta acima nas pp. 23
a 25.
é por isso que muitos católicos acabam tomando o rumo triste ao mudar ele religião. Para evitai· esse abandono ela I grej a, eu peço que a nossa rev ista Catolicismo faça uma campanha pai·a ev itar que fiéis tomem esse rumo triste que não leva à salvação. (U.G.S. - SE)
ôn go José Lu iz
VillacJ no intuito d vos parabeni zar pelas vossas exce lentes e sa ntas respostas às inúm eras questõ s deste amacio e aba ndonado povo bras i leiro. "Abanclonaclo", me permito dizer, pois é isso que sinto e que vej o cada vez que leio e/o u escuto algum cios " novos sacerd otes frutos cio Concí1io" fa lar aos fi éis "a i nela" católi cos cio Brasi l. Como o Prof. Plíni o, eu continuarei a pedir a Nossa Senhora Mãe e Rai nha cio Brasil para que mais do que nunca reine nesse nosso tão amacio Brasi l. Sem esquecer ele ped ir que Nossa Senhora vos dê muitos e m uitos anos de vicia e saúde, para que nunca vos fa ltem forças para continuar esLa santa e importa nte mi ssão. (D.D.P. - Itália)
Roei<: im 1iável il cawlici<la<lc [8J Queria deixar- lh es meu testemu-
[8J Como procuram nos enganar os his-
ridos até a morte deles, co isa que em ·relação a outros videntes é bem mais clocumentaclo. Será que o senhor poderia me relata r, se possível? (J.C.R. - MG)
nho da importância ela respos ta cio Cô nego José Lu iz V ill ac. Respo nde ume a mim pessoa lmente, como respondeu também a meus filhos e outros j ovens que questionavam o problema elas músicas novas na Igreja. A questão cio rock como inviável à cato li ciclacle precisa ser mu i to clivulgacla. Se me perm i tir, vou envi ar perguntas sob re esta questão. (P.G.C.F. - RS)
Vic/cntcs <lc La Salctte [8J L i a matéria sobre La Salette no número ele Cato licismo ele setembro . Já tinha lido alguma coisa a respeito em outras revistas, mas uma curi os idade que ainda não consegu i so luc ionar é sobre o destino que ti veram os doi s videntes depois dos fatos ocor-
todo j oelho se dobra no Céu, na terra e nos infernos, aí está e aí toda grandeza se ecl ipsa, toda santidade se humilha, se aniquil a. Jesus Cristo aí está!" (C.B. - PR)
Socialismo e o comunismo Vejo que o mal avança pela moleza
Fáhula: "Cócligo Da Vinci"
Virgindac/e, uma ho11rn
Em prime iro lu gar, gostaria ele
Gosto muito ele ouvir falar sobre
parabenizá- lo [Sr. Benoí't Bemelmans·I pelo brilhante artigo "Como escrever uma fá bul a que fisgue o leitor". Acredito sinceramente que foi atingido o âmago ela questão no caso 'cio sucesso cio "Código ela Vinci". Por i sso, fui impelido a lhe escrever esta mensagem, devido à pertinência e, principalmente, à sinceri dade de seus comentári os. Inclusive, acredito que a incericlade é a principal virtud e cio ser humano, tanto que, antes ele lhe fazer meus comentári os mais sinceros, gostari a ele citar um a li ção cio brasi leiríss imo M alba Tahan (ou Júlio César ele M ello e Souza), mediante a qual ele apresenta, com o brilhantismo que sempre lhe fo i pecu liar, a ori gem morfológica e o conceito ela palavra "sincericlacle": "Since-
virgindade porque cá em A ngola, nalgumas tribos, ela constitui um a gra nde honra tanto para a menina como para a própria fa míli a. (C.C. - Lubango, Angola)
ra[ ... ] é umapa/avradoceeconfiáve/". (A.S.C. -
BA)
Ideário cristão [8J Tenho a revista Catolicismo como a representante mais digna cio ideári o cristão. As outras revi stas católicas, lidas como tai , que conheço fazem uma mistura muito grande com uma evangelização que mais confunde do que preserva a pureza cio ensinamento ele Cristo e da Igreja. Para não contundir outras religiõe , tais rev istas têm um texto parecido com os de outras religiões, e o resultado é que deixam o católico meio perdido entre a verdade e o erro. E isso acaba levando as pessoas ao en-o completo, e nunca à verdade. Os outros órgãos ele imprensa católicos precisam ser mais definidos e perder esse medo de contundir as falsas religiões. Acho que
Cateclrais: um Céu na 1'errn A propósito da matéria ele capa ele agosto último, sobre a riqueza e pomposidade elas igrejas e catedrais catól icas, envio-lhe um trecho esclai·ececlorcle São Pedro Julião Ey marcl: " N ão basta à I greja atestar sua fé pela adoração; acrescenta- lhe ainda as honras públicas e pomposas. As marav ilhosas basíli cas significa m sua fé no Sa ntíssim o Sacramento. Ela não quis ed ificar túmulos, mas sim templos, um Céu na terra, onde seu Sa lvador, seu Deus, encontrasse um u·ono digno dele. Por uma atenção ciosa e dei icacla, a Igreja regula minuciosamente o culto da Eucai·istia; não confia a ninguém o cuidado ele honrar seu divino Esposo, pois em se tratando ele Jesus Cri sto realmente presente, tudo é grande, importante, divino. E o que houver ele puro na natureza, ele precioso no mundo será consagrado ao ser viço real ele Jesus. No culto católico tudo se refere a esse mi stéri o, tudo possui um sentido espiritual e celeste; tudo tem uma virtude, tudo encerra uma graça. Quão recolhida se torna a alma na solidão, no silêncio do templo! Havíamos ele exclamai·: 'Aqui há mais que Salomão, mais que um Anjo!' É verdade. Jesus C ri sto, em cuj a presença
cios bons pastores, que diante do altar ele Deus jurai·am defender o rebanho de Cri sto. Que pastores são estes, que vêem o Brasil sendo destruído e não fazem nada? Nesta época ele el eição, nenhum pastor sa i para pedir que as ovelhas não votem na esq uerd a. Pelo contrári o, ficam ca lados ou motivam para votar em candidatos ela esquerda. Tanto o comuni smo como o socialismo são incompatíveis com a doutrina cató lica, quer por sua concepção cio uni verso e cio homem, quer ainda porque atinge duas in stituições que são pilares ela civili zação cri stã, isto é, a propriedade e a fa míli a. Hoje em dia, há aplicações cio sociali smo muito variadas, que vão cio rubro carregado cio'' socialismo marxista" até o róseo muito diluído, quase branco, cio "socialismo cri stão", ou "sociali smo católico", ou mesmo ecológico. N ão é raro encontrarmos reivindicando o rótulo sociali sta para as suas idéias, quer comunistas cleclaraclos, quer esquerdi stas bem menos radicais, quer enfim burgueses sem tendências políticas ou soc iais definidas, mas ele índole tranqüil a e de sensibilidade humanitári a e ecológica algum tanto colorida de influência cristã. A toda esta gama ele pessoas, a afirmação ele que o socialismo e o comunismo são conclenaclos pela Igreja Católica Apostólica Romana pode causar espanto, mas de fato o são, conforme inúmeros documentos cios Papas. (M.F.L. - CE)
NOVEMBRO 2 0 0 6 -
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1 Cônego JOSÉ LUI Z VILLAC
Pergunta -
É um praze r
me dirig ir ao senho r cônego. Sou professor, com cu rso supe ri o r. Estou participando de um estudo bíbli co com pessoas de di fe re ntes re li g iões. Sou católico. As po lê micas aparecem. Surgiu o ass unto da ve ne ração dos sa ntos e N ossa Senhora. Fui desafiad o a mostrar co mo e les, j á mo rtos, podem ser o ni sc ie ntes, onipresentes e o nipo te ntes, inte rced e nd o para fi é is do mundo inte iro, ao mes mo tempo. Vi um a ex pli cação num s ite d a inte rn et, mas e u mes mo não fiqu e i co nve nc ido com e la. O senhor teria como mecolocar isto de forma convincente e clara? Por q ue pedirmos aos santos e N ossa Senhora, se é Deus que te m que tra ns mitir a e les, para depo is e les rogare m a Deus por nós? Não é estranho?
Resposta -
vari áveis espaço/te mpo, sensíve is, enquanto as almas depo is da morte se situam na ete rni dade. Ora, escapa totalmente à compreensão humana a correlação entre situações tão diversas: te mpo/eternidade. Ao falar de eternidade, não podemos concebê- la como um fluir contínuo de instantes, que não tê m fim. Assim, quando, nas aulas de Catecismo, se procura in c ulca r nas c ri a nças a noção de eternidade, ape la-se por vezes para a idé ia de um passarinho que, com o bico, tirasse do Pão d e Açúcar um g rãozinho de te rra a cada cem anos. Quando ta l processo de demo lição estivesse concluído, a eternidade estaria apenas começando. A comparação é didática para introd uzir as crianças, e mesmo os adu ltos, na noção de ete rnidade, mas de fato esta mos j oga nd o co m comparações que, e analisadas do ponto de vista fil osófico e teológico, são in adeq uadas. Pois a eternidade é um contínuo presente, e não um suceder de instantes. Como foi dito,
Se as pessoas de o utras " religiões" partic ipam do "estudo bíblico", não é difíc il identificar a objeção como sendo de origem protestante, po is são eles que se empe nham e m combater a intercessão dos santos, e e m particu lar de Nos- '"_.,., .._...,::-.o ,g sa Senho ra. Mas deixando a ~ origem da objeção de lado ' po is não no s inte ressa ~ polemizar aqui com os protestantes - a teologia católica de há muito já se pôs o problema e oferece a solução para ele.
Duas situações absolutamente diversas Para ente ndê-la, é prec iso começar por considerar que a situação dos ho mens nesta Terra é absolutamente distinta da situação das almas após a morte. Pois a vida nesta Terra está obviamente condic io nada pelas
CATO LICISMO
e convém repetir, trata-se ele uma noção que excede tota lme nte a nossa compreensão, enquanto vive mos neste mundo terreno. Por aqui já se vê o extremo c uidado com que é preciso tratar a questão do re lacionamento dos ho mens nesta Terra com as almas que estão no Céu in
conspectu Altissimi.
Deus é ,1isto "totus sed no11 totaliter" Dizem os teólogos que Deus é visto pe los be m-aventurados no Céu totus sed non totaliter (todo mas não totalmente). Só Deus pode conhecer-se inte iramente a Si mesmo. Os santos na pátria celeste vêem a Deus todo, mas não o abarcam e m seu conhecimento. Pela fé, que é uma semente ele visão beatífica, já nesta Terra temo um conhecimento, por a . im di zer noturno, ele Deus. O que cl'Ele sabe mos pela Revelação, isto é, o que Deus revelou ele Si mesmo no Antigo e no Novo Testamento, por Seu Divino Filho Nosso Senhor Je-
sus Cristo, no dá apenas alguns ele me ntos daque le Ser ao infini to esple ndoroso que Ele efetiva me nte é. Por isso, d e Deus, é infinitame nte mais o que nos resta.ria conhecer. M as pode mos ter també m um conhecimento natural de Deus, pe la luz da razão. Conhec imento inferior, muito imperfe ito, mas a utê ntico. Sendo Deus um ser infinito e m todos os seus atributos, a me nte hum a na não po de obv iamente abarcá-Lo, e o que d'Ele podemos dedu zir pe lo Lumen de nossa razão é um ba lbucio - infi nitame nte me nos do que E le é na realidade. Postas as coisas nestas di mensões - o infinito de Deus e m relação ao finito cio homem - podemos abordar, com as limitações da í decorre nte. ·, a questão proposta pe lo co nsulente.
Onisciente, 011ipresente e 011ipotente, só Deus Os santos não precisam
ser oniscientes, onipresentes e onipotentes para atender às nossas orações. Pois eles vive m
s ufic iente para nos ex tas ia r por toda a ete rnidade !... Por isso dizia São Paulo:
(atualmente, apenas as suas almas, uma vez que a ressurreição dos corpos se dará somente no fim do mundo, exceção feita de Nosso Senhor e Nossa Senhora) na presença de Deus altíssimo, e n'Ele vêem todas as coisas que Deus quer que e les vejam. Para isso, suas almas fora m dota.das , pelo po de r de Deus, ele uma potência superior, chamada visão beatifica, ele que as almas humanas aq ui na Terra não desfrutam. E, na luz ela visão beatifica, têm conhe-
"O O lfc1.0 n.ao - VlU, . nem O OUVlºdO ouviu, nem entrou no coração do homem o que Deus preparou para aqueles que o am.am"
cimento de todas as orações que os homens fazem na terra, pedindo sua intercessão junto a Deus. Como isto é possível, uma vez que provavelmente vári as pessoas estarão, ao mesmo tempo, recorrendo à sua inte rcessão, nas mai s diversas partes cio mundo? Aqui e ntra a incapac idade ela compreensão humana ele e nte nder a correlação tempo/eternidade, de que fa la mos el e iníc io. Em outras palavras , é para nós, na atua l condição aqui na Terra, um mi stério que escapa à nossa compreensão. Some nte no Céu e nte nderemos como isso se passa, quando também nós se nd o sa lv os a lca nçarm os, pe la graça de Deus, a visão beat(ftca . E, as im mes mo, a visão beatifica, embora impli que na ca pac id a d e de ver Deus face a fac e, como nos e ns ina a teo logia católi ca, não sig nifi ca q ue nossa inteli gênc ia conseguirá aba rcar todo o mistério da divindade. Assim , no Cé u , nun ca f icarem os e nted iados, pois, de um lado, sempre descobrire mos co isas novas e m Deus e, ele o utro lado, qualquer a pecto ele Deus que contempl a rmos será
(l Cor 2,9).
Nacla ele estranho na rogação dos Santos Voltando à o bj eção propos ta ao nosso consulente, durante o tal "estudo bíblico", nada há de estranho e m que Deus queira assoc ia r às graças que concede aos home ns a inte rcessão dos sa ntos e m nosso favor. Pois, ao criar o ho me m, Deus o constitui desde o princípio co mo seu in strumento pa ra a ed ifi cação e go verno cio mundo , para a transmissão da vida, e sobretudo, por C ri sto e e m Nosso Se nh o r Jesus C ri sto, para a transmi ssão e co muni cação da fé aos d e m a is ho me ns, pa ra c uj a salvação cooperam os . "De i enim sumus adjutores" - d iz ia São Pau lo (I Cor 3,9) . E no Céu não cessa tal co la boração, a ntes a um e nta, pois os Sa ntos aí dese mpe nh am um a fun ção a inda ma is e levad a, que é a ele ajuda r os que estão nesta Terra a se e nca minh are m para o Cé u, com se u poder de inte rcessão junto a Deus. A idé ia ele que nossas orações c hega m direta me nte a Deus, que depois as " transmite" aos santos, para que estes a reapresentem diante cio trono do Altíssimo, é uma mane ira. imprec isa ele se referir à visão beatifica , pela q ua l os Santos vêem diretame nte em Deus as súp licas que os home ns nes ta Terra lh es diri ge m . Fo rmul ad a e m termos ma is precisos, como procuramos faze r, nada há ele estra-
nho nesse conhecime nto que os sa ntos têm, pe la visão beat(ftca, de nossas perorações a eles dirigidas. Por o utro lado é pate nte, na objeção, a implicânc ia cio espírito rac io na li sta protestante contra t11do que s ignifique valorizar a co laboração cio homem na salvação eterna ele seus irm ãos. Para nós cató licos, o fato de Jesus Cristo ser apontado na Escritura como único Mediador e ntre Deus e os homens (cfr. I Tim 2,5) não s igni fica que Ele não possa associar o utras criaturas - anjos e santos, e sobretudo Nossa Senhora - a essa Mediação. Não esq ueçamos qu e os santos são a migos de Deus, seg undo a palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Não mais
vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que fa z o se-
nho1'. Mas chcunei-vos amigos" (Jo 15 ,15). E o que há mais natural do que um ami go que rer prestigiar seu amigo, associando-o à. suas princ ipais obras? E quem , e ntre os a mi gos de C ri sto , fo i ma io r e ma is a mad o por E le do que s ua Mãe Santíss ima? Por isso Ele a constituiu M edianeira uni ve rsal ele todas as graças. Tese que ho rripila os protestantes, e a nós cató li cos e nc he ele gozo e é uma ve rd ade de Fé. Espero que estas considerações ajudem o prezado consul ente a e nfocar adequadame nte a questão que lhe foi proposta, e para a qual pediu o nosso auxílio, de modo a e nfre nta r vitoriosamente os seus opositores. • E-mai I do autor: conego joselui z@catoli cismo.com.br
NOVEMBRO 2006 -
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Cr~me suspeito: assassinada iornalista anti-Putin
Júbilo no Japão: nasceu um herdeiro varão
A
re nomada jornali sta russa Anna Politkovskafa, que vi nha denunciando os métodos KGB do pres idente Putin , morre u vítima de assass inato perpetrado e m Moscou . Putin te ntou minimi zar as suspeitas, di zendo que e la e ra " insignificante" no país. Esse come ntário ele Putin "mostra a atrn.osf era de
ódio, animosidade e terror latente que reina entre nós, ligada a esse homem ", adve rtiu o preside nte ela União dos Jornalistas da Rússia, Ysevolod Bogclanov. O ente rro ela jorna li sta tra nsformou-se num ato de protesto contra o governo, o qu al está restaura ndo a ve lh a ditadura comuni sta sob outras roupagens. • A jorna lista Anna Politkovska"ia
População brasileira parou de crescer, diz IBGE
S
egundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde 1970 a taxa de natalidade brasile ira vem caindo mais rapidame nte que o esperado, e hoje ating iu o limite da re pos ição populac ional: a popul ação bras il eira parou de crescer. A prosseguir essa tendê nc ia, nos próx imos anos começará a minguar, como ali ás já é fato na Rú ssia, onde a revolução comuni sta, sensual e igualitária levou ao abandono da Le i de De us na prática, o que te m conseqüê ncias até hoje. Está em c urso no Bras il um processo a nálogo. Em Fátima a Santíss ima Virgem previu que, como castigo pe los pecados dos homens, muitas nações desapareceri am. U m dos modos ele desaparecer é a diminuição progress iva da po pulação. Que E la interceda pe lo B ras il , a fim de que nossa nação não seja uma dessas ! •
O
"L
Falência de iornal-símbolo da esquerda francesa
ibé rati on", o j ornal pari sie nse símbo lo da Re volução da Sorbonne de maio de 68 e ponto de referência das esque rdas fran cesas, faliu por falta ele leitores e conseqüe nte queda de receitas . O di ári o sobrevive u nos últimos anos devido a um desses misté rios do hiper-capitali s mo, que teoricame nte deve ri a estar no pó lo oposto ao do ana rqui smo comuni sta do " Libération". O banque iro Edouard ele Rothschilcl cobri a s istematicame nte os d~ficirs cio jornal, até que estes tornaram-se insuste ntáveis. Os pecados e crimes ori ginados e m maio de 68 pro moveram a imoralidade nos costumes e constituem uma das causas determinantes ela fru stração mode rn a. Convé m observar que nas novas gerações registram-se algumas tendê nc ias contrá rias a maio ele 1968. •
Perseguição comunista segue inflexível em Cuba
A
pe rseguição comuni sta ao cato li cismo não amainou e m Cuba, apesar ela po lítica de diste nsão da Santa Sé com o regime castrista. Recente mente o bispo ele Pinar dei Río, Mo ns. Jo sé Siro Go nzález B aca ll ao, re ve lo u qu e a Bibli o teca Di ocesana foi expul sa cio seu loca l, e que agora, mai s ele um ano de pois "daquele infame e inaudito despejo, [.. .] os li vros estão dispersos em várias casas de fiéis". O governo confi scou primeiro a escol a católica que acolhia a bibli oteca, depois abriu buracos no teto para a água filtrar e estragar os li vros . Por fim , maldosame nte, sob pretexto de re paros, obrigo u-a a abandonar o local, segundo declarou o prelado à revista c ubana "Vitral". •
Videogame excitou fúria de iovem a ssassino
A
lucinado pela violênc ia cios videogames, o estuda nte canadense Kim veer G ill , de 25 anos, entro u na U ni versidade de Montreal atirando indi scriminadamente contra os a lunos, matando um, ferindo 19, e por fi m suicidando-se. No seu blog, o assassino serial di zia-se fã do jogo on-line Super Columbine Massacre, inspirado na chacina de 13 estudantes efetuada por dois jovens numa escola do Colorado (EU A). Reações análogas podem se re petir e m jove ns moral ou psicologicamente débeis, be m como abalados por problemas fa mili ares, que se dedicam a jogos desse tipo de videogames. •
CATOLICISMO
na~cimento ~e um filho va,_·ão cio pnnc 1pe Akl shino e el a princesa Kiko, nora cio Imperador cio Japão, susc itou uma onda ele júbilo no pa ís. A notíc ia e ra ag uarel ada ans iosa me nte pe la popul ação, o nde a fa míli a rea l des fruta ele a mpl a po pul aridade. O be bê será o terceiro na linha de sucessão ao tro no j aponês . Quando a vicia pública é penetrada ele espírito fa mili ar, e sobretudo mo ldada pela boa influ ência das famílias mai s tradic ion ais, o pe rigo ele degradação moral ela sociedade fi ca muito redu zido. •
Escolas públicas separadas por sexo aumentam nos EUA
M
ais ele 220 esco las públicas america nas cri aram aulas só para meninos ou me ninas. Muitas outras ca minham para esse sistema, assim como numerosas escolas priv adas. Estud os ci e ntíficos mostram que a educação mista cau sa danos objetiv os para a e du cação el as c ri a nças. Na
Woodward Elem.entary School, na F lóricla, onde as classes separadas são opc iona is, ve ri fi cou-se que nos cursos só para me ninas 75 % de las eram aprovad as, e nqu a nto nas c lasses mi stas a penas 57 %. Nas cl asses ele me ninos os índices de sucesso fora m de 86%, e nas classes mi stas 37%. 2.22 1 estudos sobre a educação mi sta, anali sados pelo Mini stéri o de Educação, confirmam em geral as vantage ns das a ul as separadas por sexo. •
Socialismo sueco sofre derrota histórica
"Dança litúrgica" causa escândalo em Buenos Aires
U
ma esquisita Teodança, ou dança pseudo-litúrgica tipo Nova Era, vem sendo experimentada em igrejas de Buenos Aires como "novo modo de se aproximar de Deus ". Com um palavreado do estilo New Age, ela pretende
"associar o corpo às práticas da espiritualidade", segundo o diário portenho "La Nación". Tal dança inspira-se em práticas pagãs da África e da Índia, mas o modelo atual provém de mosteiros de religiosas trinitárias na Cantábria (Espanha) . A dança causou escândalo, confessaram os "animadores" da igreja de Santa Catarina, no centro da capital platina.
Fundamentalismo islâmico e comuno-progressismo
"O
Islã é o combustível da revolução",
disse o presidente esquerdista venezuelano Hugo Chávez ao presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, quando visitavam um campo petrolífero na Venezuela. E acrescentou em referência aos EUA e à Hierarquia eclesiástica : "Cristãos autênticos também enfrentaram o Império Romano e a Hie -
rarquia religiosa . [... ] O cristianismo é fundamenta/mente revolucionário, assim como o Islã ". A confissão de que existe uma concordância entre o lslâ fundamentalista e terrorista, de um lado, e a Teologia da Libertação e o esquerdismo latino-americano de outro lado, deixou constrangido até o presidente extremista do lrâ .
O
soc ialis mo sueco obteve o seu pio r resultado nas urnas desde 19 14 e perde u o gove rno cio país. A vitoriosa opos ição de centro-direita funda me ntou sua ca mpanha na pro mes. a de reformar o fa mi gerado estado de bem-estar social, que pe lo visto não é aprovado pelos cidadãos Fredrik Reinfeldt, candidato vitorioso da S uéc ia. A coalizão vi toriosa, entretanto, está d ividida e ntre os que quereri am desmantelá-lo pu ra e simplesme nte e os que quere m redu zilo, concedendo- lhe uma sobrevida e nve rgonhada. •
O presidente do Irã e Hugo Chávez
NOVEMBRO 2006 -
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NACIONAL
Eleição 2006: nova perseguição religiosa? A questão do aborto, levantada na hora certa por
um grupo católico - a Frente Carioca Pela Vida - altera no Rio de Janeiro os resultados da eleição para o Senado
[] PUNIO V1 0 1GAL XAVIER DA SILVEIRA
M
andado judicial de busca e apreensão no Arcebispado do Rio de Janeiro e no gabinete do Cardeal E usébio Scheid . Ordem judicial ao Cardeal do Rio de Janeiro e a seu bispo auxili ar para que orientem "a todos os párocos, vigários paroquiais, diáconos ou eventuais celebrantes de ofícios religiosos, no sentido de que se abstenham de qualquer tipo de comentário ou referência político-ideológica, sob pena de caracterizar-se desobediência à presente ordem judicial". Essas duas arbitrariedades contra a liberdade do clero católico de orientar seus fiéis foram cometidas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro - TRE-RJ, nos dias 21 e 25 de setembro p.p., nas vésperas do primeiro turno das eleições.
Você teria coragem de matar alguém? Euma crlan!a
INDEFESA? NAOA, 11 un CRI (l»ITRU VI AI RHHA U VOTO COHSClfNTII NÃO HIA CONIYJIIRI
JAlltllA,. CAIIIIDATA IO oom
Goveriw Lula tem prnjeto de abo1'to
Quais os antecedentes desse episódio? Em setembro de 2005 a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, tendo à frente a ministra Nicéia Freire, encaminhou ao Congresso Nacional um projeto de lei do Governo, elaborado por uma Comissão Tripartite (integrada por representantes dos Poderes Executivo e Legislativo e de entidades da sociedade civil, em CATOLICISMO
Folheto distribuído pelo Frente Carioca Pela Vida
.c uj a participação a l greja Católi ca não fo i admitida) que propu nha adescrimin ali zação do aborto no Brasil. No dia 4 de outubro de 2005, a deputadaJandira Feghalli , do PCdoB , po r um a manobra parlame ntar, tentou fazer aprovar esse projeto numa das comissões da Câ mara dos Deputados. D iante da reação do público anti-abortista presente na sala da com issão, a re lato ra Feghalli retiro u o projeto ele di sc ussão. Com a entrada cio ano e leitoral, o projeto fo i de ixado para ser debatido após o plei to. É prové:1 ve l que o tenh a sido para não tornar pública a posição cio governo a favor do aborto.
ti co- ideo lóg icas, proibi ção esta exte nsiva a todo o clero cari oca. O próprio Ca rdea l co nvocou a imprensa a es tar prese nte no ho rár io marcado para o recebimento ela notificação, e nessa ocas ião rec usou-se a recebê- la.
Candi<lata ao Senado pelo Rio de Janeil'o
Jandira Feg ha lli candidatou -se ao Senado pelo es tado do Rio. As pesquisas e le itorais in dicavam, até l0 di as antes ela e le ição, uma boa vantagem dela sobre seu principal adversário, o ex- ministro Francisco Dorn ell es. A Frente Carioca Pela Vida <ii fez uma di stribui ção ele folhe- { E tos em g rande quantidade, no à ~ Ri o de Janeiro, denunc iando ":f!,___ _ _ aque la proposta el a deputada a Jondira Fegholli favor do aborto, a qual tinha sido escondida dos eleitores durante a campanha eleitoral naq uele estado. Com a corajosa reação de S ua Em 21 ele setembro, a C úria Me- Eminênc ia, a notícia foi para os jortropo li tana do Rio fo i surpreendid a nais. Estava criado o caso. Um recurso foi interposto ao por um absurdo Mandado Judicial de Busca e Apreensão ele "material de TRE-RJ, qu e dec idiu , por c inco vopropaganda eleito ral em desfavor" tos a um , anular as absurdas med ida candidata Jandira Fegha lli ao Se- das judiciais contra a Igreja. Mas o es trago es tava feito, pois a publici nado, pedido pe la co ligação (PT, PSB e PCcloB). dade em torno do assunto inverteu o Em 25 ele setembro, o Eminentíssi- resultado da eleição, e Dornelles venmo Sen hor Cardeal Dom E usébio ceu co m mais de 600 mil votos ele Scheid e seu bispo aux iliar tomaram co- diferença. Tornado público, o projenhecimento de outra ordem judicial, to abortista derrotou Jandira Feghalli, proibindo-os de mani festações po lí- que havia mandado preparar doi s dias
de co memorações, tão certa estava ele sua vitória. O aborto e a reação do po 110 /Jrasilcil'o No ano ele 2003, o IBOPE fi zera uma pesq ui sa ele ca ráter nac io nal a res pe ito cio aborto. Ma is ele 90% dos interrogados mani festaram-se contrári os à ampliação lega l dessa verdade ira matança de inocentes. Por ma is que essa pesqui sa tenha s id o infe li z na escolha da amostra inte rrogada, não pode restar a me nor dú vid a de qu e a maiori a ele nosso povo seja contrária ao aborto. A inversão do res ultado da e leição para senador no R io ele Jane iro bem demonstra quanto os brasi leiros se encontram mal informados sobre a verdadeira posição ideo lóg ica ele nossos políticos. Acaso sabem os eleitores qu e o PT tem o abo rto como um cios pontos de seu programa, e qu e seus cand idatos são ob ri ga do s a obedecer às posições partidárias? A respeito desse desconhecimento cios programas partidários, é oportu no lembrar exemplo signifi cativo: um candidato do Partido Vereie, quando pedia votos durante a campanha, declm·ava-se contrário ao desarmamento; mas esse mes mo desarmamento é ponto básico cio programa oficia] do partido. Enquanto os partidos po líticos e candidatos não se modificarem e adequarem se us programas e idéias aos leg ítimos anseios das diversas correntes de nosso povo, a po lítica desmora li zar-se-á no País, e os homens sérios co ntinu arão a de la se afas tar. De ixarão assim que os destinos ele nossa Pátria fiqu em quase exclusivamente em mãos de ave ntureiros. • E-mai l do au tor: plin iox avier @catol icismo.com.br
NOVEMBRO 2006 -
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INTERNACIONAL
1
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O teste-atômico da Coréia do Norte: ato de loucura ou manobra ladina? A umentou muito a intranqüilidade que paira sobre o mundo, ao se constatar a transformação da Coréia do Norte num bazar de arinas nucleares, à disposição de grupos terroristas internacionais p ! RENATO M URTA DE V ASCON CELOS
Correspondente Espanha
Madrid - 9 de outubro de 2006. Dia hi stórico para a Coréia do N orte. E nfre ntando fo rte opos ição dos EUA , Japão, Coréia do Sul e C hina, e la reali zou nesse di a seu prime iro teste nuclear ao explod ir subterraneamente uma bomba atô mi ca. O fato preocupa especialmente por ser aquele país um dos últimos regimes comuni stas do mundo de cunho estalini sta, sob o fé rreo comando de Kim Jong-Il , um ditador excêntrico e inescrupuloso, do qu al se podem temer as piores aventuras. À testa de um g igantesco exército de mai de 1.100.000 homens, 1 Jon g- 11 saudo u o teste co mo um g rande aco ntec im e nto hi stórico . Opini ão compartilhada pelo grande públi co norte-coreano? Não se sabe. O "amado líder'',2 como se faz chamar, impõe despoticamente seu poder ao país, no qual a pe rseguição re ligiosa e o patrulhamento ideo lóg ico impedem qu alq uer oposição ou crítica, e o nde o g iganti ·1110 estatal e a inoperância burocrática produ ze m uma es pantosa mi séri a e fo me. Como se chegou a tudo isso? A penínsul a da Coréia, q ue confina em grande parte com a China - possui também 17 km de fro nteira com a Rússia - fo i do minada pelos j aponeses de 19 1O até o fi nal da Segunda G uerra Mund ial. Com a de rrota do Eixo, as potências vencedoras d ivid iram a penínsul a em CATO LI C ISMO
duas zonas de ocupação . A região ao sul do paralelo 38 fo i ocupada pelas tropas american as e a do norte pe lo exército vermelho . Sob o bafejo da Rúss ia e da China começaram imediatamente os preparativos para a instalação de um regime de inspiração comunista ao norte. U ma das medidas consistiu em fo mentar, a parti r do fi m de 1945 , uma fo rte onda migratóri a de coreanos comuni stas residentes na U nião Sovi ética. Outra fo i a fund ação do Bureau Norte-Coreano do Parti-
do Co muni sta sob a pres idência de Kim il -S ung. E ram inequívocos os sinais de um a próx im a instalação da ditadu ra comuni sta. O que provoco u séri os protestos, sobretudo de estudantes. Tais reações foram contudo es magadas de modo vio le nto e praticamente definitivo. Pari passu, os co muni sta s do norte fo me ntava m movimentos subversivos e guerrilheiros no sul.
modo estupendo, como a Ale manha oc iclental; os países subjugados pelo co mu ni sm o - esse reg ime antin atura l, co mo apostrofo u Pio X I em sua encíc lica Divini Redemptoris - caíam no marasmo, na estag nação, e ro laram até a pobreza ex trema. J A Co ré ia do Sul desenvo lve u s ua econo mi a a passos de g iga nte, tran sforma ndo-se numa gra nde ex po rtadora ele be ns ele co nsumo. Na Coréia do Norte, pe lo contrári o, a estag nação produ z iu um a esca. sez qu e c ustou, so me nte na década de 90, mais de 2,5 milhões ele vici as, ou seja, pouco ma is de um déc imo el a po pul ação .
O chcl'c do P'I' ela Coréia Indi fe re nte a essa ime nsa tragédi a, o d itado r vi ta líc io K im il -S ung, o ho me m escolhido por Moscou para d iri gir a Coré ia cio Norte nas send as do comun ismo, desde junho de 1949 chefe do Partido cios
T ra balh adores ela Coré ia (PTC), e ago ra chamado ele "o grande líder", levou o país a um isolamento cada vez ma ior. A par ele seu engessa mento doutrinári o nos ve lhos dog mas do comuni smo, procurou esconder ela popul ação os êx itos econômi cos ela Coré ia cio Sul. Com o des moron amento cio comuni smo nos países cio Leste Europeu, ta l iso lame nto não fez se não aume ntar. Kim il -S ung morreu e m 1994. Sucedeu-o, na chefi a do Partido Comuni sta, se u filh o, o "amado líder" Kim Jo ng-Il , o atual "grande sol da nação" e res po nsável pe lo teste nuclear cio mês passado. O teste constitui um desafi o aberto aos ape los do pres idente dos EUA, cio secretári o-geral ela ONU, do prime iromini stro do Ja pão. E m reta li ação, o Japão fec hou os portos e pro ibiu a importação ele produtos da Coré ia cio No rte. A China limitou-se ini cialme nte a repreensões verbais; agora considera a poss ibi-
Regime de miséria comunista A República da Coréia do Norte fo i fund ad a no di a 8 de outub ro de 1947, e a do Sul três semanas antes, no dia 15 de setembro. Di vidida a península em dois países, a Coré ia do Norte tentou abocanhar a Coré ia do Sul. E m 1950, num primeiro avanço, as tropas comuni stas do norte conquistaram boa parte do sul. Entretanto, não conseguiram se estabelecer. Os comunistas tiveram q ue rec uar, de um lado porque não a lcançaram apoio da popul ação civil ; de outro, porque as tropas sul -coreanas receberam apo io do exército norte-americano. A C hi na interve io a favo r da Coréia do Norte e a Guerra da Coré ia acabou transformando-se num conflito s in o-americano, e ncerrad o ape nas em 1953 com o tratado de Panmu njo n, que manteve praticamente as fronte iras anteriormente estabelec idas . Desde então, repeti u-se na Coréia o que se viu no pós-guerra no mundo inteiro. Enquanto as nações livres que e envo lveram no confli to mundial curavam suas feridas, desenvolviam-se e prosperavam de
Uma dinastia de ditadores marxistas O ditador Kim il -Sung morreu em 1994 depois de quase 50 anos de poder absoluto, "endeusado" pelos camaradas do Partido dos Trabalhadores, após ter silenciado toda e qualquer oposição e criado um ciclópi co aparato militar . Depois de trê s anos de "luto", foi sucedido por seu filho Kim Jong -11, tido como extremamente matreiro e voluntarioso. A vaidade de Jong -11, 62 anos, também não conhece limites . Querendo parece r mais alto do que é - ele mede 1,62 m - além de usar sapatos com sola des me suradamente grossa, levanta O ditador Kim il-Sung e engoma o topete de seu cabelo. Do pa i herdou t amb é m o "culto pesso a l" . Provavelmente nas cido nas trin c he iras , quando se u pai e ra gue rrilheiro , a má quin a de propagand a gove rn a me nta l difund e que t eria nascido na "m onta nha sagrada " Paekdu, e que no di a de seu nasc im e nto teria m ocorrido fato s extraordin á rios. É um a figu ra tragic ô mic a , cognominado de o "o gra nd e sol da na ção", cons ide rado um "gênio do te rro rismo", líde r de um reg ime bruta l. Enquanto chefe nos anos 70 e 8 0 das Tro pas Especiais, fo i respon sá ve l por diversos atentados, e ntre outros o ataque ao jato da Korean A irlines, cuja derrubada c usto u 115 vidas humanas . J ong-11 , um paranó ico ou um ator que se esc onde atrás da másca ra da lo uc ura para oc ultar suas intenções e mant e r o mund o em estado de susp ense?
liclacle ele construir uma muralh a ao longo de sua fro nte ira com a Coré ia ci o Norte. Não se sabe be m co m que sinceridade, pois a China é tida e havida co mo a grande mentora ela Coré ia cio Norte. A Coré ia cio Sul , a mais gravemente ameaçada pe lo eve ntual poderi o nuc lear do norte, cancelou tratados de cooperação eco nô mi ca.
1'Cl'l'0rismo intcnwcio11al Res ultado in equívoco da ladin a e o usada manobra ele Jo ng-11 - dir-se- ia um ato ele loucura, no qua l entretanto há método - é des pres ti g iar os Es tados Unidos e transformar o Tratado de NãoProlife ração de A rmas Nuclea res e m mero pedaço de pape l. De o utro lado confir ma o fracasso estrondoso ela po líti ca "enso larada" ela Coré ia do Sul de aprox imação com o Norte. Evidentemente fo mentará na região uma corrida armamenti sta. Tanto a Coré ia cio Sul quanto o Japão procurarão obter o mais rápi do possíve l o acesso a armas de dissuasão nuclear. E outro perigo ainda fica pairando no ar: doravante a Coré ia do Norte pode se transformar num bazar de armas nucleares, no qual grupos ten-oristas internacionais e a máfia do crime organizado adquiram armas nucleares a seu bel prazer, tendo assim em suas mãos um elemento ele chantagem de poder incalculável. 9 de outubro de 2006. Di a hi stórico para a Coréia do Norte comuni sta. E para o resto do mundo também .. . • E-mail do autor: renatovasconcclos@catolicismo .com.br
Notas: 1. Em proporção à popu lação de 23 milhões de hab itantes, o exérc ito da Coréia do Norte talvez sej a o maior do mundo, seg uido de perto pelo cubano. 2. Em alemão se d iz "der beliebteftihrer". Doutrina, modos de ser, métodos de ação do naz ismo, so b o co mando do l'lihrer Hitler não di feri am muito dos em pregados hoj e pe lo führer Jong-11. 3. T ri ste exemp lo di sso na A mérica Latin a é Cu ba, onde o salário de um pro fessor não passa de 35 reais, o de um médico 55 e o ele um motori sta ele táx i 22. É propo rcional a esses va lores a minguada bo lsa- família de 50 rea is co ncedida pelo governo brasi leiro a famíl ias pobres espec ialmente cio Nordeste.
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Como se empurra uma sociedade ladeira abaixo
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m dos condutos pe lo qu al se procura fo rçar a sociedade brasile ira a aceitar a legali zação do chamado "casamento" hom ossex ual são as novelas. Não há aberração moral de que estas não se façam eco. Páginas da Vida, seguindo o mesmo diapasão das últimas três nove las das oito da "Globo", também inc lui personage ns ho mossex ua is. D es ta vez, no entanto, é dado um passo a mais: dá-se a entender que um casal homossex ual é algo inteiramente normal. "O casal lhomossex ualJ, segundo o meu projeto, [... ] vai leva r vida comum, normal, como se foss e um casal composto de um homem e uma mulher. Vão receber a família e os amigos, como qualquer casal. Os pais de ambos verão os .ftUws com total naturalidade" - exp li ca o autor Manoel Carlos ("Fo lh a de S. Paul o", 18- 9 -06). Semp re seg und o Manoe l Carlos, os doi s homossex uais serão tão " normai s" que poderão até adotar uma criança. E terão um momento de heróis: cu ida rão de uma menina persegu ida por sua avó. Tudo isso é para ser eng oi ido pe lo público que, mesmo não gos tando , acaba absorvendo por fa lta de desejo de lu tar, e assim participa do pecado de aceitação. Não nos referimos a todos, é claro. Ex istem também aqueles que protestam e se negam a ver tais novelas. Mas infelizmente o nú mero de les é bem menor do que deveria ser. Por isso Nossa Senhora chora! Até o momento em que suas lágrimas se tran sformem num a chuva de fogo, a exe mplo de Sodoma e CATO LICISMO
Gomorra. É o qu e a Mensage m de Fátim a nos promete, e talvez não esteja tão longe. Pmpagall(/a infame
"A Associação Brasileira de Turismo GLS, com o apoio da Pref eitura de São Paulo, vai realizar na semana do f eriado de J5 de novembro a Semana da D iverC idade. A programação inclui um .fórum para discutir o mercado GLS !constituído por homossex uais], debates sobre os códigos e usos da linguagem pelo segmento GLBT, e a inclusão do 'd(ferente' na literatura infanta-juvenil " ("O Estado de S. Paulo", 2 1-9-06). Ao que parece, até as cri anças serão objeto dessa propaganda infame! O apo io oficial aumenta a grav idade do evento. Seguimos a llolanda
Só quem quiser cegar-se não vê que os próximos passos poderão ser a promoção da pedofilia, do nudismo e outras abom in ações. Hoje em dia existe em certos círcu los a hipo-
cri sia de defender a prática homossex ua l e co mbater a pedofilia. Mas isso não se sustenta, pois a pedofilia é apenas um dos aspectos do homossex uali s mo - talvez o mai s abe rrante, por utili zar cri anças inocentes. E a prática ele ta is aberrações é uma ra mp a qu e, um a vez ini c iado o deslizame nto, vai até o fundo desse infe rn o moral, caso não se lhes oponh a um a barreira. A Holanda sa i na frente nesse ca mpo. Um tribunal holandês autori zo u a ex istênc ia do partido político c ha mado Partido de Amor ao Próximo, Liberdade e Diversidade, cuj a principal plataforma é a defesa da pedofilia. O partido defende o exo e ntre adu ltos e cria nças e pede a red ução ela chamada maioridade sex ua l no país de .1 6 para L2 anos. Isso ini cialmente, pois é previsível que , para o futuro, sej a e limin ado qualquer limite de idade. Prega ainda a libe rali zação das drogas pesadas e a nud ez em púb li co, entre outras aberrações morai s. •
A Europa prefere não considerar o grave perigo islâmico A ameaça maometana é uma realidade para todo o mundo ocidental e cristão, sendo especialmente grave quanto ao Velho Continente. Entretanto os ocidentais não atribuem a tal perigo a devida importância.
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Prof. Dr. Efrem Yildiz, nascido na Turquia em 1966, descendente de assírios, é católico de rito caldeu . Teólogo, domina vários idiomas orientais . Leciona atualmente na Universidade de Salamanca (Espanha), ocupando a cátedra de História, Cultura, Língua e Literatura cristã -aramaica . Em entrevista concedida ao correspondente de Catolicismo em Viena, Sr. Carlos Eduardo Schaffer, o Prof. Yildiz fez decla rações de suma importância visando despertar os ocidentais para a gravidade do problema que representa atualmente o mundo islâmico. Nosso correspondente o entrevistou por ocasião de recente viagem à Áustria, onde o Prof. Yildiz participou do seminário sobre o tema Islã e Cristianismo, realizado no Santuário de Sonntagberg. O alerta lançado pelo eminente professor não tem finalidade sensacionalista. Ele não exagera, pois tem noção clara e objetiva do problema e fala com muito conhecimento de causa. Segundo ele, o desejo do islamismo de dominar a Europa não é quimérico, mas sim um propósito explícito de levar avante sua dominação. Ainda segundo o entrevistado, não há possibilidade de diálogo com os maometanos, pois eles não o aceitam. De acordo com eles, não pode haver liberdade para os cristãos.
Catolicismo - Professor Yildiz, em que região do Oriente o Sr. nasceu? Prr~/: Yildiz - Nasc i numa zona que anti ga mente se cha mava Mesopotâmia , pertencente ao anti go rein o dos ass íri os babilônios. Essa reg ião é atualmente conhec ida sob a denominação geográfica Tigre e Eufrates. Fo i dividida em vá ri os setores, entre Turquia, Iraq ue, S íri a e lrã. A zona na qual nasc i corresponde atualmente a uma área no sudeste ela T urquia.
/'mi: Yil<lfa:
"Os turcos sempre nos discriminmram enquanto cl'istãos, o que eles COllSi<lermram como algo <lcprnciativo. E isto se dan, em toe/os os 11freis sociais".
Catolicismo - Por que teve o Sr. que deixar a Turquia? Prof: Yildiz - Porque, uma vez te rminada a esco la ele me ntar turca, recebíamos um pouco de fo rmação lingüística. Estudamos o ara maico, q ue é nossa língua materna; mas, sobretudo na Turquia orienta l, era muito difícil conti nuar estudando. Concluídos os estudos na esco la elementar, deixei o país à procura ele estudo superior. Catolicismo - Quando o Sr. estava na Turquia, havia perseguição religiosa no país? Prof: Yildiz - Pode-se compreender a persegu ição ele modos diferentes. Se co nsiderarmos como perseguidos os que sofrem privação de direitos conced idos ao resto cios mortais, então sim, havia perseguição. Era o tratamento injusto cio ponto de vista soc ial. Quer di zer, em nossas carteiras ele ident idade constava então nossa religião. O governo turco obrigava a esse proced imento, e isto era uma espéc ie ele perseguição, pois em qual -
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tes através da palavra, também deves converterte através da espada ". E assim se justifica a guerra. Deve-se mati zar se se trata de guerra santa (a
Jihad, por exemplo) ou de uma guerra declarada entre diferentes clãs. Há uma guerra movida contra o "infiel" e outra empreendida por ra zões de defesa, de vingança ou outra. Catolicismo - A prática religiosa católica na Turquia é livre? Pr<~f Yildiz - Os oc identai s crêem que com seus esque mas, seus métodos, seus modos de racioci nar, podem co mpreender um a soc iedade tipicame nte ori ental , como é a sociedade turca. Desde que o islamismo dominou a Turquia, jama is houve uma libe rdade reli g iosa tal como ex iste nas constituições laicas oc identai s.
qu er situação é ramos vistos como cristãos. Os turcos sempre nos discriminavam enquanto cristãos, o que eles consideravam como algo depreciativo. E isto se dava em todos os níveis soc iais. Certamente hav ia também a forma de perseguição não organi zada, mas fe ita por certos grupos islâmi cos que pressionavam , persegui am, e por vezes matavam.
Maometanos em oração dentro de mesquita
Pro.f Yildiz - Por di á logo entende-se na Turquia a seguinte atitude : "Se aceitas o que penso e admites o que eu digo, aí sim, poderemos dialogar".
Catolicismo - Como os turcos muçulmanos vêem os católicos?
Pro_/: Yildiz - Há duas coisas a observar. Primei ramente que, conforme a tradição oficial, os cristãos são considerados como "gente que tem ou-
tra religião, ou que está submetida a outra religião" . Segundo, embora pertençamos ao grupo dos que possuem o livro (a Bíblia) - sendo portanto "gente do livro " -, ao lon go da história das duas relig iões (o Cristiani smo e o islami smo) este nos considera como " infiéi s". O " infi e l" é sempre o inimigo, e portanto o inimi go que tem de ser combatido. Os métodos que usaram desde o princípio era m brutais. Catolicismo - Como são descritos os cristãos no Alcorão? Pr<~f Yildiz - No Alcorão, num primeiro momento, há uma atitude positiva e m relação a determi nado grupo de cristãos, os monofi sistas. Numa segunda fase, quando Maomé entra em Medina, nota-se uma atitude totalmente diferente, que se caracteriza por uma forma marcada ta nto pela violênc ia quanto pela discussão teo lógica. Catolicismo - No Alcorão, como são consideradas a guerra e a tolerância?
ProJ: Yildiz -
A guerra se justifica por alguns motivos no A lcorão. A li se lê : "Se nüo te converCATOLICISMO
Catolicismo - Existe na mentalidade muçulmana a disposição ao que entre nós se denomina "diálogo"?
''A Europa não pode se deixar enganar com o fato de a Constituição turca declarai' ser um país laico. Ele está se tornando um país islamita radical".
Não considero isso diálogo, mas sobretudo um monólogo. Quer di zer, os cristãos ocidentais não entendem a maneira de agir e de raciocinar dos muçulmanos, no caso do "diálogo". Certamente, também há muçulmanos bem mais "dialogantes", com os quais poder-se- ia manter um di álogo. Mas esses nunca aparecem. Ao contrário, dialoga-se com os que, tendo uma opinião for mada, dizem a nós cristãos : " Vocês tergiversaram, mudando o Evangelho". Aos judeus, dizem : " Vocês tergiversaram, mudando o Antigo Testamento" . Portanto, o único livro válido, em últim a análise, é o Alcorão. E o diálogo, assim posto, não pode desenvolver- e. Para ele realizar-se, necess ita-se de duas partes. E se o diálogo não serve para aproxi mar uma da outra, por que perder tempo co m ele? Catolicismo - A Turquia apresenta-se como uma sociedade laica, mas sabe-se que a vida quotidiana é multo Islamizada. Como pretende ela ser admitida na Comunidade Européia?
Prof: Yildiz - A Europa não entende certas co isas, porque somente pensa em interesse econômico, não se preocupando em saber se, hoj e em dia, a Turquia tentará uma aprox imação sob a forma de democracia. A realidade é que a T urquia abe perfeitamente que, do ponto de vista estratég ico, sua situ ação é privilegiada em relação ao Oriente. Este é um primeiro ponto: a Turquia nu nca abandonará, por nada deste mundo, seu legado cul tural, religioso, tipicamente i lâm ico. Ao se falar e m Turqui a, devem-se distinguir nela duas
Catolicismo - Em que ano ocorreram as primeiras lutas armadas?
partes bem diversas: a Turquia entre o Bósforo e a °Grécia (compreendendo Istambul e um pouco mais além, até a costa) ; e a autêntica Turquia asiática, onde predomi na absolutamente a lei corânica. É isso que se trata de distinguir. A Turquia não tem uma só faceta, mas várias, e a mais marcante é a islâmica. A Europa não pode de ixar-se enganar com o mero fato de a Constituição turca declarar ser o país uma nação laica. Pelo contrário, ela está se tornando cada vez mais um país islamita radical.
l'ro.f Yildiz - As prime iras batalhas travaram -se, por exemplo, logo que Maomé e ntrou , no ano 622, e m M edina. E essa situação perdurou durante os prime iros 100 anos. As tribos nômades maometanas converteram-se e m um poder tremendam e nte grande. Havia probl emas e ntre as grandes potênc ias políticas da época: entre Roma e Constantinopl a; entre Constantinopla e a Pérsia. Tai s potências guerreavam-se mutu a me nte . Qu a ndo surgiu o islamismo, por um lado ele foi visto como uma libertação desses poderes beligerantes; tornou-se então um novo jugo, ao qu al dever-se- ia submeter. Sim, houve batalhas. E como! Sim, houve res istência durante muito tempo . E como!
Catolicismo - Como o islamismo se estabeleceu na região onde o Sr. nasceu? Existiam ali outras religiões antes do advento do maometanismo?
ProJ: Yildiz - Sim, muitas ou tras. Examinemos nos primórdios do cristianismo, o ano 37 de nossa era. Nesse ano o cristianismo impl antou-se na Mesopotâmia. Logicamente hav ia j á outras religiões ali. E ntre ela a religião assfria, praticada ainda no século m d. C; ex istia também o mazdeísmo; o zoroastrismo estava implantado na atual Pérsia, por exemplo; e também, evidentemente, a relig ião judaica. Havia vá.rias comunidades formadas. Com o aparecimento do islami smo, e devido à força com que este se impunha, tais comunidades foram aderindo à nova reli gião. De início não o apreciavam, mas aos poucos foram levadas por interesse a aderir ao islamismo. Em primeiro lugar, não desejavam ser tratadas como pessoas de segunda classe (assim eram consideradas pelos muçulmanos os de outras religiões); em segundo lugar, porque era necessário pagar um imposto aos maometanos; em terceiro lugar, tal imposto era muito pesado. Não era um imposto como conhecemo hoje em dia. Chegava-se a confi scar os bens do cristão e de todo aquele que não pettencia ao grupo islâmico ou à nova religião. Esta, mais precisamente, tornou-se um poder político. Catolicismo - A conquista, então, foi empreendida pelas armas ... Prof: Yildiz - Basta recordar a intervenção militar efetuada por ambas as partes. Sim, houve grandes batalhas e enorme resistência, até praticamente os nossos dias.
Catolicismo - Atualmente, qual é a porcentagem de cristãos na Turquia? O número deles aumenta?
Pro_/: Yi/diz - Pe lo contrário, o A ameaça maometana pressiona a Europa
"Data de muitos anos o sonho de reconquistar a Eurnpa. Este é o objetivo do mu11do islâmico, subseqüente à e11tra<la <la Tm'quia 11a União Européia".
número diminui ele form a preocupante. Aqui deveríamos fazer um pequeno parêntese histórico para melhor compreensão da questão . Durante a época do império otomano havia alto percentual de cristãos. Havia no século XIX dois milh ões de armênios, 300 mil grecoortodoxos , quase um milhão de assírio-caldeus ou assírio-ortodoxos. Todos pertenc iam ao grupo étnico assírio. Deste restam hoje dois mil grecoortodoxos, uns dois mil sírio-ortodoxos, outros doze mil em Istambul; sobram dois mil caldeus , constituídos praticamente de refug iados do Iraque . Logicamente esse conglomerado humano foi morto ou fugiu , escapando da pressão insuportável exercida pela Turquia oriental. Catolicismo Europa?
Como os muçulmanos vêem a
Pro.f Yildiz - Antes de tudo, para a maioria dos muç ulmanos turcos, não se fala em termos de Europa ou de América. Fala-se em termos de cristãos. E mbora exista atualmente na E uropa uma crise profund a da fé cristã, para e les a Europa continua sendo símbolo ou sinô nimo de cristão. Portanto, adi tinção entre "quem é e quem não é inimi go" está claramente definida. NOVEMBRO 2006 -
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;, li Catolicismo - Por que os turcos desejam, apesar disso, tornar-se membros da União Européia? Prof. Yiúliz - Por uma simples razão: querem beneficiar-se economicamente. A Turquia obteri a desta forma uma inversão de milhões de Euros.
Catolicismo - O que deveria fazer a Europa para reagir proporcionadamente a esse perigo?
''A. Europa permaCatolicismo - Em sua opinião, desde quando a islamização da Europa está em marcha ? Prof: Yildiz - Desde há muito tempo. Data de muitos anos o plano ou a idé ia ela rea li zação do sonho ele reconqui star a Europa. Este é o objetivo cio mundo is lâ mi co, s ubseqüe nte à e ntrada da Turquia na União Européia. Refiro- me não somente à Turquia, mas também a um plano existente por trás da idé ia ele mi ssão - a ele converter todo o mundo oc identa l ao is la mi s mo. Para este não ex iste o utra religião a lé m ela muçulmana. Só e la está no verdadeiro ca minho; portanto só e la possui a verdade autêntica. Esta é a razão pela qual considero a Turquia um perigo para o continente e uropeu ou para o mundo oc iden tal. Porque não seri a so me nte a Turquia a entrar na União Européia , mas in gressariam, e m primeiro lugar, todas as repúblicas tu rcoma nas; penetrariam todos o grupos que, em minha op ini ão, estão bem organi zados para empreender uma "atividade mi ss ionári a".
11ece numa espécie <le atitll<le apática. Porque ela está, em /Jrimeiro Juga,; muna situação <le crise. Rel'it·o-me a uma crise <la fé".
Prof. Yildiz - Abandonar tal atitude passiva, apáti ca, e dizer que possuímos valores e uma riqueza a preservar. E m primeiro lugar, sentir-se orgulhosa como cristã, o que hoje em dia é muito difícil. Em segundo lugar, a Europa tem que ativar alguns mecanismos, a fim ele frear o maquinismo missionário muçulmano. Contudo, não há pessoas preparadas para tal. Os políticos não se interessam por isto. Mantêm uma atitude acovardada. Toda ação firme é considerada "politicamente incorreta". Este termo não deveria ex istir. A Europa está numa fase de crise, sob vário pontos de vista. Creio que ela não sabe sequer se tem uma imagem própria. A velha E uropa já não ex iste. E a atual não tem mais um ideal. O que lhe interessa é o aspecto econômico. Obtendo lucros, o resto não lhe importa. O islamismo, entTetanto, realiza o contrário em relação a essa apatia européia. Catolicismo - Há pouco os islamitas provoca-
Prof Yildiz -
S im , não fo i uma só vez que surg iram ca ri caturas de C ri sto, como também não é a primeira vez que apa receram as de Maomé. Ao longo cios tempos , em muitas ocas iões, prepararam-se ca ri caturas, descreveu-se o u criti cou-se a form a de vida de certos personagens . Podem se r Maomé, C ri sto ou algum sa nto. M as nin gué m se perg unta:
Prof: Yildiz - Abso lutame nte
CATO LI C ISM O
Aldeia de Lo Solette por volto de l 860
ram um escândalo por causa de caricaturas de Maomé. No mundo islâmico, difundem-se caricaturas de Jesus Cristo e de santos católicos?
Catolicismo - O Sr. crê que a Europa está reagindo à altura diante do perigo que corre?
não. A E u ropa permanece numa espéc ie de atitude apática - se mpre fa lo desta fo rma. Por quê? Porque a E uropa está, em primeiro lu ga r, numa situação de crise. Refiro-me a um a crise da fé. O co ntinente europeu está querendo renegar seu passado , que é um passado cr istão. A lg un s políticos pouco pre parados crêem se r poss íve l essa re negação. Portanto, a Europa não está abso lu tamente preparada, e aqu i res ide o mal de toda a q uestão. Não há nenhum político com perso nali dade para dizer a verdade, e m face desta inte nção; por estas ou aquelas razões, de dizer " não". Todos pensam em obter benefícios próprios , de ixa ndo o acerto da qu estão para os que viere m de pois .
LA SALETTE
Mesquita Yeni Comii, no Turquia
"Será que com uma caricatura fi ze ram algo tão g rav e como o que é praticado contra ,nilhares de cristãos ? Ou seja, con tra milhares de seres humanos, que refletem a imagem de Cristo, e que fora ,n mal/ratados, mortos, queúnados, porque honram o nome de Cristo? Isto não é também. o.fender a Cristo?". Esta não é uma ofensa? Ela não é mu ito pior do que um desenho posto numa fo lh a de papel ? Portanto , o escâ ndalo das cari caturas foi rea lmente manipu lado - ali ás, meses depois de feitas - sobretudo porque e ntão e ra oportuno remexer o tema aqu i na E uropa . Essa fo i realme nte a ra zão do escând alo provocado, e não outra. •
Vida e morte dos videntes de La Salette A pós a publicação de mtigo sobre o segredo de La Salette, em nossa edição de sete1nbro último, vários leitores manifestaram o desejo de conhecer mais detalhes sobre a vida e o destino final dos dois videntes, Maxinün e Mélanie , • Lu1s DuFAUR
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or vezes pode-se julgar que a vida de quem viu Nossa Senhora seja um Céu na Terra. No caso de Mélanie e Maximin, uas vicias fora m chei as de manifestações de predileção divi na, sem dúvida. Mas também padeceram muito, perseg uidos pelo ódio diabólico e pela atuação de assoc iações anticatólicas revolucionárias. É doloroso constatá-lo, também ele sacerdotes, bispos e até cardea is que profes avam idéias, como as do li beralismo, que a Santíssima Vir-
gem apontou como uma das causas ela có lera de Deus (vide Catolicismo, setembro/2006). E is alguns exemp los. E m 1853, o Pe. C. J. Déléon, sacerdote em inte rdito, publicou sem autorização ec lesiás ti ca dois volumes atrib ui ndo a apa rição a uma montage m de um a piedosa se nhorita , Con stance Sa int-Ferréo l de Lamerliere, que teria ludibri ado as crianças. O mirabo lante livro foi condenado pela Igreja, e Constance pediu à Justiça que seu nome fosse tirado cio escrito. O pedido fo i recusado sem explicações em todas as in stânci as judiciárias. Por isso, para o Jud iNOVEMBRO 2006 -
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! c iário fra ncês, La Salette foi uma fraud e re li g iosa . ' O Cardeal Lou is de Bonald, primaz da França e líder liberal, chegou a escrever que a aparição fora uma falcatrua visando explorar comerc ialmente a água da fonte que Nossa Senhora fez brotar no local da aparição. Após ser flagrado fornecendo informações fal a - para di zer pouco - à Santa Sé sobre o caso, o Cardea l silenciou , mas suas insinuações e negações envenenaram o ambiente católico contra a aparição e os videntes.2
do que Nossa Senhora lhe pedira para divu lgar. M ax imin respondeu e m carta : "Se
Sua Excia. Mons. Ginoulhiac tem. a intenção de me pamlisar antecipadarnente, de não rne deixar nem agit; nem fa lar nem. escrever, quando a minha missão de apóstolo de La Salette me tornará obrigatório
Última foto de Maximin
em Nossa Senhora de La Salette; faço vir água da fonte; abençôo e distribuo grande quantidade de medalhas e imagens representando esse fato; distribuo pedacinhos da pedra sobre a qual a Santa Vúgem teria sentado, levo um pedaço conlinuamente comigo e até o fi z pôr num relicário. Falo muito .fi'eqüentemente do fato na Igreja. Pareceme, Monsenhor; que há poucos sacerdotes em vossa diocese que tenham.feito tanto quanto eu por La Salette". 7
Narrndores da visão Nos anos subseqüentes à apari ção, as duas crianças repetira m incansavelmente a me nsagem pública de Nossa Se nhora aos pereg rinos que ia m a La Sal ette. Tinham as reações típicas da idade, mas se tra nsformavam na hora de contar a milagrosa a parição . Não fa ltaram incrédulos ou m alintencio nados que te ntara m pegá-los em contradição. Nas respostas d os videntes transparecia de tal m ane ira o sobre natural , que todos fi cavam num misto de desconcerto e admiração. Um caso arq uetípico deu-se com o Padre Dupan lo up, líde r liberal francês que posteriormente, como bispo de O rleans, foi um dos chefes da oposição à proclamação do dog ma da infa libilidade papal durante o Concílio Vaticano I. O Pe. D upan loup passou alguns dias com Maxim in , tentando que o menino lhe revelasse o segredo. Até colocou sobre a mesa uma pi lha de moedas de o uro - coisa que deslumbro u a Maximin, pois, sendo de fa míli a miserável, jamais vira a lgo assim - e lhas ofereceu em troca da vio lação do compromisso com Nossa Senhora. O pretexto fo i tirar da indigência a e le e à s ua família . A reação de Maximin foi de uma tal integridade, que o Pe . D upan loup saiu confundido : "Eu senti que a dignidade
da criança era maior que a minha". 3
Calvá1'io de Maximin Maximin entrou no seminário diocesano, onde primou por sua seriedade e piedade. O bispo de Grenoble, Mons. Ginoulhiac, acérrimo opositor da aparição, impôs-lhe como condição para ser ordenado não mais fa lar do caso e silenciar o segre-
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CATOLICISMO
co M ini st:ro de C ulto, afirmando que se tratava de um " mentiroso" que tinha sido necessário ex pul sar do se min á rio. 5 O vi gário de Saint Germain I' Auxerrois - famosa igreja de Paris - escreveu um li breto ac usando-o de viver e m conc ubinato com sua mãe adotiva! 6 Um fato ba nal serviu de pretexto para a maled icê nc ia opor São João Maria Vi anney a Maximin e La Sa lette. O próprio C ura d' Ars di ssipo u as murmurações em carta ao bi spo de G renoble: "Tenho uma grande co,1fiança
fazê-lo, pense antes de me dar sua opinião. Uma tal intenção no meu superior seria um sinal positivo de eu não ter vocação. Deus não iria me dar uma vocação sacerdotal diametralmente oposta à vocação que me vem de Maria: a de difundir em todo lugar e sempre, segundo as circunstâncias, suas advertências a seu povo. Eu não teria então outra coisa afazer senão ingressar na nova milícia religiosa que combate voluntariamente e sem empecilhos, mas também por sua conta e risco, sem engajar em nada a responsabilidade dos pastores". 4 Maximin teve que dei xar o seminário. Procurou estudar e trabalhar e m Paris e em Le Havre. Mas aonde ia, seguia-o um amontoado de maledicências e hostilidades de origem anticatólica ou eclesiástica liberal. Espalhou-se ser ele inculto, estúpido, in s táve l, bêbado e dissoluto. Mons. Ginoulhiac escreveu ao anticatóli-
Maxim.in transmitiu mensagens pessoais para personagens-chaves do tempo: ao conde de Charnbord, pretendente legitimista à coroa da França, para dissuadi-lo de re inar; ao arcebispo de Paris, Mons. Darboy, a quem predi sse que moITeria fuzilado, como de fato o fo i pelos revolucionários da comuna de Pari s; a Napoleão III, advertindo-o de sua próxima queda caso abandonasse o Papa, como acabou acontecendo. Maxirnin a listou-se nos zuavos pontifícios, mas a vida de casern a não correspondi a a seu ideal. E m seus últimos anos de vida foi aco lhido por urna fa míli a de Paris, até que esta perdeu a casa na revo lução da co muna de 1870. E le acabou dormindo ao rele nto e contraiu a doença que lhe provocou a morte . Na mais extrema indigência, Maximin ped iu a Mons. Ginou lhiac um lugar onde morrer dignamente. O prelado recusou o pedido. O bispo, "turiferário do regime", 8 tinha sido recompensado pelo govern o com a Sé primacial de Lyon . Al iás, o Bem -aventurado Pio IX nunca concedeu a esse prelado a honra do cardinalato, que é conced ida ex-oficio a. todos os arceb ispos de Lyon. Na miséria, Max irnin entregou sua a lm a a Deus em sua c id ade natal de
Corps, e m 1º de março de 1875, aos 39 'a nos de idade . Deixo u o exempl o de uma vida mora l íntegra e de uma indomáve l determinação e m faze r a vontade de Nossa Senhora acima d a vontade dos home ns. Seu coração fo i de pos itado na basílica de La Salette, e seu corpo no peque no cemité rio de Corps.
O cal vário de Méla11ie M é la ni e ing ressou nas irmãs da Prov idênc ia e m Corenc, diocese de Grenoble. Não qui s fazer-se relig iosa conte mplativa, po is queri a ter toda a libe rdade para divul gar o segredo de La Salette. A comunid a de ficou e difi cada co m suas virtudes e don sobre natura is. Mé lanie recebe ra os es ti g m as quando tinha quatro anos, e o M enino Jesus - a que m e la cha mava "meu irmãozinho " - aparecialhe regula rme nte para aconse lhála. As re li g iosas dec idiram aceitar a sua profissão solene. Mons . G in o ulhi ac, poré m , ex ig ia- lh e que s ile nci asse para sempre a me n. age m de La Sa le tte e não divul gasse o seg redo quando chegasse a data de term inada pe la Virgem Santíss ima 1858. Como Mé la nie não ace itasse essa imposição, no dia de profi ssão o bi spo a envio u para a abadia da Gra nde C ha rtre use. Na vo lta, a vid e nte percebeu que s uas companhe iras tinh am feito os votos, e q ue ela ficara de fora. Mons. G inoulhiac aco nselho uª a ing ressar no Carmelo de Darlingto n, na Ing laterra. E ra um ex ílio, mas Mélanie aceito u e m es pírito de obed iê nc ia. E m Darlington, as carmelitas ficaram admiradas do dons sobre natura is incomuns de Mél anie, be m como pelo asséd io que sofria por parte do demônio. Ela fez os votos com as ressalvas indi spensáve is para garantir a divu lgação do segredo. Mélan ie não sab ia, mas Mons. G ino ulhi ac ordenara ao diretor es piritual dela, so b pe na de in terd ito, entregar a e le as cartas conte ndo matéria de consc iê nc ia. Quando e aproximava a data de J858, e la sentiu-se numa espécie de cárcere e enviou ca rtas às auto ridades , até jogando-as po r c im a cio muro da c lausura. O fato fo i muito explorado por seus
como C us ma no impl orou o a uxíli o de la para fund ar a Ordem dos Servos e Servas dos Pobres. Mé la nie fa leceu e m A lta.mura, provínc ia de Bari (Itá li a) - soz inha num qu arto, como tinha predito - na no ite de 14 para 15 de dezembro de J904, co m 72 anos de id ade. O s vizinhos ouviram aq ue la no ite um cântico de Mélanie com anj os que saía de seu aparta me nSanto Aníbal de França to. Santo Aníbal de França pronunc io u a rdoroso e log io fún e bre da vidente e de sua santidade nas catedra is ele Alta.mura e M e. sina. Um a no depois, durante a tras ladação ele seus restos mo rta is, verifi cou-se que o corpo estava in corrupto. Numa segunda trasladação,já não o estava ma is. Seu corpo vene ra-se em mo numento fú ne bre na cape la do orfanato d as re li g iosas do Divino Zelo, e m A lta.mura . Santo Aníbal de França pre parou seu processo ele beatificação, mas não pôde introd uzi- lo poi s foi c hamado ao Céu. São Pedro Ju li ão Ey ma rd, fundador dos sacrarne ntinos, mo rre u estre itando contra o pe ito urn a image m da apa ri ção. O Papa São Pio X pe rg untou ao bi spo que pres idiu os fun e ra is de M é lanie: "E nossa santa?". 9 Contrad itados, a ntipatizados, difamados e perseguidos por a lg uns, mas e nviou o segredo por inte iro ao Papa Pio IX. A lém do ma is, prov ide nc io u sua aprec iados , defendidos e proteg idos por pub licação e m Marselh a e m 1860; e e m pessoas virtuosas e mes mo santas, M élanie e Maximin e ntrara m na iconograLecce (Itá li a), co m imprimatur de Mon s. Zola, e m 1879 . Ameaça.ela de exfia cató lica aos pés de Nossa Sen hora, nas inúmeras image ns de La Sa lette que comunhão por bi spos adve rsári os ele La Sa le tte, Mélanie instalou-se no sul da Itáse ve neram e m toda a Terra. • li a, o nde a lg uns bi spos a protegeram. E- mail do autor: luiscluf'aur @catolicismo.com.br As incessantes mudanças de diocese, a que fo i forçada, deram pretexto para ma iores difamações. Diz ia-se que e la era Notas: org ulhosa, egocêntrica, hi sté rica, g iróva1. Jean Stern, La Salelle - Doc1.1111e111s a1.11he111iq1.1es, ga, mi stificadora, a masiada com padres, vol. 1, Desclée de Brouwer, 1980, pp. 27-28. que fora surpree ndida num prostíbulo, 2. Jean Stern, La Saleue - Docw ne111s au1he111iques, vol. 3, Cerf, Paris, 199 1, pp. 35 ss. masoqui sta e anti -semita ! 3. Jean Stern , La Salelle - Doc11111e111s au1he111iq1.1es, Na Itá li a, Mélanie fo i co-fundadora vol. 2, Cerf, Paris, pp. 284 ss. das re lig iosas do Div in o Zelo, que te m 4. René Laurentin - Michel Cortev ille, Découverle entre s uas final id ades rezar pela vinda c/11 secrel de La Salelle, Fayarcl, Paris, 2002, p. 75. 5. Stern , op. cit. , vo l. 3, pp. 227-228. dos Apóstolos dos Últimos Tempos. O 6. Laurentin-Cortev ille, op. cit, p. 106. fund ador - Santo Aníbal de F rança 7. Stern , op. cit, vo l. 3, p. 161. foi seu diretor esp iritual nos últimos anos 8. Laurentin-Cortevill e, op. cil., p. 27. 9. Laurentin-Cortevill e, op. cit. , p. 139. de vida. Também na Itáli a, .o Beato G ia-
inimigos, mas o bis po de Ex ha m lhe o utorgo u as dev idas li cenç as e o Papa Pi o IX confirmo u a exc la ustração. Volto u à França, mas nunca teve sossego, estando se mpre submetida a pressões para não revelar a men sagem. Em 1858, como o rde nara N ossa Senhora, e la
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Ü s 500 anos da Guarda Suíça PonUfícia atestam sua inquebrantável fidelidade à Igreja; sua dedicação levada ao heroísmo; sua disposição de derramar o sangue, quando necessário, en1 defesa do Soberano Pontífice.
PAULO RO BERTO C AMPOS
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oragem e Fidelidade (Ac rite r e t Fide lite r) é o le ma da Guarda Suíça Ponti,ffr:ia. Neste ano e la co mple to u seus 5 sécul os de fid elidade à Santa Sé, corajosame nte servindo com o o braço armado
e gua rda ele ho nra dos suces o res ele São Pedro. Essa multi ssecular corpo ração militar fo i c ri ada e m Ro ma pe lo Papa Júli o II ( 1503- 15 13), e m 22 ele jane iro de 1506 . Ocas ião e m que, depoi s ele lo ngas negoc iações, o prime iro destaca me nto de j o ve ns suíços consti tuíd o de 150 va lo rosos g ue rre iros cons iderados os me lho res da é poca - entrava na C idade Eterna, a fim ele form ar a g uarni ção papal , sob o coma ndo ele Kaspar von S il e ne n.
Rcspomlemlo a uma cve11Wal objeção Ini c ialme nte, pode r-se- ia pe rg untar: que necessidade te ria a Santa Sé de preoc upar-se com questões te mporai s e ele de fesa militar? Em todos os te mpos , o vaga lhão do ódi o anti cató lico investiu co ntra a Ig reja, te ntand o destru ir essa in stitui ção divina . Em partic ul ar contra o sucessor de Pedro, o Papa. Nada mai s no rmal, porta nto, do que te rem os Papas à sua d ispos ição meios efi cazes de defe a co ntra tal vagalh ão, seg uindo o con se lho de Nosso Se nhor: "Eis que eu vos envio como ovelhas no rneio de lobos. Por isso, sêde prudentes como as se,pen.tes, e simples como as pombas" (Mt lO, 16) . Esses me ios de de fesa tornaram -se a inda mais necessários a partir do surgime nto do fen ô me no re vo lucioná ri o, que j á ia a vançado no sécul o XVI, é poca e m que fo i c ri ada a Guarda Suíça Pontifícia. Al g uns fa tos hi stó ri cos, adiante me nc io nados, comprovam como os inimi gos da Santa Ig reja investiram contra Ela, invadira m e se a possaram de seus te rritó rios e puse ram e m ri sco a vid a do Papa. Ade ma is, como qualque r chefe de Estado sobe ran o, o Pa pa tinha o direito e o de ver de cons tituir, de ntro dos Estados Pon.tif1Cios, seus própri os destaca me ntos regul ares. Compreende-se po r Estados Ponti:f{cios o u Estados da Igreja o cong lo me rado de territó ri os - bas ica me nte s itu ados no centro da Pe nínsula [tálica - c uj a capita l fo i Ro ma. T al conglo me rado ma nte ve-se e ntre os anos 750 e 1870 como Estado inde pe nde nte, dire ta me nte subo rdin ado à auto ridade te mpora l dos Papas , chefes supre mos da Ig rej a. Ass im sendo, para auxili ar ta mbém a ma nute nção do poder te mpora l da Igrej a, fo ram in stituídos, a lé m da Guarda Su íça Ponti:f{cia, o utros três corpos militares a servi ço da Sa nta Sé: a Guarda Nobre, a Gendarrneria Pontifícia e a Guarda Palatina de Honra. Essas três corpo rações po ntifíc ias foram abo lidas (Vide quadro à. p. 39).
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"Muralha mó,1c/" em defesa ela c,·istandaele Tra ta re mos aqui a pe nas da úni ca ainda hoje ex iste nte: a Guarda Suíça Pontifícia. Isto e m razão das d iversas come morações rea li zadas neste a no para recordar seu q uinto centená ri o. A serviço ela Santa Sé, a G uarda Suíça te m como prime iro dever garantir a segurança do Sumo Po ntífice. M as també m cabe a ela o nobre e ncargo ele acompanhar Sua Santidade e m audiê ncias públicas; ele proteger os palác ios a postólicos; ele ser a sentinela cio Vaticano e parti cipar ele diversas cerimô nias, colaborando assim com o esple ndor dev ido à Corte Po ntifíc ia. Em nossos di as, o contingente ela G ua rda S uíça, o me no r exérc ito do mundo, é co mposto po r a pe nas 11 O ho me ns - 4 ofic iais (corone l, te ne nte coronel, maj o r e capi tão) , 1 cape lão, 26 subofi c iais e 79 soldados. São poucos, mas pe rpetua m seus trad ic io na is e ncargos. Seus passos ecoam por uma mul tissecul ar hi stó ri a de fi cle liclacle à Sé Apostólica. Devido a tal dedi cação, e ntre o utros títul os , e les fi caram reg istrados na Hi stóri a como " in trép idos g ue rre iros", "gua rdas do pa pado", " mu ra lha móvel" e m defesa da C ri standade, "armad ura" ela Santa Jgrej a.
Suíça: encantos, hol'rores e um povo ele guerreiros Tácito, gra nde hi stori ado r latino, escreveu: "Os helvéticos são um povo de guerreiros, célebre pelo valor de seus soldados". O s g uardassuíços corresponderam a esse e logio. E m 15 12, pe la brav ura de mo nstrada na defesa ela C id ade Eterna, receberam cio Papa Jú lio H o título de Defensores da Liberdade da Igreja. Nesse sentido, o Prof. Plíni o Corrêa ele O li ve ira cons ide rava que o po vo suíço fo i destin ado por Deus para uma mi ssão hi stórica mui to alta: a ele defe nsores ela C ivili zação C ri stã. E le descreveu ta l m issão como tendo m ui ta consonâ nc ia co m as be lezas natura is ela S uíça e contrasta ndo com os ho rrores d issemi nados por seitas protestantes naq ue le país (Vide quadro na página ao lado).
Em 1512, pela bravura demonstrada na defesa da Cidade Eterna, receberam do Papa Júlio II o título de Defensores da Liberdade da Igreja
Em nossos dias, o contingente da Guarda Suíça, o menor exércUo do mundo, é composto por apenas 11 O homens
A grande vocação do povo suíço A Su íça sempre me pareceu uma nação especialmente destinada pela Providência para prestar grande serviço a Nossa Senhora. Toda a atmosfera física , os lagos, as montanhas, as neves, os precipícios, tudo fala a respeito de uma natureza cheia de candura, de bondade e também de força . Não se diria entretanto que camponeses como aqueles - de olhos azuis profundos como a cor dos lagos junto aos quais nasceram, olhos que falam de reflexão, de me ditação, de paz - haveriam de praticar os horrores que praticaram . Um exemplo disso foi Zwinglio - o Calvino suíço, que espa lhou sua seita por todo o país - , um dos protestantes mais furibundamente anticatólico . Mas também é verdade que daquelas atmosferas pacíficas têm partido, para a história da Suíça e da Civilização Cristã , guerreiros de primeira ordem . Se levarmos em consideração os suíços que defenderam Luís XVI e Maria Antonieta contra os revolucionários de 1789, vê - se bem até que ponto eles eram heróicos e estavam dispostos a defender a Civilização Cristã. Por fim, a vocação dos suíços de serem os guardas pontifícios. Ou seja, terem a honra de fornecer normalmente uma guarda para o Papado, missão que continua até nossos dias. Tudo isso tem muito significado, uma beleza e um va lor que contrasta com a hediondez do protestantismo, da heresia e de outros horrores que na Suíça se passaram. Fica -se com a idéia de que a Suíça é uma nação que teve uma grande vocação, chamada por Deus muito especialmente para um papel histórico privilegiado . Excertos de conferência pro ferida por Plí nio Corrêa de O li veira, em 26-4-95
CATOLIC ISMO
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certas ocas iões. Comparando esse esplendoroso traje militar do século XV[ com as fardas modernas, nota-se como estas são monótonas e pardace ntas - um a vo luntári a renúncia à beleza. Certamente esse traje da Guarda Suíça Pont!fk ia é o uniforme mi li ta r, a ind a e m vi gor, mai s anti go e mai s fotografado do mundo. Tanto os oficia is como os g uardas têm um uni fo rme de gra nde ga la, o utro de me ia ga la e outro de servi ço ordi nário. Mas os três atraem a atenção pe la harmo ni a do co lorido. Não há que m, em viagem à " Bella /1.ália", visitando o Vati cano , não procure tirar urna foto junto a um guardasuíço. O Prof. P líni o Corrêa de Oliv e ira fez o seguinte comentário so bre esse uniforme: "Tudo nele lembra o esplendor das antigas cortes, a aleg ria e a doçura de viver que eram inerenles ao Ancien Rég ime. Qual o tipo de alegria que exprime esse uniforme? É uma aleg ria
que não tem nada de sensual. É a aleg ria de ser soldado, de combater e de ser dedicado ao Papa. Ele simboliza um princípio rn.uilo contrário ao progressismo ca16lico, que é o princípio da fo rça a serviço do Papado ".
Comemorações Comlições necessárias pam militar na Guarda Suíça Atualmente, para algué m ingressar na Guarda Suíça Pont!ficia se req ue rem algumas condi ções, a lé m da ex igênc ia de ser varão de cidadani a suíça: ser cató lico apostó lico romano; gozar de reputação irrepreensível; celi batário (nos do is prime iros anos de serviço na corporação); ter entre 19 e 30 anos; possuir robusta constituição física, com a ltura mínima de 1,74m; ter prestado serv iço militar, haver terminado o curso co leg ial e ap resentar formação profi ss ional. O servi ço na G uarda Suíça perdura por doi s anos, com poss ibilidade de renovação e promoção, até um máximo de 20 anos de atividade. Alguns uniformes do Guardo Suíço. Do esq . poro dir.: oficial em uniforme de golo; sargento maior em golo; sargento; sargento em grande golo e oficial em uniforme de manobras.
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CATOLIC ISMO
Princípio muito contrário ao 1nogrcssismo católico O multi co lorido unifo rme - com as cores azul , vermelho e amarelo - da Guarda Suíça PonLi,fícia fo i desenhado pelo célebre artista Mi che langelo ( 1475- 1564). Apesar de ser uma indumentári a renasce ntista, tem a lguma re mini scênc ia medieva l, como o refu lgente elmo, a couraça e a espada, além da ag uçada e c intil ante a labarda, que é portada em
Kospor von Silenen
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5° Centenário da Guarda Suíça
Ao longo deste ano, com a fin alidade de celebrar os 500 anos da empolgante, árdua e gloriosa epopéia da Guarda Suíça Pon.t/flCia, várias cerimônias fora m reali zadas em Roma e em diversos cantões suíços. Houve expos ições, concertos musicais, encontros, atos cultu rais, lançamentos ele li vros, medalhas e selos comemorativos. Reali zou-se até uma caminhada de 723 quilômetros, que repetiu a mesma hi stórica marcha cios primeiros Gwmdiknech!e - nome original cios guardas no Renascimento - comandados por Kaspar von Silenen, que partiram ele Bellinzona (cap ital do cantão suíço Tesino), marcharam até Roma e enlTararn pela primeira vez no Vaticano. De 7 de abril a 4 de maio do presente ano, o itinerário fo i percorrido a pé por antigos guarclas-su íços e jovens convidadas para a " marcha comemorativa". Ela fo i dividida em 26 paradas ao longo cio antigo caminho cios peregri nos que chegavam a Roma pela Via Francigena. Chegando à C idade Eterna, os participantes dessa grande marcha foram acolhidos por autoridades. E o ex-comandante da Guarda Suíça Pius Segrnü ller, que guiou a " marcha comemorativa", entregou a bandeira ela corporação ao atual comandante E lrnar Theoclor Mader. E m seguida, precedidos por um destacamento ele honra ela G uarda Suíça, dirigiram-se à Praça de São Pedro, onde os esperavam representantes elas Forças Armas Itali anas. Nesta ocas ião o Papa Bento XVI pronunciou uma saudação aos guardas, relembrando a grande generosidade cios 14 7 guardas-suíços (do total de 189) que, em 6 ele maio de 1527, durante o Saque de Roma (vide (>. 33), lutara m e morreram para salvar o Sumo Pontífice então reinante, o Papa C lemente Vll ( 1523- 1534).
Elmor Theodor Mêider
NOVEMBRO 2006 -
firmaejura: "Eu .. . [nome] ... juroservir com..fidelidade, lealdade e hon-
ra tudo o que foi aqui lido presentem.ente. Que Deus e nossos Santos patronos me assistam". Em partic ular, o novo me mbro da Guarda Suíça invoca os santos patronos da corporação: São Martinho, São Sebasti ão e São Nicol au de F lue.
Os corajosos guare/as resistentes ao Saque de Roma
J11rame11to <le li<leli<la<le cios novos recrutas
Ao ser chamado, o neófito rompe o passo; depois, segurando firmemente com a mão esquerda a bandeira da Guarda Suíça, levanta três dedos da mão direita para simbolizar a Santíssima Trindade.
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CATOLIC ISMO
Em memória desse épico sacrifíc io dos guardas-suíços, no dia 6 de maio de cada ano novos recrutas prestam so lene juramento de fide li dade à Santíssima Trindade e ao Papa. Naq ue le lo ngínquo 6 de maio de 1527, esse dia significou morte; e m 2006, sig nifi cou vida, pois novos me mbros da G uarda Suíça foram ad mitidos para serv ir à mesma nobre causa de seus antecessores. Normalmente, a bela e marcial cerimôni a de juramento de fide lidade rea liza-se no Pátio de São Dâmaso do Pa lác io Apostólico. Mas neste ano o so lene evento efetuou-se publi camente na Praça de São Pedro, para encanto dos milhares de peregrinos e adm iradores que a li chegaram provenientes de diversas nações. Presentes ao ato, representantes dip lo máticos e autoridades da Cú ria Romana e da Suíça, inclusive o presidente he lvético Mortz Leuenberger, que na ocasião declarou:
"A Guarda Suíça é o exército menor do mundo, mas ao mesmo tempo, o serviço de segurança mais eficiente ". Os mi li tares da Guarda Suíça Pontif'ícia, desde o comandante até os alabardeiros, entraram com o uniforme de grande gala, marchando ao som de sua excepciona l fanfarra sob o ap lauso da multidão. E m seguida, o cape lão da Guarda fez le itura do texto do juramento de fide lidade (vide quadro embaixo), e cada um dos 33 novos recrutas foi chamado nom ina lmente. Ao ser chamado, o neófito rompe o passo; depo is, segurando firmemente com a mão esquerda a bandeira da Guarda Suíça e tendo os três dedos da mão direita levantados (como na foto acima), para simbo li zar a Santíssima Trindade, con-
Bandeira da Guarda Suíça
Desenho do tipo de soldados alemães que participaram do Saque de Roma
Da secular hi stória da Guarda Suíça Pontifícia, alguns fatos marcantes e g loriosos revelam o qu anto e la ag iu com ''.fidelidade, lealdade e honra ", correspondendo ass im ao juramento sole nemente prestado. Se 22 de j ane iro de 1506 é a data de nasc imento da Guarda Suíça, a data do eu "batismo de fogo" é considerada o di a 6 de maio de 1527. Data em que, durante o Saque de Roma - perpetrado por tropas alemãs, juntamente co m mercenários franceses e espanhó is, na maiori a lu teranos, a so ldo do imperador Carlos V (do Sacro Império) - , os heróicos guardas escreveram com sangue um a das mais belas páginas de sua história. Roma enco ntrava-se in vadida pe lo exérc ito imperi al, com aproximadamente 18 mil homens. Após terem saqueado a C idade Eterna e praticado enormes destruições por onde passa vam, chegaram à Praça de São Pedro. Os guardas-s uíços, postados diante da Basílica e depois em seu inl'erior, junto aos degraus do a ltar-mor, enfrentaram 1000 invasores . Res istira m corajosamente, mas perderam 147 ho me ns massacrados juntamente com seu comandante Kaspar Roist. Eles testemunharam com sa ngue o juramento de fidelidade feito aos Ro man os Pontífices. Em co ntrapa rtida, 800 dos 1000 mercenários invasores ca íram mortos pelas alabardas dos aguerrid os suíços. Graças a essa heró ica res istênc ia pôde o Papa C le mente VII escapar por uma passagem secreta - o célebre passetto, co n truído por Alexandre VI (1492- 1503), que liga o Palácio Apostólico ao Caste lo de Sant' Angelo às margens do Tibre - , ficando em seguro refúg io na forta leza. De toda a Gua rda Suíça somente 42 membros sobrev iveram. Fazi am parte daqueles que formaram um cinturão de segurança em torno de C lemente VII, bem como da escolta de alguns cardeais, também refugiados naquela forta leza. Além de invad ir o Vaticano, a horda saq ueou durante oito dias bens preciosos; destruiu relíquias e obras de arte; cometeu toda sorte de sacril égios e profanou até sepul turas de Papas. Diante do Castelo de
A data do "batismo de fogo " da Guarda Suíça, é considerada o dia 6 de maio de 1527. Durante o
Saque de Roma, perpetrado por tropas a soldo do imperador Cm1os V, os heróicos guardas escreveram com sangue uma das mais belas páginas de sua história.
Juramento de Fidelidade "Juro servi'r com fidelidade, lealdade e honra o Supremo Pontífice e os seus legítimos sucessores, e dedicar-me a eles com todas as minhas forças, sacrificando inclusive, se necessário, a minha própria vida para defendê-los. Assumo igualmente este compromisso relativamente ao Sacro Colégio dos Cardeais durante o tempo da Sé vacante. Prometo ainda ao Capitão Comandante e aos outros meus superiores respeito, fidelidade e obediência . Juro observar tudo aquilo que a honra da minha posição exige de mim. Que Deus e nossos santos patronos me assistam".
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Sant' Angelo, os invaso res protestantes encenaram um a paród ia de proc issão reli g iosa; bradara m vivas a "Lutherus pontUex" e ao Imperado r Ca rlos V; num prec ioso afresco re presentando o Santíssimo Sacrame nto, escrevera m à ponta de espada o no me do mi seráve l a póstata Lutero. A afirmação do Prior dos cônegos de Santo Agostinho resume os atos de vandali s mo: " Malifu.ere Gennani, pejores ltali, Hispani vero pessinú " (O s ale mães foram maus, os ita li a nos pi ores, e os espanhó is péss imos).
* * * O pequeno exérci to do papado só pôde ser reconstituído 21 a nos de poi s do Saque de Roma, no Po ntificado de Pa ulo III ( 1534- 1549). E m 1568, São Pi o V (1566- 1572) ordenou a construção, dentro da á rea dos qu arté is do Vaticano, da Igreja de São M artinho e São Sebastião, patronos da Guarda Suíça. Durante o g lo ri oso pontifi cado de São Pio V, um destacamento da Guarda Suíça recebe u a mi ssão de combater e m defesa da C ri standade ameaçada pe los turcos muç ulmanos em Lepanto. Na batalha nava l, travada em 7 de outubro de 1571 , ta l destacamento teve a g lória de a rre batar duas bande iras ao inimi go islâm ico.
Na França, homenagem à li<lelida<le e à coragem dos suíços
A Tomada do Palácio das
Tulherias. Em l O de . agosto de 1792, o multidão revolucionário invadiu o palácio e massacrou o Guardo Suíça do Rei da França .
Outro destacamen to de gua rdas-suíços de u provas ele heroísmo e fid e li dade. Desta vez, não ao gove rno mo nárqui co da Jgreja, mas à mo narqui a fra ncesa; não e m defesa cio a ltar, mas na defesa do trono . No dia 10 ele agosto de 1792, os g ua rdas-s uíços cio re i Luís XVI e nfre nta ram e m Paris um a turba ele fac íno ras arregime ntados pe los revo luc io nári os. Fre nte a um a imine nte invasão do pa lácio rea l das T ulhe rias por parte da populaça co nstituída de sans-culottes, Luís XV [, titubea nte e se m tomar um a dec isão c lara, o rde no u qu e os g uardas e ntregassem as armas, mas continuasse m em seus postos . O pa lác io fo i tomado de assa lto e mai s ele 700 s uíços foram massacrados pe la populaça revo lucionári a.
Um destacamento da Guarda Suíça recebeu a missão, da parte do Papa São Pio V, de combater em defesa da Cristandade ameaçada pelos turcos muçulmanos em Lepanto.
O rei da França Luís XVI
Helvetiorum fldei ac virtuti (À fldelidade e à bravura dos suíços)
Em home nagem a esses destemidos militares, erig iu-se em Lucerna (S uíça) um evocativo monumento, o " Leão de Lucerna" (fotos acima), a fim de perpetuar o fato hi stórico transcorrido nas Tu lherias. Um leão ferido de morte, mas protegendo o brasão francês com a fl or-de- lis. O leão - símbo lo ela bravura, ela força e da lealdade - serviu para representar o trág ico aco ntecime nto: a luta e a morte. Tendo o coração varado por uma la nça, o leão continua até o fim defendendo o glorioso brasão. Mag nífica ho menagem da Re públi ca suíça aos que morreram em defesa da Mo na rqui a francesa, po r fide li !ade inco ndi c io nal a um re i leg ítimo 1 Foi levantado a ped ido ele co mpa nhe iros e fa mili ares cios g uardas-s uíços chacinados no assalto às T ulheri as. A idéia de utili zar um leão agon iza nte fo i do Coronel K,u·I Pfyffer von Alti s hofen, o fi c ial qu e escapou daque le massac re . O mode lo é obra do fa moso escultor Be rtel T horwa ldsen ( 1770- 1844) e fo i ta lh ado no rochedo em 1820, pelo esc ultor Lukas Ahorn . No alto da láp ide, os di zeres Helvetioru.mfidei ac virtuti (À fide li dade e à bravura dos suíços). Na parte ele baixo estão gravados, ad perpetuam rei memoriarn , os no mes dos 26 ofic iais que, fié is à rea leza fra ncesa, tombaram vítimas da sanha re vo luc io nári a.
A Guarda Suíça
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Papo Pio VI
longo e atribulado po11tilicado <le Pio J/1
Em outro pe ríodo trág ico na H istóri a ela Igrej a, a g lori osa guarnição papa l fo i nova me nte di ssolvida. Impul s ionadas pelos ventos cio espírito ig ua litári o ela Revo lução Francesa, as tropas ele Na pol eão Bonaparte in vad iram a Jtáli a. Depo is de tere m des poj ado e profanado os mai s venerando santuári os, entraram em Roma e m 1798. Os comi ssários franceses declararam ac rilega mente a desti tui ção do Papa P io VI ( 1775 1799) e ap ri sio nara m o S umo Pontífi ce. Apesar ele sua avançada idade ele 80 anos, fo i arrastado para o ex íli o e não ma is retornou a Roma. Em Val ence (c idade francesa junto ao Ródano) e ntrego u sua alma a De us no di a 24 de agosto de 1799, a pós um atribul ado e lo ngo pontificado de 24 anos e me io . Também muitos membro do Sacro Colégio cio Cardeais foram encarcerados ou ex ilados. Com a ocupação el a Cidade Eterna, os chefes revo luc ionários roubaram preciosas obras e raros livros ela biblioteca do Pa lác io Apostólico, ve ndid os posteri ormente a preço vi l. Confi scaram as a rmas e os cavalos ela Guarda Su íça PontU[cia, di spersa e sub ti tuícla por uma guarni ção fra nces_a .
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A ·Guarda Suíça na tomada de posse de Pio Jlll N o ano seguinte à morte de Pio Vl , o exército austríaco ataco u os republicanos franceses e os expul sou de Roma. Postos em liberdade, os cardea is reuniram-se em Ve neza e e legeram para o Trono de São Pedro o Cardea l C hi aramo nte, que to mou o nome de Pio VII ( 1800- 1823). Assim, o novo Papa pôde entrar e m Ro ma, o nde foi recebido triunfalme nte pelo povo. Na posse do governo temporal da Tgreja, Pio VII reconstituiu a Guarda Suíça Pont!f1cia, mas ape nas com um pequeno contin gente de 64 so ldados . Foi novamente dissolvida e m 1809, por ordem do sempre ma lfazejo Napo leão. Naq ue le ano, tropas napo leôni cas novamente invad iram Roma e levaram prisioneiro o Papa. Esse período de dispersão da Guarda S uíça durou pouco, sendo reconstituída em 18 14 com a libertação de Pio VII. Em 24 de maio daquele ano, o Papa retornou so lenemente a Roma . Uma multidão de fi é is o acolheu com eno rme júbilo, com festej os a inda maiores do que os pre tados aos anti go imperadores romanos. São João Bosco escreveu na sua obra História Eclesiástica uma sentença lap idar: "A História nos demonstra claramente que favorecer a
religião é o princípio da grandeza dos soberanos, e persegui-la é causa de ruína".
Na posse do governo temporal da Igreja, Pio VII reconstituiu a Guarda Suíça Pontifída, mas apenas com um pequeno contingente de 64 soldados.
O revolucionário Goriboldi (esq .), cujos tropas atacaram o Porto Pio (dir.) no Roma de Pio IX
Napoleão, no apoge u de seu poder, ao saber que Pio VLI queria excom ungá-lo por causa de s ua brutal perseguição à Igreja Cató lica , comentou sarcasticamente: "Pensa talvez o Papa que a excomunhão (ará cair as armas das mãos de meus soldados?". A ambi ção de Napoleão o levou até às extrem idades da Rússia. Mais de 400 mil so ldados de seu exérc ito mo rreram pelo ferro, pela fome, pelo fr io! O genera l de Ségur, um dos chefes daquele " imbatível" exército, de ixo u registrada para a História a segu inte frase: "Os soldados mais valentes, gelados de ji·io,
Napoleão Bonaparte, que teve o ousadia de prender Pio VII
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O Papa não dispunha de 200 mil soldados. Tinha apenas 200 guardas suíços. E não precisava de mais, pois o "Senhor Deus dos exércitos" é quem vela pela Igreja. Ademais, a Santa Igreja conta com a especia l proteção ela Santíss ima Virgem, Aq ue la que é, confo rme a Sagrada Escritura, "Terribilis ut castrorwn acies ore/inata" (Terríve l como um exército em ordem de batalha) (Cant. VI, 3 e 9).
A Guarda Suíça na época cio Beato Pio IX
já não oodiam sequer segurar as armas. e estas caíam.-lhes das mãos" ... Por fim, a Europa leva ntou-se contra Napoleão. Fe ito prisioneiro, foi encerrado no palácio de Fontainebleau - no mesmo lugar onde ele outrora mandara encarcerar o Romano Pontífice. No próprio local onde P io VII tinha sido humilhado, o cor o teve que assinar sua abdicação ... Pouco mai de um ano depois, Napoleão, então prisioneiro do ing leses, acabou reconhecendo o poder do papado: "O Papa costumava
dizer que não tinha exércitos, mas é wna potência formidável. Tratai-o corno se tivesse atrás de si 200 mil homens".
O Papo Pio VII . No foto do centro, Pio VII sendo levado prisioneiro poro o França
Funesto foi o ano 1870. O processo artificial e revolucionário de unificação da Itália privara o Papa do poder temporal sobre os Estados da Igreja, inclusive sobre Roma.
Em 1848, numa das conj untu ras mais terríveis da História ela Igreja, os suíços uma vez mais deram provas de heroísmo e fidelidade: barraram os ataques dos republicanos revolucionários ao Palácio do Quirinal, então residência do Bem-aventurado Pio IX (1846-1878). Desde 3 de setembro daquele ano, quando o Soberano Pontífice retomou o governo da Cidade Eterna depois do exílio de Gaeta (cidade localizada no su l da Itália), a Guarda Suíça Pontifícia ficara oficialmente constituída por J53 homens. Em 20 de setembro de 1870, tropas anticatólicas de Garibaldi invadiram Roma. A Guarda Suíça concentrou-se no Vaticano, disposta a defendê-lo a qualquer preço. Outros corpos militares reforçaram a vigilância em torno da Basílica de São Pedro e dos Sagrados Palácios, prontos a derramar o sangue em defesa do Papa. Mas Pio IX, para evitar o sacrifício de vidas humanas, como ocorrera séculos antes durante o Saque de Roma, preferiu render-se. Entretanto, o acordo de rendição permitiu o livre exercício da Guarda Suíça, além das guardas Nobre e Palatina, a serviço do Pontífice. Funesto foi o ano 1870. O processo artificial e revolucionário de unificação da Itália privara o Papa do poder temporal sobre os Estados da Igreja, inclusive sobre Roma. Mas, para a glória do Papado, a Cidade Eterna havia sido defendida com ardor pelos suíços que lutaram lado-alado com os Zuavos Pontifícios (regimentos formados por católicos do mundo inteiro que acorreram a Roma em defesa do Soberano Pontífice, no combate às hordas revolucionárias). No ano seguinte, o rei Vítor Emanuel II ofereceu a P io IX uma indenização e a promessa de manter o Papa como chefe do Estado do Vaticano (apenas um bairro de Roma, onde estava instalada a Sede da Igreja). Pio IX recusou essa proposta, tão contrária a seus sagrados direitos, e considerou-se prisioneiro do poder laico. Insufladas pelo ministro Cavour e pelo aventureiro Garibaldi, as forças revolucionárias da "nova Itália" despoj aram o sucessor de São Pedrp dos Estados Pontifícios.
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Esse conflito, conhecido como "questão ro mana", ocorrido em 1870 com a anexação ele Roma ao Reino da Itáli a, somente veio a encerrar-se em 11 de fevereiro ele I 929, quando o então Pontífice reinante, o Papa P io XI ( 1922- 1939), assi nou com Mussolini o "Tratado ele Latrão". Por esse pacto, o governo itali ano passava a reconhecer a supremacia ela Santa Sé sobre o Vaticano, declarado então território soberano, neutro e inviolável. Tornou-se o Estado com menor terri tório ex istente no mundo.
Os três Corpos Militares Pontifícios que foram abolidos Guardo Nobre
A certeza na promessa cio /)itri110 Fumla<101· <la Igr eja Apesar de essa espo li ação dos terri tó rios cios Ro manos Po ntífices constituir insofis mável vio lação dos dire itos da Igrej a - e até mes mo do dire ito internaciona l - , o Bem-aventurado Pi o TX não recebera apoio de nenhum re i o u pres idente ela Repúbl ica ele então, exceto ele Garc ia M ore no, o deste mi do pres ide nte- mártir cio Equ ado r. Nesses, como e m inúmeros outros aco ntec imentos da Hi stóri a ela Igrej a, sa lta aos o lhos uma verdade, também insofis máve l: a imorta li dade e div indade da Santa Igreja. O bem-aventurado Pio IX, pri sione iro no Vaticano, mes mo passa ndo por ta ntas tribul ações, perseg ui ções e d ificuldades aparente mente insuperáveis, não cedeu, co ntinuou a lta ne iro e m sua atitude de res istê nc ia. Ele confiava na promessa infa lível de Nosso Sen hor Jes us C ri sto: "As portas do ú1ferno não prevalecerão contra Ela [ a Jgrej a]"(M t 16, 18). Com tal certeza, todos os católicos que também "sofrem perseguição por amor à j ustiça" deve m viver e lutar. Tenhamos pois confiança quando, em nossos dias, tivermos que suportar outras tantas perseguições mov idas pela sanha do espíri to das trevas e pelo ód io revolucionário.
* * * Num simpl es arti go, é impossíve l hi storiar, ou mesmo e lencar, todas as façan has e vicissitudes ela gloriosa G uarda Suíça . Ass im , para encerra r, um peq ueno e pi to resco ep isód io. No q uartel da Guarda Suíça Pont(ffcia conta-se que São P io X ( 190319 14), numa das primeiras noites no Vaticano, não consegui a conciliar o sono. Os passos cadenciados de um guarda-suíço o imped iam. Para não cochilar em serviço, a sentine la na entrada dos aposentos pontifíc ios andava de um lado para o o utro no corredor. O Papa leva ntou-se, ab ri u· a porta e lhe di sse: - Meu.filho, vá do rnúr. Será melhor para você e também para mim., que preciso descansar um pouquinho ... Em sua singeleza, o episód io revela que o grande São Pio X , cio a lto ele seu tro no pontifíc io, não de ixava ele trata r seus guardas como filh os . E um filh o pode faze r pelo pai mui to mais do q ue um reg imento de so ldados ... •
Guarda Nobre Pontifícia Gendarmeria Pontifícia Guarda Palatina de Honra Das Guardas Pontifícias, a única ainda hoje existente é a Guarda Suíça . Mas a Santa Sé chegou a ter à sua disposição três outras guardas, que a ela e à pessoa do Papa prestaram grandes serviços : a Guarda Nobre Pontifícia, a Gendarmeria Pontifícia e a Guarda Palatina de Honra. ln felizmente tais corporações militares foram extintas .
Beato Pio IX
Guarda Nobrn Pontilicia Criada em 1801 pelo Papa Pio VII, era composta de jovens das primeiras famílias de Roma. Teve sua origem nos antigos cava//egeri e nos /ande spezzate (fiéis cavaleiros que gratuitamente, desde o século XVI , já prestavam serviços à Santa Sé) . Foi desfeita por ocasião da prisão de Pio VII pelas tropas napoleônicas, e reconstituída com o retorno a Roma daquele Pontífice. Juntamente com os guardas-suíços, os cavaleiros da Guardo Nobre atuaram brilhantemente na defesa dos su cessores de São Pedro, sobretudo nas épocas das várias invasões aos Territórios Pontifícios . Esse Corpo Militar de fidalgos italianos deu inúmeras provas de valor e adesão à Sé Apostólica .
Em inúmeros acontecimentos da História da Igreja, salta aos olhos uma verdade insofismável: a imortalidade e divindade da Santa Igreja.
Gel1llarmeria Pontilicia Sua existência remonta a 1816, com o nome de Cara binieri Pontifici, mas sua fundação ocorreu oficialmente em 1849 - após a retirada de Roma das tropas republi canas - , no reinado do Bem -aventurado Pio IX . A Gen darmeria era a força executora das leis e ordens da ad ministração civil e criminal. Ademais, prestava serviço de manutenção da ordem pública . Ela se honra de ter des coberto todas as conspira ções que durante decênios se organizaram contra o poder temporal do Papado. Seus membros eram voluntários, recrutados entre os habitan tes dos Estados da Igreja que desejavam prestar serviço ao Papa. Por ocasião dos ataques perpetrados pelos gariba/dinos, a Gendarmeria soube eficazmente combatê - los.
E -ma il do autor: pr-campos@catoli cismo .com .br
Papo São Pio X
Guarda Palati11a <le 1/onra Fontes de referência: Con sta ntin o Ke mpr SJ, A Sa111idade da Igreja 110 século XIX, dição da L ivrari a do G lobo, Porto Alegre , 1936. São João Bosco, 1-/isrória Ec/esiásrica, Livraria Ed itora Sa lesiana , São Pau lo, 1954. Enciclopedia Universal l/11strada , Espasa-Ca lpe S.A. , Mad rid , 1925 , Tomo XLI , verbe-
te " Papa". h Ilp://www .gsp06.c h/ fr/ h is1o ry.asp hllp://www .sc hwe izergarde.org hll p://www.schwe izergarde .ch hup://www .gsp06.c.:h h11p://p1. wik ipedia.o rg/w ik i/G uarda_ Su%C3 % A D%C3 % A7a
CATOLICISMO
Gendormerio Pontifício
Criada em 1850 por decreto do Bem-aventurado Pio IX. Seus membros eram recrutados entre a nobreza e a burguesia . Nas várias re_ v oluções que conturbaram o Pontificado daquele grande Papa, a Guarda Palatina destacou-se, tomando armas na proteção da pessoa do Sumo Pontífice e de seus Estados, bem como dos Palácios Apostólicos.
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,devotíssima da Santa Mãe de Deus e extrema mente caridosa para com os pobres e necess itados. Desígnios ela Dfri11a Pl'OViclência
Santa Margarida Rainha e Padroeira da Escócia Por maravilhosos desígnios de Deus, tornou-se Rainha da Escócia. Requintou o esp1endor das igrejas e da corte, sabendo admiravelmente aliar profunda piedade e 1nuita firmeza. • PUNI O M AR IA SOLIMEO
uando o rei da Inglaterra Edmundo li foi assassin ado em 10 17, Canu to II, o Grande, rei d narna rca, ap roveitou para tentar conc luir a conqui sta desse país, do qual já ocupava algumas provínc ias . E env iou para a Suécia os dois filho do rei fa lec ido, Ed mundo e Eduardo, com o intuito de que lá fossem mortos. Mas o rei sueco não quis manchar suas mãos com sang ue inocente e mandou os dois órfãos para a Hung ri a, onde reinava o grande Santo Estêvão. Este recebeu-os com todo a feto e se e ncarregou de dar-lhes uma ed ucação seg undo seu nascimento.
º
Santo Eduardo Ili, Rei do Inglaterra, parente do santo
CATOLICISMO
Edmundo morreu sem sucessão, mas Eduardo, chamado "do Ultramar" ou "o Proscrito", casou-se com Ágata, sobrinha cio Imperador Santo Henrique e irmã de Gisela, esposa do re i Santo Estêvão. Desse matrimônio nasceram três filhos, Eclgard , Cristin a e Margarida, esta em 1046. Em 1041 subira ao trono da Inglaterra Santo Ed uardo lll, o Confessor. Logo que se firmou no trono, sabendo que seu parente vivia ex il ado na corte da Hungria, convidou-o a vol tar com a família para a Inglaterra. Vo ltaram em 1054, sendo recebidos com provas de estima e afeição. A prin cesa Margarid a, então no iníc io da adolescênc ia, e ncantou a todos por sua piedade e modéstia. Era
O pai da santa faleceu e m 1057, e seu irmão Edgard tornou-se assim herdeiro direto do rei santo, que não tinha descendentes. Sendo e le ainda menor de idade, e tendo nascido em terra estrangeira, colocaram no trono em seu lugar o Conde Haroldo. Gui lherme, o Conquistador, atrnvessou o Canal da Mancha em 1066 e invadiu a Ing laterra. Na batalha de Hastings, matou Haroldo e se apoderou do trono inglês. Para subtrair-se à tirania cio conquistador, Edgard e Margarida, esta com 20 anos de idade, fu giram numa embarcação pretendendo chegar à Hungria, onde sabiam que seriam bem recebidos. Mas outro era o desígnio da Providência, e durante uma tempestade o barco foi atirado às costas da Escócia. Nesse paí. foram be m recebi dos pelo re i Malcolm III que, e nca ntado com as qu a lidades de Margarida, propôs- lhe o matrimôni o. Esta de há muito alimentava o desejo de, como ua irmã C ri stina, fazer-se rei igiosa. Mas seu co nfessor fê-la ver corno poderia auxiliar mai s a re li g ião subindo ao trono . Assim reali zou- e no ano de J070 o casamento e a coroação de Margarida co mo rainha da Escóc ia. Aos 24 anos de idade, foi reputada a mais formosa princesa de eu século. Uma minha que aliava piedade e fil'mcza Embora Malcolrn fosse um pouco rude, tinha muito boa índole e disposição para a virtude. obretudo amava ternamente a rainha e tinha nela um a confiança sem limi te . Assim Margarida, por uma onduta cheia de respeito e condescendência, tornou-se senhora de seu coração; e servi u-se do ascendente que tinha sobre o rei para
fazer florescer a re li gião e a justiça, proc;urar a felicidade cios súditos e inspirar a seu marido os sentimentos que o tornara m um dos mais virtuosos re is da Escócia. Ela amenizou seu ca ráter, c ultivou seu esp írito, poliu suas mane iras e o infl amou de amor pela práti ca das máx imas evangélicas. A rainha punha empenho nesse apostolado, pois não duvidava que a trans-
Sta. Margarido compro o li berdade de alguns prisioneiros
formação e me lhora dos costumes do povo depe ndi a m e m boa parte do exemplo do rei e ela corte. Assim, toda a Escóc ia progrediu , tornando o reinado de Malcolm um dos mai s felizes e prósperos da E. cócia. Em suma, Margarida era uma rainha "piedosa e varonil ao mesmo
tempo. Cavalgava gentilmente entre os magnatas, tecia e bordava entre as damas, rezava entre os monges, discutia entre os sábios, e entre os artistas planejava projetos de catedrais e de mosteiros". 1 Deu s abençoou seu matrimônio com oito filhos, se is homen s e duas mulheres, todos tendo seguido a sen-
da da mãe. Dois deles - uma filha, também Margarida, casada com o re i da Ing laterra , e um filho , Dav i 1, re i da Escócia - foram e levados à honra dos altares. Zelo pelo csplendol' na casa ele Ocus e 11a corte Um cios cuidados de Margarida foi estabelecer em todo o reino sacerdotes virtuosos e pregadores zelosos. Um sínodo foi convocado, e as mai s impottantes dentre as reformas instituídas por ele foram a regulamentação cio jejum ela Quaresma e a observância ela comunhão pascal, então quase desaparecidos, e a re moção ele certos abusos concernentes ao casamento dentro dos graus de parentesco proibidos. A rainha procurou ainda organi zar a Igreja na Escócia. Em conseqüência, por seus conselhos, o reino foi dividido em dioceses, com demarcação bem determinada. Foram criados cabidos nas catedrais, com o correspondente clero, e estabelecidas paróquias. Atraiu ordens reli giosas, principalmente da França e da Lnglaterra, com vistas a contribuir eficazmente para o incremento da vida litúrgica, pois desejava o esplendor na Casa de Deus. Para isso, construiu igrejas magníficas e reformou outras, dotando-as do que havia de melhor para o serv iço divino. Embora fosse pouco ex igente para com sua própria pessoa, a rainha queria que a corte fos e esplêndida, a l'im de valorizar a autoridade real; que a nobreza se vestisse muito bem, e que os reis se trajassem com pompa. Protegeu também as ciências e as artes e fundou diversos estabelecimentos de cultura.
"Ó Rah1J1a santa, S0C0ITCÍ-110S" Salientou-se também pela carid ade para com o pró xi 1110. Em nossa época, em que tanta demagogia e pouco de co ncreto realmente se faz pelos pobres, o exemplo de Margarida da Escócia é paradigmático.
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li Diariamente servi a co m s uas igreja, por respeito à Presença Real , e bastava vê- la rezar para se conhepróprias mãos a com ida a nove me ninas órfãs e a 24 anc iãos. Ducer como é que se pratica a o ração. rante o Advento e a Quaresma , Margarida observava duas Quaate ndi a com o rei - ambos de joeresmas, a cio Natal e a ela Páscoa, lhos, por respe ito a Nosso Senhor aumentando ainda mai s suas austeridades . Jesus Cristo em seus membro padecentes - a 300 pobres, servin Seu confesso r e biógrafo di z do-lhes com ida ela mesa rea l. Tamque não é necessári o constatar se bé m di ari amente a rainha saía pelas ruas, sendo rodeCapela de Sta . Margarida , ada então por inúmeros órno Castelo de Edimburgo fãos; viúvas e necessitados ele toda espécie, que clamavam: "Rainha santa, socorr-ei-nos ", "Ó nossa mãe, assisti-nos". E e la a todos socorri a, mesmo que para isso tivesse que pedir também aos membros ela sua com itiva algo com o que as ·isli r àquela gente. Regularmente visitava os hosp itais para socorrer os doentes pobres. Os dee la praticou milagres, poi s sua vicia vedores in so lventes encontravam inte ira fo i um prodíg io. nela seu auxílio. Resgatava cativos, Última pl'ovação não só escoceses, mas também ele oue santa morte tras nacionaliclacles. Enfim, não houve miséria física ou moral que ela não Quando a rainha estava acamativesse socorrido. da em sua última doença, teve que passa r por uma prova duríss im a. Profll11dame11te Te ndo o re i Guilherme, o Ruivo, humilcle e austcl'a ela Ing laterra, in vad ido a Northumberl and escocesa, Malco lm organiSanta Margarida, co mo todos os sanlos, Linha profunda humildazo u um exérc ito para a reconqui sde . Pedia freqüente me nte a se u ta r. A rainha lhe pediu muito que não fosse pessoa lmente a essa ca mconfesso r que a advertisse de qua lpanha, mas e le resolveu ir com seus quer fa lta que a vis e prati car. E reclamava com e le, que não enconfilhos Eduardo e Edgard , ju lga nclo trava o que advertir, a legando que que o temor ela ra inha se devia à não estava cumprindo sua mis ão. bo ndade cio seu coração. Ela dormia pouco e rezava muiQuatro di as antes de sua morto. Sua alimentação era tão parca, que te, ela di sse aos presentes: "Hoj e se restringia apenas ao necessári o. talvez tenha acontecido uma grande infelicidade para a Escócia, Começou a sentir o organismo mi como a que ela não via há muitos nado, com terríveis dores ele estômaanos". Entreme ntes seu fi lho Edgo. Privava-se ele qualquer passatempo fútil e fu gia ele tudo quanto puga rd vo ltou da guerra, e e la lhe pedesse alimentar a sensualidade. Posdiu notícias cio pai e do irmão. Tesuía també m um vivo espírito ele me ndo que a verdade lhe fosse facompunção e tinha o dom elas lágrital , o rapaz respondeu que estava m mas. Guardava silêncio absoluto na bem. "Ah! Meu/ilho, sei muito bem
CATOLICISMO
o que se passa; por isso não tens que negar-me a verdade", respondeu ela. Edgar re latou então a morte ele seu pai e irm ão numa emboscada durante a campa nha. Margarida, erguendo os o lhos ao céu, excl amou : "Deus todo-poderoso, eu
vos ag radeço por me terdes enviado uma tão grande aflição nos derradeiros momentos de minha vida. Espero que, corn. vossa misericórdia, ela servirá para me purfficar de m.euspecados ". Enfim , ·ua alma se viu livre dos li ames do corpo no dia 16 ele novembro de 1093, aos 4 7 anos de id ade. Torno u-se padroeira ela Escócia. Te mpos depo is, ao cair esse país na heresia protestante, os católi cos recolheram secretamente as relíquias da rainha santa e ele seu esposo, a quem também consideravam santo, e as enviaram ao rei Fi lipe f[ da Espanha, que lhes deu um refúgio seguro no mosteiro EI Escorial, que acabava de construir. 2 • E- 111ail do auror: p111 so li111eo @ca to lic i s1110.co 111.br
Notas: 1. Fr. Ju sto Pe rez de Urbe), O .S. B., A,io Cf'i st ia110, Ed ic iones Fax , Madrid, 1945 , 10111 0 li , p. 579. 2. Outras obras consultadas: - Pe. Jean C ro isset, A,io Cf'i.l'tia110, Madrid , Satu rnin o Ca ll ej a, 190 1, 101110 li , pp . 807/ 8 10. - Les Petits Bo l landi stes , Vies eles Sai111.1·,
INFORMATIVO RURAL
Socialismo fracassa entre índios e assentados Índios resistem ao coletivismo -
As terras das reserva indígenas pertencem à Uni ão, e portanto não podem - seg undo a le i - ser vendidas, alugadas ou arrendadas. Na rea lidade, porém, cada vez mai s as terras das reservas são arrendadas pe los próprios índios, co mo se fossem propri edade parti cul ar. No Mato G rosso do Sul , os caiovás arrendam 2 mi I cios 3.550 hecta res da Reserva de Dourados. Na Paraíba, os poti guaras arre ndam para usinas de aç úcar. No Rio G rande do Su l, na Terra Indígena Ligeiro, com 4.500 hectares, o cac ique e um grupo ligado a e le vinh am press ionando as 300 fa míli as indígenas do lugar a cede r s uas terras em troca de peque nos paga mentos, como cestas básicas, e depoi . as arrendavam para plantio ele soja. Os produtores rura is afirmam que o arrendamento ajuda os índios a sobrev iver e fac ilita a co nvivênc ia com os brancos ("O Estado ele S. Pau lo, 17 e 19-906) . É tão antinatural a prática ele man ter os índios co nfinados em reservas com propriedade co letiva e e m contato co m os brancos, para que prolongue n1 os costumes bárbaros ele seus ancestra is - que e la não se sustenta. Os índios são os primeiros a resistir a essa pressão.
Índios em parceria - Outro siste ma e nco ntrado pe los ín li os para sobrevi ver nas reservas é a parceria. Os índios
cad iu é us da Reserva Bodoquena, e m Mato Gros so cio Sul , c uidam do gado dos fazendeiros vizinhos e ficam com metade cios bezerros que nasce re m e m s uas te rras. O s faze nde iro s gara nte m ass istê nc ia técni ca e fi sca li za m o trabalh o cios índios, qu e se transformam assim e m peque nos pecu ari stas. "Quere-
1nos mostrar que o índio é trabalhador e sabe coisas", di z o pres ide nte da assoc iação indígena , Ambrós io Silva . É um bom negóc io para os doi s lados . A rese rva, na divi sa co m o Paraguai , tem 350 mi I hectares e fo i doada aos cacliuéus pe lo Impéri o, co mo recompensa pela s ua participação na G uerra cio Parag ua i. Os paree is, na Reserva de Formoso, tê m quase 500 mil hectares e separam um a parte para a produção ag rícola, feita e m parce ri a com os produtores de soja ela reg ião. Já aprenderam a lid ar co m o trator e a me lhorar o so lo.
Fracasso no maior assentamento Maior assentamento ru ra l do País, a Fazenda ltamaraty, com 50 mil hectares antiga propri edade ele Olacy r ele Moraes, a 45 km de Ponta Porã (MS) - refl ete a tragédia da Reforma Agrári a. Milhares ele fa míli as, s ubjugadas por líderes do MST, CUT e Fetagri , sofrem com a s ituação criada. Nad a fun c ion a sem a comi ssão cio chefe. Sendo tudo irreg ular, a propina corre so lta.
O plano de desenvolvimento cio assenta me nto baseo u-se na ideo log ia da libertação. ]nvaso res de te rras partiram para o "diagnóstico participativo". Exbóias-frias e desempregados urbanos são chamados a decidir sobre a ex ploração agropecuária . Conforme auto-elog io do documento ofi cial, esses e lementos constroem juntos o conhecimento. Sob a compul são das idéia soc iali stas que inspi ram a Refo rma Ag rária, impl antam-se áreas comunitári as e trabalho co letivo. Passados quatro anos, que m vi sita o Assentamento ltamaraty constata que os níve is de produção são baixíss imos, e a qualidade ele vid a sofríve l. Campeiam a prostituição e a co rrupção. Lotes são venci idos descaradamente. O frág il e ilusóri o s ucesso do Assentamento ltam.araty de pende do fato de gue as áreas de exploração, supostamente co letivas, encontram-se cedidas a produtores da reg ião. Soja, milh o, algodão e mamona saem da ltamaraty como se gerados fossem pelo assentamento. Nessa ilusão produtiva, a pecuária também encontra seu ni cho . Por R$ 7/cabeça/mês a lu gam-se pastagens de capim braquiária. Há corrupção finan ce ira. A renda é paga di reta me nte ao chefe do grupo, que a reparte entre os apadrinh ados. O soc ialismo agrário transforma-se e m grossa pi caretage m (cfr. Xico Graziano, in "O Estado de S. Paulo", 12-9-06). •
B loud et Barrai , Libraircs-Éditeurs, Pari s, 1882, 10 111 0 V 1, pp. 548-554. - Edel v i ves. E/ Sa1110 de Cada Dia, Editori al Lu is Vives, S. A., Saragoça, 1947, tomo 111, pp. 4 13/423. - G. Roge r Huddl esto n, Th e Ca t/10/ic Encyclopedia, Volu111 e IX , Copy ri g ht © 19 10 by Robert App leton Co111pany, On l ine Ed iti on , C op y ri g ht © 200 3 by K ev in Kn ight. - Pe. Pedro Ribada ne i ra , S. J. , Fios Sa11ctomm , i n Dr. Eduard o Ma . V ill arasa, La Leye 11 da de Oro , L. Go n z á l ez y Co111paiiia Editores, Barce lo na, 1896, 101110 li. pp. 41 2-4 14.
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•• /\ apcLência 11clo latim , eleito hola-<le-ne11e
O revide do latim Ü mundo cultural se surpreende com o número crescente de jovens que se interessam pelo estudo do latim. O fenômeno se insere dentro de uma onda conservadora, à qual pode não estar alheia uma graça divina. Cio
A I.ENCASTRO
m 1997, uma lei promul gada pelo M EC desobri gou as uni versidades de ensin arem o latim, e essa bela lín gua deixou de ser obrigatóri a no curso de L etra s. Al gumas faculdades tiraram o latim da grade curricular. Houve quem acred itasse que ele desapareceri a por completo das esco las. No entanto, ocorreu o contrári o. Considerada uma " língua morta", o latim vive uma verd adeira ressurreição. O interesse pela língua de César, Cícero, Sêneca e Virgílio tem aumentado a cada ano. Nin guém sabe ao certo por que há cada vez mai s jovens interessados em aprender latim.
/Ja<los concretos <lo crescimento <lo latim O número de alunos matri culados, fo rnec ido por três importante universidades, mostra esse crescimento. Na Unicamp, por exemplo, as matrículas do primeiro semestre em Latim I, que em 2000 eram 123, em 2005 chegavam a 2 1O (o salto fo i de 70% em cinco anos) . N a USP, houve um aumento de 154% no número de alunos matri cul ados em Latirn I nos últimos seis anos - de 355 em 2000 para 903 neste ano. Nas duas unidades da Universidade Estadual Paulista (U nesp) que oferecem o curso de L etras, no mesmo período houve 11 8% de crescimento no número de alunos que se inscreveram para Introdução à Lite-
ratura Lalina. -
CATOLICISMO
O fenômeno foi tema de um a dissertação de mestrado de Charl ene Miotti na Unicamp, intitulada " O Ensino do La-
lim. nas Universidades Públicas do Estado de São Paulo e o Mé!odo In glês Reading Latin: Um Es1udo de Caso". E la aponta o aumento do interesse no curso de introd ução à língua latina da Uni ca mp, aberto à popul ação. As in sc ri ções chegaram a 26, número con siderado recorde. "O latim tem encontrado um mom.ento bastante favorável" , di z. O interesse aparece não só em São
Paulo. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesqui sas Educac ionais ( lnep), do Mini stéri o da Ed ucação, há mais alunos estudando latim na maior parte das universid ades onde a di scipli na é oferec ida, como as fed erai s do Rio Grande do Sul (UFRGS ), de Jui z de Fora (UFJF) e do Rio (UFRJ ).
l'ro/'essores buscam explicações para o fenômeno N as universid ades, os professo res divergem sobre as razões do interesse, enquanto se mostram entu siasmado s com a maior proc ura pelas disciplinas relac ionadas ao latim. "Ago ra, você vê salas cheias", conta Al exa ndre A gnol on, atualmente pesqui sador e professor de Latim da USP. N a Unesp, os professores se di zem surpreendido. diante do interesse pelo latim manifestado por estudantes de outros cursos, co mo Direito, Hi stória e Psicologia, entre outros. Seg und o algun s, ex istiri a também a influência de film es como "A Paixão de Cristo", uma das maiores bilheteria s de 2004, que é fa lado em latim e ara maico. É muito intere sante a oberv ação do profe sor M arco Martinho do Santos, da USP, segundo o qual a volta do latim não tem relação co m os produtos cultu ra is divul gados pela mídi a. "Quando contamos raos professo res de Portu ga l] que
aqui o número de alunos nessa disciplina tern aumentado, eles ficam admirados ", diz o professor Martinho.
O professor Paulo Sérgio de Vasco nce los, de lín gua e literatura latin a da Unicamp, também se anim a co m o interesse de vári as editoras na tradução de livros c láss icos, in clu si ve em edi ções bilín gües . " O panorama, sob esse ponto
de vis/a, é rnuilo melhor que o de décadas atrás", afi rm a. O latim teve "a sor/e de ser o veículo de comunicação de um irnpério que e.wá nos.fundamentos da cultura ociden!al e que produziu texlus literários geniais". E prossegue: "Há uma espécie de efeilo de multiplicação: os j ovens que agora se enlusiasrnam pelo estudo do latim transmitirão esse sentimento aos que os cercam, e a curiosidade pela área só vai aumen/ar. l... l Os jovens lêrn descoberto que seu estudo pode ser fas cinanle, agradável e gratifican te. Como acontece com os melhores ji·u/os do espírilo human o, esse inle resse j amais morrerá ". Uma espéc ie de bola-de-neve,
Das vastidões e grandezas do Império Romano, o latim foi refugiar- se no seio da Igreja Católica
portanto. Atraindo mais estudantes ele graduação, o latim gera conseq üentemente um número maior de pesquisadores e de pu blicações teóri cas na área. Um testemunho interessa nte é o de F,íbio Ca irolli , formado em Latim e atualmente alun o ele mestrado do Program a de L etras Clássicas ela USP: "O lalim não
!em uma aplicação imedia/a prát ica. Latim é um espaço de re,flexão, pelo qual você vê uma d!/erença na maneira de olhar". * O ESJJÍl'ito Santo "/'ala " latim Essa procura mais acentuada do estudo do latim relac iona-se evidentemente com a mai or apetência que se nota na juventude por temas culturais e religiosos ele feiti o conservador. Até poucos anos atrás vivia-se na euforia do moderno e do ex travagan te como padrões cio mundo contemporâneo. Tal tendênci a, sem deixar inteiramente de ex istir e ele se mostrar nas 1110clas e nos costumes, e até ele aparecer como predominante, perdeu entrelanlo mu ito de seu elã vital. Por outro lado, o gosto I ela trad ição vem encontrando eco crescente nas almas dos j ovens, 111 e. mo quando vi ve111 e
se co mportam segundo padrões ele tipo progress ista, que são os esgui chados pela mídi a, especialmente pela televisão. Es tamos di ante de um fenômeno global co mpl exo, do qual o gosto pelo latim não é senão um sintoma entre mui tos. Express ivo, mas não iso lado. Qua lquer simplifi cação nesta matéri a corre o ri sco le nos co ndu zir a co nc lu sões grosseiras e fora da rea lid ade. Cumpre obse rv ar muito, pondera r se m preco nce itos ou frenesis e so bretud o ped ir, através da M ed ian eira ele Todas as Graças, o auxílio do Divino Espírito Santo para ver co m cl areza e prec isão. Po is, ao que tudo indi ca, "hic est virlus Dei quae vocatur Mag na" (aqui está uma fo rça v ind a de Deus, qu e chamamos Grande) (Act. 8, 10). Nesse se ntido, é muito co nso lador lembrar que a Santa l grej a fo i a guardi ã
do latim e a tornou mes mo sua expressão oficial , depois que essa bela língua dei xou el e ser fal ada pel os povos. Por ass im dizer, a I greja santifi cou o latim e o elevou. Somente as tormentas pós-conciliares puderam diminuir o papel do latim na vida da [grej a. M as o Espírito sopra onde quer, e são os jovens de hoje em dia que reconhecem no latim aquele tesouro ele cultura que seus maiores vinham desprezando. • E- mai l do autor: cicla lencast ro @cat o I i ci smo.com .br
*A
matéria versada até este ponto res um e duas interessa nt es repo rt age ns: 1. T haís Fo nseca, A re.,·s11rreição do latim , 30-706 (ht t p://p. php.u ol .co m.br/ tropi co/htm 1/tex tos/2765 , l .shl ). 2. Simo ne l wasso. Latim ganha força e volta a c11rair a/1111 os nas 1.111i11ersidade.1· (" O Estado ele S. Pa ulo", 9- 10-06).
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coroa do martírio " (do M arPrimeira Sexta-feira do mês.
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São ,João Zedazneli e Companheiros, Confessores
São Leão Magno, Papa , Confessor e Doutor da Igreja
+ Geórgia, 580. Grupo de 13
1 Todos os Santos (neste ano transferido para o domingo, di a 5) São Benigno, Mártir + França, séc. n. Enviado por São Policarpo para evangeli zar a Gália, "depois de vári-
os e gravíssim.os tormentos, aplicados por ordem do juiz Terêncio, m.oeram- lhe o pescoço com uma barra de f erro e pe,:furaram.-lhe o corpo com urna lança, sob o imperador Marco Aurélio" (cio M artirológ io Romano).
2 Com emoração dos Fiéis Deíuntos Aos que visitarem o cemitéri o e rezarem pelos defuntos, concede-se [nclul gênci a Plenária aplicável só às almas do Purgatório, diariamente, do dia 1" ao 8. Para ganhar a indulgência é necessári o preencher as condições costumeiras, isto é, ter-se confessado, comungado, e rezar nas intenções cio Papa. Com essas mesmas condições pode-se ganhar uma indul gência plenária só aplicável às almas do Purgatório, visitandose no dia 1• qualquer igreja ou oratóri o público ou semi público e rezando-se o Credo e o Pai Nosso.
3 Santos Va lentim e Jlilário, Mártires
+ Itáli a, séc. Ill. Sacerdote o primeiro, e diácono o segundo. " Por causa de sua f é em
Cristo foram a/irados ao Tibre com uma pedra ao pescoço. Salvos milagrosam.ente por um Anjo, foram então de golados. Assim alcançaram a
9 Dedicaçã o da Basílica de São João de Latrão
tirol óg io Romano).
monges síri os envi ados para evangeli zar a região do Cáucaso; lá introduz iram a vida monástica, fundand o vários mosteiros muito florescentes.
Primeiro Sábado cio mês.
5 Santa Sílvia, Viúva
+ Roma , 594. Da mais alta ari stocrac ia rom ana, mãe do grand e Papa São Gregóri o M agno, a ele sec undava em suas boas obras e necess idades domésticas.
11 São Menas, Mártir
+ Egito, 295. Soldado cri stão síri o, foi para o deserto faze r penitênc ia. Tend o co nh ec imento dos festej os em honra aos imperadores do Oriente e Ocidente, foi ao teatro onde es tava reunida a multid ão, para fu sti gar a idolatria e o paga ni smo. M erece u co m isso os mai s terrívei s suplícios e a coroa do martírio.
ve o grau su1111na cum. laude (máx imo com louvor), sendo convidado para nela lecionar. ·cap itaneou um movimento de liberd ade cio seu país conb·a a opressão russa. Apri sionado e condenado à morte, teve a pena comutada por trabalhos forçados durante I Oanos. Findo esse período, foi preceptor cio Venerável Au gusto Czartoryski em Pari s. Finalmente enb·ou para os carmeli tas descalços, morrendo em odor de santidade.
16 Santa Margarida, Rainha e Paclroeira da l~scócia (Vicie p. 40)
17 Sa nto Aniano, Bispo e Confessor
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+ França, 453. B ispo ele Or-
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São Livínio , Bispo e Mártir
São Barlaam de Kllutyn, Confessor
+ Bélgica, séc. VII. Ori ginário da Inglaterra, foi ordenado por Santo A gostinho de Cantuári a e enviado à Bélgica como apóstolo. Depois ele converter muitos à fé ele Cri sto, foi martiri zado pelos pagãos.
lea ns, aj udou a defender a cidade contra a invasão de Átila, obtendo para isso o auxílio do genera l r mano Aeciu s, que repeliu o inimi go. Fa moso por seus mil agres.
+ Rú ss ia, 1 193. D a nobre fa míli a Novgorod , após a morte de seus pai s deu sua herança aos pobres, tornando-se eremita em Khutyn , às margens cio Rio Volga. Sua sa nti dade atraiu -lhe muitos discípu los. Organi zou a vida monástica, tomando o nome ele B arl aam. Seu túmulo tornouse lugar de peregrin ação.
7 São Florêncio de Estrasburgo, Bispo e Confessor
+ França, 693. Sacerdote irlandês que se tornou eremi ta na A lsác ia. Curou a filh a cega e muda do rei Dagoberto, que o fez B ispo ele Estrasburgo.
8 São Vilealclo, Bispo e Co nfessor
+ A lemanh a, 789. Jnglês ele origem, "desenvolveu. grande a ti vidade mi ss ioná ri a em meio aos .fi·isões e saxões, sobretudo na reg ião entre os rios Wesser e Elba, aonde fora enviado por São Bonifácio" (do Martirológ io Romano - Monástico) .
1~J São Nico lau 1, Papa e Confessor
+ Roma , 867. " Dotado de uma personalidade brilhante, garantiu a liberdade da Igrej a ante os dois imperadores então no pode r: Miguel, no Oriente; e Lotário, no Ociden.le" (do M artirol ógio Romano - Monástico) .
14 São Serapiflo, Mártir
18 São Romão, Már'Lir
+ Ásia M enor, 303. "Quando o pref eito Asclepíades in vesliu contra a Cris1a11dade com intenção de exterminá- la, ele exor/ou os demais crislcios a qu.e lhe opusesse/// resislência. Por isso in.fligira111 -lhe os mais duros tormentos", morrendo estrangul ado na pri são (cio Martirológio Romano).
19 Santos Roque Gonzalez e Companlleirns, Mártires
trono aos 15 anos, governou com sabedori a e prudênci a de ancião. Protege u pobres, órfãos e viúvas, sendo um pai para seus súditos. Tendo pagãos dinamarqueses invadido o país , decapitaram -no por não querer apostatar.
21 APRESENTAÇÃO DE OSSA SENI !ORA
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Santo Alberto ele Louvain , Bispo e Mártir
l•'l•:STA DE NOSSO SENI IOR ,IESUS CRISTO, REI
+ Bélgica, 11 92. M artiri zado
São Silvestre Aba cl e, Confessor
por defender os direi tos da I greja contra a prepotência cio imperador Henriqu e IV, da A lemanha.
22 Santa Cecília, Vir~em e Méír·tir Sa ntos l•'ilemon e /\pia , Mártires
+ Ás ia M enor, séc. l. D isc ípulos de São Pau lo, que diri giu a F il emon uma carta na qual louva "sua caridade e
sua fé em relação ao Senhor Jesus e a todos seus .f,éis ". Foram ambos apri sionados, açoitados, enterrados num a cova até a cintu ra e mortos a pedradas por sua fidelidade a Cri sto.
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sor de São Pedro, escreveu uma carta aos Corínti os, considerada doc um ento fundamental na defesa do primado uni versa l cio Bispo de Roma.
+ Á sia M enor, séc. L Di scí-
religioso da O rdem ela Bemaventurada Virgem Maria elas M ercês a derramar o sa ngue em terras cio Islã, pregado numa cru z, v isando ao resgate cios cativos.
20 + Inglaterra, 870. ubil)clo ao
+ Espanha, 85 1. F lora, nasc ida de pai maometano e mãe cristã, fo i denu nc iada pelo próprio irmão aos mouros que dominavam a cidade. Fugin do, encontrou-se com Maria, outra j ovem cri stã persegui da. Reso lveram então ir diretamente ao govern ado r mu çulmano co nfe sa r sua fé. Confortadas por Santo Eul ó-
Intenções para a Santa Missa em novembro Se rá ce le brada pe lo Revmo. Padre Da vid Francisq uin i, na s seguintes intenções: • Missa de Finados pelas sa ntas almas do Purgatório , rogando a intercessão de Nossa Senhora da M eda lha Mi lagrosa - devoção especia lmente celebrada no dia 27 de novem bro - pelo sufrágio das almas de parentes e conhecidos dos leitores de C ato licismo.
negou a f é para conseguir as boas graças do soberan o. Tendo sua esposa e sua mãe cortado relações co m ele por sua perfídi a, ca iu em si, chorou sua falta e proclamou coraj osamente sua f é. O rei, irritado, mandou que lhe corta ssem membro por membro antes de o decapitarem.
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Santo I,;c1mu11<lo, Mártir
São Tiago, Mártir
+ Pérsia, séc. V. Cri stão, re-
São Sóstenes, Mártir
Santas Flora e Maria, Virgens e Mártires
+ Polôni a, 1907. N atural ela Lituân ia, cur ou a Academi a de Arquitetura M ilitar onde obte-
27 OSSA SJ•:NI IORA DA MEDA! ,l l/\ MILAGROSA
+ Roma, 97 . Terceiro suces-
Santa l~rmemburga, Viúva
gio Romano-Monástico).
+ [tál ia, 1267. Eremita, fun dou 12 mosteiros nos quai s in stituiu a regra bened itin a em sua pureza, dando ass im ori gem à Ordem de São Si lvestre.
São Clemente 1, Papa e Mártir
+ Inglaterra, 700. " Princesa de Kenl, casou-se com o .filho do rei da Mércia, com quem teve três filhas , todas veneradas como sanlas. Ao fica r viúva, fundou o Mosteiro de Minster-in -Than el, de onde f oi abadessa" (cio Marti roló-
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25 São Mercúrio, Mártir
+ Ásia M enor, 250. Soklaclo, di z-se que um anjo emprestoulhe uma espada para levar seu exército à vitóri a. Denunciado como cri stão, foi decapitado.
+ África, 1240. O primeiro
São Rafael Kalinowski de São ,José, Confessor
gio, também prisioneiro, receberam o martíri o.
pulo de São Paulo , qu e o menciona em um a de suas epísto las.
29 São Saturnino, Bispo e Mártir
+ Fran ça, séc. II1 . Um dos sete mi ss ionários envi ados para eva ngeli za r as Gáli as, foi Bi spo de Toulou se, onde exerceu grand e apostolado até ser preso pelos pagãos no Capitóli o loca l, do alto do qual o prec ipitaram ao so lo.
Intenções para a Santa Missa em dezembro • Mi ssa de Natal, suplica ndo ao Divino M enino Jesus, por med iação de sua M ãe Puríssima, que conceda abundantes e especia is graças às fomílias de todos aque les que nos apo ia rom ao longo deste ano de 2006 .
30 Sa nto Anclré, Apóstolo e Mártir· NOVE
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ra , pois essa obra mos tra os fund amentos fil osó fi cos e os processo s hi stóri cos qu e geraram a atu al cri se mundial.
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E m tempos complexos, há necessidade de recordar princípios fundamentais, métodos de ação e táticas. Co1n esse objetivo, a TFP americana reuniu seus correspondentes em sua sede central na Pensilvânia. " ! FLAVIO M ATIHARA
e 6 a 8 de outubro, cerca de 300 correspondentes, amigos e membros da
Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (T FP) reuniram-se em Spring Grove (Pensilvânia) para estudar o tema Volla ao básico: revendo os
.fúndamentos da Contra-Revolução. O evento na sede central da TFP ameri cana fo i também uma boa oportunidade para os parti cipantes compararem suas observações relativ as à campanha nacional contra o film e blasfe mo O Código da Vinci, contra o qual eles ajudaram a organizar protestos - ocorreram 2.093 protestos em todo o país. De fato, para a T FP, nada de mais bás ico poderi a haver para anali sar os acontecimentos ci o que o livro Revolução e Contra-Revolução de Plínio Corrêa de Olivei-
CATOLICISMO
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A TFP ameri cana í'oi honrada durante o evento com a presença de personalidades ele alta di stin ção, principalmente o Príncipe Imperi al ci o Brasil Dom Bertrand ele Orl ean s e Bragança. Numa co nferênc i a, o Sr. N o rm an Fulkerson fez uma descri ção ela Ci vili zação Cri stã como ex istia na ordem medi eval. Sua magistral apresentação anali sou as concepções errôneas e distorções hi stóri cas deliberad as que freqü entemente inipedem os católi cos de compreender e admirar aquela época hi stóri ca. O Dr. Mario Na varro da osta, diretor do Bureau ela T FP am ' ri cana cm Washington , di ssertou sobr • a vi são co ntra-revo lucionária ela Hi stóri a, r ' futand a opini ão corriqu eira de qu a l li stóri a é uma seqüência caóti ca e fortuit a dt: fa tos. Nenhum a ·1ção t:ontra -r vo lucionári a pode ser cont: bida s ·m ter um sóli do alicerce nas leis qu • gov ·rn am a soc iedade, fo i o que dcscnvo lv ' LI o pesqui sador L uis Sérg io So limeo. Como apli ·ar a t ·oria à vida diári a, fo i o tema do Dr. N ·lso n Ri beiro r ragclli , tratand o da Revol11çrio 111111ml e sua importância para mudar as ment alidades . Outro membro da TFP ameri cana, Michael Drake, fal ou sobre a conexão entre a M ensagem de Fátim a e a ontra-Revolução.
Dando exempl os ex traídos da vici a diária , o vice- presidente da TFP ameri cana, John 1-lorv at, afirm ou que os conceitos fun damentais de Revolução e Contra-Revolução são tão bás icos, que tod o mundo na rea lidade tem alguma noção deles. Di sse que a melhor maneira de os participantes ci o encontro defenderem a fé fora cio rec into da Igrej a é se iclenti fi ca rem em público, e corajosa mente, co mo católicos e contestar os que buscam a destrui ção da C i vili zação Cri stã.
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Entretanto, o evento fo i muito além ci o fundam ental. H ouve outras conferênc ias des v endand o g rand es ho ri zontes. Por
exempl o, a dra mática descri ção ci o Capi tão Guy Gruters de como a fé católica o sustentou na pri são vi etnamita. E o Sr. Al ejanclro Ezeurra, da organi zação Tra dición y Acción (Peru ), falou de sua longa ami zade e cli scipulato em relação ao Prof. Plinio Corrêa ele Oliveira. Os participantes aprec iaram especi almente o discurso pronunciado pelo príncipe Bertrand de Orleans e Bragança durante o banquete no domingo. E o di scurso fin al do Sr. Lui z Antoni o Fragelli sobre O Significado da Vida , que constituiu uma co nc lu são apro pri ad a para a sé ri e el e conferências. • E- m ai I do au1 o r : f'l a1a111a1@ca1o l ici sm o.com .br
NOVEMBRO 2006 -
ra, pois essa obra mos tra os fundamentos fil osó fi cos e os processos hi stóri cos que geraram a atual cri se mundial.
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E m tempos complexos, há necessidade de recordar princípios fundamentais, métodos de ação e táticas. Com esse objetivo, a TFP americana reuniu seus correspondentes em sua sede central na Pensilvânia. r,
FLAVIO M ATIHARA
e 6 a 8 de outubro, cerca de 300 correspondentes, ami gos e membros ela
Sociedatle Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedatle (TFP) reuniram-se em Spring Grove (Pensil vânia) para estudar o tema Valia ao básico: revendo os
.fúnda,nentos da Contra-Revolução. O evento na sede central da TFP americana fo i também uma boa oportunidade para os participantes compararem suas observações relati vas à campanha nac ional contra o film e blasfemo O Código da Vinci, contra o qual eles aj udaram a organi zar protestos - ocorreram 2.093 protestos em todo o país. De fato, para a TFP, nada de mais básico poderi a haver para ana li sar os acontecimentos do que o li vro Revolução e Contra-Revolução de Plínio Corrêa de O li vei-
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CATOLIC I SMO
A TFP ameri ca na fo i honrada du ra nte o evento co m a I resença ele personalidades ele alta cli stin ç1io, principa lmente o Príncipe Imperial do Brasi l Dom Bertrand ele Orl ea ns e Bra an ça. Num a co nf ·rência, o Sr. N o rm an Fulker on fez uma descrição ela Civili zação Cri stã co mo ' Xistia na ordem medi eval. Sua ma •istral apresentação anali sou as concepçõ 'S ' 1-rôn as e distorções hi stóri cas deli beradas que freqüe ntemente inipeclem os ca l i li ·os de com preender e admirar a 1ucla po ·a hi stórica. O Dr. Mario Navarro da Cos ta, diretor cio B urcau da T l<'P ameri cana em Washington, cli ss rt ou sohrc a vi são co ntra-revolucionári a d:i l li st6ria, refuta ndo a opini ão corriqu ira d ' qu • a I li stóri a é uma seq üência caóti ca · fortuita de fatos . Nenhuma aç, o co ntra-revo luc ionári a pode ser con · ·bida sem ter um sólido alicerce nas 1·is qu • governam a soc iedade, fo i o qu · d 'S •nvo lvcu o pesqui sador Lui s Sérgio So li111co. Co mo :ipli ·:tr a teori a à v icia diária, foi o tema do I r. N •lson Ribeiro Fragelli , tratando da l?<'vol11ç1 o 11ltural e sua importância para mu dar as mental idades. Outro 111 •111bro da T FP am eri ca na, Michael I rak ·, fal ou sobre a conexão entre a M cnsa, ti· Pátima e a Contra-Revolução.
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Dando exemp lo. extraídos ela vicia cli ári a, o vice-pres idente ela TFP ameri ca na, John Horvat, afi rm ou que os conceitos fundamentai s ele !?evolução e Contra-Revolução são tão bási cos, qu e todo mundo na rea lidade tem alguma noção deles. Di sse que a melhor maneira ele os participantes do enco ntro defenderem a fé fora cio rec into da Igrej a é se identifica rem em público, e corajosa mente, co mo católicos e contestar os que buscam a destruição ela Civ ili zação Cri stã.
* * * Entretanto, o eve nto fo i muito além cio fundamental. Houve outras conferê ncias desve nd ando g rand es ho ri zo ntes. Por
exemplo, a dramática desc ri ção cio Capitão G uy Gruters ele como a fé cató lica o sustentou na prisão vi etnamita. E o Sr. Alejanclro Ezc urra, ela orga ni zação Tra dición y Acción (Peru), fal ou ele sua longa amizade e disc ipulato em relação ao Prof. Plínio Corrêa ele O li veira. Os participantes aprec iara m espec ialmente o di scurso pronunciado pelo prínci pe Bertra nd ele Orleans e Bragança durante o banquete no domingo. E o di sc urso fin al ci o Sr. Lui z Antonio Fragelli sobre O Signi:ficado da Vida , que constituiu um a conc lu são apropr i ada para a sé ri e ele confe rências. • E- ma i I do aut or: fla1a111at @catolici s1110.co 111 .br
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Omar Uma das mais belas criaturas de Deus ■ PLIN IO CORRÊA DE O LIVE IRA
V,.
e mos nesta ilustração um lindo espetác ul o da natureza, diretame nte cri ado por De us: o litoral e o mar. A massa líquida enorme que se move ao fun do, e fre nte a pra ia. A onda, que causa a impressão ele ser um vaga lhão co lossal, é e ntreta nto uma o nda peque na. M as e la a presenta ta l be leza, que repete e m po nto peque no e grac ioso toda a majestade das co isas grandes. Se ima g in ásse mos um ho me m bem pequenino a e nfrentar essa onda, pode ríamos temer um a tra gédi a . M as que linda tragédi a enfre ntar um a espum a tão be la, tão ba nhada pe lo so l. Yi sla nas culminâ nc ias, e la qu ase se diri a um a espum a de lu z. Por detrás, a massa da água mais parece um tec ido, um cetim maravilhoso com mov imentos diversos: pl ácida no fund o, ora mai movediça e cheia de sol, ora fraca mente agitada, pa ra morrer mansamente no contato com a terra. Tudo lindo ! Tudo tão artístico, que pod ríamos imagin á- la co mo uma estrada de lu í'., ' Nossa Senhora caminhando sobre as águas, ·rn direção ao litora l, nessa estrada de luz. Q ue maravilha ! No so Se nhor di z no Evangelho que n ·m Sa lomão, em toda a sua g lóri a, jamais se v s1i11 como os líri os dos ca mpos. Que potenla lo, e 111 toda a s ua g lória, se vestiu com um tecido parecido à "seda" desse mar? Esse oceano tão lindo é profund am nl ' fun cio nal. Sem seus mo vimentos, sem suas o ndas, sem sua influê nc ia no equilíbrio do uni v •rso, o pl aneta Terra seria impossíve l. Tudo se encontra no mar em lal qu a nlicl nde, que téc nicos ela UNESCO a f"irrn arani qu · as riquezas ex istentes para o home m no rn ar são maiores que as da te rra . É lindo e sumamente práti co. É a sabedori a de Deus ! Não há dúvi da de que a água u11111 das ma is belas cri atura de Deus. Imaginemos entretanto que essa água não ·xis tisse. Teríamos então no local um deserto ·0 1110 o Saara ! A alegria, a fecundidade, a b ' I 'Za du 1 ·1r11 provêm do contato com a água. A á >w1 pl ,í ·id11, 11 água bela, que parece uma laje de pedra preciosa lapidada para um rei ou umu prin 'l'SII caminhar, é ao mesmo tempo profundamente prática e útil. Uma maravilha d ' 1) ·us l •
Exce rtos da conferência proferid a pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em 1O de fevereiro de 1974. Sem r vi
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Nossa Senhora ele Czestochowa Maria Antonieta, rainha de França
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O lugar de cada um janto ao presépio
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Pr eUo de homenagem a Mada Al1tonieta
.::i.. ...lii'l..~:a Tanques russos ameaçam húngaros
Há 50 anos, o levante anticomunjsta na Hung1ia
Mejo ambjente e direUo de propl'ieclacle
SANTOS
Atmosfera de Nat,al
São Charbel Mald1louf' Pâncesa Isabel
Professor Aércio dos Santos Cunha
A djgnjdade da Sagrada Famíüa na fuga para o EgUo
Nossa Capa :
Lui s Gui lk:nno Arroyavc
CATOLI C ISMO
Natividade (1853) Franz von Rohden (1817 - 1903) - Óleo sobre tela, coleção particular
39 Grandes Personagens Princesa Isabel
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Qual o seu lu gar, ou o de sua fa mília, ou o luga r que oc upa o Bl"lsil jun to ao presépi o do Menino-Deus? Cada indivíduo, fa míli a, assoc iação, cada povo enfim , tem um luga r pró1ri o destinado pela Divina Providência. O amor de Deus por toda a humani dacl levou-O a vir à Terra e clar sua vicia, cleixanclo-Se sacrifi ca r no alto cio Ca lvári o para redimir os pecados cios homens e salvá- los. Agora cabe a nós corres ponder a es te ato supremo ele amor. De que modo? Conhecendo, adorando, servindo e glori fi ca ndo nosso Cri ador, ele acordo com o modo pelo qu al cada um fo i chamado a fazê- lo. Para isso, é necessário que cada pessoa conheça a si própri a com o obj eti vo de ava li ar a sua mi ssão nesta Terra . O mes mo se apli ca aos conjuntos de pessoas e aos povos de todo o orbe. Im agem di sso é a adoração dos três Reis Magos ao Divino Infan te - um ofertando ouro, outro incenso, e o terceiro mirra - símbolos da mi ssão de cada um deles. O preito ele homenagem prestado pelos pastores teve igualmente suas características própri as. E sobretudo o exce lso amor oferec ido pela Sa ntíss im a Virgem e por São José. A estas primeiras adorações junto ao berço ele nosso Salvador aplica-se também o princípi o ele que Ele fez a opção por TODOS eus filh os, não exclui nenhum deles, nobres ou pl ebeus, ri cos ou pob res. Ele não qui s, ele nenhum modo, favo recer qu alquer tipo ele luta ele classes, joga ndo as in feri ores contras as superiores, mas procurou estabelecer harmo ni a entre todas as classes soc iais. E cada uma dela. f'o i chamada a glorifi car a D us, co nfo rme seu modo pec uli ar ele ser. Essas e oul ras rcfl xõcs, o Prof. Plíni o Corrêa de Oli ve ira as desenvolve no arti go ele Na tal, matéri a ele capa desta ed ição. Tece algumas considerações sobre o modo próprio ele amor a Deus que correspo nde à direção, aos redatores e leitores ele Catolicismo, e sob re a fin ali dade para a qual fornos susc itados. A sim, num a época cm que se procura "ane tes iar" qualquer reação sadi a na opini ão públi ca e amortecer a defesa cios va lores mora is, cabe a Catolicismo despeitar e favo recer reações contra ludo o que é oposto à grandiosa vocação co ncedida ao Brasil pela Divin a Prov idência. Ta l matéri a vi sa ainda auxili ar nossos leitores, sobretudo neste período natalin o, a refl etir sobre o modo pelo qual cada um é chamado a serv ir a Deus, amá-Lo e glorificá-Lo. Assim, poder-se-á discernir melh or o fim para o qua l fomos criados. Que a Santíss im a Virgem Mari a recolha bondosamente o que ternos a ofertar a seu Divino Filho e o apresente num a ba ndej a ele ouro, oblen lo desse modo para cada um ele nós graças ainda maiores. Ajoelhados diante cio santo presépi o, rezaremos para que nossos estim ados leitore , amigos e simpatiza ntes, bem co mo seus fa mili ares, sejam espec ialmente benefic iados por ta is dád ivas di vinas. Desejo a todos os leitores um sa nto e fe li z Nata l e abençoado Ano Novo.
Em Jesus e Mari a,
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7 D IRETOR
paulobrito@catolicismo.com.br
Uma visita ao santuário de Czestochowa N ossa Senhora de Jasna Gora (Montanha Clara), a Padroeira da Polônia, Rainha e Mãe do povo polonês, protege esse país profundamente católico. Uma história de resistência, luta e vitória.
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VALD IS GRINSTEINS
es.ej a.ria conhecer o santuário de Nossa Senhora da Montanha Clara, em Czestochowa? Poderem.os ir lá hoj e à tarefe". Foi o co nvi te que me fez um amigo polonês. Não poderi a vir em melhor momento. Aceitei-o agradec ido, aproveitando a oportunidade para esclarecer com meu ami go algumas dúvi das hi stóri cas sobre a imagem. O outono euro peu te m algo de conto de fadas. A natureza apresenta mi sturados todos os tons de vereie, amarelo e até vermelho, mas aos poucos vai tomando um ar de melancoli a que influe ncia as pessoas. Eu es perava, portanto, ver nas fisio nomi as algo dessa melanco li a do inverno que co meça. Curiosamente, não a vi. Ou melh or, não a vi no santu ári o. Pois a cidade de Czestochowa tem, infe li zmente, muitíss im as construções da época comunista - banais, deselega ntes, descuidadas, sem beleza nenhuma - com uma capa de suj eira que as torna mais fe ias do que já são. Na c idade nota-se melanco li a nas fi sionomi as . Mas o santuário é co mo uma es pécie de intervalo, um oásis no meio da tri steza. O santuári o é visível ele toda a cidade, devido à sua torre esgui a. Chegando mais perto, percebem-se suas mu ralhas, que o rodeiam por completo. Apesar de ser um dia de semana, hav ia muita movimentação. E no estac ionamento hav ia carros com chapas de todas as regiões da nação. Num país tão mariano, tão cheio de imagens, santuári os, centros de peregrin ação, etc, é justamente este o sa ntu ário por excelência, ao qual nenhum outro disputa a preferência. Isto tem uma explicação hi stórica que passo a relatar.
Uma imagem <la r esistência No ano de 1655, suecos protestantes invadi ra m a Polôni a. Ao contrário elas outras invasões, rapidamente repelidas, esta passou à Históri a como "o dilúvi o", pois cobriu rapidamente todo o país. Estava em jogo um problema de legitimidade: quem tinha realmente direito ao trono. Uns sustentavam que era o rei sueco Carlos Gustavo, outros o rei João Cas imiro. Mes mo sendo protestante, Carlos Gustavo conseguira co nqui star o apoio de qu ase toda a nobreza polonesa, especialmente daqueles que tinham se pervertido ao calvinismo. Os principais castelos do país se renderam sem luta, fora m caindo todos. Só perm aneceu resistindo o santu ári o de Czes tochowa, um dos mui tos do país, não especialmente conhecido. Um exército sueco cercou o loca l e começou a bombardear os prédi os. Vários mil agres aconteceram, co mo o de balas disparadas que rebotavam ao golpear as paredes do santuári o. Os protestantes tentaram render os combatentes por todos o meios militares ou psicológ icos, mas Frei Kordecki, superi or do loca l, hero icamente recusou quaisqu er compromi ssos. E fo i justamente esta in tra nsigência que levou à vitóri a. A situação mu dou tão rapid amente, que os suecos perderam todos os caste los com a mesma velocidade com que os tinham ganho. E o único sa ntuário que res istiu ficou sendo o santuári o por excelência do país.
D EZEM BRO 20 0 6 -
Devoção a Maria Santíssima - II T extos inspirados de São Luís Maria Grignion de Montfort sobre a indispensável devoção a Nossa Senhora, característica fundamental da piedade católica, tão necessária para nossa santificação e salvação
Hereges suecos disparam os canhões durante o cerco ao santuário
A Vil'gem da Montanha Clara Ao ver a imagem pela primeira vez, o que mais me chamou a atenção foi sua eriedade. Uma eri edade profunda. Não há nada de sorri so o u face de benevolência ingênua. Não . Mas é uma seriedade que nada te m de chocante, ou que afaste as pessoas. Pelo contrário, é essa seriedade que atrai as pe oas. Elas sabem que seus pedidos vão ser tratados com profundi dade, com maternal solicitude. No rosto da imagem, duas cicatri zes bem marcada , fruto duma profanação dos hereges hus itas no sécul o XV. Vári as pessoas, talvez de boa vontade mas ele pouco descortino psico lóg ico, tentaram ao longo dos séc ulos pintar as cicatrizes de modo a diss imul ar a ferida. Nada conseguiram, pois as cicatrizes voltavam a aparecer. Isto faz parte da seriedade de Nossa Senhora: mostrar que tem inimigos, que sabe da sua existência, e que E la protege seus filhos. Alegrou-me especialmente ver a quantidade de pessoas se confessando. Diante de cada confessionário uma fila, sendo que hav ia pelo menos uns 10 sacerdotes dedicados a atender os penitentes. Isto num dia normal, porque em dia de festa há confessionários em toda a igreja, fo ra e até no pátio externo, cada um com sua respectiva fila de penitentes. Outra característica muito simpática é que numa capela do lado externo do santuário, a cada quinze minutos, aparece um padre para dar a comunhão aos que a pedem: Os fiéis comungam sempre de joelhos e recebem a eucari stia na boca. Os cânticos são tradicionais. No santuário ainda se mantém uma antiga tradição das cortes, quando a entrada ou saída do rei era assinalada com músicas. Aqui, para o fec hamento ou abertura do altar da imagem da Rainha do Céu, uma banda de trompetes interpreta uma música antiga, majestosa e sacra!. Na sala do tesouro pudemos observar alguns dos numerosos mantos da Virgem. Há literalmente de todos os tamanhos e estilos, alguns realmente valiosos, como um feito inte iramente de âmbar do Báltico, todo amare lo brilhante.
-CATOLICISMO
Há ig ualmente um mu se u dedi cado ao hi stó rico cerco protagoni zado pe los protestantes, onde pudemos ver numerosas arm as cios defensores ci o sa ntuári o, uni fo rmes, estandartes, bem co mo alg umas elas ba las di sparadas pelos hereges suecos. Mas o que chama e pecia lmente a atenção são as contínua, peregrinações ao local. Não são peregrinos isolados, se be m que também os há. O mai s com um é ver chegar uma peregri nação ele professores, logo outra da marinha de guerra, segui da por uma promovida por doutores de tal univer idade, de fié is da paróquia tal , dos estudantes do último ano ginasial de todo o país, ou uma simpática e buliçosa peregrinação de cri anças de escolas católicas do leste. Uma peregrinação sa indo quando a outra está entra ndo, e a terceira ainda ocupando o local. Nos intervalo das mi ssas os fié is podem caminhar de joelhos em um percurso por trás do altar, que permite aprox imar-se da imagem e vê- la de perto.
A vel'dadeira gl6l'ia s6 nasce da dol' Conforme comentava o Dr. Plíni o Corrêa de Oliveira, só traz glória aqui lo que é árduo, difícil e trabalhoso de realizar. E não podemos negar que o cerco de Czestochowa foi realmente difícil para os defen ore , T iveram que permanecer fié is quando todos, literalmente todos, tinham abaixado a cabeça. Mas a perseverança dele ficou até hoje registrada na memória nacional , pois c nqui taram a admiração da nação de forma profund a. Peçamo a No a Senhora que o povo polonês por ela protegido c umpra também hoje sua função de ser a pedra de escândalo moral numa Europa descristianizada. Quando todos baixam as cabeças diante de crimes como o aborto, que continue endo a Polônia o país que se opõe até o fim, não transige, e pela intransigência desperta a consc iência dos outros, obtendo de Maria Santíssima a vitória. • E-ma il do auto r: valcl is~ ri nsteins@catoli cjs111o.co111 .br
iz o grande dou tor marial São Luís Maria Gri gni on de Montfort, em seu insuperável Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgern*: "Confesso com toda a Ig reja que Maria é uma pura c ri atura saída das mãos do Altíss imo. Compa rada, portanto, à Majestade infinita, ela é menos que um átomo ; é, antes, um nada, po is que só Ele é Aquele que é (Ex 3, 14). Por conseguinte, este grande Senhor, sempre independente e bastando-se a si mesmo, não tem nem teve jamais necess idade da Santíssima Virgem para a reali zação de suas vontades e a manifestação ele sua glóri a. Basta-lhe querer, para tudo fazer. Digo entreta nto que, supostas as coisas co mo são, j á que Deu s qui s começar e acabar suas maiores obras por me io da Santíss ima Virgem depois que a fo rmou, é ele crer que não mudará ele condu ta nos sécul os dos século , poi s é Deus, imutável em sua conduta e em seus sentimento . [.. .] A co nduta das três pessoas ela Santíss im a Trindade, na encarnação e primeira vinda de Jesus Cristo, é a mes ma de todos os di as, de um modo visíve l na Igrej a, e esse procedi mento há de perdurar até à consumação dos séculos, na última vinda de Cristo. [ ... ] Pois que a graça ape rfeiçoa a natureza e a glória aperfeiçoa a graça, é certo que Nosso Senhor continu a a ser, no Céu, tão Filho de Maria como o fo i na Terra. Por conseguinte, E le conserva a submi ssão e obediência do mai s perfe ito dos filhos para com a me lhor elas mães. [... ]
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Se Moi sés, pela força de sua oração, conseguiu sustar a cólera de Deus contra os israelitas, e de tal modo que o altíssimo e infinitamente mi sericordioso Senhor lhe di sse que o deixasse enco lerizar-se e punir aquele povo rebelde, que devemos pen sar, com muito mais razão, da prece da humilde Mari a, a digna Mãe de Deus, que tem mais poder junto da Majestade divina, que as preces e intercessões de todos os anj os e santos do Céu e ela Terra? [... ] Por meio de Maria, Deus Pai quer que aumente sempre o número de seus filhos, até a consumação dos séculos, e diz- lhe estas pal avras: ln Jacob inhabita - Habita em Jacó (Ec li . 24, 13), isto é, faze tua morada e residênc ia em meus filhos e predestinados, fi gurados por Jacó, e não nos filhos do demônio e nos réprobos, que Esaú figura.
Assim como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, há na geração sobrenatural um pai , que é Deus, e uma mãe, Maria Santíssima. Todos os verdadeiros filhos de Deus e os predestinados têm Deus por Pai e Mari a por mãe; e quem não tem Maria por mãe, não tem Deus por pai. Por isso os réprobos, os hereges, os cismáticos, etc., que odeiam ou olham com desprezo ou indiferença a Santíssima Virgem , não têm Deus por pai , ainda que di sto se glorie m, poi s não têm Maria por mãe". • Nota:
* Editora Vozes Ltcla. , Petrópoli s, 6" Ed ição, 196 1.
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Vale pela i11tcnção Sou de Re lig ião Católica Apostó li ca Roman a, tenho o " Atestado de Bons Antecede ntes", so lte iro , 26 anos , bom co ndi cio name nto fís ico, com a ltura de 1,76m, preste i o serviço militar e te nho curso s upe ri o r. Apenas não sou suíço. Por isso, apesar de ter todas as outras co ndi ções ex ig idas pelo regul amento da Guarda Suíça, não posso servir naque le destaca mento. Mas se e les fi zessem um a exceção, e u me a prese nta ri a co mo voluntário o u es tag iá rio no qu arte l deles e m Roma por doi s anos. Para mim eria uma honra e um a reali zação profi ss ional inesq uecíve l por toda minha vida, e também inesquecível para toda minha famíl ia. (G.B.B. -
SC)
do tema "os soldados ou o exérc ito de Cristo", o u "os so ldados do Papa", mostrando a força militar da Igrej a como uma espécie de ca val ari a pósmedieval. O foco principal seria o lema daquela corporação: Coragem. e f,ide/idade. A coragem em defe nder a Igrej a, a fidelidade aos Papas. Acho que atrairia uma faixa de público muito boa, pois há mercado para isso. Mas haveri a necessidade de muita grana para um a s uperprodu ção e nce nada e m Roma, focada no Vaticano, com trajes de época etc. Acho que os miliardários de Hollywood não go tam de aplicar seus dó lares em resgatar a imagem da Igreja Católica ... Publiquem vocês esse anú nc io, ou espalhe m pe la internet, quem sabe aparece algum rico e arroj ado líder católico que compre essa idéia. Esse filme poderia atrair muito prestígio para a fgreja, mas também atrair a crítica das "patrulhas ideológicas", que utilizari am todos os microfones para desprestigiar o filme. (M.A.T. -
BA)
Giga-<lcsap,·opriação [81 Com as diversas tentativa. de li -
quidação dos Estados da Igreja na Itáli a , co m o " ro ubo" dos territó ri os pontifíc ios, resta c laro que a nova ordem (desordem) europé ia, hoje dese nhad a, há séc ul os vinh a se nd o esboçada. E para ta l in tento e ra in di spe nsáve l que as força sec re tas consumassem aquela g iga-desap ropriação das propri edades da Igrej a no re in ado de Pi o IX, e pelas quai s lutaram brava me nte os nossos suíços. (L.A.B.P. -
PI)
Os soldados do Papa 121 Garanto que se alguém tivesse a coragem de se lançar para d irig ir um filme sobre os séculos de rea li zações da G uarda Suíça, dari a um film aço de grande sucesso de bilheteria. Mas teria que ser um filme estritamente em cima dos episód ios históricos sem nenhuma ficção, a pura realidade dos fatos com muita motivação idealística. O rotei ro cinematográfi co poderia ser em torno
-CATOLICISMO
/JonéX cimo [8] Marav ilha ! Não dá ne m pra comparar os guardas suíços com os nossos guardinhas. Dá vergonha! Compare só o bonezinho dos PM com o e lmo com plumas ela G uarda Suíça. Será que os nossos comanda ntes mi li tares não percebem a importânc ia da ornamentação no uni for me, para impor respe ito? Os militar s prec isam
aparecer e m público com brilho e gala, e não apagados e esfarrapados, como carregadores ou limpadores de rua. (A.E.F. -
SP)
li volta <los <liJwssam·os Por um di a, o Bras il teve o fi c ialmente na pre ·idê ncia um comuni sta. Para nós foi um pesade lo. Fo i po r apenas um di a, é verdade, mas foi um di a ele luto, dia cl,e tri steza. Na ausê nc ia do presidente e do seu vice, coube ao presidente da Câ mara cios Deputados, o comuni sta cio Brasi l Alclo Rebe lo (PC cio B). E por um dia o pres idente prestou seu cu lto a doi s dinossauros: Enge ls e Marx , doi s teór icos qu e levaram à prá tica el e morticínios in co ntáve is, sobretudo nas nações pi sadas c ruelmente pe las botas e nsangüentadas cios sov iéticos. O Sr. Alclo Rebe lo perdeu uma be la oportun idade ele fi car célebre na Hi stória: 1) fazer o " mea-culpa"; 2) reco nh ec r os e rros co me tidos pe lo co muni s mo ; 3) ped ir pe rd ão, e m no me do regime verme lho, por 100 milhões (pe lo me nos) ele assassinatos, co nfo rm e co mpro va o cé le bre Livro Negro do Comunisrno. Lame nto, mas e le perdeu esse momento hi stó ri co. Ago ra, só espero qu e os dinossauros, que foram varridos cio leste europeu, não volte m para man c har com criminoso sangue estas nossas terras. Depo is desta triste notíc ia, pe lo me nos uma boa notícia que me co nso la, te ndo e m vista o fato ante rior: Uma o utra co muni sta , també m cio clinossáuri co PC do B, a Sra. Jand ira Fegha lli , foi derrotada nas urnas cariocas.Um certo brio aind a pode mos observar no Rio ele Jane iro, que não admitiu ter como re presentante no Se nado Federa l um a represen tan te ele Karl Max. Não d igo que e la defenda o que demon stro u o c itado Livro Neg ro do Comunisrno. M.lls e la se mani festou favoráve l a outro tipo de assassinato: o abo rto , um c rime ai nda mai s abom in áve l. Certame nte pi or q ue o crime dos sta lini stas que
IN MEMORIAM "\ fi ce-deca no dos cônegos da patriarVca l Basíli ca de São Pedro, Monsenhor Custódio Alvim Pereira , após longos e sofridos meses de enferm idade enfrentada co m res ignação, faleceu e m Rom a, em 12 de novembro último , com 9 1 anos. Doi s dias depoi s, seus fun erai s foram realizados solenemente na Basílica de São Pedro, com celebração pres idida pelo Arc ipreste da Basíl ica Vaticana, o Arcebispo D. Ângelo Co mastri. Presentes ao ato, o Embaixador de Portugal junto a Santa Sé, famili ares, reli g iosos e amigos . A seguir, seu corpo foi sepultado na capela-jazigo cio Co légio Português , no Cemitério do Campo Verano (Roma). Segundo notic ia a "Agênc ia Eccles ia", de 13- J J-06, Mons. Alvim Pereira fo i "um homem determinado e da velha guarda que foi 'fiei até ao fim mesmo, não aceitando muitas das mudanças trazidas pelo / I Concílio do Vaticano'. Foi assim que o reitor do Colégio Português de Roma, Pe. José Cordeiro, definiu D. Custódio Alvim Pereira ". Nascido a 6 de fevereiro de J9 J5, em B raçal (Diocese de Viseu - Po1tugal), D. Alvim Pereira foi ordenado sa-
mataram ad ultos , poi s o aborto cons iste e m matar inocentes que não tê m o me nor me io de defe sa. Parabéns, e le itores ca ri ocas, di go os a nti abortistas. Ig ualmente, meus parabé ns à Frente Ca rioca Pela Vida , que, co mo fo i notici ado por esta revi sta em novembro, atuou e m mome nto muito oportuno contra o assa. sin ato de in ocentes. (C.F.D. -
RJ)
Princípios da Santa Igreja [81 Aproveito esta ocasião, ilustríssimo Diretor, para cumprimentá-lo por sua brilhante condução desta revista católica, desejar-lhe que a Prov idência Divina o inspire sempre de acordo com os princípi o ela nossa Santa Igreja, e que tenha também a proteção dos santos anjos da guarda. Nesta encruzilhada em que se encontra nosso País, peçamos a Nossa Senhora Aparecida, padroe ira do Bra-
cerdote <.:0111 22 anos. Logo depois ensinou teo logia aos seminaristas. Quando não tinha ainda 40 anos, tomou-se vice-reitor (J 9461954) e depois reitor ( J954- 1958) cio Colégio Po1tuguês em Roma. Foi sagrado bi po com apenas 43 anos; um ano mais tarde nomeado arcebi spo de Lourenço Marques (hoje Maputo), capital de Moçambique. Em 1974, Paulo VT chamou-o a Roma, devido às hostilidades dos guerrilheiros marxistas, que haviam ass umido o governo, os quais externaram ameaças contra seu magistério categoricamente anticomunista. O ilustre prelado português, vindo da África, onde tinha trabalhado com grande dedicação e sacrifício, instalou-se no Capítulo Vaticano, pa saneio ali os seus últimos 30 anos. Em entrev ista concedida a Catolicismo para a edição de maio de 2000, D. Alvim Pereira, grande devoto ele Nossa Senhora, aconselhou: "Aos Leitores do Catolicismo, no espírito da mensagem de Fátima e do nosso grande Plinio Corrêa de Oliveira, recomendo que vivam como verdadeiros filhos da Igreja e sejam exemplo para todos os homens, no Brasil e no rnundo ".
sil, que não permita serem os erros do comun ismo espalhados e m nossa Pátria. A ação desses com uni stas, sabemos que será derrotada, poi s o Senhor desfaz os pl anos das nações que não crêem e redu z a nada os seus projetos. (J.N.K. -
RS)
Na Igreja e na sociedade Quero parabeni za r a eq uipe que redige essa re vi sta. Sou católico e trabalho na Paróquia São João Batista e m Paranaguá. Vi essa revista em um consultório de manipulação farm acêutica . E la muito me interessou e acessei o site "cato li c ismo". Neste mome nto minha situação está indi sponíve l para ass in ar a re vi sta, mas logo que possível vou assiná- la. Ela nos ensina e nos ajuda muito em nossa caminh ad a cristã na Igreja e na sociedade. Que a graça de Deus impulsio ne cada vez ma is os redatores, para sempre propaga r essa grande
forma de evangeli zação. Paz e Bem em C ri sto Jes us. (J.S.S. -
PR)
Recordações <lc Dr. Plínio [gJ Q ue bel a matéria de capa [Catolicismo, o utubro/2006] sobre o Dr. Plinio Corrêa ele Oliveira, de autoria de Armando Alexandre dos Santos. Que recordações mag níficas nos trouxeram aq uelas tão be m traçadas linh as! Quero tornar manifesto o meu desejo e o de meu pai, de que o bri lha nte jornalista continue a publicar artigos nesta rev ista.
(L.N.N. -
RJ)
Cartas, fax ou e-mails para as seções Correspondência e/ou A Palavra do Sacerdote : enviar aos endereços que figuram na página 4 desta edição.
DEZEMBRO 2 0 0 6 -
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L.
Pergunta -
Falando de São João Batista, Jesus di sse: "Entre os nasc idos de mulher, não há maior profeta que João Batista; poré m, o que é me nor no Re ino de Deus é maior do que e le" (Lc 7, 28). Não e nte ndi o sentido dessa frase. O sr. poderia me ex pli car?
Rüsposh1 - A hi stória de São João Batista é bem conhec ida, mas convé m recordar suas linh as ge ra is, para m e lhor compreensão da resposta. Herodes o Grande (o infame respo nsável pela matança cios Inocentes) tinha um filho chamado Herodes Antipas, que repudiou sua mulher legítima (filha cio rei cios na b ate us, Aretas IV) e passou a viver ilicitamente com Heroclias, que era ao mesmo tempo sua cunhada (pois casada com F ilipo, irmão ele Antipas) e sua sobrinha (neta ele Herodes o Grande). A união adulterina se agravava assim pelo fato ele ser duplamente incestuosa. São João Batista teve a coragem ele clenu nciar publicamente essa si-
tuação, objeto cio escândalo popular, pagando o preço ele sua heróica virtude: foi preso e encarcerado no paJácio-fortaleza qu e os Herodes tinham e m M aqueronte, na Transjordânia, ao norte do Mar Morto. Herodes temia mandar matar São João Batista, pelo grande prestígio popular ele que este gozava, mas chegou a esse ato nefando para satisfazer a promessa criminosa que fizera a Salomé, filha ele Heroclias, após o célebre bailado que tanto o extasiou, na festa de seu aniversári o. Cego pela luxúria, e para manter o juramento de conceder à jovem megera o que ela pedisse, mandou decapitar São João Batista e apresentou-lhe a cabeça numa bandeja, que ajovem entregou à mãe, instigadora do crime (cfr. Mt 14, 3- 12).
Cumpl'imento exímio <le sua missão A São João Balista, preso em Maqueronte, não escapava a possibilidade desse desfecho, e quere ndo encaminhar a Jesus seus discípulos, mandou dois deles a perguntar-Lhe: "És tu o [Messias] que há de vii; ou
Cônego JOSÉ LUIZ VIU.AC
devemos esperar outro?" (Lc 7, l 9). São Lucas narra a cena: "Tendo ido ter com Ele, disseram-Lhe: João Balis/a enviou-nos a ti, para te pergunlar: És tu o que há de vú; ou devemos esperar outro? Naquela mesma hora, [Jesus] curou muitos de erifermidades, e de chagas, e de espíritos malignos, e deu vista a muitos cegos. E responde,ulo, disse-lhes: Ide referir a João o que ouvistes e vistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciado o
Evangelho; e bem-aventurado aquele que não se escandalizar a meu respeito" (Lc 7, 20-23). São Lucas continua: "Tendo partido os mensageiros de João, começou Elea dizeracerca de João às !urbas: Que fostes vós ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento? [...] Mas que fostes ver? Um profeta ? Sim, vos digo eu, e mais ainda que profeta. Este é aquele de quem está escrito: Eis que eu envio o ,neu anjo adiante de ti, o qual preparará o leu caminho
São João Batista batiza Nosso Senhor Jesus Cristo
dianle de ti. Porque eu vos digo: Enlre os nascidos de 111ulh.e1; não há rnaior pro.feia que João Batista; porém, o que é menor no Reino de Deus é maior do que ele" (Lc 7, 24-28). O e log io ele Jes us a São João Batista é portanto retu mbante e muito merecido. São João Batista era mais que um profeta, pois era o Precursor cio Messias, e sua mi ssão co ns ist ia e m prega r ao povo a o ração e a penitência e m vista cio Re ino de Deus que se aprox imava, e, à chegada cio Messias, apo ntá-Lo ao povo. São João Batista c umpriu ex ími a me nte sua mi ssão. Te ndo, poi , Jesus ido ter co m e le, João di sse: "Eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado do mundo. [ ... ] E João deu testemunho, di zendo: Vi o Espírito desce r do céu ern forma de pornba, e repousou sobre ele. E não o conhecia, rnas o que rne mandou ba tizar em. ág ua disserne: Aquele sobre quem vires descer e repousar o Espírito, esse é o que batiza no Espíri10 Santo. Eu o vi; e de i leslemunho de que ele é o Filho de Deus " (Jo 1, 29-34).
O menol' no Rei110 <le Deus é maior <lo que ele E ntreta nto, depoi s ele di zer que "entre os nascidos de mulher " ningué m é maior cio que João Batista, Jesus paradoxal me nte ac resce nta : "o que é menor no Reino de Deus é n·1aior do que ele". Trata-se ele uma afirmação ele grande riqueza doutri nária: a co mparação se põe e ntre a missão profética ele São João Batista e a pe rte ncença ao Reino ele De us. Ora, a incorporação a este é uperior à função profética que a precedeu. Em o utras palavras, por maio r que
CATOLICISMO
fos e a cli gniclacle cio profeta Precursor cio M essias, era menor que o ingresso, pelo Sacramento cio Batismo, no Rei no ele Deus que Jesus Cristo veio instituir com a Santa Igreja Católica, e para o qual muito contribuiu a pregação de São João Batista. Isto não significa que qualquer católico é mais santo cio que São João Batista. Longe disso! Significa, isto sim, que a cligniclacle ele pertencer à Igreja Católica é maior cio que a cligniclacle cios que viviam no Antigo Testamento. Penso que ass im fi ca ex plicada a frase que embaraçou o missivista.
Pe1plexidade dos discípulos de São João Batista O tratame nto desta clifi c ulcl acle leva diretamente a uma questão co nexa, que e mbaraço u inclusive alg uns discípu los do Batista. Já vimos como o Precursor cio Messias temia que seus discípulos não compreendesse m inte ira me nte a mi ssão in -
finita me nte mai o r cio Filho ele Deus. São João Batista não tinh a a menor dúvida a respe ito, ta nto ass im que dizia: " fllum oportet cresce re, me autem minui" (É preciso que Ele c resça e eu diminua), como se verá e m seguida. Com efeito, o Evangelho ele São João narra essa perplexidade cios discípulos cio Bati sta: "EforamtercomJoão [Batista] e disseram-lhe: Mestre, o que estava contigo da banda de além Jordão, de quem deste testemunho [isto é, Jesus], eito que está batizando, e todos vão a ele. Respondeu João e disse: O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do Céu. Vós mesmo me sois testemunha de que vos disse: Eu não sou o Cristo, mas fu i enviado adiante dele. O que tem a esposa é o esposo, mas o amigo do esposo, que está de pé e ouve, enche-se de gozo com a voz do esposo. Pois este meu gozo está cumprido. Importa que Ele cresça e que eu diminua " (Jo 3, 26-30). O desfecho desta perplexi-
clacle é mais uma grande lição ela História da Igreja. Sem dúvida, vários di scípulos ele João Batista seguiram a Jesus, como Santo André Apóstolo (cfr. Jo 1, 40). Outros, poré m, ficaram e nredados na ua perplex idade e recusara m incorpora r-se a Cristo, como se vê no E vangelho ele São M ateus (9, 14). A tal ponto que, nos dias ela Igreja primitiva, apareceram seita. ou grupos que só haviam recebido o ba ti smo ele João (cfr. Act. 18, 25; 19, 3-4). E essa é a li ção: a lg un s daq ueles me mos que hav ia m co rres pondid o à graça, seg uindo a João Batista, fecharam-se à g raça maior que lhes fo i oferec ida, ele ve r e m Jes us Cri sto o Ve rbo el e Deus E ncarnado e m Maria, o M ess ias Sa l vaclor cio mund o. A pretexto de perma necere m fié is a João , recusaram o segui mento ele Cristo! Não nos iluda mos: a Hi stória ela Igreja está che ia ele casos análogos. • E-ma il do autor: concgo joselu iz@ca tolic isrno.corn
D EZEMBRO 2006 -
br
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Utopia europeísta na raiz da crise do Airbus 380
A árvore de Natal desde a época de São Gregório Magno
A
proclução do super-avi ão Airbus 380 sofreu atrasos que custarão bilhões de euros. Seg undo a revi sta "Le Point" de Pari s, o proj eto é antes ele tudo propagandístico e po1ítico: vi sa dar a impressão ele qu e os povos europeus, di ssolvendo-se num magma único - a União Européia são capazes de grandes feitos materiai s. Porém, cada país tem sua psicologia e métodos de pl anejamento legitimamente di fe rentes. Assim, os desacordos entre os estilos de trabalho dos engenheiros franceses e alemães responsá veis pelas diversas fases de montagem do A-380 causa ram um a catástrofe indu stri al. A utopi a oc ul tou esses probl emas e agora a Uni ão Européia quer sa lvar o projeto, ainda que tenh a de sofrer um a Stalingrado econômi ca. •
A
trad ição da árvore de Natal, segundo o "Catholic Reg ister" do Canadá, data cios tempos cio Pa pa São Gregóri o Magno (540-604) , q ue impul s io no u a c ri st ia ni zação el as trib os germânicas. Nessa heróica ta refa os monges usavam a fo rm a tri angul ar cio pinheiro para expli car aos bárbaro o mistério ela Sa ntíss ima Trindade. No século Xll o pinhei ro natalino já era símbolo ele cristianismo. A primeira árvore decorada fo i expo ta em Ri ga (Letôni a), no ano cio Senhor ele 15 1O. •
Vaticano cancela concerto rock de Natal
A
Sa nta Sé cancelou o Concerto ele Natal ele música rock e pop que se reali zava há 12 anos na sala Paul o VJ , por causa cios escândalos protagoni zados pelos artistas. Em 2003, a cantora norte-a meri cana Lauryn Hill so ltou uma diatribe anticatólica di ante ele 7500 espectadores, inc luindo bispos e cardea is. Em 2005 , a bras ileira Dani ela Mercury foi afastada porque anunciou que na ocas ião pro moveri a o preservativo. De arti stas rock e pop ad vêm normalmente escândalos e mú sicas degradantes. Mas há na Europa inúmeras orque tra e corais tradicionais di gnos ele interpretar as doces e nobres sublimidades cio Santo Natal, que poderi am ser convidados para o Concerto ele Natal. •
Na Polônia, vice-ministro da Educaejão condena evolucionismo
M
iros law Orzechowski , vice-mini stro da Educação, declarou que a teori a da evolução de Darwin não passa de uma "rnentira", uma "história de caráter literário que poderia servir de enredo para um .filme de ciência~ficção" e uma "concepção vil ge rada por um homem velho sem fé". O eurodeputado Maciej Giertych pediu ao govern o polonês que a teori a darwinista fosse excluída dos currícul os nacionais, vi sto que "não há provas que a sustentem ". Es a atitudes refl etem a convi cção dos cató li cos poloneses de que o evolucioni smo está voltado contra Deus e contra a verdade ensinada pela Religião Católica, informou o di ári o pari siense "Le Monde". •
Descoberta confirma a tradiejão de São Nicolau
E
Brasil poderia tornar-se o maior fornecedor de combustíveis
N
osso País pode tirar a liderança da Arábi a Saudita produ zindo combustíveis vegetais, noticiou o "New York Times". Se isso acontecesse, a ofensiva muçulm ana sofreri a tremendo golpe e poderi a arrefecer mui to, pois ela é fi nanciada com dinheiro do petró leo. Há porta nto um interesse de índole religiosa, vital para a Civili zação Cri stã e para o Ocidente, em que o Brasil e as nações sul -americanas de envo lvam a produção de combustíveis vegetais. Entretanto, correntes de esquerda, sempre ali adas dos inimi gos cio cristiani smo, co mb ate m ta l proj eto, ass im co mo sa bo ta m o agronegóc io. •
CATOLI C ISMO
111 _I 993, arqueó logos cles~obr~ram na ilha ele Gemi le, Turqu ia, um centro de peregnnaçoes composto de quatro igrejas, um caminho processional e uma quarentena de prédios em torno do primeiro túmulo ele São Nicolau (i' 326). O conjunto foi arrasado pelo furor maometano, ma as relíquias do santo foram salva e levadas a Myra, e hoje se veneram em Bari (Itáli a). A história cio santo bispo, que numa noite de Natal lançou pela janela os dote · a três moças pobres, possibilitando ass im seu casamento, está na origem da tradição do presentes natalinos. A gros. eira detw-pação hodierna de São Nicolau não desqualifica em nada e sa bela tradição. •
FranCja restaura o método tradicional para ensinar a ler
1
º
Mini stério da Educação da França dispôs que a partir cio presente ano as cri anças só aprenderão a ler pelo método sil ábico - o famoso B-A-BA. Fo i afastado o método "global", um dos maiores responsáveis pelo analfabeti smo funcional e o fracasso escolar, herança de Maio de 68. Po rém, os sindicatos dominados pelas esquerdas tentaram burlar a norma min is teri al co m livros " mi stos". Uma avalanche ele mães furi osas cobrou e ex igiu o método sil ábico nas escolas, apresentando até li vros como o Méthode Bosche,; do iníc io do sécul o passado . Essas mães têm toda a razão, porque o sociali smo e a Revolução Cultural promovem o achatamento igualitário e sabota m a boa fo rm ação das novas gerações. •
Escândalos não abalaram a fé de fiéis americanos
U
m estudo conduzido por Mark M. Gray, da Universidade de Georgetown, em Washington, mostrou que o escândalo dos abusos sexuais, praticados por membros do clero agindo segundo a mora/ nova, não levou os católicos a apostatarem ou abandonarem a prática religiosa. Eles reduziram, isso sim, os donativos para dioceses e paróquias . " Eu sou o bom pastor, co-
nheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem" (Jo l O, 14), ensinou o Divino Mestre. O princípio aplica - se plenamente à Igreja Católica. O clero progressista deve renunciar a seus erros e emendar-se, ou seja abandonar o progressismo . Somente assim ,poderá ele recuperar credibilidade e influência junto ao público .
Cismáticos humilham-se ante islâmicos
N
o Iraque, um dos sacerdotes da igreja cismática síria ortodoxa foi seqüestrado por terroristas islâmicos . Estes exigiram como resgate, além de dinheiro, que a referida confissão religiosa repudiasse publicamente o Papa Bento XVI, com o qual, aliás, não mantém qualquer vínculo, devido ao cisma. E assim o fez aquela igreja cismática, mediante 30 outdoors ostentados na cidade de Mosul, aviltandose diante da criminosa exigência . Porém, pouco depois o corpo do mencionado religioso apareceu decapitado e com pernas e braços desmembrados. Lição a ser tirada desse lúgubre fato: os cismáticos perderam duplamente, pois não evitaram a morte cruel de seu membro seqüestrado, apesar de se sujeitarem a uma exigência indigna por parte de terroristas muçulmanos, Aumentaram dessa forma o grau de abjeção em que já se encontravam .
D EZEMBRO 2006 -
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Nos Estados Unidos, homenagem à Rainha da França M ais de 200 anos após ter sido guilhotinada pela Revolução Francesa, o prestígio e a admiração pela rainha Maria Antonieta cresce no mundo contemporâneo CID
ALEN CASTRO
ímbolo da rea leza fe minin a, Maria Antonieta, essa filh a dos imperadores da Áustri a, casada co m o rei da França Luís XVI, serviu de símbolo-alvo para o ód io revolucionári o que se desencadeou no final do sécul o XVIII contra a mo narq ui a e a Reli gião. A fim de "justificar" a sanha ulul ante que os anim ava, os revolucionários de 1789 inventaram contra Mari a Antonieta toda e pécie de ca lúnias. Chamavam- na pej rativame nte de "a austríaca", "o rgulhosa, Madame d~ficit". Ante o povo que não tinha pão (devido a manobras executadas pe los clubes revo lucio nários para produzir revolta) e la teria afirmado: "Se não têm pão, comam brioche", frase que, na verdade, ela m111ca di sse, mas se encontra em livro de Jean Jacq ues Rousseau, publicado vinte anos antes ...
RaiJ1Jw-mártir Passada a o nda antimo nárquica, histori adores imparciais debruçaram-se sobre os fatos e jogaram ág ua fria sobre a febricitação revolucionária. Maria Antonieta começou a aparecer então a nossos contemporâneos, já a partir da segunda metade do século XX, na sua verdadeira estatura. Não queremos absolutame nte afirmar que ela foi uma santa. Não é di sso que se trata. A menos, é claro, q ue seu martíri o, levado com tanta dignidade e com ta nto espírito católico, tenha feito dela verdadeiramente uma rainha-mártir. A ponto de ter-se ela negado, nos últimos momentos de sua vida, a receber qualquer acramento de um padre juramentado (assim eram chamados os sacerdotes que hav iam jurado a herética Constituição Civil do Clero). Mártir da Igreja perseguida, mártir também da monarq uia ultrajada.
Revide da História Hoje em dia as apreciações se inverte ram , e Ma.ria Anton ieta é cada vez mais venerada na França. Um julgamento siCATOLICISMO
mul ado, fe ito em Paris po r ocas ião do bice ntenári o da Revolução Francesa, proporcionou-lhe uma estro ndosa abso lvi ção. E la tem sido revivida em filmes, em expos ições, e m objetos de arte. Trata-se de um fe no me nal revide da Hi stóri a. O mais sintomático porém é que a mudança não ocorre ape nas da França. Também nos Estados Un idos - país que nunca adotou a mo narqui a como fo rma de governo, que tem sido mesmo para muitos um símbolo do republi cani smo - é muito consideráve l o prestígio da soberan a francesa.
Os Estados U11idos e a rainha Exemplo disso é uma be la propagand a dos fa moso re lógios de lu xo Breguet (desde 1775) , estampada na contracapa da "Time" , princ ipal revista norte-americana (v ide ilu stração). Sobres ai uma esp lêndida foto de um quadro famoso representando Maria Antonieta segurando uma rosa, e ao fun do, no j ardins de Versa illes, o Petit Trianon , pal ác io especialmente freq üentado pela ra inha e m seus dias de glóri a. Eis o título: "Numa dupla homenagem. à Rainha de França, Breguet está recriando o famoso relógio Maria Antonieta e restaurando o Petit Trianon ". Diz o texto da propaganda: "A rainha Maria Antonieta nunca usou o célebre relógio Breguet que leva seu nome. Fabricado com todas as complexidades da indústria relojoeira, teve ele que esperar até 1827 para se r concluído seu maravilhoso conjunto, isto é, 44 anos após a data em que havia sido encomendado e 34 anos depois da morte de Maria Antonieta". Agora a Breguet dec idiu criar reprod uções exatas daquele relógio, e "ao ,nesmo tempo financiar a restauração de grande parte da residência de Maria Antonieta, incluído o Petit Trianon. Isto tudo como expressão de gratidão para a mais simbólica das clientes da Breguet". Logo no E ta.do Unidos! Assim a Históri a se vinga das mentiras da Revolução igualitária.. •
Queen Marie-Antoinette never gol to wear lhe celebrated Breguet watct, that bears her name. Featuring every known horological complexity, it took untll 1827 to complete thls marvel of intricacy, i. e. 44 years alter lt was ordered and 34 years alter Marle-Antolnette's death. The fate of the watch itself remains a myslery. Stolen in 1983 from a museum ln Jerusalem, lt has nevar been heard from since. Determined to bring such a unlque horological maslerplece back to llfe, Nicolas G. Hayek, CEO of Montras Breguet, recently challenged lhe company's master watcl1makers and c raftsmen lo create its exact reproduction. He has furthermore declded to finance the restoratlon of a large part of Marle-Antoinette's domaln, including lhe Petit Trianon. This could be called an expresslon of gratitude toward the most symbolic of Breguet's clients, one who greatly advanced lts fortunas. And by an lronlc twist of history, Breguet has today become patron to the Queen. Montrea Breguet SA, 1344 L'Abbay e ( V a llée d e Joux ) , Swltzerland, te l. +41 21 B41 90 90 - www.breguet.com
E-mai l do aut or: ciclalcncas tro @cato li cismo.com.br
DEZEMBRO 2006 -
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INTERNACIONAL que não publicassem nada antes das eleiçôes ". Ultraj ada e ludibriada, a Hungria c lamou pe lo afas ta me nto ci o gove rno soci alo-co muni sta e o derrotou estron dosa mente em rece ntes e le ições municipai s . Mas, contra toda a evidência cios fatos e os mai s comezinhos princípi os ela moral , tal gove rn o se recusa a des istir ele seu péss imo intento ele co nsolidar o soc iali smo. Para o descontentamento anticomu nista deste ano ainda pesa o fa to de que, na Rú ss ia , o ve lho esqu ema do império sovi éti co está se reco nstituindo ve lozme nte, e m no vos mo ld es . Va i fi ca ndo me nos imprová ve l a pers pec tiv a ele a Rúss ia ele Putin e seus co legas el a exKGB te ntar s ubmeter ma is uma vez a Europa O rienta l.
Heroísmo <lo Cardeal Mindszenty marca a Jhmgria
Lições de meio século de resistência anticomunista
O 50º aniversá rio ela in surre ição antico muni sta húngara traz à me mó ri a a fi gura cio heró ico arcebi spo de Ezstergo m e primaz el a Hungria, o Cardeal Joseph Minei zenty . E m 1956 ele fo i retirado cio cárcere e o país inte iro vibrou , recebendo a bênção desse heró i ela fé e da pátri a. Q uando os blindados co muni stas retomaram B ud apeste, o Cardeal refu g iou-
são sobre a Igrej a e a nação. Para isso, os comuni stas apos taram na única força que poderia remover o valoroso purpurado: a diplomac ia vati cana, engajada e m di álogo com o Kre mlin , condu zida pe lo e ntão Mon s. Agostino Casaroli, elevado posteri ormente ao cardinalato. Era o reinado ele Paul o VI. E m suas memóri as, o Cardeal Casaroli nos apresenta o primaz húngaro "com a tranqüila segurança de quem. se senle investido de uma dignidade solidamente radicada na História e no direito, embora menosprezada. Com o roslo branco ilwninado pelof ogo de dois olhos de aço, o cardeal veio em nossa direção! Desde o trágico processo de 1949 ele pareceu a mim, como a tantos milhões de católicos e não católicos, quase a person(ficação de uma indômita grandeza de alma, irredutível f ace ao direito renegado e à dignidade hurnana pisoteada". Nesse encontro, co mo nos que se seg uiri am, o cardea l-heró i rec usou a pressão ele M ons. Casaroli para abandonar a H ungri a e fu stigou o prelado vaticano por compac tuar com o co muni smo. Na despedid a, o príncipe primaz co nvid ou o vi sitante a repartir s ua mag ra refe ição. M o ns. Casaroli deu um a desc ulpa, e o g iga nte ela res istência anti comuni sta a ludiu - conta o próprio Mons. Casaroli 1
se na e mba ixada norte-ameri cana. Ali começou uma outra fase ele seu calvário moral. Não podendo de itar a mão sobre ele, o comuni smo desejava ex pulsá- lo cio país e colocar à frente cio e pi scopado húngaro um pre lado di sposto a coex istir com o regime ateu, e assim perpetuar a opres-
H ungria 1956-2006. 50 anos após o glorioso levante anticomunista, o povo húngaro ainda luta por se libertar dos resquícios de socialismo e de comunismo. • , Lu1s DuFAUR
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uem vê a foto ac ima, poderi a ser levado a imag in ar, sobretuto se e la fosse e m preto e bra nco, q ue retrata um a cena de 1956. Não ! Ela é deste a no de 2006: num a a ve nid a de Budapeste, um vetu to ta nque sovi ético T-34 avançou envo lto em gás lac rim ogêneo até ser detido pe la po líc ia. Sobre e le, jovens manifestantes bradavam "56, 56!" e slogans antico muni stas, agita ndo bande iras que ostenta vam o brasão da CATO LI C ISM O
G rande Hungri a, co m a coroa de Santo Estê vão. O gesto fo i dupl amente simbó li co. De um lado, represento u a ufa na le mbrança que guarda o povo húngaro do g lori oso levante anticomuni sta de 1956, afogado em sangue pe lo exérc ito ru sso. Mostrou ta mbé m quanto esse povo te m vi va consc iênc ia de que o comuni smo não é um fa ntas ma do passado, mas qu e e m seu país, como no resto ela E uro pa Oriental, é ativo e peri goso. Até do min a o Parl ame nto de B udapeste '
"Temos de queim.ar o comunismo", bradava um estudante q ue, co mo muitos outros, aca mpou d ias a fi o nas praças hún gara ped indo a q ueda cio gove rn o socia li sta. O atual descontentamento teve como estop im dec larações ci o prem iê Ferenc Gy urcsany, cio Partido Socia li sta (ex-Partido Comuni sta) . Ele referiu -se ao pa ís com in sultos cios mais injuri osos, e confesso u cini camente e m reunião partid ári a retra nsmitid a pe la rádi o: "Nós men timos de manh ã à no i1 e l para o po vol. Fizern.os tudo em segredo, para
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Para a preservação do meio ambiente, economista defende
o direito de propriedade "Os recursos naturais estão aí para serem explorados. A natureza, o espaço geográfico brasileiro não é um jardim botânico nem um jardim zoológico. Precisam ser explorados".
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Cenas do levante anticomunista húngaro de 1956
a "uma pref erência minha pela mais suculenta mesa com.unista .. . Esta queixa ou insinuação de urna ce rta pref erência para os patrões comunistas da Hungria haveria de aparecer outras vezes nas minhas sucessivas conversações".2 "Disposto a se deixar despedaçar antes que se dobrar - acresce nto u Mons. Casaro li - ele dava a impressão de uma lâmina de aço inflexíve l, pronta ao choque sem exclusão de golpes, com uma realidade igualmente determinada a não se de ixar dobrar. [... ] Parecia clara a sua convicção de que seria inútil tratar com. os comunistas para obter qualquer melhoramento, que não fosse apenas aparente, das condições da Igreja na Hungria. [... ] A conclusão lógica não podia ser senão um irremovível 'Defenda Carthago!': não havia outra estrada para ajudar - seja o povo, seja a Igrej a - senão a eliminação do regime comunista. O cardeal não ca la va es ta sua inquebrantável convicção e não deixava de exprimir um juízo muito severo CATOLICISMO
sobre o Ocidente. Sobre os Estados Unidos, mais concretamente: estes haviam tido no fim da grande guerra a supremacia milita,; graças também à posse da arma nuclear; mas haviam consentido que a URSS impusesse seu império político-militar e ideológico sobre muitas partes da Europa". 3
Lições do ci11qiie11tenál'io, mas não s6 parn a Hungl'ia ... Hoje, qu ando no Leste e urope u se adensam pesados presságios de um retorno do comuni smo sob novas fo rmas, a grandeza moral da gesta do grande Cardeal adquire uma dimensão profética. Ela projeta um ad mirável modelo de conduta a imitar na eventual adversidade. É perpl ex itante, mas o co munismo não fo i julgado numa Nüremberg - o que continu a indi spe n ável. Os crimes do co muni smo perma nece m impunes. Antigos sequazes seus estão livres e agindo, muitos até co m assento em parlamentos. Dos ambientes católicos, impregna-
dos cio espírito de coex istência e colaboração co m o co muni s mo, não vi e ram pal avras confessa ndo terem sido ludibriados pelos marx istas. Não abandonaram o mal, para cuj a vitória colaboravam, e não voltaram as costas para os inimi gos da Santa Igreja que cruelmente os enganaram. E ntreta nto, na medida em que odesco nte ntamento anti comuni sta toma corpo na ruas - e não só da Hu ngri a - , parece avizinhar-se o dia em que os povos c.lamarão por uma Nüremberg e m relação ao comuni smo e cobrarão essas es pantosas e inexplicáveis omissões e colaborações ele certos ambientes católicos. •
Brasil, País de proporções contine_n~ais, ~om um agronegoc10 pu1an te e ao mesmo tempo com a imensa floresta amazônica para ser explorada. Como compati bilizar esses fatores sem prejudicar o meio ambiente? Para responder a tal pergun ta, nosso correspondente em Brasília, jornalista Nelson Barretto, esteve na Câmara dos Deputados para entrevistar o professor Aércio dos Santos Cunha . Escritor e economista, com doutorado em economia na Universidade Vanderbilt (EUA), lecionou economia agrícola , com destaque ao meio ambiente, na Universidade de Brasília (UNB), durante muitos anos . Atua na Câmara dos Deputados há 12 anos como consultor legislativo, especializado na área de política agrícola. Estudioso dessa temática, é autor de mais de 40 trabalhos publicados . Na sala de reuniões da Consultoria Legislativa da Câmara, o Professor Aércio, de maneira didática e lógica, discorreu com segurança sobre o polêmico assunto.
E-mail do autor: lui scluf'aur @catolicismo.com.br
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Notas: 1. Agostin o Casaroli, // martírio dei/a pazienza, Ein audi , Torino, co l. Gl i stru zzi nº 520, 2000, pp. 48-52. 2. Jd ., ibid. 3. ld ., pp. 52-55 .
Catolicismo - Como compatibilizar o desenvolvimento da agricultura com a preservação do meio ambiente?
Prof: Aércio Cunha -
O probl ema está na
Prol: !lfrc!o: "A questão dos r ecursos re110váveis consiste em explorai' respeitando a capacidade de r enovação ela natllreza. É o problema da taxa de explornção".
ambigüiclade da soc iedade e m relação ao meio ambi ente e ao crescimento. Nota-se que a soc iedade brasi leira fica muito triste, escand a li zada co m as queimadas na Amazônia, com a devastação dos recursos. Uma coisa ofen siva, as pessoas fi cam indi gnadas. Indignação é a melhor palavra. A me ma ocieclade que fica indi gnad a com a devastação do meio a mbie nte, fica muito orgulhosa em ver a soja se expandir pela Amazôni a. E la fica feliz com os empregos c ri ados pe las madeireiras naqu ela reg ião, com o maior re banho cio mun do, em ser o País maior exportador de carnes. A sociedade quer as duas coisas. Os doi s argumentos são váli dos. Compatibilizar a agricultura com o meio a mbiente é um problema muito complexo. Vamos fazer uma análise para entendermos melhor o assunto . Há várias situações envolvidas - a pobreza e a conservação. O pobre é responável pela degradação do meio ambi e nte? Ou, que m sabe, são os ricos respon sáveis por isso. Quem degrada mai s, os pobres ou os ricos? Se os pobres degradam mais, devemos resolver o problema dos pobres. Empenharmo-nos para que eles fiquem menos pobres para degradar menos. Mas, se os ricos degradarem mais, então quanto mais o País se desenvolver e crescer, maior será a degradação ambiental. Assim, esses dois lados da questão têm que ser olhados com carinho. Dei esse exemplo para deixar claro a complex idade do problema. Não é possível uma resposta rápida. O problema DEZEMBRO 2006 -
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deve ser visto nas suas múltipl as facetas, para que se possa dar uma resposta· a essa pergunta. É um assunto bastante comp licado. Os recursos naturai s estão aí para serem explorados. A natureza, o espaço geográfi co brasileiro não é um jardim botâni co nem um jardim zoo lóg ico. Preci. am ser exp lorados. Há doi s tipos de recursos: os exauríveis ou não renovávei s e os recursos renováv eis. A questão cios recursos renová veis cons iste em ex plorar respeitando a capacidade de renovação da natureza. É o prob lema ela taxa de exp loração. Se há um a taxa de exploração mu i to elevada, estáse cortejanclq o desastre. Caso e estej a exp lora ndo ele menos, estar-se-á impondo à geração atua l um sac rifício. Porque poder-se- ia estar explorando mu ito melhor os vários recursos, sem prejudi car as gerações futura s. Ou seja, ex iste uma taxa ótima de ex ploração cios recursos renov áveis. Estes Lêm que ser explorados de certa forma, qualifi cada como sustentável. Uma forma em que se explora, mas sem comprometer a capacidade natural ele renovar. Esse é o ponto central da questão. Os rec ursos exa uríveis, esses não me preoc upa 111 . Na medida em qu e eles vão ficando mai s esc assos, o preço de les sobe. Q uando o pre ço sobe, aparece um substituto . Na reali dade, os exauríve is nunca se exaurem. Porque, quando o preço deles está alto demais, passa-se para o substituto. E a si 111 são preserv ados indi stintamente. Mas ele deix a ele ser rec urso, passa ndo a ser um produto .
Catolicismo - O sr. poderia dar um exemplo? Prof Aércio Cunha - Um exemplo claro dessa situação é o cobre. É um recurso ex tremamente nobre. As pessoas olhavam para o Ch il e, co m toda aquelas minas, como possuindo uma fo nte ele riqu eza muito grande. Co itado cio Bras il , que só Linha minéri o ele ferro, um recurso muito pobre. E veja o que aconteceu. O preço cio cobre subiu muito. Vieram as fibras óticas e outros produtos, que substituíram o cobre ele maneira muito mai s abundante. Na realidade, o sentido cio progresso tecnol ógico é ju stamente es e. O progresso tecnológ ico elimina a escassez, elimin a as restrições ela escas. ez de recursos.
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CATOLICISMO
Quando os recursos exouríveis vão ficando mais escassos, seu preço sobe . Nesse momento aparece um substituto. Foi o caso do cobre chileno, suplantado em boa medido pelo fibra ótico .
"O dirnito etc pm/Jl'iedactc é im/J01'ta11te pelo seguinte p1·ú1cípio: o i11cli1rÍ(/110 C0l1SCJ'Ya o que é seu. Se ele não é o <l0110, vai wmli·11i1· e apro,,eitar ao máximo".
Catolicismo - É o que está acontecendo com o petróleo, substituído pelo álcool e pelo biodiesel? Prof: Aércio Cunha - Con forme o aumento cio preço cio petróleo, ele vai viabili za ndo outras fo ntes. Não use i o exemplo cio petró leo porque ele é fundamenta l na indústria petroquímica, com mais ele mi l produtos deriv ados. Mas o petróleo como fonte ele energia, é claro, vai ser substituído. Se co locar o petróleo a US$ I 00 o barri l, vão-se viabil izar muitas outras fontes; e numerosas pesqu isas, que hoje são pouco prom issoras ci o ponto de vi sta econômico, serão viabi li zadas. E ntão, os recursos exauríveis não me preoc upam. Muitos hi storiadores dividem a H istóri a em idade cio bron ze, idade cio ferro e a época atua l, a era ela substituição. Cada dia o progresso tecnológico va i substituindo o produto natural por outros produtos mai s abundantes. Assim elimin a-se a escassez. Essa é a idéia cio progresso tecno lógico: elim inar a escassez. A econom ia está em uma luta perm anente contra a escassez. O problema eco nômi co su rge ela escassez ele recursos. Catolicismo - Qual o papel do direito de propriedade na preservação do meio ambiente? Prof. Aércio Cunha - O clireito ele propriedade é imporLante pelo seguinte princípio: o indivíduo conserva o que é seu. Se ele não é o clono, vai usufruir e aproveitar ao máx imo. E vai passar aquele limite, a taxa ótima ele exploração. Se é o clono daqueles recursos, não vai querer destruir a base ela sua sobrevivência. Se destruir, não vai sobrev iver. O indivíduo tem todo o incentivo para desenvolver um compo,tamento racional por um prazo o mais longo possível. Se o recurso não é cio indivíduo, ele tem todo o incentivo para explorá-lo o mais rápido possível. O exemplo é a questão da pesca. No caso da pesca ela baleia, quem é o dono ela baleia? Ninguém. Então o indivíduo antecipa- e e pesca o mais rápido que puder. Considere uma floresta de te1rn pública, com aquelas árvores valiosas de mogno, jequitibá, aroeira. O indivíduo vendo aquelas árvores, coita-as antes que alguém o faça. Catolicismo - Foi essa devastação que eu pude ver nos assentamentos de Reforma Agrária. Em um assentamento no Ceará, terra de
coqueiros, os assentados cortaram os coqueirôs para tirar o coco. Não havia mais o dono. Só que depois eles perderam o coco. Prof Aércio Cunha - Qualqu er dúvida sobre o direito de propri edade estimul a o uso cio recurso. Esse é o princípio básico. A vincu lação entre esforço e benefício é fundamental para a efi ciência eco nômi ca. Se alguém trabalha, faz jus a um benefíc io; se alguém poupa, faz jus ao lucro e ao retorn o depoi s. Mas, se alguém traba lha e eu ganho, as coisas não vão funcionar. É quebrada essa relação. Em eco nomi a há um princípio c hamado ex tern ali dacl e. Co nsiste em usufruir um benefício sem ter pago por ele. Um exe mpl o sim p les: o dono ele um a casa com seu quintal. E le junta o li xo, e em vez ele cui dar cio li xo, joga-o no quintal cio viz inh o. Para o clono da casa é uma maravilh a. ] sso é um a externaliclacle. O vizinho reage e devolve o li xo para o seu quintal. E daí surge um a briga. Assim, também o clon o de uma fábri ca que j oga a fumaça para a atmosfera, a qual poderá prejudicar meu pulmão. Igual mente o esgoto com produtos químicos, l ançado no rio que a cid ade mai s abai xo vai beber. Será necessári o gastar dinheiro para limpar a água que alguém suj ou. I sso é uma externalidacle. A presença das external iclades é uma elas causas bás icas ela degradação cios recursos naturai s. Catolicismo - Como evitar as externai idades? Pro.t: Aércio Cunha - É necessári o pena li zar os custos. Q uem produ ziu lixo terá que cuidar dele. E virá o imposto em cima. Quem suj ou o ri o terá que limpá- lo. Quem poluir a atmosfera terá que dar um j eito ele limpá-la. Por exemplo, colocando um filtro na sua chaminé para ev itar isso. Assim, quem jogou carbono na atmosfera terá que absorver esse ca rbono. Como? Pl antando árvores , uma floresta para absorver esse carbono. A lguém terá que fazer isso. Se o pol uidor não qu iser plantar ár vores, então paga rá alguém para plantá- las. Catolicismo carbono?
São os chamados créditos de
Pn~f: Aércio Cunha - É o exemplo básico di sso. É a intern ali zação elas extern aliclacl es . In ter-
A presença dos externa lidades, como a fuma ça de uma fábrica , é uma das cousas básicas da degradação dos recursos naturais
"O Cl'édito de carbo110 co11siste em elaborar uma age11da ele i11cc11ti110s para que se possa viabiliza,: O ü1cenU11u não é só <lar o di11hci1'0 ".
nali za-se aquele custo que foi gerado, e qu e o po luidor qu er transferir para o outro. Se alguém jogou li xo no quintal cio vizinho, terá que pagá- lo pelo trabalho ele limpar os detritos. Assim produzir-se-á muito menos li xo, e se terá muito mais cu iclaclo.
Catolicismo -
O que seriam as políticas de preservação do meio ambiente? ProJ: A ércio Cunha - Existem vários cam inhos que podemos seguir. U m deles ele intervenção direta, chamado comando e co ntrole. Proíbe-se a exp loração de certos recursos. Proíbe-se a pesca no período ele defesa, nos períodos de reprodução. Veda-se o uso ela rede de malha fi na. Pega-se um peixe, e conforme o tamanho, se for filh ote, joga-se de volta à água. Segundo, não se faz investimentos em áreas que se deseja preservar. Não se constroem estradas na Amazônia. Dificulta-se a penetração. Não se fac ultam empréstimos subsidi ados para a compra de barco de pesca, que estej am depredando os rios da Amazôn ia. Esta é a maneira mais comportada, fác il e eficiente ele preservar. Determina-se onde se efetuarão certos investimentos para abrir as frontei ras e onde se estabelecerá a fro nteira fechada, para dificultar a entrada e retardar o uso cios recursos. No Brasil , esse método foi ap licado . A Amazôni a fo i preservada porque quase não se abriram estradas. Uma terceira via são os incentivos econômicos. O crédito ele carbono consiste em elaborar uma agencia ele incentivos para que se possa viabilizar. O incentivo não é só dar o dinheiro. É a cenoura e o chicote. Pune-se financeiramente quem se comporta mal. E dá-se a cenoura para quem atua bem. As duas práticas devem estar presentes. Catolicismo - Qual seria a política adequada? Prof: Aércio Cunha - Por essa exp licação podese perceber a complex idade cio problema. Não se resume a uma questão voluntarista cio governo. Primeiro a sociedade deve desejar. O governo precisa ter conhecimento para reali zar uma política desse tipo. Ex iste um provérbio que diz: "Preciso
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saber qual obra de arte preserv'ar". Se ex iste uma política de proteção para a Amazônia ou para o cerrado, é necessário saber que área do cerrado deve ser preservada e quais as regiões do cerrado podem ser utilizadas para oub·as atividades. Primeiramente é prec iso saber quais reg iões são adequadas para a transformação do ecoss istema. Se vai -se destruir, aquelas árvores vão ser eliminadas, aque la fauna vai desaparecer. Haverá soja e a lgodão e m lugar delas. Mas ex istem outras regiões que convém preservar. Existe o qu e va le a pena preservar e o que não vale.a pena. Ou sej a, o prime iro ponto de uma políti ca é o conhecimento, e este é fruto da pesqui sa. Primeiro passo, pesqui sa. Seg undo passo, pesqui sa. Déc imo pas o, pesqu isa. Antes de ab rir estrada na Amazôni a, pesqui sa. Nova navegação, pesqu isa. Nova fe rrovi a, pesqui . a. Catolicismo - Como estão nossas pesquisas? Pro}: Aércio Cunha - Pratica mente não há pesq ui sas. Caso se deseje faze r a lg um a co isa séri a, deve-se e ntrar em contato com o resto do mundo. Ap li quem-se 10 bi lhões de dólares, convidem-se os principais centros de pesqui sas do mundo a ab ri r fi I iais na Amazôn ia. E pesq ui se-se a região, o q ue ex iste e o que não ex iste lá. E o País controle essa pesquisa. Hoje o que ex iste é pirataria. Vale a pena anali sar aqueles beduínos no Oriente Médio . Eles estavam sentados em cima de tesouros arqueológicos e usavam aq uelas pedras para a construção civil. Os ocidentais foram lá e descobriram aq uele tesouro. Contaram- lhe. a história daquela reg ião, que estava enterrada e mbai xo da areia. Até 1850, a única referência hi stórica que havia da região era a Bíblia. Aquelas cidades todas, enterradas e embaixo de metros de areias. Os arqueólogos descobriram aq uilo, estudaram as línguas, a Pedra Roseta. Se não fossem os oc identa is, toda a hi stóri a da humanidade estaria enterrada nas areias do deserto. Algo de aná logo ocorre hoje com a Amazônia. O DNA das plantas, a informação contida nas espécies vegetais e animais são bib li otecas. O que o Brasil está fazendo é co locar fogo na biblioteca sem ler os livros. A minha proposta é le r os li vros primeiro , e depois se faça o que
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São necessárias pesquisas sérias para decidir o que deve ser preservado ou transformado do ecossistema do País
"Se a pessoa é rica, prnocupa-sc com o futm·o. Se é rei, prnocupa-se com o J'uturo de sua <linastia. Quanto mais rico, mais visão <lc lo11go p1·azo".
qui ser. A prime ira co isa é a pesquisa. Pesquisar a Amazônia, pesqui sar o cerrado . Ver o que prec isa ser preservado . U sar os meca ni smos de co ntrol e. Não faze r estradas o nde não se deve mexer, para dificultar o acesso. Uti li za r o comando e control e onde pode ser utilizad o. Comple me nta-se com os incentivos econô micos adequados. Mas tudo isso baseado e m pesqui sa, que vai gerar informação para estabe lecer a política adequada. Com essa pesqui sa, va ise incentivar o uso das tecnolog ias que sej a m be ni g nas ao me io ambie nte. Catolicismo - Qual a influência da riqueza ou da pobreza na preservação do meio ambiente? Prof: Aércio Cunha - Eu comecei fa lando daquela ambigüi dade da soc iedade, mas agora prec iso passar para oub·o ponto. Uma sociedade de pobres possui algumas características. E la tem um hori zonte de planejamento muito curto. Uma pessoa muito pobre preocupa-se com aqui lo que va i co mer naque la noite. Ela tem que sobreviver. Se a pe soa é muito rica, preocupase com o fut uro do seu tetraneto. Se ela é o rei , preocupa-se com o futuro da sua d in astia. Quanto mais ri co, mais visão de longo prazo. É uma tendênc ia natural. Ou seja, dáse um valor muito alto para a renda futura . Se a pessoa é muito pobre, a renda futura não lhe interessa. Dá-se um va lor muito alto pela renda presente e muito pouco valor para a renda futura. Ora, rec ursos produzem renda no futuro. Os ricos vão querer preservá-los, mas os pobres não. O horizonte de planejamento das pessoas e das sociedades varia com o níve l de renda. Uma sociedade muito rica j á satisfez suas necessidades bás icas. Está com a barriga cheia, os dentes boni tos, físico bem arrumado, o médico cuidou de sua saúde, está bem alimentado, tem toda a parafernália da vida moderna. Vive co nfortave lmente com seus controles remotos . O que é que se quer agora? Deseja-se serv iços de meio ambiente, respirar ar puro, aprove itar a natureza, contemp lar um panorama bonito. Se alguém é muito pobre, quer sobreviver, comer hoje. Na medida em que a renda aumenta, que a sociedade vai ficando mai s rica, ex iste uma preferênc ia pelo serviço do me io ambiente. •
Novas drogas, homem-vaca e novelas com vírus ideológico
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ado q~1e um a le i recente não pune mais com pri são os usuán os de droga, esta corre so lta no Bras il. E novas espécies de droga vão sendo in ventadas para alimentar o vício insaciável. Já é sabido que matérias de si neub·as, como a cola de sapateiro, podem ser utili zada para e feitos aluc inógenos. Ago ra, o new-look são re médios que só pode m ser vendidos co m receita médi ca, os chamados re méd ios ta rj a preta. Obtidos por me io de manobras escusas e cumpli cidades várias, e les são usados também como droga. Na Vila O límpia, e m São Pau lo, rapazes e moças co m idade osc il ando em to rno de 18 a nos encontram-se nas chamadas danceterias. Ca lças j eans, camisas, bo nés e cartões de crédito, e le se detêm ini c ia lmente "em uma loj a de conveniência
para comprar bebidas. Antes, Alex (no rne ft.ctício) tira uma cartela do bolso e dá três comprinúdos para cada um dos amigos : 'Já tomei até se is desses com álcoo l. Fiqu ei su.perligado '." A carte la conté m reméd ios vendidos só co m receita espec ial, indi cados para tratamento de tran stornos mentais. Em esco las de classes méd ia e alta, em fil as de danceterias e bares, as carte la aparecem nos bolsos e mochil as. Quem toma, fica desperto por mais tempo . Ao ser misturado ao álcool, o remédio potenci a li za seus efeitos.
"Tomo para sair; antes da balada. Um comprimido ou dois antes. Depois que passa o efeito, bebo alguma coisa e tomo outro", d iz uma jovem (cfr. Simone Iwasso, "O Estado de S. Paulo", 5-1 1-06). Por essa forma se destroem moral e ps iquica me nte jovens da nova geração. Mas como o por-se a i so sem o alicerce firme da mora l católica, hoje tão esq uecida até nas igrejas?
llomem-1raca E por falar na fa lta que faz a moral católi ca, é bom lembrar que, sem ela, não são apenas os jovens que degenera m, mas també m adulto ; e mes mo aqueles tidos por mais em inentes, como são por exemplo os cientistas. Pesq ui sadores britânicos não ac hara m nada me lhor para faze r do q ue pedir autori zação ao governo do Reino U nido a fim de criar embri ões híbrido de vaca e ser humano. E les planejam, com essa aberração, obter uma fo nte simples e barata de célul as-tronco. Os embri ões seriam desenvolvidos a partir da fusão de DNA humano em óvul os de vaca, cujo própri o cód igo genético foi removido (cfr. "O G lobo", 4- 11-06). Deus concedeu aos home ns o dom da inteligência, a fim
de que aprove itassem e transform assem os seres criados. Mas essa transformação deve ser fe ita segund o a natureza das coisas, tendo em vista o benefício da human idade, mas também a glóri a de Deu s. Sobretudo no que se refere ao ser humano, cri ado à imagem e semelhança de De us, portador de uma alma espiritual e imortal , qualquer atentado aberrante deve ser sumari amente conde nado.
Novelas i11oc11/a111 VÍl'IIS ideológico Em entrevi sta concedida à "Folha de S. Paulo" (22- 10-06), João Carl os Saad, dono da Band, faz interessantes apreciações sobre as novelas da Globo, como propagando não só imoralidades mas também ideologias esquerdi stas, como a do MST e do senador petista Suplicy. Di z ele: - Já ouvi de países vizinhos probl emas com a novela brasil eira, sej a em razão do excesso de " te mpero", sej a de determinados vírus ideológicos. - Que vírus ideológico? - Vários. Pega o Rei do Gado [1 996/97]. O que fo i g lamo uri zado? O qu e sa iu d o not ic iári o e e ntrou na dramaturgia? O MST. Lembra que o Suplicy e ntrou na novela? Procure ver ao nde foi a novela [a mais de 30 países, entre e les Cuba e Argentina]. Vi muito país dizer "não quero". A TV aberta no mundo é muito conservadora. Só não é aq ui [no Bras il] , onde você vê muito tema com o qual se incomoda por estar com seu filh o na sala. Se é menina, então, fica mai s grilado. Mas com menino também. • D EZEMBRO 2006 -
alegria dos inocentes
A 1 W.
GABRIEL DA SILVA
ce leb ração da Nativid ade de Nosso Sen hor Jesus Cri sto é talvez a festa li túrgica mai s popular na maiori a dos países cristãos, embora, de si, a_Páscoa da Ressurreição seja mais importante. Apesar da decadência do espírito religioso, ainda em nosso dias a voz da graça continua a convidar a human idade a adorar Aquele que, sendo Deus, se fez homem para nos redimir. Para um cató li co, naturalm ente o ponto culminante da festa de Nata l é a "Missa do Galo", que na liturgia tradicional ce lebra-se à meia-noite. Noite de ga la para a qual todos se preparam com es mero: a liturgia usa os melhores paramentos, o coro prepara os mais belos câ nti cos, os as istentes co locam suas melhores roupas, as dona -de-casa e as cozinheiras preparam os melhores pratos, os ambientes são decorado com carinho. Mas a graça nata lina suscitou igualmente toda um a cul tura própria: a ceia, São Nicolau, o presép io, a árvore de Natal, os presentes, os bolos e pães especia is para a ocas ião, as gul ose im as, as visitas, o co ntos, as fe iras de Nata l durante o Advento, os concertos mu sicais nata linos, os cânticos popu lares, as famílias que se reúnem .. . tudo isso faz parte de um universo encantador que agrada especia lmente às crianças.
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As crianças, sim, porque representam a inocência, e a festa de Natal é a festa do Inocente por exce lência, que foi o Cordeiro de Deus, capaz de restaurar todas as inocências perdidas. O ambiente de Natal tinha então algo de maravilhoso, de evocat ivo de um mundo ideal: as luzes, as harmonias dos cora is ou do órgão, as cores dos enfeites do pinheiro, os perfumes das flores, as comidas e bebidas servidas na ceia, os -
CATOLICISMO
doces, os brinquedos ... Mesmo nos lares mais simples e pobres, algo desse maravilhoso penetrava, po is na reali dade ele depende mais de uma disposição de alma, de uma atitude interior, lo que cios próprios objetos. A criança tem a capacidade de maravilhar-se com as menores coisas: um pedaço de cabo de vassoura pode transformar-se no mai s be lo e ágil corcel. .. Não será por is o que Nosso Senhor disse: "Quem não receber o reino do céu como uma criancinha, não en Jrará nele " (Me 10, 15)? Ou seja, a inocência de alma não deveria ser privilégio elas cri anças, mas deveria continu ar a ilumin ar a mente madura do adu lto.
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Embora todo cristão deva adorar a Deus em todas as suas manifestações terrena , a psicologia dos povos revela que algun s são especia lmente mais tocados
por este ou aq uele aspecto da vida de Nosso Sen hor. Assim, o espa nhol e o português votam particu lar devoção à Pai xão de Cri sto, embora com diferentes matizes. Outros encontram maior fo nte de piedade ao contemplar a Pá. coa da Ressurreição, como os povos eslavos. E há os "natalinos" por excelência, como são os povos germânicos. A lembrança da Redenção e acha na or ige m da maiori a das tradições natalinas, embora já esteja se a paga ndo da memóri a dos povos. É o caso da trad ição da árvore de Natal, presente um pouco por toda parte, mas espec ialmente cultivada na Alsác ia, região que pertence u ao Sacro I mp éri o Romano Germânico, e que hoje faz parte da França. "Onde há uma família alsaciana, lá está a árvore de Natal", reza um ditado francês. Qual é a imbologia do pinheiro de Nata l? Ao menos na Alsácia, ele representa a árvore do paraíso. Por isso nele se penduram maçãs verme lhas, para lembrar o fr uto proibido que levou Eva e Adão ao pecado. Ne le se co locavam botões de rosa de pape l co lorido, que significavam
o amor de Deus pelos homens e a esperança destes em uma nova vida. Depoi s se acrescentaram ve las para lembrar o Lum.en Christi, a luz de Cristo que veio iluminar as trevas do mundo pagão. Mai s tarde foram-se juntando outro s ornamentos menos sim bóli cos, como guirlandas, fios dourados o u prate ados, e nqu anto bolas colori das tomaram o lugar das maçãs. Ao pé da á rvore co locam-se choco lates, gul ose imas, presentes e cartões de Natal desti nados aos membros da fa míli a. Tudo isso produz uma verdadeira alegria, própri a ao Natal, dife rente da alegri a da Páscoa. Marcada pela tragédia da Paixão e Morte de Cristo na Cruz, o júbi lo pasca l tem o sabor do triunfo do Filho de Deus sobre o mal e o pecado. A Natividade de Jesus, porém, produz alegrias suaves como a luz da estrela que gui ou os magos do Oriente, ou como os afagos sublimes co m os quai s Mar ia Santíssima envolve u o Menino Jesu s. Suplicamos a Ela, Medianeira de todas as graças, que alcance de seu Divino Filho essa alegria de alma para todos os leitores de Catolicismo . • E-mail
do autor:
w-~nbriel@cn1olicisrno.co111.br
D EZEMBRO 2006 -
s palavras do título deste artigo, do grande São Paulo Apóstolo, exprimem o magno acontecimento da noite de Natal. A partir delas, Plínio Corrêa de Oliveira desenvolve - na matéria publicada originalmente em Catolicismo com o títul_o "Apparuit benignitas et humanitas Salvatoris nostri Dei", na edição de Natal de 1955 - o princípio de que cada um individualmente, cada família, grupo, congregação, ordem religiosa, enfim, cada povo é chamado a louvar e retribuir de modo próprio a bondade e o amor de Deus para com os homens. O Prof. Plinio ressalta que todos e cada um têm um lugar junto ao santo presépio, assim como os Reis Magos e os pastores, os ricos e os pobres, os fortes e os fracos, os sábios e os ignorantes. Por isso, é importante cada qual conhecer-se para saber onde se colocar junto ao Menino-Deus. O autor esclarece ainda qual o modo próprio de amor de Deus que corresponde a Catolicismo, e de que modo - dentro da enorme vari edade de associações - os redatores e leitores da revista são chamados a glorificar nosso Divino Salvador.
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PuN1 0 CoRRÊA DE O u vE1RA
Catolicismo, dezembro de 1955
uem poderá di zer quantas pessoas, neste Nata l, se ajoe lharão di ante de um presépi o? Q uem poderá enumerar os homens de todas as raças, em todas as latitudes, que se acercarão do berço do Menino-Deus, a fim de Lhe implorar graças pruticularmente ricas e abundru1tes, nesse di a em que se abrem em toda a sua largueza as po,tas da misericórdia divina? També m nós, diretores, colaboradores e le itores de Catolicismo , nos prepara mos para acercar-nos do santo presépi o. Queremos meditar as lições que dele decorrem, robu stecer nossas vo ntades nas graças que de le promana m, alentar nossos corações na alegria de que é e le fo nte imperecíve l.
Junto ao santo prnsépio, grandes e pequenos são bem acollliclos
(Ti 3, 4)
uis a Providênc ia que o Me nino Jesus recebesse a vi sita de três sábios - que, segundo uma veneráve l tradi ção, eram tru11bém reis - e alguns pastores . Precisamente ",.,> o dois extremos da escala hum ruia dos valores. Pois o rei "g < está de direito no ápice do prestígio social , da autoridade política e § do poder econômico, e o ábio é a 111ais alta expressão da capacidade ~ intelectual. Na escala dos valores o pastor se encontra, em matéria de ~ prestígio, poder e ciência, no grau mínimo, no rés-do-chão. Ora, a ·;; ..J graça divina, que chrun ou ao presépio os Reis Mago do fundo de
seus longínquos países, chamou também os pastores do fundo de sua ignorância. A graça nada faz de errado ou incompleto. Se ela os chamou e lhes mostrou como ir, há de lhes ter ensinado também como apresentar-se ante o Filho de Deus. E como se apresentaram eles? Bem caracteristicamente como eram . Os pastores lá fora m levando seu gado, sem passar antes por Belém para uma toilette que disfarçasse sua condição humilde. Os Magos se apresentaram com seus tesouros - ouro, incenso e mirra sem procurar ocultar sua grandeza, que destoava do ambiente supremamente humilde em que se encontrava o Divino Infante. A piedade cristã, expressa numa iconografia ab undantíssima, e ntendeu durante séculos, e ainda entende, que os Reis Magos se diri giram para a gruta com todas as suas insígnias. Quer isto dizer que ao pé do presépio cada qual se deve apresentar tal qual é, sem di sfarces ne m atenuações. Pois há lugar para todos, gra ndes e peq uenos, fortes e fracos, sábios e ignorantes. É questão apenas, para cada qual, de conhecer-se para saber onde se pôr junto de Jesus.
Junto ao santo presépio há lugar para todas as vocações ra, o que é Catolicismo? Qual seu lugar na Casa de Deus? Respondendo a esta pergunta, teremos encontrado nosso próprio lugar junto a Jesus. Sabemos que, no Céu, os Anjos, di stribuídos nos nove coros, contemplam diretamente a essência divina, em cuj a riqueza infinita cada qual vê mais nitidamente certas perfeições. Na Igreja dá-se um fato análogo. As Ordens e Congregações Religiosas têm, em gera l, seu espírito próprio, seu fe iti o, sua esco la de santificação. E por isto cada qual conte mpl a e imita mais especialme nte certas perfeições do Divino Redentor. Este fato tem sua repercussão na vida espiritual dos fiéis. Percorrido pelas mais variadas e fecundas correntes de espiritualidade, nascidas de Ordens Religiosas ou de santos dos mais variados estados, distribui-se o laicato em grandes famílias espirituais, de contornos mais precisos ou menos, cuja vitalidade se identifica. com a própri a vitalidade religiosa de um povo. Congregados Marianos, Fi lhas de Maria, Acista.s, Terceiros Carmelitas, Franciscanos, Dominicanos, Norbertinos, Serv itas, Oblatos Bened itinos, Cooperadores Sa lesianos e tantos outros representam apenas o ponto de cristalização mais visível dessas diversas correntes. De fato, o espírito de Santo Inácio, como o de São Domingos, São Bento, São Francisco, São João Bosco e demais santos, sopra ainda muito mais largamente em toda a Cristandade, dotando-a de uma diversidade maravilhosamente harmoniosa.
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Dilrersos sinos de wn mesmo can1lhão <la Sa11ta Igreja s fatos espirituais, por sua vez, geram conseqüências no terreno do apostolado. E ass im vemos na Igreja militante uma ad mirável variedade de obras apostólicas que agem cada qual co m me ios peculiares, falam a.os homens uma linguage m própri a e se articulam exp lícita ou tacitamente com as demais, para a realização do Reinado de Jesus Cristo sobre a Terra. Era necessário que assim fosse. Pois os ho mens, Deus os cria muito diversos entre si, com necessid ades, aspirações e vias muito pessoais. As verdades que mais tocam a un s não são sempre as que mai s facilmente move m ou esclarecem a outros. Podería mos comparar o conjunto das obras católicas de um país a um ime nso carri lhão, em que cada s ino emite um som próprio, seja ele grave, solene, possante, seja cristalino, álacre, juvenil. Do fato de tocarem todos, resulta a harmoni a do conjunto. No imenso carrilhão das obras de aposto lado do Bras il , qual o papel de Catolicismo?
A ol'erta da mil'ra que equivale ao princípio de contradição uai, nesse gigantesco esforço de construção, nossa parcela de co laboração? Ajoelhados aos pés do Menino Jesus, na visita de Natal, todos Lhe oferecerão seus presentes: educadores, mi ss io nários, oradores, diri gentes de obras, terão frutos positivos a Lhe oferecer. Enquanto tantos se L he apresentarão com as mãos cheias de ouro e incenso, o que Lhe da.remos nós? Uma coleção de publicações. Nessa coleção, o que há? Se cada palavra contendo boa doutrina, por mais modesta que seja, tem aos olhos da misericórdia divina o valor do ouro e Lhe é agradável como incenso, por ce1to há muitos grãos de incenso e ow·o em nossas páginas. Mas também há muita mirra. Do que, aliás, sentimos alegria, já que o Evangelho conta que os Reis Magos levaram ao presépio não só ouro e incenso, mas também mirra. Há verdade que aos ho mens impressionam como o ouro. Há outras que lhes são suaves e perfumadas como o incenso. Quanto à mirra, é mais modesta. A raiz etimológica dessa palavra se relaciona com o vocábulo "mur", que em árabe quer dizer "amargo". Os especialistas descrevem a mirra como uma resina gornosa., em forma de lágrim a, dotada de gosto amargo, aromática, vermelha, semi-transparente, frág il e brilhante. Seu odor é agradável, mas um pouco penetrante. Como se vê, tem ela a beleza discreta., austera e fo rte do sangue. E seu perfume é o da disciplina e da sobriedade.
Diríamos que no ca mpo ideo lóg ico a grande verdade re presentada pela mirra é o princ ípio de contradição, pe lo qual o im é sim e o não é não. Todas as o utras são o uro e incenso, mas só valem se a prec iadas num a mbi ente pe rfumado pe la mirra. E é desta mirra que larga, muito, muito largame nte necess ita o Bras il.
A linguagem "sim, sim; 11ão, não " - "pão, p ão; queijo, queijo " ão se confunda o princípio de contradição, que é a quintessênc ia da lógica, da coerê ncia, da o bjetividade, co m o espírito de contradição. Este é um víc io que resulta do praze r j acta nc ioso ele contra ri a r o próx imo : é vo lúve l, e fa z do sim o não, e cio não e sim , confo rme conve nha à posição arbitrari a me nte to mada ele mo me nto . So mos um po vo que te m o defe ito ele suas qu a lidades. P rope nsos habitualme nte a tudo que é bo m, infeli zme nte não somos ao mes mo te mpo infe nsos a tudo qua nto é ma u. E m geral os o utros po vos, qua ndo am am um a ve rdade, ode ia m o e rro que lhe é contrário. E rec iprocame nte, quando a mam o e rro de testa m a ve rdade que a e le se contrapõe. E m última a ná li se, é pelo jogo desse princípi o que se explicam as grandes fid elidades, co mo as g randes apostas ias. Na ps ico logia do bras il e iro, o ódi o ex plíc ito e decl arado à verdade e ao be m é raro. N este sentido somos um dos me lho res povos da Terra. M as qu ando se trata, para nós, de deduzir do a mor à verdade e ao be m uma atitude milita nte -o contra o erro e o ma l, o caso é o utro. E no fund o isto se ·e: -o dá po rque o princípi o de contradi ção é a ntipáti co à i paca tez bras ile ira . U ma ex pressão mui to co nhec ida º ] exprime e m ling uage m popul a r o princ ípi o de contra- ~ di ção: " pão, pão; queijo, que(jo". M as e m inúme ros ~ casos confundimos pão com qu e ij o. i
A bonomia na me11tali<la<le do povo brasileiro sta te ndê nc ia de espírito se refl e te e m muitos aspectos da nossa me nta lidade . O B ras il é uma R epública. E ntreta nto, e m ne nhum luga r o mo na rca destronado e a mo narqui a deixaram mais saudades. Separa mo- nos de P ortugal numa atmosfera borrascosa . E ntre ta nto, no tratado e m que a a nti ga M etrópo le reconhecia nossa inde pe ndê nc ia, asseg ura mos a D. João VI até o fim de seus di as o títul o de Imperado r do Bras il. O q uadro corre nte, e por assim dize r ofi c ial, do M a recha l Deod o ro, procl a m ad o r da R e pública, a presenta-o co m o peito constelado com as in sígni as do I mpério que de rrubo u. E xpul sa mos e m 1930 o Pres ide nte Washingto n Luiz . Resta urado o regime constituc io nal, regressou e le ao Bras il num a mbie nte de respeito e de s impatia tão gerais que, com exceção de
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D. Pedro H, nenhum homem públi co reuniu em torno de si unanimidade maior. Por que então foi destituído? Dessas pitorescas contradições, poder-se-ia fazer uma longa li sta. E o assunto Getúlio V argas fo rneceri a a este respeito farta documentação.
"Seja vossa linguagem sim, sim; não, não" alvez, à vi ta destas reflexões, algum leitor sorri a, como quem está em presença de um amável defeito. Poi s não deixa de ter algo de simpático e tranqi.iilizador um tal cúmulo de bonomia. M as estudemos este assunto no terreno da mora l. Trata-se de analisar esta tendência psico lóg ica, para ver se é conforme à L ei ele Deus. E não é com meros sorri sos, mas com muita seri edade, que se resolvem os probl emas mora is. Aquele que veio ao mundo para pregar as Bem-aventuranças nos deixou por preceito que fôssemos fi éis ao princípio de contradição: "seja vossa linguagem sim, sirn; não, não" (Mt 5, 37). E se tal deve ser nossa linguagem, tal eleve ser nosso pensa mento. Em matéri a de moral, mais cio que em qualquer outra, todo excesso é um mal, ainda que sej a ele qualidades tão simpáticas quanto a bonomi a e a suavidade de trato. E um mal que, conforme o caso, pode torn ar-se muito grave.
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Católico "não prnticante", 11111 termo cacol'ônico e antitético xemplifiquemos. No terreno religioso, não é bem verd ade que o amortec imento do princípio de contradição nos conduz com mui ta freqüência a atitudes lamentáveis? Quantos são os católi cos que se julgam no direito de discordar ela I grej a em algum ou em muitos pontos? Com isto, embora se ufanem de católicos, pecam contra a fé. Por quê? Simplesmente porque imaginam possível um tertium genus entre ser católico e não ser. O mesmo se diga da naturalidade com que se admite entre nós uma categori a ele católicos " não praticantes" ! Claro que os há no mundo inteiro. M as parece-nos que em nenhum país eles têm tão pouca consciência cio que seu estado apre enta de cacofônico, de antitético, em uma palavra, ele contraditório. Por fim , mai s um exempl o. Quantas fam íli as temos, modelarmente constituídas! Por que progridem as modas imora is? É que essas famílias, que prezam ta nto a virtude, são por vezes pouco enérgicas no combate ao vício. Em todos estes ca os, o que nos falta? Viveza no princípio de contradi ção lapidarm ente definido por Nosso Senhor, quando mostrou a incompatibilidade entre o "s im" e o " não". Este arti go se vai alongando. Não res isto entretanto ao desejo ele indicar outro exem pl o. Todos seq uei-
xam da anemi a de nossa vida partidári a, de nossa atonia em matéri a de ideo log ia política e do predomínio das questões pessoais em nossa vida pública. Uma das causas deste fa to está na carência do princípi o ele contradição. Pois, se em face ele uma idéia que temos por certa não nos arregimentamos para a defender reso lutamente contra as que lhe são opostas, como pode haver partidos de verdadeiro conteúdo ideo lóg ico?
"Oxalá fosses li'io 011 q11e11te; mas, como és morno ... " amortec imento do princípi o de co ntradição gera o gosto, a mani a elas so luções intermedi ári as, eu qu ase diria a servid ão às soluções interm edi árias. Dados doi s caminhos, esco lher sempre o cio meio, o que não é carne nem peixe: é no que se cifra para muita gente toda a sabedori a. Ora, se rejeitar por princípio as so luções intermed iári as é um erro, erro também é adotá- las por princípio. Pois há casos em que a sabedori a as condena formalmente: "Oxalá fos-
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ses .fi io ou quente; mas, como és morno, corneçarei a vomitar-te de ,n inha boca" (A poc. 3, 15). 0
A pessoa viciada em soluções intermedi ári as é a vítima idea l de todos os velhacos. Pois a habilidade do velhaco consiste preci sa mente em fazer com que o ingênuo aceite, com algum disfarce, aquilo que, a nu e sem maquilagem, ele repudiaria. Os hereges são useiros e vezeiros em velhacarias desta natureza. Rejeitado o pelagiani mo, obtiveram eles a adesão de inúmeros ingênuos por meio do semi -pelagiani smo. Condenado o ari ani smo, pu seram em circul ação o semi -ari ani smo. Condenado o protestantismo, inventaram o bayani mo - heresia. propugn ada por Miguel Bayo ( 15 13 - 1589), professor da Universidade de Louvain (Bélgica) - e o janseni smo. Condenados o comuni smo e o soc iali smo, fa bricam um "soc iali smo mitigado", que em última análi se não é senão com uni smo velado. E ass im por diante.
Erros que "se1peiam" perigosamente entre os Jiéis ue essa tática é particularmente desenvolvida em nosso tempo, nada mais notório. Estamo no séc ul o da 5" Coluna. E qu e um a elas formas mais hábe is ele solapar os meios católico, é esta, as mais altas autoridades ecles iástica de no sos di as já o di ·seram . D isse-o Sua Santidade o Papa Pio XII quando, na Encícl ica Mystici Corporis Christi, e referi u aos erros que "serpeiam" entre os fiéis. Ois e-o Sua Em inência o Card ea l Sa li ege, arcebispo de Toulo use, quando afirm ou em declaração mundialmente famosa que tudo se passa co mo se houve e uma ação articulada para "preparar no seio do
Catolicismo um movimento de acolhida ao comunismo" (cfr. Catolicismo , nº 37, j aneiro de 1954, p. 8). E assim , nada mai s perigoso para o Brasil , nesta hora, do que o amortecimento do princ ípio de contradição. E nada ma is necessári o cio que trabalhar para que, e m nosso País, este princ ípio tome mais fo rça, mais cor, mais efi c iênc ia em toda a vida mental. A "mfrra " com o e1,canto
cio ow'o e cio incenso ão sei se um leitor não brasileiro compreende rá be m tod a esta probl e máti ca. Duvido bastante. Mas para um bras ile iro isto é bem mais inteligível. E é inteligível sobretudo para Vós, Senhor Jesus, que, deitado num berço rú tico, sondais ent:retanto até o fundo as almas e os corações. Para Vós que, sendo a Sabedoria incriada e tendo nasc ido d' Aquela que é a Sede ela Sabedori a, conheceis totalmente a índole de cada povo, a todos amais, a todos quereis santificar. Para Vós, que desde toda a eternidade tão particularmente amas tes o povo brasile iro e o predestinas tes a uma grandeza que encherá a história ele amanhã. Nossa obra é princ ipalmente ele mirra. Publicação fe ita para cató li cos militantes e praticantes, queremos que e les Vos amem sem mescl a ele qualquer outro amor. Que só sirvam a um Senhor. Que sej am cada qual e m seu coração uma c id ade sem di visão, contra a qual nada pode o inimi go. Que não o lhe m pa ra trás , ao e mpunhar o arado, e que no afã de semear não se esqueçam ele arrancar a erva daninha. De certo modo os católicos militantes e praticantes são, ta mbé m e les, sa l da terra e luz do mundo. E m parte depende da cooperação de les que o mundo não se corro mpa nem caia nas trevas. Quere mos que eles " sej am um sa l muito e mu ito sa lgado, uma luz posta no ~ mai s alto da mo ntanha, e muito brilhante. Neste sentido, Senhor, é nossa cooperação. E is o presente de Nata l que ac umul amos durante o ano inte iro, para Vos oferecer. Outros Vos darão o incenso de suas inúmeras obras, capazes de um be m inapreciável. Nós nos inserimos nessa grande obra que im ando em abundânc ia, no solo bem-a mado do Bras il , a mirra austera mas odorífera do "sim., sim; não, não". Que Mari a Santíss ima aceite essa mirra em suas mãos indi zive lmente santas e Vo- las ofereça. E la terá para Vós então o enca nto cio ouro e do incenso, com alg uma coisa a ma is. E isto lhe virá do suo r, do sangue de alma e das lág rimas de um apostolado que te m suas horas muito amargas ... M as na Cruz está a lu z. E neste a margor, o me lho r da alegri a e da beleza de nosso apos tolado . • Nota: Os in te rt ítul os nes te arti go foram in serid os po r esta redação.
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São Charbel Maldllouf Grande taumaturgo do século XX D esde pequeno dedicado às coisas de Deus, com fama de santidade já em vida, tornou-se um dos maiores taumaturgos da Igreja pelo número de milagres que operou 1.. PUNIO M ARIA SOLIMEO
uando se ouve fa lar no Líbano, a lemb ra nça que ve m à mente é a ele um país legenclá1 o, blico. Rea lmente, o Líbano é ci tado mais ele 70 vezes nas Sagradas Escri turas, e quase sempre de modo poético. O própri o N osso Senhor, que restringira sua vida públi ca à terras da Palestina, abriu uma honrosa exceção ao Líbano, indo até T iro e Sidônia. Seu povo, que j á fo i maj oritari amente católico, é mui to religioso. O territóri o ci o país está coa lh ado el e igrej as e santuári os, predomin ando o rito ca tólico ori enta l Maroni ta.
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Convento de São Charbel, em Annaya
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CATOLI C ISMO
O rito M aronita tem a honra de ser o único das igrej as ori entais que sempre perm aneceu fi el à I grej a Católi ca Apostólica Romana, nunca passando para o cisma.
"A devoção à Mãe de Deus é apanág io dos cristãos do Oriente; podese também afirmar que todo coração Libanês, e em particular maronita, é um co ração mariano. Todo ofício marunita deve conter hinos à Virgem Ma ria; e toda cerimônia religiosa deve incluir orações Àquela que fo i a co- redentora da humanidade " .1 N o seio desse ri to da Santa Igrej a Católi ca e de se país nasceu no século XIX um dos ma iores taumaturgos ci os te m pos co nte mp orâ neos, São C harbel Makhlouf.
Desde /Jeq11e110 dedicaclo às coisas de Deus
"Deus me quer i11teil'ame11te parn Si "
Charbel M akhlouf nasceu no dia 8 ele maio ele 1828 na aldeia de Bi gah- K afra, situada a 1600 metros de altitude, a mais alta do Líban o. Era o quinto filh o do casa l Antun Zaro ur M akhl ouf e Brígida AI -Chidiac. Tinha dois irmãos e duas irmãs. N o bati smo recebeu o nome ele Youssef (José) . Sua fa míli a era modesta, ele fé sóli da e pi edade sincera, e viv ia ela agri cul tura. N o ambi ente ru ra l consc ienciosa mente religioso, cresceu Youssef. A os três anos perdeu o pai e passou para a tutela do tio patern o, Ta nios. Yousse f freqü entou a escola paroqui al el a aldeia, e desde pequeno demonstrou profund o sentimento reli gioso e propensão para a contempl ação. Ass im, de vez em qu ando dei xa va os j ogos e se iso lava num a gruta pa ra estar a sós com D eus. Os outros meninos passaram a chamá- la, por ironi a, ele "a gruta do santo" . Como em todas as famíli as maronitas daquele tempo, à noite Youssef e seus irmãos se ajoelhavam ao redor ela mãe e repeti am as preces que ela faz ia, enquanto queimava incenso num prato junto ao altarzinho suspenso à parede, dedicado a Nossa Senhora. N o invern o, com a neve cobrin do os campos e parte elas casas às vezes atingia quatro metros Yousse f ajudava a mãe nos afazeres domésticos. Na prim avera levava a vaca e os cordeiros ela fa mília para pastar e ajudava o tio no culti vo cio ca mpo, sobretudo no ele amoreiras para cri ar o bicho ela seda, naquele tempo principa l meio de vicia da montanha li banesa . Com o pensamento sempre no di v in o, enqu anto trabalhava Yousse f rezava a Nossa Senhora para que o ajudasse a tornar- e monge como seus dois tios matern os .
Aos 23 anos Yousse f decidiu, apesa r do afeto matern o e el a opos ição de seu tio, que necessitava braços para o ca mpo, fugir de casa e apresentarse no mosteiro de Nossa Senhora ele M ayfouq, el a Ordem M aronita, na região de Bybl os. Aí co meçou o novi ciado, esco lhendo o nome reli gioso ele "Charbel", em honra ao Santo cio mes mo nome martiri zado em Eclessa no ano 107 ele nossa era. A mãe e outro s parentes, descobrindo seu destino, vári as vezes tentaram demovê- lo ele seu intento, mas ele respondi a peremptori amente: " Deus
Charbel foi aluno do Beato Pe. Nimatullah Kassab AI-Hardini , tanto em teologia quanto em santidade
me quer inteiramente para Si". Depois cio primeiro ano ele noviciado, o Jrmão Charbel fo i env iad o ao mosteiro de São M aron, ele Ann aya, para fazer o segundo ano, ele provação. Os monges se ded icavam a ca ntar o Ofício Divin o sete vezes por di a em aramaico, a língua fa lada por Nosso Senhor - estudar a liturgia e a v icia monástica, e a esforça r-se no ca mi nho da per fe ição. Al ém cli s o dedi cava m-se a trabalh os do més ti cos ci o mosteiro, como fazer pão, culti var a terra, ou mes mo ser sapateiro-remen-
dão e lavar a roupa, como também carpinteiro. Em 1853, aos 25 an os de idade, Charbel pronunciou seus votos solenes ele obediência, castidade e pobreza. Foi então enviado para o mosteiro ele São Cipri ano, em Batroun, onde f uncionava na época o Seminári o Teo lógico ela Ordem Libanesa M aroni ta. Aí fo i aluno ci o Beato Pe. Nimatullah K assab Al - Harclini , tanto em teologia quanto em santidade. Sempre dos primeiros alunos, após seis anos ele estudos teo lóg icos Frei Charbel foi ordenado sacerdote em 23 de julho de 1859 em Bekerké, sede patri arcal maroni ta. N ão qui s ver a mãe, que foi vi sitálo, e limitou-se a fal ar com ela cio interi or da capela, sem que um pudesse ver o outro. Di zia que o monge que mantém co ntacto co m seus parentes depois ele professo deveri a reco meçar o nov iciado.
Espalha-se a /'ama ele taumaturgo O Pe. Charbel vo ltou então para o mos teiro de São M aron ele Ann aya, onde deveri a perm anecer até o fim ele sua v ida. O novo sacerdote exercia com muita edifi cação o múnu s sacerdotal, encarregando-se também, por humildade, cios trabalhos manuais da comunidade. L ogo começaram rumores ele mil agres operados por ele. Certo dia, por exemplo, os monges trabalhavam num campo quando descobriram peri gosa serpente. Quiseram espantá- la, sem sucesso. O Pe. Charbel fo i chamado, e mandou à serpente que fosse embora sem molestar ninguém. E ela obedeceu. Outra vez, gafanhotos estavam devastando a região quando receberam ordem do Pe. Charbel ele se afastarem. E o fi zeram imed iatamente. Por ordem dos superi ores, curou vá ri os doentes desenga nados pe la medicina. Certa vez chegou ao convento um louco f uri oso, Jibrail Sa b a. Es tav a aco rr entado, era agress i vo e peri goso. O Pe. C har-
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be l o rde no u-lhe pô r-se ele j oelhos, e e le o bedeceu. Colocou a mão na cabeça do infeliz e rezou. De poi s disso e ntregou-o aos pare ntes, inte irame nte c urado.
"Oue,·o viver ignorando os prazeres deste 1111111</o" Se ntindo desde cedo o c hamado pa ra a solidão, o Pe. C ha rbe l ped iu várias vezes pe rmi ssão para retira r-se para um e re mité ri o . M as Milagre da lamparina : era 1nu ito útil à co munidade, e a esta acendeu tendo água pe rmissão foi sendo adiada. em lugar de azeite Fin a lme nte, e m 1875, após 16 a nos ele vicia e m comum , um fato vicia retirada. Fazia e le uma só remirac uloso iri a o bte r- lhe a desej afe ição po r di a, co mposta de leguda pe rmi ssão . De poi s ele ma is uma mes verdes o u cozi dos, cerea is e ins istê nc ia cio Pe. C ha rbe l, o supeazeiton as. Por penitê ncia, nunca ri o r pediu-lhe que es pe rasse um come u frutas. A refe ição e ra e ntrepouco mai s e deu- lhe um processo gue pel o moste iro. urge nte para estuda r, dizendo que Contrariame nte à mode rna Telhe dava lice nça pa ra fazê- lo até olog ia da Lib e rt ação e à nov a ma is tarde, à noite. missiolog ia, e le dizia : "A pobreza O Pe. Charbel foi e ntão à cozifavorece a salvação. A frugalida nha para que abastecessem de azeide fortale ce a al,na. Quero viver te sua lamparina. O serve nte, quenas privações, ignorando os prare ndo zombar cio sisudo mo nge, e m zeres e as doçuras deste mundo. vez de azeite, pôs água. São C harQuero ser o servidor de Cristo e be l, di stra ído e m seus profundos de meus irmãos". pe nsame ntos, nada percebe u e retiUm de seus pi o res tormentos, ro u-se. Fo i à cela e acende u natuna altitude e m que vivia e com o ralmente a lamparina sem nada desri goroso inve rno libanês, e ra o frio . confiar, e pôs-se a rezar. O serve n"O padre Charbel, mal vestido mas te, que estava à espreita, viu pe rplecom vestes limpas, mal alim.entaxo a lamparina acesa ... Corre u e ndo, mas com boa saúde, exposto tão para contar o acontecido ao pasem defesa ao frio e ao calo ,; pridre supe rio r, que foi imed iata me nvado de qualquer conf orto e qualte à cela e constatou o fato marav iquer ternura humana, era entretanlhoso. No di a seguinte o Geral da to o homem mais f eliz do mundo, Ordem , avisado do milagre, imedipois o Senho r tornara-se sua verata me nte autorizou o Pe. Charbel a dade, sua força, sua riqueza, sua ocupar no e remitério de São Pedro alegria e a razão de sua vida ". 2 e São Pa ulo, pertencente ao pró prio mosteiro, a cela do Pe. E liseo Kas- · A vida pós-morte de São Charbel sab AI-Hardini , irmão do Beato AIHardini , e ntão falecido. Depois ele 23 a nos de vida ereO ere mité rio fi cava s itu ado a mítica, e m que sua o bediê nc ia fo i 1.400 metros de a ltitude. O ere miqu ase lege nd á ria, s ua cas tid ade ta pe rma necia sob a juri sdição do a ngélica transpa recendo em todo s upe rior do convento e fazendo seu ser, pobre za na qua l imito u os pa rte da comunidade, apesar de sua maiores santos da Igreja, e oração
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CATOLIC ISMO
contínua, e ntregou e le sua a lma a Deus no di a 24 ele dezembro, vi g í1ia de N ata i cio a no 1898. Ao dar iníc io ao seu processo de beatificação, Pio XII di sse que "o Pe. Charbel j á gozava em vida, sem o querer, da honra de o charnarem scmto, pois a sua existência era verdadeiramente santfficada por sacrifícios, j ejuns e abstinências. Foi vida diRna de ser chamada cristã e, portanto, santa. Agora, após a sua m.orte, ocorre este extraordinário sinal deixado por Deus: seu corpo transpira sangue há j á 79 anos, sempre que se lhe toca, e todos os que, doentes, tocam com um pedaço de pano suas vestes constantemente úmidas de sangue, alcançam alívio em suas doenças, e não poucos até se vêem cu.rados ". 3 E m 1952, qu ando foi feita a terce ira ex umação do corpo ele São C harbel, "o corpo foi retirado do caixão e sentado numa cadeira , diz teste munha ocular. Os braços e as pernas dobrados, curvados. A cabeça inclinada bala nça va dum lado para outro. As vestes sacerdotais e as roupas interiores estavam encharcadas de sangue". 4 O núm ero ele mi lagres nessa ocasião foi tão g rande, que Annaya, onde está seu moste iro, foi chamada de " A Lourdes liba nesa" . Some nte e ntre 22 de abril de 1950 e 25 de junho ele 1955, foram registradas nos a na is do Conve nto São Maron 237 curas, muitas constatadas e confirmadas por médicos. 5 • E-mail do autor: J lll S lim
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Notas: 1. Dom Joseph Mahfo uz, 0 .L.M. , Os Santos Maro11i1C1s, Bi s pado M aro nita do Bras il , São Paulo, p. 5. 2. ld., pp. 15- 16. 3. Pe. José Le ite, S.J ., Santos de cada Dia , Editorial A.O ., Braga, 1987, tomo Ili , pp. 480-48 1.
4. !d. , p. 48 1. 5. Cfr. Mansour Cha ll ita, Charbel, Milagres 110 século XX, AC IGI , São Pau lo, p. 53.
Princesa Isabel marcante personagem na História do Brasil P ara o "fecho de ouro" da seção Grandes Personagens, solicitamos a Dom Luiz, Chefe da Casa Imperial do Brasil, um artigo sobre sua ilustre bisavó, a Princesa Isabel, uma grande dama brasileira, fervorosa católica, que assumiu em sua época admiráveis posições •
D OM LUIZ DE ÜRLEANS E BRAGANÇA
com muito gosto que ate ndo ao ped ido de Catolicismo de escrever algo sobre minha bi savó, a Pri ncesa Isabe l. Máx ime porque, embora seja venerada no Brasil como a Redentora ela raça negra, sua personal idade total não é geralmente conhecida. Dou aqui a lguns traços, a fim de contribuir para esse conhec ime nto. Pouco se abe, por exemplo, sobre seu vulto ele grande dama, sua bondade bem bras ile ira e seu ina lterável a mor ao Brasil. A Princesa Isabe l era filh a ele D. Pedro II e ele Da. Teresa C ri stin a Mari a ele B o urbo n, elas Duas S ic íli as. Desse matrimô nio nascera m quatro filhos - um varão, duas mulhe res e ma is um varão. O s filhos ho me ns morreram cedo, e porta nto às filh as, Da. Isabe l e Da. Leopoldin a, tra nsmitiu-se dire tame nte o direito à sucessão ao trono .
A última fotografia da Família Imperial em Petrópolis, antes da proclamação da Repúb lica .
Isabe l, a ma is velha, nasceu em 20 ele julho ele 1848, bati zada a 15 ele novembro do mes mo ano com o no me de I abe l C ristina Leopoldina Augusta Micaela Rafae la Gonzaga, na capela imperia l, pelo Bi spo Conde de Trajá. Padrinhos po r procuração: D. Fernando, re i de Portuga l, e a rai - • • •••••••••••••••• • • • ••• nha Maria Isabe la, viúva de Franc isco I das Duas S ic íli as, sogra de D . Pedro II. Co nta o li vro ele Hermes Vie ira: "Antes do batismo, na escadaria da capela imperial, o Imperado,; aproximando-se da.filha e tomemdo-a nos braços, avançou um passo e a apresentou. ao povo, que lá f ora, curioso, comprimido, correspondeu ao gesto do monarca o vacionando Sua Alteza e aos soberanos do Brasil. Ouviram-se então os sons heróicos do Hino Nacional, conjimdidos com o vozerio consagratício da multidão,
"Realmente ela foi católica no fundo da alma, até o fim da · vida. Aos quatro anos, foi reconhecida como herdeira do trono, e · · com 14 anos prestou · o juramento de estilo perante as duas Câ. maras".
entoados pelas bandas de música pos- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • tadas no passadiço e no coreto armado junto ao alpendre da torre da capela imperial ". 1
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Uma /Jrincesa profundamente católica Da. Teresa C ri stin a, nossa te rceira imperatri z, pertenc ia à Casa de Nápoles, que é profund amente cató li ca. Esta esmerou-se sempre na ali ança com o Papado, na defesa ela Ig rej a. Por ocas ião do chamado Risorgimento itali ano (isto é, a unifi cação da pe nín sul a), a Casa de Nápo les perdeu seu tro no po rque não qui s usurpar os Estados • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
ze1; uma clareza de idéias admirável, além de muita sensibilidade. Isso, sem f alar dos seus talentos, da sua inslrução pouco comum para a época. Durnirw va currelarnente o .fi·-a,icês, o ale1não e o inglês". 2 Formaram até o fim da vida um casa l unidíss imo. •••
"Logo que a Princesa Isabel se estabeleceu COm casa própria - . no hoje palácio Gua-
Por ser <le convicções firmes, a princesa cm <lifama<la
de outros soberanos, princ ipa lmente os Estados Pontifíc ios. lsto ocorreu em 1860, dez • Logo que a Princesa Isabel se estabe leanos antes da qu eda de Ro ma, inv adid a • ceu com casa própri a - 11 0 hoje pa lác io pelas tropas garibaldinas. Gariba ldi e a Casa G uanabara, que era o palác io Isabe l da épode Sabó ia concentraram todas as suas fo rca - proc urou , em seu pape l de princesa ças contra Nápo les, e só depo is fo ram atahe rde ira mas não regente, fo me ntar um a ca r os Es tad os P o nt ifíc ios . D a . Te resa • vida cultu ra l e social no Rio de Ja ne iro . ProCri stin a recebeu e tran smitiu arrai gada fo r- • movi a então toda se mana um serão e um mação cató lica à sua filh a fsabe l. • jantar, mais e legante ou menos, mais cultuA Princesa [sabei realme nte foi cató li - • ra l ou me nos. l sso para fo mentar a cultura ca do fundo el a alm a até o fim da vida. Aos geral na Co rte . Esses serões era m muito quatro anos, fo i reconhecida so lene me nte • co ncorridos . o própri o Imperador ia um a como he rdeira presuntiva do trono, e com vez por semana à casa da filh a para J·a ntar. 14 anos prestou o jura mento de estil o peEm 187 1, por moti vo da viage m docara nte as du as Câ maras da Assemblé ia. Em • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • sa l imperi al, Isabe l presto u juramento como I 864 casou-se com o conde d ' Eu, como resultaRegente do 1mpé ri o pera nte as du as Câ maras. "Juro manler a Religião Católica Apostólica Rodo de um fato pitoresco e até comovedor. D. Pedro ]l procurava no ivos para suas duas filh as, as prinmana, a integ ridade e indi visibilidade do lmpécesas Isabe l e Leopo ldina, e pediu à sua irmã Da. rio, observa r e f azer observar a Consliluição poA Princesa Isabel Fran c isca, casada co m o prín c ipe fra ncês de e O Conde d'Eu lítica da Nação Brasileira e mais leis do lrnpéJoin vill e - da í o no me de nossa c idade e m Sa ncom seus três filhos rio, e prover o ben, do Brasil quanto a mim couta Catarina - que procurasse para be,: Juro.fidelidade ao Imperador e suas sobrinh as do is no ivos apropri en lregar- lh e o gove rno fogo que ados, entre as Casas rea is europé icessar o seu impedim enlo". as . Atendendo ao pedido, a PrinceNesse mesmo ano, a 27 de sesa de Join ville encontrou do is pri te mbro, sendo pres ide nte do Conmos irmãos: o Duque de Saxe e o se lho o vi sconde do Ri o B ra nco, pa i Conde d 'Eu, este prínc ipe da Casa do barão do Ri o B ranco, foi votada de Orl ea ns, portanto muito prox ia Le i do Ventre Livre, na sessão que mamente aparentado com o mari fi cou cha mada Sessão das Flo res. Q uando fo i aprovada a Lei do Vendo de la. O Duque de Saxe estava destinado à Princesa [sabei e o Contre Livre, uma chu va de rosas de atou-se no ple nário ela Assembl é ia. de d' Eu a Da. Leopo ldin a. Mas, O mini stro cios Estados U nidos no chegando aqui , os no ivos vi ra m que ~-Rio de Ja neiro, Mr. Partri ge, co lheu não combinava m, e reso lvera m troca r. A Princesa Isabel escreve, com •u .....~--•·• alg umas dessas fl ores, e d isse: " Vou mui to charme: "Deus e nossos co;;~j~~~ mandar estas.flores para meu país, rações decidiram de outra maneipara mostrar como aqui se fe z uma ra". O Conde d 'Eu se casou e ntão lei que lá custou tanto sangue". A co m a P rin cesa Isa be l, e Da. G uerra de Secessão nos Estados Leopo ldina com o Duq ue de Saxe. U nidos custara 600 mil mortos ... Em I 876, na segunda regê ncia, He rmes Vi e ira afi rma: "o Conde d 'Eu se senlia bem ao lado dela. co meço u u ma campan ha de Era simples, boa, C!feiuosa e pura. =r.::.::.:..-~~~ detração promovida pe los círcul os Possuíaumavoz bemeclucadaetorep ubli ca nos, pos 1t1v 1stas e anticlericais contra a P rincesa Isacava piano com senlimento e grabe l, por ca usa de seu cato li c ismo. ça. Tinha uma sadia ingenuidade, Ta i c írc ul os vi am que e la - po r uma singeleza de idéias, quer di-
na bar a - procurou, em seu papel de princesa herdeira, fomentar uma vida cultural e social no Rio de Ja· neiro".
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CATOLI C ISMO
s ua firmeza de pri ncípios, por sua fo rmação profun damente católica, mas ta mbém pe lo pul so q ue de mo nstrou nas regê nc ias - seri a um a imperatriz que fa ria da Te rra ele Sa nta C ru z rea lme nte uma be la exceção no mun do. Ela exerceri a uma profunda influ ênc ia po r sua autent ic idade, sua cul tura, sua re1ig ios idade, e po r tud o aquil o que pode e levar o espírito de um povo. Isso os referi dos círcu los não desejava m de ne nhu m modo. Co meçara m e ntão a ca mpanh a de det ração: e la era fe ia; era carola; era boba; não era patri o ta; não gos tava do B rasi l; preferi a te r médi cos fra nceses a bras il e iros , e o utras ca lúni as. O Co nde d' Eu, que sofria de surdez, e ra chamado de surdão, arroga nte, e mantin ha cortiços de alug ue l. Até a s urdez - da qu a l e le ev idente me nte não tinha cul pa - era assacada e m me io às ca lúni as. De ta l ma ne ira qu e, po uco a po uco, esse casa l fo i sendo de mo ni zado, para se e vi tar q ue ma is tarde e le subi sse ao tro no. Dizia-se, em certos c írc ulos, que era prec iso proc lamar a repúbli ca logo, po rq ue se a Prin cesa Isabe l ass umi sse o poder, acaba ri a com todo esse mov ime nto ate u, pos itivi ta e re publi ca no. Ela te ri a pul so e prestíg io para faze r isso. Torn o u-se corre nte a frase : "Precisamos f azer a república enquanto o velho está vivo, senão a f ilha da rá cabo de nós".
A Princesa Redcntorn <la raça negrn E m 1888 a Princesa ]sabe i, sen do nova me nte regente, ass ino u a Le i Áurea. Tend o pr ovocado a q ueda do gab in ete Cotegipe, a P rin cesa chamara o Conse lhe iro João A lfredo Corrêa el e O li ve ira, que e ra abo li c io ni sta, à pres idênc ia do Conselh o. Es te fi zera vo ta r a Le i Á urea e a aprese ntara pa ra a ass in atura da Prin cesa Isabe l. O Conde cl'Eu, nessa ocas ião, teve um mo me nto de hes itação: "Não O assi-
Brasil, moral e socialmente, aos demais países civilizados". 3 De po is da ass in atu ra rea li zo u-se g rande festa no Ri o de Jane iro, co m gra ndes acl a mações do po vo. Es tand o a Prin cesa Isabe l junto ao barão de Coteg ipe na j ane la do palácio - o barão a estim ava, e mbora estivesse m e m desaco rdo na q ues tão da escrav idão - e la pergun tou-lh e: "E111ão, Se nhor ba rão, V Excia. acha que fo i acertada a adoção da lei que acabo de assinar?''. Ao qu e o ba rão, co m muito ca rinh o, res po nd e u: " /? edirnisles, sim, A fl eza, uma raça, ,nas perdestes vosso trono... "4 D. Ped ro II nesse mo me nto estava em Mil ão, mui to doente e co m a pe rspect iva imin e nte de morte. Mas a 22 de maio e le sentiu certa me lhora, e a Imperatri z teve a coragem de lhe dar a notícia da A bo i ição. Diz He itor Lyra: "En ch en do -s e de coragem, debruçada sobre a cabeceira do marido, deu- lh e com brandura a grande nova. O Imperador abriu fentarnente os olhos emaciados e depois pergunlou como quem ressuscilava : 'Não há mais escravos no Brasil ?'. 'Não - respondeu a lmperalriz - a lei f oi Papa Leão XIII votada no dia f 3. A escravidão está abolida'. 'Demos graças a Deus. Teleg rq/e irnediatamente a Isabel en viando- lhe minha bênção e todos os ag radecirnenlos para o País'. /-louve um 111 0mento de silêncio. A emoção dos presentes era • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • grande. Vi rando-se fenlamente, o lmpera-
"Na partida para o exílio, passando junto à mesa onde havia assinado a Lei Áurea, bateu nela o punho fechado e disse: 'Mil tronos houvera, mil tronos eu sacrificaria para libertar a raça negra'" .
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dor acrescentou, numa voz quase sumida : 'Oh! Grande povo! Grande Povo.' ' O 1e/egra ma que fo i mandado à Princesa Isabel tinha o seg uinle teor: 'Princesa Imperial. Grande satisf ação para rneu coração e graças a Deus pela abolição da escravidão. Felicitação para vós e todos os brasileiros. Pedro e Tereza'". 5
Apesar de tudo, continua a dell'ação contra a monarquia
ne, Isabel. É o f im da monarquia". Ao q ue o Papa Leão xm reso lve u pre mi ar a Princesa Isabe l com a ma ior di stinção que e la responde u: "Assiná-lo-ei, Gaston. Se agora não o fi zet; talvez nunca mais teos Soberanos Pontífices davam a chefes de nhamos uma oportunidade tão propicia. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Estado e a pessoas de grande re le vo, nas O neg ro precisa de libe rdade, assim corno eu ocas iões em que adquiri am méritos especiais. Ennecessilo sati.sfaze r ao nosso Papa e ni vela r o vi ou-lhe a Rosa de Ouro , que fo i entregue a 28 D EZEMBRO 2006 -
Uma rainha, uma fac/a de setembro de 1888, no 17° an iversário da procom a IJonclacle IJl'asileit'a mulgação da Lei cio Ve ntre Livre. A data fo i esConde d 'E u poss uía um caste lo na Norco lhid a pelo próprio Núnc io Apostólico, para mandia, mas e le e a Princesa l sabel co ma ce rim ô ni a qu e se rea liz o u com toda mag nifi cência na cape la impe ri a l. Entre ta n- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • praram um palacete e m Bo ul og ne-s urSeine, que é um nobre bairro perifé ri co ele to, apesar de tudo, continuo u a ca mpa nha Pari s. Lá e la ab ri a seus sa lões para os brade de tração co ntra a monarquia , agora diri g ida espec ia lmente contra o Imperador: s ile iros q ue iam visitá- los. E não só isso. Conseguiu se impor na sociedade paris iense o velho está gagá; e le dorme o tempo todo ; o Co nde d ' Eu e a Princesa I sabei vão se a tal ponto, que vá ri as memórias de persotornar tiranos aqui. Uma série de calúni as nal iclad es da é poca a ap resentam qu ase como uma ra inha daquela sociedade. Era fo i espa lh ada por todo o País. tida mesmo como a princ ipa l pe rsonagem. A 15 de novemb ro, os m ilitares que esSo me nte e la e o pres idente da República tava m no Ri o de Janeiro - eram minoria , • podi am e ntrar ele carruagem no pátio inte rre presentavam um terço do Exérc ito bras il e iro - proc lama ra m a Re pública. no ela Ópera de Pari s. Uma hindu , que se to rna ri a mai s tarde go lpe fo i totalme nte a lhe io à vo ntade cio • Maha rani de Karp uthal a, esc reve e m s uas povo . Tanto que os republi canos embarmemórias qu e e la via a Princesa Isabe l caram a Famíli a Imperia l rumo ao exíli o, •••••••••••••••••••••••• co mo um a ve rdade ira ra inh a, um a fada. à no ite, para que não ho uvesse reação poNão só isso - rainha e fada - mas também pular. Na partida , a Princesa Isabe l passando junco m toda a bondade bras ileira e cató li ca, carneto à mesa o nde havia assinado a Le i Áurea, bate rística da Princesa Isa be l. A Maharani narra te u ne la o punho fechado e di sse: "Mil tronos houvera, mil tronos eu sacr(ficaria para liberque, quando menina, de passagem pela cap ita l francesa, teve uma c ri se ag uda de ape nd ic ite. tar a raça negra". D. Pedro fI recuso u 5 mil contos de ré is Operada com os rec ursos inc ipi e ntes da é poca , cerca de 4 to ne ladas e me ia de o uro, uma fo rtuna passo u longa conva lescença no hosp ita l. A soc iedade pari s iense toda , c uri osa, ia vi sitá- la. Ela - que lhe ofereceram os revoltosos, porque, cli dizia que se sent ia um bich inho exótico, que as zia, o novo go verno não tinha direito de di spor pe soas iam vê- la como num zoológ ico. E a úni ass im cios bens nacionais. Da. Teresa Cristina, mal ca que fo i vis itá- la com bondade e para lh e fac hega ndo a Portu ga l, morre u ele desgosto no Grande Hotel do Porto. E u lá estive há a lg uns ze r bem foi a Prin cesa Isabe l. E la co nta que minha bisavó aprox imou-se cio seu le ito, ag raanos, quando o hotel ina ug uro u uma pl aca em do u-a muito, aca ri c io u-a e co nso lo u-a. E no fim , me mória dela. E D . Pedro li fa leceu a 4 de dezembro de 189 1, no Hote l Bedfor, em Pari s, o nde disse: "Minha.filha, eu não sei que religião você tem. Ma s sei que há um Deus que ama todas as uma placa recorda o passamento cio ilu stre hós-
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"No palacete em Paris, ela abria seus salões para os brasileiros. Conseguiu se impor na sociedade parisiense, a tal ponto que em várias memórias era considerada quase como uma rainha daquela sociedade".
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crianças do mundo. Aqui está wna imagern da mãe d' Ele. Guarde-a consigo, e quando você estiver numa grande aflição, peça a Ela para interceder junto ao seu Filho ". Infe li zmente a Maharani não se co nverteu à Igreja Cató li ca, permanece u pagã até o fim da vicia, mas nos momentos ele a puro ajoe lhava-se d iante da imagem de Nos a Senhora, que a Princesa Isabel tinha lhe dado. Po rque sab ia que seri a atendida.
S,mtos Dumont, testemunha ela IJonclaclc ela Princesa
pede. Ta l era o prestígio que cercava sua pessoa, que a República fra ncesa concedeu- lhe funerai s completos de C hefe de Estado. -
CATO LICI SMO
Santos Dumont voa no 14 Bis
Santos D umont, nessa época, reali zava suas experiê ncias e m Paris. Sabendo que e le passava mu ito tempo no campo o nde faz ia seu experimentos, a princesa mandava- lhe farné is a fim de que e le não prec isasse voltar à cidade para almoçar. Certa vez, escreveu- lhe: "S,: Santos Dumont,
envio-lhe uma medalha de São Bento, que protege contra acidentes. Aceite-a e use-a na corrente
de seu relógio, na sua carteira ou no seu pescoço. Ofereço-a pensando em sua boa mãe, e pedindo a Deus que o socorra sempre e ajude a trabalhar para a glória de nossa Pátria. Isabel, Condessa d' Eu". Santos Dumont usou a medalha por toda a vid a. E no utra ocas ião cli . se- lhe:
"Suas evoluções aéreas fa zem-me recordar nossos grandes pássaros do Brasil. Oxalá possa o S,: tirar de seu propulsor o partido que aqueles tiram de suas próprias asas, e triunfar para a glória de nossa querida Pátria". Muito tocante também é o fim ela carta que e la escreveu ao Diretório Monárquico para a nunc iar os casa me ntos de seus filhos mais velhos. O Diretório era composto pe lo Conselhe iro João Alfredo Corrêa de O li veira, pelo Vi sconde de Ouro Preto e pelo Con e lh eiro Lafayette de O li veira. A carta é datada de 9 de setembro de 1908 : "Minhas
forças não são o que eram, mas o rneu coração é o mesmo para amar a minha Pátria e todos aqueles que lhe são dedicados. Toda a minha amizade e confiança". Era o jeito brasi leiro, a
to estado. Depois pediu demissão e mo rre u pobre, po is não recebeu nada por aq ue la importa nte gestão. E m carta à irm ã de um monarquista e leito deputado, Ricardo Gumbleton, ele tradicional famíli a paulista, o qual não queria aceita r o cargo de deputado, a Princesa observa: "Não concor-
do, absolutamente! Diga a seu irmão que ele deve aceitar a cadeira de deputado e propugnar pela grandeza moral, econômica e social de nossa Pátria. Não aceitando é que ele estará procedendo de maneira contrária aos interesses da coletividade. Não nos deve importar o regime político sob o qual esteja o Brasil, mas sim conseguir-se colaboradores de boa vontade capazes de elevar o nosso Pais. De homens como ele é que o Brasil precisa para ascender mais, parafortalecerse mais. Faça-lhe sentir que reprovo sua recusa ". 6 Esse fato reve la um a vez ma is que e la procurava coloca r o bem do B ras il acima dos próprios interesses.
Na fi'l'ança, reprnsentou o que havia ele melho,· cio Brnsil
bondade brasile ira perfeitamente e ncarnada naq ue la nobre dama.
Mesmo longe cio Bl'asil, tuclo /'azia para e11granclecc1· o País O utra amostra de seu profu ndo in teresse pelo Bras il está registrada numa carta ao Cons. João A lfreclo. O Banco cio Brasi l - não me recordo e m que ma ndato presidenc ial ocorreu o fato estava num desca labro repub licano: desor- • • • dem tota l, contas que não estavam acertaelas, fu nc ionali smo completamente rebe lde. E o presidente da Repúb lica de então con c luiu que o ún ico que teria inteligê nci a, força, garra e pu lso para pôr ordem naque la s ituação seria o Cons. João A lfredo, e o conviciou a ass umir a pres idê nc ia cio Banco do Brasi l. João A lfredo responde u: "Eu sou
monarquista, e portanto só posso aceitar esse cargo se a minha Imperatriz autorizar". Escreveu à Princesa Isabe l, expli cando o caso. E ela respondeu- lhe: "Para o bem de nossa Pátria, o S,: deve aceitar".
Ela a in da viveu até 192 l. Cada vez ma is fraca, mas conse rvando se mpre aque la gra nde A Princesa Isabel c lasse, aq ue le grande porte que a caracteri zava. e o Conde d' Eu com seu neto Em s uas fotografias no ex íli o, e la mantém um Dom Pedro Henrique porte imperial que não apresentava aq ui no Bras il. No infort úni o, a noção da sua missão fo i se c ri sta liza ndo cada vez mai s. E realmente, nessas • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • fotografias, ua atitude era de uma impera-
"Cada vez mais fraca, .
•
•
mas Sempre COnServando aquela grande l l C asse, aque e grande porte. Mesmo no exíJiO manteve um porte
' . . . •
imperial. No infortúnio, a IlOÇãO de sua missão foi se cristalizando cada vez mais". .
triz. No batizado ele meu pa i, e la manifesta uma nobreza e um a categoria impressionantes. E fo i assim até o fim da vida. Morre u sem poder voltar ao Brasi l. Representou na F rança o que hav ia de melhor do Bras il. Muito ma is do que nosso corpo diplomático, muito mai s cio que nossos home ns ele negóc io, e la fo i um exemp lo cio q ue o Bras il era ou deve ri a ser. E a França e nte nde u isso. Assis Chateaubriand esc reveu, e m Jui z de Fora, a 28 de julho de 1934:
"Apagada a sua estrela política, depois de vencida a tormenta da abolição, ela não João A lfredo assumi u a presidênc ia cio Bantinha expressão dura, uma palavra amarco do Brasi l, pô em ordem o func iona lis- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ga para julgar um fato ou um hornem. do 1110 e acertou a contab ilidade. Pagou todos os atraBrasil. No mais secreto de seu coração, só lhe sados, todas as dívidas, deixa ndo tudo e m perfe iencontrávamos a indulgência e a bondade. Este DEZEMBRO 2006 -
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INFORMATIVO RURAL
Desprestígio do MST Diolinda candidata - O desprestígio do MST junto à opinião pública é cada vez mai or. N ão fosse o fato de os invasores serem apoiados por clérigos e leigos da e querda católica, prestigiados pela mídia e receberem polpudas verbas do governo, o grupo se de faria. Na última campanha eleitora l, o MST lançou em São Paulo, como cand idata a deputada estad ual pela coli gação PT/PCdoB , Diolinda Alves, a mesma que vive com José Rainha. O Presidente Lula ela Silva disse que ficara "muito f eliz. " com a candidatura dela. Era uma espécie de "estrela" do Pontal do Paranapanema, principal foco do MST.
para não prejudi ca r os cand idatos que apóia. Ou seja, o próprio MST reconhece que sua atuação é impopul ar e pode levar à derrota os candid atos de sua preferência. Por isso "a trégua dada pelo
mid ade, manter a sentença ele 2 anos e 8 meses ele prisão em regime fechado. Ao saber da sentença, Rainha sumiu e está foragido.
MST nas invasões lerm.ina no dia 29, às 17h, quando se encerra a volação para o segundo /urna, disse o líder José Rainha Júnio1: 'Vcunos sair das lrincheiras e retornar as ,nobilizações '. Segundo ele, o MST reduziu o rilmo das invasões em todo o País por causa da campanha eleitoral. 1 . .. 1 'Depois da votação, voltamos a pensar na mobilização"' ("O Estado de S. Paulo" , 19- 10-06).
INCRA + MST x Judiciário -
Até "sapos" apóiam Diolinda -
Líder do MST foragido - Em 24 de outubro, a 4" Câ mara Crimin al cio Tribunal ele Ju stiça de São Paulo ex pediu um ofíc io ao jui z ela Co marca ele Teodoro Sampa io, no interi or ele São Paulo, determinando que providencie a prisão do líder dos sem-terra, José Rainha Jr. Condenado em primeira in stância em Teodoro Sampa io, Rainha recorreu, mas o Tribunal ele Ju sti ça decidiu, por un ani -
E la fo i apo iada até por alguns emp resários esquerdistas - categoria que o Prof. Pli nio Corrêa de Oliveira pitorescamente qualificava de "sapos". A esse respe ito, informou o jornal " O Imparcial " ele Presidente Prudente (SP) , em 9-9-06: "A
espírito de conduta, esse desprendimento das Em março de l 920, à ca ted ral de Petrópolis, e lá repousam à es pera · - em. que se viu · envo I v1·d.a, era a ,nawr · após as exéquias de pcuxoes da ressurreição dos mortos e do Juízo final. seu filho Dom Luiz, prova de.fidelidade, no exílio, à pálria distanle. vemos a Princesa Essa fo i a in signe mulher que nosso Bras il Mais de 30 anos de separação forçada não Isabel (assinalada reg istra em sua hi stóri a. Ela não foi uma intelecmacularam a alvura dessa Jradição de tolerân- com O círculo) tual. Foi princesa e patri ota até O fund o da alm a. eia, deanistiaaosagravosdopassado, que • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • uma senI1ora que t··111 ha consc IencIa de t·er ela herdara do trono paterno. [... J Fo i no nasc ido para o bem de um País. E encarn ou exílio que ela deu toda a medida da mqjes"Essa foi a insigne muessa mi ssão na Pátria e no exíli o até o fim tade e da magnanimidade do seu coração. lher que o Brasil rede sua ex istência. Fo i um modelo de prin1. .. .-1 Ela viveu no desterro I_ ••• ] como a qf,r. h. , cesa, de imperatriz e de católica. Ela fo i o g1stra em sua 1sto- tipo perfeito de gra nde dama brasileira. • maçc1.o de Pátria, acima dos partidos e dos regim.es. Debaixo da sua meiguice, da sua • ria. Ela não foi uma E-mail para o autor: adorável simplicidade, quanta forta leza de catolicismo@ca1olicismo.com.br intelectual. Foi princecaráte,; quanto heroísmo, quantas obras va. sa até o fundo da ailorosas ".7 • A
Faleceu no castelo d'Eu. Apagou -se su-
ma. Uma senhora que .
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ave e docemente. A República reconheceu tinha consciência de Notas: o que o Brasil tinha perdido. O pres idente 1. Herm es Vieira , Pri11 cesa t.rnbel - U111a Vida de Epitácio Pessoa determinou três dias de luto ter nascido para O Luzes e de S0111bras, Editora Novos Ensaios Brasilciros, São Paulo, 1989, p. 19. , . • naciona l, e que f·ossem celebradas exeq uI em e Um alS . 2 . 1c1cm, p. 44 . as de Chefe de Estado. Também a Câmara • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 3. Idem, p. 168. Federal votou que seu corpo fosse traz ido para o 4. Idem, p. 16 1. ·1 d ó 1· 5. Hermes Vieira, op. cil., pp. 163 e 164, ciIando Hciior Lyra. .B ras , num vaso e guerra, o que s se rea Izou 6. Idem, p. 234. em 1953 . Em 13 de maio de 197 1, seu corpo e O 7. o c,,110 a /sabei, "Diário de São Paulo", 29-7- 1934, ciIaclo do Conde d' Eu foram transladados so lenemente na obra acima indicada de Herm es Vieira, pp. 232-233.
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CATOLICISMO
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mulher do líder do MST, José Rainha, está em campanha pelos assentamenlos e acamparnentos rurais, para tentar eleger-se depu!ada estadua l. Pelo que consJa, Diolinda Alves vem recebendo apoio não apenas do movimenlo social pela /erra, mas até ,nesmo de alguns empresários no Pontal do Paranapanema ".
Também o coo rd enador nac ional cio MST, Jaime Amorim , foi preso várias vezes em Pernambuco. Recentemente sua pri são preventiva foi revogada pelo STJ. O mais incrível é que a superintendente cio IN CRA naquele Estado, Maria ele Oliveira, resolveu comemorar a revogação, atacando o Judi ciári o. M ais um a vez fi ca ev idente a li gação íntima entre o INCRA ( importante órgão gove rn amental ) e o movimento de invasão de terras. Na sede do Incra, ao lado ele Amorim e dirigentes do MST, M ari a de Oliveira disse:
"Não há lucro para o governo nern. para a sociedade com. a prisão de pessoas que estão Jrabalhando e resgatando o País. Esse processo de perseguição é visivelmente con/ra os Jrabalhadores rurais organ izados no País " ("O Estado ele S. Paulo", 20-I0-06). •
A derrota fragorosa - Qual o resu ltado? Em São Paulo foram elei tos 94 deputados estaduai s. D esse tota l , a co li gação PT/PC cio B elegeu apenas 20. N ão foi eleita a Diolincla, a figura mais emb lemática cio MST a cancliclatarse. O último eleito dessa coli gação (o 20º, com menor número ele votos) fo i Fausto Figueira, com 55.599 votos (0,27%). Di olinda foi class ifi ca da em 56º lugar na co li gação , com apena s 13. 203 votos (0,07 % cios votos váli dos). O prestígio cio MST realmente está em baixa ... Sem -invasões -
Outro inal ineq uívoco do desprestígio do MST é o fato de qu e, em época eleitoral , o movimento cessa as invasões ou as diminui muito,
DEZEMBRO 2006
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5 São Martinllo, Bis po e Confesso!' + Portugal, 579. Originário da Hungria, fo i em peregrinação ao túmul o de seu homônimo, em Tours, fix ando-se depois como mi ssionário num mosteiro perto de Braga. Bi spo dessa cid ade, pres idiu se us dois primeiros concílios.
1 Sa nLa Na Lália, Viúva + Ásia Menor, séc. m. "Mulher do Bem-aventurado Adriano, que por muito tempo assistiu alguns Santos Mártires encarcerados e m Nicomédi a sob o imperador Diocleciano. Depois que todos consumaram o martíri o, mud ou- se pa ra Constantinopla, onde descansou em Deus" (do Martiro lógio Romano). Primeira Sexta-feira do mês.
2 São Nuno, Bis po e Confessol' + Síri a, séc. m. Famoso pregador, converteu a pecadora Pelágia, que fo ra por curiosidade ouvir um de seus sermões. Ela deu-lhe sua fortuna, que ele distribuiu aos pobres. Enca mi nhou a penitente para uma gruta perto de Jerusalém, a fim de que fi zesse penitência pelos seus pecados. Primeiro Sábado do mês.
3 São Fra ncisco Xavier, Co nfesso r
4 São Melécio, Bispo e Co nfesso r + Ás ia Menor, séc. IV. "Homem de grande experiência e va ta cul tura, fo i cognominado por seus companheiros de mocid ade 'o mel da Áti ca', endo considerado por Santo Atanásio e São Bas ílio como grande defensor da di vindade do Verbo em face do ari anismo" (do Martirológio Romano - Monásti co).
6 Sa nLa /\sela, Virgem + Roma, séc. IV. Discípula de São Jerônimo, que dela afirmou ser "abençoada desde o seio de sua mãe". Vivi a em jejum , orações e vi sitas aos túmulos dos Santos Mártires.
7 Sa nLo Ambrósio, Bis po, Confessor e DouLor da Igreja + Mil ão, 397. Governador de Mil ão e depois bi spo dessa cidade, conselheiro de imperadores e do Papa, teve papel decisivo na conversão de Santo Agostinho.
8 lm aculacla Conceição da Bem-avenLuracla Vil'gem Mar·ia Fes ta in stituíd a pelo Be maventu rado Pi o IX em segui da à pro mul gação desse dogma, qu e coroa va tradi ções muito antigas.
9 Sa nta Gorgônia, Vi úva + Ás ia Menor, 372. Irmã de São Cesári o e do grande São Gregório Nazianzeno, Doutor da Igreja. Seu pai também se chamava Gregório Nazianzeno e fo i santo. Sua mãe fo i Santa Nona. Casou-se, sendo exempl ar mãe de fa mília. São Gregório fez o seu panegírico no fu neral.
10 São João Roberto, M{utir + Inglaterra, 1610. Natural do País de Gales, converteu- e ao catolicismo na França, ordenou-se sacerdote na Espanha - onde entrou para o bene-
ditinos - , indo depois para a Inglaterra sustentar os católicos clandestinos. Reconhecido como padre católico, por não querer prestar o juramento de supremacia do rei sobre a Igreja, foi martiri zado.
11 São Trasão, Má rtir + Roma, séc. III. "De sua fazenda [de seus bens] sustentava os cri stãos que trabaU1 avam nas termas, os que se exte nu ava m e m outras obras públicas e os que gemi am em ca labouços. Preso por ordem de Diocl ec iano, recebeu a coroa do martíri o junto com outros dois que se chamavam Ponciano e Pretex tato" (do Marti rológio Romano).
12 Nossa Senhora ele Guaclalupe, Padroeira ela América Latina
13 Sa nta Luiia, Virgem e Mú rlir·
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Sa nta Olímpia . Viúva + Turqui a, 408. Casada aos 18 anos co m o prefeito de Co nstantinop la, capital do Império Romano do Ori ente, enviu vou menos de dois anos depois. Com sua grande fo rtuna fundou um hospital e um orfa na to . Qu a nd o São Jo ão Cri sósto mo, seu diretor esp iritu al, ca iu em de graça diante da imperatri z, Olímpi a seguiu sua sorte, sendo perseguida de todos os modos e fa lecendo no exílio ainda j ove m, po uco de pois de São João Cri sóstomo.
Sflo Te mís tocles, M{u'Lir + Síria, séc. TU. "Apresentouse em lugar de São Dióscoro, a quem procuravam para matar. Fo i e ntão to rturado no cavalete, arrastado pelo chão, aço itado co m va ras. Ass im logrou a coroa do martíri o" (do Martirol óg io Romano).
18 São Flávio, Confesso r + F rança, séc . VI. Itali ano vendid o co mo escravo, seu dono casou-o co m outra escrava e o fez ad mini strador dos seus bens. O patrão deu1he a liberdade j un ta mente com ua espo a. De comu m acordo, ela fo i viver num convento e ele fez-se sacerdote.
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14 São .João ela Crui , Conl'esscw e DouLor· ela lgl'eja + Ubeda, 159 1. Co-reformador do Carm elo co m Sa nta Teresa . Poucos pe netraram mais a fundo nos arcanos da vida interi or.
15 Sflo Mesmin , Co nfessor + França, séc. VI. Construiu perto de Orleans, num terreno que lhe dera o Rei Clóv is, uma abadia que se tornou famosa.
16 Sa ntas Virgens , Máttires + Áfri ca, 480. Estas muitas virgens consagradas a Deus, quando da invasão do norte da Africa pelos vânda los arianos de Hunerico, "defenderam a honra da Igreja de Cristo em meio a atrozes torturas" (do Martirológio Romano - Monásti co).
Sa nto Anastácio 1, Papa + Roma, 404. "Varão de ri quíss ima pobreza e de soli citude toda apostó li ca. Roma , co mo di sse São Je rônimo, não merecia tê-lo por muito tempo, para que a cabeça do mund o não fosse decepada em vida de ta l Bispo. Com efeito, pouco depoi de sua morte, Ro ma fo i t macia e saqueada pe lo godos" (do Marti ro lógio Romano) .
20 São Filogônio, Bispo e Confessor + Ásia Menor, 324. "Bispo de Antioquia, de quem São João Cri sóstomo fez o seguinte elogio: 'Foi ele retirado do tribunal para ser colocado na Sé episcopal. Enquanto fora advogado, defendia os oprimidos contra os opressores; torn ando-se Bispo, protegeu os cristãos contra os ataques do demônio" (do Martirológio Romano - Monástico).
22 São Flavia no , Má rtir· + Roma, séc. IV. Antigo Prefeito de Roma, esposo de Santa Dafrosa, pai de Santas Bibi ana e Demétria, todas mártires, também mereceu dar sua vida pela fé de Jesus Cristo.
23 Sa nLa Ma ria Ma rga rida Dufrost de La jemme rais , Viúva + Canadá, 1771 . Seu pai era um nobre francês, chefe das tropas da colônfa, falecido quando ela tinha sete anos. Mãe ele seis fi lhos, seu esposo di ssipou toda a fo rtuna famili ar, deixando-a na miséria ao morrer. Com ajuda alheia, pôde montar um pequeno armazém, conseguindo pagar as dívidas, educar os filhos, e ainda entregar-se à caridade, no que foi aj udada por outras viúvas, dando início à Congregação das Irmãs da Caridade, ou "Irmãs cinzas" pela cor do hábito.
24 Vigília cio Na tal de Nosso Senhol' ,lesus Cri sLo São C harb e l M akhl o uf (Vide p. 36)
25 atai ele Nosso Senho r ,Jesus Cris to
26 Santo EsLêvão , Protomá1'Lir Santa Eugênia, Vil'gem e M{1rlir + Roma, éc. III. "Filha cio Bem-aventurado mártir Felipe, depois de dar muitas provas de virtud e e de levar a Cri sto i número s grupos de santa virgens, teve porfiada
luta sob o guante ele Ni céc io, prefe ito da cidade, e fo i fin almente degolada à es pad a no tempo do imperador Ga lieno" (do Martirológio Romano).
27 São ,loão, Apóstolo e l•:vangeli sla + Éfeso, séc. 1. O Di scípul o Amaci o por sua virg ind ade representou a humanidade ao receber, junto à Cruz, Nossa Se nh ora co mo M ãe. Fo i o Evangeli sta por excelência da di vindade de Cri sto.Persegui do pelo imperador Domi ciano, foi levado a Roma e mergulhado num tacho ele azeite fe rvente, de onde sa iu rej uvenescido. Foi então deportado para a ilh a de Patmos, onde escreveu o Apocalipse. Tendo morrido seu perseguidor, voltou a Éfeso, onde res idia, tendo escrito então, a pedid o dos fiéis, seu Evangelh o e três epístolas, para refutar as heresias que negavam a divindade de Nosso Senhor e pregar o amor entre os cri stãos.
Intenções para a Santa Missa em dezembro Será ce le bra d a pe lo Rev mo . Pa dre Dav id Fra nc isq uini , na s seg uintes inten ções: • M issa de Nata l, suplica ndo ao Divino Menino Jesus, po r media ção de sua M ãe Puríssima, que conceda abunda ntes e especia is graças às famílias de todos aque les que nos apoiara m ao longo deste ano de 2006.
28 Sa ntos Inocentes, Má rtires
29 São Geralclo de Sa int-Wa ndrille, Má rti r + França, 1029. Abade de Saint-Wandrille, governou esse mosteiro durante 23 anos, dando os maiores exemplos de todas as virludes monásticas. Foi assassinado durante o sono por um monge revoltado com sua reforma e partidário do tirânico duque Roberto I.
30 São Rogério ele Ba rl etta , Bispo e Confesso r + França, séc. XII. Bispo de Cannes, seu corpo fo i roubado piedosamente pelos habitantes de Barletta, na Itália, de onde sua devoção se espraiou para outros lugares.
Intenções para a Santa Missa em janeiro • Pelos méritos da Epi fani a de Nosso Senhor Jes us Cristo, ped ind o para os leitores de Ca to licismo todas as gra ças qu e necessitem ao longo desse novo ano que se inicia. E para que o Brasil persevere, opesar das dificuldades, fiel à verdadeira Igre ja na qua l nasceu, a Cató li ca Apostólico Ro mana.
31 Sagrada Fa mília. Jes us, Mm-ia e ,losé D EZE
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tacle de Deus ac ima de tudo. Ao fin al do dia, durante o jantar, se estabeleceu ani mad a co nversa. Na sex ta-feira , 3 de novembro, outros 15 jovens estiveram presentes. O programa desta vez inici ou-se com um treino de karatê, com o obj etivo de incentiv ar a di sciplina corporal , que deve ser refl exo da di sciplina moral. O jogo do escudo também foi prati cad o nesse di a. Todos os participantes empenharamse na prática desse exercício com verdadeiro entu siasmo. No restante cio di a, houve pequenos entretenimentos até a hora em que se re-
No heroísmo, a verdadeira alegria E ncontro regional, promovido pela Frente Universitária Lepanto nos primeiros dias de novembro último, reuniu jovens católicos do Distrito Federal t'I D AN IEL M ARTI NS
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juventude não.foi.feita para o praz.e ,; ,nas sim para o heroísmo", di zia o autor francês Paul Claudel. Nos di as que correm, no entanto, os jovens recebem apenas convites para toda espéc ie de "prazeres" - em sua maiori a ilícitos-e "novidades" efêmeras. A promi sc uidade é apresentada , em diversos ambientes, como a fonte da fe li cidade. O "espontâneo" tornou-se a norma de convívio soc ial. A juventude esqueceu-se do heroísmo e perdeu a felicidade. Alguém poderá di zer que os jovens de hoje não se interessa m pelo heroísmo, portanto não há como evitar que eles se entreg ue m às "ex travagâ nc ias" tid as como normais em nossos dias. CATOLICI SMO
Entretanto, nada mais fal so ci o que essa idéia. Em Brasíli a, um encontro regional promovido entre os di as 2 e 4 de no ve mbro pe la Frente Uni ve rsitá ria Lepanto provou o contrário. Reunindo cerca de 30 jovens estudantes, o evento proporcionou um ambi ente ao mes mo tempo de heroísmo e cordi alidade. Heroísmo no se ntido de proporc ionar, pe las dive rsas ativid ades físicas, a boa di spos ição, a perspi các ia e a força de vontade. Po r outro lado, a co rcli aliclacle fo i um a das notas do min antes, pe lo co nvívi o res peitoso e ntre os parti c ipantes . *
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No di a 2 de novembro, diversas ati vidades tiveram início. Prime iramente,
20 j ovens rea li zaram um a exc ursão à zona rural cio Distrito Federal , com escaladas, travess ias de ri ac hos e belas quedas cl 'água. A caminhada foi também entrecortada pelo j ogo da bandeira: um desafi o entre duas equipes ao estil o medieval, em que cada grupo defende a todo custo a honra de sua bandeira. Durante o almoço e após este, as conversas fluíram sobre diversos assuntos: combatividade, vidas de santos, Hi stóri a. À tarde, jogos como o xadrez levaram os participantes a exercitar a capacidade de concentração e prev isão. No iníc io da noite foi proferida pequena palestra sobre a vida de Santo Eli a , ressa ltando que um verdadeiro cri stão deve ser bom, mas não pusilânime. A exemplo do gra nde sa nto do Antigo Testamento, o jovem católi co deve colocar a von-
ali zou um debate sobre a hi stóri ca Batalha de Lepanto. Tal batalha determinou o início da derrocada cio império turcootomano, terrível ameaça à Cristandade na segund a metade do século XVI. Os joven estudantes tomaram ass im conhecimento de uma heróica gesta da hi stória da Cristand ade: o grande Papa São Pio V lançou um brado de al erta, e os maiores potentad os católi cos da época form aram poderosa fro ta que desbaratou os invasores muçulmanos no litoral da Grécia, evitando ass im a invasão da Eu ropa cristã. No sábado, 4 de novembro, com nú mero quase duplicado de jovens, teve lu gar outro treino de karatê, seguido de novas competições, sempre com o objetivo de proporci onar sadia di stração aos participantes. No mes mo dia, efetuou-se um debate sobre questões candentes cio mundo moderno: decadência moral e reli giosa, probl emas da juventude cada vez mais des viada da verdade ira formação católi ca. Esses temas - ao contrário da vi são que cos tum a se r aprese ntada, de uma adol escência só preocupada com as fri volidades hodi ernas - sempre despertam inegável interesse, proporcionando polêmicas aca loradas, sem deixarem de ser respeitosas. Em suma, o e nco ntro reg io na l da Frenl e Univ e rsit á ria Lepa nto e m Brasília mostrou que o heroísmo é a verdadeira chave da fe li cidade, e não o "prazer", co mo hoje e le é concebido. De fato, os jovens voltaram para suas casas com ânimo de enfrentar a batalha da vicia, ao contrári o de tantos outros que ini ciam a semana co m o peso de mais um feri ado voltado para a devass idão - e quantos estão nesse caso ! Pro vou ta mbé m qu e a virtud e da combatividade não é a antítese da educação, sendo poss íve l ser forte e cordial ao mes mo tempo. Por fim , evidenciou que a verdadeira alegri a nasce da entrega a um ideal genuinamente católico, co m o au xíli o da Provid ência Divin a. Agradeçamo a Nossa Senhora mais esse evento e peçamos a Ela que aplique para s ua g ló ri a todos os frut os de ta is ativid ades. • E-mai l para o autor: cato l icisrno@catoli cisrno.corn .br
D EZEMBRO 2006 -
Amigos e simpatizantes da TFP francesa realizaram um admirável passeio espiritual pelas noites do palácio de Luís XN, construído numa época de esplendor para a qual inúmeros franceses olham com saudades M ARCELO DuFAUR
a presença ele um seleto público, composto por 63 pessoas, reuni do na sede ele Paris ela TFP francesa, Laure Levasseur - dip lo macia na École du Louvre, mestre e m Letras e Hi stória ela Arte, famosa confere nc ista cio castelo real ele Versa illes e cio Mu seu ele Orsay - abordou o tema Noites de
serviço e noites de angústia no castelo de Versailles, ca lorosamente aplaudida pelos assistentes. A conferencista tratou ele um aspecto habitu alme nte desconhecido. Todos fazem uma certa idé ia ele um di a na vicia quotidiana em Versailles no tempo cios re is. Mas o que aco ntec ia quando o sol se punha? Quando o monarca ia deitarse e os funcionários apagavam as ve las?
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CATOLICISMO
Com muita competência e um savoirdire que e nca nto u o auditó rio , Mme Levasseur fez reviver uma realidade ela vicia ele co rte às no ites. Após um a re me moração elas finalidades e funciona me nto cio castelo, se u s ignifi cado e simboli smo, seu valor político e sua etiqueta, a confere nci sta tratou ele quem tinha direito a morar ne le. Havia uma etiqueta ela noite com uma regra ele vicia desenvolvida especificamente para os momentos ele escuridão. Ia desde o direito a usar velas ou não, passava pelo funcionamento ela segurança e cios guardas, até os mot de passe (senhas) indispensáveis - inclusive para o rei absoluto! à circulação durante as noites, num palácio sempre fechado à chave nessas horas. Co m cop iosos exe mpl os, Mme Levassem fez desfilar, ante o público
encantado, homens fa mosos que tinham medo ela noite ou ela escuridão. Também outros que, pelo contrário, nas noites ele insôn ia gostava m ele pregar algu mas peças a seus conhecidos, produzindo ruídos nos tetos ou nas chaminés. Além dessas miudezas que fazem sorrir, a conferencista lembrou os principais incênd ios que emocionaram o palácio e toda a França, os nascimentos e fa lecimentos na no ite, como a morte cio príncipe real po lonês Stanislas Leckzinski, a boa disposição que manteve nesse momento extremo e o valo r el e Mme Adelaide , s ua neta . O passa me nto comovedor cio duqu e ele Borgonha, com apenas 10 anos ele idade, aceitando cristãmente a vontade ele Deus e recebendo os últimos sacramentos ao lado ele sua desconsolada mãe. Por fim, a tremenda última noite ela Família Real em Versa illes, que foi deitar- se j á co m a notíc ia ele que um a c hu sma revo lu cionária se aproximava para e nfrentar os legítimos soberanos. A seguir, as diferentes reações ele Luís XVI e ela rainha Maria Antonieta. E, confirmada a pavorosa invasão, as medidas que tomaram as diversas pessoas mais próximas ela família . Por fim, a reunião ele todos no qua rto cio rei, até o dramático momento em que envoltos pelos berros, pelas blasfêmias e ameaças proferidos em no me ela liberdade, l gua ldade, Fraternidade, fora m arrancados ele sua residência e levados co m violência a Paris, onde acabariam guilhoti nados após percorrer doloroso calvário. Hoje, o castelo ele Versailles é um mu seu visitado anualmente por milhões de turistas ... durante o dia. • E-mail para o aut or: ca1oli cis111o@ca1oli cis1110.co111. br
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ANO DE CATÁSTROFES NATURAIS
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